You are on page 1of 23
Construindo a Primeira Infanci O que Achamos que Isto Seja? INTRODUCAO, A vida da crianga € vivida através de infancias construfdas para elas, a partir as compreensdes dos adultos sobre a infiincia e sobre o que as criangas sfio ¢ devem ser. (Mayall, 1996, p. 1) as instituigdes dedicadas & primeira infincia, muitas vezes dizemos que N estamos assumindo a perspectiva da crianga ¢ que a nossa prética peda- g6gica € centrada na crianga, O que queremos dizer com isso? A centra- lidade da crianga parece ser um conceito bastante concreto e néo-problemético. Mas, na prética, € muito abstrato e problemético. Pode-se considerar que.a.pr6- ria expressio “centrado na erianga” incorpora uma compreensio modernista pat- ticular da crianga como sendo um sujeito unificado, reificado e essencializado — no centro do mundo ~ que pode ser considerado e tratado & parte dos relaciona- entos € do contexto, A perspectiva pés-moderna, ao conttiério disso, descentra- lizaria a ctianga, considerando que ela existe através das suas relacées com-os outros, sempre em um contexto particular. Além disso, o significado da expressao depende do que tntendemos que-a crianga pequena € ¢ pode ser ~ quem é a crianga na qual a prética é centrada? A partir da nossa perspectiva pés-modemna, nfo existe algo eomo “a crianca” ou “a inffincia”, um ser ¢ um estado essencial esperando para ser descoberto, definido e entendido, de forma que possamos dizer a nds mesmos e 40s outros “o que as criangas sto e 0 que a infincia é”. Em vez disso, ha gigas criangas e muitas infancias, cada uma construda por nossos “entendimentos da infincia e do que as ctiangas sao e devem ser”. Em lugar de esperarmos que o conhecimento cientifico nos diga quem é a crianga, temos escothas a fazer sobre quem achamnos que ela é, © essas escolhas tém uma enorme importancia, pois anossa construcdo da crianga 64° Dantazrc, Moss & Pence eda primeira inffincia é produtiva, e, por isso, queremos dizer que ela determina as instituig&es que proporcionamos &s criangas ¢ 0 trabalho pedagézico que adul- tos e criangas realizam nessas instituigdes. Este capitulo € uma discussio ampliada de tal declaragio da nossa perspec- tiva, Nés indagamos, de forma crftica, algumas construsties inter-relacionadas sobre a crianga pequena — como ela tem sido entendida-e conceituada ~ 9 que acreditamos influir em muitos debates piiblicos sobre a primeira infincia, assim como em politicas e préticas nesse campo, incluindo discussdes sobre a qualidade nas instituigGes dedicadas & primeira inféncia. As constru i produzi- das nos limites dos discursos dominantes, os quais esto localizados no projeto da ‘modernidade, e que nds, como pais, profissionais, pesquisadores ou politicos, in- corporamos. Conforme nossa perspectiva, os discursos dominantes, & medida que so incorporados, influenciam todo o “panorama da infaneia” ~ as relagSes entre as criangas e os pedagogos, entre elas c 0s pais, entre elas mesmas ¢ a organiza io das instituigBes pedagégicas dedicadas a primeira infancia. Além disso, hé influéncias no modo como as instituigSes so organiza jetadas no tempo.c-noespago.e no tipo de significado que Ihes atribuimos. Eles tém conseqiiéncias para todo o sistema ecolégico da pedagogia da primeira infan- cia, Mas, como veremos mais adiante neste capitulo, estas ndo so as tnicas construgses a serem encontradas; com a inspiragio de Reggio, podemos encon- trar outras maneiras de entender quem e quem pode set a ctianga pequena, A Crianga como Reprodutor de Conhecimento, Identidade e Cultura A medida que.a economia global assume as rédeas, 0s politicos eos Ideres empresa- rai — que anteriormente mostravam um enorme desinteresse-pelas-criangas peque- nas ~ esto expressando preocupacio e demonstrando prontidio para aagzo. Enfren- tando um mercado econdmico global cada vex mais comipetitivo, eles esto preocu- pados com a produtividade econBmica... Devido a esse clima, servigos de cuidados € teducagio infantil de qualidade tém sido defendidos como uma abordagem de custo- beneficio para manter, nos dias de hoje, uma forca de trabalho estavel e qualificada {por meio da provisfo de cuidados para os flhos dos trabalhadores] ~e preparando esta forga de trabalho para o futuro... Estimulada pelas preocupagées das comunidades empresariais¢ politicas, areforma ceducacional nacional {nos Estados Unidos] inclui atualmente um enfoque nos pri- meiros anos de vida. O primeiro “Objetivo da Educagio Nacional”, de que todas 2s criangas inicardo a escola prontes para aprender, que foi endossedo por todos 08 govemadores.e por dois presidentes, tem destacado 6 infportante relacionamento ‘entte ocuidado.e « educasio infantile desempenho educacional posterior (Kagan, Cohen e Neuman, 1996, p. 12-13). (QUALIDADE NA EDUCAGAO DA PRIMEIRA INFANCIA 65) ( investimento na aprendizagem no século XXI 6 0 equivalente ao investimento na Inovagio de maquinariae técnicas que foi essencial na primeira grande revolugao industial. Em seguida, veio o capital fisico; agora, € 0 capital humano... Sabemos que as criancas.que_se-beneficiam da educagio na creche — sobretudo aquelas de origens desfavorecidas — tem maior probabilidad de obter sucesso na escola prim- ra, Sabemos ainda que as criangas que se beneficiam de uma boa educacSo priméria ‘ém maior prohabilidade de obter sucesso na escola secundécia "Nasso desejoé que todas as ciancas niciem a escola jé preparadas para aalfabetizacio, ‘aritmética e o comportament, prontas pra aprender ¢extrair 0 méximo da educag0 primi, (Department for Education and Employment [DfEE], 1997, p. 4-16) Na construsig da crianga como um reprodutor de conhecimento,identidade ¢ cultura, «Ceriange)pequena € entendida como iniciando a vida sem nadae.a partir de nada= como um vaso vazio ou tabula rasa, Pode-se dizer que esta ga a crianga de(Locke,O desafio é fazer com que ela fique “pronta para aprender” “pronta para a escola” na idade do ensino obrigatério, Por isso, durante a rime. ra inféncia, a crianga pequena precisa ser equipada com os conhecimentos, com as habilidades e com os valores culturais dominantes que jé estdo determinados, socialmente sancionados ¢ prontos para serem administrados — um processo de reproduedo ou transmissio ~ tem também de ser treinada para se adaptar &s de- mandas estabelecidas pelo ensino obrigatério. Visto sob este Angulo, a primeizainfancia é a base do progresso bem-sucedi do.navida posterior. B 0 infcio de uma jomnada de realizagio, da incompletude da ara. a maturidade e para a condigao humana plena da idade adulta, do ‘potencial nfo-consumado para um recurso humano economicamente produtivo. A crianga esté no processo para se tornar u ta um capital huma- ‘no em potencial,esperando a realizagao através do investimento; elaé aquilo que ainda vai ser, um “se tornar estruturado” (Jenks, 1982). O progresso na jomada da realizagao é indicado pela aquisicao de habilidades adequadas, o cumprimento de estégios ou marcos moma crescente: a metéfora é a subida da escada. Piso. cada fase da(aficis preparagéo, ou prontidgo, para a pré- xima fase mais importante, ¢ a primeira infancia ¢ o primeiro degrau da escada e ‘um perfodo de preparagao para a escola e para a aprendizagem que ai se inicia. Esta construgdo est despertando o interesse na primeira infancia entre. “os Ideres politicos e empresariais, que anteriormente se mostravam bastante desin- teressados”. Para as pessoas poderosas, a primeira inffincia est passando a ser vista como .o primeito est4gio no processo de produgao de uma forga de trabalho “estivel e qualificada” para o futuro e, como tal, uma base para o sucesso a longo prazo em um mercado global cada vez mais competitivo. Além de reproduzir conhecimento e habitidades, essa base envolve a reprodiigdo dos valores domi- nantes do capitalismo atual, incluindo individualismo, competitividade, flexibili- dade e a importancia do trabalho remunerado e do consumo, 66 Dautnerc, Moss & Pence ‘A Crianca como um Inocente, nos Anos Dourados da Vida ‘A imagem da Giangh como um ser ingcentae até um pouco primitivo tem intrigado hé muitos séculos. Esta éuma ‘cansTigto que contém, 2 mesmo ipo, ‘ohecido — 0 eastico e o incontrolével - e uma forma de sentimen- talismo, quase uma visio ut6pica, na qual a infancia é vista como os anos doura- dos. Esta € a crianca de Roussea), refletindo a sua idéia da infancia como o perio- do inocente da vida de lima pessoa — os anos dourados ~ ¢ a crenga de que a capacidade de auto-regulac%o ¢ o inato da crianga vao buscar a Virtude, a Verdade ea Beleza; é a sociedade que corompe a bondade com a qual todas as eriangas nascem. Aprender a se conhecer ~ sua natureza interior ¢ seu eu essencial ~ atra- -vés da transparéncia e da introspecedo tem sido uma idéia importante. A pgicolo> (gia Ipgitimou essa construgio da crianga pequena, em especial os espec Stas a drea que colocara io da crianga na brinéadeira livre eno trabalho livre jade pedagégica. ~ Esta imagem da crianga gera nos adultos um desejo de proteg@-las.do mundo ‘comupto que as cerca — violento, opressivo, comercializado e explorador — cons- truindo um tipo de ambiente em que-a crianga pequena receba protesiio, coesio e seguranga, De acordo com nossa experiéncia, no entanto, n6s nos tornamos cada ‘vez mais cientes de que, se escondermos as criangas de um mundo do qual elas jé fazem parte, néo apenas nos iludimos, mas no levamos as criangas a sério nem as respeitamos. A Crianga Pequena como Natureza... ou Cientifica com Estaigios Biol6gicos ‘A terceira construgio dominante, intimamente relacionada as tes, produz um entendimento da crianga pequena como natureza, um ser essencial de propriedades universais ¢ capacidades inerentes, cujo desenvolvimento € enca- rado como um processo inato — biologicamente determinado, seguindo leis gerais a menos, é claro, que a crianga tenha algums lidade. Dizemos que essa é a maneira como elas, nessa idade, sao, essa é a sua natureza, isso € o que clas podem e nao podem fazer se sfio “normais”. Embora simplificado, seria possfvel dizer que esta € a.crianca de Pidget,jé que a teoria dos estdgios de Piaget tem sido, com certeza, muito influente para tal construgio, ainda que o proprio Piaget nunca tenha colocado demasiada énfase nos estgios (Dahlberg, 1985). Fata construgéo procuz uma crianga pequena que’ mais natural do que so- cial, fenéme1 0 abstraido e descontextualizado, essencializado ¢ normalizado, de- finido por meio de noges abstratas de maturidade (Gesell ¢ Ug, 1946) ou por QuaLIDADE Na EDUCACKO DA Pama InFANcia 67 meio de estégios de desenvolvimento. A influéncia da cultura e da atividade das criangas sfo igual mitadas, deixando “o individual, que se desenvolve por meio de processos naturais ¢ auténomos descontextualizado”, (Vadeboncoeur, 1997, p. 33-34). Nessa construgio, “as classificagdes psicolégicas atribufdas as criangas nao tém um contfnuo particular de tempo ou espago ~ a auto-estima, a ‘competéncia e a criatividade parecem existr fora da histéria ¢ dos contextos soci- ais" (Popkewitz, 1997, p. 33). © enfogue esté na crianga individual que, independentemente do contexto, segue uma seqiléncia padrao de estgios biol6gicos que constituem um caminho para a plena realizagao ou para uma progresséo “t sobre a crianca cientfica, pois esta € uma construcio de base biol6gica favored = io do sltimo capitulo, pela ak iad volviment “a abordagem desenvolvimental dominante da inf’icia, pro porcidmadr pela psicologia, € baseada na idéia do crescimen a infancia é um estégio biologicamente determinado no caminho para a condigzio humana plena” (Proute James, 1990, p. 10), Apesar de freqtientes discursos sobre uma perspectiva holistica, na referida construgao a erianea 6, em geral, reduzida a ccategorias separadas e mensurdveis, como desenvolvimento social, desenvolvi- r mseguinte, processos que sio muito complexos ¢ inter-relacionados na vida cotidiana so isolados um do yutro e encarados de maneira dicot6mica, em vez. de serem considerados fun- es intrinsecamente inter-relacionadas que trabalham todas juntas na produ- gio de mudanca. A Crianga como Fator de Suprimento do Mercado de Trabalho No decorrer do século XX, uma construgao da matemnidade tornou-se cada ‘Vex mais influente no Mundo Minoritério: a mie, do mesmo modo que a crianca, como natureza. A crianga pequena € biologicamente determinada a necessitar de cuidado materno exclusivo, certamente nos primeiros anos (até cerca dos trés anos de idade), com uma introdugo gradual, daf em diante, para a companhia de outras criangas e de outros adultos. A mie é biologicamente determinada para proporcionar esse cuidado, Nao receber ou nao oferecer tal cuidado exclusivo é algo nlio-natural e prejudicial, debilitando a ligagdo de apego da crianga pequena ‘com sua mie e a expondo a telacionamentos com outros adultos e criangas para os quais ela ainda néo esté pronta (Bowlby, 1969). r ‘Uma grande pesquisa realizada na Unido Européia em 1993 relatou que mais de trés quartos de todos os entrevistados achavam que as mies deviam ficar em 68 Dautnerc, Moss & Pence casa quando as criangas so pequenas, embora a proporgdo tenha sido menor na Dinamarca, 0 tinico pais escandinavo incluido (Malpas e Lambert, 1993). Em ‘uma pesquisa britinica realizada em 1994 sobre as atitudes sociais, 62% dos en- ‘revistados que manifestaram uma opiniao acharam que as mulheres com um fi- Iho abaixo da idade escolar devia ficar em casa, Daqueles que acharam que as mulheres deviam trabalhar, a grande maioria (31%) disse que elas s6 deviam tra- balhar em tempo parcial, e nao integral (7%) ~ em comparago com 88% que acharam que as mulheres casadas que ainda nao tinham tido filhos deveriam tra- balhar em tempo integral — (Jowell et al., 1995). Na verdade, a evidéncia empfrica nao fortalece esta opinitio. Na hd cia convincente de que as criangas pequenas necessariamente sofram prejufzos ou que 0 Seu relacionamento com sua mée sea, dé modo inevitdvel, debilitado caso o cuidado seja compartilhado (McGurk et al., 1993; Mooney € Munton, 1997)-Tsto raramente surpreende, pois o cuidado matemno exclusivo é incomum, quando vis- tos tanto cultural como historicamente (Weisner e Gallimore, 1977); é uma cons- trugao da maternidade produzida em determinadas sociedades em um determina- do estdgio de suas hist6rias, Mas, apesar da evidéncia, essa construgao permanece penetrante e influente, com todas as suas implicagSes para a construgio da pri- meira infancia. Entretanto, os tempos mudam. Desde a década de 60, 0 mercado de trabalho nos paises do Mundo Minoritario tem necessitado crescentemente da mio-de- obra das mulheres, assim como dos homens, em seus principais anos de trabalho, ¢, em geral, tanto as mulheres como os homens desejam vender sua mio-de-obra nessa fase (durante o mesmo perfodo, o capitalismo tem tido uma necessidade decrescente da mfo-de-obra de outros grupos, como pessoas com menos de 25 anos ¢ homens acima de 50 anos; para uma discussao de tais tendéncias na Europa Ocidental, ver Deven et al., 1998). Como consequléncia disso, ntimeros crescentes de mies estao se juntando 20s pais no mercado de trabalho. O niimero de familias “tradicionais” com pai e mie, nas quais a mae cuida dos filhos em casa enquanto © pai atua como provedor, est diminuindo, Niimeros cada vez maiores de filhos pequenos, abaixo ou acima dos trés anos de idade, niio sio cuidados exclusiva- mente por suas mies. ‘estas circunstancias, as criangas pequenas adquirem uma outra construgao: ‘como um fator de suprimento do mercado de trabalho, que deve ser tratado para garantir um suprimento adequado de mao-de-obra ¢ 0 uso eficiente dos recursos humanos, Um cuidado alternativo, nfo-materno, deve ser proporcionado as crian- 8s pequenas para que suas mies possam ser empregéves (nfo, deve ser notado, para seus “pais” serem empregaveis, pois 0 discurso dorhinante sobre género de- termina idéias sobre os papéis e sobre os relacionamentos, produzindo uma supo- sigo tacitamente aceita de que os pais saem para trabalhar, e as mies sto prima- QUALIDADE Na EDUCACKO DA Prema INFANCIA 69 riamente responsdveis por garantir 0 cuidado da crianga). Na Grd-Bretanha e nos Estados Unidos, 0 governo, os grupos de defesa e outros falam abertamente sobre essa circunsténcia empresarial, para os empregadores n no cuidado & inféncia, como uma abordagem de custo-beneficio para manter, hoje em dia, uma forea de trabalho estivel e qualificada”. A isto corresponde um envolvimento crescente e diverso ~ de provisto direta do “cuidado A crianga" ao financiamento de servigos de informagées sobre e de encaminhamento para cuidado da crianga~ de empregadores individuais e de agéncias econdmicas nas instituigdes dedicadas A primeira infiincia e em outras formas de cuidado da crianga, juntamente com uma série de outros beneficios ocupacionais, todos destinados a atrair e a manter a mfo-de-obra— até que possa chegar 0 momento em que a mao-de-obra nfo seja mais necesséia. A Crianga como um Co-Construtor de Conhecimento, Identidade e Cultura Nossa imagem das criancas ndo as considera mais como isoladas e egocéntr as vé apenas cngajadas em agZo com objetos, nfo enfatiza apenas 0s aspectos cogni tivos, lo deprecia os sentiments ou o que no sejaLigico e no considera de ma- neira ambigua o papel do dominio afetivo. Em vez dissa,nossa imagem da crianca é ‘como rica em potencial, forte, poderosa, competente e,mais que tudo, conectada 20s adultos e s outras cxiangas. (Loris Malaguzzi, 1993a, p. 10) ‘As construgdes da crianga pequena que consideramos até agora tém em co- mum.o fato de poderem ser entendidas como produzidas no projeto.da modemni- dade, compartilhando a crenga da modernidade no sujcito auténomo, estével, cen- trado, cuja natureza humana inerente e pré-ordenada é revelada por meio de pro- ‘cessos de desenvolvimento e maturidade, a qual pode ser descrita em termos de conceitos de classificagdes cientificas. Essas construgées também tém algo mais ‘em_comum. Blas produzem uma crianga “pobre”, fraca.e passiva,incapaz-e.sub- desenvolvida, dependente e isolada, Porém, novas construgSes produtivas de-uma crlanga muito diferente t8m -mergido como resultado de varios desenvolvimentos inter-telacionados (Mayal, 1996): perspectivas construcionistas e pés-modemnistas na filosofia, na sociologia ena psicologia; a problematizagio da psicologia do desenvolvimento e a influén- cia crescente do movimento comparativo dentro da psicologia; ¢ 0 trabalho de pesquisadores individuais, e de varios projetos espeeffisos, especialmente a “In- fiincia como um Projeto de Fenémeno Social”, iniciado em 1987, sob os auspicios do Centro Europeu em Viena (Qvortrup et al., 1994), € 0 Projeto BASUN (Infin- 70 Dantserc, Moss & Pence cia, Sociedade e Desenvolvimento), realizado no final da década de 80 para 0 Conselho Nérdico como um estudo das vidas cotidianas de criangas pequenas (Dencik, 1989). O proceso de repensar as criangas e a inf’ncial tem ocorrido principsimente na Europa, mais que nos Estados Uni de da.em muitos.aspectos pela Escandinévia, Uma razao desse repensar pode ser 0 fato de que as vidas cotidianas das criangas naquela parte do norte europe tém sido transformadas nas diltimas décadas, devido a mudangas tanto sociais como econ6micas ¢ 2s iniciativas politicas do governo que tém conduzido, inter alia, 2 ‘uma extensa rede de instituigdes piblicas destinadas & primeira infancia: ‘A maior parte das criangas passa agora vitias horas por dia no euidado de grupo... A

You might also like