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Aula 02
SUMÁRIO
1. PESSOAS JURÍDICAS E DOMICÍLIO ................................................................................. 2
1.1 – APRESENTAÇÃO DA AULA 02 ................................................................................................... 2
2. CRONOGRAMA DA AULA .............................................................................................. 2
3. PESSOAS JURÍDICAS .......................................................................................................
1327987
3
4. CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA............................................................................. 5
5. CAPACIDADE E REPRESENTAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ................................................. 8
6. CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ............................................................................ 8
7. GRUPOS DESPERSONALIZADOS .................................................................................... 14
8. SOCIEDADES DE FATO .................................................................................................. 16
9. COMEÇO E FIM (EXTINÇÃO) DA EXISTÊNCIA LEGAL DA PESSOA JURÍDICA .................... 16
10. PROCESSO DE EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA .......................................................... 20
11. ASSOCIAÇÕES............................................................................................................. 21
12. FUNDAÇÕES ............................................................................................................... 26
13. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ................................................................. 34
14. DESCONSIDERAÇÃO “INVERSA” DA PESSOA JURÍDICA ............................................... 39
15. PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ......................................................... 39
16. RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS JURÍDICAS ............................................................ 41
17. DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA ............................................................................... 42
18. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 42
19. RESUMO DA MATÉRIA ............................................................................................... 43
20 – QUESTÕES ................................................................................................................ 60
20.1 – QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................... 60
20.2 – LISTA DE QUESTÕES ............................................................................................................ 112
20.3 – GABARITO ........................................................................................................................... 132
2. CRONOGRAMA DA AULA
Art. 40 - 69
Aula 02 Das pessoas jurídicas. Domicílio Civil. Código Civil
Art. 75 - 78
3. PESSOAS JURÍDICAS
Em nossa aula passada, estudamos as pessoas naturais, a respeito do seu começo e do seu fim, da
capacidade e da personalidade. Estas pessoas (pessoas naturais) são dotadas de capacidade jurídica,
porém, para a realização de determinados empreendimentos uma só pessoa se torna fraca e,
sozinha, dificilmente alcançaria seus objetivos. Com isto, surge a necessidade de se agrupar as
pessoas para que, então, juntas tenham mais força de realização.
Da necessidade de conjugação de esforços, para a realização de determinados fins, temos a
atribuição de capacidade jurídica a entes abstratos, formados ora pelo ¹conjunto de pessoas, ora
por ²conjugação patrimonial.
As pessoas jurídicas são entidades as quais a lei confere personalidade. Uma vez tendo
personalidade jurídica, estas pessoas podem ser sujeitos de direitos e obrigações.
É importante observarmos que a personalidade da pessoa jurídica não se confunde, em regra, com
a personalidade de cada um dos seus membros.
Desta forma, uma de suas principais características é a atuação na vida jurídica com personalidade
distinta da de seus membros. Esta separação de personalidades leva também à separação dos
patrimônios – respeitando o princípio da Autonomia Patrimonial. Assim, em regra, não podem, por
exemplo, ser penhorados os bens dos sócios por dívidas da sociedade1.
As pessoas jurídicas que surgirão poderão ter os mais variados fins, sem agora numerá-las
taxativamente, podemos citar, desde o próprio conceito de Estado, passando pelas fundações, pelas
sociedades, associações de bairro e associações esportivas.
1 Você verá que, em algumas situações, o patrimônio dos sócios poderá ser atingido. Isto será explicado ainda nesta aula.
Passada a rápida conceituação acima, retornamos agora a ideia trabalhada anteriormente de que
todo o ordenamento jurídico é destinado a regular a vida dos indivíduos. O direito tem por finalidade
o homem como sujeito de direitos. Deste modo, criam-se institutos jurídicos em prol do indivíduo,
criam-se também pessoas jurídicas como forma de se atribuir maior força ao ser humano, para que,
assim, este possa realizar determinadas tarefas que seriam impraticáveis se estivesse sozinho.
Mas entenda que da mesma forma que o Direito atribui direitos ele também impõe obrigações às
pessoas jurídicas. Existirão, para cada tipo de pessoa jurídica, condições, objetivas e subjetivas,
determinadas em lei. Portanto, o conceito de pessoa jurídica é uma objetivação do ordenamento
jurídico. Encara-se a pessoa jurídica como uma realidade técnica, como uma criação do direito,
porque assim está estabelecido em lei.
Vocês se recordam, quando estudamos pessoas naturais, que a partir do momento em que uma
pessoa nasce com vida ela adquire personalidade? Pois bem, para a pessoa jurídica este momento
de aquisição da personalidade se dá quando há uma conjunção de vontades em torno da criação
deste ente abstrato. A partir deste momento este adquire personalidade própria, independente da
personalidade de seus sócios.
Contudo, entenda que não basta a simples vontade dos indivíduos para a constituição da pessoa
jurídica. Certos requisitos são impostos por lei, estes requisitos serão mais severos ou menos
severos de acordo com a modalidade de ente a ser criado.
Preenchendo estes requisitos, a pessoa jurídica será considerada regular e estará apta a utilizar-se
de todas as suas prerrogativas em sua vida jurídica.
Acreditamos que você já pôde perceber que se regula a pessoa jurídica de modo muito parecido
com a pessoa natural. Haverá o momento do “nascimento”, registro, aquisição de personalidade,
capacidade, determinação do domicílio, “morte” - podendo inclusive, existir uma regulação quanto
à sucessão.
Além do explicado até aqui (mas pensando especificamente em questões de provas), saiba que para
as pessoas jurídicas de direito privado (assunto que abordaremos mais a frente) temos o seguinte:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai2 em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no
registro.
2
Os institutos da decadência e da prescrição serão abordados detalhadamente em outra aula. Mas você já pode “ir memorizando”
alguns prazos.
Desta forma os estatutos e os atos constitutivos das pessoas jurídicas de direito privado são
registrados no Cartório de Registro Civil das pessoas jurídicas. Este registro além de servir de prova,
possui natureza constitutiva, por ser o atributivo de personalidade e da capacidade da pessoa
jurídica.
Não esqueça esta informação! A existência legal da pessoa jurídica de direito privado começa com
o registro do ato constitutivo. Não é quando as pessoas celebram o contrato e não é quando
elaboram o estatuto. Ela começa quando ocorre o registro.
Para a constituição da pessoa jurídica existem três requisitos básicos: ¹a vontade humana criadora,
²a obediência às condições legais para sua formação e ³a finalidade lícita.
(FAURGS/TJ-RS – 2015)
A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa
(A) com a aprovação do estatuto social.
(B) com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro.
(C) com a aprovação da lei autorizativa da sua constituição.
(D) com a concessão do alvará pelo Poder Público.
Comentários:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do
ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o
ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição
no registro.
Gabarito letra B.
Preste muita atenção nesta classificação! Apesar de não ser muito extensa, ela apresenta alguns
detalhes e subdivisões, sendo amplamente cobrada em provas.
3 Não há de se confundir esta representação da pessoa jurídica, com aquela representação dos incapazes. Enquanto no caso dos
incapazes a representação irá ocorrer porque existe a incapacidade de fato ou de exercício, no caso da pessoa jurídica a
representação existe apenas para que esta possa agir e praticar atos da vida civil.
Vamos a ela!
I. Quanto à nacionalidade.
(estas podem ser ¹nacionais e ²estrangeiras. A nacionalidade da pessoa jurídica deve ser
vista sob o prisma da sua constituição).
➢ A nacional é a que foi organizada conforme a lei brasileira e tem no país a sede de sua
administração.
➢ A estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não poderá, sem autorização do Poder
Executivo, funcionar no país, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo,
todavia, ressalvados os casos previstos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.
Se autorizada a funcionar no Brasil: sujeitar-se-á às leis e aos tribunais brasileiros, quanto
aos atos aqui praticados; deverá ter representante no Brasil; e poderá nacionalizar-se,
transferindo sua sede para o Brasil.
III. A terceira classificação (e, talvez, a mais importante pensando em provas) é quanto à
função e capacidade.
(sendo divididas em duas espécies, conforme expresso no CC, as pessoas jurídicas de
¹direito público e as pessoas jurídicas de ²direito privado).
➢ As pessoas jurídicas de direito público - são aquelas previstas em lei e que podem ser de
Direito Público Externo ou Interno.
➢ As pessoas jurídicas de direito privado – são instituídas por iniciativa de particulares e
dividem–se em: fundações particulares, associações, sociedades simples e empresárias,
organizações religiosas, partidos políticos e, ainda, incluídas pela lei 12.441 de 2011, as
empresas individuais de responsabilidade limitada.
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Veja que as pessoas jurídicas de direito público são subdivididas em direito público interno ou
externo.
Direito público interno, que podem ser da administração direta (União, Estados, Territórios 4, Distrito
Federal e Municípios) ou podem ser da administração indireta – descentralizados, criados por lei,
com personalidade jurídica própria para o exercício de atividades de interesse público, tais como as
Autarquias, as Associações Públicas, as Fundações Públicas, as Agências executivas e reguladoras.
4 A classificação dos territórios não é pacifica. Alguns civilistas os colocam como fazendo parte da administração direta, já para o
direito administrativo estes são colocados como da administração indireta. De todo modo, destacamos que conforme a
Constituição Federal, art.18, §2, os territórios federais integram a União, ou seja, territórios não são considerados entes da
federação.
Temos como exemplos destas entidades: a família; a massa falida; o espólio; o condomínio; a
herança jacente ou vacante. Em geral, estes grupos, embora não possuam personalidade, possuem
uma capacidade processual e também legitimidade ativa e passiva para demandar e ser demandado
em ações judiciais.
...
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
...
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Gabarito: Letra C.
7. GRUPOS DESPERSONALIZADOS
Os grupos despersonalizados que mais aparecem em questões de concurso são:
5
Expressão jurídica para denominar a pessoa que faleceu.
6
Carlos Roberto Gonçalves. Direito Civil: Parte Geral. Esquematizado, v. 1, 2016. p.223.
8. SOCIEDADES DE FATO
As sociedades sem personalidade jurídica - são aquelas que existem e funcionam, mas não possuem
existência legal justamente porque não fizeram seu registro no órgão competente ou então porque
lhes falta autorização legal para funcionamento. Serão representadas pela pessoa a quem couber a
administração de seus bens.
As sociedades irregulares ou de fato são aquelas que não cumpriram alguns requisitos para sua
regular formação, como por exemplo, uma empresa que deixa de registrar seu ato constitutivo na
Junta Comercial. Estas empresas possuem legitimidade para cobrar em juízo seus créditos, não
podendo o devedor alegar a irregularidade de sua constituição para se negar ao pagamento da
dívida. Mas não podem ser sujeitos de direitos, e os bens particulares dos sócios respondem
igualmente com os bens da empresa por dívidas contraídas em nome desta.
Em nosso direito, são duas as fases para a concretização da pessoa jurídica: o ¹ato constitutivo e a
formalidade do ²registro.
Na primeira fase, há a constituição da pessoa jurídica por um ato unilateral entre pessoas vivas ou
por testamento (se a pessoa faleceu e deixou estipulado a sua criação como ato de última vontade).
Nesta fase temos um elemento material que se exterioriza nos atos de reunião dos sócios, nas
condições dos estatutos, etc. Há, também, um elemento formal que é a transcrição do que foi
acertado por escrito. Este ato poderá ser público ou particular. As fundações são exceção, pois para
elas o instrumento público ou o testamento são essenciais.
Após a existência do ato escrito e da autorização passa-se à segunda fase: o registro. O ato de
constituição das pessoas jurídicas de direito privado e o seu registro estão normatizados nos artigos
45 e 46 do CC:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registo todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar
o ato constitutivo.
Gabarito: Correto.
Enquanto para a pessoa natural o fim da existência ocorre com a morte (real ou presumida), para a
pessoa jurídica pode ocorrer por causas diversas. Basicamente, o fim da existência legal da pessoa
jurídica, pode ocorrer:
De forma convencional – ou seja, quando seus membros decidirem pelo seu fim, de acordo com o
quórum previsto nos estatutos da empresa ou na lei.
De forma legal – em razão de motivos determinados em lei, mais precisamente no art. 1.034 do CC:
Art. 1.034 A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios,
quando:
I - anulada a sua constituição;
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.
De forma administrativa – quando a pessoa jurídica, para seu funcionamento, precisa de
autorização do poder público e pratica atos nocivos ou contrários aos seus fins.
De forma Judicial – que decorre dos casos de dissolução previstos em lei ou no estatuto,
principalmente quando a sociedade se desviar dos fins para os quais foi constituída.
No entanto, a extinção legal tem este nome porque os motivos que levam à sua extinção advêm da
lei (exemplo art. 1.034). Mas entenda que a extinção não é automática, para que ela aconteça
também serão necessárias algumas medidas judiciais.
A extinção pela forma administrativa acontecerá quando for necessária uma autorização da
administração pública para o funcionamento da Pessoa Jurídica. Neste caso, quando a PJ pratica atos
nocivos ou contrários aos seus fins, o mesmo poder administrativo que concedeu esta autorização
poderá retirá-la ou, então, negar a sua renovação.
(A) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o início efetivo de
suas atividades ao público.
(B) de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa
qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do
dano, se houver por parte destes culpa ou dolo.
(C) a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das instituições
religiosas é condicional, por ser laico o Estado brasileiro, que deverá autorizar ou não seu
reconhecimento e registro.
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno.
(E) as autarquias e as associações públicas são pessoas jurídicas de direito privado.
Comentários:
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos
seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo
contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Gabarito: Letra B.
Comentários:
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
Gabarito: Errado.
Desta forma, podemos perceber que o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica no registro não
acontece no momento em que ela é dissolvida.
O cancelamento da sua inscrição acontece somente depois de encerrada a sua regular liquidação.
Continuando a análise do Código Civil, há duas pessoas jurídicas, para as quais o nosso o código
reservou alguns itens específicos, são elas: ¹as associações e ²as fundações.
11. ASSOCIAÇÕES
No código civil de 2002, as associações estão compreendidas entre os artigos 53 a 61. O artigo 53
nos dá uma primeira ideia sobre as associações:
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
As associações se prestam aos mais variados fins, desde que não econômicos, e preenchem, assim,
as mais variadas finalidades na sociedade. Qualquer atividade lícita e de fins não econômicos pode
ser buscada por uma associação.
Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Uma vez que as associações não se
formam por contrato e sim pela união de pessoas sem direitos e obrigações recíprocos7.
Uma observação que devemos fazer é a seguinte:
A associação até pode obter lucro, no entanto, este lucro deverá ser reinvestido na própria entidade.
A associação não pode ter o lucro como finalidade essencial e nem distribuí-lo entre seus associados.
7
Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 271.
No artigo 54 do CC estão enumerados os requisitos obrigatórios que devem constar nos estatutos
de toda e qualquer associação:
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
Outras disposições podem ser acrescentadas, mas estas, que estão no texto da lei, são essenciais.
Os estatutos são a lei orgânica da pessoa jurídica, a norma de obediência obrigatória para os
fundadores da associação e, também, para todos aqueles que no futuro venham a ela se associar. A
vontade dos novos membros se manifesta através da adesão à associação e consequentemente aos
seus regulamentos.
Nada impede que a associação tenha várias sedes, sendo uma principal e outras subsidiárias;
A admissão de novos sócios deve atender aos interesses da associação, o estatuto pode determinar
que sejam preenchidos certos requisitos para que alguém tenha a qualidade de sócio;
A demissão não se confunde com a exclusão, porque esta tem caráter de penalidade e só pode ser
aplicada se for dado direito à ampla defesa ao associado envolvido (art. 57), já a demissão decorre
da iniciativa do próprio interessado, por oportunidade ou conveniência sua;
É importante que o estatuto estabeleça a providência de fundos, se este vai ser proveniente de
contribuições dos próprios sócios ou de terceiros, ou se, então, a associação vai exercer alguma
atividade que lhe forneça meios financeiros, entretanto sem que com isso descaracterize sua
finalidade.
Este artigo pode dar margem para algumas confusões. A dificuldade estaria no sentido de se saber,
no caso concreto, se é válida a atribuição de vantagens especiais a sócios, o que contraria a finalidade
primeira do dispositivo que é a igualdade de direitos. O melhor é interpretar que toda associação
deve garantir os direitos mínimos aos associados e que as vantagens são excepcionais a algumas
categorias, que por sua natureza sejam diferenciadas.
Temos aqui a figura dos associados com e sem em quotas ou fração ideal do patrimônio da entidade
(chamados respectivamente de sócios patrimoniais e de sócios meramente contributivos). Na
verdade, o que este artigo quer proteger é o interesse da associação, pois cabe à própria entidade
definir quem poderá ingressar como associado.
O simples fato de transferir uma quota ou a “qualidade” de associado para outra pessoa pode não
ser o suficiente para esta pessoa passar a ser sócia, é preciso analisar a permissão estatutária.
A ideia fundamental é no sentido de permitir que a associação faça um juízo de oportunidade e
conveniência para a admissão de novos associados. Uma vez admitido o associado, a sua exclusão
somente será possível por justa causa, obedecido o estatuto. É o que diz o artigo 57 do CC:
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure o direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
Nenhuma decisão de exclusão de associado pode prescindir de procedimento que permita ao sócio
produzir sua defesa e suas provas, ainda que o estatuto permita e ainda que decidida em assembleia
geral, convocada para tal fim. Também neste sentido temos o artigo 58 do CC:
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido
legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.
8
O “Poder Executivo” da pessoa jurídica é exercido por um diretor ou uma diretoria, podendo ser criados outros órgãos auxiliares,
dependendo do tamanho da entidade.
I – destituir os administradores;
II – alterar o estatuto.
Parágrafo único: Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido
deliberação da assembleia especialmente convocada para este fim, cujo quórum será o estabelecido
no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores.
De acordo com a norma legal do artigo 59 do CC – que é uma norma de ordem pública, ou seja, é
preceito imperativo, que não admite disposição em contrário pela vontade privada, competirá
somente à assembleia geral a ¹destituição dos administradores e a ²alteração do estatuto.
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se
for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à
entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos
associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
§ 1º. Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes
da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo
valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.
§ 2º. Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação
tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se
devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.
Para finalizarmos o assunto associação, observe este enunciado do STJ: Jornada III STJ 142 – “Os
partidos políticos os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa,
aplicando-se-lhes o CC”.
(E) Em caso de dissolução da associação, não se admite a restituição das contribuições que os
associados prestaram à associação, devendo o patrimônio integral ser revertido para
instituição de fins idênticos ou semelhantes.
Comentários:
Alternativa “a” - errada.
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
Alternativa “b” - errada.
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
Alternativa “c” - correta.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
Alternativa “d” - errada.
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com
vantagens especiais.
Alternativa “e” - errada.
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de
deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56,
será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por
deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou
semelhantes.
Gabarito: Letra C.
12. FUNDAÇÕES
Antes de iniciarmos nosso estudo sobre as fundações, temos que noticiá-lo sobre uma importante
alteração ocorrida dia 29/07/2015, onde a Lei nº 13.151 alterou vários dispositivos do CC/2002
sobre as fundações privadas. Deste modo, vamos fazer um quadro comparativo entre como era o
artigo ou inciso, e como ficou. Mas, desde já alertamos que a citada lei já está em vigor, pois, de
acordo com seu art. 7º, ela entra em vigor na data de sua publicação.
Então vamos lá!
Vimos que, nas associações, o que importa são as pessoas, a reunião de pessoas, a coletividade. Já
nas fundações, há de início um patrimônio despersonalizado, destinado a um fim.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu Art. 62. Para criar uma fundação, o seu
instituidor fará, por escritura pública ou instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens testamento, dotação especial de bens livres,
livres, especificando o fim a que se especificando o fim a que se destina, e
destina, e declarando, se quiser, a declarando, se quiser, a maneira de administrá-
maneira de administrá-la. la.
Parágrafo único. A fundação somente Parágrafo único. A fundação somente poderá
poderá constituir-se para fins religiosos, constituir-se para fins de:
morais, culturais ou de assistência. I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio
histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio
ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de
tecnologias alternativas, modernização de
sistemas de gestão, produção e divulgação de
informações e conhecimentos técnicos e
científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da
democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas;
Trata-se, como se depreende do artigo, de um conjunto de bens, que recebe personalidade para a
realização de um fim determinado. O patrimônio se personaliza quando obtém sua existência legal,
deste modo, uma fundação não é qualquer conjunto de bens. A dotação se fará por escritura pública
ou testamento.
A construção da fundação é voltada para a realização de fins socialmente relevantes, úteis e nobres.
Afasta-se assim taxativamente no parágrafo único a possibilidade de instruírem-se fundações com
fins ociosos e fúteis.
A fundação somente poderá constituir-se para fins de assistência social; cultura, defesa e
conservação do patrimônio histórico e artístico; educação; saúde; segurança alimentar e
nutricional; defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de
sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; e das atividades religiosas.
Observe que agora a finalidade da fundação, ou seja, seu campo de atuação ficou maior e mais
determinado. Temos, no parágrafo único do art. 62, um campo de atuação maior do que tínhamos
na antiga redação, o que reforça os entendimentos da doutrina, tribunais e enunciados, de que a
fundação poderia atuar em outros campos além dos descritos no antigo § único do art. 62. suceder
os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-
se a sucessão.”
Tenha em mente que esta é a redação atual do art. 62 do CC. A Lei nº 13.151 já está em vigor.
Para que se aperfeiçoe a personalidade jurídica da fundação, ou seja, para que se possa dizer que
esta existe como pessoa jurídica, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: instituição,
por meio de escritura pública ou testamento, de dotação especial de bens livres de ônus, da qual
conste a finalidade específica da fundação, que somente poderá constituir-se para fins de assistência
social; cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; educação; saúde; segurança
alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos
técnicos e científicos; promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
atividades religiosas; estatutos que a regerão; aprovação dos estatutos pelo órgão do Ministério
Público e o registro da escritura de instituição.
A criação da fundação se dá pelo denominado negócio jurídico fundacional e o registro a personifica,
fazendo com que tenha capacidade, patrimônio, sede e administração 9.
No primeiro requisito (instituição) para a criação de uma fundação, existem dois momentos bem
definidos: um é a ¹vontade de sua constituição, que neste caso se exterioriza no ato de fundação
propriamente dito; e o outro é o ato de ²dotação de um patrimônio, que lhe dará vida. Neste ato
9
Diniz. Direito Fundacional.
de dotação, estão compreendidos: a reserva de bens livres 10, a indicação dos fins e a maneira pela
qual o acervo será administrado.
Atenção! O instituidor da fundação pode ser tanto pessoa natural quanto pessoa jurídica.
Vimos que a constituição da fundação é feita com dotação de bens, mas o que ocorre quando esta
dotação não for suficiente? Esta situação está expressa no art. 63 do CC:
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.
Então, se caso os bens forem insuficientes para a constituição da fundação, eles serão destinados a
outra fundação que tenha a mesma ou semelhante finalidade da que não pôde ser criada, mas isso
só acontecerá se o instituidor não tiver disposto de forma diferente no estatuto.
A tarefa de elaborar o estatuto – que é a lei interna da fundação - cabe ao instituidor ou, então, o
instituidor deverá designar quem elabore o estatuto. Depois de ultrapassada esta fase, o estatuto
será apresentado ao Ministério Público11– órgão fiscalizador das fundações, que examinará se
foram observadas as bases da fundação e se os bens são suficientes para atender as suas finalidades.
Neste sentido temos o artigo 66 do CC:
Art.66 Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios
§2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao
respectivo Ministério Público.
10
Estes bens têm que ser livres, pois qualquer ônus sobre eles colocaria em risco a existência da entidade.
11
Esta fiscalização será feita por meio da Promotoria de Justiça das Fundações, nas cidades em que houver este cargo na divisão
administrativa da instituição. Nas cidades menores esta tarefa caberá ao Promotor Público.
De acordo caput do art. 66 do CC, as fundações depois de criada, serão fiscalizadas pelo Ministério
Público do Estado onde situadas.
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
O caput do art. 66 fala em Ministério Público do Estado. E se a fundação estiver situada no Distrito
Federal, quem irá fiscalizá-la? Quem vela pelas fundações localizadas no DF? O Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
A Lei n.º 13.151/2015 alterou o §1º do art. 66 do CC com o objetivo de deixar isso expresso no
texto do Código:
§ 1º. Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios.
Desse modo, mesmo antes da alteração da Lei n° 13.151/2015, por força de decisão do STF, a
atribuição para fiscalizar as fundações privadas localizadas no DF já era do MPDFT.
A Lei nº 13.151/2015 corrige a falha do Código Civil e se adequa ao que foi decidido pelo STF,
deixando claro que se a fundação privada funcionar no Distrito Federal ou em Território caberá o
encargo ao MPDFT.
==144373==
Compete, então, ao Ministério Público do Distrito Federal velar pelas fundações no DF.
Em se tratando de fundações federais de direito público esta atribuição de velar cabe, sim, ao
Ministério Público Federal, independentemente de funcionar ou não no DF ou nos eventuais
Territórios.
Nos Estados, esta competência é do Ministério Público do Estado em que se situa a fundação.
Nesta mesma perspectiva, de ação do Ministério Público, temos o parágrafo único, do artigo 65 do
CC:
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do
encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art.62), o estatuto da fundação projetada,
submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo
prazo, em 180 (cento e oitenta) dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
Como vimos, se o instituidor não fizer o estatuto e a pessoa por ele designada também não fizer,
caberá ao Ministério Público esta tarefa. Qualquer alteração do estatuto também deve ser
submetida à apreciação do Ministério Público.
E, aqui, temos a última alteração. Agora temos um prazo máximo para que o MP analise a proposta
de mudança do estatuto. Observe como ficou a nova redação do inciso III do art. 67 do CC:
Art. 67. III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e
cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado.
Colocamos os dispositivos, o antigo e o novo da Lei nº 13.151, como forma de comparação, mas o
que está valendo é a redação nova. Fique atento. ;)
Caso a alteração não tenha sido aprovada por unanimidade, a minoria vencida poderá requerer a
impugnação no prazo de 10 dias, isso conforme o artigo 68 do CC:
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores
da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência
à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em 10 (dez) dias.
12
Sem esta autorização a venda será nula.
NCPC: Art. 765. Qualquer interessado ou órgão do Ministério Público promoverá a extinção da
fundação quando:
I – se tornar ilícito o seu objeto;
II – for impossível a sua manutenção;
III – se vencer o prazo de sua existência.
Passemos agora a outro assunto muito importante, a chamada desconsideração da pessoa jurídica!
Percebe-se que a mudança está localizada na parte final do artigo: “(...) desconsiderá-la para que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso”.
Esta modificação faz com que a responsabilidade fique mais restrita, quando coloca que a
personalidade será desconsiderada para que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa
jurídica que foram BENEFICIADOS DIRETA OU INDIRETAMENTE PELO USO. Assim, somente quem
está envolvido com o abuso, quem se beneficiou com o ato que será responsabilizado, e não
qualquer pessoa que não tenha praticado o ato abusivo.
Os parágrafos que foram incluídos no art. 50 do CC/02, tratam dos critérios que devem ser
preenchidos para que a desconsideração seja efetivada, atente que estes critérios são alternativos,
e não cumulativos.
§ 1º. Para fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização dolosa da pessoa jurídica
com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
O que se entende, da leitura do parágrafo, é que para que o desvio de finalidade seja caracterizado,
a utilização da pessoa jurídica deve ser DOLOSA. Ou seja, é necessário que a lesão ao direito de
outrem ou de atos ilícitos seja intencional para que o instituto seja aplicado.
Atente que esta exigência está em contradição com o Enunciado nº 37 da I Jornada de direito civil:
“A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se
somente no critério objetivo-finalístico”. Como também, com a jurisprudência consolidada, que exige
o dolo apenas nos casos de encerramento irregular das atividades.
§ 2º. Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por:
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto o de valor
proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
O parágrafo 2º trata das hipóteses em que a confusão patrimonial (ausência de separação de fato
entre os patrimônios), estará caracterizada.
§ 3º. O disposto no caput e nos § 1º e § 2º também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou
de administradores à pessoa jurídica.
Neste parágrafo, quando temos, também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de
administradores à pessoa jurídica, está se falando da desconsideração inversa. Portanto, com base
no caput e nos §1º e 2º do art. 50 do CC/02, poderá ser aplicada a desconsideração da personalidade
e, também, a desconsideração inversa.
§ 4º. A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput não
autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.
Este parágrafo está em concordância com o Enunciado nº 406 da V Jornada de Direito Civil: “a
desconsideração da personalidade jurídica alcança os grupos de sociedade quando estiverem
presentes os pressupostos do art. 50 do Código Civil e houver prejuízo para os credores até o limite
transferido entre as sociedades”.
Assim, para que a desconsideração seja aplicada, os requisitos do caput devem ser observados.
§ 5º. Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da
atividade econômica específica da pessoa jurídica.
E, por fim, temos a valorização de um elemento subjetivo de avaliação para a desconsideração,
quando fala em mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica
específica da pessoa jurídica.
Sobre este último ponto fala Pablo Stolze Gagliano: “aqui, o desvio de finalidade – um dos requisitos
para a desconsideração da personalidade jurídica segundo o art. 50 – recebeu um segundo golpe (o
primeiro decorreu da exigência do ‘dolo’ para a sua configuração, conforme o § 1º já analisado
acima). Ao dispor que não constitui desvio de finalidade a ‘alteração da finalidade original da
atividade econômica específica da pessoa jurídica’, o legislador dificultou sobremaneira o seu
reconhecimento: aquele que ‘expande’ a finalidade da atividade exercida – como pretende a primeira
parte da norma – pode não desviar, mas aquele que ‘altera’ a própria finalidade original da atividade
econômica da pessoa jurídica, muito provavelmente, desvia-se do seu propósito”.
Portanto, a teoria da desconsideração (ou disregard of the legal entity), como assinala Venosa13,
“...autoriza o juiz, quando há desvio de finalidade, a não considerar os efeitos da personificação, para
que sejam atingidos bens particulares dos sócios ou até mesmo de outras pessoas jurídicas
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso, mantidos incólumes, pelos fraudadores,
justamente para propiciar ou facilitar a fraude”.
Como assinala Galhardo Jr., “para que se desconsidere a pessoa jurídica, é necessário que o dano
causado seja decorrente do uso fraudulento ou abusivo da autonomia patrimonial. Quando a
fraude e o abuso de direito podem ser combatidos sem a necessidade de afastar-se a personalidade
distinta da pessoa jurídica (como quando é aplicável o regramento dos vícios dos atos jurídicos), a
teoria da desconsideração é inócua (...)”.
13
Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, 11 ed.
14
Desvio de finalidade - o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica.
15
Confusão Patrimonial - subentendida como a inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial entre o patrimônio
da pessoa jurídica e de seus sócios, ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas.
A Teoria maior, em princípio, exige dois requisitos: o abuso e o prejuízo. É a teoria adotada pelo
Código Civil. Apenas observando que no caso de confusão patrimonial, esta será o pressuposto
necessário e suficiente.
Teoria menor, que exige como requisito apenas o prejuízo ao credor.
A teoria menor por vezes é adotada pela jurisprudência, principalmente no que diz respeito às
relações de consumo (art.28 e parágrafos da Lei 8.078/1990). Mas o assunto é polêmico. Também
é apontada pela doutrina uma problemática nas relações trabalhistas, pois, segundo ela, a teoria da
desconsideração tem sido utilizada de forma indiscriminada.
Você precisa estar muito atento(a) em uma questão que aborde o tema. De todo modo,
respondendo à pergunta, entenda que nem sempre será necessária a comprovação da intenção de
fraudar.
Sobre o assunto há inclusive o seguinte Enunciado da Jornada IV STJ 281: “A aplicação da teoria da
desconsideração, descrita no CC 50, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica”.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Gabarito correto.
Observe que a aplicação da proteção aos direitos da personalidade não é feita indistintamente para
todos os casos. Quanto a este assunto temos o seguinte enunciado 227 do STJ: “a pessoa jurídica
pode sofrer dano moral”.
Porém, atente que o dano moral será objetivo, relativo a atributos sujeitos à valoração
extrapatrimonial da sociedade, como o bom nome, por exemplo.
Isso porque a pessoa jurídica não tem direito à reparação do dano moral subjetivo, uma vez que não
possui capacidade afetiva. E a honra subjetiva está relacionada aos sentimentos de autoestima.
Este assunto já foi cobrado, mas por outra banca, no concurso do MPU/2013: A pessoa jurídica pode
sofrer dano moral nos casos de violação à sua honra subjetiva.
De acordo com o que vimos está incorreto.
Toda pessoa jurídica de direito privado responde pelos danos causados a terceiros, qualquer que
seja a natureza de seus fins. Para as pessoas jurídicas de direito público a responsabilidade é
objetiva sob a modalidade do risco administrativo, conforme art. 43:
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Na responsabilidade civil objetiva, as pessoas jurídicas de direito público interno têm a obrigação
de reparar tão somente pela existência do fato danoso e do nexo causal (que é a chamada Teoria do
Risco), não existe a necessidade de culpa. É assegurado a estas pessoas, no entanto, o direito de
ação contra os causadores do dano se estes agirem com culpa ou dolo.
Porém se houver a culpa concorrente entre o agente e a vítima a indenização será reduzida pela
metade. E se a culpa for exclusiva da vítima o Estado se exonerará da obrigação de indenizar. O
mesmo acontecendo no caso de força maior e fato exclusivo de terceiro.
O § 1º do artigo 75, vem ajudar às pessoas que necessitam processar uma entidade com
estabelecimentos em vários lugares, ao dizer que cada um deles será considerado domicílio para os
atos neles praticados. Já, o § 2º do artigo 75 diz respeito às pessoas jurídicas estrangeiras que
tenham estabelecimento no Brasil, e que serão demandadas no foro de sua agência aqui localizada,
de acordo com as obrigações contraídas por cada uma delas.
Existem diversas teorias que tentam explicar a natureza jurídica da pessoa jurídica. Dentre essas
teorias existem as que negam a existência da pessoa jurídica – ¹Teorias Negativistas, e as que
afirmam sua existência – ²Teorias Afirmativistas:
Desta forma os estatutos e os atos constitutivos das pessoas jurídicas de direito privado são
registrados no Cartório de Registro Civil das pessoas jurídicas. Este registro além de servir de prova,
possui natureza constitutiva, por ser o atributivo de personalidade e da capacidade da pessoa
jurídica.
Não esqueça esta informação! A existência legal da pessoa jurídica de direito privado começa com
o registro do ato constitutivo. Não é quando as pessoas celebram o contrato e não é quando
elaboram o estatuto. Ela começa quando ocorre o registro.
16
Os institutos da decadência e da prescrição serão abordados detalhadamente em outra aula. Mas você já pode “ir memorizando”
alguns prazos.
Para a constituição da pessoa jurídica existem três requisitos básicos: ¹a vontade humana criadora,
²a obediência às condições legais para sua formação e ³a finalidade lícita.
QUANTO À FUNÇÃO E
CAPACIDADE Pessoas jurídicas de direito privado – são instituídas por iniciativa
de particulares e dividem–se em: fundações particulares,
associações, sociedades simples e empresárias, organizações
religiosas, partidos políticos e, ainda, incluídas pela lei 12.441 de
2011, as empresas individuais de responsabilidade limitada.
As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. Veja que as
pessoas jurídicas de direito público são subdivididas em direito público interno ou externo:
Interno
Direito Público
PESSOAS JURÍDICAS Externo
Direito Privado
É importante que você saiba identificar e distinguir as pessoas jurídicas de direito público e as
pessoas jurídicas de direito privado (é um ponto recorrente em provas):
INTERNO: EXTERNO:
Art. 41. São pessoas jurídicas de Art. 44. São pessoas jurídicas de
direito público INTERNO: direito PRIVADO:
I - a União; I - as associações;
II - os Estados, o Distrito Federal e II - as sociedades;
os Territórios;
III - as fundações.
III - os Municípios;
IV - as organizações religiosas;
IV - as autarquias;
V - os partidos políticos.
IV - as autarquias, inclusive as
associações públicas; VI - as empresas individuais de
responsabilidade limitada.
V - as demais entidades de
caráter público criadas por lei.
A existência legal da pessoa jurídica de direito privado começa com o registro do ato constitutivo.
Não é quando as pessoas celebram o contrato e não é quando elaboram o estatuto. Ela começa
quando ocorre o registro.
“O registro da pessoa jurídica declarará o modo por que se administra e representa, ativa e
passivamente, judicial e extrajudicialmente.”
GRUPOS DESPERSONALIZADOS
Os grupos despersonalizados (que não possuem personalidade jurídica própria) que mais aparecem
em questões de concurso são:
Em geral, estes grupos possuem capacidade processual e possuem legitimidade ativa e passiva para
demandar e ser demandado em ações na justiça.
SOCIEDADES DE FATO
As sociedades sem personalidade jurídica - são aquelas que existem e funcionam, mas não possuem
existência legal justamente porque não fizeram seu registro no órgão competente ou então porque
lhes falta autorização legal para funcionamento.
As sociedades de fato são aquelas que não cumpriram alguns requisitos para sua regular formação,
como por exemplo, uma empresa que deixa de registrar seu ato constitutivo na Junta Comercial.
17
Expressão jurídica para denominar a pessoa que faleceu.
18
Carlos Roberto Gonçalves. Direito Civil: Parte Geral. Esquematizado, v. 1, 2016. p.223.
Na primeira fase, há a constituição da pessoa jurídica por um ato unilateral entre pessoas vivas ou
por testamento (se a pessoa faleceu e deixou estipulado a sua criação como ato de última vontade).
Nesta fase temos um elemento material que se exterioriza nos atos de reunião dos sócios, nas
condições dos estatutos, etc. Há, também, um elemento formal que é a transcrição do que foi
acertado por escrito. Este ato poderá ser público ou particular. As fundações são exceção, pois para
elas o instrumento público ou o testamento são essenciais.
Após a existência do ato escrito e da autorização passa-se à segunda fase: o registro. O ato de
constituição das pessoas jurídicas de direito privado e o seu registro estão normatizados nos artigos
45 e 46 do CC:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registo todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
O fim da existência legal da pessoa jurídica, pode ocorrer de forma convencional, legal,
administrativa ou Judicial.
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1º. Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2º. As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas
jurídicas de direito privado.
§ 3º. Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
O cancelamento da inscrição da pessoa jurídica no registro não acontece quando ela é dissolvida e
sim, depois de encerrada a sua regular liquidação.
ASSOCIAÇÕES
São pessoas jurídicas de direito privado constituídas pela união de pessoas que se organizem para
fins não econômicos.
As associações estão compreendidas entre os artigos 53 a 61 do Código Civil. O artigo 53 nos dá uma
primeira ideia sobre as associações:
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
No artigo 54 do CC estão enumerados os requisitos obrigatórios que devem constar nos estatutos
de toda e qualquer associação:
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
Toda associação deve garantir os direitos mínimos aos associados e que as vantagens são
excepcionais a algumas categorias, que por sua natureza sejam diferenciadas, é o que dispõe o
artigo 55 do CC nos diz:
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, MAS o estatuto poderá instituir categorias com
vantagens especiais.
Uma vez admitido o associado, a sua exclusão somente será possível por justa causa, obedecido o
estatuto. É o que diz o artigo 57 do CC:
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure o direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
Nenhuma decisão de exclusão de associado pode prescindir de procedimento que permita ao sócio
produzir sua defesa e suas provas, ainda que o estatuto permita e ainda que decidida em assembleia
geral, convocada para tal fim. Também neste sentido temos o artigo 58 do CC:
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido
legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.
19
O “Poder Executivo” da pessoa jurídica é exercido por um diretor ou uma diretoria, podendo ser criados outros órgãos auxiliares,
dependendo do tamanho da entidade.
Para finalizarmos o assunto associação, observe este enunciado do STJ: Jornada III STJ 142 – “Os
partidos políticos os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa,
aplicando-se-lhes o CC”.
FUNDAÇÕES
São pessoas jurídicas de direito privado constituída por dotação especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação SOMENTE poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e
conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas;
Trata-se, como se depreende do artigo, de um conjunto de bens, que recebe personalidade para a
realização de um fim determinado. O patrimônio se personaliza quando obtém sua existência legal,
deste modo, uma fundação não é qualquer conjunto de bens. A dotação se fará por escritura pública
ou testamento.
A construção da fundação é voltada para a realização de fins socialmente relevantes, úteis e nobres.
Afasta-se assim taxativamente no parágrafo único a possibilidade de instruírem-se fundações com
fins ociosos e fúteis.
Atenção! O instituidor da fundação pode ser tanto pessoa natural quanto pessoa jurídica.
Vimos que a constituição da fundação é feita com dotação de bens, mas o que ocorre quando esta
dotação não for suficiente? Esta situação está expressa no art. 63 do CC:
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.
As fundações depois de criada, serão fiscalizadas pelo Ministério Público do Estado onde situadas :
Art.66 Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios
§2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao
respectivo Ministério Público.
O caput do art. 66 fala em Ministério Público do Estado. E se a fundação estiver situada no Distrito
Federal, quem irá fiscalizá-la? Quem vela pelas fundações localizadas no DF? O Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Compete, então, ao Ministério Público do Distrito Federal velar pelas fundações no DF.
Em se tratando de fundações federais de direito público esta atribuição de velar cabe, sim, ao
Ministério Público Federal, independentemente de funcionar ou não no DF ou nos eventuais
Territórios.
Nos Estados, esta competência é do Ministério Público do Estado em que se situa a fundação.
Nesta mesma perspectiva, de ação do Ministério Público, temos o parágrafo único, do artigo 65 do
CC:
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do
encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art.62), o estatuto da fundação projetada,
submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo
prazo, em 180 (cento e oitenta) dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
Caso a alteração não tenha sido aprovada por unanimidade, a minoria vencida poderá requerer a
impugnação no prazo de 10 dias, isso conforme o artigo 68 do CC:
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores
da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência
à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em 10 (dez) dias.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações
de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
Requisito:
Abuso
MAIOR
(Adotada pelo Código Civil)
Requisito:
Prejuízo
TEORIA
MENOR Requisito:
(Adotada pela
Jurisprudência) Prejuízo do credo
Você precisa estar muito atento(a) em uma questão que aborde o tema. De todo modo,
respondendo à pergunta, entenda que nem sempre será necessária a comprovação da intenção de
fraudar.
Sobre o assunto há inclusive o seguinte Enunciado da Jornada IV STJ 281: “A aplicação da teoria da
desconsideração, descrita no CC 50, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica”.
Observe que a aplicação da proteção aos direitos da personalidade não é feita indistintamente para
todos os casos. Quanto a este assunto temos o seguinte enunciado do STJ:
Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
Porém, atente que o dano moral será objetivo, relativo a atributos sujeitos à valoração
extrapatrimonial da sociedade, como o bom nome, por exemplo. Isso porque a pessoa jurídica não
tem direito à reparação do dano moral subjetivo, uma vez que não possui capacidade afetiva. E a
honra subjetiva está relacionada aos sentimentos de autoestima.
Toda pessoa jurídica de direito privado responde pelos danos causados a terceiros, qualquer que
seja a natureza de seus fins. Para as pessoas jurídicas de direito público a responsabilidade é
objetiva sob a modalidade do risco administrativo, conforme art. 43:
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
O § 1º do artigo 75, vem ajudar às pessoas que necessitam processar uma entidade com
estabelecimentos em vários lugares, ao dizer que cada um deles será considerado domicílio para os
atos neles praticados:
§ 1º. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
Já, o § 2º do artigo 75 diz respeito às pessoas jurídicas estrangeiras que tenham estabelecimento no
Brasil, e que serão demandadas no foro de sua agência aqui localizada, de acordo com as obrigações
contraídas por cada uma delas:
§ 2º. Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
20 – QUESTÕES
Comentários:
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Súmula 227 do STJ: "A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
Informativo 534 do STJ: A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos
morais relacionados à violação da honra ou da imagem.
Gabarito: letra A.
Comentários:
Alternativa “a” – errada.
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com
vantagens especiais.
III. Cessará, para os menores, a incapacidade, pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do
outro, mediante instrumento público ou particular, independentemente de homologação judicial,
ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos.
IV. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Está correto o que consta APENAS de
(A) I e IV.
(B) I e II.
(C) II e IV.
(D) II e III.
(E) I e III.
Comentários:
Afirmativa I – correta.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Afirmativa II – errada.
Art. 7º. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
Afirmativa IV – correta.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Gabarito: Letra C.
Comentários:
Alternativa “a” – errada.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Comentários:
O domicílio itinerante enquadra-se na hipótese do art. 73 do CC/02:
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.
Gabarito: Letra E.
estatuto dentro do prazo legal em cumprimento ao que estabelece a legislação em vigor. Após
alguns anos desempenhando regularmente as atividades para as quais foi instituída é proposto por
um de seus instituidores a alteração do estatuto da fundação para inclusão de novas atribuições.
Neste caso, de acordo com o Código Civil, para que se possa alterar o estatuto da fundação, é
necessário que a reforma não contrarie ou desvirtue o fim desta e, ainda, que seja deliberada
(A) por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação e aprovada pelo órgão do
Ministério Público no prazo máximo de 45 dias, findo o qual, ou no caso de o Ministério Público a
denegar, o juiz não poderá supri-la a requerimento do interessado.
(B) por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação e aprovada pelo órgão do
Ministério Público no prazo máximo de 45 dias, findo o qual, ou no caso de o Ministério Público a
denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
(C) no mínimo, pela maioria simples dos competentes para gerir e representar a fundação e
aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 90 dias, findo o qual, ou no caso de
o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
(D) por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação e aprovada pelo órgão do
Ministério Público no prazo máximo de 90 dias, findo o qual, ou no caso de o Ministério Público a
denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
(E) no mínimo, pela maioria simples dos competentes para gerir e representar a fundação e aprovada
pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 dias, findo o qual, ou no caso de o
Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
Comentários:
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado.
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco)
dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado.
Gabarito: Letra B.
Comentários:
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento,
dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a
maneira de administrá-la.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
Afirmativa I – errada.
A pluralidade domiciliar é admitida em nosso ordenamento jurídico, conforme art. 71 do CC/02:
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Afirmativa II – correta.
Vide art. 72 do CC/02:
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar
onde esta é exercida.
Afirmativa IV – errada.
A primeira parte da afirmativa está correta, vide art. 75, I, do CC/02. No entanto, a segunda parte da
afirmativa está errada, pois o domicílio de pessoa que não tenha residência habitual é o lugar onde
for encontrada, conforme art. 73 do CC/02.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
Alternativa “c” - correta.
Corresponde a entendimentos sumulados pelo Superior Tribunal de Justiça o que se afirma APENAS
em I e IV.
Afirmativa I – correta.
Súmula 227/STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Afirmativa II – errada.
Súmula 362/STJ: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data
do arbitramento.
Afirmativa IV – correta.
Súmula 402/STJ: O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo
cláusula expressa de exclusão.
Gabarito: Letra C.
Comentários:
Alternativa “a” - correta.
As associações se prestam aos mais variados fins, desde que não econômicos, e preenchem, assim,
as mais variadas finalidades na sociedade. Qualquer atividade lícita e de fins não econômicos pode
ser buscada por uma associação.
De acordo com o Código Civil:
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Comentários:
Alternativa “c” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Gabarito: Letra C.
I. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o início efetivo de suas
atividades societárias ou empresariais, após o que deverá proceder-se à inscrição de seu ato
constitutivo no registro respectivo.
II. As associações, as sociedades, as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas
individuais de responsabilidade limitada são pessoas jurídicas de direito privado.
III. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando
lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da
pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
Está correto o que se afirma em
(A) I e III , apenas.
(B) I e II , apenas.
(C) II e III , apenas.
(D) I, II e III .
(E) III, apenas
Comentários:
Alternativa “c” - correta.
Está correto o que se afirma em II e III, apenas.
Item I – errado.
De acordo com o Código Civil:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Item II – correto.
De acordo com o Código Civil:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Comentários:
Afirmativa I – correta.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
Afirmativa II – correta.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
Afirmativa IV – correta.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
Afirmativa V – errada.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
V - os partidos políticos.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
(C) as associações não podem ter finalidade econômica, mesmo com expressa previsão estatutária.
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público.
(E) o registro dos atos constitutivos das organizações religiosas depende de autorização do poder
público.
Comentários:
Comentários:
Desvio de finalidade20.
Confusão patrimonial21.
A disregard of legal entity originariamente foi feita para atingir casos de fraude e de má-fé. Existem,
no entanto, duas teorias sobre a desconsideração:
A Teoria maior, em princípio, exige dois requisitos: o abuso e o prejuízo. É a teoria adotada pelo
Código Civil. Apenas observando que no caso de confusão patrimonial, esta será o pressuposto
necessário e suficiente.
Teoria menor, que exige como requisito apenas o prejuízo ao credor.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
20
Desvio de finalidade - o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica.
21
Confusão Patrimonial - subentendida como a inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial entre o patrimônio
da pessoa jurídica e de seus sócios, ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas.
22
Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, 11 ed.
23
Desvio de finalidade - o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica.
24
Confusão Patrimonial - subentendida como a inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial entre o patrimônio
da pessoa jurídica e de seus sócios, ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas.
(E) Não atinge Lourenço, porque as taxas de manutenção criadas por associações de moradores,
independentemente do que dispõe o estatuto, não possuem caráter obrigatório, ainda que os
associados tenham a elas anuído.
Comentários:
Comentários:
Comentários:
Alternativa “a” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
(B) Deferido, independentemente de qualquer requisito, pois os sócios respondem, em regra, direta
e pessoalmente pelas obrigações contraídas pela pessoa jurídica.
(C) Deferido apenas se comprovado que Tex não possui recursos para pagamento do débito.
(D) Indeferido, pois em nenhuma hipótese os sócios respondem pelas obrigações contraídas pela
pessoa jurídica.
(E) Deferido se comprovado abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusão patrimonial.
Comentários:
Alternativa “e” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo ¹desvio de finalidade, ou
pela ²confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da
pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
Portanto, a teoria da desconsideração (ou disregard of the legal entity), como assinala Venosa25,
“...autoriza o juiz, quando há desvio de finalidade, a não considerar os efeitos da personificação, para
que sejam atingidos bens particulares dos sócios ou até mesmo de outras pessoas jurídicas,
mantidos incólumes, pelos fraudadores, justamente para propiciar ou facilitar a fraude”.
O abuso da personalidade jurídica conforme expresso no CC ocorre em dois casos:
Desvio de finalidade26
Confusão patrimonial27.
Como assinala Galhardo Jr., “para que se desconsidere a pessoa jurídica, é necessário que o dano
causado seja decorrente do uso fraudulento ou abusivo da autonomia patrimonial. Quando a
fraude e o abuso de direito podem ser combatidos sem a necessidade de afastar-se a personalidade
distinta da pessoa jurídica (como quando é aplicável o regramento dos vícios dos atos jurídicos), a
teoria da desconsideração é inócua (...)”.
Gabarito: Letra E.
25
Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, 11 ed.
26
Desvio de finalidade - o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica.
27
Confusão Patrimonial - subentendida como a inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial entre o patrimônio
da pessoa jurídica e de seus sócios, ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas.
Comentários:
Alternativa “e” - correta.
Direito público externo, regulamentadas pelo direito internacional e abrangendo: as nações
estrangeiras, a Santa Sé, as Uniões Aduaneiras, os Organismos Internacionais. Neste sentido, temos
artigo 42 do CC:
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas
que forem regidas pelo direito internacional público.
Direito público interno, que podem ser da administração direta (União, Estados, Territórios 28,
Distrito Federal e Municípios) ou podem ser da administração indireta – descentralizados, criados
por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividades de interesse público, tais
como as Autarquias, as Associações Públicas, as Fundações Públicas, as Agências executivas e
reguladoras.
Gabarito: Letra E.
28
A classificação dos territórios não é pacifica. Alguns civilistas os colocam como fazendo parte da administração direta, já para o
direito administrativo estes são colocados como da administração indireta. De todo modo, destacamos que conforme a
Constituição Federal, art.18, §2, os territórios federais integram a União, ou seja, territórios não são considerados entes da
federação.
(E) Nas associações, os direitos e obrigações recíprocos entre os associados devem estar
regulamentados no respectivo estatuto.
Comentários:
Alternativa “a” - errada.
As fundações NÃO têm finalidade lucrativa.
(B) Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la.
(C) Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.
(D) Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma seja deliberada pela
unanimidade dos membros competentes para gerir e representar a fundação, bem como que a
reforma não contrarie ou desvirtue o fim desta.
(E) Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de
sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção,
incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto,
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
Comentários:
Alternativa “a” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 64. Constituída a fundação por negócio Jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-
lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados,
em nome dela, por mandado judicial.
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
Comentários:
Alternativa “b” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Gabarito: Letra B.
IV. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II e III
(B) I e II e IV.
(C) III e IV.
(D) I, II e III.
(E) I e IV.
Comentários:
Alternativa “e” - correta.
Está correto o que se afirma APENAS em I e IV.
Afirmativa I - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
Afirmativa II – errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Afirmativa IV - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
Afirmativa I - correta.
Fundação é o patrimônio personalizado destinado a um fim que lhe dá unidade. São as fundações
(públicas e privadas).
Afirmativa II - errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
Afirmativa IV – errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias,
findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do
interessado.
Gabarito: Letra E.
(B) É possível, mesmo com ganhos pessoais aos associados, pois associações podem ter os mesmos
fins econômicos que uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada.
(C) É possível, desde que não haja ganhos pessoais aos associados, pois a realização eventual de
negócios para manter ou aumentar o patrimônio da associação não a desnatura
(D) É possível somente em relação à venda de uniformes, bolas e troféus, pois a abertura de um
restaurante, mesmo que sem ganhos pessoais aos associados, desnatura sua condição de
associação, por não ter nexo com suas atividades esportivas.
(E) É possível somente em relação à abertura do restaurante, desde que somente para os associados
e familiares, pois a venda de uniformes, bolas e troféus, por ser livre à população em geral, tem fins
lucrativos que a desnaturam enquanto associação.
Comentários:
Alternativa “c” - correta.
As associações não estão proibidas de gerar renda para manter sua existência ou aumentar suas
atividades. O que não pode acontecer é esta renda ser distribuída entre os associados.
Desta forma, uma associação pode possuir determinado patrimônio e realizar negócios para
aumentar esse patrimônio. Isso não irá descaracteriza-la, uma vez que não irá proporcionar ganhos
pessoais aos associados.
Gabarito: Letra C.
Comentários:
Alternativa “e” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 75. § 1º. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles
será considerado domicílio para os atos nele praticados.
O § 1º do artigo 75, vem ajudar às pessoas que necessitam processar uma entidade com
estabelecimentos em vários lugares, ao dizer que cada um deles será considerado domicílio para os
atos neles praticados.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
Alternativa “a” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
1.Incapaz
2.Servidor
5.Preso público
Domicílio
Necessário
4.Marítimo 3.Militar
Como p.ex. o recém-nascido adquire o domicílio dos pais ao nascer; o servidor público tem por
domicílio o lugar onde exerce permanentemente sua função. O domicílio necessário se
subdivide ainda em originário (quando adquirido ao nascer, exemplo do bebê) e legal
(quando presumido ou fixado em lei).
O domicílio será voluntário quando a pessoa puder escolhê-lo livremente. Qualquer pessoa
que não esteja sujeita a domicílio necessário poderá livremente escolher onde fixará sua
residência e onde irá exercer sua profissão.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
Alternativa “c” - correta.
A família - não possui personalidade jurídica.
O espólio - não possui personalidade jurídica. Será representado por um inventariante.
A sociedade em conta de participação - não possui personalidade jurídica. O sócio ostensivo é a
pessoa jurídica, não a sociedade.
Os grupos despersonalizados que mais aparecem em questões de concurso são:
Gabarito: Letra C.
29
Expressão jurídica para denominar a pessoa que faleceu.
30
Carlos Roberto Gonçalves. Direito Civil: Parte Geral. Esquematizado, v. 1, 2016. p.223.
contra a qual não foram opostos embargos. Na fase de indicação de bens à penhora, constatou-se
somente que Pedro não possuía bens penhoráveis. Por esta razão, Carlos requereu desconsideração
inversa da personalidade jurídica, a qual deverá ser
(A) Indeferida, pois a mera ausência de bens penhoráveis não autoriza o pedido.
(B) Deferida, pois a empresa de que Pedro é sócio possui condições suficientes para pagar o débito.
(C) Deferida apenas se provado que Pedro ostenta cargo de gerência na empresa de que é sócio.
(D) Indeferida, pois não é possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica.
(E) Deferida, pois se está diante de relação de consumo.
Comentários:
Alternativa “a” - correta.
Existe uma situação que ocorre o seguinte: O sócio, com objetivo prejudicar a terceiro, oculta ou
desvia seus bens pessoais para a pessoa jurídica. Estes “bens da pessoa jurídica” (na realidade são
bens ocultos do sócio) poderão ser atingidos em uma desconsideração.
Jornada IV STJ 283: “É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’
para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais,
com prejuízo a terceiros”.
“Professores! Antes de encerrar o assunto, eu li algo sobre a necessidade de insolvência e a
desconsideração da personalidade jurídica, o que é isto?”
A comprovação da insolvência (que é quando a PJ não pode cumprir com suas obrigações) não é
necessária. Além disso, segundo a doutrina, a aplicação da teoria da desconsideração conforme já
falamos não importa dissolução ou anulação da sociedade. Importa apenas a sua desconsideração.
Sobre o assunto há inclusive o seguinte Enunciado da Jornada IV STJ 281: “A aplicação da teoria da
desconsideração, descrita no CC 50, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica”.
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA. MEDIDA
EXCEPCIONAL. REQUISITOS AUSENTES. IMPOSSIBILIDADE. EM FACE DA EXCEPCIONALIDADE DA
MEDIDA, CORRETA A DECISÃO QUE INDEFERE PEDIDO DE DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA
PERSONALIDADE JURÍDICA, UMA VEZ QUE A AUSÊNCIA DE BENS PENHORÁVEIS EM NOME DO
DEVEDOR, POR SI SÓ, NÃO ENSEJA SUA IMEDIATA APLICAÇÃO. INEXISTINDO ELEMENTOS
INDICATIVOS DE QUE HOUVE AÇÃO FRAUDULENTA OU ABUSIVA DO DEVEDOR, COM DESVIO DE
FINALIDADE OU CONFUSÃO PATRIMONIAL ENTRE SEUS BENS E O DA PESSOA JURÍDICA, NÃO TEM
LUGAR A CONSTRIÇÃO DE BENS DAQUELE. AGRAVO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJ-DF - Agravo
de Instrumento: AGI 20130020119539 DF 0012788-26.2013.8.07.0000)
Gabarito: Letra A.
Comentários:
Alternativa “c” – correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa
titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem)
vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
Gabarito: Letra C.
Comentários:
Alternativa “a” - errada.
Comentários:
Alternativa “c” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 75. § 1º. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles
será considerado domicílio para os atos nele praticados.
Gabarito: Letra C.
Comentários:
Cumpriu-se o vaticínio de Vicente Ráo, pois o Código Civil contempla, no rol de pessoas jurídicas,
hipótese de patrimônio separado de seu instituidor para fins econômicos, trata-se das empresas
individuais de responsabilidade limitada- EIRELI.
Que são pessoas jurídicas de direito privado, e estão previstas no art. 980-A do CC/02.
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa
titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem)
vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
Gabarito: Letra B.
Comentários:
Afirmativa I – correta.
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Afirmativa II – correta.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar
onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.
Afirmativa IV – errado.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e
cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
Afirmativa V – correta.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Gabarito: Letra B.
Comentários:
Alternativa “a” - errada.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público,
o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o
do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Comentários:
A alternativa “a” está correta.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde
for encontrada.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
Alternativa “d” - correta.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto à relação concernente à profissão, o lugar
onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
Alternativas “a” e “b” - erradas.
De acordo com o Código Civil:
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento,
dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a
maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de
gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas.
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo
de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção,
incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto,
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
Alternativa “a” - errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.
penhoráveis. Neste caso, de acordo com o Código Civil, a personalidade jurídica deverá ser
desconstituída
(A) A requerimento da parte, se comprovado abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
(B) Necessária e automaticamente, pois é dever do juiz zelar pela efetividade das decisões judiciais.
(C) Apenas em relação a Joaquim, independentemente de quaisquer requisitos, por ostentar a
qualidade de sócio majoritário e administrador da empresa.
(D) A requerimento da parte ou de ofício, se comprovado abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo inadimplemento das obrigações.
(E) A requerimento da parte, se comprovado abuso da personalidade jurídica, caracterizado pela
inexistência de bens penhoráveis à época do cumprimento da sentença.
Comentários:
Alternativa “a” - correta.
Existem determinados casos onde a distinção entre a pessoa jurídica e a pessoa natural não pode
ser mantida. Casos estes em que a personalidade da pessoa jurídica foi utilizada para fugir das suas
finalidades, para lesar terceiros.
Quando isto acontece, a personalidade jurídica deve ser desconsiderada, decidindo o julgador como
se o ato ou negócio houvesse sido praticado pela pessoa natural.
Não se trata de considerar sistematicamente nula a pessoa jurídica, mas, em casos específicos e
determinados, apenas desconsiderá-la temporariamente. O assunto está regulado pelo artigo 50 do
CC:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo ¹desvio de finalidade, ou
pela ²confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da
pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
Alternativa “e” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
Gabarito: Letra E.
Comentários:
Alternativa “a” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la.
Gabarito: Letra A.
Comentários:
Alternativa “d” - correta.
Está correto o que se afirma APENAS em III e IV.
Afirmativa I - errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
Afirmativa II - errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 62. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de
gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas;
Afirmativa IV - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo
de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção,
incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto,
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
Alternativa “d” - correta.
De acordo com o Código Civil:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Gabarito: Letra D.
Comentários:
Afirmativa I - errada.
De acordo com o Código Civil:
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
Afirmativa II - errada.
De acordo om a nova redação do parágrafo único do art. 62 do CC:
Art. 62. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de
gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas;
IV. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Está correto o que consta APENAS de
(A) I e IV.
(B) I e II.
(C) II e IV.
(D) II e III.
(E) I e III.
(B) o domicílio de Pimpão é o endereço do circo constante em seu registro como pessoa jurídica.
(C) o domicílio de Pimpão é o último local em que Pimpão residiu.
(D) Pimpão não possui domicílio.
(E) o domicílio de Pimpão é o lugar em que Pimpão for encontrado.
IV. O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa
de exclusão.
Corresponde a entendimentos sumulados pelo Superior Tribunal de Justiça o que se afirma APENAS
em
(A) II e III.
(B) I e III.
(C) I e IV.
(D) II e IV.
(E) I e II.
(D) I, II e III.
(E) I, II e IV.
(B) Não deve ser acatado, pois apenas o abuso da personalidade jurídica caracteriza a
desconsideração da personalidade jurídica, o que não se dá com a confusão patrimonial.
(C) Deve ser acatado, pois a confusão patrimonial caracteriza abuso da personalidade jurídica,
autorizando a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade, que leva à sua dissolução.
(D) Não deve ser acatado, pois apenas nas relações de consumo se admite a desconsideração da
personalidade jurídica.
(E) Deve ser acatado, pois o inadimplemento, por si só, autoriza a desconsideração da personalidade
jurídica.
(D) Atinge Lourenço, porque, no silêncio do estatuto, presume-se que a qualidade de associado se
transmite do antigo para o novo proprietário do imóvel.
(E) Não atinge Lourenço, porque as taxas de manutenção criadas por associações de moradores,
independentemente do que dispõe o estatuto, não possuem caráter obrigatório, ainda que os
associados tenham a elas anuído.
(E) Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por
defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
IV. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II e III
(B) I e II e IV.
(C) III e IV.
(D) I, II e III.
(E) I e IV.
(C) É possível, desde que não haja ganhos pessoais aos associados, pois a realização eventual de
negócios para manter ou aumentar o patrimônio da associação não a desnatura
(D) É possível somente em relação à venda de uniformes, bolas e troféus, pois a abertura de um
restaurante, mesmo que sem ganhos pessoais aos associados, desnatura sua condição de
associação, por não ter nexo com suas atividades esportivas.
(E) É possível somente em relação à abertura do restaurante, desde que somente para os associados
e familiares, pois a venda de uniformes, bolas e troféus, por ser livre à população em geral, tem fins
lucrativos que a desnaturam enquanto associação.
(E) Pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado, segundo seja seu instituidor uma pessoa
natural ou um ente público.
(B) Necessária e automaticamente, pois é dever do juiz zelar pela efetividade das decisões judiciais.
(C) Apenas em relação a Joaquim, independentemente de quaisquer requisitos, por ostentar a
qualidade de sócio majoritário e administrador da empresa.
(D) A requerimento da parte ou de ofício, se comprovado abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo inadimplemento das obrigações.
(E) A requerimento da parte, se comprovado abuso da personalidade jurídica, caracterizado pela
inexistência de bens penhoráveis à época do cumprimento da sentença.
IV. Vencido o prazo de existência da Fundação, em regra, o órgão do Ministério Público, ou qualquer
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II, III e IV
(B) I e II.
(C) I e IV.
(D) III e IV.
(E) I, III e IV.
20.3 – GABARITO
1. A 26. D
2. C 27. B
3. A 28. E
4. C 29. E
5. D 30. C
6. E 31. E
7. B 32. A
8. D 33. C
9. D 34. A
10. A 35. C
11. C 36. C
12. A 37. C
13. C 38. B
14. C 39. B
15. E 40. E
16. C 41. A
17. C 42. D
18. A 43. D
19. A 44. E
20. B 45. A
21. C 46. E
22. B 47. A
23. E 48. D
24. E 49. D
25. D 50. X