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AUDITORIA

CONTÁBIL
AVANÇADA

Aline Alves
A472a Alves, Aline.
Auditoria contábil avançada / Aline Alves. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
219 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-046-7

1. Auditoria contábil. I. Título.

CDU 657.63

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


UNIDADE 2
Auditoria de estoques
e inventário físico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar a existência e a importância do controle de estoques.


 Reconhecer os custos que envolvem os estoques e os lançamentos
de ajustes a valor de mercado.
 Verificar a evidenciação do estoque nas demonstrações financeiras.

Introdução
Você sabia que o controle de estoques contempla os controles contá-
beis e também físicos? Sabe-se que o bom controle contábil de estoques
é realizado através de um sistema no qual as funções dos colabora-
dores sejam segregadas, ou seja, os colaboradores que realizam as
vendas ou efetuam o lançamento das compras não são os mesmos que
controlam os estoques.
Os estoques estão focados no método de contabilização e no valor
do custo que deve ser reconhecido como ativo e conservado na escri-
turação até que as referidas receitas sejam reconhecidas.
Neste texto, você vai estudar a relevância do controle de estoques,
identificar os custos que o abrangem e analisar a apresentação dos es-
toques nas demonstrações.
66 Auditoria contábil avançada

As normas contábeis e os objetivos da auditoria


de estoques
A Deliberação da CVM nº 575/09 aprovou o pronunciamento técnico CPC 16
(R1), do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009). Ele aborda os estoques.
Contudo, posteriormente a Deliberação CVM nº 575/09 foi alterada pela Deli-
beração CVM nº 624/10 (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2010).
O CPC 16 (R1) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS,
2009) tem por finalidade definir o método contábil usado para os estoques.
O ponto primordial na contabilização dos estoques se refere ao valor do custo
que deve ser reconhecido como ativo e conservado nos registros até que as
referidas receitas sejam reconhecidas. O pronunciamento aqui comentado
visa a direcionar sobre a definição do valor de custo relativo ao estoque e seu
posterior reconhecimento como despesa no resultado, inserindo toda redução
ao valor realizável líquido. O pronunciamento auxilia na condução referente
ao procedimento e aos métodos utilizados para agregar custos aos estoques.

Os estoques correspondem aos bens que foram contraídos e que possuem como
destino a venda. Consideram também as mercadorias, os terrenos e os imóveis que
foram adquiridos com intuito de revenda.

Conforme o CPC 16 (R1), sua aplicabilidade se estende a todos os estoques.


Contudo, é importante observar algumas exceções (COMITÊ DE PRONUN-
CIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009):

2. Este Pronunciamento aplica-se a todos os estoques, com exceção dos


seguintes:
(a) produção em andamento proveniente de contratos de construção,
incluindo contratos de serviços diretamente relacionados (ver o Pronun-
ciamento Técnico CPC 17 – Contratos de Construção);
(b) instrumentos financeiros (ver os Pronunciamentos Técnicos CPC
38 e CPC 39 sobre Instrumentos Financeiros); e
Auditoria de estoques e inventário físico 67

(c) ativos biológicos relacionados com a atividade agrícola e o produto


agrícola no ponto da colheita (ver Pronunciamento Técnico CPC 29 – Ativo
Biológico e Produto Agrícola).
3. Este Pronunciamento não se aplica também à mensuração dos estoques
mantidos por:
(a) produtores de produtos agrícolas e florestais, de produtos agrícolas
após colheita, de minerais e produtos minerais, na medida em que eles
sejam mensurados pelo valor realizável líquido de acordo com as práticas
já estabelecidas nesses setores. Quando tais estoques são mensurados
pelo valor realizável líquido, as alterações nesse valor devem ser reconhe-
cidas no resultado do período em que tenha sido verificada a alteração;
(b) comerciantes de commodities que mensurem seus estoques pelo
valor justo deduzido dos custos de venda. Nesse caso, as alterações desse
valor devem ser reconhecidas no resultado do período em que tenha
sido verificada a alteração.

Os estoques apontados no item 3 do CPC 16 (R1) (COMITÊ DE PRONUN-


CIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009), elemento (a), precisam ser estimados
mediante o valor realizável líquido em etapas de produção definidas. Esse
processo ocorre, por exemplo, se as culturas agrícolas tiverem sido apanhadas
ou se os minerais tiverem sido retirados e a venda for garantida conforme as
condições de contrato futuro ou mediante garantia do governo, ou ainda se
existir um mercado ativo em que se tenha um risco pequeno de insucesso das
referidas vendas. Tais estoques precisam ser removidos somente das solicitações
de mensuração do pronunciamento.
O item 5 do CPC 16 (R1) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CON-
TÁBEIS, 2009) defende que os operadores de commodities, conhecidos como
broker-traders, representam os que compram ou vendem commodities para
os demais ou ainda por sua própria iniciativa. O item 3, elemento (b), aponta
estoques que são basicamente contraídos com o objetivo de venda próxima
futura e de constituir lucro baseado nas alterações dos preços ou na margem
dos operadores. Quando tais estoques são avaliados conforme valor justo,
reduzindo os custos de venda, eles são removidos apenas das solicitações de
mensuração do pronunciamento.

Objetivos da auditoria de estoques


 Definir a existência de um controle eficiente para os estoques.
 Confirmar que o estoque de fato pertence ao cliente.
68 Auditoria contábil avançada

 Verificar a quantidade de estoque que está em mãos de clientes.


 Verificar e confirmar que o preço do estoque atribuído pelo cliente
está conforme.
 Determinar se existe responsabilidade sobre o estoque.
 Definir a probabilidade de venda do estoque existente, devendo observar
se há produtos defeituosos, entre outros aspectos.
 Definir o modo correto de evidenciação do estoque mediante as de-
monstrações financeiras.

O valor realizável líquido corresponde ao valor que a empresa pretende efetuar com
a venda das mercadorias, já deduzidos os impostos. Já o valor justo contempla o
valor pelo qual o estoque pode ser trocado por meio de vendedores e compradores.

Custos de aquisição e de transformação


Você deve saber que o custo de aquisição dos estoques contempla o valor de
compra, os impostos relativos à importação e demais tributos. A exceção são
aqueles impostos recuperáveis junto ao fisco, ou seja, os custos que envolvem
transporte, seguro, manipulação e outras atividades que estão vinculadas de
forma direta à aquisição de mercadorias acabadas, materiais e serviços.

Vale ressaltar que os descontos comerciais, os abatimentos e demais elementos similares


precisam ser deduzidos na definição do custo de aquisição do produto.

Os custos de transformação de estoques integram os custos que estão


ligados de modo direto às unidades que estão sendo fabricadas ou às linhas
de produção, como os referentes à mão de obra direta. Também se insere aí a
Auditoria de estoques e inventário físico 69

alocação organizada de custos indiretos de produção, fixos e variáveis, que


foram considerados incorridos para modificar os materiais, transformando-os
em produtos acabados. Os custos indiretos fixos de fabricação do produto
correspondem aos que permanecem relativamente contínuos. Eles não de-
pendem da quantidade de produção, ou seja, incluem a depreciação e também
a manutenção de edifícios e instalações fabris, as máquinas e equipamentos
utilizados na produção e os custos obtidos com a administração da fábrica.
Os custos indiretos de produção variáveis correspondem aos que possuem
variação direta ou quase direta em relação à quantidade de produção. Por
exemplo: materiais indiretos e algumas espécies de mão de obra indireta.
A definição dos custos fixos indiretos de produção relacionada às unidades
fabricadas necessita ter como alicerce a capacidade básica de produção. A
capacidade básica se refere a uma média de produção de mercadorias que se
pretende alcançar ao longo de diversos períodos em situações normais. Dessa
maneira, é preciso considerar, para a definição dessa capacidade básica, a fração
da capacidade total que não pode ser usada devido a manutenções preventivas.
É necessário observar ainda eventos como férias coletivas e outros similares
considerados habituais para qualquer organização.
O grau verdadeiro relativo à produção pode ser utilizado se for próximo
à capacidade normal. Dessa forma, por consequência, o valor do custo fixo
definido para cada unidade fabricada não pode ser elevado devido à baixa
quantidade de produção ou ociosidade. Os custos fixos que não forem in-
clusos no produto precisam ser apropriados de modo direto como despesa
no período em que são incorridos. Já em períodos atípicos, ou seja, em que
a quantidade de produção é elevada, o total de custo fixo definido para cada
unidade produzida precisa ser reduzido, de modo que os estoques não sejam
avaliados acima do custo.

É necessário estipular os custos indiretos de fabricação variáveis a cada unidade pro-


duzida, tendo como base o uso verdadeiro relativo aos insumos variáveis de produção,
ou seja, a capacidade real que foi usada.

Dependendo do critério de produção, esse processo poderá resultar em


mais de um produto fabricado ao mesmo tempo. Um exemplo é a situação em
70 Auditoria contábil avançada

que se fabricam mercadorias em conjunto ou a existência de uma mercadoria


principal e um ou mais subprodutos. Quando não se separam e identificam
os custos de transformação de cada produto, eles precisam ser agregados às
mercadorias em base racional e consistente. Essa determinação pode ter como
eixo, por exemplo, o valor relacionado da receita de venda de cada mercadoria.
Isso pode ocorrer na etapa do processo de produção em que as mercadorias
são separadamente identificáveis ou no término da produção, dependendo
da situação. Grande parte dos subprodutos, em função de sua essência, nor-
malmente é imaterial. Na ocorrência dessa situação, eles são normalmente
avaliados conforme valor realizável líquido, e esse valor é diminuído do
custo da mercadoria fundamental. Como consequência, o valor contábil dessa
mercadoria considerada como principal não deve ser materialmente diferente
do seu custo.

Produtos acabados e em fase de andamento


O processo de acumulação de custos para a fabricação ou o desenvolvimento
de mercadorias muda de uma companhia para outra. Isso ocorre com base no
tipo de produto que é produzido.
A avaliação dos produtos acabados e em fase de andamento precisa estar
baseada em três elementos fundamentais: matérias-primas, mão de obra direta
e despesas gerais de fabricação.
Nessa situação, os exames aplicados pelo auditor precisarão cobrir alguns
elementos. Estes devem ser testados com relação à exata apropriação relativa à
matéria-prima por intermédio das solicitações de materiais, à apropriação de
mão de obra direta conforme indicações de mão de obra direta e aos métodos
usados para definição das despesas gerais de fabricação.
Quando se tratar de produtos acabados ou em processo, será preciso es-
pecificar a etapa de produção em que se encontra o percentual de conclusão
realizado ou a efetiva acumulação referente aos custos que já foram incorridos.
Independentemente de os exames se referirem a produtos acabados ou em
fase de andamento, o auditor precisa verificar os métodos usados pela empresa
para mensuração desses elementos. Depois, deve encaminhar seu trabalho a
fim de cumprir esses métodos, além de analisar se eles são os mais adequados.
Ele também deverá realizar uma análise referente às despesas gerais de
fabricação de forma criteriosa. Seu intuito é o exame que confirme se todos
os custos indiretos relativos à produção, e somente estes, foram inseridos.
Auditoria de estoques e inventário físico 71

Na ocorrência de a empresa fazer uso do custo padrão, é função do auditor verificar as


contas relativas a variações. Isso ocorre pois os saldos elevados referentes às alterações
apontam imprecisão em relação ao uso dos padrões ou à inexistência de determinação
correta dos custos.

Os participantes e os critérios da contagem física


O processo de inventário físico corresponde a critérios de controles que bus-
cam apurar as obrigações das pessoas que vigiam os bens da companhia. O
processo ocorre mediante a contagem física dos bens em contrapartida ao
resultado dos saldos de estoques. Sendo assim, é sugerido que os participantes
da contagem física não sejam os mesmos que façam a guarda dos estoques.
O inventário físico também tem por finalidade adaptar os registros contábeis
à situação real da empresa.
A contagem física precisa ser efetuada pelo menos uma vez por ano. Algu-
mas empresas realizam o inventário físico de todos os bens do estoque perto
do final do ano ou do encerramento do seu exercício social. Enquanto isso,
outras empresas fazem uso do método rotativo, em que realizam a contagem
física ao longo dos meses do ano, tomando o cuidado para que todos os bens
sejam contados ao menos uma vez durante o exercício social. Esse processo
deduz que a companhia tenha um registro contínuo dos estoques, ou seja, um
registro analítico. Esse registro comporta todas as movimentações em reais e as
quantidades de acordo com cada bem, acompanhadas por um bom sistema de
controle interno. As capacitações de colaboradores e as instruções por escrito
são pré-requisitos para que o inventário físico tenha êxito.

Etapas do inventário físico

a) Inventariar os bens da empresa.


b) Confrontar os elementos que foram inventariados com os registros
constantes dos estoques.
c) Ajustar os registros e o razão geral relativo aos estoques.
72 Auditoria contábil avançada

Toda divergência encontrada entre o estoque físico e os registros precisará passar


por análise investigativa.

Controle interno
A definição de controle interno tem por finalidade proporcionar ao auditor a
base para estabelecer o propósito do seu trabalho. Ela o orienta quanto aos
métodos que ele deve utilizar, ao período e à extensão dos trabalhos.
O controle interno contempla os controles contábeis e os físicos. Um controle
contábil eficaz se define mediante um sistema em que as funções dos colabo-
radores sejam separadas. Ou seja, em um sistema no qual não seja possível
que o colaborador que fiscaliza os estoques tenha responsabilidade sobre o
faturamento das vendas da empresa ou sobre os lançamentos de compras. O
sistema precisa ser desenvolvido de modo que a movimentação dos dados
contábeis ocorra simultaneamente à movimentação dos estoques. Somente
será possível remeter o estoque após a aprovação das vendas e a autorização
do envio.
O faturamento relativo às compras não deve ser lançado nem autorizado
para pagamento sem que se tenha verificado os relatórios de recebimentos.
Estes devem estar corretos com relação aos itens que foram faturados. Os
inventários correspondem a um excelente controle.

As empresas estabelecem o controle interno de acordo com as suas necessidades, já


que uma empresa é diferente de outra. Por isso, cada uma possui métodos próprios
para aplicar o controle interno.

Verifique, abaixo, algumas espécies de controles internos que podem ser


executados pelas companhias:
Auditoria de estoques e inventário físico 73

a) Divisão de funções entre a guarda física de estoques e a de contabilização.


b) Aprovação para compras mediante responsável nivelado.
c) Uso de pesquisa de preços ou coletas para as aquisições.
d) Uso de solicitação de materiais que forem utilizados na fabricação.
e) Indicação da quantidade de horas trabalhadas no processo de produção.
f) Registro ininterrupto de estoques.

Valorização e avaliação dos estoques


O custo dos estoques de elementos que geralmente não são intercambiáveis
e de bens ou serviços produzidos e separados de acordo com projetos carac-
terísticos precisa ser conferido mediante o uso da identificação exclusiva dos
seus custos individuais. A identificação exclusiva relativa ao custo significa
que são conferidos custos exclusivos a elementos identificados do estoque.
Esse é o processo adequado para elementos que sejam divididos para um pro-
jeto característico, desconsiderando se eles foram comprados ou produzidos.
No entanto, na ocorrência de grandes volumes de elementos de estoque que
sejam normalmente intercambiáveis, a identificação exclusiva de custos não
é apropriada. Nesse tipo de situação, se deve utilizar um método de valoração
dos elementos que continuam nos estoques.
De acordo com o CPC 16 (R1) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS
CONTÁBEIS, 2009), os critérios de valoração de estoques compreendem:

25. O custo dos estoques, que não sejam os tratados nos itens 23 e 24,
deve ser atribuído pelo uso do critério Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair
(PEPS) ou pelo critério do custo médio ponderado. A entidade deve usar
o mesmo critério de custeio para todos os estoques que tenham natureza
e uso semelhantes para a entidade. Para os estoques que tenham outra
natureza ou uso, podem justificar-se diferentes critérios de valoração.
26. Por exemplo, os estoques usados em um segmento de negócio
podem ter um uso para a entidade diferente do mesmo tipo de esto-
ques usados em outro segmento de negócio. Porém, uma diferença na
localização geográfica dos estoques (ou nas respectivas normas fiscais),
por si só, não é suficiente para justificar o uso de diferentes critérios de
valoração do estoque.
27. O critério PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) pressupõe que os
itens de estoque que foram comprados ou produzidos primeiro sejam
vendidos em primeiro lugar e, consequentemente, os itens que perma-
necerem em estoque no fim do período sejam os mais recentemente
74 Auditoria contábil avançada

comprados ou produzidos. Pelo critério do custo médio ponderado, o


custo de cada item é determinado a partir da média ponderada do custo
de itens semelhantes no começo de um período e do custo dos mesmos
itens comprados ou produzidos durante o período. A média pode ser
determinada em base periódica ou à medida que cada lote seja recebido,
dependendo das circunstâncias da entidade.

Durante a realização do inventário físico, alguns auditores registram nos


seus papéis de trabalho os comentários relativos aos métodos aplicados pe-
los clientes no levantamento. Eles também incluem as condições como são
apresentados e sua opinião própria referente às contagens. Os comentários
registrados pelos auditores formam evidências que são úteis na formação de
opinião referente aos estoques. Também são importantes para os auditores
realizarem recomendações construtivas para o cliente.

Algumas vezes, em situações de observação de levantamento de inventário físico, é


necessário que o auditor faça uso dos seus sentidos, abrindo mão de seu entendimento
para que consiga constatar a exatidão dos volumes analisados.

Algumas espécies de estoques podem apresentar problemas com relação


ao levantamento do volume, conforme você pode observar a seguir:

 Enormes pilhas de material em espécie de carvão.


 Líquidos em tanques, observando os de formato horizontal ou cilíndrico.
 Diversos volumes de peças pequenas.
 Trabalhos em andamento.
 Toras de madeiras alocadas em rios.

Também é possível encontrar dificuldades em definir a essência qualitativa


do estoque. Isso pode acontecer, por exemplo, se o material corresponde a
um produto químico de um tipo específico, ou ainda a uma joia de valor
individual. O que ocorre é que poderão surgir situações em que o auditor não
poderá contar somente com os seus conhecimentos. Dependendo da situação,
Auditoria de estoques e inventário físico 75

é recomendada a contratação de especialistas que possam afirmar quanto à


natureza do item em estoque.

Procedimentos de auditoria
O auditor precisa ler atentamente as recomendações da companhia para o
levantamento do inventário. Ele também deve verificar alguns dos principais
pontos:

 Planejamento;
 Monitoramento das etiquetas;
 Corte das operações;
 Fluxo interno e externo referente às mercadorias;
 Identificação das mercadorias.

Faz-se necessário ainda ler os papéis de trabalhos relativos ao exercício


social anterior. O auditor precisa estar atento aos métodos utilizados, aos
problemas indicados e aos comentários que podem ser executados ao exercício
social ao qual está submetido o exame.
O auditor também deve obter a apuração aproximada referente ao estoque
para cada local da companhia, definindo os setores que serão abordados. É
importante que ele faça a devida comunicação por escrito, especificando os
detalhes relativos à contagem aos demais escritórios da empresa de auditoria
que também estão participando do inventário.
Antecipando a contagem, o auditor deve realizar uma visita aos locais
onde estão armazenadas as matérias-primas e as mercadorias. O objetivo
dessa visita é verificar se os estoques estão organizados de forma correta e
analisar se há áreas com maiores dificuldades ou obstáculos, onde deverão
trabalhar os auditores que possuem mais experiência.

É aconselhável que o auditor externo converse com o responsável pelos auditores


internos e solicite a presença de um deles no levantamento físico. Isso porque os
auditores internos podem cobrir a área que não seria verificada pelos auditores externos.
76 Auditoria contábil avançada

É preciso ainda definir quais serão os auditores externos que farão a apu-
ração das contagens. Isso é feito mediante reunião. Esses auditores recebem
orientações sobre a natureza do inventário e a particularidade das operações
da companhia. Além disso, nessa reunião se definem os setores em que cada
auditor vai atuar.
Durante o período da contagem, será necessário que o auditor siga os
seguintes critérios:

 Analisar se os participantes estão obedecendo às orientações do in-


ventário físico;
 Realizar testes de contagens realizando o confronto imediato com o que
foi apontado pelos participantes e esclarecer qualquer dúvida existente;
 Ordenar os papéis de trabalho referentes aos exames de contagens de
elementos que possuem maior valor monetário, para que posteriormente
possam ser confrontados com as relações conclusivas do inventário;
 Verificar e questionar as mercadorias obsoletas e matérias-primas que
possuem defeitos ou que não estão em uso, geralmente sem utilização
nos últimos 12 meses. Na ocorrência desse material, é preciso ordenar
papéis de trabalho com especificações;
 Verificar se foram escolhidos os métodos de acordo com as mercadorias
faturadas e não entregues, observando também as matérias-primas que
foram recebidas no período do inventário físico;
 Ordenar o papel de trabalho relativo ao cutoff (corte das operações),
quanto aos documentos de entrada e saída;
 Desenvolver cutoff para as etiquetas de contagem, incluindo as emitidas
e as em uso, as que foram canceladas e as em branco.

Você deve saber também que é preciso solicitar confirmação ao custodiante


quando houver estoque sobre posse de terceiros. Para isso, é preciso observar
alguns pontos:

a) Se o estoque realmente se refere à empresa que está passando pela


auditoria;
b) Se o estoque está em condições adequadas;
c) Se o estoque se encontra livre de qualquer ônus.

Analise, a seguir, alguns testes importantes que precisam ser efetuados


sobre os produtos acabados:
Auditoria de estoques e inventário físico 77

a) Realizar a conferência dos dados com os registros perpétuos de estoques;


b) Confirmar o cálculo das quantidades, no qual é preciso multiplicar a
quantidade pelo custo unitário, confrontando o resultado com o custo
total existente;
c) Conferir, do mesmo modo, a matéria-prima, revendo o cálculo da apu-
ração relativo aos custos unitários durante o exercício social que está
em exame;
d) Comparar o custo unitário atual em relação ao ano anterior, pesquisando
a existência de irregularidades ou diferenças;
e) Comparar o custo unitário momentâneo com o valor realizável líquido.
Na ocorrência de o valor realizável líquido estar abaixo do custo, é
preciso que a companhia constitua provisão para desvalorização dos
estoques. Nessa situação, o auditor precisa ter consciência da necessi-
dade de constituir provisão para o estoque relativo à matéria-prima que
posteriormente será transformada em produtos acabados.

Para o teste de produtos em andamento, também deve ser efetuada constituição de


provisão para desvalorização de estoques. Isso se o valor realizável líquido for menor
que o custo unitário total.
78 Auditoria contábil avançada

1. Com relação à auditoria de estoques d) Verificar e conferir se o valor


e inventário físico, indique a de estoque adquirido pelo
alternativa correta. fornecedor está adequado.
a) O CPC 16 (R1) tem como e) Conferir a falta de
objetivo delimitar o custo responsabilidade sobre
total dos estoques. os estoques.
b) O CPC 16 (R1) foi aprovado 3. Analise as afirmativas que abordam
mediante a Deliberação os custos de aquisição e de
CVM nº 585/10. transformação, e também quanto
c) O ponto fundamental na aos produtos acabados ou em
contabilização dos estoques fase de andamento. Após analisar,
é relativo ao valor do custo indique a alternativa correta.
que precisa ser reconhecido a) Os custos de transformação
como ativo e mantido nos de estoques incluem
registros até que as devidas aqueles vinculados de modo
despesas sejam reconhecidas. indireto às unidades que
d) Os estoques representam os estão sendo produzidas.
bens que foram adquiridos b) Nos custos de transformação,
e cujo destino é a venda. os descontos comerciais, os
e) Conforme a CPC 16 (R1), abatimentos e outros itens
o item 2 afirma que o semelhantes devem ser
pronunciamento se aplica a somados na definição do custo
qualquer estoque, incluindo de aquisição do produto.
a produção em andamento c) As determinações dos custos
decorrente de contratos de variáveis indiretos de produção
construção e os contratos relativos às unidades produzidas
de serviços relacionados. precisam ter como base a
2. Com relação à auditoria de capacidade básica de produção.
estoques, marque a alternativa d) A avaliação dos produtos
que se enquadra nos objetivos acabados e em fase de
desse tipo de auditoria. andamento deve ter como base
a) Determinar um controle somente matérias-primas e
eficaz para estoques. despesas gerais de fabricação.
b) Determinar a possibilidade e) Nos produtos acabados e em
de o estoque existente processo, é preciso fazer uma
não ser vendido. análise rigorosa referente às
c) Estabelecer a forma correta despesas gerais de produção.
de apresentar o estoque por Nela, o objetivo é o exame que
meio dos auditores internos. confirme se todos os custos
Auditoria de estoques e inventário físico 79

indiretos relativos à produção, e a) É preciso que o auditor observe


somente estes, foram incluídos. o que foi apurado por meio
4. Avalie as alternativas que do inventário e analise, entre
tratam sobre o controle interno outros, o controle das etiquetas.
e aponte a correta. b) Não é necessário definir com
a) O controle interno corresponde antecedência as áreas que serão
somente a controles físicos. visitadas, pois se os setores
b) O faturamento relativo às forem pegos de surpresa, os
compras pode ser lançados e resultados serão mais eficazes.
autorizados para pagamento, c) Na contagem, o auditor deve
dispensando a análise dos obedecer a alguns critérios,
relatórios de recebimentos. como a realização de testes
c) As organizações definem seus de contagens, em que o
controles internos para atender confronto poderá ocorrer
às prioridades de seus clientes. em outro momento.
d) A utilização de solicitação de d) Se o estoque estiver sob
materiais que serão usados posse de terceiros, deve ser
na fabricação corresponde solicitada a confirmação do
a um controle interno. custodiante, observando
e) A utilização de pesquisa se o estoque pertence
de preços ou coleta para mesmo aos fornecedores.
aquisições não corresponde e) Quanto aos testes efetuados
a um controle interno. sobre os produtos
5. Com relação aos procedimentos acabados, é desnecessário
de auditoria de estoques, indique a efetuar a confirmação das
alternativa correta: informações com os registros
perpétuos de estoques.
80 Auditoria contábil avançada

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação CVM nº 624, de 28 de janeiro de


2010. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/
legislacao/deli/anexos/0600/ deli624.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2017.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento técnico CPC 16(R1).
Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://static.cpc.mediagroup.com.br/ Documen-
tos/243_CPC_16_R1_rev%2003%20(2).pdf>. Acesso em: 09 jan. 2017.

Leituras recomendadas
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e normas brasileiras
de contabilidade: auditoria e perícia. 3. ed. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <http://
portalcfc.org.br/wordpress/ wp-content/ uploads/2013/01/livro_auditoria-e-pericia.
pdf>. Acesso em: 05 jan. 2017.
CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
SLOMSKI, V. Manual da contabilidade pública: um enfoque na contabilidade municipal,
de acordo com a lei de responsabilidade fiscal. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:

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