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A reciclagem de papel no Brasil pode impulsionar a

economia e ampliar a geração de renda e empregos.


Além de impactar diretamente o meio ambiente, ajudando
na proteção da natureza, o setor tem boas possibilidades
de crescimento. No entanto, antes de abordar a
importância da reciclagem desse material, partiremos da
história do papel.

A HISTÓRIA ANTES DO
PROCESSO DE RECICLAGEM
Você sabia? A história do papel atravessa os continentes
e o tempo. O ano é de 105, isso mesmo, você não leu
errado. O criador foi o chinês Ts’Ailun, um nome pouco
popular no Brasil, apesar do impacto que a invenção
provocou na época. Os registros chineses mencionam
que ele era um funcionário da corte imperial e apresentou
o primeiro papel para o Imperador Ho Ti, durante a
chamada dinastia Han, e que recebeu títulos
aristocráticos pelo invento.

Os primeiros papéis foram produzidos utilizando a


desintegração de fibras de diversos materiais e logo
tornou-se produto de importação chinesa. Mas, durante
muito tempo, segundo os registros históricos, a técnica
de produção do papel ficou em segredo e alguns
fabricantes chineses foram capturados por árabes e
forçados a ensinar essas técnicas de produção.
Processo de fabricação de papel. Foto: goldenporshe/shutterstock.com

A indústria do papel envolve a derrubada de árvores, a


produção em larga escala no plantio de monocultura e
resíduos gerados durante todo o processo. A reciclagem
nessa área é, assim, de extrema importância para a
preservação do meio ambiente.

HISTÓRIA NO BRASIL
Foi em 1.852 que a primeira fábrica se instalou, mas
somente em 1.956 ocorreu investimento governamental
significativo no setor. O aporte de recursos de uma
empresa norueguesa no Rio Grande do Sul, em 1.968,
iniciou o processo de potencialidade do Brasil na
produção em larga escala de papel.

A partir da década de 70, com incentivos do governo para


a produção de papel para exportação, ocorreu
crescimento significativo para o setor consolidado já na
década seguinte.

DADOS DO SETOR
O mercado de papel e celulose brasileiro tem uma grande
importância na economia e é responsável por
aproximadamente 1% do PIB do país.

Estima-se que o Brasil tenha produzido, em 2017, 10,5


milhões de toneladas de papel. O consumo anual é de
aproximadamente 6 milhões de toneladas.
No ano passado, as exportações de papel chegaram a
US$ 1,91 bilhão.

PRODUÇÃO
O papel é praticamente fabricado com fibras de celulose
extraídos de árvores. As mais utilizadas são:

 Pinheiros: com fibras mais longas, são mais


resistentes e oferecem baixo custo na produção
 Eucaliptos: crescem em menor tempo, otimizando
também o tempo de produção do papel

A qualidade do papel é medida em fibras de celulose, ou


seja, independente do processo, as fibras longas
possibilitam maior teor de celulose. Quanto menor as
fibras, menor a qualidade do papel.

No Brasil, apenas 37% do papel produzido vai para a


reciclagem, sendo que 80% é destinado para a confecção
de embalagens, 18% para papéis sanitários e somente
2% para impressão.

Para cada tonelada de papel, são necessários:

 2 toneladas de madeira;

 15 árvores;

 de 44 a 100 mil litros de água;

 de 5 a 7,6 mil KW de energia


Cada tonelada de papel gera (volume de lixo):

 18 kg de poluentes orgânicos descartados nos


efluentes;

 88 kg de resíduos sólidos (de difícil degradação)

POR QUE RECICLAR PAPEL?


No processo de reciclagem, o volume de água utilizado
cai para 2,5 mil Kw. Além de reduzir o consumo de
energia, a emissão de poluentes e o uso de água, a
reciclagem diminui a porcentagem de papel descartado
como resíduo sólido.
Processo de fabricação de papel. Foto: Veronica Popova/shutterstock.com

COMO É FEITA A
RECICLAGEM DE
PAPÉIS COLETADOS EM
CENTROS URBANOS?
Papéis coletados, normalmente, estão misturados com
outras substâncias – na impressão de logotipos, como
adesivos. Na primeira etapa do processo de reciclagem
de papel, o material coletado é triturado e forma uma
espécie de pasta de celulose. Assim, a pasta é peneirada
com o objetivo de retirar todos as impurezas.
A retirada de componentes da pasta da celulose é
realizada com a inserção de outros compostos químicos,
como água e soda cáustica. Os refinadores utilizados
fazem o processamento da pasta para melhorar a ligação
entre as fibras de celulose, realizando o branqueamento
do material. Depois, a pasta segue para as máquinas
produtoras de papel.

A qualidade da reciclagem depende do processo


aplicado. A contaminação com outros materiais, como
ceras, plásticos, tintas, metais, vidros, óleos e outros
inúmeros componentes, não pode ocorrer. Para isso, a
subdivisão entre papel reciclável e papel não reciclável é
aplicada.

A reciclagem de papel contribui diretamente para a


preservação dos recursos naturais (matéria-prima,
energia e água), redução da poluição e da geração de
resíduos urbanos sólidos. No entanto, mesmo com tantos
benefícios para o meio ambiente, a indústria do papel
aplica poucas práticas para a diminuição de impactos
nocivos para a natureza. Mas vale ressaltar que
a utilização racional do papel e o consumo sustentável
são imprescindíveis para a coleta seletiva efetiva.

A RECICLAGEM DE PAPEL E
OS RECURSOS NATURAIS DO
MEIO AMBIENTE
A consciência na utilização de recursos naturais de forma
mais responsável é uma prática que deve ser aplicada
em sociedade. Podemos ativar esta cidadania de
diversas maneiras, e uma delas é demonstrando em
números o impacto causado ao meio ambiente. Na
fabricação tradicional de uma tonelada de papel, é
necessário o uso de 100 mil litros de água. Já os
reciclados precisam de somente dois mil litros de água
por tonelada fabricada. Os números são impressionantes
em relação ao consumo de energia, que é algo
aproximado entre 50% a 80% de economia.

É uma lógica simples: quanto mais papel é reciclado,


menos madeira é usada para a produção de papel, ou
seja, um número menor de árvores é derrubada. Tudo é
um ciclo. O papel é reciclado para diferentes objetivos e
isso também altera a qualidade para cada papel
reciclado. Esta qualidade está relacionada com o
comprimento das fibras de celulose, como abordamos
anteriormente. Desta forma, quanto mais vezes o papel
for reciclado, mais curtas serão suas fibras. Estima-se
que o papel pode ser reciclado até seis vezes.

Na Alemanha, por exemplo, o papel reciclado é misturado


com vários outros tipos de papéis, mesmo os de
fabricação tradicional. Existem tecnologias para monitorar
e equiparar a qualidade do papel com a do papel
tradicional. Desta maneira, o uso do reciclado é aplicado
em quase todos os setores de consumo e demanda. Com
toda a certeza, boas práticas a serem seguidas no Brasil.

Tiras de papel. Foto: Daniel Fung/shutterstock.com

RECICLAGEM DE PAPEL E A
GERAÇÃO DE RENDA
Em 2015, a publicitária e cientista Cláudia Pires e o
economista Clóvis Santana fundaram a SO+MA, uma
empresa que atua na periferia da cidade de São Paulo e
tem como objetivo gerar renda e estimular novos hábitos,
além de criar oportunidades de negócios para as
comunidades. Assim, a entrega de reciclados pelos
moradores é utilizada como moeda de troca para bens e
serviços.

A instituição criou um programa de fidelidade que


contabiliza pontos e recompensas. Caso acumule pontos
na entrega de resíduos para reciclagem, estes podem ser
trocados por bens e até mesmo por descontos nos
comércios locais. O projeto foi lançado no bairro Capão
Redondo, periferia da capital, que até o final de 2017
tinha 266 famílias cadastradas e já recebeu mais de 50
toneladas de reciclados. Desta maneira, em média, as
famílias conseguem receber R$ 250,00 mensais com as
trocas.

PAPEL DE GARRAFA PET


Sim, é possível produzir papel a partir de outros materiais
recicláveis, como o PET (polímero termoplástico). Ele foi
criado em 2015 por empresários mexicanos. A melhor
parte é que ele é biodegradável e não necessita de água
nem componentes químicos em sua produção. Além
disso, pode substituir o papel tradicional tranquilamente.

"Nós fabricamos papel ecológico criado com garrafas


PET, carbonato de cálcio e pedra. Nós não usamos água
ou produtos químicos, como o cloro. O papel mineral é
mais forte do que o padrão – você não pode quebrá-lo
com as mãos – é impermeável, tem a qualidade de ser
fotodegradável e só absorve a quantidade necessária de
tinta ao ser impresso", disse Ever Adrian Nava,
cofundador da empresa Cronology, ao site Investigación
y Desarollo.

Antes de transformar o PET em papel, primeiro é preciso


converter as garrafas de plástico em grânulos de plástico,
esmagando-as com vários pedaços de carbono de cálcio,
para criar uma mistura sujeita a um processo de fundição
a mais de 100 graus celsius, para formar grandes folhas
de papel, que são enroladas e formam folhas menores.

O principal objetivo do papel de PET é evitar o


desmatamento e reduzir os custos de produção, pois o
país produz, atualmente, 700 mil toneladas de papel por
ano para atender às necessidades do mercado local. A
produção de uma tonelada de papel economiza até 20
árvores e 56 mil litros de água. Além disso, com 235 kg
de grânulos de PET é possível criar uma tonelada do
papel mineral.

PAPEL DE PLÁSTICO
Além do papel feito de garrafa Pet, existe o papel plástico
feito a partir da reciclagem de embalagens de biscoito,
picolé, salgadinhos, barrinhas de cereal e sacolas
plásticas. Batizado de Vitopaper, é produzido no Brasil
pela empresa Vitopel e foi desenvolvido em parceria com
a universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no
interior de São Paulo.

O Vitopaper não fica amarelo, não molha e não rasga


facilmente. Ele se assemelha com o papel couchê e pode
ser utilizado para a impressão de diversos materiais,
inclusive livros e cadernos. A cada tonelada de Vitopaper
produzida, estima-se que 750kg de plástico deixem de ir
para o lixo.

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