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Cisalhamento Ensaio
Cisalhamento Ensaio
net/publication/341220322
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All content following this page was uploaded by Lucas Ghion Zorzan on 07 May 2020.
projetos de fundação, estabilidade de taludes, Terzaghi (1925) e mais tarde formalizado como
contenções e obras offshore, especialmente em Princípio das Tensões Efetivas. Basicamente,
solos moles, reforça a importância da melhor este Princípio refere-se ao fato de que a
compreensão dos mecanismos e procedimentos resistência ao cisalhamento dos solos é
envolvidos neste ensaio. A proposta deste diretamente controlada pelo contato efetivo
estudo é estabelecer uma análise crítico- entre os grãos.
comparativa acerca dos resultados obtidos para
a resistência ao cisalhamento de solos 2.1.1 Comportamento Tensão-Deformação
submetidos ao Cisalhamento Direto e ao Direct
Simple Shear, fornecendo contribuições para a O comportamento tensão-deformação dos solos
difusão deste último como alternativa para a é dependente de inúmeras variáveis, tais como
avaliação da estabilidade de taludes. granulometria, histórico de tensões,
mineralogia, cimentação e presença de água no
solo. A fim de prever o comportamento tensão-
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA deformação do solo, diversos modelos
constitutivos foram desenvolvidos, embasados
2.1 Resistência ao Cisalhamento dos Solos em conceitos físicos e matemáticos.
Considerando as inúmeras variáveis que
A deformação de uma massa de solo é influem sobre a curva tensão-deformação, a
controlada pela interação entre seus elementos calibração dos modelos com resultados
constituintes, especialmente pelo deslocamento experimentais é a maneira mais adequada para
relativo entre as partículas de solo (LAMBE; obtenção de resultados confiáveis no
WHITMAN, 1969). Dessa forma, a resistência dimensionamento de qualquer obra geotécnica
dos solos está diretamente relacionada com a (DELL’AVANZI, 2014).
resistência ao cisalhamento existente no contato
entre suas partículas. 2.1.2 Condições de Carregamento e Drenagem
A resistência ao movimento relativo entre
partículas de solos é composta, basicamente, A resistência do solo é dependente, dentre
por duas parcelas: a friccional e a coesiva. outros fatores, das condições de drenagem e da
Terzaghi (1925) apresentou as bases para a trajetória de carregamento (DELL’AVANZI,
compreensão de como é mobilizada a parcela 2014).
friccional a partir do contato e relacionou a Devido à elevada permeabilidade das areias e
força normal no contato entre os grãos e a solos granulares, o volume do solo pode variar
resistência ao cisalhamento. livremente durante o processo de ruptura
O solo é constituído por duas fases distintas: (LAMBE; WHITMAN, 1969). Esse fenômeno
a fase sólida, representada pelo esqueleto caracteriza uma resposta drenada, na qual é
mineralógico, e a fase fluida, constituída de ar e permitida a saída da água presente nos vazios
água (DAS, 2013). Quando uma massa de solo do solo e a parcela friccional de resistência é
encontra-se saturada, a água ocupa todo o imediatamente mobilizada.
volume de vazios e qualquer tensão aplicada Em solos argilosos ou cuja parcela de finos é
sobre ela será suportada tanto pela porção sólida significativa, a resposta do solo é denominada
quanto pela pressão desenvolvida na água não drenada (LAMBE; WHITMAN, 1969).
(ABRAMSON et al., 2002). Esse conceito, Nessa situação, ocorre um compartilhamento do
denominado compartilhamento de cargas por carregamento: parte da tensão é suportada pelo
Lambe e Whitman (1969), foi introduzido por esqueleto mineralógico e parte pela água
XII Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
GEOSUL 2019 – 17 a 19 de Outubro, Joinville, Santa Catarina, Brasil
©ABMS, 2019 _ Prêmio Samuel Chamecki 2019
2016), solos marinhos (NOWACKI et al., 2003; realizou-se uma série de ensaios geotécnicos em
SCHROEDER et al., 2006) entre outros. solos com a finalidade de obter suas
características físicas e mecânicas,
possibilitando a análise dos mecanismos de
solicitação e ruptura intrínsecos a cada ensaio
de resistência.
Para realização da campanha de ensaios,
foram utilizados dois solos distintos em sua
constituição e estado natural (Solo A e Solo B).
Figura 4. Mecanismo de Ruptura em ensaios DSS De maneira geral, sobre o Solo A possui-se
(Budhu, 2008). maior controle das propriedades físicas
enquanto que o Solo B apresenta características
Mayne (1985) afirma que os parâmetros de usualmente encontradas na ampla maioria dos
resistência obtidos com o DSS possuem solos naturais (heterogeneidade e anisotropia).
significativa importância porque representam a O Solo A consiste em uma areia uniforme de
média das resistências mobilizadas na ruptura grãos angulare. Na Figura 5 é apresentada a
de taludes, fundações superficiais, rupturas em curva granulométrica pra o Solo B, o qual
solos moles e ao longo do fuste de fundações classificou-se como uma areia siltosa.
profundas. Especificamente para a problemática
da estabilidade de taludes, Abramson et al.
(2002) também afirmam que a resistência
mobilizada no estado de cisalhamento simples
representa a média entre a compressão triaxial e
a extensão triaxial desenvolvidas em uma
potencial superfície de ruptura (FIGURA 10).
Nessa perspectiva, a avaliação da segurança de
taludes utilizando parâmetros do DSS pode Figura 5. Curva granulométrica para o Solo B.
fornecer uma análise mais refinada e realística
das condições de campo (ABRAMSON et al., Para o Solo A, foram ensaiados 3 corpos de
2002). prova nas tensões de 100, 200 e 400 kPa para
Considerado uma evolução do ensaio de cada ensaio. Para o Solo B foram construídas
Cisalhamento Direto, o ensaio DSS permite o duas envoltórias para cada ensaio com CPs
desenvolvimento de um cisalhamento uniforme ensaiados nas tensões de 100, 200, 400 e
no solo, com manutenção da área constante, e 800 kPa.
pode fornecer resultados de resistência mais Todos os ensaios foram efetuados em duas
próximos aos observados em campo. Além fases: adensamento e cisalhamento. Durante a
disso, é permitida a rotação dos planos primeira fase, aplicou-se a tensão vertical de
principais durante o cisalhamento, o que ensaio na amostra. Na segunda fase, foi imposta
permite que a ruptura ocorra no plano de maior uma taxa de deslocamento horizontal que
fraqueza. provocou o cisalhamento do corpo de prova.
No presente trabalho, todos os ensaios DSS
foram realizados mantendo-se o volume do
3 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL: corpo de prova constante durante o
METODOLOGIA cisalhamento. Isso torna-se possível por meio
de um controlador que alivia a tensão vertical
Para o cumprimento dos objetivos propostos,
XII Simpósio de Práticas de Engenharia Geotécnica da Região Sul
GEOSUL 2019 – 17 a 19 de Outubro, Joinville, Santa Catarina, Brasil
©ABMS, 2019 _ Prêmio Samuel Chamecki 2019
4 INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL:
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 7. Envoltórias de Mohr-Coulomb para o Solo A –
4.1 Solo A
Ensaio de Cisalhamento Direto.
4.2 Solo B