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q721· 1 . • Londo• • I s· 111·ficance of Cha1m Perelman's Ph·J
.I J }-J1'1" 5 . "fle 1g I Oso h 2.
-------;::t.n',Har"~\ER·. M- ( 1979 ). ede p!Ji/osophie, PP·_ 127:8. p y A RETÓRICA DA ECONOMIA*
(11 _,. \C e fl):L . 1, 1rrlltlft011tll , rhodology o f ScJennfic Research Progr
. 11rt ·ll -"· • f' rl't'' . d rhe ,,, e
1 anunes" D.N. McCioskey
f- 1 of Rhcto"'. . +~lsificarron an A Criticism and the Growt1J o( Knowledge C .
I (I aí O). · MUSGRA VE, · · arn. Trad11ção de Maria SoCIJrru Srl1·a
[)IJ\AT0 5· ·, ros. I. r · Press. · ·
1 . LAKA .d Universrrv
":d c~rn"" gr I dologY o( Econon
tic and other Soczal Setences. New y 0 k
r , Aca.
"" gr. - J97SI. Ml'f ,o
iACHLur.l·. I ·p . es. New York, Kelley (1 960}. 2 vol.
~ ·. Prcss. Theor)' of rtC
drtnt• \'íf ( )9.38). T/Je Penguin. Voi. 2. I. INTRODUÇÃO
M >\RGET. A. _.) (tlpittll. London, . of Economics", ]oumal of Economic Lite
· ' X 1\. ( J9 •S · ') "The Rheronc rature,
/lfAR' · . _ . D N. (J9S-' · Se "traduzíssemos" a maior parte do que dizem os economistas, quan-
OSI'E'· .
McCL . . Tum Methuen. do conversam, soaria bastante plausível aos poetas, jornalistas, homens de
vol ;\:XI. D collstructwe . . d " Th G I
. ·C. ( 1983). T/Je e s.. Keynes, Cambrrdge an e enera Theory": The negócios e outras pessoas respeitáveis que não se dedicam a economia. As-
NO RRIS. D e LEITH, C.]. (ed ) . Connected zuith the Development of "The G
P:', TINKIN
·
. · ..
(Crit1as111 til1
J DtscussiOI1
.
ene- sim como em qualquer conversação- por exemplo, entre projetistas de barcos
J'roef-'·' o MacM•llan. e aficcionados de beisebol - , a conversação em economia é difícil de seguir
..,../. oi')' ... Toronro.
ra / ', Je ECHTS-
TYTECA ' L . (1958). The New Rethoric: A Treatise on
quando não se adquiriu o costume de ouvi-la durante um tempo. No fundo
PERE L/I '
~AN C. e OLBR _ . University of Notre Dame Press (1969).
T duçao mg1esa, d . os hábitos de conversação são similares. A economia utiliza modelos mate-
Arg11111e11tatioll. ra . , In· WEBER, M. Economy an Soctety (ed. by Guenter
H G. (1978). "I11 rroducnon .
·k · Univers1·ty of C al'f · P
1 orma ress.
VoI..I máticos, contrastes estatísticos e argumentos de mercado, que parecem es-
ROT , Wirnch). Ber e1ey, . k f
Rorh and Claus . , f Economic Analysts. New Yor , Ox ord. tranhos à mente literária. Não obstante, ao examinarmos com atenção não
SCHUMPETER, ]. (1 954)· Htstol') ~ Understanding in the History of Ideas". History and são tão estranhos, pois podem se considerar figuras retóricas: metáforas,
SKINNER, Q. (1969). "Meamng an '
analogias e argumentos de autoridade.
Theol')', vol. VIII. , d'É omie Politique Pure. Paris, Pichon et Duram (1952).
As figuras retóricas não são meros adornos: pensam por nós. Conside-
WALRAS, L. (1874). Elements d Scon ty (ed. by Guenter Roth and Claus Wittich). Berkeley,
WEBER, M. (1978). Economyan octe rar o mercado como uma "mão invisível", as organizações do trabalho como
Universiry of Califorma Press. Voi. I. uma "função de produção" e seus coeficientes como "significativos", tal como
fazem os economistas, é dar à linguagem uma enorme responsabilidade. Pa-
rece uma boa idéia, pois, examinar com rigor sua linguagem.
Descobrir que a conversação econômica depende em grande medida das
formas orais não quer dizer que a economia não seja uma ciência, ou só uma
questão de opinião ou algum tipo de jogo confidencial. Os bons poetas, ain-
da que não sejam cientistas, são sérios pensadores de seus símbolos; os bons
historiadores, sérios pensadores de seus dados. Os bons cientistas também
fazem uso da linguagem, e mais ainda, empregam a sutileza da linguagem sem
propô-la de forma especial. A linguagem empregada é um objeto social, e
utilizar a linguagem é um a~o social; necessita-se de habilidade e que se pres-
te atenção às pessoas que estão presentes quando se fala .
O prestar atenção ao próprio público se denomina "retórica", uma pa-
lavra que empregarei com assiduidade. Naturalmente, a retórica é utilizada
*Adaptado para esta edição pelo autor a partir dos dois primeiros capítulos de The
Rhetoric o( Eco11omics (Madison, The University of Wis..:onsin Press, 1985)
A Retórica da Economia 47
46
. "ndio em um teatro ou para provoca
. - ·ia de Ince .f - , . .. r a l<e.
. r d:1 e)l:lsteno.. E tipo de voc1 eraçao e o stgmftcado v 1
r·1f3 :lns:t 1 . rado. ste
.' . tre o e elto ue a " retor, ica acalora d " d
a
'd
o prest ente em um
u gar Não são somente. os economistas de Mosc ou ou d e Was h.mgton os que
notobl:l en . " . a con. fazem. danos. Inclusive fora do alcance dos con gress1stas
· e d os b urocratas,
· a
·ra 0 rncsrno q " . ples retónca a que se rebatxam nosso ..
da !):I 1:1\ ' OU a SI 01 ' '\' S lnt- maneira como falam os economistas tem conseqüênc1as. · J. M . Keynes assi- ·
. . _. de irnrrensa, d s gregos a palavra e ut1 tzada em um sen .d
trreno..l·3 · des e o ' t1 0 nalou este fato em. outra observação citada à exausta· o : "A s 1·de1as· · d os eco-
s Não obstante, ferir-se ao estudo de todos os meios para nomistas e dos ~1lósofo_s políticos, tanto quando são certas como quando estão
n11go. · ivo para re . _ . con.
amplo e atrat _ . incitar a muludao a que lmche um acus d equivocadas, tem mats força do que se crê normalmente. Na realidade, 0
nwS ' hnguagen1 . a 0
seguir c0isas com a I ·rores de um romance de que os personagens est·, mundo está governado fundamentalmente por elas[ ... ] Os loucos que detêm
, encer os et Ih ao
bcrn como conv eruditos aceitem o me or argumento e rechac o pode~, que escutam, vozes. no ar, estão destilando sua loucura a partir de
. ou fazer com que os em alguns escntorzmhos academicos de uns poucos anos atrás".
nvos.
O propósito de pensar sobre como conversam os economistas é ajudar
0 pior. _ . udito _que geralmente se imagina como um anun-
0 - " 1tvre · d e retórica_
A qu estao e se ,er m expositor d e " cone l usoes a que se amadureça este campo, e não atacá-lo. Apesar de todas as piadas,
. d "resultados ou u . . desde Sham a L.]. Peter ("Se pusessem em fila todos os economistas, não
Clador e T . na convencer? Asstm parece. Acabo de dtzer que
. ·amente. encto . , . d. - a alcançariam nenhuma conclusão"; "um economista é um perito que saberá
fala reton ... , _ . reendimento sohtano. O eru tto nao fala no vazio
. m nao e um emp . amanhã por que as coisas que predisse ontem não ocorreram hoje"), a eco-
1mguage F ara uma comunidade de vozes. DeseJa que o tenham em
1 nomia tem êxito. Não tem êxito como urna meteorologia social, um papel
para s1 rnesmo. a_a P ue se publique seu tra b a Ih o, que Ihe tmttem, · · que lhe que a retórica da política e do jornalismo lhe impuseram, mas o tem, sim,
ta que lhe ou~am, q • . l d
con ' q e lhe concedam o prem10 Nobe . To os estes são seus como história social. A economia, como a geologia, a biologia evolutiva ou
rendam homenagem e u .
. Os meios são os recursos da hnguagem. mesmo a história, é uma ciência histórica mais do que uma ciência premo-
desetos. . · - adequação dos me10s · aos d eseJOS· d a conversaçao. - A re-
nitória. Ainda que não seja considerada geralmente como uma criação im-
A reronca e uma .
. . . · d l'nguagem o estudo de como se adequam metos escas- pressionante da mente humana, de fato o é. É uma autocompreensão social
tonca e a economta a 1 . ' À . .
· · · · dese ·0 s que as pessoas têm de que as ouçam. vtsta d1sso, {uma teoria crítica, de fato, como o marxismo ou a psicanálise), mais impor-
sos aos msaCJavels 1 . _ .
· oa' vel a de que os economtstas sao como as demats pessoas tante, inclusive, que a antropologia ou a história.
parece uma hi potese raz _ , . .
.am que os escutem tanto quando vao a btbhoteca No vôo dos foguetes espaciais, o profano pode ver as maravilhas da fí-
ao conversarem e qu e desel _ . , sica, e no aplauso do público as maravilhas da música. Ninguém entende bem
ou ao laboratório como quando vão à oficina ou votar. Meu_o~Jetlvo: c~m-
as maravilhas da economia se não a tiver estudado com atenção. Este faro
provar se isto é verdade e se é útil: estudar a retórica da e~udtçao ec~nomtc:.
deixa sua reputação nas mãos dos políticos e personalidades, que têm outras
O tema é a erudição, não a economia ou a adequaçao da teona eco~o-
coisas na cabeça. O resultado é criticar-se equivocadamente a economia por
. . - d · papel do economtsta
m1ca como uma descnçao a economta, nem sequer o . ser demasiadamente matemática, por não ser suficientemente " realista", ou
na economia. O tema é a conversação que os economistas mantêm entre SI com por não salvar o mundo de sua loucura. Esta desinformação é uma pena e
o iim de convencer-se mutuamente. realmente é interessante tratar de compensá-la. Contudo, não se pode cul-
Dt'sgraçadamente no entanto as conclusões têm um interesse mais que par aos observadores da economia alheios a ela de entende-la mal, pois a
. . ' - ' . , . d t ônomos
academ1co. As conversaçoes dos estudiOsos dos classtcos ou os as r . economia tampouco se entende demasiadamente bem a si mesma. Se com-
. fi . , . d conomtstas, preendesse sua própria maneira de conversar - sua retórica - talvez dei-
raras vezes m uem na vtda dos demais. Não e asstm com as os e f'l
. d e odes 1 e xassem de existir alguns de seus comportamentos neuróti.::os, como sua es-
que 0 fazem em grande escala. Uma anedota muito conheCida escrev
d· p · · · b. 1de solda· quiva compulsiva das responsabilidades nos pro.::edimentos estatísticos.
c nmmo de Mato na Praça Vermelha com a quantidade ha ttua
d0 .. . . . . l urge urn O serviço que a literatura pode prestJr à e.::o nomia é oferecer a crítica
~• pro1etets teledtngtdos e lança-foguetes. No final da marc 1 a 5 •
numeroso " d d 'blico pergun literária como um modelo para seu pró prio entendimento. A critica literária
.. .,.rupo e pessoas em trajes cinzas, e uma pessoa o pu _ beOl n.lo julga dizendo simplesmente se algo é bo m o u nuu; na sua forma mais
ta: Quem são e5t es '. " · "Ah" , respondem, "esses são economista
. s ' nao sa .
01 recente, este tema mal p~uece colocar-se. A .:riti.::a literá ria se preocupa prin-
o dano que pod f , - . provoca
em azer! Sao as conversas dos economistas que
t>te npo de comemano. · ·
A Rer<'> ri.:a J ,t E.:onomia 49
48
. '\.
cipalmente em fazer com que os leitores vejam como os poetas e os roman-
tos matemáticos, não puderam f 1
cistas conseguem seus resultados. Uma crítica econômica como a que se rea- a ar em metáf
sar, como fez Harry A. Millis em s d" _oras curvilíneas. Podia
liza em seguida não é uma maneira de julgar a economia, mas sim é uma forma . . . eu 1scurso 1 m pen-
ncan Econom1c Assoc1ation celeb d naugural da reunião da A
de mostrar como ela obtém seus resultados. Aplica os recursos da crítica li- ra a em dezemb d me-
ma d o tra ba Ih o tinha algo que ve ro e 1934, que 0 probl _
terária à literatura da economia. , . r com a produt" .d d e
Apos lerem o livro de]. R. Hicks bl. d lVI a e marginal (pp 4 _5 )
Não há muitos economistas que pensem deste modo, ainda que exista . h . . . . pu Ica o em 1932 A T . .- .
pod 1am, como avia dito Mllhs ad . . ' eorta dos Salarios
uma maior proporção, embora pequena, de cientistas sociais que o faça . Esta , . , m1t1r que a pr0 d · .d ,
nos salanos. Mas, antes de utilizar .. UtiVI ade marginal influía
linha de pensamento não é desconhecida nem na antropologia nem na socio- . a matemat1ca .
cabeça, assim como Millis em co f _ 'os economistas caíram de
logia. O que os franceses denominam geralmente "ciências humanas" podem ' n usoes que se d.
um pouco de matemática: confusõ b po Iam ter resolvido com
reunir hoje em dia bastante pessoas que pensam de forma crítica, neste sen- es so re as cond. - b .
bre o poder de negociação (não se d IÇoes tra alh1stas ou so-
tido. E numerosos especialistas em matemática, física, informática, biologia, . . eram conta de q .
pela produtividade marginal agreg d I ue estava determmado
paleontologia, comunicação, ciências políticas, direito, sociologia, antropo- , a a e pe a curva da 0 f d
meta foras matemáticas todavia nã0 erta e trabalho). As
logia, história da ciência, filosofia, teologia e literatura comparada têm visto economistas. estavam à disposição da maioria dos
qualidades especiais na crítica retórica. A seguir se examinará, pois, a retóri-
Agora estão disponíveis a granel es . 1
ca da investigação da economia. burgueses de fala inglesa que domi ' pefcia _mente para os economistas
nam a pro lssao (e deles I
Dos 159 artigos regulares publicados na Am . sou um exemp o).
1981 1982 e 1983 . .. ertcan Econom~e Review durante
' ' somente seis Utilizaram unicament I
quatro acrescentaram às suas palavras unicamente tabela: ~:t:~:~~ e so~ente
11. A POBREZA DO MODERNISMO ECONOMICO
A Retórica da Economia 5l
50 D.N. McCioskey
dável que fazer observações metodológicas no curso de assuntos não meto- gurnentado convmcentemente que a explica - d d. • . are tem ar-
çao a 1ssonanc1 ··
do lógicos. Nos preceitos se pode ser agradavelmente vago e obter o consen- Friedrnan se deve a que, em seu ensaio ele n· a cognmva de
. , ao tentava ser posif ·
timento universal; na prática se fazem inimigos. Para dar um exemplo típico sequer poppenano, mas sim que estava seguind D •v~sta, nem
da metodologia própria do primeiro capítulo no apogeu do modernismo, . .f. o a ewey Seguu a J0 h
Dewey s1gm 1ca ser pragmático e norte-america .· . n
- . no, estar mais mteress d0
Kalman Cohen e Richard Cyert, em sua, a outro modo, admirável obra, apre- utilizaçao do conhecrmento que em seus fundamentos Es . . a n_a
sentam um esquema do modernismo e afirmam que o método é "empregado , Id F . d . ta e uma leitura ma•s
agrad ave e que ne man também gosta. 0 probl . .
- ema esta, pOis, em encon-
em todas as análises científicas" (1975: p. 17). O "método" que expõem, com trar uma razao para o erro que tem associado durant t .
. . . . " e anto tempo Fnedman
uma bibliografia puxada ao positivismo e seus aliados, não é muito mais que ao pos1t1v1smo ma1s europeu" de digamos Paul s 1 T
. . ~ , amue son. a1vez 0 que
uma chamada à honestidade e à seriedade. Unicamente quando a uma frase aconteceu fm que o pragmatismo Junto com algumas tr d ·
. . . ' ou as outrmas nor-
como "a não ser que em princípio se possa contrastar mediante o experimento te-amencanas, adqumra. a princípios da década de 1950 um chetro · de bolor.
e sua observação" (p. 23) se dá conteúdo através da prática, se faz evidente Como quer que se mterprete a Friedman, o comentário improvisado no
o que está em jogo. calor do. pensamento econômico tem geralmente um conte u· do nota damente
Certo é que os preceitos agradavelmente vagos têm seu uso. Voltando ~oderms_ta, que parece utilizar as palavras de Friedrnan.4 Um importante ar-
ao exemplo principal, quando em 1953 Friedman publicou seu ensaio, a prá- ~;go de ~hchard Rol_l e Stephen Ross sobre finanças afirma, por exemplo, que
tica da economia estava dividida entre teoria sem fatos e fatos sem teoria. Seu a teona deve avahar-se por suas conclusões, não por seus pressupostos" e
canto modernista, respaldado por coros de filósofos encapuçados, foram então que "do mesmo modo, não se deve rechaçar as conclusões procedentes da
provavelmente bons para a alma. Contudo, há que perguntar novamente se maximização do benefício por parte da empresa baseando-se em que os di-
não é hora de que cesse o canto. retores afirmam que sacrificam os benefícios do bem-estar social" (1980: p.
O ensaio de Friedman é o documento fundamental do modernismo na 109 3). O mesmo se pode encontrar em outros lugares, em termos quase idên-
economia e merece um exame respeitoso. Mesmo quando foi publicado inicial- ticos, remetendo-se ao ensaio de Friedman. Willian Sharpe (1970: 77), por
mente, antes de que o modernismo se houvesse introduzido nas ciências hu- exemplo, escrevendo sobre o mesmo tema que Roll e Ross, toma como nor-
manas, era mais pós-modernista do que se poderia deduzir de um conheci- ma de comportamento científico educado que o "realismo dos pressupostOs
mento superficial do texto. Por exemplo, Friedman mencionou com aprova- importa pouco. Se as implicações são razoavelmente consistentes com os fe-
ção os critérios estéticos de simplicidade e produtividade que um economis- nômenos observados se pode dizer que a teoria 'explica' a realidade" . Entoadas
ta po de usar para eleger entre uma série de teorias com as mesmas previsões, com tanta freqüência, em harmonia com outras, estas frases têm se converti-
ainda que na frase seguinte trate de confiná-los a questões de previsão (p. 10).3 do em algo " juramentado". O modernismo econômico é urna fé revelada com
Aceitou que os questionários, proibidos para os modernistas na economia, rituais pró prios.
56 5
D .N . McCloskey
A Retórica da Economia
. s os de fala inglesa, se emocio-
omlstas ao meno ações significativas desde um ponto de vista 0 . ,
A maior parte d os econ . ' d . tas Isto é realmente uma prova rn perat1vo (Samu 1
, d . nnstas mo erms . ao longo de toda a obra), das "previsões válid . .f. . e son, 1947:3
na ram com o ep1teto e CJe . f" modernistas. Existe outra prova: e - b d , as e Slgm Jcattvas sob f ,
. - flloso 1camente menos ainda nao o serva os (Friedman, 1953 ) ou d " re eno-
de que os economistas sa 0 d , . como as de Friedman e, especial- - h. , · , o valor da pre -
, · d d 1 ções meto o 1ogJCas . da generalizaçao 1potet1ca (Machlup, 195 5 . 1 ) ., . v1sao
0 predom1010 e ec ara _ e qualquer um que sa1ba de eco- . d f. - - . como cntenos com os .
uidores· a sensaçao qu . é preciso Julgar to a a trmaçao nao matemática N h quais
mente, as d e seus seg '. c·ona a gramática para o d1scurso . . en uma pessoa normal
. d modermsmo propor I segue urna meto d o Iog1a como esta no pensamento 0 d · , .
nom1a tem e que 0 antimodernistas, pelo que se pode . . r mano, e seus defenso-
• . ção aos pensamentos . res não d1scutem por tratar alguns t1pos de pensamentos . , .
economlco; e a rea , d I "em última instância, a úmca prova . como extraordmanos.
contar com qu
e alguem ec are que
. _
. .
• · são os " exames" quantitativos
o argumento que ·
Hutch1son, Samuelson Friedm
'
M hl
an, ac up e seus
d I" de uma aflrmaçao economJca seguidores deram f 01 um argumento de autoridade Af. .
: : ;et~::~.~aÉ difícil não crer a priori no dom~nio do modernismo na econo-
. . , . trmavam que ISto era
0 que. ,estavam dtzendo os filosofas. A confiança na f1·J0 f" f · ,
l t"tativo e objenvo do mesmo, ou de qualquer , . . . so ta 01 um erro ta-
mia ainda que um exame quan I b rico Ja que a propna filosofia estava mudando no mesmo t f
' · · 1 , 1 pelo que mereceria a pena levar a ca o. Em ' . . , empo em que a-
afirmação, o fana maJs p auslve ' - . . I lavam (v.g., Qume, 1951). Como filosofo da economia Alexand R b
. " . , • er osen erg
qua Iquer caso, O mod ernismo domina, esta é a conclusao pnnCJpa . assmala em 1976: Numerosos economistas tem descr1"to suas opm1oes · ·- como
positivistas e eles mesmos se dão o descrédito que nas últimas décadas este
11.2. 0 M ODERNISMO É UM MAU MÉTODO, SUA FILOSOFIA ESTÁ OBSOLETA enfoque na filosofia da ciência adquiriu" _7 Atualmente, alguns filósofos têm
dúvida~ sobre a epis_temol~gia, que -~firma oferecer os fundamentos para 0
Há muitas coisas equivocadas no modernismo como metodologia para conheCimento; e muito mats, como )a mencionei, duvidam dos presunçosos
a c1enc1a 1 1·a econômica ·5 A primeira é _que, como
· • · e para a c·e·nc . se sabe desde . preceitos da epistemologia modernista.
, ·
h a mUJto tempo, seu s argumentos filosóficos não sao convmcentes.
. , Inclusl-
.
ve, os econom1s · t as parecem ler tanto filosofia como os filosofas, econom1a.
. _ 11.3. 0 PRÓPRIO MODERNISMO É IMPOSSfvEL E NAO SE RESPEITA
Não é surpreendente, portanto, que a notícia do ocaso do modermsmo nao
tenha chegado a todos os ouvidos. Os positivistas lógicos da década de 1920 Vamos considerar, de novo, os passos que é preciso dar até obter um
desprezaram em seu tempo o que denominaram "metafísica". N~ ~ntanto, conhecimento modernista, desde a predição até o garfo de Hume, passando
desde 0 começo, 0 desprezo tem refutado a si mesmo. Se a metaf1s1ca fosse pela máxima de Kelvin. Se os economistas (ou os físicos) se limitarem às
lançada às chamas, então as declarações metodológicas da família modernista proposições econômicas (ou físicas) que se ajustam literalmente a tais pas-
desde Descartes a Russell, Hempel e Popper, passando por Hume e Comte, sos, não terão nada que dizer. O ceticismo cartesiano ou o de Hume é um
seriam as primeiras a arder. Por isto, e por outras razões, os filósofos coincidem critério de fé demasiado corrosivo para um verdadeiro estudioso das ciências
em que o positivismo lógico estrito está morto. O período que está morto co- humanas, como Descartes e Hume sabiam. Como diz Polanyi (1962: 88), a
loca a questão de se os economistas são sensatos em seguir com sua necrofilia. 6 metodologia do modernismo estabelece uns "critérios quixotescos de signi-
Em economia se discute com torpeza a postura metafísica de forma si- ficado válido que, se forem seguidos de forma rigorosa, nos levarão a todos
milar à que faz o positivismo lógico, provavelmente porque procede da filo- à imbecilidade voluntária".
sofia de filósofos aficcionados, desde Mach a Bridgeman, mais que do pen- O modernismo promete um conhecimento sem dúvidas, sem metafísi-
samento paralelo dos próprios filósofos profissionais. Mach, Pearson, Duhem ca, sem moral e sem convicções pessoais. O que é capaz de proporcionar dá
e O srwald, quer dizer, os cientistas com um interesse pela história da ciên- o nome de metodologia científica exatamente à metafísica, à moral e às con-
cia, ressu scitaram o positivismo na década de 1890, se bem que o positivismo vicções pessoais do cientista e, sobretudo, do economista. Não pode propor-
lógico, a versão dos filósofos, tenha sido um acontecimento mais tardio. cionar o que promete; provavelmente não o deva fazer. Suspeito, como mui-
Portanto, na economia, as regras modernistas vigoram, ainda que raras tos que têm pensado sobre este assunto nos últimos anos, que o conhecimento
vezes sejam di scutidas. Consideram-se as regras mestras. Tão freqüentemente científico não é tão distinto de outros conhecimentos.
como se rem repetido, é difícil perceber à primeira vista o atrativo das "afir- Estou argumentando que a aplicação literal da metodologia modernis-
58 A Retórica da Economia 59
D.N. McCloskey
ta não pode produzir uma economia útil. Resta ver se, na prática, os pensa- modernista faria com que elas cess
. . assem em 193
mentos econômicos utilizam o modernismo como algo mais que uma fachada. do tipo objetivo, controlado e estatíst· , 6: onde estava .d, .
Ico. a evl encla
Enquanto isso, a melhor evidência é histórica. Em seu Against Method (1975), De fato, a contra-revolução m .
. . onetansta ta
Paul Feyerabend faz uso de uma interpretação da carreira de Galileu para atar metodologia modermsta. Na década d mpouco foi um êxit
. e 19 60 0 d . o para a
as afirmações da metodologia prescritiva na física, que se pode aplicar à eco- mentes dos monetanstas, porque seu l'd ' mo ermsmo domi
- . . . I er o adotara H . nava as
nomia. Se os contemporâneos de Galileu houvessem adotado o critério mo- de que as questoes pnncipais eram as d . _ · av1am se conven .d
e prev1sao e co l c1 o
dernista de persuasão, mantém Feyerabend, a tese defendida por Galileu foram as certezas modernistas as que t· . ntro e. No entanto -
. . Izeram tnunfar a .. _ , nao
haveria fracassado. Um projeto de investigação que consistia em utilizar a 0
nhe1ro Importava; foram os experiment Pin1ao de que 0 di-
, .1 os pouco compl
estranha premissa de que a óptica terrestre também se podia aplicar à esfera vros, por sua f aci compreensão e por su . exos e os grandes li-
. a amp1Itude de vi - - .
celeste, para afirmar as razões de haver marés sobre uma Terra móvel e para aparentemente modermstas levados a cab0 . soes, e na o os ntuais
. . . pe1as rev1stas p f" · .
supor que a borrada visão das pretendidas luas de Júpiter demonstrava, por O recorte Impositivo de Kennedy ro ISs1ona1s.
, . , . ' por exemplo levo k .
uma analogia absurda, que também os planetas giravam ao redor do Sol, como ao seu maximo prestigio; a inflação da de' d d ' u os eynes1anos
. ca a e1970fezc
o faziam as luas ao redor de Júpiter, não haveria superado a primeira roda- dessem, deixando os monetaristas como d . . om que o per-
. . onos temporanos d0 l
da de avaliação. Este arrazoado se pode aplicar em termos gerais à história grande hvro de Fnedman e Schwartz A Mon ta H. caste o. O
da física: as anomalias de observação nos experimentos realizados para exa-
'
1867-1960,foioutraimportantevitórianãom d .
e ry rstory o(th u· d
e ntte States,
o errusta para 0 mo ·
minar as teorias de Einstein foram deixadas de lado durante muitos anos até Estabeleceu uma correlação entre dinheiro e re d , . . netansmo.
. _ n a monetana, amda qu
que se revelaram como erros de medição, muito depois de se haver adotado mmtas exceçoes que se explicavam mediante dist" . . _ e com
. k . mtos eplcic1os nao mone-
as teorias sobre a base de "a razão da questão", como Einstein gostava de tanstas. Os eynesianos e outras pessoas cont · · .
. A . _ . ranas ao monetansmo não
dizer (Feyerabend, 1975: 55-7). negam a eXIstenCia de tal correlaçao e Slffi sua importA · A _ .
. . . ' anc1a. correlaçao sena
Os historiadores da biologia puseram às claras numerosos casos em que Importante se o dmhe1ro fosse a causa dos preços N- · ·
. . · ao sena Importante se
os resultados estatísticos foram arranjados para se ajustarem aos preceitos os preços causassem o dmheiro. Em especial• para 1·r ale' m d o marco da eco-
modernistas, o que está em evidência desde Pasteur e Mendel até a atualida- nomia
. . fechada habitual do debate , o pensamento monetansta · supoe - que o
de. Gerald Geison mostrou (Farley e Geison, 1974) que Pasteur, entre outros, dmheuo pode ser controlado pela autoridade monetária apesar da estrutura
mentiu acerca dos resultados de suas investigações. Sabe-se há muito tempo da_ economia norte-americana para comerciar em bens e em dinheiro. Em geral,
que os experimentos de Mendel eram demasiado bons para ser verdade. 8 Fnedman e Schwartz não contestaram isso 9• No entanto, o que tinha impor-
Desde o princípio, a medição do coeficiente de inteligência supôs uma frau- tância no debate não era a qualidade lógica de suas respostas, mas sim o grande
de e um engano em nome do método científico (Gould, 1981 ). O modernis- tamanho do livro de Friedman e Schwartz e a riqueza e inteligência de seus
mo parece ajustar-se mal às complexidades da biologia e da psicologia: es- pensamentos, por mais irrelevantes que tenham sido para a questão princi-
forçar-se por obter uma evidência de um tipo que somente se encontra nos pal. A metodologia modernista tinha pouco a ver com o resto.
experimentos mais simples da física não dá muito certo com estas ciências. Em resumo, uma metodologia modernista utilizada de forma consistente
O modernismo se adapta bastante mal à economia. Por bem ou mal, a frearia provavelmente os progressos da economia. Pergunrem a qualquer
revolução keynesiana na economia, para falar do caso principal, não have- economista: que anomalia empírica no relato tradiciona l inspirou a nova
ria ocorrido sob a legislação modernista da ciência. As idéias keynesianas não história econômica de começos da década de 1960, ou a nova economia do
se formularam como proposições estatísticas até começos da década de 1950, trabalho de princípios da década de 1970? Nenhuma. Simplesmente se de-
quinze anos depois de a maioria dos economistas mais jovens estarem conven- ram conta de que a lógica da economia não se havia esgotado nos limites
cidos de que eram verdade. No começo dos anos 60, as noções keynesianas convencionais. Que implicações observáveis justificam a grande inversão de
talento econômico na teoria matemática do equilíbrio geral desde 1950? Se-
de liquidez e de modelos de inversão baseados no acelerador, apesar das nu-
gundo 0 discurso modernista habitual entre seus teóricos, nenhuma; e o que
merosas falhas em sua estatística posta em prática, eram ensinadas aos estu- . . _ d · elação a questões lega1s, ao es-
mais? Podem as aphcaçoes a economia em r
d a ntes de economia como uma questão de rotina científica. A metodologia
61
60 A Retórica da Eco no mia
D.N . McCioskey
63
62 A Retórica da Econom ia
D .N . McC ioskey
ps
65
64 A Retórica da Economia
D.N. McCloskey
___...l•!llll•m••••-------...:...-"' . . .
ência da Força e da definição
dizer acerca d a ess . dar com um adolescente. Um diálogo socrático temst'd oomod
c0ntr.ldo algo lt1reress;:tnte a . nrrado algo interessante a dtzer acerca 1 d d.
. telectual. É verdade que nem sempre seguimos d e 0 o 1scurso
do 'l\: úmero·. Pode ser que haJam enco - têm feito" (1982: xiv). !O b d . o mo e1o mas - .
J d as rea lmente, nao o , . razão para a an ona-lo como norma 0 . ' esta nao e
d.1 e~sê-nci:~ d.1 VewJ e, 111 ' .• . f' am com que, nas ulttmas duas um a . · ptor pecado acad · · . .
. - • · da oenoa tzer ilógico ou estar mal mformado, mas sim mo t emlco nao e
A socio l0g1a e a 111 srona d . eçam pouco convincentes. Os ser d s rar uma despreoc _
I da meto o 1ogla par cínica pelas normas a conversação intelectuaJ.12 upaçao
dél"JdJ s. :~s vel1as regras d. descobrir o que se passava real-
}. · d esse de tearam a . . Cada escola econômica tem seus vínculos cô ·
soci ólogos c os 1lstona o r d rria nas "assombrosas htstónas" • A • mteos com a metodolo ia
•
66 67
D.N. M cCioskey A Retó rica da Economia
• . . ! . .. ·. . .. ..........,_...,1!1!. . . . . . . . . . . . . . . . ..
~ 1:~,,,,
Na prática, a metodologia serve fundamentalmen~~ p~ra diferenciarm~s UI.3. A BOA CitNCIA ~A BOA CONVE
"a nó s dos outros", para distinguir a ciência da n~o-ci.:nci.a.~A metodologia RSAÇAo
e seu corolário, o Problema da Demarcação (Que e a CJenCJa. Como se pode O que distingue o bom do mau no d.
distinguir da não-ciência?), são maneiras de fazer cessar a conversação, ao . Iscurso erudito - , .
Ção de uma meto d ologia particular senã 0 . . nao e, p01s, a ado-
. ' 0 Intento s1nc · ·
limitar as pessoas que se encontram do nosso lado da linha de. demarca7ão. contribUir a uma conversação. Esta é a ma· . ero e mteiJgente de
As respostas a este ceticismo sobre os usos da metodolog~a e da episte- Platão era, como dizia Cícero 0 melhor 0 d
Is ant1ga das do . f' I
utrmas 1osóficas.
mologia têm sido pouco convincentes. Com efeito, geralmente na~ s_e tem con- , f . . . ,
dores, e Socrates 01 o pnmeiro e melhor co
ra or quando zomb
d .
d
ava os ora-
siderado necessário rebaixar-se a ser persuasivo. Os numerosos fiiosofos tra- nversa or vmdo de h
que tentava aca bar com a conversação. A melh t· ' _ um ornem
dicionais e os poucos historiadores da ciência que seguem trabalhando de acordo or a Irmaçao moder · d
Michael Oakes h ott: "Como seres humanos c· 1.11. d na e a e
com as velhas normas se unem em uma risada algo nervosa mas prolongada. · · - Iv za os somos os herdeir
não de uma mvesttgaçao sobre nós mesmos e 0 d os,
Em sua penetrante exploração dos limites da análise, Stanley Rosen (1980: xiii) - d d. . mun o, nem de um corpo de
informaçao ca a Ia maJOr, mas sim de uma conv -
obst"rva que uma apreciação de seus limites "não é todavia suficientemente forte . .. . . ersaçao começada na selva
pnmitiva e ampliada e articulada no curso dos sécul [ 1A d -
para t"vitar que o típico profissional da filosofia analítica sucumba à tentação · f 1 d , · . . os ... e ucaçao, pro-
pnamente
. a an. o, e uma . IniCiação[ ...] em que adqui·run· h ' b.
os os a 1tos mte- .
dt" confundir a ironia com uma refutação das opiniões contrárias". Assinala
lectuais e morais apropnados para a conversação" (1933: 198-9).
que a mesma "força do movimento analítico[... ] tem levado a um fracasso geral
para entender a natureza retórica de sua própria justificação". . A conversação literal .não é, .naturalmente , todo 0 probl ema, am · da que
seJa parte dele. Em um senndo mais amplo, Cícero conversou com Aristóteles,
Recentemente, vários intentos para resgatar alguns resíduos do pensamento
e Marx com Adam Srmth. É certo que não há que exagerar 0 entusiasmo dos
sobre metodologia têm sido realizados. Um economista, Bruce Caldwell, tem intelectuais com a conversação real. Durkheim e Weber foram contemporâ-
contribuído neste intento, em seu amplo tratamento da história da metodologia neos ao nascimento da sociologia, trabalharam em temas similares e contri-
na economia, Beyond Positivism: Economic Methodology in the Twentieth buíram de maneira importante para as redes de conversação de seus campos,
Century (1982). Caldwell defende o pluralismo metodológico da mesma for- e, no entanto, nenhum mencionou o outro (Lepienes, 1983). Mas estas his-
ma que Lawrence Boland, outro economista, em sua brilhante mas obscura obra tórias são consideradas violações da Sprachethik intelectual.
The Foundations ofEconomic Method (1982). Estes e outros economistas tentam A noção de conversação dá uma resposta à demanda de critérios de
continuar a conversação sobre a essência da verdade que Rorty acha tão pou- persuasão. É fácil reconhecer quando urna conversação sobre o próprio campo
co prometedora, ainda que com um novo espírito de tolerância e equilíbrio. Um está funcionando bem. A maioria dos economistas estariam de acordo, por
se pergunta se a gt"nte pode manter realmente esta tolerância e este equilíbrio exemplo, em que, atualmente, a conversação sobre o lado real do comércio
durante muito tempo em uma conversação sobre minha verdade e a sua. Como internacional não está funcionando bem, depois de um largo período de ex-
Rorty poderia dizer, todavia não o tem conseguido. celência em finais da década de 1950 e na de 1960. Do mesmo modo, a eco-
Um programa similar é defendido com a maior elegância por um filósofo, nomia agrária tem sofrido recentemente um declive após um período grande
H usa in Sarkar, em A Theory ofMethod. Sarkar adota um modelo econômico de brilho. Contudo, nenhum economista familiarizado com a situação duvi-
de merodo logias competitivas segundo Stephen Toulmin e prevê que em um daria que a conversação na história econômica melhorou radicalmente da dé-
mundo justo " se originaria uma competição darwiniana entre os métodos, cada de 1950 à de 1960, e continua em seu máximo nível.
bastando que alguns consigam ser sólidos e estáveis" (Sarkar, 1983: 163). É melhor citar os filósofos frente a quem trata de filosofar sobre meto-
dolog1a.. Habermas disse, . am . da que d e forma o bsc·ura.· "A experiência
· . de . , uma.
N ão conrt"sta em detalhe por que é preferível uma metodologia intermediária
· · d · · c'as de validade normanva Ja esta
em primeiro lugar (a diferença de um método concreto para trabalhar cada redenção por meiO do discurso as ex1gen 1 . .
. b. . .d d e faz supértluas as max1mas da
d ia, e regras de decência incluídas na Sprachethik). Uma resposta teria que contida na estrutura da tntersu JetlV1 a e .
. . 1 te" (1973· 110). O que quer d1zer
demonstrar que a reserva de Rorty tem pouca força, e que há algo que vale a universalização introduz1das espeCJa men ·. . . . d
"1' f s falem de enca, porque a enca e
pena se dizer sobre a essência da Verdade, em geral. é: não necessitamos que os h oso 05 00 .. . f
ntemente outro ttloso o o expressou
conversar, a Sprachethik, basta. Rece ' ·
69
68 A Retórica da Economia
D.N. McCioskey
~ " . . 4
melhor, ao contestar como são sérios os filósofos para distinguir-se dos lu- É 0 tipo de evolução que, de todo 0 modo f
d .d ,. d , azem os econom·
náticos que elaboram sistemas. Amelie Oksenberg Rorty escreve que o crucial comerciantes e 1 e1as por eformação profissi C •stas e outros
1
é "nossa capacidade de conversar continuamente, provando-nos uns aos ou- outro lugar (1967, p. 13), "Cremos no conve:cna . omo _Booth afirma em
- •mento mutuo
tros, descobrindo nossas pressuposições ocultas, trocando nossas idéias por- de vida; vivemos d e con ferencia em conferênci , A . . . como modo
. a · retonca e a e 1 •
que escutamos as vozes de nossos companheiros. Os lunáticos também tro- do pensamento med •ante a conversação. xp oraçao
cam idéias, mas estas se modificam como a lua e não porque tenham escuta- A palavra "retórica" será a princípio um ob ·
stacu 1o para o entendi
do, escutado realmente, as perguntas e as objeções de seus amigos" (1983: to porque, na fala corrente, se tem degradado. Se 0 " ra . , "men-
- . f .d p gmansmo e o anar
562). Em economia, seria desejável este tipo de conhecimento. Quiçá, esta q uismo" nao tivessem so n o também, falsament · d ·
- . . e vmcu 1a os ao resultado
será assim quando os economistas se desprenderem de sua bagagem filosófi- final a argumentaçao se podena denommar melhor "A •
' d . " concepçao pragmá-
ca c começarem a estudar como conversam realmente. tica da verda e em econom1a (]ames, 1907) ou "Esbo d .
. ço e uma teona anar-
quista do conhecimento em economia" (Feyerabend 1975 ) M .. .
. ' · as os Inimi-
III.4. A RET()JUCA É UMA MANEIRA MELHOR DE ENTENDER A CJtNCIA g os do pragmatismo _ _ complexo . e do anarquismo amável , ass1m como da re-
·
tórica honesta, nao tem sent1do remorsos pela calúnia e a I ' ·
_ . '
f .
ca uma tem eno
Uma maneira de sair do labirinto do modernismo é recorrer a algo se- com que os espectadores nao se smtam animados a exam 1·na r as d.IStlntas · a1-
pa rado há muito tempo da ciência: a retórica. A retórica não trata diretamente ternativas à coerção
. em filosofia,
. política ou método. Não obstante, a " reto- .
da Verdade; trata da conversação. É, dito sem rodeios, uma forma literária rica" leva cons1go uma trad1ção que é útil para compreender como fala 0 eco-
de examinar a conversação; a conversação dos economistas e dos matemáti- nomista. A palavra, como outras também proscritas, é formosa e antiga. Seu
cos tanto como a dos poetas e dos novelistas. Pode-se empregar para fazer antigo significado deveria ser mais conhecido entre os economistas.
uma crítica literária da ciência. Dito de outro modo, se faz uso da tradição A retórica da qual falamos aqui é a de Aristóteles, Cícero e Quintiliano.
humanista da civilização ocidental para compreender a tradição científica. Tem sido relativamente ignorada desde o século XVII, relegada a um segun-
Isto pode dar lugar a muitas coisas boas. do plano em um status muito inferior ao çla lógica da investigação que a filosofia
Aqui, a palavra "retórica" não significa um engano verbal, como na do século XVII afirmava ter criado. Nascida há muito tempo em um casebre,
"retórica vazia", ou em "mera retórica". A retórica é a arte de falar ou, em fora dos palácios dos filósofos, a retórica se praticava dentro e fora do templo;
sentido mais amplo, é o estudo de como convencer as pessoas. Em Modern mas, finalmente, os soldados da Nova Ciência a crucificaram na cruz cartesiana.
Dogma and the Rethoric o( Assent, Wayne Booth oferece numerosas defini- Agora, três séculos depois de Descartes, ela se levanta dentre os mortos.
ções úteis. A retórica é "a arte de demonstrar o que os homens crêem que A religião criada ao redor destes milagres é conhecida nos estudos lite-
devem crer, mais que demonstrar o que é verdade segundo uns métodos abs- rários como a Nova Retórica; nova nas décadas de 1930 e de 1940, pela mão
tratos"; é "a arte de descobrir as boas razões, encontrando o que realmente de I. A. Richards na Grã-Bretanha e de Kenneth Burke nos Estados Unidos
justifica o assentimento, porque se deve convencer a toda pessoa razoável"; (Richards, 19 36; Burke, 19 50). Na filosofia, John Dewey e Ludwig Wittgens-
é " sopesar com atenção as razões mais ou menos boas para chegar a conclu- tein, entre outros, haviam começado pouco antes a criticar o programa de
sões mais ou menos prováveis ou plausíveis- nenhuma delas demasiado se- Descartes. Mais recentemente, Karl Popper, Thomas Kuhn e Imre Lakatos,
gura - mas melhor que às que se houvera chegado por causalidade ou por entre outros, têm questionado a noção de que a ciência utiliza realmente as
um impulso reflexivo"; é a "arte de descobrir as crenças justificáveis e de regras cartesianas da dúvida metodológica.
melhorá-las em um discurso compartido"; seu fim não deve ser "convencer Os ramais literário, epistemológico e metodológico todavia não se têm
a alguém de uma opinião preconcebida, mas sim participar em uma investi- unido em uma única corda. Pertencem, em um estudo sobre a tala doses-
. . , . d . · - Na véspera da revolução car-
gação mútua" (Booth, 1974: xiii, xiv, 59 e 137). peclahstas a uma retonca a mvesngaçao.
. ' d d d - francês Peter Ramus, con-
, . ?s ~ritérios de "boas" razões, "crenças" justificáveis e conclusões "plau- tes la na, o filósofo e reforma or a e ucaça 0 , 0 .. • . d .
· · ·a a mera eloquenoa, e•·
!>lve•s tem que proceder, como acabo de dizer, das conversações dos pró- cluiu uma tendência medieval a re Iegar a retofll. .
, . d . - s Em alguns dos manuaiS que
pnos pro f• ss•ona•s em seus laboratórios, seminários ou salas de conferências. xando a log1ea encarregada de to as as razoe ·
71
70 A R~tórica da Economia
D.N. McCloskey
73
D.N. McCioskey A Retó rica da Economia
. . · .- . possibilidade de demonstração. Sem seria capaz de levar a cabo" (p . 349). As d _
~l o ex!Temo d.l o bjetividade, prensao e U ou . emonstraçoes r · "
I · . y d d não as pa lavras humanas. ma gran- Iec
em m edtante o consenso dos 'qualificados"' " h ears se estabe-
d úndJ aq UI somente conta a er a e, . . e nen um mat · ·
'' • . . d ·ta que aqui estão os c1mentos, a autonda- ão pertença à G estalt, o modo de pensamenr emat1co que
1
de qu:lllti(bde de mre ectuaiS acre I , . d 'I . n , I , ( 345) C o no campo concreto d
· • · :1 d wnstração matematrca mu am. Os u ttmos rova- as p. . amparemos de novo co ' po e
de úlnma. Mas os cnrenos ta en . .d . c Omp m o texto do d 1N
· ·d decepcão para os segutdo res de Davt Htlberr, tan, em A Grammar of Assent (1870): " Por estranh car ea ew-
nnqüenra anos rem s1 o uma
. · · ·.
.,. .
atemáticas sobre uma base eterna e mdubttaveL
. , n . f • . r d"
traste entre a 111 erenCia quer 1zer, a demonstração fo
o que pareça, este con
IJ . -
que tentou co Iexa r as c1enctas r11 · . ", . I.f. d . I . r ma e o assentrmen-
0 historiador das matemáticas, .Morris Klrne, escreveu recentet~ente qt~e e ro pode ser exemp 1 1ca o mc ustve no campo das mar . .
- , d . ematrcas. A argumen-
·d
en ente agora qu 0 e conce 1·ro de um corpo de conhecimento mfa lt vel e untver- tação nao e sempre capaz e consegUir nosso assenrimenr . d .
· J N- o, am a quando SeJa
sa lmente :1~eiro- as majestosas matemá ticas de 1800 e o orgulho do homem d emonstrativa
. .
[...
_
ao estou falando
, .
das demonstraço·es
curtas e c1aras, mas
_ é uma grande ilusão". Ou, de novo: "Não existe uma definição rigorosa de Sim das m vestJgaçoes m atematrcas .
largas e complexas" ( •
cap1tu1o 6 , sec. 1,
rigor. Um.:1 prova é aceita se obteve o apoio dos especialistas mais importantes P onto 6). .
Newman, que hav1a estudado matemática em Oxfo d b.
.. r , sa ra o que
do momento e se emprega os princípios que estão na moda. Não obstante, hoje estava d1zendo - adm1tmdo que em 1816 as matemáticas todav1·a nao - h ·
av1am
em d1:1 não existe um critério universalmente acei tável" (Kiine, 1980:6 e 315). empreendido o programa de rigor que alcançou seu pomo culminante na
A o bservação de Kline não se aplica ao amplo campo interior das ma- escola de Hilbert.
tem:í ri.::ts, sobre o que ninguém tem sérias dúvidas, mas sim a suas fronteiras. Ao final do experimento h ilbertiano, Davids e Hersh afirmam:
As opiniões de Klin e estão expressas de uma maneira algo a mbígua e
os rn:t temá ricos não :1s aceitam unanimemente. Aparentemente, são m a is po- A experiência real de todas as escolas - e a experiência real
pul:ues as de Philip .J. Davis e Reuben Hersh, cujo livro The Mathematical d iá ria dos matemáticos- mostra que a verdade matemática, como
f.x{Jerience ( 198 1) foi descrito pelo American M athematical M onthly como outros tipos de verdade, é falível e corrigível [... J É razoável pro-
"um:1 das ohr:1s mestras de nossa época". Mas Davis e Hersh fa lam de uma po r uma tarefa diferente para a fi losofia matemática: não buscar a
crise de confiança na filosofia matemática moderna em termos quase idênticos verdade indubitável, mas sim expl icar o conhecimento matemáti-
aos de 1-:l ine. Sobre o traba lho d o M a temá tico Ideal assina lam que " a linha co como é rea lmente: falível, corrigível, provisório e em evolução,
entre uma prova completa e uma incompleta é sempre a lgo bo rrada e, com como qualquer outro tipo de conhecimento humano. 14
freqüé· ncia, conrroverrida " (pp. 34 e 40). C itam a Solo mon Feferman, que es-
creve: " É também evidente que a busca d os fund a mentos últimos através de Não se tem feito muito neste sentido, ainda que um livro assombroso te-
sisre m:-~ s formais não rem chegado a nenhuma conclusão convincente" (p. nha mostrado como fazê-lo. Proofs and Refutations: The Logic o(Mathematical
357). Sem usar a pa lavra, David e Hersh ma ntêm que o que se necessita é de Discovery (1976) de Imre Lakatos trata em detalhe a retórica do teorema de
uma retórica das matemáticas: Descartes-Euler sobre os poliedros. O livro é um modelo de como o historia-
d or do pensa mento deve perseguir a retórica do conhecimento. Lakatos dei-
O estilo dominante da filosofia anglo-americana [... ] tende a xa claro que os matemá ticos não " demonstram" os teoremas para sempre sem •
perpetu a r a 1denrifrcação da filosofia das matem áticas com a lógi- que satisfaçam temporariamente a seus interlocutores em uma conversação.
~a- e o estudo dos srsremas formais. Deste po nto de vista, um p ro- Parece, pois, que alguns problemas com os quais se enf~enram inclusi-
llc-m_3 de grande Impo rtância para o matem á tico se faz totalmente ve os m a temá ticos em suas fr onteiras são problemas de retórrca, problemas
rnvl· lvel. E~te problema é o de d ar uma explicação filosófica [... ] sobre " a arte d e demonstra r o que os homens creem que devem c.:er" ... Pa-
dJ ~-131CI113tiC~S p ré-formais r...], incluindo um exa me d e COillO Se , , , . · ·1
rece qu e e possJVe! fazer comentarros simi ares I
·nclusive sobre a trsrca, a fa-
..
rtlaliOnam e sao rnfluenciadas pela forma lização (p. 334). . ·• c·a real objetiva, posmva
vorita d os que buscam um preceitO para um nen 1 ' .
. · se supõe que caracterrza a
e preditiva . A axiomática e a ustera retorrca que
Estes a utores afirmam qu " , . . , . . b O f . s teóricos sabem menos ma-
A formahzação é ~orne l t e as m atem attcas m forma is são m a temá ticas. fisiCa, de fato, não a caracten za em. S !SICO . . )"
1 e uma possJbJ!Jdade a b . . temáti.:os uma mversao pecu Jar
· . temá ticas formais que os economistas ma '
srra ta que nmguem quereria
75
A Retórica da Economia
D.N. McC ioskq
~ ;' ~
~
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D.N. McCloskcy A R etório.:a da Economi11
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nomics - passa a ocupar um espaço sigru·f· . . gy o Posztzve
E~ ~m~~
rnente este alargamento no interesse em metod 1 . atura. Sauda-
vel ' . . . o Ogia econôm· ·
nhado de uma diversificação e de um refina , . lca ve1o acam-
pa menta notave1s n
tilizados para focalizá-la. Reiteradamente os ec . • os recursos
u , h, ' onomlstas tem cruzad0
fronteiras que ate a pouco demarcavam sua prov' . as
l .d lUCia para se proverem de
know-how desenvo VI o em outras áreas (como fi! f d .• .
. , . . oso la a Clenc!a, herme-
nêuuca, retonca, etc.), visando enfrentar mais adequ d .
, · 1 .. . a amente os desafios
rnetodologicos postos pe as especifiCidades de seu ob).eto d . . _
. , e mvesngaçao
O resultado ma1s palpavel deste aprofundamento d d. - , "
, . . a 1scussao e a p1u-
ralidade . razoa. vel de referenc1a1s metodológicos com os qu ·
a1s os econonus- .
tas hoJe convivem, contrastando com o período de mais de duas décadas de
hegemonia do instrumentalismo predicionista friedmaniano. Dentre as con-
tribuições mais recentes ao debate metodológico na economia, podemos iden-
tificar uma vertente cujo traço comum radicaria no distanciamento vis-à-vis
do positivismo e do falsificacionismo- com a reflexa perda de cenrralidade,
na avaliação da teoria, do critério empírico. Sem dúvida um dos autores mais
polêmicos desta tendência herética em relação aos dogmas positivistas é D.
McCloskey (ao qual nos referiremos, daqui por diante, como DM). O im-
pacto de seu artigo seminal sobre a retórica da economia, reelaborado pos-
teriormente na forma de livro, pode ser avaliado pela copiosa literatura
que desendecadeou. 1
Nossa intenção neste artigo é refletir sobre The Rhetoric of Economics
de DM. Na seção 2, procedemos a uma apresentação dos aspectos que iul-
80 81
D.N. M cCloskey A G rande Arte: A Retórica para McCioskey