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SIGILO DO INQUÉRITO
Art. 16. O inquérito policial é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que
dele tome conhecimento o advogado do indiciado.
O sigilo do inquérito policial-militar é um de seus principais caracteres, estando
previsto no art. 16 do CPPM.
Note-se que o comando legal (de 21.10.1969) contém uma faculdade
(discricionariedade) no sentido de que o encarregado pode permitir, se quiser, que o
advogado do indiciado tome conhecimento do contido nos autos.
Tal norma, hoje, está mitigada ao extremo.
Os advogados e defensores públicos podem examinar, em qualquer repartição
policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e inquéritos, findos ou em
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
apontamentos (Lei 8.906, de 04.07.1994, art. 7°, XV - EAOAB; Lei Complementar 80,
de 12.01.1994, art. 44, VIII - Organiza a Defensoria Pública da União, do DF e dos
Territórios).
Os membros do Ministério Público têm como função institucional, requisitar
diligências investigatórias e a instauração de inquérito e de inquérito policial-militar,
podendo acompanhá-los, além do que, no controle externo da atividade policial e da
atividade de polícia judiciária militar terão livre ingresso em estabelecimento policial e
prisional, e acesso a quaisquer documentos relativos à atividade-fim policial (Lei
Complementar 75, de 20.05.1993, arts. 70, II e 9°, I e II - Estatuto do MPU; Lei 8.625,
de 12.02.1993, art. 26, IV - Lei Orgânica Nacional do Ministério Público).
A não-observância desses dispositivos por parte do encarregado do inquérito
policial-militar pode, em tese, caracterizar o delito de abuso de autoridade, previsto na
Lei 13.869/2019 Lei do Abuso de Autoridade), arts. 15, 20, 32 e 43.
Mesmo com seu sigilo mitigado, o IPM não passou a ser uma investigação aberta.
Como diz Alexandre José de Barros Leal Saraiva (1999: 16), "na maioria das vezes é
necessário que as diligências policiais transcorram da forma mais discreta possível, a
fim de que não se afastem os objetivos da inquisa".
Dentro dessas ressalvas legais, cremos poder-se falar em sigilo das investigações,
até mesmo para que não sejam prejudicadas, jamais em sigilo do inquérito, cujas peças
devem ser reunidas num só processado (CPPM, art. 21), formando os autos que poderão
ser manuseados a qualquer tempo por advogados, defensores públicos, promotores e
procuradores de justiça.
Inquérito policial. Advogado. Acesso irrestrito.
Limites. Em julgamento marcado por intenso debate, a 2ª
Turma do STJ decidiu, por maioria, que o
desenvolvimento das investigações do inquérito policial
pode correr de forma sigilosa, não caracterizandoa
cerceamento de defesa para os envolvidos. (STJ - 2
Turma - Rec. Esp. 12.516, j. em 03.09.2002, Boletim
Informativo, Juruá, v. 327).
STM. O Juiz-Auditor não pode arquivar IPM, sem prévio requerimento do MPM
(arts. 25, § 2° e 397, combinados, do CPPM). Sobrestar não significa arquivar, mas
suspender temporariamente, demorar ou retardar. Inaplicação do art. 397 e seus
parágrafos do CPPM. Cassação da Decisão de arquivamento, sem interferência do
doutor Procurador-Geral. Unânime. (Correição Parcial 1.198-9/SP - Rel. Min. Jorge
Alberto Romeiro, j. em 04.06.1980).
Acerca do arquivamento do IPM, a Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Público Militar editou os seguintes enunciados:
ENUNCIADO 2 - O arquivamento de inquérito policial-militar,
Instrução Provisória de Deserção e Instrução Provisória de
Insubmissão, exige o prévio e expresso pedido do órgão do
Ministério público, sendo incabível mero pronunciamento
opinativo.
ENUNCIADO 3 - Arquivamento implícito ou tácito.
Inadmissibilidade. A nova ordem constitucional exige que o
representante do Ministério Público manifeste-se, expressa e
fundamentadamente, sobre fatos e agentes indiciados ou não,
quer seja no oferecimento da denúncia, ou no pedido de
arquivamento.
ENUNCIADO 4 - O pedido de arquivamento de IPM exige o
exaurimento de todas as alternativas de apuração, em relação
aos fatos delituosos noticiados e agentes envolvidos, não sendo
suficiente a conclusão da autoridade militar que afirma a
inexistência de indícios de autoria ou de prova de fato que, em
tese, constitua crime militar.
DISPENSA DE INQUÉRITO
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado sem prejuízo das diligências
requisitadas pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou
outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo
autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar.
O Inquérito não é conditio sine qua non para o oferecimento da denúncia.
Conquanto a maioria das ações penais tenha por base o inquérito policial-militar, a
denúncia pode ser ofertada em face de uma sindicância administrativa, de uma
diligência investigatória requisitada pelo próprio Ministério Público, ou quando tanto o
fato como sua autoria estejam esclarecidos por documentos ou outras provas materiais.
O conceito de documento está no art. 371 deste Código.
Nos crimes contra a honra previstos no Código Penal Militar (calúnia, art. 214;
difamação, art. 215; injúria, art. 216; injúria real, art. 217), o inquérito será dispensado
se a ofensa constar de escrito ou publicação, como panfletos, livros, revistas, ou mesmo
uma carta endereçada ao ofendido, desde que o autor esteja devidamente identificado.
Em razão de a ação penal militar ser sempre pública, os crimes contra a honra
dispensam queixa ou representação.
Dispensa, igualmente o inquérito, o cometimento do crime de desacato à
autoridade judiciária militar (CPM, art. 341), no exercício de sua função ou em razão
dela, ou seja, contra o juiz militar togado no recinto da Auditoria ou, contra o juiz
militar togado e os juízes sabres quando reunidos e integrando o Conselho de Justiça.
Nesse caso, a competência para autuar em flagrante é do Presidente do Conselho de
Justiça, nos termos do art. 29, inc. IV, da Lei 8.457/92 LOJMU, remetendo-se em
seguida o APF para o Ministério Público.
Diferentemente, na JME a competência para autuar em flagrante é do Juiz Militar
Estadual (ele é o Presidente do Conselho de Justiça), de acordo com a LOJE-PB (art.
190, II e III).
OBS. No caso do Juiz Militar Estadual autuar em flagrante alguém, deverá ser
substituído por outro, quando do processamento e julgamento do respectivo processo.
Por fim, o cometimento do crime de desobediência à decisão judicial (CPM, art.
349) também dispensa o inquérito, bastando para oferecimento da denúncia a ordem
judicial, dirigida a destinatário determinado e a certidão de sua desobediência a ser
lavrada pelo serventuário da Justiça com fé pública.
1. CAPA;
2. TERMO DE ABERTURA DE VOLUME;
3. AUTUAÇÃO;
4. PORTARIA;
5. DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO;
6. COMPROMISSO DE ESCRIVÃO;
7.CONCLUSÃO;
8. DESPACHO;
9. RECIBO, CERTIDÃO E JUNTADA;
10. OF. 001-2014-IPM (OITIVAS);
11. TERMO DE INQUIRIÇÃO (DECLARAÇÃO) DO OFENDIDO (VÍTIMA);
12. TERMO DE INQUIRIÇÃO DO ACUSADO (TERMO DE DECLARAÇÃO DO
ACUSADO, TERMO DE PERGUNTAS AO INDICIADO; AUTO DE
QUALIFICAÇÃO E INTERROGATÓRIO DO INDICIADO);
13. TERMO DE INQUIRIÇÃO (OITIVA) DE TESTEMUNHA (DECLARAÇÃO);
14. OF. 015-2014-IPM-PRORROGAÇÃO;
15. TERMO DE ENCERRAMENTO DE VOLUME;
16. TERMO DE ABERTURA DE VOLUME (QUANDO O IPM FOR EXTENSO,
MUITOS ATOS);
17. ...;
18. RELATÓRIO;
19. TERMO DE ENCERRAMENTO DE VOLUME;
20. OF. 030-2014-IPM (REMESSA)
21. SOLUÇÃO DO IPM (FEITA PELA AUTORIDADE DELEGANTE).
Obs. O reconhecimento de pessoas, coisas, acareações, exame de corpo de delito,
perícias, avaliações identificação de coisa, buscas, apreensões, medidas destinadas à
proteção de testemunhas, peritos, ofendido (quando se fizer necessários), bem como a
Reconstituição dos fatos, são medidas que devem ser tomadas quando necessárias e no
decorrer do IPM, ou seja, de acordo com oportunidade e conveniência da instrução dos
autos.
Obs. Na oitiva das pessoas, a expressão “Aos costumes, disse nada”: cuja frase
completa é «Prestou o juramento legal e aos costumes disse nada», significa que jurou
dizer a verdade e declarou ao tribunal que não tinha qualquer parentesco, afinidade
especial ou conflito em relação a nenhuma das partes (acusado e vítima). Se o tiver,
então isso terá de ficar registado nos autos, e já não se escreverá a expressão «disse
nada», mas, por exemplo, «disse ser tio do réu».