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Karl Marx
Karl Marx
Em 1835, o jovem Marx vai estudar direito em Bonn e em 1836 transfere-se para
Berlim. Nesta cidade, parte para o estudo da filosofia, aproximandose do pensamento
de Hegel. Em 1841, obteve a tese de doutorado, defendida na cidade de Iena. Todavia,
a perseguição do governo alemão aos críticos de Hegel (chamados de esquerda
hegeliana), bem como sua amizade com o filósofo Bruno Bauer, impedem-no de seguir
a carreira como professor universitário.
Além de uma vigorosa análise crítica do sistema capitalista, Marx foi um exemplo de
pensador que soube unificar sua teoria com a prática. Toda sua vida e sua obra foram
marcadas por um pensamento voltado para a classe operária e a construção de um
novo tipo de sociedade: a sociedade socialista.
doutorado);
Manuscritos econômico-filosóficos
A sagrada família
• 1846: A ideologia alemã
Internacional
Marx produziu uma vasta obra e trata de assuntos tão variados como filosofia,política,
história, religião e economia. No entanto, de acordo com a interpretação de um
mestudioso marxista, Louis Althusser, é possível perceber que Marx forma suas
convicções básicas entre os anos de 1845-1846, principalmente na obra a “Ideologia
Alemã”, onde o próprio autor declara ter rompido definitivamente com as premissas da
filosofia neo-hegeliana de Feuerbach. Para Althusser, portanto, o pensamento de Marx
se move dentro de duas fases:
Um dos grandes méritos do pensamento de Marx foi ter dialogado com as principais
correntes teóricas do seu tempo. Ao comentar sua própria obra, ele reconhece sua
dívida para com três fontes básicas:
· Filosofia alemã: Marx, que era doutor em filosofia, começou suas análises
teóricas fazendo parte de em grupo de pensadores alemães chamados de
"esquerda hegeliana."
Em sua obra, Marx não só elaborou uma nova interpretação do capitalismo, mas
também propôs novos métodos de interpretação desta nova realidade histórico-social:
o materialismo dialético e o materialismo histórico. Para o autor, teoria e análise da
realidade são aspectos que se inter-relacionam e condicionam.
Nesta passagem, Marx deixa bem claro que permanece fiel a dialética enquanto
método, mas que vai adotar uma atitude diferente quanto ao seu conteúdo [ou seu
fundamento]. É por isso que Marx afirma que em Hegel “a dialética está de cabeça
para baixo”! A diferença entre a dialética de Hegel e a de Marx, portanto, diz respeito ao
seu conteúdo. Assim, temos:
• Em Hegel: idealismo dialético
• Em Marx: materialismo dialético
Como você já deve ter percebido, a palavra “dialética” é muito próxima da palavra
“diálogo”. Como você também já sabe, no diálogo, o pensamento se forma porque
existe uma contínua troca de afirmações. Ou seja, a ação recíproca (ou contradição) de
uma idéia com a outra, gera o movimento (ou o pensamento), como ilustra este
esquema:
O exemplo do diálogo nos ajuda a esclarecer duas coisas. Em primeiro lugar, ele
nos mostra a idéia de movimento, de devir ou ainda de transformação. Ao trocarmos
idéias com outras pessoas, nossos pensamentos vão se alterando e as idéias de nosso
interlocutor também. De pensamento em pensamento, ou de idéia em idéia, o que
temos no diálogo é movimento constante. Em segundo lugar, fica fácil perceber que
este movimento de idéias é causado pela oposição ou contradição das idéias entre si.
Se não houvesse um confronto de idéias, certamente não teríamos o movimento. A
oposição ou contradição de idéias é que gera o movimento. São justamente estes dois
aspectos que formam a essência da dialética em Hegel. Segundo o autor, (i) a
realidade é uma contínua transformação (ii) cuja causa ou razão é o princípio da
contradição, ou seja, o fato de que todos os seres são contraditórios.
Os estudiosos de Hegel afirmam que se pode demonstrar que todo ser, qualquer
que seja, passa por três momentos fundamentais, que são:
Para este filósofo, toda a realidade, (ou seja, tudo aquilo que existe em seu
conjunto) evolui dialeticamente e faz parte de um movimento constante. Para Hegel,
portanto, tudo é história: toda a realidade é modificação e movimento gerados pela
contradição. Foi para explicar a evolução histórica que Hegel construiu sua filosofia,
chamada de “idealismo dialético”. Acontece que, seguindo a tradição de outros
filósofos alemães, Hegel achava que no início da história tudo era essencialmente
espírito, ou, pensamento. O pensamento, que Hegel chamava também de “Espírito
Absoluto” ou “Idéia”, era a elemento fundante das coisas. Porém, como surgiu a
matéria?
De acordo com Hegel, seguindo a lei da contradição, o pensamento aliena-se (sai de si
mesmo) e torna-se o seu contrário: a matéria. Temos assim, a segunda fase da história.
Finalmente, no terceiro momento da história, a matéria supera a negação do espírito e
torna-se “cultura”, que é justamente uma síntese, ou seja, a superação das
contradições entre o pensamento e a matéria. Portanto, em Hegel, a história é o
movimento do espírito (ou idéia) que sai de si mesmo e retorna a si mesmo. Por isso,
sua teoria é chamada de “idealismo dialético”. Podemos resumir a teoria de Hegel da
seguinte forma:
- “totalmente ao contrário do que ocorre na filosofia alemã, que desce do céu à terra,
aqui se ascende da terra ao céu." De fato, ao afirmar que a matéria determina a
consciência (ou o pensamento), Marx inverte completamente o sistema hegeliano e
funda o materialismo dialético. O ponto de partida do real, assim, não é mais o
pensamento (idealismo dialético), mas a vida material (materialismo dialético). O
pensamento de Marx poderia se resumido (em contraste com Hegel), desta forma:
Materialismo histórico
Em Marx, a história não é fruto do Espírito Absoluto, como em Hegel, mas é fruto
do trabalho humano. São os homens, interagindo para satisfazer suas necessidades,
que desencadeiam o processo histórico. É com base neste pressuposto geral que Marx
se propôs a estudar a sociedade. Para ele, o estudo da sociedade começa quando
tomamos consciência de que “o modo de produção da vida material condiciona o
desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral.” Para Marx, o estudo da
sociedade deve começar sempre pela sua economia (vida material do homem), que é o
elemento que condiciona todo o desenvolvimento da vida social.
Condiciona
A relação do homem com natureza, diz Marx, é mediada pela matéria prima e
pelos instrumentos de trabalho, que são os meios auxiliares que o homem desenvolve
e que o auxiliam no processo de produção. O conjunto formado pela matéria prima e
pelos meios de produção de uma sociedade é chamado por Marx de forças
produtivas. Logo, as forças produtivas da sociedade correspondem a tudo aquilo que
é utilizado pelo homem no processo de produção, desde um simples enxada até as
máquinas mais desenvolvidas. A produção (ou o processo de trabalho) não é um
fenômeno isolado.
Para entender a origem do valor, diz Marx, podemos apresentá-lo de três formas:
a) Forma simples: uma mercadoria (x), pode ser trocada por outra mercadoria (y).
b) Forma total: uma mercadoria (x), pode ser trocada por várias outras mercadorias (a,
b, c, d, e, f, etc.)
c) Forma dinheiro: todas as mercadorias (a, b, c, d, e, f, etc.), podem ser trocadas por
uma única mercadoria que serve de “ equivalente geral” para todas as mercadorias. É
neste momento que surge o dinheiro. A ação social de todas as outras mercadorias
elege, portanto, uma mercadoria determinada para nela representarem seus valores. O
dinheiro, portanto, serve a dois propósitos : servir de meio de troca e de forma de valor
(ou equivalente geral das mercadorias).
O segredo de sua teoria está no fato de que ela demonstra que dinheiro é
mercadoria, logo mercadoria é trabalho. Quando o dinheiro perde sua relação com o
trabalho e parece ganhar vida própria, Marx chama este fenômeno de “fetichismo de
mercadoria”. O capital desvinculado do trabalho aliena o ser humano da produção de
sua existência social. A alienação inverte o sentido das relações sociais: o homem
(sujeito) se torna objeto, enquanto o objeto (mercadoria) se torna sujeito.
Através de sua teoria, Marx demonstra que o lucro tem sua origem na exploração do
trabalhador pelo capitalista. É o operário que gera a riqueza, mas a relação de classes
da sociedade faz com que o capitalista se aproprie da mais valia produzida pelo
trabalhador. Eis todo segredo do sistema capitalista. Por esta razão, o pensamento de
Marx está voltado para a denúncia deste modo de produção, que explora o homem e o
divide do fruto de seu próprio trabalho. No entanto, mais do que denunciar os
mecanismos de exploração é preciso apontar também as possibilidades de
transformação e superação do capitalismo. Este será o grande desafio do pensamento
político de Marx.