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Artigo (Recuperação Automática)
Artigo (Recuperação Automática)
BENEVIDES – PA
2023
FACULDADE ADVENTISTA DA AMAZÔNIA
SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO-AMERICANO DE TEOLOGIA
BENEVIDES – PA
2023
Sumário
RESUMO 4
ABSTRACT 4
1 INTRODUÇÃO 4
2 DISCIPULADO 5
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 9
REFERÊNCIAS 10
O CONCEITO TEOLÓGICO DO DISCIPULADO
Resumo
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
A Escola Sabatina está nos primórdios da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Antes
mesmo que houvesse a igreja como organização oficial, a Escola Sabatina já fazia parte do dia
a dia dos pioneiros. Nasceu de um movimento profético, cujo as origens datam do ano de 1853,
na cidade de Rochester, nos Estados Unidos (Loughborough, 1900).
Dentro da estrutura chamada Escola Sabatina, está contido o processo do discipulado, a
qual possui elementos importantes para a nutrição e conservação dos membros. Maynard-Reid
(1992), destaca que o serviço é parte fundamental no processo do discipulado. Ele enfatiza que,
seguindo o exemplo de Jesus, que veio para servir e não para ser servido, os membros se
envolverão ativamente, aplicando os ensinamentos bíblicos. Desta forma, a Escola Sabatina
atua como um espaço de laboratório para o discipulado cristão.
Knight (2007) argumenta que a Escola Sabatina é um lugar de relacionamentos
interpessoais, onde a comunidade de fé desempenha através do compartilhamento de
experiência o apoio mútuo, ou seja, a Escola Sabatina não se limita ao tempo dedicado a
recapitulação do estudo bíblico no sábado, mas é vivenciado diariamente.
Visto os aspectos citados, compreende-se que a Escola Sabatina possui uma estrutura
importante no desenvolvimento pessoal e coletivo dos membros no processo do discipulado.
Nesse contexto, afigura-se interessante obter informações básicas sobre este tema, destacando
quais são os pontos elementares que compõem o discipulado, com o fim de observar como ele
aconteceu e como isso foi feito no Antigo Testamento e Novo Testamento, e quais as
implicações disso na concepção do discipulado atualmente na Escola Sabatina. Para tal, será
também apresentada a visão de Ellen G. White, destacando-se que sua compreensão reafirma
as inferências biblicamente apresentadas.
O presente artigo não tem por objetivo estabelecer relações de causa e efeito, tampouco
fazer generalizações sobre o tema. O objetivo primário é descrever e sumarizar as características
e comportamentos observados neste objeto de estudo, e como ele se espelha hoje por meio da
Escola Sabatina. Para isto, será empregado como método de pesquisa o levantamento
bibliográfico.
2 DISCIPULADO
O relato bíblico pressupõe que Moisés passou todas as prerrogativas que a liderança
requeria de Josué, bem como o poder do espirito de sabedoria, conforme o Comentário Bíblico
Adventista do Sétimo Dia: “Quando Moisés lhe impôs as mãos, este líder relativamente jovem
ficou cheio do espírito de sabedoria. Esse "espírito de sabedoria" incluía habilidade na
administração civil e liderança militar. Já havia provado ter fé forte, coragem e dedicação ao
dever” (CBA, p. 1185, 2011).
No livro dos Reis, é narrado a história do profeta Elias e de seu sucessor Eliseu, que
estando a lavrar com doze juntas de bois, Elias passou por ele, e o lançou sua capa. Eliseu,
depressa imolou os bois, cozeu as carnes e as deu ao povo. Em seguida, seguiu Elias (I Reis
19:16, 17, 19). Segundo Neto e Souza (2023), vendo Eliseu, que Elias estava prestes a ir a Betel
(II Reis 2:2), o mesmo recusou-se a deixar o profeta ir sozinho, e indo juntos, ao observar Eliseu
o poder que Deus houvera concedido a Elias, pediu ao Senhor unção dobrada para que seu
ministério profético florescesse. Para Martins (p. 39, 2021) “Assim como Josué, Eliseu foi
aprendendo no dia a dia, no andar, na prática do temor ao Senhor diário observado em seu
mestre.
Embora o texto não contenha a palavra discipulado, a palavra “ungirás” (I Reis 19:16),
pode apresentar uma conotação de serviço, uma vez que, não há registros de que profetas eram
ungidos literalmente:
Não há registros de que profetas tenham sido ungidos no sentido literal do termo,
embora esse pareça ter sido o caso nesta passagem. Alguns sacerdotes (Êx 40:15; Nm
3:30) e reis (I Sm 9:16; 10:1; 16:3, 13; II Reis 9:3, 6; Sl 89:20) foram ungidos quando
separados para a missões específicas. Em alguns casos, objetos inanimados também
foram ungidos, como objetos associados ao santuário (Êx 29:36; 30:26; 40:9; Lv 8:10,
11; Nm 7:1), e até pedras (Gn 28:18). Alguns sugerem que a palavra “ungirás” deve
ser entendida num sentido mais amplo, significando simplesmente separar alguém
para a realização de algum serviço para Deus sem que isso envolva uma unção
manifesta, verdadeira e formal (CBA, p. 907, 2011).
Neste caso, o discipulado envolveria serviço direto a Deus, como algo comum entre
mestre e aluno, onde ambos desenvolveriam o ministério profético.
Um dos apóstolos enviados por Cristo foi Paulo de Tarso, onde o mesmo fez diversas
viagens missionárias (Atos 13:1-4; 5:12; 13-52; 14:1-28; 15:36-41; 16:1-10; 11-40; 17: 1-15;
16:34; 18:1-22; 19:1-41; 20:1-38). Em uma de suas viagens, Paulo chegou a Derbe e a Listra,
onde havia um jovem chamado Timóteo, filho de uma judia e de pai grego, o qual tinha bom
testemunho em Listra e Icônio (Atos 16:1-2). Paulo destinou muito dos seus escritos a Timóteo,
isto evidencia que o mesmo desenvolveu o discipulado com o jovem Timóteo (Carlesso;
Pommerening, xxx). Paulo, em sua primeira carta a Timóteo diz “E o que de mim, entre muitas
testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinar a outros”
(I Timóteo 2:2). Fica claro que Paulo discipulou Timóteo, exortando-o na doutrina e no ensino
(II Timóteo 3:14-17). É importante ressaltar que Timóteo dependia das Escrituras, observando
os ensinos dos apóstolos e de sua mãe:
Timóteo foi feliz por ter sido ensinado por sua avó piedosa, Lóide, e sua mãe, Eunice
(ver 2Tm 1:5), bem como por Paulo e por outros apóstolos. Alguns acreditam que “de
quem” se refere às “Sagradas Escrituras” (2Tm 3:15), o que significa que qualquer
autoridade que Paulo ou a mãe e a avó de Timóteo possuíssem provinha em última
análise das Escrituras, e não deles mesmos. Só as Escrituras proporcionam à vida um
fundamento imutável para a convicção e a segurança (CBA, p. 361, 2011).
5 O CONCEITO DE DISCIPULADO EM ELLEN G. WHITE
Ellen Gould White, uma das cofundadoras da Igreja Adventista do Sétimo Dia abordou
o conceito do discipulado em muitos de seus ensinos. Segundo White (1898), Jesus Cristo em
Seu exemplo supremo, é o maio modelo do discipulado, ou seja, todo seguidor consciente e
voluntário do Evangelho deve imitar Seu caráter e Seu amor pelos outros. White (1958) enaltece
a importância de se ter um relacionamento pessoal com Deus, onde a necessidade do individuo
em humildade e serviço são desenvolvidas no papel do discipulado.
Moisés se destacou como líder e discípulo de Deus. Ele foi treinado e preparado para
liderar o povo de Israel, o mesmo transmitiu o conhecimento a Josué que o sucedeu:
O Senhor ouviu a oração de Seu servo; e a resposta veio: “Toma para ti a Josué, filho
de Num, homem em quem há o Espírito, e põe a tua mão sobre ele. E apresenta-o
perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação, e dá-lhe mandamentos aos
olhos deles; e põe sobre ele da tua glória, para que obedeça toda a congregação dos
filhos de Israel.” Josué havia durante muito tempo auxiliado a Moisés; e, sendo
homem de sabedoria, habilidade e fé, foi escolhido para suceder-lhe. Mediante a
imposição das mãos por Moisés, acompanhada de impressionante conjuração, Josué
foi solenemente separado como chefe de Israel. Foi também admitido a participar
desde então no governo (White, p. 339, 2010).
Não foi diferente no discipulado desenvolvido por Elias e Eliseu, onde Elias
devidamente instruído por Deus, lançou a capa sobre Eliseu, em conformidade com a vontade
divina:
Não foi grande a obra de início requerida de Eliseu; deveres comuns ainda constituíam
sua disciplina. É dito dele que derramava água nas mãos de Elias, seu mestre. Ele
estava disposto a fazer o que fosse que o Senhor ordenasse, e a cada passo aprendia
lições de humildade e serviço. Como assistente pessoal do profeta, ele continuou a
provar-se fiel nas pequenas coisas, enquanto com diário fortalecimento de propósito
devotava-se à missão apontada por Deus (White, p. 112, 2009).
White (2010), destaca que Paulo foi um mentor espiritual para Timóteo. Paulo instruiu,
encorajou e treinou Timóteo para pastorear a igreja, mediante o serviço e discipulado cristão.
Os discípulos passaram por um treinamento, durante três anos foram diligentemente
discipulados por Jesus por meio dos princípios do Reino e do caráter de Deus (White, 2014).
Em seus escritos, Ellen White aborda o discipulado como parte da estrutura chamada
Escola Sabatina: “A Escola Sabatina é uma instituição divina. Está ordenada por Deus para que
os homens e as mulheres aprendam como se tornar cooperadores de Cristo” (White, p. 244,
xxx). Assim como no Antigo e Novo Testamento, Ellen White instrui a igreja quanto ao
processo do discipulado, baseado no relacionamento íntimo, no ensino e no serviço: “A Escola
Sabatina é o lugar onde todos os membros devem ser ensinados a trabalhar como discípulos de
Cristo” (White, p. 244, 2006).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como visto, embora a palavra “discipulado” embora não esteja presente na Bíblia, seu
conceito está intrínseco na Bíblia Sagrada, e é abordado nos Escritos de Ellen White
paralelamente. O discipulado ocorre em todos os exemplos descritos conforme a vontade
divina, mediante o ensino diligente, relacional entre indivíduos, cujo o objetivo é avançar na
causa de Deus. Desde os primórdios do povo de Israel até a Escola Sabatina atualmente.
Conduzido pelo método divino, o discipulado é importante no crescimento espiritual. O
conceito do discipulado ocorreu na sucessão dos discípulos, por meio da tutoria de seus mestres,
que acompanhavam e ensinavam tudo quanto precisavam para se tornarem habilitados no
serviço a Deus. As implicações do discipulado atualmente são bem pontuadas por Ellen White,
onde a mesma destaca a Escola Sabatina como a ferramenta para que homens e mulheres sigam
a Cristo.
REFERÊNCIAS
oughborough, John. The Great Second Advent Movement: Its Rise and Progress. Battle
Creek: Review and Herald Publishing Association, 1900.
Maynard-Reid, P. The Sabbath School in African Contexts: A Study of the Impact of Sabbath
School on Church Growth in Africa. Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1992.
Knight, G.R. The Sabbath School: A Study Guide for All Ages. Hagerstown, MD: Review
and Herald Publishing Association, 2007.
Neto, M.; Souza, E. Discipulado e Sua Importância no Movimento dos “Desigrejados”.
RevistaTeologia & Contemporaneidades, vol. 01, n. 2, 2023.
Martins, F. Discipulado: das Páginas das Escrituras aos Benefícios de sua Aplicabilidade na
Igreja. vol. 22, n. 44, 2021.
White, E.G. Profetas e Reis. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009.
White, E.G. Patriarcas e Profetas. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010.
White, E.G. Atos dos Apóstolos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010.
White, E.G. O Desejado de Todas as Nações. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014.
White, E.G. Testemunhos Seletos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006.