You are on page 1of 23

23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

Crimes em Éspecie

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acce… 1/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Apresentação 
A tipificação criminal é de imprescindível conhecimento: o crime só é como
tal admitido quando preenchidas todas elementares objetivas.

Nessa terceira aula serão examinados os crimes em espécie, previstos na Lei


nº 8.137/90 ou no Código Penal. Também serão examinados os crimes
correlatos, porque normalmente vinculados, contidos na Lei de crimes contra
o Sistema Financeiro Nacional (Lei nº 7.492/86) e na Lei de Lavagem de
Capitais (Lei nº 9.613/98).

Bons estudos!

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acce… 2/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Conteúdo
Crimes tributários – Lei nº 8.137/90
Crimes Contra a Ordem Tributária - Lei nº 8.137/90, Cap 1

Elisão fiscal ou economia fiscal ou, ainda, planejamento tributário constitui no mecanismo
jurídico legal que possibilita ao contribuinte suportar um encargo tributário mínimo
(aproveitando-se das brechas da lei), ao realizar uma operação tributável da forma mais
favorável possível para o contribuinte, sem violar o ordenamento jurídico nacional. Cumpre
registrar que, de acordo com o art. 116, do Código Tributário Nacional-CTN (com a nova
redação dada pela LC 104/2001), o Fisco está autorizado a desconsiderar atos ou negócios
jurídicos praticados pelo contribuinte com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato
gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária (norma
anti-elisão).

Evasão fiscal, ao contrário da elisão, corresponde à conduta ilícita fiscal, após a ocorrência
do fato gerador, que infringe a norma tributária, com vistas a ocultar ou reduzir o
recolhimento da obrigação tributária. O sonegador com prática fraudulenta ou grave
descumprimento a outra obrigação tributária, irá responder pelo crime contra a Ordem
Tributária (Lei 8.137/90).

O Decreto 4.544/02, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e


administração do IPI, define as demais condutas:

Sonegação
Art. 480. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar,
total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária (Lei 4.502,
de 1964, art. 71):
I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou
circunstâncias materiais (Lei 4.502, de 1964, art. 71, inciso I); e
II – das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação
tributária principal ou o crédito tributário correspondente (Lei 4.502, de 1964, art. 71,
inciso II).

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acce… 3/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

Fraude
Art. 481. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total
ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a
excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante
do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento (Lei 4.502, de 1964, art. 72).

Conluio
Art. 482. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas, naturais ou jurídicas,
visando a qualquer dos efeitos referidos nos arts. 480 e 481 (Lei 4.502, de 1964, art.
73). Por expressa disposição legal, é vedada a aplicação da anistia nos casos de
infrações cometidas resultantes de conluio (art. 180, II, CTN).

Auto de infração é discriminativo de sanção tributária (ato ilícito), gerador de multa.


Lançamento é imputação de tributo por fato lícito do mundo social (ato imponível).

Sonegação fiscal

São crimes contra o erário, praticados por qualquer pessoa (PF). A Lei nº 8.137/90 definiu a
sonegação como crime material pela supressão ou redução de tributos, enquanto a anterior
Lei nº 4.729/65 descrevia (incisos I a IV do art. 1º) a intenção de exonerar-se do pagamento
de tributos.

Para reduzir os danos, o art. 83 da Lei nº 9.430/66 veio a condicionar a representação penal
ao término da discussão administrativa do crédito tributário. A Súmula Vinculante nº 24 diz
que "Não se tipifica crime material contra a ordem tributária previsto no art. 1º, incisos I a IV,
da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo."

A sonegação tributária do art. 1º é crime de resultado, com a supressão do tributo através


de gravame socialmente culpável (fraude ou descumprimento de relevante dever tributário).
Sua pena é maior (2/5 anos de reclusão e multa).

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou


contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo


operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber
falso ou inexato;

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acce… 4/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento


equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente
realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. (haveria sonegação ou fraude
por omissão – não apenas inércia) – NÃO SE EXIGE O LANÇAMENTO PRÉVIO.

Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10


(dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor
complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência,
caracteriza a infração prevista no inciso V.

O art. 2º tem sido entendido na prevalente jurisprudência como crime formal, prescindindo
de lançamento:

Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:

I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou


empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;

II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social,


descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria
recolher aos cofres públicos;

III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer


percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição
como incentivo fiscal;

IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou


parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito


passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por
lei, fornecida à Fazenda Pública.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

O tema é controverso, mas a jurisprudência se pacificou no tratamento como crime formal:

[...] Ao contrário dos crimes previstos no artigo 1º da Lei 8.137/1990,


os delitos dispostos no artigo 2º são formais, pois não exigem a
ocorrência do resultado para a sua consumação, motivo pelo qual é
desnecessário o esgotamento da via administrativa para que seja
iniciada a persecução penal" (HC 278.248/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Jorge Mussi, DJe de 12/9/2014).
https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acce… 5/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

Sendo a pena mínima de seis meses de detenção, admite o sursis processual, no juizado
criminal, porque delito de pequeno potencial ofensivo (pena até 2 anos).

O crime do art. 3.º exige como sujeito ativo funcionário público (crime funcional):

Seção II Dos crimes praticados por funcionários públicos


Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): I -
extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda
em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando
pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem
indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo
ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente.

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.


Há desproporção ante a pena maior de corrupção passiva (2 a 12 anos)

III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração


fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


Proporcional pois advocacia administrativa tem menor pena (detenção, de um a três
meses, ou multa).

A suspensão condicional do processo cabe no caso do inciso III, punido com reclusão de 1
a 4 anos, na vara criminal (não cabe juizado).

O art. 12 traz majorante do grave dano à coletividade, cuja aplicação é excepcional:

PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. 1. MANDAMUS SUBSTITUTIVO DO


RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. 2. CRIME TRIBUTÁRIO. SONEGAÇÃO DE ICMS.
RECONHECIMENTO DE GRAVE DANO À COLETIVIDADE. REQUISITOS FIRMADOS PELA
3ª SEÇÃO. RESP 1.849.120/SC. 3. CRÉDITOS PRIORITÁRIOS.

DEFINIÇÃO DE GRANDE DEVEDOR. AUSÊNCIA DE NORMA ESTADUAL. 4. MERA


INDICAÇÃO DO VALOR SONEGADO. INSUFICIÊNCIA. NECESSIDADE DE ELEMENTO
CONCRETO. AUSÊNCIA. 5. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA
DE OFÍCIO.

1. Diante da utilização crescente e sucessiva do habeas corpus, o Superior Tribunal de


Justiça passou a acompanhar a orientação da Primeira Turma do Supremo Tribunal
Federal, no sentido de ser inadmissível o emprego do writ como sucedâneo de recurso

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acce… 6/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

ou revisão criminal, a fim de que não se desvirtue a finalidade dessa garantia


constitucional, sem olvidar a possibilidade de concessão da ordem, de ofício, nos
casos de flagrante ilegalidade.

2. No julgamento do REsp n. 1.849.120/SC, a Terceira Seção desta Corte firmou o


entendimento no sentido de que "a majorante do grave dano à coletividade, prevista
pelo art. 12, I, da Lei 8.137/90, restringe-se a situações de especialmente relevante
dano".

Consignou-se, ademais, que, "em se tratando de tributos estaduais ou municipais, o


critério deve ser, por equivalência, aquele definido como prioritário ou de destacados
créditos (grandes devedores) para a fazenda local".

3. No caso específico do estado de São Paulo, conforme elucidado no julgamento do


HC 549.066/SP, o sujeito ativo tributário não definiu o valor dos créditos prioritários
nem definiu o conceito de grande devedor. Assim, não havendo prévia definição do
montante apto a causar grave dado à coletividade na esfera estadual, mister se faz a
indicação de "algum elemento concreto, além do valor sonegado, a fim de evidenciar a
ocorrência do dano à coletividade". (AgRg no HC 549.066/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz,
Sexta Turma, julgado em 07/12/2020, DJe 18/12/2020).

4. Nessa linha de intelecção, não se tendo agregado elemento concreto apto a revelar
que o valor sonegado possui prioridade ou inclui o paciente no rol de grandes
devedores, haja vista a ausência de norma nesse sentido ou de fundamentação nessa
direção, se faz imperativo o decote da causa de aumento.

5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para decotar a causa de
aumento descrita no art. 12, inciso I, da Lei nº. 8.137/1990. (HC 678.674/SP, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 17/08/2021,
DJe 20/08/2021)

Capítulo II traz crimes contra a ordem econômica e contra as relações de consumo.

A competência depende da fazenda pública vitimada: União tem foro na jurisdição federal e
se o tributo é estadual ou municipal, a competência será da Justiça Estadual. Na conexão
de crimes incide a Sum 122/STJ com a prevalência do foro federal.

A ação penal é pública incondicionada nos crimes previstos nos artigos 1.º, 2.º e 3.º.

As dificuldades financeiras podem caracterizar causa excludente de ilicitude, como estado


de necessidade ou como inexigibilidade de conduta diversa. Isto se dará, porém, apenas
quando comprovado nos autos a plena impossibilidade de recolhimento dos tributos, por
situação transitória - pois o prolongado período de não recolhimentos (muitos meses)
caracterizaria opção empresarial em manter a empresa operando como o não pagamento
dos tributos - de inexistência de recursos da empresa (comprovada por declarações de
imposto de renda da pessoa jurídica, balancetes e registros contábeis) e acompanhada da

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acce… 7/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

ausência de opções pelo empresário, que inclusive deve ter atingido seu patrimônio pessoal
e drástica redução do pagamento por seu trabalho (comprovado por declarações de
imposto de renda da pessoa física é demonstrações da empresa da drástica redução
salarial do empresário).

Jurisprudência em tese – Ed 176 STJ

1) É cabível, no crime previsto no art. 1º, I, da Lei n. 8.137/1990, a criminalização da conduta


do sócio-gerente que deixou o quadro societário da empresa antes do lançamento definitivo
do crédito tributário, mas que efetivamente praticou o fato típico antes da sua saída.

2) A autoria e a participação no crime do art. 1º, I, da Lei n. 8.137/1990 prescindem de que


os agentes integrem o quadro da pessoa jurídica ou o polo passivo do procedimento
administrativo-fiscal, ou ainda, que sejam responsáveis pelo cumprimento da obrigação
tributária, desde que demonstrado o envolvimento com a prática criminosa (art. 11 da Lei n.
8.137/1990).

3) Nos crimes societários cometidos no âmbito de aplicação da Lei n. 8.137/1990, admite-


se a denúncia geral, a qual, apesar de não individualizar pormenorizadamente as atuações
de cada um dos denunciados, demonstra, ainda que de maneira sutil, um liame entre o agir
dos sócios ou administradores e a suposta prática delituosa, o que estabelece a
plausibilidade da imputação deduzida e permite o exercício da ampla defesa com todos os
recursos a ela inerentes.

CAUTELA

4) Não obstante a hipótese de apenas um dos sócios administradores exercer,


rotineiramente, a administração financeira empresarial, há possibilidade de os demais
serem considerados autores do crime previsto no art. 1º, I, da Lei n. 8.137/1990, tendo em
vista que todos os sócios administradores possuem o dever de evitar o resultado (crime
comissivo por omissão), na medida em que aquele não poderia proceder à omissão
fraudulenta de recolhimento de tributos e à prestação de informações falsas sem a ciência
e o consentimento dos demais.

5) O envio dos dados sigilosos pela Receita Federal à Polícia ou ao Ministério Público, após
o esgotamento da via administrativa, com a constituição definitiva de crédito tributário,
decorre de mera obrigação legal de se comunicar às autoridades competentes a possível
prática de ilícito, o que não representa ofensa ao princípio da reserva de jurisdição.

6) Nos crimes previstos no art. 1º, II e III, da Lei n. 8.137/1990, o oferecimento de denúncias
tratando de condutas e fatos distintos, ocorridos sucessivamente, no âmbito de uma
mesma empresa sonegadora, não enseja litispendência nem bis in idem.

7) Após o lançamento definitivo do crédito tributário, eventual discussão na esfera cível, via
de regra, não obsta o prosseguimento da ação penal que apura a ocorrência de crime contra
a ordem tributária, diante da independência das instâncias de responsabilização cível e

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acce… 8/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

penal.

8) A omissão de receitas e a omissão do dever de prestar informações verdadeiras acerca


da empresa são condutas ínsitas ao tipo penal descrito no art. 1º, I, da Lei n. 8.137/1990,
não se prestando para negativar as circunstâncias do crime.

9) A majorante do grave dano à coletividade, prevista pelo art. 12, I, da Lei n. 8.137/1990,
restringe-se a situações de relevante dano, valendo, analogamente, adotar-se para tributos
federais o critério já administrativamente aceito na definição de créditos prioritários.

10) É possível o reconhecimento simultâneo das causas de aumento de pena relativas à


continuidade delitiva (art. 71 do CP) e ao grave dano à coletividade (art. 12, I, da Lei n.
8.137/1990), sem que se configure bis in idem.

11) É possível o deferimento de medida assecuratória contra pessoa jurídica utilizada para
fins de ocultação de bens provenientes da prática de crimes previstos na Lei n. 8.137/1990.

12) Nos crimes do art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990, é possível a exclusão da culpabilidade por
inexigibilidade de conduta diversa se ficar comprovada nos autos a crise financeira da
empresa.

Jurisprudência adicional:

1) Compete à justiça estadual processar e julgar os crimes contra a ordem econômica


previstos na Lei n. 8.137/1990, salvo se praticados em detrimento do art. 109, IV e VI,
da Constituição Federal de 1988. CC 152511/MT

2) Aplica-se o princípio da consunção ou da absorção quando o delito de falso ou de


estelionato (crime-meio) é praticado única e exclusivamente com a finalidade de
sonegar tributo (crime-fim) - AgRg no REsp 1313387/MT.

3) No contexto da chamada "guerra fiscal" entre os estados federados, não se pode


imputar a prática de crime contra a ordem tributária ao contribuinte que não se vale de
artifícios fraudulentos com o fim de reduzir ou suprimir o pagamento dos tributos e
que recolhe o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS segundo o
princípio da não-cumulatividade. RHC 78256/ES

4) O processo criminal não é a via adequada para a impugnação de eventuais


nulidades ocorridas no procedimento administrativo-fiscal. AgRg no AREsp 469137/RS

5) Eventuais vícios no procedimento administrativo-fiscal, enquanto não reconhecidos


na esfera cível, são irrelevantes para o processo penal em que se apura a ocorrência
de crime contra a ordem tributária. EDcl no RHC 14459/ES, Rel. Ministro GILSON DIPP

6) A garantia aceita na execução fiscal não possui natureza jurídica de pagamento da


exação, razão pela qual não fulmina a justa causa para a persecução penal. HC
389315/SC

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acce… 9/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

7) A consumação do crime previsto no parágrafo único do art. 1° da Lei n. 8.137/1990


ocorre com a simples inobservância à exigência da autoridade fiscal. AgRg no AREsp
1126039

8) É indispensável a realização de perícia para a demonstração da materialidade


delitiva do crime contra as relações de consumo tipificado no art. 7°, parágrafo único,
inciso IX, da Lei n. 8.137/1990. RHC 91502/S

9) A malversação dos recursos administrados pela Superintendência do


Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM se amolda ao tipo penal previsto no art. 2°, IV,
da Lei n.° 8.137/90 e não ao do art. 171, § 3°, do Código Penal. AgRg no AREsp
897927/TO

Crimes tributários no Código Penal


Código Penal 168-A (apropriação indébita previdenciária)

A apropriação de contribuições previdenciárias recebe tratamento criminal especial no


Código Penal:

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 10/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições


recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:

I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância


destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento
efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;

II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham


integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos
ou à prestação de serviços;

III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou


valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara,


confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou
valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a


de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:

I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a


denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive
acessórios; ou

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual


ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais.
https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 11/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

§ 4º A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos


de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios,
seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

Sendo separadas as gestões, cada administrador responde pelo período em que detinha
poderes de gestão, a cada um sendo aplicável o limite de sua responsabilidade.

Consuma-se o não recolhimento no dia 02 do mês subsequente, como vencimento da


respectiva competência.

O dolo deste crime omissivo puro é apenas de não recolher os valores de contribuições
previdenciárias, independentemente do efetivo aproveitamento dessa verba. Sequer é
exigível a retirada física do montante financeiro, já que o mero desconto contábil torna o
empregador responsável pelo repasse dos valores à instituição previdenciária.

Os regramentos de suspensão da ação e extinção da punibilidade merecem tratamento


diferenciado, de acordo com a lei de regência para as contribuições previdenciárias,
indicando esse artigo de lei.

Código Penal 337-A (sonegação de contribuição previdenciária)

Sonegação de contribuição previdenciária - Art. 337-A. Suprimir ou reduzir


contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes
condutas:

I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações


previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador
avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;

II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as


quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador
de serviços;

III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou


creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena –
reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as


contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 12/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o


agente for primário e de bons antecedentes, desde que:

I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior


àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não


ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de
um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.

§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e
nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.

O crime do art. 337-A é material, valendo daí as mesmas considerações da sonegação


tributária quanto ao lançamento, insignificância e majorante do artigo 12, inciso 1, da Lei
8.137/90 (valoração das consequências em crime continuado se dá pela somatória dos
danos causados).

Igualmente à Lei 8137, a suspensão ou trancamento da ação penal por crime de sonegação
tributária não afeta a persecução pelo crime de associação criminosa, realizado em
concurso material.

Os regramentos de suspensão da ação e extinção da punibilidade merecem tratamento


diferenciado, de acordo com a lei de regência para as contribuições previdenciárias,
indicando esse artigo de lei.

Descaminho 334-A

Ilusão de tributos de importação no ingresso/saída do país. Não há extinção da punibilidade


pelo parcelamento ou quitação do valor devido à Fazenda, ou pelo perdimento dos bens.
Válida é a diferença de cota de isenção terrestre ou aérea, pelas diferentes circunstâncias.

Não é exigido lançamento para a persecução criminal – no descaminho só há a apreensão e


perdimento do produto. Cabe insignificância dos crimes tributários (20 mil reais).

Descaminho Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto


devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 1º Incorre na mesma pena quem:

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 13/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;

II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;

III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou
importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no
território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;

IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade


comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de
documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.

§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma


de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido
em residências.

§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte


aéreo, marítimo ou fluvial.

Contrabando 334-A

Esse artigo trata sobre mercadorias proibidas que ingressam ou saem do país. O principal
caso é cigarros, que em princípio não há insignificância, por afetar bens jurídicos além do
interesse fazendário, mas a casuística excepciona, como no ingresso de pequena
quantidade de viagra.

Com a nova redação trazida pela Lei 13.008/14, a tipificação dos dois delitos, em tela, ficou
da seguinte forma:

Contrabando Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

§ 1º Incorre na mesma pena quem:

I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;

II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise


ou autorização de órgão público competente;

III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 14/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em


proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria proibida pela lei brasileira;

V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade


comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.

§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer


forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
exercido em residências.

§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte


aéreo, marítimo ou fluvial.

Facilitação de contrabando ou descaminho é tratado no art. 318: "Facilitar, com infração de


dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3
(três) a 8 (oito) anos, e multa."

Assim, se um funcionário público facilita um Contrabando, responderá pela mesma pena se


tivesse facilitado um Descaminho (que a pena é menor). Não faz sentido porque
descaminho tem pena menor e a corrupção vai a pena a 12 anos.

Sobre armas e drogas, a legislação especial prevalece sobre a ordinária e, assim sendo,
incide a Lei 10.826/03 (Estatuto do desarmamento) e Lei 11.343/06 (Lei de drogas).

Crimes correlatos aos tributários – SFN e Lavagem de


Capitais
Crimes Financeiros - Lei nº 7492/86

São crimes nas instituições financeiras que captam e geram a poupança popular. Crimes
próprios de administradores, ainda que locais, abrangendo o sócio-gerente e mesmo o
agente que não figure no quadro societário:

Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os
administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes
(Vetado).

§1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor,


o liqüidante ou o síndico.

§2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor
ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou
judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços.
https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 15/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

É admitida a coautoria por terceiros. O STJ tem exigido cargo de direção geral, de muito
grande relevância, para a configuração da categoria de gestor financeiro. Gerentes menores
em regra não admitem esse tratamento penal, praticando somente crimes comuns.

A jurisprudência desta Corte é pela possibilidade de gerentes de agência bancária


serem sujeitos ativos dos delitos de gestão fraudulenta e de gestão temerária, desde
que na análise do caso concreto esteja configurada a atuação com uso de poderes
próprios de gestão.

2. Carece de prequestionamento a tese de ausência de poder de gestão para


configuração do delito do art. 4º da Lei n. 7.492/86, embora tenha constado do voto
vencido, conforme Súmula 320 do Superior Tribunal de Justiça - STJ. (AgRg no REsp
1374090/PR, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
07/08/2018, DJe 15/08/2018)

Gestão fraudulenta e temerária de instituição financeira

Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:


Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
multa.

A gestão fraudulenta (Reclusão de 3 a 12 anos e multa) é a prática de fraudes ou atos


enganosos pelo administrador, enquanto a gestão temerária (reclusão de 2 a 8 anos e
multa) compreende atos contrários às cautelas financeiras ou empresariais, assumindo
riscos audaciosos em transações perigosas ou inescrupulosas e assim colocando em risco
o patrimônio dos associados.

Embora maioria da doutrina exija prática habitual para configurar a gestão, STJ e a
jurisprudência admitem gestão fraudulenta por ato único, desde que especialmente
relevante.

Assim, exemplificando, se o gestor registra falsamente movimentações contábeis, tem-se a


gestão fraudulenta; se concede financiamentos em contrariedade aos pareceres técnicos,
tem-se a gestão temerária.

No delito de gestão fraudulenta é irrelevante a constituição regular da entidade

Apropriação indébita por gestor (art. 5º) é tipo penal especial, prevalente, que pode ser
praticado sem ou com fraudes (gestão fraudulenta).

Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de


dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em
proveito próprio ou alheio:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 16/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art.
25 desta lei, que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que
tem a posse, sem autorização de quem de direito.

É crime de mão própria:

3. O art. 5º e art. 17 da Lei n. 7.492/86 descrevem crimes de mão própria, podendo ser
praticados apenas por pessoas específicas definidas em lei. Da leitura do art. 25 da
Lei n. 7.492/86 extrai-se que, pela natureza dos cargos mencionados no dispositivo -
controlador, administrador, diretor - os gerentes que podem ser responsabilizados
penalmente são aqueles que possuem poderes de gestão. Isto porque, em se tratando
de uma norma penal explicativa, que esclarece o conteúdo e alcance de um tipo penal
incriminador, sua interpretação deve ser restritiva. Precedentes.

4. No caso concreto, as denunciadas ocupavam o cargo comissionado de Gerente de


Serviços em Unidade de Negócios e de Gerente de Relacionamento em Unidade de
Negócios. O Juízo Federal, após se debruçar sobre a prova produzida no curso da
instrução processual, ou seja, com boa compreensão do contexto fático dos autos,
concluiu que o poder de gestão da agência bancária, onde ocorreram os fatos
delituosos, estava a cargo do Gerente Geral, a quem não foi atribuída qualquer prática
delitiva.

5. Os crimes descritos na Lei n. 7.492/86 possuem como objeto jurídico a higidez do


Sistema Financeiro e não a proteção patrimonial da instituição financeira. As condutas
das acusadas não foram praticadas em razão da gerência, na medida em que
poderiam ser praticadas por qualquer escriturário. As denunciadas não tinham poder
de deferir financiamentos rurais (PRONAF E PRONAMP), cuja atribuição ficava a cargo
do comitê de créditos da agência.

6. A tomada de crédito descrita no art. 17 Lei n. 7.492/86 diz respeito a empréstimos


vedados praticados pelas pessoas descritas no art. 25 da mesma Lei. Portanto, o
dispositivo tipifica a prática de empréstimos não vinculados, não se aplicando a
financiamentos com destinação específica, como é o caso no PRONAF e PRONAMP.
Precedentes.

7. Ausência de situação apta a atrair a competência da Justiça Federal nos termos do


art. 26 da Lei n. 7.492/86 e art. 109 da Constituição Federa porque, na espécie, não
está caracterizado crime contra o Sistema Financeiro ou qualquer interesse da União.

Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Vara Distrital de São
Sebastião da Grama - São José do Rio Pardo - SP, o suscitado. (CC 155.853/SP, Rel.
Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2018, DJe
11/05/2018)

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 17/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

Pelos diferentes objetos jurídicos atingidos, são perseguidos em concurso formal a gestão
fraudulenta e a apropriação/desvio. Se a fraude foi para única apropriação, dá-se a
consunção; se ocorre com outros danos ou para atos vários, tem-se a cumulação material
de crimes.

3. Inviável cogitar-se da incidência dos princípios da consunção ou especialidade,


porquanto incorreram os agentes nas sanções previstas nos arts. 4º e 5º da Lei nº
7.492, por meio de diversas condutas não vinculadas umas às outras, sem que haja
qualquer relação de instrumentalidade entre elas, configurando, na hipótese, crimes
diferentes (REsp 1099342/PR, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em
02/06/2011, DJe 02/02/2012)

Funcionamento irregular de instituição financeira (art. 16). É o ato de operar instituição


financeira sem a devida autorização do Banco Central, ou com autorização obtida mediante
declaração falsa. Vale inclusive para operações de câmbio, com a atividade de doleiros de
fato.
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante
declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores
mobiliários ou de câmbio:

Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Fraude em financiamento exige fim específico para o dinheiro, sob pena de caracterizar
fraude em empréstimo (dinheiro para qualquer fim) e assim o crime de estelionato comum.
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em


detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de
financiamento.

Evasão de divisas (art. 22, caput e par. único). É a remessa de moeda ou de divisas para
o exterior por meio de operações de câmbio sem autorização legal. Abrange também a
conduta de quem mantém, no exterior, depósitos não declarados à repartição federal
competente – aqui crime permanente.
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de
divisas do País:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 18/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver
depósitos não declarados à repartição federal competente.

A
remessa ilegal de divisas para o exterior é freqüentemente utilizada como meio da
"lavagem" de dinheiro, especialmente em criminalidade organizada. A entrega de dólares no
estrangeiro compensada com créditos em real no Brasil, ou vice-versa (dólar cabo)
configura evasão de divisas.

A competência para todos os crimes financeiros é admitida como sendo da justiça federal,
por previsão do art. 26 (A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo
Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal).

Lei nº 6.385/76 – Crimes Contra o Mercado de Capitais


Art. 27-C. Realizar operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas
destinadas a elevar, manter ou baixar a cotação, o preço ou o volume negociado de um valor
mobiliário, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar
dano a terceiros:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da
vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.

Uso Indevido de Informação Privilegiada

Art. 27-D. Utilizar informação relevante de que tenha conhecimento, ainda não divulgada ao
mercado, que seja capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante
negociação, em nome próprio ou de terceiros, de valores mobiliários:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da
vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.

Exercício Irregular de Cargo, Profissão, Atividade ou Função

§ 1o Incorre na mesma pena quem repassa informação sigilosa relativa a fato relevante a
que tenha tido acesso em razão de cargo ou posição que ocupe em emissor de valores
mobiliários ou em razão de relação comercial, profissional ou de confiança com o emissor.

§ 2o A pena é aumentada em 1/3 (um terço) se o agente comete o crime previsto no caput
deste artigo valendo-se de informação relevante de que tenha conhecimento e da qual deva
manter sigilo.

Lei 9.613/98 - Lavagem de dinheiro


Lei 9.613/98, art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal.

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 19/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

É ocultar ou dissimular dinheiro de crime qualquer (desde Lei nº 12.683/12). Não basta
gastar, depositar em conta própria ou comprar bens, é necessário a dissimulação.

Caixa dois em eleições pode ser forma de lavagem pois passa a propriedade do valor a
terceiro sem o devido registro, gerando a dissimulação da origem.

Autonomia do crime de lavagem, embora exigidos indícios de crime antecedente (mesmo


prescrito ou não perseguido criminalmente).

Antes da ampliação legal, exigida era incidência taxativa nos crimes antececentes (exemplo
de inadmissão para o crime organizado).

Finalizando 

A sonegação de tributos somente pode ser admitida como conduta criminosa quando
acrescida de grave desvalor social: não se pode criminalizar a inadimplência.

Examinaram-se os crimes material e formal da sonegação tributária, assim como os


similares crimes no Código Penal de apropriação indébita de contribuição
previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária. Ideal seria o tratamento
penal único dessas condutas, evitando distinções indevidas, pois em todas situações
se dá igual condição de gravosa sonegação de tributos.

A gestão fraudulenta e temerária normalmente se dá ao par da sonegação tributária e


daí o interesse nesses crimes, que muitas vezes são sucedidos por evasão de divisas
e lavagem de dinheiro, também nesta aula examinados.

A variedade de crimes – antes, durante e após – na sonegação gravosa de tributos


acarreta em regra muitas acusações, mas menos eficientes processos condenatórios:
muitos são os criminalmente perseguidos, poucos os condenados por crimes
econômicos a cumprir penas em regime fechado. Isto merece estudo, merece
preocupação.

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 20/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Saiba Mais 
Para complementar as abordagens apresentadas, você poderá consultar as indicações
abaixo:

Crimes tributários 
Acerca dos crimes tributários, Renato Aguiar de Assis traz em artigo in-teressantes
acréscimos.

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 21/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília

Referências 
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 5ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997.

BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro.13ª ed. São Paulo: Editora Forense,
2015.

BALEEIRO, Aliomar. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar. 5ª ed.. Rio de


Janeiro: Forense, 1977.

BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Crimes Federais. 3ª. ed. Porto Alegre. Livraria do
Advogado. 2008.

BITENCOURT, Cézar Roberto; MONTEIRO, Luciana de Oliveira. Crimes contra a ordem


tributária. São Paulo: Saraiva, 2013.

BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva, 2005.

CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: linguagem e método. 6ª ed. São Paulo:
Noeses, 2015.

ESTELLITA, Heloisa. Pagamento e parcelamento nos crimes tributários: a nova


disciplina da lei n. 10.684/03. Boletim IBCCRIM. São Paulo, v.11, n.130, p. 2-3, set.
2003.

HASSEMER, Winfried. Derecho Penal Simbólico y protección de Bienes Jurídicos, en


Varios Autores, Pena y Estado. Santiago: Editorial Juridica Conosur. 1995.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 26. Ed. São Paulo. Malheiros.
2005.

MACHADO, Hugo de Brito. Manual de Direito Tributário. 10 ed., São Paulo: Editora:
Atlas, 2017.

MACHADO, Luiz Alberto. Revista de Direito Tributário. nº 34, p. 259.

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 22/23
23/11/2021 15:36 Versão para impressão - Crimes em Éspecie

MARCÃO, Renato. Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Relações de


Consumo. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MARQUES, José Frederico. Direito Penal Tributário. São Paulo: IBDT/Resenha


Tributária, 1975, p. 13-14.

MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral esquematizado. 8 ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: Método, 2014.

MEDINA, Fábio Osório. Direito Administrativo Sancionador. 3 ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2009, p. 132.

MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo; GARCIA, Flávio Amaral. A principiologia no


Direito Administrativo Sancionador. Revista Brasileira de Direito Público - RBDP, Belo
Horizonte, ano 11, n. 43, out/dez. 2013.

NIETO GARCIA, Alejandro. Derecho administrativo sancionador. Madrid: Tecnos, 2012.

OLIVEIRA, José Roberto Pimenta; GROTTI, Dinorá Adelaide Musetti. Direito


administrativo sancionador brasileiro: breve evolução, identidade, abrangência e
funcionalidades. Interesse Público [Recurso Eletrônico]. Belo Horizonte, v. 22, n. 120,
mar./abr. 2020.

PALMA, Juliana Bonacorsi de. Sanção e acordo na Administração Pública. São Paulo:
Malheiros, 2015.

PAULSEN, Leandro. Direito tributário. Porto Alegre: Esmafe, 2002.

ROXIN, Claus. Derecho Penal: Parte General, Fundamentos – La Estructura de La


Teoria Del Delito. 2 Edicion, Pág 977. Editora Thomson Civitas.

TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no Direito Tributário. 3ª ed. rev., São Paulo:
Noeses.2011.

TOMÉ, Fabiana Del Padre. Contribuições para a Seguridade Social à luz da


Constituição Federal. 2 ed. rev. e atual. Editora Juruá: Curitiba, 2013

VORONOFF, Alice. Direito administrativo sancionador no Brasil: justificação,


interpretação e aplicação. Belo Horizonte: Fórum, 2018.

https://conteudo.catolica.edu.br/conteudos/nbt_cursos_pos/dtaf_direito_penal_tributário_acao_administrativa/tema_03/index.html?print=1&acc… 23/23

You might also like