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MATERIAL DE APOIO

EXCITADOS,
DESATENTOS
E CANSADOS
COM NINA SAROLDI
Este material de apoio foi preparado pela curadoria da Casa do Saber e tem
como objetivo acompanhar você ao longo da sua jornada de aprendizagem
nos cursos, masterclasses e palestras disponíveis na plataforma de streaming
Casa do Saber +.

Procuramos trazer aqui pontos importantes abordados ao longo das aulas e


também outras informações que possam te auxiliar na compreensão dos
conhecimentos tratados no curso.

Com o intuito de expandir o conteúdo que foi abordado nos cursos, incluímos
aqui algumas referências bibliográficas, audiovisuais e também indicações
dos professores e professoras.

Conectamos neste material o universo de conteúdo produzido pela Casa do


Saber. Preparamos uma curadoria exclusiva de cursos e indicamos vídeos do
canal no YouTube relacionados ao tema do curso que você está assistindo.

Além disso, você pode acessar o Quero Saber, o blog de conhecimento da


Casa do Saber.

Esperamos que este material de apoio sirva como importante ferramenta que
possa potencializar o seu processo de aprendizagem e
de educação continuada.

Curadoria Casa do Saber.


curadoria@casadosaber.com.br
O CURSO

O curso reúne filosofia e psicanálise propondo reflexões a respeito da


existência vertiginosa e acelerada no mundo contemporâneo. A partir de
conceitos como “sociedade excitada” e “cultura do déficit de atenção”, do
alemão Christoph Türcke, bem como das ideias revolucionárias de Freud, as
aulas tratam dos efeitos que os constantes e intensos estímulos da vida têm
sobre a formação da subjetividade atual.

Para além disso, o curso trata também de um “antídoto” para o estado geral
de declínio da atenção nas sociedades atuais. As ideias aqui se constroem
sobre outras apresentadas no curso “Onipotentes, deprimidos e excitados”,
mas podem ser acompanhadas de forma independente.
AULA A AULA

Aula 01 | A sociedade excitada: uma filosofia da sensação

● O processo de estetização da vida.

● O conceito de compulsão à emissão.

● O horror ao ócio, fomentado pelo capitalismo industrial.

● A inquietação motora.

Aula 02 | Hiperativos?

● A questão da falta de atenção e o Transtorno do Déficit de Atenção com


Hiperatividade (TDAH).

● O ser multitarefas.

● O poder da alternância dos focos de atenção.

● Os rituais e sacrifícios.

● A importância da atenção e da repetição para o estabelecimento dos


sistemas culturais humanos.
Aula 03 | Compulsão à repetição: sacrifício, rituais e espaços de
imaginação

● A hominização

● A morte como retorno ao inanimado

● Compulsão à repetição do que causa o trauma.

Aula 04 | A dispersão concentrada: estudos rituais e o esboço de uma


disciplina escolar

● Atenção é algo que requer esforço.

● O ser multitarefas como uma virtude é uma ilusão.

● A vulnerabilidade imposta pelas mídias sociais com foco no consumo.

● O conceito da dispersão concentrada.

● Uma fornalha de desassossego audiovisual como sendo a constatação


do nosso estado atual.

● A compulsão à repetição técnica na atualidade.

● Os estudos de rituais.
SOBRE A PROFESSORA

Nina Saroldi é diretora da Escola de Engenharia de Produção com ênfase em


Produção Cultural na Unirio.

É doutora em teoria psicanalítica pela UFRJ, com pesquisa de pós-doutorado


em sociologia da cultura pela Hochschule für Grafik und Buchkunst em
Leipzig, Alemanha, sob orientação de Christoph Türcke. Mestre (PUC-RJ) e
graduada (UFRJ) em filosofia.

É organizadora e autora da coleção "Para ler Freud", da editora Civilização


Brasileira.
CURSOS DA CASA DO SABER +
VÍDEOS NO CANAL NO YOUTUBE
O QUE VOCÊ VERÁ NO CURSO
Alguns tópicos sobre os temas mais importantes: a professora preparou um
guia para você acompanhar durante as aulas.

SOBRE CHRISTOPH TÜRCKE (1948- )


● Estudou Teologia e Filosofia em Frankfurt. Ligado à Teoria Crítica de
Theodor Adorno.
● Foi professor de Filosofia no Brasil (Porto Alegre) nos anos 1990.
● Autor de vários livros, alguns traduzidos para o português: Filosofia do
Sonho, O louco: Nietzsche, a mania da razão, Sociedade Excitada e
Hiperativos!.
● Opus Magnum: Mehr! Philosophie des Geldes (Mais! Filosofia do
Dinheiro), 2015.
● Professor Emérito da Hochschule für Grafik und Buchkunst em Leipzig,
Alemanha.
● Vencedor do Sigmund-Freud-Kulturpreis em 2009, concedido a não
psicanalistas que fizeram um uso crítico e criativo da obra freudiana.

SOCIEDADE EXCITADA: FILOSOFIA DA SENSAÇÃO

● Passagem da sensação “simples” (percepção) para a sensação


“sensacional”.
● Hoje, a única coisa estável é o estado de instabilidade, de agitação. A
palavra “evento”, tal como a palavra sensação, deixou de designar
qualquer acontecimento para designar acontecimentos especiais, tais
como entrega de prêmios, atos do Estado, vernissages…
● Türcke analisa a questão da sensação desde sua “pré-história
fisiológica” até a disputa atual pela sensibilidade –
microeletronicamente determinada – por parte dos diferentes
dispositivos midiáticos.
● Os jornais começaram na forma de panfletos que noticiavam algo
relevante, extraordinário. Depois que se tornaram empresas, que
começaram a ser publicados regularmente, foi preciso noticiar
qualquer coisa, transformando-a em algo digno de ser noticiado.
● O Iluminismo foi um marco no processo de crescente excitação. Apesar
da miséria trazida pela Revolução Industrial, havia a promessa de
“maioridade” se o homem seguisse a racionalidade maquinal...
● A esperança se fechou no séc. XX, mas a aceleração continuou,
sobretudo pelo estímulo audiovisual. (Foi-se o tempo em que a plateia
tinha medo do trem que aparecia na tela, em que a ida ao cinema no
final de semana era um programa especial).
● A luta pela sobrevivência, pelo direito de existir, se tornou uma luta pela
percepção dos outros, uma luta para ser notado!
● Eleição da linguagem publicitária como idioma comum em todas as
esferas da vida, ao menos no mundo ocidental.
● A estetização de tudo é a própria pele do capitalismo, e não um
envoltório que possa ser retirado do sistema.
● “... o comercial, a concentração de efeitos audiovisuais em um espaço
mínimo de tempo, representa um desafio estético de primeira
grandeza”.
● “Audiovisual” é um termo enganador, pois nela o ouvir vem antes do
ver. A hierarquia dos sentidos, atualmente, é inversa! Até mesmo a
música depende da capa, do clipe, da performance, para conseguir ser
ouvida (diferentemente do que ocorria na Era do Rádio).
● Infotainment: enriquecimento do factual, da informação, com o valor
do entretenimento, com o intuito de dar valor ao discurso.

COMPULSÃO À EMISSÃO

● Nas condições de vida atuais, a presença corporal parece sempre


pálida, sem graça, em relação à presença midiática.
● Ao idioma da publicidade, soma-se uma generalização da cultura
empresarial: “E como cada instituição sofre a pressão para converter-se
em uma verdadeira empresa, se quiser sobreviver economicamente, e
como cada firma sofre a pressão para tornar-se uma emissora, se quiser
ser percebida, isso passa a acontecer, em uma escala menor, com cada
indivíduo. Também ele não pode esquivar-se de administrar seus
interesses como uma firma e de tirar partido de si próprio como uma
emissora privada. Entra, assim, em um estado de pressão para emitir,
cujas consequências para sua individualidade ainda não são previsíveis”.

HORROR AO ÓCIO

● Na Antiguidade Grega, por exemplo, a ociosidade era vista como um


sinal de plenitude. A contemplação era um sinal de virtude, de bom
posicionamento social. Várias tradições religiosas valorizam o “tempo
morto”, o contato com o vazio: o shabat dos judeus, as meditações
budistas, hinduístas, cristãs...
● O capitalismo conseguiu, de modo contundente, esvaziar este lugar do
ócio, transformando tudo em negócio: a terra deve ser cultivada o
tempo todo, o dinheiro não pode ficar parado, deve “trabalhar” por seu
dono, ninguém deve ser desocupado, o termo “desempregado” ganha
a conotação de uma chaga social.
● Türcke retoma a imagem de “O homem tomando banho de sol”, de
Günther Anders, a descrição do que um homem fazia em seu tempo
livre nos anos 1950:
● “O homem tomando banho de sol, que bronzeia suas costas, enquanto
seus olhos passeiam por uma revista ilustrada, seus ouvidos participam
de uma partida esportiva, suas mandíbulas mascam uma goma”.
Quem é o sujeito desta cena? O que o homem responderia se fosse
perguntado sobre a sua atividade “real”? Seu trabalho o habituou tanto
à ocupação que, quando o trabalho acaba, ele não consegue se ocupar
a si próprio, sem ser ocupado por fluxos midiáticos que estão sempre
disponíveis, e por uma forte inquietação motora.

ATENÇÃO

● O TDAH é um fenômeno/doença classificada pela Psiquiatria, que se


observa de modo crescente em sociedades nas quais a alta tecnologia
está presente. Em sua maioria crianças e jovens, suas vítimas se tornam
inquietas e inseguras, afetando todo o seu entorno escolar, social e
doméstico.
● O ponto central do fenômeno é a falta de atenção, por isso, como cabe
aos filósofos, é preciso definir, axiomaticamente, o que é a atenção.
Quando dizemos a alguém “preste atenção”, supomos saber o que isso
seja, bem como o nosso interlocutor.
● No entanto, neste momento histórico em que a atenção humana corre
risco de desaparecer, cabe perguntar sobre o que ela é e como,
historicamente, ela se tornou algo que, até pouco tempo (anos 1970),
parecia algo dado, garantido.

“HIPERATIVOS” | DE CHRISTOPH TÜRCKE

● O TDAH seguirá sendo um fenômeno obscuro, “multifatorial”, se não o


relacionarmos à cultura do déficit de atenção.
● As crianças diagnosticadas com o mal são uma caricatura de cada um
de nós.
● A importância da repetição para o estabelecimento das culturas
humanas. Repetição e atenção aparecem intimamente ligadas ao
longo da história.
● Quando se vislumbra a perda da atenção, torna-se necessário estudá-la
e reverter o processo. A proposta do autor é “Estudos Rituais: esboço de
uma disciplina escolar”.

O TDAH | EM CONTEXTO EUROPEU E NORTE-AMERICANO

● As crianças não vivem em ambientes familiares “disfuncionais”, vão à


escola, não têm origem social baixa, não apresentam distúrbios
cerebrais, não veem TV exageradamente...
● Não conseguem se debruçar sobre nada, não sustentam nenhum jogo,
conversa, contato social, tudo é constantemente interrompido.
● “Multitarefa” não designa a capacidade de concentrar-se igualmente
em várias tarefas simultâneas (participar de uma reunião checando
e-mails.). “Multitarefa” significa a possibilidade de alternar rapidamente
a atenção de um objeto a outro.
● Türcke lembra que a cultura não é dada, ao contrário, tudo o que o
homem conquistou, em termos culturais, foi fruto de muito esforço, de
luta contra certa espontaneidade natural.
● Os especialistas em TDAH – neurobiólogos, pedagogos, psicólogos,
psiquiatras – estudam cuidadosamente as causas do déficit nas
crianças e jovens que apresentam sintomas típicos do transtorno.
● Para a filosofia e a reflexão sobre a cultura, no entanto, estas crianças e
jovens colocam perguntas importantes, como, por exemplo: de que é
feita a nossa estabilidade cultural?

SACRIFÍCIO E PROTEÇÃO

● A arqueologia mostra que, nos primórdios da humanidade, sempre há


resíduos e suplementos dos rituais sacrificiais. Os povoamentos da
Idade da Pedra possuem sempre um centro sagrado, uma pedra, um
totem, uma montanha, um sepulcro, enfim, o lugar onde sacrifícios são
oferecidos.
● Objetos oferecidos nunca são pequenos e dóceis, tais como o seriam
“rãs ou moscas”, mas seres humanos ou animais de grande porte, que
metem medo. Por que?
● O sacrifício tem algo de custoso, difícil. Ele repete um horror vivido (sem
preparação) pelos homens e mulheres primitivos: uma tempestade,
um ataque de animal, uma agitação imprevista do mar, a morte de um
ente querido.
● O ato do sacrifício, ao repetir o horror de maneira controlada,
representada, ritualizada e em grupo, promove uma descarga do medo
e, ainda por cima, faz com que a divindade – para a qual se faz o
sacrifício – ofereça a proteção necessária ao grupo.
COMPULSÃO À REPETIÇÃO

● Além do princípio do prazer, de 1920. Rompimento com a chamada


Primeira Tópica, que considerava o dualismo entre pulsões de
autoconservação e pulsões sexuais um operador central para o
funcionamento psíquico.
● Causas da virada teórica: tratamento com soldados recém retornados
da guerra, observações da brincadeira de seu neto (que encenava a
experiência dolorosa de desaparecimento e reaparecimento da mãe) e
da repetição na transferência analítica.
● Uso, no “mito biológico” (“vesícula” que representa o aparelho psíquico),
da psicofísica e da psicofisiologia de Gustav Fechner.
● Freud substitui o dualismo inicial pelo dualismo entre Eros e Thânatos,
ou entre pulsões de vida e a pulsão de morte.
● Anterioridade de um impulso destrutivo, que se expressa como uma
“compulsão à repetição”, sobre o princípio do prazer no psiquismo
humano.
● É somente a partir deste novo conceito, que afronta qualquer visão
“rousseauniana” da natureza humana, que Freud pode compreender a
função da insistência, aparentemente “masoquista”, dos sonhos
traumáticos para o funcionamento psíquico, por exemplo.
● O impulso a repetir uma situação traumática é um “fenômeno de
legítima defesa”.
● A compulsão ao sacrifício nas comunidades primitivas não se explica,
evidentemente, por uma “exigência” das divindades, e sim o contrário.
● A própria criação das divindades, sua representação, provavelmente
atende à compulsão à repetição.
“Lógica fisiológica da compulsão à repetição: realizar o horrível para se
livrar do horrível, tornar gradativamente suportável o insuportável por
meio da repetição constante”

SACRIFÍCIO

● A arqueologia mostra que o homem foi se estruturando a partir de ritos,


dos quais a base é o ritual do sacrifício.
● Ao querer se livrar da crueldade e do sofrimento, o homem usa da
crueldade e do sofrimento no próprio ritual (Freud: paradoxos do
tratamento, “doença artificial” em Recordar, repetir, elaborar).
● Por pior que seja, o ritual do sacrifício é uma medida de proteção
necessária para o homem primitivo.
● Freud: a compulsão à repetição dos traumatizados de guerra era uma
forma de “tratar” o sistema nervoso prejudicado pela via da repetição e
do controle dos estímulos (Além do Princípio do Prazer, 1920).
● Analogamente, o homem primitivo deve ter aprendido a conter o medo
da natureza realizando rituais de sacrifício que, tais como sonhos
traumáticos, atualizam e “expurgam” o sofrimento.

TRIANGULAÇÃO

● Os rituais abriram o espaço da imaginação humana coletiva, que


permite ao homem o exercício da interpretação.
● Sacrifício: comunidade, o sacrificado e o destinatário do sacrifício (deus
ou deuses). Sem esta triangulação, não haveria cultura (a constelação
edípica seria um caso especial de triangulação...).
● As religiões são, em última instância, fruto da capacidade coletiva de
prestar atenção ao destinatário do sacrifício (o sagrado).

CULTURA E COMPULSÃO

● Türcke conclui que todos os rituais, leis, gramáticas e instituições


criadas pela cultura humana são, na verdade, sedimentos, restos da
compulsão à repetição traumática.
● A compulsão à repetição conduziu o ser humano tanto à ação quanto
ao repouso, à fixação em determinados arranjos. Lembremos que
Freud, ao postular a existência da pulsão de morte, trabalhou com as
ideias de impulsão à repetição do que causou trauma e, ao mesmo
tempo, com a ideia de “princípio do Nirvana”: uma tendência do
organismo a buscar o repouso energético, e identificá-lo com a
sensação de prazer (o orgasmo obedece a este modelo fisiológico, a
excitação que antecede o repouso profundo, “pequena morte”).

MULTITAREFA

● A atenção exige esforço. Por isso é necessário o relaxamento dos


“músculos” da atenção depois de um tempo de concentração.
● Algumas tarefas podem ser realizadas simultaneamente: quando uma
delas está automatizada o suficiente, de modo que a outra possa
receber a devida atenção como, por exemplo, lavar louça e ouvir o
noticiário.
● Prestar atenção, com a mesma intensidade, a objetos inteiramente
diferentes, é impossível. A “multitarefa” como uma virtude social a ser
treinada é uma ilusão.
● Aquilo que se aproxima da proposta da “multitarefa”, aliás, muito útil
para que se consuma mais e se pense menos, é mudar mais
rapidamente o foco da atenção.
● As crianças percebem quando os adultos “fingem” lhes dar atenção,
quando estão ligados no celular ou na TV. Muitas vezes, elas viram
deliberadamente o rosto do adulto para si, coisa que os adultos sentem
o impulso de fazer com outros adultos...
● Seguindo o pensamento freudiano, a criança reproduz, em seu
desenvolvimento, a história da espécie, de modo que ela procura, desde
bebê, a atenção do adulto, tal como o homem primitivo procurava o
ritual comunitário.
● Na relação entre pais/cuidadores e filhos, o apontar e nomear os
objetos, a leitura ou recitação de textos em voz alta são fundamentais.
Estes atos são ritos de iniciação da criança à comunidade humana, e
elas precisam sentir, além do carinho e do calor da proximidade física,
que ela e os adultos compartilham momentos de atenção a um mesmo
objeto cativante.

DISPERSÃO CONCENTRADA

● O pensar une, ele faz com que os estímulos e impulsos se unam em


“figuras interiores persistentes”, ele luta contra o caos no sistema
nervoso, contra a intranquilidade.
● A dispersão concentrada que experimentamos hoje é o paradoxo de
nos concentrarmos, por bilhões de mínimos choques audiovisuais, em
algo que está nos desgastando (feed etc.). Este mecanismo se reforça a
si mesmo, porque gera uma luta pela atenção de cada um de nós, pela
via do “sensacional”.
● Compulsão à repetição técnica. O oposto do desejo de repouso
provocado pela compulsão à repetição dos primórdios da humanidade.

ESTUDOS RITUAIS: O ESBOÇO DE UMA DISCIPLINA ESCOLAR

● Representação: poder tornar presente o que não se vê. A dificuldade de


atenção dos estudantes ameaça a capacidade de criar representações.
● “Uma cultura que não pode mais se deter sobre o que não domina,
desiste de si mesma”.
● É necessária, segundo Türcke, a criação de uma disciplina da
concentração. A escola, afinal, não pode se render aos imperativos da
flexibilização do trabalho, ela depende de “anacronismos” para permitir
o desenvolvimento das crianças e jovens.
● Rituais são repetições codificadas, cujas formas mais antigas surgiram
do pavor.
● Apesar de sua origem, podem assumir formas brandas e mesmo
profanas: apresentações, discursos, refeições...
● Para o autor, a falta de estruturas de repetição na rotina escolar pode
ser lida como uma falta de rituais.
● Não se deve confundir ritual com mera disciplina.
● Problemas a serem combatidos por meio dos rituais: troca de métodos
como valor em si (concorrência com a TV); “desregulamentação” e
“flexibilização” por meio da individualização das tarefas, que só devem
responder aos objetivos e à deadline...
● Falácia do Infotainment: o prazer e a diversão só são possíveis se
barreiras forem superadas, se houver esforço bem sucedido no
processo de aprender.
● Pontualidade.
● Realização de tarefas conjuntas, todas ao mesmo tempo.
● Resgate de fábulas e textos sagrados, contos de fadas, cantigas
populares, como forma de aumentar o vocabulário e mostrar que o
ambiente atual não é o único possível (sensibilidade para a História).
● Resgate de ditados e do “aprender de cor”.
● Como disciplina, mais para o final do ciclo escolar (nosso Ensino Médio),
ela juntaria o programa de ciências sociais com as aulas de religião e
ética, ou seja, seria uma disciplina que trataria dos valores e do modo
como eles se cristalizam nas organizações sociais.
PARA VOCÊ CONTINUAR APRENDENDO

INDICAÇÕES DA PROFESSORA
A CURADORIA INDICA
A coleção Para Ler Freud é organizada por Nina Saroldi, professora da
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e da Casa do Saber
no Rio de Janeiro desde a sua fundação, em 2006.

A seguir, deixamos um breve depoimento da professora contando um pouco


sobre a histórica da coleção, que a curadoria da Casa do Saber mais do que
indica.
“Em 2006, recebi de Luciana Villas-Boas o convite para organizar uma
coleção de divulgação da obra de Freud. Apesar de sentir o peso da
responsabilidade, aceitei, de cara, o desafio.

Naquele momento, o mercado editorial se mobilizava para aproveitar a


oportunidade da entrada da obra freudiana em domínio público, e várias
novas traduções estavam sendo preparadas para a ocasião.

Concebi o projeto como um grande panfleto libertário em torno daquele que


nos ensinou o quanto somos opacos para nós mesmos e para os outros,
eternamente referidos à criança que fomos e nunca deixamos de ser.

Meu desejo era que os livros da coleção revelassem o quanto a chamada


“saúde psíquica” é radicalmente singular, impossível de ser capturada por
fórmulas de autoajuda e slogans publicitários de bem viver, que mostrassem
o quanto Freud, em sua simplicidade surpreendente, só queria mesmo que
seus pacientes recuperassem a capacidade de trabalhar e amar.

Hoje, passados dezesseis anos e dezoito títulos publicados, acho que


atingimos – e vamos continuar atingindo – aquele propósito”.

Nina Saroldi, novembro de 2022.


ANOTAÇÕES

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