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A ERA DA INFORIVIAÇÃO:

ECONO~IA., soe EDADE E CUI.JTURA


V0Ll.J~E2 3ª Edição
A ERA DA JNFOR1vfAÇÃO:
ECONOJ\.1lA, SOCIEDADE E CULTURA

Yolu1ne II

O PODER DA IDENTIDADE

Li 1
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Registro: 009579
M~nucl Cmaclls

O PODER DA IDENTIDADE
Yolurne 11
3• edição

7111duçcio: Klauss Brandi ni Gerha rdl.

EB
PAZ 1.: TERRA
'" \fa m,cl ( ..JStdl,
•Õ t()96, rhc:Jnhns Mopkllb l 'HI\Cl :,.t1y 1'1·.;.·;,,:-,
T radu:ddo do ,n iginal: 11n p()NJer ofirlemity

Prefácio

(Sfodicato ~ .tcional dn~ l·:ditor-cs d::: Livros., RJ, Br:'!..:.11 1 por Ruth Col'rea Leite Cardoso
$:\o Paulo: P-a~ e Tcrr.~. 1~N9.

Vl'J•• i.:/)tl.'! livro como unia grande aventura. e !>t-:U amor corno um grande dcsbr:t-
Caste!I$, :\fon1:cl, l~f.12- \ u11.n l .cvan<lo umn hag:igem pesada. com muita soci0Jogi~1. ba.swnte amropologia e
() poUcr <l:t idci-uida(i.,_,: / \1am1d CaHcHs : indu,;_'.1\u l( Lmss Br;indini ( ;,-rharck
111 111, \ 1.,;io poli1ica c lara, Manuel Caslells pai1iu para \'_bitar o mundo. Tal como os
, ldj,ufü•, :rn1igos. observou dêl<.1 lhes, interessou-se pelas diferença:; e pelas pecufinri-
.1,,dl·, pm<.:urnndo um fÍ() de meada que pnJe.s~e explicar o inundo pós-morlen)o Oll
T1'.1.du~~:in d(.·: Th(,: p,o,\·cr úl i,k:m II r 1,-, 11ulu~tf'fal ou qualquer outro nome que se queira dar para as novida<k-s do munch)
l ndui ap0ndicc~. IJibJiugr;Hi:, e indic~ r~mts<:i\'o 1• ,l11di1:ulc>. O t.le:mfio era co1np rt;"ender a divcr:-.ida<.le de manife.-:.ta;:ões que se rcpc~
1Sll0- 35 219 ; •.1%-- 11,1111 l' 111 11111ill>:,. p~líses sem ~er iguais e que ucrn :;e sabe :r-c pode1fam ser classif'icadac;.
1 111110 <11., mc-.ma e~pédc.

1. 'l't.:cr11,loL'H d,t inforn;adn .,\ ;;p ec11 ,~ ~on1Í'- ;~. Tun, >l,,~i.¼ da 1nt(mn;1dn o c.lcsrilio era grande mas ª !!ora <..:abemo~. kndo seus livro:-.. que encomnm 01;,,
~\-;1'cno:; p<,litil'< •$.. ) . Soc;i(.'{faJ<.· d.\ inf. 1nn:~\=ào. 4. \lm·im~mo;; ::ncbi:-.. 111 1,1'1 \(11L' procurava e com das decifrOLl o mistério. Sua grande contribuição foi ofc~
S. ldt·nu<hd(! -.11rí:d. 1 Tfwlo. 11. Slfic. t t 1 111,w 1.;xplicação abrangente. insrig:ame. que renova a t~uria da mudança social e
111,i•-..,mla urna vi..,fio lotalizamc yuc engloba as u·tul.sfhn nações 1ecnoló.gicas. a cultura
l)l).119-16 CDD 1113.483 li ~tll.'Íl'Lht(IC..
Cü l .1 16.,122 .44
l'Ma ,,ling_ir e~c;c objetivo inovou Lambém no campo da me1odologia: o c:;(udú
S.Ocledada ele Ensino Superior 1 l ,,.,o. a ob,;;crv~1ção pa11k ip3m~ l! a preocupação Cúrtl a comparaç.ão c.stavmn sempn:
de ~IJa. V~l/'\f l tela_ 111,'''- u1r, (cu1rn1m1 melhor lradit;ào nntropol6gka). mas sem t:'.\4ut.:cer que o obj(!IÍvo
RG M" OI/<( í( / .L.003 Ef>JTORA PAZ E TF.HllA $IA
R11.:t ~!() Trhmfo, 177 1.1, e C-• ..:hc~ar a uma vi:-.:lo compres~iv,1-cm que o geral Mio ~eja um empobrecimento
$ :l tiu F.fir,êi,i:\, S:i<> 1•~uto, SP <.:EP: 01212-010 ,h1 '''l"'dfico. A diversidade é dcsafüuue, mas alguns 1eutre os quais Castell<) ainda
:'l,j
'' .:, Td.: (Ot 1) 3337-8399
Ru:a Ger.er-.d Venftnc'.o Ffo u:s, J.O), ) :'lb !)0,l
il 1,·l11111m c1uc t pn.:ciso reflet ir sobre os contexto:; 11ovo~ ern que: se desenrola a vicl~I
11 1111 pt11" compreender úS mecanismo!'> de mudanças. e. partindo dessas siLUaçõe~.
R.o de J.md ro, RJ - C l!P: 224~ 1-090
T d .: (021) ZS 12·S7-i4 hll.,('<11 11 11, uuvo quadro teórico para cx.pJicá·los.
, 1 N\> voluml.! 1 desta série. Castell.s most rou o e feito das imenSil~ tJansforn·1a--
É·m:iil: , ·\:11d:1)@:'fqi.tnrr:, ::1.nn,br
l-lmm~ l':\~t" www.v;.~(,'tc1~.1 rut:1.b; u11· 11 ·1.:oológlcas, e$pccin lmente na ál'Ca da \.'.Omunic.ação, lrnzidas pela.s últimas
11 'L ,uh1-.. /\ ind t1 rntmlt.:ndo seu gosto pcd o materiali~n io. ele parte dCS$3 nova bt1.;;e
l' 2.01:J:? 111,H1•rtnl par~1 dc!--crcver o impacto da in fonna1izri~ào ~ohrc ,,s cultun-ls de todo o
t,:1pa·,,)O 1w Bi-Js1I I h1:!,·,l m llYir:,! ~·hthc,, ,. up1es.cnt.l o ronccitO de .w>ciedatle t!m H'tle que rc.su11w :h 1.·:uncte1 í-.1k<1:,, Uo
1nu1ulu c.:nnl\."l11pcll'ârlC(l gl<Jb;1 lin 1dn, Su:1 clt:::finição l:,1;,t4Í nu 1nl1 01h1<tan d,~ p1\'scruc
,,1t1111c, n11dt: lemos:
li Ili

A rc\úlu\·ào dt1 teçnologia da inf<lm1ação e a reestnuuração do capita lbmú ,.,·m ju lgü-1al'l v::ilorati,·amentc. É ..:erto <.1uc ,1p10pna da::.sificação indic;i o papel ino·
introduziram uma no,·a forma desrKtedade. :1 ~ociedadc em rede. F.ssa socie- , 1ulnr <lc cenos movimentos. enqm1nh> uu1n1!-> ~ão obstáculos à mudança. l\1as. o <1ue
dudc é cm,c:ténz;:ida pd ,1 globuliznçfio das J ti \ idades (',:.;Onôm ka:-. c.kch.ivas n111\ IIUcmo~ irnediat:unenl\:'. é qu~ a dinâmica de l'aLla c:1~0 explicará seu desempenlw
0

do ponto <lc , isrn e;--lrntégit:o: por :,.ua forma de or!!anização cm redes: pcl~1 , l"'1 wu10, que não éx i~tcm "hons" ou "maus" movimentos. mas romextos dinârni-
flex ibilidade e instabil idade do ('mprego e a tndividunlin1çllo dn mão-cle- l o•, a scr1;m <.:wnprc..:ndidos.
ohr~1. Por uma cultura d e virtunlidnde real COH'-truida a ptirtir dt: um sist~ma Por e~~c cmni nlh>vúlwmo~ a pcrc·cbcr a n~ce~s1dadc de enfrentar os fenômeno~
ele mídia onlp1'L'St:mc. illterligado e ~lrnmente d h·çr,i lic.:tdo. E pc-la Lmn:\l'úr'-
1111\.'c " ,mmiclos de ín,l rumcn1os q ue pcnnitan1cornprc.:-cndcr a dinâmica sociocu l1unil.
mnção das base~ matc-riai,; da v·ida - o h.'mpo e l> i:sp.aç11 - mcdinnte a
n 111 r l.1~1--ilicaçõc:s v;1h.n:ati,,c1s ( ltl pn.;<.:l)11cehid:h . é li\ n.! de um cktcrnllnisrno ..:~11'1.!ito.
.::riaçnl> de urn t:-.pa~·,, de ll1nos e de urn. lempo inlcmpol'al conh>L'xprc;,.sões
da" altviJa<l~r- t d ih.~t,. do1ninaut\::-. {p. 17 ) 1 11·,ll'II, apostou no rno, imeJHo <.:on~t..u llc da M)thxladt! e da culturn~ e percebeu a~
1i.1•,•,1bilidadc~ de trtmsfonm1~·fio, 1rabalhando ~e111 , lirccicmismo e sem proi'ecias:.
Encomramo:-. uma vis:lo m.l\·;1 na cnnstrnção de <.·onexõe:-- que ligam a:-- mc)difi- /\pn.:ndenws cofnc) ..:;.e form~un 11uvo:,; atvrc~ &odai$. corno .::,mi ;llunçffo é frag·
caçõcs do capitalb nlo L·oJHcmporúneo e seu!- reflexos nas formas de lrahnlho e nos 1th·11 111da. muiws Yeze15, isoladt1. ma~ ~empre em interação -com os uparillOS. do l::studo.
eixos fundamentais que org:,nizam as cu lturas. Por um lado. a gloh;11izaçãu impõe ,nlt..·o,, ~lohais e Üldivíduo~ centrados em si mesmos. Todos esse~ elementos não ~e
pa<lrôcs cornun-.;. pohalifundê 11mç1 me:,;nm matriz proJutiva. baseada na m.>v;1 lCçnOl<\~i;;1 1111u tl :11u, pois ,ua.s lógica, s~lo diferentes e ,ua c.:oexistência não ::ierá ptu.:íôc:a: ma'-
que apaga di:-.t;'i nda:-- rnas. por outro. propicia reaçõe:-- locai:-- que m,~cem 1rnm;ac.las ·1 1.0111.·nll' :,;~rá ··produtiva" para a transfonnavào dn socied..ide.
pela <lnlplia.;:'io da comuni<:açâo e pelaç, nova5 prática.:: sociais. As tran~fonnaçõe:,; d as /\ gfnl,a1ização não apagou a presença de atQre:-: poJí.t icos. Criou para eles novo\,
hases mated11is da ,·ida deixam marcas locais não-\'isívçi~ (púrqnc vin11ais). mas que pm;o~ pdos quais se inicia um processo histórko que nào tem direção previstH. t\
mudam ;is i'onni1s d,.: t1ção e 11:-: ori·entações bá~icas das tullura<... 1tn11, u.Jadc. a n~goc·iação e a capacidade de mobil ização serão o~ mab ünponanh.::,
~:~1:í -.:uiocad<l a C(Ue:-tflo da identidade, \)U d:l!'I i,k11tidadc:-: . ..:orno 11111 núc leo 11P1ht11111·nt1.J, par.:1 <:ünquistar um lugdr na ~odedade em r('dt'.
rL·... is1c11 lo..: i1 htmwgeneizaçào e t (Ue pncle :-:-er ~..:-mc1111; lfú mudam;a:-- ~oc.·1<.1culturni;;;. Ma,. •\ p,11ti1 daqüi J'Ccornendo a lcilura J..:-... te Hvro. pnrque :--\Hnt"nte a riquezc1 de:
in~i:,.W o :1utor. existem tipo::. diferente~ de m,u1ilcst:1çôt:-. itkmtil 5rias. Todas 1;..,~fü> 111 111111'H1\úi::, e :t prec1~ão d:¼~ imcrprcluções poderão conquist:1r os k.i10res parn que
1i1:tl'L'<1dr1s pela his1órin de cada grup<.1. a%im como pc1:l~ in-.ti tuiçõe-s -.!Xbtentes. pe los •lhl' m 1l mu11do gluhali7.:1Jl> com <'1lhos crílico, mas lamhérn e,peranço~os.
ap,1raw~ de poder e pelas crenças re1igiosa:-.. E ne1u tod:.1$ tl~scnvoJvem uma prc-1l1c:n
r~119v<11tcm1. t\lgllllla~ se trndllz~m em r.;siM011d.i à rn11da11~a ~ m11rns, cm l)l'Oj~tos de
futuro. Exatamente porque. a cúnstn1ção d;1s idc1uicl::u.ks '-C <lescnvo]ve cm contl!x co:-:
m~r<.:iu.los por rebções de pod~r. é pl'cci.::() di,1inguir c nln; estas forma~ e a::. di fol'tn1c:-.
origen\, ltUe e;'l.cã0 11a ba~e do proc..::--'>0 de sua cri:.t~ào. O au tor distingue:

Identidade le_gici m:idora. cuj~\ origl:u1 ~:,;t:í_ligada i1..; imililu ições dominantes:
Jdentidade de re,i-ilóncia. gcmd:11H1r at<)re-:,; ;,.ocinis que e:-.tão em po~ii._:ôcs desva lo·
riz.ada~ ou di~cl'lmimula:-.. S:1o trincheiras de resistência: e!
• Identidade de pr.t)Jcto. pmdui id:.1 por atores soci(lis t,ue p,1rlem dos 1na1cdais cultu-
rnls a que Lém 3G~~so, p~mi n.:dcfinjr sua posiçtlo na sociedade.

Qual u grande i11 terc.~~e de,ssa tipologia'? Ela expõe a dffcr:,;idadc de manifes.ta-
ções {lllc p._,(lcrfomos ~nquadrnr na cmegoria de movimento~ :-;oci;u,. Chamaríamos
alguns de novos movimentos e outro~ de trndicionalisla-.: :-cru g,mhar muito na com-
preensão tlc'\sc~ fenômenos.
Ag<Jrà di:.-.pomo, d!! um instrumento que :unplia no~~a vis:'m porquç C\J)ÕC o~
parenLc-.sco:-. c11ln.; 1.: ~sa~ \'Ori a:.-.
nçôcs. ~ltnJ perdrr sua especificidade e. principaiI nc11Lc,
Su,nário

t 1~111a... ................................................... ............................. ,.,,..,,,,.,,, .. 9


1,11h• li\, ... . .......................... 11
e 1111111, 0, •. ............. 13
\~11,1tk·c:i 1nc!llos .... .. l .'í

l1111 odU<;ào: Nosso mundo. nossa vida ................................................... J 7

1 l 'urn í,os co,mmais: identidade e sign ificado na


,m: icclack cm rede .................................................................. ........ 2 1
\ • ,,n~1 ruç~o da identidade ................ ..........................................,................... ~2
1 h p11r:ií,o, do Senhor: htndamenlalismo religioso e identidade cultural ........ 29
l/111111(1 versus Jahiliy,.1: o fundamentalismo islâmico .... .......... 30
Deus me ,uive! O fu ndamentalismo cristão nonc-amcricano ........ ... 37
~1,\(h..'"' l' nadonalismos fü\ cr:-i cl.-1 globalização: comuni<lades
1m:.tginadas ou imagens <:ornun~i~? .................................... .. ........ 44
•\ 1111,·õcs contra o Estado: a dissol1u,:ão da Un iáo Sol' iética e da Comu nidade
Lic ~stados JJnpossíveis (Sojuz Nel'Ozmomyk/1 Oosudarsw) .................... 49
Nações sem Escado: a Ca1ai11nya ........................................ .................... 60
/\s nações da ern da mformação .................. .................................... ........ 69
, \ 1 lc";,igrcgação étnica: raça, classe e i<.k ntidade na
M>dcdade em rede ................................................ ............................. 71
1,1,•ntidatlc~ 1crriml'iais: a comunidade local ................. ............................. 78
1 111,-1 usílo: ,is comunas cul llll ais ela cm da informa,;,ão .................................... 84

1 /\ uulr~ face da Tcrn.1: 1111>vi11 1<·11t,,s ~oduis contra a nova 0 1dc,11 µlobal .... 93
"
7

Globalização, informacionalizaçfto <.: mov imeolos sociais .............. 9:~


Os zapalistas do Mésko: o primeiro movimento de g uerrilha
11111lh\'1<·, no mercado de trnhalho ............................................................... 19 l
.ntonnat.·1
1 .. . ona! ...... .............................................. ............ ,.... ................... \)7
(1,,.,.1,,, ,la ,·,111gn,gaçfü.> feminina: o Movim~nlo f-'eminista .......................... ~ IO
11• 11 un1 ... 1110 :uncri<.:rnlo: uma continu idade dt':scontínua .......................... 2 l 2
Quen1 são lh z.~lputistas'! .............................,.................................... 98
é glnb~l?............................................................................. 220
1) h•1ui1,i , 111<1
A estrutura de 11alor0s dos zapatistas: identidade. advcr,{ufo.s e objet ivos ... 10.1
1,•1u1111 , mo: uin:, pu1.. · ·111st1
ito111a ·gante .... .. .... ................. ..... ............ ........ .. 729
--
A estratégia de cmmmicaçr,o dos zapat istas: a lnternc1 e a mídia .......... 1<P
11 p1 11 h I du 111nor · mcwimcnlv~ de hbertaç~ào lesbjano e gay ........................ .. 238
A rda'tàO contrad itória entre ir1ovi111ento sodal e
l 1·1 111111:-illlí', lc,bbnismo e liberação sexu~ú em Taipé ............................ 14 1
institui,·ão polít ica .......................................................................... 106
À~ armas contra a nova 0rdein mumHat: a !vlilk ü1>!orte-...\.mcrin ma e(>
1 ., ,.,,,is ,k liberdade: a comunidade gay de São rranciscn ............... .... 248
li, -,11111u. idc111idadc "ê'<lw l e ,, fomí.lia patriarcal ...... ....... .. ........ .... ..... .... 156
\ ·10\'imemo Pai L'iôtiw dos anos 90 .. .......................... ...... .............. ..... ... l'08
1111111.1 l''< 11. 1IHfacl...: e per,onalidade m1crist.: do patriarcali~mo .............. ...... "2.57
As mi lkias e os patriot,1s : uma rede de informaçôe, de múltiplo,
·\ 1111111h., que .:ncolhcu drn~tícamentc .................................................... 257
te ,nas ................................................. ··....·..... ························ ...... 112
\ 11, 1undlu~·i,o da ligur:i ma1ern(1 e1n rel a,·ão à não-rcproduç5o do
As bandeiras dos patriotas ..................................................................... 118
jl1lt 1tHlt.~tli ,1nP ... ...................... ..... .... ..... ............ ......... ........ ........... ............ 2ó4
Quem s,io 0, patriota;·>.... ..... ........ ........ .... ......... ...... .... .... .... .. ... .. ............ 11 1
A, rnilídas, os pa1 ,·io1a~ e a sociecla<lc norte-:.unvrkana do.~ ano:; 90 ............. l22 hh·11111l.1dc "'" p11L·al: ., 1,·ciwnstrnçàl> lia ,cx ualidade ............................. '27 1
l't '"º111,lid:u.ll'' l'l~'ii\eb cm um nni ndo p6~-pat.riarcal .. ......................... 275
O, La mas do /\pn.::,lipsc: ,, Verdade Supr.;ma do Ja1lã,.> ....................... .. .... 123
1111111 ,lo pa111;1rcali"1,cf.' .............. .............. 277
Asahara e o ,urg1menr.1d;-, Verdade Suprema .......................... ..... 124
Metodologia e çrç uças da Verdade S uprema ... . .. .... .... . . .. . . ... .. .... ..... . . .... . 1:17 - , 11.,, htmlo dcstitllído de poder·> . .............. 287
A Vc,·dade Suprem,1e a ,odedadc j11po11<.:sa ........................................ .. 118
l11l11,l1111\\10 ç v F~1ado ...................,,, ... ................; ..................... ............... 288
O "ignj fiçado das io!)urreiçcle., ..:outra a nova 01·tk1u global ..... ..... .. .. ............. . 13 J
• l nrn:ko 1r·:n1-,.nacioual d<h economias nacionais ........................... ....... 288
Concl usão: o <lesalio ~ globaliza,;iio ................... ........................................... 13 6
\i.,1lli1~·(1t) c ... 1.111\ tica tk1 no,·:1crisL: fisctil d<', E~tad0 na ec()nomia
3. O "verdejar.. do ~er: <) 111ovime111.o mnbiema li~ta ............................. 14 1 ~h,h11 1 ............... ... ......... ........ ..... .... .... .... ........ .... ..... ... ....... ........ ....... 290
., Jlh>h.di ,:,çào e o EstmlL> d,1 bcnH!star socia l ... .... ................... ........ .... 296
<.: riativa do ambientalismo: uma tipotogitt ........... ................... 14J
i\ t1iss0ntincia
H,·ck·~ globu1~ de comunicaç5o. audiê.ncias locais. incertezas sobre
O significado eh.> " verdejar··: questões ~ocicrni., e o desalio
dn, ccologis1a, ......................................... ...................................... ...... 153 l\'J,!Ulamenl açõ,~s ........................................................................... .. 298
1'1111111111(111 ,,•m lei·? ................................................................................. 3!n
O ambiemalismo em ação: fx,:cntlo cabeçn, . domando o capital. co,1cja11do o
1, 1 ,1.1.t,1 Na,,1<, na ci;1 cio muliilat<!rali, 1110 .................................................... 306
Estado. dan~ando rnnformc a mídia ...................................................... 161
, , 11\,•1110 j.>lot,al e ú , upcr Fs11tdo-N11çã11 ...................................................... 31 1
Justiça ambiental: a nova fronteira dos ecologistas ........................................ 165
1,t, 111td.,d1·, 11ovc·1110, l11cn1s e " d~sconstrnç~<' do l:srndo-Na~,1o .................. 3 15
, 4. O firn do patriarcal ismo: movimentos rnciais. ramíüa e scx1 mlidadc \ 11 li 1111 l 1, '11\UO do ha.,do .. ...... ..... .. ............... ..... ..... .............. 3 19
na era da informação .................................................................... 1Ci9 \ 111•11.1 111lk111pP1 .lm·,,, dn" l !rrit,,do" N1u;:m: o l•.,1~11lu 11 w,u·n11u do Pl'( I eu
A n i,e da f,,m il ia patriarcal ..... •. .........................................., .. 17J v11\,·11111 11<1h•1 d do 1 1 ·\ 1111 .,nu, •JO . 122
>fAFTA. Chiapa,. Tijua,m e os estenores do Estado do PRl .................. 322
O povo contra o Estado: a perda gradativa da legiti midade do governo
federal dos EUA ............................................................................ 334 Figuras
~

Estrutura e processo na crise do Estado .............................................. ........... 345


Estado. Violência e Vigilância: do "Grande lrmüo" às '·tm1iizinhas" ............. 34/l
.'\ crise do Esrndo-Naçflo e a teoria do Estado ...... ......... 352
Conclusão: o Rei do Univcrw . Sun Tzu e a crise da democracia ....... ........... 356

6. A política informacional e ;i crise da dcmoc:rncia .... ........................ 36.5

Jntrodução: a política ct11 soc iedade ......................................... ....................... 365


' 1 Distribuição geogníf\ca dos grnpos patrimas nos r.UA por número
A míd ia como c;,v aço para a polili<;a na era ela in fonnaçf,o .. ........................ 3(,9 de grupos e campos de treinamento parami litar nos estados t1one-
A mídia e a política: a conexão do, cidadãos ..................... ................... 369
a1110ricano, . 1996............................................ ............................. 114
A política slwwbiz e<>marketing polít iw : o modelo
11 <·urvas de sobrevivência d()s casamentos na Itáli a, Alemanha
norte-americano ...... Ocid.:mal e Suécia: mães nascidas entre 1934-38 e entre 1949-53 ... 176
.. .......... 374
Estará a política européia passando por um processo de "tunericrn1ização"? .. 38 1 Lvoluçfo do rnhnero Je primeiros casamentos cm países da União
O popul ismo cletrônk o da Bolív io: compadre Palenquc e a chegad~ do L-.uropéia a partir de l 960 .... .................................................... .. 178
11 Índk es bn.nos de casamcnLos em países selec ionados ................ .. 179
Jach 'a Um .............................................................................. .. 386
11 Proporção (</e) de mulheres ( l5 a 34 ,,nos) cujo pri meiro ti lho nasce
A política informac ional cm ação: a política do escândalo ....................... .... 39 1
.A. <:rise da Uernocracia ........................... ..................... .... .. ... ,.,,, ,, ,., ,..... ...... .. ... 40 1
antes dn primeiro casamento, por rnça e etnia. nos F..'.midos Un idos .
1960-89 .............. . 182
Conclusão: ;1 recon,trução da dcn1orracia'! ................................................... 409
11 Síntese da taxa de fe11ilidack cm países europeus a pa11 ir de 1960 .... l88
Concl u5-ão: A transfonnação socia l na sociedade em rede ....... ..... .. ....... ....... 4 17 1f, Índ ice total de ferti lidade e número de nascimentos nos Estados
Apéndice Memdológi,o ............ .. .. .... ......... 428 Unidos. 1920-90 .. 189
11 /\ u111cnto dos índices de emprego no scror de serviços e da
Re;umo do Índice do, Volumes I e lll ....... .. ................... ..Jl61
par1icipaÇ[10 feminina. 1980·90 .................................................... 194
Bibliografia ................................................. Pcrce1uual de mu lheres na força de trabalho por tipo de função .. L97
1 ~"
Índice rem i~;')ivo ........................................... 491 1Hh Famílias nos Estados U nidos em gue as esposas participam da
f<>rça de rr~balho, l960-90 ........................... .............................. .. 198
1•1 Mu lheres com.empregos de me io expediente, por tipo de famíl ia.
cm países membros da Comunidade Européia, 1991 .................. 209
1 lfl Inter-relação tios di ferentes aspectos da sexualidade voltada pan,
p<:ssoa, do m~,mo sexo ............................................................... 242
10 Suul~rio

4.1 1 .Áreas residenciais gílys de São Frnncisco....... .. ........................ 250


4. 12a Composi<;ão dos lares nos Estados Unidos, 1.960-90 ................... 258
Tabelas
4. 1.2b Composição dos lares nos Estados Unidos. 1970-95 .................... 259
4. U Lares de crianças com menos de 18 anos, por presença dos pais,
nos Estados Unidos, 1960-90 .............. ..................................... .. 260
4. 14 Ocorrência de sexo oral no decorrer da vida. por época de
nascimento: homens e mulheres . ........ 27:,l
5.1 Passivo fi nanceiro brn to do governo ............................ ............... 294
5.2 Custos de miio-de-obra na produção industrial, 1994 . ................. 295 11 inclice de variação na taxa estimada de di vórcios nos países
5.3 Porte e sede Je operações das 15 maiores 1mil ti nacionais da mí- ,clccionados. 197 1-90 ................... ........ ,.................... ................. 175
dia e de serviços de impressão gráfica ................. ........................ 300 1 ' 'l'cnJências obse rvadas nas rnxas d,; divórcio para cada 100
5.4 Posicionamento da opinião pública sobre o porre do governo~ ,asamentos em países desenvolvidos .................... ........................ 175
resper tiva prestação de serviç.os nos Et:A de 1984 a 1995 ........... 336 1 t Pcrcenwal de primeiros cnsamentos dissolvidos por separação,
Opiniões sobre os programas promovidos pelo gol'erno [edernl e divórcio on morte. entre mulheres de 40 a 49 anos de idade em paí-
5.5
redução do déficit público. EUA. 1995 ..... .. ....................... 342 ,c, meno~ desenvolvidos ........ ............................... ....................... 177
(,. 1 Credibi lidade das fontes de notícias nos EUA. 1959-91 ............... 371 1 1 1',:ndê ncias. cm números percentuais, de mulhere$ entre 20 e 24
Média de reportagens sobre casos de corrupção por periódico nos :m,>s qu.; nunca se casaram . ............. ............... .. ............ 180
6.2
1, Nascimentos ocorridos fora do casamento em rd açt10 ('ío) ao número
EUA. 1890- 1992 ................... ........................................... .......... 394
iota! de nasciment<>s por região (média do país)......... 18 1
6.J Índices de aprovação dos governos, e. 1993 .................... ............ 404
1,, l .arcs com apenas um u ú$ j)ai~em 1·elação (%} 8 lodos os lares com
6.-1- lodice de apoio aos princ ipais partidos durante as eleições nacio-
fi lho, dependentes e ao menos um pai residente cm países
nais, 1980-94 ....................................................... ............... 406
d.:,cnvol vidos ............... . 183
1/ l'~11dênci,1s, em termos percentuais. de lares cm que a mulher é a
ch01'e de família de jure ....................... .. 183
1~ l11dicadores de mudanças recentes na família e formação dos lares:
paí,e, ocidentais selecionados. 1975-90 ........................................ 185
1•1 Número de lares habitados por apenas um dos pais em relação ao
11tímcro total de lares cm países selec ionados, L990-93 .................. 186
1 Ili Índi ce total de fertilidade nas principais regiões do mundo ............ 190
1 11 l'mticipação de homens e muli1ere$ na força de trabalho(%) ........ 192
1 1 ' l11dic0 toial de emprego - homens e mulheres (média de crescimento
Ullll al - %) ......... .. .... , , ,,,,,,,, ,, .................. ........................... . 193
·-.., Su:náno

... 13 Índices de atividade econômica. 1970-90 ................................ 195


4.14 Índice de crescimento da atividade econô11Jica da mulh er. 1970-90 .. 196
... 15 Emprego de mão-de-obra reminina por ati vidade e grau de imensi- Quadros
dade das infonnaçõcs com relação ao total de postos de trabalho
(%), 1973-93 ................................................................................. 199
4.16 Ta xa ele c rescimento cm cada categoria de emprego de mão-de-obra
fe min ina e m relação ao emprego total de mão·de-obra feulin ina.
1973-9.1 ...................... .... .... ............................... 200
4.17 Distribuição da mão-de-obra feminina por tipo de ocupação. 1980
1 1 l's1nnura de valores e <.:rcnças d,~m<ivime nto s contrários à
e 1989 (%) . ............... ...................................................... ............. 201
g_l()balização ......................... ............................................. . 133
4. 18 Tamanho e composiçfü> do mercado de trabalho de meio expedien-
11 Tipologia dos movimentos nin bie nta listas ...............,,,,.,... 143
te. 1973 -94 (%) ............... ....................................................... ...... 205
11 Tipologia analítica dos movime ntos reministas . .............. ,............. 23 J
4.19 Participação do trabalho autônomo no mercado de trabalho total. pm
sexo e atividade (%} ....................................................................... 207
5.1 lnlcrnacio nalizaçào da econo mia e das finanças púb licas: índices
de variação. 1980-93 (e índices de I99'.l. salvo muras i ndicações). 29 1
5.2 Pape l do governo na economia e finanças públicas: índices de
variação. 1980-92 (e índices de 1992, salvo outras indicações) ..... 292
6. 1 Fontes de notícia, nos EUA, 1959-92 ( % ) ..................................... , 369
6.2 Fontes de informaçiies pol íl icas dos moradores da cidade de
Cochabainba. Bolív ia. 1996 ...................................................... .... 370
6.3 Opinião cios cidadãos bolivia nos sobre quais instituições represen-
tam seus interesses ............. ....................................... 390
6.4 Índice ele comparcc imenlo nas eleições para a câmara bai xa do
parlamento (Europa e Japão): ní1meros recentes comparndos às
décadas de 70 e 80 ..................................... .................................... 4 05
Agradecimentos
Para Trene Castclts Oliván.
historiadora de utop ias.

A, idéias e análises conl idas neste volume foram desenvolvidas durante


' <111os de est udos sobre movimentos sociais e processos políticos ocorridos
111 \ dii. 1~ l'cgiões do rnundo, tendo sido revistas e integradas cm uma leo ria
111 .,,, ,,h, :mlc!cntc que trata da Era da l nfonnaç5o. apresentada nos três volumes
,1, ,1,1 olH':1. Diversas instituições acadêmicas foram o ambiente fundamental
I' 11,111 d,·,,·1wlllvimento de me u trabalho nessa área específica de inve,tigaçfüJ.
1 11t 1, ,•,1;1, , e cncomram principalmente o Centre d'J'.;tude des Mouvemcnt$
'" 11111 ,. IÍcnle des Hautes Etudes en Scienccs Soc ialcs. Paris, fundada e diri-
11111 I'"" 1\ l:1 in Tourainc, e onde atuei corno pesquisador en1re 1965 e 1979.
'111111" i11, 1itu i1,ües de! pesqui sa que prestarnm grande auxílio a meu 1rabalho
, , 11 ·11 (1.- 111ovin1cntos sociois e política foram as ~eguimes: Cemro 'it1terdi sci-
1'li111,1 "' d<: Dcsarollo Urhano. llniver~idad Catoliça de Chile: In stituto de ln-
, 1111,"·iunes Sociaks, Univcrsidad Nacional Aulonoma de Mexico; Cent ro
,1, 1 , 111dos Urbanos. l:niversidade de Hong Kong; lnstit ulo de Sociologia ele
,,,..,·" Tecnologias. Universitlad l1u1onoma de Madrid; Facu ldade de Ciên-
"' '-od:,is. Universidade Hitob ubnshi. T6quio. A preparação e redação fi nal
,1111,1.11,•rial !'o ram realizadas dunuue a década de 90 na Un iversidade da Cali-
ln1111o1 e111Berkeley, local que 1em sido minha residência imelectual desde J979,
~11111.,, da, idéi,Ls aqui apresen1 mlas fora1J1 di scutidas e apuradas em meu cur-
" ,lt· p6,-graduação sobre ·'A Sociologia d t\ Sociedade da Tnfonnação". Por
1 11 ngradeço a meus alunos. fonte constame de inspiração e crítica de meu
l111h,ll ho. léste volume contou .:om o excepcional trabalho de pesquisa de San-
, lt ,1 Mc>og, pú,-graduanda em Sociologia em Ber~eley e futura acadêmica ele
,1, 111quc. Cito ainda os impor1amcs trabalhos de pesquisa realizados por Lan-
, h1h Po, doutorando em planej amen10 regional e urbanístico. também por
ll ,•11-,· k:y, Da mes ma forma que nos clc1nais volumes desta obra, Emma Ki se-
lvm a prc:,tou considerável aux ílio it mi nha pesquisa facilitatlclo o acesso a
1,l,u111<ts que desconheço. além de ter contribuído com avaliações e cument~-
, 1, ,~ ,uhrc várias seções deste volume.
16

Muitos colegas fizeram a leitura das primeiras versões do volume todo.


ou de capítulos específicos. tecendo extensos comen tários e ajudando-me a
corrigir alguns erros e amarrar as análises. embora obviamente et, assuma toda
a responsabilidade pelas interpretações finais. Gostaria de consignai· meus agrn- Introdução: Nosso mundo , nossa vida
decimenws a: Ira Katznclson, Lda Susser, Alain Touraine, Anthony Giddens.
:V1artin Carnoy. Stephen Cohe n, Alejandra Moreno Toscano. Roberto Laserna,
Fernando Caldcron. Ruia Sadik,YotHien Hsing. Shujiro Yazawa. Chu-jo0 Hsia.
Nancy Whittier. Barbara Epstcin. David Hooson, Irene Castclls. Eva Serra,
Tim Duane e Elsie Harper-Anderson. Gostaria também ele agradecer especial -
mente a John Davey. o di.retor editorial da Blackwcll, qtie contribui u com sua
vasta experi<lnci11e sugestões bastante pcninentes sobre o conteúdo de muiws Ollu!m para o céu. iuí wn desejo premente
elas principais ~eções do volume. pela mcmhà que ,uuce dlante de n,cês.
Tudo isso quer diz0r que, a exemplo dos outros volumes desta obra, o A 1-/isi/Jrio . apesar de sua ,lor l<mciname.
processo de Jcscnvolvin1enw e redação das idéias n ata-se, em grande medida. j amais pocl<• deiX<II' de ser i:ivid((; se enjh:111(Jda
de um esforço coletivo. embora sej a. cm última aná li se. engendrado na solicl5o ct)m con,gem. 1,lispeusu ser re\'tvida.
do ato de escrever.
Ofh<;m para o dia
1Vo,,emh ro de J996
qne irn.,mpe dhmte ele i:ocf!s.
Berkeier, Califómia Façam cum que• o sonho
rnws p 1.
O autor e os ediwrc, agradecelll também a autorização concedida para a May::i :\ngclou... On thc Puls(' or Moming" 1
reprodução do materia l apresentado abaixo:
Nosso mundo, e nossa vida. vêtl1 ~endo moldados pelas tendê ncias
Professor .lnes Alberdi: ligu ras 4.2 e 4.5. , 11111 litantes ela global iza~cão e da identidade. A revolução da tecnologia da
T!w f:,·onomist: figuras 5.1 e 5.2. copyrig/11 © The Economist, 1.ondre.s PN6. 1111," 111:u; ~o e a r~estrutt1n1çâo do capi talismo introduziram uma nova for!lla de
The University ofTcxas Press e os respe<:tivos autores: tabela 6.2, "A Corru p- "' 11·clacle. a sociedade em rede. Essa sociedade 6 caracterizltda pela g.Jobal i-
çiio na Política e as Eleiçõe, Presidenciais. 1929-92" em Joumai (f Po- ,1\,lll das ,1tividades econômicas decisivas do ponto de vista estratégico; por
/i1ics, volume 57:4. lhl t\n ma de organ ização em redes: pela rlex ibilidade e instabi lidade cio em-
The Southern POl'erty Law Ccnter, Alabama: ligura 2.1 , extra ída dos Progra- 1'"'1'º e a ind ividual ização da mão-de-obra. Por uma cultura de virtualidade
mas da Klanw(l(c/1/,Wiliria 'fosk Force. 11 .,1 c1in, truída a partir de um sistema de midia onipresente, interligado e alta-
The Univcrsity of Chicago Prs:ss: figuras 4.10 e 4.14 de E. O. Laumann el ai .. 1111· ntc t.liwrsilicado. E pela transforn1ação das bases materiais da vicia - o
Th<' Svrial Orw111izalio11 of S<•.wcdity: Sexual ?meiices in rhe United ,,,,,,11,, e o espaço -1nediante a cria,_;ão de um espaço de fluxos e de um tempo
Stmes ( 1994), copyrighl © 1994 de Edward O. Lm11na1m, Robert T. Mi- 11 t11· 111pora l como exprcssôes das ati vidades e elites dominantes. Essa nova
chael. CSG Emcrprises. lnc e Stuart Michacls. Todos os direitos reser- ,.,, 11ta tlc organização social. dentro de sua globalidade que penetra em todos
vados. ., tdvcis da sociedade. está sendo difundida em todo o mundo, do mesmo
\Vcs1vicw Press. lnc .: figura 4. 1 de Tl1e Ne11· /fole '!fWome11: Fomiiy Forma- 111,,cl(, que o capitalismo industrial e seu inimigo univitelino, o est~tismo in-
1io11 in Modem Socielies de l-l ans- Peter Blossfcld et al. ( 1995). copyright d11,1t ial, roram disseminados no século x x. abalando instituições, trnnsfor-
@ 199 5, Wcstview Press. 111.mdo cu lturas. criando riqueza e induzi ndo a pobreza. incitando a ganância,
,, 11111vuçiio e a esperança, e ao mcsmu tempo impondo o rigor e insti lando o
,h-sc•,pcro, Admi rúvel ou nao. trut a ,e na verdade de um ,mmd\J nov,,.
ses em uma teoria mais abrangente da transformação social na sociedade em
En1 retanto. isso não é ludo. Junta11Jente coni a revolução tecnoló!!ica. a rede. Ao, leitores in1eressados cm referências bib!io(!r;íficas e nas análises
ti:,ns l'onnação cio capitalismo e a derrocada do estatismo. vivenciamos-;10 tíl - críli('aS de tais referências, sugiro a co11sul1a à~ vária; obras pertinentes que
111110 quarto cio século o avanço de expressões poderosas de identidade coletiva tralam das qucstõcs analisadas.
q11~ dcsMiam a globalização e o cosmopol itismo em função cl,1 singu laridade O método que adqteí busca transm iti r a teoria por meio de análises da
l·11 lu,r,t1 e cio controle das pessoas sobre suas próprias vidas e ambi.entes. Essas prática, por meio de sucessivas linhils de ob;,ervação dos movimentos socia is
,•x pré"õr.s cnccrr111n acepções mú ltiplas. são altamente diversificadas e sc- em diversos comcxtos culturais e inslituc.ionais. Dessa forma. a análise empírica
;;11~ 111 ,,s contornos pertinemes a cada cultura, be m como às fomes histórkas
é ,1dmada principalmente como recurso ~<.>municmivo e como meio ele disci-
d:i l'nnn.açi\o de cada identidade. Incorporam movimentos de tendência aiiva plinar meu discurso te.6rico, isto é. de dificultar. se não inviabilizar, a afirma-
voh,,d~,s à transfonnaçâoclas relações humanas en1 s..:u níve l mais básico. como. ção de algo que a ação coletiva sub1)1etida :1observaç~o rejei1aria na prática.
prn· é., emplo. o femi nismo e o ambientalismo. Mas inc luem também n,npla ga- Procurei. todavia. fornecer alguns elementos empíricos. dentro das limitações
lll: 1lk múvunentos rca11 vos que cavam su~ls 1.r incheiras de resistência em defo-
de espa<;ú Jcsl<'. volume. no intuito de t<>rnar minha interpreLHção plausível,
"' de .Dc11s, da nação. da ctni,1 , ela fomília. (la regiflo. enfi m. elas cate(!orias
permi ti ndo ,.to leitor tecer seus próprios julgamentos.
1und,11ncnwis dn ex i~tência huni,rna ,ni lenar ora ameaçada pclo alilque c;;mbi- Há nesta obra uma deliberada obscssã<> pelo multic111l uralismo, pela " var-
11:1,h, e contradi1ório das força~tecnoeconôm icas e movim0n1os sociais 1rans- reclunt'' do planeta. considerando suas diversas mani festações sociais e políti-
l'rn 1~1acionais. Apanhada pe lo turbilhão dessas tendências opostas. ,t ex istênda cas. Tal abordagem deriva de minha visão de que(> processo de globalização
dn l~staclo-Naç5o t5 quesli~m,da. arrastando para o epicentro da crise a própria tecnoeconômica que vem moldando no~so mundo ..:Slá sendo comestado e será.
1111~;,o de dc,nocracta polrtlo.:a. postulado para a cons1ruçiio histórica de um cm úl tima anál ise. transformado. a partir de uma mullipl icidade de fatores. de
1:~1ado->l~ç_ão sober~no C representativo. C'om certa freqliê;1ci,l. il nova C po- acordo ..:orn di rerentes culturns. histórias e geogrnlia~. Assim. as incursões. do
~1~~ro,;1. n11c:1a ~c_cnolog,ca, 1:-,1 como as redes mundia is dt~ telecomunicação pomo de vista tCJll~tico, pelos Estados Un idos. Europ,1 Ocidental. Rúss.ia.
1nt~rat1va. e utihzada pelos contendores. ,m1pliando e acirrando o confl ito cm ~·léx ico. Bolívia. Islã. Chi na ou Japão. como fa~o neste volu me. têm por fü1~-
,a,u~ em que. por cxe,nplo. a Jmcrnet se torna un1ins1rumcmodc ambientalistas liclade específica utilizar uma mesn1;i es1.ru1ura de anfüisc para compreender
1ntcl't\acion~is. zop<Uis1as mex icanos O\\. ainda, mi lícias norrc-amcricanas. res- pro2essns sociais basrnnre disti nto~ que . niío obswnte. estifo inter-re lacionados
f)1J1tdCi\dO ilfl ine~ma 1nol)da [1s invc,tidas dn glob:1li7.:tÇíli\ computadm·i.zada quanln ao seu signilic:arlo. Gostaria wmbé m. demn, dos lim ites de meus co-
dt>s rn~rcados ti nancciros e de processamento de dados. nheci mentos e experiência. de romper com a abordagem el nocêmrica ainda
E e~sc o nnutdo ..:xplorado no prc~cntc vúlu,ne. que se concentra funcla- prcdomi name elll boa p,trteda produção imelectual na áre<1 ele ciências sociais.
n,~nt,tlmc11tc nos movimentos sociais e na política. como resultante da interação jus tamente no momento em que lllh~as sütiedades .-. e intcr..;oneclaram global-
entre a globa lização induzida pcfo tecnolog ia. o poder da identidade (cm ter- mente e tornarnm-~0 culluralmentc inter-relad cmadas.
1110~ ,cx~ais. rcligio~os. nac ionais. étn i~os. 1crritoriais e sociobiológicos) e as Cabem aqui algumas palavras sobre teoria. A teoria sociol<lgicasubjacent.e
111~11t1uçoes do Estado. Convidando o leitor a essa jornada intclccn,al pelas a esta obra se encomra diluída. panl conveniência du leitor. na apresentação
p:11sagcns das !ums sociais e con llilos polít icos contcmporãncos. iniciarei com dos temas em cada capínrlo. Está também mesclada. tanto quanto possível. à
Hlgunw, obscr vaçõc$ que podcrflo ajudá-lo a aprccilll' a viagem. análise empírica. Somente em c·ircuns1ãncias inevit.ívcis concluz,ire i o leitor a
Esle mio é {1111 lirro sobre ou11vs livro.v. Po rtanto. nfo discutirei as rcorias uma bre,·e incursão na teoria. urna vez que. mJ meu entender. a 1eo1ia social
ex istentes a respe ito de cada tópico nem dtarci cada uma elas po,sívci~ fontes <.:onsi-ste em uma fcrram0nta para a ~ompreensã(l do mundo, e não num insu·u-
rclcrcnrcs às questõe$ aqui apresentadas. De foco. seria pretensiosa a tcntai iva mcnto de aut.u-süti,fação in1electual. Na conclusão do prçsenle volum..:, bus-
de abordar. ainda que supcrlicia lmcntc. todo o registro acadêmico do leque de o.:,ll'ei sintetizar a an,ílisc de maneira mais formal e sistcmáüca, atando os v~ rio~
ti.;ma~ abordados nesta obra. As fontes e autores lllilizados cm cada tópico lio, tecidos ·ao longo de cada capítulo. Contudo. uma vez que a obra es tá vol-
ri:pre~entam materiais que julguei relevantes para a elaboração das hipóteses tacl;1à an~lise de movimentos sociais e que há grande contr()vérsia quanto an
que proponl\O para cada tema, como taJllbém para o significado de tais hipr51e-
'O lntródução: Nos::o mnnclo, nossa \'iJu.

significado desse conceito. apresento desde já minha definição de movimen- l


1,,s sociais: são ações colet ivas com um determinado propósito cujo resu ltado.
1:,1110 cm caso de sucesso cúmo de fracasso, transforma os valores e instit.ui-
çtic, da sociedade. Considerando que não há percepção de história alhe.ia à
Paraísos con1L1nais:
llist6ria que percebemos, do ponto de vi.s/a anulílico. não existem movimentos ide ntidade e s ignificado na sociedade em rede
. 11s
, oc1c . •'b
· ons " ou
· ' ·maus,.·. progressistas
' •
ou rctrogrnc1os ..São e 1es ref,exos
' do
qué somos. caminhos de nossa transformação. uma vez que a transformação
pode levar a uma gama variada de paraísos, de infernos ou de infernos pa-
rudisíacos. Não se trata de observação mernmcnte incidental. vis10 que os prn-
t:ésM)S de trans formação socia l cm nosso mundo não raro tomam forma de
1':,natismo e violência que não costumamos assodar à mudança social positiva. A <:(~pirai estâ prâ:ânu, à .Momtmlw ZJ,ong:
R(isplmulesc.:em os palácios e os panais;
Não obsLante a tudo isso, este é nosso mu ndo, isto somos nós, em nossa con -
FJoresw.t e jt1rdins luxuria11tes exalam delicioso pe,fwne:
lrndiLIÍria plural idade. e é isto que temos de compreender, se for absolu rnmen- Câsshu e vrquídeos compie1cmhW' em sua hele:,.n.
lc uccessfü'io enfrentá-lo e superá-lo. Quanto ao significado de isto e de nós, O ptdádo proibido é magnífico;
convido-os 1\ desvendá-lo pe la leitura do que segue. Ed~/7civs e pr11:ilil{>es da altura d,• cem mulares.
SaMes e entrada,., , nuo·m·ilhosos e brilh(mtes:
Gongos e sino.1-· nissoam melodiosameme.
!\ \' {(u'JY:S ulcmtç<un os c:éw::
Notas Nos a ltares. animai.\' sao <ferwd<>s em sacrifício.
l .impos e pur(fif·ados.
Poe1n:i dechn!tidv no dia da po:-sc do presiden1e do.~ l:~i::cdos. Uoido:;., 22 <lc j,meiro (!(', 1993. j ej uamos e nos ba1thamos.
Somw· n•sJteiwsos e del·Ofos ,m mluração.
Glc>rijicados e serenos ua prece.
fm ,wssas,fervmt )SUS sápllcos.
Nula wn bm;ca aJegrin e ,/fflicidade.
Os povos im,'i\·iliuuios e.fnmudriços reudeuMUJS lribu:os.
/:.: o:r bârbarvs êstlio subjugados.
Nlio lmporta a vtutid,1o do terriuírio,
'frrdos estarão sl([m!etidos ao nosso dombiitJ.
Hong Xiuquan

Foram essas as palavras do "Conto Imperial de Mil Palavras", de amoria


de Hong Xiuguan . mcmor e profeta da Rebelião Taiping. ap6s estabelecer seu
reino celestial e111 c\lanjing em IR5'.l. 1 O objeti vo da revolta ele Taiping Tao
(Caminho da Grande Paz) era criar um reino comunal, fundamental ista neo-
cristão na Chi na. Por mais de uma década. o re ino fo i organi zado segundo a
revelação da Biblia que Hong Xiuquan, como ele prlÍprio afirmava, recebera
dt! seu irmão mais velho, Jesus Cristo. apôs haver sido convertido ao cri stia-
11ismo por míssiomírios evangélicos. Entre 1845 e 1864, as preces, os ensina-
111<:ntos e os exércitos de Hong abalaram toda a China, e o mu ndo. pois
i111.:,fcriam no crescente contro le q ue vi nha sendo e,zerc i<lo sobre u Im pério do e fu 111ante. ao niesrno tem po >são defi nidos po r non uas estruturadas pelas ins-
Mt.:io pelos estrangeiros. ü Reino Taiping pereceu da 111esma mancirn que tiw içi\e, e organi zações da sociedade. A importâ ncia relativa desse~ papéis no
, 11 h,isliu. e111 111eio a sangue e fogo, cei fando a vida de 20 mil hões de c hineses. mo de in flue nciar o çoinportamcnto das pessoas depende de negociações e
O reino alimentou a e,perança ele c riar um paraíso terre~tre co mbatendo os acordos entre os ind ivíd1Jos e essas instituiçôes e organizações. l.d enticlacles.
demônios qtJe se ha viam apossado da China. de modo que " todo o povo pu - por sua vez, constituem fontes de sig nificado para os próprios arores. por eles
desse ,·iver c111 fel icidade. e terna até gue. fi nal mente. seria111 levados ao cé11 o riginadas. e construídas po r meio de u m processo de individ uação:' Embora.
para ,audar o Pai''.1 Era ullla época de c rise para a máqui na burocrfü ica do cunforme. argu mentarei ad ia nte. as i<lent idadcs ta mbém possa m ser formadas
1:,tado e as tradições morais. d a globa Iizaçiio do comércio. do Iucrat ivo tl'Mico a partir de in, tituiçõe~ dom inantes. somente assumem tal condição q ua ndo e
de drngas. do rápido processo de industrialização que se ala,trava pelo mun - se os atores sociais as interna! izam. construi ndo seu significado com base nes-
do. tias missões reli giosas, do elllpobreci 111e nto dos camponeses . das convtJ l- sa inte rnalizaçâo. t'/a verdade, algumas a utodcfinições podem também coinci-
,,ks na, csu·uturas fami liare~ .;. ele co111unidades . de m<1lfeitores locais e di r co111 pa péis sociais. por exemplo, no mo,nento cm q ue ser pai é a mais
,•xércitos internacionais, da dil'u,iío da impren,a 8 cio an8lfobcti, rnn e m rna~- importa nte autodefinição cio ponto de vista do at(>r. Contudo. identidades são
' "· uma é po,a de incerteza e desesperança. de crise de idemiclade, e nfim . ou- fomes mais illlportantes de sig nili caclo tio que pa pé.i~. por causa cio processo
1ros tc,rnpos. üu será que niio? de autoconstruçíio e individuação q ue envolvem. Em tcr!l1os mais genéricos.
pode-se dizer q ue identidades organizam signi lk ados. enquanto papéis orga-
nizan1 fun~,õ~s. Deli no si!i11i}icadv como a ide nti ficação si111ból ica. por parte
de um ator social. da finalidade da açf10 pralicadi1 por tal ato r. Proponho tam-
A constru ção da identidade bém a idéia de q ue. para a maioria dos atores sociais 11a sociedade em rede. por
motivos 4ue esd:..rccerei mais aJiame. o sig niti(;ado o rgani za-se c m torno de
~mcnde-se por identidade a fonte de signilic~clo e exr ~riên\;iil ele t11n uma idem id ade priniária (uma identidade q ue estrutura as demais) auto-susten-
l'""º· Nas pa lavras de Calhoun: tá\'el ao lo ng11 do te mpo e do espaço. Embora tal abordagem se aproxime da
rormuh1çiln de idc,uiclmle proposta por Eri kson. estarei conccn1ratlo ba,ica111ente
\:ilú lemos conhccimcnh>de om pü\'O que n;ío tenha 11omes. idiomas ou 1m identidade colcriva. e não ind ivid ual. O individualismo (distinto cb idemi-
i:ul t\In1,s em qm..· alguma forma de dist111ção <'ll11'<' o e\1e o onlro. nós e. ele:,, dadc individual). contudo. pode també m ser considerado urna forma ele ''ide n-
não ,cja cstabckcida... O au1oc(n1hedmenl0 - i11variavêl111c1lk~ u1rn, cons-
tidade coletiva" , conforme observado na "rn ltura do narcisismo" de Lasd1.;
lrw.;àü. nã<i importa o quanto possa pan~ccr um;l descoberta - m:inca cst:í
lúlnJm~J11e di,;..tli.'iado da 1\1.'!ccs:--idadc de '.\~r conhecido. (k modo~ cspcdli-
Não é d irícil concordar com o fato de q ue. d(>ponto ele vista socio lógico.
.::os. p-i.:lo:-. outros.; tncla e qualq uer identi dade é constru íd a. A princip;1l q uestão. na verdade, diz
respeito a como. a piHtir de quê. por que m. e par:.. q~,ê isso aconte1:c. A cons-
No que d i7. r<!spei111 a atores sociais. enhmdu por ident idade o pro~c~,o trução de ide ntidades vale-se da matéri,1-prima rornecida pela história. geo-
de .:onstruç{io de signi li cado coin b,lse e m u m atributo cult ural. o u .tiuda um grafia. biologia. instituições produtivas e reprodut i\'as, pela me mó ria coletiva
conj unto de atri.bu tos culturais inter-relacionados, o(s) q uul(ais) prevalece(m) e. por fantasias pessoais. pelos apa ratos ele poder e rcvelaçiíes de cunho religio-
sobre outras fontes de signilicado. Para um determinado ind ivíduo o u aind a so. Porém. todos esses materiais são processados pelos imlivfduos, grupos sú-
um ator coletivo, pode haver identidades múltiplas. No e ntanto. essa pluralida,lc dais e sociedades. q11c reorgan,zmn seu siguificado e m funçáo de tendências
é l'o ntc de tens5o e contrad i<;iio rnnto na auto-representação g uant() na ação ,ociais e projetos culturais enrnizados cm ~ua estrutura social. bem como e m
,ocial. [sso porque é necesdu·io estabelecer a d istinção e ntre 11 identidade e o sua visão de te mpo/espaço. Avento aqui a hi p61esc de que, cm linhas gerais,
que tradicionalmente os sociólogo~ tê m c hamado Jc papéis. e conjuntos de q nem con,trói a idemidade cole tiva. e para quê essa ide111idade é construída.
pa péis. Papéis (por e xemplo. ser trabalhador. mãe. vizinho. mil itallle socialis- são em gra nde med ida os determinantes do conteúdo si mbólico dessa ide nti-
1:i, sindicalista. jogador de basquete. freqüentador de uma detenninada igreja dade. bem con10 de seu significado para aqueles que com ela se ide ntifica tn ou
mente carrega consigo uma conotação positiva de mudança social democráti-
dda se excluem. Uma vez que a construção socia l d a identidade sempre ocor-
ca . Entretanto, esta é na verdade a concepção o riginal de sociedade civil. con-
re e rn t~m contexto n~arcado por re lações de poder. proponho uma distinção
forme formulada por Gramsci, o menea r intelect\1111 desse conceito ambíguo .
e ntre tres formas e ongens de construção de identidades:
Na concepção de Gramsci, a sociedade civi l é constituída de u ma série de
• Identidade legi1imadora: introduzida pelas instituições dominantes da so-
·'aparatos". tais como: a(s) lgreja(s). sindicatos, partid os , cooperativas, entida-
cied a<le rn~ i_ntu ito de e xpandir e racionaliza r sua do minação em relação aos
des c ívicas etc. que, se por um lado prolongan'l a dinâm ica do Estado, por
mores sociais. tema este q ue está no cerne d a teoria de aucoridade e domina-
outro estão profuuclame nte arraigados entre as pessoas.9 É precisamente e,5sc
ção de Sennetl ;' e se ap lica a d iversas te orias do nacionalismo.'
duplo cará ter da sociedade civil que a torna um terreno privilegiado de trans-
• 1c1e11ud~c1e de resis1Pncia: criada ror atores que se encontram e m po,içôest
formações políticas, possibilitando o am:batamento do Estado sem lançar mão
cond1çoes desvaloriza das e/ou es1Jg lll<1tizadas pe la lógica da do minacão.
de um ataque direto e vio lento . A conquista do Estado pelas forças da nrndan-
cons(ruindo. assim, trinc he iras de resistência e sobrevivência com base' em
,;;a (digamos as força~ do socia lis mo, no universo ideológ ico de Oramsci) pre-
pri ncípios di l'erentes dos que penneüun as insticuiçôcs da sociedade. o u mes-
sentes na soc iedade civil é possibilit,tdajustamente pela continuidade da relação
n 11l opostos a estes últ imos , conforme propõe Calhou n ao e xp licar 0
e ntre as insti lllições da sociedade civil e os aparatos de p()cle r do Estado, orga-
surgimento da po lítica de ide ntidi1de.'
nizados em torno de uma identidade se me lhante (cidadania. de mocracia,
• Identidade depm;ew: q ua ndo os ator<:$ sociais. utilizando-se de qualquer
politização Ja transformação social. conl)name nto do po<le r ao Estado e às
ttpo ele material c ultural ao seu alcance. constroem u ma nova id entidade
w as ramificações, e o ucr(ts sim ilares) . Onde Gramsci e Tocq ueville vêem de-
capaz de redefi nir s ua posição na sociedade e. ilO fozê-lo . de buscar a tnms-
,noçracia e civilidade. Foucau lt oll Scnnen. e, ames dele~. Hork.heimer ou
r?rn1a~ão d e toda a estru tura social. Esse li o caso. por e xemplo, do femi-
Marcuse. vêem dominaç,io intcrnal izada e legitimação de u ma identidade im-
rn,rr10 q ue abando na as trincheiras de resistência da idencidade e <los di re itos
pmta. padronizadora e não-diferenciada.
da mulher para fazer frente ao patriarcalismo. ft família p:liriarca l e. assim .
O seg undo tipo de construção d e identidade. a idemidade desrinada à
a toda a escru(ura de pro dução. re produção, sexua lidade e pe rsonalidad~ 111
re.}is1(lncia. leva à formação de comrmas, ou c-01mwid<:ules, segundo Etzioni.
rnbre a qual as sociedades historicamente se estabe leceram.
1\ provável q ue seja esse o tipo mais impo rtante de construção de identidade
c m nossa sociedade. Ele <lá or igem a rormas de rcsist6ncia coletiva diante de
Obv iarnente, identi dades que começam como resistênci a podem acabar
u ma opressão que. do contnlrio, não sél'Í!\ s uportável, cm geral com base em
rcsull,,ndo e m pr'.>jetos. ou mesmo torna rem-se dominante, nas instit uiçôes da
identidade, que, ,1pare ntcmcntc, foram definidas com clareza pela história.
,nc_1cdade, transhm nando-se a~sim em identidades legitimadoras pma racio-
geografia ou biologia. iacilitanclo assim a "essencialização" dos li mites da
nahzar sua dom inação. De fato, a di nâmica de identidades ao lo n~c> desta se-
resistência. Por e xemplo. o nacionalismo fundado na etnia, conforme s ugere
q liê11cia evide ncia que. do pomo de vista da teoria social. ne nhum,7 idenlidade
Sdieff_ gernlrncn te "surge, por um lado, a partir de um sentimento de aliena-
pode constitui r uma essência. e nenhu ma delas e ncerra. per se, valor progres-
ção e. por o utro, de u m resscntin1ento .;ontrário 11exclusão injusta, de natureza
stsca \lll re tróga<lo se estiver fora de seu conccxto hist6ri<:o. Uma questão diver-
política. econômici1 <>li social"'." O rundamental ismo relig ioso, as comunida-
sa e e.~t1:emm:1ente importante, diz respeito aos be nefíc io s gerados por parte
des territoriais, a auto-a li nn ação nacionalista o u mes mo o orgulho de dene-
tle cada 1dent1dade para as pessoas que a inçorporam.
grir-se a si próprio, invertendo os te rmos do discurso opressivc1(como na c ultura
Na minha visão , cada tipo de processo de constn u;ão de ide ntidade le va
da~ "bichas lo ucas"' de a lg umas das tendências do movitll.ento gay). são toda,
a um resu llado distinto no que tange à constitui ç5o da sociedade. A identidad(,
m;rn ifestações do que denomino e.tclusiio do.ç que excluem pelos excluídos. ou
legitimadora dâ origem a 1111111 .wcied11dc civil. ou se ja, um conjunto de oroa-
• - • ' • ~ • .::> ,eja, a consm1ção de uma ide ntidade (lefe nsiva nos re nno, das instituições/
nrzaç~fü e 111 su tu1çf,es, bem con10 uma série de mores soc iais estru turados e
ideolog ias dominantes, revercendo o julgarnenw de valores e. ao mesmo tem-
orgamzados, que, embora às vezes de modo confl itante. reprod uzem a ident i-
po. reforçando os limites da resistê ncia. f\esse caso, surge uma questão q uanto
d~d'-' que racionaliza as fonte~ de dominação estrutural. Ta l afi rmação pode
:i comu nicabilidade recíproca entre essas identidades excluídas/exclude nte,
parecer s urpreende nte para a lguns leirores, pois o termo sociedade civi l geral -
.'.(1
P,lf:lÍ'lO,. comunais: i<lc:uid::ide e si_gnifkado !lil :iOdcd,1de em rede t7

A resposta a essa que.stão, que somente pode ser empírica e histórica. determi - sencaclo pelo ind ivíd uo. Trata-se do próprio ser conforme apreendido reflexi-
na se as sociedades pe rmanecem como tais ou fragmentam-se em uma w nste- varnemc pela pessoa e m relação à sua biografia" . De foto, "o q ue clefi'.1e um ser
lação ele tribos. por vezes renomeadas e ufe nüsticamente de comunidades. hu mano é saber... tanto o que se está fazendo como por que se esta fazendo
O terceiro processo de construção de id entidade, a idenric/(lde de pmjeto. algo ... No ~ontexto da u rde m pós-trnd icicmal, o pró prio se r tc>rna-se um proje-
produz s1,(ieitos, conforme definido por Alain To urnine: Lo reflexivo''.~<
De que forma a "modernidade tardia'' causa impacto nesse projeto refle-
Cham.ode sujeito o desejo de ser um indivíduo. de criar urna hbaória pessoal.
de ...iuihuir significado n todo ,.>conj unto de expcriênci.1s ela vida individual... xivo? Nas palavras d e Giddens,
A transl'onn,1çl10 de indivíduo::,. cm sujejtos resulta d;.\ t;Ombinação neccssfüia
d e dUil S nf innaçf',es: a do~ indivíduos contra as comunidades. l! ~-1 dos indivf- uma das c.1r:1c1crís.ticas dislin1ivas da modernidade é uma inLcrconexão cres-
<luos , .ontrn o merrado. 1~ ccntt entre os dois ex iremos <la "êXlensjonalidade" e Lla "'intencion.1lidadc'':
de um lado iníluência~globali1..an1es e. do ouu·o. disposições pessoais ... Quan·
Sujeitos não são ind ivíduos. mesmo considerando que sao constituídos to mais tl tr~1diçi'íc1 penle terreno, e quanto mais rncons1itui·SC. a vida cotidiana
a pari ir de indiv íduos. São o a to r soc ial co le ti vo pelo qual indi víduos atin - em lénYtos da interação dialética entre o )oc:il to global. mais o:-. indivíduos
\'êcrn-se forçado~ a negociar opções por c.:-.tilos de vida em mc~.io a uma série
!!Cm o significado ho lístico cm sua e xperiência.H Neste caso, a construção
de possibi lid:Klt:s•... O planej;.l1nento da vida organi7iKla rdlcxiv:unente.. .torna~
d a identidade consbte e 111 um projeto de uma vida di re rente. talvez com base se caractc1'lStica fundaml!ntal da cstruwraçfH) da ;-1uto· idtntidnde". 16
cm uma identidade o primida, porém e xpandindo-se no sentid o da transfor-
1naç,1o da soc iedade como pro longamento desse proje t<> de idem id ade, como F. mbora concorde com a caracterização teórica de Giddcns quanto 11 cons-
IH> exemplo nwncionado ante riormente de soc iedade pcís-patr iarcal. resul-
t 111cào da identidade 110 pe ríodo da ··modern idade tard ia", suste nto, com bnsc
tando na libe ração das mulheres , dos homcn, e das c rianças por meio da ~n/análises aprese ntadas 110 vo lume I d,1 presente obra. que o surgime nto da
realização da identidade d as mulhe res. Ou. ainda. de u ma pc rspet:tiva bas- soeicdade e m rede traz à tona os processo~ ele construção de idcnt idade <lurao-
tante distinta. a reconciliação de todos os seres lw rnanos COIJ\O fié is. irmãos 1c aque le período, induzindo assim no vas formas de trans l'orn1;1çã~ so~ia~. Isso
l! irmãs. de acordo com as leis de Deus. seja Alá ou Jesus. como conseqüên-
0corre f)(>rque ;\ socied~de e m rede cstn fundamentada na dJSJllllÇaO s1stem1ca
~ia da conversão d as socied ades in fié is, materialistas e contrárias aos valo - c nuç o loc~I e o g lobal p,1ra a maioria dos indiv íduos e grupos sowus. E tam -
r<!s da famíl ia. a ntes incapazes de satis fa,:cr as ne<:essidades hu manas e os bé m. ac resce ntaria. na separação. em difere ntes estrullll'(lS de tempo/espaço,
desígnios de Deus. e ntre poder e e xpe riê ncia {volume J. capítulos 6 e 7 ). Portanto. exce to parn_a
Como. e po r q ue m. di i'e re nl.es tipos de ide ntidades s5o construídas. e elite que ornpa o espaço ate mpora l ele flux os de redes_ gkrbat~ e seu": locms
com quais resu lt ados, são questões guc n5o podem ser abordada, em linhas wbsidi ários . o planc.iamcnto re ílex il'O da vida torna-se 1mposs1ve l. Ale'.n _d~s-
gerais) abstraws: estão cslriuunente relacionada~ a um contexto soda!. A poJí.. 'º· a construção de intimidade <:Om base n,1 confiança e xige u ma redehmçao
1ica de identid ade. escre ve Zare tsky, "deve ser situada historicnmen!e"."' da identidade total mente autônoma e m relação à lógica de formação de rede
Assi m, nossa disc u,são estará inserida cm um contexto cspccffico, qual uas instituições e o rganizações do minantes.
~cj", o surg ime nto da sociedade e m rede. A d in,imica da idem idade nesse COIJ· Sob essas nova, condições, a~ sociedades civis enct>lhcm-se e são desar-
texto pode ~e r be m co mpree ndida se comparada it caract.crizaçftr, de ide ntida- ticuladas, po is não M mais conti nuidade entre a lógica da c riação de poder na
ucclaborada por Giddcns durante a " m.o demidade tardia'·. um período histórico ,·cdc glo bal e a lógica de associação e re presentação e m sociedades e cu lturas
que. c reio e u, retletc uma era q ue chega ao seu fim - co,n q ue absolutamente específicas. Desse modo, a busca pelo signi lica(lo ocorre. no fün b1to da reco~s-
1150 pretendo sugerir que estejamos de algu m modo c hegando ao " ri m da his- 1rução de identidades defensivas e m torno de princípios comunais. A ma,r>r
1.(ll'ia", confonne posn,lado e m alg umas extravagâncias pôs-mode rnas. Em uma p:1rte das ações soci(lis o rganiza-se ao redor ela o posição entre íluxos 11ão ide n-
poderosa teorização cujas principais linhas e ncerram idéias com as q uais con- ti ncados e ide ntidades segregadas. Qua nto ao surgi me nto de identidades de
cordo, Giddens afirma que ·'a a ut<i-idemidade não é um. traço distintivo apre- projeto. ta l fato ainda ocorre. o u pode oconcr, de pe.n dendo elas socied ades e m
/H

questão. Apresenlú a hipótese de que a constituição de sujeitos, no ceme do


Os paraísos do Senhor: fundamental ismo
processo de transformação socütl. toma urn rumo diverso do conhecido d u.(llll -
te a modernidade dos primeiros tempos e em seu período mais tardio. ou seja. religioso e identidade cultural
.rnjei1os, se e quando coJ1slruídos, não são 111ois jimnados com base em socie-
dades civis que es1ão e111 pmcesso de desi111egmçüo. mas sim como 11m pro - 1~ um atribulo da sodedade. e ousoria dizer. da natureza hum,1na. se é
longa111e1uo da resislência co1n11nal. Enquanto na modernidade a identidade tal entidade existe. encontrar consolo e refúgio na religifü1. O medo ela
<fllC

ele pn~jeto fora constituída a partir da sociedade civi l (co mo. por exemplo. no rnone. o dor da vida. precisam ele Deus e da fé n'Ele. sejam quai s forem suas
mani festações . para que as pessoas sigam vivendo. De falo. fora de nós Deus
socialismo, ('<>m base no movimento trabalhista). na sociedade cm rede, a iden-
1urnar-sc... ia um desabrigado.
tidade de projeto. se é que se pode desenvolver. origina-se a panir da resistên-
Já o fundamentalismo religioso é algo mais. E eu insisto em ufirnrnr que
cia comunal. f' esse o significado real da nova primazia ela polítka de identidade
c., sc ·'algo mais" represenla um11 das mais imponame, fonte, de consrruç5o de
na sociedade em rede. A análise dos processos, condições e resultados da tn 1ns-
identidud(' na sociedade em rede por motivo;, que seriio esclarecidos, assi m
formaçl\o da resistência comunal cm sujeitos transformacionais é o terreno
1.:~pero, nas püginas a seguir. Quanlo a seu conteúdo real. experiências.. opi-
ideal para o desenvolvimento de uma teoria de transfonnação social na era da
in formação. niôes. hiscôria e teoria5 são tão diversas que desaf'iam ttualquer tencaliva de
, ính~5C. Fc li .?.menLc. a Amt:t'ican Acadewy of Arts cwd Sriences realizo u. no
Tendo chegado a uma formulação conjetural ele nlÍnlrns hipóteses, se- i'inal da dc\:ada de 1980. um gra nde projeto cornpara1ivo com o objetivo de
ri a conrrário aos pri ncípios me todológi<.:os desta obra dc ixá-1.a embrenhar-se .11111lisar Jó rma, de fundamen1a lisrno em diverso~ <.:0111e.xtos s(lciais e insti-
ainda mais pelo cam inho da teorizaçãn abstrata. que logo cai ria no campo hlcion~li~. ,; Dess~ modo. sabe mo~ que "os ftmdamenLal istas são invariavcl-
elas re ferências bibliog rMkas. Procurarei suger ir as implicaçôcs t'.Xalas de m~ntc rc:.1tivos . reacionários··;~e que:
min ha análise a1c11do-me ao exame de urna só ·ic de processos fundamentais
para a construção da identidade colcti va, selecionados por sua relevânc ia no ruml;im~mali,sl;l-;; ,;fio scl~ti\oS. Pod..:lll 1t1ui to hcmj ulg;,1r c:,tan.."lll nbra\·..túdu
ü .-;
processo de trnnsfonnação social na sociedade em rede. Iniciarei este traba- lOdl) o l'<\">):tdu ~m sua fonn:i mais P\IW, po1\i m :-uas <.'ncrgias <.~star:1o conccn-
lho com o ji11ula11u.m1a/i.1wo religioso. tanto em sua versão islâmica quanto 1radas na aplk<1çílo tlH, .:.:~uac.: tcríslicas mal" ~1dcqu.ndm: à afinn:iç?íu de sua iclen-
,ri~tií. o \flle não significa que outras religiües (por exemplo. hinduísmo. tid:rdc à ))f'Cõ\\fYilÇ.in da 11nidadc d~ SGII 111ovirnt:11l(). il CüllStfUÇâO de linhas
bud ismo, juda ís mo) sej am rnenos imponames m1 len ham menor inclinação <lefcn~iva~ para ~uas rron1cirns e ~1 manutenção dos. outros a dist~11cia... Os
ft1nd;.11ntmtali.sta, lutam :unpêlrados p<w Deus ~ no caso dl~ uma rd igi:'10 1eís1:1
ao ftrn<lamcntal ismo. Em seguida. prossegui rei a mi nh a análise <:o m <.> na-
- ou pelos sinai-. de alf!Ullla forma de ir~HIS<.'cndêncin. 1 '
cionalismo. considerúndo~após aprescnwr uma visão gera l sob,·e o assunto,
cJois processos bastante distinLCJs . porém bastante significativos: o pape.) do Para ser mais .:xa10. creio <flk' seja adequado. para li ns de -:oerência com
nacionali smo na desinccgraçào da Uni ão Soviética e nas repúblicas pós-so- :1 colt!lânea ele ensaios reunido, no Projeto "l'undamenwlismo em Observa-
vié ticas: e a forrnação e ressurgimen to do nacional ismo catalão. Posterior- ção'·. de fini rj i111dm11e111a/is111u. e m minha ,onçcpção. ç(>rnu u co11Sfl'IIÇiio dt,1
mente, vo hare i a atenção à ide11.1idade élJ1ica. discu tindo a identidade id~midadl! cole!irn seiw:do o idemi}iroç,io do compor1m11e1110 i11dil'id11al e
afro-americana conte mporânea. Por fi m. encerrarei o es1udo com breves das insti11tiçües da sociedade ,~ou1 a., 111>rm<1.~ oriundas da lei de Deus, i11.tel'-
<:onsideraçõcs acerca da ide111idade 1erriwrial. com base cm minhas obser- 11re1adas por w 11a autoridade clq/initfa {f Ue otuo c:01110 in!ennediâria en1re Deus
vações de movimentos de cunho urbano e comun idades locais em todo o ,, o humanidade. Portamo. como susten1a .\1any. ··É im possível aos funda-
mundo. Concluindo. bu scru-ei apresentar uma breve síntese das pri11t'ipais mc111alistas discutirem ou resolverem o que quer que seja com pessoas q\re
linhas de questionamento resultantes do exame de diversos processos con- niío ~ompnrtilbcm de ,eu comprometimento com uma autoridade, seja ela unrn
Lc mporâ neos de (rc)construçfw ele iden tidade com base na resistênc ia irrepreensível Bíblia, um in fa lível papa. os códigos da Sharia do islamismo ou
com unal.
a, implicações da ha/"cha para e>judaísmo:''''
li
'º l',1r,11,,," C<•muuius: ulcnud.ad.; e ,• t<>mlic,,,lo
e •• n·,• ~"C
... IC.'d"d '
;, CC!ll t..:ue

Obviameme, o fu ndamental ismo rcli.,io. , , , . . giosos incontestúveis. Entrernnto. vários estudiosos'·' de renome sustentam a
tod a a hist6ria da humanidade. Contudo 1n~ec:~:tsatc~e p 1_esenlcc ao l011go_de idéia de que. embora a primazia <los princípios religiosos conforme preceitua-
te , · n .. . . ' ' ~-, 1 s lll pr ecnc entemente !or-
e· m, ueme co1no fonte de tdenttdadc 11es1 e 1'1 11-11 le ·1· . p do pelo Corão sc_ia comum a todo o Islã. as soc iedades e instituições islâmicas
'I ' · · · ' ' m> en,o or qu''' tv! '
, ão também fundarnentaclas em interpretações múltiplas. Na maioria das socie-

~C:~~~1
n1l,b
, ,ma ises do f
·undmncnc·1l,··
' ·' 1
11c> ·
,s1 a· · 1
· < 111rco. 1em corno do f 1 1· 1-· '"1· ,.
cnstão nesta seção do livro l' ., . b. . 11 t <1111enrn ismo dades b lfünicas tra<lic ion,ús. a preeminência dos princípios religiosos sobre a
ti nada, ao etHen~li mento d~ ~~~·:: ~;~: 1~ti::.;·o~~ralg.un'.as
1 1
~ndka7õ_es de~,- amoridadc polílica foi puranwnte formal. Na verdade, a shoria (lei divina.
,1(; nosso período hist<Írico." · ' ~ ma, c,ultcs na founaçao constituída pelo Corão e os Hadiths) est~ relacionada. no árabe chíssico, ao
verbo s/wro 'a, isto é. cami nhar em direção a uma fonte, Para a maioria dos
muçu lmanos. a slwria não representa tnna ordem rigida e inflexíve l. mas, an-
Les, uma referência para se caminhar em di reção a Deus. com as devidas adap-
Urnma versus Jahiliya: o fundamentalismo islâmico
tações exigidas pelo contexto hist6rico e social. 15 Ao contrário de tal abertura
.lt única ··/otJJW r.Ü•· tu'ín,· ·w> \'; mm1<:1·m1.. 1a<I e Jmr~.:a J>eJ,, ,.,,,,, ,. , . permitida pelo Islã. <> fundamental ismo b lâlnico implica a fusão de sha ria e
~, ~ ,
ntr,
.' ,(., CU/~"'.,'.
/:r ,.\SO Cll'l
'/ª: . ·· v . , ' 1J opru, cmm .
mu U!m wdu iraçado por no,-,~\'a n•!igi<io, ,wsm /Jiwdr1·, , "
1::.açao. · ·· '"
fiqh , ou a interpretação e aplicação dos princípios por juristas e aulOrinades
sôb o predomínio absoluto da sharia. Olw iamentc, o verdadeiro significado
depende do processo de interpreta~·ão. e de que,n interpreta. Assirn, ex iste
R;iç_;hcd ü :umouchi::
uma ampla gama ele variáveis entre o fund<1mentalisrno conservador, c()mo
A d6cada de 70, oi:iioc- aquele represemado pela Casa ele Saucl. e o t\ 111damentalis1110 raclical, confor-
tio ST-· . . . '1 do ,l'<1, c1111c1
., .1to da revolução tecnol6í! ica 11(1 Vale
. i tc10 e ponro de panrda da rce, 1ru1111--1 -- ., . , · . , - • me abordado nos escritos de al-.Mawdudi ou S,1yyicl Qtub nas décadas de 50 e
, igni ficatlo diferen te p-wt mund • çao c<>pll <1lr,c<1 global, aclqu, ri u um 60."º \-lá também diferenças consideráveis entre a 1racl ição Shiaxiito. que inspi-
~ .' . · ' ' O 0 mu~u 1manll: marcou o início do X I V , •
10 <1n ll0g1ra. período de renasci mento. puril'ic:açàn e lim· I .· se~~- ra Khomei ni. e a tradição Sw11ú-11111iw. que constitui a crença de cerca ele 85%
1al como ocorre l\t• inít io ele ''º<1· -'. 1 , .
"' ,1 ,ecu o De l ·110 11"1 · <I , J ', d
,1 ec11 nc1110 do
0 ,b la. dos muçu lmanos, .i nelusive de mov imentos revo!u~ionári_o~ çomo a Pro111
uma vc1·d0 d ..· ., . . 1 ., · ( • < ~ Ud~ t e...:a as se UJll(Cs lslamiqu~ de Salnairm (I'IS) da Argélia ou a Takjir wa/-1-Jijruh tio Egito. Con-
· " et1 d ,e,o uçao cultural/rel igios· .. . 1-- . , ::- ··
nos ora v. l .. ., ... ~ ..... dl se d ctsH ou p~ los patscs muçuIma-
tudo. na visão de escritores que sintc1i7,alll o pensamento islâmico deste sé-
.. \ I m1os ...1. como no Ira. ora ~ubj ugmfo. como no [ <)·ilo .. . .
Jo guerra civil, corno • A ·u 'I'. . .. f' . e , Ot\l desencadean- culo. rais como Hassan ai 13anna e Sayy itl Qtuh do 1-:gi!o. Ali al-Nadawi da
do P.~tntlo como nr S11 \ . r"'e t,\. o18<1 º' malmente r,xonhecida n~:, ins1ituiçõcs Índia ou Sayyid Abttl al-M,1wdudi do Paquisttio, a história <lo Islã é re<.:onstruída
., • • ... • > .. uc .io ou crn angladcsh. e na maioria d~ . ,. . . · .
, ,mdo uma mcomod·1 '
coex ·,si s \ ...
. C) Çl ,I com um
Esr1do-N·1 .e r ,IS . '\ 1czes ,nqau-
. • para demonstrar a eterna suhrnissâo do l0 siado ,1 religião." )>ara um muçulma-
rnico. 101al111e11 tc integrado no ...,p'1 t·11·,s 11 .,1. 1·- 1· • \ ,10 orrn<1 meme isla- no. o vinculo fundamental não<.~ lt'ato11 (terra nalal ), mas si m tmum1, ou comu..
- '" , . , o ~0,,1 con ,o na A·'-b' S I'
1ndonésia ou \'li\rTo-:o,··· ·Sob '" "t uc.1O. 1ur ~vn-,··'
. " 11·1-1·., lc 1·11· 1 l '"1 "' · auc 1ta, niclade de fié is. em que todos são iguais em sua st1bmissão pcrame Alá. Tal
destino ;olícico 1 . , ., . _ · · ' · e "' ' 1t ar e cu L urn l e pelo confraternização un iversal transcende as institui~·ôcs do Esiado-Nação, enca-
1 cc q \r.tsc um b1lhao ele pe,.s,,as IJ'lS 111' 't, . . .
tias ciclatle, muç ,1 , . .. · · '· e,qL1t ·1' e nos drstl'llos rado como fonte de cisfül emrc os l'iéis.!.'i Par~1 que a ww,w permaneça viva e
teor~da · 1 1· \ m,uM,. supcrpovoJdas pda urbaniza~5o acelerada e dcsin
" • ' ' pe O r~casso da 111od•'rn iz·,ç'i<) o r 1 . . • - possa crescer até que englobe toda a lnHnani dJde, tem tlc cnrnprir uma missão
identidade recomeruída e com; r .)r(;.' .' ·
''.nc ~~n~ncalrsmo islâmico, como divina: engajar-se, sempre com o espírito renovado. na lu ra contra a Jahiliyo
deci sivo. ao qual , ·t-' . I' ..· 1 jeto po !Cito, c,la no cerne de um processo
.. • < t,;S.. il <:.º~'
i c1011atlo. cm grande p:-1nc. n ful uro do mundo ~1
(o estado de ignorância cm rdaçâo a Deus ou a falta de obediência aos en-
sinamemos de Dc\1s), em que us socicclaJcs mergulharam novamente. Para
1' C~mudo. o que e 1·unda 111entalismo islâm ico'! ls l.i. em drahe ··o -'r .,
,u ~111s~ão. e tun rnu'iul mano é ,tl guém qu.e se subm,)te u ~ , ~ . ~1...,ni u.:.., l que a humanidade possa se regenerar, a islamiza~ão deve ser levada primeira-
Ass,m, de acordo com a definido ~lc rundnmcn, :1lism;> ·1 ,.: , om<1dc de ;\ la. mente às sociedades muçulmanas que se ,eçulari zaram e desviaram da estrita
mente. tem-se a impressão de q;,e
todo O Islã é f ' ,: ' P _"sentada antcnor-
1
obed iência à Jei de Deus, e depois seguir para o mundo inteiro. Esse processo
c sm,, instituiçõc;, c;iat-iis clcv, · '. une ,llllent, ltsta: as soc1edades deve ser iniciado com o renasci mentoespirilUal baseado no al-sirat-al-muswqin
. ' em ser orgamzadas em torno de princípios rel i-
li

1.:aininho correto). lrnçado de acordo com a con111nidaclc organi :rnda pelo pro· 1111ção de urna identidade cullural que dê !'a to é hipennodcrna:" Nas palavras
reta M ao mé em \>ledina. Todavia, para superar as forças dos ímpios, pode ser de 1\1-ALJneh: "A politizaçf,o do ~agrado, a sacralização da política e a trans
necessário lanç~r mão da ji/Jad (lura ern nome do lslá) contra os infiéis. n (ll'.e f11rnmi;ão das instituições isJ5rniças pscudojurídicas cm · formas de dcvoç,\n
por sua vez pode significar. em casos extremos. recorrer à guem1 santa. !'ia \llêial · re J'l etem meios de realização da políüca do ego autêntico, de uma poll-
tradição Shiu, o martírio. revivendo o sacrifício de l mam Ali no ano de 681. 1ica de idenl idade. e portan to o rneio para a própria fomrnção. ou melhor, 11
cstá na essência do estado <k pureza religiosa. Porém, o Islã como um todo iu, cnção. dessa identidade":'·'
cLn11 partilha da gloriiicação dos sacrifícíos exigidos pelo chamado de Deus Mas se o islamismo (embora calcado nos escritos dos reformistas e "rc~-
(a/-da ·,coh ). Como alirmo Hassan ai Bannll, fundador e líder da lnmmdade 11111ratlores'' islâmicos do sécu lo XIX. como al-i\fghanii é essenc ialmemc um:,
Mucul1nant1. ass,1ssinado em 1949: "O Corão é no~sa constitui~:ão. o Profeta é 1tk11titlade contemporânea, por que justamente agora está tão vivo? Por qu~
nos;o Gu ia: a morte em nome da glória de Alá é nossa ma ior mn biçflo''-1" O 1<'s11Jveu explodir nas últi mas d11as décadas. apôs l1aver sido repetidas veze,
principal objetivo de todas as ações humanas deve ser o estabelecimento da lei , 11 bjugadn pelo nacional is1110 do período pós-colonial, conlorme pode ser ob-
de Deu, para ioda a humanidade. coloca11do assi m um ponto final na atual servado. por exemplo. na repressão à Irmandade Muçulmana 110 Egito e 11a
oposição entre Dar ai-lslw11 (o rnu ,tdo mu~ul 111 ano) e Dar a/-Harb (o mundo S11 ia frnm a execuçflo de Qtub c m 1966), no surgimento de Su karno na
não-muçu Imano). lndoné, ia ou da Frente ele Libcnação Nacio11al da Argélia?·'-'
Nessa e,ln 11.ura cultural/religiosa/política. a i,k nliclacle islâmica é cons- Tibi acredita que ·'o surgi mento do fundamentalismo isl,i mico no Oricn-
tru íd,1 com base em urna dupla descon~1.rução, real izada pelos atores sociais e h· íV1édio mantém estreita rclaçfto com n exposição dessa regiào do mu11e.:lt\
pelas instituições da sociedade. . . . . . , " l,11nico (cuja perccpçíío de si mesmo é de uma entidade coletiva ) aos prncc,
Os atores sodais devem se dcsconst.ruir co111<> su.1cttos, sep m eles md1v1- , ,, d.: ;!lohal izaçiio, ao nacionalismo e ao Estad~1-Nação c(>m<> princípio~ glo·
duos. membros de um gru po étnico ou cidadãos de uma nação. Além disso. as l1al11ado, ele organi zaç5o".1•
mulheres devc111 se submeter ao, sctis homens guardiães, pois elas são incenti- Na verdaclc. a ex plosão dos movimemos islfünicos parece estar relaç111
vadas 1,1 se realizar no ~cio da eslrutur.:t familiar: ··os homens sfü> os prore-to J\!S e 11,1d11 1:mro à ruptura das sociccladcs tradicionais {i nclusive o enfraquec im.:111,1
os mantenedorcs elas mulheres, pois Deus deu a ele mais (força) que à mulher, ,101 prn.k r do clero tradicionali quanto ao fracasso do Estado-Naçt,o. criado
é porque eles as sustemam com seus próprios meios" .'->Como aponta 13assam 111•!0, 111<>v imentos naciun,1listas com o objetivo de concl uir o processo de mo-
Tibi. ..o princípio da subjetividade de 1:-labermas é uma heresia para os Iunda- , h·, 11 inç:1o. descnvol ver a cconomia c/o\l distribuir os benefícios do c.rescimc1110
meutalista, islâJnico<'.!1 Somente por meio da 11mma poderá o indivíduo ser , 1,m,1mico entre a maioria da popul ação. Desse modo, a identidade islfün.ica é
plenamente ele próprin. co1no uma pari.:> da crnnunidade dos fléis. um 11'.~canis- 11, l, 011,1ruída pelos ru nclamcntal i, tas por oposiçfü> ,to capitalislllo, ao soci11-
1110 bási..:o de cquali7.açf10 q11e of<:>recc apoio mútuo. sol1dancdade e s1gn11 ·1cados l1 1110 1; an n:icionalismo, 5rabc ou de qualquer ourra origem, que. em sua vi-
c:o,npartilhado,. Por outro l:1do, cabe ao Estado-:--.lação negar sua prôpria idenli- ,11 1, , ao tod~s ideolog ias fracassadas provenientes da ordem pós-colonial.
dadc: ol-dmd a ish11niirya ,o l·i, tado islfünicu). com base na Sharia, prevalece l 1111 caso notável desse prol'essoé obv iamente o frà:'' A Revolução Branc1,
sobre O Estado-Naç:1o (;lf.(/wrla qa11·11ii,1y,.1). Tal proposit;ãu é válida pru·(lcular- ,111 \ u, iniciada cm 1963, foi urna das mais ambiciosas tentativas de modcrni ,
mentc no Oriente Ylé{lio. região em que, segundo Tihi. " O Estado-Nação é um u 11 éc<,11omia e a sociedade do país. con tando com o apoio cios Estado,
elemento eslrnnho e praticamente imposto [... J A cultura polít ica cio nacionalis- 1 1111lus e tendo como projeto dec larado ingressar no novo capitalismo globul
mo secular não só é novidade no Oriente Médio, como tainhéll1 mantém-se me- 111 1111 mação. Assim. foram minadas as estruturns básicas d/\ sociedade trad i-
ramente na superfície das sociedades envolvidas".'' 11111,11 desde a agricultura até n calendário. De foto, um dos mais graves C(ln-
Contudo. é mister dizer que,> fundamentalismo i, Iümi<.:o não cons1it.ui 1l11n, ,'ntn; o Xá é os uleinás dizia respei to ao controle do tempo, quando, c,n
um rnov.irnento tradicionalista. l::111 prol dos es rorços exegéticos para incuti r a 1d, .1h ii I de 1976. o Xá mudou o 1:alendário islâmico para o calendário pré-
identidade islâmica na história e nos texto, sagrado$, e em ,lcfesa da causa da l 11111w da dinastia de Aquc111ênides, Quando Khornein i aterri~sou cm Tccríl
resistência social e da insurreição política. '" islâmicos procederam à re.:on~- 11 , 1 1k rcv~reiro de 1979 pano li dcHOr a r.:volução. retornou como o rcprt.:sen
11

t,ulte do imã Nacostc. o Senhor do Tempo (,mti al<am,111). no intuito de realir- e ram jovens: n a Turúsia. a média de iclad~ de 72 militante, condenados .:111
mar a preeminência dos princípios religiosos. A revol11çâo islâmica opunha-se, amplo julgamento em 1987 e ra de 32 ano,."' No Egito. o islamismo p redomi-
simultanea mente.~, im,titui,flo da mo narquia ( Khomeini : '·o Islã é fundamen- na entre estudames universitários (a maioria das uniões estudanti~ te m sido
talmente contrário à noção de rnonarquia");-'' ao Estado -Nação (artigo 10 da lide rada por fundamentalistas islâm icos desde meados da década de 80) e r~-
nova Constituição iranim,a: "Todos os muçul mano s constituem uma única na- .:ebe o a poio de funcion,,rios cio governo. p rinci pa lmente professores. te ntln
ção"); e à mode rnização como ex pressão da ocidentalização (o artigo 4> da ~rcscent.e in!1uência na po lícia e no exé rc ito ."·
Constilllição irania na estabelece a "pro ibição ele ~xtravagiinc ias e despe rdí- As raízes sociais do rundamcncatismo radical parecem resultar ela com-
cios cm todas as questões re lacio nadas i, econo tnia. inclusive cons umo. inves- hi naç5o cmrc a moclcrnizaç fü.> be1n-sucedida . cond uzida pelo Estado nos :um,
ti mento. produção. distribuição e serviços"). O poder dos ulcmús. princi pa is , o e 60, ~ o fracasso da modcrnizaç5o econômica na maioria d os países mu-
alvos das reformas institucionais p ro movidas pelo Xá. foi consagrado como o ,·,tl nwno5 c!urnntc os anos 70 e 80, uma ve z, que s uas econom ias não consegui -
agente inte rmediário entre a sharia e a sociedade. A radicalizaçflo do regime , :t rn ,e adaplar à~ novas condições illlpostas pela c.:oncúrrê ncia globa l e a
islàmico, após o ataque. do Iraque e m 19!$0 e a guerra atroz que ocorreu e m 1c'\ llit1çiío kxnológ ica no pe ríodo. Assim. urna população j ovem, urba na e <.:t>t n
seguida. levou à p uriricaçüo d a soci edade e!, desig nação de juízes re ligiosos l'it·vado nível Jc instrução, como resu ltado d a primeira onda de mo()ern iiaç~,1.
com a fünçfio de reprimir atos ímpios. com(l o "adu ltério. a humos, exualicla- h;v~ suas cxpccunivas frusu·adas. pois H economia não pôc.Je se sust.ent~u· e
dc. as a postas em jogos de azar. a h ipocrisi<1. a compaixão pelos ateu~ e a novas formas de dependência c ultural f'o ram institu ídas. O desconte11tamc11111
traição".'9 A isso se segui ram milha r6 de pri.sôcs. mutilações e execuções c.·i.t..:ndcu-sc ta1nbérn ?lS ,nassa~ e.mpobre.ddas expulsas elas áreas rurais p:ira a.~
pelo, mais d iversos mo tivos. A <Jt1da de le rror. partic ularmente d irigida a c ríti- , •1cliu lc, por causa da disparidade do processo ele modern ização d a agricuh uI a.
ço~ de esquerda e gue rri lhas marxista~. t'ecl1aram o círculo da lógica fu11da- l·" :t ,ni,turn social tornou -se explosiva por causa d a c rise do Estado -Naçã(>.
mcnta] i$ti't no lrü. 1·u1,~~ ru1H..:io11<lrios. in<.:l usive mil ilares. amargaram sucessivas quecl;,15 no pn
Q ua is são as bases soci ais do fu11damentolismo? No lrfl. 011de outras for- tlr-i<> de " ida. perdendo a$s im a ron liança nc> projeto 1rncio nalista. A c rise! ti<'
~,1, rc,·u luciu n,írias pan ic iparam das longas e obstinadas mobilizações para a k)' it imi<lade do fütado->laçfto J'oi resultado de sua corrupção genc rali,:tda,
derrubada da di tadura sang re11ta ele Pahlcv i. os líderes foram os dérigos. e as 111d'idênc ia. dependência de potências estrangeiras e. 110 Oriente Médi o. d e
n1c~quilas fora111 o abrigo dos grupos. rcvoluôon~irios que organizan)m a in~ 1<·1>,'titlas h utnillrn~ôes nc> ftrnbito milita r d ia nte de tsrae l.. seguidas de um pm
, urrcição popu lar. Q u,mtc> aos atores sociais. a maior força ,lo movime nto con- , t'\so de ucornoda~·fto com o inim igo sionista. A construção da idcnti.d adc
ccmrava-~e em Teeril e outrns grandes cidades. principa lmente elllreestuclantes. 1,l, 11nica t:Ontemporfü1ea reali za-se como uma reaçflo contra a modernização
intc lcctllais. <.:omercian les de bazares e a rtesãos. Quando o rnovimentn foi às 111 a1,ng ívél (rnp ital ista o u socia lista). os e J'eit<>s negati\'OS da glo balização e <l
ruas, ccve ~uas li leiras engrossarias pclns massas do~ traba lhado res rurais re- , 11l11 ps n do projeto nac io na lista pós-colonial. Esse é o motivo pelo qu~I o de-
cém-chegados , q ue passaram a hab ita r vilas improvisadas nos inchados subúrbi- ., 11v<>lvi n1ento d ifere11cia l e.lo fundame ntalismo no inundo muçul mano pa1\:ct:
os de Teerã na década de 70, após a modernização da agric ultura tê-los ex pu lsado 1 1,11 rt: lacionado a variações na capac iclade <l0 h mdo-Nação de illlcgrar ,;111
do campo. , 11 projeto tanto as massas urbanas. por me io de cond ições econômicas favn,
Os islâm icos ela Argélia e da Tu11ísi,1parecem 1er um perfi l socia l seme- ,.,wi,. quanto os clé rigos muçu lmano, . pe la rmi l'icação oficial do poder reli
lhante, de acordo com alguns dados esparsos: o apoio à FIS 11artiu de um """sub a égide do Estado. como oco rrem 110 ca lifado de Ummayyad ou 110
grupo heterogêneo ele ime lecma is. professores univcr~itários e funcioná rios l111pc1 in O tomano:" Ass im. embora a Adhia s~uclila seja formalmente u11111
públicos de baixo escalão. aos quais se juntaram pequenos comerciantes e 111111\Mqu ia is lâmíta, os ul enuh constam e.la folha de pagamento da Casa dt:
artesãos. Não o bsta nte, LHis mov imentos ocorridos nos :inos 80 também I ive- ,1111d que J'o i bem-sucedida e m desempenhar. ao mesmo tempo. os papéi, de
rrun sua.s raízes sociais no êxodo rural. Uma pesquisa realizada na Tu nísia •111, trd i~ 1.lc>~ sítios sagrados e Utmbém cio pe tró leo do Ocideme. /\ lnJoné&ia e
apontou que 48% dos pais cios mil.itaJllC5 eram anal f'a be tos ao migrare111 ele 1 M.ilú,i:1 parecem ter sido capHLes de incorporar as pressões islfün ic:is 110,
~rea, rurai s e mpo brecidas para as c idades, na década de 70. Os mili tames , 11 , :11tlori ttíric)s Estado., -Nac;ao. o q 11~ as,cgu rou 11111 c rescimento econômico
'"
acdcrado. e abriu perspectivas promissoras a seus sujeiLo,. e mbora tensões 111uçn lmanas. Cma nova idcntid;11Jc csLá ,~ nclo C!>nsu·uída, nfüi po r u m returno
M>c iais es tejam se ag ravando Esrn a lgu!llos c idades da Indonésia. Por outro lado. ;1 tr~d ição. mas pela man ipulação de 111ateri;iis tradicionais pma a fonnaçfü) de
11111 novo mundo divi no e comunal. em q ue massas exc luídas e intelecLuni~
o, proje tos nacionalistas J o Egi to. Argé lia e Tun ísia. alguns <los países muçuJ-
11ianos m,lis ocide ntalizados. e ntraram e!ll cola pso na década de 80. c ul minan- 111;1rg.inalizados possam reconstrnir significados e m um a alternativa g lo bal /1
<ln cm tensões sociais que foram principalmente caLa lisadas pelos islfün icos p1'ik rn mundial cxch1dente.'' Nas palavras de Khosrokhavar:
c n1 , uas , crsões mode rada (irmandade Muçu hnana), radic a l (./ama ' 0/1 al-
Qut,ndú o pr~ieto tk' formação ele indivíduos que partlcipcm alivam-enlç da
lslmni.1To) ou dcn1ocrata-radical (a FIS da Argélia).º' É provável que . nos ano,
modernidade rC\'C:la-se ilb..;urdo na cx,periCnciu re-a\ da vida cotidiana. a vio-
90. o desalio imposto pe lo Hamas ao Estado pro1.o pa lestino constituído sob a
lência tonl~H-c a tínica forma ele ;ml<'Mtfinnação do novo s\ljeito ( ... ) Assim,
litkranç a de Yasser A.rafar, contando com a colabo1,1çãn de Is rael, seja um Lias ,, nl.!m:omutüdacle 1orn;.H,e uma 1hx.:1'oco1nu11idadc. A exdusão da moden1idfüJt
111ais profundos cismas e ntre o nacionalismo ,1rabe (cuja epítome é o rnovi- ,H.lquir-." um :-.ignilitado religioso: dcs1e modo. a ,:1oto .. imolação p:'l.s::.a ser :i
111cnto palestino) e o fundame ntalismo islâmico r.idical. l'<\nn:'1doe luta contra :i txclusão.,l11
Casos cm q ue vitórias e leitora is dos islâmicos. como ocorreu na A rgélia
é m dezembro de 199 1, foram anu ladas por repressão m ilitar. atabara111 res ul- Pda negação d a e xclusão. ainda que pelo extremis mo do auto-sacri rício.
lam.lo ern violência generalizada e guerra civl l:1~ Até mesmo no mai~ odc..lenLa- 111 p,· uma nova identida<.Jc islâ mica no proce ss<> histórico de cons t.ruçüo da
lizado dos países 1m1çu lmanos, a Turqu ia, a herança secu lar e naciona lista de 111J1111t1, o paraíso comunal para os verdadeiros fié i!:>.
Kema l Alaliirk foi contestada hi storicamente nas clciç('íes de 1995. q uando o s
i, lâm ic os ,e tornar:un a p rincipa l forç a polític a do país. legitimada pelo voto
de inte lec tuais radicalizados e eleitores menus favorecidos elas áreas urbanas . 1)e11.1· 111e salvei O Ji.mdamen.lalismo cristão nor1e-americww
L' l'orrnuram o governo cm l 996.
O islamism o político. bem rnmn a idenlidadc fundamcnLalista b lâmica,
( 'lw:,.:anws à era t!as :ren.,\· eft•rrfmic:us. em qm• as m.H'<IS !um.la:·• ;mgâs. com
parece m estar se expand indo nos a nos 90 cm uma série d e contexlos soc iais 10,l,, o pvdtr dii lec.no/t)<.ua /!cu 1,uios. ,•sf<fp fli'<'Sue;. a bh!iren.o- os lt/iim<,,~
<? inst iLuci onai, distintos. se mpre re lacionados à d i nfünica de exc lusão e/ou à /Ju,utit•s da lwnw11üh1dí' âdli.::,uda. A ,·isüo da morre pairei dirmlP dt' nâs. :\
crise do Estado-Naç ão . Assim, segregm;fio s11cinl. ~iiscri mi1wçiío e desempre- Jlli'IÍü/u que deixamos l'ªm fnisa,-ç âQU(H do lumu-111rn°"U"'' ncidemol. r,:!?ue-
go entre a ju vCrHlH.lc franccs<1 origi nária du regi5o do Magreb. enL re os LL1rcos ,,. ,liame de no., \'t.>J olhos um t)n-•ano dt• dcse.\f)<!ll ) !urbulemv e sombrio qm.1
nasc idos na /\lcmanlrn e cnLre os paqu isLanescs na Gn1-Bret,rnh a. ou mesmo " ,1,~11de ao ú1fini10... u nlio ser que lt11erno~!
' (1

t!IHre os afro-americanos. Jev<l ao surg.imenlo de utrU:l nova iden1 idade islâmica Pranc:b Schaeffer. 1i'mefOJ' AngetN
.:ntre a juventude margina lizada , e m um processo ava ss,ilador de transferên-
c ia cio islami,rno raclical d iretamente para a s áreas soci:1 lme nte e xc lu ídas de () l'undamentalisrno c ristfü, é uma con,w nt e na h i, t6rin dos Estados Uni-
sociedades c apital isrns avm1çadas. 1·' Por o utro lado . o colapso do 1-',stado so- , 1,, ,, Lil-sdc as idéias dos federnlibtas pós-revoluc i.o nários. coJno Timothy DwighL
viético propiciou o s urgi me nto de movi mento~ islâm icos no Cíucast1 e na 1,•ditli:1h Morse, à escatologia pré-m ilcn6ria de Pat Roben son. passando pe
Ás ia CenLral. e até mesmo a formação de um Piu·tido da Restauração hlâmica j,. ,,rn ngclizadore$tle l900, como l)wight L. ~1loody. e os reconstrucioni~ta~
na Rússia. um claro indíc io !le que o, te more s ele avanço da 5 revoluçiíes 1,, ,111,1, 70. ins pirados por Rousas J. Rushdoony. 5" Uma soc iedade que busc<1 .
islâmicas c,co rrid a, no Afcg,rnis tão e no [rã sobre as ex-Repúblicas Soviéti- , I, 111,,,1., de senfreado. a transforma,;~o soc ial e a mobilidade individual inc li-
ca, podem se tornar realidade.º1' 11 , ,r ,11> quest ionamento. de tc rn.pos "'m tempos, dQs benefícios trazido~ pda
E m meio a Llrna grandt' variedade de processos políticos. de pe ndendo da 111," 1, 11tidadc e pela secula rização. an, iando pela scg ura n~·a proporcionada pc·
Jinârn ica de cada Estado->Jação. hem c omo <.la forma Jc artic ulação g lo bal ele t, ,. ilo1cs tradicionais e ins tituições fundadas n n verdade eterna de Deus. D1.:
J 11o1 ., 1,·rmo "l'undamenLalismo", amplamente uti lizado em todo n mundo.
cada economia. um projeto fündamenta li sta islâmico s urgiu cm todas associe-
dade s i,làmicm,. e também entre as minorias muç ulmanas cm sociedades nãc> - 1, , 11111!L'n1 nn< Estados Unid()s. c omo re ferência a uma coleção ,k <.Je;,, votu-
'"
me, intitu lada The F1111da1Jwn1a/s. p ublicada entre 1910 e 19 15 como e mpre - incorporar as divcrgêncjas ent re o~ cvtu,gélicos. pentecosrn is e carismát icos.
e ndi mento privado de do is irmãos co rnerc ianrcs. c uj a intenção e ra compi lar ,egu ido res da$ doutri nas pré-mile nárias o u pós-milenárias . os pietis tas e (J~
texto, sagrados ed itados po r teólogos eva ngéli cos conservadores da virada do ativistas. Fe liz me nte , podemos nos fundame ntar e m u ma excelente, erudiL,t e
, éculo. Embora a influénc ia fu11d11111cntal is1a te nha passado por rnudan~as e m hem doctunemada sínte se das dou trinas e e ns ina me ntos do fündamenrnl is mo
d iforentes períodos históric os. j a ma is dcsaparecei1 por completo . :--Ias déc adas no rte-ame ricano elaborada por Mic hael J,ie nesch. a partir da q ual, e c um o
de ~O e 90. certame nte ··exp lod iu". Kílo o bs tante o foro de que a des integração auxílio de outra~ fontes que, em linhas ge rais. dão sus te ntação a seus reg.is tro>
da lvlor"/ Majorin· de Falwcll em 1989 tenha levado all!uns observadorc~ " t· a rgumemili, tcmarei re construi r as principa is carnc teríslicas da ide ntidade
anunc iar o d eclín io do fundame ntali smo (paralelamente ao desaparec imento 1, 1nclamenwlisw çristfi. ~'1
tio Smã comunista, c uja oposiç ão c onstituía impo rtante fonte de leg iti midade Conforme s ustenta l..ienesch. ·'na essência do pensamento c ristão co n-
e uma boa forma d e angaria r fundo, em prol d a causa l'undaincnta lista). logo , .-rvado r. mode lando a 11.o çiio do ser defend ida pela doutrina, reside o wrn.:eün
licou d ara a iciéia de que se tra1avn mui(o mais de uma tensão organizacional da rnnversào. o ato de ré e perdão pelo q11al os pecadores são tirados do pec a-
~ um e stratagema po lítico do q ue pro pria me me de uma <.:rise de idcmidade do para g anhar a vida cte rna". 55 Por meio de sse "re nasce r' ' pessoal. toda a
l'und,un cnla lista .5 ' Nos a nos 90. na esteira da vitúria de C li nton 11.a s eleições perso nalidade passa por u m proce sso de reconstrução . tornando-se "o pomo
presidenc iais de 1992. o funchune nlal ismo a parece u no primeiro plano do cená- ,k partida para a c onstrução de uma noç~o não só de autonomia e ide midadc.
rio po iítico, de"ª vez sob a forma da Coali zão Cristã liderada por Pat Robertson 111:i, de ordem social e objetivo político":"' O elo de ligação entre personalida-
e Ralph Recd, co111a11do com 1,5 m ilhão ele filiados e de mons trando c.ons ide - d,• ,, sociedade passa pe.Ja rec<mstruçf,o da fam íl ia , a instituição central da , o -
nh•e l influênc ia po lítica j unto ao e le itorad o re publicano. A lé ,n di sso. as idé ias , 1cd:1de que costumava ser o re fúgio d ia nte de um mundo caótic o e hostil. e
e a '-'i:-ão de mundo dos fundamemaljslas parecem cnconlrar grande ressonân- qul· atualme nte e, tá desmoron,mdo cm nossa sociedade. Essa " forta le za de
-:i~ 110, falados L;nido, do fin de sii-cle. Po r e xe mplo, segunc!0 pe squis a do vida c rb tií" tem de ser reconstruída pe la re afirmação do patriarcalismo. qu~
instituto G a llup real izad,1elll 197':J no país. um e m cada trê s adu lto s declarou , 11 11 ,i, te na santidade do matrimônio (excluindo-se o divórcio e o adu ltério) e .
ter passado por uma expcriênd a de corivcr:--ão reli~iosa: quase a me1ndc dele~ , ,1hrd ud o. a autoridade do homem sobre a mu lher (no sentido literal co11forn1c
acre cfüava na Bíbl ia como um livro infalível: e ,rrnis de 80'¼: ded ar:ivam que 1111r~":,u ado na Bfl>lia : Gê nes is 1; Efésios 5 . 22-23) e a estrita obediê ncia tio,
.lów, C ris to ti nha o rigem div ina:'~ Se m dlÍ vida. os Ew1dos Unidos sempre 1!111,,,, re forç ada. se nc<:essário. pe la agressão física . Na rca lidacle. os !ilho$
!'o ram. e ai nda são, uma socie dade m ui[() rcligio,a, muito mais. por exemplo. 1111M;e m no óecado : ''é a ltame nte bené fico a o pa i o u à mãe perceber em seu,
que a Europa ü t ide ntal o u o J.1piio. Po ré m . e s~c $Cl1time nLo relig ioso parece 1111 ,os uma te ndê ncia nanira I parn o mal".,., Dessa forma. é essencial 11 famíl ia
c,tar assumindo um l01T1 c ad a wz mais evange lizador. l'luincln elll d ireção a r tll•<.:ar li lhos te mentes a De us e obed ie ntes i1 auloridade dos pa is, <.:orno tarn-
um,, púderosa c orrente fu ndame nt.i lista. Segundo Si mpson: lw rn <.:omar co m total apoio da educação cü srâ ministrad a na e scola. Como
r·u1l,..;qiiênd a <)bvia dc~sa vi,~tio. as est:olas plíblicas tornaram..se o campo de
t .. ,) u fumJ.amentalismo. cm s.:u ~etHido prin11.;iro. cnn,;;iste cu~ um L'Onjun10 h:i tnllw entre o bem e o mal, e ntre a fomílin cristã e as instituições re presenHu1-
de crenças e c.x pcrif ncias <:ri;-;1~1~ que incluem ( 1) :i fé na absQhita in:-pira;-fü>
divina da Bíblia. hc1ll como em S1J~ 1nfalil:>ilidc1de: (1j a ~alvaçtio iu...liv idual
t,·, 1-h1 i,:.ecularizacão.
mediam~ H ;1ccit,wão d;; Cri,to <.'omt) u Sal\•::idtw (lendo rL~<..;su:-titado> por U rna prnfu~ão de reco mpensas te rrenas ag uard a o cristão qi1e se co m-
tonta de sua rcdcnçfío do:-. pecados dns. homen~t:rn M 1:1 mnrtc e res.:-.urrtiç;1o~ P"11111ltc a ohedecer a esses princíp ios e preferir os de sígnios de D eus ao s~1.1
{3) 3 txpeclotiva Llu n~Wm<\ de Cris..tu <lo Parníso à Tcn'a ante~ d~> 11rn <lo prnprio p lanejamento de vida. re pleto de imperfeições . Para começar. uma
milênio~(4 > o apoin à$ douLrina:-. cri ,;lfl, d<>S pn.lll~:-.t~mk~s onodoxo~. como o nn;k:nle vicli; sex ua l no c asamenro. Os famosos e bem-sucedidos aurores Tim
n:tsdmento virgina l e a ,amíhiu,a u·ind:1d.. -:.~~ , llc:vel'ly La Haye cla, s itica lJl seu ma nual sexual como " ime irnme nte bíbl ic o
, ,dt,uncnte prático•·_;i demonstrando, com a ajuda de ilustrações, toclo~ fl s
Contudo. p or ser uma tendê nt:ia t5o ampla e tlive rsiticnda, o funda mcn- 111 .11crcs d a s exualidade que. uma vez santificado s e voltados à procria~:i(1,
lal i,mo c ristão impõe u m de;aíio i, te ntativa de propor uma de finição capar. ck 1 , t,10 tk pleno aco rdo com o~ pri11cí1>ios do c ris tia nis mo . Sob e ssas concli~õ~s.
·11

'" homens podern tornar-,c J,o,ncns novamente: cm vez das ··cristianetcs" rc-fcrc-se à "doença chamada de 111ovi111c1110 femi nista".r' A luta contrau abm10
atuai,. os homens devem se portar e agir como tais. segundo uma outra trad i- , i111holiza todos os esforços voltados à preservação da f'amília, da vida e cio
ção cristã: "Jesus não era e fe minado'':'' Na verdade. a ca11alizaciio ela sexuali- L'I i, ti:mis,no. e.stabcleo.;endo o elo de ligação com outras crenças cri, tãs. t por
dade agressiva mascu li na cm um casamento bem-,1,cedido é e;sencial para a ,·, sa ra7.âo que o movimento antiabor1<l é a expressão máxima de militfü1cia e
,nc,e<ladc. tanto para o controle da violência quanto pelo faro de, ser a fonte da ln f'luência do fundamentalismo cristão IH>S Estados Unidos.
"étit:a protestan te do trabalho''. e. conseqiienrementc, da produ tividade econô- A lura ck vc ser intensil'icada. bem como ti nnados os acordos necessárills
mica. 1\:essa vis110, a subi imaçfüJ sexual constitu i o fundamento d11 civilizac~o. ,., "" a polít ica institucional. porque o tempo urge. ü "fim dos tempos" aprox i-
Q~an to às mulh~.-es. são biolog icame nle dcl'i nida~ para assumir a condiçã~ de 111:1-,c. o que faz que nos arrependamos e purifiquemos nossa sociedade, para
111aes e ser lambem" compleme111 0 emocional do homem, basicamente raci,,. li" L' c, rcjomos prontos para o retorno de Jesus Cristo. que daní início a uma
nal (segundo Phyllis Sch laf-ly J. A St)hmi ssão da 111ul her irAajudá-la a conquis- 11 ov:, era . um novo milênio de paz e prosperidade sem precedentes. Porém,
rar um sent imento de auto-es1ima. E pelo sa<.: ri fício que as mulheres assumem ''"'' é 11111 período ele trans ição perigoso. porque teremos de sobrev iver ,1 terrí-
wa idcnridade co1110 pes$oas indcpenclemcs cios homens. Assim, de acordo Vt' I B:11:il.ha de Arnrngedon. que lerá origem no Oriente Médio e deverCi ~e
c.:on, Bevcrly La Haye: "Não tenha medo ele ceder. ceder e ceder".'" O resulta- ,1f:1s11·ar por todo o mundo. Israel. e a Nova lsrad (os Estados t:nido,), f1nal men-
do será a salvação da família, "esta pequena comt111idodc. o alice rce sobre 0 h· ,;111ãu vitoriosos anle seus inimigos.. contudo a um preço ahíssi mo. e con·
qual s,~ , usrenw toda a sociedade:··,, 11111d,>some nte com a capacidade de regcnenição de nossa sodedade. Daí a
·icntlo a sa lvaçàü garamida. conquanto sejam rigom,amenre observados 11,111\lonna,ão da sociedade (por uma política cristã inflexível para o povo) e a
o, ensinamento;, da Bfblia. e com uma fnm íl i.i patriarcal estáve l como base 11-rrncração do ser (por uma vichi rlevota e fomiliari constituírem e.lementos
sólida para a vida, os ncgócio.s lc1111bém irão hem . desde que o governo não 11t't'l'"'''í 1·i1.J~ e compleme nl ares.
imerllra na economia. deixe abandonado~ à própria sorte os pob;.e, 111uignos t)uc111 são os func!a111entalis1as norte-americanos contemporâneos·) Clydu
de' melhore, cond1~·<>es ,~ mantenha os impostos denrro ele li 111ire, razoáveis \Vlh-11x aprc,enta alguns dados interessantes ~obre as características demn
!<.:err o de IO%, da renda ). Os fundamemalistas cristãos não parecem se i111por- jll til 1cas do, en 111gélicos em re laç.10 ao restante da popul ação em 1988.•~ Co11-
w r c01n a contl'a<l 1":fío ü1cre111e. ao f'ato de serern teoc.:ratns morais e libertários ul,· , ;u,dtl as <.:araclerístic:as dos evangélicos donlrin;.irios. parece que possuem
1
cconômicos.• D,~us ajudará o bom cristão nos ncg<icios: af1 nal d~ conta,. ele 11111 uivei de escolaridade ma is baixo, s.\o IJlais pobres. têm maior influêuci:1
tem de prover o su~rento de sua fam íl ia. Prova viva disso é justamente o líder , 1HJ<' ,1:\ dúmt~ de c.:~1sa. c m geral res idem no su l do país. são bem mais reli gio-
da Coalizão Crb tã. P;it R<•bertson. fomoso evangel b 1a da c~levisão. Ap6s , ua " ~, e 100% dele, rnnsidernm a íl íbli a um livro infalível (comparados a 27</r.
c:om·er~ão, i111b;1 ído de SU(I recén1-conqui,1ada autOC(llJfiança, Rohe11son par- 1wilc·c Phti dti em rela~,iín ao total clit popul ação). Segundo outras fomes,'''' a
11u_.rar~ Of.. neg?c1os: "Deus me mandou ttlé aqui pura cornpn1r sua estat;~o de Iq l'I1tc ~xpan~ão do f undamenwl ismo cristão é baslante acenLuada nos arre..
1\: . alm11nu: lazendo uma oferta co,n base no "valor inf1,rmaclo por Deus": ti,,,,., ,b Rc~<ião Sul. dn Su I e S urles1e d<1 Cal ifórn ia, emre a classe média baixa
D,sse -me o Senhor: '·1Jão ul1rapa.s ,e dois rn ilhõc, e mcio''. 6' Enfim. a transa- J'Wlis~ ionais <lo setor de serviços rccém-cblabe lecidos nas novas áreas IUC·
ção acabou se revelmldo um cxcélen1e ncg<icio, pelo qua l Pm Roher1~on sema- 11npolita11as em franca ex pansflo. Isso permite a Lienesch aventar a hipótese
nalme me agradece a Deus em seu progrnnw "700 Cl ub". ti, <flll' ele~ representam "a primeira geração moJcrn it.ada ele pessoas tradi~i<l
Todavia, o modo de vida cristão nilo pode ser realizado no plano indivi- 11 li\ 11:t.:é1u-c111igradas a mante r valores runüs c11l uma sociedade LLrbano secu~
dual. pon1ue as instituições ela soc iedade, principalmente o governo. a mídia e a l,11 Contudo. quando se trata de fomentar o fundamentalismo cristão, tem-~<:
rede p1íhl ica de ensino são controlados por humani,las de vári as ori~ens, as,ocia- 111np1~"ão de que valores. crenças e po~ içõcs políticas são mais i 111por1a11(~~
d<1s. segundo várias vertente5 fundamentali sta~. aos comunisrns·: b1111c1ueiros. qth r .na,terísLicas demográficas. profiss ionais ou habitacionais. Ap6s revisar
flereges e judeu, . Os in imigos mais insidio,os ,:ameaçadores silo a~ fcmi;, b,a~ e 11111 ,·111p11s representativo de evi dências sobre essa questão, Wi lc<ix concl ui
o, horno:'~ex.uais. pois são eles que abalam a instiluiçâo fam il iar. fonte ptimeira qu, ·,1, dadlls demon,tra1n que o~ 111elhorcs pontos de apoio i\ ·Di rei ta Cristil'
da e,tab, hdade soc,al. da vida cristã e da realização pessoal. (Phvllis Schhill v '" '" 1dt.!11tidades religiosas. do111rina,. comportamentos. fi lia~ões e <:onvic-
- -
.,
çõcs pnlí1icas ..."" O fundamentalismo não parece ~er uma racionalização dos da identidade fu ndamenta list a parece ser uma tentativa de reafinuaçf,o do con-
it11cresses de cl asse, tampouco um po~icionamento com base no territóri o. Em ll'< lle sobre a vida e sobre o país. uma r<!ação direw ao prncesso desenfreado de
vc1. disso. e le atua nos processos políticos em defesa dos valores morais e gl1>balização que se faz cada vez mais presente nt\ economia e na mídia.
çri , tiios.•• Trata-se de um movimente> reativo. voltado à construção da .identi- Emrctanto. provavelmente a cau~a mais importamc clo fundamenta lismo
dade socia l e pessoal. como na maior parte dos casos de fundamentalismo eri, tão dos anos 80 e 90 é a reação contra o desafio ao patriarcalismo, fruto da~
c·ncontrados na História, com base em imagens do passado projetadas em urn 1cvolta;, da década de 60, e expresw pelllS movi mentos feminista. das lésbicas
futuro utópico. visando à superação do insustentável tempo presente. ,. dos gays." Além disso. a balal ha não é somente ideológica. Na verdade. a
Reaçf10 a quê'! O que é insustentável ') As causas mais imed iatas do fnnda- tamíli;, patriarcal noite-americana está em crise.<> que é comprovado por to-
mc n1ali smo cristão parecem ~er duas: a ameaça da globa li wçâo e a crise do .111~ a, estatísticas sobre divórcio, separação. violência na família. filhos nasc i.-
patriarcalismo. tios rorn do casamento. casa mentos tardios. redução nos índicc.s de maternidade.
Kas palavras de Misztal e Shupe. "a di nâmica da globalizaç,1o promovcu 1·, ti lch ck viciá solitários. casais de gays e lésbica$ e a rejeição generalizada da
:, di n5mi<:a cio fundamenta li smo de forma dialética--.m L.cchncr aprofunda-se .1111uridadc patriarcal (ver capítulo 4). H{i urna reaçãú óbvia da pan e dos homens
um pouco ma is nas rnzôes para a existência de 1.a l di alética: ,·111 dcr..:sa de seus priv ilégios. convenienlememe fundamentada na lcgitimida-
,k divi11a. uma vez q11c seu papel cada vez menos significativo como ún ico
Ko processo de globalízaç{io. as sociedades se in~t.iwciollaliz<ln.lll\ cnqu~nto p,o,·cdor da fam(lja abalou as bases materiais e ideológicas cio patriarcalismo.
fatos globai s. EJ1qoa1110 (,rganizações. funcionam em 1ermo.:; secula~s: cm
1'0 1é n1. existe ainda algo mai~. compartilhado por homens. mnlhcrês e crian-
:-.u:t:-. relações. üh~dêc.:tm ~1 rc.gra~ sét ularc;\~ pr:"tlitnmcnlc nenhuma lradiçno
1\:ligio:-.a atl'ibui um car;lle,· tr..1nsceudc1Hal ~ts sociednde~ tal como crn :;ua
"'"· t ·1n temor profundamente arrai gado pelo ,k sconhccido. cm especial ,1s-
forma atual ... Pelos. padrôcí:i da maioria das 1racliç<)es rcligio;sa$. o =>Ocietnlisnio , 11, 1:idDr quando isso cliz respeito ao cotidi ano da vida pessoal. Incapazes ele
u1:-.tilm:iom1liz<u.fo t>qu1valc à idol:Hrkt .\:las h SO sigoifi('<i qu~ l<11nhém a \1 ida \ 11c:r ~nb a .:gidc cio pmriurcalism<J secu lar. mas apavorados com a solidão e a
t"lll so.::1<:clade- tornou-sc um desalio ~l r~ligião lrad1cionnl... Predsamcme por- )11w 1tc1,a presentes em uma ,ocieclade tremendamente c,,mpctitiva e inclividua-
que. a ordem glob:i I r.:prcscnta uma ordem normal iva inslitucional i'ladn. é. l" t11. cm que a família. como mito e realidade. representava o único abrigo
plau$h CI que :,li su1ja :ilgu m tipo de busca de mn fundamento "maior... d:; 1•g111·\), muitos homens, mulheres ~ criarn;a~ rogarn a Deus que os H'ago de
alguma realidade transcendenlal c1lém desse mundo. pela quaJe~lc podr!na
11111:1an estado de inocência em que r odiam viver satisfeitos çom o patriarc,1-
~~r dc linido 1..·om mab cfan:z;i. 71
11,1111 1 benevolente. <k acordo com as le is de Deus. Ao rezarem juncas, essas
I"'~~ºª"> ~e lornain capazes de conviver oulra vel. Ju~tamcmc por essa razão. o
Além disso. embora a ameaça comunista tenha-se prestmlo a justificar a
111111l.uncntalismo cristão norrc-;unerkano está profundamente marcado pe las
idcntifi, aç5.o entro.: os inrcrcsses do governo norte--amerkano. o cri stianismo e
1111u~ rística~ culturais do país. seu individu alismo amparado na famíl ia, seu
11s Estado, Unidos como a na~âo escolhida. o colapso ela União Soviélica e o
p1,11(111.1tisnw e ,eu relaciona mento personalizado com Deus. como também
surgi mcmo de uma nova ordem global g..:ram urna incerteza ameaçadora quanto
, 11111o, des ígnios d.:: Deus. ,:0 1110 uma forma de solucionar os problemas 1>es-
'"' ..:ontrole sobre o destino do país. Cm do~tern as recorrente, cio funcl amema-
•hlh c m uma vicia cada vez mai., imprevisíve l e incontroh~vcl. Como se o
li,mu cristão no~ Estados Uni do, durante os anos 90 é a opllsição ao s:untrole
11111.lamcntalista. rogando a Deus. fosse recebcr da miseric6rdia divi na a rcs-
do país exercido por um .. governo mundial". com aulúridadc sobre o gov..:rno
1 1111.1,•:10 tio Ame ricwi \,\1<,y of l iji>. cm Iroca do comprom isso do pecador 1:0111
rcdcral dos ECA (que. na visão do mo,·imento. é ,;onivcntc com esse proces-
, ,1tq ),:ndimento e o testemunho cri stão.
sei). sancionado pelas Nm;õc, Unidas. pelo Funcl" Monet fü'it> Internacional e
pela Organização Mundial de Comérc io. entre ou tros organi,mos internacio-
n,1i, . Em alguns escrito, escatológico,, cs, c novo .. governo mundial" é com-
parado ao Anticristo. e seus símbolo, . que incluem o microprocessador.
rcprcsenwm a Marca da Besta qu.:; ammcia o .. fim dos tempos". A con, truçiio
li
'"
Nações e nacionalismos na era da globalização: c nfraqucc imemo d ns Estaclos-Naçüll a1ttais. niío se enquadra muito be m ne,;s~
comunidades imaginadas ou imagens comunais'! 111oddú teórico q ue compara nações e nacionalismo ao surgimento e consolida-
c;:u) do Estado-Nação moderno pós-Revolução Francesa, que serviu de mnklc
Smneme <fiWiuh> ,•,ulos nós - 1odv\· nós - recobr<1m1os noS.\'rt memúria,
para boa p«ne dos Esrnclos em toclo o mundo. "Ião importa. Para Hobshaw,11.
rt>remos n11uliç6es. nô., e eh!s. de drixrtr d,.~ ser naâonali.Has. <'"e aparen te ressurgi mento é na verdade o p ro duto h istórico de problema,
nac i,,nais niio solucio nados. gerncJos pe la redefinição te rri toria l da Europa e ntre
Rubert de Ve-mos. Nacimwli.'im(),.., 1
1•J 18 e 19:21." Não o b;iantc. conforme aponta David Hooson em sufl introdu-
,·<10 h p~,quis~ g kihal ediwda por e le próprio. a Geographvcmd Nmio,,rd lrll'llti1_1·:
A crn da globali2.açit<l é ta mbém a era do ressurgime nto do naciona lis-
mo. nrnui fc.>tado tanto pelo desati o que impõe a fatados-'Jação estabelec idos
,, ,c!?lmrla mct.-id~ do ,é.cu lo x.x emrnr,i para ()S <mais -da hi-slôria como unw
,:n1110 pela ampla (rc,)construção da identid ade com base na nacionalidade,
nov;~ cr;l d.! proli fernção de 1110,·i me mos uacionalísla:;. lurbulento~, <lc nnturc-
i,waria vel me me definida po r o posi~ão ao estrange iro. Essa te ndê nc ia histórica 1.a 111<u:,; <lurndouw. scll1 npre~e1,1ar contuLlu .a caraccerístka das lcrrívei<..: \inl-
tc111 s urpreend ido alguns obse rvadores. após a morte do nacional i~mo ter sido n ,as, ora hani<la:,, q\le também maI·l.:'arnm 110,so século ... Os nnseios Llc
anun..:iada por um a cau~a 1ripl:1: (l g lobalizaçfü> da econom ia e a inrcrnad ona- c-.:prc:-.sar a prôpda identidade e di.! tê-la rccouhtçida dt forma ct,>nt rtta pelos
liwção da, institui ,;cies políticas: o un iversalismo de uma cu ltura compartilha- \mtnh são cada n:z 1m1i-: comagiantcs .. ~ lê n, d(~ ser :.1 dmltido:- como força
da. difundida pela míd ia e leirônica. educação. al fabetização. urbanização e (:l,.:~m e111:1r. rnc~mo no- 111\IIH.lo rcsll ito e aparentc mc.Hlc homogeneizador <l~l
1
modcrnizac;ão: e os ataques desfechados por acadê micos <:ontra o conce i!o ele :1lt.i 1c,:nolog.ia do fin:·11 do sê-cuh") xx. "

Uõ:I\ÕCs. <:onsidernd<1s "c01nun idt1des imaginadas,·:., numa versAo menos fü?.ressi-


va da lcoria aminac ionali:,1a, ou ··cric1çõc-: hi stóricas arbilrilrim;'·. como n:t <:Oll- ;\ 16111 d isso. a ('XCmplo do q ue ati nnam F.ley e S uny. na introdução (1, u,1
tt11Hknte fornn,lw;~o de Gellner. 75 advind as de n1<,v irnento~ nac iona li~t;is t1l11a m ai~ ehtddat i\'::l.. fJf!f"Oming Na1ional:
contro lados pela~ elite~ cm ,eu prlljeto de estabelecimento cio E,tatlo-Nação
moderno. ~a verdade. para Gc llncr. ·'na<.:ionalismos nflo pass~m tlc tribali, rnos. S<:i ,í que ~1 ~n fosç na :{ubklivid:idc e n.i consciência dc., GtrWqualq\!er funda~
nu quaisquer outro, tipo, de co munidade, o rientadas a esse li 111. q ue po r s urte. nh!n!O ··ohjcti\lo·· para a'cxb.têllt."ia d<l nacionahdad1.~? É claro que t s:-,i visão
ralli..:~lmrnlc subj r.tiva seri~ abst1rd~). A maiol'ia do~ movtmenws nadonalis·
esforço o u çírcunstãnda, foram hem-sucedi dos cm transfonnar-sc c m u,nn 1,1,;, hein-succcli dos. pt'C.ssupôl~algum tipo de d(:mcmo co111rnn cm tenno;;; <lc
ro r<;a t!iicaz sob as cnndi~ôc, tio reali dade moderna" .'" Segundo Gellner. e h:rrllúri(l. i<liuma ou cu hunt que f<,rucç11m H matéri.1-prinm para o projeto
t.tmbém Hobsbawm .',., o ;,.11.:esso consiste na con.st ruçfio de 11 111 Estado-'.\'açiio mh.·kdual de n~1cion:ifüladc. ·nJdavit1. tab ckmcntos comuns nfü) devem ser
moderno e soberano. Assim. sob essa pers pectiva. os mov ime111os nacional is- " 1w1uraliZ(\dos ... L'Olfü) Si.'.' s 1.~111prc holl\·~~~tm exi:-lido 1.:111 uma fonm, e:,isCn-
tas. co,no rocion.iliatdores dos interesses de orna dcrcrmi nada e lite. criam uma (.'i.11 <Hl 1in·~~em ,implc~méntt; pn.•nunci;)d(l II ma hb tó1·ia a\ndn por ::'l'. fazer...
identidade naciona l q ue. se bcm -,ucedida. é acolhida pe lo fa taclo-Naçfüi. sen- Vi:, de 1'l!gra. llllla cullllr':l não '--. ú quç as pc~soa-scomp:.m ilham. mas '5im algo
do po,teriormente d isseminada cn!rc seus , u.ieitos por me io da propaganda 11t· ln qual re$ohc1n h1Htr 111
rolítica. a ta l pomo q ue os " nac iona is" c,tmâo prontos pa ra morrer por sua
n~ç5o. Hobsbawm aceita sem he.5i taçfio a evidência hi; tcírica cio nacionalismo Em ,ninlrn opinião. H incongruência cnuc algumas lcorias sociais e ~1
como um movime nto que parte das base, para o toro (a partir de atributos ,11r1iênc ia prática contcmporiinea resulta do fato de que o nac iona li$1110.
lingüíslicos. teJTito riais. é tnicos, religiosos e po lítico-hist6ricos comparti lha- lw111 c n nw as 11,1ç<'íes. têm vicl,1 pr6pria. indcp..,nclentememe ela condição til.'
cios). porém rotu la-o de " proronaciooa!i, 11H, ... porquanto son1e,uc a part ir d a 1 •,t,1do. ~mbor~ estejam in,crid os em iddrios c u lturais e projeto~ político,.
formação de um Estado-Naçfü" é que <.t'> na..;fies e o nadon~lli ~mu pa~..,am a 1•,11 111u1.s atraemc que a noçlio de "comunidades il\l agi nadas" possa parecer,
cx isrir. seja <.:omo expres$iíO desse Fs{(tclo-Na~fio. ,eja como forma de rnntes- , l,t ,: 6 hvia ou e mpiricamente inadequacl<1. Óbvia para um cie nti sta social.
laçâo desse Estado e m fu nção de o m futuro Estado. A explosâo dos movimen- •111.11,du s..: afi nna que todosº' ,cnti111cntos de posse, toda a adorayãO ik
to, nacionalistas neste final de milên io. rato intimame nte relacioni1clo ao h ,uw, ,ãt, ra1o res cuhuralm~ntc t·tmstruíLlos. As na~ões não constituí ram
"' l\1ra1so, to-munr1í,- hk1111iJ.ht1 1 ull!t 1,lo 1m ,.v;;icJuJc c:1111,•eJ\.'. 17

rxcc~ao a i,so. A oposição entre comunidades ·'rea is" e "i maginadas" siio de O grande mal-entendido do ~éculo loi a f:.1lta de disCL~rnhnt:nlO entre n auh>·
pouc:, util idade ima lílica além dos louv,íve is esforços de desmistificaçã o das dcccnninaçf10 do povo e n au1ode1c1·minação da naçflo. A cransferência pu ra-
i,kolc,g ias de naciona li, mo essencia lista à /e, M ic he le t. Porém. se o sentido mente mec5nicn de certos princípios dn Europa Ocident:ll par:1<> U:'1Ter10 de
<.:ulllm\s nâ<>·curop,füts m)nnnln1eu1c ac~,lrn gerando mons-lros. Cm deles foi
d.i 11linnação é o de que. conforme explic itado na teoria de Ue llner. as na- ü l.;Onceito de sob<!rania na1,.; ional transplantado para o solo não-europeu[ ... )
.,:ocs constitue m artefatos purame nte ideo lóg icos. construídos po r me io de O ~lncretisrno do conceito de nnção no léxico político da Enn>p:l impede <>s
11H111ip11l:,c,:ücs arbitrá rias de mi.cos h i, tó ricos por pane de inci::Icc tua is traba- europeus de t:~lahelect:.n.·111 <lisLi nç(,cs Ítllponantcs relativas it "sobernnia du
lh.indo c m p ro l dos in teresses d as elites soc io econôm icas. e ntão os reg istros povo". "s.oberania nacional" e "dirdtos de uma dctcrminnd;i etnia".s!-
l1i,11 11 ic<'-' parece m refutar ta l excess u de desc-o nstruc io n ismo.•1 Sem dú vida .
.,•,uiu. 1r li,µifio. idio111a. território. per se. não são suficientes para erigir na.. Na verdade. a análise de Panarin é corroborada pelo aparccimemo de mo-
\''"°' e i11tlul.ir o nac iona lismo. A e xpe.riê ncia co mpartilha da , im: tanto o s vi111cntos m,cionalistas e m diversas reg iües <lo mundo no final do século XX, de
h t,111<,, l lnidos quanto o Japão são pa íses com forte identidade naci om1 f. e ,ll·1irdo com uma e norme variedade de tendências c ulturais e projetos pol íLico,.
11111it,>s llc ,cus ..i:id adüos .. realmente sentem, e-expressa m. um pro fundo scn - Te rceiro. o nacionalismo não é necessariame nte u rn fenômeno das elites.
11111(·1110 pa11 i61ic<>. i\"o e nta nto. o Japão é uma das naç<ies mais lmmo Q"êncas 11.10 raro refletindo até mesmo u ma reação contra as e lites mundiais. De rato, a
do 1111111d1> t k1 ponco de vista étnico. e nqua nto os Estados Unidos siio~exat a- l'\l'11tplo do q ue oco rre e m todos os mov imentos sociais, as lideranças te nde m
111cntc 11 c,um,irio. Ern a mbos os casos. o que e xiste é ll llla h istória .: um 11ln u111 nível cultural ma i, elevado e serem ma is ve rsadas (o u dotadas de bon.,
pro jeto compartilhados . e as narracivas histó ricas dos do is pa íse, süo c ri ad as n 111 l1c..:imentos de informática. e m nossa é poca) q ue as massa, popu la res q ue
,·0111 ba,e em u nia e xpe riê ncia d iversificada nos as pectos soc ia l. é tnk o. "' 111o bi lizam e m to rno de obje tivos nacio na listas. Contud o. isso não di mi nui
te1 ritorial e de gênero. poré m comun l aos povos de cada um desses pa íses 1) np!.·l<) e o significado tio nac.:ional isrno fl manipulação das massas pelas elite,.

\()b 11cr!--pec1.iva~ dive rsas. Outras nm.;ües e movi 111entos nacionalistas não dr acordo com os próprios inte resses dessas e lites. Conforme escreve Sn1i1h,
:it i11 g iram a condiçãti de Estado -l\a1,:ão mode rno (por e xe ,nplo. Escócia. ,• 111 hllll <le lamento:
Catalu nh a. Qi1..:bcc, Curdistão . Pa lest ina ), e ai nda a,s im de mo nstram. sendo
qut: a lgu ns o vêm fazendo por vários séc ulos. unia fon e identidade c u ltu ra)/ ( 'om uma hislória e destino co1·nL11v,, memórias podem ser 111:;müd:ls viva:- e a
te rritoria l que se ma nifesta como u1t1a forma de caní le r nac iona l. glüna das aç<'>es prcscrv;1da. Porque ~01m.:11tc ua scqliêncin dt gçn,çõc~ da-

Assi m. ao se d iscut ir o naciona li,mo conte mpo râ neo no q ue tange às quefos que ,.,;ompanHham os l~lÇO~ hislôrico::. e quase 1'amiliai::. é que os indi-
víduos podern aJinwnrnr a csper::rnça de co11q1.1i:"\la de uma nO<;âQ de
lcorias ., oc iais do na-:io na lismo. devem ser e nfotizados q uatro po nlos i'und a-
111loi'ta1id;1dc. ainda que ius:cridos cm eras. lk fh>riz.ontcs pur-"'mtnte ttr~oos.
1ncn ta is pa ra análi se. Primei ro. o 1wc inna l h ino conte mpo râ neo pode ou nf10 Nc<:')(' S(!lllido. a fonnaçfü• d,\s naçõc!- ...~ o surtiinento de nacjonnlis1nos étni-
c-iar voltado à CLIJbtruçfto de um Estado-1\:açào , o berano e. portanio. as na- c·~~ s~ assen\elhum mais f1 in~thuc,:ionaliz<1çno de luna ··relig~:l(l ahcm:Hh1a•·
ções são. tanto do ponto de vista histórico q uanto ana lítico . entidades inde- d11 qu1,;. propriafl1C'ntc a uma i(kl•logi<• polítictt s<:.ndu púrtan10 b~m mais du-
pe ndentes do Estado.' 1 Segundo, a, na\·<ies, bem co rno os E,tados- Nação . uu..touros e podero~os. dú que nos permitimol> aclmitir.M-
não cMün histori~amen te Ii 111 itados ao Estado-l\7ação mode rno ta l co mo cons-
1ituído na F.uro pa nos 200 anos a pós a Revolução Francesa. i\ e xperiência Q uano. e m virtu<le do fato de o nac io nalismo conte mporâneo ser ma i~
po lítica atua l parece rejd tar a idéia de que o nacionalismo esteja exclusiva- 1,·a1 iv1l do q ue a ti vo. te nde a ser mais c ultural do que p olíci-:o, e, po rrnnto, mni\
111cn te vi nc ulado ao período de for mação do Estado-l\ação moderno, te ntlo d1 , 1,•ldo 1t defesa de u ma cultura j á instituciona lizada do que lt constrnção ou
,cu ápice no sécu lo XIX. e reproduzido no processo de descolon ização de , lvk,a de um Estado. Q ua ndo no vas institu içües po líticas são c riadas. ou re-
111catlo, do século XX pe la im portação do modelo de Estado -Nrn.:ãn oc iden- , 1,1da,. rnnstitue m Lrinc heirns defe nsivas de ide ntidade, e não p la taformas de
tal para o Te rcei ro Mundo."' Tal atim1açf10. atualmente e lll voga·. não p1tssa l1111~: u11cnto de so berania po lítica. Por essa razão, creio que um po nto de pa rli-
dv um.i nu1nifc;wçã(1 u,· ,•tirn,·vnlri,1110. conforme a rgun1enta Chatte1jee." ' l I tvt\ric•> mais adequado il compreensão do nacio na lismo conte mpo râneo~ a
N," 1crn10, de Panann 111,,lht· de nacio rndismo c ulturnl tk K,1,uku Yo$hi no no Japão:
O nacional ismo cultural procura regeneror a comunidade nacioM1I pcu· rndo , ·1111 tk cn1 idades plurinacionais, não está relacionada 11 formação de Estados
ela e, iação. pre:,~r,,ação l)u forwlceimt:nto da identidade cullural de um povo,
, 1:\"ic<Js, modernos, soberanos. Ao eontrá1i o. o nacionali~mo aparenta ser u111 n
quando se senle sua faha ou uma amea..;aa essa ic.lcn1idru.le;. ·nil nacionalismo
Yê :1 naçno ~omo írulo de su;1his1óri.a e cultura llnicas. be-m como tuna ,-,oJida-
1•rn11dc força sul~jaccme à constitllição de quase-Estados, isto '5. cnlidadespolíti
riedat.lc tolcuva dmada de; atributos singulare.s. F.m suma. o nacionalismo ""' eh.: ,oberania co111pn11ilhada, por meio de um modelo ap1imorado de leJern,
cuJwrnl preocupa-se com os elementos disti mivos da comunidade culturul list11(1 (como é o caso da (re)consütuição canadense em proce~so ou d a " naçfü1
tomo essênci;1de mn;1miçc'io ..); d,· n;ie iona l.idades·•. proclamada na Constituiçflo da Espanha de 1978 e ampla,
11w11tc difundida na prática durante a década de 90) ou de mukilateral ismo i11-
Assim, constrói-se u nacionalismo a parti r de açües e reações soc iais, 1,'rn,,c1<,n:1l tcomo na União Européia ou na renegociação da Comunidade de
tJnto por paltc das elites quanto das massas, conforme sustenta Hobsbawm . h 1.,d, ,s 1ndependentcs das ex-repúblic,t1 soviéticas). Os Estados-Nação centra-
contrariando a idéia de Gcllncr de que a "alta cultura'' é a fonte de origem lI flldo, que resistem a ess,1 tendência de movimentos naci<>nalistas em busca de
..:xclusiva do nacionalismo. Contudo, ao contrário das visijes de Hobsbawm ou 11 111:i condiç5o de quase-Estado como nova realidade históric a (por exemplo .
1-\ ndcrson. o naciona lismo como fonte de iden1 idade não pode ficar restriHJ a 1111!n11é,ia, Nigéria. Sri Lm,ka e ,\té mcs1no a fnd ia) podem muito bem cair víti·
um determinado período hist6rico e aos processos e conqui srns do Estado· 11111 ~ tio erro f;tal de ter a nação assinalada pelo Estado, como um Estado fo11c
Nação moderno. Restringir a idé ia de naçües e nacionalismos unicamente oo ,·111;1<1 " do Paquistão entendeu após a separação de Bangladesh.
processo de construção do Estado-Nação inviabiliza qualquerjustificatil'a para /1 lim de explorar a complex idade ela (re)constrnção da identidade na-
a ascensão t.lo nacionalismo pôs- moderno conrnm iwnte ao declínio d<J Estmlo ' 1011al ~111 nosso novo contexto histórico, fareí uma breve análise de dois c.t~n~
moderno. qm' 1q,n:,scntam os.dois pólos da dialética que proponho como caracterfatica
Rubcn de Ventos. cm uma versão revista e atualizada da perspectiva clá,- ,h-"c p~ríodo: a descnnstrução de u111 .Estado t:entral izado e multinacional
si<:a de Dculsch.'8 propôs uma teoria mais t'omplexa que vê o ,urgimento da , " "'" a ,,,tinta C ni üo Soviética e a formação sub$cqOente d0 que c.o ns1dcn1
identidade nacional med iante a interação hist6ri..:a entre quatro conjuntos de , l" ·" "· b tados-Nação: e o quase-Esiado nacional que ve m surgind~ naCmalu
fatorcs:/auni's primârios~lais co1'n0 elni a, Lerrit<)rio. idi oma. religião e simila- 11 11,, por ,11cio do duplo movimento de federali smo na Espanha e coníederailsmo
rcs:Jirlores gemtivos , como o de$e1wolvi men10 dos meios ele com un icação 11 .i I f11iiio Européia. Após excmpli iicar minha anális,~ com esses dois estudos
0 tecnologia. a fonna~ào de cidades, o surgi mento de exércitos modernos e ,h· ,··"º· forncc,~ rei algumas indica~:ücs quanto aos novos 8aminhos histórico,
monarquias cemralizadas;.fc,tores indu:idos, como a codi ficaç,io d,1 língua em ,lo 11,1donalis1110 como fonte renovada de identidade coletiva.
gramática:-t ofo:; iai:-». o crescimenLO da máquina hurocnltica e o estabelecim.cn..
LO de um sistema na~ional de educa~ilo: cfaronis reo1irns, quais sej am, a ddc-
,a da, ideniidades oprimidas e interesses subjugado, por 11111 grupo soda! As nações contra o t;s1ado: a dis.w luçcio da
dominante ou pelo aparato in,tituci onal. result ando na husca ele identidades Un ião SoFié!ica e du Cumunidade de Estc1dos Impossíveis
alternmivas na me1116ria coletiva cio povo.•• Quais elcJl1c11tos dcscmpc nha111 (Sojuz Ncvozmoznykh Gosudarst.v)
detenninados papéis na fonnaç,io de um dado nacionalisnin. e cm uma dctcr-
111i nada rn1~·i10, são variáveis que dependem dos respectivos contextos históri - () 11(,t'o ms,·o dus cidad(!S e atdPi.a.,·. be.was emipfrfos. em l'.wmlo <h?-,\·emi-s(1fra-
c1is, da matéria-prima disponível à memória coletiva e da in tcrnçflo entre ~r·1ia. IJflfl,W, assu.\·u.ulol'<-5. n-u>rr<'n1o ;»um dar !ugtu· a u11w ,un:a raça humana.
estratégias de poder con flirnntes. Assim, o nacionalismo é. na verdade. cultu- Mfü.:uno Górki. ··Do campcslnalo rus!-o·>f(I
ntl e politicamente crnhtruído. mas ,, que rea lmente importa. tanto dn po111u de
vista prátiC(l quanto teórico é. como, a partir de quê . por quc 111e para quê uma A r<Jvoltados l:'~tados membro contra o F.stado soviético foi um dos m:ii,
ide ntidade é construída.
11 ,1 po1 tan1cs fatores. embora não o único, paro o surpreendente colapso ela ~ 1:iào
Nessefin de siêcle. a explosão dos movimentos nacionalistas. alguns dele, , 1,, 11'tÍL'a. coMonne argumcn(H I fclcnc ('Hrrere d'Encausse e Ronald Gngor
re~pon~áveis pela desconstrução de Estados multinacionais. outros pefa con$trn- \ imy.'' ,·1111·0 outro$ estudi(>~o,. \~.ii, 111li a11t.: 1110 volume lfl). farei u1m1 an:'lli
,e da comp lexa relação entre os elcrncnco, e1:onômicos. tecno lógicos, políti- ,· lit,:, c ulturais nacionais, naturalmente sob a co ndição de s ub,erviê ncia ao
1:us e de identidade nac ional que,)11ntos. elucidam um d os mais exlraonJiná- pod0r suvié li1:o. Nas palavras de Su ny:
rio;, desdobramcnlos da História. urna vez q ue as Revoluções Russas marcara m
a abertun.t e ti fcc hamcnlo do cspeclro po lítico J o século XX. Entre tanto, ao se P.;rdida csl;) na pock:rosa retóric:i nacfo11a1bta wda e qualquer noção do grn11
J i:,cutir a formação da identidade nacional e se u, novos 1:1111tornos durante os clll que os longQs e dim.:cb anos de governo cio panido comunb tá deram
t.'omlnuida<l~ à "fonna\'.ão de oações" do período pré-rcvoh1cionârio ... lsso
anos 90. é ru ndamental fazer um co mentá rio sobre a experiê ncia so vié tica. fc1 c-oin 1.1ue a s0Hdaried.1dt lhnka e <-1 Cúili-d ência nadonal dns rep1Íhlica;;;
bem como sobre s uas co n, eqüências. po is e,se é um lerre no privileg iado pa ra n~lo-11,1-.;:,.a~ m1menl'f1Sst:rn, Clllbora se tenha frustrado uma <mic.utaçào wuil de
" observação da imcração e ntre as nações e o Estado. duas e ntidades que. e m uma agt:nda 11ac-ional ao se cxigirobediênci<-) a uma ordem política imposta.':l'l
minha opin ião. são histórica e analiticamente di stintas./\ re volta naciona lh ta
comrn a União Sov ié tica foi parti<.:ularme nte signi i'icativa. pois a t:RSS foi u m As razões para essa aparente abe nu ra 11 a utodele rm iuação nacio nal {[li'~-
dos poucos Estados mode rnos exp licitame nte conslituí<los como um Estado , 1, 1a lla Consti tuição Soviética pe lo d ire ito concedido às repúblicas de se scp:i-
p lu rinaciona l. co m nac io na lidades de finidas tanto no plano indi vidua l (Wdo i.11·,·m d,t União) estão profoncl:-u ncnte a rraigadas na história e na estratégia do
c idadão sovié tico aprese ntava u111a determinada nac iona lidade consta nte de l ·,tad,, sov iético.9·1O rederalismo plu rinado na l soviético derivou de nm 11cor-
sr u passaporte ), quanto no plano da ad mi nistr,wão territoria l da t:niií<>Sovié- .i,, 0 1>1 it10 por meio d e intensos debates polícico-i<leo lógicos durnntc o pe ríodo
tica. O Esrndo sovié tico e ra o rganizado <.:on·i base e,m 11111 comple xo sisterrn.1de 1,·v .. lucionário. O rig ina lmente, a posição bolchevique, iden!ificando -se-:0111 o
15 repúblicas fe derais. às q uais se acrescent,wam repúb licas a utônomas de n- 1,,.,1, .. mc,nto marxista o rtodoxo. refutou a imporlância da nac ionalid ade como
tro das reptíblicas f'e d erni s, te rritório, (krai) e distrito., nativos autônomos n i1é-1i,, sig ni lk at ivo para a .;onstruçâo do nnvo Estado: o intcrn8cio nal ismo
u ,km g), sendo que cada re pública compree ndi a diver,as prov ínc ias (obhwi). 1Hl1k 1Cirio lencionuva .superar as difcren.;as nacionais. ··arttficüüs" oo ''sccunlhl-
Cada uma <las repúblicas federais. bem como as re púb licas autônomas inseri.d as , ,,,," e nt re as classes trabalhadoras. mani pu litdas por inte resses imperialistas
nas repúb lica~ federais. estava fundada em um princípio territorial de nac io na- 1u,•, hant~ con1·ron10, sangre ntos cmrc as diversas t!Lnias, conforme cle rnon, -
lidade. Tal construção institucional não e ra uma simp les ficção . Ê óbvio q ue 11 ntln n:i J• Gue rra Mundial. Contudo . e mjanein> de 1918, a premência de c,-
nwnifestaçc1es nadonalisws aulônomas contrária~ à vontade do partido comu- 1,1lwlecer a lianças mil itme, d ura111c a guerra civil. bem corno a necessidade de
n ista soviético e ram impiedosamente reprimi<las, sobretudo dun111 tc « ~nl , ,11•1,·ccr resistência ~t invasão cstn1ngcira. convenceram Len in da necessidade
stalini sta. e milhões de ucranianos. eston ia nos, letões. litua nos. alemães d o d,· buscar a poio entre a, !'o rças nacio nalbtas exte rnas à Rússia. principalme nte
Volga, tártarns da Crimé ia. cheche nos. mesque tia nos . ingud1é1ios, balkars, 11 , 1lr rânia. a pós ter o bservado o allo grau de consciência nacional a li c xistc n-
karac hais e kaJmiks fc,nun de portados para a Sibéria e .-1.s ia Ce ntral p~r;t ,witar h () 111 Co ng resso dos Sov ie te, Russo, ado tou a "Declaração do& Dirc il ús
uma possível cooperação c..:0 111 os invasores alemães ou out ro.~ potend<ti s ini · tln, Povos Traba lhadores c Explorados". trans fonmmdo o que restara do l,n
migos . ou simplesmente para de ixa r o terreno livre para projeto, estra té g icos 111 11,1 Russo na "fra ternal uuíãn das Re púb licas Soviéticas da Rú, sia. q\lc se
e laborados pe lo Estado. O mesmo aco ntece u com milhões de russos. por \l l\1a 1,' Ullir",m no plano inte rno de forma 1o ta lm.ente livre. A e~sa ''federalizaçãn
série <le rnz<Jes. muitas vezes esco)hí<los aleatoriamente. Não obstante, a realidade 11111•111:1" da Rú~sift. os bolchcviq\.lCS ac rescentaram. él11 abril. o convite à " fé ·
das administrações fundamentadas na nacionalidatlé fo i a lér.n de 110111c,1ções l,·r. il lin u; ão e xte rna" de outras nações, cünvoca ndo explidtamcmc os povo,
,imb6 1icas de e lites nac ionais para ornpare m posiç<ies-chave na administração ,111 l'o lo ni a. Ucrânia. Crirné ia. Trnnscauc.ísia. Turq ue~tão. Q uirguiz " C owros" ,0 '
das re públicas."1 As polít icas de na tiviza.,:füi (korrn izutsiyul contmwn com o , l prmc ipa l deba te girou em torno do princípio sob o qual a idem id ade nacio-
apo io de Le nin é Stalin até a <lécatla de ~O. sendo retCJnrndas nos a nos 60. Eles 11111" '' '"reconhecida no 1101·0 Estado federal. Os fede m listas. e omras tcndê11
esti mu la ram a preservação dos costumes e idiomas nativos. implc inentiiram 1., 1.,uciali sta,. aspin\\clm ao rccooJ1ecimcnto de culturns nacionais cm 1odos
prog ramas de "ação a fi rmativa'', favorece ndo o recrutame nto e a promoção de , 111Vc is estruturai, do Estado. sem fazer distinção territorial ,~ntrc elas. uma
naciona lidades não-russas nos aparatos do Estado e do pa,tido nas repúblicas, , 1 q ue o obje tivo da revolução e ra precisamente a transce ndê nc ia dos luços
be m como nas instituições educac io nais. e f<ime ntaram o desenvolvimcnt<1de " " ,•,1r:, i.s de e tnia~ te rritório cm furu;~n <le u m novo univcr,ali,mo ~ocin lis1a
"
com hase ern classes. Lenin e Stali n opuseram-se nessa idéia lan~>ando mão do 1·\,·111plo. anos mais tarde. C\rba. Cor-:ia do Norte ou Vietnã. A China jamais
prindpio da territorialidade como fundamento do conceito de nação. lsso re- 1,11 , , ,11,i,J..:rada pane dessa categoria por causa da profunda descontiança cm
sultou m1111:1 cstnrtura nacional de múlriplas camadas do Estado soviético: a 11• laç :l0 ao rutura poderio chinês. Finalmente, os governos aliados prog,·cssis-
identidade nacional fo i reconhec ida nas instituições do gol'erno. Contudo. 111, e os ,ncwimcntos rcvolucion.írios cm todo o mundo conslitnfram o quinlo
apl icando-se o princípio do centralismo democrático. tal diversidade de suje i- , 11url n. cujo potencial dependeria da mamncnçfto de um equilíbrio entre seu
tos territorfa is estaria sob o controle dos aparatos domi nantes e.lo partido w - 1r,1,·1n,wionalismu \ isto é, sua postura pró-soviética ! e sua representatividade
rmmísta soviético <:! do Estado wviético. Dessa forma, a Uni ão Soviétk:a roi 11lln01w l. Fui justamente essa tensão permanente entre o uni versalismo com
<:(mstruída cm torno de u111a dupla identidade: de urn l,1clo. as identidades étni - hl"'' l' ni da"e, da ulopia comunista e us interesses geopolíticos fu ndamenta·
C(H'ulturais (incluindo a russa); do outro, a identidade soviética como al icerce 1h1, ,·111 interesses érnicos/nac ionais de potenciais ali ados que detcnninou a
da nova soc iedade: soi·e1skii narod (o povo soviético) seria a nova identidade 1• ., 1•111orrenia da política soviética com relação ,1 questão nacional.
cultural a ser conyuistada no horizonte llistórico da construção comunista. Ta1, contradicões ao lon!(o da turhulenta história da União Soviética rcsul-
Houve Utmbém razões estratégicas p~u-a essa convcr~ão de intt:rnat: i( ma- 111111111~111 uma inc1;erente cok-ha de retalhús rormackr por púvos. nacionalidades
lis1as prokt.írios <:!111 nacionalistas territoriais. A. M. Salmi n propôs u, n mode- 1 111-..lilui\-·()eseslataisY1 As nrni::; de cem naclonalidades e grupos.étnicos da União
lo mtercssamc parn a intcrprctaçfü>da estratégia leni nista-stalin ista subj acente "~nv1t·t 1c.l estavam e~palhados por toda t;ssa iine11su cirea geognífica, de acordo
ao federalismo sovié1ico.06 ,\ União Sovi6tica foi u111 sistert m insli tucional cen- , 111 11 ~·, 1ri.llég1a.s geopolíticas. punições e r~c..:ompensa~ colet ivas e caprichos indi..
trali zado. porém flexível. Ct(ia est rutura deveria permanecer aberta e adaptável 111 h,,11, Assim. a região de Nagorno-Karnbaj. habitada por ,u-rnênios. roi anexa-
à aceitaçâo de novo~ países como membros da l; nino. porquanto a causa do ,!., prn S1ahn ao Azerbaidjiio para comentar a Turquia. submetendo os ances1r:11 ,
comw1isrno avançaria para lodo o mundo. Cinco círcu los conc.:<ntricos foram 11111rnf t" daquele país sob controle azerbaidjano (povo úe origem turca): o;; ah;-
traçados tant,, como áreas de segurança quanto ondas de expansão do Estado ' " t,·, 11;1li!µifiodo Volga foram parar no Casaquistão. em cujo 1erritó1io setcntrio
soviético. corno vanguarda da revolnçâu. O primeiro ddes fo i a Rússia e suas ,, 11 ,11L1 a~ora a fon;a ernnômica motriz. auxiliados por subsídios do governo
república,-satélite, organizadas na RSFSR. Paradoxalmente a Rússia. e a fe- d1•1111tn para mantê-los fora J a Alemanha: colônias enssaca, proliferaram na
deraç5o Russa. !°oi 11 única repúb lica cb provida de um partido comu nista au- ~,n,, 1111 e no extremo onente: os ossetiunos t'oram divididos entre a Rússia (11or-
tônomo é <le um presidente do Soviete Supremo para a Reptíblica. tendo as 1, 1 ,• ., <kórgia (sul ). enquanlo os inguchétios foram distribuídos entre a
ínsrimiçõcs republica nas ,nenos desenvolvidas: foi domínio exclusivo do par- 1 11, dlt'11ia, o norte da (hsétia é a Geórgia: a Crim~ia. tomada dos tártaros pek1
lido comunista sovié1ico. Para !ornar c~,e basti5o mais seguro. ir Rüs,i:1 n5o 11111," 11 cm l 7fn. e de onde estes foram cJeponados por S1ali11 durante a 2• Guerra
1i nh<1 fronteira$ territoriais m m o mundo cap ital ista potencialmente hostil. li l11 nd1trl. !'oi transferida por Kruchev (ele pníprio ucraniano) para a L'c rânia em
Assim. as repúbli cas sov iéticas org,111izaram-se em 1orno da Rús,ia. nas fron- 1•,~ 1 .-.,memorando os .300 anos de amizade entre a Rússia e a Ucrânia. sup<>s·
td ras externas da Uni ão Sov iética. parn que pudessem proteger. , imultanea- 1 ""''llit' após 11111a noire de hebedéira. Além disso. russos foram enviados para
menrc. o poder sovi.;:tirn e sm1independê11da nacion11I. Ern ra7ào disso. algunrns 1, ,h, o ll'11·it6rio da l:niiío Sovié1ica, 1m nmioria das w.:res como mão-tle-obra
áreas csmbe-lecidas cm bases ét nicas, como o Azcrbaidjão. Lornaram-se repú- 'I'' rlrl1,·ada ou pioneiros w1lunlários. ora como líderes. ora como exi lados. Des-
bl icas so1-i éticas por foz(!rern rrontcira com o muodo ex terior. cnquan10 ou- ' l,11 111;1, quando a União Sovié1ica se desintegrou. o princípio da nacionafüladc
tra,. igualmente distintas em termos de c:omposiç5o étnica. como a Chechênia, 1 nlh11 ,,ti ~once1mou 11;1s repúblicas recém-independentes dezenas de milhões
foram n1antidas na Federação Rus$a por estarem gcograficamcnlc rmüs próxi- 1 11,•,,o:rs que. cio dia para a noile. se tornaram ·'cidadãos nacionai;; estrangci-
mas do cemro. O terceiro anel ria geopolítica soviéti~a foi formado pelas de- '" 1 ) prnble111a p~rece ser ainda n1ais grave pan1 os 25 ,.n ilhões de russos 4u1:
mocracias popu l,1res sob o podério militar soviético: esse foi originalmente o
'"''" tora das novas fronteir~s rnssas.
caso da Khoresrna. Bukbara. Mongólia e l ;mnu-Tura. que ac~bou se !ornando 1101 cl11s inaiores paradoxos do federalismo russo é que. de todas as nacio-
o precedente para a incorporação da Europa Oriental apcís a 2• Guerra Mun- 111l1d,,d,•,. ., russa é provavelmente n mais discrirn.inada. Comparada a quii l-
dial. O quarto d rcirlo seria formado por países social is ta, discantes, comv, por 1111,, 11u1ra rcpüblica. a Federa~·úo Ru,~a dispunha de muito menos autonomia
s1

po lítica perante: o Estado central soviético. Segundo aniílises de econotnistas 1,·p11h licas soviét icas cm Estados soberano$. confede rados de forma basm111s·
rcgim1ais. de modo geral. houve uma transferênc ia de riq uew s, recursos e 1~1111c na Comunidade de Estados lndcpendentes (S<!iuz Ne:;ovisimyk/1 Gosu-
q ua lificações da Rússia para as de mais rep úblicas I a Sibé ria, a região emk a- r/a , s11•). ü a laq ue ac, Estado so vié tico não foi promovido ape nas po r 111c)vi111en-
mente ma is russa <le toda a Fede ração. constitui a princ ipal fonte de expona- l•l"i n:1l'. ionalistas: e~lava diretamente re laciona<lo às exigências dos deJnocrata~
ções. e conseqüente men te de moed a forte para a Uni ão Sovié tica) .'" Qua nto à ,..10, intaesses da, e lites po líticas de vá rias repúblicas. procura ndo pelo seu
identidade nacional. íoi a históri,.t. re lig ião e ide111 idade trad icional nJssas q ue 11t11nhao e m meio às ruínas de um impéri<J decadente. Contudo. esse ataque
se tornaram o princ ipal alvo da repressão c ultural sovié tica, co nforme documen- 11ss11111 iu um c,tráter naciona lista. contando com o apoio po pular em nome du
tado no:, anos 80 por escritores e ime lectuais russos. como. por exe mplo. Likha- 1111~:io . Inte ressante observar que o nack)nalismo foi muito menos a tivo nas
c he,·. Belov, Astafiev. Rasputin. Solukhin ou Zalygin.~' A fina l. ,i nova identidade 1,•p11bl ica, e tnicamente mais distintas (por e xemplo, na Asia Centra l) do que
soviética te ve de ser rnnstru ída sol>re as ruínas da ide ntid,tde histórica russa. " " ' 1·, tncl()s báltico s e na Rússia. 'º'
salrn a lg umas e xceçiíes táticas ourante a 2• Guerra Mundial. quando Stalin ( h pri meiros a nos de ~xistênd a desse novo conglomerado de estados
preci,ou mobi lizar todo~ os recursos d isponíveis contra os a l.e ni1ícs. inclusiw 111cle p<·nde n1es re velaram tanto a fragilidade de sua estrutura como a durabil i-
a memó ria de Alexander Nevsky. P<Jrta nto, embora 1enha rea lmente havido cl,11k' \k: naciona lid ade~ historicamente arra igadas, q ue pouco se importavi1111
uma po lítica de "russi1kação·' da cultura em t()cl~ a Uni iío Sov ié!ica (procedi- <11111 a, fronte iras he rd adas quando ela desintegrac,,ão da União Soviética.""' ü
me nto t'Ontra<lit6rio e m re laç,1o à 1endê ncia parn lela de korenizu1si_ra), e os i'' 11hlc:ma mais intratáve l da Rússia p11ssou a ser a gue rra da Chechênia. As
russos tenham mantido co111 role do partido. do e xé rc ito e da KGB (apesar de 1,·p11hlicas do Báltico d iscriminaram suss populações rusS.\$. o q ue d esenca-
S1alin te r na,cido na (;eórgia e l< ruc hev ser natura l d a Uc rônia). a ick:nridade il,•011 nnvos ~o ntl iros étnicos. i\ Ccrânia ,1ssistiu il revolta pacífica ela ma io ria
ru,M co rno ide ntidade nac io na l foi re primida e ll\ grau bem mais acc nlllado , 11 ,•,a 11a Criméia contn\ o governo ucnmiano . e continuou a experimentar a
q ue o das de mais nac io na lidades. senclo que a lg umas delas foram m6 mes mo 1,·11•,ao i:111rc o fo rte s<!nti mento nacio nalista na porc,·ão ocide ntal ela Ucrâ ni a e
~irnhol icarnente r-:c uperaclas em pro l cio federalismo plurinacional. , nt1111c111os de pa n-eslavismo na porção o rie ntal do país. A '-'lo ld ávia ficou
Ta l constituição parado xa l cio brado sov iético ma nifestou-se na revolta ,ltvuhd;i entre s ua ide ntidade romena histórica e o caráte r russo de sua popula-
contra a Uniiio Soviética. 4ue se v,1le u d;1 ..brec ha" nbe n a pela g!asnost de ' ,111 u l'ic nta L q ue chegou a te ntar c riar a República de Dni~srer. Na Geórg ia.
Ciorhachev. As re públicas bií lticas. anexadas b força em 194(). contrariando 11111 ~,mfl ito sangre nto eclod iu .:ntrc as múll iplas 1rncio11alida<les ali existentes
assim as d isposições do di re ito internacional. foram as prime iras o re ivindica r ll"'lll )' ian(ls. ab~hazes. armê nios. ossetianos, adj ares, russos). O Az.erbaidj rio
seus dire itc>s il autodete nnimçiío. Lí>go for:1m ~eguidas por u111 furte mov i- ..11111111rn1 a lutar de forma imc rm itc me cornra a Armênia pelo comro l.e da
me nto na.: io na lista rus,o que. con1 efe ito. re prese nto u a ma is podc:rosa !'o rça 1, 1•11to d1: Nagorno-Karahaj. e inc itou os pogromes co111ra os annênios c m
mobil izado ra co nl rn n Est,Hlo sovié tico . Esse movi,ncnto res ultou da fusfto 1111( 11. b as repúbli cas muçu lmanas ,!a Asia Central ficaram cindidas e ntre
entre a lula pela democrJci,1 e a rccuper.içfio da ent idade nac io na l russa sob a , '" l,tç<ls h istóJicos com a Rússia e a pc,·spec1iva de serem arrebatadas pelo
liderança de Yie ltsi n em 1989-9 1, preparando o terreno para a derrocada do 1, , h·11111inho fundamenta lista islií mi-:o vindo do Irã e do Afeganistão. Como
co111unb1no soviético e ,1 d i.ssoluç~o ela Uni ão Soviética.'"' Na verdade. a pri- , , "'"'q06ncia. a Tadjiquistão amargou uma g uerrn civil de propo rções devas-
me ira e le ição ,lcmoc rá tica para chefe de Estaclo da história da Rú%ia. rnm a 1ul111.1, e ()lttras re públicas islmni:wram suas inst itu ições e sistema educacio -
vitória de Yicltsin e m 12 de j unho de 199 1. marco u o início de umn nova ,1 ,1I pllra , .., integrar :to radicalismo islâ mico antes que fosse tarde demais . Tab
Rú~~ia e. com ela . o ri m da Uni ão Sov ié tica. r oi so b a tradicional bandeira , 1•1St ro, l1istóricos parecem dt'mo nstrnr q ue o reconhecimento arLificialista..:
ru, sa q11e s,~ lidero u a rc, i, tência no golpe -:ornu ni,ta de ag,>sto de 1991. 1::: foi ,li 1,111(·ia,h> da questão nacional por pane cio marxismo-leninismo não s\S li·a-
a ewarégia de Yic ltsin de desmantela!' o Estado sovié tico. co nce nt rando poder , •.ou c ni resolver conflitos históricos como acabou ton1ando-os a inda ma i~
e recursos nas iJ1stituições re publ icana, . q11e permitiu. em 1.let.e1nbro de 199 1. 11 11k11tns."'' Ao rc tletinn os a respeito de-s se extraord inário e pi sódio e se us
a cele bração de aco rdos com outras repúblicas. em princípio com a Ucrânia e ,, ,p1•r1ivn~ dcsclobrame ntOS n,1 década de 90. várias questões de g rande im-
a Biclo-Rtíssia, pondo um tim à União Soviética e transformando as e xtinta, 1,, 1 11a11c1~1 teórica merecem c.;01n<.·111(t, i,,..,,
,,
fim pricnéiro Iugar. um dos mais poderosos Estados da história da humani- li' ,011, 11·11ída~ do federalismo sovié tico. Um exemplo disso é a Geórg ia , u n,
dade não conseguiu. mesmo depois de 74 anos. criar uma identidade nacio na l. A "'' d"cl~iru mosnico é tnico construído com base em um rei no histórico. o,
despeito das afirmações de Carrerc d'Encausse"'' cm c:ontrá rio . o sovetskii narod 111•01~i,111os representam 70 71- d a populaçào de 5,5 milhões de habitantes du
não foi um milO. Até certo pomo, a idéia to mava forma real nas mentes e nas 1111,;11L,. l)e modo geral. essa parcela da popu lação é devota da Igrej a O,todoxa
vid as de gerações nascida;; na Unifü> Soviética. ,ia rea lid,,de representada por ol11 t :ccírg.i,1. Contlldo, tc111 de coex.istir com os ossetianos, fundamenra lment~
pessoas q ue conscituímn família~ com ind ivíduos pertence ntes a oucras nacio- "'~''"ortodoxos. cuja população se distribui e ntre a Repúb lica Autôno ma da
na lidades. vivendo e traba l.hando em todo o território sovié tico. A resistência 1ls•,l"! i,, do Nor1c ena Rússia) e a Oblasr Autônoma da Ossétia do Su l tna
co ntra a máqu ina de gue rra nazisw uniu o povo cm torno da bande ira soviéti- t "''''l' ia). Na porção noroeste da Geórgi<1, os ahkhazes. um povo muç ul m,,no
ca. Finda a era do terror sta.linisca no li na l dos anos 50. e coni a me lhoria das 11111i1:1 ,k, origem turca. somam a pe nas 80 mil pesso as. mas co nsticuíam 17'¼
rnndições de vida nos a nos 60. o povo a li mentou um certo orgt,lho de fm:er ,1., l(cp,íhlica Soc ialista Sov ié tica Autônoma criada dentro da Geórgia como
parte de uma s upe rp<.> tência. Além d isso. apesar do c inismo gc ncralizaclo e das , ,,111r.111111\I<> do nacionalismo georgiano. A experiê ncia foi bem-sucedida : nvs
numerosas ressa lvas. a ideologia de ig ua ldade e so lidaried11de humanns deita- ''""' 90, os abkhaw s. apoiados pela Rússia. lutaram para obter a quase-ind.;-
ra ra ízes na c idada ni a sovié tica de moclo q ue. por toda parte, uma nova idemi - l"'lidt•11c i:1 c m seu Lerritó rio. e mbora representassem a minoria cta popul ação.
<b1de soviética começou a surgjr. ElH retanto. essa fdenlidade era túo fnígil e t5o \ ' "l'1111d,t rc pública autônoma da Geó rgia. Ad_jar, também é muçttlmana s uni t,t.
de pendente da !'alta de informações acerc,1da situação real do país e do mundo 1+111l' lll formada de gcúrgianos étnicús. dando portanto apoio à Geórgia. nrn!\
que nflo resistiu aos c hoques da estag nação econômica e ao e ntendi ment o da ,, , 111\'Sllh >tempo b\lscando SLLa própria nulonom ia. Os inguché tios muçulma-
verdadeira real idade. Na década de 80 . os russos q ue ousavam se auto procl ,unar 11, 1 , t.:''l~10 alualmenle ern con ílilo t:om os o ssetianos n.as áreas fronteiriç~1s
--c idadãos soviéticos" , eram ridic ularil.ados por seus co mpatriows corno So>'oks. , 1111,· <;~,\rg ia. Oss6tia e Chechê nia- lnguchétia. Além di sso. os turcos mechk.;-
h nbora ll soverskii 11t1md não cenha sido Lll1l projeto fr,1cassado de cc>ns1ruçào 11111111,, ,kpo rtado, por Sta lin, estão retornando à Geórg ia. tendo a Turquia
de idc midade. de, imegrou-sc a ntes mes mo de se estabelecer cn , caráter dcfi - oi """" ' " "lo s ua disposi\·ão em protegê-los. incitando assim a desconfia n,·a
niiivo nas mentes e nas vidas do povo ela Uni ão Soviético. Assim. a experiên- ,, , l'"Jl u la\'.Ü<> a n nê nia tia Gc6rg ia. O res ul tado prá tico dessa h is16riu
cia soviética <lesmento.: a teoria segundo a qual o Estado é capaz de constroir t• 111101wlm~ntc conru sa fo i que. e m 1990-9 1. quando Garnsakhurdi~ lide rou
ide ncidade nacional por si próprio. Um cios ma is poclerosos Estados. ut ilizan- 1111t 111ovi111cmo nacio na lista georg iano rad ical. proclamou a independência sem
do o mais abrangente aparato ideológico da História por 111ai, de sete décadas, h , .11 clll conta os inten::sses das minorias nacionais da Geórgia e. dcsrcspet..
fr~cassou na tentativa de uma ll(>V<.1 cotnbinação de maréria-prima histó rica e 1111d11 a., liberdades civ is, desencadeou uma gue rra c ivil (na qual acabou ,nor-
tn itos projetados visando à construção de uma nova i.rlcntidade. Comu nidades 1, 11110). l~Imo ~ntre ;:;uas for~~as. e os democratas georgfanos quanto entre a~
podem ser imaginadas. ma~ isso não significa necessariame-nlc 4ue serão nco- lttl\H' ge(1rginnu;,,, os ahkhazes e O:'\ ússelianos.. A in1ervenção da Rússüi! bem
lhid a, pelo povo. 1111111 a atuação paci lkadora de Chevernadze. e leit.o presidente em 1991 como
Em segundo lugar, o rcconhecimenco fonmd da ~ idcncidades na~ io na is ,,1111m1 1<:curso parü salvar o país. trouxe um período de paz instável para a
na administraç,1o territorial tio Estado ,ov ié tico. bem como as políticas de ", 11111, ('011lmlo, nflo de morou m uito pa ra que a vizinha Chechê nia explodisse
..nalivização... mlo lograram sucesso em termo;-; <le inLegraç~lo de nacionalida- 111 1111 1:1 guerra de guerrilha atroz.. prolongad a e debi !iran te. Portanto, o fracas-
des !10 siscema sov iétko, com uma única exceção: a;, rcpóblicas muçulmanas ', d,, i11tc:graç5o d as identidatks nacio na is na Uni ão Sovié!ica não resultou J 11
da Asia Central. precisamente as 1n:tis disliuws da cull ura eslava dominnme. , , n 11li <:i: i111e n1 0 d essas ide nt idades . mas s im do fo to de que s u a
Em se\l dia-a-dia, essas repúblicas desenvulvern m cal relação de depend6ncia 111 111 11,•,otial ização artificial. observando princípios de uma lógica burocrática
do poder central q\1c so111ente nos úl timos d ias de desintcgraçüo da União So- ·,·11p,, li1ica. nüo atentou para a real ide ntidade lüstórica e c ullltraJ/rclig io~a
viélirn é que s uas re~pcctivas e li tes ousaram assum ir a lidcrnnca de movimcn- 1 , mia rn111L111iclade nacio na l. nem de sua especificidade geográfica. É isso
1os favor.íveis à independê nc ia. No restante tia l: nii.io Soviétic(;, as identid:'ldes l" 11utor,1:1 Su ny a falar da ·· vingança do passado""" ou David l loo,on a
nacionais não conseguiram se ver represemadas nas instituições artific ia lmen- 1 ~ 11'\ \.'I:
A que:-ilã0 da identidade é. sem dúvid;i, a que e1nergio ele fornw mab recor-
rente np()s o longo peL'íodo <le. congelamento [na exli nta Un ião SoviéIica].
Talve7. o maior de todos os paradoxos sej a o fato ele q ue, ao fina l desse
Comudo. n:'io parece ~uJkienle ltatar t<1I queslão corno purn.1nt1Hc étnica ou 11111, ""''s histó rico . tenha m emergido novos Estados-Nação para fazer v:dc r
t ul!ural. O que \)Sl<i c-m jog.o aqui é Ullla nov<1hu~ca pelos do1nínios reais de •,u,t., idc111 idadcs suprimidas: é pouco pmr,.íl'e/ que possam rea/mente.fimcio-
culn1rns. ~.conomias (' amhk nte.,; que lenham <llgum signilkado (ou tút<1I si1?- 11,11 , ·,11110 Cswdos illfeiramenre .rn/Jemnos. Isso se deve sobretudo ao e ntrcla-
ni 11,..-~t<lo. em. :il,g.uns c 1$os > aos povos que os habirnm. O pro..:es~o de çrjsrnli- ,,,111cnto presente em um mosaico de nacionalidades e identidades históricas
za,·ilo dessL~S domínios. além da;;. fronte-ira~ itnaginárias da:-. "Replfülica~" "'" atu;ii, rrontcirn$ dos estado, independentes.'º' A questão mais 6bviu re re-
dos clja~ de h(~je. promctt s.cr um cHminho longo e do1oro~o. porérn inc.vit(l- 11• "' :io, 25 mi lhões de russo~ que vivem atua lmente sob uma bandeira di fo-
vd e dcfinitivamcmc certo.t•.lt, " 1lll,. 1:m comrapa rtida. a Federaç,1o Russa (em bora povoada a tualme nte por
~ ''·f de r e,soas de o rigem étnica ru~sa) também é conscituída de 60 grupos
Ern terceiro lugar. o v~zio ideol<Ígico c riado pelo fracasso do marxismo- , lllll''"/nai.: io nais d istintos. alguns d eles literalmcmc ··semados sobre·· g ran-
lcni nisn10 em s ua 1entativa de doutrinar a, massas foi s ubstirnído. na década d,•, 1,quczas cm recursos naturais e minerais. corno é o caso de Sakha-Ya kuti,1
de 80, quando o povo teve condiçõe, de se expressar pela ún iça fonte de iden- , ,11 do ·1:u ta, tão. Q uanLo às clemais repúblicas, além do exemplo da Ge6rg ia. os
tidade mantida na memória co le tiva : a ide111idade nacional. Por essa rnzào. a , '"·"!"<'' ,ão minoria no Ca7.aquistâo: o Tadjiqu istão tem apenas 62% de
maioria das mobilizações a nti-so vié!i cas. inclusive movime111os democ r.íti- 111l1u1u,·, e 249', de uzbeques; os quirguizcs representam apenas 52% da popu-
~os. fo i conduzida soh a respectiva ha nd0ira nacio n~I. É verdade. con forme se 1,1,,111 •k Q ui rguistão; o U1.bequistão conta com 72% de uzbeques. e g rande
tem argumentado. e corno c,u próprio arg ume ntei. q ue ,1.s elites po lítica, na , 111 (·1 , ttbdc de nacionalidades; 14% dos habitantes da Mo ldávia são uc rani ano~.
Rú,sia e nas repúbl icas federais ut ilizarn m "naciona lismo como a tíhiina 111 -ma 1 i•·;, russos. Os uc rani anos correspo nde m a apenas 73'½- da popu lação do
contra a ideologia comunista decadente para abiilar o Estado soviético e arre- 1k ,.mi" O, leti\es constituem 52% da Letôn ia. enquanto os estonianos. 62'H
batar o poder nas instituições de rnda uma da, repúblicas.,,,., l::ntrdanto, as ,L, 1 , t<111 ia. Assim. qualq uer tipo de clclinição ma is restrita de interesses nacir,-
elites lançaram miio dessa c, tratégia por ser eficaz. porque " ideologia nacio- 1111 1•111 turno da nacional idade instin,cio nalrncme domi na nte levaria a confli-
nalista abstraia e ncontrava maior aceiwção por pane cio povo cio que ape los t11, 11h(•hi ,·<?i, ém toc!o o conti nen te eurasiano. conforme adm itiu Chevarnaclzc,
,\b,trntos e m no me da democracia ou das virtudes da economia de mercado, '" 111, ttfi i.::i r seu desej<J de cooperar com a R,í~sia. após te r clemonstnido hosti-
muitas vezes ig ualado à especu lação, na expcriúnc ia pessoa l da popu lação. 1111,uk nnm primeiro 111011ienio. /\ interpenetração das economias. bem como a
Pon anto. o ressurgimento do nacionalis11Jo não pode ser 0x plicwlo pela mani.- 11111 a ,,,11 uturn compartilh:-ida. desde a rede elé trica a té o s serviços de água e
pula~,ão política: em vez d isso. sua utilização po1· p:,ne das elites é prova d a 1•1111,. tornam a desarticulação d0s território, da extin ta União Soviética muito
resiliência e vita lidade tia iclent idade nac io na l i.:omo p rincípio mobil izador. No , I, 1>1°11dio,a. fo,:endo da cooperação um instrumento decisivo para o dcsenvol-
momento em que, iipós 74 ,lt'los de repetição intensa ela i<kologia socia lista ,,,,.. ,11,1. Ai nda m~is e111 um procc~so de imcg.rnc;üo multi late r~I mi economia
o flci al. o povo descobriu que o re i estava nu. a rcconstruç5o das identidades h1h1d que requer 1facuk1$ imcr-regio na i, para l't1;1ci01rnr de 1na neir<1 eficie nte.
somen1e se1% viável se fundame n1ada na, instituições büskas de sua memória !,11 w ,1l111cnte. os te mores pro fundame nte arraigados de u1J1a nova forma de
L:oletiva: a famíl ia. a <.:omunidade, o paS!->ado n1ral. ás vezes a religião e, sobre- "UI" lial i~mo russo serão projetados cm grande 111edid,1 na ti 1tura evolução
(ndo, a nü~·âo. Contudo. entenda-se nação não tomo o equi valente de Estado ,1, "''' nqvns Eswclos. É por c,,a razão que não haverá a reconstrução da União
,, tVl('flrn . indcpendemcmcntc de quem estiver no poder na Rússia. Comudo, o
ou oficialismo, mas sim como auto-idc nti lk aç,10 pessoal nessú universo agora
confuso: sou ucraniano. sou rus~u. sou ;umênio, l'rases qui. :. :-:e tornam O grito 1111 d 1cconheci1nento da idem idadc mtd onal não pode ser ~xpresso na total
de guerra. o alice rce perene a partir cio qual a vicia c ni coletividade, dev; Súr u,,h•r11·11<1ência cios novos Estudos. predsameme por causa da força das iâen-
, ,/11,/1 ·, que 11/1ra1>assam as fro11teims dos J::s1ados. Diante disso proponho,
reconstruída. Diante disso. a experiência soviética é um tc;,tcmunho da i.:apa-
, ,111111 o futuro mais provávd e. na verdade. mais promissor. a noção da Coruu-
d dadc de as nações perdurarem e rn relação ao Estado. e de se niantcrem ape-
..;ar <la existênci a deste. 111d,111,, tk Est~clos Inseparáveis tSoj111 N<'IIJ~defimykh Gos,1daris111: isto é, de
1,111,11t•tlc (k in;,tilll i<;õc~ ~uliciún1~ 11 ic111c di11àmicas e flexívci~ piu·a artic ular a
"'

autonomia da identidade nacional e uma instrumema li zação política compar- lal,i1' a respeito d~ continui dade da Cuw/1111ya como realidade nacional. di~-
ti lhada no comcxto da economia global. Caso wnLrário, a afirmacão de um 11111 iva e vivenciada concretamente. ela qua l a persistência da língua e seu
poder exercido exc lusivarn.emc pelo Estado sobre um ll\apa fragn;e,;t,1do de 1·111prcgo conte111porânco amplamente clifundido, a despeito de todas as di li-
identidades histórica, será mera caricatura do nacionalismo europeu do sécu- ' 11 ld:ides. é prova incontcste.u
lo XIX: isso at:abará resultando ~m uma Com unidade de Estados Impossíveis O an iversário oficial da Caw/11m·a como nação data ele aproximadmucn-
(Soju::. Nel'OZJJw~11yk/; Ciosudarslvj. h 1/8!<, quando o conde Borrell rompeu os laços com os remanescentes do
1111p,•1in Carolingio. que. por volta do ano 800. tomara sob sua proteção a,
,,.,,,,, e,Js habitantes dessa fronteira meridional do império para poder rechaç:11•
Nações sem Estado: a Caralunya 11 n111c.i.,:" rios invasores árabes, fazendo-os recuar até a Ocitãnia. Ao fi na l d,i
,,..,.,olo IX, o conde Guifrê cl Pelôs. que se sagrara vitorioso nas lutas contra a
O J~~tatlu ,Mn~s,•rj imdamemalmem,· dij(1rendado da N(tç<it>, f'OHfiU' o Es.1a· 1h1111i n:i~;in árabe. recebeu do rei francês os condados de Barcelona. Urge ll.
do crmrist(' <?nt uma ot:~m,i:t,ç<i<, pollti<·o. um poder ;w:it•peHdt!n.té no plmw ! ,·1d:,11y,1-Contknt e Girona. Seus herdeiro~ autoprnclamarnrn-sc.conde.s, sem
c.\'leruo. <! supfri1ro 111) iJU<tmn. /Jl'(i)'Í<lo de rer ursr,, lum1011os e jinmweiros 11111• necessitassem de nomcaçflo pelos re is franceses. o que assegu rou a
para sustentar 5ua ilJ(h.11,c'mlêucia t • auu,rida,/e. N'l'io podemos ifÍl'Ht(ficm · o li, 1·1·111rn1 ia do Casal de B:ircelorw sobre as áreas fronteiriças q\le viriam a ser
J'rimeiro c(,m a segunda. cnmo st· cos:rm,,a·a fa~e ,: até tmlrt: o.r pnjprlos 1 lt11111adas de Cma/w1_rn no século X II. Assim. enquanto a maior parte d:,
pmriow.,· cuttdrks. que· !'t,la nm, <Ili ~.1.\·cre1·iam sobre u11w uaçffo cm(llci no
l ,p1111 lia cristã estava 0ngajada na "Reconquista" diante dos ,írnbes duranté
.\·emido de um /:.:...·wdu <.'atulà'o imÜ!f.WHdeme... A Cmaluuhu continuou a S<'l' a
, ,11,1,,·culos, processo que resultou na criação dos reinos de Leão e Caste la. i1
Cma/Hulw, IIJ(',\'IHu a.mi.\· u•r pt:mlido seu gm·eruo awânomo. f'on<wu,. hojt~
i<'ll1os i,tnd ilMfrt clara e bem drjim'd<: dt uacionallt!ad(:, u cm;a•ito df' uma , 11111/ u11 w1. ,1pós um período de dom inação :írahe nos séculos VII[ e IX. descn-
unidade<.wâal primârh; e.ftmdauumtal de.wimula a 0(·11pr11· (lma J)osiçtfo ll(I \ulq·u-,o.: :1panir de ~uas origen~ carolíngias p~ ra se cornar. cmre o início d0
SPCU!dt.1d,, ,mouliaJ, na l·lwnrmidad,,. equil'(tft,me- à ocupadt1 pdo homem ,m , , 1110 XIII e meados do sé<.:ulo XV. um império mediterrâneo. O império
5,·onedade , ·i n'f. t,•n,lcu-se por Mallorcn ( 1229). Valência ( 123!>1, Sicília ( 1282). parte Li.i
Enric Prm d<' b Kiba, V, 11aâonalúm t.:at(lkma •' ' 1 ,11•, i.,. c(),n Acena, ( l 303j. Surdenha ( 1323) e !',;ápoles {1442). incluindo 1am-
l1, 11 1,~rritórios frnnccse~alérn-Pirineu~. pnncipalmcntc Ronssilkm e Cerdagnc.
Se a anál isc da União Sov iética demonstra a possibilidade <le ex istên - J 1111l111 :1 a Ca/<1/unrn dispusesse de um interior rurnl de dimensões signilicm i-
cia tlc E, tados que. embora poderosos. fracassam cm procltrlir nações. a ex- 1 ,·rn um império ba,icamente comercial, governado pela aliança entre a
periência da Carnlunlta (ou Cm1du11ya. no idioma catalão) pe rn1i te-nos refletir 1111111,•,:i e as elites mercantis urbanas. em um 111odclo semelhante ao adotodo
acerca das concli~õcs ,oh as quais as nações cx istc111. e (re)constroem-sc ao t'• J,is 11•pt'ihlicas mercantis do norte da Itália. Prco,upaclos com o poderio mi-
longo ela História. s~ m dispor de um Estado-f\ação. e se,11 lutar pelo ern1be- 111111 d, C~stela. os pre<.:avidos catal,1es concordaram com a unifü> propostu
lccimento desse Estado."'' J)c fow. conforme alinnad() pelo atual presidcme 1• 1,, pequeno, porém bem lotalizaclo. reino de Aragão em 1137. Foi. somcnt~
e líder nacional da Ca1al,mya no últi mo quarto do século XX. Júrdi Pujo!: 1111 1111.il cio século XV. após uma união voluntária com o reino proto-imperial
..A Cmalunya é uma nação sem Estado. Pcncnccrnos ao E~tado espanhol, ,1, ( '11stcla. mediante o casamento de Fernando, rei tfa Catalunya. Valênçia .:
mas mio al in1cntamos pretensões separa1i s1a~. Essa idéiHdeve ser exposta de \1 ,>J'·'º· wm Isabel. rainha de Ca~tela, cm cumprimento ao CCJmpromiso clé
forma bem cfo ra ... O caso da C'o1a/w1_rn é pecu liar: tçrnos no,sa prcípria lú1- 1 •I \ Jll.: \ 14 12). que a Cata!tmya deixou de ser uma entidade pol ítica soberana,
gua e cul tura. somos uma nação sem Estadn···"' No intuito de esclorecer \ 1111111~:1das duas nações tinha como premissas o respeito à língua. aos costu-
essa afirmação e proceder a um exame mais elaborado de ~uas implicações "'' ,. t,s institu ições. bem como a d.ivisão da riqueza. Todavia. o poder ,.; a
mais amplas e ana líticas. faz-se necessário aprc,entar um breve hL,tórico. 11q111·1a da Coroa espanhola e de sua nobre7,a proprietária de terras, junrnrncm-
Uma vez que 11cm codo leitor <~SHl famil iarizado ~om a história c:ualfi . discor- 1 u >111 11 influência da Igreja funda,n,mtali<ta c,igida em L 0l'llCJ da C,1111nt-
rerei de forma suci nta .sobre os el ementos históricos pelos qu:u, ,~ podê l , 1!11 111:,. provocaram uma n:vin111111:, no ,.;urso dn hi~tória, suhjugnndn os
(, 1

povos não-cas{Clhanos na Europa e na Península Ibérica. bem como na Am~- O poder eco11ômico da burguesia 1:atal5, bem como o nível ,xlucndon:11e
)·ica. A Cmohmrn. a exemplo do restante da Europa, foi excluída do comércio , 11 ll11r;, I relat ivamente elevado da sociedade em gtrnl. contraslaram. ao longo
com as colônias da América, uma das maiores fomes de riqueza cio reino da ,1, l,ltlo o séc\l lo XIX, com sua total e completa marginalidade política. Dessa
Espanha. A nação reagiu desenvolvendo $ua própria indústria de bens de con- 1, 11 ' "" · quando a, políticas comerciais ele i\fadri começaram a ameaçar a aind,1
sumo e o comérc io no plano regional. o que desencadeou um processo de 1m·1p1.:ntc indtlstria catalã. que necessirava de práticas prorecion is1as. um forte
industrialização inc ipiente e aclÍrnulo de capital a partir da segunda metade do 11111v111wn10 nacionali sta catalão surgiu no final do século XIX, inspirado por
sécu lo XVI. Nesse ín teri1n. Castela. após ter esmagado as cidacle.s castelhanas 11h•ol,,go, muito bem articulados. como o nacionalista pragm:í1ico Enric Pra1
livres (Comwridades) em J520-23. onde emergiam uma classe de artesãos e ri, 111 Riba ou os federalistas Valenli Ahnirnll e .francesc Pi i Margall, louvados
uma pro1oburguesia. passou a dese1wolver uma economia senhorial para cu~- J1t' il" pocrns nacionais, como Joan i\farngaU. comentados por historiadores.
tcar um Est/ldo bélico-teocrfüico corn as riquezas de suas colônias na América e , "'"º Rovira i Virgil i, e apoiados pelo trabalho ele fi lólogos. como Pompeu
mcdia1ne a cobnmç11 de pesados impostos cio povo. O choq ue entre culturas 1•1tlt111, 1c, ponsá vel pela codificação do idioma catalão moderno no século X X.
e instituições acentuou-se no século XVJf qullndo Filipe IV. necessitandn de 1 1111çta1110. a classe política madrilenajmnais acci1ou realmente a aliança com
maiores receitas tribut1írias, reforçou ai nda mais o centralismo. levando à in - " nac,nnalistas cata lães. nem mesmo com a Ll iga Regionalista, pan iJo de
surreiç,1o de Ponugal e ela Cma/1111,va (onde ocorreu a Revolta dos Ceifeiros) h 1td,1 11~ias claramente conservadoras, e talvez o primeiro partido político mo-
em 1640. Porrugal. apoiado pela lnglnterra. recuperou sua inc.lependência. A •l1·1 110 d:, Espanha. fundado e 111 190 1 para fazer frente à manipul a\,ãOdas elci-
Cara/1111.m foi derrotada, e a maioria de suas liberdades. suprim idas. Mais uma ' ," , pd os chefes lo~ais (caóqr,es) e,n prol cio governo central. Por outro laclo, o
vez. ent re 1705 e 1714. a Ca1a/11nrn lutou por sua autonomia. apoiando a 11 ,r1mc11to de um poderoso movimemo opcnírio. de natureza fund111nenral-
causa austríaca c<mtra Filipe V da dinr1st ia Bourbon, durante a Gucm1 da Su- ' 11, 1111· auarco-sindical isrn na Gcdalunya nas primeiras rrês décadas do século X X.
cessão Espanhola. É um lraço peculiar do eaníter catallio o fato de que ~ua 1 0 11 us nacionalistas catalães. e-1n geral dominados por sua ala conserv;uJoni
<lerrota. e a invasão de Barcelona pelos exércitos de Filipe V e111 11 de setem- 111 ,; cifrada de 20. a confiar na proteção ofcrcci<la por Madri contra as exig.ê11-
bro c.le 17 14. sej11 hoje cd ehrada corno a data nacional da Cmalwm t. A Ca- ' l11ij do., trabalhadores e as ,11ncaças de revolução soci al. 11 " Contudo, quando
wlu11.rn perdeu iodas as suas instituiçôes polí1ica~ de governo ~utônomo, 111 1q11 a Repúhlica foi proclamacla na Espanlm. os republicanos esquerdis-
estabelecido desde a Idade Média: o governo rnunicipal com base lim conSl:\- 11 !l· 1,111r nT1 republicana de Cuwlunwl) lograram e~tabelecer 11111 víncu lo entre
lhos democrátk:os. o parbmenio. o governo cataliío soberano (Ge11em/i1w ). ; , 1,,~,c- 11pcrária catalã. a peciuena burguesia e os id,:ais nacionalistas. o que
As novas in, 1iwiçõcs. estabe lecidas pelo Decrer,, de 1111el'a p/011/a . baixado h u im que se tornasse m a força predominante do nacionalismo catalão. $oh
por Hlipc V. conccrurou a mJtori<lade na, mãos <lo chefe mil itar. ou capitão 1l11J.•i:,11ça de Ll ms Companys. um advogado 1rabal hista eleito presidente dn
gernl dn Cau1'1111ya. Seguiu-se. cmão. u111 longo período de absoluta repressão 1,. ,,. 1<1/i1"1 restaurado. a ésquerra csmbelccc\l uma aliança em wda a Esp,1nha
cu ltural e insti tucional por parte do poder cc111ral que, conforme documen1ado ,,111"' ,~pu hlicJnos. os socialistas, os comunistas e os si ndicatos (anarquistas
pelos historiadores, visavrnn. dclibernd111ne1ll<! à elimimt\,ão graclaiiva do idio- ,., ,al1, 1n,1. Em 1932, diante da pressão popular expressa em um referendo ,
ma ca1~1ão. prim.eiramenle banido dos órgãos administrativos. cm seguida das 1•111<,11111 es panhol aprovou um Es tatuto de Autonomi a que restitu iu à
transações comerciais. e. 11nalmcme, das escolas. f'icando resirito ao; dom íni- t 11,d,m wr suas liber<lacles. o governo independente e a autonomi a lingüístico
os da fam íJi a e da igr~ja. 11.' Novamente. os c.:atalãcs reagiram. afa~tando-se 11 11111 ,d Nn realidade , o atcndirncmo das exigência~ nacionalistas da Cf.llC1l11111•a
completamente das questiíes pertinentes ao Estado e volt,111do ao trnl>alho. se- ,111 l '11is lla,co por parte da República Espanhola l'o i uma das mais importan
gundo os registros. cm apenas doi s di,1s npós a ocupação de Barcelona. cm um 111,u, da insurreição militar que cu lminou na Guerra Civil Espanhola de
ato concertado. Assim. a Cuw/11nya industrializou-se no ti na] cio séculn XVUL 1•111, 'I Conseqüentemente. após a Guerra Civi l. a repre-~são sistemática <.Is~
per,nanccendo por mais de um século a ún ica área verdadeiramente inclus1rial 11 1t11 11,•oc, , língua, cultura, identidade e líderes pol í1icos catalães (começan-
da Espanha. 1• p1• l.1(·xccuçiío de Companys, em 1940. após este ler sido entregue a Fran-
1 , ,, J,1 11 nco pela Gestapo) llll'11011 w um cio$ aspectos mai, marcnn1c, !.111
ditad ura ele Franco. Esse periodo também foi carncterizado pela eliminação p,11 um certo preço. A Catalunyu l'oi :isscgurado o direito de adm ini~trar 3()%
deliberada de professores falantes de catalão das escolas, no intuito de in1pos- d,, :,rrecadaçiío do imposto ele renda. bem COIJlO de definir as diretrizes ccluc;,
~ibilitar o en~ino do idioma. Como movimento de reação a essas medidas re- , uui.,i, (com o cn, ino minisrrado em catalão em todo~ os níveis). saúde. meio
pressivas.(>nacionalismo tornou-se um grito de guerra para as forças cotlU'árias 111111\icntc, comunicaçõc:-. turismo, t:llltu ra, serviços assistenciais e a maior p;,ne
a Franco na C(l(a/1111ya, a exemplo do que ocorreu no Pafs Basco. a ponto de tl1" !'unções policiais. De forma lenta e gradual, porém com firmeza, n Cuta-
todas a, forças políticas dem.ocráticas. de democratas-cristãos e li berais a so- /111m1. ju111amente com o País B,isco, vêm forçando a Espanha a tornar-s<.:.
cialistas e comunistas. passarem a ser nacionalistas catalães. Isso acabou rc- ,1111d:1 que a contragosto. um Estado federal altamen1c descentra lizado . 1>or-
,ulta11tlo no fato de que todos os partidos políticos tia Cma/un_rn, tanto durnnte q1uu110 a:-- demais rúgiõc:-:: Lêm reivindicado o 1nesmo grau de. füllonomia e re--
:i resistência antifrnnquista como a parti r da instituição da democracia na 1 " "' " concedido aos bascos ~ cmalfies. Conrudo. à 0xccção de um pequenp
Espanha em 1977. crnm e são catalães, não-espanhóis, emborn sejam, na ma io- 111m ,mento democrático e de caráter pacifista favorável à independência, <1poi-
,'ia do, <.:as()s, aliados a pa1tidos defensores de ideologia semelhante na Êspanha. ,ulo principalmen1c por jovens ime.lectuais, os caralãcs ~rn geral, bem como .,
ao ,ncsmo tempo mantendo sua autonomia partidária (por exemplo, o Partido , 11:tl ll:11> nac ionalista catalã. rej eitam a idéia de separatismo, e justi ficmn su;,
Socia lista Catalão está relacionado ao PSO E espanhol: o Partido Socialista l" " 111 ra :ifinnanclo cruc necessitam das instituições simp]e$mente para existi-
Uni ficado da C(l/alunya está assoc iado aos comunistas, e a,sim por diante). 1t•111<.'omo nação, não para se Lornarem um Estado~Nação soben)nú.=15
Em 1978. o Anigo 2 da nova Consti tuição Espanhola declara a Espanha como () que é então a nação catalií, caraz de sobreviver a ,éculos de negação e.
L111rn "na\:ão de nacionalitlades" e. cm 1979, o Ernuuto de Autonomia da C(l{a- 11 1>i ,1hstan1e, resistir à fonnaç,ão de um Estado comra uma outra nação, a E.s-
/im_m estabelecc11 a base institucional parn a autonomia da nação catalã. inserida l"111h: ,. que també m passot, a fazer parte ria idenLid,idc hisrórica da Caw/w1ya·?
na estrutura da Espanha. inclusive a declaração da ex istência de dois idiomas 1',,i., l'rat rlc t;, Riba. provavelmente o mais hkido dos ideólogos do naciona-
oficiais. sendo o camião adotado como "a língur, própria da Cataluí\a". Nas 11""" c:,ialilo ..:ons0rvadur durante seus estágios ck formaçfiu. ·'a Caw/1111ya é
eleições regionais da Cmal11nya. a coali;,;ão nacionalista cotalã (Com·,:rgencia 1p1,11h.le seqüência de gerações. unidas. pela línglla e lrac.li\·ão t atal~is. que ...e
i Unio ). encabeçada pelo atual líder tia C<11alw1ya, Lllll médico cusmopolita de 11,·1•,lcrmn no território cm que vivemos". 11• Jordi Pujol também insiste na
excelente formação e origens llloclestas, Jordi Pujol. obteve a maioria po1· cin- t1u11u:1 como o principal fundamento da identidade camlã. tal como a maioria
co vezes consecuti vas, perrnanccentlo no poder ainda em 1996. O GeMrolitar ,ho. obscn 'íl(!orc~; "A identitlmle da Cr,11ulu11y,1é, em grande medida, li ngiiís1i-
(governo catalão) saiu fortalecido. tornando-se urna instiwição dinâmica. lu- ' ,, , Lllil ural. A Cata/unrn jamais reivindicou especificidade étnica e rel igiosa.
wndo em rodas as frentes pe la conquista de 1iolíticas autônomas. inclusive no 1,1111p11u~,, insistiu em questões territorÍ,lÍ$, ou assunto$ de ordem estritamente
plano internacional. Nos anos 90, Jordi Pujol preside " As~ociação das Re- p11lt1 1t·:1. Nossa idem idade é certamente constituída de muitos componentes.
giões Européias. A cidade de Oan:c lona mobilizou-se por coma pní pna, lide- 1, tu, :1língua e a culcura representam a principal base dessa identidade"."' l)c
rada por outra figura carismática. o prefeiro catalão socialista Pasqual 1v1aragal l. 11111 ,, Cata/1111.rn foi. por mais de 2 mi l anos, uma t~n-a que serviu de elo de
professor de economia urba na e neto do poeta naciomd da Catalun_rn. 13arce- li r•11,uo t:mrc diversos povos europeus e medircrrâncos, e foi palco das migra-
lona projeto1-1-se para o mundo. utilizando habilmente os Jogos Olímpicos de ~11,·~ Lic"cs povos. fo1:jantlo suas ins1ituições soberanas com base na interaçiio
1992 parn despontar no cenário internacional <:omo imponante centro ,nctro- ,,111 1,lnas culturas, das quais a catalã tornou-se clanunenre tlistima das de-
poli tano. aliando itlemidade hisrórica a modernidade informacional. Na déca- 111.,h II partir do início do ~éculo XIL quando o nome Cmalunya aparece pela
da de 90, o Pru1iclo Nacionalista Catalão passou a exercer importante papel no 1•1H11~11;i vc2.116 Segundo o prinr i1)al historiador francês da Catalimya. Pierre
c.::niirio p(>lftico espanhol. O insucesso. tanto do P,,rtido Socialb ta (em J993) \ 1lq1 o que distinguiu os catalães como povo. desde dos tempos mais remotos
quanto tio conservador Pa11ido Poplllar (em 1996) em conquisrm- a maioria das li 1 1h1s ~.:culos XIII e XIV). foi a Iíngua, claramente diversa do espanhol ou
cadeira.s nas eleições geri,is da Espanha fez de Jordi parceiro ind ispensável lt 11tu·,. ,. dotada de uma literatura já desenvolvidn no século Xll.l, exco1-
das coalizc3es parl11111c111ar,·~ necessárias para se governar. Num pri1nciro mo- 11hl irada 11:1 obra de Rairnon Llul l ( 12J 5- 1.1 l 5). que se utilizou do C(l{o/(111e.v-
mc1110 e h; gani 11tiu :,poio :10, , ocialishL~. e cm segu ida. aos couscrv:1.i,,,,e, - " 11ho111a de rivado c.lCl lati m par:dcl,1111c111c ao provençal e ao csp;inhol. /\
língua como identidade adquiriu importância ainda 1naior na segunda metade
do século XX. quando uma lílxa de natalidade tradicional me111e baixa dos
.
r.· un1<1 lín oua comum não se·1a suliciemc: parn fa1.e r uma nação, As naçõc,
" '
launo-:unericanas certamente farão ob.ie,·ão a esse tipo de enfoque, como ta111 -
catalães nos tempos modernos. aliada ao processo diferenciado de industriali- l1(11n n rariam o Reino Un.iclo e <Js Estados Unidos. Mas, por enquanto, vamos
zação da Caw/1.mya, resu ltou na migração maci~:a da populaçiio empobrecida ,1.,, dt:tcr à Cawlunyu.
do ~ui da Espanha. suplantamlo os falantes de cat,tl ào, ainda en<>aiados na luta t::spero que, após esse breve histórico, se possa admitir que a iclcntida-
"' ,
contra a proibição do emr.,1·ego de si1a língua, diame de sucessivas ondas de ,1,• c:nalà não é uma i1Jvenção. Durante pelo menos mi l anos, urna dcler111 ina-
trabalhadores fo lantes de espanhol que se estabe lece ram com suas famílias na dt1 ,·,1111unidadc humana, <>rganiz.ada rundarnentailnente em torno ela língu:l.
Cmcdw,ya. principalmente nos subúrbios ele Barcelona. Dessa forma, em 1983, 1111" também dot~da de significa1iva conti nu idade territori al e uma tracliçà()
após a Catalunya ter rccupérado sua autonom ia, assegurada pela Constituiçiio .J,• i,ovi.: mo autônomo e democrac ia política autóctones, identificou-se conw
Espanhola ele 1978, o Parlamento catalão aprovou por unanimidade a "Lei de 11,u; at>, diante de diferentes contextos, lutando contra adversários disti1111,s,
Normaliz.ação Lingüística", que previa o ensino em catalão em todas as esco- 1111,• ndo rarte de Estados diver$oS, comando com seu próprio Esrado, intc-
las e universidades públicas. betn como a presença do idioma rntal.ão nos ór- 1' ' .incln im igrant.;s, suportando humilhações (comemorando-as. na 1•crdauc,
gãos administrativos, locais, vias e estradas ptíblicas e também na rede pública 1,1110 :1110 ) e. ainda assim, conunuou eKistindo como Cawlm;_rn. Algum, ana-
de televisão. "" O objetivo dec larado de. tal política era concre1iiar, ao longo do '"1:" 1.:-111 envidado esforços nc, se111ido de idemificar o catalan isrno com a~
tempo, uma completa integração da população de origem não-caca lã na cu ltu- , ,p1ra~ões históric:a, de uma burguesia indu strial frustrada, sufocada por uma
ra catalã, de modo a não fomentar a criação de guetos culturais que causari am 11><m:i rqu ia espanhol~ pré-capitalista e burocrática. "º Certamente que es1c
111.n a ruptura na sociedade, prnvavehnentc entre as classes sociais. Assim, den- , ,m, 1itui importante demento 110 movimento pró -Catalunha do fin al do,.,!.
tro dessa estratégia. o Estado é utilizado para reforçar/produzir a nação. sem , 1110 >. IX. bem como n~ formação da Ll iga. " 1 Contudo, a análise co,n ba,c
contudo ex igir sw, soberania do Estado cspauhol. 11,1, ç la,$e s não é capaz ele justificar a continti idacle cio discurso explíci to
Por 4ue a língua é tão imrona ntc para a defi nição da identidade catalã? uli,c a idemidade catalã ao longo da História. a despeito de todos os c:~for-
Uma das respostas é histórica: ao longo de cemenas de anos, a língua tem ' '" do c:entralismo espanhol parn erratlid-lo. Prat de la Riba negou ,1uc a
representado o elemento identificador do "ser catalão·•. j untamente com as t ,11u/1111 \'/1 pudesse ser reduzida a interesses de classe. e li nha razão em , un
ii1stiwições políticas democráticas ele governo autônomo. sempre que estas 11•1·11, 11. embora sua Ll iga tcnh~ sido has ica1n ente um part.ido burgufa.m
não foram suprimidas. Embora <JS nacionali stas catalães deíimun como catalão f\11 111," ve1.es o catalani smo to.:m sido associado ao romantismo do séc\ilo
qualquer pessoa que viva e traba lhe na Catalw1ya, acrcscemam também a esta , 1)1 , n1a, também ao movimento modern ista da virada cio século, voltado:\
afirmação a frase, '·e que estejalJ\ dispostos a ser catalão''. O ind icativo de 1 ""lJ'" e à torrente internncio n:11 de idéias. distanciando-se do tradicional
''estar disposto a sê•lo" é justamente folar a língua, ou 1>elo me110~ tcniar (na ,, 1,,· ncraci<>nismo espanhol c111 busca de urna nova fonte de ,·atores trans-
verdade, "tentar" é ainda mdh<>r. por ser um claro si nal da predisposiçüo a ser ,·,11ic nt c, apôs a perda, cm 189S, do pouco qu~ restava cio império. Na c:011·
catalão), Outra resposta plmtsível é de cunho político: essa é a melhor forma ,h\ .tll de uma comunicladc cultura l organ izada em corno ela línguu e de uni.,
ele expandir e aumentar a popu lação catalii sem ter de recorrer a critérios de 111,1rn 1a comparti lhada. a Cataiu11yo rnfo representa uma entidade imagin:1•
soberaoia territorial que necessaria n1cnte iriam de encontro à territorialidade il11 111us sim um produto his1órico constantemente renovado. ainda C( Lte n,
do Estado espanhol. Todavia, uma terceira resposta. mais fundamental, ta lvez 1111111111cntos nacionalistas construam/rec:ons1ruam seos ícones de auto-idon-
esteja relacionada a o quê a língua reprcse111a c:omo sistema de códigos. crista- ll!li'll(:tP com ha~e em códigos c,pedficos a cada eontex10 histórico e relaei-
1izando ao longo ela História uma configuração cu ltura l que abre espaço para " '""'" ao, seus próprios projetos políticos.
um sistema co,npartilhado de símbolos, sem que hrúa a adoração de ícones l lma caracl.erizar,ão notável do naciona lismo carnlão diz respeito à ~u:1
clifercmes dos que surgem na comunicação do dia-a-tlia, É bem provável que " i111·ao com o ~stado-Nação."' Ao declarar a Catahm.w si,nullaneamen\~
nações desprovidas de Estados organizem-se em torno de rnmunidacles lin- 11 1,1pc111. med iterrânea e ltispânica, os nacionalistas cata lães. embora rcjc1
güístieas - uma idéia que desenvol verei mais adiante - embora, obvi.imen- h 111 " id~i:1 de separar·se da E, 11:111ha, huseam uma nova forma de Estado.
68 (li)

Esse seria um l::'stado de geometria variável. capaz de conci liar o respe ito As 11aç ões da era da informação
pelo Estado es panhol herdado historicamente, a autonomia crescen1e das
in5tituiçõe, catalãs na administração das questões púb licas e a integração No,~a 1rajctôria pelos doi.s extremos opostos da Europ,1nos <.lá t11na ccrw
tanto da Espanha como da Cu1a/11,1yu numa entidade maior. a Eu r(1pa. que se 110~:in do novo sig_nificado de nações..: nacionalismo, como fonte de ,emido m1
traduz não somente na Uni ão Européia. mas em diversas redes de governo, , 111 d>t in rorniaçiío. Para fins de maior claJcw. definirei nações. em consonância
regionais e munic ipais. hem como em ,1ssociaçõcs cívicas. que mu lti plicam , 1111 1 a, :1n51ises e argumento, apresentados ,mteriormente, como conu11iidorf,,.1
re laçõe$ ho1'iLonwis por Ioda a Europa sob a pro1eção tênue <los Esrndos- , uJ111n11\· c:onstruídns nas mentes e memória coleti\•a das pessoas por meio de
Naçüo modernos. Não se trata apenas de uma tática astuta dos ,rnos 90. Tem 11111" /ti\ltirit1 e de pmjeros po!(1icos companilhados. O quanto essa h.is1ória dcv,;
suas origens na postura pró-1::uropa cullivada há sécul os pelas el ites ca1a liis. .,·, ,·111n11arlilhada para que um,1 detennimich\ coletividade se tr,rnsformc e 111
comníria ao esplêndi do isolac ionismo cullllral praticado pelas elites cas- 111,,111, varia <.:onformc contextos e períodos. assim como variam os ingredicn-
1ellrnnas na ,naioria dos períodos hi stóricos. Essa tendência também se nrnni- 11, q 11<· i11du,cm à formaç1iode,sas comunidades. Assim. a nacionalidade ca1ulã
fcsta dcc larndamen1e no pensamento de alguns dos mais uni versais esc ritores 11111k p11 ratla ao longo de de7. sécu lo, de história compartilhada. enquant,, o~
ou f'il6sofos catalães. como .losep Ferratcr Mora. que em 1960 afirmari a: 1 , 1:illo~ Unidos da América forjaram uma identidade cultural muito forlc. "
"Talvez a catalanização da Catalunha seja a últi ma oponunidade de torn,u· os ,h·,p~i1n, <' por causa. de su,is múltipl8s etnias. em apenas dois s6cul o~. O
catalães 'bons espanhóis' e os espanhóis 'bons europeus· ". "·1 Devc--se isso 1, .... ,,~iul é :1distinção históricit entre nações e Estados. que surgirnrn. cmbol'II
an fa10 de que somente uma F-spanha capaz de aceitar sua itlcot i<lade plural ,,n,, p.1r:a iodas as nações, na Idade Moderna. Ponanto. partindo da perspect iva
- sendo a Cmulw1ya uma das rnais disti n1ivas poderia estar totalme nte J>I I\ tlq_.:wda deste ri nal do mil6nio. temos conhecimemo da existência de nu-
aberta a uma Europa tolerante e democrútica. E para que isso poss.i se tornar ''"'' ,~ 111 Estados (por exe1nplo. Catalunha. País Basco. F-scócia. Qudm ;J.
realidade . primeiramente é nccc,;sárin que os ca1aJães se sintam à vontade 1 ,111110, ,cm nações (Cingapurn. Tai wan. Africa do Sul). Es1ac!os plu rinacionai,
inseridos na soberania territorial do ~studú espanhol. te ndo a liberdade de L1111iga União Soviética. Bélgica, Espanha. Reino Unido). Estados uninacionai,
pensar e se expressar em catai.ão. estabe lecendo. des,a forma. sua própri a t l.qlH<> I. Estado; que compar1i lham uma nação (Coréia do Norte e Cor6i a do
<.:om una dentro de uma !"<'.de inais ampla. Tal distinção entre identidade cul- 'illl),..: nações que companil h:1111 um Esrad0 (suec()s na Suéc ia e na f-i11lând i11.
11 h11!dt,;" '' 11a Irlanda e no Reino Unido. 1alvez sérvios, croatas e n1uçul 111:1no,
tural e poder cio Estado, entre a incontcs t(ivel sobernnia dos apuratoN e a
rclaçfü, cm rede de insti tui,,;õcs que c:ompan ilham poder. representa uma 1111•,1111.s em uma futura Bósnia-Herzegovina\. O 4ue fica claro é que c.idadani a
inovação histórica cm re laçüo :1 maioria tios proc:es,os de constnt(,'.ão de F.s- 1111,, ,·orresponde a nat:ionalidadc. pe lo menos não a naciom1lidade excl u~iva,
,,~11, i'' cataWes scrncm•Sú. ;intes de mai;-; nada. cmnlãcs. No entanto. ao 111c~ ..
t,Klos-Nação. solidameme fundados em um ~olo historicame nte movediço.
1110 1,·n1po. declaram-se. em sua maioria. também espanhóis, e até me, mo cu-
Tal inovaçiío p,u·ecc cstabclccér uma relação melhor que a mantida entre as
noções tradicionais de soberan ia e uma soci edade fundaiucmada na flexibi- 111p1'11, . Desta forma. equiparar naçües e Estado, ao bi nômio Estado-Nação. "
1111 110.s que isso seja realizado em um determinado contexto histórico, torna-,11
lidade e na adaptabilidade a uma economia global. na f'orm~ção de redes
1111111 t:ontrndiçâo diante do exame dos registros de longo prazo estrulllrudos
em1belech!as pela mídi a. na ,·ari,1ção e imtrpenerra~5o (lc cultu ras. Por não
, n1 p,·1~pcctiva global. Parece qt11: a reação racionalista (marxista ou quo i~qw1
buscarem um novo Es1ado. mm, lutarem pela prc,crva<;ão de sua nação, é , 1111t,1,) :io idealismo alemão ( Hcrder. Fichle.) e ,1hagiografia naciona list:1l'rnn
baswnte provl\vcl que os catalães tenham-se idtntificado completamente com , 1,.1(Michdet. Remm) obscureceu a comprtensão da ·'questão nacional". cau
suas origens como um povo de trad içi>es come rciais s.::111 frontei ras, identi- 1mln e,pamo e adm iração quando conrro11tada ao poder e à in fluência ,lo
dade lingüístico-cultural e institu ições governamentais flexfv.:i~. caracterís- 11.11 mnalistno no fi nal deste sécu lo.
ticas essas que parecem ca ract-:rizar a era da inforlllação. Dois fenômenos. conforme ilustrados nesta seção. parecem caractcrin,r
"11n /mlo histórico atual: primcir11. n desintegração de Estados plurin acionai,
tJ"' 1cnmm pre~erv~r sua Lotai s<1hc1-.u11a ou negJr a pluralidade ele Súus clt:•
71)
li

mentos constitutivos nacionais. Nessa categoria encontram-se aextinra ü niáo I'" ' ui Irada. e discutidas nas im~g.ens das línguas comunais cu.ia primei rn palA-
Soviética. a antiga lugoslávi,1. a antiga Etiópia, Tchecoslováyuia e talvez no 11., é mi,. a segunda é nos e, in.fcli1.mente. a terceira é eles.
fu turo. o Sri Lanka. índia. Indonésia, Nigéria e outros países. O resu ltado de
tal desintegração é a formação de quase-Estados-Naçi\o. Eles podem ser cha-
mados de Estado-J\;ação pur4ue apresentmn os compone ntes de soberan ia A desagregação étnica: raça,
com base ern uma identidade nac iorla l constituída historicamente (por exem- classe e identidade na sociedade em rede
plo. a Uc rân ia), mas recebem o qualificati vo '·quase'· cm razão do conjunto
inexrricável de relações com sua miltriz hist6rica. que os força ,1 comparti - \ h'o /fJ() negras. .. Vejo 1·oc:ê opri.\·imuulo. Vejo 1:ott? eiticwfcu:fo. Vejo ,·ot·ê
lhar da soberani a com o Estado mu:erior ou com uma con figucação mais rlmmulo. \!eJu 1·0<.:ê sqji·rndo. \/4!j o nn:ê enfrema1u!o. Vejo l'üCê bril/iwulu.
arn.pla (por ext!mplo. a CEI e as repüb licas do Leste europeu assoc iadas à \ ';,,,, nwê qu<:nmdtJ. \ré?jo \·o cê predstmdo. Vt!j<J rocé. desrespeirado. \~lo vot·ê
União Européia). Segundo. obse rvamos o desenvolvimento de nações que S,m.1.•. r,r-. \/ejo i'oc/J Ah1ijmlv. \rêjo ,·ocê frmiio. Vejo- ,·ocê sóbrio. Vej() rocé
tkan1 no limiar da condição de Estado. porérn forçam o Estado a que eMüo mnudu. V~i<' •:oc<1 po-:,. 1.-~?jo \·o cê em casa. Vctio você ourit: V<:iu n>cê ama,:
\1•1u \'11c{>,ws coisas. \.-~io 1·oce fomfé. Vejo i·oct? nmscie,ue. V<:io \'OCJ de.m·
integrada~ a se adaptar, e a cede r pane de sua soberania. como é o caso da
Jiwlo. Vejo rocê m1w.k11: Vejo \'O('ê. ~~io vOC<1. Vejo ,·ocê. . . Definilivmmmre
Cw11lw1.ya. do País 13asco. de Flandres, Valônia. Escócia, Quehec e, provavel-
1/Jll' IIJ .'H!r l'UCé.
mente. do Curclisríio. Ka,hmir. Purtjirb ou Timor Leste. Chamo tais enüdades de ,\ • • " 1l 4
Peter J. Harris. "f)jno de Louvor aús Irmãos ,"\11011 11110s •·
,11111se Estados 1wcio11ais. por não constiruírem Estados cornpktarnente forma-
dos, ,nas conquistarem urna parcela de autonomia política com lx1sc ern sua
¼wf t,rnrbérn quer? De verdade? A_o longo çja hist6rja çla humanidade, n
identidade na~ icmal.
, 111r.1"·111prc foi uma fonte fundamental de signi ficado e reconhecimento. Tra
Os atributos que reforçam a identidade naciono l nesse período histórico 1., .1 de uma das estruturas mais primári as de distinção e reconheci mento so-
variam, porém. em todo~ os casos. p1-..,s, upfiem uma hist6ria cornpartilhada ao
' t1tl 1 0 111<1 também de discriminação, em rnui1as sociedades contempori\ne,",
longo do tempo. La11çaria a hipótese de que a /ínpua. pri11<:ip(l/me11te uma ,1., h t:rdos Unidos :i África suhsaariana. Ela foi. e é. a base para o surgimento
IÍl11<11a ple11111ne111e desenml,·id,.1. ,·,ms/Í/11i w11 atri/.>u/u .fundamento/ de awo-
,1, ,,•voltas na lir1a por justiça social. como no caso dos índios mex icanos cm
rffonhecimemo, />em como de es1ubelec:i111emo de 101111.fmnleira nacional in- 1 lt111p1 " ~,n 1994, ou do pri ncípio irracional de purificaçiío é.tnica. corno <)
risível em moldes menos arb/Jrdr/os que os do terriJorialidade. e menos 1,11,t1,,1tl11 pe los sérvios na Bósnia em 1994. Além disso, consiste. e,11 g.rnncl\:
exclusiros que o.i da etnia. l,so se deve ao fato de que. sob urna pcr.,pectiwr 1111 tl td1t, na base cultural yue induz a formação de redes e a realização de tran-
histórica, a língua estabelece o elo eh.) ligrn,,ão entre a esfera pública e a privadi1. '" 111•, l11strcadas na con fiança no novo mundo dos negócios. desde as redes
e entre o passado e o presente, indepcndememenre do efetivo reconh.::ci rnento 1,..,1,•1,1:ns chinesas (volu rne·l. capítulo 3) até as "tribos" étnicas quedetcrmi-
de uma rnrn,111i dadc eulcural pela.s instituiçc}es cio E5tado. '-Ião 0b~taute e) fato 1111111 ,, ,ucésso na nova econom ia global. De foto, segundo Corncl Wcst: " Nes•
de Fichte ter-se l'al iclo ,lesse argumcmo para criar o pangermanismo. o regis- 1,·111 d~ globalização, com suas font~sricas inovaçiies científicas e tecnol6gi_cirs
tro histórico não deve ser descartado. l-lú também uma forte rnLfto para o 111 11 11 1,rrnfüica. cormrnicaçõe., e tecnologia ,,plicada. o enfoque nos efoum,
surgimento do nacional ismo ein no5:,.a:-.. !-iodedadcs com hase na língua. Se. na ,, 11r.111t•,ccntes do racismo parece amiquado e desatualizado... Contudo, a nrça
maiorià das vezes. o 11acionaJ isn10 representa uma reação contra ameaças a 1111 lrr rguagcm cifrada da reforma previdenciária, política de imigração, i>C·
uma determinada ideutídade au1ônoma, em urn mundo ,ubrne1ido à ideologia 111 l l rmi n~is. ação afi rmativa e privatização suburbana - pennanece comq
da modernização e ao poder da mídia global, a língua, como expressão direta 11111 dn, principais sígni ficantcs no debate político''."" Entretanto. se a raça e n
da cultura. torna-se a trincheira da resistência cultural. o último basti füJ do "'º
t111r1 que,tões fulcrais - para a di nâmica da sociedade none-amencana. e
autocontrole. o reduto do signiíicado identificável. Nesse sentidu. as nações r 11111,,,,n de outras sociedades - suas forrnas de manifestação pa recem s~r
não pru·ecem .., ornunidades imagi nada;;·' construídas a ~erviço dos aparatos 121
1,111t1rrtdumen1e alteradas pelas ~,tuais tendências socicrnis. Sustento a idéia
de poder. Em vez disso. são produzidas pelos esforços de uma hisróri,i ~Llm - 1, 11111• ~,111,or:1:1 que.,tão racial w j;i 11nroname. e provavelmente rmus dtl que
n 7l

,nrnca uma rontc de opressão e discriminação.'" a etnia vem sen<lo especificada h11ix:1 renda representa para a maio,·ia branca. Portan to, a nova liderança polí
como fonte de signiflcado e identidade. a ser integrada não com outra, etnias. l 1t·it negra está baseada em sua c~pacidade de atuar como intermediária entre tt
,nas de acordo com princípios 111ai$ abrangentes de autodetiniç-ã<> culturn l. como 1nundo -:mpresarial, o estabelec imento pol ítico e os pobres confi nados a guetos.
religião. nação ou gênero.,\ ri m de apre~c111ar os argumcnlos em defesa dessa , 11111, atos são imprevisíveis. Numa foixa intermediária situada entre esses doi,
hipótese. farei uma breve explanação da evolução da idcmitlade afco-america- 1•1111ws. o último t.e rço dos afro-americanos luta para não cair no in ferno da
,w nos l:.s1ados Unidos. 11,1l>1 ct.:J. dependendo desmedidameme de empregos dos setores público e de
As condições da realidade contcmporfü1ca tios afro-americanos têm sido ,i•t v,,·o,, e cios programas ele treinamento vocacional e educacional para apren
trnnsfornrndas nas tíhi.mas três décadas por um fenômeno J'undamen1al: sua 1111.id,1 de algumas habi lidades que garantam a sobrevivência e m uma econo
profunda divisão em termos de classes sociais. conforme demonsuado no tra- i,I1.I dcsi nclustrializada.m O castigo para os 4ue não são bem-sucedidos nes~a
balho pioneiro de Wi lliams Jul ius Wilson.' ~' cujas implicações fragmenrnr;un , ,11111ura é cada vez mais atroz. Em 1992, tios negros homens, moradore, Jp
dcfi niliv:11nen1e o modo pelo 4ual os Estados Unidos vêem os afro-americanos , ,•111w elas ddades e com um nível educacional insatisfot6rio. pouco menos de
e. sobretudo, a imagem que os afro-americanos têm de si mesmos. Tomando 111 11 1~1._;o tinha empregos de período integral. E mesmo entre os empregado,.
por base o grnnde volume de pesquisas da década passada. a tese de Wilson. 1 ,, , c., 1ovam obaixo dos níveis que caracte.rizam a pobreza. Em 1995, a média
bem eomo seu desenvolvimento. npoma para uma i111prc,,io11a11tc polarização ,1, ,r 11d,1 dt)S 2ü'it de negros mab pobres foi exatamente zero. Um terço dos
entre os afro-americano~. De L1111 lado, est.imu lada pelo movimento em defesa 111 ,,,,. ,, <k baixa renda vivem em condiçües de moradia abaixo dos padrõe.,
dos direi1 os civis dos atl(lS 60, unia cl asse média afro-america.iut numerosa. ,1, 1•11.1v-:is. o que quer dizer. entre outn)s cri1érios, "em que se ev idencia a
bem-educada e c<>m uma vida rclativamen1c confortável surgiu, gnl(,:as princi- , 1•<1~11c i,t ck ratos". A relaçõo entre o índ ice de crimi nalidade. urbana e o t.l~
pal mente n progrmnas de H\'âo afirmaliva. faz.em.lo incurs<1es sjgni ficativas na , 111n111:1lidade nas áreas suburbanas elas cidades norte-americanas. e.m que t'
estrutura de poder político. oc11pando postos irnport:mtcs nas prefeituras e até I'' .,lt•, :1q11isi tivo é maior. aumentou de 1,2 para 1.6 entre 1973 e 1992. h.
mesmo o comando do Estado-Maior e, e,n certa medida. ingressando no nnJ11- • 1olL•11Icmentc. os mor~dorcs do centro das cidades são os que mais sofrem n,
do empresarial. Atualmente. cerca de um terço dos afro-americano, faz pane 1111,cqliências dessa criminalidade,. Além disso. a população negra do ,cx11
da d ,tsse média norte-americana, embora os homens. diferen temente das mu- 11111S<·uli111, está mais sujeita 1, prisão, ou vive sob contr<lle do sistema penal
lhere,, g;inhern ai nda bem menos que profissionais brancos exercendo ames- 1 11'11111d:u,do julgamento em liberd,1rle condicional). Embora os negros reprc-
ma função. De ()utro lado. cerca de um terço de afro-amc:ricanos, inclusive 11H·111cerca de 12% da população no,1e-americana, na década de 90, respon·
45% de cria1was afro-rn11erkanas que vivem em condições de pobreza ou mi- 1, 111 1ior mai~ de 50% do total de detentos.'" A taxa global de encarceramento
.,éria. es11io crn situaçãt> hem pior nos ano, 90 do que nos anos 60. Wilson. , 1, m•1•,o~ norte-americanos em 199() foi de 1.860 por 100 111 i1. isto é, 6.4 vezes
junt,11ne,11e coIT1 m11ros 1,es4uisadores. como Blakely e Goldsmith, ou ainda 111 11111 que a dos brancos. E ao contrário do que possa parecer. os afro-americ!l·
Gans. atribui a fonnaçfto tle.ssa ··wbclassc" ao efeito combinado de 11111a eco- 11,, l.'111 n,clhor nível educacional. mas em 1993. 23 mil negros do sexo m[1S-
nomia da informação com grandes desigua ldades. segregaç110 c,pae ial e polí- 11l11111 ,c~cbcram diploma de foculdade. enquanto 2,3 mi lhões foram presos.'"
tica governamental mal <:ondt1óda. O cresci 111en to de uma eco nom ia da 111 1~\ccn1,11·mos a esse número todos os indi víduos sob vigilância do sistc
in formação d,\ ênfase 1t educaç~o e reduz a disponi bilidade. de empregos escií- 1111 p,•n: d no, Estados t.:n iclos em 19%. chegamos a 5,4 mi lhões de pessoa,.
veis que exijam habilidade manual. colocando os negros em desvantagem 1 111 l ') 1JI. os negros represcnt,ivam 53% do 1otal de detentos.'-'3 As taxas dc
quando do ingresso no mercado de trabalho. Os negros de d,1ssc média saem 11 11t1'1•1;1mcmo e vigilãnc i,1 são bem mais elevadas entre os negros ele bai xa
do, centros das cidades. deixando para 1r,ís. encurra lada,, as massas represen- , 11d1,. ,. :"SU$ladorns entre jovens negros do sexo masculino. Em cidade, com(,
tadas pelos pobres moradores da$ ,keas urbanas. Para fechar o círculo, a nova ,, , l11ni:ton DC. para os grupos d~ faixa etária entre 18 e 30 anos. a maioria
elite política negra consegue obter o apoio desses eleitores de baixa renda 111 ,wi•rns do sexo masculino está presa ou em li berdade condicional. A,,
conquanto possa oferecer-lhes programas sociais, (l que é uma função do grau 11111llt1•1\·s e as famílias têm de se adaptar a essa realidade. É necessário que o
de preocupação. tanto moral corno político. que a popu lação negra urhnna ele 111111111c1110 prccc)nccituoso da a u~~11c iu do homem na famíl ia afro-americana
7.1 11

de baix,1 renda leve em consideração o fato de que muitos desses ho1nens 1111two nu '·C<llcha de retalhos" étnica da so.:ied.ide norte-americana. Por nutre>
passam uma pan e considerável de suas vidas na cadeia. de modo que as mu- 1ul,1, ª" mesmo tempo, os elementos pertencentes tt ·'subclasse'' tornar-sc-i:1111
lheres precisam estar preparadas para criar os filhos por conta pr6pria. ou as- 111111, pobre, que o, negros.
sumir inteira responsabilidade pela deci são de ter filhos. l·.,s:i tese de dupla evolução Cllllural. porém, parece c~ir por terra cl iant1:
Todos esses são fatos já bem conlleciclos. cujas raízes sociais no novo ,1, 111~111,s dados disponíveis. Um minucioso estudo de Jennifer Hochschilu
contexto econômico e tecnológico procurarei abord11r no volume 111. Nesse 111h,,· ., transformação cultu ral dos negros e dos brancos na relação de ambos
pomo da anúlise, entretanto. atenho-me às cooseq(iências dessa profu nd~ divi- , ,,111 o "'Sonho Americano'' de oportunidades iguais e capacidade de ascensão
são na trnnsfonnaçiío da identidade afro-americana. 1
111 ,,d ,cw la exatamente o contrário. )-' Os negros de classe média são preeisa-
Para compreender essa transformação, que vem ocorrendo desde a década 111,·11 tc '" que se sentem mais frus.trados co111 a desilusão com o Sonho Al11(.:ri-
de 60. devemos retomar às origens históricas dessa identidade: conforme ar- , .11111, sentindo-se completame nte discriminados pe la permanência do racismo.
gumenta Cornel West. os negros nos Estados Unidos são prec isamente africa- , ,1q11,111to a maioria dos brnncos acredita que <.is negro$ estão sendo favoreci-
nos e a1J1ericanos. Sua identidade !'o i constituída a pa11ir de um povo seqüestrado ,J,,ij ,1<-111:iis pelas políticas de ação afi rnw iva. reclamando de discrimin,,ção
e escravizado, soh controle da sociedade mais li vre da época. Assim. para que 11111•1t1< l,1. Por nutro lado. embora totalmente conscientes do racismo. os nc-
pudesse concil iar a evidente contradição entre os ideais de liberdade e a cco- """ 11c b,1ixa renda p,u-ece1n acredillu· m,1is no Sonho Americano do que <lS
nonüa escravocrata, os Estados Unidos 1iveram de negar a cond ição humana 11, 1,rn, de classe média e. sob qualquer hipótese. são mais fota listas e/ou in,li-
dos negros. pois em uma sociedade fundada nos princípios de que "todos os 11 h1o1li, t;i, cm relação a seu destino (''sempre foi c>ssim"). Contudo, uma pers-
homens são iguais'', a liberdade somente poderia ser negada aos não-hu ma- 1", 11\a temporal na cvoh1çào das pesquisas de opinião pare~e indicar que
nos. Nas palavras de Corncl West: "l:isse ataque impiedoso à cond i~ão humana 1u11lw1 11 o;, negro, de baixa renda e~tão perdendo o pouco que tmham de <.:011-
dos negros gerou os princípios fundamentais da cu ltura negra - o da im ·i- ll,11,\·a 111> sh t;ma. O principal raro claratnente destacado pelo traballH> 1k:
si/;i/idw le e da 1111011imid<Tde"'. 1J• Porta nto. a t·ultura negra. de acordo com a 11111'11,(l>i l,I ao anal isar um grande volume de informações ele caráter empírk (l
amílisc ele Cornel) teve de aprender a conviver com essa negação sem que se 11111•, ,li: modo geral. os afro-amerícanos alluentes não se sentem hem-vi ndo,
permitiss~ cair na auto-aniqu il ação. Conseguiu. Das canç.õcs às ürtes, das igre- 11 1 ,11ri c1lade como um rodo. Realmente. não sJo hem aceitos. Não s6 à host1-
ja,; da comunidade às irmandades, a sociedade negra emergiu. irnbuída ele urna lltl ,t1ll' r:ieial entre o, brnncos continua sendo uma constante. como as conqub -
profunda noçiio de signi licado coletivo, que niío se perdeu durante o êxodo 1, t11,, 11,,gros do sexo masculino de classe 11Jédia ainda os colocam em uma
rura l ,naciço para os guetos do non e. tradu zida e m urna extraord inári a I'" 1c;,tn bem inferior à dos brancos em tcnn<>s de educação. profi ssão e nível
cr:iarividade nas artes. na m\Ísica e na literatura. e em um mov imento político d, 11 lldfl . conforme dernonstraclo por Martin Carnoy. ,;<,
r odcroso e multi facetado. cujos sonhos e potenciais for:tm personi ficados cm l'ol'l anto. raça é um fator muito i,nponame.1'." Ao mesmo temp(>. a divi-
Man in Lu ther King Jr. nos anos 60. ,11, tlv d:>sses entre os negros 1em criado condições de vida runclamentalm~nt~
Todavia. a divisão rundamenta l introduz.ida entre os negros pelo sucesso t 11, ,lt,tlnta:, que se tem g,~rado uma hostilidade çada vez maior entre os negros
parcial do movimento cm deíesa dos direitos civis tem transformado esse ce- 1, h,11 ~.1,cnda contra o, irmãos que os abandoni1n11n. 1J• A maioria dos negro,
nário cultural. Corno exatamente·) ,À, primeira vista. poderíamos imaginar que 1, , 1,,~~,· média se esforça para se al'astar não só da realidade do gueto ma,
a classe média negra. apoiad,, em sua relativa ai'luência econômica e influên- 11111lo,• ,11 do esti 2.111a lancado ,ohre eles por causa da cor de sua pele~ partir do
cia pol ítica, pudesse ser assimi lada 11 sociedadt> como um todo. constituindo l'"'I' ll l th.:.:adente do gu; to. Eles conseguem esse afostamento principalment0 aü
uma nov(t idemidade. como afro-a111ericanos. e conqui stando uma posição se- " ' " " ' " ' ps filhos das comunid~cles negras de baixa renda (mudando-se pm-a
melhante à dos ítalo--amcricanos ou do$ sino-americano$. J\línal. os sino-ame- 1111111 bio~. isto é. áreas mais abastadas. integrando-os a colégios particul:1-
ricanos, após terem sido muito discrim im1dos durante a maior p,ute ela hist6ria 1 .. n,lc predominam brancos ). ao mesmo tempo reinventando uma ident ida-
da Califórnia, k>graram alcançar um respeitáve l sr,uus social nos llltimos anos. ,d llHuncricana que revive os temas do passado. africano ou norte•arnerica110,
f'iessa perspectiva, os afro-americanos poderiam tornar-se ou1ro segmcnt(>\lis- ,, n1l:i diante cio peso cio pr~~~ntc,
i(~ 77

Paralelamente, os guetos do tina) do mi lênio vêm desenvolvendo uma u11:1 e- o governo para que todo~ po~!-ial11 :-1..: beneficiar. os .:.sforços !';ecund:í ..
nova cultura. cornposra de atl iç<'>es. raiva e reação indi vidual contra a exclusão 1uh 1.· i:-olado:- dos l)('z Eleilos no sécu lo X..Xl. aind:1 <iue ~igniftc.Hivos. sc1·ão
coletiva. em que a negritude importa menos que as simações de exclusão que lu11u.:111av~lmcnte inadequados e nhamenh.! fru~aramcs. ! .!!
geram no,·as formas de víncul o, por exemplo, gangucs territoriais. nascidas
nas ruas e consolidadas pe lo entra-e-sai das prisões. 1·'9 O rap. e não o _jazz. é 0 S('lll dúvída. O próprio Du Bois troc<.lu <.lS Estados Unidos por G,rna cm
produto dessa nova cu ltura. que também expressa uma iclenticlade. 1ambé111 1'li, 1 p(lrque, nas palavras dele, "Simplesmente não agüento mais o tipo d<.:
está fu ndada na história negra e na longa tr~dição norte-americana de racismo 11 11.1111,·111" reservado a nós nesse país ... Mantenha a cabeça erguida. lute. mas
e opressão social. no entanto incorpora novos elementos: a polícia e o sistema ,, , 1111hc,:1<Ili'-' os negros norte-amoricanos si111plesmente não poden1 vencer". 1•~
penal como in~ticuições centrais, a economia do crime como o chão de fábrica. /'lcr:i que o fracasso na conq ui sta da integração completa levou ao ressur-
as escolas como área ele conflito. as igrejas como redutos de conci liação. famí- 11111•1110 d,1 movimento separatista negro nos Estados l;nidos·> Seria esta a
lias rnadrecêntricas. ambiente~ depau perados. organização social baseada em ,11,1:1 h:isc para a identidade. diretamente rel,\cionada aos movimen.t<Js radicai,
gangues. uso de violência COll\O meio de vida. São esses os novos temas da " " · "" " (10, conforme obse rvado no caso dos Pal!tems Negras·> Parec i.11 que

nova arte e lilcratura negr{} nascidos da nova experiênci a do gth!to. 1~ i\1as de 1111, "" ,ncnlls entre os jovens mi litantes. se nos detivéssemos ao culto rcnovn-
l'orma alguma se 1rata da mesma idemidadc formada pela cJ;,,e média afro- J,, 11 t,, lab,lm X, a influência cresceme da nação islâm ica de Farrakhan ou,
mnericana por meio da cuidadosa reconstrnç5o da condição humana da rnca. 1111.i,,. o impacto extraordimírio da Marcha de l:m Milhão de Homens cm
Mesmo aceitando-se sua cisíío cuhuml, ambos os conjuntos de idcmida- \\.1•,111 11~1011 DC. organizada em torno ela redenção. da ,nora! e do orgulho <lo
dcs c11frema111 o que parecem ser dificuldades insupcrdvei~ em sua constitu i- li 11111•111 n~grn. EDtretanto. essas novas manifestações de identidade político
ção. Isso acontece. no caso cios afro -americanos afl uentes, em decorrênc ia da 1111111.d ,cw lmn uma cisflo ai nda ma is prorunda entre os afro-americanos. que
seguinte contradi ção: '·" :,o sentirem a rejeição por parte do rac ismo insti- 111 , ,·111.,d,: são culturalmente organi wdo, mm hase em pri ncípios de ,tlllO·
tucionol. só lhes resta ~omo nhcmati va ele imcgraç5o à soc i.:dade norte-mueri- 1111 11td1t·:i~~o. não de o:unho ~tnico. mas religioso I Is lã. igrejas das comun ill u-
cana como um _todo assum ir a concliçfio de líderes de sua própria raça. tais ,1, 111·111 as), al~rn de serem profundamente marcados pelo gênero (orguJho t:

como os ··Dez Eleitos" de que fo la Du Bois. o r rincipal incelectu,11 ne<>rn da 1 ,Jlulls,,hdidade mascul inos. subordinação das mulheres ). O impacto da Ma,:-
virada do século. como os salvadores absolutmneme necessários da ne- "ra:,, 1, 1 ,h· l lrn Milhão de. Homens e seus 1}revisíwis desdobrainentos no futuro
11, ,,rss:,111 as diforentes classes s<Jciais. contudo diminuem a força da ident i-
gra". bem como de tudas as raças.'"' Entretanto. a divisão social, econô1;1ica e
w ltural entre os '"Dez Eleitos" e uma crescente e signilitativa parcela da Anié- 1111, ,1l1o :imcriçana com base 110 gênero e tornam praticamente indistintos os
nca negra é tamanha que. a(l desempenhar tal papel, eles teriam de negnr a si 11111111·~ L'ntn.: a au10-idcmificaç1io racial, religiosa e de classe. Em outras pa la·
mesmos. e a SéllS lilhos. para tornarem-se pane de uma coalizão mu l1 i;.raeial. , ,·,st· 11npacw nfto e,t,í fundado na identidade. mas sim no reflexo de un ta
vism1do uma transformação social progressiva e comprccndencJo v;írias ~las- ,1 1111,huk que e;;tá de,aparece11do. Como é possível admitir gue. em uma so-
ses. Em seu esplêndido li vro acerca dessa questão. Henry Louis Gates Jr. e ' ,1 uh· q11c a todo minuto lembra os 11egros de sua condição de negro; (e
Comei \Vest parecem acreditar que. se por um lado. não M outra alternativa. 1 , 1,111111 de ,er humano d iferente e estigmatizado. oriundo. numa longa jorna
por outro. e les têm sérias dúvidas qurn1to à viabilidade des~a alternatinLGates: 1, ,1, 1111 m rondiç~o não-buniana), os próprios negros estejam passando por
'"A verdadeira crise da Iidernnça ncgm é que a própria idéia de liderança ne~ra I" 11,1111:ws de vicia tão distintas. a pomo de não serem capazes ele eompartJ-
é,st;I em crise''.'"' West: ' 11111 11111ta11do-se. ao invés di~so. de forma cada vez mais violema contra 011
, , "''f,ros'! 1~ justamente cs,c anseio pela comunidade perdi da que c,tti
Uma _vez <!ue u~11a ~lli:,_rn;:1multirracial cntn! membros da classe média prn• 111 1111,111 1111 Améric,1negra dos anos 90 - talvez porque o golpe mais profun-
t!ress1~td. hbe,rais d~ d llc <.::mµrcsari:11e ;·1for1ra suh,·ersjva das bas1.::-- consltttd 1, 1111111•,1<111 no, afro-americanos na década passada tenha sido a perda gnidual
o único meio pelo qual alguma fornm ele ..prestação de t·onias" democr:iricn ,, 11 1111d:1dc coletiva. resultando cm uma '"cle1iva" individual ao mesmo 1.c m-
e raJk:,11será capaz de nxiis.tnbuir reclu·sos e riquezas e tcestmturcw a econo- 111.11~.1<1,1 p0r um estigma colet ivo.
7tl

Não se 1rau1 ele um processo necessário. Os movimentos sociopolíticos ,·1111~., da ,uburbani:rnção. Pesquisas fawni~ realizadas há algu, n tempo. 1m1 is
como a ''Coalizão do Arco-Íris" de .Jessie Jackson. entre outros. continuam 11,11,ul:,111c111e por Claude Fischer e J3arry Wellman.1·'1 parecem ter refutado n
envidando esforços enormes para reunir igrejas negras, minorias. comunidades, ""' ,lt I simplista de urna covariação sistemática entre espaço e cultu ra. As pés·
sindicatos e mulheres negras sob uma única bandeira na luta polÍlica por j ustiça 11,1, h,· wc ializmn e interagem em seu ambiente local, seja ele a vila. a cidáde.
social e igualdade racial. Contudo. trata-se de um processo de construção de " ,11bu1 bio, formando redes soc iais emre seus vizinhos. Por outro lado, iden1,.
identidade p<Jlítica que sornenle seria capaz de qiar unw identidade cultural ,!.uh•, !,>cais entram ern intersccçíio com outras fontes de signiticaclo e reco-
coletiva, necessariarnente nova tanto para brnncos como para negros, nwnridas 1tlw,•11ncnto social. seguindo um padrão al tamente diversificado que dá margem
as diferenças históricas e culturais, se fosse tota lmente bem-suced idos a long<> ,1 11111•,prct ações alternativas. Assim. onde f.-:tzioni, nos últimos anos, vê o res-
prazo. Comei West. embora reconhecendo a existência de uma "esperança não m1• m1c1110 da comunidade basicameme estabelecida no âmbito local, Pu tnarn
de todo de.5esperad,i, porém cheia de desesperança", clama por uma "de,nocra- , 1!1,,•1va n desmoronamento ela visão tocquev illiana que apostava em un1a S<J·
cia radical" que transcenda as divisões raciais e o n,icionalismo negro. '·"• No , 11·,l,uk: civi l extremamente ativa nos Estados Un idos, decorrente d11 quctla
entanto. nas trincheiras dos guews e nas diretorias das empresas, a i~lentid11dc 1111111,~;iti va nos anos 80 da participação e atividades realizadas em associa-
histórica afro-americana está se fragmentando e se individual izando. sem i!star "'', d.: 1rahalho volunt,trio. 1' 5 Relatórios provenientes de outras regiões dC1
conwdo imegracla a uma sociedade aberta e mult irracial. 11H11tiltl ,·c,·d ,1111 estimativas igual mellle conflitantes. Conrndo. não creio que
Diame do exposro, proponho a hipótese. de que a etnia niio fornece as , IH 111,preciso afirmar que ambicnte-s locais, per .re. não induzam um padrão
bases para os paraísos connmais da sociedade cm rede por estar fundamentada l'i'' 11ico de componamento ou. ainda, justamente por isso, uma idcmidade
nos vínculos pri,rnírios que perdem o sentido. quando ex traído, de seu contex- ,1, ,11111n·,1. ü pwváve l argumento dos autores com unitari,tas, coerente com
to histórico, como base para a reconstrução do significado cm um mundo de 111111hu pnípria observação intercultura l, é que as pessoas resistem ao proces:,o
t1uxos e redes, de novas combinações de image ns e novas ,11ribt1i<,:ões rte sen- 1 1mll\ 1du:1lização e atomização, tendendo a agrupar-se em organizações co-
tidos. As 111atérias-pri111as élnicas estf10 inl<:gradas nas comu1w, culwrnis que "º
111111111,11 i:i, que, longo do tempo, gera111 um senti mento de pertença e, cm
são mais fortes e possuem uma defi niç~o mais ampla que a etnia, tais como a 1111111111 1111:ílisc, em muitos casos. uma identidade cultural, comunal. ApresenlC1
rel igião e o nacionalismo, na qualidade de expressões de autonomia cultural l11putt·,c de que, para que isso aconteça, fai.-se necessário um processo de
em um mundo de símbolos. Ou, ainda, a etnia passa a tornar-se a base para a 111, 1!11l11aç:lo social. isto é. as pessoas precisam participar de movimemos ur-
cúnslruçiio de trirn:heiras del'cnsivas. territoriali zadas em comunidades locais. 1 ,1111, (111i ,1 cxntamente revoluçionários}. pelos quais são revelados e det'endi-
ou mesmo sob a forma de gm1gucs. na luta por ~cu próprio espaço. Em meio a 111 1111<,1 1\;ssc~ em comum. e a vida 6. de algum 1110<.10 co1npartilhada, e um
1

comunas culrurnis e un idades territoriais de autodefesa. ,is raízes ét nicas são '" " S1p11i lic~do pode ser produzido.
dis,torci<las .. divididas. reprocessadas. mislu radas, csligmati7.adas ou reco,n~ 1,·11ho certo c.onheci mento sobro:: esse assunto, dedicando um.a década de
pensadas de 1mu1ciras distintas. de acordo com uma nova lógica de infor- 1111111"1 vida"º estudo dos mov>111 . cntos soc1a1. .s ur\)anos no· mun do 10do."'9 E · 111
macionalizaçiío/globalizaçâo de culturas e economi as que produzem compostos ,11 11 " "tllH> de meus levantamentos e da l.iterarnra pertinemc a essa quest1\o,
simbólicos a partir de identidades nâo claramente di sccrnívei;;. Raça é um 11 , 11 q11~ os 111ovi mentos urbanos (processos de mobilização social com lina-
fator muito i mpon ante, 111,1s dificilmente ;;e pode dizer que seja ainda capaz de h, 1,oi, prccsiabeJccida. organi zado, cm um determinado territótio e vis,rnclo
construir signi ficados. 1,1, 11 111s urbanos} estariam voltado~ a cr6s conjuntos de metas principais: n,:.
1tl.1d~, 11rhanas de condi~·ües de vida e consumo coletivo: afirmação d.i
1, 111111,u lc cultural loca l: e conquista ela autonomia política local e participa-
Tdentidades ten·icoriais: a cornuniclacle local 111 11111111:ilidadc de cidadãos. Esses três conjuntos foram combinados em di-
1 111o·~ pmporçôes pelos diversos movimentos sociais e os resultados obtido,
U111 dos mais antigos debates da sociologia urbana diz respeito ao desa- , " 1111 11 ,,turalmenre, distintos. Cont udo. em muitos casos. indepcndcntemen-
pmecimenro da comunidade. primeiro em razão da urbanização. e dt:pois por l,1 <'1mq11i:,t~s mais evidente~ \li) 111nvime1110, sua própria ex i~tência j /i pro-
HO

duziu algum signi ficado, não apenas para os atores sociais. mas para toda a 1, o que aconteceu desde aquela época até hoje? Evidenterr1e11tc qu<: "
co1rn1nidade. E isso vale não só para o período de duração do movimento " ,1,11~ta. do p<!ntll de vist,1empírico, é extraordinariamente variada, sobrewdo
(normahnen!c curco), mas para a memória coletiva da comunidade. Com e fei- 111>,.:rvannos culturas distinws e diversas regiões do inundo.'51 Contudo,
to. argumentei, e ainda sustento essa opinião, que tal produç,io de significado I' 11,1 li11s de aná li se. arriscaria reunir as principais tr~jetórias cios movimentos
é um elemento essencial das cid,1des. ao longo da História. pois o ambiente 111 ll,11uis da,-. década; de SO e 90 em quatro grandes grupos.
construído. bem como seu significado. são engendrados por um processo de 1'1i111dro. em muitos casos. os movimentos urbanos e seus discursos.
con flito entre os interesses e va lores de atores soci ais antagônicos. 111111", ,ociais e organizações, que se têm integrado na estrutura e na prática do

Ac.rescen.tei ainda a seguinte conclusão, referente ao momento hi.stórico ttl\1•1110 loca l. direta ou indi retame.nte, por um sistema diversificado de part i-
de minhas observações na ocasião (final dos anos 70. início dos 80). projetando ' IIHIÇ,h) dos cidadãos e de desenvolvimcmo da comunidade. Embora liq uid.:
contudo minha visão para o futuro: os movimemos urbanos estavam se tomando , , 111m·i111,:ntos urbanos corno fomes ele alternativa de 1ransformação social,
as principais fonte$ de resistência 11 lógica unilateml do capitalismo, estatismo e , 11cndência vem reforçando consideravelmeme o governo local, oferccc11-
infonnacionalismo. Isso ocorreu principalmente porque diante do fracasso dos l11 n possihilidade da existênci a do Estado local como cxempl() significativo
mov imcmos e políticas pró-ativas (por exemplo. o movimento trabalhista. os i. 11'<'<>11, 1n.1çfio do contrnle político e do signi ficado social. Volrnrei a disc utir
11 11.·111lé11ci:-1 no capítulo 5. ao analisar a transformação global do Estado.
partidos políticos) na luta contra a exploração econômica. a dominação cult:1ral
e a repressf10 política. ni'ío restou outra alternativa ao povo sen5o render-se ou Sci:11ndo. as comunidades locais e sua~ respectivas organi zações. que
reagir com base na fome mais imedima de a11to-rcconllccimcnto e organização ,, 11111l11 1w11tado as ba$eS ele um movimcnro mnbienHtl inl1uente e amplamente
autônoma: seu próprio território. Assim, surgiu o paradoxo de forças polí1icas .i1111mhd,>. principal mente nas ,íreas oc11pacl,1s pela classe médi a, bem como
com hases cada ve;( mais locais em um mundo estruturado por processos cada 11,1 ,uh1írbios. na ex urbia e em regiões interioranas urbanizadas {ver capítuk1
vez 111ais globais. Houve a produção ele significado e identidade: minha vizi- , 1 1lc modo geral , contudo. c,ses movimentos apresentam lll))a nawreza de-
i, 1i,1v.1 , reativa. preocupando-se exdusival))ente com a conserva~·ão de seu
nhança, minha comunidade. minha cidade. minha escola. mi1i ha árvore. meu
111• ,,11 10 csp:,ço e ambientú imed iato. como. por exemplo, observa-se nos Esta-
rio, minha praia. minha capela. mi nha paz, meu ambiente. Contudo. essa foi
111•, l l11itlos 11:1 atitude do "não no meu quintal", que r~jeita, indiscrimillilda-
uma identidade defensiva. uma iclentidadé d,~ entri ncheiramento no que se
111, 111,·, o lixo tóxicc>. as usinas nucleares, os projetos de construção de casas
entende eomo conhecido contra a imprevisibilidade do dcsconhéciclo e do in-
1,.,111d;11,:s. as prisües e as .írcas dest inadas a residênci as móveis. Procurarei
comrohível. Subitamente indefesas diante de um turbilhão global, as pesso,t,
11111,·lcccr uma disti nção importante no capítulo 1, ern que estare i anal isan-
agarram -se a si mesmas: qualquer coisa que possuíssem, e o que guer gue
11, " 111,wi n1cn10 ambiental. cmre a busca pelo controle do espaço (reação
fossem. transformou-se cm , ua identidade. Em 1983. afi rmei:
1 1, 11siva) e a b11sca pelo controle do tempo. 0 11 seja, pela preservação da na-
Ü!> moviinemos tirban(.):1> certrim~111c ;lbordamas ,·erdadeiras que$tões de nosso
11111 1,1 e do planeta para as ruturas gera<;õcs. nu ma perspectiva de longo pra-
têmpO . .:mhor:l não o foç:1m na c,.:;~ala nem nos ltnno~ adtquaclo~ a es:-a em·
" <Ili<' udotn o te mpo cosmológico e rejeita o enfoque imed iatis ta do
presa. Emrl!tanto. não hií ou1ra saída. pois 1ais movimenlos 1·tprcsen1nm a 11, , 11 vu lvi 0101uo instrumclllalista. As idclll id,1des que surgem a partir dll
0

última reação fl cloininaçflo e ti e~ plor,1çfio renovadc:1 OflS quais nosso mundo 111tl 111, .1~ perspectivas são bastante di ferentes. pois espaços defensivos 10-
se c.nt.untrá suhrm:rsv. S~o mais que u 111 últinm bahrnrtê simbúlico t·. um ~rll.o 1111 ,10 ind ividualismo colelivo, e o controle do tempo, ofensivo, abre a pó,-
desesperado: :--ão !)Ílll<)lnas <le no:;.sas pr6pt'Ía~ contwdiç·õe~. :wndt~ JX)l'~ullo 11<1l11h1d~ ,k reconc iliação emre cultura e natureza. apresentando uma novo
poteuciahnenle c:ma2es de super~l-las... Eles produzem no,·os s.hmificados 11111 ,,,1la 1.k vida ho.lística.
hisi6rÍ<.'Q!'i a ponlo d!.! liugir qu~ t'Ollslrocm., .-;oh <l protcçàl>da~ --~~1urnlhas"
da comunidade locnl. uma nova soci(!dade que eles próprios reconhl!cem ser
1.:1cciro. um grande número de con1unidades de baixa renda em todo o
inalingivel. E cornsegoem fozê-lo alimenlando os emb,iôes dos. futuros movi- 1111111,l,1, qu.: ,e engajou em um projeto de sobrevivência coletiva. como é o
mentos socfais 110 universo das utopias loc.ats que constroem para que nunca , " df1, ~<ninhas co111Lmillíri,1s que surgiram en1 Santiago cio Chile ou Lima
se rendam à barbárie. bo "1 d, ·c,1da de 80. Seja em colôni u~ de pos~eirns na América Latin.1 e de imi
~ 1

grantes nas cidades do interior dos Estados Unidos. sej a nas ,íreas habitadas ~" do, fluxos sobre o espaço de lugare$ ( ver vulume l), tiveram sua par.:ela de
pelas classes operátias nas cidades asiáticas. as comunidades construíram seus , u11111 b11i<;ão na vida e organizaç.ão soda[ das comunidades locais de buixa
próprios --estados de bem-estar social" (na ausência de políticas governamen- 1 1uh1, Na" . .: idades norte-americanas. as gangucs surgiran1 corno uma <las prin-
tais respons,íveis para fazê-lo) à base de redes de solidariedade e reciprocidade. , ,p,11•, 1..11na$ de associação, trabalho e identidade para centenas de milhare:.
não raro em lOrno das igrejas~ suste.ntadas por organizayües não~governamenM 11, 1ow11:, . De fato. conforme demonstrado por Sanchez Jankowski em seu
tais (ONGsJ financiadas por recursos internacionais: e. às vezes, com o aux íl io , t11ilo pioneiro e bastante abrangente .,;s as gangucs desernpenllam um papel
de intelectuais de esquerda. Essas comunidades locais organi zadas têm de- , d011t 11r:d cin diversas áreas. o que explica os sentimentos ambíguos dos rnora-
sempenhado um papel fundamental na sobrevivência diária de uma parcela 11111, , ltlr:ii, cm relação a elas. por um lado temerosos mas . por outro. capazc,
significativa da população urbana mundial. que se encontr~ no li miar da fome ,1, ., 1.-l:i,ionarem com a sociedade da; gangues de forma ma is bem-sucedida
e da doença. Essa tendência pode ser exemplificada pela ex periência das enri- 11111· , .. n, a, instituições oficiais. que normalmemc se fazem presentes apenas
c!ades comunitári.as organizadas pela Igreja Católica em São Paulo na década • 111 '"·" 111.1nifest ações de, repressão. Sob hipótese alguma as gangues. ou seu
de 80,'" ou pelas ONGs financiadas por recursos internacionais em Bogotá , ,,11, v:il,·11 tc funcional. est.iío restritas f1realidade norte-americana. As pa11dilla.,
nos anos 90. ,;, Na maioria desses casos. surge efetivamente uma identitiade h t,·11 te, na maioria das cidades latino-americanas constituem um eleme1110
comunal, embora esta seja comurnente incorporada à uma crença religiosa, a 11111, l,1111en1 ,1I de sociabilidade entre as populações de baixa renda. sendo que o
tal ponto que arriscaria dizer que esse tipo de comunalismo é. essencialmente. 111, 11 111 acomccc em Jacarta. Bangcoc. Manilla. ivJantes-la-Jolie (Paris) ou
um comunalismo re ligioso. relacionado à consciência ele ser o explorado 0/ou ~t,, ,,•111 de ü rcasitas (J\fadri). A~ gangues são velhas conhecidas de diversn,
o excluído. Assim, as pessoas que se organizam em torno de comunidades "11•,h,. lc~. pri ncipalmente nos fatados Unidos (conforme narrado em S11w•1
locais de baixa renda têm a 01)ortunidade de se scmirem revitalizadas e reco- , 111111 ·1 Socie1_1·. de William White). Entretanto. há algo de novo nas gangucs
nhecidas como seres humanos. mediante a salvação conquistada por meio da ,111 '""'' '10. c,iracteri7.ando a constnu;ão ela identidade como o espelhv
reli gião. ,11 ,1111 rnl,, da cultura infonnac ional. É o que Magal y Sanchez e Yves Pedrazzini.
Quarto. há ainda o lado mais sombrio desse processo no que diz respeito .,,11 tm,,· cm seus ,:swdos sobre os ··malandros·· de Caracas. denominam c:11/-
à evolução de mov imentos urbanos . 1>ri nc ipa lmen te em áreas urbanas '" ,t riu 111-i;êncio.'-'' Trata-se de uma cultura ,;m que a perspectiva do fi m da
segregadas. uma tendência que previ h,í algum tempo: I'' , ,p, m .;xist-3ncia é uma constante. embora não sej a uma cultura de negaçflo.
111 , , k· .:cld>rnção da vid~. Assim. Ilido tem de ser ex1:,,~rimentado. sentido.
Se os apelos c.J o.s mo\/itnentos urbanos nfio são alcndidos. ';C o~ novolj: cami- 1 , 111 iado. conquistado. antes que seja tarde demais, pois n~o existe amanhã.
nho:-:.: políticos pc1·in;mcc.-l!l\l fech:tdüs. se os novos movi me-nto!- sociais de , , 1 q11r isso é tão diferente ela cultura d<, narcisi,mo consunústa 1t m()da de
m.aior 1·.:prde11taüvicladc fftminismo. uova classe operária. :nuogt!rencian1~11-
1 1 , 1,) Scr(l q\1ç os malandros de Caracas. 011 de qualquer outra pa11e do mun-
l0, eomunicaçfü1 nl1ernilli\'aJ não -;e desenvolvc1t1 lol_ahneme. .:mfio 1ais mo-
vimcn1os - utopias rétu ivas qu<: tcnt:mun iJuminar u caminho a qul~ mio i·• t, 11·,,111111ais dpidos do que nós na compreensão dos verdadeiros elemento,
tinham <lctsso - re-rnrnar?ío, mas. de:::sa ve1.. como sombr:.1s urbanas. ávi<la1> , ,11 111111iv\1s ,l.i nova socicdacle'1 Será que a identidade da nova gangue é a
por destruir a,\ muralhas cerradas de ~:ua cidad~ c,u iva.'(.1 111111111 d<> hipcrindividuali smo co1m111al? índi vidualismo porque. na cultura
1, , ,., ,impcnsa imediata. somente o indivíduo pode ser o padrão de meclid11.
Felizmente, o fracasso não foi completo, e a mani festação diversificada 1 111111111nli '1no porque. para que esse hiperindividualismo se torne uma identi-
das comunidades locais organizadas cfotivmnenre proporcionaram rumos al- 1"" q11cr dizer. para que seja sociali zado como um valor. não só como u111,1
ternativos para a reforma. sohrevivê,1eia e au to-identificação. a despeito da 1 ,, 11111 de cunwmi r-se ~ si próprio aosoluwmcntc sem sentido - necessita de
ausência de movimentos sociais de maior porte cat>azcs de rn1iculnr transfor- 11111 ,1111b1c11tc de valorização e apoio mtítoo: uma comuna. como nos tempos
mações na nova sociedade emergente nas últ imas duas décadas. Não obstante. 1- Wlut~ Contudo. ao contrário da comuna de Whire, está pronta para explo-
políticas auslcras de ajus!c econômico na década de 80, urna crise generalizada 1o , ,t 11u11h.1ucr mo,nento, é urna comuna do fim cios tempos. dn tempo intt:111·
de legitimidade política, e o irnpatt() do poder de exclusão exercido pvlo cspa- 1 111 qu, ,·ai·ai;tcriza a socied,1(k ,·,u rc\k. ~ ela efctivamcnrecx istc e explôdl',
~.,

cerritorialme ntc. ,\s c ulturas da urgência locais são o contraponto da imempo- 1,11 1H1' ot·,ulta no estabelecimento de comunas. Ao invés d isso. muitas vezes a
ralidacle global. 1111.i t• p1occss;1da pela relig ião. pe la nnçüo e pelo te rrit<Írio. cuja espec iticida-
Enfil\l. as comunidades loca is. constrnídas por meio da ação rnle Liva e 1, h" ll J,, 11 rc:t'orçar.
preservadas pela mernôria coletiva. constituem fontes especilicas ele identida- A nmstiLuição dessa~ co nninas cu lturnis não<! arbitrária. mas clcpe n()c
des. Essas identidades. no e11!/111to. consistem ern reações defensiva, contra as ,11 ln1111:1 ,k Lr-ib,dhar a matéria-prima fornecida pela história. geografia. lí11-
condições impostas pela desordem global e pelas tra nsfo rmações. incontrolá- 1, , ,. :u11hic111c. Assim. são comunidades construídas, porém mareria hncn1c
veis e em rit,110 ace.Jerado. Elas constroem abrigos. mas não paraísos . 111 1, utd:" · cm torno de rcaçôcs e projetos de.terminados por fatores his16ri-
•• ,. ,,..,_·ogr;'lfi cos.
l-o 111d:1111cntalismo rel igioso, nacionalismo cultural. connmas territoriajs
Conclusão: as comunas culturais da era da informação 111 1 ,. , \k- r<:gra. reações defensiva,. Re presentam formas de reação a três
111u•a\\1S I unda,nc mais. dctectauas em todas as sociedades. pela maior parle da
i\ rm11M(Jn1Wç(7o dr, nossa cultura<> de n<1ssa ,wciedad,• ,~·ri(I de ocorn!r cm lt1111i.1111d,u.k nc~cc li m de milên io: à globaliza\:ão. q ue d issolve a autonomfo
dil't•rsos m'l'(•is. Caso t1c<irre. . se sá 1uu mem<'S dos bulfria'uos fanno. em cer· 1I ' ""t1111i<,:0c~. organizaçõe, e sistemas de comunicaçf10 nos locais onde vi-
w medida.Já (IComeceu) ,u"io lt:riaforça alguma. Se 1xu·1üse ( xclusiwmu•nte
1
1111is p,·.-soa~: /t formação de redes e à flex ibilidade, que tornam prat icamen-
t/(I Iniciativa do t::.wado, s~·rin tin1nic,i. 1\ 11w1.<,jormaçt10 /)(~,·soai em múlti·
1 1111lhti11Las a, fronteiras ele panicipa~ão e de envo lvi mento. inclividua liz.a,11
pios nfrels é esse,u.:ial. t: 1:üo dewt ocorrer aptnas <"IIJ ,ermos dl' consciêucia.
11 111~,,,., socia is de produç;\o t: provocam a instahilida<le est111tural cio to·aba-
mas implicar t!('iio mdb'i<trrol. C'ommlo, os il1tl1rtduo~ neces.,i!tuu do apoio
de grupos que carreguem •.'OliSi~,J uma tnuli(.i:O moral <Ytpa~· de ,·eforçar 11,., ti,, k lllfl<>e do espaço: e it crise da fam íl ia p:11ria rca l. ocorrido nas bases ela
:-,,:aa.\ próprlct\· (1SJ)irar<ies. 11 1111, IH110a\'fü) dos mccanisrnus <le tria<;ão de ~eg11 ranç<1. soc.ialização. s~xu;t..
Roherl Belhlh e! fd.. / lablts t1_f 1he J-/e(l r, .,,,.
h, 1. ,rl1• ~. con,cq iicntcmcme. de pe rsonalidades. Quando o munrlo se torna g ran-
1, ,h 111,11, para ~er controlado. os atores sociais passan1 a te r como objc tiv<>
t\'os5<1 jornada in telectual pelas pai sagens comunais nos fomcccm a lg u- 1 • , Jq 1~1omar ao tamanho compa1íwl com o q ue podem conceber. Quando
1 1,,1 li•., cl i~~olvcm o tcrnpo e o espaço. as pessoas se agnrram a espaços físi ..
ma, resposta~ preliminares às p,:,rgunrns formuladas no início desse capítulo
sobre a constniçilo da idcmiclade na socierlaclc cm rede. , , 1,•1011·cmlo à sua me mória h isL<Írica. Quando o s ustentáculo patriarcal d,,
Para os atores sociais excluídos ou q ue te nl1am oferecido resistê nc ia à 1 , 111u1lldadc desmorona. as pessoas passam a reafinnar o valor trnnscencle nlal
individualiza\:ão da identidade r0lacionada 11 vida nas redes g loba is de riq ueza t 1 1,u,11 ha c d a co111unidade como s~ndo a vontade de Deus.
e poder, as com unas c u!Utrais de c unho rdigios(l. nacional ou te rritoria l pare- 1'111, rcaçõe., de re nsivas tornam-se fontes de sig ni ficado e idcnticlack ao
ce m ser a principal a lternativa J)Jra ,l co nsLru~ão de sign ificado, <::m nossa ,11 11 111, c m novos c6digos ~u lturais a partir da matéri J-prima fornecida pe la
sociedade. Es,a, cornunas cu llurais são caracte.rirndas JlOr três principais tra- hl 1111111 1kv ido ao fato de q ue os novos processos de dominação aos quais as
ços d i, tin1i vos. /\parece m comn reação a tendências sociais predominantes, às 1 " '" reage m estão embutidos nos flux<Js ele informação, a constn,ção da
q uai s opõem resistê ncia e,n defesa de fontes aucônomas de sig nificado. Desde 111, '"' 111 11 u tem de se rundmne nlar nos J'Ju xos reversos de informação. De us, a
o princípio. constituem idcnlidades defensivas q ue servem de refúg.io e são li, 111 11 fainíl ia e a comunidade fornecerão cód igos e ternos. inquebrantávcis.
fontes de soli dari-:dadc. como forma de proteção contra um mundo externo 111101 110 dos quais uma contra -ofensiva se rá lmiçada contra a cultura da reali
hostil. São construíd;is c ulrurahne ntc. isto é, organi zadas c111 torno de uni con- t ,,h \ nt uul. A verdade. e terna não pode ser virtualizada. Ela está incorpora(l11
junto cs p0cífico de valores ,ujo signi!icado e uso co,n pani lhado são marcados 111 '"" ,\,sim . contra a infonnacio nalizaçào da c ultura. os corpo s ,ão in for-
por códigos específicos de ,mcn-idcntifica,;ãD: a comuni.dadc de fiéis. os ícones 111 ,, 1u n,di1:,dos. Quer dize r. os indi víduos carregam seus deuses no coração.
do nacionalismo, a geografia do local. 111 1m• ,o.:inam. acreditam. São a ma nifestação corpórea dos valores ct~rnos
A etnia. embora seja uma característica fundamental de nossas soc ied a- 1 1h·u, ~. como tal, não podem ,er di ssolvidos. perdidos em meio ao 1urbi•
des. especialmente como fonte de discriminação e estigma. nã,1 ,wn,ssaria- 11, ,., do, !luxos de informação e das rcd1:~ inte r-nrganizacionai~. É por is,o
l'anu'',(l" i!mnumu.s: nkn1i1J..1J.:. e i1t11lll\111I;, 1\11 .,ocicdm.lc cm r~<le H?

que a língua. bem corno as imagens comunais. são ião essenc iais para restabe- ,,., 111I lupótcse íor verdadeira. e quando e o nde íor verdade ira, o comunalis1110
lecer a comunicação entre os t:orpos tornad<>s autônomos. que escapam à do- h't'h,,r(i o drcu lo de seu fundame ntalismo latente com base em sens próprios
minação de llu xo, desprovidos de história. ao mesmo tempo restmirando os , l,•111~111 os. l'orne ntando um processo que poderia trans formar os "pa raíso,
padrões de comunicação re ple tos de signi ficado entre os respectivos integ.rnn- , ,111111nui," e m "infernos celestiais" .
tcs do processo.
Essa forma de construção de identidade g ira essencia lmente em torno do
princípio da idemidade de resistência. conforme defi nido no início deste capí- Notas
tulo . A identidade legitimadora parece ter e ntrado e m uma crise estrutural,
dada a rápida desi111egração da soc iedade civi l herdada da era industrial e do t ·11.tth) p(1 1' Sp(!nte ( 1996: 19(). 1).
desapareci mento gradativo do E~tado-Nação, a principal fonte de legiti mida-
\11,·111;c , 1996: 17'2).
de (ver capítulo 5). Com e f'e ito , as comu nidades culn1rais articuladoras da
( ;11l1P U 1l ( l tJt)4: (). JO_>.
nova resistência s urgem como fontes de identidade ao se d issociarem das socie-
(111l1f1•11, 1' 199 1),
dades c ivis e instituiçcies do Estado de o nde se originaram. como no caso do
rundarnemalismo islâmico. 4ue m mpe com a modernização econômica (Irã) 1!I \\ h ( l 9f.H)J~
e/ou com o naciünali smo de Estados á ra bes: ou, 11i.nda. nos ,novirnc mos nacio-
nalistas. desaftando·o Estado-Nação e as instituições do Estado das sociedades l\111kr-;011 í i 983t Gellner ( J983).
cm que s urg iram. A negação das sociedades civis e das instituições políticas M ( ulh\11111 i 11)9,1: li').
que deram origem 11s comunas c ulturais levam ao fechamento das fronteiras
'' llo,.i <ihu;k,;nKm < 1978 1.
dessas comunas. Ao contrário das sociedades civis plura listas e divcrsi licadas,
IU 1 111on1 1I99:h.
ln\ m uitü pouca di ferenciação interna nas c;omunas culturais. De falo , sua for-
11 \,t,df 11994: 28 1J,
.;a, e sua capac idade de oferecer abrigo. isolarnento, certeza e prowção. pro-
vé m justamente de seu cará1e r con11111al. de sim res ponsabilidade coletiva. e m 1 l ot11,1it1..: ( 1995: 29-3.i)): ff:1d t11.id o j)·:i(a (l inglê~ pot c,.... ti'lh..

detrime nto dos prc~je tos individuais. Portanto. na primeira fosc de reação. a ll Juur.ii111• ( 1992)
< re )construçito do significado po r parte de ide ntidades del'c nsivas ru111pe com 11 l!th'l:-.ky ( t<r->-i: 19!:!).
'" institui~:ões da sociedade, acenando com ~ prolllcssa de reconstrução a par- ~ ,1~l1lc11s ( 199 1: 5~\ 35. 32 1,
lir das hases, ao mesmo te mpo entrincheirando -se cm um pa raísu com unal. 11 tl1il1k11s < IY9 1: 1. 5).
É possível que, dessas comunas. novos su_jcicos - isto é, agentes coleti-
~hUt)' e Appkby (J 991 ).
vos de trans fonn aç,lo social - possam s urg ir, constru indo novos signi licados
e m torne> da ide111id,.1dr: dP pmjl'lo. N:i verda(k diria que. dada a crise estrutu- I" M,"I) <1 '188: ~O!.
ral da sociedade c ivil e do Estado-Nação. pode ser esta a princ.:ipal fonte de I" ~·h,uyc t\ppl~by( l99l: ix·:O.
mudança so cia l no c:nntexro da soc i~dad~ e m rede. Como e por 4ue no vos 11 M1111, ( 198&:22\.
s ujeito~ podem ser fo rmados a partir dessas connmas c ulturais e reativas serão \.hlt· uuuhém, :v1i~.1al e Shupe ( l992~••·
as queslôes principab p<1ra anál ise dos movin1c.mos so..:iais na $ocie<lade em ltm h!!J Gmrnouchi. entre, bl.l p;n.t ltUJi ( ,Vrique. julht> ô:.: 1990. G;mnouçhi é ,11n do:-. pdm:i•
rede. a serem desenvolvidas ,10 longo deste vo lume. 1• ih 1111dccw ai;. do movimt!1Hfl lslfünico da Tunísia.
Entretanto. j,í podemos adi.antar :ilg.uma:. infonnaçôes com l>ase nas ob- 1 1111" e l'IRIJ): fü,l1;1 ( 199 1); Sisk \ 1992): Choucri ( 1993): Jucrgcnsm,1ycr /1993): Dckmc_ii:111
se rvações e discussões aprese111.adas neste capítulo. O s urgime nto de identida- • jlJll~ >

de~ de p rojeto de di ferentes tipos não é uma necessidade histórica. É bem V11t1.• r~l1'eXcmplo. ll:l~,a,n Tihi t 1988, I99:?a): .>\i"i?. AI-A;,n;ch ( 1993); e. F:l1'hu<I Klu)'< mkh11v11r
provável que a resistênc ia cu ltu ral pe rmaneça rescrita às fronteiras das comun as. 11 11•), •. rnll'é 1..1\ll!O'.\.
X'I

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,,,nrn•,·onnminl c:011/Jeâda como ··ue,_;llbemfi:m:o ··. Tr<Ua-se de um probi<!'-
mn 1111 wreâr,·co. f:, o que 1/u., dig(,. \.-ht·é parie da prem issa df! tJUt.' v "neo•
1,/,,,,·al,\,nl) .. i ama dourrin(I. E umumdo \'<)Cê ,~m,w (~x,1mpio t{!;/iro·nu• a
'""º' a,,u{_•les que acrrdiwm <:'111 esqt.temas rôo rígidus e quadmdos nJnw
\1111, t'abcças. \.'c1cê m:ha <1ru." o "neoliJ,ernli.'>1110 ·· é u,na dowrilw t apiwlista
1 tlw/u 1uo·t1 ,mfrentc11· <ris~...,. ecmuimicas que o ca11itaíi.w10 atribui ,w
"11111mJi,,,11., ... Bem, 11c1 r~·rdade o ··m:c,classi<:i.,·11w ·· Hãu l uma reorta para
,.,,,/,, ar Plf ei~JÍ't•mar criseJ. Ao illrtís disso. é a próprh; crise. trm1.ifomu1da
, 111 ,,.,.,, l,~ ,, dowrina e<·wu1mica.1 Isso quer di-:.Pr qm• o ";:eoJiberatisnu(' mlo
/1 ma minima cot•J'<°'t~t i<t. muito nu!no., p.'rmo,; <m ,,ers;N·clh'tu· hislâri<t1s. Em
,,1,11,1, ;ml11rJ cí''· é ,;wm /Ja/u>,·1.'ira fN'trica.
Dudro. con\·er:-;mdo l'úill o subcomandamc rvlarcos na
Florc5-1a de Lr;candon, 19-94 1

l tlubali.znção, informaciunalizaçãu e movimentos sociais2

·\ ~luh:dização e~ infonnacionalimçiío. <letennin~das pe las redes ele


, li" ,, tecnologia~ poder. estão transformando nos,o mundo. possibilitando
11, 1111111., de nossa capacidade produtiv~. criatividade cultura l e potencial d~
11111nlrn~·ilo. Ao mesmo tell1po. eslf,o privando as sociedades de dire ito, po-
1111 , ,. priv ilégios. ;\ medida que as insütuições do Estnclo e as organizaçõc,
11 "' 1,•.l11ck: civil fundame ntam-se na cultura. história e geogratia. a re pentina
1, "'~"º do 1e mpo histórico. al iada à abstração do poder em uma rede de
11111•11ladorcs. ,·cm desi ntc ~ran<lo o~ meca ni smos atuais de controle social e
1 , 111 ,'sl' nl:lção política . .'À. exceção de uma elite reduzida de globopo/ium11,
111 '" 1•1c, humanos. meio flu xos). as pessoas e.m todo o m111Klo se ressemc111
I' 111,1 do controle sobre s uas prúpri as vid a,. seu meio. seus empregos. sua,
"" ,1111,,\. seu~ governos. se\J~ paí~t·\ e. üm última análise. sohre o destino do
OI
'"
planeta. i\ssim. segundo uma antiga lei da evolução soc ial, a res istência en- t,111,,.1,·:lo. informacionalização. crise ela democracia representativa e predo-
frenta a dominação. a delegação de poderes rcag~ contra a foica de poder. e 11111111111:ia da política simb61ica no espaço da mídia. Em minha análise. tencm\:i
projetos alternativos contestam a lógica inerente à nova ordem global. cada 11 11halh:ir cm ambas as linhas: a caraccerização de cada movimento, nos termo,
vez mais percebida pelas pessoas de todo <l plnneta corno se fosse desordem. ,1, s11,, pr,í pria dinâmica específica. e sua interação com os processos mais
Contudo. tais reações e n\ob il izações. a exemplo do que freqiientem<!nle ocor- 11<1plos q u0 w,tentam sua existência " se modificam justamencc em função de~-
re na História. acontecem de forma pou<:o comum. ngindo por meios inespera- ,, n 1s1êneia. A importância que atribuo ao discurso de cada movimento estará
dos. E:src capítulo e o ,eguin te procurnm explorar t11is meios. ,, 11,•1,d,, c:m meu texto. Durame a apresentação e análise dos movil\lentos em
A lim de ampliar o Jlcimce empírico de minha investigação. sem deixar •Ji h'~t,111. procurnrci manter-me bem próximo de suas palavras. não apei~.is de
de manter seu .:nfoque analítico. craçarei um para/e.lo .;ntre~rr6s movime111os 111" idéia~. de acordo com os registros dos documentos nos quais baseei meu
que se opüem explicitamente à nova ordem global dos anos 90. 11/lscido., a 11 ,1l11dl10. Contudo. para poupar o leicor elas mjnúcias das citações bibliográli
partir de conrexcos culturais. econômicos e inscitucionais exm,mamentc dife- , , npc<:i por fornecer referências genéricas aos materiais dos quais fori.lm
rentes. e veiculados por ideologias profundamente comrastantcs: os zapatis1as ,11111110, o di~curso dos ,novimentos. ch, ixando a critério e imcresse do .lei1or a
em Chiapas, México; ns milícias norte-americanas: e a ,\um Shinrik.1·0 (\!enfa- 1 ,m, 11 11 :1. nc:-.ses materiais, das palavras cxarns aqui relatadas.
de Supn,ma). uma se i1 a japonesa. t,n1,<:~undo lugar. os mov imentos sociais podem ser conservadores. re-
No próximo capíwlo. farei uma anál i~e do movimento ambicmalisra, 11l1K·io11ári;,, . ambas as coisas. ou ncr1h11 ma delas. Afinal. conclu ímos (espen,
provavel mente o maior e o rnais infl ue.mc de nossos tempos. De forma pró- , 1111 ,· 111 definitivo) que não existe uma direçfio predeterminada no fer1ômen,r
pria. e pela dissonância criativa de suas múltiplas vozes. o ambientalismo 1a111- ,1, ,·q,luçfto social. e que o único sentido da h.istória é a história que nos foi
hém tan<;a seu desafio ii desordem ecol6gica global. 011se.ia. o risco de suicídio , 11111lo. l'nrtanto, do pomo de vbta analícico, nflo luí m<ivimemos sociais ·'hons"
ecológico. provocado pelo desenvolvirnen.to global dcsenfrea,lo e pelo de;eo- ,111 "mm1s". Todos eles são si ncornas de noss,is soc iedades. e todos causam
cade,uncn10 de for~as tec11016!(ic11s sem prccc,k ntes sem que sua sustcmahili- 11 11 p,1, 1u nas t struturas sociais. em di ferentes graus de intensidade e resuliados
tlade social e ambient al tt' nlrn sido ,n·llliada. Contudo. sua especificidade d1,111,co, 4u<: devem s.:r decenni nados por meio de pesqui sas. Assnn. gosto d1J,
cu ltural e polícica e seu caráter de mov imento sCJd al prci-at ivo. e não realivo. 111,111, tas. não gosto das milícias norte-americanas. e fico hon-01-izado cnm a
sugerem um cratamento analítico direre nciado para o ambicntalismo. que se v, ,11,Hk Suprema. Contudo, parto do pri ncípio de que todos representam indí-
disringué dos movimencos d.et'e ,1sivos erigidos solwc tri n..:heiras etc idenl ida- 111, , 1gni l'icativos de novos conflitos ~ociais, germes de resiscência social e.
des espccíi1cas.
111til,uns <.:asos. d.: {ransformação social. Somente por meio de um olhar livre
Ames de 1>nssanno., à questão cent ral prnpriamence dita. faz-se necessá- 1, 11111ni<1e, preconcebidas sohre o novo cenário hi ;;t(lrico é que seremos c:ipa-
rio ap!'úsentar trê~ breves observações mc1odol6gicas necessdria~ f1 compreen- d,· ,•11comrar caminhos bem ilulllinaclos. abism(ls profundos e passageo,
são das análises a :::,erem apresenmdas na~ prôx ima~ pcígjn;:1~. 1 1111tla \1b,~ura~ na nova sociedade que surge a p,111i r das crises de nosso tempo.
Em primeiro lugar. mo1•ime//los soduis devem ser c11ce11di<los em seus tlm cerceiro lu~ar. no int uito tle urdcnar. grosso modo. o enorme V(ilumc
próprios lermos: em ontrns palavras. eles süo o que dizem .,er. Sua$ prá1icas (e 11, 11 h11crial ex1remamente variado acerca dos movimentos sociais a sercn1exa
sobretudo as prúticas discursivas) , ão sua m,codeti nição. Tal enfoq w:, nos afas- 11,11111,10, n<.:ste capítulo e nos seguintes. creio que sej,1 apropriado incluí-lo,
ta da pretensão de imerpretar a .. verdadeira .. consciência ck,, ,novimencos. , 111, ,11q;orias nos (ermos da tipol(lgia clássica de Alain Tourainc. que cl.:li nc
cCJrno se somente pudessem existir revel/\J1do as contradições cscruturais .. reais". 1111>1 1,11cmo social de acordo com três princípios: a idemidade do movr,nento,
Como se. para vir ao mundo. tive~sem necessariamente de carregar consigo ., ,1,il-,•1.11/rio do movimento e a visão ou modelo social do movimento, que
<!Ssas contradições. da mesma forma gue o fazem com suas armas ~ bandeir; s. 111111 denom ino me/11 societal:' Em minha adaptação (gue acre~il~ csmr t<>~
Uma linh(l ele pesqui~a diferente e necessária consisce em estabelecer a relação , 1111· .-11rn a teoria ele TonraineJ. identidade refere-se à aucodetin1çao do mov ,-
entre os mc)vimentos. conforme definido por suas prácicas. valores e ui~curso. ,11, ·1111,, , nhre o que ele.:. e em nome <.J c quem se pronuncia. J\dversdrio refere-se
e os proc·essos so.::ii,i,- :ios quais 11arecem csrnr associado,. p()r cx~mpll,. elo- 11 , p, ,ncipal ini 1mgo do mov inu.:nt1> , conforme ex pressamence ch;cl:irado pulo
próprio movimento. Mew soc ietal cefore-se ?t visão do movimento sobre o tipo Os zapatistas do México: o primeiro movimento
de ordem ou organização social que almej a no horiLonte histórico da açiio de (J'uerrilha informacional6
coletiva que promove. "'
Uma vez esc lareci cio o pomo de partida. iniciemos nossa viagem à outra (J \~C\vimkmo Civil Znp;.)1L<aa op(!e a .,<Jli<tariedade social ao crime- 01:rtmri·
face do planeta, gue diz não à globalizaçilo que defende o capital e a infonna- u,/0 ,1,w ;f>m suas tJrigeus uo podf!r d,> dinheiro e no goren10.
cionalização que ostenta a bandeira da tecnologia. E 011de os sonhos do passa- rvlanifesto do Mm imiemo Civil Znpmista. agosm de 1995
1

do e os p~sade los do fu turo coexistem num mundo caótico de paixões.


generosidade. preconceito, medo, fantasia, violência. estratégias malsuceclidas \ fio\ idadt ,w hlsufria polí;{ca mexirmw foi a üwers((o do pmctts.w, de COJI ·
e golpes de sorte. Enfim. a humanidade. ,,,,J,• nnitrn wdu e qualquer 1ipo ele pod<•1: com bw,,, na c:om!mlcaçc1o alter·
11ult\'(I ... 1\ 1wl·idade !ra:ida !)<'lo r.mifliw ,i)o/f,·Jcv d<• C1riapm,foi o .,w·gimrmu
Os Lrês movimentos que selecionei para compreender a revolta contra a
,(,· tfi1•,·nm' <'misson?s d (t it({Onuaç<1t!S qru• imerprewram os eremos das mais
globalização tên1 objet ivos. identidades. ideologias e meios de se relacionar
,ti, , .,.\1H numeinu.
com a sociedade extremamente distintos/ O i nteresse pela comparação reside , J /Tt, w ti,· lnformaç<J(•s de domínio ,ml!Jth:o que chegam ê. soch:dade atrm·<s
precisamente nesse aspecto, porquanto esses movimentos 1ambém 1êm como ,1., mhli" e dos melas :ec;wtôgicoi: ex<:,,deu. (t muito. us liml!es do controla·

ponto com um a oposição decl arada à nova ordem global,<>11clvcrsário identi- 1 d f't" ' ('.,irmégias com•endmwis dé <:(mm,tir.:a('iJO. Afarr:os ~!t?u sua o~inülo.

ficado ~m seu discurso e em suas prúticas. Além diss<>, tOclos eles provavel- ,, li:wiu dt.1u wn o r,inülo. os jormrli.was aut01u.>mos. (1s OA·Gs é os w u!IN.'-
mente causar~o i111pactos significativos cm suas respectivas soôcdades. direta r11,;, \. ·J,,·vwa:i ,:o _flor,:sw. ,w Cit/(lde d o México. nas <~api!f~l~!'º'lticas e.-·
{Ulíilh .,,m,.~ do mwulo. ,•odui: d,:mm sua OJ)inic7o. Todt1s essas opmw~s alterna•
ou indiretamente. Os zapatistas já transfonnaram o rvféx ico, provocando uma
li\'"· 1 ,·ic ·u/mku pe!t, mfdio n~·re. ou pela mfrlia ./<'chado (]Ui~ seH!m o g<>lp<'
crise na políIica corrupta e desigualdade econômica preclominantcs no país, e du 011drr1 lfrrt'. l<H:çamm dúridas (ftWmu (1 fmma de cmu!rup'io dn "rerdr.,··
ao rncsn10 tempo aprcscrrtando propostas de réconstruç5o demucrfüica que , /1 , o/(tm d,1 1e1n11 ~·1ncilrw'o uma ,•1wrn1e gamo d,~ óJ>i11iíie.~. illdusfre "

vêm sendo amplamente discutidas no México e em todo o mundo. As milícias /lmln ,lo Jn-Úp,·io r<1_c:im<' po!iiico. r\ wwio do poder Wt1,'<Jlt·SeJi·t1gnumtada.
norte-amcricarrns, o co mpo nen te rna is combativo de um movimcmo Moreno To-:<ano. '/itrbrrleuda po!itica. p. 82
soc iopolítico mais abrangente que se identi fica corno Os Pa1riot11s (Ou.fr1/sos
pmrio1us, como é chamado por se us crí1icosl, têm raíze, tm1itc1 m.iis profun- , , Mnin,. a uaç.to qutJ gt1rm, o profôtipo do rm·oht(:lío S()âal do s<!culo XX.
. ' e lran~WO('tnm,
, IH ,1,+ palco dt• wn pro!órlpo do guer ra iltt'urmacimw 1.t oom , I
das na sociedade norte-americana do que nonnalmcnte se costuma admitir,
,/11 ,\l:,·u/1> XXI.
sendo capazes de produzir resul tado~ signi ficativo:, e imprevisíveis no .:cnário Rondfeldt. Rnnd Corporation. 199.5
de ten~5o da política norte-a mericana, c0nforr11c discutirei adiante. A Verdade
Suprema. embora pern1ane,·a na condição de culto marginal 110 Japão, tornou- N,, dia 1" cJe iane.iro ele 1994. datü que rna rc<>u o início da vigência d,1
se o ccmro das atenções da mídia e da opinião pública por mai, de urn ano ,,I ,lt, Norlc-Am~ricano de l.ivre Com~rcio (NAFTA). cerca de 3 rni l ho,
( 1995--96), 111ani fos1ando-se con10 sintoma de foridas niío cxpos1as e conflitos '" 11, ,. 111ulhcres integrnmcs do 1-:jercitu Zaparism de Libert1cio11 Nacio1111/,
m11I. re,oh·idos, por trás cio véu de serenidade da sodedacle j aponesa. O argu- 1 111,,,11,· ,rrmados. assumiran1o controle das principais cidades adjacentes à
menro que procuro defender ao abordar tai s rnovirnentos ião distin10s e tão 1 1, ,1, , 1,, d~ La~andon, no cmtdo mexicano de Chiapas. região su l cio país: Sarr
ex pressivos~ justamente a grande diversidadç de fomes de rcsistênci,1 à nova , , 111h;rl ,k las Casas. A ltam irano. Ornsingo e Las Margaritas. A maioria do,
ordem global. .lurwunent" com o lembrete de que a ilusão neoliberal do fim da 1111 1 , Iuttl's do grupo era de índios oriundos de diversos grupos étnicos. embo·
História está ultrapassada. it medida que ;ocicdacles com Histórias altamente 1 , 111,uw,,c trnnbérn mesli~o.1, e alguns de seu~ líclere~. especwlmcme seu por-
especíticas vão te11Jo ~ua desforra contra a dorninaçfüJ dos rlu xos gl<>bais. ,, n suhcomandantc Marcos. eram intelectuais de origem urbana. O,
1 11 , .. ,h, i:un O rosto com máscaras utilizadas por esquiadores. <) uanclo o
, , ltn M1:xic1rno enviou réÍ\ll'ÇO$, as guerrilhas fiiernm uma retirada muito
111 ,1q•ar1i,,ada para o rncio dn l1rnr , ta tropical. Contudo. ;tlgu,na~ clel.~m"
ddes, juntamente com civis e vários soldados e pol iciais. morreram duranrc o 1 l11·1•c11 ia clcç id iu criar a "biorre, erva" de Monres Az.ul e devolvc:r a 111aic11
confronto ou foram sumarimnente executados pelos soldados. O impacto do
levante no :Vléxico. bem como a simpatia general izada que a causa zapatista 1, 1111· <111, tcrrns cobertas por florestas a 66 famílias da tribo original111~1.11c
111ll'lccida c111 l ,acandon, determinando assim a realocação de 4 11111 la11111ias
imediatamente inspirou no país e e1n todo o inundo, convenceram o pres idente
1 ~,· hL1viwn reinstalado nesta área após terem sido expulsas das .:omunidade,
11,
do :-.1éxico, Carlos Sal inas de Gonari. a negociar. Em 12 ele janeiro. Salinas .,, 1.,11111;, . l'or 1.rás das tribos de Lacandon e do repentino amor pela nallll'e,,11
anunciou um cessar-fogo uni lateral, nomeando como seu "representante da , 11~111 ., e" interesses da companhia de rctlorestame nto Cofolasa, que comava
paz" Manuel C,unacho. respeitado pol í1ico mexicano. então considerado seu
11 , 111 "l'\Ji 1, <le uma empresa estatal de desenvolvimento, a NAFrNSA. 11 quul
provável sucessor, e recentemente afosrndo rio governo apcís ter suas aspirn-
1 ,1 ,11 11, rn1ccdidos os d.ireitos de exploração da madeira. A maioria dos colonos
çõcs políticas frustradas por Salinas (ver minlrn anál ise acerca da crise política
mexicana no capítulo 5). J\,lanuel Camacho, junta1ncnte com sua assessora
1 11111,11 ., e ;\ realocação, O que serviu de cs1opim parn ll!lla lut~ de vinte ,mos
1 111 " 'li direito à terca. que estava ainda cm Cll l\~O quando $al mas ass1urnu a
inlelecturu de confian~:a, ,\ lejandrn Moreno Toscano. viajaram até Chi apas para
eneontrar~m-se com o influente bispo catcílico Samuel Ruiz. e conseguiram 1,1 11 lt' nci:1 cm 19S8. Salinas flnalmeme reconheceu os direito$ ~e alguns colo-
"" 11•,11 i11 ~indo sua generosidade. porém . aos poucos snnpanzantes do PR I
dar início às negociações de paz com os znpmi, 1as, que logo reco11l.1ccernm o
, 1,,,, 11tlo N,~·olucio11<írio tns1iwcimw /). isto é. o partido do governo. Em 1992.
teor sincero do di álogo. embora tenham permanecido cm alerta constante para
,111, '''" k euais elas comunidades indígen,t~. que se haviam assentado pela.. .se-
evitar urna potencial repressüo ~/ou manípulação. Camacho leu aos rebelde.~
um tcxcoern 1w ôl, também veículado pela rnídi~cm ,~ebal e cho/: pela prilllci- 111 111 11 vc,, l'o ram abolidos por decreto. Desta vez, o principal pretexto 1·01 a
1 1111h'1 ,·ncia ~obre o Meio Ambiente realizada no Rio de Janeiro e a necessiclad.:
ra vez na Histórin um dos prínci1)ais membros dc1 governo mcx ic.ino reconhe-
1 p11 ·,,·r1·:1r a,, llor-:stas tropica i~. A criação de_ gado na região t'.1mbém l'ni
cera idiomas ind(genos. Em 27 de janeiro foi assinado um acordo pelo qual se
estabeleceu o cessar-fogo, foram lihenados os prisioneiros de ambos os lados, , 11 1111111h para benefício dos fazendeiros de Chiapas. que compe~ia1'.1 com. o
,1111 ,11>1111110 de !:!ado proveniente da Guatenwb. O golpe de nusencordia de.slc-
e deu-se início a um processo de negocia~iio voltado a uma discussão mais
11,h,, ,mira a !'níg.il cconomla d,1s c()munidades -.:amponcsa, 1·eio guanclo_as po-
ampla sobre re forma política, direito, dos indígena;, e reivindit:açôes soc iais.
11111 1, dt· hb.:ralização da economia mexicana dos anos 90, durante a h1se d0
1 11,11 111;/lo para ingresso no NA f' IA, abol irnm a~ barreiras alfandegárias sobre
1111p111!,n;oc~ d~ milho e ac~barnm c.0111 o pro1c1.,10111smo ,los prçço~ do catê:,"
Quem são os zapalistas? •111 11 11ia hx:al. baseada na sjlvicul1urn. cria\:ão de gado ç nas culturas. de cafe e
11 11lltu, lni ,k,manrelnd~. Além disso, o destino das tcrrns comunitárias tor-
Quem eram c,ses insun'CIO$, aré cn1ão desconhecidos ao resro <lo inundo,
" 1 , 1nc~J1o após a reforma promovida por Salinas por meio das emendas ao
apesar de duas décadas de mobil izações maciças de camponeses nas comunida-
111 11 11 H , 1, 111i~o 27 da Conslillliçãn Mex icana. abolindo o ,lireito de pos$ecomunal
des de Chiapas e Oaxarn'' 13asicament.; camponeses. a maiori11 índios 1:eila/es,
,11, 1 pr,,p;icdadc n1ral por 1>ane cios moradores das vilas (<Jidos) :1~1 P'?I da
1~01:iles e clwles, cm geral oriu ndos das co1nunidade;; estabelecidas desde a
, ,1111 " 1ali1ação em larga cs.:al~ da propriedade individual. outra dec1sao d1re1a-
clócada de 40 na lloresia tropical ele La.:andoo. na fronteira com a Guatemala.
" 111, 11,1,tl'ionada ih medida~de ,tjuste do Méx ico à ptivalização de acordo co111
Esut~ comunidades foram crimlas com o apoio do governo na tentativa de solu-
,li ,pow;oes do NAFTA. Em 1992 e 1993. os camponeses mobiliz,'.1.·am-sc
cionar a .:rise social provocada pela expulsf1n dos acasillados Céamponeses sem
, 111, .1111\·ntc contra essas polítk:as. Porém. após a gnu1dc marcha ele X, N1ch.
tcrni que trabalhiun para os proprietários de rcrn,J dasji11cas (fazendas) e ran-
1.,, " 1111111 mi lhan:, de camponeses de Palenque à Cidade do México. ter sid0
chos pe11encentes a grandes e médios proprietários, nonnalmentc 111es1iws. Du-
rante sécu los, índios ~ camponeses [oram c;q>lorado, por colonizadores,
11111,11 1,1, 1\:solvernm mudar sua tiítica radicalmente. Em meados de 1993, 1 :n
11, 11 1111111, cornu 11idadcs de LaC<mdo11 não se plantou milho. não se colheu cale.
burocrntas e colonos. Por décadas. foram mantidos em \101 estado de total inse-
, huwa, deixar(11n ele frcqüent,U' as escolas e() gado foi vendido para a com-
gurança. pois as condiçües para assentamento mudavarn con1inuamente, ao sa-
, ,1, tun1.1,. Titulo do Manj festo dos rebeldes de P de janeiro de 1994: " Hol'
bor dos imeresses do governo e dos latifu.ncliários. :Cm 1972. o pres idente
'"" ' ' 11 1,m! " (H,tic dizem(\:, IIA~ IA ! )
Tais comunidades camponesas, a maioria delas formad11 por índios. alia- , 111111• ~.-n, o de humor e põe-se muit!> it 1·omade em seu relacionamento com
da, a outros assentamentos da área ele Los Altos. não estavam sozinhas nas lllll 1,:, l'llr ~ausa de sua honestidade e dedicação, esses intelectuais revolucio-
lutas sociais em que se engaj aram úescle o início cios anos 70. Contar,1m com o " 1,111, 1·1:1111 bem-aceitos pelos padres e, por um longo tempo. a despei10 das
apoio, e mé ce,10 ponto foram organi7.ada,. pela Igreja Católica. por iniciativa 1th 11 •11, ,1' ideol6gicas. trabalharam em conj un to na organização das comuni-
do bispo Samuel Ruiz de San Cristob/ll de bis Casas, que nutria cerw si mpati a I 11I, 1,,111ponc, as e no apoio i, sua causa. Foi somente após 1992. quando n,
pe la teologia da l ibertação. Os padres não só deram apoio e legitim idade às ,,,, 111tt·~o.,,1, d0 refornrn conti nuarnm sendo apena~ promessas, e quando a si1u;1..
rcivindicaçiíes dos índios. mas também os ajudaram 11 reunir centenas de mili- '" ,h• 11t·11uria das comunidades de Lacandon agravou-se ainda mais em razao
tantes de sindic.atos formados por cmnponeses. Esses militamcs dividiam seu I" 111111.·~ssc , de moderniz.ação econômica do :Vl.éxico. que os mi li tantes
t.::mpo emre a Igreja e os ,indicatos. Eram mais de uma centena de. 111/umeles 1p ,11, 1," 1110111:,rom sua própria estrutura e dern11J início aos preparativos 1x1r:,
(ajudantes de padres). e mais de mil catcquisras, a viga mestra do movimemo. , 11,•11 ,1 ele guerrilha. Em m11io de 1993, articularam-se as primefras escar:1-
que <1cabaram formando ,is sindicatos de cmnpone.scs, cada um deles sediadú 11111, ,,,, ,·oi11rn o exército. mas o governo mexicano abafou o incidcnrc pal'"
cm 1111111 comunidade (< -Jido). O fone sentimento religioso emre os campone- 11,,, p11,hlc m,,s na ratificação do N/\l'TA pelo Congresso norte-ame ricano.
ses índios roi consolidado pela educação. informação e apoio fornec idos pela , ,,, , css>1 ltar, contudo. que a liderança dos zap,11istas é genuinamente carn-
Igreja. resultando em confl itos freqiieutes da Igreja local contra os fazendeiros 1 4111 ,, ,, runnad~ principalmente por índios. Marcos e outros militantes urban<>:,
e tJ apill',lltJ polítiç(> do PRJ de Chiapas. Ernborn a lgre_ja tenha exercido durnn- 11, , 1111h:1111 autonomia para agir por coma própria.$ O proc,;:sso de deliberação,
rc vários anos 11111 papel decisivo na edueaçiio, organiz.1<;à<1 e mobilizaçã<1 das 1 11I , u111n de negociação com o governo, consistia de etapas bastante cle111orn-
0

comunidades cmnponesas indígenas, Samuel Ruiz e seus assessores opuse- 1, , 1011.ind,, 1:o,n a participação efetiva das comunidades. Esse processo era
rnm-sc com vccmênc ia ao confl iLO ,1rmado e não esta \'am encre os insurretos . ,1,d 1111,•,u:d pois. uma ,·ez tornada a decisão. toda a conuuüdaclc tinha tk
ao cm.itrúrin das acusações dos fazendeiros de Chiapas. Os mil it1u11es gue or- ,1 11 l,1, a i.,I ponto que. cm alguns ~asos, o; moradores das aldeias eram
gani7ara1n essa revolta armada vieram , em sua maioria. das pr6pria~ com.uni-
dades indígenas, principalmente entre as massas de jovens. homens e mulheres.
I'"''"" p<>r ,-ccusar panis:ipar do lcvanre. !\os dois anos e meio de inst1 m;i -
" ,h ·l,11ada, a esmagadora maiori a das collluni dadcs de Lacandon, con ,o
que crescern,n cm meio ao novu cl ima de crise econômica e conll ito social. 1111!,1111 :, maivria do, índios de Chiapas, demonstraram seu apoio aos rc!Jcl-
Outros eram rc111anesccntes de grupos maoístas formados ,ws ~rçíls urbanas 11'1 11)' i.111do-sc com eles na floresta quando o exérc ito invad iu suas aldeias
do México (espedal1nc11te na Cidade do M.éxico e Monterrev) m1 década de
'" h Wtc iro de 1995.
70, na esteira do rnovi memo estudanti l de 1968, esmagado du;,mte o massacre
,le T latclolco. As F11<'r::.as de Lil,eracion Nacional parecem t<:'r sido bastame
illivas ,rn área por 11111 longo tempo, emborn haja conlrovérsias quanto a essa, /\ ,,s!J·urura de valores dos z.apa,isras: iden1idade,
questão. Sob qual quer hip6tese. independentemente da origem do, militames. ad,,erscírios e o/Jjeli vos
tem-se a i mpressflcJ de que, a1>6s urna série de reveses nas üreas urbmrns, al-
guns revolucionários, homens e mulheres. assumiram a árdua larefa de ganhar \, , uu, as mais profundas da rebelião são óbvias. Ma.1 quais süo as refrín·
cred ibilidade c11Ire os setores mais oprimidos do país, por rncio ele um u·; balho 1, r, , ,,,,, objctírvs e ralores dos rebeldes? De q11<' .film1(1 l'êem a si pr6prios e
imciem" e da convivência di:íria com eles, comparti lhando de suas lutas e so- ,, , 11/1•r11i/icw11 o wil-e,:wírio? Por um lado, eles estão inseridos na contim1illa-
frimentos. Marcos parece ter sido u111 desses militantes, chegando à região no l11 ,\111ir:; d~ cinco séculos de luta conrn1 a colonização e a opressão. Co111
início da década de 80, .sl:!gundo fontl', do governo, após lJav,,r concluído seus 1 11,,,,, pn1110 crítico do movimento cio~camponeses foi a enorme manifostnçfi.o
estudos em soc iologia e ~om unicação na Cidade do México e em Pllris. e 1 "'" < ·n, 10\>al de las Casas cm 12 de outubro ele 1992. na qual o protcst,l an
lecionado cicncias sociais em um11 das melhores universldades dr, Cidade do '""' ,·1·111cm\rio da conquista espo,thola foi ma1-caclo pela destn1içflo da estátua
México.' tvlarcos é notaclainente um intelectual de vasla culturn, que foi:-, di- " " '1111'1:idor de Chiapa.s, Di'-'Aº d0 Man1riegos. Por outro lado, eles vêc111 a
versos idio111as. redige mui to bem, coma com urna i1m1ginaç~n 1•;.,11,1urdi11ária, 11 11111:t~i\ll des,Hopressão w h ;i ln, 11111 da nova ordem gl(lbal: n NAr·T/\. e a,
11)2

reformas liberalizames implantadas pelo presidente Salinas, que fracassaram Os zapatistas não são subversivos, mas rebeldes legitimados. Sã<> parriu·
mais Uma ':Z
lJa te!llativa de incluir camponeses C indígenas 110 processo de ,.,, 1111·\i, ·,,110.r, em luta armada contni novas formas de dominação estrangeira
mod~rmzaçao._ As emendas ao histórico artigo 27 da Consti tu ição Mexicana. 11,,1,. i,nperial ismo norte-americano. F. são também democraras, amparando-
que tonmtl., zarrn a aceitação das reivindicações dos revoluciomírios agrários sob , 110 :,11i'!o 39 da Constirnicão l\,1exicana que assegura "o clireiro de alcerarou
o comando de Emiliano Zapata. tornaram-se o símbolo da exclusão das comuni- 11 u1(1i lica1v ~ua rorma de go~;erno'·. Portanlo. eles conclamatn os mexicanos a
dades camponesas pela nova ordem do li vre comércio. A es111 crític:a. con1pa,1i- d ,,,·111 ,eu apoio t1clcmocracia. colocando um ponto fi nal no governo defm:u,
lhada por rodo o movimento, Marcos e o, demais membros acrescentaram seu ,1 11,partidário susrcntado pela fraude eleitora l. Essa conclamação. vinda ele
próprio desafio a essa nova ordem global: a projeção do sonho revolucionário r 1,1;,p"s. o estado mexicano considerado a mais importante base ele itoral cio
socialista para além do 11m do comu1üsmo e da dissolução dos movi mentos l 'H 1. graças aos votos tradicionalmen1e impostos pelos caciques locai~. teve
guerrilheiro, da América Cent ral. Nas palavras irônicas de :Vlarcos: 1, 1111 k repercussão nos setores urbanos de classe média de uma sociedaclc
1111·, k:tn a :m$iosa por liberdade e farta da corrupção sistêrnica. O fato de que li
Não há 1wd;l mais por que I utar. O socialismo c~ttl morto. Vida longa ,10 " 1 , 111., n<:orreu precisamente no ano das eleições presidenciais, e em rnna e lci-
cnnfonnisrno. ~l reforma. à m()demiduclt , ao caJ>it<·ilismo e a todo o tiPo de íl•, ,•111que se esperava um menor controle cio PRI sobre o Estado, nào sô foi
cntéi~ er n :teras. Sejmnos ntLo.lv~is. Q111.; 11ad;l ac-0 1Hi;~·a na ci<ladt 011 no
m11 111,li<:ativo da habilidade tática cios 7.apatistas, mas também contribuiu muito
c.unpo. quê tudo ro,uinue ~x:it~u111.:nte do jeito que esu\. O sc:x:inli~mü cst:l
morto. Longa vida ::to c:1piwJ. O nlclio. <1imprensa <: ~i tt:lcvisfio repetem isso
I' 11 ,, pt'otcgê-los de uma repressão sem preccdcmes. A intenção do presidente
o temp<l iode,), Alguns socialisws. :1gQra dcvi<l:nnente al'n::pcndjclos.. tambéin ,1111 ,1" ~ra ser lembrado como o rcsp<Jnsáve l pela modentização econômica e
dizem o mc:1,mo.'1 11l" 1t111a política. não apena~ para passar para a História. mas para glu-antir ~cu
l*t\llli" emprego: o cargo de primeiro-secreuírio geral da recé111-formadn Or-
Assim, a oposição dos zapatistas it nova ordem global tem duas l'aces: , 11 11 1,m;:io Mundial de Comércio, jus1;m1ente ~ ins{ituição i11cumbida de anicu-

ele,, lutam contra as conseqüências exc ludentes da modernização econômica. 1u 11 11,,v:, t1nk m econômica mundial. Diante de tais circunstâncias, parece pouco
e também opõcrn-se à idéia de inevitabilidade de uma nova ordem geopolítica l•lll\',1,cl que um ccono111ista formado em Htu'vard usaria de repressão militar
sob a qual o capitalismo torna-se uni versalmente acci10. 1111!1,111111 autêntico movimento de camponeses e indígenas lu1ando contra n
Os rebelde,~ reai'irrnaram seu orgu lho ind ígena e lutaram pelo reconheci- ,l lw,:u 1 social.
mento dos dire itos <los índios na éonstituiçiio Mcx icam1. Contudo, não parece
que a <l,\tcsa da 1<k11ttdade étnica consti tuiu ekmento prcdomi nanle no ,novi-
lUélltO. '-la verdade, ns comun idades de l..acandon foram <:ri11<las a panir do \ ,·~1rr//éi it.1de comunicação dos zapalisras: a l,uernet e a mídia
reassentarnento forçado que fragmentou as identidack s originais de diferentes
comu111dadc,; e as reuniu 11a qual idnde de camponeses. Além disso, é provável () sucesso dos zapa1istas deveu-se, cm grande pane. à sua es{ratégia de
que. nn, palavn1s de C<>llicr: .,,111111 iciu;ao, a tal ponto que eles podem ser considerados o primeiro movi-
<i. ,ti,, rf,, guerrilha i1tfimnacio110/. Eles criaram um evento de mídia para di-
A ilkmidnde érnica j :í cbe,gou a diddir as ....~unn11idad1.~s indígena:-. n:1 ret!iãú 111111111 ,,ua mensagem, ao mesmo {empo Lentando. desesperadamente, não serem
do planalto <.'entrai de Chiapas. l;\cu1os rcceut~s. t·o1t1udo, pCTJX!lraram ~una
, 11 ,1-.h1dos a urna guerra sang1·cnrn. Naluralmcnte honve mortes e guerras de
trnn:-.fonnação: ll<tic. na e.stein1 d:1 r.:-bc li;lo ;,:11>ati::-ta. povos de ori~~ns indí-
gena,; dist inm, vê111 lu1a11do peJu qu.:: comparülhmn cornr.t :1 explo1~ 1ç·~o e-..:o- 1d.,d~.. e Marcos. bem como seus camaradas, estavam prontos para morrer.
nômica. Súdal e polítit a. n 1 1 ,11111du. :.1guerra real não razia parle de sua esnatégia. Os zapatisu,s fizeram
~, , , 1lw, armas para transmitir sua 1nen~agem) e então divulgaram iLmídia mun ..
Portanto, essa nova identidade indígc,1a l'oi conscrníd,1 por meio de sua 11 ,t ,1 po,,ibiliclade de serem sacrificados no intui10 de forçar uma negociação
luta e acabou incluindo diversos grupos étnicos: "O elemento comum para n6s 1,!1,1111:u· uma série de reivi ndicações b11s1ante razoáveis que, $egundo pc~·
é ,1 terra que nos deu a vida e a vontade de lutar''." 1 11, du ,,pinião, tiveram grande apoio da ~ociedade me.xic3na em gurHl. u A
,.,
comunicação a1,tônoma foi urna das princi pais meta~ estabelecida, pelo;, t, 1t11~1\o d;, l ,1 Neta, uma rede ahernativ-1 de comunicação computadorizada n~~
~apatistas: 11.h ll'\l 1· ~m Chiapas, e sua utilização por grupos fem in inos (princípalmente
. 1,, "! >,·1111(ier a muje,.- ·) para conectarem as ONGs de Chiapas com as demais
Quando as. hombas estavam 1.:al1H.io sobre as monL:mhas. {10 sul Uc San "11rl lwr.·, do ,Vléxico. como também com outras redes acessadas por mu lhcrc~
Cfr,tobal. no~sos tombmemes re.sislidlll ao:,; üW<JUe.!> das trop:1~ f<!d~rnis e o "" 1,1li\./\ La Neta.1' criada a ])Hrtir da conexão estabelecida em 1989-93 cn1rc
ar rcccndfa " p<>l vorn ;; ~1 ~::mgue, o .. Comih: Clan<leM ino Revotuciomu-io , r JNC;, 111cx icanas. manltdas pela Igreja Católica. e o l.nstit11ro rle Comunica-
Jndigen;1 d,.-1 EZL N" me chamou e di!-;.SI! mnis ou mcno.-. o :sego itne: devemos
" ' l il,ihal c1n São Francisco, mantido por especialistas eni informática qu~
diz.:r <' que ll!OlO~ de dii,er e senno:'I ouvidos. Se não fizermos is.~o jd. OlHros
fü,,sumirno nossas vozc!'> e mentiras .. sairão·· <lc n<>s~as bocas e-outra nos,1:,a
1, olti ,u11 p ;111c de seu tempo e conhecimentos especializados a causas considera-
vomade. P1ü:.:ure um melo de manifcs1ar nossns id~ias a t(}(!os que se dispo- i t J1t'-l,1s. Em 1994, com uma verba doada pela Fundação Ford. a La Neta
nhHm íl ouvi-las.:: 111 l'j'llitr estabelecer. no México, uma conexão com um provedor privado. Ern
111•1 1 111 Nett1 já havia sido instalada em Chiapas. tendo como fi 11alidade colo-
,\ capacidade de os zapatistas co111u1.1i.carem-sc com o mundo e c<>m a 11 1 >N( ;, locais 011 -lin~. inclusive o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos
sociedade mexicana e de cGptarem a imaginação cio povo e dos intelectuais aca- li 1110l11111,· úc las Casas'', e mais uma dúzia ele organizações que acabaram
bou lançando um grupo local de rebeldes de pouca expressâo para a vanguarda 1 t1111t·nhando um papel importante no fornecimento de informações ao mun-
da polítictt mundial. Nesse sentido. Marcos desempenhou um papel fundmnen- i.- <1111:111t~ o levante Zapatista. A utilização ampl,uncnte difundida da Internet
tal. Ele não detinha o controle organizacional de um rnovi rnento originado nas 1 11rttt11t ;1os znpatis{as disscminare ru informações e sua causa a todo o mundo
comunidades indígenas, tampouco dernonstrou qualquer si nal que. o revelasse 1 1111 111.1pr;1ci, arnenrc in,tantiinea, e estabelecerem uma rede de grupos de apoin
um bri lhante e,tralegisw mili tar. embora tenha sido astuto o basrnme para orde- 111o q11du1am a cri ar um movimento internacional de opinião públ ica que prati-
nar :1 retirada sempre que o exército esteve prestes a prendê-lo. Entrelllnto, pos- u" 111, impossibil itou o governo mexicano de fazer uso da repressão ern larg!I
suía extraord inária c;1pacidadc: de esrnbeleccr um elo de ligação c:0111 a mídia, 1111 A, image ns e as infon na~·ões prúveniemcs dos zapati~ws. e a respeito

por n1cio de textos bem redigidos e do 1111:w,-e11-sd:11e (a rnáso.:arn, o rnchi1nbo, l 1, .1111,u~1111d~ nu)neirn dec.:isiva sobre a economia e a polílica mexicanas. Ni1s
emrevistas nmrcaclas). logrando sucesso com suas at itudes meio que de forma rl,1\1,1~ de MartineL Torres:
inesperada. como 110 cas,, da 1111íscara, que exerceu important e papel na
popularizaçfro da imagem dos revolucionários: cm todo o mundo. qualquer um l J ,•x·1>r{!i..hkt1t(' S:1linus gerou uma "hulha ~<.'onônlic!( · qlle. LIUl'{UHC muilO~
,1111,i., 1"'-'' mitiu a ilusão de prot.pcritlade com base em um (ngressomadço de
podel'ia tornar-se :wpati, ta. bastando para i,so usar uma máscara. Além disso
11t\ 1.·,111 1\(;:ntos especulativ<.ls en, 1í1ulos \lo govi.::rno rc1n1mr.nufos por alta~taxas
(embora possa estar correndo <>risco cie 1eorização excessiva). a 1l'táscara repre- d,• 1111·0!- que. por ~u,1 \'CZ. nlravt:s d~ 1111la L'Spirnl de dí\:id,1~ défidl comei'-
senta um til uai bas,antc rcconente nas ~u!turas indígenas do México pré-colom- , 1111 ,,s,t:glll'O\I ~,~ d aS'..'lCS média e operâri;i o direho de usufruir momentn-
bi ano, de i'orrna ta l que a rebelião, 11 uni formização (1;15 face,, e o .flashback lli'111ucm(· de uma série de bcni, de consum<) impor1ados. f\o entanto. cm
hi, tórico acabara111 interagindo. resultando em um dos rnai, inovadores '"recur- \ 11 Hhk' da fod lidadc cum 4ue loram a1raí<los o:- inv·estidores. qualquer abalo
sos drnmáticos" de revolução. Um elemento essencial ncs5a estratégia foi o 11so 11u l.rntfi,u1ç-.a d~stcs g~rnrin pfütico no mçrcado e unplicaria a veuda maciça
das td ccomunitaçõcs, vídeo, e comun icaçilo viH computador pelos zapatistas. 111," 11111los mexiccmos, itlig ur,in<lo sc a poss ihi fülade d e. <:ü hl pso 110 sb(tma.
8

1•1 l ,lh>• .;J ('crnh.1nliJ ,ncxkana (-em 199.;I) l'CH1miu-s.c a um -enorme jogo clt.~
visando tanto difundir , uas mensagens de Chiapas para o mundo (embor,1 essas
1 1,11 11 ,,n\·~1. Urna \'CZ que a-..;:onfi~ m,;;i é h::i.sic:)menle crindn pe)n 1rnmipulnção
1ncnsagc11$ rrovavelmcnte não tenham 5ido transmitidas da floresta) quanto or- iln-. \nforn1Hç<>e$. pode ~er disf;ipadà ..:x:u:uncntc thi mts.ma forma. Na fü)V:t
ganizar uma rede mundial de g111po.5 de solidariedade que literalmente cercaram 11111~'" ' 11\unôbl. cm que a informaçàu é o b.:-rn mais valioso. ela pode ser
as imcnções repressora, do governo 1Ucxica110: por exemplo, durante a invasão 11111h1..·1t1 muito mais poderoi-a que as balas.'"
pelo exército das ,írcas comrol,tdas pelos rebelde; em 9 ele k vereiro de 1995. É
imercssnnte destacar que. quando a Internet começotr a ser util izada pelos 1" o l'o i fundamental para o s11cesso dos zapatiscas. Não que eles tc11l1t1111
zapatistas. foram incorporados dois elt1memos inovadores surgidos 110, rn10s 90: lllt1·1.11larn,ntc sabotado a cco110111i:1 \ti," foram prntegidos da rcprc~s~o
'º" IOI

absoluta por sua i nabalá\'el conexão com a rnídia, bem como pelas alianças \11 11 n,c:ilk 111es. o nome do local histórico em que, em 19 15. líderes revolucio-
es1abelecidas em todo o 111undo via Internet forçando o governo a negociar, e 1111111•, (Villa, Zapata, Orozco) reuniram-se parn estabelecer a Convenção Re-
levando ao conhecimento da opinião pública mundial a questão da exclusão ..1,,1 10 11(,ria. Apesar da poriicipa~,ão maciça de organizações de base popul,,r.
social e da corrupção pol[tica. 1 1111,10, de .,, querda. intelecti1ais e da mídia. Aguascaliente.s acabou se esgo
Esrecial istas da Rand Corporation concordm11com essa análise, 1• tendo 1,11.i,, 11,> prór rin ~imbolismo do evento. um encontro efêmero que se most rou
previsto a eventualidade de .. guetTas informacionais" do tipo zapatista desde ,,,, ,11•:11 tk traduzir a nova linguage m Zapatista em polític<1 convencional e
1993: ''Cada vez mais, as forças revolucionárias do fu turo podem consistir de qrn•1di, 1,c Assim. ern maio de 1995, em meio a negociações basrnme arr;1s-
redes multiorganizacionais amplamente di fundidas e desprovidas de uma iden- 1,,1, 1~ ,·0 111 " governo em San Andres Larrainzac os 7.apatistas fizeram uma
tidade nacional particular. que aleguem ter corno origem a sociedade civil. e ..11•,11 l1 a popu lar sobre a possibilidade de tomarem-se uma força polílica civil.
incluam grupos .:: indivíduos agressivos. ardorosos defonsores do uso de ,k,pr i10 d~ algumas dificuldades óbvias (afinal. ainda eram uma org,11liz;1-
tecnologia avançada para a com unicação. bem como para a munição"." Os '"' 1t'hd de1. quase dois mi lhões de pessoa, pa11iciparam da consulta cm todo
zapatistas parece m ter trnnsfo1mado em realidade o pior dos pesadelos dos , ~1,1:-..iL'1l , cm que a es1nagadorn maioria deu parecer favorável à pl'oposta.
especial istas da nova ordem global. t 1 , 111 l,111na, em janeiro de 1996, em co1nemoraçi'ío aos dois anos de sua re-
"lt,1, ,J, ,apallstas optaram por se transrormar cm pa11ido político, buscando
1<11,d p:u1id1"'~'5o no processo político. Contudo, decidiram também mamer-
A relação contraditória entre movimenlO ' ,11 111ado, até <1ue chegasse m a um acordo com o governo sobre todos os
social e instituição política 1,,111t,1•1de conl7 ito. Em janeiro de 1996. roi cclcbrndo i1111 importante acordn
..111,· ,, 111turo reconhccimcmo constitucional dos direitos dos índios. No cn-
Embora o impacto das reivi ndicações dos zapmi stas wnha ,1b,dado o sis- 1º""· '" ncgodacües sobre a reforma política e a,suntos de ordem ..:conômic:,
1cma político mex icauo, e üté mesmo a econom ia c.lo país, elas se tomaram 1111d.1 ,·,1a1 :,m ,~;·,do disct1 tidos quando da elaboração deste livro (outubro d-:
intrincadas cm sua relação contraditória com o pníprio sistema poHtico. Se, 1-i•u,), t ma questão _parlicul ann,ente complexa parece ter sido a reivindicação
por um lado, os zapatistas tlefonderam a den1ocrrnirnção do siste,.na pol ítico, l 1 , 111Jn111idade;, indígenas de mam~rern a propriedode ele sua, terra,, tendo
reiterando rcivindicaçôe, se melhantes oriundas da sociedade mex.icana como 111, lhl 111.-Ju,ive aos 1; curso, cio subsolo. uma exigência rejeitada com vcc-
um todo, por outro, jamais foram capazes de definir com exatidão o si(!ni fica- t111 fü' 1: 1 pi.;lo governo mexicano~ considerando ~cr de ampla acei lação a idéia
do de seu projeto político, o que i111plicari,1atribuir-lhe outro signi lic;do que ,1, q111· 1, área de Chiapas 6 rica em h1drocarbonos. Quiuno à reforma política.
não a óbvia condenação c.la l'raude cleitornl. Nesse ínterim, o í'RI havia sido ll'lllt,11,ci;, do PR I em abrir 111110 de sua perman0ncia no poder dificultou
irreversivelmente abalado, tendo-~c dividido em grupos qu..: estavam literal- 111111r, 1 o ;1cordo.
m.::nte se matando (ver capítulo 5). As elei.çõc~ presidenciais de :1gosto de /\, pcrspecti\'a:\ íuturas de um pa11ic.lo político zapatisra s,10 incerta.,. Por um
1994 fornrn razoavelmente honestas, dando a Z0di llo, u,n desconhecido c.an- 1,. 1,, ,11, linal de 1996, l'vhu·cos cominua sendo um dos líderes maL~ populares de
didato do PR[ colocado cm evidência por circun,tâncias acidentais. uma vi tó- 1 ,.1[, p M.:xico. Por oulro, boa parte de sua popularidade está vinculada à sua
ria traçada pelo medo do desconhecido. Ironicamente. as reformas pol íticas ,11.i,,,11, de mito revolucionário. Na runção de f'O!i1iw fatalmente inclinado a
conduzidas durante o prncesso eleitoral. em parte con)o rcsuharlo da pressão , "' 11 11 vos, 1v1arcos poJe perder m11ito de sua imagem positiva. algo a que parece
exercida pelos zapatistas. acabaram contribuindo para a Jcgi timid,1de da e lei- "" ,u,•,uo. Assim. na época da elaboração deMn obm. ele e seus compmiem.,
ção. após o acordo celebrado em 27 de janeirn de 1994 entre todos os candida- 1 ,11 i., 1111 cm clar prosseguimento i1 torai instituciunalização de sua ()(lStura políti-
tos a presidente. O p,11tido oposicionista de esquerda. cujo líder fora rejeitado 1 ,11111111 ,·mbora seja este o resultado n1iiis provável de seu levante, em um ccll1-
pelos z,1patistas, sofreu pe.~ada, baixas eleitorais por ter procurado o apoio de lt 1, , t 111q, ,_, a transformação do sistema político mexicano ainda é incerta.
Marrns. Em agosto de 1994. os zapatistas convocaram uma Co1w0nçfü) De- .._,, 1a qual for o destino dos ,.apatistas. a revolta por eles organizada dcli-
mocrática Nacional cm L111J hwal 11:1 llurcsw de Latandon q11c <'11amn,·;11 n de rn111 nmént..: mudou o México, impondo um desafio 11 lógica uni laleral da mo
1()1)

dernização, característica da nova ordem gl.obal. Atuando sobre as profundas ,,,,,. ,, ,•ru'O/)('U,\ terlío nü•e/iulos par bui.\o com base nos salários pa.~os (Wf
contradiç<ies ex istentes no PR! entre os defensores da modernização e os inte- 11<1/,-,lhodor<'f rio Terceirv Mundv: pol'(I wdos CiSjins prcí1íros. as Ji-omciras
resses de um aparato político corrupto do pa11ido. o debate desencadeado pelos n,u umai \. (/l'i.rariio dé exi.wir: um fluxo catla ve.: ,m,ior de imigranleS do Ter·
zapalistas contribuiu considernvelme111c para romper a hegemonia do PR! no , um 1\/umh• pat"(J o.-,· E.wados 1../nidas e Europa acabará ,·esulwndo em uma
México. A economia mexic~na, próspera e eufórica em 199J. teve expostas 10- ,num; ia n(1o#branca esptt/h(lda por rod,rs as âreas do planeM mueriormeme
1111/,,uula\· pelos hrm:,·,is: uma efite júrmada por jimmci:'Uas imenraci<mms.
das as suas fraquezas, o que foz com que os opositores ao NAF'IÃ nos F.UA
, 'f'i, ialhws da mfdio e dirigemes de cu17Jorações mu{tb,·acionais nii dar as
exigissem jusli/icarivas. Excluídos dos amais processos de modernização da
, 11, rm·: e m'}órçn.'i de pa-:. das iVnçõ,~s Unidas .w:rllo empregadt1s µc;r(I impedlr
América Latina, o~ c,nrirone~e~ indígenas (cerca de IO'Jf ela população do país) ,, uucimira de qualquer um que decida optar porjicar defort~ de.t\·e sistema.
repeminameme "passaram a existir". Uma reforma constilucional em triimite no
Willi:-1111 Pitréê. .Nmimwl t-~mguard :Q
Congresso em novembro de 1996 reconhece o caráter muJticullural do México,
garantindo novos direiws aos índios, e aprova a publicaçâo de livros escolares \ l11t,·nw1 Jái uma dtu principais m:lies pelas quais o nw,·imenw d11s milí#
em JO idiomas indígenas, a serem utilizados nas escolas públk:as, O, ~erviços de , 111 \,.,fiuuliu-se mais rupidamf!llfé que qualquer grupo fwrdwnenwclo m.>
satídc e educação ni elhorar,un em diversas comunidades indígenas, ~ urn !!OVer- ,,,Iro ti,· <ftW se tem notfcla H(l His1ôria. A (msêucia de "m mícl{•o organlr.ado
110 au1ôno1 no limitado estava em processo de implamaç,1o. ~ /,it ,·ompenwula com l'antagem 1u•to poder d(! 1..·omu.11.fcaçt10 e de diw:us.w7o
m \ ,,,,,,â,wa \' tlt'sse non> meiv. Qualquer memb,v da milícia na rtmota
1\ ati .nnaçiío tia identid ade cu lturnl i ndígena, ai ,1t.la guc ele forma
Afoufmw tff!tt tenha um compuuulm· ,., um mod({m jti pode fa-:.n· pttru• ,te uma
reconstruída. esteve vinculada 11 sua revolta .:ontrn abus<>s vergonhosos. Con- 1,•dj· m1mdüll q;ie compartilhe. de st·us pen.wmumros. aspiraç/)es. estratégias
tudo. sua luta ror dignidade foi amparada de maneira decisiva pela fi liação o; 1:11,:i;·ocfrmai ,· ,, temore.-, - uma J!mdlú, :,;lobal.
religiosa expressa na corrente do catolicistllo populista prof\lnd,unente ,1rrai-
Keoncth Stc-m. A Force u,,on the f'lain. p. 228
gado na América Lat ina. bem como pelos tílti mos bastiões da esquerda rnar-
xista no México. Que essa esquerda. cons!ruída sobre a idéia do proletariado 1\ cxpln,iio de um caminhão carregado de explosivos produzidos il basé
1ut,mt.lo pc lo soe iatismo com suas próprias anrn1s, renha sido lrnnsformada em i. 1t•111l11n111c, em Oklahoma City etn 19 de ,\bril de 1995 mio mandou pelo,
um movirne.nto de camponeses indígenas do grupo <los excluídos lutando pel,t , ,q)c n.i~ um t!dilkio do governo fede.mi. matando 169 pessoas. Expôs uma
den1ocracia e em defesa de seus direitos constilllcionai s, pela lnrerner e peJ~
1, ,h 111,11 ,ubcol'!'cnte da sociecl,\dl.) nonc-amcricana, aré então relegada à
mídia, evidcnda o grau de profundidade da tn111sforrnação dos caminhos de 111 1111rnal rdadc política e enquadrada nos tradicionais grupos fundamentados
libcnação da Am<c\rica Latina. Revela também que a nova ordem global provo- 1•11111. Timothy McVeigh, o pri ncip,tl suspeito da autoria do atentado. coslll-
ca n1tí l1 ipla, desordens focais, cnu~adas pelas fontes de resi stência historica- 1,11 ,, 11-v:,r consigo o romm1cc de Willial\1 Pierce sobre uma facção de re.sis-
rncme enraizad11s à 16gicJ dos fluxo, gl<Jbais de capita l. Os índios de Chiapas 1 11, ,,,, dénorninatla Os Pa1riolas, que explode um edifício do governo. Segundti
que lutam C(mtrn o NA FTA por ll\Cio de aliança cotn ex-militante, maoísra~ e 1111 11111,1çç1~,. McVeigh teri« tekronado a Pierce algumas vezes antes do a1en-
teólogos da libertação representam urna expressão baswme carncterísrica da 111111 .1hot11b<1 em ü kfollotna. Descohriu-se que Mc\/eigh e seu coleg11de servi-
velha busca r ela justiça ~ocial dentro dos novos cenários históricos. , 1111l11ur. Tel'l'y ;'!ichols (ambos aguardando julgamento neste ano de 1996}
111 111111111:1111 alg~rn vínculo torna Mi lícia de Michigan. A explosão ocorreu 110
11mlo :,niversário cio episódio de Waco. em que a maiori a do, me.mbrns do
Às armas contrn a nova ordem mundial: a Jv!il ícia Norte- 1111 .. ,t.i, idiano, e seus filhos, foram rnonos dumme um cerco de agente,s fo<ie-
Americana e o Movimento Patriótico dos anos 90 18 111 ,mi i'a10 denunciado como um verdadeiro grito de guerra, pelas milíci11s
1•,1il111<i1h por todo, os Estados Unidos.:v
Em suma. a ;\;(1\YI Ordem 1-funtliaJ l um .'ii.\·1emt, rt/(Ípico em que a economia /\, milkias não são grupos terroristas, contudo é bem provável que :il-
dos Esuulns Unidm; ltissim f'muo a ,•r·onomia 1/e qualquer outra narãoJ .H:ni
1111 tlt· ,cu, membros estejam m g-ani7ados em urna forma de movimc1110
"globalizada .. : o.\ nfrc-is çafariais <ie todos r>s tmbc1/luulores nont'•tJ11u.ir fr·a·
,11 e1 ,1. t1lfL' i<k ologicamcn1c s.:rndlt:uttc ,,o terrorismo, o, "palriota, da rcsís-
11(1 11 1

tência". Esse gnipo é constituído de facções autônomas e clandesti nas que ,t1 ,,, 11vo u deslru ição da soberania norcc-arnericana, vem sendo consliluída <1
1

estabelecem suas próprias metas de acordo com as visões predominantes no I' 11 111 de uma conspiração de interesses financei ros globais e de burocrata,
movimento. No período compreendido entre 1994 e 1996. acredita-se que uma 1111,,, 11;,.:ionais que passaram a exercer comrole sobre o governo i'ederal dú~
série de explosões. roubos a banco. sabotagens em ferrovias e outros atos de 1 ,i.tdo, Unidos. No coração de todo o sistema encontra-se a Organização
violência tenham sido cometidos por esses grupo; . e a intensidade e letalidade ~ l11111li:1I tle Comérci o. a Comissão Trilateral. o hmdo Monet.írio l nternado-
de suas ações estão crescendo. Toneladas de explosi vo, vêm sendo rurtadas de 11111v, sobrewdo. as Nações Unidas. cujas " forças ele paz" são vistas corno u11I
<!Stabckcirnenros comerciais e armam.cntos de uso exclusivo das Forças A r- , ,·11 tto mternacional mercenário, rendo cm sua vanguarda policiais de Hong
madas. inclusive mísseis portáteis Sti ngcr. têm desaparecido dos arsenais mi- 1 , 1111• ,· unidades Gurct1. dispostas a suprimir a soberani a do povo. l\a conc,:;p-
lilares. Tentat ivas de desenvol vimento de armas bacteriológ icas têm sido ' ,,, tios patriotas. quatro aconteci mentos pa recem confirmar a existência de:
descobertas. E dezenas de milhares de '·pa11'iot<1s" cm todos os Estados Unidos 1 ,1 , 1111, pira~ão: a aprovação do NArTA em J993: a Lei Brady sancionada por
estão munidos ele armas de guerra. além de partic iparem <lc treinamemos re- 1 111,1 011 cm 1994. que estabelece controles mais rigorosos .~obre a vendn de
gulares cl'n Lcl1icas de guerrilha ..!J , , , t11, I1pos de armas automáticas; o cerco ao supremacista branco Rancl y
As rni líci,1s represemam a ala mais ativa e organizada ele um movimento \\'1•11w1 ,:;m lclaho. que resultou no assassinato de sua esposa pelo FBI. e111
hem mais <1mplo. autoproclarnado "Movimento Patriótico"?' cujo univerS<> l'lll 1 ._. ;1 tragédia Je \Vaco. levando à morte David Koresh e seus seguidore,
ideológico compreende organiza\:ôe.s bem estabelecidas e extrcmamemc con- 111 l'l'JJ. lJ,~a leitura paranóica desses acontecimentos convenceu-os de que
servadorns. tais como a John Biréh Society: toda u111a série de grupos tradicio- 11 , , P\.\·1no eslava tomando medidas que visavam desarmar os cidadãos para
nais ~upremacista, brancos. nconazistas e anti-semitas, inch,sive a Ku Klux uhI111•:í-lns mais tarde. submetendo os norte-americanos à vigilância por meio
Klan e a l'osse Comitau1s: grupos religiosos foná1 icos como a ldentidadc Cris- 1, , r,m~ras ocu ltas e helicópteros negros. e implante de biochips nos recé111 -
tã, uma seita ant i~semítica c1nanada do israelismu brfrtlnico Ua lngJaterra 11 , r ,do,, À t~unanha amea,:a global aos c,nprcgos, à privacidade e à liberdnde.
vi toriana: grupos opositores ao governo redera!. como os Movimentos em ,,., p,oprio American way of liff!, eles opuseram a Bíblia e a Constituiçílo
Defesa dos Direitos dos Condados. a co:dizfü> antiambiental Wise Use, o Sin- \1 111•1icana original. completamente "expurgada" das Emendas. De fü:ordocom
dicato Ni1cional dos Comribuintes e os del'ensores dos tribunais de '·Justica ,•, textos. ambos de inspiração divina. <~Stf10 assegurJdas a soberaniil do,
Comum". O universo cios patriotas também se estende, de forrml be111 men;s 1d,1tll\lls e sua participa~ão direta nos governos dos condados. sem a nece,si-
co,nprometicJa. em direç5o à podero~a Coal izão Cris1f1. ben1 como a diversos ,1 1,I,· de qualquer reconhecirnento da amoridnde do governo federal, de suas
grupos nii litantes tlü " Righ! (O Life" (movi mento amiahorro1. além de contar h 1• I11b11nats. tampouco da legiti midade do Federe,/ Reserve Ba11k (FED). /\
com a simpatia de muitos cios membros da National Ri fle A,sociaiion e dos ")' .,,, 0 rndical. Nos térmos da iVlilícia de Monmna. criada em fe.vereiro dú
defensores do porte e uso de annas. Segundo fon1c~ fidedignas.! ' o apelo dire- 11 1•11, rnn, icleracla um m<Jdelo de in, pirnç5o organizacional para todo o movi-
to do~ patriorn~ pode atingir cerca de 5 milhfies de pesso~s nos Estado$ Uni - "' 111" : "Aliste-se no Exército e Sirva it ONU ou Aliste-se na América e Sirva
dos. muito embora a própria naturcz~ do movimemo. com li mites pouco , l\111ivia" (lema da home page na WWW da ,'vlilícia de Montana). Os agenLC$
di~timos e falr:, de estrutura i'orma l de participação. impossibi lite o lcvnnta- 1 1111,11,. principal mente os representalllCS da Divisão de Bebidas A lco61 icas,
niento de estatísticas mais pr~cisas. Contudo. pode-se estimar a in!luêneia do t 1111111" Armas de Fogo. são vistos como a li nha ele frente ela repressão contra
movimcmo em termos de milhões. e não mi lhorc,. de simpatizantes. O que , Iu11 tc-.imericanos em nome do governo mundial emergente. Aos olho~ da
e~scs grupos t~o díspares. à primeira vista sem qt,alquer tipo de relação entre 1111, " '· isso jttsti l'ica tornar os agentes federais potenciais alvos do movi 111e11 -
si, passaram a companilhar nos anos 90. e o que au menta Q apelo de sua causa. '" 1·,111r11nente como o famoso apresentador Gordon Liddy disse em um de
é um inimigo com um declarado: o governo federal dos FUA. como rcpresen- 11, p,u!lromas: "Fies colocaram um enorme alvo [no peito]: ATF (sigla e111
iamc da "Nova Ordem Mundial." estabelecida ,1 comragnsto dos cidadãos nor- "" 1,•, •111c representa bebidas, fumo e armas de fogo). Não atirem no peito,
te-americanos. De acordo ~orn as idéia, predomi nantes no n,ovimenLo I" 11 """ d~, usam c()lete. Tem de $Cr na cabeça. bem na cabeça' Matem o~
patriótico como um todo, essa "Nova Ordem Mundial", tendo r or pri ncipal 1 ,v11,ç,,do~!''"' Em alguns do, Sc!(mcnIos desse movimento patrióticC> alrn
112
li '

mcnle diversificado existe també111 uma poderosa mitologia fundada cm con -


1111·1111\1'" ' e centenas de milhares de simpatizantes.'" A Milícia de Montana 6 o
cepções apocalípticas do mundo e nas profecias do Fi m dos Tempos ( ver capí- , 11 1plo dá,,ico. mas a maior delas é a de Michigan. com mi lhares de 1nc111
tulo 1). Tendo em lllãos o Apocalipse, capítulo 1:l, pr,:)gadores como o 1,1" 11t1vo.,. i\ pane do ponto rornum do movimento, isl.o é, a oposição à l\(Wa
apresentador de TV evangél ico Pat Robertson, líder da Coa lizi(o Cristã. ,,d, 111 111u11dial e ao uoverno J'edernl, sua ideologia é altamente diversificada.
relembra os cristãos de que eles podem ser temados a submeter-se à satânica , 111.ig:,durn mniori; de seus membros é branca, cristã e predo111in~nte1~cn1_c
"Marca da Besta". idemificada sob diver~as maneiras, tais com<> novos códi- , 11 , , 1dina. Ccnamcnte que incorporam a suas fi leiras um número s,gn1 hca11-
gos em ci dulas de dinheiro, códigos de barrn de superl\\ercados ou recnok,gia " ,h 111~i, t~,. anri-sentitas e machisms. Contudo, a m,1ioria dos grnpos intc-
ele microprocessadores.'; A resistência à nova ordem global m1o tement; a , 11111,·, d.is milícias não se define como racista ou machi sta, e algumas dei.is
Deus. anunciada para o Fim dos Tempos. é tida corno um dever cristão t! urn 11••i ,·,e11 iplo. a Milícia de Michigan) mantêm uma postura declaradamente
direito dos cidadãos none-americanos . No enranto, <JS tons sinistros da mitolo- 11 111 1,tl'i,ta ,: ,n , ua propaganda. De acordo com a análise realizada por Zook
gia do movimento por vezes acabam obscurecendo seu perli l, subestimando 11 , /111111,· l" 11wv na WWW de onze das mi lícias mais importantes, sete com i-
sua import~ncia social e política. Por essa razão, é importante atentar para a 11h 1111 p1 t>p:1ganda anti-racista. quatro não faziam qualquer menção acerca de
diversidade do movi mento. ao mcsrno tempo destacando seu comunalis1110 1",d ,. 11rnhuma apresentava idéias c:xplícitas de racismo.'• Duas delas assu-
inerente.
1111.1111 11111a prn,içüo antimachista. duas demonstravam-se favoráveis ao ingrcs-
" .!1• 11111 lll~re, e a, demais sequer faziam menção a assunto~ relativos à "guerra
As milícias e os patriotas: uma rede de ,.. ,·x,,,·. t~ Milícia de Michigan chegou até mesmo a recusar-se a apoiar u:,
11, 1111,·11, livres de Montana·· durante seu cerco de uma fazenda em 1996 por
informações de múl!iplos temas h ,,·1<· 111 rac i~tns. E 111na d<1s ho111e pages da Milícia ··E Pluribus Unu m",
1111, r 1,1111c d:1:vlil ícia de Ohio, é ma ntida por um casal afro-a,nericano e fund:1-
f\s mil ícifü. ou sej a, cidadãos armados que se organizam com o prn1)ósi- 111, 11t. d" 1" cri,tiío. Há qtte se considerar que todas essas alirmações podem ,cr
Lo de defender seu país. sua religião e sua liberd ade, são instituições que de- 111,, 1,li,11.:,. porém. dada a i1nporcilncia <lo uso da lmcrnet no contato com no
sempenharam importante papel durante o primeiro século da histôria dos 1 1 11L~1uhn>s, não seria cocrc.nte u-ansmitir mna noção fa]sa da ides0logia para
Estados Unid<>s.'" As milícias estaduais foram substitu ídas pelas guardas nacio- t , 111111 , .11) '1rregimentados os novo~reem tas. Parece que as miHcias e. os patdo-
nais estaduais em 1900. Entrernnto. na década de 1990, a começar pela Milícia ,., 1·1nhl1r~1 i ncmv oren'l grupos tradicionalmente racistas. ant1-se.m1ta$ e lun -
de Montana. grupos populi stas de direita formaram ",niiícias não-organiza- t 1111, 111:id<1s 110 ódio. possuem 1JJn,1 base ideol6gica bem mais a111pla. e esse é
das", valendo-se de mnbigü idad0s existentes na legislação federal para burlar 111 1111"•111~ 11 m cios motivos de seu recente sucesso. Trnrn-sc da capacidade tles-
a proibição prevista por lei de se formar unidades militares alhei~s ao controle 1111 w11núntos de abarcar todo o espectro ideológico representado pelos nú-
do governo. O traço niais caracccrístico das milícias é o fato ele estarem arma- 1, , , 1il• 1k sr1foros contra o governo rederal. Como afi rma o relatório da KMTF:
das. por vezes com (tnnas de guerra. e estruwradas cm tu na base de c•01nando
de cunho mi litar. Por voha do fínal de L995, a KMTF con1ou 44 1 milícias 1\n e, 11ur~ll'lo de :seus fncci(lSO~ ,,n,~<.:cs.~ores. defensores da supn.:.mad a bran-
ativas 110s 50 estado, norte•aincricanos. com campos de treinamento paramili- l 11, 0 , patnotas têm dem<nb1rado a capacidilde de superar difet'enças ideoló·
tares em pelo menos 2.1 estados (figura 2. 1). Os números referentes ao total de t~u·11, ele pouL'::l i1npo1·tãncia tendo em vis1a uma unidade mais coesa cotllr{irin
membro, ativos tias milícias são difíceis de se precisar. Em 1995. Berlct e 11, , };O\crnv . Como conseqiiência. ckr.llll ongem à forç;i rebelde maisa1 ~claüvc1
Lyons arriscaram umil estimativa entre 15 e 40 1\til mc mbrosY Ao que tudo da his1lJria ,nua!_ qui..' abriga unrn enorme variedade de grupos aougover·
u.11111.'1tl:1i..:. L'Ujl>'- p,1p~ls organiz:.lcionais pod.;ul ser extraordjn~rÜ'nnen1c tJi:.,.
indica. esses grupos estiio aumenta ndo rapidameutc.. Não ex iste nenhuma or- 111
litlll 1\
gan ização nacional. A milícia de cada estado é independente, e às vezes há
v,íria, milícias cm um mesmo estadCJ que não mantêm nenhum tipo de relação
emrc si: segundo fontes da polícia local, há J3 e111 Ohio. com .;crc·a de mil
114 li ~

l)11a~ ~ubdivisões do movimen!o patriótico que se encontram cm l'ra11c11


11,111, .10 ,ão,, Movimenro em Defesa dos Di reito~ dos Condados e os 11'ibu-
" 11 .i~ "Justiça Comum•·. O primeiro deles é a ala militante da coali zãu Wís1•
, 1, <Ili<' v.-m exercendo influência crescente nos esiados da região oeste cio
1111 /\ ,'<Kl li,5o oferece resistência às regu lamentações ambientais estabclcci-
l,1 1wlo governo fe.deral e apela para "o costume e a çulrnra" da ex traçfio de
1111h h 11 .1, 1·,:cur~os 111inerais e forma~~ão de pastage.ns em áreas do governo.
1

1· 11 ,1 "'li' me mbros. o zoncamenw estabelecido pelo governo pam uli lização


111 ,<\lo C· cquip;1n1do ao socialis1J10. e a admitüstração do ecossistema~ con,i-
,1, 1111111 parte d,1 desprezível nova ordem mundial.~' Portanto. o movimento
1 1, 111k' "direito de os xerifes prenderem administradores foderais de terra,. o
1111 11•111 gerado uma série de incidemes violentos. O povo e as comtmidacles
"' 1111c111ados para que reconheçam única e exclusivamente a autoridade dos
1111111111i;u ios elúitos nos âmbitos do município e do condado, rejeitando o di-
, 1111 ;111 g,wcrno federal de cri11r leis que rcgulamemam o uso da propriedadç
"" 1 nlad;,os. Setenta condados aprovaram as portarias do Wisé Use, que re i-
1111111·,u :1111 o controle local sobre as terras de domínio público. e o u, o d:,
1 ,11·11,·1.1 intimidou os ambientalistas e os administradores federais desde o
J11111 tv1cxi~o e Nevada até o norte de Jdaho e o estado dt Washi ngton. Cri<1·
• "" ,,. 1ribum1is ele Justiça Comum em 40 esrndos. fundamemados em uma
ili dr li, rus e vídeo~ que procuram apn,SCJllar prerrogativas legais para que
111•,,oas si; siman1 no direito de rejeitar o sistc1na judieifrio. estabelecendo
, 11 pr,,prio~ "juízs-s··. "julgamentof' e ",júris". Amparados na Bíblia e cm
11,1 11roprias inter pretações da legislação. chegaram até mesmo a criar um
,11p1,• 1110 Tribunal de Justiça Comum" com 23 juízes. Os dcknsore.s cJa Ju~-
1 , ( llmum dccl,1ram-se "soberanos' ·. ou seja. homens livres. e portanto rc-
11 um ~e a pagar itnposlos ~ previdência so, ial. a observar as normas para a
,1i11 11, .111 Jú cm·tcira de habilitação e a submeter-se a controles governmncn-
1,1 q11t· não tenham sido rontcmplados na Conslituição norte-americana ori-
'" li No imui{o de resguardar S\ta soberania e fazer retaliações contra a~
1111, 11 l(lucb, do governo. é prática comum impetrarem m,mdados de segurançu
,111111"'" tos runcionárius ptíblicos e juízes. instaurando um verdadeiro caos
111 ,i, v~rsos tribunais municipais. Como um desdobramento do movimen10
1 1., 111, tiça Comum. uma rede ele pessoas que vem se expandindo rapidamen-
, .lt Mont ana à Califórnia. ignora a autoridade do Federal Reserve para a
11d'"'º dl! papel-moeda. emitLndo seus próprios documentos b~ncfüios. in-
111 11,· dtcqucs administrativos com uma tecnologia tão avançada quê nfio
1 "" Ul'abnm sendo descontado,, kv:imlo a prisõe-< por fraude e falsilieaçifo.
l lb I\ •~IU'.l l;W<' Ja lt.'frn; n1u\·11nc11!0\ :,.0t;1.11, t.',•mta ,\ 1\1)\1\ orclw,1 1.l,,t 11
111

Tais prática, vêm tornando o movimento pela Justiça Comum o mais provoca·- , 1' 1•S1:iilclccc111 a interconexão ele grupos em toelo o país, trocam inrorma-
dCJr entre todos os grnpos de patriotas. que esteve na raiz do conflito de três ,·,p:illwm boato, e coordenam ações elas mais diversas natlircza~. Pc>r
meses entre os .. homens li vres.. e o FBI em uma fazenda em Jordan, l'vlomana. 111111',. relatórios conlidenciais infonnmn aos us11ários que Gorbachev. a1xí~
em 1996. 11 111 ., 111,0 na Califc\rn ia em que afirmou estarmos ··entrando cm uma nova
Esse movilllento amplamente diversificado. quase caótico. não pode ser ,.J 111 munJial"'. se escondera em 1.11na base naval no sul da Califórn ia para
uma organização estáve l. e nem mesmo articu lada. Não obstante. a homoge- q• 1vis1fl11;1r o desmantelamento das forças armadas dos Estados Unidos prc-
neidade de sua visão básica de mundo e. r rindpa lmente. a característica de 1 11 1111 l11" t~rreno para a chegada do exército dessa nova ordem. De fato, a tal
idcmificação de um inim igo conw rn são dignos de nota. Isso acontece porque li , 11 l,1,~ali nente aconteceu en1 maio de 1996. q11ando uma base permancme
os vínculos entre grupos e indivíduos efeti vamente existem, contudo são esta- t 1 , rnl>,· lcciJa no ,\/ovo \!léxico parn o treinamenro de centenas de pilotos
belecidos pela mídia (principalmente o rádio). como urn1bém por meio ele li- 1 11111,·,, 1r:1halhando em cooperaçiío com a Força Aérea dos Estados Unido,.
vros. panfletos. prcleçc1es e imprensa a.lternativa. fax. e. sobretud o, pela 1 •11 1 , , lrn ,, que devem ter pensado as nlilhares de pessoas que congestion,1-
lnternct.-'2 Segundo a K]VITF...o computador é a arma mais vital do arsenal do 1111 1 «·111ra l telefônica do Pent,ígono ao serem infonnada, pela reportagem
movimento patr iótico·•.~, Ex istem na Internet diversos sist0nias de boletins 1 , NN ,obr~ a inauguração dessa base.
informativos. home paftes e chars: por exemplo, o grupo MAM da Uscnet. p,. ,gramas de rád io também são importantes. t\ audiênc ia de Ru.,h
criado em 1995. Várias rnzões tt111 sido apontadas para rnmanha difusão do 1 111tlt,11irl1. c,timada en1 20 1ni lhc'ies de pessoas em 600 csmções retransmissora,
uso da Internet por membros das milícias. Prime iro, conforme ressalta Stern. 1 1ll t11d,is por todo o país. constitui ins1ru111cnto ele intlnência política sem
"A Internet constitui a cult ura perfeita para o desenvolvimenw do vírus das , 1h•1111·, nos Es13rtos Unidos da déc,1da de 90. Embora Limbm1gh não seja
teorias de conspiração. Nas 1ucnsagens que aparecem na tela. prnticamente' 1111 1111p111i1.ante das milícias. sc11s to:mas ("fcmi,wzistas... "eco-wacos'") aca-
não IHí rnmo disti11guir lixo de informações merecedoras de crédito... Para 111 1,•n,lo , ua rerercuss~o no movimento. Outros programas de rádio bastan-
.
entusiastas de consJJiracõescorno os membros das mi lícias. afi rmacões
, .
lancadas· 1 111111,11·, ·, cst,fo mais afimidos com os patriota,: o programa de Gordon Lidd).
no ciberespaço, cuja verac idade não pode ser confi rmada. a,'abam por reafir- ,1,, 1111•,ul" de ligações telefônicas. 0 11 ainda The /,uel/ige11ce Repor!. apr-:-
mar suas c(rnclusões já estabelecidas por um fluxo ininterrupto de 'evidências' 11111,, pc:ln suprem,icista brnnco :vlark Kocrnke. Canais alternativos de TV a
complementares··,34 Além disso. o espírito de íronteiras ili mitadas, uma das 1h11 ,111,· veiculam assuntos semelhante, n audiências com praticamente o
principais características da Internet. ca i como urna luva para os "homens li- 11111 pc1li 1. incluem a Nmiona/ Empuwermc/ll Te/evisio11. <l l <mes fllrercahle
vres". que se clcmonstram capazes de fa7,er ma11 ifes1ações em defesa de suas , 1\11 a.~011 Cah!e controlada pela Timc-Warner na Flórida, que apresenta o
m usas sem qualquer 1ipo de il\cdiação ou wu trole do governo. Um traço ainda ,l lfro.\'oN, um programa racista anli-scmila. Nurnerosos jornais e infor-
mais signi lrcalivo é que a estrutura de rede da Jmernet reproduz com fidelida- ,111.,,. ta,s crnno o Spo//iglu de Wash ington DC ou o livro supremacista
de H ,lgregação autônoma e espontânea das milícias. bem como a dos patriotas 1111 u //w Turner Diaries) inlcgtam ~sc a uma n~de ex lensa e ahamente des-
cm geral. se111 frome iras. desprovidos de um plano defi nido, rnas comparti- 1th,d11111la de mídia alternativa. Essa rede é respons,ível pe la difusão de in-
lhando de um objelivo. um ,cntimento e. sobretudo. u111 inimigo comum. A~- 11111,lc•, dirigidas, exprime os ressenti mentos das pésSoas, t<>rna públicas
si m. a ímernct (com o auxíl io do fox e ela mala-direlil) pa~sou a ser ucilizada 1 ,•,11cm i$taS ele direita. espalha boatos sobre tonspiraçôes e alimenta a
corno principal instrumento de expansão e de organimção <lo movimento. Foi 1111111111,1apocalíptica que se transformou na maior referência cultural parn <>
por imerin,'dio da Associwed Elecrro11ic Network New.,·. mant ida pelos J'l1ll.i 1111 úc direita do final do milênio. Assim. enquanto o FB J in utihnente
Thompsons em ln<lianápolis. que se difund iu uma teoria de conspiração, se- 1 ,11 ,1pn cm busca de provas de urna conspiração que trama a derrubada do
gundo a qual o att>11tado de Oklahoma teria sido um ato de provocação por , 111" pc l;i força. a verdadeira con,pirnção. anôni ma (ou plurinomina l) e
pane do governo federal semelhante ao incêndio elo Reichsrag a mando de 1•111\ ill:1 de organização (ou com centenas delas), flui livremente nas rede~
Hitler, utilizado como justilkativa para combater as mi lícias de íc,m1a bem !11l111 1na1;,1n. n11trindo paranóias. integ1·ando diferentes tip<>s tle ódio e. pro-
mai~ incisiv,1. Outro, , i,1cma~ de holet ins informativos. co1110 ;1"P,1Ul Rcvcrc l11w111c, causando tlcrram:imcut,, Jc ~11ng11c.
118 110

As handeiras dos patrio1as 1 , 1111th' <:0 11crelaS e incisivas: recusa ,,o pagamentO dos tributos federais. nào-
,1 , , \'Hn.-ia às normas ambientais e ao p lanejamento de uso da terra, reconhe-
Apesar <le suas múltiplas facetas. o movimento patriótico, tendo como 11,11 111<• (l:t plena soberania <l<>s tribunais de j ustiça Cúmum~concessão uo júri
vanguardr'. as milícias , realmente compartilha de objetivos, c renças e inimigos 111111,•tl'' especiais de. desobediência às leis (e ntenda-se. a tomada de ded-
comuns. E justamente esse conjunto de valores e finalidades o responsável 1"' lrn, _jurados não de acordo com a le i, mas com s uas próprias consciên-
pela construção de uma visão de mundo e, cm última análise , da definição do 1 1 111,•t·111111éncia cios governos dos condados sobre autoridades de esca lõe~
movime nto propriame nte dito. 11 ti l'ii-ntdns e ódio aos 6rgãos federais fiscalizadores do cumprimento e exe-

Ex iste uma visão subjacente de mundo e de sociedade. si mples, porénJ 11 ,111 ,J., lt:i . 1~m ú ltima a nálise. o movime nto d ama pela insubordinação civil
muito forte, que se manifesta so b diversas formas no movimento patri<itico. , """' o g1>wrno. a poiada. se e quando necessária. pelas a rmas dos cidadãos
De acordo com essa visíio. os cidadãos dos Estados l,nidos s ubdividem-se em 1111 "''l"' il am a " lei natural".
dois tipos: os produti vos e os parasitas. Os produtivos. trabalhadores cm geral . l •,11hllr:1o governo federal e seus 6rgãos fiscalizadores sejam os adversá-
estão comprimidos e ntre duas camadas de parasitas: no Wp<). autoridades go- i. 111.11, priixi mos. hem como a causa mais imediata para a mobilização dos

vernamenta is corruptas. e li tes e mpresariais e banqueiros: na base. pessoas es- , ih lu1u". tuna amea~;a ai nda mais assustadora surge no horizonte: a nova or-
túpidas e preguiçosas. que não fazem jus à con! ribuição previdenci{irja que 1 111 111111,di:11. "'sse conceito. popularizado pelo apresentador de T V evangéli -
recebem da sociedade. A siwü~:;1o vem se agrav;indo pelo atua l processo de l' ,t Ruhe rtson. projetando-se para muito além da ideologia do " fim da
globa lização. liderado pelas Nações Un idas e ,1s inst ituições financeiras inter- 1li 1,\1111" 111, pe ríodo p<is-guerra fria de Bush. implica que o governo federal
nacionais. em nome d as e lites e mpresaria is e da máq11ina administrativa de) 111 t1,1l>alh:111do ativamente em conjunto com a Rúss ia (principalmente com
governo, que ameaça 1ransfonnar pessoas t:omuns em meros escravos de uma 1 ,,iJ111, lwv. t:onsiderado um dos principais estrategisrns do pla no) para a for-
economia g lobal praticamenre d..: subsistência. Deus acaln1rá vencendo. mas ,,,. 1h) lh: um único governo mundial. O prc~jeto estaria sernl o supostarnenlc
para q ue isso acomeça os c idi1dãos precisam empunhar suas arm,1s para hnax 111h111dt, Jl"r inte rmédio das organizaçôes inte rnacio nais: as Nações Unida~.
por nada menos qu~ o "futuro dos Est~dos Un idos"/'/\ partir dessa visão de , 111 ,., iada O rgani7açi.ío Mundial de Comércio e o hmdo :Vlo ne tá ri<> Inter-
mundo surge um conjunto específico de objeti vos para o movi mento , que or· " 11 ,u,11 O destacamento de tropas norte-americanas sob comando das Na-
ganiza sua pri'\tica. 1h11d. ". juntamente com a assina tura do i\'Af<TA. silo conside rados ape nas
Em prime iro lugar, as milíc ias, e os patrio rns de modo gemi, são um 11111111•11·os JHlSS<JS rumo a essa nova ordem. mu itas vezes explicitamente
movime nto e minente mente libertário (e, nesse sentido. basrnme d istinto dos 111, 1111111:1 ao s urg imento da Era da Informação. O impacto real sobre o povo
mlzistas e fascista,; trad ic ionai, que defond~m um r.stado foitc). Seu adversá- 1 11, .11nciic,u10 é evidet1d,1do pe lo empobrec imento econômico em função
rio é o governo federal. Em s ua visão. as utlidades básicas da sociedack são o 1 111111111, ,; e mpresas n1u lti naciona is e pela pe rd:1 da soberania política em

ind i\'íduu, a fomília e a comuni dade local. /\lé111 desse nível imediato de reco- 1 , ,1 <111 111tiqui na administrativa globa l.
nhecimento pessoal. o governo é. n~ melhor das hi p<iteses. toler,ido como a \ li mh, :, ess~s tendências localistas e libe rtári as. subsiste ainda no movi-
ex.pressão direta da vonwde do cidadão. por exemplo. governos de condado, " 11t11 11111 terceiro tema importante: uma forte reação às feministas (não às
com autoridades clciws bastante a~es&íveis e que possam ~cr monitoradas pes-- 1 ,1111, .. ,..,, conquanto se mantenham em seus papéis tradicionais). homosse-
soahnente. Os escalões mais altos do go,·erno são vistos <:0111 desconfiança. e 1111 ,· 111i11orins (como beneficiá rias de s ubsídios governamentais). Há u,m,
o governo federa l é considerado absol utame nte iJegíti1no. na condição de 111111·1 1, 1,ca cl:lrnmente predo mina nte no mov imento patriótico: de modo ge-
usurpador dos direito, cios c idadãos e manipulador <la Constituição, passando l """" i,ncnto conta com membros cio sexo masculino, brancos e hete rossc-
por cima dos preceitos origin~1mcn te c;tabe led dos pelos fundadores ela nação "" t l "l lomem IJranco Revoltado" (nome de rnna dasorganizações pan'iólicas)
nort,Htmcrican:L Para os membro;; das milícias. Thomas Jefferson e Patrick 1 , , 1,•1 , urg ido dessa mistura entre reações ao depauperamento ela econo -
1lenry são os her<Íis. enquanto Alexander Hamilton é obviamence <>vilão.Ta l ", 11·,il11 111uc,:ão de valores e privi légios tradicionais e revides c ullurn is. O,
rejeição da legiti midade <lo governo tedcral se manifesta por nçüc, e ntirudes 11 .. 11, '" "'" ' valores da nação e da fornili:, (isto é. o pa triarca li smo) são realir·
A t)utr:1 fr.11.:1.• d a íc.rrn: IIIQ\·imcnt<h SO<.·:a1i c,,,.mra a nm·:i o:<ltm glolxll J2 1

macios contra o que se considera excesso ele p1i vilégio, concedidos pela socieda-
"' '" 1111(·, dn cu ltura noite-americana. o individualismo exacerbado e a des-
dê às minorias raciais. ctdturais e de gênero, rnedianre. por exemplo, a legislação
•111 11111~·:i de governo; despóticos. dos quais mu itos imigrantes escapam em
que dispõe sobre a ação afinnativa e discriminação racial. Embora esse tellla
, , 1, d," 1'stados Unidos. fornecem a base ele legitimidade da resistência
mamenha uma relação muito próxima com um sentimento bem mais aiTaigado
•1111,1u, arnea,:a~ i111postas pela infonnacionalização da sociedade. globaliza-
de rejeição à igualdade racial por grupos supremacista~ l)rancos e associações
" .tu ,·cnnonda e profissionalização ela política.
antii migraçào. apre~enta como elemento inovador seu alcance e abrangência.
1xu-ricu lanncnre em decorrência da rejeição ded ,1rada cios direitos da mulher. e
seus ataques hostis aos valores liberais atualmente di fundidos pela grande mídia.
Um quarto tema sustentado pela l!laior parte do movimento consiste na Quem são os patriotas?
defesa intolerante da superioridade dos valores cristãos. nesse sentido criando
um víncu lo muito próximo com o movimento fundamencalista cristflo aborda- t 1111 dos elemento~ constituintes do movimento certameme são fazendei-
do no capítulo 1. A maioria dos patriotas parece concorclar com a .idéia de que " 111,ut" k itn, das regiões ocs1e e centro-oeste do país. apoiados pelos mais
<JS rituais e valores crist[íos. na ótica de seus defensores. devem ser incutido$ li , , "'i,cr mcmos da sociedade de cidade., de pequeno porte, desde donos de
pelas instituições da sociedade; por exemplo. IJled iante a obrigatoriedade da 11,1 h011Jl•1t·, até pastores ele igrej as. Contudo, seria imprec iso considerar que o
prece nas escolas pública~ e a triagel\l de publicações nas bibli otecas e na •t h, il11 11\lwirnento esteja res1rito exclusivamente a um universo rnral supc-
mídia para censurar o que for conside rado amicristão ou contrário aos valores ' h, I'"'ª 111oderniza<,:ão tecnológica. "liín ex istem dados demográficos dispo·
da famíl ia. O rnoviilJento amiaborto, amplamente difundido. e contando com ,, h , 11 hrc a composição do movim ent o. porém um breve exa me da
assassinos fanáticos cm suas fileiras. é o seu inst rumento organi wc ional 1nais 11 11th111~;lo g<:'ográfica das milícias (ligurn 2. 1) demonslra sua di versidade
evidente. ü fund111nental is1110 cristão parece ter pcnetrndo cm toda;, as cama- 11 111111,tl ,·, cunsegücmementc, social. Os estado, cmn 111,iior número de mi lí-
das do mov i1t1en10. Talver. essa retaç5o entre um 111ovimc1110 extremmnemc 1, f11 l'SL' ntam áreas bastante di versas. como Pen siIvfini a, tvlichigan. F!órida.
libcrt,irio, como a 01i lícia. e o fundameutalismo cristão. um 1110vi mcnto volta- .,,, l 'olnr~1do e Ca lifórn ia. ,n,mentando mais ou menos d<! acordo com os
do 1i teocracia e portanto pMtidürio da imposição, por pane do governo, de 1,111,,- 111aís populosos (exceto Nova Ynrk. incl ui ndo o Colorado). Contudo, a
valores morais e religiosos sobre seu~ cidadãos. possa parecer paradoxal. En• 11 t,1t1 ~ 111sca111cme essa: as milíc ias parecem es1ar onde há mais pessoas. em
trctanto. trata-se merameme de urna contradição na perspectiva histórica. poi, 1,,., pai,. 11ào só em tvlomana. Se incluirrnos a Coali zií() Crislfi como parte
nos Eswdos Unidos dos anos 1990 1a1110 o objeLivodos fundamenwlistas quanto ,111,vi111c1110. podemos conclu ir que os patriotas tombé m marcam presença
dos li b<!rt,írios converge para a destruição do governo feílcrJ I. percebido como ,uhlll l1in, da maioria das :íreas m,~crnpolitanas de maior ponc {há cerca de
11m elemento alheio a Deus e ao povo. 111fll1110 de membros da Coaliziío Cristã). Algumas mi lícias. por exempl().
O mote ";~nnas e Bíblias" poderia , er apl icado com propriedade a e.sses 1, ~,·1, l l111n r sh ire e na Calif6rnia. parecem recrutar seus membros entre
mov irnentos.J<,As armas fmam o grito de guerra cm rnzào do qual as milícias , ,11 , 1111111i, de informática. Portanto. parece pouco provável que os patriotas
,e reuniram em 1994 cm resposta il Lei Brady. Uma enorme rnal izão foi for, 11111 11111111ovi1nc11to q11e adote como critério de ·'rccrucmnemo'' determinada
macia para cornhater essa lei. seguida de tentativas de assumi r o comrole sobre 1 , ,ll~i11t. ou se restriJ1jam a um 1crri1ório cspecítico. Em vez disso. podem
, ,h•t111i,lo, basicamente como um movimcnco cultural e político. defensores
pon e de armas. cm torno do poderoso lo/J/J.1· da NaLional Rifle Associatron,
detentores de muitos votos no Congresso. unirnm-se popufaç()es ru rais de todo 1, 11 ul11;,ie, do país contra os valores cosmopolitas e de um governo aucôno-
o país, proprietários de lojas de armas. li bertários extremistas e membros de " tl11110111da,'ão local contr.\rio à imposiçffo de uma ordem global. Se classe
milícias. com o propósito de preservarem o direito constitucional de porwr 111 11.10 constitui fator relevame 1x1ra a integração do movi memo, passa a
armas como a última linha de defesa dos Estados Unidos. As armas rornaram l,1 , 0111 udo, quando se trata de identiticaçiío dos adversári os. As elites em-
se sinônimo de liberdade. O Velho Oeste volta com toda a força. .~eja nas nm, 1' 111 11', ,,, b:,nquei ros, as empresas de grande porte ricas. poderosas e a 1TO·
ele Los Angeles. seja nas faze1\das de Michigan. Duas das caractl.'l'fi>l icas mais 1111 111111amentc com seus advogado;;, alim de cientistas e pesquisadores.
, 111 tu sl!u, advers:írios. Não eomn ~l11>st!. mas nn qua lidndc de rcpresen-
122 121

tames de uma ordem mundial contrária aos valores norte-americanos. A ideo- 11 111111 , ~dcs de fnzenda de onde possinn admi nistrar suas redes globais. Os
logia de) 111ovimento absolutamente não é anticapitalista: ao invés disso, sai em 11.!1•111" tia rc~ilio têm-se ressentido dessa temlência.3'
defesa do livre capitalismo. in fensa à mani fest;ição corporativa de um capita- 1 ,,m,, , e n~; bastasse. num momento em que a família tradicional wrna-
lismo esrncal que se assemelha ao socialismo. Desse modo. uma amílise dos 111 ,to 11111c11tt> indispensável de segurança fi nanceira e psicológica. wl con-
patriotas sob a perspectiva de classe não parece ser a nlllis apropriada para :se 11 11 1·111 , 11i ntlo. na esteira da guerra dos sexos desencadeada pela resistência
depreender a essência do mov imento. O movimento consiste cm urna insurrei- 1, 11, 1111,·alis1110 aos direitos ela mulher (ver capítulo 4). Os desafios cu lturais
ção política que ultrapassa os li mites impostos por classes sociais e. diferenças w ,, 111, 1111J.., à ortodoxia IJetcrosscxu,,I acaban, confundindo a masculinidn-
regionais. estando relacionado uevoluçfü1 social e pol ítica da sociedade norte- \ li 111 di,so, urrw onda de imigrantes dr, A1JJérica Lmi na e da Ásia. juma-
americana como um todo. 111 1111 , 0111a natuceza cada vez mais multirracial cios .Estados Unidos. embora
11 qll1•11,·i:i 16g.ica da história do país. tornam o senti mento de perda de c,m-
1 ,1 ,111Hl:i 111:,is exacerbado. ;\ s constances nwdanç:1s de funções agrícolas e
1 lu 111,.,, pura o setor de serviços. e do setor de produtos para proces,amemo
As milícias, os patriotas e a sociedade 1 1,1111,, vêm minando habilidades adquiridas e subculturas ele trabalho. O
norte-americana dos anos 90 1 1 d,1 l ;,,erra Fria. com o colapso do comunismo. eliminou a identit1c11çã<>
11 ,11, 11111,iign externo cort1ú principal al vo de arnque. comprometendo as
O popu lisn10 de direirn não é nenh111na novidade dos Estados Unidos. N11 111,, ·, dt· 11H>bili zar os Estados Unidos cm torno de uma c,1usa comum. A ern
verdade. trata-se de um fenômeno que teni exercido papel import11ntc na polí- , 1111111111:u;:10 transforma-se na era da confusão. e conseqüentemente na era
tica norte-americana ao longo da histó,fa do país:"1 Além disso. violcmas rea- 1111111,u;:1<> fundament<tlista de valores trad icionais e direitos absolutos. AJ.
ções pop1ilares contra crises econômicas profundas ocorreram tmno nos Estado., hi,, ner;.lticas. e ~ts. vezes. agre~~i\'as. dos órgãos ele fiscaliz<1ç~o respon~
Unidos quanto na Europa sob di versas formas, desde os exemplos clássicos do 1 p,·lo, cum prime nto e execu~·ão das leis à~ vária~ rormas ele protesto aprn-
fascismo e do nazismo até os movimentos xenofóbi<:os e ultranacionalista~ ,1 1111 , 1 ,~tlio. deixam os sentim~nto, exacerbados e parecem servir de
dos nossos dias. Entre os fHtore~ capazes de justificar o rápido nesc imcmo das ,1t11 uc,va pa ra a convocação i,s arr11as. levando as milícias nortc<uneficanas
mi líc ias. além do uso cada vez mais difundido da Internet. estflo as condicõe~ "", 111111 ,mto direto com a ordem global emergente.
econômicas nrnis difíceis e a ch~sigualdade social nos Estados Unidos. A r;nd.á
média dos homens sofreu perdas ,ubstanciais nas duas últimas décadas. prin•
cipalmente durante o, anos 80. /\s fam ílias mal são capazes de manter os pa·
11 1.arna.s cio Apocalipse: a Verdade Suprerna•0 do Japão
drõcs de vida de 11,n quarto de século atr;ís. com duas fontes <le ren,ta em vez
de apena~ rnrn1. Por outro lado. a renda das pessoas mnis ricas ( l '7c. l cresceu de
nl'}r·tln , 1í/rimo elas !écnifa'•: co,p,,,w·r; if•'W <1 Vf>rrl<uh.• Supwma ;won1ra
, t
US$ 327 mi l em 1976 para US$ 567 mil cm 1993. enquanto a renda familiar. 11wu11 I'º" meio da ioga e du 1ws1-t?ridad(• é um modo de c-o.1nm:fr:açllo com
em lllédia. permanece em ccrcr, de US$ 31 mil. A remuncrn~:fio dos diretore,s 1uill,1rwr mf'ir,. Pt,d(!•se d:egar à conumicaçc?u J>da res3·011ânc/a com os orga-
excculivos de empresas chega a ser 190 vezes maior que a do assalariado co- il uw,· 1h>-: muro.\. sem que se e.weja '· ilwal(1do a nenhum 1ipo de consr.h!ncia
mt11n.-'' Para o uabalhador e o pequeno empresário nonc-arnericanos, a era(]:, /, tr/;wtldud<~ cnmo indh-/duo, e .,f•m .f(1:.,•r uso da fin:guagem verbal.
globali zação e da infonrntciofütlização tem sido sinônimo de queda re lativ,1 :v1a~:,chi Osawa. c~md1li. outubro de 19Y5 11
em nrnito, casos absoluta. dos padrões de vida. revencndo assim a tendêntiri
ilistórica de melhoria no padrão de vida. cm termos materiais. a cada geraçii(), I\Jn ,ií,t 20 de março de 1995. um atcncado com gás sarin em três trens do
Por vezes, a cultura dos novos ricos globai;, alia o insulto /t injtíria. Por exem 1.. 1 oi,• l'oquio matou 12 pessoas. feriu mais de 5 mil e aba lou as e.struturn~
plo. Montana. o berço das novas milícias. é também um dos loci, is füvorit(>, 'I 11,•111c1Hcntc estável sociedade japonesa. A polícia. com base em in l'or-
dos novos bilionários. dispostos a adquirir milhares de acrcs de lci ra virgem .: ,11b1c um incidente semelhHntc que ocol'l'crn cm Mmsumoto. em ju-
12.i

nho de 19')4, conclu iu que a auroria do atentado deveria ser atribuída aos mem- 1"1 11 uo11 , ., para o vestibu lar para a Universidade de Tóquio. Set1 projeto de-
bros da ;\11111 Shinrikro (Verdade Suprema), uma seita religiosa situada no cerne i 11 11111 ei a 1ornar-se primeiro-mi nistro. Após ter sido reprovado. abriu uma
da rede de negócio&. organ izações políticas e unidades paramil itares. O princi- 1 "111 11 111 t: cspccialiw u-se na venda <le medkamenros cbineses tradicionais.
pal objeti vo da Verdade Suprema. segundo seu próprio discurso. era sobrevi - , , 11 ",h· ali;uns desses medicamentos era cluvicloso. e a falta de licença para a
ver ao apoca lipse i1ni nente. salv110do o Jap,1o. e o mundo. da guerra de ",, 11 i"' iI ação desses produtos acabou lc\'ando-o 11 prisão. Após ccr-se casa-
extermínio que resultaria inevitavelmente da concorrência entre as corpornções 11t l,, um li ll10. em 1977 concentrou seus interesses na religião. Eclucando-
japonesas e o imperialismo none-ainericano em busca do estabelecimc1110 de 11 1 ',,•111u. 1cr11ou desen\'Okcr 11111 método de medicina espiritual baseado no
uma nova ordem mundial é um governo mundilll unido. Para ~air vitoriosa no ,., , , 11 ., /\ n1udança decisi va cm sua vida foi a partir do dia em que resolveu
/\rmaged<m, caberia 11Verdade Suprema preparar um novo tipo de ser huma- 1111 " pum a seita /!\gon. um grnpo religioso que prega a conqui ~ra da perfei-
no. íunda111ent11do na espiritw1lidade e no auto-apri mormnento por meio de '' ' 11,11 111~i11 da austeridade." Me<litaçáo. exercícios físicos. ioga e budismo
meditação e exercícios. Contudo. para poder enfrentar a agressão das potênci- , ,11 , 1, " ,·stanun entre as práticas esso::nciais do grupo. Asahara incoq)orou os
as mund iais. a Verdade Suprema tinha de se defender aceitando o dcsaf'i o de , 11to11 111·1110, da seita Agon às suas próprias idéias de cri,1ção de um novo
desenvolver novas armas de extermínio. O desafio logo tornou-se realidade. O """ ,, " ' 1cl igioso. E111 1984. abriu uma cscoli1 de ioga em Shi buya. Tóquio.
fundador e guru da seita. Shoko Asahara. l'o i preso e levado a _julgamento , .,1,•si11< 1 t~mpo. f\lndou a Verdade Suprema. 01.1a i\u111 . coni tipo _jurídico c.le
\provavelmente para ser condenado à 111one), juntamente rnm os membro~ , ,111,11,.1" <1\11111 é uma palavra cm ,ftnscrito que signi f'ica "sabedoria profun-
mais proemi nentes da se ita. A seita propriam<!nte dita cominua existi ndo. em- 11 l •\ ,al,ara ~(lllStru iu a reputação de sua escola dizendo à mídia que tinha
bom seu co111ingcnte tenha-se reduzido bastante. j 1, ,,,, , uhrénaturais. como demonstrado pela sua capac idadede. levitur (algo
Os debates acerca das origens. desenvolvitnento e objetivo;, da Verdade 111 1, ut1H1 provw· com f oto~ que o moslrav.nm no ar. su:: 'I prüneira aventura ni.t
Suprema estenderam-se durn nte 1nc~es a fio na mídia j aponesa. reduzi ndo-se , , dl• l.'lcllos especiais visuai5, sinal da impor1ância que mais larde l>cri~1
gradativamente somenLe um <1no e 1neio mais 1ardc. Esses cleba1es k vantara111 1., p.-1.i séita 11 to:cnokigia da mídi a). /\ firma ndo que Deus lhe in, trufra a
questões funda1ncntai;, sobre o verdadeiro estado da s,iciedade j,1ponesa. Seri111 11 ,11 11111 paraíso com alguns poucos eld tos. em l')K5 o mestre de ioga tornou-
possível conceber tais acontecimentos em uma das sociedades mais ricas. se- 11111 líder rd igioso. ensinando a busca da perfe ição a seu~ discípt1 los na
guras. e.L nicamcnlc homogêne<1s. cuhuramentc. integradas e conl menore~ ní- ,lu I"''" prática da ,msteridade. Em 1986. Asahara criou a sei ta religiosa
VC'is de desigualdade do mundo'! O que 11111is chocou ii opinião ptíblit:a foi o 111,d 1\11111 Shin ~en. com cerca de 350 membros. Ao contr.írio do que ocorre
fato de que ~ seiw conqui stam muitos adeptos entre ciem is1as e engenheiros de " , '"'"" étdtos, c,u que somente uma pequena parcela dos devotos pode
algumas das melhores universidades. do .lapão. Tendo ocorrido cm um período 1 ,Ih "' se ~m tempo integral à prática da austeridade e mcditoção. a maioria
de incerteias políticas após a crise no PLD, o partido que governa o Japão por 1, , '"~ uidorc, era iniciada como sacerdotes. O índice bastante ekvado de
quase ci nco décadas. o aro aparcmemen,c inse-nsalo l'oi encarado como un1 1 ,.t,km 11a .seita era muito 11nponante para o futuro da Verdade Supre ma. já
sintoma. Mas sintoma de quê? Para se cornprce nder um proce,so bastante 111 p11 ,·,, ava conseguir meios snb~ranciais de apoio li nancçiro para um nú-
t:omplexo com irnplirnçôes pmfu ndas. porém não tão óbvias. faz-se necessá- , , 1 1 11\1) grande de S[1cerdotes. :'-\ ss.im, a Verdade Suprema pedia a seus scgui-
rio reconslruir a evolução da seita, começando pela biogra fü1de se'U fundador. 1 " 1111c rk1as,em todos o~ seus bens (por vezes :\ força). ti"ava preços para
lJUC desempenhou um papel vital nesse processo. 11 ,numcntos e as anlas de treinamento. e investia em cadeias de lojas alta-
" 111o lnl'l'ativas \Ma/wpos/w\. que trabalhavam com a vencia de ,:0111p,1tado-
, 11111 d~s,onto. ,:-special izando-se em cópias ele sofr,rarc '·piratas". Com o
i\sah.ara e o surgim.enro da Ve,dade Suprema 1" 111nv,:nicnLe dessas lojas. a Verdade Suprema fi nanciava lojas de bebidu~
,,,,,,l11t,1, ,ll imentícios e ouu·os negócios diversos. 1:-:m 1987. o nome da ,eità
Asahara n.isceu cego em uma família pobre do distrito de Kumarnotv. " ,h,•1,111(, par,1 A11111 Shi11rikvo (expres~ftOj aponesa que designa "verdade").
Freqüentou urna escola especial parn cegos e. após concluir seu, estudos ali, 1 " """ t1epn1~. cm uma da, ctopas paru a constn.1 çiío do 1)ara í~o terrcs11·c, n
12{• IZ7

Verdade Suprema estabele<.:eu-se em uma aldeia n() sopé do Monte Fuji. Ape- i.,1, ~.ovcrn:imentais". espelhando-se na c:slrun1ra do Estado japonês, e no-
sar de certa resistência por pan e elas autoridades. acabou obtendo o registro ele 111, 1111 111cmbro, para cada min.istério e órgão burocrático para formar um go-
Ullla organização religiosa sem fi ns lucrativos e isenta de impc)stos. /\pós ha- 1t111, 1.-ndo Asahara como líder desse Contra-Estado sagrado. O papel dessa
ver consoli<l,1do a posição da Verdade Suprema, e com o apoio rle cerca de 10 ,, •111111:11;:10 seria liderar a seita e os poucos eleitos que sobrevivessem à bata-
mil membros. Asahara decidiu ingressar na polúica com o propósito de trnns- lh11 1111.tl c" ntra ,is fo1sas do mal. a saber. o governo mundial unido (controlado
formar a sociedade. b n 1990. e le e outn>s 25 membros ela seita concorreram I' 1,,, 111ultin:1cic>nais) e seus agentes dirt:tos: os imperiali stas nonc-america-
nas clc içc}es p,u·a o Congrc~so mas não conseguiram quase nenh um voto. Ale- 1111 ,, " polk ia japonesa. Em junho de 1994. um primeiro experimento com
garam que seus votos lmviarn sido roubados. Essa frustração na política 111ar- 1 111 111 lúi realizado em Ylmsumoto, mmando sete pessoas. As investigações
cou a "virada'' ideológica da Vercfodc Suprema. que 11bandonou por complelO 1 11111l11111las pela polícia sobre a se ita.juntamente com as reportagens da mídia.
a tentativa de panicip,u· do processo político. Agora. os esforços estariam vol- u,1111,cus membros a concluir que o C()llfronto direto seria inevitável. e o~
tados ao confronto dircw com o governo. Logo em segu ida. a ten tativa de 10 111w1,n, indícios do cumprimento da profecia já se füziam notar. Meses de-
cons1 ruír un1 novo templo para a seita em Nacn i1iomura encont rou dura resis- i'"' ,1 :t10nwdo no metrô de Tóquio lançúu a seita. o Japão, e talvez o mundo
tência dos moradores locais e, após alguns incidemes. 1t1e111bros da Verdade 11111 111 ,. ,·111 uma era de crítica messiânica potencialmente sustentada por armas
Suprema foram presos. A mídia propagou os boatos de scqiiest ro e cxtors.io de 1 • ~h' 11Hínio CJn mas.sa.
ex-membros da seita. Quando um grupo de vítimas da Verdade Supre,na for-
mou uma ass0<.:iar;fio. o advogado da seita desapareceu. ;\ seita entrou e111 e-~-
tado de delírio paranóico. sentindo-se ludibriada pela polícia, pelo governo e /\tfetodologia e crenças da Verdade Suprema
pela mídra.
Dentro desse contexto. Asaharn c:omeçou a dar ênfase à linha apocalíptica /\, ~rc,nças e ensinamentos da Verdade Suprema s5o basrnnte complexo,. e:
de pensan1ento que cstiw rn la1entc nos temas abordados pela ~cita desde sua , 111111M:1tlo por alglnnas mudanças ao longo da evolução da seirn. Comuclo. é
criac;ão. Asahúra. referindo-se às profcci.is de Nostradamus. previu que. por vol- 1~u 1v,•I reconstruir a essência de sua visão e práticas com base em documenta-
ta do ano 2000. eclodiria a guerra nuc lear entre os r.UA e a ll RSS e que, como ,. 1d :1t6rios muahnente disponíveis. '.'ia raiz de seu objerivo fi nal e método.
,onseqüência, 90% da população urbana mundial iria morrnr. Assi m. caberia \ 1•1d.1tlc Supri/ma destaca a no~·ão de talvação (~,idatm). isto é, nas palavras de
aos melhores a tarefo de prepararem-se para sobreviver à heca1on1bc. Para tanto. t 1 ,11111, u111 dos mais atemos observadores ela Verdade Suprema:
seriam neccssnrios ex.c rcício~ físicos '-'Xtenuwite,. aus1cridade e meditação. se-
guindo os cn,im11nen1os de Asahara. de modo que se desenvolvesse uma raça de 1>1,1'olvcr a inlegridadc Jo corp<.l como indivíduo para supe.rar a Jimüaçflo físi~
super-homcn, . Os templos de 111,~ditação da Verdade Suprema s.::riam o berço t.'11 do <ll'g_..ini:-mo. Os fiéis cicvc.nl u·ansccnder o iimku· l!nu·e v corpo e o inundo
de um11 nova <.: ivili7,ação que surgiria após o i\nnagedon. A ped'ciç5o espiritual. , Xll'' 1l11·diforeociando 'iC.u próprio corpocn1um processo cons1an1c ~ i.nJindáveJ.
comucln. não bastaria. O inimigo la11çari;1 mão de todos o, tipos de novas armas: IJm mei() de excn:kios físicos contínuo:;. é possível (llingir um ponto em que se
IHK:lc ~ 11tir u corpo com<.> un1 lluido. g<i.s ot1 v1ula de energia. O corpo busca
nucleares, químicas e bacteriológicas. Ponanto. a Verdade Suprema, como a
1111eµ,rar-se como indivíduo porque temo:- auto...-onsciênda do in1crior do corpo
úhirna chimce de sobre,·ivência da humanidade. deveria es1ar preparada para lllh.'f!r:1do. É c~tc int<"nor que {Jrgm111.<t o ser. Ponant<), parü desintegrar nosso.&
esse terrível confl ito do Fim dos Tempos. Divers11s e,npresas foram criadas pela lo, po!'. a tal ponto que o rx:r\;Cbamos comt>lluido ou gfü, é precbo atingir a
seita para adquirir e processar 111ateriais para " desenvolvimento de anuas quí- 1h~,orgamzação de nós mesmos. >Hssu consiste a sulv~ção:v.
micas e biológicas. O, membros da seita impo11arn111 um helicôptero do merca-
do negm russo e vários blindados. .:: passaram a dedic:u·-st! 110 projeto e produção .\11/rnçao é sinônilllo de liberdade e felicidade verdadei ras. Na realidaclt;,
de armas de alta tecnologia. inclu~ive armas a laser 1deguradas:'-' , ,,,,., 1Jum,u1os perderam contato com o seu eu e tornaram-se impuros. O
Como conseqüência lógica desse pro<.:esso. em J 994 a Verdade Suprem:i 11 11111d,1 ,~ai na verdade é uma ilusi\o. e a \'ida tal como é vivida pelas pessoas
decidiu transformar-se em um Esmdo parale lo. Constituiu ministério~ e agên- 11, 1t•pl cta ele fardos e dores. A percepção<:: a aceitação de~~H dura rcali d:1dc
l.?8

permitem encarar a mone em toda a sua verdade. Para se atingir essa verdade .,, 111, 1111, pllrL;lll vazia de signi ficado .:,piritual. Uma geração seduzida. a um
por meio da salvaçc7o. a Verdade Suprema desenvolveu um rné.todo de medita- , t, 11111n, pela tecnologia e pelo esoterismo. Muitos elos segi1idores da ~erda-
ção e m,sk:ridaclc (Malwyana), coni marcos l)em definidos dos di ferentes graus 1 ,11p11·111t1~ram pessoas incapaze, de encontrar espaço para seus de,eJOS d.e
de perfeição alcançado, pelo fiel em diversas etapas. 1 111,I 111\11 (' de signi ficado na eslrut\l rn buroc ratizada das esc_
o la>.<írgãos au1'.11-
Emretanto, para a maioria dos seguidores, a sal vaç{io é. na melhor das . , 11 ,1,vo, ~ t:orpora\,ües. e revoltadas comra ~s estrur.1rns familiares tràdtélO·
hipó!e~es, incerta. Assim. dois ourros elementos a1ribue1n coerência ao 111é10- , ,, , 11111"ri1,i rias. Nào viam qualquer sentido e!ll. suas vidas. nem mesmo
do e visão da Verdade Suprema: a fé nos superpoderes do guru . garantindo a I' 1\ 11 11,ico suficente para se expressarem nas superpovoadas conurbações
salvação após determinado esuígio de perl'e içiio ter sido atingido: e. por outro 1, , h 11,d~, j;i ponesas ..A. única coisa que llics restava era seus pr6prios .corpos.
lado. um sentimento de premênci a oriundo da imi nente crise catastrófica da 1 11 , 111111t," desses jovens. o maior desejo era viver em um mundo diferente
civilização. Na visilo da Verdade Suprema, há uma relação dire1a ent re o fim j1 uwh• d:1c: i0nd a e dü tecnologia que os faria transcender limites naturais e
do mundo e a salvação cios fiéis, que. arnalmentc. se preparam para o apocalipse t '" N:i ,;nnccpcão de Yazawa. esse clúscjo se fundame.ntava na " infor-
adquirindo poderes sobrenaturais. Nesse sentido. a Verdt1de Suprema é ao ,., 1 11111,d,1:i,;:10 do ,'.orpo". isto é. na trnnsfonnaçíio ~o potencial l'ísico buma-
mesmo lempo uma sei ta míslica e uma orgtllli2açflo pragmática qth.:: fornece , p, 111 i'<>dcr da crença. das idéias e da rnedirnção. E justamente nesse ponto
tre inan1en10 de sobrevivência para o dia do juízo íi nal no ,UH> 2000 - a um
111 , , 11 11·1mlologia de salvação d a Verdade Suprema se enc:11xava. A prnmes,a
certo preç-o.
1 .,1111,an era que as pessoas poderiam sentir a si próprias e às outras ao
""' 1,,npn. A crnmmidade " o ;;~ntimento de posse seriam restaurados,
A Verdade Suprema e a sociedade japonesa 1 1< 111 1•xpr~s., iio do eu. mediante a perl'c ição e o controle dos pr6prios li mhe~
t , "li",, n,,. , corno resultado de uma força exterior. perrn irindo a comumca-
'" , m w 11 mcio de conex:ío direut L'Olll outros corpos. Essa nova forma de
A maioria do~ sacerdotes da Verdade Suprema ern,n jovens un iversit,í-
"'""" .,~;,o ">111c111e seria possís·él entre corpos q11c j ü tivessem superad'.> a
rios recém-forn1ado, . Em 1995. -+ 7.59( dos .sacerdo1es eq avam na casa dos
1 u 1, 11,1 tia, lirn iwções físicas. O corpo ele Asahara. por já rer tra11scencl1do
vinte ,,nos Je idade. e 28% contavam pouco mais de trinta anos: 40% eram
11 l11111tl's físicos. seria o ca1ali,ador ela ~alvação dos demais. C<>tno conse-
representados por mu lheres. Uma <las metas declaradas da Verdade Suprema
t" 111 111. tllrmou-se gradati vamente uma L'.Olll\tnidadc virtua l de corpos que
era "dirimir diferenças entre os sexo~" rrnnsforrnnndn "o mundo interior do~
lt 111 111 l'Slahelecido uma comunicação c111rc si, lendo ,\ saharn como centro
gênero$''. l\a falr1, de um movin,ento fem inista poderoso no Japfio ~até a época
1u11•, , 11,·,,a comu nidade. i:
tia elaboraçfto deste li vroJ. a Verdade Suprema logrou com1uistar algu ma in -
\l)-'11111.i, dessas idéias e pr,íticas não são 0s1rnnhas fi iog/1 e a() Budismo
fl uência entre ,nu lllercs co111 ~urso superior. l'n ,stratlas por uma sociedade ex-
111 1111111. ( '1,11 tudo. uma caractt'.rÍstica ba,ta1HC pcculinr dn versão da Verdade
lremmnente parriarca l. Uma par<.:ela signi ficativa dos homens em formada por
111 ,,. 111,1 tlc cornunicoção ex1racorp6rea pe la ioga e pela ,ncdiiação foi. por
pcís-grnduados Cill ciências naturais de universidad~, n:momadas .'' O apelo da
1111 111h1, a uti liznção de recursos tec1wlügi<.:os (por exemplo, o uso ,ntens~ de
Verdade Suprema à _juventnd~ com grau de instrução superior foi um choque
para 11 sol'iedade japonesa. Segundo Yazawa ;'' uma boa justificat iva para tal
,.i, 11 11c 1rcina111ento e de equipmnemos d 01rôni<.:os). e por outro, sua 1ns-
1<1u11, m,1~-.1o política. E m alguns casos. os ex perimentos eram rea li zados corn
apelo reside na a(iem1~·5o da _juventude japo11es1,. como t:onscqiiênc ia ela derro-
,1 11 ,·t,·, ch:t rô11icos para que os seguidores pudessem receber ondas de co-
ta dos poderosos movimento~ sociais japoneses tia década de 60. Ao invés de
t1111111 uçao diretamente do cérebro de seu guru (uma modesta contribuição d,1
valores sociais trnn;;l'o nnadorcs, prometeu-se a "Sociedade da Informação''.
1111111~"" :) teoria da comtmkação ex trucorpóreaJ. Final mente as idéias de
Entretamo. essa promessa carec:ia de ino,·aç,1(1 cullural e satisfaç;lo das ne.ces-
,11,11 ,1 i'ornm se desenvoh·endo a ponto de transformar a identidade do eu do
sidades espirituais. Em uma sociedade desprovida de elementos contestadores
11111 "" "(·u verdadei ro", em que os "eus" de rodos os discípulos seriam. ern
mobilizados e1n torno de uma causa. sem quaisquer valores de transforrnaç11r1
1111111,1 1111:íli~.:. diluídos. Os canais de comunicação com o mund(1 exterior
cultural, l'loresceu na década de 70 uma nova geração, cercacl,, de opulência
1, 1 111 1 ll'd111do~. pois es1e muncl\l fni o inimigo declarado. que rumava em
1:.0 A outra t.u.l! t l-1 1·crr.:1 mm 11111:nto<. ,w:i:t1, l ontn1d no,ti ordem ~l,-il!.-1 1\ 1

direção ao Armagedon. A rede interna foi estruturada como urna organização ,, "'"""'"'ec,mt,·a os defensores do governo mundial que despontava no ho
hienírquica, em que a comunicação vi nha do lopo, sem admitir a existência de " H11t,· político cio planeta.
canais horizontais de comunicação entre os seguidores. Nesse contexto, o mun- l k• tt,rm~ distorcida. os temores e as idéi as ela Verdade Suprema asscme-
do e,xterior em irreal. e a realidade virtual criada a partir da combinação entre 11,,, ,1111 ,e ,to~ ,:ncomrados em muitas das subculturas de jovens do Japfl,1.
tecnologia e técnicas de ioga era u lllundo real. O mundo externo, irreal. cami - •11mltl Sli inji Miyaclai . duas pcrcepções eh) mundo pod iam ser iclcn!iticadas
nhava a passos largos para o apocalipse. A realidade virtual. inrcma. o mundo ,1, ,11hcul1unis.J' A pri n1ei ra delas ero a de uma "vi da infinitamente cotid ia-
·'comtmicado'' imemamente, representava a realidade fundamental. que se pre- " 1 ,•111 q11:ilq11cr propósiio. obj clivos 0 11 alegrias. A segunda era ele uma po, -
parava para a ~alvaçi'lO. , 1,•,isc.·ncia comunal somente no caso de guerra nuc.lear. que obrigaria °'
No último estügio do discm so da Verdade Suprema, uma previsão social ,111, 1vc1H..:~ a se agregarem. Ao fundamcnH\.r-se e1n an1bas as idéias - quer
1
,

mais exata tornou forma: a rutura transformação social seria povoada por um 11 ,, I·11n,ntrar a felicidade no eu i nterior e preparar-se para a comunidade
cic lo de recessão econômica. seguida de dcprcs,ão e, final mente. guerra e t V'll'11,I ,n,clear - a Verdade Suprema esrabclcceu um do de l igação con,
mone. Catástrores naturais e rcccsslio econômica assolariam o Japão nos últi- , 111,1111k, 1:,,r,es de desespero culturnl da juventude. uma massa alienada cm
mos anos do milênio. Motivo: concorrência cada vez mais acirrada dos outros ""', " ,, u·,h1tle ultra-organizada. Assim, a Verdade Suprema não pode ser u·n-
países asiáticos ravorecido, pela vantagem comparativa de encargos trnbalhis.- 11ol 1,11w11:" , t•mo um mo de alucinação coletiva. mas si m como uma mani fcs-
tas menos oner<>sos. Para reagir ao desafio) o Japão dese nvolveria sua indds.- 1 ,., lt1p,·rhólica e ainplj ficada de rebeldes com alto gra11 de escolaridade.
tria bélica e lentaria i1 11por sua vontade à Asia, cm defesa dos interesses das , 11111'1,l11d:i pelo guru llh)Ssiânico, nu111 misto de meditação e den-ônica. ncgó-
corporações j aponesas que fariam de tudo para criar um governo mundial con- ' •"·P" itualidatlc, política i nformacional e guerra tecnológica. A Verdade
trolado por multinaciúll<lis. Como resposta. úS Estados Cnidos entrariam n:a 11111, " " ' parcn: ter sido uma caricatura horrenda da Sociedade da ln fonnaç:io
gu~rra contra o .lapão para proteger seus vassalo, asiáticos e dar continuidade 1 "" ,,1, , ,·I lélinclo sua csm11ura de gOl'Cl'llO, componamcmo COJl)Orativ(l e
a seu próprio projelO de governo mundial. A guerra arrastaria-se-ia por muit() "' 11,,1., pda t~cnologia avançad,1 mesclada ao e,piritu al ismo tradicion:il.
Lempo e todo1 os Lipos de arma:,, d~ aha l~cnologia sC"riam empregadas: um~1 1 ,li, 11 r:11iio pd n qual o Japão tenha ficado obcecado pela Verdade S11prema
guerra de exterm ínio. que poderia acabar com a humanidade. Nesse sentido. a l •" 11•,·,,nltccimcntú de quão verdadeiramcnre j aponesa foi essa visão dcrra-
visão da Verdade Suprema refletia. ,k !'úrma distorcida ,, esquemática, os te- 1 li 1 ,111 llJ'Ot:itJ Í])~S~,
mures <la sociedade j aponesa em relação à perda de vantagem competitiva na
economia mundial, a um potencial conllito com o, Estados Unidos e às conse-
qliências catastrófica, do desenvol vimento tfosenrreado de nova, formas de 11 \ Í).!.tti licaclo das insurreições contra a nova ordem global
tecnologia.
Uma das característic;1s mais marca111es da Verdade Strprcma roi o meio '"" ' ,~,. analisado crês 111ovi111emos contníri<)~ à globoli:rnção. conside-
enconlrado para reagir a tais. ame~tças. Eslar preparado pHra essa guerra) ,e 11,111 111,- rc5pec1ivas prálicas, discursos e co111ex1os. arriscari a traçar um pa-
sobreviver a ela \como em alguns dos mais famosos fi lmes de ficção cienr(- i 111, 11 t1<' ~les. visando chegar a conclusõe1, no sentido de uma análise mal$
fica dos anos 90). ex igiria o renas1:i nwnto da espiritualidade e o conheci- 1,, 1,1, d11 11 :insl'onnaçào socia l ela sociedade e111 rede. Paro rant<i , uti liwrci
mento da rnais aV,111\'ada tecnologia bé lica, principa linente nu que diz respeito 1lo,1 ,,d.iptaç:ío e.IH tipologia proposta por Alain Tourain.e como meio ele 101-
a armas químicas. biológicas e teleguiadas a laser. Conforme mencionado ,1,, 111m·imcnros cm relação a ~er1as categorias analítiças. A partir dessa
anteriormente, a Verdade Surrema re~ l111e111.:; procurou adquiri r esses arma- 1· • I,v,I, "' três movi mentos aqui contemplados 1êmet11 comum a identi fi-
mentos e contrauir cientistas capazes de desenvolvê-los nos Estados Unidos, " ,1., ,ulv<'r,ário: a nova ordem global. classi ficada pelos zapatistas como a
em Israel e na Rússia. Em busca da perfeição espiritual. unindo seus mem- 11• 1rh • 11 i1 pl.·1iali 5rno norte-;unericano com o governo corrupto e ilegítimo
bros ~rn u,n só corpo. a Verdade Suprema muniu-se também dos recurse>$ l'I' 11ocn 111\!IO do NAJ:,7'A: encarnada pelas instituições internaciona is. mui,
necess(irios ao combate na guerra pela sobrevivência, que dccl;,rou an1ec1 , ,d,1111,· nh: t1, Naçõe, Unidas. e o (lc>V<Jrno federal cios li~laclos Unidos. na
1\1

visão das mi lícias: e considerada pela Verdade S uprema como a ameaça g lo - Qu:1dro 2.1 Eslrutur~ de v,1lorc-: .: ,:1't"nç.a~ de m<wim~n10;,;. con1.rários ~, gloh:11i1..aç5o
ba l proveniente de um governo mundial uni ficado representante dos interesses M,•1·i1::«11w !dei;iid,ule :\d1·ers(ú'io Objtaiw,
díls 1J1uhina~ionais, do imperialismo norte-americai10 e ela polícia japonesa. ind it,.hflllé:'l.it':!ll()!'> Capitafü,mo glob,!I Dignid:l<le. dcmotrn•
Za1>m:istas
Assim. os trê, movimentos são basicamente organizados c m to rno de .u ma opri mldo::/i.:x<:l11ídoi. (NAFiAl: governo c;h1. lena,;
oposição a um adversário que. grosso modo . é o mesmo: os agentes da nova i1egí1i11H) dú PRI
o rdem global. q ue procuram estabc k ccr u m governo mundial que irá subjugar M ilki:,~ nc,1 h:· Cidad5os t'dgin~ilnhm· :' hwa ordem mundi:ll. Libenfade e: :so~ranl:1
a soberania de todos os países e de todos os povos. amcrkamts lt! 1h1tte-:unl'ricanos gú,·.::rno têd~n:11 dos do:: cidad;\(.1~ e (kt\l.
A esse adversário. cada movimento oforec.e como resistê ncia um princípio Estado~ Cnidt>\l. comumdadcs locab
espedfü;o de identidade, relletindo as profundas rli fercnças entre as três socic-- V\·rdadc Suprema C("lmunidnde (.'Spirimal G<r.,~:1'nt) mulhiial. Sobrcvi\•<'n.-..:i:1 l!(l
dJdcs das quais se orig inara1n: no caso dos zapatisrns. vêem-se como índios e fonu:1<b pelos ú'l'PO~ polí...:fa j~q>Oni.:s:t npocatipse
111cxicanos o primiclos em luta por seus direitos. sua dignidade e ., uas te rras. bem d.;: segui.Jure~
dis~u~fados da ps-ó1>ri:1
como pela nação mex icana: no caso das milícias. como cidadãos norte-ainerica-
in,livil111.;,Jid:1dl~
nos lu tando por sua sobe rania e liberdades. conforme estabelecido na versão
original. de inspiraçiio d ivina. da Consti tuiçií<J do., Estados Unidos. Quanto à
Verdade Suprema. seu princípio de identidade é um pouco mais complexo: re-
presenta de raio sua identidade individual. expressa cm seus co rpos. embora tais O g ra nde impaclo causado por esses movimentos resulta. e m grande me,
corpos compa11.ilhem-se uns aos outros na men1c do g\lru - uma combinação dida. da presença 1rnircantc na mídi,1 e do uso eficaz tia 1ccnologia da inl"ormtl-
entre individualidade física e comunidade espirit11al 1·econstruída. çiio. Procura-se. atrair a atenção d a míd ia nos mo ldes da tradição a narquista
Em qualquer um desses trê~ t'asos. existe um a pél() ,, amenticidade de francc;a, brevemelllt'. rein, ta\lrada e m maio de 1968, da /'ooion exemplaire:
:;cu princípio de irlemiclaclc. man ifestada. poré m. sob formas distinrns: t11n a pratica-se um ato espetacul ar q11c. dado seu rone apelo. até mes1J10 pelo sacrifí-
grande c urmmidade com raízes histórb1s {os índios tk> México, :1ssim como cio. chama a atenção das pcsst1as its reivindicações do movi mento .. visando em
uma p,\rcela da popul ação 111cxicaoa) : comunid,Kk s locai~ de d dadào; li vres; últim,1aná lise despertar a$ massas. manipuladas pela propag;mrla e subj ugadas
e Ullla comunidade espiritual do~ indivíduos libertados da de pendência de seus pela re pressão. Ao !'o rçar um debate sobre suas reivindicações e induzir as pes-
corpos. Tais idemid~des ba.5cirm1-se 11:1especific idade c ultural e no desejo ele soas a participarem. os movimentos pre te ndem e.~erccr pressão sobre governos
, onrrolú sobre seu próprio destino. E opõe m-se ao ad vcr~{irio g loba l c m prnl e instüuições. revertendo o CUJ'$0 de submissão :\ nova ordem mund ial.
de seu obje tivo socie tal lllaior. que nos três casos leva à integração emre sua Por isso o uso de armas constitui elemento essencial nos três movim..:n-
idcmidade .::~ped l'ka e n he m-estar da ~oc ietbdc ç m geral: Méx ico. Estados tos. não como um objelivo, ma~ como sinal de liberd ade e l'CCU(SO que provocH
Unidos. o, sobreviventes da llu manidadc,. Porém. b11scrt-M! essa inte<>ração me- acomedmentos, chamando a atcnçào .<fa mfrjja, Tal estratégia ori.cntada à míUiu
º .
d iamc a conq ui~ta de valo res distintos: justiça social e democracia parn todos foi explícita. e habilmente colocada e m pnítica. no caso cios zapatistas. que,
OE- mc.,dcanos: liherdack: individual e recusa à dominaçüo do govcrn<..> J X.tra ~2indo com cautela. procuraram lJl ini mizar a vio lêncit1 e utilizar a mídia e a
todos os cidadãos norte-americanos: e transcendência e m relação ao mundo l~tcmet p:1rn di vulgar suas idéias ao mundo. Já as manobras parami litares d,ls
material pe la libenação espiritual no caso ela Verdade Suprema. 'fais objeti vos milícias e a explora~.ão delibGrada de tática., vio le ntas, ou a ameaça de agir
socic tais são. no e ntanto. o elemento menos re presentativo em cada movime n- dessa 1naneirn, para at rair a mídia, 1ambém consli tuern uma das principc1 i:,.
t0: consistem fundmne malmc mc em 111obiliz:1çôes com base na identidade como características do, patriows norte-americanos. Até mesmo a Verdade Supre-
forma de reação a 11111 adversário explícito. Con5titucm movimemos reativos e ma. com toda su;1 desrnn liança em rd açiío à míd ia. dedicon considerável awn-
,lcfcnsivos e. emhora proponham visües de uma ,ocicdade alternmiva. não se ,;ão aos debates na 1ele1·isão e /ts norns ele impre nsa, designando alguns de seus
pode afirmar q ue lutam por um projeto socie tal. O quadro 2.1 relac iona os membros mais importantes para a execução dessas tarefas. Seus atentados com
clcmcnLos definidores de cada 1novimento. o gús sarin parecem ter atendido ao duplo prop6sito de verificar o cu111pri111e11-
111

10 da profecia do juízo final e di fundir sua advertência ao mundo, veicul ada nhando papel fundamental no agrava111en10 das dissensôes in ternas do PRI e
pela l\1Ídia. Pode-se di zer que os novos movimentos de protesto lançam men- i'orçando a abenura cio sistema político mexicano (ver capítulo 5). A Verdade
sagens e projetam reivindicações sob a forma de uma polí1ic,1 simbólica, ca- Suprema despon1011 cm 1993. quando o sistema político j aponês. até então
racterística da sociedade da informação (ver capítulo 6). Suas habi lidades no e,1,h ·el, cmrava em ti'anca decadência. Dando ,·oz. com extrema maestria, à
Ira10 com /l mídi a são poderosas fcn·amemas de combate, enquanto suas armas .dienaç5o de toei~ uma geração ck profissionais e cienti.5ras, a Verdade Supre-
e manifestos são meios de gerar um evento digno de nOla pelos órgãos de ma aprofundou e acelerou o dcbarc no Japão sobre o modelo social do período
imprensa. p,lsterior ao hi pcrcrcscime1110 da cconmni a, em que a opulência material fora
Novas tecnologias de comunicação são fundamen1ais à ex is1ência desses ti nalincntc alcançada e as ameaças de dominação estrangeira haviam sido afas-
movimentos: na realidade, cumprem o papd de inrra-estrutura organizacional 1:,d:is. 1~pós dócadas de modernização ace lerada por urna série de intervenções
dos mo,·imentos. Sem a Internet. o fax e ,l mídia alternativa. os patriotas não ,·,tarais e mobi lização nac ional. o Japão linha de enrrentar-se a $i pr6prio como
,-:ri am. uma rede allamcme influente. mas uma simples seqüência de reações "":iedadc, após se dar coma de que tainbém podia padecer dos males causa-
d-:s,1sticuladas de pouca rcprcscmatividadc. De5prov idos de um meio ele co- dlls pela alienação, violência e terrorismo, gerados por japoneses contra os
111unicaç5o capaz de fazê.- los atingir (1s popula~:ôes urbanas do México e todo pníprios japoneses.
o 1mmdo cm 1ernpo real, os zapatistas µrovavcl rnente estariam fadados à con- Da mesma forma, as milícias norte-americanas surgiram em um contex-
dição de guerrilha isolada e local. a exemplo de vftrias ainda travando lutas na 'º de descrença política g,cncralizada e semimc1110 antig<>vernarnenta l nos F::sta-
A méri ca l .mina. A Verdade Suprema não se valeu muito da Internet simples- d,» Unidos. sentimento este também expresso pela polític,1 eleitora l de
mente porque 11 presença da rede niio er,1 signii'icativa no .l apf10 110 início da ,·xploraçào da "revolução neownscrvadora" adotada pelo Pal'liclo Republi ca-
décad,1ele 90. Em contrnpan ida. 1Hilizarnrn em larga escala o fax. o vídeo e os 11<1 (ver capí1t1lo 5). ;\ s origens ck uma parcela signi ficati va dos eleitores
computadores co mo ferrarnc.mas essenciais /1 construção de urna rede ,,c,1conscrvudorcs pode ser enconirada 110 fundamental ismo cri st5o, bem como
organizacional que. embora dcsccntrali:1.ada, era altamente controlada. Além ,·rn outros segmentos da opinião ptíblica vinculados ao movimento patriótico.
disso, busc,1vam descobertas tecnológicas (que admiti ram ser talJl bém r ,mfonne ev idenci ado pela surpreendem~ vit6ria republicana nas eleições k-
esotéricas ) pelo desenvolvimento de uma comunicação direta e esti mulada gi,lativas de J994 e pelo relativo impacto da <.:andidatura ele Buchar1ao nas
eletronicomcnt..: de.cérebro para cérebro. ;\ s células revolucion:irias da era da prim,írias das eleições presidenciais de 1996. Existe na verdade uma reloç~o
informaç5o si\o formadas a partir de flt1xos de elétrons. h:istantc tênue entre~a qt1cda nos padrões de vida nos Estados Unidos, ,1erosão
Parai.e lamente aos sc\ls pontos cm comum, os três movimentos revelam da política panidária trudic ional, a consolidação de tendências libertárias e
também profundas cli I'crença, . intimarnem..- relacionadas à~ ~uas origens his- popu li stas ele dircim no ccn,írio político nac ional, a reaçf10 dos valores tr,1dicio-
t6rico-cult11rnis e ao g,rau ele desenvolvimento tecnológico de su<1s sociedades. 11.ii, contra os processos de transfonnação social e desi ntegraçflo farni liar e o
Deve-se estabelecer uma cl i~tinção clara eIme o projew político articul;ido dos , urgi mento cio movimemo pat ri61ico. Isso parece essencial para o en1en<limento
7.apati stos. a conrusão e a paranóia da maioria das milícias e a lógica apocalíptica 11:, núva relação entre a sociedade norte-americana e seu sistema político:••
da Verdade Suprema. 1~11distinção também estú vinculada 11 diferença emre o Portanto. os novos movimentos sociais. em toda sua diversidade., reagem
componente apoca líptico das milícias e: da Verdade Suprema, e a iiusência des- L'11lltra a globalizaçfio e seus agentes políticos . atuando com base em um pro-
~as visões do I'im dos Tempos entre us zapatistas. Pommto, contextos soci ais. "~''º contínuo de infonnaciunalização por meio da mudança dos códigos cul-
culturas. processos históricos e grau ele cunscienuzw,ão polítka específicos são 1u1~is no cerne das novas i nstiluiçôes sociais. Nesse sentido, não obstante
dcrenllinantes de diferenças signilicaliva, nos processos d~ insurreição, ainda , 11rgi rer11 das profu ndeza, de forma, sociai s historicamente esgotadas. afecam
que desencadeados por uma causa semelhante . d~ modo decisivo a w cicdade atualmente em formação. seguindo um padrão
Os três movi mentos interagiram profundamente com os processos polí- lm,tantc complexo.
ticos das sociedades em que foram originados. Os zapatistas del iberadJ111ente
dc,t'erirn1u seu ataque no ano das clc.ições presidenciai$ no Méx ico, desempc-
137

Conclusão: o desafio à globalização sivos aniculados por trabalhadores e consumidores, serão responsáveis. cm
grande pane. pelos moldes do fuwro ela soc iedade do sérn lo XXI. l~ntrcran-
Os 111ovimen1os sociais anal isados no presente capítul o sflo bastante 10. antes que passemo, a discorrer sobre a dinâm ica do l::srado na em da
distintos. Apesar dess11s enormes diferenças. e das mani !'estações sob diver- infonnaçiio. devemos anal isar o receme desenvolvi mento de tipos diferentes
sas formas. <lecorren1es de suas rnízes soc ioculturai s desseme lhantes. todos de influentes movimento, sociais que. ern vez de reativos. podem ser classi-
eles têm ein comum a contestação dos ,tru11i s processos de globalização em l'icados como pró-ativos: o arnbientalisrno e o l'emi nismo.
prol de strns identidades conslru ídas, em alguns casos reivindicando para si
o direito de represe ntar os interesses de seu país ou até mesmo de toda a
humanidade. Notas
Os movi111e11tos abordados neste e em outros c:apítu los deste volume
não são os únicos que se opõem aos desdobramentos socia is, econôm icos, 1. D:m"!o lo! 111)1 p1.:r.souage1J1 das histórias do :-ubçvm~md:unc Marc.o s. o pon;.~ .vo1. <los zap:lliq:i.-,;.
culturais e ambientais d,1 globalização. Em outras áreas tio mundo, por exem· El~ é um bcsmiro muilo mteligcnh:: 11;1 .,,rnladc. trnw.. se do c<mi.elhcl!'o i1Hêh~('.t11:t1 dç M,tr~u...
pio. na Europa. $urgem n11111i feswçôcs semelhantcs comrárias à reestru turação O problema f: -qu(' d e ,em1wé 1(' 11 ) inedú dé ,.::r ê,111:ig:tdo pél~,:-. <.liv,~ni~1,'i ,gucrrifüas no seu
capitalista e. à imposiçào de novas regras cm nome da concorrência gl(lbal. rct!(,r, p<.1r i')~ll Jx;tl.; a Mar,:,;llS que mant<.·uha (1 mc.w imcmo sob co111role. O leXH'l aciina foi
com base no movi mento trabalhista. Por exemplo, a greve geral de dezem- -:xtr,tido <lo f.j'erdiO Z"/>(UÜUI ,h• lil>i.:r,1dm1 Nacim:t..1//Suhcü1H;'1nd;1t11c- t-.fa1·t:o.-:; ( 1995: 58-9):
bro de 1995 na França pode ser considerada uma poderosa mani festação mrnlw li~\dG.;t,o. com :1 ..:oot!l!,..:eud&nd:.1di;.• Olm'u,
dessa oposição. num do, mais clássicos dos rituais franceses. cm que os l::-1t: \::1pítul, 1çu1u<w ~om a v,,lio~,1 \'(mlribuiç:lo intcl<X·ttrnl de diwrsos. p;\niciparnes. tios~-
sindicillos de trabal hadores levam operários e estudantes i1s ruas em defesa nunirio Jm,:rn~tcion::,I l!c ú lolxili1as·fa1 ~ .Vkwi1n..!1H\'1-:: Sú\'.i:·1is off!_il11i1.:1dú pd:1 Comi.ntu> de
da na.,:iio. Segundo pesquisas de opinião. houve altos índi ces de apoio (l gre- Pes.qub:l Súb1~ ívhw im,:nh.1:,. S\icit,1" 1fa A:,.,;<.x:iaç:io ln1t;rn~dum1I tlc $1),::iolo;ria em Sarna
ve entre a popu l~çi\o em gemi, a clespcim Jos inconveni entes cauxados pela C nv . Ci!lifümi~1. <l\! 1b ;:1 19 d.; :1hnl de J996. :\gra,k\·o ~tt..,~ 01:gam1.:1dore, do ~'.?'min:i1·io.
falta de transporte públ ico. Contudo. um:1 vez que j :í ex iste uma excelente Barb~tra Epsldn e Loui:-. i\<l,tltc-11. J}\.llü s<:u g~ntil ..:ua\ it...-.

análise sociológica desse movimento.'" cujas principais l inhas interpretativas l'an, mni, di:...::u., :-.::io 1eâri.::a llo:-. ul<>·· in1cn10,; :-.1,ci:ii:-. ha:-.l\11llo..: p:;:r 1inc11lc ~l irwe:iol1ga,·ão apr<>
, áo ahntnem-: perti nentes . rernmendo-a ao leitor p:ir8 di1·crsi ficar um pouco o.:.:~t-:.: ,:;;,,pfllllo. n;r Cm~tclh, ( 19:·G.1: O,llion e Kuc.dtk r <1990): E1>slern ( 199 1):
., ..:0H1da
Ric,·hm~n11 e F'crnauda l:foey e IY9-4>: C.\ldcron (1995): Duhci e \Vi<Z\·i11rb í 19951: ~hihcu
mais o quadro imcrcultural <le recusa ao processo de globali zação. Movi-
<19951: i\·ielu:.:~i ! 19':>.·S'i: Tull1-::1iJ\c. 0995): ·fo111•ai11c "' (.'Í. < 191)f,,: Y;p·~l>\.t (no pr<.:ioJ.
mentos co mo este. e muitos outros em todo o mundo. vêm min,u1clo a fanta-
sia neoliberal de implantação de umil economia globa l inclependentc da ,1. T\1lll'< m!~ l l 96;:;, 1966}. ~~1 rt~~1lid:tdc. segundo a fornnil,1\ão onginal de Touraine.. uma ienni-
nologi;.1 um pouc..) ,lifcr<:nh.~ é emprcg:lda ~m fr,mcê~: princip,, d 'id,·11ri1l. ;•rincipt/ ,roppôt,:,ion;
sociedade por meio de urna arquitetura de i níonná1ica. O grande esquema
/ 1thi~ ip<' dt• !o.•m'i!i:. Julguei qu\! ,cria rn:ti, d.t!'<• :1 11111 ptí\,lk<' iulcni;1~it'lK1I uüli:rnr pafavrn:-.
exclusivista (explícito ou implícito) de concentração de inl'ormaçües. produ-
111.,i--. din~1:1,; p.ira d)ll'f :1 111c:-.m a (1)i,:1, u:h, Qb.,1a111c ;, ris..:o de perder \l :rnbúr dos ltflllO!'I
~ão e mercados em um $egmento elitizado da popu lação, livrando-se dos
c;rigin.1hn~me. cm francês.
demais das rnais diversa~ maneiras, mai s ou menos humani sltls de acordo
' Esle. e5tudo L'ômp:lr,1t 1t'o e:-.t:l b:1,l!'adP .::111 u111 1rnhalhn t\.':ili;,a,;k1 t ni 1995 jt1111amcntc com
com as dispo,ições de cada sociedade. vem desencadeando. na ex pressão
$hujir•" Yt-1.,.'t,.,.:1 l! G1r11n,t Ki:-dym,1.. Si.,hrc ,1 primeiro i:"ho\•J dc:-.;c 1r:-ibnlho. rer Castell~ ,11
cunhada por Tourainc. uma ··gmnd re/11.,·. Ressalve-se. porém. que a trans- .,/. ( 1996).
formação dessa rejeição na rcconstn11,:ão de novas formas de controle soc ial
(, :\ ,rn~lise do mo·.•ime01(1 i.1p:lliM.1 1:q11i ,i.p1~l-én1~cl.1 deve muiw, ~1 <:'-emplo (i;; numerosa~
sobre novas formas de capi tal ismo, globalizado e i nformacionalizado. re-
1>a:-.,agcu~ <.l.:~#.: iino. :, i;umribuiç:1~) de du;1.1• mulheres. :\ primeim delas é n profo5sora dou.
quer a assi mi lação das rciv.i.ndicaçôc, cios movimentos sociais por pane do 1or~, Akjandra Moreno Tos..;:1110, reno,nad.1 hhtori.uk11:1 Ufbana. da lJoi,et:-tidad Nm..:lo,ml
sistema político e das insti tuições do Estado. i\ competência. ou i ncompe- :\11h1nomt\ de Yle.x1c-t1 e ex.-:-.i!C1\:.1j1fa d,;1 01:111-l:~1:11 St>dal ,;,b Cidade dt> Méx.ko. DF. tende>
tência do Estado. em lidar com a lógica confliiante do capicalismo global, ,111md(} corno prindp~,I a:,SéiM>ra de t-.,l;umcl C;nnacho. o rcprescntantf do presidente da Re-
dos movi mento, sociab com base em identid,1des e dos movimento, dcl'en- publica durante o pericdo mais delicado de negocia~úc:. ~,füe ú gflverno ,ne;,; ic:mu ,:; o,
1 ·~

:1;1pati.i.1as nô'- prin1;;iros mc$(:S de 1994. Ela me forne.:.eu documcmos. O})iniõe:; ,e tdJiaíõ mui- I"/, ,\ rqmlkt e. Rondf~ldt n 993J.
W ..~Juci<.h11ivos. .além de tcr·me-. auxiliado de forma dedslv,1 no ~mendl mento d1') 1WOó!j;.SO 1X. A prindp[1I ro,ne de infonnações sob:-e a inllíckl norte-~merkann e os. ··patriotas" é o Sowhnu
gloti:11<la política rncxk:ma no período 1994- 1996. Sobre a rmáfoe d~ Alejaodrn a es:..:: rei.1.)e.i- /10 1•t•t 1:,' La\1 Cr·n! i'J. sedi".1do em .Ylomgomery. Al:1bama. Essn notável oq;aniz~ição tem de·
tl"11o <:nfoquc mais imel ige.111e que já m. ver ):loreno Tos.cano ( 1996). Devo meu::- agn·1dcci-
Ol<'l1hll'a..lú ex1rnordi1tnfia t'orngcin e efictênci~1 n~t proteção à d dadania con.tr~ gn1pos. f'unda-
mento:- rnmbém ã Yl~'Ufa Ele-na ~,lartinez TorreK dom,:i1'<11tda sob mi nha orií:n111çi1~ cm B,~rkeley 11h.·n1,1do~ 11.) 6dio noi:. E~t.fük•:. Cnid(1~ desde :sua l'undaç<1o ein 1979. c ~-imo parte de s~n
e, ckdic~da estudio~a do~ ta1n1Xlneses <ln ,·e~ifü) de Clli:1p;)~. Dnra11te m:,!,S.\S cliiicl•Ssõcs. ela pl't)3r~t111~. :, mg<1ni1.m,l1<>t:r iou l11fü1 Klamw!, ld Militiu 1(·,sk h nnt ( ~orç:.1-T:i.ret'a de Vig ihln-
..:ol« ou n 1ninh:i. disposição Slt.lS prõpr ias. an;:ilises { t-.faninez Torre~. 199-t 19961. Nawral- d :1 ;\ Ki4m/ !\1ilíi.:ia) qu~ fo:11e-t:o.: dado, e ~,n:m~e:. 11recis.Ps para auxil iar na coinpr~e11são e
11,e,ue <.)Ue as~umo imeim re<l.pon:.ahilidade pel.1 intetp1'<:1,:ção. ê c vcn1n;;1i~ err<.1:;, :;1ç-cr,:,;a d;ts rc.1t;[:1>,a g.n1p(1s cx.trc nfr,rn~. ::,n1igus ('ln 1·êc,:sn-lhnnado:-. com1'.a <) g.overno e <'Olllfa de1ernu-
..:nr1du~.:"iei.apre:-~nrndai, lll?Sh': Ji\:(l1. O m 1';1!', fomes 111i lit,a1,l~1:; Mlbré o movimcnlo :wpatisw m,dos po, vs. Sob.ré: info1mH,:ôçs 111:-ii'< ro.:t:ênt..:~. ·111i li1ada$ i.::in 1ninht!.$ :,n:'ilise~. \·e( Kltm ,·:wcl,I
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décimo 5<.' ~undo ,,, nivcr:--ário <l;i fundaç:lo de :ma organizas·ão. eles J e11un enfrs, ~ ~spccial
I99-l de :-u<1 1ê\-i, m Nath>md Vtu~guard. d tnda I~ Ja KMTF 'I99~: 37). Pi,:rce ';;! o lider d::i
av :;~:..1<.:arfücr de um movimcnlo mcxic;ino pcln justiça e pel,1 dcmo..:n.l.:1:.1. .:Mm tia dei\::,;, da
,\l i,~o..;a N:s,.: i<uwl l~ :-1uh11•.:li b..:,t-:.d k•f 11,e ·nmil'r Oiarh•.~.
idc1ilidatlc indigcn.t: ..O pais que <les:cj:nnos ler é r>nr~, lúd0, o, mexi;:::inú:-. e não ::,rx-n;i.:; J)à('f1
º" indfg.cnas. );ão pretendemos fü>s separilr lfa N;l,;ão Me:-.:ic,ma. qu:::1\~1ll~h f:.l1:e r- p:·ll'li.: d<:l~. 20. .~, i\lilíci:! lil• T,:~as ti.:, u :-.t.:g uintc :!p~:h1 ;\lgun:-. dia~ :lme~ d e 19 d e i1h1il dr 1995. dia d<}
sermos aceit<~~ como igrn1is. como pesso:i.s com Jigntdade, ..:omo ~ere:, luunall\ii:; .. A qúi, SO· "t:tttindu fiUi\ ..;r:-:hfo d o -..•pi,6din ele W:K'ú: "Todl1-. 0 ., t idad;tl1, li)'. it ~un.::.nte 1,;ap,·10:it.id,,s ~s1:'io
mos irm~O$. o:- mortos de sempre. .Ylo rren<k1 1'.(IV;1inen1e-. ma:.. d~!:-'" ·; l:,:. mo1Tt:ndo parn vi- i,;o m.i,1,tdLl::- a ,-:: reunir. :mn:-1(10~. p:,m ..:êld)l':Jr :...:tt di1'l~ih• de p,,,·1ar : 11 in:·,;.:; l! tiú11g,·~·g:u·- ,e !:\'ih
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UI ,\ .\n:ífo,~~da Verdade Suprcm,l nqui 01p1-e:-.e1u:1da rc1mxluz c:;,:;<;.m:ialanenu:: a <."'omrit'imção <lo


\'~lud•-' e <l<.' :1rügv ról1h,unes do lral-n1lh(J i.:<111jmuo ,.: om Slm,iiro Yaza\i.~1, t't~pon~:lvd pela A polüica n!rde é um tipo de celebração. Neco11/iecemo..,, q:u, cada um de nós
111am1' p,1ne d~l pc!-quist• ::ubre a Ve.rdadc Suprem:,. <:mb<.11'n 1:-unbêin eu ienh:l cstud;~d<.1 u Oh)- .fo::; 1x1ne dos probtf'lnas do mwulo. e <JllC mmbém fcr:.emo., parte? da so!uçlio.
\ ,m~nw. m, de:-i'twolvrr um 1rab;1lbo com Yaz:l'A'~l \.'m Tütiui<.> çru 1lJ9:S. Além <le repona_,~~n:,,. Os pr.r(f{OS ,.. ,u 11<trspectiva,., <i<, cura não l'Srt1o apemu H<1 meio que 110s
ccr:.:a Cmm!çw,ws a <muu· <'Xatameme onde ertamus. N{io lu1 Heces.çidadt?
1Nn,11s r rt\.•ist::1.s. :,-. fonte:- milizadas din,;l::1J11cn!{' ne).;t:l :ul!Hb.: ~ão :\oyama t 1«)91 ): t\s.!hara
de <'Spemr .(llé fJ!tC as cmuliç(ies S<-' !Ornem idems. Podemos simpl(/icar nos-
11 1>9.t. IY95i: Ht,'mymur S(Kro ( 199.:l;: Dr~\v t 19951: Fujiu, 11995J: Maiuü:hf S!mibwi \ l995);
saJ ridas e rfrer ('m harnumio com \'tllores lumumos e e(·o/ôs,ico.t. t!ar<.•rd
\.1iy.uhli ( i 9~5J: Ohama { 1995); 0:-:1,v:-1 i 1995>: N a k:11JlWU 111 <:l. < \9!.>5): Shi~llilt.ono \ t99S;:
melhor<.1s cmuliçi5eJ d,.• \'ida porque nos permitimos começo,: .. f>r,namo pode-
'{:..li\\'.,, 1nt1 pn:l~1 ua êp<K:~1 lk1 dabor~~ç:1._; dc:-.t.: 1rah atll\)L
s(,,' di-:,(:1' q1tr.· o prim·ipai' objetÚ'o da politica l'erd,, f; m,u, 1·1•1:0/uçiio iweritn:
11 T1.:.duzhfo vor Y:tZ;,lW~I. ··t, l·t·nfojar t/(1 wr
1:. Au,1i:ri:i:tde n6,,e \,~;b o implk:,, p: ...:-.ar h 1d .1 & e'.\is.tl!nl.'.ia r..;,,li:.r,.:n1.do 11li\ id<1:lc~ fi:;i;:J.:- extt·nu~m- Pótrn KL'lly, Pensando V<.'rde 1
l6 e prr:~uHkH-~· ,k :,lim..!lllt' e de Jml1.crc:- r,1m:1i,.
Se nos propuséssemos a avaliar os n1ovi mentos .~ociais por sua produti·
1,1 , Q:,;1•:, :i i l lJ95 L v,dadc llistóric:1. a saber. por seu i,npacto 0m v.\lorcs culturais e instituições da
sf5. Wamidd SJ:.!nbw; 11995J. ,n,:icclaclc. poclcrfo1J1os afirmar que o n,ovimcnto amhic ncalistado 1ílt imo quarto
.1(,. Ca.,1ells t' i af. 11996J: Y:in1wa llto 1>relo>. d~ste ,éculo conquistou posição de dcstaqu~ no cénário da aventura humana.
11 o~, 1\\ .. ( 1995 >.
N,,s anos 90. 80% do, norte-americanos e !\\ai, de dois terços dos europeus
\'<>n,idcrnm•se all1bicntalistas: candidatos e partidos di ficil lllente conseguem
""~· \ •l 1y:::d.,i i 199~ .•.
Sl~ dcgcr sc1n ··vcrdqjarem·~.:;uas plataforma~: wnto o:,; governos como as ins·
.1~. l3ill7. e Borwn::-.ti...·i11 ( 1996}
1i1111<;õcs internac ionais incumhem-se de multi pl icar programas. círgãos espe-
~O. Tum".111h? t 'I ai. <l 996 1
n 1i, e legislações dcs1i nados a proteger a natureza. melhorar a qualidade de
vid<1 e. cm últi ma análise. salvm o planeta a longo prazo. e nós próprio, a cmto
prnzo. Grandes empresas. inclusive as rc,pons,ívcis por uma grande emi ssão
d~ poluentes. passaram :1 incluir a questão do ambicmalismo em sua agend:\ de
1\'l,içõC$ públicas. e tan1bé m em seus novos e mais prom..issores J11ercad<>s. Em
indo o mundo. a veU1:1 oposição simplista cmrc os conceitos <le desenvolvi-
mcntc, par,\ o& pobres e preservação para os ricos tem-se tnmsformado em um
1klia1~ c111 diversos níve is acerca da possibilidnclc real de dese.nvo lvimento
, u,t..:,u ado para cad« país. cidade ou região. Sem sombra de dúvida. a maioria
,k 110,,os problemas alJlb.ientais mais elemcntar0s ainda persiste, urna vez que
seu tratamento requer uma 1rnnsformaçâo nos meios de produção é de cons u- A dissonância c riati va do ambientalismo: uma tipologia
mo . bem corno de nossa organização socia l e de nossas vidas pessoa is. O aque-
cimento g lobal paira como 11ma ameaça mortal, as florestas tropicais ainda
As ações co letivas. po líticas e d iscursos agrupados sob ~ égide_ do
ardell\ e m c hamas. substâncias tóx icas a inda estão nos níveis mais elementa-
a mb ientalis mo são tão dive rsificados q ue se torna p rat,camente 1mp()ss1vcl
res da cadeia af i111entar. um rnar de miséria absoluta a inda nega o direito à vida
considerá-lo um único movimento. Todavia. s ustemo a tese de que é justamen-
e os g overnos ai,icla brinram com a saúnc das pessoas, como ev idenc iado com
te essa dissonâ ncia e ntre teoria e prática q ue carac1e1i za o ambie ntalismo como
a irritação de Major à doe nça d a vaca louca. Contudo. o fato de q ue todas essas
uma nova forma de movi mento socia l descentralizado . multiforme. orie ntadn
q ue.~tões . e muitas outrns, estão sendo dcbac idas pe la opinião púb lic,1. e de que
à fonnaçiío de redes e de a lto grau de pene tração. Além disso , procurar~i ~c-
uma consdentização cada vez maior vem se estabelece ndo a part ir do caráter
mo nstrar a e xistê nci a de a lg uns temas fundamenta is q ue pc1vassam a ma,on a,
g lob,11 e interde pende nte de tais questões. acab,1 l11nçando as bltses para sua
se não todas as açôes coletivas relacionadas à proteção do meio ambienre. Pan1
abordagem e . tal vez. para t11na reo rientação das insli1uiçôes e políticas no sen-
maior c la re za, pa rece a propriado anul.isar esse movimemo com base em uma
tido de um siste ma socioeconômicú respo nsável do po nto de vista ambiental.
distinção e uma tipo logia. . . . ,
O movimento mnb icntalista multifltce tado que surgiu ,t partir do final dos anos
A d isti nção será estabelec ida e ntre a mb te ntalismo e ecolog1a. 1 or
60 na maior parrc cio mundo. pri ncipalJncnte nos Estados Unido$ e no rte da
w11bie111alis1110. re li ro -rne a todas as formas de eomportamemo coletivo que.
Europa. e ncontra-~c. e m g rande rnedida, no ce rne ele uma reve rsão drástica
tnnto e m seu~ discursos co mo cm sun prática. visan1 corrigir formas ,lestrut ivas
das formas pe las quais pe nsamos na relação e ntre economia, soc iedade e natu-
de reb1c ionamento ent re o homem e seu amb ie nte natural, contrariando a lógi-
reza. propidando assim o desenvolvimento de tnna nova c ultura. 1
ca esirmural e inst ituc io na l ama h11c1lle predo minante. Por ecologia. do pomo
Parece-me um tanto ,trbill'ário. contudo. l'a lar ~obre o movimento ambien-
talisrn . te ndo e m vista a d ive rsidade de soa composição e formas d~ manifcsta-
\'ào e1n cada país e cullurn. Assin 1. antes de avaliar sell polcncinl lrnnsformador,
procurare i esta belecer uma diforenc i11ção tipológica dos víi rios co111po11c ntes
que imcgrnm o ambicnta li smo. va lendo -me de exe mp los para cada um cios Tipo i t'Xt•mpíc,1 ldo nidm!,: Objeriw>
tipos a prese ntados, a fím ele tornar a discussilo mais pa lp:ivcl. Em seguida. Prcs.crvaç!lo ,:fa l)l:~c,w oh i1m' 1Hfl
procedcr~ i a uma argumentã(âo mais abrangente quanto t1 rel ação entre os n::\tur-:z~ ,·Gnipo u:1o~ <:unlrül:ido
lemas abordados pelos amh ie ncalista, e a~ principais d imrnsões cm q ue a (rnns- t!~h l)e;.. H ,\)

formaçflo rn ltur,11 se processa cm nossa soc iedade. J , abe r. os confl itos sobre Qualidade de vkl:V'
l)cfosa do próprio <'omunid:uk loc~ll
o papel da c iê ncia e da tec no logia. sobre o controle do tem po e do espaço. e e:,pa..;o (Não no i:al1de
sobre a construção de novas i(kntidacle,. Conclu ída a ca racte rizaçfüi dos mo - flh:u Quin1al)
vimentos ambie ntalistas sob a ótica de sua d iversidade social e de sua col!ura
Contrac1.1hu1\1. O , -.!.1' ""erde" ln.Ju::lri:1li:,,ino,
comparti lhada. prosseguirei com a anál i,c dos meios de a tu,1çüo empregados ~colúgb prol unda tc-,:uo:.:rm:1a e
por tais movimemos em relação à sociedade como um todo. c.~plorando a lFartlt fir.\l.;, f)atfi~U\.':tl Í51llO
questão da institucio na lização <lesses movimentos e de seu rc lac io name nlO cçüfomi ni:;m1..l J
com o Estado. Por ti rn. serão frita, a lg umas considerações a respe ito do vínc ulo Sa,•c.• ,•he p id>U.'! lnh.:m~1ci<,nali, 1:l~ na Dc:1-c.~n,·olv11ncnlu So~temabiHdacl('
cada vez maior e1ltrc rnovir11emos am bientalistas e lutas sociais. tanto em âm- e< ;:reen1,cr1c~) lurn pela cm1s:, global dcscnfrc"clo
bito local como global, al iado à noção popular ainplamente difund ida nc j usti- c~:(,!ôgica
\'.ll a n1bicn1a l. ··pl,Htittl ve1·de·· Cidadão.~ pr-cocup~1d.(,l " E'i.1abelecimcntc, Opo~jc.:, i10 m.> poJtl'
<l)k Griine1it com~, pmteq.ão do meio pvli1ic.o
<•1nbie11te
111 O ··,e:dcjnr.. do i:c, . o lll,J\'in~-mo amb1cm!lli,;1a

de vista s<.ici o lógico. cntt:ndo o conjunto de crenças, teori as e projetos que rresença por int,~nnédio de, organizações co1no o Sierm Club (fundado em
conte mpla o gênero hrnnano como p,1rte de um ecossistema mais amplo. e S;rn Frnnci,co c m 1891 por John Muir), a A11d1.il,011 Society (Soc ied ade
visa mante r o equilíbrio desse siste ma e m urna perspec1iva dinâmica e ewi- Auclubonl. Otl ai nda a Wi!dem ess Sot:ie1y (Soc iedade Amigos da Vida Selva-
luciomíria. :--.la 111inha visão, o ambientalismo 6 a ecologia na prática. e a ecolo - ;:ernj .' No início da década de 80, as principais o rga nizações ambientalistas,
g ia é o ambie malismo na teoria; contudo. nas p,íg ina~ a seguir restringirei o tanro as novas como as tradicio nai s, formaram uma aliança conhecida como o
uso do te rmo "ecologia'' a rnani !'estações ex plícitas e con, cientcs dessa pers- "( irupo dos Dez" q ue incluía. além <las orga11i7..açôes citadas aci ma. a National
pectiva ho!istica e evolucionária. H 1rks a11d Cu11serratio11 Associmio11 (Assoc iação parn a Preservação do Meio
Quanto à tipologia, devo recorrer mais uma vez à caracterização dos 1\rnbicn tc e dos Pa rq ues Nacionais). a Nmiona/ Wi/dlij'e Federmion (Funda-
movime ntos sociais elaborada po r Alain Touraine. descrita no capím lo 2, esta- \'à<l Naç io nal dos Defensores da Vida Selvage lll). o Nawral Resources Defense
belecendo a distinção emre cinco grandes categorias de movimemos ambien - ( 'mmci/ (Consdho de Delesa <los Recursos Naturais). a Izaak Wol10n League
t,liistas, co11jórme m.a11/fe.Hados por 111eio de prâti,:as obserradas nas d uas ! 1\ ~socü1çüo lzaak Walton ). o s Oefimdffs <!( Wi/d/ije (Defensores da Vida Sel-
últimas décadas, 0m fí111bito imernaciona l. Cr0io q ue essa tipologia de ser apli-
.
,·:1ücm). o Enviro11mento/ Defense
. Fund ( Fundo de Defesa Ambie mal) e o
cada de maneira gemi. muito embora a maioria dos exemplos te nha sido extra- l:11.-ironmrntal Policy ln.wi11.11e (I nstituto de Política Ambie ntal). Apesar das
ída da Alema nha e da América cio Norte. pois aí se encontram os movi me ntos d itcrcnçns de abordagem e de seu campo de atuação específico, o ponto co-
ambienrnlis1as mais desenvolvidos do 11\\llldo. e porq ue 1ive maior facil idade 1num a todas essas organiza\:êles e a muitas outras criadas em bases semelhan-
de acesso a essas infonna~,i\es. P<>r favor aceite m rninhas descul pas pelas li mi- lc~ é a dcfc-sa pn1g1Tuític" das causas voltadas à pl'cservação da natureza
taçfles inevitáveis de minha opção, e por todas as tipologias que, espero. sejam 11w,li,1me o sistema instiLUcional. Nas palavras de M ic hael ;v!cCloskey, presi-
compe nsadas pelos e xe mplos relaciooados aos movimentos aruais que darão d~ncc do Sierra C/uh. a aborcla1:tem desses grupos pode ser caracterizada pe la
vida à esrn caractcri.wção um tanto a bstrnca. 1,.·,prcssão ··vw11os nos virar··: "Seguimos uma cradição mont~u1hesn. segundo a
F.'an1 nos aventurnrmos nessa breve jornada pelo cale idoscópio do ambien- q11:1I primeirarnenlt:' você resolve escalar (l montanha. Você tern uma certa no-
talismo sob a ótica <las tipologias propostas. _julguei convenie nte fornecer ao ,·,u1 da rota. nias os pontos de apo io para a esca lada são e ncontrados ao lo ngo
leitor um mapa. O quadro 3. 1 c umpre CS$a função, contudo requer alg uns dn percurso. e você tem de se ada ptar e mudar seus pla nos consta ntemente":'
escl arecimentos. Cada um cios tipos aprese111a<los é del'inido anali ticamente 1\ meta a ser ati ng ida na escalada é ,1 preservação da vida sd vagem, s()h sti~s
por uma combinu\;fü.> específica entrç. as três características dclc.nníuantes de mai, di1·crsas íorrnas. denlro de t)arfüne tros razoáveis sobre o que pode ser
um 1novirncmo social: idt'ntidod«. adrersârio e objeii1·0. Para cada um desses ~onqui, tadu no a tual sistema econôm ico e institucio nal. Os adversá rios en-
1ipos. identifico o conteúdo exato das trê, característica, apresentadas, fruto 1,on1rados pelo (:mn inho são o desenvolvi mento não controlado e os órgãos
de observação. e com base é m d iversas fomes. devidail\c ntc ind icadas. Do 1.•owrnarnentais ine fic ie n1es. corno o De 1>arrnmcrHo Norte-Americano de
mesmo modo. a tri huo um no nie a cada um dos tipos. fornecendo exemplos de llcncfü:iamento de Terras. q ue não te m tomado as devidas providências para
niovimentos que melhor se enquadram em cada tipo. Obviamente q ue e111 al- wotCger a natureza. Aucodefincm -se arnantcs da natureza. apelando para esse
guns movimentos ou orga,ni.zaçôcs pode haver uma mist.ura Cnl re essas carac- ,c ntimcnto presente em cada um de nós. indcpcndc nterneme de quaisguer di-
tecísticas. comudo. pa ra fins de anúlisc. selecionei movimentos cujas práticas lc r-:nças sociais. Atuam ein nome da~ instituições e por meio delas. fonnando
e disc ursos parecem estar mais próxirnos do tipo ideal. Após observar o qua- lo/J!Jics normalme n1e com grande habilidade e fo rça política. Contam com
dro 3. J, o leitor está convidado a to nrnr contato com. uma descrição bastante 11r:ind-: apoio popu lar, bem como com doaçõc, das elites abastadas e bem-
sucinta de cada um dos exemplos que iIustram os cinco tipus propostos. de 111tcncionadas e das corporações. Algumas organiza~oões. como, por exe1J1plo,
forma que vozes <lo movimento sejam aud ívei., e possam ,cr discernidas em ".~ierm C/ub. sào de grande porte (cerca de 600 mil membros). e articu.la111-se
meio a essa dissonâncin. t'lll seções 1<1cais n úa, açôe.s e ideologias variam considerave lmente, nem sen1-
A prese1vação da 11m11re~a. sob suas mais d iversas rormas. esteve pre- prc 1,:1,rrt:,ponde ndo à imagem de ·'ambicmalismo convencional". A 1naioria
sente na o rigem do movimento ambientalista nos Estados Unidos. marcando ,la, demais o rgani zaçôes. rai.s CO)llO o E11viro111nental Defense Fund, man1ém-
1-11

se engajada na for111ação de /obbies e na aná li se e difusão de informações. próprias pessoas, no papel de moradores, trabalhadores. coosLu-nidores, usu,í-
Praticam muitas vezes uma política de coali7.ões. tendo o cuidado de não se rios do transporte urbano e viajantes. O que é questionado por esses movimento,
deixar levar por caminhos que os desvie111 da cm,sa ambientalista e desconli- ~- de um l ado. a tend~ncia de escolha de áreas habimdas por mino11as e popula-
ando de i deologias radica is e ações sensaci ona l istas que estejam ern ç/\es de baixa renda para o despej o de resíduos e a prática de ati,·idades indese-
descompasso com a maioria da opinião pública. Seria urn erro. porém. opor os j,iveis do ponto de visrn ambiental, e, de outro, a falta tle transpal'ência e de
conservaciooistas tradicionais aos ambientalisws rad icais. Por exemplo, urn panicipação no processo decisório sobre a utiJização cio espaço. Assim. os cida-
<:los mais famosos líderes do Sif!rm C/ub. David Brower. tornou-se fonte de d[ios pen encemes a essa organização reivindicam maior democracia local, pla-
inspiração para os a111bientalistas rntl icais . l)a mesma forma. Dave Forcman. nej,unento urbano responsável e senso de justiça qua1tdo da distri buição do ônus
do movi mento ambientalista radical Earth First!. foi membro da diretoria do •>erado l)do desenvolvimento urbano/indust11al. ao mesmo tempo evitando a
Sierru Club em 1996. Há uma certa os111ose nas relações entre os conserva- "'ex posição ao lixo tóxico ou instalações que processam e manipulam substâncias
cionistas e os ecologistas radicais. pois as diferenças ideúl6gicas tendem a ser dessa natureza. Conforme conclui Epstein cm sua anfüise do movimento:
releva<:las cm função dos intcre,scs comuns comra a ince-ssante destruição da
nan,reza sob as mais diversa~ formas. Isso acontece a tlespeito de calorosas A rdvindkaÇfü). por pane do movimi.:1110. em <lefe~s:.1 da justiça mnbiental -e
disc11ssões e pontos profundamente conflitantes dentro de um movi.mento gran- contt'ál'i~, a sub~tância:-, tó.:-..ic~\s. d.;: um Estado cúm n,:iior mtlonornia para c.~ta-
de e di vcrsilicado. belecer r',;?gulmnentaçõcs a corporações e que preste conu,s ao público e não ?ts
A mobili:açâo das C<)numidades locais em d1'.f'esa de seu espuçu. contní- grandts -:mprt::..as parc-<.:c lOtalmcntc adequada e, pos:,.ive1meme, consl.hui base
para \Hna reivindicação é1i nda mais imponaotc. de qtlc o poder do t:;~wdo ~t,hrt
ria à in trodução tle usos indesej áveis do meio mnbiente, constitui a forma de
a$ corporações seja reafirmado e expandido. sendo (~;<e.reido t!ll\ função do bõ!m-
ação ambiental que mais rnpidamente vem se desenvolvendo nos tílt imos tem- ~.s\ar :-.oc1at e prindpaJmc11te do htm-c-:-.1ar cio:-. mais vulnt r:ív~is."'
pos. e tal,·ez seja capaz de estabelecer a relação mais direta entre as preocupa-
ções i mediatas das pessoas a questões m11is amplas de tlegradaçào ambiental:' Em outro, casos. co1110 110s bairros de , lasse média mais afastado;, da
Preqiicntememe rotulada. com certa malícia, IIUJFÍJ/le11to "Ntio no meu quin- ddaclé. as mobi lizações organiwd:is pelos moradores C<>tivcram inais concen-
tal ... essa organização foi criada nos Estados Unidos no ano ele 1978. cm prin- tradas na 111~m.nenção do s1a111s q11v contra o desenvolvimento indesej ado.
cípio sob a forma de um movimento contra substâncias tóxicas, quando do l:11tretanto, i11dependeme111ente do ele11Jento de d assc aí presente. todas a,
rerrívcl acitlente de l.m·e Cano!, em que toneladas de lixo industrial tóxico l'nrmas tle protesto estavam voltadasao estabeleci111cnto de controles sobre o meio
fornm dc,pejadas nas Cararams cio Ni{igara. no estado de Nova York. Lois :imbiente em prol da co111unid,1dc local e. nesse sentido. as mobilizações dc-
Gibbs. a propri etári a que ganhou notoriedade em decorrência da luta pela saú- l'cn,ivas locais cerr.1111cnte ..:onstilllcm um dos principais componentes do rno-
de de seu filho, co1110 tnmbém contra a desvalorização de sua casa por causa vi 111e11 Lo ambien1 al is1a nu m comexto nrnis ,1mplo.
do despejo de re-~íduos poluentes na .irea. acabou fu ndando. em 1981. n Citfr.en 's O a111bientalis1110 foi ta111bém fonte de inspirnção para algnmas das con-
C/eori11ghouse for Ha:.mrlous Wastes, u111a organização de combate ao lixo traculturns originadas dos 111ovi1nc11tos dos anos 60 e 70. Entendo por contra-
tóxico. Segundo dados da organizai,:ão, em 1984 havia 600 grupos locais nos ~uhura a tentativa deliber,1da de vh·er ~cgundo normas diversas e. até certo
Estados Unidos lutan<:lo contra o despejo de lixo tóx ico. Ern l'J88, esse núme- p1>nto. rnntra<:lit.órias em relação às institucionalrnentc reconhecidas pela so-
ro aumentou para 4.687. Ao longo dos anos. as comutíidades 111obilizaram-se L'Íc'.dade. e de se opor a essas insti llliçôes com base cm princípios e crenças
também contra o grau excessivo de desenvolvimento, a construção de auto- ,i11ernativ,1s. Algumas das mais poderosas correntes ela contracultura em nos-
estradas e de instalações que processam e manipulam substâncias tóxicas nas ' "' , ocieclacles manifesra1n-se por meio da obediência. LÍnica e exclusivamcn-
proxim idades ele suas re.sidência, . Embora o 1novimen10 seja local, não é ne- t~. ii, leis cl,1 natureza. ati nnanclo ,1ssi111 a priorida<:le pelo respeito à rm111'eza
cessariamente localis1a. pois muitas vezes assegu,·a aos res identes o direito à ,11.·i111a de qm1lquer instit.uição cri;tda pelo homem. Por esse motivo. creio que
qualidade de vida, sendo contnírio a interesses burocráticos ou corporativos. w ia apropriado incorporar /\ noção de ambie,11a/ismo co111mcu/111ra/ cxprcs-
Não M dúvida de que a vida em sociedade é feita de concessões entre as "1<:' apar~nte111enre tão distintas quanto ados ambieumlistas rad icais (tai, como
O "wrdcja1.. ..t~ ~ r: o mo\<imcmo :unhicru:\li<,ta

o E:arf/i Firsl.' ou o Sea Shepherds ), o movimento de liberraçiio dos animais e l>a": ideol.ógica para o movimento. merecendo destaque no The t:ar1/1 Fír.,1.'
o ccofominismo.' Apesar ele sua diversidade e folta ele coordenação. a maioria N,•11d!'r , unia publicação prefaciada por David Foreman.' Igualmente, senão
desses movimentos comp111tiU1a das idéia, dos pensadores da "ecologia pro- 111ais imponante, foi o romance escrito por Abbey, The Monkey Wre11c/1 Gang
funda", representados. por exemplo, pelo escritor norueguês i\rne Naes,. De t 1\ Gangue da Chave Inglesa), uma história sobre um grupo contracultural ele
acordo com Ame Naess e George.Scssions, os princípios búsicos da "ecologia '\·cpguerrilheiros", que se tornaram modelos ele atuação p,1ra muitos ecologistas
profunda'' ~ão os seguintes: i.1dicais. De fato. a "chave-inglesa·· tornou-se sinõ11irno de "eco-,abotagem".
No, anos 90. o movimento de libertação dos animais, cuja principal causa é a
( l) O bem-eswr e o dtst:m·ol"imen10 da Vicia humana e não-trnm<1nn n:i Terra 11posi,,ào incond icional a experiências que utilizem ani mah como cobaias,
têm valor em si mes1nos. Es1es valon.:s independem da utilidade do mundo 1Huc~e ser a ala mais mili!ante do fundainentalismo ecológico.
não-lnunmH> para ~ervir aos propósiw.s do homcrn. •2) /\ dqueza e a diversi•
O ecofeminismo. 1xir , ua vez, é claramente distinto das "táticas machistas"
cl~1de das fonnas de vida t·<)ntriht1e1\1 pma a percepção de~~es valores e tam-
hl:m <.:nn'iti 1uem valorer, em si mtsnws. (3) Os seres humanos não 1ê111 di rei10
ik al.~uns desses mo,·i111entos. As ecofe111i11isws defendem o princípio do respeito
de reduzir t%a riqucz;1 e diversjclade, salvo $C o fizc.n.:m p:wa sat isfr1.Zúl' ::-ua:-- 11h,nluto pela nmurcza como fundamento da lilx:rta~:ão rnmo cio patriarcalismo
ncccs-sid,ides. vitais. (4) O <l.::,;cnvolvirnento da vi<la e L'uhura humanas é com- , 11111<1 do industrialismo. Vêem as mulheres como vítimas <la mesma violêncía
pmívcl com uma reduç~o ~ubstantif1t da popul,1ç,l o-huma11a. O <lL·~e,wolvi- p,,triarca l intligida à natureza. De$se modo, a restauração <los direitos naturais~
rnenw da \ ida humana nece~..;ila dessa re.dução. 15) Atualmente t> grau dt 111di,,cx:i:ível da li bcrtaç5o da mnlher. Nas palavras de Judith Plant:
in1crtcrência humnna no 1huodo não-hmnnno é exce~~i\'o, e t:,;sa siniação
vc1H st. agr:ivtmdo rnpid,1mentl'. (6) Por essa r:li',âo as polític"~ d('vem ser l h:-ituricamcnte. ;,s muUlen::~ não c.~xerctran1 nenhum tipo ele poder real nu
rnoclifitadas. T:ti:-. polúicas produzirão efeito nas êslrnturns econômic.-1:,. numdo ~xtcl'im. n.:-m liv~rnm c~paço para a toma(la dé dedsfü:s. :\ vida i11te-
tccnol6g.icas e idcológit:a:'I. b:biL:a:,;. /\s condições resuhan11::,; <lcssl!. pro.:.:esso k .~1u;1I. o cultlvo <lo pens.amc,uo. fl>rnm campo, tmdicionalm(!IHC ím1ce.s:-.í-
!--Crfio profunclamenle diferente.~d:i~ pn:scnh.:s rms dias de h0jc. 0) A pri11ci- ,·ei, às mulheres. Rm g.enll 31- muUte1·c;-; 16m .\ido passh·;ls. assim como a
p;1t mudança iclcofógi<.:a c-0nsiste na valoriza\'âo da q0<1I idade de vida i mora- nawrezn. I lvjt crn di:i, port.!m. :1l'!~olog.in fala cm nóme Ja terra. ~m nome do
dia t:m condições. de \'t1lor h1(·1'ê11tê) cm vci.'. da crença em um p;1dri11) ele vidn '\,utro". IHIS relHções homem/meio :unbicnlt . E o ecoíemi1\ismo. falando e1n
cada vez mais elcvndo. Mnverá \IJlla pmfunda <:<>mdenlização da dift rcnç;i nome do "uutro" origimtl, busça atingir as r:1Í%C:-. imcr.. rel:u:ionHdns de todo o
1.!otrl:' grande e cxcd cnl._":. <8 >Todos aqueles qut ad~rir~rn aos ponlo:i acima tipo de clomin~H/10. bem como pr9~·urn fornrns dr r...·M~Ür i'l 11md;111ça.1"
rncncionaclo'.'3 estarão comprometidos a tcnrnr. diretn0\1indire1~-1111éntc, imple-
mentai' a~ 111uclan-;:1s neçessiirias.s
Algumas ecofemi ni s1i1s também roram inspiradas pe i,1 polêmica recons-
t111(,',lo llistórica de Car<.llyn Mcrchant que remonta a sociedades pré-históri-
Como rc,posta a tal comprnmetimenco, 110 111ml da década ele 70 diver- 1·a, 11Jturais livres da do111irn1çiio masculina. Ltma Idade de Ouro do matriarcado,
sos ecologista, radicais liderados por David Forcn mn , um ex-fuzileiro naval ,,,11 que havia harmonia ent re a ,iatureza e a cultma e onde homens e mt,lhcres,
norte-americano transformado em "guerreiro úcológicu''. t'undaran1 nos esta- 111tl i, 1intarnente, veneravam a natureza que assumia a forma de densa.11 Houve
dos do Novo lvl6xico e Arizona o Eani, Firs1!, um movimento extremista par- t,uul>ém. princip11lmet1Le durante os anos 70. urna interessante relação entre
tidário da insubordina~ão civil e até mesmo ele atos de "ecotagem" (sabmagem 11111hicntal is1110. femi nismo espiritu al e neopaganismo. nn,it a, vezes expresso
ecol6gic,1J COtllra construçiies d e barragens. ex tração de madeira e omras for- 11n c~ofomini smo e na militância direta e nüo-agressiva de ''bruxas" mediante
mas ele agressão ü natureza, o que fez COlll que seus membros fossem proces- ,, p,·:hka de feitiçaria."
sados e presos. O n1ovimenLo, juntamente com uma série de outras organizações Assim. por diversas formas, desde tfüicas de ecoguerrilha até o cspiritüa-
similares, era completamente descent ralizado, i'o rmado p<ir ''tribos" indepen- lt"no, passand<.l pel a ecologia profunda e o e.cofeminismo, os ecologistas radi-
demes que costumavam reunir-se periodicwncn!e de acordo coll) os rituais e o ' ilt, (;swbelecem um elo de ligação entre ação ambiental e revolução cultural.
calendário cios índios norte-americanos e tomar suas próprias decisões sobre 11111plia!lllo ai nda mais o escopo de um movimento ambientalista abrangente e
como agir cm clcfc.sa dos valores ecológicos. i\ ecologia prof'u11(1a serviu üe 1 ":mdo ,1 construção da cco1opia.
O ··vcrd<:J,if" do ser: o ,novimcnto ;\111bk1mdt:.ta

O Greenpeace é a maior organizaç5o ambiental do mundo. e provavel - advers,\rio declarado d() Grccnpeace é 0 modelo de desenvolvimento caracte-
menlc a principal responsável pela popularização de questões ambientais <>lo- rizado pela falta de i nteressc pelos efeitos w bre a vida no planeta. Assim. o
bais. por meio de ações diretas. sem uso ele violência, e orientadas à mídia. •i movi mento mobiliza-se em torno do pri ncípio da suscentabilidacle ambiental
Fundado em Vancouver cm 197 l. cm meio a uma manifestação antinuclear na comú o preceito fundamental ao qual devem estar subordinadas todas as de-
cosLH cio A lasca, e tendo sua sede posteriormente transferida para Amsccrclã. o mab polhicas e mividades. Dilda a importância de sua missão. os "guerreiros
movi mcnto trartsformou-se cm uma organização transnacional e altamente do arco-íris" não estão dispostos a part icipar de discussões com outros grupos
articulada que. jú cm 1994, conmva 6 milhões de membros no mundo todo e ambientais, tampouco embarcar na contracuhura, apesar das numeros,,s varian-
uma reccila anual superior a US$ LOO mi lhões. Seu perfil alcamcntc distintivo tes acillldinais de seu vasto número de parcici pa ntes. São deeiclidamence inter-
como movimento ambicnmlista resulta de três componentes principais. Pri- nacionalistas e vêem o Estado-Nação como o maior obstáculo ao controle cio
n1eiro. uma noção de premência crn relação ao iminente desaparecimcmo da desenvol vi mento atual memc desen freado e destrutivo. Travam uma guerra
contra um modelo de desenvolvi mento eco-suicida, tendo porobjetivoconquis-
vida no planeta. inspirada por uma lenda cios índios norte-americanos: "Quan-
do a terra cair docmc e os animais tiverem desaparecido. surginí uma tribo de iar vitórias imediacas em cada uma das fremes de batalha, desde a 1ransformaçâo
pes,oas de todos os credos. raças e cuhuras que acreditará cm ações e não em Ja indüstria de refrigeraçflo alemà em tecnol ogia ''verde'', contribuindo para a
palavras e devolverá à Terra sua beleza perdida. A tribo será chamada de 'Guer- proteçüo da camada de ozônio. até a i nfluênci a na restriçf\O da c<1ça às baleias
reiros do 1\rco- Íris''', 1•1 Segundo. uma aticudc inspirada nos Quakers. ele serem e a criação de um santuário de baleias mt A ntártida. Os " guerreiros do arco-
tesccmunhas dos fatos. camo como princípio para a ação quanco como cmaté- íris.. mumn nas fronceiras cmre a ciê:ncia a serviço da vida, a formação de redes
gia de com unicação. Terceiro, uma atimdc pragmfüica. cio cipo empresarial, globais. a tecnologia da comunicação e a soliduriedade c.ntre as gerações.
em grnnde pane inlluenci ada pelo líder histórico e prcsidcmc do conselho À pri meira vis1<1, a ··polí1im ,·eHle" niio parece ser um tipo ele movimen-
10 per se. mas sim uma e~trmégia csp-ccffica. isto é. o ingresso no uni\'Cl'SO da
adm ini strativo do Greenpeacc. David .tvlcTaggarl. ··cJc fazer as coisas aconte·
rerém", Nessa linha de raciocínio. não hú tempo para discussõc, filosóficas: pol ítica cm prol do ambientalim,o. Contudo. um exame mais detalhado do
as pri ncipais qucscõcs devem ser idcnci(irndas pelo uso de informações e céc- ,;xemplo de maior destaque nesse tipo de política, Dit Grii11en, demonstra
nica$ investig,uivas em todo o planeta: camp,,nhas específicas devem ser Ol">a- com clareza que, originariamente, "os verdes" não se enquadravam nos mode-
. 1
111/.m a, em lúrno de mela$ palp{tv.:is. seguidas de ações e,pctacul ares com o
D los da política trad ic'ional." O Partido Verde aleltlão. fundado cm U de j aneirn
obj eti vo de atrai r a atenção da mídia. lev:1ndo ao conhecimento do grande de 1980 .;om base cm uma ç.oal izão de 111ovill1en10s popu lmes. a rigot' não é
público urna determ inada questão. e [orçando empresas. governos e institui- um movimento ambientalista, mesmo considerando-se que provavel mente tem
çüe, in ts,rnacionais a tomarem medid a, cabíveis 0L1cn rrcntarern futura publi- <ido mai~ eficaz na propagação da causa ambiemalista na A lemanha cio que
cidade negativa. O Grernpeace é ao mesmo tempo uma organizaçi'lo altameme qualquer otJtro movimento europeu cm seu próprio país de origem. A força
central izada e uma rede 111undialmem.: dcseentrnlizada. controlada por um 11101riz da formação do partido foram as chamadas l niciilt.ivas do Cidadão do
conselho de representante, do país. um pequeno conse lho executivo. e respon- fi nal dos anos 70. organizadas principalmente cm 101m, de mobilizações pela paz
1: contra as armas nucleares. Essas mobili zações foram responsáveis pela proeza
s,\veis regionais parn a Arnérica do !\orce. América Latina. Europa e Re.gião do
Pacífico. Setts recur~o, são organizados sob rorma de campanh,1s. sendo cada ,lc unir veceranos dos movimentos dos anos 60 e femini~tas que se descobri-
1,1111 como tais espelhando-se justamente na rcvolL1~:ão sexual promovida pelo~
unia subdividida por tipo de questão ambiental abordada. Em meados da década
ele 90. as p,incípais campanhas eram as seguintes: subscânc ias tóx icas, recur- 1'(:vnlucionári<.>s dos anos 60. e 1arnb6m a juventude e a cl asse média de forma-
, ,1n superior preocupada com a questão da paz. da energia nuclear e do meio
sos energéticos e atmosfera. questões nucleares e ecologia oceânica/terrestre.
Escritórios sediados em 30 países sfto encarregados da comdcnação de cam- ,1111hi<:11te (a destruição das 1'1ore$tas, 1\'Clldsterbe11 ). as condições atuais do pla-
panhas globais, angariando rundo, e obtendo apoio cm nível local/nacional: neta. a liberdade individual e a democracia <k base popular.
comudo. uma vez que as p1incipais questões ambientais são mundiais. a maio- A criaçãú e a rápida ascensilo dos verdes (tendo ingressado pela primeira
'<'t. no Parlamento Nacional em 1983) resultaram de circunstâncias bastante
ri a elas ações promovidas pelo movimento visa causar um impacto global. O
O ··,·c nlej,..c" <.lv ~cr: o n1óv11ne.nto umbicmnhi:;:n 15~

pecu liares. Em pri mei ro lugar. não havia formas de expressào po lítica que pragmáticos que assumiu o controle do partido. Reestruturado e com uma
dessem voz ativa aos protestos sociais na Alemanha além dos três principais 11ova ori.entação. o P,u-ti<lo Verde alemão recuperou o fôlego em 1.990, ingres-
partidos que se haviam alternado no poder, chegando até mesmo a formar uma sou novamente no Parlamento e conquistou in1portante,~ postos nos governos
çoalizão nos anos 60: em 1976, mais de 99'¾- dos votos fornm destinados aos 1cgionais e locais. particu larmente em Berlim, Frnnkfurt, Bremen e Hambur-
três panidos ( Democrata-Cristão, Social-Democrata e L iberal). Diante desse go, por vezes governando por intermédio de al ianças com os soci al-democra-
quadro. havia 11111 potencial "voto i nsatisfeito", principalmente entre os jo- las. Contudo. não crn mais o mesmo partido, isto é, havia-se transformado
vens. aguardando o n1omento de poder se mani festar. Escândalos financeiros cl'.:tivamente elll um partido político. A lém disso. o partido não mais detinha o
na política (o caso Flick) haviam abalado a reputação de todos os partidos 111011op6li o de defensor da causa ambiental. pois <JS social-democratas, e mé
pol(tic:os e insinuado sua relação de dependência diante das contribuições da nIcs1110 os liberais, passaram a ser bem mais receptivos às novas i déias apre-
indúslria. Além di sso. o que os cientistas pol íI icos chamam de "qi1adro de sentadas pelos movimemos sociais. Isso sem mencionar o fato de que a Alc-
oportunidade política" apontava para a a<loç5o de uma estratég ia que consistia 111a11hn cios anos 90 em um país bem diferente: não havia mais o perigo de
cm formar um partido que mantivesse a unidade entre seus eleiIores: entre 1,:11crra. mas sim o da decadência econôm ica. O desemprego cm massa dos
oucros fatores, recursos significativos do governo foram destinados ao movi- ,.,,·cns, aliado i\ retração do Estado do bem-escar social, tornaram-se questões
mento. e a legisla~,ão eleitora l ale mã que e.stabelcce um mínimo de 5% do total 111ais graves do que a rcvoluçüo cu ltural para os eleitores verdes "de tons p0Jí-
de vucos nacionais par~ o ingresso no Parlamento acabou reunindo sob uma Ii,o, indefinidos". O assassinato de Pccra Kell y cm l992. provavdmeme per-
única bandeira os verdes que. do contrário, pennaneccriam frnginemados. A pd rado por seu companhei ro, que em seguida cometeu suícidio. tocou em tIm
maiori(t do eleiwrado do Partido Verde em formada por jovens, es!lldames. ponto bastante crítico, questionando os limi.tcs cl~ fuga da sociedade na vida
profcssori;;s e membros de outras categorias bastante distintas dos eleitores , <>lidiana que ao mesino tempo mantivesse intactas as estruturas econômicas.
relacionados it produção industrial. i~10 é. desempregados (mas susrencados polít icas e psicológicas básicas. Contudo. mcdiame a " polí1ica verde", Die
pelo gol'erno} ou funcionários públicos. O programa partidário lrarava ele te- <;,.;;nen consolidou-se como a esquerda coerente da A le111anha clofi11 de sii?.cle.
mas como ecologia, p:1z. defosa das liberdades, protc,;fio its minorias e aos l' , t geração rcbc1dc dos anos 70 conseguiu preservar a maioria tk seus va1ores

imigrnmes. femi nismo e democracia panicipativa. Dois terços dos líderes do a medida que envelhecia. transmiti ndo-o~ aos fi lhos pel a maneira de viverem
Partido Verde eram membros ativos <le diversos movimentos sociais da década ,1~ próprias vidas. Assim. a partir da experiência verde. surgiu uma A lemanha
ele 80. Na verdade. Die Griinen apresentava-se. conforme definido por Pctra ha, lanlc diferente. tanto <lo pon(o de vist,1cultural quanto polhico. A impossi-
Kelly. cúmo um " partido antipartido". volrndo à " política com base em um hdidnde. porém. de integrar panido e movimento sem provocar o aparecimen-
novo conceito de poder. um ·co111rapoder· que seria natural e roinum a todos. lt> do totalitarismo (knini smo) 0\I do reformismo, em de1rimcnto do pníprio
comparti lhado por Lo(los. e us(tdo por todos para o bem de todos"."' Assim, os 111<•vimenro (democracia social). teve 111a1s uma conf'irmar;5o histórica de que
verde; faziam uma espécie de rodízio en1re seus reprcsen1antes eleitos. coman- 11·:dmem~ esta é a lei de ferrn da trnnsforn1;1ç5o social.
do a maioria das decisões cm assembléias. seguindo a tradição anarquista que
inspirava os verdes mais do que eles próprios seriam capazes de admitir. De
1nancirn geral, as provas de fogo impostas pela Realpolirik puseram abaixo O significado do "verdejar": questões socier.ais e
essas expe1i ências após alguns anos. principahncntc após<> fi asco nas umas o desafio dos ecologisr.as
durante as eleições de 1990 causado pela towl inwmpreensào por parte dos
verdes da importância da reunificação alemã. dentro de uma mitude coereme A preservação da natureza, a busca de qualidade ambienial e uma pers-
com a oposição do partido ao nacional ismo. O contlito latente entre os realo:; p~cIiva de vida ecológica são idéias do século XIX que. em termos de mani -
<líderes pragmáticos que tentavam difundir as idéias do panido por meio de kstação, mantiveram-se por muito tempo restritas às el ites i lustradas cios países
instituições) e os.fundis (fiéis aos princípios básicos da democracia popular e da ,lrn ninm1tes." Ern muitos casos tais elites eram formadas por remanescentes
ecologia) eclodiu em 199 l. resu ltando em uma aliança entre ~entrisIa, e d,· unnt aristocracia esmagada pela industrialização. como se pode observai'
1:1<1 O ··, crtlcJar" do '-Cr: o movuncmo ;:cn1bicm,1li,w O ''\'erdcjJr" do :ser: o mcw1mcmo :tmbi<;nt:!lbrn

nas origens da Aud11hon Society nos Estados Unidos. Em outros, um d emento tias pri ncipais l i nhas ele discurso presentes no movi men10 ambiental ista cm
comunal e utópico era o ntícleo de ecologistas políticos considerados precoces torno de quatro temas principais.
tio ponto ele vista hbtórico. como Kropotkin, responsável por tornar ecologia Primeiro. uma relaçüo estreita e ,w mesmo 1e111po cunb(gua com a ciên-
e anarquia defi nitivamente indissociáveis. em uma tradição representada nos 1·10 e a "rcno/ogia. Nas palavras de Bramwell: " o desenvol vi mento de idéias
dias de hoje por M urray Bookchin. Contudo. em todos esses casos. e por mais ·verdes· nasceu ela revo lta da ciência contra a própria ciência que aconteceu
de um século, essas idéias perduraram como tendênci a imelectual baseante por volta do final elo século XIX na Europa e América cio Noite".'º Essa rcvol-
rcmim. incumbindo-se pri mordialmente da tarefa de despertar a consc iência 1:, l°ni se intensificando e passou a ser amplamente di funclidiJ na década de 70.
de indivíduos poderosos. que acabariam promovendo a cri ação de uma legis- ,·011~omitamemcn1c à revolução da tecnologia da informação e ao descnvol vi-
lação conscrvacionista ou doando suas fortunas em prol da causa da natureza. 111cn10 exu·aorclinârio do conhecimento biológico viabilizado pelos modelos
Mesmo quando se forjavam ali anças sociais (como. por exemplo. entre Robert rcwdos por programas de computação gráfica que se sucederam. De fato, a
Marshall e Catherine Bauer nos Estados Unidos dos anos 30), seus resultados , i,' n.:ia e a tecnologia desempenham um papel funclan1en1al. embora co1Hradi-
políticos eram atrelados de lal íonna que os interesses econômicos e de bem- 10, i,l. 110 movi mento ambientalista. Por um lado. há uma prnfuuda descrença
estar soc ial eram colocado~ em primeiro plano." Elllbora ho11vessc pioneiros " "' hencficios proporcionados pela tecnologia av,mçacla. lcYanclo. cm alguns
tlc grande coragem e influência, como A lice liami lton e Rachel Carson nos ,·,""' extremos, ao surgimento de ideologias neo)uddistas. como a representa-
Estados Unidos. !'oi somente no final dos anos 60 que. nos Estados Unidos, d11 por Kirkpmrick Sale. Por outro, o movimemo deposita muira confiança na
,\lcmanha e Europa Ocidental surgiu um movimento ambiental ista de massas, <'okln. an,ílisc, interpretação e divulgaç,1o de informações científicas sobre a
entre as classes popu lares e com hase Ili! opilüiío pública, que então se espa- 1111cr:1ç5o entre artefatos produ zidos pelo homem e o meio ambiente. por vezes
lhou rapidamente para os quatro camos do mundo. Por que isso aconteceu? ""'" um ateo grau de so fi slicação. Algumas das pri nci pais organizaçiles
Por que as idéias ecológicas repeJ1tinamente se alastraram como fogo 0;1s .1111hicntalistas norma lmente contam com cientistas cm seus quadros. e na
pradarias ressequid<1s da i nsensatez do planeta9 Proponho a hipótese de que 111:iioria do, países há um vínculo bast11nte forte entre cientistas. acadêmicos e
existe uma relação direta emre os temas abordados 1>clo movimento ambiema- ttl ivi~las ambientais.
lista e as principais dimensões da nov,1 estn.1t11ra socia l, a soc iedade em rede, Segundo. o amhienwlismo é um movi.mento co111 base na ciência. Por
que passou a se formar dos anos 70 e1J1 diance: ciência e tecnologia como os 1'<'/cs c;:sa é a ciência ruim. fi ngiJ1clo saber o que acontece com a natureza e
principais meios e fi ns da econom ia e da sociedade; a trnnsformaçüo do espa- , 0111 ,1s seres humanos e revelando a verdade ocu llü sob os i nteresses do
~xx a trnnsfonnaçilo do tempo; e a clomi n,1ção da identidade cultural por rluxos 111du~lrialis1110. capitalismo. tecnocracia e bu rocracia. Embora critiquem a do-
globais ahstralús de riqueza, poder e informações construindo virtual idades 111in:1ç5o da vida pe l,1 ciênc ia. os ecologi stas valem-se da ciência para fazer
reais pelas redes da mídia. i\a verdade, todos esses temas podem ser encontra- ti.•nt~ à e,ta em nome da vida. O princípio defendido não é a negação cio
dos no uni verso ca61ico do ambiental.ismo e. ao mesmo tempo. nenhum deles ,·onltcc11nento. mas sim o conheci rncnto superior: a sabedoria de uma vi.são
pode ser claramente discernível e,n casos específicos. Contudo. sustentú que J,11tf,1ica. capaz de ir ;1lém de abordagens e estratégias de visão restritas.
há um di scurso ecológico implícito e <:oeremc que pcrpa~sa uma série de ori- " " ~cio11 adas 1, mera satisfação ele necess idades b,ísicas. Ne.sse senti do, o
entações políticas e origens sociais inseridas no movimento. e que íornece a 11 t11hicntalismo tem por objetivo rea~sumir o controle social sobre os produtos
estrutura sobre a qual di ferentes tet1n1s são discutidos cm momentos distint0s ,ht mente humana antes que a ciência e a tecnologia adquiram vida própria.
e com propósitos diversos.'• Naturalmente existem graves conrtitos e enormes , ,,m ns máquinas ti,1,1 lmcnte impondo sua vomadc sobre nós e sobre a nature-
desal'enças entre os componentes elo nKwimcnto ambicmalista. Entretanto. 111 11111 temor ancestral da hu1nanidadc.
tais desavenças ocorrem com rnaior freqüência cm relação à defi nição de táti- Terceiro, os co11f/i1us sobre a 1ra11.iformaç<io es1n1111ral são sinônimos da
cas, prioridades e tipo de linguagem do que 1>ropriamc11tc quamo 11 idéia bási- ltat1 ,,e/a redeJi11içâo his1órim das duas expre.wJes Jimdamefllais e mmeriais
ca de associar a defesa de ambientes específicos a novos valores humm10,;. ,/11 wwiedade: o 1empo e o espaço. Com efeito, o co11trvle sohre o espaço e a
Embora correndo o risco de u111a si mplificação excessiva, farei uma síntese 1'11/11s1• ,w localidade é outro tema recorrente dos vários componentes do mo-
I Si1 O '·\·c-rdeJltr.. do -.c.r: o mc.:,v1nwnt<.• :u11b1c.iuallst,, ( J"H:rdc.Ju.r" do i-cr: o movhntm<> mnbicmalis1~ 157 '

vimemo ambientalista, No capítulo 6 do volume L sugeri a idéia de uma opo- 111uito poucas estariam realmente prontas para transformar o teúr e a naturez;i
sição fundmnental que surge m\ sociedade em rede entre. duas lógicas espa- d~ suas vidas, Contudo, a lógica interna cio argumento, a relação entre a defesa
ciais. a do espaço de fluxos e cio espaço de lugares. O espaço de fluxos organiza do próprio local contra os imperativos do espaço de fluxos e o frntakcimemo
a simu ltaneidade das prfü icas sodais a distância, por meio dos sistemas de tia, bases político-ec<>nômkas da localidade, permilem a identificação ime-
informação e telecomunicações. O espaço de lugares privi legia a in teração ,h,,ta de algumas dessas relações na consciência pública na ocorrência de um
social e a organização institucional tendo por base a contigüidade física. O ,·ve1110 simbólico (como, por exemplo. a construção de uma usina nuclear).
traço distintivo da nova estrutura social. a soc iedade em rede. é que a maioria Dc,se modo, estão estabelecidas as condições para a convergência entre os
dos processos dominantes, concentrando poder. riqueza e informação. é arti- problemas do cotidiano e os projetos de sociedade alternativa: é disso que .~ã~)
culada no espaço de lugares, ,\ maior parte da ex periência e dos signi fi.cados l'c itos o, movimentos sociais.
humanos. contudo. concentra-se ainda no espaço de locais. A disjunção entre Quarto, chi mesma forma que o espaço, o conrro/e sobre o tempo esfcí em
as duas lógicas espaciais consiste em um mecanismo básico de dominação em 10;:o 11a sociedade em rede, e o movimento om/>ie,J111iista é provave/meme o
nossas sociedades. pois desloca os pri ncipais processos econômicos. simbóli- 1m,/(/gonisra do pmjero de uma remporalidade nova e revo!ucionârio. Essa
cos e polilicos da esfera em que o significado social pode ser construído e o qucst,1<J é tão importante quanto complexa. o que requer uma análise gradual e
controle político encontra meios de ~er exercido. Assim, a ênfase <fada pelos ,·u idadosa, No capítulo 7 do volume l. propus u,na distinção (com base nos
ecologistas à localidade e no controle praticado pelas pessoas sohre seus pró- debates mai5 recentes nas áreas da sociologia e da história. hem como nas
prios espaços de existo3ncia constitui um desafio aos mecanismos básicos do lilo,oti as de tempo e espaço de Leibniz e Innis) entre três formas de tem-
novo siste1J1a de poder. Mesmo nos casos em que as mani festaçõ<!s são mais p,,ral idadc: o tempo cronológico, o tempo intemporal e o te,npo glacial. O
defensivas. co,110 nas luUts rotuladas de "Não no meu quinta l", o estabeleci- 1,·111po ctonológico , característico do industria li~mo. tanto no caso do eapila-
men1o da prevalência do modo de vida loca l sobre os usos de um detenni.nado 11"110 como do estatismo, foi/é l:aracterizado pela seqüência cronológica de
espaço por ··i nteresses extcnl(ls". come> é o caso de empresa~ que procuram c,.:nt<Js e pe la disciplina do componamcmo hu,nano em função de um cro-
um local parn depositar seu lixo tcíx ico ou acroponos que queiram ampliar 11ugrnm:i predeterminado que gera poucas experiências externas aos padrões
suas insr,1laçõcs. encerra o sentido mais profundo da negação da predo1ninân- de medida instituc ionalizados. O tempo intemporal, carncteríst.i.co de proces-
cia abstrata dos imcresses técnicos e econô111icos sobre experiência~ rea is, de ' "s dominantes em nossas sociedades, ocorre quando elementos de um deter-
uso rea l, por pessoas reais. O loca li smo ambiental contesta justamente a perda 111111ado contexto, a saber. o parad igma informacional e a sociedade em rede,
da relação entr..: essas Ji ferentes l'unçôes ou interc,~scs. submetidas 110 princí- pnwocam uma perturbação sistêm.ica na ordem scqiiencial dos fenômenos
pio de u,na representação mediada pela racionalidade técnica e abstrata exercida m:orridos naq uele contexto. Essa perturba\·ão pode tomar a forma de co11cen-
por interesses comerciais desenfreados e recnocracias sem qualquer tipo de 1rtu;iio da ocorrência dos fenômenos, voltados à instantaneidade (como, por
compro,nisso ou responsabilidade. Assim, a lógica desse argumento pode ser ncmplo, as "guerra, instantâneas" ou transações financei ras em décimos de
traduzida pelo desejo de um governo de menor porte, que privilegie ,1comuni- N\ll,',Undo), ou ainda introduzir uma descontinuidade aleatcíria nessa seqüêucia
dade local e a partic1paçiio do cidadão: 11 democmcio de bases populans é o (com() é o caso do hipertexto na comunil:açüo da mídia eletrônica integrada).
modelo polírico implícifo ,w maioria dos 111ovi111e1110,1· ecoü!~icos. El\l alterna- A cl inlinação da continuidade das seqüências dá origem a u,n ti111.i11g não dife-
tivas mais comp lexas. o l:ontrole sobre o espaço, a afirmação do local como 1c11ciado. destruindo assim e) conceito de tempo, Em nossas sociedades, a
fonte de significado e a primazia do governo local são elementos vinculados ,uaiúria dos processos búsicos domi names é éStnHurnda no tempo intempoiaL
aos ideais de m,togeMão da tradição airnrquista. inclusive a produção em pe- 111uito embora a maioria das pessoas seja <10111.inada pelo tempo cronológico,
quena escala e a êníase na auto-sufici ência. que leva a uma austeridade assu- Existe ainda uma terceira forma de re111po, concebi.do e proposto na prú-
mida. à crítica ao consumismo e à subsütuição do valor de lr<Jca do dinheiro 1>rn soc ial: o 1empo glacial. Na formulação original de Lash e Urry. a noção de
pelo v«lor de uso da vida. Obv iamente que pessoas que protestam contra o 1,·mpo glacial implica que "a relação entre o homem e a natureza é um proces-
depósito de lixo tóxico nos arredores de suas casas não são anarqnistas, ~ ,u evolucionário e de longo prazo. Tal relação se pmjeta para trás na história
O .. v~rdCJil.r'' d-o sef: o IU0\11:)lentô :!mbkntalist(l (} "verdejai'°' do ~.;r: o mornnc1110 .unbiemalism

imediata da humanidade e para a freme cm direção a urn futuro totalrnente não espécies. seguida da unidade da matéria como um lodo, e de sua evo/uçüo
especificado"." Desenvolvendo um pouco mais esse concei to, proponho a idéia 1,,,,oro-1emporal.~1 A expressão material que reúne diferentes reivind.icações e
de que o movi mento ambiemalista caracteriza-se justamente pelo proj eto de temas do ambiental ismo é j ustamente sua temporalidade alternativa, exigindo
introdução de uma perspectiva de " tempo glacia l" em nossa Lemporaliclacle. das instituições da sociedade uma postura q,ie assuma como premissa o ritmo
nos planos da consciência individual e da política. O pensamento ecológico t.,nto da evolução de nossas espécies em seu meio ambiente, em um processo
observa a imcração entre todas as formas de matéria em uma perspectiva ,ninterrnplo vivenciado por nosso ser cosmológico. uma vez que o universo
evolucionária. A idéia de uti lizar (i nica e exclusivamente recursos renováveis, continua se expandindo desde o rnoment(l/local de seu princípi() compartilha-
crucial para o ambientalismo. está j usti ficada precisamente pela noção de que do. Além das frontei ras l imitadas pelo tempo cronológico subjugado. ainda
qualquer alteração nos mecanismos básicos do planeta. e do universo, poclení. "iviclo pela maior parte cios habitantes do mundo, o embate histórico pela nova
ao longo do tempo. desfazer um delicado equilíbrio ecológico. trazendo con- 11:mporal idacle ocorre entre a üniqui lação do conceito de tempo nos tluxos
seqüências desastrosas. A noção holhtiea de integração entre seres humanos e lé~onentes das redes ele computadores, ca realização do tempo glacial mediante
namreza. con forme suste ntada pelos defensores ela ··ecologia profu nda". não 11 111<:orporaçâo consci0nte do nosso eu cosmológico.
cs(á se referindo n uma ingênua veneração de paisagens nan,rais imocadas, Por meio dessas lutas fundamentais sobre a apropriação da ciência, do
mas sim ao princípio fundamental de que a unidade de experiência mais rele- t<: 111po e do espaço. os ecologistas inspiram a criaç(lo de wna nova idt.midade ,
vante não é o indivíduo ou. ainda nesse sentido. comunidades de seres hmna- uma identidade biológica, uma cul111ra da espécie humana como componente
nos consideradas a partir de uma perspeniva histórica. Para nos i megrannos ,/11 11<111.1reu,. Essa identidade sociobiológica não implica a negação elas eultu-
ao nosso eu cosmológico precisamos primeiramente transformar nossa pró- rns históricas. Os ecologistas têm profundo respeito pelas cuhuras populares e
pria nos,iío de tempo. sentir o "'ternpo glacial'' passando por nossas vidas, a grande apreço pela autenticidade cuhurnl de diversas trad ições. Contudo, seu
energia das estrelas fluindo em nos~as veias. perceber os rios de nossos pensa- ,1tlversário declarado é o nacionalismo do Estado. Isso porque o Estad()-Na-
mentos desembocando em um tluxo contínuo nos oceanos i limitados <la maté- \'L\n. por definição, tende a exercer poder sobre u111 determinado território.
ria viva multiforme. Em Lermos bem ob_jctivose pessoais. viver no tempo glacial 1lesse modo. rompe a unidade da espéc ie humana, bem como a inter-relação
~igni fic,1estabe lecer c>s p11rã111etros ele nossas vicias a partir e.la vida de nossos entre os tcnil1írios. comprometendo a noção de Ull\ ecossistema global com-
fl lhos. e cios l1lhos dos fi lhos de nossos lilhos. Ponanto. o modo de adminis- p:11 1i lhado. Nas palavn1s ele David McTagg,1rt, líder histórico do Greenpeace
trarmos nossas vidas e institu içõc~ em runção deles. rnmo quanto cm nossa IIH1;rnmional: "A maior ameaça que Lemos de cornbatcr é o nacionali smo. No
própria causa. não é um cul to ~ Nova Em, mas sim urna velha e conhec ida 1i1ox i1110 século vamos enfrentar questiíes que não podem ser abordadas sim-
forma de cuidar de nossos desce ndentes. feitos de nossa própria carne e nosso 11lcsmente no âmb.i ro nacional. Temos Lentado trabalhar no sentido de uma
próprio sangue. A proposta do desenvolvirnento sustentável como forma de ,,~·ao internacional conjunta. apesar tle séculos de prcconeeim naci(lnalisra"'. 2~
solidariedade entre gerações reúne um egoísmo saudável e ur11 pensamento Emhorn a aparente contradição, os ecologistas são. ao mesmo tempo, localis-
si stémico dentro de uma perspectiva evolucionária. O movimemo anrinuclem:, t.1se global isrns: globalisrns na maneira de tratar o conceito de tempo. l ocalistas
uma das mais poderosas vertentes do movimento ambienial ista. fundamenta ,·m Lermos de defesa do espaço. O pensamento e a política evoluci onários só
sua crítica radical ii energia nuclear nos cfc.itos de longo prazo do lixo radioa- podem ex istir mediante uma perspectiva global. A relação de harmonia entre
tivo. bem corno nos problema~ de segurança mais ime<l.i atos. construindo as- 11, pessoas e seu meio ambiente começa na comunidade local.
sim uma ponte para a scguran~,a de nossas gerações daqui a milhares de anos. Essa norn identidade como espéf-ie, quer dizer, essa identidade sociobio-
De cerro modo, o i nteresse na preservação das culturas au(óctones e no respei- l11gi'-'a, p()tle ser facilmeme superposta a tradições históricas e nrnltifacetadas,
to a elas estende-se até o passado. co111prcc11dendo todas as formas de existên- 11lionias e símbol os culturais. mas di ticil.mentc poderá coexistir com a identi-
cia hummia de diferentes épocas e afirmando que nós somos eles e eles somos d11d0 do estado nacionalista. Assi m, de cen a forma, o ambientalismo suplanta
nós. A causa implíci ta <los defensores cio movimento ambientalista, e explícitn ,, npo,içií() entre a cultura da virtualidade real, subj acente aos tluxos globais
dos pensadores da ecologia profunda e do ecofemini smo. é essa 1111idnde das d,· riq uez,1 e poder. e a manifestação das identidade,~ cu lturais ou rel igiosas
16'1 O ''i..·etcklj ar" do ser: o toovimênto :uubicntalii-t.i HJI '

fundamentalistas. Trnta-se da única idemidade global proposta a todos os se- O ambientalismo em ação: fazendo cabeças, domando o
res humanos, independentemente de seus víoculos sociais históricos ou de capital, cortejando o Estado. dançando conforme a mídia
gêne ro, o u de seu c redo religioso. Contudo, uma vez q ue a maioria das pesso-
as não vive no plano cosmológico, e a aceitação de nossa natureza comparti- Boa parte do sucesso cio movimento am bientalisca eleve-se a() fato de
lhada com a dos mosquitos ainda impõe certos problemas táticos. a questão q ue, mais do que q ualquer outra força social, ele tem demonstrado notável
decisiva para a influência da nova cultura ecológica consiste e m sua capacida- capacidade de adaptação às condições de comun icação e mobilização apre-
de de unir os traços de c11 lturas distintas em urn hipe rtexto humano, constituí- ,cntadas pelo novo paradig ma tec no lógico." Embora boa parte do movimento
do de d iversidade histórica e comunalidade biológica. Chamo-a de cultura , k penda de o rgan i1-ações ele base, suas ações ocorrem em razão de eventos que
verde (por que motivo cunhar outro termo quando milhões de pessoas já atri- , e.iam apropriados parn a d ivulgação na mídia. Ao c riar eventos que chamam a
buem esse nome ao fenômeno), definiodo-a nos termos de Petra Kelly: "Deve- .1lc nção da mídia, os amhiental is1as consegue m transmi tir sua mensagem
mos aprender a pe nsar e a agir com noss<is coraçi\es, a reconhecer o víncul<i " uma a udiê ncia bem maior que a representada por suas bases diretas. Além
ex istente entre todas as criaturas vivas e a respeitar o valor de cada um dos fios d1~so, a presença constante de temas ambientais na mídia docou-lhes de uma
da vasta teia da vid a. Esta é uma perspectiva espiritual e o princípio básico de k g il.imidade bem maior que a a tribuída a outras causas. A ação voltada à mídia
toda a política verde... A politica verde e xige q ue tenhamos. a um só tempo. 1orna-se evidente nos casos de movimentos ambientali stas globais como o
ternura e subversão"."' A ternura da subversão, a subversão da ternura: estamos ( ;,·ctnpeace. cuja lógica está totalme nte o rientada à c riação de eventos que
muito distantes da perspec tiva instrumentalista q ue predominou d urante a era mobilizem a opinião pública cm torn<i de q uestões es1:>ecíficas no intuito de
industrial. tanto no capitalismo quanto n<i estatismo. E estamos em confronto cx.:rcer prcssã<i sobre<> poder instituído, seja ele qual for. Comudo, a ação do
direto com a dissolução do signifícado nos fluxos do poder sem rosto que m,,vimento também é o cotid iano das lutas ambie nui li stas em nível local.
constituem a sociedade em rede. A cultura verde, na forma proposta por um \Joticüírios de TV. rádio e jornais locais são o instrumento de divulgação dos
movimento ambientalista multifacetado. é o antídoto à c ultura da virtualidade .11nhicntalistas, a pomo de existirem reclamações por pane d<is pol ítiC()S e das
rea l q ue caracteriza os processos dom ina ntes de nossas sociedades. \,\randes corporações de q ue é a mídia, e não os ambie ntalistas. a grande res-
Assim. temos a ciência da vida contra a vida dominada pela ciencia; o po11sável pe.Ja mobilização e m t<>rno da questão do meio ambiente. A relação
controle local sobre o espaço contra um espaço de flu~os incontrolável; a rea- ,le simbiose entre a mídia e o ambie111alismo tem sua origem em diversas fon-
lização do tempo g lacial contra a destnüção do conceito de tempo e a escravi- t,·, . Em primeiro lugar, a tática de ação direta sem uso de violencia q ue carac-
dão ao tell\po cronológico; a cultura verde contra a virtualidade real. São esses 1c rizou o movimento desde a década de 70 forneceu botn materia l para
os principais desafios do movimenw amhientalista às estruturas dominante, ,c portagem, principalmente considerando -se que os noticiários sempre exi-
da soc.iedade em rede. E é por isso que o m<>vimento aborda questões q ue a, g~n1 imagens novas. Muitos ativistas ambientais fizeram uso bastante criativo
pessoas percebem vagamente como os elementos de que são feitas suas nova, d:1 1radic io nal tática anarquista francesa de l'action exemplaire, um a to espe-
ex istências. Permanece a idéia ele q ue, entre este " inte nso fogo verde" e o, ,·ular que arrebata as me ntes das pessoas, provoca discussões e fomenta a
valores mais caros às pessoas, as estruturas da sociedade mantêm-se em sua, 111obilização. ü a uto-sacrifício. como d etenções prolongadas e prisões, via-
bases. forçando os ambientalistas a uma lo nga ma rcha pelas instirniçõe.s da, ~·cns pel<i oceano arriscando as próprias vidas, uso dos próprios corpos, abra-
quais, a exemplo do que ocorre com q ualquer mov imento social. ja mais sairãr, ,,111do-se a árvores e impedindo ass im <i andamento de obras que agridalll a
totalmente ilesos. 11:uureza. a intc rntpção de c.erirnônfos oficiais e mui tas outras ações dire tas.
1111llamente com a autocomenção e a 11~0-violi:nci a mani festa, atribuíram ao
111(wi1ne.nt<i Ul1la atitude de vigilânc ia capai de restaurar a confiauça e dar
11ovo ânimo a valores é ticos em tempos de cinismo generalizado. Em segundo
lugar, u legitimidade das questões levantadas pe los ambientalistas, diretamen-
11· 1clacionadas a valores humanistas apreciados pela maioria das pes~<ias, e
O "verde;,w" do ser: o movime,:tQ amb,cntafo;ta
O "v~Jej.ir" do M.'-t: o Ul<.I\ 1nH:1110 ~1mbicmah<,la l (li

mui tas vezes distantes da política partidária, abriu caminho para que a mídia mundo, um fenômeno não inteiramente distinto do papel desempenhado pelos
,1ssumisse o papel de voz do povo. comribuindo para que sua própria legitimi· rrimeiJOs editores e jornalistas nos primórdios do movimento trabalhista. que
dade se fümasse e fazendo com que os jornalistas se sentissem bem ao divul· l'azia111 uso das informações às quais tinham acesso para orientar as 111.assJs
gar o <1ssunto. Além disso, nos noticiários locais, reportagens sobre substâncias nJtt alfobctizaclas que formavam a classe operária <las primeiras décadas da
prejudiciais à saúde ou o efeito do comprometi mento <lo meio ambiente sobre 1ndustt'ialização.
as vidas das pessoas trazem para dentro de casa pr<>blemas sistêmicos de um O ambiental ismo não pode ser considerado mernmente um 1novime11to
modo muito mais ostensivo do que qualquer tipo de discurso tradicional. Não de conscientização. Desde o início, procurou exercer influência na legislaç5o
raro, os próprios ambientalistas alimentam a mídia com i magens preciosas e nas atitudes tomadas pelos governos. Na verdade, as principa.is organizações
que dizem bem mais do que uma enorme reportagem. Assim, os grupos a111bicntalistas (tais como as imegrames do Grupo cios Dez nos Estados Uni-
ambiemalistas norte-americanos distribuíram câmeras de vídeo a grupos de dos) concemram seus esforços na formação de lobbies para obter conquistas
iodo o mundo. desde Connecticut até a Amazônia, para que fossem registradas 11:i Jegislaçiio, e no apoio ou oposição a ca11did111os a c,1rgos eletivos com base
violações explícitas das leis arnbientais, utili zando a infra-estmturn tecnológica ,·111 ,ua postura política em relação a determi nadas questões. Mesmo as orga-
do grupo para editar e di fundir irnagen~ incriniinatórias. 111,açôes não tradic ionais orientadas i1 ação, como o Grcenpeace. têm dado
Os ambientalistas tam bém estão presentes na vanguarda das novas .n.:nçào cada vez maior à pressão sobre os govemos e instiniiçôcs internacio-
ternologias de comunicaçfü>. utilizando-as colllo ferramentas de organização 11:,i., para obter a aprovação de leis, decisões favoráveis e implantação da~
e mobilização, principalmente pela lnterner.' 6 Por exemplo, uma coali:dio de ,kc1sões tomadas acerca de questões específicas. Do mesmo modo, em níveis
grupo, ambientais nos Estados Unidos. Canadá e Chile, formada a pmtir <los to.:al e regional, os ambientalistas organizaram campanhas cm defesa de no-
Friends of 1he Eanh, Sierm C/uh, Greenpeace, Defi'nders of Wildl(fe, The Ca· vas l'onnas de planej,1111e1110 urbano e regional. medidas de saúde pública e
nadiw, Environme111 Law Associa1ion e 11Juitos outros, mobi lizou-se contra a vo111mle sobre o desenvolvimento desenl'r<:ado. É esse pragmatismo. essa ati·
aprovação da Ass,x;ia~:ão Norte-Anieric,ma de Livre Comércio (NAFTA) por 111d" gue procura dar ên fase à resolução de questões. que ve.m proporcionando
causa da insuficiência de dispositivos legais de proteção ambicmal no acordo. Eles ,,o :,mbientalismo ull\a vantagem cm relação à política internacional: as pes-
usaram a Internet pm-a coordenar ações e trocar informaçõe,, construindo uma \C1,1s percebem que são capazes de exercer influência sobre decisões importan-
rede permanente que passou a traçar as linhas de batalha da ação ambiental tl:~ aqui e ngora. ,cm que p.u·a i,so seja neccssiirio qualquer tipo de mediação
transnacional nas Américas na década de 90. Os sites da W<>rl<l Wide Web <>u postergação. Nfto há distinção entre os fins e os meios.
estão se tornando pontos de encontro pata os ambiental istas em todo o 1111.1ndo, Em alg\l ns países. pri11cipalmeme na Eurorm, os ambientalistas entraram
corno no caso dos si1es criados em 1996 por organizações corno<.> Conservmio11. 11.t disputa por cargos políticos. tendo logrado algum sucesso_:·: Os fatos de·
illtemational e a Rainfore.w Ac1io" Nelwork em defesa da causa dos povos
11HJ11stram que os 1rnrtidos verdes têm um desempenho bem melhor l\as elei·
indígenas nas florestas tropicais. A Food Firsl. uma organi zação baseada na ,oc, locais. em que ainda existe um vínculo direto entre. o movimento e seus
Califórnia, conectou-se a unw rede de grupos ambiental istas sed iados em pa· representantes pol íticos. Ob1êm resultados bastante positivos em eleições in-
íses em <lesenvolvi11Jento, para discutir a relação entre as questões ambientais 1,·rn:icio11ais, como, por exemplo, nas eleições para o Parlamento Europeu,
e a miséria. Assim, por meio da lmernct, teve con<liçõe,s de coordenar suas devido ao fato de que.. por ser uma institu içfü> que deté111 um poder meramente
ações com a Global Sc>ulh, uma organização sediada na Tailândia que fornece "mhólico. acaba conqu i~tando a si mpatia cios cid;1dãos que se sentem bem cm
info1mações a partir da perspectiva ambiental da Ásia recé11J·i ndustrializada. w 1 seus princípios representados, praticamente sem perda de influência no$
Mediante o ace.sso a essas redes, grupos locais em todo o mundo passaram a 1>1oc~ssos decisórios. No 5111bi10 d,1 pnlític;1 nacional. os cientistas políticos
ter condições de agiJ de forma global, exatamente no mesmo nível em que wm demonstrado que as chances de vitóri,1 dos panidos verdes são menos
surgem os principais problemas relativos ao meio ambiente. Parece que está ,1ic1:idas pelos conceitos ambienta.listas das pessoas do que por estruturas
surgindo uma elite com profundos conhec imentos de infonnática como o cen- 11 is1itucionais espec íficas que determinam as oportuoidadcs ele disputa políLi·
tro globa l coordenador dos grupos locais de ação ambient,t lisra ellJ todo o ra. " Em suma, quanto ll>aior a acessibilidade de temas relacionados ao meio
IM O "vcrdcjtlr" do !>Cr: o movim.::uM ~u11b1:!ntJh:-1.1

ambieme e/ou de votos de protesto aos principais partidos políticos, menores hléias legislativas. Ao longo desse processo, os temas têm sofrido distorçôe~,
as possibi lidades de vitória dos verdes; e, quanto maiores as chances de uma ,~mio às vezes submetidos a mai1ipulaçõcs. Contudo, essa é a marca de qualquer
votação $irnból k a, sem maiores conseqüências para os cargos executivos em 111nvimentc) social relevante. Sem sombra de dtívida, o ambientalismo é um dos
que o poder é exercido de fato, melhor o desempenho dos candidatos verdes. mais i mpo1tantes movimemos sociais de nosso tempo, porquanto compreende
Na realidade, parece que a A lemanha foi a exceção, e não a regrn, no desenvol- uma sér.ie de causas sociais sob a égide da justiça mnbiemal.
vimento da política verde. conforme discutido anteriormente, É bem provável
que haja uma tendência mundial de "verdejamemo'' <la política como um todo.
embora e111 um tom bem pouco acentuado, assim como de uma autonomia Justiça ambiental : a nova fronteira dos ecologistas
sustentada do movi mento ambientalista. Quanto ao movim.ento propriamente
Jito, sua relação com a política tem incorporado cada ve7. mais as práticas de Desde a década de 60, o ambientalismo não tem-se dedicado exclusivamen-
/11/,l>y, a organização de campanhas com objetivos específicos a favor ou ccm- te :1observação dos páss,u'Os, proteção das florestas e despoluição do ar. Campa-
lr.t determinados candidatos, e a influênci a sobre os eleitores mediante mobi- nhas contra o des~jo de lixo tóxico, em defesa de direitos dos consumidores,
li7,açõcs em torno de qu~tões ambientais. Lançando mão de rodas essas Láticas, protestos aminucleares, pacifismo. feminismo e uma série de outras causas foram
o ;unbienmlismo vem se tor nando uma das mais imprntantes forças da opi nião 1110nrporadas à proteção da natureza, siniando o movimento em um cenário has-
pública, exigindo reconhecimento pelos pai1idos e candidatos de diversos países. 1;int~ amplo <le direitos e reivindicações, Mcsn10 as tendências da contracultura,
Por outro lado, a maioria das organizações ambientais vem se instituciona- r, >1110 a meditação da Nova Era e o ncopaganismo. acabaram se amalgamando a
lizando. isto é, tem concordado com a"necessidade de atuar estando in, eridas 1111tros componentes do movimento ambicmalista dos anos 70 e 80.
na cstrnturn das instituições já estabelecidas e de acordo com as normas de :--Jo, anos 90, embora algumas questões ele grande relevância, tais coJ110
produção e <le uma economia de merca<lo globa is. Assim. ações conjuntas o, r rotestos m1tit111cleares e pela paz, tenham sido relegadas a segundo pfano,
com empresas de grande porte têm sido regra e não exceção. Muitas vezes parte cm raziío do sucesso dos protestos. parte em f'unçf10 do fim da Guerra
essas empresas financiam uma série de ati vidades iunbientalistas, wrnando-se l'na. uma série de qiiestões sociais passou a integrar um movimento cada vez.
ex tremamente conscientes da importflncia da defesa das questiies ambientais, 111:iis diversi ficado.'" As comunidades de baixa renda e as mi norias étnicas
a ponto de transformar temas relacionados ao meio ambiente nas princi pais 1111>bilizm'itlll·SCcomrn o fol<l de ~erem e$colhidas como alvo ele discriminação
i magens veiculadas em sua propagan<la e informes publicitários. entretanto. urnbicntaL submetidas com maior freqüência que a população como um todo
nem Ludo é ma11ipulação. Empresas em todo o mundo uunbém têm sido i nfluen- ,1exposição a substâncias tóxicas, i1 poluiç,io, a materiais prejudiciais à saúde
t:ia<las pelo ambienmlismo, buscan<lo adaptar seus produtos e processos às 1· /1degradação ambiental de seu espaço. Os trabalhadores rebelar(1m-se contra
novas leis, preferências e valores, obviamente visando ao lucro a partir dessas n, causas dos acidentes no trabalho desde o envenenamento por substâncias
ações. Em decorrência do fato de as verdadeiras unidades de produção em c1uíinicas até os males ocasionados l)elo t.ri1balho de digitaç.ão no compucador.
nossa economia terem deixado de se.r empresas individuais para transformar- firupos rormados por mulheres têm denionstrado que, muitas vezes na condi -
se em redes transnacionais constituídas de vúrios componente.~ (ver volume I, çüo ele adrninistradoras da vicia familiar do dia-a-d ia, são as vítimas mais dirc-
capítulo 3), a transgressão das leis ambientais tem ocorrido de forma mais t:is uas conseqüências ela poluiç5o, ela deterioração dos serviç:os públicos e do
descentralizada em empresas <le pequeno ponc e nos países recém-industriali- desenvolvi mento <lesen freado. /\ fo ha d0 IJloradia é 1mm das principais causas
zados. alterando assim a geografia e a topologia da ação ambien1 alista no futu- !111 queda tia qualidade <le vida urbana. A lém disso, em todo o mundo, a misé-
ro próx imo. 1111pode ser apon1ada como uma das maiores causas de degradação ambiemal,
Com o aumento extraordinário da consciência, influência e organização desde a queima das florestas /1 polu içüo dos rios, lagos e oceanos, passando
ambientalista, o movimento tom.ou-se, sobretudo, cada vez mais diversificado. pvr t:pidemias generalizadas. Sem dúvida, em muitos países em processo de
1anto <lo pomo de vista social quanto temático, chegando às mesas ele reuniões 111th 1st ria Ii zaç!io, principalmente na A mérica Latina. grupos ambienta Iistas têm-
clus grandes empresas, aos recônditos da contracul1um e à,<; prel'eiturns e assem- '-' multiplicado, ali ando-se a grupos de dircicos humanos, de mul heres e a
organizações nâo-governamcmais. resultando em poderosas coalizões que s11- Notas
plantam ~ política instituc ional. sem contudo ignorá-la:<>
Portanto, o conccico de jusLiça ambiental, como noção ampla que reafir- I, Em t.'ssc(\'s l>v l'e,r!'l Kelly (19-17- 1992) (Kelly. 1994: 39-40). Ncst,t citação. o. autora 1-efere-i-e
ma o valor da vida cm todas as suas manifestações. contra os interesses de ao "verdejar do ser" coo.:cho criado por Joanna ~facy. (ivfacy. 199 l ),
riqueza, poder e tecnologia, vem conquistando gradalivamenLe as mentes e as ::?. Pura uma ,;isão gemi do movimen10 mnbicnt.11ism, ve.r (en1re.o~urus) HoJliman ( 1990): (i('lt1(icb
políticas. à medida que o movimenlo mnbientalista ingressa em um novo está- 11993): Kaminiecki ( 1993): Shatx,coff ( 1993): Dallon(t994):Alley,"'/. (1995): Diani ( 1995):
gio de desenvolvimento. fl rullc ( 1996): Wapner ( l996i,
À primeira vista. tem-se a impressão de estarmos diante de táticas opor- '· Allen <1 987): Scorce <1990); <;ou licb (1 993): Shabe.coff ( 1993).
tunistas. Dada a experiência hem-sucedida e a legitimidade do rótulo ambien- ·1 CiH1d,1cm Scarcc (199ú: 15).
talista, causas menos popu lares .imbuem-se de novas ideologias pa,a ganhar S. GüHlich (1 993): Szosz (1994): Ep«ein ( 1995).
apoio e atrair atençôes. Alguns dos agwpamcntos da ala mais conservadora do t, l:p;icin ( 1995: 20).
movimento ambientalista têm agido com extrema cautela em relação a uma Para CO!l:"-Ulta ,1 fo:)tC~de referência, ver Adie,· {1 979); Spr<.~Urnk ( 19S2): Manes ( 1990); Sciircc
linha ele ação demasiado ampla, que pode ser capaz de dew illr o movimento t 1990): D,wis ( 199 J ): Dcbson ( 199 1): EpSlein ( 1991): Moog ( 1995 ).
de seu enfoque <>riginaL Os sindicatos rrnbalhisrns. por exemplo, vêm lmando X Nacss e Ses:~ioosO '>84), n::pmduzido ein Davis ( 199 1: 157-S},
por leis de saúde no trabalho desde o ilúcio da industrial izaç,1o. e a miséria é. il, navis < 199 i J.
e foi, uma das questões mais imponanrcs por sua pr6pria natureza, sem que 10 Pl"nl ( 1991: IOLJ.
fosse necessário tingir de verde seu tom j ú sombrio. Contudo. o q11e vem ocor-
11 ~·for<:fo•m ( 1980): ver rnmhém Sprê11wk (1982): Moog (1995).
rendo com o amhienrali s1no vai alélll da questão estratégica. O enfoque ecoló-
12. Adtç,. r J979/: Epstcin ( 199 l ).
gico 11 vida. à eronomi.,1 e às instituiçõc, da sociedade enfatiza o caníter holístico
tlt: todas as fonnas de milléria. bem como de todo processarnenro de in f'o1ma- ll I tum« (1979): Eycrman e Jamison ( 1989): ílo.'vlon1( 199 1): Hor1on ( l99 1J: Os(ertag ( l99 1).
ções. Nesse sentido. quanto mais adquirimos conhecimento. tanto mais perce- Metd,cu (1995): Wapncr ( 1995. 19%).
1,l. Fundú do (iri::cn1x::<1<.:c para o M~io J\mhieme. éi1ado cm Ey<.'.rm:m e fanison ( 1969: l l O),
bemos as potencia lidades clé nossa tecnologia, bem como o abismo giganLesco
e perigoso entre nossa capacidade de produção cada vez maior e nossa ürgani- 1<i, Ver. enoe 111u~)ew.sas fonlcs sobre o P:'lrlido Ve,·de :11cm5o. Lang,guth ( 1984J~ Hulsberg( 1988):
Wle.semhal ( 1993): Sch;uf ( JÇ)94): e. p,111lcuianne1Ht~. Poguntk<.~( 1993) e Fr.:mkhrnd (1995).
zação social primitiva. inconsciente e. em úhi ma 11 n{iJise. destwriva. É esse o
fio 4ue costura as relações cada vez mais estreitas en1re as revoltas sociais. 11,. Kclly (1 994: 37).
locais e glob,1is, defensivas e ofensivas, eng,tjadas na Juta por questiíes ou por ll. ílrnmwell <19~N . t<)t}4).

l'alores. surgindo cm torno do rnovimemo ambientalista. lsso não significa 1~. <Jo11licb (1993).
que esteja despontando uma nova com unidade iJllemacional de cidadiios ge- 19. S<ihr~ ç:vi<lências da prc,cnç.1 e d;,1llnp<.>rlfütcia desses temas no movi1ncn10 fünbiemalisrn de.
nerosos e bc1n-inrcncionados. Ainda niío. Conforme demonstrado ne;;te volu- ,·,írios países. ver Dickons ( 19'10): n,,l,son t 1990); Scarcc ( l990J: EJ>s1ein t 199 l ): Zisk ( 1992);
me. novas e anrigas distinções de classe. gênero. etnia. rclig,iüo e territorialidade Cúlcnnm e Colc111~u1 ( 1993): ( lonli(~b ( 1993>: Shnbecoff (1993); ílran,well (1994); Porrll
estão cm pleno vigor. di vidindo e subdividindo a ,1bordagcm de questôes. con- ( 199-1); Ricchmann e Fernande/. Bucy ( 1994): f\.foo.g ( 199.1).

flitos e projeros. Mas cert,\mente sign ifica que relaçõç, embrionárias entre 'O. llramweJl (1994: Yii).
111ovime1Hos locais de base popular e mobilizações cm torno de um detennina- ' I. lashe tfrry (199,1: 243).
clo símbolo .:m defesa da justiça ambienta l carregam con~igo a rnarca de pro- ll. Diamúnd e O.censtein ( 1990); Yk l aughlin ( 1993).
jetos alternativos. Tais projetos apomam para a superar;.io dos modelos já !', Emrevista ~m Os<crt«g (199 1: 33).
esgomclos dos movimentos sociais na sociedade industrial pela retomada. den- J.I Kclly ( 1994: 37j.
tro das formas hisLmicamente apropriadas. da velha dinlética entre dominação ''· Vcr Epstein ( 1991 ): Mor1011 /199 l): Ostcnag(t99 1): Costain eCos1aio( 1992): Goulieb ( 1993),
e resistência, entre a Rea/politik e a utopia. cmrc o cinismo e a esperança. K:1nagy t·r ai. ( 1994).
l &K O "\'crdcpr" do :>Cí: o n1uv1111en10 :imh1cnwh~1a

26. Bartz 119%).


11. Pogumke (1993}, l);>J1on (1994): Diam (1995), Rid u~<ls<>n e Rom« (1995/. 4
18, RiChl'lrdson e l~ootes ( 1995).
29. Go,1licb (1993: 207-320). Szasz (1994): Ep.<lein {1995); Brulle ( 1996). O fim do patriarcalis1110:
30. A1hanasiou ( 1996): Bo,jfl e Ca,tclls ( 1996).
movimentos sociais, farru1ia e
sexualidade na era ela inforrnação

Se rodos os que me imploraram


Ajuda n eStí! mmulo,
Todos os sagrados i,wc<tutes,
E:Jpos,1s alquebradas, ale(üu/oJ.
Prisionéiros. suicidas -
Se 1odos me (ivessem dado um kopetk.
Teria me wrnndo "mais ri<:ü
Do que wdo ü Egito".... .
Eles. pvrém. não me deram nf>nfmm kopeck.
kfos <:t>IIIJ)(trfilhor(lm comi!JO .tua forçtt
E assim nada no ,mmdo
t: mais.forte do que eu.
E pos!õo suporl(u- tudo. até mesmo islo.
Anna Akhmatova, Sef.ec1ed Poems 1

O pacriarcalis1no é uma das estruluras sobre as quais se assentam todas


11, sociedades con temporâneas. Caracteriza-se pela au1oridaclc, imposta
111, 1i1ucionalrnente, do homem sobre mulher e filhos no âmbito fam iliar. Para
11uc ~ssa autoridade possa ser exercida. é necessário que o patriarcalismo
pcrllleie coda a organi zação da sociedade, da produção e do consumo à politi-
l'a, à legislação e à cultu ra. Os relacionalllcntos interpessoais e, conseqiiente-
111cu1e, a personalidade, também são marcados pela dominação e violência
que têm sua origem na cu ltura e instü uições do pmriarcalismo. É essencial.
11or6111. tanto do ponto de vista analítico quanto político, não esqt1ecer o
,•111·:ii'z.amento do patriarcalismo na es1n.1tura fami liar e na reprodução socio-
hinlógica da espéc ie, contextualizados histórica e cu lturalmente. Não fosse a
lo1111 íli a patriarcal , o patriarcalismo ficaria exposto como dominação pum e
11<'11baria esmagado pela revolta ela "outra metade do parníso'', historicamente
11l11111ida em submissão.
171) O lim do pam:irçali:;mo: mo•:im\'ntos ~OCiitiS. familio e s.cxuafül.1dc na çfa da iní\,rn,:-iç.ão O lim do p~1truux:i:1h:-m1): !ll,;,)\'II\W1\lOS l!OCiús. fomítta e sexu:1lidsdc na ern da mlonnaçâo 111

A ramíl ia patriarcal, base fundamenml do patriarcalismo. vem sendo con- ex pandido. justnmente em virtude da ira masculina. tanto individual quant<J co-
rcstada neste fi m de milênio pelos processos, inseparáveis, de rransfonnação do letiva. ante a perda de púder. Essa não é, nem sení, uma revolução de veludo. A
trabalho remi nino e da consciell(ização da mulher. As forças propulsoras desses paisagem humana da liberação feminina cst,í coalhada de cadáveres de vid~s
processos sfü> o crescimento de uma economia informacional global. mudanças pa11idas. como acontece. em todas as verdadeiras revoluções. Entretanto, não
tccnol6gicas no processo de reprodução da espécie e o impulso poderoso pro- ohscante ,1 violência do c(mtlito, a transfonnação da cousciencização da 111uU1er
mov ido pelas lutas da mulher e por um movimento feminista multifaceLadC>, três ,. dos valores sociais ocorrida em menos de três décadas em quase todas as
tendências observadas a partir cio final da década de 60. A incorporação maciça , ociedacles 6 impressiúname e traz conscqiiênci,L~ fundamentais para toda a ex-
da mulher na força d,~ trabalho rem1111erado au1.nentou o seu poder de barganha periência humana. desde o poder político até a est1u tura da personalidade.
1•is-à-llis o ho.mem, abalando a legici midatle da dominação deste ern sua condi- Sustemo que o processo que sintetiza e unifica essa transformação é a
rão de provedo;· da família. Além disso, colocou um peso insustentável sobre os díminação da família patri,1rcal. Se o sistema familiar patriarcal desmoronar.
ombros das mulheres com suas qmídruplas jornadas diárias (trabalho remunera- lildn o pacriaf(;alismo. assim como tudo ornais em nossas vidas. se h·ansfonnar:í.
do, organi zação do lar. criação dos filhos e ,1 jornada notu rna ern benefício do 1•rm lual e inexoravelmente. Trata-se de uma perspectiva assustadora, e não so-
marido}. Primeiro, os anticoncepdonais. depois. a fortilização in vi1m e a mani- 111t·1uc para os homens. 1~ por esse motivo 4ue o desafio ao patriarcalismo ,5 nm
pulação genética que se aprimora a cada dia são fatores qt1e permitem ii mulher do, fatores preponderantes a estimular os movimentos fundamentaüscas. que
e à sociedade controle cada vez maior sobre a ocasião e a frcqiiência das gcsca- procuram restabelecer a ordem patriarcal. conforme já visco nos capítulos ame-
\·ões. Quanto ~s suas reivindicações. as muUiercs não esperaram C> fil\l do milê- 1iore, deste volume. Essa forte reação talvez possa alcerar os atuais processos de
nio parn se mani festarem. Suas lutas estão presentes em todas as etapas da 1nudança cultural . pois nenhuma história é escrita de antemão. No etltanto, llS
experiência humana, embora a,sum inclo formas diforcntes e quase sempre au- ,1t11;1is indicadores apontam p.u·a o declínio das formas trndicio1rnis de. famíl ia
sentes dos compêndios de história e do, registros ele ,nodo geral. 1 Costumo ar- patriarcal. Iniciarei tninha análise l'ocalizando alguns desses indicadores. Não
gumentar que mu itas lul as urbanas, ant igas e contemp()râneas. foram, na que estatísticas sejam. por si, capazes de revelar toda a his>ória da crise do
realidade, movimentos feminist11s envolvendo as necessidades e a administra- p:itriarcal ismo. Quando. porém, as 111ud1111ças estão Lão disseminadas a pomo de
ção da vicia diária:' A história do feminismo como tal é antiga, como bem 1dlctirem-se em estatístic:ts nacionais e comparativas. podemos admitir. com
cxcmplitieaclo pelo movimento sufragista nos Estados Unidos. Tenho. porém, de trn la ü se~urança, a profundidade e ve)ocidaclc dessas transformaçõc;,.
adnútir que foi apenas nos últimos 25 anos que observamos uma insuJTcição É preciso. ta111bém. considerar o momcmo da transformação. Por que
1J11tciça e global das mulheres contra sua opressão, embora com diíercme incen- 111stamente agora'! As idéias feministas t6m 0stado presentes há pelo menos
siclac!e dependendo da cultura e do país. Tais movimentos têm causado impacto t11n sérn lo, se não mais. emhorn em versões históricas específicas. Por que
profundo nas instituiçôes da sociedade e. wbreLudo, na conscientização elas pq;m-arn fogo cm nosso tempo? Sugiro a hipótese de que o motivo tem por
mulheres. Nos países industrializados. a grande maioria das mulheres conside- base a combinação de quatro elementos: primeiro, a trnnsformação da econo-
ra-se igual ao homem, com direito às mesmas prerrogativas e de comroll\l· seus 111ia e do mercado de trabalho associada à abenura de oportunidades para as
coq)os e suas vidas. Tal conscientização está se. difundido rapidamente em todo 111ulheres no campo da educação.' Assim. procu rarei apresentar alguns dos
o plane.La. Essa é a mais impo11ame das revoluç<ies. porque remete às raízes da d,1dos que mostram éSSa transformação. assoc iando-os às carncterísticas da
sociedade e ao âmago do nosso ser: Além disso. trata-se de um p rocesso vn111mnia global inl'onnacion~I e ele empresas integradas em rede. conforme
irreversível. Admitir o fa10 não significa que os pr()hlemas referentes à discrimi- ,1prc:sencaclo no volume 1. Em segundo lugar. vê111 as transformações tecno-
nação. opressão e abuso das mulheres e de seus 111hos tenluun sido eli minados l(1gicas ocorridas na biologia. fünnacologia e medicina, proporcionando con-
ou que sua intensidade tenha sido signi li<.:ativmnente reduzida. :-la verdade, em- 11ole cada vez maior sobre a gravidez e a reprodução humanas. como visto no
bora a discriminação legal tenha. de certo modo. diminuído e a tendência seja <·apítulo 7 do volume 1. Terceiro. Lendo como pano de fundo a Lransfonnaçãú
que o mercado de trabalho venha a se equalizar à medida que o nível de educa- ,•qrnômica e tecnológica, o pac1i arcalisnw foi atingido pel() desenvolvimento
ção da mu lher aumenta, a violt\ncia inte1pessoal e o ab\lso psicológic,, tem-se do movimento feminista. conseqüência dos 111ovirnemos sociais da década de
O lim do palria1x:ahs.1n1J. movm,enlos sociais. famili;.. t: sc:xurclidade 1~a era da informa\".'ló 173 '

60, Não que o feminis.1no tenha sido um componente caraccerís1ico desses " fim de salientar a crescente diversidade, 1anto cultural quamo geográfica,
movimentos. Na real.idade, ele começou mais tarde, em fins da década de 60 e cl.;sscs movimentos.
início da de 70, forinado por mulheres que deles haviam participado, em rea- Por fi m, abordarei a questão da transformação da personalidade em nos-
~ão à discriminação sexual e abuso (ver abaixo) que sofreram nos movimen- sn sociedade, resultante da transformação da eslrutura familiar e das normas
1os. iV!as ú contexro da formação de movimentossociais, com ênfase no "pessoal ,cxuais, uma vez que as famílias constituem o mecanismo b,1sico de socializa-
como forma política'', e seus temas mul1idimensionais possibili 1aram 11s t'erni - ~·ão e a sexualidade 1em a ver com a personalidade, É assi m que a interação
11is1as afastar- se dos cami nhos proporcionados pelos movi mentos predo- ,;ntrc mudança es1rutural e os movimentos sociais - ou seja, entre a socieda-
minanlemente masculinos (tais como os movimentos trabalhistasou de políticas cl~ cm rede e o poder da idenlidade - nos 1ransforma.
revolucionárias), distanciando-se rumo a uma abordagem mais experimental
jllnto às própri as fon tes de opressão, antes que pudessem ser su~jugadas pelo
discurso da racionalidade. O quano elemento a induzir o desafie> a<> patriarca- A crise da fam ília patriarcal
lismo é a rápida difusão de idéias em uma cul.ru ra globali~ada, em um mundo
mterl igado p<>r onde pessoas e experiências passam e se misturam, tecendo Chamo de crise da família patriarcal o enfraquecimemo do modelo fami-
rapidamente Ull\a imensa colcha de rela lhos formada por l'Ozes femininas, es- 1i ar baseado na autoridade/dominação contínua exercida pelo homem, corno ca-
Lendendo-se sobre quase todo o planeia. Assim, após aval iar a 1ransfonnaçilo l>~ça do casaL sobre toda a família, Encontramos, na década de 90, indicadores
do trabalho da mulher, analisarei a formaçiío de um movimenlo feminista alia- ,k ssa crise em quase todas as sociedades, principalmente nos países mais desen-
mente diversificado e os deba1es desenvolvidos a panir da experiência cole1iva volvidos. Não t' propriarncn1e óbvio usar e,51a1ísricas aproximadas para comprú-
de rnnstruir ou recons1ruir a identidade feminina. v:1r uma característica, o pa1ritu·calismo, ao mesmo 1en1po política, cultural e
O impacto cios movimentos sociais, e do feminismo em particular, nas l" ir ológica. No entanto, co1110 o comporlamenco e a es1ru1ura de uma púpulação
relações entre os sexos deu impulso a uma poderosa onda de choque: o w,tumam evoluir em ritmo mui10 lento, a conslataçüo da existêncía de tendên-
ques1iomunento da heterossexua lidade como norma. Para as lésbi cas. separar- ,·,:1~ considenheis al'e1ando a estru1urn e a di11âmica da famíl ia patriarcal <1bser-
se dos homens, origem de sua opressão, foi a cúnseqtiênci a lógica, se não ,i1( las cm estalísticas comparativas nacionais são, a meu ver. sinal indubitável de
inevi.távcl, de sua visão da dominação masculina como o 111otivo pe lo qual as 111uliança e de crise nos modelos patriarcais antes ião estáveis. Resumirei esse
mulheres se encon1rnm em situação tão precária. Para os gays, o qucs1ionamento 111 g11111emo antes de <lar prosseguimento com um breve exame estatístico.
da fomília 1raclicional e as relações confliian1cs enlre homens e mulheres pro- A dissolução dos lares, por meio de divórcio ou separação dos casais, cons-
porcionaram uma abenura para explorar novas formas de relacionamentos 11111i o primeiro indicador de insalisfaç,io com um modelo familiar baseado no
pessoais, inclusive novas formas de vida fami li ar, as famílias gays. Para todos, 1111nprometimento duradouro de seus membros. É ce110 que pode haver (e, na
a Hbernção sexual, sem limi1es insti1ucionais, l<1rno11-se a nova fronteira da w rda<le, é essa a regra) um patriarcalismo sucessivo: a reprodução do mesmo
auto-expressão. Nüo na imagem homofóbica de procurn incessante por novos 111ocld o com diferences parceiros. No entanto, as cstrrnuras da dominação (e
parceiros, mas como afirmação da própria personal idade e nos experimentos 11l('canismos da confiança) se enfraquecem com essa expcriencia, tanto em rela-
com a sexualidade e o amor. O impaclo elos movimentos de lésbicas e gays ~·110 :1 s m1Jlileres como aos filhos, freq üentemente apanhados por lealdades
sobre o pa1riarcal ismo é, obviamen1e, devastador. Não que as formas de domi- , , ,11J'li1antes. A lém disso, com freqüência cada vez maior. a dissolução dos casa-
nação i nterpessoal deixem ele existir. A dominação, assim como a exploração, 111<·mos leva à formação de lares ele solteiros ou ]are,~ com apenas um dos pais,
~emprc se renovam no decorrer da His1círi,1. Mas o patriarcal ismo, como deve L1's~:111do assim a autoridade palr iarcal sobre a famíl ia, me.~mo que as es1rutu-
ter exis1ido desde os pri mórdios da raça hmmma (não ob,rnnte Carolyn Mer- 1,is de dominação se reproduzam 111en1ahnen1e no novo lar.
diam). ficou definitivamcn1e combalido em conscq(iência do enfraquecimen- Em seg\Jnclo lugar, a crescente freqüência com que as crises ma1rirnoniais
to da norma heterossexual. Assi1n, pretendo explorar as origens e horizontes ,, sucedem, assim como a dificuldade cm compaiibi lizar ca~amenlú, trahalhú t
uo, movimentos homossexuais (de gays e lésbicas), de São Franci~co a Ta.i pé, , id11. associa-se a ou1ras tendências importan1es: o adiamento da fonnação de
174 O ltm do l).11n.m.::th~mo: m0\'11nemos we:1:.-:s. !am111a e sc1um.hdadc n11 é-1+1 ~,., Ulh•• 111iw_:Jlo 11,

casais e a formação de relacionamentos sem casamento. A falta de legalização A tabel a 4.1 demonstra, com uma única exceção, aumento signi ficativo
enfraquece a autoridade patriarcal. tamo institucional como psicolog)cmnente. tia taxa estimada de divórci<Jx nos países selecionados: enrre 197 J e L990. o
Em terceiro lugar, como resultado dessas diferentes tendências, associadas
a fatores demográfico~. como envelheci mento da popula\,ão e diferença da taxa
de mortalidade entre os sexos, surge uma grande variedade de estruturas domés-
ticas, diluindo assim o predomínio do modelo de famíl ia nuclear cl,íssica (casais indke de ~·<trfoç{io
no primeiro casamento e seus filhos) e compromecendo sua reproduç~o social. 1971 1971-90
/'(liJ 1990
Os lares de solteiros e os habitados por apenas um dos pais pr()lifernrn. í,ulú:e %
Em quarto lugar. com a instabilidade familiar e a crescente autonomia das
( \ uimlri 1.38 2.94 1.56 l 13
mulheres com relação ao seu comportamento reprodutivo. a crise da família
Fr:111\:;1 0,93 1,86 0.93 100
patriarcal estende-se à crise dos padrões sociais de reposição populacional.ó Por ll,tli.-- 0.32 0.48 O, l6 50
um lado. aumenta o número de crianças nascidas fora do rnsamen10. geralmente J:lpfü) 0.99 L.27 0.28 28
sustentadas por suas mães (embora pares não casados e que tenhalll fi lhos em l\dno Uniü(l l,4 1 2.88 L.47 10-1
comum Larnhém e,1eja111 incluídos na estatística). Dessa fon11,1. a reprodução 1;._h1dos Unidos 3.72 4,71) 0.98 26
l'.nião So\•iéticõl 2,6:l 3.39 0.76 2!>
bioltígica está assegurad,1. porém fora da cstniturn familiar trndiciom1l. Por outro t-. l~xi<:o 0.21 0.54 0.3J 157
lado. mulheres mais conscientizadas e enfrentando diticulclades limitam o nú- l·g il\! 2M 1.42 -0.67 -32
mero de fi lhos e adi,1m o nascimento do primeiro. Por firn. em certos círculos /·:mie : J\.-u;(>'::~ Unid:1s, 0 '}nuJgmphu: }'eurbook (Anuáno Deinogr,i lico) ( 1970-1995)
reslsitos. cttio tamanho parece estar aument:mdo. hú mulheres ([UC dão à luz
filhos, <>u adotam crianças, sendo as únicas responsáveis por eles. fobela 4 .2 Ten<lendas obscr,'.1d:1s u;u;. lnx:;,!) d('. div(ircio parn c,t~iil H)() :::asi\meotos em paht:\
Em conju nto, essa.s tcnd6ncias que se re li irçam mutu,unemc colocam em ,t...:,...~ll\-l)l-..idú:;
dúvida a estnm.,ra e os v,1lores da família pmriarcal. Não se trnt,1neccssariarnen- 1970 1980 ! ')')()
' "-/i.'i
1e do fi m da fol)lília, uma vez que ouu·as estruturas fami liares estão sendo testa-
dase poderemos. no fim. r,xonscn,ir a maneira como vivemos uns com os outros. (,mli,ga) ..\lenx111ha Ocidental 12.2 22,7 29.2
Canadá 18.6 J1.8 3~.3
como procriamos e como cducwnos tle formas diferentes e. quem sabe. talvez 1>i11:rn1,:r..;:! 25.1 39.3- 44,0
melhores.' Mas as tendências que menciono indicmn o i-iin da família como a 1~,lm.los Unidos 42.J 5X.9 54.8'
conhecemos até agorn. Não apenas a famíl ia nuclear (Um arrcfolú moderno). 1·rnnç.i 12.0 22,2 31 .5!,
r;,·é..:ia 5.0 LO.O 12,0
mas a família baseada no domínio patriarcal, que tem predominado há milênios.
llol;uufa 11,<l 25.i 28. 1
Ex aminemos algumas estatísticas fundamentais. A dotarei aqui uma llungri:, 25,() 29.4 3 l.ll
abordagem comparativa, uril izando uma visão geral mais sistcmfüica da cri- lnV,lat,ura e Pi.lf:; de Gales 16.2 39.3 -+ 1,7 "
se da família patriarcal no, Estados Unidos. onde o processo ati ngiu um ltllli-:i s.o 3.2 8.0
estágio rnai s avançado. em otllrn seção neste mesmo capítulo.• Embora as S116da 23-4 42.2 44. 1
l\..h!!coslo,·áquia 2 1.8 26.6 32.0 '
tendências apontadas sejam mais pronunciadas no~ países desenvúlvidos.
ex iste uma 1J1udança geral na mesma direção <lcorrendo cm grande parte do N,,ta: As taxas aprcscntad;i::- çon:-.lihh.:11l 1111, Í(hlic..: !".illlético. t.·akulado pela s.oma de ta.~as de divór
,l c,,<la afü). (J\ fonte original idcmifü:a incvrn:;:m1cn1c as ,,\xtis como "po,· I.O(K) casmnc,uoi-" )
t ,, ,
globo. Assim. basear-me-ei prind palmente em um relatório. preparado em
' ll)g:i
1995 pelo Pvpulmion Council (Conselho Popu lacional). w bre .-, transfonua- ' IIJSq
ção <las farníl ias ocorrida cm todo o mundo." que complementarei com vá-
l omt,: Ji.founicr, A..kiin ..: d<: Guibel't·l.antú1li11e. Catherine í1993i "La conjoncturc démogrophique
rias outras fontes, conforme citadas. Focalizare i o período de 1970 a 1995 1 ·Europe er les pays dévcloppés. d'outre-mer••, P()pulâ rion 4~(4):1043-67
pelos morjvos já mencionados neste capítulo. ( 'ompilado e elaborado J)Or Bruce et ai. {1995)
17n 177

núm.e ro mais do que dobrou no Reino Unido, França, Canadá e México. O Tnbcln 4.3 Percemu:ll de primeiros casamentos dis~olvi<los por separação. divórcio 011 mono,
cnirc mulheres de 40 ;L 49 anos de idade em países menos desenvolvidos
a umento menos pronunciado ocorcido nos Estados Unidos (ainda assim + 26%)
e na União Soviética (+29%) no período deve-se ao fato de que esses países l<egiéiolpofs Ano %
apresentaram os índices mai~ elevados cm 197 1. É interessante observar q ue o
.1\~ia
1í nico país muçulmano selecionado para fins de comparação apresenta um Indonésia 1987 37.3
decréscimo na taxa de divórcios (provavelmente refletindo a tendê ncia de Sn L;.·H1ka 1987 25.6
islamização ela sociedade), embora ainda se.ia mais alto. em 1990, do que as T:.1iWodia 1987 24.8
taxas apresentadas pela lt;íJia, México e Japão. Amêrk.\ Latina/Caribe
A tabela 4.2 de monstra as taxas de divórcio pm·a cada 100 casamentos em Colômbia 1986 32.5
países altamente industrializados. Há grande dispruidade e ntre os níveis de divór- Equador 1987 2$,<)
);léxico 1987 25,5
cio em cada país, mas existe uma tendência geral de aumento entre [970 e l980e f)cru 1986 26.1
c nlre 1980 e 1990. sendo os Estados Unidos novamente exceção em 1990. em Re.póblica Do:lli1lican~, 1986 49,5
parle porque naquele ano quase 55% dos casament<)s terminaram em d ivórcio. ( )1•ic1He M édioiNOl.'ll\ da Â(riça
(;gi10 ]989 22,8
?-.farrocos 1987 31.2
Tunísit, 19~R 11.1
9800 · J\ fric~1 SubS(larfona
Gmm 1988 60.S
8
q 9600 Quênia 1989 24.2
e Senegal 19X6 42.3
u .Sudtio 1989190 28,2
°"g_ 9400 ·
1-lm,'es.: NaÇÔt!:i Uni(l:;t.s ( 1987), rnbcla 47 da r,esquiSà PeriiUt)' Uehtff.'<Jur in 1he Con:e;i:t of
~
g_ 9200 · I >t?~·e.fopnum1; Evidn•ce ]Ínm riu, \Vorld FenUity Swve.y (N;u;OCs Unidtts. Nova York}, e labulaçõcs
cxt~ (da5 de pesquis.ls demográfic:is e i:ohre sm'ide

ie
9000
<'1"lillpilada e el:ih01-:ttkl pM 131\Jce et ai. ( 1995)

s
g $800 ..
·eii llillkt 1934- 38 ''
~
,,
~
8600 .......... l1ália 1949- 53 ''
''
Separnçiies de casos de conc ubinato não estão incluídas nas estatísticas,
ne m os números pe rcentuais relativos aú fim da coabitação. Sabemos, porém,
.g Alcm:-1nha 1934-38 'o co nforme comprnvado em pesquisas. que casais q ue apenas vivem juntos se-
2. 8400 D--C1 A lema11ha 1949-53 ''
'o parmn-se com mais freqüência do que os efetivamente casados. 'º e gue o nú-
Si.1écia 193•-:ia
8200 mero de separações 1e m co rrelação com o núme ro de divórcios, aumentando
o - -·O Suécia 1949- 53
assim o número g lobal, e a proporção, de lares di ssolvidos. " Uma pesq uisa
sooo-1-~--~-~--~~~~~~--~-~-- g lobal sobre os padrões de divórcio revelou que este ocorre em número cada
o 2 3 4 6 6 'l 8 9 10 11 12 13 H
vez maior entre casais com filhos pequenos, a umentando a perspectiva de que
Aoos decorridos desde o prin1eiro nascimemo
a d issolução do casainento levará a lares de u.m só gen.itor. 12 A figura 4. l i.lust ra
Figura 4.1 Curvas de :;obrcvivência dos casamemm na lt;'ifü1, Alemanha Ocidcn1al e SuOC.ia:
:i redução da sobrevivência do casamento entre gtupos de mulheres, mais ve-
mães nascidas. en1re 1934--38 e entre 19-t9-53
FQn((•; Blossf<:ld e, al. (1995) lh as e mais j ovens, na ltália. Alemanha Ocidental e Suécia. 13
178 O fim do p.11mm.·.11.1l-.mü ttlO\'unentos Wdais. fümílm e s~xualidlde 1\~, era dll 111rt,1111.1\!lO 1'1º

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Homens
_ _ _ i\·l ulhetes '!lP~llc:)
s.
iZ
Figurn 4.2 Evolu~:ão <lo 11ómero de primei(OS casamemos cm países da Uni.l(l Européin a
panir de 1960 Fome: Albcrdi í l995)
IKO l~ I

1àhela 4.4 'fendên-cías. em mímcros pcrccmw1.is. :le mulheres e.ntre 20 e 24 ;mo:, que nunca se l'nhNti 4.5 Nascimemo:; l'lCú1'rido$ f<Jra do ca:;~1mcnto cm re1ação (%) ao olirnem t(lli1! ,k nkS<:i·
ça-.:1rürn u)nlhl\ por regi3ú (médi;, 11<1p,ús)

!?egiiiclpa(s D(.'fa nwis <mtlg<: % n,ua ,11t1i.\' rrwéme o/c N, i,:u10/11al\· (,;.: dt: pn!us) 1970 !980 1990

Paf.)'1::-. ,,,enos dese,11-·ofridas l',n \e' \ dt/.q•,wolvi-dos


ÂSif1 ! :11111d ;\ n..d. !'',
.), _ 21.l·
lnd01\ésfa 1976 20 1987 36 1 11u,pa Mcddlúllal (5J 4.1 5,4 8.7
Paquistão 1975 22 1990/91 39 1'Ili nJ>:t Ckidt~JHf1I <6) 5.6 S.3 16.3
Sri l . anka 1975 61 1987 58 1 111 , 'Jli\ Oriental (6J 7,1 9.0 12.9
'ílliHindia 1975 ~2 1987 48 1 11111pa Setentrional (6} 8.8 19.5 .13.3
América La1ina/Caribc J 1111\(1 1.0' 1.0' 1.0'
Cúlôinbia 1976 44 1986 39 1)11•1111i:1(2) 9.0' 13.4< 2Q,2t
E<.1uador 1979 43 1987 41 1 'llutl(" Unidos 5.4> 14.2' 2S.O
Yféxko 1976 34 1987 42 CJIUI IJ,:.a) União Súviétic:\ 1 14) 8.2 s.s l 1.2
PefU 1978 49 1986 56
l\ifH'.\ m,>
nos deseuvolvldos
Rcpíiblicn Dotnioica,w 1975 27 1986 39 \tuu, ( 11) n.d. 4 .8' n.d.
Oriente Médio/Konc <.fa Afric<l
40
,,,11 (1'l } n.d. 0,9' n.J .
Egito 1980 J(-) 19S9 \111t'1 ,ca L:111na/C;·1rii)..:. ( 13) n.d. 6.5' n.d.
M<motos. 1980 36 1987 56
Tunísia 197$ 57 1988 <,4 ud não disponível
Africa Subsaari:ma l•nw ,. 1975 '1985
(i~Ul ~I 1980 1.5 1n~ 2:l 1,,.,., ' 1988 1
llJ75- 1980 1mé.dia>
Quênia 1978 11 1989 32
~ene.gal 197$ 14 19S6 23 1, nrn: h1mp~1 Mt>rldio:ml. Oâ,·1': maJ, Orien((tl e S(1 te1itno,u,•l (mui,ea) li11iâ,, Sr,~·ihü:o. e Cmwdtí;
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ill 1/w Cmuext cf Oevelopmc,11: Evidencefmm ll1e \VtJrld F,mi!i:y .'•iw'\'l'")' (Nova Yurk: N.:\ÇõeS Uni· · Na década de 90. o lllÍlllero de divórcios na Europa tem-se mantido estável
~Ji1~:>. -e We:-:tMf. Ch,trlcs F.• Bl.rnc, Ann K. e NybJa<I~. l.,.'l.lU'<1 ( 1994), Mt,:rl'io.gt• (Wd En;ry into , 111 rdação ao número de casamentos. mas isso se clévc principalmente à redu-
Paremhood {D<.:111vgc:1phic and Hcollh Smve1·s Cc.Hnparati\·c Stutlics n,v 1(J, Calve.non. Matyland: ~,l\ 1do núllJero de cãsamentos que vem acontecendo desde 1960, de modo que o
Macro lntcrnationaJ lnc.}; pm~·< x deJ·-t;m1·ofv1'dos: compilado pela Divisão de Eslalí~lkm> das Nílçõe.s
1

Unidas 1)ara: Nações ünidns {l995> The HVrld's \\~m1cn / 970-1995: '/ir•mls awl Suuistks (NO\'.l
1111,ncro total e proporcional de lare~ habitados por ambos os pais caiu substancial-
York: N.lçõe$ Uuid.i~ 1 " "'nh.:. '" Afigura 4.2 mostra a tendência geral de redução no número de prLmei-
Compilado e elaborado p..,r 13ni..;c el ai. ( 1995} 11,, c·11samentos m>$ paí~es da União Européia e a figura 4.3 apresenta a evolução
,1, 111diccs brutos de casamentos em países seleci.onaclos em diferentes áreas do
Essa tendência nãCl se manitesta apenas nos p,úscs industriali7.aclos. Como 1111111do. Com exceção do México e da Alemanha. a tendência no pe1iodo ele 20
podemos verificar. os países em desenvolvimento selecionados da rabeia 4.3 apre- 11111" foi d e declínio. com o Japão aprescmando queda acentuad,1.
se,imm índices variados de dissolução do primeiro casamento, por diferenl~ A tendência de as pesso,is casarem-se cada vez mais tarde também é
lllOtivos, entre as mulheres de 40 a 49 anos: com exceção da Tunísia. esses índi , 11111w universal e particularmente i mponante uo caso ele mulheres jovens. A
cc~ oscil;un entre 22.8% e 49,.'i'¼:, ati ngindo o ,\pice de 60.8% cm O:ina. 1.,1 1,• la ..1,4 mostra a relação. em números percentuais, de mulheres cmre 20 e
182 O fün ..tó pttlri~cuh~mo mov11nc11t(I;:- so.;iai~. fam81a e~.:xuafü.l.idc na cr.:a da inform.içào O fim do patri:i.r..::.lhsmo: nuwimcmo~ tsoci~i&. f;,1mília e sc:w:il.id~de oa cm da mform:,-ç!lo

24 anos que nunca se casaram. As datas mais recentes variam muito, sendo lithcla 4.6 Lm-c:;.com apen~:-- 11m dos p~üsem relt,çào {%j a todos. o$ lal'l!s com Jilhosdepe;Hfont..:s
l' rn> me.no:- um pai residen1ê cnl p:11'ses des.env(1lvidos
portanto difíceis de ser comparadas, porém, com exceção de Gan« e Senegal,
a proporçfü) de jovens solteiras varia de um rerço a dois terços: exceto pela !utcia dt1 dét(lda d,, 70 Meados da dlC'ada tlt! 80
Espanha e Sri Lanka, a proporção de mulheres solteiras entre 20 e 24 anos tem \o:-trália 9.2 14,9
aurnenmdo desde 1970. No mundo imciro, a proporção de m11Jhcrcs casadas h1;11lv~ Unidos 13.0 23.9
de 15 anos ou mais cai u de 61% cm l 970 para 56% em 1985 .'-5 f•11111(,."n
9.5 10.2
l.1p,1:.> 3,6 4.1
É cada ve1. maior, nos países desenvolvidos (tabela 4.5), o número de l<rrno l.11lido 8.0 14.3
crianças nascidas fora do casamento, e o que se observa de mais importante é ,'-iufri:1 15,0 17,0
que nos Estados Unidos a proporção pulou de 5.4% do tom) de nascimentos t11111t_ça) Uniifõ $0\'ié!ica 10.0 20.0
em 1970 para 28% em l990. A di ferença desse fenômeno varia de acordo com 111111tga) Alcuumlrn O,;,·idemal 1~ I IA
a etnia, chegando a 70,39é no caso de mulheres afro-americanas no grupo Nu:n · L;-11-cs. com apenas um dúi p~tis sào lares cm ()u:.: h~l filhos def:cnd<:nlcs e onde ,·e si<le apenas
etário entre 15 e 34 anos (iigura 4.4}. Nos países escandinavos, o número ele 11 11 1 üü:-. pais.

1111sciJnemos ocorridos íora do casamento 1111 década de 90 chega ,1metade do /mu,•: Burns:. Alisa 0 992) "),fother-headt:d families: r11l imcm(Uional pe,·spcct"i\'..: l-lnd the case of
1\ t1,tf;\lia··, S<'dal Poli<',\' Uep(m 6(l)
número total de nasci mentos.«
f rnnpilat!o e claborad1) por llr\lcc et oi. <1995)

o 1960- s• Tuhch14.7 Tendências. cm termos rie1'<'.cnw::1is. de lare.~ em qu,: ;, mulher é a chefo de família dejurt:
E] 196H9
B 1911H4 u. ,i:m<tlp<ds Daw mais imligCI % 0(1((1 mais n.>cente %
• 1975-79 / Jadm· da pe.r<J!dsa demogr<ifica
,\-.i.i
• 1981H14 l11donés.ia 197(> 155 1987 l ;l,6
• 1965-89 S,, Laoka 1975 15.7 1987 17,8
'l:ulfindiJ. 1975 12,5 1987 20,8
1\1Mricn L:'11ioa/Çnribc
Jõmbk.1
(' , 1 1976 17.5 1986 18,•1
bt1utt.1k1r 1979 1.5.0 1987 14.6
M<:xfoo 1976 13.5 19~7 13,3
Peru' 1977(!8 14,7 1986 19.5
lh:pl1hlk<l Dominicanr, 197; 20.7 1986 25.7
n i,,itt:i<l e Tol>:igo 1977 22,6 1987 28.6
Otll'ntc :\.1édiC'l/Nvrtc da ;\frica
Murrocos 197918() 11.5 1987 17.3
Ál11ca Snb:rnarfo.na
C:.111~1 1960 22,0 1987 29.0
~udâC'l 1978/79 16.7 1989190 12,6
\ , lo
( ~,néia 1980 14,7 1990 15.7
Brancas. l\cgrn.s Hispânicas Hlipin~1s 1970 10,8 1990 11,3
(de qu:dq\lt'r ctnia1 l ll111g Ko,lg 1971 23.5 199 1 25,7
f jg\ara 4.4 Proporção(%) de mulhert!:, l 15 a 34 ~111QS) cuj o primeiro lilhr, 11:tSi.:~ ;,111lc.::.:; llldt)nésia 197 1 163 1980 14.2
do pfimei1'<> ca:-.umeo10~ por r.{Ça e etnia.. nos Eslados l:nido(,,, 196().89 fo1~:í<t 1980 15.2 1990 17,0
hmu1 : Oc11;u·1nmcn10 tlc Rcccn::eamenh, du:, li~tad0$ llnHl1~ ( 1•>1)2111
,..., O fim d~., pa:ri:irc.,tmno: IOO\'Ufü~n:õ!. soc.i,·tis. fruníli:\ e sexualidade n:) Wl d.- inform~eção 185

Tabela 4.7 (cout.) 'l'. ihcla 4.8 lndk<1dorc'> d.e ,m1danç.;3~ tecemes na familia~ fonnnção dos lares: pa-íscs ocidentais
M:lt:donados. 1975~90
/(egião/p(Jís Dam mois m1(iga % Dma mais recen:t

Omlo:i do cf!.nso ,\,fulhen_.,s emre 20· Cri<mr,1:; n<1j·('idas Auméult> dó Lt?res com filhos.
24 anos vil·endo fora do cas<miemo número de filhos h,:biuul os f)()r
América Lali.na/Çaribe
20, t t!m ntgimé de e. 1988 ( %) n<1scidos fora do apenas mn dos
Brasil 1980 14 A 1989
20,0 CO(I/JitaçâO paisc. /9S5 /%/
Costa Rica 1984 17.5 1992
19$() 1990 22,3 e. 1985-90 (%) e. 1975-88 ( %)
Panamá 21.5
Pcni 1981 22.1 1991 17,3 1•..i.:nndi1,ávia
Uruguai 1975 21,\) 1985 23,0 1,lâridi.;) .52 19
Vene:zuela 1981 21.S 1990 2U :-;uéd:'I 44 52 19 32
.Áfri~;l Subsrzariana l)urnm::i.rca 43 45 23 16
Burlünt Fas:;o 1975 5.1 1985 9.7 ,\ iu1uega 2S 34 23 23
1976 n .8 1987 tS.5 Fmlfü1diH 26 [9 9 15
Camarões
Mali 1976 15.t 19S7 14.0 1 Hl'< >p ,l Sctênlrion;,1
1lolttnda 23 11 8 19
i'v'<>ía • <h•jwe = chefe da família "habitualmente", ltc ulú Unid ú 24 25 16 14
" de facw = chefe da fa mília no dia da entrevista.
1:t;mç::1 24 26 18 10
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A11sui,1 23 ~ 15
S11i,[1 6 2 9
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( IJI rhe Ame,-irnr. Ver'á Ct11z (/\tas d~, Cvofcrência ~obre as 1\méri.;:as, Vcrn Cn •l); to,los os outro~
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York~ Xc:1\ôi_:$ l.;nid,1~) l\11 1ugal 7 14 7
Compilado e clabomdo por llrnce et ,d. (1995J 1i,,,piinhn 3 g (i ll
11(.h u 3 6 3 16
<i1éci~l 2 t
Mulw 2 1
Como resultado tanto de casais separados como de ,niíes solteiras, a pro- Chipre o
porção de lares com filhos dependentes habitados por apenas um dos pais !\111(,n ca do No11e
(geral mente a mãe) aumentou no período entre o início da década de 70 e l·,,lddo:-- l; nidos 26 12 28
meados dos anos 80 cm países desenvolvidos (tabela 4.6), e a tendência de ( ',111:tdá 21 14 26
crescimento persisciu nos Estados Unidos nos anos 90 (ver a seguir). Nos pa- t J. ,•,mm
íses em desenvolvirnenlo, percebe-se, pelas estatíslicas de lares em que a mu- AtMrl\lia 6 19 7 15
lher é a chefe de família de jure, uma lendência semelhante. A tabela 4.7 Ntwn Zelândia i2 25 9
evidencia uma te11dência geral de crescimento na proporção de lares chefiados I f•m,n: Conselho Eun)peu (d·i,·crsa$ edições): Europeà1J Vah1e,-; S11u.fiei., 1990 Round~t-.foors e Van
por mulheres no período que vai de meados da década de 70 até meados a fim N1111wegcn ( 1990); Naçl"ie:. Unidas (diversos ~100..-;, 1990): cc mtmicados pcs.soai:, de l .(tny Bump-as.c:
da década de 80 (com algumas exceções cürno, por exemplo, a Indonésia), e 1f i.t,uJn..:: Unidos). P<:1cr NkDont1ld. Lincoln Day (Austrália), Thomas Burch (Canadá}. Ian Pool
tNcw,l Zelândia}.
no füasil, a proporção de lares 11essa categoria era que de 14% em 1980, pas- t ui11pilttd o 1>0r Lesth~eghe ( 1995)
sou para 20% em 1989.
I K6
1~7

Tabela 4 .9 :-:úmero de la,e.s lii¼biiados f)l)T np..:n:ts um dos pais em rel.1ç5o- ao m1me.ro wwl de
ta,·e~ em j)aí:-es selccion~dos, 1990-93 assi rn. o fa10 de que entre um quinto e um terço dos lares é de pessoas que
vivem sós põe em xeque o modo de vida patriarcal. A propósito, a resistência
Ano .>Vúnwro 1ow/ Um!s habiraclt>s d;,s l'arnílias patriarcais tradicionais na Itália e Espanha tem o se,, preço: as
de fores por sanwme
( em mU/u;r('S) um dos pais mu lheres reagem recusando-se a rer fi lhos, de modo que esses dois países
(em milhares) uprescnram o menor índice de fertilidade do mundo, bem aquém da taxa de
Alemanha' 1993 3(>.230 12.379 34.2 ,~posição da população ( 1,2 na Itália e 1,3 na Espanha). 11 Além disso, a idade
Bélgica 1992 J.969 1.050 26.5 dl' -,111ancip,1ção na Espanha é a mais alta da Europa: 27 anos para as mu lheres
DintUJ1;1rctit 1993 2.324 820 35.3 <' 29 para <1s homens. Taxas elevadas de desemprego entre os jovens e grave
E~paoha 1992 11.708 1.396 11.9
Fnrnça 1992 22.230 6.230 28.0 .-, isc habitacional contribuel\l para manter unida a família rrndicional, à custa
c.;réda 1992 3.567 692 19.4 da rormação de novas famílias e do processo de reprodução dos espanhóis.'~
Grã-Uretanh;) 1992 23.097 6.219 26.9
lfoJa,~da 1992 6.206 1.867 30.J
É essa. na realidade. a conseqiiência mais óbvia da crise enfrentada pela
lrl.a11da 1991 1.029 208 20.2 l,11níli a patriarcal: queda brusca dos índ ices de fortilidadc nos p11íses desenvol-
h~Ui., 1992 19.862 4.305 21.7 1·idt1s. ficando abaixo da taxa de rcposiçiio de suas popu lai;·ões (ver os dados
Luxemburgo 1992 J4,J 34 23.6
P1,rtugal ' 1992 3.186 399 12.5 1da1ivos a países europeus na figura 4.5). No Japão. a taxa total de fertilidade
l l'lll estado abai xo do nível de reposição des(!c 197:5, tendo chegado a 1.54 em
Esiirna1iv~,~
Finlfü1,fü1 1993 2.120 716 33.8 11JIJO. ,., Nos Estados Uni.cios, a laxa tmal de fcn ilidadc tem apresentado queda
,,\ us1r- i:1 1993 3.058 8.52 27.9 .1,·c·ntuada nas três úl timas décadas, começando do ponto mais alto em fi fü da
Suéda 1990 3.830 1.515 39.6
Estados Unido:- 199.1 96.391 23.642 14,5 11<·\.'ada de 50 e atingindo níveis abaixo da taxa de rcpos ii;·fio nos anos 70 e 80,
Japão 1993 ,11.826 9.320 22.3 ,11,· ,·,rabilizar-sc no inkio dos anos 90 em 2. 1. yue é aproximadrnnente o nível
• Dados obtidos do mk 1·oce,1so, ttbril d..: l99J. dr· rt.0posição. No e111,111to. o 111í n1cro de n,1scirnentos aumentou porque o gran-
.. D,,dos das Ilhas Fame e Gr~11lfu1di:1 11~0 ln.;hiídos. , . ,. d,• n1·11nero de crianç11s nasc i<l11s na época cm que a taxa de rcrtilidade atingiu o
f()nft•: Smtistisdws Bundesmm ( 199.5) S!<1tis1ischcs J,1hrlmd1 / 995 j 1{r aas Aus!tmd (\\ ,esl)ade-n: w 11 :ípice chegou à idade de prol'riar (figura 4.6). ;\ tabela 4. 1O apresenta a
~fotz.cr <.~ Poc~chclj
11na rotai ele ferti lidade por região e projêções até meados da década de 90.
Reuni ndo vários indicadores de formação de lares. Lesthaeghe preparou 1-s,c índice. t!e modo geral. caiu nas duas últ irnas déc.idas: em regiões mais
a tabela 4.R para os países membros da OCDE (Organização para a Coopera- ,lt,cnvolvidas os índices despcm.:armn abaixo do níve l de reposição. permanc-
ção e Desenvolvimento F.co11ônüco), onde os dados da Eumpa Setentrional e n•11d(1 então estáveis nesse níw l. Deve-se notar. no entanto. que essa não é
América do Norte contrastam com os da E\tropa rneridional. e as estruturas 11111:r rcgrn rígida relativa :1populaçiio. Arma Cabrc demonstrou a relação entre
familiares tradici onais resistem melhor. Ainda assim. C(>m exceção da Irlanda 11 recuperação da taxa de fertilidade na facandimívia na déc11d,1de 80 e a polí-
e Suíça, a proporção de lares com crianças e apenas um dos pais em meados l1t·,1 social gene rosa e a tolerância da soc iedade nessa ,\rea privilegiada do
dos anos 80 representava entre l J% e 32% do wrnl de lares. . , 11n1111h~' É e.~atmncme esse o motivo por que mais de :i0% rlas crianças foram
A tabela 4.9 mostra a proporção de lares de pessoas que vivem sos. tlOS , onccbidas a partir de uniões sem casamento. Contando rnn1 apoio mate1i al e
pafaes selecionados. no início dos anos 90. Merece ser ol)servada com aten- l'"t:ológico. e nlio sofrendo sanções em seus empregos, as mulheres escan-
ção: com exceção da Europa Meridiona l. essa proporção oscila entre- 20% e rl111:1v:1s voltaram a ter fi lhos e seus países aprese111aram n(1s anos 80 a mais
39.6% de todos os lares, sendo de 26,9% no Reino Unido. 24.5% nos Estado~ 1111.i t:rxil de fertilidade da Europa. O quadro recente. porél\l. j,1 não é tão aus•
Unidos, 22.3% no Japão. 28.0% na França e 34.2o/r na Alemanha. Obviamen- 1111'1 r,so. Com o refreamento do Estado do bem-estar social escandinavo, esse
1e. a ,naioria desses lares é habitüda por pessoas idosas. de modo que o fenél- 11111io foi reduzido. assim. no início da década de 90 os índices de ferti lidade
mcno é, cm grande parte, explicado pelo envelhecimento da popul ação. Ainda 11,11111.:lcs países estabilizaram-se nos níveis de reposição.=• Em outros paí~es
l,,mhém. especialmente nos Estados Unidos, a taxa total de fertilidade vem
ind:c..:: total de fe,1llidadc J\'.(I de mtscimento~
4 4
' ( phm cada 1000 mulhcrcsj (111ilhares)
'' 1
4500 r5000

r
ldand.i
3.5
,/ 3.5
4000 4500
:,;ij <le nascimentos
Índice total de fertilidade
3500 • (escafa d:? C::,qucrdn) \
~c:-c:ala d:1 dir<.~it.·1) 400•J

2.5
'
'' I ,
3000 '~\I \
f::J \
1,
\
\ 3500

2
' \ \,,, / 2500
\ 1

r.:. '-\ j \.,.., 3000


'"'-/'/J \
1.5
Finlândia
Oinamal'ca
2000
\~~ 2500
\500 +----,-- - --,- ----,, - -- , - -- , - - --,----+ 2000
1-t--.--r--,--..----,-..,..- IUO ~ 40 ~ W ro 80 ~
1960 65 70 75 80 85 90
H~ura 4.6 Índice toU:1 Jc fcr1ilidt1dc e lllÍJn..~1-0 de rn1i:ón11.:nto~ noi. E.')l:.id os Unidos. 1920-90
11mlkç- lmal de feniti(fode = núrncr(1 de Hlhos que .:11- umlhercs le,tiam ao final de :.ua \'ida fürlil
4 4 C'ú ffl l>asc n<J~ índicts. d~ n~1.,;<'lmcnm. ê."J'iéc.:ítk os pol' id,u!I;, de um lÍni.:o i11io;
hm1e: lkpan:11ncnto de Re..:co:-.~~1rncn10 do~ Í:1>tados C.:nido:- <' 1992;;11

3 .5 \ lugosJã,ia 3.5

.. .\...tortugal w11úu elevada, graças ,1 seus imigrantes. resu lt,u1do em u.ina população de
3 '•.
111Líhiplas etnias e indu:ôndo 1>multi.culturalismo. Uma das di fere nças soc.iocul•
t111 ais mais imponanres talvez seja a preservaçflo do patriarcal ismo entre :is
1 ,lmuni<lacles minoritárias de diferemcs etn ias. formadas por imigrantes. cm
11po, içiío à desintegração das fam ílias lradicionais entre os gru pos étnicos na-
Orécia 11 vos (brnncos e negros) nas sociedades industrial izadas. Essa tendência,
2
loi;icamentc, é de auto-rcproduçâo, mesmo consickn111do uma redução na taxa
d~ 11atalicladc das 111.inorias imigramcs assim que conseguem melhorar sua si-
1.5 1.S. Hungria BuJgárh• u1:1\'iio econôm ica e nível educacional.
I De modo geral, parece guc na niaioria dos países desenvolvidos, com
R,;;p1füli~a Dcnu>.:nllka A lemã
,+-----,--.-----,---r--r- 1 +-----.-.----.--.--~ nceçiio do Japão e da Espanha, a fam íl ia patriarcal está se tornando um esti lo
1960 65 10 75 ao 85 90 1960 65 70 75 80 85 90 de vida adotado por uma minoria. Nos E.,tados Unidos. na década ele 90, ape-
11:1, urna quarta pane do total ele lares se enquadra no tipo ideal formado por
, usai legítimo com filhos (ver a seguir). Se completarmos com a qual ificação
,·om os fi lho, do casal", essa proporçüo cai ainda mais. É certo que ucrn tudo
Figura 4.5 Sínt.::.sc da t,1x::i d~ f~r1iUd;1de cm 1n1í~c-s etiropço~ !1 p:11 1ird~ 1960
,,. rkvc r, liberação ela mulher. A estrutura demográfica também conta: uma
Fome: Albcrdi ( 1995)
1111tra quarta p,1rte cios lares americanos é constin1ída por aqueles habitados por
NI

Ttlbcla 4.10 Ílldi..:e 1oud de.: for1ilidadc na-;; pl'incip:1h,. regiücs. do mundo ,lt1111inação patriarcal é incontestável, com esposa e filhos agregando-se cm
1onio do marido/pai.
1970-75 191!0-85 1990-95"
Nos países cm desenvolv imento. tendências semelhan.tes dc-spontam nas
Mundo 4.4 3.5 111,·:" urbanas. mas as estatísticas nacionais, que levam crn conta as tradicio
RéMiÕC:; mms de-senvol vidas 2.2 2.0 11111, comunidades rurais mtrito representativas (principalmente na t-\frica e na
Regiões 0,.::111,)~ dc-scnvolvidas. 5.-i 4.1
•\ , i:1). não refletem fielmente esse fenômeno, embora, ainda assim, seja possí-
Áli'ica
w l detectar certos indícios. A exceção verificada na Espanha está fundamc11-
6.5 6.3 6.0
;\ ~iíl 5.1 J.5
11il 11 wnte ligada ao desemprego enrre a popu lação jovem e à grave crise dl:
3.2
Eorop;t 2,2 1.9 1.7
lt,1hi1;rçfio, fatores que impedem a formação de novos lares nas grandes áreas
A ,nt~rk:ti. J,6 3.1 111,·1,opolitanas. ~-' Quanto ao Japão, a formação cultural e o fato de nascimen-
Ainéri~a La1iu:.1 3, 1 1, ,, r11ra tio casamento serem cons iderados motivo de vergonha, ajudam a con-
/\méricJ. do Nonc 2.0 •11 ,lrd;rr o patriarcalismo. embora tendências recentes estejam enfraquecendo .i
J.2 2.7 2.5 1,k·ologia patriarcal e o Mbito de relegar as mulheres ao mercado de trabalho
Umão Soviétii.:it 2.-1 2A 2J M'<'t111dário.'' No entanto, minha hipcítese com re lação à exceção japonesn é
' 1990~95. projeçõe:-. 11uc a estrutura patriarcal continua preservada por causa da faha de um movi-
Fom,._,.. E, 1in'lativas.. H0dd l'op:dmüJ11 Prospects. Nn,;õe:- Unitla~. 1984: lH,rld l't,pulo.tio,1 at tht 111cmo femini sta expressivo. Como esse movimento esuí aumentando ne~t~
rw,: of t/u, c,,ntm:\' ( t9S.9;. p. 9. ~-)ÇÕ1% l?uida::: Th(' S!<He 1;!' H'orld Populmü.JJI.' CJwü:es QII(/ ,krnda. posso prognosticar se m receio que nesta questão, assi m corno em
!?l!JJ)tmJihllitifü < 199-1). Ftmdn Pl)p:.1l~
Kion!1I da~ :-.i:)çôi::s Unidu-., 11111 i1as outras. a exceção japonesa é simplesmente tu na questão de tempo. Sem
•1tw1cr negar a condiçfro cultural específica do .l11pão. as inll uências na estrutu-
11111:r sociedade e nas mentes düs mu lheres são tão poderosas que também o
apenas uma pcsson. na maioria mull1eres idosas viú vas. Ko cmanto, um estudo l11p:ro tení de enfrentar os dc,~afios ao patriarca lismo por pane das japonesas
estatístico realizado por Antonella Pinclli .-obre a~ variáveis que condicionam 111\cnd:is no mercado de trabalho-2'
novos compo11amentos demogr5ticos na Europa conclui que: Se as tendências atuais continuarem a se expandir por todo o mundo. e
11sscguro que continuarão. as famíl ias. tal como as conhecemos. tomar-se.-ao
vcl'lfie;1mo:, qur a instabíli1.hid'-' t.:onjugal. coabiwç:.ão .; nascimemos fora do 11111o1 rel íquia histórica no futuro n5o mu ito distante. E a cstrt11ura de nossa~
casamento cx:urrtm onde os aspccws nfüHnalel'iais da qu.alidade de vida &1o v1rlu, ,e transformará à medida que sentirmos, às vezes dolorosamente. os
val.o,i .wdo~ e as 1t1ulhcn;:-. goz(Ul\ de indcp~mfê11da econômica ê fX)dcr polí1ico
t
rdativamerne elevado. nt:tL'S:')<i rio enfo1izaJ' a:-. Cúfhli<;ües e;,:istemes pai·~, as
111,tl n, J cssa transformação. Passemos agora a ,1nali sar as tendências sub-
1rnilhc1·c~. Div<lr<.: io. coabitação ç Jcni liclade em uniões sem ('..asamento ocor- 1-1n·ntcs ?,s raízes dessa crise e, ass i,n esperamos, à origem de novas formas
rem com maior l'r.;.~qlli:nd" nas regiões 011dt: ª-" mulheres gozarn de indepen- "" ~onvivência entre tllll lhcres. crianças, bichos de esti mação, e até mesl\lo
dênc.: in econômica e podcn1C1)íren1ar i1 possibilidade de ~erem rnãc.s soltei ras 1111111~11,.
sem se. lOmarcm. púr este mmi\'O. un1 sujei10 social cxpo:-w a fl,;.c(l,.u

Sua~ conclusões. porém. dev..:m ser corrigidas pela observação de qu(' As mulheres no mercado de trabalho
esses fatos constituem apenas pane ela história. Crianças nascidas fora do ca
sarnento nos Estados Un idos são fruto não ~ó da mno-afinnação das mu lheres. Trabalho. fonlífia e mercados ele trabalho passaram por profundas trans-
mas também da pobreza e baixo r1ível educacional. Niio obstamc, a tendência 1111111;1,;õ~, neste tí lt imo quarto ue século em virtude da incorporação maciç11
geral. conforme demonstrado em algumas ilustrações cswt fstic:1,, é de cnfrn 1
11 11111ll1cres no ,nercado de trabalho remunerado, quase sempre fora de seus
1
queci ment:o e prov,\vel dissoluç,10 das formas trndicionai, dr· Ja111/lia cm que 11 1,, ...,. • E111 1990 havia 854 1t1ilhões ele 111 ull1eres economicamenre aLivas no
Tabela 4.11 P:1rttcip:1ç::io de homens e molhcn...._,., m1 forç.::t de !raba!ho ( % ) ,a
:;;

Homi;n:; l\.'lulhcrcs
((}7_; )979 1983 1992 1993 1994' 197:l 1979 1983 1992 !993 1994' o
~·o.
Alemanh;t 89.6 84.9 ~2.6 79.() 76.6 50,3 52.2 52.5 6t,3 6 1.4 o
.Au~tráJia 91.1 87.6 85.9 85,3 85,0 8-f,9 47,7 50.3 52. 1 62.3 62.3 63,2 ~
Áuslri~1 S3.0 81.(: S2.2 80.7 80.8 4g,5 49,1 49,7 5N,() 58,9 5
~
Bélgic:1 83.2 79.] 76,S 72.6 JJ.3 46.3 48.7 54,J B
C.madã 86.1 86.J 84.7 78.9 78.J 47.2 55.5 60.0 65.1 65.3 a-
;;
Oin:1man.~, 89.6 &9.(, ~7.6 88.0 86,0 l>L9 69.9 i4.2 79.0 7K1 X
Espanha 92.Y S3.I 80,2 75, 1 74,5 73.') 33,-4 :n.6 33.2 42,0 42,8 4:),9
E.<.tado~ Umdo~ 86.2 S5.7 84.6 85.3 84.9 85.~i 51, 1 58,9 61,8 69,0 69,0 70,5 ~
Finhiodia 80.0 :n.2 82.0 78.5 77.6 77. 1 6.1.6 68.9 72.7 70,7 70.0 69,8 /i
i1
Franç.:, 85.2 82.6 78.4 74,7 74.5 50. 1 54.2 54.3 58.8 59.0
Grécfo, 83.2 79.0 80.0 73.0 73.7 ) 2. 1 12,8 40.4 -12,7 -13,6 ã
Holanda 85.6 79.0 77.3 80.8 29,2 33.4 40.3 55,5 g
lda11da1• 92.3 88,7 87. 1 81.9 34. 1 35.2 37.8 39.9 s
;,
hália 85. 1 :U.6 $0. i 79.1 7.:J.8 .1'.),7 38.7 4().3 -16.5 -13.J
J.apilc> 90.1 89.2 89. 1 89,7 'l(U 9Q, I 54,() 5-4,7 ~7.2 62.0 61 .S 61,8 i?
~
f .u,xcmburgo" 93. 1 88.9 85. 1 77.7 35,<) .19,8 4 1,7 44.S ~
Noruega 86.S 89.2 87.2 ~2.ô 82.0 82.3 50,6 6J.7 65.5 70.9 70.8 7 1,J o
.,.
Nova Zd5ndia 89.2 S7.3 84.7 83.0 83.:> 39.2 45.0 45.7 63.2 63.2 ,oe
Pon ugaJ' 90.9 86.9 8 '.l.3 82.5 82.8 57,3 56.7 60.6 61J 62,2 "-
Reino U nido 93.0 90,5 87.5 84.5 83.J S l,S 53,2 58,Q 57.2 64.S 64.7 64.5 a:
S1,1éci:, ~8. 1 ~7.9 85.9 Sl.8 79.3 n.1 62.6 72.8 76.6 77.7 75.7 74.6 ~
Suíça 100,0 94.6 93.5 93.7 92.5 9 1.0 54.1 s:,.o 5).2 58.5 57.9 56,</ i1
~
e
Amérk:a do Non<.' 86.2 85.8 84.ô 84.6 84.~ 50.7 SS.6 6 1,(, 68.6 68.7 t
OCDE - Europa• }:S,7 N4.8 ~2J 79.2 80.1 44.7 4X,6 49,8 56,9 60.6
OC'DE Tot~11J SS.2 85.9 84 ..1 8'.l.9 S l ,3 48,3 53, 1 55, 1 6 1,9 6 1,6 ~
;::
Estirnativ,is do Sl,)C.;r<mirh1do. " 1991 em vez <lc 1992 pal'a Irlanda e Luxcoiburgo. ~

' 0:- d~1dos sobre~• força de trabalho incluem númeto expressi\•o de pessoa.<.; com 111:.>nos de 15 anos:• !"
.i Apenas pant os paísc.s acima.

Fome!: OCOE - Hmt>lowm;ut ()u1/{1ok ( 1995)

Tabela 4.12 l nd1u!- wwJ de empre,go homcn:'.) <' muihçn•, tmCth~t d~ 1.·1~:-c1mcoto am,,d - r~-J

l lo111c11.-. M ulhc;rc:-.
- o
1973-75 1975·79 1979.x,) l l)SJ.CJl 1992 199~ 1•n3.75 1975.79 1979-~3 1%3-91 1992 199.\
E
Aft::.inanha -2.5 OJ -0.5 o.w .o.3 . J.() 0.9 ·O.O 2.0' 1.7 %
Au:-lr.11i:.t
Âustri;,i
-0,) 0,6 .0.1 1.5'
O, 7
U.3
o.~
20.0 2.0
• 1,1
1,7
1.0
·2.0
0.8
3.911
~.I
0.6
1'
0.8 1
- 1.1 O.S 0.9 • · ,.\
~
Bélgica -0.4 -0,4 • I,:{ o.o • I .I O.S 0.9 0.2 2.0 Cl,5
Ca1rndá 1.9 I.S -0.6 1,1 -1,2 1.2 4,7 -L:5 2.6 ~.H -0.4 1, 1 ;
Dio;unatca • I .S 0.7" -1,7 0.9 .().5 3.61• 0.9 1.-1
Espanha -0,2 ..1 '
j'I• •1.8 0.8 'o
-.),_ •.).-f -1.5 • J,31> - 1.7 3.0 0.3 -2, 1
~
E..:.t.allo:-:; Unidos 0.() 2.5 .()_} 1.:l O..l 1.3 '2.0 5.0 1.7 z..:1 0.9 15
.(),O'' 1,<J -0.1 6,:\
í-inl~n<lia
França
0.7
.(),4
0.6"
-0.2
O.Y
-0.7
-0.5
-0. 1
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. 1.2
-5.9 2.0
0,8 l.ó 0.7 1.4
-ü.5
0.5 '~:
Grécia 0.8 0.6 0.1 1,6 1, 1 4, 1 0,7
,
-0.5 R
Holanda 1.5 0.3 ·0.8 2. ! 1.3 2.9 2.7 4 .0 5.3 3.2 ~
írhtnda .(),2 15 -IA -0.5 1.6 2.0 1,9 1.1 ~
-0. 1 o.o (), 1 .J.j " 2.4 2,7 1.> 1.6 0.3 .,. F
IU'ilia
J{tpáo
Luxemburgo
0.6
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Nova / .elãndia 2. 1 0.2 -0.3 1,0·' 0,4 5.2 ?., 7 o.~ l ,J•I (),(,
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América do Norte ~0.4 2.~ -O.d l,Z 0,2 u ~.2 4.9 1.8 2.4 0,8 1.5
OCDc - Europa' .(),~ -1),2 -0.8 0.4 -2.0 12 1.4 0,5 2,0 -0.3 7
OCDE - Total· -0.4 0.9 ·0.3 0,9 . 1,-1 1.0 2.8 1.2 2.~ -0. 1 ~
jf
ª Quebra 03 $é(!Üênçii) (l():; i\rlOS éllll\! 197J t; 1974 "Queh;a na scqüi:nda<los ano;icntrc 1975 e 1976 Qucbrn na .,c;qüêm;k1 d()') artOI> cnut l9S2 e: 19S3 5'
' (lu<bra oa S<(jiiênci,ik)s anos entre 1985 • 1986 ' Quebra 03 si:qii~oc:iJ do.. .mos cnue l9:-;6 ,: 1987 • Os dados ref:?re-oHt.' a 1983-90
1 ~ n.1~üinci:.'I <Ú\.< i!.OO:-.Cn!n: 199l e 199~ "Qufbra n.1 S:!qü::ncia dos lDO!- tnm: 1992 t 1993 Apena:-. O$ p:1!~ 3eima
fume OCDE - Smplopnem Owlaok, 1995)
-
1980
__ .,..1990 1),lw la 4.13 fndi<:es de :1uvi~fad::: e..-:0M11n!cn, 1970-90

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P111Jând1,)
e ·.n1.ubi
Húmens
:-..·1ulhércs
<15- l Total
Homens
ivlulhcn;..,
59,2
30.0
40.9171)
5>.3
28.•I
57, l
30.9
44.6 176)
55,6
58.4
32,6
60.8
39.2

~ 50 A lt:11ü 111h:1 33.8


r\usiria / {16+) Total 4 1,8 4.1,5 4 9. 1
.:i.p,rnl ~
Homen~ 5:l,9 55.6 56.8
Gr4cia
/ / P<Jttugal M ulhi:rc~ 30,2 ,.J.9 4 1.Í\ ,1.1,., (921
11:111,;a ( 15+) Totnl 42:0<71) 42,6 43.J 4M (861 H.8
Homens 55,~ 55.1 5.1,4 52.6 5 1.(,
,..._ Turquia M ulhê1'c!'.> 29.~ 30.5 32.7 34,6 JS.2
30 -f--- - - --,.-=~,,.,___
---,-------,------,---- - , - lt;tlia (14+} Tol::tl 36.6 .)5.4 40,~ ·11.1 42,0
30 40 50 ôO 70 80
Homens 54.7 52.2 55.2 54.6 54.3
Taxa; de p;micip::1ç:1o ícmininn
M ulhtwe~ l <)J 19,·1 Ui.O 28.2 30,;l
(1 5~) l<>t<ll 51.0 48.6 4$.4 51,5 5J.7
Figura 4.7 Aumenl(' dos índice-: de ;.:111pr-..:go no -:t:t(,: de 'l.~rviç·o:-. ê da p,1,·1il.:ipação
Homens ()3A 62,3 60.l 6'.\.6 62.4
r~n,inina. l 9803JO U\ us.. AusmUia: Bel., Bélgic<l; RU. Reinv t;nidv: l .o, ..
l.ux.tmln1r,g:o: ~Z. '.'lova Zd ãndi;1J Mulh1.Wê~ 39. I J5.2 36.8 :~9.8 4 1.>
H.cmo l:nido (lú~) Total 42.5 ~7.~(g 1, 50.3
Fome: OCDE.< l994bJ. S1a1i~liq1I A 1111i::x (l:'thela::. A e l) do Ü l<k rno dl!. H!itil1is11cas)
Homc.ns. 51 .7 59,,1 58.4
1\ilulhcre.;,: .'D,0 35.8 41.h
mundo in1eiro, respondendo por 32, l 'f<> da força de trabalho em termos glo-
bais. Um total de 4 1% do universo de mulheres de 15 anos ou tnais ernm l 1,h·M\'<10 (1 6 .,..) 'folal .48,~1 5 1.7 t°:9J 50,2
Uu .. -.,, l·ll.)1111.:11:-. 52. 1 55, 7 55.0
ccononlica,.nente ativas.~' :~os países membros ela OCDE. a participação mé·
.\1ulhercs 45.'.l -18.1 45.8
dia das mulheres na força de trabalho $Ubiu de 48,3% em 1973 p,ira 61,6% e lll
\ ,.,M
1993, enquan10 a participação masculina caiu de 88.2% para 81.3% (ver tabe-
<- huu < 15-) ·1t,1a1 5:! ..1 ,~2)
la 4. 11). Nos Estados Unidos, a taxa de participação das mulheres subiu de H.0111.;,•11:;
5 1.J % e 111 1973 para 705% em 1994. Os üidiccs de crescimento relativos ao ),f olhcre, 44.:!5 47.0
período de 197'.\ a 19!):1 também indicam uma tendência de aumento no caso < 15~ ) Tmai J}.0 ~8.5 37.9
das mulheres (revertida em alguns países europeus na década ele 90) e um H1J11t.;11s 42.S 46.9 46 .:l
).•lulhc.rcs 23.2 JO.O ~9..\
diferencial positivo em relação aos htJrnens (tabela 4. 12). Tendências simila- iodi.-, < 15-) Total ]~,9(7 1) J7.5(91)
res são observadas no mundo inteiro. Passando agora para as estatísticas sobr~ l·h.1111.;nl) 525 51.6
o "índice ele atividade econôm ica'' elaborada~ pelas Nações Unidas (cujo~ ~'hilhcrc!- 11.9 22.3
percentuais são inferiores aos da participaçüo na força de trabalho), as tabelei, < 1s- , ro,~1 :ttt)(7 l. 35,5
H ú 11h:.1t:-. 47,3 -18. l
4. 13 e 4.14 indicam uma tendência ascendente similar na taxa de participação Ylolhcrc., 22.~ 13.5
econômica das mulheres. com exceçiíú parcial da Rússia, onde o níve l já er,,
\1111 111.11 1 :11i na
alto em 1970. \11•,•1uin;1 <14- ) Torai 38.5 3&.5 37.S 38. l
A cmracla maciça das mulheres na força de trabalho rc111u11crado deve Homt:,h- 57.9 55.1 55.3 55;-l
se, ele um lado, à infonmitiz"ção, integração em rede c f.l ()h,d111u;110 da ccono :-.•hilher~5 19.4 22,0 19,9 2 J.O
Tabcln 4. 13 (cone.) 100
1970 !975 19XO 1985 1990 90 •
R1•t1i:.il dO+> Total 31.7 36., 41.9 80
Homens 10.5 53. 1 563
Mu1here:- 13.1
1
19.8 27,9 70
:·...11!':xi..~, • 11+ ) T<Ht1I 26.9 ')_,.. , :.)
r..
no 29.6
HClmcns 4'.\.ó :.12.<) -18.2 46.2 60

i
~·1ulheres 10. 2 12.0 1S.2 13.6
50
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Homens 51 .2 54. 1 49.3
Regiões ,\foca Am~rit;;l l..:uim, Asia e l'm.:ífko
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Mu1hcre~ ~.2 5.5 l 3.5

,\'ora· indkc de üli,;i<la<le eéo,,ô:nic.t:: j)(!j)ulaçl'io .:-rnno11,ic:11n~11h; mi\·~1.1'popt1l.lção tOl-'L ~ t\Umini'-lmção.


h •,t!c,: !LO. fourl,ook of l.abtmr S1oris1it.\· 11970-<><-1>
St.:rdços de e~cl'ilô1fo t~ Ili ~-1anufmurn. gcrcm.·kunentú
prc;;rn~fiú Je se;vi~o,:; l1'~1 1!!-j)ú!1Ç~

figur.:t 4.8a Pcn.:cnlfüll de 1nt1lh:.'.'1'é, n,1 f.;,_,rça ~Jc tr~1balho IX)I' tijN <.k· função
Tabela 4.14 fndiee de er~srfmemo d~ ati1it!alle ~,:únumic:i tlu mulher. 1970-90 lomt: Ebborndo pe:o Suui,li<:;,I Ollkc 1Jf lhe Uni1NI \ ,11io11~ Sccrct:1riat ( 199 1/
m l>a~c no Yearbook otl-<.dN>ur S:<Jti:i!ks (v~ll'ios aoc,!-.) do (ntcrmuional Li!hour Officc
1·<1

1970 1990 Índice! d<.• <.'resc1memo (%/


Alt:11H·111ll,1 30.0 _\9.1 30.7 1111 11 "· de Olllro. à segmentação do mercado de trabalho por gênero. que se
F'r;mça 29.4 ~8,2 29.9 11111ll',·i1a de condições sociais c~pedficas da 111ulhcr para aumenta r a produti-
Estldos Untdô$ 30.2 <1-1.-l ~7.0 11,hnlc. o controle gerencial e. conseyüenrementc, os lucros.08 Exam inemos
ll~iliii 19.3 30.3 57,0
,11111111,, indicadores es1místicos.2''
fapflo 39.1 4 1,J 5.6
Reino Unido n.o 42,6 :!9. 1 Ao analisar a transformação da estnnura do emprego na economia inl'or-
fNs.si~1 -15.J 45.o 1.1 111<1111111.11 (voh1 n1e l. capí1ulo 4). apontei o crescimento do mercado de traba-
Í1Hfül J 1.9
.,;..!. . ...,) 87.~ 11111 mi setor de serviços e. nesta Me;i, o papel ocupado por duas categoria~
.\rgcntm:l 19A 21 ,0 8.2
Ura.,il IJ. l 27.9 11 '.\.0
.i1 ,lllltu,: serviços empresariais e serviço, sociais, característicos da economia
t-.·féxico 10.2 13,6 3;1.3 1111,11111:1~innal. como j á havia sido previsto pelos primeiros teóricos do pós-
Ariélia 1.8 +.4 144,,1 111,lu, 1, iali.smo, A figura 4.7 rlemonstra a ct1nvergencia entre o aumento do
Etito 4.2 13,5 22 1.-1 1 " " dl' prestação de serviços e a taxa ele participação feminina no mercado de

Nma: fm.lic..:. de mh idade c<.•onô111ica-= popul.aç5o "'i:Onon~icmm:nu; rt1iv~\/po1l11l,1Ç10 h il;il 1, 1h,olh1> no período entre 1980 e 1990. /\ figura 4.8a mostra a concentraç~o de
/-unte. ILO. Yf'm1Hwk ()f/."'1lm111 \'tt11Uti,·~ ( 1970-9-l> ,111tlherl·s Clllprcgadas no setor ele serviços cm diferentes áreas do globo. Deve-
19$ O li11l du p.iltl,ll'-1di ~II"-! 11t11\11,11..'11tw. -.1..--c1:,, .... família.? '-l~xunlicku.Wi 11a cr11 dn mfor111.1çllo

N ..:;; :.:;:: O~<',<". r-,r-- .-..:, .,e,..,., ,,o:,cc--O' C-- ~ ~ ....


Es1>0sa não i115cri<l:-1 11:-1 _; C'i ,e" X: -" ..,-; c-i O ·,:!,
t,<: ;.c..;.,:,r-~oo•r:-o ...=: ~j:!~ g $g~;í~ i~
forçn de 1ra~alho rc1nm1crndo

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1960 1963 1966 1969 1972 1975 1978 1981 1984 1987 1990

F'igura 4.8b Famíli~•s nos E~1::idüs. Uuido:. t>m que as espo:;as parudp~•m
d;l t'orçlt de trnb~1lho 1960-90 \d<t1.k):; rt:fcrt:nte:-. d l 9~3 nlio-disptmiveis)
A,m!t·: Dt!f).1.namcmo de Rct-cll!-camcnto dos Es1ad<>S Unidos ( 1992:i)
~ r i t"'-; •r~ ,.,.! V"; ::::~ C'; li; rr,-~.x:or--.x:rv-
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se notar. por6m. q ue. cm qu,1se lodo o mundo. grande parte tia m5o-dc-o bra
ainda é agrícola (embora nflo por mu ito te mpo mais), de modo que a maioria
das mulheres trabalha na agric ultun1: 80% cfas mu lhere;, econo micamente ati·
vas na i, frica Subsaariana e 60% no sul da Ásia. Em termos globais. cerca ele
50% das mulheres econo micame nte ,l{ivas a t.uam no seto r de serviços.lo A "'! ~ e-;
" (,r; -
"\ "1
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propo rção é mu ito maior na maioria dos países desenvolvidos e tem crescido
com o passm· do tempo. abrangendo cerc;i de 85 % da força de trabalho femini-
no nos Estados l :nidos e no Reino Unido. O aspecto mab sígni ricativo é o tip()
ele trabalho efetuado pelas mulheres. Confonne exposto na tabela 4 . 15, a atua-
ção feminina concentra-se principalmente na prcst;ição ue serviços sociais e ( ' ! { ' ° : ( '. . . . . . - ~ :,-.;
~:;;.-=('r:~r-:~
pessoais. Se, no e ntanto, calculan n us a taxa de c rescimento ele cada tipo de
serviço e m ,·elaç5n à taxa total de trabalho feminino rcmune rndo no perío do de
1973 a 1993 (tabela 4. 16), notaremos u m aumento acentuado no nú mero
de cn1prcg:os na éíre,1 de negôcios. !,eguido, a certa dislância. de empregos no
setor de serviços sociai$ e pessoais. Comércio e restaurantes foralll os seg- w
Q
mentos que apresenta ram menor evoluçfü) do nível de emprego fe minino no,
países avançados. Portanto, nos países mais desenvolvidos. existe correspon- 8
dência d ireta e ntre tipos de serviços ligados à in formatização da economia u a
() 11111 dn r-11n 11 ~ 111 .,,11l 111'.•\ 1mt'11tos soctm,;, fomfüa l" :-c:i.tm.l1tfadi! n11 f l~ 1l,1 1ntc,1111,1i.i\1• O fim do 1u11111t(lAl1 1111, 111<1\'11nc11to~ -.::1X1ais. fa11\Íll,1e stxu:ilidadc lt>:l cm Ja mfonnaçào

'fo).K.'b 4, lú Taxa de crcsdrnento ein ~:Mia 1.::·1tcgcria <le emp,·eg._1de 111,to-de-ubra ICmin)n;\ cm rela-
ç:io füi en1prego 1mal de m5o-d~-obnl feminina. 1973 1993' 4

o-. ...-~C; N..::.O f· -. 7 0 ~ - -- ~ •r. ::::: o


Serviços s,,nlço.s Trmisportt•S. C(m1é.rdo,
V-, ,-, ,.:;; (') _; ..,..; c6"'7:;-"
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1.' IU/ll't'.\'(U-Íltis soâaise r,·nna:;c_•1:ug,•11: hoté.ls e
/W.i .\Q({,;,'i e cor.'!wmnn;es resurunmu:s
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r:,.1:.1dos Unido.:: 385 12.2 o -5.0 o
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J:l!}âO t'/6.5 2:>.2 2.5 1.3 ¼
At~nrnnha 25,6 11.3 </ -0,4
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h:.ífüt l 1977-9~, 376.S t7.4 50 .J.9
lkiufl lJui<.lo ,l.2,4 17.l o 1,2
"1r-:C; f'; <'~ q r-, t': C::
l!:-p:111ha
<1977-93)
~ºº·º -18.2 47 1(),2 ~ :- 1r, N -C C\
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• Ex'-·c.:to se~,~ d,nai:. 111Jlh:adas. nos c(tkulo:-. ci;ti,•crcm indicadaR


f11me: B;:l>l.'a:fa no~ dados cfa tabd::, •l,15
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º' - N.,. "' o-rr,
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expanslio do tralJalho feminino. Chega.se a conclusão semelhante ao obser-


var-se a transformação ocorrida na evolução dos postos de trnba lho ocupados
por muIheres por tipo de função entre 1980 e 1989 cm países selecionados da
0
r-. X -,;. .....;q V:'';~ ~ ,.... o
OCDE (tabela ..t..I 7). De modo gernl, as çategorias profiss ionais I.ibcrnis/técni - 6 ~~
..,.., C' I o,
-r 1- ( '>
('v.... O
r--, "'
-
..: <-i ,-:
("'I <" 1 ~
(' l " ' -
cas e adm inistrativas/gerenciais evoluíram mais rapidamen1e do qlle outras,
embora o maior entre os grupos cl0 mulheres inseridas no mercado de trnbalho
;iinda sej a o de fu ncionárias de escritório. As mulheres não estão sendo
rckglldas a realizar serviços que exijam menor cs1,eeinlização: são emprega- ~~q
- - r,,
dm, cm todos os níveis da estnnura e o cresci 1Jtento do número de cargos ocu-
pados por mulheres é maior na camada superior da estrutura organizacional. E
é exatamente por isso que exi$tc a discriminação: as mulheres ocupam cargos
0-,.1'- ! C: r-- ('I 0 :..-.: ~~
qu~ ex igem qualificaç<1es semelhantes em troca de salários menores, com ,r , .r. :,e e,ç. ,r:· <'i -= 00 -e
(' ~ ( 'I - - o - - f":
menos segurança no emprego e menores chances de chegar às posições mais N

elevadas.
No 11Jundo inteiro, o efei to da globalização no envol vimento das mulhe-
res na força de traballl() foi muito grande. A indüstria elet,rônica, internaciona-
lizada desde fi ns da década de 60, emprega na Ásia mulheres jovens e sem
qualificação profissional.:-, As maquiladoms americanas estabelecidas no nor-
te do México depende1n em grande parte da mão-de-obra feminina. E as novas
economias industrializadas introduziram no mercado de trabal ho mulh.eres que
recebem baixos salários em quase todos os níveis da estrutura de cargos?' Ao
ll1csmo tempo, uma pare.ela significativa dos postos de trabalho ocupados por
102

111ulhcres nos cemros urbanos nos países em desenvolvimento continua sen<lo


·~vi~ 110 sctor informal, reprcsemado pruicipalmente pe lo fornecimento de al imc,n-
'°~ o
N("-l ~ 111~·:io ~ serviços domésticos prestados a habitantes das grandes cidades:';
Por que as mulheres? Pri111eiro porque. contrariamente às declarações
1111, a~ ou errôneas publicadas pelos meios de comunicação. o que temos obsc,,..
v.id,, nas últimas 1rês décadas é a criação sustentada de novos empregos. c1i111
,·x,-c~fü) da Europa (ver volume 1. capítulo 4). Mas. mesmo na Europa. a p,11'•
11.-ipao,:50 femi nina no mercado de trabalho aumentou. enquanto a masculinu
111111. Portanto, a entrnda das ,nulbere.s no mercado de trabalho não se deve
uprn.is ao aumento da demanda por mão-de-obra. Ademais. o nível de desem -
::J\ ('", o 111,·go das mulheres nem sen1pre é mai s lllco do que o cios hornens: em 19\/4,
~ tj ~
I"". exemplo. foi l!lais baixo nos Es1ados Unidos (6% x 6.2%) e no Canadá
('l,X'i/ x 10.7%): e, cm 1993. roi muito mais baixo no Reino Unido (7,5% ,x
1
1 ,·1'/c). Por outro lado. foi ligci rnmente mais alto no Japão e na Espanha e
f': ~ -9 · , n11,idernvelmente mais alto na Fnm~•a e na [tál ia. Portanto, o aume1110 da
---
'Ct "7 ~

p:u1icipação da mão-de-obra femi nina continua independente do di ferencial


1111 la,xa de de.semprego em l'Clação aos homens e do aumento da procura de
1111h ,-dc ..obrn.
-:-:::q
,.,. ,e --e
~ o-. o
...:. _: -::i-
Se. em termos puramente quantitativos. a demanda de míio-cle-()bra 11fü1
('~ N - (""-l ("' I -
l'" ldka a contratação de nuilheres. o atrati vo para os empregadores deve ter
, 11:1 cxplicaç,1o em ou tras carnctcrísticas. Creio que j ú foi suficientemente com-
i" ovado pela l iteratura especial izada que é a caractcrís1ica social que as torna
..,.., y; o ('I V"l C 11111a mão-de-obra atraente."' Isso não tem nada a ver com c~rncterísticas bio-
ód<:,i ('Í ~..,; o6
<'•
"' l111•ka~: as mulheres provaram. no mundo i nteiro. que podem ser bombeiras e
1
, , ti vadoras. além de exec\ltarein trnbalhos árduos nas fábl'icas desde o início

dt1çra indum ial. A c<mtrataçiíc> de mulheres j ove ns na i ndústria eletrônica


~
- r-.o
(<"'; 00 _:
'\C 0 0
d 'N'(f
1.1111hé111ni\o tem a ver com o mito da destreza de seus dedos. mas si m com o
!' I <'I ~ r--:"" •r,
lllhl de que a deterioração da visão dentro de IO anos pela mon1agem micros-
' 11111~:i é social mente ;1cci1a. Antropólogos rlocumentarnm corno, no início das
10111rataçôes de mulheres pe las fábricas de equipament.os eletrônicos siLuad,1~
1111 Sudesrc asiático. o modelo da autoridade patriarcal estendeu-se dos lares
I' 11.1 c1s fobricas grnças a acordos entre gerentes de fábrica e pais de fomília.'1
õ g 'l':11npouco parece ser a niio liliaçüo sindirnl o motivo para a contratação
li
o
li d,• 111ulhere,. O qne ocorre é justamente o contrário: as mulheres não são si n-
~ 1l1rnli1aclas porque costuma1n ser empregadas em setores em que a atuação <Jo
111m·1111cnto sindical é restrita ou nul a, tais como os setores de serviços emprc-
,111:0" privados ou o de fabricaçiio <le egujpamentos elcrrônicos. Ainda assi111,
, " 111lhcrt:s pe,fazem. em média, 37% dos membros dos sindicatos nos Esta-
cios Unidos. 3991: no Canadá. 51o/e na Suécia e 30%
no Continente Africano. 16
Ullimamentc, operárias da~ indú,tnas de vest
uário nos Eswdos Unidos e
13spa nha. das 111a111liladoms mex icanas e professo
ras e cn fcrmeiras no mundo
inteiro têm-~c mobi!iLado em tomo de suas reivi
ndicações corn mais veemên-
cia do que os ;,inclicatos elas indústrias siderúrg
ica e química. predominante-
mente masculinos. A suposta submissão das oper
árias não passa de um mito
que ainda resiste, e11gano esse que as fábricas estão
começando a descobrir às
próprias custas/• Portamo. quais s5o os principais
fatore~ que induzem a vcr-
dade 1rn explosão verificada na contratação de mão
-de-obra feminina'!
O piimeiro fator. e também o mais óh\'iO ,-. ,,..
...,.,oq r-:- ".,; ~ ... '"'-" ~ - ~ .,, ;: "'~ -...q
. é a poss ibilidade de paga r d. ~
,- e,
menos pelo mesmo trabalho. Com ,1 expansão univ ~ ,, o, ,ó ("-Í "'· '(
;:li ,-,
'(
.,
inclusive educação supe rior princ ipalme111e nos
ersal do nível de in;,trução. " "'
"'
q ~. .., ...
países mais de;cnvol vidos. os
mulheres pa~ rnm a constituir uma fonte de habi
plornda pelos empregadores. A di fcrenç:i dos salár
res em relação aos homens pc~i,te no mundo intei
lidade~ imediatamente cx-
i os percebidos pelas mulh e-
..._
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- ..... '°'i.
ro cmborn. como já tivemos ;::: "'. e: o. 1ri "· ~
~ vi o J
<)porn111idach; de constarnr. 1111 maioria dos paísc~ avan
çados a diforcnça no perfi l ~
"' "' - - "'.., N
r,
.;;.
"' e:
,,,
ocupacional seja pctJue11a. No;. E.st:idos Unidos nos
anos 60. as mulhe.rc, ganha-
vam 60-65'if do ,,1lário dos hllrn ens. pas,ando pura
cerca de 72o/r .,;m 1991. rmis
o m01i,1> dc"se aumento foi a redução d~ salários
percebidos pelos homens.''
No Rc in(> Un i,Jo, em meados d,1 década dc liO.
o, q lário.s elas mu lheres ir, r--. r-. ~ r-:.4
rnr{e,pondiam a 69.5<} <lo sal;iriodos homem,. Na :--o-~ t--,'Z '>:,i! ;
Akm;1nha e"a rcla\·ão foi de
nh q em 19\l l co111ra 72%· cm 1980. Na Fra11
ça. os números correspondentes
foram de 80.R~f contro 79<t< O sahírio médio d,1
s mulherc, eqmvale a 43% do
.,,tlfu io do, homens 110 .lnpão, 5 l 9f na Coréia.
56% cm Cingapura. 70% em
Hong Kong. v,1riando entre -U'k e 77% na América
Latina.''
~ importa11 1c rc,sa ltar que. na maioria dos ca,o
~. niw se pode dizer que
$ mulherc, não tenham s11as
q\lalilicaç<ic, reconhecidas. ou que estejam fada -
das a rcali z:1r t,u·cfos menorc,: ao contrário. estão ,.,.,,C
sendo cmta ve, mai, promo- ~

,-.j ...: -=
vida, a cargos muhifuncionm, quc requerem inici
aiiv.i e bom níve l de instrução .
uma vez que as nova, tccnologiw, exigem urna
força de trabalho dotada de ..,..; ~ ! <r:. :::; r-: f"'! =- f"f
autonomia. capa,. de adólptar-,c e reprogramar suas - ,,r, - ó r': ..,
M
..... -
.,.: r-i
próprios tarcfos. conforme - V, Ir )

visto nos estudos de rnso sohrc seguro, e bancos


que resumi no t·apítulo 4 do
,·olume 1. É ests:. na reali dade, o ,cgundo pnnc ipal ;,;, r,-. ~ Ot-
_; ,...: _: ...:.-f '": ~ q ,,0-0
11101ivo para a cn1u rntaçuo t";.,&; - Y.:,,é
de 111ulheres por salário, que constiwem verdadei
ra, barganha,: ,uas habilida-
des no relacionamento. cada vcL 11Hli~ necc~s,írias
em uma economi a in forma-
c iona l cm que o gerenciamento ,te fatos é
menos im1>ortante do que o
!(Crenciam enro de pessoas. Nesse senti do. há urna
ninp liação na <livi~iío dus
t;1rt!fa~ de acordo com o sexo. ou scj~ entre as trndi
cionai~ tarefa, ma,~ulin:i-.
Tabela 4.18 tu.nl.
8
T;mpr('gu ,!t., mc•io-t'.lfl•>din!!(" <'111 r('/(!Ç<10 a<.> emprl'go d( l!X{>('dienu• illfegrol
ffom(W,\' :Wullu•n ,s :::
!913 1979 f'J83 /992 /99./ /9',/.J l9iJ /979 /9K/ /992 1993 /99./
3
o.
Q
A lt-n1anha~ 1(),1 11.4 11.6 14.-1 1.,. 1 89.0 91 .6 ~
91.9 89.3 X:-t.6
AuscráJi3 11.9 15,() 17.5 24,5 2.1,9 2-1..4 79.4 78.7 78,0 75,() 75,3 74.2
5
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ÁuMri::, (1,4 7.6 8.4 o.o 10.1 85.S S7.S 8$,4 S<>.6 89,7 o
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ligadas à produção, e as tradicionais tarefas femi ninas. domésticas e sociais.
típicas do sistema pacriarcal. O q ue ocorre é que a nova econo mia exige cada.
vez. mais que a~ habi lidades necessárias às tarefas de relaci()namento, antes
restritas ao domínio privado, sejam utilizadas no processamento e gerencia-
tnento de infonnaçôes e pessoas.
Há, porém. na década de 90, outro aspecto que acredito ser o fator mais
importante a estimular a contratação de mulhe res: sua fle xibilidade como for-
ça de trabalho.'º De fato, as mulheres respondem pela maior parte do percentual
de e mpregos de meio expedie nte e temporários, constituindo uma parcela ain-
da peque na mas que c resce continuamente, de empregados autônomos (tabe-
las 4. 18 e 4. l 9). Remetendo essa observação às a nfüses apresentadas nos
capítulos 3 e 4 do volume I sobre a mividade econôm ica em rede e a ílexibili-
zação do trabalho, consideradas aspecLos prirnordiais da economia informa-
cional , é evidente que há correlação e ntre a flex ibilidade do trabalho fe mini110
cm termos de honírio, tempo e entrada e saída do mercado de trabalho, e as
necessidades na nova economia.41 Essa correlação também diz respeito ao gê-
nero. Como o trabalho feminino te m sido tradicionalmente considerado como
complemento ao salário do marido e como as mulheres ainda são responsáveis
pelos trabalhos domésticos e, principalmente. pela criaç,1o dos fi lhos, a flexi-
bi lidade e m re lação ao e1nprego ajusta-se também a estratégias de sobrevivên-
cia, para que possam dar coma desses dois mu ndos que as colocarn com
freqüê ncia, no limite de um esgotamento nervoso:: Portanto. na Uni ão Euro-
péia (assim como em qualquer outro lugar), casamento e ti.lhos são os princi-
pais fatores que levam as mulhe res a optar por empregos de meio expediente
(figura 4.9). Logo, o tipo de trabalhador ex ig ido pela economia informacional.
ern rede ajusta-se às necessidades de sobrevivência das mulheres que, sujeitas
às condições ditadas pelo sistema patriarcal, proc urmn compatibi lizar traba-
lho e família, contando com pouca colaboração de. seus maridos.
Esse processo de incorporação lotai das mu I heres no mercado de traba-
lho remunerado gera conseqüências mu ito importames na família. A primeira
é que q uase sempre a comribuiçâo financeira das mulheres é decisjva para ci
orçamento do111éslico. Assim, o poder de barganha da mulhe r no ambie nte
doméstico tem crescido significativamente. Sob regime estritamente patriar-
cal. a dominação das mulheres pelos homens e ra, antes de ma is nada, uma
questão de ~til o de vida: o seu trabalho era cu idar do lar. Conseqüentemente.
urna rebel ião contra a auto ridade patriarcal s6 podia ser uma medida ex tre ma,
levando com freqüência à margi nalização. Com as mulheres tnwendo d inheiro
para casa e, e m mu itos países (por exemplo. os Estados U1JidosJ. os l1ome11s
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21() O fi,,, Jt-. p1111 1111'\ ,11 11111 m11\ 1,11c11lo:.. ~ocu,i:-. f:unOí11 e M'XU.Lltdadc na cl'j d,l mfórn)át;fW

vendo seus contracbeqLtes minguar, as divergências passaram a ser discutidas ~om a visão de M ansbriclge sobre o feminismo como urn "movimento criado
sem chegar necessariamente à repressão patriarcal. l\lém disso, a ideologia do de forma discursiva ... l sso não significa que o femi ni smo seja apenas di scurso,
patriarcaJismo lcgicimando a dominação com base na idéia de que o provedor ou que o debate femi nista, conforme expresso nas obras de várias 1rnt lhcrc,.
da família deve gozar de privi légios, ficou terminantemente abalada. Por qtte teóricas e acadêmicas, seja a mani festação primordial do feminismo. O qur
niío deveriam os homens !\judar nas tarefas domésticas ;;e os dois membros do ,isscguro. concordando corn JV1ansbridge e outros autores,"6 é que a essência
casa l trabalham fora durante longas horns e ambos contribuem para o sustento do feminismo, como praticado e relatado, é a (re)detinição da idcmidadc da
da família'1 As pcrgumas tornaram-se mais premcme.s à medida que aumenta· 111tilbcr: ora afirmando haver igualdade entre homens e mulheres, desligando
va a di fict1ldaclc de as mulheres assumire,n, ao mesmo tempo, trabalho remu- d\>gênero diferenças biológicas e cu lturais; ora. contrariamente, afirmando u
nerado, afazeres domésticos, criação dos filhos e bem -estar dos maridos, ~,p<.".cilicidaclc essenci al da ,.nulher. freqiientemente declarando, também. a su-
enquanto a sociedade ainda estava organizada tendo como base a esposa cm perioridade das práticas fe111i11inas como fontes de reali zação humana; ou ain -
tempo integral que jú se encontrava em extinção. Sem receber os cuidados da, declarnndo a necessidade de abandonar o mundo masculino e recri ar ii
infantis necessários. sem planejamento da conexão espacial entre residí\ncia, vida. assim como a sexu:1l idade, na comunidade feminina. Em todos os cosos,
emprego e serviço, e com a dete1foração cios serv iços sociais,"-' as mulheres ,~;a por meio da igualdade, da dife,·,mça ou de, separaçiío. o que é negado li"
vira\11-se frente a frente. com a realidade: seus amados maridos/pais estavam ide111idade da mulher co1((0nt1e definida pelos homens e venemda 1w }<mu'lio
aproveitando-se delas. E como o traba lho fora de casa abriu-lhes as portas 11mriarcal. Segundo M ansbridge:
para o nwnclo e ampliou suas redes sociais e sua experiência, freqücmcmente
1J1nrcada pe la solidariedade entre as tnulhcrcs contra as agruras cio dia-a-dia, Es~e ,no\·imento cri~1t.lu dist:.urshnuncnte é a emidnde que inspfra ntivistas do
el.as começaram a se razer perguntas e a passar as respostas i1s suas fi lhas. O movi11.1.:-.mo e pcrame a qual se sentem respoosrívei'-s ... E é mna responsabil i-
solo estava preparado para receber as sementes das idéias fe111i.nistas que ger- dade que se m:mifesta pel~l idcn1icfadt ... Ex igi; qu(' S<' considere o coledvo
como 11nm idt:nLicladc 1ne-ri1óri<1. e fada p.::sso:,. individoal1nente.. como par1c
mi navam simultaneamente nos campos cios movimentos cuhurnis e sociais.
ckssa idcnticla<le. ldentidadcs feminb l<lS costumam ser adquiridas. não con-
,.;edldas... Hoje, as ic_ li.!midade~ 1Cminis1as s.Jo criadas e l'o11akcidas quando
as ft!minbaas :,;\.'. unem. ágcm t lll co1tiunto e l~em o que outras feministas
O poder da congregação feminina: o Movimen to Feminista <:'.'>Cn;vc1ll. F~1lar e agir dá origçnl ;\ $ teoria~ de ru:, e as unge de signilkado. A
lehura mantém m; pe..~oas lig~1d<t'\. e. l'.:1:<. com que pensrm. As du;is experiên-
O mov imento feminista, rnani restado na prática e cm di ferentes discur· cia:-:., de I ran~fonu:u~:?io pe~~oal ç de interação, tornam ns lê.mini.Sta~ "inttrior-
sos. é extremamente variado. Sua riqueza e profu11didadc aumentam à medida mcmc rc:-ponsáve.is·· anle o mod ment() ft rn inisl<1.47
que analisamos seus contornos sob uma perspectiva global e comparativa, e 11
medida que historiadores e teóricos feministas desenterram os registros ocul- F.;,:iste, portanto. uma essência comu1n s11bjacente à diversidade do le-
tos da resistí\ncia feminina e do pensamento feminista." Limitarei a análise minismo: o esforço hi stórico, individual ou colet ivo. formal ou inl'o rmal, no
aqui apresentada ao movimento fem inista contemporâneo. que irmmpeu pri· s~ntido ele redelinir o gênero feminino cm oposiç5o direta ao patriarcal ismo.
meiro nos EMados Unidos no final dos ano, 60 e depois na Europa no início da Para avaliar esse e.~forço e propor uma tipol ogia bem fundamentada dos
década de 70. difundi ndo-se pelo mondo inteiro nas duas década, seguintes. movimentos feministas. recapituhtrci sucintamente a traj etória dos movimen-
Irei, também, focalizar as características comuns que o tornam um m<>vimento tos feministas nas últimas três décadas. ,\ fi m de simpli ficar esse sumário,
social transformador. que desalia o patriarcal ismo ao mesmo tempo que escla· f<,calizarei principalmente o local onde os movimentos renasceram, os Esta-
rece a diversidade das luta, femi ninas e seu multicultural ismo. Para e.xpressar dos Unidos. e procurarei corrigir o etnoccntrismo potencial desse en foque com
o conceito do feminismo. conforme entendido neste estudo. de uma maneir~ breves observações sobre outras partes do globo, seguidas de um comentário
prática e preliminar, usarei as palavras de Jane Mansbriclge, definindo-o com<> " 'bre o feminismo sob urna pen,pecliva comparada.
"o compromisso de pôr um fim à dominação masculina","l Concordo também
21:! O 11m <,IQ 1>.11tm1c,lli,mo: 111,wmk:mQ, ~oc-1111,;;, fomilin ê se.xualid.tdc 1111 rt.1d 11 1nh• 111.1\1\IJ 21'

Feminismo americano: uma continuidade desconrínuct'8 Iendo a maioria se separado dos movimentos políticos revolucionários prcdo-
1ninante111ente masculinos, dando início ao feminismo radical. Éjusto meneio•
ü feminismo americano cem longa história em um país onde a história é 11ar que nesses pri meiros momento,, o movimento feminista encontrava-~c
cu11a. Desde o nascimell{o oficial do femi nismo organizado, ocorrido em 1848 dividido ideol ogicamente entre adeptas l iberais e radicais. Enquanto a primei-
em uma capela em Seneca Falls, Nov,, York, as feministas americanas en- ra lleclaniçào de i ntençõ0s da NOW começáva afirmando "Nós, HOMENS F.
gajaram-se numa prolongada lma em defesa dos direitos da mulheril educa- MULHERES [em maiúsculas no original) tJue. por meio desse ato conslit uí-
ção, trabalho e poder político, que cu lminou em 1920 com a conquista do 11ios a Organização Nacional em Defesa da Mulher, acreditamos que chegou a
direito de votar. Depois dessa vitória. o feminismo manleve-se nos bastidores h..ra de cri ar um novo movirnemo buscando parceria absolutamente igual en-
do cen,frio americano por quase meio século. Não que as mt1lheres tivessem lre c.>s sexos como parte da revolução mundial em defesa dos direüos humanos,
deixado de lu{ar."' Em uma das mais notáveis expressões da luta fem inina, o cm marcha neste mo111cn10 dentro e fora de n<Jssas fronteiras",$' o ManiJ'e s10
boicote aos ônibus cm !'v(omgomery. Al abama. em [95.5, que precedeu o movi- 1<,,d.,·1ocki11!ls, de 1969. que deu impulso ao femi nismo radical em Nova York.
mento dos direitos civis no Sul <los Estados Unidos e mudou a história americana declarou: "Identi ficamos nos homens os agentes de nossa opressão. A suprc-
para sempre. foi promovido predominantemente por mull1e1-.::s afro-americanas 111acia masculina é a mais amiga e básica forma de dominação. Todas as ou1ra~
que mobi lizaram suas comunirl,1des.so No en1anto. movi mentos em massa ex- i'onnas de exploração e opressãú (racismo, capitalismo, i mperi-alismo e1c.} são
plicitamenre femininos surgiram ap0nas a pari ir da década de 60, oriundos dos I•rnlongamentos da supremacia mascu lina: os homens dominam as mulheres.
movimentos sociai s tanto por seu componenle relati vo aos direitos humanos ,d,t!uns homens dom inam os demais''. 5:-
como por suas revolucionárias tendências contracullurais. 51 De um lado, na 0 femi nismo liber,1I concentrou seus esforços na obtenção de direi1os
esteira do trabalho da Comissão Presidencial sobre a Condição da ivl ulher de ,~uais para as mulheres, inclusiv<! a adoçào de uma cmúnda consticucionnl
John F. Kennedy. realizado em 1963. e da aprovação do Título VII da Le i cios q11c. após aprovada no Congresso, não c<Jnseguiu 11 aprovação de dois terço,
Di rci1os Civis de 19(}4 rel ativo aos direitos da mulher. um grupo de mulheres d,>s .:stados. sendo final mente derrotada em 1982. No cntanlo, o significado
inll ucmes. encabeçadas pela escritora Betty Priedan, criou a Organização l\a- d~,sa emenda foi rnais simb6Iico. uma vez que as verd.ideiras batalhas pela
cional da Mulher (NOW) cm 29 de outubro de 1966. /\ NOW viria a se 1ornar i~ualdadc toram vencidas por meio das legislações federais e estacllmis e nus
a rnaís abrangente organização nacional de defesa do~ direito, <las 1milheres e 1, ,bunais. envol vendo desde o direito a safário igual por trabalho igual a1é os
nas três décadas seguin1cs dcmonstrarfa1 habilidades políticas e de sobrevivên- ,lircitos de reprodução, incluindo direito de aces~so a todos os cargos e insti1ui-
cia extraordinárias. não obstante repetidas cr ises ideológicas e organizacionais. ,iic,. Essas grandes conquistas foram ob1 idas cm ,nenos de duas décadas por
Passou a exemplificar o !eminismo l iberal típico, concentrando seus csfo1vos na 111cio de habi lidoso lobhy político, cam p11nhas nos meios de comunica~fü) e<>
obtençfüJ de direitos iguais para as mulheres cm iodas as esferas da vida social, np,,io a mulheres e homens pró-femini smo que se candidatavam a cargos pú -
econõ111ica e i!l$lil\1cional. blicos. De especial impo1t fü1c i11, foi a presença nos meios de comunicação do
Aproximadamente na mesma época. as participantes habituais de diver- 111ulheres jornal istas, elas próprias foministas ou simpatizantes das causas fe-
sos rnovimcncos sociais radicais, cm particul ar a 1:.'studantcs por uma Socieda- ministas. Numerosas public1lções feminista; . noradarncnte a revis1a Ms Maga-
de Democrática (ESD). co1neçanun a organizar-se separadamente em reação à '11(<' fu ndada em 1972, também tivcrnm pape l preponderante por atingir :1,

discrimi nação sexua l e à dominação masculina, general izadas nas organiza- 111ulheres ,nnericanas fora do círcu lo de atuaçfto do feminismo organizado.
ções revolucionárias gue conduziam, não só ao abuso pessoal das mulberc~. Feministas radicais. embora participando ativamente das campanhas por
mas também à ridicularização da posição fenú.nista como sendo burguesa e d,rdtos iguais, e principalmomc das mobi liza~ües para ohter e defender os direi-
contra-revoluciomíria. O que surgiu em dezembro de 1965 como um 1vorkslwp I0, tle reprodução, concen1rara111 se us esforços no projeto 1raba/111J d,•
sobre "Mulheres engaj adas no Movimento'' na Convenção d.i ESD e ar1i- ,·"nw·i,1111i~aÇ<iv, organizando gnq)OS para es,a finalidade, formado apenas por
culou-seco111v Liberação Feminina em uma convenção rcali1ml:1 cm i\nn Arbor, 11111lhcrl!s e criando instituições ele culmrn feminina autônoma. A proteção da
Michigan. cm 1967. gerou " '"" enxurrada de grupos lh11111inm ;1111/\111m10,, 11111lher con1r:i a violência ma~culina (campanhas antiestupro. trnínamenlo em
21,1 O fim du p:nri~rcltlis:no: rnc.wim~mo:; sociai:,.. f:um1m e stxu11.lid:..d~ "" c.1.111., htro, 1111,,,10 21,

autodefesa. abrigos para mul heres espancadas e acompanhamento psicológico J a autonomi a cultural. Em terceiro lugar, no final da década de 70, as organl-
para as que haviam sofrido abusos) criou a ligação direta entre os interesses za~cies femi nistas mais radicais já haviam-se dissipado. encontrando-se suas
imediatos das mulheres e a crítica ideoI6gica ao patriarcalismo em cu1:~o. Co1n fundadoras pessoalmente exaustas e com suas utopi as l ocais confrnntando-~e
rei.ação à corrente radical. feministas lésbicas (que reali1-aram em Nova York, no com as batalhas di(u'ias comra o ·'patriarcali smo realmente existente'·. N,10
Segundo Congresso parn a Unificação das Mul heres, em maio de J970. uma ele obstante. como a maioria das fem inistas radicais jamais desistiu de seus valo-
suas primeiras demonstrnçõcs políticas, o " Perigo Lavanda" J tornaram-se rapi- res básicos. elas encontraram abrigo nas organizações feministas IiberilÍs e nc,~
damente fonte de ativismo dedicado. criatividade cultural e inovação tcôrica, O enclaves que o feminismú conseguira erguer nas instituições de maior proj~-
c1·cscirne.nto inexorável e a intluência do lesbianismo no m()vimento feminista. ção na sociedade. pri ncipalmente nos meios acadêmicos (programas de esiu
ao mesmo tempo que se tornava uma grande força, representava também um dos sobre a nn,lher), em fundaç.ões sem fins lucrati vos e nas convenções de
grande desafio para o movimento, que tinha de encarar seu próprio preconceito 111uU1ercs de associações profissionais. Essas organizações e instituições pre-
intenl() quanto às formas de sexualidade além de enfrcutar o dil.ema sobre onde cisavam de apoio mil itante em su11 rnrefa, que se tornava cada vez mais di fícil,
(ou se.) dever ia irnpor um limite à liberação feminina. q11ai\do começaram a deixar para trás os abusos dos direitos human os nwi~
Durante certo tempo. feministas socialistas procuranun associür o desafio óbv ios e a penetrar em esfenis mais comrovertidas. tais como escol ha quan -
fem inista radical a questões rnaismnplas CIW\>lvendo movimentosanticapitalistas. lt\ 11 reprodu~,ão. liberação sexual e progresso das mulheres sobre as área,
unindo-se. quando necessário, à política de esquerda e empenhando-se num de- ante, exc lusivamente restritas aos homens. Pode-se, também. afirmar que as
bate enriquecedor sobre teoria marxista. A lgumas dessas feministas socialistas organizaçües liberais ajudaram o rcminismo radical a sobreviver como mo-
Lrnbalhavam nos sindicatos. Em 1972. formou-se uma Coalizão de Mulheres vimento. enquanto a maioria dos movimentos de contracultura mascul ino,
Sindicalistas. No entanto. nos anos 90. o esm,1eciment\>das organizações socia- , urgidos na década de 60, com exce<,;5o dos ecológicos. acabaram se diss.il-
listas e do socialismo como ponto de referência históric<1. assim como o declínio vcndo ou for,11n subjugados ideologicameute na década de 80. Corno resul-
da inflt1êuda exercida pela teoria 1tKU'xista, diminuíram o impacto do feminismo t;,do desse intrincado processo, as di ferentes fiicerns do liberal ismo e cio
social ista que foi. de modo geral , relegado ao t~1Téno acadêmic(). 5·I radica lismo se entrelaçaram em suas práticas. assim como nas mentes du
/\ partir de meados da década de 70. porém. a di ferença emre o remini s- 11iaioria das mulheres que sustentam a causa e os va lores feminist11s. Até
mo liberal e o radical foi se tomando indistima. IanI 0 na práLica do movimento mesmo o lçsbinnismo tornou-se um com ponemc aceito pelo movimento,
como na ideologia de femiJ1ista~ individuais. Diversos fatores comribuíram <)mbora ainda suscitasse certa rejeiçf10 prudente por pane do femi nismo ll'll·
para supernr as dissidências ideol6gb 1s em uIn movi menLo remi nista que con- tlkki11al (Bctty Fri,~dan era contra), conforme constatado pe las tensões den-
servou sua diversidade e apresentou debates vibrantes, assim ç.omo combates tro r!a NOW no fi nal da década de 80 após a " confissão'' de bissexualidade
manais, mas constru iu poJ\les e propiciou coa lizões entre seus elementos/ > da presidente da NOW. Pmricia l rel,1nd.
Por um lado. como indicado por Z ill,1h Eisenstein.'" as questões tratadas pelo E111rc meados de década de 70 ..: meados da de 90, outras diferençns
feminismo liberal. ou seja. direito;; iguais e a nâo-caracLei:i zação das catego- i'cmun se tornando mais relevantes parn o movimento feminista à medi da que
-
ria~ sociais de acordo com o gênero. cnvolver:1111 tal nível de transfonnacão
institucional que o p;itriarcalismo ,1cabaria sendo wmestado, mesmo dentro
. . este se desenvolvia, diversificava-se e procurava alcançar pelo menos as m~n-
t"s da maiori a das mulheres americ;inas. Por um lado, havia diferenças impor•
da mais contida estratégia. de buscar prnLicidade ao tentar alcançar uma igual- I:11lles quanto aos tipos de orga11iwç6es feministas. Por outro. havia di ferenças
dade entre os sexos. Em segundo lug,U". a violenta reação anti feminista dos substanc iais, segundo Nancy Whi ttic r, emrc as "gerações políticas" demro do
anos !;;0, sustentada pela administração republicana que governou os Esmdos movimento fem inista.$7
Uni dos de l 980 a 1992, induziu uma aliança entre di ferentes corremcs do Em termos ele organizações. Spalter-Roth e Sc!u·eiber'* propõem un1n
modmemo que, independentemente de seus estilos de vida e convicções polí- I,pologia aplicável. de cunho empírico, que estabelece distinção entre:
ticas, u11iram-se nas mobilizações para defender os direitos de reprodução da
mulher ou pi\J'a criar instituições femininas de prestação de scrvi~os e defes,,
2 16
217

l . Organizações nacionais, tais como a NOW ou a Coalizão de Mulheres Sin- Iro, grup<>s musicais, clubes de escritoras. estúdios de artistas e extensa gama
dicalizadas, f"nndada em J972, cuja principal exigência é a obtenção de Llc expressões culturais passaram por altos e baixos e, de modo geral, as que
dire itos iguais. Essas organizações procuraram dcliberadamence evitar uma sobrev iveram só o conseguiram restringindo seu caráter ideológico e incegran-
linguagem feminista ao promover a causa das mulhere-s em todos os seg- tlo-se melhor na sociedade como um todo. Trata-se, na maioria, de organiza-
mentos da sociedade. sacrificando princípios para poder aumentar a panici- ,;ües feministas que, por sua diversidade e flexibilidade, constituíram as redes
pação fenúnina nas instituiçõe,s predominantemente rnasculi.nas. Spalter-Roch ,le suste nta~,ão , e mpresta ndo sua experiê ncia e fornecendo os materiais
e Schreiber concluem que ·'apesar das esperanças das líderes das organiza- discursivos para que a cultura feminina pudesse emergir e solapar o patriarca-
ções que queriam agradar tanto a liberais como a radicais, o uso de uma li, mo no seu mais fo1te reduto: a mente das mulheres.
linguagem politicamente aceitiível obscureceu as relações de dominação e A outra grande diferenciação a ser feita para que se possa compreender n
de s ubordinação. Seus esfo rços podem ter fo lhado na te ntativa de t'volução do feminismo americano é o conceito de gerações políticas e micro-
conscientizar as próprias mulheres que essas organizações esperavam re- legiões introduzido por Whittier. Em seu criterioso estudo sociológico sobre a
presentar e capacitar".59 cvolucão do feminismo n1dical americano em três décadas. ela demonstra tan-
2. Organizações prestadoras de serviços diretos, como a Di., placed Hmne - 1,, a c~ntinuidade do feminismo como a descontinuidade dos estilos feministas
makers Network (Rede de Donas de Casa Sem Lar) e a National Coalitim1 clllre o início da década de 70. os anos 80 e os anos 90:
ª!J(únst Domes1ic Violence (Coalizão Nacional Contra a Violência Domés-
tica). Trata-se predominantemente de redes de grupos locais, cujos progra- As gerações polítk as são imponamcs parà a tl)nlinuidade do movilnento
mas recebem apoio do governo e de e,nprcsas. O nrn ior problema é a socinl por 11·ês motivos. Primeiro. porque a icle.nlidade coletiva de ttma gera-
contradição entre prestar assisrência t,s mulheres e capacitá- las: geralmente ção p0Jí1 ica pennanece consislente. com o pa~sar do tempo. como aconteceu
a premênc ia do problema tem precedência sobre objetivos a longo prazo , com as mulhe.t cs que panidpara.m do movimento l"cminista dos ~mO!'> 70.
como conscientização e auto -organização política. Segundo. mesmo qt1anclo os protestos diminuem. o movimento S<JCial comi -
nua a tér impacto se uma geração de ve1erunos do movimento leva seus ele-
3. Organizações de defesa da mulher, adminis1radas por profissionais e contan- memos prind pais para ins.tittLições socictais e outros movimentos sociais. As
do com o auxílio de especialisias, iais como a \.\4m1e11 ·s Legal Defense Fund in::;rituiç-ões criadas e as inovações incroduzidas por ativistas dentro desses
(Fundo pm·a a Defesa Jurídica da Mulher), o Cemer fo r l#m1e11 Policv Studies Olltrús t·cnários servem não s6 corno os próprios. <lge.n1es da mudança. mas
(Centro de Estudos das Políticas sobre a Mu lher), o f-ú11djór Femi11is1i>1ajority também como recursos para o ressurgimento de uma rutura onda <lc
(Fundo para Maioria Feminista, de apoio às mulheres em instituições políti- mohil.i:wçno. Ti~rcciro. un1 movimento social se transfonnn à medida que
cas), o Nmiona/ lns filu/efor J,fome11 <!(Color (fnslituto Nacional das Mulhe- novos pi1rLicipamcs ingrcssMn no movi1ncn10 e redefinem sua identidade
coletiva. O ingresso con1ínuo ele nücrolcgiões a imervalos regulares produz.
res Negras), ou o National Co111111illeefor Pay Equity (Comitê Nacional pela
mudanças gradu;,lls. Cadn microlegião forma uma identidade coletiva molda-
Igualdade de Salários). O desafio enfrentado por tais organizações é. conse- da por seu prúprio t ú111cxw, de modo qu:; Hlivista:-: que ingressam durame o
guir ampliar suas metas à medida que um número cada vez maior de mulhe- ressurgimento. crescimento, ápice e declínio do movimento diferem úm do
res ingressa no perímeLro de influêncía do movimento e temas feministas se outro. Apesar das mudnnças graduais que 0<:orre111 continuamente nos movi-
lornam mais diversificados, etnica, soci al e culturaln1eme. mentos sociais, ;ts mudanças s~i.o d aramc1·1tç mais pronunciadas em detecmi-
nados pontos. !\essas occ1siões, uma série ele microlegiões converge em
Além das organizaç<ies princ:ipais, existem numerosas organizações lo- direção a ul)la ger,1ção polític<1, i1medida que suas similaridades excedem as
diforer1ç:as ertt relação 3 urna outra série de Hlk rolcgiôe-~~ ret.ém~ingressad,, e
cais de comunidades de mu lheres, muitas originalmente ligadas ao feminismo
que forma uma segunda geração política. Assim. a passagem de movimentos
radical mas que, com o passar do tempo, expandirill11-$C por trl\ietórias diver- sociais de uma gernção política p~rn outra 1orna-se de impo1tância vital para
sas. Clinicas alter:naüvas de saúde da mulher. cooperativas de crédito. centros a ~obrevivênd a do movimento a longo prazo.6'>
de Lreinamcnto, livrarias, restaurantes, creches. centros de prevenção da vio,
lência contra a mulher e de tratamento de suas conseqüências, grupos de tea.
218

Whitti0r demonstra. com base cm seu estudo de caso de C(llumbus, Ohio. contunclente ruptura diz respeito à i111portância dada pelas novas gerações d~
assim como pelo exame de evidências fornecidas por fontes secundárias . a f'cministas à expressão sexual em todas as suas formas. Isro inc lui , por cxc,11-
persistência e renovação do movimenlú ferniniS!a, inclusive o fem inismo radi- plo. a quebra do código da vestimenta feminista "clássica", que costumava
cal, ao longo de três décadas, dos anos 60 aos 90. Sua argumentação apóia-se Pviwr as ar111adilhas da fe mi nilidade. parn realçar a sensualidade e au to-c.x-
em diversas outras fontes. 6' Tudo indica que a "era p6s-fem inisrno" não pas- prcssfto na ma neira de as mulheres se apresentarem. Abrange também a acci-
sou de manipulação imeresseirn de certas tendências de curto prazo. excessi- 1:rç ão de todas as manifestações da sexualidade feminina, inc lus ive :r
vamente destacada pelos meios de comunicaçi.io."1 lv.l as Whi ttier também hi,~cx ualidacle e a experimentação. A terceira niprura é conseqüência das duas
ressalta. e cc.mvincentemente, a profu1Hla 1ransfonnação do feminismo radical, primeiras. Ylais seguras de si e cada vez ma is claramente separatistas com
causando p<ir ve1-.es consideráve l dificuldade no entendimento entre as gera- 1ch1\·ão a seus valores cultuniis e políticos, as feministas mais jovens, p;rrticu-
çôes: "As ,ecém-chegadas ao movimento fetninista mobilizam-se para atingir 1:,nnente as lésbicas, estão mais abertas do que as feministas radicais estavam
objeti vos feministas de n1odo diferente das ativistas d0 longa data, que às ve- em outros tempos para cooperar com os movimentos sociais maseu Iinos e
zes consideram os esfo,ços de suas sucessoras apolíticos ou mal -di recionados... rd acionarcm-se com as organizações mascu linas justamente porque se scn-
-
A .s rccém-cbe2adas construíram para si um modelo di ferente de feminista".''!
Como resultado dessas diferenças tão incisivas,
1~111 rncnos ameaçadas por essas alianças pelo fato de já terem ,tlcançaclo .~u:,
.1111onomia, quase sempre pelo separatismo. A principal aliança é entre lé,bi-
,.," e gays (por exemplo na Nação Gay). que cornpanilham a opressão exercida
1om;1 ..se doloroso para as fcrninlstns: de longa d~w, vcre1n as recém-chegv.das
ao n1ovimenlo rejeitarem suas ~rúnças mais an·nigadas ou n1udarcn1 as orga ..
pela ..homofobia" e unem-se em L<Jrno da defesa da I iberação sexual e na críLi -
nizações que lanlo lutaram par;1 formar. Debates recentes clenlro da comuni- c., çc1ntra a família heterossex ual e patriarcal. Whitticr também relata que,
dade fcminbla cxà(:crharain us sentimento$ de muitas mulhere::; de que tanto 11p,•sar de suas diforcn~as. reministas radicais recentes e antigas têm os me~-
das quamo suas idéias eram vulnentvcis a füaqucs. Panicularrncme na "guerra rnus valore~ fundame11Lais e uncm..~c para cravar as m~smas Juras.
tios 1>exo~". lésbica~ sadomasoqu istas. mulheres he-terossexuais e outras:. afii·- Outras ten,ões imernas no movimento fem inista surgem prccisament~
mam que a~ mulhere~ devt~m te.r o direito de ~1gir cc,m liberdade em relaçüo .a 11a , ua
expansão por ioda a gama de classes ~ociais e grupos étnicos dos Esta-
qut1ist1ocr dcscjos $Cxunh; e acl!sarnm as quê pcns:avtun de modo dift rcnlc de
serem anü-se.xo. '·i nsossas" e purilanas.!·~
''º' Unidos.•' Enquanlo :rs pioneir~s que redescobriram o feminismo nos anos
1,0 eram., em $mi esmagadora maioria, brancas. de classe média e alto nível
cducacionrtl. nas três décadas seg,uin1es os temas feministas focalizaram ~1~
As principais di ferenças emre as gern\·ões políticas femi nistas não estão
l11 tas da, mulheres afro-umcricamrs. l11tinas e de oulrJs rninorias étnicas cm
ligadas à antiga di visão entre liberais é radicais, uma vez que Whittier ad111ite
, 11:,s re~pe,;ti vas conurrlidades. Por meio d0 sindicatos e organizações mrtôno·
que tal definição ideológica perde a clareza de seus contornos na ação coletiva
11 ws, opcrârias mol)i lizanun-se em torno de suas exigências, aproveita ndo-se
do movime.nl(l quando c()nfrnntada por forte reação patriarcal. 1\ês questões
tia legiti midade ol!rorgada :is lutas femi nistas. O resultado foi uma rliversitica·
diferentes. de certa forma inter-relacionadas, parece1.11 interferir na comunica-
.,:ao cada vez maior do movirne11to feminista e certa falta de clareia quantt) à
ção entre veteranas e recém-chegadas ao movirnemo feminista radical. A pri-
,111 todcfiniçi.io feminista. No entanto. de acordo com pesquisas de opinião. a
rneira diz respeito ao grau de importância conqu istado pelo lesbianismo no
11,11·tir de meados da década de 80 a ma ioria das nnrlhcrcs aderiu posiüvamonte
mov imento feminista. Niío que este estivesse nusente do feminismo radical
cm seus primórdiüs, ou seja, antagonizado por feministas radicais. Mas o esti· "'" temas e causas remi nbtas. justumente rorque o fem inismo não sc assotia-
to de vi.da das lésbicas e sua determinação em quebrar o molde das famílias
v., a rrenhu ma pos ição ideológ ica!• O i'e min ismo tornou-se a palavra (e o cs-
h1ntlarte ) comum contra tod,is ru; causas da opressão feminina e à qual cada
heterossexuais, assim como os problemas táticos quanto a atingis as mulheres
rmrlher. 011categoria femini na. vinculirria seus lemas e réivind icações.
convenc ionais de tnís das trincheiras de um movimento de forrl.\s inclinações
lesbianas. fez com que as integrantes heterossexuais do feminismo radical fi. A.ssim. por intennéd.io de uma variedade de práticas de auro-identificrr-
1 ,10, mul heres de di ferentes origens e com objetivos diversos, porém compw·-
cassem aprcensi vas quanto à visibilidade da facção lésbica. A ~egunela e mais
1,lli:rndo uma rnc.;srna fonte de opressão que as defi nia sob urna perspectiv11
220

externa a elas próprias, construíram para si uma idemidacle nova e coletiva: n,1 objelivo comu11 1e mobilização em massa do !vlovimento (d~ Uher~ção } Fc-
realiclaclc. foi isso qne viabilizou o processo de transição das lutas fem ininas. minbua, tudo isso em letra!-õ mniúscuJas. Para mim, este úhimo part.!ct: u1t1
transformando-as em movimento femrnista. Conforme as palavras de Whiúier: mito. uma visão retrospecliva 1ws1~11git·a de um fominism(1 próprio de unu1
"Proponho definir o movimento úas mulheres em termos da identidade coleti- crt1 dourndn que J)J'()\-'nvelmente nunca exisliu. Organizaçõts feministas tJU<'
se mohiHzam ein lorno dê um único tema ou de- um;.1 ,í nica idemidade. tílo
va a ele associada do que delini-lo em termos ele organizações formais ... O que
comuns nu Lh.":crula de 90, pode,n ler a clesvantag<"m de se.guir uma polític:a
torna essas organizações, redes e indivíduos pane ele um movimento social é a cx1rcrnam.ente localizada, mas essa mesma <:~pec.ificiclade é ulna garnntia ele
sua fidelidade compartil hada a uma série de convicções. prfüicas e formas de espedaJi'l..;.iç.fio e de impacto, frut0 de uin esforço Uc. grnndes propo,·çôc~ cJa-
identificação que constituem a identidade feminista coletiva".67 rnmente <..k~finido, exercido cm delen11inacfa arena.,.-;
Serão essas pergun tas e respostas, inspi radas na experiência americana,
relevamcs para o feminismo em outros países e culturas? Poderão as questões Logo, organi zações de um tínico tema podem trabalhar tu'na grande varic-
e as lutas das mulheres relacionarem-se de forma generalizada ao feminismo'? d,1d0 ~e temas feministas, com mulheres participando em mais de tuna orga,l i1.a-
A té que ponto a identidade coletiva, observando-se as mulheres sob uma pers- ,;,i<J. E esse entre laçamento de indivíduos, organi7.ações e campanhas a1uiu1tlo
pectiva global, é rea lmente coletiva? L'll1 r.::dc que c11racteriza um rnovi,nemo t'.::minis1
a vira], flexível e diversificado.
Em todos os países da Europa, sem exeeçiío. o feminismo está infiltrado
'"" institui ções sociai; e em uma infinidade de grupos. organiza~,ões e i nici a-
O feminismo é global? 11,·a, que se alimentam reciprocamen te, confrontam-se (às vezes com rispi-
d,:z) e provocam \lJll !'luxo inesgotável de exigênc: ias, press<)es e idéias sohr~
Para antecipar uma resposta, ai nda que supe,ticiai, a uma pergunta tão " ' condiçiíes, questões ~ cu ltura cl:1 mulher. L>e modo geral. assim conto 11<"
importante, precisamos distinguir várias iíreas do mundo. No caso da Europa l istado, Unido., e na Gn1-Brel anha. o fem inismo se f'rag111e111ou e não M tum
OciclcntaL Canadá e A ustrália, nota-se 11111 111ovimento rem i nista bastante es- 11nica organiz,1ção ou instituição que possa Ler a pret<.'nsão de falar cm nome 1la
palhado. distinto e multi f'acetado. ativo e ex p11ndi ndo-sc na década de 90, em- muUler. Em vez disso. uma l inha transversa l il trnvessa toda a soc iedade,
bora com intensidade e carnct.erísticas dife rentes. Na Grã-Bretanha, po:r ,·nfaci1.ando os im.::rcsses e valores femin inos. de conven\·ões profissionais a
exemplo, após passar por uma fase de deç!ínio no início da déc,1da de 8() ema- express<}es culturais e partidos políticos, muitos do, quais est~belccernm um
sacia em grande parte pela investida neoconservadorn i nduzida pelo that- número mínimo de rnulheres ccn sua liderança (geral mente a norma. raras
chcrismo, as idéias e a causa feministas difundi ram-se pe la sociedade.68 Po,· vcz.cs cumprida. é de 25% do número Lota i de líderes e suplentes. de modo
um lado, assim como nos Estados Unidos. ~s mulheres eng,(iaram-se na Juta qu~, m1 rea lidade, as mulheres fiquem sub-representadas em ''apenas•· 50%).
pela igualdade e empenharam-se na conquista da aurocapacitação no traba lhõ, A situação tias socied,1dcs anteriormente estatistas é bastante pecu liJr, 7"
serviços sociais, legislação e política. Por outro, a cu ltura reminista e <.l lesbia- l'o, um lado. os paíse, estati sta, ajudaram, 011fon.;üram, a incorporação total
nismo acentuavam a especilicidade ela mulher, dando origem a organ.izaçõe~ da mulher no mercado de trabalho remu 110raclo, Lendo oferecido oportun.ida-
feministas alternativas. A ênfase nas identidade.s singulares pode dar a impr~s dc, de educação e i nstituído vasta rede de serviços socia is e creches, embora
são de que o movimento está fragmentado. No entanto. conforme Gabriel<.: durante longo tempo o aborto tiwsse sido proibido e não houvesse di sponi
Griffin afirma: hi lidade de am iconcepcionais. A s organ izações fe ministas cncontrava111-,c
presentes cm todas as esfcrns da sociedade, cmb<>ra sob total controle do
/\comece que muitos grupos t'eministas: atribuem-se títulos que especil1cam l';ini<lo Comu nista. Por outro, a discriminação sexual e o patriarcal ismo im-
cenas identidades... Essa identificação d~i impulso ao seu ativismo. Em de- pc r,,v;un cm toda a sociedade. nas insti.tu içõcs e na política. Como resultad(.I,
terminado nível. o :-uivisino feminista base-ndo em políticas de idi:midadc. 11111a ger;1ção i nteirn de nwlhcres muito fortes cresceu ciemc do seu potcnci-
conduz -à fr:.1gmentação que nndtas lcmi,üsta$ C<.ms:icleram I ípic:.1do ritu.-il cli- ,tl. 111a, tendo ele lutar todos os dias para rea lizar ao ,nenos pane desse potcn-
ma rx:•lí1icL>C que '-HJX)"iUlrneme contraMa (li.rcrnmemccom ,l ht,n10t(t'11ddadc,
,ial. Após a desi ntegração do comunismo soviético. o feminismo enfraqueceu
como movimento organiz,1do e . a t0 o momento, está limitado a uns poucos missão da mulhe r seja uma ex igência d a tradição patriarcal insti tuída p<:lo
círcu los de imelectuais ocidenta lizadas. enqua nto as o rganizações proteto- çonfucion i, mo (ver ahaixo).7·'
ra~ da ve lha guarda estão clesaparcccndo. No e ntanto. na década de 90, as Por todo o mundo considerado em desenvolvimento, a situação é com-
mulhe res se fozcrn cada vez mais presentes nas esferas públicas. Na Rússia. plexa e até mesmo contraditória.··' O feminismo como expressão ideológic:1
por ex.elllplo. o Partido f'cminista. embora bastante conservador em termos o u política autônCJma é clara1llente a "reserva ambie ntal" de tuna mino ria for-
de postu ra politica e intcgra nte.s. recebeu cerca de 8% dos votos nas eleições 111ada por mulheres intelectu~is e profissionais. embora s ua presença nos meio~
parlamenta res ,lc 1995 e um mímero considerável de mulheres estão come- de comunicação a mplie seu impacto muito além do mímero que elas represen-
çando a se tornar importantes fig uras polít ica., . HiÍ. na sociedade russa. um tam. Além disso, e m vários pa íses, principa lmente na Ásia. líderes do sexo
sentimento general izado de que as 1m1 lhe re.5 poderiam dese mpe nhar um pa- krn in inQ to rnaram-se fig uras de grande destaque na política (na Índia ,
pel dec isivo na renovação das lideranças políticas do país. Em J996. pela Paquistão, Bang ladesh, Fi lipinas, Bunna. quem sabe na Indonésia e m. futuro
primei ra vez na histénfa da Rússia. uma mulher foi e le ita governadora do pr6x imo), e elas passaram a rcprcsenwr os símbolos revigor3ntes da de111ocra-
Território de Koryakiya . Além disso, a nova geração de mulheres. educada c ia e pelo desenvolvimento. Embora pertencer ao sexo feminino não seja g;i-
segundo os valores d a ig ualdade e corn espaço para ~e ex pressar pessoal e rantia de feminismo e a maioria das mulheres envolvidas na vida polític,1 aja
po litica me ntt!, está pr()nta pa ra ..:rista lizar sua autonomia indiv idual na identi- ,egundo ,1 estrutura po lítica patriarcal, seu impacto como modelo, principa l-
dade e ação co le tivas. É fiícjl pr'ever um maior desenvolvimento do movi- mente para as jovens. ú como forma de 4uebnir tabus da S()ciedade, não de ve
mento femi n isra na Euro pa Oriental, co111suas próprias jrmnus de expressüo , e:r desprezado.
cultural e po/íria1. No entanw, o progrcs~o mais importante a pai1 ír dos anos 80 foi o cxrraor-
Na .Ás ia industrial izada. o patriarca lismo ainda reina praticamente sem din,írio aumento no número de organi zaçiles de base popul ar, e m sua grande
contestação , foro surp,·ecndentc no Jap5o. sociedade com alto índice de par- maioria c riadas e dirig ida, por rnu lheres. nas Ílreas metropolitanas cios países
tic ipaç5o d.t 1nu lhe r' na força de traba lho. uma popu laçflo fúmi11 i1rn com nível e m dcscnvoh'ime11to. Essa; o rganizaçiles fornm esti muladas por ex.plosõc~
educaciona l el evado e portentosa cadeia ele movime ntos soc iais na década ,lú111ogrãiicas urbanas. crises econô micas e po líticas de a usteridade ocorrida~
de 60. Po r nteio ele pr0ssõcs exercidas pCJr gru pos fe mi nistas e pelo Partid<l ,i mu!taneamc11te, que de ixaram as pessoas , e partic ul i,n uente as mulhe res.
Soc i,t! ism. in~ti!lliu-~c ll;gisla~fio, e m 1986." impondo li mites ü di~crimina- freme a rrc nte com o simples di lema e ntre luu1r ou morrer. J\llll mneníc , 1)111 (J
ç5o da mulhe r no trabalho , Mas. de modo gera l. n fem inismo limita-se aos ç rcscimenco da participação feminina no mercado de tra b,1lho. tanto e m novos
círcu los acadêmicos e 111ulheres profissiom1i, a inda ,ão ac intosamente dis- ,clorcs como na economia informal urhana, essas organizações transfonna·
c rim inadas. Os aspectos estruturais neccssürios parn dese ntadear uma pode- r':11n ( t condição, organiza~·ãCJ e conscien1izaçiio elas mulheres. como demons-
rosa erítiça feminista estfü> total mente presentes no Japão. mas 11 a usência. 1raclo, por exemplo, nos estudos condu7:idos por Ruth Leite Cardoso ou Miu'ia
até agora. tle ta1 (-rítka êm escala suftcienlc para t:ausar impacto na socieda- da Gloria Go hn no Brasil. Alejandra ,Vfossolo no México. e Hdena Usechc na
de demonstra clarame111e q ue a espcc ilicidade social (neste caso. a força da l'o lô rnb ia.'; Esses esforços cole ri vos não resu ltaram a penas no desenvolvi-
família pa triw-ca l japonesa e o c umprimento por parte dCJ homt!rn japonês de mento de o rgani zaçôes populares. c,1usa11do i111pacto nas políticas e institui-
se us deveres patriarcais) é q11e determ ina o desenvol_vi menco real de um çôé,, mas também no surgimento de uma nov.i identidade coletiva, na formu
mov imen to. independernetncntc de fontes estruturais de dcscontentamenc\). de m ulhe res capaci1ad,1s. As~im , Alcjandra .\tlassolo. ao conclllir sua análise
A$ m ulheres cornanas são ai nda mais subm issas . e mbora tenham s urgido ~obre \ls movimentos ~ocia is fem ininos urbanos. observou:
recentemente os embriõ es de um movimento l'e 111i11 ista.'" A Chi na ainda se
encontra no limi ar do contraditório modelo estatista. q ue apôia os di rei tos da A subjcli \ idade r~minin:1 qu:un~1 a cxperiêndns de luta é uma dimensão
"metade do pa raíso" enqua nto a mantém soh o controle ela " metade do infer• l'CVelt1dora Llü prü<·c.:,,::;o de co11:-.1ruçno social de novas identidades çolelivas
no". Entretanto. o descnvolvime mo de u m movimento feminista vi!!orOMl a1ravés de conflito& urbanos. O::. movilncntos urbaoos das décadas de 70 e 80
c m Taiwa n a parrir ele fins da década de 80 contraria a noç(lo d~ que ~l s ub- 1ornaram visíveis e pcrtepLívcis as difortmc~ iden1 iclades cole1ivas de :,eg-
22-1

l)lentos da'.i d as~es populares. /\:i mulheres foúam parte da produção socinl ftmi nista. () n1<wimento procurou evitar nmlrapor hctcrossc;<tt~II idade' e
dessa nov::, identi(h1de coletiva - p:1r1indo de. suas b::ises 1erritor.iais di:-írit,s tc~hi:.Hti:;mo mas. n<.:.~sc pn),:,:esso. o âmbito da autodefi11ição sexual íicou
Lransformadas em b::tscs J)àra sua ação t:olcLiva. Elas conferiram ~o proccSS(> mais esti\"'Íto e os discursos sobre o praze-r heterossexu,11 passar~1111 para a
de construç:lo <la i<lcntida<lc .;olc-Li vH a marc'1 <lo~ múltiplos significados. dt. fe n~iva. ;s
11101 iva~·ôcs e cxpccr,uivas <lo gêucm fominino. um nmj wllo con1plcxo de
~igni11c~1dos. tricomrados 11ús movimentos u1'banos. mesmo quando ::t~ quc.s- Dcc01Tcntc. cm pane. da relutância em encarar sua di versi dade e por tcr-su
tõc~ de- gênero não são explícitas I! quando seus quadros eon:Hitmivos .~ão
aram1do da rac ionalidade cstrat..:gica da política tradicional. o fe.rninismo briW
mistos e os homtns ~1ssumem a Iide-rança.'r6
nico foi bastante debilitado pelo rolo compressor thmcheriano. Porém. ,1ssim
que a nova geração de feministas sentiu-se livre de antigos vínculos com a 1>nlí
É essa presença niaciça da mulher nas ações coleti vas dos movimentos tica partidária e aliança, trabalhistas, o movimento ressurgiu nos anos 90. não s(Í
popula res em todo o mundo e sua auto-iden1i ficação explícita como par1ici- como feminismo e lc,binnismo ctt lturnis. mas também por uma multip.licidad~
pantcs de um todo que está transformando a conscienti:r,açâo das n1uUJeres e de expressões que incluem, embora não hcgcmonicamcnte. o feminisrno socia-
seus papéis sociais. mesmo na ansência de uma ideologia femini sta articul ada. li,rn eu feminismo institucionalizado.
No e11t,mto, 11ão obstante estar o fe.minismo presente em mu.itos países e O feminismo espa11l10I foi aind a mais marcado pelo contexto político cm
as lutas e organizações feministas irromperem por todo o mundo. o movimen- que surgiu em meados da déc(lda de 70, época do movimento dcmocr:l tiw
to Jim1i11isw aprese11tajón11as e orientações mui10 diferentes. dependendo dos <.:ontra a ditadura franquista.'º Quase todas as organizações feministas estavum
come.rios i·11l1umis . ins1i11,cio11ais ~ po/ítir:0.1· do lowl em que s11rgem. O fenú- l igadas it oposição antifranquisla scmiclandcstina. tais como Asociucio11 d,•
nismo na GriJ.. [lre1a11ha. por exemplo. foi marc:,do rlesdc o início. ém tios dos Mujeres Democ ratas (uma associação política} ck in,piração comuni;ta, <: " '
auos 60. por uma rclaç~o í111ima com sinrlic,1ms, o Partido Trabalhista. a es- 1\ wciaciones de 1\111as de Caso (Associações de Donas de Casa. organizad;is
quc,·da social i~ta e. princi palmente. com o htad<i do bem-estar social." Foi por 1erritúrio). Totlas as tendlncias políticas, espec ialmente a~ de cunho revo-
um movimento mais explíci to poli.ticmneme - isto é. mais voltado para o luc:ionürío esquen.lislu. Lêm suas própria~ "organizações cm 1l l~1ssai· feminina~.
Estado - do que o feminismo americmio e mab diretanienrc lig,1do fiOS pro- Na Catalunha e no País Bnsco, as organizações femininas e as rcminisrns rc-
blemas diários das operárias. No entanto, cm virtude de sua prox imidade com lk tiam as dbsidências nad onai, da política espanhola. Por volta do final da
a política esquerdista e o movimento trabalhista. foi vítima. durante a década ..:ra fnmquisia. no período de 1974 a 1977 grupú, feministas autônomos co1hc-
de 70, de lu tas internas debilitiuites entre diferc.ntes tipos de fem inistas socia- ~·aram a despontar no cl ima de liberação cu ltura l e política que caracterizou a
listas e radicais. Por exemplo. a populM cmnpanha "Salários pelos Serviços Espanha na década de 70. Um dos movimentos mais inovadores e influente~
D01rnS~ticos", cm 1973. foi cri( icada por ~ua accitaç5o implícita da condição foi o fi·ente de l.iberacion de la Nfl~ier . :sediado em lvladri. Contava com pou
,lc subordinação das mulheres no lar. induzindo-as. potencialmcmc. a penna- cos membros (menos de cem ativislas). mas concelllrou seus esforços nos meio~
nccc,· cm suas clm,suras doméstica,;, Essa l igação contraditória com as políti- de comunicaçiío, util izando sua rede de mulheres jornali stas. ganhando, ll~·
cas trnballüsws e socialistas afetou o 111ovimcnto propriamente dito. Conforme si m. apoio popular aos discursos e exigências da mulher. Ergueu a bandeira do
observado por Rowborham: tlireito 110 aborto. divórcio (ambos proibidos por lei naquela época na Espanh:1)
e livre expressflo para a sexualidade l'eminina, inclusive lesbianismo. Foi, an•
Exisle. pr()\'ave)mente. cerl<t dose de vt:n bdc. no :trgum..::nto rk que a ênfase tl'.s de tudo, um movimento in f1uenciado pelo fem inismo cultural e pelas idéi
110 41pnio tio~ :,;indicmos - mui(u m,ü:- fone na Gr:i-8,·~t:inha do qu.:- em
:is francesas e itali.anas de/e111i11isme d~ /11 differe11ce, mas participou, também,
movimentos. fr ministas em outros países - te, "r.} inlluêncfa sobre os 1ermos
çom. que a questão do tiborh.> foi apresenliJda. As s:,las almfod.is do~ sindi-
das lutas politicas em defesa da democracia. juntamente com organizaçoc.s
catos dos trabalhadores não são os locais mais confonáveis pant discursos l'cmininas comunistas e soci:1listas. No entanto. com a institui~:ão da democ, a-
eruditos sobre a multiplicidade do desejo feminino. Mas ... creio que pro- eia na Espanha em 1979 e II eleição do Partido Soe ia.lista em 1982, os movi,ncn-
v:welmente tem ni:tis a ver c.:0111 uma evasão dentro do pn.Sprio movhth!nto tos feministas autônomos praticamente de$apareceram, justamente em runçfü1
~21

de seu sucesso institucional e polítirn. O divórcio foi legali zado em 1981 e o Bianca Beccalli: "Ao analisarmos o feminismo italiano. dois aspectos saltam -
aborto. com restrições, em l 984. O Partido Socialista criou o l!witwo de la 110, claramente ,1 vista: a íntima associação entre o feminismo e a Esquerda e o
M11jer no governo, que atuou como um !obhy de fe.minisrns vis-à-Piso próprio , ig.niíicado especial do entrelaçamento da igualdade com a diferença." N;,
governo. Muitas ativistas feministas, principalmente membros da Freme de verdade., o fem inismo italiano <.:ontcmporânco. assim como a maioria dos
IJl>emcion de la Mu}<!r, ingressaram no Partido Social ista e passarnm a ocupar 111ovimentos feministas ocidentais, foi gerado pelos grandes movimentos so-
pos ições de li.derança no Parlamento. na admin istração e, de forma mais limi- ciais que ahalaram a lt{il ia em fins da década de 60 e início ela de 70. Mas. ao
tada. no gabi nete do governo. Uma das líderes femi nistas soei.alistas do movi- i:ontrário de movimentos semelhantes em outros países, o movimento femi-
mento sindical. Mati l.de f'ernandez. foi nomeada ministra do Bem-Estar Social nista italiano possuía uma corrente de influência nos sindicams trabalhistii,
e exerceu sua influência e forte detenninação para fonalecer as causas femi- it.ilianos, sendo louvado e apoiado pelo Partido Comunista Italiano. o maior
nistas na se!!unda metade do re!!ime soc iaJisra. foi subslitllída em 1993 por
~ ' ~ partido comnnista fora da es fera soviética e com um número de membros
Cristina A lberdi, outra veterana do movimento fominista e j urista de renome. superior ao de qualquer outro partido no país. Dessa forma, durnnre os anos
Cannen Romero. pritneirn-dama do país e militante socialista de longa data 70. as feministas ita.lianas conseguiram popularizar seus ternas ern grandes
j untam:~ntc com seu mm·i<lo. í'elipe Gonzalez, foi eleita para o Parlarn~'.nto e setores femininos, inclusi ve ~ntre as mulheres da classe operária. Exigências
teve papel preponderante no processo de abol içã0 do tradicional preconceito de cunho econômico e de igualdade 111isturava m-se a temas como liberação da
$CX11al cio partido. Os escatutos cio partido passaram a incluir um regulamento lllUlhcr, críticas ao pa1ri arcalisn10 e subversão à autoridade na ramília e na
reservando às mulheres 25% das po~içõcs de liderança (promessa que nfto foi sociedade. No cmanto. o relac ionamento entre feministas e a esquerda e. en1
cumprida, embora o nLÍmcro ele mulheres, mmo no rx,rtido como no governo, particular. a esquerda revolucionária, n:1o cr:-1 f~c il. Em dezembro de 1975, o
tcnila aumentado). Assim. por um lado. a inlluência do femi nismo contribuiu .,rn ·i~io d 'ordine (oficiais autonomeados) da l.0 11<1 C:11111in110. a maior e nrn i,
para melhorar a condição legal. social e econômica da mulher espanhola, as- raJic.:al organização de cxtn::mn esquerda, insistiu em proteger a manifestação
sim como faci litar a conquista de posições de cle-qaquc na política. nos negóci- Lias mulheres da urgani zaçJu cm Roma. e ,Iuando :1s mulheres recusaram tal
os c na sociedade comu um todo. A titudes tradicionais de machismo perderam protto,;ão, eles as espancarnm. fazendo com ,It11.: elas de ixasse m a Lo11a Co11ti -
muito terreno nas novas gerações."° Em contrap,1rcida, o movimento lêmi nista 1111a. o que culminou na sua própri a dissolução meses mais tarde. A crescente
praticamente desapareceu como movi mento autônomo. esvaziando suas filei- :iutono111ia da orgrn1iza,;ão de inspira~5o cúmu nista Unimu, ddie Donne Jtaliw,e
ra, e concentrando-se total mente na n:fonna inblitucional. S()brou pouco es- tU DI) em re lação ao partido a<.:abou conduzindo il ,tutodissolução da UDI em
paço parn o fem inismo lesbiano e para a ênfase na di ferença e na sex ualidade. l 'J78. E no enlanto. houve muitos vínculos entre organi zações de mulheres,
O novo sentimento de tolerância na sociedade espanhola. porém. incentivou o ., indicoto~trabalhista, e partidos polít icos de esquerda (com cxceçi\o dos soci,,-
crescinwnto de um novo feminismo nos ano~ 90. mais voltado aos aspectos I istas) e grande receptividade dos líderes partidários e ~i ndicalistas às questõc~
cuJturais ~ mais próximo das aluais tendências feministas prevalecentes na Grã- femininas e até mesmo ao discurso l'eminista. E~sa cstn)ita cooperação (csu l-
Bretanha ou na Françr1. distanciando-se da pülítica tradicional, exceto no País tou cm um;i das mais mo<k rna~ legislações rerer·entcs à força de traba lh11
Basco, onde manteve ligm;ües ~om o movimento separathta radica l. que lhe l'eminma cni toda a Europa. i ncluindo ta111bé1n a legalização cio divórcio (con
foram bastante prej udiciais. As.sim. o feminismo espanhol exemplifica tanto o quistado por pkbiscito em 197-1) e do abono. Por longo tempo. na década d~
potencial oferecido pelo uso tia política e das instituiçõe_s para melhorar a condi- 70. a col abornç5o política andou de mãos dadas mm a proli íeração de grupvs
ção da mulher como a dificuldade em preservar 11111 movimento social autônomo dl) mulheres que hastc,1ra111 bandeiras de autonomia l'eminina. diferenças cul
em condições de institucionalização bem-sucedida. turais. sexualidade e lesbian isn10 como tendências ~eparadas. porém intcra-
Nossa últi ma exploração das variações do feminismo segundo ó contex- ~1nclo com o lUliv0rso político e ;1s lu tas de classe. E. no entanto,
to social ampli ficado em que o movimento se desenvolve nos leva à Itália.
onde supostamente aflorou. na década de 70 , o mais i mportante e inovackw 1... 1em nn~da di:c~tda dt 70. o femfoismo encontrava-se em decadêncb1e o
111ovi me1110 Feminista em rnassa de toda a Europa.8I Conforme ex post(, por iuí~io na déci11.fa. de 80 viu o movimenlo pr:uicamente <lesap:lrtcer. () ,novJ.
memo perdeu ,·isibilidade em meio às lma.spoHtica:,,. e fitX>u ainda rnais fr.ig.. uétadJ de 80, reinventara o feminismo. enfatizando a d({jere11~ia sem esquect:r
menta.do e dist~1nte f, medid:.i que as ativistas cada vez. mais dil'igiam seu~
"e11alíl6. Lucc lrigaray e /\drienne Rich substituíram Marx, Mao e A lexandr;i
~sforç.o:,,. para projCh)S ~ cxpcriêndas pürlitulares, ~cJa de natureza indivi-
dual sej a comunháda. Foi assim que o "novo" movimento femi11iscn. $eguin-
K,1l lontai como pomos uc referência intelec1uaJ. Os novos grupos feministas.
do o exemplo de outros ··novos m.ov imen1os sociais'· dos zrnos 70, porém. eonri nuaram na década de 90 a aliar o discurso fem inista às exigência,
1ran:,,.fo rmou ..sc cm apena::. m:ii~ uma forma de ,·ida polí1i.ca.' 1 da, mul heres. principal mente nos governos locais conrrnlados pela esquerda.
1Jnia das campanhas mais inovadoras e ativa, envolveu a reorganização do
E por quê'' Não vou usar as p~ lavrns de Deccal li cm millha própria inter- lélllpo. levando em consideração a jornada de trabalho e as horas em que lnj;1,
prct:içâo. embora não contradiga sua versão. Por um lado. as mulfteres ital ia- t· scrvi,·os públicos permanecem abertos. para criar honk ios flexíveis. condi
nas conquis taram grandes reformas legai s e econôm icas, penetraram tente~ com a mul1ipliddade da vida r0nüni11a. Na década de 90, apesar d:,
maciçame!ltc na força de trabalho e !las institu ições educacionais. abalando o :1111.:aça polí1ica representada por Dcrlusconi e o~ neofascistas. que cla111:1vn111
preconceito sexual e. mais i mportante. o tradicional poder exercido em suas pd .i restauraç~o dos valores famili ares tradicionais. a subida ao poder de uma
vidas pda Igreja Católica. Assim, a~ batalhas francas e diretas para as quais a coalizão de centro-esquerda, incluindo o ex-comuni sta. atu almente socialista,
esquerda. os sindicatos e as feministas convergiram foram ganhas. embora as !'anilo Oe11w<.:ra1ico di Sinistra cm 1996, abriu o cami nho para a reforma da
vitórias nem súmpre fos~cm exploradas ao máximo. corno no caso da Lei da i11ovaçõo institucional. Dcsrn vez tend<> como base um movi mento feminista
lguakladc que. co!lformc sustentado por Bcccalli. ficou muito aquém do mo- autônomo. descentralizado, que aprendeu as li~ões <111 '\lança com os lobos".
dd o britânico. i\o mesmo tempo. o vínculo entre o movi 111emo fem inista e a Assim. o feminismo e as lutas travadas pela mulher 1êm vivido seus altos
esquerda i nduziu a crise do femi nismo político j untamente com a crise da ,, baixos cm toda a extensão ela experiência h1.11n,111a neste fim de milênio.
própria esquerda. /\ esquerda rcvoluc iomíri,1. vivendo uma !'amasia marxista/ ,l:mi>rc f'Cssurgindo. sob novas formas... unindo-se c.tda vez mais n Olllras fo11 ·
rnaofata (elaborada com inLelig0ncia e imaginaçào exLraorcJi nárias. tornando ''" de rc.,istenc.:ia i1 dominaçiio. ao mesmo tempo que ,munêm a tensão en1re a
us paraísos arlifidais ainda mais artilidais) . desin tegrou-se na segunda 1ne- 111, til ucionalízaç~" política e a autonomia cu ltural. Os comcxtos em que o
cadc da dét-ada de 70. O movimento trabalhista. embora não livesse de enfren- lcminismo se desenvolve moldam o movi mento em uma série de fonnato, e
tar uma reação neoconservadora como na Grã-Bretanha e nos Estados Uni dos, ,liscur,os. A inda assim. afirmo que um núcleo csscn.;ial (,im. Cll disse essencí -
viu-se. na década de 80, iis volta~ com as novas realiclades da globalização e :il ) Je valores é metqs que constin,çm iclcntidndç(s) dil'itmle-~e por toda ;i
mudanças tecnok>,gicas. sendo ohrigado a aceitar as re~triçõe" iiupost<lS pela pol ifonia cultural do !'emi nismo.
interdependênci a internacional do capital ismo italim10. A econotnia cm rede,
que tomou a Emi lia Romagna como modd o. fez com que pequenas empresas
italia,rns se tornassem dinâmicas e competitiva~. poném ao preço de solapar o Feminismo: uma pol/fónia insligame,µ
poder de b"rgm1ha dos sincl ic:nos concen.! rado nas grandes fábri cas e no setor
púhlico. O Partido Comuni sta !'oi colocado de lado por uma frente antieo- A for,;a e a vi ial idade do movim~nto fcmj ni sta estão na sua diversi-
muni sta liderada pelo Partido SociHl isw. E o Pani do Sociali sta usou as arma, tlack. no seu poder de adap1ar-se ôs culturas e às idades. Logo, para pocler-
do poder para autofinanciar•se i legalmente e comprar seu sonho de smposso nw, encontrar o núcleo da oposição fundamental e da tra nsformação
(isto é. wbrcpuj ar o~ comuni~ta~ por meio do voro popu lar): a j ustiça alcançou ,•sscncia l c:ompm1i lhado pel os vários mov imentos. precisamos pri mei m
os socialistas antes que e~rcs conseguissem alcançar os eomuni~tas que, a essn r~conhecer essa diversidade. Para cle~cobrir o que ocorre por mís de tama-
altura, já haviam deixado de ser comunistas. tcnuo-s,; ltnido à Internacional 111111 divers idi1dc. proponho uma tipologia dos movimentos íemi nistas ba
Soci alista. Não é de se csrranhar quc as feministas iralianas. por mais pol itizada., sc:u.la, por um !;ido. na obs0rvação. conforrn,:, referida nas fontes ci tad as: <.:,
que fossem, tjvesscm ido para ca,a. Não a de seus maridos ou 1xiis. mas para a pnr outro. no categorização ele Tourai nc dos movimentos soci ais. apresen-
Casa das Mulheres, para uma cultura rc,11inina diferente e vitnl ,1111; , no fín:11d!l 1atla no capítulo 2. O uso dessa tipologia oão é descritivo. mas analític(,.
l l.i n5o pretende e~peciticar o perfil multifo<:cLado do feminismo pelo~ tlc
!30

países e cultunis nos anos 90. Assim como todas as tipo log,ias, esta tam- Qu.idro 4.1 Típol(lgia au:,lítk:a dos lllú\'imemos feministas
bém é reducionista, uma circunstância particularmente infeliz. com relação às 1--'------'---"------------------------
fdemirfode Atl,•er·stfrio Meta
--
prát icas feministas, uma vez q ue as mu lheres têm reagido. justificadamente. Dird:H>s da rm1lh~r .\1nlhe1t:i:. como ~eres Estado p:uriarcal e/ou Diri.:iw~ igu~1i\i. (im;.lu
contra a sua eterna classificação e rotulação. ao lo ngo de todos os tempos. como llit1cml. soci:,list~l) h\nrt,mos c::piwlismo p~triarcal sh•c direito de ter
objetos e não como stúeitos. F, ma is, nw vimentos ferninistas específicos. e as filho:, ou não}
mulheres que fazem pan e deles como indivíd uos. transcendem essas e ou- h:inini:-mo c.:ultmal Comt111id,1d:.: ti::fninina los1ituições e ,·alnres Autonomia cullur.:11
tras categorias, mesclando identidades, adversári os e metas no escabeleci- 1,atrhm.:ai:-.
me nto da autoclefiniçâo ele suas lutas e experiênc ias. Além disso, algu ,tias F(:1nioi:.1110 1',,fodo feminino de ::cr Modo 11)a.$i;uli,w de sei' Liberd:lde mmri~rcnl
das categorias representam um segmento muito pequeno do movimento ê<.,cn(;t.i)i:,ta
feminista. embora cu as considere re levantes para e feito de análise, Em <cspiritlt~1lism<J,
1.'1:-of1;1ni11lsmo)
todo o caso, convém considcr,1r as diferenças aprese ntadas no quadro 4. 1
como forma de abordar a diversidade d<Js mov imentos fem inistas. passo 1;..:n1inl::n\u lt:sbi:1nú lrm:mdade sexual/ Hettr<>$scxu~1I ida(le Abolição elo gênero
impresci ndíve l para podermos investi gar o q ue eles têm em comum. C1lht11'al pmtiarcal µCl(l s.::p;·,rntisino
Jncluí nesses tipos, ao mesl\lo 1empo, açiíes coletivas e discursos indivi-
ldcntld:tdc:; feminina~ ldcnIidadc Domi nação cuhurill :'vl,1lticuhurnlismc.1
duais sobre o feminismo porque, como afirmei aci ma, o mov imento não se
L·:-ped fíca:, (ê tnkas. muocon:an.1íc.k1. de$tímfdo de gê.new
esgma em luta~ de mi litamcs. Trat;:i-se rnmbém. às vezes fu ndamentalmente. o,K'i1):rn.i:-, :111h)deflni-
de um discurso que subvcnc o lugar da mulher na historia da humanidade, J;\:-.- p. ex. .. í~miol.::1a
transJ'onrntndo assim o rêlacionamcnto histo ricame nte predominante entre IC·d:,ica nc~ra)
espaço e tempo. como sugerido por lrigaray: F~1ninh111.;,) pnigm:íti- Dona,; dc..:a~a/mulh~rc:- Capit:tlismo pmriar~nl Subrc,•ivÇ11t i;1/
<X• tOJ~r.frias. ,mt<>dc- c.; iq>lc.H·i\di1~'<1grc1tida:,. dignidade
Os deoses. Den'>. criaram p1i 1nt'i l'l> o espaço... L>cu:- :--~ria o pr6pri0 tempo. k~:i d:i tollmni.Jadc.
~xtcrioriiando-se <'rn ~ua ação no e::-paço. ein lúcais ... O que seria invertido 11\.llél'nHl:1(1~ d C.)
na dilb1,;nç.a s~xual'? Onde o fernini111) é ,eruido como c~paço. l'n:qtit1He1nc11-
te co,n conn1ações de abismo e H\lil('. ... 1.·11qumHo o mascullno ~ semk!o como
1cmpo. /\ lransiçJo par..1 uma nova era req\1er mod;inças em noss.:t percepç-5o
.e conc<:p,ção de túllll)O-cspaço. a h,,bilHção ilc !11g:.ux::-.. t dt co11têi11cres ou
cnveJope~ de idenliil:1dt!."~
de. ambas defendem os di reitos da mulher como sendo iguais aos dos homens.
Essa transii;ão e mudanças estão ocorrendo por meio ele urna série <li.: A, duas versões diferem quanto 11 amíli.se das raízes do paufarcalismo e e111
revoltas. algumas das quais aprese111 adas no quadro 4. 1. cujo conteúdo procu sua crença. ou descrença, q uanw à possibilidade de reformar o capi!alismo e
rnrei esc larecer. ,ituar de acordo coin as normas da democracia liberal ao mesmo tem1>0 qti.-
A defesa dos direitos da mulher é o ponto crucial cio femi nism<>. Toda, conquistarn a meta fi nal. a igualdade. Ambas incluem os direitos econômico~
as outra~ premissas irn.:luem a alinnação básica das mulheres como seres hu e (> de ter ou não 1·i lhos ent re os direitos da mulher, E ambas consideram a
manos e não como boneca,, o bjetos, coisas. o u ani mais, nos termos da crítica ,1>Jlquista desses direitos como o objetivo do movimcmo. embora divergindo
feminista clássica. '-lesse scnliclo, o feminismo é positivamente uma extensáo profundamente em suas t:iticas e linguagem. As fe.miniscas socialistas vêem~
do movimento pelos din::itos humanos. Esse movimento é apresentado em duas l11w contra o patriarcali smo como necessariamente ligada à substillliçâo do
versiíes, liberal e socialista. s:mbora a inclusão dessas versões C<>mn varianu.:, ,·,1pitalismo, enquanto o feminismo liberal aborda a transformação socioeco-
de um mesmo tipo possa parecer surpreendeme em vista ,k suu profunda opo 11íímica com mais ceticismo. concentrando seus esforços na promoção da cau-
sição ideológica. E ~ão realmente bem diferentes m,h , \'111 1c1 " "" dé identido ' " fcmiilina separadamente de outros objetivos.
O fe 11 1i11iJnw cultural cem por base a criação de institui ções feministas tempo para invcnt:.!l' nossas própl'las palavras. Para Qllt i:m todos os luga-
altcrnafivas, espaços de liberdade em meio à sociedade patriarc,~ cuj as insti· res, e ~m todos os tempos, possamos sempre nos (1braça1·... Nossa rorça está
tuiçôe5 e valore, ~5o vistos como o adversário <lo movimento. E, por vezes. justamcme: 11~1 fraqueza de nos.sa resistência. Já há muito tempo eles reco.
associado ao '·feminismo da di ferençii". ernhora não implique essencialismo. nht..:em o que nos~a fle'.'\i biJidade signi fica para seus próprios amplexos e
imprcssõe:;. Por que não nos cUvertirnos n6s mesmas·? :\1elhor do que nos
Começa pela dupla aiirrnação de que a~ mulheres são diferentes. principal-
suieilannos a ser marcadas (·orno gado. Melhor do qoe ficarmos fixas, esta·
mente cm virtude de sua história diferencial. e somente poderão reconstruir lüi i z~1das, i1nobi Iiz.;1d:l~. Sepnradas ... Podemos nos virar ~cm rnodelos. pa·
sua identidade e encontrar seus pr<íprios caminhos a partir ela constrnção de drões e exemplos. Não no5 demos ordens, irnposições. prnibi~:ôes J.unais.
sua própria comunidade. Em muitos casos, isso implica vontade de separar-se Que nossas ordens sejam :te.mprc os apelos para qu e caminhemos, p:1r::1que
dos homens, ou, pelo menos, das instituições por eles dominadas. mas não 110s conduzamo~. ju111as. Não baixcfuo~ leis limas às oulra~, não moralizc-
leva necessariamente ao lesbi anismo ou ao separatismo. Seu objetivo é con- Jll(h. nem façamos guc-.m1.s!i
quistar autonomia cultural con,o b~sc parn a rcsistênc ia. inspirando assim rei-
vindit:açües I·emininas fundainenrndas cm valores alternativos. tais como a A liberacií() está " tornando a 1nulhcr 'conscie.ntc' de que o que ela sente
não-competicão. a nã()-violência, a coopcrnçfto e a rnu lliui mensionali<lade da .-111 sua ex pcriência pessoal é uma condição compürtilhada por todas as mulhc-
experiência l;umana. conduzindo i1 nova identidade e <.:Ldturn femininas capa- 1\·,. e que portamo essa experiência pode $er politizada..." Ao aceitar a especi-
zes de induzi r a trnnsfonnação cullural da sociedade em geral. lk idade de seu corpo, a mulher não se atém à biologia. pelo contrário, livra-se
O movi mento de "conscicntizaç5o", que marca as origens do fenütüsmo da definição dada pelo homem, que tem ignorado a sua verdadeira na\ll rcza.
rad ical. estava ligado ilO fominismo cultural e deu origem a u;da uina rede de Nii ordem mascu lina. as mulheres serão sempre aniquilodas porque sã~i c.arac-
organizações femi ni~tas e instituições q \lC se tornaram espaç~1s libe1:dadc, rle 1c:rizadas de fora de sua experiência primordi al. corporal : seus corpos têm sidn
1ei nt1:rpretados e s1ias experiências reformul adas por hon1e11s.'·" Somente co111
proteção, apoio e comunicação ilimimdos entre as mulheres: l1vrarn1s. cluu~as
de saúde. cooperativas da mulher. ,\o mesmo tempo que essas orgamzaçocs ,11\cconstrução de su~s identidades C()lll base cm sua ,,spcc ilici<lade bi ológica e
prestavam serviços e Sú tfansfúnnavarn ern ferrait1entas organizacionais para "- ullural é\$ rnulhere.s con5cguirão to rnar·sc elas mesmas.
mImer<J~as mobilizações cm ,kfcsü dos direitos da mulher. geravam e difundi- Por exemplo. o ressurgi mento do femini smo ital iano 110 início da décad11
de ~O foi, de certo modo, marc,ido pe la alirmaç5o da diferença feminina e p0l:1
am uma cu ltura alternativa que rundamentou a espec ificidade dos va lores fe-
mininos. pt ioridade dada à reconstrução d,1 idcnüd:1de íeini ni1rn bas.::atlú é1i1 sua espccí-
lkidade biol6gi<.:a e cu ltural. conforme definido no popular pautlcro "Pi11 dom,.e
O .f,1minismo essencialista vai além e prod ama, sirnultancaJncntc> suas
,·/,e 110111i11i" pu blicado pela L ivraria da Mulher cm J\,(i lão. O panfleto procu-
diferenç,1s essenciais cm relação ao homem. enr,iizada~ na biologia e na histó-
rou abordar a incapacidade das 11111lhcrcs de agir 1.1,1esfera públ ica, enfolizando
ria, assim con10 na superioridade moral e cultural da fe1ni.nilidad~ como modo
a 11<;:çcss idade delas trabalharem su11 própria personalidade. determinada 1>rin-
de vida. Conforme formulado por Fuss. "o essencia.lismo pode ser encontrado
d paln1.:nte pela sui1 espcci licidilde biol6gica. Tc,·e grande repercussão e1Jrrc
na feminilidade pum. ori ginal. na essência fêmea, forn dos limites do social l).
, Ili\ mulheres ilalianas.91
portanto. não corrnmpida (embora, talvez. reprimida) pela urdem patriarca l"."'
Uma outra C(meme de essencial ismo vi ncula a feminilidade à história e
Para 1.ucc lrigaray. voz articulada e influente do fctninismo essencialista. " so
11 cultura. restaurando o mito de uma idade de ouro matriarca) quando os valo-
mos mulheres por intermédio de nossos l ábios'".''
' ,., femininos e a adori\çi\o 11 deusa ganmtian1 a harmonia social.~: Espiritua l is-
'"" "ecofcminismo também se encontram entre as mais fortes matlifesrnções
Como po~so dizer? Que temos sido mulheres Jtsd,c· o início. Ntio precisa-
mos que eles nos façam mulhere$, que nos rotu lem. que nos santil1quem o~
do csse.ncia lismo. unindo biologia e história, natureza e cultura, na afümação do
profanem. Isso sempre acomeccu. independente.menle ele $CU!. c,forços. E , 111gimento de uni a nova em criada em torno de valores fem ininos e $Ua intc·
que a história. e as lemi:ls deles. cons1jwem o foco do no~~º clc.~lcrro ... Sli:.1~ t i.i~âo h nalureza.9j
propriedade,s são nos~o exílio. Seu cerceamento. a n·i...11 1c.· \IU 110:-;"lo :inl(lr. O csscncialismo tem sofrido fone ataque no movime.mo feminista. t1111to
.Su:l'i- pal:,vra,, \ h\\::-) ~ohi-e llOS\OS lábio, .. . P1 1r1111110, ltllH !)t.'l't..:ZHH('I\
f) 0)('11 ,·111<)U<.:stões polílicas quanto a partir de pcr.<peetivas intelectuais opostas. Pol iti-
l 11

camente, argumenrn-se?' as diterenças essenciais emre homens e mulheres co- todas as nossas forças para a destnüção da classe feminina po1· meio d~i <lll::tl
locam-se a favor dos valores tradicionais do patriarcalismo e j ustificam manter os homens ap<)deram-se de nós. Isso somente poderá ser <.'onquistad" com a
as mulheres em seus domínios privados, obviamente em posição inferior. fnte- de.wndç{io da h~terossexuaUdwle como si.slt nut social l>a~eado na opressão
lectualme.nte. feministas materiali stas, como Cbristine Delphy e Moniquc Wiuig, das mulheres pelo homem <.' que cria n dou1rina da diferença entre ú& sexos
considerntn q ue o sexo anatômico é constrnído socialmente." Para elas, não é o p:1.ra j ustificar c.s~n opressão. (l)I
gênero q ue cria a opressão; é a opressão que cria o gênero. A condição de mulher
é uma categorização do homem e a única forma de liberação consiste em desti- Como 11heteroS$CXualidade é o principal adversário, o fem inismo Jcsbi:u"'
tuir a sociedade de gênero. abolindo a dicoto mia homem/rnuU1er. c nc,,mra no mov ime nto gay um aliado pote nci al. ainda q ue ambivalcntc (vc,
E. no enta nto, a afirmação ela e-specific idade irreduzível ela mulher e a :ihJiXO).
proposta de reconstrução da sociedade cm rorno dos valores fem ininos tê m O rn<>vimento femi nista est5 se fragmentando cada vez mais cm um:1
um apelo extraordi nário nas mu.lheres e femin istas e esta belecem um elo com 11111//i11licidod<! de identidades ,te111i11isu1s q ue é. para muitas feministas. a su:,
as importantes te ndênci as do espiritualismo e eco logismo radical earac terísti- P' incipal definição. Como <:!xpli quei aci ma, i~so não t:o nstitui uma fn;qucza
c.os da era da in formação. ,,,ndo, ao co,mário, a origem ela forc;a em u ma soc iedade caracterizada por
ü fe111i11ismo lesbiano foi o componente do;; movimento, feministas q ue 1ctks rlexíveis e alianças variáveis presentes na di nâmica de conflitos so<.:iais e
mais crçscc u, e de todos o mais rnilitantc, 11a última década nos países desen- luta~ pelo poder. Essas ide ntid~dcs siio a utoconstruídas, e mbora se utili ze m
volvirlos (e não apenas nos f.'stados Unidos), não scí e m g,randc número de l'reqücntemente da etnia e. /is vezes. da nacio nal idade. para deli nútar suas fron-
coletividades müs també m como tema de convenções e como tendência nos t~ira, . O feminismo neg ro. o feminismo mexicano -americano, o fcminisrno j ,l·
movimentos feministas mais abrnngemcs. Cen amente n5o pode ser assimila- ponê,. o fem inis mo lesb iano nc~ro . e ta mbém o fem in ismo les bia no
do como uma tendência sexua l cm partirnlar. Adrie nne Rich sugere o conceito ~:Klonwsoquista. ou autodefi niçõcs étnicas ou te rritoriais. como as Irmãs Negr,1,
de "co,uinuwn Jeshiano" incluindo a g,ama das experiência:-i. femininas. marca .. de Southall na lng,lmerra."• sflo apenfü, alguns exemplos das numerosas identida-
do pela opressão das instituições indissociáveis do patriarcado e da he te- d~, autode.finidas pelas quais a, mulhe res se identificam no ,novimento.1" ' As-
rossexual idade com pulsória e pe la resistência da mulher a tal o pressão.% ü " '" agindo. d as se opiíetn à padroniz.iç,fo do krn inis ,no. que vêem como
~fanifcsto das Lésbicas Radicais Americanas de 1.970 come\:a co m a seguinte '""'ª
, fon11a
. de dom inaçfio c ultural ~m nada CMra nlrn il Jóoa ica patria rcal c1~
declaração: "O que vem a ser uma 16,bica? A lésbica é a raiva contida de todas as iltlpos ,çiío da c lasse o ficial it d iversidade das expe riê ncias fomininas. Em ccr-
mulheres, prestes a ex plcxlir".'" Sob e~se ponto de vista. o lesbianismo. como 1os casos. a arno-id entidade , o meça com u m pscudônitllo. como 110 caso da
forma de separação. radical e co nsciente. das mu lheres cm relação aos home ns. ~,c ritorn feminista negra /Je/1 lwoks: "E~c.:ollii o nome l>ell !woks porq ue é ullt
considerados como a fonte de sua opressão, é o d iscurso e a prática da liberta- M>hrenomc, porque soa forte. Durante toda n mi nha infância. esse nome f<>i
ção. ls,o e xplica o sucesso do lesbianismo eletivo entre mu itas mulheres como u,ado com r~l"e rê ncia à memória de uma mu lhe.r fone. q ue dizia o que pen~a-
forma de expressar sna auto nomia em relação ,10 inundo masculino de forma v.1 ... Ado tar esse nome foi t1111a forma de unir minha voz ao legado ancestral
ineondit:ional. ~ as p,ilavras de Monit1ue Wi ttig: ,las vozc, femininas - do poder da mu lltt:r.""" Assim. a aut<Jconstrução da
11kn1idade não é a cxprc,siio de uma cssênci,1. mas uma afirmação d e poder
A recusa em lOrn;.tr.. se (ou contiuuar sl!ndo) hclcro~~.::xual sempre :i.ignilicou 111.' la q ual mulheres se n1obilizam para mudar de como são para como querem
a recusa dn pessoa c-m ~(T h01ncm ou nnilhe1. 1,; on.-tcien1cmcnte ou não. Para sl'r. Reivi ndicar u.ma idc midade é construir pod,)J'.
uma l~bka i~~o é mriis do que ~implcsmcnte se recusrir a assumir o papeJ de E,colhi propositad,une nte 11111 tema controvcrso,je111i11is1110 praí/málirn.
'·.mulher". É 1·ccusur o poder econômico~ idcolôgico e político do homem... I'ª"' me referir à mais ampla e profunda corrente das lutas fenúninas no mu 11-
Somos ev~didas de nossa classe, da mesma forma que os cs<:rnvos fugilivos tlo liloderno. especialmente ll()S paí,cs em desenvolvi me nto. 111as também c n-
evadiam-se d:1 c..~cravi.dílo e tornavam-~e cidndttos livres. P~,ru nós ~;;;sa lihér-
111· mulh~res d a _c la,se o peró ria C organ izações com unitá rias em países
1:tção é uma necessidade vi1al: nossa sobrevivi!ncia exige que ('lllpcnhcinos
111d u, tnahzados. E clam q ue todas as feministas são pragmáticas, no ~emid11
136

de que solapam a cada dia, e de muita&formas. as fundações do patriarcalismo, 1k lcna Useche em uma favela de Bogotá e reportadas. diretamente tia$ u'in-
seja lutando pelos di reitos ela mulher. seja desmistificando o discurso pao'iar- d 1ciras de sua pesquisa soci al ativista. em suas histórias de mu lheres:
ca l. É poss(vel. porém. que muiws mu lheres sejam feministas na prática cm-
hora não reconheçam o rótu lo nem tenham consciência de que se opõem ao Nesses tíltimos anos as mulheres têm-se l'eilo notar. e agora os homeJlS nos
patriarcalismo. Assim. vemo-nos diante ela seguinte pergun ta: pode o.feminis- r('!!>peiuim. Isso m..·ontece porque o companhci,·o não vê mais a lllulhcr 80·
mem(· (·m casa. cozinhando. lavando, passando. mas como uma cornpanhci-
mo existir sem con.w:ie111i~oç,10 feminista ' :---ião serão. no mlm<Jo inteiro. as
rn. incJusive contribuindo finant:.cirrnncnt~. Agorn é raro vermos o marido
lutas e organi1,ações de nn1 lheres em dcfosa <)e suas famílias (princi palmente dizendo p:;1nl a mulher; eu trabalho e você fica em casa. Ternos aqui wmbém
seus filhos) . suas vidas, seus empregos, seus abrigos, sua saúde. sua dix11ido- a~ .'lulu\·ôcs p:iT.i O!) nossos pi:oblemas. como plamannos j ardins. aj udar ou-
de. 111na forma pragmática ele feminismo? Com toda a franqueza, niío estou tras mulhcrc.s. COl\!'lckntizá-l<J!-- das condiçC>cs do povo. / \.ntes, as mulheres
seguro cm reli1ção a esse ponto e meu trabalho entre as massas populares na n:io se imcr~ssavam po,· essas coisas. Agora. csmmos pn.:Oéupad:1s não só eni
América Latina. bem como as leituras sobre o que acontece cm outras partes :-Çrmus mãe~, m<l' etn sabermos como fazer isso <lo jtilo 1rn1is aprnpri:ld<>.'º~
do mundo. com ribuem ainda ma is para aprofundm minha ambivalência, de
modo <JUC o melhor que posso fazer é tra11smiti-la.1'" 1.sso é feminismo? Talvez a questiio gim em torno de rraduçâo cultural.
Por um lado . adoto a norma cláss ica de que " niío h.í classe sem N:1o emre línguas ou contir1entes. mas entre experiências. Talvez o descnvol-
con$cien1i2açiío ele c lasse'' e o princípio metodol.ógico fundamemal de que vi111ento pan'tlclo das lutas e organizaçcies femi ni nas e dos discursos e dcbat~s
se deve defi nir os movimentos sociais ele acordo com os valores e metas lt'mini5tas seja apenas um ô t,ígio do desenvolvimento lüstórico de tl lll mov1-
que expressam. Sob esse ponto de vista. a maioria esmagadora das lutas e 111cnto. cuja existência global. plenamente de$envolvida, resulte da inteniciin e
das organizações fo1n inbtas nos pa íses em dese nvolvi 111en1<1 e em outros 1ra11~/t1rmaçâo redpm,:c,s de ambos os componcmcs. ·
n5o ex pres:-:am a conscienli zaç5o fcminiS-la e. mais importan te. n~o ofere- Se o t'em ini smo é tãn diversitkado a pomo de indui r nos lll()vi mentos
cem oposição explíc ita ao patriarcalisnw e à dominação mascul ina, seja 111ulheres que 11f10 se consider;m1 femi nistas. chegando aré mesmo a opor-se ,1<1
cm seus discurso,, seja na, meta, estabelecidas por seus mov imentos. São 1<: n 110 . sen.í que fa7. se nti.do manter esta pal~vra (que afinal foi inventada por

rarns as vezes em que questôes de rcminismo cultural. femin ismo lesbiano ,1111 homem. Charles Fourier) OlJ at6 mesmo re ivindicar a ex istência de um
ou liberação sexual cncon trnm-se presentes nos movime ntos femi nistas co- 111t1vime11to l'c mi ni sta'? Apc~ar de tudo. acred ito que sim. e por um Jllotivo
muns. embora não cstcj;un totalmente ausentes com<• podemos verificar na 11·,1ncn prí mordial: e111 todos os tipos de fem inismo. como apresentamos no
revelador,, experiência do mov imento lésbico de, Taiwan (ver p. 24 1). En- 11ucitlro ,1.1. " tare}<íJimdunutnlal do movilllenlo, realizada por meio de lutos<'
tretanto . o feminismo explicito nns paíse, cm desenvolv irncnro ainda é, de tl1.1cw·.1us. é a de desco11s1mir o idem idade .fi,111i11i11a des1iruindo as ins1itui-
modo gera l. um inuv imentn el i1i~t1t. Esse fato repre,~nta uma separação- r1ks soâois da 11/1/rca de gê11ero. Os direitos da mulher são reivindicado~ cm
ru11da111ental entre o femi nismo e as lutas femi ni stas 4ue apresentam. tam· "'11 nome como , cr autôno1110. intlepentlememenle do ho11Jcm e do papel que
bém. diferença ,mire o, hemisférios norte e su l. ü Fónim da Mulher organi r,.i- Ih,, cabe sob o patriarcalismo. O feminismo cu ltural constrói a comunidade
do em l995 pelas Nações Unidas em Pequ im. aprcse111ou idgurnas provas dessa lc 111i nina para permiti r a rnnscienti7.ação e reconstruir a personalidade. O
separação ampliadas e realçadas pelas partes interessadas. ou seja. a "Cn1zacla ,·sscncialismo re111inino aí,nrn1 a especificidade irredutível da mu lher e pro-
da Meia Lua··. formada pelo Vaticano e pelos i,U\micos. lutando lado a lado <lnma seus valores autônomos superiores. Ao rejeitar a hcterossexual idadu, o
contra u fem inismo e contra o direito da mu lher de optar <Ili 11ão por ter kmi ni~rno lesbiano de~litui de signi ficado 11 div isão sex ual do ~er. subjace11t1>
filhos. 1,111 to 110 homem quamo na 11111lher. -~ s mtí ltiplas idencidades femi ni nas
Por outrn. Jack>. pe la ação coletiva, mulheres e111 todo <l mundo estãô 1edcfi ne111 modos de ser com base nas experiências. vividas ou fantasiacl,1s,
vinculando sua luta. e a opressão a que estão sujcilas. ao seu cotid iano. Ela~ "·" mulheres. Além disso. suas lut~s pela sobrevivência e pela dignidade capa
percebem a mudança de sua condição na famíl ia cm conseqüêrtcia <Je sua in ( 11,i-:ts. subvertendo desse 1.nodo a mulher patriarcalizada. que recebeu esta deli
terYenção na esfera públi ca. Onçamos as palavras de nma mullwr gravada" por 111~íl<>precisamente por causa da sua submissão. O feminismo dilui a clicotomia
patriarcal homem/mulher na maneira como se manifesta, de formas di ferentes cm panicular na Grécia Antiga.''"' o lesbianismo tem sido 1'011e111entc rcpri111i-
~ por caminhos diversos. nas insti tuições e práticas sociais. Agindo assim. o dn em todos os tempos. não apesar mas sim por causa da resistência à heteros-
íeminismo constrói 11iio uma, mas muitas ide111idades. e cada urna de las. em sexualidade. Nas palavras de Adrienne Rich:
SLULs existências autônonrns. apodera-se ele micropodercs na teia universal tecida
pelas experiências adquiridas no decorrer da vida. O foto é que c1n todas as i;ulturas e em t(Xlos{)S tcnlpos, as mulheres <1ssumi·
ram l> papel de urna exis1ênci<I indepcndence. não-hete.ros~exuál. ligada a
mulheres acé o limi1e p<,>s~fvcl dentro do seu con1e.x10, muilas Vl!Zes acre(lt.
tando q~1e elas L"rmn as "únicas" a agirem dessa forma. E e)as o :ts::iumir31n
O poder do amor; movimentos de liberação lesbiano e gay'D4 embora poucas letlham tido c<m<liçõe~ financeiras que lhe~ pen11iLisscm re·
çu:;ar o mmrimônio. e as agressões contrn mulheres sollciras tenham variado
Qua{qu(:r teoria sobre criaç(io cu!tumf ou /WIÍlica que: se refira ao le.\'bicmismo da c;ihínia e zomhnria ;10 "gii1ecoddio" dclibc::rado, com tortu.rns e conde.na·
como fr.nônu:m> marghwl ou menoJ "na!urai ", como simples "prefitrênda ç(>es à fogueira de milhões de villvm; e mulheres soheiras cluran1c- a caça às
se.,ual .. ou ,·omo imagem re.fletldo de r(•/aç,jes hett::t().\-,-,'ex,wis ou homosse· bn,sas na Europ:, nos século, XV. XVl ~ XVI I. 'º'
.nwis masorliluu. é falh a ... Jâ é hora de: ü()l'<•Sentarmos umu crítÜ.'(1 ft:mmis-
w da orinmtçlio }u.:terosw•xu(IÍ n 11upul.wfrü: para as mulht!r<•.,·. A homossexualidade mascul ina ricava, de modo geral, confinada no tem-
Adricnoc Rich, '·Compulsmy hc1trvse.\'lwliry mui p,1 e no espaço, "fo.tc11do-se ,,istas gro,sas·• aos impulsos da adolescência ou
fosbiwr e.\·ú·tt~n\e ". p. 229 :,s expressões confinadas a contex tos específicos (por exemplo. nas ordens
rd igiosas da fgreja Católica). Como os ho1110ns semprt! mantiveram seus pri -
Nosso ow,·imemo pod<• it.'r iniciado como a lrtta de unw 111iuuria m(i.~ 0 que
vilégios de gênero. classe e raça. a repressão do hornossexualismo era, e co11-
de1'<•mo,; agora leutar "li/Jl'i'(1r" é um aspeNo das vid<rs J}l'S:\'O(,i,.., t{(! wdos-
a t!X/ll'tf,\'stlo .w:.rnal.
1in ua sendo, all.,\mentc seletiva socialmente. No entanto. a norma fundament;1l
dn pmriarcalismo era, e continua sendo, a vida organiz.ada em torno ela fümíl i,1
John IYF.mHio. "Ca;utal,:.:m mui gay ide11tio···. p. 474
h~terossexual, pc,nnitindo-se expressôes ocasionais particulares de desejo dos
homens por ressoas do mesmo sex<J desde que m,H1tidas nos becos escuros da
o patriarcaHsrno exige hetcro~~exualidade compulscíri a. A civilização, "odedade.
conrorme ~onhec1da h1s1oncm1wn1ç. é rJseada cm tabus e repre,,ào sexual.
Embora a resistência à he1ernsscx11ali(h1dc compulsc'>ria lenha existido
Segundo foucault. a sexualidade é construída soc ialmcmc. 1"' A re<>ulamenta-
• do <l' ~ 111todos os tempos e cuhur,1s. foi apenas nas três últirm,s décadas que movi-
çao eseJo esta' subordrnada
' " assim a
~s inslituições soc iais, canalizando
transgress5o.: organi zando a dominação. Quando a epopéia da l listória é ob- mentos sociais em defesa dos direitos de lésbicas e ga)'s <! a afirmação d~
~e,~v,'.da pelo lado_ocultn da _expcriê:1cia. not;r-.~c a ex istência de uma espiral liberdade sexual explodiram 110 mundo i111ciro. começando uos Eslados Uni-
111h111ta entre clcse.10. repre~sao. subli mação. m111sgressão e n ,s1 igo. responsá- do, ern 1969-70. t>,palhando-se depois pela Europ8. para em seguida rornar
vel. em grande parte, pe la paixiío, r·ealiz.açiío e fracasso. Esse sistema coerente l·o nia de quase wdo o planeta. Por que naqueles anos·> Existem fatores comuns
cl~ <lorninaçf.io. que liga as artérias do Estado ü pu lsação da libido pela mater- e elementos específicos de cada um desses dois movimentos distintos que ex-
nrdacle. patern idade e famíl ia. lern seu ponto fraco: a premissa heterossexual . pl icam a ocasião e as ci rcunstâncias de seu dcscnvolvi111en10.
Se essa pretnissa ror yuesti.onada. tudo o sis1cma desrnoron,t a relação entre o ü k sbianismo é. na vcrd,1de. um rnrnponcrlle do movimemo feminista.
sex_o c~ntrolado e a reprodução da espécie é posta cm dúvida: a congregação "111fonne exposto acima. -:mbor;1 ,is lésbirns gcralrneme formem alianças com
d~ rrnms: a revolta das mu lhere$ tornam-se possíveis pela cx tinçiío ela separa- o, gays para lutar rnntra a tlorninaçâo cultural por pa11e de mulheres heteros~(:-
çao por gencro do 1rnbalho sexual que di verge'" mu lheres: e o vínculo nrnscu- , uai;,. Quando a crítica feminisla contra instilniçõc$ que admitiam a separação
lino é urna ameaça à masc ulin idade. solapando a co.:rênciá cult ural da~ por gênero terminou por corroer o ortodox ia patriarcal, o desafio às norma~
instituições dominadas pelos homens. Enquamo a História tem denlonstrado "'"1t1is passou a ser a linha de raciocínio lógica para os set<Jres do rnovi111e1110
permissividade quanto ao homossexualismo mascul ino em aJgunrns culturas. kmini~ta que queriam expressar suas identidades cm todas as dimensões. Além
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'li

disso, a identificação cio homem como fonte de opressão tornou cada vez nrnis O terceiro fator que, a meu ver, induziu parJ lelamente os movintc11I0~
cliffciJ para as mulheres manter um relacionamento em.ocional e sexual com seus ksbi ano e gay é mais controverso. Refere-se à separação. física e psicológic11.
"inirnigos ele classe". o que fez vir à tona o lcsbianis1110 latente e111 muita.~ del as. cnt,·c homens e ))lt1l heres provocada pelo desafio feminista ao patriarca l1rn1\l.
Quanto aos gays. três !'atores çontribuíram para q\le iniciassem um mo- Não quero com isso dizer que as mulheres se tornaram lésbicas e os homen~~e
vi111ento: o cli 111a de rebelião imbuído 110s movimentos da década de 60. quan- wrnaram gays porque discutiam com seus parceiros heterossexuais. Na vereia,
do a auto-ex pressão e o questionamento da autoridade deram às pessoas a de. o homossexualismo tem sua pr6pria ex istência e padrão de desenvol vi-
possibilidade de pensar o impcns,ível e agir de acordo com as idéias que sur- Inemo independcmes cio hc1erossexualismo. E. no cnwnto. a profunrla cisao
gisse111. conseqtientcmente permiti ndo ' ·sair do anuário"; (> impacto do femi- as:arretada pelo efeito conjumo do desati<> feminista e da incapacidade da maio-
nismo sobre o patriarealismo, questionando a categoria mulher, logo questionando na dos homens de conviver com a perda de seus privi légios, fez surgir rede; d<:
também a categoria homem, uma vez que essas categorias existem somente apoio e amizades do mesmo sexo, criando um me.io em que meios os Iipos
em sua dirnton1ia: por ÍlnJ. a violência da repressão exercida por uma socieda- 1k desejo podiam se expressar mais fod lmente.
de que abomina o homossexual ismo e transformou em radicais até mesmo Por ti 111, embora a liberação sexual esieja m>âmago dos movimentos gay
gays que só queriam viver em paz.•:• t' lesbiano. os dois 1ipos dt ho111ossex11alis1110. masculino ou fe111i11i110, 11r,,,
Na minha opinião, três outros fatores contribuíram para o desenvolvi- ///J<h!m ser de.fi11idos como pre,(erências se.n mis. São, .f1.111damentalme111e, op·
mento extraordinário dos movimentos de liberação gay e lesbiano tamo nos ríies por idemidarles e duas identidades distintas: lésbicas e hornens gays.
Estaclos Unidos corno no resto do mundo. O primeiro deles é esiw turnl: a bsas idemidades, tomo tal, não são inatas: elas não se originam de algum tipo
formação de uma economia i nformacional avm1çada nas maiores áreas metro- de determinação biológica. Embora predisposições biológicas realmente exis-
politanas fez surgir um mcrcad() de trabalho divc,·silkado e inovador e redes 1:ill\. (> desejo homossexual costun1a misturar-se a outros i n1pulsos e senti mc:n
de neg6cios flexíveis. cri ando novos tipos de empregos para rodo~ os níveis de to, (ver figura 4. 10) de modo que o L'Omportamcnto real, as fronteiras du
habilidades. independentes das grandes organ iza~·fies onde ú componamento rntcra<:ão social e a :iuto-identidade são cu ltural. social e politicamente con,-
individual podia ser controlaclo mais faci lmente. O segundo fator foi a grande 1I uída;, Quanto às pan iculariclacles desse processo político de cons1rução d<.:
popu laridade da l iberação sex ual como tema dos movimentos da década de identidade, refiro-me agora 110s estudos de caso do movi mento lesbiano em
1960. Por exemplo, rendo sido testemunha ocu lar do movi mento de maio fitipé e da comunidade gay cm Silo rrnncisco.
de 1968 cm Pari s (eu em. na época. professor-ass istente de sociologia da Uni-
versidade de Nanrerrc. onde o movimento reve início). posso afirmar que a
l iberação sexual e a auto-expressão foram os ol~jetivos pri ncipais do movi- Feminisnw, Leshiunismo e liberaçcio sexual ern Taipé 109
rnento estudanti l radical : o movimenLo. na realidade. começou como um pro-
testo conjunto de mo~'.as e rapazes para obter livre acesso aos dormitórios da O movimento lesbiano cm Taipé. como ali ás em quase todo o mundo,
universidade. l:êrguida em torno da bandeira da liberação sexual que sustenta- ,urgiu como componente do movimento feminista e assim continuou, emborn
va o moral diário do movimento tanto na França como nos Estados Unidos. a nos anos 90 tenha agido em conjunto co111 um movi mento de liberação gay
vontade utópica de l ihertar o desej o foi a grnnde força moti vadora dos anos 60, igualmente poderoso. O foto de tal movimento, de grande in fluência entre n,
o grito de guerra de toda uma geração que percebeu a possibilidade de ter uma jovens tnuJheres de Taipé, ter surgido cm um contexto po lítico beiran<l<, o
vi.da di ferente. Ma, . para ser liberação. a liberação sex ual não pode ter !.imites. autoritarismo e em meio a uma culturn profundamente patriarcal, de111011$t11,
Assim. a liberação da sexualidade levou à rejeição ela ditadura imposta pela , !aramente a quebra dos moldes tradicionais causada por te1.1dência~ globai,
heterossexualidade e. em muitos casos. à derrocada ele todas as barreiras cori- d.: políticas de idenlidacle.
rra o desej o. abri ndo o caminho para a exploração da transgressão corno. por O movimento feminista de Taiwan teve início cm 1972, incentivado por
exemplo, a exercida no cada vez maior e ideologicamente a11iculado movi - u111a pioneira intelectual. Hsiu-1.ien Lu que. ao voltar a Taipé depois de c,,n
mento sad()masoquista. dui r seu mestrado nos Estados Unidos. organizou um grupo de mulheres. ins-
2-12

Mulheres 1,do u " linhas diretas de proteção", e fundou a Pioneer Publishing Comptmy
Tc<los os trê.s. ( 15%)
para publicar livros com remas relac io nados t, mulher. O " novo feminismo"
hk midadc e <lê..;...:j1J ( 1~~·)
criado por Lu encontrava ressonâ ncia nos te mas clássicos do feminismo libe-
Apena, iclemidade (OÇH "- \ ral en1 combinação com a teoria da modernização do mercado de trabalho.
Componamento e ~ questiona ndo a discriminação sexual e o confinamento d a mulhe r em certos
ide,nidade (0St} papé is: '·É preciso que as mulheres sejam p1imeiro se res humanos e só depo i;.
11111lher,:s": "as mu lheres devell) sair e.la cozinha'·; "é necessário eliminar a
di,criminaçâo contras a$ mu lhe res e deixar que o seu potenc ial se uesenvol•
va". Ao mesmo te rnpo. ela enfatiza va ~, caníler genuinamente chinê,s do se u
mov imento e optmha-se aos v,1lo res do feminismo ocidental. tais corno a eli-
111i naç5o das diferenças de gênero, ou reje ição das vestimentas femininas. Parn
l ,u '·as mulllcres devem ser como são". No fi nal dos anos 70, as fem inistas

Desejo c. çomportamcmo ( 13',~j


\ 11niram-sc ao movimento político de oposição e. apôs o levante de Kaoshiung
,·111 1979, foram r<~prim idas. e Lu, presa. O movimento organizado não conse-
guiu resistir à repressão. mas as redes femininas sobreviveram e uma segunda
,,ncta de feminismo desenvolveu-se no início da década de 80. Em 1982, um
pcqt,c no grupo de mulllerc, criou a revisrn Awake1úng (Despertar), uma publi-
,·açlio mensal dandu voz às opiniões das mulheres e lrnando pe la o btenção de
Homens , <.:u, cli1\,itos. Em jancim de 1987. ce ntenas de mulhe res foram 1,s ruas de
'Jaipé p1·mcst,11· contra a indústria do sexo na cidade. Em 1987. após a suspe n-
Apc ll[IS (1'::$Cjo (44%)
'"º da lei mar<.:ial que subjugara a o pos ição em Taiwan durante décadas. a
Identidade e dc~ejo I l_%i
I l 'umlaçãu Despertar ro i instituída formalmente e tornou-se o órgâo coordena-
dor das lutas feministas no país. misturando te mas liberais e causas rad icais.
alé n, de apoiar ampla gama ele. inicimivas fe ministas. No fi nal da década de 80.
~ 11111ncrosos grupos feministas. tais como ,1ssociaçõcs ele mulheres di vorciada~,
dnna, de casa. grupos para tirar jove ns eh, prostit uição e outros tantos se for-
Apenas idemidncle /
inarnm crn um mov imento espontâ neo. A 1J1 ídia corn.eçou a divulgar as ativi-
1lades desses grupos. aumentando sua vis.ibi lid ade e atrai ndo um núme ro
Cmnp<•1'l:11ncnh) e idcu1idatl:.: tOo/t) <:rcscente de mulheres cm Taipé. principaln1cnte e ntre os g rupos profissionai~
e coin bom nível cducnc io nal.
Com o início da era democrdtica nos :mos 90 (o partido democrático de
urosição elegeu-se para a prcfciturn dc-Taipé). um movimento social de c unho
\ cultural diversi fk udo ern<:rgit, c,n Taipé. O movime nto feminista cresceu 1an-
to e m número de membros quanto c m intluência. dividindo-se in1erna111e.me
1·ntre sua luta pelos di reito, da mu lher. sua defesa das operárias e a expre$são
Figurá 4.1 O ÜH(!r·n:l;t\âu dos (lj fêrcn1es 3:;rxclos du scx\.Ktlid;1dc voh,,d:t parn pessons de, d~ novas ide ntic.lac.les fomininas. in<.:lusive o lesbianismo. Os campi das univer-
mesmo sexo: com base cm J50 mulheres f8.6%do 1otal de 1.749) e 143 homens 00.1% do total
de 1.4 10) que. admitem rer na idade aduha aspectos. da se.xua!idnde vohado.~ p:u·~ o mesmo sexo , idades foram literalme nte tomados pelas feministas. Em rnaio de 1995, apre-
/Ylntt : Lau1fü!llO t i til, ( 1!)94) , iLleme do "grupo de estudos feministas'' da Universidade Naciom1l de Tuiw.in
(a mais imponante do país) foi ele itn pres idente do corpo estuda111il. derrotan- danliL começaram a exibir fi lmes pornográficos nos dormitórios feminino~.
do ranto o candidalo do partido cio governo como os csmdames da oposição Si111ultaneal\Jenre, um ''festival cróüco fem ini sta pioneiro'' foi organiz.1do em
política. O apoio e11conIr,1clo fora ela universidade pelo movimento feminista ,·:írias universidades. As atividades dessas mulheres. a maioria bem jovem,
emrc íl$ mulheres, principal mcnIc as casadas. da I1ova soc iedade local. inspi - 11· 1ram Jlvo de muita publicidade pela mídi a. o que chocou a sociedade (1..,
rou urn a série de debates, principalmente relativos ao conceito de fanúlia. na l\iipé, preocupou as líderes feministas e foi ten1a de acirradas e cáusticas di~-
época em que a " lei familiar'' foi revisada pelo pari amemo de Taiwan. <'t" sões por todo o movi mento femini sta.
Foi nesse comcxto de efervescência cutn,rnl e surgimento de teorias fcmi- Foi nesse clima de despcrmr do movirnento femin ista e de l iberaç5o se·
nislas que jovens feministas radicais corncçarnm a disculir o lesbimiismo em x11al q11e os grupos de lésbicas e gays prol iferaram, quebrando um tabu pro·
Taipé. A "Cole1iva de Axis'' difundiu idéias de fcminis1as rndicais e de teóricas I11ndamente <1 rraigado na culrnra chinesa . A lém di sso, nos anos 90, a
lésl)icas, tais como Audre Lorde, Aclrienne Rich, Gayle Rubin e Christine Delphy, 11J:11·ginal idade tradicional dos homossex11ais em Tai wan foi rd'orçada pelo
e Iraduú ram alguns de seus lextos pa.rn o chinês. Seguindo o conceito de Lorde ,-, tigma da All)~. Mesmo assim. após a cri,,çiío do grupo lesbi ano "Emrc l\ós",
ele que "cro{ismo é poder·'. um novo campo Je política de identidade foi criado hnu vc uma explosão de assoeia9õcs de lésbicas e gays, :\ maioria nas universi-
em 1orno do corpo e da sexu,rlicladc da mulher. Jumamente com os grupos femi- dade,: grnpos de lésbicas corno o "Entre Nós··. ALN. "Lambda" (Universi-
ni~W$ nas universidades. fonno\1-sc, cm 1990, o primeiro grupo explit'itamente d:,dt: de Taiwan) e o " I Bao": grupos de gays como o " Gay Chat'' . "NCA" e
lésbico de Taiwan: "Entrt! Nós (wo-men-chih-chie11 )''. " Spcak Ou1... Out ros grupos de lésbicas e gays uniram forças: "Qu cer
Em 22 de maio de 1994. fcmini,tas organizarnm uma "parada contra o Workshop", "We Can•· ( Uni versidade de Chin-hua).. DV8 (Fae\rldade de Shc-
as,éd io sexual" nas ruas de Taipé, com cerca de 800 lllulhcrcs, est udantes na , I,in). "Quis1" (Universidade de Chong-yung). e assim por diante. Esses gru-
miüoria, marchando das universidades a1é o centro da cidade. Durnnte a mar- 1''" criaram t11110 connmidacle ho111os,cxual. Eles " assumiram colctivamcnk"
cha. Ho. intelecnrnl f'erninista que apri morou n discurso da liheração sexual. v rcunirnn, sexualidade. prazer e política, redescohrindo que "o que é pessoal
improvisou urn slo/im,: ·'Quero orgasmo sexual, não a,sédio ,exual 1" repelido ,· políticu··. Os bares foram os ambiente.~ nwis prncurndos para a informaçfi<l.
entusiasticamente pelas participantes da m,1rcha, soando al to nas ru,-1s da cs- agn:gaçüo. cducaçfioe. por último. estab0lcci ,nento das éu lturas gay e lesbiana.
candal iz11da. Taipé patriarcal. Foi manchete dos princi pa i~ j ornais. A publici- (\m forme escrito por Po: "Assim <:omo os 1>11hs foram fundamentais para a
dade ger,1c;la pdo i11çidc11 Ie ~u~dtou 11111 debate fundamenta l no movimento r ria~,üo de. luna das$;; 11perária tiritGnic:,, cm T,,ipé os bares gays têm papel
feminis1,·1. Como o movimento começava a ganhar legiLi mid,1dc e acei tação, prcponderame na formação de comunidades llrb,mas de gays e lésbicas''. "º
melhofantlo a contli~fio da mulher e defe11clcndo a igualdade dos gêneros. muitas E no entanto. na ~ra d;i lnforrna~rio na qual -1àiwan se encomra total-
feministas acharam i noportuno e potencialmente destrutivo idcn1i licar o femi - nIen1e imersa. gay, e lé, bicas não se l i1ni1r11n nos bares. Usam amplamente :,
nismo com a liberação sexual peramc a opini ão públ ica. Algumas feministas lutcrnet e BBSs como ronna~ele contato, comu,ücaçiio e integração. Criaram,
çhcgMam a argt1111c,ntar que a liberação sexual no Ocidente era uma armadilha 1:1111bé111, "meio, de comunicaçiio alternativos''. tais como esta~,ões de rüdio
para as mulheres e que, na realidade. trabalhava a favor dos h<>mens. Su!!eri- p1r:na~ gays/lesbiana$. i\l6rn disso. ern 1996, dois programas gays/lesbiano~
n1m que s~ria melhor lutar pelo "direito à autonomia do corpo". Ho e o~rras lor,un levados a<> ar por cstaçõ0s ele rádio tradicionais de Taipé.
ti::ministas l igadas ao movimcn10 lesbiano argumentaram ser necessário tratar Além da comunkação, t'()rn1açflo de redes e m11o•expressã<>. o movi mcn-
a l ibera~,ão sex ual por urna abordagem feminista, procurando. ao rnestno tem- lt • lc~biano. por meio de fone ali,111ç;i política com o movimento gay. tem-se
po. úbter a emancipação da mulher e da ,ua ,c:qralida<lc. A seu ver, a liberação 111:mifostado em numcro,a, can1panhas. protestos sociais e ex igências políti-
sexual era a for1J1a rndical de questionar ,1 ,:ultura patriart:al. mani festada n(1 rn,. A mobilização em torno da polít ica da AIDS foi especialmente $ignifica-
controle sobre o c0rpo tia rnulh<'r. O movi mento fcminisla de liberação scxu:11 I iva. Por um lado. femini$tas, lé, hicas e gays ganharam as ruas para protestar
que abarcava. embora nfü) exclusivame111e. fone componente lesbiano, entrou , pnIr,1 a responsabi lização do, gays pelo governo como causadores da epiclc-
em ação. r-m 1995, os gr\lpos de estudos feministas da Universidade de Taiwan. 11I1:, da AfDS. Por outro. como as mulheres heterossexuais formam o grupo .:111
yue na época se mobi lizavam para eleger sua candidata à rcpresenIaçãc, c,tu· q11~ " HIV m;,i~ pr,llil'era na Asia. o grupo feminista Despeit ar passou a consi-
1H

derar a questão como de sobrevivênc ia da mulhe r. É ce,10 que, em Taiwan, o direito de usar livremente o parque parn suas atividades dura nte o dia, com a
maio r grupo de mulheres infectadas pelo vírus I·llY é formado por donas de tinalidade de escapar da sua condição de "comunidade que vive nas trev;,s''.
casa, vítimas indefesas contra o hábito de seus maridos de freqlientar prostitu- A crescente influência e mili tância das lésbicas ca usou urna série de con-
tas. Os gl'upos fcminist~s de Taiwan agiram levando em conta a contradição ll itos entre estas e o movimento fe min ista cm geral, dos quais a revisão da k i
das políticas para evitar a propagação <la AIDS: como poderia m as mulheres fami liar no Parlamento foi o principal. As lésbicas c riticavam a prnposta cios
evitar a contaminação por i111e rmédio de seus ma.idos se não podiam controlar ~rupos fe111iniw 1s porque era baseada na família heterossexual, ig nornncln os
suas vidas sexuais? Ao ex.por a q uestão da liberação sexual e mostrar às mu- direitos dos homossexuais. Assim, lésbicas e ga,s mobi/iz.oram-se wiva111ente
lheres que elas estavam se defrontando com uma opressão sexual mortal, o /1t11·a ob1er aprovação legal para os casamemos entre parceiros do mesmo
movimento anti-ATDS c riado por fe ministas, lésbicas e gays desafi.ou funda- .11·.111, urna questão fundamental presente na maioria dos movimentos lcsbiancJS
mentalmente a estru tura pmriarcal de dominação sexual. e gays em todo o mundo. e q ue comentarei a seguir. O conflito propicio u
Uma segunda li nha de ação adotada pelos movime ntos lesbianas e gays mu ita reflexão e debates no 111ovin1ento femi nista, em particular na o rganiza-
inseridos em uma soc iedade extre111an1ente pmríarcal foi a luta contra o estig- ~~,, dominante, a Fundação Despe rtar. As lésbicas cri ticavam a hipocrisia do~
ma tradicional e a inv isibilid ade a nte a imagem plÍblica. Gays tiveram de lutar ,logans femi nistas, tais como "mulhe res amam mulheres'·. como expressões
contra o estigma da anormal idade. lésbicas contra a inv isibilidade. Para os dé solid ariedade. mas ignorando a di mensão sexual desse amo r. Em 1996. as
dois grupos, vir a público tornou-se uma meta fundamental para ter acesso à lcsbicas expuseram-se no movimento fe1J1inista, discutindo com veemê ncia
vida social. As a tividades c ulLunlis foram crtJciais para ating ir esse objetivo . para ter seus direitos espccíticos reconhecidos e defendidos co mo pa11e legíti-
Um festival de "cinema gay" realizado cm 1992 foi o ponto de partida para a ma <lo movimento.
auto-afirmação púb lica e coletiva. Gays e lésbica~ lotaram os cinemas e os Süo muitos os aspectos que merecem ser destiicados nessa e xposição do
fi lrnes ioram apresent ados com de bates sobre a "teoria gay". A propôsito, movimento lesbiano que se espall1011por Taipé. Um deles é te r abalado a soli
ativistas de Taiwan e I long Kong 1raduziram para o chinês. de forma muito dc1.. tomada como premissa, do patriarcalismo e da heterossexualidJde 11:1~
criati va. o termo ·'gay"' como "to11g-chii" q ue signi l'ica ··camarada'·. de modo ,·u lluras inspiradas no confucio11ismo. Outro. é que se tratava de uma ex te nsão
q ue "camarada" não mais se relere à rrntc rnidadecomunista mas, sim, à ide n- de1 mo vimento fem inista aliando-se, ao mesmo tempo, ao movimento de libc-
tidade '·gay". Começ,1nclo com o festival de cinema, várias atividades rnltu- ra~·ií<i gay e m uma fre nte unida em defesa dos direitos da sexualidade em toda,
rais. sempre comunitárias e festivas. mod ificaram subsmncialmeme a pe rcepção '" suas manifestações. MobiIit.ou-se contra a AIDS, assoc iando-a à submissão
das culturns lesbiana e gay em Taiwan a po nto de, cm 1996. o movimento ,exual das esposas. Se rviu de elo de ligação com os mais modernos debates
se mir-se forte o suficiente parn comemornr n Dia do~ Namorados votando os Le6ricos sobre feminismo e lesbianismo em todo o mundo, ada ptando-os 11
1() principais "ídolos gays/lésbicos.. e ntre ligurns proeminentes da sociedade.
l'tiltura chinesa e às institu ições sociais da Taiwan dos anos 90. Utilizou to da
da política e do mundo dos espetácul o~ (verdade que ne,n todos os escolhidos 111110 série de expressões c ulturni~ para '·assumir coletivamente a condição ho-
ticarn111 mu ito felizes com sua popularidade jt1n lo a gays e lésbicas). mossexual" e c,iptar a atenção públ ica. Serviu-se inte nsivamente da Inrcrnct e
Em te rceiro lugar. o q ue niío é de surpreende r. us movimentos de lésbi - ele meios alternativos de comunicaçãú, tais como estações pi rata. Alio u-se a
cas e gays têm procurado o bter controle do espaço púb lico. simbolizado pela movi,nentos sociais urbanos e lutas políticas locais. E aprofundou a crítica à
sua ]um e m to rno do Novo Parque de Taipé, q ue j urnram " recuperar" . O par- ra míl ia patria rca l. engajando-se e m uma batalha judicial e c ultural e m defesa
que. local izado pe rto do Palácio P residenc ial. era um dos pri ncipais locai~ , b noção de casamentos e ntre pessoas do mesmo sexo e famíl ias homossc-
o nde a comunidade. gay se reunia e procurava parceiros sex uais. Em 1996. :, xn:,is. f'ornecerci mais detalhes sobre esses temas ao apresentar urn resumo do
nova administração municipal democrática planejava renovar a cidade. inclu- " ·lacionamcnto ~Hlrc os movimentos lesbiano e gay e o desafi() que represen-
sive seus parques. Temerosos de perder seu "espaço libe rado". l,;shi<:as e gay, tam para o patriarcalismo.
pediram para participar do projeto na qualidade de gnu1uc, u, 11:írio, tio parque
e organizaram-se pela rede "Linha de f'rcnte do Esp:1, 0 <ony", .,o lid t:u1do o
Espaços de liberdade: a comunidade gay de São Francisco 11 1 cisco contou-me durante uma entrevi.sta anos atrás: ·'Quando os gays estão
dispersos, não são g:1ys porque são invisíveis". O ato fundamental de l iberação
A Revolta de Stonewall. ocorrida en1Greenwich Village. bairTO de Nova 11am os gays foi. e é, "aparecer", expressar publicamente sua identidade e se-
York. em 27 dejunho de 1969. quando centenas de gays lutaram contra policiais xual idade para em segui da ressocializaren1-se. Mas. como é possível alguén,
durance três dii,s em reação a mais uma incursão violenta no "The Stonewal.l". , ~r abertameme gay no meio de ullla sociedade hostil e violema. cada vez mais
um b,u- gay. é considerada o pomo de partida do movimento de lib0ração gay nos in segura a respeito dos valores fundamentais da virilidade e do patriarcal ismo'?
Escados Unidos. A parc:i r daí. o movimento cresceu num ritrno cxcraordinário, 1é como é possível aprender um novo co,nportamenco, um novo códi go e uma

pri ncipalmente nas piincipais áreas metropolitanas, il m.edida que os gays co- ""va cultura em um mundo onde a sexualidade está implícita na apresemaçfüi
mcçannn a assumir sua condição. individual e coleti vamente. Em 1960, havia d,, eu de todos nós e a premissa geral é a heterossexualidade'? Para poderem se
cerca de 50 organizações em túdo o país: cm 1973. esse número j,i saltara para ~x pressa.r. os gays sempre se juntararn - nos tempos modernos em bares e
mais de 800. Enquanto Nova York e Los A ngek s, por causa de seu tamanho. l11gares social e culturalmente marcados. Quando se conscientizaram e scnLi-
abrigavam as maiores populaçõe~ gays. São Francisco foi o local de formação ' :un-se suticicnt0mente fortes para '"assumirem'' coletivarne.me. passaram a
de uma comunidade gay visíve l. organizada.: polici,.ada que, nas duas décadas ,·,~olher lugares onde se sentiam seguros e podiam inventar novas vidas para
scguinLes. transformou a <.:idade em seu c.spaço. wa cu lcura e sua política. Pe- " próprios. Os li mites territoriais dos lugares selecionados tornaram-se as ba·
los meus cálculos (cstimmivos poi s. felizmente. não existern estatísticas oficiais ,t·~ para o cstabeleci mc.nto de instituições autônomas e a c1façl\o de uma auto·
sobre preferências scx\lais) por volCa de 1980 as populações gay e lesbiana 110111i a cultural. Levine demonstrou a padron i zação sistemá tica das
perfaziam cerca de l 7o/c. do número de rcsidcnces adultos da cidade (dos quais t·on,cntr:1çõcs espaciais dos gays nas cidades americanas durante a década de
dois cerços fornrndos por ga}'S) e. dado seu alto índice de comparecimento às /0.1" Enquanto ele, e outros, empregavam o wnno ··gueto". os mili tantes gay,
urna~. chegavam a representar cerca de 30% do mímero de eleitores nas elei- 1:il:un de ··áreas liberadas": e existe realmente urna grandcdiforcm;:a entre gueto,
ções locais. :Vlinha estimativa é que nos anos 90. apesar da di zimaçãP causada ,. :1reas ga1s. já que essas últimas são construídas deliberndamcme pelos gay,
pel a epidemia da AIDS, as popu lações gay e lesbiana rlc São Francisco cresce• par;, criar s1,a própria cidade dentro da estn,tura da sociedade urbana em geral.
nun. principalmente pol' causa do aumento no número de lésbicas. aumento da Por que São í'rnncisco? Cidade inscantânca, lugar de ,wencurci ros atraídos
imigração de gays e çonsolic.J m,:âo de parcerias estáveis entre pessoas do mes- , ..·lo ouro e pela liberdade. São Francisco foi sempre um lugar de padrões ,no-
mo sexo. O aspecto mai:; signit1cativo foi que os gays se estabeleceram predo- 1.1i, regidos pela tolerfmcia. A Barbar_,, Coasr cosc11nuwa ser ponto ele encontro
minantemente elll dctenninadas áreas da cidade, formando autênticas comunas, de mari nheiros. viajantes. pessoas de passagem. sonhadores. vigaristas. empreen-
cm que residências, negód os, propriedade,. hares, restaurantes. cinemas, cc1t· dedores. rebeldes, Jesviado~ - local de encontros casuais e de regras sociais
tros ~uhurais, associações comuniriírias. rcunii\es de rua e celebrações tece- J1<i11co rigiclas. onde a linha divisória entre o normal e o anormal era mal defini -
ram uma malh;i de vida social e autonomia cultural: um espaço de liberdade. d.>. Na década de 20. porém. a cidade decidiu tornar-s0 respeitável. emergindo
Com base nesse espaço. gays e lésbicas organizara m-se politicamente. che• rnmo a c,tpical cultural da costa ocscc dos Estados Unidos e descnvolvendo-s,
gando a exercer influência considerável no governo local. inclusive no recru- , hcia ele graça t, sombra amoritúria da Igreja Católica sustentada por suas h.:-
ramento de gays e lésbicas para i nteg,rarem pelo menos 1091: da força policial. pteic.s ele oper,\rios irlandeses e ital.ianos. Quando o movimento reformador acin·
Essa toncentrnção espacial é re,dmcntc uma marca da cultura gav em quase ii•u a Prefeitura e a pol ícia na cifrada de 30. us "desviados'' foram rep1i mido.s,
todas as cidades. embora nos anos 90. cm deocrrência da niai<~. ;olerância e !orçados a se esconder. Assim. as origens pioneiras de São Francisco como cicla-
porque um núniero cada vez maior de gays vem as~umindo sua homosscxui,. d~ livre não são suficientes para ex plicar se\1clcstino de cen(u-io para a liberação
!idade, eles tenham-se espa lhado por todas as áreas metropolitanas dos Esta ~·.1y. O principal ponto crítico roi a Segunda Guen a l'vlundial. São Francisco era
dos U11 idos. para horror dos conser vadores homofóbicos. São dois os motivo~ o p,·incipal porto da Cústa do Pacílico. Cerca de 1.6 milhão de jovens, homens e
para essa concentração geognífica no estágio inicial da culrura gay: consegull 11111lheres, encontravam-se de passagem pela cidade: sós, longe de suas raíze.~.
visibil idade e proteção. Como Harry Britt. líder políLico dos gays de São Frnn • , ,wndo no limiar da morte edo sofri mento e. na maior parte do tempo, co,npan.i-
25(J

lhando esses sent.imentos com companheiros do mesmo sex<J, muitos desc<Jbriram.


pn1v;1 ele seu desvio. Ao fazê·lo, proclamaram São Francisc<J como a meca dos
ou elegeram. sua homossexualidade. Muitos deles. expulsos desonrosamente
vay,. arrnindo-os aos milhares de t<Jdos os cantos dos Estados lJ nid<Js. O g<Jver-
<la tvfarinhü, desembarcmain cm São Francisco e em vez de voltarem para casa
111, respondeu por meio de repressão, o que lev<Ju /l formação, em 1964. da So.
levando consig<J o estigma da homossexualidade penmu1eceram na cidade no
,·icdac!c cm Defesa dos Direicos Jndividuais. que protegia os gays, ligada à Tavern
final da gué!rra j umo a milhares de outros gays. Reuniam-se cm bares e rorma-
( ,ui ld. associação profissional de donos de bares gays e boêmios. na luta comrn
ram redes de apoio e solidariedade. A pai1ir de fins da década de 40, uma cultura
i, a~'ão policial. Mais tarde, cm fins da década, a cultura hippie. os movimentos
gay ~omeçou a tomm forma. ,\ trnnsiç.flo dos bares p,u·a as ruas, no entanto. teve
",~ini, que foram organizados na área da Baía de São Frnncisc.o, principalmente
de esperar por mais de uma década, quando estilos de vida alternativos noresce-
1·,n Berkelev e Oakland. e a emergência do movimento de liberação gay cm todo
ram cm Sã<J r-rancisc<>com a geração /Jeatnik, cm torno de círculos literários o territ6rio ;1mericano induziram urna mudança qualitativa no desenvolvimento
criados na li vraria City L ights, com Ginsberg, Kerouac e os poetas da Black ,111 romunidade gay de São Francisco, contando com o forte. apoio de redes j(Í
Moumain, entre outros. Essa cultura concentrou-se na região da amiga lialia11 ,·,1ahelecidas l1istoricame11te. Em 197 1, o movimento gay da Cali fórnia teve
North Beach, peno da zona de merctrício da nia Broadway. Os gays foram bem
p<'la primei ra ve7, força suficiente para organil~lr uma marcha sobre a capital,
aceitos nesse ambiente tolerante e experimental. Quando a mídia focaliwu a
Saêratncnto, clamando pelos direitos dos gays. Ai nda na década de 70, uma
cultura bemnik. eles enfatizaram a prcsenç.~difundida do homossexualismo como
,·01111,nidade gay floresceu em detenninaclas áreas de São Francisco, principal-
n,~ntc na região de Cast(o, onde foram ,1dquir idas <Jll alugadas m<Jradias em um
hairr0 operár io tradicional cm decadência, reabilirndo por lares g:ay, corretores
ílL' imó,·eis gays e empresas de reforma gays. .Empresas dirigidas por gays rnm-
1>0,n ,e instalaram na área. Evitando lugares mais c,palhaclos e seguindo os bares
e :írca, de contrucuhurn, us gays conseguiram, 1:>0r volta dos anos 70, conccntrm·-
" ' ~m uma vizinhançri que po<l i,1rn chamar de sua,/\ figurn 4. l l mostra, com base
,·,n minha pesquisa de campo, a expansfto das üreas residenciais gay entre asdéca-
tl:L, de 50 e 80.
No entanto, o cresci mento da rnmunidude g,iy ni.íll foi purmnerne e~pontfi-
nco. Resultou, t,ambém, de ação política deliberada. principalmente em decor-
10nd :.i cio escünu.lo do l1is1órico Iíder da comunidade gay de Siío Francisco. Harvey
Mi lk. Formado pela Universid,1clc Estadual de Nova York em Albany. não pôde
~cr profo~sor ao ser expulso ela M,1rinha por causa de sua homossexualidade.
( 'o,no milharc, de gay,. roi para São r rancisco em 1969. Após largar o elJlprego
ele anal ista limmceiro, abriu um cstal)clccimcnto fotográfico. a Castro Camera.
,111Rua Castro. Concebeu um plm10 para a transfor,nação de uma simples co1rn 1-
11idade gay em uma comunidade de negócio~ gays e daí para o poder. Persuadiu
o, " gays a comprar de gays" , para que Ca~tro fosse mais cio que um lugai· d~
l'ª~i--age111. que se lornasse urn espaço onde gay:-» tivessem seus negócios. mora:-,..
" 'm e se di,·e,1is.sem. Conseqüentemente. se gays podiam comprar proclucos de
EliJ Dk :id:i m D&-.-idl - lufdo d:, O ~-·loffi<IV!i <J:l - f,'jn:11d;i. i•:1y, '-' vi,·er como gays. podiam, também, votm- gay. En, 1973, ele se candidawu
Jc: ~J 1k 60 c:&3dl ck JO <:l~~ldl década 1Sc 70
\le 70 ., , ,·1-..>ador da cidade de São Francisco, e.~plicitarneme como candidato gay. Ob-
f igura 4. l 1 Áreas I esidcnciai~ gays de São Fl';tn('i"'"º 1,·1~ c•xpressiva votação, mas não foi eleito. Retomou a tarefa de construir uma
frmtr: Castelh ( 1983)
lm ,· política. l'ortal.xendo os clube$ políticos gay$, aliando-se ao Partido Demo·
crát ic.c>e ampliando seu programa de forma a abranger questões ligadas às polí- prcrcito de Sfio Francisco em 1996. Uma a nedota sobre a ca mpm1ha de 1996
ticas urbanas da cidade, tais como o conu·o le da especulação imobiliária. Un, ilu>lra bem o estado de perturbação cm que a cultura "homof6bica" se c ncon-
acontecimento político mudou seu destino. Em 1975. um senador liberal pel~1 tr:wa cm São Franci~co. perdida na incerteza d<>s seus valores defendidos M
C111ifórnia, George Mosc<lne, foi eleito prefeito de São Francisco por margem 1,uno te mpo. O p refeito e m exercício. ex-chefe lle polícía. talvez tenha pcrdjdo
estreita. Para assegurar o apoio da comunidade gay, a essa altura _já bastante :i rccleiç:ão por causa de um erro político grosseiro. De o lho nas pesq uisas e

forte. Mosconc nomeou Harvey ~'iilk para um posto impo1tante da ,1dminis1ra- querendo cair nas graças do público gay. deixou-se fot(lgrafar nu dando urna
ção. Pela primeira ve1.. um líder assumidamente gay tornava-se funcionário do ,·mrcv i, ta embaixo do chuveiro a radio_iornal istas "nos mesmos trajes". A rcu-
governo da cidade. Mais mi menos na mesma época. o poderoso movimento ,;r.,,. tnnto de eleit0res gays como de heterossexuais que se sentiram ofendidos,
distrital de São Francisco conseguiu a reforma da lei eleitoral estabelecendo o e nterrou defi nitivamente suas c ha11c0s. O novo p refe.iw renovou o compromis-
voto distrital piu·a a Câmara Municipal. Em seguida, co111 base no teni t6Iio que " ' da cidade. compromisso esse q ue já co1t1ple1ava cluas décadas, ele rc~peitar
a comunidade gay bavia conquislado na região de Castro e que se to mou um e a umentar os d ireitos e a cuh urn gays. cele brados e m paradas e festivais viíri-
distrito eleilornl. J-larvev Milk foi eleito vereador cm 1977. A pai1ir de sua novu a, vezes durante o ano.
pla taforma. ele mobiliz.~u o poder gay em torno da cidade e do estado. Em 1978. A comu nidade gay cios anos 90. poré m, não é a mesma da década de 70
uma moção conservadora foi posta cm votação q uê. se aprovada, faria com que: c·111 \'lrtude da epidemia da AIDS no início dos anos 80.'" Nos 15 anos se-
hornossexuais fossem proibidos de lecionar em escolas públ icas da Cali fórnia. ;;umtes. r e rca de 15 mil pessoas mo rreram em Siío Francisco em conseq iiê n-
Os eleitores rejeitaram a propo,ta por 58'¼- em toda a Califórnia e por 75% em c-in du AIDS e millmrcs de o utras foram diag nos1icadas como portado ras do
São Francisco. Harvcv Mil k liderou a campanha utilizando com rnaeslria o, , írus Hl V. A rc~1çào da comunid ade g:ay foi notiívcl e São Francisco tornou-
meios de cornt1nicaçã;>. Em abril de 1978. a Câmara Municipal ap rovou un1<1 ' <'. par,1 o mundo inteiro. 11 111 modelo de organi 7.ação. prevenção e ação po lí-
Porwria de Direitos dos ( iays 111ui10 libe ral. Ness:l mesma ocasião, duas líd~- 1i,;a rn ltada para o co nt rn le lia ep idem ia da Al DS. u m perigo pa ra u
rcs do leshían i.rn10. Dei fv1anin e Pl1yllis Lyon. funcion,írias da Prefei tura, n.:· humanirlado. Creio ser correto afirmar q ue o 1novi n1cmo gay mais irnportan,
ccbernm tia cidade de Siío Franc isco um certificado de honra ao mérito pelos 1,· dos anos 80 e 90 é a ala gay do rnov i1nent,l a nti-AJDS em suas d iversas
serviços cívicos prc,, tad<Js - incluindo apoie> às lésbicas - e ]){Jr seus 25 anos manifeswçõcs . das clínicas de saúde aos g rupos milita ntes. como (1 ACT
vivendo juntas. Essas. e o utras conquistas homossexuais. era m mais do que 11 l li'! Os primeiro~ csfun;;os em São Fra ncis~o foram concentrados na ajudo
cultura ho mof6bica podia suportar. Ein 27 de novembro de 197iS. um veread(11 ª"' doentes e na busca de meios para imped ir a propagação d a doenç11. Um
conservador. Dan White. ex-pol icial q ue havia feito cam1>onha contra a toli;, amplo programa de educação da comu nidarlc foi colocado em prática, ensi-
rfincia aos "desvios ~.::xuaiÇ_ rnatou a tiro$ o prefeilo George Moscnne e Harvey 11ando e di fu ndindo procedi mentos de sexo seg uro. Os resultados o btidos em
Milk e m se us escritórios na Prefciwra. cntregantlo-,e, ,lcpois. a seus ex-co l(;. pouc<J tempo foram ~xcclemes. Nc>s a nos 90. tanto c m São Francisco como
gas da polícia. Durnnte o velório de Moscone e Milk formou-se uma das dl:· na Ca li fóm ia cm geral. a incidê ncia de novos ça~os de AIDS é muito maior
monstrnçôes políticas de maiores proporções jamais ucorrida cm São Francisco: 11.1 população heterossexual e m vin uclc do uso ele drogas, prostituição e in-
20 mil pessoa.s ponando velas marchar,un em silêncio após ouvire m v,kic,, l'ccçâo de mulhe res por homens desprecavidos, ao passo que e ntre a pop11l,1
oradore.-; incitando o movimelllo a prOS$oguir na luta seguindo o e xemplo d~ ~· fü} gay. mais const:ie.ntc e hem-organizada. o número <le novos C(lsos
Harvev Milk . E o movimento obedeceu. A nova prefeita, Dianne Fei ns1ei11 di minuiu significativame nte. Prestou-se assistência aos doe ntes em rodos os
nomc;u o utro líder gay. Harry Brite. um social ista. para o l11gar ocupado por n1veis. e o Hospilal Geral de São Francisco foi o pri meiro II instalar uma 1dn
Harvev Mi lk. mais mrclc eleito vereador. Durante toda a década segui nte. líde de atcnd imemo pen n:mente a c:1sos de AlDS e o rg anizar tocla uma rede de
rcs ga);Se lésbicas aumentarem sua re presentação na Câmara Municipal con, ~olu ntários para dar assistê ncia e confortar doentes no hospital e em casa. A
tilllída de 11 membros e. embora tenham pe rd ido a eleição e m 1992 pa ra um pré\Sã0 de mi litantes para q ue as pesquisa, fossem a mpl iadas. acele rando a
prefeito conservador, tornaram-se novamente um compon,·ntc ue peso na .:mi :iprnva,;fto de medicamentos experimentais assirn q ue se tornassem di sponí-
liz.'io q ue aj udou a eleger Willie Brown. vete rano lí(kl tl.:111ocrá1ico llll/:!l tl, \<:1,. rendeu bous resultados.,,-,, Universidade da Califcírn ia. atu,1ndo no I-los·
25\

pital de São Francisco. torno1i-se um dos principais centros de pesquisas<>· minante entre gays e lésbicas de meia-idade. Conseqlientemente. um novo
bre a AIDS. Sob perspectiva mais ampla. a Conferência Mundial sobre a 1nMi111ento surgiu entre a comunidade homossexual defendetldo que ta is
AlDS realizada em Vancouver cm 1996 anuncio\l potenciais progressos no rdacionamentos estáveis fossem reconhecidos com<> famílias. Assim. seu~
controle da doença e talvez diminuição da sua letalidade no futuro. m~111bros procuraram obter certificados de parceria emitidos pelo governo
No entanto. o mais importante e~forço da comunidade gay em São Fran- local e estadual. Esses certi ficados garantiriam o di reito aos benefícios con-
cisco: e_cm outros lugares também, ta lvez tenha sido a hatalba culturnl para léridos pelo casamento. Além disso, a legalização de casame ntos com mcm-
desn11sl!(1car a A IDS. afastar o estigma e convencer o mundo ele que a doen.- hn1s de>mesmo sexo tornou-se uma das maiores exigências do movimcntv,
ça não era causada pela homossex ualidade ou mesm() pela sexualidade de laz<!ndo que os conservadores caíssem em contradição por suas próprias pt1-
modo geral. O C()ll\ato. inclusive conrato sex\li\l. mas também muitas outras l:nn1s ao exaltarem os valores fami l iares, e estendendo tais valores para for-
formas de contato. é que seriam <>s mensageiros da morte. não a homossexua- 111:is de amor, deveres comp:1rtilhados e educação de filhos não tradicionais
lidade. 11·1 E<> rompi memo dessas redes e conseqüente controle da epidemia 11c111 heterossexuais. O que corne~:ou como um 1novimemo de liberação se-

não foram uma questão de confitrnmento. mas de educ,ição. organização e xual completou sua cadeia evoluti va e agora persegue a família patriarcal
responsabili dade. contando mm o apoio das instituições de saúde pública e , 01110 uma praga. atacando suas raízes heterossexuais e subvertendo sua ex-

da consci entização cívica. Que a comunidade gay. partindo de São Frnncis- ' 1us i vi dade sobre os valores ram i I i ares.
co. tenha consegu ido vencer essa batalha ,irtlua foi urna contribuição decisi - Corno toda ação gera uma rea~'.ilo, a relativa don1es1ic,1ção da sexualida-
va para a humanidade. Não só porque um novo crime contra a humanidade de nas novas famíl ias de gays e lésbicas induziu, paralelamentê. o descnvolvi-
foi evil ado quando o movimento conseguiu impedir que os portadores do 111c1Ho de culturas sexuais minorit árias (heterossexuois e homossexuais). tais
Hl V fossem identificados e mantidos cm con finamento. O que estava funda- corno o movimento sadomasoquista e redes de escravos do sexo volunt:írios.
mentalmente cm j ogo era a capac idade de o mundo olhar a A rDS dircwmen-- 11111 fenômeno marcante no .:en:lrio de Suo Francisco dos anos 90. principa l-
te em seus ol hos horripi lantes e cnearar a ep idetnia cm termos de vírus e nãC) lllcnte na área de So111/i of Market. emhorn eu j;\ tivesse i<kntificado a impor-
em termos de preconcei1os e pesadelos. Chegamos mui to perco. cm todo o 1:i n<:ia dessa revolia cultural/pessoal em meu 1raba lho ele campo M 15 anos. Os
mundo, de considerar !l AIDS como um merecido casti,w divino contara a , adomasoquistas, cuja cultura i nclui alguns intelectuais muito aniculados. cri-
Nova Sodoma. o que nos teria impedido de tomar as n;edidas neccss,íria:; 11~J1n os gays convencionais por tent,irem definir novas normas do "social-
para evitar uma dissem inação ai nda mais am pla da doença até que fosse mcnrc aceiu\vel". reproduzindo. assi m, a lógica da dominação que oprimiu
tar,le demais parn controlá-la. O fato de não termos chegado a esse ponLn. de )(;ty, e lésbicas em todos os tempos. Para os sadornasoquistas. a j ornada nilo
as .soc1cdadés terem co111prccnd ido em tempo que a AIDS niio era uma doen- 1,·m lirn. Assim, violência comrolada. aceitação da lrnmi lhação, leilôes de es-
ça l1omossex ual e que toda a sociedade precisava lutar contra suas fontes u , , :ivus, prazer pe l<1 dor, roupas de couro. emblemas nazi, tas, correntes e chi-
formas ele disseminação, deveu-se em grnndc parte ao trnbalho do movimen- co k'.S são mais que estímulos sexuais. São expressões culturais da necessidacl~
to ami-AfDS organizado pd os gays, com seus pioneiros tmuitos já perto d::i 1h.: tkstrui r quaisquer va lores moro is que a sociedade heterossexual lhes tenhrt
mone) na liberada ciclnde de Sfüi Fr,m,i sco. k·gado. já que esses valores têm sido usados tradicionalmente para estlgma1i-
Ai nda I ig,1cla à epidemia da A IDS. uma outra tendência surgiu entre a 1ar e reprimir a homossexualidade e a própria sexualidade. O consideróvcl
com unidade gay de São Francisco nos anos 90. O, padrões de relaciona- u ,nstrangimento que essa m.i noria cultural causa 11 maioria do;;/das hornossc-
mentos sexuais tornaram-se mais est;~vei~. em parte como s.i nal do envelhc , uais é um sint()ma de que abordam uma questão importante e bastante com
ci mento e maturidade d~ alguns segmentos da com wüdade e em parte comn pli~ada.
forma de canali zar a sexualidade parn os padrões mais seguros do amor. ( J A bando.nada i\ própria s011e cm seu gudo cultural, a c<imunidade gay não
desejo de formar famíl ias com membros do mesmo sexo 1<Jl'11ou-se u111a da., , ouseguirá levar a cabo ,1 revolução sexual nem subve11er o pattiarcalismo, m0-
tendências mais fortes en1re os gays e l\lais ainda entre as l,)shieas. O conl"or "" implícitas do movimento. mesmo sem apoio do crescente segmento de elites
to de um relacionamento monógamo e durável pa,so11 .i w r 11 n,odc lo prc<.IO· tnasculinas que consolllem, em vez de produzir, o movimento gay. A li anças
256

e.~traiégicas com lésbicas e o movimento feminista de modo geral são condiçãú porqLh! ocorre cm um mornemo da H istória em que a pesquisa biológica e as
imprescindí\'el para 11 Jibcração gay. No entanto, gays são I10,nens e sua socialc- novas tec nolog ias da medicina pe rmitem dissoci ar heterossex ualidade,
patriarcal ismo e reprodução da espécie. f amílias constituídas por pcssm1s do
wçiío na qualidade de homens. e os privilégios de que go7a1n. principalmeme s,e
m~smo sexo, que não desistem da perspectiva de criar filhos, são a mais ~larn
forem brancos e de classe média. restringem a strn wral adesão à aliança contra
vx pressão d0ssa possibilidade.
90
o patri arcal ismo. Por isso, o que vemos em São Francisco na década de é um.a
Por outro lado. o esmaec imento das fronteiras sexuais. desestruturando"
ruptura cada ve1. ,.na.ior entre a aliança formada por gays radicais e lésbicas e
l'amília, sexualidade. amor. gênero e poder. dá lugar a uma crítica culturnl
uma eli te gay respeitável estabelecida como grupo de interesse para defender os
l'undnrnent8l do mundo como o conhecemos. Por isso, o desenvolvimento f'u-
direiLos de homens gays ,rn condição de min<>ria tolerada inserida nas insti tui-
1uro dos movimentos de libcrnção sexual não será fáci l. Ao trocar a defesa J o,
ções do patri arcalis,no. Se. no entanto. tal diversidade tem como se expressar em
direitos humanos pela reconstrução da sexualidade, da família e da personali-
um mov imento ,nais abrangente. dando às pessoas liberdade de escolher a quem
d.id0. os n1ovi mentos tocan, nos centros nervosos da repressão e da civi liza-
amar. em oposição à norma heterossexual. é porque um dia Harvcy lvli lk e ou-
tros pioneiros construíram uma comuna livre no Oeste.
' ªº· e ,eriío pagos na mesma moeda. O horizonte que se abre il frente do,
,novirncntos gay e lesbiano é rn multuoso e a A IDS não será o único mon~u·o
a1~rroriza11te da rt'a<l1ú anti..scxual. iVJesmo a~sin1. se a experiência vivenciach1
Resumo: identidade sexual e a família patriarcal 110 lÍl timo qu.u·co de século tiver algum valor indicativo para o futuro, o pock r
da identidade se reve~re de mágica quando tocado pelo poder do amor.
O, movimentos lesbiano e gay nflo s,1o simples movimemos em defesa
do dire.iI0 ln1Jnano b<ísico de escolher a quem e como amar. São também ex-
press<iex poderosas de idcncidade sexual e. por1a111.o. de liberação sexual. Es - Família, sexualidade e personalidade na
ses mm·imemos rlesati.1111 algumas das estruturas milenares sobre as quais as
sociéd,ldes foram hisIoricrm1cntú construídas: repressão sex ual e hcternssc-
crise do patriarcalismo' '5
xualidade coinpulscíria. ·
Na s,_,ciedcule que se sepom e se diwwcia, a fam1·/i(} ,wchv.-r gem uma tlfrer·
Quando lésbicas. vivencio em ~mbicntc inscirucional tão repressivo e
sidade d<.' la('os tü: pare11lesco m:wciados, por t>.w:mplo. às dwmmlas fi.md-
p~tri11rcal qtwnto a culum, chinesa dominamc cm 111ipé. ,onsegue111 expressar lt'as recomblmulas. No c>'illmtlo, (l 1wlum;.a desses laços imtdtl () lil<'did,,1 que
aherrnme ntc sua sexualidade e exigir a incluôiío de casamentos entre pessoa;; ('S!âtJ si\jcifo.t a m(.'ior JU\~ociaçiio do que m,tmra. 1\s rclaçl)es familian!s
do mesmo ~exo no código de k i, sobre a i'Hmília. abre-se uma brecha funda- costwnm·mu ser trmuulas cvmo n-·;·1as. 1w brrse da r·onjilmça: agoru. a con-
mental no c.tdafolso instiwcional erguido para conrrolar o cle-~cjo. Se a com u- jirmra pn-cisa ser ne::;oâach~. h<ll'Rtm}wdrr. e o romtJr<iUJ;s~·o asstone 11s mes•
nidade gay é capaz de superar a e~tigmatizayão ignoranre e ,tj udar a controlar mas proporções quc1 o r•x1strllll' no:,: rd achHu,·numff,s S<•xuais.
a AIDS . i"o signi fica que as soci.cc!adcs ~unseguiram sair de sua própri a escu- A mhony ( Jiddcn... , ]i'u- 'frw1sJf1rnwfiun <?f lmimacy. p. 96.
ridão e contemplar toda a diversidade ela experiência hunw na sem preconcei-
tos nem violência. E. se as campanhas eleitorais presidenciais. por enquanro
ape nas nos 13stados Unidos. tiveram de, a contragosto. considerar o debate
A .família que encolheu drasticameme
sobre os direitos dos gays. isso signilica que o questionamento dos movirnen-
Ios sociais quanto à heterossexualidade nã<> pode mais ser ignorado ou sim- A crise do patriarcalis,no, induzida pela i nteração entre o capitalisn,o
plesmente repri mido. No entanto, as rorças da transfonnação desencadeada~ ,uronnaci<Jnal e os movimentos sociais l'emini stas e de identidade sexua l,
pelos movimentos em busca da identidade sexual não porle,11 se rescringir i\ manifesta-se na crescente diversidade de parcerias entre indivíduos que que-
simples tülerftncia e respeito pelos direitos humanos. Elas põem e.mação L11m 1 rem comparti lhar suas vidas e criar filhos. Para simplificar a exposiç~o. minha
crítica corrosiva sobre o que é considerado sexualmente normal e sobre a fa- 1l11stração desse ponto utiliza dados referentes aos Estados Unidos. Não quero.
mília patriarcal. Este desafio é par1icularmente assusrador para o Ix11riarcalis111Q, , t,rn isso. inferi r que todos os países e culturas seguirão o mesmo cami nho
x~ cf;! lart:s
53 inilhbeíi 63 milhíles SI milhõeíi 93 milhõe.s

44.2 40,3
30.9
26.3

- <:asados. cmn lilhos

29.9
29.8
-
30.3 30.3
S.3 - Ou1ros cipl)S de família,
coin filhos

44
5.0
5.6
7.5
5.4
8.6.,
6.5

fJ.7
- Oulros lÍJX>S de f::1111ília,
sem filho~
r - 1fom,;,~ ns qw! Vi\•em sós
.•
-
6.4 '.S.G
, '9?:v .' ,
14:0
' 14'9
lti'. •: 1 Ui
d

.-,:o . 4.6: r - Outm~ la,-c,; não comtituídos 1970 1980 1990 t995
1.7 1,7 pc.)r f:-imíli,,s
1960 \970 1980 1990
li CM.ai:; 1e2nlnwmc ~a-.,ldot- com rilh<i~ ~ ( )u1<0~ 1i1x>s de família sem li lht>S
O Lares constituídos o Lares nio conslituidos ~ C.t:-:'1iíi le; ::1hneme L'as.;~dos sem filhu~ lil Pci-::,.<•:h que v)\'Can :;ó:.
por famíl i,, por !:·unília~ li O111.rl):, 1~po::; <k:. fa1 11ília com lilhos O Ôulro." (p,;;,-:.:;<J;u; sl:11; ,·elaç:io de paremesco)
Figura 4.12}l Coinpo~iç~ú dos. !are:. n1>~ C:-,t.tdos. L1nitlv~. 196').tJO (~) Figura 4.12h { ~úmpo~içã,:i <los l:m.:s •tvs Esl..ido-. U11id,h, 1970~95 f<:{: )
ffilho:-. = pnJprios li lho:- l:mn menos de IS anos) f-0111.t: l)t'.p,:1r1~11m:11h, Ili.:: Rocell:¼'iunc-nh) Jo:,: E:-t,td~);,. L'nil~º " < 1996)
Ft)li{(>,' IJC,J)<)l l;ill!Cll!0 de RC<.'N1-:(::"11l1CIUO do~ E"-tai,.!(,)S Unido:-. ( 1992aJ

O que c:stá c111jogo não 6 o desaparecime nto da famíl ia mas sua profu,~-
,la diversifícaçüo e a mudança do seu sistema de poda. Na verdade, a ma1ona
Porém. u111a vez que as tendências sociais. econômicas e tecnológicas suqja- ,la, pessoas continua a se casar: 90% dos norte-ame ricanos casam-se ao longo
C<•ntes i1 crise do patriarcnlis111(1 encontram-se presentes em todo o mundo. dt· , uas vidas. Quando se divorcia,n. 60% elas mulheres e 75% dos bomen,
parece pJausivel concluir que a maioria d11s sociedades ter,í de reconstruir. ou !ornam a se casar. em média dentro de 1rês ano,. (iars e lésbica, l\ltam pel<J
substitui r. suas instituições patriarcais de acordo com as condições específica, d,r~itn rle casarem-se: legalmente. ~oenwnto. casamentos posteriores, frcqüên-
de sua própria cultm:a e história, A discussão apresentada a seguir, baseadGJ 1 ,a dos casos de coabilaçiio e alco nível de di-.,órcios (estabilizados cm cerca de
empiricamente nas tendências no1te-americanas, te m como o~jetivo idcnti fi" ~0'1 (11.) 1oclos os casamentos) e de ,cpaxaçâo sâo fatores que se combinam
car mecanismos sociais que vinculam a crise da família pat1iarcal. e a transforrnn p.,ra criar u111 pe1i il cada ve:l rnai, di,·crso ele vidas em famíli a e fora da frunílin
çãn da identidade sexual. à redefin ição socfr~ da vida familiar e, conscqüentemcncc, 1." iil,uras 4.1 2a e 4. l2b trazem um resumo elas cendências gerais nos pcrío,
dos siste,nas da personalidade.
,1,,, de 1960 a 1990 e de 1970 a 1995). O número de "lares não constituiclos prn
160

1.1 1.1 1.7 111.:n~iona fontes indicadorn$ ele w,e. se considerarmos a versão mais trndicio-
11:il do patri,,rcalismo. ou seja. lares de casais legalmente casados "' com fi lhos
L' lll que o tínico provedor é o marido. enquanto a esposa se dedica ao lar em

t,· 111po i ntegrn l. ~ proporção cai para 7% cio número tocai de lares.116
A ,·ida dos fi lhos se transformou. Conforme ilustrado na figura 4. 13.
nwi< de 11111a quarta pane cios fi lhos não vivia com ambos os pais em 1990,
,1u,u1do cm 1960 esse número não pa,sava de l 3'7r. De acordo com 11111 esu.1d0
tio Dcpamuncnto ele R0censea111c11 to dos Estados Unidos. a proporção de cri:11,
,·,is que vi•:iam com seus pais biológicos em 1991 em de apenas 50,8%.11 ·1
l \111 ras fonte, mmbém esti mam que "cerca de 50% de todas as crianças n~o
,i,cm com mnbo, os pais".' " O número de adoçôes aumentou substanci,d-
ll ll'lllc' nas Juas últi ma, déeadas e 20 mil bebês nascenun por ferti li zação i11
, itro,11 " ;\s 1e11dé11cias. iodas apolllando na direção do desapareci mento da
l:1111íl ia de núcleo patriarcal. sílo o que reahnen1e importa: a proporção de crian-
~ ' " 1 iv~ndo rom apenas 11111 dos pais dobrou elllre 1970 e J 1)90. atingindo 25%

doo nti mero total de crianças. Entr<! essas. a proporção dos que viviam co111
11,ik, qu~. nunca ~e casaram aumentou de 7% em 1970 para 3 1% em 1990.
1 ares onde vive apenas um genitor. a m5e, aumentaram em 90.59< na década
,k 70 e mais 2 1.2'/,- na de 80. Embora l.1res de apc11s1s u,n gcnitor. nc,tc caso o
11,,i. ténham responílido por somente 3, l 'k dn toial cm 1990. esse número tem
,111111c:n1ado em rirmo ainda 111,1is rápido: ifü.6% 1w década de 70 c 87.2% na de
HO. O número eh! famíli as encabeçadas por rnulhcrcs. ~cm a presença de um
11iariuo, ~1101e11 \Q\1 1lc 117'· do 10ml cm 1970 pani 18% cm 1994, O percentu,11
de li lhos q11e vivem apenas com a mãe dobrou cm rc 1970 e 1994. passando de
1960 1970 1980 1"90
11'Ir pma 22%, enquanto ,1 proporção de' fi lho., que vivem ap~nas com ll pHi
O OutHh li infü::
.t\pen:t.'- a 1ripli cou no mesmo período. passando de 1%· para '.\'1í:.
liJ A1x:11;1~ o pai li (), tk,i-. pais Novo; esqucnws de vida têm-se nnihi plicado. i:r, Em 1980. havia apenas
Fig11n 1 4. 1] l .;m::: 1k rri,1nça:-. com 1!k111):-. c.k 18 ;-\H<iS, púr l)l\;:;c1hii\
do-. pab. nus Est:tdos 1 mi lhões de ramíli as rc<.:ombinadas (inclui ndo fi lhos de cas;1mentos anterio-
L.:nidos. 1960·90 (dislribui\'ão -cm ~ ) ,-:,1: cm 1990. esse número ati ngia 5 milhües. Em 1992. 25% das mulheres
N.•u1,•: Ocp:irnunt11h) de Rc{'enw.;m1cnto dos t$lados Umdos: ( ! 992a) ,nltcir~s com mais d~ 18 anos l inham fi lhos: em 1993, havia 3,5 milhüe~ dei
1 :i,ais vi vendo j untos ,em estarem casados legalmente. dos quais 35% tinlwn ,
ramílim;· dobrou e111re 1960 e 1995, passando de 15% para 29% do total de filhos; o número de hornens solleiros com iilhos dobrou entre 1980 e 1992: cnl
lares, i11du i11do lares de idosos que vivem sós. rerleti11do uma tendência de- ll/90. 1 milhão de crianças vivia com os avós ( 10% a mais cio que em L960),
mocrfüica bem como uma mudança cultural. As mulheres respondem por doi,-. 1k ulll total de ~.5 milhiles de crianças que comparti lham seus lares com um
terços dos lares de pessoas que vivem s6s. M ais significati vo é que a categori:1 tios a\'\'ÍS. Casamentos precedidos por coabitação aumentaram de 8% no fl mil
arq uetípica. "legalmente casados com rilhos". caiu de 44.2% cm 1960 pam ,la dê-cada de 60 para 49% <!111 meado~ da de 80, e cerca 50% dos casais quij
25.5% dos lares em 1995. Assim. o '·modelo" ele fam ília du núcleo patriarnid é , ,v,:,n juntos têm fi lhos.'~' Com a entrada maciça das mulheres na forç:, de
uma realidade para pouco mais ele um qu,u10 dos lares nort,·· ,1111~ric,111os. Staccy I,,1halho remune rado<! seu papel i ndispensável no sustento da fam ília, são
poucas as crianças que podem gozar dos cuidados da rnãe ou do pai em rcmpo participação de 8,f\%, e111 1980 para 11 ,8% no ano 2000. De modo geral. as
integrnl. Em 1990. marido e mulher trabalhavam fora em cérca de 70% das ~,timativas e prc,.ieç6es da Universidade de Harvard indicam que, enqua1110
famílias e 58% das mftes com fü hos pequenos trabalhavam fora. A cri~çâo do~ cn, 1960 75% de todos os lar~~ dos Estados Unidos eram formados poJ' casa i,
li lhos é um d<JS maiores problemas enfrentados pe las famíl i11s e dois terços da;; kgalmente casados e os lares não constituídos por famílias equi va liam a a1>c·
crianças ficam em seus lares sob os cuidados ele parentes e vizinhos.'" acres-- 11 as l.'i'¼-. do lotai ele lares, no an<i 2000 os casais lega lmente casados
centando-se agui ajudantes domésticos não registrados. Mulheres pobres que corresponderão a 53% e o mímcro de lares não fonrntdos por famíl ias aurne11-
não pç,dcm pagar para que cuidem de seus li Ihos têm de escolher e11u·e sepa- 1ad para 38%. O resultado dessa visualização estatísti.ca é um quadro de diver-
rar-se deles ou deixar de trnbalhar fora, caindo ,1ssim na armadilha do seguro sificação. de relaciona111entos pessoais com fron1eiras móveis, e um nú1110w
soei.a i. que poderá resultar na perda da guarda de seus fi lhos.'~; <.:ada vez maior de crianças está sendo cr.iada em tipos de família que há apenas
Existem poucas estimativas confiáveis sobre lares e fami1ias de pessoas do 1rês décadas. um mero instante pelos padrões de tempo histórico. eram tidas
mesmo sexo. Uma dessas poucas é a de Gonsioreck e Wein rich, segundo a qual como marginais e aLé rnesmo i11(:oncebívcis.1~7
cerca de 10% da popula~iio masculina dos E.s1ados Unidos é gay. e entre 6 e 7% Entíio, quais são esses novos esquemas de vida'' Como vivem as pessoas
da população f0minina é formada por Iésbicas.m Segundo sua esti mativa, cerca :igorn. demro e fora da famíl ia. nos limiares do patriarcalismo? Temos algum
de 20% da população m,1sculina gay já foi casada e entre 20 e 50% tiveram l'(>nhecimcmo do assunto cm decorrência de pesquisas pioneiras realizadas pnr
fl lhos. Muitas vezes lésbicas são mfies. quase sempre em conseqüência de casa- S1a-:ey. Reigm e Spin,1, Susscr e outros.) ,s Nas palavras ele Stacey:
mentos heterossexuais anteriores. Uma avaliação bastanle abrangente indica que
o nómero de crianças que vive cmn mães lésbicas varia entre 1.5 e 3.3 milh<ies. nas d!1imn:5 três décadas de levanfe pós-industrial. ho1llL~ns e mulheres vêm
O número de crianças que vive com pai gay ou mãe lésbica situa-se entre 4 e õ refo, mulanclo a familia americana de formn cri:,li\'H, Tem ,·ctirad<.> das cinzas
milhõcs.'1' Entre os lares não habitados por famílias, o maior crescimento veri- e resíduos d<·) fam ília moclcm~·l 11mn gama divtr~ilicada. muita~ vezes incon-
fica-sem, categoria "outros lares não cons1iu1ídos por famílias", que cresceu de gnien,c. de recursos cultunlis. políticos. cco11ôrnicos e ideológküs, mock-
1.7% de todos os lares em 1970 parir 5% em 1995. De acordo com o censo nrnte- lando esses recursos em novas cstnHégias de. gê.nero e p,,rcntesco para
amcricano, esse grupo .:ngloba companheiros de quarto, amigos e indivíduos enfrentar os dc... :11io::-. encargos t oporlll nidadc..\ ela er<l pós-indusLrhil. 1N
sem relaçf10 de parentesco entre si. :--la verdade. esse grupo incluiria tanto casais
heterossexuais co1110 homossexuais que coabitam e não têm fi lhos. O estudo qualitati vo realizado por Reigot e Spina sobre novas formas d~
Quanto a projeções para o futurú próx imo. utili zando-se as estimativas lamília'-'' apresenta conc lusões se melhantes. Não está emergindo nenhum tipo
da Universidade de Harvard sobre a furnrnção dos lares no ano 2000 em com- prevalecente de famíl ia. a regra é a di versidade. Alguns elementos. porém, nos
pan1,~o com o (01al de lüres. o número de ca~ais lega lmeme casado, que têm 1>:1rcce111 críticos para esses novos hábitos de vida: nJdes de apoio. aumento do
li lhos deverá cair ai nda mais. passando de 3 1.5% e111 1980 para 23.4% no ano 11w11em de lares 111t1dwdfnrricos. sucessão df! prm:eims e de padrões d11ra11/i'
2000, enquanto lares habitado~por um só i.ndivíduo poderão aumentar de 22.6% o de/o de vida. Redes de l\[}Oio. muitas vezes emre 1nembros das famílias du
parn 26.6% no ano 2000, superando eSlaristicamente o tipo de lar formado por l·:rsais divorciados, são uma nova e importancc forma de socialização e divisi'io
casais legahne111e casados. com li lhos. 11• O mímero de pai~ ou mães solteiro;. tk responsabilidades, pri ncipal mente quando há nl hos que precisam ser com-
aumemaria um pouco. passa1Jdo de 7,7o/r· para 8.7%. Casais legalmente casa- lMHi lhados e sustentados pelos dois pais quando ambos fonnam novos lares.
d<>S sem filhos formariam os lares mais numerosos, porém não predominantc.s, C'onsegücntcmente, um estudo realizado sobre casais di vorciados de classu
per111aneccndo en1 cerca de 29,5% do número Lotai em vi,tude da maio,· ,t>• 111êdia dos subúrbios de São Frnncisco con, latou gue um terço mantém laço$
brevidade ambos os cônjuges, juntamente com a substi1ui~ão de casa is antes ran ,i liarcs com seu, ex-esposos e respectivos parenres.' ' 1De awrdo com estu-
legalmell\c CfL~ados, com fi lhos. por um leque mais diversificado de 1ipos cfo do., de caso relatados por Reigo1 e Spina. por Susser, e por Coleman e Ga-
lar. Na real idade. as projeções do que chamam de ·'ou1 rns larc5"_ inclui11dn 11ong.' '' as redes de apoio às mulheres são essenciais para mães solteiras e as
esquemas de vicia variaJos, indicam que c,sc ~egrncn lo dt•vcrft ,1ur11u111111 su:1 q uc trobalha,n em te111po integral. Conforme exposto por S1acey. "se existe
O litu Ju 1'1111!1111111 111o1 111111\ 111u:111...,~ ,u.:1.11.,. f:unill:1 e.· .f)C \ll ;ihJad.: l!il \."1,1 Ja infonn:1ç;ic,

t1111a crise de família. é uma crise de família masculina''Y' Além Jisso. como a mndonças de personalidade ocorridas em decor,ência da ciise do patriarci,-
maioria das pessoas continua lentando fonnJr fa111 íl ia ápesar das dccc1>ções ou li.smo, ela fornece. a meu ve!'. um excelente ponto inicial para a teorização de
desajustes. padrastos. madrastas e uma ~érie de relac ionamentos ac,1ba111 ta i, mudanças. Resumirei primeiro o modelo de Chodorow usando sua~ pró-
constituindo 11 norma. Por causa tanto da, experiências de vida quanto da com- prias palavras para. em seguida. desenvolver as implicações desse modelo de
plexidade dos lares. os ,11Tanjos famil iares. com distribuição de papéis e res- p.:,·sonalidade e gênero nas <!Ondições imposrns pela crise do patriarcol ismo.
ponsabi l idades, não mais se ajustam às rotinas tradicionai s: prec isam ser S.:gundo Chodorow, a reproduçflo da figura niaterna é o ponto central da. rc-
ncl!ociados. Portanto. a1)ós observarem a grande incidência de cHsos de rom - 1woclução do gênero. Acontece por meio de u,n processo psicológico social ~
pit;;entc) da família, Colcman e Ganong concluem: " Será o t'i m da famíl ia? A <!>,.ll'ltlurnlmente i nduzido. não sendo produto nem da biologia nem do trcina-
J'esposta é não. Entretanto. muitos de nós teremos tn11a vida famil iar nova e m.:nto institucional para o pap~I a ser assu1J1ido. Em suas p,1lavras:
mais complexa. Nessas novas famílias. papéis. regras e responsabi li<lades não
mais serão uaramido~ como é de praxe nas íamílias mais tradic ionais e lerão M oJheJ't~s. n,1qualidade. de müe.). gernm ti lhas tom cápí1c.id;:1de maternal e o
de ser nego~iados".'!-l d:;sejo de elas própd~ts 1ornarc11l~~c 1nüe::;. Tal capac1clad('. e 1,ccc~~idade são
Dessa forma. o pmriarcal ismo está totalmente cl imi n:ido nos casos, cada 1nert nlcs. desenvoJvt~ndo·SC a pal'lir do rt l:icionmnento mãe-filh:1. Em
vez m:iis numerosos. de lares encabeçados por mulheres, e corre sério risco <.le contrnpartida. as rnulhtre::. como mães \C homens c:omo n5o 1níles) ge,·am
extinção na maioria dos outros lares em virtude das negociHções e condições filhos homens cuja ...~apacidadc ,_. nt:cessidnd~ ele criar filhos tôm :-ido siste-
mati<.:arncnic rc<Ju;,idas e reprtmit.las. [~stt Cntu prep~irn os homens para $Cu
impostas por mulheres e lilhos. A lém disso. há um outro tipo de lar em cresci-
fnhiro papi!I :,fetivo ur, fa11uíli.1 e pan1 a $.Ua íunçfü> considérada primordial. a
m0mo. com possibilidade de chegJr rapidamente a 40% - os tare~ nfüi fonna- parlit ip~tçâo no nnttHh• imp::-:,,soal e cx1rafomilinr repi-csen1ado pelo tra.balho
dos por uma famíl ia. fazendo com que a família patriarcal pc,ca seu sentido e pda vida pública. A divisão sexual e fomil iar dn trnbnlho em que mu1hercs
como instituição p<ll'a grande pnrte da sociedade~ não obstante sua gigantesca nturem I?- cnvolvc-nl~~c mab em relacionflnrentos in1crp;.::-.soai::; e ~1feti\'OS do
presença como mito. qut os homem,. produz. çm 11 lhus e. tillm::. uma divi:--fio dt c;:-ip<1cidadts psfoo-
Sob tais condições, o que acontece com o processo ele socialização dos 1<:lgk\H que os leva a reprocluz.11· essa dtv<1:,,ào sexual e foiniliar do trabalho ...
ti lhos, subjacente 11 di visão da sociedade por gênero e. portanto, à reproduçã<> As mulhc-1\~:,, têm a n:s.pon, abilicl~t(k :--t1prema de ..:-rmr os filhos de.ntro e for3
d <.1 l:1m(lia; elas. (:1)) ~li;\ llla!úri:l, (IUC.11.'lll S(:í m J.ieS e S~nt<'ilH~t gratiliéadns
do próprio pat riarcalisrno?
nesse papd: e ;ipesar de todos o, rnnfl ilos ~ cmnrncliçõcs. têm sicto bem,
!>U<:edid.:ts nessa f'unçfü>. 1 1
''

A reprodução da .figur{I materna em relaçlio


Esse modelo de reprodu~ão gern um i mpacto extraordinário na sexuali-
à nlío-reproduçcio do patriarca/ismo d:,dc e. conseqüentemente. na personalidade e vid~ famil iar: "Em virtude do
r:,to de que mulheres são mães, o dcscnvolvimemo do objeto da escolha hetc-
Não há espaço no escopo deste capítulo parn descrever os detalhes de 1nsscxu8I não é igual r arn homens e mulheres'',,.,, Meninos têm na mãe seu
regi strns empíricos complexos, di versi licado.s e controversos, elos quais a maio- pri nci pal objeto de amor na in fância e. por ç,1usa desse tabu fundamental, pr.:-
ria encontra-se oculta nas fichas médicas de psicólogos infantis, sobre a trans- t'isam passar pelo cl.ás~ico processo de separação e resolução do seu complexo
formação por que passou a sociali zação dH fam ília no novo ambiente fami li ar. ,te fid ipo. repri mindo o vínculo com , uus m:1es. Quando se tornam adultos. o~
Creio. porém. que algumas h.i póteses podem ser fonm1ladas com base na clássi- it()mens esrão prontos para Jcilar uma relação com algllém como suas mfü:,
ca obra da psicanalisla fominista Nancy Chodorow. Em seu livro. Neproduction tgrafodo em itál ico por Chodorow). Para as menina,. é diferente:
o(i'4orhering , Chodorow apresentou um modelo psicoanalítico simples, ele-
game e consi.stenre da produção/reproduçüo cio gênero. modelo esse aperfei- Sendo seu prjmeiro amor uma 1nulhcr, a menina. _p~u·a segui r a or ienwçiio
çoado e C<>mplemcnrndo em obras po~leriores.t~s E111bo11L su~1teoria dê margem heterossex1(íll correw. :-i1 predsa trnnsforir seu primeiro objeto de escolha
a conlrovérsias e a psicanálise não sej a a únicfi }1l·h11thll!t•n1 r1 csc larc-cer a~ para o pai I! p~ira os homens... Para as mcninr1s. ;)ssitn como para os rncu i~
nos. são as mães o primeiro o~jeto de amor. Corno resultado. o ambiente
estnnural interno da heterossexm1lidade rcminina é difereme tia masc;ulina. ,ua ligação primordial co111 a mãe e. mais carde, com sua figura de mãe: " Para
Quando o pai se toma uma figura p1imfüi íl importante para a menina. o fa2. no ns homens. comrnriamenle. o relaci onamento heterossexual apenas recria a
contexto de \Hn uiângulo rel;icional bissexual... Pon:..tntQ, p.1ra as meninas mio :i111iga ligação com a mãe; um }ilho o i111erm111pe [destacado por mimJ. Os
ocon-e uma 111uclança absoluta deobje10, I.impouco uma ligação cxdw;iva com o lum1ens. além cio mais, não se definem cm relacionamentos e chegam a elimi-
pai.. . As implicações s.ão duas. Primeiro, íl natur&.a <lo relad omunento hetems.. 11ar sua capacidade de re lacionamento e reprimir suas necessidades nesse sen-
sexual não é a mc-.sma pilm meninos e menina.~. A 111,1ioria das meninas lin ·,l·Se tido. Isso os prepara para panici par cio mundo alienado cio trabalho que nega o
do seu Complexo de Édipo inclioando~sc para o pai. e para os homens em geral,
como principais objetos. ,tró,icos. rnas é óbvio qt1e Q;\ homens tendem a ocup::tr ai'c to. mas não parn satisfazer as necessidades de intimidade e relaC'ionarncn-
uma posição (tmocionolm<?llfe secund~úfa, ou pelo rnenos iguíll, cm c;omparaç-ão tw, primários da mulher''.1·•·1 Assim, '·a indispon ibilidade emocional do ho-
com a prim,1rJa e ~xcJusividadc dos laços edipjaiios que o 111e:nino mamém com mem e o compromisso heterossexual menos exc lusivo da mulher ajudam a
a mãe e com as muJht n!.s. Segundo.., as mtilherús. de acordo com DeULsch. pr;1. nms<:!rvar a mulher no pitpel de mõe". Finalmente,
tkarn os r<'lacionmn.entos heterossexuais em um contexto I.,·iangul:lr, no qual 05
hom:;ns não são objclos .;xclusivos p.ara elas. A implk::u;;'h>dessa sua afinnmiva (... ) l>S aspc:t1os institucionalizados da cstniturn fami linr e as relttçôes sociais
é confinnada ~X)r arnilises intercuhurnis <lc cstmtura!; fonUliares e l'<:l::tç.(,es entre (le reproduç:1o rtpêtem-::;e. Um exame psicanalítico demonsLra que a c.1pnci-
o:; stxo~. que ;)\!gere q\le a in1imidadc <.:onJoga1 é exceção e rnfo a regra. 11"' dadc e os co1npromis~c>s 1natcrnais da mulher e ::t l~~,pacidacle e desejos p~ic<.>·
lógico~ gc.rüi~ que formam a l:w~~ elas suas emoçõ..:::, .s.ào J escnvolviclos na
De fato, os homens tendem a apai xonar-se romanticarnentc, cnquant(> as personal idade fominin:1. Por ser criada po.:la ,nfü:. ;) nmlhc, crescx· t:om capa·
mulheres, em decorrência de sua dependência econô111jca e sistema afetivo t·idade ~ necessidades rd:u:ion~lls, assim como ~, definição psicológica de
dirigido ,,s mulheres. relacionam-se com os homens de forma mais calculada, reladou:unent()S i ntrnpes.souis que as <:omproinetcm ('Om <l mntenüdade. M
cm que o acesso a rcc\lrsos tern importância vital,'·'º conforme evidenciado no vs homens. como '.\:1o criados por 1mtlheres. n:io têm esse t:ompromisso nem
e~=--•1 necessJcladc. Mulhcrés s;lv mães de filh<lS que ao crcsceri:m se tornam
eS1udo interculllil'i\l desenvolvido por Buss sobre as estratégias ele acasalamemo
mães.. ·11
hu111ano. 1·11 Prossigamos, porém. con1 o rnciocínio de Chodornw:
O modelo aprcscnlado por Chodorow tem sid(> durnmcmc criticado. prin-
(i\s mulheres) não ohs1,rn1.; ::;ua 1.endênc.ia a 10,-03r.em--sc e conlinuarem .;roIi-
.-,pal111eme por lésbica~ teóricas e materialistas feministas, e i njuslitmentc acu-
cmn~mc húttm~,~x1mis fCastcll.1: emborn as exceções 1, rcgrn aumenrem a
cacfa d i:1). estáo sendo <'Slimuladas, Iamo pelas ditkuldfül~s do homem em sado de reduzir a i tnponância do homosscxual is1110, firmar o patriarca l.i smo e
relação ao amo,· qu:1mú por SUi.l próptia relação hist6rica com :;uas 111àcs, a prcdetennin~r o cu111por1a111emo individual. Isso n5o é verdade. A própria
procur~r .1n1cw e grnlificação emocion::tl e1ll outcos com..,:xlüS. t; ma lllaneira l'hot!orow tornou seu pomo de vista bc1n claro: "Sustento - Contra qualquer
de satisfazer essas J\t.cc!ssidadcs é pefa criação-e manutenção de relações pt:,;.. g.;ner.alizaçilo - que. homen~ e mulhcr~s mrnun de tantas maneirns quamo o
soais hnpü1·t~mtcs <:om (.llltrns mu1hcn.~s.. Para m\litas. pol'é!H . as relações
11ú111ero de homens e mulheres".'" E aprimorou sua análise enfatizando que
atbi vas profundas em relação a outras mul heres náo acontec:eIu de forma
m1ineira. no dia-a-<li:..t. {)~ rel<1cionamemos k~bkmo::; 1endem a recrfor ..i liga-
"di ferenciação não é distinçíio nem separação, mas uma maneira especial d~
ção mãc-11Iha. mas,, nmioria das rnulhtres é heterossexual... Ex is.te uma se- ligar-se ao$ <Jtttro,". 1·" O prob lema das mulheres, diz ela. e eu concordo, não é
gunda :.11tern.ativa, Por cau~ü J;.i situaçfü.l criangulnr t da a~~imelri;i emocional :il'irmar s11a identidade fe minina e sim icJenti llca,~s0 rnm uma identidade soc ial-
de sua criação frnnilinr. o relacionarnc-mo da mulher com o homcn1 requer 111.:nte dcsv,1lori1-ada sob o j ugo cio palriarca lismo. O que. Cho<lorow analisa
uma ltrc.c ir;·1 pessoa na estrutura psíquica. já que eSUl foi originalmente 11iio é um eterno processo biológ it:o de especificidade entre homem/mu lher.
estabelecida de forma Lriangul<lr. .. ~esse semido. o íi lho completa para a 111as sill) um 111ecani smc) runclame ntal de reprocluçf10 do gênero e, portanto, da
mulher o seu Lrinngul.o reladonal. i.:.:
identidade. sexual idade e pcrson,tlidade sob /IS condições do pmriarcalisma e
ti,, lu!fe,v.,sexualidade. como tem sempre deixado bem claro.
É fato que "as mulheres desejam e prec isam do rclac1on11111cnto pri mário Perg\tllto, então. se esse modelo instilllcional/psicanalítico pode ,(iuclar-
com os fi lhos".' 11 Já para os homens. mais u111a vez,<: cJ1 1'c,,•111c, cm razão de 11<·" :, .:ornprccnder o que acomcce quando a família patriarcal se desintegra. Vou
tentar associar minhas observ,1ções sobre novas formas ele famílias e l1ábitos de básicos pelos quais suas filhas são produzidas como mães e eles mesmos prl)-
vid~ à teoria de Chodorow. "s Sob a clássica condição patriarcal/heterossexual. duziclos como indivíduos que desej am mulheres/mães pa m si próprios. A,-
em processo de extin~,ão. mulheres heterossexuais dedicam-se basicamente a , im. o homem continua a procurar a mulher, como objeto do seu amor. não só
quatro tipos de objetivos: filhos. como ot~jeto de s,~u instinto maternal: redes de cr6tico mas também emocional. assim como seu salva-vicias e, não devemos
relações felllininas. co,no sua pri ncipal fonte de apoio emocional: homens. como c" 1u~cer. como u,na úti l empregada doméstica. Com mcno, fi lhos. mulheres
objetos eróticos: e homens, como provedores da famíl ia. Nas condições atuais. Ir.,balhando. homens ganhando menos ém empregos menos seguros e com as
no caso da maior parte elas i'mnílias. o quarto objew não mais a1ua como prove- id~ias feministas circulando por todos o~ lugares, eles se encontram face a
dor exclusivo. A s mulheres pagam alto preço ern termos de trnb;dho e tornam-se J'r,éc com rn11ucrosas opções e, se esta muílise es; iver correl,t. ,,enhurna é a
mais pobres cm troca de sua independência econôm ica ou para manter o seu propagação da família patriarcal.
papel indispensável de provedonis da famíl ia mas, de mcxlo geral. a base econô- i\ primeira opção é a sepomçào. "a fuga do col\\promisso","' e reahnen-
mica do patriarcalismo familiar encontra-se corroída e a maioria cios homens te i.:onstatamos essa tendênc ia nas estatísticas. O narcisismo consumista pode
precisa da renda percebida pela ,nulher p;ira usufruir de um estilo ele vida decen- :i,jud:'11', pri nci palmente quando se é nrnis j ovem. l lomcns, porém. não se dão
te. Como os homens sempre tiveram papel secundário c (1111<1 obje10 de apoio he,n cm formação de redes. so lidariedade e ap1idõcs rl.'lacionais. uma caracw-
c,noc ional. licam rckgados ,1 seu pa1>el de obje10 eró1ico que. como fome de , i,tica também explicada pela teoria de Choclorow. Os vínculos mascul inos
interc-ssc para 11mulher encontra-se cm franco declínio nesses 1cmpos de desen- \'on, tituem pr:ítica comum nas sociedades patriarcais tradicionais. Mas, pelo
vol vimento global de redes ele apoio fcn1inin;1s (incluindo m,rnifostações de ~fe- q11c recordo de minha experiência espanhola (antiga e recente). as reuniões
to cm lllll " comim1w11 lcsbi,1110") cm dccorro3n.;ia tainbé,n cio maior interesse " '..: iais "só ele homens" sustentam-se na suposição de q ue as famíli as/nnilhe-
das mulhero;;s ein combinar a maternidade com a ,·ida profissional. ,c, estão esperando em casa_É somente com hase cm uma estrutura éSlável de
A.~si n1. o primeiro estilo de vida resultante çla crise do p:.m·i,m;ali$tnOque tlnm inação que s,llisfaz ~uas necessidades fundamentais de afeiçào que os
,orresponde à 16gic:a do nwdclo de Cl1odorow é a fonnaç:i0 ele famílias constituí- ho111ens conseguem se divertir j untos. gn almcntc falando sobre mulheres. exi-
das por mãe e filhos. <:ontando com o apoio ,las redes femininas. !\essas"comunas hin<lo-se para d as e vanglorinndo-sc ~om ·"w1s cxpcriênci~s. A!. peiias 15= rnus-
de mulheres e cri,mÇfl~.. as heterossexuais recebem, de quando cm quando. a ~11 liuas silcn<.:iam e tornam-se deprimentes quando as mulheres se vfio, com a
Yi, i1a de hcm1~11~. ,,1I1 urn,1 su<.:essfto de pfü,:cri;i~ q1tç dci,xam pam tr.ís outros , clcilraç?o transfonnada. de repcme. em mortalha~ bêbadas do poder mas-
lilhos e maiores motivos para o separatismo. Quando as mães envelhecem, as culino. E foto comprovado que na maioria da~ sociedades. homens solteiros
li lhas se tornam mães. dtindo continuidade ao sistema. A, mães tornam-se avós. ,111-: vivem sós têm menos saúde e. vida mais curta. al.ém de verificarem-se
reforçando as redes ele apoio. tanto e.rn relação a suas próprias !ilhas e netos l'lllre eles maiores taxas de suicídio e d~prcssão do que entre os casados. Com
é Omo em rei acão tis filhas e netú, de outt·(>S kires cm rede. Este não é um modelo
11, nrnlhcrê, que se di vorciam ou s,, separam acontece t:xatamente o contrário,
separaIista ,n; s. sim, um modelo auto-suficiente c<.>ntrado na mulher. em que o, ,1pl'sar dos freqüentes. se hem que cunos. pcríodCls ck dcpr.:ssão pós-di vórcio.
homens vêm e se vão. O princi pal problema do modelo centrado na mulher. A segunda opção é toruar-se gay. Parece que o homossexualismo e,tá se
éOrno Barbara Ehrenreich já havia mencionado anos atr,ís.1" é a sua fnígil base ,·~p:,ndindo entre os homens cuja predisposição biol<Ígiça permite as duas formas
econômica. Cu idados com as criall(;as. serviços sociais. e.duc,wao ,las mulheres d,· expressão sex ual mas que. pelos privilégios do plltriarcalismo, tenham optado
.: opol1ltnidartes de tral,)alho são os elos falttmto:,s para que esse modelo se torne 1~>r cvi mr o estigma do homos~cxtialismo. O ho111ossex11alis1110 munenta as chances
uma çonu,na feminina 11u10-su ficie111e em escala socie!al. ,1,, •~de, de apoio. das quais os homens geralmente não dispôem. Facili tu. tam-
Embora os homcn~ tenham. soci,dmente. privi légios maiores. sua situa- lll1m. parcerias ei111ennos iguai~ ()lf 11egociada.s. já q11c as nonnas sociais m1o dç..
ção pessoal é nmis complicada.''" Cnm o dec línio de seu pocler de barganha 1,•rn1im1111 pap~is preponderante, no casal. É possível. ponanto. que as làmílias
cconônüco, já não consegue,n hnpor disc iplina t, famíl ia recusando-se a for- pny, representem o meio cxpc,imental da igualdade na vida cotidiana.
necer recursos financeiros. A não ser que se empenhem em assumir seus pa- Pma a maioria dos homens. no entanto, a melbor solu~,5o e a mais eslávol
péis de pais cm iguaklacle de condições. não poderão alIc1'!ll' n~ mecanismo, ,, longo pram é :i re111'Jiociar110 do rontraro dr, Ji1111ília he1e1<1ssex11al. lss<>
27 1
270

,ücs de igualdade e a responsabilidade das i nstituições públicas, asscgtmmdo


inclui compartilhar o trabalho doméstico. parceria econômica e sexual e, aci-
:ipoio materia l e psirnl6gico para as crianças. são as medidas cabíveis para
ma de rudo. res1ionsahilidode pelos filhos 10111/meme comporiilhada. Essa úl-
:d1 cr11r o curso que hoje conduz à destru ição em massa da psique humana.
tima condição é crítica para os homens porque apenas sob tais circunstâncias
implícita na vida i nstável de milhões de crianças.
,erá possível alterar o "ereito Chodorow" e as mulheres poderão ser produzi-
das não apenas como mães. mas como mulheres que desejam os homens. e os
homens poderão ser criados não s6 como amantes de mulheres, mas também
como pais de rilhos. De fato. a nã<J ser qu0 esse mecanismo seja revenido. a
Identidade corporal: a (re)construçâo da sexualidade
si mples reforma do s.istema econômico e de poder na fmnília não poderá per-
durar como uma condição sacisfm6ria para os homens uma vez que, como Há uma revolução sexual cm processo de formação, mas não a anuncia-
ainda anseiam pela mulher como seu objeto do am<ir exclusivo. e as mulheres ,la 0 desejada pelos movimentos sociais das décadas de 60 e 70, não obstante
precisam cada vez menos deles. sua rendição condicional na família nuclear ,·sses 1novi111entos 1erem sido fatores importantes para a revolução sexual atual.
reformada é impregnada de ressentimcmo. Assim. além da negociação indivi- 1i,ta revoluçào caracieriza-se pela desvinculaçüo do ca.wu11en10, da família.
dual na farnília refc)nnada. a possibilidade de reconstruírem-se ramílias hete- d11 lw1emssex11alidade e da e.rpresstío se,n 1r1I (ou do desej o. como prefiro cha-
rossexuais vüí veis no fllrnro está na subversão do gênero pela revolução da 111ar) . l~sses quatro fatores, unidos sob a égide do patriarcalismo moderno nos
paternidade. conforme Chodorow stigerira desde o pri ncípio. Sem me envol- ,loi~ últimos sécu los, estão agom conquistando autonomia, como demonstra-
1!0 neste capítulo. Segundo observado por Giddens:
ver em novos detalhes estatísticos. quero apenas frisar que. eJHbora grandes
progressos tenham sido conquistados nesse sentido!;_,a paternida<l~ e a mater-
Supcrfic.ií1hne11te. (> cr1smnc11to hclcrosst~xual parece mHnter su::, pú&ição ccn-
nidade em lermos iguais ainda têm longo caminho a percorrer e seu ritmo é
1rnl na ordem :)Ot'ial. Na verdade. essa i1tstitui<,:n(l vem S('ndo IK1Sl ante debili·
mais lento do que o cresci mento do separmismo. tanto para hom<tns corno parn wda pelo a\-'<lnço cio rclad on;.11nen10 puro e da S('>:ualidade phls1icu. Se. füé
mulheres. agora o casilme1110 or1odoxo não é visw por todos como apena~ mai:;. um
As princi1>ais vítimas dessa transição cultura l sf,o os filhos. cada vez. estilo de vicia ::nlr\.· tamos outros. como de fo10 j :í ~e tú nll)U. isto se deve em
mais negligenciados nas atuais condições da crise famil iar. Sua situação pode- p:tnc r, complicada mistura de atrn,;fío e rçpulsa que o desenvohdment<.>psí..
ní piorar. sej:i porque as nrnlhen::s ticam com seus fi lhos t:rn rnndições mme- quico ele Cíldíl sexo cria em n::lação ao outro ... Alguns c;,sa111~111os podem
riais precárias. seja porque elas. cm busca de autonomia e sobrev ivência pessoal, ~li ndH :;er eonlrt11ados. ou mantidos. prind p;·, 1ml!nle com o objetivo de germ,
cmn0çain a negligenciá-los da mesma forma que os homens. Considerand\l ou crfar. filhos. No ent~nto... q1w..;c wdos os casamentos heterossexuais <e
tntÚHl$ ligaçõe:s homos~exuais) que não se Hproxinnun do rd ad unamento
quú o auxílio do Estado Jo bem-estar social vem minguando. homens e mu·
puro. quando não <.:.acm na dependênci~1 m1ítua. co~turn<:HH evoluir cm dU(IS
lhercs têm de resolver. eles próprios. os problemas dos filhos, ao mesmo tem- <llr<:'ÇÕ-..:'.\. Uma delas é \llll(I versão do c~\srune1Ho por ro1npanheiri::.mo. O
po que perdem o controle sobre suas vidas. O cresci ,ucnto d(amálico no míu1ero nível de envolvimento ~~xunl do casal é baixo. mas <t relação comém certa
de casos de menores ,nolcswdos observado em muncrosas soc iedades. princi- dose de igualdade e siinpati<t 1m'ÍllHl .. , /\ oulnl dirt Qàú é um -casamento l llili-
palmente nos Estados Cnidos. pode bem ser uma expressão d(! estado de con 1.,,do t:Ollll) base domésticn p~tra ambl)!'> o:-: parceiros. L'Olll apen :ls um modes-
fusão e perplex idade d,is pessoas con1 relação às suas vidas fam ili ares. An to i: nv0Jvimen10 emocional de um pdo outro. iss
fazer esta afirmação. ce rtame nte não estou endossando o argumento neo
conservador que u 1lpa o fon1inisn10. ou a liberação sex ual. pelo drama do~ Em ambos os casos, ,1sexual idade est(i dissociada do casamento. lsso j á
filhos. Estou si mplestnente destacando uma questão vital cm nossa sociedadl". ,·i:, realidade p,m, a maioria das mulheres em todos os tempos,1;. mas a alir-
que precisa ser abordada sem preconceitos ideológi<;os: os fi lhos estão sendo ma,5o <la sexualidade feminina. da homossexualidade de homens e mulheres
0xtre111ameme negl igenciados. conl'orme constatado e bem documemaclo po, ,. ,ta sexualidade eletiva rornam a distância entre o desejo das pessoas e a
cientistas sociais e jomalistas.11" A solução não está na volta. i mpossível, d11 lamília cada vez maior. Esse foto não se u·aduz cm liberação sexual mas. para
fam íl ia patriarcal obsoleta e opressiva. A reeúnstrução dn r,1mília cm Cúndi 1rnai(iria da população. ass\lstada com as conseqüências da in fidelidade (pela
_,_
'"

qual agora mmbém os homens têm de pagar) e. nos anos 80 e 90, pela epide-
l-lcmwn.ç
'ºº Ati\-O ú ll r{!CCpll\-'1)
TaJ!l(I ::,1tv-.:i ;.;01uo n.:<.:tplivo
mia <la AIDS. li conseqüência é pobreza sexual, senão miséria. Pelo menos é o
que se deduz da mais abrangente pesquisa empírica sobre o comportamento
sexual nos Estados Unidos. realizada cm J992 com base em represencativa
amostra nacional."" Cerca ele 35,5% do, homens informaram que mantinham
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relações sexua is algumas vezes por mês e 27.4% alguma, vezes por ano ou """ ,•
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nen ln1111a wz. No caso das mulheres, as proporções foram de 37,2% e 29.7%,
rcspeclivamemc. Apenas 7.7% dos homens e 6,1<1o das mulheres afi rmaram
·g~
ter relações sexuais quaLro ou m,lis vezes por semana e, mesmo na fai xa et.íria .g ôO

dos 18 aos 24 anos (em que se encomra o grupo de indi víduos mais ativos ~'
sexualmente), a percentagem de alta freqliência de relaçcies sexuais nãC> passa so-'-----.---.---.---.--- -~-- ~ -- -
1933-37 38-42 43-47 48- 52 53-57 56-62 63-67 68- 74
de 11,4% tanto para homens como p11ra mulhere.5. As 1,1xas de alta ar.ividadc
sexual (mais de. quatro vezes por selJlana) são ligeiramente mais baixas parn Époo::a do na..i;cimcu1()
pessoas casadas do que para a po1>11lação em geral (7.3% no caso dos homens
e 6.6% nC> das mulheres). Esses dados confirmam também a defasagem entre 100
Atiw, ou rcccp1iva
os sexos quanto aos orgasmos: 75% rios encontros sexuais para os homens, 90 T:·1111v :11iv~ t..:<.11111) n;ç.,:püvt,

______ _,,./_...,.,.------.
apenas 29% para as mu lheres. embora a diferença seja menor ern relação ao
"prazer".''' O número de parceiro, sexuais nos últimos 12 meses demonstra 80 . -· -

um leque limitado de parcerias sexuais para a grande maioria da população: -·


66,7% dos homens é 74.7% das n1ulhcrcs tiveram apcm15 um parceiro: e 9,9%
e 13,6%. respect ivamente. não ti veram nenhum. Portanro, os Estado, Un.idos
(lo i11 k io dos 11110s 90 não são palco de nenhuma grande revolu~ão sexual. 50
Entretanto, sob a superfíc ie de tranqüil idade sexu:11, a rica base ele da-
dos <lesse estudo real iwdo pela Universidade de Ch icago reve la crescente
,mttmornia da expressão sextial, notm.liuncnte entre os ma is jovens. Por exem- 30 -'--,...--,- - . . - -~ - - . - - . . -- -,...---
plo, nas tílti,nas quatro décadas. a primei r;i rela~·ão sexual vem Qeorrendo 1933-37 38- 42 4 3 - -17 48-52 53-57 58- 62 6'.l-67 68-74
cada ve1. mais çedo: apesar da AIDS. os adolescentes csrão mais ativlls sexual- l~p1)~a dn na:-...;i111c:11to

mente do que nunca. Em segundo lugar. morar junto antes do casamento Pigura 4 .14 O::orr~nci~ de SC'.\;ú oral n(, d t'..:n fl'l:J' tia vida.
p;.issou a ser a regra. nfio a exceção. Adultos tendem cada vez mai.s ü fonnar 1)()r t!pl•Ca de 11:lSci meru<>: homcu-.. ç mulh.;J-ç:;
parcerias sexua is fora do casamento. Cerca de metade dos casos de coabita- F;,,:u•: l.,.~1111n~11m (',' (({. ( 19941
ção termina no prnzo de um ano. com 40<;'c transformando-se em casamento,
1r:i em termos de prefe(ência sext1a I normativa çonfonne a chíssiea distinção
dos quais 50% termi narão cm divórcio. dois terços dos quais em <>utros casa-
cutre a sex ualidade tr~dicional (parn fins de procri ação). relac ional (por
mentos cuja possibilidade de terminar em divórcio é ainda maior do que a
,·11111pa11hemsmo). e recreativa (par~ fins de prazer sexual). Destacam. tarn-
média de todos os casamentos. (.: essa diminuiçâ<> do desejo resultante de
llcm. um tipo "'libertário-recreativo'' mais próxi mo das imagens de li beração
sucessivos esforços para associá-lo a esquemas de vi da que parece caracteri-
,<·xual pop ou, nas palavrfü de Giddcns. da "sex ualidade plástica". Ao analis,1-
ztu· os Estados Unidos dos anos 90.
1<' 111 suas mnostras por principais regiõc,s dos Estados Unidos, descobriram
Por outro lado. a "sexualidade consumista" parece estar em alta, embora
que 255% da amostra na Nova lnglmcrrn e 22,2% na região do Pacífi.c<) pode-
os indicadores sc_jam \lln Lanto indiretos. Laumann e1ai. analisam a sua aino~-
rian1 ser classificadas na categoria "libertária-recreativa": essçs números sig- \'aLiciuar que se. quando. e onde a epidemia da AlDS estiver sob controle.
nificam cerca de um quarto da população em algumas das áreas formadoras ela haverá uma. duas. três. nrnirns Sodonrns surgindo das fantasias liberadas pela
maior parte das tendências culturais do país. n isc do patriarcalisrno e estimuladas pela cultura do narcisismo. Em rnis con-
Um indicador significativo da crescente amonom ia sexual como ativida- diçôes. como sugerido por Giddens, a sexualidade torna-se propriedade do
de volrnda ao prazer é a prática do sexo oral que, gostari a de lembrar. é classi- indivíduo. '"° Onde Foucaull percebeu o prolongamento dos instrumentos
ficada como sodomia e expressamente proibidít por lei cm 24 e~tados d,1 poder na questão sexualmente elaborncla/intcrprctada. Giddens vê, e eu
americanos, embora o seu cumprimento seja duvidoso. A figura 4.14 apresen- ,-.111cordo. a luta entre o poder e a ident idade nesse campo de batalha que é o
ta a ocorrência de sexo oral por grupo estatístico, ou seja. a proporção ele c!lrpo hum,rno. 1• 1 Não se trata. necessariamente, de u,11a Juta libertadora. pois
homens e mu lheres que jâ praticaram cunilíngua ou felação por época de nas- 1nuilas vezes o desejo surge a panir da lrHnsgrt$sào, de modo que a •·sociedade
ci111ento. Comentando esses dados, Laumann et ai. afirmam que: ,c., ualmcme liberada'' torna-se simplesmente um supermercado de fantasias pes-
" ':1is. cm que as pessoas se consum irão umas às outrns em vez de produzirem-
:\ temlêucia global revela o que podemos. c-h:unar, se não de rtvolução. de ' "· Porém, ao assumir o ~orpo como princípio Jc identidade. longe da,
uma r:ipi<l:1 i:nudru1ça nas lécnk as sexuais. A difcrc111,·a de ~xpl'riênc:ia em ,n, t11 uições do patriarcalismo. a multiplicidade de expressões sexuais capacita
sexo oral ao longo da vida cnl1'e os partic:ipantes ela pesquisa rlilSCidos e111rc
" inJivíduo para a 6rdua (rc)cons1rução ck sua personaliJadc. to:
1933 e 1942 e.os nascido$ ~pós 1943 é abissal. ;\ proporção de homens qt?e
prmkar!tm sexo oral no decorrer de ~uns vidas aumtnta de 62% para os n:ls.-
cidos enl!'e l 9:l, -37 IJ:or.i 90% entre o, na~t:idos no periodo de 1948 a {952...
A evolução temporril das técnk ~s sexuab parece ter ilCompanhado :.'is mu- Personalidades.flexíveis em um mundo pó.1·-pah·iarcal
danças c.: ulturais ocorridas em fins da década dú 50. mudanças que ,uingir..1m
o dpicc entre meados e fins da dfcada stguin:e. quando diegamm peno do As novas gerações estflc> sendo socializadas fora do padrf10 tradicional dH
ponto de saturaçiio da populaçilo. Os b:dices mais iuu',rm,· ob.terwulos entre l;11nílía patriarcal e expostas. jú na infância. ii necessidade de ad11prnrem-se a
os pariü:ipames mais j c>l·ens da ntJs.w: pesquisa ,u1u signijicmu neceJ.mria-
:unhientes estranhos e aos cliferenles papéis exercidos pelos adultos. Em termos
meme uma reduçlio d11 prâtic(I <le sexo <Jml: (!sses gn,pos simpie.to·,,ieltll' ain·
da 1uio se deâicalít a relm.:imumu•mos .\'t'Xiwis em qw, o sex<, ,;m! se tenha
,ociológicos. o novo processo de socialização rest ringe ele certo lllodo as nor-
wnwdo uma prlltica prm·ilw:f. se nlio l"l'gulm: 1,(•} mas institucionais da família palria,'cal e ,fü·ersifka o,; papéis exercidos pelo,;
,eus memhros. E1n seu exame perspicaz dessa questão, l lage e JJowers :.:.ons1a-
Com relação ao exposto, entre 75% e 80% elas mu lheres das últimas 1:1rn que, como resnltaclo desses processos. nov,ts personalidades vêm i1 tona,
faixas etárias tacnbémj,í praticaram sexo ora l e sua ocorrência entre os grupos mais compl.exas. menos se[!uras de si. l}Orém mais cap.izes de ach1ptarem-se aos
mais jovens é ma ior do que entre os homens. Laumann e1(1/. também reponam papéis em murlan\a constame den1 ro cios comextos sociais. uma vez que seus
ampJ:t incidênci a de mito-erotismo (associada a níveis elevados de atividades 11,ccani smos de adaptaç5o são :id onados por novas experiências de,cle a mais
sex uais com 1>arceiro,J e de masturbação, que não é bem uma atividade novi, tenra idade.'"' A crescente iodividualiz.1ç,o dos relacionamentos internos da fa.
mas que é pralicada por dois terços dos homens e mais de 40% das mulheres. 11,ília tende a enfatizar a importfüiciJ das ex igências pessoais para alé111 das rc-
Assim, se eni vez de observar1110s o comportamento sexual do ponto de ~ra., institucionais. A scxualid:1de. port:mto. 1or11,1-se. em relaçíio aos valores
visra da parceria heterossexual repetitiva, adotarmos uma abordagem mai~ , oc iais, uma necessidade pcsso,11 que n5o precisa ser canalizada e institu-
"pervertida", nomremos que os dados revelam uma história clifer~nce, tnna vi,maJi7A1da no , cio da família. Com a maioria da população adulta e \llll terço
história de consumismo. experimentação e erotismo no processo de deserção d:is criançns vi,·cndo fora cios limites da família nuclear tradicional, e com o
do quarto conjugal e de procura de novas formas de expressão. embora. ,,1i ,·1111~tanre cresc imento dessas duas proporções, a construção do desejo se dá
mesmo tempo. os cuidados para evitar a 1-\LDS tenham sido intensificados ,·ada vez mais na, rch1ções imerpcssoais fora do contexto da fanu1ia tradicional:
Como esse$ novos modelos de comportamentt) são mais visíveis entre os gru torna-se uma expressão do cu. A socialização de adolescentes sob esses novos
pos mais jovens e nas cidades que deli nem as tendências. si nto-me seguro ;111 p.,drões cult urais conduz a patamares de liberdade sexual mais elevados do que
:.11

os atingidos pelas gerações anteriores. inc luindo aquehís q ue ,·iveram nos li be- dt1s ~istemas de pér$om1lidade e mergcme,. Leal ,,s mi nhas inclinaç<'ies psica-
rnis a nos 60. a pesar tia ameaça re prescnracla pela epidemia ela AIDS. 11alítio.:a,. penso q ue o reconhec imento franco do desejo pessoal. insinuado na
Vimos que a revolta das mulheres contra s ua condiçi\o. induzida e pcrnti- l'ullurn emergente de no~~a ~ociedade. conduziní à mes-ma aberração que a
tida pela s ua entrntl,r maciça na força de rrabalhC> informacional. e os mov i- " " litucionalização do desejo . Como o dé'se_jo costuma. com freq üê ncia, ser
me ntos sociais de identi.d :'ldc sexual passaram a q uestio11:1r a família de núcleo ,l'>~oclado à transgressão. ú ret.:onhecirnenlo da sex ualidade fora da famíli a
paffiarcal. Essa c rise romou a forma de uma separação cada vez maior entre as 111-.,duziria uma tensão soci,1! extrema. Isso po rque. enquanto a transgressão
diferentes di me n~ões a ntes mantidas unida, ,oba mesma instiruição: re laçi\es ,·r:, meramente uma expressão da sexualid:1de manifestada !'orn dos li mites da
interpessoais entre o casal: o traba lho de cada membro da família: a associa- l:11nf!it1. a sociedade conseguia lidar fac il mente com e la. cana li zando-as p<ir meio
ção econômica e ntre os n1embros da família; a realização do {rnbalho domés- de , itu:içõc;. codificadas e. co11textos tlrgm1izados. co111<1 prost ituição, hom(>S·
Lico: a c riação dos filhos: ,cxualidade: a po io <::mocional. A dificu ldade e m ter ,c,ualidadc rese rvada. ou asséd io sexual admitido: e ra esse o mundo da sexua-
de lidar com todos esses papé is ao mes!llo 1empo. q uando não mais $e e ncon- lidat.!c que Foucault considerava normal. Agora {Udo isso mudou. Se a famíli:1
tra m iixa<los em uma cstrucura i"ormal instituc io nal izada como a famíl ia pa triar- 11: nrinr~al .i:\ nflo mais se e ncontra aqui para se r rraída. a transgressão terá de
cal. explica a dificuldade e m manter-se re lacionamemos so<:iais estáveis dentro sc·r um a to individual contra a sociedade. A funçào de pára-choque exerc ida
rle um lar cuj a base é a família. Para q ue as famíl ias possam sobreviver. é 1•,·la ramília não exi,tc mais. o que a bre cam inho para a e xpressiío do desejo 11:1
necess(lrio que ,e cstabcle~·;un novas forlllas instin,c io na lizadas de relaciona- 1·o n na de violê ncia inútil. Por mais bem-vindo que seja como age nte liberador.
me1110 social de a~ordo coin as modifkaçôcs ocorridas no réladonamenro e n· o t.:olapso da ra111ília patriarcal (a única c111 ex istência historicamenle) est,l se:
trc os gênero:-. 1c11Lk 11do à nonnalirnç,ão da sexual idade (filmes pornô passados na te levisão
Ao mesmo tempo . a mudança tecno lógica ,icorrida na re produç5o bio l6 · durante o horário nohrc) e a propagaçiío da violência irradonal por toda a socie-
gica pe rmite dissociar a re produção da espécie das funções sociais e pessoais d. ,Jc por becos escuros do d~sejo sel\"agem. o u sej:1. a perversão.
da família. ,\ possihil ida!le de rcpmduçâo i11 rim,. bancos tle esperma. barri- A Iiberaçiío com relação ;t famíl ia leva ao .:on l'ro nto do e u com a opres-
gas de aluguel. bebês proje tados genct"icame,m,. abrem toda urna ihca de expe- "'" infl ig ida a si pró prio. A !'uga em direção a u ma sociedade a berta e e m rede
rimentos sociais q ue a ~ociedadc rclllará reprimir a todo o cu,to por causa da h·,~irá l1 ans iedade individual e f1 vio lê nd a ,odaJ. até que novas formas de
potencial ameaça às nossas cstn rtu ras morais e legais. E, no e il\i\lltí>, ,, pr\5priu n 1c:xi;,tênt'ia e re~p<.msah ilidade compartilhada scj.1111 enc<,11J1rqcla.s, 11ni11d<.>hCJ·
rato de que é possíve l às mulheres ccrcm filhos sem ao menos conhecerem o mcns. mulheres<! crianças na famíli a reconstru íd11, is10 é. uma família fornrn-
pai. ou que homens, me;;1110 de pois de mortos. possam usar barrigas de alugue l tla L'ITl cond ições <)e ig u:1ld:1de, mais adequada 11 mu lhe res liberadas. c ria nçi,s
para gerarem setis lilhos. ro mpe a relaçf10 f"undamenral e,urc biologia e socie- hc rn in forrnacl:-1s e homens indec isos.
dade na reprodução da espéc ie humana. separando 11 socialização do mo de
gerar li lhos. Sob tais condiçõc., llistóricas, !'amílias e estilos de vida passam
por processos de redefinição ainda obscuros. Será o fi m cio patriarcalismo?
Como a fornília e a sexualidade são fatores determinantes dos sistemas
da personalidade, o questio namento das estrururas familiares c(mhetidas, e a As lutas contínua\ imcrna;, do patriarcali smo e cm 101110 dck não permi-
revelação da sexualidade projetada pessoalmente. c ri am a possibil idade de t~m arucver claramente o horizonte histórico. Repito mais uma vez que na His-
novos tipos de per5onal idade que ma l começa,no.s a pe rcebe r. Segundo Hage e tc',ria não há direcionamento prcdctcrminadú. Não estamos marchando em triunfo
Powe,s. a principa l habilidade necess:írb1 para corrc5ponder como indivíduos pc b , avenida, da nos,ü liberação e, se imaginamos qtK~ estamos. faríamos me-
às mudanças que estão ocorrendo na sociedade é a ele dedicar-se,, "defi niçãt\ lhor se obscrvdssemos para onde esses caminhos gloriosos couduzem. A vicia
de u111 papel", que consideram como "o nücroproccsso vim! da soc iedade r6~- p:rssa pela vida sem qualque r senso de d ireção e, sabe rnos bem. é cheia ele s ur-
industrial". 1"' Embora eu concorde plenamente com essa a nálise extremamc11 p1cs;1s. A restauração fundamenta lista, colocando novameme o patriarcal ismo
te perce ptiva, acrescentarei uma hipótese complementar parn 11 ~ntendimc nto ,oh a proteção da le i di vina, pode muito bem reverter o processo de cono,ão d;1
família patriarcal. induzido acidentalmente pelo capitalismo informacional e per- 8. Ver >htçõcs Unida:, ( J970-9S. J995.1; S:1t:aouli11 e 1kné ~ l993}; Vald.:~1: G<11nMi:1.( l9!>3): Cho
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pel.a inKllerância aos homossex uais poderá revogar o reconhecimento dos seus
direitos. conforme evidenciado pela votação maciça no Congres.so dos Estados 9. B,,1ce t({ ai. ( 1995;.

Unidos em julho de 1996. que declarou ser a heterossexualidade um pr6-requi- 1O. íln11::e ""' (1/. ( 19951.
sito para o casamento legal. A lém disso, o patriarcalismo dá sinais no murtdo 11. Alb-cr<I; ( 1995 ),
inteiro de que ainda está vivo e passando b0m. apesar dos sintomas de c1i se que 1::. Goooc n99,).
procurei salicmar neste capíll.llo. Entretall(o. a própria intensidade das reaç<ies 1.\. lllossf, ld ( 1995).
em defesa do pat riarcal ismo. como o observado no movimento religioso funda- 1-l. ,\ ll>erd; (1995).
mentalista cuj a força vem crescendo em vários países. é sinal da intensidade dos
15. 1\"aç(le, Uui(k1~ ( 1~}9 1).
desafios antipatriarcais. Valores nntc, considerndos eternos. natu rais. e até mes-
16. Albcrdi, l995t Bruce í..'i <ll ( l995 ).
mo de inspira~·ão divina. agora pr0cisam ser defendidos à força nas trincheiras
de seu último bast ião e perdem legitimidade nas mentes das pessoas. 17. /\lbcr<li (1995).
A lmbil id11de, ou inabilidade. dos movimentos sociais femini stas e de 1~. Le.;tl ;:rai'. f l996).

afirmação da iclentid,1de sexual para insti1uciona li 7,ar seus valores dependerá. IY. T~uy<t ~ i\·lti~Orl ( 1995 1.
essencia lmente. de suas relações com o Estado. sempre o últi mo refúgio do ~o. Cahrc ( 1990}: O-,brt: ,: n01,1ingo e1992).
patriarcalismo ao longo da Históri a. No entanto. as forres exigências dos mo- ~1. Aibord; 119951,
vimentos sociais, seus a1aqu0s às instituições de (lorninação ~m suas próprias :' .~ Pind li ( 1995: 88).
rníze,, ocorrem exatamente no rnornento em que o próprio Estado se encontrn 23. Leal er ai. ( l 996).
envolvido em uina crise estrutural de,encade,1da pela contradição entre a glo-
~-l. 'f~uyn e tvh'l:.on ( 1995).
balização do seu fuwro e a it.lentificaçào do seu passado.
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nú pntriill·calismo 1~ la lib(:r;)ç;'io sexual. Pam. ser mais c.spccílku. ,~pn;~ 111t11-e~(k,is ...'$tudos d,e; caso, lllcn!o do:- E:-!ados Unido,: US Dq1t1r{mt·1if of CmJ!uwn·,•. J:'nn:t1mil',\' wt;/ S1ttiÜ!Ü'.\
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d~ K,wen );1urphy (Ca111cll$ (.~ Mo11>hy, 19H2: Ca:-tclls, 1983: l38 -72J. i,..:rescemando obser\'J.• e 111qtic1tta anos. te que . na verdade. 1'1'. .i't:ri.-.~-sc a hoJ11cns brnncos nvnc-amcric:mOll->, Conforme.
çõcs sobR~ ?.:.:0J11ccimem()s. reccmc:-. Não tt1bc :-1.qu.i um:\ ,-.nálisc da cx1en~, litcrntt11·a sobn.• cxpo_.,; to por l .au1nc-11rn d a,'. 11994). cnm o <tpoio de fone. ba~c empin..:-..i. não h~ trn1.-. fronteira
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no!i pen<:::wam que rie:-.:,,O;'!:"\ i;<>llci1·as c1cuu "dvc:uli;s"·, ·'i1nomis", ou "neuróuc.as". e apelltl, gem psican::ilíllca para teC{'f minhn,;. lmpe1uo:,,a~ _gcm;:r~1Jii~u;õcs sociológicas uhrapas.sa a~
37% :1~ viam C(lm "n.;01n1fü.fadc" Em 1976. ~;pem,s .\?-% tinh,l1n a1i111de.,; negali\·.tS t.:om rda- f'romeiril~ 11Mmt1irnc1Ut: explvr~dat pchl auton.l -1.'.. é foi ta. n,,rnr.:ilrnent"e, s.ob mh1ha exch1Si\•t1
Çi10 ~t qm:m não se ras.a\·.l e 15<1(: aprov;lv;tm pe:.~ü:1li l}tt.:'! 1x:nwm..::<.:ktm solteiras. rÇt-poa~itbilida<.k .
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ft) 1 1-hlge e Ptw,,e ~ ( JtJ92t
pt<.l.'> <lc mull1crt:s que abandon~un lltd('l po: <.':11,~t1 d\, ;1111nr. P-1.:11;-.o. pvrém. qu~ isso não pa1.,11
de uma ma11i1'11S1~1,;ilo do dúulinio ii!coll)gico C\lirddo pelo mo<ldo p:mi.-irc.al e qut1 rar,un..:1uc·
11.:~i,te à t:\1>Criênch1 re,11 dQ rcl:1donmne1uo. l'f•r ls.sú 1c1wt:'>c111a m:11~:ri:~1 tfio bom p:u-a ,.,
IU ,lllÇ(:l):

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5

1Jm Estado destituído de poder?

" Uma característica espec ífica do Estado capital ista'', escreveu N icos
l 'oulantzas em l 978, '"é que ele absorve o tempo e o espaço sociais. e,t.abelece
·" matrizes de tempo e espaço e monopoliza a organização do tempo e do espaço
que• se transformam, por meio da ação do Estado. em redes de dom.inação e
poder. Deste tnodo. a nação moderna é um produio do Esrndo".' Esse conceito
11:io mais se aplica aos dias de hoje. O controle do fatado sobre o tempo e o
,·,pa,o m m sendo sobrepujado pelos lluxo, g lobais de capital, produtos. servi-
~Ps. tecnologia. conwn i.cação e informação. A apreensão do tempo histórico
11do Estado mediante a apropriação da tradição e a (ré)construção da identidade
nac·ional passou a enfrentar o desafio imposto pelas identidades múil i.plas deli·
mi.las por sujeitos muqnornos. /\ tentativa de o Estado re11finnar seu poder na
,1rrna global pelo dcscnvolvimcnlo de in;tituiçües suprnnacionai~ acaba com-
prometendo ainda mais sua soberania. E os es forços do l:'., 1ado para restaurar
,ua legitimidade por meio tia descentralização do poder administrativo, dele-
r ando-o às esfCras regionais e locais. e~Lin'mlam as tendências centrífugas ao
lr:izcr os cidadãos para a órbita do governo. aumemand<>. porém. a indiferença
dvstes em relaçflo ao Estado-Nação. i\ ;si111, enquanto o capi1 alis mo global pros-
pera e as ideologias nacionalistas demonstram seu vigor em todo o mundo, o
l·s1ado-l\ação, cuja formação 0slá historicamente situada na Idade 1Vlodema.
parece estar perdendo sct, pod..,r. nws não - e essa distinção é essencial-su11
i11//11ímcia.' No presente capítulo. procurarei explicar as nl7.C'íes e analisar as pos-
síveis conseqütncias dessa tendênci a fundamental. 'fomare i por base exe.mplo~
,k Estados->iação cm vários países no in1ui10 <le destacar que estamos observan-
,lo um fenômeno sistêmico e global. embora se mani feste sob as mais diversas
lormas. De fato. o crescente dt>salio 11soberania dos Estados ern todo o mundo
p:,rece advir da incapacidad~ de o E-statlo-J\'açào moderno navegar por ,íguas
te,npe$tuosas e desconhecidas entre o poder das redes globais e o desafio i111pos-
111 por identidades singulares.'
?88

A globalizacão e o Estado
~ > pnnt.o de deixar "vazar'' para a mídia suas críticas à p<Jlític,1 rnoncrári a adotada
pela Grã-Bretanha.
A capaci<lMe insLrumentill do Estado-Nação está comprometida de fonna A polílica econômica do .lapão é definida basicamente em função <la
<lecisiva pela globalização das principais atividades econômicas, pela globaliza- k dança 1:omcrcial e da taxa de câmbio com os Estados Unidos. Quanto aos
ção da mídia e da comunicação eleu·ônica e pela globalização do crime: l '.,tados Unidos, dctcmore$ da economia mais auto·Suficientc do mundo, so-
It1cnLe puderam sustentar essa posiçfto. apesar de um déficit comercial subs-
1:mcial nos anos 80, medianle o i"inanciamenco das contas públicas crescentes
O núcleo transnacional das economias nacionais com emprésti mos contraídos, em grande pane, a partir de fontes de recursos
cx Iernos. Ao adotar essa medida, o principa l problema da política econômica
A interdependência dos mercados f1Mnceiro e monetário em todo o ll\lrte-americana nos anos 90 passou a ser a red~1ção de um déficit orçamentá-
mundo. operando como um todo em tempo real, estabelece o elo de Jigaçã(> , ,o gigantesco que ameaçava se tornar o buc'aco negro da economia. A indepen-
emre asdiferentes UJ1idades monetárias nacionais. As trnnsações cambiais cons- d~ncia econômica norte-a meric,ma revclou•Se u111,1i lusão. que provavelmente
tantes envolvendo dólares. ienes e as moedas da União Européia (euros, no ,çd dissipada no momento cm que(>, padrões de vida rerletirem a competiti-
futuro) fazem com que a coordenaçflo sistêmica entre essas 1J1oedas seja a. , idade na economia global, ~tssim que a proteção proporcionada pelos vulto·
única medida capaz de manter um certo grau de estabilidade no mercado mo- ' '" emprésti moscontraídos pelo Es1ado. e que ticaram fora de controle durante
netário. e conseqiiente111e11te nos investimentos e no comércio globais. Todas ,, governo Reagan. for rctirada.7 Poder-se-ia argun1emar que o gniu de autono-
as demais moedas do mundo tornaram-se l igadas. para todos os efeitos práti- 111ia para a deli nic,,ão ela polftica econômica dos governos Lern sido drastica-
cos, a esse triângulo ele r ique1.a. Se a rnxa de câmbio é sistem icamente interde- Ineme reduzido no~ anos 90, com suas políticas orçamentárias forçosamente
pendente. o mesmo ocorre. ou ocon-erá, com as políticas monetárias. E se as , inculadas a dotações j á comprometidas por decisões toni.idas no passado, e à
políticas moneuírias sao, de algum modo, hannon i7,adas cm nível supra- t•r:inde mobi lidade de capital vivenciada no presente. que Lendc a aumentar
nacional. lacnbém o são. ou serão, as taxas de j uros internacionais e. em tí ltimn ainda mais no futuro,ll-
análise. as políticas orçamcmárias. A conseqüência disso é que os Estados- A di ficu ldade cada vez 11111ior do controle exercido pelos gove!'nos sobre
Nação tomados indi vi<h1al mentc estão pe rdendo e efcti vameme perderi'(o e, a cconotnia (tendênc ia vi srn com entusiasmo por alguns economistas) é acen-
controle sobre componentes funda,nentais de suas pol ít icas econõmicas.5 Na tuada pela cresceme 1ransnacionalizaçi\o da produç5o, não apenas pelo impac-
verdade, isso já aconteceu nos países em desenvol vimento nos anos 80 e nos to causado pelas empresas ,nult.inacionais. mas principalmente pelas redes
países europeus no início dos anos 90. Barbara Stallings de.monstrou de que integradas de prc>drn;ão e comércio dessas empresas.'' A conseqüência 6 a ca-
modo as políticas econôm icas dos países em desenvolvimento toram determi- pucidade cada vez mais reduzida de os governos assegurar~m em seus pró-
nadas na década de 80 pelas pressões internacionais. na medida cm que insti• prios territórios a base prod utiva pMa a geração de receita. A medida que as
tuiçõe, fina nceiras in1crnacionais e grandes bancos privftdos to11Jaram medidas 1·mpresas e indivíduos com grandes fonunas vão descobrindo paraísos fiscais
de cstabi l iza~-ão das economias em desenvolvi mento comú condição básici, cm todo o .mundo. e a contabil iz.açflo do "alor agregado em um sis1ema inter-
paro o invcs1imentoe o comércio i nternacionais.'' Na União Européia. o Bunde~-- 11:icionaI de produ~ão se toem, c11da vez mais onerosa. surge uma nova crise
hank já desempenha o papel de Banco Central Europeu de fac/O . Por exemplo, ,,~cal no Estado, expressão de uma contradição crescente emre a internaciona-
quando o Bundesbank aumentou as Laxas de j uros pm-a comrnlar a inflação na li1:1çi\o do irwesc imento. procluçào e consumo, por um lado, e a base nacional
Alemanha, após a decisão irresponsável do governo de estabelecer pacidadc dos sistemas tri butários, por outro.''' Será por acaso que os países m~is ricos do
entre o marco alernãc>-ocidental e o marco alemão-oriental durante o processo 111L111do, cm termos de renda JJl'r capita. são L uxemburgo e Suíça? E bem pro-
de reunificação cio país. !'orçou uma deflação em toda a Europa. independenlt: v.\vcl que um dos últimos bastiões do E,tado-Nação esteja send(l disputado no
mente do desempenho das economias nacionai s. Em l 992. o Bundesbauk, n,, <'1bcrcspaço contábil entre autoridades fiscais diligentes e adv(lgados transna-
imuito de forçar a desvalori zaç,io da libra, o que acabou ocorrendo, chegou ao ,·,nnais a.ltarnentc qualificados.
.190 ~ !111 fala.dó d~tilUido de porlc, 29 1

Avaliaçiio estatística da nova crise.fiscal do Estado na


eco11omia global
Nesse ponto da presente análise. parece-me i nteressante examinar a evo-
lução das finanças dos governos em tempos de franca globali zação das econo-
mias nacionais entre 1980 e o início dos anos 90. A fim de delimitar o grau de
,,
complexidade da análise. sclúcioneí seis p,-1íses: as três maiores economias
de mercado do mundo (EUA , .Japão e A lemanha); a mais aberta das maiores t
economias e11ropé ias (Reino Unido); OLllro país europeu. a Espanha. que, em-
bom sustente a posição de oitava maior econolllia de mercado do mundo, e.n-
contr,1-se em um nível de desenvolvimento econômico/tecnológico inferior ao
dos países do G-7: e uma das mais importames eccmomias do mundo recente-
men1e industrializado. a Í ndi a. Com base nos dados estatísticos compilados e
analisados por Sandrn Moog. as tabelas 5. 1 e 5.2 foram elaboradas com o
obj etivo de fornecer uma visão geral sobre alglll1S <k>s principais indicadores
da a1ividade econômirn- linanceira dos governos. relativa ao processo ele inter-
nac ion}11izaç5o das economias. Não me esten,lcrci cm um estudo detalhado
desse; dado; . Ao invés disso. uti li zarei essas tabelas para ampliar e 1oruar
mais e.specíl!ca minha argumentaç~o sobre o E.s1aclo e a globalização aprcscn-
wda nas página~ nnleriore~. -°'
~,
e;•.

Primeiramente. examinemos o grupo dos quatro países (EUA. Reino ,r . N ; : ~c,.. C'!
Unido, A lemanha e Espanha) que, ele ,nodo geral. parecem rnmportar-se de ~ : =tt-·u{O
acordo com carncleríslicas semclbames. emhorn apresentem diferenças que
serão destacadas mais adiamc. Os gaslc>s p,íblk os desses países aumenta-
ram. e atual mente rcprcscmm11 de 25 ,1 40% do Pl B. O funcionalismo ptíbli-
co teve seus qnadros reduzidos. A parecia de consumo do setor públ ico
diminui u nos três pri meiros país,;s do grupo. tendo aumentado na Espanha.
A percentagem de fonirnção de cap i1al do governo aumentou nos EUA e
dimi nuiu na A lcrn.anha. A recei la tributária do governo central dimi1luiu nos
EUA e au memou nos demais países. notada mentc na Espanlrn. O déficit pú-
bl ico cresceu. pri ncipal mcmc nos EUA e na A lcrnanJ111. A dívida públ ic,,
diminuiu no Rei no Unido, emlwra corresponda ainda a cerca de 34% do
::e
PIB, apresen.1ando grande cresci mento na Espanha. A lemanha e EUA. ond<l
representava 52.2'¼ do PI B cm 1992. O financiamento dQ déticic públ ic~
obrigou os quatro pai ses a aumentar. em alguns casos de forma substancial.
seu grau de dependênci a de dívidas e empréstimos externos. Os índice, ci(;
dívida externa e empréstimos líquidos contraídos pelos governos em relaça<>
:l(l PIB, ,1s reservas monetárias dos bancos ce ntrais, aos gastos públ icos e :is

,·~portações demonstram. em linhas ge.rais. uma dependência crescem e tios


11,,,.cmos em relaçr7o aos mercados de capital globais. Assi m. no caso (los
1:siados Unidos. a dívida externa em relação ao PIB dupl icou entre 1980 e
l '19'.I: em relação às reservas monetárias, apresentou um aumento de 20% e.
c111 1993. correspondia a quase 10 vezes o total elas reservas monetárias; em
~ C; 1d<1~âo às expoWt\•ôes, teve um aumento de 133%; e em relação aos gastos
~.-, e-
~"';
JllÍblirns, praticamente dobrou, atingindo 4 1,7% do total dos gastos. Quanto
'"" emprést imos líquidos de fontes externas contraídos pelo governo dos
l'stados Unidos, o aumento nos tí lti mos 14 anos foi de assustadores 456%. o
que provocou Utll autnento de 203 % no índice em relação aos gastos p1íbli-
cos. ati ngrndo cerca de 6% do total dos gastos públicos. Considerando que
us invcst i n1entos diretos 110J'lc-«1nericano, no exterior. proporc ional mente
:'"' investimentos internos, aumentaram 52,8'X . enquamo o ingresso de in-
1·e,1i111emos estrangeiros diretos no país. t.unbé111 cm proporção aos investi·
111cn1 0~ internos none-a111cricanos. sofrer,1111 redução de 35.5%. pode-se
i;:;- -.e .... ckpreender que o governo federal dos Et.:A tcm-se tornado bastante dcpen-
fê~~--0
·- dc·n1 c dos mercados de capital globais e dos cmpr6sti lllos externos.
A his1ória 6 11111 pouco diferente nos c,,sos do Re ino Unido, Alemanha e
l '.,panha. [)Orém as ccndências s5o scmclhamcs. É importante observar que, cn-
q11anto o Reino Unido parece ter UJ\la dependência menor. a A lemanha apresen-
ta u111 grau de dependência do capital externo cada vez maior. crescendo cm
, i11110 bem mais acelerado que o veri ficado nos Estac.los Unidos. confonne de·
1111,i1str1Un diversos indicadores: dívida pt1blica externa sobf(' o PIB (aumento de
5 18.5%). sobre reservas monetárias (aulllcnto de 325.3%) e sobre exportações
(:i11mcnto de 590.8%). O volume de empréstimos líquidos externos contraídos
l'Clo governo alemão cm 1993 at ingiu níveis con·0spondcntcs a mais de 15% do
M al cios gastos públicos. e sua dívida externa equivale a 44,5% dos gastos públi-
~º'· cm ambos os casos uma perccncagem supc1ior à dos Estados Unidos. Dessa
lonna. apesar do, ex<.:elentes resultados das ex ponaçües do país na décad,1 de
KO, a A lemanha, ao contrário do Japão. fez com que o nível de dependência
1mcrnacional de seu Estado nacional aumemasse substancialmente.
Curiosamente. a Índia, embora tenha aurnentado o volurne de gastos
p11bl icos. consu:mo e endividamento. parece ser bem menos dependente do
l:itor dívida externa. Na verdacJe. iodo~ os seus indicadores de dependênci,1
linanceira demonstram 11111 crescimento negativo no período. ,1 exce<;•ão do
f11dice de empréstimo externo do governo sobre os gastos públicos. que aindn
v1·111 se mantendo em níveis moderados. Um sensível aumento na participação
Béigic.a .-\1<.inmntw
háha .Suiç;1
Gr~,ci;.) ílélgica
Canadá .Á.ustrh1
lrl;1m.la fa1>ih-.
1-lol.rnd~,
Suécia r:.-~nça
Est~)(l()S Unid(I-;; E~tmk,s Uc,idos
Al<.·111:-mha
Frn.nç.., Grã, Brernnha
{ lr:t-íln.:1:mh::1 /ew o s 10 15 ?.O 25 30
1 1
o 20 40 60 80 100 120 140
~A íleoefí...:iú!- ~oci:i.is
L~ '-.' prcvi<.k:nd:írios
O Sakíri()s din;l('"
D 19~s Figltl'<I 5.2 Cusw ::. ele mfü>·dc·vbr::11t:·1 pr0<luçáú induMriol. !Sl94 ( l ~S$/hur:1)
Figura 5.1 J>a::.siw) fin::u1..:ei1·0 hnun d<1gúve1 no (S~ 1lo PIB1 Fome: redc:.r:1~1'10 do~ 1::'.mpn.:ga<lcm.::- Sve1.:o:-:. dalK>rndo por
Fome: OCDE. d:1hor:1do pc1r Th(' /Jcmwmí~·, (20 de j~l•tciro de I Q<l6l 1i'ií! F.concmriJI (27 Jc janeiro <lc 1996 1

da receitil tributária no PIB pode ser apontado ,1pcnas COIJlO pane ela explica- "', t,unc do mundo. apesar de a cconon1ia j aponesa depe11der muito mais do
~ão. complementada principal mente pela grande .icelcração da taxa de cresci- desempenho comercial. uma vez q11e o capital japonês financia seu governo
mento econômico da Índia durante a últi nw clécach1. Vale lembrar. contudo. ( ull\ as rcccirns geradas por sua r,lta competitividade n<>mercado mundial.
que, emborn o índice ele variação dos indicadores ela <kpcndência linancei.ra Assim, o que parece ser uma exceção à regra da dependência por parte cios
do governo na Índia tenha sido negitüvo no período, o gl'au de dependência ~o, crnos e do déticit público crescente. não é. As grandes empresas japonesas
ainda continua b,1sta11te elevado (a dívida externa públ ica representa mais de apresentam bom desempenho na economia mtmdial, e sua competitividade fi -
709, das exportações e guase 15()<;!: c1,1s reservas monetárias). 11,mcia o Estado. cujo nível de com,umo cresceu muit<J mais rapidamente do que
A exenJplo ,lo gue ocorre 11onn;il1nente, o caso cio Japão é diferente. q, c-m qualquo:r um dos países analisados. O Estado j aponês aprcsema um grnu de
governo japonês não foi afetado pelo volume ele empréstimos externos nos dependência financeira de segunda ordem cm relação às movimentações da eco-
anos 80. Seu déi'ici{ orç;uncntíirio sobre o PI Ré. ele longe, o mais baixo. aprc- nomia internacional. o que é viabilizado por empréstimos de bancos j aponeses
selllando um dêcréscimo substancial durante o período 1980-93. Por outro que prosperam corn o si, I.etna keirersu.
lado. o consu1110 do setor público ,n11ncnmu. 1cndo o 1nêsmo acontecido com a Três grandes tendências podem ser cl0sti\c,1clas 110 que concerne aos ,u--
,lívid,1 pública. e o Jap5o apresentou um índice ba, tantc semelhante ao do~ gurnentos discutidos neste capÍlulo:
Et;A na relação dívida públ ica/Pll3 (mais de 50%). Esses dados indicam que· 1. /\pesar de uma intervenção rnenor do Estado na economia, principalmente
as finanças do governo japonês, ao conu.ír io dos dernai~ países. dependem crn lermo, de criação de empregos diretos e regulamenmçilo, o Estado ain-
basicamente cios empréstimos interno$. ls~o também reflete a maior compcti- da desempenha itn portante papel econômi -:o que exige fi nanciarncntos com-
tividacl0 ela economia japon0sa e os supcrúvits consideráveis ela balança co plemen tares provenientes de ou tras fontes que não a àrrecadação de
mercial e de pagamentos acumulados pelo país. Assim. o Estado japonê, imposlos. gernndo maiores passivos financeiros, exceção aberta ao Reino
tem uma au{onomia bem maior que a de outros Estad<>s em comparação n<• Unido (ver figura 5.1 ).
:}_ (~s cn:1m:,timos tontraídos pelos governos, com a grande exceçâo do J a- do NAFf.A.. Uma vez que as empresas, por meio da tecnologia da infonnaç1ío,
pao, tem cnado uma relação de dependência cada vez maior de cmprésci- 1ém condições de se estabelecer em diferences loca is e manter-se integradas a
mos externos, a ponto de Sllpcrnr as reservas monetárias dos bancos cemrnis r~des e mer,~ados ele produçií<J global (ver volume 1, capítulo 6), acabam de-
bem como o desémpenho das expona~ões. Isso rctlete um fenôm0no bem sencadeando uma espiral descendcme em termos de concorrência nos custo~
mais amplo que aponta para uma di ferença cada vez maior na vclocidatle sociais. No passado, os l imites dessa "competitividade negativa" eram consi-
de crescimento dos mercados financeiros globais. baS"lante superior cm re- derados sob dois aspectos: por um l ado, as di rerenças de qualidade e produti-
lação ao cresc imento do comérc io global. vidade emre os países protegeram os trabalh adores elas economias mais
3. O Esmdo j aponês ten1 obtido sucesso na rnanutcnciio de sua autononria ,h;;senvoJvidas comparativamente a seus concorrentes menos desenvolvidos:
tiscal cm relação HO capital externo. No entanto. tem.ati ngido esse objetivo pnr outro, pressões internas i nduziram ao protecionismo, de modo que o preço
mediante emp'.·ést.imos de fontes internas, financiados pel<;.~ lucros dasgran- dos produtos importados fosse majorado por t.arifos alfandegárias, fazendo
dc,, empresas p ponesasp:rndlis por práticas protecionistas e pelo desempe- ,·,m1 que a vantagem coH1parativa de produtos proveniemes do exterior des;i-
nho obudo nas exportaçoes, a tal ponto que 11 economia e o Estado _japoneses pareccssc. Ambos os limites estflo se diluindo. A nova Organizaç.ão Mundial
tornaram-se altamente dependentes de supcnívit, comerciais e da reciclagem d~ Comércio está desenvolvendo um sistema de fiscalização com o objetivo de
ele lucros em solo j aponês. Tais rnndiçôcs criaram a "bolha econômic/ do d~tcctar 0 aplicar sançôes às barreiras i mpostas ao livre comércio. Embora o
final da década de 80 e, posteriormente, quando a boi ha estourou. levaram i,npacro real desses controles sej a condicionado il política de comércio intc.r·
11 rccessüo do i nício do, anos 90. naçional, parece que, a menos que <>cvrra uma enorme reversão no processo ele
• . J\ci1rn'. de tudo, a inter-relação das economias nacionais b0m como a depen- integração econômica global , o protecionismo explícito e em larga escala es-
dcnc1a d,ts hnançn.s do, governos dos mercados globais e çrn préstinios externos 1.ir,'i cada vez mais exposto à retal iação por pane de outro;, país0s. Quanto,,~
p~OpK:iaram as ~ondiçüe, para uma crise tiscal internacional do E.<.tado-Nação,
di t"erenças nos níveis de qualidade e produtividade, um estudo realizado por
nao poupando nem mesmo os E'~~tados-Nação mais rico.~e podcmsos. 1larley Shaikcn sobre as indústrias automobi l ís1 icas norte-americanas no Mé-
xico demonscrou a rápida equiparação do nível de produtividade dos crabalha·
,!ores mexicanos com o dos trabalhadores norte-americanos em cerca de 18
A globalizaçlio e o Estado do bem-estar social 1111c,es. Processo, se111elhan1es têm sido observado;; na i\sia." E (os europeus
devem ser lembrndos disso) a produtividade da mão-de-obra 1101te-americ:uia
.A. glolxdi zaçiío da produção e do inves1i mcnto também representa uma ainda é a mais alta do mundo, anulando portanto a possível vantagem compC·
,1111:''.ça ao Eswdo do bt'lll-<'Stur stwia/. um dos principais componentes das 111iva européia que permitiria um Estado do bem-estar social ainda ge-neroso.
pohuca;' dos E,tados:N'.1çfio dos últimos 50 anos, e provavel mente o principal Para economias cm que os principais mercados de capicaL bens e serviço~
sustentaculo da lcg,tmudade desse Estado nos pJíses industrializados.11 Is&() c,tejam cada vez tnais in tegrados a utna escala global. há pouco espaço para
se deve ao foco de que ~, tá se tornanclú cada ve7 111,1is contraditória a idéia de dif"erenças muico gri tantes em termos ele b,~nefícios sociais entre Estado~ com
qut: empresas possam atuar em 111crc,1dos globalizados e imcgrndos, tendo de nivei$ de produtividade da mão-de-obra 0 qualidade da produção relativamen•
arcar com grand.:s di ferenciais de custo em termos de benefícios soc iais, bem te semelhanle,. Somente um contrato social global (que diminua as di feren-
co111u tr:1ba~lrnr com ~ffúr:ntt·s níveis de regulamentação que variam d~ p11 i, ças, sem necessariamente equali;,,ar as condições soci,Jis e de trabalho),
para prus. Essa questao nao ocorre somente na relaçilo entre os hemisférios 1untamente com acordo~ intemadonais de t11 rifoção. seria capaz de impedir ,,
norte e su L mas lambém entre os países da OCDE: por exemplo, os custos d,· derrocada dos maiores P-stados do bcm-esrnr soc ial. Contt,clo, devido ao falo
mão-el<.'-obra referentes a benefícios sociais são muito mais elevados ,w Ak- de que na nova cconomiil global, liberalizada e integrada em rede, a realização
manha cio que nos Estados Unidos (ver tigura 5.2). Em compensação. o que de um contrato social de tamanha abrangência é muito pouco provável., tais
representa uma vantagém cornparat iva para os Est11dos Unido, e111 relação 11 bstados vêm sendo reduzid<>s ao mais baixo denominador COllllltlJ, que Sl'
Alemanha torna-se desvantagem em relação ao Méxirn, up6~ a 1111plantaçfio 111:mtém numa espiral descendente contínua." Assi m. um componente fu nda-
298 Um 8,.,IJ,do de.~Urnídu d~ poder
Pm E~t:ulo dc;-.Ji1uído ck poder

meneai da legitimidade e estabil idade do Estado-Nação está desapanxendo,


emitem sinais de comunicação além das fronteiras ou sobre a comu nicação
não sô na Eumpa. rnas em todo o mundo. desde Estados de nível intermcdi,írio
via compu1ador por meio da linha telefônica, acabaram destruindo as tr~dicio-
em termos de bem-estar social. como o Cbilc ou o Méx ii:o, até os remancscen-
nais bases ele defesa da regu lamentação. A explosão das cclecomumcaçocs e o
ics do estatismo na Rúss ia, China ou Índia. passand<> pelo Estado do bem-estar
desenvolvimento dos sisteni.as de transrnissüo a cabo viabi lizaram o surgimento
social implantado nos Estados Unidos a panir das lutas sociais dos anos 60.
de um podêr de crnnsmissào e difusão de inforrnaçües sem_precedemes. Ess,1
O Estado-Nnção vem sendo ca<la vez mais <lesti1Uído de poder para exer-
t,'.ncl0ncia não escapou aos olhos das empresas. que não deixaram ele aprovei-
cer controle sobre a política monetária. definir o orçamento, organizar a pro-
tar a oportunidade oferecida. Reali7,aram-se megafusões e mobilizaram~se c~pi-
dução e o co111ércio, arrecadar impostos de pessoas j urídicas e honrar seus
tais cm codo o mundo para que se pudesse pai1icipar do seror de comumcaçoes.
compromissos visando proporcionar benefícios sociais. Em suma. o Esrndo-
, .;tor esse capaz de estabelecer elos de ligação de poder nas csfcrns econõmi-
Nação perdeu a maior paJte de seu poder econômico. embora detenha ainda
rn,. cuhurni~ e políticas. 18 Os governos nacionais passaram a sofrer enormes
certa autonomia para o estabelecimento de rcguhunenta\sões e relativo contro-
le sobre se.us sujei tos. pressões na década de tiO. sob diversas formas:•·i a opinião pública e a impren-
,a escrita H cl amarcm pela li berdade e diversidade 11,1 mídia; \!CÍcu los de co .
municação estatais em dificuldades financeirns foram adquiridos pela iniciativa
Redes globais de comunicação, audiências locais. privada: colunistas fizeram a apologia da comunicação irrescrita: promessas
,lc condescendência política. se não apoio. foram t'eitas a quase todos os que
incertezas sobre regulamentaçiies estavam no poder ou tivessem chances de ocupar um cargo imponantc no
ruwro pr<Íximo: e. ai nd~. benefícios pessoais foram concedidos t,s autoridade,
As perspectivas de regu lamentação e. controle nacionais são igualmente
,;0 1-,, poder de libcn1çf10 de program~s para adultos. A pol ítica simh61ica, assc-
desfavoráve is em 011tra es fern de poder ele importância funclamenl al para o
111eihando a liberalização d<t míd ia 11 moderniza\,ão tecnológica. desempenhou
Es1ado: a mídia e as comunicações. O controle sobre infonnações e entretcni-
p<1pel fundamental cm fazer com que a op inião das elites se incl inasse a favor
111en10 e. por meio dele. sobre opiniões e imagens. historicamc,nte tem sido o
do novo sis1cma de comunicações.'" Há muito poucos países no mundo. com
ins1rumento de sustentação do poder do Estado, apcrfoiçoado na era da núdia.1'
cxcecão da Ch ina, Cingapura e o mu ndo islâmico f1111dmnentalisca. ern que a
Nesse contexto, o Escado-Naçflo enfrenLa três grandes desafios inter-relacio-
c~lrntura instilllC ional,;, çomcrciíll <l.1 111ídi~ 11'10 tenha passado por mudanças
nados: globalização e n1io-exclusividadi:> da propriedade: flexibilidade ,~capa-
dnisticas entre mcaclos da década de ~O e meados dos anos 90.' 1As estaçôes de
cidade de penetração da tecnologia: e autonomia e diversidade da mídia (ver
rüdio e tclcvi~ão fornm privaliz:1das em larga esca la e as redes oficiai~ que
volume 1. capítulo 5i. Na realidade, .i,i su..-u mbiu a tais desa fios na maioria dos
pl:!nnanet:ermn tornaram .. sc praljcamcnte idênt icas íis redes da iniciaLiva pri-
países. 1' Alé o início da década de 80, com exceção. principalmente, dos Esta-
vada~ pois 1ivera1 n c.le vincular SU(l programação aos índict!s de audiência e/ou
dos Unidos. a maior parte das redes de televisão cm todo o mundo em contro-
a, receitas provenientes do., comerdai, .º' Os jornais concen'.rnram-se ;m ~ran-
lad,1 pe lo governo. e estações de rádio e jornais depe,1diam de possíve is
tb, consórcios. muitas vezes com o apoio de gnq>os financeiros. E. alem disso.
restrições por pal'lc das au1oricl11dcs. mesmo c111 países de,nocr~ticos. At<:: mes-
a mídia passou a ~er global. coninndo coJ11 c.apiwl, talentos, tecnologia ':. en-
mo nos Estados Unidos, a Cotnissão Federal de Comw1ic<1çõcs exercia rigoro-
vulvirnento de grande~ empresas cm todo o mt111do, fora do alcm1ce dos Esta·
so controle sobre a míd ia d errônica. nem sempre isenta de tendências voltadas
dos-Nação (verl,gurn 5.3). b so não quer dizer que os Eswdos não 1enhan: mais
a i nteresses específicos."' e as três maiores redes de televisão monopolizavam
ll<!nhuma participaçfto na mídia. Os gowmos ainda detêm contro.le de meios de
90% ela 11udiêllcia, sendo capazes de influe11ciar. se nfio formar. a própria opi -
i:omunicaçfío importantes. ações de <.:apiml e intluência sobre ampla gai1;a de
nião pública. Tudo isso mudou cm apenas uma déé.ada," e essa 1ransformação
foi gerida pela tecnologia. A divcrsi ficaç~o dos meios de comunicação, a 11rganizaçôe, do mundo dtts .:omunicaçôes. i\lém chsso. as empr~sas tem o
cu idado de não hrn,til izar os controladores de mercados cm potenc ial: quando
integração de toda a mídia em um hipertexm digital. abrindo caminho para
,, S1<tr Chan11el de Murdoch ioi censurado pêlo governo chinês eJH razão de
a mídia interativa. e a imp<Jssibiliclade de exercer controle sobre satélites 4uç
, ua, visões liberais sobre a política do país. o canal passou a cumprir as exi-
.100 '\U I

1 i 21 ~~ ~ ,~~~ ~~~~ ~ ; gências recém-impostas pelo goven10. retirando os serviços de notícias da BBC
~ Ja programação do canal desenvolvida para a China. e investindo recursos cm
]§{i{~[~ ê~~É~~!i uma edição on-iilw do People 's Daily, um dos maiores j ornais em circul,\ção
110 país.
Comudo, ainda que os governos tenham influência sobre a mídia, boa
11ar1e de seu poder já foi perdida, sa lvo os casos em que os veículos de comu-
nicação estão sob controle de Estados autoritários. A lém disso, a mídia precisa
~onquistar sua independência por ser este u,n componente b,ísico de credibi-
lidade - não só peranle a opinião pública, mas diante da pluralidade dos
(ktentores do poder e dos anunciantes. pois a publicidade é a base econômica
d,, mídia. Se um detenninado veícu lo de comunicação inclina-se explici1a-
111enl e a uma opção polílica ou evita de modo sistemático certos tipos de in fúr-
1rn.1~>iío. li mitará seu público a um segmento relativamente pequeno. dificilmenle
conseguirá ohter lucros no mercado e não refleürá nenhum tipo de apelo aos
interesses dos diversos grupos de tendências políticas variadas. Por outro lado,
quanto mais autonomia, abrangência e credibilidade o veícu lo de comunica-
' "º tiver, tanto mais atrairá informações. :un,nciarues e consum idores das mais
di\'ersas tendências. Independência e prolissional ismo não são apenas ideolo-
gias gratificantes para a mídia: tais concci(os se transformam em um grande
11cgóc10. por vc7es incluindo a possibilidade de vender a independência por
um bom preço caso surja a oporlunidade, Uma vez reconhecida a independên-
1;i<1 dos veículos de comunica~>iío, urna vez dcmonwada a aquiescência do
l'.~tado•Nação quanto a esse atributo da mídia como prova essencial de seu
c,m\ter ck moc.rático. o círculo se fecha; qualquer lentativa de cerceamento da
liberdade da mídia !l'ar:í um custo político elevado. pois os cidadãos. não ne-
ccssariarncrnc ex igentes no que se refere à exatidão da notícia, defendem fer-
vorusamcnte o privilégio de receber i nfornnu;õe.~ de fontes não relacionadas
110 Csmdo. Por essa razão. até mesmo os l::stados autori1,írios estão perdendo a
batalha da mídia na Era da lnfonnaç,1o. A capacidade de diíundir imagens e
ml'onnações via satélite. pelo videocassete ou pela Internet aumentou de for-
rna avassaladora, a ponto de torn11r qualquer 1en1ativa de censura ele notícias
cnua vez mais ineficaz nos pri nci1>ais centros urbanos dos países autoritári11$,
pn.>cisarnente nos locais cm que vivem as eli1es alternativas e de alto tiÍvd
t·ducacional. Além disso. considerando que os governos de iodo o mundo talll·
h.'111 pretendem "tornar-se globais" e a mídia global é a sua ferramenta dé
,,ccs,o. não raro eles acabam optando por sistemas de comunicação interativos
que. mesmo se operados com cauteli1 e de forma calcu lada. acabam compro-
111ctendo os controles sobre a comunicação.
Un) .fat.1do dcs-tiluído de poder
,1()1

, Paralelamente à globalização da mídia, tem-se vefificado em diversos rnssão as possibi lidades técnicas reais de bloquear o acesso à Ir11cmet sem que
~mses u1ncresc1mento ex traordinário da míd ia local, principalmente nos ca- para isso seja necessário excluir da rede um país inte iro. Parece que a censurn
-~os do rád_ro e da TV a cabo. graças a novas tecnologias de c<Jnmnicação. tais ~ :1plicação de penalidades ex posrfacto. bem como recursos auto-operacionais
como rmero de custos de transmissão via satélite. A mai.o r parte desses meios d~ triagem e seleção de informações, são allernalivas mais viáveis do que o
loc,11s de co1'.1unic,:ção. que mui1as vezes compartilham a programação, esta- hloqueio da comunicação. Contudo, mesmo que medidas externas de triagem
~~leceu un: t.ortc vinculo com audiênci as populares específicas, passando por e seleção de informações entrem em vigor, isso causará o encolhimento da
c11na _das v1soes padronizadas da mídia de massa. Dessa forma, tais meios esca- rede. comprometendo o acesso a informações de grande valia e limitando :\
pam ,1s f~nnas trad icionais de controle (diretas ou indiretas) criadas pelos Esta- extensão e o alcance da interatividade, Como se não bastasse, para viabilizar
dos-Naçao en1 relação às redes de televisão e principais jornais. A autonomia uma redução seletiva ela rede . todos os países conectados teriam ele chegar a
cada vez ma ior ela mídia local e regional, mediante o uso de tecnologias de 11111 consenso 9uan10 aos tópicos a serem excluídos. para em segu ida estabelc-
c~mu mc,;ção flexíveis. reflete uma tendência tão importante quanto a globaliza- 1:er um sistema ele monitoramento conjunto cuja constitucionalidade certa-
<;a() da m1~1a no t(~ante à influência Sobre as a(iludcs do público en1 geral. Essas mente seria contestada nos países democráticos. De faw. em junho de l996
duas 1en<lenc1as sao convergentes sob vários aspectos, com a concessão de aces- lh>S lésiados Unidos, um acórdão cio tribunal federal na Pensi lvânia julgou

so das ?r'.1ndes empresas da mídia a nichos de mercado desde que elas aceilem 11 ,nçonstit.ucional a maioria dos pontos abordados em uma nova legislação fe-
espec1hc1dade elas audiências conslruícla ao redor da mídia loc,il." ,lcrJI que pre1endia regulamentar () tipo de material pornográfico veiculado na
• /\ co,_mmicação via compu tador rnmbé1.n foge ao controle cio Estado- l111ernet. Em uma scmcnça categórica. os 1rês juízes deliberaram o seguinte:
Naçao, abri ndo as portas a uina nova era de comunicaçfio extr<1territoriaJ.l' A '" l)o mesmo modo que a força da .l ntérneLadvém cio caos. também a força de
~naiona dos _governos parece estar aterrorizada diante dessa perspectiva. Em nnssa liberdade depende cio caos e da multiplicidade das vozes proveniemc da
Ja~eiro ~e 1996, o minislro dll Tecnologia da lnformaçiio ela França anuncio u liberdade de expressão, direito assegurado pela Primeira Emenda da Cons1i-
a ,n tc,'.çao_dc ,eL_Igoverno de propor iJ União Européia uma série de 1nedidas 111i~âo'".'" Portanto. nos próximos anos. os Estados-Nação estarão lutando pan1
de pro1b1çao do livre acesso à lruernet. O evento que deu origem a tal plano de ~,.,ntro)ar as informações que circul am nas redes de telecomunicações intcr-
cen_sura '.ecnológica engendrado pe lo mesmo pa ís que dil"undiu os ideais revo- ,·nnccrada, de fonna global. Estou convencido de que esta é uma bacalha pcr-
luc,onános de hbenfadc na Europa, bem como n JV!initel, i"oi a vitima batalha d id,1. E com essa derrota. sobrcvir:i a perda de um dos princi pais sustentáculo,
de Mnterrand. i\p6s sua mune. um li vro publicado pe lo médico de Mitterrand do poder do Estado.
re_velou que o ex-prime iro-ministro descnrnlvera câncer de próstaca durante De modo geral, a globaliwçiío/localização da mídia e da comunicação
os _14 anos de seu mandato. A ped ido da família de Miuerrand , o li vro foi clclrônica equivale ü desnacional izaçfio e desestntização da informação. duns
retu:ad~, de c'.•:cub~çiío na Fran?i, mas podia ser lido na lntcrner. /\ indignação t~nJ0ncias que, por ora. $ão indissociáveis.
do go,e1 no !rances fo1 bem alem desse assunto cm pan ic\llar. Houvera urna
de111onstraç:fo cla~·a de que atua lmente <1s decisões do governo ou cios 1ribunaii.
s?bre o acesso a mtonnações jamais poderiam s0r efetivadas. 1~ a coniprúen- Um mundo sem. lei?
sao de que~ controle sobre as informações vinha sendo, desde bem antes dn
advento da hra da Jnfon11açilo. o sustentáculo do poder do Estado,-15 fniciativas A global izaç5o do crime t:unbém subvcnc o Estado-Nação, transfornrnn
sen,1 élhames foram tomadas praticame111c ao mesmo tempo pelos governos d:i .Jo procedimentos ele governo de forma profunda, e deixando o E.~tado, em mui-
China. _A~emanh!t e F.Ui\. com respe ito a urna série de quesLiíes que variava,11 tos ca,os. efe tivamente de mãos atadas. Ess.i é uma tendência fundamental
desde _mfonnaçoes de cunho pol ítico e financeiro n11 China ,ué pornografia f:tci hnente reconhecida. de conseqiiências também facilmente ignoradas.'' Um
11 ~falll1I nos Esta~los Un idos. 2• O cerne da questão ern1n os fluxos de in forma ,-.,píwlo inteiro desta obra {volume Ili, capítulo 3) é dedicado à amfüse de uma
çao 11:aosnac1ot1a1s que dificultam a t<llnada de medidas judiciais contra a fontl" da, mais impúrltunes tendências do mundo de boje, e totalmente distinta de
da 1ntorrnação mesmo quando esta é identificada. Ainda se encontram l!tll di,- 1lLllra,, se comparada a períodos históricos anteriores. No emanto faz-se neces-
Urn ii,;,taJo dcstlluído de podei'
L1m b iado ,1c~1itnJJU" do poder 10,

sário. nesse pomo de minha argumenração. examinar essa tendência para me-
lhor compreensão da amai crise do Estado-Nação. A novidade não é o maiór manha com o tráfico de material radi.oati vo organizado pela máfia rnssi,. ou
grau de penetração do crime e seu impacto na política, A novidade é a conexão os temores por parte do governo russo em relação ao envolvimento cresceme
global do cri me organizado, condicionando relações internacionais, ianto eco- da máfia siciliana e dos car1éis colombianos com a Mafiya russa),
nômicas como políticas, à escala e ao dinamismo da economia do crime. A \, 1\ impor tância crescence dos fluxos de capital de origem criminosa torna-

novidade é o profundo envolvimento e a desestabilização dos Estados-Nação se um meio fundan1encal de estímulo ou desestabilização da economia ele
em uma série de contextos submetidos à int1uência do crime traJ1SnacionaL países imeiros, a ponto de i mpedir o desenvolvi mento de uma política eco-
Embora o tráfico de drogas seja o ramo de atividade mais significativo da nova nômica adequada em muitos países e regiões sem que se leve em conta esse
f'ator aliamente imprevisível.
economia do crime, todos os tipos de tráfico são praticados por esse sistema
"subterrâneo" cujo poder se estende por t(Xlo o mundo: armas. tecnologia, mate- Co;tumava-se pensar que os governos nacionais profundamente afeta-
riais radioativos, obras de arte. seres hu1mmos, órgãos humanos. assassinos nter- d<>s pe la "ciranda'· da economia do crime limitavam-se invariavel mente aos
CClllírios e cot11J·al>nndo dos mais diversos produtos <le e para qualquer parte do principnis suspeitos. como a l tália e a Colômbia, lsso já não aconcece. A im-
mundo estão 10dos interligado.~pela grande niacriz de rodos os atos i lícitos - a f'llrtância do fenômeno, seu alcance global, as dimensões de sua riqueza e
lavagem de dinheiro. Sem ela. a economia do crime nâo seria global tampouco 1nlh1ência e seus sólidos vínculos com o mercado financeiro internacional tor-
ai lamente lucrativa, Por meio da lavagem rle dinheiro. a economia do crime está uaram as relações entre o cri me e a corrupção política uma característica que
diretamenreeonectada aos mercados financeiros glúhais, dos quais pode ser con- pode ser identificada cm muitos dos principais países do mun.do. Por exemplo,
siderado um componente de pone signi ficativo e ronre incsgo1ávcl de especula- a Yak11cu, a m{ifiajaponcsa, recentemcnlc internacionalizou seus contatos. E as
ção. Segundo a Conferência da ONU sobre a Economia do Cri.me cm Escala liµaçôcs declaradas, ou um pouco mais veladas, en(l'e a Yakuw e alguns líderes
Global realizada em N,ípoles em outubro de 1994,29 esti mativas razo,heis fixa- d,, governo japonês sáo bem conhecidas. a ponto de o M inistério da Constn,-
riam o total dc>s recursos an uais provenientes de fontes ilegais e " lavados" no ~·:,o Civil do Japão ter sido considerado por muito tempo o principal rneio de
sistema financeiro global em cerca de US$ 750 bi lhões, Esses fluxos de capital ,e trocar contratos de licitaçiío para construção de obras públicas por gencro-
precisarn ser processados com mobilidade e tlex ihi lidaclc maiores que as nor- ·' "' concribuições de e1t1presas patroc inadas pela Yakuza ao Partido Liberal
malmente eviden.ciadas no processamento de recursos originados por qualquer 1>emocnua - u,n si~tema não de todo diferente dos programas de desenvol vi-
outro ramo de atividade, pois é j uslamente seu giro ~onstante que impede o 111cnto Mezwgiomo da democrac ia-cristã ital iana em relação à máfia. Ou ain-
rastreainento pelos órgãos de regu lamentação competentes. d.o, quando em 1996 sucessivas crises n<> sistema band rio abalaram o Japão,
O impacto causado por 0ssas tendências aos Estados-Nação pode ser ,c,nltando no não-pagamento de cmprésti inos ele centenas de bilhões de dóla-
observado sob 1rês principa i, aspectos: 1cs. .,érias suspeitas foram levantadas quamo ao papel desempenhado pela
1. Em muitos casos, toda a estrutura do Estado, não rnro incluindo as mais Vi,ht._a em forçar os bancos a conceder tais ernpréstimos, o que inclui o assas-
altas 0sferas de poder, está ..:11treme,1da de vínculo, criminoso,, pela cor• ,inato de dois banqueiros.:'" Em outro contexto, a suspeita de infiltração de
rupção, ,uneaças ou financiamento ilegal da polítirn. causando enormes 111cmbrns de organizações criminosas russas em vári.as es feras do governo
emagos na conduta das questões p1íblicas. ele um dos Estados mais poderosos do mundo, incluindo as forças armadas, é
2. Parn vário~ países, as relações internacionais entre os & tados-Nação passou uma tendência preocupante. A onda de escândalo, políticos. que abalaram os
a ser condicionada, em diversos nívei s. pelo sucesso ou insucesso da coopc· i:overnos em todo o mundo nos anos 90 (11111 assunto a ser ühordado no capítu-
ração na luta contra a econom ia cio crime. Até o momento. o caso mais notó 1,, 6). também não deixa ele estar relacionada, em muitos casos, à luta co,1tínua
rio p(x!e ~er vcrifkaclo nas relaç<ies cmre o~ estados Unidos e alguns países 11clo poder entre 11s estruturas do crime organizado global e as esm1turas tios
da América Latina (Col ômbia, Bolívia, México, Paraguai, Panamá): contu l "'tados-Nação, A lém disso, mesmo os principais governos do mundo, que se
do, esse tipo de fenômeno vem oconcndo co1n maior freqüência à medida j11lgam relativamente itnunes à penetração do crillle cm seus mai s altos esca-
que a economia do cri111c se diversifica (por exemplo. a preocupação da Ak· hks, acabam sofrendo os reílexos das manobras políticas do crime organ iza-
do. Por exemplo, quando a economia mexicana entJou cm colapso em J994-95.
306

apesar do volume maciço de empréstimos concedidos pelos Estados Unidos, <.:a uma relação de simbiose entre as forças militares mais bem-preparadas e
por causa de uma crise polílica provocada, em pane, conforme demonstrarei aparel hada, (os exérci tos profissionais dos EUA e do Reino Unido). os
adiante, por traficantes de drogas que se infiltraram nas mais altas esferas do fi nanciadores das operações (Japão. A lemanha e os príncipes árabes. em pri-
partido do governo no México, o dólar sofreu uma queda vertiginosa. e o mar- meiro lugar) e a retórica do discurso em defesa do mundo civil izado (nor111al-
co alemflo disparou, desestabi lizando o sistema monetário europeu cm virtude I11eme expressa pelos Lfdere.s franceses). A tentativa deliberada dessa aliança
do receio dos investidores de que o déficit ptíblico norte-americano explodisse l undamemada na OTAN de envol ver a Rússia nas operações conj untas, como
como resultado dos esforços para salvar o México de um colapso econômico .1., real izadas na B6snia, constitui um indicalivo da transformação das alianças
total. Nesse emaranhado formado por crime. dinheiro e poder, não há lugar ,nili tares, não mais fundamentadas na hegemonia das superpotências mas sim
seguro para ninguém. Ou, ainda, nesse scmido. não há instituições nacionais "" participação em u1J1a vigilânci a conjunta de uma ordem mundial abalada.
seguras para ninguém. visando evitar possívd s e imprevisíveis ameaças ao sistema. O novo sistema
Portanto. a globali:cação. em suas diversas 1:wems. acaba comprometendo de segurança está sendo construído, basicamente, para defes,1contra a ação de
a autonomia e a capacidade de decisão do Estado·Nação. E isso ocorre justa- h:írharos s::xternos que até hoj e permanecem sem deno,n i nação específica:"
1\0 adotar tal procedimcnro, os Estados-Nação, inclusive os mais poderosos.
mente no momento em que o exercício do poder do Estado no cenário imemaci-
onal tamhém fica à mer<.:ê das limitações do mt1ltilatcralisrno no âmbito da defesa. , c~m-se capturados em um emaranhado de imeresses e negociaçcies que assu-
da r olítica externa e das políticas governamentais globais. tais como a política 111-: formas di ferentes para cada questão a ser abúrda<la. Sem a necessidade de
ambiental. 10,nada de decisões de vida ou moIt c, como ocorria na era nuclear da Guerrn
!'ria ao se considerar .i perspectiva de confronto entre as sur,erpotências e seus
,iliados. o quanro difuso de uma política externa <·om geometria variável tra-
d111.-se na incapacidade cada vez maior de qualquer Estado agi r por conta pró-
O Estado-Nação na era do multilatcralisrno
pri a na arena i111ernacional. Neste Jinal ele milênio, a política externa assume
O período pós-Guerra Fria é caracterizado por unu1 i nterdependência 11111:t característica essencial mente nwltilateralY Duas grandes res$alvas di -

multilateral cadit vez maior emre o~ E~tados-Naç1io.)' Isso se deve basicamen- 1c111 respeito ao grau de i ntegração da Rússia nesse siste1~a de segurança cole·
te a três fatores: a <lis~oluçãu, uu afrouxamemo. dos blocos militares alinhados tiva. ai nda unia superpotênc ia nuclear. e da Chi na, uma superpotência crn
il$ duas superpotência~: o enorme impacto das novas tecnologias sobre a in- pIocçsso de formação."' Todavia. considcrnndo a pequena probabilidade de
dlÍstria bélica: e a percepção soc ial do caráter global de grandes desafios que que qualquer desses dois paíse~ conquiste aliados re.rmanentes em torno
se impõem à humanidade em decorrência do mnnemo dos conhecimentos e do ,k s~us interesses (apesar das liga~õcs tia China com o Paquistão), seu relativo
volume de informações. como é o caso da segurnnça ambiental. 1,,1lamento. assjn, como o ,cntilll<.:1\10 profundamente arraigado de desconfiança
Com o desapmecirnemo da União Soviética, e iuclcpcndcmernentc da 111ÚLua. não contradizem o cur~ter multi lateral do novo sislema de segurança:
existência de futuros impasses entre a Rússia. a China e a OTAJ,1. o principal ,,penas lhe atribuem uma complexidade maior.
111ec,u1i smn de desestabi lização das relações estratégicas para a maior parte A grnnde velocidade da, muda11ças na tecnologia mi li tar talllbém com-
dos êstados-Naçfü> alinhados às duas supeqiotências também desapareceu.-·~ I1I,,rnete a capacidade de m1to11omia do Estado-N ação:" Hoje. o armamento
Embora a (YIAN continue a existir <;01110 urna aliança ocidental liderada pelos hl' lico depende cssenci8lmcnte da eletrônica e da tecnologia das comunica-
Estados Unidos, sua, funçôes vêm passando por um processo de redefiniçãc, i;ws. con10 foi evidenciado na Guerra do Golío. A devastação que pode ser
na segunda metade da década de 90 no scniido de desempenhar tarefas volta- <.iL1Sacla a distfincia por meio de mísseis e atuyues aéreos pode desbaratar u111
das à segurança de um grupo maior de nações. cm regime de cooperação. ,·,<.'r~ito ele proporçõc, considenívcis em questão de horas, principalmente se
sempre que possível. com a ONU. A nova noção de segurança global. eoleti- •" defes3s cksrc rorcm "cegadas" pela utiliza~:ão de recursos eletrôni cos. e
va.n que surgiu pela primeira vez durante a Guerra do Golfo para fazer face i,o ,,. os al vos tiverem sido identificados por satéli te e pr<JCessados por eo111put~-
perigo comum do co11e de fornecimento de petróleo do Oriente Médio. impli d11res situados a mil hares ele quilômetros cleclistftncia para direcionar os disparos
lOX
t'fn l!-<,m lo dc~III\\Ído de po1kr 10•

com extrema precisão ne-ssa guerra invisível. A guerra convencional depende, c., tejam irredimi vel mente condenados a tornar-se colônia norte-americana. Tra-
como sempre dependeu. da tecnologia. A diferença existeme nos dias de hoje ia-se Justamente do contrário. A ausência de um adversário facilmente reco-
é, por um lado, a velocidade das rnndanças tecnológicas, tornando as armas 1111,.:cível causou um ceno relaxamemo nos controles sobre a tecnologia pelo
obsoletas em uni curto e$paço de tempo.:IB l.sso faz que o armamento bélico 1kp,u1amento de Defesa dos E,, 1ados Unidos, de modo que o acesso a tecnologias
tenha de ser constamemente atualizado, caso se tenha a pretensão de manter t·onsideradas básicas e armas convencionais tornou-se bem mais f.ícil. Uma vci,
ex.ércitos real mente capazes de lutar contra outros exérciros, em ve7, de utili zá- 11uc os Estados-Nação não têm condições de exercer controle sobre as fomes
/os meramente para manter o controle sobre seu pr6prio povo. como ainda é a tlc fornecimento de equipamentos de última geração, tornam-se pernrnnente-
regra para boa parte da humanidade. Exércitos equipados com ann,1s de pou- mente dependentes, do ponto de vista da capacidade de fazer guerra, não dos
cos recursos tecnollSgicos não são verdadeiramente exércitos, mas sim forças l(UA. mas das várias redes de fornecedores globais. O fato de que os Estados
policiais disfarçadas. Por outro lado, a própria natureza da nova tecnologia tinidos são tecnologicamente auto-suficientes (e somente por causa dos esfor-
milicar requer a manutenção de um exército profissional em que são transmiti- Ç<h ele) Pentágono no sentido de evitar a dependência dos equipamentos para
dos conhecimentos avançados aos combatcnrcs para que possam fazer uso de prndução de semicondutores de fabricação japonesa) confere ao país o títttl()
annas setUi-automáticas e sistemas de corn1mica~~ão. Isso representa uma vanta- ,lc única superpotência exi stente nos dias de hoje. Entretanto, nem mesmo isso
gem signi ficativa para os países com alto nível de tecnologia. independentemen- pnde ser traduzido como plena soberania no exercício da política externa do
te do contingente de suas forças armadas, como no caso de Israel ou Cingapura. país por causa da débil posiç5o fi nanceira e política dos Estados Unidos no que
Em vi11ude do papel fundamcmal da tecnologia nessa área, Estados-Nacão ain- diz respei1o a comprometer suas for~,as no extérior:'" Além disso, conforme ar-
da desejosos de manter sua capacidade de exercer a violência tornan;-se de- /!Urnenta McJ nnes, "as característica~ da guerra moderna têm levado muitos es-
pendentes. cm caráter permanente, dos fornecedores de tecnologia, não só em trategistas militares a quest ionar se em algum momento um conflito de grandes
termos de equipamentos. mas tamhém de recursos humanos. Tal dependência, wnporçõcs rcalme1\le valeria os custos envolvidos (independentemente do uso
no entanm, deve ser encarada como um aspecto inserido no contexto de di ver- de armas nucleares), e mesmo q11e essa guerra ocorresse, se poderia ser susten-
si11caç5o cada vez maior do armamento bélico convencional. à medida que tada por muito tempo (dado o custo ex1 remamente elevado das armas de alta
países vão passando por processos de indus1riali?.ação e a tecnologia vai se tc,:nologia e a velocidade com que são destruídas}":ª
difundindo/ 9 Dessa forma. o Brasil ou Israel podem ser bons fornecedores de A evolução tecnológica ac rescenta uni novo ponto de apoie> à tendência
anna,nénlo bélico avançado. Prnnça. Reino Unido. Alemanho, Itália e China ,Je as relações in ternacionais serem caracterizadas pelo 111ulti lateralismo. A
aumenraram sua paiticipação, j untamente com os Estados Unidos e a Rússia. 1ndustrü1lizaç1ío ele novas regiões do mundo, a di fusão do conhecimento cien-
como fornecedores dos exércitos de todo o mundo. U111 sistema cada vez mais cítico e tecnológico e o comércio ilega l generalizado rêm co111ribuído para a
complexo de cooperação e concorrência c,stá surgindo, no qual. por exe11Jplo, proli feração cios armamc11tos nucleares, quím icos e bkilógicos:11 Assim, em-
a Chi na adquire caças modernos da Rússia e tecnologia de comunicações dos h,,ra os Estados-Nação sej al11 cada vez mais dependentes do uso de tecnologia
Estados Unidos, e a França vende mísseis a quem possa interessar, incluindo ele ponta na guerra co nvenc ional. podem ter acesso ao que chamaria de
serviços de p6s-vencla nas áreas de treinamento e manutenção. Além d.isso, o "1.:cnologias de veto". isto é. armas de destruição em massa que, pelo simple.~
mercado negro global de armamentos, de qualquer tipo, te111 proliferado. pos• lato ele existirem. são capazes ele impedir a vitória de um Estado mais podero-
sibilitandn a difusão c!c toda e qualquer tecnologia recém-desenvolvida, desde ' "· O "equi líbrio cio terror" global cncontni-se em processo de descentrali zação,
"Stingcrs•· mé ·'Patriot$", desde gases que afet,1111o sistema nervoso até apare- 1rnnsformando-sc cm vários "pontos ele equilíbrio de terror local". De um lado.
lhos eletrônicos dcscnvolviclos para despistar o ini111igo. Como conseqüência. essa tendência obriga as grandes potências a envidarem esforços multilaterias
ao comr.írio de 0turos períodos históricos. não hú um único Estado que seja ,·onjuntos no sentido de impedir o acesso a essas 11rmas por pane de novos
auto-su ficiente na produção de armas, c()m exceção dos F.stados Unidos (uma paí~cs. forças políticas ou grupos terroristas. Por outro lado, uma vez que al-
vez que atual mente a RlÍssia é tecnologicamente dependente da mkroeletrô11ici1 flUns países passam a exercer controle sobre essas armas, o sistem,1 rle segu-
e das com unicaçôcsJ. Isso niío significa, contudo, que todos os Estados-Nação i: ,nça global é forçado a intcrforir no processo e auxiliar no estabelecimen10
JH) Um i::~mdt1 de:-tuuido de poder JI 1

de um equi líbrio entre o poder de destruição em diferentes regiões do nnmdo sobre os proctssos dc~tmtivo;;. a f<iha de diretriz.e-s políticas efetivas e a im-
para evitar perigosos confrontos locais.•~ Passa a existir uma complexa rede de portfül..-:ia da extração de recursos fund:.11ncnt;1is (causando ponantõ u des-
di ferentes níveis de poder de destruiçf10. em que as forç,is se controlam mutua- truiçlodu meio ambiente) para a manutenção de alianças b:1sic.iscntre ES>tadu
mente mediante acordos ad hoc e processos negociados de desarmamento e I! ~odcdadt :-=5
desistência do desenvolvimento de programas nucleares. 1\um emaranhado
como esse. nenhum fatado-Nação, nem mesmo os Estados Unidos, é inteira- Isso não ocorre nccessa.riarne mc por causa da ignorância ou mcí-fé da
mente livre, pois um erro de cálculo ou excessos na demonstração da superio- p:ine dos governos, nias porque todos os Estados-Nação continuam agindo em
ridade bélica pode desencadear uma hecatombe nuclear ou bacteriológica em ddcsa de seus próprios interesses, ou cios inter~sses das bases políticas nwi~
uma determinada região. A humanidade terá de conviver por um longo tempo i1 11portantes."• Assil\\. o nn1hilatcrnlismo torna-se um fórum de debate e u,n;,
com os monstros de de-~tniição que cri amos. seja para uma aniqui lação ·'pa- .ircna de negociações e não uma forramcma para o exercício da re-sponsabili-
dronizada", cm ,.n ass,t. seja para uma carnificina dirigida. cm nível local. Diante d:,de coletiva. Segundo a lógica d0 "deslocamen to da crise" de Habennas, "a
<le tais circunstânci as. a tarefa mais importante dos Estados-Nação (e não ape- rrande contradição econômico-ambiental global". conforme argumenta Hay.
nas das supcrpotê-ncias. como na Guerra Fri a) tem sido limitar o exercício de "desloca-se no túve l do Estado-Nação·':' Essa teimosia estruturalmente indu-
seu próprio pod,~rio militar, enfraquecendo sua raiso11 d'ê1re original. 1,ida demonstrada pelos Estados-Nação paradoxalmente leva ao enfraqueci-
Os Estados-Nação também cnfremam os limites de sua legitimidade e, 111cnto de tais Estados como instituições políticas viáveis, à medida que cidadãos
em últi ma análise, de seu próprio poder, quando se discute a administração ,·111 todo o mundo se apercebem da incapacidade desses aparatos onerosos e
global do meio ambiente do planem:" Gn1ças à informatizaçlio cada vez maior-, 11 cme ndan,ente ineficientes para lidar com os desafios mais impo,tantes im-
a ciência e a wcnologia têm ampliado conhecimen1os de uma forma sem pre- pn,tos diante da lwmanidadc. Assim. no intuito de superar sua crescente
cedente, sobre a degradação da natureza e suas conseqüências para a nossa 11 rc kdncia. os Estados-Naçfm estão se agrupando, cada vez mais, em direção
,1 uma nova forma de governo supranacional.
espécie. Em relação a esse aspecto. conforme demonstrado no capítulo 3. u
movirnemo ambientalista vem despertando " consciência ecológica de socie-
dades em todo o 111undo. exercendo grandes pressões sobre a responsabil idade
dos gowrn<>S <!e çonter () ,Mmço cm direção à c,11<ístrofe. Conwdo. os E~ta- O governo global e o super Estado- Nação
dos-Naçfül 11ada podem fazer se ag irem isoladamente no que diz respeito a
questões como o aq\1ecimento global. a cmnacla de ozô11io. L' desmatamento. '·Se buscarmos uma razão conc isa e objeti va para o novo ânimo insufla-
a poluição dos recursos hídricos, o desaparecimemo da vida marinha e 11Juitas ,lo na proposca de integração européia de meados da década de 80". conforme
outras do gênero. Os esforços para que os Estados atuem em regime de coope- ,1p1>11tado por Streeck e Schmiuer, ·'esta pode ser encontrada como ~ resultado
raçAo muitas l'ezcs ass\11ne111 a forma de eventos que se resumem a demonstrn.- ,lc uma combinaç.âo e,nrc dois grandes int0resscs - o das empresas européias de
çõc~ imernationais e a uma retórica solene do que propriamente 11 implalltação r 1a11de porte, esforçando-se para superar sensíveis vantagens competitivas dos
efetiva de programas ele ação conjunta. Como afirmam Lipschntz e Coca an r.1pitais japoneses e norte-americanos. e o das el ites do Estado, procurando
concluírem sua pesqu isa global s<>hre políticas ambientais conjuncas: ,.,,1:iurnr ao menos parte de sua soberania política grada ti vamentc perdida em
11ívcl nacional em decorrência de uma interdependência internacional cres-
A po<.,;ibi lid:.,tlc d(· \una direção hegemúnica ou <lo sur,gim~nlO de un'I órgfü) ' ,·,ue ...'01 Em ambos os casos. en1 termos de interesses empresariais e políticos.
coordcnntlor ce1Hrnl parece h;,:-.tamc remola no <Jtlt~ cont·t.rnc às questões o que se buscava não cm uma relaç·ão de suprnnaciona lidade. mas sim a recons-
ambil.!ntai~ . .:li. probahHicl:.u.Jc<lc coordenaçfü> muhilatcral t fcti\'a pareceigm11. 1, ução do poder do Estado com base na nação em um nível mais elevado, nível
mente pequen:l, dtvido a grande.s incerteza:-. ~Ol)l'C' o custo~benefício cnvolvi 4

,·, te que l'iabili7.a. até cert.o ponto. o controle dos fluxos globais de riqueza,
d<> no gerenciamento e prOtL~çao do meio <1mbientc. A -essas barl'eirns e
LJ1lormações e poder. A formação da U,iiâo Européia (con/(mne a1gume111ar ei
condi-cionames aliam ..st uma série de futQré!:I que decorrem <ln própria n;'ttu•
reza cio E.'-.wdo: a evidente inc~ip:iddadc de os govenw:-. l·X.C1'\;~l'<:m contrc-,lc
"" 11,1l11me Ili) 11110.foi 11111 processo de construçiio do Estado.federativo eum-
111
'.! 12

pell no fuluro. mas sim a fo rmação de um cone/ político, o canel de Bru.refr,s. uma série de objetivos que clilicilmcnce , eriam alcançados por Estados-Nação
em que os F.s1ados-Nação ai11da podem ubre,: coletil'Gmente. algum nível de 'llh! atuassem isolada111ente. A maior parte das análises de.sse processo cres-

sobemnia dissociada da nova desordem global, para em seguida comparti- n:nte ele internaci oua lizaçiío das políticas do Estado parece questionar a viabi-
lltar com seus membros dos benefícios gerados. segundo 11omws negociadas lidade do esrnbelecimenro de um governo global com soberania totalmente
inimerruptameme. É por isso que, em vez de esturmos ingressando na era da rnmparti lhada. apesar da lógica consistente desse conceito. Ao invés disso.
supranacionalidade e de uma forma de governo global. estamos testemunhan- 11or111al 111ente considera-se o governo global como sendo a convergência nego-
do o surgi mento do Superestado-Nação, ou sej a, de um Estado que expressa, ~iada de i nteresses e políticas dos govc,·nos nacionais_; , Os Estados-Nação e
dentro de uma gco1netria variável, os interesses agregados de suas bases polí- , uas elites são muito apegados a seus privilégios para abrir mão de sua sobera-
cicas .4Y 11i:1. a não ser que possam fazê-lo a troco da promessa de retornos palpáveis.
Argumento semelhante também pode ser aplicado il pluralidade das ins- 1\ lún disso, de acordo com pesquisas de opinião. é muito 1x)uco provável. num
tiwições internacionais que comparti lham a administraç~o da economia. da 111turo próximo, que a maioria dos cidadãos de um determinado país acei te a
segurança, do desenvolvimcmo e do meio ambiente. neste mundo do fin de 111tcgração torai a um Estado federati vo supranacional. 52 A experiência norte-
111illé11ium. 50 A Organização lvlundial de Comércio foi criada para compatibi li- .,mcricana de formação de uma nação federativa é tão específica historic,unen!c
zar o li vre comércio com certas restriçües comerciais cm um meca1úsmo que. apesar de sua força apelativa, dilicilmente pode ser adotada como modelo
ininterrupto de controle e negociação. A ONU vem lutando para estabelecer i>:irn 05 federali stas do final do milênio em outras regifies do mundo.
seu novo e duplo papel de força policial lcgitirnada pela defesa da pa,._ e dos Como se não bastasse, a i ncapaciclade cada vez maior de os Estados trata-
direitos hu1J1anos. e de centro da mídia mundial.. prestando-se como sede de 1,·111 de problemas globai s que causam impacto na opinião públic<1 (com ques-
conforências globais semestrais sobre as principais questões que afligem a locs que variam cio destino das baleias à tortura de dissidentes políticos em todo
huma11idade: meio ambiente, controle populacional. exclusão social, a mu- " J11undo) leva as sociedades civis a assumirem gradativamente as responsabili-
lher, as cidades. e outros. O G-7 m1toproclamou-se supervisor da economia dndes do cidadania global. Assim, Anistia Internacional, Greenpeace. Medicina
global. permitindo que a Rússia assistisse ao andamento dos trabalhos " pela Sem Fronteiras. Oxfom e tantas outras organi;,;aç<ies não-governamentais traos-
j anela'', com o propósito de eventuais contratempos. e orientando o Fundo lormaram-se em uma força de grande importância na conjuntura internaci onal
Monet.írio Internaciona l e o Banco Mundial a manterem os mercados tinat1- d,,~ anos 90. muitas vc.zes promovendo rnaior captação de recursos. atuando
ceirns e as moedas dentro de cen as regras, tanto em níveis global co1110 local. com lllelhor desempenho e tendo su,, legitimidade hem mais reconhecida qne
A OTAN do pós-Guerra Fria surgi.u como <l núcleo de uma força militar dota- 111itiativas internacionais patrocinadas pelos governos. A " privatização'' do
da de credibilidade, tendo como função policiar a nova desordem mundial. O liumanitarismo global ve m minando lentamente um dos últi mos princípios
NAf<TA vem buscando estimular a in tegração econômica cio hemisfério oci- l<lgicos que justi ficam a necessidade da existência do Estado-Nação.' ·'
dental, com a possível incorpornçfü1 do Chi le desmemi ndo sua rotulação. O l" m su ma. temos testemunhado, simultaneamente, uni processo irrever-
Mercosul. por outro lado. vcll\ confirmando sua independência na A mérica do ,i'vd de soberan ia compartilhada na abordagem das principais questões de
Sul por meio de aumentos signi ficativos no volume de transações comerciais ordem econômica. ambiemal e ele seguran~:a e o entrincheiramento dos Esta-
com a Europa em relação aos Estados Unidos. Além disso, diversas i nstitui- d\ls-Nação como os componente., básicos tlesse complexo emaranhado de insti-
ções de c<>operação internacional do Pacífico vêm temando rormar uma co- 1uiçôes polítLcas. Entretanto, o resul tado desse processo não é o fonalecimento
munidade de interesses econômicos. superando um senti mento de desconfiança do,, Estados-~ação. mas sim a erosão sistêmica de seu poder em troca de sua
histórica entre os principais países da Ásia (.lapão. Cl1ina, Coréia, Rússia). Paí- durabilidade. Isso acomccc, em p1i111eiro lugar, porque os processos inimerwptos
ses em todo o mundo estão se valendo de mitigas instituições. tais como a Asean dt• <;ontlitos, al ianças e negociações Lornam as instituições internacionais cada
ou a Organização da Unidade Africana. ou recorrendo até mesmo a instituições vc, l\1ais ineficientes, de modo que a maior parte de sua energia política é
pós-coloniais. tais como a Com111omvealrh ou o sistema cooperativo francês, 1·@~11núda no processo e não no produlo. o que reduz substancialmente a capa-
como platafonnas para a real ização de empreendimentos conjuntos vi,ando , idade de intervenção dos Estados, de um lado. incapazes de agir por conta
114 l.lm l;i-.u1du Jcstttuido de rxxkr
Jl5

própria e, de outro, 1>aral isados nas tcnrntivas de agir coletivameme. A lém


disso. as instituições internacionais. cm parle para escapar desse escado de Idem idades.. governos locais e a desconslrução do Estado -Nação
~

paralisi a. em parte por causa da lógica inerente a qualquer aparato burocrático.


tendem a adquirir vicia própria. Ao fazê-lo, definem suas áreas de atuação de No dia 25 de dezembro de 1632, o grão-duque de Olivares escreveu uma
uma fomia que tende a superar o poder de. seus Estados de origem, institui rido ,·,1rta a seu rei, Filipe [V, no seguinte teor:
ponamo uma burocracia global de Ji1cw. Por exemplo, é essencialmente enô-
ne.a, conforme argumentam os críticos de esquerda. a idéia de que o Pundo Éde suma imponância enl vosso Rein:-1do que Vossa :Majcsrnde vos tonle.is Rc.i
d:1 Espnnha: quero dizer. MajcstaJc, que não vo::; deveis <:ontentar com o título
Monct,írio Internacional é um agenrc do imperial.ismo noit e-americano e, para
de Kci de Porrngat Ar;;1g.fio, Valência e Conde de l3areclon;1, mas deveis arqtii·
todos os efeitos. ele qualquer tipo de imperialismo. O flvt( é um agente de si tetar em segredo um pl:lnQ para submeter tilis re.inos dos quais a Esp:111há é
mesmo. i mpel ido pri nci palmente pela ideologia da cmodoxia econômica çonstituída aos costumese l1s leis: de Cr1.~. tcla. :,;em que lwjndi ferenciação quan·
neoch\ssica, bem como pela convicção ele ser um ma(co de re ferência e tll ;, fonna das fronteiras. postos alfandegário:,,. pqdcrdé convocar as Corte:, de
rac ionalidade em um mundo perigoso, construído a partir de expectati vas com- Castela, ,.\ragão e Portugal :s:empre que vos parece( desl:!j~h·cl. e de 11omear
pletamente irracionais. A frieza. que pessoalmente testemunbci , com que os ministros das diforentc.s naç:ôes. sem quaisquer re~trições .. . E se Vossa Majes-
t0cnocratas do FMI üjudarnm a destruir a sociedade russa nos momentos mais tade conseguir tnl interno. :-.ereis o príncipe mais púdcn.,s{) do mundo... .
críticos de transição no pedodo 1992-95 nada tem a ver com a dominação
O rei agiu de acordo com essas oriemaçôcs. desencadeando um processo
capital ista. Trata-se. como foi no caso da Á.frica e da A mérica L atina. de um
compromisso sólido. honesto e ideológ ico de ministrar l ições ck~ racionalidade
'I"" acabou resultando na Revolta dos Ce ifeiros na Caralunha, a insurreição
, 0111ra o imposto sobre o sa l no País Basco e a rebelião em Portugal que culmi-
íi nancei ra a todos os povos do mundo. como se rosse a única base confiável
sobre a qtrnl se deve co1w ruir uma nova sociedade. Cantando vitória na Guer-
"º " na independência d;1qi1ele país. Ao mesmo tempo. contud(), o rei lançava
,1, bases do Estado-Nação espanhol moderno e centralizado. embora o fizesse
ra Fria do capitalismo desenfreado (uma afroma histórica aos imensos comba-
•,nh <..:on<liç<1es râo prec<irias que provoçara111 levuntcs. repressôes. guerras civis.
tes da sociahlcrnocracia contra o comunismo soviético). os especialistas do
1cI rorismo e instabilidade institucional durante quase três séculos.' ' Apesar ele o
FMI não agem sob orientação dos governos que os indicam. ou dos cidadãos
l:, tado espanhol. ,1té o ~no de 1977. ter sido um caso ex trem() de imposição de
que os sustentam, mas si m como cirurgiões autoproclamados capazes de re-
ltomo~eneicladc. a maioria dos Estados-Nação. e princip;ilmente o ~:stado rcvo•
rnove.r com grande hahi liclacle os remanescentes dos controle, políticos sobre
Jucio1;áric>francês, foi instituída com base na negação das identidades histórico-
as forças de mcrcad(). Mediante cal procedimento. causam 1tmitas vezes um
, 1d1urnis de seus elementos constitutivos cm prnl da iden1iclade que melhor
profundo rcssentimemo entre cidadiíos de todo o mundo. que sentem cm seu
11l(:ndesse aos i11tcrcsscs dos grupos sociais tlominantes q11n11do da origem do
cotidiano o impac!o des.sas instituições globais, que sobrepuj am a ohsokscência
de seus Estados-\la~,ão. J'., iado. Conforme exposto no capítulo 1, o Estado, e não a nação (definida
lliituralmentc. rel'I'itorial mcme ou ambos). deu origem ao Estado-1\'ação na
Pon anto. a relevância cada ve1. maior do papel desempenhado pela,
/tl11de Modema. 16 Uma vez estabelecida a nação. efetivamente sob controle
instuiçôes internacionais e consórcios supranacionais nas políticas mundiai,
l\'lTitorial ele um ddcnnin(1do Es1a<lo. a hist6ri,1 compartilhada de ambos indu-
não pode ser equiparada à clem)cada do Esrado-"laçào. /vi as o preço pago pe-
1I:i t, formação de vínculos socioculturais entre seus membros. bem como à
los Estados-Nação por sua precária sobrevivência como redes de segmenw,
1111iào de interesses e<:onôrnicos e políticos. No cmanto, a representação des-
dos Estados corresponde à sua importância cada vez mais reduzida. compro-
11111[1o(ci onal dos interesses soci ais. culturas e territórios do Estado-Nação
metendo inteiramente sua legitimidade e. em últim~ análise, agravando ainclti
mais sua ineficácia e incapacidade. descaracterizou as i nstituiçües nacionais em função dos interes~es das eli te.s
que d..:rnrn origem a esse Estado e de sua política de alianças. abrindo cami nho
1'"1'ª crises instituciom)is sempre que identidades sub_jugadas historicamente
,,11 l'cvi vidas pela ideo logia via m-se em condições de se mobili za r pe la
1c11~gociação do contrato histcírico nacional."
} 16 L'm tl<.mdn dc~iituído t.lc pod<-r Um b taclo cl<:$ilituido de pod<:r "7

A estn ttur:a do Estado-Nação é di ferenciada <lo ponto de vista teJTitoria l, de tais interesses sob a forma de identidades (re)construídas. Ass im, 1mílti-
e tal distinção, com poderes compa11ilhados ou não compartilhados, manifes- plas identidades subme tem ao Estado-Nação as reivindicações. exigências e
ta-se por meio de alianças e confrontos de interesses sociais, culturas. regiões ,ksafios da sociedade civi l. A im.:apacitlmle cada vez mais acentuada de o
e nacionalidades que in tegram o Estado. Conforme jií anal isado etn outra oca- l:suido-Nação atender simHlwnemnenie a essa ampla gama ele exigências leva
sião/&a diferenciação territorial das instituições do Estado explica, pelo me- ao que Habermas denomina "crise de legitimaçào",61 ou, segundo a análise de
nos em pane, o aparente mistério do porque os Estados muitas vezes sere m Richard Sennctt, à "decadência do homem público",62 a figura que representa as
governados em benefíc io <.los interesses de uma minoria. embora não estejam bases da cidadania t!cmocriítica. Pim1 ~uperar tal crise de legitimação, os Estado~
ncccssarimnente fundamentados na repressão. Aos grupos sociais subordina- d1:~cenualizam parte de seu poder em favor de institu.içõcs políticas locais e
dos. bem como às minorias culturais, naciouais e regionais. é assegurado o aces- regionais. Essa transferência de poder decorre de duas tendências convergentes.
so ao 1x)der nos níveis adrninistrntivos mais inferiores dos próprios territórios lk um lado. dada a diferenciaçfüi lerritorial entre as instituições do Estado. as
habitados por esses grupos. Surge desse modo uma estrutura bastante comple- i,k rnidades das minorias regionàis e nacionais conseguem se mani festar com
xa na relaç,1o Estado, classes sociais, grupos sociais e identidades presentes n a 1naior desenvoltura cm níveis local e regional. Por outro lado, os govemos naci-
sociedade ci.vil. Em cada uma das comu nidades e regiões. as alianças sociais e onais tendem a concentrar-se na administração dos desafios impostos pe la glo-
sua expressão polírica são específicas, co1Tcspondentes às relações de poder 1>,di zação da riqueza. da comun icação e do poder. perm itindo portanto que
local/regional, à história do território e à sua conjuntura econômica. Tal distin- e,calôcs inferiores do governo assumam a responsabilidade pelas relações
ção entre ali anças de poder de acordo com as diversas regiõe, e comunidades com ~ sociedade tratando das questões do dia-a-din, com o objetivo de re-
constitui um mecanismo essencial sobre~udo para a manutenção do equilíbrio rnnsmür sua legiti midade por meio da descentra l.izaçiio cio poder. Contudo,
entre os interesses das várias el ites que se bcncfíciam coletivamente das polí- uma vez instaurado ta l processo de descentral ização. os governos locais e
ticas do Estado. embora <1 façam em dif'erc,ltcs proporções. dimensões e terri- reg ionais podcin tomar iniciativas em nome de sua respectiva~ populaç<ies.
tórios.;9 Os membros mais notâve is de um determinado loca l ou região t' até mesmo elabonir estratégias de desenvo lvi ,ncnto di~timas do s istema
negociam o poder sobre seu território oferecendo em troca su11 obediência às i:lobal. o que faz com que concorram cliretameme com seus próprios Estados
estruturas de dominação em nível 1rncional, em que os interesses da$ elite~ t:'Clll l'(ÜS.
nacionais ou globais são mais poderosos. T,1is me.rnbros atuam como interme• /\p~remern<.1nle, ess,1 é a tendê.nc.ia dos ílnos 90 cm iodo o rnunuo, Nos
diários entre as sociedades locais e o Eistado nacional: assumem ao mesmcl l:stados Unidos. a crescente desconfiança no govcmo f'cclcra l ainda caminha
tempo o papel de agentes políticos e chefes locais. Uma vez que os acordo~ lado a ladu ~om o ressurgimento de governos locai> e estaduais como focos da
firmad<>s entre atores sociais 110 âmbito do governo local muitas vezes não a1enção pública. De f'ato, de acordo com pesquisas de opinião real izadas em
co,...espondem às ali anças políticas estabelecidas entre os diversos interesse, meado, ela década de 90; ' esse reposic io11ame11to Jo governo proporciona a
sociais em nível nacional. o sistema loci1l de poder niio se desenvolve facilmente opurnmidade mais imediata de recuperação da legiti mação da política, seja sob
de acordo com ideologias partidári as estritas. mesmo no caso das dcmocraci:L\ n forma de populismo ultraconservador. como é o caso do mov imento pelos
européias, eminentemente partidáiias. Não rarn, as alianças sociais locais <! regi "direitos dos condados" ou do renascido Partido Rcpllbiicano. construindo sua
onais refletem acordos ad hoc·. finnados em torno de lideranças locais. PorrHnto. hcgcmonia com base nos ataques ao governo fodcral."' Na União Européia.
os governos locais e regionais representam. simultaneamente, a manifestação tio ,•mbora importantes áreas de soberania tenham sido transferidas para Bruxelas.
poder do F.stado descentralizado, o ponto de contato mais próx i1110 entre o Es1.i- ,t rcsponsabi lidHde por mui tos problcn1as relacionado, à vida cotidiana dos cida-
do e a sociedade civil e a expressão de identi dades cu lturai s que, emborn cfüos foi passada para as m:1os dos governos regionais e locais. inclusive, na
hegernônicas em determinado território, são incorporadas, de forma btiui 111:lioria dos países. os setores ela educação. ação social. culturn. habitação, meio
esparsa. às elites dominantes cio Estado-Nação.t-0 mnbicnte e instala~,f>es e melhorias urbanas .., Além di, so, cidades e regiões em
No capítulo 1. ,~ustentei a idéia de que a crescemc diversificação e rrng ioda a Europa associaram-se em torno de redes institucionais que fogem ao
mc111ação dos interesses ~ociai~ na ~oc iednde cm rccle rc,11111,m n,1agregaçii\> w ntrole dos Estados naciona is, constituindo um dos mais elicientes lobhiu:,
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capazes de atuar simultaneamente junto às instituições européias e seus rcs- 1cgionais têm-se transfonnado em forças decisivas no destino dos cidadãos.
pcc11vos governos nacionais. Corno se não bastasse. as cidades e regiões parti- 11as relações enrrc Esiado e sociedade. e na reestruturação dos Estados-Nação.
cipam auvamente de negociações direras com empresas multinacionais, Uma pesquisa sobre evidências comparativas no processo de descentralização
transforman~o:se nos agentes 1nais importan tes das políticas de desenvolvi- p11lítica parece confirmar o dito popular segundo o qual os governos nacionais
men to econonuco, uma vez que as ações dos govern()s nac ionais esti'ío con- na Era da In formação são lllUito pequenos 1)ara lidar com as força~globais. no
d1c1on~das às regulamentações da UE.'"' :'la América Latina. a reestruturação l'lllanlú 1nuiw grandes para admi nisLrHr as vidas das pessoas.' '
da pol1uca do governo cemral para superar a crise dos anos 80 impl'imi u
nov_o nuno aos governos municipais e c~taduais, cuj o papel fora até então
lrnu1t1do pelo acemuado grau de dependencia do governo nacional. com a A identificação do Estado
importante exceção do Brasi l. Os governos locais. estaduai s e regionais do
.vléx,co, ~rasil. Bolívia. Equador, Argen tina e Chile beneficia;.am-se da A institucional ização seletiva da identidade no Estado causa um impacto
desce,~trahzaç-ão do poder."' dos recursos nos anos 80 e 90. empreendendo mdi reto muito importante na dinâmica geral do Estado e da sociedade. Na
~'-~",'. _s~ne _de _rcfonrn'.s so~'.ª~~ e c_cc:nômica: que vêm trnnsformando a geo- verdade. nem todas as identidades têm condições de encontrar refúgio nas
.,1,tf1 a 111st1Luc1ona l d.i Ame11ca L 1t1na . Assnn. esses governos niio só foram 111,tituiç<ies dos governos loca is e regionais. Na verdade. uma das funções da
~apazcs_de comparti 1.har do poder do Estado-Nação, mas tiveram condições. dii's:rencia~oüo territorial adotadas pel<l Estado é manter o pri ncípio ela igualcla-
sobietudo. de lançar as bases de urna nova legitirnidade política em prol do ,k un iversal. ao mesmo tempo coordenando a aplicaçiio desse princípio sob
Est11do loca l."' l<>rma de desigualdac.Jc segreg,ida. Trata-se do diferente e do desigual em rela-
Atm~ lme~lte a Chi na vivencia um processo de tran~formação similar. 1en- ~"º i1norma que subjaz. por exemplo. à s61ic.Ja autonomia dos governos locais
do Xangai e Guandong i1 freme no contro le da~ principais vias de acesso à ,h>~ Estados Cnidos.' 1 i\ concemraç,fo tias popul ações de baixa renda e das
cconort'.ia glob:11. coin muitas cidades e províncias em codo o país estnlturando ,ninorias étnicas nas cidades cent rais norle-americana& O\l banlieues franceses
suas propn ~s rcla~oões com o novo sistema de 1ncrcado. Embora aparentemen- lc-nde a confinar os problemas sociais a uma pcr~pectiva espacial, causando
te Pequim detenha com mão de ferro o controle político do país, na rea lidade 11ma redução nos níveis cio.: recursos púb licos disponíveis precisamente por
0
poderdo Partld'.>Com~nisrn Chinês depende de um delicado equi líbri o de m,mcer a autonom ia 101:al. ;\ autonomia local/regional dá m,lior fmsa às elites
P'.>d~r _<e d1stnbl11ç,'.o ck n quez'.1 w111partilhado, entre as elites rwcionais, pro- ,. ,is identidades dom inantes nos próprios territórios, ellJ detri mento dos gru·
vinctll>S e locais. 1:ó bem provave l qnc este acordo ccmral/provincial/loca l dv I"" sociais não representados nessas institui,;õcs governamentais autônomas,
Estado chinês s_eja o principal mecanismo de gar,mria par,, uma transição 01, 0 11 J inda. relegados a gucros e marginalizados.' ' Nessas condiç<ies. podem
denada do estatismo para o capitalismo.''' Siwaçüo semelhante pode ser <>bser- o~orrer dois processos c.Ji rcrcntes. Por um lado. as idcntidtides com tendências
vada na Rússia do pós .. connmismo. A manutençfto do equil íbrio de poder entr11 ,is,in1ilativas util izam seu controle das institui~~õe, regionais para ampliar a
Mo~co_u e as d ites loc,ds e regiona is tem sido fündmnental para a relativa 1>:1, c socia l e demográlica de sua identidade. Por outro lado. sociedades locais
estab1hdade do Estado russo em 111eio a ll ltla economi,1 ca6tica. bem como c111rincheiradas em uma posição defensiva transronn,un suas instituições mt-
pa:·a a rélaçâoe1;trc () governo federal e os "generais do petróleo" da porçãc) (cinornas em mecanismo, de cxclus5o. 'C m exemplo do pri1neirc>desses pro-
0~1dcn tal da Sibena quant o ft divisão cios lucros e do poder: ou "inda entre a, cessos é a dem<.icrática Catalu11h ,1: achninistrada por catalães e em catalão.
elites moscovitas e. as elites locais 1anto na Rú,sia européia quanto no Extre,no ~mbora nos anos 90 a maioria da popu laçijo adu lta não tenha nascido na
9
Oneme.'' Por outro lado, no momemo cm que as exigências da identidad~ í'uwlunha, pois a taxa de namlidade de mulhen;s gcm1inainen1e catai.is tem
nacional n5o íoram dev idamente reconhecidas, e lllesmo mal-adm iniscracl,,s. , ido tradiciona lmente rnai~ baixa que as taxas de renovação da população.
como n~ Chechênia. S'.>br:eveio a guerra. que passou a ser uma das maiorc, Me5mo assim, o processo de integração cu ltural e a assimilação social dos
1esponsave1s pelo desvio de percurso da transição russ,1."º Assim. da <>lória dl· 11nigrante.s do sul da Espanha 6 relativamente tranqüilo. de modo que seu,
Barce lona à agonia de Grozny, a identidade territorial e o~ governe: locttiw li lhos são, do ponto de vista culrural, catalães (ver capítulo 1). Jmpc>rtarHc
L'm füt~ lo dc!>liluido de poder

observar nesse exe111plo de que forma uma determi nada identidade cultural/ política definida por uma determinada idenlidade (étnica, territorial. religiosa)
naciona l, para ser ca1alã, uti liza o controle do t::srndo local/regional para so- pode assumir o comrnle do Esrndo, a fi.m de trnnsfonn.í-lo na expressão exclusi-
breviver como identidade, 1an10 pela melhoria das bases de negociação com o va dessa idenlidade. esse é o processo de fonn ação dos Estados rundamentalistas,
Estado-Naç,"ío espanhol, como mediante a i nfluência sobre as instituições re- corno a República Islâmica do lrã, ou das insti1t1içfies gover~arnen1ais norle-
gionais/locais para integrar os não-catalães, transformando-os assim em c a- americanas propostas pela Coalizão Cristã na década de 90. A primeira vista,
talães, e reproduzi ndo a própria Catalunha por meio de famílias que a adotaram ta lvez possa parecer que o fundamentalismo tenha dado novo ânimo ao Esta-
como sua nação. do-Nação, em uma versüo bis16rica atualizada. Contudo, o que lemos na ver-
Um cenário totalmente distinto surge quando as identidades e os interesses dade é a mais profunda manifestação de derrocada do Estado-Nação. Conforme
predominantes nas i11s1i11úç< 1es locais rejeitam a noção de integração, como no analisado no capítulo 1. a expressão do Islã não é. nem pode ser. o 1:-:stado-
caso de co1nunidades cinicamente dividkfa, . Com cena freqüência, como res- Nacão (uma instituição secul ar) , mas sim a w11ma, ou comunidade de fiéis. A
posta à rejeição da <:ultura oficial. os excl uídos assumem uma postura de orgu- 11111;na é, por definição. um conceito transnacional, que visfl estender-se a todo
lho p<>r haverem adquirido tal idenlidade, como ocorre cm m11i1ascomunidades o universo. Também esse é o caso da Igreja Catól ica. um movimento trans-
de lati nos nas cidades norte-americanas, nu ai nda com os jovens beurs dos n'1 cional e fundamenial isla que busca a conversão de todo o planeta para <>
guetos da África do Norte francesa.'-' Essas mi.norias étnica; excluídas não se (mico e verdadei ro Deus, valcndo-s0 quando possível do apoio do Estado. Sob
dirigem aos poderes locais, mas apelam ao Hstado nacional para ter seus direi- essa perspectiva. um t slado fu ndamc111alista não é um Estado-Nação, tanto na
tos reconhecidos e interesses representados. em um nível que excede a compe- rdacão com o 111undo como com a sociedade que ocupa o território nacional.
tência dos governos locaisics1ad uais e lhes oferece oposição. como se pode \'is-li-i:is o mundo, o Es1ado fundamentalista te1l1 de fazer articulações, for-
ohservar no caso das minotias norle-americanas que exigem programas de mando aliancas coll1 os aparatos tle outros fiéi s, Estados 011n~o, com o obj eti-
> • • ,. • • ' ' •• • )
"ação afir111,11iva" como rorma de compensação de séculos de disc riminação H' de expandir sua crença e adaptar as inst1w1çoes nac1ona1s. 111ternacJona1s e
, <)eia! e i nstitucional. Contudo. para sobreviver à crise de legitimação que atr.a- locai; ao~ pri ndpios da fé: o prqjéLOfundarnemalista é caracterizado por uma
vessa em relação à ·•maioria''. o Estado-Nação tem transferido poderes e re- 11:ocracia global. niio um Estado nacional estabelecido etn bases religiosas.
cursos ein escala cada vez. maior aos governos locais e regionais. Com iss-o, Vis-à-vis uma sncicclade definida territorialmente, o Estudo l'undame11talislil
vai se t<)P!íln<lo rndíl vez muis inapto para a larefa ele cqualiz.ar os imeresses n;lo pretende representar us interes&es ele todos os cidadãos e de todas as iden-
das diversas identidades e g111possoei as nele representados. Conseqüentemente, 1idades que vivem naqude território, mas sim ajudá-los. com suas idenüdades
crescent es pressões sociais ameaçam o equilíbrio da nação inteira. A incapaci- diversas, a encontrar a verdade de Deus, a única verdade. Pnnamo, o Estado
dade cada vez maior demonstrada pelo f.stado-Nação ele i:esponder a tais pres- l'undarnenrnlis1a, embora se manifeste como a última expressão de poder ab-
sões, dada a descentralização de seu poder, continu a comprometendo i, ,oluto dos Estados. o faz medi anie a negação da lcgitimaçüo e da permanência
legiti mação de seu papel de protetor e representanle das mino,ias discriminadas, ,lo E.~tado-Nação.
Ato contínuo, tais minorias procuram refúgio em suas comunidades locai s, em Assim. a atual dança da morte entre .idenlidacles. nações e fatados deixa,
es1ruwrns nào-gowrnamemais auto-suficientes.'~ Porrnnlo, um pr<Jcesso üi i- d-: um lado, Estüdos-Na~,ão historicamc111e esvaziados, vagando nos maro::~
ciado como uma tentativa de recuperação da legitimidade do Estado medi ante !los nuxos globais ele poder. e de outro, iclentidacles t'undamemais, retraídas
a transferência de poder do âmbi to nacional para o âmbito local pode acabar cm suas comunidades ou mobilizadas na c:1ptun1 incondicional de um Estado·
agravando ainda mais a crise de legit.i l\lação do 13stado-Nação, bem como a Nação cercado por todos os lados; em meio a essa turbulência, o Estado-Nação
1ribalizaçâo da sociedade em comtmidades conslniídas a pa11ir de identidades l<>cal luta coin todas as forças para reconstrui r sua legitimação e instrumen-
priinárias. conforme demonstrado 110 capíni lo 1. tal idade, navegando em redes transnac ionais e integrando sociedades civis
Em última amílise. nos casos ein que o Estado-Nação não represeni11 locais.
uma identidade importaute ou não abre espaço para uma coalizão de inte-rcsSl.ls Vejamos o semiclo mais completo dessa proposi ção atendo-nos aos acon-
sociais fu ndamentados em uma identidade (re)construída, urna força social/ t-:cimentos da atualidade em dois grandes Estados-Nação que vêm passando
Um F.i:t3do dt~titu[do (!(: p,1<kr

por mna crise es1rutural (a exemplo de tantos outros cm lodo o mundo) nos dade de ideais e atores. O Estado cio PRI foi capaz de subj ugar os centro,
:u,t~gônicos ele poder que impunham sua presc11ça sobre a política latino-ame-
anos 90: o México e os Estados Unidos.
' ".:ana na maioria dos outros países da região: o Exército e a lg.reja Católica.

As crises contemporâneas dos Estados-Nação: o Estado


-
Cúns,:guiu sobreviver com grande habil idade à inevitável e estreita relação
~
n llll os Esrados Unidos, preservando o nacionalismo mexicano e rcafil'mandn
:1 autonomia política do país, ao mesmo tempo go7.ando de boas relações com
mexicano do PR[ e o governo federal dos EUA nos anos 90
,cu poderoso vizinho. Outra de suas conq uistas foi a construção de uma iden·
A arnílise da crise dos Esmclos-Nação, conforme aprescnmdo no presen- 11dade nacional indígena, estabelecendo<> vínc11lo com a memória das civili-
te capít ulo, pode ser esclarec ida por meio de uma símese de crises específicas. 1:ições pré-colombianas, embora mamendo em marginalidade obscura os 10%
Vale lembrar ao leitor, contudo, que as observações e interpretações apresen- de sua população represéntad<>s por índios. Também obteve sucesso em pro-
tadas abaixo não têm a pretensão de adquirir um caráter de csr11do minucioso 111ovcr um crescimento econômico subswnci al cm re 1940 e 1974, fazendo con1
das crises dos Estados, dadas as lilniti,ções do capítu lo. mesmo nos casos em que: o país ornpasse a posição de 12ª economia do .mundo nos ano$ 90. Final-
que tais observações estão fu ndamentadas no conhecimento empírico. De uma 111cntc. com exceç5o de as,assinatos a mondo de latifundiários e caciques locais,
ampla gama de possibili dades cm todo o mundo, selecionei, cm parte por n ·c,uuais massacres políticos (por cxcJJ1plo, TlareJolco em 1968) e algumas
motivos de experiência pessoal. dois casos importantes. Primeiro, o Estado n c ..rn muças de guerrilhas esquerd istas. raramente fei.-se uso de violência 11-1
mexicano do PRL porque, apâs ler-se mw,ti(Ü! como um dos mais estáveis política mexicana. De fato, a transmissão do poder entre prcsirlemes ocorreu
regimes políticos do 1111mdo por ce,a , de seis déwdas. acabou se desillle81nn- d..- fotma ordenada, previsível e incontestada. Todo presidente que deixav,1 o
do e,,1 po11cos rmos por causa do impocro co11j11gado, cm!forme argumenta.rei cargo ,cmpre apornava seu sucessor, abandonando o cenário político em cará-
aqui. da 810/ioliwçrh,. das idemidodes e de rima sociedade civil si,bmelida a tl'r delinitivo. E todo presidcnre trnía seu ,.tnteccssor, sem contudo critiet\-lo e
tra11.~{or111aç,1es. S0guncio, creio q11e se_ja adequado explorar os efeitos reab t:unp<luco investigar seus atos. A corrupção sistêmica e generalizada também
dos processos rekriclos acima sobre o governo federal dos Estados Unidos. a ,·ra orde nada, praticada dentro das regras e um i1nporta11tc elemento esrn-
despeito do fato de os EUA serem 11111 caso excepcional em razão do ratnanho hilizador ela política mex icana: todo presidente renovava ,1 di.stribuição do~
de sua economia. flex ibi lidade política e alto grau ele clescemralização da es- ~-argos políticos em toda a estrutura do Estado. o q11e levava a dezenas de
trutura do Estado. Rcss,11te-se que é precismncmc tal excepcionalidade16 q ue- 1nilhares de novas nomeaçües a cada seis an()s. Du rante o mandmo do presi-
torna a observação do Estado-Nação norte-americano interessante para fins. de <knte.. os no111eados tinham a oportunidade de obter v,1ntagcns pessoais com
an.íl isc. Isso ocorre porque, se olé mesmo 11m Eswdo de gra11de. inJ111íJ11cia ,eu cargo, sob diver,a, fonm1, . Tal rodízio coletivo das elites políticas em um
global. e .fu11dado em 11111 fedem/ismo .f/exÍl'el. s1, vê CCl'cado pelas <1111ais re11- , i,terna altacnente compensadnr assegurava a discipl ina coleti va, em que todos
dê11cios u/Jordadas 1ies1e rapít11lo. enléio pode-se mrib«ir maior abrcmgêncic1 \leia-se todos somente no masc11 lino. pois a esfera política era ocupada emi-
à CIIUÍiise 0/'i.l /J/'Of)OS/(1,
11,.,nteme mc por homcn&J esperavam por sua <Jl,)<lltunidade, que provavelmente
~llegaria desde que fossem observadas as l'égrns do jogo. O castigo imputado
.\quele que v.ioJasse as regras de disciplina. si lêncio, paciência e. sobretud<>,
NAFTA, Chiapas, Tijuuna e os estertores do Estado do PRf1 7 ltierm·4uia. era o ex ílio pennanCJ\lé de qualquer posição importamê de poder e
tiqueza no país, sendo in.c lusivc praticamente impedido de aparecer na mídiu
Após dua, décadas de mrbulência pós-revo)uciomíria. o Méx ico logrou e pri.vado ele nomeações acadêmicas signi licativas. Dentro do PRI., di versas
consrruir um dos Estados mais eficientes, se não mais democráticos, de totlo o lucçôes políticas (cw11wii/m) disputavam o poder, contudo sem quebrar a~
mundo. Tal Estado foi consrit11ído em torno do que seria chamado mais tarde ,cgras de disciplina col0tiva do partido. jairn is contestando a autoridade do
de Panido Rerolucionario Ins1imci01wl (PRl), cujo projeto político cnn~i~tia pl'csidente. o j1iiz de tíltima ins1ância em qualquer tipo dé contenda. Comudo,
literal mente na institucionalização da revnlução de l910-17 em roda ,ua varie· o ,egredo da estabilidade social e política do Estado mexicano era o inLrieacJo
sistema de conexões entre o PRI e a sociedade civi l. Esse sistema se baseava g~ral do PR1, Jose Francisco Ruiz Massicu (cttia p11meira mulh0r era innã do
na incorporação orgânica de setores populares, pri ncipalmente por meio de presideme SaUnas), foi assassinado. e levamarnm-se suspeitas de que seu irmão.
0ntidades de cl,1sse. como a Confederacion de Trabajadores Mexicanos (CTM), "vice-prowractor-gernl ela Reptíblica do México, teria acobertado o assassinato
que controlava a classe trabalhadora; a Confederacion Nacional Camvesina ,; fugido do país; Raul S,1linas, innão do então presidcllte Carlos Salinas, e um
(CNC), que exercia controle sobre agricult:orcs e fazendeiros, a maio;·ia em dos principais parceiros de negócio cio presidente, foi acusado de ter sido o man-
um sistema de uso comuni tário da terra em propriedades do Estado !eiido.<), dante do assassinato de Ruiz. Massieu. e acabou sendo preso; as ligações de Raul
estabelecidas pel a reforma agrária: e a Co11federacion Nacional de Orga- S:1linas com os cartéis da droga e o esquema de lavagem de centenas de n1ilhões
niz.aciones Populares (C:--IOP), responsável pela tentativa ele organiZa\'ào de de dólares vicrnm à tona; poucos dias depois de deixar o poder em dezembro de
diversos setores urbanos. norma lmente sem muito sucesso. De maneira oera l 1994, o presidente Carlos Salinas rejeitou todo tipo de acusação contra ele, en-
este sistema ele clientela política nâo se baseou na manipulação e na repr:ssão: saiou uma grcv0 de fome ele 24 horas e. após haver recebido uma palavra hem-
rnas na concessão de empregos, salários. benefícios sociais, bens (inclusive ~tlucada de conforto de seu sucessor, Ernesto Zedillo. deixou o país; sua pa11ida,
terras) e s,~rviços (inclusive instalaçõc, e melhorias urbanas) cm um esyuema 1,cla primeira vez na história do país, c!esencacleou uma torrente de denúncias
popul ista ba~tante abrangente. A burguesia mexicana e o capital externo fo. ptíblicas e trocas de acusações de políticos mexicanos de todas as facções, i nclu-
mm essenci almente excluídos de.sse sistema de poder, embora seus i nteresses siw ex-presidentes, que clcciclirnm que daquele momento cm diante valia tudo.
estivessem quase sempre representados pe lo PR!. sem dúvida um partido pró- l:mbora o PR! tenha saído vitorioso nas eleiçôes presidenciais de agosto ele l 99-l.
capita1ist11, embora em uma versão nacional popul isra. Com efeito, a maioria én t um processo eleitoral relativamente honesto. os temores genernlizados de
dos grandes grupos empresaria is, com exceção do grupo i ndcpcn<lente Monterrey. i, istabilidade e violência caso o PR I fosse derromdo foram fatores <lecisi vos parn
em um prolongamemo do Estado mexicano. Em últim:t ilnálise, as eleiçôes eram " , itória rio partido. Os resultados das eleiçües cswduais. municipais e para o
sistematicamente marcadas pela fraude e i nl i mi<laçno onde fosse necessário. Na t ·onf!rcsso ~acional realizadas em seguida aponLarnm clararncnl'e para tuna ten-
maiori.a das vezes (embor,1 não cm todos os casos, em todas as eleições) entre- ,12n:ia de maior vowção a ravor da oposiçflo conscrv,1dora. o Partido de Accion
tanto, o PR! teria vencido sem o auxílio de tais expedientes. dada a elk iênc.ia do Nacional (PAN) e, em menor 0scala. dos opositores de esquerda organizados em
,isten1a popu lista, engenhosa,nentc montado na sociedade J>Or meio de redes de 1ornu do Panido de la /levoiurion Democmtirn !PRD). O presidente Zeclill<>
inllutncia. nepotismo e lealdade pessoal in tegrando uma cadeia vertiral ele rec-i- ;1hri11 mão c,le parte ,;on~idenívcl do controle da máquina eleitoral. nomeo\l polí-
procidadcs que se estendia po, todo o país. Nesse sentido. o sistema instaurado t1êos independentes e membros cio PAN para cargos de alto 0scaH\o em seu go-
pelo PR! não consistia simplesmente de um regime político, mas da própri a verno e parecia estfü' preparado para ser o presidente responsável pelo proce-sso de
estrutura do Estado mexicano, cm ,ua forma de ex istência no século XX. 1ran$ição para um tipo diferente de regime e. talvez, d,~ Estado. O ponto de vista
Então, tudo isso nüu em menos de uma década, entre meados dos anos 80 cio PRI. no entanto, cm hem diferente. Em novembm de 1996, rejeitou o acordu
e meados do, 90. \ 'lesmo no caso bastante improv6vel de que. o primeiro presi- com o, outros 1xu·1idos sobre a cl,1boraçfto de urna lei ele reforma política.
dente mex icano do século XXI fo~se novamente um candidato do PR.l. .ele exer- No momemo ela elaboração de,ta obra ( 1996), o futuro político do Mé-
ceria seu cargo em um Estado muito diferente, pois o sistema político descrito xico é incerto, com força~ políticas e líderes de diversas procedências e ideo-
acima j á entrou em ..:olapso. Em 1994, o p.i,neiro ano de existência legal do lng:ias posicionando-se para a nova era política. A única certeza é que a trajetória
NAFTA. a expressão institucional da globJli7,wâo cm larga escala ela economia 1,ist6rica do Estado do PRl chegou ao lim." E as /N!l'f/ltllWS süo por que, e de
mexicana. os seguintes acontccirnentos ocorreram: os zapatistas .fizeram mn:1 ,11w forma, es1e impor1a111e aco11t('cimen10 político eslâ reltu:io1U1do ao w:g11-
inwrreição em Chiapas. logo no primeiro dia cio ano: o candidato do PR[ il /11t'11to geral aqui exposto sobre 1T crise do Esl(ldo-Nação conw resultado dos
presidência, Luis Donaldo Colosin, foi a,sassinado I aprimeira vez que isso acon 1'(11!/litos provN:ados pela r:o111radiçfío e111r,• f//obaliwçüo e idemidade.
tece ern meio século): o peso mexicano despencou e, a despeito ele um apoio O atual processo ele tnm$fonnaçiío do México, e a queda de seu Estado-
sem precedentes dos EUA e do F.\.-11, por pouco o México, cuja crise caus(}l.1 N;tção, começou em 1982, quando o México não teve condições de pagar jurns
grandes repercussões em toda a economia mundiaL não quebra; o scc,X!tfu-io ~obre a dívida externa, ape,ar do aumento na produção de petróleo do país
justamente no mnmemo cm que as duas crises do petróleo de 1974 e 1979 t1i fere1wa pequena o suficiente para que a fraude se tomasse o fator decisivo
provocaram um grande aumento nos preços do petróleo no mundo. Após o para a vitória. Salinas, homem inteli gente e bem-educado. entendeu a mensa-
governo de Lopez Portillo ( 1976-82) ter terminado com a repentina nacionali- rc m. Nomeo\l seu velho amigo Manue.l Camacho como Regenle (prefeiLo) da
zação dos bancos mex'icanos. em uma tentativa desesperada de reafi.nnar o ( 'idade. do México. dando-lhe e11rta branca: programas sociais. negociações
controle do Estado sobre uma economia em ritlllo acelerado de in ternacionali- com a sociedade civi l. democratização. O novo presidente (contando com 11
zaç·ão, as elites pnlí1 icas e empresariais do México. os Estados Unidos e os :,juda bastante influente do ''Rasputin mexicano". o consultor internacion:11
imeresses corporativos imernacionai~ de algurna f'urnrn decidi ram (não sei ,;ascido na França e de a~ccnclênd a espanhola. Jose Cordoba) empreendeu
exatamente co1110} que o Méx ico era um país inu ito importa me para ser deixa- ,:,rorcos para assegurar a i11tegraç5o total do México na economia global. ,\
do nas mãos de populistas tradicionais. Uma nova geração de tecnicos. em vez vi,ã<i'de Salinas era clara e direta: "Vemos amalmente. uma intensa globa liza-
de po/i1icos. subiu ao poder. e111 que economistas. tirwn~istas e cientistas políti- çao econômica dos mercados. e a revolução do conhecimento e da tecnologia
cos formados nos Estados Unidos substituíram os lice11dados pela Faculdade de Jaz com que todos nós vivamos. mais do que nunca, uma história univer~al
Direito da Universidad Nacional Autonoma de Jv[cxico, a costu meira proce- tinira". 7• Sem dúvida. o objetivo de sua carreira (e candidatura setni-oficial l
dência dos líderes políticos. Ni,o obstante. os integrnntes das novas elites ain- ,,J)cís dei xar a presidência ; ra torm1r-se o prilllciro secretário-geral da recém-
da tinham de ser lice11dados pela UNAivl. e pertencer à linhagem de uma das formada Organização Mundial ele Comércio. Assi m. ele apertou o cintú do$
tradicionais famíl ias política~ do PR!. Carlos Salinas. por exemplo. entrou parn mexicanos. reduziu drasticamente. os gastos públicos. modernizou a infrn-es-
a pol.ítica por meio da rede formada pelo <='X -presidente Miguel Aleman, em que m1tura de. comunicaç(les e telccomunicac;ões. privatizou a maioria das e.mpre-
o pai ele Sali nas foi secretário de Comércio de 1958-64 e o tio de Salinas, Ortiz ,a~ públicas, internacionalizou o sistema bancário. liberou o colllércio e abriu
Mena. sccret{irio doTcsouro do México emre 1958 e 1982. Miguel de la Madrid, a, portas do país para o capital estrangeiro. Ernbora o padrão de vida tenha
um tecnocra1a vincu lado aos círculos do integrismo catúlico. foi o presiden te ,·aído muito para a maioria da população. a inflação reduziu-se veniginosa-
da trnnsiçno. em 1982-88, licando encarregado de colocar as financas do Mé- 111,nie. a economia mexktma apresentou um crescimento bastante significat i-
xico cm ordem. e preparar a nova eq uipe de líderes jovens, tecnic:u;ente com- vo. as exportações decolaram e os i1westi m~ntos externos invadiram o país. u
petentes e politkamcnte ous;idos com plenas cond ições de criar um novo país. ponto de ern 1993 o México tornar-se o captador do maior volume de investi-
e um novo Estado. a 1x1rtir das esferas de poder do prcíprio PR!: Carlos 5alinas, mentos externos direi.os entre os p11íse.s do mundo em desenvolvimento. As
.secretário <lo Orçamento l'ormado cm Harvard. e Manuel Camacho. secretário reservas cambiais acumularatll· SC rapidamente. O serv iço da dívida ex terna
do Desenvolvimento Urbano. eram as pri ncipais figuras. Entretant<), o progra- c,tava sob controle. Via-se um exem plo bem-sucedido de globalização e111
ma de austeri.dadc impla ntado por De la Maclrid nos anos 80 fe7. com que o pleno funcionamento. Salinas u\rnbém lançou-se a um ataque sem precendentes
México mergulhass.: na recessão e, para todos os efeitos. rompeu o pacto so- :, líderes trabalhistas corruptos (que serviu de aviso a todos o.s trabalhadore,
ci11l corn as classes 1rabalhadoras e o, seto1·e~ populares urbanos. O, sind ica- sind icalizados) e prometeu combater a corrupção e o tnHic.o de drogas. embo-
listas tiveram o cuidado de preservar seus privi légios, mas os operários di, '" nessas questões a história. talvc7.. dentro em breve. dê o veredito quanto ao
indü>Lria. os funcionários públicos e <>tttros segment.os da população sentiram ,c11verdadeiro papel nesse prnccsso. Salinas também reduzitt bastante o salá-
o golpe da reestrul\traçfto. 1"111 1985. um terremoto aba lou a Cidade do Méx·i. 1io real dos trabalh.1dores mexicanos e foi responsi\vd pelo empobrecimento
co. de,, truindo casas e empresas. e desencadeando protestos sod a-is. Uma cúa• de grande parcela da população. Lançou um programa de caridade, o Pro,wsol,
lizão política alternativa. a FDN. organi zada por Cuauthcmoe Cardenas (fi lho dirigido por um de seus colaboradores 111ais próximos. Luis Donaldo Colosio.
do general Carden,t,. o hi.stórico líder populista do PRl nos anos 30), gm,hou , li> mesmo tempo incumbindo Camacho da prestação de assis1ência aos sem·
forçr~ atraindo a esquerda do PRl, de onde surgiu Cuauthemoc Carclenas. O 1cto da Cidade do México. e Ernesto Zedillo da modernização do sistema eclu-
PR! mal sobrev iveu ;1s eleições presidenciais de 1988: a Cidade do México. ,::.ciona l do país. À custa de muito sofrimento humano por trás desse processo,
Guaclah~m-a e Ciudad Juarez votar,m, contra o PR I. Carlos Salinas, o cand ida- :1 economia mexicana passou por profu ndas transformações em poucos ano~.
to indicado pelo partido, foi eleito em decorrência de fraude deitorai, por wi1 a ,1 ponto de os F.UA, juntamente com investiclores internacionais. dccid irem
Um & tildô dt:S!ituído Je podt!1

que jü era tempo de "graduar" o iV!éxico. dando as boas-vindas a essa nação de J e política como negociador com grande capacidade de conci liação, jun1a-
mais de 90 rnilhões de habitantes ao Clube do Primeiro !Vlundo (a OCDE), a 111ente com a popularidade dos zapatistas. desencadeou uma nova rede de in·
despeito do fato de mais de 50% ele seus cidadãos estarem vivendo abaixo da lrig,as no PRJ. no inicio de 1994. Dada ,1dificuldade para que a campanha de
li nha da pobreza. e cerca de 30%. na pobreza absoluta. A assinatura cio NAFTA ( \ltosio decolasse. a possibilidade de o presidente voltar atrás cm sua decisão.
em 1993 foi o ponto alto dessa estrntégia de integração do .\'léxico à economia nomeando Camacho em vez de Colosio, tornou-se o principal tema nas con-
global. O momento de glória de Salinas. E também o momen.to de indicai· o versas da cidade. Colosio, o candidato à presidência, 1ecnocrata competente e
próximo ca ndidato a presideHte. Ao invés de optar por Camacho, o político hem-intencionado (especialista em planejamento regional pela Universidade
mais forte e mais popular de seu círcu lo de amizades. escolheu Colosio. outrn da Pensilvânia) não era membro da velha guarda. As bases político-partidárias
tec11ico jovem que. embora 11âo fizesse parte da velha guard,1do PR!. foi pre- j:í viviam um clima de tensão por coma da sua indicação. ]Vias Camacho aincln
sidente do partido. que <>considerava um homem mais aberto a trans igências e 1inha mais: político habilidoso. dispunha de seus próprios víncu los partidá-
concessões. Jronicamente, o melhor amigo de Camacho no PRJ. Ruiz Massieu, rios, apoio das bases, bom desempenho nas pesquisas de opinião. além de scr
era o secretário-geral do partido. Con1udo, ele estava al i justamente para luwr :,vcsso a concessões. Tamo Colosio quanto Camacho trariam problemas futu·
con1ra os "dinossauros' ' da velha guarda. Camacho ficou extremamente irrita· ros para o partido caso se wrnassem presidentes. Mas ainda pior que qualquer
do por ter sido preterido. 1111110 por razões políticas como pessoais e. pela pri· 11111 dos dois era a incerteza sobre quem seria o candidato, e até mesmo sobre rr
rneirn vez na história polílica mexicana, abriu o jogo ao presidente quanto p<>ssibilidacle de formarem uma aliança. A medida que prosseguiam as nego-
às suas opiniões. e em p1íblico. Apesar de tudo isso. ele não tinha escolha. ,:iações cm Ch iapas. e como a campanha de Colosio parec ia ainda não haver
No final de 1993. tudo parecia estar sob controle. e aparentemente Salinas fora deslanchado. aumentavam as tensões no partido. principalmente em alguns
hem-s,rcccl ido em sua pereslmyka precismncme por evitar o erro que, segun<lo ,cton~s com imercsst.s bastante específicos, e com muito a perder.
ele. Oorbachev cometem: promover reformas políticas antes de reest ruturar a Nesse ponto da an:í li sc, devo inserir um novo elemento que. a rt1eu ver. é
economia. :1bsoluta111ente decisivo. rne, mo não tendo proviis concretas nesse sentido: o
Então, no dia JO de janeirn de 1994, o primeiro dia da era NAITA. os 110m papel do México ,w crime 01;1mriwdo global. Desde a década de 60 a
zapatistas atacaram. Anteriormente, apresentei urna análise das causas, c ir· maconha vinha sendo cu ltivada no país e exporcada. porém esse u'áfico se
cunstãncias e signi ficado do movimento zapatista (capímlo 2), de 111odo qu1: rcsu-ingia (ou melhor, se estc:ndi.i) a :,lgumas regiiies dos EUA, tnis comei o
aqui considerarei sirnplesmente o efeito do mov imento sobre a crise do Estado norte da Cal ifórn ia e o Kentucky. A produção de heroína começou em escala
mexicano. Foi devastador. N5o só por ameaçar o podel' do Estado do ponto .<le limitada nos anos 70. /\ grande mudança veio nos nnos 80. quando a rormação
vista militar. nMs tarnbém por ter-se alastrado rapidamente como o grito de ,las redes de trMico globais. ali ada à vigilância redobrada sobre as rotas tradi-
guerra de \.nna st}ciedadc civil que, em sua grande maioria> encontrava~sc em ci0nais do Caribe e da América Central para os Estados Unidos. levou os cartéis
graves dificuldades econômicas e em estado de alienação política. Além disso, ~nlombianos a dividi rem com os car1éis mex icano; purte das atividades do
uma rebel ião genuinamcmc indígena e camponesa desferiu um grande golpo 11·.Hico para os EUA. mnna relaçüo em que os mexicanos passaram a receber
na rni tlll og ia do PR!. Os pobres. os ca mponeses. os índios, não eram os uma quantidade de cocaína equivaleme ao que rossem c:ipazes de conu·abartdet1r
bencficüírios subjug11dos e eternamente agradecidos pelo sucesso da revol u- para os EUA a serviço dos colombiano, . O volume do narcotráfico crescell
çi\o. mas sim os excluídos, e estavam dando o troco. O véu da hipocrisia sob o :issustadoramente, dando origem a poderosos cartéis mexicanos: em Tamau-
qual o México vivera durnme décadas estava irredi rnivel mente rompido. O rei lipas e no Golfo. sob o comando de Garc ia Abrego; em Ciudad .Tuarez, chefü,.
estava nu. assi111 como o PR 1. do por Amado Carrillo: e em 'fijuana, pelos irmãos Arellano Felix. enlre outros.
Segundo ~to. Profundamente agastado com a reação de Carnacho, Saai A essas atividades acrescentaram-se os lucrati vos negócios gerados pela pro-
nas decidiu solicitar seus serviços mais uma vez (com finalidades e por moti dução e tráfico de heroína . Em seguida, vieram as anfetaminas. Depois, tudo o
vos que desconheço) 1>arn que apagasse o incêndio em Chiapas. Camacho l'o, que se possa imaginar. Transformados em dezenas de bilhões de d61ares. Pair,
nomeado o representante do presidente nas negociações de paz. Sua habiliCln- trabalharem de modo tranqüi lo e profissional , preferiram adotar o modelo d~
no lJm l.~st;u.lo dcslituido <.I,: 1>0J,:t

Cali ao de Mcdcllín. Evite rnatm1~:as desnecess,írias. seja discreto. Aja calma- d(:sempenhou papel fundame111al nos assassinatos. ameaças. simulações e sub -
mente e com eficiência. Compre quem guer que seja necessáii o: polícia, in- 1crftígios que romperam as regras tradicionais do jogo pol ítico. abrindo <:a 1111-
vestigadores. juízes, prornotores, funcionários do governo !oca! e federal e 11 l10 para a derrocada do Estado controlado pe lo PRl. Vale ressaltat que o caso
cac iqnes do PR!. de preferência os grandes. Cada dólar investido na coJTupção citado níío trata de mcni in fillração de agentes criminoso, na política. O a!am-
é sinônimo de lucro certo porque estabelece uma rede que. ao se estender, 1·e itobal dessas redi,s criminosos, .mas implicaçi5es nas relaç6es entre EUA e
multiplica as formas de proteção e garame o silêncio. Assim. enquanto a nova México e o envo/vi111emo de altos escalões do Eswdo fazem dessa crise w11
elite tccnopo!ítica do l\'[éxico preocupava-se ern integrar-se à economia glo- exemplo significativo d<! como a g/obal izaçiío do crime é capa~ de superar
bal. segmentos signiílcalivos do aparato tradicional do PR!. juntamente com 1,·swdos•Noção estáveis e poderosos. . .
autoridades de diversas agremiações políticas. criaram sua própria conexão Os assassinmos políticos. a evidente in!iltraçâo de elementos cn n11nosos
com a .. outra economia global''. Em 1994. a nova "mafiocracia'' j ,í em bastan- no Estado. o desalio impos10 pelos zapatifü1s. apoiados pela maioria da popu-
t.; forte para defender seus in teresses, nuis não sufic ientemente estabelecida la~ão e os conflitos internos no PR\ abalaram a confiança dos investidores
para fozer seu capital ..desaparecer'· nos tluxos Hnanccisos de lavagem de di - ex.ternos na e,tabilidade do México cotno mercado emergente. A saída de ca-
nheiro. Precisavam de mais tempo, de Ulll tempo predetermi nado. E tanto pitais começou em março de 1994, após o assass inmo de Colosio no dia_:?_3 do
Colosio como Camacho eram impre\'isíveis e alrnmentc perigosos para seus 11,csrno mês. Apesar disso. Salinas e seu ministro da fazenda. Aspc. dec1d,rnm
interesses. Decidiram matar os d<>is: Colosio, com uma bala: Camacho, por 11 inmcr a taxa cambial nos mesmo níveis, gastando as abundantes reservas do
meio de Hma campanha bem-<>rganizada que induziu a opinião pública a culpá- país para co111pensar a perua de capital ex terno. Ao adotarem essa medida,
lo moralmente pelo destino de Colosio. O plano leve sucesso. Não por aca,o, apostavam e111 reverter" tendência. Isso não aconteceu. Quando Zedillo as~u-
Co!osio foi assassinado em Tijuana. Zedillo, o organizador da campanha de 11,iu a presidência ~Ili 1·•de dezembro de 1994. entro\l e111 pânico com a siLUa-
Colosio. e um dos quatro membros do circulo de amizades mais pr6x imo de ç~o real da economia ao verificar a contabilidade confidencial do governo.
Salinas (o outro era Pedro Aspe. o ministro da f'azcndaJ. assumiu seu posto. ;\pre,wu-se em de,waloriw r a 111oeda. o que agravou ainda mais a situação. A
Um competente ec<m<>mb ta formado em Yale. Zcdillo mantinha, contudo. frá- ruga de ca pitai s decorrente de tais medidas deixou <> ·Méx ico à beira da
geis vínculos polític~is, e suas habilidades nesse campo não haviam ainda sido inadimplência. abalando os mercados de Buenos Aires e de São Paulo. O pre-
comprovadas. Não que o crime organizado estivesse com o éami nho lotalmen- Mdrn\C dos í.~l)A correu p,1ra sQC0rrer o paí,. por força dos dispositivos do
te livre. Mas ao menos havillln mud,ido as regras do jogo. Qualquer pess<>a que Ni\FTA. chegando mé mesmo a passar por ci ma do Congresso e it\ietar US$
ultrapassasse os li mites impostos pelo crime iria fazê- lo por sua própria conta 20 bilhões n; a
ecouomia mex icana título de garantias, provenientes dos co-
e risco. lre~ federais. O FM T também contribuiu com um cmpré.stimo de US$ 8 bi-
O próximo da "fila" era o secretário-geral do PR!, que pare.r ia ter ido lhôes (o maior ernpréstimo já concedido na história da instituiç5o) e finnóu
louge demais na investigação da 1nor1e de Co!osio. ainda não solucionada até ulgum, acordos, de modo q11e, em meados de 1995. o Méx ico estava cauciona-
o momento em gue escrevo este livro. Dessa vc.:, as pista, do assassino do d(; m m cerca de USS 50 bilhões. o qw .lhe cu~tol! a perda del'iniriva de sua
,ecretário-gera l Jose Francisco Ruiz Massicu lcvararn a um parlamentar de independência econôm ica.
deslaque do PRI, ao cartel de Tammili pás, 0 finalmente a Raul Salinas. innão e Além da reestrutuntção ec<>nôm ica. im plicando elevado t usto social, é
um dos homens ma is próximos do presidente. Por mais incrível que possa tios novos vínculos com o crime global. omro elememo essencial para a queda
parecer. o irmão de Ruiz Massieu. o procurador especial nomeado pelo gover- d,1 Estado controlado pdo PRl foi a mobilizi1çf10 da sociedade civil do Méxi -
no para combater o tráfico de drogas. foi acusado íormalmeme de constar dí1 C<), notadamenre nos principais ce mro; urbanos. Essa 111obili1.ação assttmiu
lbta dos subornados pelos cart6is. /\ inda é muito cedo para se afirmar, de um caráler ambíguo por ter ; ido organizada a partir de inreresses sociais, cul
forma incomroversa, quem fazia o quê. e certamente essa é uma guest~o fora tu ra; e projetos políticos completamente distintos. Reuuiu importantes setores
de mi nha alçada. Porém. o que parece relevante para efeito de análise é que n11 prolis,ionais da classe média. qtie passou a se benefic iar das perspectivas dé
gnive crise po lítica de 1994. a conexão entre os lraiicantes de drogas e o PR! ti ma economia dinâmica, mas que ao mesmo tempo esperava ter corresponchdos
Uni fatado destituído ele poder l.;m E..~tado destituído de pockr

seus anseios pela democratização. um governo transparente e imposição de l'Rl e, embora ainda dotado de intluência e recursos. arrisco dizer. qt\Cterá seu
limites à burocracia. :vias também lançou contra o Estado controlado pelo PRI poder cada vez mais limitado.
os funcionários públ ico~. cuja estabilidade fora ameaçada; segmemos insatis- Do ponto de vista econômico. o México. e também o mundo, ingre$sa-
foitos da população urbana. temerosos do rtesmantelamemo dos mecanismos ralll cm 11111a nova era, da qual o México é provavelme111e um dos pioneiros.
de redistribuição de terras e de trabalho: os estudan1es. que se mobili zaram em Larry Sum mers. renomudo especialista em finanças internacionais e 11111 dos
torno dos símbolos renovados de trnnsforinação social; e o~ pobres, mi lhões 111·incipai.s articuladores da saída para a crise mexicana. ao analisar a situação
de pessoas nas cidades e no campo na luta pela sobrevivência por todos os com maior distanciamemo. escreveu, no final de 1995: "A crise mexicana (de
meios. Muito embora o ceticismo político es1eja em alta, e niío seja grande o 1994) ocorreu nos moldes das inovações financeiras dos tíltin1os anos: e os
número de mex icanos que acreditam que seus destinos dependam de partidos ;f\w1ços nas áreas de infonná1ica e com unicações fizeram com que ela se pro-
políticos a.lternativos, há um consenso geral quanto à incapacidade de o Esta- pagasse, de ronna sem precedentes. Assim. não é ele surpreender o fato de
do controlado pelo PRI contin uar a existir. A dissoluç5o da leg,i1imidade Mkhcl Camdessus, presidente do FM I. tê-la considerado a primeira crise elo
populista é si nônimo <lo fim das al ianças orgânicas populistas que constituem ,.óculo XXI".81 Isso se traduziu no fato de que, no fulllro. qualquer tipo de
o elemento essenci,d desse sistema. pol ítica cc(mômiec1 a ser adotada pelo l'vléxico ten\ necessàriaine111e de ser
Os esforços do governo Salinas no sentido da den1ocrn1i:wção assumi- cnnduzida de forma coordenada com a política econômica dos EUA e com <>S
ram a forma de tuna restituição de poder e de reci,rsos aos governos munici- mercados fi nanceiros internacionais.
pais e cswduais. jumamente com a aceitação das vitórias eleitorais da oposição Sob .~ perspectiva poüt ica, o México deve levar CJll conrn, desde já. a
e,n diversos Estados e cidades importantes. principalmente no norte do país . .A. peneiração das n~des do crime organizado global no aparato de seu .Estado. em
série de monografias sobre os governos municipais nos anos 90 coordenada t,,do, os níveis. H,í dúvidas q\lanto ao fato de que seu próprio sistema judiciário
por Alicia Ziccardi.'º revela importantes progressos obtidos pelas administra- ,. policial sejam imunes a essa penetraçi.ío. o que to111a a recuperação da au-
çôes locais. especialmente em Leon. Durango. Torrcon e ,1a Cidade rto México. 1ono111ia plena do Estado em relaçiío ao crime tarefa extremamente di fíci l. De
DF. entre outros. Con1mlo. o impacto político dessas ex periências relativamente r"tn, parece que a maioria cfos revelações acerca das concxiíes entre o tnífico
bem-sucedidas foi minar ainda mais o Estado contrnlado pelo PR.l, pois. e111 d~ drogas e o si~tema político. inclusive as referentes a Raul Salinas, provém
todos eS$CS cnsos. estabeleceu-se um vínculo ainda mais fone entre os governos das investigações n::ali1.ml.i~ pelo sen·iço de inteligênci a dos EUA - o qHc
municipais. muitas vez.es nas mãos dos partidos de oposição. <: as sociedade$ 111rna os líderes mexicano, dcpendenles da imcligência norte-americana.
civis locais. l'vlesmo o rege111e da Cidade do México. DF. Manuel Camacho. Em tennos de polí1ica interna, unw sociedade civil J11,1is bem informada
nomeado pelo presidente. acabou es1abelecendo sua própria base deitoral com e mobil izada es1á vivenciando novas rormas de cx pressãú e organização, todas
membros do povo, clespre:t.,111<10 a tradicional máqui na do PR!. Nesse comex- da, diretamente divergentes cio btado controlado pelo PR\. e muitas veze,
10. em última análise. os esforços de democra1ização e descentralização do mais bem desenvolvidas em níve l local. A crescente globalizaçào e a segmen-
poder, trans rerido parn os escil Iões inferiore$ do Estado. enquanto o presidemc 1.tçâ<> da mídia estão afrouxando os controles que o grnpo Televisa, um impé-
e seu$ tecnocratas ocupavarn-se da economia global, impuseram uma distân- , io das comunicaçües do setor privado tradicionalmente aliadC> do Estad<! chi
cia ainda maior cmrc todos os segmentos da população e a pre-~idência. Con~i- l'R l. exercia sobre o ·'infoentretenimento".
derando q ue a essência do Estado mex icanc) era a condição pratic(11ncntedivi1111 E, simbolicamemc. o poder da identi.dadc. conforme manifestado por
do presidente enquanto ocupi1sse o cargo, a crescente falta de reverência u Marcos e os zapatistm,, fez r11ais do que sim plesmente reve lar a autoco,n·
Salinas. mesmo em sc\ls mol1lentos de maior glória, marcou o fi m de um dt)~ ph,~ência ideológica do México: construiu pon1t:s de comunicação entre os índi-
regimes políticos mais duradouros deste século. '" de verdade. pobres de verdade. e os setores ela sociedade urbana com melhor
O Estado-Nação mexicano continuará seguindo um novo curso bist6ri• lor111,1çâo educacional, cm busca de novas utopias que exijam mobilização. Nesse
co, porq ue m, raízes do nacionalismo estão solidamente arraigadas no, cora• pr,x;,;sso. a nação mexicana foi rcunitkada. desta vez contra o Estado contrúla-
ções dos mex icanos. Não será. entretanto. o mesmo Estado-Nação criado J)<."lo do pelo PRt
brado. visando negar uma concentração muito grande de poder nas mãos do
O povo conrra o Estado: ti perda gradativa da governo, seja ele qual for.
legitimidade do governo federal dos EUA 82 Por enquanto, essa fone tendência antigovernamental afcm profundarnemc
a política do Estado, mas não sua estrutura. Tal tendência p.u·ece estar a caminho
A crise do Estado norte-americano dos anos 90 consiste em uma crise de da Lransfonnação da base institucional e da füialidade política do governo nos
legitimidade que, em minha concepção, vai muito além da tradicional tendên- b tados Unidos. Se forem promtilgadas as proposrns aprovadas pelo Congresso
cia I ibertária na política do~ EUA. Ela surge a partir das raízes mais profllndas. republicano em 1995. ou uma versão com emendas dessas políticas, a partir dcc
da sociedade civi l. revelando as angústias de,5Sa sociedade acerca de uma série ~OC,2 o governo federal irá transferir aos governos estaduais os recursos e a respon-
de que!Stôes que. embora de naturezas bastante distintas. convergem para o , abilidatlc pela administração de dezenas de programas importantes. inclusive cli:,
questionamento do papel, função e poder do governo federal. desde o históri- prev idência social (1\'eljê1re), Medicai<l, treinamento pro físsional e proteção
co veredito proferido pelo Supremo Tribunal dos E(JA em 18 10 e 1819. Q :unbienml. com um orçarnemo total estimado em US$ 200 bilhões anuais.,,., Além
impacto político imediato dessa rcnov,1da desconfi ança em relação ao governo ,!isso, os recursos serão liberados "em bloco". de modo que caberá aos Estad()S a
traduz-se na ascendênci a de um Partido Republicano reestruturado. claramen- decisão final sobre a aplicação destes, desde que observadas algumas condições,
te incl inado à direita. conforme evidenciado ele 111odo incomes1e nas eleições , ujo conteúdo tem sido objeto de acaloradas discussões no Congresso. O go-
para o Cong(esso e para governador cm 1994 e, e111 cena med ida, con-oborado wrno Clinwn também planejava mribuir responsabilidades cada vez maiores
pelas eleições pma o Congresso de l 996 que mantivern111 o controle ela Câma-
:1m estados em muitas {u·eas impo,tantes. indusive política de transpo11es e
ra e do Senado mL, mãos do partido. A inth,ência dos ~entimentos contráiios ao
hcm-esrnr social. Como se não bastasse, os esforços p:u·a redtizir o déficit orça-
governo frderal vai muito além do eleitorado repuhlicano. alingindo eleitores
independentes. como os representados por Ross Perot. que rejeitam por comple- 1ncntário em sete anos, tanto por parte dos republicanos como pelo presiden1e
10 o sistema p,utidário atualmente vigente no país. A postura antigovernamental
Clinton. resultarão em um corte substi111cial nos gastos públicos, cm nívei~
também abarca um número cr~sccntc de eleitores dem()crata$, il ponto de levar o lcdernl e estadual. Os gastos coll1 o Medicaid podem ser reduzidos ell1 309í,
presidente Bill Clinton. em seu Pronu11ciarne1110 /1 Nação de 1996. a anunciar (i\l() é. USS 270 bilhões) entre 1995 e 2002. Os órgãos governamentais fede-
.10 fi m do grande governo·:. 1ais que desempenham papel impo11ante no desenvolvimento de regulamenta·
De fato. a reeleição de Clinton cm 1996 deveu-se. e111 grande parle. à sua ,;í",es govenirnnentais, rni~ t <)rno n Agência de Prntcção Ambiemal e a Conússão
a()csão ,, mu itas das causas n:publicaoas cont ra o l:'.stado do bem-estar social e l 'cderal das Cormmic,1ções, provavelmente terão seu poder e verbas clrastica-
os gastos ptí blicos, juntamentc com um coJ11promisso sério com a manutençfü, 11 ,ente redu1.idos. Na ve(dade, a redução do déficit orçamentário. emboni base-
da lei e da ordem. e a promessa de monter os níreitos asse!(urndos à classe: ,,do em princípios econômicos sólidos. tem sido a mais poderosa ferramenta
m6dia. o que pennitu que Climon habi lmente ocupasse tuna-posição de ccn- 11a redução do quadrn de funcionürios do governo fedem!, que registrou um
trn-dircita no espectro político. Conforme observado por Theda Skocpol an délicit anual de US$ 203 bilhões cm 1995. O efeito combinado da restituição
comentar sobre os resultados da, clciçõc, presidenciais de 1996. ··Indepen- dt: pC>de.r a estados e condados, desregulamentação, supressão de alguns direi-
dentemente cio equilíbrio part idário, uma parte das mudanças ocorridas nti 10~ de bem-estar social, redução clrást.i<:~ nos gastos públicos e nos emprésti-
debate rcgistrodo em 1994 veio para ficar. Existe agora a noção de que o Go- 1nos contraídos pelo governo e cortes tributários (incluindo a possibilid11de, no
verno Federal não pode assum ir projetos de grande po11e. ainda que destina futmo. ele uma verdadeira revolução lhcal . conforme constatado no debate
dos a trntar de grandes problema, nacionais'·.,.• Além disso, as eleições tlc 1ct;,>rrente sobre o imposte>de renda de ,1líquota única) vê111 promovendo uma
1996 dcmonstr:,ram a crescente insatisfação do eleitorado em relação a todo~
t,;ddinição básica do poder e dos objetivos do governo federal, e conseqüente-
os candiclfüOS ,1 cargos públicos: o índice de con1pareci mento ,Ls urnas foi de
111.:nte do Estado norte-;imericano.
apenas 49%, sendo que Clinton obteve apenas 49% desse total. A manutençJ, 1
As forças determinantes dessa transformação <lo papel do governo nos
dos poderes execntivú e legislativo sob controle de forças políticas distintn,
l:Mados Unid11s advêm de uma rejeição profunda e explícita ao governo f'edc-
parece resultar de um desejo coletivo implícito de reforçar um si~tcma 1:<1t1 ili
3)6 t:m Es1ã<.lô dei1inifdo de poder m

% 80 do um enonm.'. obslácuio aos esforços democráticos no sentld(} de ohter apoio


para novos. projetos do governo - mc~ino as inicimjvas que vi~::tm combaler
Guvcrno de menor J)onc/menos setvitos l63%) a inSlabHidade econômic<.1por mdo de pl'ogramas de tre)namcn10 prolissio-
70 63%
nal t>u garantia de assistêucia médka. A hostilidade a \VashinglOn passou a
fo.zt.r parte da cuhura norte-americana. tanto quanto a reverência à bandeira
60 n3d on~I:'~

50 · É justamence essa cisão entre a fone revcrênci~ ao símbolo da nação (a


h:1ndeira) e a crescente desobediência às instituições do Estado (Washington)
40 . q 11e caracterizam uma crise de legitimidade.
No capítulo 2. ao aprcsenwr uma discussfto sobre os m<wimemos so,
" -- - -- - - - -- 27% ,.;i;1is, fiz uma breve amílisc da insurreição contra a nova ordem global nos
30
Gon;rno de maior porte/mais .::er•.:i..;ús htados Unidos, expondo uma série ele idéias sobre as raízes e características
de ,novimemos como a milícia norte-americana, o Couwy Riglus (direitos do,
20
198,1 1988 1992 2i93 6193 1995 ,.;,indados), o Wise Use, contrário i1s regulamentações de 11so do solo e recursos
naturais impostas pelo governo federal, e diversas mobil iwções ''patrióticas"
:unigovernamentais. Neste capíwlo, concentrar-me-ei no impacto desses mo-
Figura 5.4 Posicion:.uncnlv da opinião públic{1~ol1ro ú pone do governo.: , imcmos e das tendências gerais da opinião pública sobre política e Estado.
re,pecfrvfl pn;stação de serviços no'i ECA de. 1984 a L995 <1x.:~11lt~liú:-. da perguma: ( h senti mentos antigovernamentais da sociedade norte-americana dos anos
"Você é fovor~l\'cl ;) 111n governo de mcn<1r púrtc que preste menor (uíme,·o dt>
<lt) 11ão podem ser li mitados à s\la ex pressão mais exacerbada, embora o Movi-
!\.Cf\•iço::: l)il a um govcmo 1..li: m,li1)1' 1>arte q,1c prcsic rn:üor m~me-ro de s\:rviçosT)
Nmt<t: Pc-squisas da r\ BC News/ Ti,,;, H1(rJ·hi11groN l'osr. 1934, 1988. 1992 e fevereiro d.: 1993; 11,c,no Patriótico seja a epítome dos valores e do ódio manifesto em vários
e The /.,(Js llng,,ft•J' ·nmes, j\u)JH) de 199) e j mtciw de 1995. ":tores da sociedade, conforme se pode observar nas invec{ivas dos programa,
ti~ rádio de Rush Limbaugh. Os sentimentos e a política comrários ao governo
rnl pela grande m.1io1·ia dos norte-amcl'icanos nos anos 90 (figur:1 5.4). Balz e l.:deral si'to o ponto ele conw rgênci(l de uma ~mpla gama de tendêucias ideoló-
Brownstein fazem uma síntese dos dados extraídos das pesquisas de opinião gicas, econômicas e sociais tão profundamente arraig,1das na relação ent re
e os estudos políticos sobre este assunto, da segu inte forma: Al,Jbal ização, construção de identidade e política, que se pode prever com cer-
1a segurança q\lc, sej<1 qual for o partido que sai r vitorioso nas eleições do ano
O dóscontentmnento com o governo !':Pegue alllalmente du(tS pQdCn)sas ver- 2000, o rep\lblicano. ou um partido democrata renovado, mu ito provavel men-
tentes. De Llln 1~1<10. a grande maioria dos none-arneric~mo;;; é partidária de te se rá forçado a uma reforma das instiwiçôes políticas norte-americanas no
uma crítka popnlbt:1 que L'ept1dio o governo de \\!ashingtún como perdulârio. século XXL Uma rcvisâo dos principais componentes desse populismo con-
ine.ficaz. um. np;:irato a serviço ele intcres~<:s especíJicos. e apinhado de políti- ,crvador dos anos 90 ajudará a compreender a co111plexidade do processo e a
cos sem ide(>i<)gia de:í1uicla que atuam cm interesse pr()prio. dizendo o que ex tensão da crise que despont a no horizomc, indo além das variações do ciclo
melhor U,es co1wi<:.r para serem elt:.iLo:-.. (Essa alie1wção populista do governo pL1lítico.
é mais marc:id:1entre os eleilore.s brancos da classe trahalhadóra - o mesmo
Uma das primcirns e mais hem marcadas tendências desses processos ú
grupo que enfr.:mou as maiore.s pr~:-.st'ks cconômic:ts tluramc as (lltimas duas
décadas.) Na Ollira vencnte. um nú1ncro menor. contudo ainda signHkativo
um novo tipo de populismo econômico. que reage à supressão de direitos ck
de. norte-.arncricanos. foz acusações ao governo c.:om base cm motivos jde.c,16.. uma parcela signi fic~tiva dos trabalhadores norte-americanos sob o impacto
1;icos - 1achando-o de um gigante que vem er()dindo as liberdades indivi- ela reestruturação econômica global. Os lucros elas empresas e o mercado de
duais e a amoconfiança do pO\'O, desestimul~,ndo a religião e favorecendo a~ ações mantiveram-se em alta constante em l996, embora o índice Dow Jone~
minorias e os pobres. A falta de confümça em \Vashingto11 tem-se dcmon.,tra r,,f,se vertiginosa mente sempre que se anunciava a criação de um 11 ún1ero
l hn E,:ado dei:lituído ,: k (lO('lcr

significativo de empregos. Lenta, porém seguramente. a tecnologia está pr.>- handeira das Nações Unidas tornou-se o g.ito de guerra contra o 111ulI i-
movcndo o cresci mento da produtividade. Atualmente a maioria das mulheres lateralismo. e contra o processo gradativo de desapareci mento dos limi tes do
tem sua própria l'onte de renda. A criação de empregos atingiu níveis recorde .soberania dos EUA na complexa rede de instituições i nternacionais que ca-
( LO mi lhões de novos empre.gos durante o governo Clinton). Contudo. a insa- racterizam a era do pós-G11erra Fri a, ta.i s co mo a Organização M undial de
tis fação e a insegurança profundamente arraigadas são ,e/kxo da estagnação Comérc io.
ou da queda no padr5o de vida ela maioria da população, j untamente com a Uma tercei ra vertente da opinião pública diz respeito à recusa generali-
instabi lidade estrutural introduzida no mercacfo de trabalho pelas jornadas fle- 1.ada ao que ve m sendo considerado uma interferência do governo na priv11ci-
xíveis. fonnaç,io de redes entre empresas e dependênci a c.,esccnte dos padrões dade das pessoas, na famíli a e nas conJ\J nidades locais. Este é o caso do
transnacionais de investirnemo. produção e comércio (ver volume 1). Sem dú- 111ovimenco "cduq11c seu filho em casa". comtnnente associado ao fundamen-
vida, dctecia-se aqu i mais um semimcmo anticorporativo do que propriamen- talismo cristão. cm que os pais se rec11sa111 a mandar seus filhos para a escola.
te amigovernisia, que na verdade vem exigindo uma intervenção mais incisiva repudiando a necessidade de obtenção de diplomas e certificados. Ou do~
do governo. como no caso dos esforços em defesa do protecionismo. Tal sen- rn,n·imcntos dos Counry Rigi11s ou do Wise Use conw1 ,1 legislação de proteçã()
timento. no entanto, alimenta o ódio conlra Washington porque o govemo :imbie111al. confundindo a defesa da autonomia local, pa.rticulanneme no oe.ste
fodcral é visto. corretamente. como o princip:d aniculador da global ização, du país. com os interesses das madeireiras e mincrnclorns. Ou ainda o inceresse
principal mente após a ,1ssinawra do NAFTA. símbolo de uma crescenie rn:,cente e gencrnlizado sobre as ameaças 11 privac idade por parte do Estado
interdependência econômica do país. As questões políticas relacionadas a este in fonnmi1-ado, alimentando tt~nclências libertárias de di versas naturezas, rle-
movime1ito podem levar ao protecionismo econôm ico, às restrições à i migra- 1x:ndendo do nível educacional e do coniexto ~ocial dos indivíduos envolvi dos.
ção e i\ discriminaçií<i contra os imigrantes. Suas in1pl icações. por sua vez. O, valores da famíl ia. os movimentos anti-aborto. ,is campanhas anti ·
resultam em confronto di.reto com os inleresses corporativos. para os quais o gay e o li.mdamentalismo religioso (representado principal mente pelos bnm-
livre comércio e o fluxo de capitais, bem como a mão-dc-obrn altamente espe- c-o., c,,·angélicos) constitut::1n a ba,c de uma corrente soc ial vasta e diversi ficadn.
cializada, süo essenciais, gerando uma profunda contrndição nas esferas cio da qual. confonne mencionado amerionncnle nos capítulos I e 2, a Coali zão
Partido Republicano, conforme evidenciado nas eleiçôcs pres idenciais primj- t 'ristü é a expressüo polí1ica mais poderosa e organizada, contando 1.5 milhão
rias de 1996. com o alarmismo das lideranças çlçi partido diitnl~ do sucesso de membros e 1.200 wngrq;nçüc~ nos 50 estados norte-americanos. De fato.
inicial da candidatura populista de Buehanan. Contradi ção semelhante se veri- t'ill meados da década de 90, a Coalizão Cristfl torno11-se o mais importante
fica 110 Partido Democrata. com a maioria dos sindicatos e gr\lpos minoritários, grupo homogéneo de eleitores do Partido Republicano. exercendo intluênci,,
tOdos contd rios ao J\Al'TA. e a plenil mohilidacle do capital e do trabalho em dc<:isiva em muitas eleiçües, nos âmbitos municipal. estadual e federal. e sen-
uma economia aberta e globalizada. posição norn1ahne11 tc apoiada pe los líde- d,, <.:onsiderado o equivalente funcional do que os sindicalistas costlum1va111
res democ:-nuas e certamente cstinwlada por Cl inton. rcp,\!se.ntar para <>, democratas. E111 princípio. os rundamcntalistas cristãos
Outra corrente da opi nião pública. até ce,to pomo cm consonância con1 não constituem propriamente um movimento antigovernamental. Sc.u verei,\·
o protecionismo econô111ico. é a que prnpôe o isolac ionismo político, manifes- dciro ideúl pode se.r refletido na teocnic ia. uma naçflo temenre a Deus. sob um
to pela oposição popul ar gencrnl izada ao ·comprometimemo de tropas no,te- governo capaz de acmar e cumprir as leis de Deu,, como fizeram os
amcricanas no exterior diante da ausência de uma ameaça à segurança nacional 1undamental istas em algumas delegacias de ensino ao assumir o poder 11.!I
que seja claramente perceptível. condiçiio esta não acendi da pela Somália ou Ca li fórn ia, ou durnnt<! a votação na l \ ssembl~ia do Estado do Tennessec cm
pela Bósnia. Com o desaparecimento da União Soviética. esvaiu-se o propósu fevereiro de 1<)96 que apro\'ava a aíixaçflo obrigatória dos Dez Mandamemos
to de mobi lização nacional nas memes e corações do povo. e o exercício reg~, 110, úrgãos públicos e escolas. J\o entantu, sob o atual regime-constirucional.
lar do status de superpotência militar, tão apreciado pelas elites econômic/1~. <111e prevê liberdade de religiüo. e a cisão entre a lgr"ja e o Estado, a reconstru-
intelectuais e políticas. parece não j usti ficar<> custo e o sofrimento que isso \'ilo da nação cristã requer. ames de mais nada. o desmantelamento cio Estado
representa. A rej eição da atuação das tropas norte-americanas a sen·iço d~ ,ci.'l1larizado, tal como se constitui nos dias de hoje. O extraordinário dcscn-
volvimento do fundamemalislllo cristão nos Estados Unidos durame a década ,·vidente da dissolução da ,oiidariedade social é o sentimento de ódio expresso
passada e sua transforlllaçâo em uma força política muito bem aniculada po- p~los "machos brancos". que cs(c.ndem sua reje ição à ação afirmativa também
dem ser relacionados ao conceito de reconstnição da identidade e à resistência a, mulileres, gerando assim uma cisão p<Jtencial ainda maior entre os cidadãos
à desintegração da famíl ia tradicional. Trata-se de uma rejeição diante do fe- ,lc.,contentes. A mobilização de uma parcela signiíicativa da sociedade civi l
minismo, da liberação dos gays e do fim do patriarcalismo, bem corno a()S contra o Estado d<J bem-estar social nos E,, tados Unidos leva. ao mesmo tem-
esforços do gov0rno no sentido de implantar lei s que dêem apoio ?t liberdade i'"· i\ segmentação da sociedade e ao en fraquecimemo do Estado, cada vez
das mulheres. igualdade entre os sexos e tolcrfincia cultural. Contudo, além de n,ais sujeito às pressões no sentido de tornar-se. predominantemente. um apa-
tal reação. fundada na insegurança pessoal. há ainda uma tentativa de recons- I,,to repressor diante das "classes perigosas" que vêm se manifestando. A i m-
trução de idcmidade e de significado com base em um passado idealizad(), o pc11·1ãncia dada aos atos de caridade e aos trabalhos voluntários praticados pela
passado da famíl ia e da comunidade inseridas em uma sociedade homogênea ,·onwnidade como um substituto do Estad<J do bem-estar social, ao mes.111O
que vem sendo reconstrnída nos novos sub\írbios e nos pequenos vi lar~jos em que I1·111po dcsmcando a i mportfüicia ele uma sociedade civil interessada na resolu-
se respira uma vida rural em vias de desaparecimento. Tal reaçiío torna-se um \'ª'' Je problemas é, essencialmente. uma tela de proteção ideológica destina-
lanto dramática diante do atual colapso da família pmriarcal ,ws Estados lhri- ,!:, a cvirnr que se encare de frente o abandono cínico da responsabilidade
dos (ver capítulo 4). A insurreição que se opüe t, crise do patriarcalismo é tão 1·11ktiva, sob pretexto do exercício da responsabi lidade individual.
poderosa quanto a oposição à nova ordem econômica global que contesta os Todas essas dimensões da revolta dos cidadãos ora coincidem com os
valores liberais e o estabelecimento político, subtrai ndo a legitimidade de seu ,1vidu, interesses do capi talismo corporativü (refletidos. por exemplo. na críti-
articulador mais evidente. o governo federal. ' a <1os defensores do Estado do bem-estar social ou ao ambiental ismo), ora são
A crítica às leis e inslituiçües federais torna-se ainda mais virulent/\ quan- 1.,di.;nlmcmc opostas a 1ais interesses (como. por exemplo. nos casos da crítica
do ,tssociatla à hosti lidade. racial e de classes em relaç5o às popu lações de .t gJ,,bali Lação e ;\ tlexibilização do trabalho). Con1udo. embora apresentem

baixa renda e às minori as raciais. É por essa raziío que a desti1uiçiío seletiva ela d1krcnçns fundamentais e originem-se ele fontes distintas. essas dimensões
legiti mação do Estado do bem-estar social, já bastante desgastado pelas ten- ,·onvergem parn um.a oposição frontal ao p:1pel de grnnde abrangência dese111-
dências econômicas. tradu7. <JS anseios populares, as i nclinações políticas e o I•cnhado pelo governo federal. caracterizando o Estado-Nação norte-america-
hosti lidade antigovern;unenlal. Digo seletiva porque a previdência social e o m, nos moldes cm que tem sitio conslimíclo nos últimos ciuqiienta anos.
Medicare (que respondem pcJr cerca ele dois terços do orça1J1ento do Estado de) Dei x~mos ess,, ques1ão bem clara. De maneira geral. o populismo con-
bem-estar soei.d dos EUA) continuam a receber o apoio da grande maioria d~ ' ('rvaJor dos anos 90 nos Estadqs Unidos não pode ser consid0rndo um movi-
população, a ponto de tornar unia reform,1 no sistema praticmnemc inviável 111cnto libertário, tampouco represcma a tr:idição de um republ icanis mo
(ve.r figuni 5.5). Por outro lado. os programas rle bem-estar social, os benefí- ,mli!(overnamental. .'\lglll1s de seus componentes mais importantes. conforme
cios sociais concedidos !is popul ações ,nenos favorecidas, os programas ele ,k,crito an1<!1'iormcntc. esigem na verdade políticas bastante estatistas, capa-
1rciname11to e a aç~o afirmativa em prol das minorias estão sob ataque cerrado "'' Lle impor valores de alguns se1ores organizados da sociedade sobre indiví-
de uma maioria que se recusa a pagar impostos para sustentar "os omros". rltms e família; pelo Estado. 1-'.ste é, claramente, o caso dos fundamenlalisws
estignui1izando os pobres, culpando-os por seu comportamento. por exemplo, rnstiios. cuja influencia crcscen1e sobre o, governos municipais e estaduais é
ao atribuir os pagamentos efetuados pela providencia o fato de estar havendn vi, ta como uma l'onna de impor um comportamento divino ~obre toda a socie-
um crescimento exponencial no número de "crianças nascidas somente para <i,1de sob sua j urisdição. Isso rnmbém vale para as políticas econômicas prote-
5erern s\lstcntadas pela previdência". Nas "teorias" apresentadas pelos acad~ ' mnista~, cuja implantação efetiva exigiria um esforço decisivo do governo
micos do movimento antiprevidência, a Inglaterra vitoriana e seus rígido~ rn l1•dcral parn conl rolar e dirigir tocla a economia no1te-a1n.ericana. Portanio, r,
drões morais passam a se tornar o modelo a ser seguido, e as minorias e classe, 1 1'1.ve do Estado-Naçâo mio (1(/l,ém somente da hegemonia cultural de valore.,,

menos favorecidas são condenadas a um s1a111s permanentemente inferior ~111 ,1111igovername11tais, mas sim d,;, conve1gência dos desafios impostos por diver-
função ele seu QI biologicmnentc determinado."' Uma mnni fo,ta<;ão ainda rna i, 1<1v irleolo11ias e i11teresses para 11111 pomo conw111, q11(1/ seja. o q11estio11ame11111
Um F.!.tado <h:!>IÍlllíJv ,k. l)OOcr

É rn~ls importante ... 1


·Redu-z.ir o déficit público'' ('7") "]mptdir <1uc o Essas correntes bastame distintas e poderosas normalmente giram em
progr.tnrn sotn) lorno de duas qllcstões transformadas em bandeira comllm para muitas delas:
cortes" ( % >
., rejeição ao pagamento ele impostos e a defesa do direito ao porte ele armas.
1\n impedir que o governo. principalmente o federal, arrecade imposros. a
66 29 ,1,:10 do Esrndo vai se tornando gradativamente mais ineficaz. Em uma socic-
, bde e economia qlle exigem cada vez mais elas políticas cio governo, llma
65 30
P(ú~ramas prcvid~nciá,·i0:, em geral 11;,sc de af!'ecadação cada vez menor força o Estado a ater-se a s\las funções
Progr:una de d1stribuiç~u de alimemos ~l 35 11,ais b.ísicas e estratégicas. que consistem esscnci ahncnte na manmcnçiio da
p1)pul:'.ção de bHixa reud~,
lei e da ordem e no desenvolvimento da in fra-estrutura de apoio à nova econo-
43 11,ia i nformacional global, ao mesmo 1cmpo saldando os juros de uma dívida
52
herdada da Gue,n Fria de Reagan. Assim. esse Estado se torna incapaz de
Subsí<lioi:; :,o~ pr<Xlut\)r-ts agrk:0-1:\~ , 11,nprir omras fllnçõcs, sendo efeti vamente forçado a ''tirar seu peso das cos-
Linh::1dê ci-êdito c.ducativo
65 l;r:, das pessoas'\
i\:l<xli,;,, 1id (programa de :::;;1tk k: do govcmo Í\.... Da mesma forma. na opinião de parecias significati vas da população, o
d.::n1I de..qfl'tado tl pop1.1l:1c;iín d~ haiX;.\ rcntLH ô6 direito ao porte de arma constitui um dos principais alicerces da liberdade do
Dolaçi>ê1,, or,;,\ment:lrÍ:iS a(Js nllln1cíp1os 68 1:1<ladão, evocada pe la Constitu ição dos Estados Unidos. Embora muitos nor-
,:,~ limi:h, ,t0 aumemo d~• ~g:i,11:c,aça públict-1 ,~-mnericanos não concordem com essa situação, o fato é que h.í cerca de 300
69 tll i Ihões de armas Je logo mts residências dos norte-iunericanos. e armas de
~·.ucrra eslâo à venda no mercado aberto.
77
Prc\•idCnt.: ia ,\)d:tl Poderosos lobbies e organi zaçôes, como, por exemplo, a /\mericans for
Mcdit:,re rprn~rama <lc :q\1dr.,. do g(ivcrno
78 1/1.r Reform , a Nmional Federation for /11depende111 Bminess e a legendária
fo<.l..:n,I deslinnclo ;~os id\,::.(•:-.)
Nwio11C1! Rifle AssociC1tion, lutam, com sucesso, pelo afrouxamenlú dos con-
1,oles <lo Estado sobre o dinheiro e as armas. Meu Deus, minha família, minha
figura 5.5 Opiniões sobN ,,!-- j)i'ü~1';'1\Ul~ prN1ll}\'idn~ pelo govcmo fcdi:r;·,1 -e tedução cio défici1
pühlico. EUA. 19<)5 crcs:uh:ttlc\s da pc1'!!11n1a: ··Parn cada um <h)., se,guimcs progn111,::.i;-. você acha que cn1111midade. meu dinheiro, minha arma, pare<.:ern representar o conjunto de
~ mais lmponanic 1\!1htr.JI' r, délich plfülic,J úu im1x:dir..;or1t:-. \Jl~wnemários sígni0c:1tivvs-?"1 valores que formam a consciência e o comportamento de uma parcela cada
l·lm,'<t: Pcsqu\i:;~1rc:,1lizadtt pelo 111 ..1iu11t) (idll11p dús: Et:A pi'lr:·1 il CNNHiS/t vc,. mais s ig nificativa do povo americano, em oposi~·ão direta às normas. pro-
Toda,· de '1-1 a 26 de fovcn:i(ü de 1995
prnmas e funcionários do governo l'ederal e gerando uma hostil idade cada vez
maior em relação ao corpora1ivismo global e ao mullilateralismú i nstituci()nal.
soi>re o go\'émo .fà/f1·al dos Estado.1· Unidos. do modo como se enco111ra A difusão desses temas e atiludes na sc>ciedade americana tem contado
i,is10rica111e11ie co11.ni111ído - scj,1 para reduzi r drasticamenrc seu papel rnm o auxílio de uma localiz,1ção. segme111ação e diferenciação cada vez maior
(as 1rad icionais tendências libertári as ). seja para engajá-lo em nome de d:, mídia, bem como com o aumento da comunicação eletrônica interativa.
uma nova missão Je rec(mStrução da nação norte-americana sob os precei- Nesse sentido. o principal desenvolvimento é a crescente influênc ia das rádios
tos de Deus. e/ou m~ntendo o iso lamento Ja nova oi·dem global. Por este locais. que transmitem programas produzid<>s e vendidos para várias emi sso-
motivo, 1al crise de legitimidade. cn1born subjaccnre à "revolução republ ica- 111,. e a ex plosão dos wlk shows ou dos programas n1diofônicos que conlam
na" de 1994, não pode ser equiparada a esta revolução. Essa crise é vivenciada. t·om n participação do ouvi nte, por telefone. Emre 198!:\ e .1 995 . o número de
pel os pmtidos e eleitores. afetando os trabalhado1'ús ela indústria. da mesm~ 1·111issoras especiali zadas nesses tipos de programa dobrou, chegando a 1.200.
forma que os produtores rurnís. " macl1os brancos'' encoleri1.adús e con1 ribu in- \ nova tecnologia dos satélites, j untamente com a l\laior flexibi li zação das
1cs rai vúsús. , C):(Ulamentações sohre problemas resultantes de alegações/i nformações
clislorciclas. ajudou no desenvolvimerno e in fluência desses programas. Rush cm sL1as respectivas comunidades e famílias. afastando-se do governo. Nesse
Limbaugh. L1111dos ma.iores astros dos /(//k shows, atingiu uma audiência de 20 processo, contam colJl <J auxíl io de um Partido Republicano que estivera ex-
milhões de ouvimes por meio ele 600 emissoras em todo o pafs, tornando-se. duído do poder parlamentar por três décadas, e vixa a oportunidade de assegu-
por si mesmo, uma força política em potencial. l:'.m 1994. durante um almoço 1,tr seu poder durante as próx imas décadas. Contudo, o pat1ido vem procurando
público de confraternização, o novo Partido Republicano preslou bomenagem :,tingir essa meta à custa de ,;entimentos comrários ao governo e ao estabeleei-
a Limbaugh, o hometn que. 1J1ais que qualquer outro. fora responsável pela 111cnto, ou seja, brincando com fogo. Balz e 13rownstein cúnc luem: ''Toda a
popularização da causa do ultraconservadorismo e das posturas antigoverna- ,·n~rgia intelect11al do Partido Republicano está concentrada na busca de novas
mentais em todo o país. Além do rádio, o novo movimento populista e de bases lol'mas de reduzir o campo de atuação e o alcance do governo federal". 8ª Ccm-
populares . .:onformc descrito no capítulo 2, uti lizou todo o novo potencial tutlo, como o Partido Republicano também representa poderosos interesses
viabilizado pelas nov~s tecnologias de comunicação. inclusive a Internet, e n wporativos, vinculados à econom ia global e às instituições internacionais, ao
também os aparelhos de fax. para coordenar suas ações e idéias. visando di- t<>rnar-se o instn,mento do populismo ami -Estado, gera urna contradição in-
fundi-las a receptores previamente identilkaclos e runcionários do governo terna explosiva entre sua base popu lar antigovernamental e fundamentalista e
eleitos. A desmassificação da mídia ludibriou os canais tradicionais de contro- , n, papel trad icional como representante do capitalismo corporativo e defen-
le indireto entre o estabelecimento político e a audiência. abrindo espaço à "'r do eswblisl11ne.111 . .-\berra a ferida causada por tal contradição. o prov,ível
clifusão. para milhões de pessoas. de todos os tipos de informações e idéias, drscon{cntamento resultante de uma poderosa tendência populista que atra-
inclusive as mais distorcidas. ultrajantes e injustas. O li mite entre o apropriado vessa as linhas do partido pode gerar uma c,·isc nas bases do sistema político
e o inaceitável na mídia, cuidadosamente estabelecido ao longo de décadas 11one-americano. Pode \al)lbém desestabilizar o delicado equilíbrio entre o
por uma liberdade de imprensa em geral responsável. tornou-se irremediavel- )'"llcr local e federal. e entre governo e socicdaclc, que os primeíros col<miza-
dorcs e o Supremo Tribunal lograram estabelecer ao longo da história. prova-
mente indefinido. l'rlmente desrncadcanclo a crise do Estado-Nação norte-americano.
Independentemente do qu5o distorcidas sejam as manifestações de 6dio,
essas tendências sociais não podem ser consideradas meros modismos da opi-
nião públ ica. Pesquisas de opi nião realizadas durante a década de 90 revelan1
a persistênda e o grau de profundidade dessas tendências (ver capítulo 6), Estruturn e pmcesso na rrise do Estado
estando arraigadas em grandes transformaçfles sociais, conforme demonstra·
do nesta obra, e pr<.>cessadas de acordo com a cultura e instituições específica& l-'a7.-se necessário destacar os pontos mais imponames para análise le-
v:,ntados a partir desses breves estudos ele caso sobre. a crise do Estado. Em
da sociedade norte-americana. Nas palavras de 13al7.. e Brownstein:
111Hhos os casos. México e Estados Unidos. observamos o impacto direto da
Por tnis do rcdemohlhV <los movimentos da Uireil;l ê.Stá o temor de um mun-
glohalização e da reestruturação do capitali smo sobre a legitimidade do Esta-
do forn de i;outrole... À med.ida que ne<:onomia passa por uma reestruturação do. mediante o desmante lamento parcial do Estado do benHstl\l' social, a de-
por rorç:'"l das prc~sões da globnUzação e cios avanços lccnológicos. e a es1 ru- ,organização das estruturas produtivas tradicionais aumentando a instabilidade
lnrá cu ltural cJa sociedade Sel,tc O:, efeitos: do colapso da famílitl lradidonal. 1lc <:mprego, a extrema desigualdade social e a conexão emre importantes sero-
csle é um 1cmpo {cm que unl grande número de none-arnericanos se vêem 1-,s da economia e da sociedade cm redes globais, ao mesmo tempo que grandes
arrnncrldos de suas raí1.es por acontecimentos que: uã(l conse.g_\1em compreen .. Jllll'cclas da população e do território são exc luídas do sistema di nãnúco e
der ou controlai-]. '·As: pessoas passarnm a perceber que o~o 1ém mais eonu·o-
itlobalizaclo: todCJs (>s processos analisados no volume 1, que demonstraram
lc sobre srn,s prc)prias vidas··, afirmou o en1rcvistaclor rcpub]icano Fraok
L\mtz. "Que nâl) podem mais m.oldar seu fuLuro".~;
, t1ntribuir. de alguma forma, para a perda da capaci dade de o Estado atender
,ts ex igências sociais t!, em última an51ise, para o comprometimento ele sua
E diante dessa situação. atribuem a culpa ao Estado que construíram ao lc1.u1imidade. Além disso, a estreita relação entre a economia mex icana e ti
longo dos füimos 50 anos. ansiosos por recuperar o com role sobre suas vici a, 111>1te-a111ericana, institucionalizada pelo NAFTA, juntamente com a conexão
J.I() l:m E.,,tado tksutu(i.lo ti~ pOO-tt "17

eletrônica de seus mercados limmceiros com os mercados globais em tempo real , los sociais fundamentados na identidade e crise de legitimidade política nos Esta-
fizeram con1que os efeitos do colapso do peso cm 1994-95 fossem bastante diver- d,), no1te-füncricano e 111esicano, embora tais aspectos ass\lmam formas diferen-
sos de qualquer outra crise econômica anterior. servindo de exemplo, como vimos I~s. específicas ~quela sociedade. Do pomo de vista mctodol6gico, quando se busca
amerionnente. da "primeira crise financeira do século XXI''. No caso do México, I1111a relação de causalidade, ''o que vem primeim?" é uma pergunta errônea. pois
a infiltração da economia do crime global no Estado ag,mva ainda mais a desorga- c,1rumra e processo interagem de forma indissoci,~vel na cadeia de aconceci rnen-
nização das inst.ituições política.~ mexicana.~ e sua crise de legitimidade. Ios que leva à crise do Estado. Seria <lifíci l imaginar o impacto dos zapatistas no
No caso dos Estados Unidos (não no México, por enquanto), a crise do M6xico sem os profundos eleitos causados pela globalização na economi a e na
patriarcalismo. com raízes na economia informacional e no desafio imposto pe· sc><:icdadc. Contudo, os z.1pmistas não foram um p,~x!uto da crise econômica: já
los movimentos sociais, acentuou a insegurança e o medo cmrc amplos segmen - n1stiam antes. nas lutns dos índios e camponeses apoiados pelos padres cacólicos
tos da população. afastando-os tanto das instituições _jurídicas e políticas que , . 11'-' dcs<'jo revolucionário dos refugiados dos movimentos esquerclisrns radicais
haviam sido receptivas aos direiros das mulheres quanto do Estado secular. Para ,los ano, 70. As tendências libemírias Iêm longa tradição nos Estados Unidos, e o
uma parcela significati va da população, esse p)'()cesso levou ao entrincheiramento isolacionismo é uma tcntaçao eterna para um país podemso e de dimensões conti-
em defesa ele Deus. da família e da comunidade. como valores eternos acima de ncmais. assim como o é a 10ndênc ia oposta. que ocorre no sentido do impe1ialis-
qualquer cipo de contestação social. 11I0. A dominância de uma ou outra dessas tendências em um determinado perí0<lo
Em ambos os casos, as crises est ruturais que passaram a comprometer a hl'túrico é irnpr.:visível. pois o resultado exaro da interação emre os elementos (j\le
legitimidade do Estado interagi mm com o surgi mento de movimentos sociais idcntiliquei simultaneamente, constituindo e~t11.1rura e pr~icesso, é muito dil'ícil ele
que. de formas específicas a cada sociedade. afirmaram identidades alternati- ,e precisar. Logo. apesar da revolução republicana de 1994, Clinton venceu as
vas. e ro.:j eitaram declaradamente a legitimidade do governo íederal. Embora dciç<ies de 1996. em grande parte por causa das contradições internas existente.s
esse$ 1n ovi111eotos fundamentados na identidade tenham engajado apenas uma no eleitorado republican() a<l mobilizar-se. a u,n só tempo. em fovor de interesses
minoria de ativista, , suas exigências e reivindicações foram processadas pelo ,·orporntivos e também dos temas defendidos pelo populismo de direita. Porém.
sistema político. ecoando de modo reconhecidamente distorcido na população para Yenrer. o próprio Clinton viu-se forçado a afostar-se ampla111enIe da platafor-
como um todo. É i11eg(tvcl a rd aç5o entre o impacto simbólico causado pelos " " ' democrata convencional. aumentando ainda mais a d.isrãnci,, entre as expecta-
zapatista~ e n rejciçJo gcncrnlizada do f.st~do c<.mtrolado pelo PRl por parte li~as de muiIos de111ocrmas e a realidade ela política.
da sociedade. mexicana. colocando um ponto fi nal em um dos sistemas políti - O porquê de a resposta social e polttica à nova desordeJH globi1I ter par-
cos mais duradouros do mundo de hoj e. Quanto aos Estados Unidos, embora I,dn "da esquerda·· no México e " da dircim" no, Estados Unidos deve-se, eni
os Patriotas sejam mais o si moma do que propriamente a causa, a crise de I'•"te. a ~çôes políticas específicas e. e,n parte. às características da crise a ser
legitimidade se rnrmi[esta pela dcsconliimç,, no governo, pri ncipahnente o fc. ,,borclacla. Em oum,s palavras. uma vez que o Estado. t'Ill nmbos os casos, foi
d;,·al, nos políticos e nos partidos. cm especi al os relacionados à política tradi· mcapaz ele oferecer proteção conforme havia prometido. tornando-se cm vez
cional. O au mento da popularidade cios rcp11bl icanosconservadores em meados ,lis,o o articulador nwis a1ivn do processo de glohalização/rccstrumração. a
dos anos 90 se deve. em grande medida. à sua campanha pol ír.ica suicida justH· ç11111cs.taçiio a esse Estado foi estruturada a parti r <le ror~,as externas à base
mente contra as inslitui\,ões governamentais que desej am controlar. 1, adicional de apoio a refor111,1s conduzidas pelo gnverno: os democratas fovo·
Nos casos do México e <los Estados Unidos, os novos sistemas eletrôni, 1.,wis a() governo federal oos Estados Unidos:. e o sislema pop\llista do PRl no
cos de comun icação desemp.::nharam um papel decisivo no aumento do i m- M~xico. l sso não i mpede que um 111ov i111enI0 de esquerda. favonívcl ao govcr-
pacto de movimentos de porte relmivamcntc pequeno sobre a opinião pública, m, e ao Estado do b0m-estar socia l siirja em ambos os países no rmurn, embo·
pelo materiJI fornecido à mídia e a formação de redes, hori zontai s e i limita 1.1 Icnha de se desenvolver à margem do e.w ,belecimenro político. prec isamente
das, por parre desses rnovimenws. por causa da crise de lcgitimid,1cle al i ex istente.
Existe, 1x11tanto, urna relação visível e significativa, em termos de análise, Essa abertura cios processos políticos não invalida o interesse por uma
entre gtobali w ção, informacionali7..ação. reestruturação cio capiti,lismo, movimc11, ,111:llisc detalhada dessas questões. porque os assuntos de que tratamos. bem
como suas relações, são a macéria de q ue se constit11em as insliLuições e os p;arn q ue esLes aprimorem seus controles so bre o Estado, median te o exercício
processos políticos de nosso tempo. Qua nto à análise da relação enLre as ori- ilo dire ito de acesso a infor11Jações armazenadas cm bancos de dados de uso
gens da crise no Escado e as novas formas de lura política e concoJTência, faz. l'ti blico, a interação on-line com seus rcpres0mantcs políticos e o acompanha-
se necessário considernr, primeiramente, a dinâm ica específica dos aro res 111cn10 de sessôes políticas ao vivo. evenn1almemc com comentários, rambém
políticos no novo paradigma informaci onal - uma tarefo de qne me incun1b i- :ao vivo. sobre tais sessôes." ' Além d isso, as novas tecno logias penn.item aos
rei no capíwlo 6. ,·idadãos filmarem e ventos, podendo assim fornecer provas visuais de abusos
~ excessos, como no caso das o rganizações nmbiemalistas g lobais que distri-
li11c111 equipamentos de vídeo a grnpos ambienta listas locais c:111 rodo o mundo
l'" ra que crimes ambie ntais sejam registrados, exe rcendo pressões sobre os
Estado, Violência e Vigilância: do .,grc,sores da eco logia. O q11e o poder da 1ccnologia faz é potenc ializar, de
"Grande Irmão" às "Irmãzinhas" l(>nm, e1maod iná ria, as te ndências já e nraizadas na estrutura e instituições so-
,·i.ais: sociedades opressoras podc 111 m1111c ntar se u poder de repressâo por meio
Será q ue realmente o Estado csiá destituído de poder na sociedade c m d~ noyos 111ecan b 1nos de vigi lância, ao passo que sociedades democrát icas
rede'? Senl que, ao invés d isso, não estaríamos testemunha ndo um grande au- p:,nic ipativas podem ampliar ai nda mais se u g rau de abenura e parricipação
mento na onda de violênci,t e repressão cm todo o mundo? Hstará a privacidad~ di,tribu indo mais poder políüco pelos recursos tec no lógicos. Po11anto, o im -
exposta aos maiores perigos na história da humanidade, da ela a 11at11reza invasiv.i l'ac10 dire to das novas tecno logias da informação sobre o pode r e o Estado
das novas ternologias da informação? !\ão estmíamos vivendo sob a vig ilânc ia c"nsi, te e rn urna questão e mpírica, na qual os reg istros sf10 de nmurc:t.as diver-
do "Grande lrmil(i'', como previra Orwcll em seu " 19:'14"? F. como pode o Bsta1, 'ª'· No enranto, uma tendência mais profunda vem surg indo. cfcrivarneme
do e,tar destituído de poder sendo domdo de formidável capacidade tccnológic.i. 111111ando o pode r do Estado -Nação: a d ifusão cada vez maior da capac idade de
exercendo conirol<! de um vol11me de in fonna<,:iíes sem prüccdcntcs?' 9 l' ig ili\nda e do potencial de vio lê ncia ex terna 11s instituições do Estado e: além
Todas essas ques1fx:s, simples e essenciais, misturam evidências contradi d:i, fronteiras do naçi'io.
tórias com ieorias incertas. Contudo. sua abord agem torna-se fundamental ~ A c rescente ameaça 11 privacidade preocu1)a menos õ Estado propria-
compreensão da cri$e do Estado, Em primeiro lugar, a imagem do Grande Irmnl1 11tc111e d ito do q ue as o rganizações empresariais e ,1s redes privadus de infor-
deve ser e mpiricamente d ispensada, po is se refere ,1 relação entre nossas soei.; 111ação. ou os a paratos bu rocrúticos que segue m uma lóg ica própria em vez de
dades e a profecia de OrwelJ. De fato, George Orwell poderia muito be m est:11 ,,1ua r e m prol do gO\wno. Ao longo da História, os Estados têm cole tado in-
certo, comparando ao objeto de sua profocia o stalinisrno. não o Estado capil;, lonnações sobre seus sujeitos, não raro empregando ex pedientes rudime ntares
lista libe ral, se a história política e a Lccno logia tivessem seguido uma trajetóriu ,, brut ais, porém cfica1-es. Sem dúvida que os computadores ampl iaram qual i-
difere nte nos últimos 50 ,mos, algo que cenameme estava no plano do possív~·I t,,tiva meiuc a capacidade de c ruzamenro de dado:,, combinando in formações
Ao tomar contato co111 a~ novas tecnologias da informação, porém. o estatism11, M•bre previdência soc ial , saúde, cédu las de iden tidade. residência e e mprego.
ao invés de domimí-las, desintegrou-se (ver volume l l l); e essas novas tecnologia, Mas com a exccçrio limitada dos países anglo-saxônicos, fundamentados em
li be naram as forças da formação de redes e da descentralização, comprometei 1 uma tradição li~rt,íria, povos de rodo o rn1111do. dc$dC a democ rática Suíça até
do a lógica centrJl i7..;1dora das instru,.:ões transmitidas sempre ''de cima p111,1 11 China co mun ista. passaram suas existências dcp0ndendo de arquivos de in-
baixo" e a vig ilância burocrática vertical (ver vo lume l). Nossas sociedades 11:\1• lonnações sobre residência. trabalho, belll como informações refere ntes a to-
são prisões be m o rganizadas: são sel va, ca6Licas. il,is <1s esferas de rela\'.\ies com o governo. Por omro lado, se for verdadeira a
No e ntanto. as novas e poderosas tecnologias da informação podem " , tdéin de q ue o trabalho da po líci a vem sendo faci litado pelas novas tecnologias,
colocadas a serviço da vigilância, controle e repressão por parte dos ap1111,1, » 10111ou-se também extraord inariamente complicado pela sofisticação semelhan-
do Estado (polícia, arrecadação de impostos. censura. supre,~são de dissid~11 '"· por vezes superior, ao uso das novas tecnologias pelo crime organizado
cias pol íticas e tc,). Do mesmo modo. podem ser empr,;:gadns pelos cidatl:1t" tpo1 ,;:xcmplo, emprego de apatelhos que imcrfcrem na comunicação da polí-
l.'m & lado t1Cl>1ituído de podi'f lS I

da. conexões eletrônicas, acesso a ,·cgistros de computadores etc,). A ve1d(l- Essa tendência se torna ainda mais evidente na nova relação entre o Es-
deira q11es1üo é outra: trata-se do levantamenio de i1!for111ações sobre as pes- I:ido e a mídia. Dada a eresccnrc independência jurídieú- financeirn da mídia,
soas pelas em{lresas ,:onu!1'ciais e organizações de wdos os tipos e 1111 criaçcio 11ma capacidade tecnológica cada vez maior coloca cm suas mãos a facu ldade
de um mercado para e.u as informaç6es. Muito mais que a cédula de idemida- d.: espionar o Estado e de fazê-lo em nome da sociedade e/ou de grupos de
de. o cartão de crédito vell\ ameaçando a pri vacidade das pessoas. É o instru- i111crcsses específicos (ver capítulo 6). Quando em 199 1 urna estação de rádio
mento pelo qual as vidas dos indivíduos podem ser classificadas. analisadas.: ,·,panhola gravou a conversa pelo telefone ce lul ar de dois ítmciomhios socia-
transformadas em objeto de marketing (ou de chantagens). Além disso, a no- lista5- do governo. a divulgaçiio de suas severas críticas dirigidas ao primeiro-
ção do cartão de crédito como sendo a vida do indivíduo em registro público 111inistro socialista desencadeou uma crise polílica no país. Da mesma forma.
estende-se a uma série de aplicações comerciais. desde programas de mi lhage111 q11,,ndo o príncipe Charles, em uma conversa com sua amante, permitiu-se
promovidos pelas com1xrnhia$ aéreas até serviços ao consumidor dos mai, ,·lt11.:ubrações pós-modernas sobre () absorvente Tampax e assuntos afins, a
diferentes tipos, passando por propostas para tornar-se membro de diversas 1>11bl icação. ela notícia por um tablóide inglês abalou a Coroa britânica. Cena-
entidades. Em ve~.deum "Grande Irmão" opresso,; tem-se 11111a sériede "irmã- 11 1c11L<:: que as revelações ou as bisbilhotices da mídia sempre representaram
~i11/l(ls " que procuram ser sim/Híticas. cs/a/Je/eçendo uma relação pessoal 11111a amectc;a para ü E.sta<lo e um mecanismo de defesa para os cidadãos. Contu-
co11osco por sol><mim qutm somos e invadi11do nossas vidas sob os mais vari du. as novas tecnologias e o novo sistema da mídia aumentaram. em escala
ados aspec1os. O que os computadore~ fazem , na verdade, é viabi lizar a cole ,·,ponencial. a vulnerabi lidade do Estado, não s6 à mídia. mas também aos ne-
ta. processamento e uti lizai,:ão, para fi ns específicos. de um enorme conjunI0 f'.odos e ,1sociedade como um todo. Em termos hist6ricos relativos. o Estado de
de informações individualizadas. a ponto de permitir que nosso próprio nome hoje é mais vigiado cio que vigilante.
seja impresso em uma orena individualizada, remetida para os endereços d(· A!ém disso. embora o Estado-Nação mantenha sua capacidade de exercer
mil hões de pessoa;. Acrescente-se a esse quadro um exemplo bas tanl~ a violência."'' vem perdendo o monopólio desse poder, pois seus principais con-
clt,cidativo da lógica das non1s tecnologias, o V-chip. a ser implamado 110,, I·»ITentes estão assu111 indo a forma de redes transnac i.onais de terrorismo ou
aparelhos de TV norte-(1111ericanos a panir de 1997, que permite ao tclcspecw- i•rupos comunais que recorrem ao uso de violência suicida. No primeiro c aso. o
dor definir a censura da programação com oase em um sistema de códigos que ,·:ir;íler global cio terrorismo (político. criminoso ou ambos}, e de suas redes de
mmbéin será implantado nos transmissores de sinais das emissoras. Com isso, l',,rnecedores de informações, armas e recursos tiirnnceiros. exige II cooperação
ao invés de um controle centralizado. IH\ tuna vigilância descentralizada. " stêmica entre as forças policiais dos Estados-Nação. de modo gue a unidade
David Lyon. em sua obra altamente elucidativa sobre essa questão, insis, np.:rackmal vem se transfonnando. c;1da ve;,: rnais. em 11111a polícia rransnac ionat•·•
tiu na i.déia de que tais n1ecanisrnos de vigilância serão estendidos para além No ,egundo caso. quando grupos comunais. ou gangues locais. renunciam à sua
das fronteiras do Estado."' O que chama de "olho eletrônico" consiste. na ver I>an icip;1ção no Esrado-N<1ção. esse Eswdo torna-se cada vez nrnis vulnerável à
dade. em vez de um "Estado vigi lante··. numa " sociedade" vigilante. Essa 11 vinlencia subjacente à cstnJt111·a social da soc icch,de que o constitui. como se os
justameme a essência da teoria dos micropodcres de Foucauh. embora tenha l'si:tclos tivessem de se m;mtcr pcnnanememcnte engajàdos cm L11na guerra de
confundido muitos de setis leitores mais desavisados ao cl1amar de "Estado" o l'ucrrilha.'l' Daí a conrradição com que dcp,1r~ o Estado: se não fizer uso da
que, de acordo rnm sua própria visão, é ··o ~istema", isto é. a rede de fontes (il' 1 iulênci a, desapar<'.ce como Estado: se o fizer. cm base quase contínua. estará
poder em diversas esferas da vida social, inclusive o poder da família. s~. ,,brindo mão de boa parcc de seus recursos e de sua legitimidade. porquanto isso
seguindo a tradição de Weber. reduzíssemos o conceito deEstado ao cottj unto tk' Implicaria a mant1tcnção de um estado de emergência permanente. Assim, o
instituições detentoras do monopólio legirimado dos meios de violência, e dr l i, tado somente poder.\ proceder ao US<> de violência por períodos prolongados
~.,stado-Nação à delimitação territorial cio exercício desse poder.''2 teríamos " quando e se a sobrevi vfaicia da nação. ou do Estado-Nação, estiver em jogo.
impressão de e.~tar testemunhando a disseminação cio poder de vigi lâncir, , li:ndo cm vista a crcsccmc relut~ncia das sociedades cm apoiar o uso prolonga-
também de violência (simbólica ou física) e11Ire os menibros da sociedarlt do ela violência. a não ser que o Estado o faça cm casos extremos. a dificuldade
como 11111 wclo. ,b~c Esrado efetivamente recorrer a esse recurso cm escala sulicicntemente
15.? Um Est:tdo Je,IJluido rlc po.J~·r

grande pm-a surtir o cfü.i to desejado leva a uma capacidade cada vez menor de é questão de opinião. O que rea/me11te importa é q11e o n,wo sis1ema de poder é
emprego da violência com freqüência. e portanto à perda gradativa ele seu mono- ,·,.1r<1cwrh ado, é nc,se sentido çoncordo com David Held, pela pluralidade das
pól io coino detemor desses meios. /i,111es de auwridade ( e acrescemaria. de poder). sendo o 1-:s1ado-Nação apenas
Diante do exposto, s:onclui-sc que a capacidade de vigilância está difun- 11111u dessfü fomes. Dt> foto. essa parece ter sido mais regra do que exceção. soh
dida na sociedade. o monopól io do uso de vi.olência está sendo contestado a per,pcctiva histórica. Conforme argumenta Spruyt. o Estado-Nação moderno
pel as redes transnacionais, não vincul adas ao Estado, e o poder de sufocar t'nrrcmou uma série de "'concorrentes" (cidades-estado. pactos comerciais. im-
r<!bcliões vai sendo comprometido pelo comun,11ismo e tribal ismo endêmi cos . po5rios),"'; como também, acrescentaria, ali anças mil it ares e diplomáticas que
Embora o Estado-Nação ainda pareça imponente cm seu uniforme vistoso. e 11:io desapareceram. mas rnexistiram cc>m o l:'.$tado-Nação ao longo de seu de-
corpos e al mas de pessoas sej a1n ainda sistem,iticameme torturados em todo o ' ~1wolvimen10 durnnte a Idade Moderna. O gue parece estar ~urgjndo atuahn0n-
mundo. os fl uxos de informação escapam ao controle do Estado. e por vezes 1<:. c:onrudo, pelas razões expostas no presente capítulo, é a descentralização do
o superam ; embates terrorisrns ultrapassam fronteiras nacionais: e levantes b tado-Nação numa esfera de soberania compartilhada que caracteriza o cená-
comunais deixmn exauridas as forças responsáveis pela m~nutcnção da lei e , io político do mundo de hoje. Hirst e Thompson, cuj a crítica vigorosa de visõt, ,
da ordem. O Estado ainda depende da violência e da vigilância. porém. não , impl istas da global ização ressalrn a relevância conti nuada do Estado-Nação
det6m mais seu monopólio, nem pode exercê- la ele forma irrcsirita em suas r~.;onhece. não obst,mte, o novo papel do Eswdo:
fronteiras nacionais.
As formas emergentes de adm inislração dos mercado:,; i111t:rr1~,donais bem
:.: urno ck oul r()S processos eco11õmicos envolvem a p;ir1 ic1paçf10 dos pr111ci·
A crise do Estado-Nação e a teoria do Estado pai~ governos. naci<rnab. txn'é111. a:-.smnindo um novo pape:J: os Estados pas·
:--3m n fundo,mr l\lC'nos comoenhdndcs "sob..::ra1K·1h·· e mab <:01110 compo11t:nle.s
J(' u11u1 ··forma tk: govt'!mo" inlernacional. / \ -.. fun~·õcs ce1\trnis <lo E:fü1do~
1-'m ~ct1 artigo ~eminal ~obre cle1nocracia. Estado -Nação e sistema glo- Nação scJ'fü> coorerir l.;gili1nidndc àos rmx:arüsmo~ ele :.ldminislraç~io supra e
bal, David Held faz Ull\a síntese de sua análise alinnando q1Ie suh1rnciolla.l e nssegurnr a re:--pon:-.abi)idade desS~$ mcc,misnu)~.1··• )

ri ord~m intcrnacibnal dos <li<h ele hltit· <:arnc1er;2a-sc. pcl:i p~rsistênci.1 do Além di~so, além d« complexa relação com 1ts mai, variadas forrrrns de
:,;i;;tcma do E~1ado soberano e o dcsenvolvimeoh> de estrun1r:i~ mlÍltiplas de ,·xprcssão de podc:r/representaçiio política, o 1-'stado-Nação vem sendo cada vez
autoridade. Exis1cm :--é,fas objeçücs qu:uuo a es.sc :,;is1cma híbrido. Fie~, :.1ber-
mais submetido a uma concorrência mais sutil e problemíitica de fon tes de poder
ta a tiu<::,.,tfiv ~obre a n:.al capacicladc de o :-.istcma 01Cret<-r soluções ao~ prn·
i11definidas e, às vezes, indcli nívcis, Trata-se de redes ele capi tal. produção, co-
hlemas foudr11ncn1ais do p<.~llsamcn10 polílico mod~rno. que s~ têm <.>cupado.
L'lltrc nutras cobus. da lógic.'.l e dos prind pios da Ol'derll ~ da lolcrânci3, ctn
municaqão. crime. i nstituiçc}es imcrnacion;1i$. aparatos militares supranacionais.
demo,;;racia e da re-sp-on.,abi liclade. e do go\t:.rno k,12i1hnado.'* f1l'gani2a\~ões niio-governmnentais, re.ligiôes trnnsnncjonais e movimcntqs de
opi ni ão póblica. Em um nível abaixo do Estado. luí as comunidades. tribos.
Embora o autor prossiga sua análise buscando oferecer sua própria alter- lüealidades. cultos e gangues. /\~sim, ciuborn os Esrndos-Naçiío realmente. con-
nativa otimista para um n<)vo prot:esso de legitimação cio Estado em sua reencaI Ii11uc111 a existir, demro de u111 futuro previsível. eles são. e e.ida vez mais serão,
nação pós-nacional. os podernsos argumentos contra a continuidade da soberani:i 11ús de 11111a rede de poder mais abmngcme. Os l~stados -Nação fr0qüen1cmc11-
do Estado que expõe nas páginas ameriores explicam sun hesitante conclusfü1: tc terão de con rro11tar-sc com otmos fluxos de poder na rede, que se contra-
·'H,l bons morivos para adotar uma postura otimista -e também pessimista põem diretam.eme ao exercício de sua autoridade. a exemplo do que ocorre
sobre <)S resultados'".91 Nesse contexto. não tenho certeza quanto ao signific.ido ,1tual111en1e com os ba11cos centrais sempre que essas institu ições têm a i lusão
dos termos '"otimista·' e '·pessimista''. Pactlculannente não tenho compaixão po1 d<! comer as corridas dos mercados globais contra uma determinada moeda.
fatados-Nação modernos que mobi lizaram seu povo em torno de carni!kmu., ( lu, ai nda.. quando os Estados-Nação, sozinhos ou atuando em conj unto. cleci-
no século mais sangrento da bistóiia da humanidade- o sécu lo XX.º' Ma, isso dc111 erradicar a produção. tráfico ou consumo ele drogas. uma batalha em que
Um [t:.mdo desrnuido de poder

têm saído derrotados repetidas vezes durante as duas LÍltimas décadas por toda ,·nrre nação e Estado. quer dizer. separando identidade de instrumeotal_idade.
a parte. exceto em Ci ngapura (com todas as implicações decorrentes dessa 1\~ novas relacõcs ele pnrler. alé m da esfera cio Estado- Nação desutuJ.do de
viL6ria). Os Esrndos-Na\oào perdem sua soberania porque o próprio conceito poder. de.vem ·ser entend idas como a capacidade de exerce~_controle so~re
de ,obcrnnia. desde Bodin, implica ser invi ável perder "um pouco'' ele sobera- ,·cdes instrumentais globais com base em 1dent1dacles espec1l1cas, ou enta().
nia: em esta precisamente a tradicional casus bel/i. Os Estados-Nação podem , nh a perspectiva das redes globais. ele subjug,,r identid;1des para a realizaç; o
reter seu poder de decisão. porém, uma vez parte de urna rede dé poderes e de metas inslrumenrais transnacionais. O control0 cxerc,do pelo Estado-Na-
contrapoderes. tornam-se. por si mesmos, desprovidos de poder: passam a de- ~ão. de uma maneira ou de (Jutra, torna-se apenas um meio. e1Hre tantos ou-
pender ele um sistema mais amplo de exercício de autoridade e intluílncia, a 1rns. ele assegurar poder. isto é, a capacidade de impor um detemunado anseJO/
partir de mú lti pla;, fontes. Tal afirmação. coerente, creio eu, com as observa- niLcrcsse/valor. independentemente de consenso. Nesse contex lo, a t0on a do
çôes e análises apresentadas neste capítulo. resulta em graves conseqüênci as poder supera a teoria elo Es1ado, conceito sobre o qual discorrerei na Conclu-
para a teoria e a prática do l::stado.
Durante décadas, a teo1ia do &tado tem sido dominada pelo debate 0ntre
'"º deste volu me.
Isso não significa. con.mdo. que os Es1ados-Nação perderam por com-
institucio,mlismo. pluralismo e instrumentalismo em suas diferentes versões."" pleto sua imponâucia 011 que irão desaparecer. Ti1I hipótese niío se concrcuw-
Dentro da tradição Weberi;ma. os institudonal istas ,\têm-se à autonom ia das r,1na maioria nos casos. pelo menos por um longo Lempo. Isso acontece por
institui.,:ües do Estado. $ei:;undo a lcígica interna de t1111 determinado Estado sem- 11 1 oti\llS paradoxais que têm relaçà<l mais direta com o comunalismo do que
pre que os vemos da história lançam sml~ seme.ntes em um território que constimi propriamente com o Estado. Na verd ade. em um mundo de redes globa,;s
su,1bas0 nacional. Os pluralistas. por sua vez. descrevem a estrnturo e evolução do 1nmsnacionais e aculturnis. as sociedades tendem. conforme sugerido no cap1-
Es1aclo como frmos de tnnH série de influências sobre a infi ncl,ível (re)formação 1ulo anterior, a cmrincheirM-sc, cc)m base cm suas identidades., e a construir/
do Esrndo. ele acordo cnm a dinfüniea de. uma sociedade civil plural. em uma ,cconstruir as instimi~·iíes como expressões clcss,1s ide midades. 1~ por esse mo-
validação conswnte ue um processo consl itucional. 1in1 que prescncian1os. a um só tcmpo. a cris0 do Es1ado-Nação e a e:,plosão
Já o~ seguidores do in,tnnnentalisnm, marxismo ou historic ismo vêem n ,le movimentos m1cionalistas.'°' A maioria. mas 11110 t<>tlos esses mov1menros
Estado como a expressão de mores sociais que. em defesa de seus interesses, nacional istas. tem por objetivo explícito <:on, troi r ou reconstruir un.1 n,º '.'º Es-
conquistam o poder de dom ina\·ão, se m que hiúa a contestação do Estado pro- llid(l-1\i\d'íc>. com base em uma identidade. e não sú na herança h1stonca do
pria,ncntc dilo ("o com itê executivo da burguesia.. ) ou como resultado de lutas. cnrnrole'i~rritorial. Com essa at itude. o nacionalismo. em mui LOs casos, desalia
alianças e Lransigências. Contudo. conforme sustentado por Giclclens, Guehenna ,.. cm última anál ise. provoca uma crise no Esmdo-Naçào existente erigido por
e Hdcl. cm !odas as c,scolas de pensamento, a rdaçíJo emre o Estado e a socü:- 1·.,n,-a de alian~as históricas. ou mediante a negaçf10 lotai nu parcial de algumas
dude. e portanto a teoria do Estado. está co111e111p/ada no co111e.1w da 11ação. d:1s identidades que representan1seus elementos ~on, titutivos. Portanto. os 1110 -
1e11do o Eswdo-Nação como sua estn11urc1 de reji!rê11cia. O que acontece quan 1 11 nentos nadonalisrns contemporâneos sf10 na ver~:1cle um dos mais unpor-
cio, conforme ronnulado por Helcl. a "comunidade nacional" deixa de ser a ·'cq lanrcs fruores capazes ele desencadear a crise dos Estaclos-~ação histor'.c~ne1~te
mu nidade de maior destaque" como estn.nura de referência?'°" Ede que manei,~, constituídos, como podemos observar ,1 partir das exp,0nenc1as ela Umao So-
podemos pens,ir a respeito de in ieresses sociais diversificados. nflo nacionais, <1·,V••n , J.11'-"goslávi·,
1 ·, \.:. ~ . ( e Africa
, , l'u1urame111e talvez na ,\sia !Índia. Sri Lanka.
representados no Estado. ou lutando por ele? Considcn\-los como o mundn ll urma. :'vlalásia. Indonésia). e a1é ,ncsmo \quem sabe'!) na Europa (Espanha.
inteiro? Mas a un idade de me.d iria relevante para os fluxos de capital não é :1 Jü,ino Unido. Itália. Bél~icaJ. Se. e no momento em que esses novos mov1-
mesma tJue a da mão-de-obra. movimentos sociais ou idemiclades culturais m.:ntos naciouali,ws co,~ base em identidades a1injam o estágio de maturicla-
De que. forma conci liar os interesses e valores expressos, nos âmhitos globa l " tlc parn a constit uição de um Estado. encontrarão as mesmas limitações do,
local. em uma geometria vari ável. na eslnttura e nas polít icas do Estado-NH l'stndos-Nação atualmente existentc'S diante dos novos 11uxos globais de po-
ção? Portanto. do ponto de vista teórico. devemos reconstruir as categori~~ •kr. Emretanto, a construção desses Estados-Nação não visará assegurar a ,o-
para compreender as relaç<ies de poder ~em pressupor a intcrsccç5o neccssán:, ll,•rania. mas sim oferecer resistência à soberania de outros fatados. navegando
ao mesmo tempo pelo sistema global em um processo contínuo de negocíaçã<J ,~\l efeti vamente ex<:rcessem poderes de regulamentação capazes de facil it ar
"" obstruir fluxos de capital. traba lho. informaçfü>e produtos. fiça claro q11c.
e ajurn:s. Alguns autores utilizam o conceito da ·'forma neomedieval de or-
dem política universal"."" A exemplo do que ocom:: com toda caracterização nesse ponto <la história. o desaparec imento do Est.\do-Nação <5 uma fohícia.'""
precedida do prefixo "nco". desconfio de que ela aca!x: dando uma falsa impres- Contudo, no, ano, 90, os Estaclos-1\'ação têm-se. transformado ck st\jeitos
são da história. Não deixa de ser urna imagem interessame. comudo. transm itir a ~obcranos. em atores e~tratégicos. defendendo seus inleresse~ e os inrcresses que
noção de E,tados aucõnornos. destituídos de pock r. que ainda assim resiste11J "' e:spera qtte representem cm um sistema global de interação, dentro de uma
como instrumento, de iniciativa política e fontes de autoridade condil'ional. ,nberania sistemicarnente compartilhad:i. Eles exercem influência considcr5vel.
Estados-Nação que mantêm sua força em me io às convulsiíes históricas. mas rarament.e detêm poJcr por si. isto é, de forma isolada das macroforças
como o fapfto e a Coréia do Su l, conseguem fazê-lo com base na homoge- , upmnacionais e dos microproccssos subnacionais. Além disso. ao atum· estratcgi-
ne idade social e idem idade cultural. Emretanto. mesmo nesses casos. tem ha- <..'cuncnte na arena internacional. C:-,lão sujeitos o um tremendo <lesgastc imerno.
vido urna oposição crescente entre os in teresses das multinaciona is japonesas l\11· um lado. pan1 estimular a produtividade e a competitividade de sua, econorni-
e sul-coreanas. que atualmente vêm se tornando verdadeirameme globais par:a ;,., . precisam estabelecer uma e,treita aliança com os interesses econômicos imer-
$Obrevíver /1 concorrência predat6ria. e o domínio territorial e interesses polí- na,ionais e obedecer a regras globais qt,e ravorcça1JJ os fluxos de rnpilal. enquanto
ticos dos Estados japonês e sul-coreano. minando os elementos constitutivos r, ,gam às suas sociedades que aguardem paciemementc pelos benefícios gradat ivo,
da base hi st6rica do Estadi) bem-sucedido e voltado ao desenvolvimento. '°' ath'indos da cngeohosidmle corporativa. Além disso. pani serem considerados
Assim, o comunalismo realmente constrói/mantém os Estados na socie:- hot\~ "<.:idadãos" de uma ordem mundial multilateral, os Estaclos-Nação lêm de
dade recém-globalizada, mas. nesse processo. enfraquece de forma decisiva o atuar t'in regime de coopernçi.ío mútua. aceitando a " hierarqui a" da geopolítica e
Estado-Naç5o dos moldes da Idade Moderna, pondo em xeque talvez até mes- l'Ontri buindo diligc.ntemcmc no combate a naçôes renegadas e agentes possíveis
mo a própria noção de Estado-Nação, capturando-o l)Or meio identidades cs- ,·,m~adore, de dcsorcl0m. independentemente das verdadeira~ ílSpirnçôes de seus
pec íficas.10'' próprios cidadãos. normalmente provindanrn,. Por out ro lado. porém. rJS cs-
1ados-Nas,ão sobrevivem à in,:rcia histc\rica peln conn,nalis,no cle.fensivo das
naçiíes e das pessoas em seus pr6prios te.rritôrios, recorrendo a esse último
Conclusão: o Rei cio Universo, rdúgio para nflo ~1:rcm tra~ados pe lo redemoinho elos ll\lXOS glol>i\is. Por-
t:rnto , quanto mais os E,tados enfatizam o comu,ialismo. tanto menor é sua
Sun Tzu e a crise da de mocracia
i: ficácia particí pante de um sistema global de poder compartilhndo. Quanto
mais tri unfam no cenário internacional. em parceria dircla com os agentes
Dian te desse qu<1clro, será este o tim do Estado .. Nação do ponto de vista
dn globHlização, menos representam suas bases pol íticas nac ionais. A políti-
histórico? Martin O irnoy responde a essa questão com um retllmbante não.",.,
ca do final do milênio, praticamente no 111 1111<10 t()do, e,tú profundamente
Em sua opinião. com a qual concordo. a competitividade de uma nação aind ~
marcada por esta contrad ição.
6 cletctm inada cm i'unção das polític;i, na,iooais. e a alratividade das econo· Em funç,1o disso. parece basrn nrc l)rovável que os Estados-Nação este-
mias par., as muhinac iomiis estrangeiras ex iste cm fu nção das condições eco- jam assumincl() a condiçiío de: Rei cio Universo de Saint- Exupéry, com comrole
nômicas locais; 1\s multinacionais ainda dependem em. grande medida de seu~ ab~oluto sobre o nascer e o pôr-do-sol. No entanto. ii medida que perdem sua
Estados de origem para obtenção de proteção direta ou indireta: e as políLicas ,0berania. esses mesmos farndo~-Naç5o surgem como participantes ativos de
nacionais ele desenvolvimento de recursos humanos constimem um comp(•· um mundo pur,u11ente est ratégico. exatamente como o descrito na Ane da
nente fu ndamental parn a prodmividade de unidades econômicas situadas ern Guerra de Sun Tzu há 2.500 anos:
um determ inado terriLório nacional. Corrnborando tal argumentação. Hirsl ,,
Thompson demonstram que. se além da relação entre empresas muh inacionai~ 1~ rnbwr que o general se conserve calado. para garantir o sigilo. Que :,;ej:-1
e o Estado incluíssemos ampl.a ga111a de polúicas pcli,s quais o~ Estados-N,1- digno e jusw, p:,m 1n,~ntér a ordem. J)eve imbuir-se do t~1en10 de c<.mf'undir
t.:111 &.tad,:,<lc:-<imídodc po<lér

seus oHd:üs e soldados ~)()r meio de ações e rtlatúrios falsos. para :.issim tio c.1pitalis1r10 no fin;-\1 do :-.é<.·ulo XlX . Tah·cc. ..:~~a idéia scjn p!ausivcl. <:olhora não esteja
manlê-lús na mais complcla ignorância. .:\ o modificar suas t<íticn~ e alterar os c;onv~fltido de que a- n<w;t infra-eslrmuni t:<un b~tsc na 1ecnologia 1!a inform<.Çât> nãCl tenha
planos. dei;,;ar:í o inimigo desprovido <lc conhccimenws prcdso~. Com a cons· intro:.lu~idú uma 1m 1d:rnc;r1<1m l lh;1ti \'<t em t~rmo:-. ~oci:iis. e <;-túnómic<.,s ,w \1inbilizur c1 realiza•
tame mudança das bases de sc.u <:xército e a opção por caminhos wnu (>SúS. çi'íú Je pro.:c:;so:- glob,,i... :.:IH tempo n.:<tt ContlldO. r,ão contc~lO ~~~:-::i linha (lê. al'gumcn1aç5o:
i mp..:di~ que o inimigo acllvinhe seus n:rdfülciros objetivos. :'Jos rnomentos bM) nfío di;,. rcsp~ilú à miriha im~st\!?;~c,:ão. Ne~~e tr.tb(1lhl\. procuro :rna\isar e explit~al' nos5a
crí1icos. o líder de um exércitü ~1gc coml'> fü]ll(~le <1ue. apú~ te1· escalado as s.ocicd~1(1é 1lo füml dv ~éculo XX• ..:1_m~idernrnfo i,.\Ja enonm: v:uiedadc de comex1os C<.)homi~.
paredes de um forte. joga fora as escadas.tl'.'> ~.:0.nômicos ~- püli1icos. A~)Íln. minh:1 ..:oit1dbui.:J1<J inlelccw ~l d.:,·e ser ;i,,afü1da dcmro de
seu~ p1üpdos ;;rgu1ne11tos. rcforêllle ,ms p-r1)tê:>sos conll'.inporfül(.'OS. çúoformc observados e
Dessa forma os Estados destituídos de poder ainda podem sair vitorio- t~orizado:- n(l.-: t(êS v<Jlrnnes da obr;,. Sêm dúvida. i:ena n trcmrtflll!llle ticnéticr, par<t o pc:o~a.
1f\(:llt(1 ac;.1dêmico a çklbi..l r:\t;ào de lll\l ,: ..ludo históriéQ·túmparntlvo que c·u11tn1s1asse o:- pro·
sos. ampliando sua influência. desde que "joguem fora'' as e.scaclas de suas
·.::c..o:~os at11ais de i11ter::i~·ão entrc.'. te.::oologia. glúlHll izaçfü>da l~,.x momi;, <.~comunicações. política
nações, encontrando assim novos rumos na crise da democracia.
e in&titui1i·>ei; 1)()IÍ1ica$ .;mn a expcril!nci:l de tima t1•,cms.fornwçiío :,emellrnoic no 1mssmio. Ali·
n:~~n10 espcran,,1s d<:: que c:>s(11,·1refo sej<• al.:-umid~, por .:oleg.1s. c:::,pc.:lalntcntc pQ1' histori:ldO·
rcs. e !CI'<!\ eno-nnc JWilZê:f c.m cf.;t•.K\f as c~cvi1kls C('llTCC,:Ô~~ em minhas :.11irnmçõ(':> lCÓl'icas. de
Notas 1K1ll\fe.Z<l i;çt:t'.: rica. {l)}n;mdo pür b~•r:-ê ;-1,; irnphc,1çtn~s ck mi ,;,•:,:.tudo. Por ora. a:.. poucas t..:111J1li·
•: ,1.) <1ue venho 1eodo a upMl~utidack d\'. ohser,•ar náo dedk ant a ck.'itl:i mcnya(), aefo eu. aos
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J .A. :rn:íli:.e<ki \T h.1.· do E:,;1ado.Nação pr~~:-ltp(le uma definic;Zt0. b~m t.:<tuh) um:l w.orb. do Esw~ r-c,llmc111r.: uma mera rêpc1ição de ê:-..periênd:t~ pr,i-sa..la:-. p~)i:,; não vii<> :1lém da ju~liíicativ;1
d<•·Naçfü,. Contudo. çon".-idcrn.ndo -que mco tr.1h:c1lho 11:"fcn::ntc :, ~:-.,,t ,111~:-.tão foi realiza(l1, t1pre:-:c,nlath1 ,oh ~\ visâll l'a:-teira de.· q1.1e n~.ú há n:~lfa de nO'.'O :-oh (1 !:úl.
.;viu h:-.:•~ê ~m teorms :;uc.Jológk:,,; j:i bem dc:-cuv.:Jh id:1,;. ~, partir de diwn.a:-: f<>n1~:-.. ,em..::tcréi S. ).4<.ne~ul Uefforgci- ( l99:1-,: Um·inds t\h·k ( 1995a): Or:-.tt'<un M()ller t 1995): C<.lht1\ ' 1996).
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6

A política infonnacional e a crise ela clern.ocracia

Introdução: a política da sociedade

O p<>der co,·.:wnnw, fica r ,uu mlios ,!e prlm:ipcs. ()ligarqrtias e <>lites domi-
umite.c r.ra deJi11ido como a <:ll/Jacidade <le impor a 1·0,u,uü? de um 011 de
algw,s sobr<? <JS c!t1mais. <1l!trmHla r>ccm1porttmwmo d,is,~·s. Essa imagem do
podr·r nli() mais n:ffote nossa ntalidade. O poder estâ em !Otla a parle e em
lugar nen,um,: ('Siâ ,w produç(lo em .\·érie. nos.J1u.\·os.fi,wnceil'os, nos esrilos
d e \·{da. nos hospitai., . nas e:i:n;fas. na U!il:1fwio, 1Uls lmr.1ge11s, nas mensa-
X<"llS, 1w, f<'< 'nol<>gi<1s..• Uma w~;. qrw o mw ulo dos o!,Jeu,s ,ili foge ü nossa
rm1wd(•. ,ws.,·a identidade passa a ser definida mio mui,\ pelu </Ut> fix~emos.
mas 1wlo que s,,nws. deixamlo mh'sas .w,ckdadt'.\ .mois J)J'<him,,·s da l!Xperiên •
du da,'> clmmadas sociPdad«s 1mdido1uu's. qrte rfrimn ,,m busca 1/e equiH·
hrfo. ,u'io d<' progn•s.w . Essa condiçtio é " principal indasaçüo ao pensamt'H!<>
(t à l •\ ,âo da pofflica: de qut /t>r ma ,vslábe/e('e,· o:- lur os eHln! o <'.ff!tl("O ex•

c:<1SJi v<mwme aberro da {!('OHc,mia e o numrlo e.w:es.~n wm:nte fecluulo e j'rag ·


mf'ntudo d<1s ,·uhttr11s? ... t\ questilo J:ouJmnemal m7u r<'.'>i<h· na w,nado do
pode,: nul:'i sim 1u, recriaçiiPda .wciedadt. Ha rti m·t11ç<1,>d(I fUtiifr:a polític-a.
na pn•,·<•nç,1o de wn <'<ntJl:',·(1cego r.•mre a ah,~r,urri dns nu•r-cados e l l clausura
dm,· t omtmidadrs na su;u•raçl?o tio di'.rmemhramtmlo de .w ciedmlts <>nt que
1

se aumem(' a distrinci,~ em re os indrddO,\ e os t'Xd1tülo., .


Alan T0u1--..1 inc. leute <i Lionel,
pp. 36·8: ;rnduzido pnrn o inglês por Ca~1cl1s

A i ndefinição atual das rrontciras do Estado-N,1çiío implica dificuldades


para a definição de cidadania. A ausência de um cen1ro de poder bem-definido
di lui o comrole social e pulveriza os desafios ,1 serem enfrentados pela políti-
o·a. O avanço do comunalismu. cm sua~ difor..:ntes fonm1s. debilita <> princípio
de representatividade política no qual cst(l baseada a política democrática. A
crc~cente i ncapacidade de o Estado exercer controle sobre os fl uxos de capital
,. de ganmLi r a lei~ a ordem compromete sua importânci a para o cidadão mé-
,\ políti.:a infonmtéion,11.., ;, 1.. ri~ da demtK'.rn.:ir, J<,7

dio. O enfoque nas instillliçõcs locais de governo amplia a distância emre wdo o mundo (sobretudo -quanto a seu modo de abordagem totalmente diver-
mecanismos de comrolc político e administração de problemas globais. O es- gente do conceito de igualdade social)/ a direita, a esquerda e o centro preci-
vaziamento do contrato social emrc capital. trabalho e Estado envia todos <le , am direcionar seus proj etos e estratégias por um me.io tecnológico semelhante
vol ta para casa para lutar por seus interesses individuai s, dependendo para isso ,e realmente ti verem a pretensão de ati ngir a sociedade. desta forma assegu-
lÍnica e exclusivamente de suas próprias forças. Nas palavras de. Guehenno: 1,111c!n o apoio de um número suficiente de cidadãos para ganhar acesso «o
1istado. Sustento que mi uso compa1ti lhado da tecnologia propicia a criação de
A Llúrnocracia liht r~tl era furidamen1adt1 por dois postulados, que atunlmeme 11nvas regras do jogo que, no contexto das transfonnaç.ões sociais. culturais e
vêm sendo qucslionados: t\ existência de uma csfora poJític.à. fonte do con- 1><1lí1i.cas apresentadas nesta obrn, afetam profundamente a essência da políti-
~ensu social e de inleresse gernl; e a existêncja de alores dotados de energia c:1. O ponto principal dessa questão é que a mídi a eletrônica (não só o rádio e
pn)prii1, que cxtrd :-,m seus direito:,; e manifcs1avmn seus poderes ;mtes mes- a1devisão, mas todas as formasde comunicação, taiscomo o jornal e a Internet)
mo de a sociedade os le1·em conscilltído como ~ujtilos .autônomos. ~ os di:l$
11,,s,ou a se tornar o espaço pri vilegiado da politic,1. N,1o que toda a política
de hoje. ilO invés de sujehos mnôoomos. há ape,rns situações ctCmcl'as. que
servem de base para ;1 forn1áçffo d~ afü1nçw; pr()vi~()ri.is sus:entnd;1s por for- i'" ~sa ser reduzida a imageus, sons ou mani pt1lações simbólicas. Comudo.
ças. mobi Iizadas conforme as necessidades dt.' um dado moinem o. Ao invés , .:m a 111ídia, não h,í meios de adquirir ot1 exercer poder. Portamo, todos aca-
de um espaço político. fonte de solidariedade coletiva. cxislem ;ipcnas i>'.::.r- ham entrando no mesmo j ogo. embora não da mes1na forma ou com o mesmo
cepçôcs predominantes. tào c fênlt.rüs quanto o~ interesses que ~,s nrnn.ipu- 11r<>pósito.
lam. Há. simu)rnneamente. uma alomização e homogtnei1.açâo. Urrifl Para fins de maior clareza, cabe-me adverti r ao leiwr, desde o início da
sodt:.d ade im::e!'>s<m!emente frngmenwd,i. sem memória nem solidariedade. 1>1éscnte análise, dos riscos de duas versões simplistas e errôneas da tese se-
qu-..: 1·ecup.::ra sua unidade tào-sorncn1e pela ~ucc--.são de imagens que a mfrli;i
i•undo a qual a mídia eletrônic,1domina a política. Por um lado, argumenta-se
lhe de\·olve toda a semana. Uma soci<'dade desp1'ú'-'i<lt1 de. cidadãos e, tm
1íll irna ;1ntili:se, uma nfio-sociedfü.le. 8ssa crise 11ào se trata - como s.?osta- que a lllídia impõe suas opções políticas à opi nião pública. Isso não acontece
riam os ~uropêu.s. ,rn cspcra119a de cst:ap:ir dela - da crise de mn n;odeJo 11,>rque. conforme dbcutirei abaixo, as mídi as são extre mamente diversas. Suas
específico. o none-a111ericano. Cem.,mc-1ue que os Estados Unidos con~ti.. r\'lações com a política e a ideologia são altamente complexas e indiretas.
tucm um exemplo extremo da lógica do conflito de inle-resses que faz desa- ~mbora com exceções óbvias. cuj a fre4üênci,1 depende de países, períodos e
p~lrcccr <1idéh1de um imcri:-s.sc comu,11: ,,léin di~.su. o grau de solistica~âo do 111..:ios específicos de comunicaçrto. Com efeito. c,n muitos casos. as campa-
gerenciamemo de percepções col:!(ivas alcançado nos tsrndos U1lidos não 1,has promovidas pela mídia podem também defender a opinião pública contra
tem p:m-1lclo em nenhum oul n.> pai~ da F.ur\>pa. Cons.idernndo. entretanto.
u cstabdec imento político, como ocorreu no caso Watergate nos Estados Uni-
que. casos extr~mos nos ajudam n compre<'ndcr si1ua<l'>t:,; dl! meio-tenn(>, n
crise nos Eslados Unidos nos reveJa nosso fuwro.' ,lns. ou na i tália dos anos 90 quando a maior parte da tnídia apoiou a iniciativa
tlu poder j i 1diciário comrn a corrnpção existemc nos panidos políticos tradi-
/\ transformação da política e cios processos democráticos na soc ieclad~ 01111,ais e contn1 Sílvio Berlusconi, não obstamc o fato de Berlusconi ser pro-
cm rede ú<=orre de maneira ainda mais profunda que a apresentada nessas aná- pr ietário de 1rês canais nacionais de televisão. Por outro lado, muitas vezes
lises. pois. aos prúCC$SOS citados aci ma, acrescentaria ainda. como um do, ulnsick:ra-se a opi ni~o ptíblica como receptora passiva de mensagens, faci1-
principais fatores responsáveis por essa transrormação, as consegíiênc.ias dire 111cntc suscetível a manipulações. Mais uma vez. essa tese é refutada pela ex·
tas das nova$ tec11ologias da informação no debate político e nas estratégias de 11~ri,'.;ncia prática. Conforme apresentado no vol ume J, capítulo 5, há um
bu,ca de poder. Essa dimensão tecnológica imernl!e com as tendências miti, p111ccsso de iJ11i;:raçào de mão dupla entre a mídia e sua audiência no 10cante ao
abrangemes. características da sociedad; em rede,~como também com ,is r.::t 1111pac1O real elas mensagens, que silo distorcidas. apropriadas e evenmalmeme
çôes comunais aos processos dominantes criadús a pait ir dessa estrutu ra s(' , ubvc:rticlas pd o público. No éomcxto norte-americano, a análi se de Pagc e
cial. Exerce ainda poderosa infl uência sobre essa u·,msfonu açâo. levaJlclo ,,1, Shnpiro sobre as atitudes dos cidadãos em relação a ques1ões políticas vistas
que chamo ele política if!for111adonal. Assim, embora Bobbio e~tcj a ~n, 1''1<> ,uh urna perspectiva de longo prazo demonstra a independênci a e o bom senso
em apontar as di fore11ças re~on-~ntcs e11tre a direita~ ;i esquerda polílica 1:111 d11 opinião pública coletiva na maioria dos casos.J Ac ima de tudo, os meio&ele
conn1nicaçiio têm suas raízes na sociedade. e seu grau ele interação com o 1ucionais. Para ampliar o escopo de min ha análise. discutirei també111 exem-
processo político é muito indefinido, visto que depende do conrexro, das esu:a- plos de processos púlíticos recentes no Reino Unido. Rússia. Espanha. ltáfü1.
tégias dos atores p<>líticos e de imerações especfficas entre uma série de aspec- Japão e. num esfor<;o para incluir novas democrac ias em países menos desen-
tos soc iais. culturais e políticos. volvidos. atelllarei wmbém para o c,1so da Bolívia. Tomando por referência
Ao destacar o papel crucial da mídia eletrônica na política contemporâ- cai~ observaçôes. procurarei relacionar processos de transformação social.
nea, estou ,1uerendo dizer algo diferente da Lese aci ma. Afirmo que. em vi1tude institucional e 1ecnokígica ocorridos nas bases da crise da democracia verificada
dos e fei1os convergentes da c.risc dos sistemas po líticos tradicionais e do grau n:i sociedade em rede. Concluindo. buscarei explorar as novas possibilidades
de penetrabi lidade bem maior dos novos meios de comunicação, a comunica- llc ··<kn1ocracia informacional".
ção e as infornrnções políticas são capturndas essencialme nte ml espaço da
mídia. Tudo o que fica de fora do alcance da mídia assume a condiçâo de
marginalidade política. O que acu111ece nesse espaço pol ítico dominado pela A mídia como espaço para a política na era da informação
mídi a não .: determinado por ela: trata-se de um processo social e político
aberto. Contudo, a 16gica e a organi?.ação da mídia elet rônica enquadram e
estru1uram a política. Com base <!m alguns foros e o a\l xílio d<! diversos exem-
plos i111ercu l1urais, sustentarei a idéia de que tal "inserção'' da política por sua A mídia e a política: a co11extío dos cidadãos
"cap1urn" no espaço da mídi a (tendênc ia característica da Era da Informação)
causa um impacto não só nas eleições. mas na orgai1i2a~~ão pol ítica. processos ;\111cs de partir para a análise empírica cm minha argumentaçào. devo
dec isórios e m61odos de governo, em última análise alternnclo a nartu·cza da apresentar minha 1cse. No con1e.xto da polítit'a democrática. o acesso a insti-
relaç5o entre Estado e sociedarle. E em função de os , istemas políticos atuais Tahe h> 6.1 FC111te-. de uotki;,s: no$ ECA. l 9.59-92 {¼~>
ainda estarem baseados em formas organizacionai$ e estratégias políticas da
/'rrt(idv Td(•ris,fo .lomr:i,f" IMdio Ueris.'d.\ Pessoas
em industrial. tomaram-se politicamemc obsoletos, tende.> sua mnonomia ne-
g
..,,,
gada pelos rluxos de in formação dos quais dependem. l:'.,s1a é uma das princi- l}.:/t:iltlJH• 1959 51 57 34 ·1
" ~'' ~inbr.:> H>6 I 52 34 9 5
pais fontes da crise da democ racia na Era da Informação. '1/,n·cmbro 196) 19 6 4
55 5J
A fi m de explorar os contornos dessa crise. farei uso de dados e exem- '\ovcmbrv 196-l 5fl 56 26 X s
plos de vários países. ü s Estados Unidos são a denmcrncia que p1imeirn atin- L1m.:in) 1967 64 5) 2~ 7 4
r-,:m~mI~rr1 1968 59 49 ~5 7 5
giu esse estágio tecnológico, tendo um $istema p<Jlírico b~sw ntc abeno e não l,utciro I Y7 1 <,o 4$ 23 5 4
cs1ru1u rad<>, que por isso expressa mais ade,1uada111ente a 1cndência acuai de,~, Nmcml··ro 1972 64 5l1 21 <, 4
NmcntbnJ l ~>7-1 6.' 47 21 4 4
se processo. F.ntretanto. çcrwmcntc rejei1arei a idéia de que o "modelo none- No'vêrnhrn !97() 64 .19 19 7 5
ame ric,mo" deva ser seguido por outros países. Nada é mais enraizado e IJcr.~mbro 1978 67 .J9 20 5 5
específico na história dos povos do que ins1i1.uições e atores políticos. Porém, 'J,wcmbro 19S(} 64 4-1 18 5 4
1k1.1.:1nbro 1982 (1) 44 18 <, 4
da mesma forma que os hábitos e procedimentos democráticos originados na 1>e ,c.,nbrú 19~-I (,.i .,o 14 4 •I
lnglaterrn. Estados Un idos e Fram;a foram difund idos cm todo o mundo no~ 1>czemhro l 9fi6 66 31, 14 ,1 4
N~•\\;mbro 19$8 65 42 l-1 .j 5
últimos dois séculos. argumentarei que a política informacional. do modo como ,t\ '.l 7
Dt't.tmbn., l990 69 15
é praticada nos Estados Unidos (por exemplo. mediante a influência predomi- h :\en~ir(l !991 &1 35 14 4 6
namc da televisão, o marketing político computadorizado, pesquisas de opi No,cmbrn !91)1 69 4;1 16 4 6
1üão instantâneas como instrumen10 de orientação política, destru ição du Nma: Resuhado:. da r.,;~po:)t.l ?\ :;~~ui 111c pt:1·g111H:'l: .. De qual dessas. fontes \•ocÇ1e111 acesso às .,1~ tí -
imagem pessoal comó estratégia p<.ilítica etc.) 1>arcce ser bom indicador dll l'l,h da (l.tll:tlidntl:.: - j ,.111i;ü , , ,·;hlio, tele.vi~ã,:.l. revistas Ot• pôr conver~(·~ c<>rn as pessons·? (pos::-1b1h-
ll11dc <k n1ai:1 de uin:.1 te:ifX>Slü).
que ainda está por vir. considerando-se todas as variantes cu l1urais/in,1i ,., ,,m•: Roper Org.u1ia1tion S\lí\'CYS for 1he Tclcrij.ion h\Íúl'llKHion Strvicc (dados sobre divç1~oi,. mu.>~)
171
:no

Tabel~ 6.2 Fontes de infomrnçõe.s políticas dos inoradore.s da cidade de {)::,ch..:bamba. Bolívi~•- 1996
0 % 60

/1 ; '
Frwu, dr lnfármaçõe.-. Perce11uwl de cmre,'isiados
qm> d1!cltm1mm .w•r
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d<' lnform<Jções
P~rcetU!wl <le emre; isuufus
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Jorn~1is 32.0 8.7


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R,:ídio 4JJ 15.7 j s.,f
Tdc\·isfü.:i 51.7 46.0
Outros V
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Fomt: Pcsquis~t sol>rc fontes de infonunções do:- m M <h1l •l'~'- da c:,fadc de ('-.,,i;h;ib~unba. Centro de
Em1dio~ d~ ki Re;'tlidad Eco11t):l)iea )' Sú..:it1I, Co..:h:11.)::11oba. l 996
20
Jornais t.6. >
!tdções do Estado depende da obtenção da maioria dos vows dos cidadãos.
Nas sociedades conte.111porfü1eas, as pessoas recebem infonnacões e formam
sua pnípria opinião po lítica essencialmeme por intermédio da ,;,ídia. e princi-
palmenLe da televisão (labelas 6.J e 6.2). Além disso, ao menos nos Estad()s
Unid()s, a telev isão é a fome de i nformações de maior credibilidade, cre-
dibil idade es1a que 1ern aurnenrado ao longo cio ccmpo (figura 6. 1). Assirn,
o+-----
lfjso 1960
- --
1970
-- ->960- - -1990
- - --2000- -- -
para atuar sobre as rnentes e vontades das pessoas. opções polí1icas conflitantes.
incorporad:is pelos partidos e candidatos. u1ilizrun a mídia corno seu principal Figura 6.1 ( 'fied1bilid:ci\k~d:t$ f\1n1t:, de nC'lticias 1,us ( l,;A, 1959-9 1
veícu lo de comunicação. influência e persnasão. Foute : Rvpcr Organi:t;Uil,n, Anu·rica·." Wa:d1ing:
Com isso, desde que os meios de comunicação mantenham relativa auto- JtuNh; Ani1ud<•,\· Tmmrd., f<>lfl'iJion (~\ /\':'I. Yol'k, 199 1)
nomia em relaçào ao poder [Jolírico. os atores políticos acabam tendo de obe,.
decer i,s regras e suj eiiar-se aos recursos tecnol6gicos e interesses da mídia. A , ariais, cada vez mais conccntradús e global me111e in1crconectados, embora
política passa a ser i.nserida na mídia. E porque o governo depende de reelei- ., cjam. ao mesmo tempo, ,il1a111e111e di versi ficados e com as atençiíes volrndas
ções. ou eleições p,1rn 1,1 111 pos10 mais elevado, o própri o governo fica também para mercados segmentado, (ver capítulo 5, e volume !, capítulo 5). Desde a
dependente di, av,1liaç1ío diária do i mpacto potencial de suas decisões sobre a déçadn passada. a ~stra1égi,1de a1uação ,lns emissoras CMat~is de rádio e tclc-
opinião pú blica, mensurado por meio de pesquisas de opinião, grupos de teste vi,ão passou 11acompanhar as práticas aclotarlas pela mídia da iniciativa priva-
e análi ses de imagens. A lém disso. cm um mundo cada vez mais saturado dé da paro consegui r sobrevi ve r 11<J mercado global, tornando-se igual mente
infonna<,ões, <1s men~agcns mais eficientes são também as mais si mples e mai~ dependentes dos índices de ,n1diê11cia.' Bons índices de at1diência são funda·
ambi valentes, de modo a permitir qnc as pessoas arrisquem suas próprias pro mcmais porque a principal ron1e de renda cl,1 mídia é a publicidade.1 A ltos
j eções. As imagens encaix.anM c melhor nesse tipo de caracterização de men- índices ck audiênci a ~xi~cm um 1neio d0 comunicação au·acnte e. no caso de
sagem. Os meios de comunicaç5o audiovisual são as principais fontes de n,Jtícias. credibilidade, Sem credibi lidade. as notícias 11ão têm valor algum,
alimentaçflo das ,.n cntes das pessoas. poís escão relac ionados às questões ,-,_ja cm !ermos ele dinhcirn, sej a ck poder. A credibil idade exige certo discan-
de natureza J)úbl ica. ci,1rnento ris-<1-l'is opções polí1icas. dl'.lll l'O dos parf1111e1ros de valores políti•
lvlas quem é a mídia? Qual é a fome de sua autortomia política'' B de que cos e morais básicos. Ncssn mesma li nha de raciocínio. somente uma posição
maneira a política é nela inserida? Nas sociedades democráticas, os princip,ti~ 111d~.pcnde11te permite que ess~ independência seja even1ual mente discutida
meios de connnücação são representados, cssencialrnen1c, por grupos ernpl'<: !!IH função de um apoio político declarado. cedido c.0111 oportun ismo. ou de um
acordo financeiro secreto em troca de apoio pela di rusão ,,u supressão de detc1 :ios estudantes. policiais e lúdos os grupos étnicos possíveis (não na França).
minadas informações. Tal a,1tonom ia da mídia, fundada em interesses ..:omc1-ci <·ontudo. à exceçâ<.i de atividades destinadas a angariar fundos. o principal
i,is. também se adapta peifeitamente à ideologia da profissão e à legitimidade, .dvo dessas diversas formas de política ··corpo a corpo·· é fazer as pessoas. ou
res1~itú dos jornalistas. Eles simplesmente relatam os fatos. não wmam pai1 ido. , ua mensagem, aparecerem na mídia. emrarem no horário nobre nos nociciá-
lnfonnar s\ o qne impona. as análises das notícias precisam ser docurnenmd11:,. a~ I ios de TV, programas de rádio ou artigo, de algum jornal influente. Nas cam-
opiniõesdevem seguir normas rigorosas. e o distanciamento é a regra b:\sica. T;,I panhas políticas na Espanha (e i magino que em outros países também). os
vínculo duplo de indcpendência, tanto das empresas lJuamo dos profissionai,<, ,,rincipais candidatos, ao falarem em públ ico em utn determinado eve1110. $ão
é reiterad<> pelo fato de l [UC.. no mundo da mídi,1. a concorrência é urna c(ms :idvcrtidos por uma luz vermelha em seus microcomputadores no rnornemo
iante. mesmo considerando que. cada vez mais. haja uma concorrência en1i. cm que há cobenura de TV ao vivo (durante um 011 ,1ois 111inu1os). para que
oligopóli os. B,1sta uma pequena perda de credibilidade de uma rede de TV ou pos,am rnudar automaticameme seu di scurso para t1111 tópico previameme pre-
jornal para que a concorrência abocanhe a fatia de mercado per,encenle ao parado. i ndepcndenremente do que estiverem dizendo aos especrndores in loco.
meio de comunicação afetado. Ass im, por urn lado. a mídia precisa manter Nas ca111panllas eleitorais norte-americanas. cornícios em pequenas cidades.
,e suficientemente pr6xi ma da política e do governo, para ter acesso ii~ i11 re111üões cm escol,1s e p;iradas de um determinado c,1ndidato durante sua 1raje-
formações, beneficiar-se das regu lamentações para a imprensa e. como ocorrt· 1,íri,1de ônibus, irem 011 avião são planejados ele acordo com os locais e ocasi-
cm diversos países, ~ozar de M.1bsídios consideráveis. Por outro !.ado, u<:w 1ics cm que poss,1h,1ver cobertura de i mprensa. /.\nimadores e assessores lícmn
também assumir uma posição suficientemente neu1rn otI distanciada para de promidão e I0111am mdas as providênc ias para possibi litar uma boa cobertu-
preservar sua credibi lidade. at1iando corno intermediária entre cidadãos e r,1clú seus candidatos.
panidos na produção e consum(J de fl uxos ck informação e imagens. n:" Devo. enrretanro. reilerar minha posição: alinn,1r que a mídi a é o espaço
base;; da formação da opinião públ ica. das eleiçües e dos processos dccisóno, da política nfio quer di;,;er que a 1elevisüo dcrcnnina as decisões tomadas pelas
na políci~a, pcss()as, ou ;)inda que~ capacidade de gastar dinhei ro cm publicidade na TV ou
Urna vez capturada a polít ica no espaço da mídia, os próprios atOl'c, 111,111ipular imagens seja. por si s6. um rmor decisivo para o sucesso. Em 1odús os
políticos fecham o círculo d,1política da mídia ao prornúverem ações basica• países. e pri11cipalmen1e nos Estados Unidos. são encontrados numerosos exem-
111e111c, voltadas para os 1\1<\ÍOS de com\111icaçfü1: por exemplo, deixando vawI plos em que o usç, de inserções publ icit,írias na T V não foi suficiente para eleger
in formações para comunicar com " indevida" antecedência a agenda política 11111 <.:andiclato. ou. ao contnírio. em que u111 dcscrnpcnh0 medíocre nos veículos
ou pessoal de determinada~ personalidades. Isso resulta inevitavelmente u111 de comunicação niio pode impedir a vitória do candidato (mui10 embora tam-
outros "vazamentos" que conm1dizen1 os primeiros, fazendo da mídia o c:1111 héin baia di verso, casos do el'eito altamente favor5vcl da tclcvisã<1 para lançar e
pc1 de batal ha no qual forças e persona lirl,1des polít icas, bem corno grupo, ,usteotar a i magem de 11 111 polít ico: por exemplo. Ronakl Rcagan e Ross Perot
responsáveis por exercer pre5sõcs políticas. tentam enfraquecer-se 111utuame111u nos Estados Unidos. Fel ipe Gonzalez na Espanha, l3 erlusrnni na I tália.
para se beneficiar nas pesqubas de opi nião. nas cabines eleitorais, nas eleiçõ~, Jirinovsky na Rússia cm 199:\ e Aoshima em Tóquio c111 1995). No Brasil dos
parlmnentares e m1~ decisões do governo. anos 90, Fernando Collor ele Mello l'oi elei10 presidente pratic11111en1e do nada
Naturalmente que a política ém runção da mídia não impede a ex istênl'ia cm ru nção de seu bri lhame desempenho na Lekvisão, no cnt,ulto o p<>vo foi às
de outras formas de ati vidade política. Campanhas ele bases populares dcmons ruas para forçar ,eu impeachnumt assi m ,1ue íit:ou ptíblico e notório que ele
traram sua força nos últimos anos, t:orno evidenciado pela Coalizíio Cristã I11l• era um corrupto que csrava pillw 1do o cswdo. Três anos mais tarde. Fernando
E~tados Uni dos. pelo Partido Verde na Alemanha ou pelo Partido Comuni$lll fknrique Cardoso. não propriamente inahi lidoso na televisão, mas obviamen-
na Rússia. Comícios e manifestações são ainda vcrdadúiros rituais nas ca111pt1 11; avesso aos chamarizes da mídia. foi eleito presidente pela esmagad<>ra mai-
nhas políticas organizadas na E,~panha, Frnnça, Itália e Brasi l. Além disso. ,,. oria dos eleitores porque. como 111i11is1ro da Fazenda. foi capaz ele c<>Jmolar a
candidatos cém de viajar. marcar presença cm eventos. apertar as mãos do hiperin t1ação pela primeira vez em décadas, ainda que contasse com o apoio
cleilor~,. pari icir :ir de pol.:,1n1~, bci_jar criancinhas (com cuidado), dirigi1 " tia Rede Globo para sua candidatura. Nem a televisão nem quaisquer outros
171

meios de comt,nicação determinam resultados político, por si próprios, justn- de fa7,er política. da capacidade de difusão ela mídia. das malas-d iretas por
mente porque a política da mídia representa 111n espaço contraditório, em qu<J ..:tmiputador. de bancos de d,idos de centrais telefônicas e de ajustes. em tempo
atuam diferem0s atores e estratégias, com diversas técni.cas e resultados dis· rçal. de candidatos e temas ao "J'onnato'· que aumeme as chances de vitóri,1.''
tintos, o que por vezes resulta em conseqüências inesperadas. A midiacraciu Embora a transformação do sistema político norte-americano cenha raíze,
não entra em choque com a democracia - ou melhor. nclll tanto - porque ~m, profundas elll tendências socioculturais, as mani festações mais diretas ele tais
natureza é tão plural ú competitiva quanto o sistema político. Além disso, s,· transformações foram as reformas eleilurais do Comitê McGovcrn-Frazer em
rçsposta à Convenção :--Jacional Democrática de 1968. quando os conelig io-
considerarmos o sistema existente num momento anterior a essa realidade,
constituído por uma democracia domi nada por um único partido, e em qm· n,írios do partido indicaram Humprey corno candidato à presidência. derrotan-
organizações partidárias praticame nte isoladas da maioria dos cidadãos eran, do Eugenc McCanhy, que tinha maior respaldo popu lar. De acordo com o
rotalmente responsáveis pelos programas políticos e decisões quanto às candi • , ist0rna implantado na ocasião, e legia-se a grande maioria dos delegados 1>ari,
datunis a serem lançadas, poclú-sc inferir qual desses sistemas oferece nia'itl, a convenção por eleiçôes primárias entre o;; candidatos pre,~idenciais,' Assim,
quantidade de informações aos cidadãos. pelo menos se excluirmos os tempo~ t·nquanto na década de 50, 40% dos delegados eram escolhidos por esse méro-
110. nos anos 90 essa proporção chegou a 80%.8 Alérn disso. tuna série de
míticos das assembléias das comunidades de vi larejos.
En tretanto, o pomo crílico é que, sem a prese11ça miva da mídia, as prr, rdormas relmiv,,s às formas de captução dos fundos de campanha ohrigo\l o~
postas políticas 011 os candidatos não 1êm quaiq11er chance de obter 11ma am ~andidatos a depender mais de suas habi lidades para angariar fundos. do con-
pia base de apoio. A política da mídia não se aplica a todas as formas de fazei tato direto com a sociedade, e muito menos do apoi o do partido. Cidadãos e
pulítica. mas todas as formas de polílica têrn necessariamente de passar 1>cl:1 grupos de interesse cm gcl'al empurraram as organiwções politico-panidárias
mídia para influenci ar o processo decisório. Deste modo. a po!ítim eslá e., 1>ara os bastidores da política none-a1J1ericana.9 Ambas as tendências reforça-
sencialmen/e inserida. em 1ermos de .n1bs1â11cia, nrgani7ação, processo e lt , :un o papel da mídia de maneira cxtraordin,íria: os veícu los de eomunícaçiio
deranr a. na lú[.:iCCI inerente do sistema do~\ vefculos de comunicaçcln, passaram a ocupar a posição privilegiada ele interl\Jediários entre os candida-
especialmente 110 1J0\'(1 mídia e/e1r/J11ico, Para co1J1pree11cler o modo como ex:1 lc>s t' o púb lit:o, exercendo influência decisiva nas eleições presidenciais pri-
tamente ocorre tal inserção, sení interessanl<: tecer ;ilguns comentários sobre (1 márias , hem corno nas eleições para o Congresso e os governos estaduais.
evolução da política da mídia. começando pela cx1ieriê11cia norte-americ1u1a J\ li\m disso, em virtude do fato de a publicidade e as campanhas orientadas à
durante as úlcimas três décadas. mídia ex igirem grandes dispênd ios, os cand idatos vêe,n-se fo,çados a depen-
der de doadores de fundos de campan ha do setor privado e com itês de
,nobilizaçlío política externos ao sistema panidário. io
O papel político desempenhado pela mídia desenvolveu-se consiclera-
A po/í1ica showbiz e o markeli11g político: vc hnente nas últimas três décadas, tanto do ponto de vista tecnológico quanto
o modelo norte-wneri<;ano orga11izacional. Segundo especialistas, a grande mudança na relação entre a
mídia. as pesquisas e a política ocorreu durmilc a çan1panha de John Kennedy em
1% 0.1· Pela prin1eirn vez na história da política norte--amcricana. Kennedy não só
A transformação vivenciada pela política n<)rte-mnericana durante as Lrc,
úlcimas décadas dcsrc século decorreu de três processos inter-relacionados:(:, ) apostou praticamente tudo em pesquisas e estratégia televisiva, como teve sua
o declín io do, pm1idos políticos. hem como do papel por eles representado 11.1 vitória atnplatnerne atribuída ao seu desempenho no debate televisionado com
escolha de candidaros: l bl o surgimento de um complexo sistema de veíct1J,1 Nixon (o primeiro cio gênero), que ele dominou, enquanto os ouvinces domes•
decomunicai;ão. ancorado pela televisão, m,L~ com grande diversidade ele meto 1110 debate, só que pelo nídio, apontaram Nixon corno venceclor. 12 Após esse~

de com unicação tlcxíveis. in terconectados via eletrônica; e (c) o desenvolvi :1contecimentos. a televi$ão transformou-se no principal recurso a ser conside-
mento do rnarkering político, por meio da reali zação constante de pesquisa, d1 r.1dL1 ua agenda política cios candidatos norte-americanos. Embora jornais in-
opini ão, de sistemas cm que há inLegração entre as pcs4ui,:1~ de opinião e o ,11(> llu<:11tc.s corno o 7/Je Nm,· York Times ou The Hi1shi11gwn Posl sejam algurmí$
.171
/11(1

<las principais fontes de reportagens de cunho invc$lig,,1ivo e agentes forma, Jas pesquisas resultou no aparecimento do conceito de ·'pesqui sas com tins
dores de opini ão. apenas os eventos di vulgados pela televisão conseguem ai estratégicos", que consiste na realização de testes de diferentes estrarégias
cançm uma aud iência st1ficientemente representativa para fixar ou revert<·• políticas em grupos previamente detin.idos de potenciais eleitores. com o obje·
tendências da opinião pública. Assim. a televisão, os jornais e o nklio funcio 1ivo de ahe.rar a estrmégia. a forma e mesmo o collteúdo <la mensagem política
nam como um sistema integrado. em que os jornais relatam o everno e cl:1b11 ª" longo da campanha.'~Nas duas décadas snbseqüentes, pesquisadores como
rnm análises. a televisão o digere e divulga ao grande público. e o rádio ofere~" l'a1rick Caelclell. Pecer L-Jarter e Robert Teeter exerceram in fluência decisiva na
a oportunidade de partici pação do cidadão. além de abrir espaço a deba11:, .,,trarégia de campanha. tendo se tornado os principais intermediários entre os
político-par!idários direcionados sobre as questões levantadas pela televisão.' candidatos. os cidadãos e os veículos de comunicação. Aliados aos formado·
Esse papel poHtico. cada vez mais central, desemp,inhado pela televisão re,51d rcs de imagem e aos profissionais de propaganda política, organiz.aram cam·
1a em dois fotores im portantes. Pri meiro, os gastos dos p,>líticos com a telcvi panhas. clesc,wolvernm ternas. plataformas e personas políticas mediante a
silo aumentaram drasticamtõnte: no in ício dos anos 60. cerca de 9% dos obtern;ão defiiedback das tendências identi ficadas pelas pesquisas e vice-ver-
orçarncmos das campanha, políticas naciona is eram destinado$ à publicid:td\ "'-,., ;\ medida que a tecnologia acelerou o processo de reportagem na mídia,
na TV, ao passo que, nos anos 90. essa proporçr,o chegou a 2.5% de orçamento, agil izando e flex ibi lizando os sistemas de informaçf10, os ei'citos do.feedback
hem mais vultosos: ern 1990. estima-se que USS 203 milhões tenham sil.lo e dos eve111os políticos de grande repercussão passar:nn a fazer pane do cotidia·
empregados cm publicidade na TV para fi ns políticos: 1·1 em 1994. US$ 350 no. de modo que nos mais altos escalõ,:s. a começar pela Casa Branca, estrate·
milhões rora1n gastos em propaganda política na tclcvisf10." As cifras dasek, ~istas de cornunicação fazem reuniões todas as manhãs para '·tomar o pulso··
ções tk 1996 provavelmente superaram os USS 800 ,nilhões. Segundo. ewn da m,~,ão. [icando de prontidão para intervir em tempo real. chegando até mcs-
tos pol íticos de grande repercussão 1>mmovidos por assessores de candiela@ 11 w a allcrar mensagens e cronogr~mas de prograrnaçfü>enh·c a manhã e a
têm-~e tornado uni fator essencial para as campanhas. bem como a obtcnq1111 1arde. <lepcnclendc> <la, reporlagen, exibidas nas principais fontes de in l'orma-
de apoio. ou oposiçflo, às decisões dos governos. O que realmente irnportn 11a1• (ío (CNK. redes de TV.jornais matutinos de grande circulaç5oJ." O fa10 de os
é tanto o evento originariameme objeto de reportagem. mas sim o debate pl'o próprios meios de t:omunicaçào terem condiçôcs de aparecer com furos ele
v<1ca<lo por ele. a forma como esse debate é conduzido. quem são os partk, rerortagem a qualque1' momento. por cs1 arern cm atividade 24 horas por di a,
pantc, envolvidos e por qunmo te!11p9 o assunto se m;tntém .. no circuito" /\ ,ignii'ica que os --guerreiros" ela rnmunicaçào precisam permanecer em alerta
vit6ria, e não justificativas ou csclareci m<:ntos. é a grande meta. Por exemplo éPns.1antc, codificando e traduzindo qualquer decisão política 1>ara a lingua-
em 1993-94. 11pós me,e;, de calorosas discussões sobr,: a proposta de Clint1111 gem da política ela mídia. e avaliando os respt:ctivos el<!i10s por meio de pes·
para reforma dos planos de saúde. que ocuparam po,iç5o de destaque na mídh, 11ui sas e grupos de teste. Os pesquisadores e os formadorc.s ele imagem
as pesqui sas de opini ão indicaram que os norte-amcricaoos estavam confuso tornaram-se atores políticos fundamentais. capazes de criar e destruir presi-
e incertús tanto sobre o c("llcúdo ela pmposta quanto sobre os argumento dentes. senadores. congrea:;sistas e gove.rnac.J ore~ por uma co1nbinação entre
sustentados nas críticas ao plano. E o que isso importa? O que o fogo cruz:1tl" tecnologia da infonmt~·ão. "111 idialogia··. hahiIidade polí1 ica e uma boa dose de
da polêmica gcr,1da pe la mídia e alirnenlada pelas companhias de seguro, u, atrevimento. E mesmo quando estão enganados, por exemplo. quanto aos re-
sociaçües médicas e indústria farmacêutica conseguiu fazer foi acabar co,11 ,1 sultados de suas pesquisas. ainda assim são influentes. pois seus erros alteram
proposta antes mesmo que fosse submetida à votação no Congresso. el imin:in ,, curso elas tendências políticas. como. por exemplo. no caso das primárias do
do qualquer possibilidade de discussão por parte cios cidadãos.•• A mídia V<'III Partido Rcpt1blicano em New Hampshire. em que erros nas pc,quisas prejudi-
se tornando a arena elas principais batalhas políticas. caram o desempenho ele Forbes ao ,w:iliar seus votos diante de previsões equi-
A tecnologia está transformando o papel político da míd ia. não s6 pd, vocadas de a,·anço d<:: sua candidatura nas pesquisas alguns dias antes da
efeiLo causado nos veículo, de comunicação propriamentê ditos, mas tamht· 111 Vl)lação, 11
pela integração do sistema da mídia em tempo real e com o marketing pol111 A medida que a mídia foi clivcrsiticantlo e descentralizando seu campo
e<>- 17 Desde o fi nal da década (lc ()0, a inn-odução de com puiadores na 1ahulu~ ,11, ,!.; e11 uação ao longo da ddcada de 90, sua influência nas atitudes e nos compor-
.178

rame111os políticos mrnou-se ainda mais ampla.22 As redes locais de televisão a notícias devem estar voltadas ao evento, não às condições a ele subj acentes; na
cabo e os programas de entrevi stas col)l a participação dos ouvi ntes uo rádiCl pessoa. não no grupo: no confl ito, não no consenso: no fato que " antecipa a
conquistm·am audiências dirigidas, permitindo que <is político, visualizassem histcíria". não naquele que a expl ica" _:; Somente as "más notícias", referentes
melh()r o alvo de sua mensagem, e também que grupos de interesse e cleitorc·, a conflitos, cenas dramáticas . acordos ilíci tos ou comportamentos queslionàvei~
partidários de determinada ideologia tivessem maiores condições de expor seu~ ,ão notícias i nteressantes, Considerando que as notícias slio cada vez mais
argumentos sem passar pelo crivo da grande mídia. Os videocassetes tornu- , ubmetidas 11 concorrência dos programas de entreteni mento ou de eventos
rnm-se ferramentas essenciais para a distribuição de mensagens em vídeo du ,·sponi vos, o mesmo acontece com sua 16g ica. Ela ex ige cenas dratnáticas.
ranteeventos comunitários, e também nas residências, por meio de mala-dirern, ,uspense, confl ito, rivalidades, ganância, decepções, vencedores e venci dos e.
A cobenura 24 horas por dia da C-S pan e CNl\ abriu espaço para a divulgação se possível. sexo e violência. Seguindo o ritmo, e a linguagem, da mídia espor-
instantfin~a de pacotes de notícias e informações sobre política. Por exemplo, tiva, fala-se sobre a "corrida política"' como um jogo incessante ele ambições,
o líder republ icano Newt Gingrich conseguiu que a C-Span televisionasse um manobras, estratégias e planús para clesarticuhí-las, com a ajuda de infonnan-
com11ndente discurso antiliheral no Congresso, sem correr o risco de gerar um tc~ internos e pesquisas de opinião constantemente reali zadas pelos próprios
clima hosti l pois, fora do foco das câmeras, a plenária do Congresso estav11 veículos de conmnicação. A mídia vem dando cada vez menos menção ao que
completamente vazia. A transmissão de mensagens a determinadas áreas 011 o, políticos c~m a dizer: o tempo 111édio de inserção ele tred 1os de entrevista
grupo~ sociais por redes locais vêm fragmentando a política nacional e redu• com políticos encolheu rte 42 segundos cm 1968 para menos de 10 segundos
zindo a influênci a das grandes redes <le televisão, conqui stando uma fatia ain• em 1992 ..¼ .A atitude distanciada da mídia transforma-se em cinismo quando
da maior de formas de expressão política no universo da mídia el etrônico, litrntlrnente melo é i nterpremdo como puro j ogo estratégico. O noticiário for-
Além disso, em meados dos anos 90 a Tnternet tornou -se um veíc11lo de prop~· nece material para essas M ,ílises, contando porém com o auxíl .i() de programas
ganda de campanha, de fón1ns de debate controlados, e também um mei() <k .:ri ados em torno de jornalistas especializados em cenas áreas (como o progra-
interconexão para eleitores e simpati7.antes_B Não raro, programas ou anún llla Cms4ire da CNN), de comportamento altamente contestador. rudes e agres-
cios de telev isüo fornecem um endereço da l 111ernet para fins de consulta 0 11 sivos . que natural mente acaba1n sorrindo e cu111prime111ando seus interlocutores
discussão de idéias. ao mesmo tempo yue a cmntmicação compmaclorizad11 no final, mostrando que tudo não passa de um programa de entreteniment().
volta-se para certos eventos divulgados pela mídia ou uma determinada propa Por outro lado, conforme argumenta Jmnes Fallows, as análises políticas su-
ganda política visando estabelecer uma l inha eletrônica direta para cidadiit" (i111as, rápidas e penetramcs l}Or parte de jornalistas televisivos cada vez 1nais
eventualmente imercssados. populares causam i mpacto direto na cobertura dos eventos nos noticiários de
Ao incorporar a política a seu ambiente ele1rônico, a mídia deli mita e, TV e mesmo nos jornais.1' Em outra~ palavras, 11firmações de profissionais da
paços para processos, imagens e resuJrndos. independentemente do verdaclei" ' mídia sobre política trnnsformarn-sc em ncomecimentos políticos por si pró-
propósito ou da ericiência de mensagens específicas. Não que o meio sej 11 ,, p, ios, e a cada scm,ma silo proclamados os vencedores e os vencidos na corri-
mensagem, pois realmemc existem diferenças entre opções políticas, e es~:i tia política. Nos termos de Sandra Ivl oog:
difore11ç,1s são impm1antes. Mns ao ingressar .no espaço da mídia. os proje1m
políticos, e os pr6prios políticos, são moldados de formas bastame espec/11 t\ü1almtu1c os ..:.v.;mos Jivulgaclos n:.1:-:. no1ícias lC1id cm 3 diluir-se em meras
cas."' E de que formas? discussõl!s :,,,obre a-; reações do ptíbiico r1 1füüs ,·ccente cobe11ura de imprensa.
Quem ~ão O$ vencedon:'i- t' o:-; vencidos. quê1i~ per..,onnli<lades t.:$tão com os
/>., fim de cc1111preender a inserção da política na lógica dos meios dt
índices ele pvpu h,rklad~ ~m alta uu em baixa. como tún:,;cqUtncia de eventos
comunicação, devemos atemar para os prindpios jlmdamemais que rege111 ,,
político:-. <lo mês. da semmw ou do dia :-m1t.:rio1·. A l'Calização freqOente dt pes..
mídia i11jórma1iva: a corrida em busca de maiotes índices de audiência. , 111 qui:--as de opinifio pelm; agi.":nda:- de notíci~1s perrnite111 ~sse 1ipo dê hipcr-
concorrênciu direfa com o e111reteni111e11-10: e o necessário distancia111en10 ti,, retle:xivicla<lt: ao IC,rm::cc,· u111a bnl)e supos.tamcnl..:. ohjc1iva parn es~cu]ações
pohíica, paro conquistar credibilidade, Isso se traduz na~ tradicionai~ premi dosjomalisrns sobre o~ imp;1ctos d;,sa~ô~.S (>Olítica.c; e as ,·e.spectivas re~tções d:l
sas para uma boa cobertura de notícias, conforme iclentilicado por Gitlin: "/\ imprens.~ a 1ais açôe,"i, media.me a a\'aJiação popuJnr ele diver:::os políticos.=-11
580

Um outro poderoso tipo de cobcnurn dos acootc~i,ncntos político~ (li, 1\ restrição t;rcsccntc da exposição da mídia ao conteúdo das propostas
respeito i1 personalização dos eve111os. ~• Os políticos, e nãó a política, sãoº" po líticas (com exceção da mídio segmentada, não dirigida à comunicaç5o de
atores do elrnma. E por terem a oportunidade de mudar seus programas clt· mas,a: por exemplo. as redes públicas de televisão ou lo ngas re portagens de
governo li medida q ue navegam nas águas da po lítica . o que pérmanece 110-. jllrnaisJ resulta cm uma simpliticação extrema das mensagens políticas. Plal!l-
mentes das pessoas como a pri nc ipal fonte da prátic,1 polílica são as rnotiv.i formas po líticas complexas s5o subme tida~ a um escrutínio para a seleção de
ções e as imagens pessoais dos políticos. Portanto. questões reforentes ao por algumas questões que serão .merecedoras de destaque. a fim de scr.:m apresen-
sonagem assumem a vanguarda da agenda polític11. uma vez que o emissm tw.Jas a u ma vasta a ud iê ncia. em termos d icotômicos: amiabon o ou direito de
transforma-se na própria mensagem. esco lha à pr,írica do aborto: defesa dos direiws dos gays o u ataque d irc ro a
A estruturação das no tícias políticas estende-se il estruturação da pró dcs: prev idê ncia social e déficit orçamentário versus equi h11rio nas comas do
pria política . à med ida que estra tegistas jogam na mídia e com a mídia conn gu,·,,..-1lo e destnantelamcmo do Med icaid. A política de referencio imita os
o objetivo de inf'luenciar os eleitores. Em virtude do foto de que somentl' progrnmas de jogos e brincadeiras n11 televisão. em q ue a "buzina" elcirornl
notíc ias ru ins são conside radas no tícias. a propaganda po lítica está concen anuncia ve ncedores e vencidos e "campainhas" pré-eleitorais (re presentadas
trada em mensagens negativas, visando destruir as propostas dos adve,~a por pesquisas) dão sinais de adven ê ncia. Imagens, mensagens Codificadas e
rios. ao mesmo tempo que se discol'!'e sobre o próprio t>rograrna de gover,111 competição política entre he róis e vil ões (que tr<>cam de papéis de cctnpos cm
cm linhas bastante gerais. Com efeito , estudos demonstram que a probabrll tem pos) em unl mundo de J)aixõcs frustradas. ambições secretas e trniçõe, :
dade de re ter mc n,agens negativas e. com elas, influe nciar a opinião p0Jí1j assi m funciona a política nortc-al\lericana inserida na míd ia ele trônica, trans-
ca. é bem 1naior.-'0 Além disso. e m fu nção de a política ser personali7.ad a ,·111 1',,rmada e.m virtual idade polí{ica rea l. de terminando o acesso ao Estado. Sení
um mu ndo de ctüção de imagens e novelas de TV. a destruição da personu que es~e "modelo america no" poderia se r o prenúncio de uma tendência po lí-
gem to rn a-se a mais pode rosa das armas.-'' Pn~je tos polítitos. p ropostas d, tica mab ampla, crm,c teriwndo a Em da lnfonnaçiío'!
governo e carrciras políticas podem ser prej ud icadas ou até mesmo 11rra,.1
lfas pe la re\'claçüo de algu m ti po de comp<>rtmnento inadequado (o ç""'
Waterg111e de Nixon marcou o início dessa nova era): pela invasão da t>riva
cidade ele indivíduos que tenham adotado um componamenm difere nte do acc11,, Estará a f)ulílica européi(I pass<111do por um
pck>s packões morais, e da d issimulação dessas informações (Gaiy Harl): 011 pmcesso de "americanização"?
pelo acúmulo de uma sé rie de acusações. boatos e insinuações. revezando ,,
uns apôs os outros na mídi,1. assim q ue o impacto de \!111 deles começa a di, 111 :'lüo e sim. Niio, porque o;, sistcmas polític,1s e uro peus se ['iam bem màis
nuir (Bi ll e Jli llary Clint()n'!). Em alguns casos. alegações infundadas rcsuhr1111 nos partidos po líticos. de lo nga trndiç:1o e bem estabe lecidos, e com raízes
c m conseqüências drásticas para o indivíduo, l,ds como o suicídio do pol!ti,., co nsideráveis ém suas respectivas llistórias, c ulturas e sociedades. Não, por-
vítima de tais alegações (poc exemplo, o socialis1a Pierre Beregovoy. minish·n d,, que as culturas nacionais desc,npe nlrnrn um papel ili1portante. e\> q ue é con-
Faz~nela da França. em 1993). Porta mo. o monitoramento diário de aLttq\ll' , iderado admbsível no s Estados U,tidos seria inadm issível na maioria dos
contra-ataques o u ameaças pessoais, com as respectivas alegações, tornu ,, pabes eu ropeus. e prnvavelme111c v1>ltaria comrn o possível autor ela agres-
u ma peça fundamental da vida polírica. De flltO. durante a campa nha pr,·~ , ,ão: por exemplo. e ra de ple no con hecimento dos círcu.los políticos france-
dencial de 1992, os assessores de Clinton forçaram os republicanos a du\v l,11 ,cs que o falecido pres ide nte François Mittel'l'and há 11111 ito tempo mantinha
a~ atenções do éaso extraconjugal do candidato, a me,,çando-o, de lev111 , 11m ~aso e xtraconjugal. do q ual tinha uma fi lha. Ap,;sar de ser lHJ1 home m de
fundo a históri a do suposto envolvimento de Bush com uma ex-funcion:\11, muitos inim igos. iss() jamais l'oi usado contra ele e. caso fosse. a maioria dos
da Casa Bra nca: eles haviam e ncontrado outra Jennifcr.n o~ estrategista, ,1, , .:,d adãos desaprovaria a in vasiio de pri1·a.:id;1de do presidente (a mídia do
comun icação e os porta-vo'lcs realmente estão no ccntru d a po lítict, inlu1 l<ei no Unido fica no meio-termo e ntre a dos Estados Unidos e a ela mi\ioria
macional. do~ países e uropeus no q ue diz respe ito à l'ida ínti ma de lfde re.." pol í1icosJ.
Além disso. mé n final da década de 80, a maioria cfa~ redes de 1elevisãoeuro de informaçõe~. comprometendo assi m a confiança nos seus líderes caso vies-
péias era de controle esiaial. de modo que o ace,so político à 1elevisão esmw, sem a chegar ao poder. '·; A publicidade negativa. pdncipaltneme vinda cios
s ujeito a regulamentações e. ainda hoje, a propaganda polftica paga é proibidu. 11,ries (conservadores). veio à bai la <J urante a campanha de 1992, desempe-
Mesmo com a liberalização e a privatização da televisão. as redes da iniciativa nhando importante papel na vit6ria destes últimos.'" O apelo aos recursos ele
privada (como, por exemplo. a !TV da Grã-B retanha ou a Antena-3 TV ()11 c,mstanles pesquisas ele opinião. mala-dirern dir0cionacla a um público espccí-
Espanha) seguem um padrão de auto-regulamentação do equihbrio polí1 icn lirn. util ização ele serviços especializados de propaganda e agências de rc.la-
para pres0rvar sua credibilidade. Assim. M diferenças significativas tanto 11:1 ções públicas. e vemos e discursos orien1ados à formação da imagem e pequenas
mídia quanto em sua relação com o~ sistemas polí1icos enlre Estados Unido~ t• inserções de emrevistas de políticos na te levisão. informes publicitários elabo-
Europa.·'3 rados por profissionais de propaganda política. contando com atores e
Em contrapartida. embora candidatos e programas sejam escolhidos pc foromontagens, e um cnfoq11e ,nuitC) mais direcionado 11 imagem do que à
los partidos. a 111ídia tornou-se tão importante na Europa guamo nos Estado~ política .propria111en1e dirn, constituem. na década ele 90, a principal matéria-
Unidos em lermos de influênc ia na decisão do resultado de embates polí1i pri ma da qual se faz a política britânica. tanto quanto nos EUA:'~ A persona-
cos. '-' Os veículos de comunicação ele modo gemi (e particularmeme a 1elevi- li1.açãC) eia política tem longa trndição na Grã-Bretanha. com líderes de presença
são) constituetU a principal fonte de informações políticas e opiniões pan, ,, ma.r~anre. tais como Winston Churchill, Harold Wilson ou Margaret Thatcher.
grnnde público. e o, mais imponamcs a1ributos <la pol ítica infonnacional , con, Co1m1do. a nova onda de p0rsonalizações não está relacionada a líderes históri-
forme identificados no caso dos EUA. também caracteri.7,arn a política cum cos e carismáticos, mas sim a qualq\rer candidato ao cargo de primeiro-ministro.
péia: simplificação das mensagens, serviços profissionais de propaganda " Diante desse quadro. em 1987, o PaJt ido Trabalhista concentrou os esforços de
pesquisas de opinião empregadas como ferramemas de uso pol í1ico. person:1 campanha no casal "jovem e glamouroso", Nei l anti Glcnys Kinnock. lransror-
lização de opções. propaganda ncg,ativa contra os adversários corno estrmégm mando a maior parte do espaço rcserv;1dn ao programa eleitoral do partido em
predominante. vazamento tle infonnaçiíe$ de,trutivas como arma política. f'rn uma biografia tel.evisiva inti1ulacla Ki11110ck. pro<.luzida por 1-lugh Hudson. o
mação de imagem e controle da divulgação de infonnações políticas co1111o mesmo di retor de Carnwgens dej(>go.·'" Em 1992. dois cm cada cinco progra-
mecanismo~ essenci ais para $e chegar ao pocl0r. e man1ê-lo. Varnos rever lm· 111as dos conservadores falavam da figura de John Mitjor (,'vlajor - a Ti'ajetô-
vememe algu1h evidências comparativas. ria. procluziclo por Schlesingcr, diretor de Pe,didos 1w 11oiw. destacando a
!'-:o Reino Cnido dos anos 80. a telev isão era a principal fol){e ele nolíci:i, ;1scensiio de Major a parti r de Brixtoo, um bairro operário):" A. personalização
políticas para 58% da popul ação: esse número aumentou para 80% na décud:1 1,.,va à destruição ela persunagcm con10 pane de uma estratégia política, e este
de 90:'·' seguido pelos jornais. com 20%. Entretanto. propaganda política pili;,1 também é o caso da his11íria política recente da Grã-B retanha: durante a cmn-
na TV é prdtica ilegal na Grã-Bretanha. sendo que os partidos têm direito a 11111 l)<Lllha de 1992. Ki nnock J'oi alvo tle ataques da imprensa /ory (cujas histórias
honíri o ele itoral gratuito no período que antecede as eleicôes e durante a cart1 foram selecionadas pelos noticiários de T V), que vmiaram de supos1as liga-
panha. A desregulamcnrnção. privatização e mu ltiplicaçã;>das fontes de info, ções com a Máfia atésmJ vida íncima (o famoso "caso Boyo"), Paddy Ashdown.
nrnção televisiva rêm desviado as a1ençõc, tio pLíblico. anteriormente vol.tad<1 n líder liberal democrata, sofrúll ataques em gue aspectos relacionados à sua
11 p.ropaganda política formal. para as reportagens polí1icas:'" Os comentrir·i<>< vida sexual foram divu lgados ao pLíbl ico. E embora Axford et oi. sugiram que
sobre a propaganda aprescnrnda reios p,u·tidos em programas regulares tê 111 NI após as eleições de 19<)2 a mídia britânica pareceu impor limites ao uso de
!ornado mais influentes cio que a própria propaganda. Por exemplo. em 1992. ,1 "golpes baixos", essa nova ,füciplina não parece ler poupado a Família Real.'i
Partido Trnbalhista transm itiu uma reponage111 sobre Jennifcr. Lrma garot<1 q11t Na verdade. no momento da elaboração deste li,•ro ( 1996) posso prever que,
t,~ve de espernr um ano para ser submetida a uma cirurgia ele ouvido por cau,., ,cgurnmcntc, as próximas eleiçües gerais na Grã-1:lretanha. marcadas pe la pro-
ela crise no sis1ema de saúde. Quando , ua verdadeira identidade (que deveu" babi lidade de uma vitória dos u·abalhisLas. serão carac\erizadas por unia pro-
ser 111an1ida em ,cgrcdo1 foi revelada, a principal questão passou a ser a illl'II l'usão de tentativas de "<lernuiçüo da personagem". visando compro,neter a
p:Lcidadc demonstrada pd,1 Panitlo ·rrabalhi~ta de preserv11 ,. a confidcnciulidml, ~mergentc liderança de Tony Blair.
1fN

Do mesmo modo. o advento da democracia r\ls~a rnmbém refletiu a in- dc1m1go!Üa de ca1Hpanha, hábeis decisões prcsiclenciai~ de última hora. princi-
trodução do estilo non e-ame ricano, i$IO é, campanhas políticas volladas à te palm;nt; em relação à Chechênia. a convocação de Lebed para o governo Yieltsin
levisão desde as ele ições parlamentares de dezembro de 1993."' Nas dc,:.isiva, antes do segundo turno). o novo e o velho sistema po lítico mediram forças. e o
elcivõcs presidenciais de 1996. Yieltsi n ct>nsegu iu reassumir o controle d11 ,c,ultaclo f<~i a vitó ria incontestúvcl de Yieltsin. após resultados desfavoníveis
eleitorado q ue. por puro de,espero. pared a incl .inado a dar o voto a Zyuganov, na, pcsquis,cs de q umro meses a nteriores à votação.
nas tílci mas semanas da campanha, pelo uso de a rti lharia pesada na mídia. da A democracia espanho la também soube assi,nilar rnpidamente as novas
111alt1 d ire ta compmadorizada (fato inédito na Rússia). pela realização de pc~, téc nicas ela política infor.macional."; Nas d eiçõcs gerai, de 1982. a habi lidade
qui,a, dirig idas e propaganda segmentada. A campanha de Yielrsin soube co,11, 11(' uso da mídi a e das estratég ias de personalização e.m torno da figu ra de um
binar novas e amigas estratégias de utilização da mídia. porém. cm ambos os líder extraordinfo-io, í'elipe Gonza lcz. levou os sociali,ta~ / PSOE) a uma viró-
casos. o principa l inslru menH>utilizado foi a televisiío. Por um lado. os canai, na sem precedemc:s nas urnas. Poslcriormen te. em l 9ll6 e 1989. os socialistas
d,; TV estatais e privados al ia ram-se a Yieltsin utilizando notícias e prograrnus de Gonzale7 fora m rcclcilos por duas vezes com m:1io ria absoh11a. logrando
,;orno veículos de propaganda a nticw nunisia. inclus ive a ex ibição de diversos também ve nce r sob as condições mais ad versas u111 refere ndo nacional em
liln ,e, sobre os horrores do slalinismo na últ.ima se nwia qt1e precedeu as eki 1985 para q ue a E.~panha $e tornasse membro da 0 1'.-".N. Alé m dos próprios
\·ões. Por outro. a p ropaganda polítka de Yieltsin foi cuidadosamente plancj,1- ,néritos do partido socialista. três fatores contribuíram para o predo mínio po-
da. t.:ma agência de assessoria política, a "Niccolô M'" (lVI de !l.fachiavél) lítico a bsoluto do partido clunmle a d6cada de 80: a pe rsonalidade carismática
dc,tmpenhou papel fundamental na elaboração de u,na estratégia ela mídio ~m d~ Feli pe Gonzale2. e sua presença marcante na mídia. e$pec ialmente na tele-
q ue Yiehsin aparecia nos jornais diários da TV enquanto sua propaganda co11 , i,ão. tanto e m debates frente a fre nte ~0111 seus advers.írios e entrevistas a
-:entrava-se exclusivamente em indi víduos cln povo (conheço pessoalmcme um 1,irmdisrns com<> em e ventos políticos televisionado;;: :1 so ti slicução tecnológica
Jd~s I justificando sua preferê ncia po r Yieltsin. As entrevisrns. de currn dum ·dos estrategistas po líticos socialistas que, pela primeira vez na Espanha, Lraba-
ção. sempre terminavam com as e xpre~~ôes ··A..:rcdüo. adofo. espero·'~ segui lharall\ com g rupos de pesq ui sa. pe,q\1isas de o pini ão cm base constante. aná-
Jas ela as,inatura d<! Yielt, in. sua única "presençi," na propaganda. Yekatcri11,, lise/design de imagens e contexlualização de Lemas no tempo e no espaço.
Yegornva. diretom da Niccolú .VI. compreendcr,1 qt,e ··a idéia por trús dcssu tknlro de u111a estratégia de pmpagamla polí1ica coerente e sw,temada q ue nüo
ausência era de tJue Yiellsin. como presidente. aparece ramo na TV [no notici{i p,1rou logo npós o uin dus ck içôes; e fi naJJ11ente" monopólio do gowrno sobre
rio do dia-a-d.iaJ q ue. se tam bém apa recesse na propaganda. deixaria o pMo a televisão. cbmdo vantagen~ d aras ll siluação alé que jncessallles. criticas <la
cansado de ver , ua imagem".'" Assim, a ··pe rsonalização ausente''. combinan o pos iç·ãu i1s rcportagen, d a TV. bem como ~s convicçôes democrálicas de
do difere ntes forma, de mensagens clu 111idia. torna-se uma estratégia nova~ Conzalcz. leva ram t, libcraliwçflo e privati7.açãn parcial da televisão d ura11te
sutil em um mundo saturndo rle propaga nda audiovisual. Alguns consulto,-r, os anos 90. E ro i justamente ,1 de rnita na bata lha da mídi;1 na década de 90 o
políticos republicanos ta111uén1 deram ~tia contribuição à campa nha ele Yieltsi11 primeiro fomr re~po nsávcl pela queda do governo socialis1a na Espanha em
por meio de recursos 1ecno lógicos e mpregados na políricit (em bora o fize1,~~n, 1993. ,nais rareie ( 19961 lc vm1do ao po de r um governo de centro-direita. Na
em escala bem menor q ue a alarde;1da po r ck s próprios). assim corno di vers,1, próxima , cçflo. forei uma an(llis<! dos escândalos e d a corrupção na po lítica
especialista, políticos e da mídia. lançando a Rússia na era da política info, como in, trumentos essenciais para a estratégia da polít ica informacional, va-
madona! antes mes1110 que 1ivesse tempo de-se to rnar uma sociedade da i11 1'01 k ndu-rne mais uma ve;,, desse exemplo. bastante elucidaüvo. fornecido pela
mação. Funcionou: em posição desfovon\vcl em termos ele pode r. recu, .,o\ Espanha contem po rânea. Contudo. é imponanle frisar. embora tenha-se d is-
linm1cei ros e estrnté.g ia de camp~nha. os comunistas apostaram na nmpl,, c utido a possível in1rodução cio modelo político norte-americano na Europa,
111obilização elas bases populares. uma forma demasiado primitiva de conu\l que a E$panha contempo râ nea nâo deixava nn<la a desejar c m re.lação aos Es-
a1acm· a aliança formada pela televisão. rádio e principais jornais que s~ u111 1ados Unidos no tocante a técnicas política~ que fazem uso da míd ia, clestrui-
ra111 em torno de Yieltsin. Embora ,1ut ros fatores tenham exercido con~idcrávç 1 \'ão de personagens e ciclos formados por pesq uisas ele opinião. cra nsmissão
i111luê111.:ia nas eleições nissu, < rcjciç:io ao comunismo, receio de <le,,,id~111, 1lé progr:111rns e desempenho alternado de pa péi~.
187

Embora de modo menos dramático (afinal, a Espanha é um país de lanc1c:, mais consci entes. organizados e militantes da A mérica L atina. O maior 1mrti-
aliamentc dramáticos). a política na m~ioria das de111ocracias européias acabou do naci onalista-populista. o Movimiemo Nociollalis1c1 Revolucio11ario. tem
sendo dominada por procc-ssos semelhantes. Assim. obsenadore, na França I~ assumido e deixado o poder durante as últimas quatro décadas, ocupando a
belaram-sc contra a " 1e/ecracia'';'º enquanto outros destacam o surgimento d~ presidência em 1996. com o apoio dos nacionalistasde esquerda do Mol'imie1110
"democracia virtual".'' 1\ repentina ascensão ao poder de Sílvio Bcrlusconi 1111 Bolívia Libre. bem como do movimento (indígena) catarista. As tensões so-
[tália esteve diretameme rclacionacla ao novo papel desempenhado pela rnícli11 ciais e n mil itância política no país resultarnm cm sucessivos golpes militares.
na política italiana." Uma amilíse comparativa de outros püÍses europeus no, nem sempre desaprovados pela Embaixada dos EUA. até que essa atitude cio
anos 9()"9 apoma para uma fase coinplexa de transição em que a núdia assume a " overno norte-americano foi alterada quando se revelou o envolvimento cx-
conclição de princip,il instr·l11'nento de difusão de informações enquanto os pa1i i ~lícito de militares de alta pateme no tráfico de drogas no final da década de 70
dos políticos se encontram desaparelhados. desprovidos ele recursos fi nanceirl>s e houve uma mudança da potflica dos EUA pelo governo Carter. facil itando a
e sujeitos à rigorosa rcgutamentaç~o. ccndo di liculdaclc8 de adaptação ao nov,J restauração de uma democracia estável em 1982, com a subida ao poder d-:
ambicmc tecnológico. Como resultado desse processo. parece que. de modl) urna co~tizão de esquerda. Desde cmiio. embora as tensões sociais tenharn
geral. os partidos políticos mantêm sua autonomia cm relação à mídia. con1 o aumentado em decorrência de políticas de ajuste estrutural imroduzidas pelo
apoi o do Estado. Comudo. dado o ac0sso rescrito dos partidos à mídia, cada 1 ~, MI\R em 198S (que 1m1is tarde seriam adotadas por outros governos). a demo-
mais as pessoas foonam opinic1es políticas a pari ir de fontes externas ao sistem:1 <."rncia parece estar funrlacla em bases sól idas. Desenvolveram-se embates po-
político, ampl iando a distância entre partidos e cidadãos.-'<> Embora fatores co11w líticos mais acirrados. com a formação, cislio e reconstituição de partidos. e <>
insri1t1ições. cultura e história tornem a política européia altamente especüica, a em1hetecimento das m~is i nusitadas alianças políticas em busca do poder. Desta
tecnologia. gl<,balização e sociedade em rede incitam os atores e instituiçõc, forma, a mobilização social e pol ítica democrática mantiveram-se. e mantêm-
políticos a entrarem na política informacional v.incu lmla ao uso de recurs,1, "~ até hoje. vivns na l3olívia, aparentemente deixanclo pouco espaço para a
tecnológicos. Afirmo St:r e,ta uma nova tendência histórica que afüta, em ondu, 1ransfom;açãn do cenário polí1ico por meio de uma versfto andina de política
sucessi,•as, o mundo in teiro. muito embora isso ocoffa sob condições históri<::is infonnacional. E no entanto. desde 1989. a política de La Paz - EI A lto (a
específicas que apresentam nuIncrosas variações em term()s de conc()rrência t• capital boliviana e as comun idades dos arredores) tem sido dominada por um
condt1ta políticas. A Bolívia fornece uma excelerne oportun.iclade para colocai movimento político organizado em torno de Curtos Palenquc-. ex-artista da
mos tal hipótese il prova. música folclórica boliviana. de origem humilde, 4ue se mrnou apresentador de
l'ádio e TV. sendo em seguida proprietário de t11na rede de veículos de comuni-
l:l\ÇliO (a RTP. !<adio Television Popular). e final mente e>líder do movirne1110
Cuncie11cia de l'alria (Cond.:pa). fundado em 2 1 de setembro ele 1988 em
O populismo eleírônico da Bolívia: compadre
Tihuanaco. a antiga capital da civi lizac,ão ay11111m. Embora essa história possa
Pa/enque e a chegada do Jach'a Unt 51 parecer familiar aos con hecedores da velha tradição popul ista da América
Lalina. na verdade assum~ focctas incomuns. complexas e revel adoras.
Se tivéssemos de apontar o l)aís cio mundo com a maior capacidade d, A saga de 1-'alenque iniciou-se em 1968 quando ele. j untamente com u.>s
e>fereccr resi,tência à globalização da cultura e defender a adoção da polí1irn Camüwmes. seu grupo de rnüsiéa folclcírica, criaram lUll programa de rácli<l
de bases populares, a Bolívia seria urn forte candidato. A idemiclade indíg~1m
4ue. gradmiva1J1ente. e~wbeteccu un, contato direto com a audiência, pelo usn
do país csu\ vivamente presente na memcíria coletiva de sua população (11:\11 de uma l inguagem popular. misturando espanhol e (1_1'111111·a. o que abrw u~1
obstame o foto de que 67% se considerem mes1izos1. e os idiomas ay111t1m 1 canal de comunicação para as pessoas de segmentos urbanos menos favoreci
quechua são folaclos cm todo o país. O nacionalismo é a principal icleol\wl 11 do$. pois elas níio se sentiam intirn icl,1das pelo coslumei.r() formalismo do~
defendida por todo, os p:111ido, políticos. Desde a revolução de 1952. os ,ioLl1 veículos ele comunicação. Em 1978. ele começou a apresentar um programa
catos dos mineiros e c:imponese, bolivianos figuram cnIre os atores scx.·I,11 ,te televisão. no qual proporciorrnva às pessoas um meio de dar v,iz a sua~
reclamaçôes. Apresemou-se como compadre <le sua audiência. dirigindo-se 11 Entrcu\nto. para Palenque, o caminho da foma não foi fáci l. Por cau~a
seus i nterlocutores como compadres e c;omadres. <lesta fom,a ni velando o pb das d ums críticas de Palenquc ao governo. a rede RTP foi fechada duas vez.es.
no da conninicaçào e introduzi ndo um meio de referir-se a uma comunidatl~ crn junho e novembro dé 1988. sob prerexto de haver realizado uma cntrcvisra
fundamental. com profundas tradições aymam e catlÍlica. 52 Em 1980. ele co11 de nídio com 11 111 cl()S che rücs cio tráfico de drogas. Prntestos da população, e
seguiu comprar a Radio Metropolitana. e tnais tarde o C;inal 4. uma estação d~ 11ma decisfto do Supremo Trib11nal do 1mís. fizeram com que a rede fosse rea-
TV localizada em La Paz. Em pouco rempo as emissoras obciveram os maio1e,. bc,rt,1 meses de1>ois. .A. resposta de Polenque veio com a criação de um partido
índices de audiência da regifto de La Paz. mantendo a l iderança até o prescrnt• 1Condepa) e sua candidatura à presidência. Nas primeiras eleiç·ôes das quais
momento ( l 996): 25% dos ouvintes de rádio declararam ouvir exclusivamcnto Ip111ou pane. em maio de 1989. o Condepa tornou-se o quano maior partido
a Metropolitana. nacional e o mais vorndo na capital. Nas eleições municipais, conquistou apre-
li~ ci n..:o elementos íundamcntais presentes na estratégia de comu111 1'.!itura de El A lto ~q111uta maior área urba na di1Bolívia) c ingressou na Câmara
cação adotada por Palenque. O pri meiro é :1 personalização dos programa,., M11nicipal de La Paz. l\,1s ekições segui ntes. Monica Meclin~ de Palenquc
tendo co,11pru:lres e ,..m,uulre.1· bastante apelati vos. representantes de diversa, ~k:geu-,e preíe ita ele La Paz. cargo que nrn ntinha atê 1996. O Condepa t,\lll·
bases políticas, como a comadre Remcd ios Loza. urna mulher comum (11111//1•1 b~111 nrnrcJ presença no Congres$o Nacional: entre outros deputados. a coma-
de pol/eraJ, \lrn tipo humano jamais visto antes na TV. apesar de refletir a <ire Remedios desempenhou um papel fundainental na aprovação de leis em
imagem fiel das famílias de classes mais popul ares ria regiiío de La Paz; o clcfosll da mulher. Apesar do populismo manifesto. o Condepa não assumiu
compwlre Paco. mais próx imo da classe média. ou ai nda sua mulher, Muni 1111\a postura de c<lni'i'onto diretcJ mm as vfüfos forças políticas ll0 país. Em 1989.
ca Medina de Pa lenque. ex-bailarina de dança fla 1nenca, assumindo o paIx l ,cus votos ,~uclararn a clcgeJ no Congresso o presidente Jaime Paz Zamcml. a
de mulher com grande experiência de vida, sempre fonndo os coment~rio, dcspóio do rerceiro luga,· conquistado pelo candidato no pleito popular. E
mais pen incmc,5. A personaliz.ição da interação com a ai1diência não termi quando um novn presidente do MNR. Sanchez de Losada. foi eleito em 1993.
na simplesmente nos programas ao vivo. mas esrende-se à boa parte da pro o Condcpa. embora não participas~e do guverno. colaborou parn a aprovação
gramação. Por cxc1nplo. enquanto o Canal 4 transmite as mesmas novelil~ d.:: diversos projelos no legislativo.
latino-americanas que prendem a a1ençito de toda a conni nidade falante de O sucesso do <'Ompadre Palenque não ocorreu em um vaz.io social. ble
i!,panhol. o comJHtdre Palenque e seus colllpanhciros fazem come1mírio~ não tin ha apenas 1.1 111 veículo de comunic11çüo, mas sim uma mcnJagcm lx!m
sobre os acont.;cimcntos e desventuras dos personagens durame os di versos dire<.:ionada a trn nsmitir, que parecia se ajustar perfeitamente à experiência
episódios. inLcragi ndo com sua audiênc ia ao relacionar a história da novel~ 11 1i::al das massas urbanas Je La Pa7... Pa lenque apelou parn a idemidade cul tural
vicia cotidiana dos pac:eiios. Segundo. o enfoque na mulher. pri ncipalmente <.los migrantes l'ecém-chegaclos a La PHz. pelo uso ela linguagem. pela posição
nas mulheres e.las classes soc iais mais bai xa,, e a posição de destaque dada h de destaque dada às 1rndiçües aymom. pela rei'crência constante aos costllmes
mulher nos prognunas. Terceiro. uma rela~ão c.lireta com os anseios e alegrias popul,,re~ e à rel igião. Diante das políticas de ajuste econômico e integração õ
das pessoas, por rneio de programas como o Sábado do Povo, transmitido :io .:conomia global, expôs o soi'rimento di,í rio de trabalhadores desempregados e
vivo com a participa,;ão de centenas de pessoas de localidades urbanas. ou/\ dos miseráw is vivendo na regifto me1wpnlitana das cidades hem como os
Tri/;111w do !'ovo. em que as pessoas fmiem denúncias ao vivo sobre os abu uhusos a eles impostos sob o pretc.~10 da racionalidade econômica. O t vmpa-
$OS aos quais são submetidas por quem quer que seja. Quarto, uma prcdispo ,/re Palengue tornou-se a voz dos que não tinham direito à I>a lavra. Usando a
sição a dar ouv idos ris reclamações das pessoas, deixando aberco um citn:i 1 mídia como plataforma. e ao mesmo rcmpo criando vínculos com as institui·
de conumicação dos lamentos que. nascem da dolorosa imegraçito emrc li ~õcs locais em que o Condepa marcava presença. Palenque desenvolveu uma
vicia rural e indígena na caótica periferia de La Paz. Quinto, a referênr 111 ,..:ric de programas sociais, sendo que um deles. muiw bem-sucedido. destim1-
religiosa. em que a esperança é legitimada como a von tade de Deus. com 11 1.1-,c a aux iliar a recolocação de operúrios da indlÍstria desempregados cm
promessa da chegada do Jach'a Uru. o di a em que, segundo a trad ição m ,lt:éorrência da reestruturação econômica e das privatizações. Refu1ando o
111ar<1. todo o sofri mento terá fim. 111ipcrativo c111cgôrico da globali zação. o rompadre Palenque propôs (emborn
w,

milenares. pode ganhar acesso à política pela mídia. Com i sso. outros awres
políticos são forçados a razer o mesmo jogo (como no caso da Bol(via dos
anos 90). contribuindo para a inserção gradativa da política no espaço da mídia.
Congressú Naciom1l 3.5 11 w ito embora isso ocm..-a de acordo co.lJ1 características específicas respei tantes
1';,:-1idc1s poHlic..:os 3.4
Pn:'>ilkntc 3..1
;1, tradições culturais, situação econômica e dinâmica política da Bolívia. A lém
Prefeito 6.9 dis~o, apesar da orientação co1rn1nitária do Condepa, identificamos no caso de
Org;,ni1.:1-;ões co01uni1ári.\s 11 .•l co11111(.u/re Palenque um série de características não destoantes das l inhas mai~
Sitt(lit::,~tO 12,6 gerais da polít ica in for macional, conforme descr i to anteri<.mnente:
!\·1fdfa de massa 2>,4
personal ização exacerbada da liderança; simpli ficação das mensagens em ter-
,Vmo: Respostas à pergunta: "Você adm que ess.a~ i1lSlihliçô:.:s representam j;tu~ interesses?" (po1 mos dicotômicos. isto é. o bem e o mal ; preeminênc ia dos valores morais e
,cnt.lgcm :-obre o lú1<1I de t'nircv1stadm:: aino.$tra Cm nívd nacional)
r,~ligiosos como parâmetro para a vida pública e pessoal dos indivíduos: i mpor-
Nm,·e: V~irio, ..ioinrc'- ( 1996)
lância dccisiv:1d,1 li11guagem, imagens e símbolos Lransmiticlos pe los veícu lo~
V V v

de comt1nicação para efeito de mobilizaçf10 e decisão política: volatilidade das


preferências do público, perdido cm um nrnndo que parece estar fugi ndo do
em termos bastante vagos) um modelo de " desenvoh•irnemo endógeno", co1" rn11trolc: dificu ldade de adaptar essas novas expressõe, políticas a categorias
base nos recursos próprios ela Bolívia e no espírito comunitário da populaç:lo. políticas tradicionais (a ponto de alguns anali stas bolivianos referirem-se ao
PortanLo. a influência do Condepa não se li1.nita apenas à manipulação da mídi:i- , urgi mentodc urna " política informal'', paralela à ·'econom ia infonnal" jáexis-
seus temas tratam do sofrimento real do povo cm La Paz, e sua l inguagem l' 1ente):-" e. cm últin1a análise, observamos iamhérn, eriu-e os compadres eco-
capaz de estabelecer uma comunica~,ão direta com a identidade cuhural e local madres, llllla relação de dependência de sua capacidade financeira de sustentar
das camadas populares cm La Paz e El Alto (a pomo de o movimento, de rllod,, a polílita d;1 mídia, criando um círculo fechad<> (ou vicioso) entre o poder. a
g,~ral, continuar atuando cm nível local. permitindo a alguns analis1as falar0111 mídia e o dinheiro. fõmhora a " ressurreição de um ayllu 111ctrop0Jitano"' 1 sej a
de um "ayllu metropolirnno")Y No entanto. caso não contasse com o poder (1.1 uma demonstração dos l imi1es i mposto~ à globalizaçlio. é pela ocupação do
mídia ou uma estratt\gia de comuniqçíío sensível às necessidades de sua audl· ,:~paço de fluxos ela mídia que n~ cull\iras tr,1clici,111ai$ e os imcrésses popula-
ência. capa7. de combinar programas de enu·ctenimento no rádio e na TV com res reiteram seu poder. Desse modo. conseguem sobrev iver. submetendo-se
um espaço em que a populaçüo mani festa suas queixas, estabelccendQ u11 1i1 contudo u uma tra11sformação. ingressando em um novo mundo de imagens e
relaçüo de ct.infim1ça cc;wisma entre os apresentadores e a audiência. o Cond~f>,1 <le sons. de charw1gos modulados via clctrô11ica, condores preservados em seu
tswria conrlenado a exercer um papel de importância menor, a exemplo (lo meio ambiente e o Jc,rh ·a Uru previsto no script da televisão.
que ocorreu com OLHTOs 111ovimento:,; populista; na Bolívia, taiscomo o Unid(ltl
Cil'ica Soliduridad liderado por J\fax Fernandez. Na realidade. pesquisa~ I'( '
,elam que, em 1996, os bol ivianos confiam mais na mídia do que nos polítiq•· A política informacional cm ação: a política do escândalo 56
( tabela 6.3 ).
Assim. a política da mídi a n~o precisa ser necessariamente monopóli1> J\a última década. sistemas polít icos foram abalados em 1<Jdo o mundo e
de grupos de interesse influentes ou de partidos po líticos já bem estabelecido~ líderes políticos tiven1111 sua imagem destruída, 0m uma seqüência i ninterrupta
que uti lizam o poder da tecnologia com o objetivo de aperfeiçoar a tee11olt>[11.i de escândalos. Em alguns casos. part idos políticos solidamente instalados no
do poder. poder por cerca de meio século entraram em coln1>so. levando consigo na der-
Conforme a ascensão do compadre Palenque parece , ugerir, o c" mu rocada o regi me político que cons1n1íram doe: acordo com seus próprios interes-
nali,1110 com base na identidade e nos movimcmo, in1egrados por pe~so:1' d, sés. Exemplos i mporcantcs dessa ev(}lução incluem: os democratas cristãos
classe~ sociais mais baixas, por v~1.c~ ~ob II foi nia ck trndiçiie, r.:ligi<,,a~ i1aliano$. que li teralrnemc se desintegraram nos anos 90: o Partido Libtlr.11
.l92

Democrata ( PLD) Japonês. que sofreu um racha e perdeu o poder. l)ela primei cxisten!e dos subornos e a disfunção I ariável de comribuições esrnsas parn :,
ra vez. em 1993. embora tenha sobrevivido politicamemc. ainda governand1> condução de assuntos de natureza pt1blica. Assim. à primeira vista. as denún-
por meio de -coalizões ou em minoria: ou o Partido Congres,ista da Índ ia que, cias de. corrupção podem ser consideradas um bom indicador de uma soeicda-
após ter conduzido a ,naior democracia do 11\undo durante 44 dos 48 ano~ d~ democrática e de liberdade de imprensa.'"' Por exemplo, sob a diwdura de
desde a independência do pa ís. sofreu uma derrota lmmi lhance. impingidH pc Franco~ Espa,1ha sofreu com os verdadeiros saques ao país pela camarilha do
los nacionalistas hindus nas eleiçiles de 1996 após um grande escândalo envnl di tador. a começar pelas fa111osas visitas de Franco às joalherias. ctúos proprie-
vendo o líder do partido Narnsimha R.10. aparentem.ente colocando um pont,, t.irios j,unais ousavmn mandar a conta para Vossa Excelência. Nen.hum obser-
linHI cm 11111 sistema político erigido em torno di;: \Un domínio inconte-ste <lí>· vador sério s,:ria capa7 de afirmar que a corrupção política na Espanha foi
sucessores de Nehru. A exceção das democracias escandinavas e de algum 1x rnai(lr durance os governos social istas da década de 80 do 4ue sob o regime
quenos p,1íses. não rne lembro de nenhum país da ;~mérica do Norte. Amé,·ica franquista.•• E no entan.to. se durante a ditadura. a com,pçfto era simpleslllcn te
Latina. Europa Ocidental e. Oriental. Ásia ou Arrica. cm que grandes escândalo, assunto corriqueiro em rodas de amigos fiéis. no~ anos 90 a vida polít ica da
políticos. con1 conseqüências graves. e por vezes drásticas, não tenham csto11 democracia espanhola foi profundamenle marc,1da por reve laçiles e aleg,wões
rndo no, últimos anos.;7 de corrupçãu no governo e atos ilíci tos. Além disso. em países como os Esta-
Em algu ns casos. esses escândal<ls dizcn, respeito à moral de. um dctc, dos Unjdos. com longa tradição democrát ica e liberdade de imprensa. a inci-
minad() líder (nonnahn~nte referentes a um comporramento sexual inadcqt111 dcnc ia de divulgaç;i<l da çorrupçfü, política. conforme noticiado pelos meios
do ou a proble,nas de alcoolismo). Contudo. na maioria das vezes, a principul de COlllllnicaçiio. tem seus altos e baixos, sem qnc haja uma tendência bem
quest~o é a corrupção política, conforme a deJin ição de Carl Friedrich: ·'Seni definida no longo pnim. conforme evidenc iado n.i lígura 6.2 elaborada p()r
pre que uma autoridade é acusada de agir indevidamente, isto é. sempre qu1 Facklcr e Li n ao longo dos últimos cem anos.''' Há, contudo. um aulllClllO bem
um func ionário ou oficial de gabinete. em troca de dinheiro ou outro ti po 1lt mais ev idente da divulgação da corrupçâo política na época do caso Watcrgate
compensação niio permitida de acordo com a lei. é ind uzido a atuar em favo, de Nixon. precisamente o ac\lnt~cime nto q u0 despertou a atenç~o de jornalis-
daqude que lhe fornece a compensação e conseqiicntcmentc prejudica o be111 1as e político, parn a possibi lidade de derrubar o mais poderos(l gabinete do
públ ico e seus interesses". 5> Em alg1111s casos, oi"it:iais do g.overn<> simples planeia pela oht.;nçào e di rusão de infonnaçôcs dL~vastadoras. O estudo hi stó-
mente 0111bolsararn o dinhe.iro. sem ao menos ter de sair cio país com ele, ( )11 rko de King sobre ,1 corrupção política Ili\ Grã-Br~t.mha (lo século XIX(,, de-
as,im qui;;crnm crer. Do presidcntc Roh. da Coréia do Sul. a Collor de Me) lu, monstra a penerrnbilidadc des,e fenômeno. culminando na aprovação da Lei
do Brnsil, e de alguns membro~ elas Forç1s Armadas da Rüssia, ou ai nda d,, Reformista de 1867. destinada a coihir tab; prát icas à medida que a democracia
,,: consolidav,1. Boussiou, por ,ua vez. rd ,1ta que em I X':10 a imprensa japonesa
Congresso
~ -
norte-americano. a membros de alto escalão dos !!overnos social,,
1,,s da Espanha e da i-:rança. unia série interminável de escândalos políti~o denunciou uma frn11dc cleitornl genern li7.a(l,1 na época. em que se declarava. no
relacionados:\ corrupçAo tornarnm-sc a atração prindpal do cotidiano da vi,h, jornal Ara/ti. que "quem quer que compre o resul tado dessas eleições estará à
pública ern todo o mui1do nos anos 90. E por yuê? Será que os sisteJ11aS pollt, l'Cnda as, im que for eleito".''' Em uma análise bastallle elucid11tiva. Barker de-
cos de hoj<.< são os mais corruptos <la História</ Tenho minhas dúvidas. O u,111 monstra que quando mos ilícitos comeridos por políticos não forn~ccm municãu
:-1buso de poder cm b,:.nâício pes,oal con~tini i uma das características class1 l1 11ccc,sária para desaboná. los. out ros tipos de comportamento (por cxempl;. <>
c,1clas como "da natureza hu mana" , se é que tal c(mceito realmente exis11: ,exual) transformam -se c111 matéri a-prima para o escândi1lo político."' Assim
Este é precisamcme um dos motivos pelos quais se invemou a democracia, q111 m m base na série il\lcnrn1:ional de esc;indalos políticos wmpiJada por Longmm1."'
se tornou a forma ele governo mais Jcsej,ívcl. se não a ideal. Nos bastidor,· ,alcu la-se que a propol'(;ão entre esdlndalos políticos oriundos de atos ilícitos e
nas ci rcunstâncias cm que o controlé tias infonnaçôes é exercido pelo Esuuh, os originários de atos não-i lícitos em todos os países (73:27) seja relativamente
as elites políticas, rnnto nos tempos antigos como atuai s. apressarnm-sc 1·1u próx ima à existente nos Estados Uni.dos e na Franç,1. mas basrancc dil'ersa do
criar seus sistemas de '"tributação" personalizados. incidemes sobre st1jeno, ,, Rci 110 Unido (4 1:59). de modo gue o sexo e a espionagem se tornarn na Grã-
gl'llpos de interesse. tendo como principais diferenças n ~.rau de arhit ranud,,tl• Bretanha o equivalente funcional da fraude e tio suborno em outro~ países. A
394 A politu:a infom1a.ciona.Je ;.i cn\c da dt:nt\11;.Uli.'I~

"·º quanto 1ts posiçües políticas de cada partido, como também a tendência de ,is
t:idadãos sensibilizarem-se mais com a confiabilidade dos partidos e dos can-
~t 5 didatos do que propriamente com as opi niões professadas sobre os diferentes
assuntos de interesse. A personal ização da política também procura concen-

'ºª
·o
3.0 trnr a aten~·ão nos líderes e em seu caníter, abrindo espaço para ataques justa-
·e: 11 1neme às suas virtudes como forma de conquistar votos. O surgimento ele uma
íl. 2.5 rorte economia tio crime global penetrou as instituições do Estado crn muitos
&, países. muitas vezes nos mais altos escalões do governo. fornecendo materiril
l! 2.0 · parn que se crie um escflndalo e se utili7,e111 informações para cbantagear polí-
µ~"
ticos. alé que estes possam ser subj ugados . .Fatores geopolíticos também con-
&.
.2 15 tribuem r ara esse processo: assim, os sistemas polílicos do Japão e da Itália,
~
,:,
organizados, respectivamente, em torno dos panidos democrata-cristão e libe-
"
'5
.,, rul-democrnta, foram estabelecidos na esteira da Segunda Gue1·ra Mundial.
:2 '·º com apoio e influência consicleníveis cios Es1ados Unidos. que visavam garan-
0.5
•/' •/', ;-·. ,.\ •.-.
•,,1,,1"',v ! li
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tir um posto avançado contra o comunismo em duas democracias essenciais
110 contexlo da Guerra Pria,juslaniente onde os partidos comunista e socialista

eI
'·' ' ,,. •\ 11 ./
\._ /'\,,.; unham forç11 expressiva."' Os tradicionais e conhecidos vínculos <le alguns
1895 1005 \9 15 1925 1935 \945 19 55 196S 1975- 1985 ~99S
líderes democmta-cris1.ãos com a Máfi a,"'' e de alguns líderes liberal-democra-
tas com a l'i1k11za.''' não opuseram resistência ao incansável apoio de forças
internas e inlcrnacionais a esses parlidos, porq uanto a substituição dessas for-
Figura 6.2 f\.,f&lia de n:pmiagl:n:-. :-.vh;~: <:a :,1):-. dl! .::01Tu1x,·iil> por IX!ti6dk 1>n..,)~ f t;A, 1890-1992
Fonur; F'nçkk·r e Lin t 1995) ~-a!-> políticas demonstrava ser umn manobra demasiado arriscada. ~o cernlrio
do pós-Guerra Fria, porém. todos os partidos são abandonados à pr6pria sotte,
its tendência, cio mercado político de cad,1 país; a di&cipli1w imerm1 dos pílrti-
corrupção pa se parece ser menos rekvante que os escândalos (isto é, que 11 dos 1orna-se mais rcstrila. pois a concorrênci,1 política acirrada pode ser m~is
corrupção ou m.í conduta efetivamente divulgadasj e seu respectivo impav1c , bem sustent:ida tinancciram,~ntc na ausência de um ini migo ex ierno. Guehenno
político.•' , ugere 1ambém que, cm um mundo de Estados-Nação em declfnio e compro-
Ditu1tc dessas circunstância, . por que deveria haver mais comtpção j us 1111ssos ideológicos incertos. as rccomp~nsas de eslar no poder não são mais
tamente agora? Se é pouco provável a idéia de que a comtpção vive seu ponte, di~tintas chi, oferecidas pela soc iedade como um rode>, isto é, em última amíli-
alto na história, por qt,c d a csuí sendo alardeada em toda a mídia, e por qtll' ,c, dinheiro, como principal meio de realização de projetos pessoais ou orga-
motivos afcw sistemas e atores políticos cios anos 90 de Forma tão devastadc1 ni7.acionai; . de usufrui r dos prnzere~ da vicia a prover o sustento da família. ou
ra? H,í uma s~ric de fatores estruturais e tendênci as macropolílicas que 1Gn1 Hinda contribu ir para causa~ hum~rni1ári<1s .., ,
enfraquecido os sistemas político,. túrrrnndo-os mais vulneráveis à acmo$rulil Todos esses rmores rc,un idos parecem contribuis para tornar os sistemas
caótica criada na opi ni ão púb lica. i\ ac irrada concorrência na política bcn1 poli1icos vulneráveis à corrups·,io. Contudo, llá alguma coisa a mais, algo que,
~omo a illla parn infl uenciar a ampla foi.~a in termediári a do espectro polí1 i~u .,,n minha opiniüo. transforma a nalllreza cios sislcmas políticos nas socieda-
do ckilorado, turvaram qua~e por completo os l0ns ideo16gicos, pois os pm11 ck:s comcmporâneas. 1\jirmo quf' " polí1ico do escâ11dalo é 11111a díis opções
dos/coalizões. uma vez asseguradas suas principais bases de apoio. Fazem cno, e111re a, armas pam embales e r:ompelições no campo da política i11fonnacio-
mes es forços p,u-a usurpar, tanto quanto possível. os temas e as poslurns polí1i~-11 11al. Ta l argumentação pode ser sus1emada nos seguintes termos. A polílica
de seus ndvcrsáiios. Como conseqüência. passa a haver uma certa indeliniçai• 1,·ni , ido. de maneira geral, inserida no espaço da míd ia. A mídia vem ~e 1or-
nando mais poderos,1 do qlle nunca. do pomo de vista tecnológico. financc i,,, adotada pela polític~ do escândalo não visa necessariamente um único e deci-
e político. Seu alcance global. bem como a formação de redes, permitem qu, sivo gol pe na base de um escândalo. Ao invés disso, retlete o fluxo ininterrupto
os meios de con1unicação escapem de comrolcs políticos restritos. Sua caI>atI de diversos escândalos de diferentes ti pos. e com di v,;:rsos níveis de probabi-
dac)e de real izar reportagens invcstigativas. bem como sua rclmi\'a auto110111m lid11de. desde i nformações fidedignas acerca de um pequeno i ncidente a ale-
em relação ao poder pol ítico. transformam os veículos de comunicaç~o 1111 gações altamente comprometedoras sobre uma questão de grande i mportância.
principal fonte de informações e de formação de opinião parn a sociedade CIIL que tecem a teia em que as ambições po líticús sio estranguladas e os sonhos
gemi. Para aiingir a sociedade. pan idos e candidatos pn:cisam agir pela mídin políric:os. subjugados - a não ser que se faça um acordo. e a i nformaçiio
Não que a mídia sej a o Quarto Poder: é. m1 verdade. o campo de batalha pdo seja reabsorv ida pelo sistema. O que vale é o i111pacto f'inal sobre a opinião
poder. A política ela mídia é uma atividade cada vez mais dispendiosa. enc,I pi\bl ica. a parti r do :icúmu lo ele diversas visões.'" Como di z o vel ho düado
rccidn ainda mais pela parafcrm\lia da política i nformacional: realização 11\' l'U~so: "N~o consigo me lembrar se ela roubou um casaco ou se um casaco
pesquisas. publ icidade. marketi ng. an:\lises. co nstru çào de i magem ,, lhe foi roubado''.
processamento de infonnaçõe,. Os atuais sistemas institucionais de capt<1çâ,, O ôtágio superior ti a política do escfi ndalo é o inquérito judi cia l ou
de recursos adotados na política não dão conta do recado. Os ai.ores político, parlamentar, que resulta em i ndiciamentos e. com freqüência cada vez mai-
es1ão com problt'mas crônicos de caixa <le campanha, t' a di ferença enIre 11, or. à prisão de líderes polílicos.' ' Juíz.es. promotores e membros de comis-
despesas e as contribuições aos pani<los permitidas por lei tem au111e11tacl<1 c11I ,ões de inquérito entram e.m uma relação de simbiose com a mídia. Protegem-na
escala ex ponencial. e conlinua a aumenlar. ': Portanto. após esgotar todo:-: o 1assegurando a independência dos veículo$ de comunicaçiio) e ao mesmo
meio~ kgais. tontrihui~·()es pessoais e transaçôes comerciai.s. os paniclos e \,., lcmpo a ~li mcnrnrn com "vazamentos'' de informa~·ües, cuidadosamente cal-
políticos normalmente recorn::111 11 únic.i fonle real de recur~os: contribuiço,:, c1il ados. Em troca. são protegidos pela mídia. tornam-se heróis e, às vezes,
" por debaixo ti,, pano" de <:> mpre,:írio, e g11:1pos de interesse, obviamemc 1'tn polític0~ henHucedidos apoiados [}elos meios de ,·omunic:1çiio. Junto,. lutam
1roet1de futura~ medidas governaml!ntais a favor desses intcrcsses:·1 E..\Sa (' ,r pela demoçrac:ia e por um governo transparente. comro)mn os excessos dos po-
111mri: do ,·ormpçc7o po!ílir:a sistêmica. a pariir tia qual se desenvdve uma rl'il, lí1icos e. ern últi ma análise, aneb.ttam o poder de, processo político. disseminan-
oc11/1u de empresârios e iluerm<?diârios. Um<\ vez generalizada a corrupção. i uo-o à soc iedade. Ao fazê-lo. podem tamb~m tirar a legitimidade de partidos.
:ipós u,n peque1.1.() g1vpo 1le p.;ssoas <larçrn sua pm·çdit dç rnntrib1tição itO~ ,,1 t.los políti1:os. ela política ê até mesmo da democracia em sua versão atual.76
1lil is de recursos de cmn panlrn. lodos os -:nvol vi dos na política e na mídia sabc111 A política do ~sciindalo. do modo como tem .-ido pral icada nos an(l;; 90
(ou pensam que s~be111) 4ue, se fizerem um ex mne 111ais minucioso, ou demo,,1 <.'on tra o partido social ista espanhol (situação). fornece um exemplo interes-
cio. informnçõcs capnes ele denegrir imagens podem ser cncomrnelas prati1·11 '{antc dessa análise. Após a virórhl sodali sta na~ cleiçõüs gerais (fo 1::spanhr1
menu: cm qualquer pcsso,1. ,'\ssim. começa a caça a tais informações pm cm 1989 (a terceira consccu1 iva). uma coal izão de bastidores formada por
~ssessores políticos que se m1miciam ele armas ele ataque ,rt, defesa: por jl)l'll,t determinados grupos de interesse <prorm·elm<Jfll<> sem co1110r com a panicip(I·
listas, no cumpri mento de sua função de repórteres investigadores. em busw ('âo de /ídenis d<? punido.< políticos da 01>osiç,io) decid iu que era hora de colo-
de materi al para conqu istar maior aud iêncin e aumentar as vendas: pd(,•. <.'itl' à prov,1 a hegen1onin inconte,te dos social istas na vida política da Espanha.
ji·ee/(111cers e foras-da-lei. I>rocurnndo informaçõe, que possam ser uti liwd,,, hegemonia esta que. de acordo com os prognósticos. poderia perdurar até o
para potenciais chantagens. ou vendidas n quem possa interessar. De !'ato. 11 ,éculo XXI."' Arquivos políticos bmnhásticos fonun vazados, descobertos.
maior p<ll'te tia publicidade negativa divulgada pela mídia resulta de in for 11111 111anipu!ados 011inventados. e publicados pela i mprensa. Devido 11autocensura
çôcs que vazam das próprias fontes políticas. ou de interesses corporu1ivo düs princip,1isjornais espanhóis(/:'/ Pais, /:'/ Periodico, La \lr.mgual'dia). a maior
as$ociados. Uma vez e,rnbe leç ido o mercado de i nformaçües po l ftirn pane dos po1cnciais "c~cândakrs'' anti-socia listas foi publicada pela primeirn
dcstllltivas. ,e não h,í quamidade: sufíciente de ev idências claras, então prnkn, vo no E/ Mundo. um jorna l de ,il to níve l profissional fundado em 1990. A
aparecer alegações. insinuações e mesmo invencionices. dependendo, m11111.,I pan ir daí. tablóides semanais e apresenrnclorcs de prngramas de rádio (princi-
mente. ela élica individual dos político,, _jorna lista~ e dn míclia. A c, u,rték•l,i 11al111t!nte da e~tnçâo ele nidio pertencente à Igreja Catól ica) bombardearam a
audiência até q ue os demais meios de comunicação. inclusive a televisão, tillll· ça. Foi um desastre: seja porq ue o posto não tenha sido suficie nte mente eleva-
bén1 transformaram essas informações em notícia. Os escândalos começaran, do (versão socialista). seja porque() juiz te nha ficado desapontado com o que
a ser revelados em janeiro ele 1990. com informaçües sobre o i1111ão do e nt ão viu (sua própria versão). o magistrado deixou o governo, passando a abraçar de
vice-presidente que estaria supostamente vendendo sua iníluência políticu .i vez uma militância implacável contra qualq uer deslize que viesse a se"r cometido
vários e mpresários. A despeito do fato de q ue os deslizes desse corrupto d~ pelos mais altos escalões cio governo socialista. Após a abertura de inqué ritos
itllpo rtância menor não representavam muita coisa. e de os tri bunais terem rarla mentares e judiciais. alguns deles resu ltando cm indiciiunentos, outros
liv.ad() o vice-presidente de qualq uer illlpropriedade. o ··caso·· circulou 11 11s desaparecendo e m virtude. da fa lta de provas concretas, os escândalos políli-
manchetes da imprensa espanhola por quase dC>is anos, o que acabou leva,1d11 c,is viraram ma nchetes diárias dos jornais espanhóis por cerca de cinco am)s.
à renúncia d o vice-presidente. o iníluente ·-segundo homem·· do pa rtido socia ,, que literalmente parali sou a ação do governo, destruiu uma série de persona-
lista. q ue se recusou a condenar publicamente seu irmão. Tão logo o escândalo lidade.s políticas e do mundo dos negócios e abalo u a mais pode rosa força
começou a esfriar. iniciou-se uma nova campanha, dessa vez concentrada no, política da Espanha. Os socialistas ,1cabaram sendo dc11"0taclos em 1996, em-
recursos obtidos ileg,alme ntc pelo partido. a pós um dos tesoureiros do partid11 hora ainda tenham sobrevivido ao massacre graças à credibilidade pessoal e ao
ter-se afastado do ca rgo e prestado decla rações i1 imprensa. aparentemente p<11 carisma de seu Iíder.
motivos de vingança pes,oal. Abriu-se um inqué rito j ud icial. culminando ou De que forma e por quais motivos ocorreu tamanha onda ami-s<Jcialista
indiciamenro de alguns líderes socialistas. No momento e m que. a despeito cl1· articulada pelo pode r judiciário e pela mídia na Espanha são questões comple-
todas essas acusaçõe;,, o partido socialista ,iinda detinha número suficic11I\' xas cujas respostas ainda não fora m levadas a público. De q ualq ue r maneira.
de cade iras para formar 11111 governo nas eleições de 1993, acelerou-se o ri/11111 hou,·e uma C(Jmbinação de diversos fatores q ue acabaram 1>or fonalecer-se
da política do escândalo e das ações nos tribunais: l<;vanrnram-se suspeitas d1· mutuame nte : o levantamento ilegal de recursos pelo partido socialista, que
fraude, jogo de in i'luê ncias e sonegação fiscal que teriam sido cometidas pcl11 .:11'-·olveu vários membros da lidera nça partidária na formação de uma rede de
superintencleme do Banco d a Esp,rnha: o primei ro diretor civil da lend:ín., n~gócios escusos ; corrupção e ações ilíc itas de diverso, membros de alto$
Guarda Civi I Espanhola foi apanhado el\\ flagrame pedindo suborno. fug iu ,11, postos do governo socialista, e de muitos líderes lo<.:ais do p,u·tido: a revolta de.
pais. foi preso e m Ba ngcuc e enviado a uma prisão na Espanha. em uma ,t cenos g rupos comra o governo (alg uns homens de neg6cio ele destaq ue, inclu-
qüência de aco11tecimentos situada e ntre o a ve ntureiro e o burlesco: e m lt1 n sive tim magna1a do mercado !in:111ceiro expropriado pelos socialistas; alg u-
caso mais grave. um ofícial ressentido da inteligência militar espanhola "l'11 mas forças ultraconservadoras: provave lmente alguns membros da ala integrista
zou·· documentos q ue cmnprovavatll a existência de ··escuta'' das conversa, d1 d;, Igreja Católica; certos grupos de interesses espccfficos; jornalistas descon-
líderes i::spanhóis. inclusive o rei: e ainda, para comple tar o desmorona111é111n 1c11tes que se sentiam marginalizados pe lo poder sociali sta): as lulas internas
da 1no ral púhlica. ex-agentes especiais da polícia espa nhola q ue. pre~o~ p!11 tio pa rtido socialista. em q ue informações eram "vazadas•· por cliversC>s líde-
tere m sido responsáveis por assassinatos na ·'guerra SUJa·· declarada d un ulll· 11 res. uns conrra os outros. par,\ abalar ;1 c redibi li dade dos adversários aos olhos
década de 80 contra terrori, tas bascos (emulando a tática adotada por Thatcll\'1 de Felipe Gonzalez. líde r absoluto aci ma desses rnn l"lilos; a luta entre dois
comra o IR A), vi raram a casaca, licando comrn o goven10, e e nvolveram 11,1 grandes gr1,1 pos fi na nceiros. um dos quais representante da tradicional elite
conspi ração o próprio ministro do Interior e várias autoridades goverm11nt•11 lí nanceirn espanhola, simpatizante da equipe econômica do gove rno socialis-
tai, do ah.o escalão. Um papel fu ndamental nesse processo político foi o ~~!li 1a. o o utro organi zado em torno ele 111n elemento externo que tentava fazer
cido pelos juí7.es espanhóis. que envidaram todos os esforços poss(vei~ p111 , i11, 111·sões ao siscema e estabelecer alianças com alg,umas racções social.istas
concre tizar qualquer possibil idade. por mínima que fosse, para cau,ar l'llll .:o ntra outras do prcíprio punido: uma batalha e ntre g rupos da mídia, disputan-
trnngimentos ao partido socialista. Felipe Gonzalez e ntão executou o que 1.,1 <IP cabeça a cabeça o co n1role do novo sistema de comunicações ela Espanha;
considerada tuna mílllobra brilliantc: recrutou o m~is famoso desse;; zch," ' , i,1ganças pessoa is, co mo a do ediwr do mais mi li1an1e jornal anti-socialista,
juíze.s como membro indepcndc nlc da legenda do partido social isw na~ eh 1 , .. n,·e ncido de que perdera o emprego cm deco rrência de pressões do governo;
ções de 1993, indicando-o p,in, assu, nir um ;tito po;to no Ministério da .lu,11 ,. urna o pini ão mais complexa e difusa no mu ndo da míd ia, bem como nas
40CJ

demais esferas da vid;i política na Espanha, segundo a qual a hegemonia dv, Talvez a ,n~ior liçüo extraída de tais desdobramentos na política italilt·
socialistas era excessiva, e a arrogância de alguns líderes socialistas intolcr:1, na seja que uma infl uência esmagadora da iniciativa privada na mídia não é
vcJ, de modo que e!i{es sociais bem informadas foram impelidas a reagir e' sinônimo de contro le político na po lítica informacional. O sistema da mídi a,
colocar à mostra a verdadeira face dos socialistas a um eleitorado que. ern su.1 rnm suas relações de simbios0 com as in, ti tuiçôes judiciárias e de promoto-
lllaioria. foi fiel ao partido durnme quatro eleições consecuti vas. 1\ ssirn. um ria ex istentes ·no !!overno democnítico, estabelece seu pr6prio passo, rece-
última análise, e indepcndctuemente de motivação pessoal ou irnercssc, hl!n<lo sinais de t;do o espectro do sistema pol/tico para transformá-lo em
elllpresariais específicos. a mídia reiterou seu poder coletivamente e. aliada :u, artigos de ve nda e influência. independentemente da origem ou destino dos
poder judiciário, certificou-se ele que a classe política espanhola. inclusive (h , cspecti vos erei tos políticos. A rcgrn ele ouro a ser seguida é a de que i mporta
conservador0s (Par1ido Popular). havia apr0ndido a lição para o futuro. Em• ,, ffUe causa maior impacto sob uma determinada circunstância. Unia vez
born seja incgúvcl a cxisc6ncia ele Ulll comportamenco ilícito e um nível sig111 qoc um político. ou um partido. se torna irrelevante - não representa mais
ticativo de corrupçüo no govcmo e pm·tido socialist,ts. o que real mente impo, 111 t11n bom mate.rial de notíc ia. O sistema político passa a ser engolfado pelo
pal'a cfoito de anfüisc é a utilização da política do escândalo na mídia e peh1 ll u~o turbulento e ininterrupto das reportagens. vazat11en1<Js de infonnações
mídia co,nú uma das principais armas dos atores políticos. imeresses emprv e escânda lo, divulgados pelos meios de comu nicação. Sem sombra de dúvi-
sariais e gn1pos soc iais no combate mútuo entre e les. Com isso. tn\nsforma da. al2:1111, dos mais ousados estrategistas políticos tent8m domar a fera, en-
ram para sempre a política espanhola, tomando-a dependente da mídia. l'ronh;ndo-se no segmento da mídia. m.;d iante o cstabclccimenro de alianças,
Uma das carncterísticas essenciais <la política do escândal o é que todo, alvos e períodos rnais adequados para ataque, políticos. Foi justamente essa
os atores polí1icos que a prHticam acabmn caindo ná armadi lha do sistemn. :, tentaliv:, de Berlusconi. Seu destino foi semelhante ao cios especu ladores
não raro invertendo papéis: o ca~:a<lor de hoje é a caça de amanhã. Um deSM' do merendo financeiro que t1ngiai n saber o curso da ni.'\vegaçüo nas águas
casos que merece destaque é a aventura política de Berlusconi na ftáli a: 1'' irnprc,'Í$Íveis dos mercados linanceiros !,dobais. Na política do escândalo.
fatos são conhecidos: e le colocou suas Lrês redes privadas de TV a serviç(>dt• , orno também em outros dom ínios da ~ocicdadc em rede. o poder dos fl uxos
uma campanha devastadora contra o comtpt<> sistema político italiano.' 4 l .111 supc>ra os l1uxos tio poder.
seguida. em apenas u-ês meses, criou um "partido" ad hoc ( for~a /1alia, batiZll(ln
em função do grito de guerrn dos torcedores da seleção ital iana de futebol) r
aliado ao partido neofascista e à Liga Lombarda, venceu as eleições gcr:n A crise ela democrnc.:ia
de 1994 e tornou-se primeiro-mi nistro. O controle do go,·erno, elll tese. '"
segurou- lhe autoridade sobre as três outras redes de TV. de controle cw1111I Consideremos em conjunto as linhas de argu,ne111açào apontadas até aqui
Contudo. a auronomia da mídia e dos jornalistas foi amplamente defenJid11 rdereme, /1tran~fornut\oào do Estado-N'a~ão e cio processo políüco nas socie-
A despeito da presença ostensiva de Berluscoui nos meios de con1unio1\'"'' dades contemporfü1eas. Uma vez tin idas sob uma perspectiva his1órica. essas
(jornais. rcvisrns e televisão}. tão logo tomou-se primeiro-min istro. o p<1d1•1 li nhas revelam a crise da de111ocraci,1exatamente como a conl1cc0mos no sé-
jud ici,írio e a mídia. novamente juntos. lançaram uu1 ataque generalizado S\>hH culo passado.'''
as fraudes linanceir;is e esquemas de suborno do premiê itali ano, prqjwh O Estado-Nação, responsável por delinir o domJnio. os procedimemos e
canelo seus negócios e levando alguns de seus associados aos 1ribun:,1 o objeto da cidadania. perdeu boa parte de sua ,obcrania, abalada pela clinâmi-
inclicianclo o próprio Berlusconi e. por fim. denegrindo sua imagem ,t 11111,11> ,a dos fluxos globais e das redes de riqueza. infonnaçfio e poder transorgani-
de o Parlamemo derrubar seu governo. Então, em 1996, o eleitoraclc>rcj<' t1t>11 1acionaís. Um componenle essencial de,sa crise de legitimidade consiste na
Bcrlusconi. dando seu voto à coalizão ele centro-esquerda. !( Ulil•o, rn111 11\Capac idade de o Estodo cumprir com seus compromissos como Estado do
principal integrnutc. o ex-comuni sta. amai socialista. Pan i10 De111ocmri,, h,~m-estar social. dada 11 integração da produção e do consumo ern um sistema
di Si11iwro, não houvern ainda ~ido membro do governo naci,111al. logr11111!11 globalmente interdependente. e us respectivos processos de reestruturação do
a,;,im s11lvar ,, rcpuwçiio do purtido. çapiw lismo.
,1()2

De fato, o Estado do bem-estar social. em suas diferentes manifestaçôc~, Pt rgrmw: Voç~ upr~wa ou d63prova o modo Perg,·,ma: Você c~t<i sr1tbft:i10 on rnsatisfeito com
....·,mo Bill Clinton vem Clnupriodo :-.uas funçõe.i. o desempenho <l1.~ John Major <.:Offlú pl'iinei,·o.mi~
conclicionadas à história de cada sociedade. constillliu uma elas principais 1'011 , omo presidente? nis1co ~
tes de legirimidacle política na reconstituição das instituições goven1ame11111i, Estados t:nidos Grã-Breta nha
após a Grande Depressão dos anos 30 e a Segunda Guerra M undial.:.o A rcjct
~5o s~bcinão Satistê.ito ~ 1~/4
~:ão do keyncsianismo e o declínio do movimemo trabalhista podem agra"ar 11
processo de perda da soberania do Estado-Nação em vinude do enfrnqucrt
menta de sua legitimi dade.
A (re)construção de significado político corn base em identidades espc
cíficas contesta o próprio conce ito de cidadania. A única opção que restou lm
Estado foi transferir sua legitimidade. anteriomcnrc fundada na represen11tç110 '.',,:,,·'. Em çe<c1t:1<a r<:11li z.,J;i pd .> (!IS: Ne\\ ,:s,..., Yr,,~ l u•:<·,v .\':,:«: A pcr..-ent,1;.:.-m do-. q,t\• "'~ d;,~ccit:l ~<t1b.fei1i:J:. é :i uu i-.
,11 .~,\?1 :;:._ d:i<s <-:'d9',c~ d~· no·•embr'J t1-i 19()2. 'G'.\· tt:x- i:uut· b:1i:-.ri 1:-..~1:, um p,im.-110-mini~tro (',t1\i:rk<> n:1 lii"t..'!l't:'l 1!;t> i'lé:.·
da vontade do povo e na garam ia do bem-estar social. para a defesa de 1111111 i,1.1,1.-,- a.f.un.11,un ;1pt\':~\11,,,. 11:ihil!IM (1~ lh,,h 1u p~,.i1ll!nc.:1. \1ui~., di: opin:ll1.
identidade coletiva a partir de sua iden1i1icação com o comunalismo mediiu,i< o:•1,11:.11\1,\ :'({;- ,!l!SJ.fr.O\:!OU l. /'i.11r.-: P-.,- .\)1,;i<a-d:a Scd:ll Surv~~-- (VJll1.=p l'olh 1,r,1 . :'!6,.H 11!:
r, ..,11. l'í::-4ui:-:1,t~CI\S K..-~\-..t,\'<" l i•rk TINI($• .;:1•Z.: <!,~ ) U m ;i.w ,k 199.1.
a exclusão de 01,tro~ valores e identidades de gn>pos minoritários. É cst:1 ,, ·1h,• ,k lY'i.t.
verdadeira fonte de origem de Estados rundamcntalisrns justificados 1>elo n.1
!', rg:mw: \l(lcê e:1,1fi smisfeito ou msatisfoihJ t.:Qlll Per;:1mw: Vvc..': ap,·o···il O ll desr,pro\·a o modo
cionalismo. etnia. terri tório ou religiiío, que parecem surgir das crises de lcv., ,, '1.k:><.!1np-·,,;nho <.k: Fr:.111ç<,1i:-. rv1iuen·:md como prc· como Bri:.tn :vl uln.)llcy vt:1n c11mpl'illdo suas fun•
ti midade política existentes nos dias de hoje. Defendo a idéia de que tais l;stii\111• ,;,:i:;ut..: da Rqn'1hli..::'1'.> çõc:·, cumo primci1·1)-tnioi~1l'tY}
não poderão. e efetivamente não irão, sustentar a democracia (isto é. a dc1110
crac ia liberal ). pelo fato de que os princípios básicos de representação entI\'"
dois sistemas (cidadania nac ionaL identidade única) são essencialmente,,,,, s~ni:-.friw
traditórios. ,;.:r.1~
À crise de lcgitimidacle dn Estmln-Naçiio acrescente-se a falta de crc1lih1
!idade do si~tema político. fundamen1ado na concorrência abcna entre p1IIt1 lus~uisfoiBl 50%
dos. Capturado na arena da mídia. reduzido a lideranças personali zmhl'
dependemc de sofisticados recursos de manipulação tecnológica, induzido 11 /,•ir.·. l':, :;u.,11,I, h<1:,t11 Frux:,i• .1''11"'TIMn i'11hl~11,.• , , ,1 !·: ...li' ,k .\1),111 Ona11 Mu:,.:,;-..:v f., ,11(,:1!1,)., 1:., . ,.111,"' ,lt t'm~i11M1?1ili,1ro p,Y
\l,,i.:,:, lf-flPI :..,1,1 l ,. J, .,,,,.,( ,:, º""·"'' ""· •,. 1 ~,t,• 11!.l.•' .le H••' l-:•:11C/,t"l11!idl ,:m : ~ .J,· • .~!11 \!('. l•l'H
práticas ilícitas para obtenção de fundos de campanha. conduzido pela políti.,1 J.,..tt l't">.,1u,-., ,·,~ t ,.zl:i,11H':.."11.!.,. 11 ·ti <k J/$>.'!t•>, ti 19),',,,

do escândalo. o sistema partidário vem perdendo seu apelo e confiabilidadc 1 l"erJ,!w1ui: Vm:.: ,tpôb ú gabinttc d~ Miya;,,l\\·;l'! Pery:unw: V1,1.:C' e~1á :-.,1us:fci10 nu rni.,uisfcito c-Om
para todos os efeitos. é considerado um resquício burocrático destituído de 1, (' lmlxilti,, n.:a)i;qa(h.' pM <iuih:u)o Amato dur..ult~
o m~-. p:1., ,ado C1J1n ú pre-;;iJcnle do g<lbi11c1:c1
púi>lica."
Como resultado desses três processos convergentes e interativos,~ 01>J Japífo Itália
nião púl>lica. j untamente com ,1s expressões individuais e coletivas dos cilht :--JJo :,.;.1bel...>u11:1.1~ 5<;;,
daos, demonstram profunda e crescente rejeição aos partidos. aos políticos 1· 11
política profiss ional. Assim, nos Esrndos Cnidos. de acordo com uma pesqt11N11
Ni~m
realizada em setembro ele 1994 pelo 'limes Mirmr Center, '·Em militai.:~ ti, satisfoito nem
entrevistas com eleitores norte-americanos em meados de 1994. não é pos,t insmisfüi10
vel idemilicar qualquer tcndênci.;1 bem definida no pensamento poHtk ,, 1h• ?.Jt;Y,
povo a não ser a frustração com o sistema atual e urna enorme rcceptividmh .,
soluções e apelos políticos alternativos·,_,: Em 1994. 82% dos entrevíst,,d" Figura 6.3 Índice~ de aprcw,wrto dt1s g1.1vcrm>~. r. l993
em uma pesquisa nacion~I não acreditavam que o governo rc:prcscntasw ,~u Fouw: Compilach, e chtborndo pelo Roper Ce-nu•roj Pub!fc Opinion and Pr;fli11g ( 1995J
40-1 A p•"llílic:i mformt'tctonul ç .1. 1.:rl\~ d..i 1.k0Mc1;11:ia 405

in t<:!resses (contra 72% em 1980). e 72% consideravam gue na verdade o i;o 'Ei hcla 6.4 Íitlli,.;ç <.fo l:<>m1>Mt!\.'im~1110 n.1s ckiçôçs. para a ,:;fim:·1ra baixa. do Pnflamemo I Europ.l <.·
l.,p:'i<n: irúmc,·o:-. ft't:emt's comp~,rad()S. tts d~\!:.idt,~ d~ 70 e 80 fC
J,>
vemo deíentlia grupos de interesse (sendo que 68% identificaram iais grupo,
como de interesses empresariHis): ne,sa mesma linha. pesguisa realiza(h1 ~m J){!c(;das d(.· 70 - .~o
199.5 revelou que 68% dos entrevistados diziam não haver muitas Jifcrnnç11 V~triação Dé<·ad<J de 90
entre Republicanos e Democratas, e 82% desejavam que um novo partido p11 fuma eleiçâa)
desse ser criado. 8·' A figura 6.3 demonstra insatisfação generalizada com !''' ,\h:.-nanha 88.6 S-U ·9l. l 79,1 <1994)
vernos das mais diversas filiações políticas em seis dos sete l)aíses (memb11> l '-,p,mh:1 73.9 70.6· 77.() 77.3 (1993)
do G-7) incluído;;_no universo da pesquisa. 1·,t,ulíh Cni<lC'1$ -12.6 3:-.4-50.9 50.S ll9921
rran \:~1 ( 1J l\.1TJ IO' 7ú.O 66.2-SJ.2 68.911993)
No entanto, esse ceticismo em relação aos principais partidos e t, poli h .íii:i 91.,1 $9,0-lJ.t2 86.~ (1 992)
lica de modo geral não necessariamente implica dizer que as pessoa~ 111111 l,11)á(l 71,~ 67.9-7,1.6 673 11993)
vota m ma is. ou que. não se importam com a democracia. Em boa JXlJ'I.\' (li, l~..;i!IO l.:nilf~, 74 .8 72 ..:!-78.9 75.S 11 992)
36.011'194)
mundo. vale lembrar que se chegou à democrac ia há pouco, após tremc11d11
esforços, e m 1.1111 processo conqu istado com sangue. suor e lágrimas, de IPt / u;ir,-., : n~1.:a<l:1:-. d~ 7f}.~0: 'l'he h!temm!cm<1I Alm<11;aç of Etecwr,,l Hiswry 13" c,I. rcv.. Thormb T.
,na que as pessoas não estão nem u1n pouco interessadas cm abandona, "'' ~l.1d,kc Ri<;h:ird Rv:-.,:. Wa:-hing_lfl1l. DC: .\ 11~1-::milhm Pn::-.:,, 1991>: ckiçti.::, fCct"l\tC&: 'f'he S1ar,•JJ~;a,1's
esperanças no regime democrático. Na verdade, quando o povo pcrcclw ,, )iw'b,>ok. /99-1-1995 t' 19fJ5.f'J96 (Bri<l!l Hnn;er, cd .• No.,.;,1York: S1 Mr,rlin', P,·e...::i:. 1994. 19951:
opom111idade de partici par de uma ação política importante, mobil iza-se ç11111 1·,1;1d,~ Unido~: Vi;a/ SMti.rncs rm Amer h,'fm FB!il/c.\. 4..1 ed.. Hawld \\·~ Stanky e Ridmrd G. Nicmi.
\V,i,hingkal. 0 ( ·: C() Pr~~'i. 199-1) Dt1do'i ,~l)nipikido.,; pn,· S:·1fühl"1.VIC'log
emu~iasmo. como, por exemplo. durante ~ eleição de Fernando Hcnnq111
Cardoso para a Presidência do Bn\sil cm 1994. Mesm<> nas democracias 111.,1
tradicionais. cm que os resu ltados das eleições 1i.vres têm sido pratirndos h11 t'c111slruir uma alternativa di forente. nu1iws vezes cm bnscs locais ou regionais.
mais de dois séculos (exceto para metade da pop11l,1ção. isto é. as mul11crl'•l Sandra Moog ,:; ú\l elaboramos um tlen1onstrativo do índice de votação cio,
a pariici paçlio política lem os seus altos e baix.os. As pessoas não vão 11 pn nc ipais partidos de algumas elas 111ai1)res ckmocrncias do mundo em di fe-
urnas corn muita freqüência nos Estados Unidos (49% nas eleições prt·,1 r..:nte, continentes. avaliando a el'oluçiío de cada um deles durantes i,s décadas
de 80 e 90.s. Conforme 0vidcnciado na fig.um 6.4, a tendência global parece
clendai~de 1996. 54o/r-em 1992.51 %em 1994,comparaclos a 681loem 1%~1
mas () S índ ices de pan ici pn~oiío mantêm-se sempre elevados (entre 6.5'" , confirmar a proporção decrescente de votos para os principois partidos ao lon-
80'7c) na França. Itália. Espanha. Alemanha e na maioria dos pa íses euro1w11~ go <lo tempo. H,í. t:ontudo. algumas osci lações nessa tendência, guando um
(mbela 6.-1). Contudo. o, eu ropeus não con riam em seus políticos mais quf 11 ,ktenninado panido consegue mobi lizar seu eleiwrado. corno no caso d<> par-
f;17.em os none-americanos cm seu pr6prio país.84 Parece apropriad<> atríh1111 udo conservador da Espanha nas eleic,oôes de 1996. Variações políticas especí-
a excepcionalidade norcc.. amcrican.i ames ao individ ualismo que ao de,i11t1 licas introduzem algumas alterações na tendência global. Contudo. 11.0 cômputo
rcsse pela polít ica.'; µcral. a tendênci a pr<óvista c.st(l claramente destacada. Emborn a maioria dos
Não obstante. podem-se iden1 ificar manifestações ele crescente alic11,1 deitores ainda esteja propensa ao vo1.o útil - quer dizer. o apoio a candidaios
ção política em iodo o mundo, ii medida que as pessoas percebem a inrnp1111 , nm chances reais de vitória - a erosão desse tipo de apoio ateta justamente
dade de o Estado solucionar seus problemas. e vivenciam o instrume111ali,n11 " previsibili dade das chances de eleição. <.l que por sua vez alimenta a crise de
d nico praticado por políticos profissionais.. Uma dessas mani fcstaçi>c, t1 " n edibil idade das princ ipais coalizões, causando até mesmo sua d.issolução.
apoio cada vez maior a uma sfoc de forças "terceiras" , otl a pai·tidos rcgi1111,11 ,·orno ocorreu. por exemplo, na po lítica da Itália (democrata-cristãos, social is-
pois. na maioria dos sistemas políticos. a batalha tinal para se chegar ao p111l1·1 1:") e dos Estados Unidos (Congresso democrata) em 1994.
executivo nacional <! t.rnvada emre dois candidato$. reprosenlantcs de !;\IHllll, Entretanto, em sua excelente análise da campanha presidencial de Ros~
coalizões. Portamo. vmar em um terceiro candidato pa~~a :l ser u,n V(llü ti~· I'' 11 11.·rot em 1992. Zaller e Hunt advertem quanto aos limites ela política dos "rer-
1

teBto contra o sistema político como um l<K.lo, e 1alvc,1, 11111a 1c111m iva ele 1qudo111 \.'l-·iro~":
l,,b 100 9&% A questão é: até quando? Até onde e por q11anto telllpú pode ser mamida
G.Sladvs ,t distância emrc os anseios do eleitorado por opções políticas alternativas e
95
Unido-; ,eu atendi mento por parte das instituiçõc$ políticas tradicionais em um con-
texto em que a política da mídia é capaz de lançar (e destruir) novos ídolos em
questão de boms?
90 918% Por enquanto, a maior parte das pessoas na maioria dos países tem ainda
64.8% , uas alternati vas restritas pelo peso das instituições, tradições e aparatos polí-
ss tirns. Nessas circunstâncias, ou1ro fator de insatisfação política em relação ao
tradicional sistema partidário é a volatilidade do eleitorado em todo <1 mundo,
80
derrubando partidos situacion istas e ace lernndo o tempo de alternância dos
1>anidos no poder. No período J992-96, os eleitores mudaram sua preferência
dos republicanos para os dcmocrmas nas eleições pres idenciais de 1992, dos
75
,k inocrata~ para os republicanos nas eleições para o Congresso de 1994. e
11ovai11enre para Climon (após este ter enfatizado seu estilo "novo democrata")
70 em 1996 (embora não tenham optado por uma maioria democrma no Congres-
,,>): dos socialistas para os gaulistas, nas eleiç.c'\es pre~idenciuis 1i·ai1cesas: cio
65 centro l)ara a di reita, e em seguida para o centro-esquerda. na Itália: dos socia-
listas + nacionalistas para os conservadores + nacionalistas na Espanha: dos
consc,vndores para uma coalizãu de mú ltiplas tendências, e então para os con-
60
,cr,.·adores, cotn minoria no governo. no Japão; d<Js socialistas para os conser-
,·adores, e de vo lta aos soc ialistas, na Gréc ia: tlo nada para Fernando 1-1.
,geo s, a2 83 84 as e& a1 ea ag 90 g; s2 93 94 Cardoso, no Bras il: dos democratas para os commristas nüs eleições parla-
rn~mares da Rtíssia, e emão novamente parn Yieltsin: e, muito provavelmente,
dos 1ories para os trabalhistas no Reino Unido em 1997. Assi m, as pessoas,
figura 6.4 indice (lç Hpo:ü ;10;:: pl'inc,pais panido~ durnme as eleições nacionais. descontentes e desapaixonadas, mtldam de uma ,1lterna1 iva para outra cm velo-
1Y80,94 tos mi meros p:1rn os TICA 1-cforc1n !),: a.s e le1ç,)e:-. p1·e~tdênci:1is:
4

cidade constante. pa;;sando por sucessivas desilusões. A cada uma dessas cx-
o..~ dcin:1is rekrcm-sc à cfürntrn b:1i>.a dv P<,rhummu,>
l)Criências. a moral é denegrida~inswurn..sc o ci nis1no. e a esperança se esvai.
li >1;l(1 : ver Apê11dit·~ Metodol6gicl, 1>ara os respe.:ti\'OS dados e
Íml!C) de rvu:,,uhr,: r.:om1>fü1<I<> é dal)or~dü por Sand~1 :..foog Como conseqüência das tendências cxpos1as acima. surge outro fator
bastante significativo: a crescente íragrnentação do sistema político. Assim, ·SC
:ts e leições de l996 na Índia provavelmente nrnrcarntn o fim de uma era hegc-
rvrcsnm cm mnl democracia de. massa como os Estados Unidos, grnndc hab1- rnônica do Partido Congressista. os vencedores. nacionalistas hindus. não obti-
IiJade comunicativa oão é sufidente pant conquis1ar o rnai:-. alw pc,~tv ilt1 v<::ram uma base governista, conquistando apenas 11 m terço das cadeiras. Uma
!\ação. Parn fozê to, ainda é prtci!\o ser aceito pcJas forças polilÍCtl"· 'iC,j111u
4
"!'reme unida" de diversas tendências partidárias foi formada em 1996 pfmt
elas 4unis forcn1. O ~isiema norte-americano de eleições presidenciaiti, t1pt.• 11:var ao governo uma frági l aliança entre panidos regionais, de esquerda e de
!)áf da volatilidade. ine1\'!nte de um processo de indicm;ão que cntr~ga u 1)1")(.h.'1
, :unadas sociais in foriore.s, ctúo bom desemp,rnho nas eleições foi a pri ncipa.l
final de decisão fts massa-; <le eleitor~ volúvcb e muil:.h vezc~ d~Sêll~nh>l\
rx,li1kan1t:rHL'. permanece como um pCK.i eroso ins1mment\1 in:-tih1cionul c;1 t'ausa da crise no sistema político. É possível que a Índia, cuja estabilidade
paz de forç~r os c(111didt1los ~, Jispul:ll'em us cleiçoes 1w.,;.,:a11d1l ''por <kntn, ' ,11.'mucnhica causava inveja ao mundo em dC$Cnvolvimento. tenha ingressado
rl~$1C i,,,tmmcnw. e uno ~uupll~~ou.~ me fio seu rcdo, ., 1·1 n um pe>foclo de fragmentação política estrutural e regionalização da política.
Entre todas as principais democracias úo mundo. apenas a Alemanha pare Conclusão: a reconstrução da democracia?
ce ter mantido a csmbi l.idade política nos anos 90. mas isso foi ames de Kohl tee
iniciado cm 1996. sob as pressões da concorrência global. o processo ele retraçã1, Essas são palavras realmente alannantes. Seria tenlaclor neste momento
de, Estado do bem-estar social alemão. bem como a reforma do sistema de co aproveitar a oponunicl,1de para apresentar ao leitor meu próprio m<1delo de
detennina~ão na indústria. hase dn consenso político da A lemanha. democral'ia informacional. N'í'to se preocupe. Por motivos que esclarecerei na
Como resultado de todos esses desdobnunemos. não testemunhamos. ,onclusão geral desta obra (no volume]!(), não me permiti fozer uso de pres-
t!m l inhas gerais. a retirada do povo do cenári o político, mas si m a penerraçãi• niçiles norniativas e admoestações políticas. Contudo. somente para fazerjus-
de uma política simbólica nos sistemas polític<>s, mobili,-,açõcs cm rorno dt· 1iça i1 esperança política. encerrarei este capítulo com um comentário sobre
um únic11 tema. local ismo, política de referendo e. sobretudo. apoio ad hor• ri alternativa; para a r0cons1rução da dcmocrncia. do modo com.e, das se mani-
liderança, personalizadas. Com o desaparecimento gradativo dos partidos p<l Jes1am 1u1 obserrnçâo dos p1·â1icas das sociedc,des em meados da década de
líticos. é chegada a hora dos salvadores. Isso introduz um elemento d,· <JO. independentcmcl\le ele minhas opiniões pessoais sobre a propriedade de
imprev isibilidade no processo político. que po<le se transformar na rcgcnen, tais alternativas. Considerando que, fel izmente. são numerosos e cliver~ifica-
çãn da política. como no caso de Fernando Henrique Cardoso. ou talvc.z co,11 dos os embriões da nova política democrática em todo o mundo. estarei limi-
Col in Powell (seria uma ironi,1, embora. estimulante. do ponto de vista histo 1ado a te<.:er<.:omcmários sobre três Lcndências que considero bas1ame relevantes
rico. ver um afro-americano republicano. fi lho de um imigrante j amaic,11w para o l'ut1u·o da polític:1 informacional.
restm1rar a leghimicladc d;:1 política norte-americana). ou. üo comrfll"io 1 acahn1 A primeira delas é a recriação do Estado local. Em vi\rias sociedades em
em um va~io <lemagógico. desintegrando as instituições políticas. compromc 1odo o mundo. a democracia local, por moiivos expostos no capítulo 5. parece
tendo a e,tabilidadc mundial O\t promovendo um novo ata:1ue 11 razão. <!star tlores<.:endo. :10 menos em termo, relativos 11democracia política nacio-
11.11. fsso ot:orre ptincipalmenh:: quando governos regionais e locais passam a
Seja qual for o futuro. o qt1e o observação do preseme parece indic,u ,.
que. sob diversas formas. e por um;i série de processos que abordei neste c;ipl atuar em coniuutu. e estendem seu raio ele ação buscando a tlcsccntralizaçfü>
tu lo e nos anteriores. temos testemunhado a fragrnentaç5o do Estadt,, 11 nas comunidades e a p1111icipa\·fto dos ciclad:'ios. No momento cm que os meios
imprevisibilidade do sistema político e" singulariz.açao da política. É prov{, eletrônico; (<.Xllnllllicaçâo medi ada por co111pnrador ou estações loca is de rá-
ve l que a liberdade política ainda pos~a existir. uma vez qué as pessoas co111, dio e televb ~ol wmb6m ~ãn empr<'gudos 110 inW ito de aumemar a participa9ão
<! o número de consultas reitas pelos cidad5os !por exemplo, cm Amstenlã, ou
nuarüo a lutar por ela. :--lo cntanro, a democraci a política. nos moldes d11
revoluç6es liberais do sécul o XVIII e do modo como foi difundida em todo 11 ,w Prefeitura de Fukuoka). novas tecnologias c'.Ontrihucm para maior p,micipa-
mundo no século XX. tran,formm,-sc num vazio. Nã<> que tenha sido apen11 i.;tio no governo local. Experiências de autogc"l~ú local. como H desenvolvida rnt
uma "democrnd a rormal": a clcmocr8c i1l l'ive j ustamente com base nessas ·'f'o, ~idade de Cuiabá, J\ifato Urosso, demonstraJll ~ possibi lidade de reconstruir vín-
mas' ', rnis como o sufrágio universal e secreto e o respeito às liberdades civ i~. ~ulos de represema~ão política para c:m11partilhor (se não controlar) os desafios
Po rém. as novas condi~õc, institucionais. culturais e tecnológicas do exc,·.:1 impostos pe la globalização econômica e pela iJllprevisibilidade política. Há li-
ci<J democrático tornaram obsoletos o sistema partidário ex istente e o at unl mites óbvios a tal local ismo. pois tal processo acentua a frag111en1açiio do Esta·
regime de concorrência política como mecanismos adequados de repre~c,1 do-Nação. Estritm110mc cm tennos de observação, ,1s mais poderosas tendências
tatividade política na sociedade cm rede. As pessoas sabem disso e sent.-111 1le legiti mação da Llcmocrncia durante ú S anos 90 estão acomeccnclo. no mun-
isso. rnntudo também sabem. em sua memóri o c<.1letiv11, o quão importanit·, do todo. em nível local.'"
evitar que ti ranos ocupem a lacuna da política democrática. Os cidadãos ~1111 Uma segunda pe rspectiva muito discutida n3 li teratura90 e na mídia.~' é 11
tinuam sendo cidadãos. mas não sabem ao ce11.o a qual cidade pertencem. m•111 oportunidade of'erecida pela comunicação eletrônica de ap1i mornr formas de
a quem pertence essa cidade. p:1nicipação política e comunicação horiz:onml entre t>s cidadãos. Com efeito,
o ,1c~sso 011-li11e a informações e. a conn,nicação mediada por computador
1,,çi litam a di fusão e a recuperação de informações, proporcionando illternção
., 1()
·11 1

e realizacão de debat.es em um fórum eletrônico independente. capaz de ú ôÇl1 lógica da polítíca informacional restringe a abertura do sistema, pois os candi-
pàr do c~ntrole da mídia. Referendos sobre uma ampla gama de questões pP d:110s precisam manter controle sobre as mensagens CJI\ suas redes, para não
dem ser uma ferramenta muito útil quando utili.zados com cuidado, sem ~nl, lerem de assumir responsabil idade por determinadas posições ou declaraçõe~
na estrutu ra simplista da pol ítica de referendos. Acima de tudo. tais refcrcndu~ que sejam prejudicíais ou que não atinj am o eleitorado como desejado. Con-
asseguram aos cidadãos o direito de formar, como vêm fazendo atualm~111,•, 1rolc político rigoroso e abertura nos meios de comunicação e letrônica pare.-
suas~próprias consrelações políticas e ideológicas, passando ao largo de cst, 11 cem sei' mutuamente excludentes dentro do sist..:Jlla atual. Assim, enquanto os
Luras políticas já estabelecidas, criando ponanto um campo político tlexívd , procedi mentos políticos forem controlados pol' partidos e campanhas organi-
adaptáve l. Sérias cdticas. no entanto, podem se, e efetivamente têm si1h1 1adas. a participação dos cidadãos via eletrônica será releg,1da a segundo pla-
endereçadas às perspectivas de uma democracia eleu·ônica.Y2 Por um lado, c,~,o no na polítíca informacional. pois isso diz respeito a eleições formais e. à tomada
essa variante de polírica democrática se instaure como impo1t à11te instru111cn111 ,le decisões.
de debate. represcmaçào e decisão, certamente institucionali zaria uma fc111 JJ11 Entretanto. Stcve Bartz no movimento ambientali sta. e Mattbew Zook
de "democracia ateniense", tanto em nível nacional como internacional. Qm11 110111ovi111e11to das mi lícias norte-americanas, encontraram na Internet um meio
dizer, enquanto uma eli te relativamente pequena. afluente, e de h<>m níw l <ith• de capaci1ação de gnipos populares. na qualidade de instrumemo de informa-
caciooal de alguns países e cidades teria acesso a uma extraordinária for111 <;ão. comunicação c organi zação.'" Tem-se ,1 impre~~iío de que é na esfera dn
menta de informação e participação política, realmente capaz de reforça, " rolítica si111bólica, e 11a organi w\,ãO de mobilizações em torno de um iÍnico
exercício ela cidadania. as massas excluídas e desprovidas de educaçfü, c•111 tc11111 realizadas por grupos e indi víduos externos <10 sist0ma político "princi-
todo o 1m1ndo e nos diferentes países permaneceriam à margem da 11ov,1 ral... que a nova comunicaçiio eletrônica poder/Í produzir efeitos mais drásticos.
ordem democrática. a exemplo dos escravos e. bárbaros nos primórdios da cll· 'fao há como avaliar com clareza o impacto de tais processos na democracia.
mocrncia na Grécia Antiga. Em contrapartida, a volatilidade desse meio dor" l'or um lado. permitir mobi li zaçõe~em torno de um único te ma que ignoram a
municação poderia incorrer na intenslficação da "política de show/,;~--. com 11 política formal pode minar ainda mal, as instituiçõc~ democníti<:as. Por outro
predominância de mitos e modismos, urna vez sobrepujado o poder de 1•uc10 lado. ,e a representação política e os respons(lveis pe la tomada de decisão
nalização dos panirlos e instimiçõcs pelos fluxos de tendências polític~s 111,, ti \'crcm comliçiíes de es1abelcci;:r uma relação com essas 1mvas fontes de co11-
converg0mcs, ora diver~enles. Em outras palavras. a política 011-/ine pod~1111 1ribu irão de cidadiivs in1~ress,11los na polític,1, $Cill q.m.: o prrn.,e,,o lique rcstri-
exaltar a individuali zação da política e da sociedade. a tal ponto que a i111cr1,1 1,1 a uma elite 1ecnologic,unc111e capac itada. um novu modd o de sociedade
ção. o consenso e a criação de instinriçôes 1.o rnar-se-iam mccas perigosanw1111 ~i, il pode. ser recnnstruíclo. possibilitando a popu lurizaç~o da democrnc la. via
difíceis de serem atingidas. l'ktrClnica.
A fi m de explorar a matéria. meus alunos do curso de pós-graduaçã11 v 111 O de$e nvolvi1nento da política $imból ica bem como na mob ili7,ação po-
Sociolúgia da Sociedade da Tnfonnação em Berkeley fizeram algumas obs11 lítica em 1orno de causas --nrio-políticas". via eletrônica ou por ou1ros meios. é
vações m1-iine na Internet no outono de 1996. Os resultados de suas auúii"' a terceira tendência que poderia inlegrnr o processo de reconstruç5o da demo-
indicam algumas tendências interessantes. Kl inenberg e Pcrrin observ~, ,1111 cracia na sociedade cm rede. C 1usas hu manitárias, tais como as defendidas
que. nas pri1mírias dos republicanos nas eleições presidenciais de 1996, o "' " 1•L'l a An istia Jnternac ional. iVlcdicina Sem Fronteiras. Gr~enpeacc, Oxfam, Food
da Internet desempenhou um imJ)ortantc papel na difusão das infornm,·o,· l'irst, e milhares .: milhares de grupos ativi~tas locais e globais e organizações
s<Jl)re os candidatos (Dole), bem como na busca de apoio fBuchanao) e 1'~~ 111 11iio-govcmarncntais crn todo o mundo, cons1ituem o i'r,tor de mobilização mais
sos de campanha (rodos os candidatos).93 Conturl(), os canais de comt111icm;~11 pndemso e pr6-ativo na polít ica informaciona l.'" Tais mobi lizações são orga-
foram monitorados e submetidos a rigoroso controle, transformando-~,· 1111 11iz11da, cm ru nção de temas objeto de amp.lo conscnrn. não ncccssariarnente
verdade em sistemas de comunicação ele mão única. mais poderosos e n 1111 ,dinhadt'~ a este ou aquele partido polí1 ico. N11 realidade. cm termos de postura
maior flexibil idade que a telcvis5o, mas 1150 mais abertos à participaçílo th,, 11lieial . a maioria dos partidos aparentemente apóia a maior pane dessas cau-
cidadãos. Talvc; esse quadro venha a ser nlterndo no futuro. mas pw-..:c~ Llllt , " "· E a maiori~ das organizações humanitárias abstém-se de prestar apoio n
.: 12

u m determinado partido. exceto c m casos de questões esped iicas em <leten n ina· 13, f ricdlru1d ( 1996>.
dos pe ríodo, . Via de regra. essas mobiliwções estão no meio-te rmo entre me, 14. Ansol:-t.bi.:hCrê. e; a i. ( 1993: 89).
vimentos soc iais e ações políticas. poi.s fa7,em seu ape lo d ire tamente all~ 15. Fri.:cmau t1994J.
cidadãos, pedindo às pessoas que cxerçan1 pressiío sobre instituições do g!, 16. F,,llow, ( 19% ).
ven 10 ou e mpresas privadas que possa m ter um pape l importante no tratamen 17, D. We;, fl 993l.
to da q uestfto defend ida pe la mobilização. Em outros momentos. apelan; 18. Mo,,rc (1992: t28·9).
d ire tamente para a so lidariedadê das pessoas. Em úl tima anúlise. o objetiv11
19. Maycr ( 1994).
das mobi lizações é atuar no processo político. isto é, influenciar a gestã1) \h1
20. F;,llows {1996).
sociedade pelos rep resentantes dessa sociedade. No enta nto . não necessaria
mente, e na real idade nfto com muita freqüência. u1 il izam os cana is de rep11· 21 t,.,Juudy ( 1996t

sentação po lítica e de tomada de decisões 111ed ian1e. por exe mplo. a e le içno 1k 22. G.u·her ( 1996): H:'1.cker ( t996),

seus candidatos pa ra a lgu m cargo no governo . Tais formas ele mobilizaç;1u :!3. Klinl!nbe.rg_ e Pcrrin ( 1996}.
política. que pode m ser definidas como sendo causas voltadas a lemas esp~d 2.J, Paucrson 1199:1)~ th1lz é 13,x,wnstdn < 1996.): f;,Jh)w~ ( 1996).
ticos e política não partichiria. parecem estar ganhando legiti mid ade e m todt1, 25. Gillin ( 1980: 28).
:is soc iédades, e tondicio1wndo as regras e os res ultados da conco rrê nc ia poli 16. Pauc:-!M)1) (1993: 74).
1ic;1 formal. Rec upe rarn a legitimidade do interesse pe las questües púhlk·:i•, 17. Fallows i 1996).
n-as mentes e nas vidas das pessoas. Alingcrn. esse objetivQ ao introduz.ir nov(•"I 2~ Moog { t 996: 20}.
processos e nova, questõe, políticas. agravando a crise da democracia lilw r,11 29. frn,;ol;ll~ ht:1·c t-l (d. ( 19931~ F'~tlk,w~ ( 19961.
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Conclusão : A transfonnação social na sociedade em rede

As portas ela Era da Informação. uma crise de legitimidade tem esvazia-


do de sentido e ele função as instituições da érn industri,1I. Sobrepujado pelas
redes globais de riq uew. poder e informação, o Estado- Nação 1noderno vem
perdendo boa pane de sua soberania. Ao tentar intervir estrategicamente nesse
-:e.nário glob,11. o Estndo perde sua capacidade de representar suas bases polí-
1iras estabelecidas no território. Em um inundo regido pelo multilaterali.smo, a
divisão entre Es1ados e nações, entre,, polítka de representação e a política de
intervenção. clcsorganizn a unidade de medida política s<Jbre a qual a democra-
d a liberal roi c(mStru ida e 1msrnu a ser exercidn nos tíll irnos dois séculos. A
privatizaçüo de empresas públici1s e a queda do estado do bem-estar social.
embora tcnha aliviado as sociedades de parte de seu fardo burocrático, foz
piorar as condições do:: vida da maioria dos cidadãos. rompe o contrato social
l1istórico cmrc capital. trabalho e Esrndo, e u~mpa gr~nde parte da rede c)c
seguridade social. viga mestra da lcgiti11Jidade do govern<> na visão de pessoas
comtms . Divid ido pela intcrnacionalizaçfKi da produçào e das linanças. inca-
paz de adaptar-se il íonnaç~o de redes entre empresas e individualização do
trabalho, e desafiado pela degeneração cio emprego, o mo vimento trabalhista
perde sua força como fonte de coesão social e representação dos trabalhüdo-
res. ~ão dlcga a desaparecer. no entanto torna-se basicamente um agente po-
1ítico in tegrado :1 esfera das inst itt1 ições públ icas. As principais igrejas,
praticando uma forma de rcligiào secularizada dependente orn do Estado, orn
do mercado, perde muito de sua capacidade de impor normas de conduta em
1roca de conforto espiritual e da venda de um lote no céu. A contestação do
patriarcalismo e a crise da famíl ia patriarcal perturbam a seqüência ordenada
de transmissão de códigos culturais de geração em gcraç~o e abalam os alicer-
cçs da segurança pessoal. obrigando homens, mulheres e crianças a encontrar
novas formas de viver. As ideologias políticas q ue emanam das instituiçõe.~ ..:
1,rg.anizações dos mais diversos setores, desde o liberalismo democrático ba-
scaclo no Estado-Nação ao socialismo fundado no trabalhú, encontram-se du,, poder pelo poder, por wzes envol to em uma retórica nacionalista. Nos domí-
tituídas de signi ficado real dentro no novo contexto social. Conseqüentemc,i nios pelos quais navegamos nos dois pri meirns volumes desta obra. identifica-
te, perdem seu apelo e. na tentativa de sobreviver, submetem-se a incessau1r, 1nos as sementes de uma sociedade cuja Wellcmschauung estaria cindida entre
adaptações. estando selllpre um passo atrás da nova sociedade. como bandcl a velha lógica de M"cht e uma nova lógica de Selbswnschaw.mg.2
ras desbowdas de guerras já esquecidas. Contudo. observamos também o surgimemo de poderosas identidades
Como resuILado desses processos convergentes. as fontes do que deno de resistência. que se re traem para seus " paraísos comunais" e recusam-se a
mino. no ca 1)ítulo 1. ide111idades legitimadoms. simplesmente secaram. As ser apanhadas de roldão pelos !luxos globais e individualismo radical. Tais
insLituições e organizações da sociedade civil construídas em torno do EstHd1i identidadc-s constroem suas comunas cm torno dos valores tradicionais de Deus.
democrático e do contrato social entre capital e trabalho transformaram-se. dt• da naç5o e ela fam ília. guardando os li mites de suas trincheiras por meio de
modo geral. en1 estruturas vazias. cada vez menos aptas a manter um vín~IIIP emblemas étnicos e defesas teJTitoriais. As identidades de resistência não estão
com as vidas e valores das pessoas na maioria das sociedades. Trágica i1\111111 restritas a valores u-adicionais. Podem também ser construídas por movimentos
o fato de que. num momento cm que a maioria dos países do mundo fi1111l ,ociais acivisrns, ou ao redor deles. que optam por estabelecer sua autonomia cm
mente conquistou <> acesso tis instituições da democracia liberal (em minh11 sua própria resistência comunal uma veL que não têm força suficiente para to-
opinião. a base rle toda democracia), tais i nstituições encontram-se tão dist:111 mar de assalto as instituições opressoras às quais se opõem. É este. via de regra,
tes da estrutura e processos realmente importantes que acaham pareccn(ln, ,, caso do movimemo feminista, criando espaços para mulheres nos quais urna
para a mai oria das pessoas. um soniso de sarcasmo estampado na nova face d1, nova consc iência amipau-iarcal pode surgir: e cercamente o caso dos movimen-
história. Neste fi m de milênio. o rei e~ rainha. o Estado e a sociedade ci,•11 tos de liberação sexual. CL\jos espaços de liberdades. desde bares a vizinhanças,
estão todos nus. e seus filhos-cidadãos estão vagando em busca de protq:;1(1 -:onslituem d ementos essenciais de auto-r.:conhed memo. Mesmo o movimento
por vúrios lares adotivos. :unbientalist.i. cujo horizonte último é o cosmológico. não raro parte dos "quin-
A dissolução das identidade,5 compartil hadas. sinônimo dn dissoluçno tais" e de pequenas comunidades em t(,do o mumlo. protegendo e,, paços ames
da sociedade como sistema soc ial relevante. muito provave lmente retlell' ., de lançar-se 11 conquista d1> tempo.
atual situação de nosso tempo. Nada nos parece dizer que nov,1s identidad,• Assim. as identidades de resistência estão l,1o difundidas na sociedade em
têm de surgir. novos movimentos sociais cêm de recriar a sociedade e novu< rede <1uanto os pr~'.jeto, individu,ilista~ re;;ultantes da dissolu\·ão de identidades
i nstituições serão rec()nstruídas no seniido de lendemains qui chanrem. À p11 anteriormente legitimarloras que normalmente ,.xmstil uímn a sociedade civil da
meirn vista, estamos testemunhando <> surgimento de um mundo exclu~iv,, era industrial. Comudo, essas identidades resistem, e raramenLe se comunicam.
mente constituído de mercados. redes. indivíduos e organizações estn1tégicu, :--/i\o se comunicam com o Estado. salvo ()ara lutar e negocim- em nome de seus
aparentemcme governado por modelos de "expeciativas racionais" (a novn , interesses/valores especít1cos. Raramente com unicam-se entre si por serem
i nfluente teoria econômica). a n5o ser quando tais " indivíduos racionais" sul>i consHuídas com base cm princípios profundamente di~1 imns, detenninantes dos
tamente miram cn1 seus vizinhos. estupram uma garotinha ou lançam gás ven, "incluídos" e dos ·'excluídos". E en1 vi,tnde do foto de a lógica comunal ser
noso no metrô. Nesse novo mundo. identidades não são necessárias: insti111e11 essencial à sua sobrevivência. antodefinições individuais ni\o são bem-vind,1s.
básicos. lutas pelo poder. cálculos estratégicos centrados em si prõprios e, ç111 Assim. de um lado. as elites globais dotninantes que habitam o espaço de fluxos
nível macrossocial, ''características indicativas de uma dinâmica bárbara e 111\ rendem a ser formadas por indivíd uos scm identidade específicas ("cidadãos do
made. de um elemento dioni síaco que ameaça invadir todas as fronteirn, 1 mundo''}: ao passo que, de outro lado. as pessoas que resistem à privaçã(i de seus
tornar prilblcnuílicas as normas internacionais político-jurídicas e civrli,,, direitos econômicos. culturais e políticos tendem a se sentir atraídas pela identi-
ciorntis". ' Um mundo cuj o contraponto poderia ser, a exemplo do que te1111,, dade comunal.
visto em diversos países. uma tentativa de reafinnaçãil nacionalista pelv~ ,,. Nesse contexto, devemos ai nda acrescentar mais uma camada à dinâ-
manescentes das estnituras do Estado. abandonando toda e qualquer pretcn,,111 mica social da socieclacle em rede. Juntame nte com aparatos do Estado. redes
à legiti midade e voltando atrás na História para agarrar-se ao ()rincípio 1h• glnbais e inôivíduos centrados em si próprio, , existem também comu11idadcs
421) J21

formadas a partir da idewidade de re.tistê11cia. Entretamo. todos esses elemc11- 110. 110 momento em que reconhece 11ações que vão além do conceito de Estado.
tos 11ão são capazes de coexistir pacificamente. uma vez que suas respcctiv,,, ,: constrói redes multilaterais ele instituições políticas em uma geometria variá-
16gicas os excluem mutuamcme. vel de soberania compartilhada.
Assi m, a principal questão passa a ser o surgimento de ide111idudes til' A e111ia. embora seja um ingrediente essencial canto de opressão como
pmjew (ver capítulo 1). J)Otencialmcmc capazes de reconstruir uma nova ,o de libe11ação. geralmente panxc estar inserida em algum tipo de comprometi-
cie<lade civil e. en fi m. um novo Estado. Sobre esse assunto, não serei prescritivo ment<1com omras identidades comlm,1is (religiosas. nacionais, territoriais) em
tarnpous:o profético. mas, cm vez disso. farei uma análise dos resultados pro vez de fomentar. por si pr6pria, resistência ou novos projetos.
visôrios de minhas obse rvações acerca de movimcmos sociais e proc0sso, A identidade lerritorial est8 na lx1se dos governos locais e regionais que
políticos. Minha anfüise nfio descarta a possibilidade de que movimcmos si, desponram no mundo todo como atores i mpo11a111es tamo em termos de reprc-
cia b bastame di stintos dos aprcsemados aqui podem exercer um papel funda scnwção como de intervençüo, por cscaJcm .111.ais bem posicionados para se ajus-
mental na formaçilo da sociedade do futuro. l\o entanto. em 1996. não pud(• tarem às incessante,, variações dos fluxos globais. A reinvençüo da cidade-estado
identificar seus indícios. é uma característica proeminente dessa nova em rle globali7..aç.ão. uma vez que.
"!ovas idem idades de projeto não parecem surgir de identidades antcrln no início da Idade Moderna, o conceito ele tal cidade es1ava relacionado ao de-
res presentes na sociedade civil da era industrial , mas sim a partir de um dL• senvolvimento de uma economia internacional mercantil.
se1wo lvimemo tias atuais idemidades de resistê11cia. Creio que h,\ja 11101i v11s As comunidades femininas, bem como os esJ)aços de li berdade da iden-
teóricos. bem como argumentos empíricos. para tal trajetória na formação eh- lidade sexual. projetam-se na societladc como um todo ao minar o patriarca-
novos sujeitos históricos . Todavia. ames de propor algumas idéias sobre o :1, li smo e reconstruir a fomília a partir de uma base nova e igualitária. que implica
sunto, cabe-me esclarecer corno as identidades de pn~jeto podem surgir a p111 o ck saparccimcmo das relações marcadas pelo gênero nas ins1ituiçiles sociais,
t1r das identidades de resistência aqui consideradas. crn oposiçfio ao capitalismo e ao Estado pat1farcais.
O faro de que uma comunidade é cons1ruída em torno de uma identidll O ambientalism('I pai1é da defesa do meio ambiente de \una determinada ,Ú'ea
de de resistência não signi fica que resultará necessariamente em uma identl t: da sitúde e do bem-estar dos indivíduos ali residentes pai·a um prqje lo ecológico de
dade de projeto. Pode muito bem permanecer na condição de comunid:1CI,· integração enu-e a hummtidade e a natureza, cum base na identidade sociobiolcígica
defensiva. Ou, ,linda, pode tornar-se um grupo de interesse, e aderir à lógica ,111 das e~pcScies. prutindo da premissa de si~ 1i!icado cosmológico ela hunianidade.
barg,mha generaliwda. predominante na sociedade em rede. Em outros <rn~o~. Tais projetos de identidade surgem a partir da rcsistênci<1 da comunida-
identidades de resistência podem redundar em identidades de projeto, vol111 de e não ela reconslrução das in~tituições da sociedade civil. pois a crise verifica-
das à trnnsfonnação da sociedade como um todo, dando continuidade aos 1111 da nessas institu ições, aliada :10 surgi mento das identidades de (esistência,
tores da resistência co1nunal oferecida aos interesses dominantes susten1:i<h1•, origina-se precisamente das novas características tia sociedade em rede que
pelos fluxos globais ele capital. poder e informação. abalam as primeiras e incita111 o aparecimento das segundas. Os principais
As comunidades religiosas podem se transfon nar em 111ovimentos 11· e lementos constitutivos da cstrutl1n1social na Era da Informação, a saber, glo-
ligiosos fundamentaliscas que pretende,n recuperar a moral da socied:1tl1 ba li zação, reestruturação do capitalismo, formação de redes organizacionais.
restabelecendo os valores eternos, de Deus e abarcando todo o mundo, ou ,1\1 cu ltura da vil1ualidadc real e prima7,ia da tecnologia a serviço da tecnologia.
menos as áreas adjacentes. em uma comunidade de fiéis. fundando asw11 são justamente as causas da crise cio Estado e da sociedade civil desenvo.lvidos
uma nova sociedade. nos moldes da era industrial. Representam também as forças comra as quais se
A trnjet6ria do nacionalismo na Era da lnfonnação é mais difícil d~ ~, , organiza a resistência connmal, COJll novos projetos de identidade possivel-
determinada, como se pode depreender a par!ir da observação de acornecinw11 mente surgindo em torno desses focos de resislênci a. A resistência e os proje-
tos recentes. Por um lado, o nacionalismo pode levar a um entrincheiramentl' ,•111 tos contradizem a lógica dominante d,1 sociedade em rede ao entrar em lutas
torno de um Estado-Nação reconstruído, recuperando sua legitimidade cm 1111111, defensivas e ofensivas, tendo como cenário 1J'êS campos fundamentais dessa
d~ Nação. e não do Estado. Por oulro. pode sobrepujar o Estado-Naçii,11111,d,, nova estrutura social: espaço. tempo e t.ecnologia.
., 2\

As comunidades de resis(ência defendem seu espaço e seus lugares dian- objeto social. É por essa razão que a política de identidade começa a partir de
te da lógica estrutural desprovida de lugar no espaço de fluxos que carncterii.a nossos corpos.
a dominação social na Era da Informação (volume l. capítulo 6). Elas reivind i- Assim, a lógica dolllinante da sociedade em rede lança seus próprios
cam sua memória histórica e/ou defendem a pennanência de seus valores comra desafios. na forma ele identidades ele resistência comunais e ele identidades ele
a dissolução ela história n<> tempo intemporal e a celebração cio efêmero pela projeto que podem eventualmente surgir desses espaços. sob determinadas
cultura da virtualidade real (volume 1, capít ulo 7). Lançam mão da tecnologiH circ1mstâncias, e por meio de pmcessos espec(ficos a cada co111ex10 in.witu-
da informação para permitir a comunicação horiwntal entre as pessoas, e a cional e cultuml. A dinâmica de contrnclição daí recorrente est~ no cerne do
oração ela comunidade, ao mesm<> tempo refutancl<> a nova idolatria do processo hi stórico pelo qual um a nova estnnura social e a '·came e os ossos"
tecnol ogia e preservando valores transcendentais diante da lógica desconstruü va ele nossas sociedades estão sendo constitu.idas. E onde fica o poder dentro
de redes de computaclore.s. regidas por normas pr6prias. dessa cst!lltura social? E o que é o poder sob tais condições históricas'1
Os ecologistas defendem o comrole sobre tis fonnas de uti lização do O poder, como já tivemos a oportunidade de observar. e conforme de-
espaço, wnro em benefício das pessoas como da natureza. contra a lógica ab~ monstrado, até certo ponto. neste volume e no volume I desta obra. não mais
trata e n5o natural do espaço de fluxos. Eles antecipam a visão cosmológica cl(I se concentra nas instituições (o Estado). organizações (empresas capitalistas).
tempo glacial. integnindo a espécie humana a seu ambiente evolucionista, ~ ou mecanismos simbólicos de controle (mídia corporativa, igrej as). Ao con-
r<:)jcitam a invalidação do tempo pelo rom pi mento das seqüências. urna 16gicn u·ário, está difundido nas redes globais de riqueza. poder. informações e i ma-
incrcrne ao ternpo inre1npornl (volume 1, capítulo 7). E. finalmente, apóiam o gens. que circulam e passam por transmutações em um sistema ele geometria
uso da ciência e da tecnologia para a vida . opondo-se ao predomínio da ciat, ,·ariável e geografi a desmaterializada. No cnwnto. o poder não desaparece. O
eia e da tecnol ogia sobre a vida. f'Oder ai11d11 govema a sociedade: ainda 110s moldo e exerce domínio sobre
As fem inistas e os movimentos d e identidade sexual defendem o cem nós. Não ~ó pelo fato de que aparatos de di ferentes tipos ainda se mostrnm
trole de seus espaços mais i medi atos, isto é. seus corpos, contra sua dissoluç/,u capazes ele disci plinar os corpos e si lenciar as mentes. Essa forma de poder é,
no espaço ele fl uxos. i nfluenc iadas pelo patriarca li smo, em que i magcn, ao me-sino tempo, eterna e evanescente. Eterna porque os seres humanos são. e
reconstrníclas da mulher e fetiches ele sexualidade diluem seu caráter humano sempre serão. predadores. Contudo, na forma que existe atualmente, poder ,1
e negam sua identidade. Dn 1.nesnrn forma, lutam pelo comrole de sen tempo está desaparecendo grad~livarnente: o exercício desse poder revela-se cudit
visto que a lógica imcmpornl da sociedrnleem rede acumula papéís e funçô,·, vez mais ineficaz para os interesses que pretende servir. Os Estados podem
a serem desempenhadas pelas mulheres sem adaptar suas novas vidas à nov11 atirar. porém, diante do perfil de seus inimigos, e do paradeiro dos que os
noção de tempo, de modo que um tempo alienado pa~sa a ser a expressão ma" contestam e desafiam, cada vei mais indefir11dos. tendem a atirar para rodos os
wncrcta da missão de ser uma mulher liberada dentro de uma organi z:,çao lados, correndo o risco ele atirar em si mesmos ao longo do processo.
soc ial ni',o-libcrada. Os movirne,nos feminista e de identidade sexual tamb<l,11 A nova forma de poder resitle 110s códigos da infrmnaçiio e nas ima-
pretendem utilízar a tecnologia para conqui.star mais direitos (por exe111pl11 gtms de repn,se111açrio em /orno das quais as sociedades orga11izc1111 suas ins-
seu direito lt pmcriação e ao controle sobre o próprio corpo), contra HS mel11, liluiç<ies e as pessoas constroem suas vidas e decidem o sell compon amento.
patriarcais cJ.; utilização da ciência " tecnologia. mani festadc>s. por exemplo, Este poder enr:omra -se 11a 111e111,1 das pessoas. Por isso o poder na Era da
na subrnissiio da mulher a rituai;, e crendices médicas totaJ111ente arbiu·ftrio,, Informação é a um só tempo identificável e difüso. Sabemos o que ele é, con-
ou quando houve. temporariameme. fal ta de vontade da parte de algu,mLs m, tudo não pocle1nos tê-lo, porque o poder é uma fu nç5o de uma bataU1a inin -
tituiçües cientílicns em ,e lutar contrn a AIDS durante o ternpo em que l<1I terrupta pelos códigos culturais da sociedade. Quem, ou o que quer que vença
considerada uma doença com raída exclusivameme por hon,ossexu:, i~. N11 a batalha das rnentes das pessoas sai ní vitorioso. pois aparatos rígidos e pode-
momemo em que a humartidade atinge a fronteira tecnológica do con1 mh· rows não scr~o capazes de acompanhar, em um prazo razoável, mentes mobi-
soc ial sobre a reprodução biológica das espécies. uma batalha funda11wn1,il lizadas em torno do poder detido por redes flexíveis e alternativas. Tais vit<írias
vem sendo Lravada entre o corpo como identidade autônoma e o corpo , 01110 podem ser efêmeras, poís a turbulência dos fluxos de informação mamerão os
425
,12-1

códigos cm constante movirncmo. Por isso as identidades são tão imp()rLanLcs organizacionais. informacionalismo desenfreado e parriarcalismo - a saber,
e. em última análise. tão poderosas nessa estrutura de poder en1 constante po, enquanto, ecologistas. femi nistas, fu1ldamentalistas religiosos, nacionalis-
mutação - porquanto constroem interesses. valores e projetos. com base 11;1 tas e local istas - rcpresentam os sujeitos potenciais da Ern da l nfo,m ação. De
c~periência, e recm,am-sc a ser dissolvidas estabelecendo uma relação espccí que formas se manifestarão? Minha an~Iise aqu i é necessariamente mais
lica entre natureza. história, geografia e cultura. As idemidades fixam as bases especul ativa, embora sinta-me obrigado a sugerir algumas hipóteses, fundadas
de seu poder em algumas áreas ela estrutura social e. a partir daí, organiza111 tanto quanto possível nas observações apresentadas neste volu me.
sua resistência ou seus maques na luta informacional pelos códigos cultu wi~ Os agentes que dão vo z a projclos de identidades que visam à transfor-
que constroem o cornponamcnto e. conscqiicntemente, novas instituições. mação de códigos culturais precisam ser 1nobilizadores de símbolos. Devem
Diante dessas circunstâncias, quem são os sujeitos ela Era da lnfonm1· muar sobre a cultura da virtualidade real que delimita a comunicação na socie-
çao· Jú temos conhecimento. ou pelo menos uma idéia. elas fonre.s a paitir da,
1 dade em rede. subvencndo-a em função de valores alternati vos e introduzindo
quai~ Lab sujeitos podem Surgir. Também diria que é bem provável que saib11· códigos que surgem de pwjetos de identid<1de autônomos. Verit'iquei a exis-
1110s de onde ele.s certamente não viriam. Porcx0rnplo. o movimento trabalh i~ tência de dois principais tipos de agent0s potenciais. Chamarei o primeiro de-
la parece estar hi storicame nte ultrapassado. Não que vá desaparecer p<>i les de os Pmfetas. Trata-se de personalidades simbólicas cujo papel não implica
co111ple10 (embora esteja esmaecendo cm boa pane do mundo) ou perder to1:d .:xcrcer ,1 função de líderes c,1rismáticos ou estrategistas extrcma1nente perspi-
rnente sua imporl>incia. Na realidade .. sindicatos são influent0s mores político~ cazes, mas sim emprestar uma face (ou uma máscara) a uma insurreição sim-
cm diversos países. E em muitos .:asos .:onstilllcm as pri nci pais, ou únic,,- bólica. de modo que possain falar em nome dos rebeldes. Assim, os rebeldes
l'e rramentas de que. dispõem o, trabalhadores para de render-se dos abusos do sem meios de expressão passam a ter uma voz que fola por eles. garantindo t1
capital e do Estado. Entretanto. Lendo em vista os elementos estruturais e pro sua ident idade o acesso ao campo das lutas simbólicas além de uma chance de
cessos históricos que procurei transmit ir nos dois pri meiros volumes desrn tomar o poder - nas mentes das pessoas. Este é o caso, obvi amente. do
obra. o movimento trabalhista niio parece estar preparado paru gerar, por , 1 subcomandante Marcos, o líder dos zapmisms do M6x ico. E 1ambém elo com-
próprio. uma identidade de pru.ieto capaz de reconstruir o controle social e :1, !)(ldr e Palenque na região de la Paz-E! /\ho. Ou ainda de Asahara, o guru do
instituições sociais na Era da ln formaçãú. Sem dúvida, militantes do mov, m ito .iaponês de tendências assassinas . Além desses exemplos. para destacar a
mento trabalhi~rn farão pane de uma nova dinâmica social transformadora, .ln diver~idadc de expressão desses orácu los em potencial. podemos citar tam-
1150 posso dizer o mesmo com tanta certeza sobre os si ndicatos. bém o líd0r 11acionali , La catalllo, Jorcl i Pujol, cuja moderação. racionalidade e
Os pa11idos políticos também já esgotaram seu potencial como age111,·, habil idade como estrategista mui tas vezes oculta sua paciência e determina-
m1rônon1os de trnnsfonnação social. apanhados na lógica da política infonn11 \'ão em inserir a Catalrmya corno um.a naçüo entre as demais nações européias,
cional, e com su,1 principal plataforma, as instituições do fatado-Nação, perdeu fazendo uso da palavra eni nome dessa naçáo. e reconstru indo tuna identidade
do grande parte de s1ia i1n1>ortíincia. Trata-se ainda, entretanto, de instrumento, rnrolíngia para a Cmahmy(I. Ele pode ser a voz de uma nova forma de naci<>-
essenciais para o processamento das reivindicaç<ies da s()ciedade, encabe~ado, nalismo, original e destituída de um Estado na Elu·opa informacional. Em um
pelos movimentos sociais. nas esfera~ políticas nacionais. internaciona i~ , exemplo diferente, a consciência ecológica não rnro é representada por canto-
s11pranacionais. De fato. enquanto cabe aos t\lovimentos soci ais fornecer "' res de roe~ que gozam de granclú popularidade, co1no Sting em sua campanha
novos códigos nos quais as sociedades podelll ser repensadas e restal)elecicl:1•, para salvar a Amazônia: ou por estrelas de cinema, como Brígine Bardot. com-
alguns partidos políticos (talvez sob novas roupagens informacionais). idn,l,1 prnmetida com uma cruzada em defesa dos direitos dos animais. Um tipo dis-
atuam como agemes crnciais dJ institucionali7.ação da transformação soc,:il timo de profeta poderia ser até mcs1110 o neoludita 1111abo111ber nos Estados
São bem mais agentes de grande influência do que propria11Jente inovadn, 1·~ Un idos. agregando a tradição anarquista à defesa violenta da natureza essenci-
políticos. al contr,1os males da tecnologia. Nos movi mentos fundamentalistas islfünic<>s
Portanto. os movimentos sociais que surgem a partir da resistõun,, 0 1.1 cristãos. diversos líderes religiosos (niío citarei nomes) assumem um papel

~<1n1L11rnl à globalização, reesu 111ur.iyão dCl capital ismo, formação de récl,•" ele liderança semelhante na interpretação dos textos sagrados, reafirmando a
J2{) Conclus.io: A tran~lormação social n.:a :wct«l::idc cm rede

verdade de Deus na esperança de que Sua palavra alcançará e tocará os coraçoos das redes de mudança social dificulta a percepção e identificação de novos
e almas de possíveis convertidos. Os movimentos pelos direitos humanos n,uilas projetos de identidade que vêm surgindo. Pelo foto de gue nossa visão históri-
vezes também dependem da atuação de personalidades simbólicas e radicais, ca de mudança social esteve sempre condicionada a batalhões bem ordenados,
como é o caso da lradição instaurada pelos dissidentes russos, historican,enlc estandartes coloridos e proc lamaçôes calculadas. ficamos perdidos ao nos con-
representada por Sakharov, e expressa na década de 90 por Sergei KovaJov. frontannos com a penetração bastante suti Ide IJludanças simbólicas de di men-
Optei deliberadamente por misturar os estilos em meus exemplos para J<: sões cada vez maiores, processadas por redes multiformes, distames das cúpulas
monstrar que ex istem " bons" e "maus·· profeta.s, dependendo das preferência, de poder. São nesses recônditos da sociedade, seja em redes eletrônicas alter-
i11dividuais, inclusive a minha própria. Contudo, todos eles são pwfetas no nativas, seja em redes populares de resistência comunitária. que tenho notado
sentido de que indicam o caminho, sustentam os valores e atuam como emis a presença dos embriões de uma nova soc.iedade. germinados nos campos da
sores de símbolos. transformando-se eles próprios em símbolos. de forma tiil história pe lo poder da identidade.
que a 111ensagem se torna i11dissociável de seu emissor. Momentos de transição Continua ...
histórica, freqüentemente articulados no cerne de instituições decadentes e
modelos políticos desgastados, têm sempre sido a época mais propícia ao api,
:imento dos profetas. E essa noção se aplica ainda ma is à transição para a Er,1 Notas
lnformação, isto é, uma est(t)l ura social organizada em torno de t1uxos de L J>afü,rim l 1994: J7),
'ormaçâo e manipulação de shnbol.os.
2. ,\.f(1ch; -= poder: l%lrmrsdum111;g = vii:áo de mundo cem,·ada na cultura: Selb.,·umsd1<mu11g
Entretanto, o segundo e principal agente idemificaclo em nossa jonwd11
(neologismo proposm) = ,•isifo de m1111du ,·~:111rnd::1 cm si JJJ'Ópno.
los ca111pos povoados por movimentos soci~is consiste em 1.1111.c, forma d1·
?(miwção e i,11ervcnçâo desce1111·akada e imegrada em rede. corac/erfrti
dos novos 111ovime11tos sociais. refletindo a lógica de dominação da forma
:, ele redes na sociedade informaciona I e reagindo a ela. Clarameme. é esse t>
,o elo movimento ambientalista, construído em torno de redes nacionai~ \'
crnacionais de atividadeclcscemralizada. Também demonstrei ser este o ca~ll
s n1ovimemos feministas, dos rebeldes contrários à nova ordem global e eh),
>vimcntos religiosos fundamentalistas. Essas redes fazem mais do que sin1
:smcncc organizar atividades e eomparrilhar informações. Elas represe111t1111
verdodeiros pmdu/ores e dis1tibuidores de códigos cul1t1rais. Não só péln
,de, mas cm suas mú lciplas formas de intercâmbio e interação. Seu impacto
brc a soc i,xladc raramente advém de uma estratégia alcamcn!e articulado ,
111andada por um determinado núcleo. Suas campanhas mais bem-suc.:dl
s, suas iniciativas mais surpreendentes, normalmeme resuham de "turbu lGn
1s" existentes na rede interativa de comunicação em múltiplos nfveis - qiw
pode verificar, por exemplo, na produção de uma ··cultura vereie" por p:1n1·
um fórum universal em que se comparti lham experiências de preservaç110
natureza e, ao mesmo tempo. sobrevivência ao capitalismo. Ou. aind,1 , 11,1
rrocada do patriarcal ismo como produto da troca de experiências entn: n111
ires em grupos. revistas. livrarias. tJlrnes, clínicas e redes de apoio à criaçau
s filhos. destinadas ao póbl ico femin ino. Tal caráter suti l e clescemrali1n,h,
Apêndice ~:1c1odo!ógico

Taxas de câmbio = médias do período e ntre as taxas de câmbio de


merc,iclo e taxas de câmbio oficia is.
l{t'.servas nione(árias = reservas, exceto ouro, segundo avaliação do país.
Apêndice :tv1etodológico Ex porl<l\' ões = produtos de exportação, FOB.
Dívida exlerna = d isünta da dívida interna de acordo com o local
ele residência do fi nanciador, sernpre que possí-
vel; caso contrário , de acordo com a unidade mo-
netária em q ue os instrumentos de dívida estão
denominados .
Investimento inte rno = cálculo obüdo multi plicando-se os dados de cada
Apêndice às Tabelas 5.1 e 5.2 país constantes da tabela mu ndial do IFSY, "In-
vestimento cm relação ao Plll (%)" pelo PIB cio
Os índices e Laxas de vari ação apresentados Jl/\S tabelas 5.1 e 5.2 fon1111 país. O investimento compreende Porma~·ão de
calc ulados tom base e111 dados obtidos a pa11ir de diversas fontes cstatísliCII' Capital Fixo Bruto e Au111en10 nas A\·<'íes.
i-\s tabelas a seguir foram org1111izaclas de modo a de111onstrar os números n:,11,
uti li rndos nos cálculos, bem como os índ ices e raxas de variação apurado. A letra (p) indica dados prel iminares.
com base nesses dados. Nas linhas cm que estão apr,~semados dados 01ig inni, A le tra (f) indica dados de finitivos.
as fontes fora111 c itadas na coluna da direita, com as seguintes abreviaÇôe$; ü sinal * indica que h<Juve a lten)çiio no$ métodos ele cálculo e111 re laçãq aos
números .1pu rados em imos anteriores.
GFSY = Go1·el'11me111 Fi11m1ce S1a1is1ics Yewbook . vol. 18 (Wu
s hing1o n DC: Flvll. 1994)
IPSY = t,uema1io11af Financial Sl(l(is1ics Yearbook. vol. 48 (Wn
shington DC: FMI. 1995}
EW Y = The EuropCI HkJr/d Yearbook (Londres: farrapa Publir:r
Lions, 1982. 1985. 1995)
Ol~CDNA = ,N111io11alAccou111s: Dewilediiibles. /980-/992. vol. 2 (l~:i
ris: OCDE. J994)
WT = World Table.1-. 1994 (Banco Mundia l, Baltimore: The John,
Hopkins University Press. 1994).

As tabe las são aprcs~madas em o rdem all'abétic11 por país. Para ca\111
país. a tabela 5. 1A fornece inl"onnaçües. cálculos e fontes de cons ulta refel'CII
te, à tabela 5. 1. e a tabela 5.2A fornece os mesmos tipos de informação p:11a.,
tabela 5.2.
Algumas definições e explicaçôes sobre os cá lculos efetuados estão rc lac:1
onadas a seguir. Para definições comple tas sobre todas as categorias apres,;nt,1
das nessas tabelas e <lescriçiles sobre as fontes de consulta originais e méw,111
:relotados para os cálculos. ver apêndices aos materiai$ de consulta.
Alemanha: Tabela 5.IA i111etnacir11K1li1:açã.o d;.t CC(.m<;,mi;.1 ç finarn;as pUblicas (cm bilhões de nHlf'CúS 11lenl ~e.~. salvo indicaç,lú ~m contrMio)
Vai'iaç,fo
/980 /99/ /992 /993 /994 /98(1-93 (%) Fcmtt:

Ti.lÃ.:l média dt~ ..:úinbio 1.81 77 1,6595 1.5617 1.6533 1,6228 JFsy-95
(DM por üS$J
PIR (DM) 1.470,0 2.647,6 2.813.0 2.853.7 2.977J 1Fsy ·95

(DM 1990) ( 1.942.41 (2.548,ói (2,593.5) (2.549.5) (2.608,3) IF$Y'95

Dívida extern.l JX.05 :?43.21 31 1,73'~ 472.87(p) IFSY '95

OívíJa cxlcnutlPlB ( %·) 2,6 9.2 28.5 16,6 5>8.5 1~-sy-95

Ernprésti1nl) externo liquido 20,84 4.5,05 6}L'52~ 161.14'


çvnlr;\íd o pelo gon;rnu

Total das rc~crva$ rnonculrhts, 48.592 ():1.00 1 90.967 77.MO 77.36:~ IPSY'95
excetú ouro (em US:$ in1lhõi!.s)

Total da-:: rese,'Vas .non.::1á1'ias. ,-;~.:n 104.55 121.-zj 12R,36 125.54


excclo ouro {cm DM bi1hix:s)

Dívida externalreser.·as 43. 1 2J2.6 257.1 36~.4 J253 (p)


1nonetárias (Ç~1)

Exporl:.iÇôcs 350,33 665.~I 658.47 628.39 677,8 1 IFSY'95


Oívid..i externa/êxpmtaç&::s ( %> LO,') ]6.5 473 75.3 590,8
Go.stos públicos 447.5~ 860,74 1.022.95* l .062.38(p) fFSY"95

Onida c11<>ma/g:,st0< 6,5 28,3 30.5 .1.1.5 ~135 (p)

E1np1isumo .:x1cnlô lic:iuido -1,7 5-,2 6~7 15..~ 223.4


..-omm(do petu g(lvcnin/
gasl<.1:-- 1)úb1ko:- ('i-b)

'67.7.', 680,43 706.06 684-~9 73:S.47 IFSY'95


l nn~stimcoto intçn\c1 (forma(âo
de capital lixo lwuh1 +
m.1 ntc11tos da:-. ações)
r--~-'-
· -1 19.67 14.48 14.65 JFSY"95
lnw.:stiinenw dird0 1l(). exterior 4.7
(em USS hilh6c~J

l 11n!~tlmcnw direto no exterior 1-:54 39.36 '.H).72 23.94 23.77


(cm D;1•1 bi lhões)

hwesumcmo ditem no cxlcrior/ 1.3 5 .~ 4.4 :t5 3,2 52.'1


i nn.:...;tirneoto interno(%)

tnvc:::-timcnl<l ts1rn.ngcin> cfüe:w 0.33 4.07 2.44 0.32 -3.02 IFSY'95


(cm US$ bilh&::-)

111\'çs1i1nemo cslrangciro 0,60 6.75 3.81 0.53 -4.90


dil'cto (çm Dtvt bl lhl>e:.)

Iog.1'~-sso de inv~slimtmo 0,1 ! .O 0.5 0.1 -0.7 -5(),0


cxtt.-:rm> <lireto/invesli mcnl(>
interno l%>
Alemanha : Tabela 5.2A P~1pcl d(.l govemo na C'\-:ornmii;1e ti11an~-a~ públil.".~ i:~in b1lhõc.s. de man~t~ .3Jemfie.s. saho indicaç:1o cm rnntr".i!'10)
\'r~r ia(-.i<>
19/i() 1991 {Q<)2 199) 1994 /9X0- 93 (%)
f,"onle

1.470.9 2.6 4?,6 '.l.81.3.0 2 .853.7 2 .977,7 JFSY' 1)5


PIB
Gasto~ p1íhlic.(I-:. 447,54 860,74 1.022.95• l.062.38(p) JFSY'</5

G~1s10:-. p1íblicú~PI B (%) '.,(),4 32,...i 36.4 :n,2 (p) 19.7

Receit:'i t,·ihulál'ia (on;amcnw


- g.ovemo cerutal) 177.54 151,74 .nS.S2(p;* Gf'SY"<J0,'94

R«-eita tributfüi.vPlíl (%) 12. 1 l'.l.3 13.5(1') 1 1.6 ( p)

Déficit orça,ncntiÍri<> -26.91 -(>2,29 -73J ()$ -75.S6<p) IFSY'</5

Délici1or~1.101~1Há1'io/PIB (%) I .~
___
1' ,. 2.,6 2.6 44.4

Oi\•itfa píihlica 7.35,77 ó~C/.~I XOl.57 902.52(p) JfSY-95

Dívida público/PIB (%) 1(,.0 25.? 285 31,6 78,1 OECl>Ni\'92

Funcionalismo públic.-o (cm 3/)29 4.307 4 .~40 üECUNA92


n 1i lhares de fonc1onáôo..~)

Tot2I de ernprcios 23.81:{ 26. 18'.l 26.432

Punçionalb,rno p(iblico/ 16.5 16..5 lú.4 -0.6


total de êmpn;g,o.l- (%)

("..on~mo publico 298,0 ~~ô.5 502,9 508.5 520,2 ll'SY .95

~-·a 8'3"'.0 -!43)1 L536_, 1.5SS.9 1.6445 [FSY'95

Consunm pUhlko/
3::~2 J2.7 32.0 } I.<> -~.I
i·on,~111w privado i 'h) 35.ú

Di.::p<.~utfü~ d<: ç:1pilal EWY.84.'95


10 1.52 175.92 197.12 199.51
pelo go\'..;rnu
7()5.7 1 EW\"S4;95
F<>l'ina\ão <.k capiwl fixo hrutu .\37,1;)8 651.0J 709.22

30.CI 27.0 'J..7.9 28.:, -7.0


Di.::1'lêndio$ di: 1.:"~1pit~1! pck,
gJ)\/(.~mo/form:.içifo de rnptt~J
fixo hn.llo (%)
Espanha: Tabela S.l A lnh:rmlçiona!izaçf,o da c(.:on<.lmfo. e finanças públk';,l:- (cm bi lhõi::;1. <lt pt:-ct~L'-. salvo iodk;,çiio ein Cl'l!Un1ri,)>

~..riaçúo
19/ií/ /')?/ /')<)2 1993 /</9,/
19.~0-9.i (%) hmfl•

Taxa mêdi:1de c.ilnhio


( Pl~.':>é l ~L'- por USS} 71,70 10 3.9) 102.:\8 127.2 6 J>:).96 lf':SY'95
P113 (pes<~U1,,,;) 15. 168 S4.90! 59.002 60.904 <>4.67J
(pu..<;CW.$ 1990) (37.>t)5) () 1.269) (5 l.62S) (:\ 1.0 54) (;i 2.0MJ lfSY' 95
f)ívj da c~tcrna 133.6 2.968,8 ,) .259,9 6.J64,6 5 .893.0 IFSY-95
l)ívidà <.:x<cma/PJB (% j 0 .9 5.4 5.5 10,.5 9.1 1.066.7
Empréstimo externo liquido
contnrido pcJo ~<,wc.rno 1.775.0 124.2 2.7 12.9 :162.4
Total das re..~el'v~,s ir1o nc1ária.5, 1 1,863 65.$22 45.504 41.()4.5 :11569 lf'SY"</5
CXCCIO OUl'O (t:111 l)S$ milhôc..-;)

Total d:L<õ l'C:':-.erv;is mon(;l(Í riu::;,


e-xceh) ouro {em hilhõe,.-.
de pc:::euis} 850,60 6.839,Só 4.658.70 5.1.33.39 j.568.5~
Dívida ~xt<.~ma/rc.'>crvas 15 ,7 43-,..:1 70,0 1:? l.ú 10:\.8 674.S
monetária., (%)
Exportações 1.493.2 6.225.7 6 .(10 :'i.7 7.982.3 9.79:5:'.?: lrSY'95
Dívida i.::xtcma/cxponaçôcli (%) X,9 <17 ,7 49.:1 79.7 6(),2 795.5
G~:-.tus públicos 2,522,7 13.10 2.1 14.$35 .5 17.50.1.0 17.3(~1.0 IFSY'</5
Oh wa c~1Crn.a1
~ p i f '-·ico5 1q' jJ 22..7 22.0 36.4 34.6 586.8

Emprt:-timo <.~xh:fno liqmdc) IJ-.5 o.•) IS.) 2 .7


<.:onlr;,1ítlt) pelú govcm,l./
g:,1Stúli puhli<.:u~ ( '§ t
IJ ..:.9.l.45 12.1 19.90 12.7~0.85 w ~v·95
hwc:-.1iinenU) inlc1w,) ( formaç5o \ _') J~.9~ 13 .505.65
de L'apil~tl lho hn.no +
;u101cnto-:. J ,, s :lç(h:>:)
~. 192 2.65~ 4.170 IFSY"9:>
lnv"~s1imcnfú d1rc.h) no cx!étior .l 11 -L+H
(cm US$ milhcb)
lnvcs1in1enlo dlr<~w no cxlcrior 22.30 ~ 6157 22J.-12 337,!9 558.61
(e:m hilhü~~ de pcsi.:l:.1.si
lnvC!-:im~mo direto no <.~ :<.h~nofl 0.6 l.4 1.7 2.X 4.4 1:·n .1
i1w-e~limc1110 i111emo t~1< >
l '2A9) 13.:."! 76 8. 1-14 9.700 IFSY "95
l1~vc:-11m..:nlLl estrangeiro IA93
dirclO (~lll US5 milhõe:-)

107.05 1.2% .1 5 1359.20 1.30 6.4 1 1.299.4 1


lnn:~{imcnt<.) ~tr:mgcin)
J.in.:w {c::10 bilhõ<.·s de: p~~ m:-J
9.ó 10.1 M 10.2 2:\6.7
l1t\'l.''-lim<.;111n ~Sl~tn~c::i1\ .) 3.0
tlircto/im·c slim~ntu intcrn1, (<:"~)
f.spanha : Tabela 5.2A P;.1r,çl dü govem~>1t :..1 t:-.·onomi:i. e- fin~ott.;a.'- pt'ihli~it~ (.:-m h1lh.õc, de pcsc1a:-. •.•.:!Ivo indi.:a<;J1, .:10 ,;,•ontr.út10)

H1ri<1ç,io
i9/i0 /99/ 199:! JY93 /99./ J;,ni(>
1980-92(%/

PIB 15.168 54.90 1 59.002 6C).Y04 64.67} 1FSYº95

Ga~I\)!'> pllhl1cos 2.552.7 U .1 02.1 1-1.835,5 17 .503.0 17 ,()}1.ll wsv·y,

Gastos públi.;o..-./PlB (% ) 16.li 23-.9 25.1 28,7 26,J 49.4

Rocci1~1 1ribv1:iria (orçamento 1.602•.J 9.530.(, GfSY'90.'94


- governo ccmral}

Re<..~h~1 tribul:.~rfa/Ptn •t;;) 10 .6 J;.4 64.1 ('91)

Déficit orçamemádo -555.R -1.7.SX,O -2523.5 ,4 ,22 1,.J -4,9~.l.9 lf'SY"</5

06ficit orçamcnlário/PlB (%) J ,7 :ti ' ...>


~ 6.9 7.6 16 .2

Dívida p6blica 2.3 16.7 20.837.3 23.552..7 28.708,9 34.448,0 Jf'sy·95

Dívida públíc,1/PlB (%) 153 ;l&,0 :N,9 47. 1 53.3 160,o

Funt1onalismo pút>lk:o
=· - . , ; . . " ' e ! & ~-~ ~ ~I 2.Qk..1- OECDNA92

'-J.ú!h O ECDNA'92
Tot.ll de c11lpl'cgo~ Y..]~':)

r:1mcionalit-n10 ptiblico/ 2CL:O: 21.7


total <lc cmptegos (% )

34.2.J.4 37,210 3$.51 1 40.85,1 lFSY"<J:i


Consumo privttdú 9 .992

I0.027 l(J.(,<,9 10 .992 !rSY'95


Consumo público 2.008 8.8H2

20. 1 15·.9 2ó.? 27,7 26.9 33.8


Co»St.111h) piíblico/
t:ú 1\smno pri\ado (% )

Formaçno J ~ c~1pit~1I
13 .(J41 12.859 12.(>40 1:!.709 il-'SY'95
fr:m bruto 3.168
EstadQs Unidos: Tabela 5.1,\ l11u.·rn~Kion;1li1\t\::1<> da l'.\.:l•llOIHm.: l 11\~IO\·.i:,. púhl1~:l;. (cnt bilhW!>. d..; dólarç:-;, !')(1lvo indiq1ç:10 i.:111 <:t)lltl':h io)

Y(u'iarlio
19,'50 l 'J9I l<J92 1993 1994 1980-92 i%) hlO!t'

l'lll (USSl 2.708,1 i.722,9 6.020.2 6343.3 6J7S,·1 lf'SY'95


(l)S$ 1990) (4,275.6) (5..158.J) t5.673..5) (5.81.l.2) (6.050A)

(i;L')tOS JMi()l il'.ll!\ 129.i ,tQ 1.7 ~49.7 62~.6 IFSY'95

Ga.~tús pül>licos/ PJB c~.1 J 4 .$ 8.ó l)J 9J{ 104.1

Empfis1imú externo líquido 0.2 68.8 57.6 9 1.~ ll'SY "95


..:on1mído pd o go\'~fllo

'f<)tal das 1i!sen·as 15.60 66.ôó ó0,27 6.?J.5 6J.1~ IT-SY'95


monctárfas. exceto ouro

Oívid~1 Ç·Xt<.~rn:1/fcs<.!rv:.l:.. 8.' 1.-1 737.6 </ 1~.I 99~.6 20.1


monctária.s f%>

Í::lqx.111;tçOc:-; 22557 42 1.7 > ,t,18, 16 ,16,1,77 51~.52 wsy·95

Dívid:i c-~lc 111a./ 575 116.(l 122,7 13-i,O 133.0


e\'.pr.,rtações (% }

""-----u:Kplibi11..V'b 596,ó 1 tl9.1 1 +15.1 1.492.4 IFSY'95'

Dív i<lil cxtern:1/gasms :! 1.7 34.4 >x.H ..tl.7 92,2


públic.:os (%)

1:mpré~ti1no t:Xt(:.l'OO liquido 0.03 -l,8- 4,0 G.12 w:i.o


c..:<mlraído pdo go, ·êrn<i/
gastos pútilicos (~?·)

lnv~stimemo imc.rno :\-11,62 875.60 ~39. 15 1.052,99 1.246,<,0 IrSY'95


(fi.nm<!çito tk>: t:ip11.1i
fi:w bruto + amlleOlô!.
d as :l'Yt :,cs)

lnvé:-1.imt~n1c> d irt:lú 19.23 3U0 .j 1.(11 57J(/ 58..14 lí'SY''i5


110 cxh.:rior

Jnw,::;.1imcn!o d in:10 3.6 3.6 ~1.,, 5.5 ..t.7 52.g


no cxtc..~rlor/iuvc:-;timçnw
imcmo (%)

1m•i.;.-.ümcnto estrangeiro 16.93 26J)9 9.89 21J7 60.(l? lf'S Y''!:\


diréto

l1wes1iinen10 csttang.::iro 3,1 3.() ! 1 2.0 -1.8 35.5


di reto/investimento
imerno (%)
Estados Unido.s: 1àbelá 5.2A ?~1p{:I d<• govenl<) na ::,ç1m1,.n nfa i; fimm\:m, pôbhcas (<.·m hi lhik:- de t IS$. ~Jvo i n<lii;ai_:â() 1.~m ço nlr:ír io)

\fofoçüo
/ <)/;() /()9/ 1992 1993 i994 1981)-92 (% )
Foull.:

PIB 2 .70$. 1 5.i :::?2.9 ó .020.2 6.343,3 6.738.4 lf'SY.95

( Ja.~tús públicos 596.6 l .~29, 1 1.445.1 1.491.4 lf'Sy·95

G~ti\lOS p1fütil:(ls,1PIH 24.0


(%} 22.0 25.0 23.5
""
R<-c.-dl..i tributária (on;am~nto ;1-t6.8> 635.~1 6:'il.<X) 706.79 crsv ·~t;q4

- g.1wcroo ccm1al)

Rccci1;1 tribu1árfa/Plíl (%} 11$ li, 1 10.X l 1.1 - 15.(,

Déficit orçamemádo -76.?. -171.5 -289-3 -254.1 IFSY'95

Délicit <.m;aioi.?nl(Írl()/PlB (%•) ::!,8 4 .8 .(,() 42,9

Divida púhlic,l 737 ,s. 2.8-t5.0 3 .142 .4 3.391.9 1Fsv·95

Dívid:;1 pVhlic~t/PIB {'Z,) 27,2 4 9 .'? s2.2 53.5 9 1.')

Funcionalismo público 14.890 16.89:l 16 .799 OECDNA'95


.cm núlhares de fundoruírio..-.1

OECDNA.92
WJ.,10 1 1OJ.-49" 11n.6-. n
Tma1 de empregos

f 111\clnnalti:a1m plíblk:oi
16.~ -4.7
1út~11 de tinprc~o~ (%) 17,0 16J

1.125,3 1. 148 .d 1.175,3 IFSY''I:'>


C\-.11::-unu) e 11wcs1in1<!"1llü-: 507.1 I .UY9.~

públiCM

4. 37R.2 4.628.4 lFSY'9 5


Consumo privado J.746. 1 .1.'.l(J6.J +1.1 ><>.9

26,2 25.4 ~(),9


Cúnsumo púbhc(.)/ 2?JI 28., 17.~
consmno pfl'\'a<lo {i;'i,)

155-1 160.~ !FSY'95


72.7 139.6 1:10.ó
Dispêodic>:-. <l~ C~lpit:d
().::il) :;.úVtmo

1.037 .1 1.19~, 7 1r-sv·95


549.S S7<>.S 938.9
FMm.:t\5Q d.:: cnpiml
für.o brutt>

15.9 IC,,() 15.0 13,5 21.2


Dispêndio:- d~ c~~pirnl l~.2
pdo governo/
fo nn:içilo de: capital
lixo hn110 (% )
Índia: Tabda 5.lA lmernr,cion:..iliz;!~iio d:t c.;onomia -e finanças pUblic-as. (e-m bilhões tfo nípia~. ~~1h:(.l in.dk:::ição em con1r:, r io)

\4m'aç/io
/980 1991 /992 ICJYJ' /99.f P(>me
1980-9] 1%)
Ta:<a m~dh, de (.'S\mb10 8.659 2"2,72,1 25.9 18 30 .493 3 1.'.\74 JFSY'95
(R(opi:cs por USSl

PIB (rúpias) 1.360.1 6. 160.6 7.028.3 7.863.6 1r-sy·9s


(nípi;1s 1990) (3.0.l l.6) (5.38Ui (S.629. 1) (5.824,6)

Dívida externa 107,6 369.5 412,2( p) 46-1.S ( f) lfSY'9~

Divida exct ma/PJB (%) 7.9 6.0 5.:1 (p) 5.9(f/ -25,3

Empré::;1imo externo liquido 7,0 54.2 46.~ 55.8


t:<mtn:1ído pelo govemo

Tot:-il das reserva') nu>uc:t..'iri~:-.. 6.944 3.627 5.757 10.199 19.(,98 IFSY'95
exceto ouro (e,n lJS$ ,ui lhõc:;)

Tma1 das n:-.scrva.~ monetárias, 60.1'.\ 82.42 149;2 1 '.\ 11,(X) 6 18.01
exceto ouro (cm bilhõe::.
de nípla-:)

Dívida cxterna/l't!-$êrv;,~~ l?N.9 448:.l 276 ,3(()) 149.4(fi - 16.5


monetárias {%)

Export,çiic:, 67,52 401.23 508,7 1 656.89 785.94 IFSY"95

01\ 1d.1 .extem:1.1 159.4 9~.I X1.0 lPl 70.7 ( f / -55,6


c~pürla._:õos (%}

1.050.5 l.2(>9.6(p) 1.310.7 (1) i~SY'95


Gnst<.~ 111íhl ico~ 18/U

59.7 352 34.1 (J>) 35.4(1) -10.7


Dívid~t cxlémal
&.,'1.::0t0~ púbfü:os (<,1))

3,9 5.2 >.9 4.3 10,3


Einprés1imo e:<tcmo
tíquido ,._•ontrMdn 1x>k)
governo/ gastos pllhlico:- (%)

1.6'.\7.59 1.674,95 1rsv·95


l nvestimcntv illcen1c., 284,26 1.410.78
(fünnilção de i;:~pirn..l fixo
bn110 -+ aumcntl.)li c,Im, ações}
ÍUdia: Tabela 5.2A Papd Jo go,,..~rno n:1 (..-..;ouonli:l e 1ioanços plíhlit:H{ (e1n hilhôc:- c..lc nípi:.i.s. :-.:iko i odicaçàú em contrário)

l&;riurüo
19W 199/ 1992 199.1 1994 Fon(t>
/98!1-92 (%/

PIB l..l60. I 6. 160.6 7.0~S.3 7 .X63.6 wsy·95

G;t~l(l:i. p(,hlicos 180,'.l 1.050.5 1 019.6(p) 1.3 10 .7(() 1FSY'95

Ga:,lOS púbJii.:<>.::/PiB (%l 133 17, 1 17.2(p) 1(,,7 (1> 29J(p/

RC(.'<:il~t 1nhut~iri~ (governo l.l2,7 673.6 n1,8(j>J 84~.7(i) GrS).. 90.'9'1


cc.1Hl'al - <'O)l solidado)

Receita 1tibutdri,t/PIB (')Y.') 9.S 10.9 11., 10.8(f) 17.3 (p)

f){:licit <1rç:uncn1ário -SX.ú ,358.2 -366.51p} -,72.0 IFSY '95

T>éticil l>r<,:~trnent<írio/PIB (%) {:l.) 5,.8 5.2 :.1,7 -20.0(p)

Dívida ptíhfic~1 ,5 61,0 '.l.312.0 3.7 1,1.0(p) 4.l:>6.6(1> IPSY'</5

- l.2 53..-ç, 5:'. ~~.si• :52.6 ~8.1

IFS).. 95
7~."1.9 911).:i
Cou::.umo p1íh1iço 130.8 ( 194.("1

-t79S,9 IFSY'')5
Co11Sll1Hll pri,•ado ()lJ~,I) 3.8,IX.,O ~-~45.6

-1().2
13,2 18, 1 l~.5 19.0
Co1\">11mo plíhlit,1./cvn,;u1no
p1•1v:.1J(l (<;(')

E.WY-~5,'95
l .)ói.~ 1.51 1.~ 1.61.U
F.;,rn1m;ãü de ,:..!piuil 162.8
tixl, hro10
Japão: 'fahela S. IA l111t:1 m1..:111nal11.:u.;:1<1 da :.'(;U11~1mia l! lin:111-ç;L".I i.11il1fo;:1l-> {cm bilhú..::. if,: i..;m:)), .:,;ti, ·(.1 iudkaçáv ,·,u t:ontr{irio)

Variaçiio
/980 1991 Jv92 /!N3 199./ /9/!i,l-9.I (%) Fon!P

T.1x;1 m~<.lh1J,~c.:fünbio 226,7.1 1.1-l.7 I 126 .65 111.20 I0:?.2 f ll'SY "9.,
( iene:- por US$)

PIB ( icnl:SI !-10 17& 45 1.297 -l(,.1 145 465.972 -l69.2.J() 1i:sy·9s
( it;,w -. 1990) {27 1.500) (422.7201 1428.110) (WT<l4)

DMd ~1 ~Xl~fll;) 621 1 186


('90) IFSY-95

Dfr id~1e,'(tcrna/PlB <~~) 0.3 0,3 o.o C-\10)


101.11 d a5. fc~ J va...; mom:1:íri:;::,, 2·1.63ó 72.059 71.623 ~8.52~ 125.~60 wsn»
exceto útlm ((:m US$ milh&:i-)

Túlal cbs r,:•i.:.crv~s mon~Gkias. 5.5~6 9 .707,1 9.071 . 1 10 .<l56 J2.86.1


cx..:clo ·vu.ro (cm biJhôC:- clc ie,l"-íó 1

1)ív,da e:'ictrna/ res~rv~ts 11. 1 12.2 9.9 ('90)


nm,1~1:íri:.is (%)

Gx.p<.1rttiçõc-s 19.>8'.'? 12.3~9 43.01 J -l0.200 -10 .470 ll'SY'9.5

t>ívicJ:t C:-.tc.n1a/ 2.1 2.3("9()) 9,.5("9<))


exportações(%)

~pwli= +l..13F 1,sv ·95

l) iviú:.l -cxtcnm/~J5l(':,
µúbtk:u:i, 1.-1

lnw:--1ian~~1HO lmc-rno ( formJ.~..i.o 77.337 l~(i.67~ JJ,1,03~ 1:w..;2<> 1.<5.ó lO ll'SY'95


de .:~p)tal fixo bm!o -i-
:w m,:nh1:-. <la$ ~1,;&s)

hwe:--::rnncmo cfo~to no 239 30.7-l 17.2~ 1.1.7-1 17,97 JfSY' !/5


.,;xh.:rior fcrn l ;s5 bi lhões)

liwc:-tim~nto i.lirdo no 5-H .9 l 4.1-10.99 2. 1~:,_.;5 1.527,89 UG6.71


,_•xh:rim· (cn1 bilh&s de iene:->

l nvc-.;timcnw ,lii:çlf> nu 0.7 2.1-i 1.5 1, 1 IA 57.J


e:\ tctiüdi n\ es.t imi.'mo
i nU'rfh \ ('/4,)

lnve~,timcmo c ,;,lr.1ngt:iro 0.1N 1.37 1.71 0 .1 0 ().~9 1rcsy ·95


din~m 1cm liS$ hi lhi.'k-.:·,

1,we~1imen1(, ôtrau~t1n , 6.'.J9 l ~..15) J~-t_..l9 11. 12 90.Y7


,lirctn (cm hilhô1.•:-- J c il.!1l1..' i->)

Jo~n:.:s~o d...• invc:::.liml,':nlo o.os ·()J\ ().:!3 O.O! 0.07 fíl utu~tf!lc)
cxlcnm dirc(o/invr,1imcn10
tlH Cíilt) (%)
Japão: ·fohd;:i 5.2A Papel do go,·erll<> t't,1 e.:rn1ü1n,~1 e linmi~·a., pUhli..:u)-, (..:111 bi!ht)L'.S de iene~. s:.ilvo in<lic;,1ção cm con1d 1·io)

Variaç,it>
/980 1991 i992 i993 1994 Font,•
1980-92 (<;f J

PIB 2-10.176 45 1.7.47 -163 1-15 ;65.972 ,169.140 ll'SY'95

Gal!.IO~ pl'ihlicos .J<l. 137 wsy·9;;

G:1:-.h)l-, p1íhfü:(1s/PIR t ~?) 0. 1~

RcX;éif:l tr ibut~í.ri:1 (orç.amc-nlü 2(d~2 58 .730C90> GFSY.90.'94


- ~ovcrno CC'nlf,\I >

Receita tnbmMia/PI l.l e~> 11 ,0 13 .0{'90) 1~.1 ( '9())

D<-fo::it (,>f(àll1Cl\(á1'i(' u,.sn (1.781 <.9()) 1rsy·95

Déficit Of~.lmtmt:írio/PIR (<;'!,-) 7.0 l ,5i 7S.l,1'90)

L)ívi<fo J)iíhlin) 9~.149 23(),932 ('<.JO) 1Fsv·95

Dívida p,füfü::JPI 8 (%) 40.9 53.2('90> .,(), Ir'?())

FunciOn::!)i:;010 públiC9 43.070 54.1~5 55.3~1 OECü N>\.92


~e,,Jr;;:Í-"t,;t'f&IO'

rm,d de l..'mprégo:- 3,911 .,:,)60 t_q7:, Ol,CD1'X42

f t11K' Jo m1li:,:;mo pt)Mi~)/ 9, 1 7J 7.'!- -:?0,9


l(lt.ll tk C'lllpn:_!?,O!' (% l

J 1. :n2 -U,:!5~ -1-1.66(, ~6.l(}R IFSY'•J5


Ccrn:-.umo públko 23.56~

2.t0.176 255.0S-I 26-t.82~ 270.9 19 277.677 IFSY.95


(<)OSlUOü j)fiV:.!ll\ 1

O m:--11100 pllhlii.:o/ Ç,~ 1().2 163 lí).5 16.6 66.3


con:;unm pn,,ado (f:'? ·>

75.-!20 1-l,>.-119 1-l2.999 1,l tJ2~ E\VY -~5.'95


F<.)fllltt\:áo de c aptt<ti
lixo bn110
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u:, ,5 ••
Reino lJnido: 'LàbcJa 5.2A Papd do g<-)\'eJ'll<) MI ocono1ni:1 (~ linançm; públicns (l'lll bilhões Je libras c:,..1erli11:,i;,, ::.alvo indic.:,çfü, ~m cuott:írio)

¼'u·iofflo
/ 980 / ')C)/ IWJ 199] i9<)4 Ft,m,•
19S0-9J /%!

PIB (lihn..1s) ~.H .7 5i:5,.).~ 597.2.i 630.7 1 668,87 ll'SY'95


(libr:,s 1990) !·12,.49) (540 ..l 1) (5:; 7..15i (5-19.59) (570.7~)

G,1Sh>~ público" XS,..J}; 229. 15 ~57.89 arsy·90:9.;

G.:i.-:tos. põhlicox/PI B (~$.) 38.~ .l'U -ú .2 13, 1

Rcceít:1 1nbu1.íri,1 (an.,::u11c11lv 5~.()J 159,87 16 1.2 1 i\J) GPSv-<!0;94


- govemv ccntr~,n

Receita lfil>utü.ria/PJíl (%) 15.0 27.8 :!7.0

Délicit orçamentário - l0.73 -5..69 ·30,0 ll·'.5Y'95

Ow5:licil <"m.;:1mcnt;,lfio/PIH (%) 4 ,6 1.0 5.0 S.7

l)ívida plíbJk,t l(}ú.75 189.65 20J ,.)I JFs y·95

Dívnla p(lblic,i/PIB ( % ) ,1(>,J ~J..O 34. 1 ·26.0

f-11m:ioü:1lís.mo plíhfü:<i (e.m S..14? 5. 129 ->.9 15 OECDNA.92


,nilhar-cs: de fum;iooários}

1)J J.~ 22.55'> 22.1.'~ OECC>N,Y92


1\>t:il d" .cinpn:-1?,:,)-:

22.9 :!2. 7 22.l 4


1
Fundonaiismo ptíl:ilico/
).

lotal de ,,,•mpn.:l;os ((#,)

~9.9t,i 124,l l n 1.~~ 13 7.97 1,1.1,ox JfSY'95


c:on:-ouw públi.:,,

164.97 38 1,72 ,105,46 .12s.os 1i:sy·95


Con:;unw pri\·~lh, 138.56

0.>flSlntJo pühlico/ 36.1 34 .0 \ ..L) 34.() -2.7

éúflSUJUO pri\·ado (<J l

20.23 10.0~ 19.(>4 EWY '\IS


l)i:-pên<lio;,, de .:i.1.p11,1l
pi.:lo _g1,verno

4 1,79 ~5.9~ -49,.'56 f,W Y'95


Fonnaçl.., de {;apita] Ji.xo bn no

Oisf>f:odios de t:upiml pdo 48.-1 ·'13 .I 3Y.(l


govc01(1/fon11:-11;fü1de
capital fixo ba no ('J.H
Apêndice à Figura 6.4: Apoio aos principais partidos
durante as e leições nacionais - 1980- 1994

A;, pcrccn1.agen$ apresentadas n:i iig,ura 6.4 foram calculadas com base
nos result~dos eleitorais obtidos panl a cfünara b,\ixa do pari amemo. à exceção
dos Estados Unidos. em que ~oram utili wdos os dados re l'eremes às eleições
presidenciais. ü critério adotado para classificar os partidos como "principais"
t'o i (1 fato d.:: terem participado do governo. salvo os casos do Partido Comunista
Francês e do Partido Comuni sta Italiano.
Sobre fontes de consulta. vc,r última linha da tabela para cada um dos países
a ss:guir. Todos os dados são provs:nientcs de urna das seguintes referências:

EWY = 71ie l::uropu Worid Yearb<iok (Lo ndres: htro pa Publications.


1982- 1995)
SY = S101es111m, 's Year/)()ok (org. Brian Huntcr. Nova York: S1Manin 's
Press, 1994- 1995. 1995- 1996)
MD I = :\lfi11is1erio dei /nr~rior (ci1aclo em fap(111a.ji11 de siglo . de Carlos
Alonso Zalclivar e Manuel C:astell~. '.l-1adri: Aliania Editorial.
1992)
Valles = "T he Spani, h General Elcclion of 199~". de fo~cph M.Valles.
f.lec1oral Swdies. 1<)94. 1J ( 1): 89

Todo, o, números in<liç~do~ nas tabe las .:orrespondem a valores per-


centuais.
117

lhília Vo\OS p:trn <1 C :\tu~~·a dv~ l)~plli:!.dth


frança Prim~irn n,mo p:irn a :\"~cmbJ~i:~ N:.tc1<.m~1I
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prilll'ilH•is pa..tldos 9\,8 99,0 SOA
h ,w,, MOI MIJI MDI V:1lle:. Frmu· EIVY-SI EWY-88 EWY,90 EWY-<>,I
Resumo do Índice dos Volumes I e III

Neste volu me fornm feitas referê ncias aos te mas apresentado s no volu-
me 1(publicado pela Editora Pa;( e Tem , em 1999) e vol ume 11 1(a ser publica-
do cm novembro de 1999). Segue ab,üxo o índice desses volumes:

VoJurne 1: A Sociedade em Rede

Prólogo: A rede e o ser


1. A revo lução da tecnolog ia da info nnaçfio
2. A economia informacional e o processo de g lo balização
3. A em pre,a cm rede: a c u Inira, as instituiçôes e as organizações da econo-
mi a inf'o rrnaciorrn l gados e 1rnbalhadores com jornada flexível
-1. A Lrans fornia~ão cio trabalho e do mercado <le trabalho: trab:i.llrndores ati-
vo s na rede. desem pregado;; e trabalhadores com jornada lle xível.
5. ;\ c uh ura da virtualid ade real: a ime.grnçáo da comunicaçi,o ele tró nica, o
fim da a udiê ncia de massa e o surgimento de redes intc rativ,is
6. ü espaço de fl uxos
7. O limiar do e te rno: tempo intemporal
Conclusão: A sociedade cm rede

Vo lume lll: Fim de Milê nio

Tempo de Mudança
1. A c ri se do estati smo industrial e o colapso d a Un ião Soviélica
~ O surg imento do Quan o M undo: capital ismo iníon11<1cio nal. pobreza e ex-
clusão social
] . A .:o ncxão pe rversa: a economia do C'rilllc g lobal
4 . RulllO à cr,, do P11cífico? A base inultic ultural da interdependê ncia econô-
mica
5. A uniticaçflo da Europa: global it.aç5o. ide ntidade e estado e m rede
Conc lusão: depreendendo no,so mundo
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» · • ... ... 1 1 · •~ soe
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f>oUn. Chiç~1go: l,;ni.,,..:r!'l ity vf Chic,igo Prc:;s.
Índice Ren:-iíssivo

;\1/C Nein. JJtí


Abclovc. Henry. 282( 11 104)
<1borto. -1- 1
Abrnmson. k ffi'cy B. 360 (1123), ~ 12 (J\61
a~·fül afirmativ~\. 72. 75
Adlc>r. Margo1. 16 7 ( ll 7. 12)
,,doções. 161
Á fric,l: atividade cconômka. /06-/97: dl:-.solução dú c-as,mn ~11t(l 177: laresenc::,ticçados
pnr ntu lhere~. / RJ, nascimcn10~ 1'01a do ~:isam..::,no l8 J: ta xas de fenilidadc. / 90 . l'er
tamb<!m paí~-:~ co1\~(derndo~ :-;epanl<lamcntc
Afro-americ ano~: classe méd ia. 72 . 75: l'< ullíl ia. 73: id..:ntidade. 7.1. 7,1. 75. 76. 77. 78:
li,d emnça púlítiCil, 73: mvvimc111os s0dopolítko~. 78: rn~tlhc rts. 2 12-~ 19 : pobreza.
72~ taxa ele encan.:crnmeutu. 73: n:·r I<mihém Esrndos l Jnidos
Aguirrc, Peclro,361 (1l 771
A IUS. 245-246, '2'.\3-254. 422
A.khm\1tov<1, Anna. 17 1
Al-Azmd1. Aziz, 87 (1124). 88 (n27)1!l 3:1
<li 8~111,w. Jlas,an. :1 l
Albcrdi. Cristi na, ~26
Albercli. lnes. / 7,~. /88. 179 (118. 11, 14, 16. 17. 2 1)
Albo . x a,ior. ,IH (1ül)
/\ lemrmhrl: ativi dade et·onômica, /95: mividadc ct onômic;i ela 1nu)her, /96. 201: mitôno·
mo, , 207: ca><1111~1llo. /76. 178. 179; di\'6rcio. / 75: cldções, 405. 406. 408. 458;
e mprego de meio cxpe J icnte. 205. 206. 209: íin:im; as pl'iblicil1'-. Tabe la 5.J ,\ e 5.2A:
govemú e úconon-,ia. 290. 292. 29.1-296: inlernaciú1HtliZ(1çãod.1 ~conotnia, 29/: lares,
183. J85, /StS: mfüHJ~-obra, 295: p~1rticip.i~ão de homeus e 1nulhere::: na força de
lrnhalho. 192. /93: pnniClpat;fü>feminina 11t1 ~ctor de st:rviços. 194. IYY. 200: Parlido
Verde. 15 1, 153. 163- IM: taxa de 11;11alidc1de. 278 tn6): tax>1s de knil idade, //ili
, li,)tHlÇÍÍO, 25. 43-4-1. 404, ~22 ,,,·,nas. 110 . 11 1, 120. 133- 13-1. 308-3 l 1. 343
Allen. Thoma, B. 167 (n3) Annl!n ia. 55
AHey. Kclly D .. 167 cn2J f\rmond. Paul. 1.l9 (n 18)
/\lonrn 7~aldivar. Carlos. 226. 1 60 (n3 J, 32. 36). 35 1 (n55) .4.rmstr<nlg . David. 139 (n 18)
a1nbientali5.m.o: como movimt:nH) pró-ativo. 94~ 155- l57: comunidades locnis. 8 t 147. / \íquill, . John. 137 (116). 1.\9(111 7>
160: e :H:cologia . /43 - 14-1. -122: e ciência. 1.5:\: e m ação/na mídia. 161-165: e polÍli- Arriei;,. C arlos. 360 (n28 1
c<\. t6.1: Es1ados-Na<i:Ho. 3 10~ idcmidadeii ni migo/objetivo. imp;icco do. 144: Imeme1/ 1\sahara. Shoko, 124, 1240 128m 129. 1,IO(n40)
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4
0
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11'.cr~~ m,_força de.trabalho. 192, 193: partic ipação feminina no setor ele S<:rviços, /9~:
>~~.:~"
1
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[lenuc u , William J .. ]62 (1182) go\trno local. -109: íu,lk c-s de c,1~amentn. ! 79, hm~$ t ncabcçados por nrn lhcres, 183;
llcrda l. .\ ·1ms R .. 360 (nJ4, 50) mídi:1 e polÍfica. :173.;7.1
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Berlusconi. primeiro-ministro. 367. 386. 400 mulher. / 96: :>utôn<>m(>s. 207: divó rc,o. 175- 176: eleições, 40 5. -106 , 46 /; emprego
Bénni\ll, Jer,y, 36() (n26) de meio cx1x d1Cntc. 205. 206. '209: ícmlnbmo. 224. 225: finanças públicas. Tc1bel:-,
Bcrry. Sebastian. 4 13 (1136.. 381 5. lA e 5.2.t\: g.úven,o e economia. 290. 292. 293-296: ínclkes de casamento. 179;
llc us. Mitch. 362 (1190> lares. /83. 1/!5. 186 : líder polf1ico. 403: ,não-de-obrn, 195: p,i1icipaç i\o de homen, e
496

mulhere:; na força de lrabalho.1 92, / 93: panicipaç.io feJninina no setor de serviço~. C;:in:_1d:1: titividade cconômka. 195: m1tônomos. 207; divúrcio, / 75. 176: c.mprego de meio
194,199.200: política e rnídia, 383-384: taxas de fertilidade. /88: televisão. 382-383; ex pedic1;to. 205. 206: federalismo. 49: í11dice;; de n1~arnemo, 179; lares. 185; líder
ver unnbém Inglaterra e. País de Gales poli1ico. 403: nasdmcnlús forn do casamento. 18/~ ocupações exercidas por mulhe-
Britl. Harry, 24!>. 252 res, 201: JXt!'licipilÇfto kminina no ;:;clur de serviços, /9-1. /99; pa.ssivos financeiros
llmadcastillg a11d Ci1b/e, I .W (n 18) dos govcnlo. 2Y-I~
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Brubaker.11mothy H._ 284 (nl28) Caribe: dissoluçftü do casam.emo, f 77: lares <:~ncabcçados por mulhcres. 183; nnscimemos
Brnce. Judith, 175,177. 180. 181. 183. 184. 279 (118. 9) fora do casamc·nlo. /8 ;' : \'er umrbém p~i'ses considerados :-eparadnmente
Brulle. Roberl J., 167 (n2). J65 (n29J Ca111oy. :Vlartin. 75, 9 1 (n 130). 356. 363 llllOI)
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Camacho. Mnnuc}. 97. J27, 328 l:ausas humanítárias. J I J. 4 11
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C'ami lkri. J. A .. 358 /n2J Chatterjcc. Partha. 89 (n&I ). ,16
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Campl>-~11. B.. 280 (n68) Cheu11g, Pctcr T Y.. 36 1 (116SJ
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Campbcll. Dnncan. 359 (n 13) Rebelião 1.k '(bipé. 2 1. 2:?.: scgurnnça coh;tiva, ~07
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D'Einilio , .h>hn . 238. 283 (n IOS)
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5(11
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denegri r-sc n !)i prüprio, 25 ccologisws e conscrvacionistas, 146
Oe,11su lns1itwe.for flwnan Swdies. 360 (021) ecologia: e amb1c1uaHsmo. 148~ e rinarqu i~mo, 153- 155, l56: ecologia prnfunda~ espaço/
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<.kscrnpr<'go. 72 .. 73, 203 e::-ologi:1profunda, 148. l5~
descspé1'0. 13 1 cco,1omia : imernado11nli7,nçilo. 288-289. 291: global. 290-296: governos e, 290. 292 . 294-
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))::: Vo,. Susan, 29 (118) ciais. \32-/ 33: tecnologia da lnfo rm:1.;.flO. 17· 1S·. vigilância, 348-349: r<?r wmbém
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Dinainarca:
1-,r aulônomos.
- ' .. . , (r.,
.207' 1vo1.crn.
· /?í·
. . c, mp1cgo
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·: es,_ 18:'..:'.S~: parhc1paçlio de homens e mulherns na fo rça d~ iraoalho, 192-193; f,lmília e Ú">nnaçào d o$ l<\1'ts nc>, /85: mulheres que tllln<.:a se c:1$.anun , /80:
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dominação: do:"> homens sobr~ a;-. mulheres. 169 m t fllO d~s 1nilícias. l 08-1 10~ pnpel na sot:lcdadc. L22- 123: r.;d~ de info nn:iç~m. 111-
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1)em r<' 1nç.ões de podei· 11 7. .\i i
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Dulong. Rene. 361 (n59) :-laçôc$ 11a. 69-7 1. 420-422
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123: i'ndices de cusamcnto. ! 79: lares. 183, 185. J8ó. 259-262 : kis de direi10 ao por1e
Espanha: autônomos. J07·• emprego · • de nwio• exp·'dicnte
• ... , 20<..-. 2"6
vi • ~ • • e a e:11:1 1
' ()9· un1 u,. d,:, ernrns. 342; lihcrnçiio gay. 248. 249·. 1115<>-<lc-ol>ra. 295: Ma,-cha de Um Milhão de
óO. 67.· 68.: eleiçÕ{'s. 63-65 , 405. 406. <!60: Estado-,,ação. 49. 31 5; estrucurn familiar.
~\/1 : fcm m,smo. 225 -226: governo e e.:onomia. 290. Z9J. ?9.J-196, U,bda 5.IA e
Homens. 77: mídia. 343. 375-J8 I: movime.ntos socinis. 346: ,nulhe.res que nunca se
,:,:asaram. !80: nast'irncntos fora do ca~nmento. !8 1: ocupações cxcJ'ciclas por rnulhc-
). 2A : Guerra Civil. 63: inlcmacional.ização da economia. l9i : l;1res. /85, /86:
rc:,,. 20 /: pacln1o ele vidn. 122- 123: pat'licipti~:'10 de home.n:; e nw lh~res ,rn força de
machismo.. 225-226: mídia. ~25-226: mulheres que nunca -sê casaram. /80: ocup;-l-
trah.alho. lfJ2. 193: 1xu·ticipnçã<> feminina no sclor de se n ~içl•:,,. 194. l9CJ. 200:
çõc~ cxercldas por mulhercs. 20 I: p:nü ci paçfio ele bomen~ e mulh~res na força de
pa1ri:1rc,,l is1110. 174. 277. 346: política. 368. 391, 392-394. 402-404: populismo de
trahalhu. 198: p.:irticip:ição fcnünina no ,• cwr de •serviço" . •,. f'";r-+, 1·99 'OU·• pn· mc1·ros
• • ...
ô ireila. 122: privacidt1de. 339: produlül\.~5/pa nlsit:ts, 118: raça. 74-76: relig ião . 37~43:
c.1·rnm.entos. l78: política. 386. 393. 397-400: taxa de cr~sdnmnto do !l Í\'CI dcemprc·
sem imenlú contnído ao governo federal. 334, 33.'l. :n8: 1a.x:as de fc1:tilidt1de-. i 8ts:
go - homens e mulheres. 193: uixas de fe1·1ilidade. /88: lax<.1sde natalidade. 187: \'(Jt
wmhém Cat<ll unha lecnulogia mil itar. 307: lributaçfto . .~42<?.J2 rer 1amhlm rno,·hnenw <las milíci;·lS~ Pa-
~,pa, u: ecologia. 157-159. 422: E.spino,a. MC1ria. 92 (11153J, 28 1 ln75l. 282 in l03): 0 trio1a:-;: São Francisco
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-- , para o~ gays. 246. 248: parn a~
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..in e,·,·...,.
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- - · ....1._1
.:- • .,.,._,. • 11-s
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mo: .+·1:47: govierno lh la:,t do:. EL A . .13-4-:\-45: identid(1de. 335: h:lâmko. 32-34, t01l::.idcrados ~cpal'ad(lmc111c
legu11n1dacle, 3 10: m,;io :unbic,11,:,, :1 10·• México . PRI • ,n.·;3,. cv:mgêlico~. 4 l. 11 ~; n•r wml>án fu 11damcmalb tas L"l'i~lãús
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_,oc,af. 340-341 : conipo,·tanicnto sexual. 27 1: comu nkaçôes, 346: <TiSc de Jegitimidt1·
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• 39. 42--13. 169- 173: perso,mlidade. 276: pohraa. /9/i-19 1: recombinada,. 39. 257.
cnçarceramomo, 72-7-1: etnir,. 182. 320: fümília. 122-123. 174. ;\1Q: fcminii-tntl, 21, 26L: lrnnsf<mrrnções. l23, 174. 257-26.:\: ver também lnrcs
'º'
FamS\\ Orlil Rk:hc. ~1anha, 283 (n 122) partk.ipação femi.nlna no selúr de serviços. 19..J: pülítica. 386. 403: primeiros cas:1..
Fcinstcin. Diaune. 252 mento~. 178: rnxas de fer1ilidade. 188
fe minismo: ambie ntalisino. 148. 149. 233-234: campanha ··s alários pelo~ Servtç-os Do.
Frankel. J.>360 (n)5}
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Fi)(Jdjirst, 162 Garber. Dúris A., -1 1J <n I O. 22 l
Fooncr. Nlk h.ad. 360 til34) Garcia r.m,u·elo. Ramon . 4 14 (n~6), .ilS <1175. 76. 77)
força de trabalho. piirlkipaç:1.o da mulher na. 171. /92. 203-204. 208. 26 1 Garcia de Lco11, .Anlonio. 1~7 t uó)
Foreman, ü a,e. 146. 148 Garcin-Ramon. Maria üolors. 90 (n 112)
lúmeccdore1; de am 1<1mcn1os, 307 Gannem. Suzanne, 4 l41 1157 t 4 15 {!l75 )
f-émune. 300
Garranl()nt. Gina ~·1.. 4 13 ( n., 1J
foucault, Michel. 238. 275, 277 Gates. Henry Lo11is .Ir.. 76. 91 (n12'/. 1:10. IJ2. 138. 142)
Fo11rier. Charles. 2:17
Gclb. Jovcc.
P-rauça: nrn:rquismo. J6 l: mivid:1de econômica. 195: acividadct:-conômicada mulher, l9f,, Cicllner.-F.rnest. -1+46. 87 ,n7>. 279 <n25J. W I (n7 1}. 361 (nSfiJ
autônomos, 207; divórcio. 175. / 76; eleições, -/05, ./06, 458; emprego d~ meio cxpl'
Geórgia. 54-55
cliente. 205, 206.209: finanças públicas. 294; greves. 136: índices decasa111erno. 17'1,
Gernrni. Shahin, 88 (n)O)
lares. 183. /85, 186. 188: mão-de,obrn. 295: mídi:•,. 386: mulheres que nunc,1 "
Gcrbner. George. 359(1119\
,·asaram, 180: patcidpaçiiO de homens e mulheres Jla !'orça de trnbalho, 192. 1'11
~()7

pnnk lpação femini na nQ Sêtor de serviço~. /94: passivos fin::mceiros do governo.


Gmrn: dissolução do casamemo. 177: lares encabeçados por 1m1lhercs. /83: mulheres que
29~: primeiros casarneuws. 178: ocupaçües exercidas pela mulher. 201: taxas de fer-
nunca se casaram. 180
ge(ação bea111ik. 250-25 J tili<h<k . /88:
Oibbs. Lois. 146
Orecnberg. Stanley B.. 362 (J1R2)
Oiddcns. Anthony. 26-28. 87 (n4). 257. 2 7 1. 273. 275. 287. 354 . 358 (n2). 361 (n56). 362
Grc,'ne . Be,·c.rly. 28:< ( n 113 l
( n92 )
Grccnpeace. 150-151. 159, 16 1
Oie lc. Janet Z .. 279 (n26. 28, 3-1). 28 1 (n74) G rcrnio n. Pie11·c. 361 (n60)
Gil. .lorg~. 361 ( n77) Grier. Peler. 36 ] 1.,160 1
G iogrk h. Ncwl. :n8
Gri flin. Gabrielc. 280 (n68. 69). 283 (n99>
Gins bnrg. Paul. 41 5 fu 79) Grel~z. Elizabeth. 28S (n 162)
Gruhbc. Peler. 4 14 ( 1156. :>7)
U i l'UllX. Hénry A . 9 1 (n l4())
Gi1lin. Tndd. 41 3 (n25) Grupo dos Dez. 14,1- 146. 163
G lc:ison. >i:mcy. _;c,2 (n90)
Grupo Fcminis1a Caipora. 28 1 (n74)
Gfohm' Sowh. 162
gniro M AM da 1; ,cnet. 116
grupos amiaborw (liigh1 10 L(I,•). 11 0
globalizaçã,,. 358 (114): ambienwl ismo, 162- 163: ameaça aos BUA, 1J8-1 19: comunica-
ç,io. '.18-303: crime. 303-3 10. 329-330. 333: desafio b. 136-137: difusão de idéias. grupos d1; inten~:.scs. 396
gnipos de mulheres. 104. 166
172: cc·m1<m1i:i. 290-296: F., tad(). 288-306. 3 11-3 14: Estado do bem-estar social. 296-
G11ehern10. Jean Marie. 354,358 (n'.! ). 359 (n 10). 360 (11:1,n . 361 (n5 .1). 363 (n 106. 395.
296; fc.minismo. 220~229~ força de trnbalho. 200; iclcmida<k~. 17- IS: informação. 93.
4 1.~ (113-·IJ, 4 15 (n79. 95 )
96: lsW. 33. 35: lllidia. 298-301. J3J: m rionalismo. 44: raça. 7 1:
"g\1erras infornl~1éiona1í,". 106
xlobopolita1ws. 9J
Guiber1~l..anloine. C..nherine d:.:. 175
Gohn. Maria da Gloria. 92 rn 152/, 223
Gumbcl •.Amh·cw. 41 4 (n56 . 57)
Golck n. Tim . J(iO(n28). 361 <11771
(i1u1licks. Arthur B .. <1 12 (n 10 )
Goldsmith. M.. n ..l61 (n(i6. 72)
Gnstaf:;on, Llw.:ell S.. 88 <n35 >
Gole. N11ufor. 88 (n33. 47 l
Gornariz. Enriquc. 279 rn8)
Gon,iorcck. J. C.. 262. 28~ ( n 128 ) Habcnnns. Jürg{'o. 32, 317
Hackcr. Kenncth L.. 4 13 (1122)
Go,w ,lc1.. l·clipc. 385. 399-400
H:igc. Jcrald. 285 (1116:i .. 164)
voodc. Wilfouu .1 •• 279 <n l 2>
Go,·bachcv. :Vli khail. .,4. 11 7. 119 Halpérin. David .\1 .. 282(11106)
Gordcnkcr. Lco n. 360 (11.50)
H:dpcrin Donghi . 'J'ulio, 361 111.56)
H;unilto n. f\licc, 154
Gorki. Mâx imo. 49
g,wi::mo local. 81 . 409
1-landelman. Stcphen. 360 (11281
Gou lieb. Robert, 1(>7 (nl. ;1, 5, IR. 19, 25). 168 (n29) Harris. Pcter .1. , 7 1
Hn11 , G á 1')'. 380
Graf. James F..• 359 <n 1.5)
Graham. Stephen. 361 (1166.1. ~J S (1189 )
Hay. Colin. 311
Gramsd. Antonio. 25 1hlye$. Brado. J60 (n-ú)
lleard, Alcx, 139 \11 18 )
Grnnberg. A.. 90 (n98)
Gdt.Bretanha: \·cu· Brettinh;i: Inglaierrn e País de Gales Jlégfra. 30
l leidenhcirncr. ,\rnold J.. 4 14 <n56. 57)
Gréd'1 : autônomos. 207: divórcio. 175: em1)rego de meio expcdk me. 205, 206, l/lU
1lelcl.11aviu. 352. 354 , 358 (n2J. 36., (nlO~)
1:ires. 185, /86: pnrticipnçãode homen, e mulheres na for~a de trabalho. /92, J<JI,
lndia kcmi-.,i,n

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Hth arg . Da"id. l.'9 ( n 18, 311 !l;i:,. C!w-joe. 92 rn 15 IJ
Hcmpcl. Lamont C ., 360 (11 44) 1lsing. You-ticn. 36 l (1168)
Hcrck. Grego,y M., 283 (n 113) Hsu. ,foi-Ling. 283 (n l l :\)
He111:mdez ~;ivarro, l...\1is. 137 {116) Hughcs. Jamc,. 41J (n431
Hermstc in, Richard., 361 (n82, 86J Hulsbcra. We111cr. 167 (n 15)
Hess. Reth B.• 280 (ll55. 61) Hungria~ div6rtio. /75: l;1rc.s. /8.5: tax;1s dc. fertilidade, 188
Hester. \ fo rianne, 280 ( 1168) Hu,n. M ark . ./05
he!erossexu~1idndc.: a mo r <k• mulher. 265-268: amor do homem, 266: C:\samtnto. 278 : Hunter. Bl'inn, 405
wm(>l exn (le É<lipo. 265-266; e o pau'iarç,dismo. 17~. 265-2(16, 277-278; ~is1e111a Hllnter, Robe11, 1670113)
soci,1l. 2J5;
HicJ,s. L. Edward , 88 (n54 ), 89 (n62) idl!ntidad.; corpo ral. 27 1-27~. 422
Nigh U •rel Exp<,r!.\ Grvu1>, 4151.n9 1) identidade de projeto. 24-28, 86. 42ll. 42 1
llimmel fnrb, Oerm1de. 36211182. 86\ .identidade ,1c resistência. 24. 86. 41 9--120
l liro. Dilip. 87 \n23). 88 (1127. 29. 30. 37. 38. 3\1. 4 1> hh:ntichuJc griy. 25. 246
1first. Paul. 353. 356. 35$ /n-1) identidade nacional. -14-45. ~l\-50. 5l\
l lob; bawm. Eric J.. -15. 90(n IU7>. 361 /n57) hk:midadc S;Odobiológkn. l 59
l lochschi ld. Jcnni ft r L.. 75. 91 (n l '.10. 138. 14 1) identidade tcrri,orial. 28.78-84.3 18, 421
1lulanda :UHÔ1Wlll("S. 207: dh ·d n:iu. 175~ c1u pregn <lt meio e xpediente-, 205, 206. 209~ l1<rtj;, Cm6Iica. 82. 228-229. 32 l
l:irt'., , 185. /86: 1Hão-dc-obra. 295: p-11rtic ipação de homen, e molher~s na força de iÍ.o )'earbook cl l.ab<>I' S,•arisric.,·. /96. 202
lrabalho, 192 . /93 : p:mid paçáo feminina no ~ctor de servjços. 159: primeiros caso
nhmlo.... 178: taxas d e rcnil idade, l88:
inü;,,r,1ção. F.L; A. 122- 123
Índia: ;·llividade ecol)ôOlita. /95: a tivid:idc ec:onômic;, da m ulher. 1:~:
. _ . .
elc1çoes, ~ú7, C:-.·
duldt,lo politlco. 39 1: governo e ecoooml:t. 220. '292, 293-296. l abela 5. 1A: 11\lerna-
liullirnan. Jonmha11. 167(n21
11-,hz-Bacha.Chri'1ina. 413 (n3J. 34), 414 111~9) do1rnli7,açrlo da economia. 29 /
húJll('n~: an'lor Torn:lmico, :266: a~pcc1os d" sexunlidade voltados para o mesmo sexo. 242: inclicc de crin1inalicladc, .EUA, 71 -7,t
autúnrn nos. 207: L'omo agcn1es ck 0pre:-;~ão. 2 f ~: como pais. 266: con·1estação d:-'l , (ndicc.s de a i ivh.lade ecot1ôt1Üca, / 95- /96
fund~,,·ôc:-- do palri:m:albmo, 17 1: cuidados com os fiJhost 266: l! a Awn Shinrl~yu, indi\'i<lual ismo. 2'.\
128: emp rego de meio expediente , 205-206: e o lslã. 32-33: nuu.:hi~mc). ~2'(): 11:111 htdonés.ia: nlividade econômka. /95:d issoluç:'10 doca~c,m...~nto. /77: índkes de casamen-
casados. 284 (n 127'>: n:irc isi:-mo. 269: níveis de qualificação. 204: papd na frunílil'I, ... ,1 1 I'" .., e -v=· I·,,·, •nt:·lb·~r"•dos
H). / / ;,: S a..).")•.. O, • 1,;t\ t: ' "'-s(• • J)Or mulheres, 183: mulherc$ que nunca se
2 1O. 2(>8-269: rdnçt>es d~ pllder. 39-40. 170-1 71. 203: salários. 207: vínculos mascu ç;Jsm·am, /80: ,·er tambl m p,tíscs considern<lo::: scparn...huncntc.
linos, 2(\8-269 indústria dctr0nica, 200 . .
homofohia . 251. 253, 254, 278 infonn açi\o: <:omo r(lrnta de poder . .\2~-424: do corpo. 129. l'.l4: gloh.ilizadt1. 93-%: 110 ·
hom()$sex lml idade: assumindo. '2··~0: ~uividadc-s tlll1urais. 246: beamiks. 251 : e <1 110111111 Jjza<la pelas gucrrllhm, 97-98; \'azar, 372: . ,. . ._ .. . ..
soc.ial. 172: homens, 239. 269: taxas em relação ao Lmal du populaçtio. 262: 1·er umt hH!laterra e Pai::; <le Gales: divórcio, / 75, / 76: mmlança~ na J:.urn 11a e lom1,1~ao .cios lares,
bdm mo"jmento gay: lcsbian.Js.mo •· 185: particir,~ ã" de homens e m11lhcres na rorça d~ ir~l~;,lho. 192·. pnme~·os casa:
1
Hong Koog, lares encabeçados por mulher'!.~ cn1. 183 , , 1....0v.. 1.~
,nenlo~. ~· ·,s lc ..,.,,..,•im•·uw
"'" L .......,... ..,
do nível de emprego - homen~ e m ullk:1es, 19.1.
HoJ1g X iuquan. 21 -22 vet !mnbém B1·ct,ml\.1
hooks. bell. 235 l nslilutn G:tllup. 342
1-looson. Davicl.45. 58. 89/n8 I J. 90(11 10!1 ln:-titum d(' Coinuok;l<;:'íú Global. 105
Horsman. 358 (n2) inslttlliçôes, 24- 25 . 42-4:,. 238, 354-355. 369
511

insubordin,,çâo civil. 119. 148 Jaque11e. Jane S.. 2111 ( n7-ll


interdependência. 2S9 Jarre.tt-Macauley. Dcha. 282 ( n 100)
internacionalização da ccononüa, 288·289. 29/ Jelen. Ted, 88 (n54).1l9 Cn69)
ln1erneL l 8wl 9: ambientalismo. 162· 163, 4 11 ; e (~Szapmi~l:1s. f03· 106: movin1cntos e.av Jcns..~n. ,\n·~1·agritL 279 (118. 26. 29}
e Jc'.')biano. :?48: lll<)vimcmo <las 1nil ícia:-.. 108· l 09: p0Jí1.ic;i,_4 1ú: t~oria da con~pi,.;_ Johansen, Elaine R., 4 14 (n56}
1:ão. 116-1 17: l:ni,,o E11ro1>é ia. 302-303: vínculoscn1regrupos. 116- 117: Johnson, C1"1lmers. 360 (n2l\), J63 (n 105). ~ 14 (1156}. 4 15 (68. 70)
Irã. 3)<'5. 32 1 JohllSIOIJ, R..1 .. 89 \n8 I)
Jrigary. Luce. 229. no. 232 J<,rdan. Ju11c. 139 (n 18)
lrlanJ a: autônomo, , 2fJ7; emprego de meio oxpedien1~. 205. 206. 209; l:,res. 185: participa- j o111al. co11s6rcios. 299. 300
~·àlJ de homêm: e mulheres na força de 1mbalho. 192. 193: participação ICminina no Judge. David, 92. (11 15 1)
~cwr de-sen t\tos. /94: p<1ll!->ÍV()S linanc<:iroi;. do govtnH). 294: ta.xas de fortifi<hide. / 88; JtH:rgcnsmaycr. Mark. 87 {n23). 88 <n35)
Jrv1ng, l .arry. 359 (nl7) j U$t iça ,ocial, 7 1. 165-166
Jsl{1: auHJres, ~ I: divórcio. / 75: globaliz:1çi10, 33 35; Hégirc:, 3 1-32: idcmid.:1de. 3 1·37~
4
Jutgl'11'. Antoni, 90 (nl 12). 9 1 (n l20)
Jtl!tiliya. 31; nos EUA. 76 -77; slwri'a. 3 1. 34 : tr;1diç.i10 Slria. 32 ; tradiç:k 1Su,mi. ?d;
m-1m,a, 31. 32, 37 Kahn. Koben E., 360 (n24)
Jslfincli;i: emprego ele meio <:xpediemc. 205, 206: lares. /85 Knhne. llilda, 279 (1126, 2S. 34). 281 (n 74)
Jt;.\l ia: mivi.Jadc econômica. l95~ mi\ idade econô111k a dn mulher. 196,· atllónomos. 207: Kaicl. Linda 1.cc. 4 13 (n33. 34), 41 4 ( 1149)
Berluscooi. .167. 386. 400: casame1110. 17.í, 178. / 79: crime. 305: divórcio. / 75: clei- Kami niúcki. ShelJ on. 167 (n2)
ç.ões. 405. 406. -1511: emprego de meio expe<licnle. 205. 206. 209: feminismo. 226- K~nagy. Co11 r.1cl L.. 167 11125)
229. 23:): larc:--, /85, U,;ti; mão-dcM<Jbra.295: participação feminina no.')Clor de scrvi<i·os, Katznclson. Ir:,. 4 15 <1179, 88)
194. l 9Y. 200 ; parfü:ip:,çfi.o de homens e rnulhere5 na força de 1r-ah:ilho. / 92. 193: Kazi11. Michael. 362 ln82)
passivo:- linancciros do governo. 294: políti<.:a e inicfü1. J.R6, 39 1. 40(), 403: rnxn de Kealing. Michacl,89 {n82J, 90 !!tll0. I 12.11 5) 9 1 (11 123)
n:1rnlicl,1<k. 187. 188. 278có\: Keen, Smn. 285 (n 150)
lvins. 1'vlolly. 139 (ll 18) Kcll y, 1>m n. 14 1. 152. 153. 160
lugosl,h·i,1. wxas de fer1ilidadc ua. 1111/ Kc ,neny. Pictro, :l6 l (1160)
lycngar. Slrnntc>, 4 13 (1.:10/ Kennedy, John. 375
Kcpd . Gillc,. 88 \ n4:\ l
Jacksoll . Jc.~!'>e. 78 Kcrn. ,,111,c 13.. 360 (11,H)
facobs. Lawre1tce R.. 4 12 (n l 1) Khazanc;v. ,\11acoly M .. 90 (n !02. 103) % 1 (n70J
J,diiliya. 3 1 Khomehll. :üatohl Ruhollah. 33
JnmiSOlLAndrew, 167 1111 3. 14> Khosrokh,wal', Farhad . .l7, 87 (n 24 J, l\K (n37)
Jano\viti.'.. Ylorris. 359 (n 11) Kim. M:irk ne. 279 /n38). 2K4(11126)
Japão: atividade econômica. /95: atividade econômica da mulher. 196,201: Aum Shiurikvo, Ki11g. An1ho11y. 393. 4 1,1(nS6\
96. 123- 13 1: au10nomos. 207; cri me. JOS: divórcio. 175; economia. 289,290. 291. Kin~. Marti n Luth<.~: r Jr.. 74
2Y2. 194-295:emprego de mcio expeuicut~. 205. 206;eleiç&,. 405. 406, -160; govcr Kb~lvo,·:,. Emma. 137 (115). 36 1 (1169)
no e economia. Tabela 5. IA; índice, dccasamcmQ. / 79: )ares. 183. 185. /86: n1ão-dc . •
Klamrn1clilkliii1ia ·
Ti;rsk l'lllt'< ( K'ITF'J
,, · · l 12- 116. 139 tn 18. 21, 21. 23)
obra, 295: mulher. na .socicd,1de patri:ircnl.. 128 : naci.onalisrno. 47~ nascimentos foru Klinenberp.. Eric. 4 10. 413 (1123)
do L'asnmcn(o-. IBJ. 19 i: participação de homens t nndher<'~ mi força de traball10 1 Kling . .Joseph. 92{111 S 1>
IY2., 193: par1it ipação fominina no scwr de serviços. /94. /99~ 200: pmriarcalismu, Knight. A., 360 (1150)
222: polí1ica. 39 1-392. 403; taxas ck fcrtiliclaclc, 187; l<.oernkc. Mark. 1 l 7
512
lndi1."C R~~tuiss1,-0 511

Kolodny, Anneuc, 280 (n44)


Kor~sh, D avid, 111 1.cvin. ~1urray J3 .. 360 (n23)
Kovalov, Sc.rgei. 426 1.evinc, IVlanln. 249
Kozlov, Vik1or. 90 ín97) i.ewb. llo::rnard. 360 (n26. 27)
Krnus. K.. 360 (n.50) Leys. Coli n. 4 i-i (n59)
Kropo1kin, Petcr, l5~ Li. Zhilan. 36 1 1n681
Kucchler, MMfred, 137 <n3) lfüenaçâo. Aum Shinrikyo e a. 117- 128
Kuppers. G;iry. 281 (1174) Liddv. (iordon. l l 1. 117
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parenuclacle e ,nalenrn ~l .... ·in.i·n·:i.s 1., · •
, v - e · um <los JMI:,;._ 1 174 •177
llw. 199. 200. 279 (1129); Wom,,11 mui S1mct11ra/ Chcm11e, 279 (llK 29. 34)
Offen. Karen. 282 (11102) .;.·ompa1.n. 11Mº cl·''" 2"9-270·
v . cuidados com os lilhos. 26 l.

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Ono-Osakn. Kciko. /81 pacrwrca t<:tno. a l ll • .• ·.... , ,.,O 17"- 19 1 2 56 .. 278: funda nienta}ismo, l7l:
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hclcrossexua 11la< ·1 Ie· 172 • -1)8 · ·
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Or~anizaçtio !vl 11 11dial d.,": Comércto. 297. 312. 327
1?1: i·~de de info rn1açãu. 111· 117: "-t:-1Himento L'Onlrnnu
Organizarão N:1cional t~m Ddcsll da i\1ulher. 2 12. 215 " •• -t·'17.... '' ll6 • 7) • ,111. 111 2,1. 2(>). 4 15 (1179)
- . ·1' .1.:..
or{rnniz:1çõús de causa lÍnic.a. 220. 22 1 Pi\ll<.!TS()ll.
Panie. Charles. 4 15 (n72)
organiz:içõcs- nüo-governamentais. 8~, 313
" l'aul Revare Net'°, 11 6
orgasmo. 272
P.::draizini. Y\'es, 8:"
Orr, Rohen :S.1 .. 139 (11 JSi
Pena. J.P. de la. 361 tn54 )
Omrom Mollt,.r. J .. 359 (n.5), .lóó \n3 1. -19 /. 36 1 (n52. 6.5)
O, aw:i. Mas:ichi. 12., . 1~0 (114-1. 47J l,.,,·ti-Arnútc.. Alfonso. 89 (1t8IJ

Pen. !/.• Fernandez
D .
cte, Castillo. Ge.nnan,. ü I ( Jt 771
] '

O~tcrtag, Bob. 167 ( n 13. 23. 25)


i>'rcz lribarne. Eduardo. 4 14 (115 1)
Ol~\ N. 306. 3 12
'
Ptrtz.-'fobemcro. ·
Alionso. 360 (ll 2 1' ?1}41?
-- • - ~1' 14)
Ou mlil. Ali, 88 (n28)
Perrin. Andrcw. 4 1O.4 13 (11 2,)
pais. 265-266 pc.rsonalidadc. 39. 173. 275- 278 · -125 ,, . 18! 18)· mulhere,
Peru: dlssoluçao - <1o c.·a~,lff1.t.n
. -· t o. / 77·• lates
' · ern:;-)heçado.s por nrn lhe.• cs. . . . .
países do fl-7. 312
que mmc.a se <.:-:.tsrn·am. l SO
pMscs c111<lescuvolvirncnto: fc-minisn 10, 222: l;u\'!S com apenas um dos pais. /83, 18 / ,
perVé l'S~O. 277
185: mulheres com 1rabalho renwncmdo. 197-/'18: setor infomi:il. 203; complexo de Phillips. ,\ ndrcw. 4 1-1 11156 >
Édipo. 265
Philo. Oreµ. 4 13 <n39. 40\
p..:11'scs d;1OCDE. atividade ecúnômiciJ em. /95
l'i. R:unol>. 90 ( nl 11 ). 9 1 111117. 123)
Pcrsptc!ivas do PMliBanco Mundial. 360 (n50)
Piertc, Will iam. 108- 109
Pagano. Michcl A.. 362 (1182)
Pinelli. Antondla , 19/i
5W
'1 1

Pipcs, Richard. 90 (n94 J


produtividade. 289. 297
Piscawri. James, 88 (n.15)
Phlnt, Judith. 149 pnxhui:ío industrinl. mão-de-obrn na. 295
proi'e1as. 425-426
pt1brezil ' al'mndiiha do seguro sodal. 194: deg,·adaçtl o amhiemal. 165-166: estrn tura fomi 4

profissiom1is de infonnálira. 12 1-122


liar. / 89- 190: ElJA, 72- 73: sobrévivência coletiva, 8 1-82;
protecioi1is1110. 297. 34 1
poder. 365. 4 18-41 9. 42:1-424
Puigge,,e i Riera. Ariadna. 9 1 (111 19)
P,). Lan-chih, '.!81 (1172, 73), 282 l n 1()4 ), 283/11 109. 110)
Pujo/. .lordi. 60. (í5. 425
Poguntké, Thomas. 167 (n 15), IGS tn27)
Pupo. Norenc. 280 (114 1)
polícia. tcc11ologi,1s. 349-350, 35 1
Pucnam. Robert, 79
política. 106-108. :147-348; alieuaç,fo, 40,1-405; captação de recursos. 396: candidmo gay,
25 1; c idadan in. 370. 40.l, 409-4 10: corrida dé cavalos. 380-381: de escândalo, 391 .
quase-1.:stadth. 49
401: do corpo. 422: e :1mbic11ttllis1110. r63- l64: e a mídia. 368: e a Jmtmet. 41 0: e quasc-EswcJos~Naçâo. 69~70
lusti1uiçõc,. 105- 108: iuform:wional. 362, 368, 39 l-3•f l; líderes. 72. 403: movimen-
quasc-Est:-1d()~ nndon:-,is. 70
tos sociai,. 18, 77-78. 106- ro~. 134- 135, -1 11-4 12, 420: simpl i ficaçno. 38 1: simb61i-
QuG11ia: dissoluçfü1do c~isamento, 177~ mulherc~s que nu1tc-<1 se casnrnm. 180
ca. 4 11: pcrsonal iza~i'io, 383. 395: \•aí'.an1cmo& de rnfonnnçõcs. 372
pvliliC'a da midia, 372. 387-391 . >95 397
4

rnça: cduc:1\:~ic}, 72-73; p.lobaliz,ação, 7 1-72~ id~ntidadc.7 l -78; nos El;A, 74-78: vertam-
política de idcntidadc.24, 26. 27-28. 220, 243-244, ,l2l -42:\
hi m e1n ia
política inform1tcional, 366-367. 368. 39 l -,lOI
poJfli<-,, :-imb61ica. 4 f l rncismo, 11 0- 11 l. 113. 1li
Rahtfore.H /lc·1ia11 N<mn>rk. 162
política Wl'dc. 143, 15 L 160
Pollith, Katha. 139 (n 18) R~md C'orporatiun. 106
Polónia. tax;-1-.:. de l<'rtil icladc:- na, 188
reação antifeminista. 21 ·1
Rrbelião Taiping. 2 1-22
popuJnção: cnvelhccimen10. 17~. 186. 160: 1(·p<..lsiçãn. 174: 1axa, de homossexualismo.
recursos financci,·os panl camp:lllh:l. 1,ol ítica. 3Y6. ..JO 1
262: 'ª"'d,, natalidade. 174, /8 / . 182. 1~7- /990:
re cb: apoio. 263-264; rnm,micaçi,ú global, 29K-301: ct11 ia. 72, 77: Esw!o, 288; gays/
poirn lação carc,'.niri,1. 73-74
f~·,pulatim: Cmm.cil. 174 lêsbica.~. 245: movimtnlos s.oti:'tb. 426~mulhacs. 26~: poder, 42:1; soci.;11 , 79:
Rccd. Ralph . .}8
l'orrit. fourn han. 167 (11 19)
Portes. Alcjanclro. 179 (n:U) Rdgo1. Acuy Polis:ir, 263,283 (nl 19, 120, 125)
rd at'ionamenlc> 1nnc.filha. 265A266
Portugal. autónornos, 207: emprego de mdo expediente. 205. 206.109: larts. 185. 186;
rélaçf>es ele rc>clcr: ho111cn,imulheres. 39. 169- 17 1, 208,2 10: identidade, 22-25. 4 17
parlidpação dl! homens e mulhcre~ na força dt! tr<,bnlho. /92. /93: participnção fcmi~
relações marcada~ pelo gênero. 123. 172. 2330234. 2M-265
nin::i no setor ele ~c-rviçfls. /':/4~ primeiros casnmentos. 178: taxa::. de fottilidnde. / c~8
P()llfan1·1.;1s. ;'1icc~s, 28.7 r,,luçiio mãe-filho. 265-266
Rei n<) Unido: w>r Bretanha: Jnglat1..~rra e Pai~ de Gales
Powcrs. Charles. 285 (n163. 164)
re füüfio: como forma de ,·csiitt ntia. ,'20: e nHcionalidadê. 56 .. 57~fündarm.::ntalismo. 29-
Prat de la Riba. Enric. 60. 65. 67
rm\ticas de yoga. 129 ....43. J35. :'\:W. 34 l. ~125 : identidade. 77: tL~Ologi;, da lihcn:ição, 100: rer tcunbém lgrejn
Ca1ôlica: ..:ri~1ianismo: l~lã
rrescrvação da natureza. /4J. 144-1 46
Renggér. N..1 .. 360 (1ú 1)
r reston, Rohan 8 .. 9 1 \n/ 25. 140)
Pricc. Vincem, 283 (n 11 3)
rcp,oouçito. 170. l 74
programas de r;ídio. 117 resisctncia. 25 . ()4 . 420
privacidade ameaçada. 348-352 República Dominic;ina: dissüluç:io do ca~amen10 , / 77; lares encabeçados por mulhcr..:s.
/83; nrnlht res que nunca se casar;,111, 180; RepLíblicas do Báltico, 54. 55
522 Índic~· Rcmi:.sl\T• indice Rcmi.s::ho 52\ '

J<t\·is:a :Wexiccma de Sociofogfo. 36 1 (1177) Saint-Exupe,-y. Antoine de. 357


Rkh. Adricnnc. 229. 234. 23íi-2W. 285 (n l38) Sakharov. Andrci Dimitrievich. 426
Richardson. L>ick. 16~ <.n27. 28) Salat't', Janet. 279 (1131. 35 )
Ricchmann. Jorge.. 167 (111 9) salários. homens/mulheres. 204
Ricsebrodl. Marlin. ~8 (n~4J Sale. Kirkpwick. 155
Rincy. Rose, 279 (n28'1. 284 (n 1281 Sali nas. Carlos de Gortari. 98. 99. 102. 103. 105. 325 -328
R<>hcrb . Mnrilyn. 4 12 (n6) Sali nas, Raul. 325. 331,333
Rohcnsor1. f>,11. 37. 40. 11 ~- 11 9 Salmin, A. .VI., 52
Rochc,tcr. J. Man in . 360 (nSO) Sal!'ách. lúscp M .. 90 (nl 12). 9 1 t nl 18)
Rock1-na11. Bcr1A .. :162 (n8~) Sallwi;,n-Chal'ctz. h1ne1, 167 (n8 I)
Rodgcr,. Gcrry, R.. 3.59 (n 12) Snlvali, Michelc. 415 (n8 I )
Rojas. Rosa. 1:n i n6) Sflo Francisco: ~,rcas rc~i<l.;nciais de gays. 250: comunidade gay. 248-256, 282 (n 104):
Rokk:m. Stcin, 361 (n60) homofobia. 252 253 4

Roman, Joel, 4 14 (n56. 57) San<'ht:z. Magaly, 83


Romênia. la~as de fercilidade na. 188 Sanchci.. J,mkCJwski , Manin. 83. 9 1 (n / 33. 139). 361 {n74)
Romero. Carm~n. 226 SandCJval. Goclofrcclo. 4 13 (115 1)
Ronclfclch. l)nvid. 97, 137 (n6). 138 (nl 6), 139 l n l 7) S:m wni Rugiu. Antonio. 4 14 (n4S)
R<>C>les. Chris. 168 (n27. 28) Sar;ivia, J():H111in. 41 J (n5 l)
l?oper Cewer ,~{ f>uhJic Opinit>,, wul Pu/ling, 36 1 (n63 t. 362 (n82j~403 Savigcar. Peter. 360 (1140)
l?oper Org,mi:mivH Surrcvs. 369. 37J ScammclJ, Margarel. 4 J 3 tn:17 . 38, 41 >
Rü'-e, Ric]H1rd , 405 Scarcc, Rik, 167 /113. 4, 7. 19)
Rosena\l . .1 .. 360 <n34) Sc1Ht(~ffer, Francis, 37
Ross. Lore na J.. 139 (n 18) Scharf, Thon1:,s. 16 7 (n 15)
Ross. Shelley. 4 I~ <n56) Sd1eer. Leo. 360 ( n23. 47)
Roth. Jurgen. 360 (u28) Scheff, Thomas. 25
Rovira i Virgi li. 90 /n 112) Sçhlat'ly. Phyllis . .1()
Rowbotham. Shcila. 224. 278 (n2>. 280 (n441. 2$ 1 (n77) Schminer. Philippe C.. 311
Rowlands. lan l 1.. )60 rn44) Schn<lir. M ,l'iam. 280 (11~8. 52. 53. 62). 282 (1197)
Ruben ele Ventos. Xavier. 44. 48. 89 rn8 I ). 36 1 {nS3. 56) Schreibcr. Ronncc. 215. 280 (n55)
Rubin. Ro,c M .. 279 1.n28). 284 (n 128) Schwartz. Pcpper. 279 (n29)
Ru,z. Samuel. 98. 1()() Scou, Allen. 359 (n IiJ
Ruiz i\·1assicu. Jos.c Fraucis<.:o. 328. )30 !icchi. Salva1ore. 41 ·1 tn.,6)
Rup1>, Lei la J.. 280 (n49) ~egun:1111ra. 30 6-)07
Rússia, 52: alividadc Cú(mômit<i, 195~ a1ividade econômic<l da mulher, 196: crime. 305; seg urrmça colêlh·'}l. :m7
uacionalisrllo, 56 58 : Partido Fcmi11is1a. 222; polftka e mídia. 384-385: poderes nz:g1
4 Se111t 1ko. Hnll i A .. ..1J:\ (n37. 38. 4 1)
onais. ameaça da, 59..60. 318~ segunH1çá coletivn. 307: taxa de namlidadc. 278 (n6)~ Sentga1: dis!-.olução do ca~.-UH<'!llO. / 77: mulheres q,1c nunc~l se cas-annn, JXO
rrr 10111/Jém Comunidllde ele E,tad<>s l11depend~ntes: União Soviética (ex-) Sengenhtrgcr. \.Vc.mc-.r..159 ( n 13·,
Sabato. Ull'ry J., 414 (n 56) Sennéll. Richard. 24. J 17
Saboul in. M ichel. 279 (n8) Scrvon. Lba, 280 (1143)
sr,domnsoquismo, 218. 255 Sc!-;sion:-. George. 148
Ínch-.-c l{cmi1-:;1\'()

setor de serviços, 194, 197-200. 19.\1, 200, 201 Sowhen1 f o,.:.erri· Lt,\1· Cemer: W?.r Klamwudi/M i!itia 1(Hk ,...orce
sexo oral, 274 Spaltel'-Roth. Roben a. 2 1S. 280 (1155 ,
scxuafülade: bisscxualidadi.!.. 2 19: comportamento. 272-275: consumisrn, 272: e civiliza- Spehl. M.. 90 (1i98)
~ão, 238-23Y: e libcràção. 238-24 1, 275-276. 4 19: cxprcssôcs culturais de, 255: fe- Spencc, Jomulrnn D .. 2 1, 87 (n2)
minismo) 218-2 19; idade quando da primeira 1·eh1ção>272; identjdade. 24 J, 256-257, Spina. Rita K.. 263. 283 <n l 19 . 120. 1251
422: individual. 275 ; na Espanha, 225; no ca,amcnto, 39,271. 278 : nos EUA, 271- Spitz. G lenna. 279 {n 3-I)
275: patrhu-caHsmo. 172: plástico. 273: pobreza dú. 272: reconstll.lção\ 27 l -275: rcla- Spi\'ak. Gaymri Chakrnvon y, 280 (1144)
ÇflO mãl'··l'i lh:1, 26:5: voltada para pessoas do mesmo sexo. 242 : rer Mmbém Spragcn, Wil liam C.. 360 (1123)
hctcros~cx ualidade: lesbianismo Sp,·etnak. Charlcne. 167 (n7. 11 J, 282 0193)
Shabecoff. Phi Iip. 16 7 (n2. 3, 19) Sp,-yut. l·lcndrik.353
.Slrnikcn. Harley. 297 Sri Lanka: dis~oluç.ão doca:-amento. /77: hires cncahcç:-1do~ púr rnulhc:-res. /83: mulheres
.Shapiro. Je1Tolcl L.. 285 (n 153). 367 yuc nunca se: casaram. /80
rlmri'a. 3 1. 34 St:h.:Cy. Judith. 261. 263. 278 (ll6i, 280 (ll66>
.Shd lield, G . D.,360 (n38) Slaggl'.ubürg. Su~an. 280 {n6I)
S h,,ps, Sheldon. 139 (nlSJ Stalin. .luscph. 50. 52 . 5-,
Shimnzono, S usu mu . 140 (n40) !->l:tl lings. Barbam. 28;-:i
Shupe, Anson.42. 87 {n2 I ). 88 {1150, 5 4) .Standiug. Guy, 279 (1132)
Sierra Club. 144- 146 S1a11lcy. Harold W.. 362 (n82). 405
Silverstcin . :Vlal'k. 4 14 (1156. 60) ~larovoytova, ü;1li n.i,
Simpson, Jolrn 1-1., Jl\ S1chelsky, lgor. 90 (11 I02 1
, inJ k ato, . !56. 203-204 , 2 14 , 324 SIerling. r:'lair\!. 36(} cn'.!8>
Singh. Tcjp<1I, 90 (1195) Ste rn, Kenne1h. 109. 11 6 , 1391 n l 8. 24 )
Si,k. T imothy D .. 87 (1123). S (1143) Ste ve ns, Mark. 1-10 ( 11.W)
Siunc. K,w,:,11, 4 1.3 \1133) Sling . 425
Skl.Ji r, l.csley, 358 (112 ) Streeck, \Volrgang.3I 1
SkQq>ol. Theda, 3.1~ Strobd. Margnrcl, 2l\(H n54)
Slezkine, Yuri, 90 (n92. 94. 97) iubje.ti,·idade. 26, 32. 45
Smith.,\mhony D., 47. 89 (nSIJ sucesso nos nc,tócio:;. cristi<mismu e. 40
Smith, Michael P., 36 1 {n 73) S11dão: (Hs(,oluç5o do <:asa1nen10. / 77: larc~ cncalx-,~ado::. por mulheres. l.83
Smith. l'eter. f-1 .• 360 (n28) Suécia: autô1tOlllO'-, 207: divórcio. l 75~cmprcgudc mciu i:.xpl'dicme. 205. 206: lares. l83,
soberania: comµar1 ilhada. 313, '.l5:1-'.\54: Eirndos-Naç:lo, 70.31 1-:113_ 354. 40 1; nacio, 185. /86: panicipilÇão de hom1.ms e m11lh~rc.:-. 1H.1 força dú trabalho. 192. /93: partici-
nal. 46-47: pação ft'miniua no seior de servi~·os, /9.J: pa~si,·us 1i nanceiros do governo. 294; ocu-
sociedade: ambíeotali:-;mo. 153-160; insüudções deslituídas da II mrca d~gênero, 237; inslitu pações <'Xúrcidai por nnllhercs. 202: sohn: vivêncb Jo casamtn to. 176: rnxas de
cionalii.ada. 42: personalidade. 39 ; políüca da. 365-169: ui hali,açlio d a. 320-321 fcrtilidad.:., /88:
,ociedade civil. 24-25, 27 Summcts. Lawrenc~. 333. 36 1 (n77>
Sociedadc<:ni Dcfes:i dos Direitos Individuais. 251 Sun Tw. 357
,,>cicd,idc em rede, 28, 316-3 17, -H 9. 423 Stn1)'. RonalJ Ul'igor, ,15, -19. 5 1, 57, 90 11197>
'iocicdac.lc pl)s.. pa1riarcal. 26. 275 -278 ... upr~mati:-.la~ brnncos. 11 O. l 17
,ocicdatlcs defensoras do uso de anuas. 1 10- 1 1 1. 120, 121. 34:1 S11ssér. lda. 263 . 280t 40), 283 (n l23i, 285 {nl54)
~olc-Tura . .ICJrcl i. 90 (n 112, 114. 11 6), 9 1 (11121) scistcnt~bilidade. 14 1-1 -,2. 150- 151. 158
526 Índi.::c ~emw,ivo

Swnn. .lon. 413 (n32). 4 14 (n56) Thenunc: . A. R .. Ili/


Suíça: emprego ,lc meio expediente. 205. 206: Jures. 183; mão -de-obra. 295: panicipação Th~ New Republic. l39 /nl8 l
de homéTI~ e 1nulhere~ üa força de trabalho. 192. i93; p:ntitipaçtío fcminln~~no setor Thc Pm~ressiw~. l39 ( n 18)
de ~erviços. /94: t;.\xas de fcnilidade. 1<'?8: The H'c,rld Afmmwf' mui Book of Forrs, 18.~( 11I J5)
Swsz. Andrew. l (,7 (n5). 168 (n29) Tbomj)SOl1, Dennis F.. 353. 356. 358 (114). 4 14 (1156. 57).-115 (n75)
Srnwkler. :Vlonica, 4 14 (n5 IJ Thunnan. Joseph E.. 280 ( n4 I )
Thurow. Lester. 3.59 \117)
Tad,iiquistão. S5 Tibi. Bassmn. 32. :n. 87 (1124). 88 \1147)
Taipé: Fundação Despertar. 243: moviinc1Ho lesbiano. 282 (nl04) : ino.,.imeJlios de.libera· Till y. Chnrles. 358 (n2). 361 (1156). 362 (n93, 98.l
ção sexual. 241 -247~parada t c.mu11 o a:-isédio sl!xual. 2-14: redes de mulheres. 243 ·1;111e, 139(11 18)
·1aiwan: AIDS. 245. 247; cinema gay, 246; feminismo, 24 l . '.!43: homossexuais. 2• 1-247: ·nmeJ Mirror Ceater. 402
"ki n\lniliar'', 2.t4. 247: lesbianisma, ~J6: pmrian:·.ali~mo. 246 tip.,, de fominisll\o. 2 15-216. 229-230. 231 ; c11ltur:1l. 231. 232: essencialis<a, 23/ , 232-
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Thylor, V!.!rl i1. 285 (n 149) trabalho de. co11sdenlizctção. 213, 232
Tchet:üslov:íquia: div(wcio. / 75: lares. 185: molh~res (I\IC nnm:;l se castnüm, 180: 1axas dó lrnhnlho rt mu11crudo: de meio expcdicnt~. 205-206, 208: di:-criminação. 2()0; e ca:-arncn-
feriilid:"k· IBB to. 198; flexibilidade. 20S; mulheres. 170. 191-2 10; sc1eires. IY4. 197
1rcnol.ogia: c ompanilhada. 367: dó armamcnlos. 307-3 1I : ele içôe$. 376,.)77: reprodução. trnbnlho~ volunt:íriús 34 1
170. 174, 276; w•r wmhém lecnologia das comunicições: tecnologia da informaçfio Trah. Gabriclc. 280 ( n4 I )
1ecnologia da inr()nnaçnü: <:ul1ural. 48: cm relação its mulheres. 216: idelltidtlde, 25: ima- 1ráfico de d rogiis. 304. :\25. 329. 330
i inada,. 45: 1rn.:ai~. 78·,84. 147. 160: vil'luiü~. 129~ Tranfaglia. Nicola, 4 1J /1156). 4 15 /1177)
lecllologit1 d(1~ cc.m1unk açf>.:s: glob~tl : insun·d ção e. 298-303: mediadas porcomput-ador, ,ran,fon naç,\o: palriarcnlisrno. J? .1-194; polí1ica . .166-367. J68-369: 1cmpoiespaço. 230:
302; opinif,o públic.i, 346: participação polí1ica. 409-4 10; reg11 la1nentnção, 298-303, ,rnbalho. 170
1·erwmbém Trcjo Delarbre. Rm,l. l'.\7 ( nó). 36 1 iH77l
tecnologia mil itnr. 307-~I 1 Tre.nd. David. 361 (n7S)
televisão a cabo local . 378 Trias. Eugeuio. 91 (11 12'.l)
televisão. local. a cabo. 378 1.ribunnis. dc ".lu~1iça Comum··. 115- 116
·1cllo Diaz, Carlos, J37 (n6i Trinidad e Tobago, l,we, em.:ahcçados por rnulht:rcs cm. /83
Temas. 41 5 (n77) Truc1Zsdllc1·, Wolfgang. 4 13 (u:ni
Lcmpo: alienação. 422: ecologia.I 57- 159: 1empo cronolügico. 157, 159: espaço. 287, Tsuya. Noriko O .. 279 (n 19 , 24)
intemporal 157: le.mpo glacial, 157- 159; e Tunísia: di:,solução do ca.samcnlO, 177: nrnlheres que mnKa s.c casarnlll, 180: Islã. 34. 36;
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idêntidade. 52 . .56-58: ernia. 5 1-54. 57-60; federnlismo e nacional istas, Sl -52: femi- WF,Pl:--J Store. 139 ( n 18)
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Vcrd.::, oto. Lui s• .J 14 (115 1. 54) Wor/d \Vide \ ~fb . 113. 162
Viccns Vives. Jaumc, l)(l ( n 1121 \>.:Uü,11\1\. Shcryl. 360 (1128 . .l())
vigilâm:1rl. 348. 35'.!
Vilar. Pic1'rC. 90 (n 1121 Y,l<la. Moto. 279 (118)
Yaz:i"ª· Slrnj iro. 9~ (n l5 1), 137 (11:l. 5). l40 (n,10. 46)
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violência: <.lo Estado. 3~8 .. 350. 35 1-352. 358 (o3): não-instn11nt 111al. 277 : patô(1ré:llisr'l19, Yeltsin. Boris. 54. 384
169- 170: social. 277: Yo:-hino. Kosaku, 48
vírus HI V. 153
Vogler. John. :\6\) ( nH J Zaller, fohn. ./05
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znp::itist1-~. 96~çomunitações. 10.)~l 06: e ll Jnwmcl. 103· 106: e La Neta, 105: estruturá ele
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lVm,hi,rwnn PosJ. 336 Zaretsky. EI i. 26
Zedillo. F.rncsto. 106,327 . 33 1
w,•1.vc,·. R<mcl y, 111
.130 fmhcc Rcmis:$i\'O

Zcskind. Leonard. 88 (n54)


Ziccardi. Alicia. 332. 36 1 (n60. 67. 77), -11 5 (1189)
Zi$k, Beuy H.. 167 (n 19)
Zook. Manhcw. 11 3. 116, 139 (n l8J. 140 (n32J. 41 1
Ocidental.. -a:_Rús.sia, 0°Mé-xk'O, a Bolívi,,,
. ,itvfond<> Jslâri1ico,a.Chlna e<> Japão.
11steltvrô, éüjâ &llçiío &rasileira conta
c.om lllll esclareêedprpiefáêio.<ie Ruth
Cardoso, é de h1mot1W1tj.af,lndame11tal
para se entender as tfa,nsforma~es por
quep<lSSArá ô mundo nos-prin1ciros anos
do próxUuo mil~nfo. - -

Vor.U~fE J: A SoÇrEJ>/\DEJ;,\I REDE .


Prólogo: A Redê e o Ser
1. A RWóluç~r.> da Tecnologia da lnfor-
rn11ção . . .
2. i\econon\ia informacion_al e <!proc~s-
so dé globalização · . .
3. Aempresaeoúede:a cultura,asinsti-
tuições e as otganizações da economia
h1fotmactoüal
1. Atransformação do trabalho edo:mer,
<ado de trabalho: trabalhadores ativos-na
rede, desempn,>gadÔs é trabalhâdo1-e,; com
jornadac()exívcl ~ - e- -e - .-e- --, -. .-

. 5, A culti,ra d3 virtualidadê real: âcinte-


gração da<:on1unicação eletrônita/ ô /im
da audiêitcia de massa e o surg\nletjto de,
wdes interativas
6. O espaço de fluxos .
7. O limiar do eterno: tempo intemporal
Conclusão: A sociedade em rede

VOLUMt III: flM l>!l M 1tflNIO - TEMPO


OE MWANÇA
1. Acrise do estatismo ir.dustríal eomlap-
soda União Soviética
2. O surgimento do Quarto Mundo
3. A conexão perversa: a. economia do
crime global
4. Des-envolvímcnto e crise nã n.~ão do
l'acitico asiático: a globalização eo Estado
5. A unificação da Europa: globali,Â1çãu,
identidade e Estado em rede
A1110, ~ CASTELJ.,S, Ma11ucl CondU!x1o; Depreendendo nosso mund1)
o, 'l'flufo ; O.Poderda "'lcsi.tidadc: C()()tlome:). sociedade e <ui
,u.,
\ J03 <:.l48p)
Rcg1,1ro ; 00?5111 fh .: 1
• l
1

9
11 JI 1111 illlli l 111!~
1
788521 903369

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