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cooarana 1222 Seo one sain mana Traducic Geologias dos estudos queer: um déja vu mais uma vez! Gayle Rubin Geologias dos estudos queer: um déia vu mais uma vez! Sociedade e Cultura, vol. 19, ndm. 2, pp. 117-125, 2016 Universidade Federal de Golds Recep¢o: 02 Novembro 2016 ‘Aprovagdo: 01 Abril 2019, Pensei em aproveitar a ocasige desta palestra para refletir sobre os saberes queer e sobre as condigBes de sua produco, Quero usar uma experiéncia que continuo tendo com os ‘saberes GLETQ (gay, lésbico, bissexual, transgénero e queer) para acentuar a necessidade continua de construir formas institucionais estavels que possam garantir o desenvolvimento, a preservacdo € a transmissio de tals conhecimentos. Este é 0 déjd vu ao qual meu titulo se oximnesderloare O72 heat ve refere: quanto mais exploro esses conhecimentos queer, mais descubro 0 quanto ja fesquecemos, redescobrimos ¢ prontamente esquecemos de novo. Eu mesma jé tentel reinventar a roda em diversas ocasiGes. Quero refletir aqui sobre as razdes pelas quais isso ‘tem acontecido com essa irritante regularidade. Um dos principais problemas é que ainda ‘do termos recursos organizacionais suficientes para tornar mais rotineira a conservagao de saberes previamente alcancados e a sua transmissao para as novas geracoes. consume Portanto, se vocés me permitem, vou bancar 0 Sr, Peabody @ os convidarel & minha maquina do tempo pessoal.2 Estamos por volta de 1970 e eu sou ums baby dyke? novinha tem falha. A primeira coisa que quero fazer & seduzir 0 abjeto de meu desejo; a segunda, ler um bom romance lésbico, Tendo pouca sorte em meu primeiro projeto, dirjo- -me 3 biblioteca da Universidade de Michigan e procuro por “Iesbianismo” [lesbianism] ern seu catdlogo fisico ('sso foi antes do advento dos catélogos computadorizados). Havia duas entradas sob o assunto “lésbica". Uma delas era para o livro The well of loneliness, de Radclyffe Hall. A outra era para um livro de Jess Stern, intitulado The grapevine, uma semissensacional hist6ria sobre a Daughters of Bilis (008), organizacio de direitos lésbicos com base em So Francisco, fundada no periodo inicial do ativismo homéfilo, em meados da década de 1950.4 Eu ainda no sabia, nessa época, que a DOB havia produzido uma pequena revista intitulada The Ladder, nem que a The Ladder continuava a ser produzida, ainda que ‘do pela DOB. Considerando que a biblioteca da Universidade de Michigan era (e ainda é) uma das, melhores da América do Norte, concluf que havia pouquissimos escritos sobre o tema e, portanto, havia uma gritante necessidade de uma bibliografia lésbica. Decidl, entao, produzir ma revisio bibliogréfica sobre o assunto para meu trabalho de conclusdo de curso® e passel fos meses seguintes envolvida em tentar localizar toda e qualquer fonte escrita sobre lesbianismo. © primeiro passo fol investigar, no balcao de referéncia da biblioteca, 0 porque de haver to poucas mengées sobre lesbianismo e perguntar se alguém teria sugestées para encontrar mais referénclas, Deparel-ne com olhares inexpressivos. Mas, ao longo das semanas seguintes, enquanto pesquisava nos cartes do catslogo da biblioteca, comecel a sentir uma oximnesoroaral OS 7OE2 40 hint presenca as minhas costas. Essa presenca era a de uma discreta bibliotecaria que trabalhava has referéncias catalogadas, sussurrando que eu poderia me interessar pela seqdo de mulheres filantropas ou pelos livros sobre mulheres na prisdo. oni mana 05 livros sobre filantropia eram, de fato, cheios de histérias sobre mulheres ricas & bissexuais experlmentando romances pelo lado feminino do registro social A literatura sobre encarceramento estava chela de relatos de palxdes nas pristes, escritos por assistentes sociais de classe média escandalizados com as vidas erdtica das mulheres sob sua supervisio, a maioria pobre e de classe trabalhadora (cujasligagées inter-racials provocavam ma especial consternagio nesses autores) Entretanto, minha grande descoberta de pesquisa ocorreu acidentalmente, em uma visita a Boston. Deparei-me com uma c6pia da revista The Ladder em uma pequena lvraria perto da Harvard Square. Imediatamente escrevi uma carta para a The Ladder, explicando que estava trabalhando em uma revisdo bibliografica sobre literatura lésbica e perguntando se alguém ali poderia me auxiliar. 0 editor era um tal de Gene Damon, que era, obviamente, Barbara Grier Ela respondeu com uma afiada reprimenda, informando-me que tal revisao bibliogréfica 8 existia. Era @ The lesbian in literature, de Gene Damon (pseudénimo de Grier) Lee Stuart, publicada em 1967, ‘Também fui devidamente castigada por minha ignordncla sobre o livra anterior de Jeannette Foster, Sex variant women in literature (1956). A poderosa maquina de escrever de Grier poderia ter tirado 0 couro de um rinaceronte e seguramente tirou um pouco do folego do meu entusiasmo juvenil. Fica feliz em relatar que, depois deste primeiro encontro desafiador, Barbara cedeu, compartilhando generosamente seu extraordinério e detalhado conhecimento sobre as riquezas ocultas dos textos lésbicos. Contudo, o ponto central desta historia é 0 quio dificil era, em torno de 1970, encontrar tais publicag6es. O trabalho de revisio ja fora feito, mas encontrar tals publicagées era algo em grande medida inacessivel (Os mecanismos para o compartlhamento sistemitico e a aquisigao do saber lésbico eram,na melhor das hipéteses, rudimentares, Depois de saber que jé existiam bibliografas lésbicas, volte! ao balcio de referéncias para saber se poderia acessé-las por meio de empréstimos entre bibliotecas. Alguns dias depois, oximnesoroaral OS 7OE2 40 hint lum desses bibliotecirios, provavelmente queer, conduziu-me a outro portal para o mundo secreto dos estudos saberes LGBTQ, Ele sugeriu que eu subisse até a seco de Colecbes, Especiais e perguntasse pela Coleco Labadie [Labadie Collection]. Uma vez que 0 acervo da Colesao Labadie era catalogado separadamente, ele nao aparecia no catélogo principal. Mas, © bibliotecario achava que alguns dos materiais que eu procurava estariam com alguns dos livros raros, no sétimo andar. Segui esta trilha escadas acima até a mesa de Ed Weber. con mana A Colegdo Labadie foi fundada em 1911, por um anarquista de Detroit chamado Joseph Labadie. A colegio era inicialmente focada em escrites anarquistas, mas gradualmente fol expandida, de modo a incluir lteraturas relacionadas a protestos socials, especialmente aqueles considerados “extremistas". Quando fd Weber foi contratado come curador, em 1960, ele comegou a colecionar publicagdes homéfilas e materials gays. Como resultado, a Labadie tornou- -se um dos maiores repositérios de publicacdes de cunho homosexual no pais, em uma época em que a maioria das bibliotecas piblicas e universitarias os descartavam como se fossem lixo pornogrético. No fim das contas, quase tudo que eu procurava estava, de fato, no andar de cima, na Labadie, um “pais das maravilhas” dos estudos e conhecimentos homéfilos. A colecao tinha de um tudo: The lesbian in literature, de Damon e Stuart; Sex variant women in Iterature, de Foster; alguma bibliografia anterior compilada por Marion Zimmer Bradley, e uma quase completa tiragem da The Ladder. Eu praticamente me mudel para a Colegio Labadie pelo restante da minha graduagio, com © Intute de devorar esses documentos. Ainda me surpreende © quanto essas mulheres conheciam sobre histéria lésbica e o quio dificil fo, para mim, descobrir o que elas sabiam, Naquela época, eu estava bastante alhela as publicagdes gays masculinas, entao acabei no explorando as colesdes (igualmente impressionantes) da Labadie de publicagdes como a -Mattachine Review, One e One Institute Quartely” Porém, descobri mais tarde, quando meus interesses se ampliaram, que a Labadie também continha imensas compllagSes de historia ‘Bay, bibliogratias, andlises sociais e crtica politica, Eu também nBo estava clente de que meus préprios interesses faziam parte de uma grande onda de estudos académicos que emergia do movimento de liberacio gay. S6 compreendi lem retrospecto © quanto a minha coorte construlu sua atuagéo a partir de um caminho que Ja fora tracade por nossos predecessores homéfilos, mesme que multas vezes nés os oxinnesoroaral OS 7OS2 40 hint rejeitemos por sua ostensiva falta de sofisicagao teérica ou de precisio terminolégica, Enquanto preparava esse texto, enviei e-mails a varios de meus antigos amigos que também faziam pesquisas em torno de teméticas gay na mesma época, e perguntel como eles haviam encontrado uma diregao e suas fontes de referéncia. Todos admitiram um débito significative com 0 campo de estudos e saberes homéfilos, com os arquivos das organizacbes atvistas da poca e com as colecies particulares, connate Nao & uma surpresa, portanto, que muito do material para o primeira livro de john OEmilio produzide sobre 0 movimento homéflla tenha vindo de publicagées como a Mattachine Review ¢ a The Ladder, bem como dos arquives da Mattachine Society, em sua seco de Nova lorque. Mas ¢ interessante ressaltar os locais onde John encontrou tais arquivos e fontes, documentais. Muitos dos documentos que ele consultou foram acumulados e preservados Por individuos, principalmente Jim Kepner, ern seu apartamento em Los Angeles, e Don Lucas, ern sua garagem em Sao Francisco. John também consultou os arquivos verticais no Instituto Kinsey e visitou Ann Arbor para Ltilzar 0s periédicos da Colegéo Labadie, Para 0 seu magistral livro Gay american history (1976), Jonathan Ned Katz também se baseou fortemente na generosa bibliografia produzida or essa primeira Imprensa homéfila. Quando questionei Jonathan sobre como tinha conseguido os seus mapas da mina, ele mencionou The lesbian in literature, a Mattachine Review, a One e diversas bibliografias de temitica gay masculina, especialmente aquelas de Noel Garde. (0 e-mail de Jonathan me fez ter vontade de olhar mais de perto para 0 acervo de Garde, € eu j havia decicido, na preparacio desta palestra, passar algum tempo com essas antigas, publicagdes homéfilas. Eu estava, por acaso, de volta a Michigan e pronta para retornar & ‘minha paixdo dos tempos da graduacao, de modo a tentar espremer mais alguns insights das vyozes de estudiosos queer do passado, Perdi muito da significincia dessas vozes, ha trinta anos, devid a uma falta de contextualizacao. Lelo esses textos de maneira diferente agora, porque sei multe mais hoje do que sabia entice posso filtrélos pelas lentes dos trabalhos de pessoas come jonathan Katz, John DEmilio, Allan Bérubé, Jim Steakley, Estelle Freedman, William Eskridge (entre outros). Ha oximnesoroaral OS 7OE2 40 hint certos temas comuns e assuntos que se repeter. Um individuo que lesse atentamente a The Ladder, One, Mattachine Review e One Institute Quarterly teria tido um firme dominio de questdes importantes, casos legals, relatérios governamentais e polémicas que afetaram a vida gay nos anos 1950 e 1960, cons maunava Revisées bibliogréficas eram uma obsesstio central compartithada. Além da reviséo detalhada ¢ cuidadosa de Jeannette Foster, feita por Marion Zimmer Bradley em sua publicagso de malo de 1957, a The Ladder inclula também a coluna bibliografica regular de Bradley chamada “Lesbiana", Barbara Grier eventualmente assumiu essa coluna, cujos contetidos proporcionaram muito do material utilzado para The lesbian in literature, De modo similar, 2 Mattachine Review, em 1957, comecou a série Bibliografias sobre Sujetos Homossexuais. Em 1959, Noel Garde publicou The homosexual in literature, anunciado como uma “revisdo bibliografica cronologica de cerca de 700 a.C. a 1958", ¢, em 1964, a Vantage Press publicou seu livro From Jonathan to Gide: the homosexual in history. Na época de sua publicagS0, Garde e o compéndio de Damonf Stuart eram o estado da arte ra bibliografia gay. Enquanto o meu “eu” mais jovem teria criticado este tipo de trabalho pelo seu fracasso em interrogar a categoria “homossexuat’, agora entendo esses textos como realizages considerdvels. Além disso, tals compilacées tornaram possivel a aplicago do armament teérico da histéria social, da antropologia cultural e da seciologia urbana do fim ddos anos 1960 aos temas GLETOs. ‘Mas quais eram as suas fontes? Como pesqulsadores como Garde e Grier descobriram 0 que eles sabiam? Ambos eram obviamente apaixonados em seu zelo bibliografico e ambos foram capazes de construir os seus estudos a partir de trabalhos prévios. Grier e Bradley valeram-se fortemente da obra de Jeannette Foster. Foster, por sua ver, era uma bibliotecaria especializada que trabalhou no Instituto Kinsey de 1948 até 1952.° Ela era, portanto, capaz de utlizar a incompardvel cole¢o acumulada por Kinsey. Foster seguiu muitas pistas, mas € ritido, em suas préprias citagdes, que ela também escavou culdadosamente os textos de sexologia de Havelock Ellis e Magnus Hirschfeld, assim como os escritos contemporaneos de John Addington Symonds e Edward Carpenter. Em varios aspectos, o livro de Foster € uma espécie de texto de articulagio conectanda a geragdo homéfila as acumulagdes prévias dos conhecimentos queer geradas entre fins do séeulo X1K ¢ inicio do XX. oximnesoroaral OS 7OE2 40 hint De modo similar, o livro de 1951 de Donald Webster Cory, The homosexual in America, & ma das principals vias de articulagSo entre a literatura produzida antes da Primeira Guerra Mundial e a coorte de intelectuais homéfilos do periodo posterior 8 Segunda Guerra Mundial Noel Garde reconhece expliitamente as referéncias a Cory, assim como a bibliogratia produzida pels seco de Nova lorque da Mattachine Society. 0 livro The homosexual in America possui varios aspectos problemsticos, mas a obra também definiy uma agenda para muitos dos estudos homéflos que ela precedeu e prefigurou. consume Cory inclulu todos os mais importantes documentos do governo nerte-americano referentes & homossexualidade, incluindo O emprego de homessexuais e outros pervertidos sexuals no governo e as regulamentacdes da Administrago de Veteranos, que lidavam com 0s militares desonrasamente dispensados das Forcas Armadas devido & homossexualidade, © livra The homosexual in America também listou as legislagbes regulando as atividades homossexuais ern todas 0 48 estados, a época. A prépria bibliografia de Cory e sua lista de fontes permanecem notiveis, e ele incluiu nela, como um apéndice especial, uma lista de romances e dramas relacionados @ homossexualidade. Foster também leu, utlizou e citou Cory, € suspeito que as bibliografias impressas na Mattachine Review comegaram por uma atualizagao do trabalho de Cory Cory, por sua vez, extraiu uma parte considerdvel do seu material de outra grande camada sedimentar de conhecimento queer, aquela que se acumulou na Gré-Bretanha e na Europa continental no fim do século XIX € inicio do XX, Nomeio com frequéncla essa camada de “sexologia do final do século XIX", mas essa denominagao nio faz jus as formas complexas elas quals os sexélogos credenciados como médicos, os intelectuals homosexuals, estigmatizados e a maioria dos membros anénimos, porém ativos, das florescentes comunidades queer se engajaram em um complicado tango de comunicagao e de publicacso, como esta detalnado no brithante trabalho de Harry Oosterhuis sobre Richard von Krafft Ebing (Oosterhuls, 2000), ‘Talver seja melhor pensar nesse enorme conjunto de obras como uma fusio entre os textos médicos @ 05 escritos de intelectuals homossexvais (ou “invertidos" [invert), que mesclou materiais de fontes polémicas de mado a articular as criticas inicais a respelto de Injustigas sexuais e perseguigées, Essas fontes inclulam biografias de homessexuals famosos, oxinnesoroaral OS TOE2 40 hint eso one sain mana ‘material obtido a partir de cldssicos em grego ¢ em latim, testemunhes pessoais sobre os efeitos da chantagemn © da privagdo sexual, relatérios etnogréficos, dados sobre o comportamento animal, observagdes sobre a vida comunitaris homossexual e algumas das primeiras compilacdes madernas de bibliografias queer. Tomado como um todo, 0 corpo de trabalhos a que chamamos sexologia € um empreendimento intensamente colaborativo entre médicos e "pervertidos" (perverts). Ele resultou em uma massiva consolidago de um enorme estrato de conhecimentos queer ~ 4s, vvezes fecundamente escavade, outras veres ignorado, descartado ou esquecido. Mas uma colsa se tornau abundantemente clara: assim camo minha coorte vinculada aos movimentos de liberacio gay produaiu suas obras a partir de publicagdes e fontes de arquivo reunidas por nossos predecessores imediatos, os pesquisadores da era homéfla basearam-se em estratos anteriores, particularmente os de cunho “sexalgico” Dentre os mais importantes sexélogos estavam Richard von Krafft-Ebing, Havelock Elis € Magnus Hirschfeld, As polémicas-chave inclufam os escritos de Karl Heinrich Ulrichs, Edward Carpenter e John Addington Symonds.'° Magnus Hirschfeld era, coro Ellis e Krafft-ebbing, um médico formado. Ele era também um brilhante polemista, alguém cuja propria homossexualidade era por vezes usada para minar a sua autoridade médica, Ulrichs & Carpenter, por sua ve2, née possulam credenciais médicas, embora fossem cltadas em peso em textos médicos. (© papel de Symonds é especialmente complexo. Seu nome fol remavido do livro Sexual inversion por exigéncia de seus herdeiros, ras ele teve ura consideravel contribuigao nas Informacdes histéricas e em multas das andlises que atribuimos a Ellis (Bristow, *398). 0 trabalho do préprio Symonds cantém revisées incsivas de literatura médica, na qual, por sua vez, ele também é comumente citado (Symonds, 1896). © tomo de mil paginas de Magnus Hirschfeld, The homosexuality of men and women (1914), & emblemstico das conquistas desse perlodo. Hirschfeld tinha como intengao construir um relato completo de todos os tépicos conhecldes sobre homossexualidade, Ele Incorporou os trabalhos de outros médicas sexélogos, assim como de eseritores leigos como Symonds, Carpenter e Ulrichs, bem como a sua propria pesquisa inical, A segunda parte do oximnesoroaral OS 7OE2 40 hint livro, chamada “A homossexualidade de homens e mulheres como acorréncia sociolégica", é particularmente instigante, Ela inclul os resultados de urn dos primeiros surveys estatisticas sobre homosexuals, assim como capitulos sobre homossexualidade em diferentes classes socials e em diferentes paises. con mana © livro de Hirschfeld também contém um relatério extraordindrio a respelto da vida urbana {ay no inicio do século XX. Por sua vez, John Addington Symonds destacou que a palxdo homosexual “vibra em nossas grandes cidades. Seu pulso pode ser sentido em Londres, Paris, Berlim, Viena, no menos do que em Constantinopla, Napoles, Teer e Moscou" (Symonds, 1896, p. 2). Hirschfeld segue detalhando a sociologia dessa pulsacdo no capitulo Sobre a vida comunitaria e os locals de encontro de homens e mulheres homossexuais {principalmente em Berlim), incluindo circulos de amigos, clubes privados, clubes politicos, lubes de esportes e uma complexa rede de bares que atendiam a diferente subgrupos da populacio em questéo. Ele documentou 0 uso homosexual de teatros ptiblicos, um conjunto de saunas frequentadas por homossexuais, bailes drag [drag balls} tanto para homens como para mulheres, 0s hotéis ¢ hospedarias preferidos por homossexuais, as paqueras e encontros erdticos [cruising] em banheiros e parques publicos, assim como 0 uso de anincios pessoals, para achar parceiros (Hirschfeld, 2000, p, 776-803). Ea significincia dessa subcultura citadina & mostrada, ele nota, pelos "muitos que raramente foram capazes de remover suas mascaras, le que se sentem aqui tal coro se estivessem libertos. As pessoas tem visto os homosexuals, provenientes das provincias pisarem nesses bares pela primeira vez e violentamente irromperem em lagrimas de emoco" (p. 785) Hirschfeld também dedicou um espaco considerdvel para abordar as vitimizagdes sociais e legais, assim como as perseguicdes e 0s processos contra homossexuais. Ele incluiu uma histéria detalhada do movimento organizado contrério a essas perseguicées, assim como uma lista de legislagbes hostis aos gays ao redor do mundo. © significado intelectual de Hirschfeld & frequentemente subestimado, como uma consequéncla da escassez de tradugées confiavels de sua magnifica obra (Steakley, 1997, p 1133-134), Alguns trechos de The homosexuality of men and women foram traduzides por pximneddycrfoare OS 7OS210 heat Henry Gerber © publicados no One institute Quarterly, no inicio dos anos 1960, mas uma tradugio completa, de Michael Lombardi-Nash, s6 foi disponibilizada a partir dos anos 2000. Eu nao havia lide The homosexuality of men and women quando tive meu primeira encontro com The homosexual in America, Agora, tendo lido ambos, posso ver o parentesco entre eles. oni mana Cory leu Hirschfeld em alemao © péde se basear nas compllacdes bibliogrsficas de Hirschfeld, assim como em seus dados histéricos e taticas retéricas. Cory debateu o que chamou de “movimento Hirschfeld” e “movimento Carpenter’, no final do século XIX e inicio do XX, lamentande que no houvesse nada similar desde os seus decinios. Ele, provavelmente, ndo teria como saber que uma grande retomada desse ativismo viria 3 tona, hem que suas elaboracdes quanto a0 corpus de conhecimento do periado anterior 3 Primeira Guerra Mundial seriam posteriormente refinadas e ampliadas por um emergente -Brupo de pesquisadores homéfilos. ‘A camada de conhecimentos queer gerada entre fins dos anos 1880 até os anos 1920, principalmente na Inglaterra e na Europa continental, tem continuado a inspirar novos trabalhos, conforme estudiosos escavam as suas fontes a servico de projetos mals contemporaneos. Por exemplo, a fase inicial do trabalho de Jeffrey Weeks - especialmente 0 seu livro Coming out. a history of homosexual politics in Britain (197) -, de varias formas, & ma extensa meditagdo sobre as cbras de Havelock Ellis, Edward Carpenter e john Addington Symonds, moldada por um considerdvel conhecimento da obra de Kraff-ebing Por sua vez, 0 ro Histéria da sexualidade: an introduction, de Foucault, é em grande medida uma brilhante leitura da obra de Kratft-Ebing e da psiquiatra francesa de fins do século XIX. O trabalho de Lisa Duggan sobre o caso Alice Mitchell e a biografia de Krafft-Ebing escrita por Harry Oosterhuis tornam possiveis leituras completamente inovadoras da sexologia da época. Nao obstante, acredito que tanto os textos sexolégicos como o corpusde obras homéfilas esto subutlizados © poderiam ainda produzit umas mil dissertagoes & teses. E esse o sentido dos saberes queer em camadas sedimentadas, que busquei transmit com 6 tule de minha palestra esta noite, No registro geoléglco, certos estratos so vicos em oxinneorparal OM7OE2 40 hint {fésseis; em parte, devido as condicbes que produzem formas exuberantes de vida, e, em parte, por causa das condi¢des que favorecem a sua preservaggo em forma féssil con manent De maneira similar, parece haver periods nos quais certas condigGes sociais © polticas favoreceram a abundante proliferacio de saberes queer, enquanto outras condigdes, por sua vez, ditam a sua preservacio ou destruicso, & depende das geragbes que se sucedem assegurar que essas formacées sedimentares sejam identificadas, escavadas, catalogadas & Utiizadas para produzir novos saberes. infeliemente, devido 3 falta de mecanismos estruturals duravels para assegurar a transferéncla de saberes queer, eles acabam sendo, 20 invés disso, frequentemente perdides, enterrados ou esquecidos. Por exemplo, é dificil dar aulas a partir de referéncias que s6 estio disponibilizadas erm apostilas fotocopiadas ou em colesées especiais de acesso restrita. A maior parte dos livros, {0s quais me referi nesta noite est3o esgotados ou sio diffceis de encontrar. Muitos deles estiveram disponiveis, brevemente, em edigdes reimpressas durante os anos 1970, como consequéncia da série de 1975 da Aro Press: Homosexuality. lesbians and gay men in society, history and literature. Essas edigGes reimpressas de textos de referéncia priméria estiveram entre as mals importantes conquistas da onda pioneira de estudiosos associados a0 movimento de liberagdo gay. A série consistia erm $4 livros e 2 periédicos, inluldos af as primelras revisées bibliograficas homéfilas de Damon, Stuart, Bradley e Garde; muitos documentos-chave do governo des EUA relacionados 8 homossexualidade; reimpress6es de livros importantes de Edward Carpenter, Xavier Mayne, Natalie Barney, Earl Lind, Mercedes de Acosta, Blair Niles, Renée Vivien Donald Webster Cory; clissicos Iésbicos e romances de estilo pulp; textos do moviment pelos direitos gays na Alemanha; e reimpressGes de edigdes completas da The Ladder © da ‘Mattachine Review." Essa série extraordingria estava adiantada em trés décadas, Infelizmente, ela também esta esgotada e as edigdes Arno sao praticamente to raras quanto as originals. Tanto o livro Psychopathia sexuals, de KrafftEbing, quanto o Sexual inversion, de Havellack Ellis, foram relancados recentemente em edigées de bolso mals baratas, mas quando tentel encomendé: oximnesoroaral OS 7OE2 40 hint 'as, para que fossem utilizadas em minhas disciplinas académicas nesse ano, elas ja estavam, mais uma vez, inalcangavels. con mana Quero utilizar esta breve reviséo para por em relevo alguns pontos. O primeiro é 3 amnésia que prevalece sobre 0 pasado dos estudos queer. Eu fico continuamente chocada com a afirmacio de que os estudos GLBTQ s6 teria comecado em algum momento dos anos 1990, E escolhi a metifora da geologia porque ela nos ajuda a pensar sobre quadros temporals, mais longos ¢ a retiar 0 faco somente do presente, Em tempo gealégico, o presente um pisear de olhos, (© nosso sentido do que é importante quanto aos saberes queer académicos no deveria ser distorcido pelo giitcer do momento, pelo que esta na moda e pelo que é mais nove. Quero que nés pensemos sobre os processos mais longos que ajudaram a dar forma ao presente € ‘nos quals o presente esté fortemente enraizado. Qualquer projeto de estudos académicos pode se beneficiar de um aciimulo de conhecimentos que podem ser avaliados, validados, Criticados, atualizados, polidos, aperfeicoados ou utilzados de modo a fornecer novos percursos @ ser investigados. Nés precisamos estar mais conscientes da importancia de inclu refer€ncias e materiais mais antigos aos cdnones contemporaneos dos estudos queer, Entretanto, as causas dessa memérialimitada so mais estruturais do que estiisticas e so produzidas menos por decisées curriculares do que por impedimentos institucionals. Mew principal argumento é que precisamos atuar mais para superar as deficiéncias institucionais que difcukam nosso acesso aos conhecimentos mais antigos. Devemos continuar a desenvolver estruturas organizacionals que garantam a conservacao, a transmiss3o € 0 desenvalvimenta de saberes queer. Como uma cisciplina, os estudos GL8TQ esto institucionalizados de modo ainda muito rudimentar nas universidades, e esse é um grande desafio para a continuldade de sua Viabilidade. Claramente, ha uma institucionalizago muito maior agora do que havia uma década atrds, come demonstrado por eventos tais como essa série de palestras e a existéncia de instituiges como CLAGS./2 Mas 0 numero de departamentos de estudos GLBTQ € minisculo, em comparagse ao nimero de departamentos, por exemple, de sociologia ou céncla politica, oximnesoroaral OS 7OE2 40 hint pxinneaorosrl 07382 eo on etn sein mana [As infraestruturas de conhecimento requerem espago fisico ¢ estruturas organizacionais durdvels - escritérios, prédios, biblotecas, arquivos, departamentos, programas, centros, linhas de pesquisa, um corpo de professores e pesquisadores, postos para funcionarios administratives, verbas e salarios, Nés devemos trabalhar para acumular mais desses recursos e construir melhores burocracias. Muitos de n6s instintivamente recuamos diante da dela de burocratizacdo e a consideramos desagradivel. A burocracia tem muitos pontos negativos, incluindo 0 marasmo, 0 tédlo, procedimentos sem sentido e burocratas mesquinhos. Burocracias, quase por natureza, ndo possuem entusiasmo, glamour ou carisma, Nés, com frequéncia, vivemos fem prol de Intensidades fugazes e momentos eletrizantes, assim como celebramos a ‘marginalidade como uma forma de aspiracio permanente. Mas se a burocracia e @ rotinizagao tém seus custos, também os tem a marginalidade e o carisma. A marginalidade e suas excitagbes momentineas so intrinsecamente frégeis, evanescentes e instaveis. Parte da razo pela qual a nossa meméria é falha quanto aos, estratos mais antigo dos saberes queer & que as instituigdes e organizacdes que os produziram no existem mais. A vida queer € repleta de exemplos de explosbes fabulosas, {que delxaram pouco ou nenhum trago detectavel, ou cujos restos, em termos de documentos e artefatos, nunca foram sistematicamente reunidos ou adequadamente conservados. ‘Aqueles de vocés que me conhecem vio entender a ambivaléncia com que relembro uma ddessas insttuigées desaparecidas: a figura da “comunidade de mulheres" que surgiu do feminismo e lesbianismo radical nos anos 1970. Ao final dos anos 1970, existiam dezenas de Jornais ferninistas e lésbicos, pelo menos uma dizia de revistas académicas, varias editoras feministas présperas ¢ uma rede de comunidades locais com um significative territério publico. Em San Francisco, muito desse territ6rlo de mulheres se concentrava ao longo da Valencia Street, onde havia bares lésbicos, cafeterias feministas, lvrarias de mulheres e diversos coletivos @ estabelecimentos comerciais de mulheres. Havia agrupamentos similares na regio oeste de Massachusetts, na cidade de lowa e pelo restante da Baia de Sao Francisco, bem come na cidade de Oakland, Hoje em dia no ha mais quase nada remanescente daquele mundo. A maior parte dos jomais, revistas académicas, livrarias, cafeterias & estabelecimentos desapareceram, apesar de haver alguns poucos sobreviventes teimosos, como a Lesbian Connection consumes Existem razdes complicadas para 0 colapso dessas comunidades, mas uma delas foi a fragiidade infraestrutural, Em So Francisco, por exemplo, a maiorla das lolas era alugada na parte da frente de prédios e situada ao longo de um conjunto de outros negécios, tendo um baixo custo de aluguel. Quando os aluguéis comerciais comecaram a decolar, essas lojas foram obrigadas a se retirar desses locals. O Unico remanescente dessa vibrante comunidade dde mulheres de outrora é o Women’s Bullding ¢ a nica razio pela qual ele ainda esta li é porque o prédio fol comprado e ndo alugado.'* Mas o ambiente de um prédio & caro para ser dguirido e desafiador para ser mantido. A establlidade exige recursos intensivos. Populacées queer tém uma super abundancia de marginalizago ¢ uma insuficiéncia de estabilidade. Max Weber observou que a burocracia, quando plenamente estabelecida, est’ entre as estruturas socials mais dificels de destruir (Gerth Wills, 1958, 0. 228). Isso pode ser luma maldig3o. Mas nés poderiamos usar algo dessa estabilidade, e os recursos necessérios, para sustenté-la, nos estudos queer. Novos quadros teéricos, novos dados e novas descobertas vio sempre forcar o repensar de nossas premissas ¢ suposigées. Devemos contar com rebelides periédicas, assim como reformas e levantes, de modo a trazer novos ares e renovaco. Mas, para parafrasear Marx e Marshall Berman, tudo 0 que é sélido pode se desmanchar no ar, em um simples batimento cardiaco, e para distarcer Santayana, aqueles que fracassam em garantic a transmissio de suas histérias esti fadados a perdé-las, Referéncias BLAND, Lucy; DOAN, Laura (Ed,). Sexology in culture: labelling bodies and desires. Chicago: University of Chicago Press, 1998, BLAND, Lugy; DOAN, Laura. Sexology uncensored: the documents of sexual science. CChicago: University of Chicago Press, 1998, oximnesycrfoare OS 7OS21N heat BRADLEY, Marion Zimmer. Variant women in Iterature. The Ladder, v. 1,n.8, p. 8-10, 1957. consumes BRADLEY, Marion Zimmer; DAMON, Gene, Checklist: 3 complete, cumulative checklist of lesbian, variant, and homosexual fiction, in english, or available in english translation, with supplements of related material, for the use of collectors, students, and librarians. Rochester, Tex:.n, 1960, BRISTOW, Edward J. 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Kessler Lecture, realizada na City University of New York, no Graduate Center, em 5 de dezembro de 2003, tendo sido publicado originalmente no CLAGS News v. 14, . 2, p. 6-10, 2004, e posteriormente, com alteragBes, no livre Deviations: a Gayle Rubin Reader, de 2011. 0 presente texto fol raduzido - a partir da versio mais recente do artigo - por Paula Nogueira Pires Batista (PPGAS/UFG) e Roberto Murilo Xavier Reis (PPGAS/UFG), e teve a tradugdo revisada por Glauco 8. Ferreira (PPGAS/UFSC; FCS/UFG) e Carlos Eduardo Henning (FCS/PPGAS/UFG), que incluiu esta nota, bem como as de numero 2,3, 5, 6,7, 12€ 413. Por fim, agradecemos a Gayle Rubin e sua publisher pela autorizacio dada a Carlos, Eduardo Henning para traduzir este texto para o portugués e publicé-lo, assim como um segundo artigo da autora, o qual deverd ser traduzido e publicado a posterior: 2 sr. Peabody & um personagem de desenho animado exibido nos EUA entre o fim dos anos 1950 € @ Inicio dos 1960. O personage - um cachorto extracrdinarlamente inteligente - possui um roll de grandes feltos: € um magnata des negécios, um inventor, lentista e ganhador de urn Nobel. O Sr. Peabody adota um filho humane e com ele vive diversas aventuras a partir da criagdo de uma maquina do tempo, a qual permite que ambos sejam testernunhas oculares de diversos momentos histéricos importantes 20 redor do mundo. Tais viagens, no entanto, incarriam no risco de alterar os acontecimentos do pasado, modificando, como consequéncia, também o presente. 3 Considerando o desafio de tradurir categorias relativas a género e sexualidade de um contexto séciocultural e linguistico @ outro - assim como toda 3 inescapdvel dose de "raigao” que incorre desse desafio -, dyke poderia ser compreendida em lingua portuguesa, no Brasil, como préxima & expresso “sapato” oui “sapat (esta, uma versao reduzida da expressiio anterion. J baby dyke, portanto, remeteria a algo como ‘sapatdo/sapa bebé ou alguém recém-inserida no universo lésbico da época, Para maiores andlises sobre a categorla dyke, assim como butch, femme e baby dykes, consultar © artigo “Of catamites and kings: reflections on butch, gender, and boundaries” oximnesoroaral OS 7OE2 40 hint 0 (Rubin, Gayle. Deviations: a Gayle Rubin reader. Durham & London: Duke University Press, 2011) 4 para Daughters of Bilis, ver Gallo, Different daughters. 5.0 trabalho ao qual a autora se refere é uma senior honor thesis na graduac3o. De mado a aproximar tal noso do pablico em lingua portuguesa, no Brasil, decidimos traduzHa ‘como “trabalho de Final de curso’ © Barbara Grier (1933-2011) fol uma esctitora e editora lésbica norte-americana que se tomou notérla, entre outras questées, por ter fundado a Naiad Press, editora que publicava titulos de tematica lésbica em contraposigao a literatura lésbiea de estilo pulp Fiction, que até ento era escrita e publicada, majoritariamente, por homens. Grier fol conhecida, também, por ter sido uma das editoras e autoras da revista The Ladder, fundada na década de 1950 e voltada ao piiblico lésbico nos EUA. 7 As trés publicagdes emergiram em distintos momentas do movimento hornéfilo norte- americano dos anos 1950. A revista One, fundada em 1953, & considerada por virios(as) pesauisadores(as) como a primeira revista, nos Estados Unidos, a se declarar homosexual, ‘em um contexto macartista altamente persecutério das tematicas homossexuais. O One Institute Quarterly, vinculado & One, era um periédico vollado 3 publicagao de investigacBes académicas sobre o estudo da homossexualidade, A Mattachine Review, por sua ver, fundada em 1955, trouxe consigo um acento assimilacionista e menos radical, que «era préprio de um expressive setor do movimento homéfilo da época, 8 para a biografia de Foster, ver Passet, Sex variant woman, 2 Jeffrey Escoffier foi quem primeiro me alertou para a significdncia do livra de Cory. 10 krafft-Ebing, Psychopathia sexual; Els, Sexual inversion, Hirschfeld, The homosexuality of men and women; Ulrichs, The riddle of ‘man-manly” love; Carpenter, The intermediate sex; Symonds, A problem in greek ethics e A problem in modern ethics. Excelentes trabalhos sobre Ulrchs, Krafft-Ebing e Hirschfeld foram incluidos na espléndida colegso ‘eitada por Vernon Rosario, Science and Homosexualities. Vela também a edicao critica de Sexual inversion, de Crozier; Bland e Doan, Sexology and culture e Sexology uncensored, Biografias incluem Kennedy, Ulrichs; Rowbotham, Edward Carpenter; Wolff, Magnus Hirschfeld; Grosskurth, Havelock Elis e The woeful victorian, Outros trabalhos sobre onium naan oxinneorparal OM7OE2 40 hint cooarana 1222 eso on enn sa mana Hirschfeld incluem Steakley, The homesexual emancipation movement in Germany ‘Mancini Magnus Hirschfe, 1" 0 catdlogo da Arno Series - Homosexuality lesbians and gay men in society, history, and literature - € um documento de pesquisa digno de nota. Jonathan Katz foi o editor-geral; Louis Crompton, Barbara Gittings, James Steakley e Dolores Noll integraram o corpo ‘editorial: €. Michael Siegelaub foi 0 pesquisador assistente, 12 CLAGS - Center for LGBTQ Studies ~ é um dos primeiros centros universitarios de pesquisas voltadas a tematicas LGBTQ nos Estados Unidos. Fundado em 1931, na cidade de Nova lorque, dedica-se ao estudo de assuntos histéricos, cuturais e politicos concernentes a individues e comunidades lésbicas, gays, bissexuals, cransgéneros ‘queers. Mais informacdes em: 13, Mais informagBes em: pximnesdyerfoare OS 7OS210Nhent

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