Professional Documents
Culture Documents
Dom Das Lagrimas - Corey Russell - ANOTAÇÕES
Dom Das Lagrimas - Corey Russell - ANOTAÇÕES
Bruce Wilkinson orou a oração de Jabez por trinta anos e depois escreveu
o livro A Oração de Jabez (The prayer of Jabez). Milhões de cópias foram
vendidas. Parecia que o mundo inteiro estava orando a oração de Jabez.
Teria sido o dom de Wilkinson como escritor e a excelência da publicação
que tornaram o livro tão preeminente? Em parte sim, eu suponho; contudo
creio que Deus pôs fogo naquelas páginas e soprou sobre elas porque,
primeiro, Ele desejava que aquela oração fosse orada de forma global e,
segundo, porque trinta anos de oração e obediência moveram seu grande
coração a validar seu servo e sua mensagem.
“Se eu pudesse usar uma caneta como você, eu escreveria algo que faria
toda esta nação sentir o quanto a escravidão é uma coisa amaldiçoada.”[i]
Esta foi a exortação direcionada a Harriet Beecher Stowe pela Sra. Edward
Beecher. Anos depois, o presidente Abraham Lincoln se encontrou com
Stowe e disse: “Então esta é a pequena dama que provocou esta grande
guerra.”[ii] Stowe escreveu A Cabana do Pai Tomás (Uncle Tom’s Cabin),
aquele pequeno livro que incendiou o zelo pela abolição da escravidão e
resultou no grande conflito que deu fim a ela.
Alguns livros são escritos com tinta, outros são escritos com sangue, suor
e lágrimas antes de passarem para o papel. O Dom das Lágrimas foi escrito
primeiro com anos de lágrimas derramadas por um homem de oração,
Corey Russel, um amigo meu e amigo de Deus. Agora podemos ler suas
páginas.
Creio que Deus enviará fogo através deste livro por causa dos anos de
lágrimas derramadas e orações em línguas feitas por Corey. Também creio
que O Dom das Lágrimas pode servir como um acelerador para que as taças
de intercessão no céu sejam derramadas trazendo o tão esperado derramar
do Espírito profetizado em Joel 2. Esta é uma declaração bastante ousada e
alguns dirão que ela é um exagero retórico, mas não é verdade que as
Escrituras e a história da Igreja a sustentam?
· Lágrimas
· Línguas
· Dores de Parto
ORAÇÃO DE AVIVAMENTO
Creio com todo o meu coração que todo o período de 2020 e tempos
subsequentes forçarão a Igreja a entrar num lugar de humildade e
quebrantamento que não temos visto por gerações. Estamos saindo de uma
época de orações polidas e bem articuladas e entrando num tempo de
oração humilde, oração quebrantada, oração feia. Este tipo de oração
provocará algo em Deus para que Ele faça chover Sua justiça sobre nós.
Lágrimas, dom de línguas e dores de parto estão vindo sobre a Igreja.
Este é um tipo de oração que está além das palavras, assim é a oração por
avivamento. Isso é o que acontece quando terminam as nossas palavras e
nossos modos gentis de dizer as coisas, e nossos olhos e nossas bocas e
nossos corações gritam: “Deus, nós precisamos de Você!”.
Tenho trabalhado por avivamento ao longo de mais de vinte anos e estou
descobrindo que quanto mais o tempo passa e quanto maior é a
profundidade da minha vida de oração, mais curtas minhas orações se
tornam. Tenho descoberto que estou menos preocupado com o modo como
oro e mais preocupado com o lugar a partir de onde estou orando. Tenho
encontrado cada vez mais lágrimas, suspiros e gemidos que enchem meus
momentos de oração e, embora eu não saiba exatamente o que estou
dizendo, sei que minhas palavras alcançam a Deus e Ele me ouve.
Assim é a oração por avivamento. Não diz respeito à eloqüência da
minha fala – ou a quanto minhas orações são teologicamente corretas –,
mas à profundidade com a qual minha alma alcança a Deus num grande
desejo para que Ele se mova em meu favor.
Nós precisamos de lágrimas. Elas são o dom de Deus para nós. O dom
das lágrimas é o sinal externo de uma revelação interna a respeito de nossa
incapacidade de mudar qualquer coisa. Elas são a manifestação da pobreza
de espírito.
Lágrimas são oração em forma líquida. São desespero em forma líquida.
As lágrimas expressam a profundidade do clamor de nossas almas a Deus
dizendo: “Quero que Você esteja mais perto. Quero que Você rasgue o véu.
Quero que Você desça aqui. Quero que Você irrompa sobre a minha família.
Quero que rompa sobre meu casamento, sobre meus filhos, em minha vida
e em minha nação. Deus eu preciso que Você venha!”
Deus não quer ofender o seu orgulho. Ele quer matá-lo. Ele está fazendo
isso conosco em todos os níveis.
Anteriormente em Oséias, o Senhor comparou a Si mesmo a um Leão
que virá e despedaçará Seu povo para que em sua aflição eles O busquem e
Ele volte e os cure. Deus disse: “Quando estiverem aflitos, eles me
buscarão ansiosamente” (Os 5:15). Não posso evitar pensar que o Senhor
está fazendo o mesmo conosco.
Ele está nos libertando do amor à nossa própria reputação, da arrogância,
da auto-suficiência; Deus está nos levando a um lugar mais profundo de
humildade. Ele está permitindo que crises pessoais gerem uma oração mais
profunda em todos nós. Ele usará problemas pessoais em nossas vidas,
dificuldades em relacionamentos, dificuldades financeiras e tudo o mais
para nos levar além das nossas boas orações “evangélicas” – para nos levar
a uma busca e anseio mais profundos por Ele. Sua intenção é quebrar a
nossa religiosidade rígida.
Creio que Deus está dizendo: “Deixe que este momento o fira
profundamente. Permita que esta provação opere o seu intento, pois Eu
intervirei. Liberarei um rompimento, mas você precisa passar pela espera,
pelos cortes, pelo quebrantamento, pela morte até que venham as lágrimas e
as dores de parto cresçam e as línguas sejam produzidas”.
Isso não diz respeito a emocionalismo. Não estou falando apenas sobre
lágrimas de tristeza e aflição. Não estou falando somente sobre clamar por
causa dos tempos difíceis. Estou falando de lágrimas que são uma
declaração de nossa humanidade, de nossa inabilidade de fazer qualquer
coisa acontecer ou gerar qualquer mudança. Isso diz respeito a uma obra de
Deus em nossas almas, em que Ele nos leva ao lugar da impotência humana
– ao lugar onde nós vemos nossa fraqueza face a face. Quando Deus nos
leva a este lugar onde todos os nossos belos gestos e palavras são incapazes
de provocar qualquer mudança, ou de fazer qualquer coisa melhorar, neste
lugar, as lágrimas começam a fluir. E essas lágrimas são um livramento de
nossa justiça própria. Elas são a linguagem da alma que chegou ao fim de si
mesma.
Tudo o que passamos até este momento foi uma preparação para
recebermos o dom das lágrimas, para recebermos o espírito de oração e para
que as orações por avivamento fossem liberadas, trazendo ressurreição,
rompimento e o derramamento do Espírito Santo. Você e eu não podemos
fabricar este tipo de clamor e oração. Não, pois as lágrimas são uma dádiva
concedida soberanamente. Elas são uma graça soberana que Deus concede
pelo Espírito Santo para quebrantar nossos corações a fim de receber a
semente da Palavra de Deus para que possamos avançar para a próxima
estação.
Como o profeta Oséias disse, “É tempo de buscar ao Senhor”. É tempo
de arar o nosso solo endurecido. É tempo de romper contra as trevas dessa
era. É tempo de chorar e gemer e orar por avivamento em nossa geração…
até que Ele venha e faça chover justiça sobre nós.
Amados, nas páginas seguintes há um santo convite para que você entre
num lugar de oração onde você nunca esteve antes – um lugar onde “um
abismo chama outro abismo” (Sl 42:7). O Pai está nos chamando nesta hora
para o lugar onde nos encontramos sem palavras e Ele diz: “Bom”. Este é o
lugar onde nos rendemos a Ele e Ele nos concede lágrimas que O movem e
O provocam a se mostrar forte em favor do Seu povo. Venha, permita que
Ele unja os seus olhos com novas lágrimas.
As Lágrimas de Ana e a Luta de Jacó
A Palavra do Senhor era rara. O sacerdócio estava em frangalhos e toda
uma geração havia perdido a percepção de Deus. Mas foi neste tempo que
uma mulher estéril se sobressaiu. Ela é uma figura profética do que Deus
está fazendo profeticamente na Igreja ao redor da terra.
Deus sempre dá à luz gerações de transição através de ventres estéreis.
Ele fez isso através de Sara com o nascimento de Isaque. Através de Raquel
com o nascimento de José. Através da mãe de Sansão. Através de Isabel
com o nascimento de João Batista. E no tempo de Ana, vemos Israel diante
de uma necessidade desesperada por mudança, então uma mulher estéril
entra em cena.
Ao longo de anos, Ana se recusou a lidar com sua esterilidade. Ela
desfrutava dos benefícios de ser amada por seu marido, de ter uma vida boa,
de ser uma boa esposa, mas com o tempo isso deixou de ser suficiente para
satisfazer seu coração. E então, passou a haver uma pessoa em sua vida cuja
simples existência e capacidade de gerar filhos deve tê-la machucado
profundamente.
A outra esposa na história, Penina, começou a provocar Ana
excessivamente, como 1 Samuel 1:6 nos mostra, “a fim de aborrecê-la”.
Não sabemos exatamente como ela a provocava, mas não tenho dúvidas de
que houve muitas conversas cruéis e dolorosas entre elas. A outra esposa
provavelmente insultava Ana, dizendo “Olhe para a minha vida e olhe para
a sua. Sou capaz de dar filhos ao nosso marido e você não é capaz de dar
nada a ele”. A hostil provocação verbal de Penina parece ter continuado por
algum tempo e feriu a alma de Ana.
Duas vezes na história lemos que “o Senhor a havia deixado estéril” (1
Sm 1:5-6). O que você faz quando Deus o coloca em situações de onde
você não sairá até que algo seja partido no seu interior? Deus permitirá
pressões externas para gerar orações internas.
Todos os anos, a família ia até Siló para adorar e oferecer sacrifícios.
Nessa visita específica, algo se partiu no interior de Ana quando a outra
esposa começou a provocá-la, e Ana entrou num lugar de intercessão que
poucas pessoas na história já chegaram a tocar. Seu choro profundo, suas
lágrimas e suas dores de parto literalmente viriam a alterar a história.
Isso acontecia todo ano. Quando subiam à casa do SENHOR, Penina
provocava Ana, que então chorava [lágrimas] e ficava sem comer
[jejum]...Com a alma amargurada, Ana orou ao SENHOR, chorou muito.
- 1 Samuel 1:7, 10
1. Amargura de alma
2. Oração
3. Choro de angústia
Como Ana orava em silêncio, seus lábios se moviam, mas não se ouvia
sua voz; por isso, Eli pensou que ela estivesse embriagada. E lhe disse: Até
quando ficarás embriagada? Deixa de beber vinho.
- 1 Samuel 1:12-13
Porém Jacó ficou sozinho. E um homem pôs-se a lutar com ele até o
romper do dia. E quando viu que não prevalecia contra ele, tocou a junta
da coxa de Jacó, e esta se deslocou enquanto lutava com ele. Disse o
homem: Deixa-me ir, porque o dia já vem rompendo. Porém Jacó
respondeu: Não te deixarei ir se não me abençoares. E ele lhe perguntou:
Qual é o teu nome? E ele respondeu: Jacó. Então disse: Não te chamarás
mais Jacó, mas Israel; porque lutaste com Deus e com os homens e
prevaleceste. Perguntou-lhe Jacó: Peço-te que me digas o teu nome. O
homem respondeu: Por que perguntas o meu nome? E ali o abençoou. Por
isso Jacó deu ao lugar o nome de Peniel, dizendo: De fato vi Deus face a
face, e a minha vida foi preservada. E o sol nascia quando ele atravessou
Peniel; e mancava de uma perna. Por isso os israelitas não comem até o
dia de hoje o nervo do quadril, sobre a junta da coxa, porque o homem
tocou a junta da coxa de Jacó no nervo do quadril.
- Gênesis 32:24-32
Quando Deus o faz ficar sozinho e você não tem outros meios para se
livrar, aí é que Ele o toma para Si. E quando a revelação do seu propósito
futuro colide com a revelação da sua realidade atual, esta é a força que faz
emergir o gemido desde as profundezas da sua alma. Neste lugar é que as
lágrimas são geradas. Neste lugar onde a luta com Deus acontece – a luta
em que prevalecem Deus e o homem.
Deus capacitou Jacó a lutar com Ele para que pudesse abençoar Jacó com
uma mudança de nome e com Sua intervenção na questão entre ele e Esaú.
Quero que você se lembre do seguinte: Quando Deus o leva ao limite, saiba
que Ele está prestes a gerar em e através de você um tipo de oração que
transformará tudo. Você será transformado para sempre e não dependerá
mais da força que o sustentou no passado – a força da sua capacidade
humana. Ao invés disso, você transferirá o peso da sua fé para Jesus,
permitindo que Ele traga livramento, cura e mudança para a sua vida.
Assim como Ana e Jacó, creio que a Igreja lentamente está aceitando sua
condição de esterilidade e falta de poder. No passado nós fugíamos de nossa
condição. Nós tentamos encobri-la. Tentamos arranjar novas estratégias,
mas tudo foi inútil. Creio que um dos maiores movimentos de oração que a
terra já testemunhou está começando a surgir em meio ao Seu povo. A
humildade, a amargura de espírito, as lágrimas e a angústia estão
começando a brotar e elas crescerão até o ponto de abalar os céus. Deus
removerá o controle das mãos do Seu povo, e então nós diremos: “Deus,
nos dê filhos e filhas e nós os levaremos para a Sua presença e para a Sua
casa! Deus não nos deixe onde estamos. Não iremos embora até que Você
nos abençoe!”.
As Lágrimas de Maria
Quatro dias de atraso. Isso foi o quanto Jesus demorou. Suas queridas
amigas Maria e Marta haviam mandado uma carta para Ele dizendo que seu
irmão Lázaro estava doente. Elas sabiam que Jesus havia recebido a carta.
Elas sabiam que Ele havia lido a carta. E sabiam que Ele as amava
profundamente; elas eram amigas queridas de Jesus. Mas o pensamento
perturbador que as afligiu por quatro dias foi: “Por que Ele não veio
quando soube da notícia?”.
E o que teria levado Jesus a não vir imediatamente ajudar suas amadas
amigas?
Maria e Marta provavelmente estavam pensando: “Por que Ele
simplesmente não se traslada para Betânia, impõe suas mãos sobre Lázaro
e aí poderíamos estar celebrando um milagre que Ele já operou tantas
vezes em favor de tantas outras pessoas? Se Jesus fez isso por estranhos,
certamente Ele o faria por nós, Seus amigos íntimos, não é?”.
Esta parte da história exige a pergunta: o que você faz quando Jesus ouve
seus mais profundos gemidos, dores e orações, mas não os responde
imediatamente?
Você tem clamado a Deus por algo e Ele não parece se mover de acordo
com o seu calendário. Como você reage quando aquilo pelo que você mais
ansiava morre?
Creio que esta fornalha será o seu fim ou então a entrada numa nova
estação. Quando nossas belas teologias de uma experiência cristã perfeita
são destruídas, podemos escolher entre esconder nossos corações e tentar
remediar a nossa dor ou vivermos na tensão entre aquilo que Jesus disse que
iria fazer e o que Ele ainda não fez.
ALGO NO PROCESSO
Jesus não disse que Lázaro não morreria. Ele simplesmente disse que a
doença não terminaria em morte. Essa é a questão que me intriga: Jesus
sabia o que iria fazer desde o início, mas ainda assim permitiu que o
processo de morte prosseguisse e que a dor atingisse seus amigos. Isso me
leva a pensar que deve haver algo de útil para Deus no processo e não
necessariamente no fim que esperamos – e isso O glorifica. Por que Jesus
deixa seus amigos esperando angustiados? Haveria um segredo na espera
que produziria algo necessário em suas almas?
Afinal, Jesus não fez isso a um fariseu, um saduceu ou um estranho. Ele
fez isso com seus amados amigos.
Se hoje algumas das coisas que você mais desejava estão mortas, você
está em boa companhia. De fato, isso é o que Jesus faz aos seus amigos. É
só perguntar a Teresa de Ávila.
Ao contar a história de um resgate divino em sua autobiografia, Teresa
perguntou ao Senhor: “Quando Tu cessarás de colocar obstáculos em nosso
caminho?”. Ao que Ele respondeu: “Não reclame filha, pois é sempre assim
que trato meus amigos”. E ela replicou, “Ah, Senhor, é também por causa
disso que tens tão poucos!”[iii]
Estou convencido de que muitos de nós no Corpo de Cristo estamos ou
estivemos no mesmo lugar de Marta, Maria e Teresa. Clamamos a Deus
para salvar um membro da família que está doente, para nos salvar, para
salvar um casamento destruído ou para salvar um ministério ineficaz, mas
não temos visto Seu resgate imediato.
Como lidamos com isso? Como conciliamos a imagem de um Deus bom,
compassivo e poderoso com a de um Deus que permite que uma pessoa
amada, um casamento ou um ministério morra?
Precisamos desacelerar e olhar atentamente para isso, pois nossas frases e
clichês cristãos baratos não resolvem essa questão. Temos de ir mais
profundo.
É neste período de quatro dias que vemos dois tipos de resposta surgirem
– uma de Marta e a outra de Maria. Creio que a maioria dos crentes reage
de uma dessas duas formas. Entretanto, é necessário respondermos a esta
pergunta: Você permitirá que o “atraso” de Jesus te afete ou não?
Por essas razões, creio que sua grande oração estava acobertando sua
incredulidade.
Toda essa conversa entre Marta e Jesus é muito vívida, já que Marta orou
de forma tão ansiosa, mas Jesus não pareceu ficar comovido com ela. Ele
fez uma declaração definitiva e direta sobre Lázaro – “Teu irmão
ressuscitará.” (v. 23). Parece que Jesus estava buscando tirar Marta de seu
lugar de espectadora – em que ela pedia a Ele que pedisse a Deus – para
entrar num lugar ativo na história, pelo exercício de sua fé.
Assim que Jesus fez essa declaração, Marta rapidamente rebateu: “Sei
que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia.” (v. 24).
Novamente, a teologia de Marta era correta, já que ela tinha
entendimento sobre a ressurreição dos mortos. É muito bom que ela
estivesse olhando para o futuro quando todos os justos levantariam de seus
túmulos. Mas Jesus estava buscando trazê-la para um lugar onde ela
exercesse sua fé, onde ela cooperasse com Ele na ressurreição de seu irmão.
E foi aí que Ele disse as palavras mais poderosas: “Eu sou a ressurreição e
a vida” (v. 25).
A ressurreição não virá no futuro, Marta. A ressurreição não virá num dia
futuro, leitor. A ressurreição é uma Pessoa e Ele está bem diante de você.
Ele busca uma fé que atrai a realidade do futuro para o hoje!
Jesus é a Ressurreição e a Vida! Não me importa o quanto sua vida esteja
morta, ou o seu casamento, seus filhos, sua família, suas finanças, o seu
corpo, os seus relacionamentos – Ele é a Ressurreição e a Vida. Creio que
Ele está se manifestando aos seus amigos nesses dias, e Ele busca mais do
que orações bonitas, perfeitas e corretas. Jesus busca um lugar de
quebrantamento em nossas orações, pois orações quebrantadas movem o
céu.
Vamos aprender com Marta e recusemos a nos esconder atrás de
adesivos, camisetas e frases corretas. Permita que a demora de Deus toque a
sua vida e o corte em sua carne, e então deixe que ela produza um clamor
que você nunca experimentou antes.
Nossa capacidade de impactar a Deus com nossas orações é diretamente
conectada à capacidade da demora de Deus em nos tocar. Se não nos
permitirmos ser tocados, podemos ter bons momentos de oração, podemos
crescer em teologia e, ainda assim, vivermos distantes Dele. Mas isso não
move o céu. Jesus deseja algo mais profundo.
Marta não entendia isso. Lemos que após ter dito aquilo, “ela se retirou e,
chamando sua irmã Maria em particular, disse-lhe: ‘O Mestre está aqui e te
chama’.” (v. 28). Eu absolutamente amo essa última linha. Por quê?
Porque creio que Jesus está chamando Marias por toda a terra que sairão
da sala de espera da intimidade e lutarão em meio à confusão para
cooperarem com Ele para que o poder da ressurreição seja liberado em suas
situações, famílias, cidades e nações. Ele deseja que nós sejamos seus
parceiros para liberar avivamento na terra.
Quero destacar algumas coisas aqui. Primeiro, não vemos nenhum
registro nas Escrituras de que Jesus tenha mandado chamar Maria. O que
levou Marta a perceber que ela não seria capaz de tirá-los daquela situação
difícil? Poderia ser que, por não ter aprendido a primeira lição sobre esperar
aos pés de Jesus em Lucas 10, ela estava despreparada para aquele
momento de provação?
Segundo, você consegue perceber a diferença entre Marta e Maria com
relação ao fato de Marta ter corrido até Jesus e Maria ter esperado por Seu
convite? Não consigo evitar pensar novamente num consultório médico, e
sobre como a única maneira possível de encontrar o doutor é “esperando na
sala de espera”. Afinal, ela se chama sala de espera por uma razão.
Primeiro você deve esperar, até então ser chamado.
Maria foi chamada, mas Marta entrou apressadamente.
Marta foi ver Jesus quando ouviu que Ele estava vindo, mas Maria foi
ver Jesus somente após ter sido chamada por Ele. E quando Maria chegou a
Ele, “lançou-se aos seus pés e disse: ‘Senhor, se estivesses aqui, meu irmão
não teria morrido’.” (Jo 11:32).
O quê? Maria falou? Você sabia que essa é a única fala atribuída a Maria
nas Escrituras?
Maria basicamente repetiu o que Marta havia dito quando saiu de casa
para encontrá-Lo. Mas quando Maria o disse, ela estava caída aos pés de
Jesus e estava chorando. O que testemunhamos nos versículos 21 e 32 é o
modo como duas pessoas oram exatamente a mesma oração, mas a partir de
posturas totalmente diferentes, tanto fisicamente, quanto de coração.
Enquanto Marta fez suas primeiras falas sustentadas em suas duas
declarações de “eu sei” (v. 22 e v. 24), Maria fez sua fala misturada às
lágrimas aos pés de Jesus. Marta disse que sabia. Maria não entendia.
“Jesus, eu não entendo por que Você não chegou aqui antes. Se tivesse
chegado, meu irmão não teria morrido. Eu não entendo, Jesus”.
Você já esteve nesse lugar? Você está nesse lugar agora?
Você já teve um casamento pelo qual clamou desesperadamente a Jesus,
mas parece que as coisas somente pioraram? “Senhor, se Você estivesse
aqui, meu casamento não teria morrido”.
Você criou um filho na presença de Deus, para vê-lo fugir de Deus em
sua adolescência? “Senhor, se Você estivesse aqui, meu filho não teria se
desviado e não teria sua vida totalmente destruída”.
Você tem sido um dizimista e ofertante fiel, mas vê suas finanças se
esgotando? “Senhor, se Você estivesse aqui minhas finanças não teriam se
exaurido”.
Marta disse isso e, então, tentou melhorar a situação com sua boa
teologia e "evangeliquês". Ela não estava permitindo que a demora de Deus
a ferisse. E muitos de nós nos recusamos a permitir que a demora nos fira,
mas Maria se permitiu ser ferida.
Jesus busca produzir algo em nós. Estou convencido de que Ele está
livrando Seu povo das orações bonitas e nos levando a orações feias. As
orações feias são respostas que vêm das profundezas de nosso ser à demora
de Deus – ao “Eu não sei o que está acontecendo. Eu não entendo por que
Jesus ainda não veio. Por que Ele não está me respondendo?”. Elas são
orações que jorram das nossas almas. Elas são reações brutas aos
ferimentos. São orações forjadas na luta da confusão e da desilusão de não
compreender por que Jesus não interveio, se Ele poderia tê-lo feito a
qualquer momento.
Estou convencido de que Deus está levando a Igreja a um lugar de oração
que está além das palavras. É um lugar de quebrantamento, humildade e
desespero que gerará palavras, orações e ações que penetram os céus e os
corações de homens e mulheres em nossa cultura saturada de barulho.
Creio que lágrimas estão vindo sobre a Igreja. E não será apenas
emocionalismo ou esforço próprio e religiosidade, mas um dom de
lágrimas. Esse dom é a revelação de nossa incapacidade de mudar qualquer
coisa em nós ou por nós mesmos.
Lágrimas fluem quando não há mais soluções. Maria caiu aos pés de
Jesus em meio ao turbilhão de confusão, de não saber ou compreender por
que Ele havia demorado. Ela permitiu que isso a ferisse e por isso chorou.
Creio que Maria sentou-se aos pés de Jesus no passado e permitiu que
Suas palavras a tocassem profundamente para que no momento de sua crise,
seu abismo chamasse o abismo Dele e extraísse Dele a ressurreição.
"Jesus Chorou”
O que é preciso para mover o coração de Deus? O que desperta Sua
paixão para realizar um milagre, para intervir em favor de Seus amigos? O
que extrai Dele o poder da ressurreição?
Maria de Betânia sabia como mover Jesus. Ela sabia como despertar as
entranhas de misericórdia do Rei de todas as nações. Seu quebrantamento,
seu ato de cair aos Seus pés e chorar, isso foi o que O feriu – a ponto de o
texto dizer que “Jesus comoveu-se profundamente no espírito” (Jo 11:33).
Eu fico imaginando como foi essa situação. Que tipo de oração faz com
que Deus se comova? Pense nisso.
Você quer comover a Deus – fazer com que Ele se agite no espírito? Você
sabia que pode fazer isso? Você pode despertá-Lo. Você pode acender Sua
compaixão para que Ele intervenha em sua situação, sua família, sua igreja,
sua cidade, sua nação e o seu mundo. Isso foi o que Maria fez.
A comoção interior levou Jesus a perguntar aos enlutados que haviam
seguido Maria: “Onde o pusestes?” (v. 34).
Creio que Jesus esperou os quatro dias e deixou que o processo se
desenvolvesse para que pudesse levar Seus amigos ao lugar de oração – a
este lugar onde o espírito de Jesus foi levado à comoção. Como vemos
desde o início desta história, Jesus sabia como ela terminaria. Ela terminaria
com Jesus sendo glorificado e não com a morte de seu amigo.
Jesus permitiu que a história se desenrolasse, que as diferentes reações à
crise ocorressem e que o processo evoluísse porque Ele estava buscando
algo. Ele estava buscando por alguém que extraísse algo Dele, que
cooperasse com Ele na ressurreição de Lázaro. E Ele encontrou isso em
Maria, aquela que tinha como hábito sentar-se aos Seus pés.
Não sei que leitura você faz dessa história sobre a ressurreição de Lázaro,
mas, para mim, tudo até esse ponto parece se mover rapidamente. Aqueles
podem ter sido quatro dias de uma espera árdua para Maria e Marta, mas
para nós, leitores, as coisas se desenvolvem velozmente:
Pare!
Tudo parece parar quando lemos o versículo seguinte, o verso 35. Este é
o menor versículo da Bíblia, mas parece o mais longo. Por quê? Porque
estando cercado por todos os lados de céticos, críticos, estranhos, discípulos
e amigos, o tempo para e o Filho de Deus – o Criador do Céu e da Terra,
Aquele que não foi criado, o Soberano das nações, o Rei dos reis, Jesus –
faz o impensável: Ele chora.
“Jesus chorou”.
Isso é algo santo. Ponha sua prancheta de análise de lado e observe-O
chorar. Isso é terra santa. Conecte isso com o fato de que o Deus que criou
todas as coisas – Aquele que “mediu as águas com a concha da mão”, que
“mediu a extensão dos céus com o palmo” (Is 40:12) – está chorando.
Veja a leitura dessas duas palavras no versículo 35 feita por Charles
Haddon Spurgeon, que escreveu:
Muitas vezes fico aborrecido com o homem, quem quer que ele seja, que
dividiu o Novo Testamento em versículos. Ele parece cometer falhas de
maneira indiscriminada aqui e ali; mas eu perdôo seus erros em grande
medida por sua sabedoria em ter deixado essas duas palavras isoladas num
único versículo: “Jesus chorou”. Este é um diamante de valor inestimável,
e não pode haver outra pedra preciosa ao seu lado, pois ele é único. O
menor versículo em número de palavras, mas onde há outro que seja maior
em sentido? Acrescente uma palavra a este versículo e ela estaria fora de
lugar. Não. Que elas permaneçam solitárias em sublimidade e
simplicidade. Você pode até mesmo colocar uma nota de exclamação
depois delas e escrevê-las em letras maiúsculas,
“JESUS CHOROU!”
Por anos pensei que esse choro foi meramente uma lágrima escorrendo,
apenas um fungar ou breve instante de emoção, mas comecei a ver que
nesse momento uma tempestade se formou no espírito de Jesus e saiu Dele
numa torrente de lágrimas. Jesus chorou.
Jesus se agitou e chorou e soluçou. E nós devemos parar e observá-Lo
enquanto chora. Não podemos ir tão rapidamente para o próximo versículo.
Temos que contemplar o Deus que chora em toda a Sua vulnerabilidade
enquanto Ele reúne toda a dor, tristeza, acusação e as tramas dos homens
perversos e chora diante de todos nós. Jesus chorou.
Creio que Jesus odeia tanto a morte que Ele estava chorando por causa
dessa maldição e do que ela tinha causado ao seu amigo. E Ele estava
prestes a desfazê-la diante de todos ali. Mas você não pode apenas correr
para a ressurreição de Lázaro. Você tem de entrar no vale do choro com
Jesus. Temos que ir ao vale das lágrimas porque este é o lugar de onde a
ressurreição se manifesta. Devemos parar ali e observar Jesus enquanto Ele
chorava.
Somos uma geração que deseja chegar diretamente à ressurreição, mas é
como se Deus estivesse dizendo: “Ei! Vocês me encontrarão no lugar de
quebrantamento, no choro”. Há um lugar de humildade, vulnerabilidade e
honestidade. Há um lugar onde todas as suas visões de Deus são colocadas
à prova. Este é o lugar onde você luta com o seu real sentimento. E ali é
onde a fé se levanta no seu coração.
A fé não se parece com falsa confiança. A fé clama: “Deus, eu não
compreendo! Vou permitir que isso vá fundo e vou ficar feio diante de Ti,
Deus, pois eu desejo algo real”.
E isso foi o que Jesus respondeu a Maria. Ele chorou, e Suas lágrimas
foram lágrimas de profunda compaixão por Maria e Marta. Foram lágrimas
de profunda tristeza pela humanidade. Foram lágrimas de profundo amor
por Lázaro. Foram lágrimas de profunda ira pelos fariseus que estavam
tramando a sua morte. Essas foram lágrimas de profundo ódio pela morte e
o que ela rouba da humanidade.
Seja quem for que afirme “homem não chora!”, leia este versículo:
“Jesus chorou”!
Sinto que o Espírito Santo está convidando a Igreja para um novo lugar.
Um lugar que se chama a sala do choro. Este é um lugar no coração de
Deus onde Suas emoções são compartilhadas com Seu povo. Nossa
capacidade de deixar que Ele seja vulnerável diante de nós, permitindo
assim que nós também sejamos vulneráveis diante Dele, irá liberar o poder
da ressurreição em nossas vidas, famílias e circunstâncias.
Muitas vezes no livro de Apocalipse (a Revelação de Jesus), podemos
ver que o próprio Deus virá e enxugará nossas lágrimas. Quão perto Deus
precisa estar para enxugar nossas lágrimas?
Em 23 de Janeiro de 2016 eu tive um encontro com Jesus onde senti que
Ele estava entrando em minha sala, ajoelhando e pedindo permissão para
me pastorear e ministrar sobre mim. Naquele encontro Ele me levou a
Apocalipse 7:17.
Esta passagem fala sobre Deus ministrando àqueles que acabaram de vir
da tribulação. Isso não se aplica somente àqueles que vieram da Grande
Tribulação no fim dos tempos, mas também àqueles que passaram por
períodos de tribulação em suas vidas e precisam ser ministrados por Deus.
Ele deseja entrar em nossos vales de lágrimas hoje. Ele quer ministrar
sobre nós dessa mesma maneira. Ele quer se aproximar de você e enxugar
as suas lágrimas com seu dedo polegar e levar embora a dor e o trauma que
atingem a sua vida nesta presente era. E Ele está perguntando a você o
mesmo que me perguntou em 2016: “Você me permitirá te pastorear? Você
me permitirá ministrar a você?”.
Amados, somente um Deus que chora pode enxugar as nossas lágrimas.
Somente um Deus que chora pode trazer ressureição para nossas vida.
Pois eu bem sei que planos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR;
planos de prosperidade e não de mal, para vos dar um futuro e uma
esperança.
- Jeremias 29:11
Três dos discípulos viram um lado de Jesus que os outros nove não
viram, pois Jesus não revelou esse lado de Si mesmo a todos os Seus
discípulos. Esses três amigos viram uma grande tristeza e profunda angústia
consumindo Jesus. Na tristeza excruciante de Jesus que carregava o peso de
todo o mundo em Seu coração e na submissão de Sua vontade à vontade do
Pai, Ele quis que esses três jovens ficassem acordados com Ele e vigiassem
com Ele. Ele voltou duas vezes, e os encontrou dormindo em ambas.
A pergunta que me gera perplexidade é: como Pedro, Tiago e João
poderiam ajudar a aliviar a tristeza de Jesus estando com Ele e orando?
Como eles poderiam contribuir? Seria possível que o fato de eles estarem
acordados ali com Jesus durante aquela noite de trevas de fato trouxesse
conforto para Ele?
Estou convencido de que não temos ideia do que significa ser amigo de
Jesus. Há muito mais nessa dinâmica do que imaginamos.
AS LÁGRIMAS DE PEDRO
Simão, Simão, Satanás vos pediu para peneirá-los como trigo; mas eu
roguei por ti, para que a tua fé não esmoreça; e, quando te converteres,
fortalece teus irmãos.
- Lucas 22:31-32
Amigo, o próprio fato de que você está lendo este livro agora é prova de
que Jesus ora por você. A oração Dele tem te sustentado ao passar pelas
noites mais escuras e este não é o fim da sua história. Em breve virá um
tempo de restauração. Haverá um dia em que as suas lágrimas se tornarão
uma mensagem.
Testemunhamos isso na vida do apóstolo Pedro. Cinquenta dias após
chorar amargamente, o Senhor tomou as lágrimas de Pedro e formou a
primeira mensagem apostólica da Igreja através dele. E três mil pessoas
tiveram seus corações traspassados por suas palavras no dia de Pentecostes
e entregaram suas vidas a Jesus como resultado da mensagem de Pedro.
Amado, precisamos de “Pedros” cujas lágrimas resultantes de fracassos
passados se tornam a mensagem de esperança e libertação para nós hoje.
AS LÁGRIMAS DE PAULO
Creio que Deus está levantando profetas na terra que farão mais do que
apenas revelar os segredos das pessoas. Sou grato pelas palavras de
conhecimento. Elas têm me impactado e fortalecido imensamente, mas
creio que a necessidade urgente de nossos dias é um novo tipo de profetas
que profetizarão os segredos do coração, da mente e da vontade de Deus, a
partir do lugar de íntima amizade com Ele. Eu declaro que apóstolos que
choram se levantarão também. Esses serão aqueles que trabalham com
dores de parto até que Cristo seja formado nessa geração. Esses apóstolos e
profetas também farão mais do que dizer palavras, mas creio que eles
chorarão palavras.
Estou convencido de que a única coisa que romperá a apatia, a
indiferença e a insensibilidade desta geração é um mensageiro ou
mensageira que chora enquanto fala. Precisamos de mensageiros que
choram. Os outdoors, camisetas e adesivos não serão capazes de romper as
muralhas dos corações das pessoas. Precisamos desesperadamente de
lágrimas.
Temos passado muito tempo com muitos comunicadores cujos olhos são
secos, que são polidos, articulados e atrativos. Eles dizem todas as palavras
corretas. Eles têm todos os sermões perfeitos, mas onde estão suas
lágrimas?
Precisamos de uma nova geração de mensageiros proféticos que falam a
partir de corações que foram profundamente atingidos pelas palavras que
declaram. Precisamos de mensageiros que têm ficado acordados à noite
chorando com Jesus. Precisamos de apóstolos que têm chorado com o Deus
que chora, cujos corações têm sido cheios de encargo pela Igreja, por Israel
e pelas nações. Precisamos de mensageiros quebrantados.
Eu nunca vou me esquecer da declaração feita pelo evangelista inglês
Leonard Ravenhill, e penso que ela é hoje mais necessária do que nunca: “É
preciso homens quebrantados para se quebrantar outros homens”.[v]
Precisamos de mensageiros que, na verdade, são traspassados e feridos ao
invés daqueles que têm tudo sob controle – mensageiros que são
quebrantados. Esses são os mensageiros pelos quais a Igreja está
desesperada, e precisamos de milhares deles!
Apenas Continue Chorando
Meu próximo encontro com o dom das lágrimas veio no contexto de uma
das melhores épocas que já vivi em relação ao mover coletivo do Espírito
Santo. Em 11 de Novembro de 2009, o Espírito Santo caiu na escola bíblica
do IHOPKC em Kansas City e, ao longo dos dez meses seguintes, vimos
mais de 7.000 testemunhos de salvação, cura e libertação que ocorreram
enquanto Deus nos esmagava com sua glória.
Quando aquele tempo de despertamento terminou, nós começamos a
sentir uma mudança de estação. A nova estação parecia ser muito diferente
da anterior. Na verdade, um dos líderes desta época, meu querido amigo
Allen Hood, começou a ter muitos problemas em seu corpo. Nós dois
havíamos sido convidados para ministrar numa conferência em
Fredericksburg, no estado da Virgínia, nessa época. Quando chegamos ao
nosso hotel, começamos a compartilhar sobre um sentimento crescente de
que uma guerra estava sendo travada em nossas mentes, corpos e almas.
Naquela noite nós conversamos, choramos e oramos juntos. Antes de irmos
dormir, pedimos que Deus falasse conosco, para nos ajudar a compreender
o sentido do que estávamos sentindo.
Durante aquela noite, Allen teve um sonho profundo que se provou ser
um dos indicadores proféticos mais claros pelo qual nos orientamos ao
longo dos últimos nove anos.
Antes daquela conferência, Allen havia escrito um artigo intitulado
“Levantando-se numa Conjuntura Crítica”, para a revista Ministry Today. O
artigo discorria sobre o livro de Joel que dizia respeito a um chamado às
nações para que elas orassem, jejuassem e se arrependessem. Allen
enfatizou que, se não discerníssemos o momento em que estávamos
vivendo, algo terrível – pior do que nossa situação àquela época –
aconteceria.
No sonho, Allen estava olhando para uma tela de computador e lendo
aquele mesmo artigo que ele havia escrito. Ele estava rolando a tela para
ver os comentários que eram postados abaixo do artigo e ficou chocado ao
ver que os comentários eram feitos por bruxas e feiticeiros que estavam
amaldiçoando os líderes da Igreja, suas famílias e seus ministérios. Ele,
então, clicou em um dos comentários e de forma horripilante foi tragado
para dentro da tela. Em seguida, Allen se viu numa sala de frente para um
feiticeiro que tinha uma serpente píton pendurada em seu pescoço. Allen
olhou em volta e viu que havia pornografia sendo exibida na parede atrás do
feiticeiro. Ele ouviu este homem amaldiçoando-o, quando repentinamente
ouviu uma voz atrás dele dizendo: “Allen, isso é feitiçaria.” (mais tarde,
Allen disse que ele nunca pensou na feitiçaria como estando conectada a
uma pessoa real, mas que era mais como um espírito etéreo que estava à
solta, se revelando de tempos em tempos).
Na cena seguinte do sonho, Allen viu milhares de milhares de jovens
reunidos numa atmosfera de avivamento e ele soube que aquilo
representava a colheita. Ele sabia que aqueles eram os dias pelos quais
havíamos aplicado nossa fé e compreendeu que um grande tempo de
visitação de fato ocorreria. Nesse contexto, Allen viu Bob Jones e eu nos
abraçando. Então, no sonho, Bob e eu declaramos uma frase de Salmos
126:3, “O Senhor fez grandes coisas por nós”.
É importante, aqui, dar um pouco do contexto sobre Bob Jones e como
ele se relaciona com a história. Bob era um homem profético que teve uma
experiência de quase-morte em 1975. Deus o enviou de volta para preparar
alguns líderes do fim dos tempos para o que viria sobre a terra. Um dos
líderes para quem Deus o enviou era Mike Bickle, em Kansas City, no
estado do Missouri.
Deus usou Bob de formas profundas durante a maior parte dos anos 80.
Mais especificamente, Bob foi usado no estabelecimento e na confirmação
do que Deus faria em Kansas City através do ministério de Mike e do que
mais tarde se tornaria o IHOP.
Allen e eu havíamos tido reuniões com Mike por aproximadamente vinte
anos, ouvindo história após história sobre como Deus usou Bob Jones de
modo sobrenatural para confirmar o que Ele faria nos tempos subsequentes.
Embora nunca houvéssemos conhecido Bob pessoalmente, sabíamos que
estávamos profundamente conectados a ele e sabíamos que em alguns
sentidos, nós estávamos caminhando no cumprimento do que Bob havia
visto.
Então, por causa do sonho de Allen, onde eu e Bob Jones nos
abraçávamos e declarávamos o Salmo 126, nós sabíamos que Deus estava
unindo a geração passada que viu o mover de Deus a esta geração que viria
a experimentar o mover de Deus.
“A FEITIÇARIA VEIO CONTRA VOCÊS”
Após ouvir Bob e eu declarando “O Senhor fez grandes coisas por nós”,
Allen acordou do seu sonho. Ele estava muito empolgado porque o Senhor
havia falado em resposta à nossa oração.
Embora Allen tenha visto que a guerra estava acontecendo em
decorrência da feitiçaria e que nós precisaríamos lutar, ele ficou aliviado,
pois enfim havia compreendido contra o que estávamos lutando e qual seria
o resultado disso – saber o que está acontecendo é 75% da batalha.
Allen rapidamente veio para o meu quarto no hotel, bateu na minha porta
e disse enfaticamente: “Se apronte e me encontre na área do café da manhã.
O Senhor falou comigo”.
Me aprontei o mais rápido que pude e desci para me juntar a ele. Assim
que me viu, Allen começou a contar o sonho. Enquanto ele estava contando
a parte do sonho onde Bob Jones e eu nos abraçávamos, uma senhora
aleatória veio até nós e interrompeu Allen, “Você é Allen Hood?”.
“Sim, sou eu”, Allen respondeu um pouco surpreso.
Ela, então, disse: “Olá, meu nome é Bonnie Jones, e meu marido, Bob, e
eu gostaríamos de tomar café da manhã com vocês dois”.
Ficamos absolutamente perplexos! Bob Jones estava sentando numa
mesa perto de nós, e não fazíamos ideia disso. Não fazíamos ideia de que
ele estaria em qualquer lugar perto da Virginia, então soubemos que Deus
queria fazer algo. E aqui estava sua esposa, que veio à nossa mesa nos
convidar para nos sentarmos com eles. “O-Ok”, nós dissemos enquanto a
seguíamos para a mesa deles completamente chocados e pasmos.
Estávamos prestes a conhecer o homem a respeito de quem vínhamos
ouvindo histórias por quase vinte anos – o mesmo homem que foi uma
figura chave no sonho de Allen bem na noite anterior.
Quando nos sentamos, a primeira coisa que perguntei a Bob Jones foi de
que lugar do estado do Arkansas ele era. “Sou de Waldron”, ele disse.
“Bem, eu sou de Alma”, disse eu. Inacreditável! O homem era de uma
cidade cerca de trinta a quarenta minutos de distância de onde eu fui
nascido e criado.
Então, ao longo de uma hora e meia, Bob falou sobre muitas coisas
enigmáticas, e Allen e eu estávamos fazendo nosso melhor para
acompanhar seu raciocínio, tentando interpretar um pouco do significado
das frases de Bob e como elas se aplicavam à nossa situação.
Honestamente, não entendemos a maior parte do que ele estava dizendo.
Videntes proféticos vêem coisas e tentam colocá-las em palavras, deixando
muitos de nós totalmente confusos. Mas eu descobri que, quando você está
numa situação como essa, tudo o que precisa fazer é balançar a sua cabeça
para cima e para baixo, olhando penetrantemente para o profeta e então
tudo funciona.
Quando nosso tempo estava acabando, ele começou a falar com mais
clareza ou, devo dizer, Allen e eu finalmente estávamos entendendo a
interpretação. Bob compartilhou sobre como ao longo de anos ele estava
orando e esperando que nossa nação pudesse ter um avivamento que não
fosse acompanhado de juízo, mas que agora ele estava convencido de que
os dois viriam. Nossa nação vivenciaria tanto um avivamento quanto um
juízo. Neste ponto, ele começou a profetizar sobre nós e as palavras que
vieram de sua boca moldariam e definiriam os próximos nove anos de
nossas vidas.
“Vocês, rapazes, estão pregando sobre Joel”, disse Bob, “e estão
chamando a Igreja a orar e jejuar e eu vejo que a feitiçaria veio contra
vocês”. Ele então olhou para mim e disse, “eu vejo marcas de mordida de
píton em seu pescoço”.
Ele, então, continuou falando sobre o ambiente de guerra que envolve
chamar a Igreja à oração e ao jejum, e sobre como a feitiçaria havia sido
liberada contra líderes que estão se levantando em prol dessas duas posturas
santas.
Allen havia ouvido histórias sobre como certos líderes no Corpo de
Cristo no passado haviam enfrentado a guerra e Bob havia orado por eles, o
que resultou num livramento sobrenatural. Então Allen decidiu perguntar a
Bob, “Você poderia orar por nós para quebrar a ação desse espírito?”.
“Eu não vou fazer essa coisa religiosa”, Bob respondeu rapidamente. “O
que você pensa que eu estava fazendo pelas últimas duas horas?”
Nós olhamos um para o outro e pensamos, “Conversando”, mas não
ousamos dizer isso a ele.
Ele então seguiu, dizendo “Vocês, rapazes, têm chorado, não é mesmo?”.
Balançamos nossas cabeças para cima e para baixo como dois alunos de
escola respondendo ao diretor. Estávamos nos lembrando de como
havíamos chorado juntos na noite anterior.
Bob nos olhou nos olhos e compartilhou conosco uma das palavras mais
profundas que já recebemos. “Sabe rapazes, a feitiçaria entra nos seus olhos
e faz você olhar para tempos passados na sua vida como se você nunca
tivesse feito nada por Deus. Então ela o faz olhar para tempos futuros e o
faz pensar que você nunca fará nada para Deus… mas o choro remove a
feitiçaria dos seus olhos. Vocês, rapazes, ficarão bem. Os seus ministérios
são bons. Apenas continuem chorando”.
Aquelas palavras, “Apenas continuem chorando.”, pareceram se repetir
muitas vezes enquanto estávamos lá boquiabertos, absortos na precisão
profética que havia acabado de dar definição a caminhos pelos quais
realmente não fazíamos ideia de que viríamos a entrar.
Amigo, eu não tenho dúvida de que você tem passado por situações
parecidas, em que você olha para tempos passados em sua vida e se
pergunta se já chegou algum dia a fazer algo por Deus, e olha para o futuro
e se pergunta se um dia você chegará a fazer algo por Deus. Quero dizer a
você o que Bob disse a nós: “Apenas continue chorando”.
Nós sequer suspeitávamos que nos dois anos seguintes, Allen seria
acometido por um distúrbio na tireóide afetaria sua estrutura física, mental e
emocional. E a maior tragédia atingiria minha família quando meu filho
mais novo, meu único filho seria posto para tirar uma soneca quando tinha
nove meses e meio, mas nunca mais acordaria nesta vida. Oito anos se
passaram, enquanto escrevo essas páginas, desde o falecimento do meu
filho. O abalo que veio sobre nossa família foi intenso. Passamos por muito
choro.
Houve incontáveis vezes, ao longo dos últimos oito anos, em que eu não
conseguia fazer nada além de chorar e chorar e chorar. Nesses momentos,
eu conseguia ouvir Bob dizendo, “Vocês, rapazes, ficarão bem… Apenas
continuem chorando”. Esta pequena frase me sustentou ao longo de
algumas noites de trevas, quando eu não conseguia ver absolutamente nada.
LIMPANDO OS OLHOS
João ouviu quando foi dito que não havia uma pessoa sequer digna de
tomar o livro e abrir seus selos. O que fez com que João chorasse tanto?
A principal razão pela qual João chorou foi que, uma vez que não havia
ninguém para abrir o livro e romper os selos, então a injustiça, a
perversidade e o pecado continuariam na terra – e continuariam existindo
sem serem reprimidos. Os efeitos devastadores do pecado continuariam
existindo e a humanidade continuaria caindo nas profundezas da
depravação.
Quando João estava prostrado chorando mais intensamente, um ancião
veio até ele e o disse para não chorar. Aquilo que foi iniciado em João pelas
dinâmicas celestiais, foi também encerrado por elas quando ele ouviu o
ancião dizer que havia Um que foi achado digno.
Sabemos o que acontece depois, quando João contemplou o Cordeiro
Imolado tomando o rolo e uma nova canção irrompeu no céu. Mas não
podemos deixar passar algo muito importante no texto: o choro precedeu a
visão.
A limpeza dos olhos através das lágrimas preparou João para ver o
Cordeiro Imolado com sete chifres e sete olhos.
Creio que Deus conduzirá a próxima geração de mensageiros a passar por
portas de choro similares, a fim de prepará-la para contemplar e, então,
proclamar o Cordeiro de Deus em toda a Sua glória e majestade. Creio que
isso é o que muitos daqueles que são ministros do Reino têm experimentado
nesses últimos tempos.
O SALMO DO CHORO
Tenho visto que esses últimos anos têm sido alguns dos mais intensos
para aqueles que estão nas linhas de frente pela causa do Reino. Muitos dos
meus amigos ao redor da terra passaram por tempos dificílimos, em que
foram expostos todos os pontos fracos em suas vidas, casamentos e
famílias. Todos eles foram levados a um lugar de choro, gemido e de
agarrar-se a Deus.
Esses são momentos de provação severa, e em momentos como esses,
tudo o que você tem são as lágrimas. Você não sabe o que dizer, o que orar
ou o que cantar, mas você tem lágrimas. Creio que o que estava escondido
no sonho de Allen foi o conteúdo do Salmo 126, que é chamado “O Salmo
do Choro”. O salmo diz:
O choro, gemido e as dores de parto que você talvez tenha suportado nos
últimos tempos o estão levando a um tempo de promessas, colheita, alegria,
sonhos e canção.
Muitos na Igreja têm estado cativos nessa última estação. Casamentos,
filhos e ministérios têm estado cativos. Alguns estão em cativeiro por causa
de seu próprio pecado e rebelião, e estão sendo disciplinados por Deus.
Outros estão em cativeiro como José esteve, e estão sendo alvo da fúria de
Satanás. Quer o seu cativeiro seja resultado das suas próprias decisões ou
não, a mesma coisa está sendo operada em você nesses dias. Choro.
Gemido. Humildade.
O orgulho, arrogância, autoconfiança e dureza têm sido substituídos por
quebrantamento, humildade, sensibilidade, compaixão e um profundo
reconhecimento da sua necessidade pelo Senhor e de que longe Dele, você
não é nada.
Este tempo de extrema dificuldade tem produzido a semente mais
excelente que gera a mais excelente colheita: lágrimas.
O salmista nos diz que as lágrimas são sementes, que elas estão sendo
semeadas no solo (Sl 126:6). Essas lágrimas são vivas e gerarão algo
glorioso na próxima estação. As lágrimas que você está derramando nesta
estação resultarão em alegria na próxima estação.
A água que flui dos seus olhos nessa estação será transformada em
alegria. Canção e regozijo encherão a sua próxima estação.
A água que flui dos seus olhos será transformada em vinho. Ele guarda as
suas lágrimas em Sua garrafa e nenhuma delas será perdida.
O riso está chegando, amigo.
Novos sonhos estão vindo, amigo.
A canção está voltando, amigo.
A colheita está vindo, amigo.
Eu não posso comunicar adequadamente o quanto este encontro com Bob
Jones foi impactante para mim e quanto o poder do Salmo 126 nesses
últimos anos tem se manifestado em minha vida. Em alguns dos meus
momentos de maior escuridão, eu podia ouvir Bob dizendo, “Vocês,
rapazes, ficarão bem. Os seus ministérios são bons”. Isso estabilizou meu
coração, pois me ajudava a saber que haveria um fim para este tempo difícil
e me dava a segurança de que este fim seria uma grande alegria e eu poderia
declarar, “O Senhor fez grandes coisas por nós”.
Lágrimas numa Garrafa
Em Julho de 2018, Dana e eu levamos nossa filha mais velha para uma
escola de missões em Colorado Springs. Toda a semana que precedeu sua
partida foi muito difícil, mas o fim de semana no qual de fato a levamos
para a escola foi terrível, pois experimentamos todas as emoções e
ansiedade de enviar nossa primogênita para o mundo. Sentindo o peso de
tudo isso, querendo me certificar de que ela tivesse tudo de que precisava
de nós para se sair bem em seu novo ambiente, eu fui orar na manhã em que
a enviaríamos para a escola. Eu queria que Deus rompesse sobre o coração
dela e sobre os nossos corações também. Eu comecei a orar no Espírito por
cerca de trinta minutos antes de a deixarmos lá. Eu precisava
desesperadamente que Deus falasse comigo. E ele falou, somente
momentos antes de partirmos.
“Ponha minhas lágrimas na sua garrafa”. Em um momento, eu ouvi
aquela frase e então visualizei com os olhos da minha mente cerca de quatro
ou cinco situações ao longo dos vinte últimos anos, em que eu tive sessões
de choro feias e viscerais com Deus por nossa filha. Como todos os pais
sabem, há épocas em que o inimigo busca atingir nossos filhos e devemos
clamar a Deus para que eles sejam poupados e que Ele os ajude a passar por
esses períodos. Eu me lembrei dessas situações naquele dia.
Depois que aquelas cenas passaram pela minha mente, eu ouvi um
simples sussurro do Senhor: “Corey, eu estou com ela”. Quando ouvi essa
frase, todo o medo, ansiedade e espiral de emoções imediatamente se
dissolveram, e uma grande paz e alegria repentinamente inundaram minha
alma.
Rapidamente, eu peguei minha Bíblia e procurei por essa frase. Eu sabia
que era um versículo bíblico, mas não sabia onde estava. Eu finalmente o
encontrei em Salmo 56:8
Tu contas minhas aflições; põe minhas lágrimas no teu odre; não estão
elas registradas no teu livro?
AS LÁGRIMAS DE JOSÉ
Enviou um homem adiante deles, José, que foi vendido como escravo.
Feriram-lhe os pés com correntes e o prenderam a ferros, até o tempo em
que sua palavra se cumpriu; a palavra do SENHOR o provou.
- Salmos 105:17-19
Creio que este momento é uma figura profética de como será quando
Jesus for revelado como o Messias de Israel em Seu retorno. Aquele a quem
os irmãos venderam como escravo é Aquele que os salvará durante a fome e
tribulação que virão sobre a terra. Assim como os irmãos de José não o
reconheceram na primeira vez que foram ao Egito, mas somente na segunda
vez, quando Ele se revelou a eles, também Israel não reconheceu Jesus em
sua primeira vinda, mas toda a nação O reconhecerá e O receberá como seu
Messias em Sua segunda vinda.
Eles chorarão e chorarão e chorarão quando virem que Aquele a quem
traspassaram é o seu Messias:
A CRISE DO SALMO 2
Aquele que está sentado nos céus se ri; o Senhor zomba deles. Então ele
os repreende na sua ira e os aterroriza no seu furor, dizendo: Eu mesmo
constituí o meu rei em Sião, meu santo monte.
- Salmos 2:4-6
O Pai quer encher Seu povo com Sua confiança – com Seu riso. Este
versículo é aterrorizante, pois nele vemos que o Pai abertamente desperta as
nações a fazerem o que está em seus corações, mas faz a elas uma
declaração intensa e ousada: “Nós já votamos em quem será o Rei e qual
será a terra de onde Ele governará, e vocês não estavam no processo de
votação. E, definitivamente, vocês não eram candidatos!”. O Pai exaltará
seu Filho abertamente à vista das nações, através da Igreja ao redor da terra
e através de seu retorno. Eu poderia literalmente passar por cada versículo
neste salmo glorioso, mas quero chegar à resposta que creio ser tão
necessária nesses dias.
Quero desacelerar aqui para que você sinta este versículo. Eu sinto tanta
compaixão em um Pai que está olhando para um filho que está prestes a
passar por uma situação difícil e, com lágrimas em Seus olhos, diz: “Mas
agora…”. Em essência, o Pai está dizendo: “Não lide com isso em outro
dia. Eu quero que você me olhe nos olhos. Quero a sua atenção. Quero o
seu coração e sei que faz muito tempo que você não faz isso.”
O Pai continua, dizendo que Ele está dando três dons para nos fazer
entrar em contato com nosso próprio coração: jejum, lágrimas e lamento.
Estou convencido de que esses três dons estão sendo liberados sobre a
Igreja nesses dias. Esses dons liberarão quebrantamento e um rendimento
de coração, a fim de corresponder a Deus desde o mais profundo de nosso
ser.
Joel primeiro abordou o chamado individual e, então, ele volta seu olhar
para o chamado coletivo às lágrimas.
O DERRAMAMENTO DE ATOS 2
Quando Deus encontra um povo que que tem entregados seus corações e
que lideram através do choro, e quando Ele encontra líderes que se unem
em oração e jejum e clamam a Ele pelo derramar do Seu Espírito, Ele vem.
De todos os profetas que Pedro poderia ter citado no dia de Pentecostes,
ele escolheu Joel. Há profecias similares em Isaías e Ezequiel, mas ele
escolheu um dos profetas menores cujo livro tem apenas três capítulos,
chamado Joel. Estou convencido de que isso é porque Joel nos dá a resposta
mais clara sobre o que fazer em dias turbulentos.
Quando Pedro declarou que “isto é o que havia”, ele estava proclamando
que a profecia de Joel havia começado a ser cumprida e seu cumprimento
continuaria até a vinda do Grande Dia do Senhor. Joel nos dá clareza sobre
o que fazer quando a ira, o caos e a confusão são a norma, Ele deixou muito
claro qual seria a resposta de Deus: Ele derramaria seu Espírito.
Estamos sendo preparados para o maior avivamento que o mundo já viu.
Quando falo sobre avivamento, estou falando sobre aqueles tempos em que
Deus abertamente manifesta a autoridade e o reinado de seu Filho pelo
derramar do Espírito Santo e da pregação apostólica que, em suma, é uma
pregação que fere.
Já vimos tempos e épocas ao longo da história em que a cultura estava
em grande decadência e cidades, regiões e nações se opunham a Deus.
Contudo, em tempos como esses, Deus encontra pessoas que O buscam e,
então, Ele desce. Nós tivemos grandes despertamentos nos EUA, nos quais
Deus se manifestou. Vimos as marcas do que acontece e como Deus
literalmente transforma pessoas por toda a eternidade e faz com que cidades
que nunca mais sejam as mesmas.
Nós veremos essas coisas novamente, amigo, quando Deus vier e visitar
cidades e regiões com Sua Presença manifesta – tudo isso em resposta ao
choro coletivo e ao clamor de Seu povo. E sua Palavra será anunciada por
mensageiros que foram feridos pelas palavras que proclamam. Isso é o que
desejamos, e disso é que precisamos. Faça isso, Senhor!
Lágrimas de Avivamento
Sempre fiquei impressionado pelo fato de que uma conferência de
quarenta dias com Jesus num corpo ressurreto não foi suficiente para dar
início ao cristianismo. Sabemos, a partir das Escrituras, que Jesus havia
passado os quarenta dias após sua ressurreição ensinando sobre o Reino e
preparando aqueles jovens apóstolos para a maior transição na história
humana. Tendo dado a eles todo aquele ensino, Ele ordenou que eles
“esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque,
na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito
Santo dentro de poucos dias” (At 1:4-5).
Então, o que eles fizeram?
Pedro e aqueles 120 discípulos passaram dez dias numa reunião de
oração, esperando. E foram suas orações, lágrimas, gemidos e dores de
parto que geraram aquele dia histórico quando “De repente, veio do céu um
som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam
sentados. (...) Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem” (At
2:2-4).
Ao longo dos últimos dois mil anos o mandamento do Senhor continua
ecoando, e sempre que Ele encontra intercessores ou grupos de pessoas que
ouvem o Seu chamado e se entregam a ele em sua geração, essas pessoas
têm visto Deus invadir suas cidades, regiões e nações com o derramar do
Espírito Santo. Tempos como esses são o que Pedro chamou de “tempos de
refrigério (...) da presença do Senhor” (At 3:19). Isso é o que eu chamo de
avivamento, e há um certo tipo de oração que o precede. Como aprendemos
nos capítulos anteriores, a oração quebrantada, em lágrimas é o que acessa
as coisas mais santas de Deus, de modo que Ele desce e transforma o
mundo.
Estações e tempos como esses têm ocorrido ao longo dos últimos dois
milênios, e neles Deus vem e faz, em questão de semanas ou meses, algo
que permanece por décadas e séculos. Houve grandes despertamentos em
nossa nação, onde centenas de milhares de almas foram arrastadas para o
Reino em questão de semanas.
Deus sempre encontra seus Jonathan Edwards, seus Charles Finneys,
seus William Seymours ou seus Duncan Campbells – todos esses são
avivalistas muito bem conhecidos em seus dias. E Ele teve seus
intercessores menos conhecidos como Daniel Nash, Frank Bartleman ou
Peggy e Christine Smith. Suas orações vinham do profundo de seus seres e
acessava as coisas santas de Deus. Suas orações agitavam as entranhas do
Senhor e capturavam Sua compaixão que tocava o mundo perdido e
destruído com Seu amor e convicção de pecado.
Um dos meus intercessores de avivamento favoritos é Frank Bartleman.
Ele foi um escritor pentecostal, evangelista e missionário americano que
experimentou e registrou o início do avivamento pentecostal no fim dos
anos 1900.
Num dos capítulos anteriores eu destaquei o modo como algumas vezes
somos levados a lugares de desespero, dor e destruição em nossas vidas a
fim de que algo seja aberto em nosso interior. Como resultado disso,
lançamos nossas vidas plenamente na presença de Deus e O vemos se
mover. Frank Bartleman foi levado a um lugar como esse pela morte de sua
filha de três anos de idade, Esther. As lágrimas que Ele derramou por causa
de sua morte reacenderam as chamas de sua vida de oração.
Aqui está a descrição do que ele experimentou após a morte de sua filha:
[i]Prefácio
4. “Jesus Chorou”
[iv] Charles Haddon Spurgeon, “Jesus Chorou.” The Spurgeon Center
for Biblical Preaching at Midwestern Seminary,
https://www.spurgeon.org/resource-library/sermons/jesuswept/#flipbook/.
Grifo do autor.
9. Lágrimas de Avivamento
[vi] Augustus Cerillo Jr., “Frank Bartleman: Pentecostal ‘Lone Ranger’
and Social Critic,” in Portraits of a Generation: Early Pentecostal
Leaders, [Frank Bartleman: ‘Guerreiro Solitário’ Pentecostal e Crítico
Social em Retratos de uma Geração: Os Primeiros líderes Pentecostais] ed.
James R. Goff Jr. and Grant Wacker (University of Arkansas Press, 2002),
109–10.
[vii] Frank Bartleman, Azusa Street: The Roots of Modern-day Pentecost
[Rua Azusa: As Raízes do Pentecostes Moderno] (Gainesville, FL: Bridge-
Logos, 1980), 9.
[viii] Bartleman, Azusa Street, 17.