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Educação Especial

e Inclusiva
Professora Mestre Ana Paula Francisca dos Santos
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira

Diretor de Ensino e Pós-graduação


Daniel de Lima

Diretor Administrativo
Eduardo Santini

Coordenador NEAD - Núcleo


de Educação a Distância
Jorge Van Dal

Coordenador do Núcleo de Pesquisa


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FICHA CATALOGRÁFICA Paranavaí-PR
FACULDADE DE TECNOLOGIA E (44) 3045 9898
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.
Núcleo de Educação a Distância;
SANTOS, Ana Paula Francisca dos. www.fatecie.edu.br
Educação Especial e Inclusiva.
Ana. Paula Francisca dos Santos
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 96 p.
As imagens utilizadas neste
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária livro foram obtidas a partir
Zineide Pereira dos Santos. do site ShutterStock
AUTORA

Professora Mestre: Ana Paula Francisca dos Santos

Mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações, graduada em Pedagogia.


Pesquisadora na área Educação e Tecnologia.
Desenvolve pesquisas voltadas ao ensino aprendizagem e o desenvolvimento
humano.

INFORMAÇÕES RELEVANTES:
• Pedagogia
• Mestre em Gestão do Conhecimento
• Unicesumar
• http://lattes.cnpq.br/6336539019012543
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Olá, caro (s) aluno (s), seja bem-vindo (a) à disciplina de Educação Especial e
Inclusiva! Neste momento você inicia mais uma etapa em seus estudos, que tem como
objetivo enriquecer seu aprendizado. No entanto, o tema abordado ao longo deste estudo
refere-se a um tema muito relevante e significativo para sua prática docente e para as
relações cotidianas estabelecidas no diálogo com o campo da Educação Especial.
A Educação Especial e Inclusiva, pode ser compreendida como uma modalidade de
ensino que visa a promoção da cidadania, o qual tem como finalidade promover a igualdade
e a valorização das diferenças para pessoas com deficiência.
Frente a isto, iremos abordar na Unidade I os aspectos que norteiam o cenário da
Educação Especial e Inclusiva, desde seu primórdio na Idade Antiga, até os dias atuais,
pois tal processo histórico nos leva a refletir sobre as necessidades das pessoas com
deficiência, com relação a sua inclusão no contexto escolar de ensino regular, assim com
sua inserção em meio ao âmbito social.
Na Unidade II, iremos abordar questões relacionadas a características, causas
e prevenção da deficiência física, intelectual e sensorial. No entanto nosso enfoque
será direcionado às ações pedagógicas que podem ser realizadas para desenvolver a
aprendizagem de uma criança com deficiência, seja ela física, intelectual e sensorial.
Na Unidade III, será abordado os aspectos pedagógicos que norteiam a Educação
Especial e Inclusiva, para que assim seja possível compreender a Educação Especial e
Inclusiva, não somente como um desafio que depende de todos os envolvidos no processo
de aprendizagem, mas com uma ação coletiva que depende da vontade e capacitações,
dos professores, gestores e da comunidade para cumprir seu objetivo principal que é a
inclusão de pessoas com deficiências em âmbitos de ensino regular.
Por fim, na nossa Unidade IV, iremos finalizar nossos estudos abordando a
importância da equipe multidisciplinar no contexto da educação de pessoas com deficiência,
assim como as contribuições da escola para a construção de uma comunidade inclusiva e a
relação entre a educação inclusiva e a cidadania de pessoas com deficiência.
Aproveito então, para convidá-los para adentrar a mais esta etapa que te promoverá
a aquisição de um conhecimento significativo para a efetivação de sua carreira profissional.
Bom estudo
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 6
Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais

UNIDADE II.................................................................................................... 32
Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade

UNIDADE III................................................................................................... 53
Inclusão e Educação I

UNIDADE IV................................................................................................... 74
Educação Inclusiva II
UNIDADE I
Educação Especial: Aspectos Históricos,
Políticos e Legais
Professora Mestre: Ana Paula Francisca dos Santos

Plano de Estudo:
• Introdução ao estudo da Educação Especial.
• Conceito e histórico da Educação Especial.
• Políticas e diretrizes, tendências e desafios da Educação Especial e da educação
inclusiva.

Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer sobre os aspectos que regem a história de Educação Especial.
• Conhecer os conceitos que norteiam a Educação Especial.
• Compreender a importância das políticas e diretrizes da Educação Especial e
Inclusiva.

6
INTRODUÇÃO

Olá caro (s) aluno (s), seja bem-vindo (s) a primeira unidade do nosso estudo. Você
tem ou conhece alguém que tenha algum tipo de deficiência? Tenho certeza que você, caro
(s) aluno (s), já presenciou inúmeras vezes pessoas com deficiência transitando em nosso
meio, mas você já parou para pensar como era no passado, lá na Idade Antiga, no início da
nossa história como cidadão?
É, muitas vezes nos deparamos com situações que nos fazem refletir sobre
determinados aspectos que nos rodeiam. Na história da Educação Especial, não é diferente,
uma vez que, para que fosse possível a educação de pessoas com deficiência, muitos
paradigmas tiveram que ser quebrados.
Portanto, podemos dizer que a história da Educação Especial foi influenciada por
inúmeros fatores, fatores estes, abordados na Unidade I deste livro. Assim poderemos
juntos, conhecer um pouco sobre o início da Educação Especial, a qual se inicia na Idade
Antiga e se estende até os dias atuais.
Sendo assim, caro (s) aluno (s), convido você (s) para fazer uma viagem de volta
ao passado e conhecer o princípio desta história. Vamos lá?

Bons estudos!

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 7


1. EDUCAÇÃO ESPECIAL: ASPECTOS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E LEGAIS

1.1. Introdução ao Estudo da Educação Especial

A Educação Especial e Inclusiva nada mais é que uma modalidade do ensino que
realiza um atendimento especializado a pessoas com deficiência (PcD), o qual tem o objetivo
de assegurar a inclusão dos alunos com deficiência e seu direito a educação. Portanto, antes
de adentramos as particularidades da introdução ao estudo da Educação Especial, será
necessário conhecermos as primícias que regeram o atual contexto da Educação Especial.
Sendo assim, caro (s) aluno (s), para iniciarmos nosso estudo, retornaremos aos países
do ocidente no período da Idade Antiga, onde a política que predominava na sociedade
amparava a exclusão das pessoas deficientes do meio social. Neste período, alguns povos
dos países europeus como os que viviam na Esparta na Antiga Grécia também costumavam
abandonar ou atirar as crianças que nasciam com algum tipo de deficiência em penhascos
ou em rios profundos.
Entre os povos egípcios, as crianças eram mortas com marteladas na cabeça e
enterradas em urnas sarcófagas para que sua alma se purificasse e a criança retornasse
na próxima vida de forma normal, com beleza e inteligência (ANDRADE, 2008). Segundo
Andrade (2008) na Idade Antiga, o preconceito predominava na sociedade e por este
motivo, não era aceitável que pessoas com deficiência convivessem em meios sociais.
Assim, qualquer pessoa que nascesse com deficiência era morta.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 8


No período da Idade Média a igreja possuía pleno poder sobre as decisões da
sociedade, ou seja, a sociedade seguia os padrões que a igreja determinava como certo
e errado. Seguindo esta concepção Rechineli (2008), relata que neste período a igreja
era considerada a maior influenciadora do destino das pessoas com deficiência, pois
atrelavam a imagem desses sujeitos à questões religiosas ligadas ao pecado e a culpa.
Outra concepção desta mesma época que também ligava a imagem das pessoas com
deficiência a preceitos religiosos as definiam com atos demoníacos e de feitiçaria.
Esta visão cristã que ligava a imagem das pessoas com deficiência a questões
religiosas de pecado e culpa, levava a sociedade a perseguir e a matar qualquer pessoa
que apresentasse deficiência física, mental ou sensorial. Portanto, para a sociedade deste
período, ter uma criança com deficiência na família era considerado uma forma de punição
pelos pecados cometidos. Deste modo, a sociedade acreditava que as pessoas com
deficiência impossibilitavam o contato com a divindade, e por isto, muitas pessoas eram
afastadas do convívio social ou sacrificadas por sua família (RECHINELI, 2008).
Diante disto, este período foi caracterizado como a “Idade das Trevas”, pois entre
o final da Idade Média e o início da Idade Moderna a falta de conhecimento, o medo do
desconhecido e os paradigmas religiosos e sobrenaturais que não permitiam explicar as
deformidades físicas, mentais e sensoriais do homem, levou à morte milhares de pessoas
que eram consideradas ou que apresentavam algum grau de deficiência.
Esta concepção religiosa permaneceu até o início da Idade Moderna, entretanto, até
este período, as pessoas com deficiência ainda eram expostas ou submetidas a executar
trabalhos considerados de humilhação pública. Contudo em meados do século XVI, os
médicos Paracelso e Cardano passaram a estudar e defender a ideia que a deficiência
era decorrência de fatores hereditários ou congênitos, que poderiam ser tratados pela
medicina. Com isto, a igreja foi perdendo forças sobre as decisões tomadas em relação ao
futuro das pessoas com deficiência, pois segundo os médicos Paracelso e Cardano não
caberia ao clero o direito de decidir sobre a vida das pessoas que eram consideradas “fora
dos padrões normais” (ANDRADE, 2008).
Com as mudanças ocorridas neste período nos países do ocidente, os preceitos
religiosos e morais foram modificados e a igreja passou a oferecer assistência as pessoas
com deficiência. Logo na sequência, no século XVII, o médico inglês Thomas Willis lança
em Londres a primeira obra que descreve a anatomia do cérebro humano (ANDRADE,
2008). Esta obra confirma por meio da ciência que muitas deficiências ocorrem diante
de alterações cerebrais, ou seja, tal fato confirma a ideia apresentada por Paracelso e

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 9


Cardano, em que designa a medicina como responsável por explicar as deformidades das
pessoas com deficiência (ANDRADE, 1984). Assim, pautados em argumentos científicos, a
sociedade obteve uma nova visão com relação as pessoas com deficiência.
Essa ideia que associava pessoas com deficiência à questões que a medicina
poderia solucionar motivou a população e contribuiu para quebrar da visão religiosa que
associava a deficiência ao pecado e a culpa. Assim, caro (s) aluno (s), a sociedade passava
a acreditar que a deficiência está ligada a aspectos médicos e pedagógicos. Então, a medida
que o conhecimento se construía e acumulava, a sociedade passava a aceitar a deficiência
como uma doença que não pode ser curada. Dessa forma, inicia-se em meados do século
XVI as primeiras ações voltadas a atender pedagogicamente as pessoas com deficiência
(RECHINELI, 2008). No entanto, durante o século XVII e meados do século XIX as pessoas
com deficiência ainda eram protegidas por instituições residenciais, o que caracterizou este
período como a fase da institucionalização.
As primeiras classes direcionadas ao atendimento dos alunos com deficiência
criadas em instituições públicas regulares surgiram entre o final do século XIX e início do
século XX, com o objetivo de promover a integração do sujeito com deficiência ao meio
social. Após a introdução das classes especiais, médicos e educadores como Jean Marc
Itard (1774-1838), Edward Seguin (1812-1880) e Maria Montessori (1870-1956) buscaram
desenvolver métodos de treinamento por meio da prática de atividades físicas e sensoriais
para estimular o cérebro dos deficientes mentais.
Estes fatos da história da Educação Especial representaram no ocidente um marco
histórico. No entanto, segundo Mendes (2011), no Brasil os marcos que caracterizaram o
início da Educação Especial consistem na criação do “Instituto dos Meninos Cegos” (hoje
“Instituto Benjamin Constant”) em 1854, e do “Instituto dos Surdos-Mudos” (hoje, “Instituto
Nacional de Educação de Surdos – INES”) em 1857, ambos na cidade do Rio de Janeiro.
Dessa forma, considera que a Educação Especial no Brasil foi marcada por ações isoladas
voltadas a atender pessoas com deficiências sensoriais (visual e auditiva), e uma pequena
parte de deficientes físicos.
Portanto, caro (s) aluno (s), diferente dos países do ocidente e da Europa que
visavam atender as pessoas com deficiência mental ou intelectual, o Brasil quase que de
forma absoluta, silenciava as ações voltadas ao atendimento de pessoas com deficiência
mental, pois a concepção de deficiente mental era associada a aspectos sociais da época.
Podemos concluir que nesta época a concepção da sociedade associava o deficiente mental
a aspectos correlacionados a um comportamento inaceitável no contexto social. Assim,

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 10


qualquer criança que apresente um comportamento fora do esperado pela sociedade, era
considerado deficiente mental (MENDES, 2011).
Seguindo essa visão, podemos dizer que o Brasil não considerava a deficiência
mental com um fator prejudicial que necessitasse de atendimento educacional especializado.
Assim, até o ano de 1874 quando surgiu na Bahia o primeiro hospital direcionado a atender
pessoas com deficiência mental e intelectual, a Educação Especial era direcionada a atender
pessoas com deficiências sensoriais e alguns casos de deficiência física (MENDES, 2011).
Dessa forma, a falta de conhecimento sobre tais deficiências dificultava a identificação
e classificação do deficiente mental e intelectual, de forma que ambas eram relacionadas
a fatores negativos, que impossibilitavam o sujeito de agir como um ser autônomo. Desse
modo, os hospitais construídos para atender o deficiente mental e intelectual nada mais
eram do que espaços psiquiátricos voltados ao estudo de doenças mentais. No entanto, os
hospitais psiquiátricos da época também eram responsáveis por isolar do convívio social
todos que apresentassem algum tipo de doença mental, em prol de prevenir a sociedade de
pessoas consideradas perigosas pois, segundo Mendes (2011), na concepção da sociedade
brasileira desta época, o deficiente mental e intelectual era visto como um fardo perigoso
que não podia permanecer no meio social.
Assim, caro (s) aluno (s), Mendes (2011) relata a vertente médico-pedagógica, os
médicos iniciam um tratamento que visam a educabilidade dos deficientes em prol de
prevenir problemas sociais em sua vida adulta. Contudo, mediante a esta vertente surgem
escolas dentro de hospitais e serviços de inspeção médica escolar para escolas públicas
com o intuito de manter a comunidade livre do contato com deficientes mentais e intelectuais.
Em relação a vertente psicopedagógica, trata-se de professores especializados que
buscam defender a educação de deficientes mentais e intelectuais, os quais se mostravam
preocupados em diagnosticar as causas do encaminhamento para as salas especiais.
Neste caso, caro (s) aluno (s), o psicopedagogo trabalha com recursos alternativos na
busca de identificar o grau de deficiência ou dificuldade intelectual da criança ou do jovem
encaminhado para as classes especiais das escolas (MENDES, 2011).
Já nos anos de 1920 à 1930 as escolas primárias começaram a se expandir, e o
ensino passou a ser ofertado em turnos devido a necessidade de mão obra (MENDES,
2010). Assim, estas mudanças que iniciaram a reforma da educação tinham o propósito de
gerar uma nova escola, a qual predominasse um novo sistema educacional brasileiro com
vertentes psicopedagógicas dando as mesmas oportunidades educacionais a todos.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 11


Os defensores desta pedagogia denominada como a Pedagogia da Escola-Nova
tinham o objetivo de reestruturar a pedagogia para sanar preocupações políticas e sociais,
valorizando a liberdade, a criatividade e a psicologia infantil. Assim, deram início ao
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, movimento que resultou na elaboração de
uma diretriz que rege uma nova política nacional de educação e de ensino em todos os
níveis, aspectos e modalidades, para diminuir a desigualdade social e oferecer educação a
todos (MENDES, 2010).

SAIBA MAIS
Os Pioneiros, Entusiastas da Educação Nova
Para saber mais sobre o Manifesto dos Pioneiro, assista o vídeo disponível no link
abaixo. O documento foi redigido por 26 educadores intelectuais, em 1932, e intitulado
como: A reconstrução educacional no Brasil: ao povo e ao governo. Este documento
oferece novas ideias educacionais, que visam reestruturar as políticas educacionais.

Fonte: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=f6LTmh7Vn04 Acesso em: 22 de mar de 2020

Com o movimento dos pioneiros e da Escola Nova, a psicologia ganhou espaço


no meio educacional e assim surgiram testes para diagnosticar os alunos com deficiência
mental. No entanto, para alcançar este feito, muitos professores-psicólogos europeus foram
trazidos ao Brasil para capacitar educadores brasileiros para atuar na Educação Especial.
Entretanto, Jannuzzi (2012) relata que mesmo diante deste movimento que reforma a
educação, a Educação Especial ainda permanecia com poucos recursos, visto que até
1935, haviam apenas 22 instituições direcionadas a oferta de Educação Especializada
para atender os deficientes mentais, ou seja, o país ainda permaneceu focado em atender
deficientes sensoriais.
Ao passar dos anos, as instituições públicas que ofereciam atendimento
especializados a pessoas com deficiência cresceram, chegando a alcançar até 1950, um
número de 190 instituições em todo o país. Mesmo que este número seja considerado baixo,
o ensino da Educação Especial ainda estava evoluindo. Por outro lado, Farias e Lopes
(2015) apontam que essa evolução no ensino especializado a pessoas com deficiência,
facilitou a identificação dos alunos com deficiência mental, transtornos globais ou com
dificuldades de aprendizagem. No entanto, o diagnóstico do aluno com deficiência mental

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 12


ao invés de diminuir a desigualdade social contribuiu para que a sociedade excluísse mais
ainda o sujeito com deficiência.
Neste período, caro (s) aluno), entre a década de 50 e 60 a educação foi marcada
pela expansão das instituições de Educação Especial, as quais eram a grande maioria
de caráter filantrópicos, sem fins lucrativos e ligadas a entidades religiosas, com auxílio
do estado. É possível perceber que a concepção da igreja em relação a pessoas com
deficiência, não é mais a mesma, pois foi se modificando com o passar dos tempos. Porém,
de acordo com Andrade (2008) até este período, a Educação Especial permanece em
caráter mais assistencial do que educacional, isto é, as instituições de Educação Especial
prezavam mais os cuidados ao invés da aprendizagem, visto que a sociedade não se
preocupava em inserir o sujeito com deficiência, no meio social, e sim em lhe oferecer as
condições necessárias para sua sobrevivência. É válido ressaltar que até este período,
a oferta de Educação Especial era voltada a dar assistência a pessoas com deficiência
sensorial e mental.
Os primeiros cursos superiores de formação de docentes voltados a educação
inclusiva de pessoas com deficiência, surgiram somente no final da década de 70, devido a
necessidade de complementar a formação dos docentes que trabalhavam com alunos com
deficiência (FARIAS; LOPES, 2015).
Esta ação levou a obrigatoriedade do atendimento especializado aos deficientes pela
rede pública de ensino. Além da expansão das instituições privadas de caráter filantrópicos,
que ofertavam o atendimento especializado sem fins lucrativos. Consequentemente, esta
ação trouxe nova polêmicas com relação aos direitos dos deficientes. Sendo assim, caro (s)
aluno (s), inicia-se novas discussões, as quais serão abordadas no tópico a seguir, sobre os
aspectos conceituais relacionado ao direito do sujeito deficiente.

REFLITA
Educar é viajar no mundo do outro, sem nunca penetrar nele. É usar o que passamos
para transformar no que somos.
Augusto Cury

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 13


2. CONCEITO E HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Assim como vimos anteriormente, caro (s) aluno (s), a Educação Especial visa
inserir e educar pessoas com deficiência física, mental e sensorial para contexto social.
No entanto, os primeiros conceitos apresentados na história da Educação Especial,
associava a imagem do sujeito com qualquer tipo de deficiência, a aspectos religiosos de
culpa e pecado. Na sequência, a imagem do sujeito com deficiência mental e intelectual
foi associada a aspectos comportamentais presentes na sociedade da época. E assim, por
vários séculos a sociedade excluiu a população com deficiência, que não se enquadrava
dentro dos padrões denominados como normais, por preceitos religiosos e por falta de
conhecimento suficiente para lidar com tais diversidades.
Com o passar dos anos e a evolução da sociedade, pessoas com deficiência
foram associadas a diversas terminologias como a de pessoas incapacitadas, inválidas,
minorados, impedidos, descapacitados, excepcionais, entre outras centenas de termos
relacionados ao tipo de deficiência de cada sujeito. Isto é, segundo Andrade (2008) para
cada deficiência utilizava-se uma terminologia, porém no contexto social, o vocabulário
usado apresentava terminologias consideradas ofensivas aos deficientes, tais como “débil
mental”, “idiota”, “retardado mental”, “excepcional”, “incapaz mentalmente”, “maluco”,
“louco”, “dementes”, “estúpidos”, “imbecis” ou “alienados” eram associadas aos deficientes
mentais, já quanto os deficientes físicos e sensoriais Mendes (2011) apresenta termos com
“aleijados”, “enjeitados”, “mancos”, “cegos”, “surdos-mudos”, “loucos”.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 14


Neste sentido, Diniz (2009) relata que estas terminologias designadas a pessoas
com deficiência, não se refere a uma classificação de doenças e lesões, e sim a questões
de desigualdade imposta pela sociedade, visto que até a década de 60, pessoas com
deficiência não tinham seus direitos como algo que prevalece no meio social, ou seja, ainda
não haviam regras que defendiam os mesmos direitos dos cidadãos considerados normais
para pessoas com deficiência, pois na visão da sociedade as pessoas com deficiência
ainda deveriam ser excluídas.
Neste período, os países mais desenvolvidos passaram a reconhecer os direitos
do sujeito com deficiência, passando assim a enxergá-lo com parte diversificada da
humanidade. Por outro lado, os países subdesenvolvidos e emergentes como o Brasil,
permaneceram com a mesma visão até a década de 80. No entanto, este movimento de
reconhecimento ocorreu mediante a uma forte pressão de um grupo de intelectuais com
deficiência, juntamente com inúmeras outras pessoas com deficiência que lutavam em
prol de serem reconhecidas e de terem seus direitos como sujeito, parte da sociedade
(MENDES, 2011).
Assim, este ato deu início a novas políticas e ações direcionadas a diminuir a
desigualdade que desfavorecia a população com deficiência, classificando-as como
pessoas “que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais,
em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade com as demais pessoas” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS [ONU],
2006a, artigo 1º.). Dessa forma, na tentativa de superar as visões e políticas antigamente
associadas a imagem do deficiente, este movimento liderado por pessoas intelectuais
deficientes, constituiu e implantou normas as quais definiam os deficientes como pessoas
que apresentavam limitações e contradições em sua forma e ação. E assim, inicia a luta
pelo reconhecimento dos direitos da população com deficiência.
Contudo, até chegarmos a este momento, caro (s) aluno (s), a população com
deficiência enfrentou períodos de total exclusão, onde foram sacrificadas, perseguidas e
abandonadas pela sociedade. Assim, este período de exclusão foi marcado pela privação
do direito do sujeito com deficiência de conviver no meio social.
Após a luta pelo reconhecimento e pelos direitos do sujeito com deficiência, a
educação de pessoas com deficiência passa a ser integrada ao sistema regular de ensino.
No entanto, neste período a educação ofertada às pessoas com deficiência era realizada
de forma diferenciada, em escolas especiais e em espaços separado das escolas de que
ofertavam o ensino regular a população. Fato que marcou o inicio da chamada segregação,

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 15


pois, mesmo que indiretamente, a exclusão continuava ocorrendo, pois, os alunos com
deficiência eram mantidos em espaços preservados, sem contato com outras crianças
consideradas pela sociedade, normais.
Quanto ao processo de integração do sujeito com deficiência no contexto da escola
regular, este ocorreu mediante inserção de espaços como salas especiais para oferecer
atendimento especializado aos alunos com deficiência. Assim, caro (s) aluno (s) considera-
se que o conceito de integração se refere à necessidade de modificar o comportamento do
outro, de forma que o sujeito com deficiência venha a se identificar com os demais, para
que assim seja inserido no contexto social.
Dessa forma é possível notar que os conceitos de exclusão, segregação e integração
ainda mantém o sujeito afastado do meio social, mesmo que indiretamente. Então, caro (s)
aluno (s), podemos dizer que o objetivo de incluir o sujeito com deficiência no contexto
da educação regular iniciou de forma demasiada, devido à falta de compreensão dos
conceitos que definem o que inclusão, pois, incluir o sujeito em escolas regulares, fazendo
com que ele aprenda juntamente a outros alunos considerados deficientes, em uma sala
especial, afastada de ensino regular normal, não pode ser considerado uma inclusão, mas
sim uma forma de manter este sujeito excluído da sociedade.
Neste caso, a Lei De Diretrizes e Bases 4.024/61 de 1961, a qual visa a integração
entre o ensino regular e a educação de pessoas com deficiência, não promove a inclusão,
mantendo assim somente a integração do sujeito com deficiência no contexto da escola
de ensino regular. Dessa forma, até a década de 80, os conceitos que norteiam Educação
Especial, se limitam a oferta do atendimento educacional e especializado de pessoas com
deficiência mantendo-as excluídas indiretamente.
Diante desta concepção que não engloba a Educação Especial de forma inclusiva,
na tentativa de reconfigurar o modelo de Educação Especial adaptando-a para uma
perspectiva inclusiva, o governo federal retificou o Decreto Nº 6.571, de 17 de Setembro
de 2008 para garantir às pessoas com deficiência o direito de se matricular e frequentar
escolas e classes de ensino regular.
Esta nova normativa permite que o sujeito com deficiência seja inserido e passe
a interagir com outras crianças que não apresentam nenhum tipo de deficiência. Dessa
forma, a Educação Especial assume um caráter complementar, suplementar e transversal,
o qual visa diminuir as barreiras para a inclusão de pessoas com deficiência no contexto
social.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 16


Esta ação também interliga a proposta pedagógica da escola, à proposta de inclusão
de pessoas com deficiências, por meio de recursos que possibilitem sua inserção âmbito de
escolas comuns, pois visa a oferta de serviços especializados no atendimento educacional
direcionado ao público com deficiência, presente em salas de aulas do ensino regular.
Neste sentido, é válido ressaltar, caro (s) aluno (s), que a Educação Especial
nem sempre teve como foco a inclusão de pessoas com deficiência no contexto social,
pois antigamente a sociedade não a reconhecia como parte da sociedade, privando-as
da educação e do convívio social. Frente a isto, o quadro 1 representa a diferença entre
determinados aspectos relacionados à concepção de Educação Especial sobre aspectos de
segregação e integração e o novo modelo de Educação Especial sobre um olhar inclusivo.

Quadro 1: Educação Especial e Educação Especial e Inclusiva


Educação Especial:
Educação Especial: Inclusiva
Segregação e integração
Faz parte da proposta pedagógica da escola. Perpassa
Sistema separado, paralelo ao regular todos os níveis, etapas e modalidades de ensino. Por
isso, é tida como transversal
Complementa ou suplementa ao processo de escolari-
Substitui o ensino regular
zação em sala de aula
Dinâmica independente, total ou parcialmen- Dinâmica dependente, totalmente articulada com o tra-
te dissociada do ensino regular balho realizado em sala
Restritiva e condicional. Somente os alunos
Incondicional e irrestrita. Garante o direito de todos à
considerados aptos para o ensino regular
educação, ou seja, à plena participação e aprendizagem
podem frequentá-lo
O referencial é o que se convenciona julgar
Parte do pressuposto de que a diferença é uma carac-
como “normal” ou estatisticamente mais fre-
terística humana
quente
Baseia-se no modelo médico de deficiência. Baseia-se no modelo social de deficiência. Foca na ar-
Foca nos aspectos clínicos, ou seja, no diag- ticulação entre as características da pessoa e as barrei-
nóstico ras a sua participação presentes no ambiente
Nem todos os estudantes conseguem se A escola deve responder às necessidades e interesses
adaptar à escola. Nem todos correspondem de todos os alunos, sem exceção, partindo do pressu-
ao padrão estabelecido por ela posto de que todas as pessoas aprendem
Estratégias pedagógicas diferentes para so-
Diversificação de estratégias pedagógicas para todos
mente alguns estudantes
Fonte: Instituto Rodrigo Mendes (2019)

Partindo dos conceitos que norteiam a Educação Especial no início de sua trajetória,
é possível notar, caro (s) aluno (s,) que houve mudanças drásticas sobre as concepções
que fundamentavam a inclusão de pessoas com deficiências no contexto educacional.
Assim, nosso próximo tópico terá como foco de abordagem as políticas e diretrizes assim
como as tendências e desafios que regem a Educação Especial e a Educação Inclusiva.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 17


REFLITA
“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades
de condições com as demais pessoas”.

Fonte: Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência da ONU. 2020.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 18


3. POLÍTICAS E DIRETRIZES, TENDÊNCIAS E DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ESPE-
CIAL E DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

Antes de iniciarmos este tópico caro (s) aluno (s), é bom relembrarmos que a
história da Educação Especial é marcada por um processo de transformações históricas e
políticas, resultado de um movimento que luta pela educação de pessoas com deficiência,
assim como seus direitos como cidadão. Neste período de luta, muitas conquistas
foram alcançadas, porém, por muito tempo a Educação Especial era vista em caráter de
segregação e integração, o qual o atendimento educacional especializado era ofertado em
espaços separados das classes de ensino regular.
No entanto, esse atendimento especializado passou a ser ofertado somente após
a criação da Lei 4.024 de Diretrizes e Bases de 1961, a qual visa garantir a educação
de pessoas com deficiência ou como eram denominadas a “educação de excepcionais”.
Segundo Andrade (2008), a criação desta lei foi apontada com o marco que deu início às
ações públicas voltadas a atender a educação especial em nível federal.
Por outro lado, esta lei deu início a uma série de debates sobre as concepções
que regem a oferta da Educação Especial, a qual deve ser reestruturada para atender as
necessidades da atual sociedade, pois como já foi dito, caro (s) aluno (s), desde o início da
oferta da Educação Especial, a proposta de inclusão não vem ocorrendo de forma direta.
Dessa forma você poderá acompanhar no quadro 2 as mudanças e alterações ocorridas
desde o início da primeira lei que rege a Educação Especial, sobre a perspectiva de
integração de 1961 até o novo modelo que visa a perspectiva de inclusão em 2008.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 19


Quadro 2: Política Nacional de Educação Especial
LEI DESCRIÇÃO
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) fundamenta-
va o atendimento educacional às pessoas com deficiência, chamadas no
texto de “excepcionais” (atualmente, este termo está em desacordo com
1961 – Lei Nº 4.024
os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Segue trecho: “A
Educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no
sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade.”
A segunda lei de diretrizes e bases educacionais do Brasil foi feita na épo-
ca da ditadura militar (1964-1985) e substituiu a anterior. O texto afirma
que os alunos com “deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem
em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os super-
1971 – Lei Nº 5.692
dotados deverão receber tratamento especial”. Essas normas deveriam
estar de acordo com as regras fixadas pelos Conselhos de Educação. Ou
seja, a lei não promovia a inclusão na rede regular, determinando a escola
especial como destino certo para essas crianças.
O artigo 208, que trata da Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos
17 anos, afirma que é dever do Estado garantir “atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
1988 – Constituição Fe-
regular de ensino”. Nos artigos 205 e 206, afirma-se, respectivamente, “a
deral
Educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento
da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho” e “a
igualdade de condições de acesso e permanência na escola”.
O texto dispõe sobre a integração social das pessoas com deficiência. Na
área da Educação, por exemplo, obriga a inserção de escolas especiais,
privadas e públicas, no sistema educacional e a oferta, obrigatória e gra-
tuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino. Tam-
bém afirma que o poder público deve se responsabilizar pela “matrícula
1989 – Lei Nº 7.853 compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particu-
lares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no
sistema regular de ensino”. Ou seja: excluía da lei uma grande parcela
das crianças ao sugerir que elas não são capazes de se relacionar social-
mente e, consequentemente, de aprender. O acesso a material escolar,
merenda escolar e bolsas de estudo também é garantido pelo texto.
Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Nº
8.069 garante, entre outras coisas, o atendimento educacional especia-
lizado às crianças com deficiência preferencialmente na rede regular de
1990 – Lei Nº 8.069
ensino; trabalho protegido ao adolescente com deficiência e prioridade de
atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção para
famílias com crianças e adolescentes nessa condição.
Em termos de inclusão escolar, o texto é considerado um atraso, pois
propõe a chamada “integração instrucional”, um processo que permite
que ingressem em classes regulares de ensino apenas as crianças com
deficiência que “(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as
1994 – Política Nacional
atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo
de Educação Especial
que os alunos ditos “normais” (atualmente, este termo está em desacordo
com os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Ou seja, a
política excluía grande parte dos alunos com deficiência do sistema regu-
lar de ensino, “empurrando-os” para a Educação Especial.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em vigor tem um capítulo
específico para a Educação Especial. Nele, afirma-se que “haverá, quan-
do necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para
atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial”. Também
afirma que “o atendimento educacional será feito em classes, escolas ou
1996 – Lei Nº 9.394 serviços especializados, sempre que, em função das condições especí-
ficas dos alunos, não for possível a integração nas classes comuns de
ensino regular”. Além disso, o texto trata da formação dos professores e
de currículos, métodos, técnicas e recursos para atender às necessidades
das crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 20


O decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política Na-
cional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e consolida
as normas de proteção, além de dar outras providências. O objetivo prin-
cipal é assegurar a plena integração da pessoa com deficiência no “con-
1999 – Decreto Nº 3.298
texto socioeconômico e cultural” do País. Sobre o acesso à Educação, o
texto afirma que a Educação Especial é uma modalidade transversal a
todos os níveis e modalidades de ensino e a destaca como complemento
do ensino regular.
O Plano Nacional de Educação (PNE) anterior, criticado por ser muito
extenso, tinha quase 30 metas e objetivos para as crianças e jovens com
deficiência. Entre elas, afirmava que a Educação Especial, “como modali-
2001 – Lei Nº 10.172
dade de Educação escolar”, deveria ser promovida em todos os diferentes
níveis de ensino e que “a garantia de vagas no ensino regular para os
diversos graus e tipos de deficiência” era uma medida importante.
O texto do Conselho Nacional de Educação (CNE) institui Diretrizes Na-
cionais para a Educação Especial na Educação Básica. Entre os princi-
pais pontos, afirma que “os sistemas de ensino devem matricular todos
os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos edu-
candos com necessidades educacionais especiais, assegurando as con-
2001 – Resolução CNE/ dições necessárias para uma Educação de qualidade para todos”. Porém,
CEB Nº 2 o documento coloca como possibilidade a substituição do ensino regular
pelo atendimento especializado. Considera ainda que o atendimento es-
colar dos alunos com deficiência tem início na Educação Infantil, “assegu-
rando- lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie,
mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessi-
dade de atendimento educacional especializado”.
Reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Bra-
2002 – Lei Nº 10.436/02
sileira de Sinais (Libras).
A resolução dá “diretrizes curriculares nacionais para a formação de pro-
fessores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de
2002 – Resolução CNE/CP graduação plena”. Sobre a Educação Inclusiva, afirma que a formação
Nº1/2002 deve incluir “conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adul-
tos, aí incluídas as especificidades dos alunos com necessidades educa-
cionais especiais”.
2005 – Decreto Nº 5.626/05 Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 2002.
Documento elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da
2006 – Plano Nacional de
Justiça, Unesco e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Entre as
Educação em Direitos Hu-
metas está a inclusão de temas relacionados às pessoas com deficiência
manos
nos currículos das escolas.
O texto dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educação do MEC. Ao destacar o atendimento às necessi-
2007 – Decreto Nº 6.094/07
dades educacionais especiais dos alunos com deficiência, o documento
reforça a inclusão deles no sistema público de ensino.
2007 – Plano de Desen- No âmbito da Educação Inclusiva, o PDE trabalha com a questão da in-
volvimento da Educação fraestrutura das escolas, abordando a acessibilidade das edificações es-
(PDE) colares, da formação docente e das salas de recursos multifuncionais.
Dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE) na Educa-
ção Básica e o define como “o conjunto de atividades, recursos de aces-
sibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de
2008 – Decreto Nº 6.571 forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino
regular”. O decreto obriga a União a prestar apoio técnico e financeiro aos
sistemas públicos de ensino no oferecimento da modalidade. Além disso,
reforça que o AEE deve estar integrado ao projeto pedagógico da escola.
2008 – Política Nacional Documento que traça o histórico do processo de inclusão escolar no Bra-
de Educação Especial na sil para embasar “políticas públicas promotoras de uma Educação de qua-
Perspectiva da Educação lidade para todos os alunos”.
Inclusiva

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 21


O foco dessa resolução é orientar o estabelecimento do atendimento edu-
cacional especializado (AEE) na Educação Básica, que deve ser reali-
2009 – Resolução Nº 4
zado no contraturno e preferencialmente nas chamadas salas de recur-
CNE/CEB
sos multifuncionais das escolas regulares. A resolução do CNE serve de
orientação para os sistemas de ensino cumprirem o Decreto Nº 6.571.
Até 2011, os rumos da Educação Especial e Inclusiva eram definidos na
Secretaria de Educação Especial (Seesp), do Ministério da Educação
2011 - Decreto Nº 7.480
(MEC). Hoje, a pasta está vinculada à Secretaria de Educação Continua-
da, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).
Revoga o decreto Nº 6.571 de 2008 e estabelece novas diretrizes para
o dever do Estado com a Educação das pessoas público-alvo da Edu-
cação Especial. Entre elas, determina que sistema educacional seja in-
clusivo em todos os níveis, que o aprendizado seja ao longo de toda a
vida, e impede a exclusão do sistema educacional geral sob alegação de
deficiência. Também determina que o Ensino Fundamental seja gratui-
2011 - Decreto Nº 7.611
to e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as
necessidades individuais, que sejam adotadas medidas de apoio indivi-
dualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento
acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena, e diz que
a oferta de Educação Especial deve se dar preferencialmente na rede
regular de ensino.
A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
2012 – Lei nº 12.764
Transtorno do Espectro Autista.
A meta que trata do tema no atual PNE, como explicado anteriormente, é
a de número 4. Sua redação é: “Universalizar, para a população de 4 a 17
anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas ha-
bilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento
2014 – Plano Nacional de educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino,
Educação (PNE) com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou
conveniados”. O entrave para a inclusão é a palavra “preferencialmente”,
que, segundo especialistas, abre espaço para que as crianças com defi-
ciência permaneçam matriculadas apenas em escolas especiais.
Cria a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, extinguin-
do a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão (Secadi). A pasta é composta por três frentes: Diretoria de Aces-
2019 - Decreto Nº 9.465 sibilidade, Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência; Dire-
toria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos; e Diretoria de Políti-
cas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições Culturais
Brasileiras
Fonte: Copyright (2020)

Partindo do que foi abordado neste tópico, caro (s) aluno (s), considera que mesmo
diante dos avanços, a Educação Especial ainda necessita de reajustes para se adaptar à
nova perspectiva inclusiva. No entanto, é possível dizer que a inclusão de pessoas com
deficiência no âmbito educacional de escolas em nível regular, depende muito da aceitação
da sociedade, para que não volte a ser vista em caráter integrativo.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 22


REFLITA

Considerando o que estudamos nesta unidade, chamo sua atenção, caro (s) aluno (s),
para refletir sobre quais as ações que você como futuro docente pode promover dentro
do contexto da sala de aula para contribuir para inclusão do aluno com deficiência, seja
ela física, mental ou sensorial, sem que promova a exclusão de forma indireta.

Fonte: a autora (2020)

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 23


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade realizamos um resgate histórico da concepção da deficiência ao


longo da história da humanidade, mostrando os momentos principais na vida da pessoa
com deficiência, os quais sofreram com a segregação e a exclusão da sociedade, tendo
sua imagem associada a questões religiosas de pecado e culpa. Na sequência, abordamos
a introdução da Educação Especial, a qual ainda visava a exclusão de pessoas com
deficiência, visto que as crianças que apresentavam algum tipo de deficiência, eram
inseridas em ambientes separado das demais crianças, tendo seu foco voltado ao cuidado
e não à desenvolver a aprendizagem.
Com o decorrer dos anos, a sociedade sofreu mudanças, passando a modificar seu
olhar sobre os sujeitos com deficiência. Este estudo mostra também o cenário da Educação
Inclusiva e a força de seu movimento ao longo do tempo, assim como as leis que marcaram
o movimento da inclusão, as quais vêm contribuindo de forma ativa para a promoção da
inserção do sujeito com deficiência na sociedade.
Quanto ao Atendimento Educacional Especializado, aprendemos que este deve
ocorrer em todos os níveis de ensino, desde o básico até o superior, visando a oferta de uma
educação de qualidade que possibilite todas as condições necessárias para a permanência
e conclusão dos estudos.
Assim, podemos concluir que a Educação Inclusiva refere-se a um processo em
constante movimento, que exige dos envolvidos compromisso e responsabilidade social
para a efetivação prática de sua ação, pois somente assim os direitos das pessoas com
deficiência serão exercidos de forma plena para que possam se ver como parte da sociedade.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 24


LEITURA COMPLEMENTAR

Legislação e concepções de atendimento escolar

Maria Teresa Eglér Mantoan


Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Educação
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade – LEPED/Unicamp

Nossas leis educacionais sempre dedicaram capítulos à educação de alunos com


deficiência, como um caso particular do ensino regular.
A educação especial figura na política educacional brasileira desde o final da
década de 50 e sua situação atual decorre de todo um percurso estabelecido por diversos
planos nacionais de educação geral, que marcaram sensivelmente os rumos traçados para
o atendimento escolar de alunos com deficiência.
A evolução dos serviços de educação especial caminhou de uma fase inicial,
eminentemente assistencial, visando apenas ao bem-estar da pessoa com deficiência para
uma segunda, em que foram priorizados os aspectos médico e psicológico Em seguida,
chegou às instituições de educação escolar e, depois, à integração da educação especial
no sistema geral de ensino. Hoje, finalmente, choca-se com a proposta de inclusão total e
incondicional desses alunos nas salas de aula do ensino regular.
Essas transformações têm alterado o significado da educação especial e deturpado
o sentido dessa modalidade de ensino. Há muitos educadores, pais e profissionais
interessados que a confundem como uma forma de assistência prestada por abnegados a
crianças, jovens e adultos com deficiências. Mesmo quando concebida adequadamente, a
educação especial no Brasil é entendida também como um conjunto de métodos, técnicas e
recursos especiais de ensino e de formas de atendimento escolar de apoio que se destinam
a alunos que não conseguem atender às expectativas e exigências da educação regular.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Nº 4.024/61, garantiu o
direito dos “alunos excepcionais” à educação, estabelecendo em seu Artigo 88 que para
integrá-los na comunidade esses alunos deveriam enquadrar-se, dentro do possível, no
sistema geral de educação. Entende-se que nesse sistema geral estariam incluídos tanto
os serviços educacionais comuns como os especiais, mas pode-se também compreender

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 25


que, quando a educação de deficientes não se enquadrasse no sistema geral, deveria
constituir um especial, tornando-se um sub-sistema à margem.
Esta e outras imprecisões acentuaram o caráter dúbio da educação especial no
sistema geral de educação. A questão que se punha na época era: Enfim, diante da lei,
trata-se de um sistema comum ou especial de educação ? O mesmo está acontecendo
atualmente com relação à inserção de alunos com deficiência no ensino regular, mas
este caso abordaremos posteriormente, no contexto da discussão em torno da educação
inclusiva.
Em 1972, o então Conselho Federal de Educação em Parecer de 10/08/72 entendeu
a “educação de excepcionais” como uma linha de escolarização, ou seja, como educação
escolar. Logo em seguida, Portarias ministeriais, envolvendo assuntos de assistência e
de previdência social, quando definiram a clientela da educação especial, posicionaram-
se segundo uma concepção diferente do Parecer, evidenciando uma visão terapêutica de
prestação de serviços às pessoas com deficiência e elegeram os aspectos corretivos e
preventivos dessas ações, não havendo nenhuma intenção de se promover a educação
escolar.
Ainda hoje, fica patente a dificuldade de se distinguir o modelo médico/ pedagógico
do modelo educacional/escolar da educação especial. Esse impasse faz retroceder os
rumos da educação especial brasileira, impedindo-a de optar por posições inovadoras,
como é o caso da inserção de alunos com deficiência em escolas inclusivas.
O que parece estar claro é que os legisladores estabeleceram uma relação direta
entre alunos com deficiência e educação especial. Essa correspondência binária nem
sempre é a que mais nos interessa, principalmente quando temos como objetivo a inserção
total e incondicional de todos os alunos, nas escolas regulares, ou melhor, em uma escola
aberta às diferenças.
Apesar das definições, estudos, e demais maneiras de se diferenciar a clientela da
educação especial, ainda não existem instrumentos legais e respostas conclusivas sobre
qual é o verdadeiro alunado da educação especial, ou seja, qual é a sua clientela específica.
No discurso oficial, nos planos educacionais, nas diretrizes curriculares nacionais
para o ensino de pessoas com deficiência a clientela é bem delimitada. Via de regra, os
alunos que lotam as classes especiais ainda hoje não são, na grande parte dos casos,
aqueles a quem essa modalidade se dirige e pela ausência de laudos periciais competentes
e de queixas escolares bem fundamentadas, correm o risco de serem todos admitidos e
considerados como alunos com deficiência. Trata-se de alunos que não estão conseguindo

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 26


“acompanhar” seus colegas de classe ou que são indisciplinados, filhos de lares pobres,
negros, e outros desafortunados da nossa sociedade entre alguns poucos realmente
deficientes.
Essas indefinições justificam todos os desmandos e transgressões do direito à
educação e à não discriminação que algumas redes de ensino estão praticando por falta de
um controle efetivo dos pais, das autoridades de ensino e da justiça em geral.
Ressalta-se neste momento a existência de ações que buscam garantir a esses
alunos o respeito às suas conquistas legais de estudar com seus pares em escolas regulares.
Pata tanto, têm-se mobilizado os procuradores e promotores de justiça responsáveis pela
infância e juventude, pessoas idosas e deficientes. As Recomendações dessas autoridades
têm dirimido dúvidas e resolvido com sucesso os casos de inadequação e de exclusão
escolar, em escolas do governo e particulares.
Todas estas situações, que implicam problemas conceituais, desconhecimento dos
preceitos da Constituição Federal e interpretações tendenciosas da legislação educacional,
têm confundido o sentido da inclusão escolar e prejudicado os que lutam por implementá-la
nas escolas brasileiras. Essa questões estão na base da compreensão das políticas de
educação especial e regular e têm sido, ao nosso ver, responsáveis por caminhos incertos,
trilhados pelos que pensam, decidem e executam os planos educacionais brasileiros.
A mudança da nomenclatura – “alunos excepcionais”, para “alunos com necessidades
educacionais especiais”, aparece em 1986 na Portaria CENESP/MEC nº 69. Essa troca de
nomes, contudo, nada significou na interpretação dos quadros de deficiência e mesmo no
enquadramento dos alunos nas escolas.
O MEC adota até hoje o termo “portadores de necessidades educacionais especiais
– PNEE ao se referir a alunos que necessitam de educação especial. Mesmo incluindo entre
esses alunos os que apresentam dificuldades de aprendizagem, os que têm problemas
de conduta e de altas habilidade, a clientela da educação especial não fica ainda bem
caracterizada, pois mantém-se a relação direta e linear entre o fato de uma pessoa ser
deficiente e freqüentar, o ensino especial, na compreensão da maioria das pessoas.
A Constituição Brasileira de 1988, no Capítulo III, Da Educação, da Cultura e do
Desporto, Artigo 205 prescreve : “A educação é direito de todos e dever do Estado e da
família”. Em seu Artigo 208, prevê : ...” o dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de:..”atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 27


Este e outros dispositivos legais referentes à assistência social, saúde da criança,
do jovem e do idoso levantam questões muito importantes para a discussão da educação
especial brasileira, não apenas com relação à adaptação de edifícios de uso público, quebra
de barreiras arquitetônicas de todo tipo, transporte coletivo, salário mínimo obrigatório
como benefício mensal às pessoas com deficiência que não possuem meios de prover
sua subsistência e outros. Entre essas questões desponta atualmente a inclusão escolar e
novamente se questiona aqui a destinação da educação especial.
O esclarecimento da referida questão envolve a consideração de três direções
possíveis aos encaminhamentos dos alunos às escolas: a) a que implica um sentido de
oposição entre educação especial e regular, em que os alunos com deficiência só teriam
uma opção para seus estudos, ou seja, o ensino especial; b) a que implica uma inserção
parcial, ou seja, a integração de alunos nas salas de aula do ensino regular, quando estão
preparados e aptos para estudar com seus colegas do ensino geral e sempre com um
acompanhamento direto ou indireto do ensino especial e c) a que indica a inclusão dos
alunos com deficiência nas salas de aula do ensino regular, sem distinções e/ou condições,
implicando uma transformação das escolas para atender às necessidades educacionais de
todos os alunos e não apenas de alguns deles, os alunos com deficiência, altas habilidades
e outros mais, como refere a educação especial.
O debate atual está centrado nas direções b) e c) acima citadas isto é, entre
integração escolar e inclusão escolar. O assunto cria inúmeras e infindáveis polêmicas,
provoca as corporações de professores e de profissionais da área de saúde que atuam no
atendimento às pessoas com deficiência - os paramédicos e outros que tratam clinicamente
de crianças e jovens com problemas escolares e de adaptação social e também “mexem”
com as associações de pais que adotam paradigmas tradicionais de assistência às suas
clientelas. Afetam também, e muito os professores da educação especial que se sentem
temerosos de perder o espaço que conquistaram nas escolas e redes de ensino. Os
professores do ensino regular consideram-se sem competência para atender às diferenças
nas salas de aula, especialmente aos alunos com deficiência nas suas salas de aulas,
pois seus colegas especializados sempre se distinguiram por realizar unicamente esse
atendimento e exageraram essa capacidade de fazê-lo aos olhos de todos. Há também um
movimento contrário de pais de alunos sem deficiências, que não admitem a inclusão, por
acharem que as escolas vão baixar e/ou piorar ainda mais a qualidade de ensino se tiverem
de receber esses novos alunos.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 28


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB mais recente, Lei nº
9.394 de 20/12/96 destina o Capítulo V inteiramente à educação especial, definindo-a no
Artg. 58º como uma ... “modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos que apresentam necessidades especiais” Este
destaque seria de fato um avanço?
Sem dúvida, avançamos muito em relação ao texto da Lei Nº 4.024/61, pois
parece que não há mais dúvidas de que a “educação dos excepcionais” pode enquadrar-
se no sistema geral de educação, mas continuamos ainda atrelados à subjetividade de
interpretações, quando topamos com o termo “preferencialmente” da definição citada.
No Artigo 59 a nova LDB dispõe sobre as garantias didáticas diferenciadas, como
currículos, métodos, técnicas e recursos educativos; terminalidade específica para os
alunos que não possam atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em
virtude da deficiência; especialização de professores em nível médio e superior e educação
para o trabalho, além de acesso igualitário aos benefícios sociais.
A LDB definiu finalmente o espaço da educação especial na educação escolar,
mas não mencionou os aspectos avaliativos em nenhum ítem e esta ausência gera
preocupação, pois não se sabe o que fazer a respeito – pode-se tanto proteger esses
alunos com parâmetros específicos para esse fim, como equipara-los ao que a lei propõe
para todos.
Sobre a “terminalidade específica” dos níveis de ensino, o texto da lei fica também
muito em aberto, principalmente no que diz respeito aos critérios pelos quais se identifica
quem cumpriu ou não as exigências para a conclusão desses níveis e o perigo é que a
idade venha a ser o indicador adotado.
A qualificação do professor para assegurar a operacionalização do ensino de
alunos com deficiência suscita muitas questões, devidas igualmente à imprecisão do texto
legal. Acreditamos que mais urgente que a especialização é a formação inicial e continuada
de professores par atender às necessidades educacionais de todos os alunos, no ensino
regular, como proposto pela inclusão escolar.
Pesquisas recentes de Mestrado e de Doutorado realizadas por membros do
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade – LEPED / Universidade
Estadual de Campinas- São Paulo/ Brasil, do qual sou a coordenadora, mostram
claramente que os professores carecem de uma boa formação para ensinar a todos e não
especificamente os deficientes.

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 29


Como concluiu Brito de Castro (1997) em seu Mestrado sobre a implantação da
inclusão escolar na rede municipal de ensino de Natal/ Rio Grande do Norte/Brasil, o
professores têm evidenciado dificuldades para trabalhar com os alunos em geral, não apenas
com aqueles com deficiência, dadas as precárias condições de trabalho e de formação
docente. A pesquisadora constatou que as professoras necessitam de mais conhecimentos
do que já possuem para desenvolver uma prática de ensino que considere as diferenças
em sala de aula, e não uma capacitação especializada nas deficiências, como propõem a
lei e as políticas educacionais brasileiras.
O mesmo foi reconhecido por nós em uma pesquisa realizada na região sudeste
do Brasil em 1999, juntamente com outras pesquisadoras brasileiras, quando analisamos
as respostas de 493 professores das redes públicas de ensino das quatro capitais dessa
região sobre suas necessidades para atender aos alunos com deficiência em salas de aula
do ensino regular.
Recentemente, em abril de 2001, foi colocado em discussão na Cãmara do
Ensino Básico do Conselho Nacional de Educação um documento que trata das Diretrizes
Curriculares da Educação Especial.
O que mais nos surpreende, neste documento é que, a despeito da ampla discussão
entre os educadores, legisladores, pais e pessoas com deficiência, o conceito de inclusão
escolar não avançou, do ponto de vista das suas aplicações na mesma medida em que vem
sendo esclarecido, do ponto de vista teórico.
No referido Documento como em muitos outros, fica evidente esse descompasso,
quando se afirma, por exemplo, que:
“Operacionalizar a “inclusão escolar” de todos os alunos, independentemente de
classe, raça gênero, sexo ou características individuais é o grande desafio a ser enfrentado,
numa clara demonstração do respeito à diferença” (p.21).
Ele defende a inclusão, mas sugere em todo o texto ações que não respeitam os
princípios de uma escola para todos, sem discriminações e preconceitos, sem ensino à
parte.
De fato, o Documento orienta confusamente essa operacionalização, quando se
refere à educação escolar dos alunos com deficiência e à formação inicial dos professores,
como comentaremos a seguir.

Fonte: MANTOAN, M. T. E. (org.). O desafio das diferenças nas escolas. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
Disponível em: http://www.lite.fe.unicamp.br/cursos/nt/ta1.3.htm. Acesso em: 29 de mar de 2020

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 30


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Educação Inclusiva: um desafio para o século XXI
Autor: Irene Elias Rodrigues
Editora: Paco Editorial
Sinopse: A obra Educação Inclusiva: um desafio para o século XXI
nos traz a oportunidade de conhecer a real situação do processo de
inclusão nos diferentes espaços e níveis de ensino. Uma coletânea
com diferentes profissionais que atuam na área da inclusão e
apontam caminhos diversos e viáveis para que possamos superar
os desafios e alcançar os objetivos previstos estabelecidos pela
política de inclusão, que vem sendo implantada desde os anos 90
nas escolas estaduais e municipais, mas ainda não conseguiu se
solidificar e eliminar a discriminação. Organizada por Irene Elias
Rodrigues os textos percorrem um caminho rico de informações
subsidiadas em pesquisas e experimentações cujo objetivo principal
é contribuir para a efetivação de uma educação de oportunidades
iguais para todos. O leitor encontrará conhecimentos teóricos e
ações práticas que lhe possibilitará uma visão atual e crítica do
processo de inclusão em nosso país.

FILME/VÍDEO
Título: Vermelho Como o Céu
Ano: 2006
Sinopse: O filme se passa na década de 1970. Mirco, é um menino
que vive na Toscana e tem 0 anos, ele é apaixonado por cinema.
Entretanto, após um acidente perde a visão. Rejeitado pela escola
pública, que não o considera uma criança normal, é enviado para
um instituto que atende deficientes visuais. Lá descobre um velho
gravador, com o qual passa a criar histórias sonoras.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=8_SmUQ6dO_0

UNIDADE I Educação Especial: Aspectos Históricos, Políticos e Legais 31


UNIDADE II
Conceitos de Igualdade, Diferença,
Diversidade e Multiplicidade
Professora Mestre: Ana Paula Francisca dos Santos

Plano de Estudo:
• Áreas da Educação Especial: Conceituação, características, causas, prevenção e ação
pedagógica em relação às seguintes necessidades especiais:
• Deficiência: enfoque biológico e social;
• Aspectos etiológicos, funcionais e sociais dos transtornos Globais do Desenvolvimento
e das deficiências físicas, intelectuais, sensoriais;
• Altas habilidades e superdotação;
• Condutas típicas.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar as características, causas, prevenção e ação pedagógica em relação às
necessidades especiais;
• Conhecer os tipos de deficiência físicas, intelectuais e sensoriais;
• Estabelecer a importância do professor no desenvolvimento da criança com
deficiência.

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INTRODUÇÃO

Olá caro (s) aluno (s), seja bem-vindo (s) a segunda unidade. Nesta unidade,
abordaremos questões relacionadas a características, causas e prevenções da deficiência
física, intelectual e sensorial. No entanto nosso enfoque será direcionado às ações
pedagógicas que podem ser realizadas para desenvolver a aprendizagem de uma criança
com deficiência, seja ela física, intelectual e sensorial.
Neste sentido, podem ser considerados deficientes pessoas que apresente a
“perda ou anomalia de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que
gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal
para o ser humano” (Decreto 3.298/99).
Dessa forma, iniciaremos nossa discussão conhecendo os aspectos biológicos e
sociais que influenciam na deficiência física, intelectual e sensorial. Iremos conhecer também
a etiologia destas deficiências, assim como a características e os conceitos que rodeiam
a área das altas habilidades/superdotação e os distúrbios comportamentais denominados
como condutas típicas.
Sendo assim, caro (s) aluno (s), desejo a todos uma excelente leitura. Vamos
começar?

Bons estudos!

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 33


1. ÁREAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: CONCEITUAÇÃO, CARACTERÍSTICAS,
CAUSAS, PREVENÇÃO E AÇÃO PEDAGÓGICA EM RELAÇÃO ÀS SEGUINTES NE-
CESSIDADES ESPECIAIS:

1.1 Deficiência: enfoque biológico e social

Você certamente já se deparou com uma pessoa com deficiência ao longo de sua
vida, seja pessoalmente ou por meio da mídia.
Imagem 1: Mas, afinal, o que é deficiência?

A deficiência pode ser compreendida como a insuficiência ou a ausência de um ou


mais órgãos. Desse modo, “toda perda ou anomalia de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do
padrão considerado normal para o ser humano”, é considerada como deficiência (Decreto
3.298/99).

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 34


No entanto, caro (s) aluno (s), o princípio básico para quem decide atuar na
Educação Especial, é acreditar que todos são capazes de aprender, mesmo sabendo
que o educando chega à escola imerso a preconceitos e “rotulado” que os definem como
pessoas incapazes. Nesta concepção, Wallon (1879-1962), um dos maiores estudiosos do
desenvolvimento humano, relata que a cultura é construída mediante a relação do homem
com ambiente social, ou seja, uma criança aprende através de sua relação com meio
(FERREIRA; ACIOLY-RÉGNIER, 2010). Assim, é indispensável a sensibilidade do professor,
para enxergar o educando na sua totalidade para que possa alcançar o real potencial deste
sujeito com deficiência, intervindo positivamente nas construções de conceitos sociais por
meio de atividades cognitivas. Neste sentido, com Cury (2008) relata que:
A afetividade deve estar presente na práxis do educador [...] os educadores,
apesar das suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a so-
lidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos altruístas, enfim, todas
as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas, e sim por
seres humanos (CURY, 2008, p. 48).

É válido ressaltar também a importância de envolver seus responsáveis no processo


de desenvolvimento do sujeito com deficiência, visto que a afetividade é fator substancial
para a mediação da relação do sujeito com o meio, pois esta mediação é a base para
a construção do sistema emocional do sujeito. Quanto às experiências emocionais, elas
podem expressadas pelo corpo ou verbalmente de forma positivas ou negativas. Assim,
é fundamental que o professor construa um vínculo saudável e promova atividades que
estimule o educando a interagir com o meio de forma significativa, de modo que o educando
associe suas relações com o meio como algo prazeroso (FERREIRA; ACIOLY-RÉGNIER,
2010).
Dessa forma, a atividade do homem é inconcebível sem o meio social, visto que não
é possível desassociar o biológico do social. Portanto, o homem é concebido como sendo
genética e organicamente social, pois sua existência se realiza entre as exigências da
sociedade e as do organismo. Em razão disto, caro (s) aluno (s), é possível compreender a
imagem associada às pessoas com deficiência, ao longo da história, visto que sua imagem
reflete a aspectos sociais de diversas épocas (SILVA, 2011).
Nesse sentido, a escolha do olhar que se adotará frente à deficiência depende
de cada um, pois é possível olhar a deficiência destacando o aspecto biológico ou social.
Contudo, se atentar aos aspectos biológicos, significa se atentar a padrões que nos qualifica
como normalidade ou aliando a deficiência ao conceito de “defeito” e “incapacidade”. Com
relação ao olhar social, significa se atentar em sua relação com o meio social, as quais

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 35


as pessoas com deficiência, se encontram em desvantagem, mas não são consideradas
incapazes (SILVA, 2011).
Sobre a deficiência à partir do enfoque biológico, o Art. 5º do Decreto 5.296/2004
classifica em 5 categorias a deficiência, sendo elas:

Quadro 1: Classificação das deficiências


Deficiência Definição
Funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com
manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas
Deficiência intelectual ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação;
cuidado pessoal; habilidades sociais; utilização dos recursos da comu-
nidade; saúde e segurança; habilidades acadêmicas; lazer; e trabalho.
Perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou
Deficiência auditiva mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz,
2.000Hz e 3.000Hz.
A cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que sig-
nifica acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor
Deficiência visual
correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo
visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60°; ou a ocorrência
simultânea de quaisquer das condições anteriores.
Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, acarretando o comprometimento da função física, apresen-
tando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, mo-
noparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
Deficiência física:
hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia
cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida,
exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades
para o desempenho de funções.
Deficiência múltipla Deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.
Fonte: Art. 5º do Decreto 5.296/2004

Vamos acompanhar um caso fictício, pautado na realidade do nosso cotidiano?

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 36


REFLITA

Autodidata e com ouvido absoluto, Daniel, de 7 anos, precisava escutar uma música
de Sandy e Junior apenas duas ou três vezes para reproduzi-la no piano. Foi assim com
as 178 canções lançadas pela dupla. O resultado foi exibido no Instagram. Cego e au-
tista, é em desafios como esse que o garoto se distrai e treina seu dom musical. A ideia
partiu de Hedrienny dos Santos, mãe do jovem talento.
Ao ler esta história, o que lhe pareceu estranho ou adverso?
Talvez que ele toque música clássica no teclado. Perceba, a cegueira é constitutiva da
identidade de Pedro, mas ela é só uma característica dentre várias outras. Ao se reduzir
Pedro a ela não se estará falando de Pedro, pois ele é muito mais que sua deficiência.

Fonte: Pianista cego e autista de 7 anos grava todas as músicas de Sandy e Junior e sonha conhecer a dupla.
Disponível em: https://www.instagram.com/tv/BzNciALl14c/?utm_source=ig_embed. Acesso em: 29 de
mar de 2020.

Considerando o que vimos até agora, podemos considerar o aspecto biológico


como um fator importante em nossa vida, no entanto, caro (s) aluno (s), não podemos
considerá-lo como determinante, colocando-o na frente da deficiência. Quero dizer que
pessoas devem ser vistas como pessoas e não como uma parte, um elemento, que são
classificados pela sua imagem física. Assim, o sujeito presente na sala de aula deve ser
reconhecido pelas suas ações, seus trabalhos diários e sua relação com o meio, sendo
desafiado e motivado a descobrir, conhecer e explorar coisa novas, para que assim, aflore
seu potencial de forma positiva (SILVA, 2011). É válido ressaltar que para que este sujeito

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 37


alcance seu total potencial depende da mediação do professor para o desenvolvimento de
todas as capacidades que ainda se encontram em evolução.
Quanto ao aspecto social, caro (s) aluno (s), Vygotsky (1896-1934) estudioso
de renome na área da teoria histórico-social, destaca que a construção do sujeito ocorre
mediada por um contexto sociocultural. Nesta percepção o autor reforça a importância
da inter-relação entre o social e o cultural do homem, pois segundo Vygotsky (1997) a
deficiência consiste em uma construção histórica e social, que pode ser abordada de forma
primária e secundária, sendo que:

1°- O aspecto biológico, a representação do “defeito” orgânico, a “falta”.


2°- As consequências psicossociais do “defeito” derivadas das relações
estabelecidas com/no meio.

EXEMPLO: um aluno com paralisia cerebral, a deficiência primária seria a lesão no sistema nervoso

central e a deficiência secundária seria a consequência dessa lesão para o sujeito inserido em uma sociedade

com pessoas ditas “normais”. Desta forma, criam-se barreiras físicas, atitudinais e outras, pela falta de

acessibilidade. Isto gera preconceitos, dificuldades na educação, desemprego, falta de acesso aos espaços

de lazer/esportivos para esse sujeito, entre outras coisas.

No entanto, Diniz (2007) defende a deficiência como um conceito complexo,


influenciado por aspectos sociais. Assim, a autora aborda a importância do meio social,
visto que o modelo social que a sociedade “impõe”, define a deficiência como algo físico.
Neste sentido, Vygotsky (1997) afirma que dependendo das condições sociais, uma pessoa
com deficiência primária é convertida em deficiência secundária. Dessa forma, é possível
afirmar que a sociedade é construída sobre padrões denominados como normais, os quais
a sociedade define a deficiência como um defeito. Portanto, caro (s) aluno (s), considerando
tudo o que vimos neste tópico, vocês podem compreender o por que o social não pode ser
separado do biológico.

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 38


2. ASPECTOS ETIOLÓGICOS, FUNCIONAIS E SOCIAIS DOS TRANSTORNOS
GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E DAS DEFICIÊNCIAS FÍSICAS, INTELECTUAIS,
SENSORIAIS

2.1. Etiologia da deficiência física, intelectual e sensorial


Como abordamos no tópico anterior os aspectos sociais e biológicos, agora iremos
estudar os aspectos etiológicos da deficiência física, intelectual e sensorial. Porém, antes
de iniciar nossa discussão sobre estes aspectos, é necessário compreender o que são
aspectos etiológicos. Dessa forma eu lhe pergunto, caro (s) aluno (s), você sabe o que é
etiologia?

Etiologia é a “ciência das causas”, ou seja, a etiologia é o estudo dos fatores que
influenciam a causa de deficiências e fenômenos. No entanto, esta ciência refere-se a união
da biologia, a criminologia, a psicologia, a medicina e várias outras ciências, na busca de
identificar as causas que deram origem a inúmeras deficiências. Dessa forma, seu conceito
abrange diversas áreas do conhecimento, que tem como objetivo identificar os fatores que
causam um determinado fenômeno ou deficiência (SILVA, 2010).
Ao que tange os fatores das deficiências intelectual, a etiologia explica que, a
identificação dos fatores influentes no desenvolvimento da deficiência permite sua prevenção

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 39


e o controle. No entanto, é difícil contatar os fatores causadores da deficiência, o que os
definem como fatores suspeitos ou hipóteses etiológicas, sem comprovação.
Em alguns casos de deficiência intelectual a deficiência ocorre devido a associação
de um ou mais fatores. Quero dizer, caro (s) aluno (s), que algumas deficiências intelectuais,
como é o caso da Síndrome de Down e Transtorno Global do Desenvolvimento, não há
somente um fator causador, mais sim dois ou mais. Assim, a deficiência intelectual pode
apresentar origem genética, ambiental, multifatorial ou causa desconhecida. Esses fatores
também podem ser subdivididos em fatores pré-natais e perinatais (SANTOS; MORATO,
2012).

Quadro 2: Fatores etiológicos das deficiências intelectual.


Fatores etiológicos Conceitos Fatores causadores
Infecções: meningoencefalites bacterianas e
as virais principalmente por herpesvírus;
Traumatismos crânio- encafálicos;
Alterações vasculares ou degenerativas en-
cefálicas;
Fatores químicos: oxigênio utilizado na encu-
De origem genética, am-
Pré-natais badeira;
biental e multifatorial
Intoxicação pelo chumbo;
Fatores nutricionais: graves condições de hi-
poglicemia, hipernatremia, hipoxemia, enve-
nenamentos, estados convulsivos crônicos.
Podendo ser considerada como causa des-
conhecida
Agentes infecciosos (citomegalovírus, toxo-
plasmose congênita, rubéola congênita, lues,
sífilis congênita, varicela)
Fatores nutricionais;
Fatores físicos: radiação;
Fatores imunológicos;
Perinatais Ambiental Pré-natais (álcool e drogas, gases anestési-
cos, anticonvulsivantes);
Transtornos endócrinos maternos: diabetes
materna, alterações tireoidianas;
Hipóxia intrauterina (causada por hemorra-
gia uterina, insuficiência placentária, anemia
grave, administração de anestésicos e enve-
nenamento com dióxido de carbono).
Fonte: Adaptado de Minayano, 1988.

É válido ressaltar, que a deficiência intelectual não é uma doença, então quando
falamos destes aspectos etiológicos da deficiência intelectual, nos referirmos a causas da
redução da capacidade intelectual do sujeito, visto que a deficiência intelectual consiste em

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 40


pessoas que apresentam uma redução notável em seu funcionamento intelectual associado
a limitações comunicativas e sociais (Associação Americana de Deficiência Mental, 1995).
Quanto a etiologia da deficiência física, algumas causas são as mesmas que a da
deficiência intelectual. No entanto, quando nos referimos à deficiência física, estamos
falando sobre limitações do funcionamento físico-motor do ser humano. Antes de conhecer
as causas vamos conhecer os tipos de deficiências físicas:

Quadro 3: Tipos de deficiências físicas.

Paraplegia Perda total das funções motoras dos membros inferiores.

Paraparesia Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores.

Monoplegia Perda total das funções motoras de um só membro (inferior ou posterior)

Monoparesia Perda parcial das funções motoras de um só membro (inferior ou posterior)

Tetraplegia Perda total das funções motoras dos membros inferiores e superiores.

Tetraparesia Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e superiores.

Triplegia Perda total das funções motoras em três membros.

Triparesia Perda parcial das funções motoras em três membros.

Hemiplegia Perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo)

Hemiparesia Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo)

Amputação Perda total ou parcial de um determinado membro ou segmento de membro.

Paralisia Cerebral Lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central, tendo como consequência altera-
ções psicomotoras, podendo ou não causar deficiência intelectual.

Ostomia Intervenção cirúrgica que cria um ostoma (abertura, ostio) na parede abdominal para adap-
tação de bolsa de coleta; processo cirúrgico que visa à construção de um caminho alterna-
tivo e novo na eliminação de fezes e urina para o exterior do corpo humano (colostomia)

Fonte: A Inserção da pessoa portadora de deficiência e do beneficiário reabilitado no mercado de trabalho;


MPT/Comissão de Estudos para inserção da pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho -
Brasília/DF - 2001

Então, caro (s) aluno (s), a deficiência física também pode ser caracterizada como
a perda total ou parcial da capacidade motora. São diversas as causas da deficiência física,
no entanto, elas podem estar ligadas a problemas na gestão, acidentes e doenças infantis.
Assim, como você pode acompanhar no quadro 5, os fatores das causas da deficiência
física são classificados em 3 categorias:

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 41


Quadro 4: Fatores etiológicos da Deficiência Física
Fatores etiológi-
Fatores causadores
cos
Causas genéticas; Infecções (por exemplo, a citomegalovirose, ru-
béola); Contato com radiação na gestação; Alcoolismo e uso de dro-
gas na gestação; Desnutrição (fome): quando ocorre na infância ou
Pré-natais
em períodos de gestação, as crianças não têm condições de desen-
volver uma série de músculos, comprometendo de forma definitiva
movimentos como o andar; Mielomeningocele.
Perinatais Fórceps; Prematuridade; Infecção hospitalar.
Paralisia infantil: apesar das campanhas de vacinação diminuírem
sensivelmente este tipo de doença; Doenças degenerativas; Doen-
ças auto-imunes; Acidente vascular cerebral; Diabetes, Hansenía-
se, Câncer (quando necessária a amputação de membro); Acidentes
domésticos; Acidentes de trânsito; Acidentes de trabalho: devido
Pós-natais
principalmente à falta de condições de trabalho, à negligência dos
trabalhadores quanto ao uso de equipamentos adequados, etc;
Violência doméstica e urbana: agressões, tiros, facadas e o uso de
outras armas têm deixado muitas pessoas deficientes físicas, entre
outros.

Fonte: A Inserção da pessoa portadora de deficiência e do beneficiário reabilitado no mercado de trabalho;


MPT/Comissão de Estudos para inserção da pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho -
Brasília/DF – 2001

SAIBA MAIS
Brasil teve 26 mil casos de pólio de 68 a 89, e não registra casos há 30 anos; entenda
O Ministério da Saude emitiu alerta no dia 3 de julho de 2018 para a baixa vacinação
contra a paralisia infantil: 312 cidades não vacinaram nem metade das crianças meno-
res de 1 ano em 2017. Embora não haja casos atuais de poliomielite, a preocupação do
ministério se justifica por ao menos três motivos: a circulação do vírus em 23 países nos
últimos 3 anos; o surgimento de um caso da doença na Venezuela em junho; o efeito
devastador da doença no país antes de sua eliminação, graças à vacina.

Fonte: Superação 13 - “Poliomielite e Síndrome Pós-pólio”: Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?time_continue=124&v=HNigPTvFw_o&feature=emb_title. Acesso em:
29 de mar de 2020.

Em razão do que foi abordado até aqui, caro (s) aluno (s), que a deficiência física
pode ser entendida como uma impossibilidade que limite o sujeito a se deslocar ou realizar

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 42


algum movimento físico, devido danificação em sua estrutura óssea, nos grupos musculares
e entre outras partes do corpo.
As deficiências sensoriais consistem na perda total ou parcial da estrutura
psicológica, fisiológica ou anatômica que o sujeito nasce ou adquire ao longo da vida.
Assim, quando falamos sobre deficiência sensorial, estamos nos referindo a ausência da
visão ou audição, o que em casos podem se apresentar em forma de deficiência múltiplas,
com a ausência de ambos os sentidos.
Especialistas destas deficiências relatam que o cérebro de pessoas com deficiência
sensorial apresenta outro tipo de funcionamento, ou seja, o cérebro de uma pessoa com
deficiência sensorial não recebe e nem gerencia as informações da mesma maneira que o
cérebro de uma pessoa sem essa deficiência. Dessa forma, caro (s) aluno (s), podemos dizer
que o tempo e o espaço social de uma pessoa com deficiência sensorial são diferenciados
(MASINI, 2002).
Existem quatro tipos de deficiência sensorial:

Quadro 5: Fatores etiológicos Deficiência Sensorial


Deficiência Sensorial Definição
Visual Refere-se a uma perda total ou parcial da visão
Auditiva Refere-se a uma perda total ou parcial da audição
É uma deficiência única que apresenta a perda da
audição e da visão de tal forma que a combinação das
duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos a
Surdo-cegueira distância, cria necessidades especiais de comunicação,
causa extrema dificuldade na conquista de metas
educacionais, vocacionais, recreativas, sociais. Elas
podem ser congênitas ou adquirida
Considera-se uma criança com Múltiplas Deficiências
sensorial aquela que apresenta deficiência visual e
Múltipla deficiência sen- auditiva associadas a outras condições de comporta-
sorial mento e comprometimentos, sejam eles na área física,
intelectual ou emocional e dificuldades de aprendiza-
gem

Fonte: Classificação ICD

Observe caro (s) aluno (s), que em ambos os casos a deficiência pode ocorrer de
forma total ou parcial. No entanto, a perda da visão pode ocorrer em três níveis, sendo elas:
leve, moderada e profunda, e a perda da audição: somente leve e severo.

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 43


Com base nesta discussão, entende-se então que a deficiência sensorial se refere
a ausência dos sentidos, que também podem ser causadas devido a fatores genéticos ou
ambientais.

SAIBA MAIS
ENTENDA MAIS SOBRES AS DEFICIÊNCIAS SENSORIAIS
Tratar da situação da pessoa com deficiência sensorial, amena, plena ou em formação.
a deficiência sensorial se caracteriza pelo não-funcionamento (total ou parcial) de algum
dos cinco sentidos. Classicamente, a surdez e a cegueira são consideradas deficiências
sensoriais, mas déficits relacionados ao tato, olfato ou paladar também podem ser en-
quadrados em tal categoria.

Fonte: Sociedade Brasileira de Visão Subnormal Disponível em: http://www.cbo.com.br/subnorma/


conceito.htm. Acesso em: 29 de mar de 2020.

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 44


3. ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO

Provavelmente você já ouviu falar sobre altas habilidades ou superdotação. A


terminologia que define pessoas com altas habilidades/superdotação, é decorrente de uma
longa discussão iniciada em 1924 que visa definir a denominação correta para pessoas
que apresentam um desenvolvimento acima do normal. Em 1931, foi adotada por Kaseff a
terminologia “super”, que foi precursor do termo “super-normais”, já em 1971, a Lei 5.692
que estabelece as diretrizes e reforma do Ensino de 1º e 2º graus, em seu art. 9º, usa pela
primeira vez o termo “superdotado”. No entanto, atualmente a terminologia que se destaca
é de AH/SD, a qual não representa um tema novo, muito menos atual (RANGNI e COSTA,
2011).
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial (1995), este termo
refere-se a pessoas que apresentam uma inteligência acima da média, os quais o sujeito
que apresenta altas habilidades/superdotação é capaz de desempenhar um grau de
potencialidades nos seguintes aspectos: isolados ou combinados, capacidade intelectual
geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de
liderança, talento para as artes, capacidade psicomotora.
Estes aspectos são características que definem uma pessoa com altas habilidades/
superdotação, no entanto, outras características como uma boa memória, a facilidade
de concentração e atenção, a criatividade e imaginação, riqueza verbal e o vocabulário
avançado, podem auxiliar a identificação de pessoas com altas habilidades/superdotação.

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 45


Por outro lado, pessoas que apresentam este quadro podem se desenvolver em alguns
aspectos e apresentar dificuldade em outros.
É comum, pessoas com altas habilidades/superdotação apresentarem quadros
emocionais imaturos, uma vez que seu desenvolvimento intelectual é acima da média dos
sujeitos de sua idade. Neste sentido, é importante que o professor e a instituição estejam
preparados para lidar com este sujeito, visto que a não identificação desta criança pode
desmotivá-la.
Com relação ao diagnóstico deste sujeito com deficiência, a ciência ainda encontrou
meios de identificar tal fator que influencia o desenvolvimento de altas habilidades/
superdotação. Já referente aos fatores relevantes, segundo a APAHSD (Associação Paulista
para Altas Habilidades/Superdotação) “Pessoas com Altas Habilidades são indivíduos com
necessidades educacionais especiais, com direitos garantidos pela legislação brasileira e
internacional. Porém, as iniciativas para o seu apoio ainda são insuficientes na sociedade
brasileira”.
Assim, diante da falta de estímulos, estas crianças podem apresentar um baixo
rendimento, falta de interesse e um comportamento diferenciado, o qual pode levar os
envolvidos em seu processo de aprendizagem a identificá-lo como aluno hiperativo ou com
distúrbios comportamentais (SILVA, 2011).
Neste sentido, caro (s) aluno (s,) podemos dizer que pessoas com altas habilidades
tem suas próprias ideias e não lidam bem com uma figura superior, visto que seu conhecimento
vai além do esperado normalmente. E por isto, eles preferem coisas complexas e ricas em
detalhes, pois suas capacidades de pensar e memorizar se desenvolvem mais rápido que
os demais.

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 46


4. CONDUTAS TÍPICAS

A nomenclatura “condutas típicas” é utilizada à partir da década de 90 e refere-se ao


aluno que apresenta distúrbios comportamentais. No entanto, atualmente esta nomenclatura
é direcionada a alunos com “manifestações típicas de síndromes e quadros neurológicos,
psicológicos ou psiquiátricos (BRASIL, 1994)”. Dessa forma, caro (s) aluno (s), antes de
falarmos sobre quem é o aluno com condutas típicas, é importante considerar o processo
histórico no aspecto cultural, social e político quanto ao conceito de doença mental.
Ao longo da Idade Média, a sociedade considerava pessoas com distúrbios
comportamentais como loucas. Segundo o filósofo da época Foucault citado por Andrade
(2008), o Renascimento foi o período em que os considerados loucos viviam soltos, expulsos
das cidades, entregues aos peregrinos e navegantes, sendo visto como tendo um saber
esotérico sobre os homens e o mundo, que revelava verdades secretas. Assim, Foucault
considerava que a loucura significava a ironia, a ilusão, o desregramento de conduta, o
desvio moral, os quais tinham o erro como verdade, a mentira como realidade, o passado
como oposição à razão. Neste período, os loucos eram tratados da mesma maneira que os
deficientes, ou seja, eram sangrias, purgações, ventosas e banhos.
Já nos séculos XVII e XVIII, pessoas com distúrbios comportamentais ainda eram
diagnosticadas sobre aspectos que unia a família, a igreja e a justiça. Somente na segunda
metade do século XVIII iniciaram-se as reflexões médicas e filosóficas que situavam a
loucura como algo que ocorria no interior do próprio homem, como perda de sua própria
natureza, considerada alienação (ANDRADE, 2008). De acordo com Andrade (2008),

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 47


Foucault relata que as primeiras instituições direcionadas a atender pessoas com distúrbio
surgiram entre o final do século XVIII e o início do século XIX. Nesta época, a sociedade
acreditava que a louca ser curada por meio de terapia religiosa, era a solução para a cura
dos loucos. Tais ações eram voltadas a normatização desses sujeitos concebidos como
capazes de se recuperar (ANDRADE, 2008).
Assim, caro (s) aluno (s), os transtornos mentais são concebidos como síndrome,
padrão comportamental ou psicológico, os quais são associação do sofrimento e da
incapacitação. Dessa forma, esta nomenclatura foi desenvolvida para ser aplicável a uma
ampla gama de contextos, sendo mundialmente utilizada (BRASIL 2013).
Assim, Suplino (2010, p. 2) apresenta algumas das condutas típicas mais comumente
encontrados no cotidiano escolar:
Distúrbio de atenção - geralmente respondem a qualquer dos estímulos presentes
que estejam concorrendo com o estímulo relevante. Outros, embora atendam a estímulos
relevantes, não conseguem manter a atenção a eles pelo tempo requerido pela atividade. São
alunos que apresentam dificuldade em concentrar-se na execução de qualquer atividade.
Outros, ainda, selecionam e respondem somente a aspectos limitados da realidade, como
por exemplo, crianças que não respondem a mais nada, mas informam ao professor cada
vez que um determinado colega se levanta.
Hiperatividade - a criança hiperativa apresenta fundamentalmente uma inabilidade
para controlar seu comportamento motor de acordo com as exigências nas diversas situações.
Assim, apresenta uma constante mobilidade e agitação motora, o que também se torna
um grande empecilho para ação, ou para realizar uma tarefa. Impulsividade - apresenta
respostas praticamente instantâneas perante uma situação estímulo, não parando para
pensar, refletir, analisar a situação, para tomar uma decisão e então se manifestar, por meio
de uma ação motora ou verbal. Geralmente, a hiperatividade e a impulsividade encontram-
se juntas, num mesmo padrão comportamental.
Alheamento - há crianças que se esquivam, ou mesmo se recusam terminantemente
a manter contato com outras pessoas, ou com qualquer outro aspecto do ambiente
sociocultural no qual se encontram inseridas. Em sua manifestação mais leve, encontram-
se crianças que não iniciam contato verbal, não respondem quando solicitadas, não brincam
com outras crianças, ou mostram falta de interesse pelos estímulos ou acontecimentos do
ambiente. Por outro lado, em sua manifestação mais severa, encontram-se crianças que
não fazem contato com a realidade, parecendo desenvolver e viver em um mundo só seu,
à parte da realidade.
Agressividade física e/ ou verbal - se constitui de ações destrutivas dirigidas a si
próprio, a outras pessoas ou a objetos do ambiente. Ela inclui gritar, xingar, usar linguagem

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 48


abusiva, ameaçar, fazer declarações autodestrutivas, bem como bater, beliscar, puxar os
cabelos, restringir fisicamente, esmurrar, dentre outros comportamentos. A agressividade
passa a ser considerada conduta típica quando sua intensidade, frequência e duração
ultrapassam o esporádico, focal e passageiro. Ela pode variar desde manifestações
negativistas, mal-humoradas, até atos de violência, brutalidade, destruição, causando
danos físicos a si próprio e/ou a outras pessoas.
Neste sentido, a educação de sujeitos com distúrbio comportamental iniciou-se
no século XIX, juntamente com a educação de pessoas com deficiência, pois o distúrbio
comportamental era e ainda é visto pela sociedade, como uma “doença”. No entanto, é
válido ressaltar, caro (s) aluno (s), que todos os aspectos abordados nesta unidade se
referem a deficiência e não a doença, uma vez que consiste em uma alteração biológica no
estado de saúde, a qual pode ser manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis
ou não, podendo ser considerada como uma enfermidade, mal ou moléstia. E a deficiência
trata-se da insuficiência ou ausência de funcionamento de um ou mais órgão.
Considerando todos os elementos que abordamos até aqui, caro (s) aluno (s),
podemos dizer que tais abordagem podem subsidiar as ações pedagógicas desenvolvidas
pelos docentes, sobre a concepção de uma educação inclusiva, a qual cabe ao professor a
obrigação de atribuir significados a suas práticas pedagógicas.
As significações têm um papel fundamental na dinâmica das relações sociais
e nas práticas porque elas respondem a funções essenciais, tais como: elas
permitem compreender e explicar a realidade; elas definem a identidade e
permitem as especificidades dos grupos; elas guiam os comportamentos e
as práticas e permitem, a posteriori, as justificativas das tomadas de posição
e dos comportamentos (MININI, 2009, p. 111).

A prática docente direcionada à atender alunos com deficiência é isenta de


grandes investimentos e condições “privilegiadas” de trabalho, visto que segundo os dados
apresentados pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC) e a Cartilha do Censo (BRASIL,
2010), às prática pedagógica direcionada aos alunos com deficiência são aplicadas de
maneira equivocada, dificultando assim, a inserção do aluno com deficiência na rede regular
de ensino, bem como sua permanência e aprendizagem. Dessa forma, podemos dizer que
tanta a escola quanto o professor, aplicam ações inclusivas que efetivamente envolvem
visão atender as necessidades da sociedade, da família e das políticas públicas, deixando
de se pensar no desenvolvimento e na aprendizagem do aluno com deficiência (CUNHA,
2014).

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 49


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim de mais uma unidade, na qual abordamos os aspectos sociais


e biológicos que influenciam na causa da deficiência física, intelectual e sensorial. Vimos
então que, até bem pouco tempo, a escola não portava recursos para atender pessoas
com deficiência e mesmo diante do princípio da Educação Inclusiva, o qual visa valorizar
a diversidade de sujeitos presentes no contexto social, é necessário romper as barreiras
impostas pela sociedade, para promover a educação de forma justa, sem que a mesma
tenha medo de enfrentar o desconhecido.
Assim, acredita-se que as ações que promovem o desenvolvimento da educação
de pessoas com deficiência de forma dinâmica e social, pode levar à escola a pensar na
diversidade como um fator coletivo. Isto é, a educação de pessoas com deficiência, deve
ser entendida como uma responsabilidade social, que envolve a comunidade, a escola, o
professor e todos os envolvidos em seu processo de desenvolvimento.
No entanto, fica evidente que o caminho a percorrer é longo e cheio de barreiras,
principalmente pelo fato da Educação Especial e Inclusiva ser uma concepção recente, o
qual a escola vem se adaptando para atender esta nova visão. Portanto, caro (s) aluno (s),
é válido ressaltar a importância da promoção de ações pedagógicas que buscam atender a
inclusão de pessoas com deficiência no contexto escolar.

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 50


LEITURA COMPLEMENTAR

REFLEXÕES SOBRE A INCLUSÃO, A DIVERSIDADE, O CURRÍCULO E A


FORMAÇÃO DE PROFESSORES.
Adriana Costa BORGES1 – UEG – UnU PORANGATU – GO
Elaine Cristina Batista Borges de OLIVEIRA2 - UNESP MARÍLIA – SP
Ernesto Flavio Batista Borges PEREIRA3 - UEG – UnU PORANGATU – GO
Marcio Divino de OLIVEIRA4 – UMESP – SP

A escola não é mais a mesma, aquele espaço homogeneizado, em que se via e/ou
atendia apenas crianças tidas como normais. Com o crescimento do discurso da inclusão
e diversidade, cada vez mais se vê surgir na sociedade uma nova escola, mais aberta,
diversa e integral, tornando o espaço escolar mais colorido e rico em aprendizagem. A
entrada das crianças com necessidades educativas especiais na escola, verdadeiramente
representou um marco social, fruto de uma enorme conquista histórica, como se verá
adiante, todavia ainda há muito há fazer para a construção de uma escola efetivamente
inclusiva e comprometida com a diversidade. Assim, as reflexões a respeito de como fugir
e/ou contribuir para uma prática não segregacionista e preconceituosa, que costumam fazer
parte dos espaços educacionais, constitui imperativo no presente, tanto para profissionais
ligados a educação como à agentes de pesquisas de cunho teóricas sobre esse setor
da educação. Deste modo, o presente trabalho aborda o tema da diversidade e inclusão
escolar, assim como as questões ligadas ao currículo e formação de professores para o
exercício dessa prática inclusiva e aberta a diversidade. Temas bastantes relevantes na
atualidade, já que o tempo presente reclama pela construção cada vez mais de escolas
inclusivas e abertas a diversidade. O trabalho está dividido em três tópicos. No primeiro
são discutidas questões conceituais em relação à diversidade e inclusão. No segundo é
abordada a temática do currículo e sua contribuição para a construção de uma escola e
prática docente diversa e inclusiva. Por fim, o terceiro, é voltado para o debate da temática
da formação do professor e sua prática para uma ação inclusiva de respeito à diversidade.
Feita essas considerações, passemos a discussões dos assuntos nos tópicos destacados.
Continue lendo:

Fonte: BORGES, A et al. Reflexões sobre a inclusão, a diversidade, o currículo e a formação de professores.
In: CONGRESSO ACADÊMICO-CIENTÍFICO DA UEG PORANGATU, 3., 2013, Porangatu. Anai. Porangatu:
UEG, 2013. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2013/
AT01- 2013/AT01-040.pdf. Acesso em: 29 mar. 2019.

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 51


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Do outro lado do sol
Autor: Kátia Yuriko Ito
Editora: Nome da Rosa
Sinopse: Este livro conta a história de Kátia Ito que, aos 19 anos,
em 1983, sem qualquer sinal ou premonição, foi vítima de um
angioma cerebral que danificou seriamente o lado esquerdo do
cérebro. Em pleno auge de sua juventude, cursando Medicina,
vivendo intensamente seus sonhos, projetos e amores, Kátia teve
seu futuro promissor interrompido por um ‘acidente’ tão rápido
quanto inexplicável. Passou a viver como um vegetal, totalmente
dependente da ajuda das pessoas à sua volta. Apaixonada pela
vida, Kátia buscou alternativas, terapias, saídas, e, os poucos, a
sensação aterrorizante de vazio foi sendo preenchida pela vontade
de conquistar novamente uma existência digna. Esta é mais que
uma história fascinante, de determinação e de força. É uma lição
de vida, a lição de uma mulher que conheceu o outro lado do sol e,
da penumbra, expandiu sua própria luz.

FILME/VÍDEO
Título: Little Man Tate (Mentes que brilham)
Ano: 1991
Sinopse: Quando Fred tinha um ano de idade ele já sabia ler.
Quando tinha quatro anos já sabia escrever poesia. Hoje, aos sete
anos, ele pinta quadros e resolve problemas de matemática como
um mestre. Isolado por sua incrível inteligência e sensibilidade,
Fred (O perfeito Adam Hann-Byrd) está dividido entre os dois
mundos que o rodeiam. O mundo descomplicado e emocional de
sua dedicada mãe, Dede (a duas vezes vencedora do Oscar, Jodie
Foster). E o mundo intelectual e intenso da professora e ex-menina
prodígio, Jane (a vencedora do Oscar, Diane Wiest). Confuso
mas determinado, Fred tenta de todos os modos fazer amigos e
encontrar um lugar para si mesmo entre sua mãe e sua mentora.
Dirigido com talento por Jodie Foster e também estrelando Harry
Connick, Jr., “Mentes Que Brilham” é a história emocionante e
maravilhosa de um herói muito especial, lutando para descobrir
qual o lugar a que pertence.

UNIDADE II Conceitos de Igualdade, Diferença, Diversidade e Multiplicidade 52


UNIDADE III
Inclusão e Educação I
Professora Mestre: Ana Paula Francisca dos Santos

Plano de Estudo:
• Aspectos pedagógicos da educação inclusiva.
• A prática da educação inclusiva na escola e outros espaços educativos: princípios,
currículo, metodologia e avaliação.
• A participação da família e escola.
• Sexualidade.

Objetivos da Aprendizagem
• Compreender o papel da Educação Especial Inclusiva.
• Conhecer e refletir sobre a importância da inclusão em todos os âmbitos da educação.
• Conhecer papel da família frente a sociedade e a escola.

53
INTRODUÇÃO

Olá, caro (s) aluno (s), sejam bem-vindo (s) a nossa terceira unidade. Nesta
unidade iremos iniciar nossa discussão mediante a abordagem dos aspectos pedagógicos
que norteiam a Educação Inclusiva. E com isto, será possível compreender a Educação
Especial não somente como um desafio que depende de todos os envolvidos no processo
de aprendizagem, mas com uma ação coletiva que depende da vontade e capacitações dos
professores, gestores e da comunidade para cumprir seu objetivo principal que é a inclusão
de pessoas com deficiências, em âmbitos regulares.
Nesse sentido, é válido ressaltar, caro (s) aluno (s), que a educação inclusiva
significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar, levando em consideração
as condições de cada aluno. Uma vez que com a inclusão das diferenças não são vistas
como problemas, mas sim como diversidades. Assim, a ideia é ampliar a visão de mundo e
desenvolver oportunidades de vivências a todas as crianças.
O nosso estudo, dará ênfase às práticas educativas que contemplam o currículo,
as metodologias e a avaliação de pessoas com deficiência, além da participação da família
no contexto escolar, assim como a Educação Sexual de pessoas com deficiência. Tendo
estes como pontos principais de nosso estudo, a escola é considerada como o espaço mais
propício para promover a inclusão de pessoas com deficiências, pois apresenta o melhor
ambiente para possibilitar a inclusão de forma integral, uma vez que sua função consiste
em formar para a cidadania.

Bons estudos!

UNIDADE III Inclusão e Educação I 54


1. INCLUSÃO E EDUCAÇÃO I

Aspectos Pedagógicos da Educação Inclusiva

A Educação Especial defende a ideia que a educação de pessoas com deficiência,


não deve ser realizada separadamente, ou seja, os alunos com deficiência devem poder
interagir em meio a um ambiente comum aos demais. Assim, o Atendimento Educacional
Especializado atuaria como um apoio complementar para o desenvolvimento do aprendizado
das crianças com deficiência. No entanto, Fávero (2007), relata que a Constituição Brasileira
e as convenções internacionais apresentam o Atendimento Educacional Especializado
como uma forma válida de tratamento diferenciado, desde que:
Seja adotado quando realmente exista uma necessidade educacional espe-
cial, ou seja, algo do qual os alunos sem deficiência não precisam; seja ofe-
recido preferencialmente no mesmo ambiente (escola comum) frequentado
pelos demais alunos; se houver necessidade de ser oferecido à parte, que
isso ocorra sem dificultar ou impedir que crianças e adolescentes com defi-
ciência tenham acesso às salas de aula do ensino comum no mesmo horário
que os demais alunos frequentam; não seja adotado de forma obrigatória, ou
como condição para o acesso do aluno com deficiência ao ensino comum
(FÁVERO, 2007, p. 20).

Dessa forma, podemos dizer que a Educação Especial engloba a oferta de


tratamento diversificado, com o intuito de promover a inclusão de pessoas com deficiência
em contextos sociais comum. Contudo, Fávero (2007) relata que o art. 208 da Constituição
Federal que garante a toda criança o direito à educação, não oferta as pessoas com
deficiência um ensino direcionado a atender as especificidades de cada criança, fazendo

UNIDADE III Inclusão e Educação I 55


com que a Educação Especial não siga uma concepção de inclusão. Assim, a Educação
Especial mantém a exclusão das pessoas com deficiência, mesmo que de forma indireta.
Neste sentido, o atendimento diferenciado deve ser ofertado em todos os níveis de ensino
escolar, devendo assim, funcionar de forma similar nos níveis de ensino superior.
Ao se tratar da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, podemos
observar que sua interpretação não vem ocorrendo de forma correta, visto que os art. 58 e
59 levam a pensar que o ensino regular pode ser substituído pelo ensino especial.
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela
Lei nº 12.796, de 2013)

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola


regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços


especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alu-
nos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

Observe, caro (s) aluno (s), que os artigos 58 e 59 da LDBEN, podem ser contraditórios
a algumas das legislações já abordadas ao longo de nosso estudo. Dessa forma, Fávero
(2007) salienta que a Educação Especial sempre foi entendida como capaz de substituir o
espaço de ensino regular, pela permanência contínua em espaços específicos direcionados
somente a atender crianças com deficiência.
Neste sentido, ao olharmos Educação Especial sobre a concepção da educação
inclusiva, a escola é entendida como um espaço de todos, onde o aluno constrói o
conhecimento de acordo com suas capacidades, tem liberdade para expressar suas ideias,
participar das tarefas de ensino e se desenvolver como sujeito que faz parte de uma
sociedade. A educação inclusiva não delimita o desenvolvimento do aluno de acordo com
sua deficiência, ou dos padrões definidos pelo meio social, pois todos são iguais e possuem
suas diferenças (CARVALHO, 2011).
A adoção desta prática inclusiva ainda se encontra em andamento, pois para que
ocorra a adesão dessas novas práticas, é necessário grandes mudanças, visto que não
envolve somente a escola e a sala de aula, mais sim, a sociedade em geral. Isto é, para que
a escola possa se concretizar este novo conceito, assim como a redefinição e a aplicação
de alternativas e práticas pedagógicas e educacionais compatíveis com a inclusão, é
necessário conscientizar a sociedade desta nova concepção.

UNIDADE III Inclusão e Educação I 56


2. A PRÁTICA PARA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA E OUTROS ESPAÇOS
EDUCATIVOS: PRINCÍPIOS, CURRÍCULO, METODOLOGIA E AVALIAÇÃO

A Educação Inclusiva compreende a escola como um espaço de todos, onde o


aluno é o sujeito de direito e foco central de todas as ações educacionais, de forma que
o aluno constrói seu conhecimento de acordo com sua capacidade. Na escola inclusiva,
predomina o respeito e as especificidades de cada aluno, sem que sejam classificados
como normais ou especiais. Todos se igualam pelas diferenças.
A adesão da pratica inclusiva é uma tarefa difícil e nem rápida, pois vai além
do contexto da escolar. Isto é, para que a escola concretize a esta nova concepção, é
necessário atualizar e desenvolver conceitos e práticas pedagógicas compatíveis com esta
nova concepção de educação. A Educação Inclusiva impõem uma escola em que todos os
alunos são inseridos sem qualquer limitação que possa restringir sua participação ativamente
no processo escolar. Esta nova posição da escola, leva aos educadores a responsabilidade
de constrói um espaço de aprendizagem para todos os alunos, problematizando o currículo,
os processos de avaliação, bem como as políticas públicas que favorecem a garantia de
acesso e permanência ao ensino a todos os alunos (MINETTO, 2012).
A proposta que rege a construção da escola inclusiva depende de uma variedade
de mudanças e decisões que precisam ser tomadas em uma ação coletiva, onde uni todos
os envolvidos no processo educacional para a elaboração do Projeto Político Pedagógico.
Dessa forma, a escola inclusiva só se torna inclusiva mediante a participação consciente de

UNIDADE III Inclusão e Educação I 57


todos os agentes envolvidos em seu processo educacional, isto é, gestores, professores,
familiares e membros da comunidade na qual cada aluno vive (MINETTO, 2012).
A Educação Inclusiva busca fazer da aprendizagem o núcleo central das escolas,
de modo que o aluno tenha todo tempo necessário para aprender e se desenvolver
como cidadão. Por outro lado a Educação Inclusiva tem como principio a valorização da
diversidade e da comunidade humana, na luta pelo combate à desigualdade, à exclusão,
assim como a permanência e aprendizagem de forma participativa de todos os estudantes.
Ao que cabe a adequação do currículo e da avaliação, métodos e técnicas
educacionais que atendem as especificidades dos alunos com deficiência, inclusive aos
que apresentam altas habilidades, o artigo 59 da LDBN/96 prevê que o sistema de ensino
deve assegurar:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específi-
ca, para atender às suas necessidades;

II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível


exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiên-
cias, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para
os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,


para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na


vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revela-
rem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação
com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma
habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares


disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (BRASIL, 1996, p.22).

Assim, a escola deve contar com uma estrutura arquitetônica e uma equipe
pedagógica preparada a fim de contemplar os objetivos da educação inclusiva.
O currículo pode ser compreendido como um espaço privilegiado de política de
identidade, onde se define não apenas a forma que o mundo deve ter, mas também a forma
como as pessoas e os grupos devem ser. Essa teoria que envolve o currículo refere-se
a prática de uma realidade prévia muito bem estabelecida, a qual se encobrem muitas
crenças e valores, por meio de um comportamento didáticos, políticos, administrativos,
econômicos (MINETTO, 2012).
Com isto, a escola precisa promover estratégias para o acesso ao currículo, métodos
diversificados e ações pedagógicas efetivas, considerando as diferenças entre os sujeitos e
as especificidades que essas diferenças impõem, enfatizando a premissa de que todos os

UNIDADE III Inclusão e Educação I 58


estudantes têm direito à educação de qualidade, inclusiva e equitativa, em todos os níveis
e modalidades educacionais.
Sendo assim, segundo as Diretrizes da Educação Especial, para a Construção de
Currículos Inclusivos tem-se:
[...] o desafio da participação e aprendizagem, com qualidade, dos alunos
com necessidades especiais, seja em escolas regulares ou em escolas espe-
ciais, exige da escola a prática da flexibilização curricular que se concretiza
na análise da adequação de objetivos propostos, na adoção de metodologias
alternativas de ensino, no uso de recursos humanos, técnicos e materiais
específicos, no redimensionamento do tempo e espaço escolar, entre outros
aspectos, para que esses alunos exerçam o direito de aprender em igualdade
de oportunidades e condições (PARANÁ, 2006, p. 09).

É válido ressaltar, caro (s) aluno (s), que a escola inclusiva é responsável
por oportunizar a apropriação do conhecimento escolar atendendo de modo geral as
especificidades de cada aluno, e por isso é importante enfatizamos o valor da adoção de
adaptação curricular para que os alunos com necessidades educacionais especiais tenham
as mesmas condições e oportunidades para se desenvolver e aprender.

REFLITA
A flexibilidade é outro fator que contribui para a remoção das barreiras da aprendiza-
gem. Traduz-se pela capacidade do professor de modificar planos e atividades à medida
que as reações dos alunos vão oferecendo pistas”.
(CARVALHO, 2011, p.67).

De acordo com Carvalho (2011), a pluralidade das manifestações humanas se


revela nas relações cotidianas da escola, em razão disto, a necessidade de um sistema
educacional inclusivo que busque novas formas de organização e elaboração do trabalho do
professor com a garantia da adoção de práticas necessárias para o acesso ao conhecimento
e a participação de todos, isto é, a reconfiguração das práticas pedagógicas para atender a
necessidade de cada aluno.
Neste sentido, Mantoan (2015) afirma que:
A inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não se
limita aos alunos com necessidades educacionais especiais e aos que apre-
sentem dificuldades de aprender, mas a todos os demais, para que obtenham
sucesso na corrente educativa geral. Os alunos com necessidades educa-
cionais especiais constituem uma grande preocupação para os educadores
inclusivos, mas todos nós sabemos que a maioria dos que fracassam na
escola são alunos que não vem do ensino especial, mas que possivelmente
acabarão nele. (MANTOAN, 2015, p.196).

UNIDADE III Inclusão e Educação I 59


Esta situação nos faz refletir sobre a necessidade de compreender os processos
de inclusão escolar, como frutos das lutas articuladas pelas minorias sociais excluídas
contra um processo de exclusão. Dessa forma, caro (s) aluno (s), torna-se indispensável
que nós como professores busquemos contribuir para promover a escola como espaço
de aprendizagem que atende a todos os alunos, problematizando o currículo escolar,
os processos de avaliação, os momentos de formação, planejamento, as relações
estabelecidas nesse cotidiano, os apoios que necessitamos para dar conta de todos os
alunos, as parcerias necessárias, bem como as políticas públicas favorecedoras da garantia
de acesso, permanência e ensino com qualidade a todos os alunos.
É válido ressaltarmos, caro (s) aluno (s), que de acordo com Diretrizes Curriculares
Nacionais para Educação Especial (BRASIL, 1996), o conceito que define a Escola Inclusiva,
implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no
currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos alunos, nas ações que
favoreçam a integração social e sua opção por práticas heterogêneas. Isto é, a escola
se prepara e capacita seus professores para oferecer educação de qualidade para todos,
inclusive para os educandos com necessidades especiais.
Portanto, a Educação Especial já não é mais ofertada de forma paralela ou
segregada ao sistema educacional, mas sim, como um conjunto de medidas que a escola
que oferta o ensino regular disponibiliza a serviço de adaptar as especificidades dos alunos.
Foi em razão deste parâmetro que no Brasil a necessidade de se pensar um currículo
para a escola inclusiva foi oficializada, criando Parâmetros Curriculares Nacionais que
atendessem a uma nova concepção de Educação Especial e inclusiva.
Neste documento o conceito de adaptações curriculares é abordado como
estratégias e critérios de situação docente, que visam oportunizar a ação educativa escolar
às especificidades da aprendizagem dos alunos (BRASIL, 1996). Dessa forma, podemos
abordar duas vertentes de adaptação curricular, sendo uma voltada para a acessibilidade
ao currículo e a outra voltada a atender as adaptações pedagógicas.
Assim, quando nos referimos a adaptações de acessibilidade ao currículo, estamos
falando de eliminar barreiras arquitetônicas e metodológicas, as quais são pré-requisito para
que o aluno com deficiência possa frequentar a escola de ensino regular com autonomia, e
participar das atividades acadêmicas propostas para os demais alunos.
Dentre as adaptações que a escola pode realizar para facilitar a acessibilidade
de crianças com deficiência física ao âmbito escolar, inúmeras ajustes podem ser feitos,

UNIDADE III Inclusão e Educação I 60


podendo ser citados como exemplo, as rampas, as barras de apoio para banheiros e
carteiras adequadas e com espaço suficiente para a locomoção do aluno com deficiência.
Imagem 1: Adaptações de acessibilidade para deficiente físico.

Para atender aos alunos com deficiência sensorial, a escola pode promover ações
que facilitam sua comunicação e sua locomoção dentro do âmbito escolar.
Imagem 2: Adaptações de acessibilidade para deficiente físico.

O intérprete de LIBRAS, o professor de apoio, os recursos que permitem a transição


em Braile, recursos pedagógicos adaptados facilitar a aprendizagem de deficientes visuais,
o uso de comunicação alternativa para os alunos com paralisia cerebral ou dificuldades
de expressão oral, entre outros recursos que podem facilitar inclusão deste aluno com
deficiência, no âmbito das escolas de ensino regular. É valido ressaltar que a Lei Nº 13.146,
de 6 de Julho de 2015 garante ao aluno com deficiência, o direito de solicitar um profissional

UNIDADE III Inclusão e Educação I 61


de apoio, quando necessário. Esse profissional pode ser um professor de apoio pedagógico
ou um interprete para as pessoas surdas.
Em relação às adaptações pedagógicas curriculares, de planejamento, objetivos,
atividades e formas de avaliação, no currículo como um todo, são adaptações que visam
atender as necessidades de aprendizagem dos alunos com necessidades especiais.
Assim, as adaptações curriculares consistem em possibilitar o caminho para o atendimento
às necessidades específicas de aprendizagem dos alunos, de forma que a identificação
dessas “necessidades” requer que os sistemas educacionais modifiquem não apenas as
suas atitudes e expectativas em relação a esses alunos, mas que se organize para construir
uma real escola para todos, que dê conta dessas especificidades (MINETTO, 2012).
De acordo com o BRASIL (1996), essas adaptações curriculares realizam-se em
três níveis:

• Adaptações no nível do projeto pedagógico (currículo escolar) que devem focar


principalmente, a organização escolar e os serviços de apoio, propiciando
condições estruturais que possam ocorrer no nível de sala de aula e no nível
individual.
• Adaptações relativas ao currículo da classe, que se referem, principalmente, à
programação das atividades elaboradas para sala de aula.
• Adaptações individualizadas do currículo, que focam a atuação do professor na
avaliação e no atendimento a cada aluno.

Dessa forma, caro (s) aluno (s), a Educação Inclusiva, sob a ótica curricular,
reconhece que o aluno com necessidades especiais faz parte da classe regular, e deve
aprender as mesmas coisas que os alunos que não apresentam nenhum tipo de deficiência
(FARIAS; LOPES, 2015). Portanto, precisamos nos concentrar em pequenas modificações
que o professor venha a fazer em termos de métodos e conteúdos, visando assim, uma
reformulação na organização do projeto político pedagógico de cada escola e do sistema
escolar, sem deixar de considerar as adaptações necessárias para a inclusão e participação
efetiva de alunos com necessidades especiais em todas as atividades escolares, pois
ensinar um aluno com deficiência é o grande desafio da Educação Inclusiva, visto que é
neste aspecto que a inclusão deixa de ser uma ideologia e se torna ação concreta.
Em relação ao ato de avaliar dentro do contexto escolar, consiste em um processo
de busca de informações sobre determinadas fatos, para conduzir uma mediação a fim de
possibilitar um melhor aprendizado. No contexto escolar, ato de avaliar é essencial, sendo

UNIDADE III Inclusão e Educação I 62


o momento no qual o professor faz um diagnóstico sobre o processo de ensino e define
estratégias de como redimensionar esse processo, refletindo sobre sua prática pedagógica,
promovendo a aprendizagem dos estudantes e assegurando o direito universal de educação
com qualidade, conforme descreve a DCNEB.
Art. 47. A avaliação da aprendizagem baseia-se na concepção de educação
que norteia a relação professor- estudante- conhecimento- vida em movi-
mento, devendo ser um ato reflexo de reconstrução da prática pedagógica
avaliativa, premissa básica e fundamental para se questionar o educar, trans-
formando a mudança em ato, acima de tudo, político. (2013, p. 76)

Portanto, no contexto escolar o ato de avaliar se dá de maneira diagnóstica, na qual


a situação de aprendizagem é analisada, e pode ser usada para a averiguar a apropriação
do conhecimento.
A avaliação auxilia o professor com elementos para uma reflexão sobre a sua prática
e o encaminhamento do trabalho com metodologias diferenciadas. Já para o estudante, é
o indicativo de suas conquistas, dificuldades e possibilidades. E para a escola, a avaliação
de constitui como instrumento diagnóstico para repensar sobre a organização do trabalho
pedagógico, a fim de assegurar o desenvolvimento integral dos estudantes, vislumbrando
uma educação com qualidade e o direito de aprendizagem.

UNIDADE III Inclusão e Educação I 63


3. A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA E ESCOLA

Muitas das decisões que precisam ser tomadas pela escola na construção do
Projeto Político Pedagógico estão diretamente relacionadas às mudanças que constituem
o propósito da educação inclusiva, o qual visa fazer da aprendizagem o eixo principal da
escola, em prol de garantir o tempo necessário para que o aluno aprenda e se desenvolva
de forma coletiva, comunicativa, criativa e crítica.
Em razão disto, a família necessita ser parte interessada e presente neste processo,
visto que o amparo e a compreensão familiar são fatores indispensáveis para a inclusão
escolar e social do aluno com deficiência. É preciso que as famílias aceitem que as crianças
com deficiência, na maioria das vezes, podem atuar como seres autônomos, os quais não
são dependentes do mundo, mesmo que na visão dos pais superprotetores, essa criança
não possa conviver como os demais (SASSAKI, 2009).
Dessa forma, caro (s) aluno (s), a família é considerada pela sociedade como o
elemento primário para a promoção da inclusão do sujeito com deficiência no convívio
social, sendo caracterizada como a relação primordial para o desenvolvimento humano.
Assim, para que se possa incorporar à sociedade em uma nova concepção sobre um olhar
inclusivo, faz-se necessário uma mudança no pensamento das pessoas e na estrutura da
sociedade, mas acima de tudo e de todos os familiares da pessoa com deficiência.
Esta ação de inclusão é um processo gradativo, o qual nada adianta se dentro
do próprio núcleo familiar a pessoa com deficiência é restringida a socialização. Segundo

UNIDADE III Inclusão e Educação I 64


Bastos, Gomes, Gomes e Rego (2007), toda família apresenta experiências e características
próprias, enquanto em um âmbito de trabalho, o sujeito com deficiência constrói novas
experiências, enfrenta crises e novidades. As autoras ainda relatam que:
É na família, enquanto contexto de desenvolvimento humano, que crianças
são gradualmente orientadas para tornarem-se adultos, mediante regras
da vida cultural, muitas vezes não escritas [...] Em uma sociedade desigual
como a brasileira, é indispensável levar em conta que as famílias ocupam
espaços diferenciados em sua luta por sobrevivência e reprodução da vida.
E, ao ocupar estes espaços, estabelecem relações de convivência, conflituo-
sas ou não, trocam experiências, acumulam saberes, habilidades, hábitos e
costumes, reproduzindo concepções e cultura (BASTOS; GOMES; GOMES;
REGO, 2007, p.162-163)

Dessa forma, o núcleo familiar consiste em um espaço fundamental para a promoção


da socialização do sujeito com deficiência, pois são responsáveis por mediar a construção
da relação do sujeito com deficiência com o mundo externo, ou seja, a sociedade. Portanto,
caro (s) aluno (s) não é possível falarmos sobre a Educação Especial e Inclusiva, sem
relacionar seu desenvolvimento com fatores do contexto familiar, o qual o sujeito com
deficiência está inserido, mesmo porque a deficiência não se restringe exclusivamente ao
indivíduo que a tem, uma vez que a família também é parte fundamental desta experiência,
pois é a primeira a se socializar com o sujeito com deficiência (BIASOLI-ALVES, 2008).
Desse modo, quanto mais cedo a família iniciar o processo de conscientização para
promover a inclusão social e posteriormente auxiliar na inclusão profissional da pessoa com
deficiência, mais chances dessa pessoa ter um desenvolvimento pleno. É válido salientar
que os obstáculos enfrentados por cada família são diferentes, pois cada família e cada
pessoa com deficiência é única, tendo assim seus aspectos peculiares dependentes de
fatores relacionados ao desenvolvimento, a maturidade, a condição social e financeira de
cada uma.
O desenvolvimento de uma criança com deficiência que vive em uma família mais
estruturada financeiramente apresenta mais recursos que facilitam a ultrapassar algum dos
obstáculos que impedem seu progresso, uma realidade diferente da maioria das famílias dos
pais. Assim, podemos dizer que, questões financeiras podem dificultam o desenvolvimento
das crianças com deficiência.
Bastos, Gomes, Gomes e Rego (2007), relata que:
A família pobre não se constitui como núcleo, mas como uma rede com ra-
mificações que envolvem níveis de parentesco como um todo, configurando
uma trama de obrigações morais que enreda os indivíduos em dois sentidos:
ao dificultar sua individualização e ao viabilizar sua existência como apoio e
sustentação básicos [...]. Neste contexto, as crianças não são responsabili-
dade apenas do pai e da mãe, mas de toda a rede de sociabilidade em que
a família está envolvida (BASTOS; GOMES; GOMES; REGO, p.160-161).

UNIDADE III Inclusão e Educação I 65


Este fator de desigualdade dificulta o desenvolvimento do sujeito com deficiência,
assim como sua relação com o meio social, uma vez que a falta de recursos financeiros
pode causar um quadro de abandono ou de isolamento no seio familiar. Porém, em casos
assim, a única coisa que podemos afirmar, caro (s) aluno (s), é que a família tem por
obrigação a responsabilidade de promover um espaço de apoio mútuo, de compreensão e
aceitação.
Por fim, a realidade é que todos nós sabemos, que a família exerce um papel de
extrema importância na vida da criança, sobretudo na de uma criança com deficiência, pois
é na família que se encontram os laços afetivos necessários para o desenvolvimento e bem-
estar de seus componentes. Assim, ela desempenha um papel fundamental na formação
dos valores éticos e morais de seus integrantes.

UNIDADE III Inclusão e Educação I 66


4. SEXUALIDADE

Sabemos que a Educação Inclusiva é um tema muito estudado, no entanto, quando


nos referimos à Educação Sexual de crianças e jovens com deficiência, podemos dizer
que, por ser considerado um tema bem delicado, muitas vezes é deixado de lado, tanto no
contexto escolar quanto no contexto familiar. Assim, quando pensamos no verdadeiro sentido
da educação, que consiste em conduzir o aluno a descobrir o desconhecido, percebemos
que a Educação Inclusiva não é tão complexa, pois deixa de abordar determinados temas
devido a questões ligadas a tabus impostos pela sociedade e a falta de compreensão sobre
tal necessidade.
De acordo com Maia e Ribeiro (2009, p. 46) “o educador deve ter discernimento
para não transmitir valores, crenças e opiniões como sendo princípios ou verdades
absolutas”. Partindo disto, entendemos que o professor que atua na formação de crianças e
jovens, tanto no ensino regular quanto na educação especial, deve deixar de lado todas as
questões pessoais que envolvam algum tipo de crença, para que assim possa desenvolver
determinados aspectos de seu trabalho, como é o caso da Educação Sexual.
Dessa forma, caro (s) aluno (s), para compreendermos a importância da Educação
Sexual, para a vida e o desenvolvimento do sujeito, iremos discutir sobre as contribuições
possíveis para o sucesso no trabalho desenvolvido na modalidade da Educação Inclusiva.
Segundo Maio (2011, p. 182), uma proposta de educação sexual “adequada, consciente

UNIDADE III Inclusão e Educação I 67


e emancipadora poderia contribuir para o objetivo de tornar toda a comunidade educativa
apta a discutir assuntos importantes para o discernimento, na área da sexualidade”.
Portanto, essa discussão que aborda a Educação Sexual dentro da modalidade de
Educação Inclusiva, não é uma tarefa fácil, pois ambas são frutos de conquistas adquiridas
ao longo da nossa história. Por outro lado, Braga (2009) destaca que a ausência de
profissionais da educação preparados para desenvolver essa discussão na escola, impede
que a temática seja debatida em âmbitos educacionais. Para Braga (2009),
(...) as manifestações sexuais que aparecem na escola demonstram, a cada
momento, as dificuldades que as instituições educativas apresentam quando
tratam da temática da sexualidade em seu cotidiano. Uma proposta de edu-
cação sexual adequada, consciente e emancipadora poderia contribuir para
o objetivo de tornar toda a comunidade educativa apta a discutir assuntos
importantes para o discernimento, na área da sexualidade (BRAGA, 2009,
p. 03).

Com isso, podemos dizer que a sexualidade no espaço escolar é uma necessidade.
No entanto, quando falamos da educação sexual de crianças e jovens com deficiência, ela
ainda não tem sido muito abordada. A abordagem desta temática no âmbito da educação
de pessoas com deficiência, contribui para uma vida mais significativa, visto que muitas
vezes os alunos com deficiência se isolam do meio social devido a questões emocionais
que os fazer se sentir como pessoas inferiores aos demais. Sendo assim, não basta apenas
garantir a inclusão do aluno com deficiência no contexto escolar, mais a escola deve garantir
a esse aluno com deficiência, os mesmos direitos que os demais, ou seja, a escola deve
atender todas as necessidades educacionais dos alunos sem restringir sua aprendizagem
devido a sua deficiência.
Segundo Teixeira e Braga (2008), pessoas com deficiências foram excluídas
do processo histórico, pois ao analisar os projetos políticos pedagógicos de instituições
que ofertam a educação para pessoas com deficiência, notaram que esta temática não é
abordada dentro do âmbito da Educação Especial e Inclusiva, principalmente com alunos
com deficiência mental. Assim, Teixeira e Braga (2008) ressaltam que:
Ao debatermos sobre a inclusão educacional não podemos deixar de questio-
nar, quanto ao conceito de sujeito que queremos para os alunos com neces-
sidades educacionais, já que se trata da diversidade humana, que de acordo
com os estudos realizados, verificamos que em alguns momentos da histó-
ria os alunos com necessidades educacionais especiais estavam inseridos
no processo de escolarização, em espaços de segregação ou de exclusão,
dependendo das relações sociais de cada época: nos asilos e em escolas
especiais impedidos de se desenvolverem em um processo de aprendizagem
participativo (TEIXEIRA; BRAGA, 2008, p. 03)..

Em razão disto, podemos afirmar que é importante que haja uma proposta pedagógica
adequada, com currículo flexível, que contemple as necessidades de todos os alunos, seja

UNIDADE III Inclusão e Educação I 68


com deficiência ou não, de modo que torne o processo educativo mais significativo. Dessa
forma, caro (s) aluno (s), podemos afirmar que a Educação Especial e Inclusiva continua
em déficit, visto que o aluno com deficiência ainda têm a mesma aprendizagem que os
demais, pois são restringidos a aprenderem somente parte do que é ofertado aos alunos
sem deficiência. Neste sentido, Maia e Ribeiro (2009) contribui em dizer que:
(...) a orientação sexual não deve e não pode ter como objetivo a transmis-
são de verdades ou valores morais, tampouco reduzir se à transmissão de
informações, mas é preciso que o educador tenha bem clara a importância
de que seu aluno amplie a visão de mundo que tem e descubra por si como
conquistar um caminho e um espaço na sociedade que o leve a ter uma vida
sexual mais plena possível, transpondo as barreiras da desigualdade sexual,
do preconceito, dos tabus, do medo e da intolerância (MAIA; RIBEIRO, 2009,
p. 46).

Partindo disto, podemos entender que ao propiciar a ampliação da visão e a abertura


de novos horizontes aos alunos com deficiência diminuímos as barreiras que os definem
como pessoas dependentes ou incapazes, pois não podemos defini-los como pessoas
inferiores, sendo que sua aprendizagem ocorre de forma defasada, devido a vários fatores
que as restringiram a essa aprendizagem.
Sendo assim, fica claro que o comportamento de pessoas com deficiência pode ser
diferente do comportamento de uma pessoa que não apresenta nenhum tipo de deficiência,
pois grande parte das pessoas com deficiência não receber nenhum tipo de orientação
sexual. Segundo Maia e Ribeiro (2009):
(...) é que faltam estratégias educacionais que ensinem o portador de defi-
ciência a discriminar os comportamentos socialmente aceitos. Muitos com-
portamentos e expressões da sexualidade, comuns em crianças e jovens,
como a masturbação, os jogos sexuais, o “ficar” com, namorar, perguntar e
comentar sobre sexualidade, etc, são interpretados por educadores e pais
como aberrações quando aparecem em pessoas com deficiência intelectual,
porque muitas vezes, essas expressões são públicas, inadequadas e até
mesmo incompatíveis com o corpo físico adulto (MAIA; RIBEIRO, 2009, p.26)

Maia e Ribeiro (2009) complementam que as famílias e os educadores de pessoas


com deficiência, se assustam com a abordagem de ações voltadas a questões sexuais
de deficientes, pois mesmo estando em uma época que a população tem fácil acesso à
informação, grande parte da sociedade ainda não possui conhecimento sobre a sexualidade
dessas pessoas.
Assim, orientar sexualmente alguém com deficiência, consiste em uma tarefa
complexa, porém tão necessária quanto orientar aquele que não possui deficiência alguma.
Isto é, a Educação Sexual ainda precisa quebrar os tabus e preconceitos e adentrar no
espaço escolar, e para isso é preciso que o professor tenha consciência que este assunto
também deve ser abordado com os alunos com deficiência, a fim de garantir a eles o direito

UNIDADE III Inclusão e Educação I 69


da mesma aprendizagem que os alunos sem deficiência, para que assim possam mudar a
história da Educação Especial para a seguir a concepção Inclusiva.

SAIBA MAIS

Percebe-se que a sexualidade se tornou um assunto presente no dia a dia das pessoas
e principalmente na escola, diante disso, buscar compreender todos os campos que en-
volvem a sexualidade humana também é tarefa do educador já que este tem a tarefa de
transmitir conhecimentos acadêmicos e assim possibilitar a construção de novas apren-
dizagens para o aluno. A escola, portanto, se mostra um ambiente ideal para a reflexão
sobre o tema sexualidade. Todos os dias presenciamos velhas práticas e concepções
acerca deste assunto, enraizando ainda mais conceitos tradicionalistas e preconceituo-
sos a respeito da sexualidade humana, não diferente disto, está, a sexualidade da pes-
soa com deficiência. Tratar de sexualidade na escola não é tarefa fácil para grande parte
dos educadores, relacionar isto à pessoa com deficiência então se mostra um desafio
para o ensino nos dias atuais. Compreender a sexualidade humana e principalmente a
sexualidade de pessoas deficientes é necessária para que novas práticas sejam desen-
volvidas na escola, auxiliando as mesmas a se reconhecerem e a reconhecerem seus
sentimentos.

Fonte: SILVA, M. B. da; MAIO, E. R. Sexualidade e Inclusão: discussões pedagógicas. In: Cadernos PDE:
Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor PDE. Paraná, 2014. Disponível
em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/20 14_
uem_edespecial_artigo_marta_brito_da_silva.pdf. Acesso em: 29 de mar de 2020.

UNIDADE III Inclusão e Educação I 70


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro (s) aluno (s), entende-se que a proposta da Educação Especial e Inclusiva
visa promover práticas pedagógicas que atendam as especificidades de cada aluno. No
entanto, ao olharmos para o contexto atual da educação é possível dizer que ainda faltam
recursos que promovam o sucesso de forma integral do processo de aprendizagem de
alunos com deficiência.
Podemos dizer também que, a efetivação da proposta da Educação Especial e
Inclusiva depende de uma ação conjunta, pois a inclusão não significa somente promover a
inserção dos com deficiência em ambientes do ensino regular ignorando suas necessidades
específicas, mas significa que o professor e a escola devem proporcionar ao aluno condições
de aprendizagem como os demais, para que assim eles consigam suprir suas necessidades.
A inclusão de alunos com deficiência em classe regular, implica no desenvolvimento
de ações adaptativas, visando à flexibilização do currículo, para que ele possa ser
desenvolvido de maneira efetiva em sala de aula de ensino regular, e atender as necessidades
individuais de todos os alunos.
Dessa forma, a escola pode ser vista com o espaço mais preparado para realizar
esta formação, visto que é considerada pela sociedade como um espaço eficaz para formar
e transformar a realidade do sujeito com deficiência. Por fim, compreendemos então que
a Educação Especial Inclusiva necessita de uma ação em conjunto, o qual a comunidade,
pais, professores e todos os envolvidos em seu processo buscam desenvolver a prática
inclusiva.

UNIDADE III Inclusão e Educação I 71


LEITURA COMPLEMENTAR

Sexualidade na Deficiência Intelectual: uma Análise das Percepções de Mães de


Adolescentes Especiais
Sexuality in Intellectual Disabilities: an Analysis of the Perceptions of Mothers of
Special Adolescents
Patrícia Mattos Caldeira Brant LITTIG
Daphne Rajab CÁRDIA
Luciana Bicalho REIS
Erika da Silva FERRÃO
RESUMO: Adolescência é a fase transitória entre infância e idade adulta, momento
importante do desenvolvimento humano, marcado por mudanças físicas, psicológicas e
sociais relativas ao início da sexualidade. Este momento geralmente é conturbado e o
poderá ser ainda mais para adolescentes com deficiência intelectual (DI) por confrontar
com preconceitos e mistificações estabelecidas há tempos. A maneira infantilizante e
discriminatória de serem tratados pela família e sociedade influenciam as percepções das
mães de filhos com DI. Assim, objetivando investigar as concepções que mães de jovens
com DI têm sobre a sexualidade deles e como elas irão refletir na adoção de práticas
de educação sexual, foram entrevistadas 20 mães de adolescentes entre 12 a 18 anos,
de ambos os sexos, com diagnóstico de DI, atendidos numa clínica escola localizada no
estado do Espírito Santo. Analisando as entrevistas, percebeu-se em 12 respostas, a ideia
de ausência de sexualidade na pessoa com DI, trazendo uma postura infantilizadora e
superprotetora dessas mães em relação aos filhos, considerando-os com pouca possibilidade
de desenvolver interesses e comportamentos sexuais. Quanto às concepções das mães
nas manifestações sexuais de seus filhos, 15 delas revelaram entender que a sexualidade
deles é diferente da de pessoas sem deficiência intelectual. Percebeu-se que 12 das 20
mães nunca orientaram seus filhos sexualmente, alegando que não compreenderiam. Em
geral, as mães não reconhecem uma identidade sexual em seus filhos e, por conseguinte,
não fornecem uma educação sexual, reproduzindo a concepção social e cultural que nega
a existência da sexualidade quando associada à DI.

Continue lendo: LITTIG, P. M. C. B., CARDIA, D. R., REIS, L. B., & FERRÃO, E. D. S. (2012). Sexualidade
na deficiência intelectual: Uma análise das percepções de mães de adolescentes especiais. Rev. Bras. Educ.
Espec. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbee/v18n3/a08.pdf. Acesso em: 29 de mar de 2020.

UNIDADE III Inclusão e Educação I 72


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: OS PARÂMETROS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA FACE AO
DESAFIOS DA CONTEMPORANEIDADE
Autor: Marcos Palácio
Editora: Marcos Palácio
Sinopse: A gestão democrática é parte do projeto de construção
da democratização da sociedade brasileira. Nesse sentido, a
construção do projeto político-pedagógico, a participação em
conselhos, a eleição para diretores, a autonomia financeira, são
processos pedagógicos de aprendizagem da democracia, tanto
para a comunidade escolar, quanto para a comunidade em geral,
porque a participação, depois de muitos e muitos anos de ditadura,
é um longo processo de construção. Pode-se ainda mencionar
que a construção de um processo de gestão democrática implica
repensar a lógica de organização e participação nas escolas,
por isso é essencial discutir os mecanismos de participação na
escola, suas finalidades e a definição de ações e metas a serem
construídas coletivamente pelos diferentes segmentos que a
compõem ou dela devem participar. Em síntese, vale explanar que
o acesso à educação para portadores de deficiências vai sendo
muito lentamente conquistado, na medida em que se ampliaram
as oportunidades educacionais para a população em geral.
Entretanto, tanto as classes quanto as escolas especiais somente
iriam proliferar como modalidade alternativa às instituições
residenciais depois das duas guerras mundiais.

FILME/VÍDEO
Título: Atypical
Ano: 2017
Sinopse: Atypical é uma série norte-americana de comédia
dramática original Netflix, criada e escrita por Robia Rashid,
que conta a história de um rapaz de 18 anos, diagnosticado
dentro do espectro do autismo, que trabalha e estuda, vivendo a
efervescência da idade e seu amadurecimento. Disponibilizada
na rede de streaming desde 11 de agosto de 2017, com oito
episódios. A série foi bem recebida pela crítica. Foi renovada para
uma segunda temporada com dez episódios em 13 de setembro de
2017. A Netflix anunciou em 14 de agosto de 2018, que a segunda
temporada de Atypical estreou na plataforma de streaming no dia 7
de setembro de 2018. Em 24 de outubro de 2018, a Netflix renovou
a série para sua terceira temporada que foi lançada no dia 1º de
novembro de 2019.
Link trailer:
http://www.adorocinema.com/series/serie-21143/video-19555647/

UNIDADE III Inclusão e Educação I 73


UNIDADE IV
Educação Inclusiva II
Professora Mestre: Ana Paula Francisca dos Santos

Plano de Estudo:
• Equipe multidisciplinar: sua atuação.
• Construção de uma comunidade inclusiva: desafios e perspectivas.
• Educação para cidadania, uma questão de direitos humanos.

Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer sobre a importância da equipe multidisciplinar, no contexto da educação de
pessoas com deficiência;
• Compreender qual a contribuição da escola para a construção de uma comunidade
inclusiva;
• Estabelecer a relação entre a educação inclusiva e a cidadania de pessoas com
deficiência.

74
INTRODUÇÃO

Olá, caro (s) aluno (s), estamos iniciando a última parte de nosso estudo. Nesta
unidade iremos conhecer sobre a importância da equipe multidisciplinar no contexto da
educação de pessoas com deficiência. Além de compreender qual a contribuição da escola
para a construção de uma comunidade inclusiva, a relação entre a educação inclusiva e a
cidadania de pessoas com deficiência.
Há tempos que a educação inclusiva tem sido tema de debates no contexto escolar
e social. Especialistas buscam através de políticas públicas e pelo movimento dos direitos
humanos atender as ações necessárias para a inclusão de pessoas com deficiência no
contexto social e educacional. Assim, quando nos referimos a inclusão social das pessoas
com deficiência, é notório que ainda se enfrenta desafios, visto que este processo ocorre de
forma lenta devido à falta de recursos e profissionais para atender todas as pessoas com
deficiência.
Em razão disto, a efetivação dos direitos que cabem as pessoas com deficiência não
alcança total plenitude, deixando de atender grande parte da população com deficiência.
Assim, entende-se que a escola é a principal responsável por conduzir o processo de
inclusão de pessoas com deficiência no contexto social e também por promover uma
sociedade mais justa e igualitária, capaz de romper as barreiras impostas sobre os direitos
de pessoas com deficiência.

Bons estudos!

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 75


1. EDUCAÇÃO INCLUSIVA II

1.1. Equipe multidisciplinar: sua atuação

A equipe multidisciplinar consiste em um conjunto de especialistas de diversas


áreas, trabalhando em prol de um único objetivo, no entanto, seu objetivo deve estar
articulado com a realidade da comunidade em que a escola pertence. Quero dizer, caro (s)
aluno (s), que o objetivo das equipes multidisciplinares das escolas de ensino regular, não
são os mesmos, visto que as necessidades da comunidade a qual ela está inserida, são
diferentes.
Então, quando falamos do trabalho da equipe multidisciplinar no contexto da
Educação Especial e Inclusiva, ela é formada para atender as necessidades do sujeito
com deficiência, assim, ela é constituída por profissionais da educação e da saúde, com o
objetivo de promover ações que possibilite a inclusão desse sujeito, no meio educacional, a
fim de facilitar seu desenvolvimento escolar, por meio da identificação de suas dificuldades
e potencialidades, respeitando a especificidade de cada aluno.
Assim, caro (s) aluno (s), para melhor compreender a relação entre a equipe
multidisciplinar e inclusão escolar, é necessário considerar todos os fatores políticos, sociais
e econômicos, os quais podem ser impostos como obstáculos para a promoção da inclusão
do sujeito com deficiência, no contexto escolar. É válido destacar que estes fatores também
podem ser vistos como desafios que afetam de forma substancial o interesse da sociedade
de promover uma “educação para todos”.

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 76


Portanto, podemos dizer que, a educação somente conseguirá atingir seu objetivo,
quando assumir um compromisso social na construção do conhecimento, de forma que
possa utilizar o sistema a seu favor, ou seja, fazer com que as mudanças realizadas pelo
sistema sejam adaptadas para atender as necessidades de cada comunidade.
Então, as equipes multidisciplinares são essenciais a promoção do trabalho
pedagógico. A participação colaborativa entre os profissionais da equipe multidisciplinar,
favorece a criação de estratégia para atender as necessidades das pessoas com deficiência.
Segundo Correia (2010), a constituição de equipes para apoiar a inclusão nas escolas é
uma estratégia fundamental que envolve distintos sujeitos para pensar sobre a efetivação
dos processos inclusivos. De acordo com Correia (2010), a equipe multidisciplinar pode ser
dividida em duas equipes, as quais uma fica responsável por promover estratégicas que
envolva o planejamento inclusivo e a outra desenvolve estratégias colaborativas.
A equipe de planejamento fica sobre a responsabilidade dos pais e professores,
que devem pensar sobre ações estratégicas que visam o desenvolvimento e a avaliação
de um projeto inclusivo para as escolas, de forma que mobilizasse toda a comunidade
escolar. Quanto a equipe de estratégias colaborativas, atua como uma “equipe de apoio ao
aluno” formadas por especialistas da saúde como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas
ocupacionais, além de pais, professores, voltados a pensar em estratégias de trabalho
para os casos específicos de estudantes incluídos. No entanto, a formação da equipe
multidisciplinar pode variar muito, a depender de cada município (SOUZA et al., 2004).
Ainda na concepção de Correia (2010), a equipe multidisciplinar deve manter a
troca de informações sobre os alunos, de forma que permita efetuar uma intervenção
educacional cujo fim seja o de minimizar ou até suprimir o problema do aluno. (Correia,
2010). O envolvimento e a participação das famílias neste processo são consideradas
imprescindíveis para a promoção de estratégias que possam favorecer a aprendizagem e
o desenvolvimento dos estudantes com deficiência.
Lopes e Marquezan (2010) destacam:
[...] que a participação da família do filho com necessidades especiais é deci-
siva no processo de integração/inclusão e indispensável para um construir-se
pessoal e participante da sociedade. As relações entre famílias de filhos com
necessidades especiais oportunizam suporte recíproco para o fortalecimento
necessário à convivência saudável entre seus membros. A escola, em con-
junto com a família, deverá implementar as melhores estratégias de ensino-
-aprendizagem para que o aluno portador de necessidades especiais dela se
beneficie e nela permaneça (LOPES; MARQUEZAN, 2010, p.4).

Nessa perspectiva, Correia (2010) complementa que as famílias devem ser


consideradas membros valiosos da equipe e devem ser envolvidas nas tomadas de decisões.

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 77


As práticas e políticas de atendimento às famílias devem ser amistosas, respeitando os
valores, de cada família e estabelecendo prioridades que permite a adaptação do sujeito
com deficiência.
Um dos fatores importantíssimos desta proposta, refere-se ao grande avanço da
política de educação inclusiva como uma rede colaborativa entre o Ministério da Educação,
que promove a capacitação profissional que atendem a educação de crianças e jovens
com deficiência e as Secretarias de Educação que aderiram ao programa de formação
continuada, visando atender a proposta de atendimento em parceria com a família, o
professor regente, o professor, e toda a equipe multidisciplinar.
Por outro lado, embora as escolas tenham por obrigação, ter em seu espaço uma
equipe multidisciplinar que atenda às necessidades dos alunos com deficiência, a maior
dificuldade enfrentada nas escolas, principalmente na rede pública de ensino, é encontrar
profissionais capacitados da área da saúde para atuação direta com os estudantes com
deficiências. Portanto, caro (s) aluno (s), o trabalho de uma equipe multidisciplinar consiste
em uma forma específica de organização, que visa, atender as necessidades educativas do
aluno, de forma mútua e coletiva, onde os colaboradores da área da saúde e da educação,
trocam informação em prol deste objetivo.

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 78


SAIBA MAIS

Você sabia que segundo os dados apresentados pelo IBGE, em 2015, mais 6,7% da
população geral possui algum tipo de deficiência? E que atualmente, cerca de 7,5% das
crianças brasileiras – de até 14 anos de idade, têm uma deficiência diagnosticada, con-
forme dados divulgados pelo IBGE? Em termos de porcentagem pode não parecer um
valor muito expressivo, mas quando convertemos para números reais, são 47 milhões
de brasileiros com deficiência, dos quais quase 16 milhões são crianças. Mas, mesmo
com esse número alto, a inclusão social é uma grande barreira para a integração efetiva
e abertura de oportunidades igualitárias para essas pessoas. Quando pensamos em
“inclusão” precisamos expandir nossa ideia de apenas dar acesso aos mesmos espa-
ços, mas sim às possibilidades de aprendizagem e atuações que os espaços oferecem.
Inclusão é um conceito que tem a ver com a sensação de pertencimento. E para ser in-
cluída a pessoa precisa fazer parte e ter voz dentro dos grupos nos quais convive, sejam
eles familiares, sociais, profissionais e acadêmicos. Para que isso seja possível, preci-
samos nos conscientizar e nos preparar para lidar com as diferenças de pensamento,
mobilidade, comunicação e interação. Devemos nos unir na luta em prol da empatia e
direitos.

Fonte: MICAS, L. GARCEZ, L e CONCEIÇÂO, L. H. P. 2018. IBGE constata 6,7% de pessoas com de-
ficiência no Brasil com nova margem de corte. Disponíveis em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/
noticia/2015-08/ibge-62-da-populacao-tem-algum-tipo-de-deficiencia, Acesso em: 29 de mar de 2020.

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 79


2. CONSTRUÇÃO DE UMA COMUNIDADE INCLUSIVA: DESAFIOS E
PERSPECTIVAS

Uma escola inclusiva possui o compromisso de lutar por uma sociedade mais
igualitária, onde todos são tratados com dignidade e respeito. Assim, surge um novo olhar,
com grandes desafios sobre a inclusão, o qual percorrendo caminhos que nos levam a uma
sociedade mais justa e unida na luta pelo direito das pessoas com deficiência.
Assim, quando pensamos em uma escola inclusiva, pensamos em criar possibilidades
que possam atender as necessidades dos alunos com deficiência. A escola necessita
fazer adaptações arquitetônicas, flexibilizar o currículo, capacitar professores, rever as
metodologias, e manter uma interação entre a comunidade, a família e a escola. Contudo,
essa ação só pode ser alcançada mediante a um bom desenvolvimento educacional que
busca promover o respeito às diferenças, mesmo que não seja em pequena escala, visto
que, ainda grande parte das crianças com deficiência não frequentam a escola de ensino
regular.
Em razão disto, caro (s) aluno (s), podemos dizer que o sistema de ensino ainda
está em fase de adaptação, e requer um empenho maior das escolas de ensino regular,
pois para que essa inclusão ocorra, é indispensável que as escolas que ofertam o ensino
regular, disponha de recurso e de profissionais preparados para atender as especificidades
de cada aluno. Outro ponto importante, refere-se à participação ativa de todos os envolvidos
no processo educacional, isto é, para ocorra a adaptação do sistema, é necessário que

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 80


ocorra um intercâmbio entre os gestores, professores, alunos, família e toda a comunidade
a qual a escola pertence.
A intervenção deste intercâmbio entre estes atores, pode ser realizada a partir da
construção do Projeto Político Pedagógico, o qual deve envolver todos eles, em prol de
promover ações significativas para todos (comunidade, escola, família e alunos). Dessa
forma, o processo de elaboração do projeto necessita de um conhecimento sobre educação,
as ações e resultados da escola, assim como as ações promovidas pela comunidade,
visando sempre valorizar o papel da escola em meio ao seu contexto social.
Portanto, a elaboração do Projeto Político Pedagógico exige um planejamento que
busque identificar o que a comunidade e a escola deseja alcançar. Neste sentido, é válido
se atentar aos obstáculos que uma criança com deficiência terá que enfrentar no âmbito
educacional, visto que a inclusão deste aluno depende muito do currículo escolar que
deve ter sua função atrelada às dificuldades dos alunos. Sendo assim, o Projeto Político
Pedagógico da escola ser adaptado, baseando-se em situações reais, as quais foram
vivenciadas na comunidade e na escola, para atender as necessidades de cada aluno. No
entanto, devem ser levadas em consideração as reflexões e propostas em torno de três
dimensões de ação, que competem a segmentos distintos.

Quadro 1: Segmentos do Projeto Político Pedagógico


Proposta Descrição
Envolve propostas para a construção de uma comunidade escolar
A construção de culturas in-
segura, receptiva, colaboradora e estimulante em que todos são con-
clusivas (comunidade escolar
siderados importantes para a remoção de barreiras para a aprendi-
e sociedade em geral)
zagem e para a participação.
Envolve a organização de apoios e a formação continuada dos pro-
A elaboração de políticas in-
fessores e demais profissionais da educação, de modo que a escola
clusivas (secretarias munici-
desenvolva sua capacidade de responder às necessidades dos alu-
pais e estaduais de educação)
nos, sem nenhum mecanismo de exclusão.
Envolve a organização do processo de aprendizagem, por meio da
A dimensão das práticas in- flexibilização e adaptações curriculares (de conteúdos, métodos,
clusivas (professores e equipe avaliação), de modo a contemplar a participação de todos os alunos,
técnico pedagógica) considerando seus conhecimentos prévios, suas necessidades lin-
guísticas diferenciadas e o contexto social.
Fonte: adaptado de Manetto (2011)

O Projeto Político Pedagógico da escola deve apresentar os princípios, objetivos


educacionais, do método de ação e das práticas que serão adotadas para a promoção da
ação inclusiva, além de definir uma relação entre a escola e comunidade (BRASIL, 2004).
Segundo Libânio (2008), esta relação pode promover a construção de uma sociedade mais
justa e humana, e também valorizar o trabalho coletivo e participativo dos envolvidos neste
processo. Dessa forma, a construção do projeto político-pedagógico da escola deve ser um

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 81


processo coletivo que exige reflexão e organização de todos os que dela participam ou se
beneficiam.
A gestão da escola é a principal responsável por conduzir a elaboração deste projeto.
Assim, deve buscar mobilizar, pais, professores e a comunidade a formar uma equipe que
reflita sobre os princípios, objetivos e metas a serem estabelecidos neste projeto. Esta ação
deve ser refletida com muito cuidado, pois é a partir dela que a comunidade dará início
ao desenvolvimento de ações de inclusão, a fim de transforma-se em uma comunidade
inclusiva. Entende-se então caro (s) aluno (s) que a comunidade desempenha um papel de
suma importância na construção do Projeto Político Pedagógico.
De acordo com Conceição et al. (2006), a comunidade é parte indispensável
processo de construção da identidade de uma instituição educativa, pois somente com a
participação de todos é possível promover política públicas que atendam aos anseios de
toda a comunidade. Dessa forma, a construção da comunidade inclusiva, depende muito
da participação e colaboração dos membros, pois assim como a Educação Inclusiva, não
basta somente que o aluno frequente a escola, esta nova concepção implica, também, em
assegurar seus direitos como membros de uma determinada sociedade. Isto é, caro (s)
aluno (s), para que a inclusão ocorra, não basta somente a escola fazer sua parte, pois a
inclusão deste aluno não pode ser realizada somente no âmbito escolar.
Portanto, para que a comunidade adentre a concepção inclusiva, é necessário que
todos os membros colaborem e participem da elaboração do projeto político pedagógico
da escola de sua comunidade, visto que este projeto abrange ações para promover
o desenvolvimento este aluno com deficiência, em suas experiências vivenciadas na
comunidade, ou seja, as ações estarão voltadas para o desenvolvimento integral do aluno,
dentro e fora do contexto escolar.

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 82


3. EDUCAÇÃO PARA CIDADANIA, UMA QUESTÃO DE DIREITOS HUMANOS

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e


incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (Art. 205, CF)

A educação para a cidadania consiste na formação de pessoas responsáveis,


autónomas, solidárias, para exercer os seus deveres e direitos em forma de diálogo e
respeito do outro, com espírito democrático, pluralista, crítico e criativo, tendo como
referência os valores dos direitos humanos. A educação para a cidadania, surge inicialmente
na educação não formal, como prática de educação popular, por meio da constituição de
estratégia de mobilização, organização e formação de uma cultura cidadã na construção de
sujeitos históricos em processos de lutas pelas conquistas dos seus direitos civis, políticos,
econômicos, sociais e culturais.
Nesse sentido, é possível afirmar, caro (s) aluno (s), que a educação para a
cidadania, busca uma educação mais democrática, em prol de fazer valer os direitos e
deveres de todo cidadão. Assim, a educação para a cidadania tem início com as lutas
sociais, as quais visam construir uma sociedade mais justa e igualitária.
Outro ponto importante da educação para a cidadania, refere-se a integração do
sistema de educação, o qual transforma a educação sobre caráter interdisciplinar, ou seja,
obriga à superação das tradicionais divisões em disciplinas e departamentos em prol de

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 83


estimular uma colaboração mais sistemática e orgânica entre as disciplinas: direito, história,
filosofia, ciências sociais, psicologia social, serviço social, educação, entre outras.
A partir desta experiência formativa é possível agrupar as principais temáticas ao
redor de alguns grandes eixos:

Quadro 2: Educação para a cidadania


Eixo Objetivo
Abordar a reconstrução da trajetória histórica do surgimento e da
Eixo histórico
afirmação dos Direitos Humanos.
Aborda as questões relativas à fundamentação dos direitos Hu-
Eixo de fundamentação manos do ponto de vista teórico.
Discute as teorias e os sistemas políticos atuais e sua relação
com os direitos do homem, enfrentando temas tais como: as dife-
rentes concepções da democracia e os direitos humanos; demo-
Eixo Político cracia e liberalismo (democracia e liberdade); democracia e so-
cialismo (democracia e igualdade); o papel do Estado e da “nova
esfera pública da cidadania” na promoção e defesa dos Direitos
do homem a nível local, nacional e internacional.
Estudar as teorias e os métodos pedagógicos mais adequados
para uma educação aos direitos humanos nos vários contextos
(educação formal e informal, movimentos sociais, entidades pú-
Eixo educacional ou formativo blicas), abordando aspetos tais como a educação das crianças,
jovens e adultos para uma nova cultura dos direitos humanos e da
paz e a reflexão e sistematização da prática educativa em direitos
humanos.
As medidas e os instrumentos existentes para a realização dos
direitos humanos e ao estudo da eficácia social das normas de
Eixo prático/aplicativo proteção aos direitos humanos e das ações e políticas públicas,
tanto do ponto de vista jurídico, explicitando as garantias gerais.
Fonte: SECAD/MEC (2010)

Nota-se, caro (s) aluno (s), que o objetivo desses eixos tem como finalidade, diminuir
as diferenças sociais, transformando a sociedade de forma justa e igualitária. Assim, tais
eixos deram início a discussões com o objetivo de promover às pessoas com deficiência,
a construção de sua cidadania por meio de medidas que visam melhorar a acessibilidade
e igualdade de oportunidades, proporcionando assim, a participação e inclusão destas
pessoas em âmbito social e promover o respeito pela autonomia e dignidade das pessoas
com deficiência (OMS, 2011).
Dessa forma, no que se refere a educação para cidadania de pessoas com
deficiência, podemos dizer que por muito tempo a educação de pessoas com deficiência,
conforme mencionado na Unidade I de nossa apostila, seguiu uma concepção que as
restringia a receber apenas um atendimento diferenciado, o qual as mantinham em espaços
separados de crianças que não apresentavam deficiência. Porém, nas últimas décadas,
esta concepção sofreu alterações, voltando para a promoção da Educação Inclusiva. Logo,

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 84


as políticas que regem a Educação Especial também sofreram alterações, passando a
atender uma concepção Inclusiva, a qual tende a assegurar não só a permanência do
sujeito com deficiência no âmbito da escola regular, mais sim, o desenvolvimento integral
deste aluno, assim como a valorização e o respeito à sua diversidade.
Nesta nova concepção, não é o aluno que deve se adaptar à realidade da escola,
mas a escola quem deve se adaptar para receber este aluno com deficiência, aceitando e
respeitando suas diferenças e garantido uma aprendizagem significativa, para que assim o
sujeito com deficiência passe a se enxergar como membro da sociedade.
Com isto, caro (s) aluno (s), reforço o que venho dizendo nas unidades anteriores,
o processo de inclusão ocorre de forma lenta, pois muitas das escolas de ensino regular do
país não estão preparadas para receber alunos com deficiência. Dessa forma, mesmo que
o acesso à educação destas pessoas com deficiência, seja assegurada pela Constituição
de 1988, é possível afirmar que uma grande parte delas não estão frequentando a escola
de ensino regular, muitas nem se encontram matriculadas em instituições de ensino devido
à falta de condições financeiras (CARVALHO, 2008).
No entanto, de acordo com a Declaração de Salamanca (1994):
Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito de expressar seus
desejos com relação à sua educação, tanto quanto estes possam ser realiza-
dos. Pais possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de
educação mais apropriadas às necessidades, circunstâncias e aspirações de
suas crianças (SALAMANCA, 1994, p. 3).

Em contraponto, volto a reforçar que mesmo que as leis assegurem a educação


como um direito de todos, a falta de recursos que faz com que a inclusão ocorra de forma
lenta, de modo que dificulte à educação de ser acessível a todos. Ainda sobre a inclusão,
caro (s) aluno (s), quero deixar claro que não pode ser uma ação a qual inserimos uma
criança com deficiência no âmbito da escola regular esperando que esta reproduza as
ações praticadas pelas outras e assim consiga construir sua cidadania. De acordo com
Boneti:
(...) falar em Inclusão como resgate da cidadania, significa falar na busca
da plenitude dos direitos sociais, da assistência social, da participação da
pessoa em todos os aspectos da sociedade. A ação educativa, assim, seria
“inclusiva” na medida em que proporciona a participação integral da pessoa
na sociedade, sobretudo no sentido de fornecer elementos de autonomia in-
dividual, como é o caso da apropriação aos saberes para o trabalho, aos
saberes culturais etc. (BONETI, S/d. p.16-17).

Acredita-se então, que não são todas as pessoas da sociedade que possuem a
cidadania plena, porém, a construção da cidadania dessas pessoas compete não só aos

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 85


governantes, mas também a toda a sociedade do nosso país que deve assegurar e fiscalizar
a inclusão (MARTINS, 2010).
A escola inclusiva deve possibilitar ao aluno com deficiência, os mesmos direitos que
cabem aos outros alunos, garantindo assim, sua caminhada no processo de aprendizagem
e de construção das competências necessárias para o exercício pleno da cidadania,
que é objetivo primário de toda ação educacional. A escola inclusiva também deve ser o
espaço que favorece e possibilita ao aluno com deficiência o acesso ao conhecimento e o
desenvolvimento de suas competências, assim como o exercício efetivo da cidadania.
É válido ressaltar que a educação tem como função promover estratégias que
efetivem a formação do cidadão e, consequentemente, a prática da cidadania. Assim,
quando ela não está atingindo este objetivo, como é o caso da inclusão de pessoas com
deficiência no contexto de ensino regular, precisa-se refletir e repensar determinadas
práticas e atitudes. Então, a garantia do acesso das pessoas com deficiência à educação
no ensino regular é um modo de promover a cidadania, pois é mediante a interação com o
meio que o sujeito desenvolve os valores que correspondem aos valores de um cidadão.
A primeira questão em relação ao processo de formação do cidadão deve priorizar
as mudanças de valores, de atitudes, de posições, de comportamentos e de crenças,
em favor da prática da tolerância, da paz e do respeito ao ser humano. Partindo desta
compreensão, podemos dizer que esta formação adquirida mediante a inclusão, não é
uma formação formal, distanciada do contexto sociopolítico, cultural e ético a que garante
juridicamente os direitos, mas uma cidadania ativa e organizada de forma individual na sua
prática e coletiva na sua afirmação.
Dessa forma, é importante salientar que a participação da comunidade é
indispensável, na construção da cidadania de crianças com deficiência. Por conseguinte,
para que seja concretizada a cidadania seguindo esta perspectiva, é fundamental que toda
a comunidade busque o conhecimento sobre os direitos, a formação de valores e as atitudes
para o respeito aos direitos que a competem.
A prática da cidadania consiste em processo participativo, individual e coletivo, que
visa promover a reflexão sobre ações que possam afetar o comportamento social. Dessa
forma, o exercício da cidadania implica sobre as ações de cada sujeito e até mesmo nos
que interagem ao seu redor, de modo que a cidadania pode ser vista por meio das atitudes,
do comportamento, do modo do convívio social.
Caro (s) aluno (s), a garantia da inclusão de pessoas com deficiência na educação
pode ser vista como a efetivação do direito humano e um instrumento de potencialização

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 86


do exercício da cidadania. Assim, podemos dizer que a inclusão como um direito humano
foi constituída mediante a necessidade de promover a igualdade e o respeito às diferenças
(SANTOS, 2014).
Entende-se que a educação é uma ação coletiva que visa à convivência social, a
cidadania e a consciência política do sujeito, além de ensinar o conhecimento científico
e conduzir o sujeito ao exercício da cidadania. Entende-se também que o exercício da
cidadania é responsável por possibilitar o acesso à bens culturais, os quais fazem parte da
produção social da sociedade.
A educação para a cidadania permite que cada pessoa seja vista como um agente
transformador, os quais consideram suas questões sociais e suas raízes históricas. Isto faz
com que a educação se associe a questões de liberdade, democracia e cidadania, pois,
tais questões devem existir em todas as relações sociais, econômicas, políticas e culturais.
Por fim, caro (s) aluno (s), podemos compreender que a inclusão de pessoas com
deficiência em escolas de ensino regular como um fator fundamental para a efetivação da
sua cidadania. No entanto, como foi visto em sua trajetória a educação desses indivíduos
foi marcada por segregação, isso porque os estabelecimentos de ensino especial que os
recebiam sempre se apresentaram como os que poderiam atender de maneira efetiva os
indivíduos com deficiência.
Portanto, considerando tudo o que vimos até aqui, é necessário ampliar-se o
conceito de escola democrática, pensar em como a participação nas decisões que envolvem
a instituição, bem como, acolher e oportunizar a admissão de discentes com deficiência na
instituição podem contribuir para promover a cidadania.

REFLITA

Você já parou para refletir sobre quais as condições necessárias à compreensão de um


novo sujeito histórico? O que o identifica?

Fonte: A autora (2020)

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 87


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das exigências da sociedade sobre a nova concepção de Educação Inclusiva,


vimos nesta unidade que a escola é responsável por promover ações coletivas que visam
possibilitar o desenvolvimento integral de cada aluno.
Vimos que a equipe multidisciplinar consiste em um grupo de especialistas da
saúde e educação para refletir sobre ações que possam facilitar o desenvolvimento das
crianças e jovens devidamente matriculadas em instituições de ensino. Nesta unidade,
podemos compreender também que a inclusão de pessoas com deficiência no ensino
regular contribui para a formação da sua cidadania, para que assim, possam a se enxergar
como parte ativa da sociedade.
Partindo disto, foi possível compreender que a escola consiste em um instrumento
facilitador na promoção da relação entre pessoas com deficiência, a família e a sociedade.
Entende-se também que a escola desempenha um papel fundamental na construção
desta relação, visto que sua função consiste em formar o sujeito para atuar e exercer sua
cidadania em meio a sociedade.
Enfim, partindo do que foi estudado nesta unidade, acredito que vocês, caro (s)
aluno (s), tenham compreendido qual a relação entre a concepção da escola inclusiva, a
construção da cidadania e efetivação dos direitos humanos das pessoas com deficiência.

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 88


LEITURA COMPLEMENTAR

Projeto Brasil Inclusão vai implementar ações em benefício das pessoas com
deficiência em 2020

Em 2020, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), por


meio da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência (SNDPD), vai lançar
o projeto “Brasil Inclusão”. A iniciativa incluirá regulamentações, plataforma de cadastro
único, medidas no campo de empregabilidade, entre outras ações em benefício dessa
população.
Desde 2015, quando a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) foi sancionada, há uma
expectativa de que a avaliação biopsicossocial da deficiência seja implantada. O método
finalmente ganhará forma com por meio do “Brasil Inclusão”.
A partir da Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o conceito de
deficiência passou do modelo biomédico, centralizado na doença e nas limitações do corpo,
para o modelo biopsicossocial, que também compreende barreiras socioeconômicas,
ambientais e atitudinais.
Enquanto o modelo biomédico se atém a uma visão reducionista e fragmentada da
deficiência, centrada apenas no organismo, a avaliação biopsicossocial privilegia uma visão
sistêmica, em que a restrição de participação social é a principal característica definidora
da deficiência.
No modelo biopsicossocial, o reconhecimento da deficiência é feito a partir de um
olhar multifatorial, por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, integrando de forma
dinâmica várias perspectivas da vida da pessoa com deficiência, como também os saberes
de diversas disciplinas, de modo a avaliar a pessoa com deficiência em sua integralidade.
Plataforma digital com cadastro único
A LBI, em seu artigo 92, prevê a criação do Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa
com Deficiência. O objetivo é que haja um registro público eletrônico com a finalidade de
coletar, processar, sistematizar e disseminar informações georreferenciadas, que permitam
a identificação e a caracterização socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como
das barreiras que impedem a efetivação de seus direitos.
Pensando nisso, será criada uma plataforma digital, na qual as pessoas com
deficiência poderão ser cadastradas. Mais do que mapear o exato número de pessoas com
deficiência no país, o cadastro pretende possibilitar a identificação dessas pessoas para

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 89


eliminar a burocracia relacionada ao acesso às políticas públicas, entre outras situações
que dificultam a garantia dos direitos previstos por lei.
A secretária nacional da SNDPD, Priscilla Gaspar, falou sobre a importância desse
projeto. “Minha expectativa é que em 2020 a SNDPD consiga sanar a falta de estatísticas
sobre pessoas com deficiência, porque isso representa um obstáculo para o planejamento
e para a implantação de políticas de desenvolvimento que melhorem as vidas dessas
pessoas”, afirmou.
Com a inclusão no cadastro, a expectativa é que a pessoa com deficiência tenha
uma identificação única que comprovará sua deficiência. Assim, aqueles que passarem
pela avaliação biopsicossocial e tiverem sua condição de deficiência comprovada serão
incluídas no Cadastro-Inclusão.
Entre as ações propostas estão estudos e pesquisas para identificar medidas para
ampliar a participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, envolvendo
empresas e funcionários com deficiência. O objetivo é assegurar e promover, em condições
de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais das pessoas com
deficiência, com vistas à sua inclusão social e ao exercício da cidadania.
2019
No ano passado, o MMFDH promoveu muitos avanços nas políticas voltadas às
pessoas com deficiência. No âmbito da SNDPD, foi criada uma coordenação específica
para tratar das questões de direitos humanos envolvendo pessoas com doenças raras, por
meio do Decreto 10.174/2019.
Também em 2019 foi lançada uma cartilha sobre direitos de pessoas com
deficiência auditiva contendo textos informativos e vídeos em libras. A cartilha envolve
temas relacionados à informação, saúde, educação, cultura, além de apresentar os canais
para denúncias.
Além disso, o Ministério ofertou um curso de Libras na plataforma da Escola
Nacional de Administração Pública (ENAP) para mais de 50 mil pessoas.
A secretária Priscilla relatou que há muito tempo o lema “nada sobre nós sem nós”
tem sido um mote de movimentos de direitos para pessoas com deficiência. “Quando elas
são consultadas, isto leva a leis, políticas e programas que contribuem para uma sociedade
mais inclusiva. Para que isso aconteça, é preciso trabalhar muito com a campanha de
conscientização e empatia”, concluiu.

BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Projeto Brasil Inclusão vai implementar
ações em benefício das pessoas com deficiência em 2020. Disponível em: https://www.mdh.gov.br/
todas-as-noticias/2020-2/fevereiro/projeto-brasil-inclusao-vai-implementar-acoes-em-beneficio-das-pessoas-
com-deficiencia-em-2020 Acesso em: 29 de mar de 2020.

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 90


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Um Olhar Sobre a Diferença
Autor: Ida Mara Freire, Lucídio Bianchetti
Editora: Papirus Editora
Sinopse: Se essa obra, como outras coletâneas em educação,
reúne textos variados sobre um determinado tema, o que a torna
ímpar, no cenário editorial brasileiro voltado para à divulgação
de estudos sobre as deficiências, é seu eixo condutor. Sua
organicidade está no que ela oferece em termos de análise da
deficiência considerada como diferença, com base nos processos
históricos e culturais que produziram, e produzem, formas de
inclusão/exclusão. Os autores discutem o modo como os diferentes
vêm sendo tratados através dos tempos, demonstrando que, longe
de representar um acúmulo natural de experiências destituídas
de intencionalidades, a trajetória de tais relações foi, em grande
parte, de fomento à segregação. É pretensão dos autores deste
livro contribuir para o debate dessas questões, tanto com capítulos
mais teóricos em que analisam o desenvolvimento da educação
especial, a (des) institucionalização do diferente e sua inserção no
mercado de trabalho –, como apresentando pesquisas de caráter
mais empírico, relacionadas à sexualidade e à deficiência, e às
experiências dos adultos com crianças não visuais.
Baseado em texto do Prof. Dr. José Geraldo Silveira Bueno -
Papirus Editora

FILME/VÍDEO
Título: Extraordinário
Ano: 2017
Sinopse: Auggie Pullman é um garoto que nasceu com uma
deformidade facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias
plásticas. Aos 10 anos, ele irá frequentar uma escola regular,
como qualquer outra criança, pela primeira vez. No quinto ano,
ele precisa se esforçar para conseguir se encaixar em sua nova
realidade.

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 91


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UNIDADE IV Educação Inclusiva II 94


CONCLUSÃO

Olá, caro (s) aluno (s).


Chegou o momento de finalizarmos o estudo deste material, o qual foi preparado
para atender as necessidades que você pode encontrar ao longo de sua profissão.
Para isto, abordamos as definições teóricas que norteiam a temática nos dias atuais,
assim como os aspectos históricos desde as primícias da história da humanidade. Neste
aspecto, acreditamos que tenha ficado claro para você, quais as ações que podem ser
tomadas para promover a inclusão do sujeito com deficiência, não só no contexto escolar,
mais sim na comunidade a qual pertence.
Apresentamos os aspectos causadores da deficiência física, intelectual e sensorial
e suas características. Desse modo, foi possível compreender que as pessoas com
deficiência apresentam lacunas em sua formação.
Ressaltamos também, a importância relação entre a família, a comunidade e a
escola em meio ao processo de inclusão, enfatizando a importância da mediação da escola
no processo de inclusão escolar e social.
Destacamos questões relacionadas a educação para a cidadania de pessoas com
deficiência, as quais dependem do intermédio da escola, da família e da comunidade para
se enxergar e serem vistas como sujeitos ativos sociais.
Partindo deste estudo, acreditamos que você já está preparado para seguir para
sua próxima etapa e enfrentar os desafios que possam surgir ao longo do caminho.

Foi ótimo estar com vocês! Desejo sucesso em sua próxima etapa.

UNIDADE IV Educação Inclusiva II 95

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