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Bananas Music Trends 2023
Bananas Music Trends 2023
Music
Trends
2023
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ÍNDICE
02 INTRODUÇÃO
22 CONCLUSÃO
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INTRODUÇÃO
O Bananas Music é uma agência de curadoria musical para marcas. Somos um time de
curadores e pesquisadores musicais sempre atentos aos movimentos de
comportamento e consumo de música dentro e fora do Brasil. Tudo isso para sermos
capazes de apresentar as melhores estratégias de posicionamento de marca no
território musical.
O report Bananas Music Trends nasce dessa constante investigação sobre a indústria
musical, dos resultados de nossas tecnologias proprietárias, análise diária de charts,
notícias e reports de outros pesquisadores, acrescidos do nosso próprio senso crítico.
INTRODUÇÃO
Dito isso, acreditamos que essas 5 tendências que apresentaremos a vocês irão se
consolidar em 2023 e perdurarão inclusive pelos próximos anos.
SOBRE AS AUTORAS
EMELY JENSEN
SÓCIA E HEAD DE CURADORIA
Formada em Design pela Universidade Feevale e
pesquisadora musical há mais de 8 anos, trouxe sua
experiência analítica para o mercado da música,
desenvolvendo desde a identidade musical de marcas até
reports e pesquisas sobre comportamento de consumo
musical.
JULIANA CASTRO
HEAD DE RELACIONAMENTO ESTRATÉGICO
Especialista em Marketing de Conteúdo e pesquisadora
musical há 3 anos. Atuou como head de conteúdo na
Bananas Music, sendo responsável pela comunicação digital
da empresa. Hoje é head de relacionamento estratégico da
Bananas Music.
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O brasileiro se firmou como expert em criar coisas novas a partir da fusão de outras
existentes. Só no Brasil existe R&B com swing baiano e pizza de sorvete (risos).
Perceba que ainda não existe uma palavra que caracterize o gênero “R&B com swing
baiano”. E talvez nunca exista. O brasileiro terá que se acostumar a utilizar muito
mais palavras para explicar uma sonoridade, ao invés de uma palavra que
expresse tudo.
“Vieram criticar a gente pela junção de coisas de estilos, mas se você for
pensar, música é uma coisa só." Luan Pereira sobre a música 'Roça Roça' em
entrevista para o G1.
¹Mash up: canção ou composição criada a partir da mistura de duas ou mais canções pré-existentes,
normalmente pela transposição do vocal de uma canção em cima do instrumental de outra, de forma a se
combinarem.
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Juntos, música, sons da natureza, sons ASMR, sons de frequência binaurais ("ilusões
auditivas” capazes de estimular e alterar o comportamento do cérebro) e ainda
podcasts, coroam o áudio em geral como um regulador do nosso humor e
estado mental.
Podemos dizer que a tendência de estimular a audição acima dos outros sentidos se
fortaleceu durante a pandemia, quando Millennials e especialmente Gen Z’ers,
saturados pelo bombardeio de notícias e pela alternância frenética entre tweets e vídeos
curtos, foram buscar relaxamento em outros formatos.
E esse cenário está longe de mudar. Um estudo recente do Spotify mostrou que “a
Geração Z não considera o áudio apenas como uma diversão, ele é uma parte essencial do menu de
Nota: Spotify Culture Next Report, um estudo realizado pelo Spotify em 2021. Foram combinados dados
qualitativos, quantitativos e primários sobre a Geração Z (de 16 a 25 anos) e os Millennials (de 26 a 40 anos),
juntamente com mais de 9 mil entrevistados ao redor do mundo, 500 deles brasileiros. As descobertas foram
correlacionadas ao Streaming Intelligence e aos dados primários exclusivos do Spotify.
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bem-estar pessoal deles [...] seja através de podcasts de pensamento positivo, som ambiente ou até
mesmo o silêncio.” (Spotify Culture Next 2021, p. 05)
Podcasterapia
GEN Z MILLENNIALS
Crescimento de
categorias de podcasts 370%
entre os Millennials e a Saúde Mental
381%
Geração Z do
137%
Brasil no primeiro Espiritualidade
trimestre de 2021, em 162%
comparação ao 110%
primeiro trimestre de Autoajuda
116%
2020.
107%
Saúde
105%
Fonte: Spotify Culture Next 2021, p. 04-05.
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Podcasts de saúde mental e autoajuda possuem um propósito muito claro sobre como
podem auxiliar o ouvinte em questões pessoais, de autoconhecimento ou regulagem
emocional.
Agora um fato curioso sobre o assunto é que podcasts sombrios, como de casos
criminais, também estão mais presentes dentro do “kit de saúde mental” das
pessoas. Há relatos de que muita gente ouve esse gênero com prazer para relaxar
após um dia estressante. Ainda não sabemos uma possível explicação para isso, mas é
algo que vamos ficar de olho.
Nos charts e listas de músicas mais tocadas nas mídias é muito comum vermos
músicas atuais, lançadas no ano corrente ou, no máximo, no ano anterior. Imagina a
surpresa quando salta aos nossos olhos uma música de décadas atrás figurando entre
as top 50 mais ouvidas no presente!
É o que vem acontecendo com cada vez mais frequência. Dreams, do Fleetwood Mac
(1977), viralizada a partir de um vídeo no TikTok, e Running Up That Hill, de Kate
Bush (1985), revivida pela série de ficção Stranger Things, são alguns exemplos de
músicas que retornaram recentemente às paradas de sucesso, por motivos que vamos
discorrer a seguir.
Um estudo divulgado pelo The Pudding em julho de 2022 observou que 25% dos 332
artistas que entraram pela primeira vez na parada de músicas mais ouvidas no
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Vimos o cantor Sting vender todo o seu catálogo musical para a Universal Music por
U$ 300 milhões no início de 2022. Recentemente, em janeiro de 2023, o cantor Justin
Bieber fez o mesmo com as suas músicas, confirmando que as transações anteriores
não foram isoladas e sim, representam uma tendência do mercado musical.
Isso porque, com o avanço da tecnologia de dados, se tornou muito mais fácil
compreender o histórico de performance de um catálogo, ou seja, o volume anual de
royalties, e sua projeção futura de execução.
Nesse caso, várias movimentações podem ser feitas para incentivar a execução do
catálogo: produção de filmes biográficos, documentários, covers e pitching ativo para
interpolações com outras músicas fazem parte da negociação prevista para retorno do
investimento.
Sobre esse último ponto, editoras musicais, que são geralmente as administradoras
dos direitos das composições, ativamente fazem pitching de ideias de interpolações
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Número aproximado de novas músicas enviadas por dia no Spotify e outros serviços
de streaming música:
Para as marcas que se aliam à música para fins comerciais e de marketing, reciclar
conteúdos que já possuem alguma história costuma ser mais seguro do que a criação
do zero. A utilização de conteúdo de catálogo passa então a ser interessante
comercialmente para artistas em outras fontes, indo além de royalties de streaming -
nesse caso, a publicidade.
Vale lembrar que antigamente, ser um “sellout”, um vendido, e trabalhar com uma
marca era a pior coisa que poderia acontecer com um artista, na visão dos fãs. Hoje
em dia, com a cultura do influencer invadindo todos os espaços, se o artista não tem
apoio de marcas, ele pode ser visto como um amador, alguém que ainda “não chegou
lá”.
Dizemos conexão sincera pois, se tem uma coisa que o público, especialmente a Gen
Z, consegue sentir de longe é o cheiro de marketing forçado. Essa conexão verdadeira
também é importante para não prejudicar o legado do artista, para que ele possa
continuar reverberando e consequentemente, para que os detentores do catálogo
continuem tendo retorno sobre o investimento.
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Você consegue se lembrar do último disco que ouviu sem feats? Não dá pra negar que
colaborações são queridas pelo público. Todo mundo tem uma certa curiosidade em
saber como ficaria uma música entre artistas x e z.
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Nos últimos anos, as parcerias musicais têm se tornado cada vez mais comuns para os
artistas. Na segunda semana de janeiro de 2023, por exemplo, 31 das 50
músicas, ou seja 62%, do Top Spotify Brasil eram colaborações entre artistas.
Mas a união de artistas no palco não é somente um reflexo da “era dos feats” da
música digital.
Acreditamos que outro fator que estimula a crescente onda de colaborações entre
dois ou mais artistas no palco seja a grande repetição de line up que muitos
frequentadores de festivais observam em eventos por todo o Brasil
“Os artistas parecem estar mais abertos a isso, em ter um show diferente, para não terem sempre o
mesmo show da turnê.”, aponta Juli Baldi - diretora criativa do Mapa dos Festivais e da
Bananas Music.
Depois da pandemia de COVID-19, que nos obrigou a passar dois anos sem shows,
as performances ao vivo em eventos presenciais voltaram com produções
espetaculares. Tanto o público quanto os artistas estavam ansiosos para se entregar
em experiências com tudo que se tem direito - mesmo com toda a dificuldade
financeira trazida pela pandemia e, mais recentemente, pela guerra na Ucrânia, que fez
o custo de produção e consumo dos shows e festivais no Brasil ficarem muito mais
elevados.
De Ludmilla, investindo 2 milhões para ter seu show no Palco Sunset do Rock In Rio
do jeitinho que queria, à Lady Gaga, em seu teatral e megalomaníaco Chromatica Ball,
as maiores estrelas da atualidade vem oferecendo shows que parecem projetados com
precisão para a mídia social. Os palcos, cada vez mais cercados de elementos
estrategicamente pensados para chamar a atenção do nosso olhar (e câmeras), vão além
do foco do artista no spotlight com seu microfone.
O input para observarmos mais de perto essa tendência foi justamente a presença de
bailarinos em shows de artistas independentes, cujos cachês são frações
quando comparados aos artistas mainstream que podem investir nesse tipo de
elemento de palco como expressão da sua arte.
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Mais gente no palco, mais caro para fazer o show acontecer - o que pode muitas
vezes, inclusive, ser um empecilho para o show ser contratado em primeiro lugar.
Então por que levar um balé se torna essencial? Quando o balé se tornou
imprescindível, especialmente para aqueles artistas que não tem nem de longe um
orçamento como o da Ludmilla, por exemplo?
Conversamos com alguns artistas independentes que vimos nos festivais Se Rasgum e
Coquetel Molotov e que se apresentaram com bailarinos no palco para entender suas
motivações. São eles Raidol (PA), Uana (PE) e Barbarize (PE).
BARBARIZE
Foto: Divulgação / Thays Medusa
“O show só é completo se tiver nosso balé lá. Eles fazem parte da nossa
banda assim como os músicos também. Faz parte da nossa performance.”
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Raidol trouxe diversos pontos sobre seu uso de balé no palco. “A questão dos dançarinos
tá bem intrínseca na nossa cultura nortista, onde bandas de cultura popular (como carimbó, boi
bumbá) têm dançarinos [...] eu como sou um artista pop, senti a necessidade de explorar todos os
âmbitos da minha arte, e ter um balé faz com que você estude seu corpo, o desenvolvimento dele no
palco. É um desafio cantar e dançar”, e completa: “Viva Beyoncé, Joelma e Viviane Batidão!”.
Coletividade
RAIDOL
Uana, que além de artista musical também é dançarina, vê a dança em simbiose com o
ritmo que vem trabalhando:
"Quando eu decidi fazer um trabalho mais pop, que é muito referenciado no brega funk, comecei a
entender que eu não poderia ir nessa pegada se não tivesse dança no palco. Porque dentro da cultura,
é muito uma coisa ligada à outra. A música e a dança são codependentes no brega funk. Uma coisa
alimenta muito a outra.”, diz Uana.
UANA
“Às vezes não é só você cantando que vai segurar o público, às vezes precisa de mais cênica, mais
estímulos.” - Barbarize
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Para fechar essa nossa discussão sobre dançarinos como elementos de performance,
vejamos o case de Luísa Sonza, uma artista consagrada pelo pop brasileiro que
dispensa maiores apresentações.
Mas você já ouviu falar de Amanda Araújo? Amanda é uma TikToker e dançarina
com mais de 4.7 milhões de seguidores na rede social. Apenas UM de seus vídeos
dançando no palco tem mais de 34 milhões de visualizações na plataforma.
Enquanto Luísa Sonza descansa ao fundo, deixando seus dançarinos brilharem em seus
solos, Amanda viraliza com a hipnotizante coreografia de “Escolhe o Bandido”, música
de MC Myres, MC CH da Z.O, Danado do Recife, EOO Kendy e Deyvinho PL.
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Para nós, é muito interessante o fato de que os fãs de Luísa Sonza esperam esse
momento no show: o momento em que Amanda dança uma música específica no
palco, como uma parte consolidada do repertório - tal como os fãs devotos de Rosalía
esperam o fatídico e viralizado momento em que La Rosalía masca seu chiclete
furiosamente nos shows da Motomami Tour.
CONCLUSÃO
Essa prática nos permite enxergar além dos fatos e propor estratégias que sejam
condizentes com as tendências de consumo de música e que façam sentido para o
público.
Esperamos que esse relatório tenha trazido muitos insights sobre como trabalhar com
música em 2023. Se quiser entrar em contato com a gente, escreva para
oi@bananas.mus.br.