INSTITUTO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO SÃO JERÔNIMO

DISCIPLINA DE LITERATURA - TURMA 3EM5

PROFESSORA MELISSA VIST DE MAGALHÃES

CURTA-METRAGEM A HORA DA ESTRELA

PERSONAGENS DA HISTÓRIA:
-Seu Pereira: -Dono do bar:
-Raimundo: -Fotógrafo:
-Dona Joana: -Olímpico:
-Maria 1: -Mendiga:
-Maria 2: -Cartomante:
-Maria 3: -Estrangeiro:
-Glória: -Macabéa:

SÃO JERÔNIMO
2023
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Curta-Metragem A Hora da Estrela

(Seu Pereira entra em cena e se senta à mesa, reclamando)
Seu Pereira: Oh, Raimundo… Vem cá! O gerente acabou de ligar. Faz o seguinte, transfere uma grana
da minha conta pra conta da firma, tá? E manda pagar isso.

Raimundo: Tá bom, senhor.

Seu Pereira: E me diz uma coisa…

(Seu Pereira mostra vários papéis a Raimundo)

Seu Pereira: Que sujeira toda é essa? Olha isso aqui. Tudo engordurado, manchado… Quem é que fez
isso daqui?

Raimundo: Foi a nova datilógrafa, Macabéa.

Seu Pereira: Maca o quê?

Raimundo: Béa, Macabéa.

Seu Pereira: Macabéa?

Raimundo: Você queria o que pagando menos que um salário mínimo? Eu entendo que ela é meio
desajeitada, mas se fosse tão brilhante não aceitaria o salário que pagamos.

Seu Pereira: Ninguém quer que seja brilhante. O mínimo que se pede é que tenha um pouco de
limpeza no serviço.

Raimundo: Eu acho que essas manchas vêm do cachorro quente.

Seu Pereira: Mas que cachorro quente?

Raimundo: É que essa moça que veio do nordeste é tão pobre que só come cachorro quente e toma
coca cola.

Seu Pereira: Não quero saber, demite ela hoje, pra já!

(Seu Pereira sai de cena, entra Macabéa e conversa com Raimundo)

Raimundo: Oh, Macabéa, desse jeito não dá. Olha esses documentos cheios de gordura aqui. Seu
Pereira não gostou nem um pouco.

Macabéa: Seu Raimundo, desculpe o aborrecimento. Sou muito grata pelo que o senhor fez pra mim,
me deu um emprego… O senhor é um pai pra mim!

Raimundo: Pô, Macabéa… Mas pelo menos lave as mãos!

Macabéa: Sim, senhor.

(Raimundo sai de cena e Macabéa chega na pensão de Dona Joana. D. Joana entra em cena)
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Dona Joana: Boa tarde, Macabéa.

Macabéa: Boa tarde, dona Joana.

Dona Joana: Por aqui já está tudo pronto. Vou lhe levar para o seu quarto. Você já conhece as três
Marias?

Macabéa: Que três Marias?

Dona Joana: Deixa que eu te levo pro seu quarto e você as conhecerá. São boas meninas.

(Entram as três Marias em cena, sai D. Joana)

Maria 1: Oi Macabéa, como vai? Vamos dividir o quarto com você. Esta é sua cama, aliás, já arrume
suas coisas que vamos logo dormir.

(Na manhã seguinte, as outras Marias conversam sobre Macabéa na fila para o banheiro)

Maria 2: O que você achou dessa Macabéa?

Maria 3: Eu acho ela meio esquisita.

Maria 2: Deus que perdoe, mas ela tem uma carinha de sonsa….

Maria 3: O cheiro dela que é meio…

(As duas se olham e começam a rir. Elas saem de cena, entra Macabéa datilografando e escutando as
ligações de Glória)

Glória: Você acha que eu estou mentindo? Deu positivo mesmo, posso até provar. Se você não me
der o dinheiro, já pensou no que pode acontecer com a tua mulher? São 80 mil cruzeiros. Se você me
der a grana, eu resolvo isso no final de semana. Então tá bom, no bar da esquina na hora do almoço.

(Glória e Macabéa almoçam juntas no bar da esquina. Entra um homem, entrega o dinheiro a Glória
e sai de cena)

Macabéa: Sobre o que era a tua ligação mais cedo?

Glória: Olha, Macabéa… Você já fez aborto?

Macabéa: Aborto?

Glória: É, aborto… Quantos anos você tem?

Macabéa: Tenho 19 anos, sou virgem e gosto de coca cola.

Glória: Virgem?

(Dono do bar entra em cena e dá uma piscada de olho para Glória)

Glória: Esse Seu Luisinho é bem bonitinho, né? Você é muito desbotada, Macabéa. Precisa parar de
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comer cachorro quente com coca cola.

Macabéa: Ah… Eu como porque é barato, mas o que eu gosto mesmo é de goiabada com queijo.

(Sai Glória e o dono do bar de cena, entram as três Marias e contracenam com Macabéa no quarto,
esta escuta as notícias no rádio)

Maria 1: Como foi seu dia hoje?

Macabéa: Nada demais… Almocei com Glória no bar da esquina.

Maria 2: Não me diga que comeu cachorro quente com coca cola, Macabéa.

Macabéa: Comi sim, por quê?

Maria 3: Ah, Macabéa… Você precisa comer outra coisa.

(Saem as três Marias, entram o fotógrafo e Olímpico, que se prepara para tirar um retrato)

Fotógrafo: Atenção…

(Macabéa passa na frente da câmera fotográfica)

Fotógrafo: Ei, mocinha… Passando bem na frente da minha câmera!

Olímpico: Tá cega, menina?

(Olímpico bate seu retrato, ajeita seu cabelo e vai atrás de Macabéa)

Olímpico: A senhorita me permite sentar?

Macabéa: Mas é claro!

Olímpico: Meu nome é Olímpico de Jesus, e o seu qual é?

Macabéa: Macabéa.

Olímpico: Maca o quê?

Macabéa: Macabéa.

Olímpico: (Risos) Eu posso convidar a senhorita para dar uma volta?

Macabéa: Pode sim.

Olímpico: Então… Cê não acha esquisito?

Macabéa: O quê? Ah, Macabéa? É… Eu também acho esquisito, mas minha falecida mãe botou ele
por promessa… Se eu vingasse. Meu pai também morreu, minha tia foi quem me criou.

Olímpico: Eu também vim lá de cima. Sofri com a seca… Por isso quero ser deputado.
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Macabéa: Ih, é?

(Entra mendiga em cena. Olímpico se exata, sobe em uma escadaria e começa a gritar)

Olímpico: Quando eu for eleito, vou acabar com todos os problemas dessa terra! Tudo vai mudar! No
nordeste não falta água, não falta nuvem, minha gente… Não falta chuva! Falta é homem! Olímpico
de Jesus para vereador!

Macabéa: Mas não era deputado?

Olímpico: Ah, é… Para deputado!

Mendiga: Muito bem! (Palmas)

(Sai Olímpico de cena, entra Glória para contracenar com Macabéa no seu trabalho)

Glória: Que cara é essa?

Macabéa: É a única que eu tenho.

Glória: Ai, Macabéa… Você não acha que está na hora de mudar, não? Você é feliz?

Macabéa: E feliz serve pra quê?

Glória: Você não pensa no futuro? Deixa eu te contar… Conheci uma cartomante esses dias. Ela me
ajudou muito a saber meu futuro, e o que eu tenho que mudar na minha vida. Por que você não faz
uma consulta com ela?

Macabéa: Eu não posso… Só tenho dinheiro pro cachorro quente e a coca cola.

Glória: Eu te ajudo com isso. Vai ser ótimo para você! Vai dar uma repaginada na sua vida. Quem
sabe não conhecer um loiro rico por aí, hãn?

(Glória sai de cena. Entra a cartomante para contar o futuro de Macabéa)

Cartomante: Olá, pode sentar-se. Como é seu nome?

Macabéa: Macabéa.

Cartomante: Que nome lindo, minha coisinha…

Macabéa: Você acha? Não é o que todo mundo fala.

Cartomante: Ah, menina lindinha… Não dê ouvidos para os outros, minha flor… Vejo que você é
muito delicadinha, gosta de coca cola… É virgem?

Macabéa: Sou sim senhora!

Cartomante: Ah, que vida terrível a sua, Macabeazinha. Corte as cartas em dois, por favor.

(Macabéa corta as cartas)

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Cartomante: Ah, que vida terrível a sua, coitadinha. Não conheceu os pais, foi criada por uma
parente próxima, muito malvada… Você trabalha?

Macabéa: Trabalho sim senhora. Sou datilógrafa, seu Raimundo que conseguiu um emprego pra
mim.

Cartomante: Ohhh, pobre homem! Não merece passar pelo que passa com Seu Pereira… Bom, vejo
aqui que você vai perder seu emprego. E seu namorado? Oh, sim… Olímpico… Que homem ordinário!
Mas se acalme, Macabéa. Coisas extraordinárias irão acontecer na sua vida. E tudo vai começar a
partir do momento que você sair da minha casa. Um estrangeiro, rico… Muito rico… Loiro! Ele vem
de carro até você! Olhos azuis. Não, verdes! Olhos verdes! Meu Jesus… Vejo uma estrela… Você
voando… Já sei! Você vai voar e se tornar uma estrela! Isso! Não… Isso não, isso não!

Macabéa: Isso o quê, meu Deus?

Cartomante: Vá, Macabéa! Vá!

(Cartomante sai de cena. Macabéa sai da casa da cartomante, anda desnorteada pelas ruas, até que
vê um homem loiro de olhos verdes vindo em direção a ela, mas quando ela percebe, ele está
dirigindo uma Mercedes, já é tarde para se esquivar, e BOOOM! O atropelamento)

FIM