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Position Paper - Rússia e Ucrânia - MARCO ALMEIDA
Position Paper - Rússia e Ucrânia - MARCO ALMEIDA
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Índice
Contextualização Histórica ........................................................................................ 3
Independência da Ucrânia ................................................................................................. 3
Reacendimento das tensões .............................................................................................. 4
NATO e Rússia o crescer das tensões ................................................................................. 5
Caracterização do conflito desde 2014: .............................................................................. 6
Conflito Armado: ................................................................................................................................ 6
Apoio Russo: ....................................................................................................................................... 6
Escalada do Conflito: .......................................................................................................................... 6
Sanções Internacionais:...................................................................................................................... 7
Acordos de Paz: .................................................................................................................................. 7
Impacto Humanitário: ........................................................................................................................ 7
Segurança e Interesse nacional .......................................................................................... 7
Posição e ações de Portugal ............................................................................................... 9
Apoio e receção de refugiados ucranianos: ...................................................................................... 9
Envio de tropas para a Roménia: .................................................................................................... 10
Envio de equipamento militar:........................................................................................................ 10
Treino de Ucranianos: ..................................................................................................................... 11
Aumento no orçamento de segurança: .......................................................................................... 11
Avaliação do posicionamento do Estado Português: ..................................................................... 11
Posição apresentada ....................................................................................................... 13
Bibliografia e Webgrafia .................................................................................................. 16
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Contextualização Histórica
Independência da Ucrânia
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União Soviética. Paralelamente, garantiu-se o status quo das fronteiras entre a Rússia e
a Ucrânia, segundo a linha de demarcação existente entre as duas antigas repúblicas
soviéticas, num quadro de garantias bilaterais e multilaterais da independência da
Ucrânia. Esses passos foram, evidentemente, muito importantes para estabilizar o
estatuto da Rússia como grande potência nuclear, neutralizar as tendências de
proliferação, e conter os riscos de conflito entre a Rússia e a Ucrânia. (MEDEA BENJAMIN
& NICOLAS J. S. Davies)
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Apenas passaram 4 anos para que a posição mais reservada da NATO se
alterasse, já que a ambição e vontade ucraniana manteve-se, concordando com vocação
da Ucrânia para integrar na Aliança Atlântica.
Em 1999, três países que tinham feito parte do Pacto de Varsóvia juntam-se à
aliança transatlântica: Checoslováquia, Hungria e Polónia. Nos anos seguintes, também
se lhes juntaram a Bulgária, a Estónia, a Letónia, a Lituânia, a Roménia, a Eslováquia, a
Eslovénia, a Albânia, a Croácia, o Montenegro e a Macedónia do Norte.
Esta expansão é vista por Moscovo como a quebra de uma promessa feita no
final da Guerra Fria pelo então secretário de estado norte-americano James Baker ao
líder soviético, Mikhail Gorbachev. Putin alega que na altura ficou prometido que a
NATO não se ira expandir para o leste da Europa. Não há apenas uma versão do que foi
falado na altura, mas o que se sabe é que não há nenhum acordo escrito com este
princípio. O acordo final assinado entre a Rússia e o ocidente em Setembro de 1990
refere apenas o território da antiga República Democrática Alemã. (CNN, 2022)
No entanto os EUA, fazendo uma análise da política externa a Rússia (Realpolitik),
baseada na corrente teórica realista, fundamentada e potencializada pelo Presidente
Russo Vladimir Putin, claramente tinha em conta que a expansão da NATO para países
fronteiriços no leste da Europa poderiam ser considerados uma ameaça á luz dessa
mesma perspetiva russa da política internacional. “Moscovo não pode suportar a perda
da Ucrânia e usará todos os meios possíveis para evitar a derrota”. (Mearsheimer, 2022)
Por muito que os objetivos da Organização do Tratado do Atlântico Norte se
prendam na segurança coletiva internacional e manutenção da paz no Ocidente, com a
ambição de adesão por parte de Estados a leste da Europa, os EUA com a sua extensão
de poder militar da NATO, foram desafiando e prevaricando a Rússia que afirmara a sua
posição quanto a essa mesma expansão, considerada de carácter imperialista Ocidental.
Esta expansão da NATO, considerar-se-á uma afronta ao status quo mundial,
traduzindo-se na consolidação e propagação da hegemonia dos Estados Unidos da
América no Sistema Internacional Neoliberal assente na paz democrática,
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materializando a sua política externa em benefício da sua politica interna, priorizando
os seus interesses nacionais. Por muito boa que seja a intenção desta doutrina, com a
convicção de que este é o sistema mais seguro, justo e democrático, deve-se ter em
conta os confrontos de interesses com potências emergentes, nomeadamente dos
BRICS, já que têm uma posição relevante e um peso bastante considerável na economia
global.
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Sanções Internacionais: A Rússia enfrentou sanções econômicas e políticas por
parte de vários países e organizações internacionais em resposta à sua intervenção na
Ucrânia. Essas sanções visam pressionar a Rússia a buscar uma solução pacífica e
respeitar a integridade territorial da Ucrânia.
Acordos de Paz: Vários acordos de paz foram propostos e negociados ao longo
dos anos, como o Processo de Minsk. No entanto, a implementação desses acordos tem
sido problemática, com violações frequentes do cessar-fogo e falta de progresso na
resolução do conflito.
Impacto Humanitário: O conflito causou um impacto humanitário significativo,
com milhares de mortes, deslocamentos em massa, destruição de infraestrutura e crise
humanitária. Organizações internacionais têm enfrentado dificuldades para fornecer
assistência humanitária adequada às áreas afetadas
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defesa da unidade do Atlântico, cuja consolidação é crucial para o reforço dos vínculos
entre os membros da CPLP.
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Posição e ações de Portugal
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o acolhimento dos recém-chegados e as ações de apoio humanitário.
Portugal vai enviar mais 14 viaturas blindadas M113 e oito geradores elétricos
de grande capacidade para a Ucrânia, elevando "para 532 toneladas o total de
equipamento militar, letal e não letal".
O Ministério da defesa referiu que, "com este material, que se encontra em
preparação para envio, eleva-se para 532 toneladas o total de equipamento militar,
letal e não letal, fornecido por Portugal à Ucrânia desde o início da agressão levada a
cabo pela Rússia
o "Ministério da Defesa Nacional e o Estado-Maior-General das Forças Armadas"
estão "em constante contacto com as autoridades ucranianas e analisando as
solicitações de Kiev", comprometendo-se Portugal a responder a esses pedidos "na
medida das suas capacidades e disponibilidades".
"Portugal integra a nova missão da União Europeia de assistência militar à
Ucrânia, que vai proporcionar treino em áreas como a inativação de engenhos
explosivos, assistência médica em combate, defesa nuclear, biológica, química e
radiológica, e instrução militar. Os formadores portugueses estarão na Alemanha a
partir de fevereiro", informa-se no comunicado.
O Ministério refere ainda que "Portugal mantém a disponibilidade para receber
no Hospital das Forças Armadas 40 militares ucranianos feridos em combate".
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Treino de Ucranianos:
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Prós:
• Demonstra solidariedade com a Ucrânia e apoio à integridade territorial;
• Reforça a imagem de Portugal como defensor dos direitos humanos e do direito
internacional;
• Contribui para a estabilidade regional e a segurança europeia.
Contras:
• Repercussões político-económicas nas relações com a Rússia, que desempenha
e um papel-chave no conflito dissuasor;
• Possível distanciamento de países não alinhados, sem ingerência militar no
conflito, que focam os seus esforços por via diplomática;
• Limitações em termos de recursos militares (materiais e humanos) disponíveis
para uma intervenção direta.
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Posição apresentada
O poder militar e o complexo industrial-militar dos EUA, com a NATO durante e após
a queda da União Soviética, tem-se vindo a alargar, confirmando a sua dominação bélica
um pouco por todas as zonas cinzentas do globo, levando a guerras catastróficas como
foi caso na ex-Jugoslávia, Afeganistão, Iraque, Somália, Palestina, Líbia, Síria e Iémen.
Muitas das operações militares executadas no âmbito da segurança imposta NATO,
violavam os princípios da Carta das Nações Unidas nomeadamente com a expressa
proibição do uso da força consagrados no artigo 2º nº4 deste mesmo documento. Nesse
sentido, Portugal como um Estado membro integrante e fundador desta Organização
militar, deve analisar as circunstâncias quando o assunto é ingerência numa guerra, já
que nem sempre servem os interesses nacionais e ou coletivos que a NATO muitas das
vezes alega ser o motivo das suas intervenções.
Verdade é que este conflito instiga num perigo enorme para a manutenção do Status
Quo, assegurado principalmente pelos EUA e as restantes potências europeias. Fazendo
uma leitura da história contemporânea, rapidamente se percebe que esta ingerência no
conflito mais se assemelha a uma “proxy war” – guerra por procuração. No caso da
NATO e EUA na tentativa de corresponder á vontade democrática de “libertar a
Ucrânia”, na construção de um Estado mais desenvolvido, democrático e integrado no
sistema neoliberal.
Mesmo tendo em conta a vontade democrática, que foi muitas vezes posta em causa
internamente quer por pró-russos quer por pró-ocidentais, deve-se ter presente numa
perspetiva estrutural das Relações Internacionais principalmente no que toca ao
equilíbrio de poderes no teatro internacional. Verdade é que esta expansão da NATO,
agregando um estado com elevada importância para a Federação Russa, implica um
desequilíbrio de poderes enorme para a ordem mundial, sendo que a Federação Russa
vê-se mais do que desprotegida sem o Estado que eles consideram “um estado tampão”.
Esta é talvez uma perspetiva mais realista do conflito e continuando a observar o
desenrolo do conflito nesta linha de análise o que se prevê não é o cenário mais pacifico.
Ao alimentar a Ucrânia como mais apoio bélico estaremos inviavelmente a desequilibrar
a balança de poderes, consequentemente só haverá paz quando esta terá que se
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equilibrar. Poder-se-á prever com a escalada armamentista do conflito, a bipolarização
do mundo tal como aconteceu na Guerra Fria, mas desta vez com um carácter menos
ideológico, mais focado na procura de influência e poder na Ordem Internacional dentro
dos dois blocos. O reajustamento das Relações Internacionais irá ser inevitável quando
o cenário é de crescente escalada do conflito na Ucrânia. A China tendo o peso enorme
conhecido no comércio internacional e na influência externa de outros atores, poderá
ser crucial para esse mesmo realinhamento das Relações Internacionais. Um facto
concreto que pode justificar esta mesma possibilidade é a alegação de Lula da Silva,
atual Presidente do Brasil, quando na sua visita á China defende mais comércio nas
moedas dos países que integram o grupo de economias
emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e até mesmo uma divisa
comum. (Euronews, 2023)
Sendo que Portugal sofre ínfimos riscos de esta guerra se alastrar até seu território
nacional, apenas num cenários catastrófico de 3ª Guerra Mundial, não existe motivo no
âmbito da segurança interna para o envio de armamento ou tropas para território
Ucraniano já que irá contribuir para a escalada de um conflito, e como já verificado e
mencionado, nem todas as operações da NATO servem os reais interesses que são
pregados, sendo necessário avaliar mais a fundo todos os detalhes e interesses
envolvidos. Na realidade, no plano micro, esta guerra tem vindo a afetar a realidade
material dos portugueses com o aumento do custo de vida, inflação e barreiras
económicas para o desenvolvimento e investimento quer empresarial quer pessoal. Esta
guerra não serve Portugal nem os Portugueses. Se Portugal e os portugueses têm
intenção de ajudar os ucranianos, então que se reforce o apoio humanitário
nomeadamente na receção de famílias e refugiados ucranianos.
Os recentes ataques ao Kremlin, são mais uma evidência de que essas mesmas
armadas fornecidas pelo Ocidente poderão estar a ser usadas de forma imprudente,
abusando do Direito de Legitima Defesa, jus cogens no âmbito da Norma de Proibição
do Uso da Força da Carta das Nações Unidas, podendo ser caracterizado como um ato
que não respeita os princípios da necessidade e proporcionalidade. Mesmo que estes
atos não tenham sido cometidos pela Ucrânia, existe sempre a possibilidade de haver
diligências desta forma e magnitude, colocando seriamente em risco a segurança
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coletiva internacional. Em defesa dos interesses e das aspirações do povo português e
dos povos do mundo, Portugal não deve alinhar-se, com a estratégia de tensão
atlantista, que está na origem do agravamento da situação internacional. Desde logo
Portugal deve recusar envolver militares portugueses na escalada de confrontação que
está em curso.
Portugal possui uma rede diplomática e participa ativamente em organizações
internacionais, como a UE e a ONU, que podem ser mobilizadas para promover a
diplomacia e a mediação entre as partes envolvidas no conflito. Para tal, assume
importância prioritária o desenvolvimento de iniciativas e medidas que possibilitem um
cessar-fogo, uma solução política do conflito, a necessária resposta aos problemas
comuns de segurança na Europa, do desanuviamento e do desarmamento, o respeito
pelos princípios da Carta da ONU e do direito internacional, em particular da Acta Final
da Conferência de Helsínquia. É necessário defender o diálogo e a paz, olhando às causas
do conflito, e não alimentar e instigar uma escalada de consequências imprevisíveis.
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Bibliografia e Webgrafia
Medea Benjamin & Nicolas J. S. Davies, (2022), “War in Ukraine MAKING SENSE OF A
SENSELESS CONFLICT”
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