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Capitulo 3 380 no caso do dano e, ainda e preferencialmente, a prevengio de sua ocorréncia. POLITICAS PUBLICAS AMBIENTAIS E SUA ESTRUTURAGAO JURIDICA POLITICAS PUBLICAS E SUA IMPLEMENTAGAO JSURIDICA nto expressivo. E dificil apresentar um diag- sobre as razdes que desencadearam esse interesse, mas é 8 especi- como fornecimento de medicamentos e vagas escolares, mobiliza os operadores do direito ~ advogados, procuradores ¢ defe rea juridica volta-se & sua compreensibo. um ambito mais abs icas se impde para a ampliagdo e efetivagio de dit itucionalmente estabelecidos, pois parte substancial dess tema com maior profundidade no eapitulo 4 do (0 por Servigos Ambientais. Sustentabilidade e Disci 2012 ¢ de partes d nas normas de p ide de Séo Paulo, v. 101, 2006. A ve s DER, Annelise M. Responsabitidade civil ambien ddano no direito ambiental brasileiro, Porto Alegre: Livraria, Ana Maria de: cas para sua implementagao. Dai a “necessidade de entrar nessa seara para compreender a sua efetivagao. Nesse processo, parte das ages que com- c de aspectos juridicos: contratagies; sos juridicamente regulados ~ processo eleitoral, s0 de governo, processo orcamenti- vo, processo judicial iblica deve visar i realizagao de objeti- do a sclegéo de prioridades, a reserva de €.0 intervalo de tempo em que se coordenagiio envolver tanto os atividades privadas ¢, finalmen 105 operacionais relativos definigdo de objetivos, prioridades, instrumentos e cronograma. se di entre a politica e o programa, esse ik ipacio e deliberagio, Teoria demo- ‘contemporineo, Sio Paulo: Editera tiea pablica em Jn: BUCCI, Maria Outro eixo de anilise das politicas piblicas pelos ju s pode ser a forma juridica de que essas se revelam. Na medida em que se origi- nam de diferentes processos, podem ser criadas a partir de uma ampla variedade de possiveis suportes juridicos. Hé no ordenamento bras as delineadas na Constituigéo, em leis, em decretos e mesmo tarias'””. Muito frequentemente, os diversos elementos da p ‘spalham em diversos suportes ji nstrumentos em leis € de outros A referencia ao suporte juridico das politicas como eixo de ani- ise pelos juristas, porém, nao de \ificar sua limitagdo a uma aborda- estrutural ou formal, que si ‘i andlise de questdes como com- dos érgios governamentais, legalidade e revisio judicial de seus . Ainda que importante, na medida em que a resposta a essas questies © tema da especialidade dos operadores do dircito, o estudo da relagio , Maria Paula. O conceito de politica pblica em dit Dalla, Polteas pics, refls6es sobre o conceit juriico. Sto leas socais para arantia do direito& sade no ar 196 da Constituigdo, com o nento de uma estutura de eoordenagao da atuago govemamental nos diferentes ni blica como Campo Mul de Janeiro: Figeruz, 2013. p. 183. o tentativa de compreensio do quadro das politicas piblicas, justificando-se, nesse trabalho a referéncia a relago entre a politica ¢ o direito para a confecgio da politica; © que pode ser entendido como arranjo institucional. © tema das pol fronteira entre o direito a p. jonariedade de sua implantago. Nesse sentido, 0 seu conteiido seria definido por programas de governo, cambi veis com a alternincia no poder. No entanto, a conformagao juridica da democracia e do it ico para a consecucao das pautas definidas politica- mente, sem prejuizo da prerrogativa levante a distingdo entre a adn ra técnica € o govemno, enquanto camada poli entender 0 possiveis para tal implementagio. Por outro lado, a relago direito ¢ politica tangencia também a distin entre as chi ticas de governo ¢ as de Estado. Em i los © consensuais definidos em caréter perene, normalmente na Constituigdo, a0 pi as primeiras se relacionam as ages sobre cuja definigdio ha discri dade do governo, conforme seu programa, Com frequénci governo relacionam-se consecugao das do, Femando Aith considera as por sua vez, relacionam-se a ages pontuais de promogao e dos direitos humanos especificos na nossa Carta”. ” NUSDEO, Ana Maria O. Pagamento por servigos ambicntais. Sustentabilidade € lari Fundamentos para uma teoria juridiea das politicas 13. p. 34 P Direito e de promogio e protegdo do ‘conceit de politica publica em reflexes sobre o conceit juridico, Si |, Maria Paula Dall, Politeas piblicas, Saraiva, 2006. p. 235. Discordo da me ‘opgio da Constituigio desenhar parte do arran Sistema Unico de S: suas opgdes é ampla. ive no tocante d maior ou menor implementagio dos diferentes direit itucionais e os meios para tanto, Sem a pretensiio de aprofundar a discussio sobre © onceito de instituigdes e sua repercusso na teoria j titucionais nas politicas piblicas, para os 8 ivas € medidas articulado por suportes e formas Esses arranjos consistem na maneira como sio rentes instrumentos da politica para consecugio dos seus objetivos: a forma de coordenagiio entre a ago piblica ¢ a dos agen- tes privados; a indugo ou recompensa para certas condutas e resultados; atribuigao de competéncia aos Srgios; a participagio publica e as agdes governamentais individualizadas na de programas aptos a darem fe 4 Finalmente, a construgdo desse arranjo pressupde a de suportes juridicos por meio de leis para a definigéo de dit res, principios ¢ instrumentos das politicas na dr da definigaio de aspectos por meios infralegais. Como a politica piiblica tem um eardter dindmico, 0 papel do Poder E impulsionar as ages aptas & consecugao dos objetivos defini tuigdo ou nas leis, para transformé-los cm metas mais claramente defini- das; alocar recursos; criar programas e enviar propostas de leis necessé- rias ao desenvolvimento da politica em questio. 3.2 AS POLITICAS PUBLICAS AMBIENTAIS Ao apresentar 0 tema das politicas ambientais nos diferentes pai- ses, Maria Cecilia Lustosa, Eugénio Canepa ¢ Carlos Eduardo Young as sistematizam em trés fases, que variam conforme o pais, a época e a for- ma como se superpdem™, *° BUCCI, Maria Paul Slo Paulo: Saraiva, 96 A primeira fase, cronologicamente situada entre o final do sécu- lo XIX € 0 periodo apés forma preferencial de s portando dnus de a ou a paralizacao da ativida ava-se . aplicagao de normas de vizi- nhanga para discussdo de questdes ambientais, ainda num modelo de con- flitos interindividuais. Numa segunda etapa, a partir dos ano: 1950, o Poder Piiblico dio, definindo instru- les © padres de las fontes ¢ 0 uso de tecnologias especificas par igo. Se a énfase da primeira fase era o di to administrativo. Evidentemente, a possil ingresso nos tribunais para ressarcimento de danos relacionados a ques- ‘Bes ambientais contin ratando-se de sobreposigio dessas fases, que passam a coexis A atual fase da politica € denominada pelos autores de “politica »mando e controle”, na qual esses instrumentos sio parte de a voltada a qualidade dos recursos naturais, na qual se estabe- lecem padrdes de qualidade da qual so exemplos normas norte-america- nas da década de 1970, A sistematizagiio acima deixa de abordar a evolugao do objeti- vo de desenvolvimento sustentavel, ou sustentabilidade, enquanto ga- rantia da manutengdo dos servigos ecossistémicos necessérios para que 48 geragdes atuais ¢ futuras possam satisfazer suas necessidades, em boa qualidade ambiental, bem como seus desafios para uma gestio inte- grada dos recursos naturais, com vistas & sustentabilidade. Outros ramos do dircito, especialmente o constitucional e 0 econémico ganham impor- tincia nessa construgio. Dada a relagdo entre as pol tal, que reproduz, num caso es icas ambientais e 0 direito ™ LUSTOSA, Maria C Eduardo Frickmann Ambiental & Heonomia 7 autores acima, e se caracterizaria por ses como direito de vizinhanga, respons: espacial ¢ exploragéio de recursos”. No final dos anos 1960 e inicio dos anos 1970, sobretudo a par- la realizagao da Conferéncia de Estocolmo de 1972, o dit {al que conhecemos atualmente emergiu, baseando-se em t tuso da melhor tecnologia disponivel, a preocupagdo com a servagio ambiental, problemas contemporiineos. No aml houve grande crescimento de normas e a formulago de principios, ndo chegou a integrar um pensamento ecoldgico ao direito™®, ‘A nova era ambiental, por sua vez, foi desencadeada pelo tema do desenvolvimento sustentivel, trazido a baila em documentos como o Relatério Brundtland e a Declaragio do Rio de Janei cam um novo problema centr faz pesadas criticas ao di tivo de promover o desenvolvimento sustentivel, ao niio buscar a susten mesma linha, Tasso Cipriano aponta que o € segmentado na sua abordagem a setores, 0 Poluigio entre eles ou entre etapas da produ- ima abordagem integrada, mais promissora a busca ilidade por danos, planejamento Além da tentativa de entender a evolugio das politicas ambien- tais no tempo, seu estudo exige também uma sistematizagao de seus ins. ventos. Esse es arranjos in vale dizer, em determinados momentos ¢ nos diferentes paises e até em Development. Towards or again: O1GT, Christina. Sustainable development in Internatio National Law. Groeningen: Europa Law Publishing, p51 ™ idem, p. 32. inser 0 objetivo da sustentabilidade no dircito ambiental & feito no tulo 2. RIANO, Tasso A. R. Waste prevention through product ecodesign regulation ind European law. Doctoral Dissertation. Faculdade de Direito da Uni. ide de Sto Paulo ~ Universitat Bremen, 2017, p. 33, 98, ___Ana Maria de Oliveira Nusdeo criados em matéria tal rencionados neste capitulo, os instrumentos mais ntais so os de comando e controle, tais como o Proibi¢ao no uso de produtos; controte de processos, padres de poluicdo. A cles se contraporiam os instrumentos econémicos, como as taxa: fas subsidios permissées transaciondveis. A tendéncia atual, p entender a necessidade de conjugagao ec articulagdo entre esses num ica ambiental. Com menos destaque que os anteriores, hé também os instrumentos de informag’o”, voltados & sua divulgacio, tais como os, selos ambientais"”. Esses instrumentos, sua caracterizago e criticas serio abordados nos itens abaixo. 3.3 INSTRUMENTOS DAS POLITICAS AMBIENTAIS 3.3.1 Instrumentos de Comando e Controle Instrumentos de comando-controle estabelecem normas, re- ras, procedimentos e padrdes determinados aos destinatirios das nor. mas a fim de assegurar cumprimento dos objetivos da politica em questio, por exemplo, reduzir a poluigo do ar ou da agua e promover a *. Tratando-se de comportamen- ios, seu descumprimento acarreta a imposigao de sangdes trativas e penais, As normas que estabelecem os instrumentos de comando ¢ con- trole descrevem um comportamento tipificado como juridico, havendo a Previsio de sangdes pelo comportamento desconforme aquele. No caso de A classificagdo nessas trés categorias c os exemplos Junqueira; CANEPA, Eugenio Miguel; YOU In: MAY, Pet de Direlto Ambi mento por s Alias, 2012. p. 97; Ni iversidade de eles como instrumentos de controle ‘em que se baseiam em determinagées de cunho admi no € cujo descumprimento acarreta a imposigdo de sangies. NUSDEO, Fabio. Desenvolvimento e ecologia. Sio Paulo: Saraiva, 1995, p. 78. tal & Ico normas penais, a norma descreve a conduta respondentes penalidades. icas ambientais valem-se predominantemente dos ins- ido € controle. Esses, em linhas gerais exigem 0 cum- Primento de padres ou restrigdes de varios tipos, determinam condutas eespecificas ou proibem praticas, a fim de se prevenir a poluigio e a degra- daco do meio ambiente. (Os exemplos mais tipicos so os padrdes de emissio, que defi- nem limites méximos tais como as norm: ibstncias por fonte emissora. Assim, deveres para as pessoas fisicas ou juridicas vinculadas a essas fon- . Esses padres de emissiio sto conjugados com os padrdes de qualida- de, que estabelecem niveis totais de poluentes para uma area ou corpo hidrico, levando em consideragao 0 tipo de uso e ocupagio da area ou uso a que se destina a agua e relativa capacidade de suporte e os objetivos de protegdo da saiide e da qualidade ambiental. Servem para orientar a lade de controle da poluigao pelos érgios responsaveis, bem como 0 icenciamento e éreas mais ou menos poluidas. A fixagdo de padrdes pode ser também tecnold critério utilizado é referido como “melhor tecnologia pratica disponivel”, que procura controlar os padrdes de emissio e sua redugdo, a partir de solugdes tecnolégicas que resultem na redugao das emissdes ¢ que sejam, ‘a0 mesmo tempo, factiveis para as fontes poluidoras. No Brasil, o critério é utilizado para o licenciamento de empreendimentos novos ¢ ampliagio tentes”"s, No direito brasileiro, a Resolugio Conama 382/2006""* fix mites maximos de emissio de poluentes atmosféricos para fontes fixas, em complemento 4 Resolugo Conama 5/1989, que criou o Programa de Controle da Qualidade do Ar — (PRONAR). A Resolugio 357/2005?”, Por sua vez, dispde sobre a classificago dos corpos de agua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento e estabelece as condigdes e padres de langamento de efluentes em éguas superficiais doces, salobras e sali- ica € entio 0 35 Ant. 42, § 4° do Decreto 8.468/1976, j& citado, com a redagdo dada pelo Dect 48.523/2004, sponivel em: . Acesso em: 19 out. 2016. em: . Aces- ut. 2016, egislacao/CONAMA_ Rt Embora se fale genericamente em instrumentos de comando e le, eles apresentam certa variagao de estratégias, mesmo para a lo dos mesmos objetivos. Nesse sentido, Neil Gunningham e ‘padroes de design ou especificagies terminada tecnologia para combate a certo tipo de -sempenho"™™, que definem deveres da empresa de resolver ou niio agravar certo problema. Finalmente, “padrées proce- dimen: -m Tespeito a parimetros e procedimentos para lidar com certos tipos de poluentes. A compreensio dos instrumentos de comando e controle dentro de um quadro juridico deve levar em conta o fato de as normas do direito ambiental se valerem de estraté; rias, A literatura juridico-ambi os que fundamentam as regras mais concreta: le comportamento, em especial os da prevengdo e da precaucao, relacionados a priorizagdo de medidas que evitem a ocorréncia do dano ambiental. O primeiro, assim, expressa a preferéncia a ser dada pelo ordenamento juridico a medidas que evitem a ocorréncia do dano ambiental. O segundo, definido da De- igo do Rio de Janeiro de 1992, determina que a auséncia de certeza fica absoluta nao deve ser razo para 0 adiamento de medidas eco- ‘dveis para a prevengdo da degradac&o ambiental quando fet ameaga de danos graves ou irreversiv mivel em: . Acesso em: 19 out. 2016, iam: designing policy saw and Policy, n. 21, p. 50-75, 1999. to/index. php?ido-conteudo, wlo=576>. Acesso em: 19 ago. 2010. Direito Ambiental & Ao se analisar 0 se que os comportam a degradagao. As sang iprimento, por sua vez, correspondem a estratégia de repressdo, que pode ser de natureza admi- nistrativa ou penal. Além da estratégia de pr , fundamentada no principio do poluidor pagador, de acordo com 0 qual a reparagio do dano deve recair sobre aquele que the deu causa. Note-se que o principio do poluidor-pagador tem também uma dimensio preventiva. De acordo com essa, deve-se imputar ao gerador de impacto ambiental 0 custo das medidas ddoras para reduzir esse impacto. Nessa linha, aproxima-se do principio da prevengio, mas se diferencia dele ao destacar a alocag4o do custo da prevengio ao gerador do impacto”, 3.3.1.1 Instrumentos de comando e controle. Criticas ¢ reabilitagao O excessivo ou predominante apoio das instrumentos de comando e controle vem sendo objeto de 08 anos 1980 do século XX. Uma primeira geragio de criticas surgiu com mais intensidade nos Estados Unidos e referiam-se especificamente & questo do controle da poluigio. Podem ser sintetizadas em trés elementos”. O primeiro deles é a necessidade de fiscalizagao eficiente para garantir a obediéncia aos padrées de emisso, 0 que acarreta custos a0 Poder Publico. Em segundo lugar, 0 redugdo a fim de fixar os padrdes, gerando a possibilidade de obtengao de informagGes imprecisas ¢ de uma regulagdo menos restritiva do que poderia, Vide o item 2.5, no capitulo 2, ®* Cf, NUSDEO, Ana Maria. O uso de instrumentos econdmicos nas normas de protegio ita da Faculdade de Direito da Universidade de Sie Paulo, v. 101, 102 emissdes so prati padres e deixa de is s do que a exigida em lei pelos emissores mais eficientes. Nao estimulam também a inovagao para mudangas de processos de produedo que acarretem menor poluigao. sas criticas servem de fundamento a adogdo dos instrumentos contra-argumentos, que silo 08 instrumentos de Imente dirigem compor F restringirem a margem de liberdade dos agen- jentos diferentes a, tais como a redugdo de emissdes, 0 esforgo para o cumprimento de padres e a realizagao de investimentos para isso. Exemplos sio trazidos por alguns autores. A i apresenta os resultados da imposigio de padrdes tecnolégicos, seguidos de padres de qualidade e emissio para a redugio de SO2 Europeia e que levaram a uma redugdo de 70% em 12 anos”, James Swaney, por sua vez, defende a necessidade de um co- instrumentos de comando e controle direcionam os comportamentos para 0 investimentos tecnoldgicos que precisam ser feitos. Seu exemplo foi 0 debate, nos Estados Unidos dos anos 1990, sobre as alternativas de do de uma taxa sobre a gasolina ou de imposigao de padrdes de eficién- cia no uso de combustiveis, obrigatéria aos fabricantes de veiculos (Cor- porate Average Fuel Economy ~ CAFE). Segundo o autor, os fabricantes investimentos necessirios para aumentar a eficiéncia energética dos car- os, pois a estratégia do setor era vender carros mais répidos, 0 que se consolidara com priticas de marketing. O aumento no prego da gasolina poderia desencadear outros efeitos, como a mudanga de residéncia ou de jidores, dada a falta de alternativas de transporte 0, € nfo necessariamente a fabricago de carros com motores meno- racionalmente vantajosos no curto prazo, 0 que ndo deve ser confuundido om 0 interesse piblico, de longo prazo. Aponta, nesse sentido: presente. Os padroes do CAFE tem um Potencial maior do que as taxas para estreitar a distancia entre 0 que ‘queremos como consumidores e 0 que queremos enquanto cidadaos, porque eles estreitam 0 conjunto de opedes, dos consumidores num sen A segunda geragio de criticas aos instrumentos de comando ¢ Controle j no se limita a comparé-los aos econémicos para destacar sua maior eficiéncia, Enfoca a unilateralidade da estratégia por tris deles, Nessa , que propugna mudancas mais expressivas na economia e na socieda- de, so necessérias outras estratégias, que ndo necessariamente os ‘mas recoloque os instrumentos de comando e controle em contexto, Assim, a propria proposta da economia verde™*, na qual se busca ar as atividades econdmicas a um menor uso de recursos naturais ¢ realizar uma transigo para fontes energéticas sustentiveis e va- iodiversidade, exige estimulo e a correta sinalizagio de pregos Para intensificar ages com potencial de atingir esses objetivos. Essa sinali- zaco implica em mudangas estruturais, por exemplo, na tributagaio”, Os trumentos de comando e controle, nesse caso, perdem a centralidade na ica ambiental que exige toda uma reestruturagfio da economia em ou- tras bases. Porém, mantém-se como um ingrediente bisico delas, aos quais 6s econdmicos ou de informagao podem ser combinados, Por isso, das criticas dos anos 1980 que propugnavam pela sua substituigo pelos econdmicos, pode-se concluir ter havido uma reabilita- 0 dos instrumentos de comando e controle, que passam a ser entendidos como parte de uma politica que requer, porém, a adogio de outros tipos de instrumentos. 3.3.2 Instrumentos Econdmicos A partir das iS aos instrumentos de comando e controle Surgiram propostas de criag&o de normas que alterassem a estratégia para SWANEY, James A. Market versus command and control environmental polices i 2, p. 627. Tradugso nossa iscutidas no item 2.3.2, no capitulo 2, cima sm 3.3.2.2, abaixo 2” ssa discussio seré apresentada Assim, 0 enfoque deveria icentivo a comportamentos que resultassem em maior al ou redugiio de imy sobre o meio ambiente e nao igo de comportamentos obrigat6rios baseados na potencia- lidade de uma sangao, Também se passou a valorizar a irgem de escolha para os destinatirios das normas entre tivos para a consecugio dos scus objetivos. A defesa dos econémicos para o cumprimento desse papel surge juntamente com as criticas aos instrumentos de comando ¢ controle, nos anos 1980”", aqueles que agentes econdmicos, cujas atividades esto compreendidas nos objetivos da politica”™". Os exemplos so 0s tributos em geral e os pregos piiblicos, que podem ser criados, majorados ou reduzidos. Essa afirmagao, porém. deve ser ponderada pelo fato de os instrumentos de comando e cont também impactarem os custos de produg4o e consumo dos agentes. observiincia a padres de emisstio; padrées tecnolégicos ¢ a adogaio de solugdes para mitigagao de impactos exigidas em processos de licencia mento € representam custos significativos para atividades ou projetos. Dentro de uma anélise juridica, os instrumentos econémicos remetem & visio de que 0 ordenamento tem um aspecto funcional (de controle de comportamentos em determinados sentidos) © nfo apenas estrutural, como proposto pela teoria de Kelsen. O aspecto da fungio adé- qua-se & assungo de objetivos de a econémica e de outros objeti- jue passa a adotar, ento uma abordagem at ssa abordagem promocional, as normas buscam induzir cer- tos comportamentos, o que representa uma inovagio ao papel de repres- séo ¢ desincentivos as condutas descritas nas normas. Assim, se a estrutu- ra tradicional de uma norma é a descri¢do de um comportamento, na sua hipotese fatica, seguida da atribuigdo de uma sangio gravosa, no caso da norma indutora, & descri¢aio do comportamento segue-se a definigao de uma sango que é um beneficio ou prémio se adotada a conduta””. WARD, Richard B. A new generation of environmental regulation? Capi Review, v.29, p.21, 2001. ‘econdmicos e politica ambiental. Revista de Direito © 0 pagamento pelos servi- -26, 2008. los de teoria do direito. Sto Manole, 2007, p. 25-26, Ambiental & F presta-se tanto a est ia. Nesse si que, assim como as sangdes negativas tém “propria ago nao conforme” ou reparador, voltada a aplicago de “um remédio as consequéncias da ago desconforme”, também as sangdes posi- tivas comportam a distingo entre prémios retributivos, expressivos de uma reagio favorivel a determinado comportamento, e sangdes positivas com- Pensatorias dos “esforcos dos agentes pelas dificuldades enfremtadas ou elas despesas assumidas ao proporcionar & sociedade uma vantagem’™*, instrumentos econémicos podem ser divididos em duas cate- imentos precificados e de criago de mercado”. E importante anotar que enquanto mecanismos indutores de comportamento ou, ainda, instrumentos que busquem assegurar flexi dade aos dest obj ia iniciativas politico ambientais voltadas a exploragao sustentivel dos re- cursos naturais, tais como a concessio florestal ¢ a 0 acesso e utilizagdo do patrimdnio genético. gorias: 3.3.2.1 Instrumentos econdmicos precificados Dentro do objetivo de estimulo ou desestimulo as condutas, os instrumentos econémicos precificados tém por caracteristica atuar nos custos de certos bens, servicos e processos de produgio, aumentando-os ou reduzindo-os conforme o objetivo. ‘Quando se deseja desestimular, os instrumentos majoram 0 custo da conduta (ou bem ou servigo) sio referidos como “instrumento econd- mico superavitério”, a exemplo dos tributos e pregos piiblicos que aumen- lo, fala-se em “instrumen- ° BOBBIO, Norberto. Da estrutura & fangio, Novos extudos de teoria do dircito, S30 Paulo: Manole, 2007, *8 MOTA, Ronaldo S. Instrumentos econémicos ¢ politica ambiental. Revista de direito Ambiental, n. 20, p. 88, 2000, e NUSDEO, Ana Maria. O uso de instrumentos slasificagio pode ser comparada com aquela apresentada 92), entre as m Em contrapartida, reque- a seu financiamento, cobrir custos e induzir um comportamento social. ; A primeira fungaio € a internalizagao o custo ambiental gerado financiamento de externalidades positivas pode dar-se por crediticios € fiscais voltados, por exemplo, para empresas reduzam emissOes de carbono. ‘A segunda funcio tem por objetivo gerar receitas para o financia- através da cobranga de taxas por servigos determinados ou de policia. Tem-se como exemplo a taxa de contro- ambit CI ida pela Lei 6.938/1981, com a uujo fato gerador & 0 exercicio do para financiamento da estrutura de 6rgiios ou programas ambientais se em razHo das restrigdes orgamentirias que, frequentemente, impedem a efetividade das normas ¢ programas voltados ao meio ambiente, por falta de estrutura de fiscalizagdo ow monitoramento. A imposigao de tributos sobre a utilizagao de bens poluentes ou de recursos naturais niio renovaveis ou escassos permite que 0 financiamento recaia, no sobre a i mas sobre os grupos que causam maior pressio sobre o meio a terceira fungaio obj ilo de certos comportamentos pelos dest primordialmente a indu- politica ambiental, Revista de Direito 10, Ana Maria. O uso de instrumentos L1.1, no capitulo 1 da norma. Aumentar ou evista da Faculdade de Direito da Dineito Ambient 107 ertos produtos, ou pri especificos. \de a resultar em estimu- Na ex cobranga pelo uso da gua definida na Lei 9.433/1997 € desenhada de modo a equacionar as trés fungdes referidas. Assim, seu art. 19 afirma que a cobranga objetiva: 1 reconhecer a digua como bem econémico e dar ao usuirio uma ine dicacao de seu real valor: 11— incentivar a racionalizagdo do uso da dgua; I~ obter recursos financeiros para o financiamento dos programas ¢ intervencoes contemplados nos planos de recursos hidricos. Porém, a finalidade de intemalizagdo das extemalidades e i ‘go de comportamento dependem do valor da cobranga e de como é defi do. Por outro lado, a redugo do consumo pode resultar também de outr Embora caracteristicos de uma agdo do Poder Piblico que os im- Pe diretamente, por meio de instrumentos legais como tributos; precos piblicos e royalties, os instrumentos econémicos precificados podem ser aplicados em relagdes privadas. Desde que haja uma base legal para tanto, ssa situagdo vem ocorrendo em alguns municipios, com a cobranga, pelos supermercados ¢ estabelecimentos comerciais, pela distribuigdo de sacolas plisticas e também no caso do pagamento por servigos ambientais. BOX ~ SACOLAS PLASTICAS NO MUNICIPIO DE SAO PAULO. A Lei do Municipio de Séo Paulo 15.374/2011 proibe a distribuigio ou venda de sacolas plisticas a consumidores para acondicionamento de mercadorias nos esta- belecimentos comerciais do Estado de So Paulo. Afirma também que os estabele- imentos devem estimular o uso de sacolas reutiliziveis. O Decreto 55.827/2015 a regulamentou especificando que as secolas reutilizaveis so aquelas utilizadas na coleta seletiva de residuos sélidos domiciliares secos que atendam fs especifica- ‘gbes da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana — AMLURB. ieagdes da Resoluplo 5/2015 da AMLURB definiram as sacolas sem duas cores: a verdes para coleta seletiva de residuos sdlidos los mente norma juridica sobre meio ambiente, mas sim regulamentava dispositi- 10s domiciliares indiferencia- -ordo com a Resolucdo, devem ser isténcia dos setores afetados ¢ de esultaram em varios procedimen- ) € que aos municipios incumbe apenas teresse local. Sendo o tema da lei de natureza am- io Pablico Estadual firmou 0 PROCOMSP e com a| | vercados para que se estabelecesse prazo para 0 se informasse os consumido © de que a lei municipal no estal propria- federal ¢ estadual em ambito local. Foi lembrado que a Constituigo termina ao Poder Pablico — portanto nas trés esferas feder: Be que os Muni jinadas a no-geragao; redugak lagem de residuos (art. 9°). A segunda estabelece a Pol 109 Residuos Sétidos ¢ também atribui aos Mun ‘medidas que promovam a prevengio da poluig ‘0 de residuos u art. 2°, a adogio de da reduclo da ge na discussao esti fora do foco da necessidade de sustentabilidade nas pr consumo. Os cidadios também estiio incumbidos do dever constitucio Protego ao meio ambiente. Seus direitos de consumidor devem ser ex. dentro dos deveres de cidadania e nfo em paralelo ou em contraposicio aol eatro ds deveres de cidadania © nfo em paralelo ou em contraposi 3.3.2.2. Tributacio e meio ambiente A discussao sobre instrumentos ccondmicos leva ao debate so- fe. Isso porque, como discuti- i de forma geral, também as categorias dos impostos ¢ contribuigde: dos instrumentos precificados criados pelo Poder Pi 05 ptiblicos e royal A tributagdo é um elemento primordial nos custos das atividades 6, portanto, crucial nas decisées econdmicas. E por essa razlo que a pro- Posta de uma economia verde tem a tributago como fator necessério para as alteragdes que pretendem trazer a questo ambiental a uma posigio central nos sistemas econémicos™”, Se a conveniéncia de se aproximar a tributago da questo am- indiscutivel, o debate seguinte pode ser traduzido a questio: & . ainda, os pre- biental %9 Vide o item 2.3.2, no capitulo 2.

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