You are on page 1of 170

PÓS GRADUAÇÃO: NUTRIÇÃO HOSPITALAR APLICADA À UTI

Módulo : terapia nutricional enteral

Docente: Arícia Mendes Ferreira


@nutri.ariciamfe ariciamendes@hotmail.com
Sumário

• Legislação
• UTI brasileiras
• Resposta ao trauma
• TNE – conceitos
• Indicação x contra indicação
• Cálculos
• Monitoramento
• Complicações
• Novas evidências
Paciente crítico
Paciente crítico
• Legislações:

Aprova o regulamento técnico par requisitos


mínimos exigidos para a TNE

Prioridades : 1 - 5
Paciente crítico

Art. 2º Art. 3º
Atividades obrigatórias Atividades complementares
Protocolos, triagem, prescrição dieta, Solicitar exames laboratoriais, prescrever
TNE E TNO, avaliar TNP, round, suplementos, participar planejamento e supervisão
monitoramento preceptoria de estágio, acreditação

Art. 4º
Parâmetros numéricos mínimos de
referência para atuação de Nutricionista
Por que estudar
terapia nutricional na UTI?
Panorama : UTIs Brasileiras

AMIB + Epimed Solutions → criação do Registro Nacional de Terapia Intensiva


Objetivos:
• Caracterizar o perfil epidemiológico
• Compartilhar informações úteis na orientação e políticas de saúde e estratégias para
melhorar cuidado aos pacientes críticos no país
• Estimular uso de indicadores de qualidade e desempenho na gestão de UTIs

• Melhorar a qualidade da medicina intensiva


• Aumentar a segurança dos pacientes
➢ Indicadores semelhantes:
Reino Unido (ICNARC), Austrália e Nova Zelândia (ANZICS-CORE)
Panorama : UTIs Brasileiras

Características das UTIs Internações nas UTIs participantes


• Tipos de internação (n)
• Distribuição geográfica • Tipos de internação (%)
• Hospitais, UTIs e leitos por região • Evolução temporal
• Tipos de hospitais por região
• UTIs participantes
• Leitos ativos participantes
• Evolução temporal dos hospitais UTIs e leitos
Características demográficas
participantes • Gênero dos pacientes
• Distribuição da idade
• Evolução por faixas etárias
Panorama : UTIs Brasileiras

Principais desfechos Uso de suportes invasivos


VM, Diálise, Aminas
Duração das internações
Taxa de mortalidade
Escore SAPS3, taxa de mortalidade, probabilidade de Comorbidades
óbito, equação geral, TMP (taxa mortalidade Mais frequentes
padronizada)

Categorias diagnósticas principais


Mais frequentes: internações clínicas
Internações cirúrgicas
Cirurgias eletiva
Cirurgia de urgência
Panorama : UTIs Brasileiras

Por que especializar-se em terapia


intensiva?

Crescimento
24% hospitais
51% UTI
Panorama : UTIs Brasileiras

3,6%
15%

Censo AMIB, 2022


Por que estudar
terapia nutricional na UTI?
Panorama : UTIs Brasileiras

Censo AMIB, 2022


Paciente Crítico
• Paciente crítico / gravemente enfermo
Aquele que apresenta instabilidade ou risco de instabilidade de sistema vital
com risco de morte

Podem sofrer deterioração de uma ou mais funções dos órgãos vitais


Necessitam de constante vigilância e titulação contínua do tratamento (de
acordo com a evolução da doença)

Instabilidade ...

Respiratória Cardiovascular Neurológica

Renal Metabólica

Resolução n° 2.271, de 14 de Fevereiro de 2020


Resposta ao trauma

Quem é o paciente crítico?

Comprometimento de um ou mais dos principais sistemas fisiológicos → perda de sua


autorregulação → necessidade assistência contínua

Qual é a resposta orgânica ao trauma?

• Trauma: lesão

Extensão

Intensidade Perturbações locais e Desequilíbrio da


sistêmicas homeostase
Gravidade

Excede limites físicos /


orgânicos de tolerância

ATENDIMENTO DE URGÊNCIA AO PACIENTE VÓIMA DE TRAUMA: Diretrizes clínicas. Versão: 2018


Resposta ao trauma

DESEQUILÍBRIO DA HOMEOSTASE

Resposta neuroendócrina, metabólica e Resposta ao estresse


imunológica complexa

• Intencional x não intencional

• Conceito de homeostasia : (Cannon, 1929 – “luta ou fuga”)

□ Manutenção da constância / estabilidade


do meio interno

□ Equilíbrio das funções do organismo e sua


composição química

ATENDIMENTO DE URGÊNCIA AO PACIENTE VÓIMA DE TRAUMA: Diretrizes clínicas. Versão: 2018


Resposta ao trauma
Resposta ao trauma

Resposta neuroendócrina
Metabólica
Imunológica

Resposta harmônica: estabilização → cura


Excessiva → desequilibrada → bloqueio/ falência orgânica → óbito
Resposta ao trauma

Liberação de adrenalina e noradrenalina (catecolaminas)

• Neurotransmissores (auxiliam na condução do impulso nervoso)


• Luta x fuga (aumento FC e FR -> auxilia na perfusão)

Adrenalina (80%) e Noradrenalina (20%)

□ Noradrenalina: vasoconstrição ; aumento da atividade cardíaca (força de contração)


□ Adrenalina : efeitos metabólicos

Elevação da TMB (taxa metabólica Redução da síntese


basal –kcal) de insulina **

Estímulo a gliconeogênese
(síntese de glicose a partir de aminoácidos
e glicerol)

Catabolismo muscular / desnutrição / risco de LPP/ cicatrização

MEDEIROS, A.C.; FILHO, A.M.D; Resposta metabólica ao trauma. Journal of Surg Cl Res – Vol. 8 (1) 2017
Resposta ao trauma
□ Gliconeogênese:
Síntese de glicose a partir de compostos
não glicídicos

Lactato, aminoácidos e glicerol

□ Situações de jejum / catabolismo / trauma


• Fígado (essencialmente) + rins
• Via metabólica essencial a vida

Cérebro (120g/dia)
Hemácias Suprimento
Medula renal contínuo de
Cristalino glicose
Córnea ocular

MEDEIROS, A.C.; FILHO, A.M.D; Resposta metabólica ao trauma. Journal of Surg Cl Res – Vol. 8 (1) 2017
Resposta ao trauma

Resposta harmônica: estabilização → cura


Excessiva → desequilibrada → bloqueio/ falência orgânica → óbito
Resposta ao trauma

Eixo hipotálamo e pituitária (hipófise)

Hormônio Liberador de Corticotrofina

Hormônio adrenocorticotrófico / corticotrofina


Feedback Peptídeo

Corticoesteroide
Reação ao perigo / resposta ao estresse

MEDEIROS, A.C.; FILHO, A.M.D; Resposta metabólica ao trauma. Journal of Surg Cl Res – Vol. 8 (1) 2017
Resposta ao trauma

Cortisol (aumentado)
• Hormônio corticosteroide (esteroides)
• Síntese: parte superior da glândula adrenal / suprarrenal → córtex
• Diretamente envolvido na resposta ao estresse
• Pico : 12 horas após o trauma ; mantém elevado até 3 semanas
• Efeitos metabólicos:

Mobilização da musculatura esquelética

Inibição da síntese proteica

Resistência a insulina → hiperglicemia do paciente crítico


150-180mg/dL

MEDEIROS, A.C.; FILHO, A.M.D; Resposta metabólica ao trauma. Journal of Surg Cl Res – Vol. 8 (1) 2017
Resposta ao trauma

Glucagon

• Hormônio produzido pelas células alfa-pancreáticas


• Agonista da insulina
• Efeitos metabólicos
Estimula a glicogenólise (degradação do glicogênio)

Estimula a lipólise (degradação dos triglicerídeos)


Resposta ao trauma

Insulina

• Hormônio anabólico
• Células beta-pancreáticas
• No paciente crítico:

Redução na secreção

Aumento na excreção urinária

Dificuldade de anabolismo
(construção muscular)
Hiperglicemias
Redução na tolerância a reposição de
glicose
Resposta ao trauma

Resposta harmônica: estabilização → cura


Excessiva → desequilibrada → bloqueio/ falência orgânica → óbito
Resposta ao trauma

Inflamação / sistema imunológico: citocinas e mediadores

• Polipetideos, glicoproteínas
• Trauma, necrose, bacteremia

Microcirculação: inflamação, isquemia, necrose hemorrágica


TNF- Mediador primário efeitos sistêmicos endotoxina: anorexia, febre,
ALFA taquipneia, taquicardia e hipotensão
Dose baixa: febre, neutrofilia, anorexia, liberação de ACTH
(corticotrófico – cortisol), glicocorticoides e insulina
IL-1 Dose alta: induz hipotensão, leucopenia, lesão tecidual e morte
semelhante ao choque séptico, inibição síntese colágeno
Atravessa a barreira hematoencefálica e inicia síntese de PGE no
hipotálamo ocasionando aumento da temperatura corporal (aumento
IL-6 TMB)
Pirogênica

• (↑) Obesidade: tecido adiposo / adipocinas (leptina, resistina, adiponectina)

MEDEIROS, A.C.; FILHO, A.M.D; Resposta metabólica ao trauma. Journal of Surg Cl Res – Vol. 8 (1) 2017
Guyton, 2017; Medeiros, A.C, 2017
Resposta ao trauma

Inflamação persistente e imunossupressão

• SIRS: síndrome da resposta


inflamatória sistêmica

• CARS: Síndrome da resposta


anti-inflamatória compensatória

• MOF: falência múltipla de
órgãos

• PICS: síndrome de catabolismo


persistente a inflamação e
imunossupressão
Resposta ao trauma

Resposta harmônica: estabilização → cura


Excessiva → desequilibrada → bloqueio/ falência orgânica → óbito
Resposta ao trauma

Comportamentais

• ↓ grelina, ↑ colecistocinina e peptídeo YY → anorexia (alteração comportamental tardio


ao estresse)

Resposta neuroendócrina, metabólica, Imunológica

MEDEIROS, A.C.; FILHO, A.M.D; Resposta metabólica ao trauma. Journal of Surg Cl Res – Vol. 8 (1) 2017
Guyton, 2017; Medeiros, A.C, 2017
Paciente crítico

Aumento
de TMB
Aumento
Absorção de T°
deficiente corporal

RESERVAS Alterações
Ingestão CORPORAIS metabólicas
insuficiente (músculo esquelético)

Cicatrização
Processo
de feridas
inflamatório
Autofagia

Paz LS, Couto AV. Avaliação nutricional em pacientes críticos: revisão de literatura. BRASPEN J. 2016;31(3):269-77 / McClave SA, et al. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support
Therapy in the Adult Critically Ill Patient. Society of Critical Care Medicine. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2016;40(8):1200
Resposta ao trauma

Multicêntrico
3017 pacientes

↑mortalidade em 90 dias

Mc Clave S.A. et al. J Parenter Enteral Nutr. 2016; 40 (2): 159-211


Resposta ao trauma

Estado nutricional e
comorbidades prévias tem
impacto na
morbimortalidade da
doença crítica

• Resposta hiper inflamatória aguda inicial → controle da inflamação → recuperação


• Resposta inflamatória inicial limitada → recuperação ou óbito
• Depressão prolongada da resposta imunológica → imunossuprimido → óbito
FASE DA RESPOSTA
ESTADO NUTRICIONAL DO PACIENTE
COMPREENSÃO DO PROCESSO DE
AUTOFAGIA
Fases da resposta ao trauma

SINGER P. et al. Clinical Nutrition. 2019; 38: 48-7910


Fases da resposta ao trauma

Período inicial (1 – 2 dias) : Fase tardia


• Resistência a estímulos anabólicos • Convalescença e reabilitação
• Instabilidade hemodinâmica • ↑ anabolismo

Período tardio (3 – 7 dias): Fase crônica:


• Perda muscular significativa • Cronicidade
• Estabilização dos distúrbios metabólicos • PICS (Síndrome inflamatória e catabólica
prolongada)

SINGER P. et al. Clinical Nutrition. 2019; 38: 48-7910


Autofagia
• Catabólico celular essencial (degrada componentes celulares dentro do lisossoma)
• Equilíbrio: componentes celulares
Síntese
Degradação Crescimento / desenvolvimento
Homeostase
Reciclagem

• Eucariotas (núcleo envolto por membrada e demais componentes celulares – organelas)

Morgan, B.M; LIN, H.H.; CHIBLY, A. M., 2013.


Autofagia
Funções:
• Processo de renovação contínua
• Manutenção celular e
mitocondrial
• Resposta orgânica ao estresse
oxidativo (RE) / formação de
EROS

* Agressões ambientais / externas pH,


temperatura, luz UV, ausência de nutrientes
-> Aumento na transcrição de genes mAtg
(acumulação de proteínas incorretamente
enroladas ou desenroladas no lúmen RE)
-> Indução para destruir proteínas disfuncionais

• Papel crítico na imunidade inata e


adquirida

Levine, B.; Mizushima, N.;Virgin, H.W., 2011


Autofagia
Autofagia
Paciente crítico
Terapia nutricional oral Terapia nutricional enteral

Terapia nutricional parenteral

Paz LS, Couto AV. Avaliação nutricional em pacientes críticos: revisão de literatura. BRASPEN J. 2016;31(3):269-77 / McClave SA, et al. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support
Therapy in the Adult Critically Ill Patient. Society of Critical Care Medicine. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2016;40(8):1200
TNE – TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL
Breve histórico

Século XV: Capivacceus (1598): 1° tentativa de


administração de nutrientes no esôfago. Cateter
rudimentar (couro e prata)

1617: utilizando tubos de plantas ->


tentativa nasofaríngea

1876: Verneuil realiza primeira GTT e


1897 Surmay JTT -> Técnicas
aperfeiçoadas ao longo do tempo

1910: Einhorn: tubo de borracha


com peso de metal acoplado na
extremidade distal para
alimentação jejunal *
TNE – Legislação / conceitos

EMTN

NE (Nutrição Prescrição Prescrição


enteral) médica da NE dietética da NE
PRESCRIÇÃO MÉDICA DA NE

“Determinação das diretrizes, prescrição


e conduta necessárias para a prática da
TNE, baseadas no estado clínico
nutricional do paciente”
▪ Atribuições: o médico é responsável
pela prescrição médica da TNE.
PRESCRIÇÃO DIETÉTICA DA NE

EMTN “Determinação de nutrientes ou da


composição de nutrientes da NE, mais
adequada às necessidades específicas do
paciente, de acordo com a prescrição
médica”
▪ Atribuições: elaborar a prescrição
dietética com base nas diretrizes
estabelecidas na prescrição médica.

ANVISA, RDC n°63, 2000


TNE – Legislação / conceitos
EMTN

o Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN): grupo formal e


obrigatoriamente constituído de pelo menos um profissional de cada categoria, a
saber: médico, nutricionista, enfermeiro e farmacêutico, podendo ainda incluir
profissional de outras categorias, habilitados e com treinamento específico para a
prática da Terapia Nutricional-TN.

ANVISA, RDC n°63, 2000


TNE – Legislação / conceitos
NUTRIÇÃO ENTERAL:

o Alimento para fins especiais


o Ingestão controlada de nutrientes – isolada ou combinada
o Composição definida ou estimada
o Especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral
o Industrializada ou não

ANVISA, RDC n°63, 2000


TNE – Legislação / conceitos
NUTRIÇÃO ENTERAL:

o Utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a


alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades
nutricionais
o Regime: hospitalar, ambulatorial ou domiciliar
o Visa: síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos e sistemas

ANVISA, RDC n°63, 2000


Dietas enterais industrializadas – Composição nutricional

CARBOIDRATOS

PROTEÍNAS LIPÍDEOS
Dietas enterais industrializadas – Composição nutricional
Maltodextrina
Amido de milho
Sacarose
CARBOIDRATOS Polissacarídeos
Amido de tapioca
Amido de batata

PROTEÍNAS LIPÍDEOS

Caseína / caseinato de cálcio ou Óleos vegetais


sódio TCM
Isolado de proteína de soja Óleo de peixe
Proteína do soro do leite Lecitina de soja
Ptn isolada do leite ou Gordura láctea
concentrado proteico do leite
Lactoalbumina
Aa livres
Dietas enterais industrializadas – Composição nutricional

CARBOIDRATOS

Moléculas biológicas abundantes


CnH2nOn (n>3)

Intermediação de eventos célula-célula (marcadores imunoquímico;


processos intra e extra celulares – interação ptn/cho

-> DF (GLUT) / Cotransporte ativo Na dependente

Marshall, W.J. et al, Bioquimica Clínica, 3° edição, 2014; Nelson, D.L, COX, M.M. Príncipios de Bioquimics de Lehninger
Dietas enterais industrializadas

World Gastroenterology Organisation, 2018


Dietas enterais industrializadas – Composição nutricional

PROTEÍNAS

Polímeros de aa
Estrutura:
Ácido carboxílico (-COOH)
Grupo amino (-NH2)
Hidrogênio (-H)
Radical (grupo R – cadeia lateral)

Marshall, W.J. et al, Bioquimica Clínica, 3° edição, 2014; Nelson, D.L, COX, M.M. Príncipios de Bioquimics de Lehninger
Dietas enterais industrializadas - Composição nutricional

PROTEÍNAS

De acordo com a combinação de aa podem exercer funções ainda mais específicas

Hormônios (insulina)

Enzimas (tripsina)

Proteínas contráteis (actina/miosina)

Estruturais (colágeno)

Neurotransmissores

Fatores de crescimento

Moléculas de defesa imunológica

Transportadora de fluidos biológicos

Marshall, W.J. et al, Bioquimica Clínica, 3° edição, 2014; Nelson, D.L, COX, M.M. Príncipios de Bioquimics de Lehninger
Dietas enterais industrializadas - Composição nutricional

PROTEÍNAS

Fonte animal Fonte vegetal


Proteínas do leite Proteínas vegetais
Caseína Soro Soja Ervilha
Coagula em meio Permanece líquida Permanece líquida Permanece líquida
ácido em meio ácido em meio ácido em meio ácido
Esvaziamento Esvaziamento Esvaziamento Esvaziamento
gástrico lento gástrico mais gástrico mais gástrico mais
rápido rápido rápido

Marshall, W.J. et al, Bioquimica Clínica, 3° edição, 2014; Nelson, D.L, COX, M.M. Príncipios de Bioquimics de Lehninger
Dietas enterais industrializadas - Composição nutricional

PROTEÍNAS

PDCAAS SOLUBILIDADE

-> PDCAAS: Protein Digestibility Corrected Amino Acid Score


Qualidade da proteína
Relação entre: (conteúdo do aa limitante (mg/d) / aa em proteína de referência)
-> Valor obtido é corrigido pela digestibilidade -> utilização dos aa no organismo

-> Solubilidade: capacidade de interação com a água (distribuição de cargas


elétricas e proporção de grupos polares (hidrofílicos) e apolares (hidrofóbicos)

ANVISA, RDC n°63, 2000


Dietas enterais industrializadas - Composição nutricional

PROTEÍNAS PDCAAS

Soja

Carne moída
Lentilha
Amendoim
Trigo

US Dairy Expert Council,2007


Dietas enterais industrializadas - Composição nutricional

PROTEÍNAS SOLUBILIDADE

pH gástrico: 0.9 - 2

US Dairy Expert Council,2007


Dietas enterais industrializadas

Coagulação de proteínas no estômago -> aumento da intolerância


a TN e risco de vômito / broncoaspiração

o Método:
• RM (avaliação não invasiva) o tempo de esvaziamento gástrico de
fórmulas enterais com diferentes composições proteicas
• Duplo cego, randomizado / 21 voluntários saudáveis
DE: proteína do soro do leite +
caseína + soja + proteína de
ervilha

Dieta enteral 100% caseína

Dieta enteral 100%


proteína de soja

-> Meio ácido: baixo grau de solubilização reflete na formação de coágulos durante a
digestão -> lentificação do esvaziamento gástrico
*Ptn do soro: melhor digestibilidade e esvaziamento gástrico mais rápido
(gastroparéticos)
Dietas enterais industrializadas - Composição nutricional

LIPÍDEOS

Grupos de ácidos graxos (AG)


-> Ácidos carboxílicos formados por um número par de átomos de carbonos
Grupo carboxílico (COOH) em sua extremidade terminal
Organismo humano: armazenados sob forma de triglicerídeos

ANVISA, RDC n°63, 2000


Dietas enterais industrializadas - Composição nutricional

LIPÍDEOS

-> Lpd x NE – estudos escassos


Recomendação ótima (?)
Utiliza-se recomendações gerais para TNO

• Absorção prejudicada – gastroparéticos

Conversão Lipídeos -> ATP : demanda O2 e mitocôndrias (x hipóxia)

• UTI: heterogeneidade -> individualização

ANVISA, RDC n°63, 2000


Dietas enterais industrializadas - Composição nutricional

• Estudo transversal, observacional e descritivo

Serviço de Nutrição Enteral e Parenteral de um hospital filantrópico - Salvador - BA,


Analisadas 16 DE -> [LPD] (g/L), fonte, relação Ω6/ Ω 3

Resultados:
• 75% de acordo com recomendações de ingestão lipídios (25% não)
• TCM: mais frequente
• Relação w6:w3 -> inferior a recomendação da Food and Agriculture Administration and World
Health Organization (FAO/WHO)

**Competição enzimática (dessaturação e alongamento)


Quociente: 5:1 a 10:1 -> estudos
Dietas enterais industrializadas - Composição nutricional

Óleo de canola: ômega 6 -> Produção eicosanóides pró TCM: reduz CCK –> acelera esvaziamento gástrico
inflamatórios

Dias, D.B.; Alves, T.C.H, Rasbran, 2019


Dietas enterais industrializadas - composição
Dieta A:

Dieta B:
Dietas enterais industrializadas

COMPLEXIDADE DE
NUTRIENTES

DENSIDADE CALÓRICA

QUANTIDADE DE ÁGUA

OSMOLARIDADE

APORTE DE
MACRONUTRIENTES

Marshall, W.J. et al, Bioquimica Clínica, 3° edição, 2014


Dietas enterais industrializadas
A) Complexidade de nutrientes:
Macronutrientes, em especial a proteína,
apresentam-se na forma intacta (polipeptídeo)
POLIMÉRICA *Nitrogênio fornecido sob a forma da ptn inteira
*Cho: amido parcialmente hidrolisado
*Gordura: TCM

SEMI-ELEMENTAR Especial a proteína na sua forma parcialmente


OLIGOMÉRICA hidrolisada
*Nitrogênio: peptídeos curtos
*Gordura: TCM E TCL

ELEMENTAR Forma totalmente hidrolisada (aminoácidos)


*Nitrogênio: aa
*Cho: glicose
*Gordura: TCM E TCL (menor quantidade)

Marshall, W.J. et al, Bioquimica Clínica, 3° edição, 2014


Dietas enterais industrializadas
A) Complexidade de nutrientes:

ELEMENTAR Forma totalmente hidrolisada (aminoácidos)


*Nitrogênio: aa
*Cho: glicose
*Gordura: TCM E TCL (menor quantidade)

Marshall, W.J. et al, Bioquimica Clínica, 3° edição, 2014;


Dietas enterais industrializadas
B) DC: densidade calórica

Classificação Valor densidade


(kcal/mL)
Muito baixa <0,6 Acentuadamente hipocalórica
Baixa 0,6 a 0,8 Hipocalorica
Padrão 0,9 a 1,2 Normocalorica
Alta 1,3 a 1,5 Hipercalorica
Muito alta >1,5 Acentuadamente hipercalorica

C) Quantidade de água
Densidade Conteúdo de água Conteúdo de água
calórica (mL/litro de dieta) (%)
0,9 a 1,2 800 a 860 80 a 86
1,5 760 a 780 76 a 78
2 690 a 710 69 a 71
Dietas enterais industrializadas
D) Osmolaridade

Categorização Valores de osmolaridade


Hipotônica 280 a 300
Isotônica 300 a 350
Levemente hipertônica 350 a 550
Hipertônica 550 a 750
Acentuadamente hipertônica >750
E) Aporte de macronutrientes
Hipoproteica <10%
Proteína Normoproteica Entre 10 e 20%
Hiperproteica >20%

Hipolipidica <15%
Lipídeos Normolipidica Entre 15 a 35%
Hiperlipidica >35%
Dietas enterais artesanais
• Preparadas a base de alimentos in natura, produtos alimentícios e / ou módulos
de nutrientes
*In natura: leites, ovos, carnes, frango, legumes, verduras, leguminosas, cereais e frutas. Já os produtos
alimentícios representam os alimentos que passaram por algum
*Produtos alimentícios: algum processo de industrialização, como suplementos protéicos, leites em pó,
ovos na forma liofilizada, óleos vegetais, açúcar, amido de milho

• Watzberg (2017): liquidificada e preparada artesanalmente em cozinha


doméstica ou hospitalar
• Conservação:

Projeto Diretrizes: Recomendações para preparo da NE, 2011


Dietas enterais

CASEIRA/ARTESANAL INDUSTRIALIZADA
Vantagens
Individualização
Individualização (composição nutricional) Menor manipulação
Volume ofertado Maior estabilidade microbiológica e
Custo bromatológica
Tempo de preparo reduzido
Desvantagens

Instabilidade bromatológica e *Semipronta: pó


organoléptica Problemas na viscosidade
Possibilidade de contaminação Domínio da reconstituição
microbiológica
Dificuldade na mensuração de composição

ANVISA, RDC n°63, 2000; Waitzber, 2017


Métodos de infusão da NE

INTERMITENTE
CONTÍNUA
(gravitacional ou bolus)
X

Requer BIC (bomba de Mais semelhante à dieta


infusão continua) habitual (horários de
refeições = etapas)
Indicado para os que não
toleram grandes volumes e Permite maior autonomia /
hospitalizados possibilidade de
deambulação ao paciente
Métodos de infusão da NE

CONTÍNUA

• Requer BIC
• Cálculo na prática: 22 horas de infusão (considerar pausa para banho / medicamento /
troca de frasco)
• A cada troca de etapa : irrigar o cateter enteral com 20 a 30mL de água
potável
Métodos de infusão da NE

INTERMITENTE

1- BOLUS: administração de um volume maior (100 a 300 mL)


Mais rápida, com o auxílio de uma seringa de 20 ou 50 mL
->Deve ser realizada a cada três ou quatro horas/ repetida em até 6x/dia

*Atenção: Cada período de administração dura 10 a 15 minutos


Cada 50 mL deve ser infundido em até três minutos

*Evitar: desconfortos abdominais, náuseas, vômitos ou diarreia


Métodos de infusão da NE

INTERMITENTE

2-GRAVITACIONAL: utilização de frasco com dieta; volume de até 300mL por


horário
Atenção: injetar 20 a 30ml de água antes e depois da infusão da dieta
Métodos de infusão da NE gravitacional : Caso clínico

Paciente J.L.M, 39 anos, sexo feminino


Admissão: RNC, IRPA -> IOT/VM
COVID 19 (?)
Peso estimado: 65kg
Estatura: 1,64m
1° dia pós admissão: estabilizada, exames bioquímicos adequados

Gravitacional.. E AGORA?

1° Passo: calcular a necessidade energética e proteica


2° Passo: determinar composição NE (osmolaridade, composição macro, DC)
3° Passo: determinar o tempo de infusão (1 hora / 3 horas) e quantos horários
Avaliar TGI, comorbidades, estado nutricional, quadro clínico
4º Passo: mais cálculos
Métodos de infusão da NE gravitacional – Caso clínico

Gravitacional: 20 gotas = 1mL

Paciente J.L.M, 39 anos, sexo feminino


Admissão: RNC, IRPA -> IOT/VM
COVID 19 (?)

-> Eutrófica / Fase I resposta ao trauma


15 a 20kcal/dia (BRASPEN, 2018):
Entre 960 – 1280kcal => 1120kcal

->Dieta escolhida: fórmula padrão, polimérica, normocalórica e normoproteica,


DC=1.0kcal/ml a correr durante uma hora - 6x/dia (conforme protocolo
institucional -> Exemplo: 6/9/12/15/18/21horas )
Tenho: 1120mL (DC=1.0) : 6 = 186,6mL/etapa -> 190mL
1mL – 20 gotas
190mL – x gotas // x= 3800 gotas/etapa

Minha etapa dura 1 hora (60 minutos) => 3800 : 60 = 63 gotas/min


Métodos de infusão da NE gravitacional – Caso clínico

-> Cálculo final: 63 gotas /minuto

** Pinça rolete (equipo): permite o controle da velocidade de gotejamento da dieta


Utilize o polegar: movimento sutil na roldana -> modifica imediatamente o
gotejamento da dieta
Caso clínico II
Homem, 59 anos, admitido devido a TCE (queda de árvore durante o trabalho)
HPP: HAS, DM, sedentário, ex tabagista

(...) GET fase I: 1440 kcal/dia


Fórmula: Hipercalórica, normoproteica, DC 1.5kcal/ml

• Calcule como será a prescrição nutricional nos métodos:


A) BIC
B) Bolus (5 etapas/dia)
C) Gravitacional (5 etapas/dia – infusão em 1 hora)
Caso clínico II - respostas
• Calcule como será a prescrição nutricional nos métodos:
A) BIC GET fase I: 1440 kcal/dia
B) Bolus (5 etapas/dia) Fórmula: Hipercalórica, normoproteica, DC
C) Gravitacional (5 etapas/dia) 1.5kcal/ml

A) 1440: 1,5 = 1200mL


1200 : 22horas = 54,5mL/h

B) 1440: 1,5 =1200mL


1200 : 6 = 200mL/etapa

C) 1440: 1,5 = 1200mL


1200: 5 = 240mL/etapa
20 gotas – 1 mL
x gotas – 240mL
x= 4800 gotas

-> Infusão em 1hora:


4800 gotas : 60min => 80gotas/min
Métodos de infusão da NE - gravitacional

Gravitacional: 20 gotas = 1mL

Infusão em 1 hora:
Volume de dieta em mL Gotas por minuto
100 35
150 50
200 70
250 85

Infusão em 3 horas:
Volume de dieta em mL Gotas por minuto
300 35
400 45
500 56
NE na UTI

QUANDO COMEÇAR ?
Quando começar:

Mc Clave, S.A. et al, 2016; SINGER P. et al. Clinical Nutrition. 2019; Van Dick et al, 2018; Wernerman J. et al,2019.
Quando começar:

• ESICM: Sociedade Europeia de Medicina Intensiva


• ESPEN: Sociedade Europeia de nutrição clínica e metabolismo
NE Precoce
• Funções:
Manter fluxo sanguíneo local e liberação de
hormônios e agentes endógenos (CCK, gastrina, ácidos
biliares)

Prevenir perda de barreira intestinal -> aumento de


permeabilidade -> translocação bacteriana

Reduzir hipermetabolismo e catabolismo (associados a


resposta inflamatória sistêmica)

Modular estresse metabólico e resposta imune

Manter funcionamento do tecido linfóide intestinal e


liberação de IgA (reduzir complicações infecciosas)

Manter a integridade funcional e trofismo do TGI

ESICNM 2017
Novas evidências...

Microbioma -> patobioma

Aproximadamente 6h
após doença grave

Pontilhado: afrouxamento
das junções logo
passagem das patogênicas
->translocação bacteriana
NE Precoce
❖ Inicio precoce NE x tardio
❖ Meta-análise (2011): 21 estudos randomizados e controlados (N=936 pacientes)

Menor mortalidade hospitalar (RR = 0,70; IC 95%, 0,49–1,00; p = 0,05)


Menor número de complicações infecciosas (RR = 0,74; IC 95%, 0,58–0,93; p = 0,01)

❖ Meta-análise (2017): mais recente e rigorosa nos critérios de inclusão -> 12


estudos randomizados e controlados (N = 662 pacientes)

Não demonstrou impacto na mortalidade hospitalar (RR 0,76;IC 95% p = 0,149)


Menor número de complicações infecciosas (RR 0,64; IC 95% 0,46–0,90; p = 0,010)

DITEN, 2018; APEN, 2016


Critérios de indicação no paciente crítico

Trato gastrointestinal funcionante

Impossibilidade de ingesta oral >60% do GET em até 5 dias

Pacientes desnutridos pré OP cirurgia médio / grande porte

Pacientes queimados, infecção grave, trauma extenso

Lesões SNC, RNC

Síndrome do intestino curto, pancreatite aguda grave

Lesão de face e mandíbula, CA boca, hipofaringe

Disfagia muscular ou neurológica

Estabilidade hemodinâmica, pós ressuscitação


Waitzberg, 2017; AMIB, 2020.
Contra indicação

ESICM clinical
practice guidelines
(2017)

ESPEN
(2019)
Contra indicação

ASPEN
(2017)

DITEN
(2019)
Contra indicação
Contra indicação
Contra indicação

Revisão narrativa

Revisão narrativa
Recomendação 2: Em caso de obstrução intestinal

Recomendação 3: Em caso de circulação esplâncnica


comprometida como choque não tratado, isquemia
intestinal evidente, síndrome compartimental
abdominal e hipertensão intra-abdominal
Contra indicação

Revisão narrativa

Revisão narrativa

Recomendação 4: Casos de fístula de alto débito sem


controle
Recomendação 5: Sangramento gastrointestinal

Recomendação 6: Elevado resíduo gastrointestinal


(>500ml/6h)
Drogas vasoativas
Substâncias com efeitos vasculares e periféricos, pulmonares e/ou cardíacos
Resposta dose dependente
Atua nos receptores do endotélio vascular (b-adrenérgicos/ alfa adrenérgicos ou ambos)

Hipoperfusão tissular
CHOQUE
Pode persistir apesar da expansão
TRAUMA CIRURGIAS de volume rigorosa

OTIMIZAR O
TÔNUS
DÉBITO
VASCULAR
CARDÍACO

Elevação da FC
Aumento na atividade SN simpático
Mudança de postura / posição

Mc Clave, S.A. et al, 2016; SINGER P. et al. Clinical Nutrition. 2019; Van Dick et al, 2018; Wernerman J. et al,2019.
TN x VASOPRESSORES
Alterações do TGI durante o choque:
Condições normais:
TGI completo (região hepatoesplâncnica) : demanda 25% do DC
Oferta de O2 :

Leito vascular intestinal : compensação

Taxa de extração de O2 local


Saturação venosa intestinal

Fluxo sanguíneo pode reduzir à metade, sem


alterações no consumo de O2 local

• Porém: mucosa TGI particularmente sensível à alterações de fluxo sanguíneo


(arquitetura microvascular das vilosidades) -> rompimento de barreira protetora
EFEITO DOS VASOPRESSORES E IONOTRÓPICOS NA PERFUSÃO DO TGI

Fluxo sanguíneo esplâncnico é altamente dependente do DC


Mudanças hemodinâmicas e na distribuição do fluxo -> alteração de perfusão de
TGI
Vasoconstrição secundária
Alterações estruturais

Aumento da permeabilidade Atrofia de mucosa Maior produção local


do epitélio intestinal citocinas pró-inflamatórias

Quebra de barreira Translocação bacteriana

Processo inflamatório Disfunção orgânica

TOLEDO, D. 2019
TN X VASOPRESSORES
EFEITO DOS VASOPRESSORES E IONOTRÓPICOS NA PERFUSÃO DO TGI

TOLEDO, D. 2019
EFEITO DOS VASOPRESSORES E IONOTRÓPICOS NA PERFUSÃO DO TGI

ISQUEMIA INTESTINAL NÃO OCLUSIVA

Distensão Dor intensa ao Acidose Hemorragia


abdominal exame físico metabólica digestiva

DOSES ESTÁVEIS OU PARÂMETROS ADEQUADOS


DECRESCENTES DE PERFUSÃO

Valor limite?
EFEITO DOS VASOPRESSORES E IONOTRÓPICOS NA PERFUSÃO DO TGI
TN X VASOPRESSORES
EFEITO DOS VASOPRESSORES E IONOTRÓPICOS NA PERFUSÃO DO TGI

Precursor imediato da adrenalina (epinefrina) e da noradrenalina (norepinefrina)


Efeitos farmacológicos - dose dependente
>10 µg/kg/min: ação alfa adrenérgica

PA (elevação do DC, pouco efeito na RVS)


Oferta global de O2 Taxa de extração de oxigênio => pouca melhora na
oxigenação tecidual
DOPAMINA
Receptores TGI (perfusão esplâncnica):
dopaminérgicos
** Aumento de 23 a 34% no fluxo sanguíneo esplâncnico
**Melhora de 20% da perfusão da mucosa jejunal e consumo de O2

Estômago:
Reduz o peristaltismo gástrico -> mesmo em NE
EFEITO DOS VASOPRESSORES E IONOTRÓPICOS NA PERFUSÃO DO TGI

Catecolamina endógena liberada pela glândula adrenal em resposta a


estimulação simpática

Potente efeito nos receptores adrenérgicos β1 e moderado nos β2 e α1

Aumento DC RVP
ADRENALINA
TGI:
Maior vasoconstrição esplâncnica / não é primeira escolha

** Efeito deletério na mucosa gástrica e aumento do lactato


** Uso: restrito a casos que não respondem a outros agentes iniciais
EFEITO DOS VASOPRESSORES E IONOTRÓPICOS NA PERFUSÃO DO TGI

Potente agonista alfa adrenérgico com efeitos beta menos pronunciados


Efeito hemodinâmico:
PAM (efeito vasoconstritor) sem deteriorar DC nem FC

NORADRENALINA
TGI:
** Amenta a perfusão esplâncnica
** Aumenta a taxa de extração de O2 local
** Não altera de maneira expressiva a perfusão da mucosa jejunal

Efeito agonista nos receptores adrenérgicos


Ação rápido / duração curta
FENILEFRINA PAM, DC, RVS, Volume sistólico sem alterar a FC

Comum: tto da hipotensão associada a indução anestésica


TGI:
** Reduz a perfusão esplâncnica (comparado a noradrenalina)
EFEITO DOS VASOPRESSORES E IONOTRÓPICOS NA PERFUSÃO DO TGI

Hormônio: efeito diurético e vasoconstritor


Síntese: Hipotálamo
VASOPRESSINA Armazenamento: neuro hipófise
Liberada em resposta a elevação da osmolaridade plasmática, hipovolemia
grave ou hipotensão
Atua: receptores V1 no músculo liso

-> Eixo: restaurar tônus vascular; aumentar sensibilidade a outros VP


TGI:
** Reduz significativamente a perfusão da mucosa jejunal

Catecolamina sintética
Ação: efeitos alta e beta 1 adrenérgicos
DOBUTAMINA Prenominantemente ionotrópica, com ações sobre a PAM
Alterações hemodinâmicas: provoca aumento da FC e DC com redução RVS

TGI:
**Aumenta a oferta de O2 para a mucosa -> acréscimo de fluxo sanguíneo local
em decorrência de aumento do debito cardíaco
EFEITO DOS VASOPRESSORES E IONOTRÓPICOS NA PERFUSÃO DO TGI

AGENTE EFEITO
Dobutamina Aumenta o fluxo sanguíneo para a mucosa
Dopamina Redistribui fluxo para a serosa
Aumenta oferta de O2
Noradrenalina Aumenta o fluxo esplâncnico
Não reduz o fluxo para a mucosa
Adrenalina Diminui fluxo esplâncnico
Vasopressina Vasoconstrição intestinal

Complicações: Até 46% podem não tolerar DVA e TNE


INTOLERÂNCIA

150 a 500mL
VRG >500ml Presença de
Duas mensurações
Única mensuração vômitos
consecutivas

RHA
RHA x início de TNE

Consenso especialistas: sinais de peristalse


ASPEN intestinal – RHA+, eliminação de flatos – devem
(2016) ser avaliados, porém ausência não deve impedir /
retardar o início da NE
RHA: não necessariamente relacionam-se a
integridade de mucosa, funcionalidade de
barreira ou capacidade absortiva

DITEN Monitorar a TNE


(2018)

NE deve iniciar independentemente da presença


ESPEN de ruídos intestinais a não ser em situações de
(2019) isquemia ou obstrução suspeitas em pacientes
com diarreia
Avaliação de abdome

INSPEÇÃO AUSCULTA

PERCUSSÃO PALPAÇÃO

Baid H. Br J Nurs. 2009;18(18):1125-9


Avaliação de abdome
Decúbito dorsal / pernas estendidas
INSPEÇÃO Sinais da pele (icterícia, palidez, estrias, ulceração por pressão)
Contornos (assimetrias, hérnias, neoplasias, escavado, globoso –adiposo ou)

Quatro quadrantes, de forma superficial para avaliar os ruídos


hidroaéreos e peristalse (estetoscópio) / Fossa ilíaca direita – válvula óleo
cecal (maior probabilidade)
AUSCULTA 1-Normal: 5 a 35 x/min
2-Reduzido: suaves e espaçados -> motilidade reduzida, DII, PO, isquemia
mesentérica
3-Ausentes: nenhum som intestinal após 2 min -> Íleo paralitico, peritonite
4-Elevados: gastroenterite, diarreia, laxante, obstrução intestinal

Baid H. Br J Nurs. 2009;18(18):1125-9


Avaliação de abdome

Avaliar a sensibilidade, integridade anatômica e grau de


distensão da parede abdominal

Dores abdominais: localizá-las e iniciar área mais distante


A) Palpação leve: Palma da mão ou dedos (não utilizar as pontas).
PALPAÇÃO Identifica-se:
- Rigidez generalizada de músculos: peritonite (?)
- Rigidez localizada: apendicite ou colecistite (?)

B) Palpação profunda: parte plana da mão direita, coberta pela mão esquerda. As
pontas dos dedos exercem uma pressão suave e constante.

Avaliar o som timpânico (domínio das alças intestinais) sobre órgãos


que contém ar
PERCUSSÃO
Permite delimitar os órgãos maciços (fígado e baço), além de massas e ascite.
O timpanismo aumenta na presença de excesso de gases (ex: aerofagia,
obstrução intestinal e pneumoperitônio)

Dangelo, F., et al, 2005;Baid, H., 2009; Protocolo SCM-JF, 2020


Avaliação de abdome

https://www.youtube.com/watch?v=Td-bh47Oh50

Dangelo, F., et al, 2005;Baid, H., 2009; Protocolo SCM-JF, 2020


TN:
TGI íntegro

Pós ressuscitação volêmica

Hemodinamicamente compensado

Bem perfundido

Início de TN
TNE:
Posicionamento da sonda
Gástrica:
• Tecnicamente mais fácil
• Reduzir tempo entre indicação x início TN

Pós pilórica:
• Melhora oferta de nutrientes
• Reduz risco de PNM (sem alterar risco de mortalidade, internação ou VM)

->ELEVADO RISCO DE INTOLERÂNCIA OU ASPIRAÇÃO:


Considerar posicionamento entérico

Idosos em VM, redução DRGE Uso de ionotrópicos,


nível de consciência Gastroparesia sedativos, bloqueadores
Dismotilidade neuromusculares
Posicionamento da sonda

Além do piloro ou distal ao ligamento de Treitz


->Estrutura anatômica (consistência fibrótica) -> função de fixar a junção
duodenojejunal
->Flexura que marca a transição do duodeno para o jejuno no pilar direito do
diafragma

Atenção: fundamental raio X de confirmação de posicionamento

ESICNM 2017
Posicionamento da sonda

Prospectivo / Randomizado / Clínico N= 101 adultos / 21 dias (avaliação)

Posicionamento gástrico x entérico (duodenal)


Graves x menos graves

Sem diferença : Entre os mais graves:


Aporte diário de energia e proteína Gástrico: Aporte de energia e proteína
Complicações gastrintestinais Piora do BN
Balanço nitrogenado Complicações intestinais
Tempo de permanência na UTI Permanência na UTI

• Conclusão: gravemente enfermos -> recomenda-se posicionamento pós pilórico


Posicionamento da sonda
Posicionamento x broncoaspiração
Identificação de pacientes potencialmente em risco de broncoaspiração

Idade > 70 anos Má higienização Posição supina Posição supina


bucal

Nível de alerta Inadequação Doença DRGE


reduzido enfermagem neurológica

Infusão bolus

-> PNM e colonização bacteriana na árvore respiratória superior é mais associada a


aspiração de secreção orofaríngea contaminada do que regurgitação e aspiração de
conteúdo gástrico contaminado

ASPEN, 2016
Posicionamento x broncoaspiração
Prevenção broncoaspiração:

Prescrição agentes promotores de motilidade – procinéticos


(metroclopramida ou eritromicina)

Elevação de cabeceira 30 a 45°

Uso de clorexidina

• Redução do risco de PNM: de 23 para 5% comparando


posição supina com semirecumbente

• Otimização da saúde buccal (clorexidina diariamente):


demonstrou redução da infecção respiratória e PNM em
paciente cirúrgicos cardíacos

Outros passos: reduzir nível de sedação/analgesia

Videodeglutograma: https://www.youtube.com/watch?v=CjLvG7rz684

ASPEN, 2016
Tipos de sondas
• Calibre: 1 French=0,33 mm
• Seleção do calibre: viscosidade da NE, método de administração, idade e
estrutura corpórea do paciente
• Tamanho adultos: 91 a 150cm de comprimento e entre 10, 12 e 15Fr de
diâmetro
• Parte distal (ogiva): formato arredondado
• Material: poliuretano ou silicone

Poliuretano Silicone
Mais biocompatíveis Mais flexíveis / maleáveis
(confortáveis)
Causam menos reações

• Fio guia: facilita passagem


• Material radiopaco: permite visualização em imagens radiográficas
Tipos de sondas
• Nasogastrica : 35 cm x diâmetro de 9 a 24 French
• Nasojejunal

• Inovação: sonda gastrojejunal


Maior controle de situações clínicas (gastroparesia, distensão, necessidade de
abertura de sonda, vômitos)
Permite drenagem no estômago e nutrição no intestino
• Via gástrica para drenagem – calibre 16 French x 95cm de comprimento
• Via entérica – calibre 9 French x 150 a 170cm de comprimento
GTT e JJT
• Gastrostomias: silicone (comumente)
Diâmetro: 14 a 16Fr
Âncora ou balão de fixação interna e discos de fixação externa
Colocação: percutânea endoscópica (GEP), radiológica percutânea, cirúrgica, aberta
(Stamm, Witzel, Janeway), laparoscópica

• Jejunostomias:
Diâmetro 8 a 10 Fr
Colocação: técnica endoscópica percutânea (JEP) ou cirúrgica aberta (Wtzel)
Instalação de cateter para NE
Material utilizado:

Bandeja
Luvas de procedimento;
Cateter / sonda de silicone ou poliuretano com fio guia
Gel hidrossolúvel ou xilocaína geleia (2%)
Compressa, gaze, algodão
Álcool a 70%
Seringa de 20mL
Estetoscópio
Copo com água (se necessário)
Biombo (se necessário)
Instalação de cateter para NE

EBSERH, POP Cateterismo Enteral, 2016


Instalação de cateter para NE

EBSERH, POP Cateterismo Enteral, 2016


Raio X : confirmação de posicionamento

Sonda gástrica Sonda pós pilórica


Raio X : confirmação de posicionamento

Sonda pulmão TCE (fratura de assoalho de órbita,


esfenóide, mastóide e osso temporal)
Métodos de infusão
Intermitente x continuo

Intermitente Contínuo
Estímulo a síntese proteica Diarreia x sem diferença
Volume residual gástrico Alcance de meta energética
Risco de aspiração Interrupções

• Poucos estudos
• Amostra pequena – grupos variados
• Paciente crítico: essa diferença nem sempre é traduzida em vantagens clínicas

Conclusão:
✓ ESPEN: ambos podem alcançar obetivos – sem feitos colaterais
✓ DITEN: poucas publicações – sem diferença quanto desfecho clínico

DITEN, 2019; ESPEN, 2019


Volume residual gástrico - VRG

Do not use gastric residual volumes as part of routine care to monitor ICU
ASPEN patients receiving EN
(2016)

DITEN Sugerimos que a mensuração do VRG não deva ser utilizada de rotina em
(2018) pacientes críticos.

The measurement of gastric residual volume (GRV) for the assessment of


ESPEN gastrointestinal dysfunction is common and may help to identify
(2019) intolerance to EN during initiation and progression of EN. However,
monitoring of established EN with continued measurements of GRV may
not be necessary [110]. We suggest that enteral feeding should be
delayed when GRV is >500 mL/6 h
Volume residual gástrico - VRG
• Doze estudos prospectivos: avaliaram o uso da mensuração do VRG em pacientes
críticos VM (6 ensaios clínicos randomizados + 6 estudos observacionais)

Nenhum dos estudos encontrou associação entre o VRG e taxas de


complicações

Não há técnica de validação Não há volume limite de corte


validada identificado
Cálculo da necessidade nutricional

• Comenta sobre a metanálise de Marik e Hooper


• Desafia a certeza de que quanto mais calorias, melhor para paciente crítico

• Revisão de estudos randomizados :

Sem diferença de prognósticos entre estratégia “hipocalórica” ou “trófica”


em comparação com alimentação “normocalórica”
Cálculos de necessidade energética

Singh, R; Cuervo, A.M. , 2011.; SINGER P. et al. Clinical Nutrition. 2019; Van Dick et al, 2018; Wernerman J. et al,2019.
Cálculos

UTI: UTI:
• Até o 4° dia: 15 a 20kcal → alcance de 75% →
• Entre 1° e 4° dia ou até durar a fase aguda: progressão gradual
15 a 20kcal • Proteína: entre 1,2 a 2g/kg
• Proteína: 1,5 a 2g/kg → mesmo em disfunção
renal aguda
▪ Excesso de peso e obesidade:
• TRS: até 2,5g/kg
IMC entre 30 a 50: 11 a 14kcal/kg PA
IMC >50: 22 a 25kcal/kg de PI
▪ Obesidade:
IMC (30 a 50kg/m²): 11 a 14kcal/PA
Pós aguda: 30kcal
IMC >50kg/m²: 22 a 25kg/PI
Proteína: 1,5 a 2g/kg
Proteína: 2 a 2,5g/kg PI
Pós aguda: 25kcal • Após alta:
35kcal/kg de peso
Reabilitação: 35kcal Proteína: 2 a 2,5g /kg

BRASPEN J, 2020 e 2021; ASPEN, 2020,ESPEN 2020, ESPEN, 2021, Grupo de especialista em Terapia Intensiva, ASPEN 2020
Cálculos

UTI: Peso ideal = A² x IMC médio


• Não exceder 70% CI (nutrição hipocalórica)
• Após 3° dia: progressão para 80 a 100% Adultos: 25kg/m² Idosos: 28kg/m²
• Equação preditiva: 70% calculado
Peso ajustado = PI + (PA –PI) x 0,33

▪ Obesidade:
1° semana: 70% da CI
Fórmulas preditivas:
-Até D3 ou D7: 20kcal/ PAJ
-A partir da 2° semana: 25kcal / PAJ
Proteína: 1,3g/kg Pajustado

Fase tardia: 20 a 25kcal/kg

BRASPEN J, 2020 e 2021; ASPEN, 2020,ESPEN 2020, ESPEN, 2021, Grupo de especialista em Terapia Intensiva, ASPEN 2020
Complicações da NE:

Mecânicas e sépticas Metabólicas TGI

Hiperglicemia
Obstrução da sonda; hiperalimentação;
Posicionamento síndrome da Diarreia; vômito; refluxo
inadequado; realimentação; gastroesofágico;
Deslocamento; hiper/hiponatremia; gastroparesia; isquemia
Infecções hipercalcemia; intestinal; constipação
relacionadas a sonda deficiência de
nutrientes
Complicações da NE:

Mecânicas e sépticas

Prevenção:
Obstrução da sonda; Posicionamento no leito; fixação da
Posicionamento
sonda; sedação; confirmação da posição
inadequado;
Deslocamento; por radiografia abdominal; lavagem
Infecções para desobstrução
relacionadas a
sonda; aspiração
Complicações da NE:

PREVENÇÃO
Metabólicas
HIPERGLICEMIA Monitorização;
hipoglicemiantes orais
Hiperglicemia;
DESIDRATAÇÃO Controle na ingestão e
hiperalimentação;
HIPERTÔNICA infusão de fluidos;
síndrome da avaliação BH; avaliar
realimentação; edemas, turgor da pele
hiper/hiponatremia;
hipercalcemia; HIPER- Controle na ingestão e
deficiência de HIDIRATAÇÃO infusão de fluidos;
nutrientes avaliação BH; acompanhar
eletrólitos; diurético
BH:
PÓS GRADUAÇÃO: NUTRIÇÃO HOSPITALAR APLICADA À UTI
Módulo : terapia nutricional enteral
Dia 02

Docente: Arícia Mendes Ferreira


@nutri.ariciamfe ariciamendes@hotmail.com
Complicações da NE:

PREVENÇÃO
Metabólicas
HIPERGLICEMIA Monitorização;
hipoglicemiantes orais
Hiperglicemia; DESIDRATAÇÃO Controle na ingestão e
hiperalimentação; HIPERTÔNICA infusão de fluidos;
síndrome da avaliação BH; avaliar
realimentação; edemas, turgor da pele
hiper/hiponatremia; HIPER- Controle na ingestão e
hipercalcemia; HIDIRATAÇÃO infusão de fluidos;
deficência de nutrientes
avaliação BH; acompanhar
eletrólitos; diurético
Síndrome da realimentação

Objetivo: orientação clínica para prevenção e o gerenciamento

Conceito: historicamente descrita


Ingestão calórica reduzida ou ausente
Reintrodução / aumento da provisão calórica
Alterações metabólicas e eletrolíticas
Complicações potencialmente graves

-> Calorias de qualquer fonte: NO, NE, NO ou dextrose (IV) – solução de dextrose a 5%
Síndrome da realimentação
• Incidência: desconhecida (definição) / identificação desafiadora
Característica: hipofosfatemia (estudos evidenciam incidência elevada)
Não é único critério
Definição: redução
P, K, Mg

Diagnóstico estratificado:

LEVE MODERADA GRAVE

>30% e/ou disfunção


orgânica resultante de
Entre 10 a 20% Entre 20 a 30% redução em qualquer um
destes e/ou devido a
deficiência de tiamina

• Ocorre dentro de 5 dias após reiniciar ou aumentar o fornecimento de energia

ASPEN, 2020
Síndrome da realimentação: Sinais e sintomas

ASPEN, 2020
Síndrome da realimentação: Sinais e sintomas

ASPEN, 2020
Síndrome da realimentação
➢ Risco:

Bariátrica e
Anorexia Transtornos de Uso crônico de
ressecções
nervosa saúde mental álcool
intestinais

Síndromes Militares e
Oncológicos Paciente crítico
disabsortivas atletas

*AN: associada à restrição energética autoinfligida -> perda de peso -> desnutrição
Grupo mais estudado para incidência de SR
**Transtornos: efeitos colaterais de medicamentos, alucinações, ansiedade (reduz número de refeições)
**Álcool: deficiência na dieta em vitaminas e minerais essenciais
**Bariátrica: má absorção, perda de eletrólitos (vômitos)
***Atletas: população negligenciada, tida como saudável x rotina de exercício físico x ingesta oral inadequada
**Oncológicos: fome prolongada, perdas eletrolíticas, Qx – náusea, vomito, anorexia, mucosite, diarreia
**Jejum prolongado, estado inflamatório, descompensação metabólica

ASPEN, 2020
Síndrome da realimentação x NE

Verificar: P, K, Mg

Iniciar TN : 10 – 20kcal/kg durante Adiar início ou aumento em


as 24 primeiras horas pacientes com níveis gravemente
baixos até a correção
Avançar em 33% a meta a cada 1 a
2 dias
Se: eletrólitos tornarem difíceis de corrigir ou caírem
rapidamente durante o início da NE
** Suplementar tiamina (100mg – 5 a 7
dias) antes da alimentação ou antes IV
dextrose Reduzir calorias em 50% e avance
** Adicionar multivitamínico 1x/dia por 10 aproximadamente 33% na meta a
ou mais dias cada 1 a 2 dias
** Verificar sinais vitais a cada 4 horas
durante 24horas após inicio da NE
** Avaliar diariamente metas curto e longo
prazo – até estabilização

ASPEN, 2020
Complicações da NE:

TGI

Diarreia; vômito; refluxo


gastroesofágico;
gastroparesia; isquemia
intestinal; constipação
Complicações da NE:

POSSÍVEL CAUSA PREVENÇÃO


TGI NÁUSEA E Gastroparesia: trauma, Isotônicas; cabeceira elevada
VÔMITO sepse, manipulação 30 a 45°, medicações
peritoneal; velocidade procinéticas (eritromicina x
infusão / osmolaridade; cardiotoxicidade, taquifilaxia),
intolerância a lactose avaliar meta nutricional
Diarreia; vômito;
refluxo DISTENSÃO Velocidade infusão, Reavaliar meta nutricional e
ABDOMINAL temperatura, demais cuidados
gastroesofágico; disabsorção,
gastroparesia; medicações
isquemia intestinal;
LENTIDÃO NO Gastroparesia, cirurgia Avaliar necessidade de
constipação ESVAZIAMENTO TGI, medicações abertura de sonda; deambular,
GÁSTRICO (opioides) reavaliação
Diarreia
Definições diversas -> dificulta uniformização de condutas e epidemiologia
Recomendação:
Presença simultânea de três ou mais evacuações por dia, com peso de fezes
>220gramas/dia e consistência líquida ou semilíquida (5 a 7 escala de Bristol)

Causas:
• Diarreia infecciosa – induzida por antimicrobianos, fármacos, fecaloma
• Infusão da NE
• Isquemia intestinal A dieta não deve ser interrompida – etiologia
• Parasitoses deve ser investigada
• DII
Diarreia
Causas:

Medicamentos Infecções
(Clostridium dificile)
Fatores da NE

** Medicamentos:
Efeitos adversos, toxicidade, alterações microbiota intestinal
Antibióticos, inibidores de bomba de prótons, procinéticos, anti-inflamatórios não-
esteroides, agentes hipoglicemiantes orais, laxantes, preparações contendo sorbitol
e inibidores da recaptação de serotonina

Antibióticos Menor absorção VO ; excreção hepatobiliar (maior


associados alteração microbiota no cólon)
Ampicilina, tazobactan,amoxicilina,
clidamicina,cefalosporina
Menos associados Aminoglicosideos (amicacina, gentamicina), rifampicina e
bacitracina metronidazol e vancomicina

DITEN, 2019; ASPEN, 2016


C. difficile
jj Infecciosas:

Bacilo Gram-positivo, anaeróbio


Formador de esporos (resistentes)
Toxinas A e B – relacionadas a patogenia
B: mais potente

Diarreia nosocomial
Complicações: quadro clínico grave → colite pseudomembranosa, peritonite, sepse e
megacólon tóxico
Aumento no tempo de IH e taxa de mortalidade (6,9% em 30 dias)
Contágio: via fecal – oral

. IH UTI

IH prolongada Idade (>65 anos: 10x)


Comorbidades, imunossupressores,
pH gástrico
Uso prolongado atb

Inibidor da bomba prótons


C. difficile
• Metronidazol: profilaxia e tratamento de bactéricas Gram -
• Forma produtos intermediários -> ligam-se ao DNA da bactéria -> complexos que
inibem a replicação e impedem a síntese enzimática -> morte celular

Absorção VO: 90 a 95% (semelhante a IV)


Diarreia
• Incidência: 2 a 95%
Consequências:

Desequilíbrio
Desidratação
eletrolítico

Contaminação de Inadequação
feridas energética-ptc

Ferimento perianal
(ruptura de pele)

DITEN, 2019; ASPEN, 2016


Constipação
Frequência menor que uma evacuação a cada 3 dias

Associação:
Maior tempo de Distensão Aumento de
VM abdominal PIA

Redução Aumento do
complacência trabalho
pulmonar respiratório

Singer, P., Cohn, J., 2016/ Morioki, E.M.D,et al, 2006


Constipação
Constipação

Distensão abdominal pode dificultar a ação do diafragma

Complacência pulmonar

Esforço respiratório

PIA

Pressão intratorácica e pleural


Edema / atelectasia
Novas evidências...
Monitorização
• Pautado em protocolos clínicos validados adaptados a realidade da unidade
• Capacitação dos membros
• Registro de dados em prontuários e indicadores de qualidade

Sinais clínicos Parâmetros nutricionais

Tolerância da TNE, total de


Estado de alerta, sinais vitais
calorias e proteínas recebidas,
(T, FC, FR, PAM), estado de
função intestinal (diarreia,
hidratação, BH, exame clinico
constipação, distensão
dos sistemas
abdominal, RHA)
Monitorização

Dados antropométricos Funcionais

Força do aperto de mão;


Peso, circunferências, balanço pressão expiratória máxima
hídrico (reflete a força da musculatura
respiratória)
Novas evidências...
Novas evidências...
Importância dos cuidados intensivos
Caso clínico real - 2020
S.S, enfermeiro, 43 anos → COVID 19 positivo → 57 dias na UTI
Resumo
Obrigada !
@nutri.ariciamfe
ariciamendes@hotmail.com

You might also like