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Índice

O DOM DAS LÁGRIMAS


Prefácio
Lágrimas Que Quebrantam
As Lágrimas de Ana e a Luta de Jacó
As Lágrimas de Maria
"Jesus Chorou”
Apóstolos e Profetas que Choram
Apenas Continue Chorando
Lágrimas numa Garrafa
Lágrimas Coletivas
Lágrimas de Avivamento
Tente Lágrimas
Notas
O DOM DAS LÁGRIMAS
Corey Russel
Prefácio
por Lou Engle

Bruce Wilkinson orou a oração de Jabez por trinta anos e depois escreveu
o livro A Oração de Jabez (The prayer of Jabez). Milhões de cópias foram
vendidas. Parecia que o mundo inteiro estava orando a oração de Jabez.
Teria sido o dom de Wilkinson como escritor e a excelência da publicação
que tornaram o livro tão preeminente? Em parte sim, eu suponho; contudo
creio que Deus pôs fogo naquelas páginas e soprou sobre elas porque,
primeiro, Ele desejava que aquela oração fosse orada de forma global e,
segundo, porque trinta anos de oração e obediência moveram seu grande
coração a validar seu servo e sua mensagem.
“Se eu pudesse usar uma caneta como você, eu escreveria algo que faria
toda esta nação sentir o quanto a escravidão é uma coisa amaldiçoada.”[i]
Esta foi a exortação direcionada a Harriet Beecher Stowe pela Sra. Edward
Beecher. Anos depois, o presidente Abraham Lincoln se encontrou com
Stowe e disse: “Então esta é a pequena dama que provocou esta grande
guerra.”[ii] Stowe escreveu A Cabana do Pai Tomás (Uncle Tom’s Cabin),
aquele pequeno livro que incendiou o zelo pela abolição da escravidão e
resultou no grande conflito que deu fim a ela.
Alguns livros são escritos com tinta, outros são escritos com sangue, suor
e lágrimas antes de passarem para o papel. O Dom das Lágrimas foi escrito
primeiro com anos de lágrimas derramadas por um homem de oração,
Corey Russel, um amigo meu e amigo de Deus. Agora podemos ler suas
páginas.
Creio que Deus enviará fogo através deste livro por causa dos anos de
lágrimas derramadas e orações em línguas feitas por Corey. Também creio
que O Dom das Lágrimas pode servir como um acelerador para que as taças
de intercessão no céu sejam derramadas trazendo o tão esperado derramar
do Espírito profetizado em Joel 2. Esta é uma declaração bastante ousada e
alguns dirão que ela é um exagero retórico, mas não é verdade que as
Escrituras e a história da Igreja a sustentam?

Convertei-vos a mim de todo o coração, com jejuns, com choro e com


pranto...Depois disso, derramarei o meu Espírito sobre todas as pessoas
- Joel 2:12, 28

Quando chorava por almas, Evan Roberts clamou “Dobra-me, dobra-


me!” e então começou o avivamento no País de Gales. Frank Bartleman
gemeu e sofreu em agonia por avivamento e então a Rua Azuza explodiu.
Pode ser que um jovem ou uma jovem, ao ler este livro, seja capturado por
este anseio e diga: “Eu preciso orar este tipo de oração!”. E então, após
anos morrendo para si mesmo, ele ou ela chegará ao momento do ápice da
jornada de Jacó, quando o véu é rasgado diante do clamor: “Eu não o
deixarei ir até que me abençoe!”. E então – avivamento!
Deus disse: “Busquei um homem!” (Ez 22:30). Apenas um homem. Esta
declaração carrega imensa importância, pois fala de Deus no céu buscando
na terra por homens e mulheres de lágrimas. Isso não é mera ficção. Daniel,
o homem que iniciou uma batalha cósmica nos céus por meio de lamentar e
jejuar por vinte e um dias, ouviu de Deus, “Homem muito amado!” (Dn
10:19). E sobre Maria, Jesus disse que suas lágrimas e o aroma liberado por
ela seriam mencionados ao longo de todos os tempos e da eternidade (Lc
7:47). Deus, eu oro, use este livro, até mesmo este prefácio, para encontrar
este homem, esta mulher!
Lágrimas Que Quebrantam
A vida como a conhecemos foi totalmente alterada em 2020. Uma
pandemia global prendeu a todos em suas casas ao longo da maior parte do
ano. A doença e a morte ao nosso redor, bem como as dificuldades
econômicas por conta dos lockdowns e fechamento de empresas
impactaram imensamente a todos nós.
Em meio à pandemia um homem chamado George Floyd morreu
enquanto estava sob custódia policial em Minneapolis, estado de
Minnesota, nos EUA. Este evento despertou uma profunda dor na
comunidade afro-americana e em alguns sentidos ampliou a divisão entre
negros e brancos americanos. Este momento gerou protestos violentos nas
ruas do país e deu a alguns grupos militantes a oportunidade de trazerem
muita destruição em cidades ao redor da nação. Isso também terminaria por
ampliar o abismo entre as pessoas, que tomaram partido no debate e
passaram a dar suas opiniões sobre a questão.
No final do ano, vimos uma das eleições mais tóxicas e cheias de ódio
que já testemunhei na minha vida. Guerra de palavras entre Republicanos e
Democratas, Conservadores e Liberais, encheram nossos noticiários, talk
shows e redes sociais sem parar, 24 horas por dia, ao longo de muitos
meses. Este período teve seu ápice em 3 de Novembro de 2020 quando uma
eleição onde o presidente parecia ser o favorito mudou dramaticamente do
dia para a noite e vimos nos dias seguintes que um novo presidente
assumiria o cargo em Janeiro de 2021.
Os últimos meses de 2020 e os primeiros de 2021 foram marcados por
uma constante zombaria vinda de ambos os lados, e isso entrou na Igreja,
gerando divisão em suas fileiras. Muitos profetas ousadamente declararam
que o presidente atual assumiria um segundo mandato, mas quando isso não
aconteceu, alguns deles se arrependeram, enquanto outros continuaram com
uma postura de “Espere e veja”.
O que Deus está nos dizendo nesses dias de turbulência, confusão e
perplexidade? Qual é o nosso chamado como Corpo de Cristo diante da
crescente escuridão que envolve nossa cultura?
Na medida em que vemos as divisões crescerem e a dor se tornando mais
expressa, retratada e articulada, como devemos responder quando o tumulto
dentro da Igreja é tão grande quanto no lado de fora? Qual é a resposta para
dias como esse?
Há muitas formas de responder a essas perguntas, mas este pequeno livro
é um chamado a considerar uma realidade muitas vezes negligenciada e
ignorada na Igreja: as lágrimas.
Precisamos de lágrimas nesse tempo. Temo que nossos corações aos
poucos tenham se tornado endurecidos sem que tenhamos percebido. E isso
nos torna incapazes de ver, sentir e ouvir com os corações movidos pelo
amor de Deus por nosso mundo e nossa geração. Muito provavelmente a
dureza de coração é a maior ameaça à nossa capacidade de alcançar esta
geração com o evangelho.
Não somos um povo quebrantado e por causa disso nossas palavras,
nossas vidas e nossos trabalhos são incapazes de atingir a cultura polarizada
e cheia de ódio em que estamos vivendo.
Na verdade, esta geração não é diferente de muitas gerações no passado.
Outras gerações experimentaram grandes divisões e conflitos. Felizmente,
testemunhamos nessas épocas o modo como Deus desperta um
remanescente de pessoas que saem do caos e trocam seus corações de pedra
por corações de carne, capacitando a Igreja a sentir novamente, enxergar
novamente e chorar novamente.
O Senhor deixou muito claro a Salomão num sonho que, quando a
cultura é abalada e as trevas se apoderam do povo, há um chamado para que
o povo de Deus inserido naquela cultura se humilhe e se quebrante diante
de Deus, buscando-o e pedindo que Ele tenha misericórdia.
Deus promete responder a esta postura se voltando ao seu povo, ouvindo
suas orações, perdoando seu pecado e curando sua terra:

Se eu fechar o céu para que não chova, ou se ordenar aos gafanhotos


que devorem a terra, ou se enviar a praga entre o meu povo; e se o meu
povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha
presença, e se desviar dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus,
perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra. Os meus olhos estarão
abertos e os meus ouvidos atentos à oração que se fizer neste lugar.
- 2 Crônicas 7:13-15

A menos que nos humilhemos, busquemos a face de Deus e nos


arrependamos dos nossos caminhos maus, e Deus se mova, estamos em
sérios apuros.

LAVRANDO SEU CAMPO VIRGEM

Duzentos anos após Salomão, o profeta Oséias fez um chamado similar à


sua geração ao comparar seus corações ao solo de uma plantação e dizendo
que eles deveriam fazer com seus corações o que o agricultor faz com o
solo todos os anos.

Semeai justiça para vós, colhei segundo a misericórdia; lavrai o campo


virgem; porque é tempo de buscar ao SENHOR, até que venha e chova a
justiça sobre vós.
- Oséias 10:12

Devemos lavrar nosso campo virgem. O campo virgem é um solo


endurecido que já foi útil no passado, mas que por causa das intempéries e
com o passar do tempo se tornou duro, compactado, cheio de ervas
daninhas e pedregoso. A única forma de tornar aquele solo útil novamente é
passando um trator, trazendo para cima a terra macia que fica abaixo da
superfície e substituindo o solo endurecido onde é impossível que as novas
sementes germinem.
O livro de Oséias é, em sua maior parte, um livro sobre juízo, que fala de
como Deus estava prestes a varrer as tribos do norte por meio da invasão
assíria. Muitas vezes, Oséias disse que eles estavam num ciclo mortal de
juízo e que estavam colhendo o que plantaram. Eles haviam cultivado
perversidade e agora colheriam iniquidade. Eles haviam confiado em
homens e descobriram que estes eram incapazes de livrá-los.
Em meio à mensagem de Oséias sobre como eles estavam colhendo o
que haviam plantado, o profeta lança um “versículo salva-vidas” que
essencialmente declarava: “Israel, você pode quebrar o ciclo de semeadura
e colheita mortal entrando num novo ciclo de semeadura e colheita.”

· Semeai justiça para vós.


· Colhei segundo a misericórdia.
· Lavrai o campo virgem.
· Buscai ao Senhor.
· Até que Ele venha chova justiça sobre vós.
Uma das frases chave para mim nessa passagem é “para vós”. Deus faz
uma parte, e nós fazemos outra parte. Deus não fará nossa parte e nós não
podemos fazer a Dele.
Nossa parte – independente do que sentimos pensamos ou percebemos –
é semear justiça lavrar o solo com o arado e buscar ao Senhor. Como isso
funciona na prática?
Em termos simples, isso ocorre na forma de oração individual e coletiva,
unida ao jejum, enquanto pedimos a Deus que nos perdoe – a nós e àqueles
a quem representamos – por nossa dureza, aspereza, cegueira e surdez para
com Ele e Seus caminhos. Isso também inclui não negligenciarmos obras de
compaixão e amor em favor dos perdidos e abatidos ao nosso redor.
Na medida em que busco viver essas coisas, creio que Deus liberará três
dons sobre nós nesses dias para auxiliar na aragem de nosso solo morto.

· Lágrimas
· Línguas
· Dores de Parto

ORAÇÃO DE AVIVAMENTO

Creio com todo o meu coração que todo o período de 2020 e tempos
subsequentes forçarão a Igreja a entrar num lugar de humildade e
quebrantamento que não temos visto por gerações. Estamos saindo de uma
época de orações polidas e bem articuladas e entrando num tempo de
oração humilde, oração quebrantada, oração feia. Este tipo de oração
provocará algo em Deus para que Ele faça chover Sua justiça sobre nós.
Lágrimas, dom de línguas e dores de parto estão vindo sobre a Igreja.
Este é um tipo de oração que está além das palavras, assim é a oração por
avivamento. Isso é o que acontece quando terminam as nossas palavras e
nossos modos gentis de dizer as coisas, e nossos olhos e nossas bocas e
nossos corações gritam: “Deus, nós precisamos de Você!”.
Tenho trabalhado por avivamento ao longo de mais de vinte anos e estou
descobrindo que quanto mais o tempo passa e quanto maior é a
profundidade da minha vida de oração, mais curtas minhas orações se
tornam. Tenho descoberto que estou menos preocupado com o modo como
oro e mais preocupado com o lugar a partir de onde estou orando. Tenho
encontrado cada vez mais lágrimas, suspiros e gemidos que enchem meus
momentos de oração e, embora eu não saiba exatamente o que estou
dizendo, sei que minhas palavras alcançam a Deus e Ele me ouve.
Assim é a oração por avivamento. Não diz respeito à eloqüência da
minha fala – ou a quanto minhas orações são teologicamente corretas –,
mas à profundidade com a qual minha alma alcança a Deus num grande
desejo para que Ele se mova em meu favor.
Nós precisamos de lágrimas. Elas são o dom de Deus para nós. O dom
das lágrimas é o sinal externo de uma revelação interna a respeito de nossa
incapacidade de mudar qualquer coisa. Elas são a manifestação da pobreza
de espírito.
Lágrimas são oração em forma líquida. São desespero em forma líquida.
As lágrimas expressam a profundidade do clamor de nossas almas a Deus
dizendo: “Quero que Você esteja mais perto. Quero que Você rasgue o véu.
Quero que Você desça aqui. Quero que Você irrompa sobre a minha família.
Quero que rompa sobre meu casamento, sobre meus filhos, em minha vida
e em minha nação. Deus eu preciso que Você venha!”
Deus não quer ofender o seu orgulho. Ele quer matá-lo. Ele está fazendo
isso conosco em todos os níveis.
Anteriormente em Oséias, o Senhor comparou a Si mesmo a um Leão
que virá e despedaçará Seu povo para que em sua aflição eles O busquem e
Ele volte e os cure. Deus disse: “Quando estiverem aflitos, eles me
buscarão ansiosamente” (Os 5:15). Não posso evitar pensar que o Senhor
está fazendo o mesmo conosco.
Ele está nos libertando do amor à nossa própria reputação, da arrogância,
da auto-suficiência; Deus está nos levando a um lugar mais profundo de
humildade. Ele está permitindo que crises pessoais gerem uma oração mais
profunda em todos nós. Ele usará problemas pessoais em nossas vidas,
dificuldades em relacionamentos, dificuldades financeiras e tudo o mais
para nos levar além das nossas boas orações “evangélicas” – para nos levar
a uma busca e anseio mais profundos por Ele. Sua intenção é quebrar a
nossa religiosidade rígida.
Creio que Deus está dizendo: “Deixe que este momento o fira
profundamente. Permita que esta provação opere o seu intento, pois Eu
intervirei. Liberarei um rompimento, mas você precisa passar pela espera,
pelos cortes, pelo quebrantamento, pela morte até que venham as lágrimas e
as dores de parto cresçam e as línguas sejam produzidas”.
Isso não diz respeito a emocionalismo. Não estou falando apenas sobre
lágrimas de tristeza e aflição. Não estou falando somente sobre clamar por
causa dos tempos difíceis. Estou falando de lágrimas que são uma
declaração de nossa humanidade, de nossa inabilidade de fazer qualquer
coisa acontecer ou gerar qualquer mudança. Isso diz respeito a uma obra de
Deus em nossas almas, em que Ele nos leva ao lugar da impotência humana
– ao lugar onde nós vemos nossa fraqueza face a face. Quando Deus nos
leva a este lugar onde todos os nossos belos gestos e palavras são incapazes
de provocar qualquer mudança, ou de fazer qualquer coisa melhorar, neste
lugar, as lágrimas começam a fluir. E essas lágrimas são um livramento de
nossa justiça própria. Elas são a linguagem da alma que chegou ao fim de si
mesma.
Tudo o que passamos até este momento foi uma preparação para
recebermos o dom das lágrimas, para recebermos o espírito de oração e para
que as orações por avivamento fossem liberadas, trazendo ressurreição,
rompimento e o derramamento do Espírito Santo. Você e eu não podemos
fabricar este tipo de clamor e oração. Não, pois as lágrimas são uma dádiva
concedida soberanamente. Elas são uma graça soberana que Deus concede
pelo Espírito Santo para quebrantar nossos corações a fim de receber a
semente da Palavra de Deus para que possamos avançar para a próxima
estação.
Como o profeta Oséias disse, “É tempo de buscar ao Senhor”. É tempo
de arar o nosso solo endurecido. É tempo de romper contra as trevas dessa
era. É tempo de chorar e gemer e orar por avivamento em nossa geração…
até que Ele venha e faça chover justiça sobre nós.
Amados, nas páginas seguintes há um santo convite para que você entre
num lugar de oração onde você nunca esteve antes – um lugar onde “um
abismo chama outro abismo” (Sl 42:7). O Pai está nos chamando nesta hora
para o lugar onde nos encontramos sem palavras e Ele diz: “Bom”. Este é o
lugar onde nos rendemos a Ele e Ele nos concede lágrimas que O movem e
O provocam a se mostrar forte em favor do Seu povo. Venha, permita que
Ele unja os seus olhos com novas lágrimas.
As Lágrimas de Ana e a Luta de Jacó
A Palavra do Senhor era rara. O sacerdócio estava em frangalhos e toda
uma geração havia perdido a percepção de Deus. Mas foi neste tempo que
uma mulher estéril se sobressaiu. Ela é uma figura profética do que Deus
está fazendo profeticamente na Igreja ao redor da terra.
Deus sempre dá à luz gerações de transição através de ventres estéreis.
Ele fez isso através de Sara com o nascimento de Isaque. Através de Raquel
com o nascimento de José. Através da mãe de Sansão. Através de Isabel
com o nascimento de João Batista. E no tempo de Ana, vemos Israel diante
de uma necessidade desesperada por mudança, então uma mulher estéril
entra em cena.
Ao longo de anos, Ana se recusou a lidar com sua esterilidade. Ela
desfrutava dos benefícios de ser amada por seu marido, de ter uma vida boa,
de ser uma boa esposa, mas com o tempo isso deixou de ser suficiente para
satisfazer seu coração. E então, passou a haver uma pessoa em sua vida cuja
simples existência e capacidade de gerar filhos deve tê-la machucado
profundamente.
A outra esposa na história, Penina, começou a provocar Ana
excessivamente, como 1 Samuel 1:6 nos mostra, “a fim de aborrecê-la”.
Não sabemos exatamente como ela a provocava, mas não tenho dúvidas de
que houve muitas conversas cruéis e dolorosas entre elas. A outra esposa
provavelmente insultava Ana, dizendo “Olhe para a minha vida e olhe para
a sua. Sou capaz de dar filhos ao nosso marido e você não é capaz de dar
nada a ele”. A hostil provocação verbal de Penina parece ter continuado por
algum tempo e feriu a alma de Ana.
Duas vezes na história lemos que “o Senhor a havia deixado estéril” (1
Sm 1:5-6). O que você faz quando Deus o coloca em situações de onde
você não sairá até que algo seja partido no seu interior? Deus permitirá
pressões externas para gerar orações internas.
Todos os anos, a família ia até Siló para adorar e oferecer sacrifícios.
Nessa visita específica, algo se partiu no interior de Ana quando a outra
esposa começou a provocá-la, e Ana entrou num lugar de intercessão que
poucas pessoas na história já chegaram a tocar. Seu choro profundo, suas
lágrimas e suas dores de parto literalmente viriam a alterar a história.
Isso acontecia todo ano. Quando subiam à casa do SENHOR, Penina
provocava Ana, que então chorava [lágrimas] e ficava sem comer
[jejum]...Com a alma amargurada, Ana orou ao SENHOR, chorou muito.
- 1 Samuel 1:7, 10

Finalmente, a barragem se rompeu no interior desta mulher estéril após


todos os anos que ela passou sem ter filhos enquanto a outra esposa os
gerava. E então, o que aconteceu? O que ela fez?
Ela chorou e não comeu e ficou amargurada de alma.
Ana foi movida a fazer uma das orações mais marcantes de que temos
registro. Vemos três coisas importantes nesses dois versículos:

1. Amargura de alma
2. Oração
3. Choro de angústia

Por anos, Ana havia fugido da vergonha, humilhação e dor ligadas à


esterilidade, mas nesta oração ela parou de fugir de tudo e se abriu
totalmente para que Deus a visse. E nessa condição, tudo o que ela podia
fazer era derramar seu coração diante do Senhor em angústia e amargura de
alma (Sl 62:8). Sua vulnerabilidade e humildade penetraram os céus e
mudaram a história.

E fez o seguinte voto: Ó SENHOR dos Exércitos! Se deres atenção à


aflição da tua serva, te lembrares de mim e não te esqueceres da tua serva,
mas lhe deres um menino, eu o dedicarei ao SENHOR por todos os dias da
sua vida, e navalha não passará pela cabeça dele.
- 1 Samuel 1:11

Uma das coisas maravilhosas desta oração é que o controle foi


completamente removido das mãos de Ana. Ela não queria um filho para
que pudesse exibi-lo para a outra esposa. Ela não queria um filho para calar
a boca de todos. Ela não queria um filho para agradar seu marido. Algo
havia mudado em seu coração.
Ana disse a Deus: “Se me der um filho, eu o devolverei a Você”.
O controle foi destruído, e Ana declarou que ela devolveria seu
primogênito ao Senhor. Ela fez um voto de que nenhuma navalha passaria
em sua cabeça, o que significa que seu filho seria um Nazireu por todos os
dias de sua vida. Ele pertenceria completamente ao Senhor.
Não podemos ignorar uma importante informação da história de Ana que
testifica tanto sobre sua maneira de orar, quanto sobre a reação de uma
pessoa que testemunhou sua oração. Lemos no versículo 9 que o sacerdote
Eli “estava sentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor”.
Então vemos que Eli observou Ana enquanto ela orava:

Enquanto ela orava ao Senhor, Eli observava os seus lábios.

Como Ana orava em silêncio, seus lábios se moviam, mas não se ouvia
sua voz; por isso, Eli pensou que ela estivesse embriagada. E lhe disse: Até
quando ficarás embriagada? Deixa de beber vinho.
- 1 Samuel 1:12-13

Para mim o versículo 13 é um dos versos mais tristes da Bíblia, pois o


sumo sacerdote não era mais capaz de sequer reconhecer o espírito de
oração. Para Eli, esta mulher em desespero e clamando a Deus com
lágrimas e oração silenciosa parecia uma mulher embriagada. A liderança
espiritual daquele tempo havia perdido completamente o discernimento e
não sabia mais como era a verdadeira oração. Deus tenha misericórdia!
Outra coisa que salta aos meus olhos nesta oração é que ela era
silenciosa. Ela “orava em silêncio, seus lábios se moviam, mas não se ouvia
sua voz”. Aquela que foi possivelmente uma das maiores orações já feitas
na história não foi sequer vocalizada, o que significa que seu coração estava
gritando tão sonoramente que o céu se moveu!
Sabemos o resto da história. Ana ficou grávida pouco tempo depois deste
encontro e deu à luz um menino, e o chamou de Samuel, que significa
“Deus ouviu”, pois ela o havia pedido ao Senhor (1 Sm 1:20). Ana
devolveu Samuel a Deus, levando-o para viver no templo. Quando era ainda
muito novo ele foi despertado pelo Senhor à noite e recebeu uma palavra
profética que denunciava o estado da liderança espiritual de Eli e seus
filhos. Samuel continuou ministrando ao Senhor no templo, cresceu e o
Senhor o estabeleceu como um profeta, não permitindo que nenhuma de
suas palavras falhasse (1 Sm 3:19). E foi Samuel quem ungiu o Rei Davi,
aquele cuja vida transformaria para sempre a história. E tudo começou com
uma mulher estéril chamada Ana.
Meu amigo, nossas lágrimas conquistam a Deus quando primeiro somos
conquistados por Ele. Então, deixe que Ele faça Sua vontade em você e gere
lágrimas e dores de parto que alteram a história. Deixe que Ele tome a sua
angústia e libere em seu interior o espírito de oração.

VENCENDO COM DEUS

Como vimos na história de Ana, o espírito de oração é a unção para


vencer com Deus. O espírito de oração é liberado quando Deus nos vence e
nos leva a um lugar de desespero assim como Ele fez com Ana.
Em Gênesis 32 encontramos outra pessoa – outro exemplo para nós – que
foi levada a este lugar: Jacó. Ele estava voltando para sua terra natal após
vinte anos vivendo em outro lugar. A última ocasião em que esteve em casa
foi pouco antes de fugir de seu irmão Esaú, após roubar seu direito de
primogenitura.
Por vinte anos Jacó tentou roubar a bênção. Primeiro ele se disfarçou
como seu irmão para obter a benção de seu pai, Isaque. Depois, ele tentou
conseguir que seu ardiloso sogro lhe desse a benção de uma esposa perfeita
– a mulher a quem ele amava. E esta foi uma grande confusão que resultou
em mais sete anos de trabalho árduo e num casamento com a irmã mais
velha da mulher. Mas agora ele estava voltando para casa e não tinha
certeza sobre o que iria encontrar. Sem dúvida, Jacó deve ter sentido
ansiedade sempre que pensava sobre reencontrar seu irmão. Ele deve ter se
perguntado que tipo de recepção ele receberia. Então, não é de surpreender
que, ao entrar em sua terra natal e sendo informado de que Esaú estava
vindo encontrá-lo com 400 homens, o medo tenha se apoderado da alma de
Jacó. Ele começou a dividir suas esposas e servos, enviando-os em direções
diferentes para proteger sua família de ser totalmente destruída por seu
irmão.
Anoiteceu e, conforme lemos em Gênesis 32:24,“Jacó ficou sozinho”.
Que versículo incrível! As coisas acontecem quando você fica sozinho.
Quando Deus o encurrala e você fica sozinho com Ele, está prestes a ter um
encontro que o transformará para sempre. Quando Ele te liberta de toda
habilidade, ingenuidade, sabedoria e força humanas – de ser capaz de fazer
qualquer coisa por si mesmo –, Deus diz: “Bem. Agora que você está
sozinho e reduzido a nada – agora que você não tem mais soluções ou
meios para se livrar dessa situação –, agora que os seus maiores medos
estão diante de você, eu o tomarei para Mim, o livrarei e o transformarei de
Jacó em Israel. Agora que o deixei sem saídas, o livrei de sua própria força
e de sua experiência, Eu posso usá-lo”.
O encontro de Jacó é uma excelente ilustração do que acontece quando
Deus nos leva a um lugar de desespero – um lugar onde Deus nos toma para
Ele a fim de nos fazer vencê-lo! O que faremos? Nos engajaremos em
oração? Lutaremos com Ele para termos entendimento e para que Ele venha
com sua intervenção?
Eis o que Jacó fez. Vamos ler a história:

Porém Jacó ficou sozinho. E um homem pôs-se a lutar com ele até o
romper do dia. E quando viu que não prevalecia contra ele, tocou a junta
da coxa de Jacó, e esta se deslocou enquanto lutava com ele. Disse o
homem: Deixa-me ir, porque o dia já vem rompendo. Porém Jacó
respondeu: Não te deixarei ir se não me abençoares. E ele lhe perguntou:
Qual é o teu nome? E ele respondeu: Jacó. Então disse: Não te chamarás
mais Jacó, mas Israel; porque lutaste com Deus e com os homens e
prevaleceste. Perguntou-lhe Jacó: Peço-te que me digas o teu nome. O
homem respondeu: Por que perguntas o meu nome? E ali o abençoou. Por
isso Jacó deu ao lugar o nome de Peniel, dizendo: De fato vi Deus face a
face, e a minha vida foi preservada. E o sol nascia quando ele atravessou
Peniel; e mancava de uma perna. Por isso os israelitas não comem até o
dia de hoje o nervo do quadril, sobre a junta da coxa, porque o homem
tocou a junta da coxa de Jacó no nervo do quadril.
- Gênesis 32:24-32
Quando Deus o faz ficar sozinho e você não tem outros meios para se
livrar, aí é que Ele o toma para Si. E quando a revelação do seu propósito
futuro colide com a revelação da sua realidade atual, esta é a força que faz
emergir o gemido desde as profundezas da sua alma. Neste lugar é que as
lágrimas são geradas. Neste lugar onde a luta com Deus acontece – a luta
em que prevalecem Deus e o homem.
Deus capacitou Jacó a lutar com Ele para que pudesse abençoar Jacó com
uma mudança de nome e com Sua intervenção na questão entre ele e Esaú.
Quero que você se lembre do seguinte: Quando Deus o leva ao limite, saiba
que Ele está prestes a gerar em e através de você um tipo de oração que
transformará tudo. Você será transformado para sempre e não dependerá
mais da força que o sustentou no passado – a força da sua capacidade
humana. Ao invés disso, você transferirá o peso da sua fé para Jesus,
permitindo que Ele traga livramento, cura e mudança para a sua vida.
Assim como Ana e Jacó, creio que a Igreja lentamente está aceitando sua
condição de esterilidade e falta de poder. No passado nós fugíamos de nossa
condição. Nós tentamos encobri-la. Tentamos arranjar novas estratégias,
mas tudo foi inútil. Creio que um dos maiores movimentos de oração que a
terra já testemunhou está começando a surgir em meio ao Seu povo. A
humildade, a amargura de espírito, as lágrimas e a angústia estão
começando a brotar e elas crescerão até o ponto de abalar os céus. Deus
removerá o controle das mãos do Seu povo, e então nós diremos: “Deus,
nos dê filhos e filhas e nós os levaremos para a Sua presença e para a Sua
casa! Deus não nos deixe onde estamos. Não iremos embora até que Você
nos abençoe!”.
As Lágrimas de Maria
Quatro dias de atraso. Isso foi o quanto Jesus demorou. Suas queridas
amigas Maria e Marta haviam mandado uma carta para Ele dizendo que seu
irmão Lázaro estava doente. Elas sabiam que Jesus havia recebido a carta.
Elas sabiam que Ele havia lido a carta. E sabiam que Ele as amava
profundamente; elas eram amigas queridas de Jesus. Mas o pensamento
perturbador que as afligiu por quatro dias foi: “Por que Ele não veio
quando soube da notícia?”.
E o que teria levado Jesus a não vir imediatamente ajudar suas amadas
amigas?
Maria e Marta provavelmente estavam pensando: “Por que Ele
simplesmente não se traslada para Betânia, impõe suas mãos sobre Lázaro
e aí poderíamos estar celebrando um milagre que Ele já operou tantas
vezes em favor de tantas outras pessoas? Se Jesus fez isso por estranhos,
certamente Ele o faria por nós, Seus amigos íntimos, não é?”.
Esta parte da história exige a pergunta: o que você faz quando Jesus ouve
seus mais profundos gemidos, dores e orações, mas não os responde
imediatamente?
Você tem clamado a Deus por algo e Ele não parece se mover de acordo
com o seu calendário. Como você reage quando aquilo pelo que você mais
ansiava morre?
Creio que esta fornalha será o seu fim ou então a entrada numa nova
estação. Quando nossas belas teologias de uma experiência cristã perfeita
são destruídas, podemos escolher entre esconder nossos corações e tentar
remediar a nossa dor ou vivermos na tensão entre aquilo que Jesus disse que
iria fazer e o que Ele ainda não fez.

ALGO NO PROCESSO

É possível perceber em João 11 que, assim que Jesus recebeu a carta


dizendo que Lázaro estava doente, Ele fez uma das declarações mais
definitivas das Escrituras:

Essa doença não é para a morte, mas para a glória de Deus.


- João 11:4

Jesus não disse que Lázaro não morreria. Ele simplesmente disse que a
doença não terminaria em morte. Essa é a questão que me intriga: Jesus
sabia o que iria fazer desde o início, mas ainda assim permitiu que o
processo de morte prosseguisse e que a dor atingisse seus amigos. Isso me
leva a pensar que deve haver algo de útil para Deus no processo e não
necessariamente no fim que esperamos – e isso O glorifica. Por que Jesus
deixa seus amigos esperando angustiados? Haveria um segredo na espera
que produziria algo necessário em suas almas?
Afinal, Jesus não fez isso a um fariseu, um saduceu ou um estranho. Ele
fez isso com seus amados amigos.
Se hoje algumas das coisas que você mais desejava estão mortas, você
está em boa companhia. De fato, isso é o que Jesus faz aos seus amigos. É
só perguntar a Teresa de Ávila.
Ao contar a história de um resgate divino em sua autobiografia, Teresa
perguntou ao Senhor: “Quando Tu cessarás de colocar obstáculos em nosso
caminho?”. Ao que Ele respondeu: “Não reclame filha, pois é sempre assim
que trato meus amigos”. E ela replicou, “Ah, Senhor, é também por causa
disso que tens tão poucos!”[iii]
Estou convencido de que muitos de nós no Corpo de Cristo estamos ou
estivemos no mesmo lugar de Marta, Maria e Teresa. Clamamos a Deus
para salvar um membro da família que está doente, para nos salvar, para
salvar um casamento destruído ou para salvar um ministério ineficaz, mas
não temos visto Seu resgate imediato.
Como lidamos com isso? Como conciliamos a imagem de um Deus bom,
compassivo e poderoso com a de um Deus que permite que uma pessoa
amada, um casamento ou um ministério morra?
Precisamos desacelerar e olhar atentamente para isso, pois nossas frases e
clichês cristãos baratos não resolvem essa questão. Temos de ir mais
profundo.
É neste período de quatro dias que vemos dois tipos de resposta surgirem
– uma de Marta e a outra de Maria. Creio que a maioria dos crentes reage
de uma dessas duas formas. Entretanto, é necessário respondermos a esta
pergunta: Você permitirá que o “atraso” de Jesus te afete ou não?

DUAS RESPOSTAS DIFERENTES


Por fora, Marta parece usar toda a linguagem correta e declarações de fé,
mas estou convencido de que havia incredulidade por trás de suas palavras
bonitas, disfarçada de fé. Vamos examinar a história mais atentamente.
João 11:20 nos diz: “Ao saber que Jesus estava chegando, Marta foi ao
seu encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa.” Perceba aqui que
Marta foi até Jesus “ao saber” que Ele estava vindo. Curiosamente, Marta
nunca aprendeu a sentar-se aos pés de Jesus para ouvir Suas palavras. Ela
nunca aprendeu a deixar o turbilhão de distrações. Ela nunca aprendeu a
ministrar ao Senhor, de modo que quando as grandes crises de sua vida
vieram, ela não sabia como sair delas e sentar-se diante Dele.
Um pouco mais cedo, antes de Lázaro ficar doente e morrer, Jesus e seus
discípulos haviam visitado a casa dos irmãos. Lucas 10 descreve o cenário
para nós. Marta estava na cozinha trabalhando, atendendo diligentemente as
necessidades de seus convidados, enquanto Maria estava absorta com as
palavras de Jesus. Marta ficou distraída com a quantidade de serviço e
perdeu completamente aquele momento. Ela estava irritada com a
“preguiça” de Maria e começou a acusar Jesus de falta de empatia e de ser
injusto por permitir que Maria apenas ficasse sentada aos Seus pés.
Jesus amorosamente disse a Marta naquele momento que ela estava
preocupada e atribulada por muitas coisas. “Mas uma só é necessária”,
continuou Jesus “e Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”
(Lc 10:42). Se Marta não conseguia se livrar do turbilhão em sua mente
quando nada estava dando errado em sua vida, qual seria sua reação diante
de uma grande tragédia ou dificuldade? O que ela faria quando não
compreendesse o que estava acontecendo ou o que fazer a respeito?
A “uma coisa” a que Jesus estava apontando é a mesma para todos nós.
Se nós realmente compreendermos essa “uma coisa”, ela nos sustentará em
qualquer tempo, especialmente nas épocas de grande provação e tribulação.
Mas se não o fizermos, lembro-me das palavras de Jeremias a Israel: “Se te
cansas correndo com homens que vão a pé, então como poderás competir
com cavalos?” (Jr 12:5).
A sabedoria da escolha de Maria entraria em cena quando essas irmãs
enfrentaram a maior crise de suas vidas: a morte de seu irmão. A sabedoria
sempre é justificada posteriormente ao momento em que se manifesta. Por
algum tempo, a sabedoria não se parece com nada diferente de qualquer
outra coisa, mas virá o tempo em que a sabedoria será comprovada como
sendo sabedoria e a tolice será comprovada como tolice. As cinco virgens
“sábias” de Mateus 25 cultivaram o óleo, mas por algum tempo elas não
aparentavam ser diferentes das virgens tolas. Contudo, quando chegou o
tempo, sua sabedoria foi manifesta.
A história em João 11 é um caso onde esta realidade se apresenta. Ao
enfrentar a morte de seu irmão e a inexplicável demora de Jesus, Marta não
tinha nenhum histórico de se assentar diante Dele; por isso, ela ficou
consumida em ansiedade, preocupação e tribulação. Posso vê-la andando de
um lado para o outro freneticamente na casa, recitando o que diria quando
Jesus finalmente chegasse. Posso ouvi-la dizendo em alta voz, “Onde você
estava, Jesus? Por que Você não veio até aqui?”. A ansiedade, a ira e o
estresse do momento eram demais para sua alma e ela não tinha nenhum
sistema de defesa; portanto, “Ao saber que Jesus estava chegando”, ela foi
encontrá-lo (Jo 11:20).
Diferentemente, todas as vezes que vemos Maria nas Escrituras, ela está
sentada. Ela se sentou em Lucas 10 para ouvir as palavras de Jesus.
Olhando novamente para João 11:20, enquanto Marta foi ao encontro de
Jesus, lemos que “Maria, porém, ficou sentada em casa”. Maria estava
sentada em Lucas 10, estava sentada em João 11, e estava sentada aos pés
de Jesus, ungindo-o com óleo de alabastro em Marcos 14. Seu ato de se
sentar é a figura de uma vida rendida a Deus. Creio que essa postura é a que
o Senhor deseja enfatizar nesses dias. Há muito mais envolvido neste ato de
sentar-se do que compreendemos.
Marta – cheia de ansiedade, frustração e raiva – corre para o consultório
médico querendo resolver seu problema. Mas Maria não. Maria permanece
na sala de espera até ser chamada para entrar no consultório. E essa é a
diferença entre as duas respostas.
Marta veio a Jesus e disse: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não
teria morrido” (Jo 11:21). Esta é a frase chave; de fato, é a mesma frase que
Maria dirá a Jesus onze versículos depois, mas o lugar de onde Maria orava
esta afirmação era absolutamente diferente do lugar de onde sua irmã havia
orado.
Marta continuou, “Mas sei que, mesmo agora, Deus te concederá tudo
quanto lhe pedires.” (v. 22). À primeira vista, essa oração soa como se fosse
cheia de fé e confiança, mas estou convencido de que ela não é uma oração
tão incrível quanto pensamos. Algumas razões para isso:
1. Ela usa a expressão “eu sei” por duas vezes. Normalmente,
quando uma pessoa precisa dizer “eu sei” mais de uma vez, ela,
na verdade, não sabe.
2. Ela pediu que Jesus pedisse a Deus, o que significa que ela
não via Jesus como quem Ele verdadeiramente é.
3. A resposta de Jesus a ela será um chamado a ter fé na
revelação de quem Ele é.
4. Momentos antes de Lázaro ser erguido dos mortos, ela diz que
ele cheira mal já que está morto há quatro dias.

Por essas razões, creio que sua grande oração estava acobertando sua
incredulidade.
Toda essa conversa entre Marta e Jesus é muito vívida, já que Marta orou
de forma tão ansiosa, mas Jesus não pareceu ficar comovido com ela. Ele
fez uma declaração definitiva e direta sobre Lázaro – “Teu irmão
ressuscitará.” (v. 23). Parece que Jesus estava buscando tirar Marta de seu
lugar de espectadora – em que ela pedia a Ele que pedisse a Deus – para
entrar num lugar ativo na história, pelo exercício de sua fé.
Assim que Jesus fez essa declaração, Marta rapidamente rebateu: “Sei
que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia.” (v. 24).
Novamente, a teologia de Marta era correta, já que ela tinha
entendimento sobre a ressurreição dos mortos. É muito bom que ela
estivesse olhando para o futuro quando todos os justos levantariam de seus
túmulos. Mas Jesus estava buscando trazê-la para um lugar onde ela
exercesse sua fé, onde ela cooperasse com Ele na ressurreição de seu irmão.
E foi aí que Ele disse as palavras mais poderosas: “Eu sou a ressurreição e
a vida” (v. 25).
A ressurreição não virá no futuro, Marta. A ressurreição não virá num dia
futuro, leitor. A ressurreição é uma Pessoa e Ele está bem diante de você.
Ele busca uma fé que atrai a realidade do futuro para o hoje!
Jesus é a Ressurreição e a Vida! Não me importa o quanto sua vida esteja
morta, ou o seu casamento, seus filhos, sua família, suas finanças, o seu
corpo, os seus relacionamentos – Ele é a Ressurreição e a Vida. Creio que
Ele está se manifestando aos seus amigos nesses dias, e Ele busca mais do
que orações bonitas, perfeitas e corretas. Jesus busca um lugar de
quebrantamento em nossas orações, pois orações quebrantadas movem o
céu.
Vamos aprender com Marta e recusemos a nos esconder atrás de
adesivos, camisetas e frases corretas. Permita que a demora de Deus toque a
sua vida e o corte em sua carne, e então deixe que ela produza um clamor
que você nunca experimentou antes.
Nossa capacidade de impactar a Deus com nossas orações é diretamente
conectada à capacidade da demora de Deus em nos tocar. Se não nos
permitirmos ser tocados, podemos ter bons momentos de oração, podemos
crescer em teologia e, ainda assim, vivermos distantes Dele. Mas isso não
move o céu. Jesus deseja algo mais profundo.
Marta não entendia isso. Lemos que após ter dito aquilo, “ela se retirou e,
chamando sua irmã Maria em particular, disse-lhe: ‘O Mestre está aqui e te
chama’.” (v. 28). Eu absolutamente amo essa última linha. Por quê?
Porque creio que Jesus está chamando Marias por toda a terra que sairão
da sala de espera da intimidade e lutarão em meio à confusão para
cooperarem com Ele para que o poder da ressurreição seja liberado em suas
situações, famílias, cidades e nações. Ele deseja que nós sejamos seus
parceiros para liberar avivamento na terra.
Quero destacar algumas coisas aqui. Primeiro, não vemos nenhum
registro nas Escrituras de que Jesus tenha mandado chamar Maria. O que
levou Marta a perceber que ela não seria capaz de tirá-los daquela situação
difícil? Poderia ser que, por não ter aprendido a primeira lição sobre esperar
aos pés de Jesus em Lucas 10, ela estava despreparada para aquele
momento de provação?
Segundo, você consegue perceber a diferença entre Marta e Maria com
relação ao fato de Marta ter corrido até Jesus e Maria ter esperado por Seu
convite? Não consigo evitar pensar novamente num consultório médico, e
sobre como a única maneira possível de encontrar o doutor é “esperando na
sala de espera”. Afinal, ela se chama sala de espera por uma razão.
Primeiro você deve esperar, até então ser chamado.
Maria foi chamada, mas Marta entrou apressadamente.
Marta foi ver Jesus quando ouviu que Ele estava vindo, mas Maria foi
ver Jesus somente após ter sido chamada por Ele. E quando Maria chegou a
Ele, “lançou-se aos seus pés e disse: ‘Senhor, se estivesses aqui, meu irmão
não teria morrido’.” (Jo 11:32).
O quê? Maria falou? Você sabia que essa é a única fala atribuída a Maria
nas Escrituras?
Maria basicamente repetiu o que Marta havia dito quando saiu de casa
para encontrá-Lo. Mas quando Maria o disse, ela estava caída aos pés de
Jesus e estava chorando. O que testemunhamos nos versículos 21 e 32 é o
modo como duas pessoas oram exatamente a mesma oração, mas a partir de
posturas totalmente diferentes, tanto fisicamente, quanto de coração.
Enquanto Marta fez suas primeiras falas sustentadas em suas duas
declarações de “eu sei” (v. 22 e v. 24), Maria fez sua fala misturada às
lágrimas aos pés de Jesus. Marta disse que sabia. Maria não entendia.
“Jesus, eu não entendo por que Você não chegou aqui antes. Se tivesse
chegado, meu irmão não teria morrido. Eu não entendo, Jesus”.
Você já esteve nesse lugar? Você está nesse lugar agora?
Você já teve um casamento pelo qual clamou desesperadamente a Jesus,
mas parece que as coisas somente pioraram? “Senhor, se Você estivesse
aqui, meu casamento não teria morrido”.
Você criou um filho na presença de Deus, para vê-lo fugir de Deus em
sua adolescência? “Senhor, se Você estivesse aqui, meu filho não teria se
desviado e não teria sua vida totalmente destruída”.
Você tem sido um dizimista e ofertante fiel, mas vê suas finanças se
esgotando? “Senhor, se Você estivesse aqui minhas finanças não teriam se
exaurido”.
Marta disse isso e, então, tentou melhorar a situação com sua boa
teologia e "evangeliquês". Ela não estava permitindo que a demora de Deus
a ferisse. E muitos de nós nos recusamos a permitir que a demora nos fira,
mas Maria se permitiu ser ferida.
Jesus busca produzir algo em nós. Estou convencido de que Ele está
livrando Seu povo das orações bonitas e nos levando a orações feias. As
orações feias são respostas que vêm das profundezas de nosso ser à demora
de Deus – ao “Eu não sei o que está acontecendo. Eu não entendo por que
Jesus ainda não veio. Por que Ele não está me respondendo?”. Elas são
orações que jorram das nossas almas. Elas são reações brutas aos
ferimentos. São orações forjadas na luta da confusão e da desilusão de não
compreender por que Jesus não interveio, se Ele poderia tê-lo feito a
qualquer momento.
Estou convencido de que Deus está levando a Igreja a um lugar de oração
que está além das palavras. É um lugar de quebrantamento, humildade e
desespero que gerará palavras, orações e ações que penetram os céus e os
corações de homens e mulheres em nossa cultura saturada de barulho.
Creio que lágrimas estão vindo sobre a Igreja. E não será apenas
emocionalismo ou esforço próprio e religiosidade, mas um dom de
lágrimas. Esse dom é a revelação de nossa incapacidade de mudar qualquer
coisa em nós ou por nós mesmos.
Lágrimas fluem quando não há mais soluções. Maria caiu aos pés de
Jesus em meio ao turbilhão de confusão, de não saber ou compreender por
que Ele havia demorado. Ela permitiu que isso a ferisse e por isso chorou.
Creio que Maria sentou-se aos pés de Jesus no passado e permitiu que
Suas palavras a tocassem profundamente para que no momento de sua crise,
seu abismo chamasse o abismo Dele e extraísse Dele a ressurreição.
"Jesus Chorou”
O que é preciso para mover o coração de Deus? O que desperta Sua
paixão para realizar um milagre, para intervir em favor de Seus amigos? O
que extrai Dele o poder da ressurreição?
Maria de Betânia sabia como mover Jesus. Ela sabia como despertar as
entranhas de misericórdia do Rei de todas as nações. Seu quebrantamento,
seu ato de cair aos Seus pés e chorar, isso foi o que O feriu – a ponto de o
texto dizer que “Jesus comoveu-se profundamente no espírito” (Jo 11:33).
Eu fico imaginando como foi essa situação. Que tipo de oração faz com
que Deus se comova? Pense nisso.
Você quer comover a Deus – fazer com que Ele se agite no espírito? Você
sabia que pode fazer isso? Você pode despertá-Lo. Você pode acender Sua
compaixão para que Ele intervenha em sua situação, sua família, sua igreja,
sua cidade, sua nação e o seu mundo. Isso foi o que Maria fez.
A comoção interior levou Jesus a perguntar aos enlutados que haviam
seguido Maria: “Onde o pusestes?” (v. 34).
Creio que Jesus esperou os quatro dias e deixou que o processo se
desenvolvesse para que pudesse levar Seus amigos ao lugar de oração – a
este lugar onde o espírito de Jesus foi levado à comoção. Como vemos
desde o início desta história, Jesus sabia como ela terminaria. Ela terminaria
com Jesus sendo glorificado e não com a morte de seu amigo.
Jesus permitiu que a história se desenrolasse, que as diferentes reações à
crise ocorressem e que o processo evoluísse porque Ele estava buscando
algo. Ele estava buscando por alguém que extraísse algo Dele, que
cooperasse com Ele na ressurreição de Lázaro. E Ele encontrou isso em
Maria, aquela que tinha como hábito sentar-se aos Seus pés.
Não sei que leitura você faz dessa história sobre a ressurreição de Lázaro,
mas, para mim, tudo até esse ponto parece se mover rapidamente. Aqueles
podem ter sido quatro dias de uma espera árdua para Maria e Marta, mas
para nós, leitores, as coisas se desenvolvem velozmente:

· As irmãs enviam uma carta a Jesus.


· Jesus lê a carta.
· Jesus diz a seus discípulos que a doença não terminaria em morte,
mas que Ele seria glorificado por meio dela.
· Jesus permanece onde estava por alguns dias.
· Repentinamente Jesus diz a seus discípulos que Lázaro está morto.
· Jesus e os discípulos vão até Betânia.
· Marta ouve dizer que Jesus está vindo e corre para encontrá-Lo.
· Jesus e Marta conversam.
· Marta vem até Maria e diz a ela que Jesus quer vê-la.
· Maria vai encontrar Jesus e cai aos seus pés, chorando.
· Jesus e Maria conversam.
· Jesus pergunta onde haviam colocado Lázaro.
· As pessoas dizem a Jesus, “vem e vê” (Jo 11:34).

Pare!
Tudo parece parar quando lemos o versículo seguinte, o verso 35. Este é
o menor versículo da Bíblia, mas parece o mais longo. Por quê? Porque
estando cercado por todos os lados de céticos, críticos, estranhos, discípulos
e amigos, o tempo para e o Filho de Deus – o Criador do Céu e da Terra,
Aquele que não foi criado, o Soberano das nações, o Rei dos reis, Jesus –
faz o impensável: Ele chora.
“Jesus chorou”.
Isso é algo santo. Ponha sua prancheta de análise de lado e observe-O
chorar. Isso é terra santa. Conecte isso com o fato de que o Deus que criou
todas as coisas – Aquele que “mediu as águas com a concha da mão”, que
“mediu a extensão dos céus com o palmo” (Is 40:12) – está chorando.
Veja a leitura dessas duas palavras no versículo 35 feita por Charles
Haddon Spurgeon, que escreveu:

Muitas vezes fico aborrecido com o homem, quem quer que ele seja, que
dividiu o Novo Testamento em versículos. Ele parece cometer falhas de
maneira indiscriminada aqui e ali; mas eu perdôo seus erros em grande
medida por sua sabedoria em ter deixado essas duas palavras isoladas num
único versículo: “Jesus chorou”. Este é um diamante de valor inestimável,
e não pode haver outra pedra preciosa ao seu lado, pois ele é único. O
menor versículo em número de palavras, mas onde há outro que seja maior
em sentido? Acrescente uma palavra a este versículo e ela estaria fora de
lugar. Não. Que elas permaneçam solitárias em sublimidade e
simplicidade. Você pode até mesmo colocar uma nota de exclamação
depois delas e escrevê-las em letras maiúsculas,

“JESUS CHOROU!”

Há infinitamente mais nessas duas palavras do que qualquer pregador


ou estudioso da Palavra jamais será capaz de extrair delas, embora eles
devam lê-la através do microscópio da consideração mais atenta. “Jesus
chorou”. Fato instrutivo; simples, mas incrível; cheio de consolação; digno
de nossa mais intensa atenção. Venha Espírito Santo e nos ajude a
descobrir por nós mesmos a riqueza de significado contida nestas duas
palavras.[iv]

Por anos pensei que esse choro foi meramente uma lágrima escorrendo,
apenas um fungar ou breve instante de emoção, mas comecei a ver que
nesse momento uma tempestade se formou no espírito de Jesus e saiu Dele
numa torrente de lágrimas. Jesus chorou.
Jesus se agitou e chorou e soluçou. E nós devemos parar e observá-Lo
enquanto chora. Não podemos ir tão rapidamente para o próximo versículo.
Temos que contemplar o Deus que chora em toda a Sua vulnerabilidade
enquanto Ele reúne toda a dor, tristeza, acusação e as tramas dos homens
perversos e chora diante de todos nós. Jesus chorou.
Creio que Jesus odeia tanto a morte que Ele estava chorando por causa
dessa maldição e do que ela tinha causado ao seu amigo. E Ele estava
prestes a desfazê-la diante de todos ali. Mas você não pode apenas correr
para a ressurreição de Lázaro. Você tem de entrar no vale do choro com
Jesus. Temos que ir ao vale das lágrimas porque este é o lugar de onde a
ressurreição se manifesta. Devemos parar ali e observar Jesus enquanto Ele
chorava.
Somos uma geração que deseja chegar diretamente à ressurreição, mas é
como se Deus estivesse dizendo: “Ei! Vocês me encontrarão no lugar de
quebrantamento, no choro”. Há um lugar de humildade, vulnerabilidade e
honestidade. Há um lugar onde todas as suas visões de Deus são colocadas
à prova. Este é o lugar onde você luta com o seu real sentimento. E ali é
onde a fé se levanta no seu coração.
A fé não se parece com falsa confiança. A fé clama: “Deus, eu não
compreendo! Vou permitir que isso vá fundo e vou ficar feio diante de Ti,
Deus, pois eu desejo algo real”.
E isso foi o que Jesus respondeu a Maria. Ele chorou, e Suas lágrimas
foram lágrimas de profunda compaixão por Maria e Marta. Foram lágrimas
de profunda tristeza pela humanidade. Foram lágrimas de profundo amor
por Lázaro. Foram lágrimas de profunda ira pelos fariseus que estavam
tramando a sua morte. Essas foram lágrimas de profundo ódio pela morte e
o que ela rouba da humanidade.
Seja quem for que afirme “homem não chora!”, leia este versículo:
“Jesus chorou”!

SOMENTE UM DEUS QUE CHORA PODE ENXUGAR AS


NOSSAS LÁGRIMAS

Sinto que o Espírito Santo está convidando a Igreja para um novo lugar.
Um lugar que se chama a sala do choro. Este é um lugar no coração de
Deus onde Suas emoções são compartilhadas com Seu povo. Nossa
capacidade de deixar que Ele seja vulnerável diante de nós, permitindo
assim que nós também sejamos vulneráveis diante Dele, irá liberar o poder
da ressurreição em nossas vidas, famílias e circunstâncias.
Muitas vezes no livro de Apocalipse (a Revelação de Jesus), podemos
ver que o próprio Deus virá e enxugará nossas lágrimas. Quão perto Deus
precisa estar para enxugar nossas lágrimas?
Em 23 de Janeiro de 2016 eu tive um encontro com Jesus onde senti que
Ele estava entrando em minha sala, ajoelhando e pedindo permissão para
me pastorear e ministrar sobre mim. Naquele encontro Ele me levou a
Apocalipse 7:17.

Porque o Cordeiro que está no meio, diante do trono, os apascentará e


os conduzirá às fontes das águas da vida, e Deus lhes enxugará dos olhos
toda lágrima.

Esta passagem fala sobre Deus ministrando àqueles que acabaram de vir
da tribulação. Isso não se aplica somente àqueles que vieram da Grande
Tribulação no fim dos tempos, mas também àqueles que passaram por
períodos de tribulação em suas vidas e precisam ser ministrados por Deus.
Ele deseja entrar em nossos vales de lágrimas hoje. Ele quer ministrar
sobre nós dessa mesma maneira. Ele quer se aproximar de você e enxugar
as suas lágrimas com seu dedo polegar e levar embora a dor e o trauma que
atingem a sua vida nesta presente era. E Ele está perguntando a você o
mesmo que me perguntou em 2016: “Você me permitirá te pastorear? Você
me permitirá ministrar a você?”.
Amados, somente um Deus que chora pode enxugar as nossas lágrimas.
Somente um Deus que chora pode trazer ressureição para nossas vida.

AS LÁGRIMAS E A RESSURREIÇÃO ESTÃO CONECTADAS

Após esse tempo de choro, Jesus começou a andar em direção ao túmulo.


Ele gemeu novamente em seu espírito. Você consegue ouvir Seu gemido?
Você pode vê-Lo? Ele ainda estava enxugando Suas próprias lágrimas antes
de entrar no “modo ressurreição”.
Jesus chegou ao túmulo. “Era uma gruta com uma pedra na entrada” (Jo
11:38). E Ele disse, “tirai a pedra” (v. 39). Este foi o momento pelo qual
Maria e Marta estavam esperando, embora elas possam não ter percebido. O
zelo de Jesus estava prestes a ser liberado na forma de um milagre. Isto é, o
poder da ressurreição estava prestes a explodir, e Marta tinha de dizer algo:
“Senhor, ele já cheira mal, porque já faz quatro dias” (v. 39).
Agora, você percebe por que eu fui tão duro ao descrever a atitude de
Marta? Porque aqui está a verdadeira Marta. Nesse momento ela revelou
sua real condição interior. Sua declaração expôs sua falta de fé, provando
que todos os comentários cheios de fé que ela fez anteriormente não eram o
que pareciam ser. Eu amo Marta. Jesus amava Marta, mas ela ainda não
tinha entendido. E Jesus se recusava a deixá-la de lado. Ele disse: “Não te
disse que, se creres, verás a glória de Deus?” (v. 40).
Então alguns dos que estavam ali removeram a pedra. E Jesus erguendo
Seus olhos disse, “Pai, graças te dou, porque me ouviste. Eu sei que sempre
me ouves; mas por causa da multidão que está aqui é que assim falei, para
que creiam que me enviaste.” (vv. 41-42).
Um dos grandes segredos para ter autoridade em oração se encontra na
percepção vívida de que o Pai nos ouve. Seus ouvidos estão abertos para os
Seus filhos, Seu coração está comprometido e Sua mão está pronta para se
mover.
Você crê que o seu Pai celestial o ouve quando você ora?
Jesus acreditava. “E, tendo dito isso, exclamou em alta voz: ‘Lázaro, vem
para fora!’ O que estivera morto saiu, com os pés e as mãos atados com
faixas, e o rosto envolto num pano. E Jesus lhes disse: ‘Desatai-o e deixai-o
ir’” (vv. 43-44).
O grande Deus guerreiro liberou seu brado! E aquele que esteve morto
por quatro dias saiu do túmulo! Então aqueles que estavam ao redor de
Lázaro o desataram das faixas e panos que o envolviam. E a revelação da
ressurreição através de Deus foi manifesta para que todos vissem.
Amigo, Lázaro está saindo do túmulo nesses dias. Na medida em que
entramos na sala do choro com Jesus e chegamos a um novo lugar de
vulnerabilidade e lágrimas, veremos um brado de ressurreição liberado em
nossas vidas que literalmente testemunhará a ressurreição de cônjuges,
filhos, finanças, corpos e igrejas. Veremos ressurreição de pessoas,
ressurreição de casamentos, ressurreição de finanças, cura, libertação e
rompimento nas áreas pelas quais temos clamado a Deus ao longo de anos.
Veremos um poderoso espírito de avivamento atingir esta nação e
veremos uma geração que tinha deixado a Igreja e se afundado
profundamente no mundo começar a voltar de forma sobrenatural. Até
mesmo enquanto escrevo essas páginas sinto que estamos numa janela de
oportunidade divina onde Jesus está nos convidando a entrar na sala do
choro, e desta estação nascerá um dos maiores avivamentos que já foram
liberados na terra. Assim como a ressurreição de Lázaro provocou a trama
para a morte de Jesus, creio que o poder da ressurreição que está prestes a
ser liberado sobre nossa nação e sobre o globo provocará uma grande ira
que armará o cenário para a segunda vinda de Jesus.
As lágrimas e a ressurreição andam de mãos dadas. Nós testemunhamos
isso nesta história. Jesus chorou e Lázaro ressuscitou. E vemos o mesmo na
morte e ressurreição de Jesus. Hebreus 5:7-9 diz que “com grande clamor e
lágrimas, Jesus ofereceu orações e súplicas àquele que podia livrá-lo da
morte e (…) tornou-se a fonte da salvação eterna” para nós. Suas lágrimas e
Sua ressurreição confirmaram a nossa! Contudo, não somente a nossa mas a
ressurreição futura de Israel. Lucas 19:41 nos informa sobre como Jesus viu
Jerusalém e “chorou por ela”. Romanos 11:15 diz que a aceitação de Israel
será “vida dentre os mortos”.
Deus está liberando o dom das lágrimas sobre o Seu povo nesses dias.
Este dom não é manipulado, fabricado ou concedido em função dos
méritos, mas é uma graça divina. Ele nasce da incapacidade humana de
fazer qualquer coisa acontecer. Prometo a você que Deus o esculpirá até que
você assuma uma forma de dependência, humildade e quebrantamento. E
este lugar é onde a oração começa. Este é o tipo de oração que penetra,
alcança e rompe.
As lágrimas vêm quando você fica sem opções. Elas são uma linguagem
em si mesmas. Elas são uma expressão da alma que está além das palavras.
Tais lágrimas provocarão uma resposta em Deus. Ele não ficará em silêncio
diante das suas lágrimas (Sl 39:12).
Deus está nos levando a um lugar mais profundo de oração e as lágrimas
acompanharão o espírito de oração.
Apóstolos e Profetas que Choram
Minha jornada com o dom das lágrimas começou em 2002. Minha
família e eu nos mudamos para Kansas City, no estado do Missouri nos
EUA em Dezembro de 2000 para nos unirmos a um novo ministério
chamado International House of Prayer [Casa de Oração Internacional]
(IHOPKC). Servíamos como “missionários intercessores” e estávamos
amando tudo o que Deus estava fazendo em nossas vidas.
Certa manhã quando eu estava na sala de oração do IHOPKC, um amigo
veio até mim e me disse que Deus estava prestes a me tornar uma sentinela,
como Jeremias. Eu honestamente não fazia ideia do que ele queria dizer,
mas fiquei intrigado com aquilo. Na época eu não tinha nenhum
conhecimento sobre Jeremias além do famoso versículo:

Pois eu bem sei que planos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR;
planos de prosperidade e não de mal, para vos dar um futuro e uma
esperança.
- Jeremias 29:11

Na manhã seguinte eu acordei cedo e decidi ler o livro de Jeremias e ver


o que Deus me diria através dessa leitura. Desde o momento em que abri o
livro, experimentei algo que nunca havia experimentado antes em minha
vida. Comecei a chorar enquanto lia o livro do profeta. Lágrimas
começaram a fluir dos meus olhos e eu sabia que estava experimentando
um batismo de lágrimas.
Comecei a ver as similaridades entre a época de Jeremias e o que
vivemos hoje. Comecei a ver a liderança espiritual desconectada, a falta de
discernimento profético dos profetas e a apatia generalizada que havia
acometido o povo.

O DEUS QUE CHORA

Nos três dias seguintes eu li todo o livro de Jeremias repetidamente,


apenas chorando. Honestamente, dezoito anos depois, meu choro não parou.
Na maioria das manhãs quando eu acordo e abro minha Bíblia, eu começo a
chorar. Eu não compreendo isso totalmente, mas sei que essa dinâmica está
quebrantando meu coração e meu espírito, e está me preparando para que o
espírito de revelação me atinja.
Foi neste primeiro encontro que o Senhor me falou sobre Jeremias. O
Senhor me disse: “Corey, Jeremias não é apenas o profeta que chora: ele é
o homem que foi capturado pelo coração do Deus que chora”.
“O Deus que chora”, essa simples frase revolucionou minha visão sobre
Deus. Ao ler e meditar sobre o livro de Jeremias, comecei a ser liberto da
visão de um Deus estóico, desconectado, distante e comecei a me conectar
às profundas emoções de um Deus que sente, que anseia, que chora – um
Deus que está buscando amigos através dos quais possa chorar.
A revelação do Deus que chora me abriu para receber a Deus como Juiz.
Eu podia sentir Sua dor, Seu amor, Sua profunda compaixão até mesmo
quando Ele estava prestes a liberar juízo sobre Seu povo e removê-los da
terra. Através das lágrimas de Jeremias eu vi o Deus Noivo cujo zelo e
ciúme se recusaram a esperar passivamente enquanto sua esposa fugia para
outros amores. Foi neste livro que eu vi a vulnerabilidade de Deus, as
emoções de Deus e consegui sentir o que Ele sente por mim e por minha
geração.
Após esse período de tempo, eu passei a ter um anseio de dar ao nosso
próximo filho o nome de Jeremiah [Jeremias]. Rapidamente engravidamos
e fiquei muito empolgado com a chegada de Jeremiah. Minha esposa, Dana,
passou por ultrassonografias e não conseguíamos ver o sexo do bebê, mas
eu estava convencido de que teríamos um menino e o chamaríamos
Jeremiah.
Em 4 de Março de 2003 nosso bebê nasceu e, para nossa surpresa, era
uma menina! Eu fiquei encantado e rapidamente tomamos a decisão de
remover o “Jere” e chamá-la Miah (nós acabamos a registrando com o
nome Mya). Ela representa todo este período e ela verdadeiramente carrega
o espírito e o coração de uma profetiza compassiva.
Pouco antes de ela nascer, o Senhor estava me levando mais
profundamente a este lugar de amizade e parceria com Ele. Por anos eu
havia clamado a Deus que me despertasse no meio da noite para que eu
pudesse lutar em intercessão com Ele em favor de Sua intervenção nas
nações. Eu desejava isso desesperadamente, mas havia um problema: eu
dormia todas as noites como uma pedra, e era quase impossível me acordar.
Eu nunca esquecerei a primeira vez quando às três horas da madrugada,
enquanto eu dormia profundamente, fui repentinamente acordado. Eu
estava deitado no meu lado da cama com o rosto voltado para a parede. Eu
sabia que o Senhor estava lá, mas não podia vê-Lo. Porém eu conseguia
ouvir Sua voz. Ele disse, suave mas firmemente, “Corey, levante e venha
ficar Comigo”. Eu sabia que era Deus quem estava falando, e ouvi de forma
muito clara, mas eu não queria me levantar. Deixe-me dizer de outra forma:
Eu queria me levantar, mas meu corpo não queria. Eu estava cansado e
voltei a dormir rapidamente.
Cerca de cinco minutos depois eu fui despertado novamente. “Corey, se
levante e venha ficar Comigo”. O Senhor estava falando de forma um
pouco mais intensa desta vez. De novo, eu tinha certeza em meu interior de
que era Deus quem estava falando comigo, mas não conseguia me levantar
por estar muito cansado. Eu dormi.
Passaram-se cerca de cinco minutos e fui acordado mais uma vez, “Você
pode ficar comigo por uma hora?” A linguagem e o tom com que Ele disse
isso me fizeram saber que eu estaria em apuros se não me levantasse e
passasse tempo com Ele.
Andei até o quarto que havíamos preparado para a chegada de Mya e me
sentei numa poltrona com meu bloco de anotações, uma caneta e minha
Bíblia e disse “Senhor, estou aqui. O que o Senhor quer compartilhar
comigo?”. Fiquei naquela poltrona por vinte minutos, orando em línguas,
apenas buscando por qualquer coisa que pudesse ouvi-Lo dizer a mim, mas
não ouvi nada. Não senti nada. Após trinta minutos sem que ouvisse
absolutamente nada, eu desisti e voltei para minha cama.
Acordei horas depois e fui para a sala de oração do IHOPKC. Estava
frustrado comigo mesmo por ter perdido aquela oportunidade. Eu sabia que
era o Senhor falando comigo. Entendi que Ele estava respondendo à minha
oração na qual eu pedia para orar de madrugada, mas eu havia falhado
miseravelmente. Após algumas horas que permaneci emburrado na sala de
oração, fui até uma amiga minha, a quem eu respeitava particularmente por
causa de seu conhecimento e entendimento sobre uma vida de oração
profunda. Contei a ela o que havia acontecido e então perguntei: “O que
você acha que Ele queria me dizer?”.
Ela se sentou e sorriu. E, então, me deixou pasmo ao dizer: “Ele não
queria te dizer nada. Ele apenas queria que você estivesse acordado com
Ele, porque Ele estava lá. Corey, Ele te chama de amigo e um amigo ama
em todo o tempo”. Esta colocação simples mas profunda revolucionou
minha vida.
Na medida em que pensei sobre essa declaração ao longo dos anos, não
posso evitar a percepção de que Jesus estava fazendo comigo o mesmo que
fez com Seus discípulos muito tempo antes. Quando eles estavam com Ele
no jardim do Getsêmani, Jesus queria que eles ficassem acordados com Ele
naquela noite de trevas. Eu estava no jardim onde Jesus levou Seus três
discípulos mais próximos. A Bíblia narra,

Então Jesus foi com os discípulos a um lugar chamado Getsêmani e


disse-lhes: Sentai-vos aqui, enquanto vou ali orar. E levando consigo Pedro
e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.
Então ele lhes disse: A minha alma está tão triste que estou a ponto de
morrer; ficai aqui e vigiai comigo.
- Mateus 26:36-38

Três dos discípulos viram um lado de Jesus que os outros nove não
viram, pois Jesus não revelou esse lado de Si mesmo a todos os Seus
discípulos. Esses três amigos viram uma grande tristeza e profunda angústia
consumindo Jesus. Na tristeza excruciante de Jesus que carregava o peso de
todo o mundo em Seu coração e na submissão de Sua vontade à vontade do
Pai, Ele quis que esses três jovens ficassem acordados com Ele e vigiassem
com Ele. Ele voltou duas vezes, e os encontrou dormindo em ambas.
A pergunta que me gera perplexidade é: como Pedro, Tiago e João
poderiam ajudar a aliviar a tristeza de Jesus estando com Ele e orando?
Como eles poderiam contribuir? Seria possível que o fato de eles estarem
acordados ali com Jesus durante aquela noite de trevas de fato trouxesse
conforto para Ele?
Estou convencido de que não temos ideia do que significa ser amigo de
Jesus. Há muito mais nessa dinâmica do que imaginamos.

AS LÁGRIMAS DE PEDRO

Ser amigo de Jesus significa amá-Lo. Significa ouvi-Lo. Significa ficar


acordado com Ele. Ser amigo de Jesus muitas vezes significa estar com Ele
em situações e tempos difíceis. Algumas vezes falhamos como Pedro, Tiago
e João falharam no jardim. Não vigiamos e oramos. Ao invés disso,
dormimos ou então O negamos. Isso foi o que Pedro fez.
Lucas 22:54 nos diz que, após a prisão de Jesus, “Pedro o seguia de
longe”. E por três vezes tentaram acusar Pedro de ter estado com Jesus, mas
ele negou nas três. Aí então o texto diz, “Pedro, então, saindo dali, chorou
amargamente” (Lc 22:62).
Você já falhou miseravelmente com Deus? Você já descobriu que você
não está sequer perto de ser tão dedicado quanto pensa que é?
Eu sei como é estar face a face com meu próprio fracasso. Conheço bem
as lágrimas de Pedro. Sei o que é experimentar grande proximidade e
intimidade com Jesus para depois descobrir que não sou tão forte e
dedicado quanto pensei que fosse.
Creio que muitos, nesses dias, têm se deparado com a revelação de seu
fracasso. Por algum tempo eles se sentem desqualificados, pensando que
cada uma de suas aspirações de ser usado por Deus um dia acabou. Isso foi
exatamente o que Pedro sentiu. Aquele que havia sido levado ao círculo
mais íntimo de Jesus e testemunhou coisas que somente foram
testemunhadas por poucas pessoas – como a transfiguração de Jesus – foi o
mesmo homem que declarou a identidade de Jesus como sendo “o Cristo de
Deus” (Lc 9:20). Este foi o mesmo homem que fracassou por três vezes em
uma noite e negou ter estado com seu amigo.
A dor que resultou disso impediu que Pedro testemunhasse a cruz. Por
três dias ele provavelmente lutou com unhas e dentes contra todos os
espíritos de tormento e acusação que o diabo pôde enviar até ele. Mas havia
somente uma razão pela qual Pedro conseguiu sobreviver àquela noite
terrível: as orações de Jesus por ele. Você lembra das palavras pacientes de
Jesus a Pedro antes de prever sua negação?

Simão, Simão, Satanás vos pediu para peneirá-los como trigo; mas eu
roguei por ti, para que a tua fé não esmoreça; e, quando te converteres,
fortalece teus irmãos.
- Lucas 22:31-32

Amigo, o próprio fato de que você está lendo este livro agora é prova de
que Jesus ora por você. A oração Dele tem te sustentado ao passar pelas
noites mais escuras e este não é o fim da sua história. Em breve virá um
tempo de restauração. Haverá um dia em que as suas lágrimas se tornarão
uma mensagem.
Testemunhamos isso na vida do apóstolo Pedro. Cinquenta dias após
chorar amargamente, o Senhor tomou as lágrimas de Pedro e formou a
primeira mensagem apostólica da Igreja através dele. E três mil pessoas
tiveram seus corações traspassados por suas palavras no dia de Pentecostes
e entregaram suas vidas a Jesus como resultado da mensagem de Pedro.
Amado, precisamos de “Pedros” cujas lágrimas resultantes de fracassos
passados se tornam a mensagem de esperança e libertação para nós hoje.

AS LÁGRIMAS DE PAULO

Há outro mensageiro apostólico que também chorou. Recentemente, após


ter lido as cartas de Paulo, fui marcado de forma renovada pelo coração
deste homem e seu trabalho de choro e intercessão por suas congregações
imaturas bem como por seus compatriotas.
Em 2 Coríntios 11:28, Paulo escreveu, “pesa diariamente sobre mim a
preocupação com todas as igrejas.” Ele se preocupava diariamente. Ele se
importava diariamente. Ele pensava nas igrejas diariamente. Ele orava e
chorava por elas diariamente. Essas igrejas cheias de cristãos fracos e
imaturos eram sua preocupação constante e seu profundo encargo. Ele
carregava essas pessoas em seu coração como seus filhinhos, e
continuamente orava com dores de parto e agonizava em intercessão para
que Cristo fosse formado nelas (Gl 4:19).
Toda a vida de Paulo foi marcada por lágrimas. Seus escritos eram cheios
de lágrimas, e suas advertências e apelos eram cheios de lágrimas (At 20;
Fp 3:18). Este tipo de quebrantamento será restaurado nos líderes da Igreja!
O trabalho incansável de Paulo entre os gentios era alimentado pelo
imenso compromisso que ele tinha com a salvação de Israel. Em Romanos
9, Paulo abriu seu coração e entregou o que eu acredito ser o encargo
apostólico que deverá marcar todas as gerações que nos levarão ao retorno
do Senhor: “grande tristeza e incessante dor no coração” por causa da
condição espiritual do povo de Deus e dos compatriotas de Paulo (v. 2).
Paulo chegou a dizer, “eu mesmo desejaria ser amaldiçoado e excluído de
Cristo, por amor de meus irmãos, meus parentes segundo a carne. Eles são
israelitas (...)” (v. 3-4).
Grande tristeza e incessante dor virão sobre a Igreja nesses últimos dias
na medida em que compartilhamos dos sofrimentos de nosso Senhor por
sua amada Israel. Quando esse espírito repousar sobre a Igreja será
provocado ciúme em Israel a fim de que ela receba o Messias.
As lágrimas de Paulo e seu trabalho por essas jovens igrejas e pelos
perdidos era o que distinguia sua liderança. Sua liderança “em lágrimas” é o
que precisamos hoje. De fato, creio que Deus está redefinindo o ministério
apostólico em nossos dias. Ele está destruindo a imagem gloriosa do
apóstolo como sendo um CEO e ressuscitando o verdadeiro ministério
apostólico que chora e é conduzido num espírito de paternidade. A única
alegria dos profetas e apóstolos que choram será ver os filhos e filhas
entrando em seus destinos divinos.
Uma das marcas do verdadeiro ministério apostólico é a presença das
lágrimas. As lágrimas dos apóstolos e profetas são lágrimas de pais ou mães
que carregam filhos e filhas em seus corações, em suas orações, em seu
trabalho, em suas palavras de correção. Os corações dos apóstolos anseiam
por proteger e cobrir seus filhos mantendo-os livres dos ataques dos lobos e
do inimigo.

UM NOVO TIPO DE PROFETAS E APÓSTOLOS

Creio que Deus está levantando profetas na terra que farão mais do que
apenas revelar os segredos das pessoas. Sou grato pelas palavras de
conhecimento. Elas têm me impactado e fortalecido imensamente, mas
creio que a necessidade urgente de nossos dias é um novo tipo de profetas
que profetizarão os segredos do coração, da mente e da vontade de Deus, a
partir do lugar de íntima amizade com Ele. Eu declaro que apóstolos que
choram se levantarão também. Esses serão aqueles que trabalham com
dores de parto até que Cristo seja formado nessa geração. Esses apóstolos e
profetas também farão mais do que dizer palavras, mas creio que eles
chorarão palavras.
Estou convencido de que a única coisa que romperá a apatia, a
indiferença e a insensibilidade desta geração é um mensageiro ou
mensageira que chora enquanto fala. Precisamos de mensageiros que
choram. Os outdoors, camisetas e adesivos não serão capazes de romper as
muralhas dos corações das pessoas. Precisamos desesperadamente de
lágrimas.
Temos passado muito tempo com muitos comunicadores cujos olhos são
secos, que são polidos, articulados e atrativos. Eles dizem todas as palavras
corretas. Eles têm todos os sermões perfeitos, mas onde estão suas
lágrimas?
Precisamos de uma nova geração de mensageiros proféticos que falam a
partir de corações que foram profundamente atingidos pelas palavras que
declaram. Precisamos de mensageiros que têm ficado acordados à noite
chorando com Jesus. Precisamos de apóstolos que têm chorado com o Deus
que chora, cujos corações têm sido cheios de encargo pela Igreja, por Israel
e pelas nações. Precisamos de mensageiros quebrantados.
Eu nunca vou me esquecer da declaração feita pelo evangelista inglês
Leonard Ravenhill, e penso que ela é hoje mais necessária do que nunca: “É
preciso homens quebrantados para se quebrantar outros homens”.[v]
Precisamos de mensageiros que, na verdade, são traspassados e feridos ao
invés daqueles que têm tudo sob controle – mensageiros que são
quebrantados. Esses são os mensageiros pelos quais a Igreja está
desesperada, e precisamos de milhares deles!
Apenas Continue Chorando
Meu próximo encontro com o dom das lágrimas veio no contexto de uma
das melhores épocas que já vivi em relação ao mover coletivo do Espírito
Santo. Em 11 de Novembro de 2009, o Espírito Santo caiu na escola bíblica
do IHOPKC em Kansas City e, ao longo dos dez meses seguintes, vimos
mais de 7.000 testemunhos de salvação, cura e libertação que ocorreram
enquanto Deus nos esmagava com sua glória.
Quando aquele tempo de despertamento terminou, nós começamos a
sentir uma mudança de estação. A nova estação parecia ser muito diferente
da anterior. Na verdade, um dos líderes desta época, meu querido amigo
Allen Hood, começou a ter muitos problemas em seu corpo. Nós dois
havíamos sido convidados para ministrar numa conferência em
Fredericksburg, no estado da Virgínia, nessa época. Quando chegamos ao
nosso hotel, começamos a compartilhar sobre um sentimento crescente de
que uma guerra estava sendo travada em nossas mentes, corpos e almas.
Naquela noite nós conversamos, choramos e oramos juntos. Antes de irmos
dormir, pedimos que Deus falasse conosco, para nos ajudar a compreender
o sentido do que estávamos sentindo.
Durante aquela noite, Allen teve um sonho profundo que se provou ser
um dos indicadores proféticos mais claros pelo qual nos orientamos ao
longo dos últimos nove anos.
Antes daquela conferência, Allen havia escrito um artigo intitulado
“Levantando-se numa Conjuntura Crítica”, para a revista Ministry Today. O
artigo discorria sobre o livro de Joel que dizia respeito a um chamado às
nações para que elas orassem, jejuassem e se arrependessem. Allen
enfatizou que, se não discerníssemos o momento em que estávamos
vivendo, algo terrível – pior do que nossa situação àquela época –
aconteceria.
No sonho, Allen estava olhando para uma tela de computador e lendo
aquele mesmo artigo que ele havia escrito. Ele estava rolando a tela para
ver os comentários que eram postados abaixo do artigo e ficou chocado ao
ver que os comentários eram feitos por bruxas e feiticeiros que estavam
amaldiçoando os líderes da Igreja, suas famílias e seus ministérios. Ele,
então, clicou em um dos comentários e de forma horripilante foi tragado
para dentro da tela. Em seguida, Allen se viu numa sala de frente para um
feiticeiro que tinha uma serpente píton pendurada em seu pescoço. Allen
olhou em volta e viu que havia pornografia sendo exibida na parede atrás do
feiticeiro. Ele ouviu este homem amaldiçoando-o, quando repentinamente
ouviu uma voz atrás dele dizendo: “Allen, isso é feitiçaria.” (mais tarde,
Allen disse que ele nunca pensou na feitiçaria como estando conectada a
uma pessoa real, mas que era mais como um espírito etéreo que estava à
solta, se revelando de tempos em tempos).
Na cena seguinte do sonho, Allen viu milhares de milhares de jovens
reunidos numa atmosfera de avivamento e ele soube que aquilo
representava a colheita. Ele sabia que aqueles eram os dias pelos quais
havíamos aplicado nossa fé e compreendeu que um grande tempo de
visitação de fato ocorreria. Nesse contexto, Allen viu Bob Jones e eu nos
abraçando. Então, no sonho, Bob e eu declaramos uma frase de Salmos
126:3, “O Senhor fez grandes coisas por nós”.
É importante, aqui, dar um pouco do contexto sobre Bob Jones e como
ele se relaciona com a história. Bob era um homem profético que teve uma
experiência de quase-morte em 1975. Deus o enviou de volta para preparar
alguns líderes do fim dos tempos para o que viria sobre a terra. Um dos
líderes para quem Deus o enviou era Mike Bickle, em Kansas City, no
estado do Missouri.
Deus usou Bob de formas profundas durante a maior parte dos anos 80.
Mais especificamente, Bob foi usado no estabelecimento e na confirmação
do que Deus faria em Kansas City através do ministério de Mike e do que
mais tarde se tornaria o IHOP.
Allen e eu havíamos tido reuniões com Mike por aproximadamente vinte
anos, ouvindo história após história sobre como Deus usou Bob Jones de
modo sobrenatural para confirmar o que Ele faria nos tempos subsequentes.
Embora nunca houvéssemos conhecido Bob pessoalmente, sabíamos que
estávamos profundamente conectados a ele e sabíamos que em alguns
sentidos, nós estávamos caminhando no cumprimento do que Bob havia
visto.
Então, por causa do sonho de Allen, onde eu e Bob Jones nos
abraçávamos e declarávamos o Salmo 126, nós sabíamos que Deus estava
unindo a geração passada que viu o mover de Deus a esta geração que viria
a experimentar o mover de Deus.
“A FEITIÇARIA VEIO CONTRA VOCÊS”

Após ouvir Bob e eu declarando “O Senhor fez grandes coisas por nós”,
Allen acordou do seu sonho. Ele estava muito empolgado porque o Senhor
havia falado em resposta à nossa oração.
Embora Allen tenha visto que a guerra estava acontecendo em
decorrência da feitiçaria e que nós precisaríamos lutar, ele ficou aliviado,
pois enfim havia compreendido contra o que estávamos lutando e qual seria
o resultado disso – saber o que está acontecendo é 75% da batalha.
Allen rapidamente veio para o meu quarto no hotel, bateu na minha porta
e disse enfaticamente: “Se apronte e me encontre na área do café da manhã.
O Senhor falou comigo”.
Me aprontei o mais rápido que pude e desci para me juntar a ele. Assim
que me viu, Allen começou a contar o sonho. Enquanto ele estava contando
a parte do sonho onde Bob Jones e eu nos abraçávamos, uma senhora
aleatória veio até nós e interrompeu Allen, “Você é Allen Hood?”.
“Sim, sou eu”, Allen respondeu um pouco surpreso.
Ela, então, disse: “Olá, meu nome é Bonnie Jones, e meu marido, Bob, e
eu gostaríamos de tomar café da manhã com vocês dois”.
Ficamos absolutamente perplexos! Bob Jones estava sentando numa
mesa perto de nós, e não fazíamos ideia disso. Não fazíamos ideia de que
ele estaria em qualquer lugar perto da Virginia, então soubemos que Deus
queria fazer algo. E aqui estava sua esposa, que veio à nossa mesa nos
convidar para nos sentarmos com eles. “O-Ok”, nós dissemos enquanto a
seguíamos para a mesa deles completamente chocados e pasmos.
Estávamos prestes a conhecer o homem a respeito de quem vínhamos
ouvindo histórias por quase vinte anos – o mesmo homem que foi uma
figura chave no sonho de Allen bem na noite anterior.
Quando nos sentamos, a primeira coisa que perguntei a Bob Jones foi de
que lugar do estado do Arkansas ele era. “Sou de Waldron”, ele disse.
“Bem, eu sou de Alma”, disse eu. Inacreditável! O homem era de uma
cidade cerca de trinta a quarenta minutos de distância de onde eu fui
nascido e criado.
Então, ao longo de uma hora e meia, Bob falou sobre muitas coisas
enigmáticas, e Allen e eu estávamos fazendo nosso melhor para
acompanhar seu raciocínio, tentando interpretar um pouco do significado
das frases de Bob e como elas se aplicavam à nossa situação.
Honestamente, não entendemos a maior parte do que ele estava dizendo.
Videntes proféticos vêem coisas e tentam colocá-las em palavras, deixando
muitos de nós totalmente confusos. Mas eu descobri que, quando você está
numa situação como essa, tudo o que precisa fazer é balançar a sua cabeça
para cima e para baixo, olhando penetrantemente para o profeta e então
tudo funciona.
Quando nosso tempo estava acabando, ele começou a falar com mais
clareza ou, devo dizer, Allen e eu finalmente estávamos entendendo a
interpretação. Bob compartilhou sobre como ao longo de anos ele estava
orando e esperando que nossa nação pudesse ter um avivamento que não
fosse acompanhado de juízo, mas que agora ele estava convencido de que
os dois viriam. Nossa nação vivenciaria tanto um avivamento quanto um
juízo. Neste ponto, ele começou a profetizar sobre nós e as palavras que
vieram de sua boca moldariam e definiriam os próximos nove anos de
nossas vidas.
“Vocês, rapazes, estão pregando sobre Joel”, disse Bob, “e estão
chamando a Igreja a orar e jejuar e eu vejo que a feitiçaria veio contra
vocês”. Ele então olhou para mim e disse, “eu vejo marcas de mordida de
píton em seu pescoço”.
Ele, então, continuou falando sobre o ambiente de guerra que envolve
chamar a Igreja à oração e ao jejum, e sobre como a feitiçaria havia sido
liberada contra líderes que estão se levantando em prol dessas duas posturas
santas.
Allen havia ouvido histórias sobre como certos líderes no Corpo de
Cristo no passado haviam enfrentado a guerra e Bob havia orado por eles, o
que resultou num livramento sobrenatural. Então Allen decidiu perguntar a
Bob, “Você poderia orar por nós para quebrar a ação desse espírito?”.
“Eu não vou fazer essa coisa religiosa”, Bob respondeu rapidamente. “O
que você pensa que eu estava fazendo pelas últimas duas horas?”
Nós olhamos um para o outro e pensamos, “Conversando”, mas não
ousamos dizer isso a ele.
Ele então seguiu, dizendo “Vocês, rapazes, têm chorado, não é mesmo?”.
Balançamos nossas cabeças para cima e para baixo como dois alunos de
escola respondendo ao diretor. Estávamos nos lembrando de como
havíamos chorado juntos na noite anterior.
Bob nos olhou nos olhos e compartilhou conosco uma das palavras mais
profundas que já recebemos. “Sabe rapazes, a feitiçaria entra nos seus olhos
e faz você olhar para tempos passados na sua vida como se você nunca
tivesse feito nada por Deus. Então ela o faz olhar para tempos futuros e o
faz pensar que você nunca fará nada para Deus… mas o choro remove a
feitiçaria dos seus olhos. Vocês, rapazes, ficarão bem. Os seus ministérios
são bons. Apenas continuem chorando”.
Aquelas palavras, “Apenas continuem chorando.”, pareceram se repetir
muitas vezes enquanto estávamos lá boquiabertos, absortos na precisão
profética que havia acabado de dar definição a caminhos pelos quais
realmente não fazíamos ideia de que viríamos a entrar.
Amigo, eu não tenho dúvida de que você tem passado por situações
parecidas, em que você olha para tempos passados em sua vida e se
pergunta se já chegou algum dia a fazer algo por Deus, e olha para o futuro
e se pergunta se um dia você chegará a fazer algo por Deus. Quero dizer a
você o que Bob disse a nós: “Apenas continue chorando”.
Nós sequer suspeitávamos que nos dois anos seguintes, Allen seria
acometido por um distúrbio na tireóide afetaria sua estrutura física, mental e
emocional. E a maior tragédia atingiria minha família quando meu filho
mais novo, meu único filho seria posto para tirar uma soneca quando tinha
nove meses e meio, mas nunca mais acordaria nesta vida. Oito anos se
passaram, enquanto escrevo essas páginas, desde o falecimento do meu
filho. O abalo que veio sobre nossa família foi intenso. Passamos por muito
choro.
Houve incontáveis vezes, ao longo dos últimos oito anos, em que eu não
conseguia fazer nada além de chorar e chorar e chorar. Nesses momentos,
eu conseguia ouvir Bob dizendo, “Vocês, rapazes, ficarão bem… Apenas
continuem chorando”. Esta pequena frase me sustentou ao longo de
algumas noites de trevas, quando eu não conseguia ver absolutamente nada.

LIMPANDO OS OLHOS

Em tempos como esses aprendi que as lágrimas precedem a revelação.


Quando esgotamos todas as soluções humanas – quando não há outras
opções e nós atingimos um lugar de vazio e desespero – as lágrimas vêm,
nossos olhos são limpos e a revelação de Jesus vem em seguida.
Começamos a vê-lo de outra forma.
Como com João, o apóstolo amado no livro de Apocalipse, seu choro
precedeu a revelação do Cordeiro Imolado no meio do trono, diante dos
seres viventes e dos anciãos. O texto diz:

No lado direito de quem estava assentado no trono, vi um livro escrito


por dentro e por fora, bem selado com sete selos. Vi também um anjo forte,
clamando em alta voz: Quem é digno de abrir o livro e de romper seus
selos? Mas no céu não havia ninguém, nem na terra, nem debaixo da terra,
que pudesse abrir o livro ou olhar para ele. Eu chorava muito, pois
ninguém fora achado digno de abrir o livro nem de olhar para ele. Então
um dos anciãos me disse: Não chores, pois o Leão da tribo de Judá, a raiz
de Davi, venceu para abrir o livro e romper os sete selos. Nisso, vi em pé,
entre o trono e os quatro seres viventes, no meio dos anciãos, um Cordeiro
que parecia estar morto, e tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete
espíritos de Deus enviados por toda a terra.
- Apocalipse 5:1-6

João ouviu quando foi dito que não havia uma pessoa sequer digna de
tomar o livro e abrir seus selos. O que fez com que João chorasse tanto?
A principal razão pela qual João chorou foi que, uma vez que não havia
ninguém para abrir o livro e romper os selos, então a injustiça, a
perversidade e o pecado continuariam na terra – e continuariam existindo
sem serem reprimidos. Os efeitos devastadores do pecado continuariam
existindo e a humanidade continuaria caindo nas profundezas da
depravação.
Quando João estava prostrado chorando mais intensamente, um ancião
veio até ele e o disse para não chorar. Aquilo que foi iniciado em João pelas
dinâmicas celestiais, foi também encerrado por elas quando ele ouviu o
ancião dizer que havia Um que foi achado digno.
Sabemos o que acontece depois, quando João contemplou o Cordeiro
Imolado tomando o rolo e uma nova canção irrompeu no céu. Mas não
podemos deixar passar algo muito importante no texto: o choro precedeu a
visão.
A limpeza dos olhos através das lágrimas preparou João para ver o
Cordeiro Imolado com sete chifres e sete olhos.
Creio que Deus conduzirá a próxima geração de mensageiros a passar por
portas de choro similares, a fim de prepará-la para contemplar e, então,
proclamar o Cordeiro de Deus em toda a Sua glória e majestade. Creio que
isso é o que muitos daqueles que são ministros do Reino têm experimentado
nesses últimos tempos.

O SALMO DO CHORO

Tenho visto que esses últimos anos têm sido alguns dos mais intensos
para aqueles que estão nas linhas de frente pela causa do Reino. Muitos dos
meus amigos ao redor da terra passaram por tempos dificílimos, em que
foram expostos todos os pontos fracos em suas vidas, casamentos e
famílias. Todos eles foram levados a um lugar de choro, gemido e de
agarrar-se a Deus.
Esses são momentos de provação severa, e em momentos como esses,
tudo o que você tem são as lágrimas. Você não sabe o que dizer, o que orar
ou o que cantar, mas você tem lágrimas. Creio que o que estava escondido
no sonho de Allen foi o conteúdo do Salmo 126, que é chamado “O Salmo
do Choro”. O salmo diz:

Quando o SENHOR trouxe os cativos de volta a Sião, ficamos como


quem sonha! Então nossa boca se encheu de riso, e nossa língua, de
cânticos de alegria. E se dizia entre as nações: O SENHOR fez grandes
coisas por eles. Sim, o SENHOR fez grandes coisas por nós, e por isso
estamos alegres. SENHOR, restaura nossos cativos, assim como renovas as
correntes no Neguebe. Os que semeiam em lágrimas colherão com cânticos
de júbilo. Aquele que sai chorando a plantar a semente voltará com
cânticos de júbilo, trazendo consigo seus feixes.
- Salmos 126:1-4

O choro, gemido e as dores de parto que você talvez tenha suportado nos
últimos tempos o estão levando a um tempo de promessas, colheita, alegria,
sonhos e canção.
Muitos na Igreja têm estado cativos nessa última estação. Casamentos,
filhos e ministérios têm estado cativos. Alguns estão em cativeiro por causa
de seu próprio pecado e rebelião, e estão sendo disciplinados por Deus.
Outros estão em cativeiro como José esteve, e estão sendo alvo da fúria de
Satanás. Quer o seu cativeiro seja resultado das suas próprias decisões ou
não, a mesma coisa está sendo operada em você nesses dias. Choro.
Gemido. Humildade.
O orgulho, arrogância, autoconfiança e dureza têm sido substituídos por
quebrantamento, humildade, sensibilidade, compaixão e um profundo
reconhecimento da sua necessidade pelo Senhor e de que longe Dele, você
não é nada.
Este tempo de extrema dificuldade tem produzido a semente mais
excelente que gera a mais excelente colheita: lágrimas.

OS QUE MAIS CHORAM SE TORNARÃO OS QUE MAIS


COLHEM

O salmista nos diz que as lágrimas são sementes, que elas estão sendo
semeadas no solo (Sl 126:6). Essas lágrimas são vivas e gerarão algo
glorioso na próxima estação. As lágrimas que você está derramando nesta
estação resultarão em alegria na próxima estação.
A água que flui dos seus olhos nessa estação será transformada em
alegria. Canção e regozijo encherão a sua próxima estação.
A água que flui dos seus olhos será transformada em vinho. Ele guarda as
suas lágrimas em Sua garrafa e nenhuma delas será perdida.
O riso está chegando, amigo.
Novos sonhos estão vindo, amigo.
A canção está voltando, amigo.
A colheita está vindo, amigo.
Eu não posso comunicar adequadamente o quanto este encontro com Bob
Jones foi impactante para mim e quanto o poder do Salmo 126 nesses
últimos anos tem se manifestado em minha vida. Em alguns dos meus
momentos de maior escuridão, eu podia ouvir Bob dizendo, “Vocês,
rapazes, ficarão bem. Os seus ministérios são bons”. Isso estabilizou meu
coração, pois me ajudava a saber que haveria um fim para este tempo difícil
e me dava a segurança de que este fim seria uma grande alegria e eu poderia
declarar, “O Senhor fez grandes coisas por nós”.
Lágrimas numa Garrafa
Em Julho de 2018, Dana e eu levamos nossa filha mais velha para uma
escola de missões em Colorado Springs. Toda a semana que precedeu sua
partida foi muito difícil, mas o fim de semana no qual de fato a levamos
para a escola foi terrível, pois experimentamos todas as emoções e
ansiedade de enviar nossa primogênita para o mundo. Sentindo o peso de
tudo isso, querendo me certificar de que ela tivesse tudo de que precisava
de nós para se sair bem em seu novo ambiente, eu fui orar na manhã em que
a enviaríamos para a escola. Eu queria que Deus rompesse sobre o coração
dela e sobre os nossos corações também. Eu comecei a orar no Espírito por
cerca de trinta minutos antes de a deixarmos lá. Eu precisava
desesperadamente que Deus falasse comigo. E ele falou, somente
momentos antes de partirmos.
“Ponha minhas lágrimas na sua garrafa”. Em um momento, eu ouvi
aquela frase e então visualizei com os olhos da minha mente cerca de quatro
ou cinco situações ao longo dos vinte últimos anos, em que eu tive sessões
de choro feias e viscerais com Deus por nossa filha. Como todos os pais
sabem, há épocas em que o inimigo busca atingir nossos filhos e devemos
clamar a Deus para que eles sejam poupados e que Ele os ajude a passar por
esses períodos. Eu me lembrei dessas situações naquele dia.
Depois que aquelas cenas passaram pela minha mente, eu ouvi um
simples sussurro do Senhor: “Corey, eu estou com ela”. Quando ouvi essa
frase, todo o medo, ansiedade e espiral de emoções imediatamente se
dissolveram, e uma grande paz e alegria repentinamente inundaram minha
alma.
Rapidamente, eu peguei minha Bíblia e procurei por essa frase. Eu sabia
que era um versículo bíblico, mas não sabia onde estava. Eu finalmente o
encontrei em Salmo 56:8

Tu contas minhas aflições; põe minhas lágrimas no teu odre; não estão
elas registradas no teu livro?

Esta oração de Davi é muito profunda e ela me dá muita confiança ao


saber que Deus vê todas as circunstâncias pelas quais eu passo e Ele realiza
seu propósito em cada estação.

ELE GUARDA NOSSAS LÁGRIMAS E LEVA EM CONTA


NOSSAS JORNADAS

Quando comecei a andar com o Senhor, eu apenas presumi que minha


caminhada seria uma subida constante ao longo dos anos, culminando em
minha chegada a um lugar de êxtase e intimidade com Deus. Mas acabei
descobrindo que há muitos períodos em que pareço estar andando para trás
e para fora do caminho, sou interrompido e então fico à margem do
caminho, e, finalmente, volto a caminhar para frente.
O que me impressiona é que Deus usa todos esses altos e baixos em
nossa história para nos levar à plenitude com grande humildade e gratidão.
Deus usou as jornadas de Davi para longe e para perto Dele, indo viver com
os filisteus, ascendendo ao trono, passando pelas falhas após o trono e até
Salomão; tudo para afirmar uma verdade grandiosa: Ele usa todas as
coisas.
Deus tem uma garrafa e Deus tem um livro. Deus leva em conta cada
oração, lágrima, gemido e sussurro e os guarda – Ele guarda tudo isso!
Creio que Ele armazena as lágrimas com o propósito de derramá-las em
momentos pré-definidos por Ele, em forma de salvação, libertação e
restauração. Também creio que Deus guarda nossas lágrimas e elas estão
relacionadas aos galardões que receberemos na era vindoura.
Em Apocalipse 5, vemos que haverá um dia em que as taças no céu serão
cheias das orações dos santos: “taças de ouro cheias de incenso, que são as
orações dos santos” (v. 8). Depois, em Apocalipse 8, lemos: “Da mão do
anjo subiu, diante de Deus, a fumaça do incenso junto com as orações dos
santos” (v. 4). Deus tomará as taças cheias das orações para realizar seu
propósito na terra. Creio no mesmo com relação à garrafa que Davi
menciona em Salmos 56:8.
“Ponha minhas lágrimas na sua garrafa”, foi a oração de Davi. Não
posso deixar de pensar em Davi como um investidor que estava pedindo a
Deus que tomasse suas lágrimas e as investisse num ativo que jamais
deixaria de dar ótimos lucros por toda a eternidade.
Amigo, nossas lágrimas permanecem para sempre diante de Deus, Ele as
guarda e elas servem como catalisadores e agentes que resultam na
libertação, salvação e no romper de Deus em nossas vidas e nas vidas de
outros.
Deus não desperdiça sequer uma lágrima. Cada lágrima do seu choro
esquecida por você, jamais será esquecida por Deus, mas será usada em
Seus planos. Quero que você ouça isso. Deus guarda cada uma das suas
lágrimas numa garrafa no céu e, num momento divinamente determinado,
Ele derrama essa garrafa sobre a sua vida, sua família, suas circunstâncias,
seu mundo.
Se você é um pai ou mãe, creio que já chorou muitas lágrimas por seus
filhos. Você chorou e chorou por sua salvação, libertação, cura e proteção, e
eu quero que você ouça o Senhor dizendo a você: “Eu guardei cada uma das
suas lágrimas na Minha garrafa”.
Amigo, Ele transformará a sua água em vinho. Ele transformará os seus
lugares de maior dor em lugares da maior alegria.

AS LÁGRIMAS DE JOSÉ

Creio que veremos lágrimas de restauração vindo sobre famílias nos


próximos tempos. Membros de famílias que têm estado afastados por
décadas verão grandes restaurações na estação que está vindo.
Alguns anos atrás eu tive um sonho onde estava em frente a um grande
grupo de pessoas, e eu estava dizendo às pessoas para abrirem suas Bíblias
no Salmo 105, mas eu não conseguia encontrá-lo em minha Bíblia. Passei
todo o resto do sonho procurando pelo Salmo 105 sem que conseguisse
encontrá-lo.
Quando acordei, senti a urgência de encontrar o Salmo 105 em minha
Bíblia e, então, imediatamente comecei a esquadrinhar o texto. De fato eu
passei alguns meses lendo, meditando e estudando este salmo.
O principal destaque nesse texto para mim foi a historia de José e de
como ele foi provado:

Enviou um homem adiante deles, José, que foi vendido como escravo.
Feriram-lhe os pés com correntes e o prenderam a ferros, até o tempo em
que sua palavra se cumpriu; a palavra do SENHOR o provou.
- Salmos 105:17-19

Há poucas histórias melhores na Bíblia do que a história da vida de José.


Um livro inteiro poderia ser escrito examinando sua história, a traição de
seus irmãos e a jornada até que eles se reencontrassem no Egito. Eu poderia
extrair muitos princípios dessa narrativa, mas para o nosso propósito aqui,
quero apenas examinar o que aconteceu quando José se revelou aos seus
irmãos no relato de Gênesis.

José não conseguia mais conter-se diante de todos os presentes. Então,


falou em alta voz: Fazei com que todos saiam da minha presença; e
ninguém ficou com ele, quando se revelou a seus irmãos. E levantou a voz
em choro, de maneira que os egípcios o ouviram, bem como a casa do
faraó.
- Genesis 45:1-2

Creio que este momento é uma figura profética de como será quando
Jesus for revelado como o Messias de Israel em Seu retorno. Aquele a quem
os irmãos venderam como escravo é Aquele que os salvará durante a fome e
tribulação que virão sobre a terra. Assim como os irmãos de José não o
reconheceram na primeira vez que foram ao Egito, mas somente na segunda
vez, quando Ele se revelou a eles, também Israel não reconheceu Jesus em
sua primeira vinda, mas toda a nação O reconhecerá e O receberá como seu
Messias em Sua segunda vinda.
Eles chorarão e chorarão e chorarão quando virem que Aquele a quem
traspassaram é o seu Messias:

Mas derramarei o espírito de graça e de súplicas sobre a casa de Davi e


sobre os habitantes de Jerusalém; eles olharão para aquele a quem
traspassaram e o prantearão como quem pranteia por seu único filho; e
chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito.
- Zacarias 12:10

Os irmãos serão restaurados. A família será restaurada e toda Israel será


salva.
Quero encorajar você. Você pode ter relacionamentos arruinados com
pessoas da sua família há anos ou até décadas. Traição, ódio, ciúme,
competição, comparação e favoritismo podem ter afastado você dos seus
irmãos, pais ou pessoas amadas. Talvez você tenha seguido com a sua vida,
mas tem carregado uma dor profunda por anos.
Da mesma forma que Deus teve de lidar com sentimentos de ira e
vingança no interior de José e levá-lo a um lugar de descanso e confiança –
da mesma forma que Deus arquitetou toda a circunstância para a
reconciliação de José e seus irmãos –, creio que Ele está fazendo o mesmo
em você e naqueles a quem você ama, em favor do destino de sua família.
“Planejastes o mal (...) Porém Deus o transformou em bem” se tornará a
sua constante meditação (Gn 50:20).
Creio que as lágrimas de reconciliação serão liberadas nos próximos
tempos. Creio que essas reuniões entre familiares restaurarão e redimirão
muitos anos, e causarão um impacto duradouro sobre seus filhos.
Amigo, Deus guardou as suas lágrimas em Sua garrafa e registrou as suas
jornadas em Seu livro. Ele tem toda a intenção de transformar todo o mal
em bem para você. Ele tem toda a intenção de assegurar a você: “Estou
cuidando dela. Estou cuidando dele. Estou cuidando de você”. Ele cumprirá
seus propósitos através de suas lágrimas.
Lágrimas Coletivas
Até este ponto tratamos do poder das lágrimas nas vidas de indivíduos, e
há muitos exemplos disso. Neste capítulo quero abordar o poder das
lágrimas coletivas. Tenho descoberto em minha jornada que experimento
certo nível de intervenção divina quando alcanço um lugar de desespero,
mas quando um grupo de pessoas que desenvolveram uma história juntos
em Deus chega unido a este lugar de desespero, as comportas do céu se
abrem e Deus inaugura tempos e estações de sua Presença manifesta. Creio
que experimentaremos essa realidade nos dias que virão.
Estamos numa época de urgência. Creio que estamos no início da geração
que verá a volta do Senhor e estou convencido de que a única forma de
atravessar os próximos tempos será através de um povo entrando unido na
sala do choro.

A CRISE DO SALMO 2

O Salmo 2 é possivelmente o texto mais profético de toda a Bíblia,


apontando para a realidade que vivemos hoje no mundo, em nossa nação, e
nesta geração. Davi, que escreveu este salmo, teve uma visão total e viu
algo sem precedentes, algo global e algo demoníaco. Estou absolutamente
convencido de que estamos no início do que Davi viu no Salmo 2.
Davi estava testemunhando um tempo na história em que a insanidade e a
rebelião alcançaram um nível em que pessoas nas mais altas posições de
influência se uniram contra a mesma Pessoa: o Pai e o Filho. Ele escreveu:

Por que as nações se enfurecem, e os povos tramam em vão? Os reis da


terra se levantam, e os príncipes conspiram unidos contra o SENHOR e seu
ungido, dizendo: Rompamos suas correntes e livremo-nos de suas algemas.
- Salmos 2:1-3

Davi estava vendo um tempo no qual uma geração declarava aberta e


ousadamente: “Nós não temos de nos arrepender do nosso pecado. Nós
podemos celebrá-lo!”. Davi, assim como nós, sentiu esse espírito crescendo
ao redor dele. Nossa tentação é nos mover pela ansiedade, medo e pelo
desejo de nos opormos a essa dinâmica declarando abertamente: “Não!
Porque vocês estão fazendo isso?”.
Creio que Deus deseja que tenhamos percepção de como as trevas estão
ganhando terreno, mas Ele não quer que nos lancemos à batalha a partir de
um nível terreno. O Pai está nos convidando para a sala do trono novamente
para vermos as coisas a partir de sua perspectiva e para sermos cheios de
sua confiança ao vermos que ele lida com este cenário, mas de forma
totalmente diferente:

Aquele que está sentado nos céus se ri; o Senhor zomba deles. Então ele
os repreende na sua ira e os aterroriza no seu furor, dizendo: Eu mesmo
constituí o meu rei em Sião, meu santo monte.
- Salmos 2:4-6

O Pai quer encher Seu povo com Sua confiança – com Seu riso. Este
versículo é aterrorizante, pois nele vemos que o Pai abertamente desperta as
nações a fazerem o que está em seus corações, mas faz a elas uma
declaração intensa e ousada: “Nós já votamos em quem será o Rei e qual
será a terra de onde Ele governará, e vocês não estavam no processo de
votação. E, definitivamente, vocês não eram candidatos!”. O Pai exaltará
seu Filho abertamente à vista das nações, através da Igreja ao redor da terra
e através de seu retorno. Eu poderia literalmente passar por cada versículo
neste salmo glorioso, mas quero chegar à resposta que creio ser tão
necessária nesses dias.

A RESPOSTA DE JOEL 2: CHORO COLETIVO

No capítulo cinco, a fonte da batalha espiritual que experimentamos


estava em torno da mensagem de Joel, que era o que Allen havia discutido
no artigo que escreveu e com o qual sonhou depois. Estou convencido de
que o livro de Joel é uma chave para a Igreja nesses dias.
Falamos a respeito de indivíduos que choraram e do poder que este choro
possui. Mas creio que Deus está nos levando a um choro coletivo, e disso é
que se trata a resposta de Joel.
O profeta Joel aparece no capítulo 1, praticamente sem aviso, após uma
praga de gafanhotos que havia ocorrido em quatro ondas e destruído
completamente a economia de Israel bem como toda a nação. Joel sabia
bem o que Deus havia falado a Salomão na dedicação do templo onde Deus
disse,

Se eu fechar o céu para que não chova, ou se ordenar aos gafanhotos


que devorem a terra, ou se enviar a praga entre o meu povo; e se o meu
povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha
presença, e se desviar dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus,
perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.
- 2 Crônicas 7:13-14

Os enxames de gafanhotos eram sinais claros que chamavam o povo a se


humilhar e buscar a Deus, para que, então, o Senhor agisse com
misericórdia. Então no primeiro capítulo de Joel, o profeta chamou toda a
nação à oração e ao jejum.
No capítulo 2, Joel começou a olhar para o futuro e essencialmente disse:
“Se vocês não ouvirem o que Deus está dizendo através da praga de
gafanhotos, algo muito pior acontecerá. Será uma invasão militar”. Joel
descreveu detalhadamente as características desse exército e, diante disso,
chamou o povo a voltar seu coração para Deus e fazer um novo “contato
visual” com Ele. No fim das contas, tudo o que Deus está sempre desejando
é uma conversão sincera dos corações para Ele e que haja urgência nisso.
No meio deste capítulo intenso, encontramos o que acredito ser os
versículos mais poderosos do livro e, em minha opinião, uma das maiores
palavras proféticas para a Igreja nesses dias,

Mas agora, diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o coração, com


jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o coração e não as vestes;
convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, pois ele é misericordioso e
compassivo, tardio em irar-se e grande em amor; arrepende-se da desgraça
que enviaria.
- Joel 2:12-13

Quero desacelerar aqui para que você sinta este versículo. Eu sinto tanta
compaixão em um Pai que está olhando para um filho que está prestes a
passar por uma situação difícil e, com lágrimas em Seus olhos, diz: “Mas
agora…”. Em essência, o Pai está dizendo: “Não lide com isso em outro
dia. Eu quero que você me olhe nos olhos. Quero a sua atenção. Quero o
seu coração e sei que faz muito tempo que você não faz isso.”
O Pai continua, dizendo que Ele está dando três dons para nos fazer
entrar em contato com nosso próprio coração: jejum, lágrimas e lamento.
Estou convencido de que esses três dons estão sendo liberados sobre a
Igreja nesses dias. Esses dons liberarão quebrantamento e um rendimento
de coração, a fim de corresponder a Deus desde o mais profundo de nosso
ser.
Joel primeiro abordou o chamado individual e, então, ele volta seu olhar
para o chamado coletivo às lágrimas.

Tocai a trombeta em Sião, decretai um jejum, convocai uma assembléia


solene. Reuni o povo, santificai a comunidade, ajuntai os anciãos, reuni os
meninos e as crianças de peito; saia o noivo do seu quarto, e a noiva, do
seu aposento. Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o pórtico
e o altar, e digam: Ó SENHOR, poupa teu povo e não entregues a tua
herança ao vexame, para que as nações zombem dele. Por que diriam entre
os povos: Onde está o seu Deus?
- Joel 2:15-17

A única forma de lidar com a insanidade coletiva é por meio de reuniões


coletivas de oração e jejum. Sou grato por minha vida individual de oração,
mas a única forma de avançarmos é forjando histórias de uma busca
vulnerável por Deus juntamente com outros. O escritor de Hebreus nos diz
para não abandonarmos as reuniões da congregação, na medida em que o
Dia se aproxima (Hb 10:25). Há uma dimensão de plenitude que
experimentamos coletivamente e que não pode ser experimentada
individualmente, e creio que esta humildade, quebrantamento e choro
coletivos provocarão um derramar corporativo do Espírito Santo.
Como temos aprendido com Maria de Betânia, há algo sobre o choro
sincero diante de Deus que O comove profundamente. Estou convencido de
que o maior esforço do diabo é no sentido de manter o livro de Joel fora das
mentes dos cristãos, pois ele expõe a resposta que Deus está buscando
encontrar em nós. Estou convencido de que o diabo nos permitirá construir
grandes ministérios, fazer grandes reuniões e conquistar grandes contas
bancárias, mas as pessoas que chamam outros para construírem histórias
coletivas de oração, jejum e choro estarão na lista de mais procurados do
diabo, pois é esse tipo de postura que é capaz de abalar os alicerces de uma
nação.
Como já discutimos, líderes apostólicos e proféticos que choram e levam
outros a chorar são a grande necessidade deste tempo. Precisamos hoje de
líderes que não se firmam em sua própria força, mas vivem de joelhos,
dependendo de Deus. Líderes com olhos cheios de lágrimas, corações
quebrantados e palavras vindas do alto.

O DERRAMAMENTO DE ATOS 2

O que Deus faz quando seu povo assume a postura de Joel 2?

Ao chegar o dia de Pentecostes, todos estavam reunidos no mesmo lugar.


De repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu
toda a casa onde estavam sentados. E apareceram umas línguas como de
fogo, distribuídas entre eles, e sobre cada um pousou uma. Todos ficaram
cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme
o Espírito lhes concedia que falassem.
- Atos 2:1-4

Então, pondo-se em pé com os onze, Pedro tomou a palavra e disse-lhes:


“(...) isto é o que havia sido falado pelo profeta Joel: ‘E acontecerá nos
últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre todas as
pessoas (...) antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor’”.
- Atos 2:14, 16-17, 20

Quando Deus encontra um povo que que tem entregados seus corações e
que lideram através do choro, e quando Ele encontra líderes que se unem
em oração e jejum e clamam a Ele pelo derramar do Seu Espírito, Ele vem.
De todos os profetas que Pedro poderia ter citado no dia de Pentecostes,
ele escolheu Joel. Há profecias similares em Isaías e Ezequiel, mas ele
escolheu um dos profetas menores cujo livro tem apenas três capítulos,
chamado Joel. Estou convencido de que isso é porque Joel nos dá a resposta
mais clara sobre o que fazer em dias turbulentos.
Quando Pedro declarou que “isto é o que havia”, ele estava proclamando
que a profecia de Joel havia começado a ser cumprida e seu cumprimento
continuaria até a vinda do Grande Dia do Senhor. Joel nos dá clareza sobre
o que fazer quando a ira, o caos e a confusão são a norma, Ele deixou muito
claro qual seria a resposta de Deus: Ele derramaria seu Espírito.
Estamos sendo preparados para o maior avivamento que o mundo já viu.
Quando falo sobre avivamento, estou falando sobre aqueles tempos em que
Deus abertamente manifesta a autoridade e o reinado de seu Filho pelo
derramar do Espírito Santo e da pregação apostólica que, em suma, é uma
pregação que fere.
Já vimos tempos e épocas ao longo da história em que a cultura estava
em grande decadência e cidades, regiões e nações se opunham a Deus.
Contudo, em tempos como esses, Deus encontra pessoas que O buscam e,
então, Ele desce. Nós tivemos grandes despertamentos nos EUA, nos quais
Deus se manifestou. Vimos as marcas do que acontece e como Deus
literalmente transforma pessoas por toda a eternidade e faz com que cidades
que nunca mais sejam as mesmas.
Nós veremos essas coisas novamente, amigo, quando Deus vier e visitar
cidades e regiões com Sua Presença manifesta – tudo isso em resposta ao
choro coletivo e ao clamor de Seu povo. E sua Palavra será anunciada por
mensageiros que foram feridos pelas palavras que proclamam. Isso é o que
desejamos, e disso é que precisamos. Faça isso, Senhor!
Lágrimas de Avivamento
Sempre fiquei impressionado pelo fato de que uma conferência de
quarenta dias com Jesus num corpo ressurreto não foi suficiente para dar
início ao cristianismo. Sabemos, a partir das Escrituras, que Jesus havia
passado os quarenta dias após sua ressurreição ensinando sobre o Reino e
preparando aqueles jovens apóstolos para a maior transição na história
humana. Tendo dado a eles todo aquele ensino, Ele ordenou que eles
“esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque,
na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito
Santo dentro de poucos dias” (At 1:4-5).
Então, o que eles fizeram?
Pedro e aqueles 120 discípulos passaram dez dias numa reunião de
oração, esperando. E foram suas orações, lágrimas, gemidos e dores de
parto que geraram aquele dia histórico quando “De repente, veio do céu um
som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam
sentados. (...) Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem” (At
2:2-4).
Ao longo dos últimos dois mil anos o mandamento do Senhor continua
ecoando, e sempre que Ele encontra intercessores ou grupos de pessoas que
ouvem o Seu chamado e se entregam a ele em sua geração, essas pessoas
têm visto Deus invadir suas cidades, regiões e nações com o derramar do
Espírito Santo. Tempos como esses são o que Pedro chamou de “tempos de
refrigério (...) da presença do Senhor” (At 3:19). Isso é o que eu chamo de
avivamento, e há um certo tipo de oração que o precede. Como aprendemos
nos capítulos anteriores, a oração quebrantada, em lágrimas é o que acessa
as coisas mais santas de Deus, de modo que Ele desce e transforma o
mundo.
Estações e tempos como esses têm ocorrido ao longo dos últimos dois
milênios, e neles Deus vem e faz, em questão de semanas ou meses, algo
que permanece por décadas e séculos. Houve grandes despertamentos em
nossa nação, onde centenas de milhares de almas foram arrastadas para o
Reino em questão de semanas.
Deus sempre encontra seus Jonathan Edwards, seus Charles Finneys,
seus William Seymours ou seus Duncan Campbells – todos esses são
avivalistas muito bem conhecidos em seus dias. E Ele teve seus
intercessores menos conhecidos como Daniel Nash, Frank Bartleman ou
Peggy e Christine Smith. Suas orações vinham do profundo de seus seres e
acessava as coisas santas de Deus. Suas orações agitavam as entranhas do
Senhor e capturavam Sua compaixão que tocava o mundo perdido e
destruído com Seu amor e convicção de pecado.
Um dos meus intercessores de avivamento favoritos é Frank Bartleman.
Ele foi um escritor pentecostal, evangelista e missionário americano que
experimentou e registrou o início do avivamento pentecostal no fim dos
anos 1900.
Num dos capítulos anteriores eu destaquei o modo como algumas vezes
somos levados a lugares de desespero, dor e destruição em nossas vidas a
fim de que algo seja aberto em nosso interior. Como resultado disso,
lançamos nossas vidas plenamente na presença de Deus e O vemos se
mover. Frank Bartleman foi levado a um lugar como esse pela morte de sua
filha de três anos de idade, Esther. As lágrimas que Ele derramou por causa
de sua morte reacenderam as chamas de sua vida de oração.

“Eu estava perplexo e atordoado” por sua morte, confessou o coração


de pai partido em 1908. Apesar de sua tristeza, Bartleman interpretou a
morte de sua menininha, em termos cósmicos mais abrangentes, como um
chamado de Deus ao despertamento a fim de prepará-lo para participar do
avivamento do fim dos tempos que ele acreditava ser um evento iminente.
“Meu próprio despertamento, ou redespertamento para este plano”, ele
confessou, “foi realizado através da perda da minha menininha”.[vi]

Aqui está a descrição do que ele experimentou após a morte de sua filha:

A morte da pequena Ester havia partido meu coração e eu senti que só


poderia viver se fosse no serviço ao Senhor. Eu ansiava por conhecê-Lo de
forma mais real e ver a obra de Deus avançando com poder. Um grande
encargo e clamor nasceram em meu coração por um poderoso avivamento.
Ele estava me preparando para desempenhar um novo serviço para Ele.
Isso somente poderia ser realizado através da percepção de uma
necessidade mais profunda do meu coração por Deus e de uma real dor de
parto em favor da obra de Deus. Isso Ele me deu. Muitos estavam sendo
preparados de forma semelhante em diferentes partes do mundo nesse
tempo. O Senhor estava se preparando para visitar e livrar o Seu povo mais
uma vez. Ele precisava de intercessores.[vii]

As dores de parto são uma das marcas do verdadeiro avivamento. O


Espírito Santo libera a unção para a oração intensa em épocas específicas, a
fim de realizar seus propósitos. Quando isso ocorre, a graça de Deus parece
expandir a alma humana, capacitando-a para sentir mais profundamente e
orar de forma mais fervorosa. Bartleman descreveu essa dinâmica como
sendo o Espírito intercedendo através dele. Sei de muitas pessoas que
experimentaram dores de parto em intercessão e cada uma delas pode
testemunhar que isso não foi algo produzido por elas mesmas. Orar desta
forma é algo concedido por Deus.
Quando não estava exercendo o ministério às pessoas ou indo a cultos em
igrejas locais, Bartleman orava, algumas vezes por toda a noite, em casa ou
numa base missionária. “Parecia que eu carregava uma nação em meu
coração”, ele escreveria a respeito desses meses de intensa oração
intercessória antes do avivamento Pentecostal.[viii]
Foram histórias como a de Bartleman que me impactaram profundamente
há anos atrás. Tenho pensado frequentemente na intercessão de Bartleman
desde o falecimento do meu filho em 2013. Em tempos de grande perda,
sob o peso de tremenda aflição, a eternidade parece alcançar a sua alma,
possuindo-a com uma visão de ver o Reino de Deus vindo sobre a terra. Em
2013 eu estava experimentando um tempo de favor e crescimento. Durante
os seis anos anteriores eu havia escrito dois livros, lançado dois novos
álbuns de oração e estava vendo muitas portas abertas. Eu estava surfando
uma onda. Contudo, quando olho para trás, vejo o quanto eu estava
começando a me sentir confortável com um belo ministério itinerante. Mas
em 16 de Março de 2013 tudo mudou. Mais especificamente, foi despertado
em mim um desejo profundo que me consumia por ver o Senhor descer.
Creio que haverá muitas histórias que levam o povo de Deus a um lugar
de desespero para que Ele se mova em nossa geração. O principal propósito
de Deus é levá-lo a este ponto. Ele o está levando a um lugar onde você
derramará lágrimas – lágrimas por avivamento. Ele o está levando além
das palavras, a fim de liberar oração em línguas por avivamento. Ele o está
trazendo ao altar onde você trabalhará com Ele – onde você sentirá dores
de parto por avivamento.
Bartleman percebeu algo que eu creio também ser importante para nós.
Ele percebeu que outros estavam sendo preparados como ele estava, mas
estavam sozinhos em diferentes lugares do globo, sendo juntamente
preparados. Embora você possa estar sozinho na sua sala do choro, você
não chora sozinho.
Amado, todas as lágrimas de indivíduos estão se unindo e provocando
um derramamento de lágrimas coletivas por avivamento. Seu Espírito será
derramado nesses últimos dias. O avivamento virá sobre todo o mundo.
Milagres, sinais, maravilhas, libertações, salvações, batismos, corações em
chamas por Jesus – tudo isso acontecerá. E eu apenas quero gritar:
“Permita que tudo isso aconteça, Deus!”.
Tente Lágrimas
No contexto da Igreja, nós literalmente já tentamos de tudo para
transformar essa geração. Construímos igrejas maiores, atividades maiores,
conferências maiores. Lançamos mais produtos, mais Bíblias em todas as
traduções e criamos formas de evangelismo, profecia e todo tipo de
ministério, cada vez mais sofisticadas e refinadas. Mas alguma vez já
tentamos as lágrimas?
Muitos anos atrás, o Exército da Salvação enviou obreiros para Los
Angeles para levar o evangelho a alguns dos piores lugares da cidade. Após
trabalharem por três anos, eles enviaram um telegrama para o fundador do
ministério, William Booth, informando que eles haviam tentado todas as
técnicas e todas as estratégias, mas não viram nenhum fruto. Eles
perguntaram a ele se podiam se mudar para outro lugar e alcançar outra
cidade.
William Booth respondeu o telegrama com apenas duas palavras: “Tente
lágrimas”.
Creio que em nossa jornada até as lágrimas devemos começar pedindo
por lágrimas. Você pode pedir a Deus que lhe dê lágrimas. Jeremias nos
ensina uma oração de pedido por lágrimas que Deus deseja liberar sobre
essa geração, eu creio: “Ah, se a minha cabeça se tornasse em águas, e os
meus olhos, numa fonte de lágrimas, para que eu chorasse de dia e de noite
(…)” (Jr 9:1).
Amigo, você pode pedir a Deus que o encha de lágrimas de tal maneira
que seus olhos se tornem uma fonte de águas.
Você pode pedir a Deus que lhe conceda lágrimas pela resistência de um
povo ou de uma cultura à Sua Palavra. Você pode pedir a Ele que faça “rios
de lágrimas” correrem dos seus olhos “porque os homens não guardam
[Sua] lei” (Sl 119:136).
Você pode pedir que Deus lhe conceda lágrimas de arrependimento –
lágrimas amargas – como Ele deu a Ezequias após ter recebido a profecia
de Isaías a respeito de sua ruína. Isaías havia profetizado, “Põe a tua casa
em ordem, porque não te recuperarás, mas morrerás” (2 Rs 20:1). Mas ao
ouvir essas palavras Ezequias orou ao Senhor. Ele “chorou muito” e Deus
acrescentou quinze anos à sua vida (2 Rs 20:3-6).
Você pode pedir a Deus pelas lágrimas de Paulo – as lágrimas de um
apóstolo que chora pelas igrejas em nossos dias. Você pode pedir a Deus
lágrimas por Seu povo ao redor da terra que enfrenta perseguição e
dificuldades, sofrendo pela causa do evangelho de Jesus Cristo.
Você pode pedir a Deus as lágrimas de Maria Madalena – as lágrimas da
mulher que muito foi perdoada e muito amou (Lc 7:47). Você pode pedir a
Deus que lhe conceda lágrimas que lavem Seus pés em gratidão por Seu
grande amor e compaixão.
Oh, Deus levante uma geração inteira daqueles que sabem o quanto
foram perdoados e que derramam sobre Jesus as suas lágrimas, seu louvor
e suas vidas!
Para os pregadores que estiverem lendo essas páginas, aqueles que estão
no ministério em tempo integral, ou se sentem chamados para o ministério
em tempo integral, eu suplico a vocês: tentem as lágrimas. Os dias das
mensagens mais polidas e bem articuladas que alcançam apenas as mentes
passou há muito tempo. Precisamos desesperadamente de mensagens
banhadas em lágrimas. Precisamos de mensagens nascidas no coração que
alcancem novamente o coração desta geração. Se ponha de joelhos e peça a
Deus que lhe conceda lágrimas. Peça a Ele por palavras que saiam de sua
boca e atinjam lugares mais profundos do que o barulho das milhares de
mensagens sendo proclamadas e as milhões de canções cantadas todos os
dias.
Lembro da história que uma vez ouvi sobre um pregador escocês, Robert
Murray M’Cheyne. Algum tempo após seu falecimento, um de seus
admiradores estava viajando pela Escócia e foi à antiga igreja do ministro
falecido. Na porta da igreja ele foi cumprimentado por um senhor, ao que
respondeu, “Gosto muito do Sr. M’Cheyne. Sou um fã. Amo seu ministério
com todo o meu coração. O senhor pode me contar apenas um segredo ou
qualquer segredo sobre o ministério desse homem?”
O senhor disse: “Claro, venha conhecer a sala de estudos do Sr.
M’Cheyne”. Ele mostrou ao admirador a escrivaninha de M’Cheyne e
permitiu que ele se sentasse nela. Então o senhor disse ao admirador algo
que nunca esquecerei. Ele disse, “Incline-se para frente, apoie seu rosto em
suas mãos e deixe que a água venha. Deixe as lágrimas fluírem”. Ele
explicou que era assim que M’Cheyne fazia.
O senhor então levou o admirador ao salão de culto, subindo com ele na
plataforma, diante do púlpito. Ele disse ao admirador, “apoie seus cotovelos
no púlpito, ponha sua face em suas mãos. Agora chore. Chore e chore com
todo o seu coração. Era assim que ele fazia, e por isso é que ele
testemunhou tudo o que testemunhou”.
Amigo, eu suplico a você. Tente as lágrimas.
Notas

[i]Prefácio

“Uncle Tom’s Cabin” [A Cabana do Pai Tomás] Simple English Wikipedia.


30 de Janeiro de 2021.
Https://simple.wikipedia.org/wiki/Uncle_Tom%27s_Cabin.
[ii] “Uncle Tom’s Cabin” [A Cabana do Pai Tomás
Https://simple.wikipedia.org/wiki/Uncle_Tom%27s_Cabin
3. As Lágrimas de Maria
[iii] Alice Lady Lovat, The Life of Saint Teresa: Taken from the French
of “A Carmelite Nun” [A Vida de Santa Teresa: Retirada do Francês de
“Uma Freira Carmelita”]. (St. Louis, Missouri: B. Herder, 1912), p. 548.
Teresa descreveu sua jornada da seguinte forma: “’Nós tivemos de correr
muitos perigos. Em nenhum momento da jornada os riscos foram maiores
do que em algumas ligas de Burgos, num lugar chamado Los Pontes. O
nível dos rios era tão alto que a água cobria tudo em alguns lugares, não era
possível ver a estrada nem a menor trilha, somente água por todo lado e
dois abismos, um de cada lado. Parecia uma imprudência continuar
avançando, sobretudo numa carruagem, pois se houvesse o mínimo deslize
para fora da estrada (que não se podia ver), a morte era certa’. A santa
silencia sobre sua parte na aventura, mas seus companheiros relatam que, ao
ver seu medo, ela se virou para eles e os encorajou dizendo ‘uma vez que
[eles estavam] engajados em fazer a obra de Deus, que forma de morrer
seria melhor?’ Ela então direcionou a viagem a pé. A correnteza era tão
forte que ela perdeu seu equilíbrio e estava a ponto de ser levada quando
nosso Senhor a sustentou. ‘Oh meu Senhor!’, ela exclamou com sua usual
familiaridade amorosa, ‘quando deixarás de colocar obstáculos em nosso
caminho?’ ‘Não reclame filha’, o mestre divino respondeu, ‘pois é sempre
assim que trato meus amigos’. E ela respondeu, ‘ah, Senhor, é também por
causa disso que tens tão poucos!’’’

4. “Jesus Chorou”
[iv] Charles Haddon Spurgeon, “Jesus Chorou.” The Spurgeon Center
for Biblical Preaching at Midwestern Seminary,
https://www.spurgeon.org/resource-library/sermons/jesuswept/#flipbook/.
Grifo do autor.

5. Apóstolos e Profetas que Choram


[v] Leonard Ravenhill, Por que Tarda o Pleno Avivamento, Editora
Betânia, Curitiba.

9. Lágrimas de Avivamento
[vi] Augustus Cerillo Jr., “Frank Bartleman: Pentecostal ‘Lone Ranger’
and Social Critic,” in Portraits of a Generation: Early Pentecostal
Leaders, [Frank Bartleman: ‘Guerreiro Solitário’ Pentecostal e Crítico
Social em Retratos de uma Geração: Os Primeiros líderes Pentecostais] ed.
James R. Goff Jr. and Grant Wacker (University of Arkansas Press, 2002),
109–10.
[vii] Frank Bartleman, Azusa Street: The Roots of Modern-day Pentecost
[Rua Azusa: As Raízes do Pentecostes Moderno] (Gainesville, FL: Bridge-
Logos, 1980), 9.
[viii] Bartleman, Azusa Street, 17.

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