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Title Page
Copyright
1 - Dallas
2 - Dallas
3 - Dallas
4 - Maddox
5 - Dallas
6 - Dallas
7 - Austin
8 - Dallas
9 - Dallas
10 - Dallas
11 - Dallas
12 - Dallas
13 - Kane
14 - Dallas
15 - Dallas
16 - Dallas
17 - Dallas
18 - Dallas
19 - Dallas
20 - Maddox
21 - Dallas
22 - Dallas
23 - Dallas
24 - Austin
25 - Dallas
26 - Dallas
27 - Dallas
28 - Dallas
29 - Maddox
30 - Dallas
31 - Dallas
32 - Dallas
33 - Dallas
34 - Dallas
35 - Kane
36 - Dallas
37 - Dallas
38 - Dallas
39 - Dallas
40 - Dallas
41 - Dallas
42 - Dallas
43 - Austin
44 - Dallas
45 - Dallas
46 - Dallas
47 - Dallas
48 - Dallas
49 - Dallas
50 - Kane
51 - Dallas
52 - Dallas
53 - Dallas
54 - Dallas
55 - Dallas
56 - Maddox
57 - Dallas
58 - Dallas
59 - Dallas
60 - Dallas
61 - Austin
62 - Dallas
63 - Kane
64 - Maddox
65 - Dallas
66 - Dallas
Epílogo
Uma Amante Secreta para os Navy SEALs
Sobre a Autora
~ Protegendo Dallas ~

Um Romance Militar
de Harém às Avessas

Krista Wolf
Copyright © 2019 Krista Wolf

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta


publicação pode ser reproduzida, distribuída ou
transmitida de nenhuma forma sem o consentimento
prévio da autora.
Imagem da capa: bancos de imagens - a história não
tem relação com os modelos.
~ Other Livros de Krista Wolf ~
Uma Noiva de Sorte
Uma Babás para os Comandos
O Acordo com meu Ex
Uma Amante Secreta para os Navy SEALs
Esposa dos Fuzileiros
Protegendo Dallas

(em inglês)

Quadruple Duty
Quadruple Duty II - All or Nothing
Snowed In
Unwrapping Holly
The Arrangement
Three Alpha Romeo
What Happens in Vegas
Sharing Hannah
Unconventional
Saving Savannah
The Christmas Toy
The Wager
Theirs To Keep
Corrupting Chastity
Stealing Candy
The Boys Who Loved Me
Three Christmas Wishes
Trading with the Boys
Surrogate with Benefits
The Vacation Toy
The Switching Hour
Secret Wife to the Special Forces
Given to the Mercenaries
Sharing Second Chances
Capítulo 1

DALLAS

Acordei na escuridão, um calafrio me percorreu. Desceu pela


minha espinha, arrepiando cada um dos pelos da minha nuca.
Você não está sozinha.
O pensamento veio instantaneamente, sem sequer um
momento de consideração. Era um pressentimento. Um instinto.
Era aterrorizante.
Dallas, levante-se!
Lentamente, meus olhos se ajustaram e eu não via mais o teto.
No entanto, permaneci paralisada. Se eu estivesse sendo
observada, ou perseguida, ou qualquer coisa assim, apenas um
movimento poderia...
Meu coração deu um pulo quando o vi: uma figura escura, de
pé ao lado da minha cama.
“QUE P...”
Ele se endireitou, e eu soltei um grito de gelar o sangue. Isso
deu a ele um instante de pausa, este homem de preto. Este homem
vestido como a noite, dos pés à cabeça, misturando-se com as
sombras.
Um instante era tudo de que eu precisava.
Eu rolei na cama, tocando o chão frio primeiramente com um
pé. Então, sem perder o ritmo, balancei a outra perna para cima...
... e dei um chute direto no seu saco.
“Unnnfff!”
Foi um grito abafado, mas, ainda assim, foi o suficiente. Isso
interrompeu sua investida no meio do caminho, levando-o para cima
e para trás. Eu pude ouvi-lo cair de joelhos atrás de mim, mas não
podia mais vê-lo por que já havia alcançado a porta do meu quarto e
estava correndo pelo corredor.
“SOCORRO!”
Eu me atrapalhei procurando as luzes pelo caminho. Acho que
até apertei um interruptor, mas, por alguma razão, tudo continuou
escuro.
“SOCOOOOORRO!”
Seu telefone!
Droga. Ele havia ficado no quarto. Eu podia tê-lo pegado, podia
estar com ele em mãos agora. Só teria levado um segundo a mais,
talvez dois. Tempo que eu definitivamente tinha, considerando o
quão forte meu pé acertou a virilha do meu invasor.
“SOCOOOOOOOR...”
Meu terceiro grito foi interrompido, quando uma mão tapou
minha boca com força. Isso parou abruptamente meu movimento,
me interceptando enquanto me atirava para a cozinha.
“Shhhh!”
Era um chiado, em algum lugar perto do meu ouvido. Um
segundo agressor. Mais alguém na minha casa... alguém que agora
estava com os dois braços em volta de mim enquanto eu me
agitava, chutava e lutava para me libertar.
“CALMA,” a voz no meu ouvido cochichou. “Você não
precisa...”
Eu mordi... com força.
“PORRA!”
Meu novo agressor me soltou por reflexo, me empurrando para
longe de seu corpo. Eu me virei para encará-lo, assim que o gosto
quente e acobreado do sangue encheu minha boca...
CRASH!
Cobri o rosto com os dois braços para me proteger quando a
janela da minha cozinha de repente explodiu. Vidro e pedaços
quebrados da moldura choveram por toda parte. Tudo se espalhou
pelo chão e pelas bancadas, brilhando sobre elas como diamantes
pontiagudos ao luar.
“AGARRE-A!”
Outro homem segurou meus braços, vindo de algum lugar do
lado de fora. Assim como o homem que eu havia mordido, ele não
estava usando luvas. Não estava vestindo preto...
“Leve-a para fora daqui! Agora, antes que...”
Ele não conseguiu acabar a frase. O homem do quarto jogou-
se sobre ele, atacando-o por trás. Eu vi chutes e socos, enquanto as
duas figuras se atracavam no chão. Um deles puxou uma faca. O
outro... uma elegante pistola preta.
Dallas!
Eu me contorci com força, mas estava totalmente dominada.
Quem quer que estivesse me segurando era forte – incrivelmente
forte – talvez até mais que meu irmão, Connor.
Mas meu irmão não estava aqui. Porque meu irmão estava
morto.
POW!
Um tiro foi disparado. Foi alto e incrivelmente desagradável na
minha pequena cozinha, a explosão de faíscas amarelas do cano da
pistola brilhando intensamente. Por um segundo iluminou a cozinha
inteira, e pude ver mais dois homens. Eles também estavam
brigando, jogando um ao outro contra a parede enquanto os outros
se engalfinhavam no chão cheio de detritos…
POW! POW! POW!
A escuridão reinou novamente por um momento, e então
subitamente eu estava do lado de fora. Podia sentir o vento frio do
deserto, a algidez do ar. Eu ainda estava lutando, ainda chutando e
gritando, mas já era tarde demais. Estava sendo arrastada.
Arrastada pelo meu gramado lateral...
... para um grande caminhão preto que estava esperando, as
portas já abertas.
“NÃÃÃO!”
Chutei novamente, desta vez direcionando meu pé para baixo.
Acertei forte na bota do homem que estava me segurando, e senti o
aperto relaxar um pouco.
“DEIXE-ME SAIR...”
Outra batida, e desta vez eu me lembrei de encolher os dedos
dos pés. O osso do meu calcanhar bateu com muita força, com
sorte quebrando o metatarso de quem quer que fosse o dono
daquela bota grande de estilo militar.
“AAAAI... CARALHO!”
As mãos segurando meus braços ficaram mais apertadas, os
dedos se retraindo em garras dolorosas. De repente, eu não estava
mais presa ao chão — estava sendo erguida no ar, carregada pelos
últimos três ou cinco metros antes de ser jogada, como um saco de
batatas, na traseira do caminhão de aparência sinistra.
“Filho da pu...”
Fui jogada para dentro, assim que mais dois homens saíram
correndo da casa, perseguidos pelos homens de preto. Eles
entraram rapidamente, um bem ao meu lado, o outro no banco do
passageiro.
Ambos fecharam as portas, nos separando do caos lá fora.
“VAMOS VAMOS VAMOS!”
Com o cantar de pneus e uma chuva de cascalho, descemos a
rua. Eu estava cercada pelos meus captores agora. Três deles e eu.
É isso, a voz em minha cabeça me falou. Você já era.
Resisti uma última vez, tentando me libertar. Mas eu ainda
estava imobilizada. Presa pelos pulsos.
Você nunca mais vai ver sua casa.
Meus dentes rangeram enquanto eu cuspia no chão. A voz
interior estava me deixando furiosa! Me deixando rebelde.
Dallas...
De alguma forma eu consegui olhar para trás por cima do
ombro, e toda a coragem foi embora de uma vez. Eu podia sentir um
nó do tamanho de um punho se formando na minha garganta. Meu
coração, despedaçado.
Minha casa inteira estava sendo consumida pelas chamas.
Capítulo 2

DALLAS

“Todos bem? Alguém ferido?”


O homem no banco do passageiro enxugou o suor com um
antebraço gigante. Ele ajeitou para trás uma mecha de cabelo loiro
espesso e se virou para olhar para nós.
“Negativo,” disse o homem sentado ao meu lado. “E acho que
acertei um deles em cheio algumas vezes.” O motorista apenas
balançou a cabeça.
“Eles estavam com coletes?”
“Ah sim.”
“Então não serviu para nada.”
O loiro virou seus lindos olhos azuis para mim, me olhando de
cima a baixo. Me avaliando. Talvez até tentando verificar se eu
estava ferida também.
“Minha casa!” grunhi. “Por que minha casa...”
De repente eu estava livre, e tinha controle sobre meus braços
novamente. Comecei esfregando meus pulsos, que doíam demais,
enquanto olhava venenosamente de volta para o cara de
cavanhaque sentado ao meu lado.
“Dallas...”
Tentei não apertar os olhos com a menção do meu nome, mas
era muito difícil. Olhando para trás novamente, pude ver a fumaça
escura subindo à distância, bloqueando toda uma grande faixa de
estrelas brilhantes e cintilantes.
“Dallas, ouça,” disse o loiro, sua voz apaziguadora. “Preciso
que você saiba...”
Aconteceu em um flash, e exatamente do jeito que eu planejei.
Em um momento eu estava distraindo o cara ao meu lado com uma
mão perto de seu rosto, no próximo eu puxava sua arma do coldre.
“Ei... EI!”
Tirei a trava da Glock 19 em um movimento suave e deslizei
meu dedo pelo guarda-mato. A partir daí, foi apenas um movimento
rápido do braço... e eu tinha o cano encostado na parte de trás da
cabeça do motorista.
“PARE,” eu disse com firmeza. “Ou eu pinto o para-brisa com o
cérebro desse cara.”
O cara do cavanhaque levantou as mãos lentamente. O loiro
também.
“Calma, Dallas. Nós estamos do seu la...”
“Foda-se!” gaguejei. “Se estivessem realmente do meu lado,
estariam de volta na minha casa, me ajudando a apagar o incêndio.”
Eles se entreolharam, depois viraram de volta para mim.
“Acredite em mim,” eu disse. “Está destravada. E se vocês
acham que eu estou brincando...”
Mais rápido do que meus olhos pudessem acompanhar, o loiro
no banco da frente me desarmou. Suas mãos deslizaram sobre as
minhas, viraram meu pulso de lado até doer e arrancaram a pistola
do meu punho aberto.
Merda.
Inacreditavelmente, ele puxou o ferrolho para trás até ouvir um
clique, então me devolveu a arma.
“Pronto,” ele disse. “Uma bala na câmara agora. Ainda está
destravada, então tenha cuidado.”
Por meio segundo fiquei ali sentada, boquiaberta de espanto.
Então coloquei a arma na parte de trás da cabeça do motorista,
desta vez pressionando o cano na carne de seu pescoço grosso.
“PARE. AGORA.”
Para minha surpresa, ele parou. Diminuindo a velocidade
suavemente, parou o caminhão no acostamento da estrada.
“Dallas,” o homem na frente disse novamente. “Não estamos
aqui para machucar você...”
Meus dentes estavam cerrados. “Minha casa está em chamas!”
“Nós não fizemos isso,” o homem disse.
“Então por que estão me sequestrando?”
“Não estamos sequestrando você,” disse o cara do
cavanhaque. “Estamos salvando você.”
Eu dei uma gargalhada alta. Parecia uma doida. “Salvando-me
de quê? E a energia que vocês cortaram da minha casa? E o fogo
que vocês atearam para me matar?”
“Como eu disse, não fomos nós,” disse o loiro. “Pense nisso.
Nós somos os mocinhos. Agora, quem são os bandidos?”
Minha boca se torceu a contragosto. Não respondi.
“Aqueles de preto eram os bandidos,” o cara do cavanhaque
continuou. “Aqueles vestidos da cabeça aos pés com roupas táticas
noturnas e equipamentos de visão infravermelha.”
“Com os quais estávamos lutando,” disse o cara na frente.
“Aqueles de quem afastamos você, tirando-a de lá.”
Eu pensei em toda a maldita confusão, começando com o
idiota de pé sobre a minha cama. Ele definitivamente era um dos
bandidos. Idem para aquele que entrou pela minha janela, também
vestido de preto.
Não o cara com a mão na minha boca, no entanto. Aquele era
um desses babacas.
Olhei para o motorista. Suas mãos ainda descansavam no
volante. Uma delas estava sangrando. Eu podia ver uma impressão
perfeita dos meus dentes superiores…
“Sim, nós pegamos você,” disse o loiro. Era como se ele
estivesse lendo minha mente. “Mas fizemos isso para tirá-la de lá.
Para mantê-la a salvo.” Ele apontou com a cabeça para baixo, em
direção à arma. “Por que você acha que suas mãos estão livres? Ou
até mesmo por que você está consciente, para início de conversa?”
A boca dele se curvou em um meio sorriso. “Se nós realmente
fôssemos os bandidos, eu lhe devolveria uma arma de fogo
carregada?”
Eu hesitei... então muito lentamente baixei a arma. No segundo
que fiz isso, o motorista soltou o freio e o caminhão começou a se
mover novamente.
“Você é Dallas,” o homem na frente disse novamente. “Eu sou
Maddox. O cara perto de você é o Austin.” Ele tocou no motorista.
“Ele é o Kane.”
O motorista, que ainda não havia dito nada, olhou de volta para
o trânsito.
“Nós servimos com o Connor. Todos nós.”
Meus ombros caíram enquanto meu corpo relaxava. A maneira
como eles agiam, como se moviam... tudo fazia sentido agora. Eles
são SEALs! Como meu irmão...
“Pronto,” disse o cara do cavanhaque, estendendo a mão com
expectativa. “Dá para entregar?”
PLIM-PLIM!
Com o movimento do meu pulso eu puxei o ferrolho para trás,
ejetando a primeira bala para cima. Ela girou no ar, dando uma
cambalhota, até que eu a peguei agilmente em meu outro punho.
“Tudo bem, então,” resmunguei. “Vamos conversar.”
Devolvi-lhe a arma pela coronha, a câmara aberta e vazia. O
menino bonito na frente olhava, tão fascinado quanto
impressionado.
“Caralho,” ele xingou baixinho. “Eu acho que ela realmente é
irmã do Connor...”
Capítulo 3

DALLAS

O grande caminhão adentrou mais fundo no deserto, onde a


poluição luminosa deu lugar a um bilhão de estrelas. Eu gostava de
dirigir aqui às vezes, quando não tinha nada para fazer. Para fugir
dos subúrbios de Las Vegas, ou simplesmente dirigir na direção
oposta da Strip, a região dos cassinos.
“Água?”
Eu neguei balançando a cabeça quando o cara na frente –
Maddox, como ele disse que era seu nome – abriu a tampa de um
grande frasco de aço inoxidável. Ele o guardou e eu voltei a olhar
pela janela.
Connor.
Fazia mais de um ano agora. Mais de quatorze meses desde
que meu único irmão foi morto em ação. Esse era o relatório oficial
da Marinha, pelo menos. Quaisquer outras respostas que tentei
obter deles foram vagas e frustrantes.
Ah, Connor...
Com as mãos apertando os punhos, esperei até que minhas
unhas cavassem profundamente minhas palmas. Isso permitia que
eu me concentrasse na dor. Distraindo-me do que eu realmente
queria fazer, que era desmoronar e chorar.
Mas eu não iria chorar na frente desses caras. De jeito
nenhum.
O que diabos aconteceu com você?
Esqueça dessa baboseira de a vida lhe dar limões. Na minha,
ocorreram três verdadeiras explosões atômicas. Três tremendos
“foda-se” espaçados de maneira bastante uniforme ao longo da
minha existência, começando aos dez anos, quando minha mãe
contraiu câncer. Ela estava morta no meu décimo segundo
aniversário, e meu pai morreu três anos depois disso...
presumivelmente de desgosto.
Nossa pequena família de quatro tinha sido reduzida pela
metade bem a tempo dos meus doces dezesseis anos, que eram
tão doces quanto morder um limão. Mas apesar de tudo, e mesmo
após tudo isso, pelo menos eu tinha Connor.
AAAI!
Olhei para baixo, para as palmas das minhas mãos. Eu as
havia machucado até tirar sangue novamente. Desta vez das duas.
Lambuzando minha calça de moletom com as mãos, eu olhei
para fora. A Lua estava apenas três quartos cheia, mas era o
suficiente para envolver todo o horizonte do deserto em uma luz
azul nebulosa.
Connor tinha sido o melhor irmão do mundo, antes e depois da
morte de nossos pais. Foi uma figura paterna também. Ele tinha
idade suficiente para assumir a minha tutela, e pudemos ficar na
casa em que fomos criados. A casa trazia lembranças para nós.
Memórias de alegria e de família, de férias, mamãe, papai...
Meu irmão não me criou realmente, nós criamos um ao outro.
Éramos uma equipe – completamente inseparáveis. Unidos pelo
sangue, mas também pelo nosso batismo de fogo. Tudo que eu
passei, ele passou... e vice-versa.
Generosamente e de maneira altruísta, Connor deixou de lado
seus sonhos de alistamento até depois do meu aniversário de
dezoito anos. Ele tinha 21 anos quando chegou ao campo de
treinamento e se saiu tão facilmente nos testes de triagem física que
foi encaminhado rapidamente para o curso de formação do Grupo
de Operações Especiais da Marinha.
Connor se tornou um SEAL, e eu me tornei inteiramente
independente. Não que eu não fosse independente antes, mas
agora eu estava completamente, inteiramente sozinha.
No entanto, eu ainda tinha meu irmão. Nós ainda
conversávamos por mensagens de texto e pelo Skype sempre que
tínhamos uma chance. Às vezes, ele até passava um tempo em
casa, entre missões ou temporadas distantes. Entre as coisas
incrivelmente perigosas que ele fazia e sobre as quais nunca queria
falar, e os lugares onde eu não conseguia ter contato com ele.
Essas eram minhas lembranças favoritas de todas – as vezes
em que ficávamos em casa assistindo a filmes antigos. Falando
sobre mamãe e papai, enquanto queimávamos diferentes refeições
juntos. Nós dois éramos terríveis na cozinha. Felizmente, éramos
ótimos em fazer pedidos.
Quando você é uma crupiê de blackjack, nada mais lhe atrai na
Strip. Torna-se trabalho. Torna-se padrão. As únicas vezes que
realmente gostava de sair em Las Vegas era quando Connor estava
em casa. Porque quando nos cansávamos de relembrar – ou
perseguir os fantasmas do nosso passado pela casa – nós dois
saíamos e ‘tocávamos o terror’ juntos, seja o que for que essa
expressão queira dizer.
Mas agora...
Agora Connor estava morto. Se foi para sempre, como todos
na minha vida. Era algo do qual eu nunca me recuperaria, nem
queria, e nem mesmo estava tentando. Mas, de alguma forma, eu
ainda acordava todos os dias. Ainda me arrastava para o trabalho,
distribuía cartas por nove horas e aguentava vários graus de
besteira do supervisor apenas para chegar em casa e cair na minha
cama.
E agora a minha cama se foi também...
Eu esqueci de como estavam minhas mãos. As lágrimas
começaram a escorrer, independentemente de eu querer, e a
próxima coisa que eu percebi era que estava soluçando em minhas
mãos cobertas de sangue.
“Ei…”
Uma grande mão pousou no meu ombro. Eu a empurrei.
“Você... você está bem?”
Não, eu não estava bem. Estava longe pra caralho de estar
bem. Meus pais se foram, meu irmão estava morto, e agora tudo o
que eu possuía havia virado uma pilha de cinzas fumegantes. Eu
podia ver agora: as luzes piscando, as sirenes, os paramédicos, os
bombeiros e a polícia... todos parados, coçando a cabeça. Tentando
descobrir se eu estava lá ou não.
Merda, eu realmente poderia estar.
“Chegamos,” disse o motorista, sua voz chegando aos meus
ouvidos pela primeira vez. Ele se virou para olhar para mim, todo
robusto e masculino..., mas o olhar em seu rosto era gentil e terno.
“Vou fazer um pouco de café.”
Capítulo 4

MADDOX

Ela estava sentada no centro da nossa cozinha, mas não como


um cachorrinho assustado ou um gatinho indefeso. Não, Dallas
Winters dominava seu espaço. Da mesma forma que seu irmão
faria, se estivesse aqui.
“Você chama isso de café?”
Ela cuspiu de volta na caneca que lhe demos e a empurrou. O
líquido preto ficou na beirada da mesa, balançando para frente e
para trás com o movimento.
“É café fresco,” Austin protestou.
“É café instantâneo, isso sim,” ela praticamente zombou. “Um
monte de porcaria que você dissolveu em água fervente.”
“E daí?”
Ela riu, mas eu poderia dizer que era uma daquelas risadas
para não mostrar outra coisa. Um disfarce. Uma máscara, mantendo
o resto de suas emoções sob controle.
“Não importa,” ela disse, mais para si mesma do que para nós.
“Três marmanjos. Militares. E nenhuma cafeteira à vista.”
Sentei-me em frente a ela, absorvendo tudo. Dallas Winters.
Em carne e osso. Na nossa cozinha. Puta merda.
Do outro lado da sala, Kane se encostou no balcão, os braços
cruzados. Seu olhar estava fixo nela. Olhando para ela com a
mesma intensidade que ele tinha feito mil vezes antes, só que
nunca pessoalmente. Nunca tão perto...
“Então vamos lá,” disse Dallas. “Como vocês poderiam saber?”
“Saber o quê?” perguntou Austin.
“Saber que esses caras iriam invadir minha casa às duas da
manhã, porra.”
Nós nos entreolhamos, um por um. Ninguém disse uma
palavra. Não estávamos preparados para este momento.
“Vocês sabiam, obviamente,” disse Dallas, “que eles estavam
vindo.”
Mais silêncio.
“Por acaso vocês estavam de bobeira pela rua, os três?
Verificando as casas?” ela perguntou de maneira prepotente.
“Pensando se talvez aquela casa precisasse de ajuda diante de
intrusos armados que podiam ver no escuro? Homens vestidos de
preto, vestindo... como foi mesmo que você chamou? ‘Roupas
táticas noturnas’?”
“Certo, certo,” eu disse. “Nós sabíamos.”
“Sim, mas como vocês poderiam saber?”
“Porque nós estávamos observando você.”
As palavras foram ditas por Kane. Ele as pronunciou
lentamente, no mesmo tom. Sem um pingo de cerimônia.
“Me observando?”
“Sim,” respondeu Austin. “E foi ótimo que estivéssemos,
porque...”
“E exatamente como vocês estavam me observando?”
perguntou Dallas. “Não, esperem...” ela se sentou na sua cadeira.
“Podemos começar com por que estavam me observando?”
Austin estava de pé, mas nesse momento puxou uma cadeira.
Ele virou-a e sentou-se ao contrário, descansando os braços nas
costas.
“Estávamos observando você porque seu irmão nos disse para
fazer isso,” ele disse.
Dallas se encolheu visivelmente com a menção de Connor. Ela
fechou a cara.
“Meu irmão está morto.”
“Sim,” disse Austin, tentando ser paciente. “Mas ele disse isso
para nós antes de morrer. Sua última mensagem para nós...”
Ele olhou para mim e eu balancei minha cabeça apenas um
pouquinho. Fiz quase imperceptivelmente, esperando que Dallas
não notasse.
“De qualquer forma,” Austin continuou, “ele nos disse para
cuidar de você. Para ter certeza de que você ficaria bem, porque ele
poderia...” ele se atrapalhou. “Porque ele poderia...”
“Ele poderia ser morto,” Dallas disse, mal-humorada.
Austin assentiu. “Sim.”
O silêncio se abateu sobre a cozinha por um longo momento.
Em seguida, quase como se uma lâmpada se apagasse, todo o
comportamento de Dallas mudou.
“Então vocês sabem o que aconteceu com ele,” ela disse
esperançosa. “Vocês podem me dizer o quê... quando ele...”
Eu podia ver sua luta. A busca por respostas, a curiosidade
eterna... confrontada com a vozinha no fundo de sua mente,
gritando que ela não queria saber. Não de verdade.
Porque uma vez que ela cruzasse esse limiar, nunca poderia
voltar.
“Esperem,” disse Dallas. “Quando ele disse isso para vocês?
Faz um ano que ele se foi.”
Austin parou de falar. Kane raspou a garganta.
“Vocês estão me dizendo que estão me observando há mais de
um ano?”
Cruzei os braços sobre o peito. A essa altura, a honestidade
era a única opção real.
“Sim.”
“Vocês estiveram observando a minha casa por um ano?
Passando por lá no meio da noite? Procurando por sinais de
problemas, esperando que alguém que entrasse no meu quarto
enquanto eu estivesse dormindo, apenas para...”
“Não foi assim,” disse Austin. “Não passamos pela sua casa
porque não precisávamos passar pela sua casa.”
Ela parecia confusa. Totalmente perplexa. Mas eu podia sentir
uma raiva também, crescendo dentro dela. Brotando, logo abaixo da
superfície.
Uh uh.
“Há câmeras,” disse Kane, como quem não quer nada,
“instaladas em sua casa.”
Ele nem se abalou quando a cabeça de Dallas virou em sua
direção. Ela ficou boquiaberta.
“Estávamos observando você remotamente.”
Capítulo 5

DALLAS

“Vocês estavam me VIGIANDO?” gritei, pulando da minha


cadeira. “Na minha CASA?”
“Calma,” disse Maddox. “Não é bem assim...”
“Por um ANO inteiro?”
Eu fiquei chocada. Atordoada. Absolutamente furiosa. Mas
também...
Eu também estava confusa.
“Não acredito que vocês colocaram câmeras na minha casa!”
exclamei. “Não acredito...”
“Não na sua casa inteira,” disse Austin, suas mãos para cima
defensivamente. “Não no seu quarto, é óbvio. Nem no banheiro.”
“E então tudo bem?” perguntei ainda sem acreditar. “Vocês
estão falando sério?” Esse é o raciocínio de vocês: não no meu
quarto, nem no meu banheiro... apenas em todos os outros
lugares?”
“E não fomos nós que colocamos as câmeras lá,” ele
continuou. “Foi o seu irmão. Elas já estavam instaladas – uma
medida de segurança, colocada lá por Connor.”
Puxei pela minha memória. Não consegui lembrar de nada.
“Connor nunca me falou nada sobre câmeras,” eu disse.
“Ele nunca teve a chance,” disse Maddox. Ele se inclinou para
frente rápido demais, e uma mecha de cabelo loiro caiu sobre um
olho azul cristalino. “Seu irmão as colocou lá pouco antes... bem...”
Olhei para baixo, para o meu colo. Felizmente ele não
continuou.
“Isso ainda não lhe dá o direito de explorá-las,” respondi com
desprezo. “Apenas porque elas estavam lá, apenas porque...”
“Dallas, pare.”
Nós todos viramos de uma vez. O cara que eles chamavam de
Kane ainda estava encostado no balcão. Ainda estava com os
braços cruzados. Mas agora, estava olhando para nós.
“Ouça-os,” disse Kane em sua voz grave e rouca. “Seu irmão
era nosso irmão também. Muito mais do que você sabe.”
Ele me encarou, e por alguma estranha razão isso me
acalmou. Havia verdade nos olhos dele. E também algo mais...
Algo como tristeza.
“Seu irmão queria isso de nós,” Kane continuou. “Cuidar de
você foi o último pedido dele.”
As palavras foram pronunciadas de maneira lenta e uniforme.
Chegavam a ser perturbadoras. Mecanicamente, eu me sentei.
O último pedido dele...
“Mas eu...”
“Nós não estávamos apenas cuidando de você,” disse Maddox.
“Estávamos monitorando o exterior da sua casa procurando sinais
deles.”
Levantei minha cabeça. “Os caras de preto?”
“Sim.”
Agora estávamos indo a algum lugar. “Quem são eles?”
“Não temos certeza absoluta. Mas sabemos que eles têm algo
a ver com o desaparecimento do Connor. Algo a ver com o que
aconteceu com ele por último.”
Eu apontei para a porta. “Então por que diabos estamos aqui?
Se eles têm as respostas, por que nós corremos, em primeiro
lugar?”
“Porque estávamos em menor número,” disse Maddox. “E
provavelmente com menos armas. Nós pulamos da cama e voamos
para sua casa o mais rápido que pudemos,” ele explicou. “No exato
segundo em que Kane os notou nos monitores, reunidos do lado de
fora de sua casa.”
“Mesmo assim...”
“Nós também fugimos por sua causa,” disse Austin. “Tínhamos
que tirar você de lá. Ter certeza de que você estaria segura. Isso era
a prioridade número 1.”
O restante do grupo assentiu junto.
“Devíamos isso ao Connor.”
De repente, eu queria voltar – enfrentar os homens que
invadiram e incendiaram minha casa. Queria sacudi-los
violentamente. Fazê-los me dizer quem eles eram e o que queriam.
E acima de tudo, precisava saber o que havia acontecido com
Connor...
“Nós vamos lidar com eles,” disse Austin, movendo-se em sua
cadeira. “Confie em nós. Mas por enquanto...”
“Por enquanto você precisa ficar quieta,” disse Maddox. “Nós
não fomos seguidos até aqui, e isso é uma coisa boa. Mas esse
pessoal é persistente. Eles são bem financiados. E têm acesso a
recursos que nós não temos.”
Meus olhos se estreitaram. “Então vocês sabem quem eles
são?”
“Não totalmente. Mas sabemos algumas coisas. E estamos
desvendando outras.”
“Assim como seu irmão estava fazendo,” disse Kane, de forma
sinistra. “Quando eles o pegaram.”
Engoli em seco. De repente, eu estava muito consciente de
mim e do meu entorno. A casa era grande e velha, por dentro e por
fora. Eu estava sentada em sua cozinha decadente, vestindo um
moletom manchado de sangue e uma camiseta. Além do pequeno
pingente em forma de diamante que eu sempre usava no pescoço –
que ganhei do Connor – era a soma total de todas as minhas
posses mundanas.
Graças a Deus eu parei de dormir nua.
“Há quanto tempo vocês moram aqui?” perguntei.
A pergunta deve ter parecido aleatória. Os rapazes não
responderam imediatamente.
“Pouco mais de um ano.”
“Desde a morte do Connor...”
Lentamente eles assentiram. “Isso mesmo,” disse Maddox.
“Então vocês estão fazendo isso...” gesticulei ao redor, “só por
mim?”
“Estamos fazendo pelo Connor,” disse Austin. “Cada um de nós
tem uma grande dívida com o seu irmão. Então sim, com você
também. Proteger você é grande parte do pagamento.”
Os rapazes me encararam por mais meio minuto, como se
estivessem se acostumando com a minha presença ali. Percebi que
devia ser estranho para eles, me verem pessoalmente. Ter-me aqui
entre eles, depois de ter me observado nos monitores por tanto
tempo.
“Você acha que consegue dormir?” perguntou Maddox.
“Claro que não.”
Ele olhou em volta da sala. Os outros balançaram a cabeça
também.
Maddox deu de ombros, sem poder fazer nada, e sorriu. “Então
vamos preparar o café da manhã.”
Capítulo 6

DALLAS

Os rapazes tinham uma porcaria de café e uma porcaria de


acomodações. Até a cozinha tinha uma porcaria de iluminação.
Mas quando veio o café da manhã...
A primeira refeição do dia era a especialidade do meu irmão, e
a única que ele realmente conseguia cozinhar sem queimá-la. A
pasta colocada diante de mim agora me lembrava exatamente
disso: pilhas de ovos mexidos, salsicha em rodelas, waffles frescos,
batatas fritas crocantes e um copo alto e gelado de suco de laranja
para acompanhar tudo.
Isso me fez pensar quantas vezes eles comeram isso com
Connor, assim como eu.
Achei que não conseguiria comer, mas descobri que estava
errada. Comi tudo. Limpei meu prato e me servi imediatamente pela
segunda vez, e quando o segundo prato terminou, comecei a olhar
em volta, procurando bacon.
“Você estava faminta.”
Balancei a cabeça. Não havia muito mais a dizer. Encher
minha barriga era uma distração bem-vinda na minha situação, e eu
usei o silêncio relativo (apesar de facas e garfos raspando contra
placas de cerâmica) para fazer um balanço dos meus possíveis
salvadores.
Maddox parecia ser o 'líder' dos três, por assim dizer. Ele era
alto e estava extremamente em boa forma, com uma quantidade
sexy de barba por fazer e cabelos loiros grossos muito mais longos
do que o permitido pelo quartel. O que queria dizer que ele era um
ex-SEAL, quando muito. Ou talvez ele estivesse tão no alto da
cadeia de comando da Marinha que eles pararam de incomodá-lo
com seu corte de cabelo.
Quanto a Austin, todo o seu comportamento parecia um pouco
mais tenso e certinho. Ele era o único a limpar as coisas e guardá-
las, até mesmo lavando e guardando as panelas quando Maddox
terminava de usá-las. Seus cabelos escuros e pele morena o
tornavam incrivelmente atraente, e a precisão militar com que ele
cuidava de seu cavanhaque impecavelmente mantido me disse tudo
o que eu precisava saber sobre seus hábitos diários.
E então havia Kane, que era muito mais difícil de desvendar.
Ele era absolutamente encorpado, com um peito largo e poderoso e
ombros semelhantes a Atlas, nos quais você podia apoiar o mundo.
Seus grandes braços mal cabiam em sua camisa de uma cor verde
apagada, esticando o tecido até os limites absolutos enquanto ele
comia ovos e salsichas com seu rosto belo e rústico.
Mas, ao contrário dos outros, Kane era calado. Ele não falou a
refeição inteira, contentando-se apenas em comer, ouvir e observar.
A certa altura, ele me pegou olhando para ele, e eu esperava algum
tipo de olhar rápido para longe. Em vez disso, ele me encarou com
confiança e um certo ar de superioridade, sua boca se alargando no
mesmo sorriso gentil de antes.
De alguma forma, apesar de tudo o que aconteceu comigo, eu
me encontrei sorrindo de volta para ele.
O sol finalmente rachou o céu, e um por um os rapazes
desapareceram um pouco. Eles voltaram completamente vestidos e
bem barbeados. Prontos para o que quer que eles estivessem
prestes a fazer a seguir.
“Kane e eu temos algumas coisas para verificar,” disse
Maddox. “Estaremos perto da cidade, mas voltaremos antes do pôr
do sol.”
Esfreguei meus olhos. Eu só podia imaginar como eu estava.
“Se você fizer uma lista, Austin vai providenciar tudo o que
você precisar. Em primeiro lugar, roupas, é claro. Xampu, escova de
dentes... quaisquer outros produtos de higiene pessoal, apenas
anote-os e...”
“Não vou escrever porra nenhuma.”
Maddox olhou para mim como se eu tivesse acabado de falar
com ele em latim. Ele coçou a cabeça. “Ehh... o quê?”
“Por que diabos eu escreveria alguma coisa?” perguntei. “Eu
simplesmente vou com ele.”
Os rapazes se entreolharam desconfortavelmente. “Você não
vai com ele.”
“Ah não?” eu ri. “Tudo o que eu já tive é uma pilha
incandescente de cinzas agora. Existem coisas das quais eu
preciso. Muitas coisas. Preciso de um telefone novo, em primeiro
lugar. Tenho que ligar para o meu chefe, ver se ele pode me
conseguir um novo uniforme antes de hoje à noite…”
“Seu chefe?”
“Sim. No cassino.” Cruzei os braços sobre o peito. “Vocês
estão me observando tempo suficiente para saber que sou uma
crupiê de blackjack, certo?”
“Claro,” disse Austin. “Mas...”
“Você não vai trabalhar,” interveio Maddox.
Coloquei minhas mãos nos quadris agora, dedos abertos.
“Porra nenhuma que eu não vou.”
“Dallas, você não pode voltar ao trabalho. Esse pessoal vai
encontrar você. Porra, eles provavelmente já estão no cassino,
esperando você aparecer. Assim como eles provavelmente estão
sentados em uma das extremidades do seu quarteirão, esperando
você passar e vasculhar as cinzas... Quero dizer, os restos de…”
Sua voz sumiu. Austin lhe deu uma cotovelada nas costelas.
“Olha, me diga tudo que você precisa e eu vou conseguir para
você,” ele disse. “Vou fazer algumas compras também. Vou comprar
comida, mantimentos, esse tipo de coisa. Qualquer coisa que você
quiser, é só me dizer e eu vou conseguir.”
“Nós vamos conseguir,” eu o corrigi. “Quando nós formos.”
Ele respirou fundo. “Dallas, não é seguro.”
“Nada é seguro,” eu disse. “Olhe para a minha casa.”
“Sim, mas...”
“Mas nada. Não vou ficar sentada aqui enquanto vocês três
resolvem isso.” Girei meu braço ao redor da cozinha simples e
caiada de branco. “Há quanto tempo mesmo vocês disseram que
estavam aqui?”
Kane respondeu desta vez. “Treze meses.”
Depois de um curto período de silêncio, eu ri. “Vocês estão fora
de si se acham que...”
“Dallas, por favor,” Maddox implorou. “Pelo menos por
enquanto, deixe Austin pegar...”
“Eu preciso de coisas de garota também, sabe,” dei uma
risadinha, arruinando os planos deles. “Coisas que eu tenho que
escolher para mim. Vou precisar de tamanhos diferentes para tipos
de camisetas diferentes, calças de diferentes estilos... ah, e vou
precisar de sutiãs... lingeries...”
Os ombros de Austin caíram. Ele parecia desconfortável.
Maddox parecia preocupado.
Kane, no entanto, apresentava um mínimo indício de um
sorriso.
“Produtos femininos,” continuei. “Um monte deles. E ainda...”
“Mas...”
“Vejam bem,” eu falei em voz alta, com um suspiro. “Vou
colocar meu cabelo para cima. Colocar um chapéu. Usar óculos de
sol e a porra de um bigode falso se vocês quiserem, mas
definitivamente não vou ficar aqui sozinha o dia inteiro.”
Antes que pudessem responder, passei por eles, entrando no
que parecia ser a sala de estar. Era grande e vazia, tão esparsa
quanto a cozinha com as paredes e o chão quase inteiramente
vazios. Mas pelo menos eles tinham sofás.
“Alguém pode me dizer onde fica o chuveiro?” perguntei por
cima do ombro. Cheguei à escada em silêncio e olhei fixamente
para cima. “Ou terei que sair abrindo portas até achá-lo?”
Capítulo 7

AUSTIN

Ela era teimosa pra caralho, eu tinha que admitir. Forte,


inteligente e incapaz de aceitar um não como resposta.
Resumindo, era exatamente como Connor.
Não pude deixar de olhar para ela durante a viagem de volta,
uma perna no painel enquanto pintava as unhas dos pés. Dallas me
arrastou para nove lojas diferentes, incluindo três mercearias e uma
parada para o almoço. Após três tacos de peixe para cada um,
estávamos quase em casa, sãos e salvos.
Deus, ela é maravilhosa.
Ela realmente era. Quer dizer, nós a conhecemos desde
sempre... primeiro pelas fotos que Connor nos mostrou, depois por
observá-la no monitor por tanto tempo. Mas agora ela estava aqui.
Aqui de verdade! Sentada ao meu lado no banco do passageiro,
janela abaixada, seu cabelo loiro esvoaçando tão
descontroladamente que estava chicoteando em torno de seu lindo
rosto.
“Parada para uma cervejinha?”
Balancei minha cabeça. Já estávamos muito perto de casa, e
ela já tinha ficado muito tempo fora. No que diz respeito a manter as
coisas discretas, falhamos miseravelmente no primeiro dia.
Além disso, embora não tivéssemos exatamente um estoque
completo de suprimentos na casa, cerveja era a única coisa que
tínhamos de sobra.
“Temos algumas caixas no porão,” eu disse, usando a
conversa como uma desculpa para olhar para a direita. “Vou pegar
algumas para nós, quando chegarmos.”
Pare de olhar para ela!
No entanto, era impossível. Ela era tão linda quanto Connor
tinha sido irritantemente bonitão só que com bochechas mais
bonitas e lábios carnudos e beijáveis. Ela tinha os olhos dele.
Aqueles mesmos globos azuis deslumbrantes que queimavam com
um fogo interno único. Um carisma marcante que te convertia sem
palavras; uma magia que automaticamente fazia você querer
agradá-la, sem que ela tivesse que dizer uma única maldita coisa.
Dallas estava vestindo short e um top agora, e um par de
óculos de sol espelhados de alta qualidade que provavelmente nos
custou uma pequena fortuna. Eu não tinha ideia, realmente. Não
olhei nenhum recibo. Apenas dei o cartão a ela – um que todos
compartilhávamos – e poderíamos nos preocupar com a conta
depois, quando a fatura chegasse.
“Por quanto tempo vocês serviram com meu irmão?”
Fiquei surpreso por ela ter esperado tanto para perguntar. Até
agora, nossas conversas tinham sido bastante limitadas: compras e
o clima.
“Todos os oito anos que ele esteve lá.”
Ela voltou o olhar para mim. Tudo o que eu podia ver era meu
próprio reflexo nas lentes dos óculos dela.
“Então você o conhecia bem?”
“Ele era como um irmão para mim,” eu disse sinceramente.
“Para todos nós, na verdade. E sim. Passamos pelo PST, o teste
físico básico, juntos. Depois pelos outros, bem mais difíceis, o pre-
BUDS, o BUDS...” fiz uma pausa. “Você sabe o que são essas
coisas?”
“Curso Básico de Neutralização de Obstáculos Submarinos,”
ela respondeu, desviando o olhar. Seu olhar se voltou casualmente
para fora da janela do passageiro. “Sim. Eu sei.”
Meus olhos vagaram novamente, e eu tive que arrastá-los à
força das pernas dela. Propositalmente, pensei em Connor. A culpa
instalou-se.
“Sim, nós saímos juntos do treinamento depois,” eu disse. “Foi
aí que encontramos Maddox e Kane. “Comunicação tática, escola
de atiradores, certificação de equipes de invasão… nós três
passamos por todo o desafio, inserções aéreas em paraquedas e
tudo.”
“Vocês foram designados para a mesma unidade?”
“Sim. Tivemos sorte,” eu disse. “Sorte de verdade.”
Dallas trocou de perna, e eu apertei minha pegada no volante.
Desta vez fiquei firme o suficiente para manter meus olhos
apontados para frente.
“Em todos os lugares que fomos, seu irmão arrebentava,
sabe.”
“Ah,” ela disse casualmente, “tenho certeza disso.”
Eu ri. “Nunca vi ninguém tão em forma como ele. Ele sempre
nos fazia parecer mal, não importa o que fizéssemos. O cara era
uma aberração da natureza.”
Eu poderia ter continuado. Poderia ter dito a ela como Connor
Winters sempre corria mais rápido, ia mais longe e pulava mais alto
do que qualquer um de nós. Que eu achava que, em todo o tempo
que convivemos, nunca o vi perder o fôlego. Que ele podia ficar
debaixo d'água quase um minuto inteiro a mais do que qualquer
outra pessoa...
Em vez disso, eu disse simplesmente: “Nós o amávamos.”
“Todos nós.”
Dallas permaneceu em silêncio, ajustando seus óculos
escuros. Eu poderia dizer que minhas palavras atingiram um
determinado ponto, no entanto. Se era um ponto bom ou ruim, eu
não sabia.
“Eu... eu sinto muito por tudo que aconteceu com você.”
O sol se afundou um pouco mais no horizonte, e os
quilômetros se estendiam sem resposta. Não que eu precisasse de
uma resposta. Precisava apenas falar para ela.
“Foda-se,” eu disse de repente, saindo da estrada principal.
“Vamos parar para uma cerveja.”
Ao meu lado, notei minha passageira se animar um pouco. A
boca dela até se curvou no mais leve indício de um sorriso.
“Aquela merda que está no porão provavelmente está velha
demais de qualquer maneira.”
Capítulo 8

DALLAS

“Ok, então preciso dizer algumas coisas...”


Havíamos acabado de comer uma hora atrás e agora
estávamos apenas descansando ao redor da mesa. A cerveja
estava gelada e descia com muita facilidade. Pensando bem, atingir
o fundo do poço tendia a fazer tudo descer facilmente, querendo ou
não.
Segura firme, Dallas.
A má notícia é que eu havia perdido tudo... e eu quero dizer
tudo. Provavelmente até meu trabalho no cassino, porque eu não
tinha ideia de quanto tempo precisaria ficar longe.
No entanto, a boa notícia é que, a partir daqui, não havia outra
direção a não ser para cima.
“Em primeiro lugar, quero agradecer,” eu disse, tentando ser
sincera. “Sei que fui um pouco grosseira ontem, mas tive uma noite
ruim. Uma noite realmente ruim.”
“Totalmente compreensível,” disse Maddox. Ele parecia tonto.
Suas bochechas estavam vermelhas, como se ele não estivesse
acostumado a beber assim. Talvez fosse a disciplina das Forças
Especiais da Marinha e tudo o mais.
“Sim,” disse Austin. “E pode estar certa de que não tem nada o
que nos agradecer.”
“Ah, mas eu tenho,” continuei. “Percebo agora que estaria
morta se vocês não tivessem aparecido. Que, para manter a
promessa ao meu irmão, mesmo que isso significasse me perseguir
por um ano inteiro…” eu sorri um pouco nessa parte, “vocês três,
total e desinteressadamente, salvaram minha pele.”
Os rapazes estavam olhando para mim um pouco diferente
agora. Muito mais relaxados. Austin ergueu sua garrafa em
saudação, e os outros brindaram.
“Em seguida, quero agradecer por me acolherem na casa de
vocês. Sei que deve ser um pé no saco, me ter aqui...”
“De jeito nenhum,” disse Austin. “De fato...”
“É só me dar uns dias,” interrompi, “e eu juro que estarei na
sua lista negra. Tenho certeza de que farei alguma coisa para irritar
vocês: entupir o ralo do chuveiro com meu cabelo, deixar o vaso
sanitário abaixado o tempo todo… coisas divertidas assim.”
Eles apenas olharam, deixando-me continuar. Dando-me a
palavra, por assim dizer.
“Preciso que vocês me façam algumas promessas, no
entanto,” eu disse, “se eu for ficar aqui. E preciso que todos os três
concordem.”
Eles pareciam intrigados agora, ou pelo menos Maddox e
Austin pareciam. Kane apenas olhou impassível, torcendo a tampa
de sua quinta ou sexta cerveja.
“Primeiro, preciso de total transparência. O que quer que
estejam fazendo para descobrir quem está atrás de mim ou quem
machucou Connor. Preciso estar por dentro disso.”
Maddox apertou os olhos, confuso. “O que você quer dizer com
‘estar por dentro disso’?”
“Quero dizer que vocês têm que compartilhar os informes
comigo,” eu disse, usando intencionalmente o jargão militar. “Vocês
me manterão informada. Nada dessa porcaria de 'não contamos
para sua própria segurança'. Se vocês souberem de algo – não
importa quão ruim ou assustador seja – eu preciso saber. E é uma
via de mão dupla.”
“Uma... via?” perguntou Austin.
“Olha, já decidi que, não importa o que vocês digam, eu vou
ajudar,” respondi. “Posso não ter suas habilidades de campo ou seu
treinamento físico, mas quatro cabeças são sempre melhores que
três. Vocês me passam seus informes, suas teorias, o que quer que
tenham, e juntos vamos tentar entender o que está acontecendo.”
Eu virei minha garrafa novamente e terminei antes de colocá-la na
mesa. “Vocês podiam não imaginar quando me viam desfilar pela
minha casa de calcinha, mas eu sou altamente precisa quando se
trata da internet.”
Os três coraram instantaneamente, sabendo que o que eu dizia
era verdade. Depois de longos turnos em um uniforme de cassino
abafado, ficar só de calcinha sempre foi meu jeito de relaxar.
Surpreendentemente, foi Kane quem ficou com o tom mais evidente
de vermelho.
Terei que lembrar que no futuro...
“Então estão todos acompanhando?” perguntei.
Lentamente, eles trocaram olhares, cada um acenando com
algum tipo de aprovação eventual.
“Sim,” Maddox disse por último. “Estamos prontos para isso.”
Ele parou por um momento, antes de me dar um encolher de
ombros com o olhar cansado. “Parece justo.”
Eu balancei a cabeça por alguns bons segundos, para voltar ao
ponto onde parei. “Bom. Agora vamos para o próximo item...”
“Você é muito exigente, sabia?” Austin ironizou.
“Eu sei.”
“Sem querer ofender.”
“Não ofendeu.” Inclinei-me para trás na minha cadeira. “Agora,
vamos falar sobre a casa...”
Levou várias horas de reflexão olhando para o teto até
perceber que os rapazes estavam certos; se eu não ficasse aqui
escondida, as chances eram grandes de que eu fosse um alvo fácil.
Admitir isso doeu, mas também era algo que eu tinha que engolir e
seguir em frente, se quisesse ajudar a encontrar os assassinos de
Connor.
E eu definitivamente queria encontrar os assassinos de
Connor.
“Não levem a mal,” comecei, “mas de cima abaixo este lugar
precisa de uma repaginada séria.”
“Repaginada?” exclamou Austin, parecendo indignado. “Saiba
que...”
“Sim, sim,” eu o interrompi. “Eu sei que está impecavelmente
limpo. É excelente, no que diz respeito à limpeza, mas não muito...
aconchegante.”
Eles pareciam ainda mais confusos agora, e não era apenas
pelo barulho que estavam fazendo. Basicamente, eles eram
homens. Militares. Utilitaristas como eram, não tinham ideia do que
eu queria dizer.
“Olhem em volta,” dei um suspiro. “Este lugar parece uma casa
pela metade. Mal tem mobília. Nada nas paredes. Sem luminárias,
nem tapetes, nem nada para torná-lo um lar. É como se tivesse sido
decorado com um kit básico para solteiros. Como vocês saíram e
compraram um sofá, uma televisão e alguns sacos de Pretzels,
então acharam que estava tudo resolvido.”
Nenhum dos três disse nada. Eu não podia dizer se estavam
chocados ou ofendidos. Talvez os dois.
“Meti minha cabeça na geladeira essa manhã e minha voz
ecoou. Abri uma gaveta e as mariposas voaram para fora.”
“Então o que você está dizendo?” perguntou Maddox.
Desviei meu olhar para Austin. “O cartão de crédito que
usamos hoje. De quem é ele?”
“De todos nós,” ele disse. “Para as contas da casa.”
“Então vocês dividem as despesas.”
“Sim. Nós dividimos... praticamente tudo,” ele deu de ombros.
“Tudo bem,” eu disse. “Se eu for ficar aqui o dia todo, vou
precisar de um adicional desse cartão. Isso porque vou precisar de
algo para fazer.”
Maddox coçou a barba. “Fazer?”
“Sim.”
“Como o quê?”
“Ah vamos ver...” eu disse, contando nos meus dedos.
“Comida, para começar. E não apenas alguns dias de mantimentos,
mas um estoque de alguns de itens essenciais.”
“O que mais?”
“Seu papel higiênico é de uma folha,” eu disse, fazendo uma
careta. Inaceitável. Metade das lâmpadas da casa estão queimadas.
É deprimente aqui. As paredes precisam de uma nova camada de
tinta.”
“De que cômodo você está falan...”
“Todos os cômodos!” exclamei. “Tudo é branco. Ou cinza. Ou
um marrom de merda. E eu não sei sobre seus quartos, mas a
roupa de cama do quarto de hóspedes é áspera pra caralho. A
contagem de fios é tão baixa que deveria ser um crime.”
“Uau,” Maddox deu uma risadinha. “Você realmente está
dizendo como se sente.”
“Tudo está desorganizado,” continuei. “Vocês se mudaram há
um ano e ainda há pilhas de caixas encostadas nas paredes. Vocês
precisam de prateleiras, estantes, porta-retratos…”
Austin levantou uma mão. “Porta-retratos?”
“Cortinas, toalhas melhores no banheiro…”
Kane riu. “Eu disse que aquelas toalhas eram uma droga.”
“Um sistema estéreo, ou pelo menos alguns alto-falantes para
que pudéssemos conectar em algum aplicativo de música …”
“Isso,” Austin assentiu, “com isso eu concordo.”
“Algumas almofadas. Talvez algumas velas perfumadas…”
Fiquei sem dedos para continuar contando. Quando eu acabei,
estavam todos me encarando.
“Olha, se vocês vão tomar conta de mim por um tempo, o
mínimo que posso fazer é contribuir,” eu disse. “Não estou tentando
dificultar nada. Mas se eu não tiver mais nada para fazer…”
Eu balançava minhas mãos ansiosamente, tentando fazer o
nervosismo passar. Nada disso era fingimento, de verdade. Eu
tendia a ficar agitada muito mais rápido do que a maioria das
pessoas que eu conhecia.
“Aqui.”
Kane enfiou a mão no bolso de trás e me jogou um cartão de
crédito, que veio girando como uma carta de baralho. Todos os três
pareceram surpresos quando eu o peguei agilmente entre meus
dedos.
“Você lida com um monte de cartas,” Maddox supôs. “Não é
mesmo?”
“Pode crer,” eu disse, colocando-o no meu bolso.
Capítulo 9

DALLAS

As semanas seguintes foram interessantes, para dizer o


mínimo. Justamente por estar escondida em uma casa velha, em
algum lugar no deserto.
No que diz respeito aos companheiros de alojamento, os
rapazes eram extremamente tranquilos. Aprendi muito mais sobre
eles e eles sobre mim, compartilhando refeições, histórias e bebidas
– tanto na cozinha quanto fora.
Eu até mesmo soube mais sobre meu irmão. Muito, muito
mais. Foi maravilhoso, ouvir tudo sobre o outro lado da vida de
Connor. Eu não me cansava de ouvir as histórias dos lugares
exóticos que ele esteve, e todas as coisas incríveis que ele fez
enquanto estava lá. E os rapazes não deixaram por menos. Eles
nunca se cansavam de me contar.
E nunca ficavam sem histórias também.
Acontece que meu irmão era absolutamente um fodão, o que
eu já sabia. Mas, aparentemente, ele era o rei de todos os fodões, e
depois de algumas das merdas que ele passou com Maddox, Austin
e Kane, eles o reverenciavam quase como uma divindade ou um
deus.
“Se não fosse pelo seu irmão,” eles me contaram em uma
ocasião, “nenhum de nós estaria aqui.”
Eles disseram isso solenemente. Seriamente. Sem orgulho,
ostentação ou sequer um traço de um sorriso. E embora nenhum
deles fosse muito especializado nas particularidades das missões
de combate reais que executaram com Connor, cada um deles tinha
suas próprias histórias de sacrifício e bravura inabalável.
Soube que Maddox havia se aposentado do serviço e estava
trabalhando no setor privado. Austin e Kane ainda estavam
tecnicamente alistados, mas estavam em uma licença temporária
remunerada por serem altamente especializados, participando
apenas de missões específicas.
“Nós não vamos voltar até descobrirmos isso,” Austin me
assegurou gentilmente. “E nem você.”
Quanto a mim, estava me mantendo ocupada. O 'trabalho' em
casa consistia em tudo o que eu havia dito e muito mais, incluindo
pintar, redesenhar e montar o lugar. A casa estava maior e mais
brilhante agora, com lâmpadas mais potentes e luminárias de
destaque que iluminavam todos os cômodos com uma luz quente e
acolhedora. Eu pedi cadeiras, mesas, tapetes. Armários, caixas e
prateleiras. E é claro que eu caprichei na pintura... pintei todos os
cômodos e todos os tetos – incluindo os quartos dos rapazes.
Eu até limpei e remodelei a velha lareira, que aparentemente
havia sido usada uma vez e que aquecia a casa inteira. Foi um
grande sucesso na primeira vez que a acendi; todos foram jantar na
sala de estar enquanto observavam as chamas.
Havia um computador no canto da sala, conectado à internet
por meio de uma VPN criptografada. Austin era o cara técnico, e ele
mantinha as câmeras e os sistemas de alarme também. Foi ele foi
quem grampeou o sistema de segurança de Connor, onde todos se
revezavam me observando. E me observando. E me observando...
Fui atendida em tudo o que eu quis. Quando havia qualquer
coisa que precisasse ver pessoalmente, eu era levada para a
cidade. Os rapazes se revezavam cuidando de mim, às vezes dois
de cada vez enquanto o terceiro estava fora. Era a única regra não
negociável deles: que eu nunca tivesse permissão para ficar
sozinha. Isso, e o telefone que eles me fizeram carregar comigo o
tempo todo. Não havia nenhum contato além deles, mas permitia
que eles identificassem minha localização e entrassem em contato
comigo sempre que quisessem.
Foi estranho no começo, não ter minha antiga vida. Mas com o
passar do tempo, percebi o quão desconectada do mundo eu
realmente estava. Não tinha família, nem emprego, nem chefe. E os
poucos amigos que eu tinha eram colegas de trabalho do cassino.
Curiosamente, mesmo depois de três semanas, eu ainda não sentia
falta deles.
“Precisamos sair,” eu disse inúmeras vezes. “Vocês têm que
me levar para jantar, ou talvez um bar, ou talvez...”
“Muito perigoso,” eles sempre respondiam. “Estes são lugares
onde os homens que procuram por você esperam que você
apareça. Lugares que eles pagaram para que as pessoas ficassem
de olho e estivessem prontas para ligar para eles a qualquer
momento.”
Essa parte era uma merda, sempre ter que ficar em 'casa'. Meu
único consolo era continuar dizendo a mim mesma que era
temporário. Os rapazes estavam fazendo algum progresso, mesmo
que fosse devagar. Eles estavam aprendendo mais sobre o tipo de
organização que apareceu na minha casa naquela noite, e nenhuma
das notícias era boa.
“Eles são militares,” Austin disse uma noite, assim do nada. “E
há uma boa chance de Connor ter descoberto algo que não
deveria...”
Isso me deixou com raiva, a ponto de chorar. Lágrimas que eu
não pude mostrar, no entanto, porque não queria correr o risco de
parecer fraca. De parecer incapaz de lidar com qualquer coisa que
eles jogassem no meu caminho.
Em vez disso, eu chorei à noite, no meu travesseiro. Lágrimas
de muita raiva e frustração que, quando finalmente o sono me
vencia, sempre acabavam resultando em alguns sonhos muito ruins.
Ainda assim, me aproximei de cada um deles com o passar do
tempo. Austin e eu nos unimos em todas as coisas de tecnologia,
nós dois montando um sistema de som caseiro que me deixou com
um pouco de medo para dizer a eles quanto eu paguei. Maddox e
eu compartilhamos nosso profundo amor por Connor, trocando
histórias sobre meu irmão uma por uma. Ele adorava ouvir como
Connor era durante nossa infância e adolescência. Eu gostava de rir
de todas as coisas engraçadas que ele fazia na Marinha, desde
pregar peças nos caras de sua unidade até alguns dos detalhes
mais pessoais sobre meu irmão que eu nunca soube.
Quanto a Kane... ele e eu de alguma forma compartilhamos
uma conexão ainda mais profunda e íntima. Ele falava muito menos
do que os outros, então, quando falava, suas palavras tinham muito
mais peso para eles. Sempre que estávamos sozinhos, o que quer
que estivéssemos fazendo, parecíamos nos comunicar em algum
nível silencioso e pessoal. Havia camadas de semelhança entre nós
– especialmente entre nossas infâncias – que uniam Kane e eu.
Compartilhávamos a aflição da insônia também, era algo sobre o
qual conversávamos nas primeiras horas da manhã, em mais de
algumas noites sem dormir.
Com o tempo, os rapazes deixaram de me tratar como uma
irmã mais nova (pelo menos a irmã mais nova de Connor) para me
ver mais como uma colega de alojamento e igual. O amplo espaço
pessoal que eles me deram no início também estava diminuindo
rapidamente. Nós nos cruzávamos nos corredores usando cada vez
menos roupas, os caras murmurando desculpas aqui e ali por
estarem sem camisa, ou usando apenas bermuda ou até mesmo
uma toalha.
E, eventualmente, as desculpas também caíram, pois até eu
comecei a fazer isso.
Para mim não era grande coisa; todos nós compartilhávamos o
mesmo banheiro, então um pouco mais de pele à mostra era
praticamente inevitável. E fisicamente, não havia absolutamente
nada de errado com meus companheiros também. Pelo contrário,
todos os três estavam em magnífica forma, com corpos magros e
poderosos, aperfeiçoados por anos do treinamento físico mais duro
do planeta. Eles converteram parte da sala em uma academia
doméstica – o único lugar em toda a casa que eu não tinha
permissão para reorganizar ou reformar. E cada um deles passava
por uma rotina diária de exercícios e levantamento de peso que me
cansava só de observá-los.
E caramba, eu adorava observá-los…
Era mais uma coisa inevitável: minha própria atração por eles,
mostrando suas garras. Eu estava presa sozinha em uma casa com
três homens lindos, todos sarados e definidos, esculpidos da
maneira mais parecida com Adonis. Então, como eu poderia deixar
de babar pelo abdômen de Maddox? Pelo peito e ombros
magníficos de Kane, ou os braços fortes de Austin e a deliciosa pele
morena?
Bem, uma garota não pode realmente se sentir culpada.
Capítulo 10

DALLAS

Eu sonhei, e no meu sonho eu estava de volta em casa. Eu era


criança novamente. Talvez oito ou nove anos. Minha casa era
aconchegante e convidativa, e de alguma forma estava cheia de um
monte de gente que eu não conhecia.
Todo mundo estava conversando e rindo, só que não comigo.
E não importa o quanto eu procurasse, não importava em quais
quartos eu entrasse, eu não conseguia encontrar minha mãe, nem
meu pai, nem Connor também.
Fui entrando cada vez mais, cheguei ao centro da minha casa
de infância, e as coisas começaram a mudar. Pessoa por pessoa, os
rostos desapareciam, os estranhos se esvaindo a cada passo, até
que apenas suas vozes permaneceram.
E então suas vozes também se foram... e eu estava total e
completamente sozinha.
Uma luz chamou minha atenção e me vi olhando por uma
janela que não deveria estar lá. Não era bem uma janela, mas uma
piscina cintilante de escuridão líquida, cheia de ponta a ponta com
um bilhão de estrelas cintilantes.
Eu vi estrelas brilhantes. Estrelas infinitas, estendendo-se em
todas as direções. Mas então as estrelas também desapareceram.
Uma por uma todas elas se afastaram, áreas inteiras de uma vez,
até que no final eu estava olhando para o nada.
No meu sonho eu me virei, e minha casa também se fora. Tudo
se tornou um vazio. Um vazio frio e ilimitado de pura escuridão... e
quando abri minha boca para gritar, a escuridão se derramou em
minha alma.
DALLAS!
Algo sussurrou meu nome, tão frio e sinistro que repercutiu em
cada centímetro quadrado da minha pele com arrepios instantâneos.
Acordei congelada e tremendo, com a pele fria.
É apenas um sonho, só isso.
Fiquei ali por vários longos momentos, olhando para o teto,
tentando me convencer. Então, com os dentes praticamente
batendo, juntei o cobertor em volta de mim e me sentei.
Um sonho, ou talvez o vento.
Dormir não era mais uma opção. Não nesta noite. Talvez não a
semana toda, se eu estivesse fadada a ter pesadelos assim...
Eu inclinei minha cabeça em direção a um som – o vento,
chacoalhando minha janela. Eu podia ouvi-lo gritando alto lá fora.
Girando e uivando contra o vidro.
Alguns passos depois eu estava no corredor, que parecia de
alguma forma ainda mais frio do que o quarto. Eu estava arrastando
meu cobertor. Pegando o caminho em direção à escada, meu corpo
e minha mente agora totalmente acordados.
Talvez o fogo não esteja apagado.
Era apenas uma hora da manhã. Se ainda houvesse brasas,
talvez eu pudesse reacendê-lo. Eu poderia me enrolar no sofá.
Tentar ficar confortável o suficiente para...
Meu corpo congelou no meio do caminho. No fundo do meu
peito, meu coração parou e depois começou de novo.
Alguém estava parado na janela.
“K...Kane?”
Ele estava no outro extremo do corredor, olhando para a
escuridão azul pálida. Usava uma calça de moletom folgada. E nada
mais.
Segurei uma mão contra meu peito batendo acelerado. “Você
me assustou pra caralho.”
Ele se virou quando me aproximei, movendo-se para que eu
ficasse ao lado dele. Então ele voltou a olhar, enquanto o vento
uivava lá fora.
“Grande tempestade, hein?”
O enorme SEAL assentiu, coçando o queixo. Quase na hora,
uma rajada de vento agitou-se. Ela sacudiu a janela em suas
emendas, jogando uma onda de areia contra o vidro.
“Isso me lembra das tempestades de poeira que
costumávamos ver,” ele disse calmamente. “As ferozes, lá no
Afeganistão.” Ele ficou em silêncio por alguns segundos. “Na
Somália também.”
Me aproximei dele, segurando o cobertor em volta do meu
queixo. Movendo-me mecanicamente, ofereci-lhe uma ponta e ele a
pegou.
“Obrigado,” disse ele, passando um grande braço em volta de
mim. Entre o frio e meu pesadelo prolongado, seu toque era
imensamente bom. Um momento depois eu estava na dobra de seu
braço. Seu peito nu estava maravilhosamente quente.
“Noite fria,” eu disse. “Esta casa tem muitas correntes de ar.”
“Tem mesmo.”
A areia rodopiava do lado de fora, formando pequenos
redemoinhos que dançavam e se desfaziam com a mesma rapidez.
Contra a paisagem enluarada, tudo parecia estranhamente bonito.
“Não consegue dormir?” perguntei, ainda meio sonolenta.
“Não,” ele admitiu. Então, após uma longa pausa: “Pesadelos.”
Assenti seriamente. Com Maddox ou Austin, eu precisaria de
mais. Eu teria perguntado tudo sobre os detalhes do sonho, e talvez
até falado sobre o meu.
Não com Kane, no entanto. Entre mim e ele, nenhum de nós
precisava dizer uma palavra. Em vez disso, permanecemos ali em
silêncio.
Lá fora, a areia soprava tanto que era difícil ver o horizonte,
mesmo ao luar. A casa em que morávamos era da virada do século
passado, no final de um quarteirão comprido e quase abandonado.
Era um bairro que já tinha visto seus dias de glória irem e virem, e
agora estava em profundo declínio. A maioria das propriedades
próximas já havia sido demolida.
“Durma comigo.”
As palavras eram simples. Eles saíram dos meus lábios sem
pensar.
Kane mudou de um pé para o outro, então olhou nos meus
olhos. Um mar inteiro de informações passou entre nós,
silenciosamente, sem palavras…
“Vamos,” eu disse, deslizando minha mão na dele. Eu o puxei
gentilmente na direção do seu quarto, e ele me seguiu.
“Vamos nos manter aquecidos.”
Capítulo 11

DALLAS

O mundo sob os cobertores de Kane era macio e quente, a


presença de seu corpo extremamente reconfortante. Estávamos nos
braços um do outro. Cara a cara nas sombras azul-noite,
aproveitando o calor combinado do nosso corpo.
“Está bom aqui,” eu suspirei, aconchegando-me nele.
Ele grunhiu sua concordância, deslizando uma grande perna
entre as minhas. Era um pouco louco, como parecia não haver
barreiras entre nós. Com que facilidade nos tornamos totalmente
íntimos, tanto no aspecto físico quanto no emocional.
“Então...” sussurrei, “sou tudo o que você pensou que eu
seria?”
De seu travesseiro, Kane levantou uma sobrancelha.
“Ao vivo,” eu disse, cutucando-o. “Depois de me observar por
um ano inteiro em todas aquelas câmeras... eu estava me
perguntando se talvez você...”
Os lábios de Kane se aproximaram dos meus, e de repente
estávamos nos beijando. Ele me beijando. Eu beijando de volta.
Nossos corpos se contorcendo juntos, pele contra pele. Nossas
bocas se agitando, rolando apaixonadamente uma na outra...
Dallas!
Seu corpo virou, e de repente ele estava me beijando forte e
profundamente. A paixão instantânea e a química foram incríveis.
Eu podia sentir o calor de seu peito pressionando o meu. Seus
lábios se movendo insistentemente, separando os meus para dar
espaço para sua língua...
Você realmente deveria estar fazendo isso?
Eu aceitei em minha boca de boa vontade, até mesmo com
fome, deslizando minha língua contra a dele. Gemi baixinho em sua
boca enquanto sua mão escorregou para baixo, invadindo o cós da
minha confortável calça de dormir. Sua palma da mão era grande e
áspera. O contraste foi incrível quando deslizou sobre um lado
quente da minha bunda…
Mmmmmm...
A outra mão de Kane se moveu para acariciar meu rosto,
afastando meu cabelo suavemente para que ele pudesse continuar
me beijando adequadamente. A mão na minha bunda eram agora
cinco dedos distintos, apertando e amassando minha carne macia e
flexível. Seu toque era dominante e insistente. Deliciosamente
possessivo. Em resposta, eu me contorci ainda mais forte em seu
peito, saboreando o tamanho e o poder de seus peitorais maciços.
Isso é louco.
Era louco. Foi ainda pior do que loucura, porque eu sabia com
absoluta certeza que estava prestes a cometer um erro colossal.
Tem três deles, Dallas. Três.
Os dedos de Kane sondaram para cima, deslizando ao longo
da parte inferior das minhas costas e sobre meu quadril. Então eles
foram para o outro lado... sobre meu estômago tenso e trêmulo...
Três deles na mesma casa.
Na melhor das hipóteses, eu estava prestes a causar uma
enorme quantidade de ressentimento e ciúme. Na pior delas, eu
estaria criando uma barreira entre três homens que estavam ligados
para sempre como irmãos. Uma barreira que poderia até ferir seu
vínculo. Uma barreira que iria...
“Ahhhh...”
Engoli em seco quando a mão de Kane deslizou entre minhas
pernas. Um de seus dedos puxou minha calcinha para o lado. Os
outros...
Os outros encontraram minha fenda quente e molhada.
Ah Deus que bom...
Era muito tarde. Muito tarde para recuar. Eu estava sem
namorado há muito tempo, em abstinência sexual, a ponto de
explodir. Perdi tudo no fogo, inclusive meus brinquedos sexuais. E
durante a maior parte do último mês, estive cercada por três dos
mais bonitos, lindos e musculosos...
“Eu queria você,” Kane grunhiu em meu ouvido, “desde a
primeira vez que te vi...”
Dois dedos grossos entraram lindamente em mim. Ou era
apenas um? Jesus, suas mãos eram tão grandes que eu nem sabia
dizer.
“Ah é”? eu me contorci.
Ele assentiu, mordiscando meu ombro. Penetrando-me com a
mão. Enchendo-me repetidamente com aqueles dedos grossos e
maravilhosos. Curvando-os suavemente, para massagear meu
ponto G.
“M... Minha nossa...”
Minhas mãos agarraram os lençóis de cada lado do meu corpo.
Eu estava absolutamente encharcada.
“Caralho... caralho...”
Era inacreditável a rapidez com que cheguei ao ponto de
quase gozar. Quão rápido eu fui de beijar para tirar um sarro e
perder totalmente o controle.
Ah meu DEUS!
Meu orgasmo geralmente começava na minha barriga, subindo
e se expandindo pelo meu corpo enquanto eu ficava mais e mais
excitada. Mas não agora. Não desta vez.
“CARAAAAAALHO...”
Desta vez meu clímax surgiu como uma onda rebelde, caindo
sobre mim em uma fração de segundo de pura euforia
incandescente.
“AH CARAAAALHO!”
Kane girou sobre mim, apertando uma mão gigante sobre
minha boca para me manter em silêncio. Isso apenas me fez ficar
com mais tesão. Mordi a palma de sua mão, forte o suficiente para
machucar, mas não para romper a pele. Os olhos dele brilharam.
Eles encontraram os meus, e nós trocamos olhares, nós dois
estávamos exatamente na mesma sintonia sobre o que precisava
acontecer.
“Fique quieta,” ele grunhiu no meu rosto. “A menos que você
queira os outros aqui.”
Assenti entorpecida, minha boceta ainda se contraindo em
torno de seus dedos penetrantes e sondadores. Eu estava no final
de um orgasmo colossal. Ainda rebolando meus quadris, latejando
com força em sua mão.
Caralho caralho caralho caralho...
Seus dedos roçavam meu clitóris com cada movimento.
Repetidas vezes eles enviaram deliciosos tremores secundários,
disparando para cima e para o centro de prazer do meu cérebro.
Jesus Cristo, Dallas...
Estendi a mão para ele, e ela se aproximou de algo grande,
quente e duro. De alguma maneira ele já estava nu. Ou havia tirado
o moletom e não estava usando cueca, ou...
Ah... ah uau...
Kane arrancou minha calcinha enquanto eu o acariciava. Da
ponta à base, seu pênis era longo, grosso e absolutamente incrível.
Isso vai te machucar.
Parte de mim realmente queria que ele fizesse isso. A outra
parte de alguma forma sabia que ele seria gentil.
Isso... Isso é...
Kane virou sobre mim, afastando minhas coxas facilmente com
um joelho enorme. Ele estava entre minhas pernas agora. Pronto
para me possuir. Eu estava esfregando a cabeça redonda do seu
pau enorme para cima e para baixo na minha fenda encharcada,
olhando para ele com admiração.
Era tão grande! E eu estava molhada pra caralho...
A mão sobre minha boca deslizou para minha bochecha. Kane
se inclinou, empurrando sua testa contra a minha. Seus olhos eram
incrivelmente escuros, com cílios longos e arrebatadores.
“É isso que você quer?”
Suas pupilas estavam focadas nas minhas. Elas estavam
olhando dentro de mim. Olhando através de mim, como se
estivessem vendo minha alma.
“Sim,” murmurei.
Nossos lábios roçaram e ele se moveu para frente, me
penetrando lentamente. Eu podia sentir a cabeça do seu pau,
inchada e latejando. Seu coração batendo através dele, enquanto
ele separou minha flor.
“SIM…” eu disse novamente, desta vez com um aceno de
cabeça.
Outro centímetro. Outro gemido. Eu estava em um frenesi
agora, desesperada para tê-lo dentro de mim. Empurrando meus
quadris para baixo, tentei enfiá-lo em mim... só que Kane tinha o
controle completo e total.
“Diga,” ele grunhiu, prendendo meus ombros na cama. “Diga
que você...”
“EU QUERO!” Eu fervia de tesão em seu rosto. “Kane, por
favor! Eu preciso...”
O resto da minha frase terminou em um murmúrio, quando ele
se enfiou até o fim.
Era como ser espetada até o âmago.
“AHHHhhhHHHhhhHHHhhh...”
Minhas mãos se curvaram instintivamente em garras, minhas
unhas cavando na carne de suas costas maciças. Então ele
começou a dar estocadas. Lentamente no início, para eu me
acostumar com sua circunferência, então mais rapidamente dentro e
fora do meu corpo enquanto todo o comprimento de seu pau estava
encharcado com a minha umidade.
“Ah meu Deus...” exclamei. Lágrimas estavam se formando nos
cantos dos meus olhos literalmente. “Ah meu Deus, ah meu Deus,
ah meu Deus...”
A mão de Kane voltou, pressionando meus lábios. Desafiando-
me a mordê-lo novamente quando ele me esmagou profundamente
na cama, me levando às lágrimas enquanto me fodia sem piedade.
Isso... Isso é...
Eu podia senti-lo dentro de mim, tão incrivelmente profundo
que quase doía. Quase, mas não exatamente.
Isso não é errado, isso não é um erro…
Não poderia ser. Era maravilhoso. Como uma coceira
insaciável sendo finalmente atendida. Como uma longa sede sendo
saciada, tão plena e satisfatoriamente que minhas lágrimas estavam
escorrendo em ambos os lados de seu travesseiro.
“Kane…”
Coloquei seu nome na minha boca, saboreando-o na minha
língua. Se encaixava perfeitamente nele. Sua personalidade, seu
comportamento... todo seu corpo magnífico.
“Ah caralho, Kane...”
Eu estava murmurando em sua boca porque ele estava me
beijando novamente, nossas línguas duelando calorosamente
enquanto transávamos. E eu o estava beijando como um amante
agora. O tipo de beijo reservado apenas para alguém que ficava
dentro de você, preenchendo você, conectando você no mais íntimo
e irrevogável de todos os níveis possíveis.
Isso... é incrível...
Minha boceta latejava quando ele me penetrou profundamente,
balançando a cama embaixo de nós. Cada estocada tirava o ar dos
meus pulmões. Cada beijo o colocava de volta. Eu estava gemendo.
Engasgando... Chorando de alegria e prazer...
Eu poderia fazer isso por semanas.
A voz da razão tinha desaparecido totalmente agora. Foi
porque eu a mandei se foder. Foi porque, a essa altura, não havia
como nenhum de nós recuar.
“Kane...,” gaguejei. “Eu...”
Ele me levantou abruptamente e deitou de costas na cama, me
puxando para cima dele. Eu estava montando nele agora.
Montando-o tão forte e profundamente quanto eu queria. Minha
mente girou com todo o novo prazer enquanto eu me deleitava no
controle, correndo minhas mãos sobre seu incrível peito duro como
pedra...
Senti um súbito lampejo de dor. Uma dor crescente, em algum
lugar dentro de mim, quando percebi que ele tinha alcançado
lugares aonde ninguém tinha ido antes. A admissão foi dura, até
mesmo humilhante. Isso só me fez apertar com mais força.
“Você parece... parece...”
Suas mãos envolveram meus seios, segurando seu peso. Ele
os segurou amorosamente por um momento antes de passar
suavemente as palmas das mãos sobre meus mamilos endurecidos.
Eu era supersensível aí, e o toque enviou arrepios pelo meu corpo.
Apertei minhas coxas em resposta, abraçando seus lados enquanto
ele me penetrava por baixo.
“tão... pra caralho...”
Eu estava totalmente incoerente. Perdida no momento, a ponto
de delirar. Em vez de dizer qualquer outra coisa, apenas fechei os
olhos e deixei rolar, saboreando a sensação de suas mãos no meu
corpo...
E com a mesma rapidez fui virada. Colocada bruscamente
sobre minhas mãos e joelhos...
Em um flash Kane agarrou meus quadris e voltou a entrar em
mim por trás. Era a melhor coisa em todo o mundo.
“Ahhhhhhhhhh...”
Foi primitivo, o jeito que ele me possuiu. Animalesco. Ele
estava usando seus braços tanto quanto usava seus quadris e
bunda, me puxando para trás com aqueles grandes bíceps e tríceps
para atender a cada estocada que parecia chegar ao meu
estômago. Parecia ainda mais profundo, se isso era possível. A
penetração ainda melhor. Ele me fodeu assim por um longo tempo,
me penetrando até o fim de seu pau magnífico enquanto eu grunhia
e gemia e murmurava uma torrente de palavrões ininteligíveis.
Ah meu Deus isso é...
Eu gritei quando ele colocou as duas mãos em volta do meu
queixo por trás. Kane se afastou, forçando minha cabeça para cima.
Me prendendo contra ele. Me dominando completamente...
De repente, abruptamente, tudo parou.
A bunda de Kane parou de apertar. Seu corpo parou de se
mover. Ele segurou firme no meu queixo, seu pau enterrado todo
dentro de mim.
Que p...
Meus olhos se abriram. Eu me vi olhando para frente...
... para o outro lado da sala, onde duas figuras estavam
olhando para mim com grande decepção.
Capítulo 12

DALLAS

Maddox e Austin estavam meio nas sombras, meio ao luar. Eu


podia ver suas expressões, no entanto. Podia ler sua linguagem
corporal também.
“Caralho, Kane.”
Nós quatro permanecemos congelados, todos nos encarando.
Eu com o queixo puxado para trás, apoiada nas mãos e nos joelhos.
Kane pressionado com força contra o meu corpo, ainda enterrado
dentro de mim por trás...
Os outros dois parados ali sem camisa, vestindo apenas
cuecas.
Era como se o tempo houvesse parado.
Por vários longos segundos ninguém disse uma palavra.
Ninguém se moveu ou mesmo respirou. Era quase como se um
feitiço tivesse sido lançado, e mesmo o menor movimento poderia
quebrá-lo e fazer com que tudo desaparecesse.
Então, inacreditavelmente...
Kane começou a me penetrar novamente.
Puta merda.
Meu corpo, que estava quente e corado de nosso ato de amor,
permaneceu totalmente imóvel. Fiquei exatamente onde estava,
olhando para Maddox e Austin. Apreciando o movimento suave do
meu amante me fodendo por trás, mesmo enquanto o resto da sala
permanecia envolto em um silêncio estranho e misterioso.
O olhar de Maddox mudou de Kane para mim. O movimento foi
quase imperceptível. Mas eu sabia que havia acontecido.
Dallas... espere...
Coração acelerado, sangue bombeando... eu acenei para ele.
Dallas!
Foi o menor dos movimentos. Um movimento dos olhos, um
empurrão para cima do meu queixo. Mas ele se moveu.
Lentamente, sem hesitar, ele caminhou até a beirada da cama.
Atrás de mim, Kane continuou me fodendo. Ele soltou meu
queixo, mas manteve uma mão ainda enrolada no meu cabelo. A
outra caiu sobre meu quadril, apertando suavemente, me guiando
para frente e para trás contra ele.
Maddox chegou à beira da cama, onde eu estava meus olhos
estavam no nível de sua virilha. Eu podia ver uma protuberância ali,
estendendo o material. Lutando contra o tecido com aparência de
seda, enquanto ele estava ali paralisado.
Estendi uma mão... e deslizei meu pulso pelo buraco na frente.
Minha mão se aproximou de algo quente e duro. Ele gemeu
baixinho quando eu o puxei para fora.
Puta merda Dallas…
O pau dele era bonito. Longo, reto e perfeitamente delineado.
Eu o acariciei para cima e para baixo algumas vezes, pegando o
jeito. Olhando em seus olhos azuis de gelo, eu o trouxe lentamente
na direção da minha boca.
“Porra...”
A voz de Maddox falhou quando fechei meus lábios ao redor
dele. Ouvi uma forte entrada de ar. Um chiado de prazer.
De jeito nenhum você está fazendo isso!
Mais uma vez, a voz na minha cabeça estava errada. Eu
estava fazendo isso. E iria gostar, também.
Suspirei baixinho quando Kane pegou o ritmo novamente. Ele
diminuiu a velocidade temporariamente, dando-me tempo para me
ajustar. Permitindo a Maddox e eu nosso momento juntos; o contato
visual, a conexão física e até emocional quando a gravidade do que
estávamos prestes a fazer realmente se revelou.
Você está trepando com dois caras. Dois caras ao mesmo
tempo.
A voz em minha cabeça estava certa. Eu definitivamente
estava fazendo isso. E era tão incrível quanto pensei que seria. Tão
excitante e sensual e sim, até mesmo bonito, como eu fantasiava
que poderia ser... por todos os anos que eu fantasiei e imaginei.
Kane revirou os dedos, seu punho apertado no meu cabelo. Eu
me senti maravilhosamente obscena. Foi incrivelmente excitante
quando ele aplicou uma pressão suave para a frente, empurrando
minha cabeça para baixo em torno do pau de seu amigo.
Cristo, eles já haviam feito isso antes?
Não importava para mim de qualquer maneira. No fundo eu
sempre quis experimentar. Eu até tive um namorado que sugeriu
isso alguns anos antes, brincando com a ideia várias vezes
enquanto trepávamos até cansar.
Só que ele nunca seguiu adiante. Sempre se acovardava.
Nossa busca por um terceiro havia morrido antes mesmo de
começar, e não importava quantas vezes fodêssemos quando
falávamos sobre isso, tudo nunca passou de uma fantasia.
Mas não agora...
Não, definitivamente não. Exatamente agora eu estava vivendo
o momento. Apreciando a safadeza de um amante perfurando
minha boceta enquanto outro deslizava pela minha garganta. Eu
estava sendo lentamente espetada dos dois lados; a terminologia
era algo com o qual eu estava estranhamente familiarizada.
Espetada entre dois homens incrivelmente gostosos, sentindo um
tesão incrível...
Maddox saiu da minha boca com um barulho molhado. Olhei
para cima, imaginando se eles iriam trocar de posição...
… e me vi olhando diretamente nos olhos azul-esverdeados de
Austin.
AUSTIN!
Eu não podia acreditar que tinha esquecido dele! Mas com
toda a excitação...
Meu terceiro SEAL sexy havia tirado sua cueca. Ele ficou de
lado, acariciando lentamente seu pau liso e impecável. Seu pênis
era da cor do crepúsculo, como sua pele morena. Grosso, duro e
tão lindo quanto ele.
Eu virei em sua direção. Maddox deu um passo para o lado,
abrindo espaço para ele.
“Puta merda, Dallas...”
Sua voz estava mais grave do que o normal, praticamente
sufocada de luxúria. Ele estava nos assistindo foder. Esperando
pacientemente sua vez. E aqui estava eu, encaixando-o.
Encaixando todos os três…
“Você quer pegá-la por trás?”
Uma conversa estava ocorrendo em algum lugar atrás de mim;
Kane e Maddox. Debatendo sobre mim. Decidindo meu destino...
“Não. Eu quero fodê-la assim.”
Senti a cama se mexer abruptamente, e então as mãos de
Maddox foram para meus quadris. Ele empurrou seu pau coberto de
saliva contra minha entrada brilhante, e com um único impulso de
seus quadris, mergulhou todo em mim.
“MMMmmMMMmmm…”
Se eu estava tentando formar uma palavra, ela se perdeu em
Austin. Seu pau estava no fundo da minha garganta, deslizando
suavemente contra a parte de trás da minha língua. Eu estava
chupando forte, mantendo meus lábios apertados. Tentando tornar
isso bom para ele.
Então Maddox começou a me penetrar com força por trás, e
todo o meu corpo ficou mole de prazer.
Capítulo 13

KANE

Não foi algo que eu planejei, simplesmente aconteceu. Só que


tinha acontecido tão alto que chamou a atenção dos outros, apesar
de serem quase duas da manhã.
E agora estava acontecendo com eles também.
Eu pensei em estar com ela mil vezes. Brinquei com isso várias
vezes na minha cabeça, tentando imaginar como poderia acontecer.
Às vezes era romântico; a culminação de um namoro ou uma
conexão cuidadosamente construída. Mas outras vezes...
Outras vezes tinha sido assim. Bruto, instintivo e cheio de
luxúria irreprimível.
Eu a observava agora, esticada como um gato na minha cama.
Rosto para baixo, bunda para cima. Trazendo seu traseiro magnífico
para trás em círculos lentos e agitados que fizeram os olhos de
Maddox rolarem para trás em sua cabeça dura...
Deus, era excitante pra caralho.
Bem, você com certeza a queria, a voz na minha cabeça soou
sarcasticamente. Agora você a possuiu.
Sim, acho que sim. Mas Maddox também. E Austin...
Nós três. Puta merda.
Era uma confusão com certeza. Mas, ao mesmo tempo,
também resolvia muitos problemas. Por um lado, eu não teria que
esconder o que tínhamos feito. Eu já estava temendo acordar e ter
que manter uma cara séria, especialmente com Dallas. Teria sido
difícil, se não impossível, manter os caras no escuro. Excluí-los do
que tínhamos feito.
Bem, eles estão incluídos agora, com certeza.
Eles mudaram novamente, e Austin se moveu para tomar o
lugar de Maddox. Desta vez, eles a viraram de costas. O
maravilhoso cabelo loiro de Dallas se espalhou sobre a cama, seu
rosto todo corado, seus lábios carnudos, molhados e lindos.
Inclinei-me para beijá-los novamente. Para sentir o calor deles
contra os meus. Suas pernas se abriram, e Austin a penetrou
facilmente enquanto ela gritava em minha boca. Mas seguimos em
frente. Continuamos beijando e gemendo e compartilhando a
mesma respiração.
Quantas vezes eu a imaginei na minha cama? Porra, perdi as
contas. Pensei em todas as noites longas e sem dormir sentado na
frente dos monitores. Incontáveis horas mudando constantemente
de uma visão para outra, de fora para dentro, olhando para ela com
a mesma atenção que eu olhava para sinais de problemas.
Você se apaixonou por ela, Kane. Bem desse jeito.
Sim, bem desse jeito. Olhando para ela remotamente, até
mesmo seguindo-a para o trabalho de vez em quando. Vendo-a dar
as cartas na mesa de blackjack a milhares de estranhos. Vendo-a
chegar em casa sozinha, às vezes abraçada com um livro, ou
sentada na frente à televisão. E outras vezes...
Outras vezes nós a pegamos em momentos mais íntimos.
Dallas Winters estava longe de ser recatada e gostava de dançar
seminua por todos os cômodos de sua casa. E eu assistia. Eu tinha
feito isso descaradamente, sem vergonha alguma. Fiz isso sabendo
que ela era irmã de Connor, mas, ao contrário dos outros, isso era
algo que de alguma forma não me incomodava.
Talvez seja porque eu a vi pelo que ela era: uma mulher. Uma
mulher forte e bonita, tão sexy quanto independente, e eu não ia me
sentir nem um pouco mal por qualquer atração que sentisse por ela.
“Mmmmm...”
Ela virou para o lado, quando Austin realmente começou a
fodê-la. Então, de repente, a boca dela estava em mim. Era incrível
olhar para baixo e ver seu lindo rosto. Observando-a chupar
ansiosamente, deslizando a língua ao longo da parte inferior do meu
pau e piscando para mim quando finalmente chamou minha
atenção.
Deus, ela é maravilhosa.
Eu a segurei firme enquanto Austin a fodia, prendendo seu
corpo feminino contorcido entre nós. Sua pele era como leite
derramado. Suave e perfeito. Nós nos revezamos tirando o cabelo
do rosto dela, ajustando seus quadris, ou qualquer coisa que
precisássemos fazer para ter o maior prazer possível com ela.
E estávamos dando prazer a ela também. Eu podia ver em
seus olhos semicerrados, todos vidrados e cheios de entrega
devassa. Ela estava gostando tanto quanto nós, como se já tivesse
feito isso antes, ou estivesse querendo a vida toda. Ela também
tinha sido a pessoa que fez um sinal para eles...
Durou para sempre, ou pelo menos parecia assim. O vento
uivava e o céu permanecia escuro e nós três continuamos
transando com ela, beijando-a, devorando seu corpo avidamente.
Dallas respondeu na mesma moeda, recusando-se a entregar os
pontos. Ela devolveu tudo o que recebeu, não importa quantas
vezes trocássemos de lugar ou de posição. Ela empurrava seu
quadril em nossa direção enquanto nos revezávamos, enchendo
seu calor e umidade em ambas as extremidades ansiosas.
Maddox terminou primeiro, gozando em sua garganta quente e
gananciosa. Senti uma onda de excitação ao vê-la engoli-lo,
bombeando-o com o punho, drenando-o até a última gota.
Finalmente ele caiu para trás, totalmente exausto, seus lábios
formando um palavrão e um sorriso.
Austin o seguiu quase imediatamente, empurrado para o limite
pelo que acabamos de ver. Ele se derramou sobre seu belo corpo,
borrifando seus seios e seu pescoço. Em última análise, ele permitiu
que ela assumisse o controle com uma mão graciosa, direcionando
para onde seu gozo ia e terminando espalhando-o sensualmente ao
longo de sua aréola rosa.
Dallas estava com uma linda perna por cima do meu ombro, e
eu estava afundado até as bolas em suas dobras aquecidas. Eu já
estava perto. Tendo os outros já gozado e caído exaustos, eu tinha
toda a atenção dela agora. Ela olhou para mim com um sorriso
malicioso e sensual.
Dentro de mim, ela murmurou silenciosamente.
Puta merda, era tudo o que precisava. Seu lindo rosto olhando
para mim. Aqueles olhos penetrantes, presos nos meus. A ideia de
gozar dentro dela, de finalmente explodir depois de todo esse
tempo...
“UNGHHH!”
Eu dei uma última estocada, então explodi como um vulcão
furioso. Os olhos azuis de Dallas se arregalaram quando ela sentiu
meu gozo quente, espirrando dentro dela. Pintando as paredes de
seu útero, enchendo-a com um fluxo constante e eufórico do meu
sêmen quente que escorreu, enquanto eu grunhi, gemi e estiquei
meu rosto para o céu.
“PORRA!”
Era o paraíso incandescente – um milhão de explosões
brilhantes – todas acontecendo de uma vez. Todo um universo de
necessidade e desejo... o culminar de uma obsessão de um ano,
finalmente se concretizando entre suas belas pernas estendidas.
Eu desabei em cima dela, ainda gozando. Enchendo-a até
transbordar, até que eu pudesse sentir nossa umidade combinada
encharcando nós dois. Dallas respondeu jogando seus braços em
volta de mim e me fodendo de volta. Enredando os dedos de ambas
as mãos contra a parte de trás da minha cabeça, me puxando para
ela, sussurrando tão ardentemente em meu ouvido o tempo todo
que pensei que ia enlouquecer de prazer.
“Isso, baby...” ela murmurou. “Me encha toda. Mmmmmm...
Isso mesmo, baby. Bem desse jeito…”
Eu nem ligava se os outros estavam olhando. O momento era
nosso, e só nosso. Eu podia sentir seu corpo se contorcendo
embaixo de mim, sua boceta se contraindo ao redor do meu pau,
ordenhando-me do jeito que eu merecia.
“ISSO...”
Minha visão ficou turva, as bordas cinzas se fechando ao meu
redor. Eu terminei em uma névoa, vagamente consciente de Dallas
beijando meu rosto. Ela estava me abraçando agora, uma mão em
cada uma das minhas bochechas. Ajustando-me para que eu
pudesse olhar nos olhos dela, ou melhor, para que ela pudesse ver
diretamente nos meus.
“Você está bem?” ela sorriu maliciosamente.
Eu balancei a cabeça, entorpecido.
“Nós eh... achamos que havíamos perdido você por um
minuto.”
No fundo, eu podia ouvir Maddox e Austin rindo. Eles poderiam
até mesmo bater palmas, eu estaria bem de qualquer maneira.
Alguns segundos nublados se passaram, e eu estava vagamente
ciente deles saindo do quarto.
“Isso foi incrível pra caralho,” Dallas respirou, flexionando suas
coxas em ambos os lados do meu corpo. Ela me beijou mais uma
vez, desta vez na testa. “Acho que estou pronta para dormir agora.”
Capítulo 14

DALLAS

“Bom dia!”
Fui direto para a cozinha, passei por Maddox e por Kane. Logo
passei por Austin, já limpando sua tigela de cereal na pia.
Foi como arrancar um band-aid.
“Humm... bom dia,” respondeu Maddox fracamente. Percebi
que sua linguagem corporal já havia mudado. Ele parecia tenso e
desconfortável enquanto segurava uma panela. “Você quer ovos?”
“Se você está fazendo, com certeza.”
Peguei uma caneca e me servi de uma boa xícara de café.
Café de verdade. Moído na hora e fumegante, pingado de uma
cafeteira de verdade, selecionada por mim.
“Nós poderíamos fazer bacon também,” Austin disse hesitante.
“Se você gostar.”
“Bacon cairia bem.”
Eu sentei em minha cadeira de costume, prendendo meu
cabelo enquanto andava. Todos os três estavam olhando para baixo
agora. Olhando para cima. Olhando para qualquer lugar, exceto
para mim.
“Então, vamos falar sobre isso?”
Minhas palavras caíram ruidosamente na sala silenciosa. Eles
pareciam ainda mais desconfortáveis, como se isso fosse possível.
Só que agora estavam ficando vermelhos também.
“Falar sobre o quê?”
“Sobre a noite passada,” eu disse, colocando meus pés para
cima. “Vocês já fizeram aquilo antes?”
Eu decidi, ao acordar, que havia duas maneiras de isso
acontecer: a maneira estranha ou a maneira realmente estranha.
Não tinha certeza de qual era qual, mas esse caminho
definitivamente era mais meu estilo.
“Fazer o q...”
“Se revezar transando com uma garota,” eu disse, cortando
Austin abruptamente. “Sabe, juntos.”
A cozinha não poderia estar mais silenciosa se o mundo lá fora
tivesse acabado. Por um longo tempo, ninguém falou.
“Você já fez algo assim?” perguntou Maddox.
“Não,” respondi com um encolher de ombros. “Mas eu estaria
mentindo se dissesse que não queria. Obviamente, era uma fantasia
minha… embora eu sempre imaginava que aconteceria com dois
caras antes de acontecer com três.”
Austin soltou uma risada curta e nervosa. “Você eh... parecia
muito bem com isso.”
“Ei,” eu disse. “Quando a vida te der limões...”
Maddox começou a quebrar os ovos na frigideira. “Nós não
estávamos exatamente fazendo limonada na noite passada,” ele
sorriu.
“Não,” concordei. “Definitivamente não. Mas quando a vida te
dá três colegas de alojamento gostosos que dormem praticamente
nus, e dois deles invadem o quarto enquanto você está fodendo
com o terceiro…”
Kane tossiu sobre sua caneca, quase cuspindo seu próprio
café no chão. Porra, eu era uma boba por estar nervosa. Eu estava
realmente gostando disso.
“Sim, bem, Kane fodeu tudo ontem à noite,” disse Maddox,
seus olhos passando para dar a seu amigo um olhar de advertência.
“Ele quebrou nossa única regra. A única regra.”
Levantei uma sobrancelha. “E qual é?”
“Nós juramos não nos envolvermos com você,” ele respondeu.
“Nós três.”
“Ah,” eu disse, tendo dificuldade em reprimir um sorriso.
Eles olharam um para o outro novamente, talvez pedindo
ajuda. Foi meio fofo.
“Quando você se mudou para cá,” Maddox continuou, “todos
nós fizemos uma promessa de que nenhum de nós iria dar em cima
de você. Nenhum de nós iria nem flertar com você. Certamente
nenhum de nós jamais...”
“Treparia comigo?” perguntei por cima da minha caneca.
Os três ficaram em silêncio novamente. Austin parecia estar
tentando engolir uma bola de beisebol. Maddox estava cozinhando
demais os ovos. Kane, no entanto, parecia estar gostando da
conversa tanto quanto eu. Talvez mais.
“Ele deveria ter deixado você em paz,” disse Maddox, brigando
com a espátula. “Ele nunca deveria ter...”
“Tecnicamente,” Kane interrompeu, “mantive minha promessa.”
Seus olhos viraram em minha direção. “Foi Dallas quem se convidou
para minha cama ontem à noite.”
Eles olharam para mim e eu assenti. “Me declaro culpada.”
“Ainda assim,” Austin interrompeu. “Você não precisava...”
“Olha,” eu disse, colocando meus pés no chão novamente.
“Vocês são soldados. SEALs. Irmãos de armas. Vocês passaram
por um treinamento físico exaustivo juntos, viram combates juntos.
Vocês até moram juntos, dividindo a mesma casa, as mesmas
despesas, até os mesmos objetivos comuns.”
Austin olhou para mim. Ocorreu-me de repente que ele tinha
esquecido tudo sobre o bacon.
“Aonde você quer chegar?”
“Meu ponto é,” continuei, “vocês dividem tudo.”
Minha ênfase na última palavra caiu como um martelo. Os
únicos sons na cozinha eram o estalo de bacon fritando e o barulho
de ovos borbulhando.
Eu dei de ombros para eles. “E agora vocês estão me
dividindo.”
Era mais do que um pouco insano, quão lógico eu tinha
acabado de fazer tudo soar. Caramba, até parecia racionalizado na
minha própria cabeça. Tudo bem, eu tive algum tempo para pensar
sobre isso. Algum tempo de lembrança muito sonhador e sobretudo
divertido, enquanto adormecia, olhando para o teto.
“Ninguém fez nada de errado aqui,” eu disse, me levantando.
“Na verdade, tudo parecia meio... certo.”
Atravessei a cozinha com meu pequeno short de dormir, que
estava muito curto. A camiseta que eu estava vestindo só vinha até
a metade, era quase um top. Ela mostrava o plano do meu
estômago, meu umbigo...
Claro que eu tinha vestido essas coisas de propósito, antes de
descer. Mas eles não sabiam disso.
Ou talvez soubessem.
“Talvez a noite passada tenha sido uma coisa única,” dei de
ombros casualmente. “Nós quatro extravasamos. Tivemos um pouco
de diversão.”
Kane raspou a garganta ruidosamente. “Um pouco de
diversão?”
“Certo, MUITA diversão,” eu sorri. “Mais diversão do que uma
pobre garota sem-teto e três SEALs da Marinha provavelmente
deveriam ter juntos. Pensando melhor... talvez não. Talvez a noite
passada fosse exatamente o que precisávamos. E talvez tenha sido
o começo de outra coisa.”
Aproximei-me de Austin, usando um dedo para traçar uma
linha lenta em seu peito. Seus olhos seguiram como se ele
estivesse em transe.
“Algo... mais?” perguntou Maddox.
Balancei a cabeça e saltei para onde Kane estava sentado.
“Hum-rum,” eu disse. “Algo legal. Algo divertido. Algo... apenas entre
nós.”
Dando meia volta, deixei-me cair no colo de Kane. Seus braços
deslizaram ao meu redor protetoramente. Eu me contorci um pouco,
esmagando minha bunda em sua virilha por alguns segundos, antes
de saltar novamente.
“Talvez até façamos isso de novo,” eu disse tentadoramente.
“Isto é, sabe... se vocês quiserem.”
Todos os olhos estavam previsivelmente em mim. Eles
rastejavam pelas minhas pernas, vasculhavam meu abdômen.
Seguiam todos os meus passos saltitantes. Permaneciam em cada
curva.
“Claro que poderíamos voltar a fazer cumprir sua promessa. É
uma outra opção.”
Kane estendeu a mão para mim, mas eu me afastei. Me
aproximei de Maddox agora. Correndo minha mão por sua camisa,
eu podia sentir seu coração batendo estrondosamente, no fundo de
seu peito.
“Não precisam responder agora,” eu disse com uma piscadela.
“Vocês terão algum tempo, pensem sobre isso. Mas pelo menos
agora vocês sabem minha posição. E sabem onde eu estou.”
Minha 'posição' foi decidida dois minutos depois de sair do
quarto de Kane na noite passada. Eu ainda podia sentir as mãos
deles no meu corpo, sentir o cheiro deles na minha pele. Podia
senti-los dentro de mim! Me abrindo. Me enchendo toda…
Me espetando entre eles. Me esmagando...
Não havia dúvida em minha mente. Eu queria aquilo de novo.
Com destreza, peguei a panela entre os dedos de Maddox.
Jogando a bagunça queimada direto no lixo, peguei uma toalha e
comecei a limpá-la.
“Por enquanto, porém,” eu disse, virando minha bunda para
eles. “É melhor vocês deixaram eu fazer os ovos.”
Capítulo 15

DALLAS

Os rapazes desapareceram pelo resto do dia, me dando tempo


para descansar e relaxar. Também lhes deu tempo para processar o
que eu disse e pensar em como queriam lidar com nosso futuro,
todos sob o mesmo teto.
A boa notícia era que não parecia haver nenhum ciúme, pelo
menos exteriormente. Minha maior preocupação era que um ou
mais deles realmente “gostassem” de mim e, considerando o que
tínhamos feito, agora poderiam estar ressentidos com os outros. A
última coisa que eu queria era ficar entre eles. Exceto fisicamente, é
claro.
No entanto, esse sempre seria o perigo quando os rapazes
chegassem tão perto quanto estavam. Esses homens eram irmãos,
em todos os sentidos da palavra. Irmãos brigavam por coisas o
tempo todo, e eu jurei que não seria assim. Se o que tínhamos feito
fosse realmente acontecer de novo, havia uma única maneira de
lidar com isso.
Eu estaria disponível para todos os três... ou para nenhum
deles.
A outra coisa que me preocupava era que eles me tratassem
de forma diferente porque eu era a irmã de Connor. Que, de alguma
forma estranha, me levar para a cama pudesse representar uma
traição à memória do meu irmão. Fiquei feliz que não parecia ser o
caso também, porque eu sabia que esses homens amavam Connor
tanto quanto eu. Eles o respeitavam e admiravam o suficiente para
dedicar o último ano de suas vidas a me proteger, mesmo depois
que ele se foi.
Como eu poderia não amar isso neles?
Amor.
Era uma palavra tão estranha, e com a qual eu não estava
familiarizada. Eu amava meus pais, é claro, e amava meu irmão
mais do que qualquer outro homem em toda a minha vida. Mas, no
que diz respeito aos relacionamentos, eu nunca senti amor de
verdade antes. Eu tive namoros curtos e até alguns de longa
duração. Tudo, desde parceiros de transa a amigos com benefícios
e até um cara de sorte com quem eu realmente comemorei um
aniversário de dois anos de relacionamento.
Mas nunca foi amor.
Pensei em tudo isso enquanto mergulhava na banheira,
observando o vapor vagarosamente subir em direção ao teto. A
água estava tão quente que eu mal podia suportar – mais um grau e
escaldaria minha pele. Mas era assim que eu gostava. Em relação a
chuveiros também.
Esses caras realmente amavam Connor.
Distraidamente, esfreguei o pingente do meu irmão com o
polegar. Eles o amavam, e talvez fosse por isso que eu estava tão
atraída por eles, mesmo além do sentido óbvio. Fisicamente eles
eram lindos, cada um à sua maneira. Maddox era o cara gostoso de
juba loira por quem eu sempre fui atraída, com abdominais nos
quais eu poderia me perder por dias. Austin era moreno e simpático,
tão bonito e estiloso quanto um homem poderia ser. Mesmo Kane,
com seu tamanho, força e natureza sombria, me deixou
indescritivelmente atraída por ele. A maneira como ele acabou por
assumir o controle me deixou mais excitada do que jamais estive em
minha vida, mesmo antes de os outros se juntarem.
Mas além do físico, eu podia sentir uma conexão emocional se
formando ali também. Um vínculo invisível entre os três e eu. Um
parentesco especial... tudo por causa de Connor.
Suspirei e levantei uma perna, passando a bucha ensaboada
sobre minha panturrilha. Os rapazes torciam imediatamente o nariz
para minha bucha, ao encontrá-la pendurada na torneira do
chuveiro. Eu tive que explicar a eles o que era, rindo o tempo todo.
Eles são tão toscos, pensei comigo mesmo. Tão pouco
refinados.
Talvez por isso eu gostasse tanto deles. Eu namorei homens...
e namorei verdadeiros homens. Os três rapazes com quem eu
estava vivendo agora eram definitivamente os últimos. Como
soldados, eles eram polidos, disciplinados, mortais. Mas como
homens...
Como homens, eles eram grandes e belos pedaços de barro,
prontos para serem moldados por minhas mãos excessivamente
ansiosas.
Sim, certo.
Eu ri alto novamente na banheira, então me perguntei se
estava ficando louca. Talvez, pensei. Definitivamente isso era
possível.
Pensando bem, quando alguém perdeu tanto quanto eu, em
tão pouco tempo? Eu tinha que ter qualquer prazer que pudesse.
E eu ah... então planejei ter meus prazeres.
Gradualmente, meus pensamentos voltaram para a noite
passada. O que nós quatro fizemos juntos foi indescritivelmente
excitante. Ficaria para sempre na minha memória: as sombras azuis
pálidas, o uivo da tempestade de areia lá fora...
Os três militares musculosos, jogando você no esquecimento...
Sim, isso também. Definitivamente isso também.
Tudo tinha sido tão obsceno, tão picante, tão inesperado. E
tinha sido muita sacanagem, também. Mas sacanagem de uma
maneira gloriosamente poderosa.
Eles adoraram você. Te trataram como uma deusa.
Eles realmente fizeram isso. Todos os três tinham sido
dominadores, mas carinhosos. Fortes e insistentes, ainda assim
gentis onde importava. Eles cuidaram de mim. Certificaram-se de
que eu estava bem, durante todo o nosso pequeno ato pervertido, e
me fizeram gozar pelo menos quatro vezes separadas que eu tenha
contado, para começar.
Larguei a bucha e deixei minha mão deslizar sob a água. Ela
deslizou pelo meu estômago, minha respiração travando na minha
garganta enquanto vagava pelo vale macio entre minhas coxas.
Você trepou com os três.
Sim, eu fiz isso. E foi incrível.
Um por um. Dois de uma vez...
Fechei os olhos, imaginando como eu devia estar. Desejando
que houvesse um espelho no quarto de Kane, para que eu pudesse
me ver me contorcendo entre eles. Eu queria um visual melhor de
seus corpos me apertando e me penetrando. Precisava me ver
sendo fodida pelos dois lados.
Preguiçosamente eu arrastei meu dedo médio para cima e
para baixo na minha fenda quente. Sim, talvez fosse sacanagem.
Mas sacanagem de todas as melhores maneiras.
“Mmmmm...”
Meu lento ronronar de satisfação ecoou contra as paredes de
azulejos brancos. Continuei me explorando, me aprofundando.
Minha respiração ficando mais rápida quando a parte inferior do
meu polegar bateu tortuosamente contra meu clitóris dolorido...
BIP BIP!
Sentei-me ao som distante da porta da frente. O bipe duplo
indicando que alguém havia entrado depois de inserir com sucesso
o código de alarme.
“Dallas?”
“Aqui em cima!”
A voz de Maddox foi precedida por seus passos pesados na
escada. Ou botas. Ou o que quer que fosse.
“Ah, aqui está você.”
Eu deixei a porta do banheiro aberta intencionalmente. Sem
necessidade de pudor, na verdade. Não mais. Não depois da noite
passada.
Caramba, andar pela casa de calcinha estava de volta ao
menu também.
Eu estava de costas para a porta quando senti sua presença.
Estiquei meu pescoço sobre a borda da banheira e sorri para ele de
cabeça para baixo.
“E aí?”
Ele fez uma pausa sem jeito, tentando não olhar. Então ele
percebeu que podia olhar, e eu vi seus olhos começarem a vagar.
“Nós eh… nós precisamos de você lá embaixo. Para falar
sobre algumas coisas.”
Merda.
“É sobre a noite passada?” perguntei com hesitação. Eu estava
torcendo, com a esperança de que eles não tivessem mudado de
ideia.
Maddox pensou por um momento, então toda a sua expressão
mudou. “Ah não, não! Não sobre isso,” ele disse apressadamente.
“Queríamos falar com você sobre outras coisas.”
“Outras coisas...”
“Sim,” disse ele, dando um passo à frente. Droga, ele parecia
bem. Cheirava bem também. Camuflado e uma camiseta branca.
Elegante. Simples. Bonito.
“É sobre algo que encontramos,” ele disse, sua voz soando
subitamente animada.
Meus olhos se arregalaram. Peguei uma toalha.
“É sobre Connor.”
Capítulo 16

DALLAS

Meu cabelo ainda estava molhado quando me aproximei da


mesa da cozinha, vestindo nada além de um roupão de banho
macio. Aos poucos fui adquirindo coisas novamente. Um bom
roupão era apenas mais um dos meus confortos.
“Você... humm... quer se trocar ou algo assim?” Austin
perguntou. Ele me deu um olhar rápido, de cima a baixo. “Nós
podemos esperar se você quiser...”
“Não. Estou bem.”
Os três estavam à mesa, sentados ao redor de um laptop.
Maddox tinha alguns papéis na frente dele. Fotografias também.
“Tudo bem,” ele disse, “então você já sabe que estamos
tentando descobrir quem destruiu sua casa.”
Balancei a cabeça, inclinando-me para a frente. Estava escuro
lá fora, já era tarde. Mesmo assim, eu podia ouvir o café sendo
preparado. Podia sentir o cheiro também.
Bons garotos.
“Depois do show de horrores na sua casa,” ele continuou, “nós
verificamos todos os lugares óbvios em busca de pontas soltas.
Relatórios policiais. Atendimentos de ambulância e bombeiros.
Austin vasculhou os registros de hospital em busca de qualquer
sinal de que alguém pudesse ter sido ferido, talvez com alguns
buracos de bala ou algo do tipo.” Ele balançou a cabeça. “Mas não
conseguimos nada em tudo isso.”
“Que pena,” eu concordei.
“Sim. Era um tiro no escuro, mas tínhamos que verificar. Esses
caras eram profissionais. Eles tinham coletes e armaduras
balísticas, provavelmente a mais recente fibra de carbono flexível.”
Eu não tinha ideia do que isso significava, mas entendi a
essência. Balancei a cabeça para ele continuar.
“Então voltamos e revisamos todas as imagens de vigilância,”
disse Austin, assumindo. “O que aconteceu dentro da casa nós
obviamente perdemos, porque eles cortaram a energia do poste no
caminho. Mas aqui, veja isso.”
Ele apertou algumas teclas no teclado, e uma série de fotos
apareceram. Eu as reconheci como uma vista externa da minha
casa. Uma vista da rua. À noite.
“Estava muito escuro para ver muito, mas conseguimos uma
placa parcial.” Ele apontou para uma SUV muito grande e muito
escura. “Beeeeeem... aqui.”
Apertei os olhos. Eu mal conseguia distinguir qualquer coisa.
“Não consigo...”
Austin apertou outra tecla, e tudo se iluminou. Eu podia ver as
bordas escuras das letras agora. Números.
“É uma placa militar,” disse Maddox. “Eram veículos militares.”
Senti um puxão lento e desagradável na boca do estômago.
Meu rosto deve ter ficado sombrio também.
“Então... Connor foi morto pelo seu próprio pessoal?”
“Bem, não vamos pular para essa conclusão,” Austin disse
apressadamente. “Tudo o que sabemos com certeza é que os
caminhões eram militares. Vinculados à Base Militar de Nellis.” Ele
colocou algumas fotografias na mesa. SUVs pretos, exatamente
como os das imagens de vigilância.
Eu ainda estava confusa.
“Kane tem conexões que puxaram registros dos veículos para
nós,” disse Maddox. “Nenhum desses caminhões registrou saída
naquela noite. O que significa que os logs foram apagados ou as
saídas nunca foram registradas.”
“O que significa que alguém está encobrindo a merda,” eu
disse friamente.
“Sim.”
Eles ficaram em silêncio por um momento, enquanto Kane me
servia uma caneca. Ele colocou o açúcar e o creme na minha frente
e me deu uma colher.
“Eu já te disse que você é ‘o cara’?” brinquei.
“Não,” ele disse, afundando de volta em sua cadeira. “Mas eu
já tinha percebido.”
Austin deu um chute na canela dele. Maddox sorriu antes de
continuar.
“Agora vamos falar sobre Connor...”
Parei no meio do gole. Sentei-me mais reta.
“Os pertences pessoais do seu irmão sumiram quase
imediatamente depois que ele desapareceu,” disse Maddox. “O
celular dele, o laptop e até o carro.”
“Eles levaram o carro dele?” perguntei ainda sem acreditar.
“Aquela coisa velha?”
“Como parente mais próxima, você nunca se perguntou o que
aconteceu com isso?”
Balancei minha cabeça devagar. “Eu... apenas assumi que eles
haviam jogado no lixo. Quero dizer, era realmente velho.”
“Não era velho,” disse Kane, cruzando os braços. “Um clássico.
Não se joga um clássico no lixo.”
Droga, ele parecia quase ofendido. Dei de ombros novamente.
“De qualquer forma, os registros telefônicos de seu irmão
finalmente chegaram,” disse Austin. “Mais um dos contatos de Kane
foi capaz de fazer um clone, uma cópia digital, apenas algumas
horas antes...” ele se deteve bem a tempo. “Antes do último registro
de uso.”
Ele pegou um smartphone e o abriu. Ele piscou, e eu
engasguei quando reconheci a tela inicial imediatamente.
Era uma imagem de Connor e eu.
“Esse... é o telefone dele?”
“Sim e não,” disse Austin. “É uma cópia do celular dele,
gravada em um cartão SIM, instalado em um modelo basicamente
igual.” Ele o deslizou em minha direção. “Ele contém todas as
informações do celular original, os contatos, as mensagens de texto.
E as fotos também, se você as quiser.”
Um nó se formou na minha garganta. Definitivamente eu iria
chorar.
“P... por que você está me dando isso?”
“Porque você disse que queria participar disso, Dallas. Você
disse que queria nos ajudar.”
Engoli em seco, e as lágrimas caíram. De alguma forma, desta
vez, estava tudo bem. Não era como da primeira vez, onde eu
estava tentando não mostrar fraqueza diante de três praticamente
estranhos.
Não, as coisas eram muito, muito diferentes entre nós agora.
“Não se apresse,” disse Maddox, “mas examine tudo nesse
dispositivo.” Ele estendeu a mão e a pousou suavemente sobre a
minha. “Mesmo se for difícil, Dallas. Mesmo se machucar. Ninguém
conhece Connor melhor do que você, nem mesmo nós. Talvez você
consiga achar algo que nós tenhamos deixado passar. Algo
importante.”
Olhei para ele com olhos vidrados. Não havia pena em sua
expressão agora, nenhuma tentativa de pacificação. Apenas
simpatia. Simpatia e amor.
“C... certo,” eu disse.
Eles me deram um momento. Kane me deu um lenço. Peguei
dois, agradecida, e assoei o nariz.
“Finalmente, você precisa saber disso,” disse Austin. “De
acordo com o telefone do seu irmão, ele foi ao deserto várias vezes.
No meio do deserto, onde não há nada para ver e ninguém por
perto.”
Olhei para cima com curiosidade.
“E não é só isso,” ele continuou. “Seu irmão estava usando um
aplicativo de nível militar para rastrear códigos de transponder. E um
par desses transponders está de alguma forma ligado a dois desses
três SUVs.” Ele mostrou as fotografias novamente. “Esses veículos
normalmente não teriam transponders, a menos que alguém como
Connor os colocasse lá.”
Meu café olhou para mim com ressentimento, totalmente
intocado. Nada disso fazia sentido.
“Essas SUVs também estiveram no deserto,” Maddox
interrompeu. “E elas pararam exatamente no mesmo lugar que seu
irmão, nas mesmas datas. Exatamente nos mesmos horários.”
Outro período de silêncio caiu sobre a cozinha. De repente,
minhas sobrancelhas se uniram.
“Então o que você está dizendo?” quase surtei de raiva. “Que
meu irmão estava trabalhando com esses caras?”
Maddox parecia realmente desapontado. “Claro que não,” ele
disse. “Todos nós sabemos que Connor nunca faria algo assim.”
Os outros se mexeram, assentindo fervorosamente. Me senti
uma boba.
“Então o quê?”
“Exatamente o oposto.” Austin entrou na conversa. “Que o que
quer que estivesse acontecendo lá fora, seu irmão estava
observando. Reunindo informações por conta própria. Talvez até se
preparando para repassar essa informação.”
“O que quer que fosse,” disse Maddox, “estamos pensando
que Connor estava tentando impedir.”
Senti um calafrio percorrer meu corpo. Minhas mãos
começaram a tremer.
“E talvez,” acrescentou Kane de forma sinistra, “tenha sido o
que o matou.”
Capítulo 17

DALLAS

Eles me deixaram sozinha naquela noite, relativamente


falando. Ficamos em casa, devoramos vorazmente algumas
quentinhas de comida italiana e provavelmente comemos mais do
que devíamos. Então ficamos um tempo em frente à televisão, até
que, um por um, cada um dos meus lindos SEALs companheiros de
alojamento se retiraram para a cama.
Bem, droga, não era isso o que eu esperava.
Fiquei sentada no sofá, analisando o conteúdo do telefone de
Connor. Folheando cada foto meia dúzia de vezes, voltando a quase
dois anos atrás e mais.
Cada fotografia sorridente dele machucava meu coração.
Droga, Connor.
Durante a primeira hora, mais ou menos, eu fiquei chateada
com ele. Ele obviamente subestimou os homens que o mataram.
Como homem, soldado, um SEAL da Marinha, pelo amor de Deus,
ele, acima de todas as pessoas, conhecia a força e o valor de uma
equipe. Eu o odiei por se colocar lá sozinho, por conta própria, no
deserto no fim do mundo.
Por que meu irmão tinha que ser o justo? Ele não poderia ter
deixado as coisas como estavam?
Era enlouquecedor. Eu me peguei olhando para nossas últimas
fotos, dois verões atrás, quando ele veio para casa antes de sair.
Fizemos paraquedismo juntos – algo que ele me apresentou assim
que eu tive idade suficiente para ir. Lá estávamos nós, sorrindo
alegremente. Ainda usando nossos paraquedas e mochilas.
Fazendo joinha com o polegar para cima…
Meu irmão...
Meu único irmão.
As lágrimas fluíram, e desta vez eu as deixei cair. Não foi culpa
dele, eu finalmente decidi. Era qualquer coisa de diabólico que fez
isso com ele.
E quem quer que diabos isso fosse, iria sofrer um mundo
inteiro de dor.
Connor...
Eu funguei, enxugando as lágrimas caídas na tela do celular.
Na foto em que parei, meu irmão ainda parecia forte, feliz, confiante.
Totalmente indestrutível.
Se isso fosse verdade...
Não, enfim concluí. Se meu irmão estava metido em alguma
confusão, simplesmente não fazia sentido que ele não tivesse ido
buscar ajuda. Ele teria feito alguma coisa. Teria algum tipo de
proteção contra ser apanhado, especialmente se ele estivesse
dirigindo para o meio de Deus sabe-onde para prender ou expor as
pessoas que o mataram.
Morto. Pronto. Você finalmente disse isso.
Foi um reconhecimento difícil – algo que eu estava evitando
dizer em voz alta, por medo do que poderia significar. Morto
significava que alguém finalmente encontrou o calcanhar de Aquiles
do meu irmão. Que o legado de força e invencibilidade do meu
irmão mais velho tinha finalmente sido manchado pela sombra de
algo – ou alguém – que levou a melhor em cima dele.
Morto significava que Connor precisava ser vingado.
Eu chorei um pouco mais, me enrolando em posição fetal.
Puxando minhas pernas contra meu peito, joguei o telefone para o
outro lado do sofá como se fosse feito de ácido.
“Ei…”
Minha cabeça se levantou, e lá estava Maddox. Ele estava
ajoelhado diante do sofá. De alguma forma, atravessou a sala sem
que eu notasse.
“Está tudo bem?”
Ele colocou a mão no meu ombro, e mais uma vez eu não vi
isso acontecendo. Eu me encolhi por uma fração de segundo, até
que percebi o que realmente era.
“O que você é, um ninja?” eu funguei.
Maddox apenas deu de ombros na escuridão. “Talvez.”
Seu sorriso pateta era o quebra-gelo perfeito. Me fez rir. Me fez
finalmente jogar meus braços em volta dele e abraçá-lo, quando vi
que ele já havia esticado os braços para mim.
“Vamos,” ele disse. “Vamos lá.”
Ele pegou minha mão e entrelaçou os dedos dele nos meus. O
gesto foi simples, mas incrivelmente doce. Significativo de maneiras
que eu não percebi imediatamente.
Caminhamos pelo corredor, em direção ao meu quarto. Antes
de chegarmos lá, no entanto, ele me arrastou para o dele.
“Psssiu...” ele murmurou. “Nós deveríamos deixá-la sozinha
esta noite.”
Eu o segui para dentro, praticamente na ponta dos pés quando
ele fechou a porta. Parecia que éramos crianças de novo, nos
esgueirando pela casa durante uma festa do pijama à meia-noite.
“Por quê?” perguntei.
Maddox deu de ombros. “Acho que porque não queríamos
sobrecarregar você.”
Meu coração suavizou. “Ooouuu. Isso é…”
“Estúpido?”
“Não, na verdade é meio que meigo.”
Um minuto depois estávamos debaixo dos cobertores, pele
contra pele. Maddox me aconchegou por trás, de conchinha,
fazendo-me sentir segura, aquecida e protegida, toda embrulhada
em seus dois braços muito fortes.
“Você não é a única que amou Connor,” ele me assegurou com
um suspiro. Meus olhos ficaram cada vez mais pesados enquanto
eu me contorcia em direção a ele.
“Nós todos amamos.”
Capítulo 18

DALLAS

“E estou te dizendo, seu irmão adorava sushi.”


Austin empurrou a barra acima da cabeça mais três vezes,
seus ombros sofrendo com o esforço. Eu poderia dizer que as
últimas repetições foram dolorosas. Mas tudo valeu a pena. Seus
músculos deltoide e trapézio estavam bombados e bonitos.
“Connor odiava peixe,” eu reiterei. “Ele costumava escondê-lo
em um saco debaixo da mesa, toda vez que minha mãe preparava.”
Por aí, Austin riu. “E você o dedurava, não é?”
“Claro. Para que mais as irmãs mais novas servem?”
“Linguaruda.”
“Vai à merda.”
Foi muito divertido falar sobre a vida do meu irmão com as
pessoas que passaram mais tempo com ele. Não importa quantas
conversas tivéssemos sobre Connor, eu sempre parecia estar
aprendendo algo novo.
“Sem chance de ele ter comido sushi,” eu disse. “Talvez por
acidente, ou...”
“Quer apostar?”
Eu sorri e dei outra empurrada, deixando os pesos pendurados
frouxamente em meus braços. Minhas coxas já estavam queimando.
A dor era realmente boa.
“O que exatamente estamos apostando?” perguntei
maliciosamente.
“Você é quem sabe.”
Hummm, pensei comigo mesma. Agora isso está ficando
interessante.
Resmunguei pelo resto da minha série, então me levantei com
uma longa expiração. Agarrando um pé e segurando-o em direção a
minha bunda, estiquei meus quadríceps um de cada vez.
“Eu aposto qualquer coisa com você que Connor não comia
peixe cru,” eu disse.
Austin parou temporariamente de girar o braço na altura da
articulação do ombro. Ele levantou uma sobrancelha. “Tudo o que
eu quiser?”
Revirei meus olhos. “Claro.”
Ele estendeu a mão. Eu suspirei e a apertei. Era impossível
não ficar hipnotizada por sua parte superior do corpo. Cada
centímetro da pele exposta que preenchia sua regata estava coberta
por uma fina camada de suor.
“Lembre-se,” ele piscou. “Você disse...”
“Ei!”
Nós dois viramos, ao encontrar Maddox pendurado na porta.
Ele parecia acelerado. Apressado.
Seus olhos estavam apenas em Austin.
“Nós eh... temos que ir.”
Austin deu um passo à frente sem hesitar, nem mesmo
parando para pegar uma toalha. Era incrível a rapidez com que os
SEALs conseguiam se mover quando realmente queriam. Eu tinha
visto Connor fazer isso, e era sempre um nítido lembrete de que
esses homens não eram apenas soldados.
Eles eram soldados de elite.
Limpei-me rapidamente e fui para a cozinha. Quando cheguei
lá, os três estavam vestidos e quase prontos.
“O que diabos está havendo?” perguntei com firmeza.
Maddox e Kane trocaram olhares preocupados. Austin estava
ocupado amarrando suas botas.
“Sabe aqueles transponders sobre os quais falamos?” disse
Maddox.
“O que têm eles?”
“Um deles se moveu.”
Eu voei escada acima, subindo dois degraus de cada vez. Em
um flash estava de volta, vestindo calças escuras e um moletom
preto com capuz.
“O que você pensa que está fazendo?” perguntou Austin.
“Indo junto.”
Calcei minhas botas, que não eram tão diferentes das deles.
Connor as deu para mim anos atrás, como as dele.
“Eh... não.”
“Ah não?” eu surtei. “E por que não...”
“Porque é muito perigoso,” disse Maddox. “Nós vamos atrás
das pessoas que vieram atrás de você, Dallas. Nós juramos
proteger você, não a entregar diretamente para eles.”
“Mas vocês nem mesmo sabem se eles me querem!” eu gritei.
“Pelo que sabemos, eles queriam algo de Connor. Algo na casa.”
“Não há tempo para discutir,” Austin disse com firmeza. “Você
fica.”
Eles usavam camuflagem noturna do deserto, com coletes e
cintos. Armas laterais em seus quadris. Rifles pendurados, todos os
três.
Isso era meio que excitante.
Dallas!
“Então vocês vão me deixar aqui sozinha?” perguntei
timidamente. “Por minha própria conta?”
Maddox parecia preparado para minha argumentação. Ele
verificou a trava de segurança e então me passou uma Glock – uma
das três pistolas diferentes que eles compraram para substituir a
que eu perdi no incêndio.
“Ligue o alarme quando sairmos,” ele ordenou. “Não saia de
casa, não faça nada além de sentar e esperar pela nossa ligação.”
Zombei dele. “Acha que isso vai ajudar se eles vierem atrás de
mim?”
“Eles não estão vindo atrás de você. Você está aqui há
semanas e ninguém veio para...”
“Sim, mas agora vocês estão investigando,” continuei. “Vocês
mesmos disseram, esses caras são profissionais. Eles têm laços
militares – os mesmos laços que vocês têm. E sabe o que acontece
quando vocês investigam?”
Maddox olhou para seu cronômetro, depois baixou os ombros
desanimado. “O quê?”
“Vocês deixam marcas.”
Eu olhei para Kane. Ele já estava sorrindo.
“Você sabe que ela provavelmente está certa.”
Maddox balançou a cabeça indignado. Ele parecia chateado.
“Não podemos protegê-la se não estivermos perto dela,”
continuou Kane. “E não podemos nos dar ao luxo de deixar um de
nós para trás. Talvez seja melhor apenas...”
“TUDO BEM.”
Maddox praticamente cuspiu a palavra e saiu da sala
rapidamente. Quando voltou, jogou algo em mim: um colete tático.
“Coloque isso,” ele grunhiu. “Então fique atrás, sente-se bem
embaixo e mantenha a cabeça baixa o tempo todo. Entendeu?”
Deslizei meus braços pelos buracos e ajustei o sofisticado
material firmemente ao meu redor.
“Sim, senhor,” eu disse, fazendo uma continência.
Capítulo 19

DALLAS

Era um pouco surreal, andar na traseira do caminhão. Tipo


como estar em um filme. Eu estava cercada por soldados
completamente preparados e fortemente armados, seguindo um
sinal de GPS que se movia rápido na calada da noite.
“Eles viraram de novo,” disse Austin, guiando Maddox pelas
ruas escuras. “Vá para oeste.”
Olhei pela janela enquanto passávamos por Rock Springs e
direto por Monterrey. Era emocionante. Emocionante no sentido de
que estaríamos recebendo respostas, sim. Mas também apenas por
ser uma parte de tudo.
Eles são uma equipe, eu ficava me lembrando. Você vai
precisar ficar fora do caminho deles.
Era um bom conselho, exceto porque eu também tinha
interesse nisso. Esses homens de preto – os que estávamos
perseguindo agora – tiveram algo a ver com a morte do meu irmão.
Eles me deixaram sem Connor; sem-teto, sem dinheiro e sem nada
a perder.
E havia algo muito imprudente, muito perigoso nisso.
“Devagar,” disse Austin. “Eles pararam.”
Estávamos em Summerlin agora: uma comunidade
magistralmente planejada com um centro circular e central. Um
antigo ex tinha me trazido aqui algumas vezes. O centro da cidade
estava sempre limpo, iluminado e movimentado, mas de uma
maneira muito diferente da principal área de Las Vegas. Menos
extravagante. Mais real.
“Lembrem-se,” advertiu Maddox. “Pode não ser nada. Essa
SUV faz parte da frota da base de Nellis. Pode ser que apenas
tenha sido levada por nada mais do que dois recrutas voadores esta
noite, para uma balada na cidade.”
“Sim,” disse Austin. “Exceto que este veículo em particular
continua indo para os mesmos três pontos, repetidamente. Este é
um deles.”
Um clique ao meu lado me disse que Kane havia deixado uma
bala na agulha. Seu comportamento casual habitual foi substituído
por um muito mais frio. Ele estava em silêncio, mas observando.
Totalmente consciente e alerta.
“Ali.”
Estávamos serpenteando por uma série de becos quando o
caminhão de repente desacelerou. Maddox apagou as luzes
enquanto parávamos. Tudo estava quieto. Podíamos literalmente
ouvir um alfinete cair.
Mais à frente, dois veículos estavam estacionados frente a
frente. Reconheci um dos grandes SUVs pretos das fotos
instantaneamente. O outro era um jipe cor de areia.
“Prontos?”
Austin e Kane assentiram. Aparentemente, eles abriram as
portas antes que o motor fosse desligado, e agora saíram com um
silêncio cirúrgico. Maddox permaneceu atrás do volante, a janela
aberta, ouvindo.
“O que eles...”
Ele me calou com um dedo sobre meus lábios. Esforçando-me
para ver, subi desafiadoramente no banco da frente.
“Você deveria ficar na parte de trás!” ele cochichou.
Balancei minha cabeça. “Foda-se.”
Senti sua mão na minha cabeça, me empurrando para baixo.
Ele continuou até que apenas meus olhos estivessem no nível do
painel.
“Eu ouço vozes,” murmurei.
Ele assentiu.
“O que estão dizen...”
“Você não entende o conceito de ficar quieta?”
Corei pela estupidez, mas Maddox nem estava olhando. Ele
estava focado em Kane e Austin, que agora estavam saltando entre
os carros estacionados enquanto subiam a avenida.
Era fascinante observá-los. Eles deslizavam com movimentos
treinados, cada um avançando com precisão militar. Ambos
sacaram seus fuzis. Eles estavam prontos para qualquer coisa.
Segundos longos e agonizantes se passaram. A certo ponto,
não conseguíamos ver mais nada. Maddox e eu sentados lá,
orelhas levantadas, tentando focar nos sons distantes de vozes, até
mesmo risos.
De repente, o riso parou.
“Dallas, eu...”
O sussurro de Maddox foi quebrado por uma rajada de tiros, e
tudo parecia acontecer ao mesmo tempo. A luz cintilou dos canos
dos rifles. Havia homens correndo, gritando. Berrando.
“ABAIXE-SE!”
A caminhonete deu partida e avançou, me jogando de volta no
banco. Tomei meu lugar no lado do passageiro, Maddox muito
ocupado para discutir enquanto pisava no acelerador, correndo em
direção à ação.
“EU DISSE...”
Três homens correram em direção a um beco secundário,
atirando no caminho. Eu podia ver Kane atirando de volta de uma
posição fixa. Austin avançando pela lateral, atirando enquanto corria
em direção ao lado de um prédio de tijolos.
SCRIIIIIIICH!
Ambos os veículos arrancaram em alta velocidade. E
moveram-se em direções diferentes. O SUV passou por nós, e
Maddox trocou tiros com ele pela janela.
“Vá atrás deles!” Austin gritou para Maddox.
Um momento depois, ele e Kane foram embora, ambos
correndo a toda velocidade pelo beco escuro. Maddox me olhou de
lado, então partiu na direção que o jipe tinha ido.
“Ponha seu cinto,” ele disse.
“Mas...”
“AGORA!”
Capítulo 20

MADDOX

O jipe estava com uma vantagem muito boa. Quem estava


dirigindo era rápido e decidido, e a diferença de tamanho entre
nossos veículos tornou ainda mais fácil para eles enquanto
entrávamos e saíamos do trânsito.
“Eles foram para a esquerda!”
Apertei os olhos com força enquanto segurava o volante. Ter
um segundo par de olhos era sempre uma coisa boa. Ter aquele
segundo par de olhos como os de Dallas Winters…
Você é um babaca, Maddox.
Eu podia ouvir isso na minha cabeça tão claro quanto o dia. A
voz de Connor.
Você deveria protegê-la, não a envolver!
“Vá à merda,” xinguei com raiva. “Você nunca nos disse nada!
Você se envolveu em algo que deveria...”
“O quê?” Dallas estava olhando para mim como se eu fosse
um fantasma.
“Nada.”
“Com quem diabos você estava falando?”
“Ninguém,” grunhi. “Eu estava...”
POW! POW!
Eu me abaixei instintivamente ao som de tiros. Dallas estava
olhando para frente, de boca aberta. Olhos paralisados.
“ABAIXE-SE!”
Eu puxei o volante com força, desviando para a esquerda e
para a direita. Tentando nos tornar um alvo mais difícil, enquanto
com minha mão esquerda…
POW! POW! POW! POW!
A pistola girava na minha mão com cada batida e solavanco.
Era impossível mirar e desviar. Todos os ângulos eram ruins.
POW! POW!
Eu vi o brilho das faíscas contra o para-choque traseiro do jipe,
e não muito longe. Mais à frente, eu podia ver o cara no banco do
passageiro recarregando…
“Deixe-me dirigir!”
Dallas já tinha uma perna sobre a minha. Ela agarrou a
maçaneta 'puta-que-pariu' acima da janela do lado do motorista e a
usou para vir na minha direção.
“VOCÊ ESTÁ FICANDO LOU...”
“Deixe-me dirigir para que você possa atirar!” ela gritou. Eu
ainda estava firme no meu lugar. Ela estava quase completamente
sentada no meu colo agora.
“Mas...”
“Sai daí, porra!”
Aconteceu por reflexo, como se eu estivesse obedecendo a
uma ordem. Merda, ela disse isso com firmeza suficiente.
“Dallas...”
“NÃO TEMOS TEMPO,” ela gritou de volta. Ela apertou um
botão e a janela do passageiro baixou. “Vamos lá!”
Inacreditavelmente, eu atendi. Puxei para trás o receptor do
meu rifle SCAR e estiquei meu torso inteiro para fora da janela para
impulsionar.
“Fique firme por um segundo!” eu gritei. “Me dê uma boa...”
A primeira bala atingiu meu ombro logo acima da clavícula. A
segunda e a terceira passaram raspando, rasgando duas listras na
minha jaqueta bem na parte de cima do meu braço.
Eu podia sentir uma umidade instantânea vinda das minhas
feridas. Isso só me fez cerrar os dentes com mais força quando
apertei o gatilho...
POW-POW-POW-POW-POW!
O passageiro recuou com o impacto, seus braços voando para
frente quando ele largou a arma. O veículo foi derrapando pela
calçada, enquanto o motorista ficou mole contra a lateral do jipe.
Quase imediatamente, alguém puxou meu alvo de volta para
dentro.
“Você o pegou!”
Viramos novamente, desta vez tão bruscamente que imaginei o
jipe capotando. Não capotou, mas chegou bem perto. E de alguma
forma Dallas ganhou terreno na curva.
O que ela é, uma motorista profissional ou...
O jipe virou para o lado novamente, desta vez na via principal.
O centro da vila era formado por um grande círculo, cujos raios
terminavam em um grande eixo central. Havia pessoas por toda
parte, andando pelas calçadas. Eu vi multidões, velhos e jovens.
Casais de mãos dadas…
Baixei meu rifle.
“Aproxime-se dele!” eu gritei.
Meu braço doeu. Meu orgulho doeu mais. O vermelho tinha
florescido através da minha camisa e estava pingando em direção
ao meu cotovelo.
“VOCÊ ESTÁ FERIDO?”
O rosto de Dallas estava totalmente branco – cheia de
preocupação. Ela continuou olhando para o meu ombro ferido.
“Não é nada. Estou bem,” eu disse a ela. “Ei, mantenha seus
olhos na estr...”
Eu empurrei o volante para ela... bem a tempo de evitar bater
de lado em uma van. Dallas colocou a cabeça para frente, ombros
curvados. Senti o caminhão subir abaixo de nós quando ela apertou
o pedal no chão.
Porra, isso é loucura...
Era loucura. As ruas estavam cheias de carros, as calçadas
fervilhando de pessoas. Eu podia ouvir o guincho dos pneus do jipe
enquanto ele passava ao redor do Village Center Circle, quase
subindo em duas rodas quando nos aproximamos dele.
A expressão de Dallas era de uma determinação sombria. Ela
estava escorregando entre as brechas no trânsito. Derrapando de
pista em pista. Cada movimento que ela fazia estava a centímetros
do desastre. A essa altura eu estava com medo até de falar com ela,
por medo de quebrar sua concentração.
Puta merda, estamos alcançando.
Chegando ao lado do jipe, nossos para-choques estavam
ficando perigosamente próximos. Tirei minha arma do coldre. Eu
nem sabia o que ia fazer com ela...
Dallas afastou o cabelo de seu rosto com um movimento
rápido. Sua expressão estava pálida. Eu vi seus lábios se curvarem
em um rosnado, e de repente eu sabia o que ela ia fazer.
“Dallas, NÃO!”
Ela puxou o volante violentamente, e houve uma colisão
abrupta e irreversível. Nosso para-choque bateu forte na traseira do
jipe…
… e ele virou perpendicular à estrada a uns 110 km/h.
CARAAAAAAALHO...
Eu engasguei horrorizado, observando os pneus do veículo
travarem. Ele virou de lado, de ponta a ponta... dando cambalhotas
no trânsito como um projétil infernal, soltando pedaços de metal e
plástico ao longo do caminho.
Ela pisou no freio, e nós dois cambaleamos para a frente. O
jipe não parava de capotar, repetidamente. Impulsionado pela
enorme dinâmica, e pelo fato de ter praticamente sido despedaçado
no espaço de meio segundo.
“FILHOS DA PUTA.”
Olhei para ela enquanto paramos derrapando. Os olhos de
Dallas eram selvagens e venenosos. E eles não continham nem o
menor sinal de remorso.
“Dallas...”
Ela não respondeu, pelo menos não imediatamente. Eu havia
visto olhares parecidos com os dela no campo de batalha. Ao olhar
nos rostos de aliados e camaradas que perderam pessoas antes e
que agora exigiam algum tipo de vingança por seus entes queridos.
“DALLAS!”
Ela mal reagiu quando eu peguei sua mão. Coloquei-a de volta
no volante.
“Temos que ir,” eu disse. O tráfego já estava se acumulando ao
nosso redor. Em alguns momentos, estaríamos engavetados.
“AGORA, Dallas!”
Ela piscou rapidamente algumas vezes, e eu a trouxe de volta.
Virando rapidamente para o acostamento, nos afastamos,
aproveitando a curva. Pegamos a primeira saída, bem a tempo de
evitar as luzes e sirenes: meia dúzia ou mais de veículos de
emergência, correndo em direção ao local do acidente.
Meu telefone começou a tocar no segundo em que o puxei
novamente. Apertei o botão do viva-voz.
“Me fale alguma coisa boa.”
“Não posso,” Austin respondeu, com a voz baixa. Eu até podia
ouvir a decepção em sua voz. “Nós os perdemos.”
Capítulo 21

DALLAS

A volta para casa no banco de trás foi de silêncio e sombra.


Tudo era pólvora e aço, suor e adrenalina.
Ah sim, e sangue.
Maddox estava ostentando três ferimentos de bala distintos,
mas felizmente nenhum deles era nem remotamente ameaçador à
vida. Dois eram superficiais: arranhões paralelos na borda de um
músculo deltoide. O terceiro foi um buraco aberto em seu ombro,
mas a bala entrou e saiu acima do osso, bem abaixo do músculo.
“Filho da mãe sortudo,” Kane zombou, do banco da frente
desta vez. Austin dirigia, enquanto eu mantinha a pressão sobre a
lesão.
“Ele sempre tem sorte,” disse Austin com uma risada. “Lembra
daquela vez em Kosovo...”
Eu escutava sem entusiasmo enquanto eles se lançavam em
outra de suas longas histórias. Eram tantas que eu estava perdendo
a conta. Ainda assim, fiquei feliz em ouvi-los de bom humor. Mesmo
que nossa missão geral tivesse sido um fracasso.
Uma missão, Dallas? “É assim que estamos chamando?”
Para dizer a verdade, sim, era. Eu participei de uma situação
de combate completa com eles agora.
Como Connor.
Senti como se tivesse conseguido sucesso em algum tipo de
rito de passagem. Que eu tinha sido colocada em uma situação de
alta pressão e saído por cima.
Por outro lado, fiz com que perdêssemos a única chance que
tínhamos de obter algumas respostas. Talvez se eu tivesse me
controlado um pouco mais...
“Como eles notaram vocês, afinal de contas?” Maddox
perguntou.
“O pé enorme do Kane,” Austin resmungou. “Eles
provavelmente pensaram que o Pé Grande estava se aproximando
deles.”
O grande homem no banco da frente zombou. “Vai contar a
eles sobre aquela pedra que você chutou por acidente?”
“Aquilo não era bem uma pedra. Era um pedregulho de nada.
Um pedacinho de concreto pouco maior do que uma moeda de um
dólar.”
“Mentira! Você a chutou e ela foi derrapando pelo chão,”
continuou Kane, “e foi aí que eles olharam para cima.”
Eles continuaram discutindo por vários minutos, Kane culpando
Austin por sua abordagem fracassada, Austin culpando Kane por
perder a perseguição.
“Você não conseguiu acompanhar,” disse Austin enquanto
dirigia. “Se você não estivesse tão lento agora…”
Do reino sombrio do banco de trás, troquei o curativo de
Maddox por um novo. O sangramento diminuiu quase até parar. A
princípio, tentei levá-lo ao médico, mas ele disse para eu esquecer
disso. Os outros também.
Pessoalmente, acho que eles só queriam ver a cara dele
quando o costurassem.
“Então a noite foi uma perda,” suspirou Austin. “Não
conseguimos nada.”
“Não, não totalmente.”
Os olhares de todos se voltaram para mim. Não de uma forma
acusatória, como fizeram quando Maddox contou a eles como eu
havia batido na traseira do jipe em fuga. Era mais curiosidade desta
vez.
“Então... sobre aquele veículo que perseguimos?”
“Sim?” disse Kane com ceticismo. “Aquele que você enviou
para o céu dos jipes?”
Balancei a cabeça. “Eu consegui o número da placa.”
Tudo era silêncio por um momento. O estremecimento de dor
de Maddox se transformou em um sorriso.
“Puta merda, de verdade?”
“A7X-271”
Kane soltou um longo suspiro. “Bem, foda-se. Isso é... isso é...”
“Muito útil?” sugeri.
“Sim.”
Pouco menos de um quilômetro depois fizemos o retorno,
vários quarteirões antes do que precisávamos. Austin seguiu por
estradas secundárias até ficar convencido de que não estávamos
sendo seguidos. Então fomos para casa.
“Ah sim,” disse Austin abruptamente. “Lembram de quando
Connor nos arrastou para aquele restaurante de sushi?”
Maddox riu. “Qual deles?”
“Aquele em que ele pediu tudo no menu,” Austin continuou. “E
eles trouxeram...”
“Eles trouxeram aquele maldito barco de madeira,” Kane riu.
“Todo coberto de arroz e peixe. Tinha mastros, velas e tudo. Jesus,
aquela coisa ocupou a mesa inteira.”
“Foi mesmo,” disse Maddox, rindo. “Só que nenhum de nós
nem ao menos tocou naquilo. Apenas Connor.”
Sorrindo derrotada, meu olhar disparou para Austin. Ele estava
olhando por cima do ombro já sorrindo. Seus olhos estavam
exultantes.
Tudo bem, tudo bem, murmurei silenciosamente enquanto
entramos na garagem. Você ganhou.
Kane tentou ajudar Maddox a entrar e foi imediatamente
ignorado. Eles marcharam pela porta da frente juntos, de pé.
“Os níveis de machismo nesta casa estão fora dos gráficos,” eu
disse, revirando os olhos para Austin.
“Você acha que isso é ruim? Espere até que nós o costuremos
e ele finja que nem dói.”
Eu ri alto, imaginando tudo perfeitamente em minha mente. Era
exatamente o que aconteceria.
Enquanto subíamos juntos pela passarela de cimento rachada,
Austin passou o braço ao meu redor. Ele me puxou para junto dele.
“Ei, lembra da nossa aposta?” ele murmurou. “Qualquer coisa
que eu quiser?”
Ele tinha uma voz aveludada. Um toque suave, mas insistente.
“Sim,” respondi hesitante. Notei seu cheiro; almiscarado, viril e
delicioso. Meu coração já estava batendo mais rápido. “Por quê?
“Você já sabe o que quer?”
A mão de Austin deslizou para baixo, segurando minha bunda.
Quando ele encostou os lábios perto da minha orelha, deu um
aperto promissor.
“Eu quero você no meu quarto esta noite,” ele sussurrou com
voz rouca. “Mais tarde. Depois que todos tiverem deitado.”
Um arrepio elétrico disparou pelo meu corpo. Isso me encheu
de sentimentos de nervosismo e excitação. Alegria... e ansiedade.
“C...certo.”
“Afinal de contas,” ele murmurou, virando-se com um sorriso,
“acordo é acordo.”
Capítulo 22

DALLAS

A casa estava mortalmente silenciosa quando fui para o


corredor do andar de cima. Maddox estava todo costurado e havia
tomado algo para a dor. Ele e Kane estavam dormindo
profundamente, suas portas fechadas.
Já passava da meia-noite quando entrei no quarto de Austin.
As luzes estavam agradavelmente fracas. A temperatura, quente e
acolhedora.
“Ei…”
Meu coração estava acelerado quando fechei a porta e me
virei. Austin estava descansando em uma cadeira macia de encosto
alto. Seu corpo incrível estava gloriosamente nu, exceto por uma
cueca boxer apertada.
“Tire isso,” ele disse casualmente, apontando com um copo
curto de uísque. Ele apontou para meu short de dormir.
“Mesmo?” provoquei.
“Ah sim.”
Movendo-me sedutoramente, tirei meu short e o deixei cair.
Então eu enganchei os dois polegares em cada lado da minha
tanga, puxando as tiras dos meus quadris alguns centímetros.
“Essa também?”
Ele pareceu considerar isso por um momento, enquanto
tomava um pequeno gole do líquido âmbar. Cubos de gelo
chacoalhavam no copo.
“Não,” ele disse finalmente. “Essa pode ficar.”
Eu encaixei as tiras de volta no lugar. Colocando as mãos em
meus quadris, esperei pelo próximo conjunto de instruções.
Isso está divertido…
“Você está pronta para fazer o que eu quiser?” ele perguntou,
levantando uma sobrancelha.
“É por isso que estou aqui.”
“Ótimo. Agora fique de joelhos.”
Dei dois passos em direção a um fino tapete persa antes de
cair obedientemente no chão. Em meio a tudo isso, mantive contato
visual constante.
“O que agora?” perguntei docemente.
“Rasteje até aqui,” ele disse. “Lentamente.”
Um lado da minha boca se curvou em um sorriso. Ele ainda
estava olhando. Ainda olhando através de mim com aqueles
incríveis olhos azul-esverdeados, que de alguma forma pareciam
incrivelmente brilhantes e bonitos contrastando com seu cabelo e
pele mais escuros.
“Agora, Dallas.”
Eu fui. Aconteceu sem pensar; em um segundo eu estava
ajoelhada diante da porta, no próximo eu estava rastejando
lentamente até onde ele estava sentado. Austin abriu as pernas,
revelando duas coxas tonificadas, cor de jambo. Eram coxas viris –
incrivelmente fortes e musculosas. Caramba, nunca as pernas de
um cara pareceram tão sexy antes.
Isso é porque ele está no nível dos seus olhos, disse a vozinha
na minha cabeça. Você está praticamente ajoelhada entre as pernas
dele.
Eu estava, e tudo estava perfeitamente bem. Especialmente
considerando a protuberância entre suas pernas, esticando com
força o tecido de sua cueca boxer cinza.
“Você quer tocá-lo?”
Ele me viu olhando. Aparentemente eu tinha perdido nosso
pequeno concurso de encarar.
“Fique à vontade.”
Austin se moveu um pouco para frente, relaxando ainda mais
em sua cadeira. Ouvi o tilintar do gelo novamente enquanto ele
tomava outro gole de sua bebida.
Suspirei internamente, deixando meus olhos se arrastarem
sobre seu corpo. Ele era literalmente perfeito. Silenciosamente,
agradeci a qualquer instrutor SEAL que havia aperfeiçoado e
esculpido seu corpo magnífico, dando-lhe um vigor esculpido que
me fez querer saborear cada centímetro delicioso. Eu adorava o
cheiro da pele dele. A forma de seu abdômen perfeito...
Ele era maravilhoso.
Deslizei para cima ao longo de seu corpo, beijando
suavemente aquela bela barriga. Eu me encontrei beijando seu
peito, circulando um mamilo escuro com minha língua. Beijei seu
pescoço, alcançando aquele cavanhaque impecavelmente aparado,
e então de repente eu estava pressionando meus lábios contra os
dele. Respirando sua respiração enquanto acariciava seu rosto,
nossas línguas movendo-se juntas.
Deus...
Sua boca estava doce e deliciosa do bourbon, uísque ou o que
quer que estivesse bebendo. De qualquer forma eu adorei; cada
centímetro quadrado dele tinha gosto de homem. Eu me senti
ficando tonta. Minha mente, tonta e flutuando...
Eu poderia beijá-lo assim para sempre.
A mão de Austin passou sobre minha cabeça e de repente ele
estava me empurrando de volta para baixo. Firmemente.
Insistentemente...
Um lembrete não tão sutil – eu estava lá para ele.
“Aí está minha garota...”
Ele gemeu quando eu enterrei minha cabeça em seu colo. Por
um momento eu o provoquei, esfregando meu rosto contra seu pau
quente e duro. Segurando e apertando suavemente através do
tecido que ainda o restringia, enquanto beijava o caminho para cima
e para baixo no interior de suas coxas.
“Dallas, eu...”
Sua frase terminou em um gemido quando eu o engoli.
“Ahhhhhh...”
Foi uma coisa simples puxar o pau dele pelo buraco da frente
da cueca. Enfiá-lo na minha garganta era algo completamente
diferente. O pau de Austin era quente e grosso, e se encaixava
perfeitamente na parte de trás da minha garganta. Eu o levei o mais
fundo possível, deixando-o descansar lá por alguns segundos
gloriosos antes de apertar a base e arrastar meus lábios com força
ao longo de todo o comprimento de seu eixo, de baixo para cima.
“Ah me foda.”
Eu ri para mim mesma. Era o que eu queria, com certeza. Mas
não exatamente o que ele quis dizer com as palavras. Ainda não, de
qualquer maneira.
Pelos próximos minutos eu me concentrei em fazer o melhor
boquete da minha vida. Chupei Austin habilmente, de todos os
ângulos, em todas as velocidades. Eu o segurei com força, na base.
Acariciando suas bolas suavemente com minha mão livre.
Ele tem um gosto tão bom...
Minha boca foi ainda mais para baixo, mantendo tudo liso,
molhado e bonito. Gemendo ao redor dele enquanto meu cabelo
batia em seu colo. Quando o peguei olhando, segurei seu olhar.
Fodi-o com os olhos enquanto continuei arrastando a parte plana da
minha língua lentamente para cima ao longo da parte inferior de seu
pau.
Deus, você deve estar parecendo uma completa puta!
Eu me sentia como uma também, e essa parte era incrível.
Estava me divertindo com todo o belo ato. Aproveitando o prazer
dele...
Quando o latejar e a pulsação começaram, eu sabia que ele
estava perto. Aumentei a velocidade, chupando e punhetando, mas
Austin tinha outros planos.
“Sua vez...”
Capítulo 23

DALLAS

De repente meu amante se levantou, me levantando com ele.


Meus braços ficaram sobre seus ombros. Minhas pernas deslizaram
em torno de seus flancos, montando em sua cintura.
Eu estava admirando seu corpo, seu peito, seu lindo rosto.
Tentando descobrir onde beijar em seguida, enquanto seu pau
pulsava e latejava, preso firmemente entre nós.
“AH!”
Ele me jogou na cama antes que eu soubesse que estava
deixando seus braços. Eu saltei com força, minha cabeça parando
em algum lugar perto de seus travesseiros. Antes que eu
percebesse, Austin tinha uma grande mão envolvendo meus
tornozelos ao mesmo tempo.
O que...
Eu engasguei quando ele empurrou minhas pernas acima da
minha cabeça, coxas firmemente presas juntas. Ele me esticou
maravilhosamente. Levantando minha bunda da cama...
“AhhhHHHhhhHHHhhh...”
O ar deixou meus pulmões em um gemido quando ele puxou
minha calcinha para um lado... e enterrou seu rosto na minha
boceta.
Ah, CARAAAAALHO.
A língua de Austin estava em toda parte, banhando meu sexo
de cima a baixo. Me arrepiei quando ele plantou uma série de beijos
suaves ao redor do meu clitóris inchado. Estremeci quando sua
língua se moveu para cima e para baixo em movimentos largos e
deliberados.
Ele enfiou um dedo em mim e começou a deslizar lentamente
para dentro e para fora. Meus olhos reviraram. Minha cabeça se
apoiou no travesseiro...
Deus...
Eu estava gostando de tudo; desde a sensação de seu
cavanhaque roçando minha pele sensível, até o quão incrivelmente
apertado seu dedo parecia dentro de mim. Minhas pernas ainda
estavam pressionadas firmemente juntas, meus tornozelos no ar. Eu
estava sendo estirada e devorada. Beijada, lambida e sugada...
Isso é tão.... incrivelmente.... bom!
De repente, senti um solavanco... e engasguei alto quando
uma sensação totalmente nova atingiu meu cérebro. Era uma
dormência gelada. Uma rajada de frio contra uma área que estava
tão incrivelmente quente. Ouvi o tilintar de seu copo sendo colocado
novamente e percebi o porquê:
Meu amante tinha um cubo de gelo na boca.
“Mmmmmmmm...”
Era incrível a intensidade do contraste. Todos os novos
arrepios balançaram meu corpo enquanto Austin apertava o cubo
entre os dentes, arrastando-o para cima e para baixo através do
meu canal aquecido. Ele continuou me penetrando com o dedo.
Usando o cubo de gelo que derretia rapidamente para circular e
provocar o capuz sensível do meu clitóris.
“Ah porra, baby...”
Eu me contorci e girei involuntariamente, tentando me
desvencilhar. Tentando escapar do frio entorpecente, apesar de o
meu cérebro me dizer ao mesmo tempo que era bom. Logo eu
estava esfregando minha boceta nele. Acolhendo a frígida, mas
maravilhosa dormência que haviam se tornado seus lábios e língua,
em seguida, mergulhando-a de volta para baixo, onde eu podia
sentir o cubo derretendo dentro de mim.
“ISSO.”
Eu já estava me acostumando a isso quando ele finalmente me
soltou. A mão livre de Austin empurrou minhas coxas, dando-lhe
maior acesso enquanto ele continuava lambendo. Um dedo havia se
tornado dois, entrando e saindo de mim. E eu estava me esfregando
de volta em seus lábios e rosto. Latejando na sua língua sondadora
e penetrante...
PORRA!
Eu estava a meio caminho de gozar quando suas mãos
deslizaram sob minha bunda. De repente, ele estava me virando de
bruços. Abrindo minhas nádegas com duas mãos fortes, enquanto
eu agarrava seu travesseiro em antecipação ao que viria a seguir.
Austin enterrou o rosto entre as minhas pernas mais uma vez.
Só que desta vez... por trás.
Uau...
A sensação era absolutamente deliciosa. Indescritivelmente
excitante.
“AHHH...”
O rosto de Austin estava enterrado na minha bunda agora. Sua
língua viajou para cima e para baixo, das profundezas da minha
boceta semiadormecida até o meu pequeno rabo apertado. Eu podia
senti-lo lá atrás, empurrando e cutucando. Banhando-me com calor
e saliva, e a sensação suave e deliciosa de sua língua quente se
contorcendo.
Ah UAU...
As sensações eram inacreditáveis. Como nada que eu já
tivesse experimentado. Como nada que eu jamais imaginei que
experimentaria, mas de alguma forma, no fundo, eu sabia que
sempre quis.
Isso... Isso é...
Engasguei novamente quando ele enfiou dois dedos de volta
em mim por trás. Austin estava lambendo meu cu e me fodendo ao
mesmo tempo. Passando sua língua molhada por toda parte,
enquanto deslizava dois dedos longos dentro e fora da minha
boceta encharcada.
Caralho, isso é uma totalmente uma loucura!
Minhas mãos se curvaram, segurando seu travesseiro como
garras. Meus braços estavam esticados no alto enquanto eu
desloquei meu peso para trás, tentando enfiá-lo ainda mais no meu
lugar mais obsceno e travesso de todos os possíveis…
“Mais fundo!”
A palavra forçou seu caminho da minha garganta. Eu não
podia acreditar que eu tinha dito isso.
“Assim... assim...” eu engasguei, totalmente fora de controle.
“Por favor!”
Meu amante ouviu e obedeceu. Ele colocou as mãos na parte
da frente das minhas coxas e puxou, me forçando para trás.
Puxando-me com mais força contra sua língua se contorcendo.
“Ah DEUS!”
Eu vi estrelas. Flashes literais de branco e prata, riscando os
cantos da pouca visão que eu tinha.
“PUTA MERDA!”
Meu orgasmo foi uma explosão que começou no mais profundo
do meu corpo. Senti Austin empurrar com força uma última vez,
talvez com três dedos ou mesmo quatro... e então de repente eu
estava gozando... e gozando... e gozando... por todo o rosto dele.
Ah Dallas...
Minha mente deixou meu corpo, e por um bom meio minuto eu
perdi até o último resquício de controle. Meu clímax foi total – meu
corpo inteiro tremendo com a pura euforia branca da liberação final.
“AhhhhHHHHHhhhhh...”
Eu gritei quando minha boceta se contraiu em seus dedos,
assim como o resto de mim apertou sua linda língua. Austin segurou
a pressão, mantendo-se firme em mim enquanto eu passava por
cada contração maravilhosa. Cada último estremecimento e
espasmo, cada último gemido gutural e grito magnífico de vitória, ou
êxtase, ou qualquer maldito plano de nirvana que meu cérebro tinha
acabado de visitar graças a seus talentosos dedos, boca e língua.
Eu me esparramei de lado, totalmente exausta, tendo
experimentado o primeiro orgasmo de corpo inteiro da minha vida.
Cada superfície da minha pele estremecia de prazer. Mesmo
exausta, eu me sentia carregada e viva.
“Eu...”
Minha voz falhou. Eu não tinha palavras, porque realmente não
havia nada a dizer. Só podia olhar de volta para Austin, amando-o
com meus olhos. Suspirando suavemente enquanto meu corpo
arfava, meu peito subia e descia enquanto meus sentidos, um por
um, voltavam lentamente.
“Eu...” engasguei quando finalmente consegui falar novamente.
“Não acredito...”
“Que você nunca teve isso que eu fiz com você antes?” Austin
sorriu de volta para mim.
Eu ri. Assenti. Caída de costas, mole e exausta.
“É isso o que eu queria,” ele deu de ombros, deslizando para
frente novamente.
Ronronei com satisfação quando ele afastou minhas pernas.
Suas mãos prenderam meus pulsos na cama enquanto ele me
montava facilmente.
“Parte do que eu queria, pelo menos.”
Capítulo 24

AUSTIN

Ela prendeu a respiração novamente quando eu afundei nela,


esticando-a desta vez por dentro. Parecia o paraíso derretido. Tudo
quente e molhado, inchado e indescritivelmente confortável.
Olhei para ela, balançando a cabeça em pura descrença. Essa
garota...
Não uma garota, uma mulher.
Certo, tudo bem. Essa mulher. Essa maravilhosa, incrivelmente
sexy, além de linda mul...
E não é qualquer mulher também, a voz na minha cabeça me
lembrou. Você está olhando para Dallas Winters.
Puta merda.
Você está fodendo Dallas Winters.
Um grunhido escapou da minha garganta quando cheguei ao
mais fundo possível, sentindo o calor de suas profundezas mais
íntimas. Era uma loucura, quando eu pensava sobre isso. A irmã do
nosso melhor amigo. Nosso irmão de armas.
Era quase proibido. Totalmente tabu. Eu deveria estar me
sentindo culpado, mas por algum motivo eu simplesmente não
conseguia. Talvez fosse porque Connor havia ido há muito tempo.
Ele ainda estava em nossas mentes, ainda em nossos corações...
Mas sua irmã estava bem aqui, agora, deitada na minha cama.
Olhando nos meus olhos enquanto eu a esmagava de cima, as
pernas bem abertas. Gemendo baixinho em meu ombro. Agarrando-
me desesperadamente enquanto eu a perfurava.
Dallas...
Nós a observamos por um ano! Tinha realmente passado tanto
tempo? A observávamos, a protegíamos e sim, alguns de nós até a
desejavam. Kane com certeza. Eu também, embora nunca tenha
admitido isso para os outros. Até mesmo Maddox...
Puta merda.
Quando eu pensei sobre isso, todos nós a queríamos. E talvez
seja por isso que fizemos o acordo, nivelamos o campo de jogo ao
decidir não jogar.
Ninguém vai atrás dela. Ninguém toca nela. Ninguém nem ao
menos flerta com ela. Palavras de Maddox. Todo mundo fica
tranquilo.
Ficamos tranquilos, pelo menos por um tempo. Mas então tudo
isso aconteceu. Poderíamos culpar Kane se tentássemos o
suficiente, mas foi somente um desvio no plano inicial. Resumindo,
todos nós a queríamos. Sabíamos disso. E a razão era simples:
Ela era Dallas Winters.
Pensei sobre isso agora enquanto ela se contorcia nua debaixo
de mim, arranhando minha bunda para me puxar para mais fundo.
Rebolando os quadris no ponto mais profundo de cada estocada,
para me colocar mais completamente dentro dela.
Caralho.
Ela era a mulher perfeita. Forte, esperta, bonita. Inteligente e
independente, mas também um dínamo sexual, com curvas
femininas e cabelos macios e perfumados. Lábios deliciosos de
boquete, em um lindo rosto de porcelana.
Mas mesmo além disso, Dallas Winters tinha um ar de
superioridade. Uma atitude autoconfiante e sem amarras que todos
reconhecemos imediatamente, porque a vimos milhares de vezes
em cem missões diferentes.
Ela era exatamente como seu irmão.
Só que também não era.
Nós amávamos Connor profundamente, nós três. Tanto que,
quando ele morreu, foi como se um pedaço de nós morresse com
ele.
Droga, Connor.
Os soldados eram assim, especialmente à medida que
envelhecíamos. Cada vez que perdíamos alguém, ficava um buraco
onde essa pessoa costumava estar. Às vezes você consegue
preencher esse buraco, pelo menos temporariamente. Outras vezes,
era deixado para sempre aberto, uma ferida profunda que você só
podia tentar ignorar ao máximo.
Sim, eu queria Dallas como os outros. Eu queria tê-la. Para
possuí-la. Para fazê-la se encaixar de alguma forma naquela parte
de nossa vida onde Connor costumava estar, até porque ela era
muito parecida com ele de muitas maneiras.
Continuei a penetrá-la, pregando-a na cama com estocadas
profundas e poderosas. Suas íris estavam presas nas minhas. Seu
toque era gentil, seus movimentos ternos e suaves quando ela
acariciava meu rosto.
Eu poderia fazer isso para sempre.
Era triste, de certa forma. Eu não tinha uma namorada fixa há
anos. E mesmo quando eu tinha...
Eu poderia até amá-la.
O pensamento era perigoso. Sirenes de alerta soaram na
minha cabeça, desviando minha atenção de volta para o que eu
estava fazendo. Comecei a fodê-la ainda mais forte. Abrindo suas
pernas ainda mais, para que eu pudesse tirar tudo que eu precisava
dela.
Dallas gemeu baixinho enquanto eu a fodia e chegava além do
ponto sem retorno. Meus olhos brilharam, suplicantes. Ela mordeu o
lábio, concordando com a cabeça...
Três estocadas depois eu estava inundando sua boceta,
explorando violentamente cada pedacinho dela enquanto
descarregava profundamente em seu útero.
POOOORRA!
Eu a enchi quase imediatamente, meu gozo borbulhando nas
profundezas de sua feminilidade. Verdade seja dita, Dallas
continuou me fodendo com o mesmo abandono selvagem e louco.
Nossos fluidos foram misturados em um creme espumoso que
desceu por todos os lados do meu pau.
Eu nunca tinha ficado com tanto tesão, tanta loucura para me
liberar. Tão dolorosamente desesperado para gozar.
Talvez seja porque eu nunca me senti tão conectado antes
também.
Esquece, Austin.
Eu estava e não estava. Esquecer, é isso.
Ela não é para você. Ela não é para ninguém.
Eu desabei nela, querendo acreditar. Precisando acreditar que
era apenas sexo – sexo e apenas sexo – nada mais do que duas
pessoas usando os corpos uma da outra para gratificação e
liberação.
“Sim, certo.”
Dallas me apertou com força contra ela, meu rosto enterrado
entre seus seios. Estava quente e maravilhoso. Perfumado, seguro
e cheio do ritmo constante e reconfortante de seu coração batendo
rapidamente.
“Eu posso ver por que meu irmão amava você,” ela sussurrou
suavemente, correndo os dedos distraidamente pelo meu cabelo. A
palavra pairou pesadamente no ar entre nós.
“Todos vocês.”
Capítulo 25

DALLAS

“Bem, olá, bela adormecida,” disse Maddox, empurrando uma


caneca de café em minhas mãos. “Sente-se, você chegou bem na
hora.”
Pisquei por causa da claridade da cozinha, tropeçando na
direção da minha cadeira. Kane a puxou para mim. Balancei a
cabeça com gratidão.
Maddox tinha um braço na tipoia. Com o outro, estava
operando a máquina de waffles. Os demais tinham pratos vazios,
onde se viam restos de waffle com calda. Eu poderia dizer pelo nível
da cafeteira que eles já estavam no segundo bule.
“Cheguei na hora para quê?” perguntei, ainda grogue.
“Reunião de família.”
“Então somos uma família agora?” apertei os olhos, levantando
uma sobrancelha.
“Bem, certamente somos alguma coisa, você não concorda?”
Em vez de responder, tomei um gole de café.
Surpreendentemente, foi feito exatamente do jeito que eu gostava.
Aparentemente, meus meninos estavam cuidando muito bem de
mim... em todos os sentidos.
“Certo, então estávamos falando sobre ontem...”
Um waffle foi colocado na minha frente, bem quente. Austin me
empurrou a calda.
“Estamos monitorando os noticiários e ligando para os
hospitais, mas até agora não apareceu nenhum relato sobre o
acidente,” continuou Maddox. “O que todos sabemos que é
impossível, considerando o que aconteceu. E isso só pode significar
uma coisa.”
“Um acobertamento.”
Ele assentiu e veio para o assento ao meu lado. “Você pega
rápido.”
“Não é preciso ser do NCIS para descobrir isso,” eu disse.
Austin se recostou na cadeira. “Por favor, me diga que ela
acabou de fazer uma referência ao NCIS …”
Maddox assentiu. “Ela fez.”
“Deus, eu amo essa garota.”
Devolvi o sorriso de Austin com uma risadinha. NCIS era um
dos muitos programas de televisão que assistimos juntos, Connor e
eu. Vimos todas as temporadas, todos os episódios. Era um pouco
antigo, mas atemporal.
“De qualquer forma,” continuou Maddox, “estamos saindo hoje
para rastrear mais informações. Já temos alguém verificando o
número da placa que você nos deu. Kane e Austin estão indo para
alguns dos hospitais e clínicas perto de Summerlin, e estou indo
para a base para fazer algumas perguntas.
“Você vai para Nellis?” perguntei.
“Sim.”
“Então eu vou com Kane e Austin.”
“Desculpe, mas não,” Maddox franziu a testa. “Você fica aqui
desta vez.”
“O caralho que vou...”
“Dallas.”
A voz de Kane era firme, mas não prepotente. Ele me encarou
por baixo de duas sobrancelhas escuras. “Isso vai ser muito mais
fácil se estivermos sozinhos, pelo menos por hoje. E quanto mais
rápido sairmos, mais rápido voltaremos.”
“Mas...”
“Eu sei que você quer vir. Eu sei que você quer ajudar...” seus
olhos castanhos suavizaram no meio da frase. “Mas, por enquanto,
precisamos que você fique firme. Tudo bem?”
Minha boca abriu e depois fechou. Relutantemente eu assenti.
“Tudo bem,” eu disse finalmente. Meus olhos se voltaram para
Austin. “Estou meio cansada de qualquer forma.”
A boca de Austin se curvou em um meio sorriso. Se os outros
notaram, não disseram nada.
“A propósito, como está seu ombro?” perguntei a Maddox.
“O ombro está bem,” ele disse. “A tipoia é só para apoio.”
“Tem certeza de que não posso ir com você?” insisti. “Eu
poderia dirigir para você até a base, pelo menos.”
“Eles não vão deixar você entrar na base,” disse ele. “Não
aonde nós vamos. Além disso, você não dirigiu o suficiente na noite
passada?”
A pergunta era meio sarcasmo, meio admiração. Não exigia
realmente uma resposta.
“Por favor, não tente algo assim de novo, a propósito.”
Eu acenei para ele. “Funcionou, não foi?”
“Sim, mas...”
“Sim, mas nada. Eu os peguei, eu os parei.”
“Você os destruiu,” Maddox respondeu. “Você não pegou
ninguém. Aquele jipe deve ter capotado dez, doze... talvez quinze
vezes.”
“Então?”
“Então alguém definitivamente se machucou. Talvez tenha até
morrido.”
Ele estava me analisando agora, e percebi que todos estavam.
Eles observavam minha postura. Esperando para ver minha reação.
“Você está bem com isso?” insistiu Maddox.
Empurrando a calda para longe, mordi meu waffle. Estava
crocante e delicioso.
“Você tem certeza de que esses caras estavam envolvidos no
que aconteceu com Connor?”
Maddox assentiu seriamente. “Com certeza estavam.”
“Então sim. Estou bem pra caralho com isso.”
Austin passou um braço sobre a mesa e entregou algo para
Kane. Incrível, percebi que era uma nota de vinte dólares.
“Eu te falei,” disse Kane, embolsando o dinheiro.
“Puta merda, vocês estão apostando em mim agora?”
Kane riu roucamente. “Agora?” Ele cruzou seus dois
antebraços grandes e peludos e os descansou sobre a mesa.
“Apostamos em você desde antes mesmo de você chegar aqui.”
Levei um momento para absorver o significado daquilo.
Eles estão observando você há um ano inteiro, a voz na minha
cabeça me lembrou. Em todo esse tempo... quem sabe em que
diabos eles apostaram?
Tentei ficar com raiva, ou até mesmo me ofender. Nada disso,
no entanto, encaixava bem no que eu estava sentindo. Pelo
contrário, eu sorri.
“Que outras apostas vocês andam fazendo?” sorri. “Talvez eu
queira participar.”
Austin deu uma gargalhada. Kane também riu.
“Você não gostaria de saber…”
Capítulo 26

DALLAS

Foi um dia horroroso, de grande inquietação. O tipo de dia que


te deixa pra baixo, e que você realmente só quer que acabe.
Com os rapazes fora e o alarme acionado, não havia muito o
que fazer além de esperar. Tentei ocupar meu tempo fazendo faxina,
começando pelo andar de cima e trabalhando metodicamente em
todos os cômodos da casa.
A questão, claro, era que eu estava vivendo com três SEALs
da Marinha. Como militares, tudo o que possuíam já estava em seu
devido lugar. Eu lavei os pratos, mas o resto da cozinha estava
irritantemente impecável. Um subproduto de Austin ser um doente
por limpeza, levemente germofóbico e um caso incurável de TOC.
Na verdade, eu não podia culpá-lo. Eu mesma tinha sido assim
durante a maior parte da minha vida – uma série de hábitos
adquiridos ao viver com Connor. Fiquei me perguntando
distraidamente quantos dos traços dos rapazes teriam sido
adquiridos do meu irmão. Quanto, como eu, suas vidas foram
moldadas por viver com ele.
Ao meio-dia eu estava no sofá, navegando entre os canais da
TV. Quanto mais eu ficava sentada lá, mais insatisfeita eu ficava,
então me levantei e andei um pouco pela casa para espairecer.
Talvez eu devesse ligar para um deles?
Era uma ideia egoísta. Embora eles não tivessem me dito
especificamente para não fazer isso, eu realmente queria deixá-los
em paz. Eles já tinham um trabalho importante com o qual se
preocupar, para que eu ficasse bancando a carente. E carente era a
última coisa que eu queria ser.
O computador!
Liguei a máquina do jeito que Austin me mostrou; fazendo login
por meio de uma série de conexões remotas projetadas para
mascarar meu histórico de pesquisa e localização. Então comecei a
trabalhar, tentando descobrir qualquer coisa que pudesse sobre o
que havia acontecido ontem, em Summerlin e arredores.
Você pode ter machucado alguém. Está bem com isso?
Eu disse que estava, e com certeza quis dizer isso. Quem quer
que tenha tirado meu irmão de mim não era alguém de quem eu
deveria sentir pena ou culpa por machucar.
Ainda assim...
Pesquisei bastante, procurando algum registro do acidente que
causei. Quando as buscas óbvias ficaram vazias, fui atrás de fóruns
locais e quadros de mensagens na área. Grupos de mídia social da
comunidade, tipo observadores de bairro. Eu até encontrei uma
página de serviços de emergência apenas para Las Vegas e
arredores. Mesmo assim... nada.
Esses caras estão mais ligados do que pensávamos.
Eles tinham que estar, e era por isso que ir para Nellis parecia
tão perigoso. Ou as pessoas que estavam verificando o SUV na
frota da base sabiam como evitar deixar um rastro, ou eram de uma
posição tão alta na hierarquia que um rastro não importava. E eu
não tinha certeza de qual opção era pior.
Desliguei o computador no meio da tarde e comecei a preparar
o jantar cedo. Cozinhar era outra tarefa que eu poderia usar para
passar o tempo, só que o sol se pôs, o dia acabou, a comida
esfriava no fogão…
… e ainda não havia sinal de nenhum deles.
Foda-se.
Peguei o telefone e estava pronta para começar a digitar os
números quando vi um flash de faróis do lado de fora. Eles viraram
na minha direção, vindo para o nosso quarteirão vazio.
Graças a Deus.
Um alívio percorreu todo o meu corpo. Felicidade mesmo. Foi
um pouco louco, o quanto eu estava ansiosa para vê-los no final do
dia. Meus rapazes. Meus SEALs.
Meus amores.
Desativei o alarme e abri a porta... mas a entrada estava vazia.
A rua também. Tudo estava escuro.
Saindo para a varanda para dar uma olhada melhor, uma
sensação de frio tomou conta de mim. Luzes de alerta piscaram em
meu cérebro.
Dallas...
Ainda assim, não vi nada em todas as direções. A estrada
estava silenciosa e vazia.
Talvez alguém tenha feito um retorno errado. Dei meia volta…
“Cadê você?”
A voz era baixa e grave, trazida pelo vento. Eu não poderia
dizer imediatamente de que direção estava vindo. Mas eu sabia de
uma coisa.
Não pertencia a nenhum dos meus rapazes.
“Estou lhe dando uma chance,” disse a voz ameaçadoramente.
“Venha aqui... ou eu pego você.”
Um homem saiu das sombras. Ele era absurdamente alto,
talvez uns dois metros, com cabelos totalmente brancos e um rosto
que não parecia pertencer ao seu corpo.
“Dallas, escute...”
Virei para trás e fui correndo para a segurança da porta. Pelo
canto do olho, vi o intruso dar um pulo para a frente. Ele se lançou
na minha garganta...
“DALLAS!”
De alguma forma eu escapei. Girei em um círculo apertado,
empurrando a porta para fechá-la. Jogando meu quadril com tanta
força contra ela que uma pontada de dor percorreu meu corpo,
mesmo quando eu alcancei a trava com minha mão oposta.
Mas eu não ouvi o clique da fechadura se encaixando. Com
horror crescente, percebi que a porta estava voltando.
Havia um pé de bota preso nela.
“Tudo o que eu quero é...”
Sem pensar, pisei com força, esmagando os dedos do pé do
intruso com o calcanhar. Houve um grito de dor, mas o pé não saiu
da porta. Ficou exatamente onde estava, quando eu bati meu
calcanhar ainda mais forte contra ele.
“Vadia!”
Empurrei novamente com meu quadril, e agora com meu
ombro também. A porta se mexeu. Ela se deslocou milímetros em
direção à posição fechada, mas ainda não fez diferença.
Então ele empurrou de volta... e eu quase fui derrubada de
bunda.
Aguente firme! A voz da autopreservação gritou. Se você cair,
já era!
Rangendo os dentes, ampliei minha posição. Meus olhos
vasculharam desesperadamente em torno de algo para empurrar
através da abertura. Algo afiado. Algo comprido...
Mas não havia nada... então eu pisei novamente.
“PORRA!”
Desta vez ouvi um estalo, ou melhor, senti. O pé saltou para
trás. A porta se fechou.
Meu coração estava aos pulos. Meus dedos me traíram três
vezes tentando encontrar a trava...
CLICK.
Suspirei de alívio, caindo contra a porta. Ele chacoalhou com
força do outro lado. Eu podia ouvir gritos, chutes...
Então, de repente, tudo parou.
As janelas!
Elas eram baixas e largas, fáceis de quebrar. Se esse cara
realmente quisesse entrar, não havia como mantê-lo de fora.
Vá! Pegue sua arma!
Corri de volta para a cozinha, abrindo a penúltima gaveta.
Talheres voaram por toda parte, tilintando ruidosamente contra o
piso de ladrilhos. Minha mão se estendeu, rastejando até o fundo…
... e tirei minha Glock.
Encostei na geladeira, segurando a arma diante de mim com
as duas mãos. Desbloqueei a trava de segurança. Deixei uma bala
na agulha.
O aço inoxidável estava frio contra a minha pele enquanto eu
esperava.
Um minuto se passou. Então dois minutos. Três. Eu me
esforcei para ouvir até mesmo o menor som; o vidro se quebrando,
o ranger de uma porta ou uma janela deslizando na sua moldura.
Mas não ouvi nada. Nem vi ninguém.
“DALLAS!”
Uma voz veio da porta novamente. Estavam batendo.
Agitando. A voz estava mais alta do que antes.
“Dallas, ABRA!”
Eu inclinei minha cabeça para o lado.
“MADDOX?”
“Sim! Sou eu!” A maçaneta da porta balançou violentamente.
“Abra!”
Voei de volta para a porta e abri o ferrolho. Maddox entrou na
sala com um olhar selvagem em seus olhos, peito arfando, sem
fôlego.
“Você está bem?”
Eu voei para seus braços, tomando cuidado para manter a
arma apontada para longe da sua direção. Então comecei a tremer.
Chacoalhando toda, enquanto desabava nele.
“Ei, ei...” ele disse, me apertando forte em seus grandes
braços. “Está tudo bem. Estou com você.” Ele alisou meu cabelo
com as mãos. “Estou com você…”
Cautelosamente, ele pegou a arma e a desengatilhou antes de
entregá-la de volta para mim. Pousou a mão em um dos meus
ombros.
“Era... era aquele cara,” desabafei rapidamente. “Ele veio do
nada! E estava...”
“Eu sei. Eu o vi.” Seus olhos fizeram uma varredura em nível
de especialista em todas as direções. “Eu o persegui três
quarteirões pelo menos, talvez mais. Ele se foi agora.”
“Certo...”
“Mais alguma coisa?”
Balancei minha cabeça. “Não. Acho que não.”
“Tudo bem,” ele disse, ainda olhando para todos os lugares ao
mesmo tempo. “Pegue o que você precisar. Estamos indo. Agora.”
“Indo para onde?”
“Qualquer lugar, menos aqui,” ele respondeu, ficando bem ao
meu lado.
Capítulo 27

DALLAS

Dez minutos e vários quilômetros depois, meu pulso ainda


estava acelerado. A postura fria de Maddox, no entanto, estava me
acalmando.
“Quem era aquele cara?”
“Um escoteiro.”
“Um escoteiro?” Deve ter saído um pouco grosseiro, porque
Maddox franziu a testa.
“Ele estava procurando você, Dallas.”
“Eu poderia dizer que ele me encontrou.”
“Sim,” ele assentiu. “Ele encontrou você e ficou um pouco
animado demais. O que é bom para nós.”
“Bom para...” minha testa franziu. “Espere. Por que bom?”
“Porque se ele tivesse esperado por reforços primeiro, nós dois
estaríamos ferrados.”
Meu herói nos levou adiante, serpenteando por um nexo de
becos e ruas laterais para garantir que não fôssemos seguidos.
Olhei entorpecida pela janela, observando enquanto passávamos
pela pista em direção ao extremo da cidade.
“Eles nos encontraram por causa da noite passada, não foi?”
“Hum-rum.”
“Então agora eles sabem onde moramos...”
“Sim.”
Eu ainda estava entorpecida, mas recuperei a compostura o
suficiente para pegar meu telefone. Maddox notou imediatamente.
“O que você está fazendo?”
“Ligando para Kane e Austin,” respondi. “Obviamente temos
que avisá-los. Se eles aparecerem...”
“Kane e Austin não vão voltar para casa esta noite,” ele disse,
aproximando sua mão da minha. “Além disso, depois desta noite,
nós vamos precisar de telefones novos. Tudo novo.”
Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, ele pegou o
telefone da minha mão e o jogou pela janela. Então ele balançou a
cabeça desanimado.
“Eu devia ter feito isso quilômetros atrás.”
Era insano, viver dessa maneira. Eu sabia o que era não ter
um lugar, uma casa, uma família. Mas nas últimas semanas, de
alguma forma havia encontrado todas essas coisas novamente.
“Então é isso?” perguntei com raiva. “Nós apenas
abandonamos tudo? Nunca vamos voltar para...”
“Eu não disse isso,” Maddox interrompeu. “Não vamos nos
antecipar.” Ele olhou para mim por um momento, então apertou
minha mão de forma tranquilizadora. “Confie em mim, Dallas, vamos
resolver tudo isso. Mas esta noite? Nós ficamos quietos.”
Meus ombros relaxaram, mas só um pouco. Se ele estava
tentando me mostrar que havia uma luz no fim do túnel, parecia
mais uma alfinetada.
“Então o que ele disse para você?”
Pensei. Passei todo o cenário aterrorizante pela minha cabeça
novamente, tentando manter a calma.
“Eu o ouvi falando. Na verdade, gritando.”
“Eu esmaguei o pé dele,” eu disse.
“Eu sei. Quase o alcancei por causa disso.”
“Quase?”
“Sim,” ele admitiu com vergonha. “O filho da puta tinha pernas
de um metro e meio de comprimento. A cada dois passos que ele
dava eram três meus.”
Balancei a cabeça consoladoramente. “Deve ser muito fácil
descobrir quem ele é,” salientei. “Não há muitas pessoas daquele
tamanho.”
“Bem pensado,” Maddox admitiu. “Então... o que ele disse?”
“Ele... eu acho que ele estava procurando alguma coisa.”
“Algo na casa?”
Balancei minha cabeça. “Não. Por algum motivo eu acho que
não.”
“Então o quê?”
Forcei um pouco a memória, mas era difícil. A cada quilômetro
que passava, tudo ficava cada vez mais nebuloso.
“Parecia ser algo que eu teria,” respondi mecanicamente.
“Como se ele estivesse me interrogando. Como se eu soubesse
onde isso estava.”
Maddox agarrou o volante enquanto se virava novamente. Eu
vi seus olhos, como sempre, irem para o espelho retrovisor. “Alguma
ideia do que poderia ser?”
“Não faço a mínima ideia.”
“Pense, Dallas. É importante.”
Eu ri, e a risada não foi exatamente boa. “Que porra eu poderia
ter, Maddox?” zombei. “Eu vim até vocês praticamente nua naquela
noite, com nada além das roupas que eu estava dormindo. Todo o
resto da minha casa foi destruído pelo fogo.”
A boca dele ficou apertada. Eu podia vê-lo se segurando.
“Se há algo que esses caras estão procurando, não vai ser
meu,” eu disse. “Talvez algo de Connor, com certeza. Mas agora
todas as coisas dele se foram.”
Andamos em silêncio por um tempo, o que provavelmente foi
bom. Isso me deu uma chance de me acalmar.
“Olha,” eu disse, me desculpando. “Eu não queria explodir
assim.”
“Está bem.”
“Não, sério. Geralmente eu não sou assim. É só que... é que
fiquei frustrada pra caralho.”
Baixei a cabeça assim que Maddox passou um braço em volta
de mim. Ele me puxou para o seu lado do veículo no banco.
“Está tudo bem,” ele disse, me segurando perto dele. Houve
um salto suave quando entramos em um estacionamento. “Vamos
esquecer sobre essa noite. Chegamos.”
Forcei meu queixo para cima. O hotel que ele escolheu era
bom: alto, elegante e bonito. Eu nunca tinha ficado aqui, mas
conhecia pessoas que tinham. Era muito caro.
Maddox me notou boquiaberta e riu. “Não se anime,” ele disse.
“Nós só vamos estacionar aqui.”
Olhei para ele curiosamente. “Estacionar aqui?”
“Isso,” ele disse. “Como uma distração.”
Eu ainda estava confusa. “Por que precisaríamos de dist...”
“Porque eles conhecem o carro,” ele disse simplesmente. “Não
podemos correr o risco.”
Suspirei, simulado uma frustração. Ou talvez fosse uma
frustração real, eu mal podia dizer mais.
“Tudo bem, então onde diabos vamos ficar?”
Maddox estendeu a mão e eu a peguei. Ele sorriu
maliciosamente.
“Eu vi um pulgueiro a cerca de um quilômetro e meio naquela
direção.”
Capítulo 28

DALLAS

Maddox estava certo: era um verdadeiro pulgueiro. Um quarto


de merda em um pulgueiro, em uma estrada de merda, na pior parte
de...
“Toma, vá buscar gelo.”
Ele me entregou um balde de plástico fino com uma rachadura
em um dos lados. Eu ri na cara dele.
“Tudo bem,” ele suspirou, pegando o balde de volta. “Eu vou
pegar o gelo.”
No momento em que ele saiu do quarto eu me joguei na cama.
Estávamos em um daqueles motéis temáticos. O quarto que
pegamos era um dos dois últimos que restavam: o ‘Refúgio
havaiano’.
Olhei para mim mesma no teto espelhado, então virei minha
cabeça para ver o resto das instalações. As paredes foram
revestidas com lindas cenas de praia e horizontes oceânicos. Ou
pelo menos eram lindas... talvez vinte anos atrás. Agora estavam
desbotadas pela ação do tempo e descascando nas bordas.
Refúgio havaiano, eu ri para mim mesma. Puta merda.
Havia um Tiki bar malfeito em uma extremidade da sala. Uma
palmeira falsa no canto mais distante. Era tão artificial e de
aparência surrada que eu não sabia se ria alto ou torcia o nariz para
toda a poeira.
Ei. Pelo menos você está a salvo aqui.
Disso eu tinha quase certeza. O quarto havaiano do motel
Fantasy Eighteen era provavelmente o último lugar na Terra que
alguém esperaria nos encontrar, inclusive nós mesmos. Se os
bandidos pudessem de alguma forma nos rastrear até aqui, eles
mereciam nos pegar.
“A máquina de gelo está quebrada,” Maddox anunciou,
voltando a entrar. Ele fechou a porta e acionou a trava. “As coisas
da máquina de venda automática estão frias, pelo menos.”
Ele ergueu um par de garrafas de água e meia dúzia de
saquinhos de pretzels e batatas fritas. Era isso ou nada.
“Obrigada.”
Dividimos o que tínhamos. Enchemos nossas barrigas. Dez
minutos depois estávamos deitados de costas, olhando para nós
mesmos no teto espelhado. Nós nos olhamos… e ambos
começamos a rir ao mesmo tempo.
“Nós estamos realmente fodidos, não estamos?” perguntei
afinal.
“Parece que sim, estamos.”
Dei um suspiro, grata pela honestidade. “Bem, pelo menos
estamos no paraíso.”
Foi uma quebra no stress. Uma mudança de humor. Entre isso
e a caminhada de quinze minutos que acabamos de suportar, eu
estava me sentindo um pouco melhor novamente.
“Este é de longe o melhor quarto ‘Refúgio havaiano’ em que já
estive,” brincou Maddox. Ele tossiu. “E o mais limpo também.”
Eu me virei para ele e ri. “Bem, você ainda não viu a roupa de
cama.”
“Hã?”
Balancei a cabeça. “Até as manchas têm manchas.”
Ele riu novamente. “Isso é nojento pra caralho.”
“Então por que você está rindo?”
Ele continuou, incapaz de se controlar. Eu o observei rir até
que as lágrimas se formassem nos cantos de seus olhos. “Merda,
nem eu sei.”
A risada dele era contagiante, e logo estávamos os dois rindo
juntos como adolescentes. De certa forma, foi catártico. Uma
liberação de emoções e adrenalina, no final de um dia muito longo,
muito estranho. Ele estava fazendo isso para me animar. Para me
fazer sentir segura novamente, apesar da merda horrível que eu
tinha acabado de passar.
E estava funcionando.
Por fim, Maddox se apoiou em um cotovelo. O riso morreu, e
ele olhou para mim com seriedade sombria do seu lado da cama.
“Olhe, Dallas. Eu quero que você saiba que eu sinto muito.”
Meu Deus, ele era tão lindo! Especialmente assim. Eu não
conseguia parar de olhar para aquelas maçãs do rosto salientes.
Essa quantidade perfeita de barba por fazer. A curva do seu
queixo...
“Sinto muito pelo quê?”
“Por você ter que passar por tudo isso,” ele respondeu.
Lentamente, balançou a cabeça. “Eu não consigo nem imaginar
como deve ser para você, perder tudo. Sua casa, suas coisas...” Ele
mordeu o lábio antes de continuar. “Seu irmão...”
Eu podia ver a profundidade da compaixão em seus olhos.
Empatia legítima, não pena. Mas havia uma dor implícita ali
também. Uma dor que eu conhecia muito bem.
“Você passou um pouco por isso,” eu disse consoladoramente.
“Você também perdeu Connor. Vocês todos perderam.”
Eu me aconcheguei nele. Tudo fora do escopo do nosso
pequeno quarto de hotel ficou de repente irrelevante. Tudo além do
silêncio parecia muito distante.
“Sim, mas eu sempre tive Austin e Kane. Eu tinha alguém para
compartilhar essas memórias dele, para mantê-las vivas. Mas
você...”
Ele parou, seu olhar encontrando o meu. “Você tinha apenas a
si mesma,” ele continuou. “Nem mesmo seus pais...”
Eu vi seus olhos ficarem vidrados. Ele estava engasgando de
verdade! Caramba, era a coisa mais meiga em todo o mundo.
“Eu quero que você saiba que você tem a nós agora,” ele
disse. “Você já nos tinha, mas não sabia disso, e agora... bem,
agora...”
Estendi a mão para tocar seu rosto duro, mas terno. A essa
altura, eu o consolava tanto quanto ele a mim.
“Eu sei.”
Ele se moveu para frente e plantou seus lábios sobre os meus,
derretendo o resto do mundo. Maddox me beijou lenta e
profundamente, enviando raios de excitação através de mim que
revigoraram meu corpo cansado.
Caramba...
Nada havia sido como isso há muito tempo – talvez nunca, na
verdade. Não uma conexão como essa. Não alguém que eu deixaria
chegar tão perto do meu coração... alguém com quem eu ficava
bem em me abrir de mente, corpo e alma.
Muito menos três alguéns.
Suspirei quando minha cabeça bateu no travesseiro. Em um
instante, Maddox estava em cima de mim, me beijando mais forte
enquanto minhas mãos vasculhavam vastos campos de cabelos
loiros macios. Sua boca separou a minha, conduzindo sua língua
para dentro com beijos profundos e cheios de sentimento que me
fizeram suspirar por mais.
Você nos tem agora.
As palavras eram incríveis, embora eu não ousasse acreditar
totalmente nelas. E, no entanto, até agora, esses homens me
protegeram. Eles dedicaram o último ano de suas vidas a cuidar de
mim, por nada mais do que a promessa a um irmão falecido, e já
salvaram minha vida em mais de uma ocasião.
E eles eram firmes. Tão próximos e unidos como quaisquer
três homens jamais poderiam ser. Na vida, na guerra...
... no quarto...
Eu ainda estava gemendo na boca de Maddox, minha mente
girando vertiginosamente em um esquecimento feliz enquanto eu
acariciava suas costas. Nossos olhos se encontraram e, após um
momento compartilhado de compreensão, nossas mãos se
moveram rapidamente para nossos próprios corpos. Roupas
voavam por toda parte, em um turbilhão de atividade frenética. Elas
se espalharam pela cama. Pelo chão...
Então eu estava em cima dele, montando suas coxas quentes
e musculosas.
“Você está realmente bem com isso?” perguntei, meus lábios
roçando os dele. Eu podia sentir seu pau pulsando entre minhas
pernas. Esbarrando na minha entrada...
“Bem com o quê?”
“Me dividir,” eu disse sem fôlego. “Com os outros.”
Meu cabelo caiu em ambos os lados de nós dois, nos
prendendo. Ele balançou suavemente quando Maddox empurrou
para cima, provocando um suspiro estrangulado quando ele
perfurou meu núcleo.
Ahhhhhhh...
“Sim,” disse Maddox, enquanto se enterrava totalmente dentro
de mim. “Plena e completamente.”
Eu gemi alto quando suas mãos foram para meus seios, me
empurrando para trás para suportar o peso do meu corpo. Isso o
levou até o fundo, me derrubando enquanto minhas mãos foram
para seu peito magnífico.
“Compartilhar é o que fazemos melhor,” disse ele suavemente.
“E ter você conosco abriu todas as novas portas a esse respeito.”
Em algum lugar dentro de mim seu pau pulsava e se
contorcia... como se ele já fosse gozar. Eu podia sentir o quão
absurdamente duro ele estava. Quão incrivelmente, lindamente
duro.
“Nós queremos você, Dallas,” ele disse, me balançando
suavemente. “Todos nós. Cada parte de nós.”
Suas mãos deslizaram pelo meu corpo, se arrastando
deliciosamente sobre meus mamilos antes de pousar em meus
quadris nus. De lá, ele me guiou para cima e para baixo, assumindo
com seus dois braços impossivelmente fortes.
“Cada parte de você.”
Eu gritei quando ele empurrou com força no final da
declaração, me esticando por dentro. Ele puxou meus quadris para
maximizar a penetração, simultaneamente enfiando o resto de seu
corpo em mim.
Deus...
“Nós vamos proteger você, Dallas,” ele sussurrou com voz
rouca. “Nós três.”
“Ele estava tão profundo! Tão dolorosamente,
maravilhosamente no fundo da minha barriga. Sem fôlego, eu podia
senti-lo latejando. Pulsando. Se contraindo...
“E você nunca terá que ficar sozinha...”
Capítulo 29

MADDOX

Fodê-la com os outros tinha sido nada menos que incrível. Vê-
la se contorcer embaixo de nós. Observando sua expressão de
êxtase enquanto a pegávamos juntos, nós três, fazendo amor com
seu corpo de todos os lados, todos os ângulos.
Mas possui-la sozinho...
Puta merda.
Bem, era prazeroso também.
Era tudo que eu podia fazer para me segurar, observar Dallas
deslizar ritmicamente para cima e para baixo no meu pau duro. Seu
corpo estava quente e maravilhoso, seus seios saltando firme e
hipnoticamente com cada estocada para cima. Isso me fez querer
consumar imediatamente nossa união explodindo gloriosamente
dentro dela. Eu queria enchê-la... para então ver o restante dos
meus fluidos escorrendo pelos lados de sua linda boceta rosa.
Eu podia imaginar em minha mente: o êxtase doce e ofuscante
do meu orgasmo inevitável. Meu grito de vitória que sacudiria as
paredes do nosso pequeno quarto de motel de merda. No entanto,
por mais incrível que fosse, seria ainda mais prazeroso esperar.
Melhor fazer com que ela goze primeiro, antes de eu gozar naquela
que vinha a ser a amante mais apertada e molhada que eu já tive o
prazer de desfrutar.
“Devagar...”
Eu grunhi as palavras mais do que as disse. Dallas apenas
sorriu, então deslocou seu peso para que ela pudesse alcançar e
acariciar minhas bolas.
Jesus Cristo!
Foi um lento e árduo tormento. Observando seu lindo cabelo,
caindo em cascata ao redor de seu magnífico rosto. A sensação de
suas unhas, passando levemente sobre minha pele mais sensível.
Continuei com minhas estocadas, entrando cada vez mais fundo
nos recantos quentes e úmidos de seu corpo feminino e flexível...
Então ela fechou a mão, dando um aperto suave em minhas
bolas.
“Deixa vir,” ela piscou.
Minha expressão de espanto foi recebida por outro sorriso, ou
mais precisamente, um sorriso malicioso. Eu estava a segundos de
inundá-la. Milésimos de segundos...
Não. Não ainda.
Eu a tirei de mim bruscamente como um ogro, então a
empurrei de volta contra a cama. Um momento depois eu tinha seus
tornozelos em minhas mãos, suas pernas abertas em um ‘V’. Entrei
nela com um grunhido, empurrando e estocando em ângulos onde
eu sabia que teria todo o controle. Onde eu poderia fodê-la
convenientemente, e vê-la desfrutar disso.
Ou todos nós a temos ou nenhum de nós a tem. Não há meio-
termo.
Minhas próprias palavras, como eu disse aos outros. Depois do
que aconteceu naquela primeira noite, nossa pequena reunião
improvisada foi necessária.
Todos concordamos que o que aconteceu foi espontâneo e
livre de culpa. Totalmente não planejado. E sim, talvez até um pouco
desastroso. Especialmente quando incluíamos Connor na equação.
Quero dizer... merda, afinal de contas...
“Foda-me...” Dallas gemeu, me puxando ainda mais para
dentro dela. Suas unhas estavam cravando na minha bunda agora,
e eu não me importei nem um pouco. “Vá mais forte, meu bem. Por
favor...”
Eu peguei o ritmo, coincidindo com ela estocada por estocada
até que sua cabeça pendeu para trás com um suspiro. Com os
olhos fechados e os lábios carnudos entreabertos, ela parecia uma
deusa. Ela tinha as características perfeitas de uma estátua grega
que ganhou vida; uma escultura de pedra com carne rosada.
Todos nós precisamos estar bem com isso. Cada um de nós.
Minhas palavras novamente, austeras e imponentes. Embora
eu estivesse falando principalmente comigo mesmo.
Todos nós ou nenhum de nós.
Kane concordou imediatamente, com um grunhido e um aceno
de cabeça. Ele a desejava por tanto tempo que não havia como ele
recuar. Austin estava um pouco mais relutante, mas só porque ainda
estava chocado com o que aconteceu. Uma vez que conversamos…
discutimos as regras e as razões por trás delas…
É mais natural do que parece, a voz interior na minha cabeça
me assegurou. Para vocês três, de qualquer maneira. Nada mais do
que uma extensão de milhares de outras coisas que vocês
compartilharam juntos como soldados. Como irmãos de armas…
Sim, isso pode ser verdade. Mas era uma pessoa. Uma pessoa
com emoções, uma pessoa com sentimentos.
Nós vamos apenas até onde ela estiver confortável, e nem um
centímetro além, eu me lembrei de dizer. Inferno, ela poderia acabar
com isso imediatamente. Ela poderia fingir que nunca aconteceu.
Era um risco com certeza. Um desfecho óbvio. Se Dallas
quisesse isso, ela teria – sem ressentimentos, sem perguntas.
E se ela quiser isso, temos que respeitar. Acaba
imediatamente... para nós três.
Quatro na verdade, mas quem estava contando? A parte
importante era deixar Dallas confortável. Atribuindo nosso pequeno
ato lascivo a apenas isso: uma só noite de devassidão única. Uma
curiosidade cumprida. Talvez até uma fantasia satisfeita.
Só que que ela gostou. Enfrentou e abraçou, mesmo.
E ela queria fazer isso novamente.
“MmmmMMmMMMMM!”
Eu olhei de volta para os olhos dela, no último momento de seu
clímax. As pernas de Dallas tremeram violentamente. Suas costas
arquearam, sua boca se abriu, e de repente ela gozou.
Incrível pra caralho.
Era, de verdade. Ela era tão apertada, tão linda de tirar o
fôlego, que não pude deixar de gozar ao mesmo tempo. Sua boceta
se contraiu ao meu redor, me apertando forte enquanto eu dava
uma última estocada. Então eu gozei também – esguichando e
jorrando, pintando-a de dentro para fora com jato após jato do meu
sêmen quente que escorria.
Quatro ondas... cinco... seis...
Cada batida era puro êxtase branco. Cada pulsação enviava
uma nova onda de prazer, deixando meu cérebro cheio de
endorfinas.
Eu gritei, então comecei a mergulhar dentro e fora dela
novamente. Continuei transando com ela... beijando-a...
esmagando-a sob meu peito duro enquanto abria tanto suas pernas
que pensei que ela poderia se dividir em duas.
Mas não. Dallas Winters aproveitou tudo que eu dei a ela,
gritando e gemendo e me agarrando de volta. Ela não parou de
foder nem por um único segundo, me apertando contra seu corpo
até que cada última gota de mim tivesse sido drenada dentro dela.
Cristo, eu quero isso.
Eu já sabia disso naquela época, na primeira vez que
estivemos juntos. Inferno, de alguma forma, eu sabia disso mesmo
antes.
É melhor que os outros estejam na mesma sintonia, pensei
comigo mesmo seriamente. Porque... bem, porque...
“Puta merda...” Dallas engasgou enquanto desabamos juntos.
Nossos corpos permaneceram maravilhosamente emaranhados. O
quarto inteiro cheirava a sexo. “Isso... isso foi...”
“Transformador?”
Uma risada bonitinha escapou de sua linda garganta. Ela
assentiu.
“Eu ia dizer uma experiência religiosa.”
Eu sorri e a beijei novamente. “Quase isso.”
Capítulo 30

DALLAS

Ele me pegou novamente no meio da noite, me virando de


costas. Me fodendo na semiescuridão, sob a luz cor-de-rosa do
letreiro de neon do motel.
Meio adormecida, ainda pingando do nosso ato de amor
anterior, eu abri minhas pernas para ele. Maddox afundou em mim
como um torpedo sexy, me perfurando em minhas calorosas e
acolhedoras – mas ainda muito doloridas – profundezas.
E eu adorei.
Era tudo maravilhoso demais, ser usada assim. Ficar satisfeita
assim. Em todos os anos de solidão, eu simplesmente não estava
acostumada com a proximidade. A intimidade física de dormir nua
com alguém; a proximidade de um namorado caloroso, ou amante,
ou o que diabos ele fosse.
No momento, eu estava em êxtase demais para me importar.
Eu estava olhando sonhadoramente para o teto espelhado, apenas
minha cabeça visível acima de seu ombro maciço. Assisti aos
músculos de suas costas largas torcendo em uníssono enquanto ele
me fodia na cama. Permaneci irremediavelmente capturada por
cada movimento de sua bunda perfeita, redondinha, enquanto ia e
vinha, enfiando-se entre minhas coxas estendidas.
Eles queriam me compartilhar. Todos os três.
Era como um sonho. Um sonho muito molhado, muito obsceno,
muito proibido.
E ainda assim...
Você poderia realmente fazer isso?
Inferno, eu estava fazendo. A única questão que restava era se
eu poderia ou não fazer isso dar certo. Ou melhor, se poderíamos
ou não fazer dar certo: meus três SEALs sensuais e eu.
Mas você poderia realmente manter todos os três satisfeitos?
Nesse quesito eu nem precisava pensar, disso eu tinha
certeza.
Mas com certeza seria prazeroso tentar fazer com que desse
certo.
Eles se preocupam com você, Dallas.
Eles se preocupam de verdade. Disso eu tinha absoluta
certeza. E melhor ainda, eles se importavam comigo de uma
maneira que ninguém realmente se importou antes. Não os
namorados anteriores. Não os amigos com benefícios. Nem mesmo
Mark, o vizinho fofo e engraçado, que vinha jantar uma vez por mês
no ano passado e que não costumava sair antes de acabar nu na
minha cama.
Mark, que se mudou quando lhe ofereceram um emprego
melhor em uma cidade mais legal. Que foi arrebatado além do meu
controle... como todos na minha vida.
Sim, mas esses caras ainda estão aqui, Dallas.
Era como se a voz na minha cabeça quisesse me atormentar.
Ou, pelo menos, alimentava minhas falsas esperanças.
E eles estavam aqui para você, mesmo quando você não
sabia.
O sol nasceu, e eu me peguei olhando para Maddox por um
longo tempo. Passei uma boa meia hora apenas observando sua
respiração lenta e rítmica. Gravando cada linha e curva de seus
ombros largos, os braços tensos e musculosos erguidos acima de
sua cabeça enquanto ele estava deitado de bruços no travesseiro.
Você poderia ser feliz com eles?
Era uma fantasia pensar que eu podia. Ou melhor, que eles
pudessem ser felizes comigo. Todos os três. Dividindo a mesma
namorada.
Eu ri do falso pôr do sol havaiano. Eu era uma namorada muito
foda, isso era certo. Apenas... talvez não tão foda.
“Bom dia,” Maddox disse de repente, seus olhos ainda
fechados. Ele virou de lado, então se espreguiçou e sorriu. “Como
foi seu sono?”
“Interrompido,” sorri de volta para ele.
“Ah sim,” ele disse. “O ronco.”
“Entre outras coisas, sim.”
Ele sentou-se rápida e facilmente, os músculos de seu
estômago curvando-se em ondas deliciosas. Deus, eu queria enfiar
minha cabeça no seu colo. Olhar para esses músculos de perto,
estudando-os com atenção antes de estender a mão para...
“Você fez café?”
Virei minha cabeça em direção ao Tiki bar e zombei. “Naquela
geringonça?”
Maddox grunhiu. “É uma cafeteira, não é?”
“Não pelo meu conceito.”
Meu amante soltou um longo chiado de insatisfação. Então ele
se levantou, pegou sua cueca e começou a vesti-la.
“Que pena,” eu disse, tirando a tampa de uma garrafa de água
morna.
“O quê?”
“Você cobrindo essa bunda.”
Ele parou com os polegares ainda na cintura. “Quer que eu
pare?”
Eu considerei isso por um momento. mas a dor agradável entre
minhas pernas falou por mim.
“Não agora,” eu disse. “Porém, mais tarde, com certeza.”
Ele assentiu e continuou se vestindo, virando para um lado e
para o outro para vestir o resto de suas roupas. Caramba, não
consegui encontrar um grama de gordura em todo o seu corpo.
“Eles têm um quarto do Imperador aqui ou algo assim?” ele
perguntou casualmente. “Nós poderíamos representar César e
Cleóp...”
TOC. TOC TOC TOC.
Eu despertei imediatamente. Olhando para a porta, passei de
um estado meio sonolento para um totalmente alerta.
“Relaxe,” Maddox disse. “É apenas Austin.”
Uma onda de alívio passou por mim, então outra de confusão.
Eu não o tinha visto fazer nenhuma ligação ou checar suas
mensagens de texto. Inferno, ele nem tinha pegado o telefone.
“Acredite em mim.”
Levantei-me e abri a porta. Austin entrou, seguido por Kane.
Os dois me deram um breve abraço, então olharam ao redor do
quarto desarrumado.
“Havaí?”
“Sim,” resmungou Maddox, enquanto amarrava as botas. “Era
isso ou a ‘Suíte Nupcial’.”
“Suíte Nupcial?” eu ri. “Você quer dizer que poderíamos ter...”
“Sim.”
“Caramba,” dei outra risadinha, pegando minhas roupas. “Na
próxima vez nós vamos votar!”
Eu me levantei, deixando os lençóis caírem do meu corpo
seminu. Podia sentir o peso dos olhos deles sobre mim.
Curiosamente, não parecia nada estranho.
“Não vai ter uma próxima vez,” disse Kane, sua voz soando
distraída.
“Ah não?”
“Não,” Kane disparou de volta. “Eles nos fizeram fugir por muito
tempo agora. Foram nos fodendo a cada passo; na sua casa, na
nossa casa…”
Eu me contorci em minha calça, sem sentir vergonha. Na
verdade, foi meio divertido.
“Mas deste ponto em diante,” Kane continuou, “depois do que
descobrimos ontem à noite?” Seu olhar era sério, mas com um traço
de um sorriso.
“Nós vamos fodê-los.”
Capítulo 31

DALLAS

“Bem aqui. Isso é o mais próximo que podemos chegar.”


O caminhão parou silenciosamente, a três quartos de um
quarteirão da casa em questão. Parecia com todas as outras casas
do bairro. Nem maior, nem menor.
Inclinei-me para frente do meu lugar no banco de trás, me
esforçando para ver.
“Então, o que estamos olhando?”
“Aquela casa pertence a Evan Miller,” disse Austin.
“E quem é esse?”
“Lembra do jipe que você tirou da estrada duas noites atrás?”
perguntou Maddox.
“Você quer dizer eliminei? Sim.”
“Bem, estava registrado no nome dele.”
Fiquei olhando em silêncio, por cima do grande ombro de
Kane. A casa estava escura, a calçada vazia. Eram apenas nove
horas, muito cedo para dormir.
“Então onde ele está?”
“Provavelmente em um necrotério,” Kane resmungou.
O pensamento era um pouco mórbido, até mesmo para mim.
“Talvez um hospital,” Austin sugeriu, “mas, baseado em nossas
investigações, teria que estar em algum lugar fora do radar.”
“Há também uma terceira possibilidade,” disse Maddox.
“E qual é?”
“Ele deixou a cidade.”
Maddox me cutucou com a perna, de onde ele estava sentado
ao meu lado. “Dallas, pense bem. Evan Miller.” Seus olhos estavam
pregados nos meus. “Você conhece o nome?”
Balancei minha cabeça devagar, pensando. Minha memória
estava totalmente em branco.
“Talvez Connor o tenha mencionado? Falado sobre ele de
passagem?”
“Não que eu consiga me lembrar. Sinto muito.”
Os dois homens no banco da frente olharam um para o outro.
Eu poderia dizer que eles estavam escondendo algo.
“Vamos lá,” eu disse. “Desembuchem.”
“O quê?”
“Vocês sabem de algo. Algo que não estão me dizendo.”
Era quase enfurecedor que eles escondessem qualquer coisa
de mim. Que mesmo agora, depois de tudo que passamos – depois
de tudo que eu passei – eles pudessem tentar me deixar no escuro
sobre alguma coisa.
“Miller é um SEAL da Marinha, como nós,” disse Maddox.
“Operações especiais. Coisa realmente secreta.”
“E daí?”
“E daí que ele pode estar envolvido em coisas que não
saberíamos. Apenas Connor talvez soubesse.” Ele parecia
desconfortável. “Porque...”
“Porque ele e Connor ficaram alojados juntos,” Kane disse
friamente. “Quando eles estavam baseados em Nova Orleans.”
Minha garganta apertou um pouco. A ideia de Connor ser
traído por um amigo... ainda mais por um colega soldado?
Simplesmente não era algo que já houvesse passado pela minha
cabeça.
“Você se lembra quando Connor estava em Nova Orleans?”
“Sim,” eu disse entorpecida.
Austin coçou o queixo. “Era uma missão desconhecida, alguns
anos atrás. Ele ficou lá seis meses, eu acho.”
“Oito,” eu o corrigi.
“Foi uma das poucas vezes em que ele ficou separado de nós,”
acrescentou Kane. “Talvez a única vez.”
“Eu... eu não sei o que ele estava fazendo lá,” eu disse. “Se
você está me perguntando qual era sua missão, ele nunca me
disse.” Fiz uma pausa. “E eu realmente nunca perguntei.”
Aprendi a não perguntar, na verdade. A única vez que Connor
me contou uma história de operações, fiquei assustada com as
coisas que ele fazia. Não com medo das pessoas que ele machucou
ou matou; presumi que eram todos inimigos, e o inimigo
naturalmente merecia.
Não. Em vez disso, eu estava com medo do perigo que ele
corria.
Isso me deixou louca de preocupação, sabendo o quão perto
eu estava de perdê-lo. Saber que meu irmão estava a uma bala ou
uma granada ou um movimento terrível de ser tirado de mim para
sempre, como todo mundo. Como SEAL da Marinha, sempre estive
ciente da possibilidade de ele se machucar. Mas essa era uma
realidade dura e detalhada…
Aquilo me manteve acordada por noites a fio, aquela única
história. E mesmo que ele tenha saído vitorioso, eu pedi a ele para
não me contar coisas assim novamente. Fiel à sua palavra, ele não
falou.
E agora isso vai se voltar contra mim.
“PORRA.”
A mão de Maddox se fechou sobre a minha. “O quê?”
“Eu não sei!” exclamei. “Merda, eu não sei nada sobre o que
ele fez, ou para onde ele foi, ou o que diabos aconteceu com ele!”
Eu estava ficando com raiva agora. Podia sentir um ressentimento
familiar brotando daquele lugar vazio dentro de mim. Um
ressentimento que eu não sentia desde a morte de Connor.
“Eu sou inútil,” resmunguei. “Ele nunca me disse nada. Nunca
me disse...”
Eu parei congelada, no meio da frase. Minha cabeça inclinou
para um lado.
“O quê?” perguntou Austin. “O que foi?”
“Eu... acho que me lembro...”
Maddox abriu a boca para falar, mas o olhar de Kane o deteve.
Ele permaneceu em silêncio, enquanto eu vasculhava a grande
gaveta bagunçada do meu cérebro.
“Connor trocou de apartamento duas vezes,” eu disse,
“enquanto ele estava baseado lá. Ele disse que era porque estava
acompanhando seu colega de quarto.”
Austin apertou os olhos. “Acompanhando?”
“Sim.”
“Foi essa a palavra que ele usou?”
“Eu... acho que sim. Lembro-me de ter achado estranho na
época. Mas apenas assumi que ele conheceu um cara com quem
tenha se dado bem. Alguém que ele tenha gostado o suficiente para
trocar de apartamento,” dei de ombros. “Talvez para pegar um lugar
maior, ou eles tiveram um problema com o proprietário, ou...”
“Sim, mas duas vezes?” perguntou Maddox. “Então ele se
mudou para três lugares em oito meses?”
Eu ainda estava assentindo, ainda lembrando. Os rapazes
estavam se comunicando silenciosamente, do jeito que soldados
que passavam muito tempo uns com os outros costumavam fazer.
Por olhares. Por expressões.
“Eu não me lembro de ele ter mencionado alguma vez o nome
desse cara,” eu disse. “Mas Connor falou sobre o seu colega de
quarto algumas vezes. Ele disse que estavam na mesma missão.
Eles tinham permissão para morar fora da base, mas passavam
muito tempo fazendo o mesmo tipo de coisa.”
“O Connor estava atrás dele,” disse Kane.
“O quê?”
“Esse cara, Miller. Seu irmão não estava apenas nisso só de
onda, ele estava acompanhando esse cara para ficar de olho nele.”
Olhei para além dele, fazendo uma careta para a casa
novamente. A raiva se esvaiu com a lembrança, mas o
ressentimento ainda estava lá.
‘Você acha que esse cara... é a razão...” apertei minha
mandíbula. Engoli o nó crescente na minha garganta. “De Connor
estar morto?”
Ninguém disse uma palavra. Finalmente, Austin assentiu.
“Uma delas, sim.”
Era tudo o que eu precisava. Abri a porta do carro e saí.
“Então vamos foder o mundo dele.”
Capítulo 32

DALLAS

Eu estava a meio caminho da casa quando eles finalmente me


alcançaram. Senti uma mão no meu pulso e outra no meu ombro.
Fiquei surpresa com a facilidade com que me desvencilhei.
“Dallas!”
Foi um chiado e um grito ao mesmo tempo. Um comando dado
com severidade enquanto tentava ficar em silêncio.
“Não podemos apenas...”
“Não podemos apenas o quê?” Gritei, girando ao redor. Todos
os três pularam um pouco para trás, surpresos. Foi estranhamente
satisfatório.
“Se esse cara souber que estamos atrás dele, as coisas ficarão
ainda mais difíceis,” implorou Austin. “E se...”
“Ela está certa.”
Todos se viraram para Kane, inclusive eu.
“Ou esse cara está morto,” disse Kane, “ou não está em casa.
De qualquer forma, vamos descobrir alguma coisa.”
“E se ele estiver em casa?” Austin perguntou.
As mãos de Kane se fecharam em dois punhos gigantes.
“Melhor ainda.”
Meu coração se encheu de amor. Amor verdadeiro. Aquele que
você sente quando está perto de alguém há tempo suficiente para
saber que quer estar muito mais perto dele.
“Tudo bem,” Maddox disse, examinando ao redor. “Vamos sair
da porra da rua, pelo menos.”
Eles se moveram novamente, desta vez passando por mim,
desta vez com um propósito. E agora eles se moviam como
soldados também. Percebi isso quando vi a maneira como eles se
esgueiraram no beco.
Deixando a porta da frente, fomos para o quintal. Depois de
examinar cada centímetro da moldura de uma janela baixa, Maddox
tirou sua jaqueta camuflada e começou a enrolá-la em uma mão.
“Sem alarme,” disse ele, com antipatia óbvia. “Ou esse cara é
estúpido ou superconfiante.”
“Ou os dois,” Austin destacou.
Um minuto depois, estávamos lá dentro, com as armas na
mão, passando cuidadosamente por todos os vidros quebrados. A
casa estava limpa e bem conservada. Não havia muitos móveis, ou
desordem, ou realmente nada.
“Os balcões estão limpos,” disse Maddox, varrendo a cozinha.
“Sem correspondência. Sem nada.”
Kane já estava no corredor, sua pistola erguida. Descemos,
passamos por um banheiro e entramos em um escritório. A mesa
estava limpa — as gavetas praticamente vazias. Não havia nem
mesmo um computador.
“Alguém já esteve aqui,” disse Austin. Ele se abaixou e
segurou quatro ou cinco cabos. Um deles estava conectado a um
monitor, virado com a tela para o chão. Ele tocou em outra coisa.
Um modem sem fio.
“Quarto,” disse Maddox, acenando com a cabeça.
Meu coração estava batendo tão forte que eu podia senti-lo em
meu pescoço. De certa forma, era emocionante estar aqui com eles.
Vendo como eles trabalhavam. Observando seus movimentos e
sinais de mão, a maneira como eles entravam em cada sala,
abaixando e verificando os cantos.
Eles eram incríveis.
Era algo que eu tinha pensado várias vezes nas últimas
semanas. E principalmente, nos últimos dias.
Eles são homens incríveis... assim como Connor.
Curiosamente, eu nunca tinha namorado um militar antes. Eu
estive com vários, graças a Connor, mas imaginei que eles sempre
me viam como fora dos limites.
Ainda assim, esses caras eram diferentes. Eles não eram
apenas pretendentes, eram protetores. Eles não apenas gostavam
de mim ou me admiravam, eram dedicados a mim de uma maneira
que nenhum outro cara poderia ser.
Só por esse motivo, eu já os admirava.
Sim..., mas você os ama?
Eu os desejava, isso era certo. Seus corpos rígidos e esguios,
desfilando seminus pelos corredores da casa que dividíamos. A
maneira que eles me beijavam. Me tocavam. A maneira como eles
me tratavam no quarto, me passando para lá e para cá entre eles...
Mas e o amor, Dallas?
Eu amava, é claro. Amava-os, é isso. Amava cada um deles da
mesma forma que amava meu irmão, mas agora havia algo além
disso também. Algo estranho e intangível, arranhando o fundo da
minha mente. Algo que disparava alarmes e apitos de alerta..., mas
que registrava outras emoções mais excitantes também.
“O armário está limpo,” disse Maddox do seu lado do quarto.
“Banheiro também,” disse Austin, entrando novamente.
Kane estendeu um braço grande e levantou o colchão. Ele
subiu facilmente, e seu sorriso instantâneo fez meu coração
disparar.
“Macacos me mordam!”
Todos nós olhamos para baixo. Sobre a mola da caixa havia
um laptop, todo elegante e escuro.
“Filhos da puta desleixados,” resmungou Kane, pegando-o. Ele
o entregou a Austin, então colocou o colchão de volta do jeito que
estava.
Maddox balançou a cabeça. “Não acredito que eles
esqueceram disso.”
“Eles?” perguntei.
“Os outros caras envolvidos com Miller. Provavelmente os
mesmos que perseguimos no beco.”
Austin já estava virando o computador em suas mãos com
luvas. Ele abriu e fechou, então assentiu com firmeza.
“Estamos felizes?” Kane perguntou.
“Porra, estamos em êxtase!” Austin sorriu.
Capítulo 33

DALLAS

Demorou apenas uma hora para Austin invadir o laptop


desconhecido. Passamos mais três olhando por cima do ombro
dele, observando enquanto ele vasculhava seu conteúdo,
examinando arquivos e fotos e informações do histórico de
pesquisa.
No final, havia muito pouco para ligar Evan Miller a Connor.
Muito menos a Marinha.
“Infelizmente, é uma máquina relativamente nova,” suspirou
Austin. “Poucos meses de uso.”
“Então... nada?”
“Não ainda, pelo menos.” Ele esfregou as têmporas. Já
passava da meia-noite. “Além de alguns logins .gov, dos quais
precisarei fazer engenharia reversa para descobrir a senha. Se eu
entrar na base do sistema com as credenciais dele, posso te contar
um monte de coisas sobre o que esse cara está fazendo. Mas
quanto ao resto do que está aqui…”
Ele clicou rapidamente mais algumas vezes, então parou de
repente. Toda a expressão de Austin mudou. Seus olhos se
estreitaram.
“O que foi?”
“Eu... ele raspou a garganta. “Pensei ter visto alguma coisa,
mas não.” Ele começou a fechar o laptop. “Não é nad...”
Minha mão disparou tão rápido que ele pulou em sua cadeira.
Agarrei a máquina por uma borda arredondada, impedindo-o de
fechá-la.
“Mentira.”
“Não, de verdade,” ele fingiu bocejar. “É só que...”
Tentei abrir o laptop novamente. A outra mão de Austin me
parou.
“Deixa pra lá.”
“Dallas, escute. Você precisa saber de algo...”
Eu desloquei minha mão para frente. Os outros estavam
subitamente em alerta novamente.
“Eu disse DEIXE ESSA PORRA PRA LÁ.”
Austin olhou para Kane pedindo ajuda, então para Maddox.
Maddox parecia confuso.
“O que diabos está havendo?”
“Há um... arquivo aqui,” Austin disse desconfortavelmente.
As sobrancelhas de Maddox se juntaram. “Que tipo de
arquivo? É algo que poderíamos...” ele respirou fundo e parou. O
que quer que fosse, ele de repente entendeu, e tentou mudar no
meio da frase.
“Ah sim. C...certo. Talvez fosse melhor se...”
“Mostre a ela.”
A voz de Kane era baixa e incisiva. Não deixava espaço para
discussão.
“Isso?” perguntou Austin. “Você acha que é uma boa ideia?”
“Ela merece ver,” Kane disse com um encolher de ombros.
Lentamente, seus olhos castanhos se voltaram para mim. “Mas vai
ser difícil,” acrescentou. “Difícil para você ver.”
Uma sensação de afundamento tomou conta de todo o meu
corpo. A sensação no meu estômago parecia que eu tinha engolido
algo azedo.
“O... o que é?”
“É uma cópia da última coisa que seu irmão nos enviou,” disse
Maddox gravemente. “Uma mensagem... do Connor.”
Me senti débil. Fraca. Tonta. O braço que eu estava usando
para manter o laptop aberto estava tremendo.
“É... é ruim?”
“Não é bom,” Austin admitiu.
Soltei o computador e afundei na cadeira. Minha pele estava
eriçada. Todos os pelos dos meus braços se arrepiaram.
Uma mensagem. Do Connor.
Tentei respirar, mas não consegui. Parecia que alguém estava
sentado no meu peito.
A última mensagem…
Por um longo tempo, ninguém falou.
“Ouça,” disse Kane, quebrando o silêncio. “Se você quiser,
podemos contar para você o que está aí. Palavra por palavra,
podemos contar o que foi dito.”
“Dito?” Minha voz falhou.
“Isso mesmo,” disse Maddox. Havia verdadeira compaixão nos
olhos dele. “É uma mensagem de vídeo. E ela... bem...” ele engoliu
em seco. “É melhor você ver.”
Os outros estavam olhando para mim, como se estivessem
tentando me fazer entender. Não estavam exatamente tentando me
convencer a desistir. Mais como... me preparando.
Connor...
Pensei no meu irmão, corajoso e forte. Meu irmão, que
enfrentou a morte várias vezes sem piscar. Que entregou a si
mesmo à morte, sem hesitação, sem meio-termo. Que salvou a vida
desses mesmos homens que agora estavam tentando me proteger.
Meu irmão, o guerreiro, que não tinha medo de nada.
“Tudo bem,” eu disse, inalando uma respiração longa e
trêmula. Com as costas das minhas mãos, limpei todas as lágrimas
que ameaçavam se acumular nos cantos dos meus olhos.
“Mostre para mim.”
Capítulo 34

DALLAS

Eu não esperava que o vídeo começasse no escuro, mas


começou. Essa parte foi chocante. Eu esperava ver Connor, e havia
me preparado mentalmente para a imagem do rosto do meu irmão.
O som de sua voz...
Fique calma, Dallas.
Eu tive que me forçar a parar de tremer. Para evitar que meu
corpo estremecesse todo.
Não é isso que Connor gostaria.
Enquanto a câmera ajustava sua luz, pude distinguir uma
pequena sala indefinida. Não havia detalhes, nenhuma marca
distintiva. Poderia ser qualquer sala, em qualquer lugar. Mas pelas
reações dos outros, eu sabia que não era bem assim.
Esta seria a sala.
Puta merda.
A sala onde meu irmão morreu.
Senti uma mão tranquilizadora em meu ombro. Os dedos de
Maddox estavam quentes, sua pegada firme. Austin sentou-se ao
meu lado. Kane estava encostado nele.
Você tem certeza de que quer fazer isso?
Afastei o pensamento. Olhei para a sala, para a tela. Quem
configurou a câmera deve tê-lo feito fora do enquadramento. Eu
podia ouvir barulho agora. O som de portas batendo.
Vozes.
Tiros.
Engoli em seco quando Connor entrou na sala. Ele entrou se
arrastando, movendo-se com a rápida urgência de quem está sendo
perseguido, ou caçado, ou em um grande, grande problema.
Ele correu direto para a câmera. Quase ao ponto em que
parecia que ele iria agarrá-la e sacudi-la. Em vez disso, ele parou de
repente, com as mãos nos joelhos, respirando fundo. Parecia sem
fôlego. Estava coberto de sujeira, graxa, ou algo igualmente
estranho...
Connor!
As lágrimas ameaçaram cair, mas eu as sufoquei. Concentrei-
me em me sentar ereta, mantendo as costas retas, as pernas juntas.
Qualquer coisa, menos as emoções que eu estava sentindo agora.
“Escute...”
Sua cabeça se ergueu quando ele começou a falar, ainda
ofegante. De repente, ele estava olhando para mim com aqueles
grandes olhos azuis.
Meus olhos.
“Eu não tenho muito tempo,” Connor disse. Sua voz era tensa
e apressada. “Quando vocês acessarem isso…” ele engoliu em
seco, “eu já terei ido. Portanto, não sejam estúpidos. Não pensem
que qualquer um de vocês pode simplesmente sair correndo e
salv...”
BANG!
A cabeça de Connor virou para a direita. Em algum lugar fora
da tela, eu podia ouvir o som inconfundível de uma porta sendo
batida...
Batida por várias pessoas.
“Se vocês me amam,” disse Connor rapidamente, “encontrem e
protejam minha irmã.”
Ele estava coberto de sangue. Eu podia ver isso agora.
Poderia não ser necessariamente o sangue dele, mas era sangue
do mesmo jeito.
“Minha irmã tem...”
As vozes estavam mais altas agora. Houve mais batidas, mais
gritos. Alguém disparou uma pistola várias vezes, tornando o resto
de sua frase ininteligível.
“Encontrem e protejam Dallas,” Connor estava dizendo
enfaticamente. “Não importa o que aconteça, vocês têm que
encontrá-la!” Então ele pegou a câmera. Ele a agarrou e a sacudiu.
“Vão até ela e mantenham-na segura...”
BUM!
A porta se abriu com a explosão. Uma chuva de poeira e
detritos passou, voando pelo meu irmão ao fundo. Houve mais
berros. Mais gritos...
Cobri meu rosto com as mãos.
“Eu...”
Nesse ponto, algo entrou em cena – uma pessoa talvez, ou
algo mais. Atingiu meu irmão com força suficiente para derrubar a
câmera – e ele – direto no chão.
CONNOR!
Tudo girou vertiginosamente quando meu irmão desapareceu
de vista. O barulho parou. A gritaria parou. A câmera estava virada
para baixo, ou desligada, ou não funcionava mais.
Então tudo ficou escuro.
O símbolo de 'pausa' apareceu na tela, sinalizando o fim do
vídeo. Foi realmente misericordioso. Eu estava a apenas alguns
segundos de começar a chorar.
Austin estendeu a mão e fechou a janela de visualização. Ele
pegou o laptop de volta e o fechou, e desta vez eu não o impedi.
“Eu sinto muito, Dallas.”
Maddox me apertou suavemente. Ele abaixou o rosto para dar
um beijo na minha bochecha... imediatamente eu me joguei no
abraço combinado de todos os três.
Lágrimas fluíram agora, e não apenas de mim. Eu podia vê-las
riscando o rosto de Austin. De Maddox. Até os olhos de Kane
ficaram vidrados.
Foi inesperadamente reconfortante. Compartilhar minha dor
com as únicas outras pessoas na Terra que diziam respeito a isso.
“Todos nós sentimos muito.”
Capítulo 35

KANE

Eu estava em algum lugar quente e úmido, cercado de calor e


conforto. Flutuando. Girando.
Feliz.
Não havia estresse, nenhuma preocupação. Essas coisas
eram de alguma forma estranhas para mim, embora eu soubesse
que deveria senti-las. De alguma forma, eles simplesmente se
dissolveram, na esteira da complacência e gratificação. Eu estava
além de todo relaxamento. Total e absolutamente livre.
E foi aí que eu soube que estava em um sonho.
Acordei devagar, consciente do movimento. Consciente do
calor e do contentamento.
Consciente da boca quente, movendo-se lentamente para cima
e para baixo, entre minhas pernas...
Ah... porra...
Estiquei meu pescoço para olhar para baixo, e lá estava ela.
Dallas estava me chupando, da ponta à base, com sua boca
molhada, seus lábios apertados e seu lindo cabelo loiro, roçando
meu estômago.
Bom dia para MIM.
Por um tempo eu apenas a observei, totalmente paralisado.
Apreciando o calor de sua boca talentosa. A sensação de sua língua
quente deslizando contra a parte inferior do meu pau totalmente
ereto.
Eu me mexi, e ela olhou para mim. Eu a vi sorrir
maliciosamente.
Então ela abaixou a boca e voltou para o que estava fazendo.
Bem, isso é novidade.
Eu deixei minhas mãos irem para sua cabeça, meus dedos
vasculhando seu cabelo sedoso. Eu não a guiei, mas sim segui seus
movimentos. Permaneci contente em deixá-la ir em seu próprio
ritmo, lentamente me deixando louco com cada empurrão e puxão
febril.
Caramba. Qualquer um definitivamente poderia ficar viciado
nisso.
Eu poderia, com certeza. Só que não era apenas eu. Havia três
de nós, e apenas uma dela. E ainda assim...
E ainda assim você adora. Você ainda está bem com isso, não
está?
Na verdade, eu estava. E não só eu estava bem com isso, mas
eu ficaria totalmente desapontado se de alguma forma chegasse ao
fim. Se, por algum motivo, todos nós decidíssemos parar de fazer o
que estávamos fazendo. Ou se Dallas...
Se Dallas decidisse que isso não era para ela.
Quero dizer ‘que merda’, certo? Era loucura. Quem realmente
faz algo assim? Três homens apaixonados pela mesma mulher?
Cada um deles disposto a compartilhá-la com os outros, sem sentir
inveja ou ciúme ou qualquer outra das emoções mais básicas que
poderiam destruir um arranjo tão delicado?
Mas então havia essa outra parte de mim. A parte me dizendo
que não era tão louco. Que para nós – Maddox, Austin e eu – as
regras eram de alguma forma diferentes. Que por causa de nosso
treinamento, nossas experiências, nossa longa história de viver e
trabalhar e sobreviver juntos através de algumas das merdas mais
infernais imagináveis, conseguir um relacionamento como esse
seria realmente fácil.
“Mmmmmm...” Dallas gemeu, sua boca vibrando comigo
enterrado profundamente em sua garganta. Olhei para ela
novamente e ela piscou.
Deus!
Tudo bem, talvez ‘fácil’ não fosse a palavra. Aceitável. Era
melhor. Talvez até provável. Inferno, nós compartilhamos todo o
resto. Nós até escolhemos viver juntos depois do nosso serviço
militar, quando poderíamos facilmente seguir nossos caminhos
separados. Apenas nós éramos melhores como uma unidade.
Melhor em equipe. Na Marinha, no mundo civil…
E agora, aparentemente, em um relacionamento também.
É isso que é isso? Um relacionamento?
Bem, certamente era algo. E eu estava disposto a levá-lo tão
longe quanto Dallas quisesse. Em última análise, caberia a ela
decidir quanto tempo isso duraria e quando terminaria. Ou mesmo
se acabaria tudo.
Senti uma pontada aguda de ansiedade com o pensamento.
Com a mesma rapidez eu o afastei. Não. Eu não ia ter esperanças.
O que tivesse que acontecer, aconteceria.
Meu corpo ficou tenso. Minhas pernas travaram quando minha
excitação atingiu seu pico, a sensação de sua boca maravilhosa me
levando ao limite...
“UNGHHH!”
O grito foi arrancado do meu corpo, em algum lugar bem perto
do meu núcleo. Então eu gozei... enchendo sua boca repetidamente
com o que com certeza pareciam galões do meu sêmen quente e
pegajoso.
Jesus Cristo!
A cabeça de Dallas parou de se mover perto da ponta, levando
tudo que eu dei direto para sua garganta. Ela me agarrou com força
enquanto engolia uma vez, depois duas e, finalmente, uma terceira
vez antes de baixar os lábios novamente e limpar o resto de mim.
Meu orgasmo foi apocalíptico. A pureza do prazer era
assombrosa.
Caraaaaaaalho… eu gemi por dentro, enquanto ela continuava
subindo e descendo em cima de mim. Dallas me chupou por mais
um minuto, como se estivesse muito gulosa para parar. Quando ela
finalmente o fez, eu deixei sua boca com um 'pop' de satisfação.
Nossos olhos se encontraram, através de um emaranhado de
cabelos loiros desgrenhados. Seus lábios estavam cheios e
inchados agora. Eles pareciam ainda mais incríveis do que o
normal.
“Bom dia, querido,” ela sorriu, prendendo uma mecha em uma
orelha.
“Porra, com certeza é,” sorri de volta.
“Você está sonhando,” disse Dallas. “Pelo menos, estava
quando eu cheguei aqui.”
Balancei a cabeça entorpecido. Depois do orgasmo de apagar
a mente que ela acabou de me dar, foda-se se eu sabia sobre o que
era qualquer um dos meus sonhos.
“Então... o que exatamente foi isso?” perguntei, gesticulando
para o meu pau gasto. “Não que eu esteja reclamando, veja bem.”
Dallas riu suavemente. “Um presente de despedida?”
Minhas sobrancelhas se uniram, mas apenas por um momento.
Então eu lembrei.
“Ah, sim,” eu disse, lamentando. “Nova Orleans.”
“Hum-rum.”
Ela subiu e deu um beijo no meu peito. Então outro. Depois um
terceiro, e um quarto. Seu toque era tão doce quanto elétrico.
“O voo sai em duas horas,” Dallas lamentou, gemendo em um
mamilo. “Eu provavelmente deveria tomar banho.”
Ela foi se levantar, mas eu tinha uma mão em sua bunda nua
agora. Dei um aperto forte que fez seus olhos se arregalarem.
“Então, quando eu recebo este presente?” perguntei.
Dallas gemeu ao meu toque. Ela passou sua língua lentamente
em torno de um mamilo, fazendo-me relaxar meu aperto. Em
seguida, me mordeu de brincadeira, e saltou agilmente, ficando de
pé.
“Quando você me receber em casa,” ela piscou, e saltou para
fora da quarto.
Capítulo 36

DALLAS

Eu estava sentada entre Austin e Maddox, navegando


confortavelmente a trinta e cinco mil pés. Contemplando como
minha vida estava radicalmente diferente agora do que um mês
atrás, e como de alguma forma eu não a trocaria por nada no
mundo.
Caramba, se eu soubesse que isso significaria chegar aonde
eu estava agora, eu mesma teria queimado a casa. Exceto pelo
perigo iminente de ser morta, viver com meus três SEALs da
Marinha encheu minha vida de ação, excitação e, claro, quantidades
quase ilimitadas de sexo obsceno e indecente.
Só que não era apenas sexo, e eu estaria mentindo se
dissesse que era. Havia sentimentos agora também; emoções e
apegos que vieram de mãos dadas com estar tão perto deles. Os
rapazes eram divertidos e engraçados, adoráveis e lindos. E eram
ferozmente protetores em relação a mim. Doces e gentis, mas
também alfas o suficiente para devolver cada gota de sarcasmo e
problemas que eu dei a eles.
E Deus, eles eram tão gostosos...
Ir para Nova Orleans foi ideia de Maddox, com base nas
informações que eles haviam reunido até agora. Precisávamos
descobrir mais sobre Evan Miller. E isso significava mergulhar onde
ele estava baseado e os comandantes acima dele. Até mesmo os
lugares em que ele morava, o que, claro, significava uma coisa:
Eu estaria seguindo os passos de Connor.
Havia muita coisa que poderíamos descobrir em Nova Orleans,
e esperávamos dar sentido aos últimos dias do meu irmão. A
gravação de sua aparente morte me derrubou um pouco, mas eu
me levantei rapidamente. Tanto pelo bem de Connor quanto pelo
meu.
Proteger a mim mesma – e agora meus três amantes incríveis
– era algo que todos devíamos a Connor. Precisávamos descobrir
quem o machucou e o que eles queriam. Acima de tudo, eu queria
saber por quê.
Limpar-nos dessa bagunça andava de mãos dadas com vingar
a morte do meu irmão: matar dois coelhos com uma cajadada só. E
se cavássemos fundo o suficiente para causar um pouco mais de
problemas? Chutar o ninho das vespas provavelmente seria
necessário para descobrir exatamente onde queimar tudo.
“Outra, senhorita?”
Sorri docemente quando a comissária de bordo me entregou
uma nova garrafa de vodca. Eu ainda tinha suco de cranberry
suficiente para misturar e me deixar feliz pela próxima hora ou
assim. Austin estava olhando pela janela como um zumbi, e Maddox
apagou completamente. Sua cabeça descansava tão adoravelmente
no meu ombro que eu nem me importei com a baba.
Deixar Kane foi uma decisão difícil, mas ainda havia muito a
ser feito em Las Vegas. Ele tinha pistas sobre quem poderia estar
verificando o SUV preto de Nellis, e planejava monitorar qualquer
pessoa associada a Miller também. E embora estivéssemos
preocupados em torná-lo um alvo fácil, ele prometeu dormir na base
pelo tempo que estivéssemos fora.
Mas quem ele acha que estava realmente enganando, no
entanto? Se eu sabia alguma coisa sobre Kane, era que ele nunca
recuaria. Ele não se esconderia com o rabo enfiado entre as pernas
– especialmente com tantas informações ainda a serem coletadas.
O mais provável é que ele ficasse acordado todas as noites,
olhando para as câmeras externas enquanto limpasse suas pistolas
e um rifle M4A1 totalmente carregado em seu colo.
A imagem trouxe um sorriso ao meu rosto. Assim como a
memória do boquete de despedida desta manhã.
Suspirei satisfeita, acomodando-me em meu assento enquanto
a terceira garrafinha de vodca deslizou facilmente pela minha
garganta.
Sim, eu era uma garota feliz.
Mesmo com a confusão furiosa ao nosso redor.
Capítulo 37

DALLAS

Nova Orleans era ainda mais fantástica, mais deslumbrante do


que eu poderia imaginar. E na minha mente, já seria muito bonito
para início de conversa.
Nós pousamos no meio da tarde e fomos direto para o nosso
quarto de hotel, que era limpo, agradável e ostentava duas camas
queen size. Meu estômago deu uma cambalhota sexy quando
pensei para qual delas eu acabaria indo até o final da noite.
Ou muito possivelmente, ambas.
“Vocês dormem aí,” eu ri, apontando para o segundo colchão
enquanto reivindicava o primeiro. “Ele ronca,” eu disse a Maddox,
antes de mover meu dedo de Austin para ele. “E ele monopoliza os
cobertores.”
Os rapazes apenas se entreolharam e balançaram a cabeça.
Os planos deles eram obviamente diferentes. Eu concordaria com o
que eles quisessem, é claro, mas eles não precisavam saber disso.
Não agora, pelo menos.
Eu resmunguei, joguei minha bolsa no chão, então caí
pesadamente de volta na suavidade da cama.
Nova Orleans, suspirei para mim mesma, olhando para o teto.
Legal pra caralho.
Era, de verdade. A cidade estava na minha lista de lugares
para visitar antes de eu me lançar no planeta, e eu não estava nem
perto de começar ainda. Aliás, muito longe.
“Levante sua linda bunda daí,” Austin ordenou, oferecendo sua
mão. Eu a peguei e deixei que ele me puxasse até que ficasse de
pé. “Temos trabalho a fazer.”
Nós nos refrescamos rapidamente e voltamos para o saguão.
Então, em trio, passamos o resto do dia explorando o extremo norte
da cidade. Nosso carro alugado era pequeno e discreto; apesar de
todas as minhas tentativas de fazer os rapazes escolherem um
conversível, acabamos com um pequeno sedã de quatro portas.
“Que chato,” lamentei, mostrando minha língua para Maddox.
Sua cara fingida de mal-humorado era meio fofa, mas eu gostei
especialmente de Austin colocando as mãos nos meus quadris... e
praticamente me empurrando para dentro do carro.
“Dirija,” disse Maddox, me deixando totalmente chocada
quando ele entregou as chaves. “E nada de aprontar uma porcaria
de corrida de carro como aquela do outro dia.”
Eles mexiam em seus telefones enquanto eu dirigia,
percorrendo o caminho pela ‘Big Easy’. Nossa primeira parada foi
um empreiteiro do governo para o qual Connor havia trabalhado, e
com quem Maddox estava conversando por meio de mensagens de
texto. Os contatos de lá nos guiaram em outra direção, e acabamos
bem longe do nosso hotel quando a noite caiu.
A cidade parecia ainda melhor à noite. A mistura de arquitetura
antiga e iluminação moderna dava a tudo um ar sombrio e
arrepiante. Algumas partes da cidade eram mais escuras do que
outras, principalmente quando entrávamos em uma área mais
antiga.
E era agitada. Muitas pessoas, muitos carros. Toneladas de
barulho também, para um lugar tão antigo e histórico.
“O primeiro apartamento de Connor é bem aqui,” disse
Maddox, apontando pelo para-brisa. “Mais três quarteirões, depois
vire à esquerda.”
Fiz isso, e paramos diante da casca enegrecida de uma
estrutura de três andares muito grande, muito velha e muito
destruída.
“Caramba.”
Um incêndio se alastrou aqui, e não um particularmente
amigável. Ele consumiu todo o complexo para o qual fomos guiados
e parte do prédio ao lado também.
“Beco sem saída,” Maddox suspirou decepcionado. Embora ele
parecesse distraído, seus olhos ainda estavam examinando
astutamente em todas as direções. “Certo, o que vem a seguir?”
“Lado leste,” respondeu Austin, apontando. “Cinco quilômetros
naquela direção.”
Ele digitou um novo endereço, em seguida, prendeu o telefone
no suporte do painel. Todos nós pegamos novos, imediatamente
após nosso primeiro encontro com o SUV preto. Droga, eu ainda
estava me acostumando com o antigo.
“Seu irmão morava aqui e ele nunca falou com você sobre
isso?” Maddox perguntou.
“Não.”
“Então devia estar em uma baita confusão,” ele respondeu.
“Connor sempre falava sobre você.” Ele sorriu alegremente. “E ele
sempre ansiava por voltar para casa.”
Devolvi o sorriso, desejando poder voltar no tempo. Desejando
poder fazer as coisas diferentes com um simples aviso, algo que
pudesse mudar o triste caminho que acabou com sua vida.
Sufocando a emoção, eu segui as instruções na tela nos
direcionando para o segundo apartamento do meu irmão. Dirigi
intencionalmente devagar, para que pudesse absorver o máximo
possível da cidade.
“Puta que pariu,” Austin disse abruptamente do banco de trás.
“Eu realmente gostaria que seu irmão tivesse contatado um de nós.”
Maddox assentiu. “Ou todos nós,” ele disse. “O que quer que
ele estivesse fazendo, foi tolice dele tentar tomar tudo para si
mesmo.”
Ele pareceu se arrepender das palavras imediatamente,
olhando para mim com mais do que um pouco de medo. Mas eu
apenas ri.
“Você conhecia mesmo Connor?” brinquei. “Desde quando
você teve notícia de que ele tenha pedido ajuda para qualquer
coisa?”
Maddox deu uma risadinha. A cabeça de Austin balançou em
concordância. “Seu irmão estava sempre oferecendo ajuda em vez
de pedir,” ele disse. “Provavelmente é por isso que foi tão difícil para
ele estender a mão.”
Continuamos, e a conversa derivou com carinho para Connor.
As pequenas coisas que ele fazia. As manias e idiossincrasias que
ele tinha, como sempre deixar a televisão ligada, ou não fechar a
porta do banheiro sempre que a usava. Foi emocionante saber que
eu não era a única que tinha que sofrer essas coisas. Eles também
viveram isso.
De uma forma estranha, mas distante, isso manteve sua
memória viva.
“Ele enfiava todos os condimentos em gavetas aleatórias da
geladeira?” perguntou Austin.
“Sempre,” eu ri. “Eu não conseguia achar nada nunca.”
“Eu acho que ele fazia isso de propósito,” sorriu Maddox. “Ele
nem usava ketchup, mas sempre o guardava em algum lugar.
Escondendo-o e...”
Sua frase parou tão abruptamente que eu realmente me virei
para encará-lo. Sua expressão ficou repentinamente séria. Pior
ainda, seus olhos estavam fixos no espelho retrovisor.
“Você vê o que eu estou vendo?”
“Sim,” Austin disse do banco de trás.
Ouvi o clique de uma trava de segurança sendo liberada. O
barulho de uma bala sendo trazida para a câmara.
Ai, merda.
Eu verifiquei o espelho também. Havia outro veículo, talvez três
carros atrás de mim, sendo guiado na mesma velocidade lenta.
Agarrei o volante com força por um momento, então me lembrei de
relaxar. Se eu tivesse que agir rápido, ter meus braços travados e
meus ombros tensos poderia ser um grande problema.
“O que eu devo fazer?”
“Nada ainda,” disse Maddox. Ele abandonou o espelho e
estava olhando por cima do ombro agora. “Vire à direita, no entanto.
Assim que você puder.”
Eu fiz isso, e sem dar seta. Metodicamente, o outro veículo fez
o mesmo.
“Esta rua atravessa,” disse Austin, olhando para a tela de seu
telefone. “Mas ela se estreita primeiro.”
Os dois se encararam, e toda uma conversa se passou entre
eles. Austin sorriu. Maddox assentiu.
Eu dei um pequeno pulo quando uma terceira arma foi
cuidadosamente colocada no meu colo. Eu poderia dizer que já
estava armada e carregada.
“Acione os freios com força quando mandarmos,” disse
Maddox, “e pare rapidamente.”
Eu estava nervosa. Assustada. Um pouco confusa.
Mas também empolgada.
“É hora de algumas malditas respostas.”
Capítulo 38

DALLAS

Esperamos até passarmos pelo ponto de estrangulamento, até


que a rua lateral terminasse de se estreitar e estivesse prestes a se
abrir novamente. Foi quando Maddox bateu duas vezes no meu
joelho e eu parei o carro.
Uma fração de segundo depois, tudo aconteceu de uma vez.
Os caras deixaram o carro de ambos os lados, as portas se
abriram enquanto eles se aproximavam do veículo atrás de nós.
Tiros soaram — dois rápidos disparos para o ar em vez de contra
um alvo.
Saí pelo meu lado, encurvada atrás da porta e segurando
minha arma. Movendo-se rapidamente, Maddox e Austin avançaram
no carro que nós prendemos no beco. Não havia para onde ir, a não
ser voltar. Apenas espaço suficiente em ambos os lados do veículo
para abrir as portas sem bater nos tijolos.
“Devagar, devagar!”
O veículo parou e dois homens desceram, imediatamente
erguendo as mãos no ar. Meus SEALs pegaram cada um com uma
arma, revistando-os, certificando-se de que não estavam armados
antes de empurrá-los com a face para baixo no capô do que parecia
ser um velho Ford Bronco.
“Por que vocês estão nos perseguindo?” Maddox perguntou,
agarrando um cara pelo colarinho. “O que vocês estão tentando...”
“Ordens.”
Lentamente, baixei minha arma. Meus dois amantes olharam
um para o outro.
“Estamos apenas seguindo ordens, senhor,” disse o mais baixo
dos agora prisioneiros. “O Suboficial Chefe Woodward nos enviou
para encontrá-los. Para dar um aviso, e...”
Maddox girou o punho dele e o forçou para baixo. O motorista
do outro veículo gritou de dor.
“Um aviso?” ele desabafou com raiva. “Quem diabos é
Woodward para...”
“Não de nós, senhor! De... de...”
“Mano, relaxe.”
As palavras de Austin fizeram Maddox olhar para cima. Ele
deu-lhe um aceno firme.
“Eu conheço Woodward,” disse Austin. “Pelo menos
parcialmente. Ele é uma boa pessoa. Se enviou esses caras, eles
são honestos.”
Lentamente nós relaxamos. Meio minuto depois, todos
estavam de pé, o cara que dirigia o Bronco ainda esfregando o
pescoço.
“Desculpe se assustamos vocês,” disse o passageiro. Ele era
mais alto que o motorista e estava bem barbeado, cabeça raspada e
tudo. Ambos os homens usavam roupas casuais. “Woodward disse
que vocês viriam. Nos disse para rastreá-los, marcar uma reunião
com ele.”
Maddox parecia confuso. “Quem é Woodward?” ele perguntou,
mais para Austin do que para os outros.
“Um dos oficiais que cuida de algumas coisas aqui,” Austin
respondeu. “Programas especiais. Biodinâmica, eu acho.” Ele olhou
para o passageiro. “Estou certo?”
“Sim senhor,” o homem disse. “O Laboratório de Biodinâmica
Naval está praticamente fechado, mas há muitos remanescentes. O
Suboficial Chefe Woodward está encarregado de organizar as
coisas. No entanto, ele não está aqui agora. Não por alguns dias.”
“É por isso que eles nos enviaram,” acrescentou o outro
soldado. “Nós deveríamos encontrar vocês. Entregá-los isto.”
Ele enfiou a mão no bolso da camisa e tirou um telefone. Não
era um smartphone. Era um daqueles modelos pré-pagos com
abertura de flip, sem nenhum recurso. Exatamente o que a polícia e
os traficantes de drogas nos filmes sempre chamavam de “celulares
descartáveis.”
“O Suboficial Chefe Woodward precisa se encontrar com
vocês,” disse o motorista. “Ele vai ligar quando estiver tudo certo.
Até lá, ele nos disse para instruí-los a ficarem quietos. Vocês já
estão sendo observados…”
Com isso, todos os quatro examinaram o pequeno beco
sombrio. Tudo estava quieto, e o som do ruído ambiente da cidade,
bem distante.
“Vigiados?” Austin perguntou com ceticismo. “Acabamos de
chegar aqui.”
“Nós sabemos. Vocês deram entrada no hotel Sierra algumas
horas atrás.”
Maddox xingou vigorosamente, uma torrente de palavrões que
terminou com ele balançando a cabeça para o chão.
“O carro não é bom também,” disse um dos soldados.
“Recebemos ordens para mudar.”
Ele jogou um molho de chaves para Austin, e ele as pegou
habilmente. Os dois SEALs olharam para mim, depois um para o
outro.
“E agora?” perguntou Maddox. “Nós ficamos de mãos atadas
até que Woodward ligue?”
“Mais ou menos disso,” disse o careca se desculpando.
“Woodward disse que vocês deveriam mudar as investigações.
Mudem-se para o French Quarter, onde as multidões facilitam a
mistura. Conseguimos um local onde vocês podem desaparecer
pelas próximas 36 a 48 horas, até que o telefone toque.”
“Relaxe um pouco,” disse o outro cara. Ele até mesmo sorria.
“Aproveite o Mardi Gras.”
Minha boca se abriu. “Mardi Gras?”
De repente fazia sentido. O barulho. O trânsito. O grande
número de pessoas. Ficamos na parte alta da cidade, então não
estávamos realmente nas áreas de festas maiores. Mas agora...
“Mardi Gras... o Carnaval de Nova Orleans...” eu repeti com
admiração.
Todos os quatro rapazes estavam olhando para mim agora. A
boca de Austin se curvou em um sorriso.
“O que, você realmente não se deu conta de que mês era?”
Capítulo 39

DALLAS

Uma vez que chegamos ao coração da cidade, foi como estar


imerso em esplendor. Por um lado, era sexta-feira à noite. O final de
semana antes da ‘Terça-feira gorda’. O GRANDE final de semana,
ou assim eu li, ou então vi em dezenas de vídeos online
espetaculares.
Nenhum deles, no entanto, fazia a esta festa uma verdadeira
justiça.
O French Quarter era uma impressionante variedade de
arquitetura em estilo espanhol do século XVIII, salpicada com um
toque moderno. Andar por suas ruas de trezentos anos era
inspirador o suficiente, sem esbarrar em dragões, zumbis e belos
rapazes e moças com máscaras pintadas. Tudo o que eu via me
tirava o fôlego; a diversão e emoção do carrossel despreocupado, a
explosão de imagens, cheiros e sons que compunham a festa de
uma semana do Mardi Gras.
Era tudo incrível pra caralho.
A melhor parte era o anonimato. Nós nos misturávamos
perfeitamente em uma multidão de milhares, e podíamos usar
disfarces para sair. Depois de pegar uma rodada de bebidas e um
pouco de comida de rua, subimos a Bourbon Street. Caminhamos
de mãos dadas para não nos separarmos, eu feliz no meio.
“Máscaras?” perguntou Austin, aproximando-se de um
vendedor. “Só para ficarmos mais seguros?”
Maddox deu de ombros. “Por que não?”
Alguns minutos depois, ambos os meus amantes usavam
meias-máscaras cuidadosamente confeccionadas que cobriam os
olhos e o nariz. A de Austin era algum tipo de demônio preto e
vermelho, que parecia tanto feroz quanto legal. A máscara de
Maddox foi pintada para parecer metal, com todos os parafusos,
rebites e placas de aço entrelaçados, congelados na careta de um
guerreiro.
“Agora você,” disse um deles.
“Já estamos um passo à sua frente.”
Eu os puxei para uma segunda vendedora, que estava
pintando rostos. Sentei-me enquanto ela colocava cor após cor
sobre mim, ao redor dos meus olhos e bochechas. Quando ela
finalmente me entregou um espelho, eu estava olhando de volta
para uma máscara de pavão azul e dourado, toda fina, emplumada
e linda.
“Tudo bem,” disse Maddox, deslizando sua mão de volta na
minha. Seu aperto era forte, seu sorriso caloroso. “Agora podemos
nos divertir um pouco.”
Caminhamos mais um pouco, abrindo caminho por entre a
multidão festiva e feliz. Teria sido difícil para mim, evitar as pessoas
bêbadas prontas para pisar em meus pés... se não fosse por
Maddox e Austin no final de cada braço. Como ambos tinham mais
de um metro e oitenta e eram imponentes pra caramba, me foi dado
muito espaço. Mesmo na Praça Central, onde o grande número de
corpos ondulantes amontoados teria dado um ataque cardíaco até
mesmo ao mais firme bombeiro.
Era tudo bom, porém, e tudo parte da cena. Vimos três desfiles
diferentes, cada um mais bonito e maravilhoso que o anterior. Eles
passaram lentamente pela multidão de bêbados aplaudindo,
jogando contas em todas as direções como serpentinas.
Peguei mais do que minha cota e nem precisei levantar minha
camisa. Não que eu não pudesse fazer isso. Depois de mergulhar
em alguns bares diferentes para drinques e doses, certamente não
faria diferença para mim.
“Você ainda está feliz?” Austin sorriu, me beijando enquanto a
multidão aplaudia outro carro alegórico passando.
“Estou na porra do Paraíso,” praticamente gritei em seu ouvido,
antes de mordê-lo de brincadeira.
Ambos estavam me beijando constantemente. Os dois me
agarrando, me segurando, me puxando contra seus corpos rígidos e
esbeltos. Em qualquer outra circunstância, teria sido totalmente
ultrajante – dois homens fortes compartilhando a mesma mulher
entre eles, dando uns amassos com ela publicamente, andando com
uma mão em cada lado de sua bunda.
Mas aqui no Carnaval... ninguém nem piscou.
Caramba, eu queria morar aqui.
Bebemos mais um pouco, e os rapazes foram disciplinados o
suficiente para manter sempre o controle. Eu mesma fui inteligente o
suficiente para me manter hidratada também. Eu carregava uma
garrafa de água comigo em todos os lugares que íamos e a enchia
sempre que podia. Também ajudou quando finalmente pegamos um
'jantar' muito atrasado, sentando para comer petiscos em algum
café fofo ao ar livre que estava prestes a fechar.
A noite foi passando. As ruas se estreitaram. Já passava da
meia-noite, mas eu nem estava cansada! Meu coração estava
acelerado, minha pele corada com o sangue bombeando em minhas
veias. Eu não queria que isso parasse nunca. Que nunca tivesse
fim. Era tudo perfeito demais.
“Nosso hotel,” Maddox apontou com o queixo, tentando não
derramar sua última cerveja, “é bem ali.”
Virei-me para olhar para o edifício antigo e retorcido. Séculos
de idade, era absolutamente lindo. Varandas de ferro forjado
entrelaçavam a estrutura de vários níveis, que ficava no meio de
uma rua lateral, logo após a via principal.
O braço de Austin deslizou em volta de mim por trás, me
puxando para ele. Ele colocou seus lábios bem na minha orelha.
“Vamos continuar a festa lá dentro?” ele murmurou
sugestivamente.
A essa altura eu estava absolutamente excitada. O álcool tinha
me soltado, assim como todos os beijos e toques. Meu encontro
matinal com Kane me deixou com tesão como o inferno. Se nosso
avião não estivesse partindo, eu teria me virado e o deixado duro de
novo... pulado em cima dele e montado até que ambos víssemos
estrelas.
Deus, isso foi realmente esta manhã? Este foi o dia mais longo
e glorioso da minha vida.
Em resposta eu me virei, jogando meus braços ao redor de
ambos. Eu os beijei cada um de uma vez, com calor e paixão,
deslizando minha língua em cada uma de suas bocas. Quatro mãos
foram para o meu corpo. Vinte dedos exploraram para baixo,
deslizando sobre minhas costelas, meus quadris, minha barriga...
Ah meu Deus.
… e ainda mais para baixo.
“Isso...” eu suspirei, minha voz engolida pelo barulho da
multidão.
Austin me puxou mais apertado contra ele. Uma mão entrou
pelo meu cós, dois dedos deslizando para baixo para pairar sobre o
meu clitóris. Minha calcinha já estava encharcada.
“Nós não estamos escutando você.”
“Ah porra...” eu gemi, me contorcendo em seus braços. Então,
mais alto, “eu disse ISSO.”
“Você a escutou, mano?” Austin brincou. “Eu acho que ela
disse alguma coisa.”
Maddox pegou meu rosto com as mãos. Ele baixou seus lábios
nos meus e me deu o beijo de boca aberta mais quente e molhado
da minha vida.
Puta merda.
Um dedo deslizou para dentro de mim. Ele entrou tão
facilmente que eu podia sentir a umidade se acumulando ao longo
do interior das minhas coxas.
Se eu não fizesse algo logo eles iam me foder na rua.
“Levem-me de volta para o nosso quarto,” eu disse para os
dois. “AGORA.”
Austin levantou uma sobrancelha. Maddox riu abertamente.
“Levar você de volta e o quê?”
Eu coloquei uma mão entre cada uma de suas pernas. Os dois
estavam duros.
“Leve-me de volta para o nosso quarto,” eu grunhi, dando um
aperto em cada um deles. “E me fodam sem dó.”
Capítulo 40

DALLAS

Nosso segundo hotel era menor e mais aconchegante que o


primeiro. Fornecido pelos homens de Woodward – que também
mandaram buscar nossas coisas – também era mais antigo e muito
mais histórico. Mais apertado em termos de espaço, tinha uma
grande vantagem: somente uma cama king size.
“É melhor vocês estarem sem roupas,” gritei do banheiro
minúsculo.
A voz de Maddox flutuou em uma risada. “Saia e veja.”
Eu ajustei minhas meias arrastão até a coxa. Elas terminavam
em rendas, presas a uma liga vermelha e preta por cintas liga de
encaixe. Um sutiã de cetim vermelho cereja e uma calcinha fio
dental combinando completavam minha roupa, junto com minhas
contas de carnaval.
Muitas contas.
“Entre aqui ou vamos atrás de você!”
“Isso aí,” ouvi Austin concordar. “Até você chegar aqui, somos
apenas dois caras deitados desconfortavelmente juntos na cama!”
Essa última parte me fez rir. Apaguei a luz e cambaleei para a
frente, parando na porta. Movendo meus quadris para a esquerda e
para a direita, dei um giro lento para que eles pudessem obter o
efeito completo.
“CARALHO...”
Austin exclamou. Maddox assobiou. Os dois estavam deitados
de cada lado da cama, nus, exceto por suas cuecas. Suas boxers
volumosas. Dessa parte eu mal conseguia tirar os olhos.
“Vocês trocaram as máscaras?” sorri, me aproximando da
cama. Maddox era o demônio agora, Austin o guerreiro. “Acharam
que eu não iria notar?”
Ou eles fizeram isso por diversão ou estavam realmente
tentando me enganar. O que era ridículo, claro, porque eu já
conhecia cada centímetro delicioso de seus corpos.
“Nada passa batido por você,” disse Maddox.
“Não.”
Meus joelhos bateram na cama, e agora eu estava rastejando
em direção a eles. Rastejando entre eles. Meus amantes pareciam
incríveis na meia-luz cintilante – todo o conjunto de pele, tendões e
músculos, quentes e deliciosos. O brilho mais fino de suor mostrava
cada ondulação magnífica de suas barrigas chapadas, cada uma
com seu próprio conjunto de seis gomos.
Puta merda, Dallas! minha mente exclamou.
Austin puxou a cueca para baixo, e seu pênis saltou livre. Ele
fechou a mão sobre ele e começou a acariciá-lo lentamente para
cima e para baixo... um visual que me deixou instantaneamente
molhada.
O que diabos você fez para merecer isso?
Do lado de fora da nossa pequena varanda pitoresca, os sons
de risos e festas distantes ainda estavam diminuindo. Os rapazes
chegaram até mim juntos, cada um aproximando a mão de um lado
do meu rosto. A palma da mão de Maddox estava quente,
acariciando suavemente minha bochecha. Fechei os olhos e inclinei-
me contente para ele, assim que Austin deslizou o polegar
lentamente, sensualmente, em minha boca.
Uau...
Senti minha respiração ficar fraca. As últimas vinte e quatro
horas foram o auge da minha existência; meu melhor dia de todos.
E estava prestes a melhorar...
Eles me puxaram para frente entre os dois, para baixo na
suavidade da cama. Então começaram a me beijar. Fizeram isso
repetidamente, suas mãos explorando livremente meu corpo, minha
pele, o cetim e a seda da minha lingerie. Eles se revezaram me
beijando até eu ficar tonta; até que minha cabeça estivesse nadando
de luxúria, necessidade e desejo.
E havia outra coisa também. Algo que me deixou quente e
formigando. Quase até tonta por dentro.
Você está se apaixon....—
Uma mão deslizou entre minhas pernas e minhas coxas se
separaram automaticamente. Eu estava de costas, olhando para
cima. Olhando para dois dos rostos mais bonitos e esculpidos que
eu já conheci. Austin estava arrastando sua língua no meu pescoço.
Plantando beijos em todos os pontos mais sensíveis, enquanto seu
hálito quente provocava arrepios na minha pele.
E Maddox...
Ah Deus.
Maddox estava mordiscando meu estômago. Beijando cada
vez mais embaixo, até que ele alcançou a fina faixa de pele entre
minha liga e minha calcinha, tão úmida que já estava dois tons mais
escura do que quando eu a coloquei.
Sua boca se aproximou do meu monte. Então minhas costas
arquearam, minhas mãos agarrando os lençóis debaixo de mim
enquanto ele soprava um fluxo constante de ar quente direto através
do meu fio dental e diretamente na minha boceta.
“Unnnnghhhhhhh!”
Saiu como um gemido – cru, alto e totalmente puro. Não havia
necessidade de discrição. Sem necessidade de ficar quieta. Eu
poderia berrar se quisesse; poderia deixá-los me bater, me
espremer e me esmagar sob seus corpos. Poderia gritar alto
enquanto me prendiam entre eles, ‘destruindo-me’ completamente
de ambos os lados...
E ninguém no mundo inteiro saberia, além de nós.
Meu sutiã desceu e uma boca quente se aproximou de um
mamilo. Austin beijava um seio enquanto apalpava o outro. Girando
uma protuberância dura com firmeza entre os dedos, enquanto
traçava círculos ao redor da minha aréola com a ponta de sua língua
quente.
E lá embaixo…
“MmmmMMmMMMMM...”
Maddox estava me deixando louca. Ele ainda estava soprando,
mas agora estava sussurrando também. Comendo-me através da
minha calcinha, lambendo, beijando e chupando minha boceta com
nada além da menor e mais úmida tira de tecido separando sua
boca ansiosa da minha fenda dolorida e latejante.
Como diabos eu cheguei aqui?
Era uma pergunta válida. Se eu tivesse conhecido esses
homens um ano e meio atrás, teria sido como irmãos de armas de
Connor. Haveria apertos de mão educados e sorrisos calorosos,
talvez algumas bebidas e algumas histórias. Mas seria apenas isso.
Essa teria sido a extensão total do nosso relacionamento porque
eram os amigos do meu irmão... e os amigos do meu irmão sempre
estiveram fora dos limites.
Mas agora...
Engasguei quando a língua de Maddox deslizou dentro de
mim. Ele finalmente puxou minha calcinha para um lado, então
mergulhou para me devorar adequadamente. Suas mãos foram para
minhas pernas cobertas pelas meias, abrindo-as ainda mais.
Engoli em seco, passando pela pulsação do meu batimento
cardíaco frenético. Não, agora as coisas eram diferentes. Agora eu
estava tão perto desses homens quanto Connor esteve, se não
através do combate, pelo menos mental e emocionalmente. E
fisicamente...
Bem, fisicamente eu o venci.
Isso é loucura isso é loucura isso é loucura...
Minha cabeça se debateu de um lado para o outro enquanto eu
prendia meus punhos no cabelo de Maddox. Eu o estava chupitando
agora. Rebolando meus quadris nele como uma prostituta
gananciosa e carente. Olhei para baixo e vi que estava sendo
comida por um demônio. A imagem era tão excepcionalmente
excitante que eu queria gravá-la em meu cérebro…
Minhas contas deslizaram ruidosamente enquanto Austin as
tirava do caminho. Ele estava provocando meus mamilos,
alternando entre lamber um e puxar o outro. A maneira como
pegava e esfregava meus seios era maravilhosa. Suas mãos e
dedos pareciam perfeitos em mim, tão fortes, tão masculinos.
Deus, eu realmente poderia viver minha vida assim...
O pensamento flutuou aleatoriamente, através da minha névoa
de euforia. Pela primeira vez eu realmente considerei isso. Poderia
ser assim, se os rapazes me quisessem do jeito que eu os queria.
Nós quatro poderíamos fazer isso funcionar... talvez. Pelo menos
por um tempo.
Você poderia, no entanto?
Suspirei, mordendo o lábio, enquanto todos os novos níveis de
excitação surgiam de dentro. Sem aviso, eu estava me contorcendo,
me contraindo, gozando por todo o rosto do meu amante. Regando
seus lábios e língua com um fluxo de líquido quente, quando
esguichei pela primeira vez desde minhas tentativas fracassadas na
época da faculdade.
“DEEEEEUS!”
Eu fiquei literalmente fora de mim. Minha cabeça caiu para trás
no travesseiro enquanto meu corpo se contorcia, minhas mãos
apertando incontrolavelmente em torno de punhados grossos do
lindo cabelo loiro de Maddox. Ainda agarrada a ele, gritei para um
céu imaginário, ainda gozando, ainda esguichando. Apenas
vagamente consciente do calor e da umidade, em algum lugar além
da pura euforia branca do meu orgasmo arrasador.
Quando voltei a mim, meu peito arfava. Meu estômago vibrava
para dentro e para fora com cada respiração irregular. Olhei para
baixo apreensiva, e tudo estava encharcado. Incluindo Maddox.
“Desculpe pela bagunça,” sorri me desculpando. “Eu...”
“Não se desculpe.”
Minhas coxas se abriram quando ele deslizou entre elas. A
ereção que Maddox segurava em seu punho era massivamente
dura, a cabeça inchada e enorme. Parecia uma pequena maçã à
medida que ele a guiava contra meu sexo pulsante e brilhante...
enquanto Austin embalava minha cabeça em seu colo quente e nu.
“Isso nem começa a descrever a bagunça que estamos prestes
a fazer com você…”
Capítulo 41

DALLAS

Eu já estava delirando quando ele começou a me foder. Meus


gemidos de prazer se transformaram em suspiros quando Maddox
enfiou seu pênis profundamente, a cabeça latejante arrastando
maravilhosamente contra minhas paredes internas.
Olhei para ele e vi uma nova fome em seus olhos, uma
necessidade incontrolável de me possuir. Ele não estava brincando
em serviço agora. Totalmente dedicado à tarefa em mãos, que no
momento incluía entrar e sair do meu corpo macio, de maneira
rápida e forte.
Mmmmm...
Distraidamente eu me perguntei se sua expressão era assim
no campo de batalha. Aquele Maddox amante da diversão… de
repente estava intensamente focado, desprovido de humor. Ele
estava me estocando agora com golpes fortes e poderosos, sem se
dar conta que seus dedos estavam se transformando em garras
enquanto ele prendia meus joelhos de cada lado da minha cabeça.
Eu estava batendo lindamente contra seu corpo duro como pedra.
Olhando para ele com fascínio e admiração, com felicidade e luxúria
e sim... até mesmo amor.
Amor.
Caramba, aí estava aquela palavra novamente.
Um sentimento quente e formigante tomou conta de mim,
percebendo todas as novas borboletas que vibravam pelo meu
estômago. Resolvi ignorar essas emoções por enquanto. Colocá-las
de lado e me concentrar na tarefa em questão.
“Droga mano,” Austin riu. “Assim você vai quebrá-la.”
A dor agradável dentro de mim teria me dito que isso era
verdade, mesmo se eu não estivesse assistindo ao vivo Maddox me
foder. Um dedo – não, um polegar – entrou na minha boca, e eu
virei minha cabeça para chupar. Austin segurava os dois lados do
meu rosto. Ele prendeu meu cabelo para trás sobre minhas orelhas
enquanto eu chupava seu dedo grosso em minha boca faminta e
ansiosa.
E continuou, Maddox me fodendo cada vez mais fundo até que
eu pude sentir lágrimas de alegria se acumulando nos cantos dos
meus olhos. Em algum lugar no fundo da minha mente, minhas
pernas doíam. Seus dedos estavam, sem dúvida, deixando
hematomas na parte inferior das minhas coxas, e os músculos das
minhas pernas estariam doloridos amanhã por serem esticados
além de todos os limites normais.
Nossa... nossa mãe...
Jesus Cristo, eu iria gozar novamente. Se ele continuar me
fodendo assim...
“Você vai dar licença em algum momento?” Austin zombou:
“Ou eu vou ter que tirar você daí?”
Maddox me deu mais umas duas dúzias de estocadas antes de
reagir à declaração de seu amigo. Ele parecia realmente frustrado
quando se retirou.
“Vire-a,” disse Austin. “Eu tive uma ideia.”
Eles me viraram juntos, com a mesma facilidade com que
jogavam um travesseiro. Austin me pegou pelos pulsos, puxando
meus braços sobre minha cabeça. Então ele me arrastou para
baixo, para um canto da cama.
“Abaixe a cabeça.”
Eu fiz o que ele disse. Eu estava de bruços, com a bunda para
cima e toda molhada. De joelhos com minha boceta ainda latejando,
pronta para qualquer coisa.
De repente, senti um puxão. Um momento depois, Austin
estava pegando minhas contas e puxando-as sobre minha cabeça.
Devia haver algumas dúzias delas, formando colares de carnaval de
plástico baratos pintados em todos os estilos e cores imagináveis.
Ele juntou alguns e começou a envolvê-los em volta dos meus
pulsos...
Ah uau.
Sozinhos eles eram finos e frágeis. Juntos, tornavam-se um
tipo forte de corda trançada. Austin enrolou alguns juntos,
amarrando meus pulsos esquerdo e direito até que eles estivessem
apertados um contra o outro. Então enrolou mais colares neles e
amarrou tudo no canto da cabeceira da cama.
“Concluído. Agora ela está pronta.”
Eu torci um pouco, testando minhas amarras. Elas estavam
firmes. Muito mais firmes do que eu pensei que estariam para um
monte de contas de plástico.
“Vamos,” ele disse. “Tente sair dessa.”
Eu puxei com mais força, mas o resultado foi o mesmo. Eu
estava irremediavelmente amarrada à cama, de bruços, meus
braços acima da cabeça.
Uma mão calejada foi para minha bunda. Esfregou minha pele
lentamente, em círculos tentadores. O toque foi maravilhoso... até
que a mão me deixou e desceu com força com um tapa alto.
“AHHH!”
“Prepare-se,” grunhiu Austin, enquanto se posicionava atrás de
mim. “Você está prestes a se divertir.”
Não tanto quanto você, eu queria dizer, mas não disse. Eu já
estava sem fôlego. Totalmente excitada pelo que iria acontecer
comigo.
Sua mão desceu uma segunda vez, depois uma terceira. Cada
vez eu me encolhia, mas agora comecei a apertar minha mandíbula
com a dor maravilhosamente requintada. Eu não apanhava há
séculos. E nunca desse jeito... Nunca desse...
“POOORRA.”
Austin despejou a palavra como um xingamento quando
afundou em mim. Parecia que eu estava sendo dividida ao meio. Ele
estava maior e mais duro do que nunca, e o ângulo para baixo
deixou minha boceta tão apertada que ele mal conseguia completar
a estocada. Se eu não estivesse tão excitada, molhada pra
caralho...
Ele enfiou-se confortavelmente em mim, até que eu pudesse
sentir a ondulação dura de seu abdômen contra a minha bunda. Eu
estava tentando engolir, mas era como se houvesse uma bola de
beisebol na minha garganta.
“Você gosta de ser preenchida assim, não é?”
Sua voz estava tensa e irregular, como cascalho. Seus dois
lábios quentes estavam pressionados contra minha orelha.
“Sim.”
Saiu um pouco fraco demais, manso demais para ele. Ele
trouxe sua mão para baixo novamente, batendo na minha bunda, e
eu gritei de dor e prazer.
“SIM!” Eu repeti, desta vez balançando a cabeça e mordendo
meu lábio.
Austin aceitou minha resposta desta vez, e veio direto me
foder. Cada puxão era puro prazer. Cada golpe de retorno me
esticava contra minhas amarras. As contas batiam umas contra as
outras, em ritmo constante com nosso ato de amor. Só que isso não
era fazer amor. Eu estava sendo total e completamente fodida.
Era isso o que você queria, não era?
Caralho, sim, era. Eu até pedi isso.
Tenha cuidado com o que você deseja...
De repente me dei conta da presença do meu outro amante, de
pé diante de mim junto à cama. Estendi a mão para ele e tive folga
suficiente para puxá-lo pela base do seu pau. Minha boca abriu.
Esperei até que o momento fosse perfeito, então o deslizei entre
meus lábios.
“Lá vamos nós,” Austin grunhiu. Ele me deu outro tapa, mas
este foi mais um incentivo do que uma advertência. “Porra, ver você
juntos assim...” Ele veio em mim com força, levando seu amigo
profundamente em minha garganta. “É excitante pra caralho.”
Continuei assim, chupando um amante, sendo fodida pelo
outro. Ambos mergulhando em meu corpo, de novo e de novo, pela
frente e por trás. Eu estava maravilhosamente presa entre eles.
Vivendo a fantasia mais profunda e sombria de toda garota.
Tão bom...
Tudo era incrivelmente excitante. Tão além do alcance da
realidade, eu mal conseguia manter meus sentidos. Eu estava
gritando na coxa de Maddox enquanto Austin me fodia. Segurando a
base de seu pênis, mais para impulsionar do que por verdadeiro
prazer.
Bom pra caralho!
Minha pele estava corada, meus olhos selvagens. Maddox de
repente deu um passo para trás e me agarrou pelos cabelos,
puxando minha cabeça para encará-lo. Seus olhos muito azuis
perfuraram os meus.
“Olhe.”
Ele pegou meu queixo e guiou minha cabeça. Havia um
espelho de corpo inteiro no quarto, e só agora percebi que eles o
haviam mudado. Do ângulo em que eu estava, eu podia ver nós três
perfeitamente centrados.
“Quanta elegância,” dei uma risadinha, balançando a cabeça.
Maddox riu maliciosamente. “Nós achamos que você iria gostar
disso.”
Ele me deu um beijo molhado, em seguida, mergulhou de volta
em minha boca. Meus olhos ainda estavam no espelho, porém, me
observando enquanto eu estava como um espetinho de churrasco
entre eles. Suspirei, deleitando-me com a obscenidade de me deixar
levar, de me prostrar diante desses dois homens fortes e poderosos.
Permitindo que eles me pegassem da maneira que quisessem. Eu
diria qualquer coisa por eles. Faria qualquer coisa...
Você é tão puta!
A palavra não tinha nenhuma conotação negativa aqui. Era a
sensação mais incrível do mundo, ser compartilhada livremente
assim. Liberação total; prazer sem julgamento, ou expectativas, ou...
“Estou quase...”
A voz de Austin veio flutuando atrás de mim, onde ele ainda
estocava. Seu ritmo era o mesmo, mas sua respiração havia
mudado. Por alguma razão, isso me deixou orgulhosa. Orgulho de
poder cansar alguém como ele. Um SEAL da Marinha, em ótimas
condições físicas…
Você vai... gozar novamente...
Na frente eu estava fazendo o melhor que podia. Mantendo
meus lábios firmemente em torno de Maddox enquanto seu amigo,
seu irmão de armas, me penetrava lindamente por trás.
“Eu não consigo... não consigo segurar...”
“Então não segure,” eu disse, virando minha cabeça para
encarar Austin. Sorri para ele maliciosamente. “Venha, baby. Goze
em mim.”
As mãos de Austin esmagaram meus quadris e lá estava – seu
grunhido de prazer, de triunfo, de última liberação. Ele deu uma
última estocada e então ficou total e completamente imóvel,
enterrado até o fim na minha boceta.
“NNNNGHHH!”
Eu podia senti-lo latejando e pulsando, explodindo dentro de
mim. Enchendo-me com seu fogo líquido. Isso desencadeou meu
próprio clímax, que percorreu meu corpo. Me fez gozar. Dissolveu,
por alguns breves segundos brilhantes, tudo o mais no universo... a
cama, o quarto, o pau de Maddox, ainda agarrado com força em
uma mão. Tudo simplesmente desapareceu, como poeira no furacão
do meu próprio orgasmo violento.
E então, no meio de tudo, começou a chover. Chovendo gotas
grossas e quentes em todos os lugares, quando o gozo de Maddox
espirrou quente por todas as minhas bochechas, meu queixo, meu
pescoço e testa.
Ahhhhhh...
Algumas das contas que formavam minhas amarras haviam se
quebrado, dando-me folga suficiente para me tocar. Abaixando-me,
consegui deslizar uma mão entre minhas pernas. Dois dedos
mergulhando nas profundezas da minha boceta bagunçada,
estendendo meu orgasmo enquanto Austin continuava me fodendo,
seu pau deslizando contra meus dedos.
Nós desabamos ao mesmo tempo, em um monte de suor, sexo
e gozo. Cada um de nós esgotados. Cada um de nós sorrindo.
“Bem...” Maddox grunhiu quando conseguiu respirar
novamente. Ele inclinou a cabeça na minha direção e sorriu
fracamente. “Você disse sem dó.”
Capítulo 42

DALLAS

Eles me compartilharam novamente, e novamente depois


disso. O tempo passou e o barulho do lado de fora diminuiu, mas
dentro do nosso pequeno quarto de hotel as coisas estavam apenas
esquentando.
De certa forma, era quase como uma competição. Parecia que
cada um dos meus amantes estava tentando provar algo para o
outro: quão duro ou profundo eles poderiam ir, quão rápido eles
poderiam se recuperar.
Ou isso, ou eles simplesmente não se cansavam de mim.
Perdi a conta de quantas vezes eles me pegaram. Eu fui fodida
na cama, no chão e até mesmo de pé contra a parede. Austin
colocava a mão sobre a minha boca enquanto Maddox me
enroscava no braço de algum sofá vintage de dois lugares... só para
eles trocarem de lugar, e começarem tudo de novo.
De tudo o que fizemos, no entanto, a varanda foi a minha
favorita.
Já era tarde — muito tarde — quando eles me arrastaram para
fora e me curvaram sobre a grade de ferro forjado. O ar estava frio,
as vistas e cheiros da cidade finalmente se extinguiram. A multidão
da praça principal havia se dispersado, exceto por alguns
retardatários bêbados vagando pelas ruas laterais como a nossa.
Era tão ousado quanto divertido, trepar do lado de fora à vista
de todos. Parada ali com minha pintura no rosto toda manchada,
minhas meias arrastão esfarrapadas penduradas nas minhas pernas
enquanto eles se revezavam me preenchendo por trás.
Deus, Dallas! Olhe para você!
Meu corpo estava tremendo por causa de toda a adrenalina.
Minhas ligas e a calcinha há muito haviam desaparecido. Minhas
mãos estavam presas ao corrimão com contas novamente, só que
agora a maioria delas estava quebrada ou quebrada.
Apenas imagine isso, pensei comigo mesmo.
Todo. Santo. Dia.
Sim, todo dia... desse jeito. Só que mais ainda, porque Kane
estaria lá também. Satisfazer as necessidades físicas e emocionais
de três robustos especialistas da Marinha parecia um sonho tornado
realidade. Só que não era um sonho, e poderia se tornar realidade,
e perceber essas coisas de uma vez me deixou com medo de
repente.
O jorro de orgasmo que tive na varanda foi muito parecido com
o primeiro, só que este me drenou completamente. Eu gemi como
uma prostituta, fazendo com que um trio de espectadores olhasse
para cima do beco. O que estávamos fazendo era inconfundível,
mas nosso público estava muito embriagado para se importar. Além
disso, era Mardi Gras. E também, já eram três ou quatro da manhã.
Um por um, meus amantes gozaram dentro de mim,
empurrando com tanta força que pensei que poderia cair a qualquer
momento. Em vez disso, agarrei o corrimão de ferro retorcido e
segurei com força, meu aperto tão forte que tive certeza de que
dobraria as barras.
Então desabamos na cama. Caímos exaustos nos cobertores e
no edredom macio.
O sono me pegou antes que minha bochecha pudesse
encontrar o travesseiro.
Acordei de bruços na semiescuridão do amanhecer iminente,
com a sensação de um pau duro entrando lentamente em mim.
Deste ângulo eu não sabia se era Maddox ou Austin. Mas não
importava. Eu abri minhas pernas de bom grado, deixando escapar
um gemido grogue e satisfeito enquanto eu era facilmente
preenchida por trás.
“MMMMmmmm…”
Tudo estava tão molhado. Tão quente, aconchegante e
confortável. O amante atrás de mim estava pressionado firmemente
contra minhas costas, pele com pele, me esmagando com força na
suavidade da cama. Eu podia sentir minha boceta jorrando ao redor
dele. Gotejando com o sexo.
Eu ainda quero.
Era mais do que óbvio pela forma como meu corpo reagiu. Por
mais cansada que eu estivesse, tudo ainda vibrava. Meus mamilos
ficaram duros.
Deus, eu ainda preciso disso.
“Abra para mim,” uma voz grunhiu. “O quanto puder.”
Eu ainda não sabia quem era, e essa parte foi a mais
emocionante de todas. O anonimato de ser fodida assim... de fingir
que poderia até ser um completo estranho. Alguém que eu nem
conhecia, me devastando, apenas se aproveitando do meu corpo
quente e privado de sono.
Um par de lábios mordiscou minha orelha. Um braço deslizou
ao redor da minha barriga, arqueando minha bunda para cima,
ajustando o ângulo de penetração. Meu amante enfiou-se em mim,
por todo o caminho, todo o caminho. Era lento. Preguiçoso. Bonito.
Eu gemi baixinho, minha cabeça pendeu para um lado. Meus
olhos se ajustaram o suficiente para distinguir a pele lisa e escura
do homem ao meu lado. Austin dormindo em paz, felizmente
inconsciente do que estava acontecendo a apenas alguns
centímetros de seu corpo semicoberto.
Então era Maddox. Ele era quem estava dentro de mim.
Eu mexi minha bunda de brincadeira, enroscando-a de volta
nele. Foi tão bom que eu estava praticamente ronronando. Ele
continuou voltando sempre que seu corpo duro batia contra minha
bunda macia e flexível. Ele estava perto de gozar. Perto de adicionar
mais uma carga dentro de mim, misturando-se com as outras.
Misturar com meus próprios fluidos quentes, até que...
De repente ele saiu de mim. Esperei que ele entrasse
novamente, ou mesmo a sensação quente de seu gozo jorrando em
todas as minhas costas nuas. Em vez disso, fui surpreendida com
algo muito diferente:
Ele estava pressionando a ponta de seu pau contra meu cu
enrugado e contraído.
Eu engasguei, meus olhos se arregalaram de surpresa. Foi
apenas a pontinha. Apenas o suficiente para me penetrar um
pouquinho. Minha boca abriu...
… e então de repente ele estava gozando.
Ah meu DEUS!
Todo o ar foi sugado dos meus pulmões quando eu o senti sair,
atirando longos e pesados jatos de sêmen quente diretamente na
minha bunda. Era quente e pegajoso. Totalmente sórdido, obsceno
e proibido.
E de alguma forma eu adorei.
Era incrivelmente indecente ser preenchida assim. Deitada ali
empurrada de cara no travesseiro, enquanto meu amante segurava
seu pau pressionado contra mim... enchendo minha bunda com seu
sêmen quente fervente.
Bom... pra... caralho.
Maddox continuou masturbando-se, drenando suas bolas
completamente. Bombeando até terminar, momento em que ele
afastou a ponta do seu pau da minha bunda.
Ele grunhiu de satisfação antes de virar, me deixando usada e
tremendo. Eu estava na mesma posição de quando ele me
acordou... só que agora, um fluxo constante de gozo quente estava
vazando do meu cu.
Eu adormeci, olhando para o amanhecer. Imaginando como
nos levantaríamos para enfrentar o dia, ou se poderíamos fechar as
cortinas e dormir durante todo o calor, embrulhados e aninhados
juntos.
A umidade continuou pingando por trás, escorrendo pela minha
boceta quente e dolorida. Fechei os olhos, saboreando o momento.
Foi de longe a coisa mais excitante que alguém já fez comigo.
Capítulo 43

AUSTIN

Caminhamos sob uma chuva leve, passando pelo que


poderiam ser escritórios, quartéis ou qualquer outra coisa. A base
era uma miscelânea de velho e novo. De estruturas modernas, mais
recentes, bem como edifícios de tijolo e cimento já existentes.
“Tem um gazebo aqui em cima,” disse o homem que
estávamos seguindo. “Podemos conversar lá.”
O suboficial Woodward era um homem baixo e atarracado, com
a estrutura subjacente de alguém de constituição mais poderosa na
juventude. Usava seu cabelo ralo com orgulho, em um estilo que ele
não tentava esconder. Também andava mais rápido do que a
maioria dos homens com pernas duas vezes mais longas que eu
conhecia.
Maddox estava se arrastando, o que era engraçado para mim.
Eu teria rido dele, mas eu estava me arrastando também. Nós dois
estávamos exaustos, ambos totalmente acabados pelas nossas
atividades das duas últimas noites. Também estávamos nos
habituando a dormir a primeira metade do dia e festejar a noite toda.
Mas ei, era Mardi Gras.
“Tudo bem,” disse Woodward, finalmente chegando ao nosso
destino. “Podemos conversar livremente aqui.”
O Laboratório de Biodinâmica Naval dos EUA existia desde o
início dos anos 1970, principalmente como um centro de pesquisa
médica. Foi parcialmente convertido na década de 90 para
acomodar outros escritórios navais, incluindo os de Woodward.
Agora mesmo estávamos em um velho gazebo, de pé
desafiadoramente ereto, mesmo que em um ângulo ligeiramente
torto. Antigamente, há muito tempo, teria sido muito bonito. No
entanto, no momento estava extremamente negligenciado. Mais
tinta do que madeira a essa altura.
“Se você vai nos dizer que seu escritório está grampeado...”
começou Maddox.
“Quer que eu seja honesto?” perguntou Woodward. “Quem
diabos sabe? Hoje em dia não confio em ninguém. Estou apenas
cumprindo o resto do meu tempo, terminando meus trinta e cinco
anos de serviço.”
Ele deu de ombros, recostando-se contra uma das velhas
grades de madeira. Mas não antes de testá-la com a mão primeiro.
“Há muita merda assustadora acontecendo,” disse Woodward.
“Pessoas em lugares onde não deveriam estar. Promoções
repentinas, rebaixamentos ainda mais rápidos. Pessoas se
destacando sem mais nem menos.”
Ele esquadrinhou ao redor, olhando por cima de ambos os
ombros. Não era exatamente um olhar nervoso, mas também não
era bom.
“Para encurtar a história, eu nem faria isso, exceto
pessoalmente. E eu não faria isso por ninguém, exceto pessoas que
eu soubesse que fossem boas.”
Maddox coçou a cabeça. “E, hummm... como você sabe que
somos bons?”
“Porque Winters garantiu que vocês eram,” disse Woodward
com firmeza. “E Winters era sério pra caralho.”
Um longo momento de silêncio e respeito se passou entre nós.
Uma pausa silenciosa entre soldados.
Em um momento, o velho veterano tirou algo do bolso e bateu
com força várias vezes contra o polegar. Ele abriu o recipiente verde
e tirou uma pitada de tabaco rico e preto.
“Seu amigo Connor esbarrou em uma coisa,” ele murmurou,
enfiando o pequeno chumaço entre a bochecha e as gengivas. “Algo
que ele não deveria.”
“Nós já sabíamos dessa parte,” eu disse impacientemente.
“E onde a maioria das pessoas teria recuado lentamente,”
continuou Woodward, me ignorando, “ele prosseguiu mais do que
nunca.”
Maddox me deu uma olhada de lado. De quão apertada sua
boca tinha ficado, ele estava pensando a mesma coisa que eu.
“Você está dizendo que fez vista grossa?” provoquei. “Que
você o deixou fazer isso sozinho?”
“Estou dizendo que ele foi muito fundo, muito rápido,” o homem
cuspiu. “E que quando ele trouxe o assunto para mim, já era tarde
demais.”
Fiquei ali no frio, abrindo e fechando meus dedos, tentando
manter a calma olhando para a chuva. Tentei imaginar como era a
base em seu apogeu, quando estava cheia de pessoas. Como as
árvores e os gramados podiam ter sido verdes. Como eram lisas e
cheias de gente as calçadas hoje rachadas. Os vastos
estacionamentos vazios, cheios de veículos.
“Eu tentei ajudá-lo,” disse Woodward. “Na verdade, eu o ajudei,
mas ele continuou voltando. Continuou investigando mesmo depois
de cobrir seus rastros, continuou abrindo caminho através das
camadas de lama.” Ele balançou a cabeça lentamente. “Eu tinha
uma família. Esposa, filhos – alguns deles na faculdade. Não havia
maneira de eu...”
“Nós entendemos,” eu grunhi. “Você o deixou lá, por conta
própria. Você o largou para...”
“EU TENTEI, porra!” O suboficial cuspiu de novo, e desta vez
sua saliva tinha uma gota de líquido preto gorduroso. “Eu o protegi!
Quando descobri que o estavam vigiando, arrumei um novo lugar
para ele. Quando ele veio até mim com o que tinha, eu cheguei até
a levar para meus superiores.”
Eu me aproximei com expectativa. “E?”
“E eles ignoraram,” disse o homem impotente. “Tão rápido
quanto ele elaborou, eles... eles...”
Maddox me cutucou quando o homem deixou cair a cabeça em
suas mãos. Ele estava quase em lágrimas. Quase.
Para mim, isso não era bom o suficiente.
“Conte-nos o que aconteceu,” eu grunhi. “E diga-nos tudo. Não
deixe passar nada.”
Woodward se aproximou do meio do gazebo, nos impelindo a
avançar. Uma brisa soprou e sua voz ficou mais baixa.
“Há muito hardware antigo por aqui,” disse ele
confidencialmente. “Tecnologia de alto nível, descansando em
lugares antigos, instalada em discos antigos. Enterradas nos fundos
de prédios desativados,” continuou ele, “informações que foram
copiadas e esquecidas…, mas não por todos.”
“Então... segredos?” Maddox perguntou.
“Sim.”
“Alguém está roubando segredos,” repeti.
O homem assentiu. “Roubando e vendendo-os, embora eu não
saiba de tudo. Winters manteve a maior parte dos detalhes para si
mesmo. Quando percebeu o quão perigoso era, ele não me queria
mais envolvido. Mesmo quando fui atrás dele, tentei fazê-lo falar
comigo, ele basicamente me dispensou.”
Por mais que eu quisesse ficar com raiva, soava como Connor.
Seria algo que ele faria; colocar as necessidades dos outros em
primeiro lugar, bem antes de si mesmo. Ele tinha feito isso no
campo de batalha, com certeza. E parecia que ele estava fazendo
isso aqui, com Woodward, até morrer.
“Que tipo de informação você pode nos dar?” perguntei.
“Ainda melhor,” Maddox interveio, “quem está nos
observando?”
“Essa parte eu não sei,” disse Woodward, olhando ao redor
novamente. “Mas quem quer que estivesse atrás de Winters o
seguiu de volta a Nevada. E eles eram da Força Aérea, não da
Marinha. Baseados em Nellis. Connor me disse isso, pelo menos.”
Eu inclinei minha cabeça em direção a Maddox. Ele tirou o
telefone do bolso e puxou uma foto.
“Conhece esse cara?”
Woodward respondeu imediatamente. “Claro. É o Evan Miller.”
“Ele se envolveu nisso?”
Observei atentamente enquanto o homem dava de ombros. O
gesto parecia sincero.
“Eu... eu não posso imaginar que ele pudesse estar. Ele era
amigo de Connor. O colega de quarto dele também, se bem me
lembro.”
“Ele já disse alguma coisa ruim sobre ele?”
“Quem?”
“Connor.”
“Não que eu lembre.” Ele pensou por um momento, então
colocou um dedo no queixo. “Mas...”
“Mas o quê?”
“Mas eu lembro que Miller ficou meio zangado quando Connor
saiu. Ele pediu uma transferência quase imediatamente. Eu sempre
assumi que eles tiveram algum tipo de briga, mas a transferência foi
para Fallon, então…”
Maddox deu um passo lento para trás. Fallon era uma base
aérea no condado de Churchill, em Nevada. O treinamento de
Busca e Resgate em Combate ocorria lá, apenas para os SEALs.
Uma transferência como essa fazia sentido. Só que isso o
colocou dentro de seis ou sete horas de acesso de Connor.
“Ouçam-me,” disse Woodward, sua voz tão baixa que era
quase inaudível. “O que quer que esses caras quisessem, Connor já
tinha. E era importante para eles. Eles estavam procurando por isso,
pressionando-o e tentando encontrar.”
Apertei os olhos. “E como você sabe disso?”
“Porque eles reviraram a casa dele duas vezes tentando
encontrar.”
E porque eles colocaram Miller com ele para procurar também,
pensei em silêncio.
Uma rajada de vento aumentou, surgindo através do velho
gazebo. Assobiava assustadoramente através dos dentes
quebrados das sofisticadas sancas superiores.
“Agora Connor está morto,” disse Maddox. “Acha que eles
ainda estão procurando por isso?”
O suboficial cuspiu novamente. Ele olhou além de nós, para
algo no horizonte invisível, então assentiu lentamente.
“Você pode apostar que até que eles encontrem, não vão
parar.”
Capítulo 44

DALLAS

Os rapazes apareceram pouco depois de eu pedir o serviço de


quarto. Foi difícil pra caralho não comer até eles chegarem, mas de
alguma forma eu consegui.
“Como foi?”
“Conto daqui a pouco,” disse Austin. Ele esfregou o estômago.
“Enquanto comemos, é claro.”
Estávamos todos famintos. E cansados. Exaustos na verdade,
mas mantendo o controle.
Maddox entrou atrás dele, farejando o ar. Eu estava com as
portas da varanda bem abertas. Os sons e cheiros da multidão
crescente vinham do lado de fora.
“Lençóis novos,” sorriu Maddox, olhando ao redor com
aprovação. “Cobertores novos também.”
“Precisávamos deles,” eu ri.
“Com certeza.”
“Vocês abusaram de mim ontem à noite,” eu disse, com um
sorriso. “Na noite anterior também, pensando bem.”
Austin estalou os dedos antes de pegar uma colher. Sentou-se
à mesinha diante de uma grande tigela de Jambalaya.
“Se bem me lembro, você foi bastante abusada.”
“Talvez,” dei de ombros.
“Definitivamente,” insistiu Maddox. “Não que estejamos
reclamando, é claro.”
Ele começou a levantar as tampas de metal e espiar em cada
prato. Depois de quinze minutos de agonia com o menu, eu pedi
quase de tudo.
Nos primeiros minutos eu não disse nada, só deixei eles
comerem. Maddox pegou dois hambúrgueres, enquanto afastava os
anéis de cebola que os acompanhavam. Austin pegou um pouco de
tudo, comendo um pouco deste prato, um pouco daquele.
“Sem cerveja?”
Acenei para um balde de aço inoxidável perto do chão. Estava
cheio de garrafas geladas, cercadas por um mar inteiro de gelo
derretido.
“Você é a melhor, sabia disso?”
“Eu sei.”
Austin torceu a tampa de três garrafas. Ele entregou uma para
mim e outra para Maddox. Inclinei a cabeça para trás, deixando o
líquido frio deslizar pela minha garganta. Minha mente vagou de
volta para os eventos da noite anterior, que foram de alguma forma
ainda mais obscenos e carnais do que na primeira noite em que
chegamos.
Minha cerveja estava pela metade quando eu bati a garrafa de
volta na nossa mesinha. O gás da bebida ainda queimava na minha
garganta.
“Então... sobre Connor...”
Maddox respirou fundo e me informou sobre os eventos do dia.
Ele falou sobre Woodward, seu encontro, sua volta da base naval.
Sobre como Connor estava em perigo iminente, e ninguém havia
feito nada para ajudá-lo.
Isso me deixou chateada, depois com raiva, depois triste.
Tentei manter as aparências, para entender por que meu irmão fez o
que fez. Ficar com raiva, não de Connor, ou mesmo de Woodward
por não poder ajudá-lo; mas nas pessoas que tiraram da minha vida
a última pessoa que me amava.
“Não foi culpa dele,” disse Maddox, ecoando meus próprios
pensamentos. “Digo, de Woodward. Pelo que podíamos dizer, ele
fez o que pôde. Tentou proteger Connor. Temos certeza disso.”
Tristemente eu assenti. Estava tudo fodido, do início ao fim, de
cabo a rabo. Eu não precisava saber os detalhes do que Connor
estava fazendo, apenas que ele valorizava o suficiente para arriscar
sua vida por isso. A única pergunta real que eu precisava que fosse
respondida era quem era o responsável.
“Estamos chegando lá, Dallas,” disse Austin. “Só vai levar um
tempinho.”
Coloquei alguns ovos mexidos em um pedaço de torrada e
coloquei tudo na minha boca. Embora já passasse do meio-dia, eu
ainda estava com vontade de tomar o café da manhã. Caramba, eu
só tinha acordado há um pouco mais de uma hora.
A noite passada foi... bem..., agitada.
“O que foi agora?” perguntei.
“Temos algumas coisas para resolver,” disse Maddox. Havia
um duplo sentido ali em algum lugar. Ele gesticulou para o nosso
não tão pequeno banquete. “Logo após isso.”
“Como o quê?”
Ele lançou um olhar rápido para Austin. “Como verificar o
último apartamento de Connor novamente,” ele disse. “Ainda não
conseguimos ver tudo. Pode ser que tenhamos deixado passar
algo.”
Eu mastiguei um pouco de bacon e me levantei. “Tá bom.
Deixe-me tomar um banho, e...”
“Banho, sim,” Maddox interrompeu. “Vir conosco? Não. Você
fica aqui.”
“O caralho que eu...”
“Dallas,” disse Austin, você não pode ir para todos os lugares
conosco. Além disso, precisamos que você arrume nossas malas.
“Temos que ser rápidos, temos menos de uma hora.”
Minhas sobrancelhas se levantaram. “Estamos indo embora?”
“Provavelmente, sim,” Maddox confirmou. “Não há mais nada
para nós aqui. Devemos ir para casa, ver o que Kane conseguiu
descobrir.”
Casa. De repente, era uma boa palavra novamente. Uma
palavra acolhedora. A ideia de ver Kane novamente me animou
também.
Eu ainda queria ir com eles.
Abri minha boca, um protesto já armado e carregado em minha
mente. Mas eu estava muito cansada. Exausta demais até mesmo
para argumentar.
“Tudo bem,” suspirei, caindo de volta na cama. “Vou ficar e
fazer as malas.”
Austin sorriu. “Como eu disse, você é a...”
“Melhor,” eu grunhi, minha boca me traindo com um mínimo
indício de um sorriso. “Entendido. Seja lá o que diabos isso
signifique.”
Voltei para a maciez do nosso edredom mais recente, o cheiro
fresco de amaciante ainda pairando sobre a superfície. Esticando
meus braços e pernas em quatro direções diferentes, gemi
satisfeita.
“Quando vocês voltarem...”
Ambos pararam de comer ao mesmo tempo. De repente, eu
tinha toda a atenção deles.
“Vão abusar de mim novamente?”
Austin casualmente enxugou o queixo com um guardanapo.
Maddox deu uma risadinha.
“Afinal,” eu ronronei. “Não podemos deixar que esses lençóis
frescos sejam desperdiçados.”
Capítulo 45

DALLAS

A ducha foi batismal; uma corrente quase escaldante de água


abençoadamente quente que me limpou, mente, corpo e alma. Pena
que não poderia lavar meus pecados. Não com essa pressão da
água, com certeza.
Que pecados, Dallas?
Eu ri enquanto desligava a água, então me inclinei para sacudir
meu cabelo. Certamente eu havia feito algo errado. Por outro lado,
devo ter feito algo certo também. Por pior que eu fosse, uma garota
não acabava na posição em que eu estava sem fazer algumas boas
escolhas ao longo do caminho também.
Era uma coisa engraçada, ter escolhas novamente. Finalmente
ser capaz de tomar minhas próprias decisões, em vez de jogar os
dados do destino. Desde que perdi Connor, as coisas meio que
aconteceram comigo. A morte do meu irmão, a perda da minha
casa, meu emprego, minha vida... a ilusão do livre arbítrio se foi,
substituída por uma série de eventos terríveis além do meu controle.
E agora...
Agora eu tinha Maddox, Austin e Kane. Três homens que eu
ousava dizer que me amavam, ou que, pelo menos, estavam
apaixonados pela ideia de me manter a salvo do mal.
E eu os amava também.
A plena realização veio a mim na noite passada, olhando para
o teto. Aninhada entre eles, sentindo o ritmo lento de sua respiração
em cada lado de mim... todo o sofrimento que passei provocou
alguns pensamentos muito profundos.
Estava tudo bem em amá-los? Connor amava, com certeza.
Ele os amava como amigos, como camaradas, como irmãos.
E, no entanto, para nós quatro, era tarde demais. Já
estávamos longe demais para voltar. Muito profundamente
entrelaçados no sentido físico e emocional para fingir que não nos
conectamos nos níveis mais profundos... ou trepamos
incontrolavelmente em uma varanda com vista para um beco, no
fundo do French Quarter.
E sim, eu os amava por quem eles eram e pelo que
compartilhamos. Eu suspeitava que fosse assim com Connor
também, eu só queria poder ter visto meu irmão perto deles.
Pensei em todas essas coisas enquanto entrava em nosso
quartinho pitoresco, vestindo o roupão velho e áspero que o hotel
havia nos dado. Eu tinha uma toalha enrolada no meu cabelo
também, quando saí para a varanda e olhei para a Praça Central.
Mesmo agora, as multidões eram enormes. Era domingo, o dia
do desfile de Orfeu. O dia anterior à Segunda-feira de Carnaval.
Dois dias antes da chamada ‘Terça-feira gorda’, quando tudo,
incluindo o beco abaixo de mim, ficaria absolutamente louco.
Caramba. Eu meio que gostaria que estivéssemos aqui para
ver isso.
Inclinei-me alegremente contra a varanda, dando-me alguns
minutos finais de relaxamento antes de me preparar para fazer as
malas. Queria me lembrar desse lugar. Caramba, eu queria lembrar
desta varanda. Este corrimão... Este...
Meu processo de pensamento se dissipou quando avistei
alguém no meio da multidão. Era um homem. Um homem muito alto
e esguio, usando o que parecia ser uma estranha máscara de
animal. Ele se parecia com cada uma das outras cem pessoas que
o cercavam em todas as direções.
Só que este homem estava olhando diretamente para mim.
Não, ele não pode estar olhando para...
Eu tive certeza disso.
Engoli em seco e dei um passo para trás, ainda sem tirar os
olhos do estranho mascarado. Ele ficou lá olhando para trás,
completamente imobilizado. Totalmente imóvel e deslocado,
enquanto a multidão subia, se contorcia e serpenteava ao redor
dele.
Então ele começou a andar em minha direção, e meu coração
acelerou.
Ele não está vendo você, a vozinha na minha cabeça
ponderou. Isso é impossível.
Com certeza não parecia impossível. Especialmente porque
ele estava ganhando velocidade. E ainda estava andando
incisivamente em minha direção. Vindo direto exatamente para o
meu beco, quando provavelmente tinha uma dúzia de outros para
escolher.
Dallas...
O homem continuou vindo, e percebi que meu corpo estava
congelado de terror. Meus pés estavam grudados no chão da
varanda. Todos os músculos das minhas pernas de repente pararam
de funcionar ao mesmo tempo.
Dallas!
O homem mascarado chegou à beira da praça, então irrompeu
no beco. Meu beco. Ele estava praticamente correndo agora, ainda
subindo a rua lateral. Ainda seguindo com determinação sombria
diretamente em direção à porta do nosso hotel.
Ele bateu em seu rosto, e sua máscara voou. Minha respiração
ficou presa na garganta.
Era ele.
Quando o reconheci, ele já estava lá dentro, já havia
desaparecido pela entrada principal do hotel. Eu podia imaginá-lo
correndo, saltando pelo saguão. Irrompendo na escada, suas longas
pernas subindo três degraus de cada vez.
Vindo atrás de mim...
Era tarde demais para ficar ali xingando minha inércia. Nosso
hotel era pequeno, os corredores apertados. Pior ainda, o elevador
era lento e antigo. Havia uma chance de eu conseguir subir as
escadas..., mas uma chance igual de ele estar subindo, pronto para
me levar.
Em vez disso, tranquei a porta e acionei o ferrolho. Era um
pedaço frágil de corrente de aço, mas era melhor do que nada.
Minhas mãos me traíram, deixando cair a corrente três vezes antes
que eu finalmente a deslizasse. Quando o fiz, meu coração estava
batendo forte no meu peito.
Eu tinha menos de um minuto para me preparar para ele.
Com dedos trêmulos, vasculhei a gaveta da mesa de
cabeceira. Sabendo, com noventa e nove por cento de certeza, que
havia deixado minha arma no porta-luvas do Bronco.
Ela se abriu... totalmente vazia.
MERDA!
Eu podia ouvir passos agora, vindos do corredor. Eu tinha
apenas alguns segundos. Corri para o banheiro, então
freneticamente de volta para a sala principal novamente. A arma
que escolhi era muito ridícula, mas, novamente, era melhor que
nada.
Fiquei atrás da porta, observando a maçaneta, esperando que
ela se movesse. Uma boa parte de mim estava paralisada pelo
medo. Mas outra parte – a parte que estava ficando cada vez mais
irritada por sempre ter que correr ou se esconder – estava apenas
se aquecendo.
A maçaneta de vidro vintage balançou com força, mas apenas
por um momento. Então, após dois segundos de silêncio, a porta
explodiu para dentro em uma chuva de lascas de tinta e fragmentos
de madeira.
Capítulo 46

DALLAS

O homem com o cabelo totalmente branco irrompeu pela porta


com a perna primeiro, o impulso de seu chute o carregando. O
barulho foi alto. Violento. Em sua pressa, ele tropeçou em alguns
pedaços da porta centenária, que o desequilibrou por um momento.
Mas um momento era tudo que eu precisava.
Eu gritei como uma alma penada quando bati a tampa do vaso
sanitário contra a parte de trás do crânio do intruso. Ela o atingiu
firmemente, com um barulho repugnante, mas que alcançou o
objetivo. O golpe o acertou antes que ele pudesse se recuperar,
fazendo-o girar pela sala e bater de cabeça na parede oposta.
Então ele desmoronou em um monte de sangue e poeira.
Olhei para baixo, segurando um pedaço irregular de porcelana.
Os dois terços superiores da tampa do vaso sanitário haviam
sumido agora – quebrados em um milhão de pedaços.
Larguei minha arma improvisada. O homem estava imóvel.
Sem vida. Encostei na parede para me apoiar, imaginando que
talvez eu tivesse matado mais uma pessoa que estava tentando me
matar.
Deus, eu esperava que sim.
Fechei os olhos por um momento, deleitando-me com um
estranho sentimento de superioridade. O triunfo vanglorioso de ter
vencido um inimigo, em uma disputa no mais alto de todos os níveis
possíveis: vida ou morte.
A adrenalina subiu por mim, fazendo meus membros
tremerem. Eu me perguntei se era assim para meus SEALs da
Marinha também. Se Maddox, Austin e Kane haviam experimentado
o mesmo tipo de sentimentos no campo de batalha. A mesma
euforia, alívio e exultação por um adversário, e até mesmo
compartilhado esses sentimentos com meu irmão.
Droga, Connor. Agora você me faz matar pessoas também?
Eu joguei meu cabelo para trás com uma mão, meus dedos
abertos. Não importava o que eu fizesse, ele continuava caindo de
volta no meu rosto.
Você deveria ter ficado conosco.
Com o passar do tempo, percebi que sentia cada vez mais falta
do meu irmão. Talvez isso tivesse algo a ver com os rapazes. Eles
estavam mantendo sua memória viva para mim, constantemente
falando sobre ele, trazendo-o à tona. Não me permitindo esquecê-lo.
Não deixando as memórias – ou a dor que vinha com elas –
desaparecerem.
E talvez isso também não fosse uma coisa tão ruim.
Peguei o pingente do meu irmão, para obter alguma medida de
conforto e segurança. Parecia quente na palma da minha mão.
Connor, eu desejo...
Uma mão se fechou sobre a minha! Meus olhos se abriram, e o
que vi foi aterrorizante. O homem estava em cima de mim! De
alguma forma ele se arrastou, seus olhos estavam selvagens, seu
cabelo grudado na cabeça por um capacete de sangue coagulado.
“AHHH!”
Tentei empurrá-lo, mas ele era muito forte. Tentei escapar
debaixo dele, mas ele era muito grande. Eu bati meus punhos
contra suas costas. Então suas mãos foram para o meu pescoço,
dedos abertos, trêmulos... alcançando...
Eu chutei, e consegui me afastar apenas o suficiente para ele
errar. Mas seus olhos, desfocados como estavam, ganhavam força
e coerência.
De repente, ele estava de pé.
“DALLAS!”
Eu virei, e houve um borrão de movimento. Alguém voou sobre
mim, colidindo com o homem de cabeça. Eles se esparramaram
pela sala, na direção da sacada.
O que...
Eu vi Austin ao meu lado. Ele estava com a pistola, mas não a
estava mirando. Em vez disso, ele a estava virando na mão, com a
coronha para a frente. Ele deu um passo à frente, com a intenção de
usá-la como um bastão e…
Zás!
O intruso escorregou das mãos de Maddox. Sem olhar para
trás, ele saltou sobre o parapeito e caiu dois andares na rua, caindo
com um baque surdo – PAM!
Um alarme de carro disparou. Corremos para a beirada da
sacada, bem a tempo de ver o homem se levantar. De alguma
forma, incrivelmente, um carro amorteceu sua queda. Ou ele
quebrou o carro, ou eles quebraram um ao outro, ou...
“Não!”
A mão de Maddox interveio, assim que Austin estava prestes a
atirar. Ele a fechou sobre o braço de Austin e o empurrou para
baixo, desviando o cano da arma para o chão da varanda.
“Não faça isso, cara,” ele engasgou. “Muita gente.”
Austin urrou de frustração, gritando para o céu. Ainda assim,
ele sabia que Maddox estava certo. Juntos, observamos o homem
de cabelos brancos fugir pelo beco, deixando um rastro de gotas de
sangue vermelho vivo atrás dele. Ele dirigiu-se imediatamente para
o grupo de foliões mais próximo. Chegou à beira da rua e mancou
no meio da multidão, apenas mais um rosto estranho derretendo no
caos.
“PORRA!”
Austin ainda estava possesso. Ele se virou para Maddox, sua
expressão cheia de ira.
“Não deu para segurá-lo,” disse Maddox, como um pedido de
desculpas. Ele ergueu um par de mãos manchadas de sangue.
“Escorregadio demais.”
Algumas pessoas estavam olhando para nós. Alguns deles até
aplaudiram, provavelmente bêbados, sem dúvida pensando que
nossa luta era parte de algum pequeno ato.
Finalmente, fechamos as portas da varanda. Demorou mais um
minuto ou dois para nos acalmarmos, e então os rapazes estavam
em cima de mim imediatamente.
“Você está ferida?”
“Não,” eu disse, balançando a cabeça. “Não, estou bem. Ele...
ele entrou, quero dizer, ele invadiu, e nós lutamos, e...”
“O que aconteceu com ele?” Maddox perguntou, olhando ao
redor.
“Eu bati nele.”
Os rapazes ainda estavam incrédulos. Havia detritos por toda
parte. Lascas de madeira, pedaços da moldura da porta. Centenas
de lascas irregulares de porcelana branca pura…
“Com que diabos você bateu nele?” Austin perguntou.
“Tampa do vaso sanitário.”
“Jesus Cristo,” ele exclamou com admiração. Seu sorriso
finalmente voltou. “Boa!”
“Obrigada,” respirei aliviada. “Eu vi isso em um filme uma vez.”
Um jovem casal passou no corredor. Eles deram uma olhada
pela porta quebrada – para mim ainda de roupão, para os rapazes
parados no meio do campo de detritos – e continuaram andando.
“Precisamos sair daqui,” disse Maddox. “E rápido.”
Eu balancei a cabeça, olhando para o meu roupão salpicado
de sangue. Virei-me na direção do banheiro, quando fui atingida no
peito por uma pequena pilha de roupas.
“Você provavelmente deveria vestir algo,” sorriu Austin.
Capítulo 47

DALLAS

Saímos de Nova Orleans às pressas, pegando um táxi


diretamente para o terminal e o primeiro voo disponível de volta a
Las Vegas. Chegamos ao portão quando o avião estava prestes a
se desprender da rampa de embarque e nos acomodamos em
nossos assentos assim que a aeronave começou a taxiar para a
decolagem.
Nem vinte minutos depois disso, os dois rapazes estavam
dormindo profundamente em cada um dos meus ombros.
Eu me contorci para trás em meu assento, aceitando uma água
da comissária de bordo desta vez, em vez de álcool. Tinha sido um
final de semana louco. Um turbilhão de sexo e libertinagem, de
ziguezaguear entre as multidões, de correr, rir e fugir, de luta e
derramamento de sangue.
Exatamente como sempre imaginei que o Mardi Gras poderia
ser.
“Você deveria estar aqui, Connor,” eu suspirei, levantando meu
copo de plástico e brindando ao meu irmão invisível. Então, depois
de olhar para a esquerda e para a direita para meus dois amantes
adormecidos: “Hummm... pensando melhor... talvez não.”
O voo foi tranquilo e acabou rápido. Depois de pegar nossas
malas, voltamos para casa, o ar frio do deserto revigorando nossos
corpos cansados enquanto descíamos nosso quarteirão e
entrávamos na garagem.
Kane estava lá para nos receber, descansando
confortavelmente em uma das cadeiras na varanda da frente. Um
rifle descansava casualmente em seu colo, sua mão acariciando-o
distraidamente como se fosse um gato. Isso me fez pensar se ele
ficou sentado assim o tempo todo que estivemos fora.
Ele se levantou apenas quando cheguei à porta, pegando-me
em seus braços grandes e fortes. Apertando-me com força, mas ao
mesmo tempo suavemente contra seu lindo peito, antes de pegar
minhas malas e carregá-las para dentro.
“O café está pronto,” disse ele, deslizando uma das cadeiras
da cozinha. Eu podia ver que ele já havia se servido de uma xícara.
“Você primeiro?” Maddox perguntou a ele.
Kane coçou o queixo, que estava coberto por três dias de
barba por fazer. “Claro,” ele grunhiu finalmente. “Por que não?”
Nós nos sentamos e ouvimos enquanto ele narrava seu final de
semana, que incluía tempo igual passado em casa e na base.
Aparentemente, ele estava 'farto de fugir', e que qualquer um que
quisesse um pedaço dele poderia 'vir logo e pegá-lo'. Austin riu.
Maddox deu uma risadinha. No entanto, nós três sabíamos, todo o
humor à parte, que ele quis dizer tudo o que disse com uma
seriedade mortal.
“Foi tudo morto por aqui,” disse ele, apontando a cabeça para a
parede mais próxima. “Todo o final de semana. Nem um pio, nem
um puxão, nem nada.”
“Mesmo durante o período em que você estava fora?”
perguntou Austin. “Na base?”
Kane assentiu do seu canto da cozinha. “Verifiquei as câmeras
e todas estavam vazias. Cada sequência de imagens, cada ângulo.”
Ele cruzou os braços e se recostou na cadeira. “A menos que eles
tenham feito um túnel, ninguém veio à casa.”
Os caras se entreolharam. Maddox levantou uma sobrancelha.
“Você sabe o que isso significa.”
Kane assentiu novamente. Mas agora eu estava confusa.
“O quê?” perguntei. “O que isso quer dizer?”
“Significa que quem veio aqui,” disse Austin, “perdeu todo o
interesse depois que você se foi.”
Minhas sobrancelhas se uniram. Eu ainda não havia entendido.
“Por que eles perderiam...”
“Porque eles estão atrás de você, Dallas,” disse Maddox. “Você
é o objetivo principal deles. Eles nos seguiram até Nova Orleans, e
com certeza nos seguirão de volta.”
A confusão se transformou em percepção. De repente me senti
enjoada.
Você os está colocando em perigo.
As palavras eram arrepiantes, mas também eram a verdade.
Esses homens com quem de repente eu me importava tanto... eu
estava colocando suas vidas em risco.
O que quer que essas pessoas queiram, tem a ver com você.
“O que eles querem de mim?” eu supliquei. “Eles já pegaram
Connor. Por que eles continuariam vindo atrás de mim, mesmo
depois que meu irmão estava morto?”
“Vingança?” Austin arriscou. Mas Kane balançou a cabeça.
“Não é vingança.”
“Como você sabe?”
“Acredite em mim,” disse meu maior protetor. “Eu apenas sei.”
Austin não parecia convencido. Ele torceu o nariz em
descrença. Mas foi Maddox quem deslizou sua cadeira em minha
direção.
“Pense, Dallas,” ele disse, e não pela primeira vez. “Eles
querem você... ou querem algo de você.”
Eu estava lutando arduamente para manter o controle, para
evitar que os sentimentos mais fortes tomassem conta de cada
extremidade do meu espectro emocional. Eu queria rir. Queria
chorar. Queria fazer um buraco em cada parede da casa.
“O que você poderia ter que eles pudessem querer?” Austin
entrou na conversa. “Alguma coisa. Qualquer coisa...”
“Eu não tenho absolutamente nada!” gritei, caindo em lágrimas.
“Ou vocês não se lembram?”
Os três ficaram em silêncio agora, olhando para mim com
pena. Eu não queria a pena deles. Eu queria amassar a pena deles
em uma bola e enfiá-la de volta em suas gargantas.
“Vocês estavam lá, vocês três. Vocês me viram perder tudo!
Minha casa, minhas coisas, todos os meus últimos bens!” eu funguei
com força, tentando respirar. “Não sobrou nada,” continuei. “Perdi
meu telefone, meu computador… até os álbuns de fotos da minha
família.”
Essa última parte foi como um picador de gelo no coração.
Uma pontada de dor lancinante, me lembrando de algo que eu tentei
tanto esquecer.
“Eu... eu não tenho mais nem fotos deles,” chorei. “Minha mãe,
meu pai – eles se foram há tanto tempo que estão desaparecendo
na minha cabeça. Desaparecendo em meu coração.” engoli em
seco. “Eu não quero que isso aconteça com Connor! Eu preciso
lembrar do meu irmão. E vocês precisam me ajudar. Mas eu... eu
acho...”
Todo o desamparo foi embora abruptamente. A raiva
transbordou. Eu estava absolutamente furiosa com tudo e todos ao
mesmo tempo. Levantei-me tão rápido que derrubei minha cadeira.
“Dallas...”
“Não me venha com ‘DALLAS’!” Eu gritava para qualquer um
deles que dissesse isso. “Vocês têm um ao outro, pelo menos.
Vocês sempre terão um ao outro. Mas Connor... Connor se foi.
Desapareceu para sempre da minha vida, assim como todos os
outros.”
Olhei de volta para eles acusadoramente, sua pena só
aumentando minha raiva.
“Dallas, escute...”
“Não, escutem vocês!” eu gritei. “Vocês nem imaginam como é.
Vocês não têm como...”
“DALLAS!” alguém exclamou subitamente.
Parei no meio do meu discurso, meu corpo inteiro tremendo,
lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas. Duas caíram
simultaneamente de cada lado do meu rosto, correndo uma contra a
outra no chão.
“Dallas,” disse Kane novamente, sua voz apenas um pouco
mais baixa desta vez. “Você disse que veio para cá com nada além
da roupa do corpo?”
Não era uma afirmação, era uma pergunta... e uma que fazia
pouco sentido. Eu inclinei minha cabeça e olhei para ele friamente.
Havia um questionamento em meus olhos.
“Sim,” eu praticamente cuspi a palavra. “Aonde você quer
chegar?”
Lentamente Kane levantou seu braço. Ele estendeu um dedo
grosso e apontou diretamente para mim.
“Então o que é isso em volta do seu pescoço?”
Capítulo 48

DALLAS

Estendi a mão sem pensar, minha mão se fechando


reflexivamente sobre o pequeno pingente em forma de diamante. O
pingente do meu irmão.
“Connor deu para mim,” eu disse defensivamente.
“Quando?”
Tive que pensar por um momento. “No meu aniversário,” eu
disse, me lembrando. “Ele... ele me enviou isso no meu aniversário.”
“Enviou para você?”
“Sim,” eu disse, abaixando minha cabeça. A tristeza ameaçava
tomar conta de novo. “Foi... foi...”
“A última coisa que ele enviou para você antes de morrer,”
Kane terminou para mim.
Balancei a cabeça tristemente. Alguns momentos de silêncio
se passaram e Maddox pegou minha cadeira. O único ruído em toda
a cozinha era o tique-taque do relógio de parede de plástico barato.
Eu realmente deveria ter comprado um melhor.
“Havia um bilhete quando ele o enviou?” perguntou Kane. “Um
cartão ou algo assim?”
Eu funguei novamente. As lágrimas ainda vinham. “Não.”
“Mano,” Maddox interveio. “Chega com as perguntas de
Connor, né? Ela está chateada. Ela está...”
Kane interrompeu a frase de seu amigo com um olhar duro e
assustador. Relutante, mas definitivamente, Maddox recuou.
“Sem bilhete, sem cartão,” respondi, pensando. “Apenas o
pingente.”
Pensando bem, foi algo que eu achei estranho na época.
Connor sempre me mandava cartões de aniversário. Ele também
gostava de escrever bilhetes, dando pistas de onde estava ou o que
poderia estar fazendo.
“Um pingente...” Kane perguntou, apertando os olhos, “ou um
medalhão?”
Levei um momento para reagir ao que ele estava dizendo.
Quando percebi o que ele estava querendo dizer, pisquei.
“Posso vê-lo?”
Lentamente, estendi a mão e soltei a fina corrente de prata. O
pingente brilhava, balançando pesadamente na minha mão. Pela
primeira vez desde que o coloquei, eu realmente olhei para ele.
Nunca foi particularmente bonito, mas também não era feio.
Era mais grosso do que parecia, com bordas lisas e arredondadas.
E talvez não fosse uma forma de diamante, no final das contas.
Talvez fosse quadrado em uma das bordas.
Meu braço tremeu um pouco quando o entreguei a Kane.
Todos se aproximaram um pouco mais enquanto ele o virava na
palma da mão.
“Olhem. Tem dobradiças.”
Ele tentou abri-lo, gentilmente no início, depois adicionando
mais pressão. Mas seus dedos eram muito grandes, grossos e
calejados.
“Aqui,” disse Austin. “Deixe-me tentar.”
Ficamos ali na cozinha, esperando em silêncio enquanto Austin
enfiava duas unhas em um vinco quase invisível em frente às
dobradiças ocultas. Ele empurrou com força por alguns segundos...
CLICK.
O pingente – agora medalhão – se abriu. Nós quatro quase
batemos de cabeça tentando ver o interior.
Ele balançou o medalhão suavemente contra a palma da mão.
No terceiro golpe, algo apareceu.
“Puta merda,” Austin xingou. ‘É um chip!”
Maddox apertou os olhos. “Um o quê?”
“Um chip de memória!” ele exclamou.
“Você quer dizer como um SIM card?”
“Não, nada disso,” disse Austin. Ele segurou o chip para que
todos pudessem ver. “Este é um chip de memória flash NOR,
frequentemente utilizado no meio militar.”
Kane pegou o pingente dele e o fechou. Com um sorriso gentil,
ele o colocou de volta na minha mão.
“O que você acha que tem nele?”
“Quem diabos sabe?” disse Austin. “Algo bom, no entanto. Algo
grande.”
Eu raspei minha garganta. “Algo pelo qual meu irmão
morreu…”
A cozinha ficou mortalmente silenciosa novamente. Eu não
estava tentando ser dramática, apenas saiu dessa maneira.
“Falei por falar.”
Todos assistiram enquanto eu colocava o medalhão em volta
do meu pescoço. Quando eles tiveram certeza de que eu estava
bem, voltaram a olhar para o pequeno chip preto.
“Espere um minuto!” Maddox gritou de repente. “É isso!”
Minhas sobrancelhas se uniram em confusão. “O quê?”
“Isso é o que Connor quis dizer na gravação!” ele desabafou.
“A parte que é cortada. A parte em que ele diz ‘minha irmã tem’…”
Todos nós nos entreolhamos. Uma a uma, nossas expressões
cruzaram com a mesma percepção sombria.
“Então você teve isso o tempo todo,” Austin exclamou. “Todo
esse tempo. Isso é o que seu irmão estava tentando nos dizer.
Esfreguei meus olhos com força. Tudo estava acontecendo tão
rápido.
“Vamos colocar no computador,” disse Maddox animadamente.
“Ver o que está nele.”
Mas Austin balançou a cabeça. “Não funciona assim.”
“Por quê?” perguntei, alarmada. “Não podemos ver o que tem
nele?”
“Não com a configuração que tenho atualmente,” ele disse.
“Esta é uma tecnologia mais antiga. Final dos anos 80.” Ele revirou
os olhos para o teto. Era algo que ele sempre fazia quando estava
pensando. “Mas eu conheço um cara…”
“Um cara?”
“Sim. Ele é da velha guarda. Um ex-hacker, da época dos
modems, sistemas BBS e...
“Onde está esse cara?” Kane interveio. “Chame-o. Traga-o
aqui.”
Austin riu. “Ah, acredite em mim. Ele não sai muito de casa.”
Maddox deu de ombros. “Então nós vamos até ele. Agora
mesmo, se ele ainda estiver acordado.”
“Ele provavelmente está,” disse Austin. “Só que... ele está em
Los Angeles.”
Os ombros de todo mundo caíram.
“Eu vou amanhã,” disse Austin. “Primeira tarefa da manhã.”
“Bom,” eu disse. “Todos nós vamos.”
Austin fez uma careta. Não era uma cara boa. Era o tipo de
cara que sempre precedia as más notícias.
“O quê?” perguntei. “Vocês estão me dizendo que eu tenho que
ficar aqui?”
“Não, não apenas você,” ele disse. “Todos.”
“Por quê?” perguntou Maddox. “Isso é importante pra caralho.
Agora que sabemos o que esses idiotas estão procurando, devemos
todos ir. Juntos nós podemos...”
“Esse cara,” Austin o interrompeu. “Ele se assusta facilmente.
Ele confia em mim, mas vai recusar se eu levar alguém. Ele não é
exatamente... bem...”
“Mentalmente são?” perguntei.
“Isso,” Austin reconheceu. “Além de algumas outras coisas
também.”
Soltei um suspiro longo e trêmulo. “Então ele é o hacker
paranoico por excelência que mora no porão da mãe dele e só fala
com você, e apenas você sozinho?” perguntei habilmente.
“Tudo isso, exceto a parte do porão da mãe,” disse Austin.
“Este cara tem dinheiro. Muito dinheiro.” ele balançou a cabeça.
“Também não é exatamente dinheiro legítimo, e é por isso que ele é
tão cuidadoso.”
Maddox esfregou o pescoço. “Certo, tudo bem.”
“Além do mais,” acrescentou Austin, “ele tem uma longa lista
de razões para ser paranoico. Razões legítimas.”
“Já chega,” disse Kane. “Entendemos. Você vai sozinho.”
Austin colocou o chip na palma da mão e assentiu. “É uma
viagem de seis horas. Sairei cedo e estarei de volta ao anoitecer.”
Ele apertou a mão que segurava o chip. “Talvez no dia seguinte,
dependendo se os dados estiverem criptografados ou não.”
Tudo isso era grego para mim. E se você me perguntasse, teria
sido grego para Connor também.
Pensando bem, havia muitas coisas sobre meu irmão que eu
ainda não sabia.
“E se estiver criptografado?” perguntei.
Austin abriu um sorriso largo. A animação em seus olhos era
meio fofa.
“Então meu cara conhece um cara…”
Capítulo 49

DALLAS

Já passava da meia-noite quando saí do meu quarto,


caminhando silenciosamente para o corredor. Eu estava
irremediavelmente inquieta. Nem sequer cansada. Principalmente
porque ficamos acordados até tarde nas últimas noites e eu estava
me acostumando com um horário noturno.
Mas era mais que isso, também.
Eu queria ver Kane.
Fiquei chocada ao encontrá-lo no final do corredor, mais uma
vez olhando pela mesma janela grande. A luz estava estranha esta
noite. Mais roxa do que azul, com menos luar do que antes.
Aproximando-me dele lentamente, eu me perguntei se deveria
falar. Ele estava sem camisa novamente. E parecia estar em transe,
quase dormindo enquanto se encostava na velha moldura. Mas
então eu o vi mudar, e sua cabeça virou na minha direção. Eu ri
silenciosamente de mim mesma por ter pensado que poderia me
aproximar de um SEAL da Marinha sem ser percebida.
“Alguma coisa boa lá fora esta noite?”
Me encostei nele, e ele deslizou o braço em volta de mim. O
movimento era familiar, como se fizéssemos há anos.
“Areia. Poeira. Deserto.”
Olhei para fora com ele. “Meio chato.”
“Sim.”
Eu me perguntei o que era, o que o mantinha acordado à noite.
Com que tipos de demônios ele poderia estar lutando em sua
cabeça. Poderia ter sido simples insônia, é claro. Mas poderia ser
pior.
De qualquer maneira, eu não iria perguntar. Ele me diria se
quisesse. Em vez disso, suspirei baixinho e mudei de rumo.
“Acha que vamos pegá-los antes que eles nos peguem?”
O enorme soldado mal registrou a pergunta, exceto pela sua
boca se esticando em um meio sorriso apertado. “Ah sim.”
A maneira como ele disse isso foi reconfortante. Com
confiança, não bravata.
“A questão é pegar todos eles,” disse Kane. Os músculos de
seu ombro se encolheram um pouco, enquanto eu os admirava. “De
um jeito ou de outro.”
Abri a boca e depois a fechei, percebendo que minha próxima
pergunta era tola. Eu sabia exatamente o que ele quis dizer.
“Você está bem com isso?” ele perguntou.
Apertei meu corpo contra o dele. “Mais do que bem.”
“Boa garota.”
Deus, ele era tão incrível! Tão grande, forte e seguro de si.
Fisicamente, ele era um guerreiro. Emocionalmente, ele e eu
tínhamos conexões silenciosas que eu jamais poderia esperar
entender.
Eu me sentia muito segura com ele. Segura estando ao redor
dele. E ele era sensato, também. Falava tão raramente que fazia
cada palavra que dizia ter muito mais peso.
Você o ama.
Eu realmente amava! Assim como amava os outros também,
mas de uma forma diferente. Com Kane, nosso vínculo não era algo
que precisava ser ratificado ou constantemente reafirmado.
Por dentro e por fora, ele era o homem perfeito.
“Eu nunca vou me perdoar,” ele disse abruptamente, ainda
olhando pela janela, “pelo que aconteceu com Connor.”
Meu coração ficou despedaçado. Eu queria abraçá-lo! Deslizar
meus braços firmemente ao redor dele e fazê-lo perceber que eu
estava lá, que ninguém o culpava, e que Connor tinha feito suas
escolhas de merda por conta própria.
“Kane,” eu disse. “Você não pode...”
“Eu sei,” ele disse rapidamente. “E eu entendo isso. Ainda
assim...”
Todo o seu corpo ficou tenso ao mesmo tempo, cada músculo
se contraindo em uma demonstração assustadora de força e poder.
Até sua mandíbula ficou apertada. As próximas palavras que saíram
de sua boca foram concisas e inflexíveis.
“Eu vou pegar todos que o traíram,” ele rosnou
ameaçadoramente. “Cada um desses filhos da puta.”
Eu balancei a cabeça em seu peito, indicando que eu entendia.
Que eu estava atrás dele. Ao lado dele. Independentemente do que
acontecesse.
Não tenho certeza de quanto tempo ficamos ali. Se foram mais
cinco minutos, quinze ou cinquenta. A parte importante era estarmos
abraçados. Olhar para aquele horizonte escuro onde não se via
nada, enquanto nossas almas falavam longamente uma com a
outra.
“Falei com Maddox e Austin,” ele disse finalmente. “Parece que
vocês... se divertiram neste final de semana.”
Olhei para cima e vi seu sorriso maroto. Eu só pude sorrir de
volta para ele.
“Sim,” eu disse com uma risadinha. “Acho que você e eu temos
que conversar.”
“Um tipo de boas-vindas, na verdade,” Kane assentiu. “A
menos que você tenha esquecido?”
Eu ri novamente. “Esquecido? Por favor.” Fiquei na ponta dos
pés e me apertei contra ele. “É por isso que eu saí do meu quarto
esta noite para começar.”
Os olhos de Kane encontraram os meus, então ele me
levantou no ar como se eu não fosse nada. Meus braços foram para
cima dos seus ombros, minhas pernas deslizando ao redor de seu
torso quente e nu.
Então nós nos beijamos, com fome e intensidade. Repetidas
vezes, na silenciosa santidade do nosso pequeno salão sombrio.
“Leve-me para o seu quarto,” sussurrei, quando finalmente me
libertei de seus lábios.
Meu amante balançou a cabeça e sorriu.
“Seu quarto desta vez,” ele disse, nos levando naquela direção.
“Cheira como você, e é muito mais suave e agradável lá dentro.”
Capítulo 50

KANE

Era quente pra caralho dentro dela. Quente, úmido e


espetacularmente bom. Ela estava absolutamente incrível com seu
corpo colado ao meu, meu braço firmemente ao redor de sua
cintura, prendendo-a firmemente contra mim enquanto eu
mordiscava seu ombro.
Era muito confortável transar com ela de ladinho. Desse jeito,
eu podia beijá-la tanto quanto eu quisesse. Beijá-la enquanto me
enfiava profundamente dentro dela, inclinando seu queixo para trás
em minha direção enquanto continuava entrando e saindo.
“Baby…”
Os gemidos dela eram suaves. Meros sussurros de palavras.
Cada vez que um hálito quente deixava seus pulmões, eu podia
senti-lo em meus próprios lábios.
“Ah honey...”
Ficamos transando por muito tempo. Fazendo isso devagar,
preguiçosamente, meus braços em volta dela enquanto eu a
penetrava por trás. Minhas mãos estavam livres para percorrer seus
seios perfeitos. Elas trilharam o caminho até seu pescoço, onde
apliquei pressão suficiente para deixá-la ofegante de prazer, mesmo
enquanto ela chupava, um por um, os dedos da minha mão livre em
sua boca molhada e desesperada.
“Porra, Kane,” ela ofegava avidamente. “Me foda...”
Deus, como eu senti falta dela. Muito mais do que eu queria.
Muito mais do que eu pensei que iria sentir, até mesmo porque ela
só esteve fora poucos dias.
Parte de mim continuava dizendo a mim mesmo que isso era
um problema. Que eu estava entrando nisso muito fundo, muito
rápido. Ficando muito apegado a alguém que poderia, a qualquer
momento, ser literalmente arrancada da minha vida.
Assim como Connor.
Eu grunhi e empurrei mais forte, deixando de lado todas as
minhas frustrações, preocupações e medos. Dallas respondeu
gemendo ainda mais alto e me pedindo para fodê-la ainda mais
profundamente do que eu já estava.
Depois do que aconteceu com seu irmão, nada me impediria
de protegê-la. Eu confiava em Maddox e Austin o suficiente para
cuidar dela enquanto eu ficava para trás. E, no entanto, pelas
histórias que me contaram, ela quase foi... quase foi...
“Ahhhhhhhhhhhhhhhh...”
Flexionei meu braço quando ela gozou, puxando-a para mim
com tanta força que tirei o ar de seus pulmões. Eu podia sentir sua
bunda macia e flexível se esfregando em mim. As contrações
rítmicas de sua boceta me ordenhando, repetidamente, através de
uma série inesquecível de palpitações e pulsações orgásticas.
Não Goze. Não ainda.
Caramba, é mais fácil falar do que fazer! Cada terminação
nervosa do meu corpo estava de pé, me dizendo para entrar em
erupção. Dando-me total permissão para explodir dentro dela,
enchendo-a com três dias agonizantes do meu gozo quente e
suculento.
De alguma forma, por algum milagre, consegui não gozar. E
isso foi apenas porque eu estava aproveitando demais. Saboreando
a sensação de estar dentro dela enquanto a segurava, de deixar
meu pau latejante apenas marinar feliz, no fundo de seu ventre.
“Baby...” Dallas suspirou. Ela virou a cabeça para me encarar
novamente, com sua pele perfumada de jasmim e seus cabelos
loiros macios. “Apenas deixe fluir...”
Seus lábios eram carnudos e cheios, e estavam apenas
ligeiramente molhados quando ela mordeu o inferior. Eu me inclinei
e a beijei, e meu corpo inteiro explodiu com calor e amor.
Vá em frente. Fale.
Eu queria tanto gozar dentro dela. Eu já tinha feito isso uma
vez e não foi o suficiente. A última vez tinha sido uma espécie de
vale-tudo, uma orgia de desejo e luxúria e necessidade sexual crua.
Mas isso... agora...
Agora eu queria consumar nossa união. Queria preenchê-la,
sim, mas queria beijá-la enquanto o fizesse.
Eu queria que ela soubesse como eu realmente me sentia.
Precisava que ela percebesse toda a extensão dos meus
sentimentos.
Diga a ela.
Minha mente estava gritando para eu parar de ser ridículo. Que
não poderia ser assim. Mas meu coração estava dizendo a minha
mente para calar a boca.
Apenas diga a ela.
Eu não pude segurar mais. O gozo estava fervendo nas
minhas bolas. Em segundos ele iria avançar, correndo para fora de
mim. Seria derramado nela em um momento glorioso de puro
êxtase, enchendo-a até transbordar.
DIGA!
Nossas bocas estavam presas uma na outra, nossas línguas
ainda dançando quentes. Mas no último momento eu puxei minha
cabeça para trás. Naqueles últimos segundos, enquanto meu pau
pulava no primeiro pulso eufórico, as palavras que eu não conseguia
dizer em voz alta ainda se formavam em meus lábios e língua.
Eu te am...
Eu congelei... e lá estava Dallas, seus olhos grudados nos
meus. Seu rosto estava resplandecente. Sua expressão
emocionada, sorrindo.
“Eu também te amo,” ela sorriu, então me beijou. “Agora goze
em mim...”
Eu não apenas explodi, eu detonei.
Ela agarrou minha cabeça enquanto eu me empurrava para
frente, perfurando-a até o núcleo. Cada contração era uma alegria
totalmente nova, cada pulsação me trazendo agonizantemente para
mais perto do céu. Nossas línguas dançaram novamente e nos
beijamos com força, meu pau inchado inundando sua boceta,
devorando um ao outro em uma tempestade de calor e paixão.
Continuei disparando jatos e convulsionando, atirando-me tão
profundamente, tão completamente dentro dela, que se o universo
terminasse naquele exato momento, nenhum de nós teria se
importado em toda a porra do mundo.
Parecia que nunca iria acabar. Eu continuei me derramando
nela através da intimidade de nossa conexão, e Dallas me
abraçando rápido, me beijando enquanto o mundo girava ao nosso
redor.
Quando finalmente acabou, não nos movemos um centímetro.
Eu a mantive presa firmemente contra mim, enrolando meu corpo ao
redor do dela sem quebrar nossa conexão.
Eu podia sentir o calor de sua feminilidade pulsando ao meu
redor. Segurei-me dentro dela enquanto nossos batimentos
cardíacos desaceleravam e nossa respiração se tornava regular e
adormecíamos rapidamente, juntos, com ela em meus braços.
Capítulo 51

DALLAS

A luz que entrava pelas janelas da cozinha era brilhante pra


caralho, fazendo com que eu cobrisse meus olhos com o braço
como um vampiro. Maddox riu enquanto me entregava uma xícara
de café. Kane me deu outra coisa: um saco de papel branco
simples.
“O que é isso?” eu grunhi.
“Almoço.”
Percebi que ele estava lendo um jornal, enquanto mastigava
um cheeseburger grosso e suculento. Era um dos bons, de um dos
melhores restaurantes de fast-food. Franzi o nariz.
“Que horas são essas?”
“Já está de tarde,” disse Maddox. Ele apontou para cima
enquanto afundava de volta em sua cadeira.
O relógio de parede de plástico marcava uma e meia.
Puta merda!
“Você vai comer isso?” Kane perguntou, apontando para o
resto das batatas fritas de Maddox.
“Não.”
“Mais para mim então.”
Era incrível que eu tivesse dormido até tão tarde. Que eu
tivesse dormido tão bem, porque me sentia viva, acordada e
revigorada. Mesmo com apenas alguns goles de café.
Você tem que agradecer a Kane por isso.
Essa parte era verdade, sem dúvida. Depois do que
compartilhamos juntos, tanto na janela quanto na minha cama, eu
dormi como um bebê em seus braços.
“Então, as crianças se divertiram na noite passada?” Maddox
riu, jogando os pés para cima.
Eu mostrei minha língua para ele e continuei no meu café. Eu
não tinha interesse no que estava no saco branco. Ainda.
Um pensamento de repente me ocorreu. “Austin deu notícias?”
“Nada ainda,” disse Maddox. “Ele saiu por volta das 5 horas. Já
deve estar lá. Mas, pensando bem, tem o trânsito de Los Angeles.”
Ele balançou a cabeça indignado. “A autoestrada deve estar como
um dos sete níveis do inferno. Não consigo imaginar como alguém
pode viver lá.”
“Nove níveis,” disse Kane.
“Nove?” Maddox apertou os olhos. “Você tem certeza disso?”
Kane continuou mastigando sem tirar os olhos do jornal. “Sim.”
“Círculos,” eu disse eventualmente, aumentando a conversa
sem sentido.
“O quê?”
“São círculos do inferno, não níveis. Pelo menos, de acordo
com Dante.”
Maddox olhou para mim de um modo estranho. “Quem diabos
é Dant...”
“Vocês querem ir para o deserto hoje à noite?”
Era a pergunta mais estranha, especialmente vindo de Kane.
Maddox e eu olhamos um para o outro com curiosidade, depois
olhamos de volta para ele.
“Para o deserto? Por quê?”
“Porque eu fiz algumas pesquisas enquanto vocês três
estavam fora,” disse ele. “E eu descobri algumas coisas.”
“Descobriu?” perguntou Maddox, incrédulo.
Kane assentiu, colocando batatas fritas na boca.
“Bem, por que você não disse nada?”
Ele deu de ombros. “Ninguém perguntou.”
Maddox olhou para mim, sua boca aberta. Ele estava tão
engraçado que eu realmente ri.
“Então... você vai nos esclarecer?” perguntei.
Kane enxugou a boca com o guardanapo e empurrou os restos
de sua refeição. “Claro.”
Pelos minutos seguintes, ele falou mais sobre seu final de
semana. Sobre como ele passou um tempo em Nellis, obtendo
todas as informações que podia. Os contatos de Kane eram
impressionantes; mesmo na base da Força Aérea, ele tinha muitas
pessoas que lhe deviam favores. Ele explicou que havia pessoas
ainda mais altas na hierarquia que também deviam favores aos seus
contatos e que, ao final, todos acertaram suas contas.
Isso me lembrou de algo que Connor disse uma vez, sobre
como salvar a vida de alguém poderia mudar o protocolo. Quando
você percebe que sua própria existência no planeta Terra é devida a
outra pessoa, você tende a cuidar das necessidades dessa pessoa,
não importa quais sejam. Mesmo que isso significasse quebrar as
regras.
Especialmente se isso significasse quebrar as regras.
“Eu consegui entrar no estacionamento da frota,” disse ele.
“Sabem aquele SUV que Connor estava rastreando – o que
perseguimos? O dispositivo já se foi. Eles o encontraram.”
“É o que parece,” disse Maddox.
“Eu ia plantar outro,” disse Kane. “Na verdade, eu ia colocar
um em cada maldito veículo naquela garagem. Mas então um amigo
meu arranjou uma coisa melhor. Algo muito mais útil.”
Ele se abaixou e tirou um tablet de uma caixa preta plana.
Depois de apertar alguns botões, ele o virou para que ficasse de
frente para nós.
“Eu tinha isso carregado com os últimos três anos de dados do
GVT,” disse Kane “e então, fiz uma tonelada de café e revisei.”
Inclinei minha cabeça. “GVT?”
“É um sistema de rastreamento de veículos do governo,”
respondeu Kane. “Mantém um registro de funcionamento de todos
os veículos do governo equipados com um sistema GPS, que agora
está em praticamente todos eles.”
Maddox soltou um assobio baixo. “Caramba, que merda.”
“Sim.”
A tela que ele estava segurando para nós parecia algo saído
de Matrix – um monte de letras e números organizados em colunas
verticais aparentemente intermináveis.
“Bem, isso é tudo muito bom,” eu ri, “mas para o que estamos
olhando?”
“Aqui,” disse Kane, batendo na tela.
Eu vi mais números, mais letras. Ainda estava confusa.
“Este veículo,” disse ele, “foi para o mesmo local no deserto
que o SUV que perseguimos.” Ele moveu o dedo um pouco. “As
coordenadas batem exatamente.”
“Quantas vez...”
“Uma vez a cada duas semanas,” disse Kane. “Pelos últimos
dois anos. Sempre no mesmo dia da semana – o dia de hoje – e
sempre à mesma hora da noite.”
Maddox se aproximou da mesa. Ele estendeu a mão e apontou
com o dedo.
“Estes são os números de identificação do serviço.”
“Sim.”
Os olhos de Maddox se arregalaram de animação. “Para que
possamos procurar quem é esse cara!”
Kane balançou a cabeça lentamente para cima e para baixo.
De alguma forma, no entanto, ele não parecia tão animado quanto
seu companheiro.
“Já temos.”
Lentamente Maddox afundou de volta em sua cadeira. “Puta
merda.”
“É exatamente o que estou pensando.”
Meu coração estava batendo rápido novamente, meu sangue
bombeando. Eu podia realmente sentir o progresso agora, como se
estivéssemos finalmente chegando mais perto da verdade sobre
Connor.
“Então... quem é esse cara?” perguntei com hesitação.
Eu vi os olhos de Kane se moverem para baixo, na direção do
chão. Soube que algo estava errado imediatamente. Kane nunca
olhava para baixo.
Mas eu não era a única pessoa na sala que sentia isso.
“É alguém que conhecemos,” disse Maddox seriamente. “Não
é?”
Kane raspou a garganta desconfortavelmente. Seus braços
estavam cruzados sobre o peito agora.
“Alguém com quem servimos...” Maddox continuou.
Muito lentamente, quase dolorosamente, Kane assentiu.
“Diga,” exigiu Maddox. Sua expressão estava torcida de
verdadeira fúria agora. “Diga-me quem é o maldito traíra filho da...”
“É o Dietz.”
Capítulo 52

DALLAS

A viagem até o deserto foi sombria e estranha. Sentei-me


sozinha no banco de trás, em silêncio a maior parte do tempo,
ouvindo a conversa entre Maddox e Kane.
Eles conversaram longamente sobre um homem chamado
Dietz.
Dietz... Dietz...
Por alguma razão, o nome disparou um alerta. Ou Connor o
mencionou diretamente, ou eu ouvi meu irmão falar sobre ele de
passagem. Qualquer que fosse o caso, o homem era um soldado
que todos conheciam e aparentemente gostavam muito.
Pior, era uma pessoa em que todos confiavam.
“Como diabos Dietz poderia ter sido mal?” Maddox disse. Ele
se sentou no banco do passageiro, parecendo tão magoado quanto
confuso. “E como ele poderia ter ficado contra Connor?”
Kane não disse muita coisa, mas fez um monte de apertos de
mandíbula e flexões de punhos. Antes do final da viagem eu tinha
certeza de que ele iria esfarelar os pontos do volante nos quais ele
estava com as mãos.
Saímos cedo, horas antes dos horários indicados
frequentemente nos logs do GPS. Não havia rastreamento em
tempo real dos nossos alvos, e nenhuma maneira de ter certeza de
que eles estavam vindo. Mas, se eles seguissem o padrão já
estabelecido, e as coordenadas previamente visitadas, chegaríamos
lá bem antes deles.
Kane já havia inserido o local no rastreador do seu telefone.
Era um pontinho em um mapa digital – um lugar que se aproximava
infinitesimalmente a cada pedra e seixo que passava. Havíamos
saído da estrada meia hora antes. As colinas e cumes sob nossos
pneus eram areia compactada, quase como concreto, enquanto
descíamos para o que parecia ser um pequeno vale de pedra.
“Pronto,” disse Maddox, quando nos aproximamos do fim de
nossa jornada. “Esse morro parece bom.”
“Bom não,” murmurou Kane. “É perfeito.”
Nós subimos, enquanto eles falavam mais sobre a aparente
traição de seu ex-irmão de armas. Eu poderia dizer que eles
estavam se segurando um pouco. Às vezes, a conversa descia para
uma frase ou duas, como se estivessem dizendo algo que não
queriam que eu ouvisse.
Normalmente, isso teria me deixado com raiva. Agora, porém,
eu estava entorpecida demais para isso.
Connor veio aqui.
Era tudo que eu conseguia pensar enquanto olhava ao redor.
Para tudo o que estava ao alcance da minha vista. O que quer que
tenha matado meu irmão, tudo começou bem aqui, neste pequeno
trecho de deserto. Esta porra de estrada estúpida de nada, onde ele
enfiou o nariz onde não havia sido chamado.
Não fique assim, uma voz interior me advertiu severamente.
Seu irmão era um maldito herói.
No banco da frente, a conversa dos rapazes estava baixa
novamente. Embora eu soubesse que eles estavam apenas
tentando proteger meus sentimentos, talvez fosse o momento de
lembrá-los novamente sobre como todos nós concordamos em
manter tudo transparente.
Finalmente, chegamos à parte final da subida, e Kane nos
levou até uma parada empoeirada. Ele estacionou um pouco atrás
do limite do nosso penhasco, uns bons trinta ou mais passos da
borda.
“Vamos dar uma olhada,” disse Maddox.
Caminhei com eles sem palavras, ouvindo o silêncio maçante
do deserto. O sol poente estava bom no meu rosto. O vento tinha
um leve aroma de baunilha quando batia no meu cabelo. Ambos os
homens pegaram binóculos militares que pareciam ser muito caros,
fazendo pequenos ajustes enquanto os apontavam para o a parte
de baixo do vale.
“Pronto,” disse Kane. “Ali, perto da saliência.”
Apertei os olhos com força, esforçando-me para ver.
“Você poderia ter trazido três binóculos, sabe.”
Kane me ignorou completamente. Maddox girou um dos
mostradores com o dedo indicador. “Sim,” ele disse de forma
distante. “Desculpe.”
Comecei a pensar em Connor. Imaginando se meu irmão
estava neste exato ponto de observação, olhando para a mesma
seção do vale. Decidi que provavelmente estava. Todos eles tiveram
o mesmo treinamento, compartilharam as mesmas táticas e
conhecimentos básicos.
Ele pode ter sido meu irmão de sangue... mas também era
irmão deles em todos os outros sentidos da palavra.
Senti um toque, e era Kane me entregando seu binóculo. Ele
era três vezes mais pesado do que realmente parecia. Olhei através
dele, tentando ver as mesmas coisas que eles viam.
“Está vendo esse ponto,” ele murmurou em meu ouvido, “onde
a areia está um pouco mais escura?”
Estou vendo. Balancei a cabeça.
“O que mais você vê?”
Eu foquei. Verifiquei. Me concentrei.
“Marcas de pneus.”
“Sim.”
Suspirei e devolvi o equipamento para Kane. “E agora?”
Maddox baixou seu binóculo e esfregou a ponta do nariz.
“Agora... nós esperamos.”
Capítulo 53

DALLAS

O primeiro conjunto de faróis apareceu bem depois de


escurecer. Na noite clara do deserto, podíamos vê-lo chegando a
quilômetros de distância, saltando para o vale abaixo.
“Picape Chevy,” disse Maddox, espiando pelo visor. Ele já
havia mudado para uma configuração de visão noturna. “Marrom.
Talvez azul.”
Kane e eu nos amontoamos no morro frio, ao lado dele, mas
um pouco atrás. O caminhão se aproximou lentamente. Quando
passou por baixo da formação rochosa, parou e as portas se
abriram.
“Três homens,” disse Maddox. “Todos armados.” Sua voz ficou
mais baixa. “Eles estão verificando ao redor. Fique absolutamente
imóvel.”
Segundos se passaram, com apenas o clique lento dos
binóculos para marcar a passagem do tempo. E então:
“Eles estão descarregando alguma coisa,” continuou Maddox.
“Quatro pacotes. Agora seis...”
Eu estava tentando não tremer. A princípio, pensei que meu
corpo estava ganhando vida com a emoção do perigo, a adrenalina,
mas rapidamente percebi algo totalmente diferente:
Estava um frio congelante lá fora.
“Entre no caminhão,” Kane me pediu.
“Não, estou bem.”
“Pelo menos você fica fora do vento.”
“Eu disse que estou bem.”
Ele poderia argumentar o quanto quisesse. Eu não perderia
isso por nada.
“Você está tremendo feito vara verde.”
Eu apertei minha mandíbula com força para evitar que meus
dentes batessem. “Vá se foder.”
Kane me deu um raro meio sorriso. “Mais tarde,” o grande
SEAL bufou.
Maddox continuou assistindo, continuou contando. Ele
alcançou trinta e oito pacotes e parou.
“Certo, lá vem outra pessoa.”
Todos nós assistimos juntos quando um segundo veículo
chegou, desta vez vindo do norte. Ou era o mesmo SUV de antes,
ou um modelo muito semelhante. Era da mesma cor. Devia ser da
frota.
“Eles estão todos juntos agora,” confirmou Maddox. “Estão
conversando.”
Calar a boca tornou-se um esforço de equipe, pois todos
prendíamos a respiração e nos esforçávamos para ouvir. Vozes
subiam do pequeno desfiladeiro. Até mesmo uma gargalhada
profunda e ameaçadora.
Em algum momento, a porta traseira do SUV se abriu e um
homem saiu. Ele parecia significativamente maior do que os outros.
Também se portava de maneira muito diferente.
Kane, que estava olhando através de seu binóculo, de repente
enrijeceu.
“É ele?”
Maddox levantou uma mão. Ele usava esse gesto para fazer o
símbolo 'afirmativo'.
“Isso é suficiente.”
Kane torceu a cintura... e de repente voltou com um rifle sniper
longo e bege. Era sofisticado e corrugado, com uma luneta de
aparência sinistra montada ao longo de todo o comprimento
superior.
“Espere, não!”
Maddox girou ao som da minha voz. Sua mão agiu rápido e
agarrou o cano no momento em que Kane estava ajustando sua
mira.
“Mano, espere!” ele cochichou. “O que você está fazendo?”
“Exatamente o que precisa ser feito.”
Maddox deslizou para baixo, até que ele e seu companheiro
ficaram cara a cara. Ele balançou a cabeça, mas os lábios de Kane
se curvaram em um rosnado.
“Larga isso. Deixa comigo.”
“E Austin?”
“Austin já é bem grandinho,” Kane estava possesso. “Ele pode
tomar conta de si mesmo.”
“Mas prometemos não fazer nenhum movimento sem ele.”
Kane deslizou o ferrolho para trás, em seguida, empurrou-o
para a frente, colocando uma bala na agulha.
“Kane!” Maddox cochichou. “Vamos embora cara, isso é
loucura! Você não pode matar Dietz, nós nem mesmo temos...”
“No que me diz respeito, ele já está morto.”
As coisas estavam indo mal, e muito rapidamente também. Os
olhos de Kane estavam mortíferos. Eles me diziam que se Maddox
não largasse o rifle logo, Kane iria arrancar um por um os dedos que
estavam no cano.
“Então, e ela?” Maddox implorou.
Kane congelou por um momento, então seu olhar mudou
relutantemente para mim.
“Não podemos fazer isso agora,” disse Maddox. “Não com ela
aqui, e não sem Austin.”
“Há apenas cinco lá embaixo,” grunhiu Kane. “Tenho certeza
de que posso pegar todos eles.”
“Seis,” disse Maddox. “Mais um acabou de sair daquele SUV.”
Lentamente, ele tirou a mão do cano da arma. “E sim, talvez você
possa pegar todos eles. Ou talvez você não consiga. Talvez um
desses veículos escape.” Ele deu de ombros. “Mesmo se você
acertar todos eles, não saberemos de absolutamente nada.”
Algo na parte de trás dos olhos de Kane mudou. Eu podia vê-lo
refletido no luar.
“Nós vamos pegar Dietz,” Maddox o assegurou, “mas não
agora. É um risco muito grande.”
Soltei um suspiro longo e aliviado quando a tensão saiu dos
ombros de Kane. Ele deslizou o ferrolho para trás. Tirou a bala da
agulha.
No momento em que ele dobrou o rifle, o negócio no
desfiladeiro havia terminado. Os veículos partiram em direções
diferentes, o ruído dos pneus no cascalho desaparecendo
lentamente.
“Foi a decisão certa,” disse Maddox, dando um tapinha em seu
ombro. “Vamos conseguir uma oportunidade melhor.”
Mas Kane não parecia tão convencido.
“Eu me pergunto se Connor esperou muito tempo,” o grande
homem disse ameaçadoramente. “Esperando por uma oportunidade
melhor para si mesmo.”
Capítulo 54

DALLAS

Esperamos cinco minutos após o último sinal de suas lanternas


traseiras. Dez minutos depois, descemos a colina e paramos sob a
formação rochosa.
“Este é o local,” apontou Maddox.
As marcas de pneus eram fracas; tanto que você tinha que
saber que elas estavam lá para vê-las. O chão ao redor de toda a
área estava duro como cimento.
“Olhem em volta,” dei um suspiro. “Talvez eles tenham deixado
algo para trás.”
“Provavelmente não,” disse Kane.
“Por quê?”
“Foi simplesmente uma troca,” ele disse. “Eles se encontraram
aqui anonimamente, para não serem vistos.”
“Então por que estavam descarregando coisas?”
Kane olhou para mim e deu de ombros. “Produto por dinheiro?”
ele supôs. “O comprador teve que contar. Tinha que ver o que eles
estavam recebendo.”
“Sim, mas o caminhão deles tinha uma caçamba,” eu disse. “E
uma porta traseira.”
“E daí?”
“Então, por que eles descarregariam tudo no chão?”
Todos nós olhamos para baixo ao mesmo tempo. Essa parte foi
estranha, eu poderia dizer pelo fato de nenhum deles ter uma
resposta real.
“E aquele primeiro caminhão,” eu disse. “Vimos as luzes de ré.
Na verdade, ele apoiou-se em algo.”
Kane e Maddox deram um ao outro um olhar de 'puta merda'.
Senti outra onda de orgulho.
Todos aqueles episódios de NCIS… finalmente valendo a
pena.
“Onde estava estacionado o primeiro caminhão?” Maddox
perguntou.
Nós três nos arrastamos, procurando com nossas lanternas.
Demorou um pouco, mas eventualmente encontramos um conjunto
de rastros que era mais profundo do que os outros, quase o dobro.
Também terminou abruptamente.
“Aqui.”
Kane se ajoelhou e começou a cutucar o chão. Maddox
também. Eu também.
Cinco minutos se passaram. Dez. Estávamos de quatro,
alisando o cascalho compactado. Batendo na terra do deserto com
nossos punhos nus, que estavam começando a ficar esfolados.
“Eu estava olhando mais para os rostos deles,” disse Maddox.
“Tentando reconhecer alguém. Não estava olhando para baixo e...”
Ele parou de falar quando todo o seu corpo congelou. Então
ele olhou para cima.
“O quê?”
Maddox levantou a mão da terra. Trazia apertado em seu
punho um pequeno pedaço de corda cor de areia.
“Caramba.”
Kane se aproximou e os dois o pegaram. Eles se juntaram
fazendo força, e de repente todo o chão do deserto se moveu.
Ou pelo menos, um parte de um metro e meio quadrado.
Caralho, puta merda!
Era um buraco. Esculpido no arenito, lascado no barro, tinha
cerca de um metro de profundidade com cantos quadrados.
“Tá de brincadeira!”
Maddox estava segurando o cabelo para não cair sobre seus
olhos. No buraco havia algumas dúzias de pacotes, todos
embrulhados em papel pardo. Eles estavam empilhados
ordenadamente, como tijolos, todos amarrados com barbante.
“O que é?” perguntei, mas já sabendo a resposta.
“Drogas.”
“Tem certeza? Talvez seja dinheiro.”
Kane bufou indignado. “Nunca é dinheiro,” ele disse. “É sempre
drogas.”
“Não estou acreditando nisso,” Maddox foi dizendo. “O que
fazemos agora?”
“Deixamos isso aí.”
Kane e eu murmuramos a mesma frase ao mesmo tempo.
Olhamos um para o outro com cumplicidade.
“Pelo menos por enquanto,” acrescentou.
Um guincho agudo soou ao longe – um animal talvez, ou um
eco de mais longe. Trazendo uma súbita urgência ao clima geral.
“Não acredito que nós encontramos isso,” disse Maddox.
“Nós não encontramos porra nenhuma,” disse Kane. Ele
acenou com a cabeça na minha direção. “Ela encontrou.”
“Tanto faz.” Maddox se virou para mim. “Porra Dallas,” ele
exclamou. “Eu poderia te beijar agora.”
“Mais tarde,” respondi de volta, e Kane balançou a cabeça
concordando.
“Depois de enterrarmos isso de volta exatamente do jeito que
encontramos.
Capítulo 55

DALLAS

A televisão estava ligada, mas nenhum de nós estava


realmente assistindo. Era algum drama obscuro cujo enredo exigia
atenção total, não as divagações inquietas de três mentes
cansadas.
“Outra cerveja?” perguntou Maddox.
Kane e eu balançamos nossas cabeças. Já tínhamos tomado
algumas, mas não a ponto de ficarmos tontos. Ainda estávamos
muito ligados, muito pilhados. A adrenalina ainda não tinha saído de
nossos corpos.
Então ficamos lá sentados nas primeiras horas da manhã,
esticados juntos no sofá. Austin não voltava para casa. Ele ligou
para avisar antes mesmo de partirmos para o deserto;
aparentemente seu 'cara' ainda precisava de mais tempo.
Eu estava, como sempre, pensando em Connor. Mas Maddox
e Kane...
Eles estavam pensando em Dietz.
Eu tentei fazê-los falar sobre isso, para me contar mais sobre
esse cara que possivelmente traiu meu irmão. No entanto, cada
história, cada passagem – só parecia torná-los mais tensos,
estressados e zangados. E não apenas por Dietz, mas por si
mesmos também.
Infelizmente, era algo com o qual eu estava familiarizada: a
culpa do sobrevivente. A constante destruição do seu cérebro,
pensando no que você poderia ter feito diferente. Como se você
pudesse voltar para esse dia, ou aquele dia, você poderia de
alguma forma fazer tudo novamente, mas desta vez da maneira
certa.
Tudo era um labirinto sem saída.
Maddox voltou, afundando pesadamente em sua extremidade
do sofá. Sentada entre eles, me estiquei... e deitei meu corpo sobre
os dois.
“Vem cá.”
Meu braço subiu, minha mão acariciando o cabelo de Maddox.
Eu o puxei para mim e o beijei, enfiando minha língua em sua boca,
demonstrando uma necessidade emocional de estar perto, de estar
com ele, mesmo dessa forma simples.
Ele me beijou de volta... e eu sabia o que tinha que fazer.
Sentei-me e coloquei minha mão em seu peito maravilhoso.
Então eu o empurrei de volta contra o sofá, e deslizei para o chão.
“Relaxe,” sorri, desafivelando seu cinto enquanto Kane olhava.
E coloquei uma mão em cada um deles. “Vocês dois.”
Na escuridão lenta e bruxuleante, massageei duas
protuberâncias crescentes da minha posição no chão. Era muito
excitante, só os ver esticados ali. Observando a tensão sair de seus
corpos grandes e fortes, enquanto a inquietação se transformava
em curiosidade e depois em excitação total. Ambos estavam duros
quando baixei as calças de Maddox até seus tornozelos. Eu puxei
seu pau através do buraco em sua cueca... então me inclinei para
frente para engoli-lo inteiro.
Mmmmmm...
Ele estava uma mistura de perfume, sal e suor. Verdadeiro
‘cheiro de homem’, mas não era desagradável. Eu balançava para
cima e para baixo sobre ele, desfrutando da minha segunda parte
favorita de qualquer boquete: a sensação de um homem ficando
duro e firme na minha boca.
Meus olhos vagaram até Kane. Desviei meu olhar para sua
virilha, que eu ainda estava tocando e esfregando. Ele entendeu a
dica e desafivelou o cinto.
Através dos dentes cerrados, Maddox soltou um suspiro longo
e acalorado. Suas coxas se separaram. Sua mão foi para a minha
cabeça, me acariciando suavemente enquanto eu o chupava.
Então eu mudei para Kane, que já estava com seu pau para
fora.
Jesus, Dallas...
Foi incrível, o quão poderosa eu podia me sentir de joelhos.
Como eu estava no controle total sobre esses dois homens
imparáveis; o objeto imóvel posicionada entre eles, com a força
irresistível de seus corpos firmes e sarados. Chupava um enquanto
acariciava o outro, alternando entre os dois sempre que queria.
Então fui aumentando o grau de safadeza.
Eu piscava para Maddox enquanto chupava Kane. Olhando
nos olhos de Kane enquanto colocava minha língua para fora e
lambia para cima e para baixo todo o pau de seu amigo. Para frente
e para trás, para frente e para trás, acariciando-os e chupando-os
até que cada uma de suas ereções já consideráveis estivesse dura
o suficiente para martelar um prego.
Ou, de preferência, martelar a mim.
Mas por mais maravilhoso que isso soasse, eu não queria ser
‘martelada’. Não ainda, pelo menos. Foi um momento arrastado e
preguiçoso. E ei, eu queria ser a única a dar as cartas. Queria fazê-
los gozar.
Kane se moveu para levantar primeiro, e eu antecipei o
movimento. Antes que ele pudesse sair do sofá eu já estava
pressionando minha mão contra seu peito, dedos abertos,
empurrando-o de volta contra as almofadas.
Então eu me levantei, virei meu traseiro e me sentei... no pau
brilhante e duro como pedra de Maddox.
Ele deslizou todo o caminho dentro de mim com um suspiro
agradecido.
As duas mãos sexy do SEAL foram para meus quadris. Eu as
afastei, colocando-as de volta em ambos os lados do sofá. Eu
poderia colocá-las em meus seios ansiosos e ofegantes. Poderia ter
gostado da sensação de seus dedos apalpando meus mamilos
enquanto eu deslizava para cima e para baixo nele, profundamente,
esfregando em seu corpo a cada estocada.
Em vez disso, joguei meus braços sobre seus ombros e o fodi
como uma puta carente e gananciosa.
Kane sentou-se lá e observou. Seus olhos viajaram famintos
pelo meu corpo enquanto eu transava com seu amigo, observando
cada movimento meu, ouvindo cada gemido e suspiro. Sua mão ia
para cima e para baixo em seu pau, a cabeça tão inchada e
pulsante que parecia prestes a explodir.
Deus...
Eu mal podia esperar para sentar nele. Mal podia esperar para
subir em seu colo e fodê-lo em seguida. Mas não até que eu
terminasse com Maddox. Não até que eu tivesse feito o que
pretendia alcançar.
“CARALHO, Dallas...”
Só que não demorou muito. A bunda de Maddox saiu do sofá
enquanto ele me inundava com seu gozo, subindo para cima e para
dentro de mim da maneira mais deliciosa. No fundo, eu ainda podia
sentir a dor do Mardi Gras. A dor de dois dias de satisfação
ininterrupta, seguidos pelo incrível encontro da noite passada na
minha cama.
Eu finalmente permiti suas mãos no meu corpo quando meu
primeiro amante terminou, seus dedos abrindo e fechando contra
minha bunda nua enquanto ele cavalgava suas últimas contrações
eufóricas. Então, ainda vazando seu gozo, subi no colo de Kane...
… e afundei até as bolas em sua ereção, que era como uma
haste de aço.
Ahhh... Ahhh... CARALHO...
Não estava nos planos eu gozar. Eu só estava interessada no
prazer deles, apreciando a sensação dos dois se arrastando dentro
de mim.
De repente, porém, as coisas mudaram.
“Deus, você está fazendo uma bagunça do caralho...”
Kane estava beijando meu pescoço, mordiscando meu ombro.
Segurando-me contra ele enquanto eu cavalgava para cima e para
baixo. Eu não conseguia pará-lo. Caramba, eu não poderia nem se
eu quisesse.
Dallas...
Meu orgasmo estava se acumulando como uma tempestade
que se aproximava. Quase fervendo enquanto meu amante me
perfurava por baixo, fodendo para cima e dentro de mim, enquanto
eu me enroscava nele. Eu estava com a cabeça inclinada para trás,
meu rosto virado para o teto. Uma boca se aproximou da minha e
então Maddox me beijou... me beijava enquanto a língua de Kane
percorria meu pescoço, enquanto seu pau estava enterrado
profundamente na minha boceta encharcada, todo quente, molhado,
obsceno e...
“AHHHHHHHHH!”
Eu gritei a palavra em voz alta. Ou melhor, ela foi arrancada
das profundezas da minha garganta.
“CARAAAAAAAALHO!”
Aconteceu bem no meio do meu clímax: as mãos de Kane se
fecharam e ele me inundou. Seu pau pulava, latejava e pulsava, me
deixando cheia de seu sêmen. Adicionando sua carga à de Maddox,
enchendo-me com tanto gozo que eu podia senti-lo descendo pelas
minhas coxas, pelas coxas dele, pelo sofá... em todos os lugares,
tudo de uma vez.
Eu virei e me acomodei em seu pau, balançando meu cabelo
para frente e para trás. De alguma forma ainda beijando Maddox,
que estava com seus braços em volta de mim.
Meu Deus...
Alguém estava apalpando meus seios sob minha camisa,
arrastando suas mãos calejadas sobre meus mamilos. Poderia ser
qualquer um deles. Ou poderiam ser os dois. Eu estava tão perdida
em êxtase que não me importava se era o próprio diabo... e
baseado no meu comportamento ultimamente, essa era uma
possibilidade que eu não descartava.
O delírio e a euforia deram lugar ao prazer, que deu lugar à
realidade. Eu deslizei do colo de Kane, caindo entre eles. Apertando
minhas coxas firmemente juntas enquanto ambos os gozos
escorriam para fora de mim e meu peito arfava com o esforço de
foder os dois.
“Pois é... eu precisava quebrar a tensão,” respirei, sorrindo
enquanto repetia uma frase de um dos meus filmes favoritos, ‘Curso
de Verão’.”
Capítulo 56

MADDOX

O alarme do perímetro tocou por volta do meio-dia.


Foi estranho, porque não havíamos percebido sinais de
movimento. Não havia ninguém do lado de fora, nada para ser visto
em qualquer lugar da propriedade. Depois de verificar as imagens
gravadas, nenhum dos monitores também mostrou atividade no
bloco.
TOC TOC TOC.
Kane já estava na porta, pistola em punho. Desliguei a trava de
segurança da minha submetralhadora MP5, logo depois da janela
sul. Em perfeita posição para utilizá-la.
Por alguns longos segundos não fizemos nada. Então, logo
após a segunda batida, Kane deu uma espiada pelo olho mágico.
“Caralho... inacreditável!”
Ele agarrou a maçaneta e abriu a porta. Antes mesmo que eu
soubesse o que estava acontecendo, ele agarrou a pessoa na
nossa porta e a atirou para dentro da casa, batendo-a contra a
parede mais próxima.
“CALMA! CALMA!”
O homem ficou na ponta dos pés, as mãos erguidas sobre a
cabeça. Ele era grande. Grande como nós. Cabelo loiro, ombros
quadrados. Eu não podia ver seu rosto ainda, porque a pistola de
Kane estava tão presa sob seu queixo que sua língua foi
praticamente forçada para fora de sua boca.
“Puta que pariu, RELAXA!” o homem grunhia.
Aquela voz...
Eu já estava em cima dele. Então parei e espetei o cano da
minha arma violentamente em suas costelas. Ele se dobrou de dor,
e em um piscar de olhos Kane chutou a porta e acertou o homem na
mandíbula com a coronha de sua Sig Sauer.
“Estou vendo um monte de merda,” Kane rosnou, apoiando o
joelho nas costas do homem. Kane segurou os braços dele.
Prendeu-os atrás de seu torso. “E posso dizer que nunca um tive um
desejo de matar tão forte como este!”
“Filho da puta,” o homem grunhiu do chão. Todo o ar havia
estava sendo arrancado de seus pulmões. Ele estava ofegante,
tentando recuperar o fôlego. “Cale já a porra da boca... e escute.”
Puta merda.
Dietz.
“Ouvir o quê?” Kane grunhiu. “Como você pôde nos trair? E
como você pode matar Winters?”
“Eu não...”
“E a merda sinistra que você tem feito no deserto com seus
amigos?” continuei. Peguei um par de braçadeiras brancas grossas.
Kane amarrou o homem em segundos, mãos e pés, ainda tossindo
enquanto estava deitado de lado.
“Reviste-o.”
Fizemos isso juntos. Tudo aconteceu rapidamente,
cirurgicamente. Como já tivéssemos feito isso mil vezes.
O que, claro, realmente fizemos.
“Ele está limpo. Nem mesmo um punhal.”
Dietz tossiu novamente, e desta vez havia sangue em seus
lábios. Kane deslizou uma cadeira e juntos nós o levantamos e o
colocamos na posição vertical.
“Seus idiotas,” Dietz cuspiu, e um dente saiu, deslizando
ruidosamente pelo chão de ladrilhos. “É assim que vocês atendem a
porta?”
“É... quando um traidor aparece.”
Karl Dietz estava com um aspecto horrível. Parte de seu rosto
mostrava um pedaço de barba por fazer, que estava a meio caminho
entre um rosto imberbe e uma barba bem cuidada. A outra parte era
um rosto manchado de sujeira. Seu cabelo empoeirado. A espuma
rosada do sangue, pingando de seu lábio inferior partido...
Bem, acho que a última parte foi por nossa conta.
“Como diabos você ainda tem coragem de dar as caras por
aqui?” perguntei. Eu ainda estava com muita raiva. Uma boa parte
de mim queria bater a coronha do meu rifle direto em sua
mandíbula, reivindicar outro dente para mim.
Dietz cuspiu novamente. No chão da nossa cozinha, veja bem.
Puta merda, ele estava me deixando com raiva.
“Eu vim para avisar vocês,” ele resmungou. “Por que diabos
vocês acham que eu estou aqui?”
“Quem vai saber?” perguntou Kane. “Muitas pessoas têm vindo
aqui, incluindo alguns de seus amigos. Você não tem estado em boa
companhia ultimamente.”
“Eu vim sozinho,” Dietz disse. “Desarmado. No meio da porra
do dia.”
“E daí?”
“E daí... use a cabeça!” ele praticamente gritou.
“Vá se foder.”
Ele balançou a cabeça e riu. “Inacreditável.” Seus olhos
encontraram os de Kane. “Você nunca foi o esperto, se fosse...”
O segundo tiro veio do punho de Kane, em vez de sua pistola.
A cabeça de Dietz virou para o lado tão rápido que deixou seu
cabelo exatamente onde estava. Eu poderia dizer que Kane estava
se segurando, já que ele não quebrou o pescoço do nosso refém.
“CARALHO!” Dietz gritou de dor. “Merda, PARE, já chega!” Ele
estremeceu, e um pouco do ar desafiador se dissipou agora. “E um
de vocês me dê uma maldita aspirina!”
Nenhum de nós se moveu. Ninguém disse nada.
“O que você quer dizer com nos avisar?”
Kane e eu nos viramos ao som da voz de Dallas. Ela estava no
meio do corredor, seu cabelo ainda molhado do chuveiro.
E ela estava fuzilando com os olhos o homem amarrado em
nossa cozinha.
“Eles vão chegar em breve,” disse Dietz ameaçadoramente.
“Todos eles. De uma vez só.”
Kane me lançou um olhar preocupado. “Agora?” perguntei.
“Não. Não agora. Mas pode ser essa noite, talvez amanhã.
Não tenho certeza, e...” ele fez uma pausa e estremeceu
novamente. “Você pode pegar um copo de água pelo menos?”
Para minha surpresa, Dallas foi buscar um para ele. Ela se
moveu descalça pela cozinha, ainda de roupão. Ela até tirou a
toalha da cabeça e a usou para limpar o sangue dos lábios dele
antes de virar o copo para que ele pudesse beber.
“Obrigado,” Dietz grunhiu. “Porra, pelo menos alguém aqui tem
algum bom senso.”
“Você tem sorte de que ela não ter despejado água sanitária na
sua garganta,” avisei. “Esta é Dallas Winters. Irmã de Connor.”
Dietz riu, mostrando o lugar do dente perdido. “Eu sei quem ela
é.”
“Você é a razão da morte do irmão dela!” Kane gritou. Ele
estava a meio segundo de bater no homem por rir. “Você e seus
amig...”
“Não!” Dietz pulou de raiva. “Eu NÃO! Eu nunca machuquei
Winters.” Os olhos dele se moveram brevemente para Dallas, então
de volta para nós novamente. “Vocês entenderam tudo errado.”
“Ah?” eu ri. “Então você não estava no deserto ontem à noite?”
“Claro que eu estava. E caralho, vocês deveriam ter vergonha.
Uma banda do ensino médio poderia ter feito menos barulho
naquele morro.”
Fechei meus olhos. Caramba.
“O que, vocês acham que ninguém notou?”
Kane chiou com os dentes cerrados e se mexeu
desconfortavelmente. O movimento foi sutil, mas aconteceu.
“Eu notei,” Dietz continuou. No entanto, eles não. Apenas eu.”
Ele deu de ombros. “Esta é a única razão de vocês ainda estarem
vivos. A única razão pela qual eu vim aqui. De fato...”
“Você machucou meu irmão?”
As palavras de Dallas saíram com uma calma mortal. Mas
havia uma tensão subjacente, uma sensação de que a qualquer
momento sua determinação poderia ser quebrada.
“Não.”
“Você sabe quem fez isso?”
Karl Dietz baixou o queixo até o peito. Sua expressão
suavizou. Ele parecia perturbado.
Dallas se aproximou. Ela se ajoelhou, agachando-se até seu
rosto ficar a poucos centímetros do dele. O braço que ainda
segurava o copo de água tremia.
“Eu disse,” ela rosnou, “você sabe quem...”
“ESPERA ESPERA ESPERA...”
Austin entrou como um raio na cozinha, surpreendendo a todos
nós. Ele estava com as duas mãos estendidas, parecendo
apressado, acelerado. Ele nem se deu ao trabalho de fechar a porta
atrás de si.
“Parem,” ele disse. “Todo mundo apenas pare.”
Ele puxou sua faca. Observei enquanto ele se aproximava do
nosso refém, sentado em sua cadeira...
Com um movimento rápido, ele serrou as braçadeiras,
cortando-as. O homem no meio da nossa cozinha começou a
esfregar os pulsos.
“Confiem em mim,” disse Austin, enquanto embainhava sua
faca. “Dietz está limpo.”
Capítulo 57

DALLAS

Eu não tinha certeza do que estava acontecendo, de onde


Austin tinha vindo ou como as coisas chegaram a esse ponto. Havia
apenas uma coisa que eu tinha certeza, no entanto.
O homem em nossa cozinha parecia furioso.
“Tem alguma coisa aqui além de água?” ele resmungou, ainda
segurando minha toalha contra sua boca. Maddox foi até a geladeira
e voltou com uma cerveja. Dietz pegou sem agradecer, torcendo a
tampa com sua grande mão.
Todos os outros permaneceram de pé, enquanto
cumprimentávamos Austin. Quando ele chegou perto de mim, dei-
lhe o maior abraço que pude.
“Tudo certo?”
Ele assentiu e sorriu. “Sim. Melhor do que certo.”
Meu corpo relaxou um pouquinho. Isso era uma boa notícia,
pelo menos.
“Quem fala primeiro?” Kane perguntou, braços cruzados.
“Parece que não temos muito tempo.”
“Não, não têm,” Dietz confirmou. “Então... eu falo.”
Ele baixou sua garrafa na mesa. Metade da cerveja já tinha
ido. Ele respirou fundo, então começou sua história imediatamente.
“Tudo começou cerca de dois anos atrás...”
O estranho em nossa cozinha falou, e nós quatro ouvimos. A
maior parte do que ele disse no início foi jargão militar; coisas que
eu só conseguia entender por alto. A essência disso era que ele
tinha caído com algumas pessoas más. Ou melhor, cair era uma
palavra ruim. Ele foi inserido em algo para ganhar confiança e obter
informações, a mando de um de seus comandantes.
E então no meio de tudo... seu oficial superior foi morto.
“A essa altura eu estava muito envolvido,” disse Dietz. “Muito
envolvido para sair. Pelo menos não imediatamente. Não sem
chamar atenção.”
“Que tipo de atenção?” perguntou Kane.
“O tipo que matou meu chefe.”
O homem assassinado era Wesp. Sua morte foi oficialmente
considerada um acidente. Dietz quase contou toda a sujeira para o
homem acima dele na hierarquia, mas então percebeu que esse
homem também fazia parte do círculo de bandidos.
“Eles estavam comercializando segredos,” disse Dietz.
“Projetos fracassados de armas biológicas. Inteligência de alto nível
do antigo laboratório de Nova Orleans que as pessoas haviam
esquecido. Mas não esses caras. Havia um veterano do laboratório
– um cara chamado Cameron – que mostrou a todos o que eles
tinham. Ele pensou que poderia ser útil. Mas eu não acho que esse
cara percebeu o que eles fariam com isso.”
“Você está falando sobre ele no passado,” disse Maddox.
“Sim,” Dietz assentiu seriamente. “Bom palpite.”
Ele continuou, falando em detalhes sobre como as coisas
progrediram. A história só piorou a partir daí.
“Com Cameron fora de cena, ninguém sabia o que eles
estavam fazendo. Eles tinham domínio livre sobre o antigo banco de
dados. Dois caras começaram a analisá-lo e dividi-lo, enquanto um
terceiro começou a procurar compradores. Eles fizeram um acordo
com alguém além da fronteira. Começaram a fornecer pequenas
partes do banco de dados para alguns personagens muito ruins, em
troca de...”
“Drogas,” Kane finalizou.
Dietz balançou a cabeça, confirmando. “Eles têm um grande
negociante de Vegas que compra tudo a granel. Ele pega as drogas
no deserto e sua rede as distribui para os turistas.” Seu lábio se
curvou em um rosnado. “Se eu te dissesse quanto dinheiro eles
estão arrecadando, você faria...”
“Eu não me importo com isso,” Kane grunhiu. “Eu me importo
apenas com os caras que colhem e vendem segredos de armas
biológicas.”
“Os caras que mataram Connor,” acrescentou Austin.
Dietz assentiu em reconhecimento. Ele fez sinal para outra
cerveja, e Maddox trouxe-lhe uma.
“Então o que você está dizendo?” perguntou Maddox. “Por que
você estava lá embaixo ontem à noite?”
“Porque eu tenho autorização de segurança total,” disse Dietz,
“para o laboratório e outros. Isso me torna inestimável para eles.”
Kane zombou dele. “E quando diabos você ia parar de trocar
segredos militares por drogas?”
“Ele já parou,” Austin interrompeu, erguendo um pequeno pen
drive cinza. “De acordo com Connor.”
Todo mundo se virou na direção de Austin. Dietz inclinou sua
garrafa para ele com gratidão.
“O chip do colar de Dallas contém um relatório completo de
tudo o que aconteceu,” disse Austin. “Toda a operação secreta,
incluindo os arquivos de Wesp até sua morte.”
A sala ficou em silêncio por um momento. Os detalhes estavam
chegando rápido e havia algumas perguntas para as quais eu não
tinha certeza se queria as respostas. Eu dei um passo à frente de
qualquer maneira e soltei um suspiro trêmulo.
“Então, onde meu irmão entra?”
Dietz deu uma olhada para mim e sua expressão mudou
completamente. Ele parecia genuinamente triste.
“Eu trouxe Connor,” ele lamentou. “Ele já havia descoberto
algumas coisas por si mesmo e estava ficando confuso. Os outros
notaram. Eles falavam sobre... sobre...”
“Nós sabemos do que eles estavam falando,” eu disse
calmamente. “Vá em frente.”
Dietz assentiu com gratidão. “Eu cheguei a Connor antes que
eles pudessem,” ele disse. “Foi quando contei tudo a ele. Dei tudo a
ele, tudo o que se passava, e pedi para repassar para alguém longe
o suficiente na cadeia que realmente se importasse.”
Maddox assentiu. “Ele tentou. Apenas não deu certo.”
“Woodward,” Dietz confirmou. “Sim.”
“Então o que aconteceu depois?”
Dietz esfregou o cabelo cortado curto. Ele estava firme o tempo
todo que esteve aqui, mas essa parte foi difícil. Eu poderia dizer que
ele estava de luto.
“Connor voltou com uma ideia,” disse ele. “Nós continuaríamos
com a operação, e ele continuaria me alimentando com os dados do
laboratório. Ele tinha a mesma autorização que eu. Conseguia as
mesmas coisas que eu, então foi transferido para Nova Orleans.”
Kane balançou a cabeça gravemente. “De jeito nenhum você
vai me convencer que Connor desistiu dos segredos.”
Não desistiu,” disse Dietz. “Ele zoneou os dados. Pegou o que
estava lá e embaralhou tudo o suficiente para que se tornasse
inútil.” Ele sorriu um pouco com a lembrança. “Porra, foi genial. Eles
nunca souberam. Até hoje, eles ainda não sabem.”
“Mas eles vão descobrir,” disse Austin. Era uma afirmação, não
uma pergunta.
“Sim. Muito em breve.”
“É por isso que você está querendo sair.”
Dietz deixou cair a cabeça nas mãos. “Eu tenho tentado sair o
tempo todo,” disse ele. “Vocês não percebem? Uma vez que Wesp
se foi, eu estava fodido. Connor e eu tentamos revelar tudo, mas
com Woodward não conseguindo e então... e então eles chegaram
a Connor...
“Ei.”
A voz de alguma forma não parecia minha. Dietz olhou para
baixo e percebeu que eu coloquei minha mão sobre a dele. O
contato físico pareceu relaxá-lo, mesmo que só um pouquinho.
“Quem matou meu irmão?”
O homem olhou para mim, seus olhos carregados de tristeza.
“Um cara alto. Cabelo branco. Quase albino, eu acho.”
Fechei meus olhos. Um calafrio percorreu meu corpo.
“Um cara chamado Alacard.”
Capítulo 58

DALLAS

Este acabou sendo o dia mais estranho.


Passei a maior parte dele no telhado, vigiando a vizinhança
com Austin. Falando sobre as coisas no chip de memória do meu
irmão – toda uma seleção de segredos digitais que o mataram. Eu
não tinha certeza do que era mais irônico: que eu tinha a resposta
para a morte do meu irmão o tempo todo, ou que de alguma forma
eu a usava no pescoço sem saber.
“Você tem certeza de que está bem?”
Assenti pela quinta e última vez. “Acredite em mim,” eu disse,
puxando o cobertor em volta dos meus ombros. “Depois da merda
que passei, é bom finalmente ter respostas.”
Estava muito frio no telhado. Eu estava cansada. Dolorida.
Com fome. Além disso, ainda por cima, minha bunda estava
dormente.
“Quando você acha que os outros vão voltar?”
Austin deslocou o rifle que estava em seu colo, apenas o
tempo suficiente para uma rápida olhada na tela do telefone. Depois
voltou a ficar vigilante.
“Maddox e Dietz já estão quase de volta,” disse ele. “Kane... eu
não sei.”
Eu me virei e coloquei minhas costas contra as dele. Olhei para
as outras casas outrora agradáveis do nosso quarteirão que já fora
movimentado.
“O que vai acontecer quando tudo isso acabar?”
O tempo passava. O vento jogava meu cabelo para trás no
meu rosto. Austin permaneceu em silêncio, até que finalmente
disse:
“Não sei.”
Era uma pergunta que ele não esperava. Ou talvez estivesse
apenas pensando em uma resposta ponderada. De qualquer forma,
tudo estava vindo à tona. A vigilância deles sobre mim se
transformou em proteção, que se transformou em uma investigação
completa que nos levou até aqui, até este momento. E agora...
Agora estávamos prestes a resolver as coisas, de uma forma
ou de outra. Ou as pessoas envolvidas na morte de Connor seriam
trazidas ao maior de todos os acertos de contas...
Ou nós o faríamos.
“Quer metade?”
Ele me passou uma barra Hershey embrulhada em papel
alumínio. Ou melhor, parte de uma.
“Metade? Você já comeu uns três quartos.”
“Me processe.”
Por alguma razão isso me fez rir, e Austin começou a rir junto
comigo. Foi bom, rindo ao vento, suas costas largas se movendo
para cima e para baixo contra as minhas. Porra, foi catártico pra
caralho.
“Você acha que vamos conseguir levar essa?” perguntei,
ficando subitamente séria.
Austin fez uma pausa. “Talvez.”
“Dê-me as probabilidades.”
“Sessenta-quarenta.”
“Para nós ou para eles?”
Eu o senti mudar para olhar de volta para mim. “Você quer
saber de verdade?”
Suspirei sem me virar. “De verdade... não.”
“Então é isso.”
O céu estava meio roxo agora, o sol quase nivelado com o
horizonte. No deserto, as coisas esfriam rapidamente. O
aquecimento às vezes demorava um pouco, mas o frio…
“Dallas.”
Eu me mexi novamente, desta vez para que pudesse vê-lo.
Austin estava de frente para mim agora. Ignorando completamente a
metade do bairro que ele foi encarregado de vigiar.
“Eu te amo...”
Eu pisquei, sem palavras. Não por causa da admissão, mas
porque veio no mais estranho de todos os momentos possíveis.
“Também te amo,” eu disse a ele.
Estávamos quase cara a cara agora. Bochecha contra
bochecha. O vento enviou uma rajada de frio sobre mim, fazendo-
me estremecer.
“Quando você soube?” ele perguntou.
Eu pensei por alguns segundos. “Quando você me disse o
quanto amava meu irmão.”
O silêncio reinou. Um clima rolou entre nós... de sentimentos
compartilhados, emoções, amor.
“Aquela vez na varanda também não foi ruim,” eu sorri.
Ele me beijou, e de repente não estava mais tão frio. Éramos
apenas nós dois, sentados no topo do mundo. Olhando para o
esquecimento e abraçando um ao outro, enquanto o resto do
universo poderia se acabar ao nosso redor.
Você o ama, Dallas.
Foi fantástico, mesmo que por um minuto, esquecer tudo o
mais. Pressionar meus lábios contra os dele, sentir o fogo e o calor
de seu corpo contra o meu.
Você ama todos eles.
Acordei meio grogue, me perguntando como de repente ficou
tão escuro. Imaginando se de alguma forma havíamos estragado
tudo, ou se ninjas haviam caído das árvores do deserto e estavam
agora escalando as paredes para nos pegar de todos os lados.
Faróis apareceram e ainda estávamos de costas um para o
outro. O aperto de Austin no rifle aumentou... então relaxou no
espaço de um único batimento cardíaco.
“Vamos lá,” ele disse, levantando. Ele me ofereceu sua mão e
eu aceitei. “Maddox está em casa.”
Capítulo 59

DALLAS

“E aí, encontrou alguém da lista?” Austin perguntou.


Maddox balançou a cabeça negativamente de sua ponta da
mesa, onde estava limpando uma variedade de armas. Não era um
bom sinal. Ou um bom começo.
“E Flynn?”
“Fora da cidade.”
“Sully?”
“Não.”
Dietz estava na geladeira de novo, vasculhando nossos
escassos mantimentos. Achei que ele estava procurando outra
cerveja, mas ele saiu com um recipiente de leite em vez disso.
“Nós verificamos o que você nos disse, no entanto,” ele disse a
Austin. “Como foi mesmo que você chamou?”
“Um detonador que, uma vez acionado, vai me transformar em
um homem morto.”
“Sim,” ele assentiu. “Isso.”
Arrepiei quando Dietz bebeu nosso leite direto da caixa. Era
quase tão terrível quanto a ideia de sermos eliminados e ter que
depender de um computador para liberar as informações que meu
irmão compilou.
“Então, como vamos fazer isso?” ele perguntou.
“De preferência em uma emboscada,” disse Austin.
“Obviamente.”
“Nós não vamos ficar sentados esperando que eles venham,”
Maddox continuou. “Atacamos primeiro. Batemos forte.”
Dietz limpou a boca com a parte de trás de um braço e colocou
o leite de volta. Arrepiei novamente.
“Sim, mas...”
“Nós os atrairemos de volta para o deserto novamente,” disse
Austin. “Os compradores, os vendedores, os traficantes… todos
eles.”
Dietz riu. “Com o quê? Queijo?”
“Melhor do que queijo,” disse Maddox. “Você vai levá-los para
lá.”
“Acho que não,” disse Dietz. “Eu não tenho nem de longe esse
poder para atrai-los do jeito que vocês pensam. Eles não virão.”
A porta se abriu e Kane entrou na cozinha. Ele já estava
vestindo sua camuflagem de deserto. Além disso, vestia roupas
táticas de Kevlar e estava armado e blindado até os dentes.
“Eles vão se você falar com eles,” disse Kane.
Dietz balançou a cabeça novamente, como se estivesse
tentando explicar algo simples para uma criança pequena. Uma
criança que simplesmente não estava entendendo.
“E o que diabos faria você pensar isso?”
O braço de Kane balançou para cima e dois grandes tijolos
caíram na mesa. Estavam todos amarrados e embrulhados em
papel pardo, e uma nuvem de poeira os precedeu.
“Porque você vai dizer a eles que as drogas desapareceram,”
disse Kane. Ele sacudiu um polegar sujo de terra por cima do
ombro. “E isso é algo que eles provavelmente vão querer verificar
por si mesmos.”
A pele de Karl Dietz já era clara. Mas agora ele estava branco
como um fantasma.
“Puta merda,” ele resmungou. “Estamos todos mortos.”
Maddox riu de onde estava recolocando a coronha de seu rifle.
Austin deu um tapinha consolador no ombro dele.
“Você realmente queria viver para sempre?”
Seu ex-companheiro ainda estava olhando sem ver para a
mesa, parecendo estar em choque.
“Bem... eu meio que queria um pouco mais de tempo.”
“Então siga o plano,” disse Austin. “Não se desvie. Não vacile.
E, aconteça o que acontecer, não pisque ou entre em pânico.”
A câmera do telefone de Kane fez um clique quando ele tirou
uma foto em close dos dois tijolos empoeirados. Ele apertou alguns
botões e outro bipe soou, vindo do quadril de Dietz.
“Concluído. Acabei de enviar essa foto para você.”
“E... e o que tenho que fazer?” A voz de Dietz ainda estava
embargada.
“Em cerca de uma hora, você enviará isso para eles. Diga que
veio de um número desconhecido.”
Eu assisti o pomo de Adão do homem balançar com força
enquanto ele engolia. Dietz estava apavorado. Legitimamente
assustado.
“E depois?”
“E depois nós esperamos,” disse Maddox. “Em posição, é
claro.”
“Eles virão me buscar imediatamente,” disse Dietz. “Eles vão
me arrastar para o deserto com eles.”
“Isso é bom. Você enviará a mensagem da sua casa.”
Os olhos de Dietz se arregalaram absurdamente. “BOM? Como
você pode chamar essa porra de ‘bom’?”
“Porque você vai fazer isso com calma,” disse Kane. “Calma de
verdade.”
“Faça sua melhor cara de pau, bem tranquila,” disse Austin.
“Vida ou morte tranquila,” acrescentou Maddox, pousando sua
escova de limpeza.
A essa altura, Dietz parecia um cervo sob faróis. Em meio a
tudo isso, ele continuou balançando a cabeça.
“Não está certo,” ele disse. “Mesmo que eles não me matem
imediatamente, vão atirar em mim como se eu fosse um cachorro
quando chegarmos lá e as drogas estiverem desaparecidas.”
“Não se você agir direito,” resmungou Kane.
“Não,” Dietz zombou. “Vocês não entendem! Vocês não
conhecem essas pessoas...”
O estalo agudo de uma arma sendo engatilhada virou a cabeça
de todos na direção de Maddox. Ele colocou seu Barrett totalmente
montado em cima da mesa. Era tão longo, que o cano quase raspou
o teto.
“Não estamos querendo entendê-los,” disse Maddox.
Capítulo 60

DALLAS

O deserto estava de alguma forma mais quente desta vez, ou


talvez porque eu tenha me preparado para isso. O céu noturno
estava cristalino. Olhando para cima de nossa posição no morro, era
como estar preso sob uma redoma com um milhão de estrelas.
“Você se lembra do que lhe dissemos?” disse Maddox. Era
mais uma ordem do que uma pergunta.
“Sim.”
“Você deve ficar para trás, não importa o que aconteça. Fique
completamente fora da linha de fogo.”
“Eu sei.”
“Não se envolva a menos que as coisas fiquem feias.” Sua voz
ficou sinistramente baixa. “Feias de verdade. Como todos nós já
estarmos...”
“Pare, já chega. Eu entendi.”
Ele me encarou duramente, o vento soprando seu cabelo loiro
sobre uma bochecha barbada. Eu queria beijar aquela bochecha.
Queria senti-la quente contra meus lábios, enquanto ainda estava
seguro, ainda meu...
“Certo,” disse Maddox. “Com isso em mente, venha comigo.”
Ele voltou para a caminhonete e eu o segui solenemente.
Éramos apenas nós dois no morro. O nó ainda estava na minha
garganta por dizer adeus aos outros.
Dallas... não.
Era difícil não pensar assim, não imaginar o que poderia
acontecer. Mas se eu ia ser de alguma utilidade, tinha que tirar isso
da minha mente.
Maddox puxou uma mala preta achatada da parte de trás do
veículo. Ele a destrancou com dois cliques agudos e a abriu.
“Você sabe o que é isso?”
Olhei para a arma. Como um fantasma do passado, ela estava
diante de mim.
‘É um SCAR.”
Ele assentiu lentamente, parecendo impressionado. “Muito
bem. É um rifle de combate SCAR-H, MK 17. Já atirou com um?”
Agora era a minha vez de admitir. “Sim, um monte de vezes.
Eu costumava atirar com o do Connor.”
“Este é o do Connor.”
A pele ao longo de meus braços arrepiou-se toda. Por uma
fração de segundo, tentei me convencer de que era o vento. Não
era.
“Eu... eu não percebi...”
Maddox levantou a arma com facilidade adquirida com a
prática e a colocou em meus braços. Por alguma razão, parecia
quente. A empunhadura se encaixou perfeitamente na palma da
minha mão, como se fosse feita para ela.
“Seu irmão salvou minha vida com esse rifle,” disse Maddox
seriamente. “A de Kane e a de Austin também”
O rifle do Connor...
Olhei para a arma com novos olhos. Eu estava segurando um
pedaço do meu irmão. Uma extensão de sua vida, um artefato que
viveu mais que seu corpo, mas não viveria mais que sua lenda.
“Havia outros também,” Maddox continuou. “Nomes que você
deveria conhecer. Irmãos nossos pelos quais Connor estava
disposto a se sacrificar e...”
BZZZ!
Um estalo de estática explodiu no rádio que estava no quadril
de Maddox. Ele o arrancou de seu cinto, assim que a voz de Austin
veio.
“FARÓIS. A CERCA DE TRÊS QUILÔMETROS.”
Maddox olhou de volta para mim. Nossos olhos se
encontraram.
“Só se for necessário,” disse ele com firmeza. “Promete?”
Eu balancei a cabeça lentamente enquanto fazia a revista na
arma do meu irmão.
Meu amante jurou baixinho. “Isso não é o suficiente. Diga,
Dallas.”
“Eu prometo.”
Ele me arrastou e me beijou, me puxando com força contra ele.
Ele cheirava a guerra — como couro, ferro e fogo.
“Você não é apenas a irmã do Connor,” ele murmurou. “Você é
muito mais que isso para nós.”
Minha testa estava pressionada contra a dele. O olhar de
Maddox era penetrante, suas íris brilhantes e vivas enquanto
encaravam as minhas.
“Nós estamos apaixonados por você, Dallas.”
O nó na minha garganta estava de volta. Desta vez era do
tamanho de uma bola de beisebol. Eu queria falar, mas mal
conseguia respirar. Havia tantas coisas para dizer...
“DOIS QUILÔMETROS,” o rádio disparou.
Ele estava me encarando como ninguém nunca havia me
encarado na minha vida. Olhando para mim não apenas como
Dallas Winters, mas como uma mulher. Uma amante.
“Nós vamos superar isso,” Maddox me assegurou. “Todos nós.”
De alguma forma eu engoli a bola na minha garganta. “Por
Connor,” eu consegui murmurar.
Estávamos perdidos juntos em um mar de vento, estrelas e o
ar fresco da noite. Apontando nossas armas para baixo com um
braço, segurando um ao outro com o outro.
“Por Connor,” Maddox concordou.
Capítulo 61

AUSTIN

A coluna se estendia para trás na noite; três caminhões, depois


quatro, depois cinco. Mais veículos do que imaginávamos
inicialmente.
Muitos mais.
Eu assisti de bruços, espiando por cima do morro com meu
binóculo de visão noturna. Os veículos juntaram-se aos que já
estavam lá, vindos do oeste. Os que vinham do norte também,
embora essa ‘coluna’ consistisse em um único Escalade que chegou
antes de qualquer outro.
Era engraçado, como tudo estava escuro. Cada carro, cada
caminhão, cada SUV – todos eles eram nas cores preta ou azul
escura. Como se estivessem telegrafando seu próprio mal, sob a
cobertura da noite.
Eles não podem pensar que assim se misturam melhor.
Eu ri dessa parte. Provavelmente era isso que eles
imaginavam. No entanto, sob o luar do deserto, cada um deles se
destacava como formigas escuras em uma colina cor de areia.
“FIQUEM DE OLHO NO DIETZ.”
A voz de Maddox me chamou do outro morro, do lado oposto
do cânion. Nós mudamos para fones de ouvido agora. Todo o resto
estava em silêncio, exceto pela conversa no vale abaixo.
Deus, deve haver vinte deles.
Eu constatei através da multidão crescente. Pelo menos uma
dúzia de homens tinha rifles pendurados. Alguns outros tinham
pistolas também. Eles já haviam tirado a cobertura do
compartimento oculto e estavam no processo de abri-lo.
“TAMBÉM ESTOU VENDO DIETZ,” murmurei de volta, embora
não houvesse uma grande necessidade de manter minha voz baixa.
Com todas as conversas e discussões acontecendo lá embaixo, eu
poderia começar a assobiar se quisesse.
Eu assisti ao último dos veículos parar em meio à poeira. A
fumaça se dissipou, deixando-os em um semicírculo irregular.
Encontrei Dietz na multidão novamente, afastando um pouco o
zoom para segui-lo.
“KANE ESTÁ EM POSIÇÃO.”
Essa parte eu tive que confiar a Maddox. Kane estava
posicionado a trezentos metros diretamente abaixo de mim, enfiado
no terreno. Da posição original, Maddox podia vê-lo. Eu não.
Espero que isso dê certo...
Certamente não era o ideal. “Ter esperanças” em algo não
estava em nossa cartilha – o planejamento estava. Esperança era
para os fracos, os preguiçosos, os mal preparados. Claro que
sempre podíamos orar, mas era a última opção, o último recurso.
Mas geralmente não havia nada melhor do que ter esperanças
quando se tratava de determinação de resultados.
Pessoa por pessoa, examinei a multidão, pressionando o botão
'salvar' na minha câmera para cada um. Eu estava tirando fotos dos
bandidos. Imagens digitais que se tornariam registros provando seu
envolvimento esta noite... desde que alguém um dia fizesse o
download das digitalizações.
Isso tudo, claro, dependeria de quem ganhasse e de quem
perdesse. Qual era o velho ditado? A história é sempre escrita pelos
vencedores?
Meus olhos voltaram-se para Dietz. Ele parecia tenso.
Nervoso. Agitado...
Droga Dietz, fique frio.
Mentalmente projetei as palavras. Se ele as ouviu, não mostrou
em sua linguagem corporal. Fiquei feliz em ver que ainda estava
carregando sua arma. Se ainda não haviam pegado, é porque não
suspeitavam muito do envolvimento dele.
Então... próximo ao Dietz...
“ESTOU VENDO O ALACARD.”
Eu disse as palavras em voz baixa, como se tentasse mantê-
las longe de Dallas. Mas é claro que isso era uma bobagem. Dallas
tinha um fone de ouvido também.
Era estranho como ela ficou calma depois de saber quem
matou Connor. Como se o conhecimento tivesse aliviado a raiva, em
vez de liberar toda a fúria reprimida, tristeza e outras emoções.
No entanto, eu achava que assim era melhor. Por outro lado,
ela estava represando esses sentimentos ainda mais. Era algo
sobre o qual ela eventualmente teria que falar, ou pelo menos deixar
escapar. E quanto mais ela ficava em silêncio...
“DIETZ ESTÁ SE MOVENDO...”
A última frase de Maddox me fez largar meu binóculo. Peguei
minha arma e olhei pela mira, onde tudo parecia menor e mais
distante, mas igualmente claro. Finalmente, ter um retículo de alvo
nesses idiotas era muito bom. Mudei de alvo para alvo, atribuindo a
cada um deles um valor. Avaliando cada um em termos de nível de
ameaça.
Basicamente descobrindo qual deles eu acertaria primeiro.
“ESTEJA PRONTO…”
Eu estava pronto há meses. Por pouco mais de um ano, para
ser mais preciso.
“ESPERE PELO SINAL...”
Eu não poderia estar mais pronto.
“DIETZ ESTÁ...”
BUM!
Uma explosão sacudiu o áspero vale de pedra, levantando
uma espessa nuvem de poeira. Foi seguida por outro som mais
familiar:
RATATATATATATATATATATA!
Tiros! Disparos em modo automático.
A agitação inquieta no desfiladeiro de repente se tornou
frenética, quando metade dos homens caiu instantaneamente de
barriga no chão. A outra metade correu para se proteger.
“CARALHO!” Ouvi Maddox xingar pelo nosso canal.
Mais poeira subiu, chicoteando no ar. Muita poeira. Alguém
havia disparado algo — uma granada de concussão, ou talvez um
pequeno dispositivo explosivo. Na confusão perdi todos: Dietz,
Alacard, o cara com a Kord 12,7 mm que eu queria acertar primeiro.
Não, retificando. O cara que eu precisava pegar primeiro, porque se
eu não o pegasse, a pesada metralhadora russa nos faria em
pedaços.
PORRA!
Meu sentimento ecoou exatamente o de Maddox. Eu só
esperava que ele ainda estivesse vendo Kane. Que ele tivesse uma
visão muito melhor do que eu, e que, de alguma forma, em meio a
todo o caos, ele cobriria nosso amigo.
Lá embaixo, a confusão estava armada. O enxame de pessoas
estava se espalhando, sem que ninguém estivesse realmente certo
para qual direção correr. Os espertos fugiram de volta para seus
veículos para se proteger. Os burros...
Eu varri a área com minha mira. Ela deu uma panorâmica bem
a tempo de ver Dietz derrubando alguém com a coronha de seu rifle.
Eu não poderia dizer quem, mas o homem estava vestindo um
terno. Um terno. Bem no meio do deserto.
POW! POW!
O som agudo do calibre .50 de Maddox soou de cima. Olhei
para cima, tentando visualizar o outro do cânion. Murmurando
baixinho que não importava o que ele tenha feito, não importava o
que aconteceu, era melhor que ele estivesse mantendo Dallas
segura.
Então eu vi o que estava acontecendo lá... e uma pontada de
terror passou direto por mim.
Capítulo 62

DALLAS

Eu fiz o caminhão funcionar em segundos. Com um giro rápido


da chave, ele rugiu para a vida, levantando poeira ao meu redor
quando eu engatei a marcha.
Meu coração quase explodiu de terror quando ele avançou...
direto para a beira do penhasco.
Ah MEEEERRRDA!
Pisei no freio com os dois pés. Os pneus pararam
ruidosamente, mas o impulso me manteve em movimento, fazendo
com que eu deslizasse, derrapasse inexoravelmente para a frente.
Empurrando-me para a borda da queda aterrorizante de novecentos
metros de altura…
“DALLAS!”
O grito de Austin quase arrancou meu tímpano. Estendi a mão
por reflexo para retirar o fone de ouvido, mas minha mão se prendeu
de volta ao volante.
É isso…
No último segundo, o caminhão derrapou até parar. Eu podia
ver Maddox pela janela do passageiro, deitado de bruços,
segurando seu rifle. Ele virou a cabeça, um olhar de total
incredulidade congelado em seu rosto.
“DALLAS, QUE P...”
Eu não pude ouvir nada mais. Já havia engatado a ré, os
pneus girando para trás, derrapando no barranco enquanto olhava
loucamente por cima do ombro. Eu não podia acreditar que estava
fazendo isso! Mas ainda mais inacreditável, quase caí de um
penhasco no processo.
.”..VOLTE AQUI! NEM PENSE EM...”
Agora eu puxei o fone de ouvido, jogando-o por cima do
ombro. Era alto, uma distração, e nada que eles pudessem dizer iria
me parar de qualquer maneira. Depois de testemunhar o
pandemônio lá embaixo, meus únicos pensamentos estavam com
Kane. Ele ainda estava lá, sozinho, com apenas Dietz como um
aliado em potencial.
E a última coisa que eu tinha visto antes da explosão... meia
dúzia de homens, armas em punho, aproximando-se de sua
posição.
Rápido!
O caminhão rugiu morro abaixo, ganhando velocidade. O
veículo já estava tremendo, cada solavanco ampliado por um fator
de dez. Eu estava metendo o pé. Balançando para a esquerda e
para a direita, para cima e para baixo...
Vá mais rápido!
“Ooooouuuu!”
Gritei quando minha cabeça bateu no telhado. Eu já estava
ultrapassando os limites. Cada seixo era um pedregulho nessa
velocidade. Cada pedaço de detrito era...
PAF!
Eu nem vi o primeiro cara que eu atropelei. Tudo o que vi foi
seu rifle caído no para-brisa, enquanto ele ia direto para o teto.
Puta merda puta merda puta merda!
Outra pancada, desta vez do lado. Eu vi dois bandidos muito
surpresos literalmente serem lançados do meu para-choque. Os
olhares de choque total congelados em seus rostos realmente me
fizeram rir alto.
Do que diabos você está rindo?
Meu coração estava quase para fora do peito. Meu corpo
inteiro estava inundado de medo, adrenalina e uma série de outras
emoções que eu não conseguia nem parar para considerar.
Como você vai encontrá-lo?
Não tenho a mínima ideia. Agora era dirigir em meio a uma
tempestade de poeira, virando cegamente para a esquerda e para a
direita. Apontei o nariz do caminhão na direção que imaginei ter
visto Kane pela última vez. Mas se eu estava certa ou não...
RATATATATATATATATATATA!
Algo alto e desagradável explodiu em algum lugar à minha
esquerda. Afastei-me, apenas vagamente ciente de que agora
provavelmente estava contornando a face do penhasco.
Eu tinha que desacelerar. Só que não conseguia desacelerar
porque havia pessoas em todos os lugares. Não podia vê-los, mas
podia ouvi-los; berrando, gritando, de alguma forma até atirando,
embora não pudesse nem imaginar se eles estavam tão cegos
quanto eu. E então, de repente…
ZÁS!
Eu estava fora da nuvem de poeira. Ao ar livre. Vi três homens
reagirem imediatamente, levantando suas armas até ficarem no
nível do meu caminhão.
MERDA!
Eu me abaixei, puxando o volante com força. Silvos altos e
ricochetes ecoaram em um lado do meu veículo. Em seguida, ouvi
dois estalos agudos, vindos de longe. Quando olhei para cima
novamente, dois deles tinham caído.
Uau!
O terceiro estava correndo pra caralho na direção oposta.
“EITA PORRA!”
Eu girei, e de repente lá estava Kane. Ele estava deitado de
costas, coberto de poeira. Contorcendo-se... com outra pessoa
presa em seu corpo.
Abri a porta e corri para ele, sem nem pensar. Ao me
aproximar, pude ver o que estava acontecendo. Ele tinha um
homem em uma chave de braço, enquanto outros dois estavam
chutando-o nas costelas. Um terceiro estava parado sobre meu
amante, com a coronha de seu rifle erguida. Pronto para batê-la em
seu crânio a qualquer momento…
“KANE!”
Eles viraram, e me ocorreu instantaneamente que gritar
provavelmente não era a melhor opção. Eu nem tinha desarmado a
trava de segurança da minha arma ainda.
“Dallas?”
Eu vi as costas largas de Kane girarem violentamente, e o cara
com quem ele estava lutando de repente parou de se mover.
Metade dos homens se virou para mim. Alguns deles ergueram seus
rifles.
POW!
Uma bala rasgou o ombro de um inimigo. Desta vez veio do
lado, em vez de acima. Outro homem avançava calmamente, seus
dentes brancos contrastando com a escuridão sombria de seu rosto.
Era Dietz.
Graças a Deus!
O outro homem cambaleou para o lado, atirando enquanto
corria. Enquanto ele e Dietz trocaram tiros, eu avancei... bem
quando Kane agarrou a perna de seu oponente mais próximo e o
puxou para o chão.
Restou o homem que segurava a coronha do rifle, que se virou
para mim. Seu olhar encontrou o meu e houve um instante de
choque... então reconhecimento.
ALACARD.
Seu rosto ainda estava machucado, sua testa marcada por
nossa briga em Nova Orleans. Ele não parecia afetado por isso. Na
verdade, sua boca se curvou no mais perverso dos sorrisos.
Dallas...
Ele se movia lentamente agora, como uma cobra. Não... como
um encantador de serpentes, me mantendo presa em seu olhar de
transe. Mantendo-me prisioneira com seus olhos negros redondos,
incapaz de me mover, fazer qualquer coisa ou...
DALLAS!
Em uma fração de instante, ele abaixou sua arma e apontou
para mim. Aconteceu roboticamente, como se o braço dele fosse
hidráulico…
POW!
O rifle ganhou vida em minhas mãos. Porra, foi como se
tivesse atirado por conta própria.
Alacard olhou para baixo, para o buraco vermelho em seu
peito. Uma mancha escura estava se espalhando, parecendo negra
ao luar.
O melhor de tudo, seu rosto estava contorcido em uma
máscara de completa surpresa.
POW! POW! POW!
Ele balançou algumas vezes, tropeçando para trás. Então
desabou assim que Kane ficou de pé.
“Dallas!”
POW-POW-POW-POW-POW!
“DALLAS!”
De alguma forma, parei antes que meu pente estivesse vazio.
Mas apenas um pouco.
“Puta merda, Dallas.” A mão de Kane se aproximou do cano,
empurrando-o para baixo. “Eu nunca vi você se mover tão rápido,”
ele exclamou.
Você nunca me viu jogar blackjack.
O pensamento mal estava registrado nos recantos mais
distantes da minha mente. Eu ainda estava como que anestesiada.
Sem palavras. Formigando por toda parte.
O braço do meu amante deslizou ao redor da minha cintura,
me puxando na direção do penhasco. “Vamos lá.”
“M... mas o caminhão...” eu consegui dizer. “Está naquela
direção.”
Kane disse alguma coisa, mas eu mal podia ouvir agora. Achei
que talvez tivesse ficado surda com o som dos tiros, mas então
percebi que o som ensurdecedor estava acima de mim. E foi ficando
cada vez mais alto.
“Esqueça o caminhão,” Kane estava praticamente gritando no
meu ouvido. “Venha por aqui, precisamos nos proteger.”
“O que está acontecendo?” eu gritei. A poeira estava girando
novamente, só que desta vez era uma tempestade. Ou pelo menos
parecia assim quando olhei para cima, tentando encontrar trechos
reconhecíveis do céu claro.
Meu corpo inteiro tremia. Até meus tímpanos vibravam.
“O que diabos está havendo?” eu gritei.
A respiração de Kane estava quente na minha orelha. Sua voz
estava alta, mas calma.
“Helicópteros.”
Capítulo 63

KANE

Foi lindo, ver como tudo se desenrolou. Observar todo o


pelotão descer dos dois Sikorskys, inserindo-se suavemente e sem
esforço na luta.
Apenas lamentei que tenha acabado tão rápido.
Menos de cinco minutos após a chegada do primeiro
helicóptero, que pousou em segurança no barro compactado, treze
SEALs e dois oficiais estavam sobre uma fila de prisioneiros
espalhados, todos desarmados, algemados e com o rosto para
baixo na poeira.
“Medina, certo?”
O homem que se dirigia a mim pelo meu sobrenome era tão
veterano quanto possível. Ele pisou confiante, o cabelo escuro
espreitando sob o chapéu todo listrado de cinza.
“Sim, Chefe,” eu cumprimentei.
Ele estendeu a mão. Sacudi-a, enquanto ele me media com os
olhos.
“Chefe Rogan. Equipe Quatro, terceiro pelotão.”
“Sei quem você é, senhor.”
“Bom. Agora, por que diabos você está sorrindo?”
Eu nem sabia que estava. Enquanto o homem esperava por
uma resposta, não pude fazer nada além de dar de ombros.
“Eu realmente não achei que vocês viriam.”
O Chefe fez uma careta e tirou o chapéu. “Você está de
brincadeira comigo, filho? Depois do que você nos disse?”
Eu queria rir. Não do homem, mas da situação. Era tudo tão
absurdo, tão totalmente insano. Levaria um dia inteiro para explicar,
e mais uma semana para...
“Claro que nós viríamos! Woodward foi muito insistente. Entre
ele e o que li de seu registro de serviço, não poderíamos deixar de
vir.” Ele fez uma pausa por um momento. “Embora tenha havido
alguma oposição…”
Por alguns segundos ele pareceu pensativo, como se estivesse
considerando algo desagradável. Então balançou a cabeça.
“Essa é uma confusão do caralho, filho,” o Chefe exclamou,
olhando ao redor. “Você sabe disso?”
“Ah eu sei, senhor.”
“Pare com essa merda de ‘senhor’ e me diga o que diabos está
acontecendo.”
À medida que os motores dos helicópteros diminuíam, repassei
o básico. Os detalhes podiam vir depois. Levei um minuto para
identificar as partes envolvidas, apontando homens, chefes,
veículos…
“Dois caminhões fugiram,” eu disse abruptamente. “Acho que
eles foram para o leste, enquanto estávamos no meio da…”
“Da confusão?” ele terminou para mim. “Não se preocupe, nós
sabemos tudo sobre isso. Já temos interceptações. Caramba, essa
é uma operação conjunta, entre o Exército, a base de Nellis e...”
“SENHOR!”
Nós dois viramos a cabeça ao mesmo tempo. Dois homens
haviam puxado a tampa de proteção contra poeira escondida e
estavam de pé sobre um poço inteiro de tijolos de papel pardo
perfeitamente empilhados. O Chefe ergueu uma sobrancelha.
“Cocaína?”
“Presumimos que sim.”
“Isso é sobre drogas, então?”
Balancei minha cabeça. “Muito mais que isso.”
O homem fez uma pausa, colocando as mãos nos quadris. Ele
soltou um suspiro longo e profundo.
“Então...” ele olhou para mim. “Aquilo que Woodward nos
contou…”
“Tudo verdade, Chefe. Cada pedacinho.”
Ele olhou ao redor novamente, olhando para todos, tudo. Seus
olhos varreram os homens de bruços. Seu rosto se contorceu em
uma careta.
“Jesus Cristo,” ele exclamou alto.
“E Maria e José,” acrescentei.
Capítulo 64

MADDOX

Passaram-se várias horas antes que tudo acabasse. Antes que


todos os suspeitos saíssem na traseira de um carro da polícia, ou
pior, acorrentados nos pés e mãos e arrastados pela Polícia das
Forças Armadas. O Departamento de Polícia de Las Vegas queria
que nós os seguíssemos para obter declarações, é claro, mas o
Chefe nos tirou de lá alegando que éramos “seu pessoal.”
No final, apenas um dos helicópteros foi deixado.
“Relatório completo,” Rogan grunhiu, enquanto caminhava de
volta para o transporte. “Meu escritório, todos vocês. Quando eu
estiver pronto.”
Kane respondeu com um aceno curto. Isso pareceu satisfazer
o homem.
“Por enquanto,” disse o Chefe, “descanse um pouco.”
Ele desapareceu ao entrar no transporte, dois homens se
movendo rapidamente para o lado dele. Fiquei maravilhada com a
forma como ele parecia quase surreal. Como um personagem saído
de um filme.
“Então foi isso que você fez, hein?” cutuquei Kane. Foi a
primeira conversa real que tivemos desde que o caos começou.
“Sim.”
“Tudo bem, então. Como você conseguiu?”
Austin e Dietz avançaram. Ambos estavam bastante
interessados. Dallas já estava ao meu lado, pendurada em um
ombro. Provavelmente já tentando fazer as pazes pelo incidente do
caminhão.
“Bem, primeiro eu entrei em contato com Woodward na base,”
disse Kane. “Disse a ele que a merda estava prestes a atingir o
ventilador, e ele estava muito perto para não ser respingado.”
A analogia me fez rir. “Então, por que ele simplesmente não
ficou quieto?”
“Eu não dei a ele a opção,” respondeu Kane. “Eu disse a ele
que, se caíssemos, ele seria o próximo. Sem dúvida.”
“E ele acreditou em você?”
“Teve que acreditar. Especialmente quando eu disse a ele que
Dietz estava ouvindo coisas. Coisas ruins. Ou seja, que ele estava
tagarelando conosco em Nova Orleans.”
Austin esfregou a mandíbula. “Caramba, isso foi sacanagem.”
“Tempos sacanas,” reconheceu Kane.
“Então o que aconteceu depois?” perguntou Dallas.
“Woodward entrou em contato com todos os novos superiores.
Cá entre nós, para não mencionar que Dietz estava envolvido,
mexemos os pauzinhos o suficiente para implicar todo o pelotão.”
“E acabamos chegando em Rogan.”
“Isso,” Kane disse novamente.
“Tivemos sorte,” disse Dietz. “Sorte de ele ser uma boa
pessoa.”
“Com certeza tivemos,” Kane concordou. “Porque isso quase
não aconteceu. Há oficiais envolvidos que nem estão aqui agora.
Pessoas que tentariam evitar isso a cada centímetro do caminho.”
“Se não fosse por Rogan,” Dallas teorizou.
Kane assentiu lentamente. “Sim. Se não fosse por Rogan.”
A coisa toda era um verdadeiro vespeiro. Um vespeiro enorme
e cheio de vespas agressivas, que ninguém realmente queria tocar.
Mas ele havia sido atiçado agora. E não havia como acalmá-lo.
“Já havia pensado em nos contar?” alfinetei Kane.
“Contar o quê?”
“Ah, não sei...” zombei. “Que talvez a Equipe Quatro do SEAL
aparecesse?”
“Não.”
“Porra, e por que não?”
“Não queria aumentar suas esperanças.”
Eu ainda não podia acreditar. Ainda não conseguia
compreender como tudo podia ficar tão confuso tão rapidamente.
“Há o suficiente no chip de dados de Connor para derrubar
alguns operadores de altíssimo nível,” disse Austin. “E muitas
pessoas aqui esta noite, querendo que isso seja varrido para
debaixo do tapete.”
Obrigado Deus, pensei comigo mesmo.
“Então, a merda está prestes a ficar mais fedida?”
Dallas apontou com o polegar por cima do ombro. “Isso já não
está fedido o suficiente?” ela exclamou.
“Claro que não,” provoquei. “Tínhamos tudo sob controle... isto
é, até você assumir o volante novamente.”
Austin não conseguiu reprimir uma risadinha. Até Kane sorriu.
“Sim, alguém já pegou as chaves dela?”
Enquanto o riso morria, estudei a expressão de Dallas. Mesmo
agora ela ainda estava cheia de calor e adrenalina. E não estava
triste. Ela não estava chateada, ou em estado de choque, ou
angustiada, ou qualquer coisa assim.
Considerando o que ela passou e o que acabou de fazer, era
quase um milagre.
E é exatamente por isso que você a ama.
Percebi que realmente amava. Dallas tinha cérebro, coragem e
força. Uma combinação rara e maravilhosa em qualquer pessoa,
menos ainda em uma alma gêmea. E isso sem levar em conta o
resto de suas qualidades.
“Então é isso?” Dietz finalmente perguntou. “Acabou?”
Nós nos encaramos por um momento, nós cinco em um
círculo. O único som era o zumbido baixo do Sikorsky passando em
seu pré-voo.
“Parece que sim,” Austin deu de ombros.
Kane cuspiu uma gota de sangue através de um lábio rachado.
“É melhor que tenha acabado,” acrescentou.
Dallas estava chutando o chão. Sem dizer muita coisa.
“Posso ir para casa,” disse Dietz. A voz dele estava diferente
agora. Mais leve. “Finalmente estou fora disso.”
Estendi a mão e a coloquei em seu ombro. “Haverá algumas
pontas soltas,” adiantei. “Ou muitas, provavelmente. Mas nada que
não possa ser resolvido.”
No horizonte, o primeiro indício de rosa estava rachando o céu.
O amanhecer estava chegando. Meu estômago roncou.
Foi Austin quem falou no final.
“Alguém quer panquecas?”
Capítulo 65

DALLAS

Duas semanas. Foi o tempo que levou para analisar tudo.


Duas semanas de reuniões, depoimentos e interrogatórios
limítrofes.
A polícia queria respostas, é claro. Mas com o Departamento
de Polícia de Las Vegas recebendo crédito por uma das maiores
apreensões de drogas da história de Nevada, suas entrevistas
resultaram todas em um bom café e sorrisos ainda melhores.
Quando se tratava da polícia das Forças Armadas, no entanto,
as coisas eram muito mais complicadas.
Não tivemos notícias de Rogan até que uma série abrangente
de prisões foi feita. Era tudo coisa interna. Muito sórdido. O tipo de
merda de alto nível que a Marinha e a Força Aérea queriam manter
em segredo. Até que finalmente fôssemos chamados, todo o
processo já estava rolando há vários dias. Mas entre Woodward,
Dietz e os arquivos que meu irmão tinha guardado, as últimas peças
de um quebra-cabeça realmente fodido finalmente começaram a se
juntar.
Alacard, felizmente, se foi. Assim como Evan Miller, embora
ninguém nunca tenha me dito se isso aconteceu por minha mão ou
como resultado de outra pessoa. De qualquer forma, três capitães e
dois subtenentes estavam literalmente atrás das grades. Haveria
mais do que apenas cortes marciais – haveria tribunais militares. E
isso, me garantiram, aconteceria a portas muito fechadas.
Estávamos a poucos dias de abril quando tudo terminou. Dietz
finalmente foi para casa em Norfolk, levando até mesmo o dente
com ele. Meus cheques de seguro chegaram; indenização pela
estrutura e conteúdo perdidos no fogo. Números e vírgulas em dois
pequenos pedaços de papel... tudo o que restou da minha casa de
infância.
Uma noite eu estava olhando para os rapazes, observando-os
vagar pela casa. Eles pareciam inquietos agora. Como se
estivessem lutando para encontrar algo para fazer.
Eles estão protegendo você há muito tempo, a vozinha na
minha cabeça me disse. Não sabem o que vem a seguir.
Foi uma constatação gritante. Uma que eu nem tinha
considerado, ou para a qual não me preparei.
Então, o que vem a seguir, Dallas?
Acho que precisava seguir em frente, talvez começar de novo.
Eu provavelmente conseguiria meu emprego de volta, mas por
algum motivo dar cartas não parecia mais tão atraente.
Nem Vegas.
Havia apenas muitas memórias aqui. Muitos fantasmas. Muitas
coisas de alguma forma tão doces quanto amargas...
“Dallas?”
Olhei ao redor e Maddox estava encostado na minha porta,
parecendo mais incrível do que o normal. Seus braços estavam
todos inflados. Provavelmente por ele ter acabado de malhar.
Caramba.
Deixei meus olhos rastejarem sobre ele por alguns segundos
felizes. O tempo estava curto ultimamente. Nas últimas duas
semanas, realmente não havia muito espaço para...
“Você pode vir comigo por um minuto?”
Eu sorri enquanto o segui pelo corredor. Ele estendeu a mão, e
eu a peguei alegremente enquanto ele me levava para a cozinha.
Os outros também estavam lá. Nenhum deles estava sentado.
Austin estava de pé de um lado da mesa, com os braços cruzados.
Kane estava do outro lado, recostado em seu lugar habitual no
balcão.
“Outra reunião de família?” brinquei.
“Algo do tipo.”
Olhei para baixo e notei que havia uma caixa sobre a mesa.
Uma caixa de presente vermelha e branca, amarrada com uma fita.
“Bem, não é meu aniversário,” eu disse.
“Nós sabemos.”
A caixa parecia uma caixa de bolo, só que mais chique. Eu
corei um pouco quando me aproximei. Austin puxou uma cadeira
para mim.
“Ah, então eu vou precisar me sentar para isso?”
Os rapazes se entreolharam, os três.
“Provavelmente,” Kane arriscou. “Sim.”
Eu sentei. Puxei a fita. Ela caiu e eu levantei a tampa, me
perguntando o que diabos eles estavam me dando coletivamente.
Dentro da caixa havia um lindo livro encadernado em couro. Eu
o peguei, surpresa com seu peso. Como era pesado e quente em
minhas mãos.
“Abra.”
Abri a capa e lá estava ele: Connor. Olhando para mim através
do tempo. Me iluminando com o sorriso mais lindo e maravilhoso...
um sorriso que eu quase esqueci que ele tinha. Quase, mas não
exatamente.
Eu acho que engasguei. Cobri minha boca com as mãos. E
então fui folheando o livro, página após página, foto após foto
maravilhosa do meu irmão no auge de sua vida.
Lágrimas brotaram instantaneamente, então começaram a cair.
Elas escorriam pelo meu rosto tão rapidamente que eu tive que me
inclinar para trás para evitar que caíssem nas lindas páginas em
relevo.
“Aqui.”
Um deles me entregou um lenço de papel, mas não foi o
suficiente. Eu precisava de uma centena.
“Eu...”
A frase falhou. As palavras eram absolutamente sem sentido.
Continuei folheando e soluçando, diante do conjunto de fotografias
mais incrível que eu já tinha visto. Connor, em vários uniformes,
camuflagens e fardas. De pé ou ajoelhado, nos locais mais exóticos.
Sorrindo de volta para mim, primeiro de um navio, depois de um
deserto, depois de alguma praia tropical com um céu azul brilhante.
Havia dúzias de fotos. Centenas. Muitas fotos também tinham
os rapazes. Fotos de Connor e Maddox segurando seus rifles,
ombro a ombro. Fotos do meu irmão com Kane e Austin, jogando
cartas em uma cabana.
“Continue,” disse Maddox.
Folheei um pouco mais, e de repente me vi. Era uma foto tirada
quando éramos adolescentes, ou pelo menos quando eu era.
Connor e eu estávamos juntos, abraçados e rindo, como se o
fotógrafo tivesse feito algo engraçado. Ou como se nós dois
estivéssemos compartilhando alguma piada secreta e silenciosa.
Estendi a mão cegamente para mais lenços. Eles estavam
entregando-os para mim mais rápido do que eu podia pegá-los.
“E tem mais.”
Nas últimas páginas do livro, as fotografias eram muito mais
antigas. Eu estava bem jovem nelas. Connor também. E ainda...
“Ah meu Deus...”
Meus pais estavam lá agora, sorrindo para mim. Minha mãe e
meu pai pareciam magnificamente jovens, do jeito que eu me
lembrava deles. Havia vinte ou trinta fotos assim. Fotos de família.
Imagens de festas de aniversário, piqueniques e feriados. De
churrascos ao ar livre, de camping, caminhadas e patins.
Fiz uma pausa em uma foto especialmente preciosa, de
Connor e eu rasgando presentes na manhã de Natal. Engoli ainda
mais lágrimas, lembrando daquele dia em particular.
“Estas estavam entre as coisas do seu irmão,” disse Maddox,
“que de alguma forma nunca haviam voltado para você. Estavam na
base com ele. Ele as guardava em um envelope especial e as
levava para onde quer que fosse.”
Eu estava sorrindo agora. Até mesmo dando gargalhadas.
Sorrindo entre minhas lágrimas.
“Você deveria estar com isso há muito tempo, obviamente,”
disse Austin. “Mas depois do que aconteceu... é uma bênção que
isso não tenha acontecido.”
Eu pensei no incêndio. Sobre como essas coisas teriam
desaparecido total e completamente. Senti uma pontada de pânico
com o pensamento, mas elas estavam aqui agora. Aqui onde
pertenciam, seguras em minhas mãos.
“Eu... eu não sei o que...”
“Dizer?” Kane tentou adivinhar, terminando o pensamento.
Ele saiu do balcão e estava ajoelhado ao meu lado agora.
Enxuguei os olhos e funguei.
“Diga que você vai fazer ainda mais memórias conosco,” disse
Kane gentilmente. “Adicionar páginas a esse livro. Que você
adicionará outro valioso livro de fotografias, e depois outro.”
Olhei para ele, depois Austin, então Maddox. Meu lindo SEAL
loiro sorriu para mim e eu balancei a cabeça.
“Diga que você vai ficar... e nos ajude a preservar a memória
de Connor juntos.”
Capítulo 66

DALLAS

Eu sentei lá em transe, tentando desesperadamente entender.


Tentando compreender o que eles estavam dizendo... o que eles
realmente queriam dizer com as palavras que saíam de suas bocas.
“V... vocês querem que eu fique?”
Eles assentiram coletivamente.
“Com todos vocês?”
“Claro,” disse Austin.
Eles estavam olhando para mim casualmente, como se
tivessem sugerido algo simples como ir ao cinema. Como se eles
não tivessem acabado de jogar uma proposta incrível e
transformadora no meu colo, com a mesma indiferença de perguntar
o que eu iria querer na minha pizza.
“Ficar com vocês,” eu disse novamente. “Como uma... como
uma...”
“Namorada,” Austin respondeu. “Sim.”
“Mais do que isso, porém,” Kane grunhiu. “Muito mais.”
Minha boca estava seca. Meu coração estava disparado.
“O que há de tão difícil nisso de entender?” disse Maddox,
sorrindo. “Nós amamos você. Nós precisamos de você.” Ele deu de
ombros. “Queremos estar com você.”
Agora toda a cozinha estava girando. Eu coloquei minha mão
sobre a mesa para pará-la.
“Mas... não é justo com vocês,” respondi, lamentando enquanto
dizia isso. “Vocês têm a vida de vocês. Ou melhor, vocês tinham
suas vidas antes de tudo isso, e deram essas vidas por mim.”
A cozinha estava silenciosa novamente, exceto pelo tique-
taque do relógio. O maldito relógio. Eu queria quebrá-lo.
“Vocês estão me protegendo por tanto tempo, que não têm
mais nada,” eu disse. “Talvez vocês não me queiram realmente.
Talvez estejam apenas acostumados comigo. Sabe, a me ter por
perto. Primeiro em seus monitores e depois em sua casa.” Engoli
em seco. “E então... bem...”
“Você nos ama?” Kane perguntou de repente. A pergunta
parecia ainda mais abrupta, vinda dele.
“Com todo o meu coração,” eu disse imediatamente.
“Então isso é tudo o que importa.”
Senti calor, mas era um calor bom. Um calor envolvente que
trouxe consigo paz e conforto.
“Dallas, escute,” disse Maddox. “Todos nós poderíamos seguir
nossos caminhos separados. Talvez conhecer outras pessoas,
eventualmente até nos apaixonarmos. Casaríamos com mulheres
diferentes. Constituiríamos família...”
Senti uma pontada de ciúme. Ele veio do nada, me atingindo
com força, me surpreendendo completamente.
“E então levaríamos vidas diferentes,” Austin continuou.
“Estaríamos separados para sempre. Para sempre separados por
caminhos divergentes.” Ele fez uma pausa por um momento. “Mas
com você…”
“Com você ficaríamos juntos,” Maddox terminou para ele.
“Como um time. O time que sempre fomos.”
“Como time nós somos melhores,” acrescentou Kane.
Uma mão tocou minha bochecha. Maddox estava ajoelhado
agora, virando meu rosto para o dele.
“Nós já amamos você, Dallas,” ele disse. “E você nos ama.
Poderia funcionar, nós quatro juntos. Seríamos mais inseparáveis do
que qualquer casal jamais poderia ser. Seríamos uma equipe.”
Juntos. Inseparáveis...
As palavras ficaram penduradas em minha mente, brilhando
intensamente.
“E se alguém aqui conhece uma equipe, somos nós,” sorriu
Austin.
“Fique conosco,” disse Maddox. “Esqueça tudo, esqueça todos
os outros. Seja nossa, e nós lhe daremos o mundo. E em troca você
tem a nós.”
Meu coração disparou. Eu o senti abrir... e o calor entrou.
“E teríamos um Winters em nossa equipe novamente,” disse
Kane solenemente. “Assim como sempre tivemos.” Eu podia ver seu
rosto se contorcendo, tentando sufocar emoções poderosas. “Assim
como antes.”
Eu sentei lá atordoada. Eufórica. Exultante.
Você os completa, Dallas.
Animada. Emocionada além da conta.
E não havia nada de errado nisso.
Lentamente eu assenti. Atravessei a cozinha até o meio do
caminho, peguei o relógio de parede e o esmaguei no chão. O
momento foi quase apocalíptico: explodiu em mil cacos de plástico.
“Nós podemos nos mudar, certo?” me aventurei. “Dar o fora
daqui?”
Todos os três estavam perplexos, olhando para mim com
admiração. Kane soltou uma risada curta e divertida.
“Você quer dizer sair de Vegas?”
Balancei a cabeça.
“Caralho, sim,” todos disseram ao mesmo tempo.
Eu estava segurando o maior de todos os sorrisos. Então
relaxei e o soltei. Ele tomou todo o meu rosto, me dividindo de
orelha a orelha.
“Então estou dentro,” eu disse, abrindo meus braços.
Menos de três segundos depois, eu estava sendo esmagada
em um triplo abraço de urso.
Epilogo

DALLAS

“Um...”
Fiquei impotente, sem visão, meu pulso acelerado com a
expectativa de poder ver novamente.
“Dois...”
Todo o meu corpo parecia carregado e vivo. Queimando de
tesão. Ardendo.
“Três!”
A venda caiu e, por um momento, tudo ficou confuso. Então eu
pisquei três vezes em rápida sucessão e coloquei as duas mãos
sobre a boca.
“Ah meu DEUS...”
O quarto era de uma beleza de tirar o fôlego. Decorado em
perfeito estilo feminino, mas com um toque masculino distinto.
Ou devo dizer toques masculinos.
“Puta merda! Isso é... isso é...”
“Perfeito?” Austin arriscou.
“SIM!”
Das cortinas de seda que se estendiam até quase o piso de
madeira, ao tapete persa na cama de dossel, era tudo o que eu
sempre quis. Meus rapazes tinham se saído bem. Muito bem.
“Eu amei!” praticamente gritei, girando em um círculo lento. “Ah
uau. Vocês... vocês realmente se superaram.”
Era o nosso primeiro dia na casa nova. Nossa primeira noite no
meu novo quarto! Ou, mais precisamente, nosso novo quarto,
porque convertemos a suíte máster em uma grande área ampla o
suficiente para acomodar nós quatro.
E que agora estava maravilhosamente decorado.
“Meio que faz você esquecer que o resto da casa ainda está
em caixas, não é?”
“SIM!” gritei novamente, ainda absorvendo tudo. O quarto era
macio e confortável. Provavelmente porque as luzes estavam
apagadas e uma dúzia ou mais de velas acesas foram colocadas
estrategicamente ao redor da sala.
Mas, de qualquer maneira, quem as estava contando?
“Vocês são...”
O resto das minhas palavras foram perdidas quando a boca de
Maddox se fechou sobre a minha. Ele começou a me beijar
suavemente, sensualmente, sua língua quente deslizando
eroticamente em minha boca molhada e disposta.
Ah!
Três pares de mãos foram para o meu corpo ao mesmo tempo.
Eles começaram a tirar minhas roupas. Jogaram tudo, menos minha
calcinha, para baixo e para longe.
ISSO...
Dei um passo à frente e saí do que restava. Eu estava com
tesão a semana toda. Excitada durante toda a mudança,
atravessando o país até nossa linda casa nova, perfeitamente
aninhada em nosso terreno de cinco hectares em meio à floresta.
New Hampshire tinha sido uma de nossas escolhas; um dos
quatro lançamentos de dardos diferentes contra um mapa na
parede. Por mais aleatório que isso parecesse, acabou sendo uma
decisão incrível. Nós quatro queríamos um novo começo. Um lugar
aconchegante, que tivesse estações definidas e neve. Um lugar
totalmente novo, onde nenhum de nós jamais esteve.
E a casa...
A casa era uma linda e antiga propriedade em estilo de
montanha, com pilares, frontão e aconchegantes acabamentos de
madeira pintada. Grande o suficiente para todos nós... e mais
alguns.
Cada um de nós tinha nossos próprios quartos, nosso próprio
espaço, mas meu quarto era especial. Meu quarto era este quarto,
aconchegante o suficiente para quando eu quisesse me retirar para
ele, grande o suficiente para acomodar dois... ou três... ou quatro...
Ei, uma garota tem que fazer o que puder para se manter
aquecida.
E eu tinha ouvido falar que as noites aqui em cima podiam ficar
muito, muito frias.
De repente, Austin me beijou, e depois Kane. Um por um eles
compartilharam meus lábios, virando minha cabeça para um lado e
para o outro. Levando-me cada vez para mais perto da cama,
enquanto suas mãos percorriam meu corpo, me tocando em todos
os lugares ao mesmo tempo, até que meus sentidos ficassem
dormentes, sobrecarregados de prazer.
“Isso é foda...” eu murmurei baixinho.
“Em breve, sim,” um deles riu.
Eu pulei quando algo pingou no meu ombro; algo úmido, mas
quente; algo vagamente familiar, e não desagradável. Levei apenas
um momento para perceber o que era.
Eles estão me cobrindo com óleo...
Estavam, e era absolutamente magnífico. Quatro mãos
esfregaram para cima e para baixo os lados esquerdo e direito do
meu corpo, cobrindo-me totalmente de óleo quente com aroma de
jasmim. Enquanto isso, Kane ainda estava me beijando. Suas mãos
estavam em meus seios, apertando-os suavemente, segurando-os
em suas mãos grandes até que alguém derramou óleo lá também...
“Mmmmmm...” balbuciei em contentamento. “Caralho, isso é
bom.”
Era além de bom, na verdade. Senti-me envolvida pelo calor.
Revestida todo em um calor profundo e reconfortante que parecia
estar irradiando através da minha pele e do meu corpo todo. Percebi
imediatamente que, quanto mais eles esfregassem, mais quente
tudo ficaria.
“Vire-a.”
Eles me viraram, e logo estavam acariciando tanto minhas
costas como minha frente. Se havia algo melhor do que um par de
mãos alisando um óleo ativado por movimento em toda a sua
bunda, eram dois ou três pares trabalhando simultaneamente. Suas
palmas mergulharam para baixo, para massagear minhas pernas.
Fechadas firmemente em torno de minhas coxas, arrastando seu
caminho agonizantemente para cima...
Ah uau.
Me sentia como uma princesa. Como uma rainha.
Isso é que é viver.
Meus olhos se fecharam lentamente, entorpecendo todo o
resto dos meus sentidos, exceto o tato. O toque deles estava
ficando mais ousado agora, seus dedos mais insistentes. De alguma
forma, eles também me moveram. Eu estava de pé na beirada da
cama.
“Deite-a.”
Fui inclinando para trás, e eles me embalaram enquanto eu
caía. Foi uma queda com confiança final. A coisa mais sensual que
eu já experimentei na minha vida.
“Suavemente…”
Um par de lábios mordiscou minha orelha. Outro se fechou
sobre meu seio esquerdo. Alguém sussurrou algo excitante e
indecente para mim, tão rouco e fraco que mal consegui entender.
Então um par de mãos foi para minhas pernas... abrindo
minhas coxas.
“Você quer isso?”
Balancei a cabeça ansiosamente. Eu podia sentir uma
pequena poça de óleo quente se instalando na cavidade da minha
garganta.
“Pegue então.”
Uma mão guiou a minha, e de repente eu estava acariciando
um pau longo e grosso. De Maddox, talvez. Ou de Kane, a julgar
pelo tamanho e pela cabeça. Alguém despejou óleo na palma da
minha mão e tudo ficou muito mais fácil... e mais divertido.
“Eu também.”
Um segundo conjunto de mãos guiou minha outra palma, meus
dedos se fechando sobre outro pau. Eu estava acariciando os dois
agora. Puxando-os através de minhas mãos encharcadas de óleo
enquanto um terceiro amante enterrou sua língua dentro de mim.
PUTA MERDA.
Tudo era excitante pra caralho. Tão molhado e escorregadio.
Continuei beijando e acariciando, me contorcendo em minhas
costas encharcadas de óleo nos lençóis também encharcados de
óleo enquanto quem estava entre minhas pernas me devorava
habilmente. Eu sabia que tinha que ser Austin, apenas pela técnica.
Mas mantive meus olhos fechados. Mantendo o jogo com o
anonimato glorioso de toda a fantasia inacreditável.
“É melhor você fodê-la logo, ou eu vou.”
Maddox desta vez. À minha direita. Brincando com um mamilo
enquanto o cara à minha esquerda brincava com o outro. Kane, é
claro. Eu podia dizer pela textura de suas mãos, a aspereza nas
pontas de seus dedos.
Minhas pernas foram abertas, e eu abri meus olhos. Austin
estava ali, empurrando sua masculinidade contra as pétalas
escorregadias de óleo da minha flor latejante. Aproximando-se da
entrada... penetrando-me com seu pau duro e pulsante.
Engasguei quando ele deslizou para dentro de mim. Então ele
se moveu para frente... para cima e para dentro de mim também. As
copiosas quantidades de óleo do meu corpo cobriram o dele, e logo
estávamos deslizando um contra o outro. Fodendo como coelhos à
vista dos outros, que estavam prendendo meus joelhos de volta aos
meus ouvidos enquanto, da minha parte, eu os acariciava.
“Jesus,” eu grunhi, embora fosse mais um gemido. Você está
tão profundo.”
O óleo não estava apenas agindo como lubrificante, mas
também ajudando a criar uma superfície sem atrito. O peito de
Austin estava quente contra o meu. Meu estômago deslizou
deliciosamente contra seu abdômen de tanquinho, criando calor e
aconchego entre nós enquanto ele percorria todo o caminho dentro
de mim a cada estocada.
PORRA...
Austin olhou nos meus olhos, assumindo o controle total. Ele
fodia cada pedacinho meu com seu olhar, da mesma maneira que
estava fazendo com seu pau.
“Bem-vinda ao lar,” ele disse, sorrindo para mim. Então seus
olhos reviraram...
... e ele gozou direto na minha boceta.
Ahhh, caralho!
Era lascivamente obsceno, o jeito que ele simplesmente
gozava de maneira silenciosa. Suas mãos enroscaram nas minhas
na cama, seus dedos abrindo e fechando enquanto ele me fodia
cheio de seu creme.
Eu estava indefesa abaixo dele. Meus ombros presos
firmemente na cama pelo aperto de Maddox e Kane.
Repetidamente ele me penetrava, trabalhando o óleo e
entrando em uma mistura quente e aquecida que revestia seu pau e
bolas. Nós dois olhamos para baixo quando ele finalmente se
retirou, admirando a pura obscenidade do que acabamos de fazer.
“Quem é o próximo?” ele sorriu.
Kane se aproximou, deslizando da cama e pegando meus
tornozelos em suas mãos. Seu grande pênis se destacava como um
taco de beisebol, forte e bonito, todo brilhando com óleo.
Puta merda.
Minhas pernas ainda estavam tremendo, minha respiração
ofegante, fazendo meu estômago ficar côncavo e convexo com cada
respiração alternada. Kane e eu nos olhamos, e todas as borboletas
no meu estômago levantaram voo de uma vez.
Então ele flexionou seus braços enormes... e com uma torção
deles eu fui instantaneamente virada de bruços.
Mais óleo foi aplicado, desta vez pelos meus outros amantes.
Eles derramaram copiosamente na minha bunda. Massagearam
com as mãos, amassando minhas nádegas flexíveis e abrindo-as
amplamente.
Senti Kane quando ele se inclinou para frente, as pontas dos
dedos me sondando suavemente. De alguma forma eu ainda estava
usando meu fio-dental. Eu estava sendo fodida. E aquele pedaço de
pano estava sobrando. E ele estava apertado agora, marcando em
volta da minha cintura enquanto Kane o pegava entre seus dedos
grossos e...
PÁ!
Ele o quebrou como um elástico frágil, enviando uma onda de
choque, dor e excitação através do meu corpo. A dor durou apenas
alguns breves segundos. A estimulação rondava…
A ponta do polegar de Kane exerceu uma pequena pressão
contra meu pequeno rabo apertado. Entre o calor, a lubrificação e
como eu já estava relaxada, ele o passou pela abertura e empurrou
lenta e deliciosamente para dentro.
Ahhhhhhhhhh...
“Eu queria isso há muito tempo,” Kane grunhiu, inclinando-se
sobre minhas costas. Ele estava praticamente fazendo uma flexão
em cima de mim agora. Seu polegar entrou em minha bunda mais
uns 2 centímetros. “Agora estou conseguindo.”
Eu me senti tão quente e cheia debaixo dele. Tão
incrivelmente, lindamente dominada.
“Toda sua,” eu balbuciei.
Ele pressionou seu rosto contra o meu por um momento,
beijando minha bochecha com ternura. Então ele retirou o polegar e
o substituiu pela cabeça grossa e em forma de cogumelo de seu
pênis.
Ah meu Deus...
Parecia absolutamente insano enquanto ele avançava. Como
tentar encaixar uma maçã em uma mangueira de jardim. No
entanto, de alguma forma, eu me estiquei para acomodá-lo. Meu
corpo inteiro afundou na cama quando minhas nádegas se
separaram e meu esfíncter relaxou para deixar meu amante entrar.
Eu pulei apenas uma vez, quando a cabeça passou. E então Kane
se empurrou... muito lentamente... todo o caminho dentro da minha
bunda apertada e brilhante.
Caraaaaaaaalho!
Minhas mãos estavam no alto apertando os lençóis,
enroscando-os em minhas palmas. Cada centímetro era uma agonia
doce e feliz. A cada centímetro, uma vitória magnífica.
Quando ele enfiou tudo e estava totalmente dentro de mim,
senti como se tivéssemos ganhado alguma coisa. Soltei uma
pequena risada delirante nos lençóis encharcados de óleo... e então
Kane começou a foder minha bunda com golpes fortes e profundos.
“Puta merda, que tesão,” suspirou Austin. O tom em sua voz
me disse que ele lamentou ter gozado tão cedo.
Kane grunhiu, apertando minha bunda com suas mãos. Seus
dedos escorregavam em todos os lugares enquanto ele lutava para
manter seu aperto e me lançava em uma série de gemidos sem
fôlego e não tão suaves.
Nós fodemos por um longo tempo, desenvolvendo o mais
incrível dos ritmos. O prazer tomou o lugar do desconforto. A
imprudência superou a cautela enquanto continuamos a ganhar
velocidade.
Eu estava gritando agora. Dizendo coisas — algumas
incoerentes — todas indecentes. Uma mão encharcada de óleo
entrou no meu cabelo, e de repente eu estava cara a cara com o
torso lindamente sarado de Maddox. Ele tinha seu pau em uma
mão, e estava lambuzando todo o meu rosto com ele. Deslizando-o
sob meu queixo, nas minhas bochechas... sobre meu nariz e testa
em círculos largos, espalhando óleo em todos os lugares que
passava.
Eu estava toda encharcada. Totalmente obscena e
irremediavelmente selvagem. Isso era além de quente – quebrava o
escopo limitado de cada pensamento devasso ou fantasia indecente
que eu já tive.
“Porra...” Maddox estava gemendo. “Puta merda, isso é tão...
caralho...”
Abri minha boca e seu pau entrou. Estava molhado e
escorregadio, quente e latejante. Fechei meus lábios e me
concentrei em ordenhá-lo, em arrastar minha boca firmemente para
cima e para baixo em seu pau enquanto Kane me penetrava por
trás. Eu estava me impulsionando para trás agora. Encaixando-o na
minha bunda enquanto suas bolas batiam contra minha boceta e as
bolas de Maddox roçavam meu queixo.
Porra... Bom pra caralho.
Eles estavam usando meu corpo... e eu estava usando o deles.
Um calor familiar subiu dentro de mim enquanto eu me contorcia e
me empurrava para frente e para trás entre eles.
“ME FODA!”
As palavras eram minhas, mas também não eram. Elas eram
estrangeiras. Alienígenas. Pertenciam a outra pessoa.
“AH DEUS...” eu perdi o fôlego, fechando meus olhos. “ME
FODA!”
Kane continuava me penetrando, tocando lugares totalmente
inéditos, trazendo-me um novo prazer enquanto o pau grosso de
Maddox enchia minha garganta. Eu estava perdida em euforia.
Completamente consumida pela luxúria. Eu teria continuado para
sempre. Faria qualquer coisa...
“Aqui,” disse Kane, suas mãos indo para baixo da minha
barriga. “Entre nela.”
Ele me levantou para trás e para cima, enquanto Maddox saía
da minha boca. Eu estava presa firmemente contra Kane. Meu cu
pulsando e convulsionando em torno de seu pau, como se estivesse
desesperado por ainda mais.
Então Maddox deslizou todo o seu corpo sob o meu... e eu
soube em um instante o que eles pretendiam fazer.
“Ah Deus...” suspirei, tentando recuperar o fôlego. “Eu não
sei...”
Eles me seguraram, e isso tornou as coisas simples. Posicionei
meu corpo exatamente onde eles precisavam estar, enquanto as
pernas de Maddox deslizavam pelas minhas.
“Gente... ah caralho... ah puta m...”
Meus olhos se arregalaram quando Maddox me empalou,
entrando em mim suavemente por baixo. Seu pau deslizou
confortavelmente na minha boceta encharcada. Incorporou-se
maravilhosamente em minha quente carne rosada, tocando aquele
último ponto dentro de mim que ainda não havia sido alcançado...
“AH DEUS, ISSO É BOM,” eu sorri, meu rosto dividido por um
sorriso arrebatador. Meu cérebro foi inundado de prazer, euforia,
alívio. “MUUUUITO BOM!”
Austin estava sobre nós agora, me segurando pelo queixo.
Beijando meu pescoço. Mordendo meu ombro...
“AHHHH...”
Cada última gota de preocupação foi drenada. Eu estava
exatamente onde precisava estar. Exatamente onde eu pertencia.
“AH DEUS...”
Eu estava presa entre meus três amantes incríveis. Um grande
pau embainhado confortavelmente na minha boceta, o outro
enterrado profundamente na minha bunda...
A intensidade me fez flutuar no limite da consciência. Os lábios
de Austin beijaram os meus, me puxando para frente em um
abandono hedonista. Abaixo, minhas coxas brilhantes montavam
Maddox. Eu balancei para frente e para trás contra seu estômago
ondulado, controlando o ângulo de penetração. A profundidade e a
pressão de ter os dois dentro de mim...
“UNNNGGHHHH!”
Meu orgasmo não apenas me atingiu, ele me atravessou como
um ciclone. Meu corpo se contorceu entre eles, minha boceta
apertando com força em torno de um amante enquanto minha
bunda apertava o outro com tanta força que foi apenas uma questão
de segundos antes que eu o sentisse me inundando por dentro.
AHHHHHH...
Kane me devastou com uma estocada final, seu pau se
contraindo descontroladamente enquanto se drenava em meu canal
proibido. Repetidas vezes ele disparou, enchendo minhas entranhas
com jatos grossos de seu gozo quente e calmante.
Meu clímax se alastrou, contração após contração primorosa,
enviando meu cérebro faminto por sexo em um tour branco
ofuscante do céu. Eu gritei. Berrei. Arranhei o peito de Maddox...
correndo minhas unhas em seus peitorais perfeitos, quando seu pau
explodiu em minha boceta escaldante.
“Goze!” eu gritei, apenas vagamente ciente de que eu estava
falando. “Ah Deus, ah baby... goze!”
Ele jorrou em mim, apertando meus quadris com as mãos até
que suas bolas estivessem secas e vazias. Eu balancei e virei.
Voltei-me para baixo, até os sons e cheiros do nosso sexo
combinado permearem meu quarto virgem...
Mmmmmm...
Meu suspiro de contentamento foi orgástico; como uma
corredora respirando fundo pela primeira vez no final de uma
maratona. Continuei me movendo, mesmo depois que Kane me
deixou. Movendo-me em círculos lentos contra Maddox, enquanto
meus outros dois amantes olhavam com espanto sereno.
“Caralho...” Kane murmurou.
Eles estavam todos olhando para baixo agora, e eu podia
sentir isso também. O gozo dos meus amantes escorrendo do meu
corpo. Escorrendo dos meus buracos bem fodidos, enquanto eu
caía no peito de Maddox.
Estávamos cara a cara, respiração contra respiração. Como
nossos lábios estavam se tocando, sorri e o beijei, embora achasse
que não tinha forças para fazer mais nada.
No final, caí de lado, nos cobertores quentes e encharcados de
óleo. Cercada por todos os lados pelo calor. Por músculos. Por
amor.
“Então, o que você achou?” Maddox perguntou eventualmente,
quando todos nós conseguimos falar novamente.
“De quê?” eu queria socar o braço dele.
“Ué, bobinha... do seu quarto.”
Olhei para o teto e ri. “É meu cômodo favorito da casa até
agora.”
“O mesmo para mim,” Kane grunhiu. Ele estava tirando a
tampa de uma grande garrafa de água.
Maddox estava traçando um dedo sobre meu peito,
desenhando linhas através das poças cintilantes de óleo. Ele
circulou um dos meus mamilos, provocando, enquanto Austin
brincava com meu cabelo emaranhado.
Três amantes, Dallas. Três namorados sexy SEALs da
Marinha.
Era surreal. Mais que surreal.
Todos para você.
Eu balancei minha cabeça em descrença, como se nada disso
fosse possível. Como se estivesse sonhando e pudesse acordar a
qualquer momento.
Puta merda.
Balancei minha cabeça novamente... e os rapazes ainda
estavam lá.
Uma nova vida. Um novo começo.
Lembranças de Las Vegas vieram à mente. Da minha família,
do meu irmão. Da minha vida anterior.
Eram todas boas memórias agora. Todas eram memórias
felizes.
Um novo começo.
Memórias que levaria comigo para o futuro.
Kane estava de pé sobre mim, olhando para baixo e sorrindo.
Ele me ofereceu um pouco de água e eu aceitei, agradecida.
“Então...” eu perguntei inocentemente, deixando o líquido frio
deslizar refrescantemente pela minha garganta. “Vamos fazer isso
em todos os cômodos da casa?”
Austin riu alto, vestindo sua cueca. Kane já estava meio
vestido. Um deles atingiu Maddox no rosto com uma camisa,
fazendo com que ele finalmente se sentasse.
“Depois que terminarmos de desempacotar cem malditas
caixas?” Kane deu de ombros.
Os braços e ombros dos meus amantes estavam todos inflados
e cheios, a pele ainda brilhando com óleo. Isso os fazia parecer um
trio de deuses romanos esculpidos.
“Eu não vejo nada em todo o mundo que pudesse nos parar.”

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Capítulo 1

JULIANA

O interior do prédio era quente e acolhedor, muito diferente do


frio e impessoal que eu esperava. Parecia os fundos de um museu,
ou mesmo de uma biblioteca. Carpetes e plantas estrategicamente
dispostas nos guiavam pelo corredor enquanto eu seguia a mulher
vestida com apuro à minha frente.
– Desculpe a demora, Sra. Emerson.
Ela parou diante de uma porta de vidro fosco, dando três
batidas secas e abrindo seu melhor sorriso falso. Após olhar
rapidamente pela fresta da porta, ela finalmente a abriu.
– O diretor vai te receber agora.
“O diretor”. Soava tão importante, tão oficial. Mas o termo
também não tinha a menor importância, especialmente no contexto
da minha visita.
A senhora poderia vir ao nosso escritório principal? O diretor
tem algo importante a lhe dizer.
Esse e-mail misterioso me tirou da sala de reuniões no meio de
uma apresentação e me colocou no primeiro táxi que passou.
Dezesseis quadras depois, lá estava eu.
– Sra. Emerson?
Entrei no que poderia ser o escritório de um advogado, de um
médico, ou mesmo de um reitor, a quantidade de estantes à minha
volta equalizando os três. Todas preenchidas do chão ao teto por mil
livros de encadernação de couro que poderiam nunca ser lidos
nesta era digital, mas que com certeza impressionavam.
– Ah, Sra. Emerson.
Um homem franzino e careca com óculos de armação de
arame me deu um fraco sorriso por trás da mesa. Ele se ergueu
brevemente, indicando uma das duas cadeiras de couro à minha
frente.
– Por favor.
Sentei na outra cadeira, só para confundi-lo. Não que eu
precisasse confundir esse homem que nunca vira antes, mas é
difícil largar velhos hábitos.
– Obrigado por vir tão prontamente – disse ele com voz suave,
macia. – Agradeço sua disposição de...
– Estou aqui. Pode falar.
Seus olhos demonstraram surpresa com a minha interrupção,
mas também certa preocupação. Foi a preocupação que me
preocupou.
– Certo – ele se inclinou na cadeira. – Direto ao ponto.
O homem pausou e limpou a garganta. Quando ele falou de
novo, parecia muito menos à vontade.
– Infelizmente, o doador que você escolheu não está
disponível.
Custei alguns segundos para registrar o que ele disse. Quando
entendi, senti um balde de água fria.
– E por que não?
– Porque as amostras foram destruídas – respondeu o diretor
calmamente.
Essas palavras foram um soco no estômago. Parecia que eu
tinha perdido o ar.
– O... O quê? Como?
O homem juntou as pontas dos dedos diante do peito
esquelético. De jaleco branco e óculos, ele parecia um professor
magricela de desenho animado.
– A versão longa da história inclui uma falha mecânica
inesperada e um deslize na transferência de certas amostras ao
nosso freezer extra – disse o diretor. – A versão curta é que
algumas amostras atingiram temperatura de degradação. Elas
ficaram inviáveis e infelizmente tiveram de ser descartadas.
Minha boca de repente ficou seca. Todas aquelas semanas
selecionando perfis, lendo bios, olhando fotos. Pesando prós e
contras. Fazendo listas e eliminando candidatos.
Todo esse trabalho virara pó em um instante. Antes mesmo de
eu começar.
– E o senhor resolveu me dizer isso agora? – eu sibilei –
Depois de meses no banco de dados, quando finalmente escolhi
alguém para...
– Mais uma vez, outro deslize – interrompeu o diretor. – Esse
doador devia ter sido retirado da base de dados meses atrás,
quando o episódio ocorreu.
Episódio. Caralho.
– Mas não foi, e isso é inteiramente culpa nossa, claro.
– O senhor acha? – retruquei.
O homem me olhou sombriamente, então tirou os óculos
devagar e colocou-os sobre a mesa entre nós. Por alguma razão,
isso o fez parecer mais velho, mais vulnerável.
Talvez ele também soubesse.
– Mais uma vez, nós sentimos muito, imensamente.
Seis meses!
Seis meses desde que eu começara a selecionar perfis. Vinte e
quatro semanas debruçada sobre o que eu sabia muito bem ser a
decisão mais importante da minha vida.
Sem contar os três meses anteriores de indecisão, eu me
lembrei. Juntando e logo perdendo a coragem. Começando e
interrompendo o processo em duas agências diferentes, para então
começar tudo de novo.
Fora apenas na semana anterior que eu finalmente decidira
qual homem iria – biologicamente, pelo menos – ser o pai do meu
filho. Ele era o pacote completo, o espécime perfeito. Um homem
alto, moreno, fisicamente extraordinário, com bom intelecto,
espirituoso e de saúde imaculada.
Esse doador anônimo tinha aparentemente tudo: um exame
genético irrepreensível, alta contagem de espermatozoides e
motilidade impressionante. E, claro, sua carta de apresentação, que
o colocou no topo da lista. Foi a peça final de um quebra-cabeça
anônimo: o quão doce e atenciosa era sua personalidade,
combinando com seu rosto lindo e olhos azuis.
– Se a senhora tiver uma segunda opção para doador... – disse
o diretor casualmente.
Não.
–...nós aceleraremos o processo o máximo possível. A senhora
será a primeira da fila para...
NÃO!
Eu bufei, balançando a cabeça. Esse doador deveria ser a
cereja do meu bolo. A decisão que eu levara mais de um ano para
tomar, num mundo em que eu tomava decisões tão rápido e no calor
do momento que ficara algo conhecida por isso.
– Claro que é melhor tomar o tempo necessário – continuou o
diretor, com cautela. – Pense no que a senhora...
– Não. Cansei.
Rosnei a resposta acidamente, como se as palavras
deixassem um sabor amargo na minha boca. Elas ainda ecoavam
de forma vazia na minha mente quando eu me levantei bruscamente
e saí do escritório.
Capítulo 2

JULIANA

As portas do elevador abriram-se com suavidade no décimo


sexto andar para o lobby de vidro da Shameless Marketing. Gente
caminhava apressada por todos os lados, sumindo atrás de mais
portas de vidro. Eles levavam notebooks, pastas, até apresentações
inteiras debaixo do braço.
E todos estavam lá por minha causa.
Normalmente esse pequeno fato me dava uma onda, que eu
aceitava como bem merecida. Eu até pausava para me deleitar com
o tamanho da agência de marketing que construí do zero, ou
simplesmente sentir o perfume das flores e saborear os frutos do
meu trabalho duro.
Mas hoje não.
Aric me olhou curioso quando entrei em minha sala, arqueando
uma sobrancelha bem feita até o alto de sua bela testa. Minha
expressão lhe disse para não me seguir, nem mesmo trazendo as
duas xícaras de café na mesa dele, e mesmo já sendo uma hora
mais tarde do que quando eu normalmente a tomava.
Porra.
Afundei na minha cadeira, tomando cuidado para manter a
postura ereta e não apoiar a cabeça nas mãos. Esse era o problema
de um escritório com paredes de vidro. Como chefe, você vê o que
todo mundo está fazendo, o tempo inteiro. Mas é uma faca de dois
gumes igualmente afiados: eles também podem te ver.
A estrada até ali fora longa e tortuosa. Cerca de oito anos
atrás, eu conseguira meu primeiro cliente importante num golpe de
sorte, por meio de uma aposta tudo-ou-nada que no fim deu muito
certo. A partir daí eu fizera a empresa crescer expandindo sempre
que podia, reinvestindo cada centavo que entrava. Correndo risco
após rico para manter os funcionários, muitas vezes pagando
salários do meu bolso.
Aos quase trinta anos de idade, eu sacrificara quase tudo mais
na minha vida para avançar na carreira. Talvez por isso minha crise
da meia idade viera um pouco mais cedo do que de costume. Ela
chegou quando eu menos esperava, na forma de um relógio
biológico extremamente barulhento e desagradável. Mas havia
outras razões por que eu queria filhos, também. Razões mais
práticas que tinham a ver com encher a casa de amor, família e
risadas num momento da vida em que eu poderia aproveitá-los
melhor.
E agora eu estava de volta à estaca zero.
Havia outras opções, é claro. Outros caminhos que me
levariam à maternidade tão rápido quanto. Mas eu não queria
“outras” opções. Eu queria a que eu escolhera cuidadosa e
meticulosamente. Qualquer outra coisa seria um segundo lugar, e o
segundo lugar não significava nada.
Assim lá eu fiquei, pensando na má notícia do diretor.
Visualizando mentalmente as mesmas cinco fotos lindas do perfil do
doador de esperma do meu futuro filho. Era algo que eu já fizera
dezenas, até centenas de vezes antes, tanto on-line quanto na
cabeça. Mas agora que eu sabia que não poderia mais tê-lo, as
imagens estavam lentamente ficando mais fracas.
Aric esperou doze minutos inteiros antes de entrar na minha
sala, o que foi exatamente perfeito. Menos que dez minutos e eu
teria arrancado a cabeça dele. Quinze minutos seria tempo demais.
– Não sei como se denuncia um assassinato com antecedência
– disse ele –, então achei melhor te dar isso antes que alguém
morra.
Ele deslizou o copo grande de latte na minha mesa com uma
mão forte e experimentada. Eu peguei o copo e bebi bastante.
– Você provavelmente salvou uma vida – admiti.
– Esse é o meu serviço – ele sorriu. – Salvar vidas.
Aric, meu braço direito, empurrou os óculos estilosos mais para
cima sobre o nariz aquilino. Saindo do treino da tarde, seu peito
largo e braços grandes se destacavam e ele estava incrível. Tipo
uma versão levemente menos nerd do Clark Kent.
– Se você não fosse gay e bem casado, nós já seríamos os
reis do mundo – declarei com um suspiro melancólico. – Você sabe
disso, não sabe?
Aric riu.
– Eu sei. Mas vamos ser assim mesmo.
– É isso aí.
Ele me examinou com olho experiente e se sentou em uma das
minhas cadeiras. Aric nunca tinha se sentado em uma das minhas
cadeiras. Ele era do tipo que fica em pé.
– O que foi, chefe?
– Nada.
Ele estreitou os olhos com suspeita.
– Nós não perdemos nada, perdemos?
Hesitei um segundo demais depois da pergunta e sacudi a
cabeça.
– A conta De’Angelo está OK?
– Está ótima – respondi.
– E a Pizza Rocket? Eles ainda estão a fim do plano que
discutimos de distribuir cupons pela cidade?
Ri pelo nariz.
– É bom que estejam. Estou com trinta e sete operadores de
drone à disposição neste fim de semana.
– É este lugar, então – ele brincou, olhando em volta. – Esse
vidro maluco. Todo mundo te vigiando. É igual morar num aquário!
Franzi o cenho, balançando a mão com desdém. Eu gostava
do vidro, na maior parte do tempo. Poder ver todo mundo me dava
uma sensação de controle.
– Então tá – disse ele. – O que poderia estar preocupando a
Víbora Vira?
Soltei o ar devagar através dos dentes cerrados.
– Já te pedi para parar com isso.
– Besteira – retrucou Aric –, você merece esse apelido. Ele
vem com reconhecimento instantâneo, e nós sabemos quão
importante é isso. – Ele balançou a linda cabeça. – Goste ou não
goste, é a sua marca.
Minha marca. Era a única coisa que eu estava conduzindo bem
naquele momento. Mas eu já tinha decidido, como eu quase fiz, que
eu queria mais.
E desta vez, muito mais.
– Aric, você e o Jason falam em ter filhos?
O homem na minha frente piscou. Tenho que admitir que a
pergunta realmente viera do nada.
– Marcamos de falar disso – respondeu ele com cuidado – em
algum momento no ano que vem.
– Ano que vem?
– Quer dizer, ele tocou no assunto algumas vezes, mas eu
sempre adiei a conversa.
– E por quê?
Meu braço direito contraiu os lábios e coçou a nuca.
– Várias coisas, eu acho. Ainda somos novos para ter filhos, ou
é isso que eu sempre digo a ele. Mas essa desculpa só vai colar por
mais um ano, com sorte. Dois, no máximo.
– Ele quer filhos e você não?
– Eu não disse isso – respondeu Aric. – Quero um monte de
filhos, na verdade. Quero muito.
– Bom, você tem uma casa linda – disse eu. – E um bom
marido. Muito espaço. E eu sei que você ganha mais que o
suficiente.
Com o último comentário, ele deu aquele sorrisinho obrigatório.
– Então o que te impede de ter filhos agora?
– Quer saber a verdade?
– Sempre.
Ele estendeu o dedo, apontou-o para baixo e bateu na mesa.
– Este lugar.
Fiquei no chão. Mas pensando bem, não deveria ter ficado.
– Sério?
– Sim. Bom, estamos muito ocupados – ele encolheu os
ombros –, com muitas panelas no fogo. Talvez quando as coisas se
acalmarem um pouco...
– Mas as coisas nunca se acalmam – eu rebati. – Elas só
escalam.
Aric não era só meu braço direito, ele era os meus dois braços.
Ele administrava tudo na Shameless que eu não administrava, e
talvez até algumas coisas que eu administrava.
– Acho que é por isso que ainda estou esperando... – disse ele
– Você sabe. A hora certa.
A hora certa...
Ele olhou para o nada por cima do meu ombro. Ou talvez
olhasse para algo ou alguém através da parede de vidro.
– Aric?
– Sim, chefe?
– Quero que você tire o resto da noite de folga – disse eu. –
Use o cartão preto. Leve seu marido para jantar num restaurante
bom, por conta da empresa.
Seus olhos brilharam.
– Sério?
– Com certeza – eu sorri. – Uma boa churrascaria, aquele
restaurante novo asiático na Sétima Avenida, onde vocês quiserem.
Você sabe muito bem que merece. Sem você, esse lugar é só um
monte de vidro.
O rosto dele ficou vermelho vivo com todos esses elogios.
Desviei o olhar, com medo de ficar da mesma cor.
– Caralho, chefe – disse ele. – Não ligo para o que dizem de
você, você é...
– E durante o jantar, peça desculpas ao Jason por mim.
– Desculpas? – estranhou Aric – Por quê?
– Por te ver mais do que ele.
Capítulo 3

JULIANA

Há boas decisões e há más decisões, cada uma com suas


consequências. Para as mais importantes, eu fazia a due dilligence.
Eu agonizava, pesquisava, estudava os dados até ter certeza de
estar fazendo a coisa certa, e não potencialmente cometendo um
erro.
E há decisões como o Wayne.
– Um pouco mais?
Ele sorriu ao erguer a garrafa de vinho, e eu quase estendi a
taça. Já tinha tomado vinho suficiente para aquela noite. Talvez até
um pouco mais do que devesse, embora tivesse tomado a decisão
“Wayne” horas atrás, antes mesmo de abrir a garrafa.
Pegando o vinho de sua mão estendida, caminhei
tranquilamente até o bar e o deixei ali. A música vindo dos alto-
falantes a bluetooth era boa. Tão boa que eu balançava os quadris,
dançando na sala à meia-luz onde meu ex-namorado estava
sentado satisfeito no meu novo sofá de couro.
Mmmm. Ele está bonito.
Estava mesmo. Embora eu não o visse em cerca de um ano,
Wayne tinha aparentemente mantido a forma. Ele estava com a
mesma barba bem cuidada e corte de cabelo perfeito de quando
nós namorávamos, mas seus ombros pareciam mais largos do que
eu me lembrava.
– Vem cá, linda.
Ele tentou me pegar e eu dancei para longe, só para provocar.
Depois de tomar a última gota de vinho da taça, também a deixei
sobre o bar.
Tem certeza que sabe o que está fazendo?
O pensamento me incomodou um pouco mais, mas o afastei.
Convidar Wayne fora uma decisão impulsiva. Mesmo assim, fora
uma decisão impulsiva com segundas intenções.
– Está pronto para mim?
Ofeguei as palavras mais do que as pronunciei. Wayne
simplesmente fez que sim com a cabeça, afundando mais nas
almofadas ao colocar os braços nas costas do sofá.
– Você sabe o que fazer.
Ainda bem que ele sabia, porque eu não ia explicar de jeito
nenhum. Continuei minha dança sensual enquanto Wayne
desabotoava a camisa, tirava as meias e desafivelava o cinto. Ele
deixou as calças caras caírem em volta dos tornozelos e as chutou
para longe, bem na hora que eu me sentei no colo dele.
Mmmmmm…
Seu corpo estava quente e acolhedor, mas talvez fosse só o
vinho. Ou fato de que já fazia... bem... um bom tempo.
– Meu Deus, gata. Eu senti sua falta...
Eu o silenciei na hora com um dedo contra seus lábios.
– Não estrague tudo.
Ele franziu as sobrancelhas com uma pergunta silenciosa.
Estragar?
Rebolando no seu colo, apoiei o rosto em seu ombro e
comecei a beijar seu pescoço de leve. Ele cheirava a um misto de
colônia e uísque. Wayne respondeu à altura, agarrando com as
mãos a barra do meu vestido. Lentamente, provocantemente, ele as
deslizou para cima, até descansar as palmas no alto das minhas
coxas.
Permiti que ele saboreasse essa pequena vitória por alguns
momentos, resistindo ao desejo de deixar as mãos vagarem pela
extensão quente do seu peito. Eu não queria vagar. Meu objetivo
não era romance.
Não, meu objetivo era muito mais específico.
Senti antes de ver – o volume de Wayne crescia bem embaixo
de mim. Confirmei com a mão, dando uma apertadinha antes de
pular do sofá e sair rodopiando.
– Juliana! – ele riu, exasperado – Fala sér...
Ele deixou a frase no ar quando eu me virei e puxei o vestido
por cima dos quadris. Empinei a bunda e comecei a balançar para
frente e para trás, no ritmo exato da música. Quando achei que já o
tinha hipnotizado o bastante com os movimentos lentos, sedutores,
comecei a baixar a calcinha. Elas deslizaram suave e com facilidade
sobre minha bunda redonda.
Juliana.
Descendo e descendo elas foram, se enrolando pela carne
ardente da parte de cima das minhas coxas...
Juliana!
Centímetro por doce centímetro elas baixaram. Até quase os
joelhos...
Ah, droga.
Ergui-me rapidamente, puxando tudo para cima e ajeitando o
vestido. Peguei o controle remoto. Desliguei a música. Quando
ajustei o dimmer, já estava me sentindo uma babaca.
– Ummm... o que aconteceu?
Wayne parecia uma criança de quem acabaram de tomar o
melhor presente de Natal. O que era basicamente a situação dele.
– Desculpe – eu disse.
– Desculpe? – ele piscou – Desculpe por quê?
– Por ter que te pedir para ir embora.
Peguei a garrafa de novo e servi o resto na minha taça. Eu
poderia ter tomado o resto direto da garrafa, mas eu não era esse
tipo de garota.
– Juliana, que porra é essa?
E hoje não era esse tipo de noite.
– Eu sinto muito – disse eu de novo. – Isso... não é isso que eu
quero.
– Parecia que você queria um minuto atrás – Wayne fechou a
cara – quando estava subindo em cima de mim.
– É, eu sei. É por isso que estou pedindo desculpas. Eu fiz
merda.
– Fez merda?
Acenei com força.
– Isso foi um erro, Wayne. É melhor você ir.
Meu ex-namorado me encarou, pasmo. Suas sobrancelhas se
juntaram, com raiva.
– Está falando sério?
– Para caramba.
Ele ainda estava seminu, sentado lá indefeso e com um
volume na cueca. Peguei as calças e as joguei em seu colo, para
cobri-lo.
– Vamos – eu instei –, trabalho amanhã cedo.
– Você sempre tem que acordar cedo – Wayne retorquiu. –
Acho que nunca te vi dormir até depois das seis da manhã.
– Ótimo. Você está dando a explicação por mim.
– Até quando a gente viajou para as Maldivas anos atrás –
continuou ele –, eu acordava e você já estava na frente do
computador trabalhando.
– Eu sei.
Essas palavras tinham um som amargo. Caramba, elas tinham
um sabor amargo.
– Eu te perguntava como foi o nascer do sol, mas você não
sabia, porque não tinha notado.
– Eu falei que EU SEI!
A raiva de Wayne refletia a minha. Ele suspirou frustrado e
saltou do sofá, vestindo as roupas uma por uma.
– Wayne, eu sinto muito mesmo – eu disse. – Eu te chamei por
todas as razões erradas.
– Só tem uma razão para ligar para o ex à meia-noite – rosnou
ele.
– Eu sei – admiti. – E você não fez nada de errado. É que... É
que...
Não é isso que eu quero.
Franzi o cenho, pensando bem nessa internalização.
Não, não é isso. Não é QUEM eu quero.
Wayne resmungou um pouco mais, xingando enquanto seus
dedos se atrapalhavam para abotoar a camisa. Lancei um último
olhar comprido para seu peitoral antes que ele sumisse por trás dos
botões, e ele ajeitou o cinto.
Você ficaria ligada a ele para sempre, sabia?
É, eu sabia. E seria um pesadelo.
– Você nunca está satisfeita com o que tem, Juliana – vociferou
meu ex-namorado abruptamente. – Você sabe disso, não sabe?
Esse é o seu problema.
– Eu sei – concordei. – É mesmo.
– Não importa onde você esteja ou o que esteja fazendo, sua
cabeça sempre está em outro lugar.
Ele calçou os sapatos com raiva enquanto eu pensava no que
quase acontecera. Não fazia sentido. Eu não era assim.
O que você ia fazer, esperar ele gozar dentro? Avisar algumas
semanas depois?
A voz na minha cabeça agora debochava. Asperamente e sem
dó.
Ou falaria logo antes? Diria que não estava tomando a pílula
desde...
Mordi o lábio, deixando a dor obliterar tudo mais. Sim, quase fiz
algo desprezível. Sim, eu era uma total escrota por causa disso.
Mas você não foi até o final, outra voz, mais razoável, me
disse.
Pisadas fortes indicaram que meu ex-namorado finalmente se
vestira. Ele marchou em minha direção, puxando o casaco do
cabideiro e se dirigiu à porta.
– Mas foi um prazer te ver, Wayne.
– Prazer? – ele deu uma risada amarga, parando por um
segundo na porta. O som da porta batendo coincidiram com suas
duas palavras finais – Nem isso.
Capítulo 4

JULIANA

– Então tá. Se você não vai me ajudar, arrume alguém que


sirva.
O homem atrás do balcão balançou a cabeça devagar. Ele
tinha o olhar condescendente de alguém prestes a explicar alguma
coisa simples a uma criança, e isso me deixava louca.
Não é que eu não vou te ajudar, é que eu não posso te ajudar
– disse o homem. – Desculpe, Sra. Emerson. Eu simplesmente não
tenho acesso ao...
– Cha-ma-o-di-re-tor.
Eu pedira três vezes, e nas três vezes ele se recusara. Agora
eu tinha me levantado. Voltei-me para a direção que eu sabia ser da
sala do diretor.
– Sente-se, por favor – o homem implorou. – Vou ver o que eu
posso fazer.
Ele se levantou abruptamente, saindo com sua camisa
amarrotada. Ao menos a gravata estava passada, mas o resto
parecia ter saído direto da centrifugação.
Esse lugar poderia ser muito melhor administrado.
É um dos muitos defeitos de ter seu próprio negócio: o tempo
todo você acha problemas em tudo e em todo mundo. Tentei me
acalmar, ser paciente e compreensiva. Mas quanto mais
incompetência e falta de profissionalismo eu via, mas difícil era
morder a língua.
Forçando-me a relaxar, eu me recostei na cadeira, descruzei
os braços e pensei nos quase acontecimentos infelizes de ontem.
Chamar Wayne para transar fora má ideia desde o princípio.
Não por causa do sexo, que eu precisava desesperadamente, mas
porque ele iria inevitavelmente se emocionar.
Porém ainda pior era a ideia de usar um ex-namorado para
trazer uma criança ao mundo. Era podre, era burrice, e era
carregada de mil problemas futuros. Sem contar que tentar
engravidar de propósito sem nem discutir isso com a outra pessoa é
horrível e inegavelmente errado.
Tentei culpar o vinho, mas o vinho era só parte do problema. A
questão real é que eu achei aquilo um descaso. A clínica fizera eu
me sentir tão injustiçada, tão que perdera meu doador de esperma
eleito por enganação, que cheguei ao ponto de quase fazer algo
cataclismicamente idiota.
Por sorte eu tive o bom senso de mandar Wayne embora.
Depois, peguei as velhas fotos do perfil do homem que subitamente
eu não podia ter, e fiquei olhando para elas com um novo nível de
obsessão e apaixonamento.
Eu não conseguia parar de olhar para o jovem e estonteante
gostoso anexado à bio do doador. Quem era ele? O que ele estava
fazendo agora? Se ele doara esperma nesta cidade, era provável
que ele também morasse aqui.
Verdadeiro ou falso, essa pequena dedução me jogou num
buraco de minhoca sem fim até altas horas da madrugada. Será que
esse cara morava no mesmo bairro? Se sim, nós íamos aos
mesmos restaurantes? Pegávamos metrô juntos? Teria eu passado
correndo distraída no Central Park enquanto ele lia um livro?
Todas essas fantasias me tomaram de uma vez, aumentando
minhas outras necessidades, mais animais, no momento. Logo eu
estava jogada na cama, olhando para o teto. Meus olhos se moviam
por trás das pálpebras enquanto eu deixava meus dedos vagarem,
dando a mim mesma ao menos um pouco do prazer que Wayne não
pudera... enquanto lembrava dos melhores ângulos e das minhas
fotos preferidas do agora misterioso futuro pai do meu filho.
De todas as biografias em profundidade e respectivos
históricos médicos que eu estudara, a única coisa que me cativara
fora a carta de apresentação muito querida anexada ao arquivo
desse homem. Fora escrita pelo doador e destinada ao seu futuro
filho biológico. Ele falava da própria infância e de ser tímido quando
jovem. Muito docemente, ele dizia ao filho ou filha em potencial que
se também fossem tímidos, não se preocupassem com isso, porque
ia passar com o tempo.
O resto da carta falava de amizade, família e autoconfiança –
só coisas boas, com uma conclusão positiva para cada tema. Ele
terminava dizendo a sua futura progênie que ficava feliz pela incrível
jornada que tinham diante de si, pois o mundo era cheio de coisas
incríveis e maravilhosas.
Foi com essa carta de apresentação que tive o clique, e foi isso
o que determinara minha decisão. Qualquer um capaz de escrever
algo assim passaria adiante características de amor, felicidade e
risadas. Quem quer que ele fosse, um homem assim sem dúvida
tinha um grande coração.
– Olá, olá! – uma voz açucarada disse à minha esquerda –
Sra... Emerson, certo?
A mulher alta que entrara na sala já exibia um sorriso sacaroso
no rosto. Ela se sentou na cadeira que o amarrotado deixara vazia e
olhou para a tela do computador por vários segundos.
– Você não é o diretor – eu disse objetivamente.
– Não – continuou ela, sem que o sorriso se abalasse por meio
segundo –, mas sou a subdiretora, Sarah Fields. Me disseram que a
senhora tem uma pergunta?
Abri a tela do meu celular e o deslizei em direção a ela.
– Este homem – disse eu, batendo na tela. – Quero saber se
pode me passar o nome dele.
Ela nem olhou para baixo, apenas cruzou as mãos.
– A senhora sabe que este homem não está mais no nosso
sistema – disse ela com frieza.
– E nem devia ter entrado no sistema – retruquei –, mas como
ele estava no sistema, queria saber se ele vai doar de novo.
– Isso é decisão dele – disse a mulher –, não nossa.
– Certo – concordei. – Vocês ligaram para avisar que a
amostra dele foi descartada?
– Não – concedeu a mulher. – Isso não consta no nosso
protocolo.
– Descongelar a amostra sem querer consta no seu protocolo?
Seu sorriso sacaroso transformou-se numa cara fechada.
– Claro que não.
– Então por que não fazer um esforcinho por minha causa e
entrar em contato com ele? – perguntei – O pior que ele pode fazer
é dizer “não”.
– Mas...
– Ou deixe eu contatá-lo. Tenho certeza que se ele doou uma
vez, não teria problema em doar de n...
– Ele doou onze anos atrás – a mulher interrompeu – e nunca
mais voltou. Posso te dar essa informação apenas porque consta no
perfil. Essa informação é aberta para todas as clientes, como a
senhora, que buscam conceber.
– Então você pode me dar o DNA dele, mas não o nome? –
rosnei – Você pode plantar a semente dele dentro de mim, mas não
pode dar seu último endereço conhecido?
– Os dados pessoais de todos os doadores são confidenciais –
disse a mulher. – A senhora sabe disso.
– Mas foi erro seu. Falha sua.
– Estou ciente disso.
– Por que não ligar e dizer o que aconteceu com a amostra –
argumentei – e enquanto estiver no telefone, talvez já falar que
alguém já escolheu...
– Não e não – a mulher balançou a cabeça. – Não trabalhamos
assim.
Uma cadeia de palavrões veio à minha mente, junto com
coisas que fariam uma mulher dessas sair correndo pela porta. Em
vez de gritá-las, eu as engoli. Estava deprimida demais até para
essa pequena diversão.
– Deixa para lá.
Levantei-me usando minha última gota de força de vontade
para não ficar de ombros caídos. Silenciosamente, peguei o celular
de volta.
– Você foi um anjo – disse eu abrindo a lista de contatos –,
uma santa.
Apertei o botão para fazer a ligação, silenciando a mulher com
um gesto quando ela tentou dizer algo. No terceiro toque, minha
amiga atendeu.
– Addison! – exclamei, alto o suficiente para que todo o
escritório escutasse – Vou te mandar uma série de fotos de alguém.
Quatro, na verdade.
Voltei o olhar para a subdiretora, que ainda estava incrédula.
– Tenho que descobrir quem é esse cara.
Capítulo 5

JULIANA

Addison era uma das minhas amigas mais antigas de Nova


York – uma policial que parou meu carro no meu primeiro mês na
cidade. Ela me citou especificamente por “dirigir feito idiota”, um
termo que depois descobri ser usado para descrever qualquer
motorista que não era de Nova York.
Acostumada com as ruas de uma cidade pequena do interior
do Maine, tive que descobrir a glória da condução agressiva nova-
iorquina da mesma forma que todos: pelo batismo de fogo. Batalhei
até a reduzir a citação a uma pequena multa, e após sair do fórum,
convidei Addison para almoçar e conversar.
Ficamos amigas desde então.
Na década que se seguiu me tornei sua mentora, conselheira
financeira, madrinha de casamento e madrinha de sua filha mais
velha. Eu fui o ombro em que ela chorou quando a mãe ficou
doente. Eu era a única pessoa para quem ela quis se abrir quando
tinha crises de pânico súbitas e extenuantes. Addison era forte,
brava, implacável – ela me lembrava de mim mesma. Eu a amava
como uma irmã. Eu faria qualquer coisa no mundo por ela, e ela por
mim.
Portanto, pedir a ela para usar a recém-lançada rede de
reconhecimento facial da polícia de Nova York para encontrar meu
doador misterioso não era nada demais.
– Me dá alguns dias – disse ela. – Se esse cara andou em
alguma calçada nos últimos dezesseis meses, vou encontrá-lo.
Eu não tinha certeza se ela conseguiria, mas eu sabia que ela
ia tentar para valer. Só por isso, eu não devia ter me surpreendido
quando meu telefone tocou dois dias depois e atendi para ouvir uma
única palavra:
– Devyn.
Pisquei confusa, ainda lambendo a calda de chocolate de um
cupcake do meu dedo médio.
– Espera... o quê?
– O homem que você está buscando é Devyn Bishop.
Uma notificação precedeu a imagem enviada ao meu celular:
uma foto da carteira de motorista do homem que fora gravado a
fogo na minha mente. Ele estava um pouco mais velho, mas de
alguma forma, ainda mais bonito. Seus olhos mostravam sabedoria
agora. Sua mandíbula forte e barba mal feita exalavam um sex
appeal mais experiente, embora ainda viril.
Deixei cair a faca que estava usando para passar a cobertura
nos cupcakes. Meu coração, batendo com força, ameaçava sair pela
boca.
– O quê... o que mais você sabe sobre ele?
– Ele é daqui – continuou Addison –, de South Brooklyn. Está
morando no deserto do Arizona agora, mas cerca de um ano atrás
voltou por alguns dias para ir no enterro da mãe.
– Como você sabe disso?
– Bati seu endereço antigo com o registro de obituários.
– Cacete – xinguei.
– É, eu sei – disparou Addison. – É invasivo. Tem câmeras em
cada puta esquina. Odeio esse sistema de merda, mas ele veio para
ficar. Não custa nada usá-lo para o bem.
Minha cabeça começou a girar com as possibilidades. Eu sabia
o nome dele. Eu sabia onde ele morava. Esse homem existia, e não
apenas nas fotos de onze anos atrás que segurei com mãos
vorazes. Ele era real. Ele era de carne. Ele era de osso! Ele era...
– Tenho um arquivo inteiro sobre ele – disse Addison –,
acredite ou não.
– Vem cá – eu disse com pressa –, traz para cá.
Ela hesitou.
– Ummm... Por que eu não deixo aí amanhã, no caminho do...
– Fiz cupcake.
Do outro lado da linha minha amiga suspirou, depois xingou,
depois suspirou de novo. Açúcar era a fraqueza de Addison, e
cupcakes de confete, sua kriptonita. Eu estava fazendo para ela
como agradecimento, independentemente se ela achasse o cara ou
não.
– Já deu uma olhada na minha bunda, Juliana? – grunhiu
Addison.
– Claro. Várias vezes.
– Ultimamente, eu quis dizer.
– Olha, pode comer os cupcakes ou arregaçar as mangas e
socar eles – eu disse. – Não estou nem aí, e não vou ficar ofendida.
Mas eu preciso ver esse arquivo.
– Socar eles parece divertido, na verdade – ela riu –, mas com
o meu azar, provavelmente eu iria acabar absorvendo as calorias
pelos poros.
– E o seu marido vai me agradecer – retruquei. – O Evan não
gosta da sua bunda pequena. Ele já me disse isso meia centena de
vezes.
– Bah – zombou minha amiga. – Minha bunda não é mais
pequena desde que ele fez a primeira dos três em mim.
– Mais motivo para comer um cupcake.
Houve um momento de silêncio em que eu soube que tinha
ganhado. Usei esses preciosos segundos para bolar as sementes
de um plano, agora que sabia onde estava meu doador em
potencial.
– Chego em quarenta minutos – disse Addison finalmente – e
vou levar leite. Vamos precisar de leite para o que eu vou fazer com
esses cupcakes.
– Eu tenho leite.
– Não, você tem leite desnatado – corrigiu minha amiga com
severidade. – Não sei de que planeta você saiu, mas isso não é
leite.
Eu sorri e revirei os olhos.
– Tá.
– Não, não é “tá”, Juliana. É um crime! – Ouvi ela pegando as
chaves no fundo.
– Também posso levar corante branco, a gente mistura com
água e chama de “leite”. Vai ter o mesmo gosto dessa merda na sua
geladeira.
– E tem corante branco para vender? – eu ri.
– Deve ter – minha amiga afirmou, sem base nenhuma. – Ah, e
me faz um favor?
– Sim?
– Me deixa.

Uma Amante Secreta


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Sobre a Autora
Krista Wolf é uma amante de ação, fantasia e todos
os bons filmes de terror... bem como uma romântica
incorrigível com um lado sensual insaciável.

Ela escreve histórias cheias de suspense, repletas


de mistério e recheadas de voltas e reviravoltas
excitantes. Contos em que heroínas obstinadas e
impetuosas são a força irresistível jogada contra
inabaláveis heróis poderosos e sarados.

Você gosta de romance inteligente e espirituoso com


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