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Modelo Apreenso e multa com bafmetro

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO


ESTADO DE [XXXXXX] - DETRAN/XX
[NOME], [ESTADO CIVIL], [PROFISSÃ O], inscrito no CPF sob o nº XXX. XXX. XXX-XX,
residente e domiciliado na Rua XXXX, [Bairro], [Cidade], [Estado], CEP XXXXX-XX,
vem, à presença de V. Senhoria, apresentar RECURSO ADMINISTRATIVO, pelos
fatos e fundamentos abaixo.
Em XX/XX/XXXX, à s XXhXXmin, o veículo XXXX com placa XXXXX, conduzido pelo
Recorrente, foi abordado pelos agentes de trâ nsito que solicitaram a parada do
veículo, a habilitaçã o do condutor e Certificado de Registo e Licenciamento de
Veículo.
O condutor, cooperando com os agentes de trâ nsito e sem qualquer resistência,
entregou a documentaçã o requerida. Importante frisar que toda documentaçã o
estava conforme exigência legal.
Em seguida, apó s a apresentaçã o de todos os documentos, o agente de trâ nsito
requereu ao condutor que saísse do veículo e realizasse o teste de etilô metro,
popularmente conhecido como "teste do bafô metro". Os agentes de trâ nsito
abordaram o Recorrente de modo que este se sentiu coagido a realizar o teste. Isso
porque as autoridades afirmaram que, caso ele nã o realizasse o teste, seria
imediatamente aplicada multa.
O resultado apresentado pelo agente de trâ nsito demonstrou equivocadamente
que o condutor dirigia sob influência de á lcool, implicando na sançã o prevista no
art. 165 da Lei 9.503/97. Foi aplicada multa, além do recolhimento da CNH do
Recorrente e retençã o do veículo.
Contudo, ao contrá rio do apresentado no teste, o condutor que nã o havia ingerido
nenhuma quantidade de bebida alcoó lica nas horas que precederam a fiscalizaçã o,
o que leva a crer a existência de vício no aparelho utilizado pelos agentes de
trâ nsito.
O equívoco se torna cristalino com a observaçã o de que o aparelho utilizado para
aferiçã o da quantidade etílica presente no organismo nã o tem laudo de avaliaçã o
do INMETRO, o que torna o exame prova nula.
É o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. ART. 306 DA LEI N.º 9.503/1997. DOSAGEM
ALCÓOLICA. AFERIÇÃO. LEI N.º 11.705/08. FATO ANTERIOR À ALTERAÇÃO NORMATIVA CRISTALIZADA
NA LEI N.º 12.760/12.
AUSÊNCIA DE EXAME DE SANGUE. SUJEIÇÃO AO BAFÔMETRO. APARELHO SEM AFERIÇÃO HÁ QUASE
UM ANO. IMPRESTABILIDADE DA PROVA. TIPICIDADE.
INEXISTÊNCIA. AÇÃO PENAL. TRANCAMENTO. RECURSO PROVIDO.
1. Com a redação conferida ao artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro pela Lei n.º 11.705/08,
tornou-se imperioso, para o reconhecimento de tipicidade do comportamento de embriaguez ao
volante, a aferição da concentração de álcool no sangue de maneira precisa.
2. A Lei n.º n.º 12.760/12 modificou a norma mencionada, a fim de dispor ser despicienda a avaliação
realizada para atestar a gradação alcóolica, acrescentando ser viável a verificação da embriaguez
mediante vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito
à contraprova, de modo a corroborar a alteração da capacidade psicomotora.
3. Contudo, no caso em apreço, praticado o delito com a redação primeva da legislação e ausente
exame de sangue, a sujeição do recorrente a etilômetro sem aferição pelo INMETRO, há quase um
ano, torna imprestável a demonstração da embriaguez, denotando ser desarrazoado validar a
persecução penal fundada naquela prova, cuja precisão não se tem no caso concreto. Ausência de
justa causa demonstrada.
4. Recurso ordinário provido para trancar a ação penal (processo nº 0010831-97.2011.8.26.0010), em
trâmite na Vara Criminal do Foro Regional X - Ipiranga Comarca de São Paulo/SP.
(RHC 36.853/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
07/10/2014, DJe 18/11/2014)

É pacífico na jurisprudência que em casos como os de etilô metro ou “lombada


eletrô nica”, a apresentaçã o e atualidade do Certificado de Conformidade do
INMETRO é indispensá vel validade de sua utilizaçã o como prova e consequente
aplicaçã o de penalidade. Penalidade aplicada aos casos é demasiadamente onerosa
e somente pode ser imposta mediante prova inequívoca.
É importante anotar que embora a legislaçã o atual preveja a possibilidade de
utilizaçã o de testemunha ou vídeo como provas que demonstrem que o Recorrente
dirigiu sob efeito de á lcool, nã o há , no presente caso, nada que corrobore a versã o
de que o Recorrente infringiu a lei. É comum que apó s a nova redaçã o de chamada
"Lei Seca", os agentes de trâ nsito se utilizem de provas diversas para comprovaçã o
de que o condutor dirige sob efeito do á lcool, mas isso nã o foi feito no presente
caso, o que demonstra a inexistência de infraçã o.
Nã o há aqui nenhuma outra prova, além do teste etilô metro que deve ser
desconsiderado por nã o ter sido aferida a calibragem pelo INMETRO há mais de
um ano, que demonstre o cometimento de infraçã o de trâ nsito.
IMPRESTABILIDADE DO USO DO ETILÔ METRO POR VIOLAÇÃ O A PRECEITO
CONSTITUCIONAL
O Recorrente realizou o teste porquanto induzido pelo agente. Isso porque, embora
tivesse consciência de nã o ter infringindo nenhum dispositivo legal, de nã o ter
ingerido qualquer quantidade de bebida alcoó lica antes de conduzir seu veículo, a
recusa ao teste foi compreendida pela autoridade como confissã o, de modo que o
Agente afirmou que caso o Recorrente se recusasse a produzir prova contra si,
seria imediatamente aplicada multa, recolhimento da carteira e retençã o do
veículo.
A respeito do tema, André Luiz Callegari destacou três fundamentos da
inconstitucionalidade do uso do etilô metro para produçã o de prova contra
condutor: (1) presunçã o de inocência, (2) ilicitude de prova produzida em
desrespeito à garantia constitucional à intimidade, e, por fim, (3) ilicitude da prova
por impossibilidade por impossibilidade de contraditó rio, em violaçã o ao devido
processo legal.
Segue Callegari em sua liçã o:
Se no momento em que o agente é detido e os policiais requerem que este se submeta à prova de
alcoolemia através do “bafômetro” ou do exame de sangue, já seria possível o exercício ao direito de
defesa, mesmo que ainda não ocorra a imputação formal do direito”. Compartilhando da mesma
opinião, e do “entendimento que a nossa Carta Política, de modo implícito, garante tal direito através da
presunção de inocência inscrito no art. 5º, LVII.

Em leitura da Convençã o Americana de Direitos Humanos, no art. 8º, ninguém é


obrigado a produzir prova contra si, em termos:
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se
comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às
seguintes garantias mínimas:
g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada;

Por consequência do expresso neste ordenamento, que integra o ordenamento


jurídico brasileiro, defendemos que a prova utilizada sem a possibilidade de defesa
por parte do Recorrente, porque coagido a produzi-la, resulta na sua
imprestabilidade.
Deste modo, deve-se concluir pela ausência imprestabilidade da ú nica prova
utilizada e, por consequência, reconhecer a ausência de comprovaçã o de que o
Recorrente dirigia sob efeito de á lcool, procedendo-se pelo arquivamento do Auto
de Infraçã o e julgue seu registro insubsistente, conforme inciso I do art. 281 da Lei
9.503/97 e, por consequência, o cancelamento da multa aplicada e liberaçã o da
CNH do Recorrente.
Fonte: INVESTIDURA, Portal Jurídico. Modelo de Recurso Administrativo – Detran
– Apreensão e multa com bafômetro. Portal Jurídico Investidura, Florianópolis/SC,
14 Mar. 2017. Disponívelem: www.investidura.com.br/modelos/trânsito/335535.
Acesso em: 24 Mar. 2017
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