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SUBMISSIVE

Autora: Youbaba
SUMÁRIO

Três Doidas........................................................................................................5

Notas.................................................................................................................10

Cast...................................................................................................................11

Playlist..............................................................................................................26

Prólogo.............................................................................................................30

01 • Quid Pro Quo..........................................................................................32

02 • Sidewinder...............................................................................................38

03 • Easy Prey.................................................................................................43

04 • La La Land...............................................................................................50

05 • Mensch....................................................................................................57

06 • Farewell...................................................................................................68

07 • Bystander................................................................................................81

08 • Sweet Escape..........................................................................................91

09 • Rumble Tumble.....................................................................................109

10 • Duality....................................................................................................127

11 • Lights Out..............................................................................................149

12 • Con clavi...............................................................................................172

13 • Cloud Nine.............................................................................................200

14 • Monkey Buisiness................................................................................230

15 • Alpenglow..............................................................................................258

16 • Repentance...........................................................................................284

17 • Hocus Pocus.........................................................................................318

18 • Sine Qua Non........................................................................................353

Capítulo Bônus • Especial Jungkook.........................................................381


19 • Breakdown............................................................................................418

20 • Nalina.....................................................................................................452

21 • Bushfire.................................................................................................487

22 • Double-handed......................................................................................516

23 • Lemon Squeezy....................................................................................549

24 • Moonshine.............................................................................................577

25 • Bird Set Free.........................................................................................608

26 • Forecast.................................................................................................639

27 • Counterpoise.........................................................................................670

28 • To Be Continued...................................................................................704

29 • Betsubara..............................................................................................732

30 • Soft Attack.............................................................................................764

31 • Amenalibity...........................................................................................795

32 • Felix Culpa.............................................................................................829

33 • Taikatalvi...............................................................................................863

34 • Carpe Noctem.......................................................................................896

35 • Beyond The Scene................................................................................928

36 • Boy Meets Evil......................................................................................966

37 • Omotenashi...........................................................................................997

38 • Arquimedes.........................................................................................1035

39 • Pochemuchka.....................................................................................1070

40 • Love List..............................................................................................1102

41 • Lupus in Fabula..................................................................................1136

42 • Got The Blues.....................................................................................1175

43 • Keep Breathing...................................................................................1206

44 • Expergefacio.......................................................................................1244

45 • Reability...............................................................................................1279
46 • Made In Heaven...................................................................................1319

47 • Before The Storm................................................................................1358

48 • Paradise Here......................................................................................1393

49 • Romanticide........................................................................................1432

50 • Wet Weekend......................................................................................1465

51 • Over The Moon....................................................................................1503

Epílogo • Fated To Be................................................................................1551

Spin Off • Experimentalist.........................................................................1582


Oi,

Nós somos três doidas apaixonadas por fanfics e usamos o user


@Ray_of_SunShy (Lan), @LeeSupassit_1005 (Lee) e @Debyy35 (Deb) no
wattpad.

Tudo começou por uma indicação da Lee para ler SUBMISSIVE, eu (Lan) fiquei
super animada e cheia de vontade para ler essa fanfic maravilhosa e detentora
de muitos elogios, mas ao clicar no link me deparei com aquela maldita
mensagem do wattpad : “Esta página perdeu-se numa boa história e nunca
mais voltou.” que acabou com a minha animação e deixou a Lee pirada e me
culpando por ela perder a fanfic (estava baixada off-line e depois que ela me
enviou o link sumiu da biblioteca dela) que ela tanto amava.

Twitter/DM Lan  Lee

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu procurei informações no mural de conversas na página da autora
(@youbaba) e vimos que o wattpad excluiu a fanfic, mas a autora tinha entrado
em contato e estava esperando uma resposta, outros leitores também falaram
que isso já tinha acontecido antes e que logo a fanfic retornaria. Nós seguimos
com as nossas vidas animadas com a fanfic e inocentemente esperando seu
retorno...

Twitter/DM Lan  Lee

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Os dias foram passando e nada da fanfic voltar... A Lee já estava super
chateada porque ela estava relendo quando a fanfic sumiu e eu muito
frustrada, pois cheguei tarde para poder aproveitar essa obra... Até que
recebemos aquela notícia das meninas que gerenciavam os instas das contas
dos personagens: SUBMISSIVE não iria voltar e, caso voltasse a própria autora
a apagaria.

Lee entrou em desespero, pois era apaixonada pela fanfic e eu estava em


negação por não poder ler essa obra depois de passar semanas ouvindo a
doida da minha amiga me falando sobre ela. Eu e Lee inclusive passamos
horas conversando sobre Sub e ela me contando coisas sobre a fanfic tão
amada que já não tínhamos mais esperanças de voltar...

Whats da Lan  Lee

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Whats da Lan  Lee

Nesse dia nós começamos a falar sobre essa fanfic e não paramos enquanto a
Lee não tivesse terminado de me contar/narrar toda a história, ficamos a noite
toda no whatsapp.

Mesmo com a notícia triste, não consegui deixar de dar uma olhada no mural
de conversas da autora, sempre esperando por alguma notícia ou alguma coisa
acontecer (a esperança é ultima que morre kkk).

Em um dia desses eu me deparei com a abençoada (e uma das favoritas de


Deus, só pode) no mural de conversas dizendo que ainda possuía essa
preciosidade na sua biblioteca e conseguia abrir e ler.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Msg da Deb no mural da Ruth no wattpad

Eu costumo ser uma pessoa tímida, mas a vontade de ler SUBMISSIVE era
tanta que venci isso e mandei uma mensagem pra abençoada no wattpad,
pedindo ( e internamente surtando e rezando pelo amor de Deus pra ela
concordar) pra fazer um pdf.

Por sorte ela é um amorzinho e foi super legal e se disponibilizou em passar a


história para a gente. Depois de várias conversas (tarefa da Lee porque sou
tímida, usei minha cara de pau pra chamar a menina no watt) decidimos que o
mais seguro (menos risco para ela não perder a fic) seria ela filmar os capítulos
e mandar pra gente conseguir fazer prints, extrair os textos das imagens e
transformar em pdf a tão amada fanfic: SUBMISSIVE.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Wattpad da Lan  Deb Whats da Lee  Deb

E foi assim que surgiu o pdf de SUBMISSIVE, três loucas que amam fanfic se
juntaram e passaram dias e noites quebrando a cabeça pra devolver essa
belezinha à vida dos leitores que a amam.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Notas
Lan e Lee Supassit

Antes de começar Sub propriamente dita temos que avisar que fizemos
algumas modificações na estrutura/estética e precisamos explicar o motivo.

 As imagens

As “imagens” de apresentação no capítulo “Cast” eram, na verdade, gifs e não


é possível coloca-los em pdf. A pesar de modifica-las, nós usamos imagens de
anos correspondentes aos gifs usados pela autora originalmente. A exceção
foram as fotos do JungKook que decidimos usar fotos mais atuais em que ele
transparece mais maturidade, pois achamos que se encaixaria e ajudaria
melhor na imaginação dos leitores.

 Mensagens de texto  Prints de wpp

Quando estávamos extraindo o texto de um capítulo com mensagens de texto,


notamos que haveria uma dificuldade em manter os emojis, que podem ser
desconfigurados após a transformação de um arquivo de texto em pdf. Lee
tinha me dito que os emojis são uma parte importante das conversas do Jimin
com o JungKook, além de que eles são usados nos contatos dos personagens.
Eu (Lan) e Lee decidimos, então, modificar nossos nomes de contato e icons
para simular as conversas do casal e dos personagens no decorrer da fanfic,
mantendo sempre o texto original, mas o formato no pdf será de print de wpp.

OBS: Horários e datas no print tirados devem ser desconsiderados.

OBS²: Os áudios e algumas mensagens fúteis como “oi” e “ok” devem ser
ignoradas, estão presentes para deixa um pouco mais realista.

OBS³: As mensagens da autora não foram alteradas tanto em conteúdo como


na forma de escrita de cada personagens (mantivemos cada letra e cada
“erro”).

OBS⁴: As notas da autora estão todas em um fundo azul para separá-las do


texto principal com mais clareza.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Cast

Olá! Essa atualização é um extra com uma compilação de gifs de como eu


imagino os personagens principais, tanto da primeira quanto da segunda

fase

//alguns ainda não apareceram na história no momento em que estou

postando isso, mas resolvi colocar todos pra não ter que ficar atualizando
depois, perdoem essa autorinha

afobada

♡ Park Jimin //O Jimin é o que tem uma maior transição nessa primeira fase.
Os fotos estão em ordem "cronológica"

Primeiro, a máquina de passar vergonha alheia. Com vocês, Jimin Feto


aos 16 anos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Depois, Jimin um pouquinho mais crescido aos 17 e parte dos 18 anos,
ainda uma fofurinha

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
(Spoiler) E então o cabelo preto de volta e o Sub mais lindo desse mundo
já bem crescidinho, pronto para segunda fase.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jeon JungKook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Kim Youkwon.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Yoon Jeonghan.

Yoo Kihyun.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Nakamoto Yuta (Bucetão).

kim Taeyeon (Irmã do Youkwon.)

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Seo Hyelin (Amiga do Jimin)

kim Nanjoom.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Kim TaeHyung.

Kim SeokJin.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Min Yoongi

Jung Hoseok

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Kim Wonsik.

Chim.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Playlist ♪♪

Antes de tudo, eu vou aproveitar esse capítulo adicional para deixar alguns
recados aos eventuais novos leitores e evitar dores de cabeça bastante
recorrentes:

Submissive é uma fanfic que retrata, entre outras coisas, um relacionamento


entre duas pessoas que praticam BDSM. Pra quem não conhece muito bem,
BDSM é um acrônimo para Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão,
Sadismo e Masoquismo. A grosso modo (porque as explicações são feitas com
calma ao longo da história), são práticas que buscam a obtenção de prazer,
para o corpo e para a mente, de todas as partes envolvidas de forma pouco
convencional, o que pode causar algum estranhamento num primeiro contato.
Mas tenham em mente que BDSM não é abusivo, porque todos os envolvidos
estão de acordo com o que acontece e se beneficiam disso. E, principalmente,
BDSM não é só sobre sexo. Por favor, se decidirem seguir a leitura, tenham a
mente aberta.

P.S.: Submissive nem de longe tem o objetivo de representar toda a


comunidade BDSM. O que é mostrado aqui é muito pouco perto do que esse
universo pode oferecer, mas tudo que eu mostro, eu tento mostrar de forma
responsável (o que não quer dizer que eu não cometa erros, então vocês
podem me comunicar se virem algo que não parece correto)

Agora, sim. Bem vindos a

Submissive!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
links para playlists, FMVs e fanarts dessa fanfic estão disponíveis no fixado do
meu twitter: @panthereve

 24 hours — Sunmi "Eu corro quando vou te ver, mas não consigo dar

sequer um passo quando tenho que te deixar"

 Adult ceremony - Park Ji Yoon "Eu não sou mais um garotinho, então

não hesite mais"

 Bad things — MGK feat. Camila Cabello "Eu não consigo explicar, eu

amo a dor e amo o jeito como sua respiração me entorpece"

 Desire — Meg Myers "Baby, eu quero foder com você, eu quero sentir

você em meus ossos"

 First love — After School "As vezes eu fico tão curioso sobre você,

mas não tem nada que eu possa fazer sobre isso"

 Flesh - Simon Curtis "Segure minhas mãos sobre a cabeça e empurre

meu rosto contra a cama, porque eu gosto de gritar, baby, me faça ficar

quieto"

 Get that money - Okasian "Deus me deu você, mas eu não sei se estou

pronto para te aceitar" N/A: essa aqui foi a que mais relutei em colocar,

mas não ia conseguir deixar meu rei Okasian de fora

 Guys my age - Hey Violet "Caras da minha idade não sabem me tocar,

não sabem me amar"

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
 Hola Hola — KARD "Eu continuo desejando que o tempo pare de

passar"

 House of cards - BTS "Faça o tempo passar mais devagar e, por favor,

fique mais um pouco"

 Hymn for the weekend — Coldplay "Oh, anjo enviado lá de cima, seu

amor está prestes a fazer as estrelas aparecerem"

 Into you — Ariana Grande "Todos estão nos olhando, então, baby,

vamos manter isso em segredo"

 Limitless – NCT 127 "Eu preciso de uma conexão, preciso de algo para

nos fazer sentir um ao outro completamente"

 Shangri-La — VIXX "O lugar que eu estive procurando é você"

 There's nothing holding me back - Shawn Mendes "Se perdermos a

cabeça e formos longe demais, eu sei que ficaremos bem"

 Tomorrow - BTS "A madrugada logo antes do sol nascer é a mais

escura" N/A: HINOOOO

 Undisclosed desires - Muse "Eu quero satisfazer os desejos não

revelados do seu coração"

 You can be the boss - Lana del Rey "Você pode ser o chefe, daddy"

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Se tiver alguma música que goste de ouvir enquanto lê ou se algum dia escutar
uma que te faça lembrar de sub, compartilhe aqui com a gente *

tchauzinho

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Prólogo
Dedicado a _otter

Eu tinha dezesseis anos quando nos conhecemos. Jungkook tinha vinte e um.

Na época eu era um estudante com mais notas ruins que boas e nenhuma
disposição pra fazer qualquer coisa mais produtiva que perder horas no twitter.
Ele, por outro lado, já estava acompanhando o pai em viagens de negócios,
visitando todas as filiais da empresa que herdaria.

Como minha família era dona da única hospedagem tradicional do distrito de


Nam-gul e seu pai, Jeon Dong-yul, era um tradicionalista fervoroso, nosso hotel
foi o escolhido para que passassem os dias que ficariam na passassem os dias
que ficariam na cidade avaliando a filial local.

Não havia motivo algum para que meu caminho se cruzasse ao de Jungkook
com mais que algum cumprimento educado caso nos encontrássemos
acidentalmente na recepção do hotel. Entretanto, uma troca de favores boba
reverteu o que eu acreditava ser o rumo natural daquela relação e mais tarde,
no mesmo dia em que o vi de relance pela primeira vez, fui parar em seu
quarto.

Eu não deveria ser visto, mas fui.

Eu não deveria me apaixonar, mas me apaixonei.

E desde então nós dois já sabíamos. Eu já era dele mesmo quando ainda não
podia ser.

[1] Nam-gu é um distrito de Gwangju, na Coreia do Sul

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Oi, tudo bom?

oi pra você também, Fernanda a +chata 506

Vou deixar alguns avisos só por desencargo de consciência, okay?

Primeiro, algo que já deve ter sido notado: vai ter BDSM sim e graças a deus
(não sei você(s), mas euzinha fico até emocionada)

Segundo, a fanfic vai se dividir em duas fases: o antes e depois de Jimin atingir
a maioridade, então teremos alguns capítulos com ele sendo uma novinha
saliente que fica loucona e se joga pra gente

O BDSM propriamente dito só começa na segunda fase (por motivos óbvios,


acredito eu), mas teremos demonstrações de personalidade
dominante/submissa e outras coisinhas antes disso

BDSM é lindo, jikook é lindo, espero que a fanfic seja linda também

tchauzinho <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
01 • Quid Pro Quo

Era a primeira semana do verão, mas o tempo já estava tão quente que eu mal
aguentava ficar dentro do meu próprio quarto.

Por isso, naquele dia, eu deixei o conforto do meu cafofo particular e me juntei
a Hyelin na recepção do hotel da minha família, onde um ventilador acima da
bancada trabalhava preguiçosamente para aliviar o calor.

Como hospedagens tradicionais não eram tão populares entre nativos e o


turismo nunca foi um ponto forte de Nam-gu, o movimento de hóspedes era
fraco até mesmo durante o que chamávamos de meses de alta estação.
Graças a isso, meus pais não viam muito problema em me deixar estudar ali,
na recepção, desde que eu não incomodasse os poucos clientes que tínhamos.

— Uh, quero fazer esse — Hyelin anunciou, me mostrando um novo teste


numa página de internet no computador do hotel. — "Qual o tipo de cara ideal
pra você?". - Ela leu o título, e depois deu uma risadinha.- O cara ideal pra mim
é o novo hóspede.

— Eu achei que você estava namorando aquele que vende pés de galinha —
Rebati, olhando ao redor antes de voltar a mexer no celular.

Essa era a verdade. Ela fingia trabalhar, eu fingia estudar.

Mas enquanto Hyelin usava o computador do serviço pra fazer testes online, eu
usava o banco desconfortável da recepção para ficar lá sentado, com um livro
aberto sobre o balcão, fingindo que estava aprendendo alguma coisa quando
na verdade estava vendo o twitter pelo telefone.

— Olha, eu namoro, mas só porque não posso namorar Jeon Jungkook, né? —
Ela respondeu, simplesmente.

— Eu não sei quem é Jeon Jungkook, mas espero algum dia ter um
relacionamento tão intenso e sincero quanto o seu com o cara da barraca de
comida — Provoquei, e ela deu de ombros com alguma displicência.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Pelo menos eu como pés de galinha de graça. — Retrucou, meio
convencida de que aquilo realmente fazia o relacionamento valer a pena. —
Agora shh, preciso me concentrar!

Eu olhei pra ela pelo canto dos olhos, rindo fraco. Hyelin levava esses testes
realmente a sério.

De qualquer forma, eu também levava as notícias sobre idols - e tudo que


girava em torno deles — como assuntos de maior prioridade em minha vida,
por isso não me importei em interromper nossa conversa pouco produtiva e me
focar em acompanhar uma nova discussão onde um fandom acusava outro por
alguma coisa realmente estúpida.

— O desempenho dessa unidade é o pior de todos. Aplicar matriz SWOT não


parece ser a melhor opção. — Ouvi alguém dizer assim que guinchei
vergonhosamente ao tentar reprimir uma risada quando vi um meme perdido
no meio da briga.

— Não, a melhor opção é trocar o diretor dessa filial. — Outra pessoa disse.

— Você é muito radical, Jun — O cara da primeira voz rebateu e eu vi, ainda
com a cabeça abaixada, os pés de duas pessoas atravessando a recepção. -
Ah, boa tarde. — Ele disse, e eu ouvi Hyelin responder timidamente, o que é
estranho porque ela nunca fica tímida.

Curioso, levantei o rosto para ver quem eram, mas os dois homens já estavam
de costas atravessando a passagem que levava aos quartos dos hóspedes.

Ao sentir uma cotovelada em minhas costelas, eu olhei assustado para o lado e


vi Hyelin grunhindo de forma muito esquisita.

— É ele! O hóspede que falei, o Jungkook! — Ela conteve os gritos num


sussurro.

— Qual deles? — Perguntei, virando o rosto para analisar as costas dos


homens antes que eles sumissem de minha vista, mas não fez muita diferença
porque não vi nada demais em nenhum dos dois.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— O mais baixo. O outro é um tal de Namjoon e ele já quebrou um frigobar, só
Jesus sabe como — Respondeu, ainda eufórica. — Ai, eu quero casar com
aquele homem e ter quinze filhos com ele!

— Santa mãe de deus, Hyelin, os bebês vão sair de você como se estivessem
escorregando num toboágua. - Resmunguei, apavorado com a imagem de uma
pessoa tão desnaturada considerando a possibilidade de ser mãe.

Ela apoiou o cotovelo sobre a bancada e depois o queixo sobre a mão,


suspirando. — Mas você viu aquelas pernas? Como um cara consegue ficar
tão gostoso usando roupa social?

Eu forcei um sorriso e dei dois tapinhas complacentes nas costas dela. — Você
provavelmente não vai conseguir nada com ele, mas pelo menos você pode
comer pés de galinha de graça, né?

Hyelin me lançou um olhar possesso, arrumando sua postura para uma menos
apaixonada e mais agressiva. — Que tal dar um pouquinho de apoio a sua
noona, hein?

Eu ergui as mãos num gesto de rendição, risonho. — Se eu pudesse ajudar,


ajudaria, mas não acho que possa...

Ela respirou pesadamente, parecendo concordar, mas depois arregalou os


olhos e se virou para mim com uma expressão medonha.

— Mas você pode!

Sorri falso, um pouco assustado também. — Ok, primeiro para de fazer essa
cara, tá bom? Parece o Macaco Louco assistindo a destruição de Townsville e
isso é bizarro.

Hyelin deu um peteleco na minha testa. — Me respeita, menino!

Resmunguei baixo, passando a mão pelo lugar dolorido. Realmente parecia um


experimento falho do Professor Utônio, a maluca.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Agora me escuta. — Ela começou, abaixando o tom de voz como se
contasse um segredo de estado — Eu vou escrever um bilhete e você vai
entregar por mim, entendeu?

Eu apertei os olhos, desconfiado. Porque você mesma não entrega?

— Porque eu sou tímida. — Respondeu, cínica. — Também porque seus pais


não podem nem sonhar com uma funcionária paquerando os hóspedes.

A última justificativa parecia mais aceitável.

— E o que eu ganho com isso?

Ela pareceu pensativa, mordeu a língua, bateu o dedo no próprio queixo e


finalmente pareceu chegar a uma resposta.

— Eu trago pés de galinha de graça pra você durante uma semana!

— Ninguém aguenta comer tantos pés de galinha assim.

Ela bufou, decepcionada. — Eu te ajudo com suas atividades da escola.

— Você é tão burra quanto eu. — Resmunguei, entediado. — É a mesma coisa


que pedir ajuda a um gorila.

Hyelin deu um gritinho, frustrada. — Então diz o que você quer, seu demônio!

Dessa vez, fui eu quem fiquei pensativo. O que Hyelin poderia me oferecer em
troca de um favor?

Eu corei com a única possibilidade que passou por minha mente, e ela sorriu
ao ver que, afinal, existia alguma coisa que eu podia pedir.

— O que é? — Ela perguntou, e eu neguei com a cabeça porque era


constrangedor demais, mas Hyelin é insistente. — Não se envergonhe, diz pra
noona o que você quer, diz.

Eu abaixei um pouco o rosto e cocei minha nuca, revelando meu pedido na


velocidade de uma metralhadora, mas muito mais baixo. —
Euquerodarmeuprimeirobeijo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ela fez uma careta, confusa. — Como é?

Respirei fundo, me obrigando a não ficar tão envergonhado com um assunto


tão bobo. Mas não funcionou.

— Eu quero dar meu primeiro beijo... — Revelei, de forma mais lenta e


compreensível, mas me arrependi assim que ela arregalou os olhos,
assustada.

— Você nunca...? — Ela parou, chocada. — Uau. Com doze anos eu já matava
aula pra dar bitoca nos meninos mais velhos da escola. Que exemplo você é,
Chim. Tá de parabéns.

Me encolhi um pouco mais. Porque aquilo era tão constrangedor?

— Tudo bem, eu te ajudo, não é nada demais — Ela voltou a dizer, e eu vi que
se forçou a não fazer mais nenhum comentário sobre a minha castidade labial.
— Tem alguma menina em mente?

Eu neguei, porque não tinha. Nunca na vida senti atração ou vontade de beijar
uma menina e eu já estava começando a acreditar que tinha alguma coisa
errada em mim, mas eu estava curioso pra saber como seria.

Talvez eu gostasse da sensação e então finalmente começasse a reparar mais


nas garotas.

— Tá, isso complica um pouco, mas eu ainda posso dar um jeito. Tenho umas
primas mais novas que beijam qualquer buraco na parede, então beijar você
não vai ser um problema pra elas — Hyelin disse, não exatamente me
tranquilizando, e estendeu a mão. — Estamos combinados?

Eu olhei para sua mão estendida por um tempo, antes de finalmente selar
nosso pequeno e vergonhoso acordo.

Naquela noite, eu iria até o quarto de Jeon Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
teve gente lendo o prólogo SOS e esse primeiro capítulo mais parece um
segundo prólogo do que um capítulo propriamente dito kjkkkmemata

primeiro capítulo mais parece um segundo prólogo do que um capítulo


propriamente dito kjkkkmemata

Queria deixar aqui registrado que no início dessa primeira fase, eu imagino o
Jimin bem fetus, desse jeitinho:

nunca vou ter estrutura emocional pra lidar com a fofura dele nessa época :(

acho que no próximo as coisas começam a ficar um pouco mais interessantes,


então yaaaa não desistam ainda!

beijos e até lá <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
02 • Sidewinder

Já era tarde da noite quando eu parei diante da porta do quarto de Jungkook,


com o bilhete de Hyelin nas mãos e os olhos ardendo de sono.

Ele ainda estava acordado, ou ao menos era isso que as luzes acesas do lado
de dentro indicavam, e eu deveria ter cuidado para não ser visto por ele ou com
certeza teria problemas com meus pais, caso descobrissem. Só por isso resolvi
esperar, chutando pedrinhas, enquanto as luzes não se apagavam.

Mas elas não se apagaram por um bom tempo, o que começou a me deixar
impaciente. E talvez eu não seja a pessoa mais esperta quando tenho que lidar
com impaciência.

Por isso, um pouco inconsequente, deixei meus sapatos no pátio e subi os


degraus até a passarela de madeira diante da porta de correr e me ajoelhei ali,
cuidadoso, antes de deslizá-la minimamente para o lado.

Eu só queria saber o que ele estava fazendo e porque não ia dormir logo, mas
definitivamente não esperava, nem podia, ser pego espionando.

Entretanto, quando encaixei um dos olhos na pequena abertura forçada, eu


quase gritei ao acreditar que tinha sido visto por ele.

Jungkook estava sentado sobre o chão, diante da mesa de chá que ficava logo
de frente para a porta do quarto. Uma bandeja com um bule e uma xícara de
cerâmica sem alça já tinha sido deixada de lado, e no momento ele parecia
concentrado na leitura de alguns papeis. Acho que por isso, apesar de estar
com o corpo virado na minha direção, ele não me viu.

E é claro que reconheço que deveria ter aproveitado sua distração para fechar
a porta outra vez e esperar mais um pouco até que ele dormisse e eu não
corresse mais o risco de ser pego. Poderia também desistir de ajudar Hyelin e
simplesmente sair dali, mas... foi impossível.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
De repente, era como se eu entendesse tudo que ela dizia sobre Jungkook.
Não... Era como se eu estivesse descobrindo que todos os elogios não faziam
jus à imagem daquele homem, porque ele estava acima de todos esses.

Eu vi os cabelos escuros divididos sobre a testa, as sobrancelhas sutilmente


franzidas, os olhos pretos concentrados e a boca avermelhada levemente
entreaberta, com a ponta da língua aparecendo furtivamente para umedecer
seus lábios vez ou outra.

Depois eu vi seu pescoço forte e a blusa social branca com as mangas


repuxadas até seus cotovelos, com os dois primeiros botões abertos revelando
um pouco da pele de seu peitoral.

Mesmo que eu apenas o estivesse vendo precariamente através de uma


pequena abertura de porta, cada pedacinho daquele homem me deixou
completamente hipnotizado e eu simplesmente não consegui me mover.

Jungkook era lindo ao ponto de se tornar impossível descrever, mais


impossível ainda de parar de olhar.

E aquele não era o momento para tentar entender porque meu coração estava
batendo tão rápido por outro homem, então eu não o fiz. Apenas continuei
quieto, com uma mão espalmada contra a parede e a outra contra a porta de
correr, um dos olhos encaixado na fresta e a respiração pesada e lenta demais,
como se qualquer mínimo ruído pudesse me denunciar.

Quando Jungkook juntou todos os papeis que estavam em cima da mesa de


chá e os guardou numa pasta, eu soube que precisava sair dali, mas eu não
queria. A única coisa que eu queria era vê-lo mais um pouco, mesmo que isso
pudesse me trazer problemas depois.

Então ele ficou de pé, calmamente, e eu o vi levar uma das mãos ao primeiro
botão fechado de sua camisa enquanto ele caminhava até o pequeno armário
do quarto.

Jungkook ficou de costas para mim, e eu assisti com devoção enquanto ele
desabotoava completamente sua blusa.

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O tecido fino marcava os músculos de suas costas, que se contraíram
deliciosamente quando ele finalmente deixou a blusa escorregar por seus
braços firmes, revelando músculos posteriores que pareciam mais fortes que
todos os meus objetivos de vida.

E mesmo que eu já estivesse completamente afetado por toda a situação, ver


suas costas nuas me levou a um estado totalmente além. Não só pelo físico,
mas também pela marca permanente de tinta no lado superior direito, sumindo
por seu ombro e pela lateral de seu corpo. Apesar de não poder ver a cabeça
do animal, eu não tive dúvidas sobre o que era.

Jeon Jungkook tinha uma enorme serpente negra tatuada nas próprias costas.

A surpresa de descobrir que aquele homem de olhar sério escondia algo como
uma tatuagem debaixo de suas roupas caras me fez sentir a necessidade de
descobrir que outros segredos ele poderia ter.

E, a partir desse exato momento, eu mandei aos ares toda e qualquer objeção
que minha moralidade e medo criavam para me fazer sair dali. Durante todo o
tempo eu estive ciente sobre como era errado invadir a privacidade de alguém
daquela forma, mas o desejo e curiosidade que aquele homem despertou em
mim criaram um lapso de consciência muito mais forte que meu receio de ser
pego fazendo algo tão condenável.

Quando ele pendurou a blusa num dos cabides, eu o vi finalmente ficar de


frente para mim outra vez. A visão de seu tronco nu me fez sentir minha própria
respiração ricochetear contra a madeira da porta detrás da qual me escondia,
com meu corpo se tornando exponencialmente mais quente tanto pelo calor em
minha virilha quanto pela adrenalina liberada com o medo de ser capturado.

Mas, apesar do suor nas palmas das mãos e da frequência cardíaca irregular,
eu não fui notado e tive total liberdade para finalmente ver a cabeça da
serpente desenhada sobre seu peitoral forte, com as presas à mostra numa
representação de perigo que não me despertou nada além de mais vontade de
continuar ali, assistindo-o.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Depois, deixei que meus olhos descessem pelo restante de sua pele exposta,
capturando com atenção os detalhes de seu abdômen definido, até a pequena
entrada em seu quadril que apontava e sumia debaixo do cós de sua calça.

Eu o vi caminhar pelo quarto de forma lenta enquanto suas mãos trabalhavam


em desafivelar o cinto de couro.

Num gesto involuntário, cravei meus dentes em meu próprio lábio, tentando
refrear a quantidade de sensações novas que somente a visão de seu corpo
me proporcionou, combinado ao desejo de poder ver o que ainda não tinha
sido revelado.

Depois de tirar o cinto, ele então o dobrou e o segurou em apenas uma das
mãos, ainda andando devagar. Antes que pudesse me perguntar quando ele
tiraria sua calça, eu finalmente percebi.

Jungkook estava caminhando em direção à porta.

A sensação de perigo me fez despertar repentinamente daquele estado de


digressão e, aflito, tentei ficar de pé para correr para longe dali, mas a única
coisa que consegui foi tropeçar no meu pé e cair sentado, com os joelhos
dobrados, as mãos espalmadas contra o piso de madeira, os olhos arregalados
e o coração pulsando tão forte a ponto de doer.

E então a porta se abriu completamente.

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hello

teve mais gente dando as caras, yay! Por favor, lembrem de deixar pelo menos
um comentário me dizendo o que estão achando (mesmo que estejam achando
ruim), okay? Eu realmente gostaria de saber <3

hm, acredito que a maioria tá familiarizada com as construções coreanas


tradicionais, mas só por garantia trouxe uma imagem de como seria mais ou
menos o hotel da família do Jimin:

e pra garantir duas vezes, porque sei que não deixei tão claro na fanfic, a casa
dele é no mesmo lugar que o hotel.

por hoje é só, acho que na segunda ou na terça volto com o capítulo que conta
o que aconteceu depois que essa porta foi aberta pelo Jungkook hahahaha me
despeço deixando aqui a foto do homem mais bonito do mundo <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
03 • Easy Prey

A porta se abriu e lá estava Jungkook, de pé, diante de mim.

O olhar dele era incompreensível e sua postura era firme, um pouco opressora.

Ainda com meu próprio rosto retorcido em surpresa e desespero, tentei


articular qualquer palavra que pudesse funcionar como um pedido de
desculpas, mas som nenhum saiu de minha garganta. Enquanto isso, ele
continuou me olhando em silêncio.

Eu queria poder ler o que ele estava pensando. Ou, no mínimo, gostaria de ter
forças nas pernas para me levantar e correr para longe dali, mas as duas
possibilidades pareciam igualmente impossíveis.

Meu corpo todo estava retraído em alerta, incapaz de obedecer os comandos


mais básicos do meu cérebro.

Quando meus olhos desceram um pouco relutantes até pousarem no cinto que
ele segurava em uma das mãos, uma nova onda de medo tomou conta de
todas as minhas células.

A forma como ele segurava o objeto de couro, sua postura, seus olhos escuros
e impenetráveis e a cabeça da serpente marcada em seu peitoral... tudo isso
despertou um alerta de perigo que me fez prender a respiração.

Então Jungkook deu mais um passo em minha direção e, com um movimento


suave, se agachou diante de mim. Ele apoiou os braços relaxadamente sobre
as coxas, equilibrando-se perfeitamente sobre a parte frontal dos pés, e deixou
o cinto cair pendurado entre suas pernas.

Cada mínimo movimento dele parecia ter sido calculado para aumentar a
tensão que já parecia tão insuportável, e ainda assim eu não conseguia sair
dali.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
– Me... — eu comecei, completamente desajeitado, sentindo minha voz tremer.
— Me desculpa...

Jungkook levantou as sobrancelhas num movimento discreto, e então o canto


de seus lábios se desenhou num sorriso torto.

— Porque você parece tão assustado, meu anjo? — Ele perguntou, e vi seu
polegar direito deslizar sobre o couro preto do cinto que sua mão esquerda
segurava.

Eu mantive meus olhos atentos a esse movimento, hipnotizado, antes de


finalmente conseguir erguer o rosto.

Não era mais medo de que meus pais descobrissem que eu estava espionando
um hóspede. Não era mais medo de um castigo, ou de uma surra.

Era algo muito mais primitivo, como se Jungkook fosse um predador se


divertindo antes de dar o bote.

E eu era a sua presa.

— Você não precisa sentir medo de mim, boneca — Ele continuou, parecendo
se divertir de forma quase sádica com minha incapacidade de responder. — Eu
não vou te machucar... a não ser que você queira.

Meus olhos não poderiam estar mais arregalados e acredito que não era
saudável meu coração bombear tão intensamente, mas a forma como ele me
chamou de boneca desestabilizou tudo dentro de mim.

Eu estava uma confusão, completamente dopado pela adrenalina, e aquela


ainda era a segunda frase que ele dirigia a mim.

— Eu não deveria estar aqui... — Foi a única coisa coerente que consegui
articular, depois de muitas tentativas frustradas.

Jungkook deixou a língua fazer mais uma breve aparição quando umedeceu os
lábios, movendo a cabeça numa concordância discreta.

— Acredito que não — Ele disse, ainda deslizando lentamente o polegar sobre
o couro —, mas você já está aí há bastante tempo.
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Eu não sabia mais se o problema estava em mim ou se era natural sentir tanta
tensão a cada coisa que ele me dizia, mas não posso negar o quanto fiquei
aflito com a revelação de que eu tinha sido notado ali muito tempo antes, talvez
desde o início.

Ao mesmo tempo, eu não conseguia entender porque ele me deixou observá-lo


por todos aqueles longos minutos.

Sem querer, deixei que meus olhos curiosos descessem outra vez, atentos à
forma ameaçadora como seus dedos longos seguravam o cinto.

— Há quanto tempo... você percebeu? — Eu perguntei, ansioso.

Mas então ele soltou um dos lados do cinto e deixou que a fivela metálica
acertasse o chão de madeira de forma sonora, me fazendo levantar os olhos
em direção aos seus outra vez num reflexo assustado.

Seu rosto continuava sereno, demonstrando que o movimento anterior não


tinha sido um acidente.

— Olhe para mim quando estiver falando comigo. —Ele disse, num tom de voz
que anulava qualquer desejo de contrariar sua ordem.

Eu estremeci, assentindo desastradamente.

— Agora diga. — Ele continuou, assumindo um tom pouco mais leve. - O que
você estava fazendo?

Jungkook não é o tipo de homem óbvio. Não é fácil olhar para ele e dizer o que
ele está pensando, mas, naquele momento, eu tinha a mais absoluta certeza
de que ele sabia exatamente o que eu estava fazendo ali. Não me refiro a ter
ido levar um bilhete de outra pessoa, mas sobre ter passado todos aqueles
minutos apenas observando-o com tanta devoção.

Era como se eu estivesse sendo testado e, então, eu optei pela verdade, por
mais embaraçosa que fosse.

— Você é... — Tentei dizer, mas palavra nenhuma parecia ser adequada para
finalizar aquela frase, então comecei novamente, ainda sentindo que meu

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coração poderia sair pela garganta a qualquer segundo. — Eu não consegui
parar de olhar pra você...

Jungkook não pareceu surpreso com a resposta, tampouco enojado.

Eu não acharia estranho caso ele repudiasse ouvir aquele tipo de coisa de um
garoto.

— E por quanto tempo você pretendia continuar olhando? — Foi a única coisa
que ele perguntou, a despeito de tudo que imaginei que poderia sair de sua
boca.

Essa, entretanto, era uma pergunta que eu não sabia responder, então fiquei
em silêncio, ponderando uma resposta.

— Deixe que eu reformulo a pergunta. — Ele disse, diante da minha ausência


de palavras prolongada. — Quanto você pretendia ver?

Mais uma resposta que eu não poderia dar sem passar algum tempo
pensando, mas Jungkook já parecia ter uma ideia muito clara do que eu
deveria dizer.

— Duas peças de roupa a menos e eu ficaria completamente nu. — Ele disse,


reavivando a certeza de que já sabia que eu estava ali durante o tempo em que
começou a se despir. — Era isso que você queria ver, boneca?

Eu pisquei, atordoado.

Uma nova onda de calor tomou conta de cada partícula do meu corpo, mas não
era vergonha. Era outra coisa, algo que eu nunca tinha sentido antes, não
naquela intensidade.

Num reflexo, apertei o bilhete de Hyelin ainda em minha mão. Eu não queria
mais entregá-lo.

— Responda. — Ele insistiu com a voz firme, deixando claro que não aceitaria
meu silêncio como resposta.

Então balancei a cabeça para cima e para baixo uma única vez, devagar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
E Jungkook sorriu. Um sorriso pequeno, mas satisfeito e dolorosamente
irresistível.

Aquele homem seria capaz de me deixar louco sem esforço algum.

— J-Jungkook — chamei, um pouco inseguro.

— Sim, meu anjo?

— Eu ainda quero ver — Revelei, incapaz de me controlar depois de ser


enfeitiçado por aquele sorriso, aquela tatuagem e aquela sensação que ele
despertou em mim.

Como se fosse possível, seu olhar escuro se tornou ainda mais intenso.

— Quer? — Ele questionou, e seus olhos desceram lentamente até meus


quadris.

Curioso, eu segui o mesmo caminho até que minha visão encontrasse o que
Jungkook observava com outro sorriso torto nos lábios. E meus olhos se
abriram ainda mais ao perceberem que todo aquele calor concentrado na
minha virilha tinha gerado consequências muito visíveis.

— Parece que você já viu o suficiente. — Ele completou, me fazendo sentir o


rosto queimar completamente em pura vergonha.

Então Jungkook ficou de pé e encaixou a mão no pequeno puxador embutido


na porta de correr, ainda olhando para mim com o olhar cheio de uma diversão
sádica.

— Não seja tão ambicioso, boneca. — Foi a última coisa que ele disse antes de
fechar a porta outra vez, me fazendo ouvir o pequeno clique da trava sendo
acionada.

Ainda sem reação, eu voltei a olhar para a vergonhosa ereção que marcava
minha calça de pano.

Sem nem mesmo me tocar, Jungkook me deixou excitado como eu nunca


estive antes.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Não era só choque o que eu sentia. Eu estava completamente hipnotizado por
aquele homem.

Então eu finalmente afrouxei o aperto de minha mão e vi o bilhete escrito por


Hyelin, sabendo que seu destino seria o lixo.

Ela teria que me perdoar, mas Jungkook nunca leria aquelas palavras.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
preciso dizer que fiquei emocionada com a quantidade de gente que comentou
no capítulo passado :') mais emocionada ainda em perceber que vocês
gostaram da tatuagem do Jungkook hahahaha

Quando eu coloquei isso, imaginei que muita gente não gostaria. Mas eu amo
tatuagens e amo cobras, então foi difícil resistir <3

Eu já falei que essa primeira fase com o Jimin menor de idade é mais curta? Se
não, deixo aqui justificado porque as coisas podem parecer um pouco (ou
muito, vai saber kjkk) rápidas, as vezes

Espero que tenham gostado, mas lembrem que se não gostarem, podem dizer
aqui. Não me deixem pagar micão escrevendo coisa meia boca hein

Até o próximo <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
4 • La La Land

Assim que entrei no meu quarto eu me escorei na porta, ainda sentindo meu
coração pulsar forte.

As pontas dos meus dedos estavam dormentes e minha cabeça estava uma
zona, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo, mas incapaz de ignorar
a inesperada ereção ainda no meio das minhas pernas.

Eu não conseguia entender. Jungkook era um homem, eu também era um...


então por quê?

Incapaz ou relutante demais para nomear aquilo, eu me livrei das minhas


roupas e deitei em minha cama. O calor em meu corpo tornava insuportável
deixar qualquer peça além de uma boxer em contato com minha pele, e eu
sabia que não era mais apenas o efeito do verão. E esse mesmo calor foi o que
me fez revirar sobre o colchão por um tempo longo demais, sofrendo de uma
atípica insônia.

Eu não conseguia dormir, não conseguia me livrar do calor e meu pênis


continuava latejando por um pouco de atenção.

Incomodado com a falta de controle sobre meu corpo, revirei mais uma vez até
ficar de bruços, mas o atrito entre meu membro e a cama me fez soltar um
gemido baixo, involuntário e vergonhoso.

Depois, foi impossível. Indo contra minha mente confusa, minha mão alcançou
meu pênis e eu suspirei pesadamente quando o apertei com um pouco de
força.

Meu rosto estava pressionado contra o travesseiro e minha respiração quente


se tornou um incômodo quando deslizei a mesma mão para dentro da boxer,
sentindo as veias inchadas sob a pele fina de meu membro.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Minha mente transformou meu próprio toque numa projeção de como eu queria
que Jungkook me tocasse. E então lembranças daquela serpente em sua pele,
do cinto de couro em suas mãos e de sua voz deliciosa me chamando de
boneca invadiram minha cabeça enquanto eu me masturbava, fazendo com
que levasse muito pouco tempo até que eu gozasse com um gemido arrastado.

Na manhã seguinte, entender tudo que tinha acontecido naquela noite ainda
era uma tarefa difícil.

Nunca me considerei uma pessoa insistente, porque era preguiçoso demais


para isso. Entretanto, eu gastei todos os segundos daquele dia insistindo para
que minha mente ainda ingênua e confusa compreendesse aquelas coisas, não
importava se eu estava na aula ou no intervalo com meus dois únicos amigos
na escola.

Eu simplesmente não conseguia me concentrar em mais nada que não


estivesse diretamente ligado a Jeon Jungkook.

Mesmo assim, me deixei ser arrastado por Taeil e Yuta até um fliperama no
centro da cidade, acreditando que aquilo me serviria como distração.

Não funcionou.

Enquanto eles dois bradavam furiosos durante as disputas, eu continuava


aéreo demais em meio às máquinas barulhentas e à iluminação em tons
escuros do lugar.

Minha cabeça estava exatamente como todos aqueles planetas representados


no carpete do fliperama. No espaço.

Por isso, ouvi piadinhas durante toda a tarde. Taeil e Yuta não eram o que eu
gostaria de chamar de bons amigos, mas eles eram o que eu tinha, então
muitas vezes me obrigava a engolir o incômodo que suas brincadeiras e
comentários maldosos criavam.

Nesse dia, ignorar as provocações foi especialmente fácil, o que não quer dizer
que eu queria continuar com eles. Então me despedi e fui embora, deixando-os
sozinhos numa batalha sangrenta em Mortal Kombat.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu queria logo voltar para casa e tentar me distrair com qualquer coisa que
realmente funcionasse. Ou talvez entrar num fórum na internet, criar um perfil
anônimo e questionar através dele se me masturbar pensando em um homem
fazia de mim um gay.

Assustado com a possibilidade, balancei a cabeça para os lados.

Então continuei meu caminho um pouco distraído, sem esperar que, ao virar na
rua seguinte, eu veria a causa de toda a minha distração parada diante de um
dos prédios comerciais.

Lá estava Jungkook. Blusa social, calça escura, sapatos lustrados, uma das
mãos no bolso e a deliciosa expressão concentrada enquanto um homem mais
velho lhe dizia alguma coisa.

o destruidor de frigobar estava ao seu lado, também, e eu não conseguia


lembrar seu nome, tampouco me preocupei em tentar.

O único momento em que meus olhos deixaram de analisar Jungkook foi


quando eu li o nome da empresa na fachada do prédio.

B AN G T AN

Antes mesmo que eu pudesse saber que gostaria de descobrir mais sobre ele,
Hyelin já tinha me contado várias coisas que descobriu ao stalkear nosso
hóspede na internet. Uma delas era que a Bangtan era a empresa da família
Jeon e que, apesar de ser o filho mais novo, Jungkook seria o sucessor na
direção dos negócios.

Por isso, e também pela semelhança física, presumi que o homem de meia
idade que falava com ele na entrada do prédio era seu pai.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Essa suspeita deveria me fazer desconsiderar a possibilidade de me
aproximar, mas não sei o que aconteceu.

Antes que eu pudesse perceber que porcaria estava fazendo, comecei a


atravessar a rua, caminhando em sua direção. Totalmente distraído, focado
apenas numa única pessoa, como se o resto do mundo não existisse.

Mas existia. Outras pessoas existiam, sinais de trânsito existiam e é claro que
carros existiam também. Entretanto, só lembrei disso quando ouvi a buzina
aguda de um que vinha na minha direção em alta velocidade para tentar passar
antes que o sinal ficasse vermelho.

Completamente assustado, olhei na direção do carro, vendo-o perigosamente


próximo.

O motorista freou bruscamente, eu fechei os olhos, parado no mesmo lugar.

E então... nada aconteceu.

Eu podia jurar que seria atingido e consegui imaginar meus pais se lamentando
sobre meu túmulo, mas eu ainda estava vivo. Inteiro.

Abri os olhos depois de pressioná-los por algum tempo, ainda assustado, e vi


que o carro não me acertou por muito pouco.

Mesmo assim, eu estava apavorado, e a coisa seguinte que aconteceu foi


sentir minhas pernas falharem, me levando a quase cair sobre o asfalto quente
da rua.

Quase.

Não foi uma repentina retomada de equilíbrio que me fez continuar de pé. Foi o
braço de Jungkook me segurando com firmeza pela cintura, me pressionando
contra seu próprio corpo para que eu encontrasse algum sustento.

Então eu o observei com os olhos arregalados, tanto pelo susto de quase ser
atropelado quanto pela surpresa de ter sido amparado por ele.

— Jungkook... — Eu chamei e sei que minha voz falhou miseravelmente


porque, de repente, eu queria chorar por ainda estar assustado demais.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você está bem?- Ele perguntou, com a voz e o olhar mais cuidadosos que
na noite anterior.

— Você perdeu o juízo, pirralho?! — Alguém bradou antes que eu


respondesse, e vi o motorista saindo do carro e avançando com passos
furiosos em nossa direção. - Olha a merda que poderia ter acontecido se eu
não freasse a tempo!

Eu me encolhi um pouco, porque sei que estava errado, e senti o braço de


Jungkook me apertar com um pouco mais de força como se tentasse me
proteger.

— Você sabe que nada disso estaria acontecendo se você respeitasse os


limites de velocidade, não sabe? Ouvi ele dizer, calmamente.

Jungkook era mais alto que eu, então precisei olhar para cima para ver seu
rosto, e vi que ele deixou seu olhar escuro recair sobre o meu por dois
segundos antes que voltasse a observar o motorista.

Mas enquanto ele olhava para o homem furioso em nossa frente, eu olhava
apenas para o seu rosto, ainda sentindo seu abraço protetor.

E então meu coração agitado começou a se acalmar.

— O sinal estava aberto! — O motorista rebateu, ainda possesso. — - O


problema é desse pirralho idiota se ele acha que pode atravessar uma avenida
desse jeito!

— Jungkook tire o menino daqui. — Alguém disse, e só então parei de olhar


para ele e procurei o dono da nova voz, logo encontrando o homem que
pressupus ser seu pai. — Deixe que eu resolvo as coisas com esse senhor.

Eu vi Jungkook demorar um instante antes de assentir, concordando, para


então olhar para mim com paciência.

— Venha, Jimin. — Ele disse, e eu apenas me deixei ser guiado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Minhas pernas ainda estavam bambas, mas eu consegui caminhar com o
braço de Jungkook ainda me amparando até chegarmos à calçada. Mas então
meus pés travaram, e só então eu percebi.

Jungkook me chamou de Jimin, mas eu nunca tinha dito meu nome a ele.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
esse é meu capítulo favorito? não é: (isso tudo que aconteceu deveria ser só a
introdução de um capítulo com muito mais coisa, mas ficou maior do que eu
esperava então decidi finalizar aí e colocar o restante no próximo

de qualquer forma, espero que essa leitura não tenha sido uma perda de tempo
D: eu sei que não teve nada de interessante nela, mas... :(

vamos falar de coisa boa e comemorar mais um pouco os novos leitores que
apareceram, né? Espero que estejam e continuem gostando e principalmente
interagindo com a fanfic (e comigo!) <3 64

e como falei ali no comecinho das notas sobre o tamanho dos capítulos, deixa
eu perguntar: vocês têm algum problema com capítulos maiores que os que
foram postados até então? Eu não me sinto muito confortável em escrever
capítulos maiores que isso em início de fanfic e fico me regulando muito, mas
se vocês não virem problema, eu deixo de me controlar tanto

beijos e até o próximo, meus anjinhos

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
05 • Mensch

Jungkook me levou a uma pequena sala de espera dentro da Bangtan e me fez


sentar, parecendo consciente sobre a inconsistência em minhas pernas.

Naquele ponto, entretanto, eu não sabia mais dizer qual era a causa da
fraqueza prolongada. Não me surpreenderia caso descobrisse, depois de uma
análise meticulosa em minha mente, que tudo não passava de um pequeno
teatro para que Jungkook continuasse demonstrando aquele cuidado por mim.

— Jun, eu trouxe água para ele — O destruidor de frigobar entrou na saleta


depois de bater de leve na porta, e passou para Jungkook um copo que logo foi
repassado para mim.

— Obrigado, Namjoon. — Ele disse, ainda me olhando com atenção.

Namjoon. Isso. Namjoon, o destruidor de frigobar.

— Você está bem, menino?

Olhei para Namjoon enquanto bebia um pouco da água e assenti com a


cabeça, desajeitado.

— Menos mal que nada pior aconteceu. - Ele disse e me mostrou um sorriso
discreto, mas com covinhas enormes, para logo depois voltar a olhar para o
homem que quase me fez ser atingido por um carro. — Eu vou ver se seu pai
já conseguiu acalmar aquele motorista, tudo bem?

Jungkook moveu a cabeça uma única vez. — Me chame quando nosso carro
chegar.

— Mando chamar um táxi pra ele ou...? — Namjoon questionou, se referindo a


mim.

— Não precisa, ele vai no nosso. o destino é o mesmo. — Jungkook


respondeu, parecendo ter muita certeza sobre o que dizia.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Oh — eu não era o único surpreso, então foi Namjoon quem murmurou. —
Ele também é hóspede daquele hotel?

Jungkook caminhou até a poltrona em frente à minha e se sentou com calma


antes de finalmente responder. Mas seus olhos não se viraram para Namjoon,
porque ele continuou olhando para mim.

— Ele mora lá. — Ele disse, aumentando minha surpresa, e então aquele
mesmo sorriso pequeno apareceu outra vez em seu rosto. — Não é, Jimin?

Aparentemente, estar com os olhos arregalados era normal quando eu estava


perto de Jungkook, porque os meus não paravam de parecer que saltariam a
qualquer segundo.

Mesmo assim, me forcei a parar de parecer um babaca incapaz de falar e


confirmei, ainda olhando para ele com o copo de vidro sendo esmagado por
minhas mãos ansiosas.

— Eu sou filho dos donos... — Justifiquei, nem sei mais se para Jungkook, que
já parecia saber disso, ou para Namjoon, que eu nem sabia se ainda estava lá.

Era realmente difícil me concentrar na realidade ao redor quando Jungkook


estava bem diante dos meus olhos.

— Como vocês se conheceram, Jun? — Namjoon perguntou, confirmando que


ainda estava ali e que ainda parecia estar confuso com o fato de Jungkook e eu
sermos conhecidos.

— Você não estava indo ver se meu pai já conseguiu acalmar aquele motorista,
hyung? — Jungkook retrucou, deslizando os olhos até Namjoon.

A forma como ele o olhou pareceu entregar alguma impaciência sutil.


Percebendo isso ou não, o outro deixou escapar um som condescendente.

— Vou checar agora. — Ele disse, simples. — Venho te chamar quando o


carro chegar.

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E então Namjoon finalmente saiu da saleta, encostando a porta outra vez e me
deixando sozinho com Jungkook, que não demorou a voltar a olhar para mim
com aqueles olhos que me fariam arrancar as calças pela cabeça.

— Beba sua água, Jimin. — Ele disse, se recostando em sua poltrona, e eu


reconheci alguma provocação em sua forma de dizer meu nome a cada
oportunidade.

Eu bebi mais dois goles, mesmo sem sede, antes de apoiar minhas mãos com
o copo sobre o colo.

Um pouco ansioso, eu mordi meu próprio lábio. Eu queria saber como


Jungkook parecia saber coisas sobre mim que eu não tinha mencionado, mas
falar com ele era difícil ao ponto de me deixar tempo demais juntando coragem
para perguntar.

— Algum problema, meu anjo? — Ele perguntou quando abaixei o olhar, ainda
pensativo.

Quando ergui o rosto outra vez, vi que ele usava o punho fechado para
esconder mais um de seus sorrisos, apoiando o cotovelo no braço de sua
poltrona e inclinando a cabeça num trejeito sensual demais para ser
considerado divertido.

Engoli minha própria saliva com dificuldade. Então olhei para o resto de água
em meu copo antes de olhar para ele outra vez.

— Porque aquele Namjoon te chama de Jun? — Foi o que consegui perguntar,


apesar de ter ensaiado na minha cabeça várias formas diferentes de questionar
como ele tinha descoberto meu nome.

O que veio em resposta foi a primeira risada de Jungkook que eu ouvi.

Ele realmente se divertia às minhas custas.

— É isso que você quer saber, boneca?

Não era. Mesmo assim, balancei a cabeça, confirmando.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook deslizou a língua entre os lábios, me fazendo perceber como esse
seu hábito de umedecê-los com tanta frequência comprometia meu já abalado
equilíbrio emocional.

— As pessoas mais próximas me chamam assim porque eu não conseguia


pronunciar meu nome do jeito certo, quando era mais novo. —
Surpreendentemente, ele respondeu.

Então apertei um pouco os olhos e os lábios antes de deixar um sorriso


inoportuno escapar.

— Isso é meio fofo. — Eu disse, quase sem pensar.

— Se você vê algo de adorável em crianças incapazes de se apresentar


corretamente... sim, é.

Não era algo genérico. Eu poderia deixar passar a imagem de qualquer criança
tentando pronunciar, em vão, o próprio nome. Mas não era qualquer criança,
era Jungkook. Visualizá-lo como um menino pequeno dizendo alguma variação
incorreta de seu nome foi demais para mim.

Ao mesmo tempo me fez lembrar que, apesar de todos os efeitos intensos que
causava em mim, Jungkook ainda era uma pessoa. Talvez, até então, eu o
estivesse vendo como algo além disso. 302

Motivado por essa percepção tardia de algo que deveria ser óbvio demais até
mesmo aos meus olhos fantasiosos, eu finalmente consegui retomar o controle
sobre a articulação da minha fala.

— Posso fazer mais uma pergunta? — Pedi, olhando-o com expectativa. A


confirmação veio num gesto pequeno e eu poupei todo o meu tempo antes de
continuar. — Como você sabe meu nome?

A expressão de Jungkook não entregou nada além de calma quando ele


começou a brincar com um dos anéis em seus dedos longos.

— Não é difícil fazer aquela recepcionista falar. O nome dela é Hyelin? — Ele
questionou sem real interesse, girando o anel de prata em seu mindinho
esquerdo. — De qualquer forma, ela fala muito.
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Saber que ele tinha conseguido as informações com Hyelin me deixou um
pouco tenso.

Ela não era maldosa e nem tinha como saber que eu estava boicotando seu
plano de se aproximar de Jungkook, mas eu não me surpreenderia caso
descobrisse que ela falou alguma besteira sem querer.

Não é como se eu tivesse muitas qualidades a enaltecer, então se ela revelou


algo além das informações básicas, era muito provável que Jungkook já
soubesse que eu sou um aluno vergonhoso que nunca beijou na boca.

— O que mais ela falou? — Eu perguntei depois de voltar a olhá-lo, porque


não queria ser repreendido como fui na noite anterior.

— Nada de muito interessante. — Ele respondeu, abandonando o anel em seu


menor dedo para brincar com o de seu indicador. — Park Jimin, filho dos donos
da Kundaemunjip — Sua voz fez uma pequena pausa e eu vi seu olhar parar
de observar as próprias mãos para pousar em meu rosto , dezesseis anos.

Nenhuma informação comprometedora, mas a forma como ele falou sobre


minha idade me fez perceber que não era algo que o deixava satisfeito.

— Você é mais novo do que eu imaginei, Jimin.

Ainda sem entender o porquê de ser um problema, de repente eu também me


vi incomodado com minha pouca idade.

— Eu faço dezessete em outubro. — Me apressei em dizer, imaginando que


dezessete não seria tão ruim quanto dezesseis.

Não para Jungkook, entretanto.

— Dezenove. — Ele disse, simplista. — Minhas mãos estão atadas enquanto


você for menor de idade.

Meus olhos estavam atentos à sua expressão, em busca de alguma coisa que
me fizesse acreditar que ele estava brincando, mas não existia nada além de
seriedade em seu rosto bonito. Mas eu estava confuso. Porque eu precisava

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
ser maior de idade? Jungkook queria me dar bebida alcoólica ou alguma coisa
assim?

— Por que? — Questionei, mesmo sentindo que estava fazendo uma pergunta
estúpida.

Jungkook também pareceu achar isso quando sorriu, embora não com humor.

— Você é mesmo tão ingênuo assim? — Foi o que ele retrucou, reforçando
minha ideia de que eu estava, sim, parecendo um bobo.

Então me encolhi um pouco na poltrona confortável, ainda segurando o copo


de vidro sobre minhas coxas.

Sem saber o que dizer, eu optei pela única coisa que conseguiria falar. —
Desculpa...

Eu não sabia exatamente pelo que estava me desculpando. Quer dizer, eu não
tinha culpa de ser lerdo.

Para meu alívio, Jungkook também pareceu acreditar nisso.

— Não precisa se desculpar, meu anjo. — Ele disse, antes de prosseguir. —


Não comigo.

Outra vez, não entendi.

— Então com quem? — Perguntei, com medo de parecer burro de novo.

— Com aquela recepcionista. — Ele disse, sem esclarecer muitas coisas. —


Ela acredita que você me entregou um bilhete, mas você não fez isso, fez?

Droga.

Eu poderia tentar me fingir de desentendido, mas minhas bochechas gordas e


vermelhas já tinham feito o trabalho de me denunciar.

— Ela... ela tem namorado. — Eu murmurei, lutando contra meu ímpeto de


desviar o olhar.

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Estava realmente difícil olhar nos olhos de Jungkook naquele momento, mas
eu sabia que ele não ficaria feliz se eu não o olhasse enquanto falava e eu não
queria irritá-lo.

— Não é justo ela dar em cima de outros quando já está com alguém —
Continuei, fingindo que realmente me importava com aquilo. Quando ela me
pediu o favor, entretanto, eu não julguei sua atitude nem por um segundo. —
Então eu não quis mais fazer parte daquilo e desisti...

Jungkook me olhou com as sobrancelhas sutilmente levantadas num gesto que


deixava óbvio que ele não acreditava em mim.

— Foi por isso que você desistiu, Jimin?

Batidas na porta interromperam o que viria a seguir, mas nossos olhares não
desviaram nem mesmo quando Namjoon reapareceu.

— Jun, o carro já chegou — Ele anunciou, e Jungkook assentiu ainda sem


parar de olhar para mim.

— Vá na frente, nós já estamos indo. — Ele disse, e eu não ouvi a confirmação


nem vi quando Namjoon se retirou, porque eu estava preso demais ao olhar de
Jungkook.

Eu sempre estava preso demais ao seu olhar.

— Você precisa saber que eu realmente não gosto quando mentem para mim.
— Ele voltou a dizer, sem nenhuma entonação descontraída em sua voz firme.

Meu silêncio foi a prova de que eu tinha entendido, mas estava constrangido
demais para contar a verdade.

Hyelin me disse uma vez que se eu já estou no inferno, devo abraçar o diabo e
essa parecia a conotação perfeita para a situação.

Eu tinha consciência de que Jungkook sabia que eu não desisti de entregar


aquele bilhete por um surto de moralidade. Mesmo assim, era aquele bilhete
por um surto de moralidade. Mesmo assim, era difícil colocar em palavras que

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a real motivação foi o desejo que ele despertou em mim da mesma forma que
fez em Hyelin.

Mas ele parecia não estar disposto a esperar que eu juntasse minha fraca
coragem, e então eu o vi se levantar.

— Vamos embora. — Foi o que ele disse, deixando de lado a conversa anterior
e já caminhando em direção à porta.

Saber que ele estava insatisfeito comigo disparou um alerta dentro de mim, e
foi com pura impulsividade que eu também levantei depois de deixar o copo
sobre a pequena mesa de centro, caminhei até ele e segurei a manga de sua
blusa, impedindo-o de sair da sala antes que eu dissesse o que ele queria
ouvir.

Já era óbvio que às vezes eu falava coisas que não deveriam ser
mencionadas, mas o que saiu da minha boca a seguir não me provocou
arrependimento, apesar de ser vergonhoso como o inferno.

— Eu me toquei pensando em você! - Revelei, talvez alto demais. — E-eu não


queria, mas foi impossível...

Jungkook não demonstrou surpresa É claro que não. Ele viu meu estado
quando fechou a porta de seu quarto e me deixou sozinho com aquela
embaraçosa ereção.

— Não é justo ela me pedir ajuda com alguém que me fez sentir todas aquelas
coisas... — Completei, reduzindo minha voz a cada palavra dita, ainda
segurando seu braço.

Sem perceber, meu rosto tinha se voltado para o chão e meus olhos estavam
fechados com força, o que me impediu de ver o momento em que Jungkook
levou a mão livre ao topo de minha cabeça e me acariciou quase como se
acaricia um filhote.

— Bom garoto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Senti uma onda de satisfação percorrer cada parte do meu corpo. Eu tinha
deixado Jungkook satisfeito e ele tinha me recompensado por isso com seu
carinho e suas duas palavras.

Então ergui meu rosto com um sorriso enorme, sentindo minha visão mais
escura porque meus olhos sempre se fecham muito quando sorrio assim.

Mas eu pude sentir com clareza quando o toque de Jungkook deslizou de


minha cabeça para minha bochecha, até que seu polegar pressionasse meu
lábio inferior.

Inevitavelmente, meu sorriso foi sumindo até que eu focasse em seu rosto e
em seus olhos tão atentos à minha boca.

— Porque você tem que ser tão novo? — Eu ouvi ele perguntar quando sua
respiração se tornou mais pesada.

A minha, por outro lado, parou por alguns segundos.

Eu não conseguia mais respirar porque, de repente, entendi o que Jungkook


quis dizer ao afirmar que suas mãos estariam atadas até que eu fizesse meus
dezenove anos. Ele não poderia se envolver comigo enquanto eu não fosse
maior de idade.

E então eu odiei ser tão novo, assim como ele parecia odiar.

— Não tem problema se ninguém descobrir... — Eu disse, um pouco


inconsequente.

Jungkook, entretanto, parecia discordar. Era ele quem correria todos os riscos
por se envolver com um adolescente, afinal.

— Eu sei ser paciente, Jimin. — Foi o que ele disse, deixando seu polegar
descer por meu queixo até que sua mão não estivesse mais em meu rosto.

Talvez eu tenha sido precipitado ao

Talvez eu tenha sido precipitado ao assumir isso tão rapidamente. Mas com
aquelas palavras, Jungkook me fez acreditar que esperaria por mim.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
[1] Na Coreia do Sul, a maioridade é atingida aos dezenove anos. Eu vou
ignorar a questão da idade coreana nessa fanfic pra não confundir vocês,
então tudo vai ser trabalhado em cima da idade convencional.

[2] Observação adicional: quando o Jungkook diz que o Jimin foi um bom
garoto, ele fez uma referência a um fetiche dentro do bdsm, o pet play. Se
vocês não conhecem o bdsm a fundo, mas sabem que a fanfic aborda
esse tema (porque isso eu deixei bem claro), venham com a mente aberta.
Debochar não é legal e lembrem: bdsm vai muito além de daddykink.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Olá!

Vocês me deram permissão pra aumentar os capítulos, então assim o fiz.

Preciso dizer que tô 100% insegura com o capítulo ou já tá manjado? Mas eu


tô 100% insegura hahaha é difícil escrever essa fanfic, caramba,
principalmente nessa fase inicial em que as coisas precisam acontecer mais
rápido :(

O Jimin é muito subzinho e no caso dele, a pouca idade + ingenuidade


contribuem muito pra isso, mas não pensem que será sempre assim rss

Tá, reforço meu pedido (e imploro!) pra que me digam o que acharam.

Obrigada pelos mais de 1.4k de views em tão pouco tempo, fiquei bem
surpresa e bem feliz <3

Beijinhos e até o próximo <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
06 • Farewell

Jungkook me fez entrar num sedan preto que tinha o nome da Bangtan
discretamente plotado na lateral. Então eu sentei entre ele e Dong-yul, o seu
pai, enquanto Namjoon ia no banco da frente ao lado do motorista.

No percurso de volta até o hotel, eu me encolhi entre os dois homens mais


opressores que já tinha encontrado em minha vida. E eu não falo sobre as
atitudes ou palavras que eles me dirigiram, porque, na verdade, Dong-yul era
surpreendentemente atencioso.

Mesmo assim, exatamente como seu filho, ele tinha uma postura que fazia
qualquer um se sentir um pouco diminuído.

Por isso, fui incapaz de pronunciar qualquer coisa até que chegássemos ao
nosso destino. A forma como as vozes sérias de pai e filho conversavam sobre
os resultados dos relatórios de uma filial em Busan me fizeram perceber que
nada do que eu pudesse dizer seria importante o suficiente para interrompê-
los.

Então tudo que fiz foi olhar, sei que não tão discretamente assim, para
Jungkook, que nenhuma vez me olhou de volta.

Quando finalmente fomos deixados na porta do hotel pelo motorista da


empresa, eu curvei meu corpo diante de Dong-yul, Jungkook e Namjoon.

— Eu não queria causar nenhum problema a vocês — Confessei,


sinceramente, ainda com o corpo curvado. — Sinto muito.

Quem tocou em meu ombro foi Dong-yul, me fazendo levantar o rosto. Seu
sorriso era pequeno, quase tão discreto quanto o do próprio filho, mas parecia
sincero.

— Não se preocupe com isso, criança. — Ele disse. — Só tome mais cuidado
da próxima vez.

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Ainda um pouco envergonhado por tê-lo feito se resolver com um motorista
furioso por minha causa, eu assenti. Depois vi seu sorriso tranquilizador por
apenas mais um segundo antes que ele virasse as costas para seguir para
dentro da recepção.

Quando Namjoon seguiu o mais velho, Jungkook finalmente me olhou.


Entretanto, ele não me disse nada e já estava se virando para trilhar o mesmo
caminho que os outros dois.

— Jungkook? — Eu chamei antes que ele me deixasse sozinho na calçada.

Ele me olhou de novo e, deus, eu gostaria que ele sempre me olhasse.

Eu simplesmente nunca vou conseguir me acostumar com a intensidade de


seus olhos escuros ou com a beleza de seu rosto.

— Sim, Jimin? — Ele chamou minha atenção ao me ver em silêncio,


admirando-o.

Mas eu nem mesmo me envergonhei. Não era novidade alguma o quanto


estava atraído e eu tenho certeza de que Jungkook sempre soube muito bem
como é lindo, capaz de tirar o foco de qualquer um.

Mesmo assim, eu queria perguntar, então o fiz.

— Eu posso... posso ir te ver mais tarde?

O que aumentou minha chateação foi acreditar que ele me diria um sim e que
então eu ficaria ansioso durante todo o restante da noite até o momento de
aparecer em seu quarto sem ser visto por ninguém.

Mas Jungkook negou.

— Hoje não, anjo, tenho outro compromisso. — Ele disse, paciente, e eu vi que
observou meu uniforme da escola antes de me olhar outra vez. — Que horas
sua aula acaba?

— As dezessete — Respondi, esperançoso.

Ele sorriu, como se aquela fosse a melhor resposta que eu poderia dar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Amanhã às dezessete, então. - Anunciou, com um sorriso suave, tão
diferente de todos os que tinha me mostrado até então.

Tão distinto de seu trejeito usual que até mesmo eu, em minha qualidade de
adolescente burro, deveria desconfiar que algo estava errado.

Mas a inocência combinada à ansiedade me cegaram, e tudo que fiz foi sorrir
de volta, garantindo que no dia seguinte iria ao seu quarto assim que chegasse
da escola.

Por tudo isso, não posso dizer que o resto do dia ou grande parte do seguinte
foram produtivos. Eu não conseguia colocar minha cabeça no lugar, porque ela
insistia que não valia a pena se concentrar em qualquer coisa que não fossem
as possibilidades que me aguardavam assim que eu estivesse sozinho com
Jungkook outra vez.

Então a noite, pela segunda vez, foi mal dormida e as aulas, não que isso seja
novidade, totalmente improdutivas.

Eu realmente nunca fui bom aluno. Não conseguia me concentrar porque


qualquer mosca voando me tirava a atenção e estar com a mente cheia de
coisas relacionadas a Jeon Jungkook só fortaleceu minha natureza desatenta.

Pelo segundo dia consecutivo, além de não conseguir me forçar a pelo menos
tentar ouvir o que os professores diziam, eu nem mesmo prestava atenção no
que Taeil e Yuta falavam, não até eles entrarem numa conversa que,
invariavelmente, despertou meu interesse.

— Ele gosta de homem, é sério, eu vi o viadinho saindo de um hotel com um


velho.

Eu olhei para Taeil, que fez o comentário enquanto trocávamos de roupa no


vestiário para a aula de educação física.

— Ugh — Yuta fez uma careta olhando na direção de Yukwon, que estava
sentado num dos bancos afastados, e então eu soube de quem estavam
falando. - Não basta ser repetente, tem que ser viado também.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— A gente nem devia trocar de roupa no mesmo vestiário que ele — Taeil
voltou a dizer, enojado. — Vai que ele tira foto pra se masturbar depois.

— Cara, isso é nojento.

Eu voltei a tirar meu uniforme esportivo do armário de metal, sem tomar partido
na conversa idiota dos meus dois amigos.

Eles sempre foram assim e eu nunca me importei muito. Yukwon também era
um punk esquisito e já tinha reprovado duas vezes, então não era surpresa
alguma que ele fosse sempre vítima dos comentários maldosos de Yuta e Taeil
ou do resto da escola todinha.

Pelo menos, quando estavam ocupados falando de outra pessoa, eles perdiam
menos tempo me provocando sobre minhas bochechas gordas, meu dente
torto ou minhas pernas grossas.

Dessa vez, entretanto, o que me incomodou foi ouvir a forma como eles se
referiam à possibilidade de Yukwon ser gay quando eu mesmo estava me
sentindo tão atraído por um homem.

— Eu não acredito que você ainda não trocou de roupa - Yuta resmungou para
mim, pendurando a mochila no ombro quando ficou pronto.

— Não precisam me esperar — Eu disse, já sabendo que eles não esperariam


mesmo que eu pedisse.

— Se você insiste... — Taeil deu de ombros e puxou Yuta em direção à saída


para o ginásio, logo engatando numa conversa sobre a playboy que tinha
roubado do pai.

Suspirei ao fechar a porta metálica do armário, já sozinho, e coloquei as roupas


limpas no banco atrás de mim para poder tirar o uniforme que ainda estava em
meu corpo.

— Cuidado, hein? - Ouvi a voz da única pessoa que ainda estava ali. — Eu
posso muito bem tirar uma foto da sua bunda pra me masturbar olhando pra
ela depois. — Yukwon alertou, debochado, fazendo um gesto obsceno com a
mão.
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O comentário não foi dos mais agradáveis, mas eu não me dei ao trabalho de
me despir e vestir mais rápido por causa disso.

— Você ouviu? — Foi o que perguntei, um pouco constrangido.

— Seus amigos são uns babacas, eles falam alto justamente pra que eu
escute. - Ele disse sem parecer irritado. — Qualquer dia eu lembro de avisar
que tô cagando pro que eles acham.

Eu ri um pouco, mesmo sem jeito, e vi ele ficar de pé enquanto enfiava um


chiclete na boca.

— Não vou forçar a barra dizendo que você parece um cara legal demais pra
andar com eles, porque nem parece, mas você deveria rever suas amizades

— Ele alertou, caminhando em direção à saída. — Vai ser um problema


quando você quiser assumir que gosta de pau.

A coisa seguinte que eu ouvi foi o som da porta metálica sendo aberta para que
ele saísse do vestiário. E então eu estava finalmente sozinho, chocado demais
com o que tinha acabado de ouvir.

Eu não sabia se ele tinha falado aquilo pra me provocar, mas fiquei tão curioso
que logo depois eu terminei de me vestir às pressas, juntei minhas coisas e saí
correndo atrás dele.

Quando o alcancei, o impedi de atravessar a passagem até o campo onde os


outros da nossa turma estavam, porque não queria que eles me vissem falando
com Yukwon.

— Algum problema? — Ele perguntou, debochado, quando olhou para mim.

— Por que você disse aquilo?!

— Eu disse muitas coisas, você precisa ser mais específico.

— Você acha que eu sou gay? — Mudei a abordagem, sem entender se aquilo
na minha voz era raiva ou não.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Yukwon fez uma careta como se tivesse escutado um absurdo. — Claro que
não acho, Jimin. Eu tenho certeza.

Eu uni as sobrancelhas, confuso. Nem eu mesmo tinha certeza, como ele


poderia ter?

— Escuta, -ele deu um passo em minha direção, aproximando-se como se


fosse contar um segredo — eu reconheço um viado quando vejo um. É meu
superpoder.

Ele sorriu, com o rosto bem em frente ao meu, e minha mente viajou por várias
possibilidades em poucos segundos. Pensei em mandar ele ir se ferrar, em dar
um soco na cara dele e depois mandar ele ir se ferrar, em negar, dar um soco
na cara dele e por último mandar ele ir se ferrar.

Mas a verdade é que, sendo Jungkook o único ou não, eu estava interessado


por um homem. Por fim, apenas continuei com minha careta de confusão,
engolindo a raiva.

— Então você é mesmo gay? — Perguntei, torcendo pra que ninguém


resolvesse passar por ali e me visse falando com o cara mais rejeitado da
escola.

Ele abriu um sorriso orgulhoso, em resposta — passivo mais agressivo que


você vai conhecer.

Eu não sabia muito bem o que aquilo queria dizer, mas entendi que era uma
confirmação.

— E você... sai mesmo com homens mais velhos? — Insisti, tentando soar
casual, mas ele pareceu ter percebido a motivação da minha pergunta.

— Você também curte um sugar daddy, Jimin? — Ele riu, voltando a caminhar
em direção à passagem, mas eu o impedi outra vez. — Porque eu não estou
surpreso?

— Eu nem sei o que é sugar daddy.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Puta que me pariu, vocês enrustidos são os piores — ele resmungou,
enfiando mais um chiclete na boca.

— Olha, eu estou um pouco confuso e acredite ou não, mas você é mesmo a


única pessoa com quem eu posso falar sobre isso, então que tal ser um pouco
mais agradável? – Pedi, espalmando as mãos em seu peitoral quando ele fez
menção de que caminharia, de novo.

Yukwon levantou as sobrancelhas com deboche, talvez percebendo o que eu


estava tentando fazer, mas não foi sobre isso que ele falou.

— O que foi? Quer saber como faz a chuca ou aprender a fazer garganta
profunda, é?

Mais duas coisas que eu não entendia.

— Eu só quero saber como... como agir com um cara mais velho. — Confessei,
mortificado por estar falando aquilo em voz alta. — Ele me deixa muito nervoso
e eu não sei o que fazer, então acabo fazendo besteira.

Ele revirou os olhos, entediado. — É isso? — Perguntou, fazendo pouco caso. -


Quão mais velho esse cara é?

— Cinco anos — Anunciei, certeiro, porque as informações de Hyelin tinham


sido bastante completas. — Mas não é só isso... ele tem essa atmosfera toda
confiante e fica incrível usando terno e gravata, mas também tem aquela
tatuagem e... tudo nele me deixa... — Eu gesticulei, me abanando
furiosamente, porque não sabia que palavra usar.

— Um homem de negócios com uma tatuagem escondida? — Ele disse,


torcendo os lábios em algo que me pareceu satisfação. — Que delícia.

Eu suspirei, concordando, ainda um pouco atordoado por estar falando sobre


aquilo com ele. Por estar falando sobre aquilo com qualquer pessoa.

Yukwon então puxou a mochila das costas e abriu o zíper do compartimento


médio, enfiando a mão para pegar alguma coisa. Depois ele tirou dali um cantil
e jogou para mim, que quase não consegui pegá-lo no ar e por pouco não tive
um treco quando peguei.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Bebe um pouco disso, relaxa e segue o fluxo. — Ele disse quando eu abri a
tampinha de metal para cheirar o que tinha dentro, sem controlar uma careta. -
O álcool vai te ajudar.

— Você traz bebida pra escola? — perguntei, julgando-o.

– Pra sua sorte, sim — Respondeu, jogando a mochila no ombro outra vez. —
Devolva o cantil sem nenhum arranhão ou eu juro que te mato.

Eu fiz uma careta pela ameaça, cheirando de novo a bebida, mas logo
percebendo que não deveria estar com aquilo exposto no meio da escola.

— Já sei que você não vai falar comigo quando outras pessoas estiverem por
perto, então boa sorte com seu sugar daddy. — Foi a última coisa que ele
disse, já depois de me dar as costas e finalmente seguir para o campo.

Yukwon não parecia irritado ao pressupor corretamente que eu não falaria com
ele quando estivéssemos no meio de outras pessoas. Na verdade, ele parecia
considerar aquilo algo completamente normal e previsível, e então eu me senti
mal de verdade.

Ele tinha um jeito rebelde e um linguajar meio grosseiro, mas não parecia má
pessoa como todos os outros me faziam acreditar. Na verdade, de todas as
pessoas que conheci naquela escola e que viviam julgando qualquer um que
não seguisse o que eles consideravam normal, Yukwon parecia ser a mais
decente.

Mesmo assim, eu era covarde. Ser um aluno invisível me poupava de diversas


situações que eu queria evitar, mas ser visto com Yukwon, o gay repetente,
com certeza atrairia as atenções para mim, então eu só deixei que ele fosse na
frente e esperei um tempo, depois de esconder o cantil no fundo da minha
mochila, até que finalmente me juntei ao resto da turma e ignorei sua presença
no meio do grupo, como sempre fiz.

Quando a aula chegou ao fim, depois de ter levado duas boladas na cara e
tropeçado no cadarço desamarrado do meu tênis, eu corri para os vestiários e

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
fui o primeiro a tomar banho e trocar de roupa, porque queria voltar logo para
casa.

Enquanto apressava o passo no caminho de volta, chequei as horas no celular


e vi que passavam dez minutos das dezessete, então andei mais rápido ainda
até que finalmente cheguei e, ao invés de seguir até a passagem que levava à
minha casa, atravessei a recepção como um furacão, ignorando o chamado de
Hyelin.

Quando finalmente parei diante da porta do quarto onde Jungkook estava


hospedado, eu respirei fundo e passei as mãos nos cabelos, no rosto e na
roupa, tentando não parecer tão desleixado.

E então eu finalmente bati na madeira da porta de correr, esperando que ele a


abrisse ou me dissesse que podia entrar

Mas Jungkook não a abriu, nem me falou palavra alguma.

E eu esperei. Depois, bati de novo e esperei mais um pouco, mas nada


aconteceu da mesma forma.

Já um pouco nervoso, eu forcei a porta para o lado, percebendo que ela estava
destrancada e o quarto... vazio.

As toalhas e lençóis que ele tinha usado estavam juntos sobre o colchonete,
exatamente como todos os hóspedes deixavam no dia em que iam embora.

Sentindo meu coração acelerar, eu dei um passo para dentro sem nem mesmo
tirar meus sapatos, olhando para cada canto em busca de qualquer coisa que
provasse que eu estava errado e que Jungkook não tinha ido embora daquele
jeito, mas suas roupas não estavam mais ali nem sua mala ou a bandeja com o
chá ao lado dos papeis que ele lia com tanta concentração duas noites antes.

Jungkook foi embora, assim, sem uma despedida, depois de me fazer acreditar
que, naquele exato momento, eu estaria com ele, sozinho, sentindo meu
estômago revirar a cada vez que ele olhasse para mim.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Raiva nunca seria a palavra certa para descrever o que eu senti, porque a
tristeza e a sensação de ter sido enganado tão cruelmente não deixaram
espaço para isso.

Eu estava completamente encantado por aquele homem, mas, no final, parecia


que para ele eu era só uma diversão passageira.

E antes que minha visão se tornasse turva por causa das lágrimas ou que eu
saísse dali e me escondesse em meu quarto, eu vi o pequeno pedaço de papel
que, até então, tinha sido ignorado.

Bobo como sou, corri para me ajoelhar diante da mesa de chá e peguei o
pequeno bilhete, desfazendo suas dobras com as mãos atrapalhadas até ver
aquela caligrafia bonita sobre o papel branco.

Então eu li, reli e li mais uma vez as suas palavras. Tão poucas, perto de tudo
que eu tinha pensado em dizer para ele, acreditando que ainda teríamos a
oportunidade de conversar.

Jeon Jungkook tinha oficialmente me conquistado e oficialmente me


abandonado.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Naquele verão dos meus dezesseis anos, então, eu tive minha primeira
desilusão amorosa.

E com o whisky barato do cantil de Yukwon, tive o meu primeiro porre.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Olááá

Esse é daqueles capítulos que eu não fico empolgada pra postar porque sei
que não são tão interessantes, mas, mesmo assim, ele não podia ser deixado
de lado :(e o pior é que ficou enorme, mas tentei não me preocupar com isso
porque vocês disseram que gostam :( espero que não tenha ficado cansativo

O Yukwon vai ser um personagem muito importante pro desenvolvimento do


Jimin em vários aspectos, apesar de parecer uma péssima influência, ele tem
seus pontos fortes e eu o adoro <3

Uma coisa que deveria ter perguntado faz tempo, mas sempre esqueço: vocês
querem que eu poste aqui a playlist da fanfic? Tem muita música que eu escuto
enquanto escrevo ou que me inspiram a planejar o futuro dela

E então é isso, Jungkook foi embora e todo mundo entende a dor do Jimin, né?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Só de pensar em nunca mais ver esse homem qualquer um fica sem forças :(

Perdoem mesmo se o capítulo não estiver bom como os outros, prometo que
vou tentar fazer o próximo ficar melhor <3 beijos e até lá!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
07 • Bystander

Três semanas depois, minhas férias de verão começaram.

Meu apreço pela escola não tinha crescido nesse pouco tempo que passou,
mas acordar naquela segunda feira sabendo que eu teria que ficar o dia todo
em casa não foi algo que me deixou particularmente feliz.

Não que eu detestasse a ideia de não ter obrigações, mas eu detestava, sim, a
ideia de ter tempo livre demais, porque ter tempo livre demais significava que
eu teria ainda menos motivos para não pensar em Jungkook.

Eu estava magoado e queria mais que tudo arrancar seu nome, seu sorriso e
sua voz me chamando de anjo da minha cabeça.

Mas eles não dizem a toa que querer não é poder. Então enquanto parte da
minha consciência me dizia que eu precisava esquecer, a outra, a vencedora,
me fazia perder horas fantasiando sobre Jungkook aparecendo na minha porta.

Mas eu sabia que ele não apareceria. Eu era estúpido, mas não a esse ponto.

Por isso, passei dias e dias ouvindo as lamentações de Hyelin sobre sua
partida sem que ela soubesse que, mesmo em silêncio, eu me lamentava muito
mais.

E então, com toda aquela confusão em minha cabeça e em meu coração,


minha vida seguiu numa forma genérica e muito mais deprimente que o tedioso
rumo anterior.

Eu acordava e pensava em Jungkook. Então eu esperava o almoço, porque


acordava tarde demais para tomar café, e sentia raiva dele. Durante a tarde,
fazia companhia a Hyelin enquanto deslizava pelo feed do twitter e sentia falta
de algo que nunca cheguei a ter. Pela noite, depois de jantar com meus pais,
eu me deitava e lutava contra o impulso de jogar seu nome na barra de
pesquisa do navegador, ao invés de ir dormir e reiniciar todo o ciclo na manhã
seguinte.
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Meu maior problema foi perder essa luta várias vezes.

Quando a madrugada chegava e eu já estava cansado de procurar


compilações de vídeos engraçados dos meus idols favoritos, meus dedos
teimosos digitavam o nome de Jeon Jungkook e então eu perdia mais algum
tempo procurando notícias sobre ele.

Eram todas muito impessoais, sempre falando sobre sua posição como
herdeiro da Bangtan ou sobre sua aparição nos eventos em Seul, mas as
minhas favoritas eram aquelas, mesmo antigas, que tinham uma foto sua,
porque então eu a salvava e deixava em minha galeria para que pudesse
sempre ver aquele rosto bonito.

Acho que é isso que chamam de masoquismo.

Mas as férias acabaram e minha rotina improdutiva foi interrompida para que
eu abandonasse o horror de sofrer integralmente por Jungkook e voltasse ao
horror que era minha escola.

E por lá, nada de novo. Yuta e Taeil não tinham crescido espiritualmente
naquelas poucas semanas, então continuavam com as brincadeiras maldosas.
Yukwon continuava sendo alvo de piadas de toda a escola, principalmente
depois que todos descobriram que ele saía com homens mais velhos, e eu... eu
continuava agindo como se nada daquilo me importasse, egoísta demais para
me preocupar com ele quando ainda estava lutando contra os resquícios
daquele sentimento estranho que Jungkook despertou em mim.

Mas quando os outros alunos saíam da sala nos horários livres e eu ficava ali
por não estar disposto a fingir que me divertia com o senso de humor de meus
dois únicos amigos, Yukwon e eu ficávamos sozinhos, e então eu sempre
tomava a iniciativa de conversar com ele, porque descobri que nossa
sexualidade não era a única coisa que tínhamos em comum.

Naquela tarde, nos minutos livres entre a aula de história e inglês, nós ficamos
sozinhos de novo, e ele continuou mexendo no próprio celular como se eu não
estivesse ali.

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— Ei — Eu chamei, me arrumando na minha cadeira para poder olhar melhor
para ele. — Viu o trailer do live-action de Attack on titan?

Ele balançou a cabeça, ainda sem me olhar. — Tá do caralho.

— Né?! — Comentei, um pouco empolgado. — Acho que foi a primeira coisa


que me deu alegria nesses últimos três meses.

Yukwon finalmente olhou pra mim com a usual careta de deboche. — Você
deveria fazer umas coisas novas. Sua vida é deprimente.

Eu suspirei, porque ele estava muito certo.

Quer dizer, eu tinha uma boa família, boas condições financeiras e não me
faltava nada de essencial, então eu posso dizer que sempre tive sorte. Mas eu
tinha dezesseis, e aos dezesseis qualquer gota é uma tempestade.

E, caramba, ser enganado por Jeon Jungkook é uma gota enorme.

— O que você faz? — Perguntei, com a esperança de ouvir uma resposta que
pudesse me ajudar.

— Sexo.- Ele respondeu, direto. — Poucas coisas me deixam tão feliz quanto
uma boa trepada.

Eu desviei o olhar, desconcertado. - Imaginei.

Yukwon então riu, acho que percebendo que eu ainda não tinha propriedade
alguma pra falar sobre isso.

— Cadê aquele seu sugar daddy que não tem idade pra ser sugar daddy, hm?
— Ele perguntou, e pareceu que estava curioso de verdade. — Você nunca
fala sobre ele.

— E eu vou ficar falando sobre um cara que disse que ia me encontrar, mas foi
embora e não deu sinal de vida por três meses? — Resmunguei, tentando
parecer bravo. — Ele só estava brincando comigo.

— Nada de novo sob o sol, bebê. — Yukwon disse, relaxado. — Você ainda vai
passar muito por isso, vai se acostumando.

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Eu o olhei novamente, um pouco chocado. Ele não podia, sei lá, tentar me
consolar?

— Não sei por que acreditei que você tentaria me convencer de que entendi
errado ou qualquer coisa assim — Suspirei, relaxando minha postura debaixo
do seu olhar divertido.

— Você tem muita fé em mim. — Foi o que ele disse, debochado. — Mas olha,
pra não dizer que eu sou só ruim... — Yukwon se abaixou pra abrir a mochila e
eu quase acreditei que ele tiraria seu cantil de lá, mas então ele jogou uma
barrinha de chocolate para mim.

Eu olhei para a embalagem depois de pegá-la no ar e até sorri, mas depois


balancei a cabeça tentando me livrar da vontade de devorar o chocolate ali
mesmo. Então o joguei de volta.

— Obrigado, mas estou de dieta.

Ele pareceu confuso, com os olhos apertados e as sobrancelhas unidas. —


Dieta pra que, caralho?

Depois de várias conversas furtivas com ele, eu já estava me acostumando


com sua forma agressiva de falar, então não fiz grande caso sobre como ele
perguntou, apesar de ficar, sim, incomodado com sua pergunta em geral.

Quer dizer, era óbvio o porquê de eu precisar de uma dieta.

Eu sempre soube que não era magro o suficiente, mas, depois de ver o corpo
de Jungkook, eu me convenci de que precisava começar a dar um jeito na
minha aparência desleixada.

Eu queria ser bonito como ele, mesmo sabendo que seria impossível, pra sentir
que estava à sua altura.

— Eu preciso emagrecer. — Respondi com firmeza o suficiente pra mostrar


que aquilo era uma verdade absoluta. — Quero ficar mais bonito.

Ainda confuso, Yukwon continuou com os olhos comprimidos. — E o que é que


o cu tem a ver com as calças, cara?

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E aí fui eu quem fiquei sem entender. — Que?

— Eu quis perguntar o que magreza tem a ver com beleza. — Ele explicou,
revirando os olhos, e então jogou o chocolate de volta com mais força,
acertando na minha testa.- Deixa de ideia errada, seu enrustido.

Eu massageei minha testa e olhei para o bendito chocolate que caiu em minha
mesa, um pouco assustado.

Yukwon era muito estranho, mas eu acho que ele estava tentando me animar,
então resolvi aceitar seu agrado, depois de relutar por um tempo, e rasguei o
plástico para morder o primeiro pedaço.

— Obrigado. — Eu disse, com a boca cheia e uma satisfação crescente dentro


de mim.

Eu sempre amei chocolate, mas fazia tanto tempo que não comia um que
aquele parecia especialmente gostoso.

— Você ainda quer falar sobre o macho da tatuagem? — Ele perguntou,


ignorando meu agradecimento. — Qual é a tatuagem dele, afinal?

— Uma serpente enorme — Respondi e apontei para minhas costas, para o


exato lugar onde estava o corpo da cobra negra, e depois deslizei meu dedo
até meu ombro, onde ela acabava. — - Enorme mesmo.

— Será que é uma referência ao que ele tem no meio das pernas?

Eu demorei uns cinco segundos para entender o que ele quis dizer, e quando
entendi comecei a tossir como um tuberculoso por me engasgar com minha
saliva.

Mas antes que eu pudesse acusá-lo por sua indiscrição, dois dos outros alunos
abriram a porta e entraram na sala, conversando sobre qualquer coisa.
Acuado, eu me impedi de continuar falando com Yukwon e me arrumei em
minha cadeira, olhando para a frente e continuando a comer o chocolate que
ele me deu, mas principalmente fingindo que nunca tinha trocado palavra
alguma com ele.

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Eu me sentia mal por ser assim, tão covarde, mas tinha muito medo de ser alvo
de todas as brincadeiras maldosas daquela gente.

Então a única coisa que fiz foi olhar discretamente para trás, alguns segundos
depois, somente para ver que Yukwon tinha voltado a mexer em seu celular,
fingindo também que nunca tinha conversado comigo.

O gosto do chocolate ficou um pouco mais amargo quando voltei a desviar o


olhar, deixando as coisas como estavam.

No final das aulas, Taeil e Yuta decidiram que gastariam mais tempo no
fliperama, mas eu estava cada vez mais indisposto pra ficar perto deles e
decidi voltar logo para casa.

Caminhando todo aquele percurso sozinho, eu não pude deixar de pensar em


como queria ter coragem de mudar as coisas. Eu queria, sim, falar sobre
Jungkook com Yukwon. Queria falar sobre várias outras coisas, também, pra
tentar esquecer esse sentimento estranho e tão novo para mim.

Em pouco tempo e poucas conversas, Yukwon já me fazia sentir que era meu
amigo, muito mais que os outros dois a quem eu realmente dava esse título.

Eu estava triste e confuso com tudo isso. Com essa amizade que não podia se
tornar real, com a forma como aqueles sentimentos por Jungkook pareciam
esfriar, mas nunca desaparecer, e sobre como eu não sabia lidar com
nenhuma dessas duas coisas.

Mas nesse dia, especial e principalmente, o que deu um verdadeiro nó na


minha cabeça foi ver o carro da Bangtan estacionado em frente ao hotel, o
mesmo em que estive com Jungkook, Dong-yul e Namjoon na última vez em
que os vi.

Para cada pontinha de esperança que surgiu, dez vezes mais de frustração.

Porque eu sabia que Jungkook não estaria ali.

Então me desfiz de toda e qualquer crença de que existia a possibilidade de


encontrá-lo novamente naquela tarde e atravessei a recepção para fazer
companhia a Hyelin, ignorando a lembrança que aquele carro trazia.
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— Boa tarde — cumprimentei sem qualquer empolgação, anunciando que já
estava ali.

Então ela me olhou, com a unha do polegar enfiada na boca, e seus olhos
tinham aquele aspecto assustador que eu só tinha visto quando ela falava
sobre conquistar Jungkook, três meses antes.

E ela saiu de trás do balcão, correu até mim e bateu as mãos em meus
ombros. Com os olhos ainda esbugalhados em algo que eu não sabia se era
ódio ou felicidade, ela disse:

— Ele voltou!

Ela não estava falando de Jungkook. Ela não estava falando de Jungkook. Ela.
Não. Estava. Falando. De. Jungkook.

Não se ilude, Park Jimin.

— Jesus? — Questionei, meio maroto, mesmo sentindo meu estômago revirar


com a inevitável esperança.

— Jungkook! — Ela deu um grito, mas então cobriu a boca e me puxou para
mais perto, até estarmos desconfortavelmente próximos. — O homem da
minha vida tá aqui, Jimin!

Aquilo só podia ser uma piada. Se não, definitivamente era um sonho.

— E-ele se hospedou aqui de novo? — Mesmo querendo, foi impossível


disfarçar a ansiedade em minha voz, e eu me odeio por ter gaguejado.

Mas então Hyelin negou e sua expressão assumiu uma característica


desconfiada, um pouco confusa.

— Ele vai embora ainda hoje — Ela disse, sem esconder sua frustração. — -
Disse que só está de passagem e que precisava falar com seus pais, então
eles estão conversando lá na sua casa.

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— Jungkook veio até aqui só pra falar com meus pais? — Repeti, ainda sem
acreditar naquilo.

Porque Jungkook precisava falar com eles?

— Parece que é sobre você — Hyelin continuou, ansiosa.

Eu olhei para a passagem que levava até minha casa, depois olhei para Hyelin
outra vez.

— Olha nos meus olhos e jura que você tá falando a verdade. — Eu apontei
para a porta, percebendo que minha mão tremia. — Jungkook está mesmo ali?

Ela balançou a cabeça para cima e para baixo, fervorosamente.

Eu sentia que ia desmaiar a qualquer segundo.

— Então me belisca. — Movi meu braço, oferecendo-o para que ela o


machucasse. — Quero ter certeza de que não é um sonho.

Mesmo com alguma confusão no olhar, ela me beliscou, e beliscou com força.
Mas eu não acordei.

Então era real. Jungkook estava ali.

Sem dizer mais nada, muito menos sem esperar que Hyelin o fizesse, eu a
deixei para trás e avancei em direção à passagem interna, mas senti meus pés
congelarem ainda sobre o pequeno caminho de madeira quando eu o vi
deixando minha casa.

Depois de três meses e mil quilômetros de distância entre nós dois, apenas
três passos nos separavam.

Mas eu não consegui me mover, nem mesmo um centímetro.

Com meus olhos surpresos, talvez emocionados, eu concentrei todas as


minhas forças em relembrar cada detalhe daquele homem. Desde as pernas
longas e fortes, das veias em seus braços, até seu rosto, com aqueles olhos
que continuaram tão vivos em minha memória por todo aquele tempo, mas que

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pareciam tão mais escuros e tão mais impenetráveis quando vistos de perto
outra vez.

E de repente, depois de tanto tempo me perguntando por que Jungkook


causava todos aqueles efeitos em mim, eu finalmente entendi.

Não tinha explicação. Porque eu não tinha como explicar a forma como ele me
olhava, muito menos como colocar em palavras aquele sorriso contido ao me
ver, nem mesmo seria capaz de descrever o tom de sua voz quando, ainda me
olhando, ele inclinou sua cabeça suavemente para o lado e finalmente deu fim
àquele silêncio.

— Não vai falar comigo, meu anjo?

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hashtag sextou no wattpad

eu queria chegar nessa parte final do capítulo mais rápido, mas me pareceu
muito nhé fazer o Jungkook aparecer logo no início, então a parte realmente
boa desse retorno surpresa dele fica pros dois próximos capítulos. (Se eu
conseguir escrever do jeitinho que planejei, são dois dos meus momentos
favoritos <3)

algumas pessoas acharam que já teríamos um salto no tempo, né? Mas vou
avisar logo que o relacionamento jikook vai se desenvolver durante todos esses
dois anos e pouquinho (e através da distância também) até o Jimin se tornar
maior de idade. Tipo um relacionamento que-não-pode-ser-relacionamento à
distância

se já não estiverem cansados desse pedido, por favor, continuem dando suas
opiniões sinceras sobre o que estão achando da fanfic, tá? Ela é muito
diferente do que to acostumada a escrever, então preciso disso pra saber se to
fazendo do jeito certo :(

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8 • Sweet Escape

De todas as possibilidades que se passaram por minha cabeça, a que acabou


se tornando real foi a mais inesperada de todas elas.

Tudo bem, eu tinha motivos para ficar irritado quando Jungkook me enganou
daquele jeito. Três meses depois, entretanto, a raiva já deveria ter dado lugar a
um ressentimento mais brando.

Mas não foi isso que aconteceu, é claro, porque a irritação era tão intensa
quanto todas as outras coisas que Jungkook me fazia sentir desde a primeira
vez que o vi.

Então depois de ouvir sua voz eu continuei parado, ainda sem qualquer ação
consciente, até que finalmente retomei o controle sobre minhas pernas — mas
não sobre meus atos, já que caminhar até ele e empurrar seu peito não é
exatamente o que eu chamo de atitude racional, mas foi isso o que eu fiz.

Com um gesto brusco, ainda irritadiço, eu acertei minhas mãos contra seu
peitoral e vi o pouco impacto que isso teve sobre seu equilíbrio.

— Você mentiu pra mim! — Bradei, empurrando-o outra vez e vendo ainda
menos efeito que da primeira.

Jungkook não pareceu irritado com minha própria irritação. Na verdade, se eu


não estivesse fantasiando, a única coisa que seu olhar denunciava era uma
compreensão calma quando ele colocou sua mão sobre uma das minhas,
ainda contra seu corpo.

— Eu realmente sinto muito por isso, meu bem. — Ele disse, com calma. —
Não imaginei que ia demorar tanto pra conseguir voltar.

Minha fúria recém-desperta foi deixada de lado para que eu permitisse um


segundo de mansidão. Logo depois, entretanto, eu cerrei meus olhos, ainda
desconfiado.

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— Mentira — Rebati, ciente de que parecia uma criança birrenta. — Você é um
mentiroso, Jungkook! Me fez acreditar que eu ia poder te ver, mas me deixou
com a maior cara de bobo e

— Jimin. — Jungkook interrompeu meu vergonhoso acesso de raiva e eu


engoli as palavras seguintes porque sabia que estava exagerando, mas o
pouco orgulho que eu tinha me fez sustentar minha expressão irritadiça, pelo
menos até que ele terminasse de falar. — Eu não vim aqui pra isso.

E assim, simplesmente, meu orgulho se quebrou para dar lugar a um inevitável


embaraço.

Eu estava agindo como um idiota, porque é claro que Jungkook não tinha feito
todo aquele caminho de Seul até Nam-gu para me dar explicações ou tentar se
desculpar comigo.

Então eu senti todo meu ânimo, inflado de algo que alternava entre mágoa e
excitação por vê-lo de novo, murchar de uma só vez.

Reduzido a nada além de conformismo, até porque eu já tinha me convencido


depois de sua partida que todo meu encantamento por ele tinha sido unilateral,
eu abaixei meu rosto e afastei minhas mãos de seu corpo.

Ou, pelo menos, foi o que tentei.

Mas aquela que estava presa entre seu peitoral e sua palma quente e áspera
continuou no mesmo lugar, porque Jungkook não a libertou.

— Eu vim te buscar, meu anjo. — Ele completou, e eu senti sua outra mão
segurar meu queixo para que eu erguesse meu rosto outra vez. — Eu vou ouvir
tudo que você quer dizer e juro que vou te recompensar por ir embora daquele
jeito, mas agora nós precisamos ir.

Eu nunca esqueceria da forma como meu coração batia acelerado toda vez
que ele estava por perto e me dizia coisas que eu não esperava ouvir, mas ali,
diante de suas últimas palavras, eu percebi que nunca, nunca mesmo, me
acostumaria com a sensação.

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— Jungkook veio... veio me buscar? — Eu repeti, incapaz de esconder o
quanto aquilo me pegou desprevenido e mais inapto ainda a sequer reparar
que falei como uma criança.

Então ele sorriu o mesmo sorriso discreto que eu já tinha conhecido, parecendo
se divertir com meu jeito bobo de falar.

— Você vem? — Ele perguntou, ainda sem me dizer para onde pretendia me
levar, tampouco sem revelar suas intenções.

Mas assim como ele já parecia ter percebido, eu também estava ciente de que
não importava o lugar. Eu queria ir com ele.

Então todos os motivos que eu tinha para dizer que não iria foram subjugados,
sem que eu sequer tentasse impedir isso quando balancei minha cabeça num
sim.

Quando a mão de Jungkook subiu de meu queixo até minha bochecha e seus
dedos longos acariciaram minha pele, eu soube que me arrependeria até a
morte se dissesse que não.

— Arrume uma mala pequena, só para hoje e amanhã. — Ele disse, com
aqueles olhos escuros brilhando de uma forma que eu ainda não tinha visto
nas poucas oportunidades que tive.

E então a certeza do que aquilo significava fez meu coração bater ainda mais
forte.

Porque Jungkook estava feliz.

— Eu vou te esperar no carro. — Ele continuou, e eu senti suas duas mãos me


soltarem simultaneamente para que se afastasse. — Não demore muito.

A capacidade de pensar com clareza não era uma das minhas qualidades
naquele momento, então caminhar apressado até minha casa foi um ato quase
automático, e eu só parei de correr quando minha mãe apareceu diante de mim
e nós quase trombamos no corredor dos quartos.

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— Ainda bem que você chegou! — Ela disse, afoita, e então estendeu uma
mochila que parecia cheia de coisas.

Num reflexo eu segurei a bolsa, e logo depois meu pai apareceu com um
envelope que ele mesmo guardou num dos bolsos menores da mochila
organizada por minha mãe.

— Esse dinheiro deve ser suficiente. — Ele disse, e eu alternei meu olhar de
um para o outro tentando entender o que estava acontecendo. — Não abuse
da bondade de Jeon, Jimin, pelo amor de deus!

— Sim, sim, se comporte direitinho e não deixe ele gastar mais dinheiro com
você - Minha mãe reforçou, se aproximando para passar as mãos em meus
cabelos que talvez estivessem um pouco desalinhados. — Ele já insistiu em
pagar a hospedagem e teve o trabalho de vir até Nam-gu só pra falar com a
gente! Sinceramente, Jimin, porque você mesmo não pediu? Dando todo esse
trabalho a alguém tão ocupado quanto Jeon...

Santa mãe de deus, o que estava acontecendo?

— Só pra confirmar... — Eu comecei, tentando não levantar suspeitas sobre


algo que nem eu mesmo sabia o que era. – O que foi que ele disse?

— Que vai te levar para conhecer o campus da Chosun em Gwangsan-gu",


oras — Foi minha mãe quem respondeu. como se eu devesse saber daquilo.
— Eu nem consigo acreditar que você está pensando em ir pra universidade!
— Ela completou, com a empolgação em sua voz crescendo
exponencialmente, e eu me senti mal porque, na verdade, aquela nunca foi
uma ambição minha.

Mesmo assim eu assenti, meio embasbacado e ainda sem entender direito o


que Jungkook tinha dito a eles.

Mas ele tinha ido até ali me buscar e me levaria para Gwangsan-gu. Eu
passaria a noite fora com ele, e isso foi o suficiente para me fazer perder todo o
interesse nos outros detalhes.

Sempre achei que detalhes eram superestimados, de qualquer forma.

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— Eu coloquei um pijama, uma roupa bonita pra você usar amanhã, seus
sapatos bons e uma nécessaire e com tudo que você vai precisar pra ficar
limpinho. — Ela explicou, tirando a mochila da escola que ainda estava em
minhas costas para que eu ficasse apenas com a que ela tinha arrumado para
mim, — Aproveite a oportunidade, meu amor. Eu vou estar aqui esperando pra
ouvir tudo que você achou da universidade quando voltar, sim?

Mais uma vez eu assenti, ainda sem dizer nada, porque a suposta visita ao
campus da Chosun era minha última preocupação.

— E se comporte! — Meu pai repetiu quando minha mãe começou a me guiar


até a porta pela qual eu tinha acabado de entrar.

Com as despedidas devidamente feitas e os avisos sobre minha conduta


reforçados, eu finalmente segui o caminho de volta até o carro que estava
estacionado lá na frente da recepção, ainda sem acreditar que eu ia mesmo
viajar com Jungkook.

Uma viagem para um distrito que ficava a quarenta minutos de Nam-gu, mas
ainda assim... eu iria só com ele.

Por isso, por toda a improbabilidade na situação, eu quase pedi para Hyelin me
beliscar de novo quando passei por ela e vi seus olhos curiosos, mas tudo que
fiz foi devolver seu olhar com uma expressão que dava a certeza de que eu
não ia parar para conversar, então não foi surpresa quando ela não interceptou
meu caminho para começar o interrogatório que eu sei que queria fazer.

Então, quando eu estava do lado de fora outra vez, Jungkook saiu do carro e
deixou a porta aberta para que eu entrasse. E eu o fiz, ainda com minha
cabeça girando e girando e girando.

Eu olhei para ele, que sentou a uma distância de dois palmos de mim, depois
olhei para a mochila que eu ainda abraçava quase inconscientemente e por fim
voltei toda minha atenção ao seu rosto.

— Jungkook — chamei, um pouco incerto, porque não sabia se minha dúvida


era justificável ou se era mais uma das coisas que eu não entendia por ser
devagar demais. — Eu ainda não entendi o que tá acontecendo...
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Ele me olhou em silêncio, paciente, esperando que eu continuasse.

— Por que você tá me levando pra Gwangsan-gu? Minha mãe disse que é pra
me levar numa universidade, mas... não faz sentido... — finalizei, baixinho.

— Você realmente não entendeu, meu anjo? — Jungkook perguntou, e eu tive


medo de encontrar impaciência na sua voz, mas não havia nada além de uma
entonação quase brincalhona.

— Não... — Respondi, um pouco sem jeito. — Me explica, por favor.

Eu vi Jungkook mover o rosto para o lado, ainda sereno, enquanto repetia o já


conhecido gesto de girar um dos anéis em seus dedos.

— Seus pais não deixariam você vir se eu dissesse a verdade sobre meus
motivos para te trazer comigo, então eu tive que pensar em algo melhor.

Eu apertei meus lábios, ainda tentando montar o quebra cabeça que era
entender as suas intenções.

— E qual é a verdade? — Perguntei, ansioso, com os olhos atentos somente a


ele.

Jungkook piscou devagar, ainda calmo, quando voltou a olhar para mim. — Eu
só queria passar algum tempo com você.

Não seria novidade dizer que eu senti meu coração perder o controle, mas eu
juro que, dessa vez, todos os efeitos da confissão de Jungkook foram dez
vezes mais devastadores que em qualquer uma das outras vezes.

E enquanto metade de mim transbordava de alegria, porque eu realmente


acreditava que ele estava sendo sincero, a outra podava meu sorriso,
impedindo-o de crescer tanto quanto sei que cresceria, porque eu achava que
não deveria acreditar.

— Você não parece feliz. — Ele disse, talvez um pouco decepcionado, mas
sem demonstrar isso verdadeiramente.

Balancei minha cabeça, negando. Eu estava feliz, mas também estava com
medo.
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— É só que... parece que você tá brincando comigo. — Confessei,
envergonhado, abraçando minha mochila com ainda mais força.

Eu não queria desconfiar de Jungkook e soube que ele queria isso menos
ainda quando vi a forma como ele respirou fundo e umedeceu os próprios
lábios.

— Eu não tenho tempo pra esse tipo de coisa, Jimin. — Ele disse, e eu
realmente não gostava de quando ele falava meu nome daquela forma. — Se
eu vim até aqui, foi porque queria te ver. E só.

— Então porque você não veio antes? — Insisti, com a voz baixa e tímida
porque eu não queria estar fazendo aquelas perguntas.

— Essa é a primeira chance que eu tenho de sair de Seul nos últimos meses.
— Quando ele respondeu, eu o vi massagear a própria nuca e fechar os olhos,
e isso me deixou ainda mais frustrado.

Eu não diria que ele estava irritado, mas também não estava calmo como
antes. E se Jungkook tinha mesmo ido até Nam-gu só por mim, não era justo
que eu fosse a causa de qualquer sentimento negativo seu.

Então eu juntei minha coragem nos segundos seguintes, um pouco sufocado


pelo silêncio, e finalmente deixei minha mochila de lado para que eu pudesse
me mover sobre o banco até encostar minhas pernas nas suas.

Ainda ansioso, porque eu não sabia se ele me repreenderia por me aproximar


daquela forma, eu segurei seu braço com minhas duas mãos e o encarei com
os olhos arrependidos.

— Desculpa... Jun... — Eu balbuciei sem confiança alguma, sentindo a


vergonha me fazer querer desmaiar por chamá-lo daquela forma.

Quando Jungkook deixou escapar o que poderia ser facilmente identificado


como uma risada, eu só me envergonhei ainda mais e desejei com um pouco
mais de força que minha vida fosse ceifada naquele exato momento.

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— Não me chame assim, Jimin. — Ele disse, e aí eu me encolhi ainda mais
porque achei que estava brigando comigo, até que ele continuou. — Eu gosto
de ouvir você dizendo o meu nome.

Com um clique, meu sorriso se abriu na mesma hora. E então durante o


restante do tempo que passamos dentro daquele carro, Jungkook me deixou
continuar daquele jeito, bem pertinho dele, enquanto me explicava que estava
indo a Gwangsan-gu para uma reunião com um dos clientes da Bangtan, e
depois me deixou falar pelos cotovelos sobre todo tipo de assunto que talvez
nem fosse de seu interesse, mas ele prestou atenção mesmo assim.

Talvez eu fosse muito bobo e estivesse me contentando com pouco, mas


mesmo que ele não tivesse saído de Seul só para me ver, eu não conseguia
parar de sorrir a cada vez que percebia que Jungkook deu um jeito de me levar
para perto dele.

Quando finalmente chegamos em Gwangsan-gu, quase uma hora depois de


termos entrado no sedan preto, o motorista nos deixou na frente de um prédio
alto, mas ele não parecia um hotel.

— Parece um condomínio normal... — Eu murmurei, meio sem pensar, e


Jungkook apoiou a mão na base da minha coluna para me guiar para o interior.

Prendi a respiração com seu toque, e deixei que meu corpo seguisse o
comando silencioso e firme de sua palma.

— E é, anjo — Ele disse em resposta, sem explicar nada mais, até que
estivéssemos dentro do elevador.

Quando as portas se abriram no décimo terceiro andar, eu o segui até um dos


apartamentos e quase caí pra trás quando nós entramos e vi, no pequeno sofá
da sala iluminada, um homem com os cabelos tingidos de rosa.

Ao perceber que nós tínhamos entrado – não, seria muito mais coerente dizer
que foi quando ele viu Jungkook o desconhecido sorriu, mas não fez menção
alguma de se levantar.

— Finalmente, gato.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu só pedi pra você deixar a porta aberta, Kihyun — Jungkook disse em
resposta sem cuidado algum na voz, mas o tal Kihyun não pareceu se
incomodar com isso.

Na verdade, o sorriso dele aumentou ainda mais e então ele ficou de pé,
caminhando calmamente até jogar os braços ao redor do pescoço de
Jungkook.

Eu não sabia quem ele era, mas definitivamente não gostava desse cara e ele
sequer parecia ter percebido que eu estava bem ao lado.

— E perder a chance de dar um abraço no aniversariante mais gostoso?

— Kihyun disse, ainda abraçando Jungkook.

De repente, eu não sabia mais se o odiava por tocar em Jungkook e chamá-lo


daquele jeito ou se deixava meu queixo cair por descobrir que era seu
aniversário e ele não tinha me contado.

— Já chega — Ele disse, afastando o cara estranho com suas mãos.

Kihyun ainda não parecia incomodado por ter sido empurrado, mas então ele
olhou para mim e inclinou o rosto, curioso, antes de apontar seu indicador em
minha direção.

— Namjoon costumava ser mais alto. — Ele disse, parecendo se divertir com a
própria brincadeira.

— Meu nome é Jimin e eu vim com o Jungkook. — Me apresentei, um pouco


emburrado, tentando provar que não estava ali por acaso.

— É, neném, eu te vi entrando com ele — Kihyun respondeu, sorrindo como se


debochasse de mim, e então olhou para Jungkook de novo. — Sério que você
vai ficar de babá logo no dia do seu aniversário, gato?

Jungkook apenas o olhou daquela forma demorada antes de caminhar até o


sofá onde Kihyun estava antes, forçando-o a sair do seu caminho.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu continuei parado exatamente no mesmo lugar, sendo analisado pelo cara
estranho enquanto ele usava o indicador e o polegar para brincar com o próprio
lábio.

— Venha aqui, anjo. — Jungkook disse, quase como se eu já devesse estar


com ele.

Então eu olhei para Kihyun uma última vez, ainda emburrado, e caminhei com
passos irritados até onde Jungkook estava.

Quando eu parei próximo o suficiente, sem saber se ele queria que eu


sentasse ao seu lado ou não, Jungkook colocou as duas mãos na minha
cintura e me puxou com cuidado até que eu parasse, ainda de pé, entre suas
pernas.

Ele então segurou as pontas do suéter fino do meu uniforme e o puxou para
cima, sem dizer nada.

Mesmo assim, eu entendi e levantei meus braços para que ele tirasse a peça
de meu corpo.

Ainda com calma, ele dobrou o casaco e o colocou ao seu lado. Depois, voltou
com os dedos longos e afrouxou o nó da minha gravata até que a tirasse
também, me deixando só com a calça feia e a blusa do uniforme.

Quando desabotoou o primeiro botão da minha camisa branca, ele parou e me


olhou, dali de baixo. Mesmo que eu estivesse de pé e ele sentado e, pela
primeira vez, eu o olhasse de cima, era impossível me sentir superior com a
forma como aqueles olhos pareciam me desarmar completamente.

— Vá tomar um banho — Ele disse, descendo as mãos direto até a parte de


baixo da minha blusa e então a puxando para fora da calça —, nós vamos
jantar depois.

Sentindo as mãos dele em minha cintura outra vez, era como se eu tivesse
esquecido completamente que Kihyun ainda estava ali.

— Vamos? — Eu repeti, sentindo minha pele arder no lugar onde ele me


tocava sobre a blusa.
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— Podemos sair ou pedir alguma coisa. — Ele disse, e então um de seus
polegares começou a deslizar sobre minha barriga enquanto suas mãos ainda
me seguravam. — O que você prefere?

— Só... Só nós dois? — Eu perguntei, quase suspirando com seu toque.

— Só nós dois.

Eu mordi o lábio para tentar conter um sorriso de satisfação e vitória, e então


encolhi meus ombros num gesto indeciso.

— Então eu prefiro o que Jungkook preferir.

Eu não sabia se aquela era a melhor resposta, mas a forma como o canto da
boca dele se curvou num sorriso orgulhoso me fez sentir orgulho também.

— Se arrume. Nós vamos jantar fora - Ele disse, e eu sorri de novo, ainda
mais.

— Tá bom! — Respondi empolgado, mesmo que não estivesse tão satisfeito


por ele ter afastado suas mãos de mim.

Então quase corri até minha mochila, que ainda estava ao lado da sua mala na
entrada do apartamento, e senti meus passos diminuírem quando vi a forma
como Kihyun alternava o olhar entre Jungkook e eu, sorrindo como se
estivesse assistindo a um espetáculo.

Eu o encarei de volta, incomodado, antes de abraçar minha mochila e caminhar


até o banheiro, que não foi difícil de achar.

Antes que eu fechasse a porta, entretanto, eu ouvi a voz de Kihyun outra vez.

— Ele já veio adestrado assim? — Ele perguntou, debochado, e eu soube que


estava falando de mim.

— Não provoque o Jimin. — Jungkook ignorou sua pergunta e eu estava tão


curioso com a conversa que, quase sem perceber, saí do banheiro e me
escondi atrás da parede para poder ver e ouvir melhor. — Eu não o trouxe aqui
pra ser vítima desse seu humor.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu então me espremi atrás da parede para que eles não me vissem
espionando, e eu só queria que, dessa vez, Jungkook não me notasse.

— Ah, que dom protetor... — Kihyun voltou a falar ainda debochado, sentando
no espaço livre do sofá, e eu não entendi muito bem o que ele quis dizer com
dom. — Me dói admitir que ele é exatamente do tipo que você gosta. Sabe o
que mais? Me lembra um pouco o Taehyung antes de vocês terminarem...

— Se você quer dizer algo, diga. Você sabe que eu odeio esse tom sugestivo.

Kihyun sorriu, se sentando com o braço apoiado no encosto do sofá e


inclinando o rosto com um trejeito meio divertido.

— O que eu poderia estar sugerindo, gato? Ele parece seu ex. É só isso que
eu quero dizer.

Eu apertei minhas mãos contra a parede, incomodado com aquela afirmação,


mas eu nem entendia o porquê.

— Jimin é diferente. — Jungkook disse, depois de algum tempo, e não havia


impaciência na sua voz. Ele estava calmo como estava quando me encontrou
em minha casa. — Não ache que eu estou tentando substituir alguma coisa.

— Longe de mim achar que você é sacana a esse ponto. E aquele menino
parece tão fácil de iludir... — Kihyun continuou, sem se desfazer do tom
divertido. — Mas tem outra coisa que me deixa mais curioso, e é porque eu
não consigo entender porque você veio hoje se sua reunião é na segunda.

— Não posso me adiantar um pouco?

— Você nunca chega com três dias de antecedência. — Kihyun rebateu,


sorrindo. — E se não me falha a memória, você disse que Namjoon vem no
domingo, então você poderia muito bem ter deixado pra vir com ele.

— Sim, poderia. — Jungkook disse, simplesmente.

— Me diz... — O cara estranho aproximou seus rostos, abaixando o tom de voz


— Por um acaso aquele menino gordinho e engraçado é o seu presente de
aniversário pra você mesmo?

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Eu o odiaria pela forma como se referiu a mim, mas parece que tudo isso
perdeu o efeito quando eu vi o sorriso pequeno de Jungkook.

— Você é muito curioso, Kihyun. — Foi o que ele disse, em resposta.

O de cabelos cor de rosa ergueu os ombros, displicente.

— Não posso evitar, você sabe que desperta isso nas pessoas. — Ele
resmungou, ficando de pé. — Vou te deixar sozinho com seu presente, mas ele
ainda parece muito novo... então não faça nada que vá te mandar pra cadeia,
huh? Uma delícia como você não pode ser trancafiada numa cela suja.

— Eu sei até onde devo ir. — Jungkook disse, e ele parecia bem humorado
como nunca o vi antes. — É vergonhoso receber conselhos de uma pessoa
como você, então não faça isso.

— Ai, meus sentimentos! — Kihyun dramatizou, levando a mão ao próprio


peito, mas então sorriu. — Mas parabéns, gato. — Ele disse e depois se
abaixou para dar um beijo na bochecha de Jungkook. — Se você cansar de
brincar de babá e quiser comemorar como um adulto, já sabe onde me
encontrar, né?

— Boa noite, Kihyun.

Kihyun ainda sorriu mais uma vez antes de finalmente se afastar, e eu me


escondi para que ele não me visse quando caminhou até a porta, calçou os
próprios sapatos e finalmente saiu.

Eu ainda estava confuso com a conversa que ouvi e não sabia a que ponto
dela deveria dar mais atenção, mas eu sabia muito bem o que queria fazer
depois de ouvir de Kihyun que Jungkook tinha antecipado sua ida a Gwangsan-
gu por minha causa.

Então ao invés de entrar no banheiro como deveria ter feito muito antes, eu
caminhei de volta até a sala e o vi ainda sentado no sofá, começando a
desabotoar a própria blusa e parando assim que me viu.

— Você não me disse que era seu aniversário — Eu murmurei, porque não
sabia mais o que dizer, ainda parado um pouco longe dele.
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Jungkook me olhou sem dizer nada, mas falhou em esconder a surpresa
quando eu dei um passo ainda hesitante em sua direção e comecei a
desabotoar minha blusa exatamente como ele estava fazendo antes que eu
aparecesse ali outra vez.

— Eu sou seu presente, Jungkook? — Perguntei, dando mais um passo,


desabotoando mais um botão.

Minha voz tremia porque eu não sabia o que estava fazendo, mas
principalmente porque Jungkook me olhava daquela forma que deixaria
qualquer um sem ar.

— Não faça isso, Jimin. — Ele alertou, mas eu só me aproximei mais.

A sensação de desobedecer Jungkook era estranha, porque eu sempre fazia


tudo exatamente como ele queria que eu fizesse, mas não dessa vez. Só
dessa vez.

Ser seu aniversário era só um pretexto, porque havia um motivo ainda maior
que me fazia querer fazer aquilo, e esse motivo era a felicidade que parecia ter
tomado conta de cada uma das minhas células.

Talvez não fosse na mesma intensidade, mas eu acreditava de verdade,


naquele momento, que Jungkook também se sentia atraído por mim.

— Feliz... — Senti minha voz morrer quando desabotoei o último botão da


minha blusa amarrotada, exatamente em sua frente, sem coragem de tirá-la de
uma vez porque eu odiava meu corpo. Mas então eu respirei fundo uma duas
ou mais vezes e finalmente me livrei da última peça que ainda cobria a parte
superior da minha pele. — Feliz aniversário, Jungkook...

Eu estava inseguro, e o silêncio de Jungkook só fazia as batidas de meu


coração se tornarem ainda mais frenéticas.

Aquilo nunca funcionaria como um presente. Na verdade, talvez só o fizesse


perceber como eu era feio.

Então eu mordi meu lábio e abracei meu próprio corpo, tentando esconder o
que precisei juntar tanta coragem pra mostrar.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu me desculparia?

A vergonha era tanta que eu nem sabia o que deveria fazer, mas enquanto eu
tentava descobrir, Jungkook segurou meus braços e os forçou a se afastarem
do meu abdômen nu, deixando-o completamente exposto outra vez.

Quando ele deslizou as pontas dos dedos por uma linha imaginária que ia do
meu peito até o cós de minha calça, eu soltei o ar que nem sabia que estava
prendendo e deixei que meus olhos se fechassem enquanto sentia seu toque
contra meu corpo exposto só para ele.

Então ele ficou de pé e nós dois nunca tínhamos ficado tão perto um do outro
como naquele instante.

— Abra os olhos.

Devagar, sentindo que tudo ao meu redor parecia girar, eu deixei que minhas
pálpebras se abrissem outra vez. Então eu vi o rosto de Jungkook tão perto
que me deixou tonto.

— Não tenha vergonha do seu corpo, Jimin — Ele disse com sua mão subindo
por meu pescoço lentamente. — Você é lindo.

Eu precisei puxar o ar com mais força, mas parecia que ele nunca chegaria aos
meus pulmões.

— Você é mais... — Eu murmurei, porque a forma como Jungkook disse que


eu era lindo me tornou incapaz de dizer o contrário.

Ele então moveu a cabeça para o lado, negando.

— Nós somos diferentes, meu anjo. Só isso.

— Mas você é tão... — Eu não completei, porque não precisava. Meus olhos,
minha respiração e cada uma das minhas ações deixavam claro o que eu
queria dizer. Então, ainda um pouco atrapalhado, eu desci meu olhar até a pele
exposta por sua blusa já aberta até a metade e a toquei com as pontas dos
meus dedos. — Deixa eu te ver de novo, Jungkook...

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O tempo que ele levou para me dar uma resposta me fez acreditar que meu
pedido seria negado, mas então suas mãos seguraram as minhas e ele as
levou até o primeiro botão ainda fechado de sua camisa.

Seu rosto estava sério, mas seus olhos pretos tinham aquele brilho que
provavam o quanto ele não estava indiferente ao que estava prestes a
acontecer.

Então eu tirei botão por botão, até abrir sua blusa completamente e deslizá-la
por seus ombros para que caísse no chão.

E ali estava, outra vez. Aquela tatuagem, seus músculos suaves e a pele que
eu tanto queria tocar desde a primeira vez em que o vi.

E eu o toquei.

Na cabeça da serpente em seu peito, primeiro, para depois descer até os


limites de sua calça ainda com o cinto afivelado.

Eu não entendia como era possível alguém ser tão lindo quanto Jungkook. Era
como se cada pedaço de seu corpo fosse cuidadosamente esculpido, até não
restar uma só parte que não me deixasse sem ar.

— Isso não é normal... — Eu balbuciei, ainda incapaz de entender como uma


pessoa poderia me afetar tanto assim.

Mas eu não queria entender. Eu só queria aproveitar aquelas horas que teria
com ele.

E sem pedir sua permissão ou sequer pensar que ele poderia me rejeitar, eu
passei meus braços para suas costas e o abracei com força, sentindo meu
rosto contra seu peitoral quente.

E Jungkook me abraçou de volta.

Uma mão nas minhas costas, a outra em minha cabeça e sua voz
ricocheteando em meu coração quando ele me respondeu. — Eu sei que não
é, meu anjo, mas eu adoro a forma como você me faz sentir.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
[1] Gwangsan-gu é um distrito vizinho a Nam-gu, onde Jimin vive, em
Gwangju.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Oi

Demorei um tanto dessa vez e sinto muito por isso, mas realmente não tinha
condições de voltar antes. A universidade me consumiu e mesmo quando eu
tinha um tempo livre não conseguia colocar esse capítulo pra frente

Eu to bem dividida em relação ao resultado dele, porque parte de mim gosta e


a outra insiste em dizer que não tá bom </3 mas principalmente porque ele
ficou MUITO grande, então me perdoem por isso :(

Acho que por hoje é só. Vou tentar não demorar tanto com o próximo, mas não
vou prometer nada :(

beijinhos e até mais <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
09 • Rumble Tumble

Talvez eu tenha ficado tempo demais sem esboçar qualquer reação, acho que
com medo de descobrir que Jungkook não estava falando sério.

Então eu fiquei quieto, ainda sentindo o calor de seu corpo contra o meu,
porque se suas palavras não fossem reais, pelo menos eu sabia que aquele
abraço era.

Jungkook era quente, seu abraço era apertado e seu cheiro era daqueles que
não são bons só pelo perfume. Tinha algo de natural na forma como o odor de
sua pele se misturava à colônia discreta, assim como foi natural ser tomado por
insatisfação quando ele me afastou com cuidado.

Mesmo assim, eu aproveitei que minha cabeça não estava mais pressionada
contra seu peitoral e busquei seus olhos, finalmente.

Talvez ele fosse um bom ator, mas eu senti meu interior se desestabilizando
ainda mais quando não consegui encontrar sequer um indício de que ele
estava mentindo, então eu me dei o direito de acreditar mais um pouco nele.

Eu estava sendo um pouco inconsequente ao correr, de forma espontânea, o


risco de me iludir-mesmo que não existisse absolutamente nada além da minha
insegurança me fazendo acreditar que aquilo poderia não passar de um teatro,
mas quando os dedos longos e ásperos de Jungkook deslizaram por meu
rosto, eu não consegui mais me importar com isso.

— Jimin — Ele me chamou, e só então percebi que seu toque me fez fechar
os olhos quase inconscientemente.

Então eu voltei a olhar para seu rosto, ainda um pouco sonhador, só para sentir
meus olhos quase saltando para fora quando ele me beijou na testa. Depois,
ele fez o mesmo com minha bochecha, e eu senti sua boca se arrastar sobre
minha pele até que seus lábios estivessem próximos ao meu ouvido.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu precisei me segurar nele com mais força, ainda aproveitando a proximidade
do abraço recém-interrompido, para que meu corpo não desmontasse no chão.

Jungkook definitivamente nunca fez bem ao meu equilíbrio, fosse ele físico ou
emocional.

— Eu vou te perdoar por ouvir minha conversa com Kihyun, — Ele disse contra
minha orelha, com seu hálito quente se misturando à sensação quase
ameaçadora de sua voz tão próxima - mas nós não vamos sair se você não
ficar pronto logo.

Eu não tinha percebido até então que tinha entregado de bandeja a minha
culpa em ouvir, sem permissão, o que ele e o cara estranho tinham
conversado, mas não foi vergonha que eu senti ao finalmente notar isso.

Foi inquietação, porque Jungkook parecia estar disposto a usar isso como
parte do motivo para me castigar caso eu não o obedecesse e me aprontasse
rápido.

— Eu vou ficar pronto rapidinho — Afirmei, falando tão rápido quanto pretendia
me arrumar.

Jungkook já tinha afastado seu rosto do meu, então eu pude ver seu sorriso
pequeno e satisfeito quando ele gesticulou com a cabeça na direção do
banheiro de onde eu nem devia ter saído, e se sentou outra vez no sofá.

— Então vá, anjo — Ele reforçou, deixando que suas mãos começassem a
desafivelar seu cinto da mesma forma lenta que eu já o tinha visto fazer uma
vez. — Você não quer me aborrecer logo hoje, quer?

Eu neguei sem precisar reforçar minha resposta com palavra alguma,


precisando menos ainda de tempo para pensar, porque eu já conhecia a
sensação ameaçadora de ver Jungkook com o cinto de couro nas mãos.

Então eu sequer esperei que ele o retirasse completamente, consciente de que


perderia o já fraco controle sobre meu corpo caso o fizesse, e voltei ao
banheiro com o estômago revirado e os dentes cravados em meu lábio.

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Não fazia sentido algum, mas a sensação de estar prestes a correr perigo era
irracionalmente deliciosa. Ao mesmo tempo, me inquietava saber que qualquer
pequeno atraso me faria ultrapassar a linha da iminência para me deixar cara a
cara com um lado menos paciente de Jungkook.

Então eu me apressei ao tomar banho, satisfeito por poder me sentir limpo


depois de passar todo o dia na escola, e depois voltei até a mochila que minha
mãe tinha preparado só para descobrir que ela realmente tinha colocado todos
os itens de higiene básica, como tinha dito, mas sentindo uma inevitável
vontade de morrer quando vi as poucas opções de roupas disponíveis.

Não acho que seja algo restrito somente à minha mãe, mas ela sempre teve
um gosto um pouco controverso quando se tratava de escolher roupas para
mim. Então quando me disse que tinha colocado uma roupa bonita, eu já
deveria ter imaginado que todas as peças ali dentro seriam as mais cafonas do
meu armário.

— Mãezinha, eu te amo tanto, mas assim não dá... — Choraminguei, erguendo


a blusa social bege no meio do banheiro e imaginando o horror que ela ficaria
junto com a única calça na mochila.

Mas mesmo sabendo que a combinação seria deplorável, eu não tinha tempo
para me lamentar, porque Jungkook estava me esperando e eu não queria que
ele desistisse de me levar para sair por causa da minha demora.

Então me vesti, confirmando que a blusa de velho ficava ainda mais horrenda
quando combinada à calça marrom, e finalmente saí do banheiro abraçando a
mesma mochila para tentar esconder o desastre que era minha roupa.

Quando parei na sala, um pouco ansioso por não saber quanto tempo tinha
demorado para voltar, eu vi que Jungkook tinha vestido outra blusa, uma
branca de botões com mangas curtas e uma estampa de motocicletas um
pouco estranha — mas que ficava muito bem nele, de qualquer forma — e
também trocado sua calça por uma mais justa.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
E por mais que seus jeans usuais não falhassem em mostrar como suas
pernas eram fortes, a que ele estava usando levava a imagem de suas coxas a
algo muito além.

Mais que isso, me fez reforçar a já dolorosa certeza de que eu o desejava


como um louco.

Essa percepção me fez odiar um pouco mais minha roupa, principalmente


quando Jungkook me notou ali e eu senti seu olhar me avaliando da cabeça
aos pés.

Eu encolhi os dedos dos pés sobre o assoalho frio, constrangido, quando ele
se recostou na janela da sala com as mãos escondidas nos bolsos de sua
calça e continuou me olhando, em silêncio.

— Eu demorei? — Perguntei, ainda sem conseguir decifrar se ele estava


achando minha aparência tão desastrosa quanto eu mesmo achava, mas
também com medo de descobrir.

— Um pouco. — Jungkook respondeu, e então deixou que ficássemos em


silêncio enquanto me analisava por mais um tempo, até que ele mesmo voltou
a falar. — O que foi, anjo?

Eu fiz uma careta um pouco confusa, sem entender seu questionamento.

— Você não parece confortável. — Jungkook explicou, ainda sem sair do lugar.

Entendendo a motivação de sua pergunta, eu olhei para baixo antes de abraçar


minha mochila, levantando-a um pouco mais para que pudesse enterrar meu
rosto nela e esconder minha vergonha.

— Minha roupa... — Eu respondi, sentindo minha voz sair abafada.

Mas Jungkook não disse nada, por muito tempo.

Então eu levantei minha cabeça, um pouco curioso, e vi que ele parecia estar
tendo problemas em controlar uma risada.

Rindo de mim, de novo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Envergonhado e com a certeza de que meu rosto ia ficar todo vermelho, eu
voltei a escondê-lo na mochila, dessa vez com mais determinação e por menos
tempo, porque não demorou para que eu sentisse Jungkook puxando meus
braços antes de tirar a bolsa de mim e colocá-la no sofá.

— Qual o problema com ela? — Ele perguntou, parado em minha frente,


começando a dobrar uma das mangas da minha blusa.

— Parece as roupas que meu avô usava... — Expliquei, ainda sentindo meu
rosto mais quente que o normal quando ele começou a arrumar o outro lado da
minha camisa. - Eu não devia ter deixado minha mãe escolher...

— Não se preocupe com isso, meu bem, — Ele disse depois de dobrar as duas
mangas, e então começou a arrumar a gola que eu nem mesmo tive a
decência de desamassar-você fica lindo de qualquer jeito.

Eu pisquei, um pouco desajeitado, diante da forma como a expressão de


Jungkook continuava serena depois de me dizer aquilo.

Quer dizer, eu sempre tropeçava nas palavras quando tentava dizer algo
parecido, e acho que essa sempre foi a maior diferença entre nós dois, ainda
acima da lacuna entre nossas idades.

Jungkook tinha confiança em tudo que fazia ou dizia. Eu, por outro lado,
precisava sempre lidar com a insegurança.

Talvez eu tivesse esse pequeno complexo por estar rodeado de colegas que
viviam apontando os dedos para as falhas dos outros. E, com certeza, via isso
ser intensificado porque Jungkook simplesmente tinha esse efeito sobre as
pessoas.

Mas ele tinha outro efeito, que era o de conseguir me fazer pensar demais, ou
não pensar de forma alguma.

E com seu rosto tão próximo do meu e o acúmulo de sensações que ele me
provocou nas últimas horas, foi exatamente a última opção que venceu.

Então eu não raciocinei, como se sequer fosse capaz de fazê-lo. E talvez eu


não fosse, não naquele pequeno instante em que Jungkook reafirmou que me
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achava bonito. Definitivamente não quando eu senti a vontade que por tanto
tempo achei que deveria sentir quando estivesse tão perto de uma garota de
quem gostasse.

Mas eu já sabia que uma mulher nunca me faria sentir desse jeito, assim como
tinha a mais absoluta certeza de que eu precisava fazer aquilo.

Então foi um gesto um pouco impulsivo, mas eu fiquei nas pontas dos pés e
beijei a boca de Jungkook, pela primeira vez.

Um beijo tão furtivo que eu mesmo me afastei logo em seguida, com os olhos
ansiosos esperando uma reação, mas até mesmo ele pareceu ser pego de
surpresa, e então nada veio pelos primeiros segundos.

— Eu não vou me desculpar por isso — Eu disse, soando muito menos


decisivo do que esperava.

Mas eu não ia, mesmo que minha voz falhasse em transmitir quão sério eu
estava falando.

Talvez por isso, por me ver soar tão inconsistente ao dizer algo tão definitivo,
Jungkook acabou sorrindo.

E eu gostava quando ele sorria daquele jeito meio atravessado, meio perigoso,
mas gostava ainda mais quando seu sorriso era suave como o que ele me
mostrou naquele momento.

— Parece que eu estou sendo muito permissivo com você, — Ele disse, enfim,
enquanto eu ainda esperava com ansiedade — mas não precisa se desculpar
por isso.

Então eu apertei meus lábios, tentando não evidenciar o sorriso enorme que
queria aparecer quando interpretei suas palavras.

— Você também queria me beijar! — Afirmei, um pouco inconsequente e


completamente deslumbrado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook uniu as sobrancelhas como se minha euforia fosse infundada, e seu
sorriso pequeno se quebrou quando ele passou a língua sobre os lábios, antes
de responder.

— Alguma vez eu te fiz pensar que não queria, anjo?

E então lá estava, de novo, a mesma incapacidade de reagir com qualquer


coisa além de exibir meus olhos surpresos.

Eu senti alguma satisfação ao ver a forma como consegui deixar Jungkook sem
reação, mas muito pouco depois ele me lembrou que eu nunca o deixaria tão
incapaz de agir como ele fazia comigo, com tão pouco esforço.

E a forma como seu sorriso voltou a aparecer também me fez ter a certeza de
que ele sabia que tinha deixado aquilo muito claro.

Mas não era tão fácil deixar Jungkook satisfeito, então eu estremeci quando ele
inclinou um pouco a cabeça, ainda sustentando o sorriso obliquo no canto dos
lábios.

— É melhor você me responder quando eu te fizer uma pergunta, Jimin.

Eu pisquei várias vezes, um pouco acuado.

— Eu... — Comecei, ainda desajeitado. — Eu não sei...

Jungkook puxou o ar, fingindo um estar pouco surpreso — E eu achava que


sempre fui tão óbvio com você... — Ele disse, sem parecer incomodado, como
se aquela conversa estivesse seguindo exatamente o rumo que ele queria.

— Você é tudo, menos óbvio... — Eu rebati, com toda a sinceridade possível, e


vi Jungkook dar um passo para mais perto.

Eu não desviei meu olhar nem mesmo quando precisei inclinar meu rosto para
poder continuar olhando-o por estar tão próximo, mas foi impossível seguir
respirando normalmente quando ele segurou meu rosto com firmeza, mas
também com cuidado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu tenho que ser mais claro, então? — Ele perguntou, e eu senti o peso do
meu peito subindo e descendo com força quando respondi, um pouco
atordoado, com um balançar de cabeça.

Jungkook então desceu com a mão que estava em meu maxilar até minha
nuca e eu perdi um pouco do equilíbrio quando ele me puxou em sua direção,
me forçando a usar minhas próprias mãos para não deixar meu corpo se
chocar desastrosamente contra o seu.

Ainda com sua mão segurando minha nuca e as minhas espalmadas contra
seu abdômen, ele aproximou o rosto e o deixou dolorosamente perto, com seus
olhos escuros atraindo os meus como um imã atrai metal.

— Eu quero te beijar, Jimin, — Ele disse e então beijou o canto da minha boca
de forma demorada, me fazendo suspirar — mas eu também quero fazer muito
mais que isso com você.

De volta ao estado em que pensar deixou de ser uma opção, eu amassei sua
blusa com minhas mãos e fechei os olhos, ainda sentindo seus lábios tocando
minha bochecha daquele jeito tortuoso.

Jungkook então desceu com a mão que estava em meu maxilar até minha
nuca e eu perdi um pouco do equilíbrio quando ele me puxou em sua direção,
me forçando a usar minhas próprias mãos para não deixar meu corpo se
chocar desastrosamente contra o seu.

Ainda com sua mão segurando minha nuca e as minhas espalmadas contra
seu abdômen, ele aproximou o rosto e o deixou dolorosamente perto, com seus
olhos escuros atraindo os meus como um imã atrai metal.

— Eu quero te beijar, Jimin, — Ele disse e então beijou o canto da minha boca
de forma demorada, me fazendo suspirar — mas eu também quero fazer muito
mais que isso com você.

De volta ao estado em que pensar deixou de ser uma opção, eu amassei sua
blusa com minhas mãos e fechei os olhos, ainda sentindo seus lábios tocando
minha bochecha daquele jeito tortuoso.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Então faz, por favor... — Eu pedi, num sussurro quase sem forças, quando
movi meu rosto para o lado, tentando fazer minha boca alcançar a sua.

E eu consegui, mas Jungkook não deixou que eu fizesse mais nada, sorrindo
contra meus lábios ansiosos antes que sua mão soltasse minha nuca, sua boca
deixasse a minha e seu corpo se afastasse do meu.

- Por enquanto nós só vamos jantar, anjo. Você está pronto?

Eu abri os olhos de novo, sentindo vontade de chorar por ter me enchido de


esperanças ao achar que daria meu primeiro beijo de verdade para logo depois
perceber que Jungkook nunca pensou em deixar isso acontecer, não naquela
noite.

— Jungkook... — Eu chamei quando vi ele começar a caminhar em direção à


porta, ainda com aquele sorriso no rosto. — Jungkook... — Insisti, vendo que
ele parou de caminhar e me olhou, mas sem esperar que eu dissesse o que eu
queria.

Era muito óbvio, afinal.

— Eu não gosto de fazer isso, Jimin, mas você entende que eu preciso, não
é?- Ele disse, e eu não entendi do que ele estava falando até que completou.
— Você não pode ouvir minha conversa com outras pessoas e achar que não
vai ser castigado por isso.

Eu continuei em silêncio por um tempo, pego de surpresa por aquilo.

— Mas você disse que ia me perdoar — Choraminguei como se estivesse me


defendendo de um erro enorme. E mesmo sabendo que não era, Jungkook
fazia parecer que sim. Mais que isso, ele me fazia sentir que eu deveria mesmo
ser punido por ser tão curioso.

Mas aquilo era cruel demais.

— Agora eu perdoei, boneca. — Ele disse ainda com a sombra do sorriso em


seu rosto voltando a caminhar até a porta do flat. — Você não vem?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu sempre me deixava levar tão fácil por Jungkook. Ele podia me fazer de
bobo ao fingir que me beijaria e mesmo assim, ao ser chamado, eu tinha
vontade de segui-lo como um filhotinho obediente.

Mas dessa vez eu não estava só frustrado. Eu estava irritado. Então estanquei
meus pés no chão antes que eles tomassem a liberdade de me fazer correr até
onde Jungkook estava.

— Eu não quero mais ir. — Respondi, apertando meus punhos com força a
ponto de sentir as unhas machucando minhas palmas.

Jungkook parou de andar outra vez e me olhou em silêncio de uma forma que
quase me fez voltar atrás. Mas antes que eu o fizesse, ele mesmo piscou
devagar e assentiu, com calma.

— Então vamos ficar. — Ele anunciou, assim, simplesmente, antes de voltar a


caminhar até o sofá. Quando se sentou, já com o celular numa das mãos, ele
continuou. — Eu vou pedir nosso jantar. Você gosta de galbi-jjim?

Eu apertei ainda mais meus olhos e me senti muito mais frustrado que antes,
porque, mesmo irritado, eu queria sair com Jungkook.

Mas o pouco orgulho que eu tinha não me deixou anunciar isso em voz alta.
Ele foi cruel comigo, então pelo menos dessa vez eu não seria manipulado tão
fácil.

E tudo que eu fiz, depois de erguer os ombros numa resposta positiva, foi
caminhar até o sofá e me sentar na outra ponta

Dali até que o entregador chegasse com o pedido que ele tinha feito, eu não
falei sequer uma palavra. Apenas dobrei minhas pernas sobre o assento fofo,
apoiei meu queixo nos meus joelhos e esperei em silêncio enquanto Jungkook,
que parecia menos disposto ainda a ceder, se sentou diante da mesa de centro
com alguns papeis e começou a lê-los, quase como se eu não estivesse ali.

Durante o jantar eu estava ciente de que minha careta emburrada me fazia


parecer ainda mais infantil, mas incapaz de me conter mesmo enquanto eu
comia.

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E Jungkook também comeu em silêncio mesmo que sua expressão, diferente
da minha, fosse tão tranquila.

Minha cabeça ainda parecia que ia explodir só de pensar que nós poderíamos
ter nos beijado, mas ele parecia completamente alheio a isso e comia com
tanta serenidade que chegava a ser difícil acreditar que nós dois tínhamos
experienciado o mesmo momento.

Então eu o observava com as bochechas estufadas de comida e os olhos


cheios de aborrecimento, mas sempre abaixava o rosto e enfiava mais arroz na
boca quando ele me olhava também.

E nesse ritmo nós terminamos de comer sem que qualquer conversa tivesse
sido iniciada. Quando começou a arrumar a bagunça sobre a mesa de centro,
Jungkook o fez ainda sem falar comigo, mas ainda com a mesma expressão
calma.

Eu não entendia como, porque eu estava quase explodindo de frustração.

Então, sentindo meu orgulho quebrar por ver o tempo passar sem que eu
pudesse ficar perto de Jungkook do jeito que eu queria, acabei por me levantar,
juntando o resto do lixo sobre a mesa e levando-o até a cozinha, onde ele já
tinha começado a lavar os pratos.

Depois de separar o lixo, eu parei apertando uma mão na outra enquanto via
Jungkook enxaguar a pouca louça que tínhamos sujado.

Quando acabou, ele secou as mãos com calma e só então olhou para mim.

— Você pode dormir no quarto. — Ele disse com a entonação que sugeria, ou
exigia, que eu já fosse me deitar, mesmo que não fosse tão tarde assim. —
Amanhã nós vamos sair cedo.

Eu abaixei os olhos, sentindo que toda minha irritação anterior tinha sido
convertida em uma sensação mais mansa e um pouco mais desagradável.

— E se eu quiser ficar acordado com você? — Perguntei, um pouco sem jeito.

Mas Jungkook negou com um gesto suave.

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— Você não está se comportando bem, meu anjo — Ele disse ao se
desencostar do balcão da pia. — Vá dormir. Sozinho.

Com o peito queimando de arrependimento, eu vi Jungkook me deixar na


cozinha.

— Idiota! — Praguejei contra minha atitude, ou talvez contra minha própria


existência.

Eu sabia como as coisas funcionavam com ele, então porque tentei fazer do
meu jeito?

Meus pais sempre me ensinaram a respeitar a privacidade dos outros. Nada de


bisbilhotar, nada de escutar conversas sem permissão. Eu estava errado, então
merecia, sim, ser castigado.

Se eu tivesse aceitado isso e entendido que Jungkook só estava tentando me


disciplinar, nós poderíamos estar em algum restaurante, agora, juntos. Mas
tudo que eu consegui foi uma refeição silenciosa, sua declaração de que eu
estava mesmo me comportando mal e a opção única de ir dormir, sozinho.

Santo deus, eu estava muito arrependido.

Mas quando também voltei à sala, ainda sem saber se seria melhor obedecer
Jungkook em silêncio ou tentar me desculpar, vi que ele não estava ali.

Por sorte, o som do chuveiro logo me tranquilizou, anulando a possibilidade de


que ele teria saído.

Então eu esperei pelo que me pareceu uma eternidade, usando a desculpa de


que precisava esperar ele sair do banheiro para que eu pudesse escovar os
dentes, mas na verdade pouco preocupado com os detalhes da minha higiene.

Mas foi quando ele saiu, vestindo nada além de uma calça de pano, que eu
realmente senti que o arrependimento não cabia em mim.

— Jungkook... — Eu chamei com a voz de quem estava prestes a chorar,


porque era isso que aconteceria se ele não me deixasse tocá-lo outra vez.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Vá dormir, Jimin. — Foi tudo que ele disse, ficando de costas para mim
quando se abaixou para sentar diante dos documentos que estava lendo uma
hora antes.

Sentindo meu coração bater furiosamente contra meu peito, como se ele
mesmo estivesse tentando me castigar, eu engoli todo o meu pedido de
desculpas desajeitado e peguei meu pijama dentro da mochila como se essa
tarefa precisasse mesmo de tanto tempo para ser feita.

Depois, eu deixei a bolsa em cima do sofá, para ter um motivo para voltar na
sala, e fui ao banheiro.

Então depois de escovar meus dentes e deixar minha escova ao lado da dele,
eu tirei minha roupa feia, mas não vesti meu pijama porque, antes que o
fizesse, vi a blusa e a calça de Jungkook dobradas sobre uma das prateleiras
debaixo da pia.

Curioso como sempre fui, eu peguei sua blusa com a estampa de motocicletas
e a observei como se olhasse o item mais precioso do mundo. E talvez fosse,
porque ela ainda tinha o cheiro suave dele.

Decidindo me arriscar, eu acabei vestindo a camisa, confirmando também que


ela ficava enorme em mim. Mas a sensação de ter o cheiro dele tão perto foi
confortável, e eu me sentiria um pouco consolado de pudesse dormir daquele
jeito.

Então, com a blusa me cobrindo até um ponto um pouco acima da metade das
coxas, eu saí do banheiro e fui até a sala, disposto a implorar para que
Jungkook me deixasse dormir com ela.

Escondendo parte do corpo detrás da parede, eu o chamei outra vez, e mais


uma até que ele finalmente me olhasse.

Atento como era, ele não demorou a perceber o que eu estava vestindo,
mesmo que eu tentasse me esconder.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu posso dormir com ela? — Perguntei, um pouco ansioso, quando vi que
Jungkook não fez nada além de me olhar de um jeito que nunca tinha olhado
até então.

Ele então afastou o corpo da mesa de centro, ainda sentado no chão e ainda
me olhando, e gesticulou para que eu me aproximasse.

Eu só o fiz depois de apertar meus lábios com um pouco de insegurança, mas


finalmente caminhei até ele, usando minhas mãos para tentar puxar o tecido da
blusa mais para baixo como se isso pudesse cobrir minhas pernas expostas.

Quando parei na frente dele, Jungkook não fez nada além de subir o olhar por
minhas coxas, e então por meu tronco coberto desajeitadamente pela camisa
abotoada, até que finalmente parou em meu rosto.

Um pouco receoso diante do seu silêncio, eu insisti. — Eu prometo que vou me


comportar melhor, então deixa eu dormir com ela... por favor.

Mas ele não disse nada.

A única coisa que Jungkook fez foi levar uma de suas mãos até minha perna, e
então subiu com ela até os limites da pele exposta da minha coxa.

Seu olhar ainda pairava sobre mim, analisando cada pequena parte do meu
corpo, como se ele estivesse hipnotizado.

Eu sabia, porque era exatamente daquela forma que eu o olhava.

Mas então, quando eu achei que ele finalmente me daria uma resposta, o que
ele fez foi levar sua outra mão à minha outra perna. Quando ele me puxou, eu
perdi completamente o equilíbrio e cai sobre ele, no chão, com um grito
sufocado na garganta.

Com a respiração ainda atrapalhada pelo susto, mas principalmente por sentir
Jungkook me puxando de novo para mais perto até que eu estivesse sentado
sobre suas pernas, eu pela primeira vez entendi sem precisar me esforçar tanto
para isso.

Mesmo sem querer, eu fiz Jungkook perder o controle.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Então, me fazendo suspirar cada vez mais forte por sentir seus dedos
apertando minha coxa, ele segurou meu rosto com sua outra mão, exatamente
como tinha feito mais cedo, mas dessa vez com mais força.

— Você realmente dificulta as coisas pra mim, anjo — Ele disse, e eu gemi
arrastado quando senti meu lábio ser mordido e puxado por seus dentes de
forma lenta.

Por último, Jungkook pressionou sua boca sobre a minha e eu senti que meu
corpo estava prestes a pegar fogo quando ele voltou a falar.

— Prometa que não vai deixar ninguém saber.

Tomado por todo aquele calor, eu apenas balancei a cabeça para cima e para
baixo desesperadamente enquanto minhas mãos apertavam seus ombros,
tentando dar a ele a certeza de que eu não contaria nada a ninguém.

E esse foi o último fio de consciência que eu tive antes de sentir Jungkook me
beijar de verdade.

Mas ele não era calmo, nem cuidadoso.

O beijo de Jungkook era agressivo, com sua mão se enterrando em minha


coxa até me fazer gemer de dor, seus dedos apertando meu maxilar como se
nunca mais fosse me soltar e sua boca mordendo a minha com força.

E então, pela primeira vez, eu percebi que a dor me fazia tão bem.

— Abra a boca — Jungkook ordenou, baixo, ainda sem afastar seus lábios dos
meus.

Incapaz de ir contra qualquer ordem dele, eu fiz como ele pediu, sentindo um
suspiro oportunista escapar quando minha boca se abriu, mas também sem
tempo para fazer qualquer outra coisa porque Jungkook não esperou para
voltar a me beijar, e dessa vez eu senti sua língua finalmente encontrar a
minha.

Eu estava tonto. Tudo girava e eu precisei enterrar minhas unhas em seus


ombros para sentir que tinha algum sustento, mas eu o fiz com tanto desespero

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
que Jungkook gemeu e mordeu meu lábio mais uma vez, com mais força,
como se retribuísse a dor.

Era quase impossível acreditar que algo podia ser tão bom quanto aquilo.
Porque mesmo que eu não soubesse muito bem o que fazer, ele não me dava
tempo para pensar e então eu só deixava seus movimentos guiarem os meus.

E isso funcionou, até o momento em que eu perdi o controle e empurrei minha


ereção contra sua barriga, rebolando em seu colo, buscando qualquer coisa
que aliviasse a necessidade que eu sentia.

Quanto mais Jungkook me dava, mais eu queria.

Mas eu estava sendo ambicioso, e ele empurrou meu quadril para longe
quando parou de me beijar de repente.

Então ele me olhou enquanto minha respiração estava tão acelerada como se
eu tivesse acabado de correr uma maratona, e eu vi que até mesmo ele
respirava com dificuldade.

— Vamos parar aqui.

Eu senti minha expressão murchar de uma vez, negando copiosamente.

— Não, por favor, só mais um pouco — Eu pedi, tentando me aproximar mais


uma vez.

Mas Jungkook impediu, e então beijou minha bochecha com carinho. — Me


desculpe, anjo, mas eu já passei dos limites.

— Você não passou, eu juro—

— Você disse que ia se comportar — Ele me interrompeu, e suas mãos me


forçaram a ficar de pé. — Então não tente discutir.

Meu corpo queria seguir o impulso de voltar para seu beijo, mas a sequência
de acontecimentos anteriores me deu a certeza de que desobedecer nunca
seria a melhor opção.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Então mordi meu lábio, inconformado, mas acabei balançando a cabeça em
uma concordância insegura.

Jungkook sorriu, satisfeito, e eu vi quando ele tentou arrumar a calça para


esconder a ereção que eu já tinha sentido quando estava em seu colo.

— Você pode dormir com minha blusa. — Foi o que ele disse, a despeito da
atmosfera ainda tensa.

Eu assenti em silêncio pela segunda vez, mas não saí do lugar. Não tinha
forças para isso, e talvez meu corpo só me obedecesse se o comando fosse de
me jogar nos braços de Jungkook outra vez.

Talvez percebendo isso, ou talvez só atento à minha demora, ele insistiu. - Boa
noite, Jimin.

Então eu respirei fundo e juntei todas as minhas forças para obrigar minhas
pernas a se mexerem.

Quando peguei minha mochila sobre o sofá, eu caminhei, ainda um pouco


bambo, até o corredor, mas parei antes de ir até o único quarto do apartamento
e olhei para Jungkook uma última vez.

A situação era um pouco desagradável. Eu tinha uma ereção no meio das


pernas e a certeza de que a lembrança do seu toque não me deixaria em paz
por muito tempo, mas ainda assim eu sorri.

— Jungkook. — Eu chamei, sentindo meus olhos se fecharem ainda mais com


o sorriso que tomou conta do meu rosto.

Quando ele me olhou, eu finalmente anunciei, orgulhoso.

— Esse foi meu primeiro beijo. — Eu disse, talvez com as bochechas um


pouco coradas, e me virei para correr até o quarto logo depois.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Oi, posso falar uma coisa rapidinho?

No capítulo passado muita gente ficou com raiva do Kihyun porque ele se
referiu ao Jimin como "gordinho e engraçado". Mas gente, porque? Se o Kihyun
dissesse "baixinho e engraçado", no lugar, vocês ficariam com tanta raiva
quanto ficaram no primeiro caso? Porque assim como é baixinho, o Jimin é,
sim, gordinho aqui no início da fanfic e não tem nada de errado nisso.
Também não tem nada de errado em ser chamado assim (a não ser que exista
a intenção de ofender, mas não foi o caso). Então sem ódio por causa disso,
ok? <3

Sobre esse capítulo... sei lá hahahahaha Sempre parece melhor na minha


cabeça :(

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10 • Duality

Na manhã seguinte, eu descobri que acordar nem sempre é uma coisa ruim.

Pelo menos não quando quem te tira do sono é Jeon Jungkook.

Eu senti a mão dele acariciando minha cabeça e me encolhi um pouco mais


debaixo dos lençóis, com um sorriso pequeno no rosto.

Então cocei meus olhos sabendo que ainda deveriam estar um pouco
inchados, mas mais preocupado em admirar a maravilha que é Jungkook com
os cabelos molhados de manhã cedinho, sentado tão perto de mim.

— Dormiu bem? — Ele perguntou, e eu assenti ainda sonolento.

— Você fica fofo com o cabelo molhado — Eu disse, um pouco tímido.

Fofo com certeza não seria o adjetivo mais apropriado pra descrever Jungkook
como um todo, mas, naquele momento, existia sim uma qualidade adorável na
forma como os fios escuros caíam úmidos sobre sua testa.

— Fofo? — Ele repetiu, sorrindo um pouco com a improbabilidade de ser


elogiado desse jeito.

— É. — Envergonhado, eu puxei o lençol para cobrir meu rosto até o nariz. —


Muito fofo.

Jungkook não demorou em tirar a coberta de cima da minha cabeça, com


cuidado, e então ele se inclinou até que seu rosto estivesse bem próximo do
meu para beijar minha bochecha gordinha de forma demorada.

— Obrigado, anjo. — Ele disse e me beijou mais uma vez, no mesmo lugar. —
Agora levante, você precisa tomar café.

Se não fossem seus braços me segurando e me ajudando a sentar, eu


provavelmente continuaria jogado naquela cama, incapaz de me mover por

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
horas e horas, porque estava completamente derretido com os beijos que ele
me deu.

E quando finalmente me sentei, mordendo meu lábio inferior e tocando em


minha bochecha que ainda formigava com o toque de sua boca, eu percebi que
não precisaria ir mais longe que isso para poder comer, porque Jungkook já
tinha levado o café da manhã na cama.

Então olhei para a bandeja cuidadosamente colocada do outro lado da cama


de casal e depois olhei para ele, com os olhos brilhando.

— É pra mim? — Perguntei, estupidamente, como se pudesse ser para outra


pessoa.

Jungkook respondeu colocando a bandeja sobre minhas pernas ainda cobertas


pelo lençol — e só por ele, porque eu ainda não vestia nada além de uma
cueca e sua blusa.

— Trouxe muita coisa? — Ele retrucou, olhando para as várias porções


servidas. — Eu não sabia o que você gosta de comer, então acabei comprando
um pouco de tudo.

Eu neguei com a cabeça, um pouco atrapalhado.

Tinha, sim, muita comida, mas eu estava mais impressionado com a forma
como Jungkook parecia preocupado em acertar meus gostos.

Mais que isso, uma olhada rápida no seu relógio de pulso e eu descobri que
ainda eram sete e meia da manhã, mas ele já parecia ter tomado banho, se
vestido, tomado seu próprio café e comprado o meu.

E se acordar tão cedo pra fazer tudo isso não era motivo o suficiente pra me
fazer acreditar que ele não era do tipo de homem que cede à preguiça, lembrar
que a luz da sala continuava acesa até mesmo quando eu acordei, de
madrugada, foi o fato final para me dar essa certeza.

Então eu o olhei, mastigando lentamente um pedaço de tofu temperado, e


apoiei minha mão com os hashis sobre a bandeja.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— A comida tá gostosa — eu parei, apertando meus lábios antes de continuar -
mas parece que você dormiu só um pouquinho...

Jungkook sorriu mais uma vez, daquele jeito discreto que já me parecia tão
familiar.

— Eu dormi o suficiente, anjo.

Eu concordei com a cabeça, mesmo ainda achando que ele podia ter
descansado mais, e então fiquei quietinho, um pouco preocupado.

Por me ver parado tempo demais, ignorando até mesmo a comida, ele tirou os
chopsticks de minha mão. Então pegou um pedaço de carne fatiada e levou até
minha boca.

— Eu pareço cansado? — Ele perguntou, e usou o polegar para limpar o molho


que acabou pingando em meu queixo. Eu neguei, ainda em silêncio. — Então
não precisa se preocupar com isso, meu bem.

Então eu finalmente concordei, de verdade, aceitando seus argumentos, mas


um pouco incomodado quando ele colocou os hashis de volta sobre a bandeja.

Antes que Jungkook os soltasse, então, eu coloquei minha mão sobre a sua,
num pedido mudo que ele pareceu entender depois de olhar para meu rosto
ansioso.

Ele piscou devagar, paciente, e se sentou ainda mais próximo antes de levar
uma pequena porção de arroz até minha boca.

E ele fez isso com toda a comida, até que acabasse.

Nos últimos meses, eu me privava de comer tanto no café-da-manhã ou em


qualquer outra refeição, porque não queria engordar.

Nessa manhã, entretanto, eu comi tudo que ele levou para mim e acho que
ainda comeria mais, sem peso na consciência, se ele continuasse dando a
comida na minha boca.

Parecia um gesto tão despretensioso, à primeira vista, e talvez um pouco


incômodo se eu me deixasse levar pela sensação de que aquilo me faria
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
parecer ainda mais novo do que eu realmente era, por achar que estava sendo
tratado como uma criança.

Mas, na verdade, isso teve outro significado para mim. E eu senti carinho e
cuidado na forma como Jungkook o fez pacientemente, até o final.

E então eu tinha mais um item para adicionar à já extensa lista de coisas que
me faziam suspirar por esse homem.

— Agora vá se arrumar, anjo — Ele disse, tirando a bandeja de cima do meu


colo e equilibrando-a em cima do criado mudo ao lado. — Eu não gosto de me
atrasar.

— O que nós vamos fazer agora? — Eu perguntei, animado com a ideia de


sairmos juntos depois de não o termos feito na noite anterior, e coloquei
minhas pernas para fora da cama, deixando-as livres do lençol.

Jungkook olhou diretamente para minhas coxas expostas, e eu precisei apertar


meus lábios para não evidenciar um sorriso quando vi a forma como ele
desviou os olhos minimamente, depois de me observar sem responder minha
pergunta.

Então ele pegou a coberta fina e jogou sobre minhas pernas, cobrindo-as outra
vez.

Eu tenho certeza de que ouvi um palavrão sussurrado escapar de seus lábios,


mas o que ele disse para que eu ouvisse foi outra coisa.

— Eu vou te esperar lá embaixo. — Anunciou ao ficar de pé e pegar a bandeja


logo antes de sair do quarto.

Eu continuei parado, ainda mordendo meu lábio com um sorriso insistente,


antes de me livrar do lençol outra vez.

E então fui eu quem olhei para minhas coxas. Sempre foram grossas, alvos de
comentários maldosos e do meu próprio repúdio por elas.

Mas ali, pela primeira vez, eu as aceitei do jeito que eram. Mais que isso, eu
gostei que fossem.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Porque elas pareciam testar o autocontrole de alguém tão comedido como
Jungkook. Porque foram elas, na noite anterior, que fizeram aquele beijo
acontecer.

E eu podia acreditar que tinha sido um sonho, mas as marquinhas dos seus
dedos em minha perna, no lugar onde ele apertou com força - e me fez gostar
tanto, me provavam que tinha sido real.

Lembrando do seu toque agressivo e do seu beijo delicioso, eu deixei meu


corpo tombar para trás, deitado outra vez na cama, e cobri meu rosto com
ambas as mãos enquanto sorria o maior sorriso do mundo.

Só depois de ficar desse jeito pelo tempo que considerei necessário para me
recompor, é que eu finalmente sai do quarto e fui até o banheiro.

Quando terminei de me arrumar, vestindo uma roupa tão desgraçada quanto a


da noite anterior, mas evidentemente menos incomodado por isso, eu deixei o
flat e encontrei Jungkook no hall de entrada do condomínio

Mas antes que eu entregasse a chave a ele e perguntasse outra vez para onde
iríamos, eu senti meus pés travarem por ver aqueles cabelos cor-de-rosa.

— Finalmente! Já tava achando que tinha descido pela descarga — Kihyun


disse ao me ver.

Eu ignorei o comentário dele e olhei para Jungkook, visivelmente incomodado


com a companhia inesperada e indesejada.

Não queria que Kihyun estivesse ali.

Aliás, por que estava?

— Ele também precisa ir — Jungkook disse, se aproximando de mim e


colocando uma mão em minhas costas para me guiar para fora do prédio. —
Infelizmente.

— Infelizmente? — Kihyun repetiu, exagerado, enquanto nos seguia. — Eu


estou aqui abrindo mão do meu dia de folga pra te fazer um favor e é assim
que você me agradece? Que ingrato.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Seu favor não é de graça, é? — Ele rebateu quando paramos diante de um
carro que supus ser de Kihyun, porque ele logo foi para o lado do motorista. —
Você vai ser recompensado por isso, então não fique sensível demais.

Eu apertei um pouco meus punhos, enciumado por ouvir Jungkook falar sobre
recompensar outra pessoa.

— Ei, Jimin — Kihyun me chamou e me olhou por cima do carro. — Sabe como
ele vai me recompensar?

Eu olhei para Jungkook, depois olhei pro abusado outra vez.

— Porque você não me deixa em paz? — Resmunguei, emburrado.

Eu ouvi Jungkook deixar escapar um som de uma risada mal contida, mas ele
logo disfarçou quando abriu a porta do banco traseiro pra mim.

— Entre. — Jungkook disse. — Quanto mais rápidos nós formos, mais rápido
nos livramos dele.

— Pode não parecer, mas eu tenho sentimentos. Vocês são cruéis. — Kihyun
dramatizou, mas eu não esperei nem um segundo antes de entrar no carro,
porque o argumento de Jungkook me convenceu num piscar de olhos.

Sentado no meio do banco do fundo, com os braços cruzados e a expressão


ainda irritadiça, eu esperei que eles dois também entrassem, mas antes
coloquei o cinto de segurança porque se as habilidades de Kihyun dirigindo
fossem tão ruins quando sua existência, eu estava ferrado.

Antes de dar partida no carro, entretanto, ele olhou para mim por cima do
ombro com o sorriso de sempre.

— Aliás, bebê, eu até imagino como o Jungkook te recompensa quando você


se comporta do jeito que ele quer, mas pra mim ele só vai pagar um almoço
mesmo. Não precisa ficar tão ciumento. — Ele disse, e finalmente ligou o carro
quando completou, suspirando. — Essas crianças de hoje em dia...

Eu estava aliviado por descobrir que Jungkook não o agradaria com nada além
de uma refeição, mas continuei irritado por ter sido chamado de criança.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu tenho dezesseis anos — Corrigi, bufando ainda com os braços cruzados.

Eu sei que minha atitude realmente me fazia parecer um pré-adolescente, mas


eu não me importava.

— E eu tenho vinte e cinco, então pra mim você é uma criança, sim.

— Nossa, e você é uma múmia, contemporâneo de Matusalém, mais velho que


o próprio tempo!

Ele me olhou pelo retrovisor interno logo antes de explodir em risadas, e até
mesmo Jungkook riu da minha resposta malcriada.

— Que grosseiro. — Kihyun disse quando parou de rir, muito tempo depois, e
ficou só com um sorriso no rosto. Ele então olhou para Jungkook quando parou
num sinal vermelho. — Parece que ele só se comporta com você, hein?

— Você que tira a paciência de qualquer um. — Ele respondeu, simplesmente.

— Obrigado. Eu realmente me esforço pra isso — Kihyun fez um gesto


exagerado, arrancando mais uma risada discreta de Jungkook.

Quando ele olhou pra mim com aquele cabelo rosa idiota, eu mostrei minha
língua, ainda emburrado.

Ele riu ainda mais, voltando a prestar atenção na pista quando o sinal abriu.

— Nem eu posso negar, gato — Ele disse, para Jungkook. — O menino é uma
gracinha. Posso apertar as bochechas dele?

— Só dirige, Kihyun.

— Tá, tá... vou ficar quieto, prometo. — Ele cedeu, finalmente.

Mas é claro que ele não ficou calado, e eu fui obrigado a ouvir sua voz por
quase todo o caminho até chegarmos ao nosso destino misterioso.

E então eu arregalei um pouco os olhos, porque Jungkook não tinha mentido


tanto assim para meus pais.

Ele realmente estava me levando ao campus da Chosun.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Os cursos daqui são voltados pro campo tecnológico, então basicamente
todos os prédios são de engenharia ou de ciências exatas. — Kihyun disse
depois que passamos pelo primeiro prédio dentro da universidade, e era
estranho vê-lo falando sem qualquer deboche. Ele então me olhou pelo
retrovisor outra vez. — Não tem nada de muito interessante nos
departamentos, então vamos direto ao melhor lugar do campus.

Eu não disse nada. Só me livrei do cinto e deslizei no banco até parar perto da
janela, por onde comecei a observar, impressionado, todos os prédios da
universidade.

Aquilo era enorme, parecia uma outra cidade no meio de Gwangsan-gu.

Quando Kihyun finalmente estacionou na frente de uma outra construção, nós


descemos do carro e eu continuei a olhar ao redor como um bobo.

Eu estava impressionado de verdade, mas a real surpresa veio quando eu olhei


para uma placa de vidro na frente do prédio diante de nós e vi o nome da
Bangtan gravado nela.

— Jungkook! — Eu apontei, como se tivesse visto a coisa mais incrível do


mundo. - Sua empresa!

— Isso, bebê — Kihyun disse, caminhando em direção à entrada do bloco. —


Esse galpão foi financiado pela Bangtan - Ele completou, destravando as
portas de vidro com um cartão magnético. Então ele fez uma reverência, nos
convidando a entrar. — E é aqui que eu trabalho. Bem vindos ao Centro de
Desenvolvimento de Hardware da Chosun.

— É enorme! — Eu disse quando passei para dentro, com os olhos


arregalados e a boca aberta. — Vocês deram de presente da universidade? —
Perguntei para Jungkook, e vi que ele sorriu com minha inocência.

— As coisas não funcionam assim, anjo.

— Você sabe com o que a Bangtan trabalha? — Foi Kihyun quem perguntou,
ao ver como eu parecia confuso.

Eu neguei, também seguindo-o.


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— Consultoria em sistemas tecnológicos e desenvolvimento de software e
hardware. — Foi Kihyun quem disse, usando seu cartão para abrir uma outra
porta. Então nós demos de cara com o que parecia o laboratório de robótica do
meu colégio, só que muito maior, com algumas pessoas trabalhando tão
concentradas que nem se incomodaram com nossa presença. — Isso quer
dizer que a Bangtan produz tecnologia de alta dispersão, mas também trabalha
criando ou adaptando o que já existe no mercado pra atender as necessidades
específicas das empresas que buscam consultoria. Os softwares são
retrabalhados e o hardware também precisa ser melhorado pra suportar os
novos sistemas.

Kihyun pegou uma peça em cima do enorme balcão, e me deu. Uma coisa
metálica, não muito grande, e eu definitivamente não sabia o que era.

— Todas as filiais tinham capacidade de atender as regiões onde estão


instaladas, menos a de Gwangju. Ela tinha os consultores e os
desenvolvedores de software em Nam-gu, mas todos os projetos de hardware
eram enviados à sede em Seul porque não existia um polo de desenvolvimento
no estado. Isso não era econômico e acabava atrasando todos os projetos,
então a Bangtan fez uma parceria com a Chosun e agora o hardware é
trabalhado aqui.

— Ele apontou para o objeto que eu tinha em mãos. — Esse tesouro que você
tá segurando é um protótipo do processador que suporta o novo sistema de
logística de uma distribuidora nacional. Quando ficar pronto, vai ser o melhor
do mercado, e foi minha equipe que desenvolveu.

— Hm... — Eu olhei pro negócio de novo, depois apertei meus ombros, sem
saber o que fazer ou dizer. — Legal...?

Kihyun suspirou e voltou a tirar o tal do processador incrível das minhas mãos,
colocando-o sobre a bancada.

— Ele claramente não está interessado — Resmungou, respirando fundo, e


caminhou para fora do laboratório. — Deixa eu mostrar logo o resto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Depois, Kihyun mostrou os outros laboratórios. Quando o tour pelo prédio da
Bangtan acabou, ele nos levou para mostrar os departamentos, a biblioteca e
os outros centros de pesquisa. Era tudo tão grande e tão organizado que eu
não conseguia parar de olhar admirado para todos os cantos.

Eu nunca tinha imaginado que um dia ficaria impressionado com uma


universidade, porque, até então, eu repudiava a ideia de frequentar uma. Mas
por um momento, enquanto eu via todas aquelas coisas, eu me imaginei ali.

Só por um momento, entretanto. Porque logo depois eu lembrei como era


burro. Nunca conseguiria ingressar em uma universidade, quem dirá sair de la
com um diploma.

Além disso, eu tive que lidar com o desconforto de ficar sozinho com Kihyun
nas duas vezes em que Jungkook se afastou para atender ligações.

Quando paramos diante do restaurante onde almoçaríamos, isso aconteceu de


novo, e eu o vi caminhar um pouco mais para longe depois de dizer que nós
poderíamos entrar primeiro. Mas nós não o fizemos, e continuamos esperando
do lado de fora, juntos e em silêncio.

Kihyun estava encostado na porta do seu carro, brincando com seus fios
coloridos, e eu me sentei num banco de madeira na calçada para mexer no
meu celular e não precisar olhar para ele.

Mas a tentativa de anular qualquer possível interação foi jogada no lixo quando
ele me chamou. Eu o ignorei de primeira, claro, me fiz de doido e fingi que não
era comigo.

Impaciente, entretanto, ele esticou o pé e chutou minha canela, e então eu não


tive outra alternativa.

— Ah, você tava falando comigo? — Questionei, meio fingido, e ele arqueou as
sobrancelhas num gesto que não interpretei muito bem, mas parecia que
estava se divertindo.

— É difícil te entender, sabia? — Ele comentou, cruzando os braços. — Como


você consegue ser tão manso com o Jungkook e agir assim comigo?

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— Deve ser porque eu gosto do Jungkook, mas não te suporto — Respondi
baixinho. Nem era pra ele escutar, mas parece que ele escutou na mesma, e
eu logo ouvi sua risada.

— Ok, eu posso lidar com isso. — Ele disse, e eu vi sua feição se tornar um
pouco mais séria quando ele olhou para o lado por algum tempo antes de voltar
a olhar para mim. — Eu sei que meu humor pode ser desconfortável pra muita
gente, mas eu não tenho nada contra você, Jimin.

Eu apertei meus olhos, um pouco desconfiado — Porque você tá falando como


uma pessoa normal? — perguntei, ainda pego de surpresa.

Ele estalou a língua nos dentes, e se impulsionou para caminhar até o banco e
sentar ao meu lado.

— Isso não acontece com frequência, mas eu vou falar sério — Ele disse, e eu
me afastei um pouco com uma careta de puro estranhamento. Então ele
continuou: — O que é isso que tá acontecendo entre vocês dois?

Eu desfiz minha careta, mas continuei confuso. — Como assim?

Kihyun olhou para onde Jungkook estava, ainda falando no telefone com
alguém, e depois deixou a cabeça tombar para trás. — Eu posso apostar um
rim que todas essas ligações que ele recebeu são relacionadas ao trabalho. —
— - Ele disse, esclarecendo poucas coisas. Eu conheço o Jungkook há um
bom tempo e sei como funciona a vida dele, Jimin.

Eu apertei um pouco meus olhos, constrangido por não entender onde ele
estava querendo chegar.

— Eu sou um pouco lento, então... o que você quer dizer?

— Ele assume cada vez mais responsabilidades na Bangtan e esse ano é o


último ano dele na universidade. — Ele disse, olhando para mim outra vez, e é
realmente estranho lidar com essa versão séria do Kihyun. — Jungkook não
tem tempo, mas mesmo assim ele deu um jeito de te trazer aqui. Você é novo
demais, mora longe e não parece saber o mínimo sobre ele, mas, mesmo
assim...

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— Ele repetiu, e suspirou ao final. — Eu só quero entender o que é isso. Eu
ainda nem descartei a possibilidade de ele ter ficado louco com tantas
responsabilidades, porque não faz sentido nenhum alguém como o Jungkook
que eu conheço fazendo esse tipo de coisa.

Eu olhei para minhas mãos espalmadas sobre minhas pernas, e minha primeira
resposta foi um balançar de ombros um pouco desajeitado. Depois, eu
finalmente comecei a organizar minha fala.

— Eu não sei. — Disse, sinceramente, sem levantar meus olhos — Eu


realmente não sei porque me sinto assim por ele, mas é tão forte que chega a
assustar. E eu entendo menos ainda porque ele parece... — Eu parei, porque
parecia pretensioso demais colocar aquilo em palavras. Mesmo assim, fui até o
final. — Porque ele parece me corresponder.

Kihyun respirou fundo, e depois soltou todo o ar de forma sonora.

— A vida tem dessas, as vezes. Algumas coisas realmente acontecem sem


que ninguém consiga entender. Acho que vou aceitar que é o caso de vocês
dois.

Eu sorri fraco, ainda um pouco atrapalhado pela conversa inesperada.

— Mas quer saber? — Ele voltou a falar, e eu o olhei ao perceber a entonação


provocativa em sua voz dando as caras de novo. — Ainda tenho certeza de
que eu seria a melhor opção pra ele.

Minha careta de desgosto voltou imediatamente, mas antes que eu pudesse


rebater, Jungkook se aproximou, e nós finalmente entramos no restaurante.

Durante a refeição, Kihyun voltou a me provocar e é claro que eu ficava irritado


e acabava chutando suas pernas por baixo da mesa. Mesmo assim, eu sentia
que não precisava mais odiá-lo. Não tanto quanto no começo do dia, pelo
menos.

Mas meu momento favorito foi quando ele foi embora. Por mais que sua
companhia tivesse se tornado mais tolerável, eu ainda queria ficar sozinho com
Jungkook.

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— Pra onde a gente tá indo agora? — Eu perguntei quando saímos de uma
sorveteria, e logo depois lambi a bola de sorvete de pistache.

Jungkook não comprou nada para ele, porque não gostava de doces.

Era uma informação muito pequena, mas eu fiquei feliz de descobrir mais uma
coisa sobre ele, ainda que essa coisa fosse algo tão inaceitável quanto não
gostar de sobremesas.

— Um lugar que Kihyun sugeriu. — Ele disse, caminhando ao meu lado com as
mãos nos bolsos de sua calça. — Acho que não fica muito longe daqui.

Eu segurei o sorvete com as duas mãos e limpei os cantos da boca com a


língua antes de sorrir, erguendo meu rosto para olhar para ele.

A diferença de altura era tão grande, e eu me perguntava se algum dia seria


tão alto quanto ele ou se pareceria sempre tão pequeno quando estivesse ao
seu lado.

— Jungkook — Eu chamei, e ele parou de andar ao ver que eu tinha feito o


mesmo. Quando ele me olhou, esperando que eu continuasse, eu perguntei: —
Isso é um encontro?

Ele inclinou o rosto suavemente para o lado, com o mesmo sorriso pequeno de
sempre.

— Você quer que seja, anjo?

Eu nem pensei antes de balançar a cabeça pra cima e pra baixo, ansioso.

— Então vai ser. — Ele disse, e tirou uma de suas mãos dos bolsos de sua
calça e usou as pontas dos dedos para arrumar os cabelos em minha testa.

Depois ele segurou uma de minhas mãos e a beijou nas costas antes de
entrelaçar nossos dedos e me puxar fraquinho para que voltássemos a
caminhar.

Focado demais em ver nossas mãos juntinhas enquanto andávamos pela


calçada, eu esqueci até mesmo do meu sorvete, e só lembrei quando ele
começou a derreter.
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Depois de caminharmos por mais algum tempo, então, nós chegamos a um
parque enorme.

O céu estava limpinho, sem nuvens, e o sol do meio de tarde ainda brilhava
bem forte, mas nós nos escondemos debaixo da sombra de uma árvore bem
perto de um lago.

Outras pessoas se reuniam em outros lugares, mas ali parecia que éramos só
nós dois. Ou talvez eu que ignorasse o resto do mundo, porque Jungkook era a
única coisa que me interessava.

Quando ele sentou sobre a grama verde e se encostou no caule largo da


árvore, eu caminhei para me sentar ao seu lado, mas Jungkook me puxou e me
fez sentar entre suas pernas.

— Fique aqui. — Ele disse quando me puxou para trás, até que minhas costas
se apoiassem em seu peitoral.

Suas pernas estavam dobradas de cada lado do meu corpo, e eu senti meu
coração desandar de vez quando ele me abraçou.

Eu estava tão feliz que poderia sair correndo e dando cambalhotas por todo
aquele parque, mas eu não queria perder nem um segundo daquele abraço e
do calor de Jungkook, então fiquei quietinho, quase como se tivesse medo de
que qualquer movimento pudesse me afastar dele.

Por algum tempo que não pensei em contar, nós ficamos em silêncio, e tudo
que se ouvia era o som de um grupo de amigos jogando em algum lugar
afastado e do vento nas folhas acima de nós dois.

Aquela sensação era tão incrível. Meu coração ainda batia desesperado, e
minhas mãos suavam, mas eu me sentia em paz.

Era a inesperada junção de ansiedade e calmaria. Algo tão improvável, mas


ainda assim possível porque era Jungkook quem estava ali.

Eu só queria parar no tempo, ficar protegido naquele abraço e esquecer que,


nesse mesmo dia, eu teria que ir embora.

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Quando Jungkook começou a acariciar minha mão, ainda me abraçando, eu
empurrei qualquer sentimento negativo pra um lugar no fundo da minha
cabeça.

— Minha mão parece a de uma criança quando tá perto da sua — Eu disse


quando apoiei minha palma na dele, vendo que meus dedinhos curtos
pareciam ainda menores perto dos longos de Jungkook.

— Eu realmente gosto dela. — Jungkook respondeu, ainda deixando sua mão


contra a minha, como se gostasse de ver o contraste.

Eu sorri mais um pouco, e exibi minha outra palma.

— Quando eu era mais novo, minha mãe dizia que eu podia ter o mundo na
palma da minha mão. — Confessei, sem saber porque o estava fazendo. —
Hoje em dia ela não diz mais. Acho que percebeu que minhas mãos são
pequenas demais pra isso.

Jungkook entrelaçou nossos dedos de novo, com cuidado.

— Ou talvez ela só esteja esperando você descobrir sozinho que é capaz


disso.

Eu sorri, mas era um sorriso um pouco frustrado. — Eu não sou bom em nada,
nem sei o que fazer com minha própria vida depois que sair da escola...
pessoas como eu não conquistam o mundo.

— Pessoas como você não conseguem ver o quanto são incríveis. É diferente,
meu bem.

Eu me encolhi um pouco mais. Jungkook realmente não sabia que estava


falando com uma pessoa que não tem talento nenhum, nem alguma meta mais
nobre que conseguir dormir oito horas por dia.

— Eu não sou incrível... — Eu disse baixinho

Ele parecia acreditar que existia algum potencial escondido dentro de mim,
mas eu sempre pude dizer, com certeza, que não existia.

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E eu tive medo de que essa ideia errada fosse o único motivo que ele tinha pra
parecer tão interessado em mim.

— Esse não é o tipo de coisa que eu ou sua mãe vamos conseguir provar,
anjo. - Ele disse, ainda calmo. — Mas espero que um dia você consiga ver tudo
que eu vejo quando olho pra você.

Eu respirei fundo, totalmente pego de surpresa.

O que Jungkook via em mim? O que tinha pra ser visto em uma pessoa como
eu?

— E ser ruim em algumas coisas não faz com que você seja ruim em tudo. —
Ele continuou, enquanto eu tentava aceitar cada uma de suas palavras. —
Lembre que eu não conseguia dizer meu próprio nome até os cinco anos, mas
até que me saí bem em outros aspectos da vida.

Eu não queria, não queria mesmo, mas foi impossível conter a risada alta que
escapou quando ele terminou de falar. Até cobri a boca com as duas mãos,
mas não deu jeito.

Mas foi quando Jungkook beijou meu pescoço e eu senti seu sorriso contra
minha pele que percebi que, talvez, fosse exatamente aquilo que ele queria.

Então eu me mexi sobre a grama até sentar de frente pra ele, ainda sorrindo.

— Eu nunca ouvi você dizendo seu nome — Eu falei, risonho. — Deixa eu


ouvir. Quero ver se você já sabe dizer certinho mesmo.

O sorriso dele começou a diminuir, e ele levantou as sobrancelhas para mim,


me fazendo sentir que tinha passado dos limites.

Mas então ele disse. — Jeon Jungkook.

Eu sorri de novo, ainda mais, mas só até perceber a forma como Jungkook
estava me olhando.

Posso jurar que os olhos dele estavam brilhando e ele tinha aquele sorriso de
quem sorri quase sem perceber. E ele estava assim enquanto olhava para
mim.
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Então eu pensei, pela primeira vez. Pensei muito bem, enquanto deixava seu
olhar prender o meu, mas no fim o resultado foi o mesmo de quando me deixei
agir por impulso.

Eu me ajoelhei ainda entre suas pernas, apoiei minhas mãos em seu peitoral e
beijei sua boca.

Dessa vez, entretanto, eu não me afastei logo depois. Deixei meus lábios
contra os seus, mas sem tentar nada além disso, porque sei que Jungkook não
deixaria.

Quando ele afastou seu rosto do meu, sem pressa, eu senti sua mão em minha
bochecha fazendo aquele carinho que me deixava sem reação.

— Você pensou em mim quando eu fui embora? — Ele perguntou, de repente.

— Sim. — Respondi, sem hesitar.

— Vai pensar quando voltar pra sua casa?

— Mais ainda.

Ele piscou daquela forma lenta, e então me puxou até que eu me aninhasse de
novo entre suas pernas, dessa vez com a lateral do meu corpo pressionada
contra seu tronco e minha cabeça apoiada em seu ombro.

Eu deixaria que o silêncio voltasse, mas antes precisava saber.

— E você? — Eu perguntei. — Você... pensou em mim?

Ele suspirou com as pontas dos dedos deslizando por meu braço, me fazendo
arrepiar.

— Tanto que achei que estava ficando louco.

Então eu me encolhi ainda mais contra ele e fechei meus olhos.

Eu não estava mais sorrindo, mas me sentia a pessoa mais feliz do mundo.

Mas só até o sol começar a se pôr. Quando o céu ficou colorido com aqueles
tons de laranja, Jungkook disse a única coisa que eu não queria ouvir.

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— Nós precisamos voltar.

Eu sabia que nós não voltaríamos só para o hotel. Eu voltaria para Nam-gu.

Então por todo o caminho de volta, que nos concordamos em fazer a pé


porque, sem precisar dizer coisa alguma para que soubéssemos, queríamos
ficar o máximo de tempo possível juntos, eu segurei a mão de Jungkook com
ainda mais força que antes.

Quando entramos no apartamento, ainda de mãos dadas, ele finalmente me


soltou.

— Pegue suas coisas, anjo. O carro que vai te levar já está chegando —
Jungkook disse, mas eu levei mais que dez segundos para me mover.

Enquanto arrumava tudo de volta dentro da mochila, eu sentia minha


respiração cada vez mais pesada, cada vez mais difícil.

Eu não sabia o que aquilo significava. Eu ficaria mais três meses sem ver, sem
tocar e sem ouvir a voz de Jungkook? Ou eu nunca mais o veria?

A possibilidade de me deparar com a segunda opção me tirou as forças, e eu


me ajoelhei no chão com a mochila já pronta, tentando não deixar nenhuma
lágrima escapar.

Jungkook me fez sentir as coisas mais incríveis e nós não passamos mais que
vinte e quatro horas juntos. E eu não conseguia parar de pensar em quanto
tempo eu ficaria longe dele e longe de cada uma dessas sensações.

Minha vida sempre foi sem graça, presa à inércia da mesmice. Mas depois que
eu o vi pela primeira vez, ainda mesmo antes que ele me dissesse a primeira
palavra, tudo pareceu desandar da melhor forma possível.

Como eu li uma vez em algum lugar, depois que se anda de montanha russa,
ninguém quer voltar pro carrossel.

E Jungkook era a minha montanha russa.

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Então eu não sei quanto tempo fiquei daquele jeito, segurando o choro, mas
meus esforços foram em vão. Porque assim que vi Jungkook entrar no quarto,
eu comecei a chorar.

Não como chorei quando meu coelho fugiu ou quando meu avô morreu. Era um
choro silencioso, por mais doloroso que fosse.

— Me deixa ficar mais um pouco com você, por favor, por favor! — Eu pedi, me
agarrando a ele com força quando ele se ajoelhou ao meu lado e me abraçou,
ainda em silêncio.

Ele não disse nada por algum tempo, enquanto apertava seus braços ao meu
redor.

— Eu não quero deixar você ir, meu anjo - Ele disse, finalmente. — Mas eu não
consigo me concentrar com você por perto.

Eu sabia que Jungkook tinha muito a fazer. O que Kihyun disse, e a forma
como eu percebi que ele trabalhou durante a madrugada enquanto eu dormia,
me faziam ter certeza de que ele já tinha feito seus esforços pra poder passar
um tempo comigo.

Mesmo assim, eu era egoísta e queria mais. Então eu não o soltei por muito
tempo, até que ele me obrigasse a isso quando seu celular apitou com alguma
notificação.

— O carro já chegou.

Eu apertei o tecido de sua blusa entre minhas mãos enquanto meu peito subia
e descia com tanta força.

— Promete que você vai voltar. Eu só vou embora se você prometer, Jungkook

— Eu vou voltar, meu bem. Não precisa pedir.

Eu balancei a cabeça num gesto fraco, secando as lágrimas com as costas das
minhas mãos.

— Eu vou acreditar em você.

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Ele se abaixou para pegar minha mochila, e a carregou por todo o tempo desde
que saímos do apartamento até chegarmos à entrada do prédio.

Quando paramos diante do carro, ele abriu a porta para mim, me entregou
minhas coisas e falou alguma coisa com o motorista, mas eu não prestei
atenção porque só conseguia olhar para seu rosto, tentando gravar todos os
detalhes desde o pequeno sinal embaixo de sua boca até sua cicatriz.

Ele então olhou para mim quando eu já estava sentado, abraçando minha
mochila.

Eu fechei os olhos com força e senti minha respiração falhar quando ele beijou
minha mão antes de beijar minha testa.

— Até a próxima vez, meu anjo. — Foi a última coisa que ele disse, antes de
fechar a porta.

Meu coração doía e minha visão estava completamente embaçada quando eu


apoiei minhas mãos na janela e vi Jungkook ficando cada vez mais para trás
enquanto o carro avançava pela rua.

— Não, não, não... — Eu murmurei, desesperado, quando não conseguia mais


enxergá-lo por estar longe demais.

— Tudo bem? — O motorista perguntou, preocupado.

— Para o carro, por favor — Eu pedi como se minha vida dependesse daquilo.
— Eu preciso voltar, para o carro, por favor!

Ele não me questionou, só estacionou no primeiro lugar seguro.

Então eu abri a porta e pulei para fora na mesma hora, correndo todo o
caminho de volta até minhas pernas doerem.

Quando eu cheguei na frente do prédio, com os pulmões ardendo e as pernas


tremendo, Jungkook não estava mais na calçada.

Mas ele estava na recepção vazia do prédio, encostado na parede com os


olhos fechados e a cabeça tombada para trás.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Mesmo que estivesse a ponto de desmontar, eu voltei a correr e só parei
quando meu corpo se chocou no seu e eu apertei meus braços ao redor de sua
cintura enquanto pressionava meu rosto contra seu peitoral.

E ele não disse nada, mas não precisou.

Jungkook só me abraçou de volta com tanta força quanto eu o abraçava.

— Desculpa. — Eu suspirei contra sua roupa, sentindo seu cheiro tão gostoso
e tão único. — Eu só precisava te abraçar mais uma vez.

A mão de Jungkook estava em minha cabeça, ainda me segurando contra ele,


mas eu me afastei um pouco, só o suficiente pra poder tirar meu celular do
bolso e entregar para ele.

— Eu esqueci de pedir mais uma coisa — Murmurei, tentando me recompor. —


O seu... o seu número.

Depois que Jungkook me deu o que eu pedi, eu precisei juntar todas as minhas
forças para me despedir dele outra vez.

E foi ali que eu encontrei a primeira coisa que tínhamos em comum.

Assim como ele, eu descobri que também odiava despedidas.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ficou enorme, enorme, enorme. desculpa!! :(

No próximo capítulo (se eu não precisar dividir) a história vai ter dois saltos
>curtos< no tempo, yay

Eu to atualizando minha playlist e depois vou colocar mais algumas músicas lá


no capítulo de mesmo nome rs algumas das sugestões que já foram dadas vão
aparecer de certeza porque eu sempre escuto enquanto escrevo, então se
alguém tiver mais alguma sugestão, vai lá e diz pra mim <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
11 • Lights Out

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
❆❅❄❅❆

Eu falei com Jungkook por mais algum tempo, até que ele finalmente precisou
se despedir para voltar a fazer qualquer coisa relacionada ao seu trabalho.

No mês que se passou desde que nos despedimos em Gwangsan-gu, isso


meio que se tornou uma rotina. E eu falo sobre trocar mensagens com ele, às
vezes algumas ligações furtivas, mas também sobre minha inabalável
preocupação com os seus horários.

Acontece que eu descobri que suas poucas horas de sono quando estávamos
naquele flat não foi um caso isolado. Trabalhar ou estudar até tarde em casa e
acordar cedo para voltar ao escritório parecia ser um evento bastante

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
repetitivo, e não era raro que Namjoon passasse a noite em seu apartamento
para que trabalhassem juntos.

Eu ficava com inveja, também, porque o destruidor de frigobar e de chaves


estava sempre com ele, enquanto eu não tinha nada além daquelas
mensagens e das poucas chamadas de vídeo.

Mas mesmo não podendo estar por perto, Jungkook me dava o que podia dar.

A cada dia que passava, eu descobria algo novo sobre ele. Eram coisas
pequenas, como sua incapacidade de usar emojis - algo que eu considerava
tão adorável quanto cômico, ou até mesmo detalhes sobre sua família.

Eu já conhecia seus horários. Sabia quando podia mandar mensagem e


quando não. Sabia quando ele estava de bom humor, e sabia quando a rotina
exaustiva o deixava irritado mesmo quando ele tentava disfarçar.

Eu também sabia que ele sempre perguntaria como foi o meu dia, mas nunca
me condenaria por me lamentar por coisas pequenas demais.

Jungkook não menosprezava os meus problemas só porque eram menores


que os seus, e isso era tão reconfortante, porque ninguém ao meu redor
parecia aceitar que eu tinha, sim, minhas preocupações.

"Que problema um adolescente que só estuda pode ter?" era o tipo de


pergunta que eu sempre ouvia, mesmo de pessoas como minha mãe. Estar
perdido sobre o que fazer quando o mundo inteiro diz que você deve ser
alguma coisa, falta de auto aceitação e se ver preso a um ambiente como uma
escola que te faz se sentir o pior ser humano por não ser o melhor aluno não
são problemas de verdade, não se você não tiver contas pra pagar.

Mas Jungkook não pensava assim. Ele nunca tirava o meu direito de estar
triste, frustrado ou irritado e eu me sentia livre porque, com ele, eu não
precisava reprimir essas coisas e fingir que estava tudo bem.

Então eu descobri várias pequenas coisas sobre Jungkook, mas também me


descobri um pouco mais.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
E no final de tudo isso, eu estava ainda mais apegado a ele. Mesmo sem poder
ver seu rosto, aquele seu sorriso maldoso ou o mais suave, sem poder sentir
seu cheiro ou seu toque, minha vida estava impregnada de Jeon Jungkook.

Ainda assim, eu queria vê-lo, desesperadamente.

Mais que isso, eu acreditava que o veria. Em poucas horas seria meu
aniversário de dezessete anos, e eu passei os últimos dias que o antecederam
dizendo a mim mesmo que ele daria um jeito de ir me ver.

Então eu mal dormi de ansiedade e na manhã seguinte, quando acordei


oficialmente um ano mais velho, pulei da cama com uma empolgação que
nunca me pertencia àquela hora da manhã.

Nas primeiras horas do dia, não tinha sinal algum de Jungkook nem na minha
caixa de mensagens nem na minha cidade, mas eu não deixei que isso me
abalasse.

Uma hora ele apareceria, eu acreditava.

Meus pais prepararam um café da manhã especial e me deram um celular


novo de presente, mas acreditar que ele iria me ver ainda era o principal motivo
para que minha empolgação não morresse, mesmo que ninguém na escola
parecesse lembrar que era meu aniversário.

Mas o dia chegou à sua metade, depois avançou mais um pouco, e Jungkook
ainda não tinha enviado sequer uma mensagem.

Antes de sair do vestiário, eu chequei o aplicativo acho que pela


quinquagésima vez no dia.

Nada.

Então suspirei, acreditando que ele estaria me esperando quando minhas aulas
acabassem, guardei o aparelho novo na mochila e fui até a quadra fechada,
onde estávamos tendo as aulas de educação física porque as temperaturas já
tinham começado a cair e era desconfortável ter as aulas no campo aberto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Depois de deixar minhas coisas junto com a dos outros, eu olhei ao redor e
todos estavam se alongando em duplas, como sempre. Como Yuta e Taeil
sempre faziam juntos, eu costumava me juntar com algum outro colega que
também era a última opção do próprio círculo de amigos.

Mas dessa vez alguém tinha faltado, então a única pessoa disponível era a que
sempre ficava sozinha.

Yukwon.

Eu pensei bem antes de fazer isso. Me alongar sem uma dupla não seria
impossível, é claro, então eu podia sentar em algum lugar perto dos meus
amigos e me aquecer sozinho. Mesmo assim, eu passei direto por eles e fui até
o final da quadra, onde Yukwon estava.

Uma vez Jungkook me disse, não de forma tão direta, que eu não deveria me
forçar a ficar ao lado de pessoas que não me faziam bem.

Yuta e Taeil definitivamente se encaixavam nesse grupo. Mas Yukwon, não.

Quando me sentei diante dele, abri as pernas e juntei meus pés aos seus,
como todos os outros faziam, e estiquei meus braços para que ele segurasse,
mas ele não fez nada além de me olhar com as sobrancelhas arqueadas.

— Você tem que me puxar — Eu disse, chacoalhando meus braços.

Ele ainda apertou os olhos, parecendo confuso, antes de finalmente me


segurar e me puxar em sua direção.

— Que merda é essa? — Ele perguntou quando invertemos, e eu comecei a


puxá-lo.

— Hm, alongamento?

— Isso eu sei, quero saber porque você resolveu fazer comigo. — Ele rebateu,
e fez uma careta quando forcei demais. — Devagar, caralho!

— Hoje é meu aniversário. — Respondi, dando de ombros.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Ah, sim, e você resolveu se presentear com suicídio social? — Ele riu,
debochado. — Olha ao redor, metade da turma já tá olhando pra cá.

— Não, resolvi me presentear fazendo companhia à única pessoa com quem


eu realmente gosto de conversar nessa porcaria de escola — Corrigi,
controlando o impulso de olhar para ver se estávamos mesmo sendo
observados.

A verdade é que eu estava com medo, e muito. Mas também estava cansado
de ser sempre tão passivo em relação a tudo na minha própria vida.

— De onde veio isso? — Ele riu, de novo. — Parece ter sido uma decisão
muito impulsiva.

— Um pouco. — Confessei. — Mas caramba, Yuta e Taeil me conhecem


desde que a gente usava fraldas e mesmo assim não lembraram do meu
aniversário! Ou lembraram e não se importam, o que é ainda pior — completei.
suspirando.

Yukwon me olhou com uma expressão um pouco neutra, por um momento,


antes de dar de ombros com um sorriso.

— Você quem sabe. Mas se você se arrepender de ser visto comigo, ainda dá
tempo de fazer uma pegadinha e fingir que só veio até aqui pra me humilhar.

— Se eu fizer isso, você me mata.

— Verdade, mas você morre com a reputação limpa. — Ele sorriu, provocativo,
e eu revirei os olhos também rindo um pouco.

— Vamos ver se eu aguento as consequências. — Disse, enfim. — Aliás, não


vai me dar parabéns?

— Porque daria? — Ele questionou, como se tivesse escutado o maior


absurdo. — Isso nem faz sentido. Porque a gente parabeniza uma pessoa no
aniversário dela? "Parabéns por ter nascido"? Parabéns a gente da quando
nascido"? Parabéns a gente da quando alguém te faz gozar mais de três vezes
numa noite só, não por ela estar completando mais um ano de gasto
desnecessário de oxigênio.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu bufei, irritado, mas no fundo querendo rir. — Tanto faz. Jungkook deve vir
me ver mais tarde, então eu não me importo se você vai ou não me
parabenizar.

— O macho da tatuagem vem pra cá? — Ele perguntou, com uma careta de
satisfação. Se você perder a virgindade, aí sim eu te dou parabéns.

Eu apertei meus olhos e acho que corei antes de ficar de costas para
iniciarmos outro alongamento.

— Vai, me ajuda aqui.

Yukwon só riu, e puxou meus braços para trás antes de começarmos outra
conversa.

Quando acabamos, e durante toda a aula, eu sentia várias pessoas me


olhando, mas ninguém me encarava tanto quanto Taeil e Yuta. Eles pareciam
com raiva e eu me sentia mal, desviando o olhar toda vez que o meu
encontrava o de um deles.

Quando o treino acabou e todo mundo começou a voltar para os vestiários,


alguém me puxou antes que eu saísse da quadra.

— O que deu em você? — Taeil perguntou, um pouco agressivo. — Vai andar


com viado agora, é?

Eu apertei meus lábios, desconfortável.

— Ele é legal. — Foi tudo que eu disse, e ele e Yuta se entreolharam.

— E daí? Ele transa com homem! — Taeil insistiu, inconformado, como se eu


estivesse cometendo um crime hediondo ao afirmar aquilo.

Então eu me irritei. Porque, caramba, mesmo que eu ainda fosse virgem, eu


gastava parte do meu tempo desejando transar com Jungkook, então isso não
me fazia tão diferente de Yukwon.

— E daí digo eu! — esbravejei, sem pensar direito. — O que você tem a ver
com quem ele transa ou deixa de transar? Isso não diz nada sobre o caráter de
uma pessoa!
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu esperava que ele ou Yuta rebatessem minha afirmação tão fervorosa, mas
esperava que fizessem isso com palavras e não que Taeil me empurrasse
pelos ombros, como se eu fosse a pessoa mais nojenta que ele já conheceu.

— Cara, cuidado! — Yuta murmurou, assustado, quando eu perdi o equilíbrio e


caí sentado no chão.

— Você deve ser viado também. — Taeil ignorou o susto que até mesmo Yuta
levou, e acho que ele avançaria em mim se não fosse o professor nos olhando.

— Algum problema aí? — Ele perguntou, com a voz grossa já anunciando que
estaríamos com problemas caso entrássemos em uma briga.

— Não, problema nenhum — Taeil disse, me lançando um último olhar


enraivado antes de finalmente sair da quadra.

Yuta me olhou, com os olhos apertados, antes de negar com a cabeça e seguir
para o vestiário também.

Enquanto isso, eu continuei sentado ali, sozinho, até que finalmente juntasse
coragem para me levantar, ainda assustado. Eu esperava, sim, que eles me
condenassem por estar falando com Yukwon, mas nunca imaginei que Taeil
tentaria me agredir.

Isso tirou parte da minha empolgação para o resto do dia, e eu fui o último a
deixar o vestiário, ainda triste com o que tinha acontecido.

Yukwon sumiu logo depois que a aula acabou e eu acreditava que já tinha ido
embora, mas quando sai da escola, depois de tomar meu banho e vestir o
uniforme limpo, ele apareceu em minha frente.

Um filete de suor escorria pela lateral de sua cabeça e sua respiração estava
um pouco acelerada, como se ele tivesse corrido, mas sua expressão era de
tédio. Então ele me estendeu um cupcake todo enfeitado.

— Não vou dar parabéns, mas toma isso aqui. — Ele disse, fingindo que não
era nada demais.

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Eu peguei o bolinho, um pouco surpreso porque o único lugar que vendia
cupcakes por ali era a loja de uma estrangeira, e ela não ficava tão perto da
escola. Yukwon realmente foi até lá, correndo, só pra comprar aquilo pra mim.

Então eu passei tempo demais olhando para a cobertura colorida, antes de dar
um pulo e abraçar Yukwon como se nós tivéssemos intimidade para aquilo.

— Obrigado! — Eu disse, verdadeiramente, quando o soltei, voltando a admirar


o bolinho. — Sério, Yukwon, é tão fofo que eu nem vou ter coragem de comer.

— É o que? — Ele rebateu, ignorando meu abraço repentino. — Você nem


pense em deixar esse negócio estragar, seu enrustido, eu paguei caro por ele!

Eu ri, e assenti. — Ok, então eu vou comer depois de tirar uma foto pra sempre
lembrar como ele era bonitinho antes de virar cocô.

Ele revirou os olhos e eu vi que tentou não rir. — Faça como preferir. Eu tenho
que ir agora. Aproveite seu macho da tatuagem e lembre de fazer a chuca se
for dar pra ele.

Eu assenti, ainda com um sorriso enorme. Eu sabia lá o que era chuca, mas
decidi pesquisar quando chegasse em casa, porque Yukwon vivia falando
sobre isso.

Então eu me despedi dele, e fui todo o caminho admirando o cupcake que tinha
em mãos. Eu realmente ia ficar com pena de comer, mas também parecia tão
gostoso.

Quando cheguei em casa depois de ser recepcionado por Hyelin, que fez a
maior festa quando me viu e me deu um isopor cheio de pés de galinha
apimentados — e que ela provavelmente conseguiu de graça na barraca do
namorado, eu finalmente entrei em meu quarto e a primeira coisa que fiz, antes
de ver os outros presentes que estavam em minha cama, foi pegar meu celular.

Alguns parentes tinham enviado as mensagens cafonas de sempre, e eu


respondi uma por uma antes de checar a conversa com Jungkook e ver que ele
ainda não tinha mandado nada.

Eu suspirei. A noite já estava chegando, e ele continuava sem dar sinal de vida.
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Então sentei na minha cama e comecei a abrir os presentes que tinham
chegado enquanto eu estava na escola. Um deles era um pijama que com
certeza ia ficar grande demais em mim, provavelmente enviado por uma tia que
nunca me via e não tinha a menor noção do meu tamanho. O outro era um
cartão estampado com dois gatos cheios de glitter e com dinheiro dentro, o
tradicional presente da minha avó.

O último era uma caixinha com a embalagem simples e marrom dos correios.
Não tinha o remetente, então eu não sabia quem tinha enviado.

Quando rasguei o pacote e abri a caixa de papelão, vi que dentro dela tinha
outra caixinha, mas essa era de veludo, um pouco comprida. Ainda curioso, eu
abri a tampinha preta e vi uma pulseira de prata com um pingente delicado no
formato de uma miniatura do globo terrestre.

Eu perdi algum tempo olhando o berloque e todos os detalhes dos continentes


cuidadosamente cravados nele antes de fechar a corrente de prata trançada ao
redor do meu pulso.

Ela era tão bonita, mas acabou ficando um pouco grande, então eu estiquei
meu braço para baixo para ver se ela era grande o suficiente para conseguir
passar por minha mão, e vi a pulseira deslizar até parar na circunferência do
meu punho, com o pingente pendurado no início da minha palma.

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Eu girei meu punho para cima ao fechar os dedos sobre o pingente,
segurando-o exatamente ali. Quando afrouxei o aperto sobre ele, eu sorri,
encantado, vendo a Terra tão pequenininha sobre minha mão.

Aquele era um presente tão bonito que eu mal podia acreditar que tinha vindo
sem um cartão identificando quem o tinha enviado, então eu chacoalhei a caixa
maior e soltei um gritinho de vitória ao ver um bilhete cair de lá de dentro.

Era um pedaço de papel simples, cuidadosamente dobrado, com aquela


caligrafia bonita que eu já conhecia.

Não tinha um nome, mas, naquele ponto, eu não precisava mais de um. Ao ler
as duas frases escritas ali, eu soube exatamente quem tinha enviado aquele
presente para mim, assim como senti meu coração bater mais forte ao
perceber que a corrente era propositalmente maior que o ideal.

Eu perdi a conta de quantas vezes li aquele bilhete. Meus olhos estavam um


pouco arregalados, úmidos, e meu peito parecia pequeno demais para meu
coração acelerado.

Jungkook sempre conseguia isso. Mesmo longe, ele conseguia despertar em


mim as reações mais puras e intensas, e sempre com gestos pequenos, mas

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
que significavam tanto para mim. E ali, com nada além de um presente e um
bilhete curto, ele me desestabilizou completamente.

Porque, só com isso, Jungkook fez o mundo inteirinho caber na palma da


minha mão.

Eu fiquei tempo demais perdido naquilo, com meus olhos indecisos e


incapazes de focar em algo quando as lágrimas se acumulavam cada vez
mais. Então eu pisquei, até sentir a primeira escorrer, morna, por minha
bochecha. Mas nem essa, nem as que vieram depois, conseguiram aliviar o
aperto na minha garganta ou no meu peito.

Mais do que em qualquer outra vez, eu queria que Jungkook estivesse por
perto. Eu queria correr para os braços dele, queria agradecer, da minha forma
desajeitada, por aquele presente que significava tanto para mim. Queria sentir
o frio na barriga quando ele me chamasse de meu anjo e beijasse minha testa.
Eu o queria ao meu lado como nunca quis algo em minha vida, mas ele
continuava a mil quilômetros de mim.

Meu lábio tremia um pouco e eu precisei usar minhas mãos para tentar secar
meus olhos antes de alcançar meu celular. Eu sabia que aquele não era o
melhor horário para ligar, mas eu precisava tanto ouvir sua voz que não hesitei
antes de apostar na pequena chance de que ele poderia me atender.

Com o telefone pressionado contra minha orelha enquanto o toque da


chamada continuava se repetindo, eu me encolhi sobre a cama, abraçando
meus joelhos contra meu abdômen e esperando. Até que, quando algo como
conformismo já tinha tomado conta de mim, o som da chamada incompleta
finalmente foi substituído pelo que eu realmente queria ouvir.

— Oi, meu anjo.

Eu senti um sorriso pequeno reivindicar seu lugar, mesmo que meus olhos
ainda ardessem com a vontade de continuar chorando.

Era uma sensação tão confusa. Ouvir sua voz me deixava imensamente feliz,
mas me entristecia na mesma intensidade.

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— Oi... — Eu respondi, depois de algum tempo respirando fundo para que
minha voz não soasse como um miado

Não adiantou, de qualquer forma.

— Eu sei que não deveria ligar agora. Desculpa...

— Não tem problema. — Ele disse, e a ligação ficou em silêncio antes que eu
ouvisse sua voz novamente. — Já recebeu?

Eu assenti com a cabeça, como se ele pudesse ver.

— Recebi. — Eu disse, erguendo meu punho até a altura do meu rosto e


sorrindo mais uma vez ao ver o pingente maciço pendurado pela corrente, mas
não demorou para que o sorriso sumisse outra vez. Eu não queria parecer
ingrato, mas a distância estava acabando comigo, especialmente naquele
instante. — Eu não podia pedir um presente melhor que esse. Obrigado,
Jungkook.

De início, eu não ouvi nada além de sua respiração. Quando ele finalmente me
respondeu, eu apertei ainda mais o telefone contra meu ouvido, fechei meus
olhos com força e senti minhas narinas dilatadas enquanto tentava controlar
aquela vontade de voltar a chorar. A cada segundo que passava, a cada
palavra que ele dizia, eu sentia que meu coração era esmagado mais um
pouco.

— Me desculpe por não ter ido entregar pessoalmente, meu bem.

Ainda abraçando meus joelhos, eu não consegui dizer nada por um tempo
longo demais.

Por que ele não podia se irritar com a tristeza que eu não tentei disfarçar nem
mesmo enquanto agradecia? Por que ele não condenou minha insatisfação
diante dos seus esforços de pensar num presente tão bonito? Por que ele não
podia fingir que não se importava, e que eu era o único bobo chateado com a
distância entre nós dois?

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Se ele fizesse alguma dessas coisas, qualquer uma delas, eu poderia me
convencer de que não valia à pena me entregar tanto a todos aqueles
sentimentos. Mas ele sempre dizia a coisa certa.

Mesmo longe, Jungkook me mantinha preso.

— Anjo... — Ele chamou, quando o silêncio se prolongou ainda mais.

Eu bati eu punho contra a testa, num gesto pouco brusco. Então respirei fundo
mais uma vez.

Jungkook não me devia nada. Ele vivia em Seul, uma cidade com muito mais
distrações que Nam-gu, e era óbvio que seu tempo livre nem mesmo se
comparava ao meu, sem falar que com certeza estava cercado por pessoas
muito mais interessantes que eu. Mas ainda assim, mesmo com todos os
motivos para não gastar seu tempo comigo, Jungkook o fazia.

Ele ouvia meus relatos dolorosamente detalhados sobre coisas que não
despertariam o interesse de nenhum ser humano, tinha paciência para minhas
crises de auto estima e fazia coisas como me ajudar com as atividades de
inglês da escola.

Isso tudo em troco de absolutamente nada.

E no fundo, mesmo que eu estivesse magoado por ter acreditado por tanto
tempo que ele iria me ver no meu aniversário, eu sabia que ele o faria, se
pudesse.

Então mesmo que eu ainda sentisse sua falta a ponto de quase ignorar todas
as coisas boas que ele sempre me fazia sentir, eu respirei fundo quantas vezes
foram necessárias até que conseguisse acalmar aquela confusão de
sentimentos, e no fim deixei que meu sorriso pequeno voltasse, subjugando a
tristeza anterior.

— Desculpa, Jungkook, — Eu disse, um pouco orgulhoso por, mesmo


demorando tanto tempo, conseguir domar aquele conflito interno. — Eu queria
muito, muito, muito te ver e fiquei triste quando percebi que você não vinha,
mas eu juro que seu presente foi o melhor de todos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu ouvi sua risada baixa do outro lado e quase pude visualizar a forma como
seu rosto ficava ainda mais bonito quando ele sorria, com as maçãs
evidenciadas e as ruguinhas em seus olhos.

— Você recebeu tantos presentes assim?

— Não muitos, mas o seu competiu com um celular novo, um cupcake muito
bonitinho, uma porção enorme de pés de galinha e um pijama que nem vai
caber em mim. Ah, e com dinheiro também...

— Tem certeza que o meu foi o melhor? Eu escolheria os pés de galinha.

— Você gosta? De verdade? — Eu perguntei, com a empolgação que sempre


surgia quando eu descobria algo novo sobre ele. — Os daqui são muito bons!
Quando você vier nós vamos comer juntos, tá?

— Certo, meu bem. Vamos fazer tudo que você quiser.

— Então a gente vai ver o pôr do sol no lago e também vai no parque de
diversões!

Eu continuaria a falar e diria todas as outras coisas que queria que fizéssemos
juntos, mas a voz de outra pessoa do outro lado da linha fez a minha morrer
aos poucos, porque eu sabia que Jungkook estava no trabalho.

— Eu preciso desligar, Jimin. — Ele disse quando finalmente voltou a falar


comigo.

Eu suspirei, mas tomando o cuidado de fazê-lo silenciosamente para que


Jungkook não escutasse.

— Tudo bem... — Eu disse, mas não desliguei. Eu sempre deixava essa tarefa
para ele, na verdade.

Quando achei que a ligação já tinha sido finalizada, eu ouvi sua voz outra vez.
Ele disse baixo, depois de um suspiro que eu não esperava ouvir,

— Eu também queria poder te ver hoje, meu anjo. Sinto muito por isso.

163
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu me encolhi um pouco mais, sem saber se aquilo me deixava mais feliz ou
mais triste, mas antes que eu pudesse descobrir, ele se despediu de uma vez,

— Aproveite seu dia. Eu te ligo mais tarde.

Eu ainda segurei o celular contra meu rosto por algum tempo, decidindo que eu
estava tão triste quanto feliz. Mas não tinha muito o que fazer sobre isso, então
eu sai da cama e me sentei no chão, com os pés de galinha de Hyelin e o
cupcake de Yukwon.

E enquanto eu comia os meus presentes com a pulseira chacoalhando em meu


braço, eu sorri. Meu primeiro dia com dezessete anos não tinha sido como eu
esperava, mas ainda assim foi tão bom quanto podia ser.

❆❅❄❅❆

4 meses depois

— Vai se foder, Yukwon! — Eu bradei, furioso.

Em resposta, ele riu. Aquela risada alta e exagerada que já tinha se tornado
uma conhecida intima, assim como todas as suas manias estranhas.

— Eu disse pra você não xingar na frente da criança, Yu, agora olha aí! O Jimin
não para mais de falar palavrão! — Taeyeon, a irmã mais velha dele,
resmungou enquanto assistia nossa disputa fervorosa na máquina do
fliperama.

— E isso não é bom? — Ele rebateu enquanto pressionava as teclas


furiosamente, assim como eu, sem tirar os olhos da tela. — Ele parece mais
livre assim, menos reprimido.

Eu chutei a perna dele, e dois segundos depois o som irritante do jogo


anunciou minha derrota.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Merda! — Resmunguei, lançando meu olhar mais cheio de ódio para o
demônio que, depois daqueles meses, acabou se tornando meu melhor amigo.
— Você roubou!

— Você roubou — Ele me imitou, com a voz fina. — Você que é um mau
perdedor, seu enrustido.

Eu revirei os olhos e cruzei os braços, cedendo meu lugar a Taeyeon para que
ela competisse com o irmão trapaceiro. Na verdade, a desonestidade devia ser
de família, porque ela também era uma ladra.

— Eu me vingo por você, Chim. — Ela disse, dando pulinhos e soquinhos no ar


como se estivesse se aquecendo.

Mesmo emburrado, eu não consegui reprimir uma risada. Yukwon e Taeyeon


eram as pessoas mais esquisitas que eu já tinha conhecido na vida. Talvez
fosse por isso mesmo que eu gostava tanto deles dois.

Na maior parte do tempo, pelo menos.

— Perdeu de novo? — A voz do último integrante do nosso grupinho


desajeitado me fez parar de prestar atenção na nova partida, e então olhei para
o lado.

Jeonghan me estendeu um dos copos de refrigerante que comprou na


lanchonete do fliperama e tomou um pouco da sua própria bebida, olhando
para os irmãos barulhentos em nossa frente.

Ele se encostou ao meu lado, e olhou para mim sorrindo, divertido com a
vivacidade dos dois.

Depois do meu aniversário eu fui completamente excluído por Taeil e Yuta, e


eles, principalmente o Taeil, só falavam comigo quando queriam me provocar.

No começo eu fiquei chateado, mas depois de um tempo, quando minha


amizade com Yukwon se tornou mais forte, eu percebi que na verdade eles não
faziam falta. E se eles tentavam me irritar ou qualquer coisa assim, Yukwon
logo surgia como um cachorro selvagem para me defender.

165
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele ouvia em silêncio todas as coisas maldosas que diziam a seu respeito, mas
a menor ofensa que dirigissem a mim despertava o seu pior lado.

Nesse ano, quando ingressamos no último ano letivo do ensino médio,


Jeonghan apareceu na nossa turma, completamente perdido e sem conhecer
ninguém, depois de se mudar para nossa cidade por causa do emprego da
mãe.

Talvez por não saber que eu e Yukwon não éramos bem vistos na escola, ele
se aproximou de nós dois. De uma forma ou de outra, nunca pareceu ter se
arrependido dessa escolha.

E assim, de um jeito meio inesperado, eu acabei encontrando um grupo de


amigos desastroso, mas onde eu realmente me sentia bem.

— Yukwon roubou. — Eu disse, fazendo um bico quando suguei o refrigerante


pelo canudo.

— Mentira! — Yukwon gritou, sem virar para trás.

Jeonghan riu ainda mais, e deu um tapinha no meu braço antes de apontar
para outra máquina.

— Treina comigo. — Ele disse. — Daí na próxima vez você acaba com ele.

Eu sorri, empolgado, e corri para colocar uma ficha. Então nós passamos mais
algum tempo naquilo, como era nosso novo costume de sexta feira.

Depois da aula, nós íamos direto para o fliperama, onde encontrávamos


Taeyeon e ficávamos jogando até a hora em que ela precisava ir embora.

— Ok, a noona precisa ir trabalhar — Ela disse, quando já tinha anoitecido e eu


estava rouco de tanto praguejar contra ela e seu irmão.

— Eu vou levar ela, depois volto pra humilhar mais. — Yukwon disse antes que
os dois saíssem do fliperama juntos.

Como os pais deles tinham morrido alguns anos antes, Taeyeon trabalhava
como vendedora de uma loja durante o dia e como barista numa boate nos fins
de semana, para poder pagar as contas,
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eles cuidavam bem um do outro, apesar de tudo. Então Yukwon sempre a
acompanhava até a boate e só depois voltava para jogar mais com a gente, e
nesse tempo eu sempre ficava sozinho com Jeonghan.

O que as vezes, só às vezes, era um pouco estranho, porque ele era muito
carinhoso comigo e eu nunca sabia se aquilo era só afeto de amigo ou algo a
mais.

Mas dessa vez, entre um jogo e outro, ele precisou se afastar de mim para
atender uma ligação de sua irmã que ainda morava na sua cidade natal, e a
moça falava tanto que eu já sabia que ficaria sozinho por um bom tempo.

Impaciente, eu gesticulei para ele dizendo que ia até o banheiro, e fui até lá
sozinho.

No caminho, eu passei por Taeil e Yuta, porque eles também continuavam


gastando bastante tempo no fliperama, mas eu apenas desviei o olhar e fingi
que não os tinha visto, apesar de sentir os olhares deles me acompanhando
até que eu atravessasse a porta vai-e-vem.

Lá dentro, eu peguei o celular e chequei as horas. Já era noite, então Jungkook


devia estar saindo do escritório.

Nesse tempo que passou, nós ainda não tínhamos nos visto de novo, e as
coisas ainda se resumiam a mensagens e ligações. Em alguns dias era
especialmente difícil, mas eu já tinha começado a me acostumar com aquilo.

E eu estava animado, porque ele tinha oficialmente se formado na


universidade, e então tinha menos uma coisa ocupando seu tempo e mais
chances de que ele logo iria me ver.

Mesmo assim, eu ainda gostava de ouvir sua voz através das ligações e de ver
suas tentativas falhas de usar emojis nas nossas mensagens, então eu disquei
seu número e fiquei parado, observando meu reflexo no espelho enquanto
esperava ele me atender.

— Cadê seu cãozinho de guarda? — A voz que eu ouvi não foi a de Jungkook,
e sim a de Taeil, que entrou no banheiro.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Yuta ficou parado na porta, e ele parecia tenso, alternando seu olhar entre nós
dois.

De qualquer forma, eu preferi ignorar. Reagir às provocações sempre parecia a


pior coisa a se fazer, então eu apenas respirei fundo, ainda com o celular
contra minha orelha, e me dirigi para fora do banheiro.

Mas Taeil me segurou pela manga do uniforme antes que eu sequer chegasse
perto da porta, e me empurrou para mais dentro do banheiro outra vez.

— Calma, Jimin, você não gosta mais de conversar com seus amigos? — Ele
disse, e eu recuei quando ele se aproximou, tentando me intimidar.

— Você mesmo disse que eu não posso mais ser seu amigo. Me deixa em paz,
Taeil.

— Eu só disse isso porque você resolveu que seria uma boa ideia começar a
andar com aquela aberração do Yukwon. — Ele disse, me empurrando pelos
ombros com as pontas dos dedos, até que eu sentisse minhas costas contra a
parede. — E nem me faça falar daquele novato. Qual é a daquele cabelo de
mulherzinha que ele tem?

Eu até mesmo esqueci que estava ligando para Jungkook, e deixei minha mão
cair ao lado do meu corpo, segurando meu celular com força.

— Não fala assim deles! — Eu disse, enraivado, mas também acuado pela
forma como ele me olhava.

— Senão o que?- Ele me empurrou de novo, dessa vez com mais força. —
Hein, Jimin? O que é que você vai fazer?

— Taeil, deixa ele em paz — Yuta insistiu, como se tivesse a mesma certeza
que eu tinha de que ele não pararia por ali.

— Deixa de ser frouxo, Yuta.- Ele disse, sem parar de olhar pra mim. — Só fica
de olho na porta e não deixa ninguém entrar aqui até eu terminar de me
resolver com essa bicha.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu arregalei ainda mais meus olhos, assustado e com raiva. Levado por essas
duas coisas, eu o empurrei com toda a força que consegui usar, chocando meu
punho e meu celular contra seu peito.

— Eu não me importo se você resolveu me odiar, mas me respeita! — Eu


disse, empurrando-o de novo.

Então ele sorriu, mas logo depois sua feição se transformou completamente e
virou ódio puro, logo antes de eu sentir o soco que ele deu na minha barriga,
tão forte que me tirou o ar. Eu resfoleguei, assustado e com dor, e nem pude
me recuperar antes que ele repetisse o golpe.

— Eu não respeito viado — Ele disse, e me segurou pela gola da camisa


quando eu senti minhas pernas fraquejarem, mas me soltou assim que me deu
o terceiro soco.

Eu cai no chão e vi meu celular deslizar e se chocar contra a parede antes de


olhar para Taeil novamente.

— Eu não vou fazer parte disso! — Eu ouvi Yuta dizer, com a voz trêmula, e
quando olhei na direção da porta, ele não estava mais lá.

Ele chamaria alguém para ir me ajudar?

Não. Eu o conhecia bem. E também conhecia Taeil o suficiente para saber que
ele ainda não tinha acabado.

Ainda que eu não o conhecesse, ele me olhava com tanto ódio que eu poderia
concluir isso mesmo se não soubesse nada sobre ele.

Mas por que ele me odiava tanto assim?

Aquilo não era justo, muito menos fazia sentido. E eu estava assustado, então
quando ele me segurou pelo pescoço e bateu minha cabeça contra a parede,
meu primeiro soluço escapou, e logo depois eu já estava chorando.

— Você sempre foi um bebê chorão mesmo! — Ele bradou, como se meu
choro o irritasse ainda mais, e me jogou no chão.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu senti meu corpo já dolorido sobre o azulejo frio e levantei meus olhos até
ele quando o vi ficar de pé em minha frente.

Mas ao invés de ir embora, e antes mesmo de me deixar implorar para que me


deixasse em paz, Taeil chutou minha barriga, e eu solucei novamente, sem ar.

— Mas não se preocupa, não, Jimin. Porque eu vou te arrebentar todo, até
você virar homem de verdade — Ele disse, e então me chutou de novo. E de
novo, e de novo, e de novo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ta enorme de novo, mas não vou mais me desculpar por isso...... Mentira,
desculpa (eu não sei o que acontece quando escrevo essa fanfic:(

Vou me desculpar também porque esse capítulo foi bem paradinho, mas ele é
importante:(

Acredito que as visualizações devem cair muito de agora em diante porque


metade das leitoras não sobreviveram ao comeback. Eu mesma quase não
resistia, Bangtan precisa ter piedade das nossas almas, caramba!!

Tchauzinho nenéns <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
12 • Con Clavi

Quantas vezes Taeil me chutou até que a porta do banheiro fosse aberta?

Eu não sei. Eu perdi as contas e acho que estava a um golpe de perder os


sentidos quando Jeonghan entrou no banheiro.

Yuta estava com ele. Minha visão estava completamente embaçada, com
pontinhos pretos salpicando sobre a imagem borrada que eu tentava decifrar,
mas eu o vi. Ele voltou, junto com Jeonghan, e foi preciso que os dois
segurassem Taeil para que ele se afastasse de mim.

— Para com isso, cara, pelo amor de deus! — Yuta pediu enquanto parecia
usar toda sua força para conter Taeil sozinho, já que Jeonghan tinha corrido
até se agachar na minha frente.

— Me larga, Yuta! — Taeil esbravejou, ainda tentando se soltar.

Eu me encolhi ainda mais sobre o chão. O gosto ferroso do sangue na minha


boca já tinha se misturado ao salgado das lágrimas e meu corpo doía como o
inferno, mas eu sentia que não era eu, ali, jogado sobre os azulejos frios.

Não podia ser. Aquilo não podia estar acontecendo comigo. Taeil nunca faria
aquilo com uma pessoa que cresceu ao lado dele... não é?

Era só um sonho ruim e eu só precisava me concentrar pra conseguir acordar,


mas não importava o quanto eu apertasse meus olhos, quando eu os abria de
novo, era a mesma cena que eu encontrava

— Jimin... — Jeonghan me chamou e foi um reflexo quando eu gemi,


assustado, ao sentir sua mão me tocar.

— Já chega! Olha o que você fez com ele! — Yuta gritou, com a voz tremendo.

Quando olhei na direção dos dois, vi que Taeil respirava com dificuldade e seus
olhos me analisavam com o mesmo sentimento ruim de antes, como se eu
fosse a pior coisa que ele já olhou.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Ele mereceu!

— Eu vou te tirar daqui — A voz suave de Jeonghan se sobrepôs à azeda de


Taeil, e eu sabia que ele estava fazendo o maior esforço do mundo para
ignorá-lo e focar toda sua atenção em mim.

Quando ele passou um braço por baixo das minhas pernas e outro por baixo do
meu pescoço, eu gemi baixinho pela dor, mas deixei que ele me carregasse
para fora dali.

Ao passarmos pelos dois que um dia chamei de amigos, eu escondi meu rosto
em seu peitoral e amassei sua blusa entre meus dedos pequenos, sentindo
aquela dor que era ainda maior que a física.

E por mais que não o visse quando passamos ao seu lado, eu senti todo o
desprezo em sua voz quando Taeil falou comigo, pela última vez.

— Você tá doente, Jimin.

Jeonghan me levou para casa. Ele chamou um táxi e depois me carregou


através da recepção até me deixar no sofá da minha sala. Eu ouvia sua voz me
dizendo que estava tudo bem, que Taeil ia pagar por ter feito aquilo comigo,
mas ao mesmo tempo eu não as entendia. Era como se o som estivesse
distante. Meu corpo estava ali, perto dele, mas minha mente estava longe
demais.

— Você quer tomar um banho? — Ele perguntou e a única coisa que consegui
fazer foi levantar meus olhos até encontrar seu rosto preocupado. Aquilo não
era uma confirmação, mas ele não pareceu entender que sua pergunta soava
complexa demais para minha cabeça atordoada. - Eu vou encher a banheira
pra você, tudo bem? Fica aqui.

Novamente, eu não disse nada, apenas acompanhei seu caminhar apressado


em direção ao meu banheiro antes de me arrastar pelo sofá até deitar,
encolhido, como uma criança indefesa.

Aquele foi o pior momento da minha vida e mesmo assim eu não conseguia
mais chorar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu me sentia sufocado, mas não adiantava puxar o ar, ele parecia nunca
chegar aos meus pulmões necessitados.

E como se não bastasse, enquanto minha mente alternava entre um vazio


assustador e um turbilhão que me deixava tonto, meu coração continuava
afirmando o quanto eu precisava dele ali.

Mas mesmo que eu quisesse desesperadamente ouvir sua voz, eu estava com
vergonha.

Eu queria falar com Jungkook sobre o que tinha acontecido, ao mesmo tempo
em que desejava que ele nunca descobrisse.

— Cadê seus pais? — Jeonghan perguntou, de repente.

Eu já estava dentro da banheira, sentindo a água quente entrar em choque


com o frio do meu corpo dolorido. Jeonghan estava sentado no chão, do lado
de fora, e suas mãos brincavam com os pequenos aglomerados de espuma.

Minha nudez era só um detalhe, naquele momento.

Em resposta à sua pergunta, eu apenas ergui os ombros, sem direcionar meu


olhar ao seu. Isso não queria dizer que eu não sabia onde estavam. Meu pai
estava viajando e minha mãe, apesar da hora, deveria estar na pequena sala
de administração do hotel. O único motivo que tive para não responder foi
minha total incapacidade de transformar pensamentos em palavras.

— Nós precisamos dizer a eles. — Jeonghan continuou, ainda brincando com a


espuma. Eu sentia seu olhar firme sobre minha imagem frágil, mas não
conseguia mais encará-lo de volta. — Eu posso contar, se você quiser.

Eu neguei, imediatamente, ainda sem emitir som algum.

— Jimin, eles precisam saber.

— Não. — Me forcei a dizer, sentindo minha voz quebradiça e feia. — Ninguém


vai saber.

— Chim...

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Antes que ele insistisse, eu neguei com a cabeça de novo, dessa vez mais
forte, e vi ele suspirar, derrotado.

— Nós conversamos sobre isso depois. Eu vou mandar uma mensagem pro
Yukwon dizendo que você não estava se sentindo bem.

Dessa vez eu assenti, e vi ele começar a digitar algo no próprio celular. Foi
então que eu percebi que o meu tinha ficado no chão do banheiro do fliperama.

— Meu celular... — Eu disse, olhando para ele, ansioso. — Ficou lá...

— Droga. — Ele resmungou, e já estava ficando de pé. — Eu vou buscar.

Mas antes que ele se afastasse, eu segurei seu braço, forçando-o a ficar por
perto. — Não me deixa sozinho...

Jeonghan olhou para minha mão fracamente agarrada a ele e balançou a


cabeça devagar antes de se sentar novamente, no mesmo lugar. Dessa vez ele
não disse mais nada, apenas me fez soltar seu braço para que ele juntasse sua
mão à minha, e então nós ficamos em silêncio, de mãos dadas.

Quando eu já tinha passado tempo demais debaixo da água e as pontas dos


meus dedos já estavam enrugadas, Jeonghan me ajudou a sair da banheira,
me enrolou na toalha e me levou até meu quarto, onde eu fiquei sozinho para
trocar de roupa.

— Eu vou fazer alguma coisa pra você comer, tudo bem? — Ele disse quando
eu abri a porta, indicando que ele já podia entrar.

Mas antes que eu pudesse negar sua sugestão, alegando que não estava com
fome, porque eu realmente não estava, a campainha de casa tocou três vezes
seguidas.

eu realmente não estava, a campainha de casa tocou três vezes seguidas.

Ele me olhou, um pouco curioso, antes de dizer que ia ver quem estava lá.

Eu esperei no meu quarto, sentado em minha cama, até que ouvi aquela voz
familiar se aproximando.

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— Cadê ele?

Imediatamente meus olhos se viraram para a porta e eu confirmei que não


estava louco quando o reconheci ali, totalmente perdido, sem entender porque
ele estava em minha casa e por que parecia tão preocupado.

— Kihyun? — Eu murmurei, assustado, quando o vi se aproximar de mim com


os cabelos ainda coloridos com o mesmo tom de rosa.

— Que merda aconteceu com você? — Ele perguntou, segurando meu rosto,
parecendo que estava procurando alguma coisa de errada nele. — E por que
você não atende a porcaria do celular? Jungkook tá desesperado tentando falar
com você pela última hora!

— Jungkook? — Eu repeti, incapaz de entender o que estava acontecendo.

— Eu estou tão perdido quanto você. — Kihyun disse, depois de soltar meu
rosto e respirar aliviado. — Ele me ligou do nada, me deu seu endereço e me
pediu pra vir correndo pra Nam-gu ver se você estava bem.

Então a percepção me atingiu, de repente. Eu estava ligando para Jungkook


quando Taeil entrou no banheiro. Se ele atendeu minha ligação, é muito
provável que tenha escutado o que aconteceu.

— Eu nunca vi Jungkook preocupado daquele jeito, quer dizer, você sabe como
ele é. Ele não demonstra esse tipo de coisa tão facilmente, mas eu juro que ele
estava prestes a ter um treco quando me ligou, então eu imaginei que você
tava sendo atacado por canibais ou coisa pior, por isso dirigi tão rápido. — Ele
sentou na minha cama, ao meu lado, mesmo que eu não tivesse permitido.-
Que susto da porra!

Jeonghan estava parado na porta, provavelmente sem entender o mínimo


daquela conversa. Diferente de Yukwon, para quem eu sempre falava de
Jungkook, Jeonghan nunca ouviu meus relatos apaixonados sobre ele.

Mas mesmo com o pouco entendimento em relação àquela conversa, o olhar


que ele me lançou não era de dúvida. Era o tipo de olhar que me perguntava se
eu diria a Kihyun que, na verdade, eu tinha sim sido agredido.

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Eu não contaria, mas Kihyun era esperto, e ele viu o olhar que eu troquei com
meu amigo.

— Porra... — Ele sussurrou, como se tivesse entendido tudo. — Aconteceu


alguma coisa mesmo, não foi?

Antes que eu negasse, Jeonghan foi mais rápido. — Você não pode esconder,
Jimin.

— Ele disse, e então Kihyun olhou em sua direção. — Um cara espancou ele.
Ele não quer que mais ninguém saiba, mas se a gente não contar pra ninguém,
não vai acontecer nada com o idiota que fez isso!

Eu ouvi o som do ar escapando furiosamente pelos lábios do homem de


cabelos coloridos e abaixei meu rosto quando senti seu olhar se voltar para
mim.

— Não foi nada demais. — Eu menti, sem saber por que estava tão relutante
em assumir o que tinha acontecido.

— Nada demais? — Jeonghan repetiu, incrédulo. — Seu corpo tá cheio de


hematoma, Jimin!

— Onde ele te machucou? — Kihyun perguntou e eu neguei com a cabeça,


sem querer responder. — Tá doendo muito? — Ele insistiu.

Dessa vez, eu fiquei quieto. Sem negar, mas sem assentir também.

— Parece muito ruim? — Ele voltou a perguntar, mas dessa vez eu percebi que
ele estava falando com Jeonghan, que assentiu.

— Eu não acharia exagero se ele tiver fraturado uma costela.

Kihyun ficou de pé, na mesma hora. — Você precisa ir num hospital. — Ele
disse, me segurando pelo braço para me ajudar a ficar de pé, mas eu não sai
de cima da cama. — Jimin, o Jungkook vai me matar se eu não te levar num
médico, então pelo amor de deus... vem logo.

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Eu olhei para ele, afetado pela menção do nome de Jungkook. Imaginar que
ele estaria esse tempo todo sem saber o que tinha acontecido comigo fez meu
coração apertar como nunca antes.

Aproveitando essa brecha, Kihyun me puxou outra vez, ainda com cuidado,
mas com força o suficiente para me fazer levantar, e dessa vez eu me deixei
ser levado até seu carro, estacionado na frente do hotel.

— Eu vou passar no fliperama pra pegar seu celular — Jeonghan disse depois
de me ajudar a sentar no banco do carona. — Te encontro no hospital, ok?

Eu assenti, e vi ele começar a fazer todo o percurso até a casa de jogos outra
vez, enquanto eu dizia para Kihyun seguir para o outro lado.

Quando chegamos no hospital e minha triagem foi feita, Kihyun se afastou de


mim, depois de me deixar sentado no banco desconfortável da recepção, e eu
o vi falar no telefone com alguém. Por estar longe, eu não sabia com quem ele
estava falando, mas minha suspeita foi confirmada quando ele sentou ao meu
lado, suspirando pesadamente.

— Pronto, Jungkook já sabe que você tá inteiro. Quer dizer, vivo, inteiro a
gente ainda não sabe se está mesmo.

Eu assenti, apertando meu casaco frouxo ao redor do meu corpo, e demorei


algum tempo até conseguir dizer: - Eu queria falar com ele...

Kihyun me olhou pelo canto dos olhos antes de deixar a cabeça tombar para
trás, encostando-a na parede sem cor.

— Você fala com ele depois. — Ele disse, simplesmente, e eu só balancei a


cabeça outra vez.

Enquanto esperávamos, o silêncio foi nossa única companhia. Não havia


espaço para as provocações que pareciam inerentes a qualquer interação
entre nós dois, e eu só ouvi sua voz novamente quando, pouco tempo depois,
meu nome foi chamado e ele me acompanhou até a sala de um dos médicos
que estavam atendendo.

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O exame foi um pouco dolorido e nós tivemos que esperar o raio-x ficar pronto,
mas quando saímos de lá, saímos com a certeza de que, apesar de toda a dor,
nenhum estrago maior tinha sido feito e com um frasco de analgésicos que
aliviariam o incômodo persistente.

Ao passarmos pela recepção novamente, Jeonghan levantou e se apressou em


minha direção, com meu celular em suas mãos.

— E aí? Tá tudo bem? — Ele perguntou, ansioso.

— Não precisou remendar nada, não, tá tudo ok — Foi Kihyun quem


respondeu, gesticulando para que continuássemos andando mesmo que no
meu ritmo lento.

Jeonghan fez uma careta antes de rir, um pouco confuso. — Que cara
estranho, — Ele sussurrou, mas não baixo o suficiente, e Kihyun olhou pra
gente antes de revirar os olhos.

— Sério mesmo que as pessoas nunca respeitam meus sentimentos?!

Dessa vez fui eu quem deixei o primeiro sorriso, ainda fraco e desajeitado,
aparecer.

— Onde fica a torre do Rapunzel? — Kihyun perguntou quando entramos em


seu carro, olhando para Jeonghan no banco de trás. — Eu te dou uma carona.

— Eu posso ficar na casa do Jimin. É melhor ele não ficar sozinho hoje. —
Jeonghan disse e eu nem tinha objeções a isso, mas Kihyun parecia ter

— Acredite em mim, ele não vai ficar sozinho. Onde você mora?

Meu amigo olhou pra mim e eu estava tão confuso quanto ele, mas apenas
ergui os ombros, assentindo, e dali nos seguimos até o deixarmos na frente de
seu condomínio.

— Jeonghan — Eu o chamei, antes que ele descesse do carro. — Continue


sem dizer nada pro Yukwon, tá? Ele não precisa saber.

Ele me olhou daquele jeito que mostrava que não concordava com meu pedido.
— Jimin...
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— Olha, se você contar, amanhã o nome dele vai sair no noticiário como o
maluco que enforcou Moon Taeil com as tripas. Você sabe como ele é.

Eu ouvi seu suspiro e vi ele coçar a nuca, antes de concordar. — Tá, você tem
razão, ele vai perder o juízo se descobrir. — Ele cedeu, enfim. — Mas só estou
concordando em não contar pra ele. Seus pais ainda precisam saber.

Eu não neguei, mas não estava de acordo com aquilo. Deixar meus pais
descobrirem o que tinha acontecido envolvia explicar o porquê de Taeil me
atacar daquele jeito, e eu não estava pronto para isso.

— Boa noite, Jeonghan. Obrigado por tudo. — Eu disse, decidindo deixar


aquela discussão para depois.

Ele se inclinou entre os bancos da frente para me dar um beijo na bochecha, e


ainda me olhou por algum tempo antes de gesticular em despedida para
Kihyun e finalmente descer do carro.

Assim que a porta se fechou, eu ouvi a risadinha de Kihyun, e o olhei com as


sobrancelhas apertadas.

— O que foi?

Ele negou com a cabeça, ainda sustentando o sorriso pequeno ao ligar o carro.
— Você vai destruir o coração desse menino.

Eu o olhei, um pouco assustado, antes de virar o rosto para o lado e ficar em


silêncio durante todo o caminho até que ele parasse em frente à minha casa.

— Onde você vai ficar? — Eu perguntei, me livrando do cinto de segurança. —


Você pode dormir em um dos quartos do hotel, não precisa pagar.

— Eu vou voltar pra Gwangsan-gu. — Ele respondeu, tranquilo. — Quer que eu


te leve lá dentro?

Eu neguei, olhando para minhas mãos apoiadas sobre meu jeans surrado. —
Não precisa. — Disse sinceramente. Talvez a primeira dose do analgésico já
estivesse fazendo seu efeito, mas a dor não era mais tão intensa. — Kihyun...

Ele me olhou, sem me repreender por ainda não ter saído do carro.
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— Você acha que... que eu sou doente?

Ele apertou os olhos, provavelmente sem entender a motivação da minha


pergunta repentina. Mas a verdade é que as palavras de Taeil ainda me
torturavam, e parte de mim queria acreditar que ele estava certo.

Aquele ódio todo dele só por supor que eu gosto de homens não podia ser sem
fundamento. Talvez isso seja realmente errado.

— Sentir as coisas que eu sinto por Jungkook... isso faz de mim uma
aberração? — Eu insisti, voltando a olhar apenas para minhas mãos, sem
coragem de encará-lo.

— Bebê, aberração é quem não sente tesão por aquele homem.

Eu apertei meus ombros diante de sua resposta, e ele ficou em silêncio por um
tempo antes de continuar.

— Foi por isso que fizeram aquilo com você?

Eu assenti, vergonhosamente.

— Quando meus colegas da escola descobriram que eu era bissexual, minha


vida virou um inferno. Eu me senti uma aberração por muito tempo, também,
então sei como você deve estar se sentindo agora. — Ele olhou para mim, e foi
muito inesperado ver um sorriso que parecia tentar me reconfortar. — Mas uma
hora você percebe que o único erro tá em quem tem tanto ódio assim, então
não deixe essa gente cagar regra em cima da forma como você se sente.

Eu apertei um pouco meus lábios antes de repuxá-los num sorriso ainda


inseguro.

— Tá.

— Tá? — Ele repetiu, junto com uma risada fraca. — Então ok. Vai logo, eu
quero chegar em casa a tempo de ver a reprise de Weekly Idol.

Eu assenti, peguei meu celular, o frasco dos analgésicos e abri a porta. Antes
de descer, eu olhei para ele e o olhei em silêncio, sem saber como dizer aquilo.

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— Você tá agradecido, eu entendi. — Ele disse, antes que eu começasse a
fazê-lo. — Para de me olhar com esses olhinhos, pelo amor de deus, meu
coração vai explodir. Você é fofo pra caralho.

O som meio abafado e agudo que eu deixei escapar era uma risada. Uma
desengonçada, mas ainda sincera.

— Obrigado, Kihyun, de verdade. Volte com cuidado

Ele balançou a cabeça uma única vez e então eu finalmente desci do carro,
carregando minhas coisas para dentro de casa, onde fui abordado por minha
mãe assim que abri a porta.

— Onde você estava? — Ela perguntou, um pouco preocupada. — Jungsu


disse que você saiu daqui com o Jeonghan e um cara de... cabelo rosa?

Jungsu era o recepcionista que assumia no turno da noite, depois que Hyelin ia
embora. Em partes, eu estava feliz que fosse ele a me ver praticamente sendo
carregado para fora de casa, porque se fosse Hyelin, eu seria bombardeado
com perguntas até o ano seguinte.

— Ah, era o Kihyun, ele é um amigo. Nós só fomos dar uma volta. — Eu disse,
escondendo o frasco de remédios dentro do meu casaco.

— Que susto. Jungsu disse que você não parecia bem, eu fiquei preocupada.

— Deve ter sido impressão. Eu estou bem. — Eu menti, fazendo meu melhor
para não evidenciar nem o mínimo traço de dor.

— Menos mal. Você jantou? Já está tarde. Quer que eu faça alguma coisa pra
você?

Eu neguei, e me inclinei só para dar um beijo na sua bochecha. — Não estou


com fome. Acho que já vou dormir.

— Certo. Eu vou voltar pro escritório, alguém fez a maior bagunça com o
arquivo do orçamento, preciso reorganizar tudo. — Ela choramingou, e eu
soube que com alguém, ela quis dizer ela mesma.

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Minha mãe é uma mulher maravilhosa, mas também é a provável causa da
minha natureza completamente atrapalhada, porque a própria sempre foi um
desastre no quesito organização.

Então eu sorri para ela, assentindo, e voltei a seguir meu caminho até meu
quarto, porque eu queria ligar para Jungkook o mais rápido possível. Mas antes
que eu entrasse, o som da campainha ecoou novamente pela casa, e eu parei
para olhar para a porta quando minha mãe foi até lá, se perguntando quem
poderia ser

E enquanto conscientemente eu me fazia exatamente a mesma pergunta,


meus olhos bem abertos e minhas mãos trêmulas pareciam denunciar que, no
fundo, eu sabia exatamente quem estava ali.

Mesmo assim, mesmo sentindo que no fundo eu já deveria esperar por aquilo,
eu juro que meu coração parou de bater por um segundo quando eu o vi ali, na
minha porta.

— Jeon? — Foi minha mãe quem disse, surpresa, ao reconhecê-lo.

Mas ele não disse nada. Antes disso, ele deixou seus olhos escuros e
preocupados encontrarem os meus, ainda um pouco distante da entrada, e eu
senti meu peito subir e descer furiosamente antes que conseguisse forçar
meus pés a se moverem.

Um, dois, três passos, devagar, antes que minhas pernas me guiassem até ele
na maior velocidade que meu corpo poderia aguentar.

Quando o alcancei, era como se minha mãe não estivesse ali, ou pelo menos
como se eu não me importasse, e eu o abracei com tanta força quanto me foi
possível, sentindo ele me abraçar de volta na mesma intensidade.

A dor voltou, um pouco mais intensa, mas a única coisa que fiz foi apertar
ainda mais meus braços ao redor de seu corpo.

— Jungkook... — Eu o chamei, pressionando meu rosto contra seu peitoral,


amassando seu sobretudo escuro debaixo de minhas mãos e sentindo seu
cheiro me anestesiar por completo. — Você voltou... Jungkook...

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Os dedos longos dele subiram por meu pescoço, até segurarem meu rosto.
Quando me afastou só o suficiente para que pudesse me olhar, eu senti seus
polegares acariciando minhas bochechas enquanto ele me observava com
preocupação.

Depois de analisar cada partezinha do meu rosto, ele me puxou de novo, dessa
vez para me beijar na testa. Eu fechei os olhos ao sentir o contato demorado
de seus lábios frios contra minha pele e suspirei quando ele os deslizou para
baixo, pressionando suavemente minha pálpebra fechada antes de finalmente
beijar minha bochecha.

— Você está bem? — Ele perguntou, voltando a me olhar, e seus polegares


ainda alisavam minha pele, me fazendo suspirar como se cada pequena
terminação nervosa de meu corpo estivesse sob seu toque.

Eu balancei a cabeça para cima e para baixo, lentamente, mas dessa vez eu
não estava mentindo. Eu realmente me sentia bem, porque ele estava ali
comigo.

Então ele soprou o ar, como se estivesse aliviado, e beijou minha testa outra
vez antes de voltar a me abraçar.

Eu podia passar o resto da vida daquele jeito, mas Jungkook me soltou pouco
tempo depois. Quando olhei para ele, me perguntando por que ele se afastou,
percebi que ele olhava para um ponto acima do meu ombro, e então eu
finalmente lembrei.

Minha mãe.

A pequena redoma que minha mente criou naqueles instantes foi totalmente
destruída e eu, violentamente arrastado para a realidade outra vez, Quando
olhei para trás, vi o olhar de minha mãe, e ele parecia complexo demais para
ser descrito com uma única palavra.

Era surpresa, confusão e desconfiança, tudo mesclado em suas íris castanhas


que alternavam lentamente entre Jungkook e eu.

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— O que é isso? — Ela perguntou, depois que o silêncio me sufocou por tempo
demais, e sua voz só reforçava tudo aquilo que estava em seus olhos.

Eu tentei me apressar em dizer alguma coisa, qualquer coisa, para que ela não
entendesse aquilo errado — ou, melhor dizendo, para que ela não tirasse a
conclusão correta — mas antes que eu me afastasse, o braço de Jungkook
segurou minha cintura.

Um gemido involuntário de dor escapou quando seus dedos me apertaram,


então ele pareceu lembrar do que quer que Kihyun tinha lhe dito no telefone e
afrouxou o aperto, mas manteve o braço ao meu redor.

Mas aquela pequena pontada de dor não foi nada comparada ao desespero
que senti quando ouvi sua voz sendo direcionada à minha mãe.

— Eu preciso conversar com a senhora. — Ele disse, com sua firmeza natural.

Eu ainda senti os olhos de minha mãe analisarem por tempo demais o braço de
Jungkook me segurando e, por mais incoerente que tenha sido, minha atitude
foi apertar ainda mais meu corpo contra o dele, buscando algum reconforto.

— Entrem. — Ela respondeu, simplesmente, antes de caminhar até a sala.

Antes de deixar Jungkook segui-la, eu virei meu rosto para ele, com os olhos
completamente arregalados.

— Jungkook...

— Vai ficar tudo bem, anjo. — Ele garantiu, com sua mão acariciando
suavemente minha cintura sobre o tecido grosso do meu casaco. — Dói muito?

— Um pouco... — Eu disse, sinceramente. — Kihyun te contou tudo?

Ele passou a língua entre os lábios num gesto rápido e irritado, mas eu sabia
que eu não era a causa de sua irritação.

— Sim. — Respondeu, depois de algum tempo, como se dizer isso lhe


custasse muito esforço. — Me deixe conversar com sua mãe, tudo bem? Você
não precisa ficar, se não quiser.

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Eu neguei. Fosse lá o que Jungkook diria a ela, eu queria ouvir também.

— Só não diz pra ela... — Eu pedi, sem me preocupar em esconder a


ansiedade em minha voz ou meus olhos. — O que aconteceu comigo... não diz
pra ela, por favor.

Jungkook me guiou para dentro de casa. Ao fechar a porta, ele disse: — Eu


não vou fazer nada que te prejudique, meu bem.

Eu suspirei, um pouco aliviado, mas não tanto. Eu ainda estava assustado com
as possibilidades daquela conversa, e a cada segundo que passava parecia
que o nervosismo se tornava ainda mais intenso.

Quando estávamos os três na sala, eu sentado ao lado de Jungkook e minha


mãe nos olhando, ninguém se atreveu a falar por segundos de puro
desconforto.

Tentando quebrar a tensão, ou tentando adiar o momento em que a conversa


de verdade começaria, eu virei para Jungkook.

— Você chegou agora em Nam-gu? Cadê suas coisas? Quer um pouco de


água ou...?

— Eu vim direto do escritório, não tive tempo de arrumar uma mala. Mas estou
bem, não se preocupe. — Jungkook disse, olhando para mim brevemente
antes de voltar a olhar para minha mãe.

Por mais que minha intenção fosse adiar a retomada da interação entre eles
dois, tudo que consegui foi acelerar esse momento, além de sentir algo como
culpa e felicidade ao perceber que Jungkook deixou Seul daquele jeito só por
minha causa.

— Por que você está aqui, Jeon? — Minha mãe perguntou, então,
aparentemente incentivada pelo fim do silêncio. Não existia grosseria no seu
tom de voz, mas a desconfiança a fazia soar um pouco rude.

Eu puxei as mangas do casaco para cobrir minhas mãos, enquanto meus


punhos se apertavam com força e eu quase podia ouvir meu coração bombear
o sangue freneticamente por meu corpo.
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— Eu precisava ver o Jimin. — Ele disse, sem hesitar, olhando apenas para
ela.

— Por que?

— Eu fiquei preocupado.

Minha mãe repetiu a pergunta, agora com um pouco mais de confusão. — Por
que?

Jungkook me olhou e eu neguei com um gesto fraco antes que ele voltasse a
olhar para ela,

— Eu preciso entender o que está acontecendo. Entender porque você tocou


no meu filho... daquele jeito. — Ela disse, ainda antes de deixá-lo responder. —
Não é apropriado tocar desse jeito em um garoto, Jeon.

Eu prendi a respiração, sentindo a tensão se tornar ainda mais sufocante, e


parecia que eu estava prestes a desmaiar de tanto nervoso.

— As pessoas podem entender errado e julgar o Jimin como algo que ele não
é. — Ela continuou, e havia algo estranho na forma como ela dizia aquilo. Não
era como se ela estivesse afirmando, era como se perguntasse, com medo de
descobrir a resposta.

— Mãe... — Eu a chamei, e minha voz falhou vergonhosamente, porque eu


definitivamente não estava pronto para passar por isso.

Mas sabendo que ela desconfiava, entre mentir e contar a verdade, eu preferia
contar a verdade.

— Eu...

Eu gosto de garotos?

Não. Se era para ser sincero, eu seria inteiramente verdadeiro com ela, sem
esconder nem mesmo o detalhe que mais me assustava naquilo tudo.
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— Eu gosto do Jungkook.

Jungkook me olhou. Ela me olhou. Só existiam duas pessoas naquela sala,


mas eu sentia que o mundo inteiro estava prestando atenção em mim.

— C-como? — Ela questionou, parecendo ter sido pega de surpresa.

Acho que não foi o fato de eu gostar de Jungkook que a assustou, mas a minha
coragem repentina em dizer aquilo.

— Eu gosto muito do Jungkook, mãe. — Eu insisti, minha voz ainda totalmente


insegura, falhando como se eu estivesse a ponto de chorar de medo.

Ela passou a mão pela testa e uma risada frouxa escapou de sua garganta. —
Você não sabe o que está dizendo, Jimin... Por favor, Jeon, você é mais
maduro... coloque algum juízo na cabeça desse menino. Parece que ele está
confundindo algumas coisas.

Eu olhei para Jungkook, ainda mais ansioso por não saber o que esperar dele
naquele instante.

— Se Jimin confundiu algo, eu também o fiz. — Foi o que ele disse.

Sua voz calma fazia parecer que ele era o único inabalado por toda aquela
situação, mas a forma como ele travou o maxilar antes de prosseguir me fez
perceber que ele só era melhor em disfarçar.

— O que você quer dizer? — Minha mãe perguntou, tensa.

— Eu também gosto do seu filho.

Eu juro que minha visão ficou completamente enegrecida por alguns minutos, e
eu precisei de algum tempo até perceber que não ia desmaiar.

Minha mãe parece ter passado pelo mesmo que eu, mas, ao fim, ao invés de
sentir o corpo perder completamente as forças como aconteceu comigo, ela
ficou de pé e parou, nos olhando, antes de começar a andar de um lado para o
outro.

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Por todo esse tempo, tudo que nós ouvíamos era o som de seus passos pela
sala. Então ela parava, nos olhava, e voltava a andar.

— Mãe...? — Eu chamei, já preocupado.

Ao ouvir minha voz, ela finalmente parou e se sentou outra vez, passando as
mãos em seus cabelos lisos e curtos.

— Vocês querem me matar, é isso que vocês querem... — Ela disse, com o
corpo curvado.

Eu olhei para Jungkook, assustado, sentindo minhas mãos tremerem como


nunca antes enquanto minha respiração se tornava cada vez mais ruidosa.

Ser rejeitado por Taeil e Yuta foi doloroso, mas eu não suportaria ser rejeitado
por minha mãe também.

Então eu puxei o ar e o expulsei vezes seguidas, tão rápido que o oxigênio


nem mesmo realizava sua função em meu corpo. Meus olhos estavam
ardendo, assim como minha garganta e meu coração parecia queimar.

— Mãe, me desculpa, por favor — Eu pedi, apertando minhas mãos contra


meu rosto, desesperado com a certeza de que ela me condenaria. — Eu não
queria ser assim, me desculpa, me desculpa!

Eu ouvi alguém ofegar profundamente e tenho certeza de que foi ela, porque
logo depois eu senti seus braços magros apertando meus ombros quando ela
se sentou ao meu lado, me puxando para seu colo.

— Não, meu amor, por que você está se desculpando?

Meu corpo inteiro tremia, muito mais do que tremeu quando eu percebi o que
Taeil faria comigo naquele banheiro. Era uma sensação muito pior e muito mais
assustadora.

— Eu não estou decepcionada com você, Jimin — Ela disse, me abraçando


com mais força, mas eu era incapaz de tirar as mãos de cima do meu rosto. —
Eu nunca ficaria decepcionada com você por uma coisa como essa!

— Não? — Eu perguntei, ainda trêmulo.


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— Claro que não! — Ela me apertou contra seu peito, ainda mais. — Você é o
maior orgulho da minha vida, meu amor, não importa se você gosta de homem,
mulher, dos dois ou de nenhum.

Minhas mãos pouco a pouco deslizaram, finalmente revelando meu rosto


completamente vermelho, e eu a olhei com tanta surpresa quanto adoração.

— Me desculpa se eu fiz você pensar que isso faria meu amor por você
diminuir. Nada nesse mundo vai me fazer te amar menos do que você merece
— Ela disse, secando as lágrimas em meu rosto. — Eu só tenho medo porque
as pessoas podem ser tão ruins, meu filho...

Eu sabia daquilo, Eu sabia tanto quanto qualquer outra pessoa que tinha
passado pelo que eu passei, então o que eu fiz foi abraçar minha mãe, com
força, porque pelo menos naquele momento eu tinha certeza de que poderia
encontrar ódio em qualquer lugar do mundo, mas não ali, não com ela,

Eu ainda não sabia como meu pai reagiria ao descobrir. Nem sei se teria
coragem de contar tão cedo para ele, mas metade do peso em minhas costas
já tinha sido retirado de mim depois de ser aceito por minha mãe.

Então eu fiquei ali, sentindo o calor e a proteção do seu abraço, até que
finalmente me afastei e busquei Jungkook com meus olhos.

Ele sorria para nós dois, aquele sorriso tão bonito que eu sempre amei tanto.

Quando voltei a olhar para minha mãe, eu também sorria com tanta sinceridade
que nem mesmo era capaz de acreditar que horas antes eu tinha vivido o pior
momento em todos meus dezessete anos.

— Então... — Eu comecei, ansioso. — Eu posso ficar com o Jungkook?

Ela respirou fundo e seus olhos foram direto à imagem do homem do meu
outro lado.

— Você gosta mesmo dele? — Ela perguntou, para ele.

— Sim.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Então o que eu posso fazer? — Ela suspirou e ficou de pé outra vez,
atordoada, mas conformada. — Eu preciso de um chá.

Antes que ela se afastasse, Jungkook ficou de pé e estendeu a mão para mim.

Sem entender o que ele queria, eu deixei que ele me ajudasse a levantar e
ofeguei um pouco surpreso quando ele colocou meu corpo à frente do seu,
com minhas costas coladas em seu peito e uma das mãos segurando a barra
do meu casaco.

— Eu realmente gosto de você, Jimin. — Ele reforçou, falando baixo contra


minha orelha, fazendo minha mãe nos olhar e apertar um pouco os olhos, tão
confusa quanto eu. — É por isso que não posso esconder o que fizeram com
você.

Eu arregalei os olhos ao entender o que ele faria, então segurei suas mãos e
olhei para ele sobre meu ombro, implorando com o olhar.

— Não mostra pra ela, por favor — Eu pedi, ainda envergonhado demais para
deixar que ela visse aquilo. — Eu juro que vou contar depois, mas por favor...
agora não...

Jungkook suspirou e eu respirei aliviado quando ele soltou a bainha do


moletom.

Eu contaria. Eu com certeza contaria. Esconder não era mais meu objetivo, eu
só não queria falar sobre aquilo naquele momento. Não queria estragar as
coisas boas que eu estava sentindo.

Então depois de fazer mais um interrogatório, minha mãe finalmente nos


liberou e voltou para o escritório do hotel, alegando que tinha que aproveitar
aquela dose de adrenalina para fazer algo de produtivo.

Antes de ir, ela o convenceu a dormir ali em nossa casa e não em um dos
quartos do hotel, e eu a convenci, enquanto ele tomava banho. a deixá-lo
dormir comigo, em meu quarto, embora essa última parte tenha sido muito
mais trabalhosa.

Então quando Jungkook saiu do banheiro, nós estávamos sozinhos em casa.


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Ele entrou em meu quarto, vestindo só a calça do pijama que eu ganhei no
meu aniversário e que tinha, sim, ficado enorme em mim, e eu mesmo já
estava vestindo minhas roupas de dormir, esperando-o sentado na cama e
abraçando meu travesseiro quando ele passou pela porta com a pele ainda
levemente úmida pelo banho recém tomado.

— Eu não estou em condições de me esticar pra pegar o colchonete pra você,


então você vai ter que dormir comigo — Eu disse, apertando meus lábios com
um sorriso meio travesso quando ele fechou a porta e caminhou para colocar
suas roupas dobradas em minha escrivaninha.

Era a desculpa mais forçada do universo, e é claro que ele sabia disso, mas eu
não ouvi nenhuma reclamação de sua parte quando ele sentou ao meu lado na
minha cama.

Meu colchão não era de casal, mas era suficientemente grande para que
dormíssemos os dois ali, de qualquer forma. Não seria desconfortável.

— Amanhã eu vou precisar comprar algumas roupas. Ele disse, me puxando


para sentar sobre uma de suas pernas. — Você vem comigo?

Eu assenti, é claro, mas mesmo assim questionei, curioso: — Por que você tem
que comprar roupas?

— Eu não posso passar o fim de semana com você usando as mesmas que
estava usando hoje, posso?

Eu sinto que meu rosto inteiro se iluminou e que, naquela fração de tempo, eu
estava brilhando mais que o próprio sol.

— Você vai passar o fim de semana comigo? — Eu perguntei, ainda sem


acreditar.

— E nós vamos fazer tudo que você quiser, como eu prometi.

Eu mordi meu lábio, incapaz de conter toda a euforia quando joguei meus
braços ao redor do seu pescoço e o abracei, ainda sentado sobre sua perna.
Jungkook envolveu minha cintura também, com cuidado, parecendo não
esquecer nem por um segundo das manchas doloridas sobre minha pele.
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— Tudo, tudo mesmo? — Eu perguntei, afastando meu rosto com um sorriso
travesso nos lábios.

— Tudo, meu anjo.

Eu ainda apertei um pouco meus lábios, ansioso, antes de me afastar apenas o


suficiente para sentar sobre ele novamente, dessa vez com meu peito tocando
o seu e uma perna de cada lado de seu corpo, com meus braços ainda
enlaçando seu pescoço.

— Então me beija.

Jungkook desceu as mãos até minhas coxas, apertando-as com mais cuidado
que da última vez e deixando aquele sorriso sacana aparecer

— Você costumava ser mais tímido. — Ele disse, não como uma reclamação.

— Eu não sou mais tão bobo quanto antes. — Rebati, blefando um pouco.

No fundo, no fundo, eu era tão inexperiente quanto era da última vez que nos
vimos, mas meus conhecimentos teóricos realmente tinham aumentado graças
a Yukwon.

— Não? — Jungkook perguntou, deslizando suas mãos para cima outra vez,
serpenteando seus dedos longos e frios por baixo da minha blusa de moletom.

Meu lábio ainda estava sendo repuxado pelos meus dentes quando eu balancei
a cabeça devagar para os lados, negando.

— Meu Jimin cresceu? — Ele insistiu, me fazendo suspirar arrastado quando


ele beijou meu pescoço lentamente depois de me chamar daquela forma. — É
isso?

Jungkook mal tinha me tocado e eu já estava prendendo a respiração, sentindo


todo meu corpo responder à aproximação do seu. Naquela altura, eu não tinha
mais receio de tocá-lo, então não impedi minhas mãos quando elas desceram
por seus ombros largos, depois por seus braços, sentindo deliciosamente seus
músculos firmes antes de subir todo o caminho por seu abdômen até chegar
em seu peitoral.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Meus dedos tocaram levemente a cabeça da serpente marcada em sua pele
antes que eu deslizasse minhas unhas curtas por ali, olhando para ele
novamente quando respondi.

— Seu Jimin cresceu. — Eu disse, voltando minhas mãos para seus ombros e
o apertando com necessidade. — E ele precisa muito ser tocado por você.

Jungkook beijou meu pescoço outra vez, ainda mais lentamente que da
primeira, e eu senti seu sorriso contra minha pele antes que ele subisse,
beijando todo o caminho até meu queixo, me fazendo deixar a cabeça tombar
para trás involuntariamente.

Seus toques estavam leves, cuidadosos, diferentes da primeira vez que ele me
beijou, E mesmo que aquilo já deixasse meu corpo em chamas, eu queria
sentir aquilo de novo. Queria suas mãos marcando minha pele, sua boca
domando a minha.

— Não precisa ter cuidado... — Eu quase sussurrei, gemendo baixo quando


senti sua língua me tocar num ponto logo abaixo do meu pomo de adão antes
que ele chupasse minha pele suavemente. — Me faz esquecer o que ele fez
comigo... eu só quero sentir a sua dor, Jungkook..

Em resposta, sua língua voltou a deslizar por minha garganta, pressionando-a


com menos cuidado.

— Porra... — Ele rosnou, ainda contra minha pele, antes de subir com sua
boca e morder meu maxilar, me fazendo suspirar em deleite.

Logo depois ele afastou seu rosto do meu, uma de suas mãos subiu até a parte
de trás de minha cabeça e eu vi seus olhos escuros brilhando enquanto ele
olhava para mim, respirando pesadamente.

— Me beija, por favor... — Eu insisti, já sentindo meu membro fisgar dentro de


minha calça.

Jungkook passou a língua por meu lábio inferior, depois o chupou de forma
demorada com sua boca avermelhada, soltando-o lentamente.

Então ele afastou seu rosto do meu.


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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Mas antes que eu pudesse me lamentar por isso, ele voltou a segurar meu
quadril com força e se levantou apenas para que voltássemos para a cama,
dessa vez com minhas costas apoiadas no colchão e seu corpo sobre o meu.

Minhas pernas ainda abraçavam seu quadril quando ele investiu devagar
contra minha barriga, me fazendo gemer mais alto ao sentir sua ereção
pressionada contra meu corpo.

— Olha o que você faz comigo, meu anjo — Ele disse, com uma de suas mãos
segurando minha perna esquerda e a outra apoiada ao lado da minha cabeça
para sustentar seu peso sobre mim, sem machucar o que já estava dolorido.

Eu empurrei minha cabeça contra o travesseiro e arqueei minhas costas,


buscando mais daquele contato, sentindo ele mover seu membro duro sobre
minha barriga daquele jeito lento.

Desesperado, eu tentei puxá-lo para mais perto com meus braços ainda
abraçando seus ombros, mas ele resistiu com aquele sorriso atravessado no
canto dos lábios.

— Por favor, Jungkook, por favor! — Eu implorei, nem sabia mais pelo quê. Eu
só queria mais dele, desesperadamente.

Ele manteve seu membro pressionado contra mim quando cedeu, aproximando
seu corpo até seu peito tocar o meu.

— Você fica tão lindo quando implora por mim... — Ele disse, roçando sua
boca em minha bochecha, me torturando ainda mais.

Completamente desesperado, eu virei meu rosto, tentando fazer minha boca


encontrar a sua, mas ele recuou por um segundo, só para voltar logo depois,
mostrando que o controle ainda era dele.

Então ele selou meus lábios e eu suspirei contra sua boca antes que ele
deslizasse sua língua até encontrar a minha, pressionando nossas bocas
juntas antes de morder meu lábio superior, arrastando-o entre seus dentes.

Eu gemi, extasiado, e ele logo voltou a me beijar, chupar e morder, me


deixando completamente perdido de tesão quando sua mão serpenteou para
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baixo do meu corpo, deslizou para dentro da minha calça e apertou minha
bunda com força.

Ao sentir sua mão tocando diretamente minha carne, eu empurrei meu quadril
para cima, ainda mais tomado pelo desespero, e voltei a gemer livremente
quando ele deixou minha boca e voltou a beijar meu pescoço.

Era insana a forma como ele lambia e depois chupava minha pele, descendo
cada vez mais, sem esquecer de nenhum pedaço.

Então ele soltou minha nádega e passou sua mão para minha barriga, puxando
minha blusa de moletom para cima. Ele viu, pela primeira vez, as marcas que
Taeil deixou em mim, e eu percebi a forma como ele parou, observando com os
olhos irritados os hematomas.

— Jungkook... — Eu o chamei, com a respiração ainda atrapalhada,


envergonhado por deixar ele me ver naquele estado.

Então ele olhou para mim e, sem dizer nada, puxou o moletom ainda mais para
cima, para logo depois beijar as manchas espalhadas sobre meu abdômen e
costelas.

Jungkook beijou cada uma delas, descendo cada vez mais até encontrar o
elástico da minha calça.

Ele passou a língua pela linha abaixo do meu umbigo e continuou me beijando
naquela região, me fazendo contrair a barriga e gemer baixo com a
provocação. Então sua mão foi até ali e puxou o elástico para baixo,
minimamente, só para brincar com meu controle.

Jungkook sorriu quando me viu completamente necessitado e todo o ar fugiu


de mim quando ele deslizou a mão para dentro da minha calça e sua palma
apertou meu membro duro e úmido ainda sobre a cueca.

Ele continuou me apertando, subindo e descendo sua mão enquanto começava


a me masturbar lentamente e sua boca continuava beijando minha barriga sem
pudor algum.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Depois de me provocar desse jeito, me fazendo gemer arrastado e incontido a
cada vez que ele me pressionava mais, Jungkook me tocou por baixo da
cueca, me fazendo sentir sua palma áspera em contato direto com meu
membro que já gotejava de tanto tesão.

Eu estoquei contra sua mão, cobrindo meus olhos com as mãos escondidas
pelas mangas compridas do moletom, envergonhado por já estar tão perto de
gozar.

Mas eu não tinha culpa. Não quando Jungkook me apertava, pressionando seu
polegar contra minha glande inchada antes de voltar a me estimular no ritmo
certo, com sua boca chupando a pele sensível e já úmida de saliva logo acima
da minha virilha.

Então meu corpo todo esquentou e eu gemi ainda mais, sentindo que estava
cada vez mais perto do melhor orgasmo da minha vida.

Mas então ele parou de me masturbar e me olhou, com os olhos escuros e


maldosos, antes de puxar minha calça e minha cueca para baixo, fazendo meu
membro ficar completamente exposto, com as veias inchadas e a glande
vermelha e úmida pelo pré-gozo.

Eu estava pronto para implorar que ele não parasse ali, mas não foi preciso,
porque logo depois Jungkook parou de beijar minha barriga e desceu com sua
boca. Ele lambeu a glande inchada e sensível, e eu enterrei meu corpo ainda
mais no colchão, cobrindo os olhos outra vez, envergonhado pelo gemido
agudo que deixei escapar.

Jungkook estava entre minhas pernas, minha calça abaixada e minha blusa
levantada até meu peitoral.

Ele parou por um momento e quando olhei para ele, percebi que ele parecia
admirar a forma como eu estava exposto naquele momento. Isso me encheu
ainda mais de tesão e eu senti que ia gozar só pela forma como ele me olhava.

Então eu não perdi mais nenhum momento, por mais que a vergonha me
fizesse querer desviar o olhar, eu me mantive completamente atento à forma

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
como Jungkook aproximou sua boca de meu membro outra vez, lambendo-o
da base até a cabeça antes de engoli-lo completamente.

Eu não era grande, sempre soube disso, então ele não teve dificuldade alguma
em me chupar por inteiro.

Minha mente estava completamente perdida, meus gemidos cada vez mais
intensos e sua boca habilidosa subia e descia, alternando com algumas
chupadas lentas para que eu não gozasse tão rápido.

Mas então meu corpo inteiro voltou a esquentar, como se fogo corresse por
minhas veias. Eu contrai todos os meus músculos, sem a intenção de fazê-lo,
perdi a voz e senti meu peito subir e descer violenta e rapidamente, como se
eu estivesse prestes a entrar em combustão.

E eu gozei, tão forte quanto nunca antes, gemendo até o último instante em
que Jungkook me chupou e finalmente soltou meu membro, já mole, com
aquele sorriso que tirava completamente meu juízo.

Ele então puxou minha calça e a cueca para cima e beijou toda a linha no
centro da minha barriga até chegar em minha blusa e puxa-la para baixo, me
cobrindo totalmente enquanto eu ainda estava com a mente presa àquele
orgasmo incrível.

Então eu entendi o que Yukwon quis dizer uma vez quando me falou que uma
pessoa não merece ser parabenizada no seu aniversário. Não, ninguém
merece receber parabéns só por completar mais um ano de vida. Quem
merece parabéns é quem faz uma pessoa sentir o próprio corpo explodir de
tanto prazer.

Então eu olhei para Jungkook, ainda sem conseguir respirar direito, mas
sorrindo como nunca antes na vida.

— Jungkook... — Eu o chamei, totalmente atrapalhado. Então disse, com


aquele sorriso persistente: - Parabéns.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Guerreiros que chegaram até o final dessa bíblia de +8k de palavras, coloquem
seus dedinhos aqui

"Quanto maior, melhor", vocês disseram. Agora aguentem a louca


descontrolada que não sabe quando parar:(

Antes de ir eu gostaria de dizer uma coisa: vocês alegram minha vida. Tipo, de
verdade mesmo. Eu tava meio tristinha esses dias, daí parei pra reler os
primeiros capítulos de sub e acabei revendo os comentários também, né? e
viado, eu gritava de tanto rir, parecia uma macaca. Então obrigadinha por lerem
essa fanfic e me divertirem, vocês são incríveis <3

Beijinhos e até o próximo <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
13 • Cloud Nine

A casa estava em silêncio e, naquele momento, eu só agradeci por minha mãe


ser tão atrapalhada e bagunçar todos os arquivos do hotel. Pelo menos assim
eu ficaria sozinho com Jungkook, e eu sei que ele não faria nada do que fez no
meu quarto caso ela estivesse por perto.

Jungkook tinha se deitado comigo, nossos corpos de lado sobre a cama


espaçosa, virados um para o outro e minha cabeça apoiada em seu braço.
Com sua mão livre, ele continuava fazendo carinho em minhas costelas
doloridas por debaixo do meu moletom.

Ele me olhava com um sorriso pequeno enquanto eu tentava conter um


enorme, mas sempre falhava e deixava uma risada escapar antes de morder
meu lábio outra vez para me controlar. Quando eu fiz isso acho que pela quarta
vez, deixando um ruído alegre fugir por minha garganta, Jungkook dobrou o
braço que estava sob minha cabeça, forçando-a a deslizar mais na direção do
seu corpo até que estivesse quase em seu ombro e meu rosto bem pertinho do
seu.

Aproveitando a proximidade, eu subi minha mãozinha até tocar em sua


bochecha com as pontas dos dedos, ainda um pouco tímido, e desenhei toda a
linha bem definida do seu maxilar até parar no seu queixo.

Jungkook piscou devagar enquanto sentia meu toque, também sem parar de
me acariciar com a mão embaixo da minha blusa

— Eu ainda não acredito que você realmente tá aqui — Eu disse, baixinho,


depois de admirar cada detalhe do seu rosto tão perto do meu.

Sua respiração quente me alcançou logo antes que ele se aproximasse ainda
mais. Jungkook me beijou devagar e com carinho antes de se afastar de novo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ainda com sua boca perto da minha, meus pelinhos eriçados pelo beijo e seus
dedos sobre um dos lugares machucados em minhas costelas, ele disse: — Eu
quero saber o nome dele.

Eu já reconhecia aquele tom. Dessa vez era especialmente cuidadoso, quase


como se Jungkook estivesse tentando me fazer acreditar que era apenas um
pedido, mesmo que eu já soubesse que era uma ordem muito clara.

Sem saber quais as consequências que isso levaria para quem um dia eu
realmente acreditei ser meu amigo, eu respondi,

— Moon Taeil.

Jungkook soltou o ar devagar, parecendo controlar alguma raiva quando eu


apertei meus olhos, afetado pelo incômodo de seus dedos tocando um lugar
especialmente machucado.

— Você não vai mais precisar se preocupar com ele. — Ele disse,
simplesmente.

Eu o olhei sob meus cílios, apertando um pouco meus lábios ao ouvir sua
entonação.

— Você não vai matar ele não, né? — Eu perguntei, encolhendo meus ombros
quando percebi o quanto aquela preocupação soou ridícula ao ser colocada em
voz alta.

Em resposta Jungkook riu, e o som de sua risada era tão gostoso que eu nem
me importava mais em estar sempre dizendo coisas estúpidas que acabavam
provocando essa reação.

— Só se você quiser, anjo.

Eu balancei a cabeça para os lados quando comecei a rir também, negando


sua sugestão. Eu não queria que Taeil morresse, apesar de estar um pouco
satisfeito com a forma como Jungkook me fez acreditar que algo realmente
aconteceria com ele.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Não estava contente por achar que ele merecia, até porque eu ainda estava
muito mais magoado que irritado, mas sim por ver que Jungkook estava
disposto a não deixar aquilo acontecer de novo.

Ele então segurou minha mão que ainda estava em seu queixo e a puxou com
cuidado até sua boca para dar um beijo em minha palma, depois beijou minha
testa e por último me puxou ainda mais para perto, até fazer meu nariz
encostar em seu peitoral exposto.

Eu suspirei com a proximidade e com o cheiro fresquinho de sua pele logo


depois do banho, mas resmunguei baixinho quando ele tirou sua mão de
debaixo do meu moletom e arrumou o edredom pra me proteger melhor.

— Boa noite, meu bem.

Mesmo sem querer dormir, meus olhos já estavam pesados e minha mente
pedia ainda mais descanso que meu corpo, então eu deslizei a ponta do meu
nariz em seu peitoral antes de beijar o lugar onde estava sua tatuagem, numa
tentativa meio desastrada de retribuir seu carinho e cuidado.

— Boa noite, Jungkook.

Depois, pouco a pouco o sono e a fadiga me arrastaram para um sono


confortável, apesar da dor e da confusão que o dia trouxe, e eu só acordei
horas mais tarde quando o efeito dos primeiros anestésicos começou a
desaparecer e o incômodo se tornou mais intenso outra vez.

Eu me remexi na cama, desconfortável e me controlando para não


choramingar, quando abri meus olhos e vi o rosto de Jungkook ainda bem perto
do meu.

Mesmo com a dor, eu sorri um pouco ao ver como ele parecia diferente
dormindo com o rosto sereno, as pálpebras sonolentas e suavemente fechadas
e sua respiração lenta, Era como um homem totalmente diferente daquele
sempre tão intenso, mas tão encantador quanto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Então eu perdi mais algum tempo admirando-o, sorrindo bobo enquanto velava
seu sono e me sentindo o garoto mais sortudo do mundo inteiro por poder vê-lo
daquele jeito, tão exposto e vulnerável.

Mas quando a dor começou a se tornar ainda mais forte, eu deixei seu abraço
com cuidado e insatisfação, fechei a cortina pra que a luz do sol não o
incomodasse à medida que fosse se tornando mais intensa e me arrisquei a
dar um beijinho em sua bochecha antes de sair do quarto, caminhando devagar
em direção à cozinha com um dos comprimidos nas mãos.

Depois de tomar mais um anestésico, mesmo sabendo que ainda estava muito
cedo e que eu poderia voltar a me aconchegar em Jungkook - e, na verdade,
querendo muito fazer isso , eu fiquei por ali e comecei a preparar o café da
manhã logo depois de enviar uma mensagem para Yukwon pedindo que ele
pegasse algumas roupas na loja de sua irmã e levasse pra minha casa.

Nossa família tinha cedido à praticidade ocidental, já que ninguém tinha muita
paciência pra cozinhar logo cedo, então muitas vezes nos comíamos torradas
com ovos mexidos ou qualquer coisa tão fácil de preparar quanto isso. Mas
como eu já sabia que Jungkook gostava de refeições mais tradicionais, eu
revirei toda a geladeira e os armários para pegar tudo que precisava pra fazer
uma sopa de broto de feijão e alguns acompanhamentos para servir com o
arroz.

Depois de cozinhar tudo, sempre fazendo pausas para descansar um pouco e


ver se Yukwon já tinha acordado para me responder, eu comecei a arrumar a
mesa, mas parei quando senti aqueles braços fortes e o corpo grande me
abraçando por trás.

— Você deveria estar descansando, meu anjo. — Jungkook disse, com a voz
ainda rouca de sono, e toda aquela proximidade repentina fez meus pelinhos
eriçarem.

— Eu só vim fazer nosso café... — Eu disse, me controlando para não suspirar


alto demais com seu abraço.

— Deveria ter me chamado.

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Eu neguei, arrumando a última tigela de arroz sobre a mesa. — Você sempre
dorme muito pouco. Eu quis te deixar descansar...

Jungkook beijou meu pescoço, ainda me abraçando com cuidado. — Prefiro


ficar acordado com você, meu bem.

Antes que eu me derretesse todinho com sua resposta e com seu tom de voz
mais grave que o normal, nós ouvimos minha mãe saindo do quarto e então ele
se afastou sem pressa, parando ao meu lado. Eu o olhei só para me certificar
que ele tinha vestido a parte de cima do pijama também, porque minha mãe
provavelmente teria uma síncope se o visse com o tronco exposto em nossa
cozinha e descobrisse que Jungkook tinha uma tatuagem daquele tamanho.

— Bom dia, príncipe — Ela disse, ainda sonolenta, quando caminhou direto até
a geladeira para beber um pouco de água.

Eu quis morrer pelo apelido que ela usou e também por ter praticamente
ignorado a presença de Jungkook ali, mas o que verdadeiramente me fez
querer cavar um buraco no chão foi olhar para o lado e ver a forma como ele
falhava em esconder um sorriso.

— Ai, que susto, meu deus! — Ela quase virou e percebeu que não éramos só
eu e ela na cozinha. — Eu esqueci que Jeon estava aqui!

— Bom dia, senhora Park. Obrigado por me deixar passar a noite aqui. —
Jungkook disse educadamente, como se não fosse minha mãe quem tivesse
insistido para que ele dormisse em casa.

— Bom dia. — Ela cumprimentou de volta, sorridente, depois de se recompor e


finalmente olhar para a mesa posta. — Se o Jimin for cozinhar assim sempre
que você dormir aqui, pode vir todos os dias. — Ela comentou, meio
brincalhona, mas principalmente impressionada.

Eu me encolhi, um pouco envergonhado, e segurei o braço de Jungkook,


puxando-devagar até uma das cadeiras para que ele se sentasse ao meu lado.

Quando minha mãe também sentou, com o cabelo ainda um pouco bagunçado
e um roupão mal amarrado sobre seu pijama, nós começamos a comer. Antes

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
de levar a primeira porção à boca, entretanto, eu esperei ansioso a reação de
Jungkook ao provar a primeira refeição que eu fiz pra ele, e só depois de ver
seu pequeno sorriso de aprovação é que eu finalmente comecei a comer,
orgulhoso com o resultado.

Depois de acabarmos e de sermos fuzilados por mais perguntas vergonhosas


da minha mãe, ele me fez esperar sentado enquanto insistia em ajudar a
recolher os pratos e a lavar toda a louça. Eu fiquei observando aquilo,
completamente hipnotizado por ter Jungkook em minha cozinha, conversando
com minha mãe, depois de passar a noite comigo.

Não fosse por Yukwon finalmente respondendo minha mensagem, eu


provavelmente continuaria olhando para eles dois, sorrindo como um bobo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Quando a cozinha já estava toda arrumada, minha mãe nos deixou sozinhos e
foi se arrumar, porque logo depois ia sair para comprar um presente para um
dos funcionários do hotel que faria aniversário naquele mês.

Enquanto isso, sabendo que Yukwon demoraria um pouco pra chegar com as
roupas para Jungkook, eu pedi que ele esperasse em meu quarto e fui o
primeiro a me arrumar.

Por muito tempo eu me classificaria como o oposto de vaidoso, mas algumas


coisas tinham mudado desde que eu o conheci e meu cuidado para escolher
roupas era uma delas. As novas calças no meu armário eram quase todas
apertadas e eu escolhi a mais bonita para usar com meu casaco favorito.

Quando saí do banheiro já pronto e algum tempo depois de Jungkook ir tomar


seu banho, minha mãe saiu e Yukwon chegou, encontrando-a ainda na porta
de casa.

— Toma. — Ele me estendeu a sacola de roupas da loja de sua irmã quando


entrou, tirando os sapatos e já caminhando para se jogar no sofá. — Pra que
você pediu isso? Essas roupas são umas dez vezes maiores que o seu
tamanho. Tá achando que vai crescer, é?

Eu revirei os olhos, batendo em suas pernas para que ele me desse espaço
pra sentar ao seu lado.

— Não são pra mim. — Eu disse, tirando as peças de dentro da sacola para
poder ver. Depois eu passo lá na loja dela pra pagar, tá?

— Mas vai mesmo, nem pense em dar calote naquele demônio, ela te esfola
vivo. — Ele disse, abraçando preguiçosamente uma das almofadas, não muito
interessado em descobrir para quem eram as roupas.

Eu sorri meio travesso, sabendo que ele surtaria ao descobrir que Jungkook
estava ali, e então devolvi o casaco de lã branca, a calça jeans de lavagem
clara e a cueca à sacola quando ouvi o som do registro do chuveiro sendo
fechado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Tá melhor? — Yukwon perguntou, disputando o espaço sobre minhas coxas
para apoiar os pés enquanto mexia no celular. — Jeonghan disse que você
passou mal ontem

— Tô sim. — Eu sorri meio frouxo, sem qualquer pretensão de contar a


verdade sobre o que tinha acontecido.

Ele balançou a cabeça e acho que falaria mais alguma coisa, mas se calou
quando Jungkook finalmente saiu do banheiro, enrolado numa toalha. Yukwon
olhou para ele, a princípio com o desinteresse usual, mas logo depois seus
olhos se abriram em choque quando ele viu a tatuagem exposta, e então saltou
do sofá, eufórico, quase tropeçando no próprio pé quando levantou.

— O macho da tatuagem tá aqui?

Eu dei um tapinha em seu ombro para ele se controlar e me aproximei de


Jungkook, entregando a ele as roupas e tentando ignorar o calor em minhas
bochechas e em outra parte do meu corpo por vê-lo enrolado só numa toalha.

— Você pode vestir essas — Eu disse quando ele pegou a sacola de minha
mão, olhando para Yukwon por cima do meu ombro. — Ah, ele é aquele meu
amigo, o Yukwon... — Expliquei, torcendo para que não fosse um problema ter
deixado ele ver Jungkook ali.

Jungkook assentiu, descendo seu olhar até encontrar o meu, ainda sério. -
Venha no quarto comigo.

Eu engoli em seco, meio desesperado, e meu corpo quase virou uma papa
nojenta derretida no chão quando eu o segui até meu quarto depois de
gesticular para que Yukwon esperasse.

Quer dizer, eu achei que podia relaxar depois de minha mãe ter permitido que
eu me envolvesse com Jungkook, mas ainda tinha todo o problema com minha
idade e talvez ele achasse melhor que outras pessoas não soubessem.

— Fiz besteira? — Perguntei, meio acuado contra a porta.

Jungkook não disse nada enquanto vestia a cueca, sem tirar a toalha. Depois,
ele a desenrolou de sua cintura para vestir o jeans, parecendo não ter pressa
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
nenhuma para fazê-lo, menos ainda para me responder, mas meu coração deu
uma guinada antes mesmo que ele dissesse a primeira palavra, porque eu o vi
pegar o cinto que estava junto com suas roupas na minha escrivaninha. Depois
ele caminhou devagar em minha direção, ainda segurando-o em suas mãos, e
parou bem em minha frente.

Quando eu achei que algo aconteceria, Jungkook começou a deslizar o cinto


pelos passadores do jeans e um sorriso pequeno apareceu no canto de sua
boca.

— Você sempre fica tão assustado, meu anjo. — Ele disse, com um
inconfundível tom de provocação.

Meus olhos ainda arregalados acompanharam todo o processo até que o cinto
estivesse preso em sua calça e afivelado, mesmo que Jungkook tivesse feito
tudo isso devagar.

Então eu levantei meus olhos, encontrando sua expressão ainda divertida, e


ele finalmente explicou. — Eu só queria pedir seu desodorante.

Eu não sei se o suspiro que deixei escapar foi de alívio ou decepção, mas de
uma coisa eu tinha absoluta certeza. Jungkook só estava me provocando.

Pelo menos ele não estava irritado comigo, o que era bom, mas o lado ruim era
que, mais uma vez, eu teria que recorrer à minha imaginação para saber o que
Jungkook poderia fazer comigo quando tinha aquele cinto nas mãos.

Desde nosso primeiro encontro, quando ele me pegou espiando-o em seu


quarto, eu tinha essa estranha obsessão pelo objeto de couro, e não foi só uma
vez que eu revisitei essa lembrança para me aliviar sozinho em algumas noites.

— O que você vai querer fazer hoje? — Ele perguntou, casualmente, se


afastando enquanto eu ainda tentava recuperar o ritmo da minha frequência
cardíaca.

Tentando não demonstrar tanto o quanto aqueles gestos tão pequenos tinham
me desestabilizado, eu pigarreei e caminhei até meu armário, peguei meu
desodorante e entreguei a ele.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você ainda vai precisar de mais roupas, né? — Respondi, logo dando as
costas para pegar uma mochila vazia para guardar minha carteira, dois
cachecóis pro caso de esfriar muito quando estivéssemos fora e meu celular.
— A gente pode ir comprar logo.

— Tudo bem. E depois?

Eu segurei minha mochila, voltando a olhar para ele, e vi que ele já tinha
vestido o casaco de la branca.

Jungkook ficou tão bonito e diferente usando roupas mais simples e claras que
eu quase perdi o foco outra vez, precisando balançar minha cabeça para os
lados quando fiquei admirando-o por tempo demais.

— Nós vamos no family land. — Respondi, finalmente, colocando minha


mochila em minhas costas, mas falar como se eu estivesse tomando a decisão
sozinho era estranho com ele, então eu apertei um pouco meus ombros —
Tudo bem?

Era claro que Jungkook não sabia o que era o family land, mas ele não se
preocupou em perguntar.

— Eu disse que vamos fazer tudo que você quiser, anjo.

Eu assenti, mas não me movi, e demorei um pouco até decidir se eu queria


mesmo dizer aquilo.

— Vou ver se Yukwon quer ir com a gente... — Anunciei, enfim, ainda um


pouco incerto.

Eu estava sempre falando de Jungkook para Yukwon e vice-versa e os dois


eram muito importantes pra mim, então eu realmente queria que eles se
conhecessem, mesmo sabendo o risco que estava correndo ao deixar o
linguarudo do meu amigo perto de Jun.

— Certo, meu bem.

Enquanto Jungkook terminava de se arrumar, então, eu fui até o banheiro e


peguei nossas escovas de dentes para levar na mochila, porque passaríamos

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todo o dia fora. Depois finalmente encontrarmos Yukwon na sala, então eu o
convidei para ir com a gente até o family land depois de fazermos algumas
compras. É claro que ele aceitou, porque estava escrito em sua testa o quanto
ele queria me fazer passar vergonha, e por último saímos de minha casa e
seguimos até uma das ruas comerciais que ficavam ali perto.

Durante o caminho, Yukwon não parava de olhar para Jungkook, e então ele
virava para mim só pra dizer, de forma muda, o quanto ele era gostoso.

Eu revirava os olhos a cada vez que ele o fazia, mas era impossível discordar,
então eu só ignorava e tentava fazer os dois interagirem, e isso até que
funcionou bem apesar das personalidades tão opostas.

Jungkook era elegante até quando não pretendia ser, e Yukwon... Yukwon era
Yukwon.

E apesar de ter algum receio inicial, porque tudo em meu amigo era excêntrico,
até mesmo sua aparência, eu suspirei aliviado ao ver que Jungkook não
parecia disposto a julgá-lo nem quando percebeu suas unhas pintadas com o
esmalte preto já craquelado.

Quando chegamos à loja, então, Yukwon se separou e disse que nos esperaria
no pequeno café que tinha logo à frente.

Jungkook não demorou em escolher as peças que precisava e levá-las para o


provador enquanto eu o esperava do lado de fora, caminhando diante da
parede cheia de acessórios femininos e alguns poucos masculinos.

Apesar de nunca ter me interessado por esse tipo de coisa, eu passei algum
tempo parado na frente de um dos expositores observando uma gargantilha de
camurça com uma argolinha prateada no centro, presa ao manequim de joias.
Era tão delicada e ao mesmo tempo chamava tanta atenção que, por um
momento, eu quis muito experimentar, mas tentei me livrar da vontade porque,
afinal, era uma peça feminina.

— Você gostou? — A voz inconfundível de Jungkook me fez ter um pequeno


sobressalto, e eu neguei, envergonhado, quando o vi ao meu lado.

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— É de mulher. — Eu disse.

— Isso não importa, anjo.

Eu segurei seu braço, um pouco atrapalhado, tentando impedi-lo quando ele


tirou a peça do expositor. Depois ele parou atrás de mim e envolveu meu
pescoço com a faixa de camurça, prendendo o pequeno fecho em minha nuca
antes de descer suas mãos até meus ombros e me virar um pouco para o lado,
para que eu pudesse me ver no espelho.

Depois de ver meu reflexo por algum tempo, eu levei minha mão até a argola
pequena presa à peça, e mordi meu lábio antes de suspirar, deslizando meus
dedos até a parte de trás para soltar o fecho. Eu tinha gostado, realmente achei
bonito, mas não queria que Jungkook me achasse estranho por querer usar
algo tão feminino.

— Você ainda não me respondeu. — Ele disse, colocando sua mão sobre a
minha antes que eu soltasse a gargantilha. — Você gostou?

Eu relutei um pouco antes de erguer meus ombros timidamente, numa resposta


ainda esquiva demais.

Jungkook então manteve uma de suas mãos em meu ombro e com a outra
desceu por minhas costas até segurar minha cintura e colar meu corpo ao seu.
Ele aproximou o rosto, fazendo sua bochecha tocar suavemente a lateral do
topo da minha cabeça enquanto seus olhos me observavam pelo espelho
diante de nós.

Eu senti meu estômago revirar com a forma que ele estava me tocando e como
seus olhos escuros não perdiam a intensidade nem mesmo no reflexo,
forçando minha respiração a se tornar mais lenta e cuidadosa, porque eu não
queria ser brusco e arruinar aquele momento.

— Me faz pensar em outra coisa que quero colocar aqui. — Jungkook quase
sussurrou com sua voz grave, subindo sua mão por meu ombro até alcançar
meu pescoço, e então seus dedos correram por minha pele até que sua palma
cobrisse a faixa de camurça.

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Quando ele apertou um pouco mais, fazendo sentir meu pomo de adão
pressionado, eu senti o ar escapar por meus lábios e vi Jungkook umedecer os
seus. No instante seguinte, ele afastou seu corpo e suas mãos de mim, me
fazendo sentir falta de seu toque imediatamente.

— Eu vou levar. — Ele disse, e não sei se foi coisa de minha cabeça, mas sua
respiração parecia tão pesada quanto a minha.

E ele realmente levou. Quando pagou por suas roupas, ele pagou também pela
gargantilha, e eu sai da loja ao seu lado, usando-a e tocando-a, sempre me
perguntando como Jungkook conseguia me desestabilizar com tão pouco todas
as vezes.

Nós éramos tão diferentes em todas as formas que isso possa ser avaliado, e
ainda assim parecia que aquilo era tão natural, mas não era algo como opostos
se atraindo. Nossas diferenças se encaixavam tão bem. Era como se eu. Park
Jimin, tivesse sido perfeitamente moldado para Jeon Jungkook. E eu sentia que
ele tinha sido moldado para mim também.

Mas aquilo era perigoso, porque não eram apenas nossas personalidades que
se entendiam. Nossos corpos também. Cada pequeno toque parecia despertar
algo ainda maior, como se estivéssemos sempre prestes a pegar fogo, e isso
era difícil de controlar a ponto de se tornar doloroso quando nos afastávamos.

— Eu chamei o Jeonghan pra ir com a gente, não vou ficar de vela pra casal,
não. — Yukwon disse, quando nos juntamos a ele na mesa do café, ainda
calados.

A tensão ainda era grande, palpável, até, e eu apenas concordei


distraidamente com o seu aviso.

Então meu amigo uniu as sobrancelhas, parecendo perceber aquilo que nos
rodeava com o silêncio persistente, meus olhos dispersos e a postura tensa de
Jungkook.

— Pelo amor de deus, vão transar.

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Eu deixei um som desastrado escapar por minha garganta e Jungkook ficou de
pé, imediatamente.

— Vou comprar uma água. Quer que eu traga alguma coisa pra você, meu
bem?

Eu balancei minha cabeça, ainda sem jeito. — Pode ser uma água também.

Quando ele começou a se afastar em direção ao balcão, Yukwon acompanhou-


o com o olhar antes de voltar a olhar para mim com os cantos dos lábios sujos
de chocolate quente e retorcidos num de seus sorrisos maliciosos. Ele então
cruzou os braços, sentado desleixadamente sobre sua cadeira.

— Se eu acender meu isqueiro, essa porra toda explode porque vocês estão a
isso aqui - Ele levantou só uma das mãos, aproximando o indicador do polegar.
— de pegar fogo. Vocês não iam só comprar umas roupas? Que merda foi que
aconteceu?

Eu passei a mão por minha testa, fechando meus olhos quando suspirei.

— Ele tocou meu pescoço. Ele literalmente só tocou meu pescoço, Yukwon! —
Eu puxei meu casaco, incomodado com a temperatura. — Por que esse lugar
parece tão quente? A gente não tá no inverno?

Yukwon riu alto e exagerado, como sempre. — Olhar pra vocês me deu tesão.
— - Ele disse, completamente casual. — Aliás, gostei da gostei da coleira nova,
ficou bem em você.

Eu não fiz nada além de suspirar acho que pela vigésima vez no dia, e
agradeci por Yukwon não insistir no assunto quando Jungkook voltou para a
mesa e me entregou uma das garrafas de água.

— Jeonghan já tá vindo? — Eu perguntei, porque o silêncio estava me


sufocando.

— Acordou agora, aquele preguiçoso do caralho. Quando ele chegar já vai ser
quase hora do almoço, então é melhor a gente comer antes de ir pro family.

— Tá.

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— Então, Jungkook — Yukwon virou para ele, apoiando o queixo sobre a
palma da mão e tamborilando as pontas dos dedos na própria bochecha. —
Posso continuar te chamando de Jungkook? O Jimin é meio sem noção e é
informal com todo mundo, mas eu sou um moço educado, então prefiro
perguntar antes.

— Nossa, que cara de pau! — Eu resmunguei, incrédulo, porque Yukwon era


mil vezes pior que eu. Então ele esticou a mão livre e começou a esfregar
minha cara, só pra irritar enquanto eu resmungava, tentando empurrar seu
braço.

— Pode chamar de Jungkook. — Ele respondeu, ignorando nossa pequena


briga infantil.

— Certo. Vamos ter uma conversa, Jungkook. — Yukwon afastou sua mão de
meu rosto, finalmente.- Será que você não pode ser um pouco mais rápido e
foder logo o Jimin?

Eu quase cuspi toda a minha água, e logo depois comecei a tossir muito.

— Yukwon!

— Ah, Jimin, deixa eu te ajudar, né? Yukwon resmungou, revirando os olhos


antes de continuar falando com Jungkook. — Uma vez ele dormiu no meio da
aula e acordou com uma puta ereção porque sonhou com você. Tenha dó
dessa criança, cara, ele precisa trepar!

Eu senti minha pressão baixar, meu queixo cair e meu rosto perder a cor antes
de começar a ficar todo vermelho quando senti a vontade de morrer crescendo
exponencialmente.

— Foi mais ou menos essa a reação dele quando percebeu que tava de pau
duro na sala — Yukwon apontou, rindo exageradamente. — O Jimin é um imã
de vergonhas, as vezes dá até pena.

— É uma reação natural do corpo. Não é vergonhoso. — Jungkook disse, tão


casualmente como se estivesse fazendo um comentário sobre o cardápio.

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Yukwon riu de novo, ainda alto. — Muito natural quando ele pensa em você,
pelo visto. — Eu o vi se inclinar com os braços cruzados sobre a mesa, prestes
a falar algo em tom confidencial. — Você também fica duro quando pensa nele,
Jungkook?

— Não deveria ficar? — Jungkook respondeu, tranquilo.

Yukwon abriu os olhos antes de abrir um sorriso e olhar para mim, empolgado.
Esse cara tá mais do que aprovado, Jimin, vai fundo.

Ah, sim, como se eu precisasse ouvir o seu incentivo para ir fundo com
Jungkook.

De qualquer forma, aquela confirmação sutil de que ele também se excitava ao


pensar em mim só fez o calor em meu rosto aumentar, mas não era por
constrangimento.

Pouco tempo depois, quando eu comecei a me recuperar do embaraço daquela


conversa, Yukwon já estava falando sobre as suas próprias vivências
embaraçosas, porque, na verdade, ele sempre foi incapaz de sentir vergonha,
então reavivar essas memórias não era algo sofrido, não para ele.

No fim, nós saímos do café e fomos até um restaurante para almoçar. Depois
de escovarmos os dentes e comprarmos alguns lanches, que foram colocados
na minha mochila junto com as roupas que Jungkook tinha comprado, nós
seguimos até a estação de trem em Bongseon para encontrarmos Jeonghan.

Jungkook estava carregando a bolsa em suas costas para que eu não forçasse
muito meu corpo ainda dolorido, e nós três já estávamos na plataforma quando
Jeonghan finalmente chegou.

Ele cumprimentou Yukwon, eu o apresentei a Jungkook e por último ele se


aproximou de mim, com cuidado.

— Você tá bem? — Ele perguntou, baixo o suficiente para que Yukwon não
ouvisse, e arrumou meu cabelo carinhosamente com as pontas dos dedos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu fiz que sim com a cabeça, oferecendo um sorriso para que minha resposta
parecesse mais convincente, e então ele suspirou, aliviado, e me abraçou
antes de dar o costumeiro beijo em minha bochecha.

Apesar de nem sempre ser confortável receber todo esse carinho dele, eu já
considerava algo normal, por isso não me preocupei que pudesse deixar
Jungkook irritado. Mas não foi isso que percebi quando olhei para seu rosto e vi
seus olhos escuros zangados e sua bochecha sendo empurrada pela ponta de
sua língua num gesto enraivecido.

Yukwon deu um tapinha na minha bunda quando finalmente começamos a


entrar no trem e falou só para que eu ouvisse. — Que delícia um macho desse
com ciúmes de você, hein?

Eu o empurrei pelo ombro, querendo fingir irritação, mas a verdade é que


existia uma pontinha imatura de satisfação por descobrir que Jungkook sentia
ciúmes de mim.

Quando nós entramos no vagão e nos dirigimos a uma das mesas com quatro
assentos, Jungkook foi rápido em colocar uma das mãos em minhas costas e
me guiar para que eu sentasse ao seu lado no banco acolchoado.

Jeonghan sentou em minha frente e Yukwon ficou ao seu lado, vez ou outra
olhando para nós dois e se juntando aos meus esforços para tentar amenizar o
clima que de repente pareceu desconfortável demais.

Quer dizer, Jeonghan não sabia sobre Jungkook, mas ele sempre foi o mais
esperto de nós três, então acho que não demorou para perceber que Jeon não
era só um amigo, principalmente porque sua mão grande ficou sobre minha
coxa durante todo o caminho.

O percurso até a estação de Yongbong, onde desceríamos, levava quase


quarenta minutos, e durante todos os quarenta minutos aquele pequeno
desconforto estava presente em cada vez que Jeonghan olhava para a mão de
Jungkook em minha perna e depois olhava para mim, tentando sorrir e dar
continuidade à conversa que tínhamos iniciado.

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— A gente desce em Yongbong as treze e vinte e o ônibus que vai pro family
land passa na frente da estação às treze e vinte e cinco. Se a gente correr, dá
pra pegar esse. — Yukwon disse, quando estávamos quase chegando, depois
de ver os horários no seu celular.

Todos nós concordamos, acho que porque não achávamos que ele estava
falando sobre correr de forma literal.

— Anda, Jimin! — Ele quase gritou, me puxando pelo pulso, mas meu corpo
ainda doía mesmo com os analgésicos e eu não queria correr.

— A gente pega o próximo! — Eu choraminguei, tentando me soltar.

— Uma porra que eu vou ficar esperando por meia hora quando posso ir agora
— Ele rebateu, me puxando de novo, e eu gemi insatisfeito.

— Eu não aguento correr! — Confessei, mas sem dizer o real motivo. — Dei
um jeito no meu pé quando a gente tava descendo do trem...

Yukwon olhou as horas em seu celular, depois bufou violentamente. Quando


achei que ele desistiria e aceitaria que pegássemos o ônibus seguinte, eu dei
um grito porque, na verdade, ele passou um braço por baixo das minhas
pernas, outro por baixo do meu pescoço e começou a me carregar enquanto
corria.

Assim que percebi o que ele estava fazendo, entretanto, e antes que se
afastasse dos outros dois que pareciam se divertir com a cena, eu segurei a
manga do casaco de Jungkook para que ele também corresse, e fui puxando-o
enquanto Yukwon me carregava por todo o caminho até o ponto de ônibus e
Jeonghan corria ao nosso lado.

O ônibus já estava saindo quando finalmente chegamos, mas Jeonghan e


Yukwon gritaram tão alto enquanto corriam pela calçada que o motorista
provavelmente pensou que nossas vidas dependiam daquilo e abriu a porta
mais uma vez

Quando entramos, Yukwon me colocou imediatamente no chão e começou a


balançar os braços cansados por me carregar por todo o caminho, e eu

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
precisei me segurar em uma das barras antes de me sentar, porque minha
barriga doía de tanto rir e eu nem conseguia me mexer ou respirar.

— Jungkook — Eu o chamei e comecei a rir ainda mais quando olhei para ele e
vi seus olhos levemente arregalados e suas bochechas vermelhas de
vergonha.

Eu nunca imaginei que veria Jungkook envergonhado daquele jeito.

— Eu não entendi o que aconteceu — Ele disse, pigarreando sem jeito ao


tentar se recompor, mas suas maçãs continuavam adoravelmente
avermelhadas.

Eu também estava envergonhado, é claro, mas a vontade de rir continuava


maior mesmo que todas as pessoas do ônibus estivessem olhando para nós
quatro.

— Isso se chama pobreza — Yukwon respondeu, já sentado tranquilamente


como se nada tivesse acontecido. — Bem vindo ao nosso mundo.

Jungkook pigarreou outra vez, deixando claro que nunca em sua vida precisou
correr atrás de um ônibus.

Queria eu ter essa sorte.

Então eu o puxei para se sentar comigo em um dos assentos duplos e respirei


fundo, tentando me recompor, mas todo meu esforço foi jogado no lixo quando
olhei para seu rosto de novo e vi sua expressão ainda desconcertada, olhando
fixamente para a frente. Logo eu estava rindo de novo, tombando minha
cabeça em seu ombro e apertando minha barriga que doía não mais pelos
chutes de Taeil, mas pela falta de ar provocada pelas risadas.

— Jimin? — Jeonghan me chamou, rindo um pouco também, mas obviamente


sem entender minha repentina crise de riso. — O que foi?

— Deixa, cara — Eu ouvi Yukwon dizer. — Essa risada é mais gostosa até que
a bunda dele.

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Esse é o jeito de Yukwon elogiar qualquer coisa, então eu não dei muita
importância e continuei tentando respirar fundo para me recompor. Quando
finalmente consegui, ainda sorrindo e com a cabeça no ombro de Jungkook, eu
levantei meus olhos e o observei dali de baixo. Seu rosto finalmente tinha
recuperado a cor normal e ele tinha virado um pouco para mim, me olhando de
volta.

— Você ainda vai acabar comigo, Jimin. — Ele disse, com um sorriso
escondido no canto dos seus lábios.

Eu sorri mais um pouco e tentei ser discreto quando deixei um beijo tímido em
seu pescoço.

Estava me sentindo tão, mas tão feliz, como se cada toque, cada palavra e
cada segundo desde que Jungkook apareceu em minha porta estivessem
apagando minha mágoa pelo que aconteceu no banheiro do fliperama.

Ainda era difícil acreditar que aquele homem tão incrível realmente se
preocupava tanto logo com uma pessoa tão sem graça quanto eu, mas eu
estava muito grato por ele estar ao meu lado.

— Obrigado por ter vindo, Jungkook. — Eu agradeci, sinceramente, voltando a


deitar minha cabeça em seu ombro.

Por todo o percurso ele me deixou ficar daquele jeito, bem pertinho dele,
enquanto sua mão tocava minha coxa com muito mais carinho do que quando
me tocou quando estávamos no trem.

Mas quando descemos do ônibus e Jungkook finalmente descobriu o que era o


Family land, ele travou um pouco o maxilar e me olhou como se desaprovasse
minha escolha.

— Um parque de diversões? — Ele murmurou, olhando para os brinquedos


enormes por trás da entrada colorida.

Eu acho que meu rosto perdeu a cor e eu murchei imediatamente, olhando-o


com preocupação. — Você não gosta?

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— Isso nem vem ao caso, Jimin. — Jungkook disse enquanto eu olhava para
Yukwon e Jeonghan correndo para comprar nossos ingressos, empurrando um
ao outro como duas crianças. — Você não pensou que pode piorar sua dor?

Eu mordi meu lábio e abaixei meus olhos, movendo meu pé sobre o piso
cimentado. — Mas eu queria vir aqui com você...

Jungkook suspirou e eu me senti mais aliviado quando senti sua mão em


minha cabeça e ele me puxou com cuidado até que meu corpo estivesse quase
colado ao seu.

— Eu só não quero que você se machuque mais, meu bem. — Ele disse, mais
calmo, e me deu um beijo na testa. — Mas tudo bem, nós vamos.

Eu sorri de novo, balançando a cabeça só uma vez quando ele me puxou para
que caminhássemos juntos até onde meus amigos estavam, ainda naquela
briga boba em frente à bilheteria. Quando Yukwon empurrou Jeonghan com
mais força, o coitado cambaleou para o lado, tropeçou no próprio e desmontou
no chão.

Ao invés de ajudar, Yukwon começou a gritar e fazer graça com o pobre do


Jeonghan no chão, e eu grunhi irritado por deixar Jungkook ver o quanto meus
amigos eram imaturos, mas me tranquilizei depois de ver que até mesmo ele
falhou em reprimir uma risada.

Quando finalmente entramos, Yukwon respirou fundo, como se o ar do parque


de diversões renovasse suas forças, e antes que eu me desse conta, ele já
estava sumindo de nossas vistas, quase saltitando em direção à fila da
montanha russa, que era o seu favorito.

Aproveitando a distância entre nós três e a criança que pulava de empolgação


já na fila, Jeonghan parou mais próximo de mim.

— Acho que montanha russa não é uma boa pra você — Ele disse, parecendo
ter a mesma preocupação que Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Não precisa se preocupar, eu cuido do Jimin. — Jungkook respondeu antes
que eu o fizesse, e eu arregalei um pouco meus olhos quando ele segurou
minha mão e começou a me puxar para que eu caminhasse ao seu lado.

Enquanto nos afastávamos, eu gesticulei meio atrapalhado para Jeonghan


pedindo que ele fosse com Yukwon na montanha russa, e segui com Jungkook.

Se minha desconfiança e a suposição de Kihyun estivessem certas e Jeonghan


realmente gostasse de mim, ele poderia ficar chateado, mas eu nunca dei
esperanças de que estava disposto a dar algo além da minha amizade, então
tentei não me sentir tão mal por aquilo.

Enquanto caminhávamos pelo parque, que não estava tão cheio graças às
temperaturas mais baixas, eu mostrei para Jungkook todos os meus
brinquedos favoritos e finalmente escolhi o trem fantasma para começarmos.

Os carrinhos tinham lugares para duas pessoas e, quando chegou nossa vez,
eu já estava sentindo minhas pernas moles, mas essa sempre foi uma mania
minha. Gostar de coisas que assustam mesmo quando é claro que eu sou
medroso demais para aguentar.

Então assim que nosso carro começou a se mover pelos trilhos e atravessou a
cortina preta que separava o interior escuro do ambiente externo, eu cobri
meus olhos com minhas mãos, assustado demais para aguentar o suspense.

— Por que você está cobrindo os olhos? — Jungkook perguntou, parecendo se


divertir com meu jeito frouxo.

— Eu tenho medo! — Confessei, me encolhendo ao sentir o carrinho dar uma


guinada quando um dos monstros provavelmente apareceu.

Junto com a risada de uma bruxa, eu ouvi a risada de Jungkook, e logo depois
suas mãos seguraram as minhas, afastando-as de meus olhos.

Eu achei que ele queria me forçar a ser mais corajoso, e estava juntando toda
a minha força para tentar fazer isso, mas percebi que sua intenção era outra
quando, antes de conseguir abrir meus olhos, eu senti sua boca tocar a minha.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu fiquei um pouco surpreso, paralisado pelo choque de ser beijado tão de
repente, e senti o frio na barriga que montanha russa nenhuma no mundo me
faria sentir.

Pouco a pouco meu corpo cedeu, se tornando mais inconsistente à medida que
Jungkook sugava meus lábios, soltando-os devagar para pressioná-los com a
língua antes de capturá-los outra vez.

Pela primeira vez, um passeio num trem fantasma passou rápido demais, e
quando ele percebeu que o percurso tinha acabado me deu um último selinho
antes de se afastar, me deixando ainda com os olhos fechados e os lábios
entreabertos.

O carrinho então passou pela cortina da saída, e eu olhei ao redor um pouco


atordoado quando Jungkook levantou e segurou meu pulso para me ajudar a
sair também.

Nós só caminhamos um pouco antes que eu estancasse meus pés no lugar,


ainda sentindo minhas pernas bambas, mas dessa vez por algo muito mais
delicioso que o medo.

Jungkook me olhou quando eu deslizei meu pulso por sua mão, até encostar
minha palma na sua e entrelaçar nossos dedos, ainda parado no mesmo lugar.

Eu puxava o ar devagar e vi que ele fez o mesmo enquanto ainda me olhava,


sem que eu precisasse dizer coisa alguma para que ele entendesse.

Eu queria mais.

Então seus olhos desviaram dos meus por um instante e ele pareceu procurar
algo ao redor. Quando voltou a me olhar, ele passou a língua pelos lábios,
devagar.

— Venha. — Jungkook disse, com a voz baixa, antes de começar a caminhar


com passadas largas, puxando-me pela mão.

Nós só paramos quando chegamos a um pequeno corredor entre o trem


fantasma e o labirinto de espelhos, então Jungkook soltou minha mão e as

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suas duas seguraram minha cintura, empurrando meu corpo contra a parede
metálica

Ele estava em minha frente, respirando devagar, com seus olhos presos aos
meus antes de descerem por meu rosto, até observarem nada além de minha
boca.

E então nenhum segundo a mais passou antes que ele voltasse a me beijar,
pressionando nossos lábios com mais força que quando nos beijamos no trem
fantasma. Quando senti seus dentes me mordendo pela primeira vez, eu
precisei reprimir um gemido ainda em minha garganta, mas fui incapaz de
controlar minhas mãos quando elas apertaram seus braços com mais força,
mostrando o quanto eu gostava daquilo.

Uma hora inteira poderia ter se passado, mas sempre pareceria pouco tempo.
Por isso eu não senti nada além de insatisfação quando duas meninas
resolveram passar por aquele corredor, forçando Jungkook a parar de me
beijar e a me abraçar, cobrindo meu corpo com o seu para que elas não me
vissem.

— Omo! — Uma delas disse, impressionada, quando percebeu o que estava


acontecendo, e as duas se afastaram com risadinhas empolgadas, como se
tivessem visto a coisa mais incrível do mundo.

Quando Jungkook se afastou, eu mantive minhas mãos em seu peitoral,


segurando-o pelo casaco, e acabei rindo também.

— Lembra daquele dia que eu quase fui atropelado na frente da Bangtan? —


Eu disse, de repente, ainda sem querer sair dali. — Você me disse que sabia
ser paciente, mas não aguentou tanto tempo assim, né?

Jungkook inclinou suavemente o rosto. Mas eu estou sendo paciente, meu


bem.

Eu apertei um pouco meus olhos, confuso, porque quando ele disse que estava
de mãos atadas até que eu fosse maior de idade, eu achei que ele estava se
referindo a me beijar, também.

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— Tem uma coisa que eu só posso fazer quando você fizer dezenove. E eu
estou esperando.

Eu ofeguei quando achei que entendi sobre o que ele estava falando.

— Sexo?

Jungkook me olhou com aquele sorriso obliquo quando tocou meu rosto com
sua mão e pressionou seu polegar em meu lábio inferior.

— Não, meu anjo. Sexo do jeito que eu gosto.

Minha cabeça revirou com as possibilidades, mas eu não insisti em descobrir


os detalhes porque, no instante seguinte, Jungkook se afastou, então eu soube
que aquela conversa não ia continuar e que nós íamos sair dali.

Quando voltamos a caminhar, eu ainda sentia meus lábios latejando


deliciosamente e eles pareciam inchados depois de serem mordidos e
chupados por Jungkook tantas vezes.

Então, depois de tentarmos escolher onde pararíamos em seguida, nós fomos


até uma das barracas de jogos para que eu passasse vergonha ao mostrar
minha total incapacidade com tiro ao alvo.

— Poxa, eu queria tanto aquela pelúcia de coelho — Choraminguei quando


minhas tentativas acabaram e eu precisei devolver a arminha ao vendedor.

— Aquele ali? — Jungkook apontou com o queixo para o coelhinho cinza numa
das prateleiras, e eu inflei minhas bochechas, chateado, ao confirmar,

Eu queria muito porque me ele lembrava Jungkook.

— Quantos pontos pra conseguir o coelho? — Ele perguntou de novo, mas


dessa vez ao vendedor.

— Cento e cinquenta. — O moço respondeu, meio entediado.

— Eu vou tentar. — Jungkook anunciou, pagando por mais uma tentativa, e


meu rosto se iluminou de novo na mesma hora, porque ele parecia bom em
tudo, então se alguém conseguisse, esse alguém seria ele.

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E ele conseguiu, mas depois de três tentativas.

Quando o dono da barraca tirou o coelho da prateleira e me entregou, eu quis


muito gritar, porque o bichinho era muito fofo e foi Jungkook quem ganhou pra
mim, mas eu me contive e demonstrei toda minha alegria no maior sorriso que
podia dar, até meus olhos se fecharem completamente enquanto eram
esmagados por minhas bochechas.

E por toda a tarde eu continuei exatamente dessa forma. Nós reencontramos


Yukwon e Jeonghan depois de algum tempo em outra barraca, e então nós
jogamos todos os jogos possíveis, descobrimos que eu era ruim em quase
todos eles e assustamos as pessoas que passavam por perto com nossas
risadas altas e os gritos de Yukwon.

— Eu tô com uma puta fome, será que é porque gastei energia demais
ganhando tanto do Jimin? — Ele provocou quando Jeonghan tirou uma manta
de dentro de sua mochila e colocou sobre o gramado de uma área de
descanso.

— Deve ser por ter perdido pro Jungkook todas as vezes — Devolvi, com o
mesmo tom implicante, e me sentei numa das pontas. Então abri a mochila que
Jungkook carregou por todo o tempo e tirei os lanches que tínhamos comprado
antes de irmos.

— Como é que você consegue falar com a boca toda inchada desse jeito? —
Yukwon insistiu, rindo quando me viu cobrir meus lábios com minha mão,
imediatamente.

Então não era só impressão. Jungkook realmente tinha deixado meus lábios
inchados.

Não que eu esteja reclamando.

— Yukwon, eu não sei se já te disse, mas você é muito folgado — Jeonghan


resmungou quando acabamos de comer todos os lanches e Yukwon deitou a
cabeça em suas pernas. Eu ri quando ele esfregou a cabeça nas coxas de
Jeonghan, rindo e resmungando quando começou a apanhar por isso.

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Aquela cena dos meus dois melhores amigos aqueceu meu coração e eu tive
vontade até de fotografar, porque eu os amava muito, do fundo do coração, e
ficava emocionado como uma mãe que vê seus filhos brincando juntos, mesmo
que eu fosse o mais novo de nós três.

Mas então eu tive um sobressalto e comecei a procurar meu celular na


mochila, com cuidado para não sair do abraço de Jungkook — porque ele tinha
me puxado para sentar entre suas pernas, exatamente como fez quando
estávamos na praça em Gwangsan-gu - e me recostei em seu peitoral quando
finalmente o encontrei.

— Posso tirar uma foto nossa? — Eu perguntei, inclinando minha cabeça para
poder olhar para ele com meus olhinhos pidões.

Jungkook sorriu e beijou minha bochecha duas vezes, como se meu pedido
derretesse seu coração.

— Pode.

Eu bati palmas, empolgado, e logo ativei a câmera frontal, Primeiro tirei uma
selfie com nossos rostos bem próximos, mas eu também queria uma foto que
mostrasse como o pôr do sol estava bonito, deixando o céu com aquela
coloração intensa por trás da roda gigante.

— Não consigo — Choraminguei, depois de tentar de todas as formas e não


conseguir enquadrar do jeito que eu queria.

— Deixa que eu tiro. — Jeonghan disse, esticando o braço para que eu


passasse meu celular para ele.

Eu o olhei, um pouco confuso, mas ele só me mostrou um sorriso pequeno.


Acho que estava tentando não fazer grande caso com a forma como eu e
Jungkook estávamos próximos bem diante de seus olhos.

— Acho que ficaram boas — Ele disse quando tirou algumas, olhando para a
tela, analisando-as.

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— Tira mais uma! — Yukwon quase gritou quando levantou de seu colo e
correu para o meu lado e de Jungkook, já fazendo uma pose ridícula como se
estivesse mostrando os músculos do braço.

Jeonghan tirou outras, cada uma com Yukwon fazendo uma pose diferente e
idiota, e quando esticou o braço para me devolver o celular para que eu
pudesse ver as fotos, eu segurei seu pulso e o puxei até que ele estivesse
perto da gente.

— Eu quero uma com todo mundo,

Jeonghan pareceu um pouco sem jeito, mas assentiu, se arrumando ao nosso


lado e posicionando o celular para conseguir focar nos quatro.

— Sem palhaçada nessa, Yukwon! — Ele avisou, e precisamos tirar várias


fotos porque o tempo todo alguém reclamava de alguma coisa.

No fim, nós elegemos nossa favorita. Era uma meio tremida, com Yukwon com
a boca aberta porque estava reclamando de alguma coisa, Jeonghan olhando
para algum lugar que não era a câmera, eu gargalhando e Jungkook olhando
para mim pelo canto dos olhos, com o mesmo sorriso pequeno de sempre.

Quando finalmente desistimos de tirar uma foto nítida, o sol já tinha sumido e
as luzes dos brinquedos estavam todas acesas, deixando tudo ainda mais
colorido.

— Ei. — Yukwon chamou quando ficamos todos calados, olhando para as


luzes coloridas. Ele estava deitado nas pernas de Jeonghan outra vez, e não
olhou pra nenhum de nós quando disse: — Eu amo vocês.

Ele as vezes fazia isso. Se declarava do nada.

Apesar de nunca dizer, eu sabia que ele sofreu por ter passado tanto tempo
não tendo mais ninguém além de sua irmã, por isso ele era tão apegado a mim
e a Jeonghan. E isso era correspondido intensamente, pelo menos da minha
parte.

— Você eu ainda não amo — Ele completou, olhando diretamente para


Jungkook. — Mas você tá no caminho certo.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook apertou seus braços ao meu redor, respondendo com uma risada
baixa. — Vou continuar me esforçando.

— Isso. — Ele concordou, e completou sem voz, para que Jeonghan não
ouvisse. -E coma logo o Jimin!

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Esse capítulo pareceu muito chato de escrever em algumas partes, mas espero
que a leitura não tenha sido cansativa:

Agora deixa eu fazer um convite: próxima terça, dia 17, é meu aniversário de
23 aninhos yay! E pra comemorar, a próxima att vai sair nesse dia. Vai ser tipo
minha festinha virtual porque eu não tenho amigos suficientes pra fazer festa
de verdade kkkjkk "Mas o que vai ter de diferente nessa att de aniversário?"
Nada, vai ser um capítulo normal, mas pelo menos vendo os comentários de
vocês eu me distraio e me divirto um pouquinho, então deixa eu me aproveitar
disso pro dia não passar tão em branco :(

Por último, quero deixar registrado pra nunca esquecerem: eu amo o Yukwon!

Tchau, nenéns, espero ver vocês na festinha da youbabba <3

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14 • Monkey Business

Já eram sete da noite quando nos deixamos o family land, mas antes de nos
separarmos e irmos para nossas respectivas casas, nós ainda passamos no
McDonald's próximo à estação.

Nós todos ficamos chocados quando descobrimos que Jungkook nunca tinha
comido um daqueles hambúrgueres, e quando nos sentamos na mesa com
nossos pedidos, ficamos os três esperando ansiosamente a reação dele
quando mordeu o primeiro pedaço.

— É normal. — Ele deu o veredito, no fim, e eu quase vi Yukwon virar a mesa,


inconformado.

— Você é muito metido.

— Eu deveria me desculpar por já ter provado coisas melhores?

Yukwon arregalou os olhos, chocado, mas depois estava rindo.

— Bocal desse jeito nem parece que tava correndo atrás de um ônibus mais
cedo... — Ele disse, com a boca cheia de batatas fritas.

Jungkook passou a língua entre os dentes e o lábio inferior, num gesto ainda
afetado pelo que tinha acontecido.

Eu entendia seu choque, na verdade. Também demorei para me recuperar


depois de correr atrás de um ônibus pela primeira vez, principalmente porque a
corrida foi em vão e o motorista não parou pra mim.

— Ninguém tava com pressa, Yukwon, a gente só correu por causa dessa sua
incapacidade de esperar. — Jeonghan respondeu, lutando furiosamente contra
um sachê de ketchup que não queria abrir de jeito nenhum.

— E o que é que a gente ia ficar fazendo por meia hora até passar o outro? —
Yukwon resmungou, impaciente com a dificuldade de Jeonghan de abrir um
sachê. — Dá aqui essa merda, eu abro!
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— Conversar, talvez? Mas a gente sabe que você tem um formigueiro na
bunda e não consegue ficar parado. Ele rebateu, rindo quando Yukwon rasgou
o pacotinho de uma vez com os dentes e fez voar ketchup na própria cara,

— Você que é preguiçoso demais, essa peruca aí deve sugar sua energia toda.

— Será que a gente pode passar um minuto sem discutir? — Eu perguntei,


mesmo que estivesse rindo com as trocas de farpas.

— Nem me faça começar a falar de você, Jimin... — Yukwon ameaçou.

— Ok, podem continuar brigando - Dei de ombros, arrancando mais um pedaço


do meu hambúrguer.

Quando nós acabamos de comer, depois que eu convenci Jungkook a trocar


de sanduiche comigo porque o dele era mais gostoso que o meu, nós
finalmente nos despedimos no ponto de ônibus.

O de Yukwon foi o primeiro a passar, então eu, Jungkook e Jeonghan ficamos


sozinhos por um tempo que eu poderia classificar como desconfortável, até que
o dele também passou e eu suspirei aliviado pelo fim do clima estranho.

— Você gostou deles? — Eu perguntei quando sentamos no nosso ônibus,


pouco tempo depois.

Como já estava ainda mais frio, eu tinha tirado os cachecóis da mochila e puxei
o meu até cobrir também meu nariz. Jungkook, ao invés de colocar o que eu
tinha levado para ele, me fez usá-lo para enrolar minhas mãos geladas. Eu não
queria mesmo parecer um pacote ao seu lado, mas foi difícil recusar quando eu
sentia meus dentes batendo.

— Você tem bons amigos — Ele disse, soprando o ar e esfregando uma mão
contra a outra discretamente.

Sem querer deixá-lo com frio por minha causa, eu tirei o cachecol que ele
recusou a princípio e enrolei em seu pescoço antes de juntar minhas mãos às
suas, em seu colo, para que elas ficassem quentinhas juntas.

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Jungkook sorriu com meu gesto e puxou minhas mãos até sua boca, depois
deu um beijo em cada uma delas.

Eu ri um pouco, apertando meus olhos. — Sua boca tá gelada.

— É? Desculpa.

Eu inclinei minha cabeça um pouco para o lado e beijei sua bochecha, depois
beijei de novo antes de me afastar, porque era muito gostoso dar beijinhos ali.

— A minha também tá.

Jungkook riu, e foi uma risada de verdade, com a mesma expressão que
Yukwon sempre fazia um segundo antes de brigar comigo dizendo que me
achava fofo demais.

Jungkook também parecia me achar fofo, mas pelo menos ele não me deu
bronca por isso.

— Eu achei que você e Yukwon não iam se dar bem. — Confessei, apertando
um pouco meus lábios antes de continuar. — E que você ia gostar mais do
Jeonghan...

Jungkook ficou algum tempo sem responder e sem olhar para mim, parecendo
tão focado em olhar através da janela do ônibus que eu até acreditei que ele
não tinha me escutado, mas então ele finalmente moveu os olhos em minha
direção.

— Ele não é ruim.

— Eu sei, mas você ficou todo emburrado com ele... — Eu disse, abaixando
um pouco o tom de voz.

Eu sabia que ele tinha ficado com ciúmes, mas parecia pretensioso demais
dizer isso em voz alta na sua frente, então não o fiz.

— Só me incomoda saber que ele pode sempre estar por perto e te tratar
daquele jeito enquanto eu tenho que passar tanto tempo longe. — Jungkook
confessou depois de algum tempo, ainda com a expressão calma e suas mãos
esquentando as minhas.
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Eu desviei meu olhar por um instante, enterrando meu rosto ainda mais no
cachecol felpudo.

Aquela também era uma preocupação minha, na verdade. Estar sempre


pensando nas pessoas ao redor de Jungkook, em Seul, que tinham muito mais
a oferecer, inclusive proximidade. Eu só não acreditava que ele pensaria da
mesma forma, nem que seria tão direto ao confessar.

Mas eu gostava disso, do jeito como ele nunca parecia ter a intenção de
esconder como se sentia em relação a mim.

— Vai ser sempre assim? — Eu perguntei, um pouco cabisbaixo, ainda sem


olhar para ele.

— Nós sempre vamos ficar tanto tempo longe um do outro?

Como sempre eu não queria dizer até o fim de nossas vidas. Eu não seria
presunçoso a esse ponto, de acreditar que Jungkook continuaria com esse
estranho interesse por mim durante tanto tempo.

O sempre em questão era todo o tempo que passaria até que ele percebesse
que nada daquilo valia a pena, não para ele, e então não existisse mais um
sempre ou um nós dois.

— Eu não sei, anjo. — Ele respondeu, sinceramente

Mesmo sem coragem de levantar meus olhos para olhar para ele, eu sabia que
Jungkook também não estava olhando para mim. Mas nossas mãos ainda
estavam juntas e ele ainda estava ao meu lado, então eu decidi que me daria o
direito de ficar angustiado com as possibilidades, mas não naquele momento,
não enquanto ele ainda estivesse comigo.

— Tudo bem. A gente pode se preocupar com isso depois — Eu murmurei,


finalmente erguendo meu rosto a tempo de ver que Jungkook também tinha
voltado a me olhar, Ele sorriu, num gesto que parecia tão conformado quanto
orgulhoso, e assentiu uma única vez, deixando que o resto do caminho
seguisse em um silêncio confortável.
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Quando finalmente chegamos na minha casa já era tarde e minha mãe já
estava dormindo, então eu e Jungkook fomos cuidadosos ao seguirmos até
meu quarto. Eu sentei em minha cama, aliviado pelo calorzinho gostoso do
aquecedor, e o vi caminhar diretamente até onde suas roupas estavam.

— Tudo bem se eu ficar com a mochila por um tempo? — Ele perguntou


quando começou a colocá-las junto com as roupas novas, depois de tirar meu
coelho de pelúcia dali de dentro.

— Pra onde você vai? — Eu questionei de volta, um pouco desconfiado.

— Vou passar a noite num dos quartos do hotel.

— Por quê? — Insisti, emburrado. — Dorme aqui comigo...

— Não quero abusar da boa vontade de sua mãe, meu bem. — Ele disse,
colocando minha mochila já fechada nas costas e parando em minha frente.

Quando ele se abaixou para beijar minha testa em despedida, eu o abracei


com as pernas e os braços, tentando prendê-lo.

— Não vai abusar. — Eu disse, sem me preocupar em avaliar a veracidade em


minha afirmação. Então eu apertei o abraço ao redor de seu corpo, franzindo
minhas sobrancelhas. — Mas se você for dormir lá, eu vou junto, não vou te
largar!

Jungkook me olhou como se estivesse prestes a me repreender por ser tão


insistente, mas ao mesmo tempo eu via que ele queria rir, Três segundos
depois, ele falhou em conter uma risada anasalada, parecendo insatisfeito por
isso.

— Eu nem consigo ficar irritado. — Ele suspirou, tocando em minha cabeça. —


O que é que eu faço com você, Jimin?

— Me dá muito carinho e atenção. — Respondi com um sorrisinho. Mas é só


uma sugestão...

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Jungkook riu outra vez, com mais vontade, e segurou meus braços para se
soltar do meu abraço persistente. Mas então ele beijou minha testa de novo,
depois me deu um selinho.

— Vá trocar de roupa.

Eu o olhei, ansioso, antes de me mexer. — Você vai estar aqui quando eu


voltar?

— Não se você continuar agindo desse jeito.

Eu finalmente afastei minhas pernas que ainda o prendiam e fiquei de pé


depois de pegar meu pijama debaixo do travesseiro, muito consciente sobre a
forma como estava tentando tomar as rédeas da situação e sobre como
Jungkook não gostava disso.

De pé em sua frente e abraçando minha roupa de dormir antes de ir até o


banheiro, ele me encurralou por um instante, envolvendo meu corpo com seus
braços e descendo uma de suas mãos por minhas costas. Eu me assustei,
quase deixando escapar um grito agudo, quando ele bateu em minha bunda,
com força.

— Não abuse da minha paciência, meu anjo. — Jungkook disse, beijando


minha bochecha de um jeito provocante demais para ser considerado
saudável, e me deu mais um tapa leve antes de me soltar. — Ande logo.

Se dependesse dos meus comandos racionais, meu corpo não sairia do lugar,
porque eu ainda estava um pouco surpreso e vergonhosamente excitado, mas
minhas pernas foram capazes de se mover sozinhas, me levando para fora do
quarto depois que eu assenti de forma atrapalhada.

Quando terminei de tomar banho, demorando mais do que pretendia


inicialmente porque minha mente o tempo todo se desligava do meu corpo, a
mesma coisa ainda era a única em minha cabeça: Jungkook me bateu.
Jungkook me bateu e eu gostei.

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Eu voltei para o quarto, depois de respirar fundo para juntar coragem para abrir
a porta, e meu rosto todo esquentou quando eu o vi sentado na cadeira da
minha escrivaninha, mexendo despretensiosamente em um dos livros da
escola que eu nunca usava.

Ao perceber que eu estava ali, ele me olhou, ainda sem dizer nada, e eu senti
seus olhos me acompanhando até que eu timidamente caminhasse até a
cama, abraçasse o coelho de pelúcia e me escondesse debaixo da coberta.

Eu me encolhi quando ouvi seus passos sobre o assoalho e, depois de achar


que ele iria até mim, a única coisa que percebi foi que ele saiu do quarto.

Por todo o tempo até que ele voltasse do banheiro, já pronto para dormir, eu
continuei daquele mesmo jeito, com a coberta me escondendo da cabeça aos
pés e o coelhinho cinza sendo dolorosamente esmagado por meus braços
quando eu senti seu peso sobre o colchão e sua mão me tocando sobre o
edredom.

— O que foi, meu bem?

Eu fechei os olhos quando ele tirou a coberta de cima de minha cabeça e seus
dedos me tocaram diretamente, penetrando entre meus cabelos escuros.

— Tem alguma coisa te incomodando? — Ele insistiu, e eu reconhecia aquele


tom quase provocativo perdido em seu questionamento.

Então eu não respondi diretamente, só continuei com meus olhos fechados


com força e balancei minha cabeça numa resposta positiva.

É claro que existia algo me incomodando. Quer dizer, como eu não ficaria
incomodado com a reação do meu corpo depois de levar um tapa tão forte?

— Por que eu gosto dessas coisas? — Eu perguntei, ainda com a voz baixa,
quase com vergonha. — Por que eu gosto quando você me machuca?

Jungkook continuou acariciando minha cabeça, sem parecer se surpreender


com minha pergunta, como se já esperasse por ela.

— Porque você é um submisso, anjo.

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Então eu finalmente voltei a abrir meus olhos, ainda sem muita coragem, e
sentindo que deveria estar um pouco ofendido. Ser submisso a algo sempre
me pareceu uma definição tão diminutiva para qualquer pessoa, mas a forma
como Jungkook falou, a forma como continuou me tocando e a forma como me
olhou fez parecer que ele tinha orgulho de mim por isso.

Curioso, mas principalmente confuso, eu precisei abrir a boca duas vezes até
conseguir perguntar.

— Jungkook... você gosta de me machucar?

Acho que ele percebeu toda a minha confusão e falta de entendimento, porque
seu olhar se suavizou e ele sorriu como se tentasse me acalmar.

— Venha aqui. — Ele disse, ainda sentado na ponta do meu colchão.

Um pouco incerto, mas incapaz de ignorar seu chamado, eu deixei o edredom


de lado e engatinhei na cama até estar perto o suficiente para que Jungkook
me fizesse sentar em seu colo, com meu corpo virado para o seu.

— Você ficou confuso? — Ele perguntou, cuidadoso, deixando uma de suas


mãos em minha cintura e acariciando minha bochecha com a outra.

Eu assenti, me sentindo menos acuado com o tom brando de sua voz.

Jungkook então desceu sua mão por minha perna, até agarrar minha coxa
daquele jeito que eu já tinha experimentado e gostado. Com a outra que estava
em minha bochecha, ele segurou meus cabelos e puxou minha cabeça para
trás, com força, mas também com cuidado, deixando meu pescoço totalmente
exposto para que ele me mordesse, me forcando a ranger meus dentes para
não deixar um gemido escapar.

Aquilo era gostoso de um jeito que fugia de qualquer explicação racional e eu


quase não tive forças quando ele me fez ficar de joelhos na cama, ainda sobre
suas pernas, e bateu outra vez em minha bunda enquanto deslizava seus
dentes até me morder outra vez, no ombro.

Dessa vez foi mais difícil, então um som manhoso e baixo acabou escapando
por minha garganta, mesmo que eu pressionasse meus lábios com força.
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— Isso eu gosto de fazer — Jungkook disse, beijando todo o caminho de volta
até meu pescoço sensível.

Eu o olhei ainda ajoelhado sobre o colchão, já sentindo meus sentidos falhando


graças ao seu toque brusco, mas tão preciso. Entretanto, antes que eu pedisse
por mais, Jungkook me deu um peteleco na testa, fazendo toda aquela
sensação gostosa se desfazer em um gemidinho de dor.

— Ai, Jungkook... — Choraminguei, levando minha mão à testa, sem entender


por que ele tinha feito aquilo.

— Mas isso eu não gosto. — Ele completou, me fazendo sentar sobre suas
pernas outra vez, e então tirou minha mão para beijar o lugar que tinha
acabado de acertar.

— Eu não entendi... — Confessei quando ele parou seu rosto bem perto do
meu, logo depois.

Jungkook abraçou minha cintura com seus dois braços, enquanto eu só tocava
desajeitadamente em seu peitoral coberto com o pijama de moletom.

— Eu gosto de te machucar, anjo. — Ele disse, sem me soltar. — Mas só


quando você gosta da dor.

Como uma epifania, eu abri minha boca, entendendo o que ele quis dizer.

Eu não gostava de todas as dores. É claro que não, na verdade, porque eu


odiava a dor dos chutes de Taeil, odiava as mordidas dolorosas que Yukwon
dava em meu braço sempre que ficava entediado e com certeza não gostei do
peteleco de Jungkook, apesar de achar engraçado, àquela altura.

Então eu ri um pouco, com mais confiança. — Você é um bom professor.

— Sou? — Ele retrucou, me abraçando com um pouco mais de força. — Que


bom. Eu ainda tenho que te explicar muitas coisas.

Eu continuei olhando-o, curioso. — O que?

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— Vamos deixar isso pra outra hora. — Ele disse, com o sorriso no canto dos
lábios, e então beijou a ponta do meu nariz antes de deitar na cama, me
levando junto.

Eu sorri de novo, quase babando pelo beijinho do nariz.

— Posso pedir uma coisa? — Eu perguntei, depois de ficarmos em silêncio por


algum tempo.

— Diga.

— Tira isso — Pedi, segurando as pontas da blusa do pijama que ele estava
vestindo. - Por favor

Jungkook riu um pouco, e então eu precisei me afastar para que ele a tirasse,
mas voltei a me deitar sobre seu corpo quando o moletom foi deixado de lado.
Eu me aconcheguei sobre seu peitoral quentinho, e finalmente puxei a coberta
para cima de nós dois.

Mas mesmo com o cansaço, e diferente da noite anterior, eu não dormi tão
fácil. Na verdade, eu fiquei insistindo em algumas conversas bobas por algum
tempo, como sempre falando muito mais do que ele, mas sempre sentindo que
cada coisinha que saía da minha boca era escutada com muita atenção.

Quando eu finalmente dormi, o fiz sem perceber, ainda sobre seu corpo, e
assim continuei por toda a noite.

Era para ser mais um sono tranquilo, mas não foi.

Em algum momento, a voz de Jungkook foi substituída pelo silêncio do nosso


sono compartilhado, e então a ausência de sons, em minha mente, foi
quebrada pela lembrança da voz de Taeil.

— Eu vou te quebrar todo, até você virar homem de verdade.

Nós estávamos no mesmo lugar, mas ele parecia tão maior e tão mais escuro
do que realmente era. Taeil em minha frente parecia cem vezes mais
assustador do que pareceu naquele dia, e então eu acordei antes que a
lembrança dos seus golpes também me atingisse.

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Assustado e sentindo minha garganta seca, eu abri meus olhos e finalmente
percebi que já era manhã.

Jungkook não estava mais na cama comigo, mas eu o encontrei de pé, ao meu
lado, vestindo uma das blusas que tinha comprado no dia anterior.

Algo como ansiedade tomou conta de mim, e eu me forcei a sentar, sem parar
de olhar para ele.

— Você já vai embora? — Eu perguntei, aflito, tanto pelo sonho quanto pela
crença de que JungKook já estava voltando para Seul e me deixando sozinho.

— Não, meu bem. — Ele disse, terminando de abotoar sua camisa. — Eu só


preciso resolver uma coisa.

Eu afrouxei o aperto na coberta debaixo de minhas mãos e assenti, um pouco


mais relaxado, mas sem me livrar completamente da agitação provocada pelo
sonho.

— Você dormiu bem? — Ele perguntou quando eu abaixei meu olhar, distante,
e minha intenção de mentir foi jogada no lixo quando ele se aproximou e
segurou meu queixo para levantar meu rosto.

Então, sabendo que ele tinha percebido meu desconforto, resolvi contar a
verdade. — Eu sonhei com ele...

A relutância em dizer seu nome era persistente, porque eu ainda não


conseguia aceitar que uma pessoa que cresceu comigo faria algo como o que
Taeil fez.

Jungkook pressionou os lábios, parecendo um pouco tenso, antes de me


confortar com um carinho suave em meu rosto.

— Eu vou cuidar disso agora. Não se preocupe mais com ele.

Eu o olhei, ansioso. — O que você vai fazer?

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— Vou garantir que ele precise sair da cidade. — Jungkook disse, ainda me
acariciando. — Apesar de estar reconsiderando. Talvez eu realmente queira
matá-lo.

Dessa vez eu não ri, por perceber que ele não estava brincando, e
principalmente por descobrir que o que Taeil fez deixou uma marca pior que os
hematomas em meu corpo.

— Você vai voltar logo? — Eu perguntei, porque não me interessava mais se


Taeil ia ser forçado a ir embora ou se seria cruelmente aniquilado. Eu só queria
que Jungkook voltasse para perto de mim.

— Isso não vai demorar — Ele garantiu, e eu suspirei quando ele me puxou
com cuidado e me abraçou, fazendo meu rosto tocar seu abdômen pela
diferença de alturas naquela posição. — Mas eu preciso que você faça algo
enquanto isso.

Minhas mãos continuaram segurando os passadores laterais de sua calça


jeans quando eu levantei meu rosto para ouvir o que ele tinha a dizer.

— Converse com sua mãe. Deixe ela saber o que aconteceu.- Jungkook disse,
ainda me tocando com cuidado. Se você não disser, eu mesmo vou fazer isso.
Não vou embora sem a certeza de que ela sabe.

Não sei o que me afetou mais, imaginar a reação de minha mãe ou ter a
confirmação de que Jungkook realmente iria embora naquele dia.

De qualquer forma, eu só concordei, em silêncio, antes que ele se despedisse


e finalmente saísse de meu quarto.

Ainda sem coragem de levantar e conversar com ela, eu voltei a me deitar e


puxei o coelho de pelúcia para perto, porque a cama pareceu muito vazia e fria
depois que Jungkook me deixou ali sozinho.

Só depois de juntar coragem o suficiente para sair da frágil proteção do meu


edredom é que eu levantei, e caminhei até a cozinha com um dos comprimidos
nas mãos para aliviar a dor, porque apesar de já estar mais tolerável, eu não
queria ter nenhum traço de lembrança de que elas existiam.

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Quando eu me sentei para comer o que minha mãe já tinha preparado para o
café da manhã, mesmo sem muita fome, eu tentei organizar em minha mente a
melhor forma de dizer para ela, mas todo meu ensaio foi em vão porque, assim
que ela reapareceu na cozinha, minha cabeça ficou em branco.

Ela sorriu e fez um carinho rápido em minha cabeça antes de se servir com um
pouco de chá gelado e sentar em minha frente.

— Jeon já foi embora? — Ela perguntou, estranhando a ausência dele ali,

Eu neguei, perdendo de vez o pouco apetite que tinha, e deixei minha torrada
comida pela metade sobre o prato.

— Ele só foi resolver uma coisa...

— Ah, sim. Ele é tão ocupado, não é?

Eu abaixei meu olhar e escondi minhas mãos debaixo da mesa, sentindo meu
coração acelerar quando percebi que existia uma pequena determinação
dentro de mim para contar de uma vez.

— O que o Jungkook foi resolver é uma coisa minha, mãe. — Eu disse, ainda
sem olhar para ela, mas percebi sua curiosidade quando ela murmurou um
questionamento surpreso.

— Coisa sua? Pelo amor de deus, Jimin, não me diz que você arranjou
problema...

Eu não neguei, dessa vez, porque não tinha confiança em dizer que não tinha
sido eu a arranjar o problema.

Ao perceber que as palavras não estavam se formando, eu fiquei de pé,


assustado, e segurei a barra do meu moletom com os dedos trêmulos,
precisando repetir silenciosamente que a culpa não era minha, para me
convencer de que ela também não me culparia.

Então, depois de fugir do seu olhar curioso, eu levantei a blusa grossa,


finalmente revelando as manchas esverdeadas e feias espalhadas por meu
abdômen.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Sua primeira reação foi o silêncio, e só depois eu ouvi seu suspiro ruidoso e
assustado. — O que aconteceu? Como você se machucou tanto assim? — Ela
perguntou, tentando não se exaltar.

Eu respirei fundo, tentando dizer aquilo para ela. Era ainda pior que admitir
para Jungkook, porque minha mãe viu Taeil crescer ao meu lado, e
constantemente ainda me perguntava por ele e Yuta.

— Foi o Taeil... — Eu disse, enfim, ainda sem olhar diretamente para ela e
cobrindo os machucados outra vez, porque era desconfortável como o inferno
deixá-los tão expostos. — Ele disse que eu tô doente porque sou gay e fez isso
comigo. — Eu parei, me sentindo sem ar, antes de conseguir terminar,

— Mas eu nunca disse pra ele, mãe, eu juro, eu nunca disse pra ninguém da
escola que sou assim, só o Yukwon e o Jeonghan sabem—

— Porque você está se explicando? — Ela me interrompeu, alterada, e eu me


assustei quando a vi ficar de pé. — Ele não tem o direito de agredir ninguém
desse jeito, muito menos por esse motivo! O único doente é esse menino!

Eu quase fiquei tonto de alívio, porque por um segundo eu realmente acreditei


que ela me culparia, mas o nervosismo tomou conta de mim outra vez quando
ela começou a caminhar em direção à porta de casa.

— Isso não vai ficar assim, Jimin, não vai mesmo!

Num impulso, eu caminhei atrás dela, segurando-a quando ela começou a


calçar os pés.

— Mãezinha, por favor, não faz nada de cabeça quente — Eu implorei, ainda
segurando seu braço. — O Jungkook já foi resolver isso, o Taeil vai ter o que
merece, então por favor... não faça nada agora, eu preciso mais de você aqui
do que lá brigando com ele!

Ela expulsou todo o ar, ainda irritada, e eu repeti meu pedido tantas vezes que
perdi a conta, até que ela finalmente pareceu ceder, embora sua feição e
postura ainda fossem tensas.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ainda com medo que ela mudasse de ideia novamente, eu me aproximei mais
e a abracei, implorando para que ela ficasse comigo.

— Eu vou ficar com você, meu príncipe. — Ela disse, me apertando contra seu
corpo, e sua voz quebrou completamente de um instante para o outro. — Mas
eu não vou deixar ninguém te machucar, nem fazer você acreditar que precisa
se desculpar por ser o que é.

Eu a abracei ainda com mais força, assentindo desesperadamente com meu


coração palpitando tão forte dentro de mim. Até aquele instante, eu não sabia o
quanto precisava deixar que ela soubesse, nem o quanto precisava de seu
cuidado e sua proteção.

— Meu bebê... — Ela murmurou, alisando minhas costas com seu toque
maternal, tão reconfortante para mim, e eu percebi que toda a euforia em sua
voz sumiu, dando lugar unicamente à tristeza e preocupação. — Como é que
alguém consegue machucar uma pessoa como você?

Eu não respondi, nem percebi se fui o primeiro a chorar em silêncio, ou se foi


ela. Nós só continuamos abraçados, um confortando o outro, porque eu sabia
que minha dor doía ainda mais nela do que em mim.

Quando finalmente nos separamos, muito tempo depois, os dois com os rostos
inchados, ela me disse para tomar um banho. Depois, me chamou para deitar
em seu quarto, e eu fiquei com a cabeça em seu colo enquanto ela me fazia
carinho e me dizia, com mais calma, que iria conversar com os pais de Taeil.

Só depois disso é que Jungkook voltou, mas nós não tivemos muito tempo
juntos. Primeiro minha mãe pediu para conversar com ele, e eu sabia que era
sobre aquele assunto. Depois, nós almoçamos juntos, os três. Duas horas
depois, ele estava se preparando para voltar para Seul.

— Passou tão rápido... — Eu me lamentei, sentado na minha cadeira com o


coelhinho nos braços, enquanto via Jungkook reorganizar suas coisas em
minha mochila.

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Ele me olhou quando colocou uma das alças nos ombros e caminhou em
minha direção. Eu não ofereci resistência quando senti meu corpo ser puxado
até ficar de pé, de frente para ele, e ele segurou meu rosto com as duas mãos.

— Eu preciso te perguntar uma coisa. — Ele disse, ainda me segurando para


que eu não cedesse ao impulso de abaixar o rosto.

— O que? — Eu perguntei, involuntariamente apertando meus lábios num bico,


no final.

Quando nos despedimos da primeira vez, eu chorei como um bebê. Jungkook


me fazia sentir as melhores coisas do mundo, às vezes podia ser confuso, mas
era sempre bom, mas nunca era fácil saber que isso seria tirado de mim.
Dessa vez, entretanto, a tristeza que eu sentia era ainda maior. Era mais
intensa e mais dolorosa, porque a cada segundo que passava eu me sentia
ainda mais preso a ele. Mas assim como machucava muito mais, ela também
era silenciosa e sem forma.

Eu não consegui chorar. Não consegui expulsar de dentro de mim aquela


sensação ruim e isso foi mil vezes pior que me afogar em lágrimas de
antecipação e saudade.

Quanto tempo seria dessa vez? Três meses? Cinco? Talvez mais?

Eu não sabia, e sinceramente tinha medo de descobrir.

— Tudo bem se você ficar um tempo sem essa mochila? — Ele perguntou,
finalmente, referindo-se à que tinha nas costas.

Eu neguei, sem muita força, ainda sentindo suas mãos segurando meu rosto.
— Não tem problema, eu nem uso...

Jungkook apertou os lábios numa linha fina e levantou um pouco as


sobrancelhas.

— Certo, então. Quer dizer que eu não preciso vir devolver no próximo fim de
semana, não é?

Eu o olhei com as sobrancelhas unidas, um pouco confuso.

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— Eu daria um jeito de vir, mas se você não precisa, acho que vou ficar com
ela por mais um tempo. — Jungkook disse, com uma entonação pensativa, e
eu arregalei meus olhos quando finalmente entendi.

— Minha vida depende dessa mochila! Eu preciso dela de volta em no máximo


sete dias ou posso até morrer é verdade.

Jungkook riu, e eu também sorri aliviado quando ele me beijou. — O que eu


posso fazer se ela é tão importante assim? — Ele disse, me beijando mais uma
vez antes de continuar. — Parece que vamos nos ver de novo em muito pouco
tempo.

Eu nem sabia colocar em palavras o quanto aquilo me aliviou e me fez querer


sair gritando por toda a cidade, então eu fiquei nas pontas dos pés em um
impulso e envolvi seu pescoço com meus braços, abraçando-o tão apertado
quanto podia.

— De verdade mesmo? Você vai voltar? — Eu perguntei, ainda sem soltá-lo e


ainda sem acreditar.

— Não tenho outra opção, anjo. — Ele respondeu, beijando minha bochecha —
Eu não aguento passar mais cinco meses longe de você.

Eu afrouxei meu abraço, só para poder olhar para ele, e eu sabia que meus
olhos e meu sorriso diziam o que eu não conseguia falar com palavras.

Eu estava tão feliz que chegava a me assustar.

— Agora eu preciso ir. — Ele disse, tentando se afastar de mim, mas eu ainda
não conseguia soltá-lo.

— Só mais um pouquinho... — Pedi, manhoso, abraçando-o enquanto ele


caminhava de costas em direção à porta fechada do quarto, me levando junto.
— Mais um beijo e eu juro que deixo você ir.

Jungkook riu de novo, e eu tentei beijar sua boca quando seu corpo finalmente
encontrou a porta, mas ele não deixou que passasse de um selinho, com suas
mãos me segurando firmemente pela cintura.

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— Nunca vai ser só mais um beijo, meu bem, Você sabe disso.

Eu bufei, irritado e um pouco infantil, mas sabia que não deveria insistir. Ele já
tinha passado todos aqueles dias comigo e eu sabia que tinha muitas coisas
para fazer em Seul, então não podia segurá-lo mais e deixar que ele perdesse
o trem, embora essa fosse minha maior vontade.

— Até a próxima semana, então? — Eu perguntei outra vez, querendo ter


certeza de que realmente o veria em pouco tempo.

— Até, meu anjo.

❆❅❄❅❆

Jungkook não mentiu. Uma semana depois, ele realmente voltou para me ver,
e nós passamos mais dois dias maravilhosos juntos.

Dessa vez, entretanto, meu pai já tinha voltado de sua viagem e como eu ainda
não tinha coragem de contar para ele sobre minha sexualidade ou sobre
Jungkook, ele se hospedou num dos quartos do hotel.

Mas aquele coelho de pelúcia, que eu sempre abraçava à noite porque


descobri que dormir sozinho era muito ruim, não me consolava quando eu
sabia que Jungkook estava tão perto. Então eu sai de casa no meio da noite e
fui até seu quarto para que dormíssemos juntos, mesmo que ele não tivesse
me dito que eu poderia fazer aquilo.

Dois dias depois de sua ida, enquanto eu remoía a incerteza sobre quando ele
poderia me ver outra vez, algo aconteceu.

Durante aquele tempo, Taeil continuava frequentando a escola, agindo como


se nada tivesse acontecido. Eu o via conversando e fazendo brincadeiras
idiotas com outros garotos da turma e a única coisa que parecia diferente do
usual é que Yuta, que sempre estava por perto dele, tinha se isolado.

247
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Por isso, eu cheguei a acreditar que o que quer que Jungkook tinha tentado
fazer, não tinha dado certo. Até que uma piada feita do meio da aula de álgebra
o levou até a sala do diretor, e então no dia seguinte ele reapareceu sem o
uniforme, acompanhado de um dos monitores enquanto recolhia suas coisas
do armário na sala de aula e do vestiário de educação física.

— Ele tá tão fodido. O diretor expulsou o coitado na mesma hora.

— Essa é a única escola boa em Nam-gu, parece que os pais tão mandando
ele embora pra outro distrito.

— Mas isso não é estranho? Parece até que o diretor só tava esperando uma
desculpa pra mandar ele embora.

Nos dias seguintes, era só nisso que se falava. E enquanto eu tinha a certeza
de que aquilo era, afinal, consequência das ações de Jungkook, todos os
outros continuavam discutindo, tentando descobrir o que tinha acontecido para
Taeil ser expulso por um motivo tão bobo.

Eu não podia evitar sentir satisfação quando ouvia as conversas e precisava


reprimir dolorosamente meus sorrisos, mas os ânimos já estavam se
acalmando e o assunto Taeil ficava cada vez mais esquecido quando Yuta me
chamou, alguns dias depois.

— Posso falar com você? — Ele perguntou, me alcançando quando eu estava


indo para a arquibancada da quadra externa para encontrar Yukwon e
Jeonghan.

Eu o olhei, um pouco surpreso, mas só ergui meus ombros, assentindo.

Depois de tudo, eu tinha perdido a confiança nele, mas sabia que se ele fizesse
qualquer coisa maldosa comigo, Jungkook também daria um jeito de mandá-lo
embora.

Mas ele pareceu ter dificuldade em falar, porque acho que era só isso mesmo
que ele queria fazer. E coçou a cabeça, frustrado, quando finalmente começou.
— Desculpa, Jimin. Se eu não tivesse te deixado sozinho com ele no banheiro,

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as coisas não teriam chegado àquele ponto. Nós realmente passamos dos
limites. Eu sinto muito mesmo.

— O único que passou dos limites foi ele, Yuta, Você até me ajudou. — Eu
rebati, um pouco confuso.

— Eu não falo só desse dia, nós passamos dos limites bem antes disso. Todas
as brincadeiras e provocações... me desculpa, de verdade.

Por um tempo, eu fiquei sem reação. Quer dizer, eu realmente esperava que
Yuta voltasse a agir como se nada tivesse acontecido, embora eu realmente
tivesse percebido que às vezes ele tentava se aproximar, mas acabava
perdendo a coragem.

As pessoas realmente nos surpreendem. Que bom que nem sempre de um


jeito ruim.

— Ah... tudo bem. — Eu murmurei, ainda um pouco atordoado.

Quando eu achei que não passaríamos disso, ele continuou: — Diz pro seu
amigo que eu sinto muito por tudo que dissemos sobre ele também.

Então eu o olhei, desconfiado. Yukwon, muito mais que eu, foi o alvo de todas
as piadas maldosas de Taeil, Yuta e de tantas outras pessoas naquela escola.
E ele realmente merecia um pedido de desculpas, mas um cara a cara, não um
repasse de recado.

— Se você realmente sente muito, diz você pra ele. — Eu disse, segurando a
garrafinha de suco recém comprada numa das mãos. — E se você não sente,
me desculpa, mas você ainda é uma pessoa horrível. Yuta pareceu um pouco
assustado por não me ouvir simplesmente concordar. Era isso que eu fazia,
sempre, mas muita coisa tinha mudado desde que eu percebi que ele e Taeil
nunca foram meus amigos de verdade.

— Eu vou encontrar ele agora. Se quiser vir, venha.

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Sem esperar uma resposta, eu virei e segui meu caminho até a quadra, mas
confesso que senti algo bom quando percebi que, mesmo depois de relutar um
pouco, Yuta começou a me seguir.

— Que demora da porra foi essa? Foi plantar a fruta pra fazer o suco, foi? —
Yukwon resmungou quando me viu chegando, mas logo depois ele percebeu
quem estava comigo, e sua expressão se tornou impaciente. — Ah, fala sério,
o que é que o bucetão tá fazendo aqui?

— Ele quer falar com você — Eu avisei, subindo os degraus largos para me
sentar entre ele e Jeonghan, que estava deitado com a cabeça em cima de um
casaco grosso, só assistindo o desenrolar da situação inesperada.

Yuta parou embaixo, parecendo muito hesitante sobre o que fazer, e Yukwon
não ajudava enquanto olhava-o como se estivesse prestes a voar no seu
pescoço.

— Fala logo, inferno! — Ele disse, alto, fazendo Yuta ter um sobressalto.

Jeonghan deu uma risadinha e cobriu os olhos com um braço, parando de


prestar atenção neles dois.

Eu, entretanto, tomei um gole generoso do meu suco artificial enquanto


esperava, olhando de um para o outro, sem saber se Yuta realmente faria
aquilo.

— Eu só... — Ele começou, incerto. — Queria me desculpar.

— Por ser um bucetão? Não desculpo, agora sai daqui. — Yukwon respondeu,
impaciente.

— Você não precisa ser tão babaca. — Yuta disse, apertando os olhos.

Yukwon riu, debochado. — Você achou o que, cara? Que depois de anos me
infernizando eu vou estender um tapete vermelho pra você? Vai se foder!

— Yukwon... — Eu chamei, segurando seu braço para que ele entendesse que
estava passando dos limites. — Ele só tá pedindo desculpas.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Me erra, Jimin! Esse bosta vem do nada se desculpando, provavelmente tá
se sentindo sozinho agora que o outro bucetão foi expulso e quer voltar a
brincar de ser seu amigo, mas essa história não vai colar comigo, não!

— Eu realmente estava arrependido, mas acho que mudei de ideia — Yuta


disse, irritado, quando começou a se afastar. — Tanto faz!

Yukwon jogou a tampinha do meu suco na direção dele, furioso, mas por sorte
não o acertou.

— Você podia ter aceitado civilizadamente. — Eu disse quando ele se recostou


no degrau de cima, com a postura ainda tensa.

Eu não o culpava, na verdade. Eu aguentei meses de provocações, mas


Yukwon aguentou anos, sem nenhum amigo dentro ou fora da escola. Seria
burrice da minha parte acreditar que ele aceitaria as desculpas de Yuta assim,
tão fácil. Ele estava desconfiado, e isso era natural.

— E depois o quê? Nós íamos virar melhores amigos? — Ele rebateu, como se
minha sugestão fosse um absurdo. — Vai você atrás dele, então, matar a
saudade da amizade caralhuda que vocês tinham!

Eu virei para ele, deixando meu suco de lado quando percebi o que estava
acontecendo. Então não pude conter uma risada.

— Você tá com ciúmes?

— Vai se foder.

Eu gargalhei ainda mais, abraçando-o mesmo quando ele tentou me empurrar.


— Você tá com ciúmes, sim! Que bonitinho!

— Eu vou te quebrar se você não calar a boca, Jimin.

Eu me afastei, finalmente, porque estava começando a ficar perigoso. Yukwon


é bem agressivo, não só com as palavras.

— Era só o que faltava mesmo. — Ele resmungou baixinho, depois de um


tempo. — Avisa pro bucetão que nós somos como os três mosqueteiros, as
três espiãs demais ou as meninas super poderosas, só tem espaço pra três.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Não somos a porra do clube das winx nem coração de mãe que sempre cabe
mais um.

Teonghan gargalhou e eu também, depois de me concentrar em engolir o suco


que estava na boca para não acabar cuspindo em ninguém.

— O argumento dele é válido. Três é nosso número da sorte.

Eu ainda dei uma risadinha, antes de explicar. — Eu acho que ele só queria se
desculpar mesmo. Quem em sã consciência vai querer andar com a gente?
Vocês estão se achando demais.

Nenhum dos dois riu, porque meio que era verdade.

De qualquer forma, nós estávamos bem daquele jeito. Três era mesmo nosso
número da sorte.

Quando o tempo passou, pouca coisa mudou. Eu e Jungkook nos vimos só


mais uma vez porque ele voltou a ficar atarefado, e isso me incomodava cada
dia mais.

Seu aniversário já estava chegando e faziam três meses desde a última vez
que eu o tinha visto, o que fazia meu coração doer de saudade a ponto de me
fazer dormir chorando, em algumas noites.

Mas eu tentava não mostrar esse lado para ele. Tentava não ser ingrato, nem
fazê-lo se sentir culpado por não poder fugir das suas responsabilidades. Então
quando eu o ligava, sempre sentindo meu peito doer quando ouvia sua voz, eu
engolia minha tristeza e aproveitava o pouco de tempo que ele podia me
oferecer nos dias mais complicados.

O problema é que, naquelas semanas, todos os dias eram complicados.

Jungkook não tinha mais tempo para atender minhas ligações e demorava
cada vez mais para responder minhas mensagens. E, por mais que eu
estivesse tentando me convencer de que era tudo fruto de todas as suas
responsabilidades, no fundo eu tinha medo de que ele já estivesse perdendo o
interesse em mim e me deixando de lado cada vez mais.

252
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Mas eu tinha medo de perguntar e ouvir uma resposta que, inevitavelmente,
partiria meu coração já tão apegado a ele. Por isso, continuei a deixar as
coisas como estavam, mesmo que isso significasse ter menos de Jungkook.
Porque ter pouco dele ainda era melhor que não ter nada.

Quando agosto estava chegando ao fim e seu aniversário estava mais próximo,
eu comecei a arrumar seu presente, que seria enviado para Seul, por mais que
eu quisesse entregá-lo pessoalmente, porque Jungkook já tinha deixado claro
que não nos veríamos quando o dia chegasse.

Naquele dia, quando finalmente terminei de embrulhar o que escolhi para


presenteá-lo, eu peguei meu celular e disquei seu número, esperando
ansiosamente ouvir sua voz depois de dois dias só trocando algumas
mensagens rápidas, para pedir que ele me mandasse seu endereço.

Mas quando a ligação foi completada, não foi sua voz que eu ouvi.

— Alo? — Uma mulher atendeu, com uma voz animada.

Eu estranhei, porque aquela era a primeira vez que outra pessoa atendia o
telefone de Jungkook, então eu até chequei o contato discado para ter certeza
que era mesmo o seu número, mas não havia erro.

— Oi? Quem fala? — Perguntei, um pouco confuso, mas tentando não soar
rude.

— Ah, desculpa, o Jungkook está no banho. Aqui é a noiva dele.

Eu quase deixei meu celular cair quando ouvi sua resposta, e pareceu que o
mundo inteiro parou de girar. Meu coração bombeou rápido demais e eu sentia
suas batidas desesperadas reverberando em meus ouvidos, me deixando tonto
enquanto eu tentava me convencer de que aquilo era uma brincadeira de mau
gosto.

— D-desculpa, eu não entendi... — Eu murmurei, com minha voz perdendo


força e confiança enquanto todo o meu interior murchava, assustado.

Jungkook não tinha uma noiva. Ele não podia ter.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Se tivesse, o que foi tudo que aconteceu entre nós dois? Uma mentira?

Não podia ser. Ele parecia tão sincero. Ninguém conseguiria fingir tão bem do
jeito que ele fingiu, mas... e se?

A mulher riu, do outro lado, incapaz de ver meu estado miserável. — Ele
continua me mantendo em segredo, pelo visto. — Ela disse, bem humorada.

Entretanto, não havia nada no mundo capaz de me fazer sorrir naquele


momento. Eu estava magoado e desesperadamente assustado com as
possibilidades do que aquilo significava. — Eu não já disse que não gosto
quando você atende minhas ligações? — Eu ouvi uma voz ao fundo, distante,
mas era impossível não reconhecê-la.

— Eu estou te fazendo um favor, seu grosso — A mulher rebateu, parecendo


afastar um pouco o telefone para respondê-lo. — Para de andar só de toalha
pelo apartamento e cobre essa tatuagem feia, você sabe que eu tenho medo
dela.

— Me dê o celular, Mina. — Jungkook disse, e a cada palavra que eles


trocavam, assim como a confirmação de que estavam juntos e tinham
intimidade para que ele andasse só de toalha na frente dela, me destruíam
cada vez mais. — Quem é?

Por mais que eu estivesse tentando me convencer de que era só um mal


entendido, meu corpo inteiro tremia, porque no fundo eu sabia que estava
tentando acreditar numa mentira para amenizar a dor.

— Um menino com uma voz fofa. — Ela respondeu, e alguns sons arranhados
me fizeram perceber que o celular estava sendo movido. — O nome no visor é
Jimin.

— Jimin? — Ele repetiu, com a voz mais nítida, e eu soube que estava falando
diretamente comigo dessa vez.

Eu estava encolhido no chão do quarto, com uma mão cobrindo minha boca
para conter minha respiração desesperada, enquanto a outra quase esmagava
meu telefone contra minha orelha,

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Anjo? — Ele insistiu, diante do meu silêncio, mas eu ainda não conseguia
responder

Eu não conseguia fazer nada. Não conseguia falar, pensar, nem me mover. Só
queria abrir meus olhos e descobrir que aquilo era só um sonho confuso e que
Jungkook não tinha uma noiva, que não tinha me enganado por todo aquele
tempo.

— Quem... quem é ela? — Eu perguntei, finalmente, tremendo com medo da


resposta. — Ela disse que é sua noiva... é mentira, não

Jungkook ficou calado por tanto tempo que eu soube que meu coração seria
destruído assim que ele voltasse a falar, mas ele não precisou dizer nada para
que eu soubesse exatamente o significado daquele silêncio.

Então eu finalmente ouvi seu suspiro e, por último, sua voz mansa.

— Jimin, nós precisamos conversar.

Antes que ele terminasse aquela frase, com medo demais de ouvir o resto —
principalmente porque aquelas palavras já diziam tudo que eu tanto temia
ouvir, eu finalizei a ligação e joguei meu celular longe, usando ambas as mãos
para cobrir minha boca para não deixar escapar um grunhido de raiva e
tristeza.

Meu corpo inteiro ainda doía e tremia, naquela hora, como se eu tivesse
presenciado um crime brutal, quase preso num estado catatônico provocado
pela mudança repentina de tudo que eu tinha acreditado, até então.

Depois de tanto acreditar que aquilo era real e que Jungkook realmente
gostava de mim, que ele realmente me levava a sério, eu senti o choque da
realidade caindo sobre minha confiança inconsequente.

Por tanto tempo eu me perguntei o que ele via em mim, e então eu finalmente
descobri. Diversão.

Eu era um passatempo. Uma fuga de sua vida agitada em Seul. E nunca


poderia ser mais que isso.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Desculpa acabar o capítulo aí, mas eu não tava com cabeça pra finalizar do
jeito que queria. O dia foi tão ruim que eu só consegui ficar deitadinha, sem
fazer nada, nem revisei direito

Mas agora é hora de esquecer e falar de coisa boa yay //desculpa pelas notas
finais imensas e não desiste de mim :(

Primeiro: hoje também é aniversário da JiKook-Otp e da eatmejikook, então


feliz aniversário, desejo muita coxinha, brigadeiro e guaraná!!! e me desculpem
por só poder presentear vocês com esse capítulo meio pombo :(

Segundo: a jiggukiss achou e mandou lá no twitter e eu trouxe pra mostrar pra


vocês, porque quase tive um AVC quando vi. Então apreciem aqui a
famigerada cabeça da serpente que sempre faz vocês pensarem besteira /eu
ainda tenho vontade de gritar quando vejo essa foto a a a

Terceiro (acabaram as coisas boas): teve gente se assustando com minha


idade, mas eu juro que sou um nenê e trouxe uma foto tirada especialmente

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
pra vocês pra provar que a cara (e a mente também!) é de bebezinha que
precisa ser protegida (a mãozinha no cabelo não era charme, só tava tentando
não deixar ele voar na cara >>>e não deu certo<<<)

Acabou a festinha :( como eu já sei que vocês vão alegrar esse dia horroroso,
deixo desde já meu obrigada!!!!

amo vocês <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
15 • Alpenglow

Eu rejeitei a nova ligação de Jungkook logo depois de ter desligado em sua


cara e, depois, ele não me ligou mais.

Ainda sentado no chão, eu não conseguia acreditar no que tinha acabado de


descobrir.

O frio na barriga que eu sentia não era como aquele que eu sempre sentia
quando ele estava por perto. Era algo ruim, como se todo meu corpo tivesse se
transformado num depósito de sensações ruins.

Jungkook tinha uma noiva.

O homem que entrou em minha casa e disse para minha mãe que tinha
sentimentos por mim era de outra pessoa.

De repente, eu me sentia como uma piada. A pulseira que eu nunca tirava de


meu pulso era um lembrete de como eu era ingênuo. Jungkook disse que eu
podia ter o mundo inteiro nas minhas mãos, mas eu nem mesmo podia tê-lo.

Ainda angustiado, sem saber o que fazer com aquele acúmulo crescente de
raiva e tristeza, eu precisei reencontrar o equilíbrio para ficar de pé e sair de
casa, ainda tonto como se tivesse acabado de tomar o maior porre da minha
vida.

Eu precisava colocar aquilo para fora. Precisava gritar para o mundo inteiro
aquilo que de repente tomou conta de mim, depois de uma única ligação, mas
o mundo não se preocupava com o coração partido de um garoto de dezessete
anos, então eu fui ao primeiro lugar onde sabia que seria escutado e, mais que
isso, não seria condenado por tentar extravasar minha raiva.

— Se for aquele vizinho chato do caralho de novo eu juro que vou mandar esse
resto de aborto pra puta que pariu!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ainda do lado de fora, depois de tocar a campainha, eu já podia sentir o cheiro
de comida e ouvir os barulhos vindos da TV e da ira de Yukwon.

Quando ele abriu a porta, com aquela expressão que deixava claro que ele
estava prestes a matar alguém, e me reconheceu, sua feição suavizou e ele
gritou para sua irmã, do lado de dentro.

— É só o enrustido, pode cancelar o homicídio!

— OI, JIMIN! — Taeyeon gritou de volta, ainda fora do meu campo de visão, e
eu acho que ela estava na cozinha.

— Eu quero matar aquele mentiroso do caralho! — Foi a única coisa que eu


disse, ainda fervendo de raiva a ponto de bufar entre uma pausa e outra, e
então Yukwon apertou os olhos, um pouco desconfiado.

— Entra aí. — Ele respondeu, mas eu não teria me movido se não fosse sua
mão me puxando pelo braço. Quando me soltou, a única coisa que ele fez foi
pegar uma almofada no sofá para segurá-la na frente do próprio corpo, virado
para mim. - Mete a porrada aqui.

Eu respirei com força, apertando meus dentes uns contra os outros antes de
dar o primeiro soco na almofada. E então eu dei o segundo e o terceiro. O
quarto veio acompanhado de um grito rasgado, e os seguintes foram mais
rápidos e desastrados, até que o décimo primeiro foi mal calculado e eu acabei
socando o ombro de Yukwon com força.

Quando isso aconteceu, eu me impedi de continuar desferindo golpes e liberar


grunhidos de ódio.

— Tá mais calmo? — Ele perguntou, ignorando os efeitos do golpe em seu


ombro, mesmo que tenha sido um soco forte.

Eu só consegui balançar a cabeça uma vez, respirando com mais dificuldade


que antes.

— Ótimo. Agora diz quem é que a gente vai matar.

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Aquela era uma resposta arriscada, porque dizer o nome de Jungkook a
Yukwon seria como garantir que nunca mais existiria a chance de uma relação
minimamente amistosa entre os dois. Isso no caso de Jungkook continuar vivo,
o que era um pouco improvável quando se tratava do meu melhor amigo
descobrindo que ele me deixou naquele estado.

Entretanto, essa minha preocupação era fruto de uma esperança que eu não
gostaria de reconhecer, naquele momento, porque fazia de mim um completo
idiota: a esperança de que, no fim, Jungkook ainda faria parte da minha vida.

Então, perdido de raiva não só por descobrir que Jungkook tinha uma noiva,
mas também por perceber em mim o desejo indominável de nunca deixar de
ser dele, eu quis garantir que, no caso de meu coração falar mais alto que meu
orgulho, Yukwon seria a barreira que me impediria de voltar para ele.

— O Jungkook. — Eu disse, enfim, depois de olhá-lo em silêncio por todo


aquele tempo.

Sem demonstrar surpresa, Yukwon jogou a almofada de volta no sofá e sumiu


da sala, voltando instantes depois com um taco de beisebol nas mãos.

— Onde é que ele mora mesmo?

Na mesma hora, Taeyeon apareceu na sala, usando luvas de cozinha para


carregar uma panela quente até a mesa de centro entre o sofá e a TV.

— Vocês vão jogar? — Ela perguntou, ajoelhada no chão para abanar o


macarrão fumegante, olhando para seu irmão e para mim. — Comam antes de
ir, eu fiz bastantão.

— Ele tem uma noiva. — Eu disse, ignorando-a, como se precisasse dizer


aquilo em voz alta para realmente acreditar. — Jungkook tem uma noiva.

Então, finalmente, Yukwon pareceu um pouco chocado e mil vezes mais


determinado a tirar a vida de alguém com aquele taco.

— O filho da puta tem o que?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Sem mais força ou determinação para continuar de pé, eu me sentei encostado
no sofá e abracei minhas pernas, inconsolável.

— Quem é Jungkook, gente? — Taeyeon perguntou, caminhando de volta até


a cozinha, totalmente alheia ao tópico de conversa.

Eu apertei ainda mais meus joelhos, porque revelar aquilo parecia tornar tudo
ainda mais real, definitivamente mais doloroso.

— O macho do Jimin. O ex-macho do Jimin — Ele corrigiu, logo depois. — O


ex-macho de qualquer pessoa, porque esse caralho vai morrer hoje!

— Mas ele tem uma noiva? — Taeyeon voltou, com chopsticks para os três nas
mãos. — Acho que fiquei confusa.

— Ele escondeu de mim. — Eu disse, não exatamente para ela ou para


Yukwon. — Esse tempo todo... tudo que aconteceu... meu deus — Eu gemi, no
final, me sentindo sufocado. — Eu fui tão burro!

Antes que eu percebesse, Yukwon estava sentado na minha frente, sem o taco
de beisebol na mão e segurando novamente a mesma almofada.

Sem que ele precisasse me orientar e sem precisar pensar, eu voltei a socá-la,
com mais raiva que antes, buscando naquilo uma forma de aliviar a sensação
dolorosa de ser enganado.

Pouco a pouco, os socos furiosos foram sendo substituídos por socos fracos,
minha respiração completamente atrapalhada e meu rosto quente e úmido
pelas lágrimas que, nem sei quando, finalmente começaram a escapar.

Naquele momento, eu soube que a raiva tinha acabado e me desesperei por


perceber que o único sentimento que me restava era de tristeza.

Assim que o último soco, se é que posso chamá-lo assim, atingiu a almofada,
eu engatinhei para a frente e deitei minha cabeça nas pernas dobradas de
Yukwon, encolhendo minhas pernas contra meu corpo no chão e cobrindo
minha boca para não deixar que nenhum outro soluço fosse escutado.

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— Yukwon... — Eu o chamei, com a voz tremendo, puxando o ar mesmo contra
minha vontade. -Yukwon, ele me enganou... O Jungkook, ele...

Eu ouvi seu suspiro, depois sua mão tocou minha cabeça, sem me acariciar.

— Não precisa ter vergonha de chorar. Chore mesmo, até não sobrar nenhuma
lágrima pra derramar no funeral dele — Yukwon disse, paciente.

A risada sem humor algum que eu deixei escapar depois de seu conselho foi
como uma válvula que, depois de ativada, tornou meu choro mais intenso e
mais sonoro.

Nenhum dos dois irmãos falou qualquer coisa enquanto meu corpo sofria os
reflexos do choro violento e eu gemia como uma criança que se perdeu da mãe
no shopping. Porque era exatamente daquele jeito que eu me sentia, naquele
momento. Dolorosa e completamente perdido.

Eu nunca vou saber dizer quanto tempo passou até que lágrima nenhuma
restasse, a despeito da vontade de continuar chorando. Mas minha cabeça
doía, como se seu peso tivesse sido triplicado e eu sentia meus olhos
inchados.

— Venham comer. — Taeyeon insistiu, depois de alguns minutos de um


silêncio interrompido somente por minha respiração ruidosa.

Sua voz era calma, quase como se ela não tivesse acabado de presenciar a
pior crise de choro da minha vida.

— Nós precisamos encher a barriga antes de encher a cara. — Ela completou,


depois. — Não entendi direito o que aconteceu, mas se é um coração partido, a
melhor solução é beber.

Eu quis negar, e neguei, mas não tive forças para impedir Yukwon de me fazer
levantar e me puxar até a mesa de centro, onde o macarrão quase frio ainda
estava apoiado.

Nós comemos em silêncio. Eu, na verdade, quase não comi. Minha mente era
bombardeada com as lembranças que construí com Jungkook, cada uma delas
se tornando manchada pela nova descoberta de que ele tinha outra pessoa.
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Então meus hashis paravam no meio do caminho, com os fios de macarrão
instantâneo pendurado, e eu só os levava à boca depois que Yukwon me
cutucava com seus próprios chopsticks.

Era como estar num transe. Minha mente se distanciava cada vez mais da
realidade imediata, então era arrastada de volta para logo depois se perder em
mais lamentações e ofensas silenciosas que, quando não direcionadas a
Jungkook, eram direcionadas a mim mesmo, porque era claro que eu tinha
culpa naquilo

Como eu pude acreditar tão ingenuamente que ele realmente teria sentimentos
por alguém como eu?

— É assim? — Eu perguntei, desistindo de tentar levar mais comida à boca,


com meu olhar direcionado a nada além das folhinhas de coentro flutuando no
caldo do macarrão. — Perder uma pessoa, mesmo que ela nunca tenha sido
sua... doí tanto assim?

— Dói. — Taeyeon respondeu. — Mas sempre passa.

— Vai passar quando a gente esmagar a cabeça daquele filho da puta. —


Yukwon completou, de boca cheia.

Eu concordei, não sei se com Taeyeon, com Yukwon, ou com os dois. Mas é
verdade que eu reconhecia a vontade de ter o desejo de machucar Jungkook,
de fazer ele se sentir tão miserável quanto eu estava me sentindo. Entretanto,
eu não tinha nem a vontade, nem a coragem de ferir alguém.

Quando nós acabamos de comer, eu não conseguia me preocupar em oferecer


ajuda para arrumar as coisas, tampouco eles pareciam dispostos a me
condenar por isso, então eu apenas esperei, deitado no sofá pequeno, me
odiando por não conseguir me livrar daquela sensação ruim.

Depois, eu me deixei ser arrastado para fora do apartamento deles rumo a uma
loja de conveniência para comprarmos as garrafas de soju que prometiam me
ajudar a superar essa noite. Por mais que minha vontade fosse a de ficar
encolhido em algum lugar fazendo nada além de remoer cada pensamento que

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bombardeava minha mente, a ideia do nada e da solidão me assustava,
naquela hora.

Então, mesmo que eu não gostasse de soju ou de bebidas alcoólicas em geral,


nem mesmo tivesse idade para comprá-las e tivesse aula no dia seguinte, eu e
Yukwon sentamos na mesinha na frente da loja e esperamos Taeyeon voltar
com as garrafas e algumas guloseimas que deve ter comprado com o intuito de
me agradar.

As primeiras garrafas então foram tomadas em um silêncio que ultrapassava o


desconforto. Quando eu estava secando a minha terceira, então, Yukwon olhou
para um ponto do outro lado da calçada e levantou as mãos para cima, como
se algo realmente esperado finalmente estivesse acontecendo.

Num reflexo já lento pelo álcool, eu olhei para trás e vi Jeonghan se


aproximando de nossa mesa, com o cabelo longo preso num rabo de cavalo
com uma única mecha caindo em seu rosto e vestindo suas roupas
confortáveis de ficar em casa.

Ninguém precisou me dizer nada para que eu soubesse que Yukwon o tinha
chamado e, mesmo sendo tarde da noite, Jeonghan estava lá.

Quando ele sentou ao meu lado, eu o olhei, embriagado, e não consegui


retribuir o sorriso reconfortante que ele me mostrou ainda em silêncio.

Talvez ele não soubesse exatamente o que estava errado, porque não acho
que Yukwon se preocuparia em dar os detalhes, mas era fácil olhar para mim e
perceber que eu estava destruído, e não era pelo álcool.

Mesmo assim, Jeonghan não perguntou nada. Ele respeitou o silêncio da


nossa mesa e aceitou, ainda com seu sorriso delicado, quando eu ofereci
minha garrafa quase vazia, sem tirar meus olhos dele quando o vi virar o resto
de soju.

Jeonghan era bonito. Era inteligente, engraçado, carinhoso, disponível e


parecia gostar de mim.

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Sem controle sobre meu raciocínio ébrio, eu deixei escapar a pergunta que
deveria ficar só em minha cabeça. — Por que eu não me apaixonei por você?

O silêncio que se prolongou em resposta dos outros três não foi mais natural,
mas algo desconfortável, me fazendo ter a certeza de que eu deveria ter ficado
calado.

Sem saber quão tonto estava, eu fiquei de pé, cambaleando ao perceber que
meu equilíbrio estava fora do meu controle. Mesmo assim, eu não sentei.

— Eu preciso dar uma volta. — Anunciei, ainda diante dos olhos que me
analisavam com cuidado.

Em seguida, eu me afastei da mesa da loja de conveniência, devagar e tonto


demais para andar decentemente, até que senti meu braço ser puxado e
colocado ao redor do pescoço de alguém. Quando olhei para o lado, percebi
que era Jeonghan, com seu sorriso suave de volta em seu rosto.

— Eu vou com você. — Ele disse, simplesmente, e eu não neguei sua


companhia

As ruas estavam vazias. O único comércio era a loja onde estávamos, todo o
restante eram casas e apartamentos pequenos, o que fazia nossa caminhada
ser solitária e silenciosa.

Quando eu tropecei no meu próprio pé e me segurei em Jeonghan com mais


força para não cair, ele me guiou até a ponta da calçada e me fez sentar ao
seu lado.

— Vamos descansar um pouco, ok? — Ele disse, ainda tranquilo.

Eu suspirei, em resposta, e abracei minhas pernas, escondendo meu rosto nos


meus joelhos.

— Isso é tão deprimente — Reconheci, sem levantar meu rosto.

Ao invés de dizer algo, Jeonghan só passou a mão em minhas costas, num


carinho suave.

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— você não quer saber o que aconteceu — Perguntei, algum tempo depois,
quando finalmente levantei meus olhos, mas ainda sem olhar para ele.

— Você quer falar?

Eu neguei. — Agora não.

— Então também não quero saber. — Jeonghan respondeu, enfim.

Depois disso, nós ficamos em silêncio de novo, mas ele não parecia
incomodado. Na verdade, Jeonghan era sempre muito paciente comigo, então
não podia ser coisa da minha cabeça.

— Você... — Eu comecei, ainda me deixando levar pela embriaguez. No fundo,


eu estava mesmo curioso. — Você gosta de mim?

Se um amigo me perguntasse isso tão de repente, eu provavelmente entraria


em colapso, revisitando todas as minhas ações passadas para tentar descobrir
o que o fez acreditar nisso. Entretanto, Jeonghan só respirou fundo antes de
sorrir.

— Eu nunca fui bom em disfarçar, né? — Ele disse.

Então era verdade. E talvez fosse o álcool ou o já existente turbilhão de


sentimentos em mim, mas confirmar aquilo foi muito menos assustador do que
eu imaginei que seria.

— Por quê? — Insisti. — O que tem pra gostar em mim?

Jeonghan apoiou as mãos atrás do quadril, inclinando o rosto para ver o céu
sem estrelas.

— No dia em que eu cheguei na escola e não conhecia ninguém, você foi a


primeira pessoa que chamou minha atenção. — Ele confessou, sem parecer ter
medo de fazê-lo. — Você tava com o Yukwon, rindo de alguma coisa, e eu só
conseguia pensar, caramba, que sorriso bonito! — Ele sorriu um pouquinho,
também. — Essa é a primeira coisa.

Eu continuei olhando-o, sem saber se mais algo estava por vir.

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— Eu também gosto dos seus olhos. E daquela coisinha que você faz,
franzindo o nariz. É muito fofo. — Ele continuou, olhando só para o céu. —
Gosto de como você canta quando fica entediado, e de como você sabe ser tão
agressivo e tão adorável ao mesmo tempo, sem nem perceber. Gosto da forma
como você é sincero principalmente quando não deve ser e de como é
impulsivo, às vezes, mas nunca se arrepende. E quando você quer alguma
coisa, você não tem vergonha de dizer. Acho que é disso que mais gosto.

Quando Jeonghan terminou de falar, eu não consegui dizer nada. Acho que
meus olhos estavam um pouco arregalados, porque eu realmente não
esperava ouvir tudo aquilo, nem dele, nem de outra pessoa.

Nesse dia, então, eu descobri que receber uma declaração como essa quando
seu coração está partido e seu corpo cheio de álcool pode confundir sua
cabeça.

E é em tudo isso que eu coloco a culpa porque, em meu perfeito juízo, eu


nunca faria o que fiz logo depois.

Eu nunca beijaria Jeonghan.

Foi um beijo um pouco desastrado, completamente mal calculado, e por muito


tempo não aconteceu nada além de sentir meus lábios tocando os seus.
Quando eu tentei avançar, apoiando minhas mãos no chão para me inclinar em
sua direção e usando minha língua para encontrar a sua, Jeonghan recuou um
pouco, quebrando o contato entre nossas bocas.

— Você bebeu e é claro que tá magoado com alguma coisa. — Ele disse,
acariciando minha mão. — Então não faz isso agora.

— Não. — Eu tirei minha mão de debaixo da sua para segurar sua blusa e não
deixar que ele se afastasse outra vez. — Me ajuda, por favor, me faz esquecer
ele...

Aquilo era cruel. Mesmo bêbado e sofrendo, eu já sabia.

Mesmo assim, eu inclinei meu rosto de novo, tentando beijá-lo. Jeonghan


resistiu nos primeiros segundos, mas depois que eu sussurrei mais um por

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favor necessitado contra sua boca, ele finalmente cedeu, e nós nos beijamos
de verdade.

E diferente da minha euforia e necessidade de ter mais de seu toque para


esquecer que um dia Jungkook me tocou também, Jeonghan continuou calmo.
Ele acariciou meu rosto e usou sua boca para tentar acalmar a minha, até que
conseguimos entrar em equilíbrio e encontramos o ritmo do nosso beijo.

Era lento, cuidadoso e carinhoso. Era bom, mas não durou muito tempo, e
dessa vez fui eu que me afastei, porque aquilo se tornava mais estranho a
cada segundo que passava.

— Desculpa — Eu murmurei, sem jeito por ter sido incapaz de aguentar o que
eu mesmo comecei.

Jeonghan negou, paciente, e segurou minha mão para me ajudar a levantar. -


Não tem problema, mas é melhor a gente voltar.

Eu concordei, ainda atordoado, e caminhei ao seu lado por toda a volta até a
loja de conveniência, sem que sua mão soltasse a minha.

Quando nos sentamos, ele não falou sobre o que tinha acontecido, Yukwon e
Taeyeon também não perguntaram. Nós só bebemos mais um pouco, dessa
vez com algumas conversas bobas, e finalmente nos levantamos para ir
embora.

Indo pelo lado contrário pelo qual eu tinha ido mais cedo com Jeonghan, eles
riam com a tentativa embriagada de Taeyeon reproduzir uma coreografia
enquanto caminhava. Eu, por outro lado, não conseguia fazer mais que mostrar
alguns sorrisos sem muita empolgação, mas até mesmo eles desapareceram
quando olhei para o lado e, num beco, vi algo que fez meu coração acelerar.

— É uma pessoa? — Eu murmurei, parando de andar, e todos os três pararam


um pouco na frente, sem saber sobre o que eu estava falando.

— Eita! — Taeyeon arregalou os olhos quando viu o que eu via e, um pouco


desequilibrado, eu não pensei duas vezes antes de caminhar até o cara jogado
no chão ao lado de várias garrafas vazias de Soju.

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E foi então que eu realmente senti minha garganta fechar, quando o reconheci.

— Yuta? — Eu chamei, me ajoelhando em sua frente.

— É o bucetão?

— Ei - Insisti, cutucando seu ombro. — Ei, Yuta! — Insisti, mas a única coisa
que consegui foi um gemido que, de qualquer forma, serviu como uma
confirmação de que ele estava vivo. — O que você tá fazendo aqui?

Ele me olhou, como se seus olhos fossem incapazes de focar em qualquer


coisa, e então ele empurrou meu braço com um movimento sem força,
totalmente ébrio.

— Deixa ele aí — Yukwon disse, parado atrás de mim com sua irmã.

Jeonghan estava ajoelhado ao meu lado, parecendo um pouco preocupado. —


É melhor a gente levar ele pra casa. — Ele disse, contrariando nosso amigo
mais velho.

— É, é melhor — Eu concordei, ouvindo Yukwon quase relinchar. — A gente


vai te levar pra casa, tá bom? — Eu murmurei, tocando em Yuta de novo, com
as mãos um pouco frouxas pela embriaguez.

Em resposta, ele negou, me empurrando de novo. — Me deixa aqui! Eu não


quero voltar!

Se as garrafas vazias ao seu lado e seus movimentos descoordenados não


fossem provas suficientes, sua voz era o que faltava para confirmar que ele
definitivamente tinha passado da conta.

Mas eu não o deixaria largado ali, principalmente bêbado daquele jeito, então
gesticulei para Jeonghan, pedindo que ele me ajudasse a carregá-lo.

— Você sabe onde ele mora? — Jeonghan perguntou, lutando contra um Yuta
bêbado que tentava de toda forma recusar nossa ajuda para levantá-lo.

Eu neguei, um pouco preocupado. — Ele nunca deixa ninguém ir na casa dele.

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— Ele tá com o celular? A gente pode ligar pros pais dele... — Taeyeon
murmurou, se apoiando na parede para se manter de pé.

— Não! — Yuta se desesperou, de repente, empurrando Jeonghan que era o


mais próximo. — Eu não quero voltar! Ele vai me matar!

Eu senti o choque tomando conta de cada um de nós, e então troquei olhares


com cada um deles, sentindo minha cabeça doer ainda mais quando a situação
pareceu me forçar a ficar sóbrio outra vez.

— Quem, Yuta? — Eu perguntei, tentando acalmá-lo, mas ele rejeitou meu


toque de novo. — Nós vamos te levar pra sua casa, nada de ruim vai te
acontecer lá.

Ele negou com a cabeça, ainda mais abalado, como se estivesse prestes a
enlouquecer com a ideia de voltar para casa. Então ele começou a puxar os
cabelos, ainda balançando a cabeça para os lados.

— Ele vai me matar, ele vai me matar!

Eu não sabia mais o que pensar, dizer ou fazer. Nada do que ele estava
dizendo fazia sentido. Mesmo que eu tivesse crescido ao seu, eu conhecia
muito pouco da família de Yuta. Tudo que sabia era que sua mãe tinha morrido
no parto e que a única pessoa com quem ele sempre morou foi seu pai.

Meu peito queimava com a possibilidade de ser justamente ele quem fazia Yuta
parecer ter tanto medo de voltar para a própria casa.

— Esquece — Eu disse, desistindo de convencê-lo, mas ainda determinado a


não deixá-lo jogado na rua. — Você pode dormir na minha casa.

Ele me olhou, ainda repuxando os próprios cabelos, como se tentasse ter


certeza de que eu não estava tentando enganá-lo.

— Vem, Yuta. Amanhã a gente tem aula — Eu disse, tentando convencê-lo, e


ele olhou para os outros três antes de voltar a olhar para mim e assentir,
devagar, parecendo indefeso como eu nunca o vi antes.

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Então, finalmente, Jeonghan e eu o ajudamos a se levantar, mas ele mal
conseguia ficar de pé.

Eu era pequeno, Jeonghan não tinha muita força, Taeyeon estava bêbada
como um porco. O único de nós três que conseguiria carregá-lo era Yukwon, e
nós travamos uma batalha silenciosa com nossos olhares até que ele bufou, se
abaixando para carregar Yuta nas costas até o ponto de ônibus.

Depois de convencê-los que nós dois ficaríamos bem, Yukwon e sua irmã
voltaram andando para casa e Jeonghan esperou comigo até que meu ônibus
chegasse.

Eu fiz o que pude para equilibrar Yuta ao meu lado quando ficamos de pé para
embarcar.

— Avise quando chegar. — Ele pediu, atencioso, e eu assenti antes de


finalmente deixá-lo para trás.

Carregar Yuta até minha casa foi uma tarefa difícil, mas não mais que levá-lo
da porta de entrada até meu quarto sem acordar meus pais.

— Jimin... — Ele chamou quando eu já o tinha colocado sobre o colchonete ao


lado da minha cama. Os olhos fechados e a voz arrastada, como se estivesse
a um passo de apagar completamente. — Lembra quando eu sempre passava
os finais de semana aqui ou na casa do Taeil?

Eu arrumei a coberta sobre seu corpo, ignorando meu estômago revirado


quando peguei meu celular, que tinha ficado em casa durante toda a noite, e vi
que não tinha nenhuma ligação perdida de Jungkook, nem mesmo uma
mensagem.

— Lembro. — Eu disse, com a garganta apertada.

— Vocês estavam... salvando minha vida e... nem sabiam disso. Ele
completou, num sussurro, e dormiu antes que eu conseguisse responder
alguma coisa.

Eu ainda fiquei do seu lado por um bom tempo, acariciando seus cabelos,
vendo como ele parecia indefeso e inocente enquanto dormia daquele jeito.
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Meu coração estava tão apertado. Por Jungkook, por Jeonghan e por Yuta. Por
isso, foi impossível dormir nessa noite. Quando finalmente tive algum
descanso, o dia já estava quase amanhecendo, e pouco tempo depois meu
despertador tocou. Quando abri os olhos, o colchonete de Yuta estava
enrolado junto com sua coberta e eu vi um bilhetinho junto com meu celular.

Sair da cama foi difícil como nunca. Meu corpo inteiro sofria com os efeitos da
ressaca e eu demorei para conseguir lembrar de tudo que aconteceu no dia
anterior, mas então tudo recaiu em minha consciência com o peso mil vezes
maior. Mas isso ainda não foi o pior. O pior foi ter criado esperança de pegar
meu celular e ver uma mensagem ou qualquer sinal de que Jungkook estava
tentando falar comigo. Mas, assim como na noite anterior, não havia nada.

Debaixo do chuveiro, ainda tentando me forçar a ir para a escola, eu chorei de


novo, ainda mais que chorei na casa de Yukwon. Porque, dessa vez, não era
só a descoberta de que ele tinha uma noiva que estava me destruindo. Era isso
e a certeza de que Jungkook não se importava mais.

Então, no fim, eu não consegui ir para a aula. Disse para minha mãe que não
estava me sentindo bem, o que nem de longe era uma mentira, e passei todo o
dia na cama, me recusando até mesmo a comer.

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O fim de semana que se seguiu teve o mesmo ritmo. A cada toque do meu
celular com uma notificação, eu sentia meu peito se inflar de esperança para
logo depois murchar ao ver que não era ele.

No final do sábado, Yukwon e Jeonghan apareceram em minha casa,


preocupados, e passaram a noite e todo o domingo comigo, mesmo que eu
fosse a pior companhia naqueles dias.

Nas semanas seguintes, muita coisa mudou. A cada dia que passava sem sinal
de Jungkook, eu aprendia um pouco mais a guardar toda a minha angústia
para quando estivesse sozinho na minha cama, então durante todo o tempo
que estava na escola, eu tentava ao máximo ser o Jimin de sempre, mesmo
que, à noite, fosse impossível controlar aquele aperto no peito.

A pulseira, o coelho de pelúcia e a gargantilha que Jungkook me deu estavam


todos escondidos no meu armário, porque eu não tinha coragem de me
desfazer deles, mas também não aguentava vê-los. E mesmo assim, tudo em
meu quarto ainda estava impregnado com as lembranças de quando ele
dormiu ali comigo, o que tornava a dor, a saudade e a raiva ainda maiores.

— o bucetão parece um abutre — Yukwon resmungou, olhando para Yuta que


se escondia na lateral da arquibancada, nos observando.

Talvez essa tenha sido a maior mudança. Depois daquele dia, Yuta começou a
nos sondar constantemente. Ele sempre usava desculpas para se aproximar,
as vezes pedindo o caderno de alguma matéria mesmo quando não tinha
perdido nenhuma aula ou qualquer coisa tão óbvia quanto isso. E nos horários
de descanso, ele sempre aparecia onde estávamos, mas nunca se aproximava,
como se tivesse medo.

— Por que ele não diz logo o que quer? Mas que porra — Yukwon insistiu,
incomodado.

— Porque você fica olhando como se fosse matar o coitado se ele chegar a
menos de dez metros de você — Jeonghan respondeu, com sua cabeça
deitada nas minhas pernas.

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E então temos isso. Eu e Jeonghan. Nossa amizade não mudou depois
daquele dia Quer dizer, ainda éramos exatamente como sempre fomos um com
o outro. A diferença é que nosso primeiro beijo não foi o único e, às vezes, nós
ainda nos beijávamos.

Com às vezes, eu quero dizer com muita frequência.

— Eu vou lá ver o que esse porra quer — Yukwon esbravejou, levantando do


degrau da arquibancada onde sempre ficávamos e caminhando com passos
largos e ameaçadores na direção de Yuta, que tentou fugir quando percebeu o
que estava acontecendo, mas travou no lugar assim que ele gritou de novo. Se
você correr eu te arrebento, seu bucetão!

Jeonghan riu comigo e eu o olhei quando ele se sentou, arrumando os cabelos.

— Como você tá? — Ele perguntou, com o sorriso reconfortante de sempre.

Eu revirei os olhos, porque sempre, sempre mesmo, ele me fazia essa


pergunta.

— Para de perguntar isso toda vez. — Eu disse, incomodado. — Já falei que


superei. Eu tô ok agora.

— Você nunca foi mentiroso, mas desde aquele dia você tem mentido
bastante.

Eu desviei o olhar, irritado. — Não sei porque você continua dizendo isso.

— Porque eu te conheço. - Jeonghan rebateu, sem hesitar.

Ele já sabia o que tinha acontecido. Uma vez que saímos só nós dois, eu contei
tudo. Jungkook tinha uma noiva e não estava preocupado em me explicar.

— Esquece esse assunto. Ficar falando sobre ele não me ajuda — Eu


respondi, sério.

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Jeonghan suspirou, mas acabou me dando um selinho apaziguador depois de
olhar ao redor e se certificar que Yukwon não estava olhando.

Não que Yukwon não soubesse o que estava acontecendo entre nós dois, mas
ele já tinha deixado muito clara sua objeção quando mandou a gente ir se foder
depois de descobrir, então nós preferíamos não nos beijar em sua frente.

Quando percebemos que ele estava voltando, quase arrastando Yuta pela gola
do seu uniforme, Jeonghan se afastou e nós nem conseguimos conter a risada.

— Fala logo porque você fica vigiando a gente o tempo todo! — Yukwon disse,
com sua agressividade natural, quando soltou a blusa de Yuta, deixando-o um
pouco desorientado.

Nós todos esperamos, acho que eu mais ansioso que eles dois, enquanto Yuta
parecia juntar coragem. Então, com as sobrancelhas franzidas com sua óbvia
falta de jeito, ele finalmente disse o que tanto queria: — Eu posso sentar com
vocês?

Jeonghan teve a reação mais calma, enquanto Yukwon gesticulou como se


fosse socar a cabeça do menino até ele perder a consciência.

— Pode. — Eu respondi, antes que alguém realmente fosse atacado.

Yukwon me olhou com os olhos e a boca aberta, inconformado. Mas, na


verdade, eu sabia que ele não reprovava completamente minha resposta
porque, depois de encontrarmos Yuta bêbado naquele beco, todos nós ficamos
preocupados com ele, embora não admitíssemos.

Mas não era só por isso que eu estava permitindo. Eu não queria deixá-lo
sozinho, porque a solidão, quando não é opcional, machuca mais que qualquer
outra coisa.

Então ele sorriu, parecendo um pouco aliviado, e ainda hesitou um pouco antes
de subir o degrau e sentar ao meu lado.

Yukwon ficou embaixo, negando com sua indignação fingida. Então finalmente
voltou a sentar com a gente, resmungando baixinho como uma criança
contrariada.
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— Eu não acredito que nós somos a porra do clube das winx.

❆❅❄❅❆

Eu estaria mentindo se dissesse que não esperava uma mensagem de


Jungkook, mas eu não podia evitar. Um mês e meio depois da nossa última
ligação, meu aniversário de dezoito anos chegou, e eu me sentia um idiota por
ter a esperança de que isso teria algum valor para ele.

Mas o dia inteiro passou e a última vez que eu olhei meu celular foi quando
terminei de me arrumar para a minha festa.

Eu tinha decidido, jurado para mim mesmo que, se ele não me procurasse até
esse dia, eu o apagaria completamente da minha vida e a primeira coisa que
eu apaguei foi seu número.

Depois, eu peguei a caixa no armário com tudo que ele me deu e com o seu
presente de aniversário que nunca pude entregar, mas algo me fez travar e, ao
invés de levá-la para o lixo, eu a devolvi à prateleira mais alta, me
convencendo de que só estava deixando para depois.

Então eu saí do quarto, me despedi dos meus pais e encontrei Jeonghan perto
de casa.

Eu não estava realmente empolgado para ter uma festa de aniversário, mas ele
me convenceu a fazer uma no apartamento de Yukwon. Era pra ser surpresa,
na verdade, mas eu acabei descobrindo antes, o que forçosamente a
transformou numa comemoração normal.

Eu tinha exatamente seis convidados. Jeonghan, Yukwon, Taeyeon e Hyelin.


Yuta, que acabou se tornando uma parte confusa e permanente do nosso
grupo.

E Kihyun.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— O aniversariante que chega depois de todos os convidados, pode entrar,
Park Enrustido Jimin! — Yukwon anunciou, exageradamente, assim que nos
recebeu em sua porta.

Eu sorri um pouco sem graça e cumprimentei todo mundo. Era um pouco


deprimente não ter mais que seis pessoas para convidar para minha festa de
aniversário, sendo que uma delas era amiga do homem que destroçou meu
coração, mas eu estava tão feliz quanto poderia estar.

— Eu não tenho mais idade pra isso, porra, me deixem em paz. — Kihyun
resmungou quando nós o forçamos a se sentar na nossa rodinha, algum tempo
depois que eu e Jeonghan chegamos.

Como ele e Hyelin não estavam enturmados com nosso grupo, nós resolvemos
fazer uma brincadeira para que ninguém acabasse se isolando, e é claro que o
jogo escolhido foi o clássico verdade ou consequência, mas sem a parte da
verdade.

— Senta a bunda aí, caralho. — Yukwon resmungou, tomando o resto do soju


de uma das garrafas para colocá-la no centro do nosso círculo meio malfeito.

— Eu já aprendi uns três palavrões novos com eles dois conversando — Yuta
disse, um pouco risonho.

— Você é melhor ficar caladinho porque sua voz ainda me dá vontade de te


fazer engolir uma granada, seu bucetão.

Yuta murchou, mas eu acabei rindo. Apesar de ter aceitado o novo membro do
nosso grupo, Yukwon ainda o repelia bastante, dizendo que ele estava em fase
de teste.

— Gente, ninguém quer comer uns pés de galinha, não? — Hyelin ofereceu,
balançando a caixa de isopor que tinha em mãos. — Vocês estão muito
alterados, deve ser fome.

— Moça, pelo amor de deus, a gente já cansou de recusar esse negócio —


Taeyeon respondeu, frustrada,

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Que bom que todo mundo se deu bem e tá todo mundo bem humorado aqui.
— Eu provoquei, falhando miseravelmente em reprimir uma risada.

— Vai se foder. — Yukwon resmungou.

— Aham, vai se foder. — Kihyun foi o segundo.

— Olha, comer uns pés de galinha vai-

— Meu deus do céu, alguém troca o disco dessa mulher! Vai se foder você
também!

— Vamos começar, né? — Jeonghan interveio antes que mais alguém fosse
mandado à merda, mas nem ele conseguia parar de rir. — O aniversariante
gira primeiro.

Sem recusar meu privilégio, eu girei a garrafa e ela apontou para Yukwon. Ele
me olhou em desafio, como se estivesse deixando claro que nada que eu
pedisse o abalaria.

— Te desafio a não falar palavrão pelo resto da noite.

Pela primeira vez na vida, eu vi Yukwon perder a cor. — Po... caramba, Jimin,
pra que isso?

— Sem choro. Sua vez. — Eu disse, ainda rindo de sua expressão e da


raridade de ver Yukwon substituindo um porra por um caramba.

Pelas rodadas seguintes, todo tipo de desafio foi feito, menos para mim. Eles
combinaram que todos os meus desafios envolveriam bebidas, então quando
todo mundo estava sóbrio, eu já estava ficando meio bêbado.

— Eu quero beijar! — Eu disse, rindo a toa, quando enlacei o pescoço de


Jeonghan e comecei a tentar beijá-lo enquanto ele ria.

— Vocês não vão começar com essa po... porcaria na minha frente, não!

Eu o soltei para virar para Yukwon e provocá-lo, mas senti meu sorriso morrer
quando olhei para a frente e vi que Kihyun me olhava com as sobrancelhas
unidas, parecendo confuso com o que estava vendo.

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— Deixa eu falar com você. — Ele disse, já saindo do nosso círculo e me
puxando pelo braço para que eu o seguisse até a varanda antes mesmo que
eu negasse.

Eu não vou mentir. Eu gostava de Kihyun, depois do que ele fez comigo, mas o
principal motivo para chamá-lo foi esse. Eu queria que ele me visse com
Jeonghan e eu queria que ele dissesse para Jungkook.

— Que merda foi aquela? — Ele perguntou, assim que fechou a porta de vidro.

— Hm... um beijo? Ok, desculpa, vários beijos.

Sua confusão pareceu aumentar. — E o Jungkook?

— Ah, ele não te contou? — Eu perguntei, sentindo a amargura na minha voz


substituir toda a alegria que, depois de tanto tempo, eu consegui sentir
genuinamente. — Agora ele vai ficar só com a noiva dele mesmo. Ele já
cansou de brincar comigo.

— Como é?

— Ah, Kihyun, não se faz de sonso, não. Você é amigo dele, é claro que você
sabe dessa noiva, é claro que você sabe também que eu só fui um
passatempo, né?

— Que merda você tá dizendo, caralho? — Kihyun esbravejou. — O Jungkook


nem tem um relacionamento com ela!

Eu senti minha expressão fraquejar por um instante, mas logo me recompus.

— Eu te chamei porque você me ajudou muito quando aquilo aconteceu, mas


se você vai ficar tentando me enganar como vocês dois fizeram esse tempo
todo, vai embora.

— Qual o seu problema, Jimin? — Ele riu, como se não acreditasse no que
estava ouvindo. — O cara saiu de Seul só com a roupa do corpo por sua causa
e você realmente acredita que ele só tava brincando com você? Ou que ele tá
noivo daquele mulher porque tá apaixonado por ela?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu demorei para conseguir responder, porque aquilo foi algo que eu ignorei por
todo esse tempo. Lembrar da forma como Jungkook apareceu na minha casa
depois que Taeil me agrediu e da forma como ele pareceu sincero quando
falou com minha mãe era minha maior fraqueza, porque era justamente isso
que me fazia querer acreditar que toda aquela história de noivado tinha uma
explicação.

— Ele não tentou explicar. — Eu disse, apertando minhas mãos e sentindo


minha garganta arder. — Eu não tenho culpa de pensar assim.

Kihyun passou a mão pelo cabelo, frustrado.

— Que bagunça do caralho. — Ele resmungou, suspirando. — Talvez ele se


explique quando chegar.

Eu senti o ar escapar por minha boca, por mais que eu tentasse não me
mostrar tão afetado. Mas foi impossível. Meu coração disparou e minhas mãos
começaram a suar na mesma hora.

— O Jungkook... ele tá vindo? — Perguntei, me odiando por soar tão


esperançoso quando a única coisa que eu queria, e sabia que deveria, era
parecer indiferente.

— Não sei. Mas é seu aniversário, então talvez venha, não é?

Sentir todo meu ânimo murchando foi como um lembrete para que eu nunca
mais na minha vida criasse esperanças sobre Jeon Jungkook. Mas não importa
quanto tempo passe, parece que eu nunca vou aprender.

Eu passei as mãos por meu rosto quando me encostei na mureta da varanda,


atordoado.

— Por que eu não consigo esquecer ele? — Eu perguntei, batendo em minha


própria testa.

— Por que eu continuo me iludindo tanto mesmo sabendo que já acabou?

Kihyun cruzou os braços sobre o peitoril da varanda, ao meu lado, inclinando


seu corpo para a frente e suspirando pesadamente outra vez.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Provavelmente porque, na verdade, não acabou.

Eu neguei, passando as mãos por meu rosto outra vez, tentando me recompor.

— Acabou. Ele pode não ter dito isso, mas acabou a partir do momento em que
ele não se importou em me procurar pra se explicar.

Kihyun passou a língua pelo lábio, parecendo desistir de me convencer do


contrário quando assentiu.

— Que pena. Você me fez conhecer um lado do Jungkook que eu não


conhecia — Ele se lamentou, mas parecia conformado. — Vamos voltar pra lá.

Kihyun voltou para a sala na frente, mas eu não consegui segui-lo. Aquela
conversa me tirou toda a força e eu tentei respirar fundo para colocar minha
cabeça no lugar, mas nada parecia adiantar.

Sem saber o que fazer, eu sentei no chão, encostando minha cabeça na


parede.

Eu já tinha tirado minhas conclusões. Eu tinha tentado me convencer de que


Jungkook brincou comigo e destruiu meu coração, sem se importar comigo,
mas tudo que Kihyun disse confundiu tudo de novo.

A vontade de acreditar nele se confundia com a ausência de ligações de


Jungkook, e eu não sabia mais o que pensar.

— Ei. — Eu ouvi a voz familiar de Jeonghan e, logo depois a porta de vidro


sendo fechada de novo, abafando um pouco o barulho do lado de dentro. — Tá
tudo bem?

Eu queria dizer que sim. Ou queria conseguir brigar com ele por continuar me
perguntando isso, mas dessa vez não consegui.

Eu não estava bem. Em nenhum momento daquelas sete semanas eu estive


bem de verdade.

— Isso não é justo, Jeonghan... — Choraminguei, esfregando minhas mãos em


minha calça para tentar me acalmar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Ele não podia entrar na minha vida pra bagunçar tudo desse jeito, não
podia...

Mesmo sem ouvir o nome, ele sabia de quem eu estava falando.

— Desculpa por não conseguir esquecer ele — Eu murmurei, ainda aflito. —


Desculpa por não conseguir te corresponder de verdade.

Jeonghan demorou um tempo antes de dizer algo e acho que ele estava
tentando não mostrar que ficou magoado.

— Eu sei. — Ele disse, enfim. — Naquele dia do parque, eu lembro como


vocês dois se olhavam. Não tem como competir com aquilo.

A lembrança do parque, que antes era tão bonita e aquecia tanto meu coração,
tinha se transformado em algo cheio de espinhos para mim.

— Você devia ter me batido quando eu te beijei pela primeira vez.

— Eu não ia conseguir rejeitar essa sua boca. — Ele disse, brincalhão.

Eu ri um pouco, ainda atordoado por toda a confusão em que minha vida se


transformou.

Quando a campainha do apartamento tocou, ele sorriu, empolgado.

— A pizza chegou. Ele anunciou, ficando de pé e estendendo a mão para me


ajudar a fazer o mesmo.

Eu fiquei de pé em sua frente e, antes de entrarmos, eu envolvi sua cintura


com um abraço, segurando-o no lugar.

— Eu sei que isso não te consola, mas eu não menti, Jeonghan. Eu realmente
queria ter me apaixonado por você.

Ele sorriu um pouco e passou a mão em minha cabeça, me dando um selinho


que, logo depois, evoluiu para o nosso beijo calmo. Dessa vez, entretanto, nós
dois sabíamos que seria o último.

Ainda com sua boca na minha, então, eu ouvi a porta de vidro sendo aberta
com alguma brutalidade.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Um pouco assustado, eu interrompi o beijo e olhei para o lado, sentindo que
meu corpo iria desabar se não fosse Jeonghan me segurando.

Porque não foi a pizza que tinha acabado de chegar.

Foi Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
tá tudo ok? esse capítulo pareceu cheio de abobrinha pra mim, mas eram
coisas que eu não podia deixar de fora :(

de novo, não consegui escrever tudo que tinha planejado, então me perdoem
novamente por terminar o capítulo assim :

vocês lembram que eu disse que essa parte com o Jimin menor de idade é
mais rápida? por isso ela tem esses saltinhos no tempo e várias coisas não são
tão detalhadas. Se mesmo assim ta demorando tanto, imagina se eu
detalhasse tudo hahahaha ele nunca ia fazer dezenove. Mas espero que não
seja desconfortável ou chato. Se for, lembrem de me avisar <3

por hoje acho que é só. Até o próximo! <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
16 • Repetance
Dedicado a artgoo

Eu esperei tanto que Jungkook reaparecesse de repente que, quando isso


aconteceu, quase parecia um sonho. Ou, nas conjunturas em que ocorreu, um
pesadelo.

Então eu demorei algum tempo para perceber que aquilo era real. Jungkook
realmente estava ali, depois de me ver beijando outro.

Enquanto eu o olhava surpreso, até um pouco assustado, minha mente entrou


em curto circuito. Existia alguma satisfação em ver a forma como ele não
conseguia esconder o quanto estava afetado por me ver com Jeonghan, assim
como existia também certo desespero pelo mesmo motivo.

Assim, minha consciência se tornou incapaz de enviar comandos ao meu corpo


e, por inércia, eu permaneci no mesmo lugar, ainda abraçando Jeonghan
enquanto ele me segurava como se tentasse me proteger.

Mas minha atenção, toda ela, esteve presa em Jungkook desde que eu o vi ali.

— Bem feito. — A voz de Yukwon foi a primeira coisa que me fez desviar o
olhar e buscar seu rosto, ainda atordoado.

Só então, ao ver sua expressão, é que eu percebi que aquele era seu objetivo
ao deixar Jungkook entrar em sua casa. Yukwon queria que ele me visse com
Jeonghan.

— Espero que isso machuque mais que qualquer surra que eu pudesse te dar.
— Ele completou, amargo, e meus olhos instintivamente rolaram de volta para
Jungkook.

Seu peito subia e descia devagar, seu maxilar estava travado e seus olhos
pareciam ter perdido as pálpebras, porque ele não piscava enquanto
continuava olhando só para mim.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Vai ter briga?— Taeyeon perguntou, quebrando o silêncio que se formou
rapidamente depois da fala de Yukwon.

Todos os cinco estavam amontoados atrás de Jungkook, na sala, olhando com


expectativa de que alguma coisa acontecesse. Yukwon com seu olhar ainda
furioso, Kihyun com algo que oscilava entre irritação e preocupação, Hyelin
ansiosa por rever Jungkook, Taeyeon concentrada como se estivesse prestes a
desvendar a situação e Yuta completamente perdido.

Ironicamente, era com Yuta que eu mais me identificava. Não por não entender
o que estava acontecendo ali- apesar de reconhecer que, afinal, eu realmente
não compreendia bem vários pequenos detalhes —, mas porque eu não sabia
o que fazer.

— Jimin... — Todo aquele tempo depois, eu finalmente a voz de Jungkook


outra vez.

Não sei se eu quem tinha perdido a familiaridade do seu tom ou se era ele
mesmo quem estava incapaz de falar com a tranquilidade usual, mas aquela
voz ansiosa, talvez magoada, parecia completamente diferente do que eu
sempre ouvi quando ele falava comigo.

E como se isso acionasse um alerta dentro de mim, meus braços


imediatamente soltaram Jeonghan e eu me afastei um pouco, nunca tirando
meus olhos de Jungkook.

— O que você tá fazendo aqui? — Eu perguntei, incapaz de conter minha


própria mágoa e irritação, mas escondendo muito bem a inevitável esperança.

Ele desceu o olhar para a mão de Jeonghan que, apesar do novo


distanciamento imposto por mim, ainda me segurava e alternava seu olhar
entre Jungkook e eu.

Depois, os olhos escuros de Jungkook deslizaram para cima outra vez, até
encontrarem os meus, e eu recuei quando ele deu um passo em minha
direção.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
O sopro noturno do outono chegava à varanda e bagunçava nossos cabelos,
mas era outra coisa que fazia cada pelo do meu corpo se eriçar. Era o olhar
assustado de Jungkook ao me ver fugir dele, como se isso o afetasse ainda
mais que me ver beijando outra pessoa.

Mas ele não desistiu e, antes que eu pudesse recuar outra vez, ele acabou
completamente com a distância entre nós dois e me puxou de Jeonghan para
me encaixar num abraço só seu, com seus braços me pressionando contra ele
com uma força que nunca usou antes.

Então eu travei com meus dedos sobre suas costelas, sentindo-as


discretamente sob sua blusa, e afastei meu rosto para observar o seu, tendo a
certeza de que não era impressão,

A pouca luz da varanda e também o meu choque ao vê-lo ali não me deixaram
notar à primeira vista, mas olhando com mais atenção, assim como ainda
sentindo seus ossos proeminentes sob minhas mãos, era impossível negar que
Jungkook estava mais magro.

Eu senti meu coração apertar tanto que chegou a doer. Os olhos de Jungkook
estavam presos aos meus, seus braços ainda me segurando perto, e de
repente eu parei de lutar contra isso, porque estava concentrado demais
tentando não me quebrar em sua frente.

Mas a verdade é que vê-lo ali como uma fortaleza destruída me destruiu
também, mais ainda do que todas aquelas semanas sem um sinal seu.

— Conversa comigo. — Jungkook pediu, debaixo do meu olhar angustiado,


com suas mãos agora segurando meu rosto. — Por favor, anjo.

Por mais que eu quisesse negar, sua voz mansa, sua aparência frágil e seu
olhar desesperado me desarmaram completamente, porque eu nunca imaginei
que algum dia veria Jeon Jungkook dessa forma.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Então eu olhei para Yukwon, como numa última medida desesperada para ser
impedido de ceder. Mas a despeito do olhar ainda furioso em seu rosto, ele só
respirou fundo numa rara tentativa de se manter sob controle.

— Você merece uma explicação. — Ele disse, fuzilando Jungkook com seus
olhos pequenos e delineados de preto. — Então escuta o que ele tem a dizer.
Depois a gente destroça esse otário na porrada.

Depois, eu olhei para Jeonghan, pedindo desculpas pelo que estava prestes a
fazer, mas tudo que ele fez foi mostrar um sorriso pequeno e compreensivo,
ainda que triste.

Por último, eu olhei para Jungkook, tentando não deixar tão óbvio que, no
fundo, eu nunca poderia negar seu pedido. Eu esperei tanto por uma
explicação que, quando o momento finalmente chegou, orgulho nenhum me
faria desistir de ouvir o que ele tinha a dizer.

Entretanto, eu continuei repetindo para mim mesmo que não importava o que
ele usaria para justificar seu noivado e sua ausência. Eu não voltaria para ele.

— Você tá quase dois meses atrasado pra tentar se explicar, — Eu acusei,


usando toda minha força de vontade para me desvencilhar de suas mãos que
ainda me seguravam perto. — Mas eu realmente mereço saber o que
aconteceu, então eu vou fazer isso por mim.

Jungkook levou algum tempo para concordar, parecendo ser pego de surpresa
por minha resposta final.

No fundo, eu também estava um pouco assustado por conseguir dizer aquilo e


acho que o pouco orgulho que senti de mim mesmo me faria sorrir se não fosse
toda aquela ansiedade me sufocando.

Então Jungkook segurou minha mão para me puxar para fora daquela varanda.
E mesmo que eu sentisse falta de minha palma pequena sendo envolvida pela
sua e de meus dedos entrelaçados aos seus, eu deslizei minha mão para fora
do seu aperto e fui o primeiro a passar para dentro da sala, esperando que ele
me seguisse.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Mas eu não o levei muito longe. Fomos apenas até o quarto bagunçado de
Yukwon e, com a porta fechada, eu o olhei, em silêncio, com os braços
cruzados numa postura defensiva demais. Porque, na verdade, eu estava com
medo. Medo de ouvir algo que não justificaria toda a dor que eu senti enquanto
ele estava distante.

E mais medo ainda de descobrir que, no final, Jimin e Jungkook nunca passou
de uma mentira.

— Você está com ele? — Foi a primeira coisa que ele perguntou, depois de
nos sufocar com nosso próprio silêncio.

Eu apertei minhas sobrancelhas, ainda parado no meio do quarto, de frente


para ele no escuro porque nem mesmo me dei ao trabalho de acender as
luzes.

— Você sumiu por sete semanas. Eu não vou te dar o direito de começar a me
fazer perguntas antes de responder todas as que eu tenho, Jeon.

Jeon. Um chamamento tão distante, tão diferente da forma como eu amava


dizer seu nome a cada oportunidade, mas, ainda assim, tão natural na situação
em que nos encontrávamos.

— Eu estava tentando resolver as coisas. — Jungkook disse, como se isso


realmente esclarecesse algo.

— Quais coisas? — Perguntei, irritado. — Seu noivado? Ou tentando dar um


jeito de continuar me enganando?

— Eu nunca te enganei, Jimin. — Ele respondeu, baixo. — Eu sou louco por


você e nem mesmo uma vez tentei esconder isso.

— Então por que você mentiu pra mim? Por que não me procurou depois de
me deixar descobrir daquele jeito que você é noivo de outra pessoa?

— Eu nunca te contei porque esse noivado não teve relação nenhuma com
meus sentimentos. — Jungkook explicou, tentando se aproximar, mas eu
recuei outra vez.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Não é que eu estivesse tentando puni-lo por tudo que me fez sentir naquelas
semanas horríveis, mas eu sabia que seu toque sempre me faria abaixar a
guarda e eu não queria, nem podia, me deixar levar por isso.

Ele então me olhou, frustrado, e passou as mãos pelo rosto quando se sentou
na ponta da cama de Yukwon.

— Eu só tentei fazer o melhor por nós dois. Entenda meu lado, Jimin, por favor.

— Eu vou entender assim que você se explicar de verdade, porque até agora a
única coisa que eu sei é que você estava mesmo com aquela mulher. —
Respondi, sentindo a certeza ainda me sufocar.

— Eu já disse que não estava com ela. Nosso noivado é um contrato e nunca
passou disso.

— Você quer que eu acredite que você mora com ela, mas nunca aconteceu
nada entre vocês dois? — Eu franzi minha testa, ainda mais irritado, porque eu
já sabia que Jungkook também se envolvia com mulheres. — Ela disse que
você tava só de toalha. Na frente dela! Só um contrato nunca daria essa
intimidade a duas pessoas!

Enquanto eu falava, despejando minhas acusações, a lembrança daquela


ligação me fez sentir minha própria respiração acelerar sem que eu tivesse
algum controle sobre isso. Doía lembrar das coisas que eu ouvi, mas doía mais
ainda imaginar Jungkook com aquela mulher ou com qualquer outra pessoa. 90

— Vem aqui. — Ele tentou me alcançar de novo, esticando seu braço para
segurar minha mão, sem se levantar da cama. Assim como das outras vezes,
eu tentei fugir de seu toque, mas Jungkook já parecia esperar por isso e foi
mais rápido e incisivo, segurando meu pulso e me puxando para ele.

— Me solta. — Eu grunhi, tomado pela raiva das minhas suspeitas.

— Não. — Ele negou, segurando meu outro pulso e me puxando até que eu
estivesse sentado em suas pernas a despeito da minha relutância em fazê-lo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Me solta! — Bradei outra vez, me debatendo quando suas mãos soltaram
meus pulsos e ele me abraçou pela cintura, me segurando sobre suas coxas,
com seu tronco colado ao meu pelo abraço que eu tentava rejeitar.

— Calma. — Ele pediu, beijando meu pescoço com carinho, ainda me


abraçando forte enquanto eu tentava empurrá-lo. — Calma, anjo...

Eu me odiei por sentir todo o meu corpo perder a força quando ele continuou
dando beijos em minha pele, me pedindo pra ter calma, mas parecia impossível
resistir por mais tempo.

Por tanto tempo eu senti saudade do seu abraço, da sua boca me provocando
arrepios e de sua voz sussurrada só para mim que, mesmo percebendo o
quanto eu estava sendo fraco e vulnerável, eu não consegui relutar mais.

— O nome dela é Yoshikawa Mina. — Ele disse quando sentiu meu corpo
ceder, mas ainda me mantendo preso em seu abraço forte. — Ela é a única
filha do diretor de uma empresa japonesa que atua no mesmo mercado que a
Bangtan.

Eu continuei calado, sentindo meu peito subir e descer junto com o seu, como
se sua respiração calma ditasse o ritmo da minha antes tão furiosa.

— É claro que o diretor queria que sua filha assumisse seu lugar, mas Mina
nunca teve interesse algum nisso. A única coisa que ela quer fazer é continuar
sua carreira como bailarina — Ele continuou, com seus dedos longos
deslizando por minhas costas, tentando me manter calmo. — De qualquer
forma, o diretor não quer que sua família perca o controle sobre a
administração da companhia, então a única saída que ele encontrou foi um
casamento arranjado. Como a Bangtan já estava tentando negociar

a compra da Yoshikawa, ele fez a proposta. Seria vantajoso para os dois lados,
então tanto meu pai quanto os acionistas aceitaram.sa

— E você? — Eu perguntei, ainda a contragosto, amassando sua blusa


debaixo dos meus dedos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu também aceitei. — Ele confessou. — Eu e Mina nos encontramos na
época e nós dois concordamos que poderíamos fazer aquilo sem que isso
interferisse em nossas vidas pessoais. Ela poderia continuar com seus
relacionamentos e eu continuaria com os meus.

— Você estava com alguém? — Novamente, meu questionamento veio tímido,


um pouco medroso, porque eu tinha medo da resposta.

— Sim.

— A pessoa que estava com você... ela não se importou?

— Ele não ficou feliz, mas acabou aceitando. Era algo importante e que ia
muito além dos meus interesses.

— E você quer que eu aceite também? Quer que eu aceite que a qualquer
momento você pode se casar com ela?

— Não, meu bem. — Ele disse, afrouxando seu abraço e subindo uma de suas
mãos até minha bochecha quando afastou nossos corpos para que pudesse
me olhar nos olhos. — Eu quero que você seja só meu, então eu também não
vou ser de mais ninguém.

Eu continuei olhando-o com meus olhos ansiosos e meu coração batendo


desesperado outra vez.

— Foi por isso que eu estive um pouco afastado desde antes de você descobrir
sobre ela. Eu estava tentando convencer meu pai e os acionistas da Bangtan a
me autorizarem a tentar renegociar com o diretor da Yoshikawa. Isso demorou
um mês inteiro e foi a parte mais fácil. Quando eu consegui, a primeira pessoa
com quem entrei em contato foi Mina.

Eu sentia minha garganta seca, sem saber o que esperar de toda essa história.
— O que... O que ela achou?

— Ela me agradeceu por tentar. Alguns dias antes ela tinha recebido uma
proposta de uma academia de dança em Londres, mas o pai dela nunca
permitiria que ela fosse e ela não podia simplesmente aceitar e prejudicar a
própria família. Então eu pedi sua ajuda, porque ela é quem mais conhece o
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
diretor da Yoshikawa e isso me ajudaria a montar a nova proposta para
substituir o casamento. Por isso ela estava em minha casa naqueles dias. Ela
veio para a Coreia para me ajudar porque o tempo era curto, mas ela não mora
comigo e eu juro que nada aconteceu entre nós dois nem antes, nem depois de
você.

Eu percebi que seus olhos não abandonaram os meus nem por um segundo,
as íris escuras se confundindo com suas pupilas, com um brilho tão sincero
que eu podia ver mesmo com a pouca iluminação no quarto.

Era impossível apontar o dedo para Jungkook e chamá-lo de mentiroso


enquanto ele me olhava daquela forma, porque eu acreditava no que ele
estava me dizendo. Mas, ainda assim, só sua sinceridade não era o suficiente
para compensar tudo que eu senti enquanto ele esteve longe.

— Isso ainda não explica porque você sumiu por tanto tempo. — Eu disse,
então, ainda ressentido.

Jungkook fechou os olhos por um instante, sua feição cansada se unindo aos
ossos mais aparentes que o normal em seu rosto, e isso me desestabilizou
ainda mais. Porque olhar para ele sempre foi como olhar para alguém forte e
inabalável, mas naquele momento ele parecia tão frágil quanto eu me sentia.

— Porque foi difícil. — Ele confessou, depois de um tempo, como se não


quisesse admitir.

— Eu montei quatro propostas diferentes, cada uma precisou ser aprovada


pelos acionistas da Bangtan, depois por meu pai, e então eu ia para Tóquio
apresentar para o pai de Mina. No meio de tudo isso eu ainda precisava manter
meu próprio trabalho em dia. E toda vez que eu pensava em te procurar,
acabava me convencendo que era melhor fazer isso quando resolvesse toda
essa confusão. Não era justo te arrastar para o meio de algo tão complicado.

— Não, Jungkook. — Eu rebati, quase sem pensar, movido pela angústia ainda
acumulada. — Não foi justo você me fazer sofrer por todo esse tempo sem
saber o que estava acontecendo. Você não sabe o tipo de coisa que passou

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
por minha cabeça, não sabe quanto medo eu senti de não ter passado de um
brinquedo pra você.

Jungkook me olhou com aflição antes de tocar minha bochecha com seu nariz
e me dar um beijo demorado no mesmo lugar, com sua respiração quente
anestesiando todo o meu corpo.

— Eu não percebi quanto tempo tinha passado até descobrir que já era seu
aniversário. — Ele disse e me beijou outra vez, demorando ainda mais. — Me
perdoa, anjo, por favor. Eu nunca quis que você se sentisse assim.

Fechar os olhos foi algo involuntário, assim como o suspiro que escapou
quando ele beijou minha bochecha pela terceira vez.

Deus, eu sentia tanta falta dele.

Ainda assim, eu me obriguei a engolir minha vontade de me entregar ali


mesmo e apertei ainda mais o tecido de sua blusa debaixo de minhas mãos,
tentando me concentrar.

— Você ainda não disse se esse noivado acabou ou não. — Eu murmurei,


tenso, sabendo que só uma única resposta aliviaria o aperto em meu coração.

Mas então o toque de Jungkook sobre minha pele se tornou tenso e ele afastou
seu rosto outra vez, devagar.

— Não. — Ele disse, me olhando outra vez, e eu senti como se o mundo inteiro
desabasse de uma vez. — Eu não consegui.

— Então você ainda vai casar com ela. — Eu afirmei, porque não era
necessário perguntar. Parecia muito óbvio, até mesmo para alguém tão lento
quanto eu, e essa conclusão tão prévia fez minha voz se rachar em um
sussurro dolorido e inconformado,

— Não, anjo. — Ele negou outra vez, mais rápido que da primeira, e seus
braços me envolveram com força novamente. — Eu vou romper o contrato do
casamento.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu arregalei meus olhos, sem querer fazê-lo. Mas do pouco que eu entendia,
eu sabia que aquilo não era algo bom. Romper um contrato entre duas
empresas nunca poderia trazer consequências positivas para ele.

— Isso vai te prejudicar! — Eu afirmei outra vez, assustado até mesmo com a
possibilidade de Jungkook realmente considerar essa opção.

— Não importa.

Eu continuei olhando para ele, incapaz de calcular todos os problemas que


uma decisão como essa poderia trazer, porque essa realidade em que
Jungkook vivia era completamente diferente da minha. E ainda que isso fosse
algo que eu entendia desde o começo, parece que só então eu percebi o que
realmente significava, e isso me assustou como nenhuma outra coisa nessa
conversa.

Ainda espantado, eu abaixei meus olhos, deixando de focar em seu rosto para
focar em nada específico. Minhas mãos, o tempo todo agarradas à sua blusa,
pouco a pouco soltaram o tecido fino, e então eu as deixei cair, letárgicas,
sobre minhas pernas.

— Você não pode fazer isso por mim. — Eu disse, sem conseguir me recuperar
da sensação sufocante que aquela nova percepção despertou. — Você se
esforça tanto por essa empresa... não é justo arriscar perder tudo por minha
causa.

— Jimin, eu disse que não importa. — Ele repetiu, mais determinado, tentando
erguer meu rosto para que eu o olhasse.

Mas eu resisti, sabendo que, se eu o fizesse, perderia toda a força que


precisava ter para dizer o que precisava ser dito.

— Não... — Eu neguei, ainda atordoado. — Eu não quero que você faça isso.

— Anjo, eu já disse que você não vai me dividir com ninguém. Eu vou ser só
seu.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Não, Jungkook. — Dessa vez, a negativa veio falha, com minha voz
denunciando o quanto me doía dizer aquilo. — Eu não quero que você faça
isso porque... porque nós não vamos mais ficar juntos.

Eu quase pude visualizar sua confusão quando ouvi seu questionamento


surpreso invadindo meus sentidos.

— O que?

Eu puxei o ar com dificuldade, porque aquela sensação de sufocamento era


real, como se uma enorme mão de ferro esmagasse meus pulmões,
impedindo-os de funcionar como deveriam.

— Nós somos muito diferentes, Jungkook. — Eu disse, sentindo minhas


próprias palavras me ferindo.

Enquanto ele precisava lidar com tudo aquilo, minha maior preocupação eram
minhas notas baixas. Eu também não podia mais lidar com a distância, porque
eu queria muito mais que um fim de semana com ele depois de passar meses
sem vê-lo. Mas enquanto eu parecia ter todo o tempo do mundo, cada segundo
da vida de Jungkook era planejado e eu nem sempre podia fazer parte dos
seus planos.

Mas o que mais machucava nisso tudo não era a distância, era saber que eu e
ele éramos tão compatíveis, mas nossas realidades nunca seriam.

— Eu não quero mais isso. — Confessei, sentindo o peso das lágrimas


acumuladas nos meus olhos prestes a transbordar. — Eu não quero mais a
distância, não quero mais sete semanas de sofrimento quando uma mensagem
sua, qualquer mensagem, podia me acalmar. E eu sei que você esteve
ocupado, eu realmente acredito em você, mas eu não quero estar com uma
pessoa que some por tanto tempo...

— Jimin, me perdoa — Ele pediu, o desespero em sua voz e em seu abraço


me destruindo por completo. — Me perdoa, por favor, eu juro que nunca mais
vou sumir desse jeito.

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— Eu te perdoo, Jungkook. — Eu disse sinceramente, usando as costas das
mãos para secar os primeiros rastros úmidos em minhas bochechas, nunca
tendo coragem de voltar a olhar para ele. — Mas eu não vou voltar pra você.

— Para com isso, anjo — Jungkook insistiu, seus braços envolvendo meu
corpo com mais força, me impedindo de sair do seu colo quando eu tentei.

O suspiro de derrota que eu deixei escapar quando percebi que não tinha força
alguma para lutar contra seu abraço veio seguido de um soluço alto, logo antes
de mais lágrimas fugirem.

— Durante esse tempo eu estive com o Jeonghan — Eu disse, sem qualquer


intenção de provocá-lo. Na verdade, eu só queria ser entendido. — E foi tão
fácil, Jungkook. Ele estava sempre por perto e sempre tinha tempo para
responder minhas mensagens. Eu também o conheço tão bem, enquanto é
sempre difícil descobrir alguma coisa nova sobre você. E eu me sentia o
bastante para ele. Eu não dormia pensando que não sou interessante, bonito
ou experiente o suficiente, mas com você eu sempre perdia o juízo pensando
nessas coisas. — Eu confessei, sabendo que nunca em meus dezoito anos
recém completados tive que fazer algo tão doloroso. — Eu não consegui
corresponder tudo que sei que ele sente por mim porque durante todo esse
tempo meu coração ainda estava impregnado por você. Mas eu quero te
esquecer agora e se algum dia eu me envolver com alguém de novo, eu quero
que seja algo simples como foi com ele. Eu não quero mais a nossa
complicação.

Jungkook não disse nada, apenas deixou sua respiração lenta queimar minha
pele, com seu rosto enterrado em meu pescoço.

— Então você não precisa romper contrato nenhum, não por mim. — Finalizei,
me agarrando a um último fio de determinação e de voz. — Só vamos acabar
logo com isso.

Ainda em silêncio, Jungkook continuou me abraçando até que pouco a pouco


seus braços começaram a me soltar. Seu peito ainda subia e descia devagar,
me fazendo acreditar que ele estava calmo, mas logo percebi que estava
errado quando o novo afastamento entre nós dois me deixou ver seu rosto e
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seus olhos perdidos como os meus estavam enquanto eu dizia todas aquelas
coisas.

Ele então me olhou, com os olhos ainda desfocados, puxando o ar pela boca.

— Você tem certeza?

Eu balancei minha cabeça uma única vez para dizer que sim, porque não tinha
mais forças para falar.

Mas a verdade é que, naquele ponto, eu não tinha certeza de mais nada.

Jungkook voltou a abaixar o rosto e passou a mão pela boca com alguma
força, como se faz ao receber uma notícia muito ruim.

Ele então segurou meus braços, me empurrando com cuidado para que eu
levantasse e logo depois ele mesmo ficou de pé, em minha frente. Eu vi o
movimento do seu pomo de adão, assim como vi a forma como ele parecia
tentar controlar algum impulso

— Eu realmente sinto muito por não ter percebido antes que te fiz sentir coisas
tão ruins. — Ele disse, enfim, depois de muito tempo sem sequer me dirigir o
olhar, e eu senti meu choro retomar força quando ele segurou meu rosto com
suas mãos e beijou minha testa, apertando seus lábios contra minha pele antes
de se afastar outra vez. — Me perdoe por tudo isso.

E então foi isso. Sem tentar me convencer do contrário, sem tentar impor sua
vontade sobre a minha. Jungkook só respeitou minha decisão e caminhou para
longe de mim, pela última vez, para me deixar sozinho naquele quarto.

Quando ele abriu a porta, Jeonghan caiu para dentro com os olhos
arregalados, e eu vi que todos os meus seis convidados para a pior festa de
aniversário do mundo estavam ouvindo nossa conversa por trás da porta.

Mas Jungkook só parou por um segundo, acho que assustado ao perceber o


mesmo que eu, antes de finalmente caminhar para fora, sumindo da minha
visão e, me desesperou perceber, também da minha vida,

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— Eu quero esmagar a cabeça dele por não querer mais esmagar a cabeça
dele — Eu ouvi Yukwon dizer, ainda parado no corredor.

Então Taeyeon deu um tapa estalado em seu ombro e Kihyun ajudou


Jeonghan a se levantar, mas na verdade nada daquilo me interessava.

Eu só continuei olhando para o corredor, esperando ver Jungkook voltar


determinado a me fazer mudar de ideia, porque, assim como fui sincero ao
dizer tudo aquilo, eu também fui sincero ao admitir para mim mesmo que já
estava arrependido. Mas tudo que eu ouvi foi a porta da sala sendo fechada
quando ele foi embora.

Como se esse único som me tirasse de um transe, eu puxei o ar com força


quando olhei para Yukwon e vi sua feição, sempre tão rude, assumir uma
característica mais suave e preocupada.

— Todo mundo circulando, anda! — Ele disse, gesticulando para os outros


cinco, e entrou no quarto logo depois.

Antes que ele fechasse a porta para nos dar mais privacidade, Jeonghan
também passou para dentro, e então ficamos os três lá dentro, todos sem
saber o que dizer.

— Vocês ouviram tudo? — Eu perguntei, esfregando uma mão na outra e me


movendo pelo quarto sem qualquer objetivo além de me manter ocupado.

— Quase tudo. — Foi Jeonghan quem respondeu.

Então eu sentei na ponta da cama, exatamente onde Jungkook estava antes, e


passei as mãos por meu rosto quando ri, nervoso. — Eu realmente terminei
com ele? — Insisti, parecendo um louco. — Porque eu tenho certeza de ter dito
que não quero mais ficar com ele, mas isso não faz sentido nenhum. Eu nunca
diria isso.

Yukwon sentou ao meu lado e Jeonghan logo fez o mesmo, me deixando entre
os dois.

— Mas você disse. — Yukwon me respondeu, olhando somente para a frente


assim como eu e Jeonghan.
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— Então ele realmente foi embora sem tentar me convencer a voltar pra ele?

O silêncio veio em seguida e perdurou até que Jeonghan suspirou alto. — Se


você me dissesse tudo que disse pra ele, eu também iria embora sem tentar.
— Ele parou por um instante, antes de se explicar. — Você praticamente disse
que estar com ele não te faz bem, Jimin. Aceitar sua decisão depois de ouvir
algo assim é muito mais difícil que tentar te convencer do contrário, mas
também parece ser o certo a se fazer.

Eu inclinei meu corpo para a frente, com os cotovelos apoiados nas pernas e
meus dedos apertando minhas pálpebras fechadas e úmidas.

— Era mais fácil quando a gente só tava com raiva dele-Yukwon resmungou,
jogando o corpo para trás. — Agora eu não sei o que te dizer.

Eu não disse nada, porque não tinha nada a ser dito.

Depois de tanto tempo sentindo medo do dia em que Jungkook acabaria com o
que quer que tenha acontecido entre nós dois, eu nem conseguia acreditar
que, na verdade, fui eu quem acabei fazendo isso.

Como uma tsunami, as consequências dessa escolha inundaram tudo dentro


de mim. Eu não o veria mais, não o abraçaria, nem o beijaria outra vez. Nunca
mais ouviria sua voz me chamando de anjo ou sua risada gostosa, nem veria a
forma como seus olhos brilhavam quando ele olhava para mim. Nunca mais
poderia dormir com ele, nem mesmo perderia meu juízo ao ver a tatuagem
marcada em sua pele. Nunca mais sentiria meu coração acelerar quando,
depois de um dia inteiro ocupado, ele arranjava um tempo para me ligar nem
que por cinco minutos, ou como ele tinha paciência para me ajudar com as
atividades da escola por vídeo chamada. Nunca mais ia sentir seu cuidado
comigo e a felicidade mais genuína quando ele aparecia na minha porta e
finalmente me deixava matar aquela saudade.

Eu nunca, nunca mais teria a melhor coisa que aconteceu em minha vida
porque, por alguns pequenos erros dele, eu ignorei todos os seus acertos.

— Eu vou ficar louco. — Anunciei, desesperado, quando fiquei em pé por não


conseguir mais ficar sentado.
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Agitado, eu voltei a andar de um lado para o outro, bagunçando meus cabelos.

— Digam que eu fiz a coisa certa — Pedi, então, sentindo os olhos dos meus
dois amigos

acompanhando minha agonia. — Digam que eu sou um idiota por estar


arrependido, pelo amor de deus, só digam qualquer coisa!

— Qualquer coisa? — Yukwon respirou fundo. — Então tá, eu vou dizer a


verdade, Você fez merda.

— Pega leve, Yukwon. — Jeonghan alertou, incomodado pelo tom do nosso


amigo.

— Não, ele pediu, então agora aguenta. — Ele continuou e eu quase


instintivamente parei de andar para olhar para ele. — Aquele cara é bocal. Ele
não gosta de McDonald's e só jesus sabe como alguém pode não gostar de
McDonald's. Ele sumiu por muito tempo, escondeu um noivado e merece, sim,
levar uma surra por isso, mas se eu ouvi direito e tudo que ele disse nesse
quarto era verdade, você fez a maior merda da sua vida.

Eu continuei olhando-o, sem conseguir dizer nada. Porque depois de tudo, a


última coisa que eu esperava era ouvir isso de Yukwon.

— O cara tava determinado a se foder rompendo um contrato por sua causa e


o que você fez foi comparar ele com outro! Que tipo de bosta você tem na
cabeça, caralho? Se quisesse terminar, beleza, mas isso você não precisava
fazer!

— Eu só queria que...

— Que o que? — Yukwon pressionou quando viu que eu nem mesmo consegui
terminar minha justificativa com minha voz frouxa.

— E tem mais uma coisa. Talvez eu esteja errado, porque isso a única pessoa
que sabe de verdade é você, mas eu te ouço falar desse macho desde nossa
primeira conversa e foram poucas as vezes em que você não sorriu feito um
idiota só por dizer o nome dele. Então eu não acredito que ele não te fez bem,
Jimin.
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— Eu não acredito que você vai me fazer dizer isso no mesmo dia em que me
dispensou, mas eu prometi a mim mesmo que colocaria nossa amizade acima
de qualquer coisa... e como seu amigo, eu preciso concordar com o Yukwon.
Eu sei que esse último mês foi difícil pra você, mas antes disso o Jungkook
sempre te fazia sorrir mesmo quando estava longe. Ele te fazia feliz, Chim,
muito mais do que eu sei que fiz durante esses dias que estivemos juntos.

Eu me encostei na parede, atordoado demais por ouvir até mesmo Jeonghan


concordar com Yukwon. Mas, no fundo, aquilo era esperado. Ele sempre teve
um coração bom demais e se ele estava dizendo aquilo, é porque realmente
acreditava que era o melhor para mim.

— Vocês não estão ajudando — Eu gemi, tombando minha cabeça para trás, e
ela parecia mil vezes mais pesada. — Eu não sei mais o que fazer...

— Isso é com você. — Yukwon disse, ficando de pé. Então ele abriu a porta do
quarto, mas parou e me olhou antes de sair. — Eu ainda acho que foi uma
decisão errada do caralho, mas se você resolver insistir nisso, ok. Eu vou
continuar aqui por você. Mas pensa direito, porque arrependimento é a maior
merda que uma pessoa pode sentir.

Quando ele finalmente saiu, eu olhei para Jeonghan e vi o sorriso que ele
sempre me mostrava quando tentava me acalmar.

— Quer ficar sozinho? — Ele perguntou, ainda sentado na cama, e caminhou


em minha direção quando eu fiz que sim com a cabeça. Então ele me abraçou
e beijou minha testa, com carinho. — Lembre que não importa o que você
decidir, no final tudo se ajeita. Certo?

Eu concordei mais uma vez e apoiei minha cabeça em seu ombro, prendendo-
o no abraço por mais um tempo.

— Que bom que eu não perdi sua amizade. — Eu disse, sinceramente. —


Você é muito importante pra mim, Jeonghan.

Ele apertou meus ombros e me deu mais um beijo antes de se afastar,


sorrindo. — Eu sou trouxa, Jimin, você nunca vai me perder. — Ele brincou,

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caminhando de costas em direção à porta. — Qualquer coisa me chama, eu
vou ficar lá na sala com os outros.

Quando Jeonghan também saiu e eu finalmente fiquei sozinho no quarto, eu


voltei para a cama, me arrastei pelo colchão e ali fiquei deitado, abraçando um
travesseiro, enquanto tentava colocar minha cabeça em ordem.

Em algum momento daquela reflexão silenciosa, a questão deixou de ser se eu


queria ou não voltar para Jungkook e passou a ser se ele me aceitaria.

Mas Yukwon tinha razão. Eu nunca deveria ter comparado Jungkook com
Jeonghan, não depois de ele me dizer o quanto o incomodava não poder estar
por perto como meu amigo podia estar. E mesmo que eu não tenha feito isso
com o propósito de magoá-lo, ele tinha todo o direito de se sentir assim, da
mesma forma que eu reconhecia o meu direito de também estar magoado com
seu afastamento nas últimas semanas.

Mas, principalmente, eu reconhecia que não queria ser esse tipo de pessoa. Eu
não queria justificar meus erros apontando os seus.

No fim, depois de travar uma batalha solitária naquele quarto, eu finalmente


tomei minha decisão e me levantei, dando tapinhas em meu rosto para tentar
me recompor.

Meu coração batia feito louco e meu estômago parecia estar preenchido com
um iceberg, mas eu tentei me manter tão calmo quanto podia, porque não
queria que minha escolha final fosse confundida com mais uma decisão
impulsiva e impensada. Então eu finalmente voltei até a sala, onde minha festa
de aniversário mais parecia uma cerimônia de óbito.

Taeyeon estava na varanda com Hyelin, Yukwon deitado no chão, batendo em


Yuta com uma almofada sem parecer ter qualquer motivo para isso, e
Jeonghan dividia o sofá e uma lata de refrigerante com Kihyun, com as caixas
das pizzas, que eu nem sei quando chegaram, esquecidas em cima da mesa
de centro.

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Quando me viram ali, um pouco acuado enquanto os olhava, Yukwon parou de
atacar Yuta e Kihyun e Jeonghan interromperam a conversa quase sussurrada
que estavam tendo para prestar atenção em mim.

— Você sabe pra onde ele foi? — Eu perguntei, envergonhado, olhando só


para o de cabelos cor de rosa.

Kihyun assentiu, mas não fez nada além disso.

— Você pode me dar uma carona? — Insisti, ainda tímido, um pouco aflito
quando o vi suspirar com um pouco de impaciência.

— Dou, se você me der o Jeonghan. Ele é bonito demais pra ficar sofrendo por
sua causa.

Eu não sei quem mais se assustou com essa resposta, mas a risada
escandalosa de Yukwon sobrepôs o meu hã? Assustado e a tosse quase
tuberculosa de Jeonghan quando ele se engasgou com o refrigerante.

— Eu só tava falando que quero estudar na universidade onde ele trabalha! —


Jeonghan se defendeu, esganiçado, quando conteve sua tosse explosiva.

— Foi brincadeira. — Kihyun retrucou, já de pé.

— Aham, tá bom. — Yukwon provocou, voltando a jogar a almofada em Yuta,


que se irritou e jogou de volta, com mais brutalidade. — O bucetão perdeu a
noção de perigo, olha só pra isso!

— Gente, por favor — Eu pedi, sem condições alguma de sequer me divertir


com a bagunça que é meu ciclo de amizades. — Eu tô no meio de uma crise.

— Vamos logo. — Kihyun gesticulou com a chave do seu carro na mão, e eu o


segui depois de me desculpar com todos os outros, porque aquela festa foi
uma vergonha de tão desastrosa.

No carro com as janelas abertas, o vento bagunçava ainda mais meus cabelos
e eu fui por todo o caminho olhando para tudo e nada, com meu coração
batendo mais descompassado à medida que nos aproximávamos de um lugar
que eu conhecia muito bem.

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— Ele tá aí. — Kihyun disse quando estacionou na frente da minha casa,
depois de passar todo o caminho em silêncio.

Eu tirei o cinto, um pouco afobado, mas parei logo depois de abrir a porta e o
olhei, desconfiado. — Você sabia que ele vinha, não é?

Ele só ergueu os ombros numa resposta vaga, mas eu não tinha dúvida de que
foi ele quem disse para Jungkook onde eu estaria nessa noite.

— O que você vai fazer? — Ele perguntou quando me movi para descer.

— Vou voltar pra ele... se ele quiser.

— Supondo que ele te aceite de volta e sabendo que ele te viu beijando o
Rapunzel, eu gostaria de dizer que você tá fodido. — Ele sorriu, me dando dois
tapinhas pouco motivacionais no braço. — Boa sorte e que deus tenha piedade
da sua alma, porque Jungkook não vai ter.

— Não que isso ajude. — Resmunguei, nervoso de verdade, e finalmente saltei


para fora do carro. — Tchau. Depois eu te dou o número do Jeonghan.

— Vou cobrar! — Eu ouvi ele gritar quando fechei a porta, correndo para a
recepção do hotel.

Quando vi Jungsu atrás do balcão, eu fui até ele e o empurrei para o lado para
ver no sistema em que quarto Jungkook estava hospedado. Era o mesmo
quarto em que ele estava quando nos vimos pela primeira vez, mais de um ano
antes, e isso irracionalmente aumentou minha ansiedade.

— Me deseje sorte, Jungsu. — Eu disse para o recepcionista da noite, que só


me olhou como se eu fosse doido, mas acabou fazendo o que eu pedi.

Quando eu caminhei até a passagem dos quartos, então, eu senti meus pés
travarem e dei meia volta, seguindo até minha casa.

Eu fui direto até meu quarto e subi na cadeira da escrivaninha para poder
alcançar a caixa que estava escondida na prateleira mais alta do armário,
então me sentei na cama com ela e tirei de lá o presente de aniversário que eu
não pude entregar a Jungkook e a pulseira que por tanto tempo deixei de usar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Então eu envolvi meu pulso com a corrente de prata e segurei o pingente do
globo terrestre entre meus dedos, respirando fundo para tentar me acalmar,
mas a cada segundo que passava parecia que meu nervosismo só aumentava.

Mesmo assim, eu segurei o presente embrulhado com um papel estampado


com coelhinhos e saí do quarto outra vez, mas perdi toda a pouca coragem que
reuni quando parei detrás da porta principal da casa.

— Vai dar tudo certo. — Eu disse para mim mesmo, respirando fundo com os
olhos fechados antes de finalmente girar a maçaneta.

Mas quando abri a porta, eu ofeguei, assustado, ao ver Jungkook agachado em


minha frente, do lado de fora, com a expressão um pouco surpresa ao me ver.

— Jungkook? — Eu chamei, totalmente pego de surpresa, já a um passo de


acreditar que estava delirando.

Ele ficou de pé e só então eu percebi que ele também tinha um presente em


mãos.

— Eu esqueci de entregar seu presente. — Ele disse, me mostrando um torcer


de lábios quando estendeu o embrulho para mim.

Eu segurei o presente, ainda olhando-o com a surpresa estampada nos olhos.


Logo depois, ele curvou a cabeça brevemente num gesto impessoal de
despedida, e eu fui tomado por um sobressalto quando percebi que ele já ia
embora.

— Feliz aniversário. — Ele disse com um sorriso pequeno, ainda, antes de se


virar.

Então eu mandei aos ares o medo que estava me travando e dei um passo
para a frente, ainda inconsistente.

— Jungkook, espera.

Ele me olhou quando ouviu minha voz e eu me adiantei, um pouco atrapalhado,


para fechar a porta e caminhar em sua direção, tentando ignorar o tremor
crescente em minhas mãos.

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— Eu também tenho que te entregar seu presente. — Ele então olhou para o
outro embrulho que eu ainda segurava e então assentiu, estendendo uma das
mãos. — Não. Lá no seu quarto.

Jungkook pareceu incomodado com minha sugestão, mas usou um sorriso


para suavizar sua expressão. — É melhor não, meu bem... — Ele parou ao
perceber a forma como ia me chamar, e se corrigiu. - É melhor não.

— Por favor. — Eu insisti, engolindo o bolo em minha garganta ao vê-lo


hesitando em me chamar de meu bem. — Vai ser rápido.

Antes que ele pudesse negar outra vez, eu me aproximei ainda mais e segurei
sua mão, puxando-o suavemente como num pedido para que ele fosse comigo.

Depois de olhar para minha mão segurando a sua e voltar a olhar para meu
rosto que suplicava silenciosamente para que ele aceitasse meu pedido,
Jungkook acabou cedendo e me deixou puxá-lo até o quarto onde eu já sabia
que ele estava hospedado.

Nós deixamos os sapatos do lado de fora e uma sensação de nostalgia imensa


tomou conta de mim quando, depois de tanto tempo, eu entrei no lugar onde
nós nos conhecemos, mas junto a isso eu senti alguma tristeza ao ver que ele
nem mesmo fechou a porta depois que entramos.

Mesmo assim, eu tentei não evidenciar o quanto esse gesto tão simples me
afetou e me sentei perto da pequena mesa de chá, gesticulando um pouco
tímido para que ele se sentasse ao meu lado.

— É crueldade me pedir para ficar perto de você agora, Jimin. — Ele disse,
fazendo meu sorriso, já tão fraco, desaparecer.

Como sempre tão sincero e eu sempre tão vulnerável.

— É crueldade você não ficar perto depois de tanto tempo longe. — Eu devolvi,
segurando a manga de sua blusa quando me ajoelhei no chão para segurá-lo.

— Você nem sabe o que quer — Ele disse, parecendo um pouco irritado, mas
eu não o culpei por isso.

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— Eu sei muito bem o que eu quero. — Insisti, sem soltar sua blusa, e o puxei
novamente. — Por favor, Jungkook.

Eu vi a forma como ele travou o maxilar antes de ceder outra vez, finalmente
sentando ao meu lado, mas não tão perto quanto eu gostaria.

Então eu mostrei um sorriso trêmulo de agradecimento e tentei acalmar minhas


mãos antes de colocar o presente que ele tinha me dado sobre a mesinha de
madeira.

— Tudo bem se eu abrir esse antes de te entregar o seu?

— Faça como achar melhor. — Ele disse, simplesmente.

Era óbvio que ele não estava tentando ser rude, mas era impossível não
parecer dessa forma quando, depois de tanto tempo, ele se dirigia a mim sem
me chamar de anjo.

Então eu virei meu rosto para o presente, tentando esconder o quanto minha
expressão se tornou cabisbaixa novamente, e respirei fundo antes de tirar o
embrulho bonito com cuidado, até ver que, dentro dele, tinha uma caixa de
madeira pequena com um fecho de metal.

Eu girei a trava e abri a tampa que ficou presa por uma das extremidades,
revelando um livro de capa dura, vermelho, com ideogramas japoneses
gravados num dourado um pouco fosco.

Eu deslizei a ponta do meu dedo pelos kanji, um pouco impressionado mesmo


sem saber o que significavam.

— O que tá escrito aqui? — Eu perguntei, olhando para Jungkook.

Ele demorou um pouco antes de finalmente responder, olhando para a capa do


livro. — Akai ito.

Apesar de ainda não saber ler em japonês, eu já conhecia aquela lenda, e ela
dizia que os deuses amarravam um fio vermelho invisível nos tornozelos de
duas pessoas que estão predestinadas a ficar juntas. Então podia passar o

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tempo que fosse, mas esse fio sempre daria um jeito de unir as duas almas
gêmeas.

Afetado pelo significado daquilo, eu perdi algum tempo olhando só para


Jungkook, com meus lábios entreabertos, antes de finalmente olhar para o livro
e tirá-lo da caixa. Quando eu passei para a primeira página quase
completamente em branco, eu vi o manuscrito da letra inconfundível de
Jungkook.

"Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se,


independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode esticar ou
emaranhar, mas nunca irá partir.

Obrigado por ser meu destino, anjo."

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Eu precisei cobrir minha boca com uma das mãos enquanto lia e relia a última
frase.

Eu não acredito que cheguei a pensar, mesmo que por um segundo, que não o
queria mais em minha vida.

— Eu o encontrei quando estava no Japão e acabei lembrando de você. De


nós dois, na verdade. — Jungkook disse, com a voz calma, — Não que eu
realmente acredite nisso, mas parecia uma boa forma de explicar porque eu
me senti tão preso a você desde o começo.

— Jungkook... — Eu o chamei, voltando a olhar para ele, e vi quando ele


tentou me mostrar um sorriso discreto.

— Isso não faz diferença agora, mas é um bom livro e você disse que queria
aprender japonês, então pode usar quando começar a praticar.

Eu apenas continuei olhando-o, enfeitiçado e ainda mais apaixonado por


aquele homem.

Mas também estava um pouco envergonhado, porque seus presentes sempre


tinham um significado tão bonito, enquanto o meu era algo tão simples.

Mesmo assim, eu me forcei a me mover apenas para colocá-lo em cima da


mesa e, naquele momento, até mesmo o embrulho de coelhinhos me
envergonhava.

— O... O seu presente. — Eu disse, um pouco inseguro, deslizando-o pela


mesa até deixá-lo em sua frente.

Jungkook olhou para ele, sem parecer disposto a condenar minha escolha para
o embrulho, e eu senti meu coração disparar quando ele começou a desfazer o
laço.

— Meus pais tinham cortado minha mesada por causa das minhas notas, então
eu não tinha muito dinheiro... — Expliquei, ansioso, quando ele finalmente tirou
o porta retrato de dentro do papel colorido.

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Jungkook então olhou para a foto emoldurada. Era a mesma que tiramos no dia
do parque, só nós dois, com meu corpo sendo abraçado pelo seu e os
brinquedos enormes fazendo companhia ao céu alaranjado de fim de tarde, ao
nosso fundo. E ele sorriu. Um sorriso grande e tão bonito que me deixou sem
ar.

— Eu sempre lembro desse dia. — Ele confessou, ainda olhando para a foto, e
mal pareceu perceber quando disse as palavras seguintes. — Obrigado, anjo.

— Foi o melhor dia da minha vida. — Eu disse, sem parar de olhar para ele
nem mesmo quando seus olhos encontraram os meus.

Eu respirei devagar, tentando me manter calmo quando me aproximei dele e


sentei com meu corpo virado para o seu, entre suas pernas.

— Todas as melhores coisas da minha vida envolvem você, Jungkook. —


Confessei, implorando para que minha voz não falhasse graças ao nervosismo,
e me aproximei ainda mais, segurando seu pescoço com minhas duas mãos e
acariciando os fios escuros de sua nuca com meus dedos ansiosos. Me
desculpa por ter dito aquelas coisas... eu realmente odeio a distância, mas
cada segundo que eu passo com você faz valer a pena, então me desculpa,
por favor...

Jungkook segurou minha cintura com suas duas mãos grandes quando eu
fiquei de joelhos no chão e tentei aproximar minha boca da sua, sem conseguir
passar de um leve roçar de lábios antes que ele recuasse um pouco, ainda me
segurando.

— Deixa eu te beijar, Jungkook... — Eu pedi, investindo outra vez, mas sendo


impedido novamente por suas mãos. — Eu tô com tanta saudade de você...

Ele continuou me segurando, com sua expressão séria e um olhar ilegível. Eu


tremi de verdade, com medo de ser rejeitado.

Não era medo da humilhação ou do orgulho ferido, era o medo de perder


Jungkook pra sempre.

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— Você tinha razão, Jimin — Ele disse, com nossas respirações se misturando
por causa da proximidade entre nossos rostos, me deixando tonto, cada vez
mais necessitado pelo toque de sua boca na minha. — Nós somos muito
diferentes.

— Mas a gente se encaixa tão bem, Jun... — Eu insisti, incapaz de aceitar


perdê-lo.

— Eu também não posso te dar tanto tempo quanto aquele menino e eu sei
que isso te deixa triste — Ele continuou, ignorando o que eu disse, usando
minhas próprias palavras para me afastar. —, mas se você não sair daqui
agora, eu não vou conseguir desistir de você.

Eu senti todo o peso do mundo cair em minhas costas para depois, num piscar
de olhos, desaparecer, se transformando num alívio genuíno e tão intenso que
quase me fez chorar.

Então, ainda com as pernas inconsistentes, eu fiquei de pé e caminhei até a


porta do quarto, mas só para fechá-la antes de voltar para perto de Jungkook,
suspirando quando suas mãos me alcançaram novamente, mas dessa vez
para me puxar para perto, quase me fazendo cair por cima de seu corpo ainda
sentado no chão.

Nossas bocas estavam quase coladas, nossos olhos se atraindo como nunca e
meus lábios já latejando de ansiedade quando eu sussurrei contra os seus,
com a maior certeza da minha vida. — Então não desista.

Um segundo depois, sua boca encontrou a minha, com os sons úmidos do


nosso beijo desesperado ecoando pelo quarto. Mas não existia espaço para
provocações, menos ainda para cuidado. Nós só precisávamos sentir um ao
outro depois de acreditarmos que nunca seríamos nós novamente.

Então eu não me contive quando gemi ao sentir meu lábio ser mordido com
força como nunca antes enquanto suas mãos apertavam minha cintura a ponto
de machucar, com possessividade.

Então Jungkook desceu com sua boca, mordendo e chupando a pele exposta
do meu pescoço e parando só para puxar minha blusa para cima, arrancando-a
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
de mim antes de voltar a marcar minha pele, me deixando de joelhos, com
minha cabeça tombada para trás enquanto ele descia com sua língua por meu
peitoral até chegar ao meu mamilo e o morder antes de chupá-lo. Eu gemi cada
vez mais alto, sentindo o prazer da dor de suas mordidas logo se misturar a
sensação indescritível de sua língua anestesiando cada uma delas.

Quando ele fez isso pela última vez na pele sensível ao redor da aréola, seus
lábios subiram outra vez até meu pescoço já úmido com sua saliva. Ele então
me provocou com a ponta de sua língua enquanto suas duas mãos apertavam
minha bunda com força.

— Ele sabia te tocar assim? — Jungkook perguntou quando eu achei que


nenhum de nós dois conseguiria falar. — Ele sabia te tocar como eu te toco?

Eu neguei furiosamente com a cabeça, delirando ao sentir sua boca deslizar


novamente por minha pele até que ele mordeu meu lóbulo antes de chupá-lo
deliciosamente — N-não — Eu respondi, já queimando de tesão. — N-ninguém
sabe me tocar como você...

O som estalado da mão de Jungkook acertando minha nádega direita com um


tapa forte se misturou ao meu gemido manhoso em resposta a isso, se
intensificando quando ele a apertou novamente, com a mão cheia. 690

— Então por que você fez aquilo? — Ele insistiu, com sua boca deslizando por
minha bochecha até encontrar a minha outra vez, mas sem me beijar, com
seus olhos escuros me olhando à espera da resposta, que foi incentivada por
mais um tapa estalado quando demorou a vir. — Eu não ouvi, anjo, fale mais
alto.

— P-porque eu estava... com raiva — Minha justificativa veio num gemido


descontrolado enquanto minhas mãos buscavam os botões de sua blusa.

— Você deixou outro te tocar porque estava com raiva? — Jungkook repetiu,
sem me impedir quando eu comecei a desabotoar sua camisa, tão afobado que
poderia arrancar um botão. — Eu também estou irritado agora, Jimin, então me
diz... o que é que eu faço?

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O que você quiser - Eu respondi, num estado de êxtase quando finalmente abri
sua blusa e a empurrei por seus ombros, deixando-o com o tronco exposto,
assim como sua tatuagem que eu tanto amava. — Faz o que quiser comigo,
Jungkook...

A concordância de Jungkook veio quando ele me puxou pelos quadris e


inclinou seu corpo para cima do meu, me fazendo cair deitado no chão com um
baque oco que foi ignorado assim que eu percebi que não era o único que já
estava tão duro,

Ainda com nossas calças vestidas, ele roçou sua ereção na minha,
pressionando-as tão deliciosamente que eu gemi manhoso, sem controle sobre
os sons agudos que escapavam por minha garganta.

Ainda com nossos membros duros sendo pressionados um contra o outro


enquanto ele continuava a investir devagar, eu senti sua boca tomar a minha
outra vez num beijo ainda mais desesperado que o primeiro, com um som
estalado ecoando quando ele afastou seus lábios dos meus.

— Me come — Eu pedi, sem pensar nas palavras, movendo meu corpo contra
o chão frio enquanto tentava provocar mais pressão em minha ereção
necessitada. — Por favor, eu não aguento mais esperar...

— É isso que você quer? — Ele perguntou, sem parar de mover seu quadril,
com aquele sorriso sacana reivindicando seu lugar no canto de seus lábios. —
Você quer que eu te foda com tanta força até esquecer que outro homem te
tocou?

— É... — Eu respondi, agarrando desajeitadamente o cós de sua calça jeans


enquanto movia meu quadril junto com o seu, sentindo a fricção se tornar cada
vez mais deliciosa. — Ai, meu deus, Jungkook...

— Então eu não vou te foder hoje, anjo. — Ele declarou, ao fim, com um
sorriso pequeno e sádico enfeitando seu rosto. — Você não merece ter o que
quer depois do que fez.

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Eu gemi, num misto de insatisfação e prazer quando seu tronco tocou o meu,
com sua pele roçando na minha enquanto nossas ereções se estimulavam
precariamente através do jeans.

Eu queria tanto senti-lo de verdade, sem tanta roupa entre nós dois, mas ele já
tinha sido muito claro sobre minhas vontades.

E mesmo assim, eu já estava perdendo o juízo só com aquele toque, me


sentindo ainda mais desesperado quando ele usou uma mão para erguer um
pouco meu quadril, aumentando o atrito quando também aumentou a
velocidade e a força de suas estocadas contra meu membro.

Eu subi minhas mãos por suas costas, arranhando sua pele sem medir força
quando ele voltou a beijar meu pescoço e eu soube, vergonhosamente, que ia
gozar.

— Não... — Eu murmurei, envergonhado, sentindo minha negação seguinte se


perder num gemido mais rouco quando eu subi ainda mais minhas mãos,
puxando seus cabelos para tentar aliviar aquela sensação que era tão deliciosa
a ponto de me desesperar, com o gozo molhando toda minha cueca por baixo
da calça.

Jungkook ainda estocou mais algumas vezes, com seu membro duro contra o
meu mole, prolongando a sensação do orgasmo que chegou rápido demais.

— Eu não acredito... — Choraminguei, tomado pela vergonha, e tentei cobrir


meu rosto, mas Jungkook segurou minhas mãos antes que eu o fizesse e
beijou minhas mãos antes que eu o fizesse e beijou minha bochecha.

— Não tem problema, anjo — Ele disse, com a voz calma me passando algum
conforto enquanto eu continuava recebendo beijinhos por minha bochecha
gorda e vermelha. — Não precisa ter vergonha.

Eu o olhei, com a visão turva pelo nervosismo, e só senti minha respiração se


acalmar quando ele beijou minha boca num ritmo lento, mais calmo que o
anterior.

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E mesmo envergonhado, eu sabia que não tinha muito o que fazer sobre
aquilo, mas outra coisa me preocupava.

— E você? — Eu perguntei, tímido, ainda sentindo sua ereção pressionada


contra meu quadril.

Jungkook deslizou a língua pelos lábios e então respondeu, sem parar de olhar
para mim. — Eu vou te ensinar a fazer uma coisa.

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Oi. Essa nota vai ficar um pouco longa, mas é algo que eu já quero esclarecer
há algum tempo, então leiam, por favorzinho.

Então, tem algo que vem me incomodando um pouco em alguns capítulos.


Sempre que alguma referência mais óbvia ao bdsm é citada aqui em sub,
algumas pessoas acabam comparando com 50 tons. E eu gostaria de pedir
aqui, do fundo do coração, que não façam isso por dois motivos: 1) O bdsm é
algo que existe desde muito antes desse livro ser lançado. 2) No livro, a
posição sadista do personagem é mostrada como consequência de uma
experiência traumática na infância, dando a entender que o sadismo é uma
doença ou algo nocivo para o relacionamento, o que não é verdade

Eu tenho um trauma muito grande dessa história porque ela deturpou a


imagem da dominação/submissão numa escala que atingiu muita gente. Os
próprios praticantes de bdsm apontam falhas no relacionamento mostrado
nesse livro, porque ele transformou algo que deve ser saudável e prazeroso
pra ambos os lados em algo que chega a ser abusivo.

Da forma como eu vi, o bdsm foi mostrado como algo superficial, nocivo e
relacionado somente a sexo, quando na verdade um relacionamento entre um
dom/sub envolve muito mais que prazer. bdsm envolve também confiança,
cuidado e respeito. E eu espero de verdade conseguir mostrar isso pra vocês
aqui em submissive, assim como espero que parem de fazer essas
comparações, ok? :(

Desculpa falar tanto, mas isso era algo que tava entalado há um bom tempo :

Enfim. Sobre o capítulo. Espero que ninguém queira me matar por ter ficado
chato/meia boca/um lixo ou afins depois de tanta espera. Sério, eu nunca vi
tanta gente ansiosa por uma att minha como vi por esse capítulo, até me senti
amada com o tanto de mensagens que recebi hahahahaha mas sério, perdoem
qualquer quebra de expectativas :(

Pra finalizar, um recadinho pra vitória: a anna clara te ama <3 parabéns pelos
dois anos de sistp!

até o próximo que, a quem interessar, deve sair dia 12 <3

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17 • Hocus Pocus

Eu olhava para Jungkook, ansioso, sem saber exatamente o que ele queria me
ensinar.

Mesmo assim, meu corpo queimava em antecipação. Sua ereção marcada sob
a calça jeans enchendo meus olhos, me deixando mais ansioso a cada
segundo para, pela primeira vez, fazê-lo gozar.

Então eu sentei sobre minhas próprias pernas ainda no chão gelado do quarto,
com a umidade dentro da minha roupa íntima provocando uma sensação
viscosa que funcionava como um lembrete vergonhoso do meu orgasmo tão
apressado, mas que podia ser facilmente ignorada à medida que, depois de
ficar de pé em minha frente, Jungkook começou a desafivelar o próprio cinto.

Tenso, eu umedeci meus lábios inconscientemente ao ver o couro deslizando


pelos passadores de sua calça até estar apenas em suas mãos.

Sua blusa completamente aberta por mim ainda evidenciava parte da tatuagem
e seu abdômen que, mesmo ainda tão delicioso, estava inegavelmente mais
magro. Isso me fez engolir em seco, dissipando parte de toda aquela tensão
gostosa para que a angústia reivindicasse seu lugar.

— Você não gosta mais do meu corpo, anjo? — Ele perguntou, talvez
percebendo a mudança brusca em minha expressão, enquanto massageava
seu próprio membro com sua mão grande por cima do jeans.

Eu subi meus olhos, devagar, até encontrar os seus, esmagando minha própria
calça com minhas mãos quando vi o sorriso no canto de sua boca.

Aquela era uma pergunta que só poderia ser respondida de uma forma e ele
sabia disso, então eu respondi sem resistir quando a imagem de Jungkook se
estimulando enquanto sorria para mim daquela forma afastou minha
preocupação para que fosse resgatada só depois.

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— Você é lindo... — Eu disse, com a potência de um miado, sem conseguir
parar de olhar para ele.

Seu sorriso desapareceu para que ele passasse a língua pelos lábios, me
provocando logo antes de gesticular para que eu me aproximasse.

Sem pensar em negar, eu ergui meu corpo e fiquei de joelhos no chão,


sentindo minha respiração falhar quando ele aproximou sua mão que ainda
segurava o cinto dobrado, deslizando a parte flexionada do couro por minha
bochecha e descendo até tocá-la em meu queixo e empurrá-lo para cima, me
forçando a erguer também o olhar, ainda mais.

Sob minha incapacidade até mesmo de piscar enquanto o olhava à espera do


que aconteceria em seguinte, ele finalmente voltou a falar.

— Tire minha calça.

Eu tentei assentir, mas o movimento de minha cabeça estava limitado pelo


cinto ainda mantendo meu queixo erguido, e assim permaneceu mesmo
quando eu levei minhas mãos pequenas até o fecho do jeans, desabotoando-o,
primeiro, para depois descer o zíper enquanto Jungkook me forçava a
continuar olhando para ele a cada segundo.

Depois de demorar um pouco, eu segurei as laterais de sua calça apertada,


puxando-a para baixo ainda sem poder ver o que eu mesmo estava fazendo.

Quando Jungkook se moveu, usando seus pés para terminar de tirar


completamente o jeans escuro, eu abaixei meu olhar sem conseguir abaixar o
rosto, tentando enxergar o que tinha acabado de ser revelado.

— Você quer ver? — Ele perguntou, parecendo se divertir com meus esforços
em vão.

Eu quis dizer imediatamente que, pelo amor de deus, sim, mas logo lembrei do
que ele mesmo tinha me dito instantes antes. Eu não merecia ter o que queria,
não naquele dia. Então meu impulso seguinte foi querer negar, para talvez
assim convencê-lo a me deixar ver.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Mas antes que eu fizesse isso, Jungkook foi mais rápido. Ainda é seu
aniversário, então por isso, só por isso, eu vou deixar.

Eu acho que prendi a respiração sem perceber que o fazia quando senti o
couro deslizando por minha pele novamente, até não tocá-la mais. Então, com
os movimentos do rosto livres outra vez, eu abaixei meus olhos para encontrar
a imagem enlouquecedora do membro de Jungkook perfeitamente marcado,
pendendo para um só lado, sob a boxer preta.

Não foi num gesto consciente que eu voltei a lamber os lábios, hipnotizado,
mas parecia impossível refrear o impulso quando meus olhos se deliciavam
com o que estava bem diante deles. Mais que isso, eu não queria que a visão
fosse o único sentido agraciado, então eu fui um pouco inconsequente quando
levei minhas mãos ao pênis de Jungkook, apertando-o e suspirando logo em
seguida quando o senti tão duro por mim.

Entretanto, meu êxtase não durou mais que alguns segundos, porque logo o
cinto de Jungkook voltou a me tocar a pele, dessa vez com um pouco mais de
força, fazendo o som estalado reverberar quando o couro acertou minhas
mãos, afastando-as.

Eu percebi o que estava fazendo e recuei, apoiando minhas palmas no chão


enquanto usava meu olhar para suplicar.

— Deixa eu te tocar... — Eu pedi, vendo Jungkook deslizar os dedos pelo cinto


enquanto me analisava com os olhos escuros. — Por favor...

Ele continuou me olhando, sempre sustentando aquele sorriso que me fazia ter
uma sensação irracionalmente deliciosa de estar em perigo, e então gesticulou
algo suave com o queixo.

— Me dê suas mãos. — Ele disse, enfim, e eu exibi minhas palmas ansiosas


no instante imediatamente seguinte, quase gemendo de frustração quando, ao
invés de tomá-las e levá-las ao próprio corpo, Jungkook colocou o cinto sobre
elas. — É melhor você ficar desse jeito até eu dizer que já pode se mover. —
Ele completou, então, quebrando completamente minhas expectativas, e

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começou a andar devagar pelo quarto, vestindo apenas sua roupa intima e a
blusa social completamente aberta.

Eu o olhei, sentindo o peso do couro pousado em minhas mãos que flutuavam


no ar enquanto eu me equilibrava sobre os joelhos sem poder fazer nada além
de acompanhar Jungkook com os olhos enquanto ele caminhava, deslizando a
blusa por seus braços até tirá-la completamente e deixá-la cuidadosamente
pendurada num dos cabides,

Minha garganta estava seca e minhas mãos praticamente formigavam de


ansiedade quando eu o vi usando nada além de uma única peça, caminhando
até o frigobar para pegar uma garrafa de água como se tivéssemos todo o
tempo do mundo.

Mesmo assim, eu não reclamei. A visão de quase todo o corpo de Jungkook


exposto para mim fritava completamente meu juízo e eu me percebi incapaz de
sentir qualquer coisa além de tesão e a mais genuína admiração.

Eu adorava seu corpo com a religiosidade de um fiel. Adorava suas pernas e


as linhas bem delineadas dos seus músculos e seus braços e mãos com as
veias sempre evidentes. Adorava o desenho de sua cintura fina, a visão do seu
abdômen sutilmente marcado pelos gomos e seu peitoral com aquela serpente
pintando-o, ameaçando-me com as presas sempre à mostra.

Eu adorava-o, perdidamente, tomando cada pedaço já exposto de seu corpo


como meu templo. E aquela pequena faixa ainda coberta pelo tecido preto,
aquela que eu nunca tinha visto até então, era como meu Santo Graal

Por isso, eu nem respirava direito quando ele voltou a caminhar em minha
direção e reivindicou seu cinto ao parar em minha frente, olhando-me em
silêncio enquanto aumentava a tensão já acumulada dentro de mim.

Então, depois de finalmente me torturar com toda essa demora, eu finalmente


ouvi sua voz.

— Tire.

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Só uma palavra me deu a permissão ou ordem, nunca vou saber, que tanto
desejei.

Sem demorar mais, eu cravei meus dentes em meus lábios e voltei minhas
mãos ao lugar de onde não queria tê-las tirado nem por um momento, uma
apertando o quadril de Jungkook enquanto a outra envolvia seu membro duro.

Mas isso, outra vez, durou muito pouco, porque a ansiedade me tomava por
completo. Assim, eu olhei para cima, encontrando seus olhos escuros antes de
abaixar os meus novamente e ver o movimento de minhas mãos puxando sua
última peça de roupa para baixo.

À medida que o tecido escuro deslizava contrastando com sua pele, eu me


sentia cada vez mais zonzo, incapaz de reprimir um chiado agudo e arrastado,
repleto de satisfação, quando o falo de Jungkook finalmente se mostrou livre
com as veias protuberantes e a glande inchada, rosada e úmida tocando
suavemente seu abdômen, manchando-o com uma ponta de pré-gozo.

Eu quase praguejei todos os palavrões que aprendi com Yukwon antes de


querer levantar minhas mãos para o alto e agradecer aos céus.

Porque, minha nossa, eu era muito gay e amava isso.

Mas meu pequeno devaneio banhado a satisfações por minha orientação


sexual logo se desfez quando, já completamente nu, Jungkook tocou minha
cabeça acariciando-a, antes que ele aproximasse o cinto.

A excitação se misturou à surpresa de sentir o couro envolvendo meu pescoço


quando Jungkook o fechou ao redor de mim, fazendo a fivela fria me provocar
arrepios ao tocar minha pele despreparada.

Depois, ele usou os próprios dedos para afrouxar o aperto e, segurando a


ponta livre do cinto que praticamente me encoleirava, ele voltou a andar
devagar, de costas, me puxando.

Eu o acompanhei, incapaz de não fazê-lo, sempre me equilibrando sobre os


joelhos, mas o incômodo de todo meu peso apoiado neles por tanto tempo me
fez quase que instintivamente apoiar também as mãos no chão.

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Então eu engatinhei, encoleirado, quase sentindo meu corpo derreter com o
sorriso perverso de satisfação que Jungkook me mostrou quando me viu desse
jeito.

Depois de descobrir que gostava de certas dores, eu estava menos propenso a


entrar em crise por perceber que aquele não era meu único gosto inesperado.

Caminhar como um animal não era o tipo de coisa que eu imaginava que faria
minha virilha queimar, mas lá estava eu, com meu membro voltando a fisgar
dentro de minha calça apertada por estar fazendo isso e, mais ainda, por estar
fazendo diante do olhar cheio de desejo de Jungkook.

Ao fim de uma contagem lenta e silenciosa de cinco passos, então, Jungkook


finalmente chegou à plataforma de madeira onde seu colchonete estava aberto
e se sentou ali, com as pernas dobradas e abertas, puxando-me até me
encaixar entre elas, ajoelhado outra vez.

— Jungkook... — O chamei, ansioso, quando apoiei minhas mãos em suas


pernas fortes e nuas, sem saber o que fazer.

Ele voltou a tocar meu rosto com a mão livre, deslizando seu toque suave e
preciso por minha pele até segurar meu queixo enquanto sua outra mão ainda
segurava o cinto que me prendia

Depois, ele subiu arrastando o indicador e o dedo médio até pressionar meu
lábio, puxando-o para baixo antes de forçar seus dedos para dentro.

— Chupe.

Num gesto um pouco involuntário, mas que não chegou a ser repreendido, eu
segurei seu punho com as duas mãos, sentindo seus dedos pousados sobre
minha língua à espera de algo, mas eu não sabia como fazer direito, então o
olhei com a súplica dominando meus olhos, implorando para que ele me
guiasse quando eu afastei sua mão, fazendo meu melhor para succionar seus
dedos antes de afundá-los em minha boca outra vez.

Jungkook mordiscou o próprio lábio tão sutilmente que eu quase fui incapaz de
perceber, mas tomei aquilo como uma aprovação e repeti o mesmo movimento,

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sentindo um pouco de vergonha e excitação quando seus dedos escaparam de
meus lábios com um som úmido e estalado.

Mas eu não parei, sempre segurando seu pulso até que Jungkook enrijeceu
sua mão.

— Use a língua — Ele disse, com a voz rouca e baixa, puxando seus dedos um
pouco mais para fora até deixar só a ponta deles entre meus lábios.

Ainda inseguro, eu os lambi dentro da boca e continuei analisando seu rosto a


cada movimento que fiz, sempre buscando sua aprovação que vinha na forma
como ele trincava o maxilar ou apertava os olhos.

Depois, quando eu já tinha movido minha língua contra seus dedos de todas as
formas que considerei possíveis, descobrindo de quais movimentos ele mais
parecia gostar, Jungkook voltou a forçar seu indicador e médio para dentro e
eu voltei a chupar, passando a entender quando ele voltava a travar sua mão,
então eu usava minha língua de novo antes de chupar novamente, até que
estabeleci meu próprio ritmo sem que ele precisasse guiar.

Entretanto, quando voltou a empurrar seus dedos depois de todo esse ensaio,
eu os senti quase em minha garganta pela primeira vez e não consegui impedir
o reflexo da ânsia me atingindo.

— Aperte a língua contra o céu da boca — Jungkook orientou ao perceber a


resposta do meu corpo e eu tentei fazer como ele disse, sentindo seus dedos
serem empurrados para fora, sem conseguir ir mais fundo que aquilo e,
consequentemente, aliviando a ânsia de vômito que pareceu tão intensa.

E então ele tirou seus dedos de minha boca, completamente.

Sem precisar pensar muito, eu soube o que viria a seguir, e o nervosismo


começou a tomar conta de mim. Eu queria fazer, queria muito, mas e se eu não
fosse bom?

O medo de não conseguir satisfazer Jungkook se espalhou como fogo em


gasolina, me tornando incapaz até mesmo de sustentar meu olhar sob o seu,
então eu abaixei meu rosto.

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Acho que percebendo minha ansiedade tanto por minha expressão sempre tão
transparente quanto por minhas mãos apertando furiosamente suas pernas, ele
aproximou sua mão novamente, dessa vez para me fazer um carinho manso,
sem dizer nada ou sem me forçar a olhá-lo outra vez.

Pouco a pouco eu me acalmei, aliviado por não me sentir pressionado mesmo


que Jungkook provavelmente precisasse tanto aliviar a ereção ainda tão rígida,
e isso, combinado à vontade de dar a ele tanto prazer quanto ele me dava, me
fez olhar para cima outra vez, ainda medroso, mas determinado.

Ele sorriu quando voltei a olhá-lo nos olhos, concentrando todo meu
nervosismo em minhas mãos ainda cravadas em suas coxas fortes enquanto
esperava ele dizer mais alguma coisa.

Então, depois de parar de me acariciar para entrelaçar seus dedos aos meus
cabelos, Jungkook puxou os fios escuros, forçando minha cabeça a pender um
pouco para trás e expulsando um gemido por minha garganta.

— Você não sabe há quanto tempo eu quero foder sua boca, anjo... — Ele
disse, descendo seus olhos por meu rosto até pousá-los em meus lábios já
doloridos de tanto serem mordiscados.

Eu fechei os olhos, suspirando, delirando em antecipação só por me imaginar


fazendo no membro de Jungkook o que fiz em seus dedos, mas fui forçado a
voltar a olhá-lo quando sua mão, dessa vez, puxou minha cabeça para mais
perto ao mesmo tempo em que a empurrou para baixo, me fazendo entender
que eu devia sentar sobre minhas pernas dobradas.

Sentado no chão, com a cabeça entre suas pernas, eu ouvi ele dizer,
surpreendentemente sério no estado em que estávamos.

— Eu preciso saber se você ficar muito desconfortável.

Eu não descartava a possibilidade de algo assim acontecer, então assenti, com


o frio intenso em meu estômago. — Eu aviso...

— Sua boca vai estar ocupada, meu bem.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu pensei um pouco, sentindo seu músculo rígido sob minha mão e finalmente
encontrei algo. Eu posso avisar... — então dei dois tapinhas leves em sua coxa
com a mão direita, sem parar de olhá-lo, curioso. assim?

Jungkook assentiu, parecendo se esforçar bastante para manter a respiração


sob controle, e eu também tive que me controlar para não começar a
hiperventilar quando senti meu rosto ainda mais perto de seu membro.

Sem saber exatamente como começar, eu o segurei com minhas mãos e olhei
para Jungkook uma última vez antes de descer meus olhos até sua glande
inchada e então, finalmente, a toquei com meus lábios, sem conseguir fazer
nada além de praticamente dar um beijo um pouco sonoro antes de finalmente
tocá-la timidamente com minha língua.

Ouvir o suspiro de Jungkook em resposta a isso me incentivou a ir além, então


eu tentei colocá-lo dentro de minha boca, do mesmo jeito que tinha feito com
seus dedos antes, e então o succionei da forma que pude, porque chupar seu
falo era mais difícil que chupar seu indicador e médio juntos.

Mesmo assim, eu continuei, abrindo ainda mais a minha boca e movendo


minha língua para tentar acomodá-lo, ouvindo um suspiro mais alto e sentindo
meus cabelos serem puxados com mais força quando a textura áspera do
músculo deslizou por sua glande.

Ao perceber que Jungkook tinha gostado daquilo, eu voltei a erguer meus olhos
e fiz um gemido ricochetear contra seu membro quando percebi a forma como
ele me olhava dali de cima, com os cabelos escuros caídos sobre a testa, seus
olhos pretos parcialmente fechados, as narinas acompanhando sua respiração
pesada e parte de seu lábio inferior preso entre os dentes.

Depois de vê-lo dessa forma, eu não consegui mais parar de olhá-lo e me


esforcei ainda mais ao voltar a tocá-lo com a língua, repetindo os movimentos
que tinha feito em seus dedos, delirando ao perceber como suas reações se
tornavam mais intensas à medida que eu identificava os pontos mais sensíveis
e como estimulá-los com minha boca, sempre alternando com as sucções
quando eu o colocava mais para dentro.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
O desconforto era facilmente ignorável quando meus ouvidos atentos captavam
os suspiros incontidos de Jungkook, mas quando eu tentei forçá-lo além do que
já estava indo, quase sentindo sua glande tocar minha garganta, eu precisei
respirar fundo e empurrei minha língua contra o céu da boca exatamente como
ele tinha me ensinado.

Eu só não esperava que isso o fizesse soltar o primeiro gemido rouco e


arrastado, parecendo fazê-lo perder um pouco do controle quando puxou
minha cabeça outra vez, com seus dedos machucando meu couro cabeludo e
seu pênis estocando devagar contra a barreira criada por minha língua.

— Caralho, Jimin... que boca gostosa...

Eu quis gemer ao ouvir meu nome ser pronunciado daquela forma e o reflexo
fez minha língua relaxar, deixando que Jungkook se afundasse ainda mais em
minha boca com um movimento um pouco brusco. Então a ânsia voltou, com
mais intensidade, e eu senti que ia sufocar completamente.

Desesperado, eu pensei muito pouco antes de dar dois tapas em sua coxa.
Como num passe de mágica, Jungkook pareceu retomar o próprio controle e
afrouxou o aperto em meus cabelos, me deixando afastar minha cabeça até
que seu membro fosse colocado para fora com um fio de saliva ainda nos
ligando.

Eu passei as costas da mão pela boca, insatisfeito por não ter conseguido ir
além.

— Desculpa...

Jungkook me puxou pelo cinto, me fazendo ajoelhar outra vez e, antes que eu
sequer entendesse o que ele ia fazer, sua boca encontrou a minha e ele me
beijou. Foi um beijo quente, desesperado e um pouco desastrado, mas que se
encaixava tão bem.

— Você me deixa tão louco, Jimin...

Eu suspirei, alcançando sua boca outra vez, completamente necessitado


depois de ouvir sua confissão. Então a mão de Jungkook que estava em minha

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
cabeça desceu e me fez ficar de pé, forçando nossos lábios a se separarem,
mas me puxando para perto para beijar meu abdômen exposto.

Eu deixei minha cabeça tombar para trás quando ele passou sua mão livre
para a frente e tocou em meu membro sobre minha calça jeans ainda vestida,
apertando-o quando percebeu que eu estava duro de novo.

O couro que envolvia meu pescoço ainda fazia uma pressão gostosa enquanto
a mão de Jungkook me estimulava e sua boca distribuía mais beijos por meu
corpo. A combinação de cada toque me fazia delirar, mas então eu
choraminguei, insatisfeito, quando ele parou.

— Você está vestindo roupas demais, anjo — Ele disse, me olhando de baixo.

Eu senti meu estômago revirar ao entender o que ele queria. Estar sem blusa
já era constrangedor o suficiente, então eu nem conseguia imaginar como me
sentiria ao ficar completamente nu em sua frente.

Mesmo assim, eu me concentrei em não deixar minha respiração acelerar


demais e desabotoei minha calça, sentindo a insegurança se alastrar por cada
poro quando eu a abaixei junto com minha roupa íntima, usando meus próprios
pés para tirá-las completamente quando chegaram aos meus tornozelos.

Jungkook já tinha visto partes de mim, mas nunca tinha visto o todo. Por isso,
eu o olhei com expectativa, apertando meus lábios com medo de encontrar
decepção em sua expressão.

Mas, a despeito do meu medo, tudo que eu vi foi desejo correndo por suas íris
pretas enquanto ele lambia o próprio lábio e analisava demoradamente cada
pedacinho de mim, com suas mãos em minhas coxas e a faixa de couro do
cinto caindo pendurada na linha central do meu peitoral.

Eu resisti ao impulso de tentar me cobrir com meus braços e suspirei aliviado e


mais confiante quando ele me puxou para sentar em seu colo, então eu dobrei
minhas pernas uma de cada lado do seu corpo, apoiando meu joelho sobre a
superfície dura de madeira.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Como é que você consegue pensar que não é suficiente? — Jungkook
quase sussurrou, deslizando sua mão por minha perna, cintura e costas
enquanto sua boca se arrastava pela pele descoberta do meu pescoço. —
Você é tão lindo, Jimin...

Eu quis gemer de novo quando abracei seus ombros, puxando-o mais para
perto, mas não era um gemido provocado só pela sensação gostosa de seu
toque sobre minha pele sensível. Era algo que ia além do prazer do corpo,
trazido à tona pela forma como, não pela primeira vez, Jungkook deixava tão
claro o quanto me achava bonito.

Mesmo que eu não tivesse seus músculos, sua experiência ou sua segurança,
ele me admirava também, do mesmo jeito que eu o admirava.

Por isso, pouco a pouco parei de me concentrar na vergonha trazida por minha
nudez e me concentrei só em seu toque e em nossos corpos juntos sem
qualquer barreira entre eles.

Acima de tudo isso, nós dois ainda estávamos duros, então minha ereção
tocou a sua quando ele puxou meu quadril na direção do seu e, a partir disso,
não existia mais nada em minha cabeça além do desejo de seguir em frente.

— Calma — Ele disse contra meu pescoço, apertando minha cintura com força
quando eu me impulsionei de novo, tentando fazer meu membro tocar o seu
com mais força. — Devagar, dessa vez.

Eu apertei meus olhos e seus ombros, envergonhado por ser sempre tão
afobado, mas sendo obrigado a deixar isso de lado quando Jungkook me fez
ficar de joelhos ainda sobre ele e desceu sua mão até minha nádega, tocando-
a quase com cuidado enquanto eu empurrava minha ereção contra seu
peitoral, buscando um pouco de atrito.

— Como é que você se toca quando pensa em mim, anjo? — Ele perguntou,
subindo a outra mão pela lateral da minha coxa até segurar minha nádega livre.
Então ele apertou as duas simultaneamente e as afastou, puxando-as cada
uma para um lado.

— Hã? — Eu murmurei, atordoado,


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— Você se toca aqui? — Ele insistiu, ainda com as mãos cheias com minha
carne.

Eu neguei com a cabeça, enterrando minhas unhas em seus ombros quando


ele me puxou pela bunda, empurrando meu corpo contra o seu e esmagando a
ereção que eu tentava aliviar contra seu peito.

Então sua mão direita deslizou mais um pouco até que, minha nossa senhora,
eu senti seu dedo me tocando lá.

Jungkook massageou minha entrada, tocando-a com a ponta de seu dedo que
se movia em círculos pequenos e lentos, sem se forçar para dentro.

Mas só por algum tempo porque, depois de me fazer relaxar com seu toque
cuidadoso e experiente, e me fazendo descobrir como aquela região era
sensível, ele me penetrou com seu dedo médio, empurrando-o para dentro
enquanto eu expulsava um gemido um pouco surpreso.

— A partir de agora, você vai fazer isso — Ele disse, me invadindo cada vez
mais quando, a cada segundo, vencia a resistência involuntária do meu corpo.
— Entendeu?

Eu assenti, apertando os olhos com força quando ele estocou pela segunda
vez, com mais força que da primeira, fazendo uma queimação um pouco
dolorida se alastrar, mas aquela dor era gostosa e, combinada à sensação da
minha ereção esmagada contra sua pele quente e sua boca beijando minha
barriga novamente, eu sentia que estava no paraíso.

— De novo, Jungkook... — Eu pedi, desesperado, quando ele parou de me


penetrar e começou a movimentar seu dedo dentro de mim.

Eu senti seu sorriso contra minha pele logo antes de sentir ele se retirar só
para ir fundo outra vez, repetindo esses movimentos cada vez com menos
cuidado enquanto eu gemia também cada vez menos contido, empurrando
meu quadril e rebolando para senti-lo ainda mais dentro de mim.

Eu estava insano, nem conseguia deixar meus olhos abertos ou fechar minha
boca enquanto os sons arrastados fugiam por minha garganta e eu repetia seu

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nome a cada vez que uma nova sensação era descoberta. Mas parece que
nada disso passou de uma prévia do descontrole absoluto quando eu ouvi
Jungkook gemendo meu nome com sua cabeça pressionada contra meu
abdômen e vi, ao olhar para baixo, que ele estava se masturbando com a mão
firme e rápida.

Ouvir Jungkook dizendo meu nome daquele jeito e vê-lo se tocando com tanto
desespero por minha causa atiçou ainda mais meus sentidos e então eu fiquei
ainda mais sensível ao seu dedo me penetrando e ao meu pênis lambuzado de
pré gozo sendo estimulado enquanto eu estocava contra a pele de seu peitoral

— Jungkook... assim, ah, caramba, que gostoso... — Eu gemi, sentindo minha


voz falhar em uma sílaba ou outra, mas verdadeiramente incapaz de me
preocupar com isso.

Eu ouvi um rosnado baixo e suspirei com insatisfação quando ele tirou seu
dedo de mim e me forçou a sentar sobre suas pernas outra vez, com alguma
brutalidade, parecendo tão desesperado quanto eu mesmo me sentia. E antes
que eu pudesse reclamar por não senti-lo mais dentro de mim, enquanto uma
mão agarrava minha cintura com força, com a outra ele voltou a nos masturbar,
empurrando sua ereção contra a minha enquanto as segurava juntas.

Minha cabeça caiu para a frente e eu apoiei minha testa em sua bochecha
enquanto sentia seu gemido rouco se misturar ao meu sempre manso e agudo.

Eu sentia as veias inchadas do seu pênis derrapando contra as minhas, sua


glande úmida se chocando contra a minha também gotejante e nem pensei
antes de soltar seu ombro para levar minha mão até seu falo, querendo garantir
que Jungkook se sentia tão perdido de tesão quanto eu.

Então, num movimento rápido, ele passou a me masturbar enquanto eu o


masturbava, numa bagunça de gemidos e mãos que se chocavam enquanto
trabalhavam para dar um ao outro tanto prazer,

Mas enquanto eu me empenhava em usar meus dedos curtos para estimular


Jungkook com tanta habilidade quanto podia, ele sempre diminuía o ritmo

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quando ouvia meus gemidos mais intensos, me levando à beira do orgasmo
para me arrastar para longe dele antes que gozasse outra vez.

E essa tortura se estendeu até que ele mesmo pareceu chegar ao seu limite,
gemendo mais alto quando impulsionou seu quadril contra minha mão. Depois
de me negar alívio por tanto tempo, ele finalmente me estimulou até o fim,
fazendo o gozo quente escorrer junto com o gemido mais arrastado de minha
vida, quase sem forças, mas cheio da certeza de que eu nunca tinha gozado
tão gostoso antes.

Lutando para não deixar meu corpo ceder completamente, eu continuei


masturbando-o até que Jungkook também gozou pra mim, comigo, pela
primeira vez.

Seus dedos estavam dolorosamente enfiados em minha cintura, esmagando-a,


e o beijo que ele me deu ainda em meio ao seu último gemido tirou de mim as
últimas forças que me restavam.

Meu corpo amoleceu sobre o dele e eu sentia minha respiração queimar, mas
não deixei de sorrir quando o abracei, apertando minha bochecha contra a dele
enquanto meus braços enlaçavam seu pescoço. Pouco a pouco, as mãos
firmes dele também perderam a força e ele as deslizou para minhas costas, me
abraçando de volta logo antes de beijar meu ombro.

Por algum tempo, nós não dissemos nada e continuamos daquele jeito, unindo
nossas respirações para que se recompusessem. Quando isso aconteceu, eu
fiz uma careta, incomodado pela sensação em minha garganta.

— Minha boca ta seca... — Eu disse, baixinho, e senti o peito de Jungkook


balançar um pouco quando ele riu.

Então ele me afastou um pouco e, depois de tirar o cinto que ainda envolvia
meu pescoço, ele deu vários beijos em toda a pele que tinha sido tocada pelo
couro.

— Machucou? — Ele perguntou, sempre mantendo uma das mãos nas minhas
costas para sustentar meu corpo sem energia.

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— Só do jeito bom.

Jungkook sorriu, me dando um último selinho antes de me pegar no colo para


me deitar no colchonete aberto sobre o suporte de madeira. Depois, ele ficou
de pé e caminhou ainda nu até o banheiro, demorando um pouco até sair de la
com uma toalha úmida nas mãos e, por último, pegando a garrafa de água que
tinha sido deixada sobre o frigobar.

Quando se sentou ao meu lado, ele me deu a água e eu a tomei,


imediatamente sentindo o alívio de acabar com aquela sensação seca e
desconfortável em minha boca. Quando acabei, rindo por deixar escorrer um
pouco pelo meu queixo, Jungkook também bebeu um gole antes de colocar a
garrafa no chão, e então voltou a me deitar com cuidado para começar a usar a
toalha úmida para limpar meu corpo, tirando as manchas do meu gozo
misturado ao seu em minha barriga e dando beijinhos assim que terminava de
limpar um lugar antes de passar para o outro.

Por fim, ele dobrou a toalha e a colocou de lado antes de subir beijando todo o
caminho até meu rosto, onde deixou vários outros beijos em minhas
bochechas, testa, nariz e pálpebras.

Eu ri quando começou a fazer cocegas, pedindo que ele parasse, mas ao


mesmo tempo abraçando-o para mostrar que meus pedidos eram falsos.

Eu só senti o riso morrer quando ele finalmente beijou minha boca, deixando
meu sorriso fazer companhia ao seu enquanto nossos lábios e línguas se
tocavam com a calma que não existiu antes.

A sensação de estar tão feliz só por tê-lo perto era indescritível e, de repente,
eu me senti um pouco acuado ao lembrar de tudo que aconteceu nas últimas
semanas.

— Nunca mais suma por tanto tempo Eu pedi quando ele parou de me beijar,
mas continuou com seu corpo sobre o meu e encostou nossas testas. — Por
favor, Jungkook, nunca mais faça isso comigo...

Jungkook assentiu, roçando seu nariz no meu.

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— Eu prometo, anjo.

Eu o abracei com mais força e fechei os olhos, achando que poderia


descansar, mas ele tocou meu rosto antes que eu cedesse ao cansaço.

— Mas você também tem que prometer uma coisa. — Ele disse, calmo, me
fazendo olhar para ele outra vez. — Mais cedo você disse que não quer mais
nossa complicação...

— Eu não estava pensando direito — Eu o interrompi, um pouco afetado, com


medo que ele acreditasse que eu realmente me sentia daquela forma

— Me deixe terminar. — Ele rebateu, com a mesma calma de antes. — Eu sei


que as coisas são complicadas entre nós dois e sei que escolher me afastar
enquanto tentava me resolver com a Yoshikawa não foi minha melhor decisão,
mas eu juro que vou fazer o que estiver ao meu alcance pra que você seja feliz
comigo. Você só precisa prometer que não vai esconder de mim se eu falhar.
Se ser meu não te fizer bem, me deixe saber. Eu nunca mais quero ser o
motivo de sua tristeza.

— Se isso acontecer... — Eu murmurei, medroso. — Você vai me deixar?

— Não. Eu vou me esforçar ainda mais e só vou desistir quando você disser
que não me quer mais.

Eu sorri, um pouco melancólico. — Como se isso algum dia pudesse


acontecer...

— Aconteceu hoje. — Ele disse, me fazendo apertar os lábios com a


lembrança das loucuras que tinha dito mais cedo.- E eu não estou te culpando.
É algo que você deve fazer, se achar que é o melhor.

Eu assenti, sem acreditar de verdade que chegaria o dia em que Jeon


Jungkook não me faria feliz simplesmente por existir, mas determinado a fazer
o que ele me pediu caso chegasse ao extremo improvável de não querê-lo
mais.

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Ele então sorriu, satisfeito por me ver cedendo, e saiu de cima de mim para
deitar ao meu lado, mas também puxou minha cabeça até seu peitoral para
que continuássemos bem perto um do outro.

— Mas tem uma coisa me deixando triste agora. — Confessei, tocando em seu
abdômen. - E é porque você emagreceu muito...

Jungkook me apertou mais contra seu corpo, forçando minha pele nua contra a
sua de um jeito tão íntimo e carinhoso.

— Eu só gastei muita energia com tantas viagens e tanto trabalho. É natural


perder um pouco de peso, meu bem.

— Foi só isso? Então você comeu direitinho? — Insisti, desconfiado, erguendo


um pouco meu corpo para olhá-lo nos olhos.

Ele então suspirou, me mostrando um sorriso pequeno e reconfortante que


funcionou como uma confirmação às minhas suspeitas. — Eu vou voltar a me
cuidar melhor a partir de agora.

Eu uni minhas sobrancelhas, sério — É melhor mesmo. Eu vou ficar muito


bravo se você não fizer isso.

Jungkook riu e beijou o topo da minha cabeça antes de me olhar com a


expressão mansa. — Eu não quero te deixar bravo, anjo, então não se
preocupe.

Eu o olhei só mais um pouco antes de respirar aliviado e voltar a me deitar


sobre ele, aninhando ainda mais meu corpo contra o seu quando envolvi sua
cintura com meu braço e coloquei uma das minhas pernas sobre as suas.

— É tão bom ficar assim com você... — Eu disse, com os olhos fechados,
enquanto sentia seus braços me segurando perto e seus dedos me fazendo um
carinho gostoso nas costas. — Eu senti tanta saudade, Jungkook...

— Eu também senti sua falta, meu bem, todos os dias. Me desculpe por ter
demorado tanto...

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Eu neguei, esfregando minha bochecha em seu peitoral quentinho. — Não
precisa mais se desculpar, mas agora eu tenho que te contar tudo que
aconteceu durante esse tempo.

— Eu não quero saber tudo, Jimin. — Ele disse, com o incômodo aparente na
voz e eu soube no que ele estava pensando.

Mas falar sobre meu envolvimento com Jeonghan nem passou por minha
cabeça, na verdade.

— Quase tudo. — Corrigi, um pouco triste porque eu ficava louco só de pensar


em Jungkook com outra pessoa, então eu nem conseguia imaginar como ele
estava sentindo depois de me ver com Jeonghan na casa de Yukwon e, talvez
ainda pior, depois de ter sido comparado a ele.

Lembrando disso e da forma como Yukwon me fez perceber o quanto eu fui


idiota, eu reuni minhas forças para conseguir me afastar e olhar para Jungkook
outra vez, arrependido.

— Sobre o que eu disse mais cedo... — Eu comecei, sem saber muito bem
como terminar. — Me desculpa. Eu nunca deveria ter comparado vocês dois,
até porque o Jeonghan, no fundo, é só um amigo. Mas você... eu amo... — Eu
disse, sentindo minha voz morrer ao perceber o que quase confessei sem
pensar.

Os dedos de Jungkook se tencionaram em minhas costas e meu próprio olhar


se tornou um pouco assustado, então me corrigi rápido.

— Eu amo ficar com você de um jeito que só sua amizade nunca seria
suficiente.

Por algum tempo, Jungkook não disse nada, eu também não me manifestei,
mas tive a mais absoluta certeza de que minha respiração não foi a única a
ficar mais tensa quando eu voltei a me deitar, incapaz de olhá-lo depois do que
quase falei.

— Não vamos mais nos preocupar com isso. — Ele disse, enfim. — Mas
parece que você tem outras coisas pra me contar.

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— Ah, sim... — Eu respondi, ainda atordoado, demorando a encontrar a
concentração para começar a narrar quase todos os eventos da minha vida
durante o tempo em que estivemos afastados.

Minha falta de coragem não era por ter vergonha de fazer grande caso de
coisas pequenas, porque Jungkook não me condenava nem mesmo quando eu
narrava empolgado sobre Yukwon derramando café pelo nariz como se esse
fosse o tipo de evento mais importante do meu dia.

Entretanto, aquela nova atmosfera um pouco desconfortável pareceu me tomar


a capacidade de articular qualquer frase coerente, então eu demorei um pouco
até finalmente começar a narrar as minhas peripécias nas últimas sete
semanas.

Aos poucos, enquanto eu contava uma história e outra e ouvia a risada de


Jungkook em resposta, eu fui me sentindo confortável outra vez, até que me
senti confortável demais e, no meio da narrativa sobre Yukwon quase beijando
Yuta em um acidente na aula de educação física, acabei cedendo ao sono e
dormi.

Na manhã seguinte, eu acordei ainda abraçando o corpo de Jungkook e me


estiquei para pegar seu celular ao lado do colchonete para ver as horas.

Ainda era cedo, o que era incomum para mim, mas acredito que isso sempre
acontecia quando eu dormia com Jungkook porque meu inconsciente me
empurrava para fora do sono só para que eu pudesse ver um pouco mais da
cena bonita que era o seu rostinho sonolento.

Dessa vez, entretanto, ele não demorou muito para apertar as pálpebras com
mais força e respirar fundo antes de abrir os olhos inchados pelo sono. Ele
então virou para mim e um sorriso ainda preguiçoso apareceu em seu rosto
quando ele me viu já acordado.

O braço dele me puxou mais para perto e para cima e eu apertei meus lábios
com força quando ele me beijou, sem deixar que aquilo passasse de um
selinho.

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Ele riu quando percebeu o porquê da minha resistência em beijá-lo na boca e
então beijou meu pescoço, com um toque tão despretensioso que eu me senti
envergonhado por me arrepiar todo só com isso.

Jungkook passou o nariz por minha pele arrepiada e me deu mais um beijo ali,
sem tirar o sorriso da boca quando o fez.

— Bom dia, anjo.

— Bom dia... — Eu respondi, com a voz um pouco rouca pelo sono, e sorri
fraquinho quando ele me abraçou com mais força.

Nós dois ainda estávamos nus debaixo da coberta que Jungkook colocou sobre
nós no meio da noite, com o calor do seu corpo se misturando completamente
ao meu e me fazendo ter a certeza mais absoluta de que não existia jeito
melhor de acordar.

Ainda com meu corpo parcialmente sobre o dele e usando seu peito como
travesseiro, eu deslizei minha mão por sua barriga, com carinho, enquanto
sentia ele fazer o mesmo em minhas costas.

— Quando você vai embora? — Eu perguntei, com medo da resposta.

— Amanhã.

Eu só concordei com um movimento fraco, sabendo que não deveria esperar


mais que isso, mas disposto a aproveitar o pouco tempo que tínhamos.

— O que você quer fazer hoje? — Ele perguntou, então.

— Eu quero ficar assim por muito tempo. — Respondi, abraçando-o ainda mais
e sorrindo bobo quando senti seus pés brincando com os meus debaixo da
coberta. — Depois... quer sair pra comer comigo? Tô com vontade de comer
tteokbokki...

— Onde você quer comer?

— Tem um restaurante aqui perto — Eu disse, sentindo sua respiração no topo


da minha cabeça e as pontas dos meus dedos formigando enquanto eu
continuava desenhando formas abstratas em sua barriga — Ele abre bem
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cedinho e eu sempre passo por lá quando vou pra escola, então fico o resto do
dia morrendo de vontade de comer depois de sentir o cheiro — Confessei,
rindo um pouquinho.

— Hoje você não vai ficar com vontade, então. — Ele respondeu, com a voz
baixa, e eu suspirei quando sua mão desceu ainda mais por minhas costas.

Meus olhos fechados e a respiração cada vez mais lenta eram uma resposta
natural ao seu toque, mas eu estava me concentrando em não me deixar levar
ou logo teria uma ereção no meio das pernas.

Por isso, parei de mover minha mão em seu abdômen e inconscientemente o


apertei enquanto tentava convencer meu próprio corpo de que Jungkook só
estava me fazendo carinho e seria vergonhoso ficar excitado tão rápido só por
isso. Entretanto, quando o fiz, cravando minhas unhas em sua pele, ele
suspirou com um pouco mais de força e logo depois eu senti sua mão em
minha bunda, apertando de leve.

Com mais um suspiro, eu me impulsionei um pouco, encaixando minhas


pernas nas suas quando virei meu corpo até conseguir beijar o lugar onde
acabava sua tatuagem e então levantei um pouco meu rosto, tentando ver se
ele estava mesmo tão afetado quanto eu estava

— Jungkook... — Eu o chamei, manhoso, quando vi sua expressão já livre de


sono e seus olhos escuros me perfurando, de tão intensos.

Ele então desceu a outra mão por minha cintura e a segurou, me puxando até
que eu ficasse completamente em cima dele. Meus dedos subiram mais um
pouco, até que minhas unhas se cravaram novamente, dessa vez em seu
peitoral e Jungkook se moveu abaixo de mim, usando seu joelho para abrir
minhas pernas.

Num gesto automático, eu as dobrei um pouco mais para cima, aumentando o


peso do meu quadril sobre o seu, e a pressão pareceu provocá-lo ainda mais,
então no instante seguinte ele inverteu nossas posições, me jogando com as
costas apoiadas no colchonete enquanto ficou por cima de mim, passando uma
das mãos por minha coxa que abraçou seu quadril com mais força.

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Eu estava quente, inclinando minha cabeça sobre o travesseiro quando
Jungkook pressionou seus lábios abaixo do meu queixo e seguiu todo o
caminho pela linha da minha garganta, parando quando chegou ao ponto
sensível da união do meu pescoço com meu peito e nós dois ouvimos seu
celular vibrando sobre a madeira.

Ele grunhiu irritado e voltou a me beijar, parecendo disposto a ignorar a


chamada inconveniente, mas desistindo de fazê-lo quando o toque persistiu.

Jungkook então esticou a mão para pegar o celular, sem sair de cima de mim,
e eu também virei o rosto para ver o nome na tela.

Era Mina.

Ainda incomodado, ele atendeu a ligação e colocou a chamada em viva voz,


apoiando o telefone ao nosso lado quando voltou a apertar minha coxa e a
beijar minha pele.

— Jungkook? — Ela chamou e talvez fosse impressão, mas seu tom parecia
completamente diferente de quando eu o ouvi pela primeira vez.

Não tinha mais a mesma animação e leveza, parecia preocupação pura por
trás do sotaque discreto.

— Fale rápido.

— Você está ocupado?

— Sim, Mina. Rápido. — Ele insistiu, me matando de insatisfação a cada vez


que afastava sua boca de mim para respondê-la.

— Desculpa atrapalhar, mas é importante. — Ela retrucou e, dessa vez, eu


soube que não era impressão. Aquela mulher estava tensa. — Eu estou indo
para Londres agora.

— Agora? — Jungkook parou de me beijar, parecendo ser pego de surpresa.


— Espere mais um pouco, Mina. Segunda eu anuncio a quebra do contrato do
casamento. Se você for antes disso—

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— Eu sei. — Ela o interrompeu. — Eu sei, Jungkook. Mas eu não posso deixar
você se prejudicar tanto por causa da ambição do meu pai.

— O que você fez? — Ele perguntou, tenso,

— Eu enviei um documento anunciando a desistência por minha parte. Seu pai


já deve ter recebido, então... foi feito, Jungkook. Nosso noivado acabou.

— Mina, seu pai não vai te perdoar. — Jungkook disse, atordoado. — Você não
devia ter feito isso.

— Eu devia deixar você assumir sozinho todas as consequências? Ou desistir


da melhor oportunidade que já apareceu na minha vida? — Ela rebateu,
determinada. — Eu agradeço por você ter se esforçado tanto, de verdade, mas
esse não é um assunto só seu. Se você estava tão disposto a se sacrificar para
nos livrar disso, eu também tenho que estar. E é provável que minha família
nunca me perdoe, mas você ia perder muito mais se eu deixasse tudo em suas
mãos. Então me desculpe por não ter dito nada antes, mas eu não disse
porque sabia que você ia tentar me fazer desistir.

Jungkook já não estava mais sobre mim. Ele estava sentado, passando as
mãos pelos cabelos, tão frustrado quanto eu nunca o vi antes.

— Eu só quero te pedir uma coisa. — Ela continuou. — Por mais que tenha
sido ambicioso demais e nos tratado como moeda de troca, ele ainda é meu
pai. Então, por favor, não deixe ele se prejudicar tanto. Convença sua empresa
a fazer uma proposta razoável ou... qualquer coisa assim. Eu confio em você,
Jungkook.

Ele só passou as mãos pelo rosto, como se tivesse recebido a pior notícia do
mundo, mas eu não entendia o porquê. Aquilo deveria ser algo bom, não é?
Ele não precisaria mais colocar tudo a perder, então... por que?

— Eu vou te mandar convites quando fizer minha primeira apresentação, então


trate de arranjar um tempo para ir me ver, ok? — Mina voltou a falar, com a
animação na voz se perdendo atrás da tristeza que parecia querer esconder. -
E peça desculpas ao menino da voz fofa por tê-lo assustado dizendo que era
sua noiva. Eu não sabia que você era tão louco assim por ele, mas espero que
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seja reciproco. — Ela parou por mais algum tempo, antes de finalmente se
despedir. — Preciso embarcar agora. Tchau, ex-noivo.

A ligação então foi finalizada, mas Jungkook não se moveu nem mesmo um
centímetro e só continuou sentado na mesma posição, de costas para mim,
com o rosto afundado nas mãos e a respiração pesada.

Toda aquela atmosfera anterior a ligação tinha se dissipado e eu me senti


desesperado por vê-lo daquela forma, mesmo sem entender por que ele não
estava feliz.

E sem saber o que fazer para ajudá-lo, eu só agi por impulso e me sentei
também, me arrastando até parar atrás dele e envolvê-lo com um abraço
enquanto apoiava minha bochecha em seu ombro, torcendo para que isso o
reconfortasse.

— Não fica triste...

Ele suspirou e demorou até se virar um pouco para trás, só para me segurar
pelos braços e me puxar para que eu me sentasse em seu colo. Então ele me
abraçou de volta, com meu corpo um pouco desajeitado sobre suas pernas,
mas sem que eu ou ele nos importássemos com isso. Eu só deixei que
Jungkook continuasse com sua cabeça escondida em meu pescoço e esperei
até que ele se sentisse melhor ou conversasse comigo.

— Ela teve que abrir mão da própria família porque eu não consegui resolver
as coisas. — Jungkook disse, de repente, com a voz baixa como se estivesse
envergonhado. — Tudo que eu fiz minha vida toda foi me preparar para
situações como essa e mesmo assim... eu não cheguei nem perto de
conseguir.

Sem saber o que dizer, eu só o abracei mais forte, finalmente entendendo


porque ele parecia tão abalado com a nova notícia.

Jungkook sentia que tinha fracassado.

Eu conhecia bem essa sensação, mas nunca a experimentei nas proporções


que ele estava sentindo.

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Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa além de sentir meu coração
doer e abraçá-lo com força, seu celular voltou a tocar e, dessa vez, ele o pegou
já parecendo saber quem era antes mesmo de olhar para o visor.

Ele então atendeu sem colocar no viva voz, mas a pessoa do outro lado falou
tão alto que eu pude ouvir mesmo assim.

— Onde você está? — A voz do destruidor de frigobar ecoou pela ligação,


soando mais irritadiça do que em qualquer outra vez em que eu a escutei. —
Eu passei em seu apartamento e você não estava lá!

— Eu não cheguei em Seul ainda. — Jungkook respondeu, baixo, parecendo


estressado também.

— Você ainda está em Tóquio?! — Namjoon parecia cada vez mais alterado.
— Só não me diga que...

— Hyung, fale de uma vez o que você quer.

— Você está em Nam-gu de novo, não é? — Ele concluiu, como se isso


classificasse um crime imperdoável.

— Você ligou só para saber onde eu estou?

— Não, inferno. — Namjoon disse, agitado. — Ainda bem que sua última
proposta foi rejeitada pela Yoshikawa. Essa manhã nós recebemos um
documento anunciando a quebra do contrato do casamento pela parte deles,
mas você precisa vir para cá agora! Nós já marcamos uma reunião com os
acionistas para negociar a compra. Essa é a melhor hora, Jungkook, eles não
podem ser exigentes como antes!

— Quando?

— Hoje. Agora!

— Eu vou levar no mínimo sete horas para chegar em Seul, se tiver sorte. —
Ele disse, massageando a própria testa. — Não sei se algum trem parte agora
pela manhã.

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— Venha de avião. Dê um jeito de encontrar um vôo com lugares disponíveis
ou venha sentado no colo de alguém, mas esteja aqui! É pelo seu próprio bem
dentro dessa empresa, Jungkook, você sabe disso.

Diante do silêncio de Jungkook, Namjoon pareceu se acalmar e falou com a


voz mais baixa, me obrigando a me concentrar para entender.

— Eu vou tentar adiar a reunião, mas não te garanto mais que duas horas,
então faça o possível e o impossível para estar aqui antes disso.

— Eu vou tentar. — Jungkook disse, ainda tenso, e finalizou a ligação antes de


olhar para mim com os olhos preocupados. — Me desculpe, anjo...

Eu neguei, mesmo tão triste por ter que me despedir dele tão rápido. — Não
tem problema. Isso é importante.

Ele respirou fundo, com os lábios pressionados numa linha de insatisfação,


tristeza e preocupação, antes de me segurar pela cintura e me forçar a sair de
seu colo. Então eu o vi vestir a mesma calça da noite anterior antes de pegar o
notebook em sua mala

Eu continuei encolhido, cobrindo meu corpo com o lençol enquanto observava


em silêncio Jungkook revirar os sites de todas as companhias aéreas. No fim,
ele encontrou um assento disponível num vôo que partiria de Gwangsan-gu em
uma hora, e logo depois de comprar a passagem, eu o vi se arrumar de
maneira rápida.

Quando começou a passar o cinto pelos passadores da calça, ele olhou para
mim e pareceu perder o foco por um instante. Então, ainda agitado, Jungkook
juntou todas as minhas roupas no chão e as entregou para mim.

— Se vista rápido.

Eu fiquei um pouco confuso, mas não hesitei antes de começar a vesti-las.


Quando nós dois estávamos prontos, ainda com os cabelos bagunçados, ele
me puxou pela mão para fora do quarto enquanto também carregava sua mala
pequena. Na recepção, enquanto ele fazia o check-out, Hyelin nos olhava com
os olhos arregalados, mas não dizia nada.

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Por fim, nós finalmente saímos do hotel e ele parou, olhando para os lados.

— Onde fica aquele restaurante?

— É... — Eu balbuciei, ainda sem entender o que estava acontecendo, mas


acabei apontando para a rua à direita. — Pra lá.

Jungkook então voltou a me puxar, caminhando com as passadas largas que


eram dificilmente acompanhadas por minhas pernas mais curtas, até que
finalmente chegamos ao lugar que vendia o melhor tteokbokki da cidade.

— O senhor pode colocar duas porções pra viagem? — Ele perguntou assim
que o dono do restaurante, um senhorzinho simpático e franzino, saiu da
cozinha para servir a única mesa ocupada.

— Duas porções pra viagem saindo agora. — O senhor respondeu animado,


mas sem esconder o choque ao ver a mão de Jungkook entrelaçada à minha,
antes de caminhar de volta até a cozinha.

Sem perder tempo, Jungkook voltou até o pequeno caixa colocado na entrada
do restaurante e pagou pelo pedido antes de recebê-lo, se adiantando quando
também pediu que um táxi fosse chamado.

Com o tempo apertado, nós recebemos nossas porções separadas de


tteokbokki e, segundos depois, o táxi estacionou na frente do estabelecimento.

— Da próxima vez nós vamos comer juntos. — Ele prometeu quando o taxista
desceu para colocar sua mala no bagageiro do carro. — Mas eu disse que
você não ia passar vontade hoje, não disse?

Eu sorri um pouco triste, sentindo a angústia se tornar ainda maior quando ele
beijou minha testa num gesto de despedida.

— Eu preciso ir agora.

— Eu sei que você tem pouco tempo pra chegar lá, mas não pede pra ele
correr, tá? — Eu pedi, alternando meu olhar entre ele e o motorista. — Os
taxistas daqui são loucos...

Ele sorriu um pouco, me beijando na testa mais uma vez.


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— Eu preciso chegar vivo nessa reunião, anjo.

Eu concordei mais uma vez, com o coração apertado quando o vi caminhar até
o carro.

— Jungkook. — Eu o chamei antes que ele entrasse, e o vi se virar para mim,


apoiando a mão na porta aberta. Então respirei fundo, me concentrando para
mostrar meu melhor sorriso de apoio. — Eu sei que vai dar tudo certo. Você é o
melhor!

Ele riu e concordou com a cabeça antes de finalmente entrar no carro, e então
eu o vi ir embora mais uma vez.

Chateado por ter passado tão pouco tempo com ele, eu suspirei e sentei num
banco numa praça próxima para comer meu tão desejado tteokbokki. Depois,
pensei em voltar para casa, mas quando percebi já estava no apartamento de
Yukwon, porque eu precisava me ocupar.

As primeiras horas depois de me despedir de Jungkook sempre eram as


piores, então eu aprendi que ficar sozinho durante esse tempo sempre seria a
pior opção.

Quando Yukwon abriu a porta com a cara de sono e os cabelos mais


bagunçados que o normal, eu soube que ele tinha acabado de acordar.

— Veio arrumar a bagunça que seus convidados deixaram ontem, né? — Ele
disse, bocejando ao final. — Ainda bem.

— Ficaram até muito tarde? — Eu perguntei, um pouco assustado com a


bagunça em sua sala, mas mais assustado ainda quando vi Yuta dormindo em
seu sofá. — Ele passou a noite aqui?

— Descobri agora de manhã. — Yukwon respondeu, se arrastando até a


cozinha enquanto eu o seguia. — Folgado pra um caralho o bucetão.

Eu rì um pouco e me sentei num dos banquinhos de madeira da cozinha,


assistindo-o enquanto ele tirava uma caixa com restos da pizza da noite
anterior da geladeira.

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— E você tá fazendo o que aqui? — Ele perguntou, mordendo o primeiro
pedaço e apontando a fatia em minha direção. — Quer?

Eu neguei, me encostando na parede atrás dos bancos enquanto ele se


encostava no balcão da pia.

— Ficou tudo bem com o Jungkook. — Eu disse, cabisbaixo. — Mas ele já foi
embora.

— O puto é requisitado mesmo, né? — Yukwon murmurou, impressionado.

Eu assenti, com os lábios contraídos, então ele jogou um guardanapo


amassado em minha direção.

— Desfaz essa cara. Pelo menos você ainda vai poder transar com aquele
gostoso. Um gostoso vacilão, mas ainda gostoso pra porra.

Eu expulsei o ar pela boca, um pouco constrangido com as lembranças que


bombardearam minha mente.

— É, então, sobre isso... ontem você perdeu seu desafio e falou muito
palavrão, então agora você tem que recompensar e me responder sem
reclamar e sem debochar de mim.

— Mas xingar pode, né?

Eu assenti, batendo no banco ao meu lado para que ele se aproximasse.

— Então manda. — Ele incentivou, limpando os dedos engordurados de pizza


com a própria língua quando se sentou.

— Então, é que... — Eu pigarreei, ainda sem jeito. — Quanto tempo você


demora pra... sabe? Pra gozar?

Ele me olhou, um pouco surpreso, para depois claramente começar a segurar o


riso.

— Nunca cronometrei, não.

— Yukwon, é sério! — Eu resmunguei, frustrado. — Eu acho que tenho algum


problema!
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— Lá vem...

— O Jungkook mal toca em mim e eu já fico muito duro. Parece mágica, mas
isso nem é o pior! - Eu anunciei, contendo meus gritos em sussurros para que
Yuta não escutasse meu desabafo frustrado. — O pior é que eu também gozo
muito rápido!

— Ah, caralho, não rir agora é pior que não falar palavrão... — Ele resmungou,
passando a mão limpa pelo pescoço. — Ok, vamos por partes. Primeiro, que
bom que você fica duro, né? Pior seria se não ficasse. Segundo, você tem um
problema por gozar tão rápido, sim, e o nome desse problema é virgindade.
Quando eu era virgem qualquer roçada já me fazia jorrar porra por todos os
cantos, era uma loucura.

Eu cobri meu rosto com as mãos, rindo. — Você é tão explícito, meu deus...

Ele só deu de ombros e ficou de pé, esticando os braços para cima


preguiçosamente. — Era só isso?

— Acho que sim... — Eu respondi, seguindo-o para a sala novamente.

— Acha? — Ele retrucou, resmungando quando se sentou no chão, diante da


TV. — Nem posso sentar no meu sofá porque o bucetão não acorda, que
inferno!

Eu ri baixinho e me sentei ao seu lado, abraçando minhas pernas e olhando


para trás, para olhar para o rosto de Yuta.

Depois que Taeil foi embora da escola, ele começou a mostrar um outro lado
para nós e eu gostava desse novo Yuta, mas também me sentia um pouco
angustiado a cada vez que olhava para ele e percebia como, no fundo, ele
sempre foi tão frágil, mas eu nunca consegui perceber.

— Deixa ele dormir. — Eu disse, ainda controlando o tom de voz antes de virar
para a frente e ver que Yukwon tinha ligado a TV, mas o volume estava tão
baixo que eu nem tinha percebido antes de olhar.

E no fundo, apesar de estar sempre soltando farpas e declarando o quanto o


achava um incômodo, eu sabia que Yukwon o tinha aceitado também, porque
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
suas ações sempre iam contra as coisas que ele dizia. Ainda que de sua forma
torta, ele também cuidava de Yuta, do mesmo jeito que cuidava de mim e
Jeonghan.

— Eu acho que vou trocar o alargador. — Yukwon resmungou, de repente, e


eu o vi com o brinco numa das mãos enquanto o cheirava. — Esse tá com
cheiro de salgadinho de queijo.

— Bota na boca pra ver se o gosto tá igual também. — Eu disse, fazendo uma
careta. — Nojento.

Yukwon riu, não tão alto quanto costumava rir para não acordar Yuta.

— Não quer colocar um, também? Ou mais uns piercings na orelha?- Ele
sugeriu, enfiando o alargador de volta. — Um no mamilo ia ficar do caralho em
você.

— Credo, deve doer.

— Ou você pode ir comigo fazer uma tatuagem quando eu for fazer a próxima.
Pode tatuar um "Bem vindo, volte sempre" em cima da bunda.

Eu revirei os olhos, jogando uma almofada em seu rosto para ver se ele calava
a boca, Mas então algo me chamou a atenção, e não foi outro comentário de
Yukwon.

Foi o noticiário local que passava na TV. Na verdade, a legenda abaixo das
imagens na tela.

Afobado, eu me estiquei para pegar o controle e aumentar o volume, sentindo


meus batimentos ecoarem em meus ouvidos quando as imagens, a legenda e
a voz do repórter se uniram, confirmando o que eu queria que não fosse
verdade.

— O táxi seguia para Gwangsan-gu quando o motorista, que dirigia acima do


limite de velocidade, perdeu o controle sobre o carro e a colisão ocorreu com
um dos postes de energia da saída de Nam-gu. O motorista, de cinquenta e
quatro anos, teve alguns ferimentos leves e passa bem, mas o passageiro, de
vinte e três, foi levado desacordado ao Hospital Cheonnam.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Alguém precisa parar esses taxistas, cara — Yukwon resmungou, ainda sem
perceber o que eu já tinha percebido, mas então ele olhou para mim e viu que
algo definitivamente não estava bem. — O que foi?

Eu continuei olhando para a televisão, com o corpo inteiro tremendo, a cabeça


doendo como se estivesse sendo pressionada por uma bigorna e os olhos
arregalados, e não consegui responder.

Mesmo assim, eu sabia.

Jungkook era o passageiro que estava naquele táxi.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Enquanto Jimin não tem uma coleira e uma safeword a gente improvisa

Oi, tudo bom com vocês? E com o capítulo? Ficou grandão, mas isso nem é
novidade grrrr

já falei no mural mas vou dizer de novo: se. alguém. debochar. do. pet. play.
(improvisado). eu. apago. esse. capítulo!!!!!!!

Aconteceu em um capítulo lá no início e vocês não sabem como eu fico irritada


vendo as pessoas debochando!!!! respeitem os fetiches alheios ora bolas

Enfim, acho que muita gente fez Enem hoje. Espero que tenham se saído bem
(mas se não, lembrem que essa prova lixo não determina a capacidade de
ninguém) e que essa atualização pelo menos sirva pra vocês relaxarem um
pouquinho!

Ah, algumas pessoas me pediram pra mostrar como eu imagino o Jimin agora
com 18 e é mais ou menos assim (eu tenho vários gifs de todos os
personagens, depois faço um capítulo separado pra vocês verem também)

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
A próxima att sai lá pro dia 22 (me avisem se não gostarem de ficar recebendo
datas, tá? eu aviso pressupondo que vocês gostam kjkjk). Então até lá! <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
18 • Sine Qua Non

A imagem exibida na televisão mudou, dando início a uma outra reportagem.


Entretanto, diferente de como uma notícia rapidamente se transformava em
outra no noticiário, aquilo não mudaria.

Jungkook sofreu um acidente.

Eu nem piscava e, por sorte, respirar ainda era uma ação involuntária, ou meus
pulmões entrariam em colapso assim como minha mente.

— Viado, o que foi? — Yukwon perguntou, acho que pela quarta vez, com a
voz mais preocupada a cada vez que repetia seu questionamento, sem obter
respostas.

Eu fiquei de pé e olhei para os lados, perdido, incapaz de raciocinar.

— O hospital... — Eu murmurei, tão desesperado que nem mesmo conseguia


pensar numa forma de me deslocar até lá. — Eu preciso ir até o hospital...

– Espera ai — Yukwon me segurou quando comecei a caminhar em direção à


sua porta, precisando me apoiar na parede quando minhas pernas, fracas pelo
choque, quiseram falhar.- Por que você quer ir?

— Jungkook — Eu respondi, olhando-o com desespero. — Ele tava naquele


táxi, Yukwon... eu preciso ir...

Ele passou a mão pela cabeça e soltou um palavrão baixo antes de olhar para
Yuta ainda dormindo em seu sofá.

— Eu vou com você, espera só um pouco. — Ele anunciou, enfim, antes de


sumir em seu quarto.

Voltou pouco tempo depois, completamente vestido e com um bilhete escrito


num post-it que foi colado na testa de Yuta.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Depois nós saímos, e eu nem mesmo percebi quando Yukwon chamou um táxi,
quando informou nosso destino ou quando chegamos a ele. Minha cabeça
estava repleta de um assombroso nada, até que a ficha caiu de uma vez e
ainda no banco traseiro daquele carro, eu comecei a chorar.

— Porra, Jimin, calma! — Yukwon pediu, desesperado. — Ele provavelmente


tá bem, ok? Só tá dando mais um susto na gente!

Eu nem consegui responder. Eu desejava que Yukwon estivesse certo e fosse


só mais uma brincadeira maldosa do destino, mas no fundo eu me apavorava
com as possibilidades de Jungkook desacordado depois de um acidente.

E se ele não acordasse mais?

E se ele acordasse, mas não fosse mais o mesmo?

Eu não sabia exatamente quantos tipos de consequência um trauma na cabeça


poderia gerar, mas reconhecia que todos eram ruins, assim como sabia que
perder a consciência logo depois de uma pancada aumentava as chances de
qualquer uma delas.

Na recepção do hospital, nenhum dos meus medos foi confirmado, tampouco


descartado.

As enfermeiras se recusavam a me dar qualquer informação e não importava


quantas vezes eu fosse ao balcão e implorasse, ninguém me dizia nada, nem
me deixavam vê-lo.

Eu estava apavorado, hiperventilando, sem conseguir ficar parado enquanto


Yukwon brigava furiosamente com as duas mulheres na recepção.

Mais de uma hora já tinha se passado quando eu voltei até lá e apoiei meus
cotovelos sobre o balcão frio, unindo minhas mãos em sinal de súplica, com as
lágrimas já secas em meu rosto.

— Pelo amor de deus, eu imploro, só me digam se ele tá bem! — Eu pedi,


sufocado pela espera e pela incerteza.

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— Senhor, — uma delas recomeçou o mesmo discurso, insistindo em me
chamar formalmente ainda que eu fosse obviamente mais novo — nós já
dissemos que não podemos informar nada sobre o paciente a não ser que você
seja da família. São as regras.

— Ah, minha senhora, enfia essa regra no rabo! — Yukwon esbravejou,


enquanto eu afundava meu rosto em minhas mãos suadas, desolado.

— Eu só estou seguindo ordens, senhor. Tenha algum respeito e fale baixo,


isso ainda é um hospital.

— Eu já disse que nós somos próximos! — Eu insisti, apertando meus olhos


com as palmas das mãos, sentindo minha voz cada vez mais desesperançosa.
— Por favor, só me diz alguma coisa...

— Próximos como, senhor? — Ela repetiu a pergunta que tantas outras vezes
foi feita, mas eu não soube responder.

— Que mulher chata do inferno!

— Ele quem se recusa a responder. — Ela retrucou, escondendo sua


impaciência com a grosseria de Yukwon detrás do tom polido. — Eu não sei
que tipo de relacionamento existe entre o paciente e esse rapaz, então não
posso fazer nada por ele.

E esse era o problema. Ela não sabia qual o meu relacionamento com
Jungkook, e nisso eu e ela éramos iguais.

Nós não tínhamos um nome, nem existia uma definição para o que acontecia
entre nós dois. Em outras ocasiões isso não me incomodava, mas, ali, eu me
sentia perdido, sem saber o que responder, completamente travado por algo
tão trivial.

— Jimin, me segura ou eu vou dar na cara dela! — Yukwon bradou, passando


a mão na testa num gesto exagerado e irritado.

Eu fiz o mesmo que ele, inconscientemente, deslizando minhas palmas suadas


até puxar meu cabelo para trás. Então eu olhei para a mulher, cansado. Eu e

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook podíamos não ter um rótulo, mas eu pelo menos sabia o que ele era
pra mim.

— Se vocês não vão dizer nada de importante, por favor—

— Ele é meu homem! — Eu quase gritei, esganiçado, interrompendo-a.

As duas mulheres atrás do balcão se entreolharam, assustadas e surpresas, e


eu senti o olhar de Yukwon me perfurando enquanto eu tentava respirar
normalmente, com os punhos cerrados e o rosto quente como lava, nem sei
mais se de raiva ou vergonha.

O silêncio perdurou por mais alguns segundos de puro desconforto, até que
uma delas pigarreou, sem jeito.

— Eu vou falar com o médico responsável. Ela disse, mecanicamente, antes de


virar as costas e sumir por um dos corredores.

A outra, que permaneceu detrás da recepção, me olhou com as bochechas


avermelhadas logo antes de abaixar o rosto num gesto desajeitado e
constrangido.

Ótimo. Não contente em sentir vergonha sozinho, também fiz os outros se


envergonharem por mim.

Yukwon então apertou os lábios, empurrando-os para fora antes de puxá-los


para dentro.

— Isso foi tão vergonhoso quanto eu acho que foi? — Perguntei a ele num
sussurro cansado.

Ele abriu a boca, depois a fechou para só então finalmente falar. — Você já fez
coisa pior.

Eu concordei, aceitando isso como um consolo. Depois de uma lista infindável


de ações e comentários constrangedores, eu aprendi a dividi-los em duas
categorias: aqueles pelos quais devo me martirizar e os outros, pelos quais não
devo fazê-lo.

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Por isso, eu enfiei minha declaração fervorosa e esganiçada na segunda
classe, ignorando que todas as pessoas presentes na recepção me ouviram
gritando que Jungkook era meu homem.

E, de qualquer forma, fosse pelo constrangimento provocado ou não, isso


surtiu o efeito que eu esperava e, algum tempo depois, a mulher da recepção
retornou e gesticulou pedindo que nós a seguíssemos.

Quando paramos diante de um dos quartos do corredor extenso, ela parou com
a mão sobre a maçaneta e me olhou, suspirando.

— Você me fez quebrar as regras do hospital. — Ela disse, cansada. —


Parabéns por ser a pessoa mais insuportável que eu já vi em meus trinta e oito
anos.

Eu nem liguei. Insuportável eu não, eu finalmente ia ver Jungkook, caso aquilo


não fosse uma armadilha para me deixar trancado naquele quarto como
castigo por ser tão persistente.

Então ela finalmente abriu a porta, revelando um quarto branco, sem vida, e
meu coração quase explodiu quando eu vi Jungkook deitado na cama, ainda
desacordado, com um curativo pequeno na testa e um particularmente grande
em sua panturrilha apoiada em um segundo travesseiro.

Um médico e uma enfermeira estavam posicionados ao seu lado, checando


algo, e ambos olharam para mim e para Yukwon quando a mulher da recepção
nos anunciou.

— São eles, doutor. Boa sorte.

O homem de meia idade sorriu em agradecimento e voltou a olhar para nós,


suspirando quando ela foi embora.

— Parece que vocês estavam dando um pouco de dor de cabeça aos


funcionários. — Ele disse, bem humorado, mas parecendo um pouco
incomodado.

Eu olhei para ele, quase prendendo a respiração, antes de voltar a olhar para
Jungkook deitado naquela cama, com os olhos fechados, a respiração lenta e o
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
corpo coberto por uma camisola do hospital, e então nada mais passou em
minha cabeça.

Eu só quebrei a distância até ele e parei ao seu lado, com a garganta


queimando, então olhei para cada pedacinho dele tentando me certificar de que
não existiam outros machucados além dos que já tinham sido tratados e
cobertos pelos curativos.

Ainda angustiado, eu olhei para o médico outra vez, suplicando com o olhar. —
Ele vai ficar bem?

Talvez fosse o desespero óbvio em minha voz e possivelmente no meu rosto,


mas ele só hesitou por pouco tempo antes de balançar a cabeça suavemente.

— Ele já está bem. Nós tivemos que dar alguns pontos na perna para fechar
um corte aberto quando ele foi tirado do carro, mas não aconteceu nada de
mais grave.

Eu fechei os olhos inconscientemente, com cada canal do meu rosto ardendo


pela vontade instantânea de chorar de alívio, mas eu me controlei e voltei a
olhar para o médico, sem nem perceber quando minha mão alcançou a de
Jungkook e começou a acariciá-la.

— Ele vai demorar pra acordar? — Eu perguntei, mesmo sabendo que não era
algo que ele poderia prever com exatidão.

— Ele já acordou, mas estava muito agitado e nós tivemos que aplicar um
relaxante para poder tratar dos ferimentos e fazer alguns exames, então ele
acabou dormindo outra vez.

Eu mordi meu lábio, preocupado. — Ele tinha que estar num vôo para Seul
agora. — Eu expliquei o motivo da agitação de Jungkook, mas o médico ficou
com os olhos confusos por trás das lentes dos óculos redondos.

— Não acho que foi isso. — Eu ouvi ele dizer, calmo.— Ele só continuava
repetindo que precisava avisar a algum Jimin que estava bem. Você sabe de
quem ele estava falando?

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Dessa vez, então, eu não pude mais controlar. Meu peito inteiro ficou tão
apertado, pequeno demais para tudo que eu estava sentindo, enquanto minha
mente falhava em processar que eu tinha sido o primeiro pensamento e a
primeira preocupação de Jungkook depois de acordar.

— Sou eu. Eu sou o Jimin dele.

O médico ponderou por um instante, antes de trocar olhares com a enfermeira,


brevemente.

— Deixa eu ficar aqui com ele. — Eu pedi, talvez tenha implorado. — Por favor,
não me força a ficar longe do Jungkook agora...

— Até que o paciente autorize especificamente a entrada de outras pessoas,


eu só posso liberar a permanência de familiares, — Ele disse, empurrando os
óculos sobre a ponte do nariz. — mas eu vou abrir uma exceção. Só preciso
que se comportem ou eu vou ter problemas.

Eu assenti fervorosamente, concordando, antes de curvar meu corpo em


agradecimento, repetindo um obrigado atrás do outro,

Depois ele finalmente saiu, acompanhado da enfermeira que só se manifestou


ao final, dizendo que deveríamos informar assim que Jungkook acordasse.

Então, ignorando a presença de Yukwon, eu olhei para o rosto pálido de


Jungkook e toquei em sua bochecha com meus dedos que ainda tremiam,
deslizando-os com cuidado pela pele sem cor até que o segurei com as duas
mãos e me inclinei para beijar sua testa,

A respiração presa em minha garganta era um lembrete ainda incômodo sobre


como eu não estava pronto para descobrir que algo pior podia ter acontecido a
ele. Aqueles instantes que passei remoendo a possibilidade de todas as coisas
ruins que poderiam ter se ocasionado depois daquele acidente foram ainda
piores que tudo que eu senti quando ele sumiu, acreditando que o tinha
perdido.

Isso me deu a mais absoluta certeza de que eu estava completamente


despreparado para vê-lo saindo de minha vida, mas até mesmo isso eu poderia

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suportar. A única coisa que eu não suportaria seria descobrir que não só eu
perdi o homem maravilhoso que Jungkook é, mas o universo inteiro também.

Talvez eu já soubesse, mas aquela foi a minha confirmação. O mundo inteiro


podia desabar, mas eu me recuperaria desde que Jungkook continuasse bem.

— Você sempre me assusta tanto... — Me lamentei, dessa vez beijando sua


bochecha, e então a toquei com a ponta do meu nariz, ainda inclinado sobre
ele. — Mas desse tipo de medo eu não gosto, então não faz mais isso...

— Eu disse que o salafrário só tava assustando a gente de novo — Yukwon


disse, de repente, e eu o vi carregar uma das duas cadeiras que
acompanhavam a mesa pequena no canto do quarto e colocá-la atrás de mim.
— Eu sei que você não vai sair de perto dele, então pelo menos fique sentado.

Eu arrumei minha postura para olhá-lo, então sorri um pouco em


agradecimento e me sentei, nunca afastando minhas mãos de Jungkook, como
se tivesse medo que ele fosse evaporar caso eu parasse de tocá-lo por um
segundo.

— Você quer que eu fique ou quer privacidade pra chorar de alívio? — Yukwon
perguntou, depois, e eu ri um pouco.

Apesar de querer dizer que ele podia voltar para casa, eu o olhei, um pouco
envergonhado. Eu ainda não tinha tomado banho, nem mesmo escovado os
dentes, e apesar do desconforto causado por isso, não teria coragem de sair
de perto de Jungkook.

— Você pode passar na minha casa e pegar umas roupas? — Eu perguntei,


apertando um pouco os lábios por não querer pedir favores demais. — E minha
escova de dente também...

Ele me olhou desconfiado, com o cenho franzido ao redor dos olhos, mas não
era por estar incomodado com o meu pedido,

— Agora que eu percebi que você tá usando a mesma roupa de ontem... — Ele
murmurou, concentrado, como quem junta as peças de um quebra cabeças. —
A noite foi boa mesmo, hein, safado?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu voltei a olhar para Jungkook, segurando sua mão outra vez, e sorri fraco ao
lembrar das últimas horas. De tudo. Não foi só a lembrança do que Yukwon
pressupunha ter acontecido, mas a lembrança de dormir ao lado dele, com
nossas peles se tocando, e de acordar vendo o seu sorriso.

— Você automaticamente parece um retardado quando olha pra ele. —


Yukwon provocou, já caminhando até a porta. — Vou pegar suas coisas. Pode
me agradecer dando detalhes sobre o que aconteceu ontem, quando eu voltar.

Eu gesticulei preguiçosamente antes que ele saísse, e então me arrumei sobre


a cadeira para poder inclinar meu corpo sobre o colchão e deitar minha cabeça
em meu braço, com a mão de Jungkook ainda entrelaçada à minha.

Dali até que Yukwon retornasse, eu mudei minha posição tantas vezes que
perdi as contas, mas em nenhuma delas saí de perto de Jungkook ou deixei de
prestar atenção a ele.

Mesmo sabendo que ele estava bem, eu não ficaria verdadeiramente


tranquilizado enquanto não o visse abrindo os olhos. Além disso, outra coisa
me preocupava, não tanto quanto o estado de sua saúde, mas o suficiente para
não me deixar relaxar. A reunião.

A forma como Namjoon declarou, tão resoluto, o quão importante era para
Jungkook chegar a tempo fazia algo dentro de mim morrer, provavelmente o
último fio de tranquilidade que eu ainda pudesse ter.

Eu estava preocupado e me senti uma fraude quando percebi que, depois de


anos, aquela era a primeira vez que eu rezava. Mas eu sabia que não podia
fazer nada para ajudá-lo, então eu juntei todas as minhas esperanças numa
oração e esperei que algum deus ouvisse meus pedidos desesperados para
que, no fim, tudo ficasse bem com Jungkook.

Eu não suportaria vê-lo triste.

E só depois de uma espera que passou lenta demais, Yukwon reapareceu no


quarto e me entregou uma bolsa pesada. Eu a abri quando ele caminhou para
se sentar na última cadeira livre e vi que ele lembrou de colocar tudo que eu
precisaria para passar dias no hospital, se preciso, inclusive meu celular que
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
estava esquecido no meu quarto desde que eu saí para a minha festa no seu
apartamento.

— Sua mãe quase desmaiou quando eu disse que você estava aqui no
hospital. — Ele disse, preguiçoso. — Dai quando eu disse que você tava aqui
por causa do Jungkook, ela quase desmaiou de novo, mas acho que foi de
raiva.

Eu suspirei e apoiei a bolsa no chão, ao lado da minha cadeira. Essa era uma
preocupação que eu gostaria de deixar para depois, mas que se juntou às
outras assim que Yukwon começou a falar.

Depois de permitir que eu me relacionasse com Jungkook, todos os


sentimentos positivos que minha mãe tinha por ele sumiram assim que me viu
chorando pela primeira vez depois de descobrir que ele tinha uma noiva.

Mesmo que eu não tenha dito a ela sequer uma vez que Jungkook era o motivo
do meu choro que se estendeu por dias, ela soube. Intuição de mãe ou não, a
minha teve certeza de que ele era a causa da minha dor, e então toda sua
aprovação se transformou em discursos recorrentes sobre não aceitá-lo
comigo, não mais.

— Ela tava a ponto de bater em mim. Yukwon completou, exagerado. — Eu


devia receber um bônus por periculosidade.

Eu ri um pouco, aliviado por ele estar de volta. Yukwon sempre soube me fazer
rir, ou pelo menos mantinha minha cabeça ocupada para que eu não perdesse
o juízo pensando em coisas ruins.

— Você pode ficar aqui mais um pouco? — Eu pedi, olhando para ele. — Você
sabe que eu vou começar a pensar besteira se ficar sozinho...

Ele revirou os olhos e ficou de pé, então arrastou sua cadeira até parar ao lado
da minha. Quando se sentou outra vez, ele esticou as pernas e apoiou os pés
no espaço livre da cama de Jungkook.

— Claro que sei. Vamos manter essa cabecinha ocupada — Ele disse,
ignorando minhas tentativas falhas de tirar seus pés do colchão, e então me

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mostrou uma expressão pensativa. — Parece que chegou a hora de começar a
falar sobre o que te fez achar que sofre de ejaculação precoce...

Eu parei de tentar puxar suas pernas e o olhei, inconformado. — Sério,


Yukwon? Você acha mesmo que essa é a melhor hora pra falar disso?

— Eu acho que não rolou penetração, você tá andando direitinho... — Ele


ponderou, fingindo não ouvir minha repreensão. — Então o que foi? Ele bateu
uma pra você? Te chupou? Na bunda ou no pau?

Eu deixei fugir um som desagradável pela garganta antes de responder,


emburrado, entredentes. — Ele se esfregou em mim.

Yukwon gargalhou. — Pau com pau? Que delícia.

— É só que nós dois ainda estávamos vestidos. — Confessei, ainda falando


muito baixo. — E eu gozei assim — Estalei meus dedos, suspirando.

— Então você deu uma de ligeirinho, gozou dentro da roupa, e aí? Ficou por
isso mesmo?

— Ele arqueou as sobrancelhas, à espera de mais. — Detalhes, Jimin, eu


quero detalhes. Eu olhei para o rosto de Jungkook, incapaz de acreditar que
Yukwon realmente estava me fazendo falar sobre aquelas coisas enquanto ele
estava desacordado numa cama de hospital.

— Ele fez uma coisa com o cinto... — Eu continuei, a contragosto. — Botou


aqui, como uma coleira — Disse, apontando pro meu pescoço. — E eu gostei.

— Sempre soube que você ia gostar dessas coisas. Minha intuição não falha
— Se vangloriou, com um sorriso pequeno, meio convencido.

Eu o ignorei. — Depois... ele me ensinou a chupar. — Eu mostrei meus dedos,


os mesmos que Jungkook tinha colocado em minha boca. — Você sabia que
empurrar a língua no céu da boca ajuda a controlar a ânsia?

— Me respeita, enrustido, que quando você tava chupando chupeta eu já tava


chupando pau — Ele resmungou com uma risada seca, incrédula. — É claro
que eu sei!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Bufei, irritado, mas continuei. — E aí eu chupei o... dele.

Yukwon finalmente pareceu se interessar, e então tirou os pés de cima da


cama de Jungkook e inclinou o corpo para a frente, com a cabeça levemente
tombada para o lado.

— É grandão mesmo? — Ele perguntou. — E você chupou direito?

— Eu não vou falar sobre o tamanho! - Resmunguei, incrédulo. — E não sei se


fiz direitinho, mas ele disse que minha boca era gostosa — Relembrei,
apertando meus lábios para reprimir um sorrisinho vitorioso. — E o gemido
dele, Yukwon... meu deus...

— Que vontade de transar — Ele revelou, deixando a cabeça cair para trás
antes de voltar a olhar pra mim. — Mas você gostou de chupar pau? Mais
gostoso que chupar picolé, né?

— Eu fiquei duro de novo quando tava chupando, me deu muito tesão, mas eu
acabei engasgando... — Me lamentei, envergonhado.

Yukwon se inclinou para dar um tapinha de consolo em minha coxa. — Ele


deve ter um pauzão mesmo, até eu engasgaria.

Eu o empurrei, rindo mais um pouco. — Idiota.

Yukwon também riu, se arrumando novamente sobre sua cadeira, mas então
ele olhou para Jungkook e arregalou um pouco os olhos. Assustado, eu virei
meu rosto imediatamente, e toda minha preocupação pareceu ser reduzida a
nada quando eu o vi apertando os olhos antes de abri-los.

Eu fiquei de pé imediatamente, tão afobado que quase derrubei minha cadeira,


e me aproximei ainda mais.

— Jungkook? — Eu o chamei, tocando em seu rosto, e ele deixou escapar um


som um pouco desconfortável quando tentou se mexer, então eu o segurei. —
Eu vou chamar a enfermeira! — Anunciei, aflito, mas senti sua mão segurar
meu pulso antes que eu me afastasse.

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Então parei, mesmo que seu toque ainda estivesse um pouco fraco, e deixei
meu corpo seguir seu pedido quando ele me puxou. Inclinado sobre ele outra
vez, ele me abraçou da forma que foi possível, com sua mão em minhas costas
e sua respiração quente acertando meu pescoço.

— Anjo... — Ele me chamou com a voz arrastada, me abraçando com um


pouco mais de força, mas eu me mantive firme para não machucá-lo com meu
peso.

— Você tá bem? — Eu perguntei, me afastando para poder olhar para seu


rosto. — Tá sentindo dor?

Jungkook ignorou minha pergunta, erguendo sua mão ainda sem muita força
até que seus dedos tocassem a parte abaixo dos meus olhos que eu ainda
sentia um pouco inchadas pelo choro de preocupação e angústia.

— Eu te deixei preocupado de novo — Ele se lamentou, com a feição triste, e


eu juntei suas duas mãos com as minhas, então as beijei devotamente,
negando uma única vez com a cabeça.

— Você tá bem, então não tem problema. — Retruquei, beijando suas mãos
mais uma vez.

— Eu só vou chamar a enfermeira e já volto, ok?

— Fica aqui. — Ele pediu, sem me soltar.

— Eita grude do caralho — Yukwon resmungou, caminhando até a porta do


quarto. — Deixa que eu chamo!

Eu ri, constrangido, e voltei a olhar para Jungkook. Então segurei seu rosto e
beijei sua bochecha tantas vezes que ele acabou soltando uma risada ainda
um pouco fraca enquanto suas mãos me seguravam perto.

— Essa risadinha é a coisa mais linda que eu já ouvi. — Eu disse, intercalando


minhas palavras com mais beijos sobre sua pele morna.

Jungkook riu mais um pouco e se vingou quando virou seu rosto para beijar
minha boca, mas eu me afastei imediatamente, cobrindo-a com a mão.

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Eu deveria ter escovado os dentes quando ele ainda estava dormindo.

Mas antes que eu sequer reagisse ao sorriso desafiador de Jungkook, Yukwon


entrou no quarto acompanhado da mesma enfermeira de antes, e eu me
mantive no mesmo lugar, um pouco afastado.

Durante os instantes seguintes eu vi a mulher fazer algumas perguntas, um


pouco incomodado por perceber como ela sempre demorava algum tempo
olhando para Jungkook antes de preencher a ficha com as respostas

— Anjo — Ele me chamou, com a enfermeira ajustando a inclinação de sua


cama para poder servir sua comida depois de fazer algumas recomendações
sobre os cuidados que ele deveria ter com as suturas da ferida na lateral de
sua canela.

— Oi. — Eu respondi, um pouco emburrado,

Não era culpa de Jungkook, é claro, não existia sequer um motivo para ficar
chateado com ele, mas a forma como aquela mulher continuava olhando-o e
tocando-o desnecessariamente me irritava.

— Você pode pegar meu celular? — Ele pediu, apontando para a mala que já
tinham colocado no quarto desde antes da minha chegada.

Eu assenti e fui até onde ela estava, então peguei o telefone num dos bolsos
pequenos e me arrastei de volta até entregar a ele. Mas antes de pegar seu
celular, Jungkook segurou meu pulso outra vez. Quando ele me puxou, eu fui
pego de surpresa e recebi desastradamente um selinho seu em minha boca.

— Obrigado. — Ele disse, então, com um sorriso pequeno.

Ainda um pouco surpreso, eu demorei alguns segundos para perceber que a


enfermeira pareceu ficar desconcertada, então terminou o que tinha que fazer
sem toda a demora proposital de antes, e se curvou antes de caminhar para
fora do quarto.

Só então eu percebi o porquê de Jungkook ter me beijado tão de repente, e eu


abaixei meus olhos antes de erguê-los outra vez, mordendo meu lábio para não
evidenciar um sorriso tão grande de agradecimento.
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— A bicha ficou toda vermelha — Yukwon riu, se espreguiçando. — Eu vou
voltar pra casa, não confio em deixar o bucetão sozinho lá. Qualquer coisa me
ligue - Ele disse e então gesticulou com tédio para Jungkook antes de sair
outra vez, definitivamente,

Então eu suspirei e olhei para Jungkook. A enfermeira já tinha deixado uma


camisola limpa para que ele pudesse trocar quando tomasse banho e eu já
tinha escutado com atenção todos os cuidados que ele deveria ter com os
curativos, mas antes de perguntar se ele precisava de ajuda, eu queria que ele
comesse a refeição servida na bandeja atrelada à cama. Entretanto, ele só
empurrou um pouco a mesa móvel, afastando-a com uma feição de desagrado.

— Você tem que comer. — Eu disse, arrumando a bandeja outra vez.

— Eu odeio comida de hospital. — Jungkook retrucou, parecendo um pouco


insatisfeito com a nova inclinação da cama.

— Mas não é pra gostar. — Resmunguei, puxando minha cadeira para sentar
mais perto e então tirei um pouco do arroz com a colher, levando-a até a boca
dele. — É pra ficar saudável.

Jungkook me olhou e eu precisei me concentrar muito para não rir de sua


expressão igual à de uma criança emburrada.

Mas apesar da vontade de rir de sua reação incomum, eu estava falando sério
e ele pareceu perceber isso, então aceitou, ainda a contragosto, a porção que
eu separei, mastigando-a preguiçosamente.

Sem questionar se ele ainda queria que eu continuasse levando a comida à


sua boca, eu o fiz. Já fazia mais de um ano, mas eu ainda lembrava muito bem
de quando ele fez o mesmo por mim numa demonstração despretensiosa de
cuidado.

Ali, era minha vez de cuidar dele, e eu me senti feliz em perceber que, apesar
de ser sempre desastrado, eu consegui dar cada porçãozinha sem sujá-lo todo,
mas também sem ouvir qualquer reclamação quando acabava derrubando um
ou outro grão de arroz. Jungkook só aceitou minha ajuda e me deixou cuidar

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dele do meu jeito um pouco atrapalhado, com sua mão acariciando meu pulso
livre durante cada segundo.

Quando ele acabou, sem reclamar nenhuma outra vez sobre o gosto da
comida, eu sorri orgulhoso e dei um beijo na maçã do seu rosto antes de
finalmente afastar a bandeja.

— Eu preciso tomar um banho. — Então anunciei, um pouco envergonhado,


depois de tentar arrumar o travesseiro para que ele não ficasse tão
desconfortável, já que eu não sabia regular a inclinação da cama. — Você quer
ir primeiro?

Jungkook respondeu com um gesto lento, assentindo, e eu me apressei


quando ele começou a sair da cama sozinho. Ele gemeu um pouco quando
apoiou a perna ferida no chão, então eu fui rápido em passar seu braço pelo
meu ombro, angustiado por vê-lo sentindo tanta dor.

— Cuidado... — Eu pedi, passando um braço por suas costas e apoiando a


outra mão em seu abdômen para ajudá-lo a se equilibrar melhor.

Então eu o carreguei até o banheiro do quarto e ele se apoiou nas barras de


metal nas paredes. Outra vez, sem perguntar, eu continuei ajudando-o.

Tirei sua roupa, primeiro, deixando ele apoiar seu peso em mim para não forçar
a perna que tinha levado os pontos. E diferente da noite anterior, quando eu fiz
exatamente a mesma coisa ao tirar cada uma de suas peças de roupa, dessa
vez não existia sequer um lampejo de excitação em mim. Não porque ele não
me atraía naquele momento, mas porque eu estava tão concentrado em cuidar
dele que nem mesmo sua nudez foi capaz de me distrair.

Depois, eu o fiz se sentar no banquinho plástico na área do banho e usei o


chuveiro móvel para lavar seu corpo, tomando todo o cuidado possível para
não molhar as suturas dos seus pontos.

Então eu lavei seu cabelo, rindo um pouco quando a espuma do meu shampoo
de morango começou a cair em seus olhos, e Jungkook continuou com as
mãos em minha cintura, dando eventuais beijinhos na minha barriga

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Por último eu o sequei e o ajudei a se vestir, sorrindo bobo quando senti o
cheirinho de fruta no seu cabelo ainda molhado, e ele escovou os dentes
enquanto eu usava a toalha para tentar tirar o excesso de água dos seus fios
para que ele não ficasse resfriado.

— Você é bom nisso — Jungkook disse, de repente, quando eu caminhei de


volta com ele até a cama, andando devagar para não fazê-lo sentir mais dor.

— Hm? Em que?

— Em cuidar de mim. — Respondeu, com o sorriso pequeno e os olhos cheios


de carinho.

Eu sorri também, ajudando-o a se deitar e tomando cuidado especialmente


com sua perna ferida quando a coloquei sobre o travesseiro extra.

— Só estou retribuindo o que você já fez por mim várias vezes. — Eu disse,
então, cobrindo seu corpo com o lençol fino antes de dar um beijo em sua testa
e me certificar de que ele estava confortável. — Eu já volto, tá?

Ele assentiu, calmo, e eu fui rápido em voltar ao banheiro e tirar a roupa que
ficou molhada enquanto eu dava banho nele para então me lavar também.

Depois de finalmente tomar o primeiro banho do dia, escovar os dentes e vestir


uma roupa limpa, eu me senti muito mais confortável, mas senti meu pequeno
sorriso de satisfação morrer quando voltei ao quarto e vi Jungkook mexendo
em seu celular com a expressão preocupada.

— Vai ficar tudo bem? — Eu perguntei, apertando meus dedos uns contra os
outros, ainda em pé.

Ao perceber que eu estava ali, a expressão de Jungkook se suavizou e ele


sorriu para me tranquilizar, mas eu já o conhecia bem o suficiente para saber
que aquele sorriso não era sincero.

— Vai, anjo. Não se preocupe.

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Eu abaixei meus olhos, ansioso. — Eles já sabem o que aconteceu? Você
sofreu um acidente, então não é culpa sua ter perdido a reunião. Eles não
podem te prejudicar por isso...

— Os médicos encontraram o número de emergência em minha carteira e


entraram em contato assim que dei entrada aqui no hospital. — Jungkook
disse, com a voz calma.

— Eles já sabem, então não precisa pensar muito nisso.

Com um suspiro, eu deixei claro que não estava mais tranquilo. Na verdade, o
mais prejudicado de toda a situação continuaria a ser Jungkook, mas ainda
assim ele estava preocupado em me acalmar.

— Eu vou dar um jeito, meu bem. — Insistiu, ainda sem se alterar diante da
minha preocupação— - Você não disse que eu sou o melhor? Então confie em
mim. — Ele disse, com uma entonação brincalhona.

Mesmo ainda ansioso, eu concordei com um movimento tímido. — Eu confio,


sim.

Jungkook sorriu de novo e então gesticulou com a mão, discretamente. —


Agora venha aqui. Não gosto quando você fica tão longe.

Eu inflei um pouco minhas bochechas, tentando me controlar para não mostrar


uma mudança tão óbvia na minha expressão, mas a verdade é que eu senti
todos os meus músculos tensos relaxarem e dei a volta na cama até me sentar
na cadeira novamente.

Então, tomado pelo cansaço que tinha sido ignorado até aquele momento, eu
deitei minha cabeça no espaço livre ao seu lado, na cama, e virei meu rosto
para continuar olhando para ele.

Quando senti seus dedos me fazendo carinho na cabeça, eu suspirei outra vez.

— Eu não sei o que faria se algo pior acontecesse com você, Jungkook.

Ele continuou me acariciando, com a expressão suave. — Você cuidaria de


mim do mesmo jeito que está cuidando agora, então eu sei que eu ficaria bem.

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Eu fechei meus olhos e sorri, assentindo.

— Eu sempre vou cuidar de você.

Jungkook não disse mais nada, mas eu não precisava de uma resposta. A
forma como o silêncio se moldava a nós dois era tudo que eu precisava para
entender que ele sabia que eu não estava mentindo.

Então o resto do dia passou naquele quarto de hospital. E nosso silêncio


cúmplice ou nossas conversas, fossem elas banais ou não, fizeram o tempo
passar mais rápido do que eu acreditei que seria possível.

À noite, por mais que eu quisesse dormir com ele não importando quão
desconfortável seria passar mais tempo naquela cadeira, eu precisei arrumar
minhas coisas para voltar para casa. Eu já tinha passado toda a tarde
ignorando as ligações de minha mãe e sabia que não seria muito responsável
fazer isso por mais tempo.

— Você vem amanhã? — Jungkook perguntou quando eu fiquei de pé, já


carregando a bolsa. De

Eu assenti, incapaz de responder de outra forma principalmente por saber que


ele já receberia alta do dia seguinte e iria direto para Seul.

Mas ainda que eu quisesse aproveitar cada segundo antes de nossa


despedida, eu sabia que precisava conversar com minha mãe e convencê-la a
aceitar Jungkook outra vez ou as coisas entre nós dois ficariam mais
complicadas do que já eram.

— Você vai pro aeroporto às onze, né? — Eu disse, então, aproveitando os


últimos instantes do calor dos seus dedos entrelaçados aos meus. — Eu vou
chegar aqui bem cedinho pra gente poder passar mais tempo juntos.

Jungkook sorriu, carinhoso, e me abraçou quando eu coloquei meu corpo sobre


o dele, me demorando cada vez mais na despedida porque eu definitivamente
não queria ir embora e deixá-lo sozinho naquele quarto sem cor.

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Angustiado, eu passei a mão em seus cabelos e tentei sorrir. — Também vou
fazer um café da manhã bem gostoso pra você não precisar comer essa
comida sem sal, tá?

— Vou esperar, então.

Eu me afastei, ainda incapaz de tirar minhas mãos de perto dele e apertei seus
ombros antes de me debruçar mais uma vez, rápido, só para dar um selinho
antes de dar um passo para trás.

— Até amanhã. Dorme bem.

Então eu saí, com o coração apertado por deixá-lo sozinho, torcendo para que
as horas passassem logo e eu pudesse voltar para ficar mais algum tempo com
ele.

No ponto de ônibus, enquanto eu esperava depois de mandar uma mensagem


para minha mãe avisando que estava voltando para casa, meu celular
começou a tocar outra vez e eu me assustei ao ver que era Yukwon.

Ele absolutamente repudiava chamadas telefônicas e só se comunicava


através de mensagens, não importava quão sério fosse o assunto. Por isso, eu
nem pensei antes de aceitar a ligação, um pouco preocupado.

— Yukwon? — Eu chamei, medroso.

— Jimin, porra, você precisa vir pra cá! — Ele disse, com o tom afetado.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? — Questionei, tenso, enquanto


esperava ansioso a chegada do ônibus.

— O Yuta, cara — Yukwon respondeu, ansioso. — Vem pra minha casa, Jimin,
é sério!

Eu não sei o que me desesperou mais, se foi o tom de voz de Yukwon ou vê-lo
se referindo a Yuta pelo nome.

De qualquer forma, eu sabia que alguma coisa estava errada, então deixei meu
ônibus passar e peguei o seguinte, que ia até o apartamento de Yukwon.

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Quando cheguei, depois de quase esmurrar a porta, ele apareceu com os olhos
tensos e o maxilar travado.

— Entra logo — Ele disse, me puxando para dentro, mas eu travei meus pés
no chão.

— O que foi que aconteceu?

Yukwon passou a mão pelo cabelo, bagunçando-os ainda mais. — Ele saiu
daqui depois que eu cheguei do hospital, mas agora ele voltou e... caralho,
Jimin... eu vou matar quem fez isso com ele!

Eu senti os músculos do meu rosto se contraindo involuntariamente e não


esperei que Yukwon me puxasse de novo. Eu mesmo passei para o lado de
dentro, apressado, e fiquei tonto com o que vi na sala. Yuta estava sentado no
chão, encolhido num abraço de Taeyeon, com os pés feridos, a roupa com
pequenas manchas de sangue e seu rosto marcado com hematomas, o olho
roxo e lágrimas que pareciam nunca mais parar de cair.

Eu vi seus dedos apertarem a blusa da irmã do nosso amigo enquanto ele


continuava chorando, assustado como uma criança, buscando conforto
naquele abraço.

Yukwon então passou por mim e se sentou no chão, segurando os braços de


Yuta para puxá-lo do abraço da sua irmã e encaixá-lo no seu, sem encontrar
resistência. Ele só se deixou ser puxado e escondeu o rosto no ombro de
Yukwon, abraçando-o com uma força que até mesmo eu, de fora, podia sentir.

E depois de ficar tempo demais parado no mesmo lugar, aterrorizado com a


imagem de Yuta completamente destruído, eu finalmente me mexi e fui até ele.
Quando me ajoelhei ao seu lado, eu passei minha mão em suas costas,
tentando acalmá-lo enquanto me sentia um inútil por não poder fazer mais que
isso.

Muito tempo depois, o choro de Yuta secou, se reduzindo a alguns soluços


baixos, e então ele se soltou devagar do abraço de Yukwon, com o rosto baixo.

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— Desculpa — Foi a primeira coisa que ele disse, com a voz sufocada. — Eu
não sabia pra onde ir e acabei vindo pra cá de novo... desculpa...

Yukwon expulsou o ar pela boca, sem interesse em pedidos de desculpa, e


puxou Yuta para outro abraço que dessa vez não foi retribuído, mas também
não foi rejeitado.

A lateral do corpo trêmulo de Yuta estava em contato com o peitoral de


Yukwon, e seus braços o cercavam num gesto que tentava passar alguma
segurança. A mão de Yuta, firmemente agarrada ao pulso dele, era a
confirmação de que ele precisava daquilo, da proteção de Yukwon.

— Ele disse que ia parar... — Yuta disse, de repente, tão baixo que eu nem sei
se estava falando com a gente.

— Quem? — Yukwon perguntou, sem soltá-lo. — Quem fez isso com você?

A resposta demorou a vir e, quando veio, foi quase num sussurro sem forças. -
Meu pai...

Eu e Yukwon nos entreolhamos, em silêncio. Não era exatamente surpresa


porque, no fundo, nós dois sabíamos que Yuta tinha medo do pai. Isso ficou
óbvio no dia em que nós o encontramos bêbado na rua e ele se recusou a
voltar para casa, dizendo que ele o mataria. Mesmo assim, nós nunca fizemos
nada para tentar ajudá-lo, nunca tocamos no assunto porque nos convencemos
de que, quando se sentisse confortável para isso, ele mesmo iniciaria essa
conversa.

Por desleixo nosso, Yuta se machucou de verdade.

Então o que existia em comum em nossos olhares não era susto ou choque.
Era culpa.

Taeyeon, que tinha se levantado para ir até a cozinha, voltou com um copo de
água e o entregou a Yuta. Nós três esperamos em silêncio enquanto ele bebia,
devagar, com goles espaçados, deixando ele usar aquele tempo para que ele
se acalmasse.

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Com o copo seco nas mãos, então, ele continuou olhando para o fundo de
vidro, parecendo perdido nos próprios pensamentos.

Apesar de não querermos tocar naquele assunto, nós já o tínhamos ignorado


por tempo demais. Então, sem saber muito bem como abordá-lo, eu toquei seu
ombro num gesto cúmplice.

— Você pode falar com a gente. — Eu disse, sem querer que ele se sentisse
forçado.

Yuta balançou a cabeça num gesto bem fraco e respirou fundo mais de uma
vez.

— Ele me odeia. — Ele disse, ainda sem nos olhar. — Minha mãe morreu no
parto, então ele... ele acha que a culpa foi minha. Eu nem sei quando começou,
mas ele sempre me bateu... era pouco, no começo, mas quando eu cresci... —
Yuta parou, incapaz de conter um soluço.

Yukwon acariciou as costas dele, parecendo nem perceber que o fazia, e nós
esperamos até que ele se sentisse pronto para continuar.

— Ele me batia cada vez mais, por qualquer motivo, sempre nas pernas, na
barriga ou nas costas. Ele nunca me batia onde as pessoas pudessem ver as
marcas... Nunca era por um acesso de raiva ou um momento de descontrole,
meu pai, ele... ele sabia o que estava fazendo...

Eu senti meu estômago revirar, me perguntando como eu fui incapaz de


perceber que algo tão errado acontecia com uma pessoa tão próxima,

— Mas eu aprendi a escapar disso — Yuta continuou, apertando ainda mais o


copo em suas mãos. — Durante a semana eu sempre me trancava no quarto
antes que ele chegasse em casa. As vezes eu ficava com fome ou com
vontade de ir ao banheiro, mas eu não saía até de manhã, quando ouvia ele
indo trabalhar de novo... e nos finais de semana eu... eu fugia.

Como se as peças se encaixassem, tudo começou a fazer sentido. Quando ele


disse que eu estava salvando sua vida quando deixava ele passar os finais de

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semana na minha casa, eu achei que era exagero, mas não era. O medo de
Yuta era real, tão real quanto os machucados em seu corpo.

— Onde você ficava quando não podia ficar nem na minha casa, nem na casa
do Taeil? — Eu perguntei, quase sem respirar.

— Na rua.

Minha cabeça girou de vez e o no em minha garganta me sufocou


completamente. Yuta não merecia ter passado por isso. Ninguém merece.

— Da última vez que ele me bateu, eu ameacei denunciar para a polícia, então
ele disse que não ia mais fazer isso. Eu fiquei tão feliz — Ele disse, voltando a
chorar. — Eu achei que ia parar de sentir medo dentro da minha própria casa,
mas hoje... ele estava bêbado e quando eu ameacei de novo, ele perdeu o
controle e me bateu tanto, tanto... ele disse que eu mereço, porque fui eu que
matei minha mãe, mas a culpa não foi minha — Ele balançou a cabeça para os
lados, negando, desolado. — Eu não matei ninguém...

Eu já sentia meus olhos ardendo tanto quanto minha garganta. Taeyeon, ao


meu lado, chorava, tentando conter seus soluços cobrindo a boca com as
mãos, e Yukwon quase não piscava, com o osso do maxilar trincado e os olhos
vermelhos.

— Agora eu não quero mais voltar, mas eu não tenho pra onde ir e eu estou
com medo... — Ele confessou, enfim, levantando seu rosto pela primeira vez. A
mancha roxa e irregular ao redor do seu olho brilhava com as lágrimas que
corriam por sua pele maltratada e isso me destruiu completamente. Incapaz de
me segurar, eu chorei junto com ele e junto com Taeyeon, enquanto Yukwon
tentou permanecer como nosso único ponto de força. — Então não me façam
voltar hoje, por favor! Eu posso dormir na varanda, ou no chão, não tem
problema, só não me façam voltar pra lá...

— Ei — Taeyeon falou, tentando secar inutilmente as lágrimas, e se aproximou


para segurar Yuta pelos ombros. — Você não vai precisar voltar pra lá. Nem
hoje, nem depois, eu não vou deixar. Você vai ficar aqui. Eu sei que o
apartamento é pequeno e nós não temos muito dinheiro, mas eu posso segurar

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as pontas enquanto você e o Yukwon não se não se formam na escola. Mas
você não vai voltar pra lá, Yuta.

— Não? — Ele repetiu, com um brilho cheio de esperança nos olhos tristes.

— Nunca mais. — Ela insistiu, com a determinação se misturando ao choro.

Yuta então olhou para Yukwon, talvez esperando ouvir dele algo diferente do
que saiu da boca de Taeyeon.

— Você vai ficar com a gente. — Ele disse, então, sem hesitar.

Yuta olhou para o chão, como se não acreditasse no que tinha escutado dos
dois irmãos. Mas quando a ficha caiu, ele finalmente deixou o copo de lado e
se desvencilhou do abraço de Yukwon para se ajoelhar no chão, agradecendo
desesperadamente, mas nós todos entramos em estado de alerta quando ele
fez uma careta de dor e levou a mão à barriga, sem conseguir se curvar outra
vez.

— Tá machucado aqui? — Yukwon perguntou, um pouco assustado.

Yuta negou, se sentando outra vez. — É meu estômago...

Taeyeon voltou a secar as lágrimas e ficou de pé, com um sorriso


tranquilizador. — Eu vou fazer um chá pra você.

Apesar de não recusar, Yuta pareceu um pouco desconfortável.

— Eu juro que só vou ficar até ter dinheiro pra ir pra outro lugar. — Ele disse
para Yukwon, sem conseguir olhá-lo nos olhos.

— Quando você tiver dinheiro, vai ajudar a pagar as contas daqui de casa, isso
sim.

Eu sorri, ainda triste e angustiado por toda a história que ouvi, mas tranquilo
por saber que, apesar de parecer todo errado, Yukwon é a melhor pessoa para
cuidar de um amigo.

— Droga... — Eu resmunguei, de repente, quando senti meu celular vibrando


mais uma vez e vi que era minha mãe. — Eu já volto. — Anunciei para eles

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antes de me levantar e ir até a varanda para explicar para ela porque eu ainda
não tinha chegado em casa e porque provavelmente não chegaria naquela
noite.

Quando eu finalizei a ligação e me virei para voltar para a sala, vi que Yuta e
Yukwon ainda estavam conversando e aquela parecia uma conversa que não
deveria envolver mais ninguém além dos dois.

— Me desculpa por todas as coisas ruins que eu disse sobre você Eu ouvi Yuta
dizer, arrependido. — Eu sempre fui tão miserável que queria que as pessoas
ao meu redor se sentissem assim também. Eu sei que não justifica, mas...

— Mas que porra, quantas vezes você ainda vai se desculpar? Eu já disse pra
esquecer isso.—Yukwon o interrompeu, fingindo impaciência.

Eu sorri mais um pouco, mas travei no lugar quando vi o sorriso no rosto de


Yuta. De repente, eu sentia que ainda não existia espaço para mim naquela
cena, então continuei parado, apenas como um espectador.

— Vem aqui — Yukwon o chamou, então, batendo no espaço entre suas


pernas. — Vou dar um jeito na sua dor de estômago enquanto a Taeyeon não
termina de fazer esse chá demorado do caralho.

Yuta pareceu hesitar um pouco, mas se deixou ser levado quando as mãos de
Yukwon o puxaram e o fizeram sentar entre suas pernas, de costas para ele.

Então ele esfregou uma palma contra a outra, esquentando-as, e depois as


pressionou na altura do estômago de Yuta, por baixo da blusa.

— A Taeyeon começou a ter muitas dores de estômago depois que nossos


pais morreram, acho que por causa do estresse. — Ele explicou, repetindo o
gesto anterior. Isso sempre ajudou a aliviar a dor.

Yuta só assentiu, com uma expressão que eu não conseguia interpretar. Ele
parecia confuso, mas não de um jeito ruim.

— Depois nós vamos na sua casa pegar suas coisas. Não vou ficar te
emprestando roupa minha, não — Ele continuou, resmungando.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Yuta riu um pouco e eu me assustei quando ele se afastou de Yukwon para
ficar de frente para ele, com as mãos apertando sua blusa.

— Você acredita se eu disser que você é minha pessoa favorita? — Yuta


perguntou, com um sorriso pequeno, ainda afetado por tudo que ele passou,
mas ainda assim genuíno.

Yukwon pareceu se assustar tanto quanto eu e acabou ficando sem jeito por
um tempo.

— Ah, sim... — Ele disse, sem conseguir falar mais nada, e segurou a cintura
de Yuta para forçá-lo a ficar de costas outra vez, mas quando ele o tocou, Yuta
continuou sem se mexer, olhando para baixo com o lábio sendo furiosamente
pressionado por seus dentes, como se estivesse juntando coragem para fazer
mais alguma coisa.

Então ele subiu as mãos até os ombros de Yukwon, que tinha os olhos tão
arregalados quanto os meus, e o olhou só por um instante antes de se inclinar
e beijá-lo na boca.

O grito surpreso que morreu em minha garganta parece ter tomado forma no
jeito como os olhos de Yukwon quase saltaram. Ele, entretanto, continuou
imóvel, duro como pedra. Eu também continuei parado no mesmo lugar, com a
boca escancarada, e continuei assim por todo o tempo até que Yuta se
afastasse outra vez.

Foi só um selinho. Um beijo inocente, sem parecer ter segundas intenções,


mas mesmo assim eu estava tão chocado quanto ficaria se os visse transando
em minha frente.

Yuta então esperou a reação de Yukwon, que demorou a vir, mas finalmente
veio em um pigarro. Depois, ele ficou de pé, ainda atordoado.

— Eu vou arrumar a cama pra você dormir. — Ele anunciou, mecanicamente,


antes de sumir de nossas vistas.

E a última coisa que eu vi, antes de Taeyeon voltar com uma bandeja nas
mãos, foi o olhar desolado no rosto de Yuta.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
esse é, oficialmente, o capítulo que eu mais odiei. perdoem a monotonia :/

mas hein, estão vendo esse hino de ser humano no meu icon? pra quem ainda
não conhecia, ele é o Yukwon. Não é com esse cabelo que eu o imagino aqui
em sub, mas dá pra apreciar na mesma hahahaha <3

A próxima att não vai ter data porque vai ser um capítulo muito diferente, então
eu não consigo prever quanto tempo vou levar pra escrever. Vocês viram que a
fic já passou de 100k??? pois então, o próximo vai ser um especial. A quem
interessar, nele nós vamos conhecer o lado do Jungkook na história toda yay

Ah, eu postei uma fic nova, então quem quiser dar uma olhada, o nome é fated,
é só ir no meu perfil. Não é muito boa não, mas vai que mais alguém se
interessa, né hahahaha

nos vemos no especial de 100k, então até lá!

<3

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Capítulo Bônus • Especial JungKook
Referente aos capítulos: 03 ao 09

Jeon Jungkook sempre foi o tipo de pessoa que gosta de ter tudo sob controle.

Ditar a forma como as coisas deveriam acontecer era algo natural, assim como
era natural que as pessoas ao seu redor se sentissem motivadas a obedecê-lo.

Dominar sempre foi seu verbo preferido e sua ação instintiva.

Entretanto, algo que ele nunca imaginou saiu de seu controle pela primeira vez:
sua mente e, talvez, seu coração.

Aquela viagem a Nam-gu tinha sido marcada com antecedência. Era sua
primeira vez participando de todas as reuniões com os coordenadores das
unidades em outras cidades, mas, como sempre, ele tinha tudo sob controle.
Sabia exatamente os horários dos encontros, já conhecia de cor os relatórios
de desempenho e tinha se adiantado em memorizar os nomes e posições de
todos os funcionários que seriam abordados por ele ou por seu pai.

Mas uma coisa ele nunca poderia prever.

Na segunda noite no Kundaemunjip, uma hospedagem tradicional num bairro


sossegado no distrito de Nam-gu, onde estava localizada a primeira filial que
avaliariam, Jungkook estava revisando os documentos para a reunião do dia
seguinte,

O encontro seria com o departamento de pesquisa operacional da unidade e


ele estava avaliando os dados obtidos pelos engenheiros locais. Sua
concentração mantinha-o preso à leitura de equações e dados traduzidos em
previsões de lucro, mas uma pequena alteração no ambiente ao redor não lhe
passou despercebida.

Foi só o deslizar da porta de seu quarto para o lado, algo que ele ignorou na
mesma hora por imaginar que se tratava de Namjoon procurando-o para
retomar a discussão que tiveram mais cedo.

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Entretanto, a pequena brecha permaneceu da mesma forma, sem que a porta
terminasse de ser aberta e sem que qualquer pessoa anunciasse presença,
mas ele sabia que alguém estava ali, assim como percebeu que não era o
secretário geral da Bangtan.

Mesmo assim, Jungkook terminou a análise de cada página daquele relatório


até que finalmente ficasse de pé, olhando sorrateiramente para a porta só para
confirmar que quem quer que tivesse chegado mais cedo ainda estava ali,
observando-o.

Mas se dominar era seu instinto, se exibir era seu fetiche.

Jeon sempre foi um exibicionista. Poucas coisas lhe davam tanto prazer quanto
saber que era assistido e admirado, fosse em um momento casual como
aquele ou durante uma foda.

Era algo que, as vezes, ele provocava inconscientemente. Não era


premeditando qualquer satisfação pessoal que ele fazia coisas como exibir seu
corpo, a exemplo de como não via problema em andar vestindo só uma calça
ou até mesmo cobrindo-se somente com uma toalha diante de qualquer pessoa
que entrasse em seu apartamento, fosse alguém íntimo ou não.

Dessa vez, no entanto, cada movimento foi muito bem calculado. Desde a
forma como ficou de costas para a porta ao tirar a blusa, ou sabia que seu
sorriso maldoso de satisfação seria descoberto, até mesmo à lentidão como
caminhou pelo quarto com seu cinto de couro na mão, decidindo avançar um
pouco naquele jogo que, mesmo não sendo planejado, o divertia.

Então ele abriu completamente a porta que já não estava mais fechada e esse
foi, possivelmente, seu primeiro erro.

— Me... me desculpa. — O menino que tanto o observava gaguejou, olhando-o


com apreensão quando Jungkook se agachou em sua frente, deixando o cinto
cair entre suas pernas dobradas.

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E diante do rosto assustado, das bochechas volumosas avermelhadas, dos
olhos pequenos arregalados e daquela voz tão delicada e deliciosa, Jungkook
sorriu um sorriso pequeno.

— Por que você parece tão assustado, meu anjo? — Ele perguntou, sem
perceber seu segundo deslize.

Chamá-lo daquela forma não foi algo premeditado. Não foi uma escolha
consciente de palavras, embora todas as suas ações fossem sempre muito
bem delineadas. Foi algo instintivo, que fugiu do seu controle porque, inferno,
aquele menino realmente parecia um anjo.

Um desastrado, curioso e medroso, mas ainda assim o mais lindo e inocente


que Jungkook poderia ter visto.

E os olhos ainda bem abertos do garoto desajeitadamente caído no chão em


sua frente pareciam incentivá-lo a provocá-lo mais, a despeito da sua
consciência dizendo-lhe para fazer o contrário.

— Você não precisa sentir medo de mim, boneca. — Jungkook continuou, com
algum prazer sádico ao ver a reação do menino ao ser chamado dessa forma.

Seu intuito era provocar raiva, talvez fazer o garoto reagir de alguma forma
além de olhá-lo paralisado, mas se viu obrigado a reprimir um sorriso ainda
maior quando viu a forma como, indo contra seu objetivo, ele apertou as
próprias pernas uma contra a outra, sem parecer estar consciente sobre esse
movimento.

E Jungkook gostou disso, ainda mais.

— Eu não vou te machucar... — Ele finalmente completou, sempre testando as


reações do garoto, buscando novas respostas involuntárias. — A não ser que
você queira.

E Jungkook gostou de cada uma daquelas reações.

A cada vez que o garoto apertava ainda mais os punhos fechados, empurrava
uma perna contra a outra tentando conter a própria excitação e pressionava os
lábios grossos, Jungkook sentia algo em sua mente ferver.
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Aquela sensação não era nova, entretanto. A onda de desejo que lhe inundava
aos poucos já tinha se formado outras vezes, por outras pessoas, então ele
poderia dizer que, mesmo de uma forma desajeitada, tudo ainda estava sob
controle.

Estava.

Seu erro seguinte foi continuar provocando o garoto, sem perceber que
também estava se levando ao próprio limite.

— Duas peças de roupa a menos e eu ficaria completamente nu. — Jungkook


disse, traiçoeiro. — Era isso que você queria ver, boneca?

O movimento de cabeça tímido e inseguro, para cima e para baixo, era algo
que Jungkook podia esperar. Ele só não esperava o que veio a seguir.

— J-Jungkook — com a voz frouxa, gaguejando sem perceber, o garoto o


chamou.

— Sim, meu anjo — Eu ainda quero ver...

Jungkook quase arregalou os olhos, sem perceber que o faria. Entretanto, a


surpresa inicial logo foi substituída por mais um sorriso oblíquo de satisfação, e
ele desceu os olhos até encontrar a ereção marcada sob a calça de pano do
mais novo.

— Quer? — Ele perguntou, quase hipnotizado pelas reações do corpo do


garoto.

Ele sentiu a própria virilha fisgar, a vontade de puxar o menor para dentro do
quarto e ver até onde iriam aumentou, e ele quase cedeu à própria fraqueza,
sem entender como se deixou afetar tanto, tão rápido.

Mesmo assim, tudo que Jungkook ofereceu foi um sorriso sádico, sem
evidenciar suas próprias reações. — Parece que você já viu o suficiente — ele
provocou uma última vez, antes de fechar a porta, incapaz de continuar
testando os próprios limites ou sabia que iria longe demais com alguém que
mal parecia ter chegado aos dezoito anos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Sozinho no quarto com a porta fechada outra vez, ele apertou os olhos e
respirou fundo, alarmado pela estranha sensação que ainda percorria seu
corpo, sem conseguir tirar aqueles olhos, aquela boca e aquela voz de sua
mente.

Tudo nele o atraía como nenhuma outra pessoa antes foi capaz de atrair, fosse
pelo olhar ansioso ou pela sinceridade inocente. Jungkook não sabia, e essa foi
a primeira vez que se sentiu assim.

Um pouco frustrado pelo fraco autocontrole que lhe restou, ele finalmente
terminou de tirar sua roupa e foi para debaixo do chuveiro, deixando a água fria
escorrer de sua cabeça até seus pés, mas o calor parecia nunca aliviar. E, por
mais que tentasse ignorar, ele entendia muito bem o motivo.

Não foi sem relutância que ele o fez, mas existia consciência quando Jungkook
apoiou uma mão na parede úmida da área do banho e com a outra alcançou
seu membro semi ereto, deixando a cabeça tombar para a frente quando seu
próprio toque o fez expulsar um gemido baixo, abafado, com sua mente
reproduzindo tudo que gostaria de ter feito com o dono de toda aquela
inocência.

Ele quase delirou quando imaginou quão bem os lábios grossos e rosados
ficariam envolvendo seu falo duro e foi com o desejo de ir fundo naquela boca
que Jungkook gozou, puxando e expulsando o ar com alguma dificuldade.

Aquilo definitivamente não fazia parte seus planos. Terminar a noite se


masturbando ao pensar em alguém que tinha acabado de conhecer era algo
que sequer tinha passado por sua cabeça, mas essa foi só a primeira vez em
que as coisas fugiram de seu controle.

Durante a noite, antes de finalmente conseguir dormir — algo que nunca


acontecia com tanta facilidade, já que ele estava habituado a dispor de poucas
horas de sono, a última coisa que ilustrou sua consciência foi o mesmo rosto
angelical.

Ao acordar, depois de se preparar para mais um dia inteiro de reuniões com os


colaboradores da unidade de desenvolvimento de software de Nam-gu, ele

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deixou seu quarto e foi até a recepção antes mesmo que seu pai ou Namjoon
aparecessem.

Diante da recepcionista, uma garota atrapalhada, mas simpática, e que falhava


em esconder o óbvio interesse quando o olhava, ele não teve muita dificuldade
em descobrir quem era aquele garoto e o que ele estava fazendo em seu
quarto.

Park Jimin, filho único dos donos do hotel, tinha ido entregar um bilhete escrito
pela própria recepcionista, mas que nunca chegou ás suas mãos.

Dezesseis anos.

Até aquele momento, apesar de saber que aquele menino ainda era menor de
idade, Jungkook acreditava que ele não era tão novo assim.

E como um balde de água fria, ele percebeu que não poderia tocar em alguém
com tão pouca idade. Inferno, não poderia nem mesmo ter se tocado pensando
nele.

Culpado, ele remoeu as possibilidades para compensar o próprio erro. Pensou


até mesmo em escrever um documento formal de desculpas e entregá-lo aos
pais de Park Jimin, mas é claro que descartou essa e todas as outras ideias
absurdas que teve.

No fim, ele concluiu que o melhor seria evitar que algo do tipo acontecesse
novamente, por mais que aquele menino ainda estivesse impregnando sua
mente, e evitar encontrá-lo até o fim de sua estadia, que só duraria mais dois
dias.

Menos de quarenta e oito horas era tudo que Jungkook precisava suportar,
mas, não pela primeira vez desde que tinha chegado a Nam-gu, as coisas
seguiram fora do seu planejamento.

A tarde já estava chegando ao fim e ele, seu pai e Namjoon estavam em frente
ao prédio da Bangtan, à espera do carro da empresa que os levaria de volta ao
hotel depois de um dia exaustivo discutindo, com os chefes de vários
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departamentos, as possíveis soluções administrativas para os vários problemas
detectados nos últimos relatórios.

Entretanto, antes que o carro chegasse, seu pai olhou para a avenida e sua
expressão se contraiu em preocupação.

— O que aquele menino está fazendo?

Não muito curioso ou interessado, Jungkook virou o rosto para ver o que tinha
chamado a atenção de seu pai, e ele mesmo arregalou os olhos ao reconhecer
Jimin atravessando a avenida em sua direção, com a expressão quase
sonhadora, sem perceber que um carro se aproximava em alta velocidade.

Assustado, ele ouviu o som de pneu derrapando pela pista asfaltada junto com
a buzina aguda quando o motorista freou bruscamente. Ele sentia os
batimentos de seu coração tamborilando em seus ouvidos quando o carro
parou no último instante, quase acertando o corpo de Jimin que tinha fechado
os olhos com força, assustado, quando percebeu o que estava acontecendo.

Levando só um segundo para sair do lugar, sem pensar em nada mais,


Jungkook cortou o caminho de seis passos que o separava do menino
apavorado, e chegou a tempo de segurá-lo quando as pernas curtas
pareceram falhar em sustentá-lo.

Sem perceber, Jungkook o apertou contra o próprio corpo, sentindo o medo do


mais novo tomar forma no jeito como ele tremia, medroso.

— Você está bem? — Jungkook perguntou, preocupado, depois de perceber os


olhos pequenos voltados para seu rosto.

Entretanto, antes de poder ouvir uma resposta, o motorista já tinha descido do


carro com palavras agressivas, assustando ainda mais o menino em seu
abraço protetor, e isso o irritou.

— Você sabe que nada disso estaria acontecendo se você respeitasse os


limites de velocidade, não sabe? — Ele retrucou, tentando conter a própria
irritação, sem entender como aquele homem conseguia ser tão hostil com uma
pessoa de aparência tão delicada quanto Park Jimin.

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Sem perceber, então, Jungkook o apertou ainda mais contra o próprio corpo,
tentando confortá-lo.

E antes que a discussão se prolongasse, provavelmente percebendo que o


filho pela primeira vez em tanto tempo parecia perder a paciência, Dong-yul
interviu, aproximando-se dos três ainda no meio da avenida, e pediu que
Jungkook tirasse o menino dali.

Ele olhou para Jimin e, sem soltá-lo, cometeu mais um deslize.

— Venha, Jimin.

Apesar de ser inicialmente seguido sem hesitações, pouco tempo depois o


mais novo parou de andar e o olhou, surpreso. Sem pensar muito, Jungkook
percebeu o que tinha acabado de fazer.

Ele o chamou pelo nome, embora Jimin não tivesse se apresentado antes.

Disposto a ignorar seu próprio erro, e até mesmo se divertindo um pouco com a
transparência na surpresa de Jimin, ele continuou guiando o mais novo para
uma pequena sala privativa ao lado da recepção, para que Jimin não
precisasse ficar sob os olhares curiosos de todos os que estavam ali.

Então ele o fez sentar, e logo depois Namjoon apareceu, oferecendo um pouco
de água para acalmá-lo.

Aquela sempre foi a natureza do secretário geral. Ele sempre esteve disposto a
ajudar qualquer um, mas também sempre foi capaz de interpretar as mais
discretas nuances de qualquer situação. Por isso, e também por conta da
atitude inconsequente de Jungkook ao revelar que já sabia onde Jimin morava,
Namjoon não demorou em mostrar desconfiança.

— Como vocês se conheceram, Jun? — Ele perguntou, um pouco tenso e


confuso, sem entender como e quando Jeon Jungkook poderia ter conhecido
alguém tão novo.

— Você não estava indo ver se meu pai já conseguiu acalmar aquele motorista,
hyung? — Foi o que ouviu em resposta, com a entonação calma de Jungkook
mascarando alguma impaciência.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Apesar de reconhecer certa relutância, Namjoon conhecia-o bem o suficiente
para saber que de nada adiantava insistir naquela pergunta, naquele momento.
Então só confirmou, resignado, e deixou os dois sozinhos.

Sem perder tempo, Jungkook voltou a olhar para Jimin, analisando-o.

— Beba sua água, Jimin. — Ele disse com uma provocação incontida na forma
como reafirmou, depois de seu pequeno erro, que sabia seu nome.

Sem conseguir escapar da confusão, Jimin abaixou os olhos. Sua


desorientação era tão adorável e ao mesmo tempo tão divertida que Jungkook
precisou conter o próprio sorriso com o punho fechado enquanto o olhava.

— Algum problema, meu anjo? — Ele perguntou, provocativo.

Jungkook sabia exatamente o que estava deixando-o tão pensativo, por isso
não conseguiu conter uma risada quando, ao invés de ser sincero sobre isso,
Jimin tentou disfarçar fazendo uma pergunta sobre seu apelido.

— Porque aquele Namjoon te chama de Jun?

— As pessoas mais próximas me chamam assim porque eu não conseguia


pronunciar meu nome do jeito certo, quando era mais novo.

Ser chamado de Jun foi algo que o incomodou por muito tempo. Quer dizer,
frustração era a única coisa que ele sentia por ter demorado tanto para
aprender a pronunciar o próprio nome, então não era algo de que pessoas fora
do seu círculo imediato de amigos e familiares tivesse conhecimento.

Entretanto, Jimin parecia desconfortável, um pouco retraído, e ele mal


acreditou quando revelou a origem de seu apelido vergonhoso só para vê-lo
relaxar um pouco.

E funcionou. Um sorriso bonito foi acompanhado de uma risada adorável, e


então a sinceridade quase inapropriada, mas que era tão bem vinda por
Jungkook, retornou às ações e perguntas de Jimin, sem abandoná-lo nem

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
mesmo quando o mais velho falhou em esconder sua insatisfação com a idade
do mais novo.

— Minhas mãos estão atadas enquanto você for menor de idade. — Jungkook
disse, com o tom morno, incomodado.

Talvez Jimin não tenha entendido a totalidade do que Jeon quis dizer. Afinal,
ele nem mesmo sabia como as coisas funcionavam com Jungkook.

Mas Jungkook sabia, bem demais, assim como sabia que nunca poderia fazer
do seu jeito com alguém abaixo da maioridade.

E ele estava certo de que, apesar de ter sido vergonhosamente enfeitiçado por
Park Jimin, nada daquilo passaria de atração, seus desejos não passariam de
algo físico.

E esse, de todos, foi seu maior erro.

Isso, entretanto, não quer dizer que foi o último. Tudo que aconteceu em
seguida foi uma sequência de achismos e decisões equivocadas.

O primeiro foi quando disse que sabia ser paciente. Ele sabia, é claro que
sabia, mas falhou ao acreditar que realmente conseguiria estender sua
capacidade de esperar para algo relacionado àquele menino

Sua presunção era a de ir embora, apagá-lo de sua mente e, se anos depois se


encontrassem e a vontade de ambas as partes fosse retomada em algum
eventual reencontro, Jungkook poderia dar vazão ao seu desejo por Jimin.

E então veio o segundo, que foi quando, irracionalmente, prometeu que o


encontraria no dia seguinte mesmo já sabendo que iria embora antes de poder
revê-lo.

Jungkook só pretendia ir embora sem cometer mais deslizes, mas na manhã


do seu último dia em Nam-gu, ele acabou por ser abordado pela mãe de Jimin
quando ela conversava com seu pai, na recepção.

Mesmo querendo ignorar qualquer coisa relacionada ao mais novo, ele não
pode fazê-lo quando a mulher lhe teceu os maiores elogios por ser alguém tão

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bem sucedido com tão pouca idade, além de confessar seu desejo de que seu
filho também fosse alguém assim. Não um homem prestes a carregar uma
empresa tão grande nas costas, mas uma pessoa que ao menos tivesse mais
determinação.

Entretanto, Jimin não gostava da escola, sequer demonstrava interesse em ir


para a faculdade e também não parecia ter nenhum objetivo claro em mente.

— Eu gostaria que ele pudesse conversar com alguém como você, Jeon. —
Ela disse, com um sorriso triste. — Talvez isso pudesse pelo menos motivá-lo a
querer fazer alguma coisa.

— Eu posso fazer isso quando voltar, numa próxima vez. — Ele disse com a
entonação educada, mesmo que não pretendesse voltar em qualquer futuro
próximo.

E, na verdade, ele sentia que estava sendo superestimado.

Sua posição dentro da empresa era muito mais mérito do sangue que corria em
suas veias que algo conquistado através de seus esforços. Apesar disso, ou
talvez por isso, ele dedicava todo seu tempo e empenho ao trabalho e qualquer
coisa relacionada a ele, tentando provar a si mesmo que, a despeito da
facilidade inicial, ele era merecedor de estar onde estava.

Além disso, ele não via nada de tão errado em um garoto de dezesseis anos
não ter uma ideia clara do futuro. Quando era sincero sobre isso, ele admitia
que achava injusto sobrecarregar um adolescente com algo tão importante
quanto a determinação de toda sua vida adulta.

Então, só com a promessa vaga e quase mentirosa sobre aconselhar Jimin em


um reencontro seguinte, Jungkook finalmente deixou Nam-gu e tudo
relacionado àquele menino para trás. Ou, ao menos, era nisso que ele
acreditava.

Os primeiros dias foram acompanhados de uma sensação de falta incômoda,


mas compreensível. Entretanto, quando dois meses se passaram e ele ainda
perdia sua concentração lembrando daquele garoto, Jeon finalmente admitiu
para si mesmo que algo estava errado.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— O que aconteceu com você? — Seokjin, seu melhor amigo e
autoproclamado cuidador oficial de sua alimentação, questionou, curioso.

Jungkook levantou os olhos do relatório que tentava inutilmente corrigir pelos


últimos trinta minutos e olhou para o homem em sua cozinha, que preparava
mais porções de comida para guardar em sua geladeira.

Ele não estava de acordo com aquilo, mas Seokjin conhecia-o bem o suficiente
para saber que, se não fizesse aqueles esforços para cozinhar para o mais
novo, ele provavelmente acabaria comendo comida pronta todos os dias de
sua vida.

— Não aconteceu nada. — Jungkook respondeu, então, depois de passar as


mãos pelo rosto num gesto frustrado.

Entretanto, enquanto tentava ler e dar sentido às informações no papel em


suas mãos, tudo que sua cabeça processava estava relacionado a alguém
muito distante.

— Você claramente não estava concentrado, — Seokjin rebateu, colocando a


panela vazia para encher de água na pia do amigo — e isso não é normal
quando se trata de você. Então algo definitivamente aconteceu.

Jungkook suspirou, negando mais uma vez e finalmente desistindo de tentar


dar atenção àquele relatório, então só o deixou de lado e se levantou do sofá,
caminhando até sua cozinha para beber um pouco de água.

O corpo estava coberto por nada além de uma calça confortável de moletom,
os cabelos suavemente desalinhados e a tatuagem exposta, marcando o
peitoral que subiu e desceu com mais um suspiro incalculado.

— É por causa do Taehyung? — Seu amigo arriscou, acompanhando-o com os


olhos quando o viu servir um copo de água.

Jungkook apertou os olhos, sem entender a sugestão do mais velho.

— Já fazem três meses desde que ele me deixou, Seokjin. — Ele respondeu,
tentando mostrar o quanto aquela teoria era infundada.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Sim, eu sei, mas talvez só agora você esteja deixando isso te abalar na
superfície também. — O mais velho ponderou, com os braços cruzados. — Eu
sei que você esconde seus sentimentos muito bem quando quer, mas às vezes
nem você consegue fazer isso. Talvez esteja acontecendo agora? Prosseguiu,
em tom de dúvida. — Você passou mais de um ano com ele e eu sei que não
esperava que ele te deixasse daquele jeito, então é normal ficar abalado por
um tempo.

Jungkook olhou para o amigo, sem evidenciar alguma dúvida no olhar. Por fim,
ele só secou o copo e o colocou na pia, afastando-se outra vez e deixando seu
silêncio funcionar como uma confirmação à suposição de Seokjin.

Ele não se envergonharia de admitir que ainda estava afetado pelo término
repentino, se essa fosse a verdade. Entretanto, existia relutância em dizer em
voz alta que o motivo de sua falta de concentração recorrente estava ligada a
alguém que nem de longe teve tanta participação em sua vida quanto Kim
Taehyung.

Park Jimin foi um desvio no caminho, uma pessoa com quem não conversou
mais que duas vezes. Ainda assim, era ele quem impregnava sua mente, e não
seu ex-namorado.

— Eu acho que você precisa de um pouco de distração. — Seokjin continuou,


seguindo-o até a sala pequena e se acomodando no espaço livre do sofá. —
Nada de trabalho, só por uma noite.

Jungkook quase revirou os olhos ao entender o que o amigo estava sugerindo.

— Há quanto tempo você não vai na Paradise? — O mais velho continuou,


chegando exatamente onde Jungkook sabia que a conversa chegaria. — Seu
aniversário está chegando. Nós poderíamos ir comemorar lá, não?

— Eu tenho uma reunião em Gwangsan-gu logo depois do meu aniversário. -


Jungkook recusou, deixando a cabeça cair para trás e cobrindo os olhos com o
próprio braço. — Não vai dar.

Seokjin suspirou, decepcionado.

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— Quer saber, então? — Ele disse, ficando de pé e puxando Jungkook pelos
braços.

— Vamos hoje. Você não vai conseguir se concentrar, de qualquer forma,


então vamos nos distrair pra você não passar o resto da noite pensando no
cara que te abandonou.

— Jungkook riu, sem sair do sofá e sem esconder sua indisposição.

— Por favor, Jun, me faz companhia...você pode até conhecer um sub novo!

— O submisso que eu quero não vai estar lá, Seokjin.

O mais velho arregalou os olhos, desacreditado. — Meu deus, Jungkook, você


realmente está longe de esquecer o Taehyung, não é?

Jeon expulsou o ar pela boca, cansado, mas finalmente ficou de pé.

— Um dia você vai se sentir um idiota por continuar falando do Taehyung. —


Ele disse, caminhando até o único quarto do apartamento. — Eu vou trocar de
roupa. Me espere.

Seokjin ignorou o primeiro aviso do amigo e comemorou, satisfeito.

— Sim, senhor!

Minutos depois, eles finalmente deixaram o apartamento, e Seokjin sorriu ao


ver o mais novo vestindo a camiseta preta por dentro da calça de couro e os
coturnos escuros, tão diferente de como costumava se vestir em qualquer outra
situação.

E era por isso que ele gostava tanto da Paradise Lost. Apesar de sempre
precisar cuidar da própria imagem em quase todos os meios de sua vida,
naquela boate Jungkook podia se desfazer de todo o peso de sua posição
como herdeiro da Bangtan e ser ele mesmo, inteiramente.

Lá, ele podia ser o que era, em seu âmago. Um dominador.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
E tantas outras pessoas que viviam mantendo em segredo seus fetiches e
desejos incompreendidos pela construção social, também viam naquele lugar
um ponto de liberdade.

A Paradise Lost existia para essas pessoas. Para dominadores, submissos e


switches se libertarem dos olhares críticos de toda a sociedade.

Quando chegaram à construção escura no meio de tantas outras boates em


Hongdae, os dois caminharam pelo lugar cheio, com a música ecoando por
todo o ambiente e as luzes coloridas iluminando tudo em flashes que logo
alternavam de cor.

Mas aquele ainda não era o lugar em que pretendiam ficar, então ambos se
esquivaram dos corpos agitados pelo caminho até alcançarem uma porta
pesada no fim do salão. Depois de atravessarem, chegando a uma pequena
sala com isolamento acústico e dois seguranças protegendo uma outra porta,
Seokjin mostrou seus documentos e então a entrada para a verdadeira
Paradise Lost foi liberada.

— Que saudade disso. — O mais velho disse, abrindo um sorriso quando


chegaram à pequena escada de três degraus.

Ainda no topo da escada acima do salão, enquanto a música reverberava com


o ritmo acelerado, Jungkook olhou ao redor. A primeira coisa que seus olhos
captaram foi um casal de mulheres no canto direito. A submissa com os joelhos
e mãos apoiadas no chão enquanto a dominatrix a puxava pela guia da coleira.

Um outro casal dançava junto, com a mulher deslizando as pontas das unhas
longas pelos braços expostos do homem, que exibia orgulhosamente a coleira
com o nome de sua dona.

Jungkook respirou fundo, atordoado. Nada daquilo era novo, mas ele se sentiu
vergonhosamente atiçado ao imaginar uma daquelas coleiras no pescoço do
inocente Jimin.

— Você já não se sente um pouco melhor só por estar aqui? — Seokjin


perguntou contra seu ouvido, sem perceber a insatisfação no rosto do mais
novo.
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— Você não sabe o quanto. — Jungkook respondeu, quase ácido, antes de
finalmente descer os degraus e começar a caminhar entre todas as pessoas,
sabendo que seu amigo o seguia.

Ele foi diretamente até o bar, disposto no mesmo lugar de sempre, e não
demorou a conseguir uma dose de whisky depois de mostrar sua identidade
outra vez.

Ali, o consumo de álcool era limitado e nenhuma pessoa podia comprar mais
que duas doses por noite, para que nenhum submisso fosse colocado em
perigo caso iniciasse uma sessão.

Seokjin, encostado ao seu lado, não pediu mais que uma água, tomando-a vez
ou outra para umedecer os lábios enquanto passava os olhos afiados por todas
as pessoas em seu campo de visão.

Diferente de Jungkook, sua posição como submisso ou dominador não era fixa.
Ele alternava, dependendo do próprio humor e da pessoa que estivesse com
ele, mas naquele dia ele definitivamente gostaria de ser dominado.

— Tudo bem se eu for dar uma volta? — Ele perguntou contra o ouvido do
mais novo, que assentiu. Então tocou-lhe o ombro, com um sorriso travesso. —
Guarde sua última dose pra mais tarde.

Jungkook observou-o enquanto o amigo se afastava, até sumir no mar de


gente diante de seus olhos.

Sem muito interesse em nada do que estava acontecendo ao redor, ele secou
o resto da bebida em seu copo e caminhou também para longe do bar, mas
seguindo um outro caminho, até chegar a um pequeno corredor que já
conhecia tão bem.

Sem hesitar, Jungkook seguiu até chegar a uma sala menor, de onde a música
quase não era escutada e um pequeno palco no fundo era ocupado por um
casal de homens. O submisso estava preso a uma cruz em formato de X,
sendo provocado pelo chicote do dominador, que provocava-o, acertando-lhe a
pele sempre que um gemido de antecipação escapava.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook olhou para a cena sem se sentir verdadeiramente estimulado,
diferente de todas as outras pessoas que assistiam, extasiadas.

Mas ser um observador não era sua posição. Ele sentia prazer em estar lá, no
palco, sendo assistido.

Mesmo assim, ele permaneceu no lugar, e encostou-se na parede com os


braços cruzados, analisando a sessão que se desenrolava diante de seus
olhos. Entretanto, algo chamou sua atenção, e ele virou para o lado quando
percebeu que alguém o observava intensamente.

Do outro lado da sala, uma mulher mantinha os olhos presos a ele, desviando-
os assim que percebeu que era encarada de volta, mas Jungkook não parou de
olhá-la até que ela ergueu o rosto novamente, com timidez, e ele percebeu que
não tinha sido só impressão.

Aquela boca... era igual à de Park Jimin.

Sem perceber, ele deslizou a língua pelo lábio, analisando-a com mais cuidado.

Não existia uma coleira, então ele se desencostou lentamente da parede e


caminhou até ela, vendo os olhos escuros se enchendo de ansiedade quando o
notaram tão perto.

Conhecendo-a, ele percebeu que não estava enganado, ela era uma submissa
e estava claramente interessada nele. A recíproca não era tão verdadeira, mas
Jungkook sentia uma faísca de desejo se acender a cada vez que olhava para
aquela boca, para logo depois se apagar quando ele lembrava que, ali, não era
Jimin.

Frustrado, sua conversa com aquela mulher não passou disso, porque ele
nunca se envolveria com uma pessoa, nem mesmo por uma noite, quando sua
mente só visualizava um único rosto.

E então, depois de tanto se recusar, ele finalmente percebeu o quanto estava


fodido.

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Isso o atormentou por dias seguidos, até que seu aniversário chegou e ele
soube que, naquelas conjunturas, só existia uma coisa, ou pessoa, que o faria
se sentir realizado.

— Você não está me ouvindo, está? — Namjoon suspirou, derrotado, depois


de tanto falar e não receber nem mesmo um minuto de atenção

— Não. — Jungkook respondeu, sinceramente, quando ficou de pé e juntou


todos os relatórios que estavam analisando juntos para a reunião que teriam
três dias depois. - Eu vou levar essas cópias comigo.

— Levar para onde? — O mais velho perguntou, acompanhando-o com o olhar


quando o herdeiro da cadeira do diretor caminhou até a porta.

— Gwangsan-gu. Eu vou na frente. — Ele disse, abrindo a porta de seu


escritório e esperando até que Namjoon também se levantasse a passasse
para o lado de fora, então ele trancou a sala, apressado. — Te vejo no
domingo, hyung.

— Mas... — Namjoon balbuciou, atrapalhado e totalmente pego de surpresa,


mas se calou quando viu que Jungkook não esperaria para ouvir seu
questionamento confuso. Então, ainda sem força ou certeza na voz, ele
completou, acenando para as costas do mais novo que já entrava em um dos
elevadores do prédio. — Até domingo...

Depois de chamar um táxi e dar o endereço de seu apartamento, Jungkook se


acomodou no banco do fundo do carro, sem acreditar que estava mesmo
fazendo aquilo, mas lá estava o celular pressionado contra sua orelha,
discando o número de Kihyun.

— Parabéns pra vo—

— Eu preciso do apartamento hoje. — Jungkook interrompeu a cantoria do


amigo, enquanto com a mão livre tentava abrir o notebook para encontrar
algum vôo ou trem com destino a Nam-gu nas horas seguintes. — Ele está
livre?

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— Se não estivesse, eu expulsaria o inquilino só pra deixar livre pra você, gato
— Kihyun disse, com o tom sugestivo de sempre. — Mas você não disse que
vinha no domingo?

— Preciso ir antes. — Jungkook respondeu, vendo que todos os voos estavam


lotados, então a solução seria passar quase sete horas enfurnado numa cabine
de trem. — Deixe a porta aberta pra mim.

— Seu desejo é uma ordem. Mais alguma coisa?

Jungkook pensou em negar e finalizar a ligação ali mesmo, mas algo estalou
em sua memória, e ele prosseguiu ao reservar de antemão um dos bilhetes
para o trem que sairia em duas horas.

— Você trabalha amanhã? — Ele perguntou, juntando as peças de um quebra


cabeças.

Ele sabia que não poderia levar Jimin sem a permissão dos pais, assim como
não se sentiria confortável em tentar se aproximar dele debaixo dos olhos de
tantos conhecidos, então decidiu se aproveitar vergonhosamente do desabafo
que a mãe do mais novo tinha feito em sua estadia no hotel.

Quando finalmente chegou em Nam-gu, já no final de tarde, ele sabia que Jimin
ainda estaria na escola, então aproveitou o tempo que ainda tinha para
convencer seus pais a deixá-lo passar uma noite fora.

— Eu tenho que resolver algumas coisas em Gwangsan-gu e pensei em levá-lo


até o campus da Chosun. — Jungkook disse, diante do pai e mãe do garoto
que tinha virado seu juízo de cabeça para baixo. — Talvez conhecer uma
universidade de perto o motive um pouco mais.

Ele sabia que estava sendo irresponsável e impulsivo como nunca, mas estava
disposto a ignorar tudo isso só para passar mais algum tempo com aquele
menino.

— Eu vou cuidar da estadia e do transporte dele, então não precisam se


preocupar. — Jungkook insistiu.

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— Ah, não, por favor, não precisa fazer isso! — A mãe rebateu, sentada de
frente para Jungkook na sala espaçosa. — Já é tanto você pensar em fazer
isso por ele, não posso deixar que você gaste seu dinheiro, também!

— Eu insisto. — Jungkook disse, com um sorriso pequeno e educado,


enquanto brincava com a alça da xícara de chá que tinha em mãos. — Não vai
ser problema nenhum.

Mãe e pai se entreolharam, a mulher ainda um pouco surpresa pela boa


vontade de alguém que nem mesmo era próximo da família.

— Você é uma pessoa muito boa, Jeon. — Ela disse, impressionada.

— Ah, não. Ele riu com um pouco de culpa, conhecendo muito bem as próprias
motivações. — Eu não sou tão bom assim.

Mas a verdade é que nenhum dos dois acreditou nisso. Para eles, Jungkook
estava sendo genuinamente generoso, e por isso não pensaram em negar
aquele pedido. Assim, trinta minutos depois de ter chegado, Jeon já estava
saindo da casa, pensando em esperar Jimin do lado de fora, mas
completamente despreparado para encontrá-lo assim que fechou a porta atrás
de si.

A verdade é que, mesmo sem querer admitir, Jungkook estava ansioso. Ele
queria tanto reencontrá-lo que seu coração acelerou pela primeira vez em
muito tempo, como se tivesse quinze anos outra vez.

Entretanto, ele não tinha pensado que Jimin poderia estar magoado. E ele
estava.

Por um momento, Jungkook sentiu medo como não costumava sentir. Ele sabia
que Jimin tinha correspondido todo seu interesse no primeiro encontro, mas
depois de ser enganado, talvez sua atração tivesse sido convertida em algo
que nem de longe podia ser considerado bom.

Talvez Jimin não quisesse ir com ele.

— Você mentiu pra mim! — O menino acusou, furioso, depois de estapear seu
peito.
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Jungkook o olhou, entendendo e aceitando toda a raiva.

Ele mesmo sentiu raiva depois de ir embora daquele jeito, mas como poderia
prever que não conseguiria tirá-lo da cabeça? Aquilo não era racional, nem
mesmo fazia sentido,

— Eu realmente sinto muito por isso, meu bem — Ele disse, calmo, deslizando
o chamamento carinhoso quase sem perceber que o fez. — Não imaginei que
ia demorar tanto para conseguir voltar.

E então ali estava sua pequena mentira consciente. Entretanto, não teria
coragem de dizer que não pretendia reencontrá-lo até que completasse os
dezenove anos, mas não conseguiu lidar com a forma como sua mente foi
completamente impregnada por alguém quase desconhecido.

Era vergonhoso.

— Eu vim te buscar, meu anjo — Ele disse, então, depois de ser acusado de
mentiroso mais uma vez, sem resistir ao impulso de tocar aquele rosto,
segurando-o pelo queixo com os dedos longos.

Ele viu a expressão do mais novo metamorfosear para surpresa e confusão e


então sorriu, relembrando como as reações eram sempre tão puras e
transparentes e como aquilo era renovador, diferente da vida em Seul e das
pessoas que o cercavam, sempre se escondendo detrás de máscaras de
indiferença, acreditando que se importar era uma fraqueza.

— Você vem? — Ele perguntou, desejando ouvir uma única resposta, que veio
num abanar fraco de cabeça.

Jungkook então sorriu, tão aliviado que quase deixou um suspiro inoportuno
escapar, e então a mão que estava no queixo do menor subiu pela bochecha,
acariciando-o com cuidado.

— Arrume uma mala pequena, só para hoje e amanhã. — Ele disse, com a voz
mansa, deixando cada pequena parte do seu corpo ser tomada pela sensação

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inexplicável que só a presença de Jimin provocava. — Eu vou te esperar no
carro.

Então ele viu o mais novo correr para dentro de casa, afoito, e mesmo dizendo
que esperaria do lado de fora, Jungkook levou algum tempo até conseguir sair
do lugar.

Ele não sabia o que estava fazendo, depois de uma vida inteira calculando tão
bem cada uma de suas decisões. Mas ele estava feliz. Vergonhosa e
imensamente feliz.

Já no carro, sentado ao lado de Jimin, ele percebeu os olhos pequenos


confusos, ainda tentando entender toda a situação que nem mesmo o próprio
Jungkook, o criador de toda ela, era capaz de entender.

— Jungkook. — O menor o chamou, tímido. — Eu não entendi o que tá


acontecendo... por que você tá me levando pra Gwangsan-gu? Minha mãe
disse que é pra me levar numa universidade, mas... não faz sentido...

— Você realmente não entendeu, meu anjo? — Ele perguntou, se divertindo


um pouco com a confusão ainda tão óbvia no rosto angelical do menino ao seu
lado.

Por mais que o todo fosse um borrão incompreensível, aquilo, pelo menos
aquele detalhe, parecia muito óbvio.

— Eu só queria passar algum tempo com você. — Ele explicou, então, sendo
inteiramente sincero.

Mas no rosto de Jimin, ao invés de encontrar alguma expressão que


entregasse felicidade, tudo que ele viu foi incerteza e um pouco de medo, e
isso o assustou.

— Você não parece feliz. — Jungkook disse, sem pensar, sentindo medo de
ser visto, por aqueles olhos bonitos, da mesma forma que ele mesmo se via.
Como um louco.

— É só que... parece que você tá brincando comigo. — Ele confessou,


envergonhado.
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Jungkook respirou fundo e umedeceu os próprios lábios. Aquilo nunca seria
ele. Nunca, nem mesmo uma vez, ele usaria alguém daquela forma.

— Eu não tenho tempo para esse tipo de coisa, Jimin. — Ele disse,
sinceramente, com a entonação um pouco mais séria não para assustá-lo, mas
para mostrar que estava falando a verdade. — Se eu vim até aqui, foi porque
queria te ver. E só.

Entretanto, aquela desconfiança só o fez perceber que Jimin realmente não o


conhecia e a recíproca era verdadeira. Por isso, mais uma vez, ele sentiu a
inconstância das suas certezas, porque sua consciência continuava
condenando-o como irracional por estar tão envolvido por alguém que não
sabia muito mais que seu nome.

E talvez, por um lapso de esforço, ele acabou por evidenciar que não estava
exatamente satisfeito com aquilo e Jimin, chateado por vê-lo com a expressão
carregada, se arrastou pelo banco, sentando exatamente ao seu lado, com as
pernas se tocando e as mãos pequenas e gordinhas segurando seu braço.

— Desculpa... Jun... — Ele disse, inseguro por chamá-lo daquela forma, e


Jungkook mal conseguiu conter uma risada surpresa e encantada que
subjugou completamente sua falta de confiança sobre como e porque estava
se sentindo daquela forma por aquele garoto.

E durante toda a viagem de carro, ele reafirmou a certeza que já tinha aceitado.
A forma como Jimin olhava, como falava e como não parecia preocupado em
esconder o quanto estava encantado por Jungkook faziam ele se sentir um
homem incrível.

Cada mínima nuance daquele menino parecia se encaixar tão bem nas suas
próprias particularidades que ele não pode evitar aquela sensação que o
inundou, tão rápido.

Park Jimin parecia ter sido feito para Jeon Jungkook.

— Finalmente, gato. — Ele ouviu aquela voz familiar assim que entrou no flat
que sempre alugava quando tinha negócios para resolver em Gwangsan-gu.

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— Eu só pedi para deixar a porta aberta, Kihyun — Jungkook disse, ignorando
qualquer cumprimento mais convidativo, um pouco incomodado por ver o
amigo ali.

Ele queria ficar sozinho com Jimin.

— E perder a chance de dar um abraço no aniversariante mais gostoso? — de


cabelos tingidos disse, caminhando até ele e envolvendo-o num abraço
sugestivo.

Aquilo não era novidade para Jungkook. Kihyun sempre agiu daquela forma,
mas nunca foi necessariamente um incômodo. Entretanto, ele percebeu o
desconforto de Jimin e afastou o amigo, pouco tempo depois.

— Já chega.

Kihyun se afastou, sem se ofender com a rejeição, e finalmente olhou para o


mais novo dos três, um pouco surpreso por ver um garoto com um uniforme
escolar acompanhando Jungkook.

— Namjoon costumava ser mais alto — Ele provocou, guardando seus


questionamentos para depois.

— Meu nome é Jimin e eu vim como Jungkook — Ele rebateu, com o rosto
bonito contraído em uma expressão defensiva, um pouco irritada.

Então Kihyun olhou novamente para Jeon, com um sorriso ainda provocador.
— Sério que você vai ficar de babá logo no dia do seu aniversário, gato?

Jungkook não respondeu, porque conhecia o amigo bem o suficiente para


saber que suas provocações não deveriam ser levadas a sério, e então se
afastou, caminhando até o sofá. Sentado, ele gesticulou para que Jimin se
aproximasse, ignorando deliberadamente a presença ainda indesejada de
Kihyun.

— Venha aqui, anjo.

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Ainda emburrado com a terceira presença no apartamento, Jimin se aproximou,
quase batendo os pés no chão a cada passo irritado, e Jungkook não deixou
de achar completamente adorável, ainda que um pouco infantil.

Então quando o viu perto, mas sem saber o que fazer, ele levou as mãos até a
cintura do menor e o puxou com cuidado até encaixá-lo, ainda de pé, entre
suas pernas.

Sem dizer nada, deixando que o silêncio tentasse amenizar o incômodo criado
por seu amigo inconveniente, ele puxou o suéter do uniforme escolar de Jimin,
com uma ponta crescente de satisfação quando, sem se opor ou se incomodar,
o mais novo só levantou os braços, permitindo que a peça de roupa fosse
tirada. Depois, Jungkook afrouxou sua gravata e também a tirou,
cuidadosamente, antes de desabotoar o primeiro botão da blusa com o brasão
da escola bordado no lado direito.

— Vá tomar um banho. — Ele disse quando percebeu que Jimin parecia ter se
concentrado unicamente em seus gestos, esquecendo da presença de Kihyun.
— Nós vamos jantar depois.

— Vamos? — O mais novo repetiu, como se aquilo fosse algo realmente


incrível

Jungkook conteve um sorriso, mas não conseguiu controlar as mãos que


continuaram na cintura de Jimin, segurando-o perto, e começou a mover seu
polegar sobre a barriga ainda coberta pelo tecido fino da blusa, acariciando-a
quase sem a consciência de que o fazia.

— Podemos sair ou pedir alguma coisa. O que você prefere? — Jungkook


questionou, sem conseguir parar de olhar para a expressão tão feliz de Jimin
por algo tão pequeno.

— Só... Só nós dois?

— Só nós dois.

Jungkook precisou se controlar um pouco mais quando o viu morder o lábio


para tentar não evidenciar um sorriso, com os ombros encolhidos, timidamente.

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— Então eu prefiro o que Jungkook preferir.

Ele sorriu, sem entender como aquele menino parecia sempre dizer as coisas
que faziam Jungkook se sentir no controle, mesmo que fosse ele que tornasse
tudo tão difícil de controlar.

— Se arrume. Nós vamos jantar fora. — Ele respondeu, enfim.

Com um sorriso enorme, ele viu Jimin se afastar e pegar a própria mochila
antes de seguir até o banheiro, e então voltou seu olhar para Kihyun, que
observou tudo em silêncio, com um sorriso divertido nos lábios.

— Ele já veio adestrado assim? — O mais velho perguntou, depois de acreditar


que o menor já tinha entrado no banheiro.

— Não provoque o Jimin. Eu não o trouxe aqui para ser vítima desse seu
humor — Jungkook alertou, cansado.

— Ah, que dom protetor... — Kihyun insistiu, sentando-se ao seu lado, ainda
com o sorriso enfeitando seu rosto. — Me dói admitir que ele é exatamente do
tipo que você gosta. Sabe o que mais? Me lembra um pouco o Taehyung antes
de vocês terminarem...

Jungkook quase revirou os olhos, impaciente.

— Jimin é diferente. — Ele disse, sinceramente, ao perceber a sugestão do


amigo. — Não ache que eu estou tentando substituir alguma coisa.

Apesar do sorriso ainda inabalável, o mais velho não contestou, sabendo que
algo como aquilo não fazia parte da natureza de Jungkook.

Entretanto, ele ainda estava curioso, e a forma como as peças se encaixaram o


fez chegar a uma conclusão certeira.

— Me diz... — Ele aproximou seus rostos, tentando confirmar aquilo que já


parecia ter aceitado como uma verdade. — Aquele menino gordinho e
engraçado é o seu presente de aniversário pra você mesmo?

— Você é muito curioso, Kihyun.

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O de cabelos tingidos ficou de pé, tomando aquilo como uma confirmação e
feliz por ver que o amigo não estava sofrendo por ter sido deixado por quem
todos acreditavam ser seu par perfeito.

— Se você cansar de brincar de babá e quiser comemorar como um adulto, já


sabe onde me encontrar, né? — Ele disse, sem perder o usual tom provocativo.

Jungkook não se afetou pela provocação, deixando que o amigo fosse embora
e sabendo que, no fim, Kihyun tinha razão. Jimin era, sim, seu presente de
aniversário.

Aquela altura, entretanto, ele sabia que a forma como o mais novo o afetava ia
muito além de atração carnal, o que lhe deu mais confiança para acreditar que
conseguiria chegar até o outro dia sem ultrapassar nenhum limite.

Entretanto, Jimin era mais imprevisível do que Jungkook podia medir, e foi com
um pouco de surpresa que ele descobriu que o mais novo ouviu sua conversa
com Kihyun.

— Você não me disse que era seu aniversário — Ele ouviu a voz mansa
dizendo, um pouco insegura, quando Jimin apareceu na sala outra vez.
Surpreso, Jungkook parou de desabotoar a própria blusa e olhou para o mais
novo, sentindo a tensão retornar quando viu os passos que foram dados em
sua direção. — Eu sou seu presente, Jungkook?

Ao perceber que o menor tinha começado a tirar a própria camisa, numa


medida completamente impensada e levada pelo calor do momento, ele
tencionou todos os músculos do rosto.

— Não faça isso, Jimin. — Ele alertou, tenso, mas percebeu que, dessa vez,
seria deliberadamente desobedecido.

— Feliz aniversário, Jungkook... — Jimin disse, tímido, quando se livrou da


blusa e exibiu o próprio corpo, fazendo Jungkook perder a fala por um instante.

Jimin era lindo, delicado, e sua impulsividade o tornava tão único que Jeon não
soube o que fazer, sem conseguir parar de admirar o menino diante de seus
olhos. No entanto o mais novo não parecia compartilhar de sua adoração por

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aquele corpo, e usou os próprios braços para escondê-lo quando foi tomado
pela vergonha.

Então, sem pensar direito, Jungkook o tocou, mesmo depois de jurar para si
mesmo que não o faria, afastando os braços que tentavam cobrir algo que
nunca deveria ser motivo de vergonha, e sem se controlar quando deslizou as
pontas dos dedos pelo peitoral exposto, descendo até um ponto abaixo do
umbigo, hipnotizado pela pele, pelo corpo, por tudo em Jimin.

Não existia malícia em seu toque. Não existia nada além de uma admiração
silenciosa por tudo que Jimin era, mas ele soube que tinha ido longe demais.
Mesmo assim, não queria voltar atrás.

Então ele ficou de pé, diante do mais novo, vendo-o com os olhos fechados
ainda pela vergonha.

— Não tenha vergonha do seu corpo, Jimin. — Jungkook disse, mais como
num pedido desesperado, tocando-o suavemente no pescoço. — Você é lindo.

O menor pareceu se atrapalhar completamente com a própria respiração,


incapaz de controlar os olhos quando eles desceram, analisando a pele
exposta pela blusa aberta pela metade.

— Deixa eu te ver de novo, Jungkook... — Ele pediu, tocando no peitoral do


mais velho com as pontas dos dedos ansiosos.

Jungkook relutou. Ele pensou em fechar os botões abertos de sua blusa e


negar aquele pedido, mas tudo naquele menino o desarmava completamente.
Então, mais uma vez indo contra sua racionalidade, o que ele fez foi juntar as
mãos pequenas entre as suas grandes e levá-las até o primeiro botão ainda
fechado.

Ele então acompanhou, com a respiração lenta, enquanto cada botão era
passado para fora. Quando os dedos curtos e ansiosos terminaram de
desabotoar sua blusa e exibiram seu corpo, Jungkook sentiu o frio na barriga
se tornar ainda mais intenso, por perceber a forma como Jimin o olhava, tão
devotamente.

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— Isso não é normal... — Ele ouviu o mais novo dizer, perdido, e não teve
dificuldade em entender sobre o que ele falava

Jungkook sabia exatamente, porque ele se sentia da mesma forma.

— Eu sei que não é, meu anjo — Ele disse, sem conseguir se conter quando
sentiu os braços de Jimin envolvendo-o em um abraço, com a cabeça
pressionada contra seu peitoral, e então o abraçou de volta, puxando-o para
mais perto. — Mas eu adoro a forma como você me faz sentir — Confessou,
então, sentindo o calor gostoso daquele corpo contra o seu.

Apesar de não ser um fiel apreciador de abraços, pelo menos não quando a
outra pessoa envolvida não tinha um relacionamento próximo com ele,
Jungkook percebeu que ter Jimin em seus braços trazia uma sensação tão boa
que quase não podia ser descrita, por isso não o soltou, segurando-o perto por
um tempo que, em outra situação e com outra pessoa, julgaria como
desconfortável.

Mas quando Jimin o olhou outra vez com os olhos pequenos e ansiosos, ele
percebeu que já tinha ido longe demais.

— Jimin — Jungkook o chamou, tocando-o no rosto com a mão sempre tão


ansiosa por aquela pele, e então o beijou na testa, deixando o cheiro de frutas
do cabelo escuro invadir seus sentidos antes de beijar a bochecha gordinha
que ele tanto adorava e, finalmente, deslizando os lábios até o ouvido de um
Jimin afetado por todos aqueles toques.

Ele quase desistiu quando sentiu as mãos pequenas se agarrando a seu corpo
com ainda mais força, desejando mantê-lo naquele abraço por muito mais
tempo, mas Jungkook não confiava mais em si mesmo.

— Eu vou te perdoar por ouvir minha conversa com Kihyun, mas nós não
vamos sair se você não ficar pronto logo — Ele disse, tentando convencer o
menino a deixar seu abraço, porque ele mesmo não conseguiria soltá-lo.

Quando o menor respondeu com um pequeno sobressalto antes de correr para


o banheiro, Jungkook esperou ouvir o som da porta sendo fechada para então
suspirar, sozinho, ao passar a mão pelos cabelos escuros num gesto frustrado.
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Depois, ele trocou de roupa, conscientemente escolhendo uma calça que
evidenciava o contorno de suas pernas fortes, e esperou até que viu Jimin sair
do banheiro, com o rosto baixo e esmagando a própria mochila contra o peito.

— Você não parece confortável — Jungkook comentou, atento à falta de jeito


do mais novo.

— Minha roupa...

Ele então viu Jimin puxar a mochila mais para cima, até esconder o rosto
contra ela, e falhou em conter um riso afetado pela inocência da reação.

Se Jimin soubesse que Jungkook achava-o dolorosamente bonito até mesmo


naquelas roupas, nunca ficaria tão constrangido.

Então, tentando fazer essa verdade se tornar uma certeza na mente ainda
insegura do mais novo, ele se aproximou e tirou a mochila de seus braços
antes de se ocupar em dobrar cuidadosamente as mangas da blusa social
bege que o menor vestia, envergonhado.

— Não se preocupe com isso, meu bem. Ele tranquilizou-o, então, ao arrumar
a gola amarrotada. — você fica lindo de qualquer jeito.

Apesar de ser inteiramente sincero, Jungkook não esperava o que veio a


seguir. Então, pego de surpresa, ele viu Jimin olhá-lo em silêncio logo antes de
ficar na ponta e beijar sua boca. Mas ainda que fosse um toque rápido, quase
desastrado, Jeon perdeu o controle sobre as ações e ficou quieto por tempo
demais, sem saber como reagir.

— Eu não vou me desculpar por isso — Ele ouviu o menor dizer, tímido, mas
com alguma segurança.

Jungkook então sorriu, mesmo que aquele breve toque tivesse levado sua
mente para a beira de um abismo. Porque ele gostou. Porque aquele beijo
roubado, tão inocente quanto poderia ser, revirou seu estômago mais que
qualquer outra vez que beijou alguém.

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Diante da reação do mais velho, Jimin apertou os lábios, querendo sorrir. —
Você também queria me beijar! — Ele disse, quase acusatório, mas satisfeito
como nunca.

Jungkook uniu as sobrancelhas como se a euforia do mais novo fosse


infundada, porque ele acreditava que aquilo era algo óbvio desde o começo, e
seu sorriso pequeno se quebrou quando ele passou a língua sobre os lábios,
antes de responder.

— Alguma vez eu te fiz pensar que não queria, anjo?

Em resposta, foi a vez de Jimin perder o controle sobre suas reações, e então
nenhuma veio, por algum tempo, o que fez Jungkook sorrir ao perceber que,
apesar de se perceber inconsequentemente transparente quando se tratava
daquele menino, o mais novo não via da mesma forma.

Então, disposto a deixar aquilo tão claro quanto lhe fosse possível, Jungkook
segurou o rosto de Jimin, com firmeza, quando se aproximou ainda mais.

— Eu tenho que ser mais claro, então?

Diante da resposta positiva e desastrada, Jungkook desceu a mão que estava


no maxilar do menor até segurá-lo pela nuca, e então o puxou para perto até
vê-lo se chocar com as mãos contra seu peitoral. Então os rostos ficaram
próximos, a respiração pesada do mais novo atiçando a sua e aquela boca
chamando-o traiçoeiramente, como o canto de uma sereia atrai e trai um
pescador.

— Eu quero te beijar, Jimin, — Com o controle por um último fio, Jungkook se


permitiu errar mais uma vez, prometendo a si mesmo que aquela seria a última,
e então beijou demoradamente o canto dos lábios que lhe atormentavam desde
a primeira vez. — mas eu também quero fazer muito mais que isso com você.

Seus lábios ainda estavam pressionados contra o mais novo quando ele sentiu
as mãos pequenas amassando sua blusa, e então ouviu o suspiro incontido
quando o menor fechou os lábios, completamente entregue.

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— Então faz, por favor... — Ele pediu, num sussurro quase sem forças, quando
moveu o rosto para o lado, tentando fazer as bocas se tocarem outra vez, de
verdade.

Jungkook permitiu, por muito pouco não seguindo em frente para dar o que ele
e Jimin tanto queriam. Mas então ele sorriu, frustrado, e se afastou do menor
ao se agarrar a cada pequena partícula de força de vontade presente em seu
ser.

— Por enquanto nós só vamos jantar, anjo. Você está pronto? — Ele disse,
então, determinado a recobrar alguma consciência antes que fosse longe
demais com alguém tão novo e, principalmente, tão inocente.

— Jungkook... — O menor o chamou, desesperado, quando o viu caminhar em


direção à porta, e então insistiu, aflito. — Jungkook...

— Eu não gosto de fazer isso, Jimin, mas você entende que eu preciso, não é?
– Jungkook disse, mas, ainda que aquela necessidade incômoda estivesse
baseada na pouca idade do mais novo, ele sabia que Jimin não se importava
com isso, então justificou com a primeira coisa que veio à cabeça. — Você não
pode ouvir minha conversa com outras pessoas e achar que não vai ser
castigado por isso.

— Mas você disse que ia me perdoar — menor rebateu, manhoso.

— Agora eu perdoei, boneca. — Ele respondeu, com a sombra do sorriso


afetado em seu rosto, voltando a caminhar até a porta do flat. — Você não
vem?

— Eu não quero mais ir. — Ele ouviu o menor responder, com a raiva se
misturando à frustração.

Jungkook parou de andar outra vez e olhou para o menor em silêncio,


reconhecendo toda a irritação. No fundo, ele queria dizer que, porra, também
estava irritado. Tudo que ele queria era não se importar com a idade de Jimin,
com a lei e com qualquer outra coisa que se pusesse entre eles dois, mas não
era assim que Jeon Jungkook funcionava.

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— Então vamos ficar. — Ele anunciou, também repentinamente indisposto para
sair, antes de voltar a caminhar até o sofá. Quando se sentou, já com o celular
numa das mãos, ele olhou para Jimin, tentando não prolongar o pequeno atrito
que surgiu. — Eu vou pedir nosso jantar. Você gosta de galbi-jjim?

Ele só viu Jimin olhá-lo, ainda mais frustrado, antes de erguer os ombros numa
resposta vaga. E dali até que o jantar chegasse e eles terminassem de comer,
Jungkook se fechou numa pequena bolha dentro de sua mente, tentando não
cometer mais nenhum deslize, mas sentindo que falharia quando erguia os
olhos e via Jimin observando-o, adoravelmente, com as bochechas estufadas
de comida.

Inferno, por que tudo que aquele menino fazia o afetava tanto?

Então Jungkook terminou de comer rápido e se levantou, levando a louça suja


para a cozinha, muito consciente sobre a forma como a calma em sua
expressão estava longe de chegar à sua mente agitada.

— Você pode dormir no quarto. — Ele disse, então, quando Jimin se juntou a
ele na cozinha, olhando-o com uma expectativa que o desestabilizava ainda
mais. — Amanhã nós vamos sair cedo.

— E se eu quiser ficar acordado com você?

Jungkook negou, ainda que quisesse permitir. A pouca confiança que tinha em
seu autocontrole estava, agora, completamente destruída.

— Você não está se comportando bem, meu anjo — Ele disse, verdadeiro,
porque Jimin parecia querer levá-lo ao limite mesmo sem perceber que o fazia.
— Va dormir. Sozinho.

Deixando o mais novo sozinho, ele foi até o banheiro, onde o banho frio, não
pela primeira vez, falhou em colocar suas ideias no lugar.

Quando saiu, vestindo somente sua calça de moletom, ele estava determinado
a passar as horas seguintes concentrado em seu trabalho, mesmo já sabendo
que não teria muito sucesso em assimilar qualquer coisa.

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— Jungkook... — Jimin o chamou quando o viu, tão desesperado quanto o
próprio Jungkook estava com toda a situação.

— Vá dormir, Jimin. — Foi tudo que ele disse, ficando de costas quando se
sentou no chão com os documentos, para não evidenciar a própria frustração.

Quando o menino finalmente o deixou sozinho, Jungkook acreditou que


finalmente poderia se acalmar, mas percebeu que estava enganado como
nunca ao ver Jimin reaparecer, envergonhado, vestindo a blusa que ele tinha
deixado no banheiro.

— Eu posso dormir com ela? — O mais novo perguntou, tentando inutilmente


cobrir as pernas nuas.

Mas aquilo era demais para Jungkook.

Então ele perdeu todo o tempo seguinte sentindo a própria pulsação acelerar
enquanto seus olhos pareciam atentos a cada mínimo detalhe daquelas coxas,
da blusa grande demais para o tamanho de Jimin e da expressão
envergonhada.

Afetado como nunca e sentindo seu bom senso ser destroçado, ele não pensou
quando gesticulou para que o mais novo se aproximasse, assim como não
calculou o risco de deixar suas mãos seguirem seu desejo incontrolável de
tocar aquela pele, e ele quase suspirou quando tocou as coxas grossas pela
primeira vez.

Também pela primeira vez, Jungkook não se importou. Com nada. Tudo que
sua mente processava, naquele instante, era a imagem de Jimin tão irresistível
bem diante de seus olhos.

Então ele o puxou, pelas pernas, quase suspirando quando sentiu o corpo
menor cair sobre o seu, e seus dedos se enterraram naquela coxa tão deliciosa
enquanto a outra mão segurava-o pelo maxilar, com força, enlouquecido por ter
Jimin tão perto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você realmente dificulta as coisas pra mim, anjo — Ele disse, sem controle
algum quando mordeu o lábio grosso, puxando-o com seus dentes até soltá-lo
para pressionar suas bocas. — Prometa que não vai deixar ninguém saber.

Desesperado, esperando por aquilo tanto quando Jungkook, Jimin assentiu


diversas vezes, e então finalmente aconteceu.

Jungkook o beijou, sem cuidado, sentindo a forma como os gemidos tímidos


escapavam a cada vez que ele provocava alguma dor no mais novo, e isso o
tirou completamente de órbita.

Ele o desejava, como um louco.

— Abra a boca — Ele ordenou, tomado pelo descontrole, quando percebeu que
Jimin parecia perdido, travado, sem saber como retribuir quando Jungkook
mordia e chupava seus lábios.

Então, ao sentir que os lábios grossos relaxaram, ele aprofundou o beijo,


sentindo seu corpo ficar tão quente quanto lava quando sentiu a língua tímida
do menor tocar a sua.

Ainda que não soubesse o que fazer, Jimin, só com aquilo, o enlouqueceu mais
que qualquer outra pessoa experiente com quem Jungkook já tivesse se
envolvido.

Entretanto, foi depois de gemer ao sentir as unhas curtas apertando seu ombro
e sentir Jimin empurrando suas ereções juntas que a mente de Jeon estalou,
aflita, e ele o empurrou pelo quadril quando interrompeu o beijo, de repente.

— Vamos parar aqui. — Jungkook disse, ofegante.

— Não, por favor, só mais um pouco — Jimin pediu, desesperado, tentando se


aproximar mais uma vez.

Mas Jungkook impediu, e então o beijou na bochecha com carinho, tentando


acalmá-lo e se acalmar também.

— Me desculpe, anjo, mas eu já passei dos limites.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Apesar de insatisfeito, Jimin acabou por aceitar que, naquela noite, nada mais
aconteceria. Mas o último gesto dele, aquele impensado e tão inocente, afetou
Jeon mais uma vez.

— Jungkook... — Ele chamou, envergonhado, e anunciou logo antes de correr


para o quarto. — Esse foi meu primeiro beijo.

Quando ouviu a porta do quarto ser desastrosamente fechada, Jungkook


sorriu, encantado.

Apaixonado.

E ali, pela primeira vez, ele soube que Park Jimin era um caminho sem volta.

Mas não tinha problema, não para ele. Porque ainda que fosse seu pior e mais
inconsequente erro, Jeon Jungkook não se arrependeria.

[1] Switch (ou versátil) é uma pessoa que pode assumir tanto a posição
como dom ou como sub. Nessa fanfic, o Seokjin é um exemplo de switch.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
oioioioiiii, que saudade de vocês :(((parece que passou uma vida inteira desde
a última att, credo

to com saudade do Yukwon também :( mas nem tanta assim porque... ops não
vou colocar a carroça na frente dos bois, mas na próxima att talvez eu traga
uma notícia boazinha pra vocês ihu

mas enfim conhecemos o lado do Jungkook e acho que agora não restam
dúvidas sobre o bichinho ser doido pelo Jimin, né? //vou confessar que
escrever esse capítulo foi muito difícil, parte dele eu escrevi meio bêbada e
outra parte quando tava triste, tristinha, então o resultado final talvez esteja
meio (?) esquisito, mas espero que tenham gostado mesmo assim

tá, quem me conhece sabe que eu falo muito e sou meio viadakkk mas vou
tentar ser breve na minha declaraçãozinha que não podia faltar

submissive não teria tanta gente lendo se não fossem vocês mesmos, eu perdi
as contas de quantos leitores já disseram que começaram a ler por
recomendação de amigos e vocês não sabem como isso me deixa feliz, porque
compartilhar uma história com alguém que a gente gosta pra mim é sempre a
maior prova de que realmente gostamos dela v

escrever e postar sub tá sendo uma experiência muito boa e divertida, apesar
de as vezes passar umas raivinhas (é porque eu sou estressada e chatona
mesmo), em 95% do tempo eu só me divirto com os comentários ou me derreto
com o carinho de vocês, que era algo que eu não esperava mesmo, ainda mais
nessas proporções. Espero conseguir retribuir isso com capítulos bem tope por
muito tempo (até porque essa fanfic vai ser grandinha pra um caralhokkk não
me abandonem pofavo)

muito muito muuuito amor por vocês! nos vemos segunda, dia 11 ♡

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
19 • Breakdown

Eu não soube o que fazer, por tempo demais. Ver Yuta beijando Yukwon foi
algo que nem mesmo uma mísera vez se passou por minha cabeça.

Era aquele tipo de coisa que eu não classificava como improvável ou


impossível de acontecer, porque nem mesmo a possibilidade existia, não para
mim. Entretanto, eu não parecia o único atordoado.

Enquanto Yuta tomava o chá, ainda com uma expressão cabisbaixa, e


Taeyeon alisava suas costas num gesto carinhoso, Yukwon permaneceu no
quarto, demorando muito mais tempo do que qualquer pessoa demoraria para
arrumar uma cama.

Quando finalmente voltou, ele entregou uma muda de roupas limpas e uma
toalha para Yuta, sem olhá-lo diretamente.

— Vá tomar banho, depois pode dormir na minha cama. Você precisa


descansar

— Yukwon disse, até um pouco apático, enquanto colocava um travesseiro e


um lençol sobre o sofá, onde se acomodou. — Eu durmo aqui.

Yuta hesitou por algum tempo, parecendo indeciso sobre olhar para Yukwon ou
para o chão, mas acabou concordando, com a cabeça baixa.

Depois de entregar a xícara vazia para Taeyeon, que ofereceu um sorriso


carinhoso em troca, Yuta ficou de pé, mas ainda parou com o olhar fixo em
nosso amigo antes de finalmente ir até o banheiro.

- Eu vou fazer alguma coisa pra ele comer antes de dormir. — Taeyeon disse,
preocupada, com a voz contida quase num sussurro. — Acho que o coitado
não deve ter comido nada antes de fugir de casa, né?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu assenti, ainda sentindo meu estômago revirado com toda aquela história,
apesar de meus olhos estarem fixos em Yukwon, que só reiterou minha
resposta com um gesto fraco.

— Eu já volto, então — Ela disse, ainda com os olhos inchados pelo choro
anterior, quando ficou de pé e sumiu na cozinha pela segunda vez.

Sozinho com Yukwon, eu olhei para ele, ainda parado feito uma estátua no
mesmo no lugar, antes de perceber que ele me olhou de volta enquanto
desdobrava o lençol para se cobrir, tentando encaixar o corpo esguio no sofá
pequeno.

— O que foi? — Ele perguntou, provavelmente estranhando meu olhar fixo.

Eu engoli a saliva em minha boca, sentindo-a quase seca, e olhei para o resto
da sala para confirmar que estávamos mesmo só nós dois ali, para só então
voltar a olhar para ele.

— Yukwon... — Eu o chamei, um pouco atrapalhado. — Eu estou doido ou... ou


o Yuta realmente te beijou?

Eu vi a pele ao redor de seus olhos se franzir. — Você viu?

Assenti, em silêncio, e ele suspirou, deitando a cabeça no travesseiro quando


fechou os olhos.

— Não foi nada. — Ele disse, então. — Ele só ficou meio errado das ideias
depois de passar pelo que passou hoje. Nós dois sabemos que ele é hétero.

Eu apertei meus lábios, sem saber se aceitava aquela explicação.

— E se não for? — Contestei, me aproximando dele. — Ele gosta de meninas,


mas também pode gostar de meninos, né? Kihyun e Jeonghan gostam dos
dois... Jungkook também...

— Ele gosta de mulher. — Yukwon resmungou, puxando o lençol para cobrir a


cabeça. — Esquece isso e me deixa dormir em paz.

— São oito da noite, Yukwon.

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— Só porque tá cedo eu não posso dormir? Vai se foder.

— E eu vou dormir onde? — Perguntei, tirando a coberta de cima do seu rosto.


— - Não vou voltar pra casa agora, minha mãe ainda tá possessa porque eu
passei o dia todo com o Jungkook e eu tô com medo dela.

— Dorme aí no chão. — Ele respondeu, tentando cobrir a cabeça outra vez,


mas eu o impedi e comecei a empurrá-lo para o lado, para arranjar algum
espaço para mim. — Caralho, Jimin, me deixa em paz!

— Eu vou dormir aqui, vai mais pra lá — Afirmei, ainda empurrando-o, e ele
bufou violentamente antes de se afastar, deixando parte do sofá vazio.

Eu sorri, vitorioso, antes de me deitar do seu lado, brigando também por um


pedaço do lençol quando apoiei minha cabeça ao lado da sua, no travesseiro.

— Ei. — Eu o chamei quando ele já estava com os olhos fechados, vendo que
sua expressão parecia tão diferente do usual, um pouco tensa. — E se o Yuta
gostar de você?

— Isso não tem a menor chance de acontecer. Cala a boca e dorme.

Eu suspirei, vencido, quando percebi que, bem no fundo, eu concordava com


ele. Não existia a menor chance de Yuta ter qualquer sentimento além de
amizade por Yukwon e aquele selinho só podia ter sido consequência do
desequilíbrio emocional dele, na hora.

Me convencendo disso, eu continuei deitado no sofá, disputando o pouco


espaço com Yukwon, mas sem conseguir dormir. Ao meu lado, meu amigo
continuava com os olhos fechados, mas o ritmo de sua respiração entregava
que ele também ainda estava acordado, e continuou assim quando Yuta voltou
à sala e, mesmo se recusando a princípio, comeu o que Taeyeon tinha
preparado para ele.

— Jimin... — Eu ouvi Yuta me chamar, parecendo um pouco inseguro, e então


eu o olhei, preocupado. — Como foi quando você percebeu que... — Ele parou,
relutante, e acabou desistindo. — Deixa pra lá. É besteira.

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Eu me mexi no sofá, tentando vê-lo melhor. — Pode perguntar. — Incentivei,
percebendo que ele parecia ter vergonha de finalizar o questionamento
anterior.

Ele então abaixou os olhos e torceu os lábios, pensativo, antes de me olhar


outra vez, ainda sem determinação.

— Como foi quando você percebeu que gostava de outros meninos?

Eu tentei não tirar conclusões precipitadas, mas minha mente viajou sozinha
pelas possibilidades do que aquilo significava e eu me assustei ao perceber
que, talvez, não fosse tão absurdo assim Yuta estar descobrindo que gostava
de meninos. Ou, melhor dizendo, que gostava de Yukwon.

— Foi um pouco assustador... — Respondi depois de algum tempo, tentando


ignorar a surpresa. — Fiquei um tempo em negação, também, mas o
Jungkook foi o primeiro cara por quem eu senti atração e negar qualquer tipo
de sentimento por ele é meio impossível, então...

Yuta riu um pouco. — Ele é muito bonito mesmo.

— É, mas não é só isso. — Eu apertei meus lábios num sorriso pequeno,


apaixonado. — Jungkook parece um pouco ameaçador e eu gosto disso, mas
ele também é tão carinhoso e cuidadoso que me deixa sem ar. E ele é muito
esforçado, paciente e tem o sorriso mais lindo desse mundo inteiro... as vezes
mesmo quando ele tá longe eu fico feliz só por lembrar que existe uma coisa
tão bonita quanto o sorriso dele, porque eu sempre penso que a vida não pode
ser tão ruim se é por causa dela que ele pode sorrir... né?- Encolhi meus
ombros, um pouco envergonhado. — O Jungkook é a pessoa mais incrível do
mundo e eu também me sinto incrível quando estou com ele, então não faria
sentido perder tudo isso só por ter medo de assumir que eu sou gay...

Yuta mordeu o próprio lábio, sem me olhar, como se ponderasse algo.

— Por que você quis saber isso? v Eu perguntei, paciente. — Você acha que
gosta de algum menino ou... alguma coisa assim?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele demorou algum tempo, parado, antes de erguer os olhos e mover a cabeça
para cima e para baixo.

— Se um cara me faz rir muito mesmo que passe a maior parte do tempo me
provocando, eu gosto muito de ficar perto dele, meu coração fica meio doido
quando ele chega perto e... as vezes... eu sinto vontade de beijar ele... quer
dizer que eu gosto, né? Não só como amigo...

— Provavelmente... — Eu respondi, vendo a forma como ele parecia evitar


olhar só para mim enquanto falava e então seus olhos vagavam, sem muito
foco, por toda a sala.

Yuta assentiu mais uma vez. — Eu acho que também fiquei um tempo em
negação, como você, mas...

— Yuta. — Eu o chamei, tentando reconfortá-lo com um sorriso. — Não tem


nada de errado em sentir o que você tá sentindo, tá?

Ele me olhou, ainda medroso, mas acabou sorrindo de volta.

Eu sabia que ele estava com medo. Eu também estive, também acreditei que
tinha algo de errado em mim, e talvez continuasse acreditando nisso por muito
tempo se não fossem as pessoas que ficaram ao meu lado e me fizeram
perceber que o erro nunca esteve em mim, e sim em quem me fez acreditar
nisso.

E assim como Jungkook, Yukwon, Jeonghan, minha mãe e até Kihyun foram
responsáveis por todo esse processo até que eu me aceitasse, eu pretendia
ser também aquele a ajudar Yuta a manter a cabeça erguida mesmo se alguém
tentasse colocá-lo para baixo.

— Obrigado, Jimin — Ele disse, então, com um sorriso verdadeiro iluminando


seu rosto ainda machucado pela atrocidade de seu próprio pai. — Eu vou
tentar dormir agora...

Eu balancei a cabeça, concordando. — Isso, descanse. A cama de Yukwon é


mais confortável, mas se você não quiser ficar sozinho, pode vir pra cá que a
gente se ajeita até deitarmos os três no sofá.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele riu um pouco, fazendo meu coração se aquecer um pouquinho por ver seu
sorriso tomando o lugar do choro sofrido de antes. E então eu confirmei que
queria vê-lo sempre, sempre sorrindo.

— Boa noite, Chim.

Quando Yuta sumiu da sala, eu fiquei um tempo calado, ouvindo a respiração


tensa de Yukwon ao meu lado.

— Você ouviu? — Eu perguntei, olhando somente para o teto, com a certeza


de que ele estava acordado.

Depois de não ter nada além de seu silêncio em resposta, ele se remexeu
sobre o estofado. — Se ele estava falando de mim, então eu sinto muito, mas
não vai rolar.

Eu senti minha garganta apertar e me senti dolorosamente triste por Yuta,


porque eu tinha certeza de que ele estava falando de Yukwon quando me disse
tudo aquilo.

E então eu não disse mais nada. No silêncio do seu apartamento pequeno,


depois de uma noite completamente bagunçada, eu finalmente dormi para só
acordar na manhã seguinte, com o alarme do celular.

Ainda estava muito cedo, então eu tomei cuidado para me arrumar em silêncio
quando usei as coisas que estavam na bolsa que estava comigo no hospital.
Quando fiquei pronto, eu sai ainda sem fazer barulho e fui até o ponto de
ônibus para voltar para casa.

Mesmo querendo ir direto encontrar Jungkook, eu precisava conversar com


minha mãe, e já tinha adiado isso por tempo demais. No fundo, eu estava com
medo de que ela não o perdoasse como eu perdoei, e me impedisse de ficar
com ele.

Quando entrei em casa e a vi dormindo no sofá, então, eu senti meu peito


apertar em ansiedade, sabendo que ela passou a noite ali me esperando,
mesmo que eu tivesse avisado que dormiria na casa de Yukwon.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Um pouco receoso, eu deixei a bolsa em cima da poltrona e caminhei até me
abaixar ao seu lado e tocar seu corpo com cuidado, tentando acordá-la.

— Mãe... — A chamei, medroso.— Mãe, eu já cheguei.

Quando ela resmungou algo incompreensível antes de finalmente abrir os


olhos pequenos ainda sonolentos, eu quase comecei a tremer, mas o
verdadeiro terror só começou quando, depois de piscar algumas vezes, ela
finalmente pareceu se situar na vida e logo sua expressão letárgica
metamorfoseou para algo mais intenso, definitivamente mais perigoso.

— Park Jimin. — Ela chamou baixo, mas furiosa como uma leoa ao se sentar
no sofá, ainda com os cabelos despenteados e a roupa amassada.

— Bom dia, mãezinha...

— Você chegou agora? — Ela questionou, ignorando meu cumprimento, e


começou a me analisar com os olhos iguais aos meus. — Onde você estava?!

— Na casa do Yukwon, mãe, eu disse ontem quando liguei...

— E eu disse que não acreditei! — Ela rebateu, enraivecida. — Você ficou até
agora no hospital com aquele... aquele mau caráter, não foi?!

Eu quase revirei os olhos, mas estava com medo demais para isso.

— Não, mãe, eu realmente passei a noite na casa do Yukwon. O Yuta precisou


de ajuda...

— Eu parei, coçando minha nuca com alguma aflição. — E não fala assim do
Jungkook, ele não é mau caráter...

— Mau caráter é pouco pra um monstro que fez meu bebê chorar! Eu estou me
controlando para não chamá-lo de uma coisa realmente feia!

— Foi um mal entendido! — Eu insisti, porque nem de longe Jungkook era uma
pessoa ruim.

— Ele já explicou e já se redimiu pelo erro, eu juro!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Não acredito nisso. Minha decisão não vai mudar, eu não permito mais que
aquele homem chegue perto de você, então você não vai mais naquele
hospital, nem em nenhum outro lugar onde ele esteja.

Eu arregalei meus olhos, desesperado. — Mas ele vai embora hoje! Eu prometi
que ia me despedir dele, mãe!

— Não importa, Jimin. Você não vai sair dessa casa!

— Eu vou, sim! — Rebati, rebelde, incapaz de aceitar uma imposição que me


impedia de ver Jungkook.

— Vá! A polícia vai logo atrás de você e Jeon direto pra cadeia. Não esqueça
que você ainda é menor de idade, Jimin.

— Eu não acredito que a senhora tá fazendo isso! — Esbravejei, desesperado.

— Ah, mas acredite! Eu disse que nunca ia deixar ninguém te machucar e não
importa se você não concorda agora, no futuro você vai ver que eu só fiz o
melhor pra você.

— Para de me tratar como uma criança indefesa, eu não sou mais um bebê! —
Quase gritei, furioso, e tropecei no meu pé quando corri até a poltrona para
pegar minha bolsa antes de correr para o quarto.

— Jimin! — Ela gritou, mas eu não parei de me afastar e ainda vi meu pai
saindo do quarto deles, confuso, antes que eu batesse minha porta, metendo
força o suficiente como se quisesse derrubar a casa.

Meu rosto todo estava quente como o inferno, de raiva, e meus olhos
lacrimejavam de desespero.

Ainda atordoado, eu fiquei andando de um lado para o outro no quarto, até que
toda a fúria começou a ser subjugada, dando lugar unicamente ao medo de
realmente ser tirado de Jungkook.

Assustado, eu peguei meu celular e já sabendo que começaria a chorar assim


que abrisse a boca para falar a primeira sílaba, abri o aplicativo de mensagens
ao invés de ligar para ele.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu li sua única mensagem e meu coração disparou feito louco, sem saber o
que esperar de um encontro entre Jungkook e minha mãe, que aquela altura, o
repudiava. Mas o pior não era isso. O pior é que meu pai estava em casa, e ele
não sabia. Sobre nada. Nem sobre Jungkook, nem sobre minha orientação
sexual.

Ansioso, também com o medo fugindo pelos poros, eu esperei ainda dentro do
meu quarto, apertando o celular nas mãos até que a campainha ecoou pela
casa.

Sobressaltado, eu levantei num pulo e corri feito um foguete até a porta da


entrada antes que minha mãe o fizesse e recebesse Jungkook com um martelo
de amaciar carne nas mãos.

Quando eu o vi parado do lado de fora ainda com um curativo na testa, meus


olhos automaticamente desceram até sua perna e eu já estava pronto para dar
uma bronca caso ele estivesse usando alguma calça que apertasse os pontos,
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
mas me aliviei ao perceber que ele tinha escolhido uma de moletom
suficientemente folgada.

— Me dá isso. — Eu disse, puxando a mala de sua mão para que ele não
carregasse todo o peso, e logo depois a coloquei ao lado da entrada, no chão.
— Você tá bem?

Jungkook assentiu, em silêncio, e eu senti minha respiração se transformar


numa lufada pesada, tensa, quando ele tocou minha cabeça e me puxou para
um abraço. Sem relutar, eu escondi meu rosto em seu pescoço e apertei sua
cintura com meus braços enquanto meus dedos maltratavam o tecido de sua
camiseta branca, revelando todo meu nervosismo.

— Jungkook... — Eu o chamei quando sua mão me acariciou, com cuidado,


tentando me acalmar. — E se ela não mudar de ideia e não deixar a gente ficar
junto?

— Eu vou conversar com ela, meu bem. — Ele disse, com a voz calma, mas eu
sabia que era só uma daquelas vezes em que ele continha a própria ansiedade
para me tranquilizar.

Eu balancei a cabeça, empurrando-a ainda mais contra a pele de seu pescoço


e deixando seu cheiro suave impregnar em mim, buscando nele algum conforto
para meu coração agitado. Entretanto, apesar da confiança que eu tinha em
Jungkook, meu corpo todo tencionou quando minha mãe finalmente o viu ali.

— Jimin! — Ela gritou, furiosa, e eu logo senti sua mão segurando meu braço e
me puxando para longe dele. — O que foi que eu te disse?!

Eu olhei para ela, desesperado, antes de olhar para Jungkook. Eu estava


completamente perdido, aterrorizado pela possibilidade de ser obrigado a me
afastar dele.

— Senhora Park, por favor.

— Eu vou ser direta, Jeon. — Minha mãe o interrompeu, firme, ainda me


segurando ao seu lado. — Eu te dei uma chance de ficar com meu filho porque
acreditei que você o faria feliz, mas eu não acredito mais nisso depois de ouvir

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
o Jimin chorando todas as noites do último mês. Então poupe seu tempo,
porque eu não vou mudar de ideia. Enquanto ele for menor de idade, você está
proibido de chegar perto dele.

Eu tentei me afastar para me aproximar de Jungkook, mas minha mãe apertou


ainda mais meu braço num aviso claro para que eu não fizesse aquilo, e então
eu choraminguei, atordoado.

— Mãe, eu já disse que foi um mal entendido. — Eu insisti, apertando uma mão
contra a outra em súplica. — Já está tudo bem. O Jungkook me faz feliz, sim, a
senhora sabe disso!

— O que eu sei é que isso — Ela apontou de mim para Jungkook, irredutível.
— não vai mais acontecer. Então com licença, Jeon, mas você não é mais
bem-vindo nessa casa.

Eu quase comecei a chorar de verdade quando vi Jungkook travar o próprio


maxilar, tenso. Assim como eu, ele parecia ter percebido que nada do que
disséssemos mudaria a decisão de minha mãe.

Mas enquanto minha mente tentava assimilar que eu e Jungkook não


ficaríamos mais juntos, ele parecia determinado a continuar tentando. No
instante seguinte, eu quase senti meus olhos saltarem quando ele se abaixou
com alguma dificuldade por conta dos pontos em sua perna, e então se
ajoelhou no chão antes de curvar o corpo, implorando.

— O-o que você está fazendo? — Minha mãe balbuciou, completamente pega
de surpresa.

— Por favor, me dê mais uma chance. — Ele pediu, completamente curvado,


machucando ainda mais a perna ferida. — Eu sei que errei e me odeio por ter
feito o Jimin sofrer, mas acredite em mim, o que eu mais desejo nessa vida é
fazer seu filho feliz.

Minha mãe ainda estava paralisada, os olhos quase saltando de seu rosto, e só
então eu finalmente despertei do meu próprio transe e me lancei na direção de
Jungkook, parando ao seu lado para tentar fazê-lo se levantar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Jungkook, sua perna! — Eu anunciei, desesperado, quando percebia que
meus esforços eram em vão. Não importava quanto eu o puxava, ele não se
mexia. — Jungkook!

— Por favor, senhora Park. — Ele insistiu, ignorando minhas tentativas


frustradas.

— Eu... — Minha mãe começou, ainda sem reação e sem conseguir articular
qualquer coisa além disso.

— Mãe, ele tá machucado! — Alertei, sem desistir de tentar puxar Jungkook,


mas olhando somente para ela com minha visão já turva quando todo o medo e
desespero não couberam mais dentro de mim. — Diz pra ele levantar!

Ela olhou para mim, ainda com os olhos arregalados, antes de piscar e
finalmente assentir desastradamente. Então ela também se aproximou, ainda
incerta, mas não o tocou quando se ajoelhou na frente dele.

— Jeon, não faça isso — Ela pediu, atordoada. — Fique de pé, pelo amor de
deus!

— Me deixe tentar outra vez. — Foi o que ele disse em resposta, ainda sem
atender nossos pedidos — Por favor. Eu amo seu filho, então, por favor, me dê
só mais uma chance.

— Eu vou deixar você se explicar. Eu vou deixar, então fique em pé, não
precisa mais fazer isso! — Minha mãe disse, sem perceber o tamanho do que
tinha acabado de sair da boca de Jungkook.

Mas, diferente dela, eu perdi completamente qualquer resquício de equilíbrio


emocional que ainda me restava. Porque, pela primeira vez, Jungkook disse
que me amava.

Ainda paralisado, eu não percebi quando ele ergueu o rosto, nem quando
minha mãe o ajudou a ficar de pé e o guiou, enquanto ele mancava, até se
sentar no sofá. Só fiquei parado, no mesmo lugar, incapaz até mesmo de
piscar.

Jungkook me amava?
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— O que está acontecendo? — A voz de meu pai foi o que ouvi em resposta ao
meu questionamento silencioso e, ainda paralisado, eu o procurei com os olhos
e vi sua expressão confusa.

Então, não pela primeira vez, meu coração disparou de ansiedade e eu me


senti tonto.

Eu não estava preparado para aquilo. Não estava preparado para ouvir
Jungkook dizendo que me amava e não estava preparado para deixar meu pai
descobrir sobre todo o resto.

Minha mãe, ainda de pé depois de ajudar Jungkook a se sentar, gesticulou


para meu pai, também com a expressão um pouco preocupada.

— Querido, vem cá. — Ela o chamou, convidando-o para se sentar ao seu


lado.

Ainda atordoado, eu finalmente retomei algum controle e caminhei com as


pernas tão firmes quanto gelatina até me sentar no mesmo sofá que Jungkook.
Mas, inconscientemente, mantive uma distância entre nossos corpos e não me
atrevi a olhar para seu rosto, olhando somente para minhas mãos apoiadas
sobre meus joelhos.

— Você está bem? — Meu pai perguntou para Jungkook quando parou ao lado
de minha mãe, optando por ficar de pé. — Parece que se machucou.

— Ah, sim, não foi nada demais.

Eu ouvi um suspiro e soube que era um de minha mãe. — Você pode se


explicar agora, Jeon.

Eu senti o olhar de Jungkook pesar em mim, e então levantei o rosto ainda a


tempo de vê-lo umedecendo os lábios antes de olhar para minha mãe outra
vez.

— Eu tinha uma noiva. — Ele disse, então, depois de mais alguns segundos de
silêncio. — O noivado nunca foi mais que um negócio, na verdade, mas eu não
queria manter aquele contrato e o Jimin acabou descobrindo sobre ele da
forma errada porque eu não expliquei como deveria ter explicado, mas eu
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
também não o fiz enquanto tentava rompê-lo, Eu realmente achei que seria
melhor deixá-lo de fora de tudo isso, mas agora sei que errei, Eu sei que fiz o
Jimin sofrer por todo esse tempo e eu sinto muito por isso, mas eu juro que vou
fazer tudo que estiver ao meu alcance para que ele nunca mais chore por mim.

Minha mãe demorou algum tempo, parecendo digerir tudo aquilo, e então
respirou fundo. — E esse noivado acabou?

— Sim, senhora

Ela passou a mão pela testa, consternada. — Da próxima vez que você fizer
meu filho chorar, não importa qual seja a justificativa. Eu não vou te perdoar...
mas eu vou confiar só mais uma vez em você.

Eu senti como se um peso enorme tivesse sido arrancado do meu peito e


suspirei aliviado, sem conseguir esconder um sorriso quando olhei para
Jungkook e vi que ele também sorria para mim.

Quando sua mão segurou a minha e eu senti a tensão se dissipar, não lutei
contra o impulso do meu corpo e me sentei mais perto dele, deitando a cabeça
em seu ombro, mas então um pigarro finalmente me fez lembrar que ainda
tínhamos deixado uma ponta solta.

— Alguém quer me explicar o que é tudo isso? — Meu pai perguntou, com as
sobrancelhas levantadas e os olhos desconfiados.

Eu troquei um olhar com minha mãe e agradeci quando, ao invés de me fazer


tomar a iniciativa, ela mesma tomou a dianteira.

— Jeon e Jimin estão juntos, querido.

— Juntos como um casal? — Ele insistiu, olhando para cada um de nós. Minha
mãe assentiu, silenciosa, e meu pai ficou calado até arrumar os óculos sobre o
nariz num gesto casual. — Então era isso que vocês dois estavam escondendo
de mim? — Questionou, alternando o olhar entre minha mãe e eu.

— Eu não sabia como o senhor ia reagir e pedi pra mamãe não te contar...
desculpa...

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Meu pai suspirou, assentindo suavemente, — Eu imaginei que seria algo
assim... — Ele confessou, e eu não soube se ele estava decepcionado ou não.
Mas, de qualquer forma, aquela reação foi muito melhor que todas as trágicas
que eu tinha imaginado.

— Você já teve a conversa com ele? — Perguntou, então, olhando para minha
mãe.

— Que conversa? — Questionei, confuso.

Minha mãe pareceu um pouco sem jeito, quase tímida. — Sobre cuidados no
sexo, filho...

Eu quase senti meu rosto derreter de vergonha e neguei furiosamente


completamente desastrado.

— Não precisa ter conversa nenhuma, tá? O Yukwon já me ensinou a fazer a


chuca!

— Anjo... — Jungkook me chamou, quase como uma repreensão, e só então


eu percebi o que tinha dito e cobri minha boca com as mãos, envergonhado.

Meus pais se entreolharam, parecendo muito confusos sobre o que eu tinha


dito, e eu respirei aliviado ao perceber que, assim como eu alguns meses
antes, eles não sabiam o que era a bendita chuca.

Por isso, depois de mais algumas interações vergonhosas, foi oficializado.


Meus pais deram a aprovação clara que me permitiria ser o que, na verdade,
eu não deixaria de ser mesmo que eles se colocassem contra. Eles me
permitiram ser de Jungkook.

E mesmo sem saber com certeza se meu pai estava decepcionado comigo ou
não, eu me senti feliz. Porque, ainda que no fundo ele desaprovasse minha
orientação sexual, ele me aceitou.

Mas nem tudo são flores e eu já deveria saber disso. Porque diferente de
minha mãe, a quem convenci, meses antes, a deixar que Jungkook dormisse
comigo no quarto, meu pai estava irredutível e não queria nos deixar ficar lá
juntos pelo tempo que tínhamos antes que ele precisasse ir para o aeroporto.
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Por isso, fomos obrigados a ficar na sala, sob seus olhares curiosos e
desconfiados sempre que ele passava de um lado para o outro.

— Isso é tão vergonhoso... — Choraminguei, quase me enterrando no


estofado. — Mas ninguém mandou você se envolver com um adolescente... —
Completei com um muxoxo, inflando minhas bochechas logo depois.

Jungkook riu e até mesmo eu sorri quando ele puxou a mão que estava presa à
sua e a beijou, demoradamente,

— Eu realmente gostaria de te beijar agora e não posso, mas não tem


problema. — Ele disse, baixinho, e então passou o braço por meu ombro, me
puxando para perto. Eu estava com as pernas dobradas em cima do sofá e
quase tombei em cima dele, mas não reclamei, só deixei meu peso cair
cuidadosamente sobre o seu. — Eu fiquei com medo de não poder mais ter
você... então isso não é nada.

Eu me encolhi, apertando minha cabeça contra seu peitoral e segurando sua


blusa entre os dedos. E ali, eu lembrei do meu próprio medo, mas,
principalmente, lembrei de Jungkook implorando pelo perdão da minha mãe, e
meu estômago pareceu ser preenchido por uma calota polar inteirinha quando
a mesma frase ecoou em minha cabeça.

Eu amo seu filho.

Eu ainda não sabia reagir à quilo. Não sabia se ele só tinha dito aquilo para
convencê-la ou se disse sem perceber. A única coisa que eu sabia é que
estava com medo de ser a primeira opção.

Por isso, eu não perguntei. Só me permiti aproveitar um pouco mais daquela


sensação de que, talvez, Jungkook me amasse.

— Agora me responda uma coisa — Jungkook me chamou, talvez percebendo


que eu fiquei distante, e só então percebi que ele massageava meu joelho. —
Você realmente aprendeu a fazer enema?
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– Enema? — Apertei meus olhos, ainda um pouco lento.

— Chuca, meu bem.

— Ah, — balbuciei, cobrindo meu rosto com as duas mãos logo depois. — que
vergonha... eu falei aquilo sem querer, mas... sim, eu aprendi...

Jungkook beijou o topo da minha cabeça e eu senti seu sorriso contra minha
pele, me arrepiando quando ele desceu com a boca e beijou o canto dos meus
lábios, sem que meus pais vissem..

— Isso é bom. — Ele disse, beijando minha bochecha. Não sei se era por
estarmos limitados, mas cada um de seus toques parecia provocativo como o
inferno, e meus pelos todos eriçaram quando ele alcançou meu ouvido e
completou, com sua voz baixa: — Não vejo a hora de te foder, anjo...

Eu quase gemi, afetado, mas percebi que seria ridículo se o fizesse porque
logo depois Jungkook riu, esmagando minha bochecha com um último beijo.

— Você parecia distraído. Ele justificou, então, comprovando que aquilo tudo
tinha sido só uma provocação para me chamar a atenção

Emburrado, eu dei dois tapas em seu peitoral e contorci toda minha expressão
em uma careta, mas acabei rindo quando Jungkook beliscou minha barriga
sem muita força e beijou a pontinha do meu nariz.

Entretanto, quando eu tentei me aconchegar ainda mais em seu abraço, meu


pai passou por trás do sofá onde estávamos e me empurrou para o lado
contrário, me fazendo tombar em cima das almofadas.

— Pai!

— Estavam próximos demais. — Ele disse, sério, me lançando um último olhar


de aviso antes de seguir caminhando até seu quarto.

Eu bufei, com o rosto pegando fogo de tanta vergonha, e só me senti mais


irritado quando vi Jungkook falhando em conter uma risada. Mais do que nunca
ele deve ter me achado uma verdadeira criança, que nem pode namorar na
frente dos pais.

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Mesmo assim, nós não tínhamos muito tempo. Na verdade, nós nunca tivemos
muito tempo. Por isso, eu tentei ser rápido em vencer o embaraço e mesmo
que não pudesse tocá-lo e beijá-lo como desejava naquele instante, aproveitei
as poucas horas que passamos juntos até que ele tivesse que ir embora.

— Eu queria te levar no aeroporto... – Me lamentei, um pouco triste, quando


nos levantamos do sofá e eu o ajudei a caminhar até a porta depois que ele se
despediu de meus pais.

Minha mãe não tinha me deixado ir além dali porque, mesmo depois de
resolver permitir meu relacionamento com Jungkook, ela ainda estava
determinada a me punir por ter passado o dia anterior fora de casa, sem sua
permissão.

Então, é, eu estava de castigo.

— Da próxima vez você me acompanha, anjo. — Ele disse, beijando minha


testa mais uma vez.

— E quando vai ser a próxima vez? Perguntei, apertando sua mão com a
minha, sem querer deixá-lo ir.

— Eu quero vir na sua formatura. — Jungkook respondeu, acariciando minha


nuca com a mão livre. — Não sei se vou conseguir, mas vou tentar.

Eu senti meu sangue gelar completamente, tão aterrorizado quanto estive


instantes antes com a objeção de minha mãe.

Porque, àquela altura, eu já tinha percebido que minhas notas baixas estavam
baixas demais, e eu sinceramente não sabia se conseguiria me formar com o
resto da turma.

Mas, envergonhado demais para admitir isso para Jungkook, eu só mostrei um


sorriso um pouco frouxo. — Eu nem quero ir na cerimônia... — Menti, com os
ombros encolhidos e sem conseguir olhá-lo diretamente. — Não precisa fazer
muito esforço pra vir no dia...

— Mesmo assim, meu bem. Você vai se formar no ensino médio, é uma data
importante. Eu vou tentar estar aqui.
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Eu assenti, pressionando meus lábios numa linha tensa, quase medrosa. — Tá
bom, então...

— Vou esperar você me dizer o dia. — Ele disse, olhando para trás de mim. Ao
se certificar que meus pais não estavam por perto, ele me deu um selinho
rápido. — Eu preciso ir.

Eu mordi meu lábio, chateado por não poder beijá-lo de verdade. Então, depois
de pensar um pouco, eu também olhei para trás e depois o empurrei com
cuidado um pouco mais para fora para que pudesse fechar a porta. Finalmente
sozinhos, longe dos olhares de meu pai, eu segurei sua camisa e o puxei de
volta para mim, ficando na ponta dos pés para beijar sua boca.

— Sem relutar, Jungkook envolveu minha cintura com seus braços, me


mantendo perto, e me beijou de volta, com seus lábios e sua língua me
provocando arrepios a cada vez que me tocavam do jeito certo. Do jeito dele.

— Finalmente... — Ele disse baixinho contra minha boca, sugando meu lábio
inferior logo depois, para então se afastar com mais dois selinhos demorados.

Ainda na ponta dos pés e com um sorriso mais sincero no rosto, eu abracei seu
ombro, aproveitando os últimos minutos do calor do seu corpo pertinho do meu.

— Vá com cuidado, por favor. — Eu pedi, sem soltá-lo e sem sentir seus
braços me deixarem também. — Me avisa quando chegar no aeroporto,
quando embarcar, quando pousar em Seul e quando chegar em casa, tá?

Jungkook riu, beijando meu pescoço. — Não quer colocar um localizador em


mim? Parece mais fácil.

Eu deixei escapar um som mau humorado e me afastei um pouco para olhá-lo


nos olhos.

— É sério, Jungkook. Não me dê outro susto daquele.

Ele assentiu, tocando seu nariz no meu antes de me dar mais um beijinho
rápido na boca.

— Prometo que vou ter cuidado.

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— Promete de mindinho. — Exigi, já erguendo meu dedo na altura do rosto e
me sentindo satisfeito quando, mesmo rindo, Jungkook entrelaçou o seu ao
meu e pressionou nossos polegares, selando a promessa. — Não pode
quebrar promessa de mindinho.- Alertei, com a pele ao redor dos olhos
franzida.

— Você é tão fofo, que inferno. — Ele resmungou, sem conseguir se conter, e
eu ri quando ele quase me esmagou com outro abraço. — Não quero te deixar,
mas eu realmente preciso voltar agora.

— Tá... — Me lamentei, ainda segurando sua mão quando ele se afastou de


novo. — Mas Jungkook...

Ele me olhou, atencioso, e eu abaixei meu olhos sem muita coragem.

Você estava falando sério quando disse que me ama?

Eu não conseguiria perguntar isso, e percebi quando quase comecei a


hiperventilar ao tentar. Por isso, só ergui meu rosto outra vez e sorri para ele,
deixando isso para depois.

— Não é nada. Boa viagem.

Jungkook também sorriu, manso, quando passou a mão em minha cabeça num
carinho suave, e então eu senti, por um instante, que ele sabia muito bem o
que eu queria perguntar, mas não consegui.

— Obrigado, anjo. — Foi o que disse, antes de ir embora.

Sozinho, eu suspirei. A dúvida sobre a declaração de Jungkook e o medo de


fazê-lo sentir vergonha de mim caso eu realmente reprovasse na escola me
deixaram agitado e eu sabia que deveria juntar coragem para abordá-lo pelo
menos sobre o segundo problema.

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Entretanto, com o passar dos dias, eu continuei evitando o assunto, fugindo
sempre que ele me perguntava se eu sabia quando seria o dia da minha
formatura.

E então veio o resultado final.

Eu reprovei.

Depois de ver a palavra reprovado vergonhosamente estampada no meu


histórico escolar, eu percebi que contar para Jungkook não seria o pior de tudo.
Eu ainda precisava contar para meus pais, mesmo sabendo que, no fundo, eles
já esperavam aquilo.

— Jimin, pelo amor do santo caralho, não é o fim do mundo! — Yukwon


resmungou quando me viu com o olhar perdido pela terceira vez desde que
chegamos no estúdio onde eu, Jeonghan e Yuta colocaríamos novos piercings
e Yukwon faria sua nova tatuagem.

Apesar de não querer estar ali e na verdade ter o único desejo de me esconder
longe de qualquer ser humano, nós tínhamos combinado muito tempo antes
que iriamos fazer aquilo depois do último dia de aula, e eu estava com medo de
voltar para casa e anunciar o resultado negativo para meus pais.

Por isso, meu corpo estava lá, mas minha mente estava muito distante,
ignorando a existência do meu celular desligado na mochila para que eu não
precisasse atender ligações de ninguém.

— Eu reprovei duas vezes, mas deu tudo certo, não foi? Então relaxa. Seus
pais vão comer seu couro, mas depois fica tudo certinho. — Yukwon continuou,
fazendo pouco caso e fazendo a sala de espera do estúdio parecer ainda mais
sufocante.

— Yukwon, assim você não ajuda. — Jeonghan repreendeu, impaciente. —


Mas ele tem razão, Chim, vai ficar tudo bem. Essas coisas acontecem.

— Como é que eu vou passar mais um ano naquela escola sem vocês? — Eu
resmunguei, ficando de pé por estar agoniado demais para continuar sentado.
— Eu não acredito que deixei isso acontecer!

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— Não pensa nisso agora — Yuta disse, parecendo preocupado. — Você só
vai sofrer por antecipação.

Eu passei as mãos pelos cabelos, completamente frustrado.

— Meus pais vão ficar com vergonha de mim. Jungkook vai ficar com vergonha
de mim. Como é que eu não vou pensar nisso agora?!

— Eu vou esmagar sua cabeça com aquele extintor se você não parar com
isso, seu enrustido! Ninguém vai ficar com vergonha de você porque essa
merda desse sistema escolar não mede a capacidade de ninguém, então ter
reprovado não faz de você um bosta como você tá pensando.

Eu massageei minhas têmporas, sabendo que Yukwon tinha razão. Ainda


assim, eu continuei me odiando por ter reprovado, me sentindo o mais inútil do
mundo inteiro, mas tentando não pensar nisso quando eu finalmente fui
chamado para a sala do piercer.

Lá dentro, a dor física ao menos espantou um pouco do desespero psicológico,


porque furar o mamilo doeu como o inferno, e eu saí da saleta quase sem cor e
sem pressão sanguínea, mas com um pedaço de metal atravessando minha
pele.

Jeonghan e Yuta já tinham colocado seus brincos quando eu comecei a me


recuperar do choque, arrependido por não ter feito mais um furo numa das
orelhas, ao invés de deixar uma agulha daquele tamanho passar por meu
mamilo. Entretanto, eu já tinha tantos brincos que colocar mais um nem faria
tanta diferença, então acabei deixando Yukwon me convencer a fazer essa
atrocidade.

Uma atrocidade que, apesar da vermelhidão e da dor, ficou muito bonita.

— Preparado, Yukwon? — O tatuador perguntou ao aparecer na recepção,


encostando-se no pequeno balcão de vidro, com os braços largos e tatuados
cruzados sobre o próprio peito.

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— Sempre. — Ele respondeu, jogando a mochila nas costas e ficando de pé
para caminhar até o outro, e eu me assustei ao perceber a proximidade entre
eles. — Sentiu minha falta?

— Você sabe que sim — cara grande respondeu e a mão dele tocando a
cintura de Yukwon não me passou despercebida. — Por que não respondeu
minhas mensagens?

— Eu tinha coisa melhor pra fazer. — Meu amigo respondeu, displicente, com
um sorriso provocador.

O tatuador, a despeito da resposta, riu. — Eu te pago o jantar depois que


terminar sua tatuagem, depois nós vamos pra minha casa. Ou você tem coisa
melhor pra fazer hoje também?

Yukwon demorou algum tempo para responder, sempre sustentando o sorriso


provocativo, e então ele segurou o pescoço do maior, deslizando as unhas
recém-pintadas de azul petróleo sobre a pele tatuada.

— A gente pode ir direto pra parte em que você me leva pra sua casa, não?

— Yukwon... — A terceira voz não foi minha, nem de Jeonghan. Era Yuta, que
parecia dolorosamente incomodado com o que estava acontecendo diante dos
nossos olhos. — Você disse que ia assistir aquele filme comigo depois que
saíssemos daqui.

Yukwon olhou para ele por cima do ombro e suspirou, cansado. — A gente
deixa pra outro dia.

Eu mantive meus olhos focados em Yuta, preocupado.

Depois daquela conversa que tivemos no apartamento de Yukwon, nós não


tocamos mais naquele assunto e, apesar de ouvir meu melhor amigo dizendo
que nada aconteceria entre eles dois, secretamente eu torcia para que Yuta
conseguisse se aproximar ainda mais. Quer dizer, eles estavam morando
juntos, então isso deveria ser mais fácil, mas não foi, e Yukwon as vezes
parecia repeli-lo ao invés de deixar que ele se aproximasse.

— Mas você prometeu, Yukwon.


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Ele revirou os olhos, parecendo impaciente. — É só um filme, cara, corta o
drama. Já disse que a gente deixa pra outro dia.

Toda sua expressão antes de ficar de pé e, segurando a mochila pela alça, ele
saiu do estúdio, sem dizer mais nada.

— Yuta! — Eu o chamei, aflito, mas ele não me respondeu. Então eu olhei para
Yukwon, irritado. — Por que você faz isso com ele?! — Questionei,
acusatoriamente.

Mas a verdade é que eu já estava ficando chateado com a forma como Yukwon
passou a agir com Yuta, como se desprezasse os sentimentos que nós dois
sabíamos que ele tinha.

Apesar de nem mesmo uma vez dizer que estava arrependido de deixar Yuta
morar com ele e Taeyeon, a barreira que ele tentava erguer era muito óbvia.

— Faço o que? — Ele perguntou de volta, apertando as sobrancelhas.

— Isso! Ficar flertando com outros na frente dele, desmarcando compromissos


e fazendo pouco caso — Eu respondi, sem nem perceber quando fiquei de pé.
— Você sabe como ele se sente por você, Yukwon. Você tá sendo um babaca
por agir assim.

— E dai se ele gosta de mim? Eu não gosto dele desse jeito, caralho!

Eu apertei meus punhos, furioso. Eu não estava tentando obrigar Yukwon a


corresponder Yuta, eu só queria que ele respeitasse os sentimentos do nosso
amigo, que ainda parecia assustado com a forma como estava se sentindo por
outro homem.

— Você ainda tá sendo um idiota com ele. — Eu disse, impaciente, e segurei


Jeonghan pela mão para puxá-lo comigo. — Vem, Jeonghan, deixa esse
boboca sozinho aí.

— Que confusão... — Jeonghan murmurou quando me seguiu para fora do


estúdio, até tropeçando porque eu não parei de puxá-lo pelo braço.

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— É. E a culpa é do Yukwon! — Resmunguei, ainda irritado. — Você viu pra
onde o Yuta foi? O coitado não devia ter se apaixonado por aquele coração de
pedra...

— Não vi. — Ele respondeu, me olhando, curioso. — Ele tá mesmo apaixonado


pelo Yukwon?

Eu suspirei, erguendo os ombros para assentir. — Parece que sim.

Jeonghan apertou os lábios num gesto preocupado. — Vamos achar logo ele,
então.

Não precisei concordar, porque eu mesmo já estava guiando nossa busca


antes que ele sugerisse isso, me concentrando em minha preocupação por
Yuta para não pensar naquele frio na barriga incomodo por ter reprovado.

Quando nos finalmente encontramos nosso amigo, ele estava sozinho num
banco de uma praça ali perto, com a expressão completamente derrotada
enquanto olhava para a tela do seu celular.

— Yuta! — Eu o chamei e me adiantei até ele, sendo seguido por Jeonghan. –


Você tá bem?

Ele me olhou, sem parecer muito surpreso por ver que nós tínhamos
encontrado-o, e assentiu com um sorriso fraco, sem sinceridade alguma.

– Estou, sim. Vocês não esperaram o Yukwon?

— Não, deixa aquele idiota lá sozinho. — Resmunguei, sentando ao seu lado e


dando espaço para que Jeonghan se sentasse também.

Yuta me olhou, um pouco assustado. — Vocês brigaram?

— Não foi bem uma briga, mas eu tô com raiva dele. Ele é um babaca! Não é,
Jeonghan?

— Eu prefiro não me meter...

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— Ele não é um babaca. — Yuta disse, olhando para as próprias mãos. — Não
tem problema desmarcar comigo, era só um filme mesmo... e ele parecia muito
mais interessado naquele tatuador...

— Isso não importa, você ficou magoado e ele sabe disso — Insisti, irredutível.

Yuta negou mais uma vez, com um sorriso triste. — Eu fiquei magoado
porque... — Ele começou, mas pareceu precisar de algum tempo para
finalmente se explicar.- Porque eu vou voltar pra casa do meu pai depois da
formatura. E eu queria passar mais tempo com ele até lá, mas ele não tinha
como saber disso, então a culpa não é dele...

Eu então o olhei, com o rosto contorcido numa expressão horrorizada.

— Por que você vai voltar pra casa do seu pai? Depois de tudo que ele te fez?!
Você não pode fazer isso, Yuta!

— Ele descobriu onde eu estou morando e ameaçou denunciar o Yukwon e a


Taeyeon por esconderem um menor de idade... e eu não vou deixar eles se
prejudicarem por minha causa. E... talvez meu pai mude agora...

— Yuta...

— Vai ficar tudo bem, Jimin. — Ele sorriu mais uma vez, mas não existia
sinceridade alguma naquele sorriso. — Eu fiquei muito feliz nos últimos dias
porque vocês todos se preocuparam tanto comigo e eu não esperava isso
depois de tudo que fiz. Vocês me deram outra chance, então eu vou dar outra
chance ao meu pai também.

Eu olhei para Jeonghan, implorando para que ele me ajudasse a fazer Yuta
mudar de ideia, mas ele só suspirou, conformado.

— Eu espero que ele saiba valorizar isso, Yuta. — Ele disse, sorrindo para
nosso amigo.

Yuta concordou, parecendo um pouco mais confiante.

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— Ah... — Ele disse, então, como se lembrasse de algo, mas na verdade
parecia que só estava tentando mudar de assunto. — Eu ainda vou ver aquele
filme no cinema, vocês querem vir comigo?

Eu só concordei, tentando não evidenciar o quanto estava preocupado, mas


minha cabeça estava a ponto de explodir. Mesmo assim, nós fomos, sem
Yukwon.

— Não digam pra ele ainda, tá? — Yuta pediu quando compramos nossos
ingressos. — Eu convenci meu pai a me deixar ficar com eles até o dia da
formatura e eu queria passar esses últimos dias sem ouvir tudo que sei que o
Yukwon vai dizer quando descobrir que eu vou voltar pra casa...

Eu só concordei, sem forças para me opor a mais nada, e Jeonghan também


prometeu que não diria nada a Yukwon.

E pela semana seguinte, até a formatura deles, nós realmente não dissemos
nada.

Eu porque nem mesmo podia sair de casa ou mandar mensagem para


qualquer um deles. Depois de descobrirem que eu reprovei no último ano da
escola, meu pai me deu uns tapas doloridos e minha mãe me proibiu de sair de
casa e confiscou meu celular e meu notebook, então eu não podia falar com
meus amigos, nem mesmo com Jungkook, que ainda não sabia da minha
vergonha.

E, apesar de estar com saudades, eu estava aliviado porque dessa forma, pelo
menos, eu tinha uma justificativa para continuar adiando a notícia.

Eu realmente estava com medo de que ele sentisse vergonha de mim.

Jeonghan, por outro lado, tinha se afastado porque o vestibular seria algumas
semanas depois e ele estava determinado a ser aprovado na Chosun, então
passou todos aqueles dias também afastado, revisando tudo que vimos ao
longo do ano.

Até o dia da formatura, então, eu fiquei completamente alheio em relação ao


que estava acontecendo com meus amigos e com Jungkook. Às vezes eu

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chorava, me sentindo um inútil, e eu não tinha nenhum deles ao meu lado para
me dizer que tudo ficaria bem.

Mas nada se compara ao tanto que eu chorei naquele dia, o dia da cerimônia.
Apesar de não ser um dos formandos, eu realmente queria ver meus amigos
recebendo seus certificados, por isso chorei até meu rosto inteiro ficar inchado,
implorando para que minha mãe me deixasse ir. Apesar de relutante, ela
finalmente permitiu, e então, pela primeira vez em tantos dias, eu pude sair de
casa, mas me arrependi assim que cheguei no auditório da escola e vi todos os
meus colegas com o uniforme, sendo saudados pelos professores e pelo
diretor enquanto recebiam seus diplomas.

Ao meu lado, Taeyeon chorava como nunca, feliz por finalmente ver Yukwon se
formando, e eu tive vontade de chorar como ela.

Apesar de orgulhoso, eu estava com inveja. Eu também queria estar lá em


cima, também queria que meus pais e Jungkook estivessem orgulhosos de
mim, me esperando com um buquê.

— Ele passou por tanta coisa... meu irmãozinho... — Taeyeon quase gemeu
quando viu Yukwon recebendo seu certificado, apertando as rosas que
entregaria a ele e a Yuta no final da cerimônia.

Eu percebi o quanto estava sendo egoísta e tentei me livrar daquele sentimento


ruim, entregando toda minha atenção à alegria de ver meus amigos vencendo
o horror que era o ensino médio.

— Ainda bem que ele teve você. — Eu disse, abraçando-a pelo ombro, e ela
deitou a cabeça em mim enquanto chorava com um sorriso enorme. — Vocês
dois se saíram muito bem, Taeyeon.

Ela chorou ainda mais, balançando a cabeça numa afirmação fervorosa.

Lá do palco, então, Yukwon ergueu seu certificado e gritou. — Chupa, escola


nojenta do caralho!

— Ai, meu deus... — Ela murmurou com uma risada envergonhada, e eu


também ri, mesmo que não tivesse feito as pazes com ele ainda.

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Quando eles desceram, no final da cerimônia, os três se aproximaram da
gente. Os pais de Jeonghan entregaram a ele um buquê enorme e ele ficou
todo vermelho de vergonha. Os buquês que Taeyeon deu para Yukwon e para
Yuta eram menores, muito mais discretos, e mesmo assim Yukwon resmungou
sem parar, dizendo que achava aquela tradição idiota. Yuta, por outro lado,
agradeceu como se tivesse ganhado o presente mais incrível do mundo, e ele
não parava de admirar as rosas em suas mãos.

— Próximo ano é sua vez — Yukwon disse quando começamos a sair do


auditório, deixando que todos os outros seguissem na frente.

Eu olhei para ele, concordando. — Espero que sim.

Ele me acompanhou em silêncio e coçou a nuca, um pouco desconfortável. —


Você ainda tá bravo comigo?

Eu suspirei e neguei com a cabeça, sinceramente. Ele então sorriu, aquele


sorriso grande de sempre, e eu acabei sorrindo também

— Senti sua falta esses dias... — Confessei, olhando para ele pelo canto do
olho,

– Você sumiu, nem respondeu minhas mensagens, achei que tava com raiva
de mim, mas aí eu fui na sua casa e sua mãe disse que era porque você tava
de castigo. — Ele riu, dando um soco no meu ombro. — Se fodeu.

Eu revirei os olhos. — Esquece o que eu disse. Não senti sua falta não.

— Até parece. — Provocou, convencido, e apontou com o queixo para a


entrada da escola quando chegamos ao pátio. — Do gostoso ali você sentiu
falta?

Um pouco confuso, eu olhei para a direção que ele apontou e quase senti meu
coração parar quando vi Jungkook parado ao lado do portão de metal, com o
sobretudo preto cobrindo sua roupa escura e só uma flor vermelha em sua mão
se destacando com alguma cor.

Meus olhos quase saltaram quando eu percebi que não tinha mais escapatória.
Todos os formandos estavam com seus uniformes e eu só estava com uma
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calça velha e um casaco enorme, completamente desleixado, deixando mais
que claro que não fazia parte da cerimônia.

— Por que você tá tão apavorado? — Yukwon perguntou, confuso. — Não vai
correr até ele como um maluco pra ficar com aquele grude nojento de vocês,
não?

— Ele ainda não sabe... — Murmurei, quase chorando de desespero, sem


exagero algum. Meus olhos ardiam e eu senti minha garganta fechar, me
sufocando, dominado pelo medo de deixar alguém como Jungkook descobrir
que eu era uma falha.

Yukwon fez uma careta que não me ajudou em nada, e eu quase cambaleei
quando caminhei em direção à entrada, consciente de que Jungkook já tinha
me visto.

— Jungkook... — O chamei, desesperado, assim que parei perto dele, e meus


olhos desceram para a flor que ele ainda segurava.

— Oi, anjo. — Ele sorriu, vencendo minha hesitação quando se aproximou e


beijou minha testa. — É pra você — Disse, então, colocando a rosa entre
nossos rostos.

Eu abaixei meus olhos, envergonhado, e quase perdi o ar quando finalmente


juntei coragem suficiente para dizer o que escondi por tantos dias.

— Jungkook... eu não me formei...Confessei, sem conseguir olhar para ele,


quase machucando minhas mãos enquanto enterrava minhas unhas em
minhas palmas dormentes pelo frio do inverno. — Eu não mereço ganhar flores
como todos os outros...

— Então eu não posso dar uma flor ao meu Jimin? — Ele perguntou, inclinando
um pouco o rosto, como se estivesse curioso.

Ele não parecia surpreso por descobrir que eu tinha reprovado, e eu quis
chorar de novo ao perceber que talvez ele também já esperasse aquilo.

Talvez Jungkook finalmente tivesse percebido como eu sempre fui burro.

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— Obrigado... — Eu disse, aceitando a rosa, mas ainda sem olhá-lo.

— Sua mãe me contou. — Ele falou, acariciando meu braço. — Ela me ligou
para dizer que você ia ficar um tempo sem seu celular e me disse o porquê.

Eu o olhei, finalmente, ainda inseguro, sem fazer ideia de que minha mãe tinha
feito aquilo.

— Próximo ano nós vamos nos esforçar mais, tudo bem? Eu vou te ajudar.

Eu mordi meu lábio furiosamente e funguei, tentando me conter, mas meus


olhos já estavam transbordando quando eu me lancei em sua direção,
abraçando-o com força.

— Jungkook... — O chamei, sentindo minha ser abafada por sua roupa quando
o apertei ainda mais, sentindo sua mão fazendo carinho em minhas costas. —
Eu achei que você ia ficar com vergonha de mim...

— Nunca, anjo. — Ele disse, calmo. — Você também não deveria ficar, nem
deixar isso fazer você acreditar que é menos do que realmente é. Lembra do
que eu te disse uma vez? — Ele perguntou, descendo sua mão até tocar minha
pulseira por baixo do casaco.

Eu hesitei um pouco, ainda chorando como um bebê.

— Eu sou capaz de ter o mundo inteirinho nas minhas mãos...

— É, meu bem. Um ano a mais na escola não vai mudar isso.

Eu balancei minha cabeça ainda pressionada contra seu corpo, quase


esmagando suas costas com meus braços desesperados, e senti ele segurar
meu rosto para afastá-lo, então seus polegares secaram as lágrimas debaixo
dos meus olhos e ele beijou minha testa mais uma vez.

Então eu sorri, mesmo ainda querendo chorar, mas o alívio de não ser uma
vergonha para Jungkook foi tanto que eu nem consegui me conter e lá estavam
meus olhinhos fechados contra minha vontade.

Entretanto, minha alegria durou pouco, porque logo a voz de Yukwon, não
muito distante, me fez perceber que algo estava errado.
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— Solta ele! — Meu amigo gritou, possesso, e eu olhei para ele assustado.

Apesar de algumas pessoas curiosas que pararam para ver, eu reconheci o


foco de tudo aquilo. Yukwon e Taeyeon diante de Yuta, que era segurado pelo
braço por um homem mais velho.

Sem precisar pensar muito, eu entendi o que estava acontecendo ali. Aquele
homem era o pai de Yuta. E aquele era o dia em que nosso amigo voltaria para
casa.

— Yukwon, tá tudo bem. — Eu ouvi Yuta dizer quando me aproximei, aflito, e o


vi tentar disfarçar a careta de dor enquanto seu braço era praticamente
esmagado pela mão de seu pai. — Eu concordei em voltar.

— Então você perdeu o juízo de vez, porra! — Yukwon tentou se aproximar,


mas Taeyeon o segurou, sabendo que ele provavelmente faria alguma
besteira.

— Eu já abusei demais da boa vontade de vocês. — Yuta disse, sempre


tentando parecer calmo. — Muito obrigado por tudo, mas meu lugar é em casa.
Amanhã eu passo no apartamento de vocês pra pegar minhas coisas, tá?

Yukwon negou, com a expressão manchada por raiva, desespero e


preocupação.

— Por que você tá fazendo isso? — Ele perguntou, olhando só para nosso
amigo. — Você tá magoado comigo? É isso? É por que eu agi como um idiota
com você nos últimos dias?

— Não! — Yuta negou, assustado. — Claro que não, Yukwon!

— Anda logo, demônio! — O pai de Yuta esbravejou, puxando-o, e eu vi meu


amigo relutar um pouco enquanto tentava disfarçar o próprio desespero com
um sorriso.

— Yuta, por favor — Yukwon pediu, com os olhos assustados. — Ele vai te
machucar de novo!

— Vai ficar tudo bem, eu já disse.

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— Não vai! Só vai ficar tudo bem se você continuar morando com a gente! —
Ele insistiu, tentando se aproximar mais uma vez, mas novamente sendo
impedido por Taeyeon, que parecia tão desesperada quanto os outros dois,
mas conseguia manter alguma calma e perceber que a situação só pioraria se
Yukwon agisse como sabíamos que queria agir. — A gente vai ver aquele filme
que eu prometi assistir com você, ok? Desculpa por ter desmarcado no outro
dia, mas nós podemos ir assistir agora, se você quiser, só desiste disso!

Eu vi os olhos de Yuta brilharem, mas ele conseguiu segurar o próprio choro.

— Eu já assisti. — Ele disse, erguendo os ombros.

— Já te esperei demais! Anda logo! — O pai dele quase gritou, e Yuta se


encolheu um pouco, aterrorizado.

— Eu preciso ir. Obrigado por tudo. — Ele disse, então, antes que fosse
puxado como um animal selvagem por seu próprio pai.

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finalmente voltamos à programação normal! como vocês estão?

perdoem os errinhos, to morta de cansada e provavelmente deixei passar um


monte de coisa ):

na att de 100K eu disse que talvez trouxesse uma notícia boa pra vocês, mas é
só pra quem shippa yukta (Yukwon e o bucetão, no caso). Vocês shippam??

se sim, provavelmente perceberam que eu não me aprofundei no que


aconteceu entre eles durante esse tempo que moraram juntos, porque a fanfic
não tem espaço pra isso ): mas minha cabeça tava pipocando com cenas dos
dois durante isso e no futuro também, e eu fiquei muito frustrada por não
conseguir mostrar aqui. Então o que fiz? Isso mesmo, comecei a escrever um
spin-off só sobre eles dois hahahaha a ideia nem era postar, mas eu acho que
pelo menos algumas pessoas teriam interesse, então vou compartilhar com
vocês, sim! Ou seja, teremos um livro separadinho só pra esse yukta cheiroso,
oba

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
20 • Nalina

Eu quase esmaguei a mão de Jungkook enquanto via, com o coração pulsando


forte, Yuta ser levado embora daquele jeito.

— Taeyeon, faz alguma coisa! — Yukwon pediu, desesperado, olhando para a


irmã.

— Eu não posso fazer nada. — Ela rebateu, também atordoada. — Foi uma
decisão dele, Yukwon...

— Se você não pode, então deixa eu fazer! — Ele insistiu, se livrando das
mãos de Taeyeon e se virando, preparado para ir atrás de Yuta e seu pai, mas
foi parado novamente pelas mãos da sua irmã. — A gente não pode deixar ele
ir com aquele desgraçado!

— Você não percebeu como ele nem considerou a possibilidade de ficar com a
gente? — Ela disse, tentando soar calma, enquanto segurava os braços de seu
irmão e olhava-o, firme. — Ele não vai desistir disso agora, Yukwon, e forçar a
barra só vai fazer aquele louco do pai dele sentir mais raiva. Vai ser pior pro
Yuta. Então vamos esperar e depois conversamos com ele.

— Noona... — Yukwon balbuciou, repuxando os cabelos. — A culpa é minha...

Taeyeon apertou os olhos, confusa. — Claro que não é! Por que você acha
isso?

— Ele gosta de mim... eu não sei que merda ele tem na cabeça pra se
apaixonar logo por mim, mas ele gosta e eu não me sinto desse jeito por ele,
então acabei sendo um escroto várias vezes pra fazer ele mudar de ideia...

Eu vi a aflição de Yukwon, vi a culpa dolorosamente estampada em sua


expressão e percebi que nunca o tinha visto daquele jeito.

— Não foi culpa sua. — Eu disse, tentando tranquilizá-lo quando me aproximei


mais. - Eu conversei com ele esses dias, Yukwon, e ele só voltou porque o pai
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dele descobriu que ele estava morando com vocês e ameaçou denunciar vocês
dois. — Diante do seu olhar ainda inseguro, eu insisti: — É sério, o Jeonghan
também estava com a gente na hora!

— É verdade. — Nosso amigo confirmou, ainda ao lado de seus pais e depois


de piscar um pouco atrapalhado, tentando se recuperar do choque do que tinha
acabado de ver.- O pai dele ameaçou vocês, é por isso que ele tá voltando pra
casa. Yuta não tá com raiva de você, Yukwon... ele só tá tentando proteger
vocês dois.

— E agora? — Ele perguntou, tenso, agressivo. — Se ele não mudar de ideia,


a gente vai deixar ele apanhar do pai de novo até alguma coisa pior
acontecer?!

Eu tremi com a possibilidade e virei meu rosto para Jungkook, procurando-o


com meus olhos preocupados.

— Jungkook... você não pode fazer nada? — Eu perguntei, ainda mais afetado
por ver Yukwon daquele jeito. — Você sempre consegue dar um jeito nas
coisas... então ajuda o Yuta também, por favor...

Ele apertou minha mão e passou o braço livre por meu ombro, me puxando
para perto para beijar o topo da minha cabeça enquanto me abraçava.

— Eu não sei se tem algo que eu possa fazer, anjo.

Meu coração palpitou sem esperança quando ouvi seu tom derrotado.
Jungkook era meu herói, a pessoa mais incrível do mundo, e se nem mesmo
ele parecia poder fazer alguma coisa, eu também não conseguia ter fé de que
tudo aquilo acabaria bem.

— Vamos voltar pra casa. — Taeyeon sugeriu, para todos nós. — Eu não sei o
que fazer, mas... eu vou pensar em alguma coisa.

A hesitação de Yukwon era quase palpável e, sabendo que Taeyeon estava


certa, eu fiquei nas pontas dos pés para conseguir abraçá-lo pelo ombro antes
de dar um beijo em sua bochecha.

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— A gente vai dar um jeito, — Eu disse, com uma certeza que na verdade não
me pertencia. — mas por enquanto vamos descansar, ok? Agir de cabeça
quente não vai ajudar o Yuta.

Ele só suspirou, consternado, antes de dar dois tapinhas em minhas costas,


então eu me afastei com um sorriso pequeno e reconfortante.

— E parabéns pela formatura, Yukwon assentiu, ainda incomodado, e eu


também me despedi de Taeyeon antes de ir até Jeonghan.

— Eu ainda estou de castigo e provavelmente não vou conseguir sair de casa


de novo antes da sua prova do vestibular, então boa sorte, tá? — Desejei,
depois de abraçá-lo. — Você é o mais inteligente do clube das winx, tenho
certeza de que vai se sair bem.

Jeonghan riu, concordando. — Obrigado, Chim.

Depois de gesticular para seus pais em despedida, eu finalmente voltei para o


lado de Jungkook e, sozinho com ele, me desfiz do sorriso que me forcei a
mostrar para meus amigos e suspirei, preocupado.

— Você vai ficar aqui em Nam-gu? — Eu perguntei, cruzando meus braços


quando cobri minhas mãos com as mangas do casaco, tentando protegê-las do
frio.

— Vou passar a noite, — Ele respondeu, me olhando com um incomodo


discreto, mas que fui capaz de reconhecer. — mas preciso voltar para Seul
amanhã cedo.

Por um momento, acreditei que ele estava enciumado por me ver abraçando
Jeonghan. Entretanto, mesmo que eu conhecesse seu ciúme, Jungkook nunca
tentou me forçar a me afastar dele e, naquela situação mais que em qualquer
outra, eu sabia que essa não era sua maior inquietação. Por isso tudo, concluí
que seu incômodo era fruto da minha preocupação tão transparente, e então
tentei suavizar minha expressão.

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— Ah, tudo bem. Não vamos poder ficar juntos, de qualquer jeito... — Eu disse,
tentando soar menos atordoado do que realmente estava, mas percebendo que
falhei miseravelmente.

Durante todo o percurso que fizemos a pé até minha casa, poucas coisas
foram ditas, porque eu realmente não conseguia aquietar minha mente, então
me vi preso a ela, quase ignorando a presença de Jungkook ao meu lado, mas
sempre consciente sobre seus olhares em mim.

pela recepção do hotel, eu parei de andar e me aproximei só para dar um beijo


rápido em sua boca.

— Boa viagem amanhã. — Eu disse, escondendo minhas mãos nos bolsos


traseiros da calça jeans e apertando meus lábios num sorriso fraco antes de
me virar para seguir até minha casa, mas sendo impedido quando sua mão me
segurou pelo braço com cuidado, mas também com firmeza.

— Anjo... — Ele me chamou, erguendo a rosa que eu tinha devolvido a ele


quando fui me despedir dos meus amigos. — Sua flor.

Eu abri um pouco meus olhos, surpreso por ter esquecido completamente dela,
e a peguei de volta

— Me desculpa por não poder ajudar seu amigo, — Ele disse, então, tocando
em minha bochecha com seus dedos longos. - mas não fica chateado comigo,
por favor.

Sem perceber, toda minha expressão quase apática assumiu uma


característica assustada.

— Eu não estou chateado com você! — Respondi imediatamente, segurando o


pulso da mão que estava em meu rosto. — Desculpa por ter ficado tão chato, é
só que eu to preocupado com o Yuta...

Ele suspirou, sem parecer aliviado, quando beijou minha testa antes de
pressionar seus lábios contra os meus, demoradamente, Então eu abracei seu
ombro sem soltar a rosa em minha mão, enquanto com a outra brinquei com os
cabelos em sua nuca, segurando-o perto.

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— Obrigado por ter vindo hoje, Jungkook... isso significou muito pra mim. E
desculpa por não poder ficar mais tempo com você, mas eu ainda tô de castigo
e minha mãe vai ficar brava se eu demorar mais pra voltar...

Ele balançou a cabeça numa concordância compreensiva, logo antes de me


segurar pela cintura e me afastar, me dando mais um beijo.

— Não tem problema, anjo. Nós podemos passar mais tempo juntos da
próxima vez. — Ele disse, calmo, arrumando os fios de cabelo em minha testa.
Pode ir. Sua mãe é um pouco assustadora quando fica irritada.

Eu ri, mesmo sabendo que aquilo era verdade, e mordi meu lábio enquanto
juntava toda minha força para conseguir me afastar.

— Até depois, Jungkook...

Eu suspirei quando finalmente caminhei para longe dele e segui até a minha
casa, deixando que ele também continuasse seu caminho até os quartos do
hotel. E meu coração doeu, sabendo que ele passaria as próximas horas tão
perto de mim, mas que eu não poderia ficar com ele.

Por mais que eu soubesse que tinha sido completamente irresponsável por não
me esforçar o mínimo quando se tratava da escola e reconhecesse minha
culpa no resultado final, em que acabei reprovado, ser mantido longe de
Jungkook numa das poucas oportunidades que tínhamos de ficar juntos
parecia cruel demais.

Por isso, não ter meu celular ou meu notebook para me ajudar a passar o
tempo não foi mais o real problema. O que me fez passar horas a fio deitado
em minha cama, angustiado e abraçado ao coelhinho de pelúcia que Jungkook
ganhou para mim no parque, foi justamente a restrição que me impedia de ir
até ele quando estávamos tão próximos

Durante o jantar, eu mal toquei na comida e a única conversa que se


desenrolou à mesa foi o monólogo de minha mãe tentando me convencer a
comer bem, porque o clima ainda estava estranho, carregado pela decepção
dela e de meu pai.

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Então eu voltei para a minha cama, depois de me preparar para dormir, e
gastei mais horas tentando arranjar consolo em um bichinho de pelúcia,
revirando de um lado para o outro, sem conseguir descansar.

A casa já estava silenciosa quando eu sai das minhas cobertas para beber um
pouco de água, esperando conseguir aliviar um pouco a sensação ruim na
minha garganta. Entretanto, ao perceber que meus pais já estavam dormindo,
eu parei meu caminho ainda antes de chegar à cozinha e olhei para a porta de
casa.

Ela estava lá, livre para que eu saísse e fosse até Jungkook, e eu o fiz. Meu
único cuidado foi trancar meu quarto para que meus pais não descobrissem
caso acordassem nas horas seguintes, e logo depois me esgueirei para fora,
ainda de pijama, sentindo o frio me abraçar assim que deixei o sistema de
aquecimento interno de casa para trás.

Sem saber em que quarto Jungkook estava e sem meu celular em mãos para
perguntar a ele, eu fui sorrateiro até a recepção, encontrando Hyelin fazendo
suas horas extras detrás do balcão para cobrir a folga de Jungsu, e a vi quase
batendo a testa na mesa quando sua cabeça tombou no meio de um cochilo
para que só então ela acordasse, assustada.

— Chim? — Ela chamou, com a voz sonolenta, depois de me ver parar em sua
frente.

— Qual o quarto do Jungkook? — Eu perguntei, tenso. Meus pais não podiam


nem sonhar com o que eu estava fazendo. Hyelin apertou os olhos, confusa, e
então eu pedi, aflito. — Não diz pra minha mãe nem pro meu pai que eu sai de
casa, por favor.

Ela assentiu, mas a confusão continuou presente em seu olhar quando ela
hesitou, antes de finalmente perguntar. — Jimin... o que está acontecendo
entre você e o Jungkook?

— Nós estamos juntos. — Eu disse, sabendo que ela já desconfiava depois de


tudo que aconteceu no meu aniversário, então não adiantava negar.

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Ela não pareceu tão surpresa, mas ainda assim vi algum choque em seu rosto
antes que ela assentisse, talvez decepcionada.

— E eu ainda fantasiando ter quinze filhos com ele... — Ela se lamentou,


suspirando, mas conformada. — Ele tá no quarto sete. Não demore pra voltar
pra casa, lembre que seu pai acorda muito cedo, tá?

Eu concordei com um sorriso de agradecimento antes de me afastar outra vez,


caminhando diretamente até o quarto de número sete. A luz do lado de dentro
estava acesa e eu não hesitei antes de deslizar a porta para o lado,
percebendo que estava destrancada.

E lá estava ele. Sentado da mesma forma que estava quando eu o vi da


primeira vez, diante da mesa de chá, virado para a porta. Entretanto, sua
concentração não parecia estar focada em papeladas do trabalho, e sim em
seu notebook enquanto ele falava com alguém no telefone, simultaneamente.

Ele olhou para mim quando percebeu que eu estava entrando, e eu vi um


pouco de surpresa nos seus olhos antes que eu fechasse a porta para me
aproximar, quase chorando de alívio por vê-lo e poder tocá-lo.

— Amanhã eu entro em contato com ele. — Jungkook disse para a pessoa


com quem conversava pelo celular, sem parar de olhar para mim quando
gesticulou para que eu me aproximasse. Eu o fiz, sem relutância alguma, e
deixei meu corpo ser levado por sua mão livre quando ele me puxou para
sentar em seu colo, envolvendo sua cintura com meus braços e apoiando
minha cabeça em seu ombro. — Obrigado, Daesung. E me desculpe por ligar
tão tarde.

Eu vi Jungkook finalizar a ligação e deixar o celular de lado para então me


abraçar também, me puxando ainda mais contra seu corpo quando beijou meu
pescoço, me fazendo sorrir quando senti cada pelinho do meu corpo se eriçar
só com isso.

— Você não estava de castigo? — Ele perguntou, deslizando a mão por minha
coxa e dando vários outros beijos despretensiosos por meu ombro.

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— Não ia aguentar ficar lá em casa sabendo que você estava aqui. Confessei,
sem culpa. — Então eu fugi.

Eu senti seu sorriso contra minha pele depois que ele beijou meu pescoço pela
última vez, antes de afastar seu rosto e tocar o meu, carinhoso.

— Ainda bem. — Ele disse, sorrindo para mim com o rosto bem pertinho do
meu, então eu não me contive e colei nossas bocas num selinho rápido, um
pouco atrapalhado.

— Mas você parecia ocupado... — Me lamentei, olhando para seu celular


deixado de lado, sem me atrever a me afastar dele. — Eu atrapalhei?

— Era o advogado da filial daqui de Nam-gu. — Ele revelou depois de negar


minha pergunta, subindo a mão por baixo da minha blusa de moletom para
acariciar minha cintura. — Foi a única coisa que consegui pensar em fazer para
ajudar seu amigo.

Eu apertei meus olhos, confuso, e então me afastei para olhá-lo melhor. —


Como assim?

— A complicação toda é porque ele é menor de idade, não é? — Ele


questionou, certeiro. — Eu expliquei a situação para nosso advogado e ele
disse que se Yuta denunciar o pai, é possível conseguir uma autorização
temporária para ele sair de casa até que o caso seja resolvido. Mas vocês
precisam conseguir convencê-lo a fazer isso, a promotoria provavelmente só
vai conceder a autorização se ele for o denunciante.

Eu mordi meu lábio, um pouco confuso porque nunca fui muito ligado a todas
essas coisas do direito, mas Jungkook continuou explicando mesmo assim,

— O advogado da Bangtan só pode ajudar com essas informações. Ele não


trabalha nessa área, então me passou o contato de alguns outros advogados
que podem assumir o caso. Amanhã antes de ir embora eu entro em contato
com eles e vejo o que mais podemos fazer.

Eu continuei olhando-o, um pouco atrapalhado, sem conseguir esconder meu


encanto. Ainda que não entendesse todas as formalidades, eu entendia o mais

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importante de tudo aquilo. Jungkook estava fazendo o possível para tentar
ajudar meu amigo.

— Eu não acredito que você se preocupou tanto com alguém que nem conhece
direito...

— Se é importante para você, também é para mim, anjo. — Ele disse, ainda
me tocando carinhosamente por baixo do moletom grosso. — Me desculpe por
não poder fazer nada mais cedo.

Eu neguei, abraçando-o outra vez, com ainda mais força de antes e com um
sorriso enorme no rosto, porque eu amo o homem mais incrível desse mundo
inteiro.

— Obrigado, Jungkook! — Eu quase gritei, ainda o prendendo com meus


braços. - Obrigado mesmo, mesmo!

— Não agradeça ainda, meu bem. Primeiro seu amigo precisa concordar.

— Eu vou dar um jeito. — Garanti, com convicção. — Você é o melhor do


mundo todo! Obrigado, obrigado, obrigado! — Repeti, dando vários beijinhos
em seu rosto, mas então algo aconteceu.

Eu me movi demais e o atrito, em algum momento, moveu o piercing em meu


mamilo, ainda não completamente cicatrizado, o que me fez gemer
automaticamente de dor, alto demais.

O riso de Jungkook morreu e ele me olhou, um pouco desconfiado quando eu


cobri a região com meus dois braços, me afastando um pouco dele, mas sem
conseguir sair de seu colo.

— O que foi isso? — Ele perguntou, unindo levemente as sobrancelhas, e eu


engoli em seco.

Ele ainda não sabia que eu tinha furado o mamilo, meu deus, eu nem sabia se
queria que ele soubesse.

— Nada não. — Eu disse, tentando sorrir, mas é claro que não deu certo, o que
só aumentou sua suspeita.

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— Jimin... — Ele chamou, o tom de voz quase ameaçador.

Sem saber se sentia tesão com suas mãos me segurando firmemente ou se


saía correndo feito um maluco, eu só continuei parado, duro como pedra,
segurando minha blusa quando ele tentou levantá-la.

— Eu disse que não foi nada! — Insisti, meio esganiçado.

Eu gostava do meu piercing. Quando saía do banho, às vezes, eu parava na


frente do espelho e ficava admirando-o feito um idiota, mas eu sei que meus
gostos sempre foram um pouco controversos, e me preocupava a possibilidade
de Jungkook não gostar.

E se ele perdesse o tesão em mim por causa disso?

— Tire sua blusa. — Ele disse, então, quando tentei impedir pela segunda vez
que ele a levantasse, mas eu continuei relutando, quase choramingando de
desespero. — Agora, Jimin

O som que escapou de minha garganta foi quase como um miado, e eu me


arrependi de não ter deixado Jungkook tirar a blusa de mim, porque descobri
que fazê-lo sozinho era pior.

Então, com os dedos relutantes, eu segurei a barra da blusa de moletom e a


puxei para cima devagar, até tirá-la completamente, e mordi meu lábio com a
ansiedade me dominando quando eu a deixei de lado, exibindo o piercing
prateado em meu mamilo esquerdo.

Os olhos escuros de Jungkook desceram direto até a pecinha metálica, e eu


quase desmaiei quando vi seu maxilar travar.

— Por quanto tempo você pretendia esconder isso de mim?

— Por quanto tempo fosse possível... — Respondi, sincero, meio desesperado.

Ele continuou olhando para o piercing, e sua mão subiu por minhas costelas
até seu polegar pressionar com cuidado a pele ao redor do mamilo, antes de
tocar numa das extremidades metálicas.

— Você não gostou, né? — Perguntei, frustrado.


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Jungkook finalmente subiu os olhos até encarar meu rosto, e eu me assustei
quando ele segurou minha cintura com as duas mãos e me puxou em seu colo,
unindo nossos quadris outra vez.

— Não? — Ele repetiu, me segurando com força quando investiu seu membro
duro contra minhas nádegas.

Jungkook estava duro por mim!

— Ai, minha nossa senhora, que alívio! — Eu disse, sem pensar, quando me
lancei em outro abraço, apertando-o, nem mesmo conseguindo dar atenção às
reações que a ereção dele poderiam me provocar. — Achei que você ia perder
o tesão por mim!

Jungkook ficou calado, por um tempo, mas depois explodiu numa gargalhada
gostosa, e só então eu percebi como minha reação foi boba.

— Eu não acho que é possível perder o tesão por você, anjo.

Eu dei uma risadinha empolgada e me afastei, deixando minhas mãos em seus


ombros.

— Então você gostou mesmo? — Perguntei, estufando orgulhosamente o peito


para exibir meu piercing. — Quase desmaiei quando fui colocar!

Jungkook riu de novo e suas mãos me fizeram ficar de joelhos no chão,


deixando meus mamilos na altura de sua boca. Então ele beijou a linha no
meio do meu peitoral, depois passou a língua e chupou meu mamilo direito,
para no fim dar só um beijinho rápido e cuidadoso no esquerdo.

— Pena que ainda não cicatrizou.

Eu mordi meu lábio, risonho, e saí de seu colo quando ele se moveu para se
aproximar do notebook ainda ligado.

— Eu vou dormir aqui com você. — Anunciei, abraçando-o pelas costas para
que ele pudesse usar seu computador livremente. — Tá?

Ele colocou uma de suas mãos sobre a minha, em sua barriga. — Certo, meu
bem.
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Ainda sorrindo, eu apoiei meu queixo em seu ombro, e não foi proposital
quando eu olhei para o documento que ele estava salvando antes de fechar,
assim como não pude evitar um pequeno sobressalto.

— Espera. — Eu pedi, segurando seu braço antes que ele encerrasse o


programa de edição de texto, e Jungkook pareceu ficar tenso com isso.

— É um documento do trabalho, anjo. — Ele disse, estendendo a mão para


abaixar a tela do notebook, mas eu o impedi de novo e engatinhei até parar ao
seu lado, empurrando-a para cima outra vez.

O documento era longo, cheio de termos formais que eu não conhecia, mas
nem mesmo precisei passar do primeiro parágrafo.

Diretor executivo. CEO. O cargo do pai dele.

— Isso é sério, Jungkook? — Eu perguntei, olhando-o, sem entender porque


ele não me diria algo tão grande como isso. — Por que você queria esconder
isso de mim?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele suspirou e, sem que eu o impedisse dessa vez, ele voltou a abaixar a tela,
completamente.

— Jungkook... — Eu o chamei, tenso com sua relutância em me responder,


acreditando ter entendido seus motivos. — É por que você não queria me
deixar triste? Porque eu nem consigo passar de ano na escola, enquanto você
consegue assumir o cargo mais alto de uma empresa?

— Claro que não, meu bem.

— Deve ser uma porcaria estar com um fracassado como eu. — Eu o


interrompi, verdadeiramente ressentido, quando peguei minha blusa no chão
para vesti-la, mas Jungkook segurou meu pulso, com o olhar sério, antes que
eu o fizesse.

— Você vai me deixar falar, Jimin? — Ele perguntou, rígido, e eu senti minhas
narinas dilatando quando respirei fundo.

— Todo mundo faz isso agora. Yukwon fica agindo como se finalmente se
formar não significasse nada pra ele, mas eu sei que significa, e Jeonghan se
formou como o melhor aluno do ano e todos os professores têm certeza de que
ele vai ser aprovado na Chosun, mas ele nem toca no assunto quando eu tô
perto. — Desabafei, angustiado. — Eu não sou uma pessoa ruim! Eu sei que
sou burro e me odeio por ter que passar mais um ano naquela escola, mas eu
não vou ficar triste por ver que vocês estão se saindo bem, caramba!

Jungkook suspirou, sem me soltar, e eu vi sua expressão se suavizar quando


ele me puxou para seu colo novamente.

— Ninguém acha que você é uma pessoa ruim ou um fracasso, anjo, pare de
pensar assim. — Ele disse, acariciando minha cintura como se tentasse me
acalmar. — Eu não te contei antes porque isso é temporário.

Eu continuei respirando fundo, tentando me recompor.

— Temporário por quê? — Perguntei, ainda desconfiado. — Por que você vai
ficar no lugar do seu pai?

Jungkook hesitou um pouco, e isso me deixou mais tenso.


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— Ele descobriu um câncer no estômago. — Confessou, enfim, e então toda a
minha desconfiança evaporou para que eu o olhasse, assustado. —
Oficialmente, eu sou nomeado como Diretor Executivo, mas o cargo ainda é de
meu pai. Meu trabalho ainda é o mesmo, eu só vou assumir a mais algumas
funções que ele vai precisar deixar de lado durante o tratamento.

— Mais trabalho? — Eu perguntei, atordoado, mas percebi que esse não era o
ponto principal. — Seu pai... Jungkook, eu sinto muito...

Ele negou, me apertando contra seu corpo. — Ele vai ficar bem. Os médicos
dizem que ele tem boas chances de recuperação.

Meu peito apertou com a culpa e eu escondi meu rosto detrás das mãos,
envergonhado.

— Meu deus... eu não acredito que briguei com você, Jungkook, me desculpa...

Ele me abraçou com mais força, puxando meu corpo contra o seu, e beijou
meu ombro exposto.

— Eu sei que você está frustrado, meu bem, e você pode desabafar comigo,
mas nunca mais pense que eu te acho um fracasso. Essa é a única coisa que
eu não vou tolerar.

Eu balancei minha cabeça numa concordância ainda envergonhada e me


aninhei em seu abraço, arrependido por minha explosão repentina.

Entretanto, eu não pude negar a preocupação. Até onde eu sabia, as


negociações com a Yoshikawa ainda não tinham chegado do fim, apesar de
andarem bem, e já vinham tomando muito do tempo de Jungkook. Saber que
ele teria ainda mais funções para assumir me desesperou um pouco, por isso
eu não consegui me controlar e deixei o questionamento escapar, aflito.

— Você ainda vai ter tempo pra mim?

As vezes Jungkook mentia para mim. Eu sei disso. Ele dizia que tudo estava
bem, mesmo quando não estava, e fingia estar despreocupado quando no
fundo eu sabia que ele estava tenso, tudo tentando me poupar.

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Dessa vez, não foi diferente. E, como das outras, eu sabia que ele estava
mentindo.

— Claro que vou, anjo. Não precisa se preocupar.

❆❅❄❅❆

Três meses

Por três meses, a vida de todo mundo pareceu mudar completamente. Menos a
minha.

Jeonghan foi aprovado na Chosun e se mudou para Gwangsan-gu.

Yuta foi convencido por Yukwon, não sei como, a denunciar seu pai, e a
promotoria autorizou que ele morasse com Taeyeon durante todo o tempo do
julgamento, que continuou se estendendo por aqueles meses.

Yukwon arranjou um emprego como animador de festas infantis, e as histórias


eram bizarras.

E Jungkook não tinha mais tempo para mim.

Por três meses inteiros, eu só o vi por chamadas de vídeo, que nem eram tão
frequentes, e toda a frustração da saudade e do horror de enfrentar mais um
ano na escola sem meus amigos começou a se acumular em mim como
estresse.

— Eu não aguento mais isso! — Bradei, furioso, quando fechei o livro de física
em minha escrivaninha, cansado de tentar entender aquela porcaria de
empuxo.

— Anjo, você ainda não terminou nenhuma questão. — Jungkook disse através
da chamada de vídeo, e eu olhei para a tela do notebook, irritado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Atrás dele, eu podia ver a janela de sua sala na Bangtan. Seus cabelos
estavam um pouco despenteados, as mangas da blusa preguiçosamente
repuxadas até os cotovelos e seus olhos cansados.

— Leia para mim de novo. Eu vou tentar lembrar como se resolve. — Ele
insistiu, olhando para mim através da imagem da tela, podendo ver a raiva
acumulada em minha expressão.

— Você nem perguntou como foi meu dia. — Eu acusei, ressentido. — É


sempre a mesma coisa, agora! Você nunca me liga e quando liga só quer
saber de exercícios e notas e essa merda toda da escola!

Jungkook passou as mãos pelo rosto, com os cotovelos apoiados na mesa, e


depois deslizou a palma até puxar seus cabelos para trás, num gesto cansado.

— Eu só estou tentando te ajudar.

— Você está agindo como meu pai, isso sim. — Ralhei, incomodado. — Eu
nem consigo mais ficar feliz quando você me liga.

Ele apertou os olhos com força e passou as mãos pelos cabelos mais uma vez
antes de suspirar

— Eu também estou cansado, Jimin. — Ele admitiu, então, pela primeira vez
desde que nos conhecemos. — Você está sendo incompreensivo.

Eu respirei fundo, ainda irritado. Não só com ele. Com tudo.

— Eu estou com saudade de você. — Confessei, porque nunca tive motivos


para negar. — Eu sinto falta de conversar de verdade com você e de poder te
ver. Mas agora você só me irrita, o tempo todo.

A expressão de Jungkook poderia ser quase neutra para qualquer um que não
o conhecesse bem, mas eu sabia que seus lábios sutilmente pressionados e
seu maxilar travado eram um sinal claro de sua irritação, e então ele só tocou a
parte interna da bochecha com a língua antes de assentir, devagar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Tudo bem. Isso também está me desgastando. — Ele disse, e eu vi sua mão
se aproximar do notebook, ouvindo só uma despedida rápida e distante antes
que a chamada fosse encerrada. — Boa noite.

A tela da transmissão ficou preta, e depois foi automaticamente direcionada


para o aplicativo, mostrando que Jungkook já estava off-line.

Eu bati em meu rosto, tomado pela raiva e pela angústia de discutir com ele,
mas tudo que fiz foi desligar meu notebook antes de me enfiar debaixo dos
meus lençóis, sem conseguir dormir.

No dia seguinte, eu fui para a escola parecendo um morto-vivo, mais indisposto


que o normal para aturar toda aquela gente e toda a cobrança, focado
unicamente em colocar minha cabeça em ordem para conseguir me acalmar.

Eu estava determinado a me desculpar com Jungkook e ser um pouco mais


compreensivo antes de fazer minhas reclamações, porque no fundo eu sempre
soube que ele só estava mesmo tentando me ajudar, mesmo no meio da
turbulência da sua própria vida. Entretanto, ele não me procurou por dias
seguidos e, quando finalmente respondeu uma das várias mensagens que
enviei, ele não o fez com mais que uma frase, mas que foi suficiente para me
desesperar completamente.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Preciso de um tempo. Por dias, essa única frase continuou ecoando em minha
cabeça, e eu sentia meu coração palpitar a cada vez que pensava nos
significados dela.

Jungkook estava estressado e, como se não fosse suficiente, eu continuei


despejando minhas frustrações nele, cansando-o ainda mais. Minha
incompreensão e egoísmo o afastaram de mim e eu não sabia se ele voltaria.

— Deixa eu terminar de secar direito, enrustido. — Yukwon resmungou,


impaciente, enquanto quase queimava meu couro cabeludo com o secador de
Taeyeon, cinco dias depois da mensagem de Jungkook.

Eu só bufei violentamente, sem paciência. Aquela tinha sido uma ideia boba,
uma decisão tomada antes da minha discussão com Jungkook, mas que foi
levada até o fim porque Yukwon não me deixou desistir.

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Ver todo mundo mudando suas vidas me fez sentir deixado para trás, e então
eu queria mudar, também. Mas eu não podia mudar da mesma forma que eles,
ainda não, e então eu mudei o que podia ser mudado, a cor do meu cabelo.

O preto de sempre deixou meus fios com a experiência de Yukwon, e então o


loiro assumiu seu lugar.

— Ficou bom. — Ele disse, depois de finalmente desligar o secador, e parou


em minha frente como quem aprecia o próprio trabalho, orgulhoso. — Ficou
bom pra um caralho. Combinou com você.

Eu só pisquei demoradamente, sem empolgação alguma, checando meu


celular para ver se Jungkook tinha me procurado, mas no fundo sabendo que
encontraria as notificações de sua conversa vazias.

— Cadê Yuta? — Perguntei, sem conseguir me animar com o que Yukwon


parecia tão empolgado.

Sua expressão se contraiu, e ele pareceu incomodado. — Tá trabalhando.

— Essa hora? — Estranhei, porque Yuta tinha começado a trabalhar em


eventos, então suas ocupações costumavam ficar restritas à noite, não ao meio
da tarde.

— É aquela chefe dele. — Yukwon resmungou, se jogando ao meu lado no


sofá, com desleixo. — Tira coisa até do cu pra ele fazer. Isso me irrita pra
caralho.

— Irrita? — Repeti, quase sem acreditar. — É bom ele trabalhar, pelo menos
ocupa a cabeça e não fica tanto tempo pensando no julgamento do pai.

— É, mas aquela mulher não parece ser tão profissional. Você precisa ver
como ela fala com o bucetão, vive tocando nele, e eu tenho certeza que só
arranja esse tanto de coisa pra ele fazer porque quer ficar dando em cima dele.
Escrota.

Eu apertei meus lábios, sem muita energia para me preocupar


verdadeiramente com isso.

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— Se você ficar falando assim, vai parecer que tá com ciúmes. É melhor parar.
— Alertei, abrindo a câmera frontal do celular para ver o resultado do meu
cabelo. — Pode acabar dando esperanças a ele.

Yukwon ficou algum tempo em silêncio até socar uma almofada, de repente, o
que acabou me assustando.

— Eu sei, caralho! Eu nem posso falar nada porque depois do que aconteceu
entre a gente, ele vai acabar pensando isso mesmo, mas, porra, não é ciúmes.

Eu o olhei, então, desconfiado. — Como assim depois do que aconteceu entre


a gente?

Yukwon continuou olhando para a frente, parecendo ponderar uma resposta.

— Aconteceram coisas, ok? Várias vezes. E eu nem sei porque, mas não
deveriam ter acontecido.

Eu abri a boca, surpreso, mas apático demais para fazer algo além disso.
Depois, movi meus olhos e respirei fundo, sabendo que não deveria fazer
grande caso disso.

— Eu nem vou perguntar. Isso não vai dar em nada mesmo. — Suspirei, ao
final, e Yukwon pareceu satisfeito com minha conclusão. — E eu sinceramente
nem quero saber.

— Essa sua tristeza toda tá me irritando. — Ele comentou, bufando. — A


surpresa do Jeonghan é semana que vem, então trate de se resolver logo com
seu macho pra não aparecer lá com essa cara de peixe morto do caralho.

Eu bufei, cansado, ao lembrar da surpresa. Como estivemos todos


preocupados demais com outras coisas, acabamos deixando Jeonghan ir
embora sem que fizéssemos uma festa de despedida decente para ele. Yuta se
sentiu mal por isso, e insistiu que deveríamos compensá-lo. Então, depois de
falar com Kihyun e conseguir alugar seu flat para passarmos um final de
semana em Gwangsan-gu, nós estávamos indo para lá fazer uma festa de
despedida e de reencontro.

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Mas eu, sinceramente, não tinha cabeça para isso. Eu só conseguia pensar em
Jungkook, na saudade que estava sentindo e no medo de não tê-lo outra vez.

Por isso, quando cheguei em casa naquela noite, a primeira coisa que fiz foi
abrir o aplicativo de mensagens, determinado a tentar fazê-lo falar comigo.

Eu deitei em minha cama, com a cabeça doendo e o coração apertado,


acreditando que ele não me responderia. Entretanto, quando eu estava quase
cedendo ao sono para talvez sonhar com ele, meu celular vibrou, e então eu
despertei como se tivesse recebido alta voltagem.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
O ar fugiu completamente de mim quando eu vi sua resposta e, sem saber
mais o que fazer, fiquei sentado na cama, com o coração batendo tão forte que
chegava a doer.

Não? Jungkook não voltaria para mim?

Desesperado, eu disquei seu número e ouvi minha pulsação acompanhar o


som enlouquecedor da chamada que nunca foi atendida. Então eu liguei de
novo e mais uma vez, sem desistir. Na quarta, o celular de Jungkook estava
desligado.

— Não, não, não... — Balbuciei, sozinho, com as mãos tremendo como nunca
quando tentei ligar de novo, mas sem resultado. — Jungkook, por favor...

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu ouvia minha própria respiração preencher o quarto quando eu não soube
mais o que fazer, ponderando até mesmo a possibilidade de ir até Seul no meio
da noite, mas eu não tinha dinheiro para isso, então, sem saber o que fazer, eu
abri a conversa com Yukwon, sem conseguir digitar direito por sentir as mãos
tremendo demais.

— Você vai mesmo atender uma ligação agora? — A voz que eu ouvi do outro
lado quando a ligação foi aceita não foi a de Yukwon, mas a de Yuta, que
parecia furioso.

— É O Jimin, porra — Yukwon gritou de volta, sem se preocupar em afastar o


celular.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Diz que eu tô mandando um oi pra ele. — Yuta disse, então, sem parecer
mais calmo. - E você vai se foder e me deixa em paz!

— Pra onde você vai? — Yukwon perguntou, ainda gritando, e eu do outro lado
da ligação quase morrendo de chorar.

— Pra longe de você, seu insuportável! — Foi a última vez que eu ouvi a voz
de Yuta, seguida do som de uma porta batendo.

— Bucetão do caralho! — Yukwon resmungou, acho que para ele mesmo,


antes de finalmente parecer lembrar que eu existia. — Você ouviu isso? Ele
bateu a porta do apartamento!

— Yukwon... — Eu o chamei, incapaz de me preocupar com mais uma de suas


infindáveis discussões com Yuta.

— O macho da tatuagem. — Ele relembrou, suspirando. — Sim, foi mal, fala o


que aconteceu.

— Eu mandei uma mensagem pedindo pra ele voltar logo pra mim, mas ele só
respondeu um não. Um não, Yukwon! — Eu disse, sem parar para respirar. —
O que isso significa?!

— Que talvez ele não vá voltar logo pra você e vai continuar te dando um gelo
por mais um tempo pra você aprender a parar de ser nervosinho. — Ele
ponderou, quase desleixado. — Sério que você atrapalhou minha briga porque
não consegue interpretar uma mensagem?

— Eu... eu não tinha pensado dessa forma... — Murmurei, um pouco chocado,


mas completamente aliviado.

— Isso já tá me enchendo o saco. Se você não consegue se resolver com seu


macho, deixa que eu resolvo por você.

— Hã? O que você vai fazer?— Eu perguntei, tenso.

— Se preocupa, não. Depois você descobre.

Sem esperar uma resposta, Yukwon finalizou a ligação, me deixando no


silêncio do meu quarto, um pouco atordoado. Entretanto, apesar de
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
desconfiado sobre o conceito de resolver do meu amigo, eu tentei me acalmar,
acreditando em sua interpretação sobre a resposta de Jungkook. Na verdade,
eu precisava acreditar, ou ficaria louco.

Mas, durante a semana que se seguiu, isso começou a ficar mais difícil.
Jungkook continuou sem dar sinal de vida mesmo que eu ainda tentasse falar
com ele, e só deus sabia o que Yukwon estava planejando - até porque,
sinceramente, eu nem sei se na sua cabeça existia espaço para algo além da
surpresa que faríamos a Jeonghan.

Diferente dele, que passou as últimas quarenta e oito horas antes da viagem
falando só sobre isso, eu não estava tão animado, mas não pude continuar
indiferente quando vi sua última recomendação.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Porque o presente que ele me deu no natal foi uma duchinha portátil para fazer
a chuca.

Eu senti a ansiedade tomar conta de mim com a possibilidade de rever


Jungkook. Mesmo sem saber como Yukwon o faria ir até Gwangsan-gu
exatamente no fim de semana em que estaríamos lá, eu confiei que meu amigo
não brincaria com isso. Ele sabia que eu estava com saudade e estava com
medo de perdê-lo.

Por isso, sem querer, um sorriso enorme apareceu e só então eu tive uma dose
de ânimo para parar de tentar estudar e finalmente arrumar minha mala.

Eu separei tudo que precisaria, inclusive a duchinha, e no dia seguinte acordei


bem cedo para hidratar meu cabelo. Pela primeira vez desde que o tinha
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
pintado, então, eu prestei atenção em como o loiro caiu em mim e sorri diante
do espelho, nervoso, quando imaginei a reação de Jungkook ao me ver.

Finalmente, depois do almoço, eu encontrei Yukwon e Yuta na estação de trem


e aguentei todo o percurso enquanto os dois discutiam fervorosamente porque
Yuta precisaria voltar mais cedo, no domingo, para ajudar em um evento, mas
Yukwon continuava acusando sua chefe de ser uma tarada e aproveitadora.

Entretanto, eu não me importei em tentar acompanhar a briga que parecia


nunca acabar. Eu só queria chegar logo em Gwangsan-gu e rever Jungkook,
abraçá-lo bem apertado e matar a saudade que estava me sufocando

Quando chegamos, então, nós fomos direto para o flat de Kihyun, o mesmo em
que fiquei com Jungkook quando, ainda em meus dezesseis anos, ele
reapareceu de repente e me levou para passar a noite com ele.

Entrar naquele lugar foi tão nostálgico que, depois de abrir a porta, eu não
consegui me mover por uns bons minutos, relembrando de cada pedacinho
daquele apartamento e invariavelmente sentindo meu estômago revirar quando
olhei para a mesa de centro ao lado da qual demos nosso primeiro beijo.

— Eu tô com tanta saudade dele... — murmurei, sem pensar, com a garganta


queimando com aquela sensação ruim de falta e de distância.

Nós nunca tínhamos brigado daquele jeito antes. Eu nunca tinha ficado tão
irritado a ponto de dizer que não me sentia mais feliz quando ele me procurava,
e Jungkook nunca tinha perdido a paciência comigo, não daquela forma. E era
estranho, porque aquilo não parecia natural.

Nós nos dávamos bem. Mesmo com as diferenças, ou talvez por causa delas,
nós sabíamos encontrar nosso equilíbrio sem precisar de esforço. Nós nunca
cansávamos um do outro ou nos evitávamos propositalmente, e então essa
nova configuração do nosso relacionamento não me deixou só triste. Me deixou
confuso, também.

— Eu vou me arrumar, depois vou pegar Jeonghan e encontro vocês no bar. —


Kihyun anunciou, me arrancando do meu devaneio fora de hora. — Daqui a
duas horas tá bom pra vocês?
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Yukwon assentiu, se jogando no sofá, e eu só reforcei sua resposta com um
sim fraco, Depois, nós começamos a nos arrumar com calma, enquanto eu
esperava que Jungkook milagrosamente aparecesse, por isso acabei usando,
pela primeira vez, a duchinha que ganhei do meu melhor amigo.

— Yukwon... — Eu o chamei quando saímos do flat e seguimos andando para


o bar, ainda diante do movimento de fim de tarde da avenida. — Ele vem
mesmo?

— Só relaxa. — Ele respondeu, tranquilo, mas eu ainda olhei para a entrada do


prédio uma última vez antes de seguir meus amigos.

Quando chegamos ao bar que Kihyun tinha escolhido, eu procurei a localização


dele no mapa e copiei o endereço para enviar para Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Kihyun disse que já estão chegando. — Yukwon avisou, mexendo no seu
celular, quando já estávamos sentados numa das várias mesas vazias.

Eu suspirei, me sentindo mal por não estar tão animado para rever um amigo
tão especial quanto Jeonghan, por isso tentei me livrar da tristeza e ansiedade
em minha expressão e mostrei meu melhor sorriso quando o vi entrando no
bar. Entretanto, ele ainda não tinha nos visto, e Kihyun andou ao seu lado,
segurando sua cintura, até que se inclinou para falar algo em seu ouvido e, no
fim deu um beijo em seu pescoço. Jeonghan só sorriu, como se aquilo fosse
algo comum entre os dois, mas seus olhos quase saltaram de sua cara quando
ele finalmente nos notou.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Ele perguntou, surpreso e um pouco


desconcertado, mas visivelmente feliz, enquanto com o braço afastava Kihyun
discretamente.

— Viemos matar a saudade. — Yukwon disse, meio debochado, mas na


verdade era aquilo mesmo. — O clube das Winx fica muito pra baixo sem você.

— Nós meio que somos as Trix agora. — Resmunguei, brincalhão, quando


fiquei de pé para abraçar Jeonghan, e então completei, baixinho para que só
ele ouvisse. — Yuta e Yukwon só sabem brigar. Eu sinto sua falta.

Jeonghan me abraçou com mais força, rindo. — Também sinto sua falta, Chim.
Prometo que vou visitar com mais frequência quando me acostumar com o
ritmo da universidade,

Eu concordei, soltando-o para que ele abraçasse os outros dois, e só depois


voltamos a nos sentar e pedimos nossas bebidas.

— Será que ninguém vai falar do beijo no pescoço quando esses dois
entraram? Yukwon perguntou quando segurou sua caneca de cerveja,
provocativo.

Eu só dei um gole no meu refrigerante, observando em silêncio.


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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— A gente tá transando. — Kihyun anunciou, tranquilo, e Jeonghan coçou a
testa, desconcertado.

— Precisa falar assim? — Ele resmungou, olhando-o pelo canto de olho.

Kihyun só deu de ombros, tomando um gole de sua própria bebida antes de se


inclinar sobre a mesa, em minha direção, provocativo. — Ele fode bem
gostoso. Perdeu, Jimin.

— Ah... — Eu murmurei, sem saber o que dizer. — ...Ok?

— Essa criança ainda não sabe o que é foder, para de fazer inveja. — Yukwon
disse, sem se importar quando Yuta sorrateiramente bebeu um pouco da sua
cerveja.

Kihyun bufou, ou riu, ou os dois. -Não sei como o Jungkook tá sendo tão
paciente. Deve bater muita punheta pra aguentar tanto tempo sem foder

— Ué, ele deve transar com outras pessoas, né. — Yuta disse, meio sem
pensar, e arregalou os olhos quando percebeu o que tinha dito. — Quer dizer...

— Pronto, mais uma paranoia pra cabeça desse menino. — Yukwon disse,
debochado. — Parabéns, bucetão.

— Não, Jimin, eu falei sem pensar. — Ele tentou se corrigir, nervoso, tocando
em meu braço.

Entretanto, tudo que eu fiz foi olhar para as bolinhas de gás do refrigerante em
meu copo estourando na superfície, repetidamente.

Aquilo não era algo novo para mim. A ideia de que Jungkook nunca se privou
de sexo depois de me conhecer sempre esteve viva e eu tentei me acostumar
com ela, mas ouvi-la de alguém como se fosse tão óbvio revirou algo dentro de
mim.

Só de imaginar Jungkook tocando outra pessoa do jeito que me tocava e de


pensar em outro sendo chamado de anjo por ele feriu meu coração, e eu me
peguei imaginando se, durante esses dias em que se afastou de mim, algo
como isso não aconteceu.

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— Eu acho que ele não consegue ficar duro por outras pessoas. — Yukwon
comentou, casualmente, acho que tentando me acalmar. — Sério, é um nojo
de tanto grude quando esses dois ficam juntos.

— Jungkook é bem fiel, mesmo. — Kihyun concordou, desanimado. — Uma


pena.

— Uma pena, né? — Jeonghan repetiu, com uma risada um pouco irritada. —
Tá bom, Kihyun.

O mais velho da mesa riu e, antes que eu percebesse, Jungkook e sua


fidelidade já não eram mais o assunto da vez e, mesmo aliviado por isso, eu
também continuei com aquela sensação incomoda.

Quando anoiteceu, três horas depois de chegarmos ao bar, entretanto, a


sensação incomoda passou a ser outra, e era porque Jungkook ainda não tinha
aparecido e, àquela altura, eu acreditava que não apareceria mais.

— Yukwon... — Eu o chamei, já triste. — Ele não vem, não é?

Meu amigo, já embriagado depois de tantos copos de cerveja, revirou os olhos


e respondeu, arrastado:— Esquece isso um minuto, Jimin, pelo amor de deus!
E daí se ele não vier? Pelo menos você tá com seus amigos.

Eu neguei, decepcionado com ele. — Você sabe... — Eu comecei, tentando me


controlar para não parecer tão irritado na frente de todos os outros, mas era
realmente difícil. — Você sabe como eu estou me sentindo, mas desde o
começo você tá fazendo pouco caso disso. Não é fácil, tá?! A distância física já
era um inferno, mas lidar com o afastamento emocional dele é ainda pior, e
você nem tenta me entender! Você não tinha o direito de me enganar desse
jeito e me encher de esperança pra nada, isso não é engraçado, Yukwon. Isso
dói muito.

— Você acha que eu ia brincar com uma coisa dessas? — Ele perguntou,
muito menos determinado que eu a se conter.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você brinca com tudo! — Rebati, frustrado. — Você faz piada dos meus
sentimentos por Jungkook o tempo todo e até os sentimentos do Yuta parecem
ser um brinquedo pra você!

Ele apertou os olhos, ofendido. — Para de falar merda, Jimin.

— Para você de ficar menosprezando a forma como os outros se sentem. —


Acusei, percebendo o silêncio na mesa. — Eu tenho muita pena do Yuta por
gostar de alguém como você.

— Vai se foder. — Ele disse, respirando pesadamente. — Você tá insuportável


nos últimos meses. Sorte do Jungkook que pode ficar longe de você!

Eu arregalei meus olhos, sentindo o ardor característico antes de ficar de pé


bruscamente, e então empurrei seu ombro com alguma violência.

— Vai se foder você, idiota!

No instante seguinte, a despeito das vozes de Yuta, Jeonghan e Kihyun me


chamando, eu cortei todo o caminho para fora do bar, até parar na calçada e
me sentar no meio fio, abraçando minhas pernas e escondendo meu rosto
entre os joelhos, sem tentar impedir o choro explosivo.

Jungkook se afastou completamente de mim, meu melhor amigo me odeia e eu


estraguei o que deveria ser uma noite divertida.

De repente, em meio a todos esses arrependimentos, tudo que estava entalado


há tanto tempo começou a jorrar para fora de mim. Toda a pressão de estar
sozinho na escola, o medo de falhar de novo e a falta de confiança dos meus
pais em minha capacidade.

Eu me sentia preso ao mesmo lugar, sozinho, olhando para as costas de todos


que importam para mim, porque todos estão à minha frente, e eu só queria
caminhar ao lado deles.

Eu não aguentava mais me sentir tão incapaz e o desespero me fez repuxar a


pulseira em meu pulso, até que eu prendesse o pingente entre minhas duas
mãos, e então levantei minha cabeça só o suficiente para apertá-lo contra meu
rosto completamente molhado
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
pelas lágrimas, repetindo para mim mesmo que eu podia ter o mundo em
minhas mãos, tentando me convencer de algo que estava tão longe de ser
verdade.

— Eu posso, sim... — murmurei, sozinho, ainda tremendo quando tentei secar


minha bochecha com as costas da mão, e então minha visão turva percebeu
alguém se aproximando, e depois se agachando em minha frente.

Antes que eu tentasse dar algum foco à imagem, os braços fortes me puxaram
num abraço, e meu corpo foi levado com facilidade ao reconhecer aquele
toque. Ele me abraçou com força, então, e eu me senti seguro como não me
sentia há meses.

Sem relutar e deixando a saudade me guiar, eu o abracei de volta, com seu


nome escapando de minha garganta, chamando-o, para confirmar que era
mesmo ele ali. Era meu homem, de volta para mim.

— Jungkook...

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jimin pistolou com todo mundo, tá virado no raio o menino

Mas olá! tenho vários avisos hoje, então leiam porque são importantes, ok??

Primeiro: ele explicitamente fez a chuca, e não foi a toa. Então, sim, to dando
spoiler... vai ter smut no próximo capítulo. E só estou avisando porque não sei
quanto tempo vou demorar pra escrever esse sexo gostoso, então a próxima
att não vai ter data (mas acredito que sai na primeira semana de janeiro)

Segundo: vou trazer um presente de natal pra vocês, um capítulo separado


com gifs de como eu imagino os personagens ao longo da fanfic [...]

Terceiro: O spin-off yukta já foi postado

com o nome de safe harbor e vocês podem encontrar no meu perfil. Por
enquanto, o único capítulo que tem lá é o de avisos, mas resolvi postar logo
porque quem tiver interesse já adiciona na biblioteca. O primeiro capítulo de
verdade deve sair dia 27!

e ok, a partir daqui é baboseira, então podem ignorar. Mas a nirvanastan me


desafiou a postar 10 fatos sobre mim e eu resolvi fazer isso como um
presentinho pelos mais de 100k de comentários (sim, vocês já fizeram mais de
105.000 comentários em submissive!!!!)

1. meu nome é Ruth

2. tenho 23 anos (mas vcs já sabiam)

3. sou de aracaju-SE

4. já falei aqui no wattpad, mas não sou boa em nada além de escrever (e não
me considero tão boa assim)

5. tenho um medo irracional de insetos

6. demorei pra me aceitar como bissexual (mas hj dou graças aos deuses por
ser)

7. sub é narrada pelo submisso porque eu sou submissa

8. sou muito estressada ):


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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
9. jikooka iludida

10. conhecer bts foi uma das melhores coisas da minha vida

É isso. Até o próximo e se não abrirem o wattpad antes de 2018, feliz natal e
feliz ano novo!! Espero que o próximo ano seja melhor pra todos nós <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
21 • Bushfire

Minha mente continuou agitada como nunca, mas meu corpo pareceu ser
anestesiado do choro compulsivo quando Jungkook, o meu Jungkook, me
abraçou.

Ele estava ali. Era realmente ele.

— Vamos sair daqui. — Ele disse com o tom de voz calmo, mas talvez um
pouco distante, quando me segurou com mais firmeza para me ajudar a ficar
de pé.

Eu assenti, deixando meu corpo ser levado por suas mãos até que eu me
levantasse da calçada. Depois, ele usou as pontas das mangas compridas de
sua blusa para secar meus olhos, cuidadosamente, e eu finalmente senti sua
mão segurando a minha para me levar para longe dos olhares curiosos.

Ele não me beijou. Jungkook não encostou seus lábios à minha testa como
costumava fazer para me acalmar, nem selou minhas

bochechas no gesto tão carinhoso que eu nunca rejeitaria. E isso foi estranho.

— Jungkook... — Eu o chamei de novo, sentindo sua palma envolver a minha


sem entrelaçar nossos dedos.

Ele estava diferente.

— Jun... — Insisti, apertando sua mão com a minha quando tentei chamar sua
atenção, mas ele só parou quando estanquei meus pés no lugar.

Ele finalmente olhou para mim e então eu vi sua expressão com mais clareza.
Não era de impaciência, tampouco de raiva, mas aquele não era o olhar que
Jungkook costumava mostrar para mim.

Ainda que vez ou outra eu fosse dominado por algumas inseguranças, quando
eu via o olhar de Jungkook para mim, todas elas pareciam sumir e então eu

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
tinha a mais absoluta certeza de que era correspondido. Entretanto, do jeito
que ele estava me olhando, eu tive dúvidas pela primeira vez.

Eu engoli a saliva em minha boca como se forçasse um bloco de concreto


garganta abaixo, sentindo meu interior queimar de desespero quando percebi
que talvez ainda pudesse perdê-lo. Que, talvez, já tivesse perdido.

O ar que preencheu meus pulmões com minha respiração pesada pareceu


atear fogo em cada brônquio e em cada célula, se espalhando como veneno e
eu ofeguei mais uma vez, ainda não totalmente recuperado do choro anterior,
quando soltei minha mão da sua e segurei seu pulso antes de dar os dois
passos que me separavam dele. Ainda tremendo, eu abracei sua cintura e
escondi meu rosto em seu pescoço, desolado.

— O que aconteceu com a gente, Jungkook? — Eu perguntei, num último fio


de voz, porque aquilo que estávamos sendo no último mês não era o nós que
eu amava.

Desde que minhas aulas na escola começaram, tudo desandou


completamente. Sua falta de tempo graças à condição de saúde de seu pai, o
trabalho excessivo e o meu estresse crescente foram uma combinação
desastrosa. Nas poucas vezes que ele me ligava, eu estava sempre estudando
e por mais que tentasse deixar os livros e questões de lado naqueles curtos
instantes que tínhamos para conversar, Jungkook sempre me incentivava a
estudar um pouco mais e sempre tentava me ajudar com os exercícios. E isso
me irritava tanto, assim como eu via que ele não tinha a mesma paciência para
mim, mesmo que não demonstrasse isso. Eu Só o conhecia bem o suficiente
para saber.

E eu só queria falar com ele. Sobre qualquer coisa. Mas tudo na minha vida
pareceu se reduzir a notas e questões resolvidas, até mesmo no nosso
relacionamento. Então não foi só uma vez que eu deixei de sentir meu coração
acelerar quando via seu nome no visor do celular. Eu ficava irritado antes
mesmo de atender suas ligações e uma vez cheguei a ignorar sua chamada de
propósito, dizendo no dia seguinte que estava dormindo quando ele me ligou.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Mas eu o amava, meu deus, como amava. Mesmo com toda a frustração, eu
sentia falta dele, dolorosamente, e esperava pelo dia em que as coisas
retornariam ao seu lugar. Eu só não gostava do jeito como elas estavam
naquele momento.

Por isso, eu não estava preparado para perdê-lo, e o medo tomou conta de
mim.

— Você não me quer mais? — Eu perguntei sem conseguir conter a ansiedade


que machucava e ainda sem coragem de encará-lo, por isso continuei com o
rosto escondido contra sua pele.

Uma resposta que negasse aquela suposição era tudo que eu precisava.
Entretanto, quando senti sua mão acariciando minhas costas com cuidado, o
que ele disse foi algo pior que uma confirmação.

— Vamos conversar no apartamento.

Eu senti o ar fugir completamente de mim, ou talvez meu corpo que tenha se


tornado incapaz de sentir qualquer coisa além do mais genuíno desespero, e
então neguei sem levantar minha cabeça, atormentado pelo significado daquilo.

— Eu não quero conversar. — Murmurei atordoado, apertando meus olhos com


força e abraçando-o ainda mais, com medo de que ele se afastasse de mim se
eu o soltasse. — Por favor, Jungkook, você tá me assustando... Só diz que a
gente tá bem, por favor...

Ele segurou meus braços com força e, apesar da minha relutância, conseguiu
me fazer soltá-lo, até me afastar. Seu olhar ainda era carregado e eu me
encolhi com medo do que estava por vir.

— Venha, Jimin. — Ele insistiu, dessa vez sem segurar minha mão para me
fazer acompanhá-lo.

Jungkook só deu as costas, seguindo o caminho até o condomínio, e eu me


forcei a segui-lo mesmo que minhas pernas não tivessem mais força. Eu só
cambaleei, com a visão turva, até que chegamos ao flat.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
A subida pelo elevador foi sufocante e eu nem consegui dizer nada quando
saímos da caixa metálica e paramos diante da porta do apartamento onde uma
pequena bagagem de mão, que pressupus ser a de Jungkook, estava. 21

Então eu tirei a chave do bolso da minha calça e tentei destrancar a porta, mas
minhas mãos tremiam demais para que eu acertasse a fechadura. Na terceira
tentativa falha, eu solucei, finalmente consciente sobre as lágrimas descendo
pelo meu rosto.

Jungkook disse alguma coisa que não consegui ouvir e então uma de suas
mão segurou a minha, com seu polegar deslizando pelas costas trêmulas da
minha palma, enquanto a outra tirou a chave de mim para que ele mesmo
abrisse a porta.

— Entre. — Ele disse, com a voz paciente, quando eu me mantive parado do


mesmo lugar.

Eu o vi pegar a mala pequena que estava do lado de fora e colocá-la ao lado


da entrada quando me puxou para dentro com cuidado, para só então voltar a
fechar a porta, sem trancá-la. Antes de passar para a sala, entretanto, ele tirou
os próprios sapatos de couro e se abaixou em minha frente para tirar os meus.
Eu senti suas mãos comandando minhas pernas para tirar meus all stars
velhos, desfazendo os laços dos cadarços com paciência para depois
suspender sutilmente cada uma de minhas panturrilhas para tirá-los de meus
pés.

Depois, Jungkook gesticulou na direção da sala para que eu seguisse até ela,
mas ele entrou na cozinha. Ainda sem forças, eu arrastei meus pés
preguiçosos pelo piso frio até me sentar no chão abraçando minhas pernas,
entre o sofá e a mesinha de centro, enquanto esperava Jungkook voltar. E ele
o fez, pouco tempo depois, reaparecendo diante dos meus olhos com um copo
de água em mãos.

— Beba. — Comandou, ainda calmo, quando minhas mãos trêmulas aceitaram


o copo, mas eu ainda demorei algum tempo antes de conseguir beber o
primeiro gole, lavando minha boca que parecia cada vez mais seca. - Quer
lavar o rosto?
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu neguei sem forças, usando as mangas compridas do meu cardigã para
tentar secar meu rosto, que eu sabia estar inchado, e ele só concordou,
assentindo suavemente antes de se sentar no sofá, de frente para mim.

No silêncio, ele me olhou com atenção, demorando algum tempo até se


manifestar outra vez.

— Não sabia que você tinha pintado o cabelo. — Ele disse com um sorriso
morno, tão diferente da forma como eu gostava de vê-lo sorrindo para mim. -
loiro ficou bem em você.

Eu olhei para baixo, incapaz de esconder a decepção somada ao desespero já


acumulado.

Depois de tanto esperar para descobrir sua reação quando ele me visse com o
cabelo loiro, algo que eu achei que ficou tão bem em mim, foi completamente
desanimador ouvir um elogio que parecia quase forçado.

— Você tá tão diferente... — Eu me lamentei, apertando meus olhos com


minhas palmas depois de deixar de lado o copo ainda cheio de água.

Eu me senti tonto mesmo sem ter bebido uma gota de álcool e um arrepio aflito
fez cada pelo do meu corpo se eriçar quando, contra minha vontade, minha
mente viajou sozinha pelas possibilidades.

Ele deve transar com outras pessoas.

O que Yuta disse ecoou em minha cabeça e eu gemi, completamente


atordoado, quando escondi meu rosto.

Jungkook pediu um tempo, estava diferente comigo e eu não queria, mas a


desconfiança reivindicou seu lugar em meu coração.

Ele morava a mil quilômetros de mim e seria tão fácil me enganar. Seria tão
fácil para ele dormir com outras pessoas sem que eu sequer desconfiasse

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
disso e seria tão fácil ele se interessar por uma dessas pessoas e me deixar de
lado.

— Você... você transou com outra pessoa, não foi? — Acusei, atordoado,
sentindo minha voz falhar. — É por isso que você tá tão estranho comigo há
tanto tempo...

Em resposta, eu ouvi sua risada seca, sem humor, quase irritada.

Por isso, levantei meu rosto para buscar o seu, e o fiz a tempo de ver a forma
impaciente como ele passou as mãos sobre os olhos, nariz e bochechas,
impaciente.

— Só pode ser brincadeira... — Jungkook murmurou, talvez para ele mesmo,


quando apertou os olhos mais uma vez.

Eu mordi meu lábio furiosamente quando fogo pareceu ser injetado em meus
olhos, que ardiam como nunca.

— Você disse que a gente ia conversar, então por que você não tá dizendo
nada? — Eu pressionei, aflito. — Eu já entendi que não é coisa boa, então só
diz de uma vez! Você veio aqui pra terminar comigo, não foi? Diz logo!

Jungkook pressionou os lábios antes de passar a língua entre eles num gesto
irritado, para então responder minha pergunta.

— Sim. Eu vim aqui para terminar com você.

Meu corpo todo perdeu a reação e eu continuei paralisado, olhando-o com os


olhos bem abertos, como se estivesse diante da visão mais assustadora do
mundo.

Ainda que a suposição tivesse saído da minha boca, eu não acreditava


verdadeiramente que ele estava ali só para me deixar. Eu não queria acreditar
nisso.

— Eu perdi o controle de tudo depois de tudo depois de você, Jimin. —


Jungkook disse, diante do meu choque. — E não é assim que minha vida
funciona, mas agora parece que tudo gira em torno de você. Eu não consigo

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
controlar nada do que sinto e isso não sou eu. — Ele parou, respirando fundo.
— Sabe quantas vezes eu deixei minha vida pessoal interferir em meu
trabalho?- Ele questionou, retoricamente.

— Antes de você, nenhuma. Mas agora meu pai está internado naquele
hospital, eu tenho mais responsabilidades que em qualquer outro momento da
minha vida e mesmo assim tudo, o tempo todo, é sobre você.

Eu senti meus lábios tremendo como se a temperatura do apartamento


começasse a fazer meu corpo colapsar pelo frio, mesmo que o aquecedor
estivesse ligado. E então eu sabia. O efeito sobre meu corpo estava sendo
provocado pela confissão de Jungkook, com cada uma de suas palavras
perfurando minha consciência.

Eu o fiz perder o controle. Dong-yul estava internado.

Eu sabia que seu pai estava fazendo quimioterapia, mas não que ele tinha sido
internado. Jungkook nunca tinha me dito isso antes.

— Eu tentei, de verdade. Eu usei um tempo que não tinha só para ligar para
você, mas toda vez você me atendia como se eu estivesse incomodando, toda
vez você começava uma discussão diferente. E eu sei que você estava
cansado, mas eu também estava! — Ele confessou sem a calma que nunca,
nem mesmo uma vez, tinha deixado sua expressão. Nunca, até então. — Eu
também me canso, Jimin, eu também me estresso e eu também sinto medo!
Essa empresa é tudo para minha família e agora todo o peso dela está em
minhas costas e eu sinceramente não sei se consigo fazer isso. Eu não sei se
consigo assumir o lugar do meu pai e mesmo assim eu dei tudo de mim por
você, mas você nem consegue mais reconhecer isso.

— Jungkook... — Eu o chamei quando cobri meu rosto com minhas mãos


trêmulas, envergonhado.- Jungkook, me desculpa...

Talvez se eu tivesse desabafado com ele as coisas seriam diferentes, mas tudo
que eu fiz durante todo aquele tempo foi derramar acusações egoístas, mesmo
que eu soubesse que não estava sendo fácil para ele também e eu sinto tanta
vergonha de ter agido assim.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu acho que esse é nosso limite. — Ele continuou, com a voz mais fraca,
quase derrotada. — Então eu vim aqui terminar com você.

Eu ergui meu rosto imediatamente, negando com o desespero fugindo por cada
um dos meus poros.

— Não diz isso! — Eu pedi, completamente atrapalhado quando fiquei de


joelhos no chão depois de vê-lo com os cotovelos apoiados em suas coxas,
com seu rosto caído sobre suas mãos. Então eu me aproximei, me encaixando
entre suas pernas, sem forças para ficar de pé, tocando-o desesperadamente. -
Não diz isso, Jungkook, por favor...

— Eu vim para acabar com isso tudo, ele repetiu, sem levantar o rosto, com a
postura totalmente exposta e vulnerável. — mas eu não consigo...

Talvez o alívio arrebatador tenha se sobreposto à fraqueza concentrada em


meu corpo, porque eu levei menos de um segundo para subir até o sofá e
abraçar o corpo de Jungkook com uma força que nunca imaginei que me
pertencia, apertando seu rosto contra meu próprio peitoral, como se pela
primeira vez eu o protegesse, e minhas pálpebras se fecharam com força
quando ele me abraçou de volta, se deixando ser protegido por mim.

— Eu sinto tanto a sua falta, anjo...

Eu quase me desmanchei em lágrimas mais uma vez, mas me contive ainda


abraçando-o e beijando o topo de sua cabeça através de seus cabelos tantas
vezes que perdi as contas.

— Eu também sinto tanta saudade de você... — Eu disse, envolvendo seus


ombros com meus braços bem forte, como se o mundo inteiro estivesse ali. —
Meu deus, me desculpa por ter sido tão egoísta...

Eu senti suas mãos em minhas costas e seus dedos me acariciando no mesmo


ritmo de sua respiração agitada contra meu pescoço quando, nos minutos
seguintes, eu dei lugar ao silêncio e tentei me acalmar enquanto deixava ele
fazer o mesmo, sempre sem me afastar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Nunca vou saber durante quanto tempo ficamos daquele jeito, buscando
reconforto e ao mesmo tempo matando a saudade de nossos corpos um contra
o outro porque, no fim, era daquilo que nós dois precisávamos. Nós
precisávamos estar juntos.

Então, quando nossas respirações pareciam ter recuperado o ritmo normal


depois de toda a agitação, Jungkook arrastou suas mãos até minha cintura e
beijou meu pescoço com cuidado antes de me afastar para pode me olhar nos
olhos.

Só então o inchaço em meu rosto me incomodou e, envergonhado, eu o cobri


com as mãos diante das bochechas ainda levemente avermelhadas de
Jungkook.

Sem poder beijar minhas maçãs, ele me beijou nas mãos, uma de cada vez,
demoradamente.

— Eu nunca estive com ninguém depois que te conheci, Jimin. — Ele


confessou, encostando sua testa à lateral da minha cabeça e deslizando a
ponta do seu nariz sobre minha pele num carinho tão suave que me fez fechar
os olhos quase sem perceber. - Eu já era seu desde antes de poder ser, anjo...

Eu suspirei arrastado, deixando que minhas mãos seguissem o percurso que


parecia natural e parassem de cobrir meu rosto para tocar o de Jungkook,
então as pontas dos meus dedos desenharam toda a linha de sua mandíbula e
eu movi minha cabeça até deixar um beijo inocente em seu maxilar.

— Eu sei, Jungkook. — Eu disse, deslizando meus lábios por sua pele até
beijá-lo de novo, em sua bochecha, com minhas mãos ainda segurando seu
rosto. — Eu sei disso, porque eu também sou seu desde a primeira vez que te
vi.

Eu senti o ar que deixou seus lábios atingir meu queixo e então suas mãos
deslizaram por minhas coxas, que ainda abraçavam seu quadril.

— Me desculpa também por ter dito aquilo... Eu sei que você nunca faria algo
assim... - Eu pedi, encostando minha testa à sua quando deixei meus dedos se
prenderem aos fios escuros em sua nuca.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu senti seu nariz tocar o meu e sua respiração alcançar meu rosto e pisquei
demoradamente, completamente entorpecido pela sensação.

Eu o amava. Eu definitiva e intensamente o amava com todo o meu coração.

— Eu vou desabafar com você a partir de agora, tudo bem?— Eu disse


baixinho contra sua boca. — Quando você me ligar e eu estiver me sentindo
mal, eu não vou mais guardar pra mim. Eu vou me apoiar no meu homem...
certo?

Jungkook suspirou contra minha boca e todo o meu corpo se acendeu quando
ele sugou meu lábio, soltando-o devagar.

— Confia em mim também. — Pedi com alguma dificuldade, sem conseguir


ignorar a reação do meu corpo quando suas mãos apertaram minhas coxas. -
Quando você estiver cansado, ou estressado ou com medo... fala comigo. Eu
vou sempre estar aqui pra te lembrar que você é o homem mais incrível desse
mundo inteiro.

— Porra... — Ele gemeu arrastado, suspirando mais uma vez. — Eu te amo


tanto, Jimin...

Eu senti meu corpo inteiro travar e meus olhos quase saltaram para fora
quando eu me afastei, completamente atordoado, porque não esperava aquilo.

Por isso, eu apertei meus lábios e engoli a saliva em minha boca,


dolorosamente consciente sobre os movimentos em minha garganta
empurrando tudo para baixo antes de colocar para fora meu questionamento
surpreso.

— Ama?

As mãos de Jungkook continuaram em minhas pernas, tocando-as quase com


devoção, e eu não consegui fechar meus olhos nem mesmo quando ele se
inclinou, aproximando nossas bocas novamente, e me prendeu a um beijo
lento.

— Eu sei que você ficou assustado quando eu disse para sua mãe, —
Jungkook falou baixo, com seus lábios roçando os meus. — mas eu não disse
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
da boca pra fora. — Ele me deu um selinho demorado, então, antes de
encostar seu nariz ao meu outra vez. — Eu amo você, Jimin.

Dois anos. Quase dois anos depois de nos conhecermos, Jungkook ainda fazia
meu coração acelerar feito louco.

Por isso, quando entreabri meus lábios tentando dizer alguma coisa, som
nenhum foi criado. Eu só consegui deslizar minhas mãos por seus ombros e
braços, tocando-o e apertando-o, querendo sentir que era mesmo ele ali, era
real.

— Diz de novo. — Eu finalmente pedi, com a respiração dolorosamente


pesada, quando meus olhos encontraram os seus.

Jungkook me puxou pelo quadril, colando-o ainda mais ao seu, e beijou meu
queixo, minha boca e minha bochecha antes de voltar a me olhar, sem
hesitação alguma nos olhos escuros.

— Eu te amo.

Eu o observei por mais algum tempo, sem conseguir assimilar aquelas três
palavras.

Entretanto, meu corpo as entendeu tão bem que, antes que eu sequer
comandasse, meus braços o envolveram novamente e eu colei minha boca à
sua, beijando-o com vontade, talvez com um pouco de desespero.

Sem conseguir parar, nossos lábios continuaram unidos e nossas línguas se


tocaram repetidamente, sem espaço para provocações.

Quando um gemido escapou por minha garganta, eu não soube dizer se era
pelo beijo ou se ainda eram aquelas palavras fazendo explodir, dentro de mim,
uma felicidade que eu nunca tinha sentido até então. Mas isso não importava.
A única coisa que eu queria era entregar meu corpo inteiramente a Jungkook,
assim como minha alma já era dele há muito tempo.

Assim, foi quase instintivo quando eu afastei meu tronco do seu, sem parar de
beijá-lo e comecei a desabotoar sua blusa.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
O som úmido e estalado da minha boca se unindo à sua ecoou pelo
apartamento e eu gemi quando ele sugou meu lábio, sem que minhas mãos
parassem de empurrar sua camisa por seus braços.

Ele soltou minha cintura e se moveu, deixando que a blusa caísse esquecida
no sofá, e seus braços me envolveram completamente, com força, quando ele
voltou a me abraçar, colando nossos corpos outra vez.

Depois, eu enterrei minhas unhas em seus músculos e deixei minha cabeça


tombar completamente para trás quando ele parou de beijar minha boca e
empurrou seus lábios na parte de baixo do meu queixo, descendo até
pressionar meu pomo de adão e finalmente chupando demoradamente a união
do meu pescoço com meu ombro.

— Jungkook... — Eu o chamei, quase sem voz, quando senti minha pele ser
succionada novamente, presa entre seus lábios e sendo simultaneamente
tocada por sua língua.

Ele não disse nada, mas sua mão subiu pela parte interna da minha coxa até
chegar à minha virilha e então ele roçou de leve, provocativo, na ereção que já
tinha começado a se formar debaixo da minha calça.

Eu ofeguei, ansioso, e não pensei antes de levar minha mão até a sua,
apertando-a mais num pedido mudo para que ele aliviasse aquela sensação
que queimava como fogo, mas Jungkook empurrou minha mão e balançou a
cabeça em uma negação sucinta, com sua boca ainda sugando minha pele.

Eu expulsei o ar, louco para que ele me desse algum alívio, mas tudo que ele
fez foi me provocar ainda mais quando empurrou meu quadril contra seu
membro duro, pressionando-o em minhas nádegas através de toda a roupa
que ainda usávamos.

Quase levado por algum instinto, eu rebolei em seu colo e suspirei arrastado
quando ouvi um gemido seu escapar e ricochetear em meu pescoço já úmido
com sua saliva.

— Eu... — Tentei falar, mas perdi completamente o poder sobre minha própria
capacidade de alocução quando Jungkook segurou meu quadril com seus
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
dedos apertando minha carne e movendo-o com mais força sobre sua ereção,
forçando um gemido agudo e incalculado para fora da minha garganta.

— Eu quero te foder todo, anjo...

Eu quis praguejar furiosamente, mas tudo que consegui fazer foi deixar minha
cabeça cair sobre a sua, ofegando em antecipação quando ele chupou meu
lábio outra vez, para só então conseguir dizer, mas não com muita potência na
voz:

– Então fode...

Um pequeno sobressalto tomou conta de mim quando Jungkook subiu sua


palma, arrastando-a sem calma por minha barriga e peitoral até envolver meu
pescoço, apertando-o com um cuidado brusco instantes antes de fazer sua
língua entrar em minha boca antes mesmo que seus lábios tocassem os meus.

Um chiado rouco e involuntário subiu por minha garganta e ecoou no beijo


quando eu segurei sua nuca com minhas mãos, desesperadamente, ainda
movendo meu quadril para friccionar seu membro duro contra minha bunda,
mas aquilo não era suficiente.

— Eu quero você dentro de mim, Jungkook... por favor...

Eu me agarrei a ele, assustado, quando senti seu corpo ser impulsionado para
cima e então ele ficou de pé, me segurando com suas mãos quando eu
automaticamente abracei seu corpo com minhas pernas e voltei a beijá-lo,
incapaz de parar.

Jungkook então me carregou até o quarto e eu ofeguei quando meu corpo caiu
sobre a cama de casal, com as pernas dobradas e entreabertas e minhas mãos
apoiadas atrás do meu quadril para me dar alguma estabilidade enquanto eu o
via de pé, em minha frente, começando a desafivelar o cinto.

As lembranças da última vez inundaram minha mente e eu lambi meus lábios,


vidrado na imagem do couro deixando os passadores de sua calça, um a um.

Eu pisquei atordoado e levantei meus olhos quando ouvi uma risada baixa,
sacana, e então eu procurei seu rosto.
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— Você gosta do couro, anjo? — Ele perguntou, deixando o cinto
cuidadosamente sobre o colchão.

Mesmo um pouco frustrado por vê-lo ser deixado de lado, eu assenti


completamente atordoado e segurei os braços de Jungkook quando ele subiu
na cama ainda vestindo sua calça justa e apoiou seus joelhos entre minhas
pernas, inclinando-se cada vez mais até que eu estivesse completamente
deitado, com seus braços apoiados ao lado da minha cabeça como uma prisão
da qual eu nunca queria sair.

Jungkook então deslizou seus lábios pela lateral do meu rosto num toque
dolorosamente provocativo e finalmente beijou meu queixo ao mesmo tempo
em que suas mãos empurravam meu cardigã.

Eu ergui um pouco o corpo para tirá-lo completamente de mim e caí deitado


outra vez, sem forças, quando ele desceu suas mãos até a barra da minha
camisa e tocou em minha pele por baixo dela, com as pontas dos dedos, antes
de finalmente começar a puxa-la para cima até que minha blusa também
estivesse longe de meu corpo.

Com meu tronco completamente exposto, Jungkook começou a beijar todo o


meu pescoço, descendo e demorando algum tempo na linha central do meu
peitoral enquanto seu polegar brincava com meu mamilo direito.

Eu arqueei meu corpo completamente excitado quando seus lábios deslizaram


para o lado até que sua boca estivesse sobre o piercing do mamilo esquerdo,
mas sem tocá-lo. Jungkook então ergueu seu olhar até encontrar o meu e eu
quase entrei em colapso quando vi sua língua deslizar entre seus lábios no
meio de um sorriso completamente atravessado antes de passá-la com
cuidado sobre a pecinha metálica.

Um suspiro de antecipação morreu dentro de mim quando, ainda sem parar de


me olhar, Jungkook continuou usando a língua para atiçar meu mamilo
enquanto seus dedos ainda brincavam com o outro.

Eu já os sentia duros, completamente estimulados e sensíveis, no momento em


que ele substituiu o toque de sua língua por seus lábios sugando-os.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Foi involuntário quando eu levei minha mão à sua cabeça, enquanto a outra
continuou esmagando a colcha debaixo do meu corpo arqueado, mas como se
desaprovasse minha ação instintiva, Jungkook ergueu seu rosto, negando,
quando segurou meu braço e o afastou.

— Sem me tocar, Jimin. — Ele alertou com o tom de voz inconfundivelmente


sádico.

— O-o que? - Questionei, assustado e inconformado.

— Eu preciso repetir? — Jungkook devolveu, provocativo, quando cobriu meu


corpo com o seu e segurou meu pulso esquerdo, primeiro, antes de segurar o
direito e prendê-los acima da minha cabeça contra o estrado da cabeceira da
cama, com sua mão livre segurando meu quadril enquanto ele pressionava
nossas ereções juntas através de nossas calças.

Eu apertei meus olhos e meus lábios quando tentei empurrar meu quadril mais
para cima, em busca de atrito, com a sensação dos meus pulsos presos por
sua mão me fazendo gemer de insatisfação e excitação.

— Não... — Eu respondi, sem força.

Ele sorriu numa aprovação sádica quando aproximou seus lábios dos meus,
tocando-os com sua língua antes de me beijar na bochecha, manchando-a de
saliva.

— E por que eu não vou te deixar me tocar? — Jungkook insistiu, me fazendo


arrepiar ao sentir seu hálito quente acertar minha pele úmida.

Eu sabia o que estava acontecendo. Eu estava sendo punido. Entretanto, eu já


tinha consciência de que Jungkook nunca me puniria se estivesse chateado ou
irritado de verdade, por isso não existia espaço para ressentimentos reais ou
para que eu me sentisse verdadeiramente culpado, pelo menos naquele exato
instante.

Assim, eu ainda demorei algum tempo para conseguir articular uma resposta
coerente. — Porque eu fui mimado e egoísta...

501
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Isso, anjo. — Jungkook disse, sem se livrar do sorriso sádico quando
separou minhas mãos e as fez segurar uma das placas de madeira na
cabeceira. Continue assim.

— Tá... — Eu concordei, sem forças para ir contra sua ordem.

Jungkook me olhou com provocação escondida por trás de algum incômodo


em seu olhar.

– Você deveria mostrar um pouco mais de respeito. — Ele disse, pressionando


sua coxa contra minha ereção. — Responda direito.

Eu me remexi atordoado sobre o colchão, tentando inutilmente aliviar aquela


sensação em meu corpo, incapaz de me concentrar em sua ordem e por isso
acabei choramingando de tesão e frustração por não ter logo o que queria.

— Sim, senhor. — Jungkook instruiu, então, descendo suas mãos por minha
cintura até chegar em minha calça. — Vamos fazer um pouco mais do meu
jeito. Entendeu, anjo?

Eu assenti desesperadamente e me concentrei como nunca para conseguir


repetir aquelas duas palavras sem gemer.

— Sim, senhor...

Ele sorriu, e eu senti que o beijo que recebi em meu pescoço foi uma
recompensa por meu acerto.

Sem falar mais nada, Jungkook seguiu beijando todo o caminho por meu
peitoral e abdômen, que se contraiu involuntariamente quando eu senti sua
boca e língua marcando-o num caminho que levava até minha virilha.

Eu apertei a madeira entre minhas mãos, com o lábio furiosamente


pressionado por meus dentes, quando ele deu um último beijo abaixo do meu
umbigo. Depois, ele se ajoelhou ainda entre minhas pernas e começou a
desabotoar minha calça, sem pressa alguma.

Eu ouvia minha própria respiração e sentia meu coração pulsar como um louco
quando ele desceu o zíper e segurou as laterais do jeans, sem precisar dizer

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
nada para que eu erguesse meu quadril, permitindo que ele o tirasse de mim
com meu corpo inteiro sensível demais, sentindo o tecido grosso deslizar por
minhas pernas até que não as cobrisse mais Com o corpo exposto, coberto por
nada além de minha roupa íntima, Jungkook tocou em minha coxa nua,
acariciando-a com cuidado enquanto olhava para a pontinha de pré-gozo já
marcando minha boxer.

Eu engoli um gemido ansioso, apertando furiosamente meus lábios e


enterrando minha cabeça no colchão quando a outra mão de Jungkook se
aproximou de minha ereção, mas sem tocá-la de verdade, apenas esfregando
seus dedos longos contra meu membro que latejava.

Eu senti algo fisgar dentro de mim e meu estômago inteiro congelou quando,
num movimento rápido, ele segurou minhas duas coxas e forçou minhas
pernas a flexionarem, ainda ajoelhado entre elas. Depois, eu estremeci quando
sua boca beijou a parte interna de minha coxa e fui pego de surpresa quando
ele passou seus dentes por minha carne sensível, virando os olhos para mim
sem afastar seus lábios dali.

— Você vai precisar esconder suas pernas por um tempo.

Eu não entendi a princípio, mas senti a dúvida se esvair porque logo em


seguida Jungkook voltou a beijá-la, com força, sugando a pele sensível entre
seus lábios e dentes de um forma que eu sabia que deixaria marcas.

Mesmo assim, meu gemido não foi ocasionado por nada além de prazer,
porque aquela sensação, junto à expectativa de sentir sua boca descendo cada
vez mais em direção à minha virilha, era indescritível.

Quando chegou à união da parte interna da minha coxa com minha virilha,
Jungkook passou sua língua sobre minha cueca, até que seus lábios
capturaram meu pênis através do tecido escuro e ele o beijou, sem pudor
algum, umedecendo tudo numa bagunça de pré-gozo e saliva que me deixou
louco.

Eu queria tanto sentir sua boca de verdade. Queria a textura, o calor e a


pressão de sua língua e lábios me chupando outra vez, mas eu sabia que não

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adiantava pedir, por isso eu continuei calado, me desfazendo em suspiros
arrastados a cada provocação.

Entretanto, foi impossível conter o movimento do meu quadril quando ele


finalmente segurou as laterais da minha boxer, puxando-a para baixo até tirá-la
completamente. E lá estava, então, meu corpo completamente exposto mais
uma vez, assim como o olhar de adoração explícito no rosto de Jungkook
quando ele olhou para cada partezinha nua.

E eu amava isso. Amava a forma como ele conseguia revirar tudo dentro de
mim e me deixar ainda mais excitado só com seu jeito de me olhar.

Então eu gemi alguma coisa incompreensível, completamente perdido


naquelas sensações quando ele beijou a região da minha virilha mais algumas
vezes antes de chupar a base do meu pênis e subir todo o caminho até a
cabeça com sua língua,

Segurando minha ereção com uma mão, Jungkook lambeu a glande mais uma
vez, pressionando-a antes de colocá-la na boca.

Eu choraminguei, desesperado por mais, e enterrei minha cabeça no


travesseiro quando Jungkook me deu o que eu queria, engolindo todo o meu
comprimento, com sua língua áspera deslizando pela parte de baixo do meu
membro e suas bochechas succionando-o deliciosamente.

— Assim... — Eu gemi, sem controle sobre meu quadril. — Jungkook...

Eu delirei quando ele começou a me colocar para fora, com sua língua
pressionando toda a extensão do meu pênis até se concentrar na glande outra
vez, que foi mantida dentro de sua boca enquanto ele a succionava e lambia
com força com sua mão estimulando a base da ereção.

Depois de me fazer gemer vergonhosamente alto com toda essa provocação,


Jungkook voltou a me colocar inteiro dentro de sua boca até que senti o reflexo
de sua garganta quando a pontinha da minha glande a alcançou. Eu
choraminguei ainda mais alto pela sensação insana e deliciosa, sentindo meus
dedos doloridos de tanto esmagar a madeira entre eles.

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Eu não aguentava mais. Eu queria ir fundo de novo, por isso meu corpo
desobedeceu meus comandos e minhas mãos se soltaram, agarrando seus
cabelos e empurrando sua cabeça com um pouco de desespero.

Entretanto, eu percebi o erro quando o olhar reprovador de Jungkook me


atingiu e ele afastou sua boca completamente do meu membro, para depois
quase me fazer gritar de susto quando segurou meu quadril e virou meu corpo
sobre a cama, com força e rapidez, me deixando de bruços.

Desesperado, eu empurrei minha ereção contra o colchão e quase salivei


quando o corpo de Jungkook cobriu o meu outra vez, com seu peitoral nu
pressionando minhas costas, seus dentes mordendo e repuxando o lóbulo de
minha orelha antes de chupá-lo e uma de suas mãos apertando minha bunda
com força.

— O que foi que eu disse? — Ele questionou contra meu ouvido com uma
agressividade deliciosa, e então sua mão serpenteou para baixo do meu corpo
e agarrou meu pênis, pressionando-o.

— D-desculpa — Eu disse no meio de um gemido descontrolado, mas eu não


estava nem um pouco arrependido porque aquela sensação de ter meu corpo
inteiramente dominado era insuperável.

— Só um pedido de desculpas não vai adiantar, dessa vez. — Ele alertou e eu


vi, com a lateral do rosto pressionada contra o colchão, quando ele esticou o
braço e pegou o cinto que tinha sido deixado ao meu lado.

Eu soltei todo o ar de uma vez, já queimando de ansiedade quando vi o cinto


dobrado em uma de suas mãos, e suspirei quando ele aproximou sua boca do
meu ouvido outra vez, falando com a voz um pouco mais mansa, mas ainda
intensa.

— Você lembra? — Ele perguntou, com alguma seriedade. — Dê dois tapas se


eu for longe demais.

Eu assenti, lembrando claramente de ter feito isso na última vez.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Então, sem mais demora, Jungkook sorriu contra minha pele e deu um último
beijo em meu pescoço antes de deslizar seus lábios por toda a linha da minha
coluna, roçando-os de forma tortuosa até chegar em minha lombar, quando se
afastou completamente, mas eu ainda o sentia ajoelhado entre minhas pernas.

Depois, substituindo sua boca, ele tocou o cinto flexionado em minha nuca,
arrastando-o pelo mesmo caminho, suavemente, até deixar minha pele para
acertá-la depois, com mais força, fazendo um som estalado ecoar pelo quarto
quando o couro acertou minha nádega.

Eu ofeguei talvez um pouco pego de surpresa, mas principalmente excitado


como nunca.

Sem poder vê-lo graças à minha posição, eu estive alheio aos movimentos de
Jungkook até que ele tocou minha bunda novamente, dessa vez com sua mão,
apertando-a antes de dar um tapa.

— Você gosta de me irritar, não é, anjo? — Ele questionou, então, com mais
um tapa estalado.

— Não... — Respondi, fechando meus olhos com todas as minhas forças ou eu


seria capaz de chorar de tesão.

Pego desprevenido outra vez, Jungkook acertou minha nádega com o cinto no
mesmo lugar.

— Não o quê?

Eu mordi meu lábio, tentando não deixar muito óbvio quando tentei friccionar
minha ereção contra o colchão mais uma vez.

— Não, senhor.

— Às vezes parece que sim. — Ele retrucou, movendo seus dedos de uma
mão até deslizá-los entre minhas nádegas, da base da lombar até minha
entrada, mas sem pressioná-la. Depois, ele moveu a mão um pouco mais para
fora, deixando somente seu dedo médio me provocar com movimentos suaves
e circulares.

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Eu estava completamente arrepiado, com cada terminação nervosa do meu
corpo mais sensível que o normal, atento a cada pequeno toque de Jungkook.
Por isso, eu quase fui tomado por insatisfação quando ele afastou sua mãos,
mas, antes que isso acontecesse, ele segurou minha cintura e empurrou meu
corpo para cima, me forçando a me apoiar em meus joelhos, com meu quadril
empinado no ar.

Meu rosto ainda estava pressionado contra o colchão e eu tentei me apoiar em


meus cotovelos também para ter um pouco mais de conforto, mas Jungkook
negou quando viu o que eu estava tentando fazer.

— Me dê suas mãos. — Ele ordenou, sucinto, e eu tive um pouco de


dificuldade para concentrar meu peso em meus ombros quando estiquei meus
braços para trás. Jungkook então posicionou minhas mãos juntas sobre minhas
próprias costas e logo depois eu senti o toque família do couro envolvendo meu
pulso, um de cada vez, até que o cinto os prendesse juntos como uma algema.

— Meu deus. — Eu gemi completamente atordoado, sem entender porque


estar preso daquele jeito, completamente vulnerável, só aumentou as
explosões de tesão dentro de mim.

— Escolha uma palavra. — Jungkook instruiu, acariciando a lateral do meu


quadril.

— Hm?

— Os dois tapas não vão funcionar agora. — Ele explicou, mexendo no cinto
que prendia minhas mãos. — Escolha uma palavra para dizer caso queira
parar. Alguma que você não vá dizer sem querer.

— É... — Eu parei, porque de repente todas as palavras do mundo


desapareceram de minha mente, até que uma surgiu na ponta da língua. —
...coelho?

— Coelho. — Ele repetiu, quase orgulhoso. — Só precisa dizer isso se não se


sentir bem com alguma coisa.

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Eu assenti, com uma certeza devastadora de que aquela palavra não sairia da
minha boca, não naquela noite.

Depois, eu senti as mãos de Jungkook em meu quadril outra vez, deslizando


sobre minha pele como se ele apreciasse o toque até que ele voltou a tocar
minha bunda e, num movimento quase suave, segurou minhas nádegas,
afastando-as uma da outra.

Eu ofeguei contra o colchão, apertando meus olhos com força porque nunca
tinha me sentido tão exposto quanto naquele momento e mesmo com a
excitação que fugia por cada poro do meu corpo, eu não pude evitar alguma
vergonha.

Isso, entretanto, pareceu ser deixado completamente de lado quando eu


percebi, surpreso, a respiração de Jungkook acertando minha pele instantes
antes de sentir seus lábios dando um beijo simples na parte interna de cada
uma das minhas nádegas, ainda repuxando-as para o lado.

Eu não entendi o que ele estava fazendo e me senti até desconfortável, mas só
até sua língua pressionar minha entrada.

Totalmente pego de surpresa, eu gemi violentamente, sentindo todo o som que


escapava de minha garganta desaparecer com a falta de ar que tomou conta
de mim quando Jungkook me beijou ali, passando seus lábios e sua língua
exatamente como fazia quando me beijava na boca.

— J-Jungkook — Eu o chamei, nem sei porque ou para que, delirando quando


rebolei meu quadril em busca de mais.

Sem me responder com palavras, ele atendeu meu pedido quando sugou a
pele ao redor da minha entrada, soltando-a com um som estalado antes de
voltar a me beijar sem pudor algum, molhando tudo com sua saliva quente.

Eu movi minha cabeça sobre a cama, descontrolado, e apertei minha testa


contra o colchão com os olhos fechados com força e a boca aberta, expulsando
sons completamente desconexos.

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Sua língua então me pressionou mais uma vez, no mesmo lugar, movendo-se
em círculos pequenos e demorados antes de se empurrar para dentro de mim
como numa penetração.

A textura, a temperatura e a pressão eram indescritíveis e eu quase gritei


desesperado com aquele acúmulo de sensações, sem saber o que fazer com
elas.

Depois de me penetrar e me beijar mais algumas vezes numa tortura deliciosa,


Jungkook subiu um pouco sua boca, afastando-a de mim apenas o suficiente
para deixar minha entrada livre para seu dedo, que me pressionou com
cuidado antes de se introduzir em mim, indo fundo antes de sair só para se
afundar em mim outra vez.

Ele me penetrava devagar, movendo seu dedo dentro de mim em círculos e


repetindo o mesmo movimento vez atrás de vez, até começar a introduzir um
segundo dedo ao mesmo tempo.

Eu esmaguei minhas mãos ainda presas uma contra a outra, sentindo que
minhas pernas falhariam a qualquer instante e desesperado para sentir
Jungkook dentro de mim.

— Jungkook... — Eu o chamei, de novo, tentando em vão olhar para trás para


conseguir vê-lo. — Eu quero você...

Eu senti seus dedos saírem de mim lentamente, depois suas mãos começaram
a soltar o cinto que prendia meus pulsos até que, livre, ele segurou meu corpo
com cuidado e me fez virar na cama outra vez, me deitando com as costas
apoiadas no colchão e a cabeça afundada nos travesseiros.

Meus cabelos estavam começando a grudar em minha testa por causa do suor
e eu quase delirei quando vi o rosto também suado de Jungkook quando ele
subiu beijando toda minha barriga até parar com seu rosto sobre o meu,
usando os cotovelos para não deixar seu peso cair em cima de mim.

Com as mãos livres, eu toquei seus braços, segurando-o perto. Sua boca então
tocou a minha e eu senti sua mão acariciando minha bochecha, o que me fez

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respirar fundo com o coração cheio de confiança de que eu não poderia me
entregar a ninguém além dele.

— Tem certeza? — Ele perguntou, ainda me fazendo aquele carinho calmo e


eu sorri quando coloquei minha mão em cima da sua, porque só então eu
percebi.

Jungkook estava tremendo.

— É a maior certeza que eu tenho, Jungkook...

Ele suspirou contra minha boca antes de me beijar de novo, mas só por um
instante porque, logo depois, Jungkook se afastou de novo para se ajoelhar
entre minhas pernas e continuou me olhando, sem parar, quando começou a
desabotoar sua calça,

Eu senti minha respiração pesar com o nervosismo, porque eu finalmente seria


dele, por inteiro, e ver que Jungkook também parecia ansioso, até um pouco
atrapalhado, fez meu coração acelerar feito louco.

Sem pensar muito, então, eu também me levantei e me sentei sobre minhas


próprias pernas, na frente dele, e segurei sua cintura antes de aproximar meu
rosto e dar vários beijos em toda sua barriga enquanto minhas mãos o
ajudavam a se livrar da calça e de sua boxer, até deixá-lo completamente nu
para mim.

Não pela primeira vez, eu perdi o ar ao vê-lo por completo e, mais que isso, por
ver como Jungkook ficava duro por mim, sem deixar passar despercebida a
quantidade de pré-gozo que saía de sua glande.

Eu apertei meus lábios, hipnotizado, quando vi sua mão envolver seu membro
e estimulá-lo, passando seu polegar pela cabeça e depois descendo por toda a
extensão, espalhando o líquido pelo corpo com as veias inchadas.

Jungkook repetiu o movimento numa masturbação lenta e eu gemi no ar


quando levantei meu rosto e vi que ele me olhava, dali de cima, com os olhos
escuros completamente tomados pelo desejo.

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Sem tentar conter o impulso, eu deixei que minhas mãos alcançassem sua
ereção e comecei a masturbá-lo, sem parar de olhar para seu rosto, atento a
cada lufada de ar que ele deixava fugir quando meus dedos pequenos o
estimulavam.

Sua mão então tocou minha cintura e ele me guiou para que eu deitasse outra
vez, com seu corpo sobre o meu e minha mão ainda tocando-o sem muita
experiência. Entretanto, eu me atrapalhei todo quando sua ereção tocou a
minha e ele investiu contra meu membro duro, que latejou ao sentir o contato
direto entre as peles finas e sensíveis.

Levado pela necessidade de mais, eu abracei a cintura de Jungkook com


minhas pernas e movi meu quadril com o seu, devagar, gemendo contra sua
boca quando ele voltou a me beijar e apertou minha coxa com uma de suas
mãos, friccionando nossas ereções e nosso peitoral um contra o outro.

Eu passei meu braço por baixo dos seus e levei minhas mãos até seus
cabelos, puxando-os para tentar aliviar aquela sensação que desesperava, de
tão deliciosa.

— Fode... — Eu pedi, com sua boca beijando a minha. — Por favor...

Jungkook chupou meu lábio, ofegando, quando moveu seu quadril e eu senti
sua glande pressionando o espaço entre minhas nádegas, movendo-se
devagar entre elas, ainda sem me penetrar.

Minhas pernas abraçaram seu quadril com ainda mais força e o ar fugiu para
fora de mim quando Jungkook se empurrou um pouco mais para dentro,
forçando minha entrada que se contraiu, querendo expulsá-lo.

Ele gemeu rouco e segurou meu quadril com mais força, erguendo-o um pouco
quando me penetrou ainda mais, devagar.

— Caralho... Jimin... — Eu o ouvi praguejar contra minha boca, com sua testa
apoiada sobre a minha, sem forças.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu senti o ardor quando ele continuou me penetrando e fui tomado pela
inconsistência da minha mente, enterrando minhas unhas em suas costas, sem
conseguir parar de gemer.

Completamente dentro de mim, Jungkook impulsionou seu quadril contra o


meu antes de começar a estocar devagar, lutando contra a resistência
involuntária do meu corpo.

Era impossível explicar a sensação. Não era só a combinação física da dor


deliciosa e de uma parte tão sensível do meu corpo sendo estimulada, com
Jungkook me beijando sem pudor algum e com nossos gemidos se misturando
numa bagunça ofegante. Era tudo isso e a sensação quase arrebatadora de
me entregar a ele, de ser dele e de sentir que ele era meu também.

Era a sensação única e devastadora de Jimin e Jungkook pertencendo um ao


outro.

Então eu gemi, extasiado, e puxei desesperadamente seus cabelos quando ele


começou a me tomar mais rápido, indo mais fundo, mais forte, e não contive
um grito surpreso quando ele estocou contra um ponto ainda mais sensível,
fazendo meu corpo inteiro tremer.

— De novo — Eu implorei, desesperado. — Meu deus, Jungkook, de novo, por


favor!

Sem parecer determinado a negar meu pedido, Jungkook afastou um pouco


seu corpo do meu, se apoiando em uma das mãos enquanto a outra segurou
minha coxa com força, machucando-a, e ele estocou outra vez. Como da
primeira, eu não consegui impedir o gemido agudo, alto e desesperado e
arranhei sua pele sobre as costelas quando arqueei todo meu corpo.

Ele continuou fodendo, surrando o mesmo ponto sensível vez atrás de vez até
que, involuntariamente, eu contraí todos os meus músculos, estrangulando seu
pênis ainda dentro de mim. Jungkook gemeu alto e eu me assustei quando ele
me puxou pelo braço e me fez sentar sobre suas pernas, ainda abraçando seu
quadril com as minhas, e ele empurrou nossos corpos até fazer minhas costas
se chocarem contra a cabeceira da cama.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Envolvendo seus ombros com meus braços, eu o segurei perto e movi meu
quadril junto com o seu enquanto ele estocava com força, fazendo meu corpo
se chocar contra o estrado de madeira repetidamente sem que eu me
importasse de verdade com isso.

Desesperado e com os gemidos reduzidos a chiados fracos por falta de força


na voz, eu busquei sua boca, atrapalhado, e delirei quando ouvi o som úmido
de nossos lábios se encontrando, afoitos, se misturando ao som do choque
repetido entre nossas peles.

Eu já me sentia completamente perdido de tesão, explodindo de prazer em


cada parte suada do meu corpo, mas fui levado ainda além quando Jungkook
alcançou meu membro com sua mão e começou a masturbá-lo na mesma
velocidade em que me fodia, surrando o mesmo ponto de novo e de novo.

Minha voz ressurgiu, rouca, e eu ouvi meu gemido agudo preencher todo o
quarto junto ao seu, grave e tão desesperado quanto o meu.

Meu corpo já não tinha forças quando algo pareceu explodir dentro de mim,
minhas pernas tremeram, ainda agarradas ao seu quadril, e minha cabeça
pareceu pesar uma tonelada inteira, tombando sobre a sua quando eu senti o
gozo começar a jorrar em jatos, sujando minha barriga e a sua enquanto
Jungkook continuou me masturbando até o último segundo.

Eu puxei o ar com força, atordoado pelo choque de tanto prazer acumulado em


um só corpo, e ainda gemi baixo quando Jungkook ofegou com mais força,
parecendo chegar ao próprio limite. Ele então apoiou na cabeceira a mão que
me masturbava e continuou estocando ainda mais forte e mais rápido até que
um gemido mais denso anunciou, junto à sensação do seu gozo dentro de
mim, que ele também tinha chegado ao orgasmo.

Jungkook continuou se movendo dentro de mim, devagar, até que seu corpo
pareceu perder a força e ele respirou com dificuldade, me puxando pelas
pernas para que eu me deitasse sobre a cama, com seu corpo sobre o meu.

Eu estava radiante e sentia que podia brilhar mais que o próprio sol, mas
estava tão fraco que nem mesmo consegui sorrir, mas não rejeitei o beijo

513
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
calmo que Jungkook me deu. Eu segurei seu rosto com minhas mãos e
continuei com os olhos fechados mesmo quando ele parou de me beijar,
apenas roçando nossos lábios. Eu senti o suor em em sua pele e sua
respiração ainda ofegante e, mesmo ainda sem força, não senti quando um
sorriso pequeno se abriu.

— Tudo bem?- Ele perguntou, um pouco preocupado, e afastou seu rosto para
poder ver o meu.

— Nunca me senti melhor. — Respondi sinceramente, admirando os cabelos


escuros grudados em sua testa e seus olhos atenciosos.

Jungkook sorriu carinhoso e me deu mais um beijo, só encostando nossos


lábios, antes de me abraçar quando deitou sua cabeça em meu peitoral, ainda
em cima de mim. Por algum tempo, nós ficamos assim, agarrados um ao outro
e ouvindo nada além de nossas respirações enquanto nossas mãos brincavam
juntas, entrelaçando nossos dedos.

E com seu ouvido sobre meu coração, eu esperava que ele escutasse o que eu
ainda não tinha coragem de colocar em palavras.

Eu também amo você, Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
todo mundo achando que o ano ia começar bem por causa dessa att daí eu
chego com esse smut meio pombo kk desculpa):

tinha mais coisa pra acontecer no capítulo (porque eles não vão dormir sem
tomar banho, deus me libre), mas eu já tava achando a leitura muito cansativa
e resolvi acabar aí mesmo, me perdoem por isso também:

mas ok, então: sub chegou a 200k!!! se isso for um sinal, imagino que 2018 vai
ser um ano muito bom pra nossa filhinha (por favor @deus, não me ilude). Eu
realmente ainda não acredito que nossa nenê tá crescendo tão rápido):

gostaria de informar também que a maioridade do Jimin tá bem perto (bem


perto mesmo) e eles vão poder finalmente acabar com esses improvisos haha

por hoje é só esse início de ano tá bem corrido pra mim por causa da uni (é, eu
não to de férias cry), então a próxima att só deve sair dia 14 )): nos vemos lá!
<3

515
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
22 • Double-handed

Eu continuei com o corpo completamente exausto, mas feliz como nunca


enquanto sentia o peso de Jungkook sobre mim.

Porque apesar da probabilidade de que nada naquela noite daria certo, a última
hora foi, provavelmente, a melhor de toda minha vida.

Então eu sorri, acariciando a cabeça de Jungkook através de seus cabelos


escuros, quando ele deu um beijo em meu peitoral.

— Venha. — Ele disse quando se afastou um pouco, me puxando com cuidado


até me colocar em seu colo.

Mesmo sem saber para onde ele estava indo, eu me deixei ser levado e
abracei seu pescoço, escondendo meu rosto em seu ombro quando ele passou
um braço por minhas pernas e o outro por minhas costas, me erguendo da
cama quando também ficou de pé.

Sem se preocupar em cobrir nossos corpos nus, até porque acreditávamos


que ainda estávamos sozinhos no apartamento, Jungkook me levou para fora
do quarto até o banheiro que ficava logo ao lado. Antes de fechar a porta,
entretanto, nós ouvimos um barulho vindo da sala logo antes de um resmungo
familiar.

— Yukwon! — Yuta o chamou, parecendo irritado. — Não faz barulho,


caramba!

— Ah, pelo amor de deus, o Jimin tava quase gritando dez minutos atrás, mas
eu não posso fazer um barulhinho sem querer?! — Meu amigo resmungou de
volta e eu arregalei os olhos ao perceber que eles tinham chegado a tempo de
ouvir alguma coisa.

— Só fica quieto, não atrapalha!

516
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eles já terminaram, inferno, você não ouviu aquele último gemido altão?
Com certeza foi de quem desentupiu o pau e gozou!

— Minha nossa... — Eu murmurei, envergonhado e risonho, quando escondi


ainda mais meu rosto contra a pele de Jungkook, que também riu um pouco
antes de finalmente fechar a porta do banheiro, ainda sem me colocar no chão.
— Nós deveríamos ter trancado a porta do apartamento...

— Eu não sabia que as coisas iam terminar assim. — Jungkook confessou, me


apoiando com cuidado sobre o balcão da pia antes de se encaixar entre
minhas pernas, com suas mãos em minhas coxas. — Da próxima vez eu tomo
mais cuidado, mas isso não é algo que me incomoda.

Inconscientemente, eu concordei. Era constrangedor saber que alguém ouviu


tudo que aconteceu, mas também era um pouco... excitante?

Eu não sabia dizer, ao certo. Entretanto, foi outra coisa que me fez morder a
parte interna da minha bochecha quando eu subi as mãos por suas costelas,
até pousar as palmas sobre seu peitoral, uma sobre a tatuagem marcada em
sua pele, acariciando-a quase sem perceber.

— Jungkook... — Eu o chamei, então, um pouco medroso. — Você ia mesmo


me deixar?

Jungkook subiu as mãos até minha cintura, passando seus braços para minhas
costas quando me abraçou, me puxando mais para perto, e beijou minha
bochecha demoradamente.

— Eu nunca tinha ficado tão irritado com alguém antes, anjo. — Ele disse,
cuidadoso. — Foi estranho perder o controle sobre minha calma e com tudo
que vem acontecendo, minha cabeça às vezes parece estar a ponto de
explodir, então eu realmente pensei nisso. — Continuou, e eu reconheci
alguma vergonha em sua voz. — Mas foi impossível continuar pensando assim
depois de te ver de novo. Eu não consigo deixar você ir...

Eu suspirei, abraçando-o de volta, com força.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Durante todos os meses que passamos juntos, ele nunca tirou meu direito de
me sentir cansado ou estressado. Mais que isso, ele sempre me entendeu ou
pelo menos fez seu melhor para isso. Eu, por outro lado, anulei completamente
sua liberdade de se abrir comigo quando assumi que Jungkook não poderia se
sentir da mesma forma que eu, tudo isso porque eu sempre o vi como alguém
tão incrível que não conseguia entender que ele também se sentia
pressionado, assustado e exausto.

Arrependido por todo meu egoísmo, por não ver nada além dos meus próprios
problemas, eu segurei seu rosto com minhas mãos e o beijei, pressionando
meus lábios contra os seus.

— Desculpa, Jungkook... — Eu pedi, não pela primeira vez.

Ele negou com a cabeça, me dando mais um selinho. — Não foi culpa sua,
anjo. Você também está numa situação difícil. Eu deveria ter sido mais
compreensivo.

— Mais? — Eu repeti com a negação estampada na voz. — Eu não entendo


muito sobre relacionamentos, mas até eu sei que não é assim que funciona...
não é só você que tem que se esforçar pra me entender, não é só você que
tem que ser paciente. Eu também tenho que ser bom pra você... eu sei, mas
ultimamente fingia não saber, então me desculpa...

Eu ouvir o ar pesar em sua respiração quando ele riu baixo, quase orgulhoso.

— Você cresceu tanto, meu bem.

Eu sorri, abraçando-o ainda mais sem reprimir a minha própria pontinha de


orgulho por ter sido capaz de reconhecer meu erro e, principalmente, por não
ter vergonha de admiti-lo.

— Eu só quero te pedir uma coisa... — Comentei, então, ainda com o rosto


próximo do seu quando o olhei nos olhos.

— O que você quiser. — Ele respondeu, fazendo um carinho gostoso em


minha bochecha.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu respirei fundo, tomando coragem para falar, mesmo sabendo que Jungkook
nunca me condenaria por pedir algo assim.

— Quando você tiver tempo e puder me ligar, não precisa tentar me ajudar com
as coisas da escola. Eu sei que você só está pensando no melhor pra mim, eu
sei mesmo, mas eu juro que estou estudando dessa vez e não vou ter
vergonha de pedir sua ajuda quando tiver dificuldade, mas quando você me
liga eu só quero ouvir sua voz, contar como foi meu dia e saber como foi o seu,
então... só conversa comigo, por favor. Eu sinto muita saudade de conversar
com você...

Jungkook assentiu, sem hesitar e sem parecer ofendido.

— Acho que acabei te sobrecarregando ainda mais. Me desculpe, anjo.

Eu o abracei também com as pernas, segurando-o perto para não perder nem
um segundo do calor do seu corpo nu contra o meu, e deitei minha cabeça em
seu ombro.

— Eu nunca mais quero brigar com você. — Confessei num muxoxo


ressentido. — Nunca, nunca mais.

Jungkook acariciou minha cabeça e beijou o cantinho da minha testa


carinhosamente, sem se afastar.

— Nós provavelmente vamos discutir outras vezes. Só não vamos deixar as


coisas chegarem a esse ponto, tudo bem?

Eu mordi meu lábio, risonho, quando respondi com o tom de voz brincalhão: —
Sim, senhor.

O peito de Jungkook se chocou contra o meu quando ele riu e beliscou minha
coxa de leve numa repreensão distraída.

Depois, ele me puxou com cuidado até me colocar de pé no chão, mas eu ri


quando percebi que minhas pernas tremeram, fracas, e o abracei com mais
força para não cair.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu fiquei todo mole... — Murmurei sem conseguir segurar uma risada quase
infantil. — Quero fazer sexo todo dia agora!

Jungkook gargalhou, me abraçando pela cintura para erguer um pouco meu


corpo até fazer meus pés pisarem nos seus, e então ele caminhou, me
segurando na mesma posição, até entrar na parte do banho.

— Eu não posso estar aqui todos os dias, meu bem, — Jungkook relembrou,
acariciando minha cintura. — então vai ser um problema se você conseguir
isso.

Eu neguei com a cabeça, ainda envolvendo seus ombros com meus braços
quando afastei meu rosto para poder olhá-lo com um sorrisinho incontido.

— Eu só quero fazer com você. — Eu apertei meus olhos quando ri, ainda
atordoado pela sensação maravilhosa. — Meu deus, Jungkook, é tão bom...
como você aguentou ficar tanto tempo sem?

Jungkook fingiu estar pensativo por muito pouco tempo e depois me deu um
selinho rápido, quase empurrando minha cabeça para trás.

— Eu só quero fazer com você. — Ele repetiu minhas palavras, então, em


resposta ao meu questionamento impressionado.

Eu mordi meu lábio tentando desesperadamente não mostrar meu sorriso


bobo, mas, quando dei por mim, lá estava ele, enorme, estufando minhas
bochechas e fechando meus olhos sem que eu tivesse controle sobre isso.

— Eu tô tão feliz que parece que vou explodir... — Confessei com toda a
sinceridade do mundo, sem conseguir parar de sorrir.

Jungkook acariciou minhas bochechas saltadas e mesmo com os olhos quase


completamente fechados, eu vi o sorriso dele enquanto olhava para mim.

— Agora você sabe como eu me sinto sempre que posso te ver, anjo.

Eu quase grunhi quando me lancei contra ele de novo, escondendo meu rosto
em seu ombro porque sei que fiquei vermelho.

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— Eu não aguento mais! Você é muito fofo! — Resmunguei, nervoso nem sei
porque.

Antes que ele pudesse me responder com algo além de mais uma risada,
entretanto, alguém bateu na porta com força, como se tentasse derrubá-la.

— Será que as madames podem adiantar e sair logo do banheiro? Tem gente
querendo mijar! — Yukwon gritou, furioso, do lado de fora.

Eu ri, ou choraminguei, não sei direito, e Jungkook finalmente esticou o braço


para girar o registro do chuveiro, regulando a temperatura da água até que eu
parasse de reclamar sobre estar muito fria.

Eu me sentia nas nuvens, tomando um banho quentinho com ele, mas


Jungkook parecia estar sofrendo quando eu fiquei na ponta dos pés para
ensaboar seus cabelos e o empurrei de volta para baixo do jato de água.

— Minha pele vai cair, Jimin. — Ele resmungou, tentando sair de debaixo do
chuveiro, mas eu apertei os olhos sem entender. — A água ficou muito quente.

— Mas só tá morninha. — Retruquei baixinho, confuso, botando minha mão


debaixo da água corrente. — Tá tão gostosa...

— Eu vou acabar ficando com uma queimadura. — Ele insistiu e eu tentei


impedir quando ele alcançou o registro da água fria, mas Jungkook sempre foi
mais forte que eu e só bastou um braço envolvendo minha cintura para me
segurar no lugar enquanto ele regulava a temperatura do banho.

— Jungkook, ficou muito frio! — Eu choraminguei, afastando meus cabelos


molhados da testa quando ele continuou me prendendo contra seu corpo,
debaixo da água.

— Faz bem pra pele. — Ele provocou, usando o outro braço para me segurar
quando eu tentei correr e acabei estapeando seu peito, rindo em meio ao
desespero, mas senti o riso morrer quando ele me beijou, me pegando
completamente de surpresa.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Sem resistência alguma, eu senti meu corpo relaxar e o segurei pelos braços,
sem parar de retribuir seu beijo até que a temperatura da água pareceu um
problema muito distante.

Até o fim do banho, eu perdi as contas de quantos outros beijos ele me deu,
mas sei que mais nenhuma reclamação surgiu em minha mente sobre o frio ou
sobre qualquer outra coisa, e só um sorriso pequeno ocupou o lugar da minha
voz enquanto Jungkook também ensaboava meu cabelo sem dizer nada e sem
precisar dizer.

Quando acabamos, ele pegou a toalha e secou meus cabelos, meu rosto,
meus ombros e braço, descendo pela barriga, até começar a secar minhas
pernas.

Eu mordi a pele ao redor da unha do meu polegar, um pouco ansioso quando o


senti tão próximo e tão atento ao meu corpo completamente nu, porque mesmo
que não fosse a primeira vez e mesmo que tivéssemos acabado de tomar um
banho juntos, a sensação de Jungkook me secando tão cuidadosamente me
pareceu ainda mais íntima que qualquer coisa que já tínhamos feito. Então eu
finalmente suspirei, vencendo a vergonha, sem conseguir segurar outro sorriso
quando ele beijou as marcas que ficaram em minhas coxas, uma a uma.

Depois, ele ficou em pé em minha frente e me deu um beijo rápido antes de


enrolar a toalha em sua própria cintura.

— Eu vou pegar nossas roupas. — Ele avisou, me dando mais um beijinho, e


eu sorri um pouco arteiro.

— Deixa eu dormir com sua blusa? — Pedi, manhoso. — Como da primeira


vez que a gente veio aqui...

Eu senti seu sorriso contra minha boca antes que ele me desse um último
selinho.

— Deixo. — Jungkook respondeu, então, ainda com o sorriso quase nostálgico.


— Já volto.

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Eu o vi sair do banheiro logo depois e, sozinho e com a porta fechada, eu parei
na frente do espelho, olhando com atenção as marquinhas avermelhadas em
meu pescoço e ombros e precisei conter um grito mudo quando elas
funcionaram como um lembrete de tudo que tinha acontecido no quarto.

Eu estava eufórico, mais feliz que nunca em minha vida, mas precisei me
conter um pouco quando Jungkook voltou e agi como se não tivesse acabado
de dar dez soquinhos vitoriosos no ar.

Ele então me deu a blusa de botões que tinha sido deixada no sofá e retirou da
mala pequena uma calça de dormir para ele. Quando terminamos de nos vestir,
com o tecido branco da camiseta engolindo meus braços e se estendendo até
minhas coxas, nós finalmente saímos do banheiro e voltamos para o quarto.

— Onde você ia dormir? — Eu perguntei, curioso, quando me arrastei pela


cama depois que Jungkook tirou a colcha suja para que nos deitássemos.

— Em algum hotel. — Ele respondeu, se deitando ao meu lado, e eu não perdi


nem mesmo um segundo antes de me aninhar contra ele, usando seu peitoral
como travesseiro e abraçando-o com os braços e pernas quando ele passou
seu braço por baixo do meu ombro. — Nem sei em qual, eu não pude me
organizar antes de vir.

Eu suspirei contra sua pele, ainda sem entender direito toda a situação.

— Jungkook, — Eu o chamei, então, enquanto ele acariciava preguiçosamente


meu braço sobre sua barriga. — por que você veio? Quer dizer, por que você
veio logo hoje?

— Yukwon. — Ele respondeu, com a voz cansada. — Ele ligava todos os dias
para o meu celular e para todos os números possíveis da empresa. Os
funcionários estavam ficando loucos e Namjoon já estava falando em fazer
uma denúncia, então eu não tive outra opção. — Ele deixou um suspiro
escapar antes de seguir. - Você ter um amigo tão dedicado quanto ele complica
minha vida, porque eu realmente não podia estar longe da Bangtan agora. —
Confessou, talvez um pouco preocupado.

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— Merda... — Praguejei, frustrado, quando bati em minha testa. — Merda,
merda, merda!

— Ei. — Jungkook me chamou, segurando minha mão antes que eu me desse


mais um soquinho de frustração. — O que foi?

— Eu achei que ele tava brincando e briguei com ele. — Resmunguei,


arrependido. - Eu não acredito que fui um idiota com todo mundo...

Eu ouvi a respiração de Jungkook enquanto ele parecia tentar entender sobre o


que eu estava falando, para no final apertar meu braço num gesto cúmplice.

— Ele vai entender. — Jungkook disse, sem parecer duvidar disso. — Yukwon
te adora e agora até os funcionários da Bangtan sabem disso.

Eu suspirei, apertando-o ainda mais, e concordei com um gesto fraco. Mesmo


louco para ir me desculpar com ele, eu não tinha mais força nenhuma para me
levantar e por isso resolvi esperar até o dia seguinte.

— Espero que isso não traga problemas pra você... — Eu desejei, sincero.

— Do jeito que as coisas estão, um problema a mais não faz diferença. — Ele
confessou, ainda com a voz sonolenta.

Eu me movi sobre ele até levantar meu rosto para poder olhá-lo, e o vi com os
olhos fechados, parecendo completamente exausto, quase cedendo ao sono.

— As coisas estão tão ruins assim? — Eu perguntei, preocupado.

Jungkook demorou para responder, como se não quisesse fazê-lo.

— O conselho quer me tirar do cargo e colocar outro em meu lugar enquanto


meu pai não pode reassumir a direção. — Ele disse com a voz lenta,
preguiçosa, quase como se não estivesse falando de algo realmente sério. 214

— Eles podem fazer isso? — Insisti, muito mais afetado que ele parecia estar.

— Podem. — Jungkook respondeu, depois de suspirar. — Se os acionistas


decidirem que eu não tenho experiência, idade ou competência o suficiente, eu

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posso ser afastado. Minha única vantagem agora é ter conseguido fechar a
aquisição da Yoshikawa, mas todo o resto pode ser usado contra mim.

Eu engoli a saliva em minha boca, tenso, quando percebi que eu não entendia
nem mesmo um terço do quanto a vida de Jungkook estava complicada.
Entretanto, quando abriu os olhos preguiçosos e olhou para mim, a despeito da
minha preocupação, ele sorriu pequeno.

— Por que você tá sorrindo? — Eu perguntei, assustado.

— Porque você é lindo. — Jungkook respondeu, quase fechando os olhos


novamente.

Eu fiquei calado, um pouco pego de surpresa, e me deixei ser levado quando


ele me puxou para deitar de novo, dessa vez com a cabeça próxima à sua, e
eu senti seu rosto bem pertinho do meu, nossos corpos virados um para o
outro, seus olhos sonolentos me analisando e seu sorriso ainda ali em sua
boca.

— Eu amo seu nariz. — Ele disse, então, de repente.

— Meu nariz? — Repeti, um pouco atordoado.

— E seus olhos, — Jungkook continuou, acariciando meu rosto. —


principalmente quando você sorri.

Eu me encolhi, ainda surpreso e sem conseguir deixar de lado a preocupação


que tinha brotado em minha mente, mas sem conseguir também impedir a
sensação gostosa de ouvir uma declaração tão repentina.

— O que mais? — Eu perguntei, bobo, deslizando as pontas dos dedos em seu


peitoral.

— Sou completamente apaixonado por sua boca. E por essas bochechas —


Confessou, me fazendo rir quando apertou a maçã do meu rosto. — Eu amo
esses sinais na sua testa e amo suas mãos. — Ele disse, colocando sua mão
sobre a minha, ainda repousada sobre seu peito. Eu amo sua voz, amo como
seu corpo parece ter sido feito para o meu e amo o cheiro do seu cabelo e da
sua pele.
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— É? — Eu perguntei, sem conseguir parar de olhar para ele, me apaixonando
ainda mais por seu rostinho cansado e por seus olhos que pareciam me
venerar.

Jungkook assentiu, devagar.

— Eu adoro o jeito como você trata seus amigos e sua família e adoro a forma
como você sempre consegue voltar a sorrir depois de uma situação difícil. —
Jungkook continuou, mesmo que meu coração já estivesse batendo tão forte,
prestes a colapsar. — Eu amo sua sinceridade, seu jeito de me olhar e a forma
como nós dois aprendemos a conhecer bem o jeito um do outro. E eu também
amo lembrar de você depois de um dia difícil e me sentir melhor só por isso...
mas o que eu mais amo é poder ser seu, Jimin.

Eu apertei meus lábios, sem perceber quando funguei e só notando o motivo


quando Jungkook riu, acariciando minha mão sobre seu peitoral e minha
bochecha, simultaneamente.

— Não precisa chorar, anjo.— Ele disse, ainda risonho e com os olhos cheios
de carinho.

— A culpa é sua por dizer essas coisas. — Acusei num muxoxo fraco. — Você
sabe que eu sou chorão...

Jungkook riu de novo, sem deixar de evidenciar o cansaço em sua risada e no


jeito como fechou os olhos preguiçosamente depois de me beijar.

— Sei, sim. E eu também amo isso. — Ele disse com a voz lenta, quase
arrastada, e eu acariciei sua cabeça quando percebi que aquela era a primeira
vez que eu via Jungkook ceder ao cansaço daquela forma.

Então eu me movi sobre o colchão e puxei sua cabeça até que ele pudesse
deitá-la sobre meu corpo, e eu o abracei forte quando senti que ele parecia
quase sem forças.

— Anjo? — Jungkook me chamou depois de ficarmos por tempo demais em


silêncio, sem que eu parasse de acariciá-lo e segurá-lo perto.

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— Hm? O que foi? — Perguntei baixinho, como se tivesse medo de espantar
seu sono caso falasse alto demais.

— As vezes eu sinto que não sou capaz de algum dia assumir o lugar do meu
pai, mas então eu lembro que você acredita em mim e isso é o suficiente para
me fazer continuar tentando. — Jungkook disse, falando baixo, devagar. —
Então obrigado por confiar em mim. Essa é mais uma das coisas que eu amo
em você.

Eu sorri sem perceber que o fiz, beijando sua testa quando juntei minha mão à
sua, entrelaçando nossos dedos. Não propositalmente, o pingente da minha
pulseira ficou preso entre nossas palmas, e então nós dois tínhamos o mundo
em nossas mãos.

Talvez fosse uma simbologia presunçosa ou otimista demais, mas eu sentia


que nós dois precisávamos daquilo. Nossas confianças em nós mesmos
estavam abaladas e nós estávamos com medo de falhar, mas aquele
pedacinho do universo entre nossas palmas unidas pareceu aliviar um pouco
do peso em nossos corações. Era mais que ter a confiança de que podíamos
ter o mundo inteiro em nossas mãos. Era a certeza de que talvez não
pudéssemos, mas que ainda assim ficaríamos bem e teríamos forças para
tentar, porque estávamos juntos.

Sem precisar dizer nada, eu só mantive nossas mãos e nossos corpos unidos,
apreciando cada segundo do peso de Jungkook se desfazendo sobre mim
quando ele começou a ressonar baixo, finalmente vencido pelo cansaço que,
ali, eu soube que o acompanhava por dias.

Por algum tempo eu continuei acordado com uma mão presa à de Jungkook e
a outra fazendo carinho em suas costas, sem conseguir desligar minha mente
enquanto ouvia os sons de Yukwon e Yuta conversando, ou se matando, na
sala.

E mesmo sabendo que minha vida ainda estava uma completa bagunça, eu me
senti bem pela primeira vez desde que vi a palavra reprovado em meu histórico
escolar.

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Eu amava e era amado por um homem maravilhoso, tinha os melhores amigos
do mundo e, apesar de tudo, sabia que podia contar com minha família.

Depois de ter deixado a frustração me cegar por tanto tempo, então, eu


finalmente aceitei que falhas acontecem e erros são cometidos, mas não tinha
problema, não desde que eu estivesse disposto a lidar com eles.

No meio da minha própria reflexão no meio daquela madrugada, eu finalmente


dormi junto com o homem que tanto amava.

Quando acordei na manhã seguinte, eu sentia que estava renovado, mesmo


com a dorzinha persistente em minha bunda. Entretanto, nem ela me impediu
de sair cuidadosamente da cama para não acordar Jungkook depois de perder
os habituais minutos que sempre usava para admirar sua expressão em meio
ao sono, e eu dei um beijinho em sua bochecha antes de finalmente caminhar
na ponta dos pés para fora do quarto.

Quando cheguei na sala, ainda bocejando por ter levantado tão cedo, eu vi
Yuta e Yukwon dormindo no sofá-cama da sala e me assustei um pouco por
ver a forma como meu melhor amigo estava todo torto sobre o estofado, com o
corpo curvado, a cabeça apoiada na barriga de Yuta e seus braços
envolvendo-o em um abraço letárgico.

Apertando os lábios para não deixar escapar uma risadinha, eu segui o


caminho até a cozinha, tomando todo o cuidado para não fazer nenhum
barulho quando abri os armários e a geladeira em busca de algo para comer.
Por sorte, Kihyun tinha sido atencioso o suficiente para comprar algumas
coisas para a gente e eu encontrei alguns pães e outras poucas coisas na
geladeira.

Depois de fazer torradas para todos, então, eu arrumei algumas numa bandeja
para mim e para Jungkook, que eu conhecia bem o suficiente para saber que
não demoraria a acordar mesmo com todo o cansaço, e deixei outras para
quando Yuta e Yukwon acordassem. Depois, eu servi minhas torradas com
geleia e fiz alguns ovos mexidos para Jungkook já que ele não gostava tanto
de doces.

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Não era o melhor café-da-manhã que eu já tinha feito, mas era o melhor que
poderia fazer naquele momento. Então, depois de servir dois copos de água e
equilibrá-los sobre a bandeja, eu voltei para o quarto sem nem me preocupar
em passar na frente de um espelho para analisar o estado do meu rosto e dos
meus cabelos, mas me arrependi disso quando vi que Jungkook já estava
acordado.

Sentado na cama, ele pareceu não me perceber, e eu sorri, ainda me sentindo


um pouco lento por causa do sono, quando vi seus cabelos bagunçados e as
marquinhas do lençol em seu braço.

— Já acordou? — Eu perguntei, para que só então Jungkook me notasse ali,


ainda na porta do quarto.

Ele me olhou de um jeito diferente com um sorriso pequeno nos lábios, e eu


sorri também quando ele gesticulou para mim.

— Vem cá.

Sem pretensão alguma de recusar seu chamado, eu apoiei a bandeja sobre o


colchão e engatinhei até chegar em seus braços, que me envolveram num
abraço apertado, pressionando meu corpo contra o seu.

Mesmo sem entender porque ele parecia ainda mais carinhoso que o normal,
eu sorri, encolhendo meu corpo contra o seu quentinho.

— Eu já disse que sou o homem mais feliz desse mundo por ter você? — Ele
perguntou, então, e eu ri um pouco abobalhado quando ergui meu rosto para
poder vê-lo.

— Você tá diferente... — Eu murmurei, ainda com o coração batendo forte. Não


que fosse incomum receber demonstrações de afeto de Jungkook ou ouvir
suas palavras carinhosas, mas, inegavelmente, tinha algo de diferente.

— Tive um sonho estranho. Ele confessou, sem me soltar e dando vários beijos
em minha cabeça.

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Eu deslizei minha mão por seu abdômen e dei uma risadinha, achando
engraçado descobrir que ele estava daquele jeito por causa de um sonho, e
senti seu abraço se tornar mais forte.

— Fique assim por mais um tempo, anjo... — Jungkook pediu, como se eu


pudesse mesmo me afastar e eu só assenti, esfregando minha bochecha em
seu peitoral quando me encolhi ainda mais contra ele.

— Eu fiz nosso café... — Eu disse, então, depois de ficarmos juntinhos em um


silêncio gostoso por mais algum tempo. — Eu queria fazer algo melhor, mas
nós esquecemos de comprar comida pra hoje, então... — Expliquei, um pouco
cabisbaixo porque eu realmente queria cozinhar algo mais gostoso para
Jungkook.

Eu senti a ponta do seu nariz acariciando minha bochecha quando ele negou
com a cabeça antes de pressionar meus lábios com Os seus.

— Obrigado, meu bem. — Jungkook agradeceu, beijando meu maxilar. — Eu


realmente gosto quando você cozinha para mim.

Eu sorri, apertando meus lábios, e segurei seu rosto com minhas mãos antes
de dar um beijo em sua bochecha, para logo depois me afastar um pouco e,
com os joelhos apoiados no colchão, eu me estiquei até alcançar a bandeja
que estava na ponta da cama. Eu não tinha nenhuma má intenção ao fazer
isso, mas então a blusa subiu quando eu me movi e eu não estava vestindo
nada por baixo dela, por isso senti a mão de Jungkook diretamente na lateral
da minha coxa, quase na minha bunda quando ela ficou exposta.

— São oito da manhã e você já está fazendo isso comigo... — Ele repreendeu
em um tom inconfundivelmente brincalhão quando apertou minha nádega, e eu
ri porque acabou fazendo um pouco de cócegas.

— Não foi por mal, poxa. — Me defendi, manhoso, quando voltei a me sentar
sobre suas pernas depois de puxar a blusa para me cobrir melhor, já com a
bandeja bem diante de nós dois.

Jungkook envolveu minha cintura com seus braços, me puxando até que eu
estivesse sentado de lado sobre sua coxa, com nossos rostos bem próximos, e
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eu senti o arrepio familiar quando senti seu sorriso contra a pele do meu
pescoço depois que ele me beijou ali.

— Isso me lembra da primeira vez que viemos aqui. — Ele disse, me


acariciando por cima da sua blusa que ainda ficava tão grande em mim.

Eu concordei com um sorriso enorme e abracei seus ombros, deitando minha


cabeça sobre a sua.

— Você acredita que já faz tanto tempo? — Questionei, nostálgico, e nem medi
as palavras seguintes. — Já fazem quase dois anos desde aquele dia que eu
fiquei com uma ereção só de olhar pra você lá no hotel...

Meu corpo foi chacoalhado junto com a gargalhada de Jungkook e eu ri


também, mesmo que no fundo estivesse explodindo de amores por aquele
barulho delicioso de sua risada alta.

— Você era tão lindo. — Jungkook disse, ainda sem conseguir parar de rir.

— Era? — Repeti, olhando para ele com uma chateação um pouco fingida. —
Não sou mais?

— É, sim. Mais lindo a cada dia que passa. — Ele respondeu e eu me encolhi,
risonho, quando ele passou a mão em meus cabelos tingidos até tocar em
minha bochecha. — O loiro ficou tão bem em você, anjo...

— Eu sei. — Retruquei, um pouquinho convencido. — Mas eu realmente queria


ouvir isso de você... queria ouvir de verdade, não como você disse ontem...

— Eu fico chato quando estou estressado, não é? — Ele disse, parecendo


arrependido apesar da leveza em seu tom.

— Fica mesmo... — Resmunguei sem pensar e em resposta senti a mão de


Jungkook apertando minha coxa como numa repreensão, apesar da sua
risada.

— Você é pior. — Ele acusou fingindo seriedade e eu apertei meus lábios,


chateado, porque eu sei que fico insuportável quando acumulo estresse
demais. Mas então Jungkook completou, depois de me dar mais um beijo na

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bochecha: — E mesmo assim fica lindo até quando está quase rasgando o livro
de física.

— Não fala dessa nojenta agora. — Choraminguei em meio a uma risada,


ressentido

— Certo, me desculpe. Não vou estragar nosso café da manhã. — Jungkook


se redimiu e, sem me tirar de seu colo, esticou a mão para pegar uma das suas
torradas, já ciente de que aquelas com geleia eram minhas.

Com a fome já aparecendo, então, eu também comecei a comer e fiz a maior


sujeira, derrubando vários farelos e sujando a bochecha de Jungkook quando
dei um beijinho nela com a boca toda melecada de doce.

Quando terminamos de comer, depois de Jungkook limpar o canto dos meus


lábios três vezes enquanto eu me sujava todo, eu contabilizei sete selinhos
roubados, quatro beijinhos nas bochechas e incontáveis sorrisos trocados. No
fim, depois de tantos beijos, eu tinha farelos em minhas bochechas e
Jungkook, geleia nas dele, e eu ri ao lembrar de Yukwon sempre afirmando
como nós éramos grudentos.

Mas eu não me importava, porque não existia nada nesse mundo que fizesse
meu coração bater tão forte e tão feliz quanto receber e demonstrar todo o
carinho que existia entre nós dois.

— Nós vamos almoçar com Jeonghan e Kihyun hoje... — Eu disse depois de


ficarmos algum tempo em silêncio, só brincando com nossos dedos
entrelaçados. — Você vem também, não é?

Jungkook demorou para responder, beijando meu ombro com cuidado e então
eu já sabia o que ele diria.

— Não posso, anjo. Meu vôo de volta é daqui a duas horas.

Eu quis pedir para que ele ficasse por mais um tempo, mas eu já sabia que ele
ficaria se pudesse, então só assenti, cabisbaixo.

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— Eu prometo que as coisas vão melhorar quando meu pai reassumir o cargo.
Jungkook garantiu, me abraçando forte. — Só espere mais um pouco, por
favor.

Eu balancei minha cabeça outra vez, me virando para ficar completamente de


frente para ele e então o abracei, escondendo meu rosto em eu pescoço para
não deixar ele ver a tristeza que, mesmo com a compreensão, não deixaria de
existir.

— Continue se esforçando, tá? — Eu pedi, tentando soar determinado. — Mas


não se esforce demais. Também cuide da sua saúde, da sua alimentação e
durma direitinho. Eu vou continuar aqui por você, não importa quão difíceis as
coisas estejam...

Eu senti as mãos de Jungkook deslizando por minhas costas antes que ele me
abraçasse ainda com mais força, sem reprimir um suspiro carregado.

— Eu vou arrumar minhas coisas. — Ele avisou, então, mas sem me soltar.

No fim, surpreendentemente, fui eu quem o soltei, saindo de seu colo mesmo


que meu coração me implorasse para ficar ali, e me sentando diretamente
sobre a cama para que ele pudesse se levantar.

Depois de juntar nossas roupas espalhadas pelo quarto, ele foi até sua mala e
pegou algumas limpas para vestir enquanto eu o assistia, em silêncio,
abraçando minhas pernas encolhidas contra meu corpo e apoiando meu queixo
sobre os joelhos.

Sem falar nada, eu só admirei cada pedacinho daquele homem lindo, me


perdendo mais uma vez na perfeição de seu corpo, nas marquinhas dos
arranhões que eu tinha deixado em suas costas na noite anterior e no contraste
da tatuagem com sua pele.

Jungkook era como uma obra de arte, sempre foi.

— Jungkook... — Eu o chamei, então, ainda hipnotizado e acompanhando cada


movimento seu. Quando ele virou para mim, eu vi a cabeça da serpente
majestosamente desenhada sobre seu peitoral e, assim em como todas as

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
outras vezes, me perdi completamente na imagem tão bonita quanto
ameaçadora. Sem mais conter a curiosidade que sempre tive, então, eu
finalmente perguntei: - Por que uma cobra?

Ele demorou algum tempo para entender sobre o que eu estava falando, e
então colocou suas roupas limpas sobre a cama, ao lado de sua mala
pequena.

— Você não gosta? — Ele questionou, se aproximando de mim até inclinar seu
corpo sobre o meu, com suas mãos espalmadas ao lado do meu quadril.

Eu neguei, porque aquela tatuagem foi, muito provavelmente, o meu primeiro


amor.

— Eu gosto... eu amo essa tatuagem. — Confessei, olhando diretamente para


seus olhos escuros tão perto dos meus e fui interrompido por um instante
quando ele me deu um selinho despretensioso. Eu sorri, sem perceber quando
toquei na marca de tinta em sua pele com as pontas dos dedos, antes de
continuar. dessa vez olhando para ela. — É só que... eu sempre quis saber o
significado.

Mesmo sem ter minha atenção focada em seu rosto, eu percebi o movimento
da língua de Jungkook fazendo uma breve aparição entre seus lábios, até que
ele finalmente respondeu.

— Eu posso te explicar agora, mas prefiro fazer isso depois que você fizer
parte do meu mundo. Ele parou por um instante, antes de se corrigir. — Se
você quiser fazer parte dele.

Eu apertei meus olhos, finalmente voltando a olhar para seu rosto com a
confusão estampada em minha expressão.

— Como assim?

Jungkook sorriu, com o rosto bem perto, e eu me arrepiei quando senti seus
lábios se aproximando de meu pescoço, pelo lado direito, e beijando-o com um
selar demorado.

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— Nós chamamos de bondage e disciplina, — Ele deslizou até o outro lado,
então, beijando-o também. — dominação e submissão, — por último, voltou a
pousar seu rosto em frente ao meu, me beijando nos lábios, pela última vez. —
e sadismo e masoquismo. Esse é o meu mundo, anjo.

Eu respirei, com o peso do ar deixando meus pulmões lentamente enquanto eu


nem conseguia piscar, olhando para Jungkook sem nem mesmo conhecer
todas as palavras que ele tinha usado, mas ainda assim me sentindo
deliciosamente afetado por elas. Talvez fosse a proximidade de sua respiração
se mesclando com a minha, ou a forma como ele falou, mas algo naquela
declaração me fez prender o fôlego, sem que eu conseguisse fazer nada além
de encará-lo, em silêncio, enquanto ele me olhava de volta à espera.

Entretanto, antes que eu saísse do meu transe fora de hora, a campainha do


apartamento ecoou e eu tive um pequeno sobressalto, vendo que Jungkook
deslizou os olhos até a porta do quarto antes de voltar a olhar para mim. Então,
ele me deu mais um selinho e voltou a arrumar sua postura, ficando
completamente de pé.

— É uma conversa que nós precisamos ter com calma. — Ele disse, então,
voltando a pegar suas roupas para ir até o banheiro. — Eu vou te explicar aos
poucos, tudo bem?

Eu assenti, ainda um pouco envolvido pela atmosfera anterior, e nem consegui


responder quando Jungkook anunciou que ia tomar seu banho.

Pelos instantes seguintes eu continuei sentado, pensativo, até finalmente


perceber as vozes de Jeonghan e Kihyun na sala, junto com as de Yuta e
Yukwon, para só então me lembrar do meu vexame da noite anterior.

Eu precisava me desculpar com eles todos por ter estragado a primeira noite
que pudemos passar juntos depois que Jeonghan foi embora, mas meu maior
erro ainda tinha sido cometido contra Yukwon e a agonia estava me matando.

Então, assim que Jungkook saiu do banheiro, eu corri para tomar meu banho e
escovar meus dentes, para só depois finalmente aparecer na sala, onde todos
estavam.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook estava sentado no sofá com Kihyun, que agarrou seu braço para me
provocar quando me viu, enquanto os outros três se reuniam ao redor da
mesinha de centro, comendo as torradas que eu tinha preparado e mais
algumas coisas que pressupus terem sido levadas por Kihyun ou Jeonghan.

Eu estava envergonhado e fiquei de pé, distante, observando o barulho que


eles faziam enquanto conversavam e comiam, sem me perceber.

— Bom dia... — Finalmente anunciei, ainda sem muita coragem, e o primeiro a


olhar para mim foi Jeonghan, que sorriu sem parecer ter ressentimento
nenhum.

— Bom dia, Chim. Já comeu? — Ele perguntou, atencioso, e só então eu


percebi o olhar de Yukwon em mim também, mas ele, diferente dos outros,
parecia bravo como nunca.

— Já acabei. — Ele anunciou antes que eu respondesse a pergunta de


Jeonghan e ficou de pé, juntando as coisas que tinha sujado para levá-las até
a cozinha.

— Yukwon... — Eu o chamei, cabisbaixo, e senti meu coração se partir


inteirinho quando ele me ignorou.

Arrependido como nunca, eu me adiantei e o segui até a cozinha, parando ao


seu lado e o segurando pelo braço quando ele colocou as coisas em cima da
pia.

— Yuk... — Eu insisti, ainda segurando-o quando ele continuou agindo como


se eu não estivesse ali. — Me desculpa por ontem, por favor...

— Aham. — Ele respondeu, seco, virando as costas para sair de perto de mim,
mas eu sempre soube ser bem insistente e o acompanhei, impedindo que ele
saísse da cozinha. O que, invariavelmente, o irritou mais. — Sai de perto,
carrapato chato do caralho! Eu não tô com paciência pra você agora.

— Não vou sair. Vou grudar em você até você me desculpar. — Insisti,
abraçando-o com mais afinco, quase literalmente me pendurando nele.

— Puta que pariu, Jimin, eu vou te quebrar todinho. Me solta logo!


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— Não! — Permaneci firme, agarrado a ele como um coala. — Me desculpa,
por favor, eu sei que agi como um idiota desde que reprovei naquela bosta de
escola, mas ontem eu passei dos limites e eu sinto muito, muito, muito por isso.
Você pode me bater se quiser, pode me xingar também, mas me perdoa...

Yukwon respirou fundo e segurou meu braço com firmeza, finalmente


conseguindo me afastar.

— Vai se foder se você realmente acha que eu brincaria com algo que pudesse
te magoar. — Ele disse, então, ainda ressentido. — Eu quero mesmo que você
vá tomar bem no meio do seu cu e fique todo arrombado.

Eu encolhi meus ombros, cabisbaixo.

— Eu sei que você não brincaria com isso, você é meu melhor amigo,
caramba... — Murmurei, abaixando meus olhos. — E eu meio que já tomei
naquele lugar...

Yukwon me olhou de relance e eu sei que ele estava se controlando para não
perguntar, então fui rápido em dizer o que eu sei que ele queria descobrir.

— Eu não sou mais virgem, Yukwon. — Anunciei, me controlando para não


falar tão alto. — E eu quero te contar tudo, então me perdoa logo, vai... —
Insisti, balançando-o pelo ombro como um pirralho chato.

Ele apertou os lábios e o maxilar, tenso, antes de voltar a me olhar de esguelha


com a curiosidade escapando por seus poros.

— Foi a melhor coisa que eu já fiz na vida e eu não estou nem exagerando. -
Confessei, sonhador. — Mas você nunca me disse que ele podia me beijar...
sabe? Lá naquele lugar... Eu fui pego de surpresa!

— Nunca o que? — Ele me olhou, abismado. — Ah, não, agora do fundo do


meu coração: vai se foder! É claro que eu falei, caralho, beijo grego é minha
religião!

— Ah, beijo grego é isso?- Murmurei, pensativo. — Eu achava que era outra
coisa...

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Ele revirou os olhos, se recostando no balcão da pia com os braços cruzados.

— Desembucha. — Ele pediu, então, ainda tentando não mostrar todo seu
interesse.

Eu ri com sua reação e tentei me fazer de difícil também. — Mas você me


perdoou? Eu só vou falar se você tiver me desculpado...

— Então tomara que você exploda. Nem quero saber mesmo. — Ele retrucou,
orgulhoso, já dando as costas para sair da cozinha, mas eu o segurei de novo,
cedendo.

— Tá bom! Eu conto... — Resmunguei apertando meus lábios, descontente. —


Por onde eu começo?

— Pelo mais importante: doeu?

Eu apertei meus olhos, sem muita certeza de como responder aquilo. Porque,
sim, doeu, mas eu gostei da dor,

— Foi gostoso. — Respondi, enfim, tomando essa como a melhor resposta.

— Deixa você ser fodido sem lubrificante pra ver se é gostoso também...

— Que lubrificante? A gente não usou nenhum...

Yukwon arregalou os olhos e seu queixo quase foi no chão. — O cara te comeu
no seco?! Na sua primeira vez?!

— Foi, ué.

Ele negou, realmente desacreditado. — Não é possível. A camisinha devia ser


lubrificada.

— Então... — Eu comecei sem muito jeito, deixando escapar uma risada um


pouco falsa. — A gente não usou camisinha também...

Dessa vez, os olhos de Yukwon quase literalmente saltaram e minha cabeça


quase descolou do meu pescoço com o tapa que ele me deu.

— Você é doido, seu porra? Como é que você trepa sem camisinha?!

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— É que...

— Tudo bem, todo mundo inteiro? — Jeonghan perguntou quando apareceu na


cozinha, de repente. — Todo mundo lá na sala tá achando que o Yukwon
cometeu um crime aqui...

Yukwon revirou os olhos, ainda emburrado. — Ainda não, mas tô quase.

Jeonghan riu, colocando o resto das coisas sujas dentro da pia para lavá-las.

— Mas vocês estão bem, né? Não gosto quando vocês brigam. — Ele
questionou, olhando para a gente com um sorriso pequeno.

Quando ele disse isso, eu finalmente aproveitei a oportunidade e deixei os


detalhes da minha tão esperada primeira transa para depois, porque eu tinha
coisas mais importantes para falar.

— Ei, Jeonghan... — Eu o chamei, apertando meus dedos uns contra os


outros. — A gente veio fazer uma surpresa e passar um tempo com você e eu
estraguei tudo porque não consegui parar de pensar nos meus problemas...
desculpa...

— Não precisa se desculpar, Chim, eu fiquei muito feliz por poder ver vocês. E,
você sabe, nós somos seus amigos, então você não precisa fingir que tá tudo
bem se não estiver. Eu não quero que você se sinta pressionado a parecer
bem quando estiver perto da gente.

Eu me encolhi todinho tentando conter o impulso, mas falhei miseravelmente e,


no instante seguinte, quase me joguei contra Jeonghan, abraçando-o.

— Você é tão bonzinho. — Eu choraminguei, me apertando contra ele, e ouvi


sua risada em resposta quando ele me abraçou de volta, ainda com as mãos
molhadas. — E eu sinto tanta saudade de você...

— Eu já disse que vou visitar vocês com mais frequência assim que me
organizar. — Ele disse, me abraçando forte, e eu sorri fraquinho quando ele
beijou o topo da minha cabeça. — E nós ainda temos o dia todo juntos, então
não fique se lamentando, ok?

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— Nós quem? — Yukwon resmungou, ainda emburrado ao nosso lado. — o
bucetão já vai embora, caso você não lembre.

— Ah, lembro, sim. Lembro muito bem. — Jeonghan respondeu, risonho, sem
que qualquer um de nós tentasse quebrar o abraço. — O que é que tá
acontecendo entre vocês, hein?

Eu alternei meus olhares entre os dois, confusos. Como assim?

— Ontem depois que você foi embora, Yukwon começou a brigar com ele
porque Yuta me avisou que ia precisar voltar pra Nam-gu hoje pela manhã, por
causa do trabalho. — Ele disse, mas nada disso era novidade para mim. — E
eles ficaram discutindo até a hora que a gente saiu, o Yukwon não parava de
xingar a chefe do Yuta.

— Ela é uma safada, é sério.

— Safado você também é e ninguém te julga. — Jeonghan interviu a favor da


polêmica chefe do nosso amigo, antes de continuar. — Mas tudo ok até aí, né?
Yukwon brigando e xingando alguém não é nada fora do comum...

— Certo, agora cala a boca. — Ele pediu, olhando ameaçadoramente para


Jeonghan, que não levou seu aviso a sério e prosseguiu com sua história.

— Só que Yuta se estressou e disse que se a tal da chefe realmente estiver


interessada nele, ele vai mesmo transar com ela e Yukwon não vai poder fazer
nada sobre isso. — Ele continuou, querendo rir, e nosso amigo bufou
furiosamente. — E depois de ouvir isso, Yukwon perdeu o juízo e tentou beijar
Yuta, mas foi rejeitado tão vergonhosamente que até Kihyun ficou com pena.

Eu terminei de ouvir o relato de Jeonghan com os olhos arregalados, e escondi


minha cabeça contra seu peitoral quando comecei a rir.

— Tá rindo de que, animal? — Yukwon resmungou, irritado, e Jeonghan me


abraçou mais forte, como se tentasse me defender. — Eu estava bêbado,
caralho, nem sabia o que estava fazendo!

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— Eu até poderia acreditar nisso, mas eu lembro claramente de Yuta dizendo
algo como "eu já disse que não vou mais deixar você me beijar", o que quer
dizer que vocês já se beijaram outras vezes.

Como se recebesse uma pancada dolorosa, meu riso perdeu a força no mesmo
instante e eu virei meu rosto para Yukwon com tanta força que quase quebrei
meu pescoço.

— Como é a história? — Eu perguntei, abismado por não saber nada sobre


isso. — Eu sou seu melhor amigo, é sua obrigação me contar as coisas!

Yukwon apertou os olhos, prestes a explodir e soltar todos os palavrões


existentes nesse mundo.

— Sério, Yukwon, só diz a verdade. — Jeonghan insistiu, dessa vez um pouco


mais sério. — O que tá acontecendo entre vocês?

— Nada.

Jeonghan suspirou, quase desistindo. — Não parece ser nada e você tá quase
morrendo de ciúmes dele. Se não quer ser sincero comigo, tudo bem, mas
você devia ser sincero pelo menos com você mesmo, porque seja lá o que
aconteceu entre vocês, Yuta já parece ter perdido a paciência com essa sua
negação chata.

Yukwon ficou calado, com o maxilar trincado, os braços cruzados e os olhos


focados em algum ponto na parede da cozinha.

— Eu posso ser um desastre e fazer um monte de coisa errada, mas pelo


menos eu sempre deixei bem claro que gosto do Jungkook. — Eu anunciei, me
movendo um pouco dentro do abraço de Jeonghan só para poder olhar direito
para Yukwon. — Se eu ficasse tentando fingir o contrário por orgulho ou
alguma coisa assim, talvez nós não estivéssemos juntos hoje e... parece que é
isso que você tá fazendo com o Yuta.

Yukwon passou a língua entre os lábios, ainda sério, sem dizer nada e sem
olhar para mim.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Sinceramente, parece que você já fez Yuta desistir de você. — Jeonghan
confessou ainda sério, mas calmo.

— Era isso que eu queria.

Eu e Jeonghan suspiramos, desistentes. — Tudo bem, então, você quem sabe.


— Ele disse, desistindo do assunto, e então olhou para mim. — Me avise
quando ele mudar de ideia e for correndo pedir sua ajuda pra tentar
reconquistar Yuta, ok? Eu realmente quero saber

— Esquece, isso não vai acontecer. — Yukwon ralhou, sério.

Antes que eu revirasse os olhos, outra coisa aconteceu, e foi um grito de


Kihyun ecoando pelo apartamento.

— Que casalzinho lindo! — Ele anunciou, debochado, quando apareceu na


porta da cozinha e me viu ainda abraçado com Jeonghan. — Jungkook, vem
ver que bonito esses dois agarrados aqui, vem!

Eu revirei os olhos e só apertei ainda mais o abraço contra Jeonghan,


mostrando minha língua para Kihyun.

— Larga meu macho e vai atrás do seu, criança chata. — Kihyun insistiu, se
aproximando e me empurrando para longe do meu amigo, que riu quando logo
foi abraçado pelo de cabelos cor-de-rosa.

Eu também dei uma risadinha, mas senti o riso morrer quando vi Jungkook se
aproximando com a mala em mãos.

— Eu preciso ir. — Ele anunciou para os outros e gesticulou para que eu me


aproximasse, o que fiz sem pensar duas vezes, logo me encaixando em seu
abraço e me encolhendo contra seu corpo.

Por um segundo, eu esqueci que ele não poderia ficar por mais tempo, mas foi
só lembrar que meu ânimo murchou inteiro, embora ainda existisse uma
pontinha resistente de felicidade.

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— Eu nunca vou me acostumar com isso... — Me lamentei contra ele, sentindo
sua mão acariciar minha cabeça enquanto eu o abraçava com força, sem me
importar com nossa plateia.

— Não falei? — Eu ouvi a voz de Yukwon ao fundo, bem baixinha. — Grude do


caralho.

— Mas você sabe ser chato, hein? — Jeonghan resmungou, mesmo rindo.

Eu também ri um pouquinho, ainda com o rosto escondido contra Jungkook,


mas foi um riso um tanto afetado.

— Sabe o que você faz, Jimin? — Foi Kihyun quem disse, então. — Vai lá com
o Jungkook no aeroporto e dá um tempinho pra gente falar mal de você, vai.

Eu olhei para ele, meio emburrado pela sugestão, mas ao mesmo tempo
seduzido por ela. Eu queria ir com Jungkook e aproveitar uma última hora com
ele, mas também tinha medo de agir como se estivesse menosprezando a
companhia dos meus amigos, principalmente depois de ter agido como agi na
noite anterior. Por isso, eu abaixei meus olhos, juntando forças para descartar
a possibilidade.

— Vai logo. — Yukwon resmungou, como se pudesse ler o que eu estava


pensando. — A gente quer mesmo falar mal de você.

Eu olhei também para Jeonghan, tentando confirmar que não tinha problema,
porque no fundo eu sabia que eles não iam falar mal de mim e só estavam
tentando aliviar minha consciência. E não diferente dos outros dois, ele
também me incentivou, mas com um sorriso.

Um pouco mais tranquilo, eu então olhei para Jungkook, que me deu um


selinho.

— Você vem? — Ele perguntou, ainda acariciando minha cabeça e com sua
boca bem perto da minha. Eu me inclinei para devolver seu beijo logo antes de
sorrir, assentindo

— Vou!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook também sorriu e, sem mais atrasos, eu o acompanhei para fora do
flat. Nós entramos no primeiro táxi que encontramos e sentamos agarrados,
com minhas pernas repousadas sobre sua coxa e meus braços envolvendo seu
pescoço como se o taxista não estivesse ali, logo na frente, reprovando o que
estávamos fazendo.

Entretanto, durante todo o percurso, nós só ficamos assim, calados e juntinhos.


Mesmo que eu quisesse falar pelos cotovelos sobre qualquer besteira, só para
matar mais um pouquinho da saudade de conversar com ele, ao mesmo tempo
eu só queria aproveitar o calor gostoso do seu abraço, de sua mão acariciando
minha cintura e de sua respiração fazendo cocegas no topo para minha
cabeça.

Quando descemos na frente do aeroporto, eu acompanhei Jungkook até que


ele fizesse o check-in, sem largá-lo nem mesmo por um segundo. As pessoas
ao redor olhavam, mas nunca vai existir nada mais gostoso que ficar pertinho
de Jungkook e eu sabia que ele também gostava de me sentir próximo, por
isso eu nem mesmo consegui me importar com toda a atenção que estávamos
atraindo.

Quando finalmente saímos da fila, nós paramos antes que ele fosse para o
embarque e eu suspirei, diante dele, segurando sua mão.

— Me avisa quando chegar? — Eu pedi, tristonho.

— Aviso, anjo. — Ele respondeu, também triste, e eu só me deixei ir quando


ele me puxou para mais um abraço.

Eu apoiei meu queixo em seu ombro e fechei os olhos, suspirando de


antecipação e saudade, até que voltei a levantar minhas pálpebras e minha
atenção recaiu diretamente numa loja de pelúcias. A princípio, eu não me senti
motivado a perder nenhum segundo do meu tempo olhando para ela, mas isso
mudou assim que vi o gatinho amarelo na vitrine.

Sem pensar muito, eu me afastei de Jungkook com uma ideia e o puxei pela
mão.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu vou te dar um presente. — Anunciei, apressado para não acabar
atrasando-o, e logo nós estávamos dentro da loja.

— Agora? — Ele questionou, um pouco confuso, mas sem oferecer resistência.

Eu fui diretamente até o gatinho de pelúcia e quase engasguei quando vi o


preço, porque por um segundo eu esqueci completamente como lojas de
aeroporto são abusadas.

Mesmo assim, eu disfarcei e pedi um dos gatinhos para a vendedora, e fui me


tremendo até o caixa com medo de não ter dinheiro suficiente para pagá-lo.

— Ai, que alívio... — Eu suspirei, sem perceber, quando abri minha carteira e vi
que minhas poucas economias seriam suficientes.

— Deixe que eu pago, meu bem. — Jungkook disse depois de me ver retirando
quase todas as notas da carteira, mas eu neguei, decidido.

— É um presente. Eu vou pagar. — Resmunguei, ignorando o toque do meu


celular com novas notificações.

Ele me olhou, ainda sem entender muito bem, e eu agradeci a vendedora


depois de entregar a ela quase todo o meu dinheiro, para depois sair dali junto
a Jungkook e ao gatinho felpudo.

— Aqui. — Eu tirei o bichinho da sacola de papel e estendi para Jungkook, que


continuou um pouco confuso, mas não o rejeitou e foi adorável ver a forma
como ele segurou a pelúcia e a olhou, com um sorriso pequeno mesmo que
não entendesse o sentido daquilo.

— Quando eu fico com saudade de você, eu abraço aquele coelhinho que você
ganhou pra mim no parque. Então quando você ficar com saudade de mim,
pode abraçar o gatinho também.

Jungkook riu genuinamente, parecendo ter sido pego de surpresa por minha
intenção.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu acho que nunca vou me acostumar com esse seu jeito lindo. — Ele
disse, então, ainda com o sorriso estampado nos lábios e nos olhos enquanto
olhava para o bichinho. — Obrigado, anjo.

Eu mordi meu lábio, feliz por ele ter gostado do meu presente de última hora,
mas percebendo que não tínhamos mais tempo quando os alto-falantes
anunciaram a última chamada para o seu vôo.

Ele então suspirou, tão chateado quanto eu, e nós ficamos em silêncio quando
demos o último abraço e o último beijo até que pudéssemos nos ver numa
próxima vez, que não sabíamos quando chegaria.

— Eu já vou. — Ele disse baixinho com sua mão livre acariciando meu
pescoço, e então me deu mais um beijinho rápido. — Volte com cuidado, tudo
bem?

Eu assenti e selei seus lábios mais uma vez, sentindo sua relutância antes de
se afastar um pouco.

— Tchau, meu bem.

— Tchau... — Eu disse baixinho, sem forças, e precisei me controlar para não


chorar quando Jungkook deu dois passos para trás antes de finalmente se virar
e passar para o embarque, sumindo de vez da minha vista.

Eu apertei minhas mãos uma contra a outra e fiquei não sei quanto tempo
parado no mesmo lugar, até que meu celular vibrou com mais duas novas
notificações e finalmente o puxei para fora do bolso, vendo que eram
mensagens de Yukwon e uma de Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
a a a oiii): atrasei um tanto na att, mas foi por causa da manutenção do
wattpad.eu percebi que muitos de vcs não viram o recado que postei no meu
mural, mas realmente não tinha condições de postar com o wtt daquele jeito e
espero do fundo do meu coração que as coisas melhorem agora :

então, hm, capítulo tranquilo, eu acho, mas espero que não tenha sido chato!

eu virei saco de pancada da uni nos últimos tempos e por isso os capítulos
estão saindo com um monte de erros, porque eu não tenho mais tempo pra
revisar )))): então me desculpem por isso, tá? eu realmente gosto de trazer
tudo bem bonitinho pra vcs mas ultimamente não tá dando):

vou tentar postar o próximo dia 27. se chegar o dia, ficar muito tarde e eu não
tiver postado a att ainda, deem uma olhadinha no meu mural porque é lá que
eu vou explicar caso tenha algum atraso, okay? Tchã

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
23 • Lemon Squeezy

Eu deixei o celular de lado, suspirando depois de passar quase três minutos


completos analisando o eu te amo que, ao fim, não foi enviado.

Já faziam quase cinco meses desde a última vez que eu tinha encontrado
Jungkook e, não que eu esperasse que fosse diferente, ele continuava sem
muito tempo para mim. As coisas pareciam cada vez piores e ele chegava a
passar dias inteiros sem dar sinal de vida, mas eu tentava manter em mente
que não deveria cobrar sua atenção quando sabia que aquilo tudo estava
sendo mais difícil para ele que para mim, e sempre mandava mensagens

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
lembrando o quanto eu acreditava nele. Não era muito, mas era o máximo que,
tão longe, eu podia fazer

Enquanto isso, eu também tentava vencer minha própria batalha com a escola.
Era exaustivo me dedicar a conteúdos que eu tinha tanta dificuldade para
entender, principalmente quando meu coração, mesmo compreensivo,
continuava sofrendo pela saudade de Jungkook.

Ainda assim, aquela foi a primeira vez que eu realmente me dediquei a algo por
tanto tempo, e me surpreendi ao descobrir que não era tão burro assim, não
desde que as matérias não envolvessem números.

Eu até comecei a gostar de algumas aulas e me surpreendi quando a


professora de biologia me parabenizou por meu desempenho na disciplina.
Também vi mais notas boas que ruins no meu boletim pela primeira vez em
muito tempo e isso tudo, unido à vontade de me livrar de uma vez por todas
daquela escola, me deu a motivação que eu nunca tive para continuar
estudando.

Por isso, eu não peguei mais meu celular nessa noite e voltei a tentar resolver
algumas questões de química, mesmo sem tanto sucesso assim.

No dia seguinte, depois da aula, eu fui direto para a casa de Yukwon para
passar a noite com ele, Yuta e Taeyeon. Nós fazíamos isso sempre que nossas
rotinas permitiam já que não nos víamos mais todos os dias na escola,
Jeonghan também começou a nos visitar com mais frequência, às vezes
sozinho, às vezes acompanhado de Kihyun, e assim nós íamos dando nosso
jeito de não deixar a distância nos afastar.

— Lembrou de trazer dinheiro? — Yukwon perguntou quando se sentou ao


meu lado, me entregando uma das vasilhas cheias de pipoca.

Yuta estava do seu outro lado e Taeyeon, deitada sobre a colcha que tínhamos
colocado no chão da sala, usando a perna dele como travesseiro enquanto
tentava beber seu refrigerante sem precisar levantar a cabeça.

Eu arrumei a almofada que tinha colocado entre minhas costas e o sofá, que
estava usando como encosto
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Lembrei. — Respondi, já pegando um punhado de pipocas enquanto
esperávamos o filme começar na TV. — Mas pra que você me pediu pra
trazer?

— Vou te levar num lugar amanhã. — Ele explicou, sem tantos detalhes assim,
e começou a se remexer até deitar exatamente como sua irmã, apoiando sua
cabeça na perna livre de Yuta, que nem falou nada, como se aquilo fosse
completamente normal, e logo começou a fazer carinho na cabeça de Yukwon.

O filme que tínhamos escolhido assistir num dos canais da televisão finalmente
tinha começado, mas eu ainda perdi alguns segundos olhando para os três,
sem conseguir segurar um sorrisinho.

Apesar de tudo, eles pareciam estar indo bem. Yuta ganhou o processo contra
seu pai e estava recebendo uma espécie de pensão, além de ter conseguido
sua emancipação. E como Yukwon e Yuta já podiam ajudar com as contas de
casa, Taeyeon finalmente pode deixar o emprego como barista e continuou
trabalhando somente na loja de roupas.

E sobre Yukwon e Yuta enquanto um casal ou qualquer coisa assim... eu não


sabia ao certo. Apesar do óbvio desespero de Yukwon quando percebeu que
Yuta parecia mesmo estar perdendo o interesse por ele, nada parecia muito
diferente entre os dois. Quer dizer, todas aquelas brigas e desavenças foram
eventualmente diminuindo, o que me fez acreditar que toda a confusão sobre
os sentimentos de Yuta e a negação de Yukwon tinha sido deixada para trás e
eles resolveram seguir como amigos.

De uma forma ou de outra, eles pareciam bem e era isso que importava para
mim.

— Você vai ser o primeiro a morrer, seu otário! — Taeyeon bradou, furiosa com
um dos personagens do filme depois de algum tempo. — Não entra aí!

— Cala a boca e assiste o filme, demônio! — Yukwon resmungou, jogando


uma almofada no rosto da irmã, que teria voado em seu pescoço se não fosse
Yuta segurando-a enquanto ria.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu também continuaria rindo da infantilidade dos dois, mas quase me
engasguei com o milho da pipoca quando percebi que, a despeito da fúria de
Taeyeon, Yukwon continuou deitado na mesma posição como se nada estava
acontecendo e, meu deus, a mão dele estava fazendo carinho na perna de
Yuta por baixo da bermuda que nosso amigo estava usando.

Um pouco atrapalhado, eu estiquei minha mão para alcançar minha latinha de


refrigerante, sem piscar e sem desviar os olhos do toque que parecia
completamente normal para os dois.

Durante o resto do filme, então, eu mal olhei para a televisão, porque


invariavelmente meu olhar recaía no mesmo lugar, confirmando que Yukwon e
Yuta estavam sempre compartilhando toques que eu não julgaria como
platônicos.

— Santa mãe de deus... — Balbuciei sozinho, ainda com os olhos arregalados,


quando me dei conta de que eles talvez estivessem escondendo algo de mim
durante todo aquele tempo.

— O que foi? — Yuta perguntou, um pouco confuso e sem parar de acariciar o


braço de Yukwon.

— Nada, não. — Respondi, desconfiado, e terminei de tomar meu refrigerante


já quente antes de ficar de pé. — Vou escovar meus dentes pra dormir.

Assim que entrei no banheiro com minha pequena nécessaire, eu a coloquei


em cima da bancada da pia e tirei meu celular do bolso da calça de dormir e
encaminhei a mesma mensagem para Jeonghan e para Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jeonghan provavelmente estava estudando ou transando com Kihyun, então
não me responderia tão cedo, mas ainda assim eu considerava um assunto
relevante para ele.

Jungkook, por outro lado, não podia gastar tempo com os dramas do meu
grupo de amigos, por isso a mensagem seguinte eu enviei só para ele.

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Eu fiquei sorrindo para a tela do celular como um bobo, com o coração batendo
forte de alegria só porque poderia conversar um pouco mais com Jungkook no
dia seguinte. Entretanto, meu sorriso morreu quando eu ouvi as risadas de
Yukwon e Yuta através da porta do banheiro, e acabei bufando.

— Dois sonsos! — Resmunguei sozinho, finalmente deixando meu celular de


lado.

Depois de escovar os dentes, sem parar de apertar meus olhos desconfiados


nem mesmo por um segundo, eu voltei para a sala e vi que Taeyeon já estava
dormindo, enquanto os dois mentirosos estavam juntos, quase um em cima do
outro, rindo de alguma coisa no celular de Yuta.

Provavelmente estavam olhando para uma foto minha e rindo da minha cara de
bobo por ter acreditado por tanto tempo que eles realmente eram só amigos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Emburrado, eu peguei a almofada que usaria como travesseiro e dei a volta até
o outro lado da sala para me deitar ao lado de Taeyeon, sentindo os olhares
dos outros dois me acompanhando em silêncio.

— Tudo bem, Chim? — Yuta perguntou, parecendo um pouco assustado com


minha mudança de humor repentina.

— Aham. — Respondi simplesmente, na maior má vontade, enquanto dava


tapinhas na almofada antes de deitar minha cabeça nela. — Boa noite.

Eu ouvi seus murmúrios confusos, mas só dei as costas para eles e fingi estar
dormindo, mas na verdade estava planejando a melhor forma de encurralar
Yukwon e fazer ele me dizer de uma vez por todas se estava acontecendo algo
entre ele e Yuta, ou não. Entretanto, nunca levei muito jeito para ser um gênio
do mal e acabei dormindo antes de sequer pensar em um plano decente.

De qualquer forma, o acaso da manhã seguinte me ajudou e, quando acordei,


percebi que só Taeyeon ainda estava dormindo ao meu lado. Completamente
sonolento, eu quase voltei a dormir mesmo que já não fosse tão cedo assim,
mas sentei com um movimento um pouco brusco quando ouvi a voz de Yuta
baixinha.

— Para, Yukwon, daqui a pouco eles acordam... — Ele disse, quase como se
estivesse ofegando.

— É agora que eu pego vocês, seus mentirosos — Anunciei para mim mesmo
quando fiquei de pé, sentindo todo o sono ser substituído pela determinação, e
fui de fininho, me escorando na parede até vê-los ao lado da porta do banheiro.

Meu queixo quase abriu um buraco no chão quando eu vi Yukwon com os


cabelos úmidos, vestindo nada além de suas calças de ficar em casa, e Yuta
enrolado na toalha como se tivesse acabado de sair do banho. Mas nada disso
seria tão estranho, não se Yuta não estivesse sendo pressionado contra a
parede pelo corpo de Yukwon.

— Yukwon, é sério... — Yuta repetiu, sussurrando, quando seu pescoço


começou a ser beijado.

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— Só mais um pouco... — Yukwon pediu, pressionando ainda mais o corpo
contra o dele, e eu estava tão atento que vi até mesmo os dedos de Yuta se
movendo sobre as costas do meu melhor amigo, segurando-o perto a despeito
da forma como dizia querer parar.

Chocado demais até mesmo para anunciar que os peguei no flagra, eu só me


escondi completamente detrás da parede e fiquei de pé, parado como um
idiota, processando o que tinha acabado de presenciar.

Quando ouvi um gemido baixo, eu senti meu rosto inteiro esquentar e corri de
volta para me deitar ao lado de Taeyeon, cobrindo meus ouvidos com a
almofada para não escutar mais nada que pudesse me deixar ainda mais
assustado.

Tudo bem, eu estava mesmo considerando a possibilidade de que aqueles dois


estavam escondendo alguma coisa, mas no fundo ainda acreditava que era
uma paranoia minha. Por isso, confirmar que minha desconfiança tinha
fundamento me deixou completamente em choque, e eu nem consegui
disfarçar ao longo do dia.

— Você tá muito estranho. — Yukwon comentou, acho que pela sexta vez,
enquanto almoçávamos os quatro juntos.

— É... — Eu murmurei, distante, sem ouvir de verdade o que ele tinha dito. —
A comida ta gostosa.

Os três trocaram mais alguns olhares confusos, e eu enchi minha boca com
mais uma porção exagerada de arroz, mastigando enquanto olhava para
algum ponto perdido na parede.

Durante parte da tarde isso não mudou, e Yukwon quase teve que me obrigar a
trocar de roupa quando disse que já estava na hora de irmos ao lugar secreto
ao qual ele tinha prometido me levar.

Quando saímos de casa só nós dois já no meio da tarde, ele mal esperou
fecharmos a porta do apartamento antes de me encurralar, desconfiado.

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— Ok, chega, fala logo porque você tá todo estranho. — Ele pressionou, com
os olhos pequenos apertados. — O macho da tatuagem fez alguma coisa? Se
fez, me avisa logo que eu já me resolvo com aquele bosta!

— Não fala assim dele. — Resmunguei, ofendido. — Jungkook não fez nada.

— Então o que foi? Você tá esquisito pra caralho!

Eu desviei o olhar e senti minhas bochechas mudarem de cor outra vez, me


distraindo com minha própria falta de jeito até que ele bateu as mãos bem alto,
diante do meu rosto, para chamar minha atenção.

Quando finalmente voltei a olhar para ele, eu disse, baixinho. — Você e Yuta...
— Confessei, enfim.

Ainda sem entender, ou se fingindo de desentendido, Yukwon continuou com


os olhos semicerrados. — O que tem a gente?

Eu bufei, impaciente. — Eu vi, ok? Vocês dois hoje de manhã!

Ele relaxou os ombros, sem parecer surpreso. — E daí?

Eu abri a boca e os olhos, sem acreditar,

— Caramba, Yukwon! Por que você não me disse nada? Eu te conto


absolutamente tudo da minha vida, mas desde que essa confusão toda com o
Yuta começou você fica escondendo um monte de coisa de mim, cheio de
segredinho com ele!

Ele ficou em silêncio por um tempo, até que acabou rindo.

— Esqueci como você é ciumento. — Ele murmurou, me dando as costas sem


esclarecer nada.

Eu o segui, agitado. — Não é ciúme! E você não me respondeu!

Ele parou de repente na escada e eu quase me choquei contra suas costas,


furioso. Quando olhou para mim, ainda com um sorriso convencido, ele disse:

— É ciúme, sim. Você acha que eu estou te trocando por ele ou algo assim, é?
— Insistiu, pensativo.
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Eu apertei meus punhos, com a pele ao redor dos olhos franzida antes de
soltar o ar furiosamente e passar ao seu lado, voltando a descer as escadas
sem esperá-lo e sem responder sua pergunta idiota.

— Vai pro inferno. — Praguejei baixinho, sem parar de pisar fundo a cada
degrau descido.

Yukwon gargalhou e eu quase perdi o equilíbrio quando ele pulou em mim, me


abraçando pelo pescoço com um só braço.

— Você sabe que é meu melhor amigo, né? — Ele relembrou, mas eu estava
emburrado demais para responder. — Só não te contei porque ele ainda não
quer que ninguém saiba e eu tenho que respeitar a discrição dele. Eu sei que
não parece, mas existe um pouco de moralidade em mim, também.

Eu cruzei meus braços, ainda com o rosto contorcido em desconfiança.

— Aham, tá bom, vai lá guardar seus segredinhos com ele então.

Yukwon revirou os olhos no meio de outra risada. — Já que você já viu, eu


acho que não tem problema contar, mas você não pode dizer pra mais
ninguém.

— Nem pro Jungkook? Eu conto tudo pro Jungkook.

— Você conta tudo pra todo mundo, seu fofoqueiro. — Ele resmungou. — Mas
não, não pode dizer nem pro gostoso. Ainda não.

Eu pressionei um pouco meus lábios, insatisfeito, antes de concordar.

Yukwon olhou para trás com um sorriso pequeno antes de voltar a olhar para
mim com um sorriso pequeno e finalmente revelar: — Nós estamos
namorando.

Eu pulei para trás, cobrindo minha boca com as mãos. — Como é? Como isso
aconteceu? Quando?

Yukwon me deu as costas, voltando a descer as escadas, e eu corri para


alcançá-lo já na porta de vidro do prédio.

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— Yukwon, isso é sério? — Insisti, caminhando ao seu lado, sem parar de
olhar para seu rosto.

Ele então olhou para mim também, com um sorriso um pouco insatisfeito. —
Na verdade ele ainda não aceitou, por isso não quer que ninguém saiba.

— Então foi você quem pediu? — Eu quase gritei, verdadeiramente chocado.


— Por essa eu realmente não esperava...

— Eu fiz merda, Jimin. — Ele confessou, suspirando, e coçou a própria nuca.


— Fiquei em negação por tempo demais e agora Yuta não confia tanto em
mim...

Eu estufei minhas bochechas antes de soltar todo o ar, despreparado demais


para ouvir as confissões de Yukwon.

— Mas eu gosto dele, Jimin. Eu gosto pra caralho.

— Minha nossa senhora... — Eu passei a mão pela testa, atordoado. — E o


que você vai fazer agora? E se ele não conseguir mais confiar em você?

— Eu vou tentar uma coisa. — Ele disse. — Vou fazer uma surpresa pra ele.
Espero que funcione.

— Eu vou poder ver? — Perguntei, esperançoso.

— Não, vai ser só eu e ele. Ele pode se sentir pressionado se outras pessoas
estiverem por perto e eu não quero isso. — Ele me olhou de canto, então, e
completou. — E eu não vou te dar esse gostinho de me ver fazendo coisa
idiota de gente apaixonada.

Eu bufei e dei um soquinho em seu braço, com a testa franzida. — Chato. —


Resmunguei, mas suavizei minha expressão antes de completar. — Espero
que dê certo.

— Eu também

— E depois você pode me dar os detalhes, né?

Yukwon ergueu os ombros, se fazendo de difícil. — Quem sabe...

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— Quem sabe, nada. Você vai me dizer tudinho. — Retruquei, e então
aproveitei a brecha para continuar. — Inclusive pode dizer também pra onde tá
me levando, né?

— É melhor você ver. — Ele respondeu, com um sorriso muito suspeito no


rosto, o que só me deixou ainda mais curioso. Entretanto, a despeito de todas
as vezes que perguntei ao longo do percurso, ele continuou sem me dizer.

Depois de passarmos quase vinte minutos dentro de um ônibus e caminharmos


mais um bocado, então, nós finalmente chegamos num pequeno centro
comercial e Yukwon foi me guiando como se conhecesse cada rua
perfeitamente. Isso provavelmente nem chamaria minha atenção, mas as lojas
eram... estranhas.

— Yukwon do céu... — Resmunguei baixinho, um pouco assustado. — O que é


que a gente veio fazer aqui?

— Já que seu macho não pode estar por perto pra te foder, nós viemos
comprar um consolo pra você. — Ele respondeu, sacana.

— Consolo?

Ele revirou os olhos, rindo. — Você vai ver.

Eu franzi a testa, ainda confuso, e ele finalmente me guiou por uma escada
estreita na lateral de um dos prédios baixos. Quando chegamos no andar de
cima, ele empurrou uma porta no final de um corredor curto e nós fomos
recepcionados pelo sopro frio do ar condicionado, o que aliviou o calor que me
fazia sentir que meu corpo estava prestes a derreter.

Concentrado nessa sensação e suspirando em puro êxtase, eu fiquei com os


olhos fechados até que Yukwon riu e eu olhei para ele, confuso.

— Ainda nem meteu um desses na bunda e já tá gemendo...

— O que? — Perguntei, confuso, mas arregalei os olhos quando vi a resposta


numa das paredes da loja repleta de prateleiras, todas cheias de pênis de
borracha de vários tamanhos e cores diferentes.

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Eu ouvi um grito agudo, então, quando uma pessoa saiu de uma sala dentro da
loja com os braços cheios de embalagens fechadas de umas bolinhas presas
umas às outras por um tipo de corda, e todas elas foram ao chão quando os
olhos do sujeito pousaram em meu amigo

— Yukwon! — Ele gritou, ainda com a voz fina, antes de se lançar num abraço
espalhafatoso. — Meu melhor cliente voltou!

Yukwon deu uma risada enquanto tentava afastar o moço barulhento, mesmo
que não parecesse verdadeiramente incomodado com o abraço.

— Caralho, Jackson, me larga — Ele resmungou, ainda empurrando-o e ainda


rindo.

— Você ficou muito tempo sem vir! — O tal Jackson se lamentou


exageradamente. — Eu quase morri de saudade, estava definhando sem você!

— Eu sei que você sentiu falta foi do meu dinheiro, seu safado.

— Disso também. — Ele arrumou o cabelo loiro e só então olhou para mim, de
cima a baixo. — Gente, que gostosinho!

Eu olhei para Yukwon, pedindo socorro quando o maluco começou a me rondar


e parou atrás de mim, olhando minha bunda.

— Ele é tão passivo quanto nós dois, fique tranquilo. — Meu amigo disse, rindo
da minha cara apavorada e caminhando até o balcão, que estava cheio de
lubrificantes perfeitamente arrumados.

— Sou mesmo, graças a deus. — Ele respondeu, parando em minha frente


outra vez, mas quase colapsou quando lembrou das coisas que tinha
derrubado e se apressou até elas, tirando-as do chão. — Ai, minhas bolinhas
tailandesas, perdoem o papai...

— Yukwon... — Eu chamei meu amigo, sem me livrar do medo que estava


sentindo. — O que a gente tá fazendo aqui, pelo amor de deus?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Meu amigo olhou para mim por cima do ombro e depois olhou para Jackson,
que arrumava as tais bolinhas tailandesas em uma prateleira ao lado daquela
pavorosa parede cheia de pênis de borracha.

— Jackson, — ele chamou o vendedor, que o olhou com a expressão curiosa,


os lábios pressionados e as sobrancelhas arqueadas num trejeito quase
infantil. — o gostosinho ali precisa de ajuda.

— Preciso?

— Todos nós precisamos, amor — o loiro disse, condescendente. — Fala qual


o problema dele.

Yukwon nem pensou antes de responder, brincando com um pacote de


camisinhas. — O macho dele mora longe demais.

Jackson arregalou os olhos antes de correr até onde eu estava e me abraçar,


tentando me consolar. — Oh, meu deus, essa bundinha gostosa deve ficar tão
carente...

— Pois é. — Yukwon se encostou no balcão, rindo. — Mas nós podemos


ajudar, né?

— Claro que sim! É nossa obrigação, passivos devem permanecer unidos! —


Ele me olhou, como se tentasse me reconfortar, mas acabou me assustando
mais, e no instante seguinte minha mão foi segurada e eu fui puxado até o
canto mais bizarro da loja. — Vai, me diz como é o instrumento do seu homem,
vou escolher um dildo do mesmo tamanho pra você.

— Que instrumento? — Eu alternei meu olhar entre os dois, sem entender


bulhufas. — 0 que é dildo?

— Ai, Jimin, puta que pariu. — Yukwon resmungou, gesticulando


preguiçosamente para Jackson. — O pau do macho dele é grandão, então
escolhe um bem generoso.

— Que sorte, menino! — Jackson disse, batendo umas palminhas. — Você


gosta de vermelho?

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— Gosto, mas... — Respondi, atordoado, e quase gritei quando o atendente
quase jogou um pênis artificial na minha cara.

— Isso aqui que é um dildo, bebezinho. — Ele disse, balançando aquela coisa
enorme e vermelha na minha frente.

— Yukwon, por favor... — Choraminguei, desesperado por ajuda.

Meu amigo gargalhou de novo e finalmente se aproximou. — Vai com calma,


Jackson. - Ele disse, passando o braço por meu ombro e me virando para as
prateleiras cheias de imagens fálicas. — Olha, dildos também são chamados
de consolos e existe um motivo pra isso, tá? Isso vai te ajudar a segurar as
pontas enquanto o Jungkook não pode vir te foder.

Eu olhei para ele, depois para a imensidão peniana em minha frente.

— E eu tenho que colocar isso na minha bunda?

— E Não se compara a um pau de verdade, mas pode ser bem gostoso.

— Na verdade, — Jackson suspirou. — bater uma com um dildo é mais


gostoso que muita foda. Tem cara que acha que sexo é só meter!

— Jimin não tem esse problema. — Yukwon disse, sacana. — Eu ouvi os dois
fodendo e olha... fico duro até hoje só de lembrar.

— Ai, que delícia. — Ele levou as mãos ao peito, sonhador. — Queria eu uma
transa assim, mas os homens estão cada vez mais decadentes. Tem uns que
nem beijam na hora do sexo! Agradeça por ter um homem que sabe foder, viu?

— Isso ele sabe mesmo. — Me vangloriei sem pensar.

— Tá, mas lembre que ele mora longe e você precisa dar alívio ao seu corpo.
— Yukwon insistiu, apontando com o queixo para as prateleiras. — Escolhe
um.

Eu apertei meus olhos, um pouco sem jeito, mas finalmente respirei fundo e me
aproximei, passando os olhos por cada uma das figuras até que meus olhos
recaíram em um lilás, um pouco translúcido, não muito grande e com várias

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ondinhas pelo comprimento. Seria bem fofo se não fosse a representação de
um pênis.

— Gostei desse aqui. — Eu disse, apontando para o escolhido.

— Ótima escolha! — Jackson disse, batendo palmas mais uma vez. — Vou
pegar um fechadinho pra você, espera só um pouco.

Eu encolhi meus ombros quando assenti e olhei para Yukwon, que roía a pele
ao redor da unha casualmente como se não estivéssemos bem no meio de
várias formas obscenas.

— O do Jungkook é maior que aquele dildo, né? — Ele perguntou, então,


tirando os restos de esmalte com a própria unha.

— Aqui, amorzinho. — Jackson anunciou quando reapareceu e foi direto para


trás do balcão, com uma caixinha lacrada nas mãos. — Como é sua primeira
compra, vou te dar um brindezinho — Ele completou, balançando um tubinho
de lubrificante. Como vai ser o pagamento? No crédito, débito ou com um
boquete? — Ele explodiu sozinho em uma gargalhada escandalosa. —
Brincadeirinha.

— Ah... com dinheiro mesmo. — Respondi, ainda sem acreditar que eu estava
mesmo comprando aquilo, mas quase desisti quando vi o preço registrado no
computador. — Custa isso tudo?

— Isso tudo? — Jackson rebateu, ofendido. — Isso aqui vai ser seu melhor
amigo, amor, é um preço muito justo!

— Não, sem chance. — Eu disse, erguendo as mãos, e olhei para Yukwon. —


O aniversário do Jungkook tá chegando e eu ainda não comprei o presente
dele, não posso gastar tanto dinheiro assim!

— Jungkook é seu homem? — Jackson perguntou, apoiando os cotovelos


sobre o balcão de vidro e o queixo sobre as duas mãos. Depois de me ver
balançar a cabeça em confirmação, ele anunciou, com um sorriso depravado:
— Então eu tenho uma ideia. Você só vai precisar do dildo e de uma chamada
de vídeo.

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❆❅❄❅❆

A ideia de Jackson parecia maluca, no começo, mas começou a me convencer


à medida que os dias foram passando.

Depois de ceder à sua insistência e a Yukwon repetindo que eu precisava de


um dildo, mais um mês inteiro se passou sem que eu pudesse reencontrar
Jungkook, não tendo nada além das raras chamadas de vídeo, algumas
ligações e as mensagens que trocávamos de vez em quando

Seis meses sem vê-lo. Sem pode beijar, tocar e amar meu homem do jeito
certo, tentando fazer tudo caber em mensagens que, não importava quão
longas fossem, nunca pareciam dizer tudo que eu sentia.

Mesmo assim, eu continuei firme em minha tentativa de ser compreensivo e


paciente. As vezes eu falhava miseravelmente e acabava chorando no meio de
alguma ligação, ouvindo a voz culpada de Jungkook tentando me acalmar
enquanto eu me desculpava vezes seguidas. E isso doía muito. Doía saber que
ele sofria tanto quanto eu e doía não saber quando o veria novamente.

Mas a maior dor era a de acordar todos os dias e lembrar, depois de alguns
segundos de distração, que ele continuava longe. Doía saber que, apesar de
tudo, nosso amor sempre estaria de mãos dadas com a distância.

Entretanto, eu tentei não pensar em nada nisso naquela noite. Era aniversário
de Jungkook e ele tinha prometido que me ligaria, então eu estava contando
com isso porque o presente que eu tinha preparado para ele não poderia ser
entregue de outra forma.

Estar sozinho em casa naquele domingo foi pura coincidência, mesmo assim
eu tranquei a porta do quarto quando me posicionei em cima da cama, e apoiei
meu notebook em cima de dois travesseiros, elevando-o um pouco. Sentado
diante dele com a ansiedade me consumindo, eu mantive o dildo e o
lubrificante escondidos, enquanto repuxava o tecido da blusa cinza e grande
que estava vestindo, sem nada além dela cobrindo meu corpo.

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De repente, quando o aplicativo de chamadas de vídeo anunciou uma nova
ligação de Jungkook, eu lembrei de mais um detalhe e corri até meu armário,
onde peguei a gargantilha de camurça que ele tinha me dado muito tempo
antes, e a coloquei em meu pescoço antes de voltar para a cama, checando o
ângulo da câmera para só então aceitar a chamada.

Quando a imagem carregou e eu o reconheci do outro lado, sem blusa,


sentado no sofá do seu apartamento, meu coração acelerou feito um louco,
como se aquela fosse a primeira vez. Por isso, eu fiquei alguns segundos em
silêncio, só relembrando cada detalhezinho do seu rosto e da parte exposta de
seu corpo antes de ter um sobressalto e lembrar que precisava dizer alguma
coisa.

— Jungkook... — Eu o chamei, apertando minhas pernas uma contra a outra,


ansioso por saber que, com aquele ângulo da câmera, ele podia vê-las
claramente,

— Oi, anjo. — Ele respondeu e, pela movimentação de seus olhos, soube que
estava analisando todo o meu corpo, então repuxei mais um pouco a camiseta,
ansioso.

— Parabéns. — Eu disse, não pela primeira vez. Nesse mesmo dia, assim que
o relógio marcou meia noite, eu já tinha mandado um texto enorme
parabenizando-o o desejando todas as melhores coisas da vida para ele. —
Como você tá?

— Cansado. E com saudade de você.

Eu apertei meus lábios e brinquei com uma das mechas loiras do meu cabelo,
enrolando-a em meu indicador.

— Eu também tô com muita saudade... mas não vou chorar hoje, prometo!

Jungkook me mostrou um sorriso pequeno, só uma elevação sutil no canto de


seus lábios, e então ele me analisou mais uma vez, desde as pernas expostas
até os cabelos loiros despenteados.

— Você é lindo.

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Eu deixei escapar uma risadinha e encolhi meus ombros, abaixando um pouco
o olhar. Foi uma percepção um pouco tardia, mas já fazia algum tempo que eu
tinha notado como Jungkook nunca dizia que eu estava lindo. Ele dizia que eu
era, e isso sempre teve um efeito incontrolável sobre mim.

— Você é mais. — Eu respondi quando voltei a olhá-lo, ainda com um


sorrisinho nos lábios.

Jungkook se moveu sobre o sofá, movendo seu notebook junto, e a câmera


focou em seu abdômen antes que ele regulasse a tela e voltasse a focar em
seu rosto,

— Como foi seu dia? — Ele perguntou, então, como sempre fazia.

— Estudei um pouco e assisti um filme muito ruim. — Resmunguei com uma


careta. — Eu te contei que tirei setenta por cento da nota na última prova de
física que fiz? Anunciei, apertando meus dedos. — Eu sei que não é a melhor
nota, mas eu fiquei muito feliz... acho que foi a mais alta que eu já tirei em
física...

Jungkook abriu um sorriso lindo, do outro lado, e eu sorri também.

— Parabéns, anjo. Você é incrível.

Eu sorri mais um pouquinho, sem muito jeito. — Obrigado...

Nos instantes seguintes, nós ficamos em silêncio, sem dizer nada, e eu


mordisquei a parte interna da minha bochecha quando vi a tatuagem no peito
de Jungkook subir e descer com um suspiro, sem tentar impedir meus olhos de
descerem por todo o resto que a câmera conseguia capturar.

Eu respirei fundo quando vi a linha marcando suavemente todo o centro de seu


abdômen e as veias saltadas em seu braço quando ele o ergueu para
massagear a própria nuca, fechando os olhos deliciosamente enquanto o fazia.

— Você não me disse como foi seu dia. — Eu devolvi seu questionamento,
tentando me livrar daquela sensação que já parecia querer tomar conta de
mim. — Você ganhou muitos presentes?

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— Meu único presente foi uma reunião de emergência. — Ele riu um pouco,
sem parecer muito ressentido por isso. — Meu irmão queria me levar para
passar o dia com ele, mas mal tive tempo. Então foi um dia comum, mas não
tem problema, meu bem, pelo menos eu estou falando com você.

Eu fiquei um pouco chateado, porque o aniversário de Jungkook era muito


especial para mim e eu ficava triste quando percebia que não significava tanto
para ele ou para as pessoas ao seu redor.

— Eu queria que você estivesse aqui. Eu te daria muitos beijinhos e cozinharia


algo bem gostoso pra você.

— É? — Ele perguntou, cruzando os braços atrás da cabeça quando se


espreguiçou, com um sorriso pequeno. — O que nós teríamos para o jantar,
então?

— Muita carne. — Respondi, risonho. — Eu sei que você não se importa muito
com o resto desde que tenha um montão de carne pra comer.

— É verdade. — Ele admitiu. — O que mais você faria por mim?

— Uma massagem. Uma bem gostosa, pra você se sentir novinho em folha.

— Eu gostaria disso também.

— E eu te beijaria muito, muito mesmo.

Jungkook umedeceu os lábios, sem se livrar de um sorriso oblíquo que surgiu.

— Você sabe o que seu beijo faz comigo, anjo.

Eu encolhi todos os dedos dos meus pés em antecipação, completamente


afetado só pelo seu tom de voz e por sua sugestão.

— E se eu quisesse foder sua boca? — Jungkook perguntou, confiante, porque


já sabia a resposta. — O que você faria, meu bem?

Eu choraminguei baixinho, para mim mesmo, sem conseguir impedir as


reações do meu corpo ao imaginar minha boca sendo fodida por Jungkook
outra vez.

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— Eu deixaria você foder do jeito que quisesse. — Respondi com a voz
inconsistente, apesar de ser sincero. — Você sempre pode fazer o que quiser
comigo, Jungkook...

Ele sorriu, satisfeito, e disse a mesma coisa que fez meu estômago revirar de
ansiedade dois anos antes.

— Bom garoto.

Eu suspirei pesadamente, colocando minhas mãos sobre meu colo para


esconder as consequências da minha imaginação voando longe.

— Obrigado...

Jungkook pareceu perceber minha movimentação e afastou o notebook,


revelando ainda mais do seu corpo que eu já conhecia tão bem, mas que me
tirava o ar todas as vezes.

— Você sabe o que eu quero fazer com você agora?

Eu neguei com a cabeça, sem parar de morder meu lábio e sem controlar
minhas mãos quando, quase instintivamente, uma delas esfregou o início da
ereção debaixo da blusa.

— Eu quero te chupar todinho antes de te foder até você não aguentar mais,
anjo. Você gosta com força, não é?

Eu deixei um suspiro escapar e acabei gemendo baixinho, pressionando ainda


mais minhas mãos em meu membro cada vez mais duro.

— Eu gosto como você preferir... — Respondi, um pouco atordoado, sem nem


saber como consegui me lembrar a tempo de me corrigir. — Como o senhor
preferir...

Eu vi o maxilar de Jungkook travar ao me ouvir chamando-o daquela forma


outra vez, e movi minha mão com mais força, esfregando-a em minha ereção.

— Mostre como você fica por mim. — Ele ordenou, então, quando eu
resfoleguei baixo.

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— Sim, senhor... — Eu disse, ou gemi, e usei toda minha força de vontade para
parar de estimular precariamente meu membro, para então, com as mãos
livres, puxar a blusa para cima, prendendo-a atrás da ereção já formada.

Jungkook olhou para o falo duro, inchado e necessitado, deslizando a língua


entre os lábios, e negando quando eu tentei estimulá-lo, desesperado por um
pouco de alívio.

— Não, meu bem. — Ele negou, incisivo. — Ainda não.

Eu choraminguei mais uma vez, refreando desesperadamente o impulso de me


masturbar por não querer desobedecê-lo.

— Por favor... só um pouco...

Ele negou mais uma vez, e eu esmaguei o lençol debaixo de meu corpo
quando Jungkook abaixou um pouco mais a tela do seu notebook e eu o vi
massageando a própria ereção por cima da calça de moletom.

Inconscientemente, eu empurrei meu quadril contra o colchão, mas meu


membro continuou intocado, desesperado.

— Era isso que você queria, aparecendo assim para mim? — Ele perguntou,
segurando seu falo duro e marcando-o sob o tecido grosso da calça.

Eu me contorci todinho, lembrando de sentir tudo aquilo dentro de mim, me


fodendo com força.

— Eu só queria te agradar...

Jungkook deslizou os dedos sobre sua ereção uma última vez, antes de
abaixar um pouco o cós de seu moletom e serpentear sua mão para dentro
dele.

Eu apertei minhas pernas, enterrei minhas mãos no lençol e gemi,


desesperado, implorando silenciosamente por uma permissão para me tocar
enquanto via Jungkook estimular o próprio corpo.

Entretanto, o verdadeiro desespero só se apossou de mim quando ele puxou


sua mão para fora outra vez, e então abaixou um pouco mais sua calça,
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devagar, até revelar seu membro duro, que saltou sutilmente para fora com a
cabeça avermelhada tocando sua barriga nua.

Eu engoli mais um chiado de desespero quando Jungkook o segurou pela base


e subiu a mão, estimulando-o, até parar perto da glande e pressioná-la em
círculos como próprio polegar. Ele então moveu o quadril, estocando contra a
própria mão, e eu senti cada pelinho do meu corpo se arrepiar quando ouvi sua
voz baixa gemendo meu nome.

— Jungkook, por favor... — Eu pedi, sentindo minha virilha fisgar


dolorosamente. — Deixa...

Ele negou mais uma vez, balançando a cabeça suavemente para os lados, e
sem dizer nada, começou a se masturbar devagar. Eu nem piscava enquanto
via sua mão subindo e descendo, demorando mais na glande inchada antes de
voltar a estimular a base, e não me surpreendi quando senti a pontinha de pré-
gozo manchando minha blusa.

Quando ele gemeu baixo, com a voz rouca, eu senti que ia explodir e implorei
mais uma vez, desesperado, me assustando quando vi sua cabeça se mover
da direção contrária, para cima e para baixo.

Foi como se uma amarra invisível se desfizesse com sua permissão, e eu não
demorei nem mesmo dois segundos antes de segurar meu membro, gemendo
em êxtase assim que senti a pressão da minha mão percorrendo toda sua
extensão necessitada, com a mente completamente nublada pelos sons da
masturbação e dos gemidos de Jungkook me alcançando pelos alto falantes do
notebook

Entretanto, aquilo não parecia suficiente, e eu me inclinei para pegar o dildo


escondido numa caixa ao lado do travesseiro e o cobri de lubrificante antes de
posicioná-lo abaixo do meu corpo quando fiquei de joelhos sobre o colchão.

— Posso? — Eu perguntei, vendo que Jungkook estimulava seu membro


devagar, atento ao que eu estava fazendo.

Ele demorou a falar, me provocando com seu silêncio, até que finalmente
respondeu.
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— Vai. — Ele disse, então, com a voz mais baixa e mais grave. — Senta.

Quase derretendo em satisfação, eu empurrei meu quadril para baixo,


gemendo mais alto quando senti o dildo me penetrando devagar, seguindo o
ritmo do meu próprio corpo.

Eu sentia as ondinhas deslizando para dentro, forçando a resistência natural a


cada vez que eu sentava mais, engolindo-o, até sentir a base larga tocar minha
pele, indicando que eu já o tinha completamente dentro de mim.

Eu mantive meu corpo parado, deixando-o se acostumar com a sensação,


antes de erguer o quadril só para descer outra vez. Com uma mão segurando o
dildo, eu usei a outra para voltar a dar atenção para minha ereção que latejava
cada vez mais, e gemi mais alto e mais arrastado com a combinação das
sensações.

Meus olhos pareciam pesados e eu queria fechá-los quando minha cabeça


tombou um pouco para trás, mas mantive-os abertos para poder apreciar cada
segundo de Jungkook se masturbando enquanto olhava para mim, gemendo
meu nome.

— Jungkook... — Eu o chamei no meio de um gemido, imaginando suas mãos


em meu corpo e sua boca na minha, me fodendo daquele jeito que me deixou
sem forças.

Com a imaginação me confundindo, eu continuei me estimulando das duas


formas, sentindo o nome de Jungkook escapar por meus lábios vezes
seguidas, sentando e me masturbando mais rápido, com mais desespero, até
que senti aquela coisa deliciosa se espalhando por todo meu corpo, para
depois se concentrar só em minha virilha e explodir na forma como o gozo
começou a ser expulso do meu pênis.

Eu tirei o dildo de dentro de mim e respirei fundo, pesadamente, antes de ver


Jungkook deixar a própria cabeça tombar para trás, gemendo um pouco mais
alto quando se masturbou rápido e forte até gozar também.

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As pontinhas dos meus dedos estavam dormentes e eu demorei algum tempo
tentando normalizar minha respiração, vendo Jungkook fazer o mesmo
enquanto me olhava pela câmera, com os olhos escuros e intensos de sempre.

Eu sorri um pouquinho e cobri meu rosto com as duas mãos, sem tocá-lo
diretamente.

— Que vergonha... — Murmurei, com uma risada sem jeito, e ouvi a risada dele
também.

— Espere um pouco. — Ele disse ao tirar o notebook e, com a câmera virada


para sua sala, eu o vi se afastando.

Aproveitando o momento, eu corri para me limpar e vestir uma roupa limpa,


voltando a tempo de ver que Jungkook tinha feito o mesmo.

Ainda com o rosto um pouco vermelho pela vergonha do que tinha acabado de
fazer, mas nem a menor ponta de arrependimento, eu deitei de bruços na cama
e apoiei meus cotovelos no colchão antes de apoiar o queixo sobre as mãos,
olhando para ele.

Eu mordi meu lábio quando senti mais uma risada ansiosa escapar, porque
aquela foi a primeira vez que fizemos algo do tipo e, mesmo que não se
comparasse com a sensação de Jungkook me tocando, tinha sido bom, mas a
sensação depois que acabamos foi um pouco esquisita.

— Isso foi planejado? — Ele perguntou, então, sorrindo por causa do meu riso
bobo.

Eu assenti, ainda sem jeito. — Foi o seu presente.

— Seus presentes são os meus favoritos. — Ele disse, um pouco brincalhão, e


eu deixei uma risadinha meio infantil escapar.

— Você gostou mesmo? Eu não tinha mais dinheiro porque gastei tudo
comprando aquele dildo, daí o atendente da loja me deu a ideia de fazer algo
assim... — Confessei, porque nunca me senti muito motivado a esconder as
coisas de Jungkook.

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Ele riu, beliscando suavemente o próprio lábio. — Me lembre de agradecer a
esse atendente depois.

Eu assenti, ainda com um sorriso, me permitindo admirar cada detalhe do seu


rosto mais uma vez.

— Queria poder te beijar agora.

Jungkook suspirou e eu já podia pressentir mais uma onde de saudade nos


colocando para baixo, mas então ele pareceu lembrar de algo.

— Quase ia esquecendo. — Ele disse. — Eu preciso do número da sua


identidade.

Eu apertei meus olhos, um pouco confuso.

— Pra que?

— Seu aniversário também está chegando. — Jungkook explicou. — E eu


preciso disso para comprar seu presente. Uma parte dele, ao menos.

Eu continuei confuso, e minha expressão me denunciou, por isso ele foi mais
claro sem que eu precisasse pedir por isso.

— Eu vou comprar suas passagens, anjo. Nós vamos passar seu aniversário
juntos.

Meus olhos se arregalaram completamente antes que eu sentisse meu rosto


inteiro se iluminar, e eu pulei tão forte na cama que quase derrubei o notebook.

— Eu vou poder te ver? — Perguntei, eufórico. — Mesmo, mesmo?

Jungkook sorriu daquele jeito lindo, confirmando. — Sim, meu bem. Nós vamos
viajar.

— Pra onde nós vamos? — Insisti, com meu corpo inteiro quase tremendo de
felicidade.

— Você quer ver o mar?— Ele perguntou, sabendo que eu nunca tinha ido à
praia antes, e eu assenti furiosamente.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Quero! Quero muito!

Jungkook riu da minha euforia. — Então nós vamos ver o mar, anjo. E essa é
só uma parte do seu presente.

Eu mordi meu lábio, apertando minhas mãos contra minhas bochechas.

— Qual é a outra parte?

— É surpresa. Mas é algo que eu quero te dar há muito tempo.

Eu senti a curiosidade surgir, violenta, mas nem mesmo ela foi capaz de vencer
toda a alegria por saber que eu finalmente veria Jungkook novamente, por isso
pulei mais uma vez na cama, ouvindo a madeira ranger com o peso do meu
corpo.

Só mais algumas semanas e eu poderia ver Jungkook depois de meses longe


dele.

Meus dezenove anos mal tinham chegado, mas eu já os amava como um


louco.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
esse capítulo teve um total de coisas importantes e ainda ficou menor que o
normal, mas existe uma justificativa: chegamos oficialmente ao fim da
primeira fase! joga confete

os primeiros capítulos da segunda vão passar por uma transição antes de


chegar aonde eu realmente quero que a história chegue pra ser desenvolvida,
mas eu acho que vocês vão gostar deles mesmo assim (pelo menos espero
kjkkk)

ah, eu comecei a postar sub lá no spirit tb. Meu user é o mesmo, então é fácil
achar caso alguém tenha preferência de ler por lá (mas eu to postando aos
poucos, então vai demorar pras postagens de lá acompanharem as daqui do
wtt)

por enquanto acho que é isso. perdoem esse capítulo completamente


dispensável, mas eu realmente não queria pular direto pros 19 do Jimin :x
espero que não desistam de sub por causa dele kjkkkkk

meu tempo continua corrido demais e o próximo capítulo precisa ser escrito
com calma porque o Jungkook finalmente vai explicar sobre o bdsm e eu
quero fazer tudo direitinho pq tem muito leitor que ainda não tá familiarizado
com esse universo, então a próxima att só sai dia 11/02 ): beijos e até lá!

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24 • Moonshine
[ 2ª Fase]

Meu coração estava acelerado como um louco.

Foram sete meses longe de Jungkook, o maior tempo que passamos um longe
do outro, até então, e eu mal podia acreditar que finalmente o veria em poucas
horas.

Ainda era sexta e eu faria dezenove no dia seguinte, mas embarcaria em


poucos minutos, com a passagem que ele comprou para mim, para passar o
finalzinho do dia e todo o fim de semana com ele.

— Fica quieto, pelo amor de deus, tá parecendo uma pulga. — Yukwon


resmungou enquanto eu saltitava no lugar, esperando meu pai voltar do
quiosque de sorvetes do aeroporto com um milkshake para mim.

— Não dá, Yukwon. — Eu respondi, começando a andar de um lado para


outro. - Eu estou tão ansioso que parece que vou explodir.

— Eu sei que você tá louco pra dar até a bunda assar, mas sério, se controla.

— Cala a boca! Imagina se meus pais escutam um negócio desses?

— Aham, tá bom que eles estão deixando você passar um fim de semana só
com seu macho e não imaginam que você vai dar uma trepadinha. Por favor,
né, Jimin,

Eu revirei os olhos, ainda sem conseguir ficar parado no mesmo lugar. Levar
Yukwon até o aeroporto não foi uma decisão espontânea, ele mesmo que
apareceu na porta de casa quando eu estava saindo com os meus pais,
dizendo que iria me dar meu presente de aniversário antecipadamente, em
nome dele, Yuta e Taeyeon.

Imaginando que não seria nada adequado para meus pais verem, eu só o
empurrei dentro do carro e mandei ele ficar quieto até que ficássemos
sozinhos, por isso insisti até convencer meu pai a ir comprar o bendito
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
milkshake, que eu nem sabia se conseguiria tomar sem vomitar de nervoso, na
mesma hora em que minha mãe foi ao banheiro.

Mas, no final, isso nem foi necessário, porque o presente dele,


surpreendentemente, não era nada de cunho sexual. Era só um macacão
jeans, bem fofo, até.

— Quantas vezes será que você vai trepar? — Yukwon insistiu, desleixado,
enquanto olhava as próprias unhas, sentado num dos bancos na frente da sala
de embarque. — Pelo menos o dildo já te deixou com a bundinha treinada, né?

— Yukwon, eu vou te matar! — Bradei, desesperado só de imaginar meu pai


ou minha mãe ouvindo aquilo.

— Só tô curioso, eu hein.

— Enfia a curiosidade no seu...

— Aqui, Jimin. — A voz de meu pai foi o que me impediu de completar a frase
mal criada, e eu forcei um sorriso quando ele estendeu o copo de milkshake de
morango para mim.

— Obrigado. — Eu agradeci, mandando pro espaço a sensação de que estava


prestes a vomitar, porque menos de dois segundos depois eu já estava me
afogando em pedacinhos de fruta batidos com leite e sorvete.

Quando minha mãe se aproximou também, resmungando sobre a fila do


banheiro feminino estar enorme, já estava quase na hora de embarcar, e eu
recebi um soquinho de Yukwon na barriga quando ele roubou o milkshake de
mim.

— Não acredito que meu bebê vai viajar pra tão longe assim, sozinho. — Minha
mãe se lamentou, manhosa como era, quase me esmagando em seu abraço.

— Jeju não é tão longe, mãe, é menos de uma hora de vôo. — Tentei
tranquilizá-la e Yukwon fez o mesmo logo depois, mas de um jeito
completamente indesejado.

— Sozinho o quê, tia, ele vai com o gostosão.

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Em resposta, meu pai coçou a pequena área calva no topo de sua cabeça,
resmungando alguma coisa para ele mesmo antes de dizer para todos nós.

— E eu não acredito que estou aqui esperando meu filho viajar com um
homem. — Ele disse, ainda em seu longo, porém inofensivo, processo de
aceitação.

Yukwon deu riu, escandaloso, e eu já estava revirando os olhos antes mesmo


de ouvir o

que ele diria em resposta, porque já sabia que seria alguma besteira.

— Olha, senhor Park, eu realmente não sei qual a surpresa. Dá pra ver de lá
do espaço que o Jimin é gay.

Meu pai suspirou outra vez e eu quase entrei em choque quando o vi


concordando.

— Certo, isso já ficou estranho demais. — Anunciei, me abaixando para pegar


minha mala. — Eu já vou, tá?

Minha mãe me esmagou de novo e meu pai deu um tapinha em meu ombro,
parecendo querer falar alguma coisa constrangedora, mas por sorte desistindo
no meio do caminho. Yukwon, por outro lado, nem se levantou do banco e só
acenou com um sorriso sacana.

— Vou ficar com seu milkshake. — Ele disse e eu nem fiz questão de discutir,
porque já estava sentindo minhas pernas virarem uma papa mole e nojenta, de
novo. — Lembre de ficar sempre limpinho, ok? A limpeza de hoje não vai
aguentar o fim de semana todo, não.

Eu agradeci furiosamente por ele não usar o termo chuca e, depois de mais
algumas despedidas emotivas demais por parte da despedidas emotivas
demais por parte da minha mãe, como se eu fosse passar um ano inteiro longe,
finalmente segui para a sala de embarque depois de mostrar meu cartão do
check-in e passar por todo o processo chato de vistoria.

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O portão de acesso ao meu vôo ainda estava fechado, então eu sentei em um
dos lugares livres e peguei meu celular, quase gritando quando vi que
Jungkook já tinha mandado mensagens.

Eu me atrapalhei todo quando ouvi o chamado dos comissários e quase


derrubei o celular e o cartão de embarque quando fiquei de pé, agarrando o
puxador da mala para me adiantar até a fila que começou a se formar, como se
isso pudesse mesmo me fazer chegar antes até onde Jungkook estava me
esperando.

Já no avião, eu enfiei minha mala no bagageiro e me sentei, ainda agitado,


sem conseguir ficar na mesma posição enquanto esperava os outros
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
passageiros se acomodarem e o vôo iniciar. Eu tinha vontade de gritar para
que agilizassem todo o processo, desesperado para chegar logo em Jeju.

Durante o vôo, essa agonia não diminuiu. Eu mudava constantemente de


posição sobre o assento acolchoado, li o folheto de recomendações quatro
vezes, rezei para que o avião não caísse e infernizei os comissários de bordo,
o tempo todo chamando-os para perguntar quanto tempo faltava para
pousarmos, aproveitando também para pedir uma balinha ou uma água.

Meu colo já estava cheio de embalagens de bala de caramelo que eu destrocei,


uma a uma, sem conseguir deixar minhas mãos quietas. Não suficiente, um
bebê chorou o vôo inteirinho e eu quis morrer ou arrancar meus ouvidos.

Mas, cinquenta minutos depois de levantar vôo, o avião finalmente pousou em


Jeju.

Meu coração disparou ainda mais, mesmo que eu considerasse isso um feito
impossível, e eu segui todo o caminho até a sala de desembarque, com as
pernas tremendo e a visão turva pelo nervosismo, sentindo meu rosto inteiro
queimar com o choro iminente quando atravessei as portas de vidro e vi meu
Jungkook encostado numa pilastra lateral, à minha espera.

Eu senti seus olhos escuros recaírem em mim e vi sua expressão


metamorfosear exatamente da mesma forma que a minha, Seu rosto, ansioso
no começo, pareceu ser tomado por algum choque, e logo depois tudo que
existia era alivio. Alívio porque, sete meses depois, finalmente estaríamos
juntos de novo.

— Jungkook... — Eu o chamei baixinho, com a respiração toda atrapalhada, e


no instante seguinte já não tinha controle nenhum sobre minhas próprias
pernas, que me guiaram até ele com passadas apressadas quando ele também
caminhou em minha direção, e eu soltei minha mala antes de me impulsionar
para abraçá-lo.

Eu senti meu corpo ser erguido do chão quando ele me abraçou de volta e não
me importei com o fato de estarmos no meio de um aeroporto cheio quando

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envolvi sua cintura com minhas pernas e segurei seu rosto com minhas mãos,
buscando sua boca para beijá-lo.

Ter meu corpo junto ao dele, sentir sua boca tocando a minha e suas mãos me
segurando com tanta força me fizeram sentir completamente acolhido, como se
eu estivesse voltando para casa depois de uma longa viagem, mesmo que meu
lar estivesse a quilômetros de distância.

— Eu não acredito... — Eu suspirei, tocando desesperadamente em seus


cabelos enquanto sentia seus lábios beijando minhas bochechas, pálpebras e
testa.

— Que saudade de você, anjo... — Jungkook disse em resposta, sem me soltar


nem mesmo por um segundo, como se fossemos nós dois, sozinhos, sem uma
multidão em volta.

— Eu achei que ia morrer de saudade — Choraminguei, abraçando também


seus ombros quando escondi meu rosto em seu pescoço e relembrei do seu
cheiro gostoso, sem nenhuma segunda intenção quando beijei toda sua pele
exposta várias vezes seguidas, com devoção pura.

Os braços de Jungkook continuaram envolvendo meu corpo e eu continuei


completamente agarrado a ele, intercalando mais beijos em seu pescoço,
bochechas e lábios com alguns segundos em que precisava me concentrar
para não me desmanchar em lágrimas.

— A gente pode ir assim até o hotel? — Perguntei, apertando ainda mais


minhas pernas ao redor de seu quadril, sem levantar minha cabeça deitada em
seu ombro. — Não quero te soltar mais nunca nessa vida.

Eu afastei um pouco meu rosto quando ouvi a risadinha de Jungkook e quase


cedi ao choro outra vez, porque ver pessoalmente as ruguinhas ao redor de
seus olhos quando ele sorria era totalmente diferente de quando as via pelas
chamadas de vídeo.

Sem me conter, eu esmaguei as marquinhas do sorriso em sua bochecha,


beijando-as como se minha vida dependesse disso.

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— Seu rosto tá tão gordinho — Apontei, ainda segurando-o com minhas mãos,
e me lancei para dar mais um monte de beijinhos nas bochechas redondas. —
Ainda bem...

— Eu não seria louco de aparecer aqui mais magro que da última vez que você
me viu.

— Ele confessou, sem parar de receber meus beijos. — Você seria capaz de
me matar se isso acontecesse.

— Ainda bem que você sabe.

Jungkook riu de novo, e retribuiu todos os meus beijos com um só,


pressionando seus lábios em minha bochecha com força, por muito tempo,
antes de começar a me soltar.

Entendendo o que ele queria, eu também comecei a soltá-lo e fiquei de pé no


chão outra vez, mas ainda incapaz de me afastar completamente. Provando
que eu não era o único, então, Jungkook me puxou de novo para outro abraço,
dessa vez deixando um beijo em minha testa antes de me deixar deitar a
cabeça em seu ombro.

— Nós precisamos ir para o hotel. — Ele disse, mas não fez menção nenhuma
de me soltar e, na verdade, só me abraçou com ainda mais força.

— Ok... — Eu respondi, tão pouco motivado quanto ele para sair do nosso
abraço.

Jungkook riu contra minha cabeça e me deu mais um beijo na testa antes de se
afastar um pouco, ainda a contragosto. Ele então pegou minha mala e com a
outra mão segurou a minha, me puxando para caminharmos. Sem relutância
alguma, eu me deixei ser levado, mas soltei sua mão quando ele passou o
braço por meu ombro e eu passei os meus por sua cintura, abraçando-o como
podia enquanto seguíamos para o ponto de táxi em uma das saídas do
aeroporto.

— Como foi a viagem? — Ele perguntou, quando já estávamos sentados no


banco traseiro do carro, em direção ao hotel.

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Eu estava quase sentado em seu colo, todo encolhido contra seu corpo, e
esfreguei minha bochecha em seu peitoral, sorrindo quando ele me deu mais
um beijo na testa, sem parar de acariciar minha cabeça.

— Foi chata. Só conseguia pensar em descer logo daquele avião pra poder te
ver — Eu respondi baixinho. — Você reservou o assento da janela pra mim,
mas eu nem consegui prestar atenção na vista...

Jungkook entrelaçou seus dedos aos meus e eu senti seu sorriso contra minha
pele. — Nós vamos ver tudo que você quiser enquanto estivermos aqui.

Eu sorri e assenti furiosamente, abraçando-o com mais força. — O que nós


vamos fazer hoje? - Perguntei, ansioso. Mesmo que já fosse noite, não estava
tarde e eu queria aproveitar cada segundo da nossa viagem.

— Nós vamos jantar. — Jungkook respondeu, e completou, depois de uma


pausa. — E depois vamos conversar.

— Tá! Eu tenho um monte de coisa pra te contar! — Comentei, empolgado, e


ele riu da minha inocência.

— E eu quero muito ouvir, anjo, mas a conversa que precisamos ter é outra.

Eu encolhi um pouco meu corpo quando afastei meu rosto, aflito. — Ah, não...
— Resmunguei num muxoxo, porque essa coisa de precisar conversar nunca
acaba bem.

— Não precisa ficar preocupado. — Ele garantiu, diante da minha expressão


insatisfeita.- Eu só vou te explicar algumas coisas.

Eu apertei meus olhos, ainda tenso, antes de assentir. — Então tá bom... —


Cedi, enfim, confiando nele, para logo mudar a prioridade do meu foco. — E o
jantar... o que você vai querer comer?

— O que você quiser, meu bem. Você escolhe.

Eu dei uma risadinha e o abracei com mais força, todo bobo. — Eu tô com
vontade de comer um hambúrguer de camarão, com um montão de batata frita
bem salgada e quentinha.

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— Tão específico assim?- Ele riu, mas não se opôs. — Vou descobrir algum
lugar que sirva isso, então.

— Você me mima tanto. — Eu disse e apertei meus lábios num sorriso


satisfeito, antes de confessar baixinho. — Eu gosto muito disso...

— E eu gosto de te ver feliz, anjo. — Jungkook respondeu, me dando um


último beijinho na testa antes de puxar minha mão, e só então eu percebi que
já tínhamos chegado ao hotel.

Enquanto esperava ele pegar minha mala e pagar a corrida, eu analisei o lugar
onde ficaríamos pelos dias seguintes. Não era um prédio tão grande, um pouco
simples, até, mas parecia confortável e acolhedor, e eu sorri quando Jungkook
finalmente parou ao meu lado na calçada e me guiou para dentro. 152

A recepção não estava tão movimentada, talvez por já ser outono, e nós fomos
direto a um corredor ainda no térreo, passando direto pelos elevadores.
Depois, nós chegamos a um caminho aberto que dava acesso a uma outra
construção, mas essa era térrea, com algumas portas enumeradas. Jungkook
me levou diretamente até o quarto no extremo direito e usou um cartão-chave
para destrancar a porta, deixando-a aberta para que eu fosse o primeiro a
entrar.

Eu passei para o lado de dentro, então, e esperei Jungkook encaixar o cartão


no dispositivo interno para poder acender as luzes, e eu quase gritei quando
pude enxergar com mais clareza.

Não foi nada dentro do quarto que fez meus olhos se abrirem tanto quanto meu
sorriso, porque luxo nenhum no mundo se compararia ao que estava do outro
lado das portas de vidro.

Era o mar, pertinho de mim.

— Jungkook! — Eu olhei para ele sem conseguir parar de sorrir, e logo depois
voltei a olhar para as portas de vidro, correndo até elas e apoiando minhas
mãos na superfície limpa, com meus olhos varrendo toda a imensidão bem à
minha frente. — O mar tá aqui, Jungkook!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu não consegui piscar nem mesmo quando senti seu corpo atrás do meu e o
beijo que ele deixou em minha cabeça antes de girar a chave para poder correr
a porta para o lado. Na mesma hora, eu senti a brisa envolver meu corpo
todinho e eu senti meu interior agitado como as cortinas finas que começaram
a balançar com o vento.

Os fios loiros foram jogados de um lado para o outro e meus pelinhos se


eriçaram com o frio, ou talvez com a sensação única do que estava
acontecendo naquele exato instante.

Sem pensar, eu caminhei para o lado de fora, onde uma varanda de madeira
se estendia até o quarto no outro extremo, sem divisões, coberta por um
pergolado e protegida por uma cerca baixa. Uma escadinha de três degraus na
lateral quebrava o pequeno desnível e ancorava direto na areia da praia vazia
àquela hora.

Algumas luzes dos quartos ao lado do nosso estavam acesas, e eu quis ir de


porta em porta chamando cada uma daquelas pessoas, me perguntando como
elas conseguiam ficar trancadas do lado de dentro quando uma das coisas
mais bonitas que eu já vi na minha vida estava bem diante de nós.

— Você gostou? — Eu ouvi a voz dele, sobressaindo em meio ao canto


baixinho do mar, e outra vez seu corpo ficou perto do meu quando ele me
abraçou, fazendo minhas costas se apoiarem em seu peito.

Eu continuei olhando para a frente, com o sorriso ainda estampado em muito


mais que minha boca. Meu corpo todo sorria também.

— É o melhor lugar do mundo... — Eu respondi, colocando meus braços sobre


os seus e deixando minha cabeça cair um pouco para trás, se apoiando em
seu ombro.

Por um momento, eu me permiti fechar os olhos e respirei fundo, sentindo o


cheiro da maresia, tão único e tão novo para mim. Era como cheiro de sal, mas
muito melhor, tão suave, mas ao mesmo tempo tão intenso.

— Eu gosto desse cheiro — Confessei, baixinho, depois de respirar fundo mais


uma vez. — Obrigado por escolher esse lugar, Jungkook.
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Ele apertou um pouco mais o abraço ao redor do meu corpo, respondendo meu
agradecimento com um beijo na lateral da minha cabeça, e eu acredito que,
talvez, não tenha percebido como aquela escolha foi importante para mim.

No caminho do aeroporto até ali, nós passamos por vários outros hotéis, alguns
que pareciam muito mais luxuosos, mas nenhum deles se comparava aquilo. E
eu estava imensamente feliz por confirmar mais uma vez que Jungkook sabia o
que era realmente importante para mim.

Eu não queria uma suíte presidencial no topo de algum hotel caro. Eu só queria
aquilo.

Queria Jungkook, queria o cheiro do sal e um oceano inteiro bem perto de mim.

Por isso tudo, eu não ofereci resistência alguma quando ele segurou minha
cintura e me fez virar até ficar de frente para ele, assim como não esperei que
ele fizesse o movimento seguinte e eu mesmo tomei a iniciativa de ficar na
ponta dos pés, cruzando meus braços ao redor de seu pescoço e alcançando
sua boca com a minha.

Eu suspirei com o toque de sua mão em meu rosto e com seus lábios sugando
o meu antes de me prender a mais um beijo lento, com a calmaria se
confundindo com euforia pura dentro de mim.

Sem perceber, eu sorri ainda sentindo sua boca contra a minha, e acabei rindo
um pouco quando ele sorriu também.

— Nós vamos jantar agora, — Ele disse, então, e me deu mais um selinho,
com seus dedos arrumando os cabelos sobre minha testa. — eu só preciso
descobrir onde podemos comer o hambúrguer que você quer.

— Tudo bem se não achar. — Eu disse, sorrindo quando senti seu nariz tocar o
meu antes de receber mais um beijo rápido. — Eu não me importo muito com
isso agora.

Jungkook negou, roçando seu nariz no meu, se opondo à ideia de desistir.

— Eu vou encontrar. — Ele insistiu, e me deu mais um beijo na testa. Depois,


ele passou para o lado de dentro do quarto e eu vi, com um sorriso insistente,
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
quando Jungkook sentou na cama, ao lado do criado mudo, e usou o telefone
para fazer uma ligação, provavelmente para a recepção do hotel.

Agitado, eu o segui para dentro e mordi meu lábio quando o vi pedindo


informações, e aproveitei seu momento de ocupação para finalmente prestar
atenção no quarto. Como eu já tinha reparado, ele não era tão grande, mas era
bastante acolhedor. A cama de casal estava bem feita, e eu sentei na ponta do
colchão, dando alguns pulinhos quando percebi como era macio.

Logo em frente à cama, tinha um armário com duas portas de correr


espelhadas. No lado direito, a porta de vidro para a varanda compartilhada e,
do esquerdo, a porta para o banheiro e um sofazinho diante de uma televisão.

— Você gosta do hambúrguer de camarão do McDonald's? — Eu ouvi a voz de


Jungkook, dessa vez direcionada a mim enquanto eu balançava meus
pezinhos, sorrindo para meu próprio reflexo no espelho enorme em frente à
cama.

Eu olhei para ele por cima do ombro, e sorri ainda mais. — Gosto!

— Tem um aqui perto. Nós podemos ir andando. — Ele disse, já arrumando o


telefone sobre o gancho, e eu apertei um pouquinho meus lábios um contra o
outro.

— Mas você não gosta de McDonald's... — Lembrei, um pouco preocupado.

— Hoje eu estou com vontade. — Rebateu quando caminhou em minha


direção e, de pé em minha frente, me puxou para que eu também levantasse.

Eu apertei meus olhos, desconfiado. — Mentira...

Jungkook arqueou sutilmente as sobrancelhas e, com a cabeça tombada para


o lado num gesto afetado, apertou um pouco as mãos que me seguravam pela
cintura. Depois, uma delas passou para minhas costas e por último desceu até
deixar dois tapas em minha nádega esquerda, o primeiro fraquinho e o
segundo um pouco mais forte.

— Você acabou de me chamar de mentiroso?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu abri minha boca para logo depois fechá-la num bico, movendo meu rosto
até olhá-lo sob os cílios, negando. — Não...?

— Ah, sim. Pensei ter escutado você dizendo que eu estava mentindo. -Ele
disse com um sorriso atravessado e eu mordi a parte interna da minha
bochecha, deliciosamente afetado por seu tom de voz e por sua mão ainda
repousada em minha bunda.

— Eu nunca diria isso. — Respondi num muxoxo dissimulado, e alguma coisa


dentro de mim esquentou como lava quando ele sorriu outra vez, furtivo, e
apertou minha nádega novamente.

— Melhor assim. — Jungkook anunciou, e eu sorri fraquinho quando ele subiu


sua mão que estava em minha cintura e segurou meu queixo para me dar mais
um beijo rápido, mordendo meu lábio inferior antes de chupá-lo e finalmente
me dar um último selinho. — Vista um casaco, nós já vamos sair.

Eu repuxei meu lábio para conter um sorriso e assenti como uma criança
obediente antes de correr até minha mala. Depois de me agasalhar melhor, eu
arrumei o cadarço dos all stars amarelos em meus pés e finalmente segui
Jungkook para fora do quarto, entrelaçando meus dedos aos seus quando ele
segurou minha mão.

— A gente pode comprar e vir comer no hotel? — Eu perguntei, alternando


minhas passadas com alguns pulinhos, quando passamos pela recepção. —
Eu quero ficar perto do mar!

Jungkook inclinou o rosto em minha direção e não se desfez do sorriso nem


mesmo quando puxou minha mão até sua boca, beijando-a nas costas.

— Podemos, anjo. — Ele respondeu, então, e eu sorri ainda mais, sentindo


minha visão escurecer como sempre acontece quando eu sorrio tanto assim.

— Você é o melhor! — Comemorei, fazendo Jungkook perder um pouco do


equilíbrio quando me joguei em seu pescoço, abraçando-o fortemente.

Ele riu do nosso pequeno desastre e passou o braço por minhas costas, me
abraçando de volta, sem me repreender por quase ter nos derrubado.

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Sem perceber, eu deixei a euforia dentro de mim se desfazer ao mesmo passo
em que minha expressão metamorfoseou, com meus olhos bem atentos a
Jungkook e meu sorriso morrendo aos poucos. Não porque de repente minha
felicidade desapareceu, mas porque ficou grande demais, a ponto de
anestesiar todo o meu corpo.

Não pela primeira vez, eu tive mais uma pequena demonstração do quanto
Jungkook me aceitava exatamente pelo que eu era. Eu podia ser irritante para
algumas pessoas, podia parecer inconveniente e completamente incapaz de
controlar as coisas que saíam da minha boca, e então eu sempre me obrigava,
sem perceber, a podar minhas ações perto de tantos que me rodeavam.
Quando minha impulsividade tornava minhas tentativas falhas, eu me via
dolorosamente arrependido nos instantes seguintes, me amaldiçoando por dito
ou feito algo que fazia tanta gente me olhar torto. Entretanto, com Jungkook
isso nunca acontecia. Eu podia ser o meu eu, inteiramente, sem medo, porque
ele nunca me julgava. Eu podia quase nos derrubar no meio da rua com um
abraço inesperado, ou falar uma idiotice atrás da outra, e mesmo assim,
mesmo sendo uma verdadeira máquina de desastres, ele sempre sorria para
mim, ou ria comigo, mas nunca de mim.

E talvez esse seja o significado mais puro de liberdade. Talvez, por me sentir
sempre tão livre ao seu lado, eu me sentia cada vez mais preso.

E eu amava essa sensação com todo o meu ser.

— Eu realmente senti sua falta. — Confessei, então, sem nem perceber


quando tínhamos parado de andar.

Eu vi a forma como seus olhos se movimentaram, inseguros, e vi a forma como


sua expressão assumiu aquilo que eu odiava ver em seu rosto. Jungkook
estava se sentindo culpado.

— As coisas estão tão difíceis pra você agora, — Eu murmurei, me


aproximando com cuidado, e abraçando-o pela cintura antes de deitar minha
cabeça em seu ombro. — mesmo assim você continua se esforçando tanto por
nós dois. Obrigado, Jungkook.

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Eu senti seu corpo relaxar depois de me ouvir, e senti seu suspiro contra minha
cabeça quando ele me segurou pela nuca, fazendo um carinho suave.

— Então não precisa se sentir culpado, tá? — Eu insisti, abraçando ainda com
mais força.

— Eu amo ficar pertinho de você, mas amo mais ainda saber que você faz de
tudo pra que a gente dê certo mesmo com a distância. Isso é o mais importante
pra mim.

Jungkook me apertou ainda mais contra seu corpo e me deu um, dois, três
beijos na testa.

— O que eu fiz pra merecer você? — Ele perguntou, então, com o tom de voz
bem baixinho.

Eu sorri um pouco quando afastei meu rosto para olhar para o dele e ergui
meus ombros, brincalhão. — Alguma coisa muito boa numa vida passada,
talvez?

Ele me mostrou um sorriso lindo, e eu poderia passar mais uma hora inteira me
declarando para ele, mas meu estômago fez o desfavor de interromper a linha
dos meus pensamentos apaixonados quando roncou. Eu acho que Jungkook
nem ouviu, mas mesmo assim eu suspirei, frustrado, porque lembrar que eu
estava com fome me deixou abalado.

— Meu estômago tá roncando... — Anunciei, então, movendo meu pé sobre o


cimento da calçada.

Jungkook riu a mesma risada gostosa de sempre para logo depois entrelaçar
nossas mãos mais uma vez.

— Vamos logo. Ele disse, me puxando para que voltássemos a andar.

Como Jungkook já tinha garantido, nós não precisamos caminhar muito para
chegar a um McDonald's, mas eu sinceramente não me importava em
atravessar a ilha inteira com ele, porque a cada segundo de nossa busca pelo
hambúrguer de camarão, nós conversamos muito, e eu sempre amei conversar
com Jungkook.
591
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu posso pedir uma tortinha de maçã também? — Perguntei, empolgado,
quando já estávamos fazendo nossos pedidos.

— Pode pedir o que quiser, anjo.

Eu olhei para a atendente, erguendo meu indicador e médio juntos. — Então eu


quero duas tortinhas de maçã.

— Algo mais, senhor?

— Coloca uma de morango e chocolate também.- Pedi, me inclinando sobre o


balcão para tentar ver se ela não estava esquecendo de nada, depois virei para
trás para olhar para Jungkook, que esperava com um sorriso mal contido. —
Quer provar a tortinha de banana? Eu posso comer se você não gostar...

Jungkook riu, obviamente percebendo minha intenção. — Não, meu bem, mas
você pode pedir, se quiser.

Eu abri um sorriso do tamanho do mundo e voltei a olhar para a atendente, que


já parecia assustada com meu pedido monstruoso.

— Então adiciona mais uma tortinha de banana e pronto, pode fechar o pedido.
É só isso mesmo.

Eu esperei Jungkook pagar e depois nós esperamos até que nossos lanches
estivessem prontos para que só então voltássemos para o hotel, e eu estava
com tanta fome que não aguentei e fui roubando batatas fritas por todo o
caminho, em alguns momentos tão eufórico que nem sabia se falava ou comia,
e acabava fazendo os dois ao mesmo tempo.

— Meu deus, isso tá muito gostoso! — Eu disse quando já estávamos de volta


em nosso quarto, cobrindo minha boca com a mão para não acabar babando, e
Jungkook riu, não tão apaixonado assim por seu próprio sanduíche. — Acho
que vou chorar.

Nós estávamos sentados na cama, com a porta da varanda ainda aberta, e eu


empurrei para o lado a sacola de papel onde estavam as infinitas tortinhas que
eu comprei para a sobremesa, dando espaço para que eu me arrastasse sobre

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
o colchão até sentar entre as pernas de Jungkook, de frente para ele, enquanto
ele apoiava suas costas na cabeceira da cama.

Eu cruzei minhas pernas em posição borboleta e deixei meus joelhos


repousarem sobre suas coxas, lambendo meu lábio com um sorriso pequeno
logo depois que Jungkook usou o polegar para limpar o cantinho da minha
boca com cuidado.

Depois, eu mordi mais um pedaço enorme do hambúrguer, sentindo minhas


bochechas estufadas de tanta comida, e Jungkook riu de novo, apertando-as
delicadamente com uma mão.

— Você vai acabar passando mal se comer tão rápido, anjo. — Ele alertou,
ainda risonho, depois de se esticar para pegar o copo de refrigerante no criado
mudo, posicionando o canudo bem em frente aos meus lábios e, sem pensar
em recusar, eu tomei um gole generoso. Logo depois ele mesmo tomou um
pouco, lambendo os lábios ao final, parecendo insatisfeito com o sabor doce.

Impulsivo, eu não me contive quando me inclinei para a frente e beijei sua boca
de leve, sugando seu lábio como ele sempre fazia com o meu e tomando
cuidado para não derrubar meu precioso hambúrguer.

— Você tá com gosto de Coca-Cola. — Eu ri, beijando-o mais duas vezes, só


colando meus lábios aos seus com um barulhinho estalado e engraçado. — Tá
gostoso.

Ele negou com uma careta de desagrado, mas logo depois sorriu comigo e
retribuiu meus beijos, mas em minha bochecha.

Depois, eu finalmente terminei de comer o hambúrguer e a batata frita e


comecei a comer as tortinhas, insistindo para que Jungkook comesse pelo
menos um pedaço de cada.

— Essa é a melhor, eu juro — Insisti, segurando a torta de maçã em frente à


boca dele, tentando convencê-lo a comer o último pedaço, principalmente
porque eu já estava satisfeito. — Só come esse pedacinho...

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Ele me olhou consternado e não se desfez da expressão emburrada nem
mesmo quando finalmente cedeu e comeu a tortinha, mastigando-a
preguiçosamente. Eu esperei com os olhos ansiosos, mas encolhi meus
ombros, frustrado, quando ele negou, reprovando o sabor.

— Como é que pode alguém não gostar de doces? — Eu perguntei,


contrariado.

— É enjoativo. — Jungkook respondeu, limpando o canto dos meus lábios


outra vez.

Eu pisquei, fingindo ofensa. — Você também me acha enjoativo? Porque eu


sou um docinho.

Ele me olhou em silêncio, prolongando-o até que finalmente explodiu em uma


risada que foi acompanhada pela minha, também explosiva.

— Essa foi muito ruim, desculpa. — Eu disse, ainda gargalhando da minha


própria idiotice.

— Não deixa de ser uma verdade, — Ele respondeu, então, me puxando com
cuidado para que eu sentasse mais perto. — mas eu nunca me canso de você.

Eu me arrumei sobre o colchão, apoiando minhas mãos sobre seu peitoral


quando me aproximei e o beijei de novo, sorrindo quando senti o gostinho de
maçã e canela em sua boca. E, por mais que eu quisesse continuar beijando-o
por quanto tempo fosse possível, tinha outra coisa atiçando minha curiosidade.

— Você disse que precisava me explicar algumas coisas... — Eu lembrei,


olhando-o com expectativa, ainda sem afastar meu rosto do seu. — O que é?

Eu senti sua boca pressionando minha bochecha com um beijo demorado,


depois ele me afastou um pouco para tirar todo o lixo de cima da cama e se
esticou para colocá-lo sobre o criado mudo, ao lado do telefone e do relógio do
hotel. Em silêncio, eu observei cada um de seus movimentos, sem me opor
quando ele arrumou minha postura, me fazendo olhar só para seu rosto.

— Eu tô nervoso com essa demora toda... — Confessei, ansioso, e recebi um


sorriso tranquilizador em resposta,
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— Não precisa ficar nervoso, meu bem. — Ele disse, mas só então,
contraditoriamente, eu percebi que ele também parecia um pouco ansioso.

Eu mordi meu lábio, inconscientemente brincando com os dedos de sua mão, e


juntei coragem para perguntar, já que ele não parecia saber como começar.

— É alguma coisa ruim? — Questionei, sem conseguir evitar alguma tensão. —


Não é normal você ficar ansioso assim...

Jungkook riu um pouco, afetado. — É a primeira vez que eu faço isso. — Ele
explicou, e logo depois se fez mais claro. — É a primeira vez que eu tenho a
responsabilidade de explicar tudo para alguém.

Eu continuei atento, sentindo meu coração disparar com as possibilidades. —


Tudo o quê?

Ele passou a língua entre os lábios, tenso, e não me passou despercebido o


momento em que ele limpou o suor nas palmas de sua mão, esfregando-as na
própria calça.

— Lembra quando você me perguntou o significado da minha tatuagem? — Ele


questionou, então. Eu assenti, com o corpo duro como pedra. — E você lembra
o que eu respondi?

— Você disse que ia me explicar depois que eu fizesse parte do seu mundo...
— Repeti suas palavras, que não foram esquecidas nem mesmo depois de
todos aqueles meses, apesar de esquecer o que vinha na sequência. — Bon...
— Tentei lembrar, mas não consegui, só sabia que era bon alguma coisa.

— Bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo. — Ele


relembrou ainda com o nervosismo sutil, mas com alguma naturalidade na
forma como as palavras saíram uma atrás da outra.

Dessa vez, eu não disse nada, talvez um pouco assustado com o peso
daquelas denominações, algumas que eu nem conhecia e outras que me
intimidavam com o conceito já estabelecido em minha mente.

O meu silêncio pareceu deixá-lo ainda mais nervoso, e foi com algum choque
que eu vi Jungkook coçar a própria nuca, sem jeito.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu não sei como fazer isso. — Ele confessou, passando as mãos pelos
cabelos, aflito, e sua confissão seguinte explicou porque ele estava tão
ansioso, quando ele abaixou o rosto, enterrando-o nas próprias mãos. — Eu
não quero que você entenda errado e fique com medo de mim...

Ver Jungkook tão assustado quanto eu mesmo estava disparou alguma coisa
dentro de mim, e eu tentei levantar seu rosto quando amenizei minha
expressão. Mesmo com as mãos tremendo, eu fui firme quando respondi:

— Eu nunca vou sentir medo de você, Jungkook.

Ele me olhou, respirando devagar, e eu apertei meus lábios antes de tomar a


rara decisão de tentar guiar o andamento das coisas.

— O que é... bondage? — Eu perguntei, então, levado pela curiosidade e pelo


desejo de ajudá-lo a encontrar um rumo para suas palavras.

Jungkook piscou mais algumas vezes, esfregou as mãos na calça novamente


e, olhando para mim, ele finalmente respondeu.

— Lembra quando eu prendi suas mãos com o cinto? — Ele perguntou, e


prosseguiu depois da minha resposta positiva. — Isso é bondage.

— Então bondage significa prender as mãos de alguém? — Questionei, um


pouco aliviado ao perceber que o significado não era assustador como a
sonoridade da palavra fazia pensar.

— Também. — Jungkook disse, parecendo menos tenso. — Bondage está


relacionado à imobilização de partes do corpo, ou de todo ele, e existem muitas
técnicas diferentes. Eu usei o cinto, mas poderia usar cordas, algemas, grilhões
ou alguma peça de roupa improvisada. O intuito de restringir os movimentos é
o mesmo, não importa o que vai ser utilizado. A única regra é que deve ser
feito com cuidado para não causar lesões e é claro que deve ser consensual.

Jungkook fez uma pequena pausa, talvez ponderando o que dizer a seguir, e
finalmente completou:

— Quando você permitiu que eu prendesse seus pulsos, estava concordando


em me ceder o controle. E ao te prender, eu aceitei a responsabilidade de ter
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
esse controle nas minhas mãos. Você confiou em mim, confiou que eu
respeitaria seus limites, e eu fui responsável por não ultrapassar nenhum
deles.

Eu balancei a cabeça, pensativo, lembrando de como meu corpo reagiu à


restrição provocada pelo cinto envolvendo meus pulsos. A sensação deliciosa
da vulnerabilidade, combinada à incerteza do que aconteceria a seguir estava
viva em minha memória, e eu acabei sorrindo.

— Então eu gosto de bondage. — Anunciei, enfim.

— Gosta?

Eu confirmei com um movimento mais tranquilo, deixando a tensão anterior se


dissipar.

— A gente pode tentar de outros jeitos? Com outras coisas? — Perguntei,


ansioso pela resposta.

— Nós podemos tentar tudo que você se sentir confortável para experimentar,
anjo.

Eu sorri quando senti sua mão pousar em minha coxa, acariciando-a com
cuidado, o que para mim foi um sinal claro de que, assim como eu, Jungkook
estava mais tranquilo.

— E disciplina? — Eu perguntei, então, querendo decifrar o sentido de todas


aquelas palavras para Jungkook. — É tipo disciplina de soldado?

— Não exatamente. — Jungkook respondeu, ainda fazendo carinho em minha


perna e com a postura um pouco mais relaxada. — É algo mais pessoal.
Existem algumas coisas que eu posso querer que você faça, sempre dentro
dos seus limites, e a disciplina consiste em te condicionar para isso. Eu posso
te ensinar a me chamar de senhor em determinados momentos, ou te ensinar a
não me tocar quando eu der essa ordem, e posso te punir quando sua conduta
for contra o que foi ensinado.

— Punir como? — Questionei, apertando um pouco os olhos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Fisicamente. — Ele especificou, antes de prosseguir. — Ou
psicologicamente. Eu posso te punir com alguns tapas, ou posso fazer isso me
afastando de você até considerar que o fiz por tempo suficiente para você
aprender a lição.

Eu não fiquei tão satisfeito com a última parte, e encolhi um pouco meus
ombros. — Eu não gosto disso. — Confessei. — Eu gosto dos tapas e gosto
quando você usa o cinto, mas vou ficar muito triste se você se afastar de mim.

Jungkook sorriu, compreensivo, quando subiu suas duas mãos até minha
cintura e me abraçou, beijando minha bochecha.

— Eu não tenho interesse em punição psicológica, meu bem. — Ele disse,


deslizando o polegar sobre minhas costas. — Mas você concorda em ser
punido fisicamente, quando se comportar mal?

Eu balancei a cabeça para cima e para baixo. — Desde que não me machuque
de verdade.

— Nunca.

— Então eu quero. Eu gosto muito mesmo dos tapas.

— Esse não é o único jeito de punição física. — Ele explicou. — Mas eu vou
sempre me certificar de que você está confortável em receber cada um dos
castigos antes de aplicá-los, tudo bem?

Eu concordei de novo, empolgado, e quis ouvir todo o resto.

— Qual é o próximo?

— Dominação e submissão. Ele relembrou, citando-as de forma conjunta.

— Eu acho que já entendi esses dois! — Comentei, um pouquinho orgulhoso.

— O que você entendeu? — Ele me incentivou a responder, sem parar de fazer


carinho em mim das mais diversas formas.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— É como... — Eu parei, sem saber muito bem como colocar em palavras. —
Eu não sei explicar. Mas é mais ou menos o que acontece entre a gente? Uma
vez você me disse que eu sou submisso, então...

— Sim, anjo. — Jungkook me parabenizou com um beijinho no pescoço antes


de voltar a me olhar. - Dominação e submissão se referem a uma troca
consciente e consensual de poder. Um dominador sente prazer em estar no
controle, e um submisso sente prazer em abrir mão da responsabilidade de ter
esse controle em mãos.

— Então um submisso sempre tem que fazer tudo que o dominador quiser?

— De jeito nenhum. O poder do dominador é aquele que o submisso está


disposto a dar, por isso é importante que o submisso reconheça os próprios
limites, o que o deixa desconfortável e tenha a consciência de que precisa ser
sincero em relação a isso. A dominação e submissão não prioriza o prazer de
só uma das partes, é algo que deve ser satisfatório para todos os lados
envolvidos.

— Se você quiser que eu faça algo que eu não me sinto confortável pra fazer,
eu posso falar, então?

— Você deve. O papel de um dominador não é só dar ordens. É alguém que


sente prazer em cuidar, proteger e guiar seu submisso. Um dominador nunca
impõe suas vontades se souber que elas não são prazerosas para quem se
submete a ele. Então meu objetivo é sempre te ver bem, por isso eu preciso
que você seja sempre sincero comigo. Se aceitar ser meu submisso, você tem
que me dizer quando não estiver satisfeito com algo e pode me dizer também
quando gostar de uma atitude minha. Esse é meu único jeito de sempre dar o
melhor de mim para cuidar de você.

Eu pisquei devagar, absorvendo tudo aquilo, e meu sorriso foi se abrindo mais
a cada segundo que eu interpretei todo o significado daquela entrega e
dedicação.

— Dominação e submissão são definitivamente meus favoritos!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook riu, com os olhinhos brilhando para mim. — Eu ainda não expliquei o
sadomasoquismo, meu bem.

— Não importa. É meu favorito pra sempre!

— Eu ainda preciso explicar, de qualquer forma. — Ele insistiu, envolvendo


minha cintura ainda mais com seu abraço.

— Certo. O que é sadomasoquismo? — Questionei, apertando um pouco


minhas sobrancelhas. — Eu falei certo?

— Sim. — Outra vez, eu fui parabenizado com outro beijinho, dessa vez na
ponta do nariz.

— É uma palavra difícil. Acho que não vou gostar dessa.

Jungkook gargalhou, encostando sua testa à minha

— Sadomasoquismo se refere ao sadismo e ao masoquismo, e eu acho que


você gosta, sim.

— Ele me contrariou, ainda risonho. — Uma pessoa sádica é alguém que gosta
de provocar dor, e um masoquista é alguém que gosta de sentir a dor. Você já
sabia disso?

— Mais ou menos...

— Não importa se não souber, porque o sadomasoquismo a que eu me refiro é


um pouco diferente do que costuma ser mostrado. Um sádico de verdade não
se importa em dar prazer ao parceiro, muito menos está preocupado em
provocar dor de uma forma responsável. No sadomasoquismo consensual, que
é o único que existe numa relação saudável, o dominador está constantemente
preocupado com o bem estar do submisso e tudo deve ser feito de forma
segura. Se em qualquer momento o submisso não se sentir confortável, o
dominador deve parar o que estiver fazendo, independente da sua vontade de
continuar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Ah! — Eu quase gritei, empolgado. — É como aquela coisa dos dois
tapinhas? — Perguntei, lembrando de quando ele me instruiu a dar os dois
tapas caso passasse dos limites.

— Isso, meu bem. Normalmente esses gestos só são utilizados quando o


submisso não pode falar. Lembra que eu também pedi que você escolhesse
uma palavra para dizer caso quisesse que eu parasse?

— Lembro. — Eu ri um pouquinho. — Coelho.

— Isso é uma safeword, ou palavra de segurança, e é usada quando o


submisso atinge o limite. Cada submisso tem a própria palavra e ela deve ser
conhecida pelo seu dominador. No nosso caso, se você dissesse a palavra
coelho, seria minha obrigação parar na mesma hora.

— Ah... — Eu murmurei, pensativo. — Essa safeword é sempre a mesma ou


eu tenho que escolher uma toda vez?

— É a mesma. Só precisa ser algo totalmente fora de um contexto sexual.

— Então coelho pode ser minha safeword pra sempre? — Perguntei,


esperançoso.

— Pode.

— Eu tenho uma safeword! — Comemorei, batendo palmas repetidamente


como se essa fosse mesmo a maior vitória do mundo.

Jungkook segurou minhas mãos e beijou cada uma delas, rindo da minha
reação.

— Esqueci de dizer uma coisa. — Pareceu lembrar, de repente, ainda


segurando minhas mãos.

— O que? Eu quero saber mais! — Pedi, dando pulinhos sobre o colchão.

— A combinação de todas essas coisas que eu expliquei têm um nome. — Ele


disse, então, com toda minha atenção capturada. — Um acrônimo, na verdade.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu nem sabia o que era acrônimo, mas balancei a cabeça, ansioso, esperando
para ouvir sua resposta que veio logo em seguida

— É chamado de BDSM.

— BDSM. — Repeti, testando a sonoridade. — Eu gosto de como soa.

— De verdade? — Jungkook perguntou, e seu olhar deslizou até o relógio no


criado mudo Quando viu que ainda faltavam alguns minutos para meu
aniversário, ele voltou a me olhar, talvez sem perceber que sua mão tinha
subido até meu pescoço. — Tem mais uma coisa que eu quero explicar antes
de te dar seu último presente.

— Ok. — Eu respondi, ansioso.

A mão de Jungkook deslizou por minha nuca, com seu polegar pressionando
suavemente meu pomo de adão e sua outra mão acariciando minha perna.

— No BDSM existem alguns rituais e simbologias diferentes do que a maioria


das pessoas estão acostumadas. — Ele começou, sem parar o carinho. — Que
objeto um casal usa para mostrar que está junto?

Eu pensei um pouco, tentando entender sua pergunta, até que finalmente


consegui responder. — Alianças?

— Isso, meu bem. Usar aliança é uma forma de mostrar aos outros que aquela
pessoa é comprometida com outro alguém, mas no BDSM nós temos algo que
vai além de um anel.

Eu o olhei, sem saber muito bem onde ele ia chegar, ainda sentindo sua mão
em meu pescoço.

— Quando um dominador tem uma relação forte com seu submisso, ele
oferece uma coleira. E o submisso aceita essa coleira se aceitar também ser
do seu dominador.

— Uma coleira de cachorro? — Eu perguntei, assustado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Não, não é uma coleira de cachorro. — Ele negou, e continuou sua
explicação. — Uma coleira é uma das simbologias mais importantes, e é algo
que só deve ser usado se ambas as partes aceitarem se entregar uma à outra.

— Os dois têm que usar?

— Somente o submisso. — Explicou, ainda calmo. — Uma coleira é um


símbolo de entrega mútua. É um jeito de um dominador mostrar que se
dedicará inteiramente ao seu submisso, e o jeito de um submisso se entregar
completamente ao seu dominador.

— Você já deu uma coleira a alguém? — Eu perguntei, com um pouco de


receio da resposta.

— Nunca, anjo.

— Ah... — Murmurei, tentando não evidenciar o alívio que senti com isso. Se
uma coleira significava tanto, eu odiaria saber que Jungkook já entregou uma a
outro alguém.

Ele olhou para o relógio outra vez, e já passava da meia noite. Então olhou
para mim de novo, sorrindo.

— Já é seu aniversário. — Ele disse, esmagando minha bochecha com um


beijo. Quer ver seu presente?

Eu assenti, ainda um pouco pensativo, imaginando se, algum dia, Jungkook


entregaria uma coleira a mim.

— Abra minha mala. — Ele disse, então. — É uma caixa que está em cima das
roupas.

Eu assenti e me movi devagar sobre o colchão, até pousar meus pés nus no
chão frio e caminhar até a mala de Jungkook. Eu peguei a caixa que ele
indicou e, sem querer, meus olhos recaíram em uma corda preta, enrolada ao
lado do meu presente.

— Traga a corda, também. — Ele disse, e eu não questionei antes de pegá-la e


voltar até a cama.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook tinha se movido até a ponta do colchão, e gesticulou para que eu me
ajoelhasse entre suas pernas. Depois de tirar a corda de minhas mãos e deixá-
la de lado, ele pegou a caixa de madeira com o meu presente e a colocou
sobre a própria coxa, liberando as mãos para me tocar.

— Agora que conhece meu mundo, — Ele começou, acariciando minha


cabeça. — você quer fazer parte dele?

Eu balancei a cabeça para baixo e para cima, devagar.

— Você aceita ser submisso? — Jungkook foi além, dessa vez acariciando
minha bochecha.

Eu balancei a cabeça mais uma vez, com mais intensidade que da primeira.

Ele sorriu, e então me devolveu a caixa mediana, trabalhada em madeira. —


Eu ainda tenho mais uma pergunta, mas antes abra seu presente.

Ansioso, ainda ajoelhado sobre o chão, eu puxei a caixinha e movi sua trava
até abrir a tampa. Todo seu interior era forrado com um tipo de pano, e ali
dentro existiam três coisas. Uma corrente de metal, uma gargantilha de couro
com um pingente em forma de argola.

E uma coleira.

Eu senti meu corpo inteiro travar, e meus olhos não desgrudaram da última
peça, seguindo-a devotamente quando Jungkook a tirou dali de dentro, depois
de colocar a caixa ao seu lado, e posicionou a coleira em minha frente.

— A última pergunta. — Ele disse, parecendo ansioso.

Eu subi meus olhos até seu rosto, apertando suas coxas com força,
completamente afetado pelo que estava acontecendo ali.

Jungkook disse que uma coleira é um símbolo de entrega mútua. Ele disse
também que nunca tinha dado uma a alguém antes. E ele estava dando uma
para mim.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Então ele finalmente perguntou, falhando em esconder o nervosismo na voz.

— Você aceita ser meu submisso?

Parecendo perder completamente o poder sobre minha fala, eu abaixei meus


olhos outra vez, sentindo-os completamente úmidos, e eu tenho certeza que as
lágrimas jorrariam para fora a qualquer segundo.

Ainda atordoado, então, eu caminhei sobre meus joelhos mais para a frente,
encaixando meu pescoço na faixa preta de couro ainda nas mãos de Jungkook,
que pareceu perder o ritmo da respiração quando eu o fiz. Ainda
completamente afetado, eu levantei meu rosto para encará-lo, e movi minha
cabeça numa resposta silenciosa, muito mais serena que todo o caos delicioso
dentro do meu coração.

Diante da minha resposta, Jungkook afivelou a coleira ao redor do meu


pescoço, e imediatamente o peso do couro me fez resfolegar, me forçando a
levar a mão até tocá-la, sentindo a textura e o frio da argola pendurada na
parte central.

Quando desceu suas mãos até meus ombros, com a coleira já presa em mim,
Jungkook sorriu como eu nunca o vi sorrir antes. Foi tão genuíno, tão intenso.
Tão puro.

— Agora você é meu, anjo. E eu sou seu desde o começo.

Ainda tocando em minha coleira, eu finalmente reencontrei forças para falar. —


Você me perguntou se eu aceito ser seu submisso... — Eu murmurei, sentindo
minha voz fraca, um pouco inconsistente.

Jungkook continuou me olhando, atento, e eu envolvi sua cintura com meus


braços e apoiei minha cabeça em sua barriga antes de completar, sincero.

— Mas eu sempre fui seu submisso, Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
[1] Pra ter mais destaque, eu vou deixar essa nota aqui. Então, Jungkook
finalmente acabou com todo esse mistério sobre o BDSM e, assim como o
Jimin, eu sei que muitas pessoas tiveram esse primeiro contato através
desse capítulo. Eu me sinto honrada, mas também me sinto na obrigação
de dizer que, se alguém se interessar por esse mundo, , não se restrinja
ao que é explanado nessa fanfic. Eu tento trazer tudo de uma forma
responsável pra vocês, mas O BDSM vai muito além do que eu, Ruth,
conheço. O que é mostrado aqui é o meu ponto de vista, são os meus
fetiches, e isso não representa nem 1/10 de todo esse universo. Então, se
você está interessado, pesquise mais, forme suas próprias opiniões,
descubra os seus fetiches. Sub pode ser uma porta de entrada pra vocês
nesse mundo maravilhoso, mas nunca vai representar o todo incrível que
ele é.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
FINALMENTE ENTRAMOS OFICIALMENTE NA SEGUNDA FASE, pode entrar
Jimin maior de idade!!!

próximo capítulo tem o smutzinho né rs e como eu sei que mts não prestaram
tanta atenção no que Yukwon disse antes do Jimin viajar, vou deixar bem claro
aqui: o Jimin fez a maldita da chuca sim!!!!!!!!!!

Como vem acontecendo nos últimos capítulos, eu não revisei, então por favor!!!
perdoem qualquer erro):

E como presentinho de inauguração da maioridade do Jimin, trouxe aqui uma


lista de lembranças que vcs, leitores lindos, criaram pra mim na primeira fase
de submissive:

1)NOSSA "BONECA" NÃO!1!!

2)Todo mundo achando que jk tem poder de ler mentes (quando na vdd ele só
sabe interpretar o óbviokkk)

3)COMO ASSIM JUNGKOOK TEM UMA NOIVA? AUTORA EU VOU TE


MATAR

4)gENTE, mas o Jimin fez a chuca?

5) GENTE, o que é chuca? (as respostas são

6)FODE ESSA BUCETA // 2 minutos depois: ai to soft

nossa que presente lixokkkkkk mas eu tava relendo os comentários pela


548125 vez e ri muito dessas coisinhas, achei justo compartilhar com vcs

o próximo sai dia 26/02. até lá! <3

607
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
25 • Bird Set Free

Eu sentia minha respiração pesada e meu coração continuou batendo forte por
tempo demais, porque eu não conseguia me recuperar das sensações
provocadas pelo que tinha acabado de acontecer.

Por isso, eu continuei ajoelhado entre as pernas de Jungkook, abraçando e


escondendo meu rosto em seu abdômen enquanto ele acariciava meus
cabelos, sem perder a consciência sobre o significado da coleira envolvendo
meu pescoço nem mesmo por um segundo.

O peso do couro contra minha pele era como um lembrete daquilo que já era
verdade há tanto tempo.

Eu era de Jungkook, e ele era meu também.

— Anjo... — Eu ouvi ele me chamar, e só então afastei um pouco meu rosto.

Meu coração, que já estava acelerado como um louco, ficou ainda mais
descontrolado quando eu vi o brilho nos olhos de Jungkook, o sorriso em sua
boca e soube, com toda a certeza do mundo, que nós compartilhávamos
exatamente a mesma alegria. Por isso, não me sobrou força alguma para
resistir quando ele me puxou com cuidado e me fez sentar sobre suas pernas,
na cama, acariciando minha cintura com uma mão enquanto com a outra
tocava na coleira em meu pescoço, parecendo hipnotizado.

— Parece que a gente deu um passo tão grande... — Eu falei, sonhador e com
um sorriso pequeno, sem nem perceber quando coloquei minha mão sobre a
sua.

Jungkook subiu a outra mão até minha bochecha e eu acomodei meu rosto
sobre sua palma, manhoso, quando ele aproximou sua boca e me deu um beijo
no outro lado logo antes de roçar seu nariz contra minha pele.

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— Sim, meu bem. — Ele disse, dando mais um beijinho em minha bochecha, e
eu me arrepiei quando senti seu riso fraco me acertar em cheio. — Eu acho
que nunca fiquei tão feliz antes...

Dessa vez, fui eu quem ri um pouco, fechando os olhos e suspirando depois,


quando senti seu nariz deslizando por minha pele quando ele fez todo o
caminho até tocar em minha boca com a sua. Já completamente entregue, eu
segurei seu pescoço com minhas mãos e pressionei meus lábios ainda mais
sobre os seus, pedindo que ele fosse além. Sem negar meu pedido, Jungkook
passou sua língua entre nossas bocas e eu expulsei o ar demoradamente, já
afetado pela sensação gostosa de esperar ansiosamente por seu beijo de
verdade.

Então ele o fez, afastando seu rosto por um segundo para logo depois voltar e
sugar meu lábio, massageando-o com sua língua quando o soltou.

Sem querer, eu sorri um pouquinho e encostei minha testa na sua, separando


nossas bocas.

— Você tá com gosto de maçã e canela da tortinha... — Eu disse, sem parar de


sorrir.

Jungkook sorriu também, me dando mais um selinho.

— E você ficou com gosto de camarão.

— Droga de hambúrguer! — Amaldiçoei, consternado, quando me afastei num


sobressalto e cobri minha boca com as duas mãos.

— Foi brincadeira, anjo — Jungkook riu, tentando me beijar de novo, mas eu


esquivei desesperadamente.

— Eu vou escovar os dentes! — Anunciei, me atrapalhando todinho quando sai


de cima de suas pernas e corri até minha mala para pegar a nécessaire. Antes
de correr para o banheiro, eu ainda ouvi a risada de Jungkook, e o vi aparecer
atrás de mim quando estava despejando creme dental na minha escova. 250

— Eu realmente falei brincando. — Ele disse, também se preparando para


limpar a boca e ainda sem esconder o sorriso refletido em seus olhos enquanto
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eu esfregava meus dentes furiosamente. — Você está com gosto de morango,
chocolate, banana, maçã e canela. — Apontou, entregando os sabores de
todas as sobremesas que eu tinha comido instantes antes.

Eu quase relinchei, frustrado. — Que vergonha. — Lamentei com a boca cheia


de espuma.

Jungkook riu mais um pouco antes de se inclinar para dar um beijo em meu
pescoço e finalmente começar a escovar os próprios dentes. Quando terminei
de enxaguar minha boca, eu puxei uma das toalhas no apoio ao lado da pia e
sequei meu rosto, ainda um pouco frustrado, mas perdendo um pouco do foco
quando pela primeira vez prestei atenção na banheira ao lado, então voltei a
olhar para Jungkook, esperançoso.

— Depois a gente pode tomar banho na banheira? Juntos? — Perguntei, com


os olhos cheios de expectativa.

Jungkook assentiu com os cantos da boca cheios de espuma da pasta de


dente e eu ri, apaixonado pelo jeito como ele pareceu adorável, sem conseguir
conter minha necessidade de abraçá-lo.

— Tão fofinho... — Eu quase gemi, apertando meus braços ao redor do seu


corpo e esfregando minha bochecha em seu ombro.

Jungkook se engasgou um pouco quando acabou rindo e eu fui obrigado a me


afastar para que ele se abaixasse para enxaguar a boca, depois usando a
mesma toalha que eu tinha usado instantes antes para secar meu rosto.

— Então, Jungkook... — O chamei, um pouco ansioso e disposto a sanar a


dúvida que nunca me atormentou de verdade, mas que já existia há algum
tempo. — O que... o que você é meu?

Ele me olhou, ainda usando as duas mãos para passar o tecido macio ao redor
da boca, secando-a.

— Uma das recepcionistas me perguntou qual a nossa relação, naquela vez


que você sofreu o acidente, e eu não sabia o que responder... — Justifiquei,
apoiando meu quadril na bancada da pia quando ele ficou em minha frente, me

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segurando pela cintura, com seu polegar deslizando suavemente sobre minhas
costelas.

— Eu sou seu, anjo. — Jungkook respondeu, então, depois de dar um beijinho


na ponta do meu nariz. — Seu homem, seu dominador... não importa. Eu só
sou seu.

Talvez eu desmontasse no chão, completamente sem forças, se não fossem


suas mãos me segurando, porque aquela resposta me deixou fraco como
nunca. Então eu apertei um pouco meus lábios, segurando-o perto quando subi
minhas palmas por seus braços, procurando por mais sustento.

— Meu namorado também?

Ele me deu outro beijo demorado, dessa vez na bochecha. — Seu namorado
também.

Eu sorri como nunca mesmo sem entender como um simples rótulo, que na
verdade nunca fez falta, tampouco diminuiu a intensidade do que sentíamos
antes, foi capaz de me deixar tão feliz.

No fundo, acho que eu sempre gostei um pouco do clichê.

— Eu namoro Jeon Jungkook. — Anunciei, sentindo cada palavrinha deslizar


por minha garganta, e talvez só então eu realmente tenha percebido o peso
delas, o que me fez arregalar um pouco os olhos e eu repeti, muito mais
surpreso. — Caramba, eu namoro Jeon Jungkook!

Ele riu da minha reação um pouco boba. Quer dizer, depois de tudo que já
tínhamos passado, eu não deveria ficar tão afetado com uma constatação
como essa, mas ainda assim lá estava eu, completamente impressionado.

— E eu namoro Park Jimin. — Jungkook anunciou. — Acho que já sabemos


quem é o mais sortudo aqui.

— Eu!

Ele negou, roçando sua boca na minha antes de repuxar meu lábio de leve e
pressionar seu corpo mais contra o meu.

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— Você namora um cara chato que não tem tempo pra nada e está há mais de
dois anos tentando aprender a usar emojis, mas não consegue. — Jungkook
contrapôs e eu não aguentei quando deixei uma risada alta escapar, ouvindo o
tom também risonho em sua voz quando ele questionou: — É isso que você
chama de sorte?

— É. Mas só porque esse cara é você, se fosse outro eu já tinha dado um pé


na bunda. Principalmente pelos emojis.

Em resposta, Jungkook uniu sua boca à minha e foi difícil tentar iniciar um beijo
quando nenhum de nós conseguia parar de rir, mas não foi isso que nos fez
desistir de continuar tentando

— Com licença? — Uma voz feminina e completamente desconhecida ecoou


pelo quarto logo depois de ouvirmos batidinhas na porta de vidro, e eu e
Jungkook nos entreolhamos, um pouco confusos, antes que ele se afastasse
primeiro e saísse do banheiro.

Eu fui logo atrás, quase enterrando minhas unhas em seu braço enquanto me
encolhia atrás dele, assustado porque já passava da meia noite e,
sinceramente, eu não fazia ideia de quem poderia ser. Entretanto, meu medo
se mostrou completamente infundado quando eu vi que a mulher do lado de
fora parecia inofensiva, toda enrolada em um edredom do hotel por causa do
vento frio que vinha do mar.

— Ai, desculpa incomodar — Ela disse quando Jungkook parou próximo da


porta, ainda sem entender muito bem quem ela era e o que queria. — Meu
nome é Sohyun, eu estou hospedada no quarto aqui do lado e vi a luz de vocês
acesa, então imaginei que vocês poderiam me ajudar, talvez?

— Aconteceu alguma coisa? — Jungkook perguntou, atencioso, e eu me sentei


na ponta da cama para observá-los, mais relaxado.

Sohyun suspirou, pesarosa. — Meu carregador parou de funcionar e meu


marido esqueceu o dele em casa. — Anunciou, mostrando seu celular com a
tela apagada, já descarregado. — Eu só preciso dar um pouco de carga porque
deixei meu filho pequeno com minha sogra e, vocês sabem, alguma coisa pode

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acontecer e ela pode precisar falar com a gente. Então, hm... algum de vocês
tem um carregador de Iphone?

— Espere um pouco. — Jungkook pediu e eu o acompanhei com os olhos


quando ele foi até sua mala e pegou seu carregador antes de voltar até a porta
da varanda ainda entreaberta e entregá-lo à mulher. — Pode usar o meu.

Ela segurou o cabo, parecendo aliviada quando se curvou num agradecimento


educado.- Muito obrigada. Eu venho devolver assim que o celular tiver carga o
suficiente pra aguentar até a manhã.

— Não precisa ter pressa. — Mesmo de costas para mim, eu pude imaginar
perfeitamente o sorriso no rosto de Jungkook quando ele completou, agitando
tudo dentro de mim: — Nós não vamos dormir agora.

— Obrigada mesmo. — Ela agradeceu novamente, parecendo não perceber o


que estava implícito na afirmação de Jungkook — Mais tarde eu venho
devolver.

Jungkook moveu a cabeça numa concordância calma e eu também gesticulei,


um pouco atrapalhado, quando Sohyun acenou para mim em despedida antes
de voltar para o seu quarto.

— Ela me assustou... — Eu comentei, ainda sentado de frente para o espelho,


brincando com a colcha debaixo dos meus dedos.

— Eu percebi. — Jungkook respondeu com um sorriso pequeno quando


caminhou até onde eu estava, parando de pé em minha frente. — Quase
arrancou meu braço.

— Eu achei que era um fantasma ou alguma coisa assim. — Justifiquei, rindo


baixinho do meu próprio medo infundado.

— Um fantasma que bate na porta antes de entrar? — Ele questionou ainda


com o canto dos lábios curvados num sorriso, e eu fechei um pouco meus
olhos quando senti sua mão fazendo um carinho gostoso em minha bochecha.

— Podia ser um fantasma educado... — Murmurei contrariado.

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Jungkook negou com a cabeça quando riu, ainda me acariciando.

— Fofo. — Ele disse ainda com uma risada discreta e eu fiz uma caretinha
tentando não evidenciar um sorriso do tamanho do mundo, fechando os olhos
sem nem perceber quando Jungkook beijou minha testa, ainda com o sorriso
persistente em seus lábios. — Eu amo tanto esse seu jeito...

Eu sorri ainda mais, mesmo acreditando que não era possível, sem controlar
minhas mãos quando elas pousaram em seu quadril, segurando-o pelos
passadores do cinto em sua calça

Ainda sentindo sua boca contra minha testa, deslizando seus lábios sobre
minha pele num carinho suave, eu inclinei um pouco o rosto para aproveitar
mais daquele toque que fez meus pelinhos todos eriçarem.

— Eu quero beijar você... — Confessei baixinho, necessitado.

Com cuidado, Jungkook passou a segurar meu rosto com as duas mãos e
beijou minhas pálpebras fechadas uma de cada vez, demoradamente, antes de
descer seus lábios por minha bochecha, beijando-a também e fazendo minha
pele formigar com o toque provocante, mas cuidadoso, para então me fazer
suspirar quando ele finalmente beijou minha boca, pressionando-a com
suavidade, no começo, antes de massagear meus lábios com sua língua,
sugando-os ao final.

Ansioso por mais, eu estiquei meu pescoço, sentindo Jungkook recuar sua
boca quando eu tentei aprofundar nosso beijo, mas sentindo-o voltar logo
depois para me beijar com vontade, segurando meu rosto com força e
encaixando seus lábios nos meus e sua língua na minha com tanta precisão
que eu senti meu corpo amolecer em meio a outro suspiro incalculado,
provocado pela forma como Jungkook me beijava, intenso e quente como o
próprio fogo.

Levado pelo desejo de ter mais daquilo, eu puxei minhas pernas para cima da
cama e me ajoelhei sobre o colchão, sem parar de beijá-lo nem mesmo por um
segundo e subindo minhas mãos por seus braços quando me agarrei a eles
para não perder a pouca força que encontrei para erguer meu corpo. Jungkook

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então desceu suas mãos até minha cintura e me segurou com força, colando
nossos peitorais e me deixando ainda mais tonto quando sugou minha língua
demoradamente e enterrou seus dedos em minha pele.

No instante seguinte, ele afastou sua boca da minha e eu fui tomado por um
pouco de insatisfação, mas a deixei para trás assim que Jungkook me deu um
selinho demorado que, apesar de singelo, pareceu provocante como nunca.

— Você não sabe como eu senti falta disso... — Ele disse com a voz baixa,
deslizando seus lábios lentamente por minha bochecha

até beijá-la outra vez, e então repetiu os movimentos suaves, me fazendo


suspirar a cada vez que sentia sua boca passear por minha pele para me beijar
em outro lugar.

Eu mantive meus olhos fechados e o rosto levemente inclinado, aproveitando


seu toque tão carinhoso e ao mesmo tempo tão preciso, ateando fogo em cada
pequena terminação nervosa do meu corpo.

Mesmo depois de tanto tempo, ou talvez por causa disso, minha certeza
continuava inabalável. Eu nunca poderia desejar ser tocado por ninguém além
de Jungkook, nunca poderia desejar trocar o jeito como meu ser inteiro
respondia a cada um de seus toques devotos, porque sempre foi mais que
excitação física. Sempre foi entrega mútua, sempre foi confiança. Entre nós
dois, sempre foi amor.

E enquanto ele me fizesse sentir tudo isso, enquanto ser dele me fizesse tão
feliz, eu continuaria suportando todos os obstáculos impostos entre nós porque,
no fim, valia a pena.

Disposto a retribuir todas as sensações que ele me provocava, então, eu o


segurei perto e movi meu rosto até beijar sua bochecha exatamente como ele
fez nas minhas. Depois, deixei um rastro de vários outros beijos por sua pele,
deslizando meus lábios pela linha bem contornada de seu maxilar antes de
finalmente beijar seu pescoço.

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Ainda um pouco inseguro, eu pressionei meus lábios e me afastei só o
suficiente para ver seu rosto, encontrando-o carregado com um olhar denso de
aprovação.

Diante de sua permissão silenciosa, eu voltei a unir minha boca à pele exposta
de seu pescoço, beijando-a sem muito jeito enquanto tentava fazer exatamente
como ele fazia quando me beijava no mesmo lugar.

Eu não sabia se estava fazendo certo e segurei seus braços com ainda mais
força, tentando aliviar a tensão da inexperiência enquanto enterrava minhas
unhas em seus músculos. Entretanto, eu senti parte da insegurança se dissipar
quando Jungkook respondeu ao meu toque subindo sua mão até minha cabeça
e enterrou seus dedos em meu couro cabeludo, me pressionando ainda mais
contra seu pescoço.

Dolorosamente satisfeito por ter agradado Jungkook, eu suspirei contra sua


pele e me esforcei para vencer a insegurança quando desci ainda mais com
meus beijos, percorrendo o caminho até a parte central do seu peitoral exposta
pelo primeiro botão aberto de sua blusa.

Eu senti seu peito subir e descer devagar, com força, quando dei um último
beijo ali, com meus lábios se desprendendo de sua pele vagarosamente ao me
afastar novamente, já com as mãos guiadas até o primeiro dos botões
fechados.

— Posso? — Eu perguntei, ansioso, lutando contra a pressa de meus dedos


em desabotoar cada pecinha de sua camisa.

Sem me responder com qualquer palavra, a permissão que foi dada a mim veio
na forma como Jungkook colocou suas mãos sobre as minhas, incentivando-as
a seguirem em frente. Tremendo em antecipação, então, eu desabotoei o
primeiro e parei antes de passar para o seguinte, me forçando a respirar fundo
para não perder o controle quando me senti completamente atiçado pela
imagem tentadora do peito de Jungkook sendo lentamente exposto para mim,
por mim.

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Quase sem piscar, atento como se aquela fosse a primeira vez que eu pudesse
ver seu corpo, eu finalmente desabotoei o segundo, devagar, e então o
terceiro, seguindo até que sua blusa estivesse completamente aberta. No
instante seguinte, eu empurrei o tecido fino sobre seus ombros até fazer a peça
cair no chão, e senti o ar escapar de mim numa lufada arrastada quando a vi
de novo, marcando seu peitoral com a tinta preta e as presas expostas.

Completamente hipnotizado por sua tatuagem, eu voltei a aproximar minha


boca de sua pele e deixei um primeiro beijo devoto sobre a cabeça da serpente
enquanto minhas mãos, ainda tremendo, repousaram sobre suas costelas,
segurando-o perto antes que eu descesse meus lábios por todo seu abdômen,
sentindo sua mão se enterrando entre meus cabelos outra vez e os músculos
de sua barriga se contraindo a cada vez que eu a beijava em um lugar
diferente.

Ainda em silêncio, Jungkook usou sua mão livre para guiar as minhas até seu
cinto enquanto eu o olhava, dali de baixo, com os olhos ansiosos.

Entendendo sua ordem muda e sob seu olhar intenso e escuro, eu me apressei
em desafivelar o cinto, sentindo o couro pesar em minhas mãos quando, um
pouco desastrado, eu o puxei, retirando-o de cada um dos passadores em sua
calça até tê-lo completamente em minhas palmas.

Sem querer simplesmente deixá-lo de lado, eu continuei segurando-o, à espera


que Jungkook o tomasse em suas mãos. Quando percebeu minha expectativa,
ele o tirou de mim, sustentando um sorriso obliquo em seus lábios enquanto
brincava com o objeto de couro, dobrando-o ao meio até conseguir segurá-lo
somente em uma mão, mas mantendo-o longe de mim.

— Continue. — Ele ordenou com o mesmo sorriso atravessado, então, ao


perceber que eu continuava esperando que fizesse mais alguma coisa com o
cinto.

Mesmo um pouco frustrado, eu assenti vagarosamente e voltei a aproximar


minhas mãos de sua calça, mas ofeguei assustado quando ouvi o som
estalado e baixo do couro açoitando as costas de minha mão, sem muita força.

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— Eu acho que já disse que você deve ter mais respeito. — Ele relembrou,
deslizando a parte flexionada do cinto por meu braço numa provocação, ou
ameaça. — Se eu te der uma ordem, eu não quero seu silêncio. Eu quero ouvir
sua resposta, e é melhor responder do jeito certo.

Eu assenti novamente, um pouco mais agitado, e me atrapalhei todo quando


percebi que estava cometendo o mesmo erro, então me adiantei em corrigi-lo.

— Sim... sim, senhor.

A forma como Jungkook sorriu, tão lascivo quanto orgulhoso, foi a confirmação
de que eu tinha finalmente acertado, e eu mesmo pude apreciar a forma como
fui tomado por uma pontada de satisfação por conseguir agradá-lo.

— Isso, anjo. — Jungkook disse, quase como se me parabenizasse, antes de


repetir sua ordem anterior.- Agora continue.

— Sim, senhor...

No instante seguinte, quando eu reaproximei minhas mãos e comecei a


desabotoar sua calça, Jungkook envolveu meu braço, mantendo o cinto entre
sua palma e minha pele enquanto seu polegar me acariciava de leve, e tudo
aquilo parecia um aviso muito nítido para mim. O carinho veio como uma
recompensa por tê-lo agradado, mas o cinto ainda pressionado contra minha
pele era um lembrete de que eu seria punido novamente se errasse outra vez.

E ainda que o choque do couro contra minha pele fosse irracionalmente


delicioso, eu gostava ainda mais de agradar meu Jungkook, por isso me
concentrei em fazer tudo do jeitinho que ele queria.

Por isso, quando terminei de desabotoar e descer o zíper de sua calça, eu


passei meus dedos sobre a ereção que já tinha começado a se formar debaixo
do tecido antes de apertá-la suavemente, sem perceber que o gemido
arrastado que escapou em resposta a isso não foi um dele, e sim meu.

Eu estava necessitado como nunca. Foram sete meses sem vê-lo, precisando
me aliviar sozinho enquanto imaginava seu toque, sua voz firme me dizendo o
que fazer e seu jeito de me foder com força.

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Meu corpo inteiro precisava de Jungkook, desesperadamente.

— Eu quero chupar você... — Anunciei quase como se implorasse, sem parar


de massagear sua ereção, ansioso, sentindo-a se tornar cada vez mais rígida
sob meu toque.

— Quer? — Jungkook questionou, lascivo, e eu deixei meu rosto ser inclinado


quando ele segurou meu queixo, empurrando-o levemente para cima com o
indicador enquanto seu polegar deslizava sobre meu lábio. — Então peça.

Sem parar de olhá-lo, completamente capturado pela confusão entre suas íris
tão negras quanto as pupilas, manchadas pelo desejo que também me
escapava pelos poros, eu pedi, necessitado:

— Deixa eu te chupar. Por favor, senhor...

Eu fui pego de surpresa quando a mão de Jungkook saiu de meu queixo e seus
dedos nos meus cabelos, puxando-os e inclinando minha cabeça ainda mais
para trás quando sua boca se aproximou da minha e ele mordeu meu lábio,
arrastando seus dentes sobre ele antes de chupá-lo de um jeito que me deixou
tonto.

— Chupa gostoso, — Ele finalmente respondeu com a voz baixa, ainda com o
rosto tão próximo que eu sentia sua respiração quente tocando minha pele. —
ou eu vou foder sua boca com tanta força, anjo...

— Meu deus do céu... — Eu gemi no ar, completamente afetado quando seu


aviso refletiu em uma fisgada dolorosa na minha virilha.

— O que? — Questionou, desafiador, quando puxou meus cabelos com um


pouco mais de força numa repreensão deliciosa.

— D-desculpa, senhor... — Eu pedi, apertando um pouco meus olhos por


causa da dor, mas sem repudiá-la nem mesmo por um segundo — Eu prometo
que vou chupar bem gostoso...

Eu me arrepiei ao sentir o sorriso de Jungkook contra minha pele quando ele


arrastou sua boca por minha bochecha até alcançar minha orelha, para então
chupar meu lóbulo demoradamente.
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— Meu Jimin é sempre um garoto tão bom... — Ele disse ainda contra meu
ouvido, e eu senti que poderia gozar antes mesmo de sequer tocar em meu
membro duro.

Por isso, eu ainda fiquei aéreo por alguns poucos segundos quando Jungkook
arrumou sua postura em minha frente, massageando a própria ereção por cima
da calça enquanto esperava minha reação, sem se desfazer do sorriso obliquo,
quase sádico.

Diante dessa imagem, eu senti meu pênis fisgar de novo, incomodado por
senti-lo sufocado por tantas peças de roupa que, eu sabia, só deixariam meu
corpo quando Jungkook assim quisesse,

Então eu me remexi sobre a cama e, depois de passar todo aquele tempo


ajoelhado, me sentei sobre minhas panturrilhas, com as pontinhas dos dedos
dos pés apontando para dentro, tensas assim como o restante do meu corpo.

Sem me demorar mais, então, eu senti minha respiração pesada acompanhar


os movimentos das minhas mãos quando elas alcançaram a calça de Jungkook
e puxaram-na para baixo, só o suficiente para deixar sua ereção mais
acessível, ainda coberta por sua roupa íntima.

Hipnotizado pelo volume marcado sob o tecido escuro, eu mal me contive


quando aproximei minha boca e beijei seu pênis sobre sua cueca. Depois, eu
segurei a barra elástica e a puxei também para baixo, finalmente revelando seu
falo duro, tão pronto para me foder de novo depois de todo aquele tempo.

Uma das mãos de Jungkook continuou repuxando meus cabelos com cuidado,
dessa vez, enquanto a outra segurou seu próprio membro pela base e subiu,
estimulando-o devagar.

Ansioso para ouvir os gemidos que reviraram tudo dentro de mim e


desestabilizavam meu juízo, eu uni meus lábios à pele fina e quente antes de
deslizar minha língua por todo o comprimento, sem parar de olhar para
Jungkook, que me olhava de volta dali de cima, com o maxilar travado quando
sentiu a pressão que eu fiz em sua glande com minha boca.

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Ainda com a lembrança viva de quando ele me ensinou a usar minha língua, e
também depois de praticar em meus próprios dedos em momentos de tédio ao
longo daqueles meses, eu massageei a cabeça do seu pênis, pressionando-a
com algumas lambidas antes de sugá-la com meus lábios.

Em resposta, Jungkook moveu levemente o quadril e eu abri um pouco mais


minha boca para colocar toda a glande para dentro, usando minha língua para
continuar estimulando-a, já ciente de que tinha pouca resistência à ânsia e não
aguentaria muito mais que aquilo chegando perto de minha garganta.

Quando ele impulsionou devagar outra vez, eu empurrei minha língua contra o
céu da boca e senti o aperto em meus cabelos se tornar mais forte ao mesmo
tempo em que

ele gemeu baixo com a pressão que aquilo criou.

Eu não conseguia deixá-lo ir fundo, mas sabia satisfazê-lo dentro dos meus
próprios limites. Por isso, me empenhei em segurar minha língua naquela
posição, tentando não perder o controle sobre meu próprio corpo enquanto
continuava olhando-o dali de baixo, sentindo suas estocadas lentas fodendo
minha boca devagar.

Um gemido baixo, mais grave que os outros, preencheu meus ouvidos quando
eu aumentei a pressão e movi minha língua para os lados, deslizando o
músculo sob a glande de Jungkook, repetidamente.

— Porra... — Ele praguejou, machucando meu couro cabeludo quando seus


dedos se enrolaram aos meus fios com mais afinco e ele estocou de novo, com
mais força.

Eu senti um gemido subir por minha própria garganta, sem tomar forma,
quando ele apoiou seu joelho sobre a cama e o empurrou entre minhas pernas,
pressionando minha ereção.

Afetado e já com a boca cansada, eu soltei o membro de Jungkook, vendo a


glande e parte do corpo molhados com minha saliva logo antes de usar minhas
mãos para continuar estimulando-o enquanto tentava descansar meu maxilar e
minha língua. Enquanto isso, eu me perdi em cada reação estampada em seu
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rosto, sentindo meu próprio corpo reagir a cada vez que ele usava seu joelho
para estimular meu pênis necessitado.

Quando eu gemi um pouco mais alto e arrastado depois que ele aumentou a
pressão contra minha ereção, Jungkook ofegou, parecendo afetado por minha
própria reação, e meu corpo seguiu seu comando quando ele me puxou e me
fez ficar de joelhos sobre o colchão novamente, aproveitando a proximidade
entre nossos rosto para me beijar sem calma, com uma mão ainda maltratando
meu couro cabeludo e a outra apertando meu membro através da calça jeans.

Eu movi meu quadril, buscando por mais, e passei minhas mãos por sua
cintura até pressioná-las contra suas costas nuas, puxando-o mais para mim.

— Tire sua roupa. — Jungkook ordenou ainda com sua boca contra a minha,
apertando minha ereção uma última vez antes de recuar com um passo.

Mesmo insatisfeito por senti-lo longe de mim, eu balancei minha cabeça numa
concordância resignada, atento ao movimento de suas mãos repuxando o
tecido de sua roupa intima para voltar a cobrir seu pênis.

— Sim, senhor...

Então, primeiro, eu tirei meu casaco grosso, sentindo meus movimentos


seguintes se tornarem mais lentos enquanto eu acompanhava os passos de
Jungkook depois que ele deixou o cinto ao meu lado, cercando a cama até
pegar a corda preta que eu tinha tirado de sua mala.

— Olhe para a frente, Jimin. — Ele repreendeu ao perceber meus olhos


atentos a seus dedos começando a desenrolar a corda em suas mãos.

Lutando contra meu desejo de continuar observando-o, eu virei para a frente e


senti meu estômago revirar quando lembrei do espelho grande diante da cama,
refletindo tudo que acontecia atrás de mim.

Curioso e tomado pela expectativa, então, eu segui cada movimento de


Jungkook através do reflexo enquanto desabotoava e tirava minha calça quase
mecanicamente, depois de tirar também minha blusa, até que nada além da
minha cueca e da minha coleira cobrissem meu corpo.

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Eu vi minha própria imagem refletida, depois vi Jungkook subir na cama e,
sobre seus joelhos, se aproximar até parar atrás de mim, usando suas mãos
para me guiar quando me fez sentar sobre meus calcanhares.

Ainda segurando meus braços, ele me olhou através do reflexo, com a


expressão séria, mas calma.

— Eu vou imobilizar seus braços agora, — Ele disse, paciente. — mas lembre
que podemos parar quando você quiser.

Ansioso, eu nem consegui verbalizar minha resposta, concordando somente


com um movimento fraco. Entretanto, dessa vez Jungkook não me repreendeu
e se inclinou para dar um beijo em minha bochecha, talvez tentando me
acalmar.

Entretanto, o nervosismo que eu senti não foi ruim. Não foi por achar que algo
daria errado ou por acreditar que não gostaria do que estava prestes a
acontecer. Eu estava nervoso justamente porque já sabia que gostaria, e muito.

Ainda ajoelhado atrás de mim, então, Jungkook passou a corda por baixo dos
meus braços, dando duas voltas por meus ombros. Depois, a mesma
quantidade de voltas foi dada em meu peitoral, até que o tecido trançado,
porém macio, começou a envolver meus braços já posicionados em minhas
costas.

Ver a forma como Jungkook checava o aperto de cada volta ao redor do meu
corpo, se certificando de que não estava me machucando antes de passar para
o próximo passo, fez meu coração bater mais forte com algo que ia além da
expectativa.

Por causa de todo seu cuidado, foi um processo um pouco lento até que meus
braços estivessem imobilizados contra minhas costas, esticados, com a
pressão cuidadosa da corda estimulando-os do topo até meus cotovelos.

Eu senti minha respiração pesar deliciosamente quando vi, ainda pelo espelho,
Jungkook se afastar um pouco de mim, parecendo admirar a forma como meu
corpo estava domado, completamente à sua disposição.

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Depois, suas mãos voltaram a tocar meus braços, acariciando-os com cuidado
até que seus dedos corressem para minha cintura, deslizando sobre minhas
costelas, e ele me puxou para que eu virasse e ficássemos frente a frente.

— Você é o submisso mais lindo desse mundo, Jimin... — Jungkook disse,


dessa vez com as pontas de seus dedos tocando em minha coleira.

Eu suspirei, deixando minha cabeça tombar para trás quando ele aproximou
sua boca, beijando a base do meu pescoço demorada e deliciosamente.

Em seguida, suas palmas desceram pelas laterais nuas das minhas coxas até
passarem para o lado de dentro, forçando-as a se abrirem enquanto ele se
encaixava entre minhas pernas, inclinando seu corpo sobre o meu até que eu
estivesse deitado na cama, com a cabeça no limite do colchão, pendendo para
fora.

Eu senti o peso do meu corpo sobre meus braços presos, senti a mão de
Jungkook correr suavemente por minha coxa quando abracei seu quadril com
minhas pernas e senti a pressão enlouquecedora de seu membro contra o
meu, ainda com sua calça e nossas roupas íntimas impedindo o contato direto,
enquanto seus lábios deixavam vários beijos ao longo da linha do meu ombro.

Quando Jungkook percorreu o caminho de volta até meu pescoço, eu senti sua
boca sugar minha pele com mais força logo abaixo da coleira, me deixando a
primeira marca.

Eu inclinei ainda mais minha cabeça, pedindo por mais uma marca sua em
minha pele, e quase delirei quando ele fez exatamente a mesma coisa que
antes, chupando a união entre meu pescoço e meu ombro.

Entretanto, junto ao suspiro que veio em resposta a isso, eu abri meus olhos,
forçando as pálpebras pesadas a se erguerem, e senti minha atenção recair na
porta de vidro e cortinas ainda abertas.

Completamente enfeitiçado por seus toques, eu não tinha percebido antes,


mas então fui tomado por um instante de consciência e olhei para Jungkook,
alarmado.

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— Sohyun... a mulher do quarto ao lado — Relembrei, tentando controlar
minha respiração enquanto sentia a língua de Jungkook descer por meu
peitoral até capturar o piercing em meu mamilo.

— Sim? O que tem ela?

— Ela disse que ia voltar pra devolver o carregador...

Ele sugou meu mamilo uma última vez antes de arrastar sua boca por minha
pele, subindo até seu rosto pairar sobre o meu, beijando meu maxilar.

— Ah, sim, — Ele deslizou seus lábios por minha mandíbula até alcançar
minha orelha e eu me remexi, desesperado, quando ele investiu sua ereção
contra a minha. — ela vai voltar, e vai poder ver como você geme para mim
quando eu te fodo com força, anjo...

Eu gemi completamente atrapalhado quando senti meu corpo inteiro reagir à


quilo, sem entender porque a ideia de sermos vistos pareceu atear fogo em
cada parte do meu ser.

— Por isso você não vai gemer meu nome hoje, meu bem — Jungkook
continuou, pressionando nossos membros juntos. — Você vai me chamar de
senhor, para que ela saiba como você se submete a mim.

Eu impulsionei meu quadril contra o seu, desesperado, sentindo a


vulnerabilidade dos meus braços presos me impedindo de tentar assumir
qualquer pontinha de controle.

— Você entendeu? — Ele perguntou, mordendo meu maxilar como numa


repreensão por não ter escutado minha resposta

— Sim... senhor... — Eu me forcei a dizer, com a voz completamente


bagunçada, e só então recebi um beijo em cima do lugar onde antes ele cravou
seus dentes.

Depois disso, Jungkook voltou a beijar meu corpo, deixando um rastro sensível
por cada parte que sua língua e lábios tocaram e quase me fazendo delirar
quando ele passou a língua sobre meu pênis necessitado, ainda sem tirar

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minha boxer, me forçando a me contentar com a umidade deixada no tecido
antes de se afastar.

Eu tentei forçar minha para cima, sentindo o desconforto provocado pela falta
de apoio. Entretanto, minha determinação para saber o que Jungkook faria a
seguir foi maior e eu pisquei, atordoado, quando o vi pegar um dos outros dois
itens que ainda estavam na caixa do meu presente.

Era a corrente, grossa, com um prendedor de metal em uma das extremidades


e um pegador de couro na outra. Jungkook então prendeu a peça metálica à
argola da minha coleira, segurando-a numa das mãos pela parte escura, e só
então eu entendi que aquela corrente era, na verdade, a minha guia.

Ansioso, eu continuei olhando-o, e senti meu corpo ser arrastado sobre os


lençóis quando as mãos de Jungkook me seguraram pelas pernas e me
puxaram mais para o centro da cama, finalmente dando apoio para minha
cabeça. No entanto, quando eu me reclinei para trás, tentando dar descanso ao
meu pescoço já cansado por ter sido forçado por tanto tempo, ele girou meu
corpo sobre o colchão, me deixando de bruços antes de me fazer erguer o
quadril.

— Não se mexa. — Ele ordenou, direto, com a voz densa, completamente


dominadora.

Com os braços presos, sem conseguir me sustentar, eu senti minha testa se


afundar na cama quando a corrente da coleira caiu ao lado da minha cabeça,
impedido de enxergar e sem saber para onde Jungkook foi quando senti seu
corpo se afastar do meu e seu peso sair de cima do colchão.

Atento, então, eu tentei me concentrar em seus passos sobre o chão,


percebendo que ele não se afastou muito da cama antes de voltar e parar
atrás de mim, usando seu joelho para afastar ainda mais minhas pernas uma
da outra.

Depois, eu senti suas mãos massageando as laterais do meu quadril, primeiro,


antes que ele subisse com as pontas dos dedos até minhas costelas,

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apertando minha cintura com força quando empurrou meu tronco um pouco
mais para baixo, me forçando a ficar empinar minha bunda ainda mais.

Sentindo minha respiração ricochetear contra o lençol da cama antes de


acertar meu próprio rosto, com meu peito se movendo dolorosamente forte, eu
me percebi completamente extasiado pela forma como meu corpo estava à
disposição de Jungkook, unicamente sob seu controle.

Sem me dar tempo para superar a intensidade dessa sensação, então, ele
voltou a correr suas palmas até meu quadril, segurando o elástico da minha
cueca e puxando-o suavemente numa provocação demorada antes de
finalmente começar a tirar a peça de mim.

Eu movi minhas pernas somente quando ele me disse para fazê-lo, deslizando
o tecido macio por minhas pernas até deixá-lo de lado e meu corpo nu,
exposto, pronto para ele.

Meus dentes morderam meu lábio furiosamente, tentando conter toda a


excitação quando Jungkook apertou minha nádega nua com força, enchendo
sua mão com minha carne antes de me dar um tapa estalado.

Dessa vez, entretanto, eu soube que não estava sendo punido. Seu tapa não
foi um castigo, foi um agrado.

— Senhor — Eu o chamei manhoso, movendo meu quadril em agonia, à


espera demais.

— Você quer mais, anjo? — Ele perguntou, esfregando sua mão contra minha
bunda, e eu assenti, desesperado.

— Sim, senhor... por favor...

Eu ouvi uma risada baixa em resposta e prendi a respiração quando senti a sua
tão próxima da minha pele. Depois, soltei todo o ar de uma vez em deleite,
junto a um gemido de dor quando ele mordeu minha nádega esquerda, com
força, antes de beijá-la demoradamente.

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Eu sabia que aquela seria mais uma das marcas deixadas em minha pele
depois daquela noite, e estava ansioso para ver cada uma delas quando
acabássemos.

Mais uma vez, eu resfoleguei, surpreso, quando recebi mais um tapa e então
outro, que foi seguido de sua palma apertando minha carne outra vez,
deliciosamente.

— Você é tão delicioso, meu bem...

Um gemido de antecipação escapou quando eu senti sua mão se enterrando


em meu quadril e sua ereção, ainda coberta por toda aquela roupa, sendo
pressionada contra minha bunda enquanto ele se movia devagar, me
torturando cada vez mais.

— Eu não aguento mais... — Suspirei pesadamente, me sentindo sufocado


com todo aquele tesão que não aliviava. — Por favor, senhor, fode...

— Você quer que eu te foda assim? — Ele perguntou, quase como se me


desafiasse. - Você quer que eu te foda sem te preparar?

— Se o senhor quiser assim, eu quero também... — Respondi, me


concentrando para fazer minha voz soar suficientemente alta e não como um
gemido enquanto eu continuava sentindo seu quadril se mover contra o meu,
simulando uma penetração lenta.

Em resposta, eu recebi outro tapa. Outro agrado.

Depois, Jungkook se afastou um pouco e eu ouvi o som estalado da tampa de


alguma embalagem sendo aberta, para só então, depois de algum tempo de
expectativa crescente, sentir sua ereção me tocar novamente entre as
nádegas. Dessa vez, entretanto, eu senti sua pele diretamente contra a minha,
surpreso ao perceber que ele tinha usado lubrificante.

Já tomado pelo desespero e pela necessidade de ter Jungkook dentro de mim


outra vez, eu empurrei meu quadril um pouco mais para trás, choramingando
pela tortura de ter seu membro tão próximo, mas sem me penetrar.

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Mas, talvez tão necessitado quanto eu, Jungkook não se prolongou muito em
sua provocação maliciosa e um gemido alto me deixou sem ar quando ele me
penetrou de uma vez.

Minha respiração ficou completamente desestabilizada e vários outros gemidos


baixos se seguiram, mesmo que ele não tenha feito um movimento sequer por
vários segundos.

A dor se alastrou por meu corpo inteiro, queimando, e eu fechei meus olhos
com força quando eu mesmo me movi um pouco, pedindo que ele continuasse.

Aquela dor intensa não era tão gostosa quanto as outras, mas havia algo
completamente irresistível na forma como eu senti Jungkook dentro de mim tão
rápido, tão forte, assim como eu confiava que ele pararia se eu dissesse minha
safeword.

Por isso, eu quis continuar, contraditoriamente incentivado pela dor aguda de


quando ele me penetrou de novo, com força, fazendo meu corpo ter um
solavanco quando seu quadril se chocou contra minha bunda.

— Mais... — Eu implorei, incapaz de parar. — Mais, senhor...

Jungkook estocou outra vez, rebolando seu quadril devagar quando estava
completamente dentro de mim, e eu suspirei quando senti seu corpo se inclinar
sobre o meu.

Mesmo com a visão comprometida, eu soube o que ele estava fazendo quando
voltou à posição anterior, porque logo depois senti o choque do couro contra
minha nádega, acoitando a quando ele me penetrou de novo.

Um gemido dolorosamente satisfeito escapou em resposta a isso e eu senti


meu corpo ser inundado por uma sensação inigualável quando Jungkook
continuou me fodendo, acertando minhas nádegas com seu cinto vez ou outra,
até que ele chegou lá, de novo, no mesmo ponto sensível da última vez.

Eu gritei quando senti meu corpo tremer em resposta, acompanhado pelo som
do couro estalando em minha bunda outra vez, e quase não tive forças para
me erguer quando Jungkook enrolou a corrente da coleira em sua mão e me

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
puxou para trás, forçando meu tronco a se levantar quando fiquei sobre meus
joelhos assim como ele.

Eu já estava completamente tonto, e sentir sua mão livre me apertando pelo


pescoço por cima da coleira para manter meu corpo junto ao seu não me
ajudou a estabilizar meus sentidos

Assim, eu deixei minha cabeça cair para trás ao lado da sua, deitando-a em
seu ombro enquanto ele continuou me penetrando em busca do mesmo ponto
que fritou completamente meu juízo, e eu delirei completamente quando
Jungkook me fez virar o rosto para beijar minha boca sem calma alguma,
sugando minha língua e lábios enquanto engolia meus gemidos incontroláveis.

Aquele já parecia meu limite. Era impossível acreditar que podia sentir ainda
mais tesão do que já estava sentindo, mas então Jungkook me provou
completamente errado quando segurou meu queixo com força e me fez olhar
para a frente. Lá na frente, o espelho refletia nossos corpos juntos, a união
insana entre nossos quadris, meus braços ainda presos, a coleira em meu
pescoço e a corrente ainda presa à mão de Jungkook.

Hipnotizado, eu não consegui parar de olhar para nossos reflexos, sem saber
se focava no movimento dos nossos corpos ou se mantinha meus olhos
presos aos de Jungkook através da imagem refletida.

Entretanto, ele pareceu tomar a última decisão por mim quando seu olhar
abandonou o espelho e focou em algo ao lado, na porta de vidro, e um sorriso
completamente sacana apareceu em sua boca.

Incentivado por sua expressão maliciosa, eu também busquei o que ele passou
a observar e me desmanchei em um gemido alto quando vi a mulher do quarto
ao lado parada do lado de fora, paralisada, com os olhos arregalados e atentos
à forma como eu e Jungkook fodíamos.

Eu não sabia há quanto tempo ela estava lá nos assistindo, mas Sohyun não
parecia estar disposta a sair. Seus dedos esmagavam o carregador de
Jungkook em suas mãos e eu senti minha visão turva, talvez prestes a chorar
de tesão por ser admirado daquela forma, naquele momento.

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Tão estimulado quanto eu por nossa pequena plateia, Jungkook desceu sua
mão que estava em meu pescoço, guiando-a por minha barriga até segurar
meu pênis com um movimento firme, começando a estimulá-lo sem parar de
me foder.

Desesperado por tantas sensações insuperáveis juntas, eu gemi ainda mais


alto, movendo meu quadril junto ao seu, estocando contra sua mão.

— Senhor... — Eu o chamei, sem controle algum sobre minha voz que parecia
incapaz de soar como algo além de um gemido. — Senhor, senhor...

Eu choraminguei, agudo, quando em resposta ele uniu sua boca à minha


bochecha, sem me beijar, rosnando baixo enquanto parecia explodir de tesão
como eu.

Os movimentos de nossos quadris não eram mais tão precisos. Eram


desesperados, buscando o alívio para aquela sensação enlouquecedora.

Eu fui o primeiro a gozar com um gemido manhoso quando jorrei em sua mão,
intercalando-o a uma lufada de ar surpresa quando eu percebi que, dessa vez,
Jungkook gozou logo depois, dentro de mim.

Eu senti meu corpo perder a força como se fosse desmontar, sem conseguir
respirar direito, e a única coisa que me impediu de cair letárgico naquela cama
foi o braço de Jungkook me segurando na mesma posição.

Do lado de fora, como se saísse de um transe, Sohyun arregalou ainda mais os


olhos e deixou o carregador de Jungkook no chão, do lado de dentro, antes de
voltar correndo para seu próprio quarto.

Eu senti meu pulmão arder e minha respiração ruidosa acompanhou a de


Jungkook, que pouco a pouco me soltou e me fez deitar cuidadosamente sobre
a cama. E eu queria falar alguma coisa, qualquer coisa, mas parecia impossível
naquele momento, porque minha mente ainda estava presa ao orgasmo
incrível.

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Por isso, nada foi dito quando Jungkook me virou cuidadosamente e começou
a desatar os nós da corda que prendia meus braços, liberando-os pouco a
pouco.

Completamente livre, então, a primeira coisa que eu fiz foi reunir os resquícios
de força que nem sabia que ainda existiam em mim e lancei meus braços em
sua direção, abraçando-o com força quando ele se inclinou sobre mim para
beijar minha testa cuidadosamente.

— Como você está? — Ele perguntou atencioso, como da primeira vez,


enquanto acariciava minha cintura com calma.

Ainda com a fala comprometida, eu só balancei minha cabeça para cima e para
baixo. Talvez ele não tenha entendido exatamente o que aquilo significava,
mas eu quis dizer que estava nas nuvens.

Ele sorriu um pouco e me deu um selinho demorado antes de se afastar, me


puxando pela mão.

— Eu vou cuidar de você agora. — Jungkook explicou, calmo.

Ainda com o corpo todo dormente, ele praticamente teve que me carregar para
fora da cama, e me levou com cuidado até o banheiro, onde me colocou
sentado sobre a tampa do vaso sanitário enquanto enchia a banheira.

Enquanto o som da água caindo ecoava, Jungkook se ajoelhou em minha


frente, me olhando com atenção enquanto fazia carinho em minha coxa,
parecendo fazê-lo automaticamente.

— Alguma coisa te incomodou? — Ele voltou a perguntar, preocupado.

Eu mordi meu lábio quando neguei sem muita forca. Entretanto, a fraqueza não
foi ocasionada por alguma dúvida e sim pela letargia do orgasmo.

— Eu preciso saber se você não gostou de algo, Jimin. — Insistiu, talvez por
não perceber que não existia a menor pontinha de arrependimento em mim.

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Tentando convencê-lo, eu segurei seu rosto com minhas mãos e me inclinei
para beijar sua boca com carinho e depois dei um beijo demorado em sua
bochecha.

— Jungkook... — Eu finalmente consegui falar, com um sorriso pequeno. —


Você é muito safado.

Ele pareceu ter sido pego de surpresa por minha constatação e acabou rindo,
sem se afastar de mim e me deixando dar outro beijinho em sua bochecha.

— Eu gostei de tudo. — Anunciei, enfim. — Gostei muito, muito, muito mesmo.


Gostei tanto que ainda nem consigo falar direito...

Depois de me ouvir dizer com todas as letras, ele finalmente pareceu mais
tranquilo e retribuiu o beijo em minha bochecha, suspirando contra minha pele.

— Por favor, seja sempre sincero comigo. — Ele pediu, calmo. E não tenha
medo de usar sua safeword por achar que vai me decepcionar por isso.

Eu sorri, encantado por toda sua preocupação, e respondi sinceramente: —


Juro juradinho.

Ele riu um pouco e me deu um último selinho. Depois, desencaixou a corrente,


separando-a da minha coleira e a deixou cuidadosamente sobre a bancada a
pia, para só então me ajudar a levantar e a entrar na banheira já cheia.

Eu deixei que ele se encostasse numa das extremidades e me sentei em sua


frente, entre suas pernas, virado para ele. Ainda antes que a coleira fosse
molhada, então, ele a tirou de meu pescoço e, mesmo um pouco insatisfeito
por senti-la longe de mim, continuei atento quando ele puxou uma das toalhas
limpas e umedeceu sua ponta.

— Você precisa cuidar bem dela. — Jungkook disse, passando suavemente a


toalha umedecida pela parte interna da coleira, aquela que esteve em contato
com minha pele. — Sempre limpe depois de usar, desse jeito.

Eu assenti, prestando atenção na forma como ele fazia com cuidado.

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— Eu ainda vou te dar muitas coisas de couro, mas todas elas precisam desse
cuidado. — Ele continuou dizendo, com calma. — Ajuda a preservar por mais
tempo e também garante sua segurança.

— Outras coisas de couro? — Eu perguntei, curioso, vendo Jungkook se


esticar para deixar a coleira, já limpa, sobre a bancada seca ao redor da
banheira.

— Sim. — Ele respondeu, com as mãos livres para me segurar pela cintura e
me puxar mais para perto. — Você ainda precisa conhecer muitas coisas. O
que eu te expliquei foi muito pouco, então eu preciso que você também faça
algumas pesquisas quando voltar para casa, tudo bem? Sempre tem algo novo
a se aprender sobre o BDSM.

Eu concordei um pouco impressionado, enquanto ele usava as mãos para


começar a limpar meu corpo com cuidado, como se eu fosse o tesouro mais
valioso do mundo.

— Jungkook? — Eu o chamei, então, com a entonação ainda curiosa,


enquanto apreciava toda a atenção que estava recebendo.

— Hm? — Ele murmurou, mirando os olhos escuros em minha direção quando


puxou carinhosamente um de meus braços, deslizando sua palma molhada
sobre ele.

— Eu posso perguntar uma coisa?

Ele sorriu, manso. — Claro, anjo.

— Eu sei que você já teve um relacionamento sério com outra pessoa, —


Comentei, olhando-o com atenção. — então por que você nunca deu uma
coleira a ela?

Jungkook não se afetou por minha pergunta, talvez por perceber que eu não
estava desconfiado. Se ele tinha me dito que nunca tinha dado uma a alguém
antes, eu não tinha motivos para duvidar, mas fiquei verdadeiramente curioso
para saber o porquê.

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— Não existe um motivo. — Ele respondeu, sincero, quando começou a limpar
meu outro braço. — Mas é como uma aliança. As pessoas não dão alianças
sempre que se relacionam com outras, não é?

Eu concordei, fazendo carinho em seu peito sem conseguir conter um sorriso.

— Você gosta muito mesmo de mim, né? — Perguntei, quase brincalhão, e


Jungkook me olhou também com um sorriso pequeno.

— Eu amo você, Jimin. — Ele corrigiu, calmo.

Eu perdi a reação, pego de surpresa, incapaz de me acostumar com a forma


como ele dizia com tanta certeza que me amava. E eu queria dizer que
também o amava, porque era verdade, mas ao mesmo tempo alguma coisa me
fazia travar quando eu tentava.

Entretanto, eu tentei. Perdi os segundos seguintes me concentrando em juntar


as três palavras para dizê-las pela primeira vez, mas Jungkook me puxou de
novo e me deixou de costas para ele antes de dar um beijo em meu pescoço e
me abraçar.

— Você quer lavar o cabelo? — Ele perguntou, então, talvez percebendo como
eu parecia tenso, reunindo a coragem para dizer algo que, no fundo, ele já
sabia.

Frustrado por meu bloqueio irracional, eu só neguei com a cabeça, recostando


meu corpo contra seu peitoral.

Depois de passarmos algum tempo dentro da banheira, então, Jungkook me


secou com cuidado e enrolou nossos corpos com as toalhas do hotel antes de
me guiar de volta para o quarto

Eu fui direto até sua blusa jogada no chão, pretendendo vesti-la, mas ele me
chamou antes que eu o fizesse e se sentou na ponta da cama com um frasco
de hidratante que pegou em sua mala.

— Não se vista ainda. — Ele disse, me puxando para me deixar de pé entre


suas pernas, e eu não relutei ou me incomodei quando ele tirou a toalha que

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envolvia minha cintura. Então eu o vi derramar um pouco da loção em suas
mãos, e ri um pouquinho quando ele começou a massagear minhas nádegas.

— Por que você tá fazendo isso? — Questionei, risonho, mas muito longe de
me incomodar com seu gesto.

Jungkook sorriu também, sem malícia alguma enquanto deslizava suas mãos
sobre minha bunda.

— Ajuda a recuperar sua pele. — Ele explicou, sem parar a massagem


gostosa.

— Minha nossa senhora... — Eu balbuciei, cada vez mais surpreso com tanto
cuidado. Você é um príncipe...

Jungkook gargalhou, dando um beijo em minha barriga antes de derramar mais


hidratante, espalhando-o dessa vez por meus braços, nos lugares onde a corda
os pressionou por tanto tempo.

— Eu tenho só mais uma pergunta... — Confessei, então, olhando-o com


atenção.

Ele me olhou de volta e desceu as mãos até minha cintura, me segurando


perto.

— Diga.

Ansioso pela resposta, eu toquei em sua tatuagem, torcendo um pouco meus


lábios antes de pedir, manhoso. — Agora você já pode me dizer porque uma
serpente?

Jungkook segurou minha mão, puxando-a de seu peito para levar até sua boca
e beijá-la na palma, carinhosamente.

— Porque serpentes parecem ruins, meu bem.

Eu apertei meus olhos, mais confuso que nunca. — Não entendi...

— Elas sempre são associadas ao mal, Jungkook explicou, paciente. — mas,


na verdade, representam muito mais que isso. Elas representam a vida, a

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
renovação e a sabedoria, mas as pessoas não veem isso porque se prendem a
uma imagem ruim que não representa nem o todo, nem a verdade. — Ele
continuou, pegando sua blusa e me ajudando a vesti-la. — E é exatamente o
que fazem com o BDSM. As pessoas o condenam porque propagam uma
imagem errada e não se preocupam em entender o que ele é de verdade.

Ele me deu um último beijo na barriga antes de começar a abotoar a blusa em


meu corpo, e só então completou:

— As serpentes parecem ruins, anjo, assim como a nossa dominação e


submissão. Mas a maldade de verdade só existe em quem nos condena sem
nos entender

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
esse é um daqueles capítulos em que ninguém comenta e quando comenta é
só pra dizer que ninguém tá comentando kjkkkk mas oi, agora já podem
comentar e conversar comigo): como estão? <3

então, de verdade mesmo, perdoem os caralhocentos erros que devem ter


aparecido ao longo do capítulo): como mts de vcs já sabem, eu to sem tempo
nenhum e fiquei muito surpresa de conseguir terminar esse capítulo a tempo,
mas realmente não dá pra revisar):

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
26 • Forecast

Eu fiquei pensativo por algum tempo, considerando a explicação de Jungkook


sobre aquela tatuagem, que acabou se provando totalmente diferente de tudo
que eu imaginava.

Enquanto isso, ele esperou paciente, terminando de abotoar sua blusa em meu
corpo já que eu estava tão absorto em minhas ponderações silenciosas que
seria incapaz de sequer me preocupar em me vestir.

Naquele ponto, entretanto, isso não me inibia tanto assim. Jungkook já tinha
me provado mais de uma vez o quanto adorava meu corpo e nós já tínhamos
intimidade o suficiente para que a nudez não fosse nada além de um detalhe
natural em um momento como aquele.

Então, enquanto ele terminava de arrumar sua blusa em mim, eu finalmente


cheguei a uma conclusão.

— Eu vou tatuar uma cobra também.

— Vai? — Jungkook perguntou junto a uma risada baixa, me puxando pela


cintura para que eu subisse na cama. — Pense com cuidado antes de fazer
algo assim, anjo.

— Quando você fez a sua? — Eu perguntei, observando-o enquanto ele tirava


a corda, a corrente e seu cinto de cima do colchão.

— Um pouco depois que fiz dezenove? — Ele respondeu, parecendo um pouco


incerto em relação à lembrança quando caminhou para pegar seu carregador
deixado no chão por Sohyun. — Na verdade, foi perto do meu aniversário de
vinte,

— Doeu muito?

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— Eu quis enfiar as agulhas nos olhos do tatuador. — Confessou rindo, dessa
vez caminhando em direção ao banheiro. Quando chegou lá, ele gritou,
completando. — Doeu.

Eu ri sozinho, afastando a colcha enquanto esperava Jungkook voltar, e ele o


fez pouco tempo depois com a minha coleira na mão. Quando ele se sentou na
ponta da cama, ainda com a toalha enrolada ao redor do seu quadril, e puxou a
caixa para guardar minha coleira e minha guia cuidadosamente ali dentro, eu
me aproximei e o abracei pelas costas, apoiando meu queixo em seu ombro
depois de dar um beijinho em sua pele nua com cheirinho de sabonete.

— Esse é o melhor aniversário que eu já tive. — Eu disse baixinho, acariciando


sua barriga com minhas mãos pequenas. — E ainda são duas e meia da
manhã..

— Ainda bem, anjo. — Jungkook respondeu com a voz mansa, o rosto


suavemente virado em direção ao meu e esticando sua mão para poder
acariciar minha cabeça. — Eu preciso te recompensar por ter passado tanto
tempo longe.

Eu neguei, esfregando meu queixo contra seu ombro. — Não precisa me


recompensar por nada, Jungkook. Ser seu me faz feliz todos os dias

Ele sorriu, e eu fechei um pouco os olhos quando ele virou o rosto mais para
trás e beijou minha bochecha. Depois, Jungkook ficou de pé, deixou o meu
presente em cima do criado mudo e caminhou até sua mala para pegar uma de
suas calças de dormir, enquanto eu esperava ansiosamente que ele voltasse
para a cama e se deitasse comigo. Quando ele voltou, eu estiquei meus
braços, pedindo por um abraço, e tive meu pedido atendido quando ele me
deixou encaixar meu corpo ao seu ainda antes de nos deitarmos.

— Me dá carinho? — Eu pedi, já deitadinho sobre ele.

Jungkook deslizou uma mão por minhas costas e beijou minha testa antes de
me apertar ainda mais contra seu corpo e começar a fazer uma massagem
gostosa ao longo da minha coluna enquanto eu descansava minha cabeça
sobre seu peito, acariciando-o também.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Nós deixamos a porta da varanda um pouquinho aberta, a meu pedido, porque
eu gostava de sentir o cheiro e o ventinho frio do mar enquanto o som distante
das ondas rasas se quebrando acompanhavam nosso silêncio cúmplice.

Eu não sei por quanto tempo nós continuamos calados, trocando carinho, mas
eu sei que poderíamos continuar daquele jeito por muito mais tempo se não
fosse aquela dor persistente que me fez rir, talvez até de desespero, quando
percebi que não ia passar tão cedo.

— Minha bunda tá doendo... — Anunciei, ainda em meio à minha própria risada


que foi intensificada pela de Jungkook, tão espontânea. — É sério!

— Eu deveria ter ido com mais calma?

Eu apoiei minhas mãos sobre seu peito quando ergui um pouco meu rosto para
olhá-lo, negando.

— A gente ficou sete meses sem transar. Ir com calma não era uma opção... —
Contrapus num muxoxo que acabou por arrancar outra risada gostosa de
Jungkook.

— Ainda assim. — Ele disse, com os olhos escuros encontrando sua própria
mão quando ele deslizou os dedos até tocar no chupão que tinha deixado em
mim instantes antes. — Seu pescoço ficou ainda mais bonito com minhas
marcas, anjo...

Eu repuxei um sorrisinho antes de finalmente apontar para um ponto mais


acima e mais visível.

— Faz outra aqui? — Pedi, ansioso. — Eu quero que todo mundo veja que eu
sou seu.

Os olhos de Jungkook encontraram os meus por alguns segundos antes que


ele voltasse a olhar para meu pescoço, então com uma mão ele segurou minha
nuca, me puxando mais para perto, e eu suspirei fraquinho quando ele beijou
meu queixo antes de descer até o lugar tocado por meus dedos, beijando-o
devagar antes de chupá-lo com mais cuidado do que tinha feito mais cedo.
Quando soltou minha pele, ele deu um beijinho em cima da nova marca feita.

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— Ficou bonita? — Eu perguntei, risonho.

— Ficou. — Respondeu, também sorrindo com minha reação.

Eu voltei a deitar minha cabeça sobre ele, preguiçosamente, e me aninhei


melhor quando ele voltou a fazer carinho em minhas costas. Com o passar do
tempo, eu comecei a soltar mais risadinhas enquanto sentia o abdômen de
Jungkook se contrair com o toque suave das pontas dos meus dedos sobre ele.

— Sabe, — Eu comecei a falar quando percebi os pelinhos do seu braço


eriçados, sem me livrar do sorriso bobo. — eu percebi logo no começo como
meu corpo reage fácil a tudo que você faz, mas demorei pra perceber que
qualquer coisinha que eu faço também te afeta com a mesma facilidade.

Jungkook expulsou o ar pelo nariz quando riu, e eu senti seu peitoral balançar
debaixo da minha cabeça.

— Se você soubesse como me afetou desde o primeiro dia, meu bem...

Eu voltei a erguer meu rosto, dessa vez olhando-o com uma desconfiança
divertida. — Desde o primeiro dia? — Repeti, incrédulo, porque lembrava bem
de como nosso primeiro contato tinha sido desastroso. — Quer dizer, o
primeiro, primeiro mesmo? Aquele dia lá no hotel?

— Eu não consegui parar de pensar em você desde esse dia. — Jungkook


confessou, com o olhar quase nostálgico. — Você é um caminho sem volta,
Jimin.

— Você também é. — Eu acusei, no mesmo tom. — Mas tudo bem por mim.
Jimin e Jungkook pode ser um caminho sem volta. Eu não quero voltar a lugar
nenhum mesmo.

— Tem certeza? — Ele perguntou, acariciando minha bochecha. — Você não


se arrepende?

— De estar ao lado do homem mais lindo, inteligente, carinhoso e paciente do


mundo todo? Claro que não me arrependo, ora bolas.

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Ele suspirou, tenso. — Eu acho que você não consegue ver meus defeitos. As
vezes isso me assusta, porque algum dia você vai perceber e eu não sei se vai
continuar se sentindo assim quando isso acontecer.

Eu neguei, com toda a certeza que existia em mim.

— Eu vejo, Jungkook. Eu vejo você inteirinho. — Confessei, deslizando meus


dedos pela linha de sua mandíbula. — Eu sei que você é perfeccionista em
níveis alarmantes e que tem o hábito horrível de carregar a responsabilidade
de tudo em seus ombros. Também sei que por isso, às vezes, você me deixa
de fora de sua vida, tentando me poupar, e isso me magoou muito uma vez...
mas eu sei também que você se esforça todos os dias pra tentar não deixar
nada disso me magoar de novo.

Eu suspirei, porque a confissão seguinte era uma que eu gostaria de fazer há


muito tempo, mas nunca conseguia. Ali, entretanto, a necessidade venceu a
relutância, e eu finalmente falei, cabisbaixo:

— Eu só queria que você se preocupasse com você do mesmo jeito que se


preocupa comigo...

Eu percebi seu olhar vacilar debaixo do meu e então segurei seu rosto com
minhas mãos, determinado, pedindo que ele continuasse a olhar para mim, pra
perceber que eu não estava falando da boca pra fora quando segui em frente,
sem hesitação alguma,

— Mas você sempre teve paciência comigo, sempre aceitou meus defeitos e
me ajudou a melhorar cada um deles. Então eu vou fazer o mesmo por você,
agora. Eu vou cuidar de você, como você sempre fez por mim.

— Anjo... — Ele tentou começar a falar, mas eu neguei, porque ainda precisava
dizer mais uma coisa.

— Eu só preciso que você confie em mim. Eu sei que muitas vezes ajo como
uma criança e amo quando você me trata como uma, porque eu me sinto
protegido e me sinto tão livre... mas eu não sou mais um menino de dezesseis
anos, Jungkook. Eu sou seu homem, como você é o meu, e eu quero que você

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se apoie em mim quando precisar, do mesmo jeito que eu sempre vou fazer
quando precisar de você.

Depois de tanto tempo, nós já tínhamos aprendido a nos comunicar sem


precisar dizer palavra alguma. Decifrar as expressões sutis de Jungkook se
tornou algo tão natural para mim que eu não me senti incomodado com seu
silêncio, porque eu não precisava que ele colocasse em palavras o que estava
estampado em seus olhos.

Não era surpresa, ele nem mesmo estava impressionado, porque Jungkook
sempre foi a primeira pessoa a acreditar e confiar no meu amadurecimento. O
que estava tão claro, estampado nos olhos escuros que eu sempre amei tanto,
era algo mais profundo, mais bonito e muito mais significativo. Era gratidão.

Ainda sem insegurança alguma, eu aproximei minha boca de seu rosto e beijei
sua testa, demoradamente, antes de descer meus lábios e beijar também sua
pálpebra, como ele sempre fazia comigo.

— Só confia em mim, por favor — Insisti, sem me afastar. — Deixa eu cuidar


do meu homem...

Sua mão em minhas costas me pressionou com mais força e a outra, em minha
bochecha, guiou meu rosto até que minha boca estivesse próxima à sua.

— Eu confio em você como não confio em mais ninguém. — Ele finalmente


disse, baixinho, numa confissão que era só nossa.

Eu sorri, já com os olhos quase fechados, e no instante seguinte o beijei. Foi


um beijo calmo, cuidadoso e paciente como nunca foi antes. Foi sem maldade,
sem tentar fazer algo mais acontecer. Foi só a nossa forma de, mais uma vez,
conversar sem precisar dizer palavra alguma.

Sinceramente, não sei quanto mais continuamos nos beijando, mas sei que
nunca tínhamos nos tocado daquela forma por tanto, tanto tempo. Depois, nós
ainda conversamos sobre tantas coisas e os minutos passaram tão rápidos
que, quando nos demos conta, já eram quatro e pouca da manhã.

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Mesmo ainda querendo falar sobre tudo e nada com ele, por horas seguidas,
eu sabia que ele precisava descansar. A vida de Jungkook sempre foi tão
complicada, mas estava ainda mais desgastante naquele tempo, então eu
contive minha vontade de continuar falando pelos cotovelos e me estiquei
sobre o corpo dele para desligar o abajur preso à parede, logo ao seu lado da
cama.

— É melhor a gente dormir um pouquinho. — Eu avisei, beijando seu peitoral


uma última vez antes de voltar a deitar sobre ele, passando minha perna por
cima das suas, abraçando-o com todo o meu corpo. — Boa noite, Jungkook.

Eu senti seu nariz deslizar por minha cabeça antes que ele aspirasse o cheiro
do meu cabelo, para só então aceitar minha sugestão pertinente.

— Boa noite, meu bem.

Agarrado a ele, como sempre ficava nas poucas chances que tínhamos de
dormir juntos, eu percebi que Jungkook não era o único cansado, porque muito
pouco tempo depois eu mesmo cedi ao sono, prolongando-o pelas horas
seguintes sem que nada fosse capaz de me acordar, quase como se eu tivesse
me transformado numa pedra.

Quando abri os olhos pela manhã, eu percebi que tinha dormido muito menos
do que imaginava, já que o relógio ao lado da cama indicava que pouco tinha
passado das oito. Apesar de não ter aproveitado mais que quatro horas de
sono, entretanto, eu me sentia suficientemente disposto para levantar e
aproveitar o máximo possível com Jungkook, e percebi que ele sentia o mesmo
quando notei que eu estava sozinho na cama e ele já estava de pé,
organizando nossas malas que tinham ficado largadas no meio do quarto.

Eu puxei o travesseiro mais próximo e o abracei, sem me preocupar em conter


um sorrisinho enquanto observava Jungkook arrumar calmamente nossas
coisas dentro do armário em frente à cama.

— Acordar e poder ver você sempre vai ser a melhor coisa do mundo... — Eu
anunciei, baixinho, finalmente mostrando que já tinha acordado.

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Ele olhou para mim por cima do ombro, com os olhos ainda inchadinhos e
preguiçosos, e só fechou a porta espelhada do armário antes de caminhar em
minha direção e se sentar ao meu lado na cama. Sem perder tempo, eu me
arrastei até deitar a cabeça em seu colo, fechando meus olhos em satisfação
quando ele começou a fazer carinho em mim.

— Dormiu bem? — Ele perguntou, brincando com meus cabelos


despenteados.

Eu balancei minha cabeça em resposta, esticando meus braços para abraçar


sua cintura. — E você?

— Eu sempre durmo bem perto de você, anjo. — Ele disse, me fazendo conter
um grunhido de satisfação. — Eu ia sair e comprar nosso café da manhã, mas
achei melhor te levar comigo. Eu quero conhecer Jeju com você.

Eu balancei a cabeça outra vez e juntei minhas forças ainda letárgicas para me
sentar sobre o colchão enquanto coçava meus olhos, tentando expulsar o
sono.

— Posso tomar banho com você de novo? — Perguntei, olhando-o depois de


piscar demoradamente. — É pra economizar água...

Jungkook riu alto, espontâneo, e foi a coisa mais bonita do mundo vê-lo tão
natural sem suas roupas sérias, vestindo só uma calça confortável de dormir,
com o cabelo ainda bagunçado e o rosto preguiçoso enquanto ria sem precisar
se conter.

— Se é pelo meio ambiente, tudo bem. — Ele finalmente respondeu ainda


rindo e eu ri também, precisando coçar meus olhos mais uma vez

— Deixa só eu ir antes, tá? Não quero fazer xixi na sua frente.

— Achei que já tínhamos intimidade o suficiente para isso. — Jungkook


provocou, me segurando pela cintura quando eu fiquei de pé para me adiantar
até o banheiro.

-— Não, Jungkook! — Neguei, meio desesperado. — Os momentos no


banheiro não devem ser compartilhados com ninguém!
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— Então eu não posso tomar banho com você?

Eu resfoleguei baixo antes de apertar meus lábios e negar, sem jeito. — Banho
pode...

Ele riu de novo, alto, e eu quase me desequilibrei quando ele me puxou ainda
mais, mas dessa vez para beijar minha barriga por cima da blusa.

— É brincadeira, meu bem. Eu entro quando você ligar o chuveiro,

— Tá! — Concordei com sua oferta final e só me abaixei para deixar um


beijinho em sua testa antes de correr até o banheiro.

Com a porta fechada, eu comecei a desabotoar a blusa social branca e, diante


do espelho, mordi meu lábio quando vi, com satisfação, as marquinhas em meu
pescoço. As primeiras que ele tinha feito estavam mais escuras, mas também
estavam em um lugar que seria facilmente coberto por minhas roupas. A última
que foi feita a meu pedido, entretanto, estava num lugar mais visível, mas
também estava mais suave. Avermelhada, com alguns pontinhos salpicando a
manchinha discreta, e eu passei meus dedos sobre ela, apreciando-a.

Depois, quando finalmente dobrei a camiseta e a deixei sobre a bancada limpa,


eu me virei para ver também o estado da minha bunda. Por dentro ela ainda
doía, mas fora, nas nádegas, as marcas avermelhadas e dos tapas e da
mordida de Jungkook não doíam, e eu passei uns bons minutos me
contorcendo na frente do espelho, tentando vê-las melhor. Quando percebi
quanto tempo estava gastando naquilo, eu arregalei os olhos e quase senti
minha pressão cair com o desespero.

— Minha nossa senhora, Jungkook vai achar que eu tô fazendo cocô! —


Constatei baixinho, nervoso.

Apressado, eu finalmente fiz meu xixi matinal e logo depois saltei para dentro
da banheira, mas ligando o chuveiro ao invés de enchê-la. Quando ouviu o
barulho da água, Jungkook entrou no banheiro, sem fazer qualquer comentário
sobre minha demora, e eu observei em silêncio, meio oportunista, quando ele
tirou sua roupa antes de se juntar a mim.

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O banho foi rápido, embora eu não tenha perdido a chance de aproveitar
enquanto ele lavava meu cabelo, nem tenha me recusado a ensaboar suas
costas. Depois, nós escovamos os dentes juntos e só então fomos pegar
nossas roupas no armário.

Jungkook já tinha começado a se vestir quando eu finalmente escolhi o que


usaria, e gargalhei quando percebi o contraste entre as escolhas. Enquanto ele
estava vestindo uma combinação escura e séria, eu tinha optado pelo macacão
jeans que Yukwon, Taeyeon e Yuta me deram de presente e que me fez
parecer ainda mais novo junto com o casaco branco enorme que eu estava
usando por baixo e o all star amarelo.

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— O contraste é muito grande... — Eu anunciei, ainda risonho, quando olhei
para baixo, analisando minha própria roupa.

— Eu gosto do nosso contraste, meu bem. — Jungkook disse, terminando de


vestir seu pea coat preto sobre as roupas escuras.

— Eu também gosto. — Confessei, parando ao seu lado para analisar melhor,


pelo espelho, o contraste entre a sua seriedade e minhas roupas juvenis.

Ele sorriu para mim pelo reflexo e depois virou o rosto para beijar minha testa.
— Eu só vou calçar meus pés e nós já saímos.

Eu assenti, deixando que ele se afastasse para calçar seus sapatos de couro, e
só então senti falta de algo.

— Jungkook. — Eu o chamei, olhando para ele sentado na ponta da cama. —


Eu posso usar minha coleira?

— As pessoas não entendem o significado de uma coleira, anjo. — Ele


respondeu, simplesmente, e eu abaixei o olhar quando entendi aquilo como
uma negativa Entretanto, Jungkook prosseguiu. — Mas você não lembra? Além
da coleira e da sua guia, tem mais uma coisa naquela caixa.

Eu olhei para a caixa de madeira no criado mudo e voltei a olhar para ele
quando lembrei da gargantilha também de couro que estava ali dentro. Antes
que eu perguntasse qualquer coisa, entretanto, Jungkook ficou de pé e a tirou
dali de dentro antes de parar em minha frente.

— Essa é sua coleira social. — Ele explicou, envolvendo meu pescoço com a
faixa de couro discreta, com uma argolinha de metal presa ao meio, como se
fosse uma versão mais delicada da minha coleira. — Não chama tanta
atenção quanto a outra, então você pode usar sempre.

Eu toquei na peça em meu pescoço e brinquei com a argola quando Jungkook


desceu sua mão, tocando-a também, antes de completar.

— E ela sempre vai te lembrar que você é meu submisso.

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Eu fiquei pensativo por um tempo, apertando meus olhos com a dúvida: — Eu
nunca mais vou poder usar a outra? — Questionei, chateado.

— Vai, anjo. Quando estiver só comigo e quando começarmos a frequentar


lugares com outras pessoas como nós dois.

Eu concordei outra vez, mais aliviado. Não que eu não tivesse gostado daquela
que Jungkook nomeou como minha coleira social, mas eu realmente gostava
da outra, do peso do seu couro envolvendo meu pescoço e do seu significado

— Essa coleira é tão importante quanto a maior. — Ele disse, talvez


percebendo minha reação. Elas são como uma só, meu bem. E por enquanto
elas são nosso segredo, Ninguém vai saber o que isso significa, só nós dois.

Eu sorri um pouco, dessa vez.- Um segredo só nosso? — Repeti, encantado.

Jungkook balançou a cabeça num sim calmo, acariciando minhas bochechas


com seus polegares. - Só nosso.

— Eu vou usar sempre, então. Todo, todo dia!

— Você vai me deixar muito feliz se fizer isso.

Eu fiquei na ponta dos pés para dar um beijinho rápido em sua boca e anunciei,
ainda sorridente. — Tô com fome.

Jungkook riu, me abraçando pela cintura e me obrigando a caminhar de costas


quando começou a nos guiar até a porta principal do quarto, com a da varanda
já fechada.

— Meu Jimin não pode ficar com fome. — Ele disse, então, e me deu um
beijinho na ponta do nariz ainda antes de abrir a porta. — O que você quer
comer agora?

— O que você quiser! — Respondi, alegre, me afastando quando ele me soltou


para passarmos para o lado de fora.

— Vamos procurar um lugar aqui perto, então.

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Eu concordei, enérgico, e uni nossas mãos, puxando-o por todo o caminho até
chegarmos à recepção. Como sempre, eu estava tagarelando sobre alguma
coisa sem muita relevância, mas senti meu ânimo murchar completamente
quando meus olhos encontraram Sohyun, a mulher do quarto ao lado do nosso.

Constrangido com a lembrança da noite anterior, embora não arrependido, eu


abaixei meu rosto e puxei Jungkook com mais afinco, determinado a sair do
hotel sem ser visto por ela. Entretanto, meu desejo foi completamente frustrado
quando eu ouvi um murmúrio surpreso e o reflexo foi mais rápido, me fazendo
levantar a cabeça outra vez e, consequentemente, nossos olhares se
cruzaram.

— O que foi? — O homem ao lado de Sohyun questionou, confuso, ao


perceber como o rosto dela estava completamente vermelho, talvez até mais
que o meu.

— Eu, hm... — Ela quase gaguejou, tentando sorrir. — Foram eles que me
emprestaram o carregador...

O homem olhou em nossa direção, com meus pés já estancados no mesmo


lugar, e eu me encolhi todo contra o braço de Jungkook quando ele sorriu
educadamente, acho que em agradecimento, antes de se aproximar.

— Ela disse que foi no quarto ao lado, de madrugada, pedir um carregador


para o celular.— Ele disse, como se estivesse se desculpando, e Sohyun se
agarrou ao braço dele exatamente como eu estava fazendo com Jungkook. -
Perdoem o inconveniente, por favor

— Não se preocupe com isso. Sohyun explicou a situação. — Jungkook


respondeu com a mesma polidez e um sorriso simpático no rosto, enquanto eu
e Sohyun quase virávamos tomates de tão vermelhos. — Espero que não
tenhamos causado nenhum incômodo, também. — Insistiu, dessa vez olhando
discretamente para a mulher.

Ela abaixou o olhar, tímida, e eu me surpreendi quando vi seu balançar de


cabeça para os lados, fraco, mas parecendo sincero.

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— Não incomodaram... — Ela confessou, então, apesar de alguma confusão
estampada no rosto do seu marido.

Depois, ela olhou para mim e eu senti meu rosto esquentar ainda mais. Em
resposta, ela também pareceu ficar mais vermelha e eu instintivamente
escondi minha cabeça contra o braço de Jungkook.

— Nós precisamos ir. — Ele disse, então, diante da minha reação


envergonhada. — Tenham um bom dia.

Os outros dois se despediram brevemente e eu só acenei, ainda sem muita


coragem de levantar o rosto até que estivéssemos fora do hotel, devidamente
distante deles. Quando esse momento chegou, eu bati simultaneamente nas
minhas bochechas e olhei para Jungkook, um pouco impressionado.

— Isso foi muito constrangedor. — Soltei num muxoxo junto a uma risada. —
Como você conseguiu agir tão naturalmente? Quer dizer, ela viu a gente
transando há umas poucas horas...

— Não é a primeira vez que algo assim acontece. — Ele confessou, sem
perder a naturalidade no tom quando voltou a entrelaçar sua mão à minha, me
puxando para que seguíssemos andando.

Apesar de um pouco afetado pela menção sutil das experiências de Jungkook


antes de mim, eu só concordei, silenciosamente, antes de me retrair em uma
bolha pensativa.

Eu estava confuso com minhas próprias reações. A despeito de todo o


constrangimento ao encontrar Sohyun depois de sermos vistos por ela, eu não
me sentia impulsionado a me arrepender do que aconteceu.

Durante o café, depois de escolhermos um lugar ali perto, eu me mantive


silencioso, ainda pensativo enquanto comia os pedaços de pajeon? na porção
que tínhamos pedido.

— Você não quer me dizer por que ficou tão calado de repente? — Jungkook
perguntou com a voz calma, sentado ao meu lado, enquanto usava um
guardanapo para limpar o cantinho da minha boca.

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Eu olhei para ele, terminando de mastigar o último pedaço de panqueca em
minha boca e forçando-o garganta abaixo quando aproveitei a oportunidade
para tentar me livrar daquela dúvida.

— É porque... — Eu comecei, ainda sem jeito, mas me sentindo mais tranquilo


com o olhar calmo e atento de Jungkook enquanto sua mão acariciava minha
bochecha, sem me

pressionar a falar de uma vez. — Aquilo que aconteceu com a Sohyun... eu


não entendi por que... por que gostei... É meio estranho...

Jungkook sorriu calmo, compreensivo.

— É por isso? — Ele questionou, dessa vez fazendo carinho em minha nuca. -
Você já ouviu falar em voyeurismo?

Eu balancei a cabeça para cima e para baixo, porque já tinha me deparado


com o termo em algumas das conversas com Yukwon, que se afirmava um
voyeur fervoroso.

— É quem gosta de assistir outras pessoas, né?

— Isso, meu bem. E do mesmo jeito que algumas pessoas gostam de


observar, outras gostam quando são observadas. — Ele explicou, calmo. — O
nome disso é exibicionismo, e é como o oposto do voyeurismo. Eu me descobri
exibicionista há muitos anos, e você está descobrindo isso agora.

— Eu sou exibicionista? — Insisti, com as ideias mais claras. — E se eu gostar


de assistir também?

— Não é impossível. Eu fiquei em dúvida sobre isso durante muito tempo, em


relação a você. — Jungkook confessou. — Lembra quando nos conhecemos?
Você ficou algum tempo me espionando, então eu pressupus que você tinha
um quê de voyeur. Quando nós nos encontramos depois, no meu aniversário,
você fez exatamente o que eu tinha feito naquela primeira noite e tirou sua
blusa para mostrar seu corpo como um presente. Eu não soube se você tinha
feito isso porque também tinha fetiche em se exibir ou porque queria retribuir o
que sentiu quando me viu fazer o mesmo. Você gostou de me observar, então

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talvez tenha pensado que eu gostaria de te observar também e quis me
agradar assim. Eu pensei nisso durante muito tempo. Hoje, acho que foi um
pouco dos dois.

Eu ouvi seu relato com atenção, até um pouco impressionado. — Então eu sou
voyeur e exibicionista?- Questionei, surpreso. — Acho que eu sou mais safado
que você...

Jungkook gargalhou tão alto que acabou ficando envergonhado e escondeu


seu rosto em meu ombro, o que me fez rir também.

Quando seu riso perdeu força, ele respirou devagar, tentando se recompor. -
Isso é o que eu acho, anjo. Talvez eu esteia errado. por isso é importante que
você se conheça também. Eu disse ontem que nossa relação deve ser
prazerosa para nós dois, na mesma intensidade, então você precisa saber se
realmente sente prazer em ser observado ou se aceitou isso para me agradar.
Se for a segunda opção, eu vou precisar me esforçar para deixar esse fetiche
de lado e respeitar os seus limites.

Eu concordei, dessa vez mais seguro. Mas eu realmente gostei, Jungkook. Eu


só fiquei um pouco assustado por ter gostado...

— Se descobrir é uma das coisas mais prazerosas da vida, Jimin. Você não
precisa se assustar com isso.

— Eu estou menos confuso agora. — Confessei com uma risadinha, esticando


meus braços para abraçá-lo pelo ombro e deixar um monte de beijinhos na sua
bochecha. — Eu já disse que você é o melhor professor que existe?

— Já. Mas pode repetir. — Ele disse em tom de brincadeira. — E pode


conversar comigo quando tiver dúvidas assim. Eu não vou saber esclarecer
todas, mas nós podemos descobrir juntos também.

Eu assenti, sorridente. — Obrigado, Jungkook.

— Não precisa agradecer. — Respondeu, acariciando minha coxa. — Você


quer comer alguma sobremesa antes de irmos embora?

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Eu olhei para o balcão no fundo do restaurante, não muito longe, onde vários
tipos de doces estavam exibidos numa vitrine, e mordi meu lábio antes de
balançar a cabeça num sim, com um sorriso travesso.

— Posso ir lá no balcão escolher? — Perguntei, esperançoso, e recebi a


permissão junto com um beijo na testa.

— Pode.

Eu levantei quase num pulo, sorrindo ainda mais quando comecei a caminhar
apressado em direção ao balcão. Um senhor detrás da bancada parecia
receber os pedidos feitos ali e eu o cumprimentei, animado, antes de me curvar
para ver melhor as opções. Eu estranhei um pouco não receber nem um bom
dia em resposta, mas o verdadeiro incômodo só tomou conta de mim quando
eu voltei a erguer meu rosto para finalmente fazer o pedido e vi a forma como
ele me olhava.

Eu recuei um pouco, instintivamente, acuado. — Tudo bem? — Perguntei, um


pouco sem jeito.

O homem negou com a cabeça, como se reprovasse minha pergunta, antes de


questionar em tom completamente hostil: — Você não tem vergonha de ficar se
esfregando em outro homem daquele jeito?

— Me... me esfregando? — Eu repeti, completamente atordoado, porque não


tinha feito mais que abraçar e dar alguns beijos inocentes na bochecha de
Jungkook. — Mas a gente não fez nada, moço...

Ele negou novamente, com a expressão ainda mais fechada, e o nojo em seu
olhar me fez sentir ainda pior. — O mundo está perdido mesmo, mas esse
restaurante ainda é um lugar decente, então vá fazer suas libertinagens longe
daqui.

Eu quis retrucar e reafirmar que não tinha feito nada de errado, mas a
vergonha que tomou conta de mim ao ser olhado daquela forma me fez recuar
completamente e então só me calei e, com o rosto abaixado, completamente
derrotado, voltei até a mesa onde Jungkook ainda estava me esperando.

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— Não tem nada que eu queira. — Menti, puxando-o pela manga do seu
casaco, desesperado para sair dali. — Vamos embora. — Eu senti a relutância
do corpo de Jungkook, então o puxei com mais afinco. — Vamos logo, por
favor.

Em resposta, Jungkook apertou minha mão, me segurando no mesmo lugar. —


O que foi, anjo?

Eu neguei, abaixando ainda mais meu rosto para não deixar Jungkook ver
como meus olhos estavam vermelhos. — Eu vou te esperar lá fora. —
Anunciei, então, soltando-o para tentar me afastar, mas ele foi mais rápido e
me segurou pelo braço com firmeza, mas cuidado, quando ficou de pé.

— Jimin, o que aconteceu?

— Por favor, Jungkook. — Eu insisti pela terceira vez, segurando sua mão para
forçá-la a me soltar, e repeti: — Eu vou esperar lá fora.

Dessa vez, ele não tentou me impedir, e eu cortei todo o caminho até a saída
do restaurante sem coragem de levantar o rosto. Parte de mim se recusava a
dizer o que tinha acontecido por vergonha, enquanto a outra queria poupar
Jungkook de se sentir mal como eu me senti com aquilo.

Pouco tempo depois, ele também saiu do restaurante, parecendo apressado


enquanto guardava o recibo do pagamento de qualquer jeito, coisa que nunca
fazia. Jungkook sempre foi extremamente organizado e todas as suas notas
fiscais eram guardadas cuidadosamente, exceto por essa vez.

— Anjo... — Ele me chamou, preocupado, quando me viu parado na calçada,


num lugar fora do campo de visão de quem estava dentro do restaurante.

Eu olhei para ele, angustiado, e não relutei quando ele me segurou pelos
braços e me puxou, me abraçando bem apertado.

— Aquele homem te disse alguma coisa? — Ele perguntou, aflito, ainda sem
entender minha mudança brusca de humor.

Cabisbaixo, eu apertei sua blusa entre meus dedos, escondendo meu rosto
contra seu pescoço. Ainda que tocá-lo daquela forma tivesse sido o motivo de
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um comentário tão maldoso, o abraço de Jungkook ainda era meu porto
seguro, por isso fui incapaz de afastá-lo.

— Eu não consigo me acostumar... — Eu confessei, sentindo seu abraço se


tornar ainda mais forte. — Depois do que Taeil fez comigo, eu achei que
conseguiria aguentar qualquer tipo de maldade, mas eu não aguento nem ouvir
os comentários de um desconhecido...

— Ei, — Jungkook me chamou, com alguma seriedade por trás da mansidão.


— você não precisa se acostumar com a maldade de ninguém. Pessoas assim
é que precisam aprender a respeitar os outros, meu bem.

Eu fechei meus olhos com força, ainda afetado demais para conseguir afetar
meu rosto de seu pescoço.

— O que ele te disse? — Jungkook insistiu, sério.

Depois de tempo demais sem dar uma resposta, eu neguei com a cabeça e
finalmente juntei minhas forças para me afastar um pouco. — Deixa isso pra
lá...

— Eu não vou deixar ninguém te magoar desse jeito sem fazer nada, Jimin. —
Retrucou, incisivo.

— Eu prefiro não pensar mais nisso... — Insisti. — Não quero deixar uma coisa
pequena estragar nossa viagem, então só... SÓ vamos esquecer e aproveitar,
por favor... Nós temos tão pouco tempo, Jungkook...

Ele passou a mão pela testa, visivelmente contrariado. Entretanto, eu consegui


convencê-lo quando o puxei fraquinho para longe daquele restaurante, certo de
que não me faria bem algum insistir naquilo. Conformismo ou não, eu tinha
consciência de que nada adiantava tentar dialogar com aquele senhor.

Caminhando lado a lado, nós dois em silêncio, eu percebi que, por mais que
tenha tentado evitar, aquela situação afetou Jungkook também.

— Pra onde a gente tá indo? — Eu perguntei, tentando dar fim ao silêncio.

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Jungkook parou de andar aos poucos, olhando ao redor e parecendo tão
perdido quanto eu. Eu estava prestes a sugerir que voltássemos para o hotel,
mas então ele pareceu se atentar a um mapa ilustrado da ilha, plotado no
fundo de um ponto de ônibus, e seus olhos recaíram em um dos pontos
coloridos antes que ele segurasse minha mão, me puxando para que
voltássemos a andar.

— Jungkook? — Eu o chamei, um pouco confuso, quando ele deu sinal para


um táxi na avenida e abriu a porta para que eu entrasse primeiro.

— Nós vamos para Seongsan Ilchulbonga. — Ele disse, nem sei se para mim
ou se para o motorista.

— Seongsan? — Eu repeti, ainda meio perdido, quando o táxi começou a se


mover. Então, depois de buscar na memória, eu finalmente lembrei e arregalei
os olhos, empolgado: — Aquele lugar bem altão? — Questionei, gesticulando
com as mãos.

— Sim, meu bem. — Ele respondeu, se inclinando para beijar minha testa. —
Você disse que quer aproveitar nossa viagem, então vamos fazer isso.

Eu sorri, balançando a cabeça para cima e para baixo. — Tá bom!

Ele também sorriu para mim e eu mordi meu lábio, ansioso, quando deitei a
cabeça em seu ombro, vez ou outra levantando para poder ver as ruas de Jeju.
Depois de passarmos alguns minutos dentro do carro, então, nós descemos no
estacionamento do Seongsan e depois de pagarmos nossas entradas e de
recebermos instruções sobre a subida e descida, nós nos dirigimos à trilha que
nos levaria ao topo do pico.

A primeira parte do caminho era plana, por uma trilha de pedra ladeada por
cerquinhas de madeira, e tudo que se podia ver ao redor era verde e o mar ao
longe. Eu sorri, encantado com tudo que se estendia diante dos nossos olhos,
porque era a primeira vez que via algo como aquilo, de perto.

— É tão bonito... — Eu disse, sorrindo como um bobo para o pico verde e


enorme à nossa frente.

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— A vista lá de cima deve ser ainda mais bonita. — Jungkook contrapôs, sem
soltar minha mão enquanto andávamos até o início da segunda parte do
caminho, que era uma escadaria gigante que se dobrava ao longo do pico.

Eu parei ainda antes de pisar no primeiro degrau e ri, sem jeito. — Mas até
chegar lá deve cansar um tantão, né?

— Quer que eu te carregue? — Ele perguntou e eu neguei na mesma hora,


rindo.

Outono não é uma época de tantos turistas, então não tinha tanta gente ao
nosso redor. Ainda assim, seria constrangedor. — Vai ficar todo mundo
olhando.

— E vão ficar com inveja porque não estão sendo carregados também. —
Rebateu, com um sorriso meio sacana, e eu recuei com um passo, assustado,
quando ele começou a tirar seu casaco grosso.

— Jungkook... — Eu o chamei em tom de represália, mesmo rindo, quando ele


quase jogou o agasalho dobrado em mim e eu o segurei em reflexo. Quando
confirmei o que ele iria fazer, eu tentei correr, mas ele foi mais rápido e me
segurou antes de passar um braço por minhas pernas e outro por meu ombro,
me levantando do chão sem muita dificuldade para me carregar junto ao seu
corpo. — Jungkook! — Eu perdi o controle sobre a altura da minha voz e quase
gritei no meio de uma risada alta, me debatendo para tentar descer.

Em resposta, ele deu uma alavancada suave no meu corpo, tentando me


carregar com mais equilíbrio, e eu cobri meu rosto com seu casaco enquanto
ria, sem conseguir parar.

— Vai ser tranquilo — Ele disse, começando a subir os degraus. — São só


noventa metros. Para cima.

Eu ri ainda mais, empurrando o casaco contra seu peito antes de dar uns
soquinhos fracos.

— Eu não vou reclamar de novo! — Prometi, quase sem ar. — Me bota no


chão, Jungkook, tá todo mundo olhando!

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— Eu realmente não me importo. — Ele respondeu, também rindo, sem parar
de subir degrau por degrau.

— A gente vai cair e vai morrer! — Dramatizei. — Eu sou tão novo pra morrer,
meu deus, só transei duas vezes... não é justo partir agora!

Jungkook pareceu perder a força quando gargalhou com meu exagero, e eu


precisei lutar para encontrar o equilíbrio quando fui colocado no chão, um
degrau acima do que ele estava.

— Finalmente um argumento convincente. — Ele disse ainda sem parar de rir,


e eu dei mais uns soquinhos em seu peito, acompanhando-o na risada.

— Jungkook pabo!

Ele me segurou pela nuca, com cuidado, e eu não consegui parar de rir nem
mesmo quando ele uniu sua boca à minha num beijo rápido e despretensioso.

— É melhor assim. — Jungkook disse, se referindo ao meu sorriso enorme, tão


diferente da minha expressão cabisbaixa quando saímos do restaurante.

Eu abri minhas mãos fechadas sobre seu peito, segurando-o pela camisa, e
retribuí seu beijo.

— Obrigado... — Eu disse baixinho, sinceramente. — Por ser o melhor


namorado que existe...

Jungkook negou, como se dissesse que aquilo não era nada demais.
Entretanto, o sorriso que permaneceu no meu rosto mesmo depois de subir
todos aqueles degraus só estava no meu rosto por causa dele.

Lá de cima, a vista era incrível. Dava pra ver toda a ilha e o mar ao redor, com
as oscilações de cores e o movimento que, de longe, parecia tão calmo.
Enquanto apreciávamos tudo aquilo, nós ficamos calados, sentindo o frio um
pouco mais intenso, mas sem reclamar enquanto dividíamos o seu casaco da
forma que foi possível, tentando nos esquentar juntos.

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Depois, nós tiramos fotos da vista para que eu pudesse mostrar para meus
pais e para meus amigos, e também tiramos várias fotos nossas com aquele
lugar lindo ao fundo, para deixar aquele momento sempre guardado.

Quando descemos todo o caminho de volta, eu já estava completamente


alegre, tagarela e enérgico outra vez, como se aquele momento ruim no
restaurante nunca tivesse acontecido. No fim, o carinho, a dedicação e a
paciência de Jungkook se mostraram muito maiores que a maldade e
intolerância dos outros, e isso me deixou feliz.

Nós ainda passamos numa loja de souvenires e eu comprei alguns presentes


para levar para Nam-gu. Eram só algumas miniaturas artesanais do Seongsan,
mas eu quis levar uma para todo mundo que importava para mim, assim todos
eles podiam ter um pedaço de um dia que foi tão especial.

— A gente vai almoçar agora? — Eu perguntei, esperançoso, quando já


estávamos no táxi para voltar para o centro da ilha.

— Você já está com fome? — Jungkook retrucou, um pouco surpreso.

— Subir aquilo tudo gasta muita energia, poxa. — Confessei, envergonhado.

— Tudo bem. — Ele cedeu, risonho. — Acho que você ainda está em fase de
crescimento.

Eu sorri, vitorioso. — E o que a gente vai comer? Será que tem algum lugar
perto do hotel que vende kimbap? Me deu vontade de comer um daqueles
triangulares...

— Desculpem a intromissão, — o taxista disse, nos olhando pelo retrovisor


enquanto se dirigia ao nosso hotel. — mas no mercado tem uma barraca que
vende o melhor kimbap de Jeju. Todos são feitos com peixe fresco. É um lugar
bem simples, mas os turistas costumam gostar bastante.

— A gente pode ir? — Perguntei, ansioso.

Eu não tinha a menor pretensão de ir em algum restaurante caro, então não me


importava em comprar nosso almoço no mercado ou qualquer coisa assim.

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— Claro, anjo. — Jungkook respondeu, sem hesitar. — O senhor pode nos
deixar lá?

— Sem problema. — O taxista respondeu, simpático, antes de fazer o desvio


no caminho que nos levaria até o mercado da ilha.

Antes de descermos do carro, ele foi atencioso em explicar como poderíamos


encontrar a barraca do kimbap, além de recomendar algumas outras que
vendiam produtos típicos de Jeju.

— A senhora me dá mais um de atum? — Eu pedi para uma das mulheres que


estavam atendendo, depois de comer o primeiro.

Jungkook já estava no segundo, sentado no banquinho de plástico ao meu


lado. Como o motorista do táxi tinha dito, era um lugar bem simples, sem
mesas, com todos os bancos dispostos diante de um balcão estreito.
Entretanto, o kimbap era o melhor que eu já tinha comido, e tinha algo de
aconchegante na simplicidade do local.

De todos os lados, outras barracas vendiam diversas outras coisas, e isso me


fez sentir ainda mais próximo da realidade de Jeju, muito mais do que me
sentiria se estivesse dentro de um restaurante caro.

— Eu gostei daqui. — Eu confessei para Jungkook, depois de agradecer à


senhora quando recebi o meu segundo kimbap triangular.

— Eu também. — Ele disse, com um sorriso pequeno. — Vamos ver as outras


barracas depois, tudo bem?

Eu concordei, empolgado. — A gente pode ir naquela de destilados? —


Perguntei, me referindo a uma das lojinhas citadas pelo taxista. — Eu nunca
bebi com você...

— Eu não tenho muita resistência a álcool, — Jungkook admitiu, risonho. Mas


nós podemos comprar e levar para beber no hotel. Acho mais seguro.

— Você é o tipo de bêbado descontrolado? — Questionei, risonho, antes de


anunciar orgulhosamente: — Eu até que sou bem resistente.

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— Você não deveria saber isso, já que acabou de fazer dezenove anos. —
Provocou, com as sobrancelhas levemente arqueadas.

— Eu sou um fora da lei. — Disse em tom de segredo, antes de completar. —


E sou amigo do Yukwon... bebo desde os dezesseis.

Jungkook riu, embora parecesse tentar se conter para não sustentar um


comportamento como aquele.

Depois de terminarmos de comer, então, nós andamos pelo mercado vendo


todas as barraquinhas que vendiam coisas diferentes, até compramos
algumas, tiramos mais algumas fotos e, por fim, eu o convenci a ir até a
barraca de destilados comigo.

— Eu quero provar essa de batata doce. — Eu disse para a vendedora da


barraca, apontando para uma das garrafas de destilado. — Você quer provar
alguma antes de escolher, Jungkook?

— Eu tomo o que você tomar. — Ele respondeu, olhando ao redor, parecendo


procurar algo. — Eu esqueci uma coisa. — Ele disse, então, abrindo a carteira
para tirar algumas notas dali de dentro e entregando-as para mim, que aceitei
sem entender muito bem. — Compre as bebidas e me encontre na entrada do
mercado, certo?

— Mas onde você vai? — Eu perguntei, curioso e um pouco confuso.

— Não vou longe. — Foi o que ele respondeu, me dando um beijo na testa
antes de se afastar.

Eu continuei olhando-o, curioso, antes de ter minha atenção atraída para a


vendedora, que me ofereceu a dose de degustação. Depois de provar mais
algumas, eu finalmente escolhi levar um destilado de batata doce e outro de
arroz com uvas verdes.

Com as bebidas embaladas e as outras compras nas mãos, então, eu segui até
a entrada do mercado, como pedido por Jungkook, e me encostei ao lado de
uma banca de revistas, esperando-o. Como ele demorou um pouco, eu acabei

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
passando o tempo lendo as manchetes das revistas, até encontrar uma de
celebridades.

Na capa, estava estampado o rosto bonito de um modelo coreano, logo ao lado


de um pequeno texto que eu li, levado por nada além da curiosidade.

"Kim Taehyung, o rosto que ganhou fama nas passarelas internacionais, fala
sobre seus planos de voltar para a Coreia do Sul e muito mais! Veja a
entrevista completa na página 15."

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu perdi algum tempo olhando o rosto do moço, porque ele era muito bonito
mesmo, parecia ter sido esculpido, e por um segundo senti um pouco de inveja.

Entretanto, meu pequeno lapso durou apenas um segundo, porque logo depois
Jungkook finalmente apareceu, chamando minha atenção.

— Nós podemos ir agora. — Ele disse, e eu não consegui impedir meus olhos
de caírem na sacola que ele tinha em mãos.

— O que você comprou? — Eu perguntei, tomado pela curiosidade outra vez.

— Você vê quando chegarmos no quarto. — Respondeu, misterioso, me


puxando pela mão para que começássemos a andar.

Como o hotel não era longe, nós fomos andando por todo o caminho de volta, e
eu suspirei aliviado quando deixei as compras em cima da cama, finalmente
podendo liberar minhas mãos, mas sem me afastar da sacola de bebidas.

— Você quer começar pela de batata doce ou pela de arroz? — Questionei,


ansioso para beber com Jungkook pela primeira vez.

— Arroz. — Ele disse quando se sentou num espaço livre do colchão e


gesticulou para que eu me aproximasse. — Vem aqui. — Eu fui, com a garrafa
da bebida nas mãos, e me sentei na frente de Jungkook quando assim ele
indicou. — É pra você. — Anunciou, então, quando colocou a sacola com suas
últimas compras em meu colo.

Eu sorri, empolgado e curioso para finalmente saber o que ele tinha comprado,
e dei vários pulinhos de comemoração, ainda sentado na cama, quando vi que
eram vários doces diferentes.

— Você não comeu sua sobremesa no café da manhã, então eu pensei em


compensar agora.

— Ele explicou, me fazendo sorrir ainda mais.

— Obrigado, Jungkook! — Eu disse, sincero, quando me lancei em um abraço.


Depois, com a mesma rapidez, eu me afastei, começando a colocar as
bandejinhas de plástico sobre o colchão, sem conseguir escolher um doce para

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
comer primeiro. — Todos parecem tão gostosos, não sei por onde começar...
— Choraminguei, indeciso.

Ele alertou,

— Não coma todos de uma vez. rindo da minha reação.

— Não vou prometer nada.

Jungkook negou, risonho, antes de beber um primeiro gole da bebida de arroz


e uva. Eu também comi um dos primeiros bombons, quase chorando quando
senti o chocolate se desfazer na minha boca.

— Esse bombom só não é mais gostoso que você. — Eu anunciei, ainda me


desfazendo em gemidinhos de satisfação.

Dali em diante, eu continuei comendo os doces, descobrindo que era um mais


gostoso que o outro, enquanto dividia a bebida com Jungkook. No começo,
nossas risadas enquanto conversávamos eram baixas, mas eu rolei na cama,
sem ar de tanto rir, quando Jungkook se levantou para ir ao banheiro e
tropeçou feio, já meio tonto depois de terminarmos a primeira garrafa.

Depois, nós rimos também das fotos que tiramos ao longo do dia, vendo que
algumas tinham ficado realmente ruins.

— Meu deus, olha essa que horror! — Eu arregalei meus olhos diante de uma
foto minha que Jungkook tinha tirado sem que eu soubesse.

— Ficou linda. — Contrariou, arrancando o celular da minha mão quando eu


tentei apagar a foto.

— Jungkook, tá muito feia! Olha como minha boca ficou esquisita!

— Essa boca nunca fica esquisita. É a boca mais bonita que eu já vi. — Ele
disse, quase como se me repreendesse com os olhinhos preguiçosos pelo
álcool e as bochechas vermelhinhas pelo mesmo motivo.

— Isso só é possível se você nunca tiver olhado pra sua boca. — Eu rebati,
inconformado.

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Jungkook negou sem muita força, deitando ao meu lado. — Você é todo
perfeito. — Ele apontou, olhando para mim. — Olha esse rosto, Jimin. Olha
esse nariz! É tão lindo que me deixa triste.

Eu o olhei em silêncio por um segundo, antes de explodir em uma risada mais


alta que todas as outras.

— Você já tá tão bêbado assim?- Eu perguntei, já sabendo a resposta.

Ele massageou as têmporas, rindo fraco. — Talvez.

— Chega de álcool pra você, então. — Eu disse, dando um beijinho no nariz


dele antes de me esticar para pegar a garrafa e colocá-la no criado mudo.
Antes que eu me afastasse e voltasse à posição anterior, Jungkook me
abraçou pela cintura, me segurando com o corpo sobre o seu.

Eu o olhei um pouco surpreso, mas sem reprovar seu gesto.

— O que foi? — Perguntei baixinho, olhando-o com atenção, quando percebi


que seu rosto tinha perdido a feição bem humorada, pouco a pouco.

— Eu não quero perder você, Jimin.

— Mas você não vai me perder. — Eu disse, até rindo um pouco porque aquela
preocupação era infundada.

— Eu não paro de me perguntar quanto você ainda vai aguentar. — Jungkook


explicou, sério, quase como se não estivesse bêbado. — Quanto da distância,
quanto da minha falta de tempo...

— Você não precisa se preocupar com isso. — Eu tentei tranquilizá-lo. — As


coisas vão melhorar e nós não vamos mais precisar ficar tanto tempo longe um
do outro. Até lá eu vou aguentar, Jungkook.

— E se não melhorarem? — Ele contrapôs. — Se meu pai não sair daquele


hospital e tudo piorar?

— Não pensa assim. — Pedi, angustiado. — Seu pai vai ficar bem. E se as
coisas piorarem, eu vou continuar aqui por você. Eu não vou desistir de nós
dois.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele passou a mão pela testa, parecendo ainda mais incomodado com minha
resposta.

— E se não desistir de nós dois significar desistir da sua felicidade? — Ele


perguntou, então.

— O que? — Eu perguntei, tenso.

— Se você insistir em nós dois, mesmo que não te faça bem... — Ele parou,
antes de completar: — Eu não quero perder você, Jimin, mas se isso
acontecer, eu vou precisar te deixar.

[1] Pajeon é um tipo de panqueca coreana 100

[2] Seongsan Ilchulbong é um dos pontos turísticos de Jeju, também


chamado de Sunrise peak

[3] Acredito que todos saibam o que é kimbap, mas por desencargo de
consciência, é aquele "sushi" coreano. O que eles comeram nesse
capítulo é um que vem em formato triangular, como um sanduíche, onde
o arroz é o "pão", o recheio é colocado dentro dele e por fora são
envolvidos com alga.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Oi?): acho que esse capítulo ficou extremamente cansativo): me desculpem por
isso. Eu até tirei algumas coisas que deveriam acontecer nele pra não ficar tão
maçante, mas nem isso deu jeito

como já parecia extremamente longo e cansativo, no meu ponto de vista, eu


precisei terminar aí. sei que é maldade, mas eu realmente estava
desconfortável com o andamento dessa att mas pra não dizer que eu sou ruim,
vou dar spoiler: o próximo capítulo vai trazer uma pequena mudança na história

ainda sobre isso, eu ando com a impressão de que esses capítulos enormes
são um pouco inconvenientes, talvez vocês fiquem cansados na metade da
leitura e tenham que fazer várias pausas até conseguir chegar ao final, não sei,
eu sei que os capítulos-bíblia são a marca registrada de sub, mas talvez seja
melhor mudar isso): como pra mim não faz muita diferença (eu só vou precisar
reorganizar a divisão dos capítulos mesmo), eu vou deixar essa decisão pra
vocês, então comentem abaixo no que acharem melhor, por favor:

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
27 • Counterpoise
Dedicado a whyparkjimin

Eu me afastei um pouco de Jungkook, voltando a sentar sobre a cama com a


tontura provocada pelo álcool dessa vez intensificada por sua mudança brusca
de humor e sua previsão pessimista.

— Você é o tipo de bêbado chato. — Eu acusei, tentando soar bem humorado


para não prolongar aquele assunto. — Vou lembrar de nunca mais te dar
álcool.

— Eu não falei isso por causa da bebida, Jimin. — Jungkook contrapôs ainda
com a voz arrastada.

Sua expressão, por outro lado, eu não consegui avaliar porque estive
concentrado arrumando a cama só para me ocupar com algo além daquela
conversa, tentando não evidenciar que, no fundo, eu estava assustado.

Não foi a primeira vez que ele me disse coisas como essa. Eu me lembro bem
de termos uma conversa semelhante mais de um ano antes, um dia depois do
meu aniversário de dezoito, num dos quartos do hotel dos meus pais. Jungkook
me fez prometer que eu seria sincero e o deixaria saber caso nossa relação,
em algum momento, deixasse de me fazer bem.

Nessa vez, ele disse que não desistiria de mim. Ele disse que se esforçaria
cada vez mais para me fazer feliz. O que me assusta, agora, é ouvir ele dizer o
contrário.

Ele realmente teria coragem de me deixar se, sozinho, chegasse à conclusão


de que isso seria o melhor para mim?

— Não importa se você falou por causa da bebida ou não. Essa conversa é
chata. — Eu finalmente disse, mexendo sem parar nas coisas que coloquei
sobre o criado mudo, só para não precisar olhar para ele enquanto fingia
arrumá-las.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele suspirou e eu percebi seus movimentos quando se sentou, passando as
mãos pelo rosto, ainda empacotado em várias peças de roupa e com as
bochechas avermelhadas.

— Você foi compreensivo com tudo que eu te expliquei ontem e hoje, anjo.
Tente ser compreensivo agora também.

— Eu vou entrar em contradição se entender o que você me explicou ontem e


aceitar isso que você acabou de me dizer. — Confessei, irritado. — Ontem
você me disse que o poder que você tem sobre mim é o que eu estou disposto
a te deixar ter, mas agora você tá querendo controlar mais do que eu vou
permitir, porque eu nunca te dei o direito de decidir a forma como eu me sinto.
Se um dia estar com você me fizer mal, a única pessoa que pode dizer isso
com certeza sou eu, então a decisão de te deixar é minha, não sua.

Jungkook me olhou em silêncio, parecendo incerto sobre insistir naquela


conversa ou não, e eu voltei a me sentar na cama, sem perder tempo antes de
pegar mais um bombom e enfiá-lo inteiro na boca, emburrado.

— Você me deixou irritado agora. — Eu anunciei, com a boca cheia de


chocolate.

Jungkook então riu, passando as mãos pelo rosto outra vez antes de se
arrastar sobre o colchão e parar bem em minha frente, me puxando pelos
braços até que meu corpo estivesse contra o seu.

— Eu só quero o melhor para você. Você sabe disso, não é? — Ele perguntou,
acariciando minha cabeça quando eu a encostei em seu ombro.

— Eu sei. — Cedi, acariciando suas costas quando o abracei de volta. — Mas


deixa de ser bobo e para de pensar essas coisas. Tá?

Jungkook suspirou fraquinho, sem me dar qualquer resposta além de um beijo


na lateral da cabeça.

Meu erro foi acreditar, com isso, que ele tinha cedido e aceitado meu pedido,
quando só estava desistindo de discutir comigo naquele momento.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
A verdade é que ele estava inseguro em relação a tudo na sua vida. Com toda
a responsabilidade que repentinamente caiu em suas mãos depois da evolução
agressiva da doença de seu pai, Jungkook parecia perdido, às vezes, e
constantemente com medo de deixar tudo isso me afetar.

Ainda que quisesse eventualmente assumir aquele cargo e tenha se preparado


a vida toda para isso, ele só tinha vinte e quatro anos, e era óbvio que não se
sentia pronto para ocupar o lugar que foi de seu pai por tanto tempo, e deveria
continuar sendo por muito mais.

No fundo, vê-lo se sacrificando dessa forma me doía, sim, mas que diferença
faria se eu fosse obrigado a me afastar dele? Que bem faria ao meu coração
ter que deixá-lo por estar em uma situação difícil? Como algum dia eu poderia
finalmente ter a coragem de dizer que o amava se virasse as costas para ele?

Por isso, minha decisão já estava tomada. Eu não o deixaria, não importava
quão complicadas as coisas viessem a se tornar, porque eu passei a ter a
confiança de que, comigo ao seu lado, Jungkook seria capaz de suportar e
superar tudo isso.

Mesmo parecendo frágil, eu seria seu ponto de força, como ele sempre foi o
meu.

— Me desculpa por falar sobre essas coisas agora. — Jungkook disse,


parecendo arrependido, sem deixar que nosso abraço se quebrasse. — Eu não
queria estragar seu dia.

— Você disse que não falou essas coisas por causa do álcool, mas eu sei que
foi. — Contrapus, acariciando-o sobre as costelas, através de seu casaco
grosso. — Tem bêbado que é chato pra caramba mesmo, não precisa se
desculpar...

— Eu disse que não tinha resistência a álcool. — Ele relembrou, ainda fazendo
carinho em minha cabeça, e eu ouvi seu suspiro fraco antes de ouvir sua voz
outra vez: — Anjo?

— Oi...

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu nunca amei alguém como amo você. — Jungkook confessou, fazendo
meu coração bater ainda mais forte quando eu afastei meu rosto para olhá-lo
num reflexo e senti seus olhos recaírem sobre os meus, sinceros, ao mesmo
tempo em que sua mão me tocou carinhosamente na bochecha. — Ser seu foi
a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Você pode lembrar disso?

Eu continuei olhando-o em silêncio, até instintivamente inclinar minha cabeça


para beijar sua boca com um selinho demorado antes de retribuir o carinho que
ele fazia em meu rosto, também acariciando suas bochechas com minhas duas
mãos pequenas.

— Eu nunca, nunca, nunca vou esquecer disso.

Ele sorriu para mim, feliz com minha resposta, e eu fechei os olhos quando
recebi um último beijo na testa.

— Ainda é seu aniversário. — Ele lembrou, baixinho. — Então vamos


aproveitar, tudo bem?

Eu não poderia pensar em recusar seu pedido. Aproveitar aquele e todos os


dias possíveis com Jungkook era tudo que eu queria, por isso eu tentei
esquecer a angústia que o início daquela conversa plantou em meu coração e
gastei o restante do dia ao lado dele, conhecendo mais de Jeju enquanto sorria
como um bobo e arrancava sorrisos seus sem precisar me esforçar para isso.

Eu nunca soube dizer com certeza se Jungkook sorria tanto ao meu lado
porque me amava, ou se ele me amava porque eu o fazia sorrir. De qualquer
forma, eu sempre me orgulhei de ser a causa do seu sorriso, porque ele era
lindo como maravilha nenhuma no mundo conseguia ser.

À noite, pela segunda vez, nós tivemos algumas poucas horas de sono. Nesse
dia, entretanto, nós não transamos porque meu corpo ainda estava dolorido,
mas Jungkook me masturbou devagar, gostoso como nunca, enquanto beijava
meu pescoço como mais um presente pela chegada dos meus dezenove anos.

Todas as outras horas, depois que nos deitamos para dormir, nós gastamos
em conversas e carinhos, como tanto gostávamos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
O dia seguinte era o nosso último dia juntos e meu vôo de volta para Nam-gu
partiria ainda no início da tarde, então nós não tínhamos muito tempo. Por isso,
eu programei o alarme do meu celular para despertar logo cedo, assim eu
poderia aproveitar meu Jungkook o máximo possível.

Quando acordei um pouco assustado com o celular reproduzindo uma música


antiga do 2NE1, eu tateei o criado mudo do meu lado na cama tentando não
me desvencilhar do abraço gostoso de Jungkook e pisquei, preguiçoso, quando
vi que Yukwon tinha mandado mensagens durante a madrugada.

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Sabendo que Yukwon provavelmente não acordaria até a hora do almoço, eu
precisei conter minha curiosidade e deixei o celular de lado, voltando minha
atenção ao que realmente me importava no momento.

Assim como durante toda a madrugada, os braços de Jungkook continuavam


me segurando perto, e eu me movi com cuidado até deitar de frente para ele,
sem conseguir controlar o sorriso apaixonado quando vi seu rostinho todo
amassado contra o travesseiro e os cabelos escuros completamente
bagunçados

Não importa quanto tempo passe, ver Jungkook dormindo tão calminho sempre
vai ser uma das minhas coisas favoritas.

— Jungkook... — Eu o chamei baixinho, fazendo carinho na sua bochecha


exposta, e ri quando ouvi só um gemido preguiçoso em resposta. — Acorda
pra me dar atenção... — Insisti, manhoso, dando vários beijinhos por seu rosto
sonolento.

Dessa vez, ele expulsou em algo que pareceu uma risada letárgica, e seus
braços me apertaram ainda mais mesmo que ele parecesse sem forças para
falar.

— Acorda — Continuei insistindo, parando os beijos para apertar sua


bochecha, tentando acordá-lo de uma vez. — Seu Jimin quer carinho...

Ainda com os olhos fechados, ele inclinou seu rosto em direção ao meu e,
como sempre, eu apertei meus lábios até quase fundi-los em um só, impedindo
que Jungkook fosse além de um selinho quando me beijou.

— Meu Jimin acordou cedo hoje. — Ele apontou, ainda sem levantar as
pálpebras e moveu seu corpo até pressionar sua cabeça contra meu peito,
preguiçosamente.

— É porque a gente não tem muito tempo... — Relembrei, tristonho.

Jungkook expulsou o ar como numa queixa silenciosa, incomodado pelo


lembrete.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Nós não precisamos ir embora hoje. — Ele disse, ainda com a voz
arrastada. - Não precisamos ir embora nunca. Quero passar o resto da vida
aqui com você.

— Eu quero também. — Concordei, mesmo sabendo que aquilo não passava


de um desejo que não se concretizaria. — Quero dormir e acordar com você
todos os dias.

— Então vamos ficar. Eu não volto mais para Seul e você não volta para Nam-
gu. Vamos continuar aqui e comer o kimbap do mercado até nossa morte.

— Certo. Vamos fazer isso. — Eu disse num murmúrio fraco, desejando que
fosse simples assim e que não precisássemos nos despedir em algumas horas.

Jungkook suspirou e me deu um beijo no peitoral coberto por sua blusa antes
de afastar seu rosto e me olhar nos olhos, me deixando reconhecer em sua
expressão a mesma tristeza que também estava estampada na minha.

Nos despedir parecia cada vez mais difícil, porque nunca sabíamos quanto
tempo levaríamos até podermos nos ver de novo. A única certeza que
tínhamos era que cada segundo longe um do outro seria doloroso.

— Eu vou comprar nosso café. — Jungkook disse, então, depois de ficarmos


tempo demais em silêncio. — Arrume suas coisas enquanto isso. Nós ficamos
juntos quando eu voltar.

Eu concordei silenciosamente, logo depois me afastei um pouco, deixando que


ele saísse da cama. Quando o ouvi fechar a porta do banheiro, eu respirei
fundo e levantei também, caminhando até o armário onde estavam nossas
coisas, para começar a organizar as minhas que estavam completamente
bagunçadas, já que eu sempre fui meio incapaz de manter qualquer coisa em
ordem.

Diferente de mim, Jungkook sempre foi organizado, então quando ele saiu do
banho algum tempo depois, gastou muito pouco tempo para arrumar sua mala.

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— Jungkook, — Eu o chamei quando ele começou a vestir as roupas que tinha
deixado separadas depois de organizar tudo, e puxei nervosamente a barra da
sua blusa escura de botões em meu corpo.- eu posso ficar com essa camisa?

Ele me olhou da cabeça aos pés, e um sorriso pequeno apareceu em sua


boca. — Ela fica melhor em você.

Eu sorri também, entendendo aquilo como uma permissão, feliz por poder levar
mais um pedacinho dele comigo quando voltasse para casa.

Quando terminou de se vestir, então, ele me deu um abraço rápido e beijou


minha cabeça. — Eu já volto, tudo bem?

Eu assenti, beijando seu ombro. — Lembra de trazer alguma sobremesa pra


mim, tá?

— Eu não seria louco de esquecer. — Ele respondeu com uma risadinha


gostosa, e me deu um último abraço apertado antes de finalmente sair do
quarto.

Aproveitando o tempo que ele levaria para voltar, eu passei bons minutos no
banheiro e, quando saí, cheguei se Yukwon ou mais alguém tinha mandado
mensagens, mas as únicas notificações que vi eram de Jungkook, que tinha
mandado fotos de dois tipos de tortas diferentes, perguntando qual eu preferia.
Eu fiquei em dúvida, então escolhi as duas.

Quando ele voltou para o quarto, nós tomamos café juntos, em silêncio,
incapazes de nos desvencilhar daquela tristeza que se tornava mais intensa à
medida que o tempo passava e nos aproximava da despedida inevitável.

— Eu tô muito triste...

Jungkook olhou para mim depois de ouvir meu anúncio cabisbaixo, e


massageou minha mão quando a levou até sua boca e a beijou nas costas,
demorada e carinhosamente.

— Venha. — Ele chamou, então, quando se levantou com calma sem soltar
minha mão e me puxou para que levantasse também.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Sem entender o que ele pretendia, a principio, eu só o segui quando ele
colocou o próprio celular no bolso de sua calça enquanto me puxava com
cuidado até atravessarmos a porta de vidro que levava à varanda
compartilhada. Ali fora, o vento frio que vinha do mar fez meu corpo tremer um
pouquinho, mas eu não reclamei, nem mesmo pensei em fazê-lo, apesar de
ficar um pouco confuso quando Jungkook continuou me puxando até a escada
que desembocava direto na areia da praia.

Antes de me guiar para descermos, então, ele se abaixou em minha frente e


tirou os próprios sapatos, deixando seus pés nus assim como os meus já
estavam. Depois, ele dobrou cuidadosamente a bainha da minha calça e fez o
mesmo com a sua, para só então ficar de pé outra vez e me dar um beijo
rápido.

— Nós precisamos voltar aqui no verão. — Ele disse, me puxando pela mão
para que começássemos a descer a escada de poucos degraus.

— Pelo menos a gente tem uma desculpa pra vir aqui de novo... e eu quero
muito voltar aqui com você...

Jungkook concordou, e eu parei de andar um pouquinho quando pisei na areia


da praia pela primeira vez, sentindo os grãos finos tocando meus pés.
Impressionado, eu movi os dedos, apreciando a nova sensação, e sorri um
pouquinho quando percebi que realmente gostava dela.

— Nós vamos voltar, então. — Ele disse, parando de frente para mim e
erguendo o mindinho de sua mão livre. — É uma promessa.

Eu sorri ainda mais, entrelaçando meu dedinho ao seu antes de pressionar


nossos polegares juntos.

— Não pode quebrar promessa de mindinho. Você lembra, né? — Eu alertei,


falando bem sério.

— Lembro, coisa linda. — Ele respondeu, passando seu braço ao redor do meu
pescoço, sem soltar minha mão.

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Em silêncio, então, nós voltamos a caminhar pela praia, em direção ao mar e
molhamos nossos pés na água gelada, que me fez resmungar um pouquinho,
mesmo que eu não desaprovasse a sensação.

Depois, nós tentamos tirar mais algumas fotos com o mar de fundo, mas
nenhuma parecia ficar boa o suficiente, então acabávamos rindo com os
resultados desastrosos de nossas capturas tremidas com os cabelos voando
de um lado para o outro.

— Eu deveria ter trazido o Yukwon na mala pra ele ser nosso fotógrafo. — Eu
disse, brincalhão, inclinado sobre Jungkook enquanto víamos as fotos em seu
celular, ainda parados no meio da praia vazia.

— Você sabe que ele ia querer sair em todas as fotos fazendo aquelas poses
estranhas. — Jungkook disse, certeiro, mas bem humorado.

Eu ri em concordância e abracei seu braço, beijando-o na altura do ombro. —


Eu acho tão bonitinho o jeito como você conhece meus amigos...

Jungkook guardou seu celular, me puxando para um abraço melhor, e eu


inclinei um pouquinho o rosto para continuar olhando-o nos olhos.

— Eu queria conhecer seus amigos assim também... — Confessei, um pouco


chateado.

Mesmo depois de mais de dois anos, e mesmo que Jungkook se tornasse mais
aberto comigo a cada dia que passava, muitas coisas de sua vida eu só
conhecia através das histórias que ele me contava, sem que eu tivesse
qualquer contato real com elas. Por isso, eu ainda me sentia um pouco distante
de sua realidade, enquanto ele já estava completamente imerso na minha.

— Você conhece Kihyun e Namjoon. — Jungkook disse, calmo. — Além deles,


não existem muitas outras pessoas. Talvez só Seokjin e meu irmão, eu acho.

— Mas você quase nunca fala sobre eles... — Eu contrapus, brincando com a
manga comprida de seu casaco.

— O que você quer saber? — Ele perguntou, esfregando suas mãos em meus
braços para tentar me aquecer. — Não tem muito o que dizer. Seokjin invade
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
meu apartamento toda semana porque acha que tem a obrigação de encher
minha geladeira e Junghyun vive ocupado com o emprego e a nova família
dele. Nós só nos encontramos quando vamos visitar nosso pai no hospital. E é
isso. Eu não passo muito tempo com nenhum deles, então nunca tenho o que
falar.

Eu abaixei um pouco os olhos, triste por reforçar a certeza de que Jungkook


precisava se privar de tantas coisas por causa de sua falta de tempo.

— Ah, — ele soprou, então, como se lembrasse de algo, de repente. — Seokjin


quer muito te conhecer. Ele pergunta por você todas as vezes que aparece em
minha casa.

— Você fala de mim pra ele? — Eu perguntei, desacreditado, mas feliz por
essa descoberta,

— Se pudesse, eu falaria sobre você o dia todo, anjo. — Ele confessou,


risonho.

Eu sorri ainda mais, muito, muito, muito feliz por descobrir que Jungkook falava
sobre mim para seu amigo.

— Não pense que eu estou tentando te deixar fora do que acontece na minha
vida, — Ele pediu, então, depois de me dar um beijo demorado na bochecha.
— mas ultimamente tudo se resume ao meu trabalho, então eu não tenho
muito o que dizer além disso.

Eu concordei, compreensivo, e fiquei nas pontas dos pés para abraçar seu
pescoço.

— Você pode dizer pro Seokjin que eu também quero muito conhecer ele? —
Perguntei, manhoso.

— Alguma vez eu consegui negar um pedido seu?

Eu deixei uma risadinha convencida escapar antes de balançar a cabeça para


os lados, negando

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— Você me faz parecer tão bobo, às vezes. — Ele resmungou, apertando
ainda mais os braços ao redor da minha cintura.

— Desde que seja bobo só por mim, não tem problema. — Eu disse, inclinando
o rosto para dar um selinho em sua boca, e estremeci quando uma rajada de
vento ainda mais forte envolveu meu corpo, arrepiando meus pelos todos. —
Ai, que friozinho...

Jungkook riu da minha reclamação manhosa e subiu suas mãos até meus
braços, desencaixando-os de seu pescoço para deixá-los entre nossos corpos,
então puxou um pouco mais as mangas do meu moletom grosso para cobrir
minhas mãos, e por fim me abraçou de volta, dessa vez me deixando todo
encolhido contra seu corpo para me proteger melhor do frio.

Dengoso como sempre, eu me aninhei ainda mais contra ele, esfregando


minha cabeça contra seu peitoral e aproveitando mais uma de suas inúmeras
demonstrações de cuidado.

Naquele momento, então, eu me senti grato como nunca por tê-lo ali comigo.
Talvez não tivesse passado por minha cabeça ainda o quanto Jungkook
precisou se esforçar para conseguir se afastar do seu trabalho e dedicar
aqueles dias somente a nós dois, e me angustiou pensar no quanto ele deve
ter se sacrificado e se desgastado só para poder estar comigo.

Jungkook me amava e eu tinha cada vez mais certeza disso. Não por ouvi-lo
dizendo essas palavras mais de uma vez, mas porque cada uma de suas
ações, cada um de seus esforços demonstravam tudo que ele dizia sentir por
mim.

Ele me amava, intensa e verdadeiramente. E eu o amava da mesma forma.

— Jungkook? — Eu o chamei, então, baixinho, sem planejar coisa alguma.

— Oi, meu bem.

Eu movi minha cabeça só para dar um beijinho em seu peitoral e depois a


deitei contra seu ombro outra vez, com os olhos fechados, sereno quando
finalmente disse o que já era certo há tanto tempo:

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu amo você.

Eu me assustei ao perceber como as palavras deslizaram para fora, fáceis,


diferente de todas as minhas tentativas anteriores. E, na verdade, acho que foi
exatamente o fato de tentar que me bloqueou todas as outras vezes. Ainda que
o sentimento já tivesse sido desvendado por mim, não parecia certo querer
dizer aquilo só para ter uma resposta às declarações de Jungkook. Ali,
entretanto, eu só quis falar. Sem qualquer justificativa, sem qualquer sensação
de dever de reciprocidade.

Eu disse que o amava, pela primeira vez, simplesmente porque o amava.

Entretanto, assim como eu fiquei quando ele disse as mesmas palavras para
mim, Jungkook pareceu perder a reação por alguns instantes, e no fim me
abraçou ainda com mais força, quase erguendo meu corpo do chão, quando riu
contra minha pele.

— Eu tinha me convencido de que não precisava ouvir você dizer isso, —


Jungkook confessou, ainda me abraçando com força, ainda feliz. — mas agora
que você disse... parece que eu vou explodir de felicidade, anjo...

Eu ri com sua reação e dei um monte de beijinhos em seu pescoço, feliz como
nunca por vê-lo feliz também.

— Mas eu te amo muito mesmo. — Repeti, deslizando a ponta do nariz por sua
pele arrepiada. — Eu amo tanto você, Jungkook, que acho que nunca mais vou
conseguir parar de dizer isso...

— Você pode dizer todos os dias. — Ele permitiu, segurando meu rosto com
suas duas mãos para me afastar um pouco e poder me olhar, e eu quase fiquei
tonto quando vi seu sorriso enorme, tão bonito e sincero, brilhando só para
mim.

— Seus dentes são tão bonitinhos... — Eu apontei, apaixonado e risonho. —


Como é possível amar tanto até os dentes de uma pessoa?

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Ele sorriu ainda mais, enrugando completamente a pele ao redor de seus
olhos, e eu me entreguei por completo quando sua boca tocou a minha em um
beijo carinhoso.

Quando ele voltou a se afastar e eu abri os olhos devagar, sentindo sua


respiração lenta se juntar à minha, minhas mãos deslizaram por seu ombro até
segurarem seu casaco e eu passei a língua timidamente entre meus lábios.

Nós precisaríamos nos despedir dentro de algumas horas, mas ainda tínhamos
tempo, e eu queria aproveitar cada segundo.

— Eu quero você de novo, Jungkook... — Eu disse baixinho contra sua boca,


necessitado.

Ele deslizou as mãos por minha cintura e me beijou devagar na bochecha, me


fazendo fechar os olhos quase sem perceber.

— Vem. — Ele me chamou, então, entrelaçando nossas mãos outra vez.

Eu me deixei ser levado, sem resistência, como sempre acontecia quando era
Jungkook, o meu dominador, que me guiava.

De volta ao nosso quarto, Jungkook voltou a me beijar com calma e cuidado,


mas ainda assim despertando todo o desejo em mim.

Ele tirou minha roupa devagar, peça por peça, e eu senti meu coração bater
mais forte quando ele tirou minha gargantilha para colocar minha coleira mais
uma vez. Depois, ele me deitou na cama e beijou cada parte do meu corpo,
deixando novas marcas onde mais ninguém poderia ver e me arrancando
suspiros arrastados a cada toque e cada olhar apaixonado.

Naquele momento, eu conheci um outro lado de Jungkook no sexo. Eu conheci


sua calma, seu cuidado e sua devoção de uma perspectiva diferente daquela
que já tinha experimentado tantas vezes.

Dessa vez, nós nos despimos da dor que eu tanto amava receber e que ele
gostava de provocar. Nos despimos das provocações, dos tapas, da corda e do
cinto. Ali, éramos só eu e ele em nossas formas mais cruas, como um
dominador e seu submisso.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Por isso, eu deixei que ele fizesse tudo como queria, em seu ritmo, do seu jeito.
Eu o aceitei quando ele cobriu meu corpo com o seu e deslizou sua mão por
minha coxa, ordenando que eu envolvesse seu quadril com minhas pernas. Eu
retribuí seu beijo quando sua boca alcançou a minha e arranhei suas costas
com sua permissão, quando ele me penetrou devagar.

Cada gemido meu se misturou ao seu enquanto ele continuou entrando e


saindo de mim, movendo seu corpo contra o meu e sua boca contra a minha, e
eu gozei quando ele assim desejou, me tocando do jeito certo até meu ser
inteiro ser tomado pela sensação indescritível de gozar para o meu homem e
de sentir seu gozo dentro de mim.

Depois, ainda nus na cama, nós passamos todo o tempo que ainda tínhamos
juntos, nos beijando o tempo todo porque já sabíamos que provavelmente
passaríamos muito tempo sem poder fazer isso.

Antes de sairmos do hotel, então, nós tomamos nosso último banho juntos e
voltamos a nos vestir, grudados um ao outro enquanto fazíamos o check-out na
recepção e nos dirigíamos ao aeroporto dentro de um táxi.

— Eu acho que Jeju é meu lugar favorito no mundo todo... — Eu disse com um
sorriso triste quando nos sentamos em frente à sala de embarque,
aproveitando nossos últimos minutos juntos.

Antes que Jungkook respondesse, nós ouvimos os alto falantes fazendo a


última chamada para o meu vôo, que partiria antes do seu, e eu senti todo o
restinho de ânimo que ainda tinha murchar completamente.

— Eu preciso ir... — Anunciei com a voz falha, mas sem me mover.

Jungkook me puxou para me dar um último abraço, e eu passei a mão por meu
rosto, secando a primeira lágrima que escapou antes que ele visse.

— Boa viagem, anjo. — Ele desejou, beijando meu rosto várias vezes com
suas mãos me segurando perto, sem querer me deixar ir. — Avise quando
chegar em casa.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você também... — Eu pedi, e precisei usar uma força que nem sabia que
existia em mim para me afastar dele.

Em todas as outras vezes, era Jungkook quem me deixava, e eu acreditava


que nada poderia ser mais doloroso que isso. Entretanto, dessa vez fui eu
quem tive que deixá-lo para trás e mover minhas pernas para longe dele, e só
então eu percebi que isso era ainda pior, o que fez meu coração doer ao
perceber que ele se sentiu assim em todas as vezes que nos despedimos. Por
isso, quando entrei na sala de embarque, já longe de seus olhos, eu não
consegui mais me controlar e chorei como há muito tempo não chorava,
tomado pela tristeza, pela antecipação e pela saudade.

Mesmo assim, mesmo parecendo completamente sem forças por fora, eu


continuaria suportando e lutando por nós dois.

❆❅❄❅❆

Depois de voltar para Nam-gu, os dias pareceram começar a passar rápido


demais, porque Jungkook não era mais o único sem tempo. Com as provas
finais na escola se aproximando, eu também comecei a me dedicar um pouco
mais aos estudos, traumatizado pelo acontecimento do ano anterior.

Entretanto, diferente dele, eu encontrava brechas entre horas e dias de estudo,


fosse para mandar mensagens para Jungkook, para passar algum tempo com
o novo e improvável casal formado por Yuta e Yukwon ou para, no silêncio do
meu quarto, fazer o que Jungkook tinha me pedido quando ainda estávamos
em Jeju.

Então, ao longo do mês que sucedeu meu aniversário, o histórico de busca do


meu computador estava lotado de coisas relacionadas a BDSM.

Como a maioria dos resultados confiáveis era em inglês, eu demorava um


pouco para conseguir ler o que encontrava, e sempre conversava com
Jungkook depois de descobrir algo novo.
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— Eu li um negócio sobre po... podolatria? Eu disse para ele em uma das
nossas raras ligações, lembrando de um site que encontrei, por acaso, voltado
para isso. — É tipo gente que sente tesão por pé, ou algo assim. Isso existe
mesmo?

— Existe, anjo. — Ele respondeu, com a paciência de sempre. — Existem


muitos tipos diferentes de fetiche.

— Mas esse é muito esquisito. Eu não gostei. Coisa de doido sentir tesão por
pé.

— Não fale assim, Jimin. — Jungkook repreendeu. — Eu já te disse que você


não precisa se interessar por todos os fetiches e práticas do BDSM, mas você
precisa respeitar.

Eu apertei meus lábios, um pouco contrariado, e ele prosseguiu diante do meu


silêncio.

— Você gosta dos tapas, não é? Existem pessoas que não entendem isso,
mas você gostaria de ver uma delas debochando simplesmente porque não
entendem como isso pode ser bom para você?

— Não... — Respondi, um pouco envergonhado.

— Então não faça isso também. — Alertou, com calma apesar da seriedade. —
Não menospreze nenhum fetiche só por não entender como eles podem dar
prazer a alguém.

Eu me encolhi todo, ainda mais envergonhado. — Desculpa... eu não vou mais


fazer isso...

— Tudo bem, anjo. Eu sei que você não fez por mal.

Sua compreensão me aliviou um pouco, e eu me movi sobre a cama, mais


relaxado, ainda segurando o celular contra minha orelha.

— Eu vou continuar estudando muito, tá? Você ainda vai ter muito orgulho do
seu Jimin.

— Isso eu sempre tive. — Ele disse, carinhoso.


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Eu sorri bobo, puxando o coelhinho de pelúcia contra meu corpo para abraçá-
lo, na impossibilidade de abraçar Jungkook.

— Mas você tá bem? — Eu perguntei, então, mesmo que já tivesse feito essa
mesma pergunta no início da ligação. - Tá falando tão baixinho...

— É porque estou no hospital, meu bem. — Ele explicou. — Vim visitar meu
pai.

— Como ele tá? — Questionei, preocupado.

— O estado dele não piorou muito. Acho que esse é o mais próximo de uma
boa notícia que podemos esperar.

— Jungkook... — Eu o chamei, afetado por sua falta de esperança, que parecia


se tornar cada vez maior a cada dia que passava.

— Eu preciso desligar agora, anjo. — Ele avisou, sem dar atenção ao meu
chamado angustiado. — O médico dele disse que precisa conversar comigo.

Eu suspirei, consternado, mas sem me opor. — Certo. Boa sorte, tá? Eu vou
continuar aqui torcendo pro seu pai ficar bom logo.

— Obrigado, meu bem. Eu te ligo depois.

Depois de ouvir sua despedida, eu afastei o celular do meu rosto, deixando-o


de lado já com a certeza de que Jungkook não me ligaria mais naquele dia.

Com os olhos fechados, eu estava quase cochilando quando meu celular


vibrou com uma nova notificação de um fórum sobre dominação e submissão
que eu tinha encontrado alguns dias antes.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
DOMin_Yoongi enviou uma solicitação
de amizade

Aceitar pedido?
[ x ] Sim [ ] Não

Enviar mensagem para DOMin_Yoongi?

[ x ] Sim [ ] Não

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu continuei olhando para a tela do celular, à espera de uma resposta que não
veio nem nos minutos seguintes, nem nos dias que se seguiram. Entretanto,
aquele cara não foi o único a demorar para me dar uma resposta.

Depois da última conversa que tivemos pelo celular, Jungkook começou a


sumir com mais frequência. Ele me disse que precisaria resolver mais algumas
coisas e, mesmo tendo sido avisado, eu não consegui evitar a preocupação
crescente principalmente porque, nas poucas vezes que nos falamos e eu
perguntei por seu pai, ele se esquivou do assunto.

Assim, tomado pela preocupação e pela saudade, os dias passaram, minhas


provas finais acabaram e finalmente veio o resultado para o qual me esforcei
tanto ao longo do ano.

Eu passei de ano. Depois de tudo, de todas as dificuldades, eu iria me formar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook não me disse que estava bem. Eu poderia me tranquilizar ao
acreditar que ele só tinha esquecido de me dizer isso, mas essa hipótese foi
direto para o lixo quando, no dia seguinte, ele me ligou e somente disse que eu
não precisava me preocupar. Entretanto, quanto mais ele me dizia isso, mais
eu me preocupava.

Com a preocupação me sufocando e a distância entre nós dois cada vez maior,
os dias passaram, e finalmente chegou a data marcada da minha formatura.
Mas como todos os anteriores, esse não começou bem. O céu estava
completamente nublado, e eu acordei atordoado depois de um sonho estranho.

E eu sabia que não veria Jungkook, apesar de querer como um louco vê-lo ao
lado dos meus pais quando eu recebesse meu diploma. Ainda assim, aquele
seria meu dia. Até mesmo Jeonghan, que não nos visitava há um bom tempo,
foi para Nam-gu só para assistir a minha cerimônia.

— Vai, diz como você tá se sentindo. Yukwon pediu, apontando o punho em


direção à minha boca como se segurasse um microfone.

— Feliz, porque a comida tá gostosa.

Ele revirou os olhos, apoiando o cotovelo sobre a mesa de centro onde


almoçávamos juntos, na minha casa. A cerimônia seria um pouco mais tarde,
mas minha mãe insistiu em fazer um almoço de comemoração e, como a mesa
de jantar não tinha espaço para todo mundo, nós quatro tivemos que sentar no
chão, enquanto os adultos dividiam a mesa.

— Só tá feliz por isso? — Jeonghan perguntou, parecendo um pouco


preocupado.

— Porque vou me formar também. — Eu o tranquilizei. — Mas a comida tá


muito gostosa mesmo.

— Quando eu conheci esse menino, ele se recusava a comer porque dizia que
tinha que emagrecer pra ficar bonito. — Yukwon anunciou, apoiando o queixo
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
na mão, e estendeu a outra novamente fingindo segurar um microfone. — Diz
pra gente, Park Jimin, que milagre aconteceu pra enfiar juízo nessa sua cabeça
oca?

— Jungkook. — Eu respondi sincero, tentando ignorar a forma como a menção


de seu nome me deixou angustiado pela saudade e pela preocupação. Ele me
olha como se eu fosse a pessoa mais bonita do mundo.

Mesmo com os olhos baixos, eu pude perceber a atmosfera formada pela


reação dos meus amigos. Ainda que não entendessem exatamente o porquê,
eles sabiam que Jungkook estava numa situação complicada e sabiam que,
inevitavelmente, isso me afetava também

— Eu queria que ele viesse hoje. — Yukwon disse, depois de algum tempo. —
Até eu tô com saudade daquele otário.

Eu levantei os olhos, tentando mostrar um sorriso só para dizer que estava


tudo bem, e acabei me deparando com Yuta fazendo carinho na nuca dele, o
que me fez sorrir de verdade,

Eu estava feliz por eles. Por muito tempo, a ideia de vê-los juntos como um
casal sequer passou por minha cabeça, mas, naquele ponto, eu já não
conseguia mais imaginá-los separados.

Antes que eu passasse tempo demais sorriso como um bobo para o casal
inesperado em minha frente, entretanto, meu celular vibrou e eu me apressei
para puxá-lo do bolso, eufórico pela possibilidade de ser uma mensagem de
Jungkook.

691
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
DOMin_Yoongi respondeu sua mensagem.

Abrir conversa?

[ x ] Sim [ ] Não

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Eu voltei a guardar o celular, sem interesse algum em conversar com aquele
cara e um pouco desconfiado em relação às suas intenções ao falar comigo.
Eu entrei naquele fórum para encontrar novas coisas sobre dominação e
submissão, não para tentar encontrar um novo dominador ou algo assim. O
meu já me satisfazia mais que qualquer outro poderia satisfazer.

— Chim? — Jeonghan me chamou, acho que não pela primeira vez. — É


melhor você ir se arrumar logo, pra não atrasar.

— Eita, é mesmo... — Eu lembrei, um pouco lerdo, e terminei de comer rápido.

Depois, eu me arrumei com o uniforme de inverno completo, sem esquecer de


recolocar também minha gargantilha, que eu só tirava para tomar banho e para
dormir.

Como Jungkook tinha dito, aquele era um segredo só nosso. Para qualquer um
que olhasse, aquilo não passava de um acessório. Para mim, entretanto, era o
lembrete constante de que eu era dele.

— Ei. — Yukwon me segurou pelo braço quando chegamos à escola e eu


precisei me afastar para sentar com os outros alunos antes que a cerimônia
começasse. Quando o olhei, ele coçou a nuca, meio desajeitado. — Parabéns.

Eu sorri, e venci sua resistência quando o abracei, mesmo sabendo que ele
nunca foi muito adepto a demonstrações de afeto.

— Obrigado, Yuk. Talvez eu mande a escola se foder quando estiver lá em


cima, como você fez na sua formatura.

— Faz isso mesmo. Mostra que eu te criei direito.

Eu ri, mesmo sabendo que não teria coragem de fazer algo como aquilo, e me
despedi dele, de Jeonghan, de Yuta e dos meus pais antes de ir para as
cadeiras organizadas para os formandos.

Ao longo da cerimônia, os alunos ao meu redor choravam, segurando as mãos


dos amigos, sentidos pelo fim de uma fase que durou tanto tempo. Eu,
diferente deles, só estava feliz e aliviado, porque as únicas boas lembranças

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
que a escola criou em minha vida estavam lá no fundo, com meus pais, à
minha espera.

Quando nós fomos organizados em filas para começar a subir no palco para
receber nossos diplomas, eu fechei os olhos e respirei fundo, me concentrando
para não tropeçar na frente de todo mundo quando chegasse lá em cima.

Ao subir os degraus depois de ouvir meu nome sendo chamado pelo


microfone, entretanto, eu paralisei no meio do palco quando fui chamado de
novo, dessa vez por Yukwon.

— Jimin! — Ele gritou, lá do fundo. — Jimin, ele veio!

Eu o busquei com meus olhos, sem acreditar que ele estava falando de
Jungkook, mas quando o encontrei, ele estava abraçando-o pela cintura como
se tentasse levantá-lo do chão para que eu o visse melhor.

Quando eu vi seu rostinho risonho pela agitação do meu amigo, sem recriminá-
lo pelo escândalo apesar da vergonha no rosto dos meus pais e de Jeonghan e
Yuta, meu próprio sorriso ganhou força e meu coração pareceu explodir de
felicidade.

Jungkook estava ali. Ele realmente tinha dado um jeito de estar ali por mim,
mesmo que eu entendesse caso ele não fosse.

— Park Jimin! — A cerimonialista repetiu meu nome, dessa vez em tom de


repreensão, e eu tive um sobressalto no meio do palco, o que acabou por
ocasionar em um tropeço violento quando eu me apressei em direção ao
diretor para receber meu diploma, e, mais ainda, fez um monte de gente rir de
mim.

Mas eu não me importei. Eles podiam rir, podiam sentir vergonha por mim, e
ainda assim eu seria o mais sortudo do dia porque era por mim que Jeon
Jungkook estava esperando, não por eles.

Quando desci do palco, apesar de querer correr para ele, eu ainda não podia e
tive que esperar todos os alunos serem chamados, para só então começar o
encerramento. A cada segundo de espera, no entanto, eu virava para trás na

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
ponta dos pés e tentava encontrá-lo no meio de todas aquelas pessoas, então
sorria para ele como uma criança boba.

Depois de mais de trinta minutos de agonia, esperando ansiosamente pela


liberação, a cerimônia finalmente chegou ao fim e eu não pensei duas vezes
antes de me esquivar dos cumprimentos forçados dos meus colegas de classe
e correr para a única pessoa que me importava naquele momento.

Quando eu parei em sua frente diante dos olhares curiosos dos meus amigos e
família, então, acho que a incredulidade ainda estava tomando conta de mim,
porque eu só fiquei parado, olhando-o de cima a baixo, com medo de que ele
evaporasse caso eu o tocasse.

— Você tá mesmo aqui? — Eu perguntei baixinho, sem acreditar.

Em resposta, ele só deu fim à pequena distância que ainda existia entre nós
dois e me abraçou forte, pressionando minha cabeça contra seu peito. Só
então eu soltei o ar, aliviado, e o abracei de volta, amassando sua roupa com
minhas mãos desesperadas.

— Você veio... — Eu anunciei, com a voz um pouco chorosa, mas


completamente de felicidade. — Jungkook, você veio pra mim...

— Eu me atrasei um pouco e não consegui comprar suas flores. — Ele disse


em resposta, ressentido. — Me desculpe, meu bem.

Eu neguei com a cabeça, sem soltá-lo. — Eu não me importo. Você aqui vale
mais que qualquer tradição idiota.

— E a Taeyeon ainda me mandou comprar um buquê pra você, aquela


trouxa... — Yukwon resmungou ao fundo, depois de ouvir minha declaração, e
logo em seguida soltou um ai, provavelmente depois de ter levado um tapa de
Yuta.

Eu ri, usando minhas mãos para secar meus olhos úmidos, e me afastei para
olhar melhor para Jungkook, o que fez meu riso morrer outra vez.

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Ele tinha emagrecido de novo, embora não tanto quanto da última vez, e as
olheiras abaixo de seus olhos estavam muito mais profundas do que pareciam
de longe.

Angustiado, eu voltei a abraçá-lo com força, sentindo que essa era a única
coisa que eu podia fazer para ajudá-lo naquele instante.

Ele então deslizou a mão por minhas costas num carinho suave e suspirou
contra minha cabeça, visivelmente cansado.

— Nós podemos ficar sozinhos? — Ele perguntou, sem se afastar. — Não vai
demorar muito.

Eu fiz que sim com a cabeça, sem hesitação alguma. Eu sei que meus amigos
entenderiam e, além do mais, nós sairíamos juntos à noite, junto também com
Taeyeon e Kihyun, que não pôde ir com Jeonghan para a cerimônia, mas tinha
prometido chegar para nos encontrar depois.

Por isso, eu me despedi deles um a um, deixei meu diploma com meus pais e
segurei a mão de Jungkook, puxando-o para que saíssemos dali. Sem saber
exatamente para onde ir, nós só caminhamos juntos, seguindo um caminho
incerto.

— Eu deveria ter trazido um guarda-chuva... — Eu disse, olhando para o céu


ainda cheio de nuvens escuras, prestes a desabar.

— Eu te levo para casa antes de começar a chover. — Jungkook prometeu,


embora eu não me importasse de ficar na chuva, se fosse com ele.

Mesmo assim, eu só concordei, caminhando mais um pouco até nos


aproximarmos de um parque infantil vazio.

— Quer sentar ali? — Eu apontei para um dos bancos de madeira perto dos
balanços, e Jungkook balançou a cabeça em uma concordância silenciosa.

Depois de nos sentarmos lado a lado, nós ficamos em silêncio. Ele estava
olhando para a frente, enquanto eu olhava somente para seu rosto,
preocupado.

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— Jungkook... — Eu o chamei, cuidadoso. — Tá tudo bem?

Assim como das últimas vezes em que perguntei isso, nenhuma resposta direta
veio, e isso foi só mais uma confirmação de que nada estava bem.

Sem querer pressioná-lo, eu só me aproximei mais e deitei a cabeça em seu


ombro. — Eu tô aqui, tá? Eu sempre vou estar aqui por você.

Eu ouvi seu suspiro fraco e senti seu braço me envolver em um novo abraço,
me segurando perto, mas ele não disse nada.

Por algum tempo, eu aceitei que ficássemos calados, mas aquele silêncio não
era confortável como os que compartilhávamos em outras situações. Era tenso,
incômodo, até.

Essa atmosfera me deixou aflito e eu mordi meu lábio, sem conseguir conter
aquela sensação ruim. Depois, eu levantei um pouco meu rosto para poder
olhar para o dele, e senti meu coração virar pó quando vi seu maxilar travado e
seus olhos vermelhos, quase transbordando.

Jungkook estava a um passo de começar a chorar.

— Não... — Eu disse desesperado, sentindo meus próprios olhos arderem por


vê-lo daquele jeito, e balancei minhas mãos, atrapalhado, sem saber como
tocá-lo, como acalmá-lo. — Jungkook, não chora...

Em resposta, ele deixou escapar um som fraco, inconsistente, e eu percebi sua


relutância em me deixar vê-lo tão fragilizado quando ele inclinou o corpo para a
frente, escondendo seu rosto entre suas mãos.

Ainda mais desesperado, eu tentei puxá-lo, tentei me aproximar, mas Jungkook


parecia estar querendo criar uma barreira entre nós dois, e me desesperou
perceber que essa barreira não era só física.

— Fala comigo, por favor... — Eu pedi, com a respiração me machucando a


cada vez que eu puxava o ar, desesperado. — Jungkook, me diz o que tá
acontecendo...

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A respiração dele parecia ainda mais desastrada que a minha, e seu peito se
moveu violentamente pelos instantes seguintes, enquanto eu esperava alguma
resposta. Entretanto, quando ela finalmente veio, meu desespero só
aumentou.

— Jimin... — Ele me chamou, ainda sem erguer o rosto, como se sequer


conseguisse fazê-lo. — Essa é a última vez que nós vamos nos encontrar...

Meu corpo inteiro pareceu congelar, minhas mãos pararam sobre seus braços,
sem ação, e eu só fiquei parado, com os olhos assustados e o coração
maltratando meu peito, de tão forte que batia.

— O que você tá dizendo? — Eu perguntei quase mecanicamente, ainda sem


conseguir digerir aquilo

Em resposta, mais silêncio, mais incerteza e mais medo até que ele passou as
mãos pelo rosto, parecendo tentar se recompor, mas sem olhar para mim.

— Meu pai parou de responder ao tratamento e o câncer se espalhou, Jimin...


— Ele disse, então, como se lhe doesse revelar isso.

— Agora tudo que ele tem é uma data de validade...

Dessa vez, fui eu quem não consegui dizer nada. Ainda que soubesse que a
situação de seu pai não era boa, eu ainda tinha esperanças de que ele
melhorasse, e me destruiu descobrir que não porque eu sabia que isso tinha
destruído Jungkook também.

— Eu sei que você não concordou, mas eu fui sincero quando disse que te
deixaria se isso fosse o melhor para você. — Ele continuou, parecendo incapaz
de olhar para mim.

— E eu disse que essa decisão não era sua! — Rebati, angustiado e irritado,
sem acreditar que ele estava mesmo fazendo aquilo.

Depois de tanto tempo fugindo do meu olhar, ele finalmente ergueu o rosto. —
Você não entende, Jimin? Meu pai vai morrer! As coisas já estavam difíceis
como nunca e agora só vão piorar. Da última vez nós passamos sete meses
longe um do outro, quanto você acha que vai demorar agora? Um ano? Você
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acha que eu vou te fazer esperar esse tempo todo para passarmos um fim de
semana juntos e depois nos separarmos de novo?

Eu esfreguei as mãos por meu rosto, sentindo meu sangue ferver de tanta
raiva, e sequer consegui continuar sentado.

— Você não tá dizendo isso... — Eu disse baixo, talvez o suficiente para que
ele nem escutasse, e continuei andando de um lado para o outro mesmo
quando senti a primeira gota de chuva caindo em minha testa. — Que ódio de
você, Jungkook, você é um idiota!

Mesmo agitado, eu vi a confusão em seus olhos culpados, e parei de andar de


repente em sua frente, me controlando para não estapeá-lo todo.

— Se era pra terminar assim, então por que você me deu aquela coleira? Por
que você prometeu que cuidaria de mim e prometeu que me levaria de novo
para Jeju?! — Eu questionei, ríspido.

— Eu não queria que isso acontecesse

— Cala a boca! — O interrompi, cada vez mais irritado.

Jungkook me olhou ainda mais assustado, porque eu nunca, nem mesmo uma
vez, tinha falado daquele jeito com ele. Mas eu não voltei atrás, porque eu
estava verdadeiramente furioso.

— Se fosse ao contrário... se eu estivesse numa situação como essa, você me


deixaria? Você me abandonaria no momento mais difícil da minha vida,
Jungkook?

— É diferente, Jimin.

— Diferente por quê? — Eu insisti, tão cego pela irritação que quase não
percebi as gotas de chuva se tornando menos esparsas. — Você acha que eu
não consigo aguentar? Você acha mesmo que eu sou frágil assim?

Ele moveu a cabeça num gesto confuso, parecendo querer fugir daquela
conversa, e sequer me deu uma resposta quando ficou de pé também e tentou
segurar meu braço.

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— Vamos sair da chuva. — Ele disse, tentando me puxar, fingindo uma calma
que não poderia existir naquele momento. — Você vai acabar pegando um
resfriado.

Eu puxei meu braço e o empurrei pelo peito, completamente frustrado.

— Você também vai pegar um resfriado se ficar na chuva. — Eu disse,


agressivo. — Então por que você continua se preocupando só comigo?!

Ele me olhou em silêncio, com os cabelos escuros caindo em sua testa cada
vez mais molhados, e eu precisei começar a falar mais alto para vencer o
barulho da chuva.

— Eu pedi pra você confiar em mim. Eu pedi pra você me deixar cuidar de você
e você tá fazendo tudo ao contrário! Eu sei que sou um desastre em muitas
coisas, que choro por tudo e que sou pequeno demais pra parecer forte, mas
eu não sou fraco, Jungkook! Eu posso e quero aguentar isso com você até as
coisas melhorarem, porque eu sei que elas vão melhorar, mesmo que demore.

Eu pisquei demoradamente, assustado ao perceber que estava chorando, e


nem sabia se era de raiva ou de tristeza, mas não me senti fragilizado. Eu
sempre fui chorão, talvez seja até meu último dia aqui na terra, mas isso não
fazia de mim uma pessoa fraca. Era só meu jeito de externar o que eu estava
sentindo, e sentir não é fraqueza.

Em meio a tudo isso, à minha decisão inabalável de não deixá-lo, eu lembrei do


sonho que tive na noite anterior. Era tudo confuso, um universo impossível
onde eu e Jungkook éramos irmãos. E mesmo com todos os obstáculos que se
colocaram entre nós dois, no sonho eu lutei por ele e prometi para mim mesmo
que faria isso em todas as minhas vidas.

Eu não acredito nessa coisa de reencarnação, mas se aquele sonho era um


sinal, seu significado estava muito claro para mim.

— Eu prometi pra mim mesmo que não desistiria de você, Jungkook. — Eu


voltei a dizer, dessa vez mais calmo. — Eu prometi isso enquanto estava
acordado e até nos meus sonhos, então eu não vou quebrar essa promessa.

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— Anjo, eu não posso fazer isso com você. Me entende, por favor...

Eu neguei e voltei a tocar nele, mas com cuidado. Porque, naquele instante,
era Jungkook quem precisava da minha proteção.

— Por todo esse tempo eu fiz você acreditar que a responsabilidade era sua.
Era você quem tinha que vir até Nam-gu para me ver, era você quem tinha que
organizar sua vida para arranjar um tempo para mim. Eu disse, segurando seu
pescoço carinhosamente, afetado por seus olhos escuros cheios de
insegurança, com a chuva molhando-o completamente, deixando-o como uma
criança indefesa. — Mas agora eu me formei, Jungkook. Eu ainda não sei o
que fazer da minha vida, mas eu vou começar a trabalhar, Eu vou ter meu
próprio dinheiro e não vou mais precisar esperar você vir até aqui.

— O que? — Ele perguntou, parecendo não acreditar no que eu estava


dizendo.

— Se você não pode vir até mim, eu vou até você. — Disse, para não deixar
dúvidas. — Eu vou até Seul por você, Jungkook.

— Você vai?-Seu tom continuava desacreditado, quase inocente.

— Eu não posso deixar tudo pra trás assim. Eu ainda não posso ir embora de
uma vez, mas eu vou até você sempre que puder, porque abrir mão de você
não é uma possibilidade.

Eu me inclinei para beijar sua boca, sentindo seus lábios gelados pelo frio, e
acariciei os cabelos molhados em sua nuca quando encostei meu nariz ao seu
num gesto cheio de carinho.

Ele pareceu hesitar um pouco quando levou suas mãos à minha cintura, mas
me segurou com força quando as apoiou sobre minhas roupas molhadas.

— Se eu te esperar... — Ele perguntou, me olhando com os olhos cheios de


expectativa. - Se eu te esperar, você vai mesmo?

— Eu não menti quando disse que amo você, Jungkook. — Eu respondi,


acariciando sua bochecha. - E eu não vou desistir do homem que eu amo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook expulsou o ar, completamente aliviado, e seu abraço se tornou mais
forte quando ele me beijou de novo, dessa vez com vontade.

— Então eu vou te esperar. — Ele disse, então, com os olhos fechados e a


boca ainda tocando a minha, suavemente,

Eu balancei minha cabeça numa concordância calma, sem coragem de soltá-lo


nem mesmo para sairmos de baixo da chuva.

E foi assim, depois de tudo, que eu vim para Seul pela primeira vez.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
olá nenéns, como vocês estão?

como eu disse no último capítulo, nessa att a fanfic ia ter uma pequena
mudança e muita gente ficou com medo, mas acabou que é uma mudança boa!
agora a história vai começar a se passar bastante em Seul tb yay claro que
isso não garante paz ao nosso sagrado jikook, acho que vcs imaginam o
porquê

aliás, enquanto Kim Taehyung não aparece, a gente vai tendo a participação
de Min Yoongi. E ele é de Seul, tá, gente? Seul não vai ter paz mesmo kjkkk eu
gosto de dar spoiler, desculpa ):

por último, capítulo do dia dedicado à maior panfletadora de sub no twitter, a


whyparkjimin (lá no tto user é whyparkjeon, mas vcs devem conhecer como
bruh)

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
28 • To Be Continued

Não saber o que fazer da própria vida é a maior merda.

De qualquer forma, eu não posso perder tempo com a indecisão, então


enquanto não descubro, aceitei a proposta de meus pais de trabalhar no hotel,
assim como consegui fazer eles aceitarem a minha proposta de me pagar o
salário equivalente às horas trabalhadas ao final de cada dia, e não com um
valor fixo ao mês.

E é claro que essa decisão teve um fator de decisão importante, baseado na


possibilidade de ver Jungkook o mais rápido possível.

Se eu esperasse completar o primeiro mês de trabalho para receber, teria


também que esperar o primeiro mês para conseguir ter dinheiro para pagar a
passagem até Seul, além de ter mais complicações em relação às folgas. Com
o pagamento diário, entretanto, eu me livrei das duas preocupações e pude vir
até ele hoje, duas semanas depois de vê-lo no dia da minha formatura.

Eu avisei a ele com antecedência o dia e horário da viagem, só para não pegá-
lo desprevenido, e uma das poucas mensagens que ele me mandou foi para
confirmar que eu vou ficar em seu apartamento.

No apartamento de Jungkook.

Tanto tempo depois, eu finalmente vou poder conhecer o lugar onde ele mora,
vou poder ver sua vida de perto. E, principalmente, vou poder estar ao seu lado
agora que as coisas estão tão complicadas.

Eu estou ansioso por isso. Estou ansioso para mostrar que posso cuidar dele
tão bem quanto ele sempre cuidou de mim e que ele não precisa se preocupar
com tudo sozinho. Eu estou ansioso para fazer com que ele se sinta seguro.

Como o que recebo no hotel não é muito, em duas semanas eu não recebi
muito mais que o suficiente para poder pagar as passagens de ida e volta de

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
trem, já que as de avião são bem mais caras e eu ainda quis reservar um
pouco para o que precisar gastar quando estiver em Seul durante esses cinco
dias.

Cinco dias com meu Jungkook. Deus, eu realmente estou eufórico, por isso
não reclamei quando descobri que o tempo total para desembarcar em Seul é
de quase sete horas, assim como não reclamei quando meu celular
descarregou logo depois do embarque e não encontrei meu carregador na
bagagem de mão, nem mesmo fiz cara feia quando um problema com o
controlador do trem fez a viagem atrasar em quase uma hora e meia.

Tudo parecia estar dando errado, mas no fim está tudo certo. Eu estava vindo
encontrar Jungkook, afinal.

Quando desci na estação de trem de Seul, com o corpo todo dolorido depois
ficar tanto tempo na mesma posição lendo um livro que por sorte tinha enfiado
na bolsa, eu recebi minha bagagem maior, que tinha sido colocada junto a
outras num vagão específico, e a abri ainda no meio da plataforma para
procurar meu carregador, já que precisava do celular carregado para avisar a
minha mãe

ha chegado e também para achar o endereço do apartamento de Jungkook.

Eu finalmente o achei e suspirei de alívio, mas ainda demorei um tempo para


perceber que um homem sentado num dos bancos de espera continuou me
olhando por um bom tempo, como se tentasse me reconhecer.

Fiquei um pouco desconcertado, porque ele é dolorosamente bonito e sorriu


para mim como se fossemos conhecidos, mas eu honestamente não me
lembrei dele.

— Jimin? — Ele disse meu nome quando se aproximou, o que só me deixou


ainda mais desconfiado.

— Hã... depende. Quem é você?

Ele sorriu carinhosamente diante da minha desconfiança. — Jungkook me


pediu para vir te buscar. Meu nome é Seokjin.

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Eu levei muito pouco tempo para reconhecer o nome, e então abri meus olhos,
surpreso, antes de abrir um sorriso,

— Ah, meu deus, é você! — Eu disse, eufórico. Jungkook nunca tinha muitas
histórias para contar sobre Seokjin graças à sua vida corrida, mas eu gostava
do pouco que sabia e estava mesmo ansioso para conhecê-lo.

— Sou eu. — Ele confirmou, bem humorado. — Não acredito que finalmente
pude conhecer a pessoa que faz Jeon Jungkook parecer um retardado.

Eu apertei os olhos quando ri, checando que minha mala estava fechada antes
de puxá-la, mas Seokjin se prontificou a carregá-la para mim, me deixando
apenas com a bagagem de mão.

— Teve algum problema durante a viagem? — Ele perguntou, então, quando


começamos a caminhar e eu me deixei ser guiado por ele, já que estava
completamente perdido. — Ele me disse que você chegaria por volta das
dezessete, mas já até escureceu.

— Ah, sim, me desculpe por ter feito você esperar tanto. Foi algum problema
no trem, eu nem entendi direito o que aconteceu...

— Não tem problema. — Ele me tranquilizou, calmo, já me guiando até o


estacionamento,

— Jungkook quem deve estar preocupado. Ele parecia bem ansioso quando
me pediu para vir te buscar

Eu apertei um sorriso um pouco desajeitado, e percebi que ele me olhou pelo


canto do olho antes de rir baixinho.

— O que foi que você fez com ele, hein? Eu juro que nunca o vi desse jeito por
ninguém, e olha que eu o conheço desde que ele não conseguia falar o próprio
nome.

— Eu não sei? — Respondi, incerto. — Acho que só dei o troco, porque eu me


sinto do mesmo jeitinho por ele.

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— Meu deus — Ele disse em meio a uma risada que não entendi muito bem. —
Agora eu entendi porque ele se derrete todo quando fala sobre você. Que
coisinha mais fofa você

Eu me encolhi, um pouco tímido. — Obrigado...

— Não, eu quem agradeço. — Ele disse, destravando um carro branco no meio


de tantos outros, e eu o ajudei a arrumar as malas no bagageiro. — Eu sei que
Jungkook estava decidido a terminar com você, alguns dias atrás. E ele estava
completamente destruído por isso, sabe? Emagreceu de novo, eu odeio
quando ele emagrece. Então obrigado por não deixar ele fazer isso. Eu
realmente acho que você faz muito bem a ele.

— Me deu muita raiva dele, nossa.- Eu lembrei, emburrado. — Eu gritei com


ele e mandei ele calar a boca. Foi muito doido.

Seokjin gargalhou, fechando a mala e gesticulando para que eu fosse até o


banco do carona. Ele tem uma risada engraçada.

— Você mandou o Jungkook calar a boca? — Ele perguntou, desacreditado,


ainda sem parar de rir quando já estávamos do lado de dentro. — Queria ter
visto a cara dele. Ele pode ser um dom bem orgulhoso, às vezes.

— Dom?

— Abreviação pra dominador. — Ele explicou, já começando a dirigir.

— Eu sei. — Expliquei, porque essa foi uma das primeiras coisas que descobri
quando comecei a pesquisar. O que me deixou confuso foi descobrir que
Seokjin sabe, porque Jungkook já me disse que quase ninguém de fora do
meio BDSM conhece esse seu lado. — Você também pratica?

— Graças a Deus. Tenho kink pra dar e vender

— Dominador?

— Ou submisso. Ele disse, com um sorriso satisfeito, sem olhar para mim. —
Depende.

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— Ah... você é... switch? É assim que fala, né? — Lembrei, porque também já li
sobre personalidades assim, que alternam entre dominação e submissão e
conseguem desempenhar os dois papeis.

— Alguém fez o dever de casa. — Ele disse ainda sorrindo, mas sem deboche.
— Sim, sou switch.

Eu sorri, satisfeito pelo meu desempenho na conversa, mesmo que curta.


Quando as coisas se acalmarem, eu quero mostrar a Jungkook que sou um
submisso esperto e dedicado.

Meu coração fica agitado só de pensar no orgulho que ele vai sentir quando
perceber que eu continuo me esforçando para descobrir mais, e espero que ele
me parabenize, porque eu gosto muito quando ele me diz que eu sou um bom
garoto.

Acho que isso é o que chamam de praise kink.

— Você quer comer antes de ir ver o Jungkook? — Ele perguntou, mudando de


assunto, mas atento ao trânsito. — Posso te levar em algum lugar legal. E eu
sou um cara bacana, então pago pra você.

— Ah, eu fiz sanduíches pra comer durante a viagem, mas obrigado. —


Respondi, envergonhado demais para aceitar sua proposta mesmo que queira
comer.- Mas Jungkook já tá em casa? Achei que ele ia ficar no escritório até
mais tarde...

— Eu vou te levar até a Bangtan. Ele não quer esperar até a hora de voltar pra
casa para poder te ver. — Ele expôs, rindo.

Eu também sorri, voltando a olhar para a janela. Eu também queria encontrá-lo


o mais cedo possível, mas não insisti nisso com medo de atrapalhá-lo, então
fico feliz por saber que ele também está ansioso para me ver.

Durante o restante do percurso, então, eu continuei encantado pela agitação de


Seul. Nam-gu não é uma cidade tão pequena e tem até um polo industrial bem
desenvolvido, mas é totalmente diferente da capital.

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Quando passamos diante da sede da bangtan, então, eu mal pude conter um
suspiro surpreso. Não é um prédio mais alto que aqueles ao redor, mas é o
único que tem a estrutura de pedra e os vidros escuros, diferente dos outros
escritórios com os vidros espelhados, e é definitivamente mais alto que o polo
de Nam-gu, que não tem mais que cinco andares.

— Wow.

— Uma belezinha, né? — Seokjin se inclinou um pouco em seu banco para


observar a construção, depois de deixar o carro no estacionamento para
visitantes. — Uma puta contribuição pra formação da ilha de calor, mas ainda
assim bem bonito.

Eu rì de seu comentário, me livrando do cinto quando ele também o fez.


Depois, ele me guiou até a entrada principal e nós recebemos crachás de
visitantes depois de termos a entrada liberada pela secretária de Jungkook.

— Então? — Ele me olhou quando entramos no elevador, com as mãos nos


bolsos de sua calça. — Ansioso pra conhecer o covil do herdeiro da Bangtan?

Eu balancei a cabeça num sim agitado, enlaçando meus dedos uns nos outros
para tentar aliviar a ansiedade.

Quando nós chegamos no décimo quarto andar, o último antes do terraço, eu


segui Seokjin pela direita até uma outra recepção espaçosa, ocupada somente
por uma mulher concentrada em digitar algo em seu computador.

— Sunhee-ssi. — Seokjin a chamou quando nos aproximamos, parecendo já


conhecê-la. - Jungkook está na sala dele?

— Ah, Seokjin — Ela sorriu, atenciosa, arrumando os óculos de armação


redonda sobre o nariz bem delineado. Ele precisou ir até o departamento de
finanças, mas já deve voltar.

— Que homem ocupado. — Ele suspirou. — Nós vamos esperar aqui, tudo
bem?

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— Sim, fiquem à vontade. — Ela sorriu diretamente para mim como num
cumprimento receptivo. — Querem bala de café? — Ofereceu, então,
apontando para um recipiente de cristal sobre sua bancada.

Seokjin já estava sentado num sofá acinzentado diante de uma mesa de centro
e eu pensei em recusar educadamente, mas quando dei por mim, já estava na
frente da secretária, enfiando a mão na tigela.

— Eu vou aceitar, sim. — Disse meio sem jeito, aproveitando para pegar logo
duas, e curvei meu corpo timidamente antes de me afastar. — Obrigado...

Quando sentei ao lado de Seokjin, eu tentei abrir discretamente a primeira


balinha, mas quanto mais eu me esforcei para ser discreto, mais a embalagem
fez barulho.

— Desculpa... — Eu pedi, meio acuado.

É meio desconfortável estar aqui, desse jeito. Sunhee parece bem receptiva e
Seokjin, apesar de ter toda essa pose de galã, também é bastante amistoso.
Entretanto, todo o ambiente parece sério demais, enquanto eu estou usando
um moletom com a cara enorme de um pug estampada, jeans rasgados e
justos demais e um par desgastado de all stars.

Se eu soubesse que viria na Bangtan antes de ir para a casa de Jungkook,


decididamente me vestiria de forma mais apropriada. Ou, pelo menos, não teria
um pug impresso bem na altura do meu estômago.

Envergonhado, eu apertei o casaco extra em meus braços contra minha


barriga, escondendo o cachorrinho, e passei a mão na franja pra tentar domar
os fios loiros um pouco ressecados.

— Seu moletom é uma gracinha. — Seokjin disse, então. — Eu gosto de pugs.

— Eu gosto de qualquer animal que seja fofo.

— Imagino. Você deve se identificar com eles. — Ele sorriu, e então seus olhos
desceram até meus pés, que mal conseguiam tocar o chão graças à altura do
sofá.

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Não que minhas pernas sejam curtas nem nada assim.

Então Seokjin deixou uma risada nervosa escapar e passou as mãos pelo
rosto, parecendo atordoado.

— De verdade, Jimin, você é tão fofo que me machuca. — Ele resmungou,


deixando um som arranhado escapar por sua garganta,

— Como é que Jungkook não te esmagou até hoje?

— As vezes ele esmaga. — Eu ri um pouquinho, lembrando dos abraços


apertados, e gesticulei com meus braços, fingindo abraçar meu próprio corpo.
— Eu gosto.

— Eu vou desmaiar. — Ele suspirou, e resmungou baixinho quando levantou


para ir até o bebedouro. — Inferno de menino fofo, meu deus...

Eu abaixei um pouco meus olhos, confuso. Dezenove anos na cara e eu ainda


não entendo porque todo mundo parece sofrer com minha suposta fofura.

Mesmo assim, eu só continuei balançando meus pés incapazes de alcançar o


chão apropriadamente, esperando Jungkook chegar.

— Anjo?

Eu levantei o rosto imediatamente ao ouvir sua voz, e vi sua expressão


aliviada, mas um pouco surpresa, logo antes de ficar de pé.

Acho que ele não acreditava de verdade que eu viria.

— Oi... — Eu disse, retraído, sem saber muito bem como agir.

Se estivéssemos em Nam-gu, eu já estaria pendurado em seu pescoço e


enchendo-o de beijinhos, mas eu sei que não devo fazer isso aqui no meio do
seu escritório, então só espero ele me mostrar como agir.

Entretanto, a despeito da minha certeza, ele suspirou pesadamente antes de


se aproximar, e me surpreendi um pouco quando ele tocou a parte de trás da
minha cabeça e me puxou para um abraço, passando um braço por minhas
costas para me segurar perto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você veio...

— Eu disse que vinha... — Respondi, deixando a insegurança de lado quando


o abracei de volta e fechei os olhos para receber um beijo demorado na testa.
— É tão bom poder te ver de novo tão rápido...

Eu senti o movimento de sua cabeça quando ele concordou, dessa vez


segurando as laterais do meu rosto antes de beijar meus olhos sobre as
pálpebras.

— Eu ainda não posso voltar para casa, — Ele disse, sem se afastar
completamente. — mas você pode ir na frente, se quiser. Seokjin pode te
deixar lá.

Eu mordi a parte interna da minha bochecha, não muito de acordo com sua
sugestão. Tem problema se eu ficar aqui com você? Eu prometo que fico
quietinho!

Ele sorriu, deslizando os polegares em minhas bochechas num carinho


gostoso, me fazendo sorrir meio bobo também.

— Então fique.

Eu concordei, afoito, porém dolorosamente satisfeito. — Tá!

Jungkook então se afastou um pouco e parou ao meu lado, deixando uma de


suas mãos na base da minha coluna.

— Cadê suas coisas? — Ele perguntou, percebendo que a única coisa que eu
tinha em mãos era um agasalho extra.

— Ficaram no meu carro. — Seokjin quem respondeu, sentado no sofá com as


pernas graciosamente cruzadas e o corpo pendendo para a frente, com o
cotovelo apoiado sobre sua coxa e o queixo apoiado em sua mão enquanto ele
nos olhava com um sorriso pequeno.

Ele suspirou, então, quase sonhador, antes de anunciar:

— Acho que eu estou apaixonado por vocês dois.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu me encolhi um pouquinho, risonho, apertando ainda mais meu corpo contra
o de Jungkook e recebendo mais um beijinho na cabeça como recompensa.

— Você pode passar no apartamento e deixar as coisas dele lá, hyung? —


Jungkook pediu, rindo um pouco quando eu praticamente saltitei para
conseguir retribuir um beijo na bochecha dele, com seu braço envolvendo
minha cintura para me segurar perto.

— Eu faço tudo por você, Jun. — Seokjin respondeu, meio babão.

Não pareceu haver malícia em seu tom de voz, então eu não me senti
enciumado e até ri de como ele parece bobo por Jungkook.

— Obrigado. Você lembra onde fica a chave extra, não é?

— Lembro, sim, senhor. — Ele respondeu já de pé, e parou em nossa frente


para apertar minha bochecha antes de se afastar definitivamente. — Até
depois, coisinha fofa.

Eu deixei uma risada completamente encantada escapar, tocando o lugar que


ele acabou de apertar em meu rosto.

Eu fui tocado por um anjo, eu sinto.

— Sunhee, — Jungkook chamou a secretária, que não esboçou nenhuma


reação negativa diante da forma como eu e ele estávamos abraçados, apesar
de parecer um pouco surpresa. — lembre de repassar a agenda da próxima
semana para o meu e-mail, por favor.

— Sim, chefe. Já faço isso. — Ela respondeu, prestativa.

Jungkook agradeceu com um movimento suave para então me guiar até sua
sala. Eu o segui feliz da vida e soltei um suspiro surpreso que se misturou a um
novo sorriso quando, logo depois de fechar a porta, ele levou as mãos à minha
cintura e me empurrou contra a parede.

Eu mordi meu lábio, ansioso pelo que ele faria a seguir, e passei meus braços
por seu pescoço quando ele se aproximou, me fazendo ficar nas pontas dos

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pés para alcançar sua boca. Entretanto, antes de me beijar de verdade, ele
deitou sua testa sobre a minha com um suspiro derrotado.

— Eu preciso trabalhar... — Lembrou, contrariado, e eu acabei deixando uma


risada escapar a despeito da frustração.

— Eu não vou nem insistir, porque eu sei que você fica excitado muito rápido
quando me beija e você não vai conseguir trabalhar com uma ereção... eu
acho.

Jungkook fez um sorriso obliquo aparecer e só me deu um selinho demorado


antes de se afastar, segurando minha mão para me puxar junto. Curioso, eu
olhei ao redor, finalmente conhecendo pessoalmente o lugar que ocupa tantas
horas do meu Jungkook, e me dói admitir que é bem bonito.

E talvez eu esteja com inveja de uma sala.

Uma parede lateral é recoberta parcialmente por uma estante de livros e


arquivos até a metade, enquanto a parte de cima está preenchida com
diplomas e certificados em nome da empresa e alguns outros ainda no nome
de seu pai, já que essa costumava ser a sala dele. A mesa de trabalho é bem
organizada e espaçosa, com uma poltrona de couro para ele e outras duas,
mais simples, dispostas para visitantes. O espaço restante da sala é ocupado
por uma pequena área com um sofá de dois lugares e outras duas poltronas,
organizados em torno de uma mesa de centro.

— Vem aqui. — Ele me chamou, já sentado em seu lugar, e eu me apressei em


sua direção, deixando que ele me puxasse para sentar sobre uma de suas
pernas. — Eu não posso te dar muita atenção agora, então o que você quer
fazer?

Eu fiquei um pouco pensativo, tentando não me derreter com o carinho


despretensioso que ele fez em minha coxa quando me recostei contra seu
peito.

— Posso procurar algum jogo no seu celular? — Perguntei, esperançoso. — O


meu descarregou e eu deixei o carregador no carro do Seokjin...

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Jungkook me deu a permissão com um beijo singelo no pescoço antes de se
inclinar para pegar seu telefone sobre a mesa. Quando ele o fez, eu aproveitei
para olhar os dois porta retratos ali em cima. Não me surpreendi ao descobrir
que uma das fotos é de sua família, mas me assustei ao perceber que a outra é
uma foto nossa.

Ele tem uma foto nossa no escritório.

Completamente pego de surpresa e apaixonado por isso, eu me agarrei ao seu


pescoço, abraçando-o com força e dando vários beijinhos em seu rosto inteiro,
o que acabou por arrancar uma risada gostosa dele.

— Eu tenho muita pena de quem não tem um namorado como o meu. — Eu


confessei, dando um último beijo em sua bochecha.

Jungkook continuou sorrindo mesmo sem entender muito bem minha


declaração repentina, e eu sai de seu colo quando ele me entregou o celular.
Para não atrapalhá-lo, eu sentei no pequeno sofá no canto da sala e, como já
sei a senha dele, aproveitei para mandar uma mensagem para minha mãe
avisando que cheguei bem e depois fui direto à loja de aplicativos, procurando
um jogo grátis para passar o tempo.

Enquanto jogava, entre uma fase e outra, eu aproveitava para olhar para
Jungkook concentrado em seu trabalho, e ri todas as vezes em que olhei para
ele e percebi que ele também olhava para mim, então eu mandava um beijinho
ou fazia um coração com os dedos.

Eu gostaria de estar grudado nele, dando e recebendo muito carinho, mas


estar perto e conseguir arrancar sorrisos pequenos seus já é o suficiente para
mim, por isso eu não reclamei nem mesmo uma vez enquanto esperava.

— Acabou ficando tarde. — Jungkook constatou, parecendo incomodado


quando já passava das nove. — Você deve estar com fome...

Eu neguei, mas a verdade é que meu estômago já tinha roncado algumas


vezes nos últimos minutos.

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— Eu termino em casa. — Ele decidiu, então, juntando cuidadosamente os
papeis sobre sua mesa. — O que você quer comer?

— Eu posso fazer alguma coisa pra gente... — Sugeri, me sentando no sofá


porque depois de todo aquele tempo, eu já tinha tirado os sapatos e deitado
preguiçosamente.

Jungkook, entretanto, não pareceu tão de acordo. — Sua viagem foi longa,
anjo. Você deve estar cansado.

— Mas eu quero cozinhar pra você... — Contrapus, manhoso, coçando meus


olhos para espantar o sono.

Ele se aproximou de mim e deixou suas coisas sobre a mesa de centro antes
de se abaixar em minha frente. — Não faça nada muito trabalhoso, então. Você
precisa descansar. — Colocou sua condição, começando a calçar os sapatos
em meus pés, e eu esperei até que os dois já estivessem prontos para então
esticar meus braços em sua direção.

— Abraço. — Pedi, finalmente encontrando a brechinha que tanto esperei.

Ele sorriu e, ainda agachado em minha frente, puxou meu corpo pela cintura,
me fazendo deslizar pelo sofá, e me abraçou forte, deixando dois beijinhos no
meu pescoço. Com minhas pernas abraçando sua cintura e meus braços
envolvendo seu pescoço, ele colocou as mãos em minhas coxas para me
sustentar antes de ficar em pé, me levando junto como um bebê coala.

— Vamos para casa agora. — Ele avisou e eu afrouxei o aperto em sua cintura
para ficar sobre meus próprios pés, e segurei sua mão depois que ele
pendurou a alça da sua maleta executiva no ombro, seguindo-o finalmente para
fora da sala.

Sunhee já tinha sido liberada duas horas antes e todo o andar parecia vazio,
assim como o estacionamento subterrâneo, que não tinha mais nenhum carro
além do que pressupus ser o de Jungkook, que ele comprou não muito tempo
atrás.

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— Você é sempre o último a ir embora? — Eu perguntei, sem conseguir evitar
o calafrio por ver o estacionamento completamente vazio, digno de uma cena
de filme de terror ruim.

— Quase sempre. — Ele respondeu sem parecer ter o mesmo receio que eu, e
deixou sua maleta no banco de trás do SUV preto antes de abrir a porta do
lado do carona para mim.

Eu agradeci com um sorriso empolgado e logo saltei para dentro do Hyundai,


dando uma olhadinha rápida no painel interno enquanto Jungkook dava a volta
no carro, mas logo depois dei de ombros porque eu sou uma marmota no
quesito automóveis, então minha única conclusão é que o de Jungkook é
bonito e confortável.

Quando Jungkook começou a dirigir para fora do prédio e seu carro se


misturou aos outros na via movimentada de uma noite de sexta, eu apertei o
agasalho em meu colo, excitado.

— O que foi? — Ele perguntou, rindo da minha feição incontrolável, e buscou


minha mão com a sua, deixando a outra sobre o volante.

— Eu finalmente vou conhecer seu apartamento. — Respondi, quase saltitando


no banco.

— Mas você já conhece, anjo.

— Ver por chamada de vídeo é diferente. — Contrariei, ainda animado, e puxei


sua mão presa à minha até minha boca para dar um beijo. — Eu prometo que
vou cuidar muito bem de você enquanto estiver aqui, tá?

Ele me olhou pelo canto dos olhos, sem se livrar do sorriso pequeno. — Faça
isso, por favor.

Eu sorri também, ainda mais, e me arrumei sobre o assento, me recostando


confortavelmente enquanto ele dirigia com calma, sem separar nossas mãos.

Quando ele finalmente estacionou diante de um prédio num bairro residencial,


eu quase desmaiei de ansiedade. Mesmo parecendo algo pequeno, para mim é

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enorme. Eu finalmente estou conhecendo a realidade de Jungkook depois de
mais de dois anos juntos e depois de deixá-lo conhecer a minha tão bem.

Ele me guiou pelo pátio de entrada, então, e eu sorri quando vi algumas


árvores pequenas, sem folhas por causa do frio do inverno, próximas ao muro
baixo, depois o vi usar uma senha para destravar a porta principal do prédio e o
acompanhei pelo elevador, até o décimo andar.

Jungkook riu quando percebeu que eu nem piscava enquanto ele separava a
chave para abrir a porta, e me puxou com cuidado para o lado de dentro
quando o fez, imediatamente acendendo a luz da entrada. E, meu deus, a foto
no escritório não é a única. Ainda no pequeno corredor de entrada, em frente
ao armário de sapatos, um aparador sustenta o porta retrato que eu dei em seu
aniversário, com a foto que tiramos no parque de diversões.

Sem perceber como isso me prendeu, ele colocou as chaves de casa e do


carro sobre o móvel e me guiou até a sala quando tiramos nossos sapatos.

— Hm... — Ele murmurou, diante do cômodo já iluminado. O apartamento não


é muito grande. A sala de não tem mais que um sofá, um rack para a TV, uma
mesa de centro e uma mesa de jantar com quatro lugares um pouco afastada.
A divisória entre a cozinha e a sala é feita só por um balcão, e do outro lado
existem apenas duas portas, que devem levar ao banheiro e ao quarto único.
— É só isso.

Mesmo que não seja um lugar luxuoso, meu sorriso ficou ainda maior e eu
caminhei entre o sofá e a mesa de centro até chegar à maior janela da sala, e
tremi quando a abri um pouco e senti o vento frio invadir imediatamente.

— Eu gosto daqui. — Anunciei, voltando a fechar a janela antes que


começasse a bater os dentes, e agradeci em silêncio ao perceber que
Jungkook estava regulando o aquecedor.

— Gosta? — Ele perguntou, se aproximando de mim, e eu deitei em seu peito


quando o abracei, deixando que ele apoiasse o queixo em minha cabeça. —
Obrigado por ter vindo, meu bem.

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Eu o abracei ainda com mais força antes de me obrigar a soltá-lo, e neguei
com a cabeça porque ele não precisa agradecer.

— Vai tomar um banho pra relaxar, tá? — Eu pedi, segurando a gola de sua
blusa social já sem o terno. — Eu vou fazer nosso jantar.

— Eu ajudo, anjo.

— Eu prefiro que você descanse enquanto eu faço. — Pedi, manhoso. — Por


favorzinho...

Ele riu da minha insistência mansa e acabou por ceder depois de me dar um
beijo na testa. Depois que ele entrou no banheiro, eu fui atrás das minhas
malas e as encontrei em seu quarto, e eu sorri ao sentir o cheiro de lençóis
limpos junto ao de Jungkook numa mistura suave.

O gatinho de pelúcia que eu comprei para ele no aeroporto estava em sua


cama, destoando completamente do restante da decoração sóbria e discreta, e
eu sentei na ponta do colchão, fazendo uma careta quando percebi como é
duro, porque Jungkook realmente não gosta de colchões muito macios.

Quando ouvi o barulho do chuveiro ligado, então, eu me adiantei em pegar meu


celular para carregá-lo e também peguei minha faixa de cabelo para tentar
prender os fios loiros que já estão grandes demais, para que não fiquem me
atrapalhando enquanto eu cozinho.

Depois, eu finalmente fui até a cozinha e abri os armários e geladeira, ainda


sem saber muito bem o que fazer, e com menos ideias ainda quando percebi
quão pouca coisa tinha ali.

— Jungkook, — Eu gritei, ainda diante da geladeira. — cadê seus legumes e


verduras?

Ele apareceu na porta do banheiro, completamente molhado. — O que?

— Seus legumes. — Eu apontei para a geladeira quase vazia. — Onde estão?

— No supermercado. — Ele respondeu e nem foi em tom de brincadeira. — Eu


não como muito em casa, então nunca compro.

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Eu suspirei, frustrado, decidido a ir resolver isso amanhã mesmo.

— Certo... — Eu disse, determinado a me virar com as poucas coisas que


encontrei.

Ele voltou a fechar a porta do banheiro para terminar seu banho, enquanto eu
tentei vencer a batalha de fazer um jantar decente sem o mínimo de
ingredientes necessários. Não deu muito certo, obviamente, mas pouco depois
que ele apareceu com uma calça confortável e os cabelos molhados, eu servi
uma panela de lámen com ovo e uma porção de kimchi pronto de
supermercado, contrariado por não poder fazer mais que isso.

Quando Jungkook sentou num dos lugares e eu me preparei para sentar na


cadeira ao lado, ele me puxou para que eu sentasse sobre sua perna e
envolveu minha cintura com o braço esquerdo logo antes de beijar meu ombro.

— Obrigado, anjo.

Eu peguei meus hashis, ainda insatisfeito. — Eu queria ter feito algo melhor pra
você. Isso nem é saudável.

Jungkook pegou um pouco do macarrão instantâneo, e minha frustração quase


foi derrotada pelo jeito como ele é adorável mastigando.

— É a coisa mais gostosa que eu comi essa semana. — Ele disse, usando a
língua para limpar o lábio.

Eu sei que é mentira e que ele só quer me agradar, mas mesmo assim sorri um
pouquinho antes de começar a comer também. Quando acabamos, ele me
disse para ir tomar banho também, enquanto ele arrumava a cozinha. Depois
de uma pequena discussão, onde eu queria que ele fosse descansar e
deixasse a limpeza por minha conta, é claro que ele venceu, e ainda levei uma
bronca e um tapa na bunda por ser teimoso.

Derrotado, eu fui até seu banheiro e depois de escovar os dentes e tomar um


banho bem quentinho, me esgueirei enrolado na toalha até seu quarto e roubei
uma camiseta de seu armário, vestindo-a somente com uma das boxers que
trouxe na mala.

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Quando voltei para a sala, ele já tinha terminado de lavar os pratos e já estava
no sofá, mexendo nos papeis que trouxe do escritório.

— Eu posso ficar aqui com você? — Perguntei, cuidadoso. Apesar do cansaço


depois de uma viagem tão longa, eu ainda prefiro ficar perto dele.

— Você não quer dormir?

— Prefiro ficar com você...

Jungkook sorriu bem pequenininho, e eu fiz o mesmo quando ele gesticulou


para que eu me aproximasse, logo correndo para o sofá e me encolhendo ao
lado dele, abraçando-o.

— Ah, eu peguei uma blusa sua... tem problema?

— Não, anjo. Agora eu compro todas as minhas blusas pensando em como


elas vão ficar em você. — Ele respondeu depois de dar um monte de beijinhos
em minha cabeça. — Quer ver alguma coisa na TV?

— Vai te atrapalhar...

— Não atrapalha. As vezes eu deixo ligada enquanto trabalho.

Eu o olhei, curioso, ainda abraçando — o que?

— silêncio me incomoda. — Ele confessou, massageando minha mão. — Me


faz sentir um pouco sozinho.

Eu movi meus lábios, triste. Graças ao hotel, meus pais nunca costumaram
viajar muito, pelo menos não os dois de uma vez, mas uma vez eles decidiram
tirar férias e como eu já tinha idade suficiente, fiquei sozinho em casa. Nos
primeiros dias eu achei sensacional ter a casa toda só pra mim, mas logo
depois o silêncio e o vazio começaram a me incomodar e eu quase morri de
felicidade quando eles voltaram.

A diferença é que Jungkook está sempre sozinho aqui. Nunca tem ninguém
para voltar para casa.

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Verdadeiramente afetado por isso, eu dei um beijo demorado em sua
bochecha. — Prometo que enquanto estiver aqui eu vou fazer um monte de
barulhinhos, tá? Aí você não se sente sozinho.

Ele sorriu, sem parar de me fazer carinho. — Obrigado, anjo.

Sem querer atrapalhá-lo, eu me afastei um pouco para que ele ficasse com as
mãos livres para mexer em seus papeis, e liguei a TV com o volume bem
baixinho, deixando em um canal de desenhos.

Algum tempo depois, mesmo com o aquecedor ligado, eu comecei a sentir frio
nas pernas e aceitei uma manta que Jungkook ofereceu, assim como aceitei
seu convite para deitar a cabeça em seu colo, mas só quando garanti que não
o incomodaria. Quentinho por causa da manta grossa e sentindo a mão dele
fazer carinho em meus cabelos sempre que possível, eu comecei a ceder ao
cansaço, sentindo minhas pálpebras pesadas demais até que não consegui
mais deixá-las abertas, por mais que tentasse.

Não sei quanto tempo levou até sentir acordar, um pouco tonto por causa do
sono, mas percebi que eu estava nos braços de Jungkook, sendo colocado
cuidadosamente sobre a cama.

— Você já vai dormir? — Eu perguntei com a voz fraca, preguiçosa.

— Não, meu bem. — Ele se sentou ao meu lado depois de me cobrir com o
edredom, e se inclinou para beijar minha testa. — Mas você vai.

— Que horas são?

— Já passa das duas. Você precisa descansar.

Eu apertei meus olhos sonolentos, incomodado. — Você também precisa... não


tá cansado?

— Só com um pouco de dor de cabeça. — Ele disse, e eu segurei sua nuca


quando recebi outro beijinho, dessa vez na boca. Acho que não era sua
intenção, mas ele aprofundou e prolongou o beijo quando eu mordi seu lábio
sem muita força, e separei os meus quando ele os massageou com sua língua.

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Eu suspirei fraquinho contra sua boca, brincando com os cabelinhos em sua
nuca, e aceitei seu selinho quando ele se afastou um pouco.

— Descansa um pouquinho... — Eu pedi manhoso, ainda sem soltá-lo, e dei


mais um beijo para deixar meu pedido mais apelativo. — Por favor...

Eu não estou pedindo isso para poder aproveitar melhor o tempo com ele, só
quero, verdadeiramente, que ele descanse, porque a exaustão em seu rosto é
muito visível por mais que ele tente esconder.

Jungkook então suspirou num gesto complacente e, depois de receber mais


uns seis selinhos meus para tentar convencê-lo, ele finalmente moveu a
cabeça numa concordância ainda incerta.

Eu sorri, um pouco mais tranquilo, e esperei que ele fosse apagar a luz da sala.
Quando retornou, eu só esperei ele se deitar ao meu lado debaixo da coberta e
me arrastei até deitar sobre seu corpo, abraçando-o bem apertado com os
braços e pernas,

Nos primeiros minutos, eu senti seu carinho em minha cabeça, mas logo sua
mão parou de se mover e só então percebi como ele dormiu rápido. Feliz por
poder vê-lo descansar, mas também triste por saber que ele está tão cansado,
eu dei um último beijo em sua bochecha e finalmente dormi também, pertinho
dele.

Quando acordei pela manhã, Jungkook não estava mais ao meu lado na cama.
Ainda demorei algum tempo para lembrar onde tinha deixado meu celular e,
quando o encontrei, descobri que ainda não passava das sete. Eu poderia
voltar a dormir, porque ainda estava com sono, mas decidi sair do quarto e,
ainda sonolento demais, acabei batendo meu ombro no batente da porta.

— Ai... — gemi baixinho, massageando o local dolorido, mas o suspiro


frustrado que deixei escapar foi causado quando cheguei à sala, depois de ir
ao banheiro, e vi que Jungkook já estava trabalhando, de novo.

Eu olhei para a cozinha e não vi sinal nenhum de que ele comeu alguma coisa
depois de levantar, e seus olhos cansados provam que ele não dormiu bem,
também.
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— Jungkook... — Eu o chamei, preocupado, e arregalei os olhos quando o
toquei. — Você tá queimando de febre!

Ele segurou minha mão, afastando-a com cuidado. — Não é nada, anjo.

— Como assim não é nada? — Eu quase dei um soco nele, inconformado. — E


você nem tomou café!

— Isso acontece sempre, Jimin. — Ele disse um pouco mais sério, incomodado
por eu estar preocupado com razão. — Daqui a pouco passa.

— E você acha que é normal ter febre o tempo todo? — Eu insisti, tirando os
papeis de que estavam de sua mão e colocando-os sobre a mesa. Ele parece
tão abatido que sequer teve forças para me impedir, mas seu olhar deixa bem
claro que eventualmente eu vou ser punido por isso.

— Você não ajuda agindo desse jeito.

— O que ajuda é você foder sua saúde, né?

Ele apertou as sobrancelhas e, meu deus, eu realmente vou ser muito punido
por isso.

— Desde quando você fala assim comigo? — Ele perguntou, com um tom que
me fez querer implorar por desculpas imediatamente.

É tão inconveniente ser submisso nessas horas. É como se existisse um


instinto que me impulsiona a sempre querer agradá-lo, a ser sempre o seu bom
garoto.

Entretanto, eu realmente não posso deixar Jungkook continuar negligenciando


a própria saúde desse jeito, então, mais uma vez, vou correr o risco de ser
tomado pela frustração e o risco de ser punido depois.

— Você precisa descansar. E comer. — Eu apontei, ignorando sua pergunta


para não acabar me desfazendo em mil pedidos de desculpa, e juntei todos os
papeis sobre a mesa de centro, guardando-os em sua maleta logo depois. —
Eu vou comprar algumas coisas pra fazer uma refeição de verdade. Descansa
enquanto isso, por favor. Faz isso por mim.

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— Eu estou fazendo isso por você. — Ele respondeu, impaciente. — Eu estou
tentando adiantar as coisas para poder ficar mais tempo com você amanhã.

Eu murchei todinho, sem acreditar que ele está se esforçando tanto por isso.

Incapaz de manter minha pose de rebelde, eu me sentei ao seu lado,


cuidadoso, e segurei seu rosto febril com as duas mãos antes de beijar a
pontinha do seu nariz.

— Eu não vim até aqui pra isso, Jungkook. — O tranquilizei, acariciando suas
bochechas. — Eu não vim pra cobrar sua atenção. Eu só quero cuidar de você,
então me deixa fazer isso, por favor.

Eu senti sua expressão se tornar menos tensa sobre meu toque e o abracei,
arrependido.

— Desculpa por ter falado com você daquele jeito... — Murmurei,


envergonhado.

Eu suspirei, tranquilo, ao sentir ele deslizar a mão por minhas costas num
gesto que selou a paz depois do nosso pequeno momento de discórdia.

— Não fale assim comigo de novo. — Ele alertou, me fazendo perceber que
não vou ser punido dessa vez. — Entendeu?

Eu assenti, beijando seu rostinho quente, sem saber se choro de preocupação


ou me derreto por ele ser um dom tão bonzinho.

— Você pode dormir agora? — Eu voltei a sugerir, dessa vez muito mais em
tom de pedido que de ordem. — Não adianta tentar se concentrar no trabalho
assim. Então descansa, quando eu voltar faço alguma coisa pra te deixar mais
fortinho e depois a gente vai no médico pra ver porque você tá tendo tanta
febre. Pode ser?

— Tudo bem, anjo. — Ele deixou o ar escapar, frustrado. — Eu devo ser o


dominador mais manipulável que já existiu.

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Eu neguei, mesmo rindo. — Você só sabe que precisa se cuidar pra ficar
saudável e poder cuidar do seu submisso também. Não é isso que um
dominador faz?

Ele concordou com a cabeça, acabando por esfregar o nariz em meu pescoço,
o que me fez arrepiar um pouco.

Tudo bem. Esse não é o melhor momento para ficar excitado.

— Vem. — Eu o chamei, então, me afastando um pouco para puxá-lo pela mão


e então o levei até o quarto. Depois de me certificar de deixá-lo confortável na
cama, eu vesti um conjunto de moletom cinza, colocando o casaco por cima da
blusa dele que já estava vestindo, e recoloquei minha faixa de cabelo para
segurá-lo no lugar, sem esquecer de recolocar minha gargantilha.

Eu estou parecendo um doido, mas não conheço ninguém por aqui então não
acho que isso seja um problema.

A última coisa que fiz antes de sair do apartamento foi lavar o rosto e escovar
os dentes, então busquei pela internet do celular o supermercado mais próximo
e fui até ele, torcendo para ter dinheiro suficiente para pagar tudo que pretendo
comprar.

A primeira coisa que eu fiz foi comprar os legumes e as verduras, mas quase
chorei no meio da seção de hortifruti ao ver o preço das frutas.

— Que abuso! — Eu resmunguei, devolvendo a melancia ao seu lugar, que


definitivamente não é no meu carrinho de compras.

Pelo menos agora eu entendo porque meus pais só compram melancias em


datas especiais. Parece que tem ouro dentro desse negócio.

Seguindo só com umas miseras laranjas para fazer um suco, então, eu comprei
mais alguns ovos, arroz, massa de macarrão, pasta de soja e um pouco de
carne, além de comprar os condimentos para fazer kimchi de verdade, e não
deixar Jungkook comer aquela porcaria pronta de loja de conveniência.

Na fila, minha vez chegou bem rápido, porque parece que a população de Seul
não é muito disposta a fazer compras no sábado pela manhã, e eu lutei para
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conseguir equilibrar todas as sacolas nas mãos e para não surtar por ter
literalmente gastado todo o meu dinheiro, inclusive o que tinha separado na
cota de emergência. Mas tudo bem, estar com a carteira vazia não é grande
novidade para mim.

No caminho de volta, eu precisei parar várias vezes para arrumar as sacolas,


sentindo meus dedos quase dormentes pelo frio, e fiquei um pouco
desconfiado quando vi um moço parado diante do prédio de Jungkook, olhando
para uma das janelas dos apartamentos mais altos.

Eu não o reconheci de longe, mas quase derrubei tudo no chão quando, mais
de perto, lembrei de ter visto esse rosto estampado na capa de uma revista
quando estava em Jeju.

Por um segundo eu me amaldiçoei por estar usando um conjunto ridículo de


moletom, com os cabelos loiros e ressecados presos pela faixa preta e o rosto
provavelmente ainda amassado de sono.

Ele, por outro lado, tem a pele com um tom dourado espetacular, os cabelos
perfeitamente alinhados e hidratados caindo sobre o rosto bonito, simétrico
como uma obra de arte, sem falar em suas roupas que devem custar mais que
todo o meu guarda roupa.

Olhar diretamente para ele foi como um receber um soco furioso em minha já
baixa auto-estima, e eu só desviei os olhos para me poupar do sofrimento,
decidindo entrar de uma vez no condomínio para esquecer que existe uma
pessoa tão bonita assim.

Entretanto, não foi bem assim que aconteceu.

— Com licença? — Eu ouvi a voz grave, potente, e por um segundo achei que
ela veio do além, porque não deu pra acreditar que o dono de uma voz assim é
esse cara parado ali do lado de fora.

Eu praguejei baixinho antes de me virar para ele, ainda envergonhado por


minha aparência.

— Sim? — Eu retruquei, tímido.

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— Você é morador desse prédio? — Ele perguntou, com as mãos nos bolsos
de sua jaqueta. — Sabe me dizer se Jeon Jungkook ainda mora aqui?

Eu senti meu coração disparar ao ouvir o nome do meu Jungkook saindo da


boca de alguém tão bonito.

— Hm... Jungkook... da Bangtan? Você o conhece? — Perguntei,


estupidamente, torcendo para haver uma chance ínfima de existir outro
morador com o mesmo nome.

— Sim. — Ele exibiu um sorriso num formato engraçado, parecendo um pouco


ansioso.

Minha boca ficou seca em questão de segundos e eu quis muito negar, dizer
que, não, senhor, não tem nenhum Jeon Jungkook por aqui, mas talvez seja
uma visita importante, então eu só balancei a cabeça num sim, ainda tomado
por uma sensação completamente incômoda.

— Que sorte. — O moço bonito suspirou, aliviado. — Achei que ele poderia ter
se mudado.

Eu olhei para a porta de entrada, depois olhei para ele de novo. — Você... você
vai subir pra falar com ele?

— Sim. Espero que ele não fique incomodado por eu vir sem avisar.— Ele
ponderou, se aproximando de mim. — Quer ajuda com isso? Parece pesado.

Eu olhei para as compras em minhas mãos, percebendo que nem mais sentia
seu peso, mas aceitei a ajuda mesmo assim para ter uma mão livre para
destravar a porta, usando a mesma senha que Jungkook usou quando
chegamos antes.

— Você é amigo do Jungkook? — Ele me perguntou depois de alguns


segundos de silêncio, enquanto esperamos o elevador.

Eu senti seu olhar recair na gargantilha em meu pescoço, e então ele voltou a
olhar para o meu rosto, me mostrando outro sorriso simpático, mas parecendo
um pouco mais inseguro, dessa vez.

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— Eu nem me apresentei. Meu nome é Kim Taehyung.

Eu balancei a cabeça, mesmo que já soubesse disso. Kim Taehyung, a porra


do homem mais bonito que eu já vi.

Depois de Jungkook, claro.

— Park Jimin. — Retribuí seu cumprimento, movendo meu pé com agonia


sobre o piso limpo do elevador.

Quando a porta abriu no décimo andar, eu fui direto até a porta do apartamento
de Jungkook, e senti o olhar de Taehyung se tornar ainda mais afetado quando
percebeu que eu abri a porta.

Mesmo assim, ele não falou nada, e eu peguei as compras de sua mão,
deixando a porta aberta para ele, e coloquei tudo sobre o balcão da cozinha.

Taehyung parou ainda perto da entrada, olhando ao redor como se já


conhecesse o lugar, e eu tremi um pouco quando quebrei o silêncio do
apartamento, caminhando até o quarto.

— Eu vou chamar o Jungkook. — Avisei, no fundo desejando trancar esse


maldito modelo do lado de fora, bem longe do meu homem.

Quando entrei no quarto, eu o encontrei quase da mesma forma que o deixei


antes de sair, mas agora cochilando. Ele estava respirando pela boca e eu
toquei em seu pescoço para checar se a febre tinha aumentado, um pouco, e
decidi buscar algum remédio para ele tomar depois de comer e antes de irmos
ao médico.

Eu me afastei um pouco, decidido a deixá-lo descansando mais e a dizer para


o tal Kim Taehyung voltar outra hora, mas Jungkook gemeu baixinho,
parecendo despertar.

— Anjo? — Ele me chamou com a voz cansada e os olhos ainda um pouco


desfocados.

Instintivamente, eu tirei a faixa de cabelo, tentando parecer menos ridículo.

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— Conseguiu descansar? — Perguntei, sem tocá-lo. — Eu já vou preparar algo
pra você comer...

Jungkook apertou um pouco os olhos depois de assentir, deixando um som


incomodado escapar quando se esforçou para se sentar sobre a cama.

— Você está bem? — Ele perguntou, acho que talvez percebendo a


insegurança que eu não consegui disfarçar.

Eu balancei a cabeça numa resposta mentirosa. Não sei exatamente o motivo


de estar tão afetado, mas é impossível controlar a sensação ruim.

— Tem visita pra você... — Eu anunciei, então, quando ele afastou a coberta e
colocou as pernas para fora.

— Agora? — Questionou, parecendo confuso, e eu apertei meus lábios antes


de confirmar.

Ele então ficou de pé e eu o acompanhei quando ele começou a caminhar para


fora do quarto, sem se preocupar em vestir uma camisa mesmo sem saber
quem estava a sua espera.

— É O Namjoon? — Ele perguntou, então, terminando de abrir a porta que


deixei entreaberta.

Mas eu não tive tempo de negar.

Quando chegamos à sala, Taehyung estava lá, de pé no mesmo lugar, e eu


percebi a forma como a expressão de Jungkook mudou quando o viu ali.

— Taehyung? — Jungkook o chamou, então, parecendo completamente


atordoado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Hm...Oi? Esse capítulo ficou um pouco menor que o normal, mas acredito que
o conteúdo monótono de boa parte dele fez parecer que vocês acabaram de ler
20k de palavras

Uma parte de vocês sabe que essa semana foi bem complicada pra mim, e eu
gostaria de aproveitar essa att pra dizer que já tá tudo bem. me desculpa pela
demora em responder suas mensagens e por ter causado tanta preocupação,
mas obrigada de verdade por todas as coisas boas que vocês me disseram
nesses dias, cada mensagem que eu li me ajudou pelo menos a sorrir um
pouquinho

Mas infelizmente, essas mensagens boas não foram as únicas que eu li.
Ultimamente eu ando vendo muitos comentários maldosos sobre submissive e
eu sinceramente não sei filtrar muito bem, então acabo absorvendo até aqueles
que obviamente são feitos com motivação nenhuma além de uma raiva que eu
não compreendo. eu vi gente dizendo que sub virou um lixo porque é muito
enrolada, vi gente espalhando por aí que retrata relacionamento abusivo,
comparações desnecessárias com outras obras... enfim. Tanta coisa tóxica,
sabe? Isso aqui deveria ser um refúgio, mas muitas vezes eu até evito abrir o
wattpad pra não me deparar com certas coisas que não me fazem bem.

Meu único intuito em falar sobre isso aqui é pra lembrar que vocês podem, sim,
me dizer sinceramente o que acham da fanfic. Vocês podem me chamar no
privado, no meu mural ou até aqui nos comentários e dizer que "poxa, não
achei tal coisa legal por isso e isso". Eu não vou ficar ofendida, não vou ficar
com raiva e vou tentar conversar numa boa pra gente chegar a uma conclusão,
mas não cheguem jogando acusações sem mostrar fundamento nenhum além
de ódio gratuito. Eu não sou um robô e certas coisas que acontecem aqui no
wattpad me magoam a ponto de me fazer duvidar se isso aqui me faz bem de
verdade. Enfim. Acho que era isso. Aproveitando a brecha, vou pedir pra vocês
deixarem aqui comentários sinceros em relação ao que acham da obra, não
importa se são pensamentos negativos ou positivos. Só levem em
consideração tudo que eu disse ali em cima, por favor

Desculpem o desabafo, mas eu precisava mesmo falar. Minhas férias já estão


no final, então a próxima att só sai dia 22/04. até lá!
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29 • Betsubara
Dedicado a vanterely

— Taehyung?

Eu não entendi porque Jungkook pareceu tão surpreso ao vê-lo, assim como
não entendi porque a forma como o tal Taehyung sorriu ao olhar para ele
disparou ainda mais violentamente o alerta no fundo da minha consciência.

— Ei, Jungkook... — Ele finalmente respondeu, com a voz ainda mais mansa
que aquela que usou para falar comigo. Foi suave, tímida... quase submissa.

Jungkook olhou para mim e eu percebi que ele quis dizer alguma coisa, mas se
atrapalhou todo e então voltou a olhar para Taehyung, com as sobrancelhas
franzidas e os olhos confusos.

— O que você está fazendo aqui?

— Ah, eu... eu estou voltando para a Coreia e precisei vir até Seul para acertar
a documentação com minha nova agência. Eu só vou ficar alguns dias, mas
queria muito te ver...

Eu senti meu peito subir e descer dolorosamente quando me percebi


ameaçado como nunca por sua resposta, seu tom de voz e sua forma de olhar
para Jungkook.

— já fazia um tempo, então eu pensei que... — Ele tentou se justificar mais um


pouco, exibindo um sorriso que passou longe de ser verdadeiro. Por fim,
desistiu, sem jeito, e tentou mudar o rumo da conversa. — Você parece
diferente. Nem gostava de fotos, mas agora tem uma bem na entrada do
apartamento.

— Eu gosto de chegar em casa e ver o rosto do Jimin.

A expressão de Taehyung pareceu vacilar, mas ele manteve o sorriso suave no


rosto.

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— Vocês dois estão juntos?

Eu senti todo o meu corpo tensionar e foi num movimento quase defensivo que
eu me afastei de Jungkook e passei para a cozinha, tentando sair do campo de
visão de Taehyung. Eu odeio minha aparência nesse segundo, e ouvir seu
questionamento me faz sentir completamente inadequado para ser a pessoa
que está ao lado de Jungkook.

— Sim. — Ele finalmente respondeu e eu me senti ainda mais envergonhado,


abaixando o rosto quando comecei a tirar as compras das sacolas.

— Ah... — Taehyung murmurou. — Eu não sabia que... enfim. Acho que é


melhor ir embora. Foi bom te ver, de qualquer forma.

— Tudo bem. — Jungkook concordou, e eu me assustei quando o percebi ao


meu lado na cozinha, me ajudando a arrumar as compras. Ele olhou para
Taehyung por cima do ombro, com um sorriso educado, quase impessoal. —
Boa sorte com sua nova agência.

Taehyung pareceu ainda mais sem jeito e sua relutância em realmente ir


embora ficou muito óbvia, mas enfim ele balançou a cabeça num gesto
acanhado de despedida.

— Obrigado... eu já vou agora.

Meu coração bateu um pouco mais forte, acompanhando o som da porta sendo
fechada outra vez.

— Deixa que eu arrumo. Pode ir descansar. — Eu disse, tirando o pacote de


macarrão da mão de Jungkook, sem coragem de olhá-lo.

— Anjo — Ele me chamou e eu fechei os olhos, afetado, quando ele me


abraçou pelas costas e apoiou sua bochecha ainda quente contra minha
cabeça. — Você não comprou nada doce.

— Você não gosta de doces. — Eu respondi, sem força para me afastar dele,
sentindo seu corpo febril envolver o meu.

— Mas você gosta. O que você vai comer na sobremesa?

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Eu balancei os ombros, finalmente me afastando, e sei que ele percebeu minha
relutância em ficar perto dele.

— Eu engordei demais nos últimos meses, é melhor me controlar um pouco


agora.

— Você sabe que não deveria se preocupar com isso. — Jungkook contrariou,
ainda parado no mesmo lugar.

— Por enquanto eu estou mais preocupado com sua febre. — Rebati,


terminando de guardar as coisas que não vou usar agora, deixando-as para as
próximas refeições. — Descansa mais um pouco enquanto eu faço a comida.
Por favor.

Mesmo sem olhá-lo, eu senti a atenção de Jungkook focada em mim, até que
ele finalmente me deu as costas e voltou para o quarto. Sozinho, eu apoiei
minhas mãos no balcão e abaixei minha cabeça, com os olhos fechados,
tentando colocá-la no lugar. A sensação de que Kim Taehyung não é só um
conhecido de Jungkook me desespera completamente, e minha mente só é
arrastada para longe dos pensamentos assustados quando, com um
sobressalto, eu percebi que Jungkook voltou à cozinha e parou atrás de mim,
recolocando a faixa de cabelo que eu tirei quando entrei no quarto, levado pelo
impulso da insegurança.

— Eu descasco as batatas — Ele avisou, terminando de arrumar a faixa de


forma a segurar meus cabelos, impedindo-os de voltarem a cair sobre meus
olhos.

— Não precisa, Jungkook. Eu faço sozinho.

Sem sair da sua posição atrás do meu corpo, ele desceu as mãos até meus
ombros e, me segurando com firmeza, se curvou até deixar sua boca na altura
do meu ouvido.

— Eu tenho certeza de que você lembra quem dá as ordens aqui, Jimin. — Ele
disse baixo, mas resoluto, e o arrepio foi involuntário quando ele me deu um
beijo suave no pescoço, em contradição ao tom de voz quase severo.

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Rendido ao seu lembrete, eu assenti envergonhado para logo depois sentir ele
me afastar cuidadosamente da pia, deixando-a livre para que ele fizesse o que
tinha decidido fazer. Ainda calado, então, eu deixei o arroz cozinhando na
panela elétrica e depois preparei o caldo com a pasta de soja para cozinhar
com os legumes que Jungkook preparou.

Nós não trocamos nenhuma outra palavra até o momento em que servimos a
comida na mesa e eu sentei de frente para ele, sem muita vontade de comer.

— A comida vai esfriar, anjo. — Ele alertou, atento à forma como eu continuei
remexendo o caldo em minha tigela funda, sem efetivamente começar a tomá-
lo.

— Eu não tô com muita fome... — Respondi, sem parar de olhar para a colher
parcialmente imersa na sopa.

Em resposta, eu ouvi seu suspiro fraco e o som sutil de sua colher sendo
deixada de lado.

— Olhe para mim quando estiver falando comigo, meu bem. — Ele relembrou
e eu finalmente ergui os olhos, ainda desajeitado, encontrando-o com o
cotovelo apoiado sobre a mesa e o queixo descansando sobre seu punho
fechado.

Jungkook deslizou a língua entre os lábios, me olhando com atenção, e mesmo


febril ele parece firme como sempre, mas também existe uma calma
incomparável em seu olhar.

— Por que você está assim?

Eu quase abaixei os olhos outra vez, apertando minhas mãos uma contra a
outra debaixo da mesa, inseguro sobre a forma em que colocaria minha
explicação em palavras.

— Aquele cara... o Taehyung. — Eu finalmente comecei a dizer, ainda incerto.


— Ele não é só um conhecido seu... né?

Jungkook piscou devagar, com calma, antes de confirmar com um movimento


contido.
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— Nós namoramos por um tempo.

Dessa vez, foi impossível me controlar e eu voltei a abaixar o rosto,


completamente inseguro.

Eu já imaginava isso. Ficou óbvio pela forma como Taehyung o olhou, mas eu
quis acreditar na possibilidade de Jungkook nunca ter se envolvido com ele,
porque é dolorosamente desesperador saber que alguém tão melhor que eu já
ocupou o meu lugar ao lado do homem que eu amo. Me faz sentir, mais que
nunca, que eu nunca vou ser suficiente.

— Isso aconteceu há muito tempo, anjo. — Ele então tentou me tranquilizar,


ainda calmo.

Eu respirei fundo antes de ter a coragem necessária para levantar meus olhos
outra vez, e senti meu lábio tremer quando voltei a olhar para ele.

— Você pareceu afetado quando o viu aqui... — Apontei, consciente sobre a


forma como a tristeza não escapou do meu tom de voz.

— Eu não o via, nem falava com ele há muito tempo e de repente ele apareceu
em minha casa. É natural ficar um pouco confuso. — Jungkook explicou,
paciente.

— Por que ele veio aqui? — Eu insisti, ainda inseguro. — Se vocês não se
falavam há tanto tempo... por que ele veio atrás de você agora?

— Eu não sei, meu bem. E sinceramente não importa.

Eu voltei a ceder ao impulso de abaixar meu rosto e apertei os olhos,


amassando o tecido grosso da minha calça de moletom com minhas mãos
suadas pelo nervosismo. Contra minha vontade, imagens de Jungkook ao lado
de Kim Taehyung bombardearam minha mente e minha respiração ficou mais
tensa.

Saber que Jungkook tinha um passado com outras pessoas sempre foi
irracionalmente incômodo, mesmo que no fundo eu soubesse que não devesse
pensar muito nisso. Ele já era um homem adulto quando o conheci e era
natural que já tivesse se envolvido com outros homens e outras mulheres.
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Com esforço, eu conseguia evitar meus pensamentos de viajarem nessa
direção e então me poupava da sensação ruim, mas agora que me deparei
diretamente com uma parte de seu passado e comprovei que ele já esteve em
um relacionamento com uma pessoa tão bonita e tão bem sucedida, é
insuportável.

Ao mesmo tempo, eu me peguei questionando como Jungkook pode dar certo


comigo se não deu certo com alguém no nível de Taehyung.

— Jungkook... — Eu o chamei quando voltei a erguer o olhar, percebendo que


ele me olhava quando voltei a erguer o olhar, percebendo que ele me olhava à
espera de uma reação. — Por que você terminou com ele?

Ele se moveu, tirando o cotovelo de cima da mesa para se recostar melhor em


sua cadeira.

— Foi ele quem terminou comigo, anjo.

Eu realmente acreditei que não poderia piorar, mas piorou. Se Jungkook


respondesse minha pergunta citando motivos para não ter dado certo com
Taehyung, talvez algum deles tranquilizasse meu coração agitado e inseguro.
Entretanto, descobrir que não foi ele a dar um fim ao relacionamento que
tiveram me leva à certeza de que Jungkook ainda tinha sentimentos por ele
quando terminaram.

Talvez Taehyung tenha sido mesmo o par ideal para ele.

— Nós podemos continuar essa conversa, se você quiser. Eu não tenho


absolutamente nada para esconder de você. — Ele disse, com a mesma calma
inabalável na voz. — Mas não me faça falar sobre isso se for te fazer mal de
alguma forma.

Falar faz mal. Mas a insegurança é pior.

— Por que ele terminou? — Eu insisti, reformulando minha pergunta anterior.


— Quem é louco de terminar com você?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Taehyung tinha outras prioridades, meu bem. Ele tinha acabado de começar
a carreira como modelo, mas não queria ficar preso à Coreia, então assim que
viu a primeira oportunidade de ir embora, ele foi.

— Se ele não tivesse ido... vocês ainda poderiam estar juntos...

— Isso eu não tenho como saber, mas eu acredito que as coisas aconteceram
da forma que deveriam acontecer. — Eu o olhei, talvez um pouco confuso, e
ele sorriu carinhoso.

— Cada coisa que aconteceu comigo, boa ou ruim, me fizeram o homem que
eu sou hoje, anjo. E se é esse o homem que você ama e que te faz feliz, então
eu agradeço por tudo que passei até agora.

Eu puxei o ar devagar, afetado por seu sorriso sereno, e ainda fiquei algum
tempo parado quando ele gesticulou, pedindo que eu me sentasse ao seu lado.

-Sente aqui. — Ele disse, manso.

Ainda um pouco atordoado, eu me levantei e dei a volta na mesa, mas suspirei


baixinho, surpreso, quando ele me segurou antes que eu me sentasse na
cadeira do seu lado direito, e então me abraçou, apoiando sua cabeça em
minha barriga depois de beijá-la.

— Eu realmente não sei porque Taehyung resolveu me procurar depois de


tanto tempo, mas você não precisa se preocupar. Eu amo você, Jimin. Só você.

Eu soltei o ar de um jeito desastrado e passei minhas mãos por sua pele ainda
quente, segurando-o nessa posição por mais tempo.

Não é que eu duvide do amor de Jungkook por mim, porque eu confio nele com
toda minha vida. Ao mesmo tempo, entretanto, eu falho vez atrás de vez em
confiar em mim mesmo, em me achar merecedor desse sentimento, e o medo
vem como consequência.

— Você jura que não sente mais nada por ele? — Eu ainda perguntei, tentando
soar mais calmo. — Nem raiva por ele ter te deixado?

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— Eu nunca senti raiva por isso, meu bem. — Ele explicou, se afastando com
cuidado para então finalmente me deixar sentar ao seu lado, e eu sorri um
pouquinho, ainda tenso, quando ele se virou para mim e beijou minhas mãos.
— Eu ainda desejo coisas boas a ele, mas é só isso. Por ele, não existe
nenhum outro sentimento em mim.

Eu pisquei os olhos e mordisquei a parte interna do meu lábio antes de


assentir, então me inclinei para beijar sua bochecha demoradamente. Antes de
me afastar, eu acariciei seu rosto com minhas mãos, sentindo sua pele febril
sob meu toque.

— Vamos comer, tá? — Eu pedi, lembrando da comida já morna. — Eu sei que


não é muito gostoso, mas vai ajudar a te deixar mais forte...

Jungkook sorriu, esfregando sua bochecha contra minha mão antes de retribuir
o beijo em minha bochecha.

Desse ponto em diante, eu decidi riscar o nome de Taehyung de meus


pensamentos e me foquei unicamente em cuidar de Jungkook. Quando
terminamos de comer, então, eu arrumei a cozinha enquanto ele tomava
banho, e procurei um remédio para febre em seus armários. Depois de ler a
bula, eu dei a ele a dose indicada e coloquei a caixa do medicamento junto
com meu celular, para não esquecer de levá-la ao hospital e mostrar ao
médico.

Nós saímos de casa depois que eu também tomei meu banho e troquei de
roupa, tomando o cuidado de vestir algo mais apresentável que um conjunto
ridículo de moletom. E como a bula do remédio alertava para evitar atividades
como dirigir, já que pode causar sonolência, eu insisti para que chamássemos
um táxi.

Sem conhecer nada em Seul, eu deixei que Jungkook indicasse o hospital ao


motorista, assim como deixei que ele me guiasse pela recepção quando
chegamos, com sua mão entrelaçada à minha.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Jungkook, eu acho que o pronto atendimento é pra lá... — Eu apontei para a
direção indicada num painel de informações, percebendo que ele me levava
pelo lado oposto.

— Eu sei. — Foi o que ele respondeu, me guiando até o elevador. — Mas


prefiro ser atendido por meu irmão.

Meus olhos quase saltaram da cara e eu apertei sua mão com força, expondo
meu nervosismo.

Eu já sabia que Junghyun é médico, e foi por ser tão devoto à sua carreira que
sequer considerou a possibilidade de assumir a direção da Bangtan, mas
realmente não esperava conhecê-lo hoje, agora.

— Seu irmão? — Questionei, meio desesperado. — Eu vou conhecer seu


irmão assim? Sem nem me preparar psicologicamente?

— Ele é inofensivo. — Jungkook me tranquilizou. — Não precisa se preocupar.


Guarde seu nervosismo para quando for conhecer minha mãe, ela sim é uma
megera.

— Ah, pronto, agora quando eu for conhecer sua mãe eu vou desmaiar...

Jungkook riu de meu óbvio desespero, e na verdade eu nem sei se ele estava
exagerando ou não. Sua mãe é uma das pessoas sobre quem ele menos fala,
o que significa que ele não falou sobre ela mais que três vezes, então eu
realmente não sei o que esperar dessa mulher.

Por enquanto, só vou torcer para que meu encontro com ela seja adiado o
máximo possível. De preferência até minha morte.

Quando chegamos a um outro andar, então, ele me levou a um dos vários


consultórios particulares do hospital, o que tinha o nome Dr. Jeon Junghyun
indicado em uma plaqueta logo acima do nome cardiologista.

Logo depois da porta de vidro do consultório particular, eu vi uma sala de


espera vazia e climatizada, ao lado de uma recepção com uma única
atendente. A mulher estava falando com alguém no telefone quando entramos,

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
e só nos percebeu quando finalizou a ligação, mas seus olhos pousaram direto
em Jungkook e ela se atrapalhou toda com as mãos.

— S-senhor Jeon... — Ela cumprimentou, mostrando que já o conhece e que


ele obviamente a deixa sem jeito.

— Bom dia. — Ele respondeu com o mesmo tom educado de sempre, parando
diante do balcão, ainda me mantendo ao seu lado. — Junghyun está ocupado?

— Ele está com um paciente agora, mas deve fazer uma pausa assim que a
consulta terminar. — Ela explicou, e eu percebi quando usou a mão para
arrumar uma mecha do cabelo atrás da orelha. — Eu posso avisar que o
senhor está aqui, se quiser...

— Não precisa. Eu espero. — Ele negou educadamente, e eu apertei meus


olhos antes de praticamente agarrar seu braço, colando meu corpo ao seu num
gesto enciumado diante da forma quase apaixonada com a qual a
recepcionista continuou olhando para ele.

As vezes eu verdadeiramente sinto vontade de socar o rosto de Jungkook até


deixá-lo feio.

Em resposta à minha ação óbvia, ele falhou em conter um sorriso pequeno,


divertido, e só gesticulou para a moça antes de me guiar até um dos dois sofás
pequenos.

— Ciumento. — Ele disse baixo, quase num sussurro.

Eu apertei meus olhos, emburrado. — Só quis mostrar que você é meu.

Jungkook riu e eu me desfiz em um sorrisinho rendido quando ele se inclinou


para beijar minha cabeça, sem me repreender.

— Eu ainda acho que a gente deveria ter ido no pronto atendimento... —


Murmurei, então, dessa vez mais motivado pela confusão em relação à sua
escolha de vir até o consultório de seu irmão.

— Eu quero que Junghyun te conheça. — Ele respondeu, virando o rosto para


mim quando deitou a cabeça no encosto do sofá, parecendo enfadado,

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
provavelmente pelos efeitos da febre. — E ser atendido por ele é mais rápido.
Você sabe que eu não gosto de esperar.

Eu deixei um som malcriado escapar antes de resmungar baixo. — Fala isso


agora mas esperou uns dois anos até transar comigo...

Em repreensão, Jungkook pousou uma mão em minha coxa, apertando-a com


uma força considerável, e seu olhar bravinho foi só o complemento da minha
bronca silenciosa.

— Desculpa... — Eu pedi, quase falhando em segurar uma risada provocada


por sua expressão.

— Você anda muito malcriado, anjo - Ele disse, em claro tom de aviso.

— Não... — Eu murmurei, manhoso, aproximando meu corpo ainda mais do


seu e então deitei a cabeça em seu ombro, esfregando minha bochecha ali
quando o abracei da forma que foi possível. — Eu sou o bom garoto do
Jungkook...

— Só quando quer ser. — Contrariou, e eu senti sua mão deslizar por minha
perna num carinho provocante quando ele virou o rosto e beijou o topo da
minha cabeça antes de dizer ainda mais baixo: — Talvez eu precise começar a
te punir de outras formas...

Eu já ia questionar, extasiado, de que outras punições ele estava falando, mas


fui obrigado a adiar minha pergunta empolgada quando a porta da sala de
atendimento foi aberta. O médico, que obviamente pressupus ser seu irmão,
acompanhou um senhor de idade até a porta do consultório, ou parecia prestes
a fazer isso até que viu Jungkook ali.

— Isso é uma miragem? — Ele murmurou, com os olhos arregalados. — Jeon


Jungkook resolveu dar as caras?

Em resposta, Jungkook revirou os olhos sem tirar sua mão de minha coxa
apesar da minha velocidade em me distanciar um pouco dele.

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Isso ainda é um pouco intimidante. Por todo esse tempo, nós nos relacionamos
em meio à minha realidade, aos meus amigos e minha família. Agora, inserido
no seu próprio ciclo, eu continuo sem fazer ideia de como agir.

— Hm, Senhor Choi, — o irmão de Jungkook virou para o senhorzinho,


tentando sorrir de forma amigável. – lembre de marcar retorno quando estiver
com os resultados dos exames. Volte para casa com cuidado.

O velhinho assentiu e eu achei muito fofo quando ele sorriu, com o rosto todo
enrugadinho e a coluna curvada pela idade, antes de caminhar devagar até a
porta de vidro.

Assim que ele já estava longe, Junghyun virou para Jungkook, fuzilando-o com
o olhar. - Ok. Agora eu quero saber que milagre fez meu irmãozinho vir me ver.
— Ele olhou para mim e então apertou um pouco os olhos, confuso. — Quem é
esse?

— Meu namorado.

— Você é o Jimin? — O médico abriu os olhos como se eu fosse uma


assombração, enquanto eu assenti envergonhado. — Você existe de verdade?
Meu deus, eu jurava que você era uma ilusão da cabeça desse moleque... —
Ele apontou para Jungkook, ainda impressionado.

— Cala a boca, Junghyun. — Jungkook resmungou, deixando um som


desconfortável escapar quando se impulsionou para ficar de pé. — Eu estou
com febre. Faça passar.

— Então fosse no pronto atendimento, meu filho. — O irmão mais velho


rebateu. — Eu tenho uma agenda cheia de pacientes para atender.

— Felizmente fiquei sabendo que você tem uma folga agora. — Jungkook
respondeu, segurando minha mão e começando a me puxar em direção à sala
de atendimento. — Ande logo, eu quero voltar para casa.

Eu fiz uma careta meio tensa quando entramos na sala antes do médico, e o vi
coçando a cabeça antes de suspirar, resignado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Me avise quando o próximo paciente chegar... — Ele pediu à recepcionista,
que concordou um pouco desajeitada. No instante seguinte, estávamos os três
dentro da sala fechada com uma decoração bizarra de próteses de corações, e
Junghyun sentou detrás da mesa de vidro, gesticulando para que sentássemos
nos dois assentos em frente.

Nos primeiros segundos, ficamos os três em silêncio e eu apertei meus lábios,


movendo-os de forma um pouco infantil até o homem de jaleco suspirar.

— Ele não vai nos apresentar formalmente, pelo visto. — Ele resmungou. —
Meu nome é Jeon Junghyun, você já deve saber que sou o irmão mais velho
da Miss Simpatia que você namora. É um prazer.

— Park Jimin — Respondi, abaixando um pouco o rosto enquanto passava as


mãos sobre minhas coxas, envergonhado. — O prazer é meu...

— Então, — Ele olhou para Jungkook, arrumando o jaleco. — febre, é? Tomar


um remédio não passou por sua cabeça?

— Eu dei esse aqui pra ele tomar. — Eu tomei a liberdade de responder,


puxando com dificuldade a caixa vazia do medicamento no bolso da minha
calça apertada e entregando-a a Junghyun. — Eram nove e vinte quando ele
tomou, a bula diz que o tempo médio de reação é de trinta minutos, mas acho
que ainda não começou a fazer muito efeito.

Ele assentiu, olhando rapidamente para a composição do medicamento, e eu


me surpreendi quando, ao invés de olhar para Jungkook, ele olhou para mim.

— Alguma ideia da causa da febre? Ele reclamou de dores na garganta ou algo


assim?

Eu neguei, tímido. — Só disse que estava com um pouco de dor de cabeça


antes de dormir, mas... ele disse também que tem febre com frequência, por
isso eu achei melhor vir no médico...

— Com frequência? — Junghyun repetiu, inconformado. — E só agora esse


cabeça oca fala alguma coisa?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Ele provavelmente não faria nada se eu não insistisse. — Entreguei. —
Jungkook trabalha até a exaustão, não dorme e pula um monte de refeições,
então eu pensei que ele pode estar com a imunidade baixa — Eu me encolhi
ao perceber que eu, completamente leigo, estou adiantando um prognóstico
diante de um médico, então completei, envergonhado: — Ou algo assim...

— Você está pulando refeições, sua mula? — Seu irmão esbravejou, e eu vi


Jungkook revirar os olhos outra vez. — Eu vou contar pro papai!

— Não é como se ele pudesse fazer alguma coisa em relação a isso. —


Jungkook rebateu, implicante.

O mais velho massageou as têmporas, inconformado. — Veja como é o


homem que você está namorando, Jimin. — Ele me alertou. — É uma criança
no corpo de um homem!

Eu concordei fraquinho com a cabeça e logo senti o olhar de Jungkook me


fuzilando.

Pelo menos o corpo de homem dele é maravilhoso.

Maravilhoso demais. Meu deus.

— Você precisa comer bem, Jungkook. — Junghyun então voltou a dizer,


puxando uma caneta para escrever algo numa das folhas de um bloco com seu
nome e registro médico. E descansar. Você não vai conseguir trabalhar bem se
seu corpo não estiver bem também

— Meu corpo está bem.

— É óbvio que não está. — Ele olhou para mim depois de carimbar a guia,
entregando-a para mim. — Dê um jeito de arrastar ele para fazer esses
exames o mais rápido possível. Continue dando o antitérmico de seis em seis
horas e faça ele se alimentar direito e ter uma noite decente de sono, também.

— Você pode dizer isso diretamente para mim, Junghyun. — Jungkook


reclamou, vendo que seu irmão continuou falando diretamente comigo a cada
instrução dada.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Cala a boca que você nem sabia falar seu nome até os cinco anos, quem
garante que vai saber seguir recomendações médicas?

— Meu nome é difícil. — Resmungou de volta, ressentido.

Junghyun revirou os olhos antes de focá-los em mim outra vez. — Você pode
continuar cuidando dele, Jimin? Por favor. Esse ingrato se afastou
completamente da família e só aparece para visitar nosso pai, então eu
gostaria de contar com você.

— Eu vou cuidar dele. — Prometi, apertando meus dedos uns contra os outros.
— Mas não fique chateado com ele por ter se afastado... O Jungkook faz o
melhor que pode...

Eu percebi o olhar de Junghyun se tornar um pouco assustado antes que ele


relaxasse, com um sorriso compreensivo no rosto de traços familiares como os
de meu Jungkook.

— Eu sei que faz. — Ele confessou, ainda sorrindo. — Mas por hoje só deixe
ele fazer o melhor para se recuperar. Nada de trabalho e pelo amor de deus
faça ele ter oito horas de sono pelo menos nessa noite, nem que você precise
amarrá-lo na cama.

— Mas quem gosta de amarrar os outros é o Jungkook... — Eu disse meio


brincalhão, sem pensar

— Oi? — Junghyun questionou, parecendo confuso.

Eu apertei meus lábios e abri os olhos, deixando o som arranhado de uma


risada inapropriada escapar quando percebi o que acabei de dizer
descuidadamente. Ao meu lado, Jungkook pigarreou, cobrindo a boca com as
costas dos dedos para disfarçar a risada que eu sei que também precisou
controlar

Pelo menos essa minha boca grande sempre faz meu amorzinho rir.

— É uma... — Eu tentei contornar a situação, percebendo o estranhamento de


Junghyun, o que claramente indica que ele não conhece os fetiches de seu
irmão mais novo. — É uma piada interna,
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— Ah. — Ele sorriu, mais relaxado. — Por um momento achei que você estava
falando sério. Que susto.

— Que nada.

Dessa vez, Jungkook falhou ainda mais em reprimir o riso e eu só sorri da


forma mais inocente que me foi possível quando Junghyun voltou a olhar para
mim.

— Nós já vamos agora. — Jungkook anunciou, ficando logo de pé.

— De nada pela consulta grátis. — O mais velho resmungou, mas gesticulou


em despedida quando me levantei também, e então sua expressão se suavizou
um pouco. Se cuida, Jun. E vá me visitar em casa antes que meus filhos
esqueçam que têm um tio.

Jungkook assentiu e entrelaçou sua mão à minha antes de sairmos da sala. Já


fora do consultório, nós mal demos três passos antes de começarmos a rir alto.

— Quase que seu irmão descobre que você gosta de bondage, meu deus —
Eu disse, ainda rindo.

— Se você continuar falando alto assim, até as pessoas em coma vão


descobrir, anjo. — Ele provocou e eu fiz uma caretinha falsa e inocente de
arrependimento antes de abraçá-lo quando ele passou o braço por meu ombro,
beijando o topo da minha cabeça ainda com o sorriso na boca.

No caminho de volta para casa, eu pedi para o táxi parar numa farmácia para
comprar mais uma cartela de antitérmicos, um termômetro e um chá para
ajudá-lo a dormir melhor à noite. Por sorte, Jungkook tomou a iniciativa de
pagar as compras antes que eu precisasse pedir por isso, ainda com a carteira
vazia a ponto de dar dó.

Quando chegamos em seu apartamento, eu medi sua temperatura para poder


ter um controle maior sobre sua febre e depois o deixei deitado enquanto eu
preparava o almoço. Nós comemos juntos novamente e depois deitamos
agarradinhos na cama, sem que eu parasse de fazer carinho nele sequer por
um segundo

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Por mais que seja gostoso ficar assim com ele, eu percebi seu desconforto por
adiar seu trabalho e por isso fiquei um pouco triste. Ele sequer se dá o direito
de tirar um dia para cuidar de sua saúde.

— Jungkook... — Eu o chamei, acariciando sua cabeça deitada sobre meu


peito.- Eu posso fazer uma pergunta?

— Claro que pode, meu bem.

— Quando seu pai... quando ele estava bem e ainda trabalhava, ele também
se desgastava tanto assim? — Questionei, cuidadoso.

Em resposta, eu não tive nada além do seu silêncio por tempo demais, até que
ele negou com a cabeça, sem levantá-la.

— Ele nunca levava trabalho para casa e eram poucas as vezes que precisava
ficar no escritório até tarde. — Jungkook confessou, falando baixo. — Ele
também sempre tinha tempo para mim e para o Junghyun... quando eu era
mais novo, ele sempre reservava os domingos para ficar com a família, não
importava o que estivesse acontecendo na Bangtan.

Eu escolhi bem minhas palavras seguintes, sem intenção alguma de magoá-lo


ou fazê-lo se sentir inferior a seu pai. — Então por que você não tenta ver o
que ele fazia de diferente do que você faz? Se você descobrir isso e copiar os
acertos dele, pode ficar mais fácil pra você acertar também.

— A diferença entre nós dois é que eu não tenho a confiança que ele tinha,
anjo. — Ele disse depois de mais algum tempo de silêncio, e eu senti sua
dificuldade em falar sobre isso. — Os acionistas não confiam em mim e eu sei
que qualquer erro pode me tirar do lugar que eu ocupo agora. — Ele se moveu,
parecendo um pouco desconfortável em me confessar essas coisas. — Então
quando um relatório ou projeto já revisados chegam em minhas mãos, tudo que
eu preciso fazer é assinar porque existem equipes treinadas responsáveis por
todo esse serviço. Mas eu não posso deixar nada de errado acontecer sob
minha direção e por isso acabo refazendo todo o trabalho, revisando
documento por documento e acumulando cada vez mais coisas... — Eu
respeitei sua pausa, e senti meu coração apertar quando ele terminou: — A

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verdade é que eu não tenho competência para ocupar um cargo tão alto numa
empresa como a Bangtan.

— Não fala assim. — Eu pedi, chateado, me movendo para conseguir olhar em


seus olhos.

— Você é a pessoa mais dedicada e inteligente que eu conheço, Jungkook...

Eu me movi de novo, dessa vez quase me ajoelhando sobre a cama enquanto


passei a segurar seu rosto com minhas mãos.

— Eu confio muito em você, porque você é o melhor desse mundo todinho.- Eu


disse, sinceramente. — Então tenta confiar também E confia nos seus
funcionários... se você focar só no seu trabalho, eu tenho certeza de que vai
ficar muito mais fácil dar o seu melhor e esfregar na cara desses acionistas
chatos que você é muito capaz, sim!

Jungkook sorriu fraco, deslizando sua mão por minhas costas antes de me
puxar e me fazer deitar ao seu lado outra vez.

— É difícil confiar em outros quando eu não consigo confiar em mim mesmo,


anjo...

— Eu te ajudo a confiar em você. O que eu mais tenho são motivos pra mostrar
que meu homem é o mais incrível da face da Terra.

Ele sorriu de novo, ainda mais, e fechou os olhos serenamente quando eu


beijei sua testa, exatamente como ele sempre faz comigo. É um gesto que me
acalma e me faz sentir seguro, e é assim que eu quero que ele se sinta agora.

— Vai ficar tudo bem, tá? Nem que eu tenha que matar todos os acionistas
idiotas que duvidarem de você.

Jungkook riu e eu apertei meus olhos quando ele beliscou meu nariz,
brincalhão. — Um gatinho do seu tamanho não deve conseguir machucar
alguém a esse ponto.

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— Yukwon as vezes diz que eu sou uma naja e najas têm veneno, então é
melhor eles tomarem cuidado antes de mexer com o homem da pessoa errada
— Eu me defendi, todo orgulhoso.

— É assim? Então acho que eu posso ficar mais tranquilo.

Eu assenti antes de me aninhar contra ele, aliviado por sentir seu corpo
perdendo os sinais da febre.

— De verdade, Jungkook. — Eu falei, mais sério. — Eu sei que não posso te


ajudar com seu trabalho, mas eu acredito muito em você e vou fazer tudo que
puder pra você acreditar também, tá bom?

Ele me mostrou uma expressão séria, mas suave, e eu aceitei o beijo que ele
me deu como uma resposta. Com o rostinho dele ainda perto do meu, eu
devolvi seu beijo e acariciei sua bochecha, que ainda não está gordinha como
eu gosto.

Pelo tempo seguinte nós ficamos em silêncio, quietinhos, até que Jungkook
suspirou fraco.

— Eu queria sair com você amanhã — Ele confessou, então. — Mas acho que
vamos que deixar para a próxima vez.

— Tudo bem. — Eu respondi, verdadeiramente tranquilo em relação a isso. —


A gente ainda vai ter muitas oportunidades de sair, porque eu vou vir pra Seul
até você enjoar de mim.

— Você sabe que isso não vai acontecer.

— Por isso mesmo que eu vou continuar vindo. — anunciei com um sorriso
convencido.

— Você já sabe quando vem de novo?

— Quando tiver dinheiro... — Eu ri, sem graça. — Lembre que seu namorado é
meio pobre...

— Eu posso pagar suas passagens. — Ele ofereceu, parecendo ansioso. —


Assim você pode vir mais rápido.
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— Hm... eu não sei... — Murmurei, sem jeito. — Agora que eu posso trabalhar,
não quero mais que você continue pagando tudo pra mim... você entende, né?

— Só vou pagar dessa vez. Vai ser seu presente de natal adiantado.

Eu acabei rindo ao confirmar que Jungkook parece tão ansioso quanto eu para
passarmos o máximo de tempo possível juntos. E, meu deus, é muito bom
amar alguém que me ama de volta do mesmo jeitinho.

— Tá bom. Como presente de natal pode — Eu cedi, então, e passei minha


perna por sua cintura, colando ainda mais nossos corpos. — Mas não precisa
pensar na próxima vez agora. Nós ainda temos três dias inteirinhos.

Jungkook concordou em mudarmos de assunto, então passamos o resto da


tarde conversando sobre outras coisas. Eu me empolguei enquanto ele dizia os
lugares para os quais quer me levar em Seul e depois insisti para tirarmos mais
fotos juntos. No início ele reclamou, alegando que ainda estava com cara de
doente, mas não conseguiu resistir aos meus pedidos manhosos e logo eu
consegui mais uma série de fotos com Jungkook, lotando a memória do meu
celular.

Depois nós jantamos, eu o fiz tomar mais um comprimido do antitérmico e


chequei sua temperatura outra vez, suspirando aliviado ao ver que já parecia
ter se estabilizado.

Enquanto ele tomava banho, então, eu aproveitei para ligar para minha mãe e
responder as mensagens de Yukwon, que lotou minhas notificações com todo
tipo de inutilidade, inclusive com fotos da nova espinha que nasceu em sua
testa.

Com o banheiro livre e todas as mensagens respondidas, então, eu também


me adiantei em me preparar para dormir e depois fui até o quarto de Jungkook
para me vestir. Sem pensar, eu deixei a toalha de lado e abri seu armário para
pegar uma de suas blusas, mas parei quando encarei meu reflexo no espelho
embutido na parte interna da porta do móvel.

Meus olhos recaíram na imagem do meu corpo nu e eu suspirei ao confirmar


mais uma vez que realmente engordei nos últimos tempos. Minha barriga não
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
apresenta o menor sinal da existência de músculos e tem uma textura
horrorosa, mas o pior é encarar minhas pernas, que parecem ainda mais
gordas que nunca.

A sensação de desagrado diante do meu próprio físico embrulhou meu


estômago e eu dei dois tapas em minhas bochechas quando minha mente
começou a reavivar a imagem de Taehyung e toda a sua beleza.

Afetado por isso, eu desisti de vestir a camisa de Jungkook e fui até minha
própria mala, onde peguei uma calça de pano e uma blusa de mangas longas
para cobrir todo o meu corpo.

Só depois eu terminei de me arrumar e fui até a sala, onde Jungkook estava


sentado no sofá de forma relaxada, olhando para a tela apagada da TV, acho
que sem saber muito bem o que fazer com seu tempo livre, já que foi proibido
de trabalhar por hoje.

Quando eu me aproximei e ele me notou, seus olhos imediatamente se


comprimiram em confusão.

— Você vai dormir assim? — Perguntou, se referindo a minhas roupas. — Por


que não vestiu minha blusa?

— Tá meio frio... — Menti, sentando ao seu lado e puxando uma almofada para
meu colo.

— Era só me pedir para regular o aquecedor, anjo.

— Não precisa. — Eu disse baixo, logo mudando de assunto. — Ainda tá


cedo... quer ver um filme comigo antes de ir dormir?

Jungkook ainda me olhou desconfiado antes de concordar e eu fui rápido em


ligar a TV para buscar os filmes disponíveis no catálogo. Como ele mal assiste
televisão ou vai ao cinema, não foi difícil encontrar um filme que ele nunca
tenha assistido, e eu acabei escolhendo um de terror, já me encolhendo todo
de medo ainda na introdução.

— Tem certeza de que não prefere assistir uma animação? — Jungkook


perguntou, rindo da minha reação instantânea.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Não. Pelo menos assim eu tenho uma desculpa pra ficar agarrado em você
— Eu respondi, aproveitador, já enlaçando seu pescoço com meus braços.

Ele riu ainda mais e puxou minhas pernas para seu colo, mantendo sua mão
em minha coxa. — Você não precisa de um motivo para ficar assim, meu bem.
— Anunciou, deslizando a ponta do nariz por minha bochecha antes de me dar
um beijo no mesmo lugar.

— Então acho que é melhor assistir Procurando Nemo...

Jungkook concordou, mas eu não saí do lugar ao sentir ele me dar outro beijo,
e depois outro, arrastando os lábios por meu rosto até chegar em minha boca.

— Pode trocar. — Ele disse baixo, roçando seus lábios contra os meus. Eu
suspirei baixinho e fiz que sim com a cabeça, mas ao invés de buscar o
controle, eu subi uma mão até seu rosto e deixei a outra em sua nuca,
repuxando de leve seus cabelos escuros.

— Na verdade é um filme meio esquisito... — Eu acabei dizendo ao perceber


que Jungkook repuxou o próprio lábio, deslizando-o entre seus dentes sem
afastar seu rosto do meu, com seus olhos atentos à minha boca. — É sobre um
peixe que...

Jungkook obviamente não se interessou em saber a sinopse de Procurando


Nemo, porque ele sequer me deixou terminar a frase e me interrompeu, unindo
nossos lábios.

Eu não estou reclamando. Eu definitivamente não estou reclamando. Nemo


que exploda.

Pouco me importa a história de um peixe quando eu tenho Jungkook me


beijando desse jeito, e meu desinteresse pela realidade em geral só se
intensificou quando ele apertou mais minha coxa e inclinou seu corpo sobre o
meu, repuxando meus cabelos para trás.

Que os deuses abençoem o beijo de Jungkook e esse seu hábito de não usar
blusas dentro de casa, porque logo minha mão se aproveitou dessa exposição
e correu por seu abdômen nu.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Em resposta, ele mordeu meu lábio com força antes de chupá-lo, me fazendo
gemer baixo pela dor gostosa, e eu deixei meu corpo seguir seu comando
quando ele me fez deitar com a cabeça apoiada no braço do sofá e deitou por
cima de mim, entre minhas pernas.

Eu passei minhas mãos por suas costelas até pressioná-las em suas costas,
puxando ainda mais seu corpo para o meu, e revirei meus olhos sob as
pálpebras fechadas quando ele deixou minha boca e beijou meu queixo,
seguindo toda a linha do maxilar.

— Jungkook... — Eu o chamei, com a voz falhando pelo tesão crescente. —


Você está mesmo se sentindo bem?

Ele não parou de beijar minha orelha para responder, mas essa acabou
parecendo uma resposta muito óbvia.

— Eu quero fazer você se sentir ainda melhor... — Murmurei, então, me


sentindo um pouco ousado quando levei uma das minhas mãos entre nossos
quadris e apertei seu membro por cima de sua calça de moletom, ouvindo um
gemido baixo em resposta a isso. — Você deixa?

Jungkook moveu seu quadril contra minha mão, estocando devagar, e em


reflexo eu intensifiquei o aperto dos meus dedos ao redor de seu volume.

Meu estômago fisgou quando ele se moveu ainda mais rápido, sendo
estimulado por meus dedos pequenos enquanto simulava uma penetração
contra eles.

O movimento contínuo vez ou outra estimulou meu próprio pênis, embora


apenas o suficiente para me fazer sentir torturado, e Jungkook se apoiou sobre
um dos cotovelos segurou minha cabeça com seus dedos entrelaçados aos
meus cabelos e a guiou até seu próprio pescoço, numa ordem silenciosa para
que eu o beijasse ali. Ao mesmo tempo, sua outra mão segurou a minha que o
masturbava e a colocou dentro de sua calça, revelando que ele não estava
usando nenhuma roupa intima.

Eu suspirei contra seu pescoço quando senti seu membro direto contra minha
palma, ainda estocando contra ela devagar, e senti o tesão explodir quando,
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
guiado por sua vontade, voltei a beijar sua pele, massageando-a com meus
lábios e minha língua, às vezes também usando meus dentes com cuidado, e
ouvi seu gemido rouco de aprovação.

Ele apertou ainda mais o aperto em meus cabelos e seus movimentos


ganharam força, revelando o aumento do seu prazer ao mesmo tempo em que
eu gemia somente pela sensação de provocar isso nele.

Quando eu pressionei meu polegar na fenda em sua glande, movendo-o em


círculos, Jungkook suspirou ainda mais alto e eu me assustei um pouco ao
sentir minha mão sendo puxada para fora de sua calça.

A princípio eu achei que ele não gostou, mas então ele ergueu um pouco o
corpo e puxou minhas pernas, me fazendo deslizar pelo sofá. Ainda com meu
corpo deitado, ele apoiou um joelho de cada lado da minha cabeça e voltou a
me segurar pelos cabelos, usando a outra mão para puxar seu pênis para fora
da calça.

— Chupa e engole tudo. — Ele ordenou, guiando seu membro até minha boca.

Incapaz de negar, eu só assenti desesperadamente, ansioso, e separei meus


lábios para recebê-lo.

Jungkook então segurou minha cabeça na mesma posição e assumiu


completamente o controle quando começou a penetrar minha boca, com
minhas mãos apertando suas coxas fortes. Eu tentei relaxar meu maxilar para
deixá-lo ir o mais fundo possível, e fechei meus olhos, sentindo-os lacrimejar e
engasgando contra seu falo quando ele foi fundo demais.

Ele parou de se mover, então, e eu respirei fundo para tentar ignorar a ânsia
provocada por sua glande tão próxima da minha garganta, sem querer dar os
dois benditos tapinhas para que ele parasse.

Quando a sensação aliviou um pouco, ainda com os olhos lacrimejando, eu os


abri e busquei o rosto de Jungkook, relaxando minha língua para que ele
tentasse ir mais além.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Como eu já esperava, a ânsia retornou quando ele se afundou ainda mais em
minha boca e eu engasguei de novo, mas ainda sem querer parar.

Uma lágrima escorreu pelo canto do meu olho esquerdo e deslizou até minha
orelha quando ele finalmente começou a se mover, fodendo minha boca
devagar e aumentando o acumulo de saliva misturada ao pré-gozo liberado por
seu pênis completamente duro.

Ele se apoiou com a mão no braço do sofá e continuou estocando, entrando e


saindo enquanto eu usava minha língua para massageá-lo e succionava,
formando um sulco suave em cada lado das minhas bochechas.

Jungkook fechou os olhos, gemendo baixo, e voltou a abri-los algum tempo


depois para focá-los nos meus tomados pelas lágrimas e atentos a cada
reação sua. Quando ele gemeu mais alto, então, eu soube que ele estava perto
e me empenhei em chupar ainda mais gostoso, mesmo que minha boca já
estivesse cansada, enterrando meus dedos em suas coxas com ainda mais
força para tentar aliviar a sensação desesperadora e ao mesmo tempo
deliciosa de sentir minha boca sendo fodida assim.

Muito pouco tempo depois, ele expulsou algum palavrão e gozou em minha
garganta, pela primeira vez. Eu tentei engolir tudo, sentindo-o ainda dentro da
minha boca enquanto eu sentia o gozo quente preencher tudo com o gosto
característico e um pouco desagradável, mas ainda assim satisfatório porque é
a porra do meu homem, que gozou só para mim.

Eu me senti orgulhoso, mesmo um pouco atrapalhado, quando ele finalmente


retirou seu pênis da minha boca e puxou junto um fio de saliva e esperma que
se derramou em meu queixo.

Eu puxei o ar, piscando devagar para tentar limpar minha mente anuviada, e
senti Jungkook passar seu indicador e médio pela mistura úmida sobre minha
pele, levando-os até meus lábios logo depois. Entendendo o que ele queria, eu
chupei seus dedos, limpando-os completamente enquanto sentia meu interior
queimar de satisfação ao vê-lo me olhar com um orgulho lascivo.

— Foi bom? — Eu perguntei, ansioso para ouvir um elogio.

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Jungkook sorriu de forma obliqua, safada, e eu delirei quando ele voltou a
deitar sobre meu corpo antes de me beijar sem pudor algum.

— Sua boquinha é tão boa de foder, anjo — Ele disse, então, antes de deslizar
sua língua sobre meu lábio inferior, para então chupá-lo. — Você é o melhor.

Eu sorri completamente satisfeito e achei que íamos parar por aí, mas então
ele colocou suas mãos sob minha blusa, puxando-a para cima.

— Você merece ser recompensado. — Continuou, subindo ainda mais o tecido


da minha camisa, e eu neguei um pouco incomodado, segurando suas mãos.

— Deixa a blusa, por favor — Pedi, envergonhado.

Não que eu pretenda esconder meu corpo para sempre, mas pretendo, sim,
escondê-lo até emagrecer pelo menos um pouco. É uma vergonha deixar
Jungkook me ver do jeito que estou agora.

Entretanto, ele não pareceu entender meu pedido e mais uma vez me deparei
com sua expressão desconfiada.

— Por que eu deveria deixar? — Ele retrucou, então, mantendo suas mãos
sobe a blusa de mangas longas.

— É que eu tô gordo... — Respondi, cabisbaixo, mas pelo menos sincero.

Jungkook deslizou a língua entre os lábios num claro gesto de incômodo.

— Eu estou esperando uma justificativa válida, Jimin. — Ele disse, sério. — Por
que eu deveria deixar sua blusa?

Eu respirei devagar, tenso, lutando para não desviar os olhos quando


finalmente decidi falar a verdade inteira. — Isso não é bom o suficiente pra
você, Jungkook — Confessei, me referindo ao meu corpo. — Eu tô com
vergonha...

Ele piscou demoradamente e respirou fundo antes de sair de cima de mim e


ficar de pé. — Levante. — Ordenou, então, e eu apertei meus lábios, tenso,
mas fiz o que ele mandou.

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Quando levantei, sua mão envolveu meu pulso e ele me puxou até seu quarto,
posicionando meu corpo diante do espelho na frente do qual repudiei meu
corpo há alguns minutos atrás, e então ficou atrás de mim.

— Tire sua roupa. — Ele voltou a ordenar, com o mesmo tom severo.

Eu apertei meus olhos tristes e neguei com a cabeça, completamente inseguro.

— Eu te dei uma ordem, Jimin. — Ele apontou, e repetiu: — Tire sua roupa.
Agora.

— Você disse que nunca iria me obrigar a fazer algo que eu não quero fazer.
— Rebati, chateado. — E eu não quero fazer isso agora, Jungkook. Eu não
quero olhar para essa porcaria gorda no mesmo dia em que vi como seu ex-
namorado parece muito mais adequado pra você.

Sua expressão se tornou completamente insatisfeita, desaprovando minha


posição, e eu tentei empurrar suas mãos quando ele voltou a puxar minha
blusa.

— Jungkook, para. — Eu pedi, desesperado.

— Você não confia em mim? — Ele questionou, me observando intensamente


através do reflexo no espelho.

Essa pergunta nunca pareceu tão difícil, porque eu confio nele de olhos
fechados, mas ao mesmo tempo não consigo ver nada de bom sendo originado
dessa sua intenção de me fazer olhar para meu corpo feio.

Mesmo assim, eu me forcei a relaxar meus braços, cedendo, e fechei meus


olhos quando ele finalmente conseguiu tirar minha blusa. Depois, ele tirou
também minha calça e minha cueca, me deixando completamente nu.

— Abra os olhos. — Ele disse, encostando seu peitoral em minhas costas e


pousando suas mãos em minha cintura. Eu continuei com eles fechados e o
rosto abaixado, inseguro demais para seguir sua ordem, e me surpreendi
quando ele insistiu, dessa vez mais suave. — Por favor, anjo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Levado pela forma como ele pediu, eu respirei fundo e pouco a pouco voltei a
encarar o espelho, me deparando outra vez com minha imagem nua. Eu quis
gemer de tristeza e abaixar o rosto novamente, mas Jungkook segurou meu
queixo quando me viu vacilar.

— Eu quero que você enxergue o que eu vejo quando olho para você. — Ele
disse, mantendo meu rosto erguido.

Eu engoli minha saliva com dificuldade, quase a ponto de chorar.

— Você é lindo, Jimin. — Ele voltou a falar, deslizando sua mão por minha
barriga flácida. — Não existe absolutamente nada que eu mudaria em você. —
Continuou, subindo suas palmas e deslizando-as por meus ombros, depois
descendo por meus braços. — Esse aqui é o corpo da pessoa que eu amo, —
Dessa vez, ele desceu até minhas coxas grossas. — e eu não vou deixar
ninguém desmerecê-lo, — Por último, ele subiu uma única mão por minha
virilha, até segurar meu pênis num toque íntimo. — nem mesmo você

Eu prendi minha respiração, quase sem piscar, e Jungkook abaixou a cabeça


para deixar um beijo em meu ombro, logo voltando a me encarar pelo reflexo.

— Não olhe para mim agora. — Ele disse, descendo e subindo sua mão por
minha ereção ainda incompleta, em movimentos lentos. — Eu quero que olhe
só para você.

Mesmo ainda inseguro, eu o obedeci e deixei meus olhos tensos capturarem a


imagem do meu corpo nu, e resfoleguei baixo quando Jungkook bombeou com
mais força, estimulando meu pênis com mais destreza, e usou a outra para
pressionar minha coxa outra vez, deixando as marquinhas esbranquiçadas de
seus dedos.

— Veja como seu corpo se encaixa bem em minhas mãos, — Eu ouvi sua voz
como se estivesse distante, ainda mantendo meus olhos unicamente em mim.
— como sua barriga deliciosa se contrai sob meu toque e como suas coxas
ficam ainda mais bonitas com minhas marcas.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu suspirei, sentindo ele subir a mão que estava em minha perna por meu
abdômen até chegar em meu pescoço, pressionando-o de forma suave, mas
precisa, como se o encaixe fosse combinado, de tão compatível.

Jungkook então continuou a me masturbar e eu gemi mais alto quando ele


massageou minha glande, me fazendo tombar a cabeça um pouco mais para
trás, com sua mão ainda pressionando meu pescoço, e apertar meus dedos
dos pés sobre o chão.

Meus olhos subiram até o reflexo do meu rosto e eu deixei uma lufada surpresa
ao ver minhas bochechas avermelhadas, meus lábios grossos separados,
tentando puxar o ar, e meus cabelos loiros bagunçados caindo sobre minha
testa.

Eu suspirei mais uma vez, não sei se pela sensação de Jungkook me


masturbando tão deliciosamente ou se por, pela primeira vez, ver os detalhes
do meu rosto durante um orgasmo.

Mesmo sem saber ao certo o motivo, um gemido agudo escapou quando meu
estômago se contraiu e eu senti minhas pernas tremerem, fracas, quando o
gozo fluiu para fora do meu corpo e, desesperado, eu agarrei o braço de
Jungkook em busca de sustento. Ele então me abraçou com mais força,
puxando minhas costas completamente contra seu peitoral firme e me
ajudando a continuar de pé.

— Conseguiu ver? — Ele perguntou, me envolvendo completamente com seus


braços e apoiando sua bochecha no topo da minha cabeça. — Conseguiu ver
como você é lindo?

Eu não quero parecer convencido, porque isso é algo que definitivamente não
condiz com minha personalidade. Entretanto, a visão do meu corpo sob o toque
de Jungkook me fez enxergar as coisas de um jeito diferente. E eu gostei do
que vi.

— Eu amo você. — Foi o que respondi, ainda afetado.

Jungkook então sorriu, parecendo entender a motivação da minha resposta.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu amo você, anjo. Amo por inteiro.

Eu acabei sorrindo dentro do seu abraço, ainda tomado pela sensação gostosa
mesmo quando ele se afastou um pouco. Curioso, eu o observei pegar uma de
suas blusas de algodão e meu sorriso aumentou quando ele me vestiu, num
gesto ainda mais íntimo que tirar minhas roupas.

— É assim que você gosta de se vestir, — Ele disse, passando as mãos pelo
tecido branco cobrindo meu corpo até minhas coxas. — então é assim que eu
quero que você se vista.

Eu concordei, extasiado, e fui fácil quando ele me virou até me deixar de frente
para ele. Então ele colocou as mãos debaixo dos meus braços, quase nas
axilas, e me puxou para cima. Em reflexo, eu abracei sua cintura com minhas
pernas e seu ombro com meus braços, deixando ele me carregar desse jeito
até a sala.

Agora, as coisas estão muito mais claras para mim. Eu não sou o pilar de
Jungkook, assim como ele não é o meu. Nós não sustentamos um ao outro. Na
verdade, ele me ajuda a vencer minhas fraquezas para que eu aprenda a me
sustentar sozinho, e eu faço o mesmo por ele.

Talvez o amor seja exatamente sobre isso. Talvez o amor, afinal, seja sobre
fraquezas transformadas em força.

E, com certeza, o amor é sobre Jimin e Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Olá. Espero que tenham gostado do capítulo e relevem qualquer eventual erro

Hoje a nota final vai ficar grandinha porque tem algumas imagens que eu
gostaria muito de compartilhar com vocês, mas antes disso eu gostaria de me
desculpar por (mais uma vez) estar meio ausente. Eu não consegui responder
todos os comentários do capítulo passado, mas eu juro que li todos, de
verdade. Eu só to num desânimo absurdo em relação a submissive e a várias
outras coisas tb. Além disso, eu to doente desde segunda e já tenho um monte
de coisa da uni pra fazer. Enfim, me desculpem mesmo, prometo que vou
tentar voltar a ser mais ativa assim que essa fase chata passar (a não ser que
eu apague a fanfic antes disso kkkk)

Tá, agora vamos às imagens. Vários leitores me mandaram coisas bem


bacanas nesse tempo, mas pra não ficar tão enorme, eu vou postar metade
hoje e a outra metade no próximo capítulo.

Primeiro, vou compartilhar as fanarts maravilhosas que a LittleSunshinex fez


pra sub e que quase me mataram de tanto gritar. Pra quem ainda tinha dúvidas
de como é a tatuagem do jk, agora vocês vão saber exatamente como eu a
imagino!!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Por último não é nada tão maravilhoso quanto essas fanarts, mas eu quis
compartilhar com vcs tb. É a planta em 2D e 3D do apartamento do jk (não tá
tão bacana pq o site que eu gostava de usar pra fazer essas coisas foi
desativado, então tive que me virar com outro mais chatinho e restrito)

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
30 • Soft Attack
Dedicado a sprkjiimin

Depois do que fez comigo na frente do espelho, Jungkook me carregou de


volta para a sala e nós assistimos Procurando Nemo juntos.

Quando o filme estava mais ou menos na metade, eu fiz uma pausa para
preparar o chá que comprei mais cedo, porque sabia que ele o ajudaria a
dormir melhor. Talvez isso, combinado ao seu cansaço acumulado, tenha feito
com que ele dormisse enquanto eu me acabava de chorar com uma das cenas
da animação, mesmo já tendo assistido-a vezes sem conta.

No fim, eu tentei de todo jeito encontrar uma forma de levá-lo até o quarto sem
precisar acordá-lo, porque definitivamente não queria interromper seu sono tão
merecido, e acabei usando todas as minhas forças para carregá-lo.
Obviamente não deu certo e, antes mesmo de me afastar do sofá tentando
equilibrar seu corpo ao lado do meu, nós dois despencamos no chão e o
pobrezinho acordou todo assustado.

Depois do susto nós acabamos rindo, e eu me desculpei umas mil vezes


enquanto dava beijinhos nele para me redimir, até deitarmos abraçados em sua
cama.

Quando acordei de manhã cedo, não me surpreendi ao não encontrá-lo ao meu


lado e, depois de ir ao banheiro para fazer meu xixi matinal e lavar o rosto para
tentar expulsar um pouco do sono, eu finalmente encontrei uma cena que
definitivamente não esperava: Jungkook na cozinha preparando o café da
manhã.

Eu congelei no lugar, por um segundo acreditando que acordei em um universo


paralelo, e ele me olhou algum tempo depois com a bochecha suja de algum
condimento que eu honestamente não sei qual é.

— Eu fiz nosso café. — Ele anunciou orgulhosamente, separando as porções


nas cumbucas individuais.

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Eu o vi servir o arroz com um ovo frito em cima de cada porção, depois pegar
uma jarra de suco na geladeira, que ele deve ter preparado com as laranjas
que comprei ontem.

— Eu não cozinho bem como você, então não é nada muito elaborado. —
Avisou, começando a carregar as coisas para a mesa.

De tão surpreso, eu só assenti num gesto distante, meio sonhador, porque é a


primeira vez que ele cozinha para mim e eu sinceramente não me importo se é
algo simples ou não.

— Por que você fez isso? — Eu perguntei ainda meio anuviado, girando sobre
meus pés para acompanhá-lo com os olhos quando ele caminhou até a sala de
jantar.

— Porque eu fico feliz quando você cozinha para mim. — Ele respondeu,
simplesmente. -E eu quero te deixar feliz também.

Num instante, meu rosto todo se iluminou com um sorriso enorme e eu senti
meus olhos ainda inchados de sono se fechando completamente, mas não me
importei.

Eu só me adiantei, correndo com os pés descalços sobre o piso de madeira


para pegar a jarra de suco e os copos e levá-los até a mesa, para que
Jungkook não faça tudo sozinho.

— Sente comigo hoje. — Ele pediu suave quando afastou uma das cadeiras e
se sentou, deixando espaço suficiente para que eu sentasse sobre o seu colo.

Eu nem pensei em negar e, no segundo seguinte, já estava me posicionando


sobre uma de suas coxas, deixando minhas pernas entre as suas enquanto ele
rapidamente me envolveu com os braços e beijou meu pescoço.

— Bom dia, meu bem. — Finalmente desejou, então, apertando um pouco mais
o abraço ao redor do meu corpo.

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— Bom dia, Jungkook. — Desejei de volta, com o rosto quase se partindo em
dois de tanto que sorri.

— Eu acho que o arroz ficou um pouco salgado. — Ele voltou a avisar,


arrumando todas as porções em nossa frente com uma só mão, deixando a
outra repousada sobre a base da minha coluna. — Eu realmente não costumo
cozinhar, então me desculpe se não estiver bom.

Eu neguei furiosamente, ansioso para provar a primeira refeição que meu


homem fez para mim, e fui rápido em pegar minha colher e encher com uma
porção generosa.

— Você é bom em tudo, eu tenho certeza de que tá bem bom!

Jungkook sorriu feliz com minha certeza, mas eu a senti murchar assim que
levei o arroz com um pedaço do ovo à boca.

Meu deus, quanto sal.

— Ficou bom? — Ele perguntou, ansioso.

Parece que eu morri afogado no mar morto e escorreguei em direção a um


inferno de sal.

— Ficou! — Eu menti depois de forçar a comida garganta abaixo, incapaz de


desanimá-lo com uma resposta negativa.

Eu senti seu suspiro aliviado e quase chorei quando ele finalmente começou a
comer, se engasgando com a comida na boca ao perceber que eu menti
descaradamente.

Mas não é que esteja ruim. O ovo fritou bem, a gema ficou do jeito que eu
gosto e o arroz tá gostoso, mas tem um pouquinho a mais de sal do que é
recomendado para qualquer ser humano.

— Não coma isso! — Ele alertou tentando afastar minha cumbuca para longe
de mim, mas eu fui mais rápido e fiquei de pé num

pulo só, carregando-a comigo como se eu fosse o próprio Gollum e o arroz


salgado, meu anel precioso.
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— Não! Eu vou comer!

— Jimin, você vai morrer se comer tanto sal assim. — Ele se levantou também,
e eu corri ao redor da mesa quando percebi que ele tentou se aproximar.

— É a comida que meu Jungkook fez pra mim e eu vou comer! — Eu quase
gritei, correndo novamente ao vê-lo fazer menção de vir em minha direção.

Desesperado, eu enchi a colher com tanta comida que quase não consegui
colocá-la toda na boca. Mas se eu consigo fazer um boquete em Jungkook,
também consigo enfiar um tanto de arroz na boca sem morrer sufocado.

— Eu vou comprar algo na loja de conveniência, não precisa comer isso. Ele
insistiu, segurando o riso enquanto eu mastigava com as bochechas estufadas
como um hamster.

Incapaz de falar, sentindo minha boca arder com tanto sal, eu só neguei outra
vez e corri ainda mais rápido quando ele deu duas passadas largas em minha
direção. Eu acho que meio que tentei gritar também, porque voou um
pouquinho de arroz pra fora da minha boca e eu engasguei feito um louco
quando ri por isso, sem parar de correr até me proteger detrás do balcão da
cozinha.

Talvez minha escolha de me refugiar aqui não tenha sido a melhor, porque ele
logo me alcançou e me encurralou, me prendendo com seus braços quando eu
ainda tentei fugir.

— Para de ser teimoso. — Tentou dizer em tom de aviso, mas sua risada
anulou completamente sua tentativa.

Eu voltei a balançar a cabeça para os lados, me debatendo um pouco quando


ele me ergueu e me colocou sentado sobre o balcão, ficando entre minhas
pernas.

— Não pode comer algo salgado assim, anjo — Ele tentou explicar como um
pai paciente explica algo óbvio ao filho pequeno, e eu resmunguei baixinho
quando ele tirou a cumbuca das minhas mãos.

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Eu levei mais uns sete segundos para conseguir engolir tudo na boca,
desesperado.

— Mas foi você que fez pra mim...

Ele suspirou, condescendente. — Se é só por isso, eu posso cozinhar o arroz


com o caldo que sobrou do jantar de ontem para tentar diluir o sal.

Ainda um pouco contrariado, eu finalmente concordei com um movimento meio


retraído e ele fez um gesto negativo antes de apertar a pontinha do meu nariz.

— Menino mimado.

Eu encolhi meus ombros, sem descer do balcão mesmo quando ele se afastou
e pegou as cumbucas na mesa, despejando as porções de arroz numa panela
junto com a sopa que eu preparei ontem de noite.

— Batata puxa o sal... — Eu avisei, ainda sentadinho no mesmo lugar. — Você


pode colocar uns pedaços no caldo, vai ajudar...

— É? — Ele perguntou, logo caminhando até a geladeira para pegar uma


batata, sem duvidar do que eu disse. — Uma é suficiente?

Eu assenti, sorrindo fraquinho quando ele começou a descascá-la e depois


colocou os pedaços para cozinhar com a sopa. Demorou um pouco até que
todos os pedaços ficassem cozidos, mas quando voltamos a servir a comida e
nos sentamos à mesa novamente, do mesmo jeito de antes, nem parecia que o
arroz naquele caldo em algum passado não muito distante foi uma bomba de
sal.

— Você comeu bem. — Ele disse quando acabamos de comer e me deu um


beijo no ombro, como se me parabenizasse.

— Mas eu sempre como feito um desgraçado... — Contrapus logo antes de


tomar o restinho do suco em meu copo.

Jungkook riu sob meu corpo, e eu me pergunto como ele não sente dor depois
de me deixar ficar sentado em sua perna por tanto tempo.

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— É assim que eu gosto. — Ele confessou, então. — Fico chateado quando
você acha que precisa comer menos

— Você sabe porque eu me sinto assim as vezes... — Eu disse baixinho, meio


envergonhado.

— Sei, mas não entendo. Seu corpo é o mais bonito desse mundo, anjo.

Eu sorri pouquinho, brincando com seus dedos quando me recostei melhor


sobre seu peito. Eu ainda não concordo com ele, mas me deixa muito feliz
ouvir Jungkook dizer que me acha tão bonito a cada oportunidade que tem,

— Jura? — Perguntei mesmo assim, ainda sorrindo meio bobo, sentindo seu
carinho sobre minha barriga enquanto eu me esparramo sobre seu colo.

— Juro. — Ele respondeu, me abraçando com mais força. — Me deixa tão duro
só de olhar, meu bem...

Eu virei meu rosto para encará-lo, mordendo meu lábio para conter um sorriso
travesso.

— Quer transar agora? — Ofereci.

— Quero. Mas eu preciso trabalhar.

Eu apertei meus lábios num biquinho descontente, mas não tentei contrariá-lo.
Ele não trabalhou durante todo o sábado e, mesmo que eu prefira que ele
descanse, sei que ele não vai se tranquilizar enquanto não terminar tudo que
tem para fazer.

— Tá bom... — Eu disse, saindo devagarzinho do seu colo, meio a contragosto.


— Eu lavo as coisas, então pode começar logo, tá?

— Obrigado, anjo. — Ele agradeceu, só me ajudando a retirar a mesa antes de


ir escovar os dentes. Eu estava ensaboando as coisas quando ele reapareceu
com a escova na mão e os cantos da boca sujinhos de pasta. — Esqueci de
dizer. Eu vou visitar meu pai mais tarde e quero que você venha comigo.

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Eu quase quebrei o copo que tinha nas mãos, pego de surpresa e, antes que
eu sequer contestasse, Jungkook já tinha enfiado a escova de dentes na boca
e voltado para o banheiro.

Tudo bem. Não é nada demais. Eu já conheço seu pai, certo? Tudo bem
também que nosso único encontro aconteceu mais de dois anos atrás e ele
provavelmente nem lembra de mim. Pior! Se lembrar, é porque eu quase fui
atropelado em sua frente enquanto atravessava a rua, enfeitiçado por seu filho.

Será que Jungkook vai me apresentar como seu namorado, como me


apresentou a Junghyun?

Eu realmente fico preocupado com isso e com a reação de seu pai, mas não
verbalizo nada ao longo do dia e tento me ocupar assistindo TV, lendo um de
seus livros ou vendo aleatoriedades no twitter.

Ainda era de tarde quando ele guardou os papeis que passou o dia todo
analisando, e eu me perguntei secretamente se ele estava fazendo aquilo que
me confessou fazer, de revisar documentos sem necessidade alguma de fazê-
lo somente por ser inseguro demais, mas decidi não pressioná-lo sobre isso.

Quando saímos de seu apartamento, então, eu comecei a me sentir


desconfortável. Como as calças que trouxe na mala são todas apertadas
demais, eu achei que seria inapropriado usar alguma delas para visitar o pai de
Jungkook, então acabei escolhendo meu macacão. Agora, entretanto, não sei
mais se essa foi mesmo a melhor ideia, porque ele me faz parecer ainda mais
novo.

Durante todo o percurso, eu repuxei as mangas compridas da minha blusa e


mordi a parte interna da minha bochecha, e de tão tenso acabei me assustando
um pouco quando Jungkook apoiou sua mão sobre minha perna, mantendo a
outra no volante.

— Você não precisa ir cumprimentar meu pai se não se sentir confortável para
isso,

— Ele disse, mantendo os olhos na pista. — mas eu realmente gostaria de te


apresentar formalmente a ele.
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— Eu vou... — Respondi medroso, mas não o suficiente para desistir. Eu só
estou nervoso porque isso parece algo importante. — Mas ele já sabe que...?

— Que eu sou bissexual? — Ele chutou, me olhando brevemente pelo canto


dos olhos. — Sabe, anjo.

— Menos mal, então... — Eu suspirei, verdadeiramente aliviado. Acho que a


tensão seria maior se ele ainda não soubesse que seu filho se envolve com
outros homens.

Por todo o restante do caminho até o hospital, então, eu me calei e me


concentrei em controlar minha respiração para não começar a hiperventilar,
mas todo meu esforço foi jogado no lixo quando recebemos nossos adesivos
de visitantes e depois seguimos até os quartos individuais.

— É aqui. — Ele disse quando paramos diante de uma porta fechada, e


segurou meu rosto com suas mãos para beijar minha testa ainda antes de
anunciar nossa chegada. — Obrigado por aceitar fazer isso, meu bem.

Eu deixei um sorriso frouxo, mas sincero dar as caras, e respirei fundo quando
Jungkook deu duas batidas suaves na porta antes de finalmente abri-la.

Eu senti minha garganta apertar quando vi Dong-yul deitado na cama com os


olhos fechados, o rosto pálido e magro e a cabeça sem um fio sequer de
cabelo, tão frágil e diferente do homem imponente que conheci tempos atrás.

— Pai... — Jungkook o chamou, e eu soltei sua mão quando ele se aproximou


da cama, sem conseguir me mover.

É estranho e doloroso ver como uma doença pode mudar tudo num piscar de
olhos. Antes, ele parecia o imbatível CEO da Bangtan, mas agora título
nenhum em uma empresa pode anular sua fragilidade.

De alguma forma, parece como um lembrete maldoso de que não importa o


que você tenha ou conquiste, porque a vida pode tirar tudo isso de você em um
instante.

Efemeridade é uma bosta.

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— Jun... — Eu ouvi a voz fraca e letárgica me arrastando para longe dos
pensamentos ruins, e percebi Jungkook apoiado de leve na beirada da cama
reclinável, sorrindo de forma carinhosa para seu pai. — Eu achei que você não
vinha hoje...

— Eu atrasei um pouco. Me desculpe.

O mais velho negou, sem conseguir esconder uma expressão de dor quando
se moveu cuidadosamente e seus olhos recaíram em mim, ainda parado no
meio do quarto.

— Quem é? — Ele perguntou, curioso, mas sem parecer incomodado com


minha presença.

— O senhor não lembra dele? — Jungkook perguntou, compreensivo, e então


olhou para mim, esticando sua mão. — Venha aqui, anjo.

Eu me aproximei ainda incerto, aceitando sua mão estendida para mim e


recebendo um beijo nos dedos quando parei ao seu lado, nervoso.

— Esse é Park Jimin, pai. — Ele anunciou, cuidadoso. — É essa a pessoa que
eu amo.

Os olhos fracos de Dong-yul analisaram o rosto de Jungkook antes de voltarem


a focar em mim, e eu curvei meu corpo desastrosamente, sem saber muito
bem como reagir.

— É um prazer conhecer o senhor... — Eu disse ainda com o corpo curvado,


porque ele aparentemente não se lembra de já nos termos conhecido antes.

— O prazer é meu, Jimin - Ele respondeu, e eu vi seu sorriso quando voltei a


erguer meu corpo. — Então é você quem faz meu filho agir de forma tão
imprudente, às vezes?

Eu arregalei um pouco os olhos, sem saber se sinto vergonha ou vontade de


morrer.

Eu devo me desculpar?

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— Eu não estou te condenando, mas confesso que chegamos a ter algumas
discussões por conta disso. — Ele explicou com mais uma careta de incômodo,
mas acho que pelas dores em seu corpo. — Nunca vou esquecer da
determinação dele em anular o contrato de casamento com a Yoshikawa e por
todo esse tempo eu me perguntei quem o levou a isso. Então é mesmo um
prazer te conhecer, eu estava curioso.

— O senhor vai assustar o Jimin falando desse jeito, pai. — Jungkook alertou.

— Eu não quero te assustar, filho — Ele disse calmo, olhando para mim. —
Olhe para mim agora. Quem eu assusto com essa aparência?

— Eu tô com um pouco de medo, na verdade...

Dong-yul riu com a força que seu estado lhe permitiu, e ele findou por negar
com a cabeça.

— Realmente não precisa se sentir assim. Eu poderia condenar a relação de


vocês em um passado não muito distante, mas agora... eu não sei, acho que a
iminência da morte muda a cabeça das pessoas. Pelo menos devo morrer
como um pai melhor

— Para de falar essas coisas. — Jungkook pediu, incomodado.

— Sim, sim... Me desculpe. Ele pediu, e olhou para mim antes de suavizar a
expressão. — Não quer se sentar? Não me diga que você acredita naquilo que
dizem sobre ficar de pé ajudar a crescer.

— Se eu acreditasse nisso, nunca mais sentava na vida. — Respondi com uma


risada sem graça, depois olhei para uma poltrona do outro lado da cama.

— Sente. — Jungkook incentivou com um sorriso calmo, e eu soltei sua mão


para ir até a poltrona. Antes de me sentar, entretanto, eu vi seu pai fazer mais
uma careta e apertei um pouco meus lábios, preocupado.

— O senhor não precisa de nada? — Perguntei, cuidadoso para não parecer


intrometido. — Um analgésico ou....

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— Não precisa. Eles já me dopam o suficiente durante todo o dia, mas é
inevitável ter algumas dores por passar tanto tempo na mesma posição.

— Eu posso regular a inclinação da cama? — Ofereci, sem mais nada que


possa fazer. — Deve aliviar um pouco...

— Que atencioso. Por favor, faça isso.

Eu assenti e me aproximei timidamente do controle embutido na cama. Eu


nunca regulei uma dessas antes, mas não parece muito difícil e logo eu
consegui elevar um pouco mais o encosto, ouvindo seu suspiro de alívio.

— Você é mais prestativo que os enfermeiros desse hospital. — Ele


resmungou, mas bem humorado. — Obrigado. Já me sinto mais confortável
assim.

— Não foi nada... — Eu disse, tímido, finalmente me sentando na poltrona ao


seu lado, com as mãos apoiadas nervosamente sobre minhas pernas.

Quando levantei um pouco os olhos, eu vi Jungkook me olhando com um


sorriso pequeno, mas carinhoso, e retribuí com um meio retraído.

— Eu me lembro de quando Jun me olhava assim. — Dong-yul comentou,


então, depois de perceber a forma como Jungkook estava olhando para mim.
— Como se eu fosse a pessoa mais incrível que ele conhecia. — Ele sorriu,
nostálgico. — Quando pequeno, ele era tão apegado a mim, você sabia disso?
Sempre chorava quando ia para a escola, dizendo que preferia ir para o
escritório comigo. Era uma confusão toda vez.

— Não precisa lembrar disso. — Jungkook fechou os olhos brevemente,


envergonhado.

Eu, por outro lado, ri com a imagem de um Jungkook menor chorando agarrado
à perna de seu pai.

— Preciso. — Seu pai o contrariou, e eu senti minha feição endurecer um


pouco quando seu olhar voltou para mim. — Ele parou de me olhar desse jeito
depois que eu o decepcionei. Eu não aceitei muito bem sua... sexualidade,
dentre outras coisas. Então eu sinto um pouco de inveja por ver que ele
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encontrou outra pessoa para admirar ainda mais do que me admirou, mas
também fico aliviado porque você parece ter um bom coração, Jimin. Um
melhor que o meu, então acredito que você não vai magoar meu filho como eu
magoei.

— Pai, por favor...

— Espere, Jungkook. — Seu pai o interrompeu. — Deixe seu pai se redimir. Eu


não quero morrer e te deixar com a sensação de que não me arrependi dos
meus erros.

Eu pisquei um pouco desconfortável, mas ao mesmo tempo me esforçando


para não evidenciar isso, porque acredito que minha presença aqui foi o
pretexto que Dong-yul precisava para dizer essas coisas.

— Todos sempre acharam que meu maior orgulho nessa vida foi ter levado a
Bangtan até onde ela chegou, mas não tem nada no mundo de que eu me
orgulhe mais do que meus filhos. — Ele disse, sorrindo fraquinho para mim. —
E agora que estou aqui, eu não me preocupo com a empresa, porque sei que
Jungkook vai cuidar bem dela. É com ele que me preocupo, porque eu falhei
também em mostrar a ele que a Bangtan é importante, sim, mas não mais que
ele e sua felicidade. E eu acho que você começou a mudar isso mesmo sem
querer, Jimin, então obrigado. Eu fico feliz de saber que meu filho encontrou
uma pessoa como você.

Eu me encolhi um pouco, sem deixar de mostrar um sorriso. Eu fico contente


por ouvir isso, ao mesmo tempo em que percebo a angústia de Dong-yul
enquanto disse cada palavra. Ao mesmo tempo, Jungkook não parece saber
reagir muito bem, e eu percebo seu maxilar travado e seu olhar perdido, o que
deixa meu coração pequenininho.

— Me desculpe por despejar todas essas coisas em você logo depois de nos
conhecermos, mas eu não acho que vou ter uma oportunidade melhor de
deixar meu filho saber que eu o amo e me orgulho dele, independente do
gênero da pessoa que ele escolheu para estar ao seu lado.

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Eu movi minha cabeça numa concordância compreensiva e pisquei para tentar
afastar as lágrimas que sei que vou derrubar se não me controlar, e me senti
mais motivado a fazer isso quando uma enfermeira entrou no quarto e nos
cumprimentou, carregando uma bolsa com uma solução esbranquiçada, que
passou por um processo de limpeza antes de ser colocada num suporte ao
lado da cama e conectada ao cateter no braço de Dong-yul.

— É o meu jantar. — Ele explicou assim que a enfermeira saiu, sorrindo com a
própria situação trágica.

Já faz um tempo que ele não consegue mais comer, então sua nutrição é feita
quase integralmente através dessas soluções fisiológicas. Eu lembro de como
Jungkook ficou triste quando descobriu isso.

— Vocês se importam se eu dormir um pouco? — Questionou, então. — Todos


esses remédios me fazem sentir muito sono ou muita náusea. Felizmente hoje
é dia de sentir sono.

— Não se preocupe. — Jungkook se pronunciou pela primeira vez depois de


muito tempo, parecendo ainda preso à reação que sucedeu a confissão de seu
pai. — Pode descansar. Eu volto durante a semana.

Dong-yul assentiu com a expressão fraca, e olhou para mim uma última vez
quando fiquei de pé e parei ao lado de Jungkook. — Foi mesmo um prazer
finalmente te conhecer, Jimin.

Eu concordei e ofereci um sorriso sincero em resposta, vendo que Jungkook


continuou olhando-o, parecendo um pouco incerto em relação ao que fazer.
Enfim, ele se inclinou cuidadosamente sobre o corpo frágil de seu pai e o beijou
na testa, demoradamente.

— Obrigado... — Ele disse baixo, fechando os olhos com força antes de beijá-
lo de novo e só então se levantar, ainda um pouco atordoado.

Seu pai voltou a sorrir, e eu senti meu coração bater forte, emocionado, quando
percebi a forma como eles se olharam brevemente, como se esse contato no
silêncio falasse ainda mais que todas as palavras que foram ditas aqui. Foi um
pai se redimindo, e um filho perdoando-o.
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Quando Jungkook se moveu, eu não me senti chateado ao não sentir sua mão
envolvendo a minha para me guiar para fora do quarto.

Quando saímos os dois e eu fechei a porta, então, ele ficou parado no mesmo
lugar, recostado contra a parede e pressionando os olhos num gesto confuso, e
eu me aproximei com cuidado, envolvendo seu tronco com meus braços e
deixando um beijo em seu ombro antes de deitar minha cabeça ali, fazendo
carinho em suas costas.

— Você tá bem? — Eu perguntei depois de respeitar seu silêncio, sentindo ele


finalmente me abraçar de volta, bem forte.

— Eu nunca imaginei que ele diria isso e ele disse logo hoje... — Jungkook
confessou, subindo uma de suas mãos até segurar minha cabeça com cuidado,
e então apoiou sua testa sobre mim. — Você atrai as melhores coisas da
minha vida, anjo...

Eu sorri, me apertando ainda mais contra ele e decidido a continuar desse jeito
até que ele se sinta confortável para voltarmos para casa. Mesmo que nunca
tenha mostrado ressentimento em relação ao seu pai, eu sei que isso foi
importante para Jungkook, então eu quero que ele tenha todo o tempo do
mundo para absorver cada palavra dita.

Muito tempo depois, ele respirou fundo e se afastou um pouco, me dando a


chance de ver seu rostinho avermelhado, então eu o segurei e dei um monte
de beijinhos até arrancar um sorriso seu.

— Eu te amo muitão. — Relembrei, só pelo prazer de fazê-lo.

Seu sorriso aumentou e ele me deu um único beijo na bochecha, demorado,


antes de passar as mãos pelo rosto e se recompor de vez, entrelaçando seus
dedos aos meus para sairmos daqui.

Quando chegamos em casa, eu me assustei ao perceber que a porta estava


destrancada, mas eu lembro claramente de termos passado a chave antes de
irmos ao hospital.

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Entretanto, Jungkook não pareceu muito surpreso, e eu entendi o porquê
quando entramos e eu olhei para a cozinha, reconhecendo Seokjin diante da
geladeira aberta. Ao perceber nossa chegada, ele nos olhou com uma
expressão apavorada, mostrando uma cenoura.

— Isso é uma cenoura? — Ele perguntou, ainda antes de nos cumprimentar,


depois apontou para outra coisa. — E aquilo é batata? Tem brócolis nessa
geladeira?

Eu desviei rapidamente meu olhar para o balcão da pia e vi vários depósitos de


comida organizadamente empilhados em porções separadas, e logo conclui
que ele estava ali para abastecer a geladeira de Jungkook.

— Tem até carne no congelador! E coisas saudáveis! — Ele disse, alertado. —


Por que isso está parecendo a cozinha de um adulto pela primeira vez?

— Fui eu que comprei tudo! — Anunciei orgulhosamente, apoiando minhas


mãos sobre o balcão entre a cozinha e a sala, sem parar de olhá-lo.

— Amém, Jeon Jimin! Ele levantou as mãos para o alto, me venerando como
um deus.

— É Park Jimin... — Eu corrigi meio confuso e Seokjin exibiu um sorriso


travesso.

— Por enquanto, coisinha fofa. — Quase cantarolou, piscando um olho para


mim antes de se virar para começar a guardar as vasilhas com comida pronta
na geladeira

Enquanto isso, eu estando meio atordoado mas sonhador com sua previsão,
Jungkook se aproximou e me abraçou pelas costas, me fazendo deixar escapar
um barulhinho frouxo quando me apertou bem forte.

— Você gosta de Jeon Jimin? — Ele perguntou baixinho enquanto Seokjin


organizava os recipientes, sem nos ver, e eu assenti com um sorrisinho
contido. — Mas eu prefiro Park Jimin. E agora?

— Ah...

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— Não acho que seja proibido manter o sobrenome de solteiro. — Jungkook
ponderou, apertando sua bochecha contra o topo da minha cabeça. — Mas nós
podemos decidir isso depois.

Eu virei um pouco meu rosto para encará-lo, surpreso.

Ele está mesmo falando de casamento?

— Ok. — Seokjin ergueu o corpo e fechou a geladeira, batendo palminhas para


indicar seu serviço finalizado. — Eu só vim deixar comida de verdade pro
Jungkook e nem precisava. — Ele disse, se aproximando do balcão e parando
diante de nós dois. — Mas eu já estou aqui e esse workaholic provavelmente
vai trabalhar até o sol raiar, então se você quiser eu te faço companhia pra
você não ficar abandonadinho.

Eu não me sentiria abandonado, mas aceitei sua sugestão com um aceno


empolgado, porque eu realmente gosto de Seokjin mesmo conhecendo-o tão
pouco. Entretanto, Jungkook pigarreou um pouco e então eu voltei a virar meu
rosto em direção ao seu, vendo seus olhos confusos.

— Eu não vou mais trabalhar por hoje. — Ele então anunciou,


surpreendentemente.

— O QUE?! — Eu nem sei quem gritou mais alto, eu ou Seokjin.

— Eu já terminei o trabalho que é realmente meu. — Jungkook explicou,


parecendo quase sentir dor física para dizer isso, e eu acho que vi um tic
nervoso bem discreto no seu olho.

Seokjin continuou com os olhos bem abertos, e eu senti meu queixo quase
parar no chão. Nenhum de nós disse nada por sei lá quanto tempo, enquanto
Jungkook franziu as sobrancelhas diante dos nossos olhares chocados, e
então eu perguntei:

— É sério?

Ele pareceu meio incerto quando moveu a cabeça uma única vez para cima e
para baixo, me olhando com desconfiança, quase como um viciado que se
conforma em ir para a reabilitação.
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Então eu só levei mais um segundo antes de deixar um grito muito empolgado
subir por minha garganta, e bati meu cotovelo no balcão quando me virei num
movimento desastrado para ficar de frente para ele e abraçá-lo, mas nem
liguei. Eu também nem sei quando Seokjin se aproximou e nos abraçou
também, gritando e pulando junto comigo enquanto comemoramos o evento
mais inesperado da noite.

— Vocês precisam se controlar. — Jungkook disse, um pouco envergonhado,


mas sem perder a pose mandona. — Isso não é nada demais.

— Claro que é! — Seokjin gritou, batendo palmas depois de se afastar do


nosso abraço, mas eu continuei abraçando Jungkook e dando saltinhos
empolgados, sem parar de sorrir. — Nós deveríamos sair para comemorar! Oh,
meu deus, nós deveríamos ir até a Paradise Lost, o Jimin vai amar!

— O que é isso? — Eu perguntei, finalmente parando de pular por estar meio


confuso.

— Uma boate fetichista, ou seja, um lugar pra gente que tem as mesmas taras
que nós três!

— E um lugar para o qual não vamos hoje. — Jungkook me fez murchar ainda
antes que eu demonstrasse minha empolgação. — Amanhã é segunda e eu
preciso ir para o escritório. Só estou tirando essa noite de folga, não abuse.

Seokjin mostrou um biquinho chateado, mas logo suspirou, condescendente.

— Tá bom, tá bom. Mas nós ainda podemos sair, não é? Pra comer! — Ele
olhou diretamente para mim. — O que você gosta de comer, bebezinho? Pode
escolher o que quiser que nos encontramos pra você!

— Eu gosto de hambúrguer... e pizza...e qualquer tipo de comida...

— Você quer tudo? Se quiser, não tem problema. — Ele garantiu, empolgado.

— Amanhã o Jungkook tem que fazer exame de sangue, então ele não pode
jantar muito tarde e é melhor a gente comer algo rápido, mas também não
pode ser fast food porque ele tava meio doentinho e eu prefiro que ele coma
algo saudável...
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Os ombros de Seokjin murcharam, apontando na direção do chão, e ele me
olhou com o rosto sem reação alguma.

— É muito fofo. Meu deus, eu vou te esmagar... — Ele ameaçou, ainda com
essa expressão engraçada.

— Pode ignorar esse louco. — Jungkook disse, fazendo carinho em minha


bochecha com as costas do seu indicador e atraindo meu olhar. — Ainda está
cedo, nós temos tempo para jantar. Pode dizer onde você quer ir.

Eu me encolhi, risonho, me sentindo a pessoa mais mimada da face da Terra.


E eu gosto muito, muito disso.

— Então eu quero ir no seu restaurante favorito. — Eu finalmente disse,


empolgado,

— Ah, boa escolha! — Seokjin anunciou, parecendo recuperado. Eles servem


uns drinks maravilhosos. Você bebe, Jimin?

— Só um pouquinho...

— Você deve ser mais resistente que o Jungkook, então já estou no lucro. Nós
dois bebemos e ele dirige. — Decidiu, por fim. — Tudo bem se eu pagar umas
bebidas pro seu pagar umas bebidas pro seu sub, né, Jun?

— Você quer beber hoje? — Ele perguntou, olhando para mim.

Eu assenti, ansioso, mas só porque ele aparentemente não vai beber também.
Deus que me livre de ver Jungkook bêbado de novo.

— Então só não exagere. — Ele alertou com a permissão implícita em seu


aviso, e eu balancei a cabeça de novo, ainda mais animado. — E pode pedir
bebidas caras, ele tem dinheiro.

— Tá bom! — Concordei, quase batendo palminhas.

Com nosso destino definido, então, eu e Jungkook só tomamos um banho


rápido e tiramos as roupas de hospital. Como dessa vez não estou indo
encontrar nenhum parente seu, eu não hesito em vestir uma das minhas calças
justas e uma blusa bonita e quentinha, porque já esfriou bastante la fora.
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— Ah, Jungkook... — Eu o segurei pela manga de seu suéter preto antes de
sairmos do quarto, já prontos. — Eu já gastei tudo que tinha, então... você pode
pagar minha parte? Eu te devolvo o dinheiro depois...

— Não precisa devolver nada. — Ele segurou minha mão, de frente para mim,
acariciando-a com seu polegar. — Você já pagou sozinho as compras do
supermercado. E eu não estou tão confortável com a ideia de tirar a noite de
folga, então eu pago seu jantar e você retribui me distraindo para que eu não
pense muito nisso.

— Ok... — Concordei, meio envergonhado, porque agora que eu trabalho não é


mais tão confortável aceitar que ele pague tudo para mim. — Eu vou me
esforçar.

— Não precisa de esforço. — Ele me contrariou, beijando o dorso da minha


mão. — É só ser o meu Jimin de sempre, isso é o suficiente.

Eu concordei outra vez, agora com um sorriso pequeno, rendido, e o segui para
fora do quarto, depois saímos os três do apartamento e fomos até o carro de
Jungkook. Eu fui no banco do carona, então me autoproclamei como o
responsável pela escolha da música, e enquanto eu e Seokjin surtamos com
aquelas que descobrimos gostar em comum, Jungkook não pareceu conhecer
nenhuma delas.

E, bem, eu descobri que meu namorado não sabe quem é a Ariana Grande.

As vezes parece que eu namoro um velho de oitenta e quatro anos.

— Ok, Jimin, vamos começar com esses. — Seokjin anunciou quando, já no


restaurante, voltou para nossa mesa depois de passar no bar.

Eu estou um pouco aliviado por descobrir que o restaurante favorito de


Jungkook não é um lugar todo chique. Não é uma espelunca como as
lanchonetes que eu gosto de visitar quando saio com o clube das winx lá em
Nam-gu, mas é um lugar confortável, com um bar moderno contrastando com
um cardápio cheio de comidas tradicionais que ele tanto gosta.

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Para o jantar, nós pedimos carne cozida no vapor com couve chinesa, arroz
integral, kimchi e uma sopa aromática, que eu insisti em pedirmos porque é
saudável e Jungkook precisa comer bem.

E para beber, Seokjin escolheu uma bebida azul que eu nem sei de que é feita
ou como se chama, mas é gostosa e docinha, então eu aceito o segundo copo
que ele me oferece depois de secarmos os primeiros.

— A comida é muito boa! — Eu anunciei com a boca cheia, quase babando,


quando nossa mesa foi finalmente servida e eu provei a carne macia e bem
temperada, pegando um pedacinho, envolvendo-o num pedaço de couve e
levando-o à boca de Jungkook para que ele provasse também. Ele aceitou o
pedaço oferecido enquanto servia o arroz na minha cumbuca, mostrando um
sorriso quando terminou de provar.

— Casados... — Seokjin cantarolou, meio risonho.

Eu deixei uma risadinha escapar e quase desmontei todo quando Jungkook


piscou um olho para mim discretamente, num gesto cúmplice.

Depois de terminarmos de comer, ele pediu um bolinho frito e recheado com


amendoim, mel e canela para mim e eu aceitei mesmo achando que já comi
demais, porque na verdade é claro que eu queria sobremesa e a única coisa
me impedindo de aceitá-la era minha paranoia com meu peso. Mas se
Jungkook me ama e me acha lindo com a barriguinha gorda, acho que eu
também posso aprender a gostar disso, porque eu não quero abrir mão de
comer todas essas coisas gostosas de novo só pra tentar me encaixar no que o
resto do mundo diz que é bonito.

E, sinceramente, depois do sétimo drink eu nem me importo mais com isso,


porque parece que a porcentagem de álcool nesse troço é maior do que o
gostinho doce deixa transparecer.

— Já chega por hoje. — Jungkook alertou quando me segurou pelo braço


depois que eu quase caí da cadeira, sentindo o mundo girar e rindo como um
doido por isso.

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Seokjin já estava com a cabeça deitada sobre a mesa, cantarolando uma
música bem baixinho e soluçando a cada verso, e levantou o rosto, todo
atrapalhado, quando ouviu o que Jungkook disse.

— Não! Ainda tem um drink que ele precisa provar!

— Hoje não, Seokjin. — Reafirmou, incontestável. — Eu vou pedir a conta.

Eu choraminguei junto com Seokjin e depois nós rimos quando quase caí de
novo.

— Oops... — Ele cobriu a boca com a mão de dedos tortinhos, escondendo o


riso quando Jungkook precisou me segurar de novo, e então sua expressão
preguiçosa endureceu e seus olhos arregalaram quando ele olhou para um
ponto no bar, então repetiu, dessa vez meio apavorado. — Oops!

Eu não entendi muito bem seu desespero repentino, mas só até olhar por cima
do ombro para onde ele também estava olhando e ver Kim Taehyung sentado
sozinho no bar, olhando em nossa direção.

— Ah, não, que inferno... — Eu resmunguei baixo, inconformado, quando ele


continuou nos olhando por mais um tempo até se levantar e vir em nossa
direção, parecendo um pouco incerto sobre isso.

— Boa noite... — Ele cumprimentou, quase tímido, quando parou perto o


suficiente.

Ao mesmo tempo em que o cumprimentei de volta a contragosto, a mão de


Jungkook alcançou a minha por baixo da mesa, apertando-a como num gesto
para me tranquilizar.

Depois, ficamos os quatro em um silêncio desconfortável por tempo demais, e


eu percebi a forma como os olhos de Taehyung viajaram pela proximidade do
meu corpo com o de Jungkook antes de pousarem em minha gargantilha outra
vez, assim como no nosso primeiro encontro.

— Já faz um tempo, Tae! — Seokjin disse de repente, completamente bêbado


e parecendo incomodado pela ausência de palavras prolongada.

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— Sim... — Ele respondeu, escondendo as mãos nos bolsos de trás da sua
calça bem alinhada. - Eu não dei notícias durante todo esse tempo, sinto muito
por isso. Como você está?

— Bem bêbado. — Ele assobiou antes de rir, forçado. — E você? Eu vi várias


notícias sobre sua suposta volta para a Coreia, mas não achei que voltaria
ainda nesse ano.

— Eu volto definitivamente em janeiro, por enquanto só estou aqui para


resolver algumas pendências. — Ele explicou, balançando-se sobre os próprios
pés. — Mas eu estou feliz por voltar, então vim comemorar.

Puta merda, que covardia de cara lindo!

Num reflexo, eu encostei meu ombro ao de Jungkook, sentindo meu corpo


ébrio e tenso relaxar um pouco quando ele deu um beijinho singelo em minha
bochecha antes de passar o braço ao meu redor.

Taehyung percebeu a movimentação de nossos corpos, a proximidade se


tornando maior, e Jungkook lembrando, sem precisar de palavras, que eu e ele
estamos juntos. Entretanto, eu acredito que esse lembrete foi direcionado a
mim, não ao seu ex, e isso me tranquilizou ainda mais.

— Você não estava sozinho ali no bar? — Seokjin perguntou, então, com os
olhos embriagados e a voz arrastada.

— Hm, é, eu não encontrei ninguém para comemorar comigo e vim sozinho


mesmo...

— Ah — Ele murmurou, parecendo se compadecer com a solidão de


Taehyung, e até eu me senti meio mal. Mas isso deve ser um evento isolado,
não é? Um modelo como ele deve ser cercado por amigos que fazem questão
de estar ao seu lado.

— Bom, eu vou voltar para o bar. — Anunciou, sem jeito, mas com um sorriso
bonito e quadradinho nos lábios. — Foi bom encontrar vocês. Boa noite.

Nós todos respondemos sua despedida, outra vez, e eu soltei o ar


furiosamente antes de olhar para Jungkook com uma expressão tristinha.
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— Por que você teve que namorar alguém tão bonito? — Perguntei meio
emburrado, mas manhoso demais por causa de toda a bebida.

— Porque eu ainda não te conhecia. — Ele respondeu, dando um beijo bem


demorado, quase esmagando minha bochecha.

Eu continuei com uma expressão meio ciumenta, mas acabei deixando uma
risada escapar quando tocou minha barriga por baixo da blusa discretamente,
apertando minhas gordurinhas e me fazendo cócegas.

— Gostoso. — Ele disse baixo, logo antes de me dar mais um beijo.

Eu contive um sorriso meio envergonhado, meio convencido, e toquei em


minha própria barriga quando Jungkook precisou me soltar para pagar a conta.
E não sei se é por estar bêbado como um gambá ou não, mas ela é mesmo
bem gostosinha de apertar.

Depois, nós finalmente saímos do restaurante, e eu percebi que fiquei mais


bêbado do que achava quando levantei e tudo girou ainda mais, e andar foi
realmente difícil. No fim, Jungkook teve que me carregar nas costas até o
carro, e Seokjin foi abraçado a nós dois enquanto repetia com a voz bêbada
que nos ama muitão.

Quando chegamos na casa dele, Jungkook me deixou deitado no sofá e o


levou até o quarto, porque ele com certeza não conseguiria chegar sozinho, e
mesmo bêbado eu vi que é uma puta casa. Eu sei que Seokjin é editor chefe
em uma revista de ciências políticas, mas não sabia que ele tem tanto dinheiro
assim.

Talvez eu deva ser editor chefe de alguma revista pra ser rico também.

Nah. Eu morreria de tédio.

— Venha, meu bem, nós vamos para casa agora. — Jungkook me chamou
quando eu já estava quase cochilando no sofá de couro, e eu estiquei meus
braços para ele me carregar de novo, aproveitando o percurso até o carro para
ir com a cabeça deitadinha em seu ombro.

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Quando chegamos em casa, eu quase chorei porque não queria escovar os
dentes e só queria deitar na cama, mas ele me arrastou para o banheiro depois
de tirar minha roupa e me vestir com uma de suas blusas.

— Jungkook... eu quero fazer xixi... — Anunciei quando terminei de lavar minha


boca, sentindo seu corpo atrás do meu, me segurando para que eu não caísse.

— Vem. Faça sentado, anjo. — Ele disse, tanto porque mal consigo ficar de pé,
quanto porque eu com certeza vou errar a mira e provavelmente fazer xixi no
chão.

Eu concordei e, de tão bêbado e sonolento, nem me opus quando ele abaixou


minha cueca e me colocou sentado no vaso, continuando ao meu lado
enquanto esperava. Levado pela vergonha do meu lado sóbrio quase
inexistente, eu abaixei um pouco os olhos e senti meu rosto esquentar quando
comecei a fazer xixi na frente de Jungkook pela primeira vez, mas ele apenas
agiu naturalmente e lavou minhas mãos quando acabei, antes de me carregar
definitivamente para o quarto.

Eu já estava completamente derrotado de sono e, depois de deitar com ele,


mesmo com o mundo girando feito um carrossel, eu levei muito pouco tempo
para dormir, mas não sei quanto tempo se passou até que eu acordasse com a
campainha ecoando pelo apartamento três vezes seguidas.

Um gemido baixo deslizou por minha garganta quando minha cabeça latejou
um pouquinho e eu olhei para Jungkook, que se moveu com cuidado para sair
da cama.

— Eu vejo quem é. — Ele disse, arrumando a coberta sobre meu corpo depois
de deixar minha cabeça sobre o travesseiro. — Pode voltar a dormir.

Eu só concordei com um som meio mal humorado, puxando o edredom até


cobrir minha cabeça, e ouvi os passos de Jungkook quando ele caminhou para
fora do quarto.

Entretanto, toda minha vontade de apagar novamente evaporou assim que eu


ouvi a voz vindo da sala, e então meus olhos se arregalaram completamente.

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É a voz de Taehyung.

Agitado e sem saber que inferno ele veio fazer aqui a essa hora, eu joguei a
coberta para longe e tropecei no meu próprio pé quando levantei, mas
consegui caminhar com mais facilidade que antes até chegar na sala e ver a
porta escancarada, Taehyung caído no chão rindo como um louco e Jungkook
com uma expressão incomodada tentando levantá-lo.

— Levanta, Taehyung. — Jungkook pediu impaciente quando tentou puxá-lo de


novo, ainda sem me perceber parado logo atrás. — O que você veio fazer aqui
a essa hora?

— Vim te ver!

— Você está completamente bêbado. — Jungkook ignorou sua resposta,


então, puxando-o de novo, mas Taehyung mostrou uma expressão travessa ao
forçar o corpo para baixo, sem deixar ser levantado. — Inferno, levanta e senta
no sofá, eu vou chamar um táxi para você.

— Mas eu quero ficar aqui com você, Jun!

Eu senti meu sangue ferver todinho e me senti mais tonto quando, ao puxá-lo
novamente, dessa vez Taehyung se deixou ser levado e tentou beijar a boca
de Jungkook num movimento rápido, mas ele foi mais rápido em recuar.

— Que merda..? — Ele balbuciou, parecendo ainda mais irritado.

— Eu tô com saudade, Jungkook... — Taehyung bufou já de pé, tentando se


aproximar de novo. — Eu passei esses anos todinhos tentando encontrar um
dom como você, mas não existe... e eu quero você de novo!

Jungkook o segurou pelos braços, impedindo-o de se aproximar ainda mais, e


o empurrou em direção ao sofá.

— Eu já disse que vou chamar um táxi para você. — Ele disse, ignorando sua
declaração completamente embriagada. — Sente e espere.

— Não! — Taehyung voltou a se recusar, como uma criança birrenta, e eu


literalmente quase chorei de raiva quando ele tentou beijar Jungkook de novo.

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Como da primeira vez, ele o impediu, mas sua paciência parece ter sido jogada
no lixo com essa segunda tentativa.

— Senta na porra do sofá agora!

Taehyung choramingou de leve, e eu fui completamente movido pelo ódio


quando nem tropecei ao atravessar a sala, finalmente deixando os dois me
notarem, e eu só peguei a primeira almofada que alcancei, jogando-a em
Taehyung logo depois.

— Ele tem namorado, seu chato! — Eu gritei, pegando a segunda almofada e


jogando-a também

— Anjo, vá para o quarto, por favor. — Jungkook pediu, sem deixar sua
impaciência refletir no tom de voz usado comigo. — Ele só bebeu demais, já
vou mandá-lo embora.

— Eu também bebi demais e nem por isso tentei beijar o homem dos outros!

Eu ouvi um barulho irritado vindo do sofá e logo depois uma das almofadas
voou direto na minha cara.

Completamente possesso, eu só grunhi antes de tentar avançar em Taehyung,


mas Jungkook envolveu minha cintura com um braço, me segurando no lugar
enquanto eu gritava umas coisas meio incompreensíveis e tentava me soltar.

— Jimin, vá para o quarto. — Jungkook disse novamente, dessa vez mais


incisivo, mas eu caguei pra ele.

— Devolve o meu Jungkook! — Taehyung então bradou, jogando a outra


almofada em mim.

Ok. Agora ele foi longe demais dizendo que o meu Jungkook é dele.

Cego pelo ódio e pelo álcool ainda circulando em meu corpo, eu virei minha
cabeça para trás e mordi o braço de Jungkook com força, até ouvir ele gemer,
assustado, e aproveitei sua distração para fugir de seu abraço, então catei a
almofada mais próxima antes de voar na direção de Taehyung, segurando-a
com as duas mãos para chocá-la vez atrás de vez contra esse safado.

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— Mesmo que eu devolvesse, ele não vai querer me trocar por você, nem por
ninguém! — Eu disse, intercalando cada palavrinha aos meus ataques contra
seu corpo, até ele usar os braços para tentar cobrir o próprio rosto.

— No rosto não! — Ele pediu, quase manhoso.

— Desculpa! — Eu gritei em resposta, antes de começar a bater em outras


partes do seu corpo.

Ao lado, Jungkook passou as mãos pelo rosto umas três vezes, completamente
frustrado, desistindo de tentar intervir.

— Só bata com a almofada. — Ele disse, com o tom de voz derrotado, e virou
para caminhar até seu celular. — Eu vou chamar o táxi.

Eu parei por um segundo, vendo-o caminhar para longe, e pensei na


possibilidade de não usar mais a almofada e dar logo uns socos nele, mas eu
já vou levar uma bronca pela mordida, então é melhor não piorar minha
situação.

— Jimin, para, eu vou vomitar... — Taehyung gemeu depois de mais uns dez
segundos, e eu ainda bati mais duas vezes antes de deixar a almofada cair ao
lado do meu corpo, completamente ofegante,

— Eu odeio você. — Eu disse, ainda puxando e expulsando o ar com força.

Ele derrapou pelo sofá, gemendo fraquinho, com os olhos fechados e a


expressão sofrida.

— Eu também te odeio... — Ele respondeu antes de soluçar. — Eu odeio saber


que você está com ele agora e que... e que ele te deu uma coleira...

— Deu mesmo!

— Eu queria uma! Eu queria tanto uma e ele nunca me deu e agora você tem o
que eu sempre quis! — Taehyung esticou o pé, tentando me chutar, mas nem
raspou perto.

— É porque eu sou um submisso melhor que você. — Eu joguei a resposta no


ar, blefando.
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— Cala a boca — Taehyung abriu os olhos, mantendo as sobrancelhas
apertadas e a voz arrastada. — Você acabou de morder seu dominador, seu
bratzinho.

Eu ofeguei, ultrajado.

Eu não sou um brat!!

Brats sentem prazer em desafiar seus dominadores e eu não sinto prazer


nenhum em desafiar meu Jungkook, mas eu sou meio explosivo e as vezes
acontece, sem querer.

Taehyung gemeu de novo e passou a mão pela cabeça, sofrido. — Me dá um


pouco de água, por favor... — Ele pediu, como se não estivéssemos quase nos
matando minutos atrás.

Eu bufei, irritado, e caminhei meio desajeitado até a cozinha, depois voltei com
um copo cheio de água e entreguei a ele.

— Que deprimente... — Ele disse, com a cabeça tombada no encosto do sofá.

Antes que eu concordasse, Jungkook finalmente voltou, vestindo uma blusa


para cobrir seu torso nu.

— Eu já chamei o táxi. — Ele anunciou, parando ao lado da porta ainda aberta


para calçar seus sapatos. Ainda bem que nenhum vizinho estava zanzando
pelo corredor por essa hora. — Ande logo, eu vou te acompanhar até o carro.

Taehyung concordou, deixando o copo em cima da mesa de centro antes de


ficar de pé, e nem a pau eu vou deixar esse desequilibrado sozinho com
Jungkook, então o segui em direção à porta também.

— O que você está fazendo? — Jungkook perguntou quando eu enfiei os pés


nos meus tênis, sem calçá-los de verdade.

— Eu vou junto. — Respondi, passando para o lado de fora antes que ele me
impedisse, e logo apertei o botão do elevador.

Não quero nem saber se eu só estou vestindo uma cueca e uma blusa sua.

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— Você fica, Jimin. — Jungkook disse, reticente.

— Me obrigue!

— Você vai ser punido pra caralho — Taehyung avisou, cambaleando para fora
do apartamento também, e eu só balancei meus ombros, com os braços
cruzados.

O silêncio de Jungkook poderia ser interpretado de várias formas diferentes,


mas eu o conheço bem e sei que sua ausência de palavras e repreensões só
quer dizer que o que é meu tá guardado pra mais tarde.

Mesmo assim, eu não desisti e os acompanhei até o térreo, tremendo todinho


quando o frio do inverno envolveu minhas pernas nuas e agradecendo quando
o táxi logo parou na entrada do condomínio.

Taehyung olhou para nós dois com os olhos bêbados e só bufou, irritado, antes
de se sentar no banco de trás. Nem pediu desculpas, o desgraçado.

Depois, Jungkook fechou a porta do táxi, e continuou parado no mesmo lugar


até que o carro começou a se mover pela rua deserta, até sumir de nossas
vistas.

Estando só nós dois, ele virou lentamente seu rosto em minha direção e seus
olhos escuros me avaliaram em silêncio. me fazendo estremecer ainda mais,
até que, ainda sem dizer nada, ele começou a caminhar em direção ao prédio.

Eu o segui uns dois passos atrás, meio acuado, e não ouvi nem um a seu até
chegarmos ao apartamento.

De volta ao quarto, eu parei ainda de pé, olhando-o com uma ansiedade mal
contida.

— Você vai me punir? — Eu perguntei, vendo ele se sentar sobre o colchão de


casal.

Jungkook respirou fundo e puxou a coberta do meu lado da cama, numa clara
ordem para que eu me deitasse. Sem a ameaça de Taehyung por perto, eu me
percebo obediente outra vez e logo faço o que ele quer, meio nervoso.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Não fico nervoso por estar com medo de Jungkook ou de suas punições,
porque sei que ele não vai fazer nada que eu não queira, mas porque eu
realmente não gosto de agir como agi instantes antes.

— Você ainda está bêbado. — Ele disse, deitando a cabeça no travesseiro,


sem me repelir quando, tímido, eu me deitei perto dele, mas também sem me
abraçar de volta. - E eu não posso te punir nesse estado.

— Então... — Eu murmurei, tentando entender exatamente o que ele quer


dizer.

— Então descanse bem, anjo. — Jungkook completou. — Amanhã o dia vai ser
longo para você.

[1] Brats são "submissos" que sentem prazer em desafiar seus


"dominadores", chamados de tamers. No meu ponto de vista, não faz
muito sentido chamá-los de submissos e dominadores, respectivamente,
por isso utilizei as aspas, mas isso vai da interpretação de cada um. O
Jimin não é um brat, ele só é meio impulsivo e explosivo, como o mesmo
disse, mas ele não sente prazer em desafiar o Jungkook.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
oi, tudo bem?

acho que a maioria viu que sub sumiu do wattpad e depois voltou, por isso
vocês receberam um monte de notificação, eu já expliquei os motivos lá no
twitter, mas quem não viu não precisa ir lá olhar, basta saberem que sub vai
ser continuada sim

de qualquer forma, quero lembrar aqui o que disse lá: escrever sub me faz
bem, por isso não vou parar, mas certas coisas aqui estavam me fazendo mal
como vocês bem sabem, então eu vou me afastar um pouco por um tempo, por
isso ainda vou demorar pra responder todas as mensagens que vocês me
mandaram, ok? me desculpem por isso, mas preciso fazer isso por mim até
colocar a cabeça no lugar ou sou capaz de surtar de novo ): (mas as atts
seguem normalmente, não se preocupem

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
31 • Amenability

Eu tenho certeza absoluta de que essa foi a primeira vez que Jungkook não me
abraçou para dormir, e a sensação é estranha.

De alguma forma, eu sinto que minha punição já começou.

Mesmo assim, em meio ao arrependimento provocado por minha natureza


mimada e explosiva, eu dormi como uma pedra, porque o sono foi ainda maior.

Horas depois, entretanto, meu descanso foi interrompido graças ao som do


chuveiro ligado, e eu continuei deitado na cama, meio zonzo, até que o barulho
da água corrente foi cessado e, instantes depois, Jungkook apareceu no quarto
com a toalha enrolada em seu quadril.

Eu puxei o edredom até cobrir meu nariz quando ele caminhou pelo cômodo,
me olhando em silêncio, até parar diante de seu armário.

Jungkook ficou de costas para mim por um breve momento, tirando uma blusa
social de um dos cabides, e virou para mim outra vez quando quebrou a
distância até a cama, deixando-a cuidadosamente sobre o colchão.

Meus olhos se atentaram à sua expressão, depois correram, teimosos, até seu
peitoral úmido, e eu engoli com alguma dificuldade quando vi a tatuagem
parecendo ainda mais atraente sob as gotículas de água escorrendo por sua
pele.

Por último, toda minha atenção recaiu na marca da mordida em seu braço,
como um hematoma suave.

Merda. Meu arrependimento por isso não é nem por saber que vou ser punido,
e sim porque só agora eu percebo que o mordi com força demais, já que
estava muito bêbado para controlar a pressão da mordida.

Eu machuquei meu Jungkook e estou muito triste com isso.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Levante e se arrume. — Ele disse, voltando ao armário. — Você vai para o
escritório comigo.

Nem um "bom dia", ou um anjo" foram ditos para amenizar a ordem, como ele
sempre faz.

Eu definitivamente devo estar muito ferrado.

— Não demore, Jimin. — Jungkook alertou, sequer virando o rosto para me


olhar.

— Tá... — Eu murmurei derrotado, com um biquinho manhoso. Poxa, eu queria


um beijinho de bom dia.

— Sim, senhor. — Ele lembrou, dessa vez me olhando por cima do ombro em
tom de aviso. — Hoje eu não vou tolerar nenhum desrespeito, então fale direito
comigo.

— Sim, senhor. Desculpa... — Eu me corrigi, olhando-o timidamente sob os


cílios.

Eu não sei se é pela lembrança atrelada a essa expressão, mas repeti-la agora
sob seu olhar duro e ameaçador me deixa um pouco excitado, os deuses que
me perdoem por ser tão fácil.

Mesmo assim, eu só afastei os lençóis e fui até o banheiro. Depois de um


banho rápido, eu ainda tentei dar um jeito no meu cabelo, mas ele está tão
ressecado que nada parece adiantar.

Talvez eu deva voltar logo para o preto.

De qualquer forma, eu posso me preocupar com isso quando voltar para Nam-
gu, e por enquanto só me apresso em terminar de me arrumar. Com a roupa
vestida, então, eu fui até a cozinha e separei duas porções da comida que
Seokjin deixou na geladeira para comermos depois que Jungkook fizer seu
exame de sangue, já que ele não deve comer nada antes.

Quando voltei para o quarto, ele tinha separado um sobretudo seu e estava
colocando um casaco e um cachecol na mochila que eu emprestei tempos

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atrás e nunca foi devolvida, e depois eu o acompanhei, vendo que ele arrumou
uma nécessaire com nossas escovas de dente, guardando-a ali também antes
de me entregar a bolsa.

Eu abracei a mochila velhinha e desbotada, olhando para meus pés antes de


erguer o rosto enquanto Jungkook vestia seu terno por cima da blusa social
branca, e depois passou a mão pelos cabelos, realinhando-os.

— Jungkook... — Chamei, manhoso, e fui especialmente cuidadoso com minha


escolha de palavras. — O senhor não pode me dar um beijinho de bom dia?

Ele me olhou brevemente, depois fechou a porta do armário e caminhou


devagar até parar em minha frente, quando então usou as pontas dos dedos
para arrumar os cabelos em minha testa, e eu continuei olhando-o com
expectativa.

Entretanto, no fim, ele somente pressionou meu queixo antes de afastar sua
mão de mim.

— Hoje não, Jimin. Você não merece.

Eu inflei minhas bochechas, contrariado, mas só quando ele já tinha virado as


costas para mim. Vai que minha punição aumente caso me veja fazendo cara
feia?

E eu definitivamente não quero aumentá-la, porque mal começou e eu já não


aguento mais ser chamado pelo nome e não por anjo ou meu bem.

Acho que Jungkook me deixou muito mal acostumado.

Por isso, eu estou determinado a ser o melhor submisso do mundo hoje, e sou
rápido em segui-lo para fora do apartamento quando ele me chama. Primeiro,
então, nós fomos diretamente ao laboratório para recolher as amostras de
sangue para seu exame, e eu me preocupei quando o vi um pouco pálido
depois do exame, mesmo sabendo que não é raro a pressão cair nessa
situação.

Depois, nós finalmente tomamos café em uma área aberta e arborizada do


hospital, para só então irmos até a Bangtan.
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Quando chegamos e passamos pela recepção da sua sala, a secretária,
Sunhee, nos cumprimenta e me oferece mais balinhas de café amigavelmente,
e eu olho para Jungkook esperando sua permissão.

Procure um submisso melhor que Park Jimin nessa manhã e falhe


miseravelmente.

— Sem doces hoje. — Ele avisou baixo, me olhando pelo cantos dos olhos
antes de seguir caminhando até a sala.

Ele manteve uma mão no bolso de sua calça social e a outra ao lado do seu
quadril, relaxadamente. É óbvio, então, que nenhuma segurando a minha.

Sem apelidos carinhosos, beijinhos, doces e sem segurar minha mãozinha.

Eu definitivamente passei dos limites ontem.

Mas agora, mais que nunca, eu me sinto completamente desmotivado a


desobedecê-lo e recusei educadamente as balas oferecidas, apressando meus
passos para segui-lo quando o vi me esperando ao lado da porta aberta.

Sozinhos nós dois do lado de dentro de sua sala, com a porta fechada,
Jungkook moveu os braços para tirar seu terno, colocando-o cuidadosamente
sobre o encosto de uma das poltronas junto ao seu sobretudo. Depois, ele
desabotoou os dois primeiros botões de sua blusa e eu pisquei, parado no
mesmo lugar, sentindo seu olhar sobre mim a cada segundo.

Quando ele se aproximou de mim, eu mantive meus olhos bem abertos,


ansioso, e suspirei fraquinho quando a mochila foi tirada de meus braços,
especialmente afetado por cada movimento seu.

— Me dê seu celular. — Ele disse, simplesmente

Sem pensar em fazer birra, eu puxei o telefone para fora do bolso e entreguei
diretamente em sua mão estendida.

— Ele vai ficar comigo. — Jungkook explicou, com a voz comedida. — Você
pode aproveitar esse tempo para pensar em como agiu com seu dominador
ontem.

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Eu quis choramingar e fazer manha, talvez bater os pés no chão, mas somente
assenti, resignado.

— Sim, senhor. Vou pensar direitinho, eu juro.

Jungkook me mostrou o que pareceu um esboço de sorriso orgulhoso, mas


sequer isso me foi oferecido na totalidade. Nem mesmo meu fetiche por deixá-
lo orgulhoso de mim vai ser satisfeito, por enquanto

Bem que ele me avisou que o dia vai ser longo.

Conformado, então, eu fui até o sofazinho da sua sala e me sentei sobre ele,
vendo-o deixar minha mochila junto ao seu terno e sobretudo e meu celular ao
lado do seu, em sua mesa de trabalho.

Sentado como um menino comportado, com as mãozinhas nos joelhos e tudo,


eu o olhei silenciosamente antes de desistir de lutar contra um bico dengoso.

No fundo, eu sei que Jungkook não está com raiva de verdade, porque ele
nunca me pune quando está irritado, e é essa certeza que sequer me deixa
ficar triste com esse castigo, sabendo que é apenas a construção de um
cenário para nossa relação de dominador e submisso malcriado.

Por outro lado, entretanto, eu estou acostumado a ser muito mimado por ele,
então também não consigo conter uma pontinha birrenta que clama por pelo
menos um apelido carinhoso.

Eu nem tenho nada contra meu nome, mas odeio quando é Jungkook quem me
chama por Jimin.

Para ele eu me chamo anjo, e meu apelido é meu bem.

Mas nem sou doido de falar isso em voz alta agora. Talvez eu diga, bem
manhoso, quando a punição acabar.

E tudo bem, eu penso em mais mil coisas que posso dizer a ele depois,
também penso em tudo que vou precisar contar para Yukwon quando voltar
para Nam-gu.

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Ele definitivamente precisa saber como eu destrocei Kim Taehyung com uma
almofada!

Sem meu celular para me entreter, minha mente foi longe pensando em
diversas formas de contar essa história e deixá-la ainda mais emocionante, e
eu precisei segurar o riso quando lembrei de toda a briga.

Entretanto, enquanto eu me divertia com a lembrança das minhas peripécias


embriagadas, Jungkook pareceu sentir o oposto quando meu celular tocou pela
quarta vez no último minuto, e eu sei que são mensagens de Yukwon porque o
toque dele é um barulho de cocô caindo na água.

Eu paguei o equivalente a dois dólares num aplicativo da play store com toques
engraçados e faço bom uso dessa aquisição.

— Como coloca essa coisa no silencioso? — Jungkook perguntou,


incomodado, quando o celular tocou mais uma vez, mas eu apertei meu olhos
ao perceber que não foi o toque do COCÔ.

Na verdade, foi o toque padrão da notificação do fórum sobre dominação e


submissão onde me cadastrei semanas atrás, e eu acho que perdi a cor
quando, num reflexo, os olhos de Jungkook pousaram na tela do meu telefone
e ele arqueou as sobrancelhas, parecendo até surpreso.

— Dom Min Yoongi? — Ele leu o provável remetente da nova notificação,


lentamente, antes de erguer seus olhos escuros e duros em minha direção. -
Dom Min Yoongi, Jimin?

Tudo bem. Tá tudo bem.

Essa seria uma ótima hora para desaparecer.

— É só o cara de um fórum! — Eu tentei justificar apressadamente, meio


esganiçado.

— Eu entrei lá pra poder estudar e esse doido me mandou mensagem, mas


pode ver a conversa com ele, eu nem dei bola!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu vi o osso do maxilar de Jungkook travar por um instante e, meu deus, ele
fica tão gostoso assim.

— Eu não vou ler suas conversas. — Ele disse, então, reticente. — Venha
colocar seu celular no silencioso.

Eu assenti, ficando de pé na mesma hora e me adiantando em sua direção.

Honestamente, não tenho medo do que o ciúme de Jungkook pode provocar,


porque eu sei que ele sente ciúmes, sim, mas não vai perder o controle por
isso. Por deus, ele me viu beijando Jeonghan e nem uma vez tentou me afastar
dele, mesmo sabendo que nossa amizade continuou firme depois daquele
pequeno desvio em que trocávamos saliva com frequência.

De qualquer forma, eu não daria a ele o poder de me afastar dos meus amigos,
então caso tentasse algo assim, nós certamente entraríamos em conflito.

Por último, no entanto, eu dou a ele o poder de me punir, e talvez ver a


mensagem de outro dom no meu celular seja o motivo para aumentar ainda
mais minha punição atual.

Merda. Acho que eu não vou ganhar beijinhos e mimos tão cedo.

Confirmando minha teoria, Jungkook afastou um pouco sua cadeira quando me


aproximei para desabilitar o som do telefone, tremendo todo, e um grito
surpreso foi sufocado no meio da garganta quando ele deu um tapa em minha
bunda antes de apertá-la com força.

— Esse tal Min Yoongi sabe que você já tem um dominador? — Ele perguntou,
ainda apertando minha nádega.

— Não... não, senhor...

— Pois diga agora. — Ele ordenou, então, e eu acho que quase deixei escapar
um gemido quando ganhei mais um tapa por demorar a responder

— Sim, senhor, eu já vou dizer — Finalmente anunciei, sentindo sua palma


contra minha bunda como num aviso, e me atrapalhei todo para abrir o
aplicativo do fórum e ir direto à mensagem de Min Yoongi.

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Invariavelmente, eu vi sua última mensagem, mas nem dei bola para ela antes
de digitar o que me foi ordenado.

— Pronto, senhor, agora ele sabe. — Eu anunciei, manso, devolvendo o celular


à sua mesa.

— Ótimo. — Jungkook disse, voltando a se posicionar diante de um documento


impresso. — Vá se sentar.

Eu confesso que ainda esperei um tempo na esperança de ouvir um bom


garoto ou qualquer afago ao meu ego, mas tudo que Jungkook fez foi voltar
toda sua atenção ao trabalho e só me restou caminhar de volta para o sofá,
todo tristinho e conformado.

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Pelo resto da manhã, o cenário não mudou muito. Eu continuei sentado,
entediado e carente, fantasiando com cenários impossíveis e vez ou outra
olhando para Jungkook

Em várias dessas vezes eu percebi que ele também me olhava e me perguntei


se, quando desviou os olhos e suspirou em tom de derrota, ele estava
incomodado por não me dar nenhum carinho.

Eu sei que Jungkook gosta de me mimar e me tratar como um bebê precioso,


então talvez agir assim comigo seja difícil para ele também.

Tomara que seja. Pelos menos não sofro sozinho.

Eu acabei rindo sozinho com esse pensamento quando ele fechou o notebook
e arrumou a papelada sobre sua mesa, de forma metódica, até voltar a fechar
os botões abertos de sua camisa. Depois, ele vestiu novamente seu terno,
ajustando-o em seu corpo bonito, e eu quase babei porque ele fica irresistível
nessas roupas.

Mas é claro que eu prefiro quando ele não está vestindo nada.

— Vamos almoçar. — Ele anunciou, caminhando até a porta e me forçando a


sufocar outra risada com o pensamento safado que tive.

Obediente, então, eu levantei e passei minhas mãos pela roupa,


desamassando-a rapidamente enquanto caminhava em sua direção, até parar
ao seu lado, novamente com os olhos brilhando de expectativa e estendendo
minha mãozinha para que ele entrelace seus dedos aos meus.

Entretanto, Jungkook olhou para minha mão estendida, depois seu pomo de
adão se moveu de forma tensa quando ele pareceu engolir em seco, e então
ele fechou os olhos por um instante antes de virar o rosto e sair da sala sem
aceitar meu pedido carente de andarmos com as mãos juntas.

Eu murchei todo e nem levantei o rosto quando o segui até o elevador e depois
por todo o caminho até o refeitório da Bangtan, sem esquecer de suspirar
tristemente umas três vezes para tentar comovê-lo, mas nem adiantou.

Poxa.
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Eu quero. carinho!

Infelizmente, minha carência aflorada teve que sair do foco quando finalmente
chegamos ao salão do refeitório para os funcionários e eu vi o chão polido, a
iluminação artificial auxiliada pela iluminação natural que vem das grandes
janelas de vidro, as mesas brancas com cadeiras verdes organizadas de forma
matricial e o grande balcão no canto direito, ao longo do qual, numa fila, todos
se servem.

E vejo, principalmente, a forma como vários olhares curiosos são direcionados


a mim.

Eu entendo, de verdade. No meio de tantas vestimentas formais, eu sou o


único usando jeans desgastados, all stars coloridos e um blusão listrado.

Mas acho que, no fundo, o que chama mais atenção é o fato de uma pessoa
assim estar acompanhando Jeon Jungkook, o poderoso chefão.

— Vá na frente. — Ele instruiu ao me estender uma bandeja metálica, então,


parecendo pouco se incomodar com toda a atenção direcionada a nós dois.

Eu balancei a cabeça numa concordância, acuado demais para conseguir


expor minha obediência através de palavras, e entrei na fila em sua frente,
olhando para trás somente para me certificar de que ele continuou por perto.

O balcão é organizado em subdivisões, cada uma delas com pratinhos


individuais de algum tipo de condimento, e eu peguei todos que queria sem
hesitar muito até chegar à última separação, que é reservada para as
sobremesas.

Eu olhei para os pedacinhos de fruta cortados e servidos com mel e apertei


meus lábios, lembrando que Jungkook deixou bem claro que não devo comer
doces hoje. Por isso, eu me conformo em passar direto e me viro para sair da
fila, mas então sinto meu braço ser segurado, depois vejo Jungkook pegar um
dos pires servidos com sobremesa e colocá-lo em minha bandeja.

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Por último, ele saiu da fila sem dizer qualquer coisa e eu o segui com um
sorriso tão grande que quase parei de enxergar, com os olhinhos
completamente fechados,

— Obrigado! — Eu disse, alegre, seguindo-o pelo refeitório em direção a uma


das mesas.

Ele me olhou pelo canto dos olhos e eu percebi o sorriso que tentou esconder
ao me ver tão feliz, o que me deixou ainda mais alegre, porque meu Jungkook
realmente não resiste a mim.

Quase saltitando enquanto o sigo, então, ele finalmente escolheu uma mesa já
ocupada para se acomodar, e eu me surpreendi brevemente ao ver que um
dos dois homens sentados é o destruidor de frigobar.

— Chefe! — O outro, um moço que eu não conheço, cumprimenta Jungkook


amistosamente ao vê-lo, e então olha para mim, curioso. — Estagiário novo?

— Não. Ele respondeu, sucinto, sentando-se numa cadeira enquanto eu me


acomodo timidamente no assento ao lado esquerdo do seu. — Park Jimin. Meu
namorado.

Eu vi Namjoon olhá-lo como numa repreensão, enquanto o outro cara pareceu


surpreso por um instante, mas logo abriu um sorriso.

— Ah, então o general tem um coração, afinal? — Ele brincou, depois estendeu
a mão para mim. — Oi, Jimin. Eu sou Jung Hoseok do setor de marketing.

— Oi. — Eu o cumprimentei de volta, sem conseguir esconder um sorriso


diante de seu tom alegre quando ele me chacoalhou todo ao apertar minha
mão.

— Você não tem noção nenhuma por fazer algo assim. Quem falou a seguir foi
Namjoon, mas olhando para Jungkook.

— Trazer seu namorado até a Bangtan, Jungkook? Isso é sério?

— Sim. — Respondeu, simplista, e então me olhou brevemente. — Sua comida


vai esfriar, Jimin.

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Só então eu percebi que sequer comecei a comer, e então levei a primeira
porção à boca, desconcertado pela óbvia desaprovação do destruidor de
frigobar.

— Ele está um pouco estressado porque as roupas dele estão cheias de pelo
de gato. — Hoseok tentou aliviar a tensão e enfiou um pedaço de frango na
boca, gesticulando desleixadamente antes de completar, com as bochechas
estufadas: — Não liga pra ele.

— Você tem um gatinho? — Eu perguntei diretamente a Namjoon, curioso e


ansioso para me livrar do clima chato. — Qual o nome dele?

— Não tem nome. — Ele respondeu, ainda com a expressão um pouco


fechada, lançando um olhar para Jungkook. — Não é meu, só estou dando
abrigo temporário até encontrar um definitivo.

— Ele encontrou o filhote na rua, ficou com pena e levou pra casa. — Hoseok
explicou, apertando a bochecha de Namjoon. — Não é um docinho?

Eu sorri, concordando. Apesar de desaprovar minha presença aqui, eu lembro


de como Namjoon foi gentil comigo quando quase fui atropelado, e saber que
ele resgatou um gatinho só aumenta minha boa impressão sobre ele.

O cara do marketing começou a falar mais alguma coisa, mas antes que me
atentasse a isso, minha mente entrou em colapso quando Jungkook apoiou sua
mão sobre minha coxa discretamente, sem que qualquer um dos outros dois
percebesse seu movimento.

Eu o olhei, surpreso por seu toque repentino, e fiquei ainda mais confuso
quando o vi com a mesma feição quase indiferente enquanto usa a outra mão
para continuar segurando seus hashis.

Eu sorri inocente ao acreditar que ele finalmente decidiu me dar o carinho que
tanto me foi negado, até vitorioso me senti. Mas essa sensação durou muito
pouco, porque logo depois ele deslizou sua palma em direção à minha virilha e
apertou a parte interna da minha coxa, e então eu percebi a provocação
explícita em seu toque.

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Não é carinho, é só mais uma parte da minha punição.

—...Não é, Jimin? — De repente, eu acordei do transe ao ouvir Jungkook dizer


meu nome e então pisquei, confuso, antes de olhá-lo.

— Desculpa... e eu não ouvi.

— Hoseok perguntou se eu sou um bom namorado — Ele explicou, e eu


arregalei os olhos ao sentir sua mão subir um pouco mais, até massagear
suavemente meu membro através do jeans justo. — E eu disse que sempre te
tão trato bem. Você não concorda?

Sempre que mereço, sim, mas Hoseok e Namjoon não precisam saber que
nosso relacionamento envolve um punhado de dominação e submissão e mais
um tanto de disciplina, então apenas concordo com sua afirmação,
engasgando novamente quando ele apertou meu pênis ainda mais.

— Que fofo. — Hoseok disse, encantado.

Fofo? Ele está quase arrancando minha pimentinha por baixo da mesa, seu
tonto.

Mesmo assim, eu tento agir naturalmente e levo mais um pouco de frango à


boca, quase cuspindo tudo de volta na bandeja quando, não satisfeito,
Jungkook começou a desabotoar minha calça e enfiou sua mão por dentro da
minha roupa, estimulando meu pênis diretamente.

Eu suspirei baixo, apoiando minhas mãos na mesa e fechando os olhos com


força. Porque, meu deus, eu estou ficando duro e minha vontade é de estocar
contra a mão de Jungkook, mas não existe uma forma de fazer isso
discretamente agora,

— Você está bem? — Alguém perguntou, e honestamente não sei quem foi,
tampouco me importa.

— Si— Eu tentei dizer, mas a resposta morreu no meio do caminho e foi


substituída por um gemido pouco discreto quando Jungkook começou a
bombear devagar.

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Eu abri os olhos imediatamente, envergonhado, e vi os olhos de Namjoon e
Hoseok arregalados, enquanto Jungkook sequer se esforçou para conter um
sorriso obliquo, satisfeito.

— Jungkook, eu acho que ele não está bem. — Dessa vez eu sei que foi
Namjoon quem falou, dividido entre preocupação e suspeita.

— Não? — Jungkook olhou para mim, apertando as sobrancelhas num teatro


sacana, e eu tremi furiosamente e deixei mais um gemido escapar quando ele
derrapou as unhas por meu membro antes de puxar a mão para fora, tocando
em meu pescoço num gesto fingido de preocupação. — O que você está
sentindo?

Eu balancei a cabeça para os lados, desesperado, me controlando até o último


fio de cabelo para não pular em seu colo e rebolar como um louco aqui no meio
de todos os seus funcionários.

— Eu só estou com soluço — Foi o que eu disse, logo em seguida fingindo


soluçar para disfarçar meus gemidos anteriores.

Hoseok riu sem muito jeito e Namjoon pigarreou antes de ficar de pé com sua
bandeja já vazia.

— Eu vou voltar para a minha sala. — O mais alto anunciou já virando as


costas para se afastar, e eu me assustei quando ele derrubou várias bandejas
ao tentar colocar a sua em cima do recolhedor.

— Lá vai ele destruindo tudo... — Hoseok suspirou, já mais relaxado.

Eu até tentei sorrir, mas é difícil fazer isso quando eu tenho uma ereção
inconveniente no meio das pernas e a certeza de que meus gemidos foram
ouvidos.

— E ainda é meio dia, boneca. — Jungkook lembrou, inclinando-se brevemente


para falar baixo contra meu ouvido. — Você deveria ter se comportado melhor.

Eu mordi a parte interna da minha bochecha, contendo um suspiro de


frustração na mesma intensidade em que reprimi um sorriso quase nostálgico
com o apelido que ele reviveu depois de tanto tempo.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ainda lembro bem de quando ele me chamava dessa forma sempre com a
entonação provocativa e de como, nessa época, tudo ainda era tão novo para
mim.

Desde o começo eu me deparei com a personalidade dominante de Jungkook,


assim como descobri meu desejo natural pela submissão. Claro que, naquele
tempo, eu não entendia e até me sentia um pouco assustado com essa
dinâmica entre nossas naturezas. Entretanto, agora não resta nenhum espaço
para receio, porque tudo gira em torno da confiança e da compreensão acerca
de como nós dois funcionamos.

Não menos importante, ainda que gere alguma frustração, toda essa punição
também é prazerosa para mim porque eu sinto prazer em ver meu dominador
se impondo e assumindo, a rédeas curtas, o controle que eu o deixo ter.

Ah, meu deus. Eu sou mesmo muito submisso.

— Jungkook — Eu o chamei, então, quando finalmente voltamos para sua sala


depois de escovarmos os dentes, e me arrisquei ao ficar na ponta dos pés para
beijar sua bochecha.

— Eu só quero lembrar que amo ser seu submisso.

Ele deixou um sorriso pequeno dar as caras e eu sorri também, lembrando que
por trás de toda essa encenação ainda somos exatamente os mesmos,
completamente apaixonados um pelo outro.

— Vá se sentar — Ele instruiu, ainda com o sorriso pequeno, e eu acatei minha


ordem de bom grado.

Por uma parte da tarde, então, o ritmo da manhã se repetiu e eu aceitei bem
meu castigo de ficar sentado no sofá sem qualquer distração, mas em algum
momento eu comecei a ficar muito entediado e, consequentemente, logo ficaria
irritado também, mas toda minha confiança no cuidado de Jungkook se
mostrou coerente quando eu percebi que ele me lançava olhadelas atenciosas
e esporádicas e, quando percebeu que o ócio dessa punição logo me deixaria
mal, ele me devolveu meu celular.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Tê-lo de volta em mãos logo reverteu meu humor e então eu respondi todas as
mensagens de Yukwon, também conversei um pouco com Jeonghan e depois
passei o restante do tempo jogando e vendo vídeos.

Já passava das oito quando Jungkook finalizou seu trabalho e finalmente


guardou suas coisas.

— Vista o casaco que coloquei na sua mochila. — Ele ordenou, então, quando
vestiu seu sobretudo de lã preta.. — Nós vamos passar em um lugar antes de
voltarmos para casa.

— Pra onde a gente vai? — Questionei, curioso, vestindo o agasalho extra que,
por ser seu, engoliu completamente meus braços.

— Para uma masmorra.

Eu apertei meus lábios, seguindo-o sem ter minha mão entrelaçada à sua. — O
que é?

Ele me olhou brevemente e, ao invés de uma explicação, tudo que me mostrou


foi um sorriso atravessado, me fazendo conformar com a falta de entendimento
sobre o lugar para o qual estamos indo, e eu me percebi um pouco ansioso
enquanto ele dirigia pelas ruas que se tornaram menos movimentadas à
medida que nos afastamos do centro, até que o carro foi estacionado numa rua
estreita, completamente deserta.

— Nós vamos precisar caminhar um pouco. — Ele explicou, tirando também o


cachecol da mochila e envolvendo-o em meu pescoço. — Você está
agasalhado o suficiente?

Eu assenti, com a boca e nariz escondidos pelo tecido quentinho da peça de lã.
Quando descemos do carro e deixamos o aquecedor para trás, eu entendi
porque ele se preocupou em trazer agasalhos extras para mim. Nós
caminhamos por cerca de cinco minutos por uma viela somente para
pedestres, e eu certamente congelaria se não estivesse aquecido com todas
essas roupas,

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Quando finalmente paramos diante de uma construção de pedra, com um quê
medieval, de portas maciças e vermelhas, Jungkook utilizou o batedor de porta
metálico para anunciar nossa chegada.

— Seja respeitoso. — Ele avisou enquanto esperamos sei-lá-quem nos


receber. — Essa é a masmorra de uma dominatrix orgulhosa, então chame-a
somente por senhora.

Eu sei que dominatrix se refere a uma mulher que assume a posição como
dominadora no BDSM, mas eu ainda não sei o que é uma masmorra e isso faz
meu coração acelerar com o nervosismo.

Instantes depois, um homem de meia idade com uma coleira grossa no


pescoço, pés descalços, calça preta e harness de couro sobre o tronco nu nos
recebeu, abaixando a cabeça respeitosamente ao ver Jungkook, e obviamente
o reconheci como um submisso.

— Domme Sera está à sua espera, senhor. — Ele disse ainda com a cabeça
baixa, dando espaço para que passemos para o lado de dentro.

Quando a porta se fechou, eu olhei ao redor, mas não há nada além de um


corredor vermelho e uma passagem coberta com uma cortina fina no final.

O submisso nos guiou depois de pedir a permissão de Jungkook para ir na


frente, e eu ofeguei um pouco surpreso quando atravessamos a passagem e
chegamos a algo que se assemelha a um calabouço amplo, iluminado por
lâmpadas presas às paredes que se assemelham a tochas. O lado esquerdo é
ocupado por objetos de práticas sadomasoquistas, tantos que até me
surpreendo, e o lado direito tem outra passagem ainda maior que a primeira,
também protegida por uma cortina vermelho-sangue, e é para ela que o
submisso nos leva.

— Sera é uma dominatrix profissional. — Jungkook explicou baixo, então. —


As pessoas pagam para ter práticas de sadomasoquismo com ela. Uma
masmorra é o local onde dominadores como ela atendem seus clientes.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu arregalei os olhos, assustado. — Eu não quero ter uma sessão com ela!

— Eu não faria algo assim sem te consultar antes, Jimin. — Jungkook quase
me repreendeu por minha interpretação errônea.

— Senhora, — A voz do outro submisso voltou a ser ouvida quando


atravessamos a passagem e então entramos num novo ambiente, com várias
prateleiras e manequins expostos como na sex shop que fui com Yukwon
tempos atrás, mas aqui os itens parecem todos voltados para práticas BDSM.
— Dom Jeon chegou.

Meus olhos então viajaram para o outro canto da sala de paredes de pedra,
onde uma mulher de cabelos pretos, lisos e longos está sentada sobre uma
poltrona com as pernas elegante cruzadas, usando saltos e vestindo uma calça
de couro e um corselet também de couro.

A mulher sorriu discretamente ao olhar para ele com o nariz arrebitado


orgulhosamente, o cotovelo apoiado no braço da poltrona e o queixo
repousado sobre seu punho, com os olhos intensos, cílios longos e lábios
cheios.

Sua aura é tão dominante que quando seus olhos pousam em mim, eu abaixo
a cabeça em reflexo exatamente como o outro submisso fez ao ver Jungkook,
embora meu movimento tenha sido muito mais afobado e agora eu sinta meu
rosto quente.

— Você está atrasado, Jeon. — Ela disse, então, com uma entonação firme,
mas naturalmente sensual e desafiadora. — Eu te disse para chegar às oito em
ponto.

— Eu não sou um de seus submissos para acatar suas ordens, Sera. — Ele
respondeu com o mesmo tom, quase como se um desafiasse o outro, e eu
tropecei quando Jungkook apoiou a mão na base da minha coluna, guiando-me
mais para perto da mulher. — Separou o que pedi?

Ela suspirou e eu vi quando gesticulou para o submisso, então Jungkook se


sentou na poltrona de frente para a de Sera, me fazendo sentar sobre sua
perna, com uma mesa de madeira baixa entre os dois assentos.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Instantes depois, o homem de meia idade começou a arrumar silenciosamente
alguns objetos sobre a mesinha, e eu observei atentamente cada um deles.

Algemas de couro com quatro pulseiras, um anel largo de metal e um negócio


que parece meu dildo, mas que vem com um tipo controle sem fio.

Por último, ele posicionou uma caixa no centro da mesa antes de abri-la,
revelando um punhado de agulhas descartáveis.

Eu me retraí um pouco sobre o colo de Jungkook, assustado, quando o outro


submisso parou de pé ao lado de Sera.

— Você reconhece o que está nessa mesa? — Jungkook questionou, então,


com a voz paciente.

— As algemas... — Eu respondi, tímido. — Mas não entendi por que tem


quatro pulseiras...

— São algemas que prendem as mãos e os pés simultaneamente. — Ele


explicou. — Reconhece os outros? — Depois da minha resposta negativa, ele
prosseguiu: — O anel peniano prolonga a ereção, então você não vai gozar
mesmo que queira. — Fez uma pequena pausa, talvez para me deixar
absorver a informação. — E o último é um vibrador.

— E as agulhas?

— São usadas para perfurar a pele. Agulhas desse calibre não causam dor se
aplicadas do jeito certo, mas podem causar sangramentos. O nome disso é
needle play.

Eu engoli em seco, porque definitivamente não quero experimentar isso.

— Alguma coisa te deixa desconfortável? — Ele perguntou, depois de me


deixar pensar.

— As agulhas... — Respondi, sincero.

— Então você não quer experimentar? — Eu balancei a cabeça para os lados,


negando, e percebi que a seguir ele se direcionou a Sera, irredutível. — As
agulhas ficam.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Usarei para fazer uma sessão de needle play com o meu sub favorito assim
que vocês forem embora, então — Ela respondeu, afagando o submisso ao
seu lado e dando a entender que esse é o seu favorito, o que também confirma
minha suspeita de que existem outros.

Eu já li sobre isso. Eu sei que um dominador pode ter mais de um submisso,


que muitas vezes não necessariamente existe um relacionamento amoroso
entre as partes envolvidas e tantas outras possibilidades. Mesmo assim, é um
pouco estranho ver isso com meus próprios olhos pela primeira vez, mas
contenho minha surpresa somente para mim.

— Tudo bem com os outros três? — Jungkook voltou a perguntar, e dessa vez
minha resposta foi positiva. — Está confortável para experimentar todos hoje?

— Sim, senhor.

— Então levaremos. — Ele disse novamente para a domme em nossa frente.

— Que sub adorável, Jeon. — Sera comentou com um sorriso atravessado,


ainda acariciando o homem ao seu lado. — Não quer emprestá-lo? Prometo
cuidar bem dele.

— Essa não é uma possibilidade,

— Que dom ciumento... — Ela resmungou, mas acabou por suspirar,


resignada.

Instantes depois, Jungkook pagou pelos objetos que decidimos levar para casa
e nós saímos da masmorra, caminhando todo o percurso de volta até o carro
antes de voltarmos para o apartamento.

— Eu vou tomar um banho. — Ele disse quando chegamos em casa, já tirando


seu sobretudo. — Limpe seus novos brinquedos. Nós usaremos em breve.

Assim como durante todo o dia, eu acatei sua ordem como um bom submisso e
limpei o couro das algemas como Jungkook já tinha me ensinado, depois limpei
o anel e o vibrador acoplado a ele. Não nego que há algo de provocante na
forma como sou ordenado a fazer a limpeza dos objetos que serão utilizados
em minha própria punição, mas eu gosto.
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Quando Jungkook saiu do banho, foi então minha vez de me lavar, e eu me
preparei para o que quer que possa acontecer durante o restante da noite.

Eu voltei para o quarto com a toalha enrolada em meus ombros e o encontrei


sentado na cama, brincando desleixadamente com o anel peniano na mão e
vestindo somente uma calça de moletom cinza.

— Não precisa se vestir. — Ele avisou quando apertei o passo até minha mala.

Entretanto, eu revirei minhas coisas até encontrar o que estava procurando.


Minha coleira.

— Coloca em mim? — Eu pedi quando voltei para sua frente, estendendo-a


com uma mão e segurando a toalha com a outra.

Jungkook sorriu discreto com meu pedido, e eu sorri também quando ele me
segurou pela cintura, me puxando para sentar sobre suas pernas, com meu
corpo de frente para o seu.

— Se estiver cansado, pode me dizer. — Ele disse, então, ao envolver meu


pescoço com o couro. — Nós não precisamos fazer isso agora.

— Eu não fui um bom garoto — Respondi, sentindo a coleira ser afivelada. —


Eu quero ser punido até aprender minha lição.

Eu vi os olhos de Jungkook brilharem com um orgulho lascivo e me controlei


para não sorrir em satisfação, porque esse era o meu objetivo ao escolher
exatamente essas palavras para respondê-lo.

Eu sou tão bom em agradar o meu dom...

— Você é um manipulador, não é? — Questionou, subindo a mão no fecho da


minha coleira até meus cabelos, puxando-os e forçando minha cabeça para
trás.

— Não, senhor...

— Shh... — Sibilou, usando a outra mão para tocar em meu rosto, e então
pressionou seu polegar em meus lábios. — A partir de agora você só fala
quando eu mandar.
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Eu gemi baixo e fechei meus olhos quando ele puxou meus cabelos ainda
mais, deslizando a ponta do nariz por uma pequena faixa de pele exposta no
meu pescoço, logo abaixo da coleira, antes de me morder ali com força.

— Lembra que você fez isso comigo? — Ele perguntou, me forçando a deixar a
toalha cair antes de descer mais com sua boca e morder meu mamilo. —
Agora você vai pagar por ter me desrespeitado desse jeito, Jimin —
Completou, então, antes de mover nossos corpos com um movimento brusco,
me jogando de costas na cama.

Eu arrastei meu corpo nu sobre o colchão, em direção à cabeceira, e Jungkook


fez um movimento negativo com a cabeça junto a um sorriso quase
debochado.

— Você acha que vai ficar deitado enquanto eu faço todo o trabalho? — Ele
perguntou, também subindo na cama e posicionando seu corpo com a cabeça
sobre os travesseiros. — Fique de quatro sobre mim.

Eu respirei fundo, devagar, sentindo meu corpo inteiro responder ao seu tom
severo.

Meu deus do céu, que delícia de homem.

— Assim não — Ele repreendeu, então, quando eu me posicionei sobre ele,


com os joelhos e as palmas das mãos apoiadas sobre o colchão. — Seus
joelhos ficam ao lado da minha cabeça. Você vai me chupar enquanto eu te
fodo com meus dedos.

Eu arregalei um pouco meus olhos, surpreso.

A gente vai fazer um meia nove?

Ai meu deus, ai meu deus, ai meu deus!

Tão nervoso quanto excitado, eu logo movi meu corpo da forma que ele
indicou, apoiando um joelho de cada lado de sua cabeça e meus cotovelos um
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de cada lado de seu quadril, com minha boca pairando sobre seu membro
ainda coberto pela calça.

Eu tremi quando ele subiu as mãos por minhas coxas até apertar minha bunda,
puxando as nádegas para os lados e me expondo completamente.

Não importa quanto tempo passe, isso sempre vai ser um pouco
constrangedor.

Entretanto, sobrou pouco espaço para pensar na vergonha quando ele puxou
meu quadril mais para baixo e passou a língua entre minhas nádegas
demoradamente antes de chupar a pele ao redor da minha entrada.

Eu quis gritar ao sentir minhas bolas sendo chupadas antes de receber uma
mordida leve, provocativa.

— É melhor começar a usar sua boca, amor — Ele avisou, usando o novo
apelido de forma quase ácida.

Completamente bambo, eu mantive meus cotovelos apoiados sobre o colchão


e movi minhas mãos, utilizando uma para puxar sua calça um pouco para baixo
e a outra para segurar seu membro.

— C-como o senhor quer que eu chupe? — Eu perguntei, masturbando-o com


a precisão que meu estado permite.

— Fundo — Ele respondeu, massageando minha entrada com seu polegar. —


E sem parar.

Trêmulo com a sensação antecipada do que está prestes a acontecer, eu firmo


minha mão na base de seu pênis semi-ereto, deixando-o na melhor posição
para que minha boca engula o máximo possível. Eu comecei então pela
glande, estimulando-a com minha língua antes de chupá-la e soltá-la com um
som estalado, obsceno.

— Jungkook...? — Eu o chamei, deslizando minha língua por todo o


comprimento delicioso de seu membro enquanto espero a permissão para
falar.

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Ele afastou seu dedo de minha entrada, substituindo-o por sua língua e
empurrando-a para dentro de mim apenas uma vez antes de dizer: — Sim?

Eu juntei toda a minha coragem e voltei a masturbá-lo sentindo meu rosto


inteiro queimar de vergonha quando disse, tímido:

— O pau do meu senhor é tão gostoso...

Eu senti seu sorriso contra minha nádega quando ele a beijou ao mesmo
tempo em que começou a massagear minhas bolas.

— Esse pau vai te foder todo, anjo...

Um gemido de satisfação subiu por minha garganta, derramando-se como um


sorriso quando ele finalmente me chamou de anjo, numa recompensa por meu
elogio.

— Então fode minha boca — Eu pedi, chupando sua glande outra vez antes de
completar, manhoso: — Por favor, senhor, fode com força...

Eu senti seu gemido rouco ricochetear contra minha bunda, e então ele dobrou
um pouco as pernas para ter mais sustento para impulsionar seu quadril, e eu
abri minha boca na mesma hora, envolvendo a cabeça inchada do seu membro
com meus lábios e recebendo-o bem quando ele estocou pela primeira vez.

— Manipuladorzinho do caralho — Ele acusou novamente, em meio a um


gemido rouco.

Ainda com minha boca sendo fodida, eu suspirei deliciosamente pelo tom
áspero de suas palavras combinado à sua incapacidade de me rejeitar.

Jungkook sabe que eu estou manipulando-o para fazer do jeito que gosto, e se
deixa manipular mesmo assim.

— Você acha que está ganhando, não é? — Ele questionou, então, e eu gemi
violentamente com seu membro em minha boca quando ele me penetrou com
dois dedos cheios de saliva de uma vez. — Mas lembre que quem sempre
ganha sou eu, anjo.

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Instintivamente eu rebolei meu quadril em seus dedos e não foi de propósito
que eu raspei meus dentes em seu pênis quando movi minha cabeça,
colocando-o para fora para respirar, mas aconteceu.

Jungkook quase rosnou, descontrolado, e acabei sendo pego de surpresa


quando ele girou meu corpo e saiu de baixo de mim, me deixando de quatro na
cama e então dando um tapa estalado em minha bunda.

— Eu não fiz de propósito

— Calado. — Jungkook me interrompeu com a voz firme e mais um tapa,


dessa vez na outra nádega, e foi tão forte que meu corpo deu um solavanco
para a frente em reflexo pela dor.

Merda. Eu vou explodir de tesão.

— Chega de pegar leve com você. — Ele avisou, então, e eu gemi quando ele
enterrou seus dedos em meus cabelos e me puxou, me fazendo engatinhar até
ficar mais próximo da beirada da cama, com a cabeça para o lado de fora.

Eu esperei, ansioso, até vê-lo puxar as algemas de couro antes de dar a volta e
parar de pé atrás de mim. Ainda me deixando de quatro, ele puxou meu braços
por baixo do meu corpo, até meus pulsos ficarem entre minhas pernas
apoiadas no colchão pelos joelhos. Sem meus cotovelos para apoiarem a parte
superior do meu corpo, eu me sustentei com a bochecha apoiada na cama e o
quadril empinado no ar.

Quando me deixou na posição que queria, Jungkook então começou a envolver


meus pulsos e tornozelos com as pulseiras da algema, um a um, até que todos
estavam afivelados e presos uns aos outros, limitando completamente meus
movimentos.

— Talvez assim você se comporte. — Ele disse quando eu me remexi um


pouco só para confirmar que, sim, estou bem preso.

É a primeira vez que eu fico imobilizado dessa forma, e estou ansioso para ver
o que vai acontecer daqui para a frente, porque ainda faltam dois brinquedos,
mas Jungkook não parece esquecer deles e eu vejo precariamente quando ele

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lambuza o anel peniano com lubrificante antes de deslizá-lo por meu membro
até a base, prendendo também minhas bolas.

Eu apertei os olhos, sentindo um breve desconforto completamente suportável,


e gemi surpreso quando, por último, Jungkook me penetrou novamente com
seus dedos antes de introduzir o vibrador estreito e lubrificado, ainda sem ligá-
lo.

Só então ele voltou a dar a volta até parar em minha frente, com o controle do
vibrador em mãos, e eu movi meu quadril tentando aliviar a sensação
enlouquecedora de tantas coisas combinadas de uma só vez.

Ele girou o controle entre os dedos com um sorriso sacana. — Confortável,


anjo?

Minha única resposta foi um gemido sem força, e eu ofeguei quando ele me
segurou pelos cabelos outra vez, posicionando melhor minha cabeça.

— Você disse que quer que eu foda sua boca com força, não disse? — Ele
questionou, sem soltar o controle quando puxou seu pênis para fora da calça
outra vez, guiando-o até empurrar a glande contra meus lábios. — Então eu
vou te dar o que você quer, seu bratzinho.

Eu grunhi, irritado.

Por que todo mundo começou a me chamar assim? Eu não sou um brat, mas
que inferno!

Eu sou o submisso bonzinho do Jungkook!

— Abra sua boca — Ele ordenou, então, e simultaneamente apertou um botão,


ligando o vibrador. Eu quase gritei quando senti o aparelho vibrar e girar dentro
de mim, e Jungkook aproveitou meus lábios entreabertos para penetrar minha
boca, devagar.

Eu o aceitei mesmo com o corpo tendo espasmos pelo estímulo


enlouquecedor, e tentei deixá-lo ir tão fundo quanto consigo aguentar. Quando
descobriu até onde pode ir sem me sufocar, Jungkook começou a se mover,

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estocando contra minha boca enquanto minha próstata é diretamente
estimulada a cada vez que a cabecinha do vibrador gira.

Não demorou para uma lágrima escorrer e dessa vez não foi pelo reflexo da
ânsia ao sentir o membro de Jungkook chegando em minha garganta.

Eu estou literalmente chorando de tesão.

Desesperado, eu apertei meus olhos e chupei meu homem com devoção,


sentindo-o mover o quadril num vai e vem gostoso enquanto seus dedos
continuam segurando minha cabeça através dos cabelos.

Quando eu achei que não poderia sentir mais que isso, Jungkook aumentou a
velocidade do vibrador e eu literalmente gritei com seu pênis em minha boca, o
que me fez engasgar como um tuberculoso e, consequentemente, fez
Jungkook afastar seu membro, sorrindo malicioso por me ver desse jeito,
completamente rendido, chorando e gritando de tanto tesão.

— Meu deus... — Eu gemi, sem força, quando meu corpo inteiro tremeu e
minha virilha se contraiu como se estivesse prestes a explodir.

Eu quero gozar, mas o anel impede, e então eu fico preso à sensação


desesperadora de quase chegar lá, mas sem conseguir ir até o final.

No limite, eu rebolei buscando algum alívio e choraminguei completamente


tomado pelo desespero. Como se não bastasse, Jungkook se abaixou em
minha frente, deixando seu rosto na altura do meu, e puxou meus cabelos com
mais força quando aproximou sua boca e me beijou numa intensidade
enlouquecedora que logo foi retribuída, unindo lábios, línguas, salivas e
gemidos numa única bagunça excitante como nunca.

Quando eu impulsionei meu corpo para a frente, tentando aproveitar ainda


mais, Jungkook abruptamente interrompeu o beijo.

— Você já quer gozar, anjo? — Ele perguntou, então, se divertindo com meu
estado miserável.

— Sim! Por favor, por favor, por favor!

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— Você vai se comportar melhor, a partir de agora?

— Eu vou! Eu prometo!

Jungkook sorriu satisfeito e chupou meu lábio uma última vez antes de dar a
volta novamente. Primeiro eu senti o vibrador ser desligado, depois ele foi
retirado de dentro de mim, e por último eu senti o membro de Jungkook sendo
pressionado contra minha entrada quando se ajoelhou atrás de mim, apoiando
seus joelhos um de cada lado externo das minhas pernas imobilizadas.

Sem controle algum, eu empinei minha bunda ainda mais, empurrando-a para
trás e querendo senti-lo logo dentro de mim, e eu não entendo porque perceber
que Jungkook ainda está usando sua calça me tira o resto de sanidade que
ainda restava.

Quando ele segurou minha cintura com suas mãos grandes e firmes, eu
afundei meu rosto no colchão.

Eu já estou no limite há tanto tempo que é insuportável.

— O anel... o anel, por favor, tira! Eu quero gozar, por favor!

Entretanto, apesar do meu pedido feito quase às lágrimas, o que Jungkook fez
foi levar a mão ao meu pênis já tão sensível para começar a estimulá-lo ainda
mais, e eu choraminguei e gemi tão alto que é provável que o prédio inteiro
tenha escutado.

Eu já perdi as contas de quantas lágrimas derramei e de quantas vezes minha


próstata foi surrada pelas investidas fundas de Jungkook.

Agora som inteligível nenhum deixa meus lábios e eu somente sou capaz de
continuar chorando e gemendo como um louco.

Meu corpo já não tem mais força e meu desespero só parece aumentar quando
Jungkook começou a estocar mais rápido, mais forte, me levando à completa
insanidade.

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— Por favor! — Eu juntei todo o meu fôlego para implorar uma última vez
quando ele saiu de dentro de mim e gozou em minhas costas, derramando o
líquido viscoso e quente por minha pele completamente suada e sensível.

Só então ele levou a mão ao meu pênis e deslizou o anel para fora, e mais
nada precisou ser feito para que o gozo jorre para fora de mim enquanto meu
corpo inteiro treme num espasmo violento, porque nunca, nunca, nunca gozar
foi tão gostoso como agora.

Eu ouvi a respiração lenta de Jungkook se recompondo e eu mesmo tentei


recuperar o ritmo normal de oxigenação, mas meu peito continua subindo e
descendo furiosamente e ar nenhum parece satisfazer a necessidade dos
meus pulmões.

— Porra... — Jungkook gemeu, caindo ao meu lado.

Eu ri um pouco, mesmo sem fôlego algum.

É. Um palavrão é a única coisa capaz de expressar o que acabou de acontecer


aqui.

Ele acabou rindo também e começou a tirar minhas algemas. Quando meu
corpo ficou livre, a única coisa que consegui fazer foi desabar no mesmo lugar,
completamente derrotado.

— Eu já volto, meu bem — Ele avisou e me deu um beijo carinhoso na


bochecha antes de arrumar sua calça e ficar de pé e sair do quarto.

E eu sorri, fechando os olhos. Minha punição acabou.

Quando Jungkook voltou, ele usou uma toalha úmida para limpar o gozo em
minhas costas e depois quase teve que me carregar nos braços para conseguir
tirar a colcha suja da cama para então me deitar de novo, dessa vez com a
cabeça apoiada nos travesseiros.

— Quer tomar um banho? — Ele ofereceu, deixando a toalha de lado depois de


terminar de me limpar.

Eu neguei, exausto. - Não aguento nem respirar agora...

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Ele riu e se deitou ao meu lado, me puxando para deitar abraçadinho com ele.

— Jungkook... — Eu o chamei, sem muita força na voz. — Me dá carinho


agora?

— Claro que dou, anjo. Ele respondeu, já me dando um monte de beijinhos e


me abraçando bem forte. — Foi quase insuportável passar o dia todo sem
fazer isso.

Eu sorri, confirmando minha suspeita de mais cedo. Esse tipo de punição é


mais difícil para ele que para mim.

— Ficar sem me dar carinho é punição psicológica, né? — Eu perguntei,


curioso.

Eu lembro bem que quando ele citou esse tipo de punição, eu logo me mostrei
completamente contrário à ideia e por isso não pesquisei muito sobre, então
não tenho certeza.

— Sim, meu bem. — Respondeu, puxando minha perna para cima do seu
corpo.

— Mas você disse que não tinha interesse em punições assim... — Lembrei,
então, um pouco confuso.

— Eu realmente não tenho, porque sei como é difícil resistir a você. Não te dar
atenção é um sacrifício enorme, anjo. — Ele disse, deslizando as pontas dos
dedos por meu braço apoiado em seu abdômen, enquanto eu acaricio a pele
de seu peitoral marcada pela tatuagem

— Então por que você me puniu assim? — Questionei, ainda mais curioso.

— Porque parece que você teve a impressão errada quando eu expliquei sobre
punições psicológicas. — Ele confessou, sinceramente,

— Por mais que eu não tenha tanto interesse nelas, eu queria te mostrar que
não são ruins como parecem ser. Eu deveria ter conversado melhor com você
antes de te punir assim... me desculpe por isso.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Tudo bem... — Eu disse, tranquilo. — Eu não fiquei triste porque sei que
você não tava bravo de verdade comigo, só fiquei meio carente... e nem foi tão
ruim assim. Quer dizer, você fica muito gostoso todo sério e mandão daquele
jeito.

— Você acha? — Ele riu, começando a acariciar minha cabeça. — Por


dentro eu estava quase chorando.

Eu gargalhei, escondendo minha cabeça em seu peito quentinho.

Quando o riso perdeu força, eu suspirei, ainda sorrindo.

— E tem mais uma coisa... — Retomei, porque sei que as conversas que
temos depois de uma prática ou punição é tão importante quanto as que temos
antes dela.- Por que você nunca me pune quando tá com raiva de verdade?

— Me diga você. — Rebateu, calmo. — O que você faz quando está com
raiva?

Eu nem pensei muito antes de responder: - Besteira pra caramba...

— Exatamente. Sentimentos como raiva são tão perigosos quanto o álcool,


porque é muito fácil perder o controle sob o efeito de qualquer um deles. —
Explicou, devagar. — Assim como você enquanto submisso precisa estar com
a mente sã para poder reconhecer seus limites, eu enquanto dominador
preciso estar com a mente sã para respeitar cada um deles.

Ele fez mais uma pausa antes de prosseguir, sério, mas suave.

— O objetivo do BDSM é dar prazer, meu bem, tanto para o corpo quanto para
a mente.

— Completou, então: — E as punições não são diferentes Elas existem para


proporcionar prazer, não para que dominadores descarreguem suas
frustrações em seus submissos.

Eu concordei silenciosamente, porque tudo isso faz sentido demais, mas então
arregalei meus olhos quando lembrei de algo tão importante quanto.

— Jungkook! A gente não jantou!


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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele me olhou um pouco surpreso por meu lembrete repentino, e então
começou a rir.

— Eu vou esquentar alguma coisa para nós dois. — Avisou, rolando com o
corpo para cima do meu, então me deu um beijo demorado e se levantou.

Sozinho no quarto, eu surrupiei uma blusa sua para cobrir meu corpo nu, e
então esperei ele voltar com nosso jantar servido numa bandeja.

Não pela primeira vez, nós comemos juntos na cama, trocamos beijos e
carinhos e ele disse que me ama e que eu sou o melhor submisso do mundo,
compensando toda a atenção que me foi negada ao longo do dia.

E tudo isso me faz pensar como eu fui bobo. Eu tive tanto medo que a volta de
Taehyung fragilizasse nossa relação, mas agora vejo que isso só nos
fortaleceu ainda mais.

É... talvez o universo precise se esforçar muito mais se quiser nos separar.

[1] Harness é um acessório com tiras de couro que se coloca no tronco


do indivíduo e que podem ser apresentados de várias formas diferentes.
Pra quem quiser imaginar melhor, sabe aquele acessório que o Jimin
usou por cima da blusa na primeira apresentação de pied piper? Aquele é
um tipo de harness!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
oi a ): vou logo me desculpando pelos erros e pela transição entre as cenas
que pode estar especialmente ruim nessa att ): mas espero que o capítulo no
geral esteja pelo menos ok

desculpa tb por AINDA não ter respondido todas as msgs, juro que to tentando,
mas são muitas mesmo. por favor, não achem que é desleixo ou má vontade,
tá?):

eu sei que muitos de vocês esperavam sexo do início ao fim, mas eu achei
importante aproveitar essa att pra esclarecer algumas coisas que repito aqui
pra não ter erro: 1) o relacionamento amoroso e monogâmico entre os jikook é
só uma das inúmeras possibilidades do bdsm; 2) punições psicológicas não
são ruins como o nome faz parecer; 3) é OBRIGAÇÃO do dominador saber
quando deve ou não punir um submisso, caso contrário isso pode gerar
consequências traumáticas e esse definitivamente não é o objetivo do bdsm.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
32 • Felix Culpa

Faz pouco tempo desde que me formei, então eu ainda lembro bem de como,
em algumas aulas, o tempo parecia não passar.

Uma hora dentro daquela sala parecia uma eternidade, como se os ponteiros
do relógio lutassem contra seu curso natural, retardando todo o processo.

Para outras coisas, entretanto, o inverso parece acontecer. Os ponteiros


correm, desenfreados, e horas se passam num piscar de olhos.

Hoje, meus cinco dias com Jungkook chegaram ao fim.

Cento e vinte horas que passaram como segundos.

Por que os ponteiros não param de correr quando estou com ele? Por que,
assim como faziam quando eu estava na escola, eles não giram mais devagar?

E sim, eu sei que dessa vez nosso reencontro não levará meses para
acontecer. Sei que vamos nos ver ainda nesse mês, talvez passar o natal
juntos se nossos planos derem certo, mas ainda assim... é difícil me despedir.

Talvez, no fundo, eu tenha medo de que não seja diferente. Talvez eu tenha
medo de passar mais que a metade de um ano inteiro sem vê-lo, sem tocá-lo,
sem sentir seu cheiro suave e gostoso quando dormimos juntos.

Ou, talvez, eu só não queira passar sequer uma semana sem isso.

Mas enquanto arrumo minhas coisas na mala, eu tento me tranquilizar. Cinco


dias podem não ser muito, mas são o suficiente para que eu sinta saudades
dos meus pais e dos meus amigos. Eu estou acostumado a tê-los sempre por
perto, todos os dias, então é um pouco novo passar esse pequeno período de
tempo longe, e eu estou ansioso para reencontrá-los e contar tudo que
aconteceu nos últimos dias.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Claro que a versão oferecida aos meus pais será censurada, e a versão
contada a Yukwon terá detalhes explícitos, mas essas são preocupações para
depois.

— Anjo, — Jungkook me chamou e eu o olhei por cima do ombro quando senti


sua mão tocar minha cabeça suavemente. — eu preciso ir. Tem certeza de
que vai ficar bem sozinho?

Eu movi um pouco o rosto quando ele desceu a mão até minha bochecha,
esfregando-a contra sua palma antes de virar um pouco mais e beijá-la.

— Não precisa se preocupar. Eu sou um bebê fofinho, mas sei me virar muito
bem.

Ele sorriu, carinhoso. — Sabe, sim.

— Mas você volta pra almoçar comigo, né? — Perguntei, ainda sentado sobre
a cama, com a mala aberta diante de mim.

Eu estou reorganizando minhas roupas e também as duas camisas de


Jungkook que estou levando comigo.

— Volto, meu bem. — Respondeu, segurando meu rosto com as duas mãos
para me dar um beijo na testa. — Eu vou deixar a chave extra no móvel da
entrada. Lembre de levar com você, ela é sua agora.

— Eu tenho a chave do apartamento do meu namorado. — Anunciei com um


sorrisinho oportunista, inclinando meu corpo mais para trás para me recostar
contra ele, ainda com o rosto virado em sua direção.

Jungkook sorriu com minha pequena vitória e ainda me deu mais uns dois
beijos demorados antes de finalmente ir para a Bangtan. Como hoje ele tem
uma reunião no período da manhã, eu preferi ficar em casa, assim aproveito
para cozinhar mais algumas coisas e guardar no congelador, para que ele
coma ao longo da semana.

Eu sei que ele comeu bem nos últimos dias, mas também sei que foi porque eu
estava aqui para cuidar disso como um general, mas um general manhoso.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Entretanto, agora que estou indo embora, não sei se ele vai preservar o hábito
ou se vai novamente ceder à exaustão do trabalho, como se nada mais
importasse.

Minha preocupação poderia ser reduzida caso eu me apegasse às suas


atitudes desde o último domingo, mas ontem à noite, depois de jantar comigo e
cuidar de mim como sempre faz depois do sexo, ele só esperou que eu caísse
no sono para sair da cama e voltar a trabalhar, na sala.

Ele sabe que precisa diminuir o ritmo do trabalho e eu sei que está se
esforçando para superar essa necessidade nociva, mas ainda é difícil para ele
confiar que tudo vai ficar bem caso se dedique um pouco menos, Por isso,
depois de deixar minhas coisas organizadas, eu passei as horas seguintes na
cozinha, preparando e separando porções de comida já pronta para congelar,
além de preparar o último almoço que compartilharei com Jungkook antes da
minha volta para Nam-gu.

Quando ele voltou para casa, eu já tinha terminado de guardar as marmitinhas


etiquetadas no congelador e ele me ajudou a servir a mesa antes de
comermos.

Eu sentei em seu colo, como me acostumei a fazer durante os últimos dias, e


ele elogiou minha comida como sempre faz, depois eu comi o bombom que ele
comprou para mim no caminho de volta e guardei na mochila um pacote de
choco pie que ele comprou para que eu coma durante a viagem.

E eu vou sentir falta disso, até o nosso reencontro. Vou sentir falta de sentar no
seu colo, do seu carinho em minha barriga estufadinha depois que acabar de
comer, dos doces que ele compra só porque sabe que eu adoro e de todos os
outros pequenos detalhes da convivência com meu Jungkook.

— Seokjin me ligou e pediu desculpas por não poder vir se despedir de você.
Acho que ele ficou preso na editora — Jungkook disse quando, logo depois
do almoço, eu terminei de me arrumar e ele carregou minha mala para fora do
quarto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Quando chegamos na entrada do apartamento, eu peguei meus all stars no
móvel para sapatos, onde já tínhamos arrumado um espaço permanente para
os meus, e os calcei nos pés.

— Não tem problema... — Eu disse, falhando em exibir um sorriso quando, já


de pé, eu olhei uma última vez para seu apartamento, gravando cada
detalhezinho para não esquecê-los até minha próxima vinda,

— Ele também me pediu seu número, então é provável que ele te mande mais
mensagens se lamentando sobre isso. — Concluiu, envolvendo minha mão
com seus dedos longos quando finalmente saímos.

Eu concordei com um movimento meio frouxo, e me aninhei contra seu corpo


quando entramos no elevador, aproveitando nossos últimos minutos juntos
antes de nos despedirmos mais uma vez.

Durante todo o percurso até a estação de trem, eu percebi a forma como


Jungkook tentou continuar conversando comigo enquanto dirigia, mas não
conseguiu esconder a tristeza por estar me levando embora.

Eu lembro de quando ele era tão bom em esconder seus sentimentos a ponto
de ser sempre uma incógnita para mim. Agora, eu não sei se ele desistiu de
tentar escondê-los de mim ou se eu que aprendi a lê-lo tão bem que não
consigo deixar passar esse reflexo cabisbaixo em seus olhos.

Quando ele finalmente parou o carro numa das vagas do estacionamento da


estação, nenhum de nós disse qualquer coisa por algum tempo, até que ele
deslizou as mãos pelo volante e sorriu fraco para mim.

— Então... chegamos.

Eu me livrei do cinto de segurança, respirando devagar, mas ao invés de sair


do carro, eu o abracei, como se nunca mais pudesse voltar a fazê-lo.

— Promete que vai continuar comendo direitinho — Eu pedi sem soltá-lo,


sentindo minha voz sair abafada. — E que vai dormir bem e pegar os
resultados do seu exame.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Resposta nenhuma veio quando ele puxou meu corpo, me fazendo sentar
sobre o seu antes de apoiar sua cabeça em meu ombro, me abraçando com
força.

— Fica mais um pouco, por favor — Ele pediu, então, sem levantar seu rosto.

Eu fechei meus olhos com ainda mais força, no limite antes de começar a
chorar.

— Eu não posso... — Respondi, com o coração na mão. — Eu prometi que ia


voltar pra ajudar meus pais com o hotel, e eu preciso do dinheiro...

— Você sabe que eu não me importo de pagar nada de que você precise
enquanto estiver aqui, anjo — Jungkook ainda insistiu, dessa vez afastando
seu rosto para poder me olhar.

— Eu sei. Mas você também sabe que eu não me sinto confortável com isso —
Insisti, acariciando suas bochechas para tentar aliviar o peso das palavras. —
Eu quero ter meu próprio dinheiro, Jungkook...

Ele recostou a cabeça no encosto do seu banco e suspirou com os olhos


fechados antes de concordar com um gesto resignado.

— Pelo menos lembre que eu vou pagar as passagens da próxima vez que
você vier. — Ele relembrou, então, quando voltou a me olhar, com suas mãos
fazendo um carinho suave em minha cintura.

— Assim eu posso vir mais rápido. — Repeti sua justificativa, antes de rir um
pouquinho. — Vai ser meu presente de natal. Eu lembro.

Ele também me mostrou um sorriso pequeno e voltou a fechar os olhos antes


de puxar minha cabeça até deitá-la em seu ombro.

— Falando nisso... — Eu murmurei, depois de dar um beijo em seu pescoço. —


Eu só não quero depender de você, mas pode continuar me dando presentes,
tá? Principalmente se o presente for de comer...

O corpo de Jungkook chacoalhou um pouco sob o meu quando ele riu, e eu me


aninhei todo contra ele quando seu abraço se tornou mais forte.

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— Eu vou sentir sua falta. — Ele disse, junto a outro suspiro.

Eu dei mais um monte de beijos em seu rosto, sem precisar dizer que a
reciproca é dolorosamente verdadeira, porque ele sabe.

E estando aqui, diante da sua relutância em me deixar ir, eu me pergunto quão


desesperado ele estava para chegar ao ponto de tentar terminar comigo da
última vez.

Eu sei que ele me ama e sei que ele também sofre com a saudade, então para
pensar em me deixar, mesmo fazendo questão de me ter por perto dessa
forma tão intensa, Jungkook deve ter acreditado do fundo do seu coração que
nossa relação não me faz bem.

Honestamente, nesse ponto, eu não preciso mentir. Existem, sim, nuances do


nosso relacionamento que machucam como nenhuma outra coisa nessa vida.
A dor de cada despedida e a saudade que sufoca é uma delas, e a outra é a
sensação de impotência por não poder fazer nada por ele quando, longe
demais, o vejo se desgastando e se levando ao próprio limite por causa do
trabalho.

Entretanto, todo o resto compensa a angústia da distância. Jungkook me faz


feliz através dos menores detalhes e eu nunca mais quero que ele pense o
contrário.

Por isso, eu mostro meu melhor sorriso quando volto a segurar seu rosto,
dando um último selinho bem demorado em sua boca lindinha.

— Eu também vou sentir muita saudade, mas vou voltar bem rapidinho e a
gente vai dormir abraçado de novo, eu vou cozinhar muita coisa gostosa pra
você e a gente vai transar muitão também, você vai ver!

— Meu deus — Jungkook exclamou baixo em meio a uma risada,


provavelmente provocada pela última parte da minha promessa.

— Ei, não rouba minha mania de dizer meu deus pra qualquer coisa! — Eu dei
um soquinho em seu peito, mas bem fraco pra não machucar. — É minha!

— Tá.
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Eu inflei minhas bochechas, inconformado. - Você tá me imitando!

— Claro que não estou, coisa linda, de onde você tirou isso?

Eu dei mais um soquinho em seu peitoral, mas acabei rindo quando ele
segurou meu pulso e me puxou de volta para dar um beijo em minha bochecha,
rindo também.

Aproveitador, eu virei meu rosto quando ele me deu mais um beijo no rosto, e
então acabou beijando minha boca.

Jungkook mostrou um sorriso pequeno em resposta ao meu movimento mal


intencionado, e eu consegui o que queria quando ele posicionou a mão em
minha cabeça e me beijou outra vez, primeiro somente pressionando nossos
lábios, para depois começar a me beijar de verdade.

Quando separamos nossas bocas, eu o abracei de novo, sem me importar com


o desconforto da nossa posição.

— Eu tenho que ir agora. — Anunciei, ainda agarrado a ele.

— Lembrou de guardar as tortinhas que comprei para você comer durante a


viagem? — Ele perguntou, atencioso, e eu balancei a cabeça num sim, sem
soltá-lo. — E a chave do apartamento? — Eu confirmei mais uma vez.

— Lembrou também de pegar as blusas que separei para você levar?

— Até parece que eu ia esquecer dos meus pijamas...

Jungkook me deu um beijo na bochecha em resposta e eu percebi tristeza,


mas conformismo no sorriso que ele me mostrou depois.

— Então tudo bem, anjo. — Ele cedeu, enfim. — Me avise quando chegar em
Nam-gu.

Eu concordei, abraçando-o uma última vez antes de sair do seu colo e descer
do carro, tropeçando no meu próprio pé quando o fiz.

Jungkook riu ao mesmo tempo em que se adiantou para me ajudar a não


perder o equilíbrio, e depois carregou minha mala até a plataforma do meu

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trem. Quando mostrei meu bilhete e entrei num dos vagões, eu ainda parei
uma última vez para olhar para trás e vi meu Jungkook ainda me olhando, no
mesmo lugar em que o deixei, com as mãos nos bolsos de sua calça e os olhos
escuros atentos a mim.

Eu sorri de novo e acenei, mesmo com o coração apertado, antes de


finalmente sumir de sua vista.

Mas está tudo bem. É só um até logo.

Quando sentei no meu assento, ao lado de um desconhecido, eu suspirei


pesadamente, mas tive minha atenção atraída para outra coisa antes de me
afundar em saudades de antecipação, e tirei o celular do bolso ao ver que
recebi novas mensagens

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu acabei rindo alto no meio do vagão quando vi mais uma das pérolas do meu
namorado em sua saga de usar emojis, e passei a primeira hora e meia da
viagem conversando com Seokjin enquanto bombardeamos um ao outro com
ideias de como continuarmos cuidando do nosso precioso Jungkook.

E não que já não tivesse chegado a essa conclusão antes, mas eu gosto muito
mesmo de Seokjin.

Conversar com ele é divertido porque ele faz um monte de piada tão ruim que
chega a ser engraçado e também compartilha da minha preocupação por
Jungkook.

Ah, ele também gosta de mandar fotos, então logo o grupo ficou lotado de
imagens do seu escritório, do seu rosto e dos seus bichinhos de estimação
fofos.

Seokjin é incrível e eu fico muito feliz por Jungkook ter um amigo assim.

Quando finalmente cheguei em Nam-gu, depois de ainda conversar bastante


com ele, eu encontrei meus pais me esperando na entrada da estação, e fui
recebido como se tivesse passado uma eternidade longe.

Eu estava com saudades também e especialmente mais sensível por ainda ter
a memória fresca do momento de Jungkook com seu pai, então os abracei
apertado, agradecido por poder tê-los ali saudáveis à minha espera.

Eu queria muito que Jungkook pudesse ter isso também.

— Hm, ei... — Eu os chamei quando meu pai entrou no carro depois de


guardar minha mala no bagageiro, e me inclinei entre seu banco e o de minha
mãe. — Obrigado por virem me buscar.

— Não precisa agradecer por isso, príncipe. — Minha mãe disse ao virar para
mim, com o sorriso bonito e as ruguinhas discretas que o tempo fez aparecer
em seu rosto.

Eu sei que é algo completamente normal em nossa realidade. É claro que eles
vão me buscar depois de uma viagem e é claro que eles vão me buscar depois
de uma viagem e é claro que vão ouvir atentamente cada relato meu, e talvez
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
antes eu não fosse capaz de dar o devido valor a essas coisas, mas agora eu
realmente acredito que esses pequenos gestos merecem todo o
reconhecimento do mundo.

— Vocês são os melhores do mundo todo — Eu disse, um pouco retraído, e


me senti nervoso quando tentei dizer o que tão poucas vezes

mais absoluta verdade: — Eu amo muito vocês...

O sorriso de minha mãe se tornou ainda maior, mas antes que ela se
derretesse, meu pai me mirou com os olhos desconfiados e a testa franzida,
evidenciando sua calvície acentuada na parte frontal de sua cabeça.

— Você fez alguma besteira, não foi? — Ele perguntou, quase já conformado
com a possibilidade.

Eu ri quando minha mãe o repreendeu, mas também me senti um pouco triste


por despertar esse tipo de sentimento quando me declaro, ciente de que a
causa disso é justamente a ausência da minha sinceridade sobre a forma como
me sinto em relação a eles.

Eu realmente deveria começar a dizer com mais frequência enquanto tenho a


oportunidade, porque não quero algum dia olhar para trás e ter a sensação de
que não os deixei saber o quanto os amo.

Só depois de garantir que não fiz nada de errado é que eu mandei uma
mensagem para Jungkook avisando que cheguei bem e outra no grupo das
winx, intimando-os para saírem comigo agora que estou de volta.

Agora que Jeonghan mora em Gwangsan-gu e Yukwon arranjou mais um


emprego além do seu como animador de festas infantis, não é mesmo tão fácil
nos encontrarmos, mas eles dois e Yuta prometeram que vêm me visitar no fim
de semana.

Durante o resto da semana, então, eu não me ocupei com muito além das
coisas no hotel, trabalhando desde a manhã até a noite com os meus serviços
de faz tudo, desde a limpeza dos quartos até atividades da pequena
administração

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E honestamente, mesmo que receba por isso, é um saco.

Eu sei que além de tudo tenho a vantagem de trabalhar em casa e para os


meus pais, o que pode ser tão bom quanto ruim, a depender do ponto de vista,
mas eu não consigo me imaginar trabalhando com isso a longo prazo, mas
também não tenho a menor ideia do que fazer

Deus, isso é tão frustrante,

— Você pode fazer um teste vocacional — Jeonghan sugeriu quando o sábado


finalmente chegou e ele apareceu em minha casa acompanhado de Kihyun, e
eu me lamente sobre essa situação enquanto esperamos Yuta e Yukwon
chegarem. - Não daqueles de internet. Um de verdade, com psicólogo mesmo.
Pode te ajudar bastante.

— Não precisa fazer teste, não, de cara eu já sei sua vocação: — Kihyun disse,
com o inconfundível tom provocativo. - Ser chato.

— Cala a boca, Matusalém — Resmunguei, provocando-o de volta por sua


idade.

Ele me mostrou o dedo do meio depois de se certificar que meus pais não
estavam por perto e eu revirei os olhos. Tem vinte e sete anos, mas age como
um adolescente.

Antes de podermos dar início a mais uma troca de farpas diante do desespero
de Jeonghan em querer que eu e seu quase-namorado-ou-qualquer-coisa-
assim nos demos bem, entretanto, a campainha tocou e eu levantei do sofá
num pulo só, sabendo que finalmente é Yukwon.

— Yukwoooooon — Eu comecei a gritar ainda antes de abrir a porta e quando


o fiz, o encontrei do lado de fora ao lado de Yuta. — Yutaaaaaa!

— Para de gritar, caralho. — Yuk resmungou e nem me deu um abraço antes


de me empurrar para o lado e passar para dentro de casa.

— Mal educado! — Yuta acusou, mas suavizou a expressão quando voltou a


olhar para mim, e então eu saltitei em sua direção, abraçando-o.

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Não faz tanto tempo, mas parece que eu os encontrei pela última vez há uma
eternidade.

— Como você tá, Chim? — Ele perguntou, então, quando eu o puxei para
dentro depois de esperar que tirasse os sapatos, e ele pareceu curioso ao olhar
para o meu pescoço. — O que é essa marquinha aqui?

Eu coloquei a mão sobre a marca a qual ele se referiu, ciente do que ele está
falando, e ri sem graça.

Jungkook me deixou um chupão bem forte no pescoço antes da minha volta


para Nam-gu e nos últimos três dias eu fui cuidadoso em escondê-la dos meus
pais, mas acho que me descuidei agora que já está quase sumindo,

— Ah... eu tava com o Jungkook, né?

Yuta riu, sem precisar ouvir meu complemento.

— Yukwon também vive deixando essas coisas em mim. Ele confessou, ainda
rindo.

Eu apertei meus lábios para conter um sorriso malicioso quando nos juntamos
aos outros três e nos sentamos no chão, ao redor da mesa de centro.

— Fodeu muito? — Foi a primeira coisa que Yukwon perguntou, então.

— E lá vamos nós... — Jeonghan suspirou, mas acabou por rir.

— O que? — Yuk resmungou de volta. — TÔ aqui só pra ouvir os detalhes dos


cinco dias de putaria, se não fosse por isso eu estaria em casa transando com
o bucetão.

— Se comporta, Yukwon! — Yuta soltou, impaciente.

Eu, por outro lado, acabei rindo sozinho e então os outros quatro olharam para
mim.

— Que é, maluco? — Yukwon perguntou, desconfiado.

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— To rindo de você. — Eu expliquei, depois apontei para Yuta. — Você sempre
se afirmou o mais gay da galáxia, mas agora namora um bucetão. — Mais uma
risadinha escapou, meio infantil. — Seu hétero!

— Me respeita, seu porra!

— Eu honestamente me pergunto por que ando com vocês. — Kihyun


suspirou, azedo.

— Me pergunto isso sempre também. — Yukwon respondeu. — Vaza daqui,


terceira idade.

– Gente do céu, quanto estresse. — Jeonghan disse, mas riu apesar do


conteúdo da sua constatação. --- Vocês não mudam mesmo.

Yukwon deixou um sorrisinho pequeno aparecer quando se inclinou para trás,


espalmando as mãos atrás do quadril, e acho que ele compartilha da mesma
sensação que eu.

Apesar de parecer ter uma carga de desaprovação, a acusação de Jeonghan


é, na verdade, um alívio para mim. Eu não quero que meus amigos mudem,
porque os amo exatamente assim.

Até o agregado do Kihyun.

— Vai, Jimin, desembucha logo – Yukwon exigiu, então, erguendo a mão só


para dar um tapa em minhas costas, e eu quase me engasguei com a força. —
Conta o que rolou lá em Seul.

— Não teve tanto sexo quanto você tá achando, mas aconteceu um negócio
muito louco. — Eu anunciei e me inclinei sobre a mesinha de centro, prestes a
contar a maior aventura da minha vida. — Eu desci o cacete em um cara!

— Você? — Meu melhor amigo questionou, desacreditado. — Deu uma


cabeçada no joelho dele, foi?

— Ai, como você é chato! — Resmunguei, mas logo comecei a clarear os


detalhes da história. — Vocês sabem quem é Kim Taehyung?

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Eu vi os olhos de Kihyun se comprimindo, surpresos, mas a primeira reação
audível foi a de Yuta.

— Aquele modelo que foi literalmente considerado o homem mais bonito do


mundo? — Ele perguntou, interessado.

— É, esse aí mesmo. — Respondi, meio que me sentindo traído, e fechei um


pouco a expressão antes de continuar: — Ele é ex do Jungkook.

O silêncio que veio em resposta foi meio desconfortável, e eu ofeguei,


surpreso, quando vi Yukwon puxar o celular do bolso para procurar fotos de
Kim Taehyung.

— Porra, ele é real?!

— É. — Respondi, emburrado, ao puxar o telefone de sua mão. — E ele foi


atrás do Jungkook, daí eu bati nele com uma almofada — Você bateu nele por
causa de ciúmes? — Jeonghan perguntou, cuidadoso. — Isso não parece
muito sensato, Chim...

— Foda-se a sensatez, olha o rosto desse cara! Se um homem com um rosto


desse chegar perto do bucetão eu vou bater também, mas vai ser com um taco
de beisebol!

Yuta lançou uma olhadela em desaprovação, e eu suspirei em concordância


com Jeonghan. Ainda que a história tenha algum teor cômico, eu sei que minha
reação não foi madura o suficiente, mas pelo menos eu posso me orgulhar por
não ter perdido completamente a noção, né?

Podia ter feito um estrago maior naquele desgraçado lindo, mas só dei umas
pancadas inofensivas com uma almofada.

— Ele é bonito mesmo, tão bonito que parece de mentira. — Confessei, um


pouco sem jeito.

— E isso me deixou muito inseguro porque ele estava dizendo que queria o
meu homem e eu não quero competir com aquilo tudo...

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— Nem pensa muito nisso, bebê — Foi Kihyun quem disse, relaxado. — Pela
parte do Jungkook eu sei que o relacionamento de vocês tá seguro, então não
seja você a pessoa a fazer merda.

— Você é um ogro. — Jeonghan acusou, negando com a cabeça antes de


voltar a olhar para mim. — Mas ele tem razão. Quer dizer, eu não sei quem é
esse Kim Taehyung e nem quero saber, porque não preciso comparar você
com ninguém pra saber que você é maravilhoso, Chim, então não se compare
também.

— Jeonghan, você não tá entendendo o quanto ele é bonito... — Eu disse, sem


jeito.

— E você não está entendendo que a beleza dele não anula a sua. — Ele
insistiu, calminho. — Você é lindo demais e eu nem falo só da sua aparência.
Sua energia muito bonita, Jimin. É impossível não se apaixonar por você e eu
tenho certeza de que Jungkook é capaz de reconhecer a pessoa incrível que
está ao lado dele.

Eu me encolhi todo antes de fazer um gesto resignado, aceitando seu sermão


carinhoso.

— Ainda bem que você tá aqui, Jeonghan, — Yukwon pareceu aliviado,


suspirando exageradamente. — porque eu só ia conseguir dizer que o bicho lá
é bonito feito a porra e piorar a situação.

— Você calado é um poeta, Yukwon — Yuta resmungou, beliscando as


costas do namorado.

Eu quase ri, mas acabei sentindo o bom humor morrer no meio do caminho
quando olhei de relance para Kihyun e vi sua expressão fechada,
repentinamente.

— Aliás, falando em beleza, — Yukwon voltou a falar, alheio à mudança de


humor do mais velho de nós todos. — se preparem porque eu vou pintar o
cabelo e vou ficar ainda mais bonito.

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— Aproveita e pinta o meu também! — Pedi, aproveitando a oportunidade. —
De preto!

— Cansou do loiro? — Jeonghan perguntou, curioso. — Eu gosto dessa cor em


você, mas você vai ficar bonito de qualquer jeito.

— Cansei do trabalho que ele dá, isso sim. Meu cabelo vive ressecado por
causa dessa bosta.

Yukwon deu de ombros, ao meu lado. O cabelo dele também é tingido de loiro
e vive parecendo uma palha até nos melhores dias, a diferença é que ele não
está nem aí.

— Eu vou pintar de preto também — Anunciou, mordendo a pele ao redor da


unha do seu mindinho. — Parece que a era do black hair finalmente chegou
pra Yukmin.

— Vocês têm um nome, agora? — Yuta perguntou, enciumado. — Vem,


Jeonghan, vamos fazer um nome pra gente também!

— Jeonta. — Jeonghan disse, de prontidão.

— Quem nasceu pra ser Jeonta nunca vai ser Yukmin. — Yukwon cantarolou,
implicante, e eu bati minha palma contra a sua quando ele pediu por um high
five. — Jeonta. Nome feio do caralho.

Yuta inflou as bochechas, inconformado, mas Jeonghan riu sem se conter.

Kihyun, por outro lado, continuou calado e com a expressão fechada, e isso
não mudou muito pelo tempo seguinte. Mesmo que ele tenha nos respondido
com a mesma entonação debochada de sempre a cada vez que pedimos sua
opinião, eu percebi que ele se esquivou das duas vezes que Jeonghan tentou
tocá-lo carinhosamente.

Já era fim de tarde quando nós pedimos delivery de uma lanchonete perto de
casa e comemos assistindo um programa realmente bobo na TV, e tê-los
comigo fez algo simples assim ser divertido.

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Quando terminamos de comer, eles me ajudaram a limpar as coisas, e eu fui
um pouco descuidado quando deixei Yukwon e Yuta limpando as migalhas no
chão da sala e fui até a cozinha para pegar uma folha de papel toalha, sem dar
a devida atenção ao fato de que Jeonghan e Kihyun estavam ali.

— Eu já disse que não quero falar sobre isso agora. — Foi o mais velho quem
disse secamente, enquanto ensaboava a louça suja.

— Então você fecha a cara pra mim do nada e ainda diz que não quer
conversar? — Jeonghan rebateu, parecendo irritado.

Eu sei que deveria sair daqui e dar a eles privacidade, mas somente me
encolho fora da visão deles e fico parado, um pouco tenso.

Esse meu hábito de espionar é horrível, eu sei, mas ele também já me


proporcionou coisas boas. Foi por ser curioso demais e espionar Jungkook que
eu o conheci, então talvez fazer isso gere coisas boas agora também.

Ok. Eu só estou tentando justificar essa invasão de privacidade mesmo.

Por que eu sou assim, meu deus?

— Vai conversar com o Jimin, Jeonghan. — Foi o que Kihyun respondeu,


finalmente. — Não é ele que é tão maravilhoso por dentro e por fora?

— Eu não acredito nisso. — Jeonghan ofegou, parecendo surpreso de


verdade. — Você realmente ficou assim porque eu elogiei meu amigo?

— Ele não é só um amigo e você sabe disso. — O mais velho acusou. —


Honestamente, as vezes parece que você ainda é apaixonado por ele.

— Supera isso, Kihyun. Você é a única pessoa que ainda pensa nessa coisa
que aconteceu tanto tempo atrás. — Eu percebi a irritação crescente na voz de
meu amigo, e ele completou: — Se eu ainda sentisse alguma coisa pelo Jimin,
não estaria com você. Quantas vezes eu vou precisar dizer?

— O problema é que você não está comigo! — Kihyun esbravejou e eu me


assustei ao perceber que ele provavelmente deixou algo cair sonoramente na
pia. — Você sequer aceita oficializar as coisas entre nós dois!

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— Como eu vou oficializar alguma coisa com uma pessoa de vinte e sete anos
que age como um adolescente imbecil? — Jeonghan retrucou, impaciente. —
Entende logo que a única coisa que me impede de aceitar fazer isso é esse
seu ciúme idiota, não o Jimin!

— Quer saber? Esquece essa merda, então! — Eu me encolhi ainda mais ao


perceber sua voz mais próxima, e logo depois ele saiu da cozinha, pisando
forte, sem me perceber ali quase me fundindo com a parede. — Eu vou
embora.

Eu continuei com os olhos arregalados, arrependido por ter escutado a


conversa deles e culpado por ser a razão da briga.

— Chim? — Eu ouvi a voz de Jeonghan e saí do meu pequeno transe,


percebendo-o parado ao meu lado, com a expressão confusa. — Você...
ouviu?

— Desculpa! — Eu disse, de imediato. — Meu deus, desculpa, Jeonghan, eu


devia ter dado privacidade a vocês!

Ele apertou os olhos gentilmente antes de negar, tranquilo.

Como pode existir um ser humano tão pleno assim?

— Não tem problema, nós também não escolhemos um lugar muito discreto
para discutir.

— Mesmo assim... e me desculpa também por ter causado essa briga toda...

— A causa da briga foi o ciúme dele. Fica tranquilo, ok? Se Kihyun não
consegue aceitar que nós somos amigos, isso não vai dar certo de qualquer
jeito.

Eu ainda pensei em dizer mais algo, mas desisti por perceber a seriedade por
trás do seu tom de voz manso, deixando claro que ele não quer seguir em
frente nesse assunto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu diria que é quase impossível tirar a calma de Jeonghan. De verdade
mesmo, e olha que eu já tentei bastante como o amigo pentelho que sou, só
para descobrir o limite de sua paciência.

E ele realmente valoriza seu estado de espírito assim, tranquilo, então qualquer
intervenção negativa em seu humor não é bem recebida por ele. O ciúme de
Kihyun decididamente se encaixa nessa classificação, então não me
surpreende sua pouca determinação em pensar demais nisso.

— Jimin, vem cá! — Yukwon gritou da sala de estar, então. — O macho da


tatuagem tá te ligando!

Eu dei um pulinho no lugar, e Jeonghan riu quando meu rosto subitamente se


iluminou com um sorriso enorme.

— Eu adoro o Jungkook só por ele te fazer sorrir assim. — Ele disse, ainda
risonho, e eu dei mais um pulinho antes de correr até a sala.

— Meu dom-dom finalmente ligou! — Eu cantarolei baixinho quando saltitei até


meu celular e me sentei no sofá com ele em mãos.

Eu vi um outro subzinho fofo usando esse apelido numa discussão no fórum e


achei tão bonitinho que resolvi usar também, mas que bom que nenhum dos
outros ouviu, porque seria complicado explicar por que chamo Jungkook assim.

— Jungkook! — Eu disse animado quando atendi a chamada de vídeo e


posicionei o celular em frente ao meu rosto, vendo pela miniatura que logo os
outros três se posicionaram de pé atrás do sofá onde me sentei.

— Oi, meu bem. — Ele respondeu do outro lado, e apertou um sorriso ao ver
meus amigos também. — E oi, clube das... como é o nome mesmo?

— A porra do clube das winx. — Yukwon relembrou, quase colando sua


bochecha na minha para aparecer melhor.

— Isso. Oi. Atrapalhei alguma coisa?

— Aham, a gente tava prestes a começar uma orgia.

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— Ah, sim. Jimin pode assistir, se quiser, mas só assistir. — Jungkook disse,
meio divertido, e é engraçado porque o tom brincalhão dele sempre parece
sério demais.

Ele é tão desajeitadinho para algumas coisas, meu deus, e eu me derreto todo
com isso.

— Ele acabou com a graça da minha brincadeira. — Yukwon resmungou


baixinho e se afastou um pouco da câmera. — Pau no cu.

— Não fala assim do meu Jungkook! — Condenei, girando minha mão para
trás até empurrá-lo pelo rosto, e ele empurrou minha cabeça em resposta. —
Você que não entende o humor dele!

Diante do nosso pequeno conflito, Jungkook riu de um jeito adorável e minha


raiva passou na mesma hora para que eu me desmanche num sorriso bobo.

— Eu não vou atrapalhar vocês por muito — Jungkook disse, então. — só


liguei para avisar que Junghyun passou aqui em casa e eu mostrei os
resultados do exame para ele.

— E aí? — Perguntei, tenso.

— Imunidade baixa. — Ele suspirou, conformado. — Aparentemente vou


precisar fazer reeducação alimentar e voltar a praticar alguma atividade física.

— Sexo é uma atividade física. — Yukwon, de novo.

— Yukwon, deixa eles conversarem em paz, pelo amor de deus. — Yuta


resmungou do meu outro lado, sem sair de trás de mim e atento à conversa
assim como Jeonghan.

— Será que sexo conta mesmo? — Eu ponderei, concentrado. — A gente


pode fazer mais vezes quando eu for aí de novo!

— Se é pelo bem da minha saúde, não vejo outra saída. — Jungkook


respondeu e eu deixei uma risadinha escapar.

— Meu sonho é assistir uma foda de vocês dois. — Yukwon disse, colando
sua bochecha à minha de novo. — Quando é que vai rolar?
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Yuta revirou os olhos e Jeonghan riu, puxando nosso amigo tarado pela gola
da blusa para longe de mim.

— Nós não nos incomodamos com plateia. — Jungkook confessou, mesmo


assim. — Quando quiser assistir, fique à vontade.

— Como vocês são safados... — Yuta disse, perplexo.

Jungkook riu de novo, sem negar.

— Eu preciso ir agora, anjo. Ele então avisou, olhando para mim. — Vou visitar
meu pai antes que fique muito tarde.

— Tá bom. Diz pra ele que eu tô sempre mandando boas energias! — Pedi,
agitando minha mão livre diante da câmera. — Amo você!

— Amo você, meu bem. Até depois.

A chamada logo foi encerrada, e eu me assustei quando Yukwon quase pulou


ao meu lado, me fuzilando com os olhos.

— Eu quero assistir!

— Pronto, agora ele não esquece essa história tão cedo... — Jeonghan
suspirou atrás de nós.

E, é, ele estava certo. Pelo resto do nosso final de semana juntos, Yukwon
basicamente só falou sobre nossa nova decisão de pintar o cabelo e sobre
Jungkook e eu transando.

Durante a semana que se seguiu, ele finalmente deixou o assunto morrer e eu


retornei à minha nova e fatídica rotina como faz-tudo no hotel, mas conquistei
uma nova vitória ao convencer meus pais a me deixarem fazer teletrabalho
sempre que eu estiver em Seul, assim posso continuar recebendo mesmo
quando estiver lá, ainda que em uma proporção bem menor.

Jeonghan então veio no fim de semana seguinte outra vez, não falou muito
sobre Kihyun, e instalou um tipo de programa que permite o acesso em tempo
real aos arquivos da administração do hotel, a partir de qualquer computador,
desde que o usuário tenha a senha, como uma rede intranet.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Honestamente, é muito bom ter alguém que estuda computação no meu
restrito ciclo de amigos.

Com esse pequeno preparativo para minha próxima viagem, então, eu só


preciso esperar Jungkook comprar minhas passagens e logo volto para Seul.

Dessa vez, entretanto, irei com o cabelo preto.

Eu vim para o apartamento de Yukwon ontem logo depois de ser liberado no


hotel e hoje pela manhã ele pintou e até cortou o meu cabelo. Claro que eu não
faria isso sem ele, porque eu sou uma verdadeira mula para essas coisas e
provavelmente ficaria careca se tentasse pintar ou cortar sozinho.

Yukwon gostou tanto do resultado que disse que eu deveria ter voltado para o
preto muito tempo atrás. Eu não discordo, porque estou mesmo me sentindo
mais bonito.

Será que Jungkook vai gostar também?

Eu ri sozinho com meu questionamento, porque no fundo sei que ele vai gostar,
sim, e eu estou ansioso para ouvir seus elogios e ver sua reação ao me ver
com a nova cor de cabelo, porque eu decidi fazer surpresa.

— Você ficou tão lindo com o cabelo assim, príncipe — Minha mãe disse acho
que pela quarta vez desde que voltei para casa, e eu ri quando ela usou seu
celular para tirar uma foto minha, logo admirando-a. — Olha esse rostinho! Fui
eu que fiz!

— O corte ficou bom também. — Meu pai elogiou, um pouco mais contido,
enquanto jantamos juntos. — Yukwon realmente é bom nisso.

Eu concordei colocando um bocado de arroz na boca, o que me faz lembrar do


arroz salgado de Jungkook e, invariavelmente, me deixa morrendo de
saudades dos cinco dias que passamos juntos.

Antes que eu fizesse mais algum elogio sobre as habilidades de Yukwon,


entretanto, fui interrompido por uma nova chamada no meu celular, e me
surpreendi ao ver que era Seokjin.

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— Jin...? — Eu o chamei, um pouco sem jeito, porque é a primeira vez que
ele me liga.

— Jimin, pelo amor de deus, me diz que você falou com o Jungkook hoje!

— O que? — Murmurei, confuso. — Não falo com ele desde sexta, acho que
ele está trabalhando demais de novo...

— Merda... você não soube?

— Não soube de que, Seokjin? — Questionei, começando a ficar nervoso pelo


rumo da conversa e por seu tom agitado.

— Dong-yul... o pai dele morreu, Jimin.

Em resposta, meu coração deu uma guinada tão violenta que chegou a
machucar, e eu quase deixei o celular escorregar de minha mão. Logo meus
pais me olharam, preocupados, mas eu só consegui focar meus olhos perdidos
num vazio à minha frente.

— O funeral foi hoje, mas Jungkook não apareceu e ele não atende ninguém!
A família toda dele está tentando falar com ele, mas ele não atende, e eu estou
aqui na porta do apartamento dele mas a chave extra sumiu e ele não me deixa
entrar!

— Ele me disse pra trazer a chave comigo... — Eu lembrei, cobrindo a boca


com a mão para tentar conter minha respiração ruidosa, desesperada.

— Merda! — Ele praguejou com a voz esganiçada, mas não parece ser por
descobrir que a chave está a mil quilômetros. — Jungkook, o que foi isso? —
Ele perguntou, então, e eu ouvi batidas fortes através da ligação. — Abre essa
porta, pelo amor de deus!

— O que aconteceu? — Eu perguntei, quase hiperventilando, e arrastei a


cadeira no chão para ficar de pé, com o corpo agitado demais para continuar
sentado. — Seokjin! — Insisti quando nenhuma resposta veio além de sua voz
desesperada chamando por Jungkook. — O que aconteceu? Cadê o
Jungkook?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu ouvi um barulho estranho — Ele respondeu com a voz tão trêmula que
quase pude visualizar seu corpo tremendo também, e eu tenho certeza de que
ele está chorando agora. — Merda, merda, merda! Abre essa porcaria de
porta, Jungkook!

— Jin, por favor... — Foi a única coisa que eu consegui dizer antes de
soluçar, assustado.

Todo o meu corpo está tremendo como nunca e eu tenho certeza de que nunca
senti tanto medo assim, nem mesmo quando fui espancado pela pessoa que
chamei de amigo por anos.

É uma sensação completamente diferente, faz minha mente perder o foco de


vez e eu me sinto tonto, sufocado.

— Meu Jungkook... — Eu gemi dolorido ao me arrastar até o canto, onde


acabei por sentar de novo, dessa vez no chão, encolhido e assustado.

Não demorou para meus pais correrem em minha direção e se agacharem


perto de mim, me questionando o que aconteceu, mas eu não consegui
responder.

— Droga, Jimin, não... — Seokjin disse, ainda mais desesperado. — Me


desculpa, eu não devia ter te ligado, me desculpa, por favor. Vai ficar tudo bem,
ok? Eu vou dar um jeito, eu prometo. Por favor, me perdoa por ter te assustado
assim...

— Diz que eu quero falar com ele!

— Eu vou dizer. Fica calmo, eu juro que vai ficar tudo bem. Eu já vou dar um
jeito de entrar e digo para ele te ligar, ok?

Eu mal consegui responder, porque logo depois Seokjin desligou.

Incapaz de esperar, ainda sob a preocupação dos meus pais, a única coisa que
eu fiz foi discar o número de Jungkook que sei de cor. Mas ele não me atendeu
nem na primeira, nem seis ligações depois.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Filho, o que aconteceu? — Meu pai perguntou acho que pela décima vez,
talvez mais.

— O Jungkook... — Foi tudo que finalmente consegui dizer, prestes a ligar


pela sétima vez, mas então meu sangue pareceu congelar quando, antes
disso, seu nome apareceu na tela numa nova chamada.

Eu levantei novamente em um pulo só, afobado, e fui rápido em deslizar o dedo


pela tela , aceitando sua ligação.

— Jungkook? — O chamei de imediato, com o coração já um pouco mais


tranquilo só por receber uma chamada sua. — Você deixou o Seokjin entrar?

— Oi, anjo. — Ele respondeu com a voz arrastada e preguiçosa, diferente de


seu tom sempre tão firme. — Seokjin está do lado de fora, mas eu ouvi ele
dizendo que você ficou preocupado comigo... mas não precisa se preocupar,
está tudo bem.

— Não mente pra mim. — Pedi, com o coração pulsando forte. — Ele disse
que ouviu um barulho estranho, o que aconteceu? Deixa ele entrar, por favor!

— Eu só quebrei uma garrafa. — Ele ignorou meu pedido ainda com a voz
desse jeito meio preguiçoso, e eu logo entendi a causa. — Foi sem querer.

— Você bebeu? — Perguntei, nervoso.

— Não.

— Para de mentir! É óbvio que você tá bêbado! — Insisti. — Jungkook, abre


a porta pro Seokjin. Eu sei que você está passando por uma situação difícil,
então deixa ele te ajudar... por favor, não fica sozinho, eu...

— Eu quero ficar sozinho. — Ele me interrompeu. — Eu só quero que parem


de me ligar e de bater na minha porta e me deixem em paz pelo menos uma
maldita vez!

— Não fala assim, tá todo mundo preocupado com você...

— Jimin, — Fui interrompido novamente, dessa vez por uma entonação mais
severa. — só me deixa em paz.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu deixaria se você pelo menos estivesse sóbrio, mas agora eu tô com
medo do que você pode fazer! — Eu disse, assustado e um pouco magoado.

Do outro lado, eu não ouvi nada além da respiração ruidosa de Jungkook por
bastante tempo, até que ele finalmente pareceu suspirar de forma arrastada.

— Me desculpe, anjo. Eu não quis... — Ele parou, confuso, antes de


reorganizar a própria fala. — Eu estou bem, eu juro.

— Você quer que eu vá ficar com você? Ofereci, diante do seu tom
arrependido. — Se você quiser, eu vou pra Seul no próximo vôo disponível. Se
você preferir ficar sozinho, tudo bem, eu vou ficar preocupado, mas vou
entender... mas eu realmente quero estar com você agora, Jungkook.

— Eu... — Ele hesitou antes de prosseguir, e eu percebi a confusão por trás


de sua voz embriagada. — Tudo bem se você vier assim de repente? E se
você...

— Não se preocupa comigo agora, por favor. Pelo menos dessa vez pensa no
que é melhor pra você, Jungkook... você quer que eu vá?

— ... quero. — Ele disse, e seu tom fraquejou antes que ele confessasse,
sofrido. — Eu quero tanto você aqui comigo agora, anjo...

Cada célula dos meus olhos pareceu entrar em combustão quando os senti
ardendo com a vontade explosiva de chorar diante do meu Jungkook tão frágil
assim.

— Só espera um pouco. — Eu pedi, respirando fundo para não evidenciar meu


próprio choro. — Eu logo vou estar aí com você, meu amor. Eu prometo.

Do outro lado, eu ouvi uma concordância arrastada antes de finalizar a ligação.


Ainda corrompido pela sensação sufocante, eu demorei algum tempo para
juntar forças e me apressar até meu quarto para pegar meu notebook, ligando-
o assim que me sentei na cama.

— Jimin, o que está acontecendo? — Minha mãe perguntou, assustada e


confusa, quando me seguiu acompanhada de meu pai.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu preciso ir pra Seul. — Avisei, mantendo os olhos na tela do notebook.
Assim que fiz login, eu abri uma página da internet e busquei os voos
disponíveis para Seul depois de ver que o próximo trem só parte em dois dias.

— Por que isso tão de repente? — Meu pai quem questionou, dessa vez.

— O pai do Jungkook morreu... — Finalmente anunciei, sentindo minha


garganta apertar ao dizer isso em voz alta. — Me desculpem por ir assim, mas
eu preciso ficar com ele...

Eles dois se entreolharam, mas eu mantive minha atenção completamente


focada na lista dos próximos vôos, me desesperando ao perceber que todas as
passagens estão caras tanto pela época quanto pela proximidade com a data
da viagem.

— Vocês podem me emprestar o cartão? — Pedi, olhando-os com aflição. —


Tá tudo caro, eu vou precisar parcelar...

As vezes eu consigo me entender com Jungkook só de olhá-lo nos olhos, como


se conversássemos sem precisar dizer palavra alguma, e meus pais parecem
fazer isso agora, até que minha mãe suspirou e voltou a olhar para mim.

Eu senti o desespero crescer quando percebi que talvez eles não me permitam
viajar sei lá por qual motivo, mas ela acabou por se aproximar e se sentar ao
meu lado, me abraçando pelo ombro antes de dar um beijo suave em minha
cabeça.

— Nós pagamos a passagem para você, príncipe. — Ela disse, então, e eu


abri bem meus olhos ao ser pego de surpresa. — Jeon deve estar passando
por um momento muito difícil, então cuida bem dele. Você é o melhor nisso.

— De verdade? — Eu perguntei, alternando meu olhar entre os dois. — Mas


vocês estão economizando pra reformar a recepção do hotel...

— A reforma pode esperar mais um pouquinho. — Ela sorriu para mim,


carinhosa.

Eu me controlei esse tempo todo, eu juro, mas agora é impossível. Meus pais
são absolutamente os melhores desse mundo, eles se esforçam tanto para me
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
fazer feliz, e isso faz meu coração transbordar de vez, então logo começo a
chorar como um bebê, abraçando minha mãe e gesticulando todo atrapalhado
para que meu pai se aproxime e eu o abrace também.

Com tantos sentimentos diferentes explodindo de uma vez dentro de mim, eu


levei muito tempo para me recuperar das lágrimas incessantes e continuei
agarrado a minha mãe enquanto meu pai garantia minha poltrona num vôo que
parte de Gwangsan-gu essa madrugada. Depois eu arrumei minhas coisas,
tentando não esquecer de nada importante a despeito da confusão em minha
cabeça, e por volta de uma da manhã eles me acompanharam até o aeroporto

A viagem inteira foi como uma tortura e meu coração continuou agitado,
ansioso por estar perto de Jungkook. Dessa vez, eu não infernizei os
comissários de bordo pedindo balas a cada cinco minutos, bem como não perdi
o juízo com nenhuma criança chorando ao longo do vôo.

Até porque, honestamente, o único bebê chorão dessa viagem fui eu.

Quando eu finalmente cheguei ao condomínio de Jungkook depois de pegar


um táxi no aeroporto, eu me assustei ao ver Seokjin sentado no chão, ao lado
da porta fechada do apartamento, abraçando as próprias pernas e escondendo
seu rosto entre os joelhos.

— Jin! — O chamei, assustado por vê-lo aqui a essa hora, e soltei minha mala
para me agachar em sua frente, preocupado. — Você ficou aqui o tempo todo?

Ele levantou o rosto ao ouvir minha voz e me destruiu inteiro vê-lo com os
olhos vermelhos e inchados.

— Jimin... — Ele me chamou, parecendo prestes a recomeçar mais uma onda


de choro. -Eu quis ficar por perto caso Jungkook precisasse de alguma coisa...

— Meu deus, Seokjin... — Eu me lamentei, preocupado, ao mesmo tempo em


que comovido.

— Jungkook nunca fez isso antes. Eu o conheço desde pequeno e ele nunca
se isolou desse jeito, Jimin, eu fiquei preocupado...

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu concordei com um movimento pequeno, entendendo dolorosamente bem
sua aflição. — Você pode descansar agora...

Ele passou as mãos pelo rosto, tentando se recompor, e acabou por concordar
logo antes de ficar de pé.

Eu não quero ter a falta de consideração de dizer para ele ir para casa, porque
honestamente prefiro deixá-lo entrar no apartamento de Jungkook, mas
também sei que se Jungkook não o deixou entrar até agora é porque realmente
não está pronto para isso, e nós precisamos respeitar a forma como ele está se
sentindo agora.

Entretanto, antes que eu pusesse tudo isso numa explicação cuidadosa,


Seokjin pareceu chegar a essa conclusão sozinho.

— Eu acho que Jungkook não quer que eu esteja por perto agora, mas eu fico
tranquilo já que você vai ficar com ele — Ele disse, esfregando uma mão contra
a outra. — Me avisa se precisarem de alguma coisa, qualquer coisa. Eu venho
a qualquer hora, tá?

Eu fiz um movimento fraco com a cabeça e nem pensei antes de dar um passo
em sua direção e abraçá-lo, porque Seokjin é uma pessoa incrível, mais bonito
por dentro do que é por fora.

Quando ele finalmente entrou no elevador, então, eu peguei a chave que levei
comigo para Nam-gu e abri a porta cuidadosamente, deixando a mala ao lado
da entrada quando vi o apartamento completamente escuro e silencioso, e
tateei a parede em busca do interruptor.

Assim que a luz acendeu, eu me sobressaltei ao ver quatro garrafas de soju no


chão, uma delas completamente estilhaçada, e Jungkook dormindo no sofá
com as pernas encolhidas contra seu abdômen.

Eu me aproximei com cuidado e me ajoelhei em frente ao sofá, diante do seu


rosto, e apertei meus lábios ao vê-lo respirando pela boca, com dificuldade, e
com o cheiro forte de álcool reafirmando o que as garrafas no chão indicam
claramente. Mas o que mais me preocupa é olhar para seu punho e ver os nós

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
de seus dedos feridos, como se ele tivesse socado alguma coisa dura várias
vezes seguidas.

Incerto sobre acordá-lo ou não, eu acabei acariciando seu rosto antes de dar
um beijo leve em sua bochecha, decidindo deixá-lo dormir, e me afastei para
arrumar a bagunça no chão. Entretanto, quando eu peguei as três garrafas
ainda inteiras, eu ouvi um gemido baixo e sofrido.

Ao olhar para trás, eu vi Jungkook levar a mão à própria cabeça e apertar os


olhos ainda mais, parecendo sentir dor, e eu me adiantei de volta para perto
dele, deixando as garrafas de vidro ao lado dos meus pés quando me agachei
outra vez.

— Jungkook...? — Eu o chamei, tocando em seu rosto outra vez, e sequer


consegui esconder minha feição aflita quando ele abriu os olhos devagar.

— Jimin...

Pela primeira vez, ouvi-lo me chamar pelo nome não foi desconfortável, porque
me parece que, agora, ele está me chamando assim para ter certeza de que
sou eu quem estou aqui.

Antes que eu dissesse algo, então, ainda com a angústia chegando à


superfície da minha expressão, Jungkook segurou meu braço num aperto
frouxo, quase desajeitado, e eu segui seu pedido quando ele me puxou para
deitar com ele no sofá.

Foi difícil encaixar meu corpo junto ao seu, mas eu fiz o meu melhor para ficar
o mais próximo possível, imediatamente puxando sua cabeça contra meu peito
quando ele me abraçou com necessidade.

— Como você tá? — Eu perguntei, baixinho, segurando-o perto.

Pode parecer uma pergunta estúpida, mas eu quero que ele me responda
sinceramente. Eu não quero ouvi um estou bem falso, como ele sempre faz por
não querer me preocupar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Em resposta, Jungkook ficou calado, e eu o abracei também com as pernas
quando ele acabou por se encolher mais contra meu corpo, tentando não me
desesperar ao sentir suas lágrimas molhando meu ombro.

— Me desculpa... — Ele pediu, e eu fechei meus olhos com força quando senti
meu amor soluçar, indefeso. — Eu não consigo ficar bem agora...

— Você não precisa se desculpar por isso. — Eu o tranquilizei, sabendo que


ele provavelmente se sente culpado por me deixar vê-lo dessa forma, e
busquei sua mão ferida, tocando-a com cuidado. — Você não precisa fingir pra
mim, Jungkook...

— Eu perdi o controle... — Ele confessou, envergonhado, apertando o punho


fechado sob meu toque, e eu logo entendi que minha suposição está certa.
Jungkook provavelmente socou alguma parede, talvez o chão, até se ferir.

— Não tem nada de errado em perder o controle. — Disse, sincero, e puxei


seu rosto para dar um beijo em sua testa antes de me afastar um pouco para
ficar sentado. — Mas você não pode se machucar. Vem, senta aqui na minha
frente, eu vou deixar você extravasar do jeito certo, sem ferir seu corpo.

— Eu não vou machucar você, Jimin. — Ele logo disse, entendendo mal
minha intenção.

— Eu sei que não vai. — Garanti, puxando-o pelos braços, e foi trabalhoso
deixá-lo sentado da forma que quero, de frente para mim, então eu peguei a
primeira almofada ao meu alcance e segurei em frente ao meu peito, como
Yukwon já fez por mim, sempre que precisei. — Pode bater aqui, até seu
corpo não aguentar mais.

Jungkook negou na mesma hora com o rosto manchado pelas lágrimas e a


pontinha do nariz vermelha, e é estranho admitir que vejo timidez em seu
gesto.

— Se você precisa colocar todos os sentimentos ruins pra fora, então coloca.
— Eu disse, segurando a almofada com ainda mais firmeza. — Você não
precisa ter vergonha de me mostrar como tá se sentindo, Jungkook. Eu tô do
seu lado pra tudo.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele negou outra vez, e eu fui mais incisivo quando usei uma mão para segurar
seu pulso, forçando-o a acertar o punho contra a superfície macia.

Em resposta ao meu ato, Jungkook deixou a mão apoiada contra a almofada e


respirou fundo, segurando-a pela capa de algodão. Entretanto, a despeito da
minha primeira impressão de que ele a tiraria de minhas mãos, ele acabou por
dar um primeiro soco fraco, quase envergonhado, e levantou os olhos na
direção dos meus, parecendo incerto sobre isso.

Eu então apenas o incentivei com um gesto através da cabeça, e voltei a


segurar o objeto macio com mais firmeza, atento à respiração tensa de
Jungkook quando ele deu o segundo soco, mais forte que o primeiro, e depois
o terceiro, quarto e quinto, até que parei de contar, cada um ganhando mais
força que o anterior, e ele continuou desferindo mais golpes até começar a ficar
ofegante e deixar um som grave e rouco fugir por sua garganta ao mesmo
tempo em que novas lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.

Meu coração dói, agora. Por que é tanta dor... eu consigo ver e sentir como o
homem que eu amo está sofrendo, e isso me machuca também.

Ao mesmo tempo, entretanto, eu o sinto mais leve e mais livre a cada golpe
desferido contra a almofada em minhas mãos. Jungkook está me mostrando
pela primeira vez tudo de ruim que está sentindo, e eu estou ajudando-o a se
livrar do peso de tudo isso.

O último soco veio depois de que ele já estava sem forças, respirando com
dificuldade e com suor escorrendo por sua testa, e eu deixei a almofada de
lado assim que percebi que ela não é mais necessária.

Jungkook continuou respirando fundo com o rosto baixo e eu somente esperei


em silêncio até que ele voltou a olhar para mim com a expressão mais suave.

— Obrigado, anjo...

Eu mostrei um sorriso pequeno e logo me adiantei em sua direção, abraçando-


o outra vez, bem forte, para que ele nunca mais duvide do quanto pode contar
comigo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu sei que, por mais que eu sempre diga o contrário, Jungkook ainda sente
que toda a responsabilidade é sua. Que é ele quem tem que cuidar de mim e
que é ele quem nunca pode fraquejar. Mas ele pode, porque não importa se
sua natureza é de um dominador. Eu já aprendi que, acima de tudo, ele é
humano e não pode ter suas fraquezas negadas.

E eu não vou negá-las nunca mais.

Eu vou cuidar do meu homem sempre que ele precisar, assim como prometi
que faria.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
oi gente, eu sobrevivi ao comeback (com ajuda de aparelhos), o atraso foi por
causa do wattpad mesmo): ALIAS VOCÊS VIRAM O JUNGKOOK DE
HARNESS??

hoje as notas vão ficar ENORMES, então vamos por partes respira fundo

primeiro: SUBMISSIVE PASSOU DE 1M DE VIEWS!!!!! UM MILHÃO000

e é claro que eu não posso deixar isso passar em branco, né?? por isso o
próximo capítulo vai ser narrado pelo JungKook. não em terceira pessoa, vai
ser pelo JungKook MESMO!!

mas eu realmente acho que isso não é suficiente, então vou deixar aqui um
espaço pra sugestões de vocês, o que vocês acham que deve complementar a
sub1Mparty?? eu analiso as ideias de vocês e na próxima att já devo trazer a
escolhida <3

segundo: #1 de tear bem fresquinho na billboard 200, QUE ORGULHO

terceiro: gostaram da capa nova de sub???? foi um presentão surpresa da


gabbieledger lá do tt <333

quarto (gente tenham calma daqui a pouco acaba): sub tem um fc!!!! UM FC!!!
eu sou muito tabaroa e to gritando até hoje por isso aaa o perfil é esse:
FicSubmissive

quinto: postei fanfic nova!!! (por enquanto só tem os avisos, mas já vou fazer
logo o convite). O nome dela é Eros e vocês podem encontrar no meu perfil,
mas atenção: EROS É JIKOOK FLEX!! só vão lá se curtirem <3

sexto: (vocês já tão me xingando, né?) eu recebi muitas fanarts da última att
pra cá e como essa nota já tá IMENSA, não vou mostrar aqui no capítulo hoje,
mas a partir do próximo eu volto a trazer aquelas obras de arte, caso alguém
queira ver antes, tem uma thread fixada lá no meu tt com todas as fanarts
(quase todas, na verdade, to precisando att): grr). meu user é panthereve, e o
perfil é aberto, não precisam seguir pra poder ver a thread

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
33 • Taikatalvi
Dedicado a euroseole

JUNGKOOK

Apesar de me orgulhar por ter boa memória, eu não me recordo em que


momento da minha vida passei a repudiar a mera possibilidade de evidenciar
minhas fraquezas a outro alguém.

Eu não gosto de me sentir exposto. Não gosto de dar a qualquer pessoa o


poder de saber o que me abala, porque isso dá a elas o poder de me derrubar.

Foi assim, ainda subordinado ao meu próprio receio e covardia, que me vi


incapacitado de permitir que qualquer um tomasse o direito de ser espectador
do meu desamparo depois que a confirmação da morte do meu pai chegou ao
meu conhecimento.

Honestamente, não posso dizer que foi uma surpresa. Pelo contrário, pois nos
últimos meses eu vi a decadência de seu estado evoluir tão ou mais rápido que
a queda de seus cabelos durante a quimioterapia.

Eu o vi deixar de ser o homem que nos meus tempos de criança era como uma
muralha indestrutível, para se tornar um corpo frágil, incapaz de se manter vivo
sem a intervenção de máquinas e medicamentos que combatiam o câncer na
mesma intensidade em que destruíam o resto de sua sanidade física e mental.

Pelas últimas semanas, não posso dizer que meu pai viveu, mesmo que o
monitor cardíaco mostrasse seus batimentos contínuos. Seu coração continuou
pulsando, mas tudo que ele sentiu foi dor e medo a cada cirurgia arriscada que
cortou e modificou seu corpo, prendendo sua consciência a esse mundo.

Pelas últimas semanas, meu pai não estava vivo. Ele foi apenas um boneco
torturado, revirado e recosturado para satisfazer nossa necessidade egoísta de
tê-lo por perto, centrados demais em nossa dor para sequer deixá-lo descansar
e se livrar da sua.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
E enquanto uma pequena parte de mim se alivia por não precisar mais vê-lo
sofrendo, todo o restante sofre com sua ausência. Porque, no final, nós nunca
estamos prontos para dizer adeus a um herói.

Por isso, diante da minha perda, eu me retrai numa bolha impenetrável,


impedindo qualquer um de se aproximar

Qualquer um, menos ele.

Jimin era a última pessoa a quem eu desejava mostrar minhas fraquezas, ao


mesmo tempo em que é a única em quem confio o suficiente para fazê-lo.
Entretanto, foi doloroso deixá-lo ver meu descontrole. Foi doloroso, enquanto
seu dominador, deixá-lo assistir o momento em que chorei e soquei aquela
almofada em busca de algum alívio para o turbilhão em minha mente

Foi e ainda está sendo doloroso não poder cumprir meu dever para com meu
submisso.

Por outro lado, é intensamente reconfortante tê-lo aqui comigo agora, abrindo
mão de receber meus cuidados para cuidar de mim sem me cobrar que eu
fique bem antes do meu tempo, sem me cobrar que eu volte a ser o Jungkook
que, por esses dias, deixou de existir.

Por isso, para mim, ele é perfeito. Mesmo com sua teimosia e temperamento
impulsivo, Jimin é a pessoa a quem nunca vou me arrepender de me entregar
inteiramente.

Mesmo consciente sobre cada um de seus defeitos, eu não mudaria sequer


uma coisa no meu menino.

— Bom dia, Jungkook — Eu ouvi sua voz mansa e cuidadosa quando acordei
nessa manhã depois de me mover sobre o colchão com algum desconforto,
mas logo relaxando ao sentir sua mão no topo da minha cabeça, me fazendo
um carinho suave. — Dormiu bem?

Eu pisquei demoradamente antes de focar em seu rosto ainda sonolento,


notando seus cabelos pretos, depois de tanto tempo tingidos de loiro,
completamente desalinhados.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
E não que essa mudança tenha me passado despercebida, mas até agora
elogio nenhum foi feito de minha parte sobre isso.

Mas ele está lindo, ainda mais do que já era. Na verdade, reconheço que se
hoje ou amanhã ele resolver voltar para o loiro, ou se talvez decidir que quer se
livrar de todo seu cabelo, minha constatação será a mesma porque eu vou
apoiar e me apaixonar por cada mudança que ele ache necessária ou
prazerosa.

Entretanto, ainda que em outras circunstâncias não me fossem colocadas


barreiras para tornar isso numa confissão real, durante todos esse dias em que
ele está ao meu lado, eu sequer consegui tecer um simples elogio.

Honestamente, existem muitas coisas as quais não consigo fazer com minha
mente nesse estado, inclusive, talvez principalmente, aquelas relacionadas ao
meu trabalho.

Eu não vou ao escritório desde a confirmação da morte do meu pai. Reuniões


foram postergadas para sabe deus quando e responsabilidades minhas foram
repassadas para Namjoon, enquanto outras, aquelas que não podem ser
outorgadas, chegam a mim através do e-mail e me levam um dia inteiro de
análise, quando antes uma ou duas horas eram o suficiente para fazê-lo.

Por sorte, e eu sequer sei se posso utilizar esse termo na situação atual, tudo
isso veio a acontecer próximo ao recesso natalino, que é o único momento do
ano em que o ritmo dos negócios na Bangtan é refreado para que os
colaboradores tenham um pouco de descanso ao lado de suas famílias.

Contraditoriamente, estar ao lado da minha família é a última coisa que desejo


agora.

— Você quer dormir mais um pouco? — Jimin perguntou, então, depois de


não ouvir uma resposta minha. — Eu venho te chamar quando o café ficar
pronto...

Não é um costume meu ceder à indisposição, mas dessa vez eu aceito sua
proposta com um único movimento breve e preguiçoso, porque sair da cama se
tornou uma tarefa que exige esforço demais.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Tá bom. Pode descansar mais um pouquinho — Ele anunciou, apertando
seu corpo contra o meu antes de me dar um beijo na bochecha.

Aproveitando sua proximidade, eu usei a pouca determinação de que disponho


agora para segurá-lo perto, relaxando sob seu toque quando ele beijou todo o
meu rosto ao entender meu pedido silencioso.

Eu amo os beijos de Jimin.

— Parece um bebê carente — Ele disse, me abraçando pelo ombro e


passando sua perna por meu quadril quando o abracei também, empurrando
meu rosto contra seu peito. — Fofinho

— O único bebê aqui é você. — Eu consegui dizer, ainda com a voz


indisposta.

— Sou mesmo. Você é só um farsante.

Eu sorri sem muita força, diferente do meu abraço que se tornou mais forte, e
Jimin resmungou envergonhado quando sua barriga fez um barulho discreto ao
ser pressionada.

— Dorme mais um pouco comigo.— Eu pedi, sem querer deixá-lo ir sequer até
o cômodo ao lado.

— Hm, é que... eu preciso... — Ele disse, sem jeito. — fazer xixi. É, xixi.

— Faz xixi e volta.

Ele hesitou, nervoso. — Eu quero tomar banho também porque... porque eu


suei de noite, tô todo nojento!

Eu me movi outra vez, voltando a apoiar minha cabeça sobre o travesseiro, e


tentei não evidenciar como ele soa óbvio agora. Ainda que o aquecedor faça
seu trabalho, nós ainda estamos em dezembro e calor é a última coisa que
podemos sentir nesse tempo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Então fica muito claro, para mim, que ele está arranjando desculpas para
esconder que vai defecar.

E eu me sinto verdadeiramente estúpido por achar isso tão adorável.

— Tudo bem, anjo. Me deixe aqui abandonado, então...

— Não... — Ele arregalou os olhos, ressentido, e logo suas mãos pequenas se


agitaram, nervosas. — Eu não vou te abandonar, não...

O que veio em resposta ao seu gesto aflito foi o mais próximo de um sorriso
real que eu consegui esboçar nos últimos dias, e até fiquei sem ar quando ele
deitou em cima de mim sem muito cuidado, com seus cabelos arrepiados
fazendo cocegas em meu pescoço.

— Eu vou ficar com meu Jungkook...

Eu apoiei minha mão em sua cabeça, ainda com um sorriso frágil. Eu sinto que
o mundo se torna um lugar um pouco melhor toda vez que ele me chama
assim.

— É brincadeira, meu bem. Pode ir tomar seu banho. — Garanti,


completamente rendido a ele.

— Você não vai ficar tristinho?

Eu neguei, deslizando minha mão pela base da sua coluna. — Claro que não,
anjo.

Pode ir fazer seu xixi e tomar seu banho, Confirmei, aceitando sua mentira
inocente. — eu vou dormir mais um pouco.

— Tá... — Ele cedeu, ainda desconfiado.

Enquanto ele me lança mais uma olhadela insegura, eu acabo por sorrir mais
um pouco. Ainda que minha natureza enquanto dominador faça meu ego ser
amaciado toda vez que Jimin me responde com um sim, senhor, assim como o
disciplinei a fazer sempre que a situação for propícia, eu sou completamente
apaixonado por seu jeito inocente de me responder com um tá ou um tá bom
em todas as outras vezes.
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Então, sem nunca perceber como sua resposta que pode soar tão malcriada a
tantos outros dominadores na verdade me desmonta por inteiro, ele se arrasta
para fora da cama, pousando seus pézinhos nus no chão antes de usar as
mãos pequenas para repuxar a barra da minha camisa que cobre seu corpo,
arrumando-a.

Talvez essa seja mais uma afirmação óbvia, mas eu também amo esse hábito
que ele criou de sempre vestir minhas blusas dentro de casa.

Eu amo absolutamente tudo nele.

É provável que eu morra de tanto amar meu Jimin.

Mas antes de me conquistar ainda mais com outro de seus trejeitos


despretensiosos, ele finalmente sai do quarto, fechando a porta ao fazê-lo,
talvez para me manter o mais distante possível do que vai acontecer no
banheiro a partir de agora.

Sozinho e pouco afetado pelo lembrete de que meu pequeno é humano e


precisa aliviar as necessidades de seu corpo, eu voltei a fechar meus olhos,
decidido a tentar dormir mais um pouco.

E eu não precisei de muito esforço para isso, então logo voltei a ceder ao
cansaço da minha mente agitada, acordando nem sei quanto tempo depois
com algum barulho vindo da cozinha.

Me levou algum esforço para sair da cama e ir até o banheiro já vazio para
aliviar minha bexiga antes de caminhar até a sala onde, através do balcão, eu
vi Jimin com os cabelos molhados do banho recém tomado e vestindo
novamente uma blusa minha enquanto prepara nosso café da manhã.

Eu o ouço cantando baixinho alguma música que não conheço, mas também
não me importo em descobrir qual é. Porque, sinceramente, eu não preciso
reconhecê-la para admirar a cena de Jimin cantarolando distraidamente
enquanto prepara mais uma refeição para compartilharmos.

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Essa é a cena que eu gostaria de encontrar todos os dias ao acordar. Meu
Jimin distraído, fazendo qualquer coisa em um lugar que possa ser chamado
de nosso.

E mesmo sabendo que em algum momento ele precisará voltar para Nam-gu,
eu me permito apreciar sua presença aqui durante o tempo que nos for
disposto, enquanto desejo que esse tempo se estenda o máximo possível.

— Poxa, errei... — Ele resmungou baixinho, então, quando pareceu se


atrapalhar com a letra da música que estava cantando, ainda sem me perceber
admirando-o.

Quando sem querer deixei escapar mais um sorriso por isso, ele se virou para
pegar algo no balcão e acabou se assustando ao me notar, para logo depois se
aperceber do meu sorriso e por fim parecer desconfiado e envergonhado,
embora eu saiba que não é por ter sido pego cantando, já que isso aconteceu
tantas outras vezes e ele nunca se importou.

— Você não tava dormindo? — Ele perguntou, com os olhinhos arregalados.

— Achei melhor levantar logo — Respondi ao me aproximar, abraçando-o por


trás e beijando o topo de sua cabeça logo depois de sentir seu cheirinho
gostoso. Por último, o abraço com mais força.

Eu estou carente.

— Hm... — Ele murmurou, virando o rosto para mim, e eu fico confuso ao ver
suas bochechas vermelhas. — Tá...

— Precisa de ajuda? — Ofereci, mesmo que minhas habilidades culinárias


não sejam lá grande contribuição.

— Pode cortar os rolinhos de omelete e servir a mesa? — Perguntou,


apontando para uma frigideira com cubos de queijo de soja. — Eu só vou
temperar o tofu e aí a gente pode comer.

Eu confirmei, mas ainda o abracei por mais tempo e dei vários outros beijos em
seu pescoço e ombro, até finalmente conseguir me afastar

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Eu sei que sou exageradamente carinhoso e as vezes me pergunto se Jimin
não se incomoda com todas essas minhas demonstrações de afeto.

Não quero que ele se canse de mim.

Agora, entretanto, é outra coisa que parece incomodá-lo, e eu não sei bem o
que é. Jimin só parece envergonhado demais, suas bochechas estão
constantemente vermelhas e ele não parece ter a mesma facilidade de me
olhar nos olhos. Tudo isso se prolongando até enquanto comemos juntos.

— Anjo, — eu o chamo enquanto ele me ajuda a recolher a mesa. — está


tudo bem?

— Por que? — Ele perguntou, assustado. Por que não estaria?

— Não sei. Você parece incomodado com algo.

— Não tô, não! — Respondeu, na defensiva. — Você lava a louça, eu vou pro
quarto! — Disparou, então, antes de fugir de mim rapidamente.

Tudo bem. Não que ficar com a responsabilidade de cuidar da louça suja seja
algo inédito para mim, porque eu sempre assumo essa tarefa já que não sou
grande contribuição para o ato de preparar as refeições. Entretanto, são muitas
coisas estranhas de uma só vez.

Jimin acabou de me dar uma ordem e xingou quando tropeçou em sua corrida
desesperada para longe de mim.

Mesmo desconfiado, até bastante aflito, eu arrumei a cozinha enquanto tentei


respeitar o espaço que, não sei por que, ele parece precisar agora.

Depois, eu caminhei de volta até o quarto para pegar uma calça limpa para
levar ao banheiro e vestir depois do meu banho, porém parei ao encontrar a
porta entreaberta e, através da pequena fresta, vi Jimin encolhido na cama, de
costas para mim, com o telefone pressionado contra a orelha.

— Yukwon, eu tô falando sério — Ele disse baixinho, parecendo estar prestes


a chorar, e eu quase me lancei desesperado em sua direção para consolá-lo,

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mas a justificativa chegou aos meus ouvidos antes que eu fizesse isso: — Eu
acho que Jungkook me ouviu fazendo cocô!

Eu paralisei, incapaz de me mover, e ele agitou as perninhas, frustrado.

— Para de rir, seu falso! — Voltou a resmungar para o telefone, depois de


algum tempo. — É claro que eu não passei esses dias todos sem fazer o
número dois, mas eu tava conseguindo disfarçar!

Depois da minha primeira reação de choque, tudo que me restou foi uma
vontade incontrolável de rir, como não senti por todo esse tempo.

— Não, deixa eu explicar. Eu tava com muita dor de barriga e achei que o
Jungkook tava dormindo enquanto eu tava no banheiro, daí eu soltei um pum
bem alto, mas agorinha eu tava fazendo o café e ele tava parado me olhando e
rindo! Yukwon, meu namoro vai acabar!

Eu me sinto péssimo por essa ser a minha primeira risada depois de uma
experiência tão dolorosa. Eu realmente me envergonho por estar rindo do meu
anjo, mas não consigo acreditar que todo seu desconforto durante nosso café
da manhã foi provocado por algo assim.

E por mais que agora eu esteja ainda mais impulsionado a ir até ele e dizer
como o amo e como ele é capaz de me fazer sorrir até quando não tem a
menor pretensão, eu me contenho porque sei que ele vai entrar em uma crise
irreversível se descobrir que ouvi sua conversa, então acabo por dar as costas
e entrar no banheiro de uma vez onde, trancado e sozinho, preciso cobrir
minha boca para não deixá-lo ouvir meu riso incontrolável.

Meu deus, eu amo tanto sua dualidade. Esse jeito como uma coisa pequena e
insignificante pode levá-lo ao extremo desespero, mas como ele também
consegue ser a pessoa mais forte do mundo diante de uma situação difícil.

Eu absolutamente amo a forma como Jimin se tornou esse alguém resiliente,


mas sem perder o jeito inocente que me conquista cada dia mais.

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E diante do espelho, eu vejo o reflexo ainda fragilizado do homem que foi
capaz de conquistar alguém tão maravilhoso como meu pequeno, e me sinto
um pouco melhor ao lembrar que esse homem sou eu.

Talvez levado pela pequena dose de otimismo que isso gerou em meio a um
tempo tão negativo, eu me senti impulsionado a cuidar de mim. Eu não quero
me forçar a estar bem quando claramente não posso me sentir assim por
inteiro, mas quero me estimular a ficar melhor a cada segundo, porque eu
quero ser como ele. Eu quero ser forte como meu Jimin consegue ser.

Depois então de fazer a barba, tarefa essa que foi assumida por Jimin durante
as duas últimas semanas, eu aparei também todos os outros pelos do corpo
que costumava manter sob um controle mais rígido, e tomei um banho
demorado com intuito nenhum além de relaxar.

E eu sei que talvez pareça exagero, mas eu sinto que, por isso, recuperei um
pouco do controle da minha própria vida.

Quando saí do banheiro muito tempo depois, eu me vesti antes de encontrar


Jimin na sala, sentado no sofá e roendo a unha do seu polegar enquanto olha
distraidamente para um programa de idols na televisão.

— Ei, — Eu o chamei, sentando ao seu lado, e ele arregalou os olhos, com as


bochechinhas gordas logo assumindo a coloração avermelhada.- eu fiz a barba
sozinho.

De envergonhada e desconfiada, sua expressão relaxou um pouco e ele sorriu,


todo orgulhoso.

Eu sei que ele não se incomodou de ter precisado fazer isso por mim durante
os últimos dias, mas acho que ele entende o significado que algo assim tem na
situação atual.

— Tá lindo. — Ele disse, abraçando as pernas encolhidas contra seu corpo,


ainda meio acuado.

— Por que você está assim, meu bem? — Perguntei, então, mesmo que agora
saiba o motivo. — O que aconteceu?

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Jimin me olhou pelo canto dos olhos, depois se encolheu ainda mais,
desviando seu olhar para a frente.

— Anjo...

Ele inflou as bochechas e apertou os olhos, logo antes de deixar um barulho


inconformado arranhar sua garganta.

— A gente precisa conversar. — Ele disparou, então, sem me olhar.

— Certo. — Eu juro que estou tentando não rir, mas é difícil. — Sobre o que?

— Sobre... — Seu rosto ficou ainda mais vermelho. — Sobre cocô.

— Tudo bem. Vamos conversar sobre cocô. — Concordei facilmente e ele me


olhou ultrajado quando falhei em conter o riso.

— Eu sei que você me ouviu fazendo O... número dois... tá?! — Ele acusou,
inconformado. — Mas todo mundo faz cocô e Yukwon mandou dizer que você
é um idiota se quiser terminar comigo por causa disso! Pronto, falei.

— E você acha que eu sou um idiota? — Pressionei, usando toda minha força
para não me desmanchar completamente em um riso frouxo.

Jimin me olhou todo desconfiado, mas acabou por negar. — Não...

— Então? — Dessa vez, eu ri mesmo alto, incapaz de me controlar. — Por


que você acha que eu terminaria com você por algo assim?

Ele apertou as sobrancelhas num gesto irritadiço ao mesmo tempo em que


pareceu sorrir. Assustador, mas fofo.

— Saco Ele resmungou, dando soquinhos frustrados nos próprios joelhos. —


Eu tô com vergonha, mas também tava com saudade da sua risada... agora tô
constrangido, mas feliz.

Eu ri um pouco mais contido e o puxei para mim, fazendo seu corpo


rechonchudo tombar sobre o meu, então o abracei e dei vários beijos em sua
bochecha.

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— Você pode ficar só feliz, meu bem. — O tranquilizei, sentindo suas
mãozinhas se apoiando em meu peitoral nu quando sua cabeça foi empurrada
um pouco para trás com o último beijo que dei em seu rosto lindo. — Eu
também faço cocô, então não tem por que se envergonhar por isso.

Ele relaxou um pouco e mordeu o lábio antes de confessar, com uma risadinha
boba: — É engraçado ouvir você falando cocô.

— Eu prefiro o verbo defecar, mas não posso usar termos muito sérios para
falar com um bebê.

Eu me derreti todo quando ele deu um beijo bem demorado na bochecha, em


resposta.

— Então você não vai mesmo me dar um pé na bunda porque agora sabe que
saem coisas por ela, né? — Questionou, mais confiante.

Quando eu fiz um gesto negativo, ele abriu um sorriso lindo e me deu mais um
beijo antes de deitar a cabeça no meu ombro.

Jimin provavelmente é a única pessoa que fica tão feliz depois de uma
conversa sobre fezes.

— Anjo? — O chamei, então, ainda abraçando-o contra meu corpo, e ele


levantou o rosto, curioso.

— Oi.

Eu passei a mão por sua cabeça, acariciando seus fios escuros, antes de dar
um beijo em sua testa.

— Me desculpe por não ter dito nada até agora, mas você ficou lindo com o
cabelo assim.

Se seu sorriso depois de falar sobre necessidades fisiológicas já é bonito, seu


sorriso depois de ouvir um elogio é indescritível.

Os lábios cheios se esticam, as bochechas gordas comprimem seus olhos, que


se reduzem a dois risquinhos adoráveis, e seu nariz lindo se esparrama todo.

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O rosto de Jimin enquanto ele sorri é a obra de arte mais bonita que já tive a
honra de ver de perto.

— Não precisa se desculpar. — Ele disse, todo alegre. — Eu tô muito feliz


que você gostou!

Eu sorri, encantado por sua reação. É por isso que o mimo tanto. Não existe
nada mais prazeroso, para mim, que vê-lo feliz assim,

— Você é a pessoa mais preciosa desse mundo. — Eu disse, tocando em sua


bochecha com cuidado. — Você sabe disso, não é?

Ele apertou os lábios num sorriso contido, e acho que foi num reflexo que
acabou por beijar minha boca.

Isso não deveria ser estranho. Nós estamos juntos há anos e mesmo que antes
não fossemos afortunados em relação à frequência dos nossos encontros, já
trocamos incontáveis beijos. Entretanto, nos últimos dias, o contato entre
nossos corpos se limitou a carinhos despretensiosos, livres de qualquer desejo.

— Desculpa... — Ele disse baixo, envergonhado, depois de puxar meu lábio


com os seus, num pedido impensado para aprofundar nosso beijo.

Eu o olhei em silêncio, ainda sentindo seu rosto pairar próximo ao meu,


arrependido, e apenas neguei suavemente antes de ser o próximo a unir minha
boca à sua, com cuidado.

A relutância de seguir em frente veio de ambos os lados, então por algum


tempo não fizemos nada além de pressionarmos nossos lábios juntos, quase
como um par de pré-adolescentes que compartilham o primeiro beijo de suas
vidas.

E é estranho admitir que apenas isso me deixa com um frio na barriga


irrefreável.

Eu não posso dizer que tenho uma lista exaustiva de pessoas com as quais me
relacionei sexualmente, porque nunca me senti muito impulsionado a me
envolver fisicamente se não existisse também algum mínimo envolvimento
emocional.
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Entretanto, já me envolvi vezes o suficiente para me considerar experiente,
mas Jimin faz toda minha experiência se reverter a um grande nada porque
estar com ele me faz sentir tudo como se fosse exatamente a primeira vez de
todas as primeiras vezes.

E agora apenas sentir seus lábios gostosos, macios e saudosos pressionados


inocentemente contra os meus já me faz sentir como um adolescente afoito
para seguir em frente, então eu logo arrasto minha mão até sua nuca e sinto
cada terminação nervosa do meu corpo responder quando ele suspira baixo
assim que aprofundo o beijo e toco sua língua com a minha.

Logo depois, senti seus dedos pequenos correndo por minha pele até se
agarrarem aos meus ombros, e usei meu braço envolvendo sua cintura para
puxá-lo inteiramente para o meu colo, sem me atrever a separar nossas bocas.

— Jungkook... — Ele me chamou baixo, ainda com seus lábios contra os


meus, e eu não me afastei quando abri os olhos, encontrando-o com os seus
fechados fortemente, assim como seus dedos apertando meus ombros.

— O que foi, meu bem? — Perguntei, movendo minha mão até posicionar
meu polegar entre nossos lábios, pressionando o seu inferior.

Jimin deixou escapar um som manhoso, até um pouco desajeitado, antes de


afrouxar o aperto de suas mãos e usá-las para segurar uma minha, levando-a
até seu membro ainda por cima da blusa que, por ser minha, fica tão grande
em seu corpo, e eu não me surpreendo ao perceber que ele já está começando
a ficar duro.

— Eu não consigo controlar... desculpa...

— Não, anjo... — Eu tento tranquilizá-lo, deixando um beijo em sua bochecha


antes de intensificar o aperto de minha mão em seu pênis. — Eu cuido disso
por você.

Jimin gemeu baixinho, completamente necessitado, quando eu o estimulei


devagar. Além de mal nos tocarmos durante todo esse tempo mesmo estando
juntos, ele também não parece ter se aliviado sozinho, então é normal que seu
corpo esteja mais sensível.
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Entretanto, antes que eu pudesse ir além para cuidar das necessidades do
meu submisso pela primeira vez em tanto tempo, a campainha do apartamento
ecoou, aguda e repentina, fazendo meu pequeno ter um sobressalto em meu
colo.

Surpreso, mas também incomodado, eu lancei meu olhar na direção da porta,


amaldiçoando quem quer que esteja do outro lado.

Eu sei que Jimin teve a prudência de avisar a Seokjin e a meu irmão que
cuidaria de mim durante esses dias, bem como os deixou saber que eu não
queria receber visitas e pediu que eles avisassem a todos os outros que
pudessem ter o súbito desejo de compartilhar o luto ao meu lado. Isso parece
ter funcionado durante todos os últimos dias, mas alguém claramente cansou
de esperar.

— Quer que eu veja quem é? — Ele perguntou, acuado, saindo de meu colo
para se sentar diretamente no sofá outra vez.

Eu só tive o cuidado de beijar sua boca rapidamente antes de negar, sem


deixar meu incômodo alcançar o tom de voz que usei para respondê-lo. — Eu
faço isso.

Enquanto Jimin continuou sentado, eu levantei e arrumei minha calça para


tentar esconder o início da minha própria ereção antes de parar diante do olho
mágico e ver quem estava do outro lado. E assim que a reconheci, não pude
evitar um xingamento baixo.

Eu realmente não estou pronto para lidar com ela agora.

— Anjo, vá vestir uma calça. — Eu avisei para ele, ainda antes de abrir a
porta.

— Quem é? — Ele questionou, ansioso.

Eu suspirei, derrotado.

— Minha mãe

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Os olhos dele se arregalaram completamente e seu rosto perdeu a cor quando,
num pulo, colocou seu corpo de pé e correu até o quarto.

Sozinho, eu fecho meus olhos e respiro fundo por alguns segundos, tentando
me preparar para a inevitável dor de cabeça que estou prestes a sentir, e só
então abro a porta.

Do lado de fora, minha mãe me olha com suas orbes escuras, até um pouco
frívolas, o cabelo preto e longo preso num rabo de cavalo baixo, e uma pasta
classificadora pressionada contra seu peito.

— Com quem você estava falando? — É a primeira coisa que ela me


pergunta, com seu tom naturalmente inquisitivo.

— O que a senhora está fazendo aqui? Devolvo sua pergunta sem respondê-
la, cansado em antecipação.

Eu não vou dizer que minha mãe é uma pessoa ruim, mas ela pode ser
extremamente exaustiva e inconveniente em determinadas situações.

— Vim ver se meu filho estava vivo. Não posso? — Respondeu, direcionando
seus olhos para algum ponto apartamento adentro, e insistiu: — Com quem
você estava falando?

— A senhora já vai saber. — Eu disse, afastando-me da porta para deixá-la


entrar. Não por querer, mas porque sei que não vão me restar outras
alternativas.

Sem cerimônia alguma, ela apenas deixou seus saltos na entrada antes de
caminhar até a sala, acomodando-se no sofá depois de deixar a pasta que
tinha em mãos sobre a mesa de centro.

Eu lutei contra o impulso de expor minha desconfiança e somente perguntei,


alheio: — O que é isso?

— Negócios. — Respondeu simplesmente.

Em resposta, eu apertei meus olhos. Apesar de ser a primeira representante da


equipe jurídica da Bangtan, minha mãe pouco costuma se envolver em

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aspectos negociais que não necessitem de intervenção advocatícia imediata,
então não deixa de ser suspeito tê-la aqui sob essa alegação.

Entretanto, antes que eu pudesse insistir para descobrir que tipo de


barbaridade sua mente maquiavélica andou arquitetando, Jimin reapareceu na
sala, dessa vez vestindo uma calça e uma blusa suas, e é provável que ele
tenha escolhido-as tentando ao máximo passar uma boa impressão para minha
mãe.

Por que tão precioso, meu deus?

— Oi, é... bom dia - Jimin cumprimentou, meio desajeitado, assim que os olhos
carregados de minha mãe pousaram nele, e eu tenho certeza de que o senti
estremecer quando ele parou ao meu lado e agarrou meu braço, escondendo-
se parcialmente atrás de mim.

Ao invés de respondê-lo, então, minha mãe olhou para mim com óbvia
reprovação no olhar. — Quem é esse, Jeon?

— Jimin. Eu sei que Junghyun já falou sobre ele para a senhora, então vou
poupar as explicações. — Eu disse, honestamente sem me importar com sua
aprovação ou falta dela, e me preocupei mais em acalmar meu Jimin. — Anjo,
essa é minha mãe, Jeon Seojeong.

— É um prazer conhecer—

— Sim, seu irmão falou sobre esse... menino. - Ela o interrompeu, rudemente.
— Espero que você não o esteja levando a sério, porque isso obviamente não
pode durar muito.

— Não? Mas já dura há mais de dois anos.

— De agora em diante, não vai mais durar. — Pontuou, inclinando-se para


pegar a classificadora e então tirou um punhado de folhas dali, estendendo-as
para mim. — Você tem coisas mais importantes com as quais lidar.

Eu suspirei, previamente exausto, mas mantive a calma quando olhei para


Jimin outra vez. — É melhor você esperar no quarto, meu bem. — Eu disse,
beijando-o suavemente para tranquilizá-lo. — Não vai demorar.
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Ele me olhou até um pouco assustado, acredito que pela reação da minha
mãe. Até agora, excetuando Namjoon e sua cautela excessiva, Jimin foi muito
bem recebido por todas as pessoas do meu convívio, então deve ser confuso,
além de constrangedor, estar diante de uma pessoa como minha mãe.

Mas, por fim, ele somente concordou, ainda curvando o corpo respeitosamente
para ela antes de se adiantar até o quarto.

— A senhora sempre foi difícil de lidar, mas não sabia que era mal educada
também. — Eu disse assim que ficamos sozinhos, me aproximando do sofá.
— Não precisava interrompe-lo daquela forma.

— E você não deveria perder tempo com relações que não vão te levar a lugar
algum. — Ela rebateu, abanando os papeis em minha direção mais uma vez.

Sentado ao seu lado, os tomei em mãos, perdendo o impulso de repreendê-la


pelo tratamento reservado a Jimin assim que reconheci o que está na primeira
de várias fichas.

São como currículos, mas não de pessoas interessadas em trabalhar para a


Bangtan. São de mulheres solteiras que minha mãe certamente considera
adequadas para se casar comigo.

— Eu sei que você sabe o que isso significa. — Ela disse, relaxadamente. —
Uma hora ou outra esse seu namoro vai ter que acabar.

— Não. — Eu fui firme ao negar, estendendo todas as folhas de volta. —


Aquela situação com a Yoshikawa já deixou claro que eu não vou aceitar fazer
algo como isso.

— Anular o contrato de casamento com a Yoshikawa foi um capricho seu, um


que você teve a regalia de levar adiante somente porque seu pai estava vivo.
Mas agora ele não está mais, Jungkook, e você precisa aceitar a
responsabilidade que tem em suas mãos.

— Minha responsabilidade é dirigir a Bangtan, não me casar com uma


desconhecida.

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Ela piscou demoradamente, do jeito que sempre antecede algum sermão que
eu nunca estou disposto a ouvir, tampouco a concordar.

— Você sabe que seu cargo como CEO não foi oficializado. Sua permanência
nessa posição depende dos acionistas e sua imagem com eles não é muito
positiva depois que você simplesmente resolveu que não queria honrar o
contrato de casamento com a Yoshikawa. — Ela apontou para os papeis que
acabei por deixar sobre a mesa de centro, já que ela não os aceitou de volta.
— Essas mulheres são herdeiras de companhias relevantes para a Bangtan.
Casar com uma delas é a melhor forma de provar ao conselho que você não é
um mimado brincando de dominar o mundo.

Eu massageei minhas pálpebras, com o corpo curvado e os joelhos apoiados


sobre minhas coxas.

— Seu marido morreu há menos de um mês. — Eu lembrei, sem olhá-la. —


O pai dos seus filhos morreu há menos de um mês, e é assim que a senhora
age?

— Zelando pelo que eu e ele lutamos tanto para conquistar enquanto estava
vivo. Sim, é assim que eu ajo.

— Sua definição de zelo é ridícula. — Acusei, amargo. — E sua escolha para


direcionar seus esforços também. Saiba que perdeu seu tempo procurando
essas mulheres, porque eu não vou me casar com nenhuma delas.

Ela suspirou, inclinando-se sobre a mesa para juntar todas as folhas, depois
guardando-as na classificadora e por fim deixando-a sobre a mesa de centro
quando ficou de pé.

— Os acionistas não são os únicos que não confiam em você, Jungkook. —


Ela disse, me olhando dali de cima. — Ninguém mais confia, agora. Nem
mesmo eu.

Eu voltei a fechar meus olhos, com o corpo ainda mais curvado, sem acreditar
no que acabei de ouvir.

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— Você é uma bruxa! — A voz aguda atravessou minha consciência e eu
olhei para trás, sobressaltado, encontrando Jimin parado no meio da sala com
as mãos pequenas apertadas em punho e o rosto todo vermelho.

Eu sei que os olhos de minha mãe quase saltaram das órbitas, porque os meus
também.

Não importa quanto amadureça, eu me conformo desde já que Jimin nunca vai
perder o péssimo hábito de ouvir as conversas alheias.

— Como é? — Minha mãe questionou, ultrajada.

— Você mentiu pro Jungkook! Tem muita gente que confia nele, sim, sua
mentirosa! Eu confio, o Seokjin confia e... o Yukwon! E o Yuta, o Jeonghan, o
Kihyun e meus pais também!

— Isso é jeito de falar com uma pessoa mais velha, seu moleque? — Ela
acusou, quase perdendo a pose sempre superior.

Jimin se aproximou ainda mais e foi num reflexo que eu apoiei minha mão em
cima de todas as almofadas, sem saber o que ele pode fazer se pegar qualquer
uma delas.

Eu acho que minha pressão acabou de cair.

— Isso é jeito de falar com uma pessoa que tá magoando meu Jungkook! —
Ele contrariou, furioso. — Ele já tá sofrendo porque perdeu o pai, então não
precisa de uma bruxa velha como você falando besteira pra ele!

Minha mãe olhou para mim, obviamente ofendida e surpresa. — É com esse
tipo de animal selvagem que você se relaciona, Jeon?

— É! — Foi Jimin quem respondeu, dando passos furiosos em direção a ela.


— E é melhor sair logo daqui antes que eu... que eu... é melhor sair logo! Sua
bruxa!

— Meu deus! — Minha mãe se exaltou, assustada, quando Jimin se


aproximou ainda mais de forma ameaçadora, e ela se apressou em dar a volta

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na mesa de centro, correndo em direção à porta logo depois. — Isso é um
absurdo!

— Absurdo é alguém dizer coisas ruins pro Jungkook! — Ele rebateu, ainda
possesso. — Pode não parecer, mas ele é sensível, tá?!

Parada diante da porta, um pouco atrapalhada enquanto tenta calçar seus


saltos de volta, minha mãe me olhou com a expressão retorcida em horror e
acabou por apontar para Jimin.

— Nós vamos terminar essa conversa quando esse... — Ela disse,


horrorizada. — ...esse louco não estiver por perto.

— Sai logo! — Jimin gritou e eu honestamente não sei como minha mãe
consegue sentir medo dessa coisa fofa, mas ela obviamente se assustou,
dando um pequeno pulo em reflexo.

Depois, ela ainda me olhou numa última repreensão silenciosa, mas acabou
por sair do apartamento, deixando-me sozinho com um Jimin furioso.
Entretanto, assim que a porta se fechou, ele olhou para mim e sua expressão
metamorfoseou imediatamente, como se ele estivesse prestes a chorar.

— Não liga pra ela, tá? — Ele pediu, se lançando em minha direção e me
abraçando com força. — Ela é doida!

— Anjo... — Eu o chamei, ainda um pouco tenso. — Você chamou minha


mãe de bruxa velha...

Ele afrouxou um pouco o abraço e se distanciou de mim, com os olhos


arregalados e o rosto repentinamente pálido.

— É que ela te magoou... — Explicou, ressentido.

Talvez não seja prudente, mas eu acabei rindo e puxando-o de volta para o
meu colo, de onde nem deveria ter saído. Eu sinceramente não acredito que
perdi bons minutos que poderia gastar com ele para ouvir as barbáries de
minha mãe.

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— Eu não sabia que meu bebê seria tão bom em me defender. — Confessei,
então, beijando-o na bochecha.

— Você me chamou de meu bebê. — Ele apontou, encolhendo os ombros


junto a uma risadinha inocente. — Gostei.

— Gostou? — Perguntei, sorrindo contra sua pele com cheirinho de sabonete.


— Mais do que gosta de anjo?

— Não! Anjo é meu favorito!

Eu sorri de novo, abraçando-o ainda mais. Santo deus, eu nunca vou conseguir
agradecer o suficiente ao universo por ter colocado essa coisa linda em minha
vida.

— Mas Jungkook... — Ele me chamou, de repente, obviamente tímido. —


Você não vai casar, não, né?

— Se não for com você, claro que não, anjo.

O rostinho dele voltou a ficar vermelho e ele apertou os lábios cheios, tentando
esconder um sorriso satisfeito.

— Que bom. Porque eu não ia deixar você casar com nenhuma delas — Ele
apontou para as folhas na mesa de centro, fazendo uma careta.

— Sabe de uma coisa? — Eu disse, de repente. — Nós deveríamos nos


mudar. Não é seguro deixar minha mãe saber onde moramos.

Jimin me olhou em silêncio, a principio, antes de dizer, um pouco sem jeito: —


Jungkook... eu não moro aqui...

Dessa vez, fui eu quem arregalei meus olhos, só então percebendo o que falei
sem perceber.

Sim, Jimin não mora comigo. Em qualquer dia desses ele vai embora e logo
todo o ciclo de saudades vai ser retomado. Logo eu vou sentir a dor de me
despedir dele outra vez e logo vou deitar para dormir sem tê-lo ao meu lado e
vou acordar sem ver suas mãos pequenas coçando os olhinhos inchados de
sono.
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Porra.

Eu não sei por que, por um instante, me deixei acreditar que seria ao contrário.

— Mas você sempre vai ficar na minha casa quando vier para Seul. — Eu
tentei justificar, talvez falhando em esconder o desapontamento ao lembrar de
algo que nem deveria ter sido esquecido. — Foi isso que eu quis dizer, meu
bem.

— Ah... entendi... — Ele abaixou os olhos parecendo constrangido, mas


também chateado.

Eu não quero interpretar isso da forma errada. Eu sequer posso fazer isso.

Eu não tinha mais que dezessete anos quando Seokjin me introduziu ao


BDSM, também não tardei a descobrir minha posição enquanto dominador.
Desde então, guiado por dominadores mais experientes e até mesmo por
alguns submissos, eu passei a reunir conhecimentos acerca da
responsabilidade que a dominação traz para minhas mãos.

Sem otimismos fantasiosos, reconheço que esse é um processo contínuo. Um


dominador está sempre em processo de aprendizagem, sempre em um
processo árduo para ser fiel ao verdadeiro significado de dominar, que por
vezes é ridiculamente confundido, por alguns, com autoritarismo.

Mas um dominador não é autoritário, um dominador nunca pode ser egoísta.


Nós precisamos reconhecer diariamente que nosso poder sobre um submisso
sempre estará abaixo de nossa responsabilidade para com ele. São pessoas
que nos confiam seus corpos, por vezes suas vidas, e nós precisamos honrar
essa confiança.

Isso não quer dizer que dominadores não cometem deslizes, tampouco que
todos devem ser carinhosos como eu sou. Cada dom tem sua essência e ela
pode e deve ser reconhecida, porque o BDSM é sobre muito mais que prazer.
BDSM é sobre a liberdade de ser quem você é, pouco importa se seus
prazeres estão ligados a reservar práticas de humilhação ao seu parceiro, ou
se o que te satisfaz é tratar essa pessoa como um tesouro a ser protegido.
Desde que todas as partes envolvidas estejam previamente de acordo - bem
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
como tenham sanidade mental para validar esse consentimento - e desde que
o prazer seja uma via de mão dupla, não existem restrições.

Tudo isso sendo dito, retomo minha primeira afirmação sobre esse assunto:
um dominador é responsável por quem se submete a ele seja casualmente em
uma sessão ou em um relacionamento a longo prazo. Dessa forma, ainda que
nos seja reservado o direito de, como humanos, cometermos certos deslizes,
existem limites que devem ser respeitados, não importa o que.

Por isso, tão logo me descobri como mais uma parte do mundo fetichista, eu
acatei os meus deveres e isso me levou a uma longa jornada de estudos que
pouco se limitou às diversas práticas que me interessavam. Eu estudei sobre
linguagem corporal, me arrisquei a estudar sobre psicologia e me aprofundei
em questões sobre o comportamento humano. Tudo porque, desde o início, me
foi ensinado que um dominador não deve confiar unicamente nas noções de
limite de seu submisso. Por diversos fatores, como desejo de agradar ou
inexperiência, um sub pode se forçar a ir além do que seu corpo e mente
aguentam, e é dever do seu dom estar atento aos sinais do seu corpo para
saber identificar até onde ir mesmo que a safeword não seja dita.

Hoje, os frutos dos meus estudos sobre comportamento humano se enraizaram


até mesmo em meu ambiente de trabalho, mas meu objetivo em relação a isso
sempre vai ser continuar merecedor do título de dominador.

Assim, eu estou atento a cada pequeno gesto do meu submisso. Eu o conheço


dolorosamente bem, aprendi a decifrá-lo através de esforços que se prolongam
dia após dia. Mas, agora, eu tenho medo de interpretá-lo errado.

Eu vejo sua chateação ao relembrarmos que não moramos juntos, mas não
consigo entender se é porque ele gostaria de mudar esse cenário ou se
porque, por outro lado, não se sente pronto para mudá-lo.

Se eu disser que quero tê-lo aqui comigo todos os dias, como será que ele
reagira?

Eu honestamente não sei e isso me frustra.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Jimin... — Eu o chamei, incerto, e logo os olhos castanhos pousaram
ansiosos em mim.

Ele se moveu sobre meu colo e eu suspirei ao perceber que não tenho
coragem de tentar descobrir.

— Eu amo você. — Foi o que eu acabei por dizer, covardemente.

Ele pareceu surpreso por um instante, mas logo seu rosto foi tomado pelo
sorriso que eu tanto amo e seus braços envolveram meu pescoço, deixando-o
mais próximo de mim.

— Eu amo você. — Ele respondeu, me dando outros vários beijos rápidos.

Eu passei a mão por sua perna sem qualquer má intenção ao fazê-lo e fechei
os olhos ao receber outro beijo, sentindo Jimin se mover sobre meu colo,
colando seu peito ao meu.

— Quer carinho? — Ofereceu, já acariciando minhas bochechas.

Eu sorri um pouco, todo bobo. — Você quer? — Contrapus, porque a despeito


de Jimin ser viciado em receber carinho, ultimamente eu fui o único a receber
apropriadamente.

Ele deslizou os olhos num arco, desconfiado, antes de assentir com um


movimento tão discreto que seria capaz de me passar despercebido, e eu sorri
ainda mais, logo retribuindo todos os beijos que ele me deu, segurando-o pelo
quadril enquanto sinto seus dedos brincando com os cabelos em minha nuca.

— A gente pode se beijar de novo? — Ele perguntou, então, com os olhinhos


ansiosos.

Eu quase ri de sua necessidade de questionar, mas preferi não perder mais


tempo e voltei e buscar sua boca com a minha, beijando-o suavemente
somente por um instante, para logo depois retomarmos o ritmo que foi
interrompido pela chegada da minha mãe.

Ele mantém uma mão em meus cabelos enquanto a outra logo alcança meu
ombro, onde nós dois já sabemos de cor que está minha tatuagem, e eu

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
preciso conter um suspiro ao senti-lo arranhando-a cuidadosamente com suas
unhas curtas, ao passo em que retribuo seu gesto ao segurar seu quadril com
mais força e sugar seu lábio cheio entre meus dentes.

Do fundo do meu coração, eu não consigo colocar em palavras como tenho


sorte por poder beijar a boca de Jimin.

Quando eu deslizei meus dedos, subindo-os até sua cintura por baixo de sua
blusa, eu quase gemi ao sentir a pele macia sob meu toque, percebendo o
quanto sinto falta de tocá-lo assim.

— Tira isso — Eu interrompi nosso beijo unicamente para ordenar, repuxando


o tecido de sua camisa.

Obediente como o bom submisso que é quando quer ser, Jimin não demorou a
se afastar um pouco e puxar a blusa para cima, retirando-a de seu corpo e
deixando-o mais exposto para mim.

Diante dessa imagem, eu segurei seu quadril e o afastei com cuidado, somente
para poder observá-lo melhor.

Ele diz que engordou nos últimos tempos e eu não posso discordar, porque as
mudanças são visíveis. Entretanto, não consigo entender como ele ainda não
consegue perceber que isso não diminui em nada toda a sua beleza.

A calça jeans que ele vestiu para poder aparecer diante de minha mãe é
apertada, assim como todas as suas outras calças, e o cós justo marca sua
cintura, fazendo a gordurinha ao redor de seu quadril sobressair. E, caralho, é
lindo.

Talvez Jimin não consiga entender agora, mas existem apenas duas coisas
que eu sinto ao ver seu corpo assim. Uma delas é uma sensação deliciosa de
admiração porque, honestamente, é adorável.

A outra é tesão.

Apesar de estar muito mais tendencioso a me entregar ao segundo, agora, eu


vejo que Jimin usa as mãos para tentar esconder a barriga marcada pela calça
ao perceber quanto tempo passei admirando-a.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Não olha muito... — Ele pediu, sem jeito.

Eu voltei a olhar para seu rosto, tentando não mostrar chateação. Eu sei que
ele está levando seu próprio ritmo para aceitar seu corpo do jeito que é, assim
como sei que essa pode ser uma batalha difícil de vencer. Então, mesmo que
sua aceitação não dependa de mim, eu sempre vou fazer o que estiver ao meu
alcance para ao menos ajudá-lo a perceber que não existe absolutamente nada
de errado em nada no seu corpo.

— É difícil não olhar para algo tão bonito, anjo. — Eu disse, finalmente,
puxando-o outra vez para aproximar nossos corpos.

Ele sorriu um pouco tímido, mas logo voltou a me beijar, talvez se sentindo
mais confortável assim.

Quando o beijo se prolongou ainda mais e eu toquei todo seu abdômen


delicioso com minhas mãos, sentindo-o a ponto de se tornar impossível ignorar
os seus efeitos sobre meu corpo, eu ouvi o gemido manhoso de Jimin subir por
sua garganta quando ele moveu seu quadril contra minha ereção.

Não diferente da minha situação atual, eu confirmei que Jimin está duro outra
vez assim que o toquei através do jeans justo, e ele repuxou meus cabelos e
me beijou com mais intensidade ao sentir minha mão sobre seu membro.

Depois, eu desci minha boca até seu pescoço, beijando-o abaixo da


gargantilha que ele nunca deixa de usar, e desabotoei sua calça. Entretanto, ao
fazê-lo, Jimin pareceu perder um pouco do impulso e me segurou pelos
ombros, um pouco ofegante.

— Acho que é melhor a gente fazer por cima da roupa — Ele sugeriu,
respirando com dificuldade enquanto eu mantenho minha mão sobre seu pênis,
estimulando-o precariamente através do jeans.

— Você não quer? — Questionei com a respiração não muito mais calma que
a sua, usando a outra mão para subir até seu mamilo, estimulando-o com meu
polegar juntamente ao piercing.

Esse caralho desse piercing.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jimin certamente não se preocupou em destruir o meu juízo ao fazer isso, mas
ainda hoje, tanto tempo depois, eu ainda fico louco ao vê-lo.

— Não é isso, é que... — Ele perdeu a voz, tombando a cabeça para a frente
e arranhando minha nuca quando eu massageei a aréola antes de repuxar seu
mamilo entre meus dedos.

— O que? — Insisti, investindo meu quadril contra o seu.

— Ai, meu deusinho... — Ele choramingou, juntando nossas bocas outra vez,
mas somente para morder meu lábio quando voltou a mover seu quadril
também, e dessa vez fui eu quem falhei em conter um gemido.

— Eu te fiz uma pergunta, meu bem. — Relembrei, apertando seu pênis com
mais força ainda através de sua calça.

Apesar de sua óbvia reação a isso, eu notei seu esforço em me responder,


obediente.

— É que eu não tô... sabe? Lisinho... — Ele disse, com a voz manhosa. — Eu
não me depilei...

Eu usei somente uma mão para abaixar sua calça um pouco mais, me dando
mais liberdade para tocá-lo através da roupa íntima.

— Você vai ficar desconfortável se me deixar te ver assim? — Questionei,


então, erguendo meus olhos em busca dos seus.

Não vai ser a primeira vez, honestamente. Apesar de hoje me deparar com sua
notória preferência por sempre se livrar de todos os seus pelos, acredito que
por influência de toda a mídia relacionada ao sexo que parece girar em torno
de uma política opressora de zero-pêlo, eu lembro de vezes no passado em
que ele não esteve depilado, por serem encontros repentinos para os quais não
teve a chance de se preparar apropriadamente, seja lá o que ele julgue como
apropriado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Para mim, pouco importa. Entretanto, se hoje ele não se sente mais à vontade,
não tem muito o que eu possa fazer, então vamos precisar encontrar outra
forma de finalizar o que começamos sem deixá-lo desconfortável

— Você se incomoda? — Ele finalmente respondeu com outro


questionamento, parecendo até curioso.

Eu neguei com um gesto calmo sem parar de estimulá-lo, e talvez seja a


excitação o motivo que o faz ceder, apertando os ombros.

— Então eu não me incomodo também...

Eu sorri, orgulhoso, e não perdi mais um segundo sequer. Outra vez, eu o


empurrei pelo quadril, agora forçando-o a ficar de pé em minha frente, e abaixei
sua calça até que ele usou os próprios pés para se livrar completamente dela,
deixando-a jogada no chão.

Quando eu o puxei para se sentar sobre minhas pernas novamente, ele voltou
a apoiar seus joelhos ao redor do meu quadril e a me beijar intensamente.
Mantendo uma mão sobre sua ereção, eu subi a outra por suas costas até
puxar seus cabelos, assumindo o controle que, por estar por cima, ele talvez
ache que tem em mãos.

— Que saudade disso... — Jimin confessou em meio a um gemido,


evidenciando um sorriso pequeno contra minha boca quando puxei seu cabelos
com ainda mais força.

Eu sorri ainda contra seu próprio sorriso, mas sem malícia. Foi um gesto
genuíno, carregado pelo prazer de me sentir um pouco mais como o eu que
deixou de existir durante as últimas semanas.

— Vem comigo? — Ele perguntou, deslizando seus lábios pelo canto da minha
boca, beijando-me suavemente.

Eu fiz um único movimento em concordância, deixando que ele me puxe pela


mão para ficar de pé e depois me guie até o quarto, sempre com seus dedos

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
pequenos entrelaçados aos meus e o pingente da sua pulseira se chocando
contra nossos pulsos.

E é estranho admitir como uma mão tão pequena, tão menor que a minha, é a
única capaz de me fazer sentir seguro.

Quando chegamos ao quarto ele me tocou gentilmente no peito e eu segui seu


pedido ao entender o que ele queria, logo me sentando sobre a cama. Jimin
apenas pegou nosso lubrificante antes de se juntar a mim, montando em meu
colo e, com as mãos contra meu peitoral outra vez, me empurrou até me deixar
deitado com a cabeça sobre os travesseiros.

Ele sorriu com o lábio preso entre os dentes quando se inclinou sobre meu
corpo, beijando meu maxilar, depois meu pescoço e descendo por todo meu
peito e barriga até chegar ao cós da minha calça de moletom, tirando-a sem
muita dificuldade até me deixar nu e voltando a fazer meu corpo inteiro
responder ao seu toque quando tocou minha coxa com sua boca, deixando um
rastro de beijos singelos, cuidadosos, enquanto uma de suas mãos toca
carinhosamente na cicatriz que ficou em minha perna depois do acidente.

Completamente rendido a ele, verdadeiramente em dúvida sobre quem está


dominando quem nesse exato instante, eu toquei em sua cabeça, retribuindo
todo o seu carinho.

Dali de baixo ele me olhou, então, e finalmente despejou o lubrificante em sua


mão, logo espalhando-o por meu pênis. Depois, Jimin se livrou de sua boxer e
voltou a arrastar seu quadril até deixá-lo posicionado sobre o meu, com suas
pernas grossas me abraçando ao mesmo tempo em que eu sinto suas nádegas
envolvendo meu membro.

Ele usou uma mão para posicionar meu falo contra sua própria entrada, e
respirou devagar quando começou a ser penetrado, enquanto eu seguro seu
quadril com força, lutando contra o impulso de tentar ir rápido demais.

Ainda que algumas vezes façamos sexo assim, agora não é a hora.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
De qualquer forma, a sensação de estar dentro de Jimin é completamente
enlouquecedora. Vai muito além do prazer do sexo. É sobre me conectar ainda
mais a ele sempre que nos amamos assim.

Quando ele me aceitou por inteiro, um suspiro arrastado escapou por seus
lábios e ele deslizou as mãos por meu peitoral antes de encostar sua testa à
minha e beijar minha bochecha suavemente.

— Eu amo você, Jungkook — Ele repetiu com a voz baixa, deixando tantos
outros beijos por minha pele.

Completamente tomado por tudo que Jimin me faz sentir, eu segurei seu
quadril, invertendo nossas posições com cuidado até deixá-lo deitado sobre o
colchão, com meu corpo entre suas pernas ainda envolvendo meu quadril.
Depois, eu voltei a beijar sua boca e ofeguei em meio ao nosso beijo quando
comecei a me mover dentro dele, buscando sua mão com a minha para voltar a
entrelaçar nossos dedos.

Eu não sei quantas vezes repetimos que nos amamos, tampouco sei por
quanto tempo fizemos amor. Mas quando chegamos ao final, eu percebi que
gozar foi o menor dos nossos prazeres. Cada beijo, cada suspiro e cada
declaração sussurrada foram ainda mais prazerosos. Foram como cura, para
mim.

Não suficiente, nós ainda ficamos abraçados por um tempo que poderia se
estender por uma eternidade inteira, com sua mão acariciando minha cabeça
deitada contra seu peito, sem que ele tenha reclamado sequer uma vez de ter
todo o peso do meu corpo sobre o seu.

Eu o amo. Não importa quantas vezes repita isso, nunca vai ser suficiente. Eu
o amo e não sou mais capaz de tê-lo longe de mim.

— Jungkook... — Ele me chamou, depois de tanto tempo de silêncio, com


seus dedos ainda correndo por meus cabelos enquanto o outro braço envolve
meu ombro, me mantendo junto a ele.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Antes que ele dissesse qualquer outra coisa, entretanto, seu celular começou a
tocar, esquecido lá na sala, e nós dois sabemos que é sua mãe ou seu pai, já
que eles ligam todos os dias no mesmo horário para saber como nós estamos.

Jimin então fez menção de que iria se levantar, mas desistiu um segundo
depois.

— Eu ligo pra eles depois. — Ele decidiu, me abraçando com mais força. —
Não quero sair do seu lado.

Eu pisquei demoradamente, acariciando sua barriga. — Então não sai.

— Não vou. Vou ficar aqui. — Anunciou, me abraçando também com suas
pernas.

— Não, Jimin. — Eu disse, sentindo meu coração disparar furiosamente


quando ergui meu rosto para olhá-lo nos olhos.

Ele apertou um pouco as sobrancelhas, confuso, e minha própria respiração


me machucou quando eu juntei coragem para pedir, finalmente.

— Não sai nunca mais. — Eu pedi, percebendo seus olhos se arregalando à


medida que ele entendeu onde quero chegar. — Vem morar comigo, anjo.

[1] Algumas pessoas parecem estar confusas em relação a isso, então


resolvi esclarecer. Muito foi falado aqui sobre o bdsm ser consensual,
mas é importante que vocês saibam que para esse consenso ser válido,
a(s) pessoa(s) envolvida(s) devem estar em plenas faculdades mentais.
Ou seja, uma criança NUNCA vai poder praticar bdsm (dessa forma,
pedofilia não se caracteriza como fetiche. apesar de alguns leitores terem
se confundido em relação a isso), bem como pessoas que sofrem de
transtornos que afetem sua sanidade mental. Lembrem, gente, bdsm é
saudável, ele nunca vai se colocar ao lado de relações que se aproveitem
da vulnerabilidade de uma pessoa, ok? <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
aaaa oláá! eu to bem insatisfeita com o conteúdo do capitulo enquanto
entretenimento, mas acho que me dou por satisfeita com alguns
esclarecimentos que foram feitos através dele. acho, mas caramba, que difícil
entrar na cabeça desse Jungkook, viu? eu passei por uns maus bocados
escrevendo esse capítulo espero que tenham gostado, de qualquer forma, ou
que pelo menos não queiram me apedrejar a

sobre as sugestões que eu pedi para a comemoração do 1M de sub: 95% de


vcs pediram coisas que já estavam planejadas pra acontecer ao longo da
história, mas tb eram coisas que não podiam ser encaixadas nesse capítulo,
então tenham calma que tudo vai acontecer no devido tempo rs

ah, se vocês quiserem participar de um grupo no whatsapp para leitores de


sub, vocês podem encontrar o link lá na bio do Ficsubmissive yaaay

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
34 • Carpe Noctem
Dedicado a chxrrymin

Talvez eu tenha ficado em silêncio por tempo demais, incapaz de digerir a


pergunta feita por Jungkook.

Ele realmente me disse que quer morar comigo?

Eu me remexi um pouco tenso, ainda sentindo seu corpo nu sobre o meu, e


pisquei demoradamente ao perceber seu olhar sério, mas cheio de expectativa.
Eu acho que também consigo sentir seu coração batendo muito rápido, no
mesmo compasso do meu.

— Você tá falando sério, Jungkook? — Eu perguntei, na falta de resposta


melhor.

— Eu não aguento mais ficar longe de você, anjo. — Ele justificou, ansioso. —
Eu quero estar sempre perto de você...

Minha boca parece ter secado instantaneamente e eu me movi novamente,


dessa vez sendo acompanhado por Jungkook que também acabou por se
afastar um pouco, sentando em minha frente quando eu também me sentei,
puxando a coberta para cobrir meu corpo.

— Jungkook, eu... — Comecei a dizer, ainda surpreso demais para articular


qualquer resposta bem elaborada. — Eu não sei...

A decepção em seu olhar foi visível e eu nunca me senti tão sufocado quanto
durante os segundos em que ele ficou em silêncio, obviamente tentando não
evidenciar sua reação.

— Você não quer? — Finalmente perguntou, então, com a voz insegura.

— Não é isso! — Fui rápido em me justificar, rapidamente me aproximando


dele outra vez para segurar seu rosto com minhas mãos. — Eu quero muito
ficar sempre perto de você também, mas... e meus pais? E meus amigos? Eu
não sei se...

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook balançou a cabeça numa concordância fraca, diante da minha
incerteza sobre como me justificar.

— Eu sei. Eu entendo de verdade. — Ele disse, passando os braços por meus


ombros e me puxando em sua direção, até deixar um beijo no topo de minha
cabeça quando a deitei em seu peito. — Me desculpa, eu não deveria sugerir
algo assim tão de repente.

Eu neguei a necessidade de seu pedido de desculpas com um gesto sem muita


energia, também passando minhas mãos para suas costas, abraçando-o de
volta.

Eu não menti quando disse que realmente quero estar sempre perto dele.
Entretanto, estar perto de Jungkook significa estar longe de todas as outras
pessoas importantes da minha vida e eu não sei se estou pronto para isso.

Dessa forma, eu não insisti nesse assunto nem no momento em que ele foi
trazido à tona, nem durante os quatro dias que se seguiram. Agora, nós
finalmente chegamos ao último dia do ano e eu não estou nem perto de chegar
a uma conclusão.

Eu gostaria de dizer que, apesar disso, as coisas não mudaram com Jungkook
e eu vejo que ele se esforça para não deixar isso acontecer, mas é impossível
negar que durante os últimos dias existe um desconforto persistente entre nós
dois e é estranho porque uma das coisas mais marcantes em nosso
relacionamento sempre foi a liberdade de estarmos confortáveis ao lado um
com o outro.

— Junghyun vai ver a queima de fogos hoje. Acho que as crianças que
insistiram nisso

— Jungkook anunciou, sentado ao meu lado enquanto assistimos na TV uma


das várias reportagens sobre a virada do ano. — Ele está perguntando se nós
queremos ir com eles.

Eu viro meu rosto para ele, vendo-o com o celular em mãos, e suspiro ao
perceber a distância pequena e sutil, porém perceptível, entre nós dois,
diferente de todas as vezes em que sentamos um grudado ao outro.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você quer ir? — Eu perguntei, abraçando a almofada em meu colo, mas no
fundo querendo abraçar Jungkook.

— Eu já estraguei nosso primeiro natal juntos. — Ele disse, deixando o celular


de lado. — Não quero estragar a virada do ano também. Nós deveríamos fazer
algo para não passar em branco.

Eu suspirei, negando sinceramente. — Você não estragou nada, Jungkook.


Nós planejamos outra coisa pro natal, mas a gente não tinha como prever o
que aconteceu com seu pai. Não é culpa sua e eu não quero que você se sinta
mal por isso, tá?

Jungkook relaxou o corpo sobre o sofá e, com a cabeça deitada contra o


encosto, ele virou o rosto mais para mim, descendo os olhos até o espaço
entre nossos corpos.

— Por que você está tão longe de mim, anjo?

Eu apertei meus lábios e, um pouco sem jeito, me arrastei sobre o estofado até
parar pertinho dele, sentindo minha perna tocar a sua, e não ofereci resistência
quando ele me abraçou, deixando um beijinho em minha testa

— Melhor assim. — Anunciou, me apertando um pouco mais.

Eu sorri sem muita força, devolvendo o beijo em seu ombro e envolvendo seu
abdômen com meu braço também.

— Eu sei que você não se importa por termos passado o natal desse jeito,
porque você é a coisa mais preciosa desse mundo — Jungkook voltou a dizer,
então. — Mas eu realmente acho que deveríamos fazer algo diferente agora
que chegamos ao último dia do ano.

— Então você quer ir ver a queima de fogos com seu irmão? — Perguntei,
curioso.

— Não, eu pensei em outra coisa, na verdade. — Confessou. — Lembra que


Seokjin falou sobre uma boate para pessoas como nós três?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Paradise lost? — Chutei o nome depois de revirar minha mente atrás da
lembrança. — Lembro...

— Você quer conhecer hoje?

Eu espalmei as mãos em seu peito para me afastar um pouco e olhá-lo com


mais atenção, até desconfiado.

— Hoje? — Insisti, porque não sei se uma boate é o ambiente mais propício
para ele agora. — Jungkook, se você preferir ficar em casa, eu realmente não
me importo... não precisa fazer isso por mim.

— Eu quero ir, meu bem. — Garantiu, diante da minha desconfiança. — Eu


quero te mostrar um pouco mais do que o BDSM pode oferecer. Acho que vai
me fazer bem.

Eu umedeci meus lábios, analisando-o com concentração até decidir que ele
parece estar sendo sincero. Por isso, acabei por ceder: — Então eu quero ir
também.

Jungkook sorriu satisfeito e me foi oferecido mais um beijo gostoso na


bochecha.

— Então vamos nos arrumar.

— Agora? — Me assustei novamente, porque ainda são seis e meia da noite. -


Mas tá muito cedo...

— Nós precisamos chegar cedo. É sua primeira vez indo lá e existe um pouco
de... burocracia para novatos.

— Ai, meu deus... eu preciso ficar nervoso? Perguntei, medroso.

— Claro que não, eu vou estar lá com meu bebê. — Ele tentou me tranquilizar,
mas o efeito imediato foi me deixar muito bobo.

Um tempo atrás eu com certeza ficaria ofendido por ser chamado de bebê com
tanta frequência, talvez por ser complexado com minha idade e imaturidade e
poder achar que ser apelidado assim significaria deboche. Agora, entretanto,

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
eu assumidamente amo ser o bebê do Jungkook e ser chamado assim por ele
me desmonta todinho.

— Então... o que eu visto? — Perguntei, depois de reservar alguns


segundinhos para encolher meus ombros e cobrir meu sorriso bobo com
minhas mãos pequenas.

Jungkook me puxou um pouco mais até me fazer sentar sobre sua perna e eu
fui rápido em envolver seu pescoço com meus braços, aceitando de bom grado
o nosso grudinho.

— Você sabe o que é o dresscode no BDSM? — Ele perguntou, então, diante


do meu questionamento.

Eu neguei, um pouco curioso. Eu sei que dress code em geral se refere a um


tipo de vestimenta específico para determinada situação e apesar de já ter me
deparado com o termo nos fóruns que frequento sobre dominação e
submissão, nunca me preocupei em me inteirar sobre o que seria o dress code
apropriado nesse meio.

— Uma das principais regras é que as roupas dos convidados devem ser
eróticas ou ligadas a algum fetiche, não importa qual. — Ele explicou
pacientemente, como sempre faz.

— Clubes fetichistas como a Paradise lost costumam adotar esse dresscode


porque é uma forma de melhorar a ambientação e também de evitar que
baunilhas tenham acesso acidental a esses lugares.

— Eu não tenho nenhuma roupa erótica... — Me lamentei, já acreditando que


isso vai estragar nossos planos.

— Vestimentas fetichistas também contam, anjo. — Ele repetiu, carinhoso. —


Todo tipo de vestimenta fetichista. Roupas sociais, uniformes, roupas de couro
ou látex, até acessórios. As opções são muitas.

Eu pisquei demoradamente para ele, manhoso. — Você pode escolher minha


roupa?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook pareceu completamente satisfeito com meu pedido e mesmo que eu
tenha sido guiado pela indecisão ao pedir isso, vê-lo tão feliz assim por algo
que eu disse faz de mimo sub mais feliz e orgulhoso desse mundo todo.

— Escolho. — Ele anunciou orgulhosamente e eu me assustei brevemente


quando ele se pôs de pé logo depois, me carregando em seus braços até o
quarto.

E isso me deixa ainda mais feliz, a ponto de sentir que tanta satisfação não
cabe em mim.

Eu sinceramente, do fundo do meu coração, não me importo de ter precisado


cuidar de Jungkook durante os últimos dias. Eu poderia fazê-lo por mais um
ano inteiro se fosse necessário e meu único medo seria não saber se eu cuidei
dele da forma como ele merece, mas eu fiz meu melhor e espero que isso
tenha sido suficiente.

Por outro lado, vê-lo se recompondo é muito mais prazeroso, porque é assim
que eu posso voltar a ver seu sorriso lindo e a ter a certeza de que meu
Jungkook está começando a se sentir bem aos pouquinhos. E vê-lo bem e feliz
é tudo que eu mais quero nessa vida.

Por isso, ser carregado por ele dessa forma e vê-lo sentindo o prazer de voltar
a me dominar do jeito que nós dois tanto amamos me deixa feliz por muito mais
que poder me submeter ao meu dominador outra vez. Me deixa feliz por saber
que ele está feliz também.

Mas é claro que eu também estou quase explodindo em satisfação por me


sentir como o subzinho do Jungkook novamente.

— Você tem muitos jeans — Ele apontou enquanto vê todas as roupas que,
depois de todos esses dias que passei aqui, foram retiradas da mala e
colocadas num cantinho do seu armário reservado para mim.

— Jeans não pode? — Questionei sentado na ponta da cama do mesmo


jeitinho que ele me deixou, apenas aguardando sua escolha.

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— Não. Jeans são proibidos, principalmente os claros — Ele explicou sem me
olhar e acabou por retirar uma calça preta, lista e justa da minha pilha
bagunçada de roupas. — Você pode vestir essa. — Anunciou, colocando-a
sobre meu colo e me deixando um beijinho na testa antes de voltar para
escolher o restante.

— Eu posso usar minha coleira? — Perguntei, ansioso. — A de verdade, não a


social?

— Deve. — Respondeu, virando para mim outra vez, agora com uma blusa
branca e simples nas mãos. — Vista essa blusa por enquanto. Tive uma ideia
melhor.

— Como assim?

— Espere um pouco e você vai descobrir.

— Você sempre faz isso... — Resmunguei, apertando meus lábios num


biquinho dengoso.

— É porque você fica lindo quando está curioso, anjo. — Explicou, mas parece
balela.

— Torça pra eu não morrer de curiosidade, então, porque senão você vai ficar
aí se lamentando pelos cantos porque matou o pobrezinho do Jimin, tá?

Jungkook gargalhou com minha previsão pessimista, retirando suas próprias


roupas do armário também, e eu meio que já estou com tesão porque vi que
sua calça é de couro.

Eu nunca vi Jungkook vestindo uma dessas, mas posso imaginar desde já que
vai ficar maravilhoso, porque tudo fica maravilhoso no meu homem.

— Vem, vamos tomar banho. Ele estendeu a mão para mim, depois de deixar
as peças de roupa sobre a cama.

— Juntos? — Perguntei, empolgado, já alcançando sua mão com a minha e


sendo puxado com cuidado em direção ao banheiro.

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— Sim. — Respondeu, sorrindo com meu entusiasmo. — Mas só vamos tomar
banho.

Eu balancei a cabeça numa concordância empolgada, porque nem tive nenhum


pensamento safado. Eu só quero mesmo matar a saudade de tomar um banho
com ele, de receber beijinhos enquanto meu cabelo é ensaboado e de sempre
rir infantilmente quando ele passa sabonete no meu pauzinho, sem malícia
alguma.

Quando entramos no banheiro, então, Jungkook tirou minha roupa com


cuidado e me deixou tirar a dele também, e é até engraçado o jeito como nós
dois sorrimos feito dois bobalhões quando ligamos o chuveiro, como se essa
fosse a primeira vez que tomamos banho juntos.

Depois, nós secamos nossos cabelos tão bem quanto nossa paciência nos
permite e vestimos nossas roupas previamente escolhidas.

E, é, eu tinha razão. Jungkook vestindo uma calça de couro é a própria


definição de perdição.

As coxas bem torneadas ficam perfeitamente delineadas pela peça justa, sua
bunda também fica maravilhosa e dá pra ver a elevação sutil que seu membro
deixa na região de sua virilha. Não suficiente, ele também afivelou seu cinto e
escolheu uma blusa preta sem mangas que deixa seus braços amostra e eu
lamento muito por todas as pessoas que vão olhar para isso tudo e não vou
poder tocar, porque é tudinho meu.

Por fim, ele colocou minha coleira em meu pescoço, nós pegamos nossos
casacos e calçamos nossos pés. Aparentemente usar um all star amarelo ou
qualquer uma das minhas opções de tênis coloridos não é muito apropriado,
então Jungkook calçou um par de botas de combate e me emprestou um par
de sapatos de couro casual, sem cadarço.

Mas como seu pé é um pouco maior que o meu, eu tive que enfiar uns três
pares de meias bem grossas para o diabo do calçado não ficar saindo e ele
ficou rindo disso até chegarmos ao carro.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Durante todo o percurso eu amassei as mangas do meu casaco de botões,
curioso para saber para onde estamos indo, e me assustei um pouco quando
ele estacionou diante da casa de Seokjin. Eu só estive aqui uma vez, bêbado,
mas nunca esqueceria dessa fachada luxuosa.

Ao me dar conta disso eu mirei Jungkook com meus olhos curiosos e


preocupados, porque durante todas as últimas semanas em foi reticente em
manter Seokjin afastado, e eu percebi, através de todas as mensagens que
troquei com ele, que apesar de compreensivo, ele estava um pouco magoado.

— A gente vai levar o Seokjin também? — Perguntei, inocentemente, quando


descemos do carro e ele me guiou até a entrada, arrumando o blazer bem
ajustado ao seu corpo depois de tocar a campainha.

— Se ele quiser vir, não vejo problema. — Jungkook respondeu. — Mas nós
viemos aqui pedir uma coisa.

Mesmo cada vez mais curioso, eu não insisti em minhas perguntas e esperei
em silêncio até que a porta foi aberta e um Seokjin com um conjunto de
moletom cor de rosa, meias e óculos nos recebeu, com os olhos arregalados
ao nos reconhecer.

— Eu estou sonhando? — Ele perguntou e eu fui meio impulsivo quando, feliz


por revê-lo, dei um pulinho em sua direção e o abracei, sendo imediatamente
retribuído apesar do seu óbvio choque. E, meu deus, eu fico ainda menor perto
dele que perto de Jungkook.

— Oi. — Jungkook o cumprimentou, parecendo um pouco sem jeito.

Eu percebi a forma como Seokjin o analisou meticulosamente antes de, ainda


me envolvendo com um braço, balançar a cabeça num cumprimento
apalermado.

— Você está abraçando meu submisso há muito tempo. — Apontou, então,


sem parecer verdadeiramente incomodado por isso.

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Com um sorriso frágil, Seokjin me soltou e pareceu hesitar um pouco antes de
dar um passo em direção a Jungkook, estendendo os braços para ele. — Então
me abraça você.

Jungkook mostrou um sorriso pequeno e não o rejeitou, logo aceitando o


abraço que lhe foi pedido, e Seokjin o apertou com muita força e por muito
tempo antes de dar um tapão na bunda dele.

— Nunca mais faça isso comigo! — Ele disse, afastando-se com os olhos
avermelhados.

— Me desculpe. Eu só precisava de um tempo. — Jungkook reafirmou,


olhando-o com carinho. — Obrigado por ter respeitado isso.

Seokjin tentou fazer pose de durão, mas se desmanchou num suspiro rendido
antes de gesticular para o lado de dentro. — Entrem logo antes que eu comece
a chorar, vai. - Ele disse, e questionou quando o seguimos até sua sala: — Não
que eu não esteja feliz por ver o bebezinho e o amigo ingrato, mas o que estão
fazendo aqui?

— Nós precisamos de uma coisa sua. — Jungkook disse, rapidamente. —


Empreste um harness ao Jimin.

Seokjin pareceu confuso por um instante, depois analisou as roupas de


Jungkook, e por fim pareceu ter as ideias esclarecidas: — Vocês vão para a
Paradise?— Diante da nossa confirmação, ele sorriu. — Infelizmente não vou
acompanhar vocês porque preciso ir para a festa de ano novo do escritório,
mas espero que se divirtam. Venham comigo, vamos escolher um arreio bem
bonito pra esse sub lindo.

— Arreio é a mesma coisa que harness? — Eu sussurrei para Jungkook, com


meus dedos entrelaçados aos dele enquanto seguimos Seokjin por sua casa
maravilhosa como o proprietário.

— Sim, meu bem. — Ele respondeu, puxando minha mão até sua boca para
beijá-la com cuidado. — Nós vamos providenciar um para você depois.

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Eu concordei, sem objeções a isso, e me mantive calado até chegarmos ao
que pressuponho ser o quarto de Seokjin, depois fomos guiados ao seu closet
e ele abriu uma das portas compridas, revelando um compartimento cheio de
acessórios de couro e objetos de práticas sadomasoquistas.

— Eu disse que tenho kink pra dar e vender... — Ele explicou e eu até ri com o
contraste disso tudo com sua roupa toda cor de rosa e suas meias cheias de
bolinhas coloridas.

Depois, ele retirou quatro harness diferentes e os apoiou numa superfície livre,
exibindo-os para mim. Depois de receber a permissão para escolher o que
mais me agrada, eu acabei escolhendo o mais simples de todos mas me é hem
bonito.

— Você pode nos deixar sozinhos por um tempo, Seokjin? — Jungkook


perguntou, já começando a tirar meu casaco e eu não me opus por acreditar
que ele só pretendia colocar o arreio por cima da minha blusa.

— Fiquem à vontade. — Seu amigo disse, tranquilo, fechando a porta depois


de nos deixar a sós no closet. Quando ele o fez, entretanto, Jungkook me
deixou confuso ao começar a tirar também minha blusa.

— A gente vai transar aqui? — Eu perguntei, erguendo os braços para deixar


que ele a tire de mim sem dificuldades.

— Não, anjo. — Ele riu da minha suposição, e logo começou a ajustar o


harness que eu escolhi sobre meu tronco nu. — Eu quero que você vá assim
até a Paradise.

— Sem blusa? — Questionei, previamente embaraçado, já olhando para baixo


para ver minha barriga gorda exposta.

— Sim. Apenas com o arreio — Ele disse, afivelando-o até deixá-lo bem preso
ao meu corpo, e depois me guiou pelos ombros até me posicionar em frente a
um espelho de corpo inteiro.

Eu olhei para meu reflexo, vendo a calça preta ser acompanhada apenas pelos
sapatos de couro, minha coleira grossa e pelo harness simples, com quatro

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faixas de couro que formam um X na parte frontal e posterior do meu tronco,
com as alças preenchidas por tachinhas passando por meus ombros e por
minhas costelas.

— Vão ficar me olhando estranho, Jungkook... eu não posso me vestir assim...

— Você pode se vestir como quiser. — Ele disse, descendo as mãos por minha
cintura, com seu corpo posicionado atrás do meu. - E é por isso que não vou te
obrigar a ir desse jeito, mas eu realmente quero te ver assim quando
estivermos lá.

Eu voltei a analisar a imagem refletida no espelho, inseguro. Eu sei que não me


sentiria assim se tivesse um corpo mais magro e é por isso que eu acabo por
ceder. Meu corpo é assim e eu não tenho a mínima pretensão de passar horas
numa academia tentando modificá-lo e defini-lo, então me resta aceitá-lo da
forma que é, por mais que essa esteja sendo uma tarefa difícil.

— Tá. Eu vou - Murmurei, ainda sem muita certeza. — Mas a gente pode levar
a blusa? Eu vou querer vestir se me sentir desconfortável...

— Claro que podemos, meu bem. — Ele garantiu, sorrindo orgulhoso com
minha decisão, e eu sorri também ao receber um abraço bem apertado por
isso, e então se vangloriou: — Os outros dominadores vão ficar com tanta
inveja por não poder ter esse submisso lindo, sabia?

— Você é todo perfeito, só seus olhos que não funcionam direitinho, né?
Porque pra achar que alguém vai sentir inveja por não poder ter isso... — Eu
provoquei, brincalhão, e recebi um aperto na cintura em repreensão.

— Respeite o corpo do meu menino,

Eu sorri, logo depois comecei a rir. — Dessa vez foi só brincadeirinha,

— Não gosto de brincadeiras assim, então não faça. — Ele foi duro ao dizer, e
eu murchei.

— Tá... desculpa...

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Ele respirou fundo, depois se afastou e pegou meu casaco, voltando a colocá-
lo sobre meu corpo. — Vista isso até chegarmos lá. — Ele disse, também
pegando a blusa, porém levando-a em sua mão.

— Ficou bom? — Seokjin perguntou quando saímos do closet, parecendo


muito certo sobre o resultado.

— Claro que ficou. — Jungkook respondeu, voltando a segurar minha mão.

— É, eu sabia. Impossível alguma coisa não cair bem nesse tesourinho lindo!

Jungkook sorriu e eu me encolhi todo com uma risada boba, porque Seokjin é
muito fofo.

— Nós já vamos agora. Ainda precisamos assinar o contrato do Jimin —


Jungkook anunciou e eu me assustei um pouco ao saber que algo assim vai
precisar ser feito, mas vou deixar para tirar minhas conclusões quando
chegarmos lá.

— Certo, mas antes... — Seokjin gesticulou para mim, voltando até seu closet,
e eu o segui depois de receber a autorização de Jungkook.

— Aqui, bebê — Ele sussurrou ao me entregar um pacotinho e eu ri ao


perceber que é um sachê de lubrificante. — É provável que vocês precisem.

— Obrigado! Vou fazer bom uso dele! — Garanti, guardando-o no bolso da


minha calça, torcendo para que não estoure.

Depois disso e de Jungkook ouvir um sermão relâmpago sobre precisar visitar


também seu irmão, que esteve preocupado durante todo esse tempo em que
ele se manteve afastado, nós saímos da casa de Seokjin e voltamos ao carro.

— Será que eu vou gostar? — Eu perguntei, ansioso, enquanto Jungkook


dirige parecendo conhecer bem o caminho. — Eu tô um pouco nervoso...

Jungkook sorriu num gesto suave, sem tirar os olhos da pista à frente. — Não
precisa se sentir assim, meu bem. Eu acredito que você vai gostar. — Ele me
tranquilizou, com sua mão pousada sobre minha perna. — E se você não

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
gostar, tudo bem também, nós podemos sair de lá a qualquer hora e arranjar
um lugar para comprar doces para você. Certo?

Eu sorri, empolgado com sua proposta. — Tá bom!

Quando ele estacionou, nós tivemos que caminhar mais um bocado, porque as
ruas nessa região são majoritariamente exclusivas para pedestres e existem
boates e clubes noturnos em todo canto, embora ainda seja cedo demais para
que qualquer um deles esteja funcionando.

— Nós estamos em Hongdae — Jungkook me disse diante do meu olhar atento


a cada cantinho, um tanto impressionado, porque não existe um lugar assim
em Nam-gu.

Eu concordei, abobalhado, enquanto sinto meu sorriso crescer. — Eu acho que


gosto muito de Seul. — Confessei, risonho.

— Eu gosto mais agora que você está aqui. — Jungkook contrapôs, me


deixando todo derretido de novo,

Depois de andarmos mais um pouco, então, nós paramos diante de uma boate
particularmente maior que as outras, com as paredes num tom acinzentado de
pedra e com o nome Paradise cravado em tons coloridos logo acima da
entrada principal.

Como as outras, ela não parece estar no seu horário de funcionamento, mas
nossa entrada foi liberada por um segurança depois que Jungkook anunciou
que íamos até a Paradise lost, e só então eu percebi que a Paradise e a
Paradise lost são dois lugares distintos, um dentro do outro.

Depois de atravessarmos o salão enorme e ainda vazio, ocupado somente por


funcionários se preparando para a abertura do local, Jungkook nos levou até
uma outra passagem um pouco escondida, onde fomos recepcionados por
outro segurança e tivemos acesso a uma salinha menor como uma segunda
recepção, onde existem mais duas portas, uma larga, metálica, e uma de
madeira comum.

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— A boate só abre as 22h — O segurança informou com a voz suave apesar
de seu tamanho assustador. — Então acredito que estejam aqui para
assuntos.. administrativos.

— É a primeira vez dele aqui. — Jungkook fez um pequeno gesto em minha


direção, e isso pareceu esclarecer tudo para o homem gigante em nossa
frente, que sorriu.

— Nossos secretários presentes estão todos ocupados, por enquanto, mas


vocês podem esperar aqui. — Ele apontou para um dos dois sofás,
educadamente. — Parece que a boate vai estar cheia de novatos hoje.

Eu olhei um pouco confuso para Jungkook, sem entender direito tudo isso que
está acontecendo, e ele me fez sentar ao seu lado, mantendo sua mão presa à
minha enquanto parece se tornar consciente sobre minha confusão

— Qualquer pessoa precisa fazer um cadastro antes de ter acesso à Paradise


lost. — Ele me explicou, baixinho. — Os secretários são funcionários que
explicam individualmente a cada novato todas as regras, seus direitos e seus
deveres e esclarecem suas dúvidas por meio de um contrato que precisa ser
assinado para a validação do cadastro. É como um termo de compromisso.

— Ah — Eu puxei o ar, com as ideias mais esclarecidas. — Quanta burocracia,


né?

— É o meio que encontraram para diminuir os riscos. Existem muitas pessoas


que vêm a lugares como esse com más intenções, então é preciso ter controle
sobre qualquer um que entre, porque qualquer atitude errada pode ser
detectada e a entrada da pessoa, proibida. É para nossa segurança, meu bem.

Eu concordei outra vez, com um sorriso quase orgulhoso, mas tive minha
resposta seguinte interrompida quando a porta pela qual entramos foi aberta
outra vez e um outro homem entrou, resmungando.

— O trânsito dessa cidade é infernal — Ele bufou para o segurança, parecendo


irritado enquanto se livra de seu cachecol. — Desculpa o atraso, Big Matthew.
Perdi algo?

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— Quase. A última noite do ano vai ser agitada, pelo visto. Tem um novato
para você — O segurança informou, bem humorado, e só então os olhos do
recém chegado pareceram se atentar à nossa presença,

Por reflexo, eu o olhei de volta, identifiquei seus cabelos tingidos de cinza, os


olhos pequenos e escuros e o pouco tamanho, semelhante ao meu. E ok, é um
cara bem bonito, mas não me chama muito a atenção embora a reciproca
pareça ser bem falsa, porque sua expressão irritada foi transformada assim
que ele me olhou com mais atenção e um sorriso pequeno apareceu em seu
rosto.

— Oh. Parece que eu te conheço de algum lugar — Ele disse, olhando


somente para mim, como se Jungkook sequer existisse. — Por acaso seu
nome é Jimin?

Meu deus, de onde esse doido me conhece?

— Quem é você? — Eu devolvi, malcriado.

Ele sorriu novamente, mostrando a gengiva e uns dentinhos pequenos.

— Eu sou Min Yoongi.

Eu ainda o olhei com estranhamento, até a lembrança me atingir de repente e


eu arregalar meus olhos ao ligar os pontos. DOMin_Yoongi!

Aparentemente, Jungkook também parece ligar o nome ao usuário do fórum,


porque eu logo sinto seu braço me envolver com mais força.

— É esse o novato? E não tem mais ninguém para atendê-lo? — O tal Min
Yoongi perguntou para o segurança, então, e voltou a olhar para mim depois
de ter confirmação às duas perguntas. — Então parece que você é meu, Jimin.

Meu olhar viajou até Jungkook e eu o vi com o osso do maxilar travado e os


olhos quase pegando fogo, mirados em DOMin_Yoongi.

— Eu prefiro que ele seja atendido por outra pessoa. — Jungkook disse,
friamente.

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— Você não parece novo por aqui, então deve saber que não é assim que
funciona - Yoongi devolveu, gesticulando para mim. — Aliás, você também
deve saber que esse processo pode ser bastante demorado, mas eu prometo
que vou cuidar bem dele enquanto estivermos juntos.

Eu juro que nunca vi Jungkook se irritar dessa forma, tão fácil, e honestamente
entendo o porquê, já que esse cara parece falar tudo em óbvio tom de
provocação. E eu não gosto disso.

Eu não gosto desse Yoongi.

— Vamos, Jimin?

— Não quero ir com você, não. — Eu respondi, bravo, até mal educado.

Eu vi os olhos de Yoongi se arregalarem brevemente e ouvi a respiração tensa


de Jungkook ao meu lado, até que ele acabou por soltar um suspiro carregado
e conformado.

— Vá com ele. Se ele fizer qualquer coisa que te deixe desconfortável, me


avise que nós reportamos à direção — Jungkook me disse, atraindo minha
atenção, e eu me surpreendi ao senti-lo segurando minha nuca logo antes de
me puxar para um beijo e deslizar sua mão pela coleira em meu pescoço,
parecendo se gabar por tê-la ali. — Eu vou ficar te esperando.

— Você não vem junto? — Perguntei, incomodado.

— Acompanhantes não são permitidos. — Yoongi voltou a dizer, parecendo


mudar brevemente o tom depois da ameaça explícita de Jungkook. — Vamos?

Eu olhei para Jungkook mais uma vez, ainda inseguro, e só levantei depois de
receber sua confirmação, sem deixar de perceber seu olhar voltando para
Yoongi logo em seguida, fuzilando-o.

Tenso, eu segui o provocador chato através da porta de madeira, me


deparando com um lugar bem iluminado cheio de várias outras salas fechadas
e por onde sou guiado até a última sala livre, que é ocupada por uma mesa
simples, um computador, um organizador de arquivos e duas cadeiras, uma de
frente para a outra.
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— Ok, Jimin. — Ele disse quando já estamos sentados, colocando uma ficha
impressa em minha frente e me oferecendo uma caneta. — Eu vou precisar de
um documento com foto.

Eu o olhei ainda bravo, mas tirei a identidade do bolso e a entreguei, já que


Jungkook me alertou para trazê-la.

— Aquele homem que estava com você já te explicou algo sobre esse lugar?
— Ele perguntou, atento ao computador que acabou de ligar

— Aquele homem é meu dominador, pode se referir a ele assim. — Eu disse,


arredio.- E sim, ele já me explicou muita coisa.

Ele sorriu com minha resposta malcriada. — Eu preciso explicar tudo, de


qualquer forma. Primeiro, leia o documento que te entreguei. Eu vou adiantar
seu cadastro no sistema.

Eu lancei uma última olhadela irritada para ele antes de abaixar meus olhos,
me deparando com várias cláusulas e esclarecimentos. Em suma, tudo na
Paradise lost é regido por um sistema eletrônico e os direitos de cada um ali
dentro dependem de sua conduta e do seu tempo frequentando o lugar. Existe
um bar, mas só pessoas que frequentam há mais tempo podem comprar
bebidas alcoólicas e ainda assim a quantidade é estritamente limitada. Existem
também ambientes fechados como quartos de motel dentro da própria boate,
além de quartos com paredes de vidro para práticas exibicionistas e uma sala
exclusiva para exibições sadomasoquistas. Como o álcool, esses lugares são
vetados a novatos e nos é permitido apenas o direito de assistir.

Basicamente, eu tenho agora acesso ao bar, desde que para comprar qualquer
coisa sem teor alcoólico, à pista de dança e ao banheiro.

Existem várias outras regras que enumeram comportamentos que não são
aceitos de forma alguma dentro do clube, bem como os que geram
advertências que, acumuladas em mais de duas, podem levar à expulsão
permanente.

O documento é longo, exaustivo, e minha vista já está cansada quando termino


de lê-lo, com a sensação de que acabei de ler o código penal coreano inteiro.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Terminou? — Yoongi perguntou quando eu afastei brevemente os papeis,
suspirando com cansaço. — Alguma dúvida?

— Não. É bem autoexplicativo. — Apontei, quase numa reclamação. Já acabou


aí?

— Quase. Preciso da sua assinatura nesse mesmo documento. Eu posso


enviar uma cópia do regulamento para seu e-mail, mas essa fica comigo.
Depois preciso que você preencha essa ficha — Ele deslizou uma nova folha
em minha direção. — e marque todos os fetiches nos quais você tem interesse.
Com base nela nós podemos te notificar sempre que surgir algum evento que
possa te interessar.

Eu olhei para a ficha e, depois de assinar o termo de compromisso, comecei a


ler a longa lista de fetiches e práticas. Apesar de reconhecer alguns, existem
vários outros dos quais nunca ouvi falar.

— Eu não conheço um monte desses aqui — Confessei, meio sem jeito.

— Não? Aquele seu dominador não parece estar fazendo um bom trabalho em
te guiar...

— Cala a boca. Ele é o melhor dominador do mundo! — Rebati, agressivo. — E


é melhor você fazer o seu trabalho sem tentar me provocar ou eu vou te
denunciar pro seu chefe, seu chato!

Ele ergueu as mãos, rendendo-se, e acabou por rir de mim. — Certo, novato,
me desculpe. Estou me deixando levar por meu interesse em você, confesso,
mas vou me comportar.

— Você nem me conhece, seu maluco. E eu vou te dizer o que fazer com esse
interesse daqui a pouquinho — Resmunguei.

— Eu estou interessado por sua descrição no fórum e por sua aparência, não
estou aqui confessando sentimentos. É interesse puramente carnal. E você é
adoravelmente agressivo, Jimin, desse jeito vai ser difícil perder o interesse por
você. Eu adoro um bratzinho que não sabe o seu lugar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você me chamou do quê? — Eu quase enfiei a caneta no olho desse cara
de pau, ofendidíssimo.

— Oh, você fica ofendido? Me desculpe. - Ele gesticulou, parecendo se divertir.


— Tudo bem, estou aqui para fazer meu trabalho. Aponte para mim quais
fetiches você não conhece que eu te descrevo brevemente, assim você pode
dizer se tem curiosidade ou não.

Eu bufei, já cansado de estar na presença dele, mas acabei por fazer o que me
foi pedido e apontei para cada nomezinho que me era estranho. Isso levou
mais um tempão e só depois do cadastro ser finalizado é que eu fui liberado,
finalmente.

— Jimin? — Yoongi me chamou quando eu fiquei de pé, ainda antes de sair da


sala sem sequer me despedir desse chatão.

— Que é?

— Quando você não usar mais uma coleira e quiser se submeter a um


dominador melhor, me deixe saber.

— Vai se arrombar! — Praguejei, incrédulo, antes de sair de perto desse


panaca, bem puto da vida.

Quando eu voltei para a salinha onde Jungkook estava, ele ficou


imediatamente de pé ao me ver e eu me adiantei até ele, abraçando-o para
consolá-lo das coisas ruins que Yoongi disse sobre ele enquanto dominador,
mesmo que ele nem saiba disso.

— Está tudo bem? — Ele perguntou, um pouco surpreso por minha reação.

— Tá sim, porque eu tenho o melhor dom-dom do mundo! — Eu disse, de


imediato.

— O que? — Ele riu um pouco, acariciando minha cintura enquanto ainda o


abraço. — Isso é repentino, mas eu vou aceitar o elogio.

Eu sorri satisfeito e só então segurei sua mão, ansioso para finalmente


conhecer a boate mais burocrática do país.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Depois de mostrar meu documento junto ao de Jungkook para o segurança,
nossa entrada para a Paradise lost foi liberada e eu passei tanto tempo
naquela saleta com o chato do Yoongi que o lugar além de já estar
funcionando, também já está começando a ficar cheio.

Logo depois da porta tem uma pequena escada que leva ao salão e eu
aproveito para dar uma olhada ao redor.

A música que ecoa por todo o salão iluminado por flashes vermelhos tem uma
batida agressiva, meio gótica, e as pessoas... é tudo muito diferente de tudo
que eu já vi.

— Vamos na chapelaria — Jungkook disse em meu ouvido, soltando sua mão


da minha para me guiar com um toque firme na base da coluna.

Mesmo assim, eu o sigo até o local onde os casacos são deixados e deixamos
também a blusa que trouxemos pro caso de me sentir desconfortável usando
somente o harness, mas por enquanto decido deixá-la junto com nossos
agasalhos. Pelo pouco que vi, eu já tenho a sensação de que nesse lugar não
vão me julgar por estar vestido assim, nem por meu corpo ser como é.

Toda a atmosfera parece agressiva, bruta, quase primitiva, mas é


estranhamente aconchegante. Parece... livre.

— E agora? — Eu pergunto depois de nos livrarmos dos casacos, me movendo


de forma ansiosa sobre meus pés.

— Você pode ir dar uma volta. — Jungkook ofereceu. — Sozinho.

— Sozinho? — Repeti, um pouco assustado, e então mordi meu lábio ao


imaginar o motivo de sua sugestão. — Jungkook... você ficou bravo por causa
daquele doido?

Ele negou suavemente, mantendo a mão na base da minha coluna quando me


puxou um pouco mais, quase colando nossos peitorais.

— Eu só estou te dando a chance de conhecer a Paradise lost por sua própria


perspectiva, meu bem. Mas sobre aquele homem, — Ele umedeceu o lábio

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
outra vez, visivelmente incomodado. — eu não quero que você mantenha
contato com ele de qualquer maneira. Entendeu?

Eu apertei um pouco meus olhos, incomodado com sua ordem.

— Eu não tô nem aí pra ele, Jungkook, mas eu não gosto que você fale assim.
Eu nunca te dei o direito de decidir isso por mim.

Eu entendo que existem submissos que dão esse poder aos seus dominadores
e não vejo nada de errado, mas eu, Jimin, não vou dar. Eu não vou sentir
prazer em abrir mão do meu direito de escolher quem quero ter por perto e
quem não quero. E Yoongi é definitivamente uma pessoa de quem não quero
me aproximar, mas essa é uma escolha minha, não de Jungkook, e eu não
quero que ele pense o contrário.

— Eu posso ir? — Perguntei, então, depois que ele ficou em silêncio por tempo
demais e eu me senti um pouco desconfortável com a situação.

A resposta de Jungkook veio num aceno quase imperceptível e eu ainda o


olhei uma última vez antes de virar as costas e fazer o que me foi sugerido, me
afastando da chapelaria para caminhar, a princípio, até a pista de dança já
cheia. Curioso e completamente envolvido por essa atmosfera tão nova para
mim, eu uso meu tempo olhando atentamente ao redor.

Confesso que me assustei um pouco, embora não de forma negativa, ao ver


um homem usando saltos. Outro, um vestido de látex, depois um homem de
roupa social com um chicote na mão e uma mulher com orelhinhas e
acessórios de gato, além de tantas outras coisas incomuns.

Ninguém, absolutamente ninguém, me olhou torto por conta da minha roupa.


Ninguém me tocou sem permissão, também, apesar de ter notado o olhar de
interesse de uma mulher que nem mesmo tentou se aproximar depois de ver a
coleira em meu pescoço.

Mais confiante, eu continuei explorando. Encontrei o bar, os banheiros,


identifiquei os vários seguranças espalhados pelo salão, depois encontrei as
salas de exibicionismo ainda vazias e as cabines privadas. Por último, voltei

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para a pista de dança extensa e cheia de pessoas coloridas pelas luzes
vermelhas, procurando por meu Jungkook.

Eu estou ansioso para dizer para ele tudo que vi e o quanto gostei desse lugar,
por isso fiquei na ponta dos pés, procurando-o, mas senti meu corpo ser
abraçado por trás antes mesmo de achá-lo.

— Procurando por mim, anjo?

Eu sorri ao ouvir sua voz contra meu ouvido logo antes de receber um beijo
abaixo da orelha, e me virei rápido para ficar de frente para ele, sem sair de
seu abraço.

— Jungkook, eu amo esse lugar! — Fui rápido em dizer, eufórico, dando


tapinhas em seu peitoral. — Eu vi um monte de coisa diferente! Eu vi uma
mulher fingindo ser um gatinho! Eu quero ser um gatinho também!

Ele sorriu, me dando um beijo na testa. — Quer? Nós podemos fazer isso.

Eu abri meus olhos, afirmando como um louco. — Quero! Eu também posso


ser um cachorrinho?

— Você pode ser o que quiser, meu bem. — Jungkook disse, carinhoso, e
minha cara quase se partiu em duas de tanto que sorri.

— Eu vou querer orelhinhas!

— Então eu vou te dar orelhinhas. Quer um rabinho também? E uma coleira


colorida?

— Quero! Tudo!

Jungkook me abraçou com mais força, sem parar de sorrir.

— Certo, anjo. Então vamos providenciar tudo. — Prometeu, me dando um


beijinho na ponta do nariz, depois um na bochecha, e sua voz pareceu mais
carregada quando ele prosseguiu: — Me desculpa por ter falado com você
daquele jeito? Eu sei que passei dos limites...

Eu abracei seu pescoço, sem ressentimento.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Passou mesmo, mas eu desculpo... se você dançar comigo

Ele passou suas mãos por minhas costas, até me segurar pela cintura, me
guiando mais em direção à pista. — Então vamos dançar.

Eu quase esmaguei meu lábio ao mordê-lo tentando conter um sorriso


empolgado, porque essa é a primeira vez que vamos dançar juntos.

Jungkook então me guiou por entre todas as pessoas que também dançavam e
ao pararmos, eu parei um minuto, apreciando-o sob as luzes vermelhas, com a
música alta e potente reverberando em meus ouvidos.

Eu o vejo com a calça justa, a blusa deixando seus braços completamente


amostra, o cabelo escuro despenteado e seus olhos também atentos a mim,
varrendo meu tronco coberto somente pelo arreio de couro, e eu suspirei em
meio a um sorriso quando ele voltou a me segurar pela cintura e juntou nossos
corpos outra vez, deixando um beijo em meu ombro nu antes de começar a nos
guiar no ritmo da música.

Eu sinto as pessoas ao redor, sinto o calor de seus corpos irradiando o meu,


mas não me importo. Eu só fecho os olhos e sorrio enquanto sinto as mãos
firmes de Jungkook em meu quadril, a batida grave do trap agressivo ecoando
em toda parte e o corpo do meu homem se movendo junto ao meu.

Deus, eu nem sabia que Jungkook sabe dançar assim.

— Você é lindo — Ele disse quando a batida da música ficou mais suave, em
transição, e só então percebi que ele se afastou brevemente para me observar
enquanto eu danço com os olhos fechados.

Um sorriso apareceu e se intensificou quando ele voltou a me puxar, dessa vez


virando meu corpo para me deixar de costas para o seu, e suas mãos
seguraram meu quadril com mais força quando ele desceu um rastro de beijos
desde minha orelha até chegar em minha coleira, me fazendo arrepiar
inteirinho. Sem calcular qualquer consequência, eu inclinei minha cabeça
pedindo por mais e levei minha mão até sua nuca, puxando-o mais em minha
direção, e recebi uma mordida no pescoço que me fez gemer baixinho e
empurrar minha bunda contra sua virilha com mais afinco.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Abra os olhos — Jungkook ordenou contra meu ouvido, movendo seu
quadril contra minhas nádegas.

Sem sequer pensar em contrariá-lo, eu levantei minhas pálpebras e senti sua


mão segurar meu queixo com força, virando meu rosto para o lado, onde, bem
próximo de nós dois, duas mulheres se beijam com uma intensidade que me
deixa sem ar e não foi proposital que eu expulsei o ar num suspiro arrastado
quando Jungkook guiou meu olhar mais para baixo e me deixou ver que uma
delas estava com a mão entre as pernas da outra, estimulando-a por baixo do
vestido de látex, tentando não deixar mais ninguém perceber.

— Você quer isso? — Jungkook perguntou depois de morder e beijar minha


orelha.

Meus olhos continuaram atentos ao movimento das mãos e dos quadris das
mulheres ao nosso lado, passando despercebidas pelo resto da multidão.

— Quero... — Respondi, quase trêmulo. Eu quero ser tocado assim, quero


correr o risco de ser pego.

— Você sabe como tem que pedir, anjo — Ele disse, sorrindo contra minha
mandíbula quando eu estremeci ao sentir sua mão massagear meu pênis sobre
a calça.

— Me toca desse jeito — Eu pedi, deitando a cabeça sobre seu ombro,


delirando quando ele voltou a morder meu pescoço e empurrou o início de sua
ereção contra minha bunda. — Por favor, senhor...

— Meu menino aprende tão rápido... — Ele me parabenizou, ainda


massageando meu membro cada vez mais duro.

— É porque meu dominador é o melhor em me ensinar — Eu consegui dizer


em resposta, resfolegando contra seu ouvido.

Caramba, eu estou ficando muito bom nisso de agradar Jungkook.

Como prova veio o beijo que ele deixou em minha mandíbula antes de virar
meu corpo outra vez, voltando a colar nossos peitorais e logo apertando minha
nádega com sua mão firme. Com a mão livre ele foi hábil em desabotoar minha
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
calça para logo depois voltar a me massagear, dessa vez tocando meu
membro diretamente por dentro da calça e da cueca, já úmida com o pré-gozo.
Com um suspiro violento em resposta, eu me agarrei aos seus braços nus,
enterrando minhas unhas em seus músculos quando senti sua língua deslizar
por meu pescoço já suado antes de chupá-lo.

Com os movimentos limitados, Jungkook concentrou toda a atenção de seus


dedos na cabeça do meu pênis, massageando-a enquanto sua outra mão se
enterra ainda mais em minha nádega, e eu senti vontade de chorar de tesão
quando ele empurrou sua própria ereção contra o pé da minha barriga nua.
Desesperado por isso, eu desci as mãos até sua cintura, deslizando-as por
suas costas até chegar em sua bunda para apertá-la com força, puxando-o
ainda mais contra mim enquanto eu rebolo contra sua mão habilidosa, sentindo
seu membro duro roçando deliciosamente em minha pele.

Agora eu estou irritado por não poder usar as cabines de exibição, nem os
quartos privados porque, meu deus, eu quero foder. Quero sentir tudo isso
dentro de mim, me comendo com força, do jeito que eu gosto.

— Merda... — Eu praguejei, ainda apertando sua bunda quando ele se inclinou


ainda mais sobre mim, chupando meu pescoço.

Jungkook resfolegou contra meu pescoço, talvez sentindo o mesmo que eu, e
eu perdi o ar quando ele me começou a me beijar, sem qualquer aviso,
completamente desesperado. Entretanto, com a mesma brusquidão com a qual
me beijou, ele se afastou ao ouvir o DJ avisar que faltam vinte minutos para a
meia noite.

— Vamos para o banheiro. — Ele anunciou bruscamente e ao invés de segurar


minha mão, Jungkook encaixou seus dedos na argola da minha coleira, me
puxando apressadamente em meio a todas as outras pessoas.

Ele não está sendo especialmente delicado ao me puxar assim, mas se tem
algo que eu descobri é que fico louco de tesão quando Jungkook é bruto
comigo desse jeito.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Quando entramos no banheiro vazio, ele não passa a ser mais cuidadoso e
logo suas mãos agarram minha cintura e me empurram contra a parede gelada
quando ele cola seu corpo ao meu, pressionando nossas ereções uma contra a
outra enquanto ele volta a me beijar com ainda mais desespero que antes.
Sem controle algum, eu ergui uma perna até seu quadril, tentando aumentar a
fricção entre nossos corpos, e deliro quando Jungkook agarra minha coxa,
investindo seu pênis contra mim com ainda mais força.

Quando eu subi minhas mãos até sua nuca e puxei seus cabelos, alguém
entrou no banheiro e riu safado ao logo nos ver, mas eu sequer vi a cara do
afortunado porque Jungkook foi mais rápido em me empurrar para a cabine
mais próxima e nos trancar aqui dentro.

— Vira — Ele ordenou de imediato, me empurrando contra a parede do


cubículo para que eu fique de costas para ele, e eu apoio minhas mãos na
superfície coberta pelos azulejos, empinando minha bunda em sua direção.

Olhando por cima do ombro, eu vi seus olhos tomados pelo desejo, suas
narinas dilatando-se enquanto ele respira e seus lábios vermelhos depois de
tanto me beijar, mas o que mais me chama a atenção é a forma como ele
abaixa minha calça já desabotoada junto com minha boxer num movimento
brusco logo antes de começar a desafivelar seu cinto, para então abrir sua
própria calça e puxar seu pênis para fora, revelando sua glande inchada,
gotejando por mim.

— Você gosta de me ver assim por você, não é? — Ele provocou, segurando
minha cintura para me empinar ainda mais, deixando minha bunda na altura de
seu membro para esfregá-lo entre minhas nádegas, sem me penetrar.

— Gosto... — Eu respondi com a voz manhosa, rebolando por mais. — Eu


gosto de ver como meu senhor não resiste a mim...

— Você ainda vai acabar com seu homem desse jeito, Jimin — Ele alertou,
com um sorriso pequeno, completamente malicioso.

Sem força, eu deixei minha cabeça tombar para a frente quando suspirei em
deleite, sentindo suas mãos afastarem minhas nádegas uma da outra.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ao perceber que não existem condições de termos preliminares aqui, eu me
contorci todo e acabei rindo quando precisei tentar alcançar o sachê de
lubrificante no bolso da calça, agradecendo a todas as divindades ao ver que
está intacto.

Eu gosto de fazer sem lubrificante, mesmo que o esforço seja maior. Mas só é
bom na hora, porque depois eu fico pra morrer de tanta dor, parece que rasga
tudo.

— Presente do Seokjin — Eu avisei, ofegante, quando estendi o lubrificante


para Jungkook, que acabou rindo ao ver o que guardei a noite toda.

Ele então rasgou o pacote com o dente antes de derramar todo o líquido
viscoso em seu pênis, espalhando-o com um movimento de vai-e-vem que
arrancou um gemido seu e me deixou ainda mais desesperado, então eu
empurrei meu quadril para trás, pedindo por ele, e logo senti sua glande se
enterrando entre minhas nádegas, me penetrando devagar enquanto lambuza
tudo com o lubrificante.

Eu tombei minha cabeça, deslizando minhas unhas sobre os azulejos ao sentir


Jungkook inteiro dentro de mim, rebolando contra minha bunda antes de
começar a meter devagar, marcando meu quadril com seus dedos firmes.

Ele continuou entrando e saindo devagar, deixando meu corpo se adaptar para
acomodá-lo cada vez com mais facilidade, enquanto seus movimentos vão
ganhando força e eu impulsiono meu quadril para trás na mesma intensidade,
ajudando-o a me foder.

— Ai, Jungkook, assim! — Eu apertei meus olhos em puro desespero quando


ele acertou minha próstata pela primeira vez e um gemido agudo escapou para
fora de mim.

Satisfeito, ele manteve seu pênis inteiramente dentro de mim, pressionando o


ponto sensível enquanto eu me desfaço em suspiros desesperados e sinto um
pouco de saliva escorrer por meu lábio.

Depois. Jungkook subiu sua mão por minhas costas até chegar em meu
cabelo, puxando minha cabeça para trás ao agarrar meus fios com força, e eu
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
não conseguir conter um grito manhoso quando ele saiu de dentro de mim para
se enterrar logo depois, com força a ponto de fazer meu corpo ter um
solavanco. Com a outra mão, ele agarrou com força as tiras de couro do meu
harness, mantendo seu apoio para meter de novo, bem forte e fundo.

Nesse ritmo, minha próstata foi surrada devagar, adiando meu orgasmo, e eu
já estou cansado, ofegante e com suor escorrendo por toda parte, mas eu não
quero parar. Quando eu olho para trás e vejo o cabelo de Jungkook grudando
em sua testa e sua blusa presta grudando em seu tronco por conta do suor,
meu desejo de parar se reduz a algo abaixo de zero e eu volto a empurrar meu
quadril junto com o seu, ainda olhando-o sobre o ombro e sendo olhando
também enquanto fodemos assim.

Eu sorri para ele pelo que estamos fazendo, onde estamos fazendo, e percebi
que ele sorriu de volta depois de piscar um olho para mim.

— UM MINUTO PARA A MEIA NOITE! — O som abafado do lado de fora


chegou até meus ouvidos e eu arregalei os olhos ao perceber que o ano vai
virar e nós estamos aqui fodendo.

Em seguida eu ri, mas senti meu riso de converter em um gemido arrastado


quando Jungkook começou a foder mais rápido, fazendo minha voz tremer ao
se arrastar para fora em um som de satisfação.

Nesse ritmo não demorou muito para meu corpo chegar ao seu limite e
enquanto do lado de fora todos terminavam a contagem regressiva para o novo
ano com um grito de comemoração, eu gritei por meu orgasmo.

Jungkook veio pouco depois, saindo de dentro de mim para deixar seu gozo
ser liberado em minha bunda, escorrendo por minhas nádegas enquanto eu
respiro dolorosamente mal, tentando me recompor.

— Meu deus do céu... — Eu pisquei, atordoado por tudo que acabou de


acontecer, logo antes de começar a rir.

Jungkook riu também, puxando meu corpo fraco para trás até me deixar
completamente de pé, então me deu um beijinho na bochecha.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Feliz ano novo, anjo.

— Melhor ano novo. — Eu respondi, ainda rindo sem folego.

Pelo menos eu posso dizer orgulhosamente que comecei essa transa em 2017
e só gozei em 2018.

E também posso dizer que transar no banheiro tem lá suas vantagens. Depois
de acabarmos e darmos mais uns beijinhos, Jungkook usou o papel higiênico
para nos limpar e eu já aproveitei para fazer xixi com ele dentro da cabine
mesmo.

— Jungkook... — Eu o chamei bem manhoso quando terminei de lavar minhas


mãos. — Eu tô muito cansado pra dançar agora e a gente nem jantou antes de
sair de casa... então a gente podia ir comer, né?

— Eu deixei meu Jimin com fome por todo esse tempo? — Ele perguntou,
ultrajado.

— Foi... — Choraminguei, mas eu honestamente não me importei com isso até


agora.

— Vamos resolver isso, então. --- Ele me abraçou, me guiando de costas em


direção à porta. — Quer Mc Donald's?

Eu tenho certeza de que meus olhos brilharam mais que as estrelas no céu. —
Quero!

Jungkook riu e me manteve ao seu lado, me dando vários beijinhos no topo da


cabeça enquanto me guia para fora da Paradise depois de pegarmos nossas
coisas na chapelaria.

Do lado de fora, Hongdae está muito mais viva do que quando chegamos. As
ruas estão cheias, letreiros de vários estabelecimentos brilham por todo canto e
tem música em cada esquina.

Já no carro, nós tivemos que usar o GPS para encontrar o Mc Donald's aberto
mais próximo e pedimos nosso jantar pelo drive thru quando chegamos lá.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Depois, Jungkook dirigiu de volta para casa enquanto eu roubava todas as
batatas fritas, tentando ser discreto.

Quando ele estacionou na frente de seu prédio, nós não descemos do carro.
Nós comemos ali mesmo, ouvindo uma música que eu escolhi, e nós rimos
quando um grupo de adolescentes visivelmente bêbados passou pela rua,
gritando para nós dois enquanto nos desejavam um feliz ano novo.

Vê-los me fez sentir falta dos meus amigos, mas esse sentimento, apesar de
ruim, não estragou tudo de bom que eu estou sentindo agora.

E é estranho pensar que muito pouco tempo atrás eu era como eles. Eu era
jovem, inconsequente, totalmente despreparado para a vida. E não que agora
eu seja o oposto de tudo isso, mas eu me sinto mais maduro, mais pronto para
lidar com as coisas.

Se eu ficar em Seul, eu vou definitivamente sentir saudades dos meus amigos


e dos meus pais, mas... e se eu aprender a lidar com isso?

Eu quero aprender a lidar. Porque sentado aqui nesse carro ao lado de


Jungkook enquanto ele faz carinho em minha mão e nós ouvimos uma música
que ele nem conhece, preguiçosos demais para voltarmos para o apartamento,
eu percebo que é isso que eu quero. Eu quero dançar com ele, quero transar
com ele no banheiro de uma boate, quero comer hambúrguer e ouvir música
ruim no seu carro e quero poder trocar tudo isso para ficar no sofá com ele,
assistindo qualquer besteira na TV antes de deitarmos para dormir juntos.

Eu quero estar com ele, sempre. E eu estou disposto a correr os riscos que
vêm com isso.

— Ei, Jungkook... — Eu o chamei, puxando sua mão até minha boca para
beijá-la carinhosamente quando ele me olhou. - Eu acho que já sei.

— Hm? — Ele riu do meu anúncio repentino. — Sabe o quê?

Eu sorri também, ansioso. — Eu quero morar com você.

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[1] O termo "baunilha" no bdsm se refere a tudo aquilo que não está
ligado a fetiches. Uma pessoa baunilha, por exemplo, é alguém que não
tem interesses em práticas sadomasoquistas ou de dominação e
submissão de qualquer forma. É o que é visto pela sociedade como o
"normal".

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
35 • Beyond The Scene

— Eu quero morar com você.

Cinco palavras. Nenhuma reação.

Jungkook só me olhou em silêncio, quase como se coisa nenhuma tivesse


saído de minha boca, então é natural que eu tenha ficado um pouco nervoso.

— Caramba... você mudou de ideia e não quer mais morar comigo, né? —
Concluí, me enterrando no banco do carro enquanto cubro meu rosto com
minhas mãos, envergonhado.

— Jimin... — Foi o que Jungkook finalmente disse, como um robô. — O que


você acabou de dizer?

— Que você mudou de ideia e não quer mais morar comigo... poxa, eu devia
ter decidido antes de você pensar melhor...

— Antes disso. — Ele pediu, ainda com a expressão vazia. — O que você
disse antes disso?

— Que eu quero morar com você, Jungkook... — Eu repeti, ainda sem me


arrepender apesar de acreditar que ele se arrependeu de ter pedido. — E eu
quero muito mesmo...

Ele virou o rosto para a frente devagar e eu vi a forma como, também


lentamente, ele começou a tombar a cabeça para a frente até apoiar a testa no
volante.

— Jungkook? — Eu o chamei, muito confuso.

— Não diz isso se você não tiver certeza, Jimin, por favor. — Ele pediu ainda
sem erguer o rosto, com a voz abafada. — Não me dê esperanças se você não
tem certeza do que está dizendo...

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Tudo bem. Isso faz mais sentido. Ele acha que eu estou sendo impulsivo, e
talvez esteja, mas a certeza existe em mim. Ela definitivamente existe,

— Jungkook, olha pra mim — Eu pedi tocando seu braço com carinho, e insisti
diante da sua relutância. — Jun, por favor...

Eu ouvi seu suspiro condescendente antes de finalmente vê-lo erguer o corpo


outra vez me olhando quase como uma criança desconfiada.

Meu deus, ele é tão, tão, tão fofo as vezes.

— Eu sei que é uma decisão grande, ok? — Eu disse, então, deixando para me
derreter por ele depois. — Eu sei que preciso organizar muita coisa e sei que
não vai ser fácil, mas eu tenho certeza de que quero tentar, Jungkook, Eu
quero morar com você e quero tentar fazer isso dar certo. Disso eu tenho
certeza. Tá?

Diante da minha garantia, a expressão de Jungkook finalmente evidenciou uma


reação real. Suas sobrancelhas se contraíram, seus olhos pareceram perder o
foco e ele puxou o ar pela boca, como se sufocasse de repente.

— Você quer? — Ele insistiu, desacreditado.

— Quero. — Garanti, disposto a fazer isso mais mil vezes até ele acreditar,
mas não acho que vai ser necessário, porque no instante seguinte ele voltou a
abaixar os olhos e sua expressão se transformou ainda mais, até eu perceber o
que está acontecendo.

— Anjo... — Ele me chamou com a voz quebradiça, prestes a chorar.

Eu arregalei um pouco os olhos, surpreso, antes de me afobar todinho e me


agitar para abraçá-lo, sem conseguir reprimir uma risada nervosa.

— Se você chorar, eu choro também. E se eu começar a chorar, não paro


mais, você sabe — Alertei, puxando-o contra mim e sentindo seu riso se
mesclar a um soluço inocente.

— Porra. Inferno — Ele praguejou, me abraçando com força. — Eu não


acredito nisso... você tem certeza de que tem certeza?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu ri de sua pergunta, sentindo meu próprio choro tentar forçar o caminho para
fora, e segurei seu rosto antes de dar dois beijinhos em sua bochecha cada vez
mais gordinha.

— Tenho muita certeza. — Reforcei, paciente. — Você ainda quer?

Jungkook abriu um sorriso junto a mais um soluço quando balançou a cabeça


num sim afoito com o cantinho dos olhos brilhando com suas lágrimas, e eu
senti meu sorriso crescer também antes de ser abraçado outra vez enquanto
recebo vários beijos pela cabeça.

E se antes eu já acreditava que existe um momento certo para quase tudo


nessa vida, agora eu acredito ainda mais. Acredito que o momento certo para
anunciar minha decisão era esse, sentado ao seu lado no carro depois da
virada de ano, com o cover de uma música do Justin Bieber cantada por um
idol coreano sendo reproduzida pela playlist do meu celular.

Foi ao som de 2U, sob a voz angelical do cantor, que nos decidimos emaranhar
nossos destinos de uma só vez, e eu não poderia escolher momento melhor
que esse.

Depois, nós ainda passamos mais algum tempo dentro do carro, trocamos mais
beijos, mais carinhos e mais sorrisos frouxos até finalmente decidirmos entrar
no apartamento. Uma coisa levou a outra e nós transamos, de novo. Foi um
sexo muito louco e no final Jungkook ficou tão acabado quanto eu, mas foi
muito gostoso. Tipo, muito gostoso.

Por último, depois da virada de ano mais intensa e inesperada da minha vida,
nós dormimos juntinhos, tão calmos que nem parece que instantes antes
Jungkook estava deixando chupões e arranhões em todo meu corpo.

Hoje pela manhã, nós enrolamos bastante para levantar da cama e ficamos um
tempão agarradinhos até a fome finalmente falar mais alto. Entretanto, ainda
preguiçosos, nem eu nem ele estávamos com disposição para cozinhar, então
pedimos comida por delivery e sentamos ainda com as roupas de dormir no
sofá, com as caras de sono e o noticiário na TV fazendo uma retrospectiva do

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
ano passado enquanto comemos nosso almoço direto nas caixinhas do
restaurante.

— Eu vou precisar voltar pra Nam-gu, agora — Anunciei, usando as costas da


mão pra limpar minha boca. — Preciso contar pros meus pais...

Eu estou ansioso para ter essa conversa com eles, mas o pior, definitivamente,
vai ser precisar contar para Yukwon.

Jungkook então me olhou, sugando os fios ainda quentes de macarrão para


depois mastigá-los sonoramente com a boca aberta, como sempre.

— Eu compro sua passagem, já que não comprei a última, como tinha


prometido. — Ele anunciou, ainda coma boca cheia. — Eu quero ir com você,
mas amanhã vou precisar voltar a trabalhar. Tudo bem se você tiver essa
conversa com eles, sozinho?

Eu concordei, passando a mão para limpar o caldo que respingou em sua


bochecha.

— Falando nisso... — Lembrei. — Eu vou precisar arranjar um emprego aqui.


Não acho que vai dar pra continuar fazendo teletrabalho pros meus pais, o
pagamento é muito pouco...

— Nós vamos encontrar algo. Podemos procurar algumas vagas hoje, na


internet

— Jungkook disse, o que me fez sorrir mais tranquilo. Eu sei que ele tem
condições de me sustentar, bem como não se importaria em fazê-lo, mas me
deixa feliz saber que ele entendeu que eu não me sinto confortável com isso e
sequer sugeriu a possibilidade. — Mas tem outra coisa que gostaria de fazer
hoje, também

— Sexo de novo? Eu tô meio cansado... — Choraminguei.

Jungkook riu, rapidamente negando. — Não, anjo. Eu estava pensando em ir


visitar Junghyun, eu sei que ele ainda deve estar preocupado comigo.

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— Ah. Isso tudo bem-Sorri, mais aliviado. Sexo é muito bom, mas meu
corpinho também cansa, poxa.

— Eu vou mandar uma mensagem para ele. — Ele anunciou, deixando a


caixinha do seu macarrão em cima da mesa de centro para então pegar seu
celular.

— Tá bom. Mas Jungkook... a gente pode esperar antes de contar pra ele que
eu vou me mudar? Eu quero conversar direitinho com meus pais antes de dizer
a todo mundo....

Ele se inclinou sobre mim, me dando um beijinho com gosto de macarrão. -


Claro, meu bem. Contamos quando você quiser,

Eu sorri, agradecido, e voltei a comer enquanto ele conversa com seu irmão.
Depois, nós usamos meu notebook para procurar algumas vagas de emprego,
salvamos as poucas que posso ter chance de conseguir e no finalzinho da
tarde saímos de casa para ir até a casa de Junghyun.

Eu não estava muito preocupado, mas confesso que meu coração disparou
quando paramos diante da porta do apartamento de seu irmão, que fica na
cobertura de um prédio bem luxuoso.

Apesar de não saber me comportar muito bem nesses lugares chiques demais,
o problema não é esse. O problema é ouvir a voz de crianças assim que
tocamos a campainha.

— É o tio Jun! — A voz de uma menina chegou até nós através da porta ainda
fechada, e eu arregalei meus olhos.

Eu sei que sou meio distraído, mas não sei como esqueci que Junghyun tem
três filhos pequenos. Três. É quase uma creche!

E, meu deus, eu não gosto muito de criança.

— TIO! — A mesma menina gritou, então, assim que Junghyun abriu a porta e
o protótipo de gente voou em Jungkook, abraçando-o pelas pernas.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu fiquei meio apavorado, a despeito de Jungkook que abriu um sorrisão para
a menina e logo se abaixou para pegá-la no colo, deixando os bracinhos
pequenos envolverem seu pescoço e logo recebendo um beijo na bochecha.

— Meu deus, Yerin, como você cresceu! — Jungkook disse sem colocá-la no
chão, e a menina sorriu toda orgulhosa.

— Eu cresci quatros centímetros!

— Quatros centímetros? — Ele repetiu, fingindo surpresa. — Isso é bastante!

— Eu vou ser bem altona como o tio Jun!

— Menina, pelo amor de deus — Junghyun finalmente se pronunciou, depois


de ver tudo recostado no batente da porta, com os braços cruzados sobre seu
robe xadrez e uma fralda de pano apoiada no ombro. — Esse moleque nem é
tão alto assim.

— Não chama o tio Jun de moleque! — A pirralha se enfureceu, quase ateando


fogo no pai com o olhar, e depois ela voltou a olhar para Jungkook, mas seus
olhinhos pequenos e desconfiados recaíram em mim antes. — Quem é esse
bochechudo?

Jungkook olhou para mim, carinhoso, ainda segurando-a. Minha nossa, ele não
vai soltar essa criança mais nunca?

— Esse é o Jimin, Yerin. Ele é meu namorado.

A menina apertou os olhos, mas não parece ser por descobrir que seu tio
namora um homem, e eu a olhei de volta, desconfiado e assustado.

Eu tenho medo de criança, sim, porque nunca se sabe o que vai sair da boca
de uma.

Eu sou um exemplo.

— Não gosto dele. — A desgraçada disse, então, e minha cara foi no chão.

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— Não liga, Jimin, essa criança nasceu odiando todos os homens, inclusive o
próprio pai. — Junghyun suspirou, exaurido. — Ela só gosta do tio Jun. — Ele
afinou a voz, fuzilando o irmão com o olhar.

— Tio Jun é o melhor do mundo! — Ela cantou, abraçando Jungkook quase a


ponto de sufocá-lo. — Tio Jun, quer ver meus brinquedos novos? Minha
mamãe me deu patins no natal!

— Patins? — Jungkook perguntou, passando para o lado de dentro, parecendo


esquecer de mim. — Você já aprendeu a patinar?

Eu abri minha boca, desacreditado e enciumado, e Junghyun também não


parece muito feliz.

— Eu dei o videogame novinho que ela me pediu, mas você acha que ela se
gaba do meu presente? Ele perguntou para mim, gesticulando furiosamente. —
Eu não posso com essa criança, Jimin! Eu vou, ah, grr, que inferno! Mas oi,
pode entrar, fique à vontade.

Eu concordei, ainda ofendidíssimo por Jungkook ter me deixado para trás, e


deixei meus sapatos na entrada antes de seguir Junghyun até uma das salas,
onde um ambiente com sofás acomoda duas pessoas e três crianças.

— Seokjin? — Eu o chamo, não muito surpreso por vê-lo aqui já que é amigo
intimo da família de Jungkook, mas definitivamente um pouco mais aliviado.

— Bebê! — Ele comemorou ao me ver, rapidamente vindo em minha direção, e


eu o abracei assim que ele chegou perto.

— Jungkook me trocou por aquela menina chata! — Eu choraminguei baixinho


para ele, ressentido.

— Aquele feio. Eu te dou atenção, não se preocupe, viu? Coisinha linda — Ele
apertou sua bochecha no topo da minha cabeça e eu concordei, ainda
agarrado a ele.

Jungkook, sentado num dos sofás enquanto Yerin se gaba do diabo dos seus
patins novos, olhou para mim e sorriu, mas eu só fechei a cara para ele e

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continuei abraçando Seokjin, deixando-o me guiar até um dos assentos, longe
do meu dom malvado, que fez uma careta confusa para isso.

No meio da sala espaçosa com janelas enormes que dão vista para a cidade,
em cima de um tapete entre os sofás brancos, estão as duas outras crianças,
um bebê num andador e o outro um menino que parece ter quase e idade de
Yerin, montando um quebra cabeça.

O bebê só tá comendo a própria mão mesmo.

— Meu deus, golfou em tudo — Junghyun percebeu, desesperado, se


abaixando na frente do bebê e usando a fralda antes em seu ombro para tentar
diminuir o estrago.

Seokjin riu ao meu lado, ainda me abraçando como se tentasse me proteger.

— O neném babão ali é o Kyung — Ele disse, baixinho. — O outro menino é o


Jaehyo, e ele não vai lembrar que o resto do mundo existe enquanto não
terminar o quebra cabeça.

— Inferno, me desculpa, Jimin — Junghyun pediu, tirando o bebê do andador e


segurando-o no braço. — Eu nem te ofereci uma bebida.

— Tá tudo bem, não preciso de nada, não, obrigado. — O tranquilizei, sem


saber se aviso que o neném Kyung está golfando no ombro dele.

— Mesmo assim. Vou servir alguns petiscos e trazer um refrigerante. — Ele


olhou para Jungkook, com uma carranca. — Você podia me ajudar, né,
folgado?

— Não. — Jungkook respondeu, simplesmente.

— Não! Tio Jun fica comigo! — A menina chata reforçou.

Eu bufei furiosamente, mas virei o rosto com um bico enorme quando Jungkook
olhou para mim. Ele que fique com essa grudenta.

— Anjo, senta aqui do meu lado. — Ele disse com a voz mansa, mas não é um
pedido. Entretanto, eu continuei de cara fechada e o ignorei, virando para falar
com Seokjin.
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— A esposa do Junghyun não tá aqui? — Eu perguntei, como se Jungkook
nem tivesse falado comigo.

Seokjin riu da minha malcriação, mostrando a língua para Jungkook.

— Está no quarto. Ela é diretora do hospital onde Junghyun trabalha, você


sabia? — Ele perguntou, e eu assenti. — Então, parece que tiveram problema
com um dos funcionários e a coisa ficou feia, então ela está o dia todo no
telefone falando com os advogados do hospital.

— Eita. — Foi tudo que consegui dizer. — Coitadinha.

— Jimin, eu falei com você. — Jungkook me chamou outra vez, com o tom um
pouco mais firme.

Entretanto, antes que eu decidisse entre ignorá-lo mais uma vez ou deixar de
ser malcriado, Junghyun voltou para a sala, carregando o bebê babão num
braço e uma bandeja no outro.

— Espero que você goste de doces — Ele disse, apoiando a bandeja sobre
uma mesa de centro. — Eu só encontrei esses biscoitos de mel na dispensa...

Eu acho que meus olhinhos brilharam mais que a golfada do neném em seu
ombro e eu automaticamente olhei para Jungkook para mostrar como estou
feliz, mas murchei quando vi que ele voltou a prestar atenção em Yerin, que
começou a contar alguma nova história.

— Vem, bebezinho. — Seokjin segurou minha mão, me puxando suavemente.


— Você não se importa se sentarmos no chão para comer, não é?

Eu assenti, acompanhando-o para sentar sobre o tapete ao redor da mesa de


centro, onde Junghyun já se acomodou, e coloquei um biscoitinho na boca
enquanto Seokjin me serve refrigerante.

Meu dom não quer me dar atenção, então que fique com inveja ao ver outra
pessoa me mimando.

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Quase ao meu lado, a outra criança chamada Jaehyo esticou a mão até a
bandeja e também pegou um biscoito, mas sem tirar os olhos do quebra
cabeça parcialmente montado no chão.

Meu deus, que criança esquisita.

— Eu quero morrer. — Alguém anunciou e surpreendentemente não fui eu.

Quando ergui os olhos, vi uma mulher se aproximando com o cabelo repuxado


num rabo de cavalo completamente desleixado, vestindo um blusão com um
furo na barra e uma calça de moletom folgada e manchada de tinta.

— Não conseguiu resolver? — Junghyun perguntou, olhando-a com pesar.

A mulher se abaixou atrás dele, deixando um beijinho na cabeça do bebê antes


de se sentar também no chão.

— Fiz o possível, por enquanto, mas isso ainda deve me render muita dor de
cabeça. — Ela suspirou, brincando com o bebê Kyung. — Ele golfou no seu
ombro, amor. É o bebê nojentinho de mãe, é sim!

— De novo? — Junghyun exclamou, fazendo uma careta ao ver a tragédia em


sua blusa e logo usando a mesma fralda para tentar se limpar. — Caramba,
Kyung!

— Não briga com o pobrezinho, é só uma nojeirinha no seu ombro. — Ela


suspirou, mas logo abriu um sorriso enorme ao me ver. — Ah, meu deus, oi. A
casa ficou cheia, de repente.

— Oi... — Eu a cumprimentei, um pouco tímido. — Eu sou Jimin.

— Olá! — Respondeu, enérgica. — Eu sou Siyeon, mãe do papel, do penico e


do cocô, mas eles devem ter sido apresentados a você como Yerin, Jaehyo e
Kyung.

Eu ri, acho que um pouco alto demais.

— Você é namorado do Seokjin? — Ela perguntou, apontando para o homem


ao meu lado que continua fazendo carinho em mim.

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— Siyeon, pelo amor de deus, é o Jimin — Junghyun corrigiu com um tom meio
desconfiado, balançando o bebê. Será que ele não vai golfar mais assim? —
Jimin do Jungkook.

— Jimin do Jungkook! — Ela disparou, parecendo se lembrar de repente de já


ter ouvido meu nome, e não foi a única a se assustar quando ele
repentinamente sentou ao meu lado, entre Seokjin e eu, depois de empurrar o
amigo.

— Oi, Siyeon. — Ele disse, ignorando a risada de Seokjin e entregando a ele o


copo cheio de refrigerante que foi atenciosamente servido a mim. Depois,
Jungkook encheu outro copo e o colocou em minha frente.

— Oi, seu negligente. Como você está? — Ela perguntou, depois de lançar
uma olhadela esquisita para mim.

Eu parei até de mastigar o biscoito na boca, tenso. Será que eu fiz alguma
coisa de errado?

— Bem. — Ele respondeu. — E você?

— Estressada. Acredita que um funcionário do setor administrativo se


acidentou no hospital? Agora ele está desacordado e a família quer nos
processar — Ela suspirou, exausta. — Ele caiu da escada no horário de
descanso! Como nós poderíamos ser responsáveis por isso?

— Há quanto tempo ele está desacordado? Junghyun perguntou, curioso.

— Três horas. — Ela respondeu, colocando mais um biscoito na boca. — A


família insiste em dizer que ele estava sendo ameaçado por outro funcionário e
deve ter sido empurrado de propósito, mas já checaram as filmagens das
câmeras de segurança e não encontraram nada, também nunca recebemos
nenhuma denúncia por parte dele. A equipe de defesa acha que é algum golpe
ou algo assim.

— Tente fechar um acordo informal com a família e comece uma investigação


interna, Se não for uma jogada já planejada, eles devem aceitar — Jungkook
disse, apoiando a mão carinhosamente sobre minha coxa. — E é sua

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responsabilidade se certificar de que seus funcionários estejam trabalhando
num ambiente seguro.

— Eu sei. — Ela suspirou, complacente. — E além disso, tenho que lidar com o
pessoal de recursos humanos perdendo a cabeça porque não tínhamos verbas
destinadas a novas contratações, mas agora vamos precisar de um novo
funcionário para substituir o que se acidentou. Honestamente... quanto azar. O
já começou de mal a pior.

— Tio, voltei! — Yerin surgiu, de repente, pulando nas costas de Jungkook.


Acho que ela estava no banheiro.

Podia ter ficado lá por mais tempo.

— Em que setor você disse que ele trabalhava? — Jungkook perguntou à


cunhada, apenas apoiando a mão sobre o braço da menina para não ignorá-la
completamente.

— Administrativo. Função básica, não deve ser difícil arranjar um novo


candidato, mas só de pensar na burocracia... — Ela tombou a cabeça para
trás, frustrada.

— Quais as qualificações exigidas? — Ele insistiu, e acho que entendi onde


está tentando chegar.

— Ensino médio completo, conhecimento básico em informática... não me


lembro mais, mas não são muitas exigências.

Jungkook olhou para mim, confirmando minhas suspeitas, e eu só lambi meu


lábio sujo de mel antes de vê-lo voltar a olhar para a cunhada, ignorando Yerin,
que continua pulando em suas costas, tentando chamar sua atenção.

— Jimin está procurando um emprego. — Ele anunciou, então.

— Aqui em Seul? — Seokjin quem perguntou, confuso. — Ele não mora em


Gwangju?

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Eu acreditei que Jungkook arrumaria uma desculpa, já que concordamos em
não anunciar para ninguém até que eu tenha conversado com meus pais.
Entretanto, o que ele disse com um sorriso enorme, foi:

— Nós vamos morar juntos.

— O QUE? — Seokjin voltou a questionar, ainda mais surpreso que antes, e só


então Jungkook pareceu perceber o que acabou de fazer, com os olhos
arregalados.

— Desculpa, anjo... — Ele sussurrou para mim, arrependido, mas eu acabei


por deixar uma risadinha escapar.

Que se dane.

— Eu vou me mudar pro apartamento do Jungkook! — Reforcei, então, ouvindo


Seokjin gritar em comemoração antes de se inclinar sobre a mesinha, me
puxando para um abraço completamente desajeitado, ainda com Jungkook
entre nós dois.

— Meu deus, você vai vir definitivamente para Seul? — Questionou, ainda
desacreditado. — Meu casal vai ficar sempre junto, agora?

— É! — Eu cantei vitória, sentindo a euforia de compartilhar isso com outras


pessoas.

— Eu fico muito feliz por vocês. — Junghyun anunciou, também sorrindo. —


Jungkook parece outra pessoa quando você está perto dele, uma muito mais
feliz.

— Eu fico muito mais feliz perto dele. — Jungkook anunciou, envolvendo meu
ombro com seu braço antes de me puxar para deixar um beijo demorado no
topo da minha cabeça.

Eu sorri e me aninhei melhor contra ele, esquecendo minha birra enciumada


por ter sido trocado por Yerin.

— Que dia agitado... — Siyeon murmurou, um pouco surpresa, mas parecendo


feliz por nós dois. — Mas essa parece mesmo uma boa notícia, então parabéns

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e... se você quiser mesmo, Jimin, eu posso entregar seu currículo para o RH
analisar. Não posso garantir que a vaga é sua, mas é uma possibilidade.

Eu sorri, honestamente agradecido, explodindo em uma risada quando


Seokjin, ainda eufórico, pulou em Jungkook para abraçá-lo, mas acabou
derrubando-o e, num efeito dominó, eu e Yerin também fomos derrubados no
tapete, bagunçando todo o quebra cabeça de Jaehyo, que explodiu em um
choro alto assim que viu o estrago.

Pela hora seguinte, nós conversamos mais um pouco, Jaehyo voltou a se


concentrar em seu quebra cabeça enorme, Yerin continuou tentando chamar a
atenção de Jungkook e Kyung golfou mais um pouco.

Mais tarde, eu e Jungkook resolvemos voltar para casa, e Siyeon nos


acompanhou até à porta com o bebê no braço enquanto nós esperamos
Junghyun voltar, já que ele disse que ia pegar uma coisa para Jungkook.

— Olha, vocês vão me desculpando, mas eu preciso perguntar — Siyeon disse


quando ficamos em silêncio, parecendo ter se segurado a tarde toda. — Mas é
verdade que você botou a mãe do Jungkook pra correr?

Eu arregalei meus olhos, percebendo que essa história deve ter se espalhado
pela família toda.

Então foi por isso que ela ficou me olhando esquisito o tempo todo?

Puta merda.

— Foi, mas é que... — Eu tentei me justificar, envergonhado.

— Jimin, obrigada! — Ela me interrompeu, sorridente. — Eu sempre quis dar


um chega pra lá naquela inconveniente, então obrigada por ter feito o que
nunca tive coragem de fazer. Você é meu herói!

Jungkook deixou uma risada breve escapar. Até hoje ele não me repreendeu
por ter feito o que fiz. Acho que ele sabe que eu só estava tentando protegê-lo.

— Ok, aqui está. — Junghyun finalmente voltou, estendendo um pen drive para
Jungkook. - Seu presente de natal.

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— Eu tenho uns sete desses — Jungkook resmungou.

— O presente não é o pen drive, moleque chato, é o que tem nele. Eu tive que
pagar pra converterem esse vídeo velho, então é melhor você não reclamar.

— Certo, tudo bem. — Ele riu, aceitando o dispositivo. — Mas eu não trouxe
nenhum presente para você.

— Ver você bem é o suficiente. — Ele garantiu, suavizando a expressão ao


olhar para mim. — Obrigado por sempre cuidar tão bem desse cabeça dura,
Jimin. Você deve ter a paciência de Jó.

Eu sorri, feliz por ter minha capacidade de cuidar da saúde de Jungkook


sempre reconhecida.

Talvez esse seja meu talento, afinal.

Ou não. Eu acho que sou atrapalhado demais para cuidar de outras pessoas.

De qualquer forma, eu estou tentando não perder a cabeça com isso agora. É
claro que quero descobrir algo em que sou bom e investir nisso, transformar
numa carreira, mas enquanto não descubro... eu não vou me desesperar. Vou
respeitar meu próprio tempo e me virar da forma que for possível até lá.

— Você me trocou por aquela menina — Eu finalmente resmunguei para


Jungkook quando ficamos sozinhos, já no elevador. — Eu fiquei bravo...

— Não precisava, anjo. — Jungkook garantiu, me abraçando com força. —


Você sabe que é meu bebê favorito. Ninguém vai roubar o lugar do meu
menino.

Eu ainda tentei fazer cara feia, mas me desfiz num suspiro manhoso, ficando
na ponta dos pés para beijar sua boca.

— Mas foi bonitinho te ver com ela. Você é muito bom com crianças!

— Claro que sou, eu namoro uma.

Eu o mirei com os olhos arregalados antes de explodir numa risada.

— Meu deus, Jungkook, isso pode soar muito mal.


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— Sim. Ele concordou, também rindo. — Ainda bem que essa câmera não
captura áudio.

— É... mas eu sou seu bebezinho mesmo!

Jungkook sorriu, envolvendo minha mão pequena com a sua quando as portas
do elevador abriram no térreo.

— Falando nisso, tem algo que eu quero conversar com você há algum tempo,
meu bem.

— O que? — Perguntei, sentando no banco do carona do carro quando ele


abriu a porta para mim.

— Age play.

Eu o olhei com um sorriso pequeno, vendo-o também com um nos lábios. Eu já


li um pouco sobre age play, sei mais ou menos do que se trata, mas estou
ansioso para ouvir a explicação de Jungkook, porque as explicações dele são
minhas favoritas.

— Tá bom!

— Mas não agora, anjo. Vamos conversar com calma, depois.

Eu concordei, mesmo um pouco ansioso.

Depois, Jungkook sentou também em seu assento e nós voltamos para casa.
Como comemos muito na casa de Junghyun, tudo que fazemos ao chegar é
tomar um banho e voltar para nossas confortáveis roupas de dormir.

— Que vídeo será que é? — Eu perguntei, ansioso, quando Jungkook ligou seu
notebook e sentou ao meu lado na cama, conectando o pen drive que
Junghyun lhe deu de presente.

— Eu realmente não sei. Ele respondeu, selecionando o único arquivo no


dispositivo e reproduzindo-o logo antes de me puxar mais para perto.

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Na tela do computador, as cenas de um vídeo que parece muito antigo
começam a seguir sequência, e logo a imagem foca em dois meninos sentados
numa cama.

— Vai logo, Jungkook — O menino mais velho disse, parecendo impaciente, e


eu logo o reconheci como Junghyun. — Não é difícil. É só dizer Jeon
Jeongguk.

— Mas eu não consigo! — O mais novo se lamentou com a voz de choro, e


meu coração se partiu todinho ao reconhecer uma versão pequenininha do
meu Jungkook.

— Você quer que o papai chegue de viagem e veja que você ainda não
consegue dizer seu nome?

— Não... o papai vai ficar triste comigo e me achar burro.

— Pois é! Então anda logo. Repete comigo: Jeon. Jeong. Guk.

— Jeon. Jeong. Guk. — Meu amorzinho repetiu, usando a mão miúda para
secar as lágrimas.

— Isso! Agora diz rápido. Jeon Jeongguk!

— Jeon Jun-guk!

— Meu deus! — Junghyun tombou para trás, esperneando. — Você é muito


burro! Eu disse pro papai e pra mamãe não te trazerem pra casa quando te
acharam no lixão!

A gravação ficou em silêncio por um tempo, até que um soluço alto ecoou pelo
alto falante do notebook e o Jungkook do vídeo correu pelo quarto, se
encolhendo no cantinho enquanto chora.

— Não fala essas coisas para o seu irmão, Junghyun! — A voz por trás da
câmera finalmente se pronunciou, e parece ser a voz da mãe deles. — Agora
ele não vai mais parar de chorar!

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— O que está acontecendo aqui? — Uma quarta voz surgiu, e logo a câmera
se voltou para um homem, que logo reconheço como o pai de Jungkook. Ainda
novo, forte, tão diferente da última imagem sua que tive.

— O mesmo de sempre. — A mulher respondeu, exausta. — Jungkook não


consegue dizer o próprio nome.

— E ele está chorando por isso? — Perguntou, afrouxando sua gravata. — Ei,
campeão — Dong-yul começou a caminhar até Jungkook, e a câmera o
acompanhou até se agachar na frente do filho. — Eu espero que você esteja
chorando de saudades do seu pai, porque então não vai mais precisar chorar.
Eu já voltei.

Jungkook continuou encolhido, abraçando as perninhas com os braços magros.

— Eu tô chorando porque sou burro e porque fui achado no lixão... — Ele


respondeu, com o choro transformando sua voz gradativamente num berro.

— Você não foi achado no lixão, filho - Seu pai disse, parecendo querer rir. —
E você não é burro. Você é o menino mais inteligente que eu já vi!

— Mas eu tenho cinco anos e não sei dizer meu nome!

— É porque seu nome é difícil. — Dong-yul explicou, paciente. — Vamos fazer


assim. Enquanto você não aprende, nós podemos te chamar de Jun. É mais
fácil, não é? Você gosta?

Jungkook levantou os olhinhos marejados, desconfiado a princípio, mas logo


fazendo um movimento de concordância com a cabeça.

— Então de agora em diante nós só vamos te chamar de Jun. Combinado? —


Questionou, oferecendo seu punho fechado para selar o acordo com um
soquinho.

Ainda tímido, a miniatura de Jungkook se encolheu um pouco antes de


finalmente sorrir e chocar seu punho miúdo contra o de seu pai.

— Pelo menos agora... — A mãe voltou a dizer, mas logo se interrompeu antes
de gritar e posteriormente encerrar a gravação. — Eu esqueci o jantar no forno!

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Logo em seguida, o marcador do vídeo voltou para a posição inicial, indicando
que todo o conteúdo já foi reproduzido, e só então eu finalmente me dei conta
de que estou quase chorando, e nem sei por que.

— Jungkook... — Eu o chamei, preocupado, e senti meu coração se agitar


inteiro quando olhei para seu rosto e vi seus olhos avermelhados, mas um
sorriso manso nos lábios.

Ele então olhou para mim e eu instintivamente o abracei, tentando protegê-lo


de qualquer tristeza que esse vídeo possa ter despertado, para deixá-lo
somente com os sentimentos bons.

— Você tá bem? — Eu perguntei, acariciando-o repetidamente.

Jungkook demorou algum tempo para responder, mas quando o fez, pareceu
ser sincero.

— Eu estou com saudades dele, mas me sinto bem — Confessou, aceitando


meu abraço facilmente e retribuindo com ainda mais força. — Eu juro que me
sinto bem...

Eu sorri, sentindo a sinceridade em seu tom, a leveza em sua voz, e


principalmente em seu coração.

Eu não quero impedi-lo de sentir saudades de seu pai. Não quero tirar o seu
direito de, em alguns momentos, voltar a se sentir triste com a perda, mas me
deixa feliz vê-lo assim, reerguido. Mas mesmo quando ele enfraquecer eu vou
continuar aqui, ajudando-o a redescobrir sua força.

Entretanto, pelos próximos dias, eu não poderei estar ao seu lado. Jungkook
precisa voltar para a Bangtan depois de tanto tempo afastado e eu... eu preciso
voltar para casa, para anunciar aos meus pais e meus amigos que, em breve,
meu lar estará em outro lugar.

Deus que me ajude.

Por isso, Jungkook comprou minha passagem e me ajudou a organizar meu


currículo para mandar para Siyeon, e depois de quase um mês inteiro ao seu
lado, nós precisamos nos despedir outra vez.
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Não posso dizer que foi fácil, porque acredito que me separar dele nunca será
uma tarefa indolor, mas confesso que existiu alguma calma na forma como nos
separamos no aeroporto.

Eu vi a mensagem de Jungkook assim que entrei no avião e sorri sozinho,


mesmo com o estômago revirado pelo nervosismo.

Nossa casa.

Em breve eu vou voltar para meu homem, meu dominador, meu amigo. Em
breve, eu estarei de volta para a nossa casa.

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❆❅❄❅❆

Eu estou em Nam-gu há sete horas. Exatas sete horas se passaram e eu ainda


não tive coragem de conversar com meus pais.

Estando aqui, eu lembro da comodidade de morar com eles. Lembro como é


fácil, em tantos aspectos, assim como sei que me mudar para Seul vai tirar de
mim tantas dessas facilidades,

Entretanto, não é isso que me faz hesitar, porque eu não estou nem perto de
desistir. Eu quero ir. Do fundo do meu coração, eu quero tentar. Mas minha
certeza morre quando o assunto é a reação dos meus pais.

Na verdade, não estou tão preocupado com meu pai. Mas minha mãe...

— Príncipe? — Eu ouvi sua voz, então, e só assim fui arrastado para fora da
minha distração. — Você está bem? Parece tão distraído, nem tocou na
comida direito...

Eu olhei para baixo, vendo meu jantar quase intocado enquanto eles dois já
parecem ter terminado de comer.

— É que eu... — Eu comecei, decidindo parar de procrastinar. — Eu preciso


conversar com vocês...

— Hm? Sobre o que? — Ela questionou, distraída, sem imaginar o que está
por vir. — Espera só um minutinho que eu vou servir logo a sobremesa, ok?

Tem sobremesa?

Caramba, Park Jimin, se concentra!

— Não, mãe, deixa eu falar logo antes que eu perca a coragem... — Eu pedi,
quase implorei, e vi o olhar confuso que ela trocou com meu pai. — Eu... eu
tomei uma decisão recentemente e gostaria muito de ter o apoio de vocês
dois...

— Que decisão? — Foi meu pai quem perguntou, até mudando a postura.
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Seja o que deus quiser.

— Eu quero ir morar em Seul com o Jungkook...

Ok. Consegui. Foi fácil, até, agora só preciso esperar a resposta deles, mas os
dois parecem chocados demais para me dar alguma.

— Jimin... — Meu pai coçou a testa e eu me encolhi, já prevendo o sermão que


vou ouvir.

— De jeito nenhum. — Minha mãe o interrompeu, então, com a voz contida


como se tentasse dar a conversa por encerrada. — Eu vou servir a sobremesa.

Eu a acompanhei com os olhos apreensivos quando ela se levantou e foi em


direção à cozinha, sem dizer qualquer outra coisa, e eu e meu pai nos
prendemos num silêncio horroroso até que ela finalmente retornou com um
bolinho caseiro decorado com frutas e três pratinhos.

— Eu fiz o bolo que você gosta.- Ela anunciou, então, ignorando meu olhar
tenso. — Termine de jantar que eu corto seu pedaço.

— Mãe, por favor...

Ela fechou a expressão, sentando novamente em seu lugar. — Nós não vamos
ter essa conversa, Jimin. Você não vai e pronto.

Eu fiquei em silêncio, sentindo minhas mãos suadas e meu coração disparado.

Mesmo que eu já seja maior de idade e eles não possam verdadeiramente me


impedir, eu não quero fazer algo como isso sem a concordância de meus pais.
Eu não quero sair de Nam-gu brigado com eles.

— Mãe, pelo menos me escuta. — Insisti, então tentando não deixar o


nervosismo me fazer falhar. — Eu amo a senhora, amo o papai e amo meus
amigos que estão aqui, mas eu sinto que Nam-gu não me oferece mais o que
eu preciso... Seul tem tantas possibilidades, mãe, eu realmente acredito que
posso encontrar meu caminho lá. E lá eu tenho o Jungkook... e eu quero morar
com ele...

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— Você quer morar com ele e abandonar todas as outras pessoas da sua
vida? — Ela acusou, ressentida. — Você acha que é assim fácil, Jimin?
Quando eu me casei com seu pai, eu tinha vontade de matar esse homem com
um travesseiro todos os dias, porque é isso que a convivência faz!

— Que bom descobrir isso agora. Acho que é melhor começarmos a dormir em
quartos separados — Meu pai disse, um pouco assustado, mas até brincalhão.

— Você acha que eu estou brincando? Minha mãe o fuzilou com o olhar,
furiosa.

Ok, agora eu também estou preocupado com a integridade física de meu pai.

— Eu sei que não vai ser fácil, — Eu intervi antes que alguém morra. — eu
realmente sei disso. Mas eu quero muito tentar e quero muito que vocês me
apoiem. Então por favor...

— Eu já dei minha resposta. Não é não. — Ela disse, irredutível.

Desesperado, eu olhei para meu pai, esperando sua ajuda, mas tudo que ele
fez foi gesticular para que eu espere, mas não sei por quanto tempo tenho que
esperar. Mesmo assim, resolvo fazer o que ele me pediu e não toco mais no
assunto, sentindo a angústia se acumular no fundo da minha garganta.

Até o fim do jantar, pouca coisa mudou. Minha mãe não falou mais sobre isso,
assim como não falou sobre qualquer outra coisa. No dia seguinte, nenhuma
mudança.

No total, ela passou dois dias e meio sem falar direito comigo, mas eu a ouvia
conversando com meu pai quando eles se fechavam o quarto à noite. Ontem,
eu a ouvi chorando.

Eu evitei dizer isso tudo para Jungkook, apesar de querer muito desabafar com
ele, porque estou verdadeiramente angustiado. Entretanto, eu sei que ele tem
muitas coisas para resolver na Bangtan e eu não quero preocupá-lo com mais
nada, pelo menos por enquanto

Mas eu também não posso falar com Yukwon, nem com qualquer outro amigo
meu, porque nenhum deles sabe o que está acontecendo.
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Eu guardei o celular antes de ver sua resposta, sentindo o coração disparar ao
ouvir minha mãe batendo na porta do meu quarto antes de perguntar se pode
entrar.

— Posso falar com você agora? — Ela perguntou, com a expressão um pouco
abatida.

Eu assenti nervosamente, observando-a enquanto ela caminha pelo meu


quarto até sentar ao meu lado na cama. A princípio ela ficou em silêncio, até
finalmente suspirar, exausta.

— Você não mudou de ideia? — Ela perguntou, sem esperança. — Você está
mesmo decidido a ir embora? — Eu fiz que sim, um pouco acuado. — Mesmo
sabendo de todas as dificuldades que pode encontrar? — Eu assenti outra
vez, esperançoso quando a vi ficar em silêncio por mais algum tempo. — Você

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não é mais uma criança, Jimin... eu não posso te proibir mesmo não estando
de acordo com isso.

— Eu só preciso que a senhora aceite. Por favor, eu não quero brigar, eu não
quero que a senhora ache que eu estou escolhendo entre vocês e o
Jungkook... eu só acho que esse é o melhor pra mim agora e eu quero muito
seu apoio...

Ela respirou fundo para segurar o choro quando me aproximei para abraçá-la,
deitando a cabeça em seu ombro.

— Me desculpa... — Ela pediu, me abraçando também, falhando em conter as


lágrimas. — Mas você é o que eu tenho de mais valioso, eu não consigo ficar
bem em pensar que não vou mais te ter por perto... me desculpa por ser tão
egoísta, príncipe...

— A senhora e o papai vão poder me visitar. E eu vou vir sempre também, eu


juro. Não vou aguentar ficar muito tempo sem ver minha mãezinha...

Ela fungou exageradamente, me apertando quase a ponto de sufocar.

— Meu bebê... — Se lamentou, chorando abertamente. — Eu não acredito que


meu bebê cresceu tanto...

Eu comecei a rir, mas acabei por chorar.

— Se não der certo e você quiser voltar para casa, — Ela disse, sem me soltar.
— não importa quando, eu vou estar aqui pra te receber de braços abertos, ok?
Você sempre vai ter um lugar pra voltar!

— Eu sei. — Respondi, sinceramente. — Obrigado, mãe. Você é a melhor do


mundo todo!

Ela continuou me abraçando por tempo demais e depois nós ficamos grudados
o resto do dia. Fizemos o jantar juntos, lavamos a louça juntos e depois
assistimos TV juntos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Só então eu finalmente anunciei para Jungkook que estava tudo certo e nós
reservamos minha passagem para daqui a duas semanas, tempo durante o
qual eu tive a árdua tarefa de informar aos meus amigos que estou indo
embora.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu conversei mais um pouco com todos eles e expliquei melhor toda a
situação. Ou, melhor dizendo, com quase todos eles, porque Yukwon não me
respondeu nem quando o chamei em nossa conversa privada. Desde então, eu
venho me dividindo entre organizar minhas coisas e implorar para que ele fale
comigo, mas ele nunca me responde, e até me enxotou quando fui em sua
casa.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu sorri para a tela do celular, feito um bobo. Yukwon me mandou tomar no cu,
mas e daí? Ele sempre diz coisa pior. Pelo menos agora ele está me
respondendo!

Eufórico, eu abri a conversa com Jungkook enquanto faço uma pausa na


arrumação das minhas coisas, sentado no chão em meio às malas.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu gritei sozinho, no meio do quarto, ainda desacreditado nisso tudo.

Eu vou mesmo morar com Jungkook? De verdade?

Meu deus, se isso for um sonho, eu não quero acordar nunquinha.

Mas mesmo querendo surtar de uma vez, eu preciso terminar de arrumar


minhas coisas para deixar os três próximos dias livres para meus amigos e
minha família, então volto a organizar as malas, vez ou outra balançando
minha bundinha vitoriosamente de um lado para um outro enquanto caminho
pelo quarto.

Agora, já com tudo devidamente arrumado, eu finalmente posso reencontrar


meus amigos. Nós não combinamos nada muito exagerado, só vamos pedir

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
pizza e dormir juntos na casa de Yukwon, como sempre fazíamos antes da vida
começar a separar nossos caminhos.

Quando eu cheguei ao apartamento onde vivi tantas coisas nos últimos anos,
meu coração apertou com a saudade em antecipação. É estranho pensar que
não vou mais poder correr para cá quando estiver triste, irritado ou somente
entediado.

— Nós não permitimos a entrada de traidores neste recinto — Yukwon disse


assim que abriu a porta para mim.

— Para de ser chato! — Yuta apareceu logo atrás, dando um soco no ombro
do namorado, empurrando-o para o lado para me deixar entrar.

Eu ri de como eles dois nunca mudam um com o outro. Acho que é por isso
que esse é meu casal favorito.

— Ué... cadê o Kihyun? — Eu perguntei ao parar no meio da sala, encontrando


somente Jeonghan sentado sobre os colchonetes arrumados entre o sofá e a
TV.

— Ah, ele não te falou nada? — Jeonghan — perguntou, com uma entonação
um pouco esquisita. — Acho que ele não vem.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei, preocupado, e logo os três ficaram


em silêncio. — Gente, o que foi?

— Conta logo pra ele, Jeonghan... — Yuta pediu, sentando no sofá.

— Não conta, não, deixa ele de fora mesmo. Agora que ele é de cidade grande
não precisa mais saber dos dramas de Gwangju! — Yukwon resmungou,
amargo.

Agora eu estou preocupado.

— Não é nada demais. — Jeonghan tentou sorrir, mas parece um sorriso tão
falso. - É só que... nós terminamos quando você ainda estava em Seul...

— O que?— Eu joguei a mochila com minhas coisas de qualquer jeito no chão,


saltando para me sentar perto dele. — Como assim? Por quê?
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Muita briga. Não tava mais dando — Ele ergueu os ombros, conformado. —
Mas não vamos falar sobre isso hoje. É a última noite que vamos ter todos
juntos por um bom tempo, então... só deixa isso pra lá.

Eu concordei, um pouco a contragosto.

Poxa. Agora eu fiquei triste.

— Ah, nós já pedimos as pizzas. — Yuta avisou, saindo do sofá para sentar no
chão com a gente.

— É, porque você não tinha direito nem de escolher os sabores. — Yukwon,


novamente. — Traidor.

— Yukwon... para — Eu pedi, me arrastando sobre o colchonete para ficar


pertinho dele.

— Não fica bravo comigo... pensa que pelo menos agora você vai ter onde ficar
de graça quando quiser ir pra Seul!

— Grande bosta. Seul que exploda.

— Desiste, Jimin, ele tá mais amargo que aquela cerveja horrorosa que a gente
dividiu na virada de ano de 2017 — Jeonghan disse, risonho.

— Puta cerveja ruim — Yuta fez uma careta.

— A situação tá tão ruim assim? — Eu olhei para meu melhor amigo,


esfregando uma mão na outra em súplica. — Me diz o que eu faço pra você
ficar de bem comigo, por favorzinho!

Ele me olhou desconfiado, com os braços cruzados sobre o peito. — Você


sabe.

— Não sei. Me diz!

— Sabe, sim. Tem um negócio que eu quero assistir.

— Vingadores? — Yuta questionou, esperançoso. — Quando lançar, eu assisto


com você!

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Pobre nerdzinho que namora uma pessoa que não liga para seus filmes de
super-herói.

— Porra de Vingadores! — Yukwon esbravejou.

— Não sei por que você ainda se ilude desse jeito, Yuta... — Jeonghan disse,
rindo baixo.

— Eu quero é ver sexo.—Meu melhor amigo anunciou, finalmente. — Sexo seu


com o gostosão.

— É isso? Ok! A gente transa na sua frente quando você for pra Seul! — Eu
disse de prontidão, mas meio que só para convencê-lo a não ficar bravo
comigo. — Quer dizer... tudo bem, Yuta?

— Por mim. Vai ser como assistir um pornô e ele já vive assistindo pornô —
Ele deu de ombros, desleixado. — Mas eu prefiro ver Vingadores.

— Ok! Então? Pode me perdoar agora? — Eu perguntei, cheio de esperança.

Yukwon suspirou, seduzido pela ideia. — Se você não cumprir o que tá


prometendo, eu te mato.

Tudo bem. Eu posso me preocupar com isso depois.

Enfim, resolvido com meu melhor amigo, nós continuamos jogando conversa
fora ao longo da noite. Taeyeon apareceu para comer pizza com a gente,
depois, mas não ficou muito tempo, porque ela está estudando para fazer uma
prova de readmissão na universidade para voltar a fazer o curso que foi
obrigada a abandonar quando seus pais morreram.

Já perto da madrugada, nós também abrimos uma vodca barata, brincamos de


mímica — O que foi uma bagunça, porque somos péssimos nesse jogo — e
tiramos mais uma caralhada de fotos juntos, mas nenhuma ficou boa.

— Eu tenho uma coisa pra vocês — Yuta disse, por volta das três da manhã.
— Mas vocês não podem rir, nem dizer que é besteira!

— Tá bom! — Eu gritei, abraçado a uma almofada no chão.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jeonghan está deitado ao meu lado, quase se sufocando com os próprios
cabelos, e Yukwon está se alongando, sabe deu pra quê.

— Ok, sentem aqui. — Yuta pediu depois de ir até o quarto, sentando e


indicando para que façamos os mesmo, formando um círculo meio malfeito,
enquanto ele segura uma sacola pequena de papel. — Eu trabalhei num
evento ano passado e uma das atrações era uma oficina de bijuterias... e eu
consegui participar, então fiz isso pensando em vocês, mas nunca entreguei
porque... não sei, parecia muito bobo.

— O que é? — Yukwon disparou, curioso.

— Ah, são só umas pulseiras... — Ele disse, abrindo o papel e revelando


quatro pulseiras de miçangas, diferentes umas das outras. — A cor que melhor
representa você pra mim é o vermelho porque eu realmente te amo, mas você
odeia vermelho, então eu fiz uma preta, já que é sua cor favorita. — Ele disse,
meio sem jeito, entregando a pulseira escura para o namorado.

— Eu te amo também por lembrar que odeio vermelho com todas as minhas
forças — Yukwon disse, dando um soquinho no braço dele.

Yuta sorriu pequeno, antes de prosseguir. — Pro Jeonghan eu fiz a azul,


porque é uma cor calma como ele. E pro Jimin... eu não consegui pensar em
uma cor só. Você é intenso demais pra ser representado por um só tom, por
isso a sua eu fiz com todas as cores do arco-íris.

— Yuta... — Eu choraminguei, aceitando quando ele passou a pulseira de


miçangas coloridas para mim.

— E pra mim eu fiz a branca, porque branco significa gratidão. Vocês todos
ficaram do meu lado e me salvaram de todas as formas possíveis, mesmo com
todos os motivos do mundo pra virarem as costas pra mim. Por isso eu sou
muito grato. Vocês são os melhores amigos que eu poderia desejar ter ao meu
lado.

— Filho da puta... — Yukwon praguejou, com os olhos vermelhos, e Jeonghan


riu de sua reação, mesmo também com os olhos marejados.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu e Yuta já passamos dessa fase e estamos chorando como dois nenéns,
mesmo.

— Eu sei que é cafona ter pulseiras que combinam, mas agora que Jimin vai
embora e Jeonghan mora em Gwangsan-gu... eu só queria dar algo pra vocês
nunca esquecerem de nós quatro.

Sério, eu sou uma cachoeira. Meu deus do céu, nunca mais vou conseguir
parar de usar.

— Eu vou usar todos os dias. — Prometi, deslizando a pulseira por meu punho,
até colocá-la junto com a que Jungkook me deu.

Eu ainda lembro de quando recebi esse presente. De como o pingente no


formato de globo terrestre era um lembrete de que eu posso ter o mundo nas
minhas mãos. Agora, a pulseira de Yuta é mais um lembrete. O lembrete de
que posso ainda não ter conquistado o mundo inteiro, mas já conquistei as
pessoas mais valiosas que existem nele, e distância nenhuma vai apagar isso.

— Caralho, Yuta, sério que você precisava fazer todo mundo chorar agora? —
Yukwon resmungou outra vez, inconformado, usando a manga da blusa para
secar as lágrimas antes que elas caíssem.

— Desculpa. — Ele pediu, rindo em meio ao choro.

— Eu não gosto dessa coisa sentimental, vocês sabem disso. — Meu melhor
amigo voltou a dizer, fungando. — Então vai me desculpando, Jimin, mas eu já
adianto logo que não vou me despedir de você no aeroporto. Não vou chorar
mais de uma vez na mesma semana nem a pau.

Eu concordei, mesmo desejando-o poder vê-lo até o último instante. Entretanto,


eu o conheço bem para saber que é melhor assim.

Por isso, no dia seguinte, eu voltei para casa com a certeza de que essa foi a
última vez que vi meu melhor amigo antes de minha ida. E está tudo bem,
porque nada disso é um adeus.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Tem certeza, filho? — Minha mãe perguntou aos prantos quando, no dia da
viagem, me acompanhou até a entrada da sala de embarque. — Se quiser
desistir agora, não tem problema!

— Querida, por favor... — Meu pai pediu e, logo atrás, Yuta e Jeonghan riem
da minha situação.

Como prometido, Yukwon não veio.

— Eu não acredito que meu bebê vai mesmo embora... — Ela se lamentou, me
abraçando com força pela sétima vez, até fez alguma parte do meu corpo
estalar.

— Eu venho visitar bem rapidinho, eu prometo. — Garanti, também com o


coração apertado. — Mas eu preciso ir agora... O embarque já vai ser
encerrado.

Ela assentiu, secando as lágrimas quando finalmente me soltou, ainda a


contragosto.

— Diga a Jeon que é melhor ele cuidar muito bem do meu príncipe! — Ela
disse, em tom de ordem. — E você cuida bem dele também... eu vou torcer
com minha vida inteira pra que você seja muito feliz, eu juro.

— Obrigado. De verdade mesmo. — Eu a abracei uma última vez, depois me


afastei um pouco, sorrindo para meu pai e para meus amigos, de quem já me
despedi. — Eu já vou agora...

Minha mãe assentiu, sendo amparada por meu pai quando seu choro se
intensificou ao me ver segurando o puxador da minha bagagem de mão.
Entretanto, antes que eu virasse as costas, um grito muito alto ecoou pelo
aeroporto e eu logo olhei assustado para o lado, vendo Yukwon correndo como
um louco enquanto empurra as pessoas pelo caminho.

Eu arregalei meus olhos na mesma hora, surpreso por vê-lo aqui, e não me
contive quando, ao invés de ir para o embarque, caminhei em direção ao meu
melhor amigo

— Você veio... — Eu disse quando ele parou em minha frente, ofegante.


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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu esqueci de te dar uma coisa. — Ele avisou, respirando com dificuldade, e
me estendeu uma sacolinha pequena, e eu sorri sem acreditar quando vi um
cupcake embalado ali dentro.

— Yukwon... — Eu murmurei, quase sem forças.

— Eu te dei um desses no seu aniversário de dezessete anos — Ele explicou,


ainda estendendo-o para mim. — Eu não sei se você lembra, mas aquele dia
foi a primeira vez que você falou comigo na frente de outras pessoas e isso foi
muito importante pra mim e hoje é um dia importante pra você, então... — Ele
perdeu a voz, desviando o olhar. — Só pega logo essa merda.

Eu finalmente aceitei a sacolinha, logo antes de pular em sua direção e abraçá-


lo com toda a força que existe em mim. E acho que essa é a primeira vez que
ele retribui um abraço meu com tanta força.

— Obrigado. Por tudo, tudo mesmo. — Eu disse, usando meus resquícios de


força para não chorar mais uma vez. — Você não sabe como foi bom ter você
por perto durante os últimos anos...

— É bom você não achar nenhum outro melhor amigo lá em Seul — Ele disse,
em tom de aviso. — Ou eu juro que arranco seu cu com os dentes.

Eu ri, sem conseguir soltá-lo. — Eu não sou louco de chamar outra pessoa de
melhor amigo depois de Kim Yukwon ter ocupado esse cargo. Ele vai ser
sempre seu.

Yukwon concordou e eu me surpreendi ao sentir um beijo seu em meu ombro,


antes que ele se afaste.

— Vai logo. Eu realmente não gosto dessa coisa sentimental — Ele disse, com
o nariz vermelho empinado, mal olhando para mim.

Eu concordei, rindo mais uma vez, e acenei para meus pais e para Yuta e
Jeonghan antes de finalmente embarcar.

E é só quando o avião deixa o aeroporto da minha terra natal que a ficha cai.
Eu estou indo embora.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Mas eu não vou mais chorar, mesmo com o coração apertado, mesmo com
medo do que me espera. Eu estou seguindo em frente e vou dar orgulho para
todas as pessoas que ficaram para trás.

E quando eu finalmente pouso em Seul, eu tenho ainda mais certeza de que


não me arrependo dessa decisão, porque a primeira coisa que eu vejo quando
desembarco, carregando todas as minhas malas, é Jungkook à minha espera,
com um pacote imenso de choco pie nos braços.

— Jungkook! — Eu o chamei, então, sem me preocupar em deixar minhas


malas para trás antes de correr até ele e abraçá-lo dolorosamente forte em
mais um de nossos reencontros.

Entretanto, agora, eu tenho uma certeza: nós não vamos precisar nos despedir.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
OLÁÁÁ! vocês também sentiram que esse capítulo teve um gostinho de final de
fanfic?

então, existe um motivo, esse capítulo marca, sim, o fim de uma era de
submissive. vocês podem considerar como o final de uma primeira temporada
da fanfic e no próximo capítulo começamos a segunda. mas, caso alguém já
esteja meio cansadinho da história, acha que já absorveu o que ela tinha pra
oferecer ou algo assim, eu deixo aqui esse final pra vocês! Para os que
desejam continuar, então nos vemos na próxima atualização!!

mas ah!! nós só temos mais cerca de 15 capítulos antes do fim definitivo de
sub, ok?):

acho que por hoje é só! Nos vemos dia 22, com a chegada de um novo
personagem rs até lá!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
36 • Boy Meets Evil

Eu sabia que me mudar para Seul me faria vivenciar coisas novas, algumas até
assustadoras, mas eu não imaginei nada como isso.

— Jungkook, me atende... — Eu choraminguei para o telefone, sentindo meus


ossos doerem pelo frio.

Jungkook tinha várias reuniões agendadas para hoje na Bangtan, então


acredito que por isso ele não pode me atender. Honestamente, eu também não
ligaria para ele se não estivesse desesperado, mas eu estou, quase a ponto de
chorar.

O céu já está escurecendo, a temperatura cai cada vez mais rápido e minha
roupa não faz mais um bom trabalho em me aquecer. Mas o pior é estar
sozinho nesse lugar.

Desesperado, eu guardei meu celular já quase sem carga no bolso da calça e


fui até a porta metálica fechada, tentando inutilmente abri-la mais uma vez.

— Eu não acredito... — Me lamentei sozinho ao reafirmar que é impossível


abri-la pelo lado de fora.

Eu honestamente não acredito que estou preso no telhado de um hospital,


sozinho, em pleno inverno.

Esse não era o tipo de dificuldade que eu esperava encontrar em Seul.

Já sem esperança, pensando até que posso morrer congelado nesse lugar sem
que sequer sejam capazes de encontrar meu corpo, eu voltei a pegar meu
celular e fui até a página da internet, tencionando buscar o número de
atendimento do hospital, assim posso notificá-los que estou aqui para que
alguém venha me buscar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Não a melhor coisa a se fazer justo no dia em que vim fazer minha entrevista
de emprego, mas pior é morrer aqui.

Entretanto, antes que eu copiasse o número para a discagem, um barulho


metálico alcançou meus ouvidos e eu voltei a olhar para a porta fechada
imediatamente. sentindo meu peito se esvaziar quando ela foi lentamente
aberta.

E ali do outro lado, está meu salvador.

Kim Wonsik.

❆❅❄❅❆

2 dias antes

Felicidade é pouco perto do que sinto agora.

Acabei de chegar em Seul e eu e Jungkook estamos nos beijando dentro do


seu carro ha uns vinte minutos, quase sem parar.

Ele já resmungou algumas vezes que precisa me deixar em casa e voltar para
o escritório, mas em nenhuma dessas vezes ele me soltou. Na verdade, em
todas elas ele voltou a me beijar, me tirando também toda a força para
incentivá-lo a retornar para o trabalho.

— Eu não vou conseguir ficar longe de você — Ele disse quase sem voz,
voltando a me beijar intensamente no instante seguinte.

Eu mantive meus braços atracados ao seu pescoço, aceitando-o de volta


quando seus lábios voltaram a sugar os meus, sem me atrever a sair de seu
colo.

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— Eu posso ir pra Bangtan com você... — Eu consegui dizer quando ele
abandonou minha boca para deixar vários beijos em minha bochecha. — Se
não for atrapalhar...

Jungkook sorriu contra minha pele, o que me fez um pouco de cócegas.

— Então você vem comigo. — Ele decidiu, me arrancando outra risada ao me


dar mais uma leva de beijinhos por todo o rosto. — Coisa linda.

Eu me encolhi um pouco, também deixando um beijo bem demorado na sua


bochecha antes de seguir o comando de suas mãos para sair do seu colo.
Entretanto, quando o fiz, eu percebi que minha perna acabou ficando
dormente, o que me arrancou mais um riso junto a um resmungo alto.

— O que foi, meu bem? — Jungkook perguntou, assustado quando eu desabei


de volta no banco do carona.

— Minha perninha... — Respondi manhoso, massageando-a.

— Machucou? — Ele se virou para mim, substituindo minhas mãos pelas suas
numa massagem muito mais gostosa.

— Eu não tô sentindo ela direito, na verdade. — Expliquei, aceitando de bom


grado sua atenção, e completei com minha piadinha infame: — Mas quando
machuca, eu gosto, meu senhor sabe disso.

Jungkook riu da minha brincadeira, mesmo fazendo um gesto negativo com a


cabeça.

— Não se preocupe, de agora em diante eu vou poder te dar tudo isso que
você gosta, anjo. — Ele garantiu, me agraciando com outro beijinho. —
Melhorou?

— Melhorou demais. Pra quem só podia transar tipo três vezes por ano...

— Eu deveria me arrepender de te apresentar a Seokjin? — Ele perguntou,


quase desconfiado, mas consigo ver sua vontade de rir. — Você deve estar
aprendendo essas brincadeiras com ele.

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— Foi a última do dia, juro, juradinho. — Garanti, cruzando meus indicadores
na frente dos lábios e beijando-os em seguida, de ambos os lados. — E minha
perna melhorou sim, obrigado!

Jungkook me lançou uma última olhadela e massageou minha perna uma


última vez antes de se arrumar em seu assento. Na verdade, eu menti um
pouquinho, porque agora eu estou agonizando com a sensação ruim de mando
a dormência começa a passar, como se um formigueiro inteiro estivesse em
festa sob minha pele, mas tudo bem, logo passa.

Ou isso, ou minha perna cai.

Felizmente, não demorou para senti-la normal novamente, e quando chegamos


ao estacionamento para funcionários da Bangtan eu consegui descer do carro
sem problemas, deixando minhas malas no bagageiro, mas carregando comigo
o pacote de choco pie que Jungkook me deu quando me recebeu no aeroporto.

Eu poderia levar só um ou dois, mas com certeza vou querer comer muito mais
que isso, então melhor garantir e levar tudo de uma vez mesmo.

— Como tá sua geladeira? Tá cheia de coisas saudáveis? — Eu perguntei para


ele, caminhando ao seu lado enquanto abraço meu pacote de tortinhas de
chocolate com marshmallow.

— Eu acho que tem uma maçã perdida lá em algum lugar. Só não sei se ainda
presta — Ele respondeu com um sorriso quase cínico, me puxando para dentro
do elevador.

Meu deus. Passo duas semanas longe e Jungkook já desregula sua


alimentação todinha,

— Mas eu comi bem, anjo. — Ele garantiu, como se lesse meus pensamentos.
— Só não comprei muitas coisas porque realmente não tenho tempo para
cozinhar.

— Então tá bom. — Eu cedi, meio desconfiado. — Mas mais tarde eu vou


procurar um supermercado aqui perto e vou comprar umas coisas. Quero fazer
um jantar gostoso pro meu Jungkook.

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Ele sorriu, puxando minha mão entrelaçada à sua até seus lábios, beijando-a
logo depois.

— Fiquei com saudade da sua comida. — Ele disse, então. — E de dormir com
você.

— Mas agora a gente vai dormir juntinhos toda noite. — Eu lembrei, me


encolhendo contra ele com um sorriso bobo. — Toda, toda noite.

Jungkook sorriu para mim, parecendo feliz pelo lembrete, e não me soltou
quando saímos do elevador no andar de sua sala privada. Ao fazermos isso, no
entanto, logo nos deparamos com duas mulheres além de sua secretária, e
meu corpo congelou ao ver que uma delas é sua mãe.

A outra é uma mulher jovem, talvez um pouco mais velha que Jungkook, mas
não muito.

Meu instinto foi tentar me afastar dele, como uma forma de tentar protegê-lo de
qualquer problema que possa ser gerado pela forma como estamos juntos
agora, mas ele foi mais rápido em reforçar o abraço em meu ombro, mantendo-
me perto.

— Onde você estava? — Sua mãe perguntou com desagrado, perfeitamente


equilibrada sobre seus saltos, antes de me olhar dali de cima com desgosto. —
O que esse menino está fazendo aqui?

— Está me acompanhando. — Jungkook respondeu em tom óbvio. — Mas e a


senhora, por que está aqui?

— Você não deveria sair durante seu expediente. — Ela o repreendeu, sob o
olhar atento da outra mulher.

— Eu faço tantas horas extras nesse lugar, mãe, que mal tem compensar isso
agora?

— Ele disse, enquanto eu percebo sua progenitora prestes a ter um derrame


por perceber que ele não parece disposto a me soltar. — Mas a senhora não
respondeu o que está fazendo aqui.

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— Largue essa criança. — Ordenou, azeda. — E venha cumprimentar Lee
Eunbyul. Ela é filha do diretor da D-Lite. Estou apresentando a Bangtan a ela,
só faltava apresentá-la ao nosso CEO.

Jungkook afastou seu braço de meu ombro, me soltando, e eu entendo, apesar


de ficar um pouco chateado. Entretanto, ele logo voltou a segurar minha mão
antes de curvar o corpo em um cumprimento respeitoso para a tal Lee Eunbyul.

— É um prazer, meu nome é Jeon Jungkook. Espero que tenha gostado do


que viu na empresa

— É um prazer, Jeon-ssi. — Ela respondeu à altura, sem parecer se intimidar


de qualquer forma. — Sua empresa é muito organizada, não me espanta que
tenha resultados tão bons no mercado.

Jungkook acenou com a cabeça, acariciando as costas de minha mão presa à


sua com seu polegar.

— Eu só estou um pouco curioso. A empresa de seu pai é nossa concorrente


mais forte. Minha mãe decidiu mostrar nosso território aos inimigos de bom
grado?

Eunbyul sorriu, elegante, quase afiada.

Ela não tem um rosto que se classifique pelos padrões como bonito, mas ela é
atraente de alguma forma, talvez por sua óbvia autoconfiança.

— O interesse de sua mãe é nos tornar parceiros no lugar de concorrentes. —


Ela confessou, então. — Acredito que você saiba disso.

Jungkook sorriu, mas eu vejo impaciência em seu rosto. Felizmente, apenas


consigo percebê-lo por já conhecê-lo tão bem, então é provável que essa
nuance de seu humor tenha passado despercebida à visitante.

Por um acaso ela está falando de casamento?

— Bom, Jeon-ssi, não vou tomar muito do seu tempo, que deve ser curto.—
Seu olhar em seguida recaiu em mim. — Acredito que vamos nos encontrar

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
outras vezes, então teremos oportunidade de conversarmos sem atenções
indesejadas.

— Isso eu vou garantir, querida. — A bruxa de sua mãe disse, me fuzilando


com o olhar enquanto eu me protejo com meu pacote gigante de choco pie.

— Eu espero que isso não seja o que estou pensando — Jungkook disse para
sua mãe com uma entonação firme, quase agressiva, contendo a voz para ser
ouvido apenas por ela.

— É exatamente o que você está pensando. — Ela respondeu, toda


descarada, me lançando mais uma olhadela enojada. — Eu mesma fiz questão
de escolher a melhor candidata para você. Se divirta enquanto pode com
esse...

— Escolha bem suas palavras antes de falar do Jimin. — Ele alertou, arisco,
sempre contendo a voz em sussurros irritados. — Nós estamos juntos,
estamos morando juntos, também, então é melhor aceitar de uma vez que seus
esforços em me arranjar um casamento serão todos jogados no lixo. —
Anunciou, enquanto eu me sinto acuado e desconfortável. — Agora com
licença. Vou finalizar meu trabalho o quanto antes para poder aproveitar a
companhia do meu namorado.

Eu vi a expressão de sua mãe se contaminar por ultraje a raiva, assim como


Sunhee, sua secretária, observou tudo com os olhos arregalados, enquanto a
tal Eunbyul espera um pouco afastada.

Entretanto, antes que qualquer outra coisa seja dita por qualquer das partes,
Jungkook me puxou pela mão em direção à sua sala, fechando a porta assim
que passamos para o lado de dentro. Sozinhos, então, ele me soltou, passando
as mãos pelo rosto num gesto nervoso.

— Jungkook... — Eu o chamei, sem saber o que fazer. Eu estou nervoso e


estou irritado pela forma como sua mãe age, mas deve ser tão pior para ele. E
mesmo que surtar outra vez e botar aquela doida pra correr seja minha maior
vontade, eu só ofereço o que de melhor tenho, agora: — Você quer um
abraço?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele abriu um sorriso sem força para mim ali do meio da sala, estendendo um
braço para que eu me aproxime, e eu o faço depois de deixar meu pacote de
doces sobre sua mesa, me encaixando em seu abraço e apertando-o com um
montão de força, até arrancar uma risada sua

— Me desculpe por fazer você precisar lidar com minha mãe novamente — Ele
se lamentou, com a bochecha deitada sobre o topo da minha cabeça. — Eu
não sabia que ela estaria aqui, ainda mais com aquela mulher.

— Não tem problema, eu não me importo muito com aquela bruxa. Só tenho
medo de fazer você se prejudicar por minha causa... — Confessei, um pouco
acuado.

— Eu sou capaz de fazer tudo por essa empresa, meu bem, menos deixar de
ser seu, Se isso me prejudicar de alguma forma, que seja, mas eu não vou
abrir mão de nós dois. Lembre disso, tudo bem?

Eu sorri, com o rostinho enterrado em seu peito.

Será que sou muito egoísta por ficar feliz ao ouvir isso?

Eu não desejo de forma alguma que Jungkook tenha momentos difíceis dentro
ou fora da Bangtan, porque ele merece sempre o melhor do mundo inteirinho.
Entretanto, me acalenta saber que mesmo se algo assim acontecer, ele não
abrirá mão de mim, porque eu também não abriria mão dele.

— Eu preciso adiantar meu trabalho agora. — Ele avisou, então, mas ainda
sem me soltar.

— Tá bom... eu vou ficar ali quietinho — Anunciei, apontando para o pequeno


espaço com sofás.

— Não.

Ele me deu um último beijo antes de se afastar, gesticulando com a mão


depois de carregar um dos assentos de visitante para trás de sua mesa,
colocando-o ao lado de sua cadeira. — Pode sentar aqui comigo.

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Eu sorri, muito mais satisfeito com a possibilidade de ficar pertinho dele, e logo
me adiantei até a poltrona, sentando relaxadamente sobre ela enquanto
Jungkook se acomoda ao meu lado,

Com um olhar rápido, eu vejo que o porta retrato com nossa foto continua aqui,
no mesmo lugar de antes, o que me faz sorrir ainda mais.

— Será que agora a gente vai enjoar do nosso grudinho? — Eu perguntei


enquanto ele começa a se preparar para voltar ao trabalho.

— Talvez. — Ele respondeu, me olhando com um sorriso contido. —


Convivência pode ser complicado, às vezes.

Eu arregalei os olhos, porque essa não era a resposta que queria ouvir.

— Ai, ainda bem que eu não desarrumei minhas malas ainda. — Eu murmurei,
de brincadeira. — Acho que vou voltar pra Nam-gu...

Ele riu, se inclinando para me dar um selinho, e deixou seu rosto próximo antes
de esclarecer: — Foi brincadeira, meu bem. Eu nunca vou cansar de dar
carinho ao meu menino. Você, por outro lado...

— Eu o que? — Apertei meus olhos, quase ofendido. — Eu vou enjoar de você


menos ainda!

— Espero que sim, mas eu te conheço. — Ele disse, sem parecer ressentido.
— Se você se sentir incomodado de alguma forma e achar que precisa de mais
espaço, lembre de ser sincero comigo, certo?

— Você é muito pessimista...

— Não é pessimismo, anjo. Eu só reconheço que essa mudança pode


ocasionar coisas assim, vez ou outra, e é normal. — Esclareceu, beijando
minha mãozinha.

Eu ainda o olhei meio desconfiado, até ceder com uma expressão mais mansa.
Acho que ele tem razão. Deve ser como minha mãe falou, apesar de acreditar
que eu não vou querer matar Jungkook sufocado com uma almofada durante o
sono, como ela sentia por meu pai.

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— Aliás, — Ele voltou a dizer, lembrando de algo de repente. - eu estava
pensando em mudar para um lugar um pouco maior agora que vamos morar
juntos.

— Mas eu gosto do apartamento...

— Então você não quer morar numa casa com um jardim? E um quarto de
visitas para quando Yukwon vier te visitar?

— Um quarto pro Yukwon? — Questionei, facilmente seduzido. — E um


jardim?

— Sim, meu bem. Você quer?

— A gente pode ter uma banheira pra tomar banho juntinho? E uma cozinha
bem grande?

— Podemos ter o que você quiser. Eu vou passar todas as suas exigências
para a corretora. — Ele sorriu, cedendo ao meu pedido. — O que mais você
quer?

— Um monte de janelas! E... uma porta daquelas bem grandes? — Eu abri


meus braços. — Eu acho muito chique.

— Vou mandar encontrarem a casa com a maior porta de todas, então. — Ele
garantiu.

Eu me encolhi com um risinho. Depois ele ainda acha que a culpa é minha por
ser mimado.

— Mas de verdade, tudo bem por você? Eu entrei em contato com uma
imobiliária para pegar algumas informações, mas ainda não oficializei o pedido
de serviço. Nós vamos morar juntos, agora, então a decisão é sua também, por
isso preciso saber se você quer mesmo.

Eu enlacei seu pescoço com meus braços, deixando um beijo na sua


bochecha. - Quero!

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Ele sorriu, devolvendo meu beijinho antes de segurar um de meus pulsos para
massageá-lo, então acabou sentindo as miçangas da pulseira que Yuta me deu
através da manga comprida do meu casaco.

— Outra pulseira? — Ele perguntou, curioso, ao puxar um pouco a manga para


poder vê-la.

— - Foi o Yuta que fez. — Eu lembrei, sorrindo pequenininho. — Ele deu uma
dessa pra todo mundo na minha festa de despedida...

Jungkook deslizou o polegar sobre as pedrinhas coloridas, carinhosamente.

— Ficou muito bonita. — Ele disse, olhando para mim. — Combina com você.

— E combina com a pulseira que você me deu também, olha! — Eu mostrei,


balançando meu pulso para deixar as duas juntas, prata e miçangas coloridas,
ambas valiosas para mim.

— Combina, sim. — Ele concordou, manso. — Falando nisso, eu comprei mais


algumas coisas para você, mas ainda não chegaram.

— Comprou o que? — Questionei, ansioso.

— Algo que você me disse que queria. — Ele respondeu, sem maiores
explicações. — Não lembra o que é?

Eu tentei forçar minha mente em busca da recordação de algo que pedi para
ele, até que lembrei e finalmente abri bem meus olhos, esperançoso.

— As orelhas de gatinho? E um rabinho?!

— E uma coleira colorida com um sininho. — Ele completou, brincando com a


argola da minha gargantilha enquanto mantém um sorriso pequeno. — Duas,
na verdade. Não consegui escolher uma cor só.

Eu dei um pulinho no lugar, sem parar de abraçá-lo e contendo um gritinho de


satisfação.

— Eu vou poder ser um gatinho, então? Insisti, ainda desacreditado.

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— Sim, meu bem. Mas ainda vamos conversar melhor sobre isso. Eu acabei
comprando por impulso, mas nós ainda não conversamos sobre pet play.

— Pet play e age play. — Eu citei, com a boa memória que tenho somente para
essas coisas. — Tô lembrado de tudo que você disse que precisa me explicar,
tá? Não me enrola...

— Você gosta, não é? — Ele apontou, me segurando pelo queixo para dar um
último beijinho na boca. — Claro que não vou te enrolar. Eu estou mais ansioso
que você.

Eu sorri um pouquinho. Assim como age play, eu já sei um pouco sobre pet
play, mas nunca vou perder a chance de aprender através das explicações de
Jungkook. Por isso, eu resolvo me manter em silêncio sobre o que já aprendi
em minhas pesquisas, e finalmente me calo para deixá-lo se concentrar em seu
trabalho.

Durante o resto de dia que passamos aqui na Bangtan, então, eu me distraí ou


vendo o twitter pelo celular, admirando Jungkook enquanto ele trabalha todo
concentrado ou comendo meus bolinhos de chocolate e marshmallow, um atrás
do outro.

— Eu acho que vou fazer as compras agora — Anunciei depois de checar pelo
celular qual o mercado mais próximo. — Você pode me pegar quando sair
daqui?

— Você vai sozinho? — Jungkook perguntou, já me vendo ficar de pé.

— É, não é longe. — Eu o abracei por trás, deitando minha cabeça ao lado da


sua. — Me empresta seu terno? Deve estar bem frio la fora e eu deixei meu
outro casaco no carro...

— Tudo bem, mas vá com cuidado. Ele cedeu, me afastando um pouco para
poder tirar seu terno, logo oferecendo-o para mim. — Eu não demoro a sair
daqui.

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— Tá. — Agradeci, deixando mais um beijo em sua bochecha fofa. Depois, eu
ainda o fiz rir quando vesti seu terno, que ficou enorme em mim, como era
esperado, e por último saí de sua sala.

Seguindo o mapa do celular, não foi difícil chegar ao mercado, e eu mandei a


localização exata para Jungkook assim que cheguei. Depois, segui a lista de
compras improvisada que fiz no bloco de notas e peguei tudo que deve ser
necessário por enquanto. Por fim, já na fila de compras, eu esperei minha vez
um pouco impaciente, já que tem muitas pessoas na minha frente, até olhar ao
redor procurando alguma menor.

Entretanto, a primeira coisa que notei foi um cara na fila do caixa ao lado do
meu. Ele tem muitas tatuagens, o cabelo tingido de vermelho e suas compras
parecem se resumir a um engradado de cervejas e vários pacotes de macarrão
instantâneo, mas o que realmente me chama a atenção é percebê-lo olhando
para mim, sem desviar o olhar nem mesmo quando me percebeu encarando-o
de volta.

Um pouco constrangido, eu me conformei em continuar onde estou, e aguardei


minha vez. Só então eu sai da loja, sem me atrever a olhá-lo outra vez e logo
encontrando Jungkook no estacionamento, o que me fez esquecer o maluco da
fila imediatamente após ser recepcionado por um abraço quentinho do meu
dom.

Só então nós finalmente seguimos o caminho para o apartamento, e eu sorri


bobo ao lembrar que, agora, é nossa casa.

O apartamento do Jungkook e do Jimin.

-Eu ainda não acredito que isso está mesmo — Eu sei. — Eu disse, vendo as
ruas da minha nova cidade passarem pela janela do carro. — A gente não vai
mais ficar meses sem se ver, nem poder se falar só por telefone... meu deus,
Jungkook, eu vou poder te ver todo, todo dia!

Ele sorriu, mantendo seus olhos na pista enquanto as ruguinhas adoráveis se


evidenciam ao seu redor.

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— Sim. — Ele concordou, com seu inconfundível tom de quem vai tentar fazer
um comentário engraçado: — E eu sempre vou saber quando você fizer cocô.

Eu ofeguei muito ofendido, mas acabei rindo.

— Poxa, Jungkook. Você sabe que esse ainda é um assunto delicado pra
mim...

— Me desculpe, coisa linda. — Ele pediu ao estacionar na frente do prédio,


puxando minha mão para deixar um beijo cuidadoso.

— E obrigado por me fazer tão feliz. Eu juro que vou me esforçar todos os dias
para te fazer feliz também.

— Você já faz. — Eu garanti, sincero. — É O melhor dom-dom, namorado e


amigo do mundo todo!

Ele abriu um sorriso enorme com minha confissão, acho que por me ouvir
chamando-o também de amigo pela primeira vez. Mas é isso que ele é, para
mim.

Jungkook é como um lanche do McDonald's com hambúrguer, batata frita,


refrigerante e sobremesa. Não falta nadinha pra me satisfazer.

E quando nós entramos no apartamento, depois de uma odisseia para


conseguirmos subir com as malas e as compras de uma só vez, eu tive mais
uma confirmação disso, porque logo descobri que ele já tinha arrumado suas
coisas nos armários para que eu tenha espaço para guardar as minhas, e me
comprou pantufinhas amarelas adoráveis para usar dentro de casa.

Ele também me ajudou a preparar o jantar e a limpar a cozinha quando


terminamos de comer juntos. E é claro que eu sentei no colo dele enquanto
comemos e ele fez o carinho que eu tanto amo na minha barriguinha cheia
antes de levantarmos.

No fim da noite, depois de mais umas coisinhas aqui e acolá, nos deitamos
para dormir juntos, assim como sua pelúcia de gatinho e a minha de coelhinho
ficaram juntas no criado mudo.

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Mas antes de cedermos ao cansaço do dia intenso, nós ainda conversamos um
monte. Falamos sobre minha entrevista de emprego no hospital, sobre como
vamos decorar nossa nova casa e sobre meus últimos dias em Nam-gu.

Eu contei tudo em mínimos detalhes para ele. Desde a conversa com meus
pais até o momento em que Yukwon apareceu correndo no aeroporto com um
cupcake, e Jungkook me ouviu atentamente como sempre faz.

Na manhã seguinte, ele precisou ir cedo para a Bangtan, mas nós tomamos
café juntos e nos beijamos um tantão antes de nos despedirmos.

Depois, sozinho em casa, eu usei meu tempo para terminar de organizar


minhas coisas, mesmo que em breve talvez precise recolocá-las em malas
para uma nova mudança. Também confirmei minha entrevista com o RH do
hospital para amanhã mesmo e fiz pesquisas intensivas sobre como me
preparar para uma, ainda que eu já não tenha muito tempo para isso agora.

— Como foi seu dia, meu bem? — Jungkook me perguntou quando, à noite,
voltou para casa — Você precisou de alguma coisa? Os canais do pacote da
TV a cabo são suficientes? Eu posso contratar um plano melhor.

Eu ri de sua preocupação excessiva, ajudando-o a tirar sua gravata para deixá-


lo mais confortável.

— Não precisei de nada, não. O tranquilizei, ainda risonho. — E o seu dia? Foi
bom?

Ele me abraçou pela cintura, cheirando suavemente meu cabelo antes de me


guiar sala adentro, ainda sem desfazer nosso abraço.

— Foi. Fechamos um novo contrato hoje — Ele respondeu, e pareceu se


lembrar de algo logo depois, o que o fez colocar a mão no bolso da calça,
tirando dali uma das balinhas de café de sua secretária. — Roubei para você.

Eu sorri um tanto, aceitando meu mimo diário.

Eu acho que vou ficar muito mais mimado agora que vamos estar sempre
juntos.

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Mas, honestamente, não estou reclamando. Eu amo ser mimado desse jeito,
assim como amo toda a atenção e carinho que Jungkook me dá ao longo da
noite, mesmo que eventualmente eu tenha precisado dar um pouquinho de
espaço para ele trabalhar.

De qualquer forma, eu precisava mesmo descansar, porque minha entrevista


começa logo cedo e eu não queria chegar no hospital parecendo um zumbi.
Mas eu não fui o único a me preocupar com isso, porque Jungkook levantou
ainda antes de mim para preparar nosso café, e o trouxe na cama.

Dessa vez, ele acertou a quantidade de sal.

Depois, ele escolheu minha roupa para estar bem apresentável na entrevista.
Como ele tem um discernimento muito maior que eu em relação a essas
situações, não hesitei em pedir que ele o fizesse, assim como ele não hesitou
em aceitar.

Eu realmente acho que Jungkook gosta de poder escolher minhas roupas.


Deve fazer um bem danado a essa sua natureza dominadora.

— Será que eu vou me sair bem? — Eu perguntei, ansioso, enquanto ele


abotoa uma das minhas poucas blusas de botões. — Eu tô nervoso, nunca fiz
isso antes...

— Eu acredito que você consegue fazer isso, anjo. Mesmo se não der certo
dessa vez, você pode tentar de novo, em outros lugares.

— Ele me tranquilizou, me deixando um beijinho na testa antes de começar a


arrumar minha camisa dentro da calça. Depois, ele pegou meu único cinto, que
eu nunca uso, e o afivelou ao redor do meu jeans.

Eu ri um pouquinho ao olhar na direção do espelho e me ver todo pomposo,


mas não me sinto desconfortável. Eu gosto da combinação que Jungkook
escolheu, mas gosto mais ainda de tê-lo me vestindo tão cuidadosamente.

— Lindo. — Ele elogiou meio bobo, então, ao ver o resultado dos seus
esforços.

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Eu fiz uma caretinha meio sem jeito, depois aceitei o casaco que ele me deu
para o caso de fazer frio e, por fim, nós saímos de casa.

Durante todo o caminho, então, eu me agarrei às palavras de Jungkook para


me tranquilizar. Tudo bem se não der certo dessa vez, eu sempre vou poder
tentar de novo.

— Boa sorte, meu bem. — Ele me desejou, então, ao estacionar em frente ao


Sinchon Yonsei Hospital. — A noite eu compro uma pizza e você me conta
como foi.

Eu concordei, animado com sua ideia, e esfreguei uma mão na outra antes de
beijá-lo rapidamente.

— Ok. É isso. — Eu disse, com uma risada nervosa. — Até depois, Jungkook.

Ele sorriu para mim num gesto encorajador, e eu finalmente saí do carro,
entrando no hospital em seguida e pedindo algumas informações antes de
conseguir encontrar o local onde será feita minha entrevista.

Depois de anunciar minha chegada, eu só precisei esperar um pouco até ser


levado para uma sala privada, onde sou recepcionado por uma mulher que
sorri de forma acolhedora ao me ver.

— Park Jimin, não é? — Ela apontou, certeira, estendendo a mão num


cumprimento relaxado.- Eu sou sua entrevistadora. Meu nome é Kim Jisoo.

— Olá. — Eu a cumprimentei de volta, tremendo como vara verde. — Meu


nome é Jimin... ah, você já sabe. Oi. Desculpa, eu tô nervoso.

Jisoo riu, e eu espero que isso seja algo bom.

— Não precisa ficar nervoso, Jimin. Só vamos conversar, pode ser


informalmente, se você preferir. — Ela apontou para um dos assentos, logo se
dirigindo para o outro detrás da mesa. - Pode se sentar.

Eu assenti, caminhando duro como um robô até me sentar no lugar mostrado


por ela.

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— Então, Park Jimin... — Ela manteve o sorriso amistoso. — Como você está,
além de nervoso?

— Muito nervoso. — Enfatizei.

Eu não vou conseguir esse trabalho, é certeza. Meu deus, eu nunca vou
conseguir trabalho nenhum.

— Então vamos ser rápidos, não quero que você desmaie aqui. Jisoo riu,
alternando seu olhar entre o monitor de seu computador e eu. — Muito bem.
Seu currículo diz que você teve experiência em um hotel. Pode me falar sobre
isso?

— Ah, — eu sequei o suor das minhas mãos em meu jeans. — eu trabalhei no


hotel dos meus pais. Eu fiquei responsável por várias funções, no começo, mas
depois eu precisei fazer trabalho à distância, então só cuidei de assuntos
administrativos.

— Você pode me falar um pouco mais sobre esses assuntos? O que


exatamente você fazia?

— Eu preenchia a planilha financeira... — Expliquei, envergonhado. —


Classificava os gastos e custos e fazia comparativo do lucro semanalmente. Se
algum resultado parecesse estranho, eu só avisava aos meus pais...

— Entendo. — Ela disse, ainda mansa. — O cargo que estamos oferecendo


não é tão diferente. A função é responsável por uma planilha relacionada a
suprimentos para todo o hospital, desde itens do refeitório até itens cirúrgicos.
Você conhece o termo logística?

— Mais ou menos...

— Logística é uma especialidade da administração. É através dela que uma


organização consegue se prover dos recursos necessários para seu
funcionamento. — Ela explicou, paciente. — Esse cargo para o qual você se
candidatou faz parte do departamento de logística, entende?

— Então... eu não sirvo? — Perguntei, cabisbaixo.

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— Não é isso. — Ela riu, parecendo comovida. — Eu te expliquei isso para que
você entenda melhor a responsabilidade. O departamento de logística é
complexo, se ele desandar, tudo no hospital desanda. Então suponha que você
seja contratado. Sua função é básica, ela não envolve tomada de decisões.
Tudo que você precisa fazer é manter o sistema do hospital atualizado, verificar
os pedidos feitos por cada departamento e direcionar esses pedidos á lista de
fornecedores, depois repassar para o orçamentário. Não parece difícil, não é?

— Acho que não. — Respondi, mas a verdade é que tenho medo de me


embananar todinho nisso tudo.

— Exato. A função é simples, mas ainda assim carrega muita responsabilidade.


— Ela apoiou os cotovelos sobre a mesa e relaxou o queixo sobre as mãos
cruzadas, olhando para mim. — Nós estamos falando de um hospital. Nós
lidamos acima de tudo com vidas, então precisamos funcionar com margem de
erro tendendo a zero, e para isso nós precisamos que cada funcionário cumpra
perfeitamente suas obrigações, desde um médico até um zelador. No seu caso,
deixar de fazer um pedido classificado como urgente pode custar a vida de um
dos nossos pacientes. Vê como, apesar de não ser difícil, é essencial?

Eu abanei a cabeça, percebendo-a atenta a cada mínimo movimento meu.


Acho que isso faz parte da minha avaliação.

— Eu sou meio atrapalhado, — Confessei, sabendo que ela espera uma


resposta mais elaborada. — mas quando eu me dedico a algo, consigo me sair
muito bem. E eu pretendo me dedicar muito ao meu trabalho, se for contratado,
até porque preciso do dinheiro e não vou querer ser demitido...

Jisoo riu outra vez. Ela é bem risonha. Fofinha.

— É isso que nós esperamos de cada um dos nossos funcionários.


Comprometimento.

— Eu juro mesmo que vou me comprometer!

— Você é entusiasmado. Eu gosto disso — Ela confessou, sempre acolhedora.


— De qualquer forma, Jimin, outros funcionários são responsáveis por essa
mesma função, mas a defasagem de um é prejudicial ao bom funcionamento
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do hospital, então nós precisamos fazer a contratação o mais rápido possível.
— Jisoo relaxou um pouco sua postura. - Você é o último candidato que
estamos avaliando, então o resultado não deve demorar a sair, mas caso seja
selecionado, você vai precisar começar imediatamente. Então... você está
disponível para fazer um treinamento agora? Excepcionalmente nesse caso,
nós estamos exigindo o treinamento antecipado de todos os candidatos, por
conta das circunstâncias.

— Eu tô disponível, sim! — Respondi, eufórico. Não quero parecer estar com


má vontade.

— Ótimo. — Ela ficou de pé, oferecendo sua mão para mais um aperto. —
Você pode esperar na sala ali fora, já vou contatar um funcionário para te
acompanhar. Boa sorte, Jimin.

Eu agradeci e me curvei ainda antes de sair da sala, puxando o celular para


fora do bolso ao fechar a porta atrás de mim.

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— Você é o candidato? — Uma voz próxima, meio grave, soou próxima, então
eu levantei o rosto antes de poder questionar a escolha do último emoji na
mensagem de Jungkook.

— Sou eu sim... — Eu respondi, levantando num pulo ao perceber que o moço


está falando diretamente comigo, mas quase deixei uma exclamação surpresa
escapar quando o reconheci.

É o moço do supermercado, o mesmo que ficou me encarando.

— Oi. — Ele disse parecendo não lembrar de mim, o que é estranho pelo tanto
que ele me encarou no outro dia. — Você pode vir comigo, eu vou te
acompanhar até a sala de treinamento

Eu o olhei um pouco desconfiado, logo percebendo que seu uniforme é de


segurança do hospital, e vejo também o nome em seu crachá.
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Kim Wonsik.

Sem falar mais nada, eu apenas concordei, seguindo-o pelo hospital, até uma
ala um pouco mais distante.

— É aqui, Park. — Ele disse, dando batidas na porta de uma sala antes de
abri-la, evidenciando um escritório grande e bem iluminado.

Eu agradeci com um gesto silencioso, sem questioná-lo por saber meu


sobrenome. Jisoo deve ter dito a ele ou qualquer coisa assim.

Depois, eu me apresentei para as pessoas dentro da sala, e logo descobri que


é aqui que irei trabalhar caso seja contratado. Por último, eu fui apresentado
aos outros funcionários, mas só lembro o nome de Youngjae, que é quem fica
responsável pelo meu treinamento, e de Jinyoung, que nos acompanha durante
a pausa para almoço.

— Você soube por que essa vaga ficou disponível tão de repente, Jimin? —
Jinyoung questionou, mexendo no kimchi em sua bandeja quando nos
sentamos no refeitório.

— Oh, meu deus, lá vem... — Youngjae suspirou, arrastando a cadeira ao meu


lado para se sentar.

— Hm... o antigo funcionário se acidentou, não foi? — Eu respondo, lembrando


de tudo que Siyeon disse.

— É, só que não foi acidente. — Jinyoung disse com algum desleixo amargo,
levando um pouco de arroz à boca logo depois.

— Para com isso, Jinyoung, não foi nada confirmado. — O outro advertiu. —
Ficar falando assim prejudica a imagem do hospital.

— Todo mundo do nosso departamento sabe que o Dongsun começou a ficar


meio perturbado desde que anunciou o noivado com a namorada. Tinha
alguma coisa estranha acontecendo, sim.

— Certo, mas nada prova que isso causou o acidente! — Youngjae


resmungou.

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— Você sempre defende demais o ponto de que foi só um acidente. Talvez
tenha sido você quem empurrou o Dongsun daquela escada?

O funcionário ao meu lado pareceu ofendido, mas antes que uma discussão se
iniciasse, ele acabou rindo.

— Você é ridículo, Jinyoung. — Foi tudo que Youngjae disse.

— Eu tenho natureza de policial. — O outro ergueu os ombros, mostrando que


estão em paz. Conversas assim devem ser comuns entre eles. — É impossível
controlar.

— Gente... — Eu chamei, porque eles parecem ter esquecido da minha


presença aqui. — O tal Dongsun ficou bem?

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, até que Youngjae suspirou.

— Ele entrou em coma, Jimin.

Eu arregalei meus olhos, pego de surpresa. Meu deus, a situação é muito pior
do que eu pensava. E isso aconteceu aqui no hospital.

Acho que agora eu entendo um pouco a indignação de Jinyoung, mas é um


pouco irritante o jeito como ele não para de falar disso durante todo o almoço.
Por isso, eu até fico aliviado quando voltamos para a sala e eu volto a ter
somente Youngjae ao meu lado, enquanto ele me mostra todos os outros
detalhes, depois faz um pequeno teste comigo

Já passa das quatro e meia da tarde quando ele finalmente me libera, mas
ainda está muito cedo para Jungkook vir me pegar. Mesmo assim, eu decido
esperá-lo e ainda antes de sair da ala administrativa eu olho para cima e vejo
uma das placas de sinalização indicando os sanitários, o departamento
financeiro e o acesso ao terraço do prédio, ao qual o elevador não dá acesso,

Sem muitas opções, eu desisto de ir até lá, subindo o lance de escadas que
leva até uma porta metálica já aberta, e eu me surpreendo ao encontrar uma
enfermeira recostada sobre a grade de proteção enquanto come o que parece
uma barrinha de cereal. Ela então logo me viu e eu fiquei incerto sobre me
aproximar ou não.
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— Cuidado com a pedra. — Ela avisou antes de qualquer coisa, e meus olhos
logo recaíram no pequeno bloco acinzentado que mantem a porta aberta. —
Nós não queremos ficar presos aqui em cima nesse frio.

— Uhum. — Eu concordei, em falta de resposta melhor, ainda sem sair do


lugar.

Não tem nada aqui em cima, somente o piso de cimento e as grades de


proteção. Talvez seja melhor voltar para dentro.

— Você é filho de algum funcionário? — Ela perguntou, então, mexendo no


bolso do seu jaleco e tirando dali uma barrinha fechada, oferecendo-a para
mim. — Aceita?

Ou talvez seja melhor ficar aqui mesmo.

Ainda um pouco sem jeito, eu me aproximei, aceitando sua gentileza.

— Obrigado. — Eu disse ao me recostar ao seu lado. — Mas eu não sou filho


de ninguém, não. Eu vim fazer uma entrevista de emprego...

— Ah, entendo. — Ela disse, com o vento gelado bagunçando os fios de cabelo
que escapam do seu coque firme, e sua entonação parece cansada — A vaga
no departamento de logística, não é?

— É. A senhora é enfermeira? — Eu perguntei, mesmo que seja óbvio por seu


uniforme. Eu só não sei de que outro jeito continuar a conversa,

— Sou. — Ela sorriu, parecendo não ter muita energia. — Minhas olheiras
devem deixar isso ainda mais claro que meu uniforme.

— É muito cansativo? — Questionei, curioso, mordendo o primeiro pedaço da


minha barrinha de chocolate com passas logo em seguida

— Bastante. As vezes eu choro de arrependimento no banho. Bem que minha


mãe me disse que eu deveria ter feito outro curso.

— Então muda... — Eu sugeri, como se fosse fácil assim. — Faz alguma coisa
que a senhora goste.

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Ela sorriu mais uma vez, mas não para mim.

— Esse é o problema, menino. Enfermagem é o que eu amo. — Eu percebi


seu olhar em minha direção. — Eu amo cuidar das pessoas. Amo deixar elas
sentirem que estão em boas mãos e amo ajudá-las a se curarem. É por isso
que eu me arrependo. Porque agora que descobri como amo minha profissão,
nem mesmo a exaustão me faz querer desistir,

Eu a olhei, um pouco impressionado, até com inveja.

— E você? — Ela questionou, escondendo as mãos nos bolsos de seu jaleco


para se aquecer.

— Eu? Eu não sei... ainda não tenho nada em mente...

— Não tem problema, sabe? — Eu ouvi seu tom brando. — Não saber o que
fazer, até se sentir perdido... não tem problema. Eu também não sabia o que
fazer da vida até encontrar a enfermagem.

Eu sorri em agradecimento, porque apesar de já ter me convencido disso tudo,


é estranho ouvir um adulto falando dessa forma. Normalmente eles são os
primeiros a apontar o dedo e dizer que eu já tenho dezenove, então preciso
saber que rumo dar à minha vida.

Mas eu ainda não sei, e não preciso me sentir culpado por isso. Eu não vou
correr se nem mesmo sei aonde quero chegar.

— Tem uma música que diz isso, não é? — Ela olhou para o céu acinzentado,
com a expressão calma. — Tudo bem viver sem um sonho, desde que você
tenha momentos de felicidade?

Eu concordei com um movimento fraco, sem saber a que música ela está se
referindo, mas sentindo o significado desse trecho ir direto na alma.

Eu ainda não tenho um sonho, não tenho um objetivo me esperando depois da


linha de chegada, mas eu sei que sou feliz mesmo com os momentos difíceis.

Quem escreveu essa música merece todo o amor do mundo, porque é de


mensagens assim que pessoas como eu precisam.

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— Enfim. Ela suspirou, se afastando da barra de proteção e checando as horas
em seu relógio. — Meu horário de descanso acabou. Obrigada pela
companhia, menino. E boa sorte com sua vida.

— Obrigado. Desejo o mesmo à senhora — Eu disse, sorrindo genuinamente


para ela antes de vê-la se afastando com um último gesto de despedida.

Sozinho, eu puxei meu celular para ver as horas. Jungkook ainda deve
demorar um pouco para sair da Bangtan e como minha bateria está acabando,
eu volto a guardar o telefone no bolso. Depois, eu me viro para a barra de
proteção e me debruço sobre ela, ainda com um sorriso pequeno.

Distraído observando o pátio do hospital lá embaixo, vazio por conta do tempo


frio, eu demorei algum tempo para me atentar a um barulho vindo detrás de
mim, mas logo me assustei ao ouvir o barulho da porta metálica se fechando
com força.

Eu virei para trás com um sobressalto e com o coração acelerado, demorando


apenas alguns segundos para perceber que a porta fechou sozinha.

A pedra que a segurava um minuto atrás não está mais ali e eu honestamente
não sei como isso aconteceu, mas tento não me desesperar e caminho até ela,
tentando abri-la em vão.

Eu estou preso. No telhado de um hospital. Em pleno inverno.

Ainda tentando não me desesperar, eu tentei pensar numa saída, me sentindo


mais nervoso à medida que nada veio à minha mente. Um pouco tenso, eu bati
na porta metálica, na esperança de ser ouvido por alguém, e tive a impressão
de ouvir algum barulho do lado de dentro logo em seguida.

— Tem alguém ai? — Eu chamei, esperançoso. — Por favor, abre a porta pra
mim, eu fiquei preso aqui fora!

Dessa vez, silêncio absoluto.

Ótimo, estou preso aqui há menos de dez minutos e já estou delirando e


ouvindo coisas.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Pra completar, o nervosismo intensificou o frio em meu corpo, e eu já sinto
meus pelos eriçados sob o casaco que Jungkook teve o cuidado de escolher
para mim.

Jungkook!

Eu esperei ansioso por uma resposta, mas não recebi nenhuma por quase
vinte minutos. Cada vez com mais frio, eu continuei batendo na porta e pedindo
ajuda enquanto isso, até perceber que é em vão e decidir ligar para Jungkook.
Eu só preciso do número de Junghyun ou sua esposa, assim posso pedir que
eles me ajudem sem deixar o hospital inteiro descubra que eu fiquei preso aqui,
mas Jungkook continuou sem me atender, provavelmente ainda está preso em
sua reunião.

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Já prestes a passar para minha última alternativa antes que meu celular
descarregue de vez, eu ouvi a porta finalmente ser aberta, como o som dos
portões do paraíso sendo abertos.

— Ei, — Disse o ser iluminado que veio para me salvar. — Por que você está
aqui?

Eu o olhei, reconhecendo-o de mais cedo. É Kim Wonsik, o segurança


estranho. Mas estranho ou não, foi ele quem me salvou, e o alívio me faz
chorar quase instantaneamente.

— Você vai chorar?— Ele perguntou, na verdade não parecendo estranhar


minha reação instantânea. — Não chora. Entra logo, está frio aqui fora.

Eu não estou em condições de negar seu pedido, ordem, ou seja lá o que foi
isso, e acompanho-o para dentro.

— Você quer uma bebida quente? — Ele ofereceu, gesticulando para que eu
continue seguindo-o, e eu só me atenho à pedra, que antes segurava a porta,
ao lado do topo da escada.

Como inferno ela saiu de lá e veio parar aqui?

— Eu falei com você. — Wonsik disse, com um tom um pouco rude.

— D-desculpa — Respondi, um pouco assustado. — O que você perguntou?

— Vou te servir um chá. — Ele mudou sua abordagem, e eu só me vi


concordando, sabe deus por que.

Dali, eu o acompanhei até uma salinha pequena, cheia de telas do lado de


dentro, e eu logo reconheço que estão preenchidas com imagens de câmeras
de segurança.

— Sente. — Ele disse, apontando para uma das duas cadeiras pretas. — Foi
pela câmera do telhado que eu te vi preso.

Eu pensei em perguntar por que ele demorou tanto para perceber, já que esse
aparentemente é o trabalho dele, mas acho que seria indelicado perguntar

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
então apenas aceito e agradeço quando ele me serve chá de uma garrafa
térmica.

Eu suspiro ao sentir o calor da xícara em contato com minhas mãos, apesar de


um pouco desconfortável com o silêncio.

Para aliviar um pouco da sensação incômoda, eu checo meu celular e vejo


uma ligação perdida de Jungkook e uma mensagem sua.

Vendo nisso minha desculpa para sair daqui, eu termino de tomar um chá
rapidamente, até queimo minha língua, um pouco desconfortável com a forma
como o segurança nunca tira os olhos de cima de mim.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Obrigado pelo chá. — Eu disse para Wonsik, estendendo a xícara de volta.
— Mas eu preciso ir agora... meu namorado vem me buscar.

Eu não sei se cito a existência de um namorado propositalmente, com o


objetivo de deixá-lo saber que tenho um, mas eu consigo ver a forma como sua
expressão expõe descontentamento diante disso.

— Certo. — Foi tudo que ele disse. — Tchau.

Ele é muito estranho, de um jeito assustador, mas eu não deixo de ser educado
e curvo meu corpo respeitosamente antes de sair da saleta.

Entretanto, ao me virar para fechar a porta, eu o vi me encarando ali do canto,


e isso fez meu coração disparar da pior forma possível.

A única coisa que me acalma é quando, pouco tempo depois, eu encontro


Jungkook no mesmo lugar em que ele me deixou mais cedo, e corro para
abraçá-lo dentro do carro, Só assim eu me sinto verdadeiramente seguro outra
vez.

— O que foi, meu bem? — Ele perguntou, aceitando meu abraço, bem como
retribuindo-o.

— Fiquei com saudade. — Foi o que respondi, mesmo que essa não seja toda
a verdade, deixando seu cheiro suave me anestesiar.

— Nós vamos ficar juntos, agora. — Ele lembrou, me deixando um beijo


demorado no pescoço. — Já pensou no sabor da pizza?

Eu neguei ainda aninhado contra ele, sentindo a calmaria voltar a tomar conta
de mim.

Kim Wonsik e aquela situação no telhado me deixaram nervoso, mas eu tenho


Jungkook para cuidar de mim e sei que nada de ruim vai me acontecer. Eu sei
disso.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
esse capítulo ficou um tantinho menor que o normal): a

mas ele introduziu várias das coisas que vão acontecer aqui nessa segunda
temporada, algumas que acredito que vocês sequer perceberam ainda, mas
não tem problema. vamos com calminha <3

vocês lembram do capítulo [24] Moonshine? foi nele que o JK finalmente


explicou o que era bdsm ao Jimin, e como vocês viram nesse capítulo e no
anterior mais alguns fetiches foram citados, então a próxima atualização vai ser
mais ou menos como o capítulo 24. com explicações sobre esses fetiches já
citados e alguns outros que eu já quero introduzir aqui em sub há um bom
tempo (mas o capítulo não vai se resumir a isso, ok?)

só peço aqui que, como sempre, venham com a mente aberta. através de sub
eu tento quebrar certas imagens erradas que as pessoas costumam ter sobre
bdsm, mas eu não posso fazer isso se a pessoa já vem com "amas age play
romantiza pedofilia", por exemplo, sem disposição nenhuma a tentar entender
como ele funciona. então vamos fazer assim, eu me esforço pra explicar
direitinho através da história e vocês se esforçam pra abrir a mente, ok? por
favorzinho <3

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37 • Omotenashi

JUNGKOOK

Eu acredito que, de todos os acontecimentos em minha vida, nenhum me


deixou tão feliz quanto ter Jimin morando comigo.

Às vezes, tudo isso ainda parece um sonho, e não me refiro somente à sua
mudança para Seul. Me refiro a absolutamente tudo que o envolve.

É surreal encontrar alguém que me faz tão bem assim.

— Jungkook? — A voz de Namjoon reverbera por minha sala quando ele abre
a porta depois de anunciar sua chegada com duas batidas suaves.

Eu levanto os olhos da tela do computador, onde instantes antes estava lendo


o e-mail da imobiliária confirmando a visita a algumas das casas disponíveis
para venda, das quais espero que ao menos uma atenda os desejos do Jimin.

No fundo, eu sei que ele não se importa de verdade. Sei que, apesar de
confessar alegremente sua vontade por uma cozinha grande, um quarto de
visitas para quando recebermos seus amigos e qualquer outro detalhe similar,
Jimin não precisa de nada disso para se sentir genuinamente feliz. Mesmo
assim, eu gosto de me esforçar por ele, de dar tudo que ele merece receber de
mim.

— Sim? — Eu finalmente o respondi, olhando-o com atenção a ponto de ver


sua blusa social cheia de pelos de gato, não pela primeira vez.

Apesar de dizer que está apenas dando abrigo temporário ao bichano,


Namjoon já está com ele há mais de um mês inteiro.

— Você precisa ver isso. — Ele disse, estendendo uma prancheta com alguns
papeis que logo reconheço como a ata de uma reunião.

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É um documento referente à Bangtan, um dos campos está preenchido com o
nome daqueles convocados para a reunião, mas o meu não está presente.
Quando desço os olhos até o campo seguinte, entendo o por quê.

— Eles vão discutir a possibilidade da minha retirada do cargo de CEO? —


Questionei, tomado por uma sensação ruim. — Eu não deveria ter sido
notificado antes sobre algo assim?

— Não era para você ser notificado, Jungkook. — Namjoon disse, em tom de
aviso. — Eu descobri isso por acaso quando fui reservar a sala principal de
reuniões. Eles não pretendiam te deixar saber.

Eu passei as mãos pelo rosto, sentindo a preocupação se intensificar.

Desde que fui obrigado a assumir abruptamente o cargo mais alto na direção
da empresa, eu tenho consciência de que os acionistas não estão em total
acordo com essa decisão, mas aceitaram-na baseados na possibilidade de que
meu pai melhoraria e logo reassumiria sua posição. Entretanto, nada saiu como
planejado. Agora, eu ainda não tenho a experiência que meu pai tinha, logo
não tenho a confiança dos sócios, bem como minha nomeação enquanto CEO
é provisória e não é particularmente difícil me tirar da posição atual.

— O que você vai fazer sobre isso? — Namjoon questionou, então,


genuinamente preocupado não somente enquanto um companheiro de
trabalho, mas também como o bom amigo que é. — Se as coisas continuarem
assim, Jungkook...

— Eu sei. — Eu o interrompi, ciente sobre o que tudo isso significa.

Entretanto, saber o que fazer é algo que foge completamente da minha ciência,
nesse momento.

— Eu vou pensar melhor, talvez conversar com minha mãe. — Concluí, enfim,
porque ainda que não seja um exemplo de figura materna, ela é a única pessoa
que conhece a Bangtan como meu pai conhecia. E, além de tudo, ela é a
pessoa mais inteligente que eu já conheci quando se trata de negócios.

Sua inteligência emocional, por outro lado, é vergonhosa.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você deveria fazer isso. Eu a encontrei antes de vir em sua sala, mas não
quis comentar antes de te deixar saber. — Meu amigo e secretário geral disse,
cuidadoso como sempre.

— Sim. — Concordei, afrouxando minha gravata para tentar aliviar o incômodo


que passei a sentir, mas não que tenha funcionado. — Obrigado por isso,
Namjoon.

Ele anuiu a cabeça, girando sobre os próprios pés para se dirigir à porta. Antes
de sair, entretanto, eu o vi parar com a mão na maçaneta e me olhar outra vez.

— Aliás, Jun, eu sei que isso não tem nada a ver com o que vim tratar com
você... mas você por um acaso não sabe de alguém que queira adotar um
gato? Eu não consigo arranjar um lar definitivo pro filhote de jeito nenhum. 590

— Sinto muito, hyung. A única pessoa que eu conheço e que gosta de gatos é
o Jimin.

— Você não quer dar um de presente a ele? — Namjoon sugeriu, ansioso. —


De verdade, Jungkook, não está mais dando certo. Aquele bicho me odeia.

Eu o olhei com um sorriso contido, prestes a negar sua sugestão. No entanto, a


imagem do sorriso de Jimin ao ganhar um bicho de estimação atravessou
minha mente com a velocidade de um raio, e me tornei pensativo por um
segundo.

— Eu vou falar com ele. — Foi o que respondi, então, porque essa não é uma
decisão que possa ser tomada impulsivamente por mais que eu queira mimá-
lo.

— Ótimo, melhor que nada — Ele suspirou já mais aliviado, depois me olhou
em silêncio por mais alguns instantes: — E... como vocês estão? Você e o
Jimin?

— Nós estamos bem. Muito bem — Confessei, sem conseguir conter um


sorriso. — Você não sabe como eu estou feliz, hyung.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Namjoon me mostrou uma expressão condescendente, sorrindo sem muito
entusiasmo.

Eu sei que ele não desaprova nossa relação, apesar de se mostrar bastante
receoso com as consequências que meu relacionamento com um outro homem
pode trazer à minha carreira e à empresa, e sei que seu receio não é
infundado. Mesmo assim, eu não vou esconder nem mesmo por um minuto o
quanto amo meu Jimin, em nenhuma instância de minha vida.

Sei também que isso é irresponsabilidade, chega a ser egoísmo, mas eu não
consigo calar a voz no fundo da minha consciência que me diz que tenho que
amá-lo sem medo das consequências.

— Fico feliz por saber disso. — Ele anunciou, então. — Mas sugiro que você
abra os olhos e seja mais cuidadoso a partir de agora. Sua situação já é
complicada o suficiente e eu não quero te ver com mais problemas.

— Não se preocupe. Eu estou determinado a fazer o que for melhor para mim.

Namjoon pareceu aliviado diante do meu anúncio, sem perceber que o que
julgo como melhor para mim não é o mesmo que ele pensa.

Por toda minha vida, eu coloquei a Bangtan em primeiro lugar. Tudo que eu fiz,
cada decisão tomada, foi sempre baseado cuidadosamente nas consequências
que todo mínimo detalhe acarretaria em minha vida profissional, mesmo
quando eu sequer ainda tinha uma. Por muito tempo eu não soube dizer o que
me motivava dessa forma, mas hoje sei bem que meu maior desejo era dar
orgulho ao meu pai.

Eu o admirava como a um super herói e a ideia de decepcioná-lo sugava


minhas energias. Entretanto, muito mudou depois de ouvi-lo dizer com todas as
letras que se orgulhava de mim e que desejava ter me mostrado antes o
quanto, para ele, minha felicidade era ainda mais importante que a empresa.

E minha felicidade é ter a liberdade de amar quem eu amo e não precisar


esconder isso de ninguém.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
O mundo já é um lugar ruim demais e eu não quero perecer diante disso me
curvando às suas imposições sociais cruéis. Por mais inconsequente que
pareça, aceitar o amor que me cabe independente de qualquer rótulo e ser feliz
assim é meu manifesto silencioso contra toda essa sociedade que oprime e
condena.

Mesmo que seja historicamente comprovado que rebeliões nem sempre têm o
desfecho esperado.

— Aliás, Jungkook, — Namjoon voltou a chamar minha atenção, ainda antes


de sair. — Sua mãe me pediu para avisar que quer almoçar com você.

Eu assenti uma última vez, antes de finalmente vê-lo sair. Sozinho, eu terminei
de confirmar o compromisso com a imobiliária antes de voltar ao meu trabalho,
afundando-me em relatórios até a hora do almoço, quando só então deixei
minha sala e encontrei minha mãe para acompanhá-la até o restaurante
italiano em que ela fez reservas.

— Pelo menos dessa vez você não trouxe aquele menino junto. — Ela disse
assim que me aproximei o suficiente do carro.

— Acredite, não foi por falta de vontade. — Rebati, sempre impaciente para
sua insensibilidade.

Seu motorista abriu a porta do banco dos fundos para nós, e eu a deixei entrar
primeiro

— Desde quando você é irresponsável assim, Jungkook? — Ela questionou,


sequer olhando para mim.

— Eu dedico minha vida inteira ao meu trabalho, perco horas de sono para
fazer o melhor que posso por essa empresa, mas a senhora me julga
irresponsável porque a Bangtan não é a única coisa importante em minha vida?
— Devolvi, sem perder a mansidão na voz. — Tudo bem. Eu sou irresponsável,
então, e estou muito mais feliz assim

Ela balançou a cabeça num gesto de desaprovação, mas não tentou rebater
minha colocação. Na verdade, ela se manteve calada por todo o restante do

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percurso e apesar de não ser de seu feitio perder oportunidades de réplicas e
tréplicas, eu não fiquei verdadeiramente confuso sobre isso. Não até que
chegamos ao restaurante e o motivo se tornou claro como água.

— Eu não acredito que a senhora fez isso. — Anunciei, como alguém que é
apunhalado pelas costas.

— O que? É um almoço de negócios. — Ela afirmou serenamente, segurando-


me pelo braço para me guiar até a mesa onde seus dois convidados já estão
acomodados. — Não seja tão sensível.

Apesar de tê-la visto somente uma vez, eu reconheço Lee Eunbyul, a mulher
que esteve na Bangtan dias atrás e que foi escolhida por minha mãe como
minha parceira ideal.

Ao seu lado está o homem que me leva menos tempo ainda para reconhecer.
Seu pai, Lee Jong Suk, CEO da D-lite, uma das maiores concorrentes da nossa
empresa.

Meu desejo é virar as costas e sair daqui, porque não confio nas intenções de
minha mãe. Entretanto, eu percebo que pai e filha notam nossa presença antes
que eu possa fazer isso, e a única coisa que me move em direção a eles é
minha educação,

Até porque não estar disposto a abrir mão de Jimin não quer dizer que eu perdi
toda a noção sobre o que devo ou não fazer enquanto representante da
empresa de minha família. Eu ainda levo meu trabalho a sério, só não o tenho
mais como única prioridade.

— Nos desculpem por termos feito vocês esperarem — Minha mãe disse
quando nos aproximamos e os outros dois ficaram de pé para nos
cumprimentar educadamente.

— Não precisa se desculpar, Seojeong-ssi. — Jong Suk respondeu em tom


cordial. — Nós chegamos há pouco tempo.

Minha mãe sorriu, aliviada. Esse deve ser o primeiro sorriso seu que vejo em
meses.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Depois, nós todos nos sentamos, aceitamos os cardápios rapidamente trazidos
por um dos garçons e nos afundamos num breve silêncio, até que Eunbyul
tomou controle da situação com sua confiança inabalável.

— Parece que hoje vamos poder conversar com calma, Jeon-ssi.

— Espero que essa conversa envolva negócios e nada mais. — Respondi, e


juro que posso sentir as unhas de minha mãe beliscando minha perna sob a
mesa como se eu fosse uma criança rebelde.

— Sobre o que mais conversaríamos? — Ela questionou, cruzando os braços


sobre a mesa, mas sem se desfazer da postura confiante.

— Confesso que fiquei surpreso quando Eunbyul me informou sobre essa


reunião.

— Foi seu pai quem se manifestou a seguir. — Mas agora é você quem parece
desconfortável, Jeon.

Eu sorri, tentando parecer plácido, embora saiba que é em vão.

Pessoas como Jong Suk são capazes de ler as pessoas com mais facilidade. É
assim que temos mais chances de nos sucedermos nos cargos que ocupamos
nesse meio corporativo.

— Na verdade, estou um pouco surpreso, assim como o senhor. — O


tranquilizei, então. — Fui atraído para cá sob a desculpa de um jantar informal
com minha mãe, mas me deparei com duas outras companhias. E não estou
incomodado, se é isso que parece. Me sinto honrado por ter a presença de
alguém tão bem sucedido, ainda que não tenha me preparado para isso.

Jong Suk sorriu, deixando seu ego cegar brevemente sua distinção sobre
minhas reações. Não culpo unicamente seu egocentrismo, entretanto, já que
tenho consciência sobre minha habilidade de atuar bem em situações assim, e
eu definitivamente estou mentindo ao afirmar a existência de qualquer
sentimento positivo sobre esse encontro.

— Você foi bem treinado, Jeon. — O homem voltou a dizer, arrumando os


óculos de grau em seu rosto. — Muito se fala por aí sobre alguém tão novo
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assumindo a direção de uma empresa como a Bangtan, mas talvez você não
seja tão despreparado assim.

— Espero que o senhor esteja certo. — Eu sorri outra vez, cordialmente,

No fundo, por outro lado, eu me sinto cansado. Não bastasse a notícia trazida
por Namjoon mais cedo, ainda preciso lidar com isso, e tudo isso cansa.

Eu só quero voltar logo para casa e ver meu Jimin, aceitar seu carinho
despretensioso e dar toda minha atenção para ele, porque cuidar do meu
submisso renova todas as minhas energias.

— Então,— Jong Suk se manifestou outra vez. — me desculpem pela


impaciência, mas meu tempo é curto. Posso saber quais são as intenções de
vocês para nossas companhias?

— Acredito que o senhor tenha uma ideia. Estou errada? — Minha mãe quem
respondeu, e eu vi o sorriso afiado de Eunbyul em resposta a isso.

— Meu pai é uma pessoa um pouco antiquada, Seojeong-ssi. Se falar assim,


logo ele vai acreditar que suas intenções envolvem um casamento.

— Não seria completamente má ideia. — Seu pai afirmou, olhando-a sob as


lentes grossas dos óculos, depois voltou a olhar para mim. — Minha filha logo
completa trinta anos e não deu qualquer indício de se casar. Também seria
vantajoso ter um homem para assumir os negócios da família. Não é nada mal
unir o útil ao agradável.

— Não disse? — Eunbyul apontou, com acidez por trás do tom brando. — Ele
logo se empolga com a ideia.

— Não o julgo. Uma união como essa seria favorável a ambos os lados.

Eu respirei fundo antes de me manifestar sobre isso, mas fui interrompido


antes mesmo de anunciar a impossibilidade de algo como isso acontecer e vi
Eunbyul sorrir, concordando com minha mãe.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Poderia ser, não é? — Ela disse ainda com o sorriso afiado, e me
surpreendo ao ouvir seu complemento: — Mas isso somente eu e Jeon-ssi
podemos dizer.

— Oh, não confie tanto no julgamento individual de meu filho para assuntos
como esse. — Minha mãe riu, como se fosse mesmo uma grande piada.

— A senhora não me leve a mal, mas eu gostaria de saber que outras


possibilidades ele considera. Estou disposta a analisar todas elas — Eunbyul
disse, sem fraquejar em seu tom firme sequer por um segundo.

Minha mãe exibiu outro sorriso para ela, embora esse tenha parecido menos
verdadeiro, assim como a expressão de Jong Suk não parece inteiramente
satisfeita. Entretanto, o assunto casamento não foi mencionado outra vez
durante nenhum momento do almoço que compartilhamos.

Falamos superficialmente sobre números, mercado, clientes e fornecedores,


sem revelar informações que pudessem comprometer qualquer uma das duas
empresas, e eu notei a forma como Eunbyul se manteve num nível de
confiança superior ao de seu pai em cada momento.

Sua postura, sua linguagem corporal e as palavras cuidadosamente escolhidas


em cada sentença mostram sua maturidade e talento natural para situações
como essa, e não deixo passar batido a sensação de que será difícil me manter
em pé de igualdade quando ela assumir a direção da empresa de seu pai.

Ao fim do nosso encontro desconfortável e imprevisível, então, nós quatro nos


levantamos, e eu e ela deixamos que minha mãe e seu pai tomassem a frente
até a saída do restaurante.

— Você notou como meu pai é uma pessoa antiquada para algumas coisas,
não é? — Ela me perguntou, então, repentinamente. — Imagine como ele não
se sentiu derrotado ao descobrir que sua única herdeira seria uma mulher.

Eu a olhei, sem entender sua colocação, e vejo sua expressão inabalável


enquanto caminhamos lado a lado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu quero assumir a D-lite um dia, mas preciso me esforçar dez vezes mais
que um homem para provar que sou capaz disso. Não espero que você
entenda, — Eunbyul continuou, diminuindo a velocidade de seus passos. —
mas um negócio bem sucedido com a Bangtan é minha oportunidade de
mostrar minha competência.

— Casamento não é uma opção, se é isso que está sugerindo. — Eu digo,


cuidadoso com meu tom. — Me perdoe se soar insensibilidade da minha parte,
mas não vou fazer algo como isso.

— Insensibilidade é você achar que essa é minha única forma de alcançar meu
objetivo. — Ela retrucou, afiada.

— Me desculpe. Não foi isso que quis dar a entender, só queria esclarecer o
que foi conversado mais cedo.

— Não se preocupe, Jeon. Vamos deixar as formalidades de lado, sim? — Ela


sugeriu, parando de andar assim que saímos do restaurante, e fiz o mesmo
que ela para mantermos distância de nossos pais. — O que eu quero dizer é
que é isso que todos esperam de mim. Como mulher, eu sou vista como
incapaz de suceder meu pai, então todas as expectativas da minha família
estão direcionadas a um possível casamento com um homem que possa fazê-
lo em meu lugar.

— Eu posso ainda ser jovem, mas te garanto que nunca conheci alguém com
uma desenvoltura tão natural quanto a sua. — Confessei, tentando tranquilizá-
la. — Tenho certeza de que todas essas pessoas estão erradas.

— Você ainda não está me entendendo. Eu não preciso que você amacie meu
ego. Eu sei que sou capaz, e é isso que quero mostrar a eles. — Ela puxou a
mão de dentro do bolso do sobretudo que cobre seu vestido, estendendo-a
para mim, e eu vi que está discretamente oferecendo seu cartão de contato. —
Eu quero te encontrar novamente. Para falar sobre negócios e unicamente
sobre isso. Já tenho algumas propostas para te fazer, espero que esteja
disposto a ouvi-las.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu olhei para sua mão ainda estendida para mim antes de apertá-la para
aceitar seu cartão.

— Sendo assim, estou ansioso para ouvir o que você preparou.

— Ótimo. — Ela disse, com um último sorriso oblíquo, e se virou para mim
mais uma vez antes de caminhar até seu pai: — Aliás, me desculpe a
sinceridade, mas é melhor baixar sua bola sobre casamento e tudo o mais.
Você nem faz meu tipo, então pare de achar que eu tenho esse interesse em
você.

Eu acabei deixando uma risada surpresa escapar, e vi que ela sorriu também,
pela primeira vez parecendo sorrir de verdade.

Depois, Eunbyul se aproximou de seu pai e eu e minha mãe esperamos que os


dois fossem embora antes de entrarmos em nosso carro.

— Viu, Jungkook? — Ela questionou, sentada ao meu lado com um sorriso


satisfeito. — Vocês dois se deram bem, até, e ela é a única herdeira da D-lite.
Casar com ela te garantiria o direito à direção da empresa.

— Esse direito pertence exclusivamente a ela, pelo que percebi. — Retruquei,


percebendo que até mesmo minha mãe, uma mulher, desconsidera a
possibilidade de Eunbyul suceder o pai.

— Você sabe como o mundo funciona, Jeon. — Ela disse, olhando para a rua
através da janela do carro.

— Felizmente eu não funciono como o restante do mundo. E a senhora pode


não ter percebido, mas Eunbyul também funciona de forma diferente. Eu tenho
certeza de que ela vai fazer de tudo para assumir a direção da D-lite quando a
hora chegar.

Minha mãe suspirou, exaurida.

— Você é igual ao seu pai. — Ela apontou, com a entonação dúbia me


deixando confuso sobre isso ser um elogio ou uma ofensa.

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Na dúvida, eu aceitei como algo positivo, e não fiz nenhum outro comentário
até chegarmos à Bangtan outra vez, onde nos despedimos antes que eu
voltasse para a minha sala e ela, para a sua.

Antes de retornar para minha análise exaustiva de relatórios, eu guardei


cuidadosamente o cartão de Eunbyul, decidido a aceitar sua proposta para
negociarmos. Acima de tudo porque eu sei que preciso fazer algo de relevante
para a empresa antes dos acionistas decidirem por minha retirada do cargo
como CEO.

Mais tarde, eu finalmente voltei para o apartamento, e um sorriso substituiu


minha preocupação quando abri a porta e vi Jimin sentado na mesa de jantar
enquanto faz algo em seu notebook, com fones plugados em seus ouvidos e
cantarolando baixinho.

Agora que ele está aqui, voltar para casa é sempre a melhor parte do meu dia.

Distraído, ele sequer percebeu quando me aproximei por trás até que toquei
em seus ombros cuidadosamente para chamar sua atenção, e a surpresa o fez
ter um pequeno sobressalto, para logo em seguida fechar seu notebook com os
olhos arregalados como quem foi pego cometendo um crime.

— Você já voltou — Ele apontou, ainda parecendo surpreso. — Eu fiquei tão


entretido que nem vi o tempo passar...

Eu me abaixei para beijar sua bochecha, sem questioná-lo sobre sua reação
em esconder o que estava pesquisando. Eu ainda consegui ver que ele estava
lendo algo numa página de aconselhamento vocacional para estudantes e,
apesar de curioso sobre isso, não o pressiono para descobrir o porquê, já que
sua rapidez em esconder de mim deixa claro que não queria que eu visse.

— Desculpe, anjo. Não quis te assustar.

— Tudo bem, eu que tava distraído. — Ele finalmente abriu um sorriso e virou o
rosto para me dar um beijo na bochecha. — Nem fiz jantar. Você tá com fome?

— Um pouco. Quer pedir alguma coisa?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jimin assentiu, só então tirando seus fones de ouvido, e eu puxei a cadeira ao
seu lado para me sentar, já abrindo o aplicativo de delivery pelo celular.

— Ah, Jungkook — Ele me chamou, então, e eu o olhei a tempo de ver seu


sorriso cabisbaixo. — Recebi a resposta do hospital hoje de manhã. Eu não
consegui o emprego...

Ouvir isso me deixa triste porque eu sei que meu Jimin também está, mas ele
mesmo prossegue antes que eu tente consolá-lo de alguma forma:

— Mas tudo bem, né? Eu vou ter outras oportunidades — Ele disse
conformado, mas tentando permanecer positivo. — Eu passeio dia procurando
outras vagas, segunda já levo meus currículos.

Eu sorri diante de sua reação sobre isso. É normal que ele se sinta frustrado,
mas ver que ele não se deixou abater por isso me deixa realmente feliz.

Deus, eu me orgulho tanto dele.

— Você pode levar seu currículo na Bangtan. — Eu sugeri, então, ainda com
um sorriso orgulhoso. — Não quer trabalhar comigo?

— Credo, não, Jungkook. Deus me livre — Ele me mostrou uma careta de


desaprovação. — Eu te amo muito, mas seu trabalho é chato demais. E eu
quero conseguir um emprego por mérito meu, não porque namoro o CEO mais
lindo desse mundo, tá?

— Você está cada vez mais orgulhoso. — Apontei, mas de forma alguma como
uma crítica.

— Não é orgulho... eu só quero provar pra mim mesmo que sou capaz...

Eu sorri, completamente rendido por ele. — Você é muito capaz, meu bem.
Quando você perceber isso, eu vou estar aqui para dizer que já sabia desde o
começo.

Ele deixou uma risada boba escapar e esticou os braços em minha direção,
abraçando-me pelos ombros quando o puxei para se sentar em meu colo.

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— E como foi seu dia? — Ele perguntou, fazendo carinho em minha nuca com
seus dedos pequenos e gordinhos.

— Cansativo. — Confessei, deitando minha cabeça em seu ombro para melhor


aproveitar suas caricias.

— Quer tomar banho juntinho pra relaxar? — Ele ofereceu, com os olhos
brilhando em expectativa.

Eu sorri mais uma vez. Um banho com Jimin é tudo de que preciso agora.

— Aliás, anjo... — Eu o chamei, um pouco mais sério. — Lembra de Lee


Eunbyul?

Ele fez que sim com a cabeça, suavemente.

— Eu almocei com ela, hoje. Com ela, o pai dela e minha mãe. — Anunciei,
porque honestamente não vejo motivos para esconder isso, e eu confio que
Jimin não vai reagir mal mesmo sabendo as intenções de minha mãe sobre
essa mulher.

— Como foi? — Ele perguntou, então. Eu o percebo um pouco tenso, assim


como percebo seu esforço em não tirar conclusões precipitadas.

— Estranho, mas proveitoso, eu acho. — Fui sincero, massageando sua coxa


sob minha palma. — Ela desaprova a ideia de casamento tanto quanto eu, mas
parece determinada a negociar algo vantajoso para as duas empresas.

— Ah, que alívio... — Ele suspirou sem questionamentos desconfiados,


apertando o abraço ao redor de meu ombro. — Isso vai ser bom pra você, né?

Eu fiz que sim com a cabeça, mas sem me aprofundar na justificativa do


porquê ser ainda mais importante do que ele pensa. Não quero preocupá-lo em
relação ao que Namjoon me disse mais cedo, então mantenho isso em
segredo.

— Eu devo entrar em contato com ela no início da próxima semana. —


Anunciei, então, percebendo que minha confiança nele não foi infundada, já
que Jimin não se mostra desconfiado sobre isso.

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Ele sabe que pode confiar em mim, e isso me deixa feliz

— Tá bom. — Ele me mostrou um sorriso lindo e encorajador, e isso é


suficiente para me deixar um pouco mais tranquilo sobre toda essa situação. —
Eu vou torcer pra que dê tudo certo!

— Obrigado, meu bem. Isso é importante para mim.

— Agora a gente pode pedir o jantar, né? Eu tô com fome...

Eu ri, beijando-o só mais uma vez antes de voltar a pegar meu celular para ver
nossas opções.

— Ah, — Eu lembrei enquanto espero o menu de um dos restaurantes


carregar. — amanhã nós vamos visitar algumas casas que a imobiliária
selecionou para nós dois, tudo bem?

— Sério? — Ele questionou, empolgado. — Meu deus... a gente é tão adulto...

Eu não consegui conter uma risada alta com sua constatação, e acho que
posso tê-lo machucado de tão forte que o abracei em resposta a isso.
Entretanto, não posso assumir a culpa por isso. Meu menino que é adorável
demais, então é impossível controlar esses impulsos.

Ao longo da noite eu me vejo fracassando outras incontáveis vezes em resistir


a ele, e mal aguento ficar um segundo sem acariciá-lo de alguma forma
enquanto jantamos, tomamos banho juntos ou deitamos abraçados no sofá
diante da TV ligada, mas ignorando-a para conversarmos sobre quaisquer
outras coisas até que ele começa a ceder ao sono e eu aproveito mais algumas
horas para trabalhar antes de me deitar para dormir ao seu lado.

Pela manhã, nós levantamos logo cedo e Jimin preparou nosso café enquanto
eu tomava meu banho, depois eu lavei a louça enquanto ele se arrumava.
Como ainda não existe uma divisão de tarefas bem definida entre nós dois,
viemos fazendo dessa forma desde que ele se mudou para Seul há alguns
dias.

Ele passa mais tempo em casa por ainda não estar trabalhando, então
naturalmente, por enquanto, tem mais oportunidades de cozinhar e arrumar o
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apartamento, mas nós dois sabemos que isso vai mudar quando ele começar a
trabalhar e eu prefiro tomar responsabilidade por parte das tarefas domiciliares
mesmo que ele insista que não é preciso e que devo usar meu tempo livre para
descansar. Eu prefiro evitar que ele de alguma forma sinta que é sua obrigação
fazer tudo isso, então deixo claro desde já que o que é nosso deve ser cuidado
por nós dois, sempre.

Por isso, eu tomei o cuidado de deixar a cozinha limpa antes de sairmos para
encontrar a corretora que nos acompanhará na visitação das casas que a
imobiliária selecionou.

— Essa é uma das casas? — Jimin perguntou, animado, quando eu estacionei


diante da primeira residência que vamos conhecer, e também onde foi marcado
o ponto de encontro com nossa corretora. — É tão bonita...

— Vamos ver se você gosta dela por dentro também. — Eu disse, ainda
deixando um beijo em sua mão antes de descermos do carro.

Os muros da casa são baixos, mas a vizinhança parece tão tranquila que não
vejo isso como um problema, e o jardim é bastante espaçoso, o que faz o
sorriso de Jimin se tornar ainda maior e consequentemente me faz sorrir
também.

A casa em si é térrea, com as paredes de tijolos claros e o telhado escuro. Não


parece muito grande, mas é realmente bonita.

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— Jeon Jungkook e Park Jimin? — A mulher sentada na varanda nos chamou
quando nos percebeu, logo exibindo um sorriso receptivo para nós. — Eu sou
Na Yubin, a corretora de vocês.

— Oi! — Jimin respondeu, apertando minha mão enquanto olha ao redor,


encantado.

Eu acho que ele realmente gostou dessa casa.

— Eu sou Jungkook. — Me apresentei, esperando que ela desça os poucos


degraus até onde estamos. — Ele é Jimin.

— Muito prazer. Estão prontos para conhecer a primeira casa?

Jimin fincou os dentes no lábio para conter um sorriso, assentindo


energicamente.

Yubin sorriu para isso e abraçou a prancheta em seus braços, o que


claramente entrega sua reação afetada pela imagem adorável de um Jimin
feliz. E eu não a culpo. Sei que é a coisa mais bonita do mundo.

Entretanto, o próprio Jimin parece não perceber a forma como é genuinamente


admirado não só por mim, mas por ela também. Ele ainda parece
completamente alheio ao efeito que causa nas pessoas e isso só o torna ainda
mais precioso.

— Eu consigo imaginar a gente morando aqui, Jungkook. — Ele disse baixinho,


mantendo seus dedos entrelaçados aos meus quando fomos guiados por Yubin
até o interior.

— Essa casa tem dois quartos, um deles é suíte, o outro fica logo ao lado do
banheiro, A sala tem espaço para dois ambientes, um de estar e outro de
jantar, e a cozinha é bem ampla, sem muitas paredes. — Yubin explicou, sem
ouvir a confissão empolgada de Jimin. — Ah, também temos um outro cômodo
que pode ser usado como escritório, quarto de estudos, enfim... isso fica por
conta de vocês.

Jimin soltou sua mão da minha, afastando-se um pouco para olhar ao redor
com mais atenção, e a corretora me mostrou outro sorriso amigável.
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— Eu vou dar privacidade para que vocês conheçam a casa. — Ela anunciou,
apontando para sua prancheta. — Se ela for do seu agrado, eu apresento as
negociações possíveis antes de levar vocês à próxima residência, Tudo bem?

— Sim. Não vamos demorar. Obrigado. Eu também ofereci um sorriso cordial,


deixando minhas mãos dentro do bolso da calça quando ela acenou, deixando-
nos sozinhos logo depois.

Ao buscar Jimin com o olhar, eu o encontro já bisbilhotando os armários vazios


da cozinha, abrindo porta por porta.

— Anjo, — Eu o chamei, rindo ao perceber que ele está tão concentrado em


sua análise que sequer percebeu que Yubin saiu. — venha ver os quartos
comigo.

Só então ele me olhou, fechando os compartimentos abertos antes de se


adiantar em minha direção e entrelaçar sua mão à minha outra vez.

— Você gostou? — Perguntei, notando-o ainda adoravelmente animado, com a


mão pequena apertando a minha cada vez com mais força.

— Muito! Mas tem que ver o quarto também, né?

— Claro que sim. — Respondi, já abrindo a primeira porta e revelando um


cômodo vazio e pequeno, talvez o escritório que Yubin citou mais cedo.
Depois, vimos o banheiro, o quarto de visitas e por último a nossa suíte.

— Esse aqui seria o nosso quarto, né? — Jimin perguntou, caminhando pelo
espaço vazio em direção à porta do sanitário, e ofegou assim que a abriu. —
Jungkook! Tem uma banheira!

Eu sorri e abri uma das janelas do quarto, logo me certificando de que é


ventilado o suficiente. Agora que ainda estamos no inverno não faz tanta
diferença, mas é algo importante no verão. O apartamento não é tão fresco, já
que está cercado por vários outros prédios altos, e nos dias mais quentes se
torna bastante desconfortável.

— E bem fresquinho... — Jimin constatou o mesmo que eu, e eu logo senti


seus braços me envolvendo quando ele se posicionou atrás de mim e me
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abraçou. - Meu quarto em Nam-gu era tão quente, parecia que o vento fazia a
curva e ia embora antes de chegar na minha janela...

Eu o puxei cuidadosamente até colocá-lo em minha frente, entre meu corpo e a


janela aberta que nos dá a visão do jardim e de parte da casa vizinha, que
também tem o muro baixo.

— Aqui não teríamos esse problema. Nós poderíamos dormir com a janela
aberta no verão — Supus, apoiando meu queixo no topo de sua cabeça antes
de girar nossos corpos um pouco mais para trás. — E poderíamos colocar
nossa cama ali.

Jimin voltou a me abraçar e levantou os olhos em direção aos meus, ansioso.

— E a gente pode colocar uma mesa de trabalho pra você naquele quartinho. -
Dessa vez, foi ele quem sugeriu. — Não faz bem pro seu corpo trabalhar
sentado no sofá, sabia?

— Justo. — Eu ri, deixando um beijo sob seus cabelos escuros. — Você disse
que tem uma banheira? Nós podemos tomar banho juntos nela, como quando
estávamos em Jeju.

— Sim! — Ele deu um pequeno salto em reflexo, empolgado com a ideia, e


acabou batendo sua cabeça em meu queixo. — Ai, meu deus, desculpa!

— Eu mordi minha língua...

— Bota pra fora, vou dar um beijinho pra sarar — Jimin ofereceu, rindo sozinho
quando fez um bico para me beijar.

Coisa linda do caralho.

— Não machucou, meu bem. — Menti, abraçando-o com força outra vez.

— Desculpa mesmo assim. — Ele voltou a pedir ao deitar a cabeça em meu


ombro.

Eu o acariciei, olhando ao redor mais uma vez. Eu gostei dessa casa e, assim
como Jimin, consigo nos imaginar construindo nossa vida nesse lugar.

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Mas na verdade, com ele, qualquer lugar pode ser meu lar.

— Eu sei que a gente não pode escolher sem pensar direito, mas eu realmente
gostei daqui... — Ele confessou, baixinho, como se lesse meus pensamentos.
— Eu gostei do jardim, gostei da cozinha, a porta de entrada é bem grande,
tem um quarto pro Yukwon e dá pra gente transar na banheira...

Eu quase me engasguei com a risada que subiu de repente, violenta.

— É nisso que você está pensando? — Questionei, ainda rindo.

— Também... — Ele deixou uma risada culpada escapar.

Eu o afastei um pouco, sem conseguir parar de sorrir.

Um dia com Jimin me deixa feliz como eu nunca me senti durante toda a minha
vida, e é por isso que eu quero sempre fazer o mesmo por ele.

— Me diz, anjo — Eu toquei carinhosamente em sua cabeça, atento à sua


expressão para o que pergunto a seguir: — Por um acaso você também
pensou em algum bicho de estimação? Como um gatinho deixando pelos por
toda a casa?

Jimin arregalou os olhos, surpreso e feliz.

— Você vai me dar um gatinho?!

— Nós podemos ficar com o de Namjoon. — Eu expliquei, acariciando sua


cintura sob seu casaco folgado. — Mas precisamos ter certeza de que temos
condições de cuidar dele antes de decidirmos isso.

— Sério mesmo, mesmo? — Ele insistiu, ainda desacreditado. — A gente


precisa colocar tela nas janelas pra ele não fugir, dar todas as vacinas e
comprar brinquedinhos pra ele!

— Nós vamos fazer tudo isso, se ficarmos com ele.

Jimin assentiu, com os olhos fechados de tanto que está sorrindo agora. Eu me
sinto mais próximo do paraíso a cada vez que ele sorri assim.

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Entretanto, uma rajada mais forte de vento adentrou pela janela aberta e fez a
porta do quarto bater com força, o que o assustou e logo fez seu sorriso bonito
desaparecer para dar lugar a uma expressão tensa.

— Foi só o vento, meu bem. — Eu o tranquilizei, percebendo que ele ficou


assustado de verdade.

Em resposta, ele assentiu, mas não se livrou da feição angustiada.

— Vem. — Eu o chamei, tentando distraí-lo. — Vamos falar com Yubin.

Jimin assentiu, mas manteve os pés cravados no chão quando puxei sua mão
para sairmos do quarto.

— Anjo?

Ele continuou olhando para a porta por alguns segundos, até que virou seu
olhar para mim e respirou fundo, apertando minha mão com mais força.

— Jungkook... — Ele me chamou, parecendo incerto. — Eu não te contei uma


coisa que aconteceu no hospital, naquele dia...

— Hm? O que? — Questionei, já me sentindo angustiado por percebê-lo tenso


assim. — Fizeram alguma coisa com você?

— Não é isso, é que... eu fiquei preso no telhado. Tinha uma pedra segurando
a porta porque ela não abre por fora, mas de repente a pedra não estava mais
lá e a porta bateu...

— No telhado?

— É... eu acabei indo pra lá enquanto esperava você ir me buscar, mas


aconteceu isso e eu fiquei muito assustado mesmo...

Eu deixei um suspiro mais aliviado escapar.

— Você lembra do funcionário que se acidentou? — Questionei, logo


recebendo sua resposta positiva. — Se não me engano, Siyeon disse que ele
caiu na escada que leva ao telhado, então eles devem estar reforçando a

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segurança por lá. Provavelmente algum segurança não te viu e fechou a porta
para impedir que outras pessoas subissem.

Jimin piscou, ponderando minha suposição antes de concordar, ainda


pensativo.

— É, né? — Ele considerou, um pouco mais relaxado. — Mas me deu um


susto do caramba...

— Foi por isso que você parecia tão desconfortável quando fui te buscar? —
Perguntei, me sentindo um pouco culpado por não ter dado a devida atenção a
isso e acreditado que ele só estava preocupado por conta da entrevista de
emprego.

Ele fez que sim mais uma vez, mas logo deu de ombros,

— Mas deve ter sido o que você disse. Eu que sou medroso mesmo. — Ele
concluiu, exibindo seu sorriso lindo mais uma vez.

Vê-lo mais relaxado me deixa mais tranquilo também, e eu apenas deixo um


beijo em sua testa antes de definitivamente guia-lo para fora da casa, onde
voltamos a nos reunir com Yubin e ela nos apresentou os valores referentes à
compra antes de irmos à próxima residência.

No total, nos visitamos outras quatro casas, todas maiores e mais luxuosas,
mas nenhuma delas nos cativou tanto quanto a primeira.

— Olha essa aqui — Jimin virou seu celular para mim quando paramos num
sinal vermelho, exibindo uma foto de Yukwon fantasiado de palhaço, com seu
riso ecoando dentro do carro.

— Ele ainda trabalha em festas de criança? — Questionei, tentando não deixar


tão óbvio o quanto acho essa ideia pavorosa.

— Aham — Ele voltou a responder as mensagens de seu amigo, com os pés


apoiados no painel do carro.- O mundo é um lugar doido, né? Tem que ser
muito corajoso pra deixar um monte de criança sob os cuidados desse maluco.

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Anuí em concordância, mas logo senti meu próprio celular tocar com uma nova
notificação, e o alcancei depois de me certificar que o contador do sinal ainda
está longe do zero. Quando vi que é uma mensagem da transportadora,
entretanto, minha vontade foi de ultrapassar o sinal vermelho na mesma hora.

— Anjo, nós vamos passar em um lugar antes de voltarmos para casa. — Eu


avisei para ele, devolvendo o telefone ao suporte entre os bancos.

— Aconteceu alguma coisa? — Ele questionou, olhando para mim com


preocupação.

— Seus presentes chegaram.

— Minhas coisas de gatinho?!

Eu acho que nem precisava responder, porque minha expressão satisfeita deve
deixar isso muito mais que óbvio.

Depois de passarmos na agência da transportadora que ficou responsável pela


importação da compra, nós voltamos ao apartamento, e Jimin tropeçou no
próprio pé quando se afobou todo para tirar os sapatos antes de correr para
pegar uma tesoura.

— Eu quero ver logo! — Ele quase exigiu quando voltou e sentou ao meu lado
no sofá, puxando a caixa de minhas mãos para cortar as fitas adesivas.

Eu continuei à espera, olhando-o com atenção enquanto ele tira os plásticos


bolha, os quais eu sei que vai guardar para estourar mais tarde, e finalmente
encontra o que realmente importa.

Depois, ele tira todos os itens de dentro da caixa, um por um. As duas coleiras
coloridas, o plug anal com uma cauda felpuda e a tiara com orelhas da mesma
cor.

— Você gostou? — Perguntei, ansioso.

Eu não deveria ter comprado antes de conversar melhor com ele. Entretanto,
fui facilmente vencido pela imagem de Jimin engatinhando para mim com as
orelhas felpudas, o rabo de gato entre suas nádegas e o sino em uma coleira

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chacoalhando a cada movimento seu. Agora, corro o risco de ter me
precipitado.

O que me alivia é ter total confiança nele enquanto submisso. Meu Jimin já
provou mais de uma vez que reconhece suas limitações e é fiel a elas
independente dos meus desejos, então caso ele não se sinta confortável com o
que estou prestes a apresentar, sei que ele será sincero sobre isso
independente de ter ou não os objetos em suas mãos.

Diferente do que pensam, obediência incondicional não é o que caracteriza um


sub maduro. A capacidade de saber enxergar seus próprios limites além dos
desejos de seu dominador, tarefa que por vezes pode, sim, ser trabalhosa, é
algo muito mais importante. É por isso que nunca vou negar quão bom é o
submisso que tenho ao meu lado e o quanto me orgulho dele.

— Jungkook... — Ele finalmente me chamou, prestes a me responder. — Eu


amei!

— De verdade? Eu comprei as orelhinhas pretas porque combinam com seu


cabelo.

— Coloca em mim?

Eu acatei seu pedido de imediato, tomando a tiara em minhas mãos antes de


colocá-la cuidadosamente em sua cabeça, e eu juro que sou capaz de chorar
agora que vejo as orelhas negras sobressaindo entre seus cabelos de mesmo
tom.

— Ficou bom? — Meu menino perguntou, ansioso. — Você tá com uma cara
de bobo...

— Ficou lindo. — Eu o acariciei desde os cabelos até sua bochecha


rechonchuda. — Você é o submisso mais lindo. Jimin.

— E você é o dom-dom mais bonito. E gostoso. — Ele ponderou antes de


completar. — É O mais fofo também.

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Eu o puxei para meu colo para abraçá-lo com força outra vez, completamente
rendido por mais que não seja a primeira vez que ele me chama de dom-dom.
Eu honestamente não tenho condição emocional para lidar com isso.

— As coleiras também são lindas. — Ele disse, apontando para elas. Uma tem
um tom esverdeado, com as duas faixas de couro unidas por um anel metálico
em forma de coração, onde também está preso o sino. A outra é cor-de-rosa
com alguns rebites de tom azul bebê e o sino preso diretamente a ela. — Eu
nem sei de qual gostei mais...

— Eu também fiquei em dúvida na hora de comprar, mas agora vamos colocar


a verde, tudo bem?

Ele assentiu e não saiu do meu colo quando eu me movi para pegar a primeira
coleira, retirando-a da embalagem e usando a flanela que veio com ela para
limpá-la antes de colocá-la no pescoço de Jimin.

— Essas coleiras não têm o mesmo significado que a sua primeira.- Eu disse,
tirando sua coleira social para deixá-lo somente com a nova. — Coleiras como
essas são usadas durante algumas práticas, mas não têm valor emocional

— Então eu prefiro minha coleira preta. — Jimin anunciou, tocando no couro


tingido ao redor de seu pescoço. — Mas pelo menos essa é bem bonitinha.

— E ela ajuda a completar seu personagem enquanto um pet. — Finalizei,


acariciando-o suavemente. — Eu acho que nós podemos conversar sobre pet
play, agora. Ou você está cansado?

— Pra ouvir meu dom me ensinando coisas novas? Nunca!

Eu o movi sobre meu colo para deixá-lo mais confortável, depois beijei sua
bochecha unicamente pelo prazer de fazê-lo.

— Tudo bem, então. — Cedi facilmente, sempre apaixonado pela forma como
ele se mostra disposto a aprender comigo. — Eu sei que você anda fazendo
suas pesquisas, então provavelmente já sabe um pouco sobre o que é o pet
play, não é?

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— Sei, sim. — Ele anunciou, todo orgulhoso. — É um tipo encenação onde
uma pessoa finge ser um animal. E eu vi também que os animais mais
populares nessas encenações são cachorros, gatinhos e pôneis, mas tem
outros também

— Isso, meu bem. — Eu o parabenizei com outro beijo suave, porque sei que
ele ama ser recompensado por seus acertos.

— As encenações são chamadas de role play e se estendem a vários outros


tipos de interpretações. No caso do pet play, o papel interpretado é o de um
animal. Se focarmos um pouco mais no nosso caso, — Eu toquei nas
orelhinhas em sua cabeça. — se trata de um kitten play, que é a variação
específica do pet play em que o animal escolhido é o gato.

— Mas se eu quiser ser um cachorrinho também posso, né? — Ele perguntou,


desconfiado.

— Sim, anjo. — O tranquilizei. — Tenha em mente que os role plays, assim


como tudo no BDSM, não tem a intenção de te limitar. Tudo é flexível e pode
se adaptar da forma que melhor se adeque às pessoas envolvidas, desde que
todos os princípios que já te expliquei sejam respeitados. Então se você quiser
ser um gatinho hoje e amanhã quiser tentar dog play, não tem problema
nenhum.

— Eu já sabia, na verdade. — Confessou, meio travesso. — Só queria


confirmar.

— Parece que você já estudou bastante. — Eu disse, não como uma


repreensão. É puramente um elogio surpreso.

— Eu gosto de pesquisar sobre BDSM — Se vangloriou. — E também queria


dar orgulho ao meu dom.

— Eu já disse que sempre tenho orgulho de você.

Jimin me deu um beijo na boca, sem aprofundar, e sorriu quando se afastou


um pouco.

— Continua, por favor. Eu gosto de ouvir meu senhor explicando.


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Eu sorri, atento ao que ele sempre faz.

Jimin sabe amaciar meu ego e sabe agradar seu dominador, mas não afirmo
isso pelas coisas que ele diz e sim pelas palavras exatas que escolhe para
dizê-las. É sempre sincero, mas esperto, também.

Um manipulador nato.

— Certo. Acho que também é óbvio que cada tipo de animal play envolve um
contexto diferente para melhor se adequar ao pet em questão. — Continuei,
enfim. — Mas algumas coisas se aplicam a todos. Por exemplo, animais não
falam, não têm polegares e a maioria anda sobre quatro patas, então quando
um animal role play está em cena, esses aspectos devem ser respeitados.

— Eu posso perguntar uma coisa? — Jimin questionou, curioso, e obviamente


permiti. — Eu vi muitas informações soltas, mas não achei nenhuma sobre o
objetivo do pet play... quer dizer, por que as pessoas fazem isso?

— Eu não sei te responder com muita precisão, anjo. No meu caso, o pet play
me atrai pela troca de poder e pela responsabilidade que vem com ele. É
sobre me tornar momentaneamente ainda mais responsável sobre as
necessidades de meu submisso, e você sabe que me faz bem cuidar de você.
No caso de quem interpreta o pet, o prazer pode estar na possibilidade de se
transportar para um estado mental menos complexo. — Expliquei
cuidadosamente, sempre sob sua atenção inabalável. — O BDSM é praticado
por pessoas adultas e a vida adulta traz muitas preocupações, então role plays
como esse ajudam a fugir da realidade por um tempo e dão descanso à mente.

— Caramba, faz sentido...

— Acredito que sim, mas essa é apenas a minha forma de ver. Podem existir
outras interpretações, outros motivos. Como eu disse, é tudo muito flexível, e a
forma como nós interpretamos e colocamos em prática qualquer coisa
relacionada ao BDSM pode ser muito diferente da forma como outras pessoas
fazem, mas isso não quer dizer que um está errado e o outro está certo.

— Desde que todos os princípios sejam respeitados. — Ele repetiu minhas


palavra anteriores, escolhendo um momento conveniente para fazê-lo.
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— É, meu bem. Esse é sempre o ponto mais importante. — Eu o puxei um
pouco mais, deixando que ele deite a cabeça em meu ombro enquanto eu
continuo. — E é por ser tão flexível que o pet play pode ser inserido como parte
da rotina, ou como uma encenação eventual, também pode se inserir em algum
contexto sexual, ou não. Depende de cada situação e da escolha dos
envolvidos.

— Eu só quero de vez em quando, tá? — Jimin avisou, acariciando minha


barriga sob a blusa. — E posso ser um gatinho que faz um boquete gostoso no
meu dono..

Eu disse.

Manipulador do caralho.

— Mas, Jungkook... isso é estranho... — Ele disse de repente, puxando


suavemente o tecido de minha blusa. — A gente já tá em casa há um tempão e
você ainda não tirou a camisa...

— Não quero te desconcentrar, anjo.

— Eu não me mudei pra Seul pra ver meu namorado todo vestido dentro de
casa. — Ele resmungou, risonho. — Tira, por favorzinho...

Eu suspirei, acatando seu pedido, e desabotoei minha blusa antes de deixá-la


cair no sofá, para só então Jimin voltar a me abraçar com a cabeça deitada em
meu ombro e as pontas dos dedos deslizando sobre minha tatuagem.

Ele realmente gosta dessa tatuagem.

— Melhor assim? — Perguntei, acariciando sua cintura.

— Muito. Obrigado.

Eu sorri, deslizando a ponta do meu nariz sob sua testa antes de beijá-la.

Honestamente, com toda minha sinceridade, eu amo a dinâmica do nosso


relacionamento.

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Dentre todas as possibilidades — desde a dominação e submissão que se
restringem às sessões, até aquelas em que o submisso cede total controle de
sua vida ao seu dono, eu sei que essa troca parcial de poder é a que mais
combina com nossa relação.

Eu o domino completamente durante nossas sessões, mas ele também me dá


algum poder fora delas, embora não me deixe ter poder absoluto, tampouco eu
desejo tê-lo.

Nós encontramos nisso o equilíbrio que funciona para nós dois. Somos
dominador e submisso, mas somos também namorados, parceiros e amigos.

Em alguns momentos eu me imponho mais. Quando o faço e ultrapasso algum


de seus limites, não me resta outra opção senão me desculpar e tomar o
cuidado de não cometer o mesmo erro outra vez. Em outros momentos, eu me
imponho menos e assumo mais o papel de namorado que de dominador,
embora não exista uma divisão clara entre eles.

É por isso que, às vezes, eu não o puno mesmo quando ele se comporta mal,
nem vou cobrar que ele acrescente um senhor a cada pedido que me fizer. É
sempre uma questão de oportunidade. As vezes uma punição fora de hora
pode deixá-lo magoado, e esse nunca é o objetivo

Mesmo que, não de hoje, eu desconfie que meu Jimin tem uma porcentagem
de brat em meio à sua submissão, então ele costuma amar suas punições.

— Jungkook? — Ouvi sua voz mansa me chamar, de repente. — Você pode


falar sobre age play agora?

— Não acha que já recebeu muitas informações, meu bem? Você precisa
assimilar tudo que já te disse.

— Eu sei, e eu vou estudar mais depois também... mas eu tô muito curioso pra
ouvir você falar sobre isso...

Eu deixei o ar sair numa lufada arrastada, me percebendo incapaz de negar


seu pedido.

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— Tudo bem. — Cedi, afastando-o brevemente, e ele ficou de pé quando
percebeu o que estou tentando fazer. — Mas antes você vai tomar um banho e
comer alguma coisa. Nós passamos o dia todo fora, então você precisa
descansar um pouco.

Ele encolheu os ombros, consternado, mas acabou por tirar as orelhinhas de


sua cabeça antes de entregá-las a mim.

— Tá...

Eu sorri quando ele fez o mesmo com a coleira, deixando-a em meu colo antes
de caminhar até o banheiro, um pouco emburrado.

Sozinho, eu arrumei a sala. Separei o lixo das compras recém chegadas,


depois levei as coisas até o quarto para guardá-las juntamente com os outros
brinquedos de Jimin.

Ainda esperando-o sair do banho, eu aproveitei para fazer algo para ele comer,
depois nós lanchamos juntos e por último foi minha vez de passar meu tempo
no banheiro para me lavar.

Assim como Jimin, eu preciso estar com a mente descansada para ter essa
conversa. Age play é, provavelmente, o mais complexo pelo que ele já se
interessou e vai me custar algum esforço explicá-lo de forma clara, além de ter
consciência de que não sou capaz de explicar tudo de uma só vez por mais
que queira.

Por isso, eu não poupo meu tempo debaixo do chuveiro, tentando organizar
minha mente e as informações que considero mais importantes para serem
oferecidas a ele nessa primeira conversa. Ao fim, eu consigo traçar uma linha
de raciocínio que engloba os pontos que acho mais importantes e já
perceptíveis em nosso relacionamento.

— Você parece cansado... — Ele disse quando voltei para o quarto e o


encontrei na cama, brincando com as orelhas do seu coelho de pelúcia. — Se
estiver, a gente pode conversar depois...

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— Não é isso, meu bem. Só precisei pensar um pouco. — Garanti, terminando
de vestir minha calça de dormir antes de me juntar a ele, vendo-o vestindo
nada além de uma blusa minha, com os cabelos escuros ainda úmidos caindo
ao redor de seu rosto ansioso.

— Então tá bom. — Concordou, logo em seguida mostrando um sorriso


adorável.

— Antes de começar, eu quero deixar claro que o que vou explicar agora é
muito pouco perto de tudo que o age play oferece, tudo bem? Então você
sempre vai precisar estudar para entender melhor todas as possibilidades.

— Eu sei. Mas quando eu tiver dúvidas, posso perguntar a você, né?

— Sempre, anjo. Com isso você não precisa se preocupar. — Ele sorriu ainda
mais, parecendo confiante sobre minha garantia.

— Então... assim como o pet play, o age play é um tipo de role play, mas nesse
caso o cenário é formado por pessoas que se portam como tendo uma idade
diferente da biológica. Uma pessoa de trinta anos, por exemplo, pode assumir
um papel como um adolescente de quinze, ou como um idoso de sessenta.
Muitas pessoas acham que o age play consiste em alguém no cenário sempre
se portar como tendo menos idade, mas isso não é uma regra, apesar de ser n
mais comum.

Eu tentei falar devagar, atento a cada expressão concentrada em seu rosto


enquanto me escuta. Quando ele fez um gesto de compreensão, eu prossegui.

— Também como o pet play, o age é sempre praticado por pessoas adultas e
com condições mentais de compreender em que estão se envolvendo, e ele
pode ou não ter conotação sexual. No caso em que não existe intenção sexual
durante a prática, os envolvidos costumam fazer isso como uma forma de se
afastarem um pouco da vida adulta, relembrar momentos bons do passado ou
simplesmente se libertar da pressão social que os obriga a agir de determinada
forma, quando essa forma não condiz completamente com a sua natureza. Os
motivos são vários, mas via de regra, como tudo que eu já te apresentei, o age

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
play sempre busca a obtenção de prazer de todas as partes envolvidas. Nesse
caso, o prazer está muito mais ligado à mente que ao corpo, entende?

Jimin assentiu outra vez, sempre atento a cada palavra minha.

— Esses mesmos motivos podem ser usados como ponto de partida para a
prática do age play sexual, a diferença é que existe espaço para outras práticas
sexuais durante o role play. Na maioria dos cenários envolvendo essa forma, o
submisso costuma se portar como um adolescente, também chamados de
middle, então o próprio comportamento do sub abre portas para a inserção do
erotismo e do sexo propriamente dito. De qualquer forma, a prática sexual
ocorre sempre entre pessoas que têm total capacidade de medir suas atitudes
e as consequências delas, e é isso que as pessoas de fora não entendem. Por
mais que o age play envolva alguma mudança comportamental, a consciência
das pessoas envolvidas permanece como a de alguém que pode e vai ser
responsabilizado por seus atos.

— Eu entendo isso, mas... é sempre encenação? — Ele questionou, um pouco


envergonhado. — Porque eu sei que quando tô perto de você eu costumo agir
como uma criança, mas não é fingimento...

— Não, meu bem. Não tem nada de errado na forma como você age. — Me
apressei em tranquilizá-lo, porque ele parece incomodado, agora. — É
somente um traço da sua personalidade. Lembra que eu disse que algumas
pessoas se envolvem no age play para se libertar da imposição social sobre
seus comportamentos? Muitas das vezes, isso acontece antes mesmo de
serem apresentadas ao role play, porque é algo que pertence a elas. É
completamente natural.

— Mas isso não é ruim? — Ele insistiu, brincando com seus dedos de forma
frustrada.

— Depende, meu bem. Não é algo ruim quando a pessoa consegue discernir
os momentos em que pode agir dessa forma, ou não. Você, por exemplo,
assume esse papel mais infantil quando se sente confortável para isso.
Comigo, até com Seokjin, porque ele te dá essa abertura, às vezes com seus
amigos. Não é um problema, porque assim como sabe que pode agir dessa
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
forma em determinadas situações, você também já mostrou que não perde a
consciência sobre as responsabilidades que precisa ter. É diferente de quando
acontece uma desconstrução completa da pessoa enquanto adulta e ela
regressa quase definitivamente a um estado mais novo e dependente. Pode,
sim, acontecer e não é bonito, nem fácil de reverter, por isso é preciso ter
bastante cuidado.

— Jungkook... e se acontecer comigo?

— Ei, meu bem — Eu o chamei, cuidadoso, ao perceber que ele parece


mesmo confuso e preocupado. — Vem aqui.

Ele me olhou, um pouco relutante antes de aceitar meu chamado e se


aproximar para se encaixar no abraço que ofereço.

— Lembra como você cuidou de mim logo depois da morte de meu pai?
Questionei, sem soltá-lo sequer por um segundo. — Lembra como você abriu
mão completamente de toda essa postura mais infantil e esteve ao meu lado,
sem falhar nenhuma vez? E lembra como ontem, quando cheguei em casa,
você me disse que passou o dia procurando novas vagas de emprego?

Ele fez que sim com a cabeça, e eu sinto suas mãos apertando o tecido de
minha blusa.

— Jimin, você pode não perceber porque essa mudança é muito natural para
você. Você age como meu menino quando pode, e quando não pode você
automaticamente assume a postura de alguém de dezenove anos, alguém
responsável e maduro o suficiente. Nunca deixa de ser adorável, mas
consegue perceber a diferença?

— Sim...

— Isso é algo que demanda controle contínuo enquanto esse traço de


personalidade for trazido à tona, mas você já está indo muito bem, anjo. De
verdade,

Jimin se encolheu mais contra mim. Mesmo?

— Mesmo. Eu tenho muita sorte de ter um submisso como você.


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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu senti seu sorriso tímido contra meu pescoço e logo seu corpo pareceu
menos tenso dentro do meu abraço.

— Então? Quer saber mais? — Questionei, ciente de que talvez seja melhor
para por hoje. Entretanto, Jimin optou por continuar ao balançar a cabeça num
movimento tímido. — Certo, agora acho que posso explicar melhor os papeis
numa relação que envolve age play.

— Tá bom...

— Little é como é chamada a pessoa que age como alguém mais novo. Essa
atitude pode ser algo encenado ou apenas a libertação de um traço real de
personalidade, como eu já falei. Um little pode agir literalmente como um bebê,
como uma criança com mais ou menos idade, até como um adolescente,
Também falei sobre esse último, o middle, que é um tipo de little normalmente
um pouco mais rebelde e sexual. Eles têm muito do comportamento de um
brat.

— Então eu não sou middle, não.

Espero que ele não me morda, nem me ataque com um travesseiro pelo que
vou dizer agora.

— Na verdade, meu bem... — Comecei, cuidadoso. — Quando você fica


incomodado com alguma coisa, seu comportamento é muito mais como o de
um middle.

— Você tá me chamando de brat? — Ele acusou, apertando os olhos para


mim.

— Não exatamente. Você não pode ser classificado como brat porque é óbvio
que não gosta de me desafiar, apesar de fazer isso quando está irritado. Mas
você também gosta de ser punido, eu consigo ver o sorriso que você tenta
esconder toda vez, então você também não é completamente submisso.

— Eu não gosto de ser punido! De onde você tirou isso?

Eu realmente tentei segurar uma risada, mas foi impossível.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
No fundo, eu acho que entendo sua relutância em ser associado de qualquer
forma a um brat. Apesar de saber que não é algo ruim ou desmerecedor, Jimin
e muito mais submisso que um rebelde, então seu desejo de me agradar quase
sempre é maior, e ser associado a uma personalidade que gosta exatamente
do oposto deve deixá-lo um pouco cismado.

— Você já ouviu falar em bratty sub? — Questionei, sempre pesando bem


minhas palavras. — São submissos que carregam alguns traços de brat...
como você.

Ele ficou irritado. Consigo ver pela forma como seus olhos estão comprimidos e
como suas bochechas estão avermelhadas agora.

— Mas eu sou um submisso bonzinho o tempo todo! — Ele disse, contrariado.


— Ou quase o tempo todo...

— Exato. Quase o tempo todo, até se irritar com algo. Você sabe que isso não
é ruim, não é?

— Eu sei... mas...

— Não tem mas, Jimin. Esse é outro traço de sua personalidade, e eu o amo
como todo o resto em você.

Ele finalmente suavizou a expressão, mesmo ainda visivelmente insatisfeito de


alguma forma.

— É esse traço de personalidade que faz você oscilar entre um little obediente
e um middle, dependendo da situação. Isso é bastante normal, na verdade,
littles dificilmente apresentam um único tipo de faixa comportamental.

— Tá, então eu sou sub, brat, little, middle, tudo de uma vez. Que bagunça. —
Ele resmungou. — E você é o que, Jungkook?

— Eu já ia chegar a essa explicação. — Anunciei, brincando inconscientemente


com os dedos do seu pé. — No age play, o dominador que assume um papel
semelhante ao meu é chamado de Daddy Dom. É alguém que cuida, guia,
protege e disciplina seu little. Normalmente são dominadores mais carinhosos e
pacientes, mas existem Daddy doms mais sádicos, também.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Daddy dom é fofo. — Ele ponderou. — Mas eu preciso te chamar assim? Eu
prefiro chamar de dom-dom...

— Você pode me chamar de dom-dom ou pelo nome, como sempre chama.


Eu só preciso que você se sinta confortável, meu bem. É isso que importa aqui.

Ele apertou os lábios num sorriso ansioso, se afastando um pouco mais para
me olhar bem.

— Então... a gente já pratica age play?

— Ainda não tínhamos formalizado, mas sim. Nossa relação não vai mudar só
porque demos um nome a isso. Você vai continuar sendo meu menino sempre
que se sentir confortável para isso, e vai ser o Jimin responsável quando for
preciso. A única diferença é que agora você conhece termos novos e já sabe
os cuidados que deve ter pra não deixar isso virar uma bagunça.

— Então agora eu posso ser oficialmente um bebê ou um gatinho quando


quiser?

— Sim, anjo. E eu vou amar e cuidar de você não importa o que você escolha
ser.

Jimin abriu um sorriso enorme e eu fui pego de surpresa quando ele pulou em
meu pescoço repentinamente, o que me fez cair para trás enquanto ele me dá
vários beijos pelo rosto inteiro.

— Você é o melhor dom-dom do mundo!

Eu toquei em sua cabeça, puxando-o para deitar sobre mim depois de toda sua
euforia. Entretanto, antes de relaxar completamente, seu celular tocou no
criado mudo e ele resmungou baixinho antes de pegá-lo, e eu logo vi seus
olhos se abrirem em surpresa quando ele desbloqueou a tela.

— É um e-mail do hospital. — Ele disse com a entonação vaga, movendo o


rosto em minha direção.- O cara que foi selecionado pra vaga desistiu...

Ele voltou a olhar para seu celular e, depois de mais alguns segundos de
suspense, um sorriso enorme se abriu em seu rosto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Jungkook... eu consegui! — Meu Jimin comemorou, voltando a pular em
cima de mim. — A vaga é minha!

[1] Esse trecho se refere às três "modalidades" básicas da dominação e


submissão (vou começar a abreviar aqui como D/s) inserida numa
relação: O Total Power Exchange, que é quando o dominador (por vezes
chamados de dono, nesses casos) tem total controle sobre seu
submisso; o Partial Power Exchange, que é quando a D/s se estende para
alguns aspectos do relacionamento (esses aspectos variam de acordo
com cada relação); e o Erotic Power Exchange, situação em que a D/s
existe somente nas sessões.

[2] Acho que o Jungkook deixou isso bem claro ao longo da narração,
mas faço questão de enfatizar: age play é algo MUITO extenso e o que foi
mostrado aqui foi somente o princípio básico dele e a forma como se
aplica ao relacionamento dos jikook, mas existem várias outras
possibilidades além dessa. Lembrem sempre de pesquisar mais caso se
interessem, ok?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Olá!!! que saudade):

como prometido, capítulo narrado pelo Jungkook e com alguns esclarecimentos


sobre pet e age play, eu pretendia abordar outros fetiches, mas vi que ia ficar
extenso demais (esse é o maior capítulo de sub até agora) e muito cansativo,
então deixei pra falar sobre eles nas próximas atts, até porque demandam
explicações bem mais simples. Mas sobre o que foi explicado nesse capítulo,
espero que tenha servido pra pelo menos clarear a mente de vocês sobre age
play, principalmente.

me deixa tristinha ver tanta interpretação errada e precipitada sobre o meu


fetiche mais amado, então eu me esforcei mais na questão de explicar os
princípios e condições em que ele ocorre do que em discorrer sobre a prática
em si. sei que ficou bastante cansativo, com explicações bem longas, mas eu
dei meu melhor pra ajudar vcs a entenderem, juro ):

eu sei que vocês já estão cansados, então não vou falar muito mais, só vou
avisar que tem um vídeo mostrando a planta 3D da Paradise lost lá no meu tt
(@panthereve, fixado > coisinhas de submissive > personagens de
submissive). Foi feito pela nenê mais linda desse mundo (não fui eu, eu sou
nenê, mas não sou linda) e eu tentei colocar aqui mas sou meio burra e não
consegui, então quem ainda não viu pode ver lá

aH E SUBMISSIVE CHEGOU A UM MILHÃO DE COMENTÁRIOS!!!! gente é


comentário demais (infelizmente nem todos bons ou minimamente respeitosos,
mas segue o baile) :O muito obrigada por todo o carinho que vocês dão a sub,
de verdade mesmo mesmo mesmo <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
38 • Arquimedes

Eu me sinto verdadeiramente feliz.

Saber que eu não tinha conseguido a vaga no hospital me deixou chateado,


embora eu tenha rapidamente me convencido de que não deveria deixar isso
me desanimar. Mas agora, a vaga é minha.

Aparentemente o candidato que foi selecionado como primeira opção voltou


atrás quando seu chefe em uma clínica particular ofereceu um aumento para
que ele ficasse em seu emprego atual. Na verdade, não me importa muito. O
que me importa é que agora eu tenho um emprego.

Não um trabalho conseguido às custas de meus pais ou de Jungkook. É algo


que eu mesmo conquistei.

Uma vitória do Jimin, embora eu tenha compartilhado-a alegremente com meu


namorado, pais e amigos. Minha mãe chorou de orgulho durante a ligação,
Jungkook quase me sufocou com um abraço apertado e o grupo virtual do
Clube das winx virou uma festa assim que a notícia foi dada.

É engraçado. Não é meu emprego dos sonhos e eu sequer fui a primeira opção
para ocupá-lo, mas ainda assim todas essas pessoas importantes para mim
ficaram genuinamente felizes por minha conquista.

Agora, eu estou a caminho do meu primeiro dia de trabalho, e é Jungkook


quem está me levando porque ele fez questão de me acompanhar, já que
estou começando hoje.

É muito adorável a forma como ele está orgulhoso de mim, todo bobo por conta
de algo que eu não acreditei que o deixaria tão, tão, tão feliz.

— O que você vai querer jantar?- Eu perguntei, repuxando as mangas do meu


agasalho grosso com alguma ansiedade.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu sei que vou receber meu uniforme hoje, mas não quis dar as caras no meu
novo emprego vestindo qualquer coisa, então pedi outra vez para Jungkook
escolher minha roupa, mesmo que logo precise trocá-la.

— Eu só chego em casa à noite, então não vou mais poder fazer nada muito
elaborado como antes. Desculpa...

Na verdade, eu sei que não preciso me sentir culpado por isso, mas eu
realmente gostei de cozinhar várias coisas diferentes para Jungkook durante os
últimos dias, já que tinha tempo livre. Hoje, entretanto, isso já mudou e eu nem
pude fazer o café da manhã tradicional que nós dois gostamos. Na verdade,
quem preparou nossa comida foi Jungkook, e nós saímos de casa tão
apressados que sequer tivemos tempo de lavar a louça.

— Eu cuido disso, anjo. — Jungkook anunciou, então, ainda com um sorriso de


orelha a orelha. — Vou sair mais cedo do escritório só para isso. Você merece
o melhor jantar do mundo, hoje.

Eu abri bem meus olhos, esperançoso. — Pode ser hambúrguer?

Jungkook acabou rindo, mas o que eu posso fazer se minha definição de um


jantar verdadeiramente gostoso se resume a coisas que entopem veias?

— Pode ser o que você quiser, anjo — Ele disse, parando o carro na área de
desembarque de uma das entradas do hospital. — Meu Jimin vai querer
hambúrguer, então?

— Sim! — Respondi, já salivando ao pensar no jantar sendo que sequer digeri


o café da manhã ainda.

— Batata frita? — Ele ofereceu, rindo do meu entusiasmo.

— E refrigerante e tortinha de maçã pra sobremesa. — Respondi, aproveitador.

— Eu não sou louco de esquecer sua sobremesa. — Jungkook garantiu.

Dessa vez fui eu quem ri, e me livrei do cinto antes de abraçá-lo rapidamente e
roubar um selinho seu, que acabou sendo acompanhado por mais outros três.

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— Tchau, Jungkook. Obrigado por me trazer — Eu me despedi, ainda
sorridente. — Bom trabalho!

Jungkook acariciou minhas costas só mais uma vez antes de deixar que eu me
afaste.

— Bom trabalho, meu bem.

Eu finalmente desci do carro e, assim como no dia da entrevista, fui direto ao


departamento de recursos humanos para oficializar minha contratação, já que
eu ainda não assinei os papeis, e mais uma vez fui atendido por Kim Jisoo,
que me explicou pacientemente coisas referentes ao meu salário e aos meus
dias de folga. No fim, ela sorriu sinceramente e me parabenizou pela conquista
da vaga.

Muito, muito fofinha mesmo.

Depois, eu recebi a blusa do uniforme. Toda verdinha com apenas o nome


Sinchon Yonsei Hospital bordado no lado esquerdo.

Ela é linda. Ou talvez eu ache isso pela emoção de receber meu primeiro
uniforme que não seja escolar.

Só então o horário do meu expediente começou e eu fui até a mesma sala


onde fiz o treinamento dias atrás e onde reencontrei meus colegas de trabalho.

— Você é o baixinho do outro dia, não é? — 0 moço que me lembro ter o nome
de Youngjae perguntou, sorrindo ao me ver entrar timidamente na sala.

— Isso. Jimin. — Me apresentei outra vez, pro caso de que algum deles não
lembre como me chamo. — Eu vou trabalhar com vocês a partir de agora
então, hm... é um prazer...

— Bem vindo ao inferno, Jimin.

— Jinyoung... — Youngjae suspirou. — Não bota medo no menino.

— É brincadeira. — O moço, que me lembro bem de ter uma teoria sobre o


acidente do outro funcionário não ter sido acidente, disse. — Só seja bem
vindo, Jimin. De verdade.
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— Obrigado. — Eu sorri sinceramente.

— Não é totalmente brincadeira. O trabalho é ok, — A última funcionária da


sala disse, mas não me recordo do seu nome.

— mas é realmente um inferno trabalhar com esse cara ai. É o dia todo com
teoria da conspiração pra cá e pra lá. — Ela provocou, e começou a imitá-lo: -
Existem aliens infiltrados entre nós, oh, meu deus, o presidente é um Iluminatti
e o onze de setembro foi um atentado cometido pelo próprio governo dos
Estados Unidos!

— E não esqueça das teorias loucas sobre aquele grupo que ele acompanha -
Youngjae completou, brincalhão.

— O conceito deles é muito complexo, vocês fãs de artistas rasos não são
capazes de entender. — Jinyoung rebateu, amargo.

— Doidinho, doidinho — A moça disse, gesticulando com o indicador. — Aliás,


não me apresentei da última vez. Meu nome é Lalisa.

Eu acenei para ela, rindo das provocações entre os três, e Youngjae gesticulou
para mim, apontando para a última mesa vaga na sala, que é ao lado da sua e
de frente para a de Lalisa.

— Aqui, Jimin, essa é sua mesa e seu computador. — Ele apontou. —


Qualquer dúvida você pode perguntar à gente, ok? Aqui nessa sala nós somos
todos amigos, então não precisa ter vergonha.

— Obrigado mesmo. — Eu disse ao me aproximar da minha mesa e deixar


minha mochila debaixo dela logo antes de me sentar em minha cadeira de
rodinhas.

Wah. Uma mesa só minha, uma cadeira de escritório e um computador de


trabalho.

Eu me sinto como gente grande de verdade, agora.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você pode decorar sua mesa depois do jeito que quiser, viu? — Lalisa
disse, se esgueirando na lateral de seu computador para poder olhar para mim.
— A gente não gosta de coisa sem decoração.

— Lisa que o diga. Ela tem três fotos do cachorro e uma da namorada só
nesse espacinho aí que você está vendo.

— Namorada? — Eu perguntei, curioso.

— Ah, sim, outra regra da nossa sala: sem preconceitos. — Lalisa disse, me
olhando com uma expressão de aviso.

— Que bom. — Eu sorri genuinamente. — Porque eu sou gay.

E praticante de BDSM, também, mas isso mantenho em segredo.

— Uh, toca aqui — Ela estendeu sua palma aberta, e eu choquei minha mão
contra a sua em um toque amigável.

Youngjae riu alto enquanto Jinyoung só mostrou um sorriso amistoso, mas sem
tirar os olhos da tela de seu computador. Eu também acabei sorrindo um pouco
mais, porque acho que vou gostar muito dos meus colegas de trabalho.

Só então eu finalmente liguei meu computador e, com a ajuda paciente de


Jinyoung, consegui entender melhor o que fazer, mas o serviço realmente não
é muito difícil. É só ficar atento às requisições de cada departamento
conectado ao meu sistema e repassá-las aos fornecedores, depois enviar a
fatura dos pedidos para que o departamento financeiro aprove.

Entre um serviço e outro, eu até encontrei algumas folguinhas e conversei mais


um pouco com meus três novos colegas. No horário de almoço, nós deixamos
nossa sala e fomos até o refeitório, onde sentamos juntos. Eu estava me
divertindo com as histórias de Lalisa, até que um novo funcionário entrou no
salão.

Kim Wonsik.

Eu me senti um pouco tenso porque ainda lembro bem da forma estranha


como ele me tratou no dia da entrevista, mas tudo piorou quando ele pareceu

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
procurar uma mesa para se sentar e Youngjae acenou para ele alegremente,
convidando-o para se sentar na nossa.

— Ei, Jae — Wonsik disse ao se aproximar com uma blusa de gola alta por
baixo da camisa do seu uniforme de segurança, provavelmente para esconder
suas tatuagens.

Lalisa também acenou para ele alegremente, enérgica.

Ela meio que parece estar ligada numa tomada de duzentos e vinte volts,
constantemente.

É engraçado e fofo.

Mas Wonsik não é fofo, e eu não sei muito bem como agir quando ele senta
num dos dois bancos disponíveis e olha para mim, então tudo que faço é
abaixar o olhar na direção da minha comida, me sentindo um pouco intimidado.

— Wonsik, — Foi Lalisa quem o chamou. — esse aqui é nosso novo


companheiro. O nome dele é Jimin.

— Eu já o conhecia, na verdade. — Ele disse, com uma entonação diferente da


que usou para falar comigo dias atrás. Ele parece menos assustador, falando
assim. — Bem vindo, Jimin.

Eu levantei meus olhos em sua direção e apesar de não ver um sorriso em


seus lábios, sua expressão também é mais suave. Mesmo assim, tudo que
faço é acenar, ainda sem muito jeito.

— Já teve alguma notícia do Dongsun? Dessa vez, foi Jinyoung quem


perguntou para o segurança. — Ele ainda está em coma?

Dongsun?

Eu já ouvi esse nome antes, acho que é o cara que caiu da escada.

— Sim... — Wonsik respondeu, cabisbaixo. — Eu não sei se ele vai acordar...

— Ei, não pensa assim! — Lalisa disse, tentando ser positiva. — Ele vai
acordar, sim, e você vai ser padrinho no casamento dele, ok? Diga ok!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Quem liga para esse casamento, Lisa? — Ele questionou, um pouco mais
severo. — Eu só quero que ele acorde, o casamento que se exploda.

Ela suspirou antes de mostrar uma expressão condescendente. — E ele vai


acordar, Wonsik. Você vai ver

— E sobre aquela investigação interna que a diretora autorizou? — Jinyoung


questionou. — Sabem de alguma coisa?

— Está em andamento, mas não vai dar em nada. — O segurança respondeu.


— Aquilo foi um acidente, não adianta procurar culpados.

— Não dá pra ter certeza disso. — Jinyoung insistiu. — Eu ainda acho que não
foi só acidente.

— Lá vai ele... — Lalisa suspirou e apoiou o queixo na palma da mão. — Mas


e sobre o presidente ser Iluminatti, hein? Não é melhor falar disso?

Youngjae riu alto e Jinyoung jogou um guardanapo amassado em nossa


colega, que desviou com uma risada. Depois, eles entraram em uma outra
conversa que não consegui acompanhar muito bem. Quando acabamos de
comer e nos levantamos para voltar para nossa sala, eu passei ao lado de
Wonsik, que continua sentado, e me assustei ao percebê-lo segurando meu
pulso.

— Ei. — Ele disse quando o olhei com a bandeja na mão, segurando-a com
uma força desnecessária. — Posso falar com você?

— Tá tudo bem? — Jinyoung perguntou, confuso.

— Eu só preciso falar com o Jimin. É rápido. Pode ser, Jimin? — Wonsik


explicou para meu colega, e eu olhei para sua mão segurando meu pulso antes
de assentir para meus colegas, deixando que eles voltem na frente.

— O que foi? — Eu perguntei um pouco desconfiado, mas aceitei seu pedido


porque estamos num refeitório lotado, então não acho que preciso ter medo.

Na pior das hipóteses, eu acerto a bandeja na cabeça dele.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Sobre o outro dia... — Ele começou com algum desconforto. — Eu fui rude
com você Queria me desculpar. Eu devo ter te deixado com uma má
impressão, não é?

Eu relaxei, mas não completamente.

— Um pouco... você me deixou tenso...

— É por isso que quero me desculpar. Eu te tratei daquele jeito porque você
estava fazendo a entrevista para ocupar a vaga do Dongsun e eu e ele éramos
muito próximos. Não faz sentido, mas parecia que ele não tinha valor por ser
substituído com tanta facilidade e isso me irritou, mas eu não deveria descontar
em você, então me desculpe.

Eu o olhei cuidadosamente antes de suspirar, mais aliviado. Querendo ou não,


nós trabalhamos no mesmo lugar e ele parece amigo dos meus colegas, então
é bom saber que ele não me odeia ou qualquer coisa assim.

— Então tudo bem. — Eu disse, oferecendo um sorriso educado. — Se foi isso,


você está desculpado, sim.

Ele sorriu também, e eu percebo que até agora não soltou meu pulso.

Eu fiz menção de me afastar para que ele me solte, mas então lembrei de outra
coisa,

— Ah... eu tenho a impressão de ter te visto dois dias antes da entrevista, num
supermercado. Era mesmo você? — Ele fez que sim, e eu me atrapalhei um
pouco para questionar: — E por que você ficou me olhando quando me viu lá
se nem me conhecia?

Wonsik sorriu com os lábios fechados, e eu apertei meus olhos ao sentir seu
polegar acariciar meu pulso.

— Ah, isso? Eu fiquei olhando porque você é muito bonito, Jimin.

Eu me percebi um pouco sem jeito, até constrangido, e nem sorri quando


recuei com um passo, forçando-o a me soltar,

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— Obrigado. — Eu murmurei. Eu não tenho a autoestima muito boa, mas meu
namorado também sempre me diz que eu sou muito bonito.

Tudo bem, eu não saio por aí alegando problemas de baixa autoestima a


quase completos desconhecidos, mas a forma como ele acariciou meu pulso
me faz sentir a necessidade de reafirmar que sou comprometido, então não
estou disponível, mas principalmente não tenho interesse nele.

— Seu namorado não faz mais que a obrigação ao te elogiar. — Wonsik


afirmou com um sorriso atravessado.

Eu nem sei o que responder a isso, então só ri sem graça e concordei.

— É, hm... eu vou voltar pra minha sala, mas obrigado por esclarecer as coisas
— Eu disse, acenando uma última vez com a cabeça antes de finalmente me
afastar, deixar minha bandeja suja no recolhedor e sair do refeitório.

Eu realmente não sei se faz sentido acreditar que Wonsik está interessado por
mim ou se isso me faz parecer alguém autoconfiante demais, coisa que não
sou, ao menos sobre minha aparência.

Quer dizer, eu conquistei Jeon Jungkook, que é o homem mais incrível que já
conheci em toda minha vida. Com minha personalidade, com meus defeitos e
minhas manias, eu conquistei alguém como ele, alguém que não só aceita meu
jeito, mas alguém que verdadeiramente o ama. Isso me faz perceber que existe
mesmo algo bom dentro de mim e me faz ter mais confiança sobre o que sou.
Entretanto, o processo de aceitação sobre meu rosto, principalmente sobre
meu corpo, é algo que está me dando mais trabalho.

Então eu honestamente me pergunto se é possível Wonsik ou qualquer outra


pessoa se interessar por mim apenas conhecendo minha aparência.

É meio estranho, mas eu não vou pensar muito nisso porque pouco me importa
se ele está interessado ou não. A única pessoa que eu quero que tenha esse
tipo de interesse por mim é meu Jungkook, e ele já sente muito mais que
atração, há muito tempo.

1043
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
De resto, eu só me preocupo em lutar para me aceitar um pouquinho mais a
cada dia para me sentir bem comigo mesmo, não para conseguir perceber se
essa ou aquela pessoa estão interessadas por mim.

Afastando Wonsik dos meus pensamentos, então, eu continuei caminhando em


direção a um dos elevadores para voltar para minha sala, e sorri quando, ao
entrar num deles, a porta abriu no andar seguinte e me deparei com a mesma
enfermeira que encontrei no telhado da última vez.

— Senhora! — Eu disse, animado ao vê-la.

— O menino do telhado? — Ela questionou, sem ter muita certeza, enquanto


guia cuidadosamente um paciente em cadeira de rodas até posicioná-lo dentro
da cabine metálica.

— Isso! Eu consegui o emprego! — Eu anunciei, vitorioso, e ela sorriu de forma


gentil,

— Parabéns, menino — Ela disse, e eu vejo sua mão passear carinhosamente


sobre a cabeça quase sem cabelos do paciente na cadeira. É um velhinho
miúdo, quase sem cabelos, que parece ter uns tremores constantes.

Eu quis perguntar o que ele tem, mas seria indelicadeza então somente
continuei olhando-o enquanto tento ser discreto e me sinto mal por ele, porque
sua expressão parece de dor, ou medo.

— O exame vai ser rápido, Senhor Baek — A enfermeira disse para o


senhorzinho, ainda acariciando-o gentilmente. — Depois eu vou levar o senhor
para passear no pátio, viu?

O senhor não disse nada, mas um sorriso pequenininho apareceu em seu rosto
franzino, e eu juro que só isso me fez querer chorar.

Deve ser muito bom poder ajudar pessoas assim.

— Eu desço aqui. — A senhora disse quando as portas se abriram um andar


antes do meu, guiando a cadeira de rodas para fora, e eu me apressei em
posicionar minha mão sobre o sensor para, deus me livre, não deixar a porta

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fechar enquanto ela sai com o velhinho. — Obrigada, menino. Boa sorte com
seu trabalho.

— Boa sorte com o seu. — Eu disse verdadeiramente, vendo a mulher se


afastar antes que as portas se fechem outra vez.

Sozinho, eu suspirei.

Outro dia, Jungkook me pegou lendo uma página na internet sobre


aconselhamento vocacional. Eu não sei o quanto ele viu, na verdade, já que eu
fui rápido em fechar o notebook, mas eu estava lendo sobre o curso de
enfermagem.

Mas essa não foi a única vez que pesquisei sobre isso. No começo, eu só o fiz
por curiosidade, depois de ouvir a enfermeira falar sobre o quanto ama sua
profissão. Mas depois, eu continuei pesquisando, lendo, me apaixonando pelos
relatos.

Me perguntando se eu seria um bom enfermeiro.

O questionamento foi se enraizando em minha mente, acho que até em meu


coração, mas eu ainda não tinha encontrado uma resposta para ele. Agora, eu
ainda não tenho certeza, mas... e se?

Na verdade, eu não sei se sirvo para isso. Eu sei que sou muito bom em cuidar
de Jungkook, mas não sei se teria essa mesma habilidade em cuidar de outras
pessoas.

E se, meu deus, eu matar um paciente?

Isso me deixa confuso, mas acho que não me resta muito além de pesquisar
mais um pouco antes de tomar qualquer decisão.

— Ei, Jimin, chegou na hora certa! — Lalisa comemorou assim que entrei na
sala, rapidamente estourando minha bolha reflexiva. — Nós ainda temos tempo
de descanso, então vamos jogar.

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— Jogar o que? — Questionei, me sentando de volta em minha cadeira quando
vejo que todos eles também estão em seus lugares, Lisa com os pés em cima
da mesa, inclusive.

— É fácil, — Youngjae quem respondeu, batucando em sua mesa. — nós só


sorteamos uma letra do alfabeto e cada um precisa dizer uma música que
comece com essa letra a cada rodada. Quem não conseguir pensar em uma
música dentro de vinte segundos, perde.

Eu sorri empolgado com o jogo e é claro que aceitei participar, o que me


rendeu muitas risadas e alguns eventuais disparos cardíacos por não conseguir
pensar em sequer uma canção.

Nós gastamos todo o restante do nosso tempo de descanso nisso, depois


voltamos ao trabalho e, ao fim da tarde, saímos todos juntos.

Eu estava prestes a voltar de ônibus ou metrô para casa, até já tinha


pesquisado as rotas possíveis para chegar ao apartamento, mas antes mesmo
de sair do hospital vi que recebi uma mensagem de Jungkook, e sorri ao abri-
la.

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Eu guardei o celular no bolso e apertei meu agasalho contra meu corpo, já que
o estacionamento está muito mais frio que o interior aquecido do hospital, e
logo encontrei o carro de Jungkook dentre todos os outros, correndo para me
esquentar com o calor do aquecedor, mas também com um abraço do meu
dom.

— Como foi? — Ele perguntou depois que eu entrei no carro, sorrindo apesar
do frio.

— Foi bom. Meus colegas são divertidos — Eu disse, já esticando meus braços
para pedir um abraço quentinho. — Obrigado... — Agradeci assim que ele
aceitou meu pedido, ainda me dando vários beijinhos de brinde. — E o seu
dia?

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— Bom, anjo. Entrei em contato com Lee Eunbyul. Temos uma reunião
marcada para depois de amanhã.

Eu assenti, sem me preocupar muito sobre isso. Jungkook disse que vai tratar
apenas de negócios com ela, e eu acredito.

Além de tudo, fico feliz por ver que as coisas na Bangtan andam bem para ele.

— Vamos logo para casa, — Ele disse, então. — seu jantar já está esperando.

Argumentos envolvendo comida me convencem facilmente, então eu logo me


afastei com um sorriso enorme, deixando-o livre para dirigir.

— Ah, eu nem te contei. Lembra que eu fiquei preso no telhado, no outro dia?
— Questionei, tirando meus sapatos para apoiar meus pés no painel do carro.

— Não me diga que você ficou preso de novo...

— Deus me livre, nunca mais vou naquele lugar. — Eu tremi só de lembrar. —


Mas quem me ajudou no outro dia foi um dos seguranças e hoje ele almoçou
com a gente. Ele é meio esquisito..

Jungkook me olhou de esguelha, curioso. — Esquisito como?

— É que assim, eu o vi pela primeira vez quando fui fazer compras naquele
supermercado perto da Bangtan e ele tava olhando pra mim, tipo, muito! Mas
dois dias depois, quando eu vim fazer a entrevista, ele agiu como se me
odiasse e quisesse devorar minha alma. E hoje ele me pediu desculpas e
depois me disse que me acha muito bonito. — Eu contei tudinho, mas claro que
numa versão resumida. — Quão estranho é uma pessoa assim?

— Ele te tratou mal? — Jungkook parece incomodado. Ele não gosta que
ninguém destrate seu subzinho.

— Não mal, mal... foi só de um jeito esquisito mesmo.

— E agora ele está te elogiando?

Eu o olhei, incerto no começo, para logo acabar rindo ao perceber que ele está
enciumado, mas não quer evidenciar.

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— Eu disse, ele é doido... — Avisei.

— Não tão doido se pelo menos sabe quão lindo você é. — Ele respondeu,
sem fazer grande caso apesar de seu ciúme. — Mas se ele fizer qualquer coisa
estranha, me avise.

— Sim, senhor. — Respondi risonho, aproveitando uma brechinha para deixar


um beijo rápido em seu ombro.

Durante o restante do caminho, eu tagarelei sobre outras infinitas coisas, e eu


honestamente não sei como Jungkook aguenta prestar atenção em tudo que
eu falo. Mesmo assim, ele esteve atento a cada devaneio meu até que
chegamos em casa e ele me segurou antes de me deixar entrar no
apartamento.

— Espere um pouco. — Ele disse, e explicou diante do meu olhar confuso: —


Só preciso fazer uma coisa antes de te deixar entrar.

— O que? — Eu perguntei, curioso como sou, mas Jungkook só fez um gesto


me pedindo para esperar.

Menos de dois minutos depois, ele voltou e abriu a porta outra vez com um
sorriso meio suspeito no rosto. Eu estranhei ainda mais ao perceber que ele
não acendeu qualquer luz, mas assim que passei para dentro vi que a sala está
iluminada por velas acesas em cima da mesa arrumada, com os lanches do
McDonald's servidos como um jantar de cinco estrelas.

Minha reação seguinte foi quase morrer de amores enquanto me desmancho


inteiro em uma risada.

— Eu não acredito que você fez isso, Jungkook!

Ele tirou a mochila de minhas costas, depois me abraçou por trás e beijou meu
pescoço, e eu percebo que ele está sorrindo também.

— Parabéns pelo emprego, meu bem.

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Meu riso perdeu força até se transformar em um sorriso persistente, e eu
pousei meus braços sobre os seus ao redor de minha cintura, sem parar de
olhar para nossa mesa de jantar toda decorada.

— Jungkook... — Eu o chamei, recostando minha cabeça em seu ombro. — Eu


sei que digo isso muitas vezes, mas você me faz muito feliz mesmo...

— Então se eu me esforçar mais um pouco acho que devo conseguir te fazer


tão feliz quanto você me faz. — Ele respondeu, todo manso.

Eu sorri ainda mais, tanto que meus olhos fecharam todinhos e ficou tudo ainda
mais escuro.

— Vem, — Ele me chamou, afrouxando o abraço para entrelaçar nossos


dedos. — vamos lavar as mãos.

Eu concordei facilmente e quando passamos pela cozinha eu vi a pia limpa,


com toda a louça suja do café da manhã já lavada e arrumada sobre o
escorredor. Até com isso ele se preocupou...

— Meu hambúrguer é de camarão! — Eu comemorei, alegre, quando voltamos


para a mesa.

Jungkook sorriu, e eu vi que o seu lanche veio com meu outro hambúrguer
favorito, e eu acho que ele fez isso para que eu pudesse escolher entre os
dois, mas eu sei que Jungkook não gosta muito do de camarão, então
contenho minha indecisão e não peço para trocar.

— Esse sanduíche sempre me faz lembrar de Jeju... — Eu disse, nostálgico.

Parece que faz tanto tempo, mas mal se passaram quatro meses de la para cá.
Mesmo assim, tanta coisa mudou.

— Você está com saudade da viagem? Jungkook perguntou. Eu fiz que sim,
porque foi a melhor da minha vida. — Quando voltarmos lá, vamos ficar no
mesmo hotel, tudo bem? De frente para o mar.

— A gente vai mesmo voltar? — Questionei, ansioso.

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— Eu prometi que voltaríamos, não foi? No verão. — Ele lembrou, enquanto eu
devoro meu hambúrguer. — E não pode quebrar promessa de dedinho, não é o
que você sempre faz questão de dizer?

— Então eu vou planejar minhas férias pra quando você puder viajar! Mas eu
acho que não vou poder tirar férias por um bom tempo...

— Não tem pressa, meu bem. Vamos quando você puder

Eu concordei, feliz somente com a previsão de voltarmos em Jeju juntinhos.

— Aliás, — Lembrei, devorando mais uma batata frita. — eu trabalho meio


expediente nos sábados, então tenho direito a uma folga durante a semana,
nas quintas. Você acha que pode vir almoçar em casa comigo? Se não puder,
tudo bem! É só que eu queria aproveitar pra cozinhar pra você, já que não vou
poder fazer isso tantas vezes...

— Almoçar com meu Jimin todas as quintas? É claro que posso. Vou dar um
jeito de vir.

— Então vão ser as quintas do Jimin e do Jungkook, tá? — Sugeri, feliz,

Com isso acertado, nós continuamos nosso jantar e conversamos mais um


pouco, principalmente sobre nossa nova casa. Nós ainda não fechamos
negócio, mas estamos decididos a ficar com a primeira que visitamos, só
precisamos oficializar com a imobiliária.

Já no fim da noite, depois de limparmos a mesa do jantar e tomarmos nosso


banho, Jungkook assistiu um pouco de TV comigo antes de se dedicar à
análise dos documentos da Bangtan, como sempre faz antes de dormir, e eu
aproveitei que estou sozinho no quarto para ligar para minha mãe e contar
como foi meu primeiro dia de trabalho.

Depois de finalizar a ligação e me deitar já debaixo da coberta, meu celular


voltou a tocar, e surpreendentemente é Yukwon me ligando.

— Yukwon? Aconteceu alguma coisa? — Eu perguntei assim que atendi,


nervoso porque meu melhor amigo só faz ligações em casos extremos.

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— Aham, fodi minha mão trabalhando na festa de um catarrento ontem e tá
bem ruim pra digitar.

— Que susto! — Eu ri, apertando o celular contra a orelha. — Mas que bom
que você ligou, eu tava com saudades...

— Você foi embora há duas semanas, Jimin, como já está com saudade? Que
carência da porra.

— Ah, é? Não se preocupa, não, eu já fiz novos amigos no trabalho e daqui a


pouco nem vou lembrar de você. — Provoquei.

— Vai se foder, você é chato pra caralho, ninguém vai aguentar ser seu amigo
por muito tempo.

— Você aguentou...

— Eu sou uma pessoa paciente.

Eu gargalhei da sua mentira deslavada, encolhidinho debaixo da coberta.

— Enfim, eu só liguei pra saber como você tá mesmo, e pelo visto tá carente -
Ele disse. — E liguei também pra mandar você me passar seu endereço
depois, vou enviar um negócio pra você.

— Que negócio? Um presente?

— O melhor presente que você pode imaginar. — Respondeu, misterioso. —


Agora tchau, falar por telefone me dá agonia.

— Vou ficar esperando meu presente! — Anunciei antes que ele desligue em
minha cara. — Tchau, Yuk, amo você!

— Ainda é reciproco — Foi tudo que ele disse antes de encerrar a chamada.

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— Já acertei o dia da mudança para a próxima quinta. — Jungkook anunciou,
três semanas e meia depois que me mudei para Seul.

Alguns dias atrás nos anunciamos nossa decisão para a corretora e fechamos
o negócio para nossa nova casa, a mesma que tem um jardim, um escritório
para Jungkook trabalhar e uma banheira pra gente transar.

Jungkook deu o apartamento como entrada, então ele vai ficar sob
responsabilidade da imobiliária assim que nos mudarmos, e para cobrir o valor
restante nós vamos pagar parcelas mensais, para as quais eu vou contribuir
com parte do meu salário.

Vai ser, oficialmente, nossa casinha.

Um tempo atrás eu mal conseguia lidar com a escola, agora estou em uma
cidade completamente nova, trabalhando e comprando uma casa.

Acho que Jungkook tem razão. Por mais que eu aja como uma criança quando
me sinto confortável para isso, a vida adulta já infiltrou em mim tão
naturalmente que eu sequer me dei conta.

Agora, nós estamos arrumando nossas coisas, esvaziando os armários e nos


despedindo do apartamento que vamos deixar para trás. Eu vou sentir falta
dele, mas sei que também vou amar nosso novo lar.

— Jungkook, — Eu o chamei quando comecei a empacotar os livros e me


deparei com os seus da universidade. — o que você vai fazer com esses?

— Pode colocar na caixa, meu bem. — Ele respondeu e eu sorri quando ele se
agachou ao meu lado e colocou uma máscara descartável sobre meu rosto. —
Para te proteger do pó.

— Obrigado. — Eu disse, aceitando sua ajuda quando ele se sentou sobre o


chão e começou a limpar os livros antes de passá-los para que eu os arrume
de dentro da caixa de papelão, até que ele fez uma careta de desagrado ao
segurar um dos exemplares.

— Eu odiava essa matéria. — Ele confessou, passando-o para mim. — Até


hoje tenho vontade de jogar uma pedra no carro do professor
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— Era tão ruim assim?

— Na verdade, existe muita coisa ruim nas universidades além dos professores
maldosos ou das matérias difíceis. A vida universitária definitivamente não foi
minha experiência favorita.

Nós ficamos em silêncio por algum tempo, embora não seja desagradável.
Mas, pensativo, eu fiz uma pausa e abaixei minha máscara, olhando para
Jungkook.

— E... mesmo assim, você sempre acreditou que era isso que queria fazer?

— Acho que sim. Eu sempre quis ser como meu pai, então não tinha muitas
outras possibilidades.

Eu suspirei, guardando o material na caixa já abarrotada.

— Que inveja...

— Você não precisa sentir inveja disso, anjo. — Ele me tranquilizou e me deu
um beijinho quando me passou outro livro. — Junghyun não soube o que fazer
até os vinte, até fez dois semestres de um curso que acabou abandonando. Só
depois ele se encontrou na medicina. Cada um tem seu tempo, então não se
pressione assim.

— Eu sei, mas... e se eu decidir que quero uma coisa, mas descobrir que não
serve para mim só depois de tentar? É muito tempo perdida e isso me
assusta...

— Você acha?- Jungkook questionou, verdadeiramente curioso. — Eu acho


que ninguém precisa acertar de primeira. É muita responsabilidade jogar todas
as chances do seu futuro em uma única alternativa. Se você quiser tentar algo,
tente. Se não der certo, você pode tentar de novo, ou tentar outra coisa.

Eu abaixei meus olhos, um pouco pensativo, e brinquei com o pingente da


minha pulseira enquanto sinto meu coração bater exponencialmente mais forte
à medida que vou juntando coragem para dizer.

— Então, Jungkook... eu acho que sei o que quero tentar fazer...

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— Hm? De verdade? — Ele parece ter sigo pego de surpresa. — O que, meu
bem?

Eu respirei fundo, me sentindo nervoso, até deixei uma risada afetada escapar
antes de voltar a olhar para ele.

— Eu quero ser enfermeiro.

Eu disse. Eu realmente disse. Mas Jungkook não está dizendo nada.

Eu apertei meus olhos e esfreguei uma mão contra a outra antes de rir um
pouco mais, completamente ansioso.

— Não é o que você esperava, né? Desculpa, mas eu quero muito tentar...

— Não, anjo, não é isso — Ele se apressou em dizer, e me assustei quando o


percebi tão perto, já me abraçando bem forte e me dando vários beijos na
cabeça. — Eu estou tão feliz por você, meu deus, você vai ser o melhor
enfermeiro do mundo...

Dessa vez eu ri de verdade, completamente preenchido por alívio.

— Eu disse que quero tentar, Jungkook... não sei se vai dar certo...

— Só não vai dar certo se você mudar de ideia, meu bem. — Ele garantiu, e eu
até gemi um pouquinho de dor quando ele me abraçou com ainda mais força.
— Você é tão bom em cuidar dos outros, anjo, e tão dedicado quando
realmente quer alguma coisa. Eu sei que você vai conseguir, se realmente
quiser isso.

Eu mordi meu lábio, então o abracei de volta e escondi meu rosto em seu
ombro. É um pouco assustador confessar isso em voz alta, mas é tão bom
compartilhar tudo isso com meu Jungkook. Ele é tão carinhoso, me dá tanto
apoio e confia tanto em mim.

Sem precisar ouvi-lo dizer mais uma vez, em apertei o globo terrestre preso à
minha pulseira. Eu posso ter o mundo nas mãos, não é? O Jimin de dezesseis
anos ouviu isso e não acreditou, mas o de dezenove realmente quer acreditar.

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— Então eu vou tentar de verdade. Eu vou estudar muito e vou ser o melhor
enfermeiro que você já conheceu!

Jungkook concordou de forma veemente, É muito possível que ele acredite


nisso ainda mais que eu, e então durante as horas seguintes que gastamos
arrumando nossas coisas para a mudança, nós conversamos sobre como eu
posso estudar para o vestibular no fim do ano sem abrir mão do meu novo
emprego.

E isso realmente me faz muito bem. Eu acho que nosso relacionamento já se


estabilizou de uma forma tão saudável e reciproca que não posso me sentir
nada menos que feliz. Exceto por uma coisa.

Nós não fazemos sexo há duas semanas.

Eu sei que isso não é nada perto do tempo que ficávamos sem sequer nos ver,
mas eu não consigo deixar de estranhar isso tudo. Porque depois que me
mudei, Jungkook não me procura mais como antes, nem parece perceber as
minhas investidas.

Talvez nosso relacionamento já tenha entrado naquela fase em que o desejo


diminui gradualmente, dando lugar à rotina. O problema é que eu ainda sinto
muito tesão por ele, mas ele já não parece sentir tanto por mim.

Se as coisas continuarem assim, eu vou precisar conversar sinceramente com


ele. Não quero pressioná-lo, só entender o que está acontecendo.

De qualquer forma, com a mudança consumindo todo nosso tempo livre, eu


acabei não pensando muito nisso.

Agora que o dia finalmente chegou, nós acordamos às quatro da manhã para
termos tempo de levar tudo até a nova casa antes de Jungkook ir para a
Bangtan.

As caixas com nossas coisas vão uma parte no carro, o restante vai no
caminhão de frete que ficou responsável por levar a cama nova e os poucos
móveis que compramos nos últimos dias na verdade, eu não tive muita

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contribuição financeira nessas compras - e o restante dos móveis são os que já
estavam mobiliando a casa.

— Vai levar uma eternidade pra arrumar isso tudo... — Eu choraminguei, vendo
nossa nova sala cheia de caixas em todo canto.

— Não arrume sozinho. — Jungkook alertou, segurando meu rosto para deixar
um beijo em minha testa. – Aproveite seu dia de folga, no fim de semana nos
arrumamos tudo.

— Tá bom... — Concordei, agarrando seu terno na altura de sua cintura, então


fiquei na ponta dos pés e me inclinei um pouco para beijar sua boca. Jungkook
não me rejeitou, eu sei que ele não faria isso, mas meu beijo ainda não parece
ter qualquer efeito sobre ele.

— Eu preciso ir agora. O caminhão com o resto das coisas deve chegar logo —
Ele disse, acariciando meu rosto. — Tem certeza de que vai ficar bem sozinho?

Eu quis suspirar em frustração por vê-lo tão indiferente a algo que antes
facilmente o excitava, mas tudo que faço é assentir com um sorriso pequeno.

— Não precisa se preocupar. Tenha um bom dia, Jungkook.

— Você também, anjo. — Mais uma vez, um beijo na testa. — Qualquer coisa
me ligue. Mais tarde eu volto para almoçar com você.

Eu anuí a cabeça outra vez e acenei em despedida quando ele se afastou um


pouco. Depois, eu mal tive tempos de descansar, pois logo o restante das
coisas chegaram e eu precisei indicar aos montadores onde colocar cada
móvel.

No almoço, Jungkook voltou para casa como combinamos de fazer todas as


quintas. Dessa vez, entretanto, eu não pude preparar nada muito elaborado e
nós acabamos comendo macarrão instantâneo, mas mesmo assim ele elogiou
e agradeceu pela comida.

Antes de ir embora, então, ele me deu mais um beijo morno. Sem língua.

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Frustrado, eu passei o resto da tarde pensando nisso. Os montadores dos
móveis fazendo um barulho desgraçado e eu só pensando que meu namorado
não sente mais tesão por mim como antes. E o pior de tudo é que essa
mudança foi repentina, então eu realmente não entendo.

Eu sei que nada disso é uma punição, porque Jungkook nunca me puniu sem
me deixar saber que estava sendo punido, além de me dar a certeza dos
motivos.

Além do mais, eu fui um bom garoto durante as últimas semanas, nem dei voz
ao lado brat que ele acha que eu tenho.

Será que tem algo de errado com minha aparência?

Eu continuo com a barriga gorda, mas Jungkook sempre se sentiu atraído por
mim independente do meu peso.

Talvez seja meu cabelo? Talvez ele gostasse mais do loiro...

Eu realmente não sei e nem consigo parar de pensar nisso, então decido fazer
algo.

Depois que os homens que estavam trabalhando em casa terminaram o


serviço, eu fiz uma limpeza rápida para tirar o pó e forrei a cama nova para
deixá-la mais apresentável. Por fim, tomei um banho caprichado e escolhi
cuidadosamente uma das blusas de Jungkook ainda encaixotadas. A escolhida
foi propositalmente uma blusa de botões branca, com o tecido bem fino, e eu a
abotoei ao redor de meu corpo, mas deixei alguns botões soltos e não esqueci
de recolocar minha coleira social.

Talvez assim ele volte a reparar em mim e me desejar como antes.

Já pronto, eu deixei nosso lubrificante perto da cama e esperei Jungkook voltar


para casa.

Quando eu ouvi seu carro estacionar em nossa garagem sob a chuva forte que
começou no fim de tarde e não parou até agora, meu coração já começou a
bater descompassado e eu me levantei, trêmulo, para recebê-lo com um
guarda-chuva.
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Depois de passar para o lado de fora e descer os poucos degraus até o jardim,
eu parei ao lado do SUV e esperei Jungkook abrir a porta, mas me surpreendi
ao vê-lo todo molhado mesmo estando dentro do carro.

— Como você se molhou tanto? — Eu perguntei, surpreso.

— Eu precisei correr até uma banca. — Ele explicou, mas isso não esclarece
nada nem mesmo quando ele pega a sacola com uma revista e se abriga
debaixo do guarda-chuva comigo.

— Vem logo tirar essa roupa molhada e tomar um banho quente ou você vai
pegar um resfriado — Avisei depois de deixar a sombrinha na varanda e fechar
a porta, vendo Jungkook com os cabelos completamente molhados.

— Espera, — Ele me segurou, sorrindo de orelha a orelha apesar de estar


visivelmente com frio, e me entregou o saco plástico com uma revista dentro.
— eu comprei para você.

Eu apertei um pouco minhas sobrancelhas, mas sorri previamente mesmo sem


saber do que se trata. Quando descobri, entretanto, meu sorriso só se tornou
ainda maior.

Não é só uma revista. É uma revista sobre enfermagem,

Eu não acredito que ele correu debaixo da chuva só para comprar isso para
mim...

— Namjoon me disse que eles vendem essas revistas sobre profissões numa
banca lá perto da Bangtan, e realmente vendiam. — Ele explicou, ainda
sorrindo.

Eu ri feito um bobo, abraçando a revista contra meu peito antes de me


aproximar de Jungkook e deitar minha cabeça em seu ombro, sentindo-o
passar os braços ao redor da minha cintura.

— Obrigado, Jungkook. — Eu disse, me perguntando como é possível me


apaixonar ainda mais por esse homem.

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— Namjoon também disse que um primo dele prestou vestibular ano passado e
que pode pegar alguns livros e apostilas com ele — Ele continuou. — O que
faltar eu faço questão de comprar

— Você já contou pra quantas pessoas que eu vou tentar fazer isso? —
Perguntei, risonho.

— Eu não contei para ele, só disse que alguém que conheço estava pensando
em fazer. Eu não sabia se você gostaria que eu contasse, então não contei.

— Você é um príncipe — Eu relembrei, deixando um beijinho em seu ombro. —


Eu prefiro não contar pra mais ninguém por enquanto, então obrigado...

— Não precisa agradecer, anjo.

— Preciso, sim. — Me afastei um pouco, apertando meus olhos para ele. — E


você precisa tirar essa roupa molhada porque eu não quero meu Jungkook
doente. Quer que eu encha a banheira pra você?

Ele assentiu, deixando seus sapatos na entrada antes de me seguir até nosso
quarto, e eu enchi a banheira enquanto ele tira as roupas molhadas, que eu
logo levei para a lavanderia. Depois, eu voltei para checar se a água estava
suficientemente quente — quente o suficiente para não deixá-lo sentir frio, mas
não tão quente para fazê-lo reclamar sobre sua pele derreter ou qualquer coisa
assim. Nossa divergência sobre a temperatura ideal da água é algo que até
hoje não entrou num consenso.

— Tá boa? — Eu perguntei quando ele sentou dentro da banheira já cheia e eu


sentei na borda, deixando somente minhas pernas dentro da água.

— Sim, meu bem. Obrigado.

— Deixa eu lavar suas costas?

Jungkook mostrou um sorriso pequeno ao fazer que sim logo antes de se


posicionar entre minhas pernas, e eu não demorei a começar a massagear
seus ombros com o sabonete líquido, deslizando meus dedos sobre sua pele e
sobre a serpente negra desenhada em parte de suas costas.

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— Você tá tenso... — Eu disse, sentindo os músculos travados sobre minhas
mãos.

— Estou?

— Deve ser cansaço... — Eu disse, descendo minhas mãos um pouco para a


frente até tocar em seu peitoral firme, tocando-o de maneira sugestiva,
sentindo os efeitos de semanas sem sexo fazerem meu corpo reagir
intensamente a esse toque.

— Provavelmente. As coisas estão um pouco corridas na Bangtan. — Foi o que


ele respondeu, sem parecer ter qualquer reação semelhante à minha.

Eu respirei fundo, novamente sentindo o incômodo causado por isso tudo se


alastrar em minha consciência. Talvez eu deva ser um pouco mais incisivo.

Ansioso, eu afastei minhas mãos de seu corpo e as levei à blusa que estou
vestindo, desabotoando-a aos poucos até deixá-la cair na parte seca da
banheira, depois eu me movi cuidadosamente até ficar de pé, já
completamente nu, e caminhar até parar na frente de Jungkook, que me olhou
em silêncio, com a expressão indecifrável.

— Eu vou te ajudar a relaxar... tá? — Expliquei, me abaixando dentro da água


quente antes de deslizar na direção dele, sentando sobre suas coxas fortes,
com meu peitoral colado ao seu e nossas bocas bem próximas. — Eu posso,
Jungkook?

Ele continuou em silêncio, mas eu me arrepiei inteiro ao sentir suas mãos


tocando suavemente minha cintura.

— Eu vou cuidar de você... — Garanti diante de sua ausência de respostas,


então deslizei meus lábios por sua bochecha por todo o caminho até chegar
em seu pescoço, onde deixei um beijo inocente antes de chupá-lo devagar,

Eu o senti suspirar arrastado ao apoiar sua boca em nariz em meu ombro, sem
me rejeitar enquanto eu continuo provocando-o, tentando fazer meu homem
me desejar outra vez.

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— Olha, Jungkook... — Eu movi minha virilha contra sua barriga, forçando
minha ereção precoce contra seus músculos para mostrar como estou
necessitado. — Olha como o seu submisso está...

Sua respiração parece mais tensa, um pouco mais ruidosa, e eu gemi em pura
satisfação quando ele segurou minha cintura com mais força, a ponto de
machucar do jeito que eu gosto, antes de empurrar meu quadril para baixo na
direção do seu

— Vai. Rebola.

Eu assenti de forma obediente, massageando seu membro ainda flácido com


minha bunda, movendo-a para lá e para cá, devagar, do jeito que sei que ele
gosta, sem parar de olhar para seu rosto, atento às suas reações.

— Jungkook... — Eu gemi baixinho, maravilhado ao sentir seu pênis enrijecer


sob mim.- Que saudade do pau do meu senhor...

Minha escolha cuidadosa de palavras parece ter o efeito que eu desejava,


porque logo senti suas mãos subindo por minhas costas, explorando meu
corpo como ele sempre costumou fazer.

— Eu posso ser fodido agora? — Questionei, beijando-o lentamente na


bochecha. - Por favor...

Que se danem as preliminares e os nossos brinquedos, eu só quero sentir


Jungkook dentro de mim outra vez e ter certeza de que ele ainda me quer.

— Cadê o lubrificante? — Ele perguntou, em resposta.

— Não precisa...

— Você sempre reclama muito mais das dores quando não usamos, meu bem.

— Mas a gente já fez sem várias vezes e eu sobrevivi. — Resmunguei,


malcriado.

Jungkook levantou os olhos escuros na direção dos meus numa repreensão


por ser tão teimoso, mas tudo que fiz foi empurrar minha bunda ainda mais

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contra seu membro, talvez pedindo por uma punição ou por qualquer coisa que
faça meu Jungkook agir como costumava agir antes.

Mas tudo que ele fez foi suspirar, dessa vez em cansaço, e empurrar meu
quadril para longe do seu.

— É melhor não, anjo.

Eu arregalei meus olhos, completamente pego de surpresa por sua reação.

Eu não acho que esse foi o melhor momento para agir como um bratzinho
mimado.

— Desculpa... — Eu pedi, sentindo meu peito queimar em desespero ao me


sentir rejeitado por ele pela primeira vez.

— Não precisa se desculpar por nada, meu bem. — Ele me tranquilizou,


acariciando minha coxa. — Eu só não estou muito disposto agora.

Ele não está disposto agora, mas também não esteve durante quase um mês
inteiro.

— Jungkook... — Eu o chamei, assustado com as possibilidades. — Aconteceu


alguma coisa? Você não me procura há dias e... foi alguma coisa que eu fiz?
Tem alguma coisa errada em mim? — Perguntei, tentando não fazer minhas
perguntas soarem como acusações. Eu não tô entendendo o que aconteceu,
então conversa comigo, por favor...

— Ei, ei — Ele pareceu nervoso com meus pensamentos. — Não tem nada de
errado em você, anjo, é claro que não tem!

— Então por que? Você pode me dizer, eu não vou ficar chateado, eu só quero
entender...

Jungkook me puxou para perto outra vez, me abraçando com força.

— Me desculpa, meu bem. Eu sei que você tem suas necessidades, mas
minha cabeça está cheia, tem tanta coisa acontecendo na Bangtan e eu estou
tão cansado... Me perdoa por não conseguir cuidar bem de você, por favor.

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— Não precisa se desculpar, Jungkook. Você ainda é o melhor dominador do
mundo e cuida muito bem de mim sempre, eu juro...

— Mesmo assim. — Ele suspirou, e pareceu chegar a uma decisão depois de


beijar meu pescoço sem segundas intenções. — Eu vou te dar mais atenção
agora, tudo bem?

Eu não entendi o que ele quis dizer, a princípio, mas isso mudou assim que
senti sua mão envolver meu pênis, prestes a começar a me masturbar.

— Jungkook, não precisa fazer isso — Eu segurei seu braço, impedindo-o de ir


além, e beijei sua bochecha com carinho. — Não precisa, tá? A gente pode só
tomar banho...

Ele abaixou o rosto, e eu percebo que está envergonhado.

— Você tá cansado, é normal não ter muita disposição agora. — Eu o


tranquilizei, acariciando sua nuca e deixando vários outros beijinhos em sua
bochecha. — Eu não vou mais ficar paranoico sobre isso, prometo! E você não
precisa se sentir culpado, tá bom?

Jungkook me abraçou ainda mais e deixou um beijo em meu ombro num sinal
que reconheço como agradecimento.

— Você é tão incrível, anjo...

— Você que é. — Respondi, sem soltá-lo nem mesmo por um segundo.

Mesmo cansado, ele continua me apoiando como ninguém, continua


acreditando em mim, ficando feliz por minhas pequenas conquistas e me dando
todo o carinho do mundo, então tudo bem se ele não me der sexo por algum
tempo, porque todo o resto ele se esforça para me dar todos os dias, não
importa quão cansado esteja.

— E Jungkook... se você quiser conversar sobre o que tá acontecendo na


Bangtan, eu tô aqui pra ouvir. Você sabe que pode falar comigo, né?

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— Eu sei, meu bem. — Ele garantiu, mas não parece estar disposto a falar
sobre isso agora. — Eu realmente sei disso.

— Tá bom. Quando você quiser falar, eu vou estar aqui. — Reforcei, sem
tentar forçá-lo a conversar agora. — E só mais uma coisa? Eu te amo muitão.

Ele sorriu, genuinamente. E se for para fazer esse sorriso lindo aparecer em
seu rosto, eu dou graças aos céus por ter aprendido a ser mais compreensivo e
menos explosivo.

— Mas agora deixa eu fazer uma massagem e lavar suas costas! — Eu disse,
meio mandão. — Meu Jungkook precisa relaxar um pouco.

Ele segurou meu rosto e me deu outro beijo inocente na testa. Dessa vez, eu
não me sinto frustrado por não ser beijado na boca, porque sinto todo seu
carinho nesse gesto.

— Eu amo você, anjo. De verdade e mais que tudo na minha vida.

Eu sorri ao acariciar seu rosto, sentindo a pequena cicatriz e a textura de sua


pele sob meus dedos.

Agora, eu sei que ele me ama, e não acho que qualquer outra vez em minha
vida vou duvidar disso. Por isso, eu anuncio, calmamente:

— Eu sei, Jungkook.

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oi espero que esteja todo mundo atento ao presente do Yukwon

mas oi

antes de mais nada quero esclarecer uma coisa que eu percebi que algumas
pessoas não entenderam no capítulo passado: Jimin e JK já praticam age play
desde antes de ter sido explicado aqui. no caso deles< o age play acontece
sempre que o Jimin age daquele jeito mais próximo ao de uma criança. O que
aconteceu no capítulo passado foi só um esclarecimento sobre isso, é normal
que praticantes do age play definam bem o momento em que ele acontece,
inclusive se vestindo a caráter e tudo o mais, mas no caso dessa fanfic e desse
casal, o age play acontece naturalmente sempre que tem essa transição do
Jimin pra uma personalidade mais inocente e infantil.

ah e > o Jungkook É um daddy dom<. ele não vai ser chamado de daddy
pelo Jimin porque não acho que cabe ao relacionamento deles, mas ele não
deixa de ser um. então se vcs amam o JK nessa fanfic, não faz sentido dizer
que odeia daddy pq é exatamente isso que ele é???? kkkkkk me deixaram
MUITO brava na última att por causa disso ó.

ok broncas dadas agora é hora dos mimos

vcs sabem que eu sempre faço essas coisinhas pra ilustrar melhor e tudo o
mais, então agora eu trouxe a planta 2D e 3D de duas coisas: da sala onde o
Jimin trabalha (nem sei pq fiz, mas aqui está kkkkkk) e do novo ninho de amor
dos jikook.

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essa planta da casa obviamente é como ela vai ficar quando já estiver
toooooda arrumada, mas eu não quis fazer uma planta pra ela atualmente e
outra pra quando ela ficasse pronta pq sou preguiçosa então fiz de uma vez u-u

por enquanto é isso! espero que tenham gostado da att e nos vemos de novo
dia 02/09, até lá <333

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39 • Pochemuchka

Eu não sei exatamente o que está acontecendo na Bangtan para Jungkook


confessar estar tão cansado.

Não sei se é apenas por todo o trabalho acumulado de quando ele precisou se
afastar pela morte de seu pai, ou se tem algo a mais acontecendo.

De qualquer forma, eu o conheço bem o suficiente para entender que ele ainda
não quer falar sobre isso, então tudo que eu faço depois de sairmos da
banheira é secar seu cabelo para que ele não pegue um resfriado e preparar
algo para comermos em nossa nova cozinha ainda bagunçada. Depois, eu
preparei um chá para ele relaxar e vi a forma como pegou no sono rápido
mesmo dizendo quantas coisas precisava fazer antes de dormir.

Eu, por outro lado, continuei acordado, fazendo carinho no meu Jungkook
exausto e velando seu sono necessário.

Quando percebi que ele não acordaria tão facilmente, eu me levantei com
cuidado depois de deixar um beijo em sua bochecha redonda e voltei
silenciosamente à cozinha, onde gastei quase uma hora e meia para deixar
preparado o café da manhã para quando ele acordar amanhã.

— Anjo?

Eu virei para trás ao ouvir sua voz sonolenta me chamar, e o encontrei se


aproximando lentamente enquanto coça os olhos sensíveis à luz acesa.

— O que você está fazendo? — Ele perguntou, olhando para o relógio em


nosso micro-ondas. — Já é madrugada, você deveria estar dormindo.

— Eu só vim deixar nosso café pronto. — Respondi enquanto me adianto em


fechar a vasilha onde guardei a comida morna. — Pra você comer direitinho
antes de ir trabalhar.

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— Você também trabalha amanhã, meu bem. — Ele lembrou, e eu senti seu
beijo preguiçoso quando ele se aproximou, acariciando também minha cintura.
— Vá deitar, eu lavo as panelas.

— Eu lavo rapidinho. Pode ir descansar... — Retruquei, tentando impedi-lo.

— Não. Ele foi reticente, e tudo que ganhei foi mais um beijo antes de ser
afastado da pia.

— Eu preciso trabalhar. Lavar a louça deve me ajudar a espantar o sono.

Eu me recostei no balcão quase completamente ocupado por caixas e o olhei


preocupado. Sequer adianta pedir para que ele não trabalhe agora, então eu só
suspiro de forma desistente.

— Quer que eu faça café pra você? — Ofereci. — Se bem que não vai fazer
bem pro seu estômago...

— Não precisa, anjo. — Jungkook me ofereceu um último beijo antes de ligar a


torneira. - Va dormir.

Eu não tentei mais discutir porque sei que não vai resultar em nada, mas ao
invés de voltar para o quarto, eu fui até o cômodo menor que vamos usar como
escritório e o arrumei brevemente, deixando a escrivaninha livre para que ele
possa trabalhar nela. Se vai trabalhar, que pelo menos faça isso num lugar
adequado, e não sentado no sofá.

Depois, eu voltei para a cozinha a tempo de ver Jungkook secando as panelas


já lavadas, e ele me olhou em repreensão quando percebeu que me recusei a
ir dormir.

— Eu achei que tinha sido claro, meu bem. — Ele disse com seu inconfundível
tom de aviso.

— Eu só tava arrumando o escritório pra você. — Avisei, olhando-o enquanto


ele seca as mãos num pano de prato. — Você pode trabalhar lá? É melhor pra
sua coluna...

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Jungkook umedeceu os lábios antes de se aproximar de mim outra vez, e sorri
fraquinho ao sentir sua mão acariciar minha cabeça num gesto de
parabenização.

Eu gosto quando ele me toca assim, como se eu fosse o melhor menino do


mundo.

— Obrigado, anjo. — Ele disse, então. Mas deixe de ser teimoso e vá dormir.

Eu assenti sem fazer cara feia. Não quero provocar meu Jungkook com minha
malcriação agora.

— Tá bom. Mas não demora muito pra ir deitar... seu Jimin fica com frio quando
você não tá na cama. Tá?

— Certo, coisa linda. — Ele tocou na gola de sua blusa social que estou
vestindo. — Você deveria ter vestido uma mais quente.

— Mas essa me deixa mais bonito. — Eu disse orgulhosamente, passando as


mãos pelo tecido fino da camisa de botões.

Jungkook riu fraco e eu fechei os olhos para receber um último beijo carinhoso
na testa.

— Durma bem, anjo. — Foi o que ele disse ao final, e eu obedientemente


acatei sua ordem e finalmente fui para nosso quarto, me enfiando debaixo das
cobertas bagunçadas.

Eu não estou tão acostumado a deitar para dormir sem Jungkook ao meu lado.
Normalmente ele deita comigo, me faz carinho e espera até que eu adormeça
antes de sair da cama para voltar a trabalhar, e toda vez que ele não faz isso
eu me sinto um pouquinho carente, mas eu não acho justo pedir que ele perca
ainda mais tempo de sono só para me dar cafuné.

Por isso, eu puxo um dos travesseiros extras e o abraço, substituindo


momentaneamente meu costume de abraçar meu dom-dom quentinho antes
de dormir,

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Mesmo assim, não posso dizer que dormi mal. Eu estava tão cansado que
logo peguei no sono, e não acordei nem mesmo quando Jungkook voltou para
a cama e ocupou o lugar do travesseiro.

— Jungkook, — Eu o chamei depois que saímos de casa e, como nos últimos


dias, ele resolveu me dar uma carona até o hospital mesmo que seja no
caminho oposto para a Bangtan. - hoje não precisa vir me buscar, tá?

Ele apertou os olhos em confusão.

— Por que? Como você vai voltar para casa?

— Ônibus...? — Eu ri, porque ele realmente não parece lembrar da existência


de transportes públicos. — Não lembra o que é? Você até correu atrás de um,
uma vez...

Sua expressão confusa se tornou mais intensa até que ele pareceu lembrar do
dia do parque de diversões em que Yukwon e sua agonia nos fizeram correr
feito doidos atrás de um Ônibus.

— Eu sei que fica meio corrido pra você sair da Bangtan no horário pra vir me
buscar, então eu quero começar a voltar sozinho. Eu já vi qual a linha que
tenho que pegar pra descer no ponto perto de casa, então não precisa se
preocupar comigo!

Ele ainda pareceu hesitar, insatisfeito com minha ideia.

— Eu não me importo de vir pegar você, anjo. O hospital é longe de casa e


você nunca andou de ônibus em Seul. E se você se perder? Você sabe que
seu senso de direção não é dos melhores.

Eu quis fazer uma expressão ofendida, mas sua preocupação parece tão real
que tudo que eu faço é acabar rindo.

Até porque ele não mentiu, eu sou meio tonto mesmo.

— Jungkook... você não disse que eu preciso sempre lembrar de diferenciar os


momentos em que posso ser seu bebê dos momentos em que devo lembrar

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que sou adulto? — Eu questionei, ainda rindo um pouco. — Então você
também precisa lembrar que eu não sou um bebê o tempo todo, poxa.

Ele se moveu de forma desconfortável sobre seu banco antes de suspirar,


resignado.

— Qualquer coisa me ligue, então. — Ele disse, um pouco insatisfeito. — E


tome cuidado.

— Tá bom, dom coruja. — Eu me inclinei para deixar um beijo de despedida


em sua bochecha. — Até mais tarde!

Ele gesticulou carinhosamente e só então eu desci do carro, indo diretamente à


minha sala e encontrando-a ainda vazia porque Jungkook é mais pontual que
um relógio atômico, o que invariavelmente me força a sair de casa bem cedo.

Sem fazer grande caso disso, eu aproveitei os poucos minutos que ainda tenho
para ligar meu computador e acessar o site que nunca na minha vida imaginei
que buscaria voluntariamente: o do vestibular.

Eu ainda não sei a que universidade vou tentar aplicar a inscrição, mas a prova
é única e eu preciso me preparar para ela, o que me deixa um pouco
assustado já que sempre fui uma negação em assuntos acadêmicos. De
qualquer forma, eu realmente quero fazer isso. Eu quero tentar ser um
enfermeiro, então preciso arcar com os esforços que isso vai exigir de mim.

Por isso, eu abri a ementa dos assuntos cobrados na prova unificada e usei a
impressora da sala para imprimi-la, assim eu posso começar a organizar minha
rotina de estudos usando o material que Jungkook vai dar. Entretanto, eu suei
frio ao começar a ler lista de conteúdos e mal reconhecer o nome de alguns.

— Meu deus, eu tô ferrado... — Choraminguei, já repensando minha decisão.

Mas eu não posso desanimar tão fácil assim sem nem mesmo tentar, então
resolvi fazer algo e tirei meu celular da mochila, praguejando ao ver que
esqueci de carregá-lo antes de ir dormir e a bateria já vai pela metade.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu guardei o celular ainda sorrindo feito bobo enquanto Lalisa, Jinyoung e
Youngjae entram na sala juntos, conversando animadamente sobre algo.

— Ei, Jimin! — Lalisa foi a primeira a me chamar. — A gente vai sair pra beber
mais tarde! Você vai com a gente, né? Wonsik também vai!

Eu me senti animado ao receber o convite para beber, mas murchei ao


descobrir quem também iria com a gente.

Não tem jeito, depois que eu cismo com uma pessoa, não aguento nem o
nome dela.

— Vou pensar. — Respondi, mas já determinado a não ir.

— Essa é a resposta universal para dizer educadamente que não vai. —


Jinyoung alertou, fazendo um gesto com os dedos em seus olhos.

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— Eu nunca concordo com ele, mas é verdade. — Lisa disse, sentando em sua
mesa à frente da minha. — Vamos, Jimin, vai ser divertido. Eu tenho cupons
pra um jantar, então também vai ter comida!

Hm. Ela voltou a tocar no meu outro ponto fraco.

— Eu vou pensar mesmo, não é enrolação. — Talvez seja, mas eles não
precisam saber.

Ela suspirou e balançou os ombros, aceitando minha resposta final, e nós


todos nos preparamos para trabalhar, embora não tenhamos deixado de
fofocar sobre umas histórias aqui e ali durante as horas que se passaram.

Ao fim do expediente, eu deixei a sala com eles e estava rindo de alguma


narrativa maluca de Jinyoung, mas senti meu riso morrer quando paramos
perto da ala de internação para esperar o elevador e meus olhos rapidamente
recaíram num senhorzinho sentado próximo ao balcão de informações,
assistindo algo na TV para visitantes.

Eu lembro dele. Lembro de sua cabeça quase carequinha e das mãos


tremendo constantemente, e me dói o coração vê-lo ali sozinho.

— Podem ir na frente. — Eu disse para meus colegas antes de me afastar e


caminhar um pouco receoso até o homem velhinho e magro.

Quando eu parei perto, ele mal olhou para mim. Seu olhar continuou mirando a
TV, mas não parece que ele está prestando atenção, até porque o volume está
tão baixo que quase não se ouve.

— Senhor Baek? — Eu o chamei, lembrando de ouvir a enfermeira chamando-


o assim no outro dia. — O senhor quer que eu peça pra aumentarem o volume
da televisão?

Ele vagarosamente olhou para mim, parecendo demorar para entender que eu
estava falando com ele, e cada movimento pareceu penoso até que ele
negasse com um gesto trêmulo.

— Ele não fala muito — Alguém disse, e percebi que é a recepcionista do


andar, parada detrás do balcão.
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— Tudo bem se ele ficar aqui sozinho? — Eu perguntei para ela, já que o
senhor logo voltou a olhar para a TV.

Ela sorriu de forma triste. — É melhor que ficar sozinho no quarto.

— Alguém da família não pode passar a noite com ele? — Eu perguntei


angustiado, porque ele parece muito debilitado e não é bom deixá-lo sozinho
assim.

— Claro que pode, mas você acha que alguém se importa? — Ela questionou
baixo, parecendo amargurada sobre isso. Os filhos o internaram
permanentemente porque não querem a responsabilidade de cuidar de um
idoso. É sempre assim.

Eu olhei para o velhinho mais uma vez, me sentindo ainda pior que antes
enquanto o vejo em sua solidão, assistindo a um programa na TV ao qual
sequer consegue escutar.

— Acho que esse é o pior de trabalhar num hospital. — Ela se lamentou com
uma expressão negativa. — A gente se depara com muita coisa triste, todos os
dias.

Eu realmente não gosto do que estou sentindo agora, desse nó na garganta e


dessa vontade de chorar por um desconhecido. Por isso, eu ajeitei minha
mochila nos ombros e dei o primeiro passo para me sentar ao lado do senhor
Baek e fazer companhia a ele por algum tempo

— Tudo bem se eu assistir televisão com o senhor? — Eu perguntei, sentado


no assento mais próximo à sua cadeira de rodas.

Ele me olhou outra vez, as mãos ainda tremendo e o rosto evidenciando sua
dor a cada mínimo movimento.

Entretanto, antes de me responder ou me ignorar completamente, eu vi um


enfermeiro se aproximar com um sorriso suave no rosto, tocando
carinhosamente no ombro do velhinho antes de se posicionar detrás de sua
cadeira de rodas.

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— Hora do seu remédio, senhor Baek. — O homem disse, alheio à minha
intenção de fazer companhia a ele.

O velhinho assentiu sem energia, com sua cadeira sendo empurrada para
longe de mim pelo enfermeiro. Entretanto, ainda antes de se afastar, eu o vi
olhar em minha direção e levantar sua mão trêmula num aceno de despedida
para mim. Ele sorriu um pouco, também.

Eu o fiz sorrir?

O motivo pelo qual sua expressão de dor sumiu por um instante para dar lugar
a um sorriso que deixou seu rosto ainda mais enrugado... fui eu? Só por ter me
oferecido para assistir televisão ao seu lado?

Caramba, eu vou chorar.

Com os olhos ardendo verdadeiramente, eu respirei fundo antes de me


levantar ainda um pouco afetado pela situação do senhorzinho, e só me
despedida recepcionista antes de voltar ao elevador e descer até o térreo.

Com a cabeça longe, pensador, eu demorei para perceber que meus três
colegas e Wonsik estavam reunidos na saída do hospital, e eles gesticularam
em vitória quando me viram.

— Finalmente! — Lisa disse, segurando-me pelo braço como se fizesse de


mim um prisioneiro. — Achou que eu ia esquecer da nossa bebedeira?!

— Ahn, na verdade... — Eu comecei, sem jeito.

— Nem quero saber de ouvir você dizendo que não vai! — Foi Youngjae quem
resmungou.

Eu percebi que eles me olham à espera de uma resposta, inclusive Wonsik,


meu principal motivo para não querer ir. Entretanto, eles esperaram por mim e
seria rude da minha parte dizer agora que não vou, então acabo cedendo.

— Eu vou, mas não vou ficar muito. — Avisei, tentando soar convincente.

— Oba! — Lalisa comemorou, dessa vez passando seu braço ao redor do meu
ombro e saltitando energicamente enquanto me guia hospital a fora.
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— Você gosta de pés de galinha, Jimin? — Youngjae perguntou, então,
enquanto caminhamos os cinco juntos.

— Pés de galinha? — Eu repeti um pouco nostálgico, e acabei rindo. —


Gosto...

— Esse restaurante ao qual vamos serve uns bem gostosos. — Jinyoung


anunciou, parecendo orgulhoso do nosso destino.

— Então eu quero provar. — Confessei, sorrindo para eles. — Deixa só eu


avisar ao meu namorado que vou chegar um pouquinho mais tarde em casa...

Eu tirei o celular do bolso ainda sentindo Lalisa pendurada em meu ombro, e


resmunguei baixo ao ver a tela completamente apagada e o telefone,
descarregado.

— Gente... alguém me empresta o celular? É só pra mandar uma mensagem


pro meu namorado, o meu descarregou...

Rapidamente alguém esticou a mão diante de mim, com a blusa do uniforme


repuxada até seu cotovelo evidenciando as várias tatuagens sobre a pele.

— Pode usar o meu. — Wonsik disse.

Eu olhei ao redor, ainda esperando um tempo na esperança de mais alguém


oferecer o próprio telefone para que eu não precisasse usar o dele, mas acabei
cedendo ao perceber como estou sendo implicante.

— Obrigado. É rapidinho. Eu avisei já digitando o número de Jungkook, que sei


de cor, para enviar uma mensagem pelo aplicativo. — Se eu não avisar, ele é
capaz de chamar a polícia e surtar acreditando que eu fui sequestrado por uma
quadrilha que trafica pessoas ou qualquer coisa assim.

Todo mundo menos Wonsik riu, mas eu nem falei brincando.

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— Parece que você namora um cara bem paranoico. — O segurança disse em
tom de deboche assim que eu devolvi seu celular, já depois de enviar a
mensagem.

— Que nada. — Eu neguei, ainda forçando um sorriso para esse


inconveniente. — Eu namoro o melhor homem do mundo inteiro.

— Que moço apaixonado. — Lalisa riu, cutucando minha barriga. — Seu


namorado é aquele que sempre vem te buscar num carrão?

— É! — Respondi, meio eufórico, esquecendo Wonsik para olhar somente para


ela. — Você já conseguiu ver como ele é lindo? Nem parece de verdade de tão
bonito...

— Nunca consegui ver direito, o vidro do carro de vocês é muito escuro. — Ela
resmungou com um bico manhoso.
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— Da próxima vez que ele for me buscar eu peço pra ele descer e te
apresento, então!

Lalisa comemorou, exibindo sua palma para trocar um cumprimento empolgado


comigo, e nós seguimos o restante do caminho conversando sobre quaisquer
outras coisas até que chegamos a um restaurante simples, com o cheiro de
comida gostosa espalhado pelo ar.

— Então, Jimin... — Jinyoung me chamou enquanto enche nossos copos com


soju. — Você disse que não é de Seul, né? Tá gostando de morar aqui?

— Obrigado — Agradeci assim que meu copo foi entregue já cheio, só então
respondendo sua pergunta: — E eu gosto, sim. Só sinto muita falta dos meus
pais e dos meus amigos...

— Você tinha muitos amigos lá?— Lalisa perguntou, curiosa, e eu neguei


rapidamente.

— Não muitos, mas eram os melhores.

— Não sei se nós vamos ser bons substitutos, mas nós podemos ser seus
amigos agora. Você sabe disso, né? — Foi Youngjae quem questionou,
atencioso.

— Não precisam substituir ninguém, mas eu ficaria muito feliz se pudesse ser
amigo de vocês também. — Eu respondi, um pouco tímido.

— Você é tão fofinho. — Lisa suspirou, apoiando o queixo na palma da mão. —


Essas bochechas, essa voz e esse biquinho que você faz quando fala... tão,
tão fofo!

— Eu não faço bico quando falo... — Murmurei um pouco confuso.

Eu não faço, né?

— Faz um pouquinho. — Youngjae riu. — Mas é fofo mesmo.

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— Diferente do Wonsik... — Lalisa resmungou, dando um soco no ombro do
segurança. — Por que você nem está conversando com a gente? Larga esse
celular!

Wonsik levantou os olhos, depois mirou seu telefone outra vez e pareceu
desliga-lo antes de voltar a arrumar sua postura.

— Foi mal. Sobre o que vocês estavam falando?

— Sobre o Jimin ser adorável. — Lalisa rapidamente explicou. — Você não


acha?

Wonsik olhou para mim, relaxando sobre seu assento enquanto encaixa suas
mãos nos bolsos de sua calça, e é desconfortável o tempo que ele leva nessa
sua análise.

Para de olhar pra mim como se eu fosse um pedaço de carne, inferno!

— Sim. — Ele enfim respondeu. — Bonito e adorável.

Eu sorri sem jeito, logo desviando meu olhar e tomando o primeiro gole
generoso da minha bebida para sentir a queimação característica substituir o
incômodo que esse Wonsik me provoca desde o primeiro contato.

Felizmente não fui o único a começar a beber, e à medida que o álcool foi
mostrando seus efeitos, as conversas ficaram mais fáceis, mais frouxas e
bobas, como se fossemos melhores amigos há anos.

— Essa é... a saideira, né? — Youngjae perguntou entre um soluço e outro


quando Wonsik retornou com novas garrafas cheias e as colocou sobre a mesa
já ocupada por várias vazias.

Eu acho que eles são muito fracos pra álcool, porque eu bebi o mesmo tanto
que eles e me sinto muito mais sóbrio.

— Você está falando isso há três rodadas — Lalisa riu com os olhos
preguiçosos e as bochechas vermelhas.

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Eu senti meu riso frouxo forçar seu caminho para fora, mas ser interrompido
assim que percebi que ao se sentar, dessa vez, Wonsik sentou ao meu lado.
Desconfortavelmente próximo.

Minha risada ébria logo foi substituída por um pigarro incomodado, e eu recuei
um pouco quando antes de servir meu copo, ele segurou meu pulso,
acariciando-o como se tivéssemos intimidade para isso.

— Você ainda vai beber? — Ele perguntou, olhando-me com atenção, quase
como se houvesse apenas uma resposta certa.

— Vou. — Respondi sem enrolação, esticando minha mão para pegar a


garrafa, mas somente usando esse movimento como desculpa para me livrar
de seu toque, entretanto, eu me assustei completamente quando ele segurou
meu pulso outra vez, com força.

— Parece que você já bebeu demais. Eu vou pegar uma água para você, então
não beba mais.

Eu apertei meus olhos, sendo um pouco brusco ao puxar meu braço para longe
dele.

Quem ele pensa que é para me dar ordens assim?

— Na verdade, — Eu me curvei para pegar minha mochila no chão, me


sentindo muito desconfortável. — eu já vou embora.

— Mas já?! — Lalisa choramingou. — Nem deu meia-noite ainda!

— A gente trabalha amanhã. É melhor vocês não demorarem muito também.


— Tentei soar amigável, caçando minha carteira para tirar minha parte do
pagamento antes de deixar o dinheiro sobre a mesa. — Eu já vou. Até amanhã.

— Eu te acompanho até sua casa. — Wonsik voltou a dizer com esse tom
idiota, como se ele pudesse mesmo tomar decisões por mim.

Não é porque eu sou submisso que sinto prazer com qualquer maluco falando
comigo desse jeito. É completamente desrespeitoso.

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— Eu prefiro ir sozinho. — Disse a ele, mandando ao espaço minhas tentativas
anteriores de ser minimamente civilizado. Eu sou deliberadamente grosseiro,
agora, e sequer me arrependo.

Wonsik continuou me olhando em silêncio, com um quê óbvio de incômodo em


sua expressão, até que ele assentiu ainda sem dizer qualquer coisa.

Esse cara é estranho em proporções estratosféricas, então talvez todo esse


meu desconforto em estar perto dele seja completamente justificável.

— Vá com cuidado! — Lalisa disse, sem que ela ou os outros dois tenham
percebido meu pequeno momento com o segurança.

— Quando chegar, bote logo seu celular pra carregar e mande mensagem
avisando se chegou bem, ok?

Eu assenti, sorrindo para ela e para os outros dois que não têm nada a ver com
minha cisma com Wonsik, então não merecem minha antipatia. Depois, eu me
certifiquei de que estava saindo sozinho do restaurante e caminhei de volta até
o ponto de ônibus do hospital, porque se eu for para qualquer outro ponto, é
capaz de me perder.

Isso é o quão atrapalhado eu ainda sou.

Felizmente, o ônibus não demora a passar e eu logo posso voltar para casa,
porque além de tudo eu estou cansado e tudo que quero é dar um abraço e
uns beijinhos em Jungkook antes de tomar um banho quente para dormir.
Entretanto, quando desço do ônibus e faço e o restante do percurso
preguiçosamente à pé, eu me assusto ao ver um carro familiar estacionado
logo ali em frente antes de ver Seokjin andando de um lado para o outro na
minha varanda enquanto roí furiosamente uma unha.

— Seokjin? — Eu o chamei, curioso, reconhecendo-o facilmente mesmo com a


visão um tanto turva. É impossível confundir esses ombros largos.

— Jimin? — Sua voz pareceu surpresa, aliviada e desesperada, tudo de uma


vez, e eu quase caí pra trás quando ele correu em minha direção. — Jimin!
Você está bem?

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— Hm...? — Eu apertei meus olhos ao perceber que, além de tudo, os seus
estão avermelhados, como se ele estivesse prestes a chorar. — Eu tô bem... e
você?

— Meu deus! Que susto! — Ele me puxou com brusquidão, apertando-me num
abraço firme antes de me afastar na mesma velocidade e me segurar pelas
bochechas. — Você está mesmo bem? Inteiro? Ah, droga, deixa eu avisar logo
ao Jungkook que você apareceu!

— Jungkook...? — Eu murmurei, perdido, e só então notei que seu carro não


está em nossa garagem, e imediatamente me senti um pouco tenso. — Cadê
ele? O que aconteceu?

Seokjin se atrapalhou todo enquanto tenta me manter perto, olhar para mim e
usar seu celular ao mesmo tempo.

— Ele está te procurando feito louco há horas, Jimin! — Foi o que ele
finalmente disse, levando seu celular de encontro à própria orelha.

Eu pisquei, ainda confuso. Eu avisei que demoraria para voltar para casa,
então não entendo o que está acontecendo.

— Droga... — Jin resmungou. — Ele não atende.

— Seokjin... eu não tô entendendo nada... eu só estava bebendo com uns


colegas do trabalho...

Ele fez um gesto um pouco agitado, me pedido para esperar enquanto tenta
fazer outra ligação para Jungkook, mas nós dois percebemos que não será
preciso quando ouvimos o barulho escandaloso de um carro estacionando
desastrosamente na frente de casa. Logo depois, Jungkook desceu do
automóvel, descalço, usando suas roupas de ficar em casa e caminhando
apressado em minha direção como se nunca mais esperasse me encontrar
vivo.

— Jungkook...? — Eu o chamei, assustado, quando percebi a expressão em


seu rosto ainda mais desesperada que a de Seokjin.

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Nosso amigo parecia prestes a chorar, mas Jungkook com certeza esteve
chorando.

— Ei... Jun, o que foi? — Eu continuei confuso como o inferno quando ele me
olhou de cima a baixo antes de me puxar contra seu corpo e me abraçar com
muita força, segurando minha cabeça e me enchendo de beijos enquanto eu
ouço suas lufadas de ar desesperadas e sinto seu corpo tremer, mas não
parece ser pelo frio.

— O que aconteceu? — Ele perguntou, com sua voz evidenciando ainda mais
um desespero que eu não compreendo. — Você está bem?

Eu me afastei um pouco e ergui meu olhar para encontrar o seu, aproveitando


para mostrar toda minha confusão.

— Não aconteceu nada, eu só fui beber como pessoal do hospital...

Jungkook continuou me olhando, seu peito subiu e desceu devagar e sua


expressão, antes carregada por preocupação pura, começou a ser manchada
por algo que eu raramente o vejo sentir: irritação.

— Caralho, Jimin, você não podia ao menos avisar?! — Ele perguntou,


desacreditado.

— Mas eu avisei!

— A única coisa que você avisou foi que voltaria sozinho para casa! —
Jungkook disse, muito bravo mesmo. — Você demorou mais de cinco horas
para aparecer, não te passou pela cabeça que eu ficaria preocupado?! Eu
passei horas te procurando pela cidade inteira e tentando falar com você, mas
seu celular nem ligado estava!

— Mas Jungkook, eu avisei! — Insisti, nervoso porque ele não deveria estar
brigando comigo. — Meu celular descarregou, mas eu mandei mensagem do
celular de outra pessoa avisando que ia chegar mais tarde!

— Eu não recebi mensagem nenhuma, Jimin.

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— Ei, — Seokjin se aproximou de forma cuidadosa. — pelo visto foi só um mal
entendido. Vocês não precisam brigar por isso.

— Você sabe como eu me preocupo. — Jungkook o ignorou completamente,


olhando para mim de um jeito que me deixa muito triste. — Você sabe e não
teve o mínimo de consideração.

— Jungkook! — Jin o chamou com a voz firme, num tom de repreensão.

Eu, por outro lado, nem consegui dizer nada. Só senti minha garganta queimar
e meus olhos arderem, mas sequer percebi quando funguei, já prestes a
chorar.

— Me dê a chave do carro, Jungkook, eu vou colocá-lo na garagem. — Seokjin


voltou a dizer, quebrando o silêncio doloroso que se instalou. — E vocês dois
entrem logo, está muito frio aqui fora.

Eu vi Jungkook olhar para mim ainda com a expressão amarga e, sem dizer
nada, ele apenas entregou a chave a Seokjin antes de cortar todo o caminho
até a porta de nossa casa, me deixando para trás.

Eu não acredito que isso está acontecendo. Eu sequer entendo por que
aconteceu.

— Vá. — Jin me tocou carinhosamente no ombro ao me ver parado no mesmo


lugar. — Eu não quero que o bebezinho congele aqui nesse frio.

Eu gostaria de conseguir sorrir para ele, mas tudo que fiz foi acenar numa
concordância vaga e fazer o mesmo caminho que Jungkook fez. Já dentro de
casa, eu tirei meus sapatos e calcei minhas pantufas amarelas antes de ir até
nosso quarto, e o vi lavando os pés com a torneira da banheira.

— Jungkook... — Eu o chamei ao parar na porta do banheiro, ainda sem tirar a


mochila das costas.

— Agora não, Jimin.

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Eu pensei em reafirmar mais uma vez que, caramba, eu mandei uma
mensagem avisando, mas algo que eu aprendi foi a reconhecer os momentos
em que devo ou não fazer certas coisas nesse relacionamento, e esse
definitivamente não é o momento para tentar me explicar já que ele parece tão
determinado a não me ouvir agora.

E só existe uma coisa que me deixa mais confuso que ver Jungkook, uma
pessoa sempre tão calma, irritado e inflexível desse jeito:

Como aquela maldita mensagem não chegou ao seu celular?

Eu fiz questão de esperar a confirmação do envio, então só existem duas


possibilidades: o sistema falhou completamente, ou Wonsik apagou a
mensagem enviada antes que Jungkook a tenha lido. E eu realmente não
quero acreditar que foi a última opção.

— Eu vou trabalhar. — Jungkook disse simplesmente depois de secar seus


pés, sequer se dando ao trabalho de olhar para mim.

Eu o acompanhei com os olhos, me sentindo cada vez mais angustiado ao


perceber que esse nem mesmo parece meu Jungkook.

Completamente chateado com o desfecho dessa noite, eu larguei minha


mochila em qualquer canto antes de caminhar furiosamente até a cozinha e
beber um pouco de água para não engasgar com tanta frustração.

Seokjin entrou em casa nesse meio tempo e deixou as chaves do carro de


Jungkook sobre o balcão, parando para me olhar meticulosamente enquanto
eu seco o copo cheio.

— Jimin. — Ele me chamou, depois de hesitar um pouco. — Aconteceu alguma


coisa com o Jungkook? Ele está muito estressado, eu nunca o vi assim antes...

Eu balancei a cabeça num gesto indeciso, porque eu acredito saber o motivo


de sua irritação acumulada, já que tudo aponta para seu desgaste com o
trabalho, mas ao mesmo tempo eu não sei se devo falar isso para Seokjin já
que o próprio Jungkook parece não ter falado.

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— Eu não sei. — Foi o que acabei por dizer. — Eu nem sei o que aconteceu
agora, Jin...

Ele suspirou, acariciando meu braço quando parei em sua frente no lado
oposto do balcão.

— Ele ficou muito preocupado mesmo. Parece que ele te esperou por mais de
uma hora depois do fim do seu expediente no trabalho, mas nem conseguia
falar com você, então me ligou desesperado e me pediu para vir para cá te
esperar enquanto ele te procurava. — Ele apertou os lábios num gesto
condescendente. — Ele estava desesperado de verdade, bebê.

Tudo que fiz foi passar as mãos pelo rosto, completamente frustrado.

— Eu sei. Eu conheço o Jungkook, mas eu juro que avisei!

Honestamente, eu não acredito que isso está acontecendo.

— Olha... vai descansar. Ok? Depois vocês conversam com calma. Se você
quiser, eu posso passar a noite aqui.

— Não precisa. — Eu neguei, tentando não parecer ingrato. — Pode ir pra sua
casa, tá? E me desculpa por te deixar preocupado também...

Ele sorriu levemente.

— O importante é que você está bem. Seokjin garantiu. — Mas então eu já


vou, é melhor deixar você ir dormir.

Eu concordei, aceitando seu abraço carinhoso quando ele se aproximou de


mim e me acariciou as costas num gesto de reconforto. Depois, eu o
acompanhei até a porta e me despedi dele, ficando sozinho com um Jungkook
provavelmente ainda bravo, trancado no escritório.

Sem muitas opções do que fazer, eu me conformei em me preparar para


dormir. Entretanto, depois de me deitar sozinho na cama e passar algumas
horas da madrugada preso a um sono inconstante e frágil, eu senti os efeitos
tardios da bebida e do estresse se manifestando como uma dor de cabeça
aguda.

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Depois de virar de um lado para o outro tentando dormir, eu desisti e levantei
para tomar um analgésico. Minha surpresa foi, então, passar pelo escritório e
vê-lo vazio logo antes de chegar à sala e encontrar Jungkook ali... dormindo
no sofá.

Minha garganta amargou ainda mais ao vê-lo ali, sem travesseiro ou um lençol,
completamente desprotegido do frio só para não dormir ao meu lado.

Eu precisei respirar muito fundo para não ceder ao impulso de ir até ele e
acordá-lo, porque eu consigo perceber seu cansaço pela forma como seu sono
parece profundo e seu ressonar está mais alto que o normal. Mesmo que me
sinta angustiado, Jungkook precisa desse descanso, então o que faço é tomar
meu remédio rapidamente para depois ir buscar um travesseiro e uma coberta
para ele, e só voltei para a cama depois de me certificar de cobri-lo
apropriadamente e apoiar sua cabeça sobre seu travesseiro favorito, que eu
ainda acho duro demais.

— Amanhã a gente conversa melhor — Eu disse baixinho para sua mente


sonolenta ao me ajoelhar em sua frente e arrumar o lençol para protegê-lo bem
do frio de fim de inverno. — Boa noite, Jungkook...

Depois, sem muitas alternativas, eu voltei para nosso quarto e me conformei


em dormir a noite toda sozinho, hoje.

Dessa vez, no entanto, não existiu sequer uma hora completa de bom
descanso. A briga com Jungkook, minha preocupação com seu estresse fora
do comum e a desconfiança sobre Wonsik sugaram minha paz e, quando dei
por mim, o dia amanheceu e eu não dormi nem metade do que deveria. Mas
mesmo cansado, eu precisei levantar para me arrumar para ir ao trabalho, já
que preciso fazer meio expediente aos sábados.

Depois de me arrastar até o banheiro para tomar um banho e vestir meu


uniforme, eu sai do quarto ainda coçando os olhos e não me surpreendi muito
ao ver Jungkook servindo o café da manhã, já que ele não precisa ir para a
Bangtan nos fins de semana e ficou responsável por preparar a primeira
refeição do dia para mim.

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Entretanto, ele serve apenas a porção para uma pessoa.

Eu mordi a parte interna da minha bochecha, vendo-o ainda com a expressão


fechada, e percebi como ver apenas o café de uma pessoa servido me deixou
triste.

E eu não estou triste por achar que essa comida é sua. Estou triste porque eu
sei que é para mim e que ele provavelmente não vai comer por conta de toda a
irritação que está sentindo. Jungkook nunca faria algo como preparar comida
para ele mesmo e me deixar sem nada.

É estranho perceber como eu o conheço bem a ponto de ter certeza de algo


assim, e tenho minha confirmação ao ouvir sua voz chegar a mim:

— Sua comida está pronta. — Ele avisou, deixando-a sobre um pequeno


espaço livre no balcão.

— Você precisa comer também... — Anunciei, cuidadoso. — Você não pode


pular refeições, Jungkook, sua imunidade pode ficar baixa de novo...

— Não estou com fome. — Foi o que ele respondeu, já se afastando da


cozinha. — Eu vou trocar de roupa para te levar até o hospital,

— Jungkook... — Eu o chamei, interceptando-o no meio do caminho enquanto


espalmo minhas mãos em seu peito, cuidadoso, mas acabei por suspirar ao
perceber que ainda não é o momento. Então só me inclinei e deixei um beijo
em sua bochecha. — Obrigado pela comida.

Eu o vi expulsar o ar numa lufada arrastada, carregada, e então assentir


lentamente com a expressão um pouquinho mais suave.

— Deixa a louça na pia, quando acabar de comer. Eu lavo quando voltar. —


Ele disse, me deixando com um toque suave no braço antes de caminhar até o
quarto.

Apressado, eu me sentei num dos bancos e comecei a comer a refeição que


Jungkook se esforçou para preparar para mim mesmo parecendo prestes a
explodir de tanto estresse.

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Dessa vez a comida está um pouco salgada de novo, mas nunquinha que eu
vou reclamar.

Depois de terminar de comer, sem desperdiçar sequer um grão de arroz, eu


deixei as coisas sujas na pia, como ele ordenou, e terminei de me arrumar.
Instantes depois, nós entramos no carro e todo o percurso até o hospital foi
feito em silêncio, diferente de todas as outras vezes em que eu o metralhei com
meus comentários completamente dispensáveis, mas que nunca me poupei de
fazer porque são eles que sempre fazem Jungkook sorrir.

Quando chegamos no local de desembarque onde ele me deixa todos os dias,


eu me livrei do cinto, mas ainda não fiz menção de sair do carro.

— Nós conversamos mais tarde. — Ele me garantiu, então, e eu acho que


tentou sorrir para me tranquilizar, mas sua expressão acabou ficando esquisita
porque ele obviamente ainda não está de bom humor,

Caramba, Jungkook, que péssimo momento para me fazer rir.

— Tá bom... — Eu respondi, usando toda minha força para não deixar meu riso
ganhar proporções maiores, e eu quase me sinto sufocar.

Ele pareceu confuso sobre minha risada repentina então acabou apertando as
sobrancelhas, mas seus lábios também se contraíram como se ele quisesse
sorrir sem perceber só por me ver rindo também.

Eu o amo tanto, meu deus. Ele consegue ser tão... tão Jungkook, mesmo
bravo.

— Até mais tarde, Jungkook. — Eu disse, enfim, e me inclinei para deixar mais
um beijo em sua bochecha, porque nunca me despeço sem fazer isso.

Ele fez um gesto breve, silencioso, e eu acenei quando desci do carro. Depois,
eu fui diretamente até minha sala e, como sempre, fui o primeiro a chegar.

— Jimin! — Jinyoung gritou assim que entrou na sala de supetão, fazendo uma
pausa dramática enquanto aponta para mim de forma acusatória. Depois, ele
murchou completamente: — Eu nunca mais vou beber na minha vida...

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Depois do susto, eu acabei rindo.

— Eu tô inteirinho. — Me gabei, orgulhoso.

— Sortudo. — Ele resmungou, se jogando desleixadamente em sua cadeira. —


Só não mais sortudo que a Lisa e o Youngjae, que só vêm trabalhar à tarde.

— Sortudo de verdade é quem não precisa trabalhar no fim de semana, na


verdade...

Ele deixou um barulho engraçado, grave e rouco escapar.

— Meu deus, sim! Tipo o Wonsik. Aquele folgado só trabalha durante a


semana! Queria...

— Ele não vem hoje? — Perguntei, meio decepcionado, e não porque eu


quisesse ver aquele doido.

Eu só queria tentar descobrir se ele apagou a mensagem que enviei para


Jungkook ou não, e acreditei que poderia fazer isso hoje.

— Nah. Quem cobre o fim de semana é outra equipe de seguranças.

Eu apertei meus lábios, pensativo, e deixei meus olhos recaírem na tela de


inicialização do computador antes de voltar a olhar para meu colega.

— Ei, Jinyoung... — O chamei, meio inseguro sobre minha escolha de


palavras. — O Wonsik, ele é sempre daquele jeito?

— Daquele jeito como? — Ele perguntou, escorregando em sua cadeira de


rodinhas. — Esquisito?

Então Jinyoung também pensa assim?

— Ele é estranho, sim. — Confirmou, então. Quer dizer, eu sei que também
sou estranho, mas eu sou um estranho inofensivo. Aquele lá é mais do tipo
sociopata ou sei lá.

Eu arregalei meus olhos, assustado.

— Como é?

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— As vezes eu acho que é implicância minha, mas não sei. É só que... a
energia dele é estranha. Eu não me sinto confortável perto dele, e ele tem
umas atitudes muito... sabe?

— Sei. — Respondi sinceramente. — Eu realmente sei, mas achei que você


gostava dele...

— Youngjae e Lisa gostam dele, então eu precisei me acostumar. Você sabe, o


humano é adaptável, ele se acostuma até a cheiro de merda se for obrigado,
então...

Eu mordi meu polegar, pensativo.

Jinyoung pode não parecer a melhor referência, já que ele vive cheio de teorias
da conspiração. Mas talvez ele esteja certo. Talvez existam aliens infiltrados
entre nós, talvez o presidente seja um Iluminatti, talvez o onze de setembro
tenha sido planejado pelo governo dos Estados Unidos.

E talvez Wonsik seja perigoso.

— Mas olha, ele nunca fez nada de muito grave. — Jinyoung pareceu tentar
me tranquilizar. — Que eu saiba.

Eu concordei, sem dizer mais nada, e repensando minha decisão anterior.


Talvez, também, seja melhor não tentar descobrir se Wonsik apagou a
mensagem ou não. É melhor por garantia, me manter afastado dele. O máximo
possível.

— Ah, caralho! — Meu colega gritou, de repente, o que me deu um puta susto.
— Minha cabeça vai explodir! Vou ver se alguém me dá um remédio decente!

Eu ri um pouquinho, vendo-o se arrastar para fora da sala enquanto resmunga,


e decidi não pensar muito sobre o segurança ou vou acabar ficando doido.

Felizmente, a manhã não passou tão devagar e, depois de um punhado de


reclamações de Jinyoung e algumas eventuais vontades de socar o
computador a cada vez que o sistema ficava lento, nós pudemos voltar para
casa.

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— Vai de ônibus hoje? — Ele perguntou quando saímos do prédio principal do
hospital, ainda antes de atravessarmos o estacionamento.

Eu olhei ao redor antes de respondê-lo, e neguei ao encontrar o carro de


Jungkook estacionado no mesmo lugar onde ele sempre me espera.

— Meu namorado veio me buscar. — Eu sorri bem grande, apontando para o


SUV estacionado não muito longe.

— Vida boa, essa sua. — Ele provocou, arrumando o gorro em sua cabeça. —
Queria eu uma namorada que viesse me buscar todo dia, mas sigo nessa vida
de proletariado solteiro, fazer o que?

Eu dei uma risadinha, só reafirmando como sou sortudo não por namorar, mas
por namorar Jeon Jungkook.

— Eu posso perguntar se ele te dá uma carona — Ofereci, mas ele negou.

— Relaxa, eu até gosto do balanço do Ônibus — Ele mostrou os fones de


ouvido pendurados em sua blusa. — E quando eu ouço música, me sinto num
videoclipe.

Eu ri ainda mais, sem insistir. Cada um se diverte à sua maneira.

— Então até segunda! — Eu disse, já me afastando dele para ir até o carro,


mas acho que me afobei demais nas passadas, acabei pisando numa ponta
solta do cadarço do meu all star e, só deus sabe como, desmontei no chão e
fiquei um tempo de quatro no chão, com a bunda pra cima no meio do
estacionamento, sem entender como eu consigo ser tão destrambelhado
assim.

— Jimin? — A voz de Jungkook me alcançou do além, e eu o vi se afastando


do carro, apressado, e vindo em minha direção.

— Jungkook... — Eu choraminguei, começando a morrer de vergonha. Não por


ele, porque Jungkook já me viu em situação pior, mas por todas as outras
pessoas que devem ter visto essa queda horrorosa.

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— Você se machucou? — Ele perguntou, rapidamente se abaixando ao meu
lado e usando suas mãos para me ajudar a ficar numa posição menos
embaraçosa.

Eu exibi minha palma ao perceber que está ardendo um pouco, e logo


identifiquei um arranhão suave como a causa.

— Minha mãozinha...

Os olhos de Jungkook logo recaíram sobre o machucado pequeno e ele tomou


minha mão com as suas, checando o estado da ferida.

— Seus joelhos? — Ele insistiu, preocupado. – Machucou mais alguma coisa?

Eu neguei, porque o jeans protegeu minhas pernas mesmo com o impacto


bruto contra o asfalto, e Jungkook me fez ficar de pé. Antes de se levantar
também, entretanto, ele deu tapinhas suaves para limpar minha calça. Ao ficar
de pé, ele limpou minhas mãos e braços, e ainda deu mais uma olhada na
parte avermelhada em minha palma.

— Vem, eu vou cuidar disso. — Ele disse, segurando minha outra mão e me
puxando em direção ao carro.

Eu suspirei, me sentindo bobo.

Poxa, se eu lembrasse antes como Jungkook facilmente esquece sua


frustração quando percebe a possibilidade de seu menino estar machucado, eu
definitivamente teria me estatelado em sua frente antes, propositalmente.

No carro, ele abriu a porta para mim, me ajudou a sentar e colocou meu cinto
de segurança, tudo com tanto cuidado como se eu fosse um paciente terminal,
mas é só uma escoriaçãozinha de nada.

Mas quem vai reclamar? Eu mesmo que não vou.

— Está doendo muito? — Ele questionou quando, depois de dar a volta, sentou
no banco do carona.

— Tá ardendo demais... — Eu menti, exibindo minha melhor careta de dor.

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Talvez essa mentira inocente não tenha sido a melhor escolha, porque
Jungkook desistiu de colocar seu cinto no meio do caminho e se preparou para
descer do carro outra vez.

— Vamos no pronto atendimento. — Ele disse, parecendo genuinamente


preocupado.

— Jungkook — Eu o segurei rapidamente, quase rindo. — Basta lavar. Não tá


doendo tanto, foi brincadeirinha...

Ele passou a mão pela nuca, me olhando com alguma desconfiança antes de
assentir, e só então, depois de mais uma olhadela, ele ligou o carro.

Quando chegamos em casa, ele me levou diretamente ao banheiro e se


posicionou ao meu lado diante da pia, usando a água corrente e um pouco de
sabonete para limpar cuidadosamente o machucado. Depois, ele me fez sentar
sobre a tampa do vaso sanitário e me deixou esperando um pouco até voltar
com uma pomada que eu comprei recentemente, porque ele vive cortando os
dedos quando prepara alguma comida mais elaborada.

Comida à moda Mar Morto ou à moda vampiresca são as especialidades dele.

— Me avise se machucar — Ele pediu, agachado entre minhas pernas,


instantes antes de começar a espalhar a pomada em minha pele com uma
massagem suave. Mas Jungkook é tão cuidadoso que eu mal lembrei do
machucado superficial e só continuei observando-o, meio hipnotizado,
enquanto ele coloca todo seu empenho em cuidar de mim.

Sem pensar muito, dominado pelo amor que eu sinto por esse homem, eu ergui
minha outra mão até tocar seu rosto, acariciando-o com devoção, o que o fez
erguer o olhar na direção do meu rosto.

— Eu sei que você ainda tá chateado... — Eu disse, sincero. — Mas eu acho


que me apaixonei de novo por você, Jungkook...

Ele parou de massagear minha mão, mas não a soltou ao suspirar e balançar a
cabeça para os lados.

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— Eu não estou chateado com você. — Ele confessou, mesmo que
obviamente esteja chateado com alguma coisa. — Eu estou chateado comigo
por ter agido daquele jeito ontem...

— Você tava preocupado... — Tentei tranquilizá-lo. — Eu juro que tentei te


avisar, juro mesmo, mas..

— Então eu só deveria ter sentido alívio ao ver que nada de ruim tinha te
acontecido. — Ele me interrompeu. — Eu não deveria ter ficado irritado
daquele jeito. Me desculpe, anjo...

— É claro que eu desculpo você, Jungkook — Eu disse, sequer considerando


uma possibilidade contrária. — Eu te conheço... você não ficaria tão bravo se já
não estivesse se sentindo estressado. — Murmurei, certo do que estou
dizendo, e decidi finalmente perguntar: — É por causa da Bangtan? Tem
alguma coisa ruim acontecendo lá?

Jungkook abaixou os olhos e apertou minha mão num gesto um pouco tenso
antes de levantar o rosto outra vez.

— Os acionistas estão tentando me tirar do cargo, meu bem...

Eu arregalei meus olhos, assustado e muito irritado.

Meu deus, eu ainda vou destroçar esses acionistas todinhos! Por que eles não
deixam meu Jungkook em paz de uma vez, hein?!

— É por isso que a negociação com a D-lite é tão importante. Conseguir fechar
um acordo a tempo é a única forma de talvez fazer eles mudarem de ideia, mas
o prazo que eu tenho é tão curto, e negócios assim demoram meses para se
estabelecer... Parece uma luta em vão e tudo isso me deixa tão exausto e
irritado, anjo, mas eu não deveria descarregar em você, então me perdoa...

— Para de se desculpar... — Eu pedi, chateado por vê-lo sempre se culpar


tanto. — Meu deus, você deve estar se sentindo tão mal com isso tudo... mas
eu acredito muito em você, lembra disso? Eu acredito que você consegue
resolver essa situação, Jungkook.

Ele negou.
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— Eu não acho que vou conseguir, dessa vez, — Ele hesitou, e pareceu doer
no fundo de sua alma dizer o que veio a seguir: — Eu nem sei se quero
continuar tentando...

Eu senti meu corpo travar diante de sua confissão, sem saber exatamente o
que isso quer dizer

— Eles querem me tirar porque acham que eu ainda não estou pronto... e
talvez eles estejam certos. — Jungkook disse, sem qualquer sentimento bom
em sua confissão. — Eu não deveria precisar assumir a Bangtan tão cedo,
anjo. Eu não tenho a experiência, não tenho a confiança e honestamente,
agora, não tenho mais a vontade de continuar insistindo. Eu não sei se vale a
pena.

— Mas se isso acontecer... eles vão te tirar da empresa? Jungkook, ela é tão
importante pra você...

— Eles devem me devolver ao meu antigo cargo, provavelmente. — Ele me


tranquilizou, cuidadoso. — E a Bangtan é importante, mas até que ponto eu
vou precisar continuar me desgastando assim? Desde que eu precisei ocupar o
lugar do meu pai, as coisas só pioraram. Eu me sinto cada vez mais
sobrecarregado e eu não vejo uma saída. Eu sinto que vou estar sempre em
uma corda bamba, sempre com medo de cair e destruir junto tudo que meus
pais construíram naquela empresa.

Dessa vez, eu fiquei calado, porque honestamente não sei o que dizer.

— E eu não quero viver assim, anjo... eu quero me sentir capaz de fazer meu
trabalho, quero poder deitar para dormir com você e não precisar levantar no
meio da madrugada para trabalhar e eu quero conseguir fazer sexo com você.
Eu quero tantas coisas, mas eu sinto que não vou ter nada disso se não fizer
uma escolha.

— Então... você vai deixar eles te tirarem do seu cargo?

— Talvez... — Ele sorriu de forma triste. — Até desistir de continuar tentando é


difícil, agora, porque eu sei que decepcionaria meu pai... mas eu acho que
esse é o meu limite, Jimin.
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Eu vejo todo o peso que Jungkook está carregando agora. Vejo como ele se
sente incapaz e como está perdido. Vejo como sua dor continuar doendo em
mim também.

— Jungkook... — Eu o chamei, incerto sobre o que dizer, então só digo o que


eu sinto verdadeiramente. — Eu não acho que seu pai ficaria decepcionado...
Saber quando desistir e ter coragem de fazer isso é uma coisa que tão pouca
gente consegue, então eu só consigo imaginar como ele se sentiria orgulhoso
de ver como criou um filho tão corajoso e inteligente como você. E eu também
vou sentir muito orgulho de você sempre, não importa o que você escolha
fazer!

Jungkook me olhou em silêncio, atentamente, até mostrar um sorriso fraco,


mas que parece muito sincero.

— E, Jungkook... — Eu o chamei mais uma vez. — Obrigado por me contar o


que está acontecendo. Obrigado por confiar em mim.

Ele me puxou pelas pernas para mais próximo da borda, então inclinou seu
corpo em minha direção e apoiou sua cabeça contra meu peito ao me abraçar.

— Eu deveria ter contado antes, mas eu confio em você, anjo. Eu já disse isso.
Você é a pessoa em quem eu mais confio.

Eu acariciei sua cabeça enquanto uso a outra mão para segurá-lo perto, mas
ele acabou afastando seu rosto para me olhar outra vez e meu coração
explode mais que os fogos de artifício da virada de ano quando consigo
perceber claramente a admiração que ele sente por mim, só nesse olhar.

— Quer saber? — Ele disse, acariciando minha cintura. — Eu tomei minha


decisão, pelo menos para esse fim de semana. Vamos fazer alguma coisa
juntos. Qualquer coisa que você quiser.

— Qualquer coisa mesmo? — Eu perguntei, alegre. — Eu vou ser muito


mimado, então?

— Mimado você é sempre, meu bem.

Eu apertei um sorrisinho, e ele insistiu:


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— Mas dessa vez vamos fazer somente o que você quiser. Se quiser sair do
país, nós saímos. Se quiser McDonald's, eu compro para você. Se quiser
comer McDonald's fora do país, nós damos um jeito também. — Jungkook
prometeu. — É só me dizer o que você quer fazer, anjo.

Eu mordi meu lábio, com a resposta na ponta da língua:

— Então... eu quero deixar meu Jungkook feliz.

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40 • Love List

JUNGKOOK

— Jun! — Jimin me chamou, correndo em minha direção quando saí do banho


depois de nossa conversa.

Eu não gosto de discutir com ele, odeio vero equilíbrio da nossa relação sendo
afetado por qualquer que seja o motivo, então agora me sinto mais tranquilo
por termos esclarecido as coisas.

Mas, ainda além disso, eu me sinto feliz por ter confessado a ele minha
situação atual na Bangtan. Eu não queria preocupá-lo, a princípio, mas sei que
não deveria pensar dessa forma. Principalmente porque conversar com ele,
deixá-lo saber sobre o que se passa em minha vida além da nossa enquanto
casal, é algo que me faz bem. É como ter sempre a certeza de que eu tenho
seu apoio incondicional, sempre me sentir amparado.

— Eu fiz uma lista do que a gente pode fazer hoje e amanhã! — Ele então
anunciou com um sorriso enorme e tão lindo, estendendo para mim um pedaço
de papel preenchido com sua letra bonita.

Eu sorri, abraçando-o e guiando-o até nossa cama, sem me preocupar em


desenrolar a toalha em minha cintura quando me sentei no colchão, puxando-o
para sentar em meu colo.

— Você fez isso? — Perguntei, deixando um beijo em seu ombro, e ele abanou
o papel outra vez.

Sim, é definitivamente assim que eu prefiro. Eu prefiro estar bem com meu
menino.

Por isso, por esse fim de semana, eu não quero mais pensar na Bangtan. Tudo
isso está me desgastando demais, eu mal tenho tempo para ele e isso

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consequentemente me deixa ainda mais estressado. Então, por esses dois
dias, eu vou me dedicar inteiramente a ele.

— Sim! — Ele sorriu orgulhoso do próprio trabalho. — Eu coloquei só coisas


que te deixam feliz!

Eu sorri mais um pouco, sem deixar de abraçá-lo quando aceitei a lista e a


posicionei melhor para ler.

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Eu terminei de ler sua lista cuidadosa, mas sequer sei como consegui chegar
ao final sem me desfazer em mil suspiros rendidos e apaixonados.

Quando eu disse que faríamos o que ele quisesse e Jimin me respondeu que
queria me deixar feliz, eu não imaginei que ele colocaria isso em prática tão
rapidamente, mas agora eu já me sinto preenchido por uma sensação pura de
felicidade ao perceber como ele reconhece facilmente que as coisas simples do
nosso relacionamento são as que eu mais adoro.

— Tá boa? — Ele perguntou, ansioso. — Quer colocar mais alguma coisa?

— Claro que ficou boa, anjo. — Eu o parabenizei com um beijo, porque sei
como ele ama ser elogiado.

– Então tá bom! A gente não precisa seguir a ordem da lista, tá? — Avisou,
movendo-se sobre meu colo para me olhar melhor. — Quer começar por onde?

— Já decidimos isso. — Eu anunciei, me esticando cuidadosamente para


pegar uma caneta no criado mudo, mas sem afastá-lo de mim. — Só quero tirar
uma coisa.

Jimin me acompanhou com os olhos curiosos quando eu apoiei a lista sobre


minha perna e usei a caneta para riscar o último item bônus.

— Eu não gosto desse item — Confessei. — Meu Jimin é sempre o submisso


perfeito para mim, então eu quero que você aja exatamente como você é... o
que definitivamente não é um sub bonzinho e obediente o tempo todo.

Ele me fuzilou com as sobrancelhas unidas, imediatamente.

Como eu disse, ser um sub manso em tempo integral é incompatível com ele.
Jimin e muito bravo para isso.

— Eu me esforço todinho pra fazer a lista perfeita e é isso que recebo... — Ele
resmungou, tomando o papel de minhas mãos. — Tá bom, Jungkook.

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Eu tentei não rir abertamente quando o vi fazer o mesmo que eu e apoiar a lista
em sua coxa gostosa antes de tomar a caneta de mim para escrever abaixo do
item riscado:

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— Tá feliz agora?! - Ele perguntou, ainda ofendido.

— Não foi isso que eu quis dizer. — Eu o abracei com mais força, antes de
provocá-lo: -E é bratzinho do caralho, meu bem.

— Da poxa. — Ele insistiu, afastando meus braços pra ficar de pé. — Palavrão
me dá tesão, mas agora eu tô bravo e não quero ficar excitado.

— Eu não acredito que deixei meu Jimin bravo — Murmurei, sendo rápido em
puxá-lo de volta para meu colo.

Felizmente ele é todo desengonçado e não teve força para resistir, logo
desmontando sobre minhas pernas.

— Sonso... — Ele acusou, desconfiado.

— Eu já disse que você é o melhor submisso do mundo, anjo — Repeti o que


tantas vezes já o deixei saber. — Mesmo sendo tão mimado assim.

— E a culpa é de quem?

Eu sorri, ciente da minha participação em tê-lo deixado tão mal acostumado,


ousado e respondão assim.

— Eu não consigo resistir. — Confessei, sem arrependimentos. — Acho que


nasci para mimar meu menino.

Ele me olhou novamente, mais uma vez tentando sustentar a expressão brava
e desconfiada, mas acabou se desfazendo num riso bobo.

— Tá... mas hoje eu também vou mimar você! — Garantiu. — Tem até mais
um item surpresa que eu não coloquei na lista, viu?

— Que item surpresa? — Agora, eu quem estou desconfiado.

— É surpresa. — Ele resmungou, deixando um beijo na minha bochecha antes


de ficar em pé. — Você já escolheu por onde vamos começar? Eu sugiro
começar pelo item dois, porque tô com fome...

Quando ele não está com fome, afinal?

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— Então vamos sair para comer. — Foi o que respondi, acariciando-o por cima
do seu uniforme do trabalho, que o deixa lindo. Parece um bebê rechonchudo
vencendo a vida adulta.

Às vezes eu sinto que posso chorar de tanto orgulho só de olhar para ele.

— Deixa eu tomar banho antes, tá? — Ele pediu, apertando minhas bochechas
com as mãos pequenas. — Pode escolher minha roupa?

Meu sorriso mal cabe no rosto toda vez que ele me pede algo assim, e ele vem
pedindo com cada vez mais frequência.

— Escolho, anjo. — Anunciei, como se pudesse mesmo dar outra resposta. -


Pode ir se lavar.

— Obrigado, dom-dom. — Ele apertou ainda mais minhas bochechas, o que


acabou por forçar meus lábios para fora, e me roubou um beijo rápido antes de
correr com o sorriso travesso até o banheiro de nossa suíte.

Eu precisei seriamente me controlar para não socar as pelúcias em cima da


cama, rendido por sua imagem completamente adorável.

Porra. Caralho. Eu não aguento esse menino,

Precariamente recuperado do meu momento de fragilidade, eu caminhei até


nosso armário e separei suas roupas ainda antes de pensar nas minhas, mas
sequer hesitei antes de escolher, para ele, o macacão jeans e uma de suas
blusas listradas.

Quando Jimin saiu do banho, eu o ajudei a se vestir com a roupa que escolhi, e
preciso confessar para mim mesmo como me angustia ver seu corpo nu sem
qualquer marca dos meus tapas, mordidas e chupões que antes se faziam
presentes depois de cada encontro nosso.

Agora que estamos sempre juntos, e por mais que eu ainda o deseje como um
louco, toda essa preocupação enraizada em minha mente não deixa meu corpo
responder aos seus estímulos.

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— O que foi, Jungkook? — Ele perguntou, confuso ao me ver olhando-o com a
culpa estampada no rosto.

Eu neguei com um gesto suave, tentando assegurá-lo de que nada aconteceu.


Eu sei que Jimin já entende o que está acontecendo comigo, então não faz
bem algum ficar retomando esse assunto.

— Eu só te acho tão lindo que não consigo ficar sem te admirar. — Foi o que
disse, enfim, e nem é uma mentira.

Ele sorriu, sem dizer mais nada, e apenas levantou os braços num pedido
silencioso para que eu o vista com sua blusa.

Depois de deixá-lo pronto e garantir que está agasalhado o suficiente para não
sentir frio quando estivermos na rua, eu vesti meu próprio sobretudo, peguei a
chave do carro, a lista que meu Jimin fez e o guiei até o lado de fora.

— Onde a gente vai comer? — Ele perguntou, com a mão esticada para
acariciar minha nuca enquanto me preparo para dirigir.

— No restaurante onde fomos com Seokjin, da última vez. — Anunciei,


resistindo ao impulso de decidir levá-lo a uma rede de fast food, porque sei que
ele adora, mas não quero que ele coma tanto dessas comidas. Eu quero mimá-
lo, mas também preciso ter cuidado com sua saúde assim como ele tem com a
minha.

— A comida lá é gostosa. — Ele comemorou, apesar da minha decisão. — Os


drinks também. Eu vou poder beber?

— Hoje não, anjo. — Respondi, com o coração na mão. Porra, eu realmente


não sirvo para dizer "não" a ele.

Mas hoje eu quero que ele esteja inteiramente sóbrio para aproveitar o tempo
que vamos finalmente ter juntos, então não volto atrás em minha resposta.

— Hm... tá bom... — Ele concordou, conformado e obediente. — Mas


sobremesa pode?

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— Pode pedir todas do cardápio, se quiser. — Finalmente uma resposta que
me deixa confortável, embora não completamente já que Jimin é bem capaz de
pedir, sim, todas as sobremesas disponíveis no menu e acabar passando mal.

Tudo bem, eu posso tentar reverter isso quando a hora chegar.

— Obrigado! — Ele agradeceu, eufórico. E... Jungkook? Obrigado também por


decidir descansar um pouquinho... isso me deixa mais tranquilo Eu sorri para
ele, verdadeiramente agradecido ao universo por ser essa a pessoa que eu
tenho ao meu lado.

Antes de começar a dirigir, então, eu só me inclinei para deixar um beijo em


sua bochecha gorducha. Depois, voltei a me arrumar sobre o banco e
finalmente liguei o carro para nos levar ao meu restaurante favorito.

Quando chegamos e fizemos nossos pedidos, nós tivemos que pedir dois
pratos completamente diferentes porque Jimin não conseguiu se decidir entre
eles e eu não o deixaria passar vontade de comer algo que ele queira.

Me deixa feliz vê-lo livre de toda a culpa enquanto ele come até se sentir
satisfeito. É melhor que quando ele se privava de comer bem por achar que
precisava emagrecer. Agora, eu o vejo sorrir alegremente a cada refeição
mesmo sabendo que engordou alguns quilos.

Essa me parece uma evolução tão grande e tudo isso me deixa tão aliviado e
ainda mais orgulhoso.

— Fazia tempo desde a última vez que a gente saiu num encontro assim, né?
— Ele perguntou, esperando paciente enquanto eu sirvo sua comida.

— Sim. Vamos fazer isso mais vezes, tudo bem?

Jimin assentiu, aceitando a porção de arroz que coloquei em sua frente.

— Já escolheu o que a gente vai fazer quando sair daqui? — Questionou,


enfiando uma quantidade absurda de comida na boca de uma só vez.

Eu realmente não sei como ainda me surpreendo.

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— Vamos fazer compras. — Anunciei, usando meu polegar para limpar o caldo
que escorreu por seu lábio. — Vou comprar um carro para você.

Jimin engasgou furiosamente diante do meu anuncio, até escapou um pouco


de arroz da sua boca, e eu me atrapalhei todo quando comecei a dar tapinhas
em suas costas para tentar salvá-lo.

— Anjo? — O chamei, desesperado, enquanto ele mantém os olhos fechados e


a mão cobrindo sua boca para conter sua tosse.

— Jungkook... — Ele disse, ofegante, depois de se recuperar e secar toda a


água em sua taça. — Eu nem dirijo!

— Tudo bem, eu posso contratar um motorista para você. — Tentei tranquilizá-


lo, mas ele só pareceu mais assustado.

— Ai, minha nossa senhora... pra que isso tudo?

— Porque eu quero que você vá para o trabalho e volte para casa sempre em
segurança. — Expliquei, acariciando suas costas enquanto ele massageia o
próprio peito. — Mas você anda dizendo que não quer que eu vá te buscar
porque acha que me prejudica, então eu vou comprar seu próprio carro.

Jimin piscou lentamente, inconformado.

Ele não é o único que sabe manipular nessa relação.

— Eu acho que fica mesmo corrido pra você, por isso eu posso começar a
voltar de ônibus. Não é pra você me dar um carro, pelo amor de deus,
Jungkook, é muito dinheiro!

Eu mexi no bolso da minha calça até pegar minha carteira e, ali dentro, achar a
lista que ele mesmo fez mais cedo. Então apoiei o papel na mesa e apontei
para o item um. Deixar ele comprar o que quiser para mim.

— Esqueceu do que você mesmo decidiu, anjo?

Ele me olhou desconfiado antes de puxar a lista, dobrando-a outra vez.

— Eu não quero um carro e um motorista. — Insistiu, mesmo assim.

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— Então me deixe continuar indo te buscar depois do seu expediente. —
Finalmente cheguei aonde queria.

Jimin continuou com a expressão desconfiada, até que cruzou os braços.

— Depois eu que sou o manipuladorzinho, né? — Ele acusou, sem conseguir


reprimir uma risada apesar do seu tom de voz.

— Eu já disse que não me importo de ir te levar e te buscar todos os dias. Eu


gosto de fazer isso — Fiz questão de deixar claro. — Se você quer que eu pare
porque quer ser mais independente, tudo bem. Mas se sua única motivação
para me pedir para parar for porque acha que é ruim para mim, suas duas
opções são essas. Ganhar um carro e um motorista, ou continuar voltando
comigo.

Ele pensou um pouco, antes de se decidir.

— Eu gosto de voltar com você... — Ele confessou, meio a contragosto. —


Você fica muito gostoso quando tá dirigindo...

— Então está decidido. — Eu sorri, vitorioso.

— Mas a Bangtan fica de um lado da cidade e o hospital fica no outro, então eu


sei que você precisa fazer tudo com pressa pra chegar a tempo de me buscar
no horário. — Jimin continuou, com esse tom de voz sério. — E eu não quero
que você tenha pressa. Eu posso esperar um pouquinho, tá?

Eu honestamente nunca vi um submisso tão cheio de ordens quanto Jimin,


mas a culpa é mesmo minha

— Certo, meu bem. Eu não vou ter pressa.

— Promete. — Ele exigiu, esticando seu dedo curto e gordo em minha direção.
- Promete de mindinho que não vai ter mesmo.

Eu apoiei meu cotovelo sobre a mesa para me sustentar melhor, então


entrelacei meu dedo ao seu antes de pressionar nossos polegares juntos,
como tantas outras vezes já fizemos.

— Prometo de mindinho, anjo.


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— Não pode quebrar promessa de mindinho — Ele fez questão de lembrar,
autoritário demais.

Eu sorri sem muita força, então segurei sua mão e o puxei para perto. Como foi
pego desprevenido, ele veio fácil em minha direção e então eu usei minha
outra mão para segurar seu rosto, pressionando as laterais das suas
bochechas para que ele continue olhando bem para mim.

— Eu te deixei muito mal acostumado, — Refleti, sem precisar me desfazer do


tom de voz calmo. Meu toque e minha expressão, mesmo com o sorriso,
devem deixar claro para ele que eu estou falando sério. Jimin e esperto. —
mas é melhor começar a controlar suas exigências, meu bem. Você ainda
lembra quem dá as ordens aqui, não é?

Sua feição se tornou um pouco impressionada, a principio, antes que ele


apertasse os lábios para fazer que sim com a cabeça.

— Sim... desculpa. — Ele pediu, com essa entonação de submisso


arrependido.

— Tudo bem. — Eu acariciei seu rosto uma última vez antes de soltá-lo. —
Vamos comer antes que a comida esfrie.

Jimin assentiu outra vez, e eu o vi puxar a mão para seu colo e seu olhar pairar
distraído sobre a mesa quando ele colocou mais uma porção de comida na
boca. Seu corpo está encolhido, agora, e ele parece distante. Qualquer um que
não o conheça poderia dizer que ele está desconfortável ou chateado, mas não
é isso.

Ele está com tesão.

Eu sorri diante disso, embora sem qualquer alegria genuína. Não que me
desagrade ver suas reações a quando me imponho, porque saber que ele se
submete a mim quando assim exijo e saber que isso o excita é o que me enche
de prazer. Entretanto, agora ele anda mais sensível que o normal por conta de
todo o tempo sem sexo e sem qualquer auxílio de seu dominador para aliviar
sua tensão sexual, e é isso que me deixa insatisfeito.

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Eu estou falhando há tempo demais em satisfazer as necessidades do meu
menino, mas agora já chega.

Ainda em silêncio, eu olhei para o lado e chamei o primeiro garçom que


apareceu em meu campo de visão.

— Você pode me emprestar uma caneta? Questionei quando ele se aproximou,


sempre com o sorriso cordial.

— Sim, senhor. — Ele retirou uma do bolso de seu avental, entregando-a para
mim. — Aqui está.

Eu sorri em agradecimento e esperei que ele se afastasse um pouco antes de


voltar a pegar o papel que Jimin deixou dobrado sobre a mesa. No verso,
então, eu escrevi minha própria lista.

Ele olhou curioso quando me viu escrever, mas não tentou bisbilhotar. Jimin
sempre fica mais comportado depois de uma repreensão, embora os efeitos
não sejam duradouros.

— O que você escreveu? — Ele perguntou, manso.

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— Esse é o meu item surpresa. — Anunciei, dobrando o papel e guardando-o
de volta na carteira. Depois, me inclinei para deixar um beijo em sua testa. —
Termine de comer.

Jimin concordou, apesar de sua curiosidade ser tão óbvia. Ele ainda deve
passar mais alguns vinte ou trinta minutos como um submisso perfeitamente
obediente antes de esquecer de sua última repreensão e voltar a agir como o
menino mimado que é.

Eu não estou reclamando, na verdade. Eu sou completamente apaixonado por


cada nuance no comportamento dele, até mesmo, talvez principalmente, pelos
traços mais rebeldes. Mas hoje, ao menos durante o tempo em que almoçamos
juntos — e eu chamo nossa refeição de almoço, mas a tarde já ia ao meio
quando saímos do restaurante-ele se comportou maravilhosamente bem.

— E agora? — Ele perguntou quando voltamos ao carro e eu comecei a dirigir


em direção ao próximo destino.

— Compras. — Respondi sem sequer precisar pensar, mas logo percebi seu
olhar assustado parar sobre mim e o tranquilizei antes de ouvir sua
desconfiança: — Não, anjo, não vamos comprar um carro.

— Ah... — Ele suspirou, até colocou a mão sobre o peito. — Vamos comprar o
que, então?

— Qualquer coisa que você queira. E toda e qualquer coisa que eu queira te
dar.

— Ai, meu deus... — Ele se encolheu no banco, parecendo arrependido de ter


colocado esse item na lista. Eu, por outro lado, estou completamente satisfeito
com ele. Depois que começou a trabalhar, Jimin se tornou mais orgulhoso e
não aceita mais que eu pague tantas coisas para ele. Até por parte de nossa
nova casa ele fez de pagar mesmo com seu salario, que não é muito, o que
nos obrigou a fazer o pagamento em parcelas menores.

Mas agora, eu finalmente tenho de volta a oportunidade de comprar qualquer


coisa que ache necessária para ele.

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Quando chegamos ao Doota Mall, deixamos o carro no estacionamento
subterrâneo e subimos pelo elevador até o térreo, eu descobri qual sua
primeira necessidade assim que meus olhos se atentaram a uma loja de
brinquedos

Brinquedos de crianças de verdade, eu quero dizer.

— Vamos ali. — Eu enlacei minha mão à sua, puxando-o comigo.

Assim que entramos na loja, eu parei e esperei Jimin superar sua confusão.
Quando isso aconteceu, ele olhou distraidamente ao redor e eu percebi sua
atenção se demorar um pouco mais sobre um coelho de pelúcia
particularmente grande.

— Você quer o coelho? — Pressupus, olhando para o bicho. — Quer trocar o


seu antigo por esse?

— Não! — Ele negou tão rápido e afobado como se me ouvisse sugerir


cometermos um crime. — Você ganhou o Cooky pra mim no parque, eu nunca
vou trocar por nenhum outro!

— Mas quer ter esse também? — Insisti, atento à forma como ele deslizou os
olhos de forma inocente e apertou os lábios de forma adorável.

— Ele é fofo...

— Tudo bem. — Eu voltei a puxá-lo, dessa vez em direção às pelúcias, e


peguei um dos coelhos grandes, colocando-o debaixo do braço. Vamos levar.
Quer mais alguma coisa?

— Hm... — Ele murmurou, pensativo, e seus olhos se arregalaram em pavor


quando ele puxou a etiqueta para ver o preço. Depois, ele a soltou rapidamente
como se estivesse pegando fogo. — Jungkook... Você viu o preço desse
negócio? — Ele perguntou, quase sussurrando.

— Não importa. — Respondi, sem me preocupar em checar o valor. — Vamos


ver se encontramos mais alguma coisa para comprar aqui.

— Não! — Ele negou outra vez, fincando os pés no chão.

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— Jimin... — Eu o chamei em tom de repreensão, e basta isso para que ele se
despeça da postura resistente.

— É que é muito dinheiro... — Ele resmungou preocupado, esfregando a ponta


do pé no chão, de forma manhosa.

— Você realmente não precisa se preocupar com isso, anjo.

Ele me olhou silenciosamente antes de ceder com um suspiro arrastado e


apontar para uma outra seção da loja, ainda um pouco retraído.

— Então a gente pode comprar um quebra-cabeça? — Pediu, mas logo se


explicou: — Pro seu sobrinho. Ele gosta, né?

Eu respondi com um aceno, um pouco surpreso porque não esperava por esse
pedido.

Park Jimin é mesmo um anjo.

— Escolha um para ele, então. — Cedi facilmente, usando meu braço livre para
puxá-lo para perto e deixar um beijo de adoração no topo da sua cabeça. Meu
menino merece mil coelhos de pelúcia e todas as coisas boas desse mundo.

Ele sorriu, finalmente mais confortável, e analisou cuidadosamente todas as


opções da loja, até escolher o quebra cabeça mais colorido de todos. Antes de
irmos ao caixa, eu ainda tomei o cuidado de comprar presentes para Yerin e
para Kyung também.

Yerin é capaz de tentar matar o próprio irmão se descobrir que eu comprei algo
para ele e nada para ela.

— Pra Yerin a gente devia ter comprado um manual pra aprender a deixar de
ser chata e grudenta — Jimin resmungou, implicante.

— Eu ainda vou deixar vocês dois de castigo juntos. — Eu provoquei,


oferecendo um sorriso de agradecimento à vendedora quando ela me entregou
as compras já embaladas, então voltei a falar para Jimin: — O castigo pode ser
obrigar vocês a se abraçarem.

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— Você é meu dom, mas não pode me obrigar a nada! — Ele lembrou,
ultrajado. — Me obrigue a dar um abraço naquela chata pra ver se eu não saio
gritando minha safeword feito um doido, vai, obrigue!

Eu ri de sua postura defensiva, acompanhando-o para fora da loja com as


mãos ocupadas pelas compras, mas Jimin continuou me segurando pelo
casaco para não se separar de mim.

— Vocês dois poderiam ser melhores amigos, anjo. São duas crianças
mimadas e bravas.

— Eu não pareço com ela, não! — Ele rapidamente se defendeu. — E nunca


fale algo sobre alguém ser meu melhor amigo além do Yukwon, tá? Meu único
melhor amigo além dele é você. Qualquer outra pessoa, ele mata.

Sua entonação foi brava, mas sua declaração foi tão adorável para mim que eu
quase joguei todas as compras no chão só para esmagá-lo num novo abraço,
mas arranjei forças para seguir em frente sem nos constranger diante de todas
as outras pessoas.

Caminhando ao seu lado e sempre sentindo-o seus dedinhos amassando meu


sobretudo, nós vagamos sem rumo certo até que ele diminuiu os passos
gradualmente, parando logo em seguida. Quando segui seu olhar, eu o percebi
encarando uma livraria, e ele voltou a olhar para mim pouco tempo depois:

— A gente pode comprar meus livros? — Ele perguntou, sem muito jeito. —
Pra estudar pro vestibular...

Eu sorri cheio de alegria por vê-lo cedendo um pouco, mas também por
percebê-lo ainda determinado a ir atrás do que descobriu querer para sua vida.

— Claro que podemos, anjo.

Jimin sorriu ainda um pouco tímido, sem estar completamente confortável com
isso tudo, mas me acompanhou sem pestanejar.

Ali, nós compramos alguns livros, cadernos e tudo de que ele vai precisar para
estudar. Depois, com ainda mais compras nas mãos, acompanhei Jimin em
nossa busca pela próxima aquisição do dia.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— A gente pode comprar um sorvete agora? — Ele pediu, me acompanhando
com suas passadas atrapalhadas.

— Sorvete, anjo? — O olhei, sem ter certeza sobre essa ser a melhor ideia. -
Ainda está muito frio, você não prefere um chocolate quente?

— Eu queria sorvete... — Ele se lamentou, com os ombros encolhidos e o rosto


apontando para baixo.

Honestamente, eu não consigo resistir.

— Vamos comprar sorvete agora, então.

Jimin levantou o rosto, exibindo para mim o sorriso que me faz querer mimá-lo
tanto.

Alegre, ele então me puxou pelo braço, quase saltitando em direção ao


primeiro quiosque de sorvetes que apareceu em nossa frente, e nós sequer
enfrentamos fila antes que ele fizesse seu pedido com calda extra de
chocolate.

— Tá muito gostoso... — Jimin comemorou, depois de prová-lo.

Eu poderia responder algo, mas minha mente se distraiu muito antes que eu
pensasse numa resposta quando meus olhos encontraram dois rostos
conhecidos logo adiante.

Taehyung e Seokjin, juntos.

Jimin deve ter percebido minha reação imediata, já que logo olhou na mesma
direção que eu e pareceu falhar em conter um palavrão baixo assim que os
outros dois também pareceram nos perceber.

Eu sei que Jimin não gosta de Taehyung já que por um tempo, anos atrás, eu
estive num relacionamento com ele. Apesar de não achar necessário, eu não
posso dizer que não o entendo. Até hoje eu não me sinto completamente
confortável com toda sua proximidade com aquele seu amigo, Jeonghan, pelo
que aconteceu entre os dois. Mas, no fundo, sei que é um incômodo irracional

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e injustificável, e eu espero que Jimin perceba isso em relação a Taehyung,
também.

Eu realmente não vou saber lidar com outro ataque de almofadas ou com
qualquer cena semelhante à de meses atrás.

— Ai, eles estão vindo falar com a gente... — Meu menino se encolheu,
parecendo querer se esconder do mundo.

Jimin absolutamente adora Seokjin, então é óbvio que quem o deixa


desconfortável é Taehyung

— Ei, casal — Seokjin nos cumprimentou quando chegou perto o suficiente, e


até ele parece um pouco deslocado. — Não esperava encontrar vocês aqui.

— Também não esperava encontrar vocês dois — Juntos, completei


mentalmente, sem verbalizar.

Isso não é algo que me incomode, só me causa algum estranhamento. Seokjin


e Taehyung se davam bem antes, mas nunca foram realmente próximos, então
isso me deixa um pouco confuso.

— Ah, — Seokjin pareceu ter um estalo, e se apressou em se explicar como se


realmente houvesse necessidade: — Taehyung voltou definitivamente para
Seul e estava sem companhia para fazer compras, então...

— Jin hyung foi a única pessoa em quem pensei. — Foi Taehyung quem
completou, também desconfortável. — Eu não quis criar nenhuma situação
incômoda, eu só... realmente não tinha mais ninguém.

— Seokjin é uma boa companhia. — Eu sorri tranquilo para tentar acalmá-los,


porque todos parecem tensos demais.

Meu amigo sorriu logo depois de suavizar sua expressão, e ele respirou fundo
antes de olhar para Jimin.

— E você, bebê? — Ele disse, tentando soar mais descontraído. — Está sendo
muito mimado pelo seu dom, pelo visto.

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Jimin assentiu timidamente, ainda encolhido perto de mim. Depois, ficamos
todos em silêncio por algum tempo e até mesmo eu me senti sufocado pela
atmosfera estranha.

— Hm, eu... — Inesperadamente, foi Taehyung quem tomou a iniciativa de falar


algo. — Eu acho que nunca me desculpei pela confusão que causei da última
vez, então me desculpem. — Ele pediu, curvando o corpo logo depois.

Jimin pareceu relutar um pouco e, ainda agarrado ao meu braço, abaixou um


pouco o olhar

— Desculpa por ter te atacado com uma almofada...

— Obrigado por ter atacado com a almofada. Se fosse com outra coisa, o
estrago seria pior — Taehyung riu constrangido. — Desculpa também por ter te
chamado de bratzinho...

— Tudo bem, até Jungkook diz que eu sou um. — Jimin tomou coragem para
olhá-lo. — E me desculpa por ter dito que eu sou um submisso melhor que
você... foi bobo da minha parte...

Eu e Seokjin nos entreolhamos, não sei quem mais surpreso pela inesperada
sessão de lamúrias.

— Eu que preciso me desculpar por... — Taehyung logo voltou a dizer, mas


Seokjin o interrompeu ao passar o braço ao redor do ombro de meu ex-
namorado, sorrindo abertamente.

— Os dois estão arrependidos. — Meu amigo disse. — Vamos parar com isso,
ok? Ninguém precisa se sentir culpado a partir de agora. — Seu olhar vagou de
Jimin para Taehyung. — Certo?

— Tá bom... — Meu menino respondeu, envergonhado.

Taehyung, por outro lado, continuou calado e nós descobrimos o motivo


quando olhamos para ele e o vimos com o rosto completamente vermelho, os
olhos assustados e os lábios entreabertos. Confesso que eu não percebi
imediatamente o porquê de sua reação, mas Seokjin parece ter sido muito mais

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rápido que eu e sua própria expressão empalideceu quando ele afastou o
braço que envolvia o ombro de Taehyung em velocidade quase recorde.

— Me desculpa, me desculpa! — Meu amigo pediu, dessa vez sendo ele a ficar
com o rosto avermelhado.

— Por que você tá se desculpando? — Foi Jimin quem perguntou, confuso


como nunca. — Você nem fez nada demais...

Só então Seokjin e Taehyung pareceram perceber como suas reações foram


exageradas, e isso só os deixou ainda mais constrangidos, mais vermelhos e
mais gagos.

— É que... eu e ele não somos tão próximos assim e... — Ambos tentaram se
explicar de uma vez, o que transformou tudo numa bagunça ainda mais
incompreensível.

Jimin expressou toda sua confusão através de seus olhos comprimidos, mas
eu apenas analisei tudo por mais um instante antes de falhar em conter um
sorriso, percebendo algo que nenhum dos três parece ter notado apesar de ser
tão óbvio

A tensão entre Taehyung e Seokjin é enorme.

— Anjo, — Eu o chamei, lutando intensamente contra meu sorriso. — é melhor


nós irmos agora.

Jimin me olhou surpreso por minha mudança brusca no tópico de conversa,


mas acabou por concordar facilmente.

— Nos vemos depois, então — Anunciei para os outros dois, que ainda
parecem nervosos de alguma forma. — Aproveitem o dia juntos.

Eles acenaram em despedida, um tanto desastrados, e Jimin ainda ficou


parado no lugar quando comecei a me afastar. Menos de dois segundos
depois, entretanto, ele pareceu despertar e se adiantou em minha direção com
passos apressados e desastrados.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Por que o Seokjin tava esquisito daquele jeito? — Foi a primeira coisa que
ele perguntou ao me alcançar, com sorvete escorrendo pela casquinha e quase
chegando à sua mão.

— Vamos esperar mais um pouco e eu confirmo, anjo. — Avisei, sem querer


fazer alarde em cima das possibilidades. Logo, mudei de assunto: — Dê
atenção ao seu sorvete. Está quase sujando sua mãozinha.

Jimin viu a sujeira que estava fazendo e se atrapalhou todo, até esquecendo de
sua curiosidade anterior. Assim, caminhamos em silêncio por mais algum
tempo e, depois de não encontrarmos mais nada para comprar, voltamos para
o carro, onde deixei todas as compras no bagageiro.

Ou quase todas, já que Jimin insistiu em levar o coelho de pelúcia no colo.

Eu então caminhei até a porta do banco do passageiro e abri para ele,


recebendo um sorriso em agradecimento enquanto ele abraça o coelho contra
o corpo.

— Obrigado.— Ele disse, sentando em seu banco ainda com as pernas para
fora. — Príncipe.

Eu sorri para ele antes de me agachar em sua frente, entre suas pernas, sem
me importar com meu sobretudo arrastando no chão.

— Gostou dos seus presentes? — Questionei, vendo-o com o queixo apoiado


na cabeça da pelúcia.

— Gostei muito! Mas posso pedir mais uma coisa?- Ele perguntou, já ciente da
minha resposta. Então seguiu em frente sem esperar: — Eu me comportei
direitinho... Já posso ganhar um beijo do meu Jungkook, agora?

Como dizer não a ele? De verdade, como é possível negar qualquer coisa a
Park Jimin?

Sem respondê-lo, então, eu o puxei cuidadosamente pelos braços para


aproximar seu rosto do meu, então beijei sua bochecha delicadamente, ainda
sentindo o coelho entre nós dois. Desconcentrado por isso, eu abaixei meus
olhos até o bicho antes de tirá-lo do colo de Jimin e jogá-lo para o banco do
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
motorista. Depois, segurei os braços do meu menino e os guiei para que ele
me abrace pelos ombros e, devolvendo minhas mãos à sua cintura, finalmente
uni minha boca à sua num beijo suave.

Os dedos de Jimin acariciaram os cabelos em minha nuca e ele descansou sua


testa na minha quando separamos nossos lábios.

— Só mais um pouquinho... — Ele pediu, então, voltando a me beijar. Dessa


vez, no entanto, ele não se contentou com um simples e inocente selar, e eu
senti seus lábios cheios e volumosos envolvendo o meu inferior antes de
chupá-lo.

Levado por seu pedido implícito, eu empurrei minha língua para fora, roçando-a
contra os lábios de Jimin até que ele os entreabriu e deixou sua própria língua
encontrar a minha. O gosto de baunilha e chocolate do seu sorvete ainda está
impregnado em sua boca, e essa deve ser a única maneira em que gosto de
sentir sabores doces.

— Tem mais um presente que quero te dar antes de voltarmos para casa — Eu
interrompi nosso beijo para dizer, cuidadosamente.

— O que? — Questionou aéreo, apenas um instante antes de voltar a me


beijar. Eu aceitei seu beijo, mas não mantive meus lábios presos somente aos
seus.

Depois de domar sua boca, assumindo completamente o ritmo do nosso beijo,


eu deslizei meus lábios por sua bochecha até alcançar seu pescoço, onde
deixei um selar suave enquanto minhas mãos deslizam até os prendedores de
seu macacão. Só então anunciei qual o seu novo presente:

— Eu vou te chupar, aqui, no meio do estacionamento.

Eu sequer preciso olhar para seu rosto para visualizar sua expressão surpresa.
A imagem se forma perfeitamente bem em minha mente sem que eu precise
afastar minha boca de seu pescoço, voltando a beijá-lo enquanto solto as alças
jeans de sua roupa. Solta, a parte frontal caiu e eu soltei também os botões na
altura de sua cintura, deixando a peça ainda mais frouxa em seu corpo.

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— Você quer, anjo?

— Quero... quero muito, por favor.

Eu sorri contra a pele de seu pescoço e massageei lentamente seu pênis sobre
o jeans antes de começar a descer meus beijos. Ele suspirou sem força e
apertou meus cabelos quando minha boca chegou até seu mamilo e eu o beijei
por cima de sua blusa de mangas longas, sentindo o contorno de seu piercing
através do tecido antes de mordiscá-lo e deixar outra trilha de beijos suaves
por toda sua barriga, até chegar no ponto abaixo de seu umbigo.

Aqui eu sei que ele é especialmente sensível, então fiz questão de usar minha
mão livre para repuxar o casaco para cima, permitindo o contato direto entre
meus lábios, dentes e língua contra sua barriga macia, e a mordi sem muito
cuidado antes de beijar e chupar a pele gostosa.

Seus dedos pressionaram ainda mais meu couro cabeludo, revelando o quanto
ele se afeta com os toques nessa região, mas eu não me demorei nas
provocações. Jimin está necessitado há tempo demais, e eu vou dar o que meu
anjo precisa.

Por isso, eu puxei seu macacão mais para baixo, revelando sua boxer já
marcando o volume de sua ereção, com uma mancha mais escura
denunciando seu pré-gozo.

Vê-lo tão pronto com tão pouco fez meu próprio membro fisgar dentro de minha
calça, mas agora ele é o único que merece atenção. Por isso, eu aproximei
meu rosto, deixei um beijo e logo em seguida deslizei minha língua por todo o
comprimento de seu pênis debaixo da roupa íntima, para só depois segurá-la
pelo elástico e puxá-la para baixo.

Sua glande brilha suavemente com o pré-gozo sob a luz artificial do


estacionamento, as veias estão inchadas e suas mãos se enterram em minha
cabeça com desespero, como se essa fosse a primeira vez que estou prestes a
chupá-lo.

Encerrando a expectativa, eu segurei seu pênis pela base e lambi a cabeça


lambuzada com o líquido viscoso. Minha língua explorou cada canto de sua
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glande inchada, absorvendo e redescobrindo o gosto do meu Jimin antes de
colocá-lo para dentro. Quando o fiz, eu levantei meus olhos na direção dos
seus e vi seu rosto com as maçãs avermelhadas, os olhos embargados e os
lábios entreabertos. Só então succionei lentamente, apreciando cada mudança
sutil em sua expressão tão bonita quanto uma obra de arte.

Eu absoluta e intensamente amo chupar Jimin.

Amo sua reações e seus suspiros arrastados a cada vez que o levo mais fundo
em minha boca, a cada vez que pressiono minha língua nos pontos certos
antes de chupá-lo deliciosamente, sem tirar meus olhos dos seus sequer por
um instante.

— Jungkook... — Ele gemeu manhoso quando comecei a masturbá-lo para dar


descanso à minha boca, sentindo minha palma deslizar pela saliva misturada
ao pré-gozo em todo seu membro. — Eu não vou demorar...

Eu sorri, já prevendo algo como isso. Jimin sempre goza mais rápido depois de
muito tempo sem sexo.

— Você quer gozar na minha boca, anjo? Ofereci, ainda masturbando-o.

— Sim, por favor... — E se adiantou, já sabendo que eu gosto de ouvir seus


pedidos: — Deixa eu gozar na sua boca, senhor...

Eu sinto meu pênis sufocado dentro da minha calça, implorando para receber
um pouco de atenção. Entretanto, minha atenção pertence inteiramente a
Jimin.

Por isso, eu sorri, e disse o que sei que ele ama ouvir:

— Bom menino, Jimin,

Ele gemeu manhoso como não gemeu enquanto era chupado, e isso só prova
o quanto ele ama ser elogiado.

Para recompensá-lo por seu bom comportamento e seus pedidos feitos do jeito
certo e na hora certa, eu voltei a levá-lo à boca e o vi cobrir a sua com ambas
as mãos para conter outro gemido surpreso e assustado assim que, puramente

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
para provocá-lo, eu apenas raspei meus dentes contra a pele sensível de seu
pênis. Depois, eu o chupei como merece ser chupado. Com devoção.

— Meu deus... Jungkook... — Ele suspirou, e eu percebo sua respiração


completamente desastrada assim que ouço o som de pessoas se aproximando
pelo estacionamento.

Ele arregalou os olhos, mas eu voltei a usar meus dentes sem tanto cuidado da
primeira vez, o que forçou Jimin a gemer alto, dessa vez.

Sua expressão se tornou ainda mais assustada, mas eu consigo ver


perfeitamente sua expectativa, o tesão escapando por cada poro seu.

Ele sabe que não deve, mas adoraria ser visto agora.

E por mais que eu também tenha o desejo quase irrefreável de deixar sermos
pegos, eu volto a chupá-lo intensamente para que ele goze o mais rápido
possível, o que acontece instantes depois e eu sinto sua porra encher minha
boca enquanto ele deixa gemidos baixos e manhosos se arrastarem para fora
assim como seu gozo quente.

O grupo de pessoas de antes passou pelo carro no exato instante em que eu


abandonei o membro de Jimin e puxei sua cueca e parte de seu macacão para
cobri-lo. Elas parecem ter notado a movimentação estranha, porque logo a
conversa animada que eles tinham antes, morreu, e alguns deles riram
enquanto outros adiantaram os passos, nervosos.

Dessa vez, Jimin cobriu o rosto inteiro com suas mãos antes de começar a rir,
e eu ergui meu corpo para deixar um beijo suave em sua boca. Ele voltou a
abraçar meus ombros e me devolveu um beijo na ponta do nariz.

— Esse foi o melhor presente de hoje. — Anunciou orgulhosamente. —


Obrigado!

Eu sorri e também deixei um beijo na pontinha do seu nariz lindo, o mais lindo
desse mundo, e voltei a prender as alças de sua roupa antes de fazê-lo sentar
com as pernas para dentro e prender seu cinto de segurança.

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Depois, eu mesmo fui para meu banco e me sentei quando Jimin pegou o
coelho de pelúcia e o colocou de volta no colo, outra vez apoiando o queixo
sobre a cabeça do bicho enquanto sorri bobo, às vezes até fechando os olhos
propositalmente.

Durante todo o caminho, ele continuou assim. O sorriso enorme, os suspiros


satisfeitos e os movimentos lentos de um lado para o outro, como um pêndulo
feliz.

— Jungkook — Ele me chamou quando entramos em casa e eu me abaixei


outra vez, agora para tirar os all stars de seus pés. Suas mãos pousaram em
meus ombros, para ele não perder o equilíbrio quando levantei uma de suas
pernas para tirar o primeiro tênis. — Lembra que eu falei de um item surpresa
da minha lista?

— Lembro, anjo. — Respondi, começando a tirar o outro sapato colorido.

— Então... eu quero revelar agora.

— Tudo bem. — Eu disse, me pondo de pé em sua frente outra vez, e o


segurei pela cintura. — O que é?

Eu vi seus dentes repuxarem seu lábio num gesto ansioso antes que ele deixe
uma risada baixa escapar.

— Eu prefiro mostrar. — Ele explicou com a entonação nervosa. — Você pode


esperar aqui na sala?

A principio, eu o analisei em silêncio, sem imaginar o que está se passando por


sua mente travessa. Mesmo assim, eu fiz um gesto positivo e logo vi seu
sorriso satisfeito antes que ele pegasse a nova pelúcia e corresse até o quarto.

O resto das compras ficou ao lado da porta, aguardando o momento em que


serão arrumadas em seus respectivos lugares, e eu caminhei até o sofá, onde
voltei a pegar a lista de Jimin e ver meu próprio item.

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Uma vez é suficiente?

Eu sinto que ainda posso fazê-lo gozar umas tantas outras vezes hoje, para me
redimir.

Ocupado enquanto reflito sobre isso, eu mal percebi quanto tempo demorou
Jimin demorou no quarto. Entretanto, quando ele reapareceu, meu coração
quase parou.

— Essa é minha surpresa, Jungkook... — Ele disse, parado de pé no início da


sala, com as mãos cruzadas ansiosamente na frente do seu corpo.

Ainda pego completamente desprevenido, eu deixei meus olhos vagarem por


cada pedaço seu, captando cada novo elemento. As orelhas de gato, pretas,
apontando para cima em sua cabeça; o rabo felpudo de mesma cor caído por
trás de suas pernas, preso entre suas nádegas cobertas por uma camisa
minha; a coleira social substituída por sua coleira colorida, com rebites azuis
espalhados simetricamente pelo couro cor-de-rosa; e o olhar inexperiente e
ansioso de quem faz isso pela primeira vez.

— Senhor... — Ele me chamou, com a inocência em seu tom de voz fazendo


uma bomba de tesão explodir em mim. Eu posso ser seu gatinho agora?

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Meu coração continua completamente desritmado pela visão logo diante de
mim, e eu levo poucos segundos para dizer:

— Engatinhe até mim.

Jimin apertou os lábios cheios, tentando esconder um sorriso satisfeito antes


de se ajoelhar sobre o chão. Depois, ele apoiou suas mãos sobre o piso frio e
veio em minha direção com seu rabo balançando a cada movimento de seus
quadris e o sino em sua coleira soando discretamente a cada nova passada
felina.

Eu juro que parece levar uma eternidade até que ele pare diante de mim e
sente como um gato, à espera da minha próxima ordem.

Me leva muito esforço conseguir recuperar minha voz, mas enfim eu reorganizo
minha mente ao menos em suficiente para relembrar as regras.

— A partir de agora, você não fala nada a não ser que precise dizer sua
safeword. — Anunciei como sempre faço, embora espere que nunca chegue o
dia em que precise ouvi-la. — Lembra qual é?

— Coelho.

— Sem falar, Jimin. — O repreendi e ele apertou os ombros num pedido de


desculpas envergonhado. — Você também não pode usar seus polegares, não
importa o que esteja fazendo

Ele piscou lentamente no que vejo como uma confirmação ao meu aviso.

Dentro de minha calça, meu membro voltou a latejar; o desejo se infiltrando por
minhas veias e se espalhando por todo o corpo enquanto vejo meu submisso
no papel de um animal obediente, com a responsabilidade por suas
necessidades completamente em minhas mãos.

Levado pelo instinto que sua nova posição desperta em mim, eu levei uma mão
até sua cabeça e o acariciei suavemente. Com a outra, eu desabotoei minha
calça e desci o zíper.

— Vem aqui, anjo. Seja um bom gatinho e lamba seu dono,

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Jimin voltou a ficar de quatro no chão, a bunda elevada no ar sendo
parcialmente exposta quando a blusa escorregou por seu tronco, e a cabeça
pairando entre minhas pernas abertas, convidando-o.

Com o juízo fritando, ainda sequer sentindo-o me tocar, eu deslizei minha mão
para dentro de minha própria roupa intima e puxei meu falo duro para fora, e
quase gemi ao ver Jimin umedecer os próprios lábios em deleite, com os olhos
atentos ao meu membro. Sem precisar ouvir outra ordem, ele se aproximou
ainda mais e seus lábios envolveram precariamente a ponta de minha glande
quando ele deixou um beijo ali antes de usar o nariz para empurrar minha
ereção para cima logo antes de deslizar a língua da base até o topo.

Ele repetiu o mesmo movimento outras vezes, lambendo toda a extensão sem
usar os lábios ou as mãos enquanto assume perfeitamente o papel de um
animal.

Eu sinto seu lábio inferior cobrindo o rastro de saliva deixado por sua língua a
cada nova lambida e mal me contenho quando, levado pelo desejo de mais,
segurei seu rosto e ordenei:

— Suba no sofá.

Jimin prontamente acatou minha ordem. Apoiou primeiro as mãos no estofado,


depois um joelho de cada vez até ficar de quatro ao meu lado, seu corpo
posicionado perpendicularmente ao meu apoiado no encosto.

— Vai. Continua.

Outra vez, ele obedeceu sem pestanejar. Dobrou os braços sobre o sofá para
poder abaixar o rosto o suficiente, o que fez seu quadril ficar ainda mais
empinado no ar e a blusa em seu corpo escorregar completamente, revelando
de uma vez que ele não está vestindo nada além dela e evidenciando a região
adiposa ao redor de todo seu quadril.

Quando sua língua voltou a acariciar minha ereção, eu estiquei minha mão,
deslizando-o por suas costas até chegar aos seus quadris, onde enterrei meus
dedos, apertando-o sem cuidado algum. Jimin suspirou baixinho contra meu
membro sem parar de lambê-lo devotamente, e sentir a textura de sua língua
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
contra meu falo enquanto minha mão se enterra em seu corpo, sentindo a
textura macia se moldar ao meu toque, me faz gemer baixo, completamente
entregue às sensações que cada parte de Jimin me proporciona.

Desejando agradá-lo também, eu desci minha mão de seus quadris pela lateral
até alcançar seu membro, que já parece tão duro quanto o meu, e o estimulei
da melhor forma que nossas posições permitem. Ele então moveu seu quadril
para a frente e para trás, esfregando-se contra minha palma enquanto os sons
de nossos suspiros arrastados se misturam ao barulho discreto do sino em sua
coleira remexendo a cada movimento seu.

À medida que eu continuei masturbando-o, seus movimentos se tornaram mais


intensos e desesperados, revelando seu desejo de gozar mais uma vez. Em
nenhum momento, entretanto, ele parou de estimular meu próprio pênis com
sua boca.

Por ser um bom menino assim, ele merece ter o segundo orgasmo do dia.

Então eu o segurei pela nuca e o puxei sem muito cuidado, posicionando-o


ainda de quatro sobre meu colo, com suas mãos de um lado e seus joelhos do
outro, então eu posso ter muito mais liberdade para estimulá-lo, envolvendo
meus dedos ao redor de seu membro enquanto movo minha mão para cima e
para baixo repetidamente, vez ou outra dando mais atenção à sua glande e
vendo-o tremer sobre o sofá a cada vez que o faço.

Diferente da primeira vez, Jimin demorou um pouco mais para gozar, sujando
toda minha mão enquanto ele enterra a lateral de sua cabeça no estofado,
gemendo baixinho e ainda movendo seu quadril em reflexo.

Eu sorri ao vê-lo tão entregue, mas ainda não acabou.

Agora, eu também preciso me dar alguma atenção e apesar de me perder


completamente a cada lambida que Jimin deixou em meu membro, eu sei que
nunca vou chegar ao ponto de gozar somente com isso. Assim, eu dei um tapa
leve em sua bunda gostosa:

— Saia.

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Meu gatinho arrastou as pernas até deixar seu corpo parcialmente deitado ao
lado do meu, talvez acreditando que sua parte, Entretanto, eu só precisava de
mais liberdade para me mover e me posicionei no outro extremo do sofá,
deitado, com a cabeça recostada no braço estofado.

Jimin me olhou dali do outro canto, ainda ofegando, mas logo seus olhos se
atentaram ao movimento do meu indicador chamando-o para perto outra vez.

Sem relutar, ele voltou a se apoiar sobre as mãos e joelhos trêmulos,


engatinhando de volta para mim. Dessa vez, eu o guiei até deixá-lo de quatro
com os joelhos apoiados um de cada lado do meu quadril e suas mãos ao lado
da minha cabeça, no braço do sofá.

Não era essa minha ideia ao comprar um sofá grande, mas essa decisão cai
bem agora.

— Seu dono também precisa gozar, Jimin — Eu avisei, levando minhas mãos
até as laterais de seu quadril, puxando-o para baixo de encontro ao meu
próprio, até seu pênis, já não tão rígido, encontrar o meu ainda completamente
duro.

Eu sequer me livrei das roupas, nem mesmo o sobretudo tirei, mas não será
necessário.

E Jimin, esperto como é, entendeu minha ordem rapidamente e logo começou


a se esfregar em mim, derrapando seu membro contra o meu enquanto move
seu quadril para a frente e para trás.

Ele parece um pouco cansado, as bochechas estão vermelhas como maçãs e


os cabelos completamente bagunçados, mas ainda assim ele parece também
determinado a ir até o final.

Com seu peitoral pairando sobre minha cabeça, eu me estiquei um pouco mais
para capturar seu mamilo, sentindo a textura metálica do piercing se misturar à
textura macia de seu corpo. Ao mesmo tempo eu levei minhas duas mãos até
sua bunda e as apertei com vontade, investindo meu quadril junto com o seu
para aumentar a fricção.

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Caralho, ele faz isso ser ainda mais gostoso que uma foda inteira.

— Mais forte, gatinho — Eu ordenei, enterrando minhas unhas em suas


nádegas.

Jimin gemeu baixo e um sorriso completamente mal intencionado surgiu no


canto dos meus lábios quando ele investiu com mais força, assim como foi
ordenado, e eu percebi que ele está ficando duro. De novo.

Ele aguenta uma terceira vez?

Determinado a conseguir uma resposta positiva para isso, eu repuxei minhas


pernas, dobrando-as no meio das suas para me dar mais impulso, e então
investi com mais força, repetidamente, enquanto continuo segurando sua
bunda com firmeza.

Nossas ereções derrapam uma contra a outra de forma completamente


desastrada. Por vezes as glandes se tocam, as vezes escapam e acabam
roçando entre nossas barrigas.

Não importa. É delicioso, completamente surreal, e meu gemido se torna mais


potente quando Jimin gemeu alto, manhoso como um gato, e ondulou seu
corpo sobre o meu com ainda mais afinco.

Eu me sinto fervendo por dentro, completamente. Meu limite definitivamente


não está longe, o de Jimin também parece se aproximar cada vez mais.
Entretanto, em meio a mais um de seus gemidos que quase se assemelham a
miados, algo aconteceu.

A campainha de casa tocou.

Ele me olhou assustado, porque não estamos esperando visita.

— Jun

— Shh. — Eu o calei, lançando apenas uma olhadela para a porta antes de


voltar a olhar para Jimin e voltar a empurrar meu quadril contra o seu. —
Gatinhos não falam, meu bem.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ele continuou com os olhos bem abertos, mas sua expressão assustada
vacilou a cada nova fricção entre nossos membros. Quando a campainha tocou
outra vez, Jimin olhou para a porta, mas fechou os olhos e resfolegou baixo,
sem forças para se preocupar novamente.

A cada segundo que nos aproximávamos do orgasmo, nossos movimentos se


tornavam mais fortes, rápidos e desesperados, assim como as batidas que
foram dadas violentamente na porta.

Eu poderia sentir raiva de quem quer que esteja nos atrapalhando, mas tudo
que eu sinto é meu corpo ser tomado completamente, como se fogo
percorresse minhas veias, e um espasmo conhecido contraiu meu ventre.
Menos de um segundo depois, eu gozei.

Novas batidas na porta, ainda mais fortes.

Eu vou matar quem está do outro lado.

— Vai, Jimin... — Eu o incentivei, usando minhas mãos para ajudá-lo a


continuar a se mover, já que ele parece ter perdido toda a energia. — Goza de
novo pro seu dono.

Jimin não é adestrado a ponto de gozar apenas porque eu mandei, mas minha
ordem coincidiu com o exato momento em que seu corpo desabou sobre o meu
e ele gemeu forte, me apertando com força enquanto goza pela terceira vez.

Eu deslizei minhas mãos por suas costas, abraçando-o com força enquanto ele
continua estremecendo mesmo depois de gozar.

— Muito bem, gatinho. — Eu o elogiei, deixando um beijo em seu ombro.

Ele se remexeu até se aninhar contra meu peito, sem precisar falar para que eu
saiba que está pedindo carinho.

Entretanto, assim que levei minha mão à sua cabeça, o filho da puta que está
do lado de fora pareceu chutar a porta, de tão violento que foi o som.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você vai quebrar a porta deles, seu ogro! — Alguém resmungou
furiosamente, e então toda a impaciência de nossos novos visitantes fez
sentido para mim.

Eu reconheço a voz de quem falou, e só pode haver uma pessoa


acompanhando-o.

Quem está ali fora é Yuta... e Yukwon.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
41 • Lupus In Fabula
Dedicado a whyparkjimin

Eu arregalei meus olhos imediatamente.

Aquela voz é de Yuta? Então... quem está com ele é Yukwon?

Uma olhada rápida para Jungkook e eu percebo que ele chegou à mesma
conclusão que eu. Meus amigos estão ali na porta no que parece uma visita
surpresa e, apesar de metade de mim estar explodindo de excitação

— uma excitação completamente não sexual, obviamente a outra parte entra


em pânico.

Meus amigos vieram me ver e eu estou literalmente vestido como um gato.

Meus amigos chegaram e tem gozo no sofá, na minha roupa e na minha


barriga. Tem gozo em Jungkook também. Parece um apocalipse de gozo.

Como qualquer pessoa levemente desestabilizada diante de uma situação de


pavor, eu fiz o que pareceu fazer mais sentido: comecei a rir feito um
desgraçado.

Eu me escangalhei de rir de desespero, ainda todo desmontado em cima de


Jungkook porque não tenho forças para me erguer depois de gozar três vezes.

— Jungkook... — Eu o chamei com os olhos arregalados e a mão abafando


meu riso descontrolado, com meu queixo apoiado em seu peito. E agora?

Eu gostaria de ser um gatinho manhoso por mais tempo, mas parece que a
sessão de hoje chegou ao fim, então não me impeço de voltar a falar

Jungkook virou o rosto brevemente na direção da porta, depois voltou a olhar


para mim também com o sorriso preso nos lábios.

— Porra... — Ele gemeu, deixando a cabeça cair no braço do sofá.

— Não xinga... — Pedi, agora usando minhas mãos para cobrir sua boca, não
mais a minha. — Vai me deixar duro de novo...
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook gargalhou. De verdade mesmo, tão alto que, se Yuta e Yukwon
achavam que a casa estava vazia, tiveram a certeza contrária nesse mesmo
instante.

— Eu tô ouvindo vocês, seus paus no cu! — Meu melhor amigo gritou lá do


lado de fora enquanto volta a esmurrar a porta. — Vem logo abrir esse caralho!

Eu voltei a rir, sentindo a mão de Jungkook em minha cabeça quando a


escondi contra seu peito, ainda sem forças.

— Vamos logo antes que ele quebre nossa porta — Ele anunciou, e parece
bastante consciente sobre minha disposição tão firme quanto pudim, porque
ele me manteve em seu colo quando ficou de pé e eu envolvi sua cintura com
minhas pernas e seus ombros com meus braços para me sustentar.

Quando passamos pela porta, Jungkook me equilibrou com um único braço


para usar a outra mão para alcançar a maçaneta, então olhou para mim, acho
que tentando confirmar se não tenho problemas em deixar meus amigos me
verem com os acessórios de gatinho.

Bom... que mal faz?

Eu tenho um coelho gigante de pelúcia para dar uma surra neles caso eles
façam piada.

— Pode abrir, Jun... — Eu disse para que ele tenha certeza.

Sem demora, ele girou a chave na maçaneta e depois abriu a porta, revelando
Yukwon e Yuta em nossa varanda. Yuta exibiu um sorriso do tamanho do
mundo enquanto Yukwon parece quase prestes a cometer um assassinato.
Depois de me olharem e perceberem meus acessórios, entretanto, suas
expressões se tornaram equivalentes.

— Que merda é essa? — Meu melhor amigo questionou. — Por que você tá
fazendo cosplay de gato, caralho?

— Sejam bem-vindos. — Jungkook não se deu ao trabalho de me deixar


esclarecer. — Mesmo que não tenham sido convidados.

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Eu tentei segurar uma risada, mas falhei e um som um pouco arranhado
escorregou por minha garganta.

— Tá rindo de que, enrustido esquisito da porra?

Eu tentei esticar meus braços para dar um tapa nele, mas Jungkook me
segurou com mais firmeza em seu colo, impedindo meu ataque furioso.

— Já vai ficar de favor na casa dos outros e ainda acha que pode falar assim?
Animal.

— Yuta deu um tapa na nuca do namorado, mas sorriu quando voltou a olhar
para mim mesmo que obviamente estranhe me ver fantasiado de gato en
quanto sou carregado no colo como um bebê. — Desculpe, a gente veio sem
avisar...

— Não precisam se desculpar. — Jungkook riu, deixando claro que seu


comentário anterior foi puramente provocação, então empurrou a porta para
que terminasse de se abrir. — Podem entrar. Eu vou trocar a roupa de Jimin.

— E ele não tem mão pra se trocar sozinho, não? — Meu melhor amigo
resmungou, puxando a mala para dentro de casa sem mais cerimônias.

Se Yukwon soubesse que é Jungkook quem escolhe minhas roupas e me


veste toda manhã quando me preparo para ir trabalhar, sua mente explodiria.

— Eu, hein, vocês da capital são estranhos... — Ele continuou resmungando,


mas sua atenção recaiu no restante da casa, analisando-a criteriosamente.

Eu não me senti ofendido, Jungkook muito menos.

Depois que Yuta entrou, ele fechou a porta e deu uma balançadinha no meu
corpo para me equilibrar melhor.

— Fiquem à vontade. Nós já voltamos. — Jungkook anunciou.

Quando Yuta se aproximou mais da sala de estar, ele o advertiu sem papas na
língua:

— Tem gozo no sofá. Cuidado.

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Eu vi Yuta arregalar os olhos, um pouco surpreso. Yukwon, por outro lado, riu
alto, bem alto mesmo, escandaloso do jeito que é.

— Pelo menos vocês sabem se divertir — Meu melhor amigo constatou sem
poupar a voz, mas eu e Jungkook já estávamos entrando no nosso quarto
quando ele o fez.

Depois que ele fechou a porta, eu fui colocado sobre a cama e recebi um
beijinho na ponta do nariz.

— Parece que esse fim de semana não é mais só nosso. - Jungkook constatou,
tirando minhas orelhinhas de gato.

— Eu não sabia que eles vinham... — Murmurei, mas no fundo estou muito feliz
com a visita inesperada. — Você ficou bravo?

— Claro que não. Ele respondeu, agora tirando minha coleira colorida. — Eu
sei que você ficou feliz, então eu estou feliz também.

Eu entenderia caso ele ficasse chateado, porque essa foi a primeira vez em
muito tempo que tínhamos decidido tirar uns dias só para nós dois. Entretanto,
me acalma relembrar o quanto Jungkook é compreensivo.

— Nós podemos ficar juntos no próximo final de semana — Ele me sugeriu,


com suas mãos trabalhando para desabotoar a blusa em meu corpo enquanto
me beija mais beijos na bochecha. — E no que vier depois desse.

Eu amo o carinho e as promessas, mas não consigo ignorar o estranhamento


que elas me provocam.

— E seu trabalho? — Perguntei, um tanto confuso.

Jungkook apertou os lábios num sorriso pequeno e, talvez por conhecê-lo tão
bem, isso me parece uma resposta inteira dissecada numa redação de trinta
linhas, com introdução, desenvolvimento e conclusão.

Diante da interpretação à qual cheguei, me senti um pouco assustado.

— Você vai mesmo desistir do cargo? — Questionei, então.

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Ele respirou fundo e se sentiu diante de mim na cama, acariciando minha
cintura.

— Você vai me amar menos se eu deixar de ser CEO? — Ele devolveu.

— Claro que não! — Respondi, quase ofendido. — Eu já disse que vou te


apoiar não importa o que você decida fazer!

— Que bom. — Ele concluiu. — Porque eu não consigo parar de pensar em


desistir.

Eu levei pouco tempo para concordar com um gesto sutil, sem esboçar
espanto, menos ainda decepção. Só apoio.

— Tá bom.

— Tá bom?— Ele repetiu junto a uma risada e seus olhos têm esse brilho de
toda vez que ele quase se derrete por mim. — Coisa linda.

— Então... como vai ser? — Questionei. Eu estou pronto para dar todo o apoio
do mundo a Jungkook, o que não quer dizer que eu entenda todas as
burocracias do seu trabalho. É muito chato para tentar entender.

— Eu vou deixar os acionistas decidirem. Noventa por cento de chance de que


decidam por minha retirada do cargo — Ele explicou calmamente, mesmo que
eu saiba que não está confortável com isso tudo. Enquanto fala, ele vai até o
banheiro e volta tempos depois com uma toalha molhada, usando-a para me
limpar enquanto prossegue: — Eu não vou ser retirado imediatamente porque
não existe ninguém para me substituir tão rápido, então ainda devo continuar
no cargo até o fim das negociações com a D-lite. Eunbyul está determinada a
levar nosso novo projeto para a frente, então não posso deixá-la na mão, Mas
depois... eu volto à minha antiga posição. E sabe o que isso significa?

— O que? — Perguntei, sentindo o tecido úmido limpar minha barriga.

— Eu vou ter muito mais tempo para você. Vamos poder dormir juntos a noite
toda, sair em encontros e fazer compras mais vezes. Você gosta disso?

Eu concordei furiosamente, porque tudo isso soa como um sonho.

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— Mas você também vai ficar mais pobre, né? — Perguntei, curioso.

Jungkook riu.

— Um pouco. Você deveria ter aceitado o carro quando teve a chance.

Eu fiz uma careta emburrada, porque ainda não o perdoei pelo susto que me
deu.

Jungkook não é tão rico para sair comprando carros assim, mas eu tenho
certeza de que ele daria um jeito se fosse para comprar um para mim. Ele é
meio doido quando o assunto é me mimar.

De qualquer forma, ele poderia ficar pobre de marré e ainda assim eu o amaria
com minha vida inteira.

— Você pode ficar mais pobre, Pode até parar de trabalhar, se quiser —
Garanti quando ele começou a me vestir com roupas limpas. — Agora eu
trabalho, então posso sustentar nós dois.

Jungkook riu de novo e eu não fico ofendido, porque não é risada de deboche.
É a risada que ele dá toda vez que se rende todinho por mim. Acontece com
frequência, então é fácil identificar.

— Vou lembrar disso, meu bem. — Ele prometeu, me deixando sozinho na


cama quando foi trocar suas próprias roupas.

Agora eu estou vestindo calças, apesar de nunca usar calças dentro de casa.
Mas Jungkook me vestiu assim, então não vou me opor, até porque hoje temos
visita.

Quando ele terminou de se limpar e se vestiu com roupas mais confortáveis,


nós voltamos à sala e encontramos Yuta encolhido no canto do sofá,
provavelmente com medo da suposta mancha de gozo.

Yukwon está na nossa cozinha, já comendo uma das minhas tortinhas de


chocolate e marshmallow, com a boca toda suja.

— Então — Ele começou, lambendo os dedos. — Vocês estavam fodendo


quando a gente chegou?
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— Estávamos no meio do caminho. Respondi, mas não demonstrei irritação
quando ergui três dedos meus. — Mas gozei três vezes só hoje.

Yukwon arrastou os olhos até Jungkook com o sorriso safado no rosto.

— Três vezes? E não são nem oito da noite... — Ele ponderou,


orgulhosamente. — Parabéns, hein, Jungkook.

— Meu deus, a gente não se vê há um tempão e é essa a primeira conversa


que vocês têm? — Yuta quase acusou, mas não parece verdadeiramente
incomodado.

Eu ri e olhei para meu amigo todo desconcertado no sofá, só então me


permitindo mostrar verdadeiramente o quanto estou feliz por vê-los mesmo que
tenham interrompido minha tão sonhada sessão de pet play.

Parte de mim que deixei para trás quando vim embora para Seul agora estão
por perto outra vez.

— Vocês estão aqui! — Eu comemorei, só então realmente me dando conta do


que isso significa, e travei no meio do caminho sem saber se corria para
abraçar Yuta ou Yukwon primeiro

Considerando o desagrado do meu melhor amigo por demonstrações de afeto,


eu corri até Yuta e me lancei em cima dele, abraçando-o fortemente, então ele
riu quando esfreguei minha bochecha na sua.

— Oiiiii!

— Oi, Chim - Ele respondeu, todo feliz. — Desculpa mesmo aparecer sem
avisar. Foi ideia do Yukwon.

— Cala a boca, bucetão. Ele amou!

— Amei! — Eu ergui meus olhos e vi Jungkook também com um sorriso


pequeno no rosto. Yukwon, por outro lado, fez cara feia quando meu namorado
pegou meu pacote de choco pie de volta, impedindo meu melhor amigo de
devorá-lo.

Eu amo um homem que defende meus docinhos.


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— Mas então... por que vocês estão aqui? — Eu perguntei, olhando para Yuta
de novo, sem me preocupar em sair do seu colo.

— Porque a hospedagem é de graça — Yukwon anunciou lá da cozinha e,


quando olhei para ele, o vi tentando pegar as tortinhas outra vez.

Yuta apertou os lábios para esconder o sorriso, e abaixou o tom de voz para
me confidenciar:

— Até parece. Ele não tava mais se aguentando de saudade de você. Da


última vez que ficou bêbado, ele chorou dizendo o quanto sentia falta do
melhor amigo.

Eu olhei para Yukwon outra vez e deixei escapar um som completamente


manhoso e rendido. Quando dei por mim, levantei num pulo e corri em sua
direção, e talvez eu apanhe por abraçá-lo tão forte assim.

— Eu também tava com saudade de você, Yuk!

— Larga. — Ele resmungou, empurrando minha cabeça. — Não quero saber


de você, só das tortinhas. Aliás, tô com fome, não tem jantar nessa casa, não?

— Eu vou fazer alguma coisa pra gente! — Sugeri de imediato. — Mas vocês
me ajudam, não sou empregada de ninguém!

— Ah, mas vive dizendo como gosta de cozinhar por Jungkook, né, seu pau no
cu? — Yukwon resmungou. — Hora de trocar a Bloom do nosso clube das
winx, Yuta.

— Credo, eu não sou a Bloom!

— É, sim. Chato igual a ela, mas pelo menos a Bloom valoriza as amizades,
aquela trouxa.

— Eu não sou chato. — Sou, sim. — E eu prefiro cozinhar sozinho pro


Jungkook porque temo por nossa pressão, tá? Você sabe quanto sal ele coloca
na comida?!

Yukwon riu alto, porque ele conhece com detalhes a história do arroz salgado
que quase me levou à morte.
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— Ok, é válido. — Ele concluiu. — Então bucetão te ajuda. Eu vou assistir TV.

— Nada disso, — Yuta já estava de pé ali, puxando Yukwon de volta para a


cozinha quando ele tentou sair. — Você vai ajudar também, ogro.

Então, é. Eles são esse tipo de casal. Enquanto eu e Jungkook ultrapassamos


o limite do carinho com "meu bem", "anjo", "Jun", "coisa linda" e "dom-dom" pra
lá e pra cá, Yuta e Yukwon se acariciam com apelidos como "bucetão" e "ogro"
o dia inteiro.

— Já que minhas habilidades foram moralmente danificadas na frente de


nossos convidados, — Jungkook começou, deixando um beijo em minha testa.
— eu vou limpar o sofá e colocar as roupas sujas para lavar.

– Depois vem pra cozinha, Jun — O convidei. — É só ficar longe do sal e das
facas!

— Ele tem problema com as facas também? — Yuta perguntou, já prendendo o


riso.

— Aham. Ele não consegue perceber a diferença entre uma cenoura e o


próprio dedo, aí acaba cortando tudo. — Revelei baixinho para não levar
bronca. — É um horror.

E essa, na verdade, foi apenas a primeira revelação que arrancou risadas dos
meus amigos. Enquanto preparávamos o jantar, a cozinha virou uma bagunça,
com música tocando, riso em todo canto e sujeira no balcão inteiro.

Quando Jungkook se juntou a nós três depois de terminar sua operação-


limpeza-de-esperma, o barulho só ficou ainda pior, porque nós entramos numa
discussão fervorosa para tentar decidir que personagem do clube das winx ele
seria.

Chegamos à conclusão de que ele seria o coelhinho da Bloom. A decisão me


pareceu coerente.

— Então Taeyeon vai mesmo voltar a estudar? — Eu perguntei quando


chegamos ao assunto, já com a mesa servida.

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— E vai se mudar pro alojamento da universidade. Agora somos só o bucetão
e eu naquele apartamento velho.

— Vocês deveriam se mudar pra um apartamento velho em Seul! — Sugeri,


cheio de empolgação.

Yukwon me lançou a olhadela usual que antecede uma ofensa. Entretanto,


antes que o próximo insulto deixe seus lábios, ele se cala para observar
Jungkook me puxando pela cintura para me fazer sentar em seu colo.

— Porra... — Meu melhor amigo praguejou, inconformado com algo. — Vocês


moram juntos, veem a cara um do outro todo dia, cagam no mesmo banheiro e
ainda assim é esse grude do caralho?

— Sim! — Respondi orgulhosamente, percebendo que Jungkook encheu uma


colher com arroz e misturou com o caldo de legumes como eu sempre gosto de
fazer, então ainda antes que sua ação seguinte se complete, eu entendo o que
ele vai fazer.

Jungkook vai me dar comida na boca. Na frente dos meus amigos.

Eu não tenho vergonha disso, não tenho mesmo. Além disso, sei que essa sua
atitude de revelar a alguém as coisas que fazemos unicamente a sós está
ligada ao seu desejo de se exibir como meu dominador, a pessoa que é capaz
de cuidar de mim nos mínimos detalhes.

O exibicionismo de Jungkook vai muito além do contexto sexual. Ele gosta de


chocar as pessoas ao nosso redor, de evidenciar a dinâmica da nossa troca de
poder e responsabilidade, mas certas atitudes como essa no momento errado
podem minar nossas vidas sociais. Não se meus amigos forem nossa plateia,
no entanto,

Por isso, eu aceitei tranquilamente quando ele trouxe comida à minha boca, e
até sorri enquanto mastigava.

— Puta que pariu... — Yukwon gemeu, assustado. — Sério, vocês da capital


são muito esquisitos.

— Eu achei fofo. — Yuta ponderou, mesmo com algum óbvio estranhamento.


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Eu acabei rindo, porque essas foram suas únicas reações. Não fizeram
perguntas nem julgamentos posteriores ao choque inicial. Da segunda vez que
Jungkook me deu comida, mais nenhum comentário foi feito sobre isso, mas
falamos sobre várias outras coisas.

Quando terminamos de comer, nós todos limpamos toda a bagunça e mal


acabamos de lavar a louça, Yukwon já estava bocejando.

— Já tá com sono? — Eu questionei meio assustado, mas nem tanto.

Yukwon nunca teve uma rotina fixa de descanso. Às vezes ele podia dormir de
madrugada e só acordar na tarde do dia seguinte, ou então deitar na cama às
nove da noite e acordar às cinco da manhã subsequente. Completamente
imprevisível.

— A gente passou umas sete horas dentro de um trem e o bucetão veio


babando no meu ombro o caminho todo. Eu tô cansado!

— Eu preciso dormir, senão passo mal durante a viagem! — Yuta se defendeu,


ultrajado.

— Aham, foda-se. — Ele deu de ombros e seu namorado só fez uma careta de
quem não se sente verdadeiramente ofendido.

Se fosse Jungkook falando assim comigo, eu começava a chorar no mesmo


instante; se fosse eu falando assim com Jungkook, ia levar punição por umas
três semanas seguidas.

— Mas então, eu quero dormir. Dá pra adiantar ou...?

— Nós temos quarto de visitas, mas ainda não tem cama. — Foi Jungkook
quem respondeu, preocupado com o conforto deles e eu ri assim que Yukwon
revirou os olhos.

— Porra de cama. O clube das winx dorme junto na sala, é nosso ritual. Só traz
um lençol pra forrar o chão, uns travesseiros e me dá uma toalha pra tomar
banho e tirar a baba do bucetão de mim.

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Jungkook pareceu muito confuso com a revelação de Yukwon, e eu consigo
vero pensamento que passa por sua cabeça: por que dormir no chão quando
temos uma cama e um sofá?

O pobrezinho nunca teve uma festa do pijama, quando mais novo.

— E, ah, Yukwon ergueu os olhos afiados para meu namorado enquanto


remexe em sua mala enorme. — isso quer dizer que você também vai dormir
na sala, seu boçal.

Jungkook suspirou pesadamente e é óbvio que está um tanto irritado com as


ordens de Yukwon, o que me prova que, não importa quanto tempo meus
amigos fiquem aqui, com certeza serão longos dias e eu só torço para que meu
amor e meu melhor amigo não se trucidem.

De qualquer forma, eu consigo convencê-lo a dormir com a gente em nosso


acampamento na sala sob o argumento de que dormir juntinhos era um dos
itens da nossa lista.

Depois que nós todos nos preparamos para dormir e nos deitamos na bagunça
de lençóis na sala, ainda colocamos um filme na esperança de não sermos
derrotados pelo sono, mas menos de dez minutos depois Yukwon já estava
bocejando de novo a cada minuto.

— Ei. — Ele me chamou enquanto eu estou agarrado feito a Jungkook feito um


bicho preguiça à sua árvore favorita.

— Oi? — Respondi, vendo-o puxar a coberta para se cobrir melhor. Yuta está
ao seu lado mexendo no celular e o único ponto de contato entre os dois é o do
dedão dele acariciando o pé descoberto de Yukwon.

Meu melhor amigo bocejou outra vez, e anunciou já com os olhos fechados:

— Antes de ir embora de Nam-gu, você me prometeu uma coisa. E é melhor


cumprir ou eu te mato.

Eu demorei algum tempo para entender sua ameaça, até lembrar,


desesperado, que ele me fez prometer que o deixaria assistir uma... transa...
minha e do Jungkook.
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— O que você prometeu? — Jungkook questionou, talvez percebendo como
meu corpo ficou meio tenso.

Merda. Eu tinha esquecido da promessa, por que Yukwon não esqueceu


também?

— Hm... — Eu deixei uma risada sem graça escapar, mas não por achar que
Jungkook vai se incomodar com a revelação. — Meio que... deixar ele assistir a
gente fodendo...?

— Foi isso? — Ele murmurou, completamente relaxado. — Tudo bem.

Sério, essa foi sua única reação. Não que eu esperasse qualquer outra, na
verdade, e ele mostrou como o assunto não lhe causa nenhum abalo
emocional quando, deixando-o para trás, segura minha mão e a coloca sobre
seu próprio rosto.

— Me dê carinho, anjo,

Eu acho que fiquei parecendo um perfeito idiota com os olhos arregalados e os


lábios entreabertos antes de grunhir, desesperado com tanta fofura.

— Dou! — Garanti, também sentindo-o fazer o carinho gostoso de sempre em


minhas costas.

Ele sorriu e virou o rosto para deixar um beijo na palma da minha mão.

Depois, ficamos em silêncio, olhando para a tela da televisão que ainda


reproduzia o filme que nenhum de nós se preocupou em assistir, e foi assim
que nós quatro gradativamente caímos no sono. Horas depois, entretanto, eu
acordei num sobressalto assustado quando Yukwon resolveu que seria uma
boa ideia bater panelas bem perto de meus ouvidos sonolentos para me fazer
despertar.

— Yukwon! — Foi Yuta quem gritou, entretanto, completamente possesso. —


Eu vou te matar!

— Vocês dormem demais! Acordem logo!

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— Eu acho que me arrependi de ter dito que estava feliz com as visitas —
Jungkook confessou, apertando as pálpebras.

Se nem Jungkook está disposto a levantar, meu deus, ainda devem ser quatro
da manhã!

— Levantem! — Meu amigo insistiu, voltando a bater uma panela na outra.

Yuta tentou se sufocar com o travesseiro e Jungkook respirou fundo antes de


me afastar com cuidado para ficar de pé, com a expressão fechada, e tomou as
armas barulhentas das mãos de Yukwon.

— Ninguém vai levantar agora. — Meu dom disse com o mesmo tom que usa
comigo quando eu estou muito ferrado. — E é melhor você fazer silêncio.

Mesmo ainda meio cego de sono, eu vi Yukwon fazer uma careta


inconformada. Do outro lado da sala, Yuta riu, debochado.

— Levou bronca. Bem feito!

Jungkook lançou uma última olhadela mal humorada para Yukwon antes de
jogar as panelas no sofá e voltar a deitar ao meu lado. Eu voltei a me aninhar
contra ele assim que o senti perto, só mostrando minha língua para meu
melhor amigo num gesto implicante antes de fechar os olhos outra vez.

Yukwon pode ser a pessoa mais inconveniente do planeta, mas nem ele
consegue combater Jungkook em seu modo dominador puto da vida.

— Eu hein, que estresse da porra! — Meu amigo ainda resmungou, mas depois
não fez mais nenhum barulho sequer, e a paz reinou novamente por sabe deus
quantas horas.

Quando acordamos, nós preparamos um café da manhã simples e o levamos


para comer no mesmo lugar onde dormimos, preguiçosos demais para
levantarmos de uma vez. Depois, ficamos ali deitados por boa parte da manhã,
conversando e, sem perder o costume, brigando.

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— E, pois é, — Yuta suspirou, no meio de uma conversa nostálgica sobre
Nam-gu.- a gente tinha combinado de fazer vídeo chamada com o Jeonghan
quando estivéssemos todos juntos ontem, mas ele tinha um encontro.

— Deve estar nu na cama de alguém até agora — Yukwon ponderou com uma
risada safada.

— Espera... então ele e o Kihyun acabaram de vez? Mesmo, mesmo? —


Perguntei, tristonho.

Eu ainda tinha esperanças de que o término fosse passageiro.

— Pelo visto. — Meu melhor amigo, por outro lado, deu de ombros.

— Mais ou menos, na verdade. — Yuta contrapôs com um tom desconfiado.


Ele e o Kihyun saíram um dia desses também, até transaram, mas oficialmente
estão separados.

Meus olhos e os de Yukwon quase saltaram de nossas caras. Jungkook, por


outro lado, parece completamente alheio ao drama.

— E por que só você sabia disso? — Perguntei, me sentindo traído.

— O que? Vocês dois sempre contam as coisas um ao outro primeiro. Eu e o


Jeonghan também temos nosso direito!

— Seu traidor! — Yukwon acusou e tudo virou uma bagunça quando ele puxou
o namorado e mordeu suas costas antes de dar um monte de tapas na bunda
dele. — Você tem que me contar essas coisas!

Eu deixei uma risada escapar e me virei para apoiar o queixo no peito de


Jungkook, olhando-o com atenção porque não quero que ele se sinta deixado
de fora.

— Kihyun falou alguma coisa com você? — Perguntei, acariciando seu braço.

— A única coisa que ele falou foi algo sobre um cara de vinte anos ter fodido o
juízo dele, mas eu não dei atenção — Jungkook confessou, o que me fez rir
mais.

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— Que amigo ruim... — Acusei, mas não verdadeiramente, porque logo me
arrastei para deixar um beijo em sua boca. Só um selinho, já que ainda não
escovamos os dentes.

— Ei, vocês dois — Yukwon chamou, de repente. — Nada de começarem a se


agarrar agora, eu ainda não me preparei.

Eu suspirei e deitei com a lateral do rosto apoiado no peitoral quentinho de


Jungkook, voltando a olhar para meu amigo que decidiu parar de agredir o
próprio namorado para sentar com as pernas cruzadas e as mãos apoiadas
nos joelhos numa pose quase inquisitiva.

— O que é agora, Yukwon? — Yuta resmungou.

— Nós precisamos conversar. Nós quatro. — Meu amigo respondeu, muito


sério.

— Yukwon, ainda são dez da manhã, olha lá o que você vai falar...

Ele, entretanto, ignorou o aviso do namorado e foi em frente sem pudor:

— Quando é que vai rolar? — Perguntou, e apontou para o próprio peito antes
de apontar para mim e para Jungkook. — Eu assistindo vocês.

— Oh, meu deus...

— Ah, sim — Ele pareceu lembrar de algo e virou o rosto para Yuta. — Você
vai assistir também?

— Não sei qual seria o sentido em fazer isso...

— Se assistir, você descobre. — Yukwon deu de ombros, e insistiu com o olhar


inquisitivo: — Então... Hoje? Amanhã?

Antes que Jungkook respondesse com um agora mesmo, porque sei que é o
que ele diria, eu tive uma ideia melhor e sorri cúmplice para meu namorado
antes de me sentar como meu amigo.

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— Pode ser amanhã. Se — Enfatizei bem, erguendo meu indicador com toda a
pompa de quem está cheio de moral: — vocês ajudarem hoje a arrumar todas
as coisas da mudança que ainda não arrumamos.

Jungkook riu e, já sentado ao meu lado, me parabenizou com um beijo na


bochecha:

— Menino esperto.

Eu sorri todo orgulhoso, erguendo as sobrancelhas para meu amigo, que deu
de ombros.

— Ok. A gente ajuda.

— A gente? Por que você continua me metendo nisso? — Yuta resmungou.

— Se for desconfortável para você, não precisa participar. — Jungkook


anunciou, massageando minha coxa. — Eu e Jimin trabalhamos amanhã,
então vamos deixar para a noite. Ele ponderou mais um pouco, antes de
prosseguir: — Vou reservar um quarto em algum hotel. Se Yuta não quiser ir,
ele pode ficar em casa sem se incomodar com que vai acontecer.

Yuta acabou rindo, mas usou a mão para tentar abafar o riso, e se justificou
quando nós três lhe lançamos uma olhadela confusa:

— É que lá em Nam-gu a gente marcava pra, sei lá, ir tomar sorvete? Agora
vocês estão marcando pra fazer sexo uns na frente do outro.

Eu acabei deixando um sorriso escapar também. Por mais que não esteja
decidido a participar do show que Yukwon está tão ansioso para organizar,
Yuta também não parece se opor a que façamos isso, mesmo que seja sem
ele.

O que é um alívio, porque seria um problema se eles dois acabassem se


estranhando por isso.

— Eu gosto da ideia do hotel — Yukwon anunciou, evidenciando seu apreço


pela tranquilidade de Yuta ao apoiar o queixo no ombro dele. — Hotéis me
deixam com tesão. 363

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Depois ele ficou de pé, esticando os braços para se espreguiçar.

— E aí? Vamos começar a arrumar ou não? — Ele perguntou, apressado, e


essa é definitivamente a primeira vez que eu o vejo empolgado para fazer algo
como arrumar a casa.

O que uma promessa de sexo ao vivo não faz...

De qualquer forma, eu e Jungkook realmente precisamos organizar o restante


das caixas que ainda não arrumamos e agora que temos auxilio, vamos
aproveitá-lo. Por isso, nós passamos o dia todo desempacotando e arrumando
coisas quase pacificamente. Quase, se não fossem pelas discussões sobre
quais músicas deveríamos ouvir enquanto arrumávamos tudo.

Nós até ficamos meio chocados quando percebemos que Jungkook adorou as
músicas do Justin Bieber que apresentamos a ele.

À noite, já exaustos, nós pedimos comida porque ninguém tinha sequer um


pingo de energia para fazer jantar, e sentamos os quatro juntinhos no sofá
enquanto assistíamos o jornal da noite e comíamos nosso jjajangmyun.

Em algum momento, eu deitei minha cabeça no ombro de Yukwon e ele não


me afastou como normalmente faria.

— Obrigado por terem vindo... — Eu disse, baixinho. — Eu realmente senti


falta de vocês...

Ele só deu um tapinha em minha perna, sem precisar dizer mais nada para que
eu tenha certeza que também sentiu saudades.

Mais tarde, nós voltamos a deitar todos juntos na mesma colcha arrumada
sobre o chão e pela manhã, dessa vez, não foi Yukwon quem me acordou, e
sim Jungkook dizendo que precisávamos nos levantar para ir trabalhar. Ele,
diferente do meu melhor amigo, me acordou com todo o jeitinho do mundo e
ainda me carregou para o banheiro, já que eu estava preguiçoso demais para ir
sozinho.

Quando saímos de casa, Yuta e Yukwon ainda estavam dormindo e Jungkook


riu ao descobrir o que estou levando na mochila hoje: duas embalagens
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individuais de choco pie, material para estudar no meu tempo de descanso,
nosso tubinho de lubrificante e a duchinha portátil para fazer a chuca.

Espero que nenhum curioso resolva mexer nas minhas coisas hoje, lá no
trabalho.

Felizmente, ninguém pareceu interessado em minha mochila e, ansioso para o


nosso compromisso para a noite e ocupado com minhas tentativas de estudo a
cada minuto livre, eu não passei muito tempo interagindo com meus colegas.

Mas o mais importante é que eu não interagi com Wonsik também. Eu ainda
não o perdoei por ter causado uma briga entre meu Jungkook e eu, nem acho
que vou perdoar.

Ao fim do expediente, eu saí acompanhado de meus três colegas. Infelizmente,


Wonsik se juntou a nós no percurso até o elevador, mas eu fiz um bom trabalho
em fingir que ele não existe.

Antes de acompanhá-los até o térreo, entretanto, eu vi que Jungkook ainda


deve demorar um tanto para vir me buscar. Então eu conscientemente passei
meus olhos pela ala de espera até encontrar o senhor Baek sentado no mesmo
lugar perto do balcão de informações, novamente sozinho, sempre tremendo.

Assim, quando as portas metálicas se abriram no nosso andar, minha decisão


já estava tomada:

— Eu vou ficar por aqui mais um tempo. — Anunciei, arrumando minha mochila
nas costas. — Até amanhã!

— Até, Jimin! — Lalisa se despediu de forma alegre, pulando simultaneamente


nos ombros de Youngjae e Wonsik quando entraram no elevador
acompanhados de Jinyoung.

Um pouco sem jeito e incerto sobre o que estou fazendo, eu analisei o velhinho
antes de me aproximar. Os tremores parecem especialmente mais intensos
hoje e ele respira muito devagar enquanto os olhos opacos miram a TV, cujo
som é sempre baixo demais para que ele entenda alguma coisa.

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É difícil dizer o quanto me angustia ver uma pessoa nessas condições
completamente abandonada pela própria família, então mesmo que não seja
nada grandioso ou significativo, eu termino de me aproximar e sento ao seu
lado.

— Boa noite! — cumprimentei, tentando mostrar meu melhor sorriso.

Ele desceu o olhar até meu rosto e, depois do que me pareceu uma análise
cuidadosa, acabou por fazer um aceno dificultado por suas dores.

Será que ele lembra de mim?

— Eu já vi o senhor algumas vezes, mas não me apresentei. Meu nome é Park


Jimin, eu tenho dezenove anos e trabalho no setor de logística! Como o senhor
se chama?

Ele tremeu, observou e ficou em silêncio, tudo de uma vez. Depois de tanto
tempo sem ouvir uma resposta, eu não achei que ouviria uma, mas enfim uma
voz fraca, rouca e trêmula me alcançou:

— B-baek... Beom Seok.

Ele só disse seu nome, mas isso foi suficiente para um sorriso ainda mais
verdadeiro se abrir em meu rosto.

— Baek Beom Seok. — Repeti, encantado. — Que nome forte. Aposto que o
senhor é forte como ele!

O senhorzinho franzino que parece qualquer coisa, menos forte, mostrou um


sorriso que enrugou ainda mais seu rosto já desgastado pelo tempo.

Ao mesmo tempo em que isso aqueceu meu coração, o destruiu.

— Senhor Baek Beom Seok, — Eu o chamei, torcendo para que ele goste de
conversar, porque eu pretendo falar muito para que ele não se sinta sozinho. —
o que nós estamos assistindo?

Ele olhou para a televisão. Como parece ser seu comum, demorou algum
tempo antes de balançar a cabeça para os lados, revelando que nem mesmo
ele sabe.
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— Vamos tentar descobrir o que está acontecendo, então. — Eu sugeri e,
incapaz de ouvir o que os personagens do show estão dizendo, usei leitura
labial para tentar reproduzir suas falas. É claro que não deu certo e eu fiquei
parecendo um idiota falando coisas sem sentido, mas a cada sorriso discreto
que isso arrancou do velhinho ao meu lado, eu me importei menos em estar
parecendo tão bobo.

Infelizmente, meu tempo ao lado de Baek Beom Seok não foi longo, porque
meu celular logo vibrou com uma nova mensagem de Yukwon.

Yuta veio? Será que ele decidiu...?

— Senhor Baek, — Eu voltei a chamar Beom Seok. — eu preciso ir. Amanhã


podemos assistir televisão juntos de novo?
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A resposta demorou para vir, mas veio na forma de um aceno positivo
acompanhado de um sorriso.

Alegre por ele ter aparentemente gostado da minha companhia, eu só me


despedi rapidamente antes de descer para encontrar meus amigos, que estão
do lado de fora com várias sacolas de compras nas mãos. Meu sorriso, a
principio tão grande, murchou assim que eu vi outra pessoa próxima as portas
automáticas de vidro. Wonsik.

— Nós passamos o dia turistando na sua cidade, — Yukwon atirou a


informação assim que me viu. — e acabei convencendo Yuta a ir pro hotel com
a gente.

Eu movi meus olhos de Wonsik para Yukwon, tentando sorrir outra vez.

— O Jungkook já deve chegar. — Anunciei. Não existe muita coisa que


denuncie meu incomodo no meu tom de voz, mas essa conexão de melhores
amigos deve funcionar mesmo, porque Yukwon rapidamente percebeu algo de
errado.

— O que foi que você já tá esquisito? Não tá pensando em desistir, não, né?

Inconscientemente, eu voltei a olhar para Wonsik, que também me observava


de volta, e meu gesto foi tão ameaçado que pareceu esclarecer tudo para
Yukwon. Meu amigo olhou para o segurança esquisito ao seu lado e, ao
perceber que ele olhava para mim daquele jeito, arqueou as sobrancelhas.

— O que é que você tá olhando, caralho? — Inquiriu, hostil,

Wonsik migrou seus olhos de mim para Yukwon, sua expressão demonstrando
a irritação por ser tratado dessa forma,

— Para de olhar, seu esquisito, vai gastar nossa beleza. — Meu amigo disse,
ainda agressivo, e prosseguiu em tom de ameaça: — E eu tô falando sério!
Continua olhando pra ver se eu não te desço o cacete!

Antes que uma briga real se iniciasse, eu felizmente reconheci o carro de


Jungkook se aproximando e suspirei em alívio, segurando Yukwon pelo braço.

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— Vamos logo. — Foi tudo que eu disse, puxando-o junto a Yuta para dentro
do SUV assim que ele estacionou em nossa frente.

— Quem é esse doido? — Yuta sussurrou a pergunta antes de entrarmos no


carro. Eu só neguei com a cabeça, deixando as explicações para outra hora.

Não vou deixar esse maluco estragar nosso dia, não vou mesmo.

Quando entramos no carro, então, eu fiz de tudo para deixar as sensações


ruins fora dele e sorri para Jungkook antes de me inclinar para deixar um beijo
em sua boca.

— Oi. — Eu disse, meio nervoso.

— Oi, meu bem. — Ele me tocou suavemente no rosto e me deu mais um beijo
na bochecha. — Ainda quer fazer isso?

Eu assenti, com o lábio preso entre meus dentes. Estou nervoso, não tenho
muita certeza sobre quão estranho vai ser deixar alguém conhecido nos assistir
num momento intimo, mas eu ainda quero tentar.

E também, se eu desistir, Yukwon me mata.

— E vocês? — Ele virou para trás depois de receber minha resposta,


encarando nossos amigos.

— Olha pra minha cara de quem vai desistir — Yukwon resmungou em tom
óbvio. — Já tô até de pau duro.

Eu ri, já virando minha atenção para Yuta. — E você?

— Eu vou... — Ele respondeu, ainda sem parecer cem por cento decidido.

— Vamos logo! — Yukwon insistiu, quase se jogando no espaço entre meu


banco e o de Jungkook. — Tô ansioso!

Jungkook me deu um último beijo antes de gesticular para que eu coloque o


cinto de segurança e se arrumar em seu próprio assento, dando partida no
carro.

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Eu me afundei no banco do carona, eventualmente mordendo minhas
bochechas ou tamborilando nervosamente em minhas pernas durante o
percurso.

Esse não é exatamente o tipo de situação na qual me imaginei um dia, mas eu


não posso negar que, além do nervosismo, existe uma pontinha crescente de
excitação.

Quando chegamos ao hotel, eu não me surpreendi ao descobrir que Jungkook


escolheu um luxuoso, e eu, Yuta e Yukwon ficamos calados enquanto ele
cuidou do check-in antes de nos levar ao nosso quarto.

Quando ele usou a chave eletrônica para abrir a porta, nós ainda ficamos
parados no corredor até que meu dominador mostrou o sorriso safado que eu
já conheço tão bem, sendo o primeiro a entrar.

— Estão com medo, agora? — Ele provocou, dando dois passos de costas
para dentro do quarto antes de virar e caminhar tranquilamente até a cama
forrada.

Eu olhei pra os outros dois e fui o segundo a entrar, com as pernas tão firmes
quanto pudim.

Quando eles dois entraram e fecharam a porta, eu amassei as alças da


mochila em minhas costas e apontei para o banheiro. Foi quando percebi que
minha mão está tremendo um pouco.

— Eu já volto. — Avisei.

Já dentro do lavabo luxuoso, eu respirei fundo e me olhei no espelho enquanto


tento me acalmar.

Quando o fiz, ao menos suficientemente para retomar o controle sobre meu


corpo, tirei meu uniforme e peguei minha ducha portátil na mochila. Agora que
já conheço meu corpo melhor, eu não faço a chuca todas as vezes em que eu
e Jungkook transamos, mas agora acho melhor garantir e, depois de também
tomar um banho rápido, me enrolei no roupão branco e felpudo do hotel antes
de voltar para o quarto.

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As cortinas finas estão completamente abertas, o aquecedor está ligado e Yuta
e Yukwon estão sentados em duas das poltronas elegantes enquanto
Jungkook continua sentado na cama, já sem sua gravata, mas ainda com o
terno e a blusa social.

Eu me sentei ao seu lado no colchão amplo e o silêncio reinou por alguns


instantes, até que Jungkook exibiu mais um de seus sorrisos provocativos.

— Não eram vocês que queriam isso? Ele questionou, o tom quase debochado
nos atiçando. — Por que estão tão quietos?

Eu engoli a saliva em minha boca e olhei para Yukwon e Yuta. Meu melhor
amigo está com uma expressão tensa no rosto, mas é Yuta quem parece
verdadeiramente apavorado.

— Tudo bem, — Jungkook suspirou, desabotoando o primeiro botão de sua


blusa social branca. — então eu falo. — Ele definiu, passando os olhos atentos
como os de um predador em cada um de nós. — Eu e Jimin temos nossa
própria dinâmica. Eu mando, ele obedece. Se eu quiser que ele fique de
quatro, ele vai ficar. Se eu quiser que ele me chupe, ele chupa. Ele vai me
chamar respeitosamente de senhor e vai ser punido se não o fizer — Mais uma
análise cuidadosa em nossos rostos, e então o tom firme diante de nosso
silêncio: — Entenderam?

Yuta e Yukwon assentiram, talvez confusos sobre onde Jungkook quer chegar.

Eu, por outro lado, apertei minhas pernas uma contra a outra, quase tremendo
de excitação ao vê-lo tão imponente.

— Ótimo. — Ele disse, antes de prosseguir. — Tudo que eu faço com Jimin,
faço com o prévio consentimento dele. Caso queira parar, ele tem uma palavra
de segurança, e somente vou interromper o que estou fazendo se ele disser
essa palavra ou se eu perceber que não devo continuar antes que ela seja dita.
Não vou parar porque vocês dois podem se sentir incomodados. Se esse for o
caso, saiam do quarto, eu não me importo. Mas não nos interrompam. — Seu
tom continua com o mesmo aspecto intenso, carregado por sua dominância. —
Isso está claro para vocês?

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Outra vez, eles dois assentiram. Eu só continuei atento ao meu homem, vendo-
o tão deliciosamente intenso.

Eu me sinto cada vez mais excitado, e ele sequer tocou em mim desde que
chegamos aqui.

— Você quer dizer alguma coisa, meu bem? — Ele questionou e eu só pisquei
lentamente antes de me inclinar em sua direção, necessitado, e beijar sua
boca.

Quando me afastei brevemente, Jungkook me olhou por um curto instante de


tempo antes de me segurar pela nuca e puxar meus lábios de encontro aos
seus outra vez.

Assim, ficou decidido que nenhuma outra coisa precisa ser dita, e eu não sei se
é pela sensação de estarmos sendo observados desde o início ou se pela
iminência de saber que vou ter Jungkook dentro de mim depois de tanto tempo,
mas eu sinto meu corpo exponencialmente mais quente a cada segundo,
dispensando o trabalho do aquecedor.

Ainda com minha boca na de Jungkook, sentindo sua língua explorar a minha e
seus dentes mordiscarem meus lábios antes de chupá-los, eu me arrastei
sobre os joelhos pelo colchão até passar minha perna para o outro lado de seu
quadril e sentar sobre suas pernas ainda cobertas pela calça social escura.

Eu ainda não estou completamente duro, mas sinto as fisgadas em minha


virilha cada vez mais intensas à medida em que as mãos de Jungkook
percorrem meu corpo ainda através do roupão, até que ele alcançou minhas
coxas e as tocou diretamente, subindo suas palmas por baixo do tecido grosso
até apertar minha carne com uma intensidade dolorosa e deliciosa.

A sensação me fez suspirar baixo contra nosso beijo cada vez mais intenso, e
ele manteve uma mão massageando bruscamente minha coxa enquanto a
outra se arrastou para fora e voltou a subir até minha nuca, onde me agarrou
com força e separou nossas bocas sem aviso prévio. Depois, Jungkook guiou
minha cabeça em direção ao seu pescoço e eu rapidamente entendi sua ordem
silenciosa, por isso deslizei minha língua por sua pele antes de chupá-la,

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absorvendo o gosto suave e característico de seu corpo mesclado ao salino
sutil de uma camada fina de suor recobrindo-o.

Inconscientemente, eu intercalei os chupões com um beijo suave e quase


inocente, cheio de carinho, quando senti suas mãos massageando minha nuca
e minha perna simultaneamente.

Torcendo para não ser repreendido por isso, eu desci minhas próprias mãos,
antes apoiadas sobre seus ombros, e alcancei o primeiro botão fechado de sua
camisa, desabotoando-o sem parar de beijar seu pescoço.

Jungkook não me impediu, então eu segui toda a trilha de botões até o final.
Com a blusa aberta, eu me afastei o suficiente para poder admirar o trabalho
de meus dedos correndo por sua pele para afastar as abas do tecido fino e
revelar seu corpo, sempre tão adorado por mim mesmo que não tenha mais os
músculos tão definidos como quando nos conhecemos.

— Meu deus, ele tem mesmo uma tatuagem... — Foi Yuta quem constatou,
impressionado.

Rapidamente minha atenção deslizou pelo peitoral de Jungkook em direção à


parte exposta da serpente negra, mas não cedi ao impulso de terminar de livrá-
lo de sua blusa e de seu terno.

Imaginá-lo ainda vestindo suas roupas enquanto me entrego a ele faz parecer
que cada mínima parte de juízo em mim está em chamas.

Entretanto, existe outra coisa que me excita tanto quanto a imagem de


Jungkook me fodendo de terno, e é saber que ainda estamos sob a atenção de
alguém. Por isso, levado pelo instinto, eu virei meu rosto para trás em busca
dos olhares de Yuta e Yukwon, e encontrei meu melhor amigo com a
expressão rígida, o maxilar travado pelo que deduzo ser tesão e os olhos
atentos não a mim ou a Jungkook individualmente, mas à união de nossos
corpos.

Yuta, por outro lado, está tão vermelho que chega a me preocupar.

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Antes que eu fizesse qualquer outra análise mais minuciosa sobre nossa
plateia, no entanto, Jungkook deslizou ambas as mãos até meu quadril e me
ergueu o suficiente para me segurar pelas nádegas, apertando-as antes de
fazer meu corpo cair deitado sobre o colchão macio.

O roupão correu por minhas pernas dobradas sobre a cama e minha respiração
ficou mais carregada quando Jungkook se ajoelhou entre minhas coxas e virou
o rosto para o lado, para a mesma direção na qual olhei instantes atrás. Agora,
eu percebo que sua escolha para posicionar nossos corpos não foi descuidada.
Ele nos colocou de forma que nos deixa mais exposto aos olhares atentos de
Yuta e Yukwon, assim como os deixa mais expostos para nós, também.

Com o sorriso oblíquo no rosto, ele se divertiu com as expressões de nossos


amigos apenas por alguns instantes antes de, ainda ajoelhado entre minhas
pernas, se inclinar e cobrir meu corpo com o seu, sustentando-se sobre um
cotovelo enquanto sua mão livre começa a desfazer o nó de meu roupão.

Eu espero ansioso enquanto ele lentamente afasta as abas da peça macia,


mas, assim como eu fiz com sua blusa, não o tira completamente de mim,
apenas o suficiente para exibir meu corpo e minha ereção cada vez mais
dolorida.

Simultaneamente, ainda vestindo sua calça presa pelo cinto de couro,


Jungkook empurrou seu membro rijo contra o meu, pressionando minhas bolas,
de início, antes de percorrer toda minha extensão com a sua, o que me fez
resfolegar baixo de prazer.

Inebriado pela sensação, eu levei minhas mãos até suas nádegas e as


pressionei, pedindo por mais. Sem negar meu pedido, Jungkook voltou a
simular uma penetração lenta contra minha virilha e eu fechei os olhos,
enterrando minha cabeça na cama enquanto suspiro mais arrastado a cada
estocada.

Para completar a sensação deliciosa, Jungkook tocou meu rosto com sua mão
livre num gesto que parece tão carinhoso quanto provocante, até descer seus
dedos por minha bochecha, alcançar meus lábios e contorná-los suavemente
antes de pressionar o inferior com seu polegar.
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Entregue ao desejo que isso despertou em mim, eu tentei inclinar meu rosto
para cima, para tentar beijá-lo, mas Jungkook me pressionou de volta contra o
colchão. Depois, sua mão desceu ainda mais, até envolver meu pescoço. Seus
dedos longos cobriram a faixa de pele nua, e eu percebo que ele sente falta da
minha coleira assim como eu sinto assim que percebo que não a trouxe.

Talvez como uma punição, ou apenas como sua forma de demonstrar sua
insatisfação pela ausência de algo tão importante para nós, Jungkook me
pressionou um pouco mais, mas pressionando apenas as laterais de meu
pescoço, assim eu não me sinto sufocado.

Entretanto, eu estou curioso para sentir suas mãos me privando de ar, então
levei as minhas até cobrir a sua e as apertei, pedindo para que ele vá em frente
e me dê o que quero.

Por mais que ele não hesite em testar novas coisas pelas quais eu demonstro
interesse já durante nossas sessões, Jungkook parece se opor rigidamente ao
meu último pedido impulsivo, talvez porque se refere a uma prática que
apresenta riscos, diferente das outras que já pedi para testarmos. Assim, ele
empurra minhas mãos para longe, negando.

— Eu quero testar... — Pedi, manhoso.

— Assim, não. Ele respondeu, confirmando minha suspeita sobre o motivo de


sua resistência.

— Mas eu quero muito, senhor... — Insisti, voltando a usar minhas mãos para
pressionar a sua contra meu pescoço.

Eu ofeguei quando ele voltou a afastar minhas palmas de forma mais arisca por
minha teimosia, e um gemido baixo de satisfação escapou quando, como
punição, ele me deu um tapa no rosto.

Tudo bem. Eu admito que talvez minha insistência tivesse o único objetivo de
provocá-lo para me punir, não para efetivamente convencê-lo a pressionar
minha traqueia.

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— Eu já disse que não. — Jungkook disse com o tom de voz baixo,
pressionando ambos os lados de meu rosto.

Xingue, por favor. Por favor, por favor, por favor, só um palavrãozinho,
Jungkook.

Eu acho que a expectativa nos meus olhos deixou bem claro meu objetivo de
provocá-lo, porque logo ele mostrou um sorriso sacana no canto dos lábios e
deu mais um tapa em minha bochecha.

— Você é um manipulador do caralho — Ele me acusou e voltou a pressionar


minha mandíbula, dessa vez com mais força.

— Não sou, senhor... — Ainda tive a pachorra de responder, usando tudo que
existe em mim para não gemer.

O sorriso de Jungkook se tornou mais intenso, mais oblíquo e, bom, mais


ameaçador.

Ele poderia me dar mais um tapa, me chamar de vadiazinha, se quisesse, ou


qualquer outra punição que me fizesse sentir ainda mais tesão do que já estou
sentindo.

Entretanto, ele fez a última coisa que eu desejava: se afastou de mim.

Calmamente, como se não estivéssemos os dois completamente duros, ele


passou a mão pelos cabelos enquanto se mantém ajoelhado sobre o colchão,
depois massageou a própria nuca como quem se prepara para algo
verdadeiramente intenso.

— Você quer ser punido na frente dos seus amigos, anjo? — Questionou,
então.

Meus olhos fugiram rapidamente de encontro a Yuta e Yukwon, que parecem


tão chocados quanto atraídos pela cena diante de seus olhos, e quando voltei a

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olhar para Jungkook, percebi que sua pergunta foi completamente retórica,
porque ele já estava desafivelando seu cinto.

E quando Jungkook desafivela seu cinto dessa forma, só existe uma resposta
para o que pode acontecer.

— De quatro. Agora.

Se por algum motivo eu ainda não tivesse certeza sobre a punição que vou
receber, ela me foi dada assim que ouvi seu tom de voz imperativo e vi o cinto
ser dobrado ao meio e segurado por apenas uma de suas mãos enquanto ele
continua com seu terno e blusa social vestidos, mas abertos..

Eu precisei morder minha bochecha com uma força descomunal para não sorrir
diante de minhas expectativas e, finalmente obediente, girei sobre a cama até
ficar do jeito que ele mandou, com a bunda empinada no ar e o roupão frouxo
ainda desleixadamente cobrindo meu corpo, que treme de tesão.

Ainda não satisfeito, Jungkook empurrou a mão por minha coluna, me


pressionando para baixo até que meu rosto estivesse deitado no colchão e só
meus joelhos sustentando meu quadril no alto. Assim, meu rosto ficou
permanentemente virado para meus amigos, e eu senti a mão de Jungkook
empurrando a bainha do roupão para deixar minhas nádegas expostas antes
de massagear uma delas.

— Yukwon. — Ele chamou, de repente, sempre com o tom contido. Meu amigo
piscou e virou para meu dominador, com a expressão ainda dividida entre
sensações que parecem se completar. — Escolha um número.

— O que?

— De um a dez, o que você prefere?

Meu amigo abaixou os olhos até os meus, ainda sem entender o que lhe foi
pedido, mas acabou por responder, ainda incerto:

— Sete?

Boa, Yukwon.

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— Sete? — Jungkook repetiu e eu consigo sentir o deboche em sua voz antes
de receber um tapa na nádega esquerda. — Parece que seu amigo não gosta
tanto assim de você, não é, meu bem?

— Por mim ele escolhia dez... — Eu disse baixo, mas percebo que não o
suficiente quando Jungkook estalou mais um tapa em minha bunda, bem forte.

— Cale a boca, anjo.

— Sim, senhor. Desculpa.

— Eu não tô entendendo nada, mas porra... — Yukwon revelou, quase sem


piscar. - Que tesão...

Ainda com a lateral do rosto pressionada contra a colcha da cama, eu passei


meus olhos até Yuta. Entretanto, antes de sequer tentar interpretar sua
expressão atual, o barulho do couro do cinto acertando minha nádega ecoou
alto pelo quarto e meu corpo deu uma guinada para a frente assim que um
gemido gutural arranhou minha garganta em resposta.

— Ainda faltam seis, meu bem. — Jungkook afirmou, desferindo o segundo


golpe delicioso do cinto milésimos de segundos depois que terminou de falar.
— Cinco.

Yukwon finalmente pareceu entender qual o objetivo de sua escolha de um


número e eu percebi seu olhar chocado pousar em meu rosto. Se ele estava
preocupado, entretanto, não encontrou nada além de um prazer genuíno
provocado pela dor e pelo som do couro acertando minhas nádegas
alternadamente.

Mais um. Dois, três, quatro, cinco.

Minha pele está ardendo, a dor de cada nova vez que o cinto atinge minha
bunda se torna mais aguda e intensa, mas as lágrimas nos cantos de meus
olhos são provocadas não porque a sensação me incomoda, e sim porque me
enche de uma satisfação quase insuportável.

Eu consigo imaginar a vermelhidão e sinto a região acertada pelo cinto arder


quando, abandonando o objeto de couro, Jungkook voltou a me acariciar com
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sua mão. Por estar com as nádegas sensíveis, eu gemi baixinho contra a
cama, mas o que verdadeiramente foi audível foi seu questionamento seguinte:

— Você vai ser um bom garoto agora, não vai, anjo?

— Sim... Sim, senhor... — Respondi, respirando com dificuldade.

— Promete? — Insistiu, o tom provocativo se fazendo presente outra vez


quando suas mãos afastaram minhas nádegas uma da outra e seu polegar
massageou a região que contorna a entrada no meio delas. — Você sabe o
que vai ganhar se for um bom submisso, não sabe?

Eu suspirei mais uma vez quando ele empurrou apenas a ponta de seu dedo
para dentro.

Inferno, eu quero Jungkook dentro de mim tão desesperadamente que chega a


doer.

— Sim, senhor. Eu prometo que vou ser um bom menino para o senhor — Eu
disse, talvez gemendo entre uma sílaba e outra, mas não me importo.

Ele afastou ainda mais minhas nádegas e usou seu polegar para me
massagear apenas mais uma vez. Antes que eu pudesse me lamentar,
entretanto, eu senti o rosto de Jungkook pousar entre elas e deixar um beijo
suave na parte interna de ambas. Depois, ele pressionou a língua no meu
períneo e eu quase engasguei com um gemido quando subiu lambendo toda a
região até o lugar onde quero sentir seu pau e empurrou seu músculo úmido e
macio para dentro.

Eu apertei a colcha abaixo de mim e deixei um gemido particularmente mais


alto escapar quando, já sentindo sua saliva espalhada, ele afastou sua boca
um pouco mais para o lado e voltou a beijar a região sensível de minha nádega
enquanto um de seus dedos substitui as penetrações de sua língua.

Eu rebolei contra sua mão, a bunda pairando no ar, o rosto esmagado contra o
colchão que abafa meus gemidos e o tecido macio do roupão me fazendo
sentir ainda mais calor enquanto Jungkook começa a meter um segundo dedo.

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Sentindo meus suspiros rendidos escaparem um atrás do outro, eu cometi o
erro de voltar a olhar para meus amigos. Yuta está com as mãos pressionadas
fortemente contra a região de sua virilha, o rosto vermelho ainda entregando
sua timidez. Yukwon, por outro lado, está massageando o que eu consigo
identificar como uma ereção. De repente, sua mão desajeitada buscou a do
namorado, puxando-a até seu próprio pênis.

— Vem, Yuta...

Yuta pareceu sem jeito, perdido sobre o que fazer, mas quando seus dedos
estimularam a ereção de Yukwon, quem gemeu fui eu.

A sensação de estar sendo tocado por Jungkook enquanto somos assistidos e,


ao mesmo tempo, poder ver o toque íntimo entre duas outras pessoas faz o
equivalente a uma bomba atômica de tesão explodir dentro de mim.

Sem aguentar a intensidade do que sinto, necessitado por dar vazão a tudo
isso, eu estiquei minha mão até a mochila apoiada perto de mim e revirei o
bolso externo até encontrar o lubrificante.

— Senhor... — Chamei por Jungkook, literalmente choramingando. — Eu


preciso... por favor...

Ele lentamente retirou seus dedos de dentro de mim e ergueu seu corpo,
voltando a ficar de joelhos entre minhas pernas. Entretanto, ele não perdeu a
chance de me provocar quando empurrou sua ereção ainda coberta pela calça
entre minhas nádegas, mais uma vez simulando uma penetração lenta e
tortuosa.

— É isso que você quer, anjo?

Eu tentei responder com algo além de um aceno de cabeça, mas minha voz
morreu quando Yukwon gemeu ao puxar a mão de Yuta para dentro de sua
calça.

— Eu preciso ouvir, Jimin — Jungkook lembrou. — Está com vergonha porque


seus amigos estão aqui?

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— Não- Me forcei a dizer, mesmo sabendo que nem Jungkook acredita em sua
acusação. — Eu quero o senhor dentro de mim, por favor, fode...

— Melhor assim, meu bem. — Ele fez questão de dizer, e eu tremi ao ouvir o
som do zíper de sua calça. Entretanto, assim como as outras peças de roupa,
Jungkook não a tirou completamente, apenas abriu o suficiente para puxar seu
falo rijo para fora e pressioná-lo em minha entrada quando se inclinou para
pegar o lubrificante em meus dedos frouxos. — Vire.

Mesmo tremendo, com os músculos firmes como papa, eu fiz o que me foi
ordenado e, quando virei, o vi quebrando a curta distância até a cabeceira da
cama, onde se sentou com as costas apoiadas e as pernas brevemente
flexionadas.

Minha saliva quase escapa quando eu vejo seu pênis ereto tocar a base de sua
barriga exposta pela camisa aberta, com as pernas fortes ainda cobertas pelo
tecido de sua calça.

Sem hesitar, eu engatinhei até ele quando o vi lambuzar o próprio membro com
lubrificante, e deixei uma trilha de beijos do meio de seu abdômen até seu
pescoço antes de sentar em suas pernas.

Jungkook prontamente me segurou pela cintura e me puxou mais em direção à


sua virilha, fazendo minha ereção encontrar a sua. Antes que eu pudesse
aproveitar a fricção, entretanto, meu dominador puxou os cabelos em minha
nuca e mordeu meu pescoço antes de ordenar contra minha pele sensível:

— Mostra como você senta gostoso, anjo.

Eu gemi como um desesperado e ergui meu quadril como um cachorrinho


adestrado, sentando devagar quando Jungkook segurou seu membro para
deixá-lo pronto para mim.

Meu corpo o aceitou aos poucos, adaptando-se à forma e tamanho de seu


pênis até que o senti inteiramente dentro de mim, finalmente, depois de tanto
tempo.

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Tomado pelo prazer físico e espiritual de me sentir ser tomado por meu homem
outra vez, eu apertei seus ombros e deixei minha cabeça cair sobre a sua,
completamente rendido.

— Que saudade de você, Jungkook...

Em resposta, eu recebi um beijo na bochecha, depois um na boca que se


prolongou quando eu ergui meu quadril e voltei a sentar.

Quando ouvimos um gemido que não era nosso, entretanto, eu virei meu rosto
para o lado e senti meu corpo estremecer ao ver Yuta de costas para nós,
ajoelhado entre as pernas de Yukwon enquanto o chupa.

Meu próprio gemido veio como um choro; violento, incontrolável e alto,


atenuado pela sensação das mãos de Jungkook me guiando para continuar
quicando enquanto ele também mantém seu rosto quase colado ao meu, virado
para nossos amigos, enquanto sorri safado.

Com um tesão que nunca senti antes, eu ignorei o cansaço de minhas pernas
quando continuei sentando em Jungkook, sentindo-o dilatar minhas paredes
internas a cada penetração rápida e desesperada que faz o roupão deslizar por
meus ombros até cair preso em meus braços, revelando meus ombros, costas
e peitoral de uma só vez.

Quando me movi um pouco mais para o lado, meus dedos se enterraram nos
cabelos de Jungkook e os puxaram com força assim como o gemido que me
escapou ao sentir minha próstata ser atingida pela primeira vez.

Ciente sobre a causa do meu grito manhoso, Jungkook envolveu minha cintura
num abraço firme e segurou meu corpo cansado na mesma posição para ele
mesmo começar a mover seu quadril e estocar em busca do mesmo ponto, vez
atrás de vez, enquanto seus lábios deslizam por meus ombros expostos e me
deixam vários beijos.

Um palavrão ao lado e um suspirar mais alto, de repente, mostraram que


Yukwon gozou e me lembraram que eu mesmo estou no meu limite.

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— Jungkook... — Eu o chamei, sentindo meu corpo mole, cada vez mais
sensível. — Eu... eu quero gozar com o senhor... n-não demora, por favor...

Ele quase rosnou contra minha pele quando meteu mais forte e,
voluntariamente, eu contraí meus músculos para estrangular seu pênis,
desesperado para fazê-lo chegar ao ápice comigo.

— Por favor... — Insisti, utilizando o mesmo golpe baixo a cada investida sua.
— Por favor, Jungkook...

Com a pressão das minhas contrações, meus pedidos manhosos e minhas


unhas arranhando-o na região das costelas, Jungkook gozou ainda antes de
mim, e bastou sentir sua porra se derramar em meu interior para que, junto
com a fricção do meu pênis contra seu abdômen, eu também goze enquanto
sinto mais algumas estocadas lentas e lambuzadas de gozo.

Meu corpo tremeu, sensível, quando ele me beijou no pescoço antes de usar
suas mãos para me fazer levantar. Assim que seu membro saiu de mim, eu
senti o gozo denso e viscoso escorrer para fora, de meu ânus até a parte
interna de minha coxa.

— Porra... — Ele praguejou, com os cabelos escuros úmidos de suor.

Tão delicioso que machuca.

Do outro lado, Yuta está sentado no chão, ao lado das pernas de Yukwon, e
nenhum dos dois sabe o que fazer ou dizer agora.

— Eu preciso cuidar do Jimin agora. — Jungkook anunciou, arranjando uma


saída para a sensação esquisita que parecia prestes a se instalar entre nós
quatro.

Sem relutar, eu me deixei ser carregado até o banheiro, onde Jungkook nos
limpou. Como eu esqueci de trazer o hidratante na mochila, ele decidiu que
vamos direto para casa, assim ele pode cuidar melhor de mim e massagear a
região onde fui castigado com o cinto, assim não vai ficar lesionada.

— Você gostou? — Eu perguntei, ansioso, enquanto o vejo abotoar sua blusa.

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Jungkook sorriu e, sem parar de enfiar o botão seguinte no espaço
correspondente, se abaixo para me dar um beijo.

— Eu sempre amo foder você, anjo.

Eu sorri, satisfeito com sua resposta. Quando saímos do banheiro, Yuta e


Yukwon também pareciam prontos para irmos embora, então juntamos nossas
coisas e deixamos o quarto para trás, sequer aproveitando toda a diária a que
temos direito.

A principio, não falamos nada. Ficamos imersos num silêncio sepulcral até que
o elevador chegou ao nosso andar e Yuta deixou uma primeira risada escapar.

— Eu não acredito que a gente fez isso... — Ele disse, massageando as


bochechas coradas.

Yukwon fez uma expressão esquisita quando segurou o riso e abraçou o


namorado por trás, guiando-o para dentro da cabine metálica.

Antes que ficássemos em silêncio outra vez, eu questionei:

— Tudo bem entre a gente? Quer dizer... não vai ser esquisito de agora em
diante, né?

— Por causa disso? — Yukwon perguntou, quase entediado. — Claro que não.
Mas se vocês não me derem comida, eu não posso garantir nada. O único que
comeu bem nesse quarto de hotel foi o Jungkook. Aliás, você tá gostosinho pra
caralho, hein, Jimin?

Eu deixei uma risada alta escapar quando me encolhi ao lado do meu


namorado, constrangido.

— Vamos pedir alguma coisa quando chegarmos em casa. — Jungkook


garantiu, passando o braço ao redor do meu ombro. — E, sim, Jimin fica cada
vez mais gostoso.

— Vamos só falar sobre o jantar, por favor! — Yuta pediu tão constrangido
quanto eu, mas sua risada revela que ele não está verdadeiramente
incomodado,

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De qualquer forma, nós acatamos seu pedido e, depois de fecharmos as
contas com o hotel, entramos no carro para voltar para casa, percurso durante
o qual discutimos fervorosamente sobre o que deveríamos escolher para
comer.

Entretanto, ainda antes de Jungkook posicionar o carro na nossa garagem, eu


percebi que os planos da noite vão se bagunçar um pouco ao perceber alguém
em nossa varanda.

E eu não estou louco. Aquele é Namjoon... com um gato nos braços?

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42 • Got The Blues

— Namjoon? — Jungkook chamou seu amigo quando descemos do carro, e


ele parece tão confuso quanto eu.

O destruidor de frigobar continua de pé em nossa varanda, com um gato nos


braços e umas caixas aos pés.

— Aconteceu alguma coisa? — Jun insistiu, preocupado.

— Ah, sim... Você não vai acreditar. — Namjoon respondeu, hesitante, e


passou os olhos por meus amigos. — Vocês estão com visitas? Espero não
estar atrapalhando...

— Não se preocupe, nós já fizemos o que tínhamos planejado para hoje. —


Respondeu, sereno.

Quem vê, nem pensa que esse homem, instantes atrás, estava me fodendo na
frente dos nossos amigos. Propositalmente.

— Você quer entrar? — Sugeriu, caminhando até a porta de entrada. Namjoon,


entretanto, negou.

— Eu só vim trazer o material que tinha prometido antes. Você disse que
conhece alguém que podia precisar das apostilas para o vestibular, não foi?

— Ah, sim. Obrigado por isso. — Ele lançou uma olhadela para o bicho nos
braços do amigo, depois ergueu as sobrancelhas: — E O gato?

— É. Isso também — Namjoon mostrou um sorriso constrangido, mas que


exibe as covinhas bonitas. — Meus pais vieram me visitar e minha mãe tem
alergia, então eu estava pensando se vocês não podem ficar com ele por esses
dias?

— Eu posso pegar? — Perguntei antes de deixar Jungkook responder.

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Nós estávamos conversando sobre a possibilidade de ficarmos com o gatinho,
mas com os últimos acontecimentos, acabamos deixando o assunto de lado e
não chegamos a decisão alguma

— Sim. Mas ele não gosta muito de pessoas — O destruidor de frigobar avisou.

Eu não me preocupei por seu aviso e estiquei minhas mãos para pegar o
bichinho e sorri imediatamente quando afundei minhas mãos na barriga
gordinha e peluda antes e abraçar essa coisa fofa

— Parece que ele gosta de mim — Constatei, percebendo-o calminho em


meus braços.

— Deixa eu pegar também — Yukwon quase exigiu depois de dar um tapa em


minha nuca.

— Não. - Respondi de prontidão, depois deixei um beijinho na cabeça do gato.

— Se vocês quiserem ficar permanentemente com ele, podem ficar —


Namjoon disse, se aproveitando do meu momento com o bichado. — Eu ainda
estou procurando um lar definitivo.

Eu lancei um olhar pidão para Jungkook. Ele nunca me nega nada, não é
possível que resolva negar agora.

— Por favor? — Pedi. Abrir bem meus olhos foi proposital, para comovê-lo. —
Eu cuido direitinho dele, prometo.

— Eu trouxe as coisas dele. — Namjoon se juntou aos meus pedidos


manhosos. — E o bicho é bonitinho, olha como ele gostou do... Jimin — Ele
continuou, sua voz morrendo a cada segundo que percebeu o que estava
dizendo.

Acho que o destruidor de frigobar ficou com ciúmes, por isso eu ri um


pouquinho e dei mais um beijo na cabeça do meu gato.

— Deixa logo, seu bocal, olha a carinha fofa dessa merda! — Yukwon foi o
terceiro a se unir. Yuta foi o último.

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— Não chama o pobrezinho de merda, seu ogro! Mas ele é fofinho mesmo, eu
quero brincar com ele...

Jungkook suspirou e abriu a porta de casa, assentindo brevemente.

— Tudo bem. Nós ficamos com o gato, Namjoon, pode relaxar.

Eu quase gritei e comecei a pular, mas me contive para não estressar meu
novo filho, então me contentei em dar outro beijinho na cabeça de pelinhos
acinzentados.

— Graças a deus. — Namjoon suspirou. O coitado deve mesmo ter passado


maus bocados com esse gato. — Não podem voltar atrás, entenderam? É
problema de vocês, agora, e eu vou embora antes que mudem de ideia.

Eu ri um tanto, Jungkook também, e o destruidor de frigobar andou de costas


enquanto acena para nós quatro, feliz, até dar uma corridinha até seu carro.
Sozinhos, nós passamos para o lado de dentro enquanto eu sou atacado pelas
mãos de Yuta e Yukwon tentando tocar no meu gato.

Nenhum dos dois se preocupou em ajudar Jungkook a colocar as coisas para


dentro, os ingratos.

— Qual o nome dele, Chim? — Yuta perguntou, tentando tomá-lo de mim.

— Acho que ainda não tem nome... — Me lamentei, sentindo o bichano se


agitar em meus braços. Acho que ele quer descer, então o coloco no chão para
que ele conheça seu novo lar.

— O nome é Chim. — Jungkook respondeu logo depois, com total


naturalidade.

— Mas Chim sou eu, Jun... — Murmurei, confuso.

— Sim. — Ele me pegou pela cintura e deixou um beijo na minha bochecha.


Depois, disse baixinho: — O nome do seu gato vai ser o apelido do meu
gatinho.

— Tá bom... então é Chim! — Eu cedi, risonho. — Mas você também é pai


dele, viu?
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— Sim, meu bem. Ele é nosso filho. — Jungkook garantiu.

Yuta e Yukwon já não estão mais dando bola para nós dois, porque estão mais
preocupados em acompanhar nosso Chim caminhando curiosamente pela
casa.

— Tudo bem. Vamos cuidar melhor de você. — Ele voltou a dizer, então me
abraçou por trás. Antes de começar a me guiar até o quarto, ele olhou para
nossos amigos: — Vocês podem pedir nosso jantar, enquanto isso.

— Vocês pagam, né? Nós somos visita, não podemos pagar. É rude da parte
de vocês. — Yukwon disse, deitado de barriga para baixo no chão para ficar
mais próximo do fofinho.

Jungkook nem precisou responder, só deixou uma risada baixa dar as caras
antes de me empurrar delicadamente enquanto caminha com o corpo colado
ao meu e me dá vários beijinhos pelo pescoço.

No quarto, ele tirou meu uniforme do trabalho e me colocou deitado de bruços


na cama para massagear minha bunda com o hidratante que sempre usamos
depois que levo umas palmadas ou qualquer coisa que deixe minha pele
avermelhada.

— Faz nas costas também? — Pedi, manhoso, enquanto me derreto inteiro


sentindo-o acariciar habilmente minhas nádegas. — Seu Jimin tá tão
cansadinho...

Jungkook riu porque ele conhece claramente minhas manipulações, mas não
se opôs e logo suas mãos subiram por minha cintura enquanto seus polegares
são pressionados ao longo de minha coluna.

Eu gemi de satisfação com o rosto e os braços cruzados sobre meu


travesseiro, e até fechei os olhos para aproveitar melhor a massagem deliciosa
de meu homem.

Quando suas mãos subiram todo o percurso duas vezes até minha nuca, ele se
demorou um tanto mais na região, massageando-a com os dedos.

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— Anjo,— Ele me chamou, acariciando as laterais de meu pescoço. — você
quer experimentar?

— Hm?— Murmurei, meio desnorteado.

— Você me pediu para te sufocar mais cedo — Ele lembrou, sem parar o
trabalho de suas mãos. — Quer mesmo tentar?

O assunto é sério, então eu abri meus olhos e me concentrei melhor, mas sem
deixar de me sentir relaxado.

— Quero...

— Eu também quero, mas não podia fazer daquele jeito. Você precisa
conhecer bem todos os riscos — Ele apontou, então usou as mãos para me
ajudar a virar sobre o colchão, depois a sentar. Enquanto me veste com uma
blusa confortável, continuou: — Nós nunca fizemos algo perigoso como isso,
você sabe, não é?

— É tão perigoso assim? — Questionei, confesso que um pouco assustado.

— Existem casos de praticantes que morreram durante sessões de breathplay,


anjo. — Ele confessou, agora arrumando os cabelos em minha testa. — Antes
de tentar pela primeira vez, eu fui instruído a fazer treinamento de primeiros
socorros e todas as minhas primeiras práticas foram acompanhadas por um
outro dominador mais experiente.

Eu acho que arregalei meus olhos. Agora, pelo menos, eu entendo por que
Jungkook sequer considerou a possibilidade de fazer isso comigo sem
conversarmos bem antes.

— Então você já fez? — Questionei, levado meramente pela curiosidade. —


Como foi?

É cada vez mais fácil aceitar que Jungkook teve suas experiências antes de me
conhecer, sem perder o juízo por algo que não merece minha preocupação ou
meu ciúme.

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— Foi o máximo de controle que eu já tive em minhas mãos. A sensação é
surreal — Ele disse, sinceramente.

Eu me mantive pensativo, mas então ele prosseguiu:

— É algo que requer confiança extrema por parte do submisso e muita prática
por parte do dominador, entende? Eu sei que você confia em mim e talvez
tenha interesse em tentar, mas antes de tudo você precisa conhecer cada um
dos riscos, porque sua vida vai estar literalmente sob meu controle como nunca
antes.

— E quais são os riscos? Além de... morte...

— Desmaios, para começar. Se o breathplay for praticado com o que


chamamos de estrangulamento, também pode lesionar a traqueia.
Dependendo da posição em que a prática ocorrer, se o submisso perder a
consciência e cair, pode bater a cabeça em algum lugar. Se a oxigenação for
interrompida por mais que o tempo limite, também pode gerar danos cerebrais
irreversíveis. Os riscos são incontáveis.

Eu fui arregalando os olhos a cada possibilidade narrada por Jungkook, talvez


mudando de ideia sobre meu desejo de experimentar isso.

— Você está assustado?- Ele perguntou, atento às minhas reações, como


sempre.

— Um pouco...

— Nós realmente não precisamos tentar. É muito perigoso, anjo.

— Mas é bom? — Eu perguntei, abraçando minhas pernas. — Pro submisso?

— Só para aqueles que tem asfixiofilia, meu bem. Diferente das outras coisas
que fazemos, essa é uma prática muito mais restrita, com muitas chances de
não gerar prazer algum.

Eu não sei se tenho asfixiofilia, ou não. A ideia me atrai, mas eu realmente não
tenho certeza. Fico dividido entre a sensação de agonia por me ter o ar privado
e satisfação por dar tanto poder a Jungkook.

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— Eu quero experimentar, mas não sei se vou gostar...

Jungkook piscou lentamente, então me deu um beijo na testa.

— Deite na cama, anjo.

Mesmo sem entender o intuito de sua ordem, eu voltei a deitar sobre o colchão,
depois deixei que ele posicionasse meu corpo da melhor forma.

— Esse — Ele disse, posicionando sua mão em meu pescoço, mas sem
pressionar. — é o estrangulamento. Se eu apertar sua traqueia, eu começo a
interromper sua oxigenação. É meu método favorito, mas é um dos mais
perigosos. Se você não está confiante, vamos descartar a possibilidade.

Eu levei minha mão até seu pulso, mantendo sua palma na mesma posição.
Isso definitivamente me excita. Não a possibilidade de lesionar minha traqueia,
mas a sensação da mão de Jungkook me envolvendo dessa forma.

— Eu gosto disso... de sentir sua mão assim... — Confessei.

Jungkook pensou um pouco e eu me senti curioso quando ele manteve sua


palma em meu pescoço e colocou a outra sobre minha boca, posicionando ao
mesmo tempo seu indicador e polegar para tampar meu nariz.

— Nós podemos fazer assim. Ele disse, sem efetivamente impedir a passagem
de ar. — Eu mantenho minha mão em seu pescoço, mas sem pressionar, e
faço o controle da oxigenação através de sua boca e nariz. É mais seguro, eu
posso interromper a prática rapidamente a qualquer sinal de desconforto seu e
nós dois aproveitamos a sensação do estrangulamento, mas sem o risco de te
lesionar.

Eu sorri, satisfeito com sua proposta. Me sinto mais seguro assim, e estimulado
também.

— Tá. Assim eu quero.

Jungkook afastou suas mãos, logo em seguida me puxou para me colocar


sentado outra vez, então me deu um beijo demorado na bochecha.

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— Vamos conversar melhor sobre isso depois. Seus amigos estão esperando,
nosso gato também.

Eu assenti, obediente, e me pus de pé para que ele me vista com uma de


minhas calças de moletom.

Quando Jungkook também trocou suas roupas, nós mal tivemos tempo de sair
do quarto antes de ouvirmos a campainha tocar.

— Meu deus, que noite agitada... — Eu murmurei, surpreso pela quantidade de


visitas que estamos recebendo.

Quando chegamos à sala, é claro que encontramos Yuta e Yukwon ainda no


chão, seguindo Chim de um lado para o outro, e eu fui me juntar a eles quando
Jungkook foi até a porta.

— Eu pedi pizza — Yukwon avisou, sem tirar os olhos do gatinho cinza.


Quando ele deu uma corridinha para bater a patinha contra o dedo de Yuta,
meu melhor amigo jogou a cabeça para trás como quem sofre muito. — Porra,
ele é muito fofo, eu não aguento mais...

— O Jimin? - Foi outra pessoa quem respondeu, e meu sorriso ficou do


tamanho do mundo quando olhei para trás e vi que nossa nova visita é Seokjin.
— É um bebê muito fofo, mesmo.

— Seokjin! — Eu me pus rapidamente de pé e o abracei assim que ele parou


perto. — O que você tá fazendo aqui?

— Vim trazer comida saudável pra você e pro Jungkook comerem durante a
semana — Ele apontou para meu namorado, que já está na cozinha com uma
das sacolas recicláveis de Seokjin. — Vocês não devem ter muito tempo para
cozinhar agora que os dois passam o dia trabalhando, então eu vim dar uma
ajudinha,

Eu sorri ainda mais, não só por seu gesto atencioso, mas porque sua comida é
muito boa mesmo.

— Obrigado! Você é o melhor!

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— Ué — Yukwon resmungou, agora sentado com a expressão brava. — E
quem é esse aí, Jimin?

— É o Seokjin! Eu já falei dele pra você, lembra?

— Ah-Meu melhor amigo apertou os olhos e ficou de pé, depois cruzou os


braços num gesto irritado. — E aí, Seokjin. Eu sou Yukwon. Melhor amigo do
Jimin.

— Que estranho, — Jin murmurou, também com os braços cruzados. — Jimin


nunca falou de você.

Eu engasguei com a surpresa e logo em seguida olhei apavorado para


Yukwon, que está com a feição de quem vai tirar a vida de alguém a qualquer
segundo. Provavelmente a minha

— É brincadeira. — Seokjin relaxou e acabou rindo, então descruzou os braços


e deu um tapinha no ombro do meu amigo. — Ele sempre fala sobre você.

Eu juro que vi Yukwon suspirar aliviado quando o mais velho de nós todos
caminhou ainda risonho até a cozinha, e até eu me sinto aliviado.

Meu deus, Jin não sabe que quase me condenou à morte com essa
brincadeira.

— Eu sou Yuta! — Meu outro amigo gritou, sem se levantar do chão.- Jimin
falou de mim também?

Seokjin riu, debruçado sobre o balcão, e assentiu.

— Oi, Yuta. Bucetão, né? Ele falou, sim.

— Meu deus, esse apelido não podia ter ficado em Nam-gu? — Yuta
resmungou, e deu um tapa na perna de Yukwon. — Tá vendo o que você fez?!

Quando Yukwon se preparou para discutir com o namorado, eu me abaixei


para pegar Chim e levá-lo para apresentar a Seokjin.

— Jin! — O chamei, vendo-o agora observando Jungkook enquanto ele guarda


as porções de comida na nossa geladeira. — Eu e Jun temos um filho agora.

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— É de vocês? — Ele perguntou, estendendo as mãos para segurar o
bichinho. — Achei que era de seus amigos.

— Não, é nosso, sim! — Eu sorri quando Jungkook voltou para perto de nós
dois e fez um carinho rápido na cabeça do nosso gatinho.

— Tem os olhos do Jimin, você não acha? Ele apontou, sem afastar o dedo
quando Chim tentou mordê-lo.

Acho que estou começando a entender. Chim gosta de seres humanos, só não
gosta dos que trabalham na Bangtan.

— Ele é uma gracinha. - Seokjin respondeu, segurando-o no ar, depois sorriu


meio bobo. — E um dia desses vocês ainda namoravam à distância, agora
moram juntos e têm até um gato...

— Sim... — Eu disse um pouco nostálgico, depois olhei para Jungkook. —


Aposto que você não imaginou que estaria assim com aquele menino estranho
que te espionou no hotel...

— Engano seu. — Ele apertou os braços ao meu redor. — Eu já estava


escolhendo onde íamos passar a lua de mel ainda durante nossa primeira
conversa.

Seokjin riu e deu um beijo na cabeça de Chim antes de colocá-lo no chão.

— Vocês são minha família favorita. — Ele disse, recostando-se no balcão da


pia.- Mas posso interromper a conversa um minuto? Eu queria conversar com o
Jungkook, bebê.

— Sobre o que? — Meu namorado perguntou, sem me soltar.


Consequentemente, não me afastei para dar privacidade a eles. — Você sabe
que pode falar na frente do Jimin.

— Eu sei, mas não quero que ele se sinta desconfortável. É sobre o Taehyung.

— Eu não me importo... — Confessei, até porque minha curiosidade para saber


o que vão falar é maior que qualquer possível desconforto.

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— Certo. — Seokjin sorriu, quase parecendo orgulhoso. — É que vocês nos
viram juntos no shopping no outro dia e eu queria explicar melhor o que
aconteceu.

— Você não precisa dar satisfação nenhuma, Seokjin. — Jungkook o


interrompeu, paciente. Sa

— Me escuta primeiro. Eu sei que você é atento, com certeza percebeu alguma
tensão entre nós dois. Taehyung me ligou duas semanas atrás quando voltou
para Seul, porque estava precisando de companhia para beber. Você sabe que
ele não tem amigos aqui, então eu fui, e... acabou ficando meio estranho.

— Estranho como? — Fui eu quem perguntei, concentrado em sua explicação.

— Nós fomos... dançar? — Seokjin piscou de um jeito nervoso. — Nós só


íamos dançar mesmo, mas nós nunca tínhamos ficado tão próximos antes e foi
meio esquisito, mas não de um jeito ruim, e nós quase nos beijamos. Mas foi
quase! Não aconteceu nada, ele ainda é seu ex-namorado, Jungkook, e eu sou
seu amigo, então é claro que eu não faria algo assim!

Jungkook suspirou, condescendente.

— Seokjin, a única pessoa com quem eu espero que você não se envolva
dessa forma é com Jimin. Se tratando de qualquer outra pessoa, não faz
sentido algum você achar que seria falta de consideração.

— Até se eu me apaixonar por sua mãe? — Seokjin provocou, com um sorriso


desconfortável.

— Não seria falta de consideração, mas falta de noção, sim. Meu pai foi o único
que conseguiu fazer aquela mulher ter sentimentos. Mas se quiser tentar... boa
sorte.

Jin abaixou o rosto quando riu, depois suspirou.

— É sério, eu sei que você não se importa, mas eu queria esclarecer. De


qualquer forma, eu não vou me envolver assim com o Taehyung... é sério.

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— Essa é uma escolha sua. — Jungkook concluiu, sem prolongar o assunto. —
Você vai ficar para o jantar? Acho que Yukwon pediu pizza.

— Pedi! — Meu amigo gritou lá da sala. — Três!

— Uma inteira é só pra ele... — Avisei, e não estou nem brincando.

— Se não for incômodo, eu gostaria de ficar, sim. Faz tempo desde a última
vez que comi pizza. — Seokjin respondeu, parecendo mesmo ter medo de ser
inconveniente.

Quem poderia achar esse anjo um incômodo, por deus?

— Não incomoda! — Eu garanti, segurando-o e também segurando Jungkook


por seus braços para puxá-los até a sala, onde os outros dois estavam.

Antes de nos sentarmos no sofá, Seokjin se atentou às caixas que Namjoon


trouxe, ainda deixadas ao lado da porta.

— Vocês ainda não arrumaram todas as coisas da mudança? — Ele


questionou. Sua surpresa deve ser motivada pela forma como Jungkook
costuma ser neurótico com arrumação, porque de mim o que ele pode esperar
é que eu procrastine qualquer atividade que envolva organização pelo máximo
possível de tempo.

— Ah, não, são as coisas do Chim e um material que eu vou usar para estudar
— Respondi, distraído, ainda puxando-o para sentar.

— Estudar?

Eu só percebo o que deixei escapar quando o questionamento confuso de


Yukwon alcança meus ouvidos.

Droga. Deveria ser segredo, pelo menos até contar aos meus pais.

Meio perdido, eu olhei para Jungkook, mas ele só me olhou tranquilamente e


me puxou para sentar em seu colo sem dizer coisa alguma, num sinal de que a
decisão é minha.

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Eu suspirei, medindo meticulosamente minhas opções. Não que seja um
grande segredo, mas revelar que encontrei um novo objetivo em me tornar
enfermeiro pode gerar expectativas que, honestamente, não sei se vou
conseguir alcançar. Ao menos não na minha primeira tentativa.

Por outro lado, eu estou tão orgulhoso de mim mesmo por estar tentando, e
eles são tão importantes para mim que eu sinto a vontade crescente de
compartilhar com eles.

— Eu preciso contar uma coisa pra vocês. — Decidi, enfim

— O que? — Yuta perguntou, ansioso, ainda sentado ao lado de Yukwon, no


chão. Seokjin e Jungkook estão no sofá comigo, e Chim está em algum canto
da casa, espalhando seus pelos.

Eu me apertei um pouco mais contra o abraço de Jungkook e olhei para ele


uma última vez, em busca de apoio. O sorriso que ele me mostrou foi tão
bonito que eu acabei sorrindo junto só por sentir o quanto ele também se
orgulha disso tudo.

Já me sentindo mais corajoso, eu respirei fundo e apertei meus lábios, olhando


para cada um dos nossos três amigos nessa sala.

— Eu descobri que quero ser enfermeiro... — Confessei, esperando


ansiosamente a reação deles.

Será que eles vão achar estranho? Ou achar que eu não sou capaz?

— É sério, Chim? — Yuta perguntou, seus olhos se abrindo tanto quanto seu
sorriso assim que eu balancei minha cabeça para cima e para baixo. É muito,
muito sério. E, ao perceber isso, Yuta se levantou do chão e quase pulou em
cima de mim e Jungkook para me abraçar. — Eu não acredito nisso! Quer
dizer, eu acredito, e você vai ser um enfermeiro maravilhoso!

Eu deixei uma risada feliz escapar, abraçando-o de volta, feliz por não ser alvo
de perguntas ou críticas, só de apoio.

— Eu não acho que você vai ser um enfermeiro maravilhoso. — Seokjin se


opôs à constatação de Yuta, mas seu sorriso ao dizer isso aqueceu meu
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coração antes mesmo que ele finalizasse: — Você vai ser o melhor enfermeiro,
Jimin.

— É o que eu digo a ele. — Jungkook concordou, acariciando suavemente


minhas costas. E é verdade, ele diz isso em cada oportunidade que tem, mas
eu não me sinto sufocado pela responsabilidade de sua confiança em mim. Só
me sinto cada dia mais motivado.

Ainda em busca da última reação, eu passei meus olhos até Yukwon, que
continua sentado no chão enquanto abraça os joelhos desleixadamente e me
olha com um sorriso miúdo, mas juro que orgulhoso.

— O que? — Ele questionou ao perceber todos os olhares voltados para ele. —


Eu não posso ficar feliz porque vou poder dizer por aí que meu melhor amigo
vai ser enfermeiro?

— Você vai chorar de orgulho da próxima vez que ficar bêbado. — Yuta
previu. — Eu te conheço.

— Vai se foder!

Eu ri baixinho e mal percebi a transição gradual do meu riso se transformando


num soluço e minha visão se tornando embaçada por conta de algumas
lágrimas teimosas que começaram a se acumular. Quando me dei conta, eu
usei minhas mãos para tentar afastá-las. Por mais que sejam lágrimas de
felicidade por me sentir tão amparado, é um pouco vergonhoso.

— Ei, bebê, não precisa chorar — Seokjin apontou com uma risada carinhosa,
alcançando minha perna para me acariciar. E pronto, só ouvir a palavra chorar
dita em voz alta é o suficiente para me desmontar todinho. No instante
seguinte, um soluço mais alto escapa e eu me viro para abraçar Jungkook e
poder esconder meu choro compulsivo.

Ele me abraça de volta e eu percebo seu riso bobo enquanto ele continua me
acariciando na cabeça, sem tentar refrear meu choro.

— Ah, nem começa — Yukwon, por outro lado, não é tão paciente. — Engole o
choro que a gente tem que ter uma conversa séria!

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— Yukwon! Não fala assim com ele, seu ogro!

— Eu tô falando sério! — Meu amigo me deu outro tapa, e eu explodi numa


risada em meio ao choro de felicidade quando ele revelou: — Agora eu quero
ver o Jungkook fodendo o Jimin enquanto ele usa fantasia de enfermeiro!

Jungkook também riu. E ele nem se opôs à ideia.

❆❅❄❅❆

Ter Yukwon e Yuta em casa foi bom, eu diria que revigorante. Mas eles
precisavam voltar para Nam-gu, e o fizeram uma semana depois.

Mesmo quando estavam aqui, entretanto, eu estava tentando me habituar a


uma rotina de estudos, embora não tão intensiva quanto o ideal. Por isso, eu
comecei a acordar mais cedo que o usual para ter pelo menos uma hora e
meia para revisar os assuntos do vestibular antes de ir para o trabalho.
Também continuei a usar o horário de descanso no serviço para fazer revisões
rápidas.

Agora que não os tenho mais aqui, eu estabeleci uma rotina que se adequa
melhor a mim, então durmo normalmente até a hora de me preparar para ir ao
hospital e à noite, depois de uns minutos para relaxar e jantar, me junto a
Jungkook no escritório de casa para estudar até as onze da noite.

Nós o arrumamos bem bonitinho, inclusive Parte da estante ficou reservada


para os materiais de Jungkook, enquanto a outra, bem maior, foi ocupada com
meus livros e apostilas. A escrivaninha é grande o suficiente para que nós dois
possamos usá-la ao mesmo tempo e as cadeiras são devidamente
ergonômicas.

Ah, Jungkook também me ajudou a prender na parede um cartaz com meu


planejamento semanal de estudos, que foi organizado depois que analisei
cuidadosamente o peso de cada disciplina para o curso de enfermagem.

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— Venho te pegar no horário de sempre. — Jungkook avisou depois que eu
deixei um beijo em sua bochecha, antes de descer do carro. — Bom trabalho,
meu bem.

— Bom trabalho, Jungkook. — Me apressei em deixar mais um beijinho em sua


bochecha para só então sair.

No trabalho, pouca coisa mudou. Eu ainda gosto da companhia de Lisa,


Youngjae e Jinyoung quando estamos só os quatro na sala, mas eu os evito
como o diabo foge da cruz sempre que Wonsik ameaça se aproximar.

Ele parece estar percebendo isso.

Ele também parece estar percebendo que eu nunca vou embora logo depois do
expediente, já que preciso esperar Jungkook.

Mas eu continuo ignorando esse maluco.

O senhor Baek, por outro lado, merece toda minha atenção. Assim, no tempo
em que espero Jungkook vir me buscar e um enfermeiro levar o senhorzinho
para seu quarto para tomar sua medicação, eu faço companhia a ele enquanto
assistimos TV ou enquanto eu falo pelos cotovelos sobre minha vida. Acho que
ele gosta disso.

— Baek Beom Seok? — Eu o chamei, comendo uns amendoins que Hyun-soo,


a atendente do balcão da ala, me deu.

Meus encontros com o senhor Baek já são conhecidos pelos outros


funcionários da ala e acho que eles tentam me agradecer sempre me dando
alguns agrados como esse

Todo mundo parece ter muito carinho pelo senhorzinho pequeno.

E quando ele virou para mim, eu analisei bem sua expressão, mastigando mais
um punhado de amendoins.

— Eu já disse que moro com a pessoa que amo? — Questionei. Eu sei que
disse, mas não sei se ele lembra. Quando ele fez que sim, prossegui: — Eu me
refiro a ele como "pessoa" para que o senhor não saiba que é um homem, mas

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
é meio desconfortável não chamá-lo pelo nome. Ele se chama Jungkook. O
apelido dele é Jun, o motivo é muito fofo.

Ele continuou olhando para mim em silêncio. Ele quase nunca fala, são raras
as exceções, mas não me importo. Eu já aprendi a entender o silêncio esse
velhinho adorável.

— O senhor fica incomodado? — Perguntei, só para me assegurar da resposta.

Ele negou lentamente, mas eu já sabia. Sua expressão não denunciou


nenhuma reação negativa depois de descobrir que o amor da minha vida é
homem, assim como eu.

— Ufa. — Mais amendoins na boca. — Eu queria te contar minha história com


ele, mas é cheia de eventos constrangedores e outros... é melhor nem dizer.

— Eu adoraria ouvir, Jimin.- Hyun-soo disse interessada, lá detrás do seu


balcão.

— Hm... — Ponderei falsamente, mas resolvi oferecer a versão resumida. —


Nós estamos juntos há quase três anos. Namoramos à distância por mais de
dois, agora moramos juntos e temos um gatinho. Ah, ele vem me trazer e me
buscar todos os dias e nas quintas-feiras nós sempre almoçamos juntos. São
as quintas do Jimin e do Jungkook.

— Os detalhes mandaram lembranças, né? — Ela resmungou, bem humorada.

— O horário não permite detalhes. — Garanti e ela levantou as sobrancelhas


num gesto safado, o que me fez rir. — Mas então vamos falar de outra coisa...
vamos falar sobre você, senhor Baek!

— Os calados são os mais perigosos... aposto que o senhor Baek tem história
pra dar e vender. — Hyun-soo apontou, brincalhona.

— É, senhor Baek? — Apertei meus olhos para ele, em falsa desconfiança. Ele
riu. É uma risada sempre silenciosa, mas dolorosamente sincera, e eu estou
aprendendo cada vez mais a como fazê-la surgir.

— Precioso demais... — A balconista suspirou. encantada nela velhinho.

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Baek Beom Seok mal fala e sequer tem forças para usar as próprias pernas,
mas ele já roubou um pedacinho dos nossos corações.

Eu também acho e, tencionando mantê-lo entretido pelo menos durante o


pouco tempo de que dispomos diariamente, fui em frente.

— Ok, me diga uma coisa de que você gosta. Sua coisa favorita no mundo
todo!

O senhor franzino ponderou, depois ergueu três dedos, o que me diz que ele
tem três coisas favoritas. Quando a resposta dada em sua voz fraca alcança
meus ouvidos, eu entendo o que isso significa:

— M-meus filhos...

Eu tento não deixar minha expressão se desmanchar, mas meu coração se


quebra mais uma vez.

Três filhos. Nenhum deles se importa em vir visitá-lo.

Isso é injusto. Isso é muito injusto e doloroso.

— Me diga outras três coisas. — Eu pedi, tentando não deixar sentimentos


ruins se abaterem sobre ele da mesma forma que chegaram a mim. — Mais
três coisas de que o senhor goste muito!

Ele voltou a pensar silenciosamente, a expressão se contorcendo de dor por


um instante.

— Bei-sebol — Ele respondeu, com a voz arrastada, dificultada. — E...


chapéus.

— O senhor gosta de chapéus? — Perguntei, alegre com a revelação.

Será que ele ficaria feliz se eu comprasse um chapéu bonito de presente?

A imagem antecipada desse senhorzinho miúdo com uma boina fofa faz meu
coração aquecer inteiro, e eu decido que vou, sim, comprar algo para ele.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Jimin, senhor Baek, hora do remédio — O enfermeiro de sempre surgiu,
sorridente. Agora ele também sempre me avisa quando precisa levar o
velhinho de volta para o quarto. — Hora da dupla dinâmica se despedir.

Eu sorri, guardando o restante dos amendoins num bolso da minha mochila.


Quando bati as mãos para limpá-las, Baek Beom Seok levantou um dedo, o
que fez o enfermeiro parar por um instante.

— Sim! — Entendi o que ele quer dizer. — Falta dizer mais uma coisa favorita!

Ele sorriu, o rosto magro se enrugou todo e os olhos quase sempre opacos
pareceram brilhar um tantinho mais quando ele abaixou o mesmo dedo na
minha direção.

— P-Park Jimin.

Eu sei que logo em seguida ele acenou, o sorriso fraco ali presente, e o
enfermeiro disse alguma coisa quando começou a levá-lo para longe de mim.
Mas eu não consegui fazer absolutamente nada, completamente pego de
surpresa por sua resposta enquanto sinto meu coração expandir para fazer
caber tanto amor.

Eu acho que é isso que sinto por ele. Acho que amo o senhor Baek.

Talvez seja ingenuidade afirmar algo como isso. Eu o conheço há algumas


semanas, não sei muito sobre sua vida, sobre tudo que ele passou antes de
chegar aqui, mas eu sei que amo seu sorriso e amo ser a causa dele, sem
esperar que ele me dê absolutamente nada em troca. Talvez essa seja a forma
mais pura e simples de amar alguém.

— É difícil, não é? — Hyun-soo falou de repente, atraindo minha atenção. Seu


olhar é carregado enquanto ela continua observando o corredor através do qual
o senhor Baek foi levado. — Ver uma pessoa como essa e saber como ela é
sozinha... dói muito.

Eu respirei fundo, ainda mal recuperado da surpresa indescritível de saber que


Park Jimin é uma das coisas favoritas de Baek Beom Seok.

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— É muito triste. — Eu confessei. — Mas nós estamos fazendo algo por ele.
Nós conseguimos acabar com um pouco da solidão... né?

Hyun-soo assentiu, depois voltou a olhar para mim.

— Esse é o único contato que temos com ele e já é tão difícil. — Ela disse. —
Eu queria ser médica antes, sabe? Mas eu não teria estômago. Ser médico,
enfermeiro ou qualquer profissional assim exige uma força que eu não tenho,
pra aguentar ver tanta gente abandonada, tanta gente sofrendo todo dia... e
todas as perdas — Ela balançou a cabeça, como se não tolerasse a ideia. —
Eu simplesmente não aguentaria.

Eu sei que não foi sua intenção, já que ela sequer sabe que eu quero tanto ser
um enfermeiro, mas sua afirmação tão certeira me atinge em cheio.

— Mas... compensa. Você não acha? — Murmurei, tentando me convencer. —


Sentir que está ajudando alguém...

— Era isso que me fazia querer investir na medicina. — Hyun-soo suspirou. —


Mas não dá pra ajudar todo mundo. Existem pacientes que, não importa o
quanto a equipe médica tente salvar... eles não resistem. Imagina você dar
tudo de si e não conseguir salvar alguém. Ou imagina os enfermeiros
responsáveis pelo senhor Baek, por exemplo. Ele não consegue ir ao banheiro
sozinho. Não consegue comer sozinho, nem tomar banho, e às vezes ele chora
de dor. Ou de solidão, quem sabe? São os enfermeiros que cuidam dele em
cada uma dessas ocasiões, mas todos nós sabemos que aquele velhinho não
vai resistir por muito tempo. Nós sabemos. Mesmo assim essas pessoas dão
tudo de si pra que ele tenha ao menos sua dignidade respeitada até o fim. E eu
admiro cada um deles por isso, porque o senhor Baek é só um dos pacientes
nesse estado, mas eu não conseguiria suportar a antecipação da perda sem
entrar em um colapso emocional.

Eu absorvo cada uma de suas palavras, que parecem baldes de água fria
jogados em mim. 55

Até então, eu tinha limitado minha visão aos porquês de querer me tornar um
enfermeiro, mas eu nunca me importei em descobrir se existia algum motivo

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
que me provaria o contrário. Agora, parece que todos eles foram esfregados
diante de meus olhos. E eu não sei se vou aguentar.

— É... O Jungkook deve estar chegando. É melhor eu ir — Anunciei


repentinamente, agarrando a alça da minha mochila antes de me adiantar ao
elevador, com o coração doendo pela insegurança.

Eu estava tão feliz antes, mas agora sequer tenho certeza. Será que eu
realmente sirvo para ser um enfermeiro?

Com a mente presa isso, eu caminhei para fora do hospital e me encostei ao


lado da entrada, onde espero Jungkook chegar, e sequer percebo que Wonsik
está ali, sequer percebo sua aproximação até que ele esteja em pé diante de
mim.

— Você não fala mais comigo. Ele quase acusou, de repente.

Tem um cigarro aceso entre seus dedos e o cheiro me dá náuseas.

— Eu não sei qual é a surpresa. — Disse, mal humorado. — Não é como se


em algum momento da minha vida eu tivesse mostrado empolgação pra
conversar com você.

Ele apertou os olhos e eu reafirmo que Jinyoung tem razão. Wonsik é esquisito,
mas não é só isso. Ele intimida.

— Olha, — Eu continuei, sem paciência alguma. — eu percebi que você


sempre fica me esperando aí e isso é muito estranho. Eu não sei qual é a sua,
mas me deixa em paz, tá?

— Eu quero conversar com você. — Ele anunciou, praticamente me ignorando.

— A gente tá conversando agora e eu não tô gostando — Garanti.

— Você não gosta de mim. Não foi uma pergunta, mas sim uma afirmação.

Oh, meu deus, Kim Wonsik é um gênio!

— Você tentou ferrar meu namoro. — Acusei, porque para mim isso já se
tornou uma certeza. — O que você esperava, idiota?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
O melhor? Ele nem tentou negar.

A mensagem apagada? — Ponderou, ciente sobre o que estou falando. Sua


serenidade ao se explicar me chocou: — O que você queria que eu fizesse?
Você não parece disposto a trair seu namorado, então eu preciso fazer vocês
terminarem.

Eu juro que meu queixo quase foi no chão e minha mão quase voou para
acertar a cara desse arrombado com um soco.

— O que você acabou de dizer? — Questionei, acreditando que estou ficando


louco. Não é possível. Simplesmente não é possível que uma pessoa
realmente tenha esse tipo de pensamento.

— Você ouviu. — Ele não se abalou por minha fúria óbvia. — Eu já tinha dito
que te acho muito bonito, Jimin.

Certo. Está confirmado. Ele é definitivamente louco.

— Ok, eu realmente não sei qual é a sua ou o que se passa nessa sua cabeça,
mas fica longe de mim, entendeu? — Eu disse, arisco, com a expressão
externando todo meu incômodo. Quando me virei para caminhar para longe
dele, entretanto e não pela primeira vez, ele agarrou meu pulso com muita
força.

— Você é um mentiroso. — Wonsik acusou, os olhos cheios de um sentimento


que me assusta quando eu tento me soltar, mas ele só me segura com mais
força ainda. Desobediente desse jeito... como você tem coragem de dizer que é
um submisso?

De apavorada, minha expressão se transformou em apavorada e confusa.


Como inferno esse maluco sabe que eu sou submisso?

— Você parece estar incomodando. — Uma voz ainda mais arisca que a minha
substituiu minha resposta, e eu quase chorei de alívio quando olhei por cima do
ombro e vi Jungkook se aproximar, a feição possessa. — Solte.

Eu não sei se Wonsik obedeceria a ordem inflamada de meu namorado, mas


sua breve distração me deu a chance de me libertar do aperto de seus dedos
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em meu pulso, então eu recuei até ser amparado por um abraço de Jungkook,
que mantém os olhos irritados em cima do segurança.

— Eu vou garantir que você seja expulso desse hospital. — Meu dominador
ameaçou, levado ao seu limite porque ele sabe bem de todas as vezes em que
Wonsik me importunou. — Tome cuidado se não quiser que eu te coloque
preso, também.

Eu pisquei demoradamente, sentindo meu peito bater forte, sem oferecer


resistência quando Jungkook pretendeu encerrar a conversa ali mesmo e
tentou me guiar para o carro. Antes de fazê-lo, entretanto, eu vi o sorriso no
rosto do maluco, e sua voz nos alcançou antes que déssemos o primeiro
passo:

— Eu vou lembrar disso quando estiver fodendo essa bunda gostosa do Jimin.

Jungkook mal pareceu terminar de ouvir as palavras que foram cuspidas em


provocação, porque menos de um segundo depois ele deu meia volta e dois
passos até parar exatamente em frente a Wonsik, os narizes quase se
encostando em óbvia ameaça.

Em reflexo, eu o segurei com as duas mãos pelo pulso, impedindo-o de fazer


alguma besteira.

— Eu quem vou foder sua vida se você chegar perto do Jimin outra vez —
Jungkook ameaçou, a voz mais intensa e assustadora que da primeira vez.

— Jungkook, eu quero ir embora - O puxei, evitando que a confusão tomasse


proporções maiores.

Jungkook o olhou em silêncio por mais um instante e deu dois tapas fracos na
bochecha de Wonsik.

— Não queira pagar para ver. — Deixou avisado e, com mais um puxão meu,
me acompanhou para longe do segurança.

No meio do estacionamento, seguindo até o carro que percebo que ele sequer
trancou, Jungkook apertou minha mão com mais força e me fez parar.

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— Ele te machucou?

Eu neguei com a cabeça, ainda com a cabeça a mil para conseguir falar.

— Eu vou fazer esse cara ser demitido, mas não sei quanto tempo vai levar. É
melhor você procurar outro emprego, anjo. Eu não acho que ele vai te deixar
em paz.

— Não, Jungkook... — Me forcei a dizer. — É meu trabalho, eu consegui


sozinho... não quero abrir mão disso por causa dele. Eu vou ter cuidado, juro.

Ele respirou fundo, a contragosto, e puxou minha palma até deixá-la diante de
seus lábios, então a beijou suavemente.

— Vamos conversar melhor sobre isso quando chegarmos em casa. — Ele


avisou, deixando claro que não está satisfeito com minha decisão.

Eu não me opus mais. Não tenho capacidade para isso, agora, então somente
concordei e entrei em nosso carro, onde fizemos a viagem de volta sem trocar
palavras, envolvidos apenas pela música que Jungkook deixou ligada.

No meio da correria de nossas vidas, ir e voltar com ele do trabalho é o tempo


que sempre temos garantido para nós dois. Nós conversamos muito, ou então
eu só apresento novas músicas a Jungkook. Agora eu já sei qual seu estilo
musical, coisa que antes nem mesmo ele sabia, e nós nos mantemos a par da
vida um do outro através das conversas descomplicadas.

Agora, entretanto, aproveitar em silêncio uma nova playlist que montamos


juntos parece ser o melhor, então nós ficamos caladinhos durante todo o
caminho. Sua mão puxando a minha para ficar apoiada sobre sua coxa é a
garantia de que estamos bem um com o outro, só não estamos bem com o que
acabou de acontecer.

Eu, especialmente, não estou bem também com o que aconteceu ainda antes
de Wonsik fazer o que fez

Por isso tudo, depois de semanas seguindo à risca minha rotina de estudos, eu
finalmente me sinto fraquejar e não tenho força para ir ao escritório depois do
jantar.
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Deitado no sofá com Chim adormecido sobre minha barriga e meus olhos
pairando no teto iluminado apenas pelas luzes da cozinha, eu não me assustei
quando Jungkook apareceu e se agachou na altura do meu rosto, fazendo
carinho em minha bochecha.

— Não tem nenhuma sobremesa para você, anjo — Ele avisou, e só então
percebo as chaves do carro em sua mão. — Eu vou comprar algo

Eu neguei, segurando-o antes que ele se afaste, e me movi com cuidado para
não incomodar nosso gato, mas para deixar claro meu pedido para que
Jungkook se deite comigo.

Ele pensou por muito pouco tempo antes de ceder e se deitar no espaço ao
meu lado, prontamente deixando um beijo em minha bochecha.

— Aconteceu alguma coisa? — Ele questionou cuidadosamente depois de


alguns segundos de silêncio. — Além daquele segurança... tem mais algo te
incomodando?

Eu movi minha cabeça até deixá-la recostada em seu ombro.

— Jungkook... você acha mesmo que eu posso ser um bom enfermeiro?

— O melhor, meu bem...

Eu me calei, buscando sua mão para entrelaçar nossos dedos, porque em


momentos assim tudo de que preciso é sentir Jungkook perto para me acalmar
e colocar a cabeça no lugar.

— Eu estava pensando, — Ele disse, interrompendo nosso silêncio. — nós


precisamos de mais tempo para nós dois. - Eu o olhei, à espera do que veio a
seguir: — Eu sei que as coisas estão difíceis para nós agora, mas não quero
que preocupação seja a única coisa em nossas cabeças. Então... Vamos
garantir nosso tempo juntos.

— Eu quero isso...

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— Então está decidido. — Jungkook ponderou por um instante. — Não importa
quão ruins as coisas estejam, os domingos à tarde são nossos. Sem trabalho e
sem estudos, tudo bem?

Meu primeiro sorriso das últimas horas surgiu, sincero.

— Tá bom. Os almoços de quinta são do Jimin e do Jungkook, e as tardes de


domingo também

— Isso. E hoje nós vamos descansar. Levante, meu bem. Eu vou te dar banho
e depois vamos dormir.

— Não posso levantar enquanto o Chim não acordar...

Jungkook olhou para o gato adormecido em minha barriga e sorriu,


acariciando-lhe a cabeça.

— E, Jungkook? No domingo nós podemos ir fazer compras? Eu queria


comprar uma coisa pro senhor Baek...

Ele concordou tranquilamente, porque conhece com detalhes quem é o senhor


Baek e o quanto se tornou importante para mim nas últimas semanas.

Depois, não falamos mais nada e acabamos por adormecer ali no sofá, com
Chim sobre minha barriga e minha cabeça recostada no ombro de Jungkook.
Apesar de tudo, foi uma noite tranquila.

No domingo, depois de passar a manhã estudando — apesar de ainda estar


inseguro sobre minha aptidão para ser um enfermeiro, eu reencontrei alguma
determinação para não deixar de tentar — enquanto Jungkook trabalhava
incessantemente na papelada da parceria com a D-lite, nós almoçamos juntos
em casa e nos preparamos para a tarde do Jimin e do Jungkook.

— Hoje está quente, — Ele ponderou, abrindo a porta do meu lado do armário
para escolher minha roupa. — então pode vestir isso.

Eu o vi segurar uma bermuda preta, que eu finalmente posso usar por já


estarmos na primavera. Depois, ele pegou uma camisa branca e lisa, com o
tecido fresco, e uma de minhas cuecas.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Por fim, Jungkook apoiou tudo sobre uma das prateleiras, ao lado do meu
desodorante, e parou ao meu lado diante da porta de correr com um espelho
embutido, e desatou a toalha presa ao redor de meu corpo, deixando-me diante
do meu reflexo nu.

Por alguns segundos, nada aconteceu. Eu continuei ali, confrontando meu


próprio corpo, como venho fazendo há algum tempo. É um tipo de terapia, eu
acho. Diante da minha dificuldade de autoaceitação, Jungkook resolveu intervir
à sua maneira, naturalmente. Por isso, meu dominador me faz me olhar
diariamente, redescobrindo cada pedaço de minha imagem sempre rejeitada
por mim.

Foi desconfortável, no começo. Ainda é um pouco, eu preciso admitir, mas a


cada dia eu sinto que consigo naturalizar um pouquinho mais tudo que tanto
me incomodava.

- Você é lindo. Ele disse, depois do que pode ter sido um minuto ou cinco, e
isso sempre marca o fim da minha sessão diária.

Eu sorri pequeno, deixando que Jungkook comece a me vestir. Momentos


depois, quando ele também ficou pronto com sua blusa de botões e mangas
curtas arrumada por dentro de sua calça, nós finalmente saímos de casa.

Fomos diretamente a um shopping, onde iniciamos uma busca incansável pelo


chapéu perfeito para o senhor Baek. No fim, eu encontrei uma boina verde-
musgo com estampa xadrez que parece perfeita para ele, e meu sorriso se
torna ainda maior quando imagino quão feliz Beom Seok vai ficar.

— Jungkook, — eu o chamei enquanto, agora, compramos novas sandálias de


couro para mim. — você não quer conhecer o senhor Baek?

Ele me olhou, ajoelhado no chão enquanto arruma o calçado em meu pé para


checar o tamanho.

— Ele não se importaria, meu bem?

— Ele é muito bonzinho. — Garanti. — E ele gosta de companhia, então vai


ficar muito feliz!

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Meu namorado sorriu, cedendo facilmente.

— Então eu quero conhecê-lo, anjo. — Ele aproximou seu rosto do meu, então
me roubou um beijo na bochecha e disse, em tom de brincadeira: — Quero
saber quem é esse homem que anda roubando meu namorado.

A risada que eu deixei escapar depois de sua provocação inocente foi só uma
das várias que dei ao longo da tarde que passamos juntos. À noite, nós
conversamos mais um tanto, assistimos TV e quase transamos no sofá, mas foi
esquisito porque Chim ficou nos olhando, então fomos sorrateiramente até o
quarto onde terminamos o que tínhamos começado na sala.

Na segunda pela manhã, eu sai feliz de casa, com a mochila nas costas, o
embrulho prateado com o presente do senhor Baek nas mãos e um sorriso no
rosto.

— Desculpa, Jimin, mas eu preciso perguntar — Lalisa resmungou, de repente,


já no meio do nosso serviço. — Que presente é esse?

— É pra uma pessoa muito importante — Foi tudo que respondi, mal
conseguindo conter meu ânimo,

Durante todo meu expediente, então, eu estive ansioso para o meu encontro
diário com Baek Beom Seok. Eu chequei o embrulho que eu mesmo fiz,
embalando o primeiro presente que comprei com meu salário, arrumei o
lacinho colorido e tudo. Mas quando eu finalmente sai de minha sala,
apressado para ir até a recepção do andar onde o senhor Baek sempre fica,
assistindo TV num volume que mal se escuta, ele não estava lá.

Sua cadeira de rodas não está ali, ao lado dos bancos fixos. A televisão sequer
está ligada.

— Hyun-soo, — Eu me aproximei do balcão, tentando não acreditar no que


pode ter acontecido. — cadê ele?

Meu coração deu uma guinada quando ela ergueu o rosto, os olhos sem
lágrimas, mas cheios de dor. Depois, os mesmos olhos doloridos desceram até

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o embrulho que eu abraço num gesto protetor contra o peito, que dói em
antecipação.

— Ah, Jimin... — Ela se lamentou num murmúrio dolorido. E isso foi tudo. Ela
entende perfeitamente para quem é o presente que carrego, assim como eu
entendo que não vou poder entregá-lo.

— Cadê ele, Hyun-soo? — Eu insisto, ainda me recusando a aceitar o


pior. Minha voz parece carregar raiva, mas é somente medo. — Ele tá na UTI?

— Jimin A mulher me chamou outra vez. Meus olhos encheram de lágrimas.

— O senhor Baek... ele faleceu ontem à noite...

Eu apertei ainda mais o embrulho contra meu peito, balançando a cabeça para
os lados e quase tropeçando quando recuei com um passo.

— Mas eu trouxe um presente pra ele, Hyun-soo...

As lágrimas que não estavam em seus olhos se juntaram à tristeza que eu sei
que ela sente, e eu a vi desabar em um choro dolorido bem diante dos meus
olhos assim que minhas próprias lágrimas encontraram seu caminho para fora.

— Eu sinto muito, Jimin. Eu sinto muito mesmo...

Eu sinto muito. Muita dor, arrependimento nem sei do quê, e a solidão que
esteve com aquele senhor se abater sobre mim quando recuo ainda mais até
cair sentado no banco onde tantas vezes me sentei ao seu lado.

O presente em minhas mãos foi ao chão e eu sinto o rastro sufocante das


lágrimas se arrastando por minhas bochechas até se acumularem em meu
queixo à mesma velocidade em que eu percebo o que isso significa.

Ele morreu. Sozinho. Enquanto eu estava sorrindo, fazendo amor com meu
homem, Baek Beom Seok estava sem ninguém, sentindo nada além da vida
deixar seu corpo frágil num quarto solitário de hospital.

A dor pesa em meus ombros tanto quanto a culpa, me forçando a me curvar


até escorregar para o chão e abraçar minhas pernas, encolhido quando o
primeiro soluço escapa e meu choro deixa de ser silencioso.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Calma, Jimin, por favor — Hyun-soo pediu e eu a percebo agachada ao meu
lado, tentando consolar meu choro inconsolável.

Mas eu não consigo erguer meu rosto, então eu não percebo o momento em
que as portas do elevador se abrem e Jungkook passa por elas. Não percebo o
momento em que ele me vê desolado no chão e sua curiosidade para conhecer
o senhor Baek se transforma em desespero. Sequer consigo perceber o som
de seus passos se aproximando com pressa, mas finalmente percebo quando
meu corpo é puxado para um abraço seu.

— Anjo? — Ele me chama, a voz trêmula e preocupada entregando o que não


preciso ver em seu rosto. — O que aconteceu?

Não é surpresa que eu não consiga responder, mas aceito seu abraço protetor
quando o seguro com força e escondo meu rosto contra seu pescoço,
molhando-o com minhas incontáveis lágrimas.

— Meu bem... — Jungkook se lamentou, mas não insistiu em tentar descobrir o


que aconteceu. Só me abraçou mais forte, sabendo que eu preciso disso
agora.

Eu não sei quanto tempo me leva até que o choro perca força, mas meu
coração continua apertado, doendo da saudade que sei que vou sentir do
sorriso frágil que nunca mais vou poder ver.

E é assim, imerso nesse sentimento sufocante que nunca experimentei antes,


que percebo que nunca mais quero passar por isso. Eu não tenho a força
necessária. Por isso, a certeza me atinge com a violência de um raio que
destroça o sonho mais recente que tive.

Eu não vou conseguir ser um enfermeiro.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
um olá triste pra vcs

porém não tão triste pq pelo menos nós jikookas estamos muito bem
alimentadas com tantas selcas e tantas interações do casal do milênio *_*

mas ok, pra quem me acompanha pelo twitter e não conseguiu desvendar os
asteriscos do spoiler, eles significavam o que vocês viram aí): "baek beom seok
morre"

existem coisas de submissive que estão planejadas desde antes da fanfic


começar a ser postada. a morte do beom seok foi uma delas, o que não quer
dizer que eu não sofri enquanto escrevia... (aliás tem outra coisa planejada
mais pro final que me embrulha o estômago de tanta tristeza MAS SEGUIMOS)

enfim, tenho boas notícias pro que vai acontecer no próximo capítulo, mas sem
spoiler por enquanto :x se bem que com uma das cenas dessa att aqui vcs já
podem imaginar o que é eu gostaria de informar a quem está acompanhando o
processo pra ela virar físico que diante do cenário atual do nosso país, eu não
me sinto mais segura em publicar e vender um livro que contém práticas bdsm
entre dois homens. acho que vocês conseguem entender o pq. MAS isso não
quer dizer que não vai ter mais livro, eu ainda estou estudando as
possibilidades. vamos conversando sobre isso com calma!

ah e não que vcs se importem mas dia 17 é meu aniversário de 24 aninhos e


eu vou passar sozinha então se vcs puderem me dar amor carinho e atenção
eu agradeço

seguimos na reta final da princesinha sub e, por conta das eleições, a próxima
att vai acontecer excepcionalmente num sábado, dia 27/10. se cuidem
direitinho e até lá <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
43 • Keep Breathing

O caminho de volta para casa foi silencioso.

Sem conversas, sem música, sem minha mão na coxa de Jungkook enquanto
ele dirige.

Foi só... silêncio.

Exaurido, eu acabei adormecendo encolhido contra a janela do carro, com as


lágrimas secas em meu rosto.

Eu sequer senti quando Jungkook estacionou em casa, mas despertei, ainda


letárgico, quando ele abriu minha porta cuidadosamente, pousou minha
mochila em suas costas e em seguida me pegou nos braços.

Assim que ele abriu a porta, Chim veio nos recepcionar, mas eu só me encolhi
mais contra Jungkook, deixando que ele me carregue até nosso quarto, onde
fui deixado sobre a cama e permaneci sentado ao ver Jungkook ir até o
banheiro. Instantes depois, com o som da água enchendo a banheira, ele
voltou para mim e me despiu cuidadosa e silenciosamente, ainda sem me
cobrar explicações sobre o que aconteceu,

Nos instantes seguintes, ele tirou a própria roupa, deixou cada peça sobre a
cama e segurou minha mão, agora me guiando até nosso banheiro. Por fim, ele
me ajudou a entrar na banheira já cheia, se recostou na borda e me puxou para
ficar entre suas pernas, com minhas costas apoiadas em seu peito.

A porta ficou aberta, então Chim logo entrou e se deitou sobre o tapete felpudo,
cabisbaixo como se pudesse sentir minha tristeza.

— Jungkook... — Eu o chamei, sentindo suas mãos percorrerem meus braços


num gesto tranquilizador à mesma medida que sinto a vontade de chorar se
fazer presente outra vez.

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— Shh... — Ele soprou, talvez percebendo a inconsistência em minha voz, e
me abraçou com força. — Não precisa falar, meu bem...

— Ele morreu...

O anúncio escapa por minha garganta, mesmo com seu pedido cuidadoso, e
dizer isso em voz alta parece dilacerar algo mais dentro de mim.

— O senhor Baek, ele... — Tentei dizer mais algo, mas não tenho voz, força ou
coragem.

Dessa vez, Jungkook não tentou me conter, mas seu abraço continua firme ao
seu redor. Sei que ele quer me proteger das coisas ruins que estou sentindo,
mas agora ele não pode. Nem você consegue, Jungkook.

— Eu não vou conseguir... — Consigo dizer em voz alta, depois. — Passar por
isso de novo... fazer disso uma profissão... eu não vou conseguir ser um
enfermeiro, Jungkook, e isso também dói muito...

Eu estou de luto por Baek Beom Seok e estou de luto por meu sonho mais
recente, talvez o único que tive.

— Anjo... — Jungkook se lamentou e, cuidadosamente, usou a mão para guiar


minha cabeça até se acomodar melhor sobre seu ombro. — Não pense nisso
agora, por favor.

— Eu sou tão egoísta, né? — Me lamentei, completamente decepcionado. — O


senhor Baek morreu e eu estou aqui me lamentando por conta de uma
profissão...

— Uma pessoa egoísta nunca faria o que você fez por ele, Jimin — Ele me diz,
paciente. — E você tem todo o direito de se lamentar e se sentir triste. Nada
disso anula o quanto você sente pela morte dele, entendeu?

Eu continuei calado. Não assenti, porque eu sei que ele tem razão, mas é tão
difícil não me sentir culpado agora.

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— Eu só estou pedindo para não pensar em desistir do que você quer. Não
pense em seguir em frente com isso também. Só se dê o direito de sentir o que
está sentindo. No resto, pensamos depois.

Eu fechei meus olhos com força e me aninhei melhor contra Jungkook,


aproveitando a sensação de seu abraço e da água morna, que eu sei que ele
deixou na minha temperatura ideal e não no meio termo de sempre, por mais
que isso signifique que está quente demais para ele.

E então eu fiz o que ele me pediu. Me dei o direito de sentir toda a tristeza que
estou sentindo sem pensar em mais nada, e existe algo de libertador em me
permitir sentir tudo isso sem lutar contra.

Ainda assim, é sufocante como o inferno.

Quando saímos do banho, ele me preparou para me colocar na cama e deitou


comigo, me fazendo carícias até que, em meio a um novo choro silencioso, eu
dormi. Mais tarde, ele saiu cuidadosamente do quarto para ir trabalhar, mas eu
não vi em que momento isso aconteceu. Só acordei sozinho, ainda no meio da
madrugada.

Talvez seja injusto dizer que acordei sozinho, porque Jungkook teve o cuidado
de encaixar minha pelúcia de coelho em meu abraço, para que eu não me
sentisse carente, e Chim está deitado ao lado da minha cabeça como um
guardião.

Pela manhã, foi difícil ir trabalhar. Difícil demais saber que eu não encontraria o
senhor Baek lá no hospital, depois do meu expediente, nem veria seu sorriso
ou o importunaria com minhas infinitas histórias sem graça.

Mas durante toda a semana, foi assim que me senti. Jungkook deitava comigo
até que eu caísse no sono, então saía da cama depois de me deixar sob os
cuidados das nossas pelúcias e de Chim, que fez um bom trabalho em estar
sempre ao meu lado sempre que estou em casa.

Pela manhã, então, eu ia trabalhar. Um dia foi se tornando menos difícil que o
outro, mas não deixou de ser triste.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Você parece tão pra baixo ultimamente... — Foi Jinyoung quem apontou
quando, no sábado, ficamos sozinhos na sala. — É por causa daquele paciente
com quem você assistia TV?

Eu abaixei meus olhos até a tela do computador, com o jogo Paciência pela
metade.

Durante as últimas semanas, eu sempre usava esses minutos livres para


estudar um pouco mais, mas nos últimos cinco dias eu me desliguei
completamente disso tudo. E eu nunca foi um aluno aplicado, odiava estudar,
mas agora me sinto vazio por não estar mais fazendo-o.

Foi assim que eu percebi que não ter um sonho pode ser algo difícil, mas
precisar abrir mão do que você tem... é incomparável.

— Você soube o que aconteceu com ele? — Eu finalmente disse algo, meus
olhos voltados para Jinyoung.

— Sim... — Ele respondeu quase em tom de lamentação. — Eu vi que você


passou bastante tempo com ele. Deve ser difícil. Eu sinto muito, Jimin.

Eu concordei, porque o que poderia fazer além disso?

— Mas sabe de uma coisa? — Jinyoung continuou. — Quando a gente saía da


sala no fim do expediente, ele sempre estava olhando na direção do nosso
setor como se estivesse te esperando. E quando te via, ele sorria muito. Ele
ficou internado aqui por muito tempo, mas eu juro que nunca o vi tão feliz
quanto nos últimos dias. Você fez algo muito bom por aquele senhor, Jimin. De
verdade.

Eu voltei meus olhos para a tela do computador, onde o jogo segue incompleto.
O problema é que eu ainda não consigo falar sobre o senhor Baek sem sentir
vontade de chorar, e agora meu colega foi diretamente no meu ponto mais
fraco, mas sei que sua intenção foi a melhor,

— Eu tenho até vergonha de dizer que não dava muita bola pro meus avós —
Mesmo assim, ele foi em frente, rolando sua cadeira de rodinhas mais para
trás. — Sabe? Eu os amo, mas não fazia esforço de verdade para estar com

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eles há uns bons anos. Depois de te ver com aquele velhinho, de ver como ele
ficava feliz só de ter sua companhia, eu me senti mal por isso e fui visitá-los.
Estou fazendo isso duas vezes por semana, agora, e eles ficam muito felizes.
Eu também fico feliz. Acho que na vida a gente acaba se acomodando e para
de dar valor a essas coisas, mas você me ajudou a lembrar de como
simplesmente estar lá por alguém é importante. Então... sei que não era seu
objetivo, mas eu preciso agradecer mesmo assim.

O que eu sinto agora é estranho. Como se uma pontinha de orgulho de mim


mesmo finalmente renascesse das cinzas, como uma fênix tímida, trazendo
junto um pouco de felicidade.

A vontade de chorar, no entanto, se tornou ainda maior.

— Eu sei que não tenho muita credibilidade porque vivo cheio de teorias da
conspiração e tudo o mais, — Jinyoung voltou a falar, agora de pé diante do
bebedouro da nossa sala. Quando encheu minha caneca, ele a colocou em
minha mesa e sorriu: — mas acredite em mim quando eu digo que você é uma
pessoa muito boa, Jimin, e inspiradora.

Eu sequei uma lágrima teimosa que escapou e sorri, aceitando a água e sua
afirmação tão confiante.

— Obrigado, Jinyoung.

Ele piscou um olho para mim e voltou a se sentar, então chocou uma palma
contra a outra num gesto motivacional:

— Ok. Hora de voltar ao trabalho!

Me sentindo um pouco melhor, eu fiz o mesmo que ele e fechei a aba do jogo
mesmo que o sistema não esteja notificando nenhum pedido a ser feito agora.
Ainda relutante, então, eu abri minha mochila, onde meus cartões de estudo
estão esquecidos já há algum tempo. Eu os fazia sempre que acabava de
estudar algum conteúdo que não assimilava muito bem, então anotava os
pontos mais importantes para relembrar nos meus minutos livres no trabalho.
Foi uma dica que Jungkook me deu, do tempo em que ele estava na escola.

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Eu passei os cartões, um por um, cada um carregando o esforço que tive, e eu
me surpreendo ao perceber que ainda lembro bem do que estudei.

Em um deles, no topo, Jungkook anotou um "eu amo você" sem que eu


percebesse, e só agora vejo, o que me faz sorrir.

Enquanto lembro das noites em que estive ao lado dele no nosso escritório, tão
dedicado aos meus estudos, me sinto dividido entre a vontade de continuar
tentando e o medo de não ter forças para suportar tudo que um enfermeiro
suporta.

Com um suspiro, eu devolvo os cartões à mochila e volto a fazer meu trabalho


assim que recebo a notificação de uma nova ordem de pedido da enfermaria.

— Seu namorado vem te pegar hoje de novo? — Jinyoung questionou quando


saímos da sala ao meio dia, depois do nosso expediente de sábado.

— Sim. — Eu sorri para ele. A essa altura, Jinyoung já até cumprimentou


Jungkook, e todos os nossos colegas de trabalho sabem que é ele quem
sempre vem me pegar. Eles acham fofo.

Quando chegamos à saída que sempre utilizamos e eu olhei ao redor, no


entanto, não o encontrei ali.

— Ele deve ter se atrasado um pouco hoje — Anunciei, sem me desesperar


mesmo que isso seja incomum para Jungkook.

Ele realmente nunca atrasa.

— Quer que eu espere com você? — Ofereceu, mas eu neguei. Talvez eu


aceitasse sua companhia se fosse um dia em que Wonsik estivesse por perto,
mas como ele não trabalha aos fins de semana, não me sinto preocupado
sobre isso.

— Não precisa, mas obrigado por se oferecer. — Eu sorri sinceramente,


porque gosto cada vez mais do doido das conspirações. — Até segunda?

— Até, Jimin. — Ele acenou e devolveu um sorriso bem bonito, antes de se


afastar.

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Sozinho, eu me recostei na parede e puxei meu celular só para ver se
Jungkook avisou alguma coisa, e me tranquiliza ainda mais encontrar uma
mensagem sua.

Eu ri da sua escolha de emojis sempre tão desajeitada, assim como ri da


cobrinha em seu contato - que, vale dizer, foi ele mesmo quem escolheu. Eu
também tive um direito de escolher um emoji para meu contato no celular dele,
então atualmente está salvo como Anjo ao lado de um emoji de coração e outro
de gatinho.

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Antes que eu guardasse o celular depois de enviar sua resposta, uma nova
mensagem chegou. Dessa vez, eu revirei os olhos porque é uma mensagem
do fórum sobre BDSM no qual ainda tenho cadastro.

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— Ah, não... — Eu resmunguei sozinho, mas mal tive tempo para me esconder
porque, assim que levantei o rosto, vi Min Yoongi se aproximando.

Ele está com o braço preso por uma tipoia, mas parece bem sorridente apesar
de ter uma parte do corpo aparentemente desmontada.

— Park Jimin. — Ele cumprimentou ao parar na minha frente e eu


imediatamente cruzei os braços numa posição defensiva. — Há quanto
tempo...

— Oi, dom Min Yoongi. Foi um tempo maravilhoso sem você para me atazanar.

Ele continuou sorrindo, mas umedeceu os lábios antes de me responder:

— Não aja como um bratzinho comigo, Jimin. Fica difícil resistir a você.

— Não estou agindo como um bratzinho porque você não é meu dominador,
seu sem noção. — Resmunguei.

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— Infelizmente você tem razão. — Ele torceu os lábios, então olhou para minha
coleira social. — Pelo visto você ainda continua com aquele lá.

— Com o melhor dominador do mundo? Continuo sim.

— Você defende tanto esse cara que eu já estou até perdendo as esperanças.
Tenha piedade de mim.

— Caguei. — Devolvo.

Min Yoongi, a despeito do que eu esperava, riu bem alto. Ele tem esse sorriso
com dentes pequenos e gengiva avantajada, mas é um sorriso bem bonito.

— Não quer saber o que aconteceu com meu braço? — Ele perguntou, se
apoiando ao meu lado, na mesma parede.

— Alguém não aguentou o quão chato você pode ser e te deu uma surra
merecida? — Provoquei. Ele riu de novo.

Dom Min Yoongi, agora, não parece má pessoa. Mas me irrita a forma como
ele desrespeita meu dominador e minha óbvia falta de interesse em
corresponder às suas investidas.

— Quase isso. Ele respondeu, usando a mão boa pra tocar na tipoia. —
Precisei interferir numa sessão, ontem, na Paradise lost. Como fui mais rápido
que os seguranças, acabei sofrendo as consequências.

Eu arregalei meus olhos, surpreso.

— Esse tipo de coisa acontece na Paradise lost? — Questionei, assustado.

— Você entraria em desespero se soubesse o que já presenciei lá. — Yoongi


confessou. Ele parece mais sério, agora, mas não se desfez completamente do
sorriso. — Você já deve saber que existem pessoas que se infiltram no meio
BDSM com as piores das intenções, não é? Pois foi o caso de ontem. O
dominador — Ele disse em tom óbvio de demérito ao cara em questão — não
interrompeu a punição quando a submissa disse a safeword.

— Vocês não têm tanto controle sobre quem entra lá? Como isso ainda pode
acontecer? — Perguntei, sem atacá-lo. Só estou verdadeiramente curioso.
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— Nós temos controle de quem entra, não do que se passa na mente dessas
pessoas. — Min Yoongi pareceu se lamentar. — Mas nós fazemos o que
podemos. Por isso novatos têm tantas restrições. Nós precisamos que eles
conheçam bem o ambiente e os riscos que ele apresenta antes de se
aventurar, levado pela euforia inicial, com qualquer um que se diga praticante.

Isso parece algo que Jungkook já me disse uma vez, e eu fico pensativo por
um instante.

— É bom ter isso em mente, Jimin. — Yoongi disse, de repente. — O princípio


do BDSM é lindo, mas as pessoas conseguem distorcer qualquer beleza e
transformar em algo feio, então... tome cuidado. Sempre.

Eu assinto sem hesitar, porque isso parece algo óbvio. Mesmo assim, fico
agradecido por sua boa vontade em me alertar, dessa vez, sem provocações
baratas,

— Por isso, — Ele continua. — quando precisar de um dominador novo, não vá


atrás de qualquer um. Eu posso ser o seu. Aliás, melhor dizendo, posso ser
seu brat tamer.

Ai está. Provocação barata.

Eu me ponho prestes a amaldiçoá-lo até ficar rouco, mas sua suposição de que
eu não sou mesmo completamente submisso me faz lembrar de algo.

— Yoongi — Eu o chamo de repente, como se ele pudesse ser minha


salvação. — Você por acaso conhece algum Kim Wonsik?

Ele apertou os olhos, assentindo.

— Lembro de um nome assim. Foi um dos banidos da Paradise lost.

Minha mente parece explodir em mil possibilidades para justificar como o


segurança louco parecia ter tanta certeza de que eu faço parte da comunidade
BDSM e, além disso, me identifico majoritariamente como submisso.

— Há quanto tempo? — Pergunto, com um quebra cabeças se formando em


minha mente. — Ele já tinha sido banido quando fui lá pela primeira vez?

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— Já... — Ele pareceu confuso com toda minha agitação. — Por quê?

Eu suspirei. Meu quebra cabeças se desfez inteiro, assim como eu, Jungkook e
Seokjin destruímos o de Jaehyo, tempos atrás.

— Por que ele foi banido? — Perguntei, ignorando sua pergunta, por ora.

— Muitas coisas, mas o motivo principal foi porque ele começou a perseguir
um dos nossos clientes. O pior? Depois que ele foi banido, nós descobrimos
que ele perseguiu vários outros submissos também. Um verdadeiro stalker.

Isso parece algo que se encaixa completamente na personalidade de Wonsik.

— Aliás, — Yoongi pareceu ter um estalo e apontou para dentro do hospital. —


o cara que ele estava perseguindo trabalha aqui, nesse hospital. Ou
trabalhava, não sei dizer, já faz um bom tempo desde a última vez que ele foi
na boate. Estava noivo ou qualquer coisa assim, talvez tenha decidido se
afastar da comunidade por isso. Não tenho certeza.

A justificativa de dom Min Yoongi parece válida.

Quer dizer, eu já li relatos os suficiente para saber que cada um se dedica ao


BDSM na forma que melhor lhe convém. No meu caso, se mostrou muito
conveniente alinhar minha submissão a um relacionamento amoroso com
Jungkook, mas sei de pessoas que separam uma coisa da outra e, ainda, de
outras que têm relacionamentos baunilha e exercem a dominação ou
submissão com outras pessoas que não seu parceiro.

Enfim, as possibilidades são tantas que não me surpreenderia por esse cara
em questão ter aparentemente se afastado da comunidade como um todo por
conta de seu noivado. Mas existe um detalhe que me perturba nisso tudo.

O cara em coma, que se acidentou nas escadas do hospital e supostamente


era próximo de Wonsik, também estava noivo.

— Por um acaso... — Eu começo, sentindo a preocupação tomar conta. — O


cara se chamava Dongsun?

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— Dongsun... — Ele repetiu e, depois de ponderar por alguns instantes, anuiu.
— Sim, Dongsun. Isso mesmo.

Eu quase joguei minhas costas contra a parede, buscando forças para me


manter de pé quando o quebra cabeça voltou a se completar. Agora, a imagem
que ele forma é assustadora.

— Yoongi... Dongsun está em coma.

— O que? — Pela primeira vez, eu o vejo demonstrar surpresa em intensidade.

— Ele se acidentou na escada do terraço do hospital. Quer dizer, parece que a


família dele estava achando que não foi acidente e um cara que trabalha
comigo também acha o mesmo, mas até fizeram uma investigação interna e
não deu em nada.

— O que você está supondo, Jimin?

— Eu quero saber de você... Você acha que Wonsik pode ter alguma culpa
nisso?

— Você está me perguntando se ele meteria uma pessoa em coma? — Yoongi


transformou meu questionamento mudo em palavras. — Eu honestamente não
sei te responder isso.

Eu massageei meus próprios dedos, nervoso.

— Ele está me perseguindo, sabe? — Confessei, subitamente assustado. —


Não de literalmente me seguir por aí, mas o jeito como ele me olha, age
comigo e fica me esperando quase todos os dias... me assusta.

— Eu posso tentar descobrir. Com as outras pessoas que disseram ter sido
perseguidas por ele também, no caso. Tentar mapear o comportamento dele e
te dizer se sua preocupação é válida.

— Você faria isso? — Perguntei, surpreso. — Por quê?

— Dessa vez, unicamente porque tenho senso de responsabilidade. Não se


preocupe, não quero nada em troca.

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Eu assenti e, em seguida, o carro de Jungkook surgiu no meu campo de visão,
aproximando-se lentamente.

— Eu realmente gostaria que você fizesse isso por mim, Yoongi. — Confessei.
— Eu preciso ir, mas obrigado. Você não é tão mau quanto pensei.

Ele deu uma piscadinha para mim, mas apenas ignorei esse gesto e acenei em
despedida antes de caminhar até o SUV. Quando entrei no carro, percebi
Jungkook perdendo alguns segundos para observar Min Yoongi do lado de
fora, provavelmente reconhecendo-o. Mesmo assim, incomodado ou não, ele
não fez qualquer comentário ou represália, só sorriu para mim e me deu o
selinho que sempre recebo quando ele vem me buscar.

— Como foi o trabalho, meu bem? — Foi tudo que ele perguntou.

— Bom. Eu gosto mesmo das pessoas que trabalham comigo — Mostrei um


sorriso tímido ao lembrar da conversa com Jinyoung. — E seu dia?

— Um pouco corrido. Me desculpe pelo atraso — Ele pediu, puxando minha


mão para deixá-la sobre sua coxa antes de começar a dirigir para fora do
estacionamento. — Mas eu trouxe algumas coisas para você.

— O que? — Perguntei, já curioso.

— Abra o porta-luvas. — Jungkook instruiu com um sorriso pequeno. — Um


dos presentes está aí. O outro é surpresa.

— Você sempre me deixa curioso... — Resmunguei, mas não fui orgulhoso o


bastante para me impedir de fazer o que ele me disse. Quando abri o
compartimento interno, entretanto, logo esqueci de qualquer chateação, porque
me deparei um pacote inteirinho de balas. — É tudo meu? — Perguntei, já
abrindo a embalagem para pegar uma.

— Sim, anjo. — Ele me olhou brevemente quando paramos no sinal. — Não


chupe muitas, nós ainda vamos almoçar.

— Sim, senhor — Respondi quase automaticamente, mas já enfiando uma


balinha na boca.

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Jungkook riu, e eu poderia ronronar, se fosse um gatinho de verdade, quando
ele acariciou minha nuca.

— Como você está, meu bem? — Ele perguntou, já que nos últimos dias estive
tão para baixo. — Parece mais feliz, hoje.

— Eu tô um pouco preocupado, na verdade... — Confessei, então apontei para


trás como se na direção do hospital. — Lembra do Yoongi, né? Ele conhece o
Wonsik e me disse um negócio que me deixou com medo...

— O que ele disse?

— Que Wonsik frequentava a Paradise lost, mas foi banido. E sabe o cara que
trabalhava na minha vaga e sofreu o acidente? Agora eu acho que aquele
doido pode ter alguma culpa nisso... — Eu disse tudo como uma metralhadora,
sem pausar sequer para respirar.

Jungkook manteve os olhos atentos à pista, mas eu percebo que ele prestou
atenção quando sua expressão assume uma característica mais tensa. E, bom,
porque ele sempre presta atenção no que falo.

— Você precisa reconsiderar a possibilidade de procurar outro trabalho, anjo.


— Ele disse, visivelmente tenso.

— Eu não quero. — Fui firme, porque não quero mesmo. Não por enquanto. —
É a primeira experiência de verdade que eu tô tendo, Jungkook, já tive muita
sorte de conseguir esse emprego com aquele currículo vazio. E eu não quero
abrir mão da oportunidade.

— Mas Wonsik vai continuar lá, também. — Ele retrucou. — Eu falei com
Siyeon, mas ela disse que não pode demitir alguém assim, sem provas para
justa causa. O departamento de RH vai barrar o pedido.

— Eu vou continuar longe dele, então ele não vai poder fazer nada de ruim
comigo. — Me opus.

— Você não sabe disso.

Eu o olhei, chateado, e puxei minha mão que estava em sua perna.

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— Eu sei que você é protetor e gosta de cuidar de mim, mas eu não gosto
quando você age assim. — Confessei, incomodado. — Parece que você acha
que sou incapaz de me cuidar sozinho.

— Você me diz que uma pessoa pode estar em coma por culpa de um homem
que está te perseguindo, mas eu não tenho o direito de me preocupar?

— Não foi isso que eu disse. Você pode ficar preocupado, eu também tô, mas
para de agir como se eu fosse completamente indefeso.

Jungkook ficou calado e o silêncio, dessa vez, foi desconfortável e se estendeu


até que ele parou num outro sinal vermelho e respirou fundo antes de pegar
minha mão e beijá-la, para só depois colocá-la novamente sobre sua perna
num gesto reconciliador.

— Me desculpe, anjo. — Ele pediu, enfim.

Eu também puxei o ar lentamente antes de, lutando para não ser


desnecessariamente orgulhoso, aceitar seu pedido e me inclinar para beijar
sua bochecha.

— Eu vou tomar cuidado, tá? — Garanti, — Então não vamos brigar por isso.
Eu não quero brigar com você, Jun.

Jungkook concordou com um gesto lento, conformado, e me acariciou a nuca


mais uma vez.

— Tudo bem. — Ele cedeu, ainda me fazendo carinho. — Eu sei que exagero
às vezes. Você faz um bom trabalho em separar sua personalidade little de sua
vida adulta, mas acho que eu ando falhando em saber quando devo ser um
daddy dom, ou não. — Agora, ele parece frustrado consigo mesmo, e suspirou.

Eu sorri um tanto, porque ele continua sendo completamente capaz de


perceber suas pequenas falhas e eu acho que isso é ainda mais bonito que
simplesmente não cometer erros.

— Jun? — Eu o chamo, então. — Há quanto tempo eu não digo que você é o


melhor dom do mundo?

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— A última vez que você disse foi hoje, durante o café. Então... cinco horas?

Eu ri, plenamente satisfeito por nunca esquecer de lembrar o quanto aprecio


cada um de seus esforços para ser um bom dominador.

— É tempo demais. — Concluí, e anunciei outra vez: — Você é o melhor dom-


dom do mundo!

Jungkook sorriu um pouco, até parece mais relaxado, e eu aceito o último beijo
que ele dá em minha mão antes de voltar a dirigir. Quando chegamos em casa
e abrimos a porta, fomos imediatamente recepcionados por Chim e dessa vez
eu o peguei para deixar o beijinho no topo de sua cabeça peluda.

Agora, eu tenho certeza de que meu gatinho consegue sentir quando estou
triste, porque ele passou a semana inteira colado em mim sempre que eu
estava em casa. E, assim como ele cuidou de mim, mesmo tão cabisbaixo eu
lembrei de cuidar muito bem dele, como prometi que o faria.

Nós somos uma boa dupla, é o que Jungkook diz meio enciumado porque
Chim tem uma preferência óbvia entre nós dois.

Ainda com meu filhinho nos braços, sentindo seu ronronar acariciar minha pele
à medida que o acaricio, eu vi Jungkook caminhar de volta até o carro antes de
voltar com uma maleta em mãos.

— O que é isso? — Disparei a pergunta assim que ele entrou.

Jungkook sorriu pequeno, meio obliquo, me deu um beijo na testa, acariciou a


cabeça de Chim e quase levou uma mordida por isso, como é de praxe.

— Almoço primeiro, presentes depois. — Ele avisou no tom de ordem que faz
meu lado mimado querer bater o pé e insistir.

— Tá... — É tudo que digo, no entanto, e ponho Chim no chão.

Jungkook deu um tapinha suave no topo de minha cabeça, uma parabenização


sutil e quase natural por minha obediência resignada, e nós lavamos as mãos
antes de nos sentarmos para comer.

Hoje, ele me deu comida na boca de novo.


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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu já comi! Agora já pode dizer o que tem na maleta! — Eu ainda com a
boca cheia da última porção de comida que ele me deu.

Jungkook me entregou uma das balinhas do pacote, como minha sobremesa, e


me deu dois tapinhas na bunda quando me fez sair de seu colo para ficar de
pé.

— Vá escovar os dentes e tomar banho. — Ele ordenou. — Vou lavar a louça e


já deixo sua roupa em cima da cama.

Eu bufei, meio contrariado, e fui resmungando baixinho até o quarto com Chim
em meu encalço.

Jungkook entrou no banheiro para escovar os próprios dentes quando eu ainda


estava finalizando meu banho no chuveiro, mas eu nem me importo com isso
porque coisas assim são cada vez mais comuns entre nós dois e, quando sai
enrolado na toalha, vi uma blusa sua na cama, separada para que eu vista.

Sem esperar que ele me estimule a fazer isso, eu passo direto até o espelho de
corpo inteiro embutido na porta do armário e desato a toalha, deixando-a de
lado para confrontar minha nudez mais uma vez. Eu passo meus olhos por
minhas coxas grossas, pelas gordurinhas acumuladas em meu quadril e
barriga, pelo meu piercing destacado em meu peitoral pouco trabalhado e por
fim em cada mínimo detalhe do meu rosto.

Eu terminei minha análise com um sorriso miúdo, e vi Jungkook com o mesmo


sorriso orgulhoso que eu quando me virei para voltar para a cama.

— Você é lindo. — Ele fez questão de dizer, antes de abotoar a blusa em meu
corpo.

— Se você me acha lindo mesmo, então me diz o que tem naquela maleta! Se
não disser, é porque me acha feio.

Jungkook riu intensamente e eu nem consigo manter minha pose de durão,


porque a risada dele me desmonta todinho.

— Espere aqui. — Ele disse, me empurrando suavemente pelos ombros para


me fazer sentar em nossa cama. Quando voltou, deixou a maleta misteriosa,
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minhas balas e um canivete ao meu lado, então pegou Chim, que deitou em
nossa cama, e o colocou fora do quarto antes de fechar a porta,

— Ei! — Eu o repreendi, horrorizado por ele expulsar nosso filho.

— Esse não é o tipo de plateia que um exibicionista gosta, meu bem. —


Jungkook explicou ao parar de pé em minha frente, segurando meu rosto com
seus dedos longos.

Eu pisquei lentamente antes de entender o que ele quer dizer.

— A gente vai transar? — Perguntei, feliz da vida.

— Por enquanto, vamos conversar mais um pouco — Avisou, e eu me arrastei


mais para trás quando assim ele pediu. Depois, Jungkook sentou em minha
frente e olhou brevemente para a maleta antes de olhar para mim.

— Eu tô curioso! Diz logo! — Ralhei, malcriado.

— Fale direito, meu bem, ou isso vai deixar de ser um presente e se


transformar numa punição.

— Como se uma coisa fosse muuuuito diferente da outra, pra mim.

– Jimin...

Eu cruzei minhas pernas e apertei meus lábios um tanto mais, acho que até
fazer um bico.

— Desculpa... vou ficar quieto agora.

Jungkook riu um pouco e apertou meu nariz numa repreensão carinhosa.

— Sempre me pergunto onde foi que errei tanto para te deixar malcriado assim.

— Tudo começou em dois mil e quinze quando você me deixou duro pela
primeira vez no hotel dos meus pais... — Eu comecei, em tom de narrador
dramático.

Jungkook manteve o sorriso quando soprou o ar, mas logo fez menção de se
levantar da cama e levar a maleta junto.

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— Vamos deixar para ter essa conversa quando você estiver mais
concentrado. — Avisou.

— Não, Jun! — Eu o segurei rapidamente pelo braço. — Eu juro, juro, juro que
vou ficar quietinho dessa vez!

Eu nem sei se realmente ainda tenho credibilidade quando faço essas


promessas mesmo sendo sempre tão malcriado, mas Jungkook voltou a
relaxar o corpo, então pressuponho que dessa vez funcionou.

— Certo. — Ele cedeu, e puxou a caixa até deixá-la em minha frente. Eu fui
rápido em tentar abri-la, mas Jungkook manteve a mão sobre a tampa. —
Antes, quero confirmar algo que você já sabe. Eu não estou te forçando a
nada, menos ainda quero que você se sinta pressionado. O que está dentro
dessa caixa pode ser usado como decoração, então sequer vai ser
desperdício. Eu quero que você seja sincero como sempre é, entendeu?

Eu assenti rapidamente, porque o contrário nunca passou por minha cabeça.

— Então, — Jungkook continuou. — eu pensei nisso para nos ajudar a relaxar.


Você anda preocupado e chateado com muita coisa, eu também estou com a
cabeça cheia... e o BDSM pode nos proporcionar muito mais que prazer. Pode
ser uma forma de relaxar, também, lembra isso?

Outra vez, assenti, cada vez mais ansioso.

— Isso é só algo que eu quero experimentar. Eu nunca fiz antes, mas é claro
que tomei o cuidado de estudar bem antes de vir sugerir para você. Se não
quiser, podemos fazer qualquer outra coisa que te deixe mais confortável.

Eu mantive minhas pernas cruzadas em posição de índio, minhas mãos


apertando a blusa em meu corpo num gesto ansioso.

É a primeira vez que Jungkook sugere fazermos algo que ele nunca fez antes e
a curiosidade se torna ainda maior para descobrir o que é.

— Pode abrir a caixa, meu bem.

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Eu abaixei meus olhos imediatamente e ainda levei alguns segundos antes de
levar minhas mãos à tampa do caixote para abri-la, e me deixa surpreso ver o
que está ali dentro.

Um punhado alinhado de... velas coloridas?

— Você consegue imaginar para que elas servem? — Ele perguntou.

— Wax play? — Respondi, olhando-o ansiosamente.

Eu realmente me dedico a estudar e conhecer novas práticas do BDSM. Wax


play foi uma das últimas sobre a qual pesquisei.

— Sim, anjo. Wax play. — Ele confirmou. — Você sabe o que é?

— É um tipo de temperature play... quando se estimula os neuroreceptores


com sensações quentes ou frias, né? — Expliquei. Estudar tanto biologia para
o vestibular me ajudou a guardar melhor as informações, também. — Wax play
no caso é um temperature play que usa a cera derretida de velas com o intuito
de estimular alguém?

— Isso, meu bem. É exatamente isso. — Jungkook parece muito orgulhoso. —


Quais os riscos?

— Hm, pode causar queimaduras. E também pode ser um pouco difícil de


remover a cera seca, mas eu li que se aplicar hidratante ou óleo na pele antes
da prática, fica mais fácil na hora de limpar!

— Você é o submisso mais esperto e dedicado que já conheci. — Ele me


parabenizou, o que me deixa um tantão feliz. Meu praise kink vai às alturas.

— Eu quero tentar. — Anunciei antes que ele me faça a pergunta, porque sei
que vai fazer.

— Tem certeza?

— Que vela é essa? — Questiono, antes de confirmar.

— De cera de soja, meu bem. Ela derrete em temperaturas mais baixas que
outras velas, então é mais seguro já que nunca fiz isso, e você também não.

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Essa era a última informação de que eu precisava para garantir minha
resposta.

— Então eu quero mesmo experimentar. Mas — Anunciei, confiante: — eu


também quero experimentar o breath play.

Nós já tivemos muitas conversas sobre isso ao longo das últimas semanas, as
dúvidas que me restaram foram esclarecidas e eu até mesmo busquei, na
internet, relatos de outros submissos que tentaram a prática. Tudo isso
aumentou em mim a curiosidade e o desejo de tentar, embora eu reconheça
que essa vontade só existe porque eu tenho total confiança em meu
dominador.

Eu nunca seria capaz de deixar outra pessoa fazer isso comigo, a não ser que
ela me desse provas do quanto entende e respeita a responsabilidade que tem
em mãos, assim como Jungkook vem fazendo pelos últimos três anos.

— Vamos fazer como combinamos, então. — Ele não se opôs, porque sabe
que tive tempo para amadurecer a ideia.

Eu balancei minha cabeça em concordância e ri um pouco quando percebi que


não sei o que fazer a seguir.

— E agora?

Jungkook levantou calmamente, afastando a caixa com as velas e indicando o


canto da cama em seguida.

— Deite na borda. — Ele indicou e eu prontamente acatei sua ordem,


engatinhando até o meio da cama, onde me deitei sem conseguir me livrar de
um sorriso persistente e ansioso quando vi Jungkook caminhar até nosso
armário e abrir a última gaveta interna, que é onde guardamos nossos
brinquedos

Quando voltou para perto de mim, eu analisei o que ele pegou. As cordas, meu
vibrador e uma de suas gravatas.

— Minha coleira... — Eu murmurei, sentindo falta dela em suas mãos.

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— Eu preciso deixar seu pescoço livre, meu bem. — Jungkook explicou,
ajoelhando-se sobre o colchão quando colocou os itens sobre a cama,
amontoados com o pacote de balas. A caixa com as velas e o canivete, no
entanto, foram deixadas sobre a mesinha ao lado, onde tem mais apoio.

Eu continuei deitado quando ele se moveu e deitou parte de seu corpo ao meu
lado, então acariciou minha bochecha antes de beijá-la. Depois, Jungkook
arrastou seus lábios até minha boca, selando-a suavemente. Quando fechei os
olhos para aproveitar melhor a sensação, levei minhas mãos até sua nuca e
permiti que o beijo se torne mais intenso, pouco a pouco, até que seja
interrompido para que ele apoie sua testa em mim, ainda acariciando minha
bochecha com seu polegar.

— Eu te amo tanto, meu bem...

— E eu amo você, Jungkook.

Ele me deu mais um beijo, dessa vez no canto dos lábios, e disse:

— Nós vamos relaxar agora. Juntos.

Eu sorri com expectativa, aceitando seu último selinho antes que ele volte a
ficar sentado ao meu lado. Sem que qualquer outra coisa precise ser dita,
Jungkook desabotoa minha blusa sem pressa, sem precisar tirá-la
completamente para exibir meu corpo nu. Com minha pele exposta, então, ele
desceu as pontas de seus dedos de meu pescoço, passando por meu peitoral
e barriga até chegar em meu membro ainda flácido, tocando-o com uma
suavidade deliciosa.

Depois, sua mesma mão abandonou meu corpo para capturar a corda enrolada
ao meu lado, e Jungkook desatou o nó que a mantinha presa antes de segurar
minhas mãos e colocá-la acima da cabeça.

— O canivete vai ficar por perto, para o caso de precisar de livrar das cordas
com mais rapidez — Ele me avisou, trançando pacientemente a corda negra ao
redor de meus pulsos, depois prendendo-os à cabeceira da cama. Sua voz foi
ainda mais suave quando ele prosseguiu: — Até lá, o controle é meu e eu não

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quero que você pense em absolutamente nada além do que está acontecendo
em nosso quarto.

Eu senti o frio na barriga e a sensação que antecede o momento em que todos


os pelos de meu corpo se eriçam. Porque com a voz mansa e cuidadosa
assim, sem tentar se impor de forma alguma, Jungkook parece se tornar ainda
mais dominante sobre mim, e eu me sinto e desejo ser ainda mais submisso a
ele.

Por isso, é com naturalidade que a resposta escapa de meus lábios:

— Sim, senhor.

Jungkook acariciou minha bochecha outra vez e seu olhar paciente e carinhoso
me domina por completo.

Depois, ele esticou sua mão e pegou, dentro do caixote das velas, o que
reconheço como uma caixa de fósforos, e acendeu um deles antes de queimar
os pavios de cada um de nossos novos brinquedos coloridos.

Os momentos de espera que se seguiram não foram desconfortáveis, apesar


do silêncio, mas eu me senti ainda mais estimulado quando vi Jungkook pegar
a vela de cor azul, checando a cera começar a derreter. Ao invés de pingá-la
em meu corpo, no entanto, ele o fez no próprio pulso.

— Não é tão quente. — Ele constatou, colocando-a de volta na superfície de


madeira.

Depois, ele abriu a gaveta onde guarda minha loção hidratante e derramou um
pouco na própria mão antes de massagear minha barriga, cobrindo minha pele
com uma camada fina de loção.

— Eu vou testar em você agora, anjo. Preciso que você me diga o que sente,
certo?

— Sim, senhor.

Jungkook sorriu suavemente e voltou a pegar a mesma vela, então se


posicionou até deixar a vela pairando sobre meu corpo com uma distância

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razoável enquanto sua outra mão cobre meus olhos como se tentasse protegê-
los. No instante seguinte, eu senti a primeira gota de cera derretida pingar em
minha barriga, próximo ao umbigo.

Eu resfoleguei suavemente, sem desaprovar a sensação.

— É bom. — Anunciei, já sabendo que deveria fazê-lo.

— Eu vou diminuir a distância. Quanto mais perto a vela estiver de seu corpo,
menos tempo a cera vai ter para resfriar, então me diga se ficar desconfortável.

Eu assenti silenciosamente e, mais uma vez, senti a textura quente cair sobre
minha pele.

— Ainda é bom — Fui sincero. Alguns segundos depois, Jungkook derramou


mais um pouco, dessa vez mais próximo. Minha resposta foi a mesma. Duas
rodadas depois, a cera caiu em minha pele numa proximidade que me fez
gemer um pouco desconfortável e eu balancei a cabeça para os lados: — Não
tão perto. Assim incomoda.

Jungkook afastou a mão de meus olhos e se abaixou para me deixar um beijo


na testa, já com minhas limitações traçadas.

— Certo, meu bem. — Ele acariciou minha cabeça, paciente, e com a outra
mão alcançou sua gravata deixada de lado. — Você sabe que quando alguém
é privado de um dos sentidos, isso tende a aguçar os outros quatro, não sabe?

— Sim...

— Eu quero que você aproveite a sensação da cera quente tocando sua pele o
máximo que puder, — Ele voltou a falar. — então vou te privar de sua visão,
anjo.

— Sim, senhor... faça como quiser....

Jungkook esboçou um sorriso satisfeito e logo a gravata foi posicionada ao


redor de minha cabeça, sobre meus olhos, antes de ser amarrada até minha
visão se deparar unicamente com nada além do escuro.

— Se quiser parar...
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— Coelho. — Eu lembro, sem conseguir reprimir um sorriso. — Eu sei.

Eu não pude ver a reação de Jungkook, mas senti quando ele se mexeu na
cama, depois ouvi atentamente o barulho de uma embalagem plástica e fui
pego de surpresa quando suas mãos seguraram meu rosto e ele me beijou
intensamente, sem que eu esperasse por isso. O que eu definitivamente não
esperava, também, era que ele passasse uma bala de morango para minha
boca durante o beijo, antes de finalizá-lo.

— Agora eu cuido de você, meu bem — Ele disse com a voz baixa, depois
beijou minha bochecha uma última vez. — E você só aproveita.

Eu deixei uma lufada arrastada escapar quando, nos instantes seguintes,


acompanhei os sons e movimentos de cada ação de Jungkook até sentir ele se
posicionar sobre minhas coxas. Mais alguns segundos de espera e eu senti
novamente. O calor da cera se derramando em minha pele, fazendo minha
barriga se contrair involuntariamente e minhas costas se remexerem sobre o
colchão, com a sensação quente dominando meus nervos.

Novamente, Jungkook se mexeu e pingou mais cera derretida em mim,


alternando a distância para proporcionar sensações diferentes e mais intensas,
mas nunca ultrapassando meu limite já estabelecido.

Enquanto sinto seu peso sobre minhas pernas, os estímulos sensoriais


parecem se tornar cada vez mais intensos. O calor sobre minha pele e a
textura da cera secando, se tornando uma camada mais rígida sobre minha
barriga, o sabor de morango da bala em minha boca e a escuridão imposta aos
meus olhos me fazendo criar ainda mais expectativa à espera do que vai
acontecer a seguir.

Em algum momento, eu deixei um gemido inteiramente satisfeito deslizar por


minha garganta, mas não é prazer sexual o que me leva às alturas, já que
sequer sinto meu membro dar sinais intensos de alguma ereção iminente.

Ainda assim, todas as sensações juntas me provocam tanta satisfação que


acabo por sorrir enquanto me sinto cada vez mais distante de qualquer coisa
que não seja o que está acontecendo no exato instante. As preocupações, os

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medos, as incertezas... todas elas parecem se tornar lembranças distantes
enquanto eu abro voluntariamente mão de todo o controle e deixo-o nas mãos
de meu dominador.

E eu acredito que ele sente o mesmo. Assumindo seu papel de me dominar,


cuidar de mim e me proporcionar prazer, Jungkook pode experimentar a
libertação momentânea de tudo que o aflige.

É uma troca equivalente e deliciosa. É como cura.

Ainda imerso nessas sensações, eu percebo o momento em que Jungkook


passa tempo demais sem derramar cera sobre minha pele, mas não me
preocupo sobre isso. O controle é dele.

— Veja, meu bem — Eu ouvi sua voz baixa, que parece tomada por satisfação
pura. Em seguida, ele afastou a venda improvisada sobre meus olhos, e eu
pude ver seu rosto iluminado por um sorriso pequeno, mas tão sincero.

Seguindo o rastro de seu olhar, eu movi o meu até encontrar meu abdômen.
Antes, era como uma tela em branco, agora é como uma pintura abstrata e
intensa, com as cores das velas se mesclando sobre minha pele sensível pelo
estímulo térmico.

E Jungkook, ainda me observando intensamente, parece um artista orgulhoso.

— Você é a obra de arte mais bonita, Jimin...

Eu sorri de verdade, me sentindo tão leve que mal me dei conta de quando
meu sorriso se transformou num riso feliz.

— Isso foi muito, muito, muito bom, Jungkook...

Ele sorriu também, ainda sentado sobre minhas coxas.

— Ainda quer continuar? — Ele perguntou. Vendo as velas já apagadas e meu


vibrador ao meu lado, eu sei que ele não está falando sobre seguir com o wax
play.

— Quero. — Respondi, com absoluta certeza.

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Jungkook parece satisfeito com minha resposta e eu não consigo me livrar do
sorriso quando ele pouco a pouco desliza as mãos por minha cintura e deita
seu corpo sobre o meu, entrelaçando nossas pernas quando sua boca alcança
a minha outra vez e seus dedos contornam a linha de minha mandíbula durante
o beijo.

Minhas mãos continuam presas à cabeceira pela corda, então ele é o único
que pode me tocar livremente, mas não me importo.

Porra, eu não me importo mesmo.

Quando Jungkook apoiou se peso sobre um cotovelo, ele usou uma mão para
acariciar meu pescoço e aproximou a outra de nossas bocas, então
interrompeu nosso beijo para pressionar seu indicador e médio em meu lábio
antes de empurrá-los para dentro.

Entendendo seu pedido, eu chupei seus dedos com devoção, enchendo-os


com saliva e contornando-os com minha língua. Como se isso não fosse
suficiente para me deixar cada vez com mais tesão, Jungkook começou a
puxar ambos os dedos para fora e ao mesmo tempo, com sua boca próxima à
minha, os lambeu lentamente, unindo sua saliva à minha até retirá-los
completamente e sua língua deslizar até encontrar meus lábios, lambendo-os
antes de voltar a me beijar.

Ainda me beijando, com nossos lábios e línguas se entrelaçando num ritmo e


sincronia enlouquecedores, Jungkook escorregou sua mão entre nossos
corpos, percorrendo minha barriga, até tocar suavemente minha ereção cada
vez mais rígida e por último infiltrar seus dedos lubrificados entre minhas
nádegas, massageando a região sensível antes de me penetrar com os dois de
uma vez, o que me fez arquear as costas com a sensação de ardor combinada
ao tesão.

A mão em meu pescoço, antes tímida, deslizou até cobrir minha garganta sem
pressioná-la ao mesmo tempo em que Jungkook retirou e empurrou seus
dedos para dentro de mim outra vez.

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Ele gemeu contra minha boca ao se deparar com a resistência natural de meu
corpo sufocando seu indicador e médio, e eu fui ao céu quando ele investiu seu
quadril contra o meu num gesto que pareceu involuntário.

— Gostoso do caralho... — Jungkook praguejou, me fazendo resfolegar com a


dor da mordida que foi dada em meu lábio em seguida.

Eu movi minhas pernas até abraçar seu quadril e aproveitei a posição para
fazer meu tornozelo acariciar sua panturrilha, pressionando-a quando, logo
depois, ele voltou a apertar sua ereção contra minha barriga.

Ele ainda está completamente vestido, mas é tão fácil perceber como já está
duro por mim.

— Você... — Eu gaguejei, inclinando meu rosto para roubar mais um beijo seu
que acabou ecoando pelo quarto. — Você que é tão gostoso, senhor... Você
me deixa tão duro...

Jungkook sorriu contra minha boca como se seu ponto fraco fosse fatalmente
atingido e eu gemi quando seus dentes e lábios capturaram a pele de meu
queixo num chupão dolorido.

— Filho da puta... — Ele amaldiçoou, afetado.

Mãezinha, eu te amo tanto. Por favor, me perdoe por sentir tanto tesão com um
xingamento assim!

De qualquer forma, não existe espaço algum para pensar em minha mãe nesse
exato momento, então o que faço é voltar a me concentrar em Jungkook com
uma ereção sendo friccionada contra minha barriga enquanto tento alcançar
sua boca outra vez,

— Me beija de novo, senhor...

Jungkook acatou meu pedido, sua boca voltou à minha e ele retirou seus dedos
de dentro de mim para sua mão agarrar minha coxa, arranhando-a com suas
unhas curtas quando eu movi meu quadril contra o seu.

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Eu não sei quanto tempo passamos nos beijando assim, mas quando paramos,
eu juro que sinto meus lábios inchados e a pele de minha perna arder com os
arranhões constantes, assim como meus pulsos doem um pouco por eu tanto
tentar livrá-los da corda para poder tocar em Jungkook.

E eu amo cada uma dessas sensações com a intensidade de mil sóis.

Com a testa de Jungkook repousada sobre a minha e nossas respirações


pesadas, já desastradas, ele acariciou as marcas dos arranhões na lateral de
minha coxa.

— Quer tentar agora? — Ele perguntou, ainda respirando com dificuldade. Sua
mão envolvendo meu pescoço me faz entender sobre o que ele está falando.

— Sim, senhor...

Jungkook assentiu e lentamente ergueu seu corpo, afastando-se de mim para


pegar nosso lubrificante. Entretanto, ao invés de aplicá-lo no próprio membro,
ele continuou completamente vestido e lubrificou apenas meu dildo.

— O senhor não vai me foder? — Questionei, um tanto decepcionado quando


Jungkook o posicionou entre minhas nádegas.

— Eu não quero me distrair enquanto estiver controlando sua respiração, meu


bem. — Jungkook explicou, e eu gemi arranhado quando ele empurrou o
vibrador para dentro de mim sem aviso prévio, mas com cuidado. — E foder
você é uma distração do caralho.

Eu me remexi contra a cama, soltando lufadas manhosas de ar quando ele


empurrou o dildo ainda mais para dentro, usando-o para me foder suavemente
enquanto eu mordo meus lábios.

— Falar pode ser difícil, então você pode não conseguir dizer sua safeword,
caso queira — Ele avisou, ainda me fodendo com o vibrador desligado. —
Pense numa forma de me deixar saber caso queira parar.

Eu olhei ao redor, até meus olhos pousarem no frasco de lubrificante.

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— Aquilo... — Eu disse, apontando com o queixo já que minhas mãos estão
presas. — Coloque na minha mão. Se eu quiser parar, solto o frasco.

Jungkook sorriu miúdo, orgulhoso, então abandonou o vibrador e voltou a se


sentar sobre meu corpo, dessa vez sobre meu quadril, pressionando minha
ereção com sua bunda gostosa.

— Ai, meu deus... — Eu gemi, porque a pressão me faz perder um pouco do


juízo.

Como se não bastasse, Jungkook finalmente alcançou o controle do vibrador e


passou seu dedo pelo comando, ligando-o na velocidade mínima, a princípio.
Ao mesmo tempo, ele empurrou sua bunda mais para baixo.

— Ai, meu deus! — Eu repeti, deixando uma risada escapar.

— Você acha engraçado? — Ele perguntou, em tom de desafio. Ainda antes de


ouvir minha resposta, ele aumentou a velocidade da vibração, o que me faz
gemer ainda mais manhoso.

— Essa porcaria não é nada comparada ao seu pau me fodendo com força,
senhor...

Jungkook fincou os joelhos no colchão, um de cada lado de meu corpo, e


correu sua mão por meu abdômen ainda colorido pela cera das velas até voltar
a cobrir meu pescoço.

— Você parece uma vadia quando fala assim, anjo...

Eu quase me engasguei, talvez porque ao mesmo tempo ele voltou a estimular


meu pênis com seu próprio quadril, movendo-o lentamente sobre mim, para a
frente e para trás.

E, meu deus... ser chamado de vadia soa como um elogio delicioso.

Eu sou mesmo um subzinho que não resiste a uma degradação verbal, não é?

— Se meu senhor quiser, eu posso ser uma... — Anunciei, enlouquecido pela


vibração do dildo contra minhas paredes internas e pela pressão das nádegas
de Jungkook em minha ereção.
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— O que eu quero é que você fique calado, meu bem — Jungkook desafiou,
apertando minha garganta com um pouco mais de força, o que me faz sorrir
meio safado.

– Então me cale, senhor.

Estimulado por minha ousadia, Jungkook não demorou para cobrir minha boca
com sua mão e, mantendo a outra em meu pescoço, voltou a se mover sobre
minha ereção.

Senti-lo me provocar assim enquanto o dildo vibra como louco dentro de mim
me faz resfolegar baixo repetidamente, até que Jungkook move sua mão sobre
minha boca para que seu mindinho seja posicionado diante de minhas narinas,
limitando o fluxo de ar para meus pulmões, mas não restringindo-o
completamente.

Enquanto o faz, ele alterna sua atenção entre meu rosto e minha mão que
ainda segura o frasco do lubrificante com força, e seu olhar parece cada vez
mais intenso à medida que suas mãos continuam com o poder de controlar
minha respiração.

— Ah, Jimin... — Ele gemeu e fechou os olhos por um instante, deixando a


cabeça tombar para trás quando pareceu completamente enfeitiçado pela
sensação de ter tanto controle sobre mim.

E isso é covardia. É uma puta covardia ver meu dominador tão satisfeito assim,
porque isso me deixa com ainda mais tesão. Mas o que realmente me faz
perder o controle é quando ele rebola contra meu pau para me estimular ainda
mais.

Ele rebolou.

Eu acho que isso derrete o resto de juízo que eu ainda tinha, porque eu logo
me vejo tentando soltar minhas mãos como um louco para poder tocar em
Jungkook ou em meu próprio pênis, vai saber. Mas é claro que meu desespero
não provocou nada além de um sorriso sádico nos lábios do meu dominador,
que percebeu meus dedos ainda agarrando fortemente o frasco do lubrificante.

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— Você me deixa tão duro, porra... — Jungkook praguejou.

Seu pênis continua sem receber qualquer estímulo, mas eu posso jurar que
nunca o vi com tanto tesão quanto agora.

E o melhor é que eu também estou prestes a explodir de tanta excitação.


Felizmente nossa reciprocidade se faz presente seja na hora do grudinho ou na
hora da foda violenta.

E com violenta eu quero dizer violenta mesmo, porque logo Jungkook foi além
e cobriu completamente minha boca e nariz e investiu tão forte contra meu
quadril que a cama fez um barulho que me fez acreditar que se partiria no
meio.

Eu tentei puxar o ar em reflexo, mas a barreira que a mão de Jungkook faz


impede o oxigênio de chegar a mim e a sensação é estranha. Mas, se existiria
incômodo, ele foi sobreposto quando um gemido mudo se formou ao perceber
que a fricção contínua de Jungkook me leva para cada vez mais perto do
orgasmo.

— Você não vai respirar até gozar, anjo — Jungkook alertou, suas mãos me
dominando completamente.

Mais uma vez, eu tentei respirar por puro reflexo. A sensação do sufocamento
se tornou mais intensa, e eu me senti um pouco tonto, mas honestamente não
sei se a causa foi isso, o desejo incontrolável de gozar ou uma combinação de
ambos. De qualquer forma, meu peito queima com a falta de ar na mesma
intensidade em que a região de minha virilha parece ser tomada por fogo
quando, ainda sendo estimulado por Jungkook, minha visão é manchada por
pontinhos coloridos pairando no ar na mesma proporção em que o gozo
começa a ser expelido por minha glande.

Eu estou gozando contra a roupa de Jungkook, mas ele não se importa e sua
única preocupação é afastar suas mãos para me permitir respirar novamente, o
que faço com muita força ao mesmo tempo em que deixo escapar um último
gemido.

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Os olhos dele parecem estar completamente concentrados enquanto ele
analisa cada reação minha ao desligar e tirar o vibrador de mim, depois sai de
meu colo e começa a desatar os nós bem trabalhados que prenderam minhas
mãos por todo esse tempo.

Eu ainda estou respirando com dificuldade quando meus pulsos ficam livres e
eu viro meu rosto para Jungkook. Sua expressão não entrega mais nenhum
sinal além de atenção, mas o volume em sua calça deixa óbvio o quanto ele
ainda está excitado. Por isso, eu não hesito antes de me mover para levar
minha mão à sua ereção.

No entanto, ele segurou meu pulso antes de me deixar seguir em frente.

— Como você está? — Ele perguntou, sentado ao meu lado.

Eu ri um pouco, sentado de frente para ele.

— Sujo de gozo, cera de vela, cheio de arranhões e muito satisfeito.

Ele parece relaxar um pouco, mas ainda não me deixar ajudar a aliviar sua
ereção.

— Você ficou agoniado? — Insistiu. — Eu não consegui identificar muito bem


suas reações, É mais complicado no breath play. — Ele confessou, e eu nunca
o vi tão nervoso depois de uma sessão.

Eu sei que esse é um dos momentos mais importantes depois de tentarmos


algo novo, e sei que devo ser inteiramente sincero, então é o que faço:

— Eu não sei dizer muito bem, Jun... O geral foi muito bom. Quando você só
estava limitando minha respiração foi gostoso, mas quando eu fiquei sem
respirar... não sei, foi rápido demais. Eu não consigo dizer se gostei ou não...
mas se eu quisesse parar, eu não pensaria duas vezes antes de soltar o
lubrificante, então não se preocupe, tá?

Ele assentiu, parecendo concentrado.

— E... — Murmurei, pensativo. — Eu quero tentar de novo, por mais tempo, pra
tirar a dúvida. A gente pode?

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— Sim, meu bem. Se você realmente quiser, podemos tentar outra vez.

Eu sorri, satisfeito, porque a sensação de gozar foi muito intensa e se a causa


disso foi o breath play, eu realmente gostaria de tirar a dúvida.

— Agora, — Eu me aproximei mais, também deslizando minha mão por sua


coxa em direção à sua virilha até massagear sua ereção por cima do jeans. —
será que eu posso chupar meu homem, por favor?

Jungkook finalmente deixou um sorriso fraco aparecer, e não me impediu


quando desabotoei sua calça até expor seu pênis úmido pelo pré-gozo.

Salivando de tanta vontade de aliviá-lo, eu o masturbei lentamente antes de


ficar de bruços na cama, entre suas pernas, e começar a chupá-lo do jeito que
sei que ele gosta, até engasgar.

Ele gemeu arrastado assim que o toquei, e eu senti seus dedos se


entrelaçarem aos meus cabelos, guiando meus movimentos enquanto
abocanhava seu membro, lambendo-o e chupando repetidamente enquanto
também uso minha mão para continuar estimulando-o.

— Jimin... — Jungkook me chamou e eu reconheço bem esse tom de voz


arrastado, então não posso deixar de me assustar.

Ele já vai gozar?

O coitadinho deve ter se segurado tanto durante todo esse tempo...

— Dom-dom, — Eu o chamei carinhosamente ao afastar minha boca de seu


falo rijo, mas sem parar de masturbá-lo. — pode gozar na minha boca...

Jungkook apoiou uma mão atrás do quadril e deixou o corpo se inclinar um


pouco mais, usando a outra mão para guiar minha cabeça outra vez, e eu voltei
a chupá-lo, me mantendo atento às suas reações até que sua expressão
denunciou o momento em que ele atingiu o limite. Milésimos de segundo
depois, minha boca foi preenchida por seu gozo quente, e eu continuei
estimulando-o com a mão até o fim.

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Eu engoli tudo, felizmente sem sentir ânsia de vômito pelo gosto ruinzinho, e
limpei minha boca com as costas da mão antes de me sentar de frente para ele
com um sorriso pequeno.

— Breath play te deixa com tesão mesmo, né? — Eu perguntei, risonho. —


Você nunca goza tão rápido assim...

Jungkook me tocou suavemente e me puxou para sentar entre suas pernas,


então me abraçou.

Algum tempo depois de ficarmos em silêncio para que ele se recupere do


orgasmo recente, eu finalmente ouvi sua voz:

— Eu preciso limpar você.

Eu balancei minha cabeça para os lados, negando.

— Me dá mais carinho antes — Pedi, segurando seu pulso para estimular sua
mão a me acariciar

— Gatinho manhoso...

Eu ri um tanto, mas então lembrei do outro gatinho.

— Chim! — Eu me afastei bruscamente, apontando para a porta. — Deixa ele


entrar no quarto!

Jungkook acabou rindo de minha preocupação, mas só me deu um beijo na


cabeça antes de sair da cama e caminhar até a porta. Mal ele a abriu, nosso
filho correu para dentro e pulou no colchão, então me desculpei com ele ao
acariciar sua cabecinha peluda.

— Eu já volto, meu bem. — Jungkook avisou, caminhando em direção ao


escritório de casa. Instantes depois, ele voltou para a cama e sentou perto de
mim, com alguns dos meus cartões de estudos na mão.

— O que é isso? — Perguntei, curioso como sempre.

— O meu pedido para você — Ele respondeu, mas isso não explica muita
coisa.

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— Não entendi...

Ele me segurou pela mão, então me fez sentar entre suas pernas outra vez,
agora apoiando minhas costas em seu peitoral, e me entregou os cartões, mas
eu me surpreendi ao vê-los preenchidos, embora não com minha letra. Todos
eles estão com a letra de Jungkook.

— Eu disse que queria te ajudar a relaxar, não disse? — Jungkook lembrou,


então, com o queixo apoiado no topo de minha cabeça.

— Eu quis isso porque eu sei que a última semana foi difícil para você. Eu sei
que você está confuso e com medo de continuar a tentar se tornar um
enfermeiro, mas também não quer desistir. Então... eu só queria tirar essas
preocupações de sua cabeça por um momento.

Eu sorri, porque funcionou muito bem. Muito bem mesmo.

— Mas e os cartões? — Perguntei, ainda confuso.

— É o meu pedido para que você não se preocupe demais. — Ele respondeu,
paciente.

— Você não estudou durante a última semana, então eu fiz os cartões para te
ajudar caso você decida voltar a estudar.

Ainda antes de digerir sua resposta, eu me virei minimamente para encará-lo, e


sua mão acariciou minha cabeça quando o fiz.

— Eu só quero que você saiba que pode ter dúvidas, meu bem. Você pode ter
medo, pode desistir ou pode resolver continuar tentando. E você não precisa
ter pressa para decidir ou para lidar com seus sentimentos, porque mesmo
enquanto você estiver confuso, eu vou fazer o que for possível para te ajudar.

Eu abaixei meus olhos novamente até os cartões, que devem ter sido feitos
durante as horas que Jungkook passa no escritório trabalhando. Sempre tão
cheio de coisas e conflitos próprios, mas também sempre se dedicando tanto a
me apoiar.

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— Não me entenda mal, por favor. — Ele pediu, diante do meu silêncio. — Eu
não fiz isso para te pressionar a voltar a estudar, porque essa decisão é
inteiramente sua. E eu acredito na sua força, Jimin. Eu sei que você seria
capaz de superar isso tudo sozinho, não importa que decisão tome no fim. Mas
você também tem o direito de fraquejar, e eu quero estar aqui por você do
mesmo jeito que você sempre está ao meu lado quando as coisas ficam
difíceis.

Eu continuei sem reação por algum tempo, lendo um dos cartões que Jungkook
fez com tanto cuidado. E foi assim, lendo anotações sobre metabolismo basal,
que eu chorei.

Deve ser o milésimo choro da semana, mas dessa vez é diferente. É tão, tão,
tão diferente.

— Jungkook... — Eu disse baixinho, antes de usar a força que não existe em


minha voz para abraçá-lo bem apertado. — Eu amo você. Tanto, tanto, tanto!

Ele me abraçou de volta e passou as mãos por minhas costas enquanto eu


sinto meu rosto ficar completamente úmido pelas lágrimas.

— Eu vou estar aqui por você, meu bem. — Ele repetiu, me deixando encaixar
a cabeça em seu pescoço quentinho. — Não importa o que decida fazer, eu
vou estar aqui acreditando em você.

Eu ouvi cada uma de suas palavras, deixando-as se instalarem em meu


coração, enquanto deixo uma nova certeza nascer em mim: essa é a
declaração de amor mais bonita que já recebi.

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44 • Expergefacio
Dedicado a ggukiu

Depois de limpar os restos de cera seca em minha barriga e tomar um banho


comigo, Jungkook, Chim e eu nos deitamos na cama para aproveitar o resto da
tarde.

O sol de primavera ainda brilhava forte lá fora, mas nós continuamos ali até
escurecer.

As vezes conversando, as vezes acariciando Chim em silêncio — enquanto eu


ria a cada vez que nosso gatinho tentava arranhar ou morder as mãos de Jun,
as vezes unicamente aproveitando o nosso momento em família.

Quando dou por mim, já anoiteceu e eu e Jungkook ainda estávamos ali. Até
Chim já tinha se enchido de nós dois e foi vagar pela casa, então nós
aproveitamos a privacidade para trocar mais alguns beijos e repetir
incessantemente o quanto nos amamos.

Ah, Jungkook também disse que eu tenho que amá-lo por dois, já que nosso
filho o detesta.

— Não sei, Jungkook... — Eu ponderei de repente, deitado sobre ele enquanto


aliso a marca de um arranhão feio que Chim deixou em seu antebraço. —
Animais têm boa intuição. Eu não deveria me preocupar por Chim não gostar
de você?

Jungkook me segurou pelos ombros e me fez sentar. Em seguida, sentou em


minha frente e suspirou pesarosamente.

— Acho que não posso mais esconder. — Ele disse, sério de verdade. — Meu
trabalho na Bangtan é só fachada. Na verdade eu sou um mafioso.

Eu o olhei em silêncio, encarando-o com a mesma seriedade com a qual sou


observado. Depois, rolei meus olhos e joguei meu corpo para trás, voltando a
deitar.

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— Balela. Você é muito bonzinho pra ser mafioso. — Resmungo, puxando-o
para se deitar comigo, mas ele resiste e acaba rindo,

— Então nosso gato está com defeito. — Jungkook constatou. — Não sei por
que ele não gosta de mim

— Porque você trabalha na Bangtan. — Eu o puxo outra vez, mas novamente


ele não cede. - Seria melhor se fosse mafioso mesmo.

— Vou ver como resolvo isso. — Ele garantiu, e revidou quando me segurou
pelos pulsos e me fez sentar novamente, totalmente indisposto. — Levante.
Precisamos jantar,

— Nããão... — Choraminguei, manhoso porque não quero sair da cama.

Jungkook, entretanto, logo ficou de pé e arrumou a calça que está vestindo,


com o tronco completamente amostra. Gostoso que Só.

— Vou ver o que temos na cozinha. Você tem dois minutos para vir. — Avisou,
se inclinando somente para deixar um beijo em minha testa antes de se
afastar.

— Eu posso ser seu jantar! — Gritei, mas foi em vão. Jungkook não parou de
caminhar quarto afora, mesmo que eu tenha escutado sua risada.

Ainda preguiçoso demais, eu enrolei só mais uns segundinhos antes de


levantar e seguir até a cozinha, porque já fui muito bratzinho durante a segunda
parte de nossa sessão e agora quero ser um bom menino.

Depois de jantarmos juntos, eu fiquei responsável por lavar a louça para que
Jungkook pudesse trabalhar. A primeira reunião de negociação da Bangtan
com a D-lite está se aproximando, então ele precisa continuar se dedicando por
mais um tempo.

Nessa noite, eu dormi sozinho na cama, mas meus momentos de descanso


com ele me fizeram tão bem que sequer a carência deu conta de me impedir
de ter uma boa noite de sono enquanto abraçava minha pelúcia de coelho. E,
honestamente, os efeitos perduraram até além do dia seguinte.

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— Venho te buscar no horário de sempre — Jungkook disse quando nos
despedimos, na segunda de manhã. E então ele fez o aviso que se tornou
comum: — Tome cuidado.

Eu assenti e dei um beijo demorado em sua bochecha, depois me adiantei para


fora do carro e caminhei pelo saguão do hospital, distraído mas não o
suficiente para não perceber uma figura familiar caminhando na direção oposta,
para a lanchonete.

— Senhora! — Eu a chamei quando, inevitavelmente, me deparei com ela.

A enfermeira, cujo nome não me preocupei em descobrir até hoje, me olhou


por alguns A enfermeira, cujo nome não me preocupei em descobrir até hoje,
me olhou por alguns instantes até parecer me reconhecer, então sorriu com
seu rosto cansado.

— Menino. Já faz um tempo. — Ela disse, me olhando de cima a baixo com um


sorriso miúdo. — Pelo visto você se adaptou ao emprego aqui.

Eu assenti alegremente, e passei as mãos orgulhosamente sobre a blusa de


meu uniforme.

— E como a senhora está? Parece cansada...

— Estava fazendo plantão. — Suspirou. — Vou tomar um café antes de voltar


para casa, ou sou capaz de dormir no caminho. Quer me acompanhar?

Eu assenti, porque sei que tenho tempo livre. Jungkook sempre me deixa aqui
no mínimo vinte minutos antes do meu expediente, então logo a acompanho
até a lanchonete.

— Então, menino — A enfermeira começou, segurando a xícara de café com


as duas mãos quando nos sentamos numa das mesas. — Fiquei sabendo que
o senhor Baek teve um bom amigo nas últimas semanas e algo me diz que foi
você.

— Sua intuição é boa... — Eu digo, ainda abalado pela lembrança de Beom


Seok.

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— As dicas que me deram, que são. Me disseram que era um funcionário novo,
com umas bochechas gordas e uma aura bonita. Pensei logo em você.

Eu sorri, porque a descrição soa completamente adorável aos meus ouvidos.

— Como você está? — Ela perguntou, então. Fez uma pausa para bebericar o
café, então apoiou a xícara na mesa e me olhou de forma condescendente. —
Sente falta dele?

Eu mantive minhas mãos escondidas debaixo da mesa e abaixei um pouco


meu rosto, envergonhado por não conseguir esconder a mágoa.

— Eu tô triste... mas tento me convencer que fiz o meu melhor por ele... —
Confesso.

Ela assentiu e permaneceu em silêncio, então resolvi perguntar:

— E a senhora? Ele era um de seus pacientes, né? — Eu hesito por um tempo,


antes de prosseguir: — Como... como você lida com essas coisas?

— Com a morte?

Eu abaixei meus olhos outra vez, agora pensativo, e escolhi bem a forma para
me justificar. Quando tomei uma decisão, voltei a olhá-la.

— Depois da nossa conversa no telhado... eu comecei a pesquisar sobre


enfermagem e acabei acreditando que queria isso pra mim. Eu sempre fui um
aluno péssimo, mas até comecei a estudar pro vestibular e meu namorado me
deu um monte de material pra me ajudar... eu estava tão decidido, mas depois
que o Senhor Baek morreu, eu... — Pausei, para não perder o ritmo da
respiração. — Eu não sei se conseguiria deixar de me importar com essas
coisas e ser um bom enfermeiro...

A mulher em minha frente digeriu cada uma de minhas palavras e não teve
pressa. Tomou mais um pouco da bebida quente, depois manteve as duas
mãos envolvendo a xícara e levantou os olhos, pensativa.

— Eu entendo o que você quer dizer, mas parece que você está errado sobre
uma coisa. — Ela ponderou, então concluiu: — Um bom enfermeiro nunca

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deixa de se importar com as pessoas sob seus cuidados, menino. O
sentimento de querer o bem do próximo é justamente o que nos faz seguir
adiante.

— Então... como você consegue? — Repito meu questionamento.

— Eu não vou te dizer que é fácil. Quando eu perdi meu primeiro paciente, eu
ainda estava na universidade, estagiando, e chorei por uma semana inteira.
Quase desisti do curso, nessa época, mas eu ainda sentia que era a profissão
que queria para mim e me recompus. Quando o segundo paciente morreu, eu
já não fui pega tão desprevenida. Chorei de novo, mas era como se eu
estivesse um por cento mais preparada para lidar com aquilo. Com o tempo, fui
aprendendo a lidar, mas nunca deixei de me importar com as pessoas que
precisam de meus cuidados.

Eu continuei calado, analisando se suas palavras são reconfortantes, ou não.


Antes de me decidir, ela prosseguiu:

— Eu não vou dizer que todos aprendem a lidar com as dificuldades da


profissão. Pessoas que se formaram comigo não aguentaram e desistiram
pouco tempo depois porque sentiam demais, outras trabalham até hoje, mas
são péssimos enfermeiros porque se importam de menos. O equilíbrio pode ser
difícil.

— Eu não sei se conseguiria me importar menos, ou sofrer menos... mas eu


queria tanto tentar. Eu ainda quero muito ser um enfermeiro, mas eu tô com
medo de não conseguir...

— Você tem o direito de tentar e desistir depois, menino. Sei que é fácil falar,
mas se quer tentar, tente. Deixar o medo te impedir de fazer algo que quer
pode ser mais doloroso que tentar e não conseguir.

Eu voltei a me retrair em meus pensamentos, digerindo cada uma de suas


palavras, até fazer uma retrospectiva de minha vida sem que sequer
percebesse.

Eu vim sozinho para uma cidade completamente nova assim que completei
dezenove, aprendi a me virar num trabalho sem experiência quase nenhuma e
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agora tenho uma casa e uma família linda. Isso depois de falhar várias vezes
como filho, amigo ou parceiro. De ter reprovado na escola e de ter precisado
aprender na marra a lidar com coisas com as quais não acreditei que precisaria
lidar. Depois de tudo, eu cheguei aqui.

Agora, eu sei que covardia e fraqueza não são coisas que combinam comigo.

Eu cometo erros e sinto medo, mas não posso deixar nenhuma dessas duas
coisas me guiarem, nunca.

— Senhora, — Eu digo, de repente, com um sorriso sincero. — obrigado!

Os olhos dela se comprimiram um tanto mais quando ela sorriu, talvez sem
entender verdadeiramente como me ajudou, mas espero que meu sorriso seja
capaz de deixar isso claro.

— Eu preciso ir trabalhar agora, mas obrigado mesmo, mesmo!

— Disponha. Seja forte, menino.

— Jimin. — Eu disse, finalmente. — Meu nome é Jimin.

— Jimin. — Ela repetiu, então sorriu mais. — Então boa sorte, Jimin.

— Obrigado! — Repito e aceno assim que fico de pé, me despedindo dela


antes de me dirigir até minha sala e cumprimentar meus colegas, que estão
reunidos ao redor de Lalisa enquanto ela mostra algo em seu celular.

— Jimin! — Ela gesticulou para mim, ansiosa. — Vem ver!

Eu só deixei minha mochila em cima da minha cadeira antes de dar a volta até
a mesa dela, e fui cumprimentado por Jinyoung com uma bagunçadinha em
meus cabelos quando parei ao lado dele, o que me fez rir um pouco.

— O que é? — Perguntei, usando minhas mãos para arrumar os fios


bagunçados.

— Um vídeo de quando minha namorada chegou na festa surpresa que


organizei pra ela no fim de semana! — Lisa anunciou orgulhosamente, então

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deu play em um vídeo que mostrou uma mulher muito bonita sendo
recepcionada por vários convidados cantando parabéns.

— Se fosse eu entrando em casa com um monte de gente gritando do nada,


assim no escuro, me cagava de susto — Jinyoung comentou.

— Ai, cala a boca. Olha o sorriso dela! — Lisa resmungou de volta, sem tirar os
olhos do próprio telefone. Daqui a pouco ela baba. — Tão linda, minha
princesa...

— Bonita ela é mesmo, mas me mantenho firme em minha certeza de que te


mataria se me desse um susto desse — Jinyoung deu de ombros, caminhando
até sua própria cadeira.

— Ela sempre ficava tristinha no aniversário, porque ninguém se importava


muito. Isso foi muito importante pra ela, tá? Ela não é amarga como você.

Jinyoung deu de ombros e Youngjae fez algum comentário de apoio a Lisa,


mas a única coisa em que consegui pensar foi na justificativa de minha colega
de trabalho.

Ninguém se importava muito com o aniversário de sua namorada, assim como


ninguém se importa muito com o aniversário de Jungkook. Lisa fez uma festa
surpresa... eu deveria fazer uma para Jun também?

Pensativo, eu caminhei lentamente até sentar diante de minha mesa,


ponderando a possibilidade. Por mim, a ideia é maravilhosa. Meu coração se
enche de alegria só de imaginar fazer uma surpresa dessas para ele, reunindo
todas as pessoas importantes para alguém que é tão importante para mim.

Esse ano, vai ser o quarto aniversário de Jungkook desde que nos
conhecemos, e talvez o primeiro em que vou poder fazer algo de verdade para
comemorar com ele.

Mesmo que ainda faltem quatro meses para setembro, eu fico tão empolgado
com a ideia que no primeiro momento livre, faço uma lista de convidados.

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Eu analiso a lista curta, porém cuidadosa, incerto sobre dois detalhes:

Um, eu deveria chamar a bruxa velha?

Dois, será que faria mal convidar Jeonghan?

Ele e Jungkook não são tão próximos quando Yukwon e Yuta, mas eu gostaria
de aproveitar a oportunidade para ter o clube das winx reunido novamente.

No entanto, isso ainda vem com outro problema: seria estranho ter Jeonghan e
Kihyun juntos, agora que eles terminaram?

Parece exagero já estar pensando nisso, mas nós somos todos adultos, agora,
e preciso decidir o mais rápido possível para que todo mundo tenha tempo para
se organizar com seus respectivos trabalhos e estarem livres e em Seul no dia
do aniversário de Jungkook.

Sem pensar muito mais, eu resolvo pedir depois a ajuda de Seokjin sobre
essas dúvidas e volto ao meu trabalho, me mantendo concentrado nele até o
fim do expediente. Quando, invariavelmente, tomo um cuidado extra;

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Ficar longe de Wonsik.

Como Jungkook sempre demora um pouquinho para vir me pegar por conta do
próprio trabalho e agora não tenho mais a companhia do senhor Baek, eu
sento na recepção principal, que é sempre muito movimentada, perto de um
dos seguranças - que parece mais equilibrado que Wonsik.

Hoje, não muito diferente dos outros dias, eu aproveitei para falar com Yukwon,
porque nós sempre damos um jeito de manter contato.

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Eu ri vergonhosamente alto ao receber a mensagem de bloqueio assim que
tentei respondê-lo, mas nem me desesperei porque ele sempre faz isso e me
desbloqueia quinze minutos depois.

De qualquer forma, Jungkook não demorou a chegar e eu não tive qualquer


contratempo entre a recepção e o carro, porque Wonsik nem estava ali me
esperando como costumava fazer.

— Boa noite, meu bem. Como foi seu dia? — Ele me recebeu com um sorriso e
um beijo rápido, como sempre faz, e perguntou sobre meu dia, também como
sempre. E se eu começar a narrar todos os detalhes necessários e
desnecessários na minha rotina no hospital, sei que ele vai prestar atenção a
cada segundo, porque Jungkook é assim.

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Por isso, eu só me sinto ainda mais motivado a fazer algo realmente especial
para seu aniversário desse ano. Ele merece receber todo o amor e atenção do
mundo, e eu vou proporcionar isso.

Quando chegamos em casa, nós fizemos o de sempre. Jantamos juntos,


descansamos um pouco no sofá e Chim e Jungkook tiveram mais um momento
de tensão quando o bichano bateu com a pata na bochecha de Jun.

Eu tentei segurar o riso quando vi, mas foi bem difícil e, quinze segundos
depois, estava sem ar de tanto gargalhar.

— Eu vou jogar esse gato no lixo — Jungkook resmungou e levantou, mas me


deu um beijo na testa mesmo emburrado: — Ele veio com defeito.

Eu ri ainda mais quando o vi caminhando pela sala em direção ao escritório,


depois olhei para Chim que deitou serenamente sobre uma das almofadas
como se não tivesse dado um tapa no próprio pai.

Depois, me movi com cuidado só para deixar um cheirinho carinhoso no


pescoço do meu bebê rebelde e segui o mesmo caminho de Jungkook,
encontrando-o já se preparando para trabalhar.

Continuei parado na porta do escritório, então ele me olhou e mostrou um


sorriso pequeno.

— Me chame quando for deitar, anjo. Eu deito com você até você dormir.

Antes de respondê-lo, eu olhei para nossa estante, com metade das prateleiras
preenchidas com meu material e, depois de respirar fundo para juntar coragem,
dou uma olhada no planejamento preso à parede. Hoje é dia de estudar
química e história, então pego os livros, os cadernos de anotações e me sento
na minha cadeira, tudo sob o olhar curioso de Jungkook. Com um sorriso, eu
anuncio:

— Eu vou continuar tentando.

A expressão confusa dele suavizou, até dar lugar a um sorriso genuíno.

— Vai?

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— Sim! — Digo, orgulhosamente. — Eu ainda não sei se vou conseguir
mesmo, mas quero tentar, então vou fazer isso!

O sorriso de Jungkook se tornou ainda maior, e o orgulho que esse pequeno


gesto transparece me deixa ainda mais motivado , então eu fico de joelhos
sobre a cadeira e apoio minhas mãos sobre nossa escrivaninha quando me
inclino até beijar sua boca demoradamente.

Nada de selinho, um beijão de verdade mesmo. Inesperado, mas muito bem


correspondido.

— Obrigado. — Eu digo, agora sim dando beijinhos rápidos em sua boca. —


Por me ajudar a me acalmar e por me apoiar tanto... eu precisava disso.

Jungkook acariciou minha bochecha, então devolveu meu beijo.

— Estarei aqui sempre que você precisar, meu bem.

Eu dou de ombros, num gesto muito mais feliz que desleixado, e volto a me
sentar apropriadamente antes de responder, risonho:

— Eu sei.

❆❅❄❅❆

Talvez estejam certos quando dizem que a madrugada logo antes do


amanhecer é a mais escura.

Nos últimos tempos, eu enfrentei sentimentos e situações difíceis, mas agora


começo a me sentir bem outra vez. De forma alguma isso quer dizer que não
tenho mais aflições, porque não é esse o caso. Não acho que a vida adulta
possa vir inteiramente livre de preocupações e dores de cabeça.

No entanto, estou aprendendo a lidar com as minhas, e acho que esse é o


verdadeiro significado de estar bem. Não a ausência de problemas, mas sim
saber enfrentá-los.
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Então não, eu ainda não superei completamente a morte do Senhor Baek,
principalmente porque mal se passaram duas semanas desde então, mas eu
tento a cada dia lembrar dele de uma boa forma, lembro de seu sorriso frágil e
mesmo que a saudade seja forte, eu sei que fiz o possível para que ele fosse
feliz e não se sentisse sozinho em seus últimos dias.

Mas, apesar disso, ainda não tive coragem de visitar seu túmulo.

Hyun-soo me disse que ele foi cremado e eu ainda não estou pronto para me
deparar com a imagem que mostra que Baek Beom Seok, seu sorriso, seu
corpo franzino e seu coração de ouro se reduziram a cinzas.

Por outro lado, ainda tenho a insegurança sobre minha aptidão para realizar
meu sonho de cuidar das pessoas, como um enfermeiro. Para essa pergunta,
eu ainda não tenho a resposta. Não sei se vou mesmo conseguir, mas eu me
convenço dia após dia que devo sempre me orgulhar por tentar, independente
de qual seja o resultado.

Assim, eu continuo estudando com todo meu empenho.

Agora é quinta, meu garantido dia de folga, e é quando aumento a carga de


estudo que não posso aumentar nos dias de trabalho, para não me levar à
exaustão. Mesmo assim, também é o dia de almoçar com Jungkook, então eu
deixo arroz cozinhando na panela elétrica, caldo de verduras fervendo e iscas
de carne prontas para refogar assim que estiver perto do horário de chegada
dele, tudo isso enquanto quebro minha cabeça com um exercício de álgebra no
balcão da cozinha.

Quando pelo meu celular para checar as horas, entretanto, vejo que recebi
uma mensagem de Jungkook já há algum tempo.

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Um pequeno contratempo não é nada demais, então eu termino de preparar a
carne e arrumo duas marmitinhas, uma para mim e outra para Jun. Depois, eu
só troco de roupa e visto um macacão, que é mais rápido, checo se tem água
suficiente para Chim até que eu volte e saio de casa com o almoço fresquinho
em mãos.

Como estou com pressa, eu deixo de ser mão de vaca e resolvo pegar um táxi,
mesmo que o preço da passagem de ônibus seja muito mais atrativo. E, pouco
tempo depois, desembarco diante da Bangtan.

Aparentemente, Jungkook já deixou avisado aos seguranças da minha


chegada, por basta dizer meu nome para que minha entrada aos elevadores
seja liberada, e eu faço tranquilamente o percurso até a sala do CEO (que em
breve deve deixar de ser a sala de Jungkook).

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— Oi, Sunhee — Eu cumprimento a secretária, que sorri ao me ver, então
aponto para a porta fechada. — Já posso entrar?

— Oi, Jimin. Quer bala de café? Pode entrar, sim, ele deixou a entrada liberada
para você.

Eu sorri um tantinho mais e enfiei a mão na travessa onde ela sempre tem
balinha de café. Depois, com a mão cheia delas, curvei meu corpo rapidamente
e me adiantei até a sala de Jungkook, só dando duas batidinhas antes de
entrar.

— Cheguei! — Anunciei, mas meu sorriso se desfez assim que vi meu


Jungkook sentado em seu lugar, com as mangas da blusa arregaçadas até os
cotovelos e o olhar de quem está prestes a surtar por conta do trabalho.

— Ele adiantaram a reunião, em três horas. Eu perdi três horas de preparação.


— Revelou, inclinando-se em sua poltrona e passando as mãos pelos cabelos.
— Ainda bem que você veio. Perder nossos almoços de quinta me deixaria
ainda mais nervoso.

— Tadinho... — Choraminguei, me apressando em sua direção e deixando


nossas marmitinhas sobre sua mesa antes de seguir seu chamado e sentar em
seu colo, abraçando-o rapidamente e acariciando sua cabeça para tranquilizá-
lo. — Vai dar tudo certo, Jung, você tá se preparando pra isso há meses!

— Eu não posso levar você comigo para a sala de reunião?

Eu ri ainda mais, com pena, e deitei minha bochecha em sua cabeça apenas
por um instante, depois dei mais um beijinho nele e me estiquei para colocar o
almoço em nossa frente.

— É só arroz, carne desfiada e caldo de verduras, tá? — Eu avisei, tirando


cada marmita de dentro da sacola de pano, depois entreguei a ele hashis e
uma das colheres.

— Está ótimo, meu bem. — Jungkook garantiu, acariciando minhas costas


enquanto eu tiro a tampa de cada um dos recipientes, e dei graças a deus pelo

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caldo não ter derramado. Depois, sem mais enrolação, nós comemos. Sem me
dar comida na boca, dessa vez, para não perdermos tempo.

E, quando eu já estava juntando as vasilhas vazias para levá-las para casa, a


porta da sala de Jungkook foi aberta bruscamente e logo em seguida Eunbyul,
a filha do CEO da D-lite, entrou cheia de fúria, com o click de seus saltos contra
o piso lustrado se repetindo até que ela parou diante da mesa de Jungkook e,
não com mais delicadeza, jogou um papel sobre ela.

— Eunbyul? O que é isso? — Ele perguntou, aparentemente tão surpreso


quanto eu.

Apesar de só tê-la encontrado uma vez, eu lembro bem de Lee Eunbyul ser
uma mulher comedida, confiante, até um pouco soberba.

Agora, ela parece completamente diferente. O rosto está avermelhado assim


como os olhos e sua postura é muito mais desequilibrada que em nosso
encontro passado.

— A nova pauta para a reunião de hoje. — Ela finalmente se manifestou, a voz


quebradiça entre algo que me parece ainda raiva, mas também tristeza.

— Nova? — Jungkook se moveu para pegar o documento e, para não


atrapalhá-lo, também um pouco constrangido, fiquei de pé. — Não vejo nada
de diferente nos tópicos que já -Não são os tópicos. — Ela apoiou as mãos
sobre a mesa e seu cabelo cobriu seu rosto quando ela se curvou
minimamente, parecendo conter algum impulso, provavelmente o de matar
alguém. — Veja os participantes.

Mais um minuto de silêncio, e então os olhos de Jungkook se tornaram ainda


mais confusos.

— Por que seu nome não está aqui?- Ele questionou. — As propostas
deveriam ser apresentadas por nós dois.

— Meu pai resolveu que deve ser ele a representar nossa empresa, porque
uma mulher não teria firmeza suficiente para convencer os acionistas de
ambas. - Eunbyul disse, ainda furiosa, mas dessa vez com uma risada amarga.

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Jungkook se recostou em sua cadeira com a expressão concentrada e tensa,
então massageou a própria nuca.

— Isso não está certo. Foi você quem trabalhou comigo desde o início, não
ele.

— Você jura?- Eunbyul riu novamente, ainda mais irritada.

Ela parece precisar desesperadamente dar alguns socos em uma almofada.

— Jungkook — Uma terceira voz se fez presente, e nós todos olhamos para a
porta já aberta a tempo de ver Namjoon entrando, apressado.

No canto, talvez tentando ser discreta, Sunhee observa a comoção


curiosamente enquanto abraça alguns envelopes contra o próprio peito. Acho
que ela estava tentando fingir passar por ali casualmente, mas não me
convenceu. De qualquer forma, nenhum dos outros três parece se importar.

— Não me diga que temos outro problema, pelo amor de deus — Jungkook
pediu quando Namjoon parou ao lado de Eunbyul, que agora passa as mãos
pelos cabelos, agitada.

— Talvez. — O destruidor de frigobar respondeu, tão aflito quanto. — Os


acionistas de nossa parte já ficaram sabendo da mudança na pauta.

— E aposto que estão felizes. — Eunbyul alfinetou.

— Não. — Namjoon foi rápido em negar. — Todas as propostas do projeto


foram assinadas por você e por Jungkook e eles querem saber porque não são
vocês dois que vão apresentá-las hoje. Na verdade, querer saber é eufemismo.
Eles se recusaram a participar da reunião caso seu nome não retorne à pauta,
no lugar do nome de seu pai.

— Como é? — Ela parece verdadeiramente chocada,

Eu por outro lado só estou perdido, me sentindo um peixinho fora d'água.

— Nossa cultura organizacional é um pouco diferente da que foi implementada


em sua empresa - Jungkook apoiou os cotovelos sobre sua mesa e continuou
massageando a nuca, pensativo e tenso. — O colaborador mais respeitado
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dentro da empresa não sou eu, mesmo que ocupe o cargo mais alto. É minha
mãe. Uma mulher. Nós não fazemos distinções por sexo, mas temos um
problema sério com meritocracia.

Minha nossa senhora... eu tinha esquecido como as vezes é difícil entender o


que Jungkook fala.

— A questão não é só essa. — Namjoon completou, então. — A credibilidade


da D-lite também será colocada em cheque. Os acionistas não querem
cooperar com uma empresa que tem suas propostas assinadas por uma
pessoa, mas representadas por outra. Parece inconsistente, para eles.

— E então? — Eunbyul inquiriu, ainda agitada. — Nós não podemos


simplesmente desafiar meu pai. Ele ainda é CEO de uma das empresas
envolvidas.

— Então vamos precisar convencê-lo. Uma hora vai ter que ser tempo o
suficiente para isso — Jungkook constatou, ficando de pé e puxando seu terno
pendurado no encosto de sua cadeira. — Namjoon, confirme com os acionistas
que eu e Eunbyul seremos os representantes, mas não divulgue a pauta para o
outro lado até que tenhamos falado com ele.

— Certo. — Namjoon prontamente assentiu, e seu olhar apenas pousou em


Eunbyul por um instante antes de tocá-la no ombro, num gesto complacente, e
receber um olhar surpreso da mulher. — Nós vamos dar um jeito nisso. Não se
preocupe.

— Ah... sim. — Ela disse, visivelmente desconcertada, e no instante seguinte


Namjoon ofereceu um sorriso emoldurado por covinhas. Depois, saiu às
pressas.

— Anjo... — Jungkook me chamou, apressado em arrumar sua roupa. Vendo


sua agitação, eu me aproximei e comecei a arrumar sua gravata enquanto ele
ajeita as mangas de sua blusa

— Eu já vou. — O tranquilizei e fiquei na ponta dos pés somente para deixar


um selinho rápido em sua boca. — Boa sorte, Jungkook. Vou ficar torcendo por
vocês!
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Ele acariciou minha cabeça mais uma vez e, ainda apressado, se afastou,
gesticulando para Eunbyul.

— Espero que você saiba onde encontrar seu pai — Ele disse para ela, que
ainda me olhou com uma curiosidade sutil antes de começar a segui-lo para
fora.

Antes de ir, eu suspirei, arrumei as marmitinhas vazias e chupei uma das


balinhas de café que Sunhee me deu.

Quando cheguei em casa, preciso confessar que estudar não foi a tarefa mais
fácil do mundo. Eu fiquei agitado com toda a situação de Jungkook e, depois de
tanto tempo evitando fazer hora extra no escritório, hoje pela primeira vez ele
chegou em casa às oito e meia da noite, o que me fez sentir um pouco
taquicardíaco enquanto esperava.

— Ai, meu deus, finalmente! — Eu levantei do sofá num pulo, e quase tropecei
em Chim quando corri até a porta ao ouvir o carro de Jungkook na garagem.
Assim que o vi, ainda descendo do nosso SUV, eu gritei: — Como foi? 340

Jungkook parece exausto como nunca antes e isso me deixa com uma
sensação péssima. No entanto, quando para em minha frente, ele tira forças do
quinto dos infernos e me abraça enquanto me levanta no ar.

— Conseguimos, meu bem. — Ele diz, a voz cansada apesar de sua vitória.

— Sério?! — Eu gritei. — Eu sabia que você ia conseguir, você é o melhor do


mundo todo!

Na verdade, nem entendo muito bem exatamente o que ele e Eunbyul se


esforçaram tanto para fazer, mas sei que era importante para ele então é
importante para mim também.

— Muitos detalhes ainda precisam ser discutidos e aprovados, mas a parte


mais difícil já foi feita. — Ele me colocou no chão, mas não desfez o abraço. —
Eu estou tão aliviado e tão cansado...

— Então banho, jantar e massagem? Ofereço, afastando meu rosto para olhá-
lo.
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— É tudo que quero agora.

Eu sorri e o puxei pela mão para dentro de casa, então o acompanhei


diretamente até o banheiro, onde enchi a banheira enquanto ele tirava a roupa.

— Você merece um jantar de rei — Anunciei, sentando na tampa do vaso


sanitário com o celular em mãos. — Então vou pedir a comida mais gostosa da
cidade. E eu pago!

Jungkook riu um tanto e me deu um beijinho na testa antes de, já


completamente nu, passar as pernas para dentro da banheira cheia. E vê-lo
completamente sem roupa ainda é uma tentação do inferno, mas em
momentos assim existe muito mais naturalidade que excitação em me deparar
com sua nudez.

— Peça bulgogi. — Ele disse, já recostado na borda com a água cobrindo-o até
o ombro.

— Tá bom. — Respondi, deslizando o dedo pela tela em busca do nosso


restaurante de delivery favorito. — Vou pedir guisado, também. Tô com
vontade. E arroz, kimchi, pajeon pra entrada e bolinhos fritos pra sobremesa.
Acho que só.

— Arroz integral. — Avisou.

— Sim, senhor. — Anuí, já selecionando todas as opções enquanto meu


estômago ronca de antecipação

Quando finalizei o pedido, rapidamente deixei o celular de lado e voltei toda


minha atenção para Jungkook, até sentei no chão e cruzei meus braços na
borda da banheira para ficar mais perto dele.

— Eu tô muito orgulhoso de você. — Foi a primeira coisa que eu disse, porque


é verdade mesmo.

Jungkook se moveu até deitar a lateral de seu rosto em meus braços dobrados,
e eu aproveitei para fazer carinho em seus cabelos ainda secos.

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— Você vai poder descansar agora? — Pergunto, preocupado. — Já se
esforçou tanto nos últimos meses... você deveria tirar férias, agora.

— Ainda não, meu bem. Na verdade, — Ele voltou a erguer o rosto para poder
olhar para mim. — vai depender de um fator.

— Qual?

Jungkook suspirou e arrumou sua postura completamente, antes de começar


sua explicação:

— Eu já te falei do quanto o pai de Eunbyul tenta boicotar a própria filha, não


falei? E hoje você mesmo viu isso. Ele desmerece a competência dela
simplesmente por ser uma mulher, mas Eunbyul tem muito mais preparo e
experiência que eu. Ela está pronta para assumir o cargo de CEO em uma
organização como a D-lite ou a Bangtan. Eu, não. Você também sabe disso,
mas também sabe que não existe nenhum substituto imediato para ficar em
meu lugar quando eu for removido do posto. — Ele parou por um instante,
então prosseguiu: — Mas com a união entre nossas empresas, algumas novas
possibilidades podem surgir.

Eu acho que sei para onde essa explicação de Jungkook está indo, mas espero
que Jungkook confirme, e ele o faz em seguida:

— Eu vou abdicar o cargo de CEO, meu bem. E nós vamos tentar colocar
Eunbyul no meu lugar.

Sem saber muito bem como reagir, eu continuei calado por algum tempo, até
conseguir perguntar:

— E como você tá se sentindo sobre isso, Jungkook?

— A Bangtan é importante para mim e eu realmente queria conseguir conciliar


o cargo com todas as outras coisas que me importam, mas ainda não é o
momento, e eu confio em Eunbyul. — Ele respirou pesadamente, mas acabou
por sorrir. — Então estou um pouco frustrado, mas aliviado também. Se tudo
der certo, eu vou poder trabalhar sem precisar abrir mão de todo o resto que
importa para mim.

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Eu acabei sorrindo. Apesar de tudo, de ser um pouco triste ver Jungkook
precisar recuar em sua carreira mesmo com todos os seus esforços
ininterruptos, acredito que vai ser o melhor para ele.

— Você merece isso, Jungkook. — Eu digo, então. — Vou continuar torcendo


muito pra que você consiga alcançar esse objetivo.

— Obrigado, meu bem. — Ele respondeu, sorrindo suavemente para mim.

Depois disso, nós conversamos mais um pouco e eu massageei seus ombros e


nuca até que nosso jantar chegou e eu corri para receber o entregador. Quase
esqueci de vestir uma calça e passei vergonha quando Chim tentou fugir pela
porta aberta enquanto eu retirava o dinheiro da carteira, mas nem mesmo
esses deslizes me fizeram perder o sorriso quando me sentei para comer com
Jungkook e comemorar sua vitória com taças cheias de suco de uva integral.

Eu particularmente preferiria vinho, mas vinho tem álcool e Jungkook


definitivamente deve ficar longe de bebidas alcoólicas, então brindamos com o
que tínhamos em mãos.

Bom, pelo menos eu não corri o risco de acordar de ressaca na manhã


seguinte.

— Eu acho que nós deveríamos sair pra beber hoje de novo — Lisa disse,
depois do nosso horário de almoço no hospital. — Cadê o Jinyoung? Vamos
falar com ele e Wonsik pra ver se querem vir! Você vem, né, Jimin?

— Desculpa, eu parei de beber. — Eu digo, fingindo pesar.

A questão é que continuar com desculpas como "hoje não", "talvez na próxima"
ou qualquer coisa assim não vai fazer Lalisa parar de me chamar, então eu
prefiro usar uma mentira inocente.

Porque, agora, a lista de regras do universo está completa: água e óleo não se
misturam, McDonald's é melhor que Burger king e se Kim Wonsik vai, Park
Jimin não vai.

Simples e claro.

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— Poxa. — Lalisa se lamentou, consternada, e eu apertei meus lábios e olhos
e suspirei falsamente, supostamente compartilhando de sua frustração.

— Pois é.

Mesmo insatisfeita, ela virou para falar com Youngjae e eu fui impedido de
prestar atenção em sua conversa quando olhei para meu telefone sobre a
mesa e vi a tela acesa com novas mensagens de Yoongi.

— Pode falar. — Eu digo quando rapidamente atendo sua ligação.

— Será que seu dominador vai ficar com ciúmes por você estar falando no
telefone com outro dom?

— Vai se arrombar.
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— Mais tarde, talvez. Por enquanto deixe eu te dizer. — Yoongi avisou, sem
mais provocações. - Ela disse que algumas semanas antes do acidente e do
coma, Dongsun estava estranho, mais... tenso. Ela não sabe exatamente o
porquê, mas a família acha que era algo relacionado ao trabalho já que pouco
tempo depois ele se acidentou ai.

— Ela não sabe nada além disso? — Perguntei, porque até aí nenhuma
informação é realmente nova.

— Então. Ninguém da família desconfiou de Wonsik, porque parece até que ele
era padrinho convidado por Dongsun, mas a noiva disse que na noite anterior
ao acidente, ele discutiu com alguém no telefone e descobriu recentemente
que a discussão foi com Wonsik.

— Então pode mesmo ter sido ele... — Constatei, assustado.

— Talvez. Ela me disse isso, mas não parece desconfiar de Wonsik. Acha que
a briga não teve relação com o acidente.

— Acho que não vamos ter certeza... o único que pode saber é o próprio... —
Eu me contenho antes de dizer o nome, para que Lisa e Youngjae não saibam
sobre o que estou falando. — Você sabe quem.

— É, acho que vamos ficar no escuro até Dongsun acordar do coma e revelar o
que aconteceu.

Eu concordo com um gesto de cabeça, mas antes que faça a concordância


verbal, Jinyoung surge afobado na sala, com os olhos arregalados e a
respiração toda atrapalhada:

— Ei! — Ele grita para todos nós. — Ele acordou! Dongsun acordou!

— Yoongi, preciso desligar. — É a única coisa que tenho coragem de dizer


antes de finalizar a ligação, completamente surpreso.

— Como ele tá? — Lalisa gritou por cima de mim, agitada. — Quer dizer, ele
acordou de um coma, mas... sabe?

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— A equipe médica está fazendo os exames agora. Ele estava atordoado, não
sabia onde estava, ficou bem assustado mesmo.

— Coitado, mas que alívio - Youngjae expulsou o ar com força, massageando


o próprio peito. - Depois desse tempo todo, eu já estava achando que ele não
acordaria...

— Espera! — Lisa voltou a falar alto. — Wonsik já sabe? Ele precisa saber!

Eu olhei para Jinyoung, que imediatamente negou e passou para dentro de


nossa sala, depois fechou a porta.

— Não falei, mas nem adianta. Dongsun não vai poder receber visitas agora,
de qualquer forma — Ele disse, seu tom visivelmente menos receptivo para
falar de Wonsik.

É, Jinyoung, eu te entendo.

— Mesmo assim! Ele vai ficar feliz só por saber! — Lisa ficou de pé, feliz
demais para perceber a relutância de nosso colega. — Vou avisar a ele!

— Doida... — Youngjae resmungou, risonho, e eu apenas troquei um olhar em


silêncio com Jinyoung antes de nos conformamos em voltar ao trabalho.

Mesmo assim, eu não consegui me concentrar muito bem. A desconfiança


sobre Wonsik poder ser o culpado do coma de Dongsun continuou martelando
em minha cabeça, mas de nada adiantaria sair no meio do expediente para
tentar falar com ele, já que já tinha tomado conhecimento sobre a quantidade
de exames que ele precisava fazer.

Ao fim do trabalho, no entanto, eu resolvi arriscar.

Lalisa, Youngjae e Jinyoung seguiram direto para o bar, porque ficaram


sabendo que a família queria privacidade. Até estranhei Wonsik não ir com
eles, mas não pensei muito nisso.

Quer dizer, não até chegar à ala onde descobri estar o quarto de Dongsun e
vê-lo ali no corredor, caminhando de um lado para o outro diante da porta
fechada como quem está prestes a ter uma crise nervosa.

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Seguindo meu padrão comportamental mais recente, eu deveria virar as costas
e ir embora depois de encontrá-lo, mas uma súbita coragem unida a uma falta
de noção inesperada me fizeram seguir em frente, pisando fundo a cada
passada.

— Você não parece feliz por seu amigo ter acordado — Eu já chego acusando.

Sério, a autopreservação foi pro espaço.

Mas, em minha defesa, eu posso afirmar que ver Wonsik mais incomodado e
desesperado diante da recuperação de alguém de quem era tão próximo só o
torna ainda mais suspeito.

— Sai daqui, porra — Ele nem me olhou, nem parou de andar de um lado para
o outro.

Eu cruzei os braços numa pose inquisitiva e o olhei com desdém continuo,


percebendo que a cada segundo, cada passada, Wonsik parece mais
impaciente. Então ele parou diante da porta, colocou a mão sobre o puxador e
desistiu no último segundo, virando-se bruscamente para socar a parede do
outro lado.

O golpe brusco me pegou desprevenido e eu acabei me sobressaltando,


olhando-o agora com mais receio que julgamento, embora não tenha me
livrado do segundo completamente.

— Você é muito suspeito. — Eu digo, sem pensar.

Wonsik olhou em minha direção e toda sua fúria foi subitamente destinada a
nada além de mim.

— Eu já mandei você vazar. — Ele repetiu, entredentes.

— Assim que descobrir por que você parece tão furioso quando deveria estar
feliz. — Minha coragem atacou outra vez, me impedindo de recuar. — Por um
acaso você tá com medo?

— Como é? — Sua voz fica cada vez mais baixa, mas cada vez mais cheia de
ódio.

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Eu olhei para trás, me certificando de que existem outras pessoas no corredor.
Quando vejo dois enfermeiros, eu me sinto seguro para finalmente dar voz à
minha desconfiança:

— Eu acho que foi você quem empurrou o Dongsun da escada — Anunciei,


então.

E a vida é feita de momentos de todas as formas. Existem aqueles em que


tudo parece passar rápido demais, e outros em que o mundo parece girar em
câmera lenta. Foi o que aconteceu dessa vez.

Foi como se eu pudesse ver cada acontecimento seguinte em velocidade


reduzida. A forma como Wonsik empalideceu, perdendo a reação por um
instante, mas logo depois recobrando os sentidos e empurrando meu corpo
violentamente contra a parede.

— Eu vou te matar se você disser isso de novo! — Ele grunhiu e a forma como
seus olhos estão injetados com sangue me faz acreditar sinceramente em sua
ameaça.

Eu resfoleguei com o medo, e minha voz saiu trêmula quando eu tentei me


mover para longe dele e o ameacei:

— Eu não vou ficar calado. Vou dizer à família do Dongsun e você vai ser
preso - Avisei, olhando-o temerosa e ameaçadoramente uma última vez.

Mas, seja lá qual eu imaginei que seria a reação de Wonsik, fui completamente
pego de surpresa quando ele me segurou pelo braço, me impedindo de me
afastar. E, quando eu tentei me soltar num gesto afobado, a mão dele
escorregou até meu pulso, na altura das minhas pulseiras, tentou me agarrar
de novo e eu tentei me soltar outra vez.

E então aconteceu.

A forma como ele me puxou esticou o elástico da minha pulseira, até


arrebentá-lo e fazer as miçangas caírem no chão como uma cascata.

Ele destruiu minha pulseira. A pulseira que Yuta fez para mim.

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Desesperado, dolorosamente triste e enraivado, eu senti cada um dos
sentimentos ruins tomar forma em meu corpo e então empurrei Wonsik com
toda minha raiva e gritei alguma coisa que nem sei o que foi.

Agora, eu me sinto ainda mais sem chão, e a velocidade reduzida da vida


passando foi acelerada ao máximo quando um dos enfermeiros gritou e tudo
passou rápido demais, menos a dor do soco violento que Wonsik me deu no
rosto, de repente.

— Eu vou te matar se você abrir a boca! — Ele gritou, avançando em mim


novamente como se o primeiro soco não fosse o suficiente para me derrubar.

— Ei! — Alguém gritou e correu em nossa direção, mas eu perdi a força e o ar,
escorregando com as costas na parede até cair sentado no chão, com a mão
pressionando o lugar que foi subitamente golpeado.

— Eu queria te foder, mas agora só quero te socar até você morrer, seu porra
— Wonsik disse para mim, mas o enfermeiro nos alcançou antes e conseguiu
segurá-lo antes que eu apanhasse outra vez.

Só agora eu percebo como fui ingênuo de acreditar que a proximidade de


outras pessoas impediria Wonsik de fazer algo comigo. Porque é agora que eu
vejo a forma como seus olhos estão instáveis. As íris tremem no meio das
orbes, incapazes de focar em algo.

É a coisa mais assustadora que já vi, porque me dá a sensação de que ele


seria mesmo capaz de me socar até a morte.

Kim Wonsik é completamente louco.

— Chamem os outros seguranças! — O enfermeiro gritou, parecendo ter


problemas em conter a fera que eu mesmo libertei com minha coragem
irresponsável.

— Venha comigo — O outro funcionário se abaixou ao meu lado e um tumulto


começou a se formar no corredor, ao nosso redor.

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— Não... minha pulseira — Eu consegui dizer ao recuperar um único fio de
raciocínio, e vi as miçangas espalhadas pelo chão, desfeitas numa bagunça
que me faz encher os olhos de lágrimas.

— Eu pego para você, mas primeiro saia daqui, por favor -0 enfermeiro disse,
sobrepondo a voz de Wonsik cuspindo novas ameaças para mim.

Na verdade, nem me atentei muito a isso. O choque, a dor e o medo se


espalharam por minhas veias como veneno e o enfermeiro ao meu lado
precisou me ajudar a levantar, porque sozinho não conseguiria, depois ele me
levou até os bancos da recepção do andar.

— Eu vou pegar as miçangas — O homem me disse, afastando-se enquanto,


daqui, eu ainda posso ver os funcionários com problemas para conter Wonsik.

Eu estremeço de medo, percebendo o que desencadeei, e ao mesmo tempo


outra coisa treme em meu bolso. Meu celular.

Jungkook.

– Meu bem, já estou aqui. Cadê você? — Ele perguntou assim que atendi a
ligação, sem precisar olhar no visor para saber que era ele me ligando.

— Jungkook... — Eu o chamo, com um nó na garganta que me faz quase


soluçar, embora eu não esteja chorando. Ainda. — Jungkook, vem cá, por
favor... ele me bateu...

— Onde você está? — Ele perguntou imediatamente, e me dói ainda mais o


coração percebê-lo imediatamente desesperado.

Perdido, eu precisei olhar ao redor para me localizar.

— Recepção do segundo andar... vem logo, por favor...

Jungkook não disse mais nada, e percebi que é porque a ligação foi finalizada.
Eu sei que ele está correndo para vir me ver.

No instante seguinte, o enfermeiro voltou para perto de mim com as miçangas


protegidas dentro de um lenço dobrado, que me foi entregue assim que ele

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parou perto, e ver algo tão importante para mim destruído desse jeito me faz
finalmente começar a chorar.

Não pela dor de ser socado, porque a dor de ver uma lembrança tão bonita
reduzida a partes soltas doeu muito mais que ser golpeado.

— Você quer um pouco de água? — Ele ofereceu, atencioso. — Eu vou pegar


um pouco de gelo também.

Eu neguei num gesto quase automático e, ao engolir a saliva, me dei conta do


gosto de sangue em minha boca, descendo por minha garganta, e isso me
deixou ainda mais assustado.

O enfermeiro ao meu lado pareceu não se atentar à minha resposta negativa,


ou talvez tenha percebido que ela sequer foi sincera, e se afastou até o
bebedouro quando os seguranças conseguiram conter Wonsik e dispersar o
tumulto e a única coisa que me impediu de entrar em pânico ao vê-los se
aproximando foi ouvir o som das portas do elevador se abrindo e em seguida
ver Jungkook caminhando apressado em minha direção.

Quando o vi, meus olhos se abriram bem e eu fiquei de pé tão rápido que
quase caí, depois me adiantei até ele, abraçando-o com força assim que fui
capturado por seus braços cuidadosos e protetores.

— Anjo, seu rosto... — Ele disse quando me segurou pelas bochechas para
poder me olhar melhor, quase como se o soco estivesse sendo dado nele
também.

— Com licença, — Uma terceira voz se fez ouvir, e em reflexo eu olhei na


direção em que veio, encontrando dois dos seguranças segurando Wonsik
pelos braços. — nós precisamos relatar o ocorrido ao RH. Pode vir conosco,
por favor?

Eu percebi o olhar de Wonsik firmado em mim e senti meu corpo travar,


incapaz de dar uma resposta até ouvi-lo dizer num sussurro raivoso:

— Se você abrir a boca... eu vou acabar com você.

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Ao ouvir isso, Jungkook moveu seus olhos até encontrar o grupo de três
seguranças ao lado, dos quais um é conhecido seu e está contido pelos outros
dois, e sua expressão se tornou um poço inteiro de ódio, ressentimento e
preocupação.

— Foi ele? — Jungkook perguntou, respirando devagar como nunca.

Imediatamente eu o segurei para tentar contê-lo, e isso parece dar a resposta


que ele precisava. Porque, menos de um segundo depois, Jungkook se desfaz
do aperto de minhas mãos em seu pulso e avança em Wonsik, socando-o no
rosto não uma, mas duas vezes, e depois segurando-o pela gola do uniforme.

Me choca ver uma cena como essa porque, três anos e muitas situações
difíceis depois, eu nunca vi Jungkook perder o controle assim. Nunca. Ele
sempre teve uma forma mais diplomática de resolver as coisas, mas agora está
literalmente agredindo alguém

— Eu disse que ia foder sua vida se você machucasse o Jimin - Ele disse para
Wonsik e os outros dois tentaram impedi-lo, mas falharam e, mal a última
palavra deixou sua garganta, ele avançou outra vez, socando o rosto já
golpeado do infeliz que me atacou.

— Jungkook! — Eu o chamo, assustado, enquanto vejo o assassino tentar


revidar e os dois funcionários lutando para segurá-los e afastá-los um do outro,
mas Jun parece incontrolável e quando seus braços são imobilizados, ele usa a
perna e dá um chute violento na altura do estômago de Wonsik.

Com a possibilidade de que Jungkook se prejudique por fazer algo assim, mas
também assustado com uma infinidade de outras coisas, eu resolvi intervir
outra vez e me aproximei novamente. Na tentativa seguinte eu o puxo pelo
braço outra vez, com toda minha força, e peço com a voz marcada pelo choro:

Se meu puxão não fosse o suficiente para interrompê-lo, meu pedido


desesperado foi, porque ele parou de tentar desferir novos golpes, mesmo que
seu corpo inteiro continue tenso e sua respiração, acelerada.

— Isso já foi longe demais — Um dos funcionários bradou, com irritação na


voz. — Para o RH, agora, se não quiserem parar na polícia!
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— A gente já vai! — Eu grito para o homem num pedido desesperado quando
ele tenta arrastar meu Jungkook, e o seguro pelo braço. — Eu levo ele, então
solta, por favor, moço!

Talvez o desespero em minha voz tenha comovido o homem, porque ele fez
uma análise silenciosa antes de soltar Jungkook, mas sua expressão não se
suavizou.

— É melhor virem logo. — Foi a última coisa que ele disse, ajudando o outro
funcionário a segurar Wonsik, que é o problema primário, e então arrastando-o
trabalhosamente em direção ao elevador.

Depois de vê-los se afastando, eu puxo Jungkook para deixá-lo de frente para


mim e seguro seu rosto antes de me inclinar para beijá-lo, numa tentativa
impulsiva para acalmar meu amor.

Ele continuou respirando com dificuldade, sei que está com o sangue fervendo,
mas ele apenas me abraça de volta, com força, como eu sei que faria.

— Eu não acredito que deixei ele fazer isso com você... — Ele se lamentou, e
eu consigo sentir seu coração doer só pelo seu tom de voz. — Eu devia ter
insistido para você procurar outro emprego, meu deus...

— Não foi culpa sua, Jungkook — Eu preciso dizer, porque ele não tem mesmo
nem um por cento de culpa. — Eu que.. eu que perdi a noção e provoquei ele...

— Não importa. A culpa também não é sua — Ele garantiu, passando a mão
por minha cabeça, ainda aflito, e o brilho em seus olhos entrega todo seu
desespero.

Eu assenti, mesmo que no fundo saiba que eu tenho responsabilidade, o que é


diferente de culpa.

Minhas ações desencadearam isso tudo, então tenho parte do problema como
consequência delas. No entanto, culpa por ter sido agredido é algo que não
quero carregar, tampouco quero que Jungkook o faça.

-- Ele é completamente desequilibrado, Jungkook... — Eu disse, lembrando do


olhar assustador de Wonsik quando avançou em mim. — Wonsik é louco... e
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eu tenho certeza de que foi ele que fez aquele outro funcionário entrar em
coma... A gente precisa fazer algo sobre isso!

Jungkook desceu a mão até minha nuca e me puxou carinhosamente para um


novo abraço que me acalma um pouco mais.

— Nós vamos dar um jeito nisso, meu bem. Eu prometo. Mas não vou deixar
ele chegar perto de você de novo, e não é mais seguro te deixar onde ele
possa te encontrar.

Eu assinto, confiando nele, mas é o que ele diz a seguir que faz meu coração
ficar ainda mais apertado:

— Então... é melhor você passar um tempo na casa de seus pais.

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OIIII

Vou falar de coisa boa: JUNGKOOK DESCEU O CACETE NO WONSIK e


realizou o sonho da subnation

e o Jimin vai voltar pra nam-gu... teríamos namoro jikook à distância outra vez?

ainda tem outra coisa boa (que, de novo, quase todo mundo já sabe): esses
dias eu comecei e finalizei uma shortfic especial de halloween. o nome dela é
pump-a-kim, tá no meu perfil e, como eu disse, tem 8 capítulos e já tá
concluída! quem quiser ler, vai ser muito bem vindo <3

acho que é isso??? não sei eu tô toda atordoada de tanta saudade que senti de
atualizar minha filha e ver os comentários de vcs e aaaaaaaaaa eu não vivo
sem submissive, é isto):

o atraso dessa semana não vai interferir na próxima, então a att sai dia 25/11!
no que depender de mim, sem mais atrasos. beijos beijos beijos e até lá, amo
vcsss <3

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45 • Reliability
Dedicado a CarolLock2511

— Jungkook... não. — Eu digo, talvez pela centésima vez.

A essa altura, já gastamos mais de uma hora no RH e por pouco a polícia não
foi chamada, mas graças às testemunhas, Wonsik foi declarado culpado por
me agredir e isso se aplicou como justa causa para o afastamento temporário
dele.

Afastamento. Temporário.

— Eu já disse que isso não é uma discussão, Jimin. — Jungkook se mantém


firme, sem vacilar sequer uma vez em sua decisão de me fazer voltar para
Nam-gu.

— E eu já disse que não vou! — Insisto, irritado como há muito tempo não
ficava com ele.

— Vocês precisam se acalmar, por favor — Siyeon pediu.

É claro que ela, como diretora do hospital, ficou sabendo sobre toda a confusão
e, por ser cunhada de Jungkook, se sentiu ainda mais motivada a nos chamar
na sala dela assim que saímos do recursos humanos. Por isso, agora, estamos
aqui, tendo essa discussão na frente da esposa de Junghyun, enquanto ela
tenta ajudar de alguma forma e eu pressiono uma bolsa térmica em minha
bochecha machucada.

— Siyeon, eu já te contei o que aconteceu. Jimin já confessou que aquele cara,


que vocês sequer demitiram de uma vez, o ameaçou de morte. E pelo que
aconteceu hoje, nós sabemos que não é uma ameaça vazia, e eu não vou
correr o risco de ver até onde ele é capaz de ir — Jungkook rebateu,
caminhando de um lado para o outro na sala ampla.

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— O afastamento temporário é a primeira medida, Jungkook. Ele
provavelmente vai ser desvinculado assim que toda a burocracia for cumprida.
— Siyeon se manteve calma. — Eu vou garantir que isso aconteça.

— Certo. E então? Ele vai ser preso ou vai continuar livre por aí depois de ser
demitido?

Siyeon suspirou, porque a conversa continua voltando para o mesmo ponto.

— O ponto é que é exagero mandar Jimin para outra cidade, Jungkook. Se ele
ao menos quisesse, tudo bem, mas ele não quer.

— E eu sempre respeito as vontades dele, mas dessa vez vai ser do meu jeito.
É a segurança dele que está em risco e eu não vou brincar com a sorte.

— Jungkook... — Eu o chamo, já sem argumentos para insistir.

— Isso não é justo com ele, Jeon. — Siyeon, então, intervém.

— Também não foi justo que ele tenha sentido medo dentro do próprio trabalho
durante as últimas semanas. Eu falei com você, tentei evitar que as coisas
chegassem a esse ponto, mas tudo que você me disse foi que não poderia
fazer nada porque não tinha provas! Mas eu tive provas, Siyeon, porque Jimin
tinha que escolher a dedo todo santo dia o lugar onde me esperar depois do
expediente e eu vinha da Bangtan até aqui com o coração na mão com medo
de que ele tivesse cometido algum deslize e aquele maluco fizesse algo com
ele!

Eu abaixei os olhos, só então me dando conta de quantos detalhes de minha


rotina foram alterados desde que Wonsik começou a me perseguir.

Ele agrediu minha liberdade desde antes de me dar um soco e eu sequer tinha
me dado conta disso.

Assustado com essa percepção, eu só me dei conta de Jungkook se


aproximando quando ele parou em minha frente e se abaixou diante da minha
poltrona, pegando a bolsa térmica em minhas mãos e voltando a pressioná-la
em minha bochecha, porque distraidamente acabei parando de fazer isso.

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— E também não é justo que seja ainda mais inseguro ele continuar a vir para
o trabalho ou a frequentar qualquer lugar onde Wonsik possa encontrá-lo,
Siyeon — Jungkook completou, acariciando minha bochecha livre. — Mas já
ficou bem claro que não é Jimin quem vai ser defendido por você, ou pela
justiça. E o agressor dele.

— Agora você está sendo injusto comigo, Jungkook. — Siyeon disse, afetada.
— Eu não podia demitir alguém sem provas de que ele merecia isso. Não é
assim que o mundo funciona.

— Eu sei. E é justamente pelo mundo funcionar do jeito que funciona que Jimin
foi agredido, não só fisicamente. Foi por isso que ele precisou adaptar a vida
dele para conviver com um stalker, e é por isso que agora vai precisar adaptar
ainda mais para que algo pior não aconteça. Porque não adianta se a gente
levar isso para a polícia, Siyeon, eles vão dizer exatamente a mesma coisa.
Nós não temos provas das ameaças feitas, e sabe quando vamos ter essas
provas? Quando algo pior acontecer. Porque é exatamente assim que o mundo
funciona. Eu sei disso.

Agora, eu começo a me dar conta de verdade do que está acontecendo. Eu


estou sendo obrigado a me afastar da minha rotina, e não é por Jungkook.

— Eu já disse, não é justo que as coisas precisem ser assim, mas não vou
arriscar a segurança dele.

Siyeon ficou calada, assim como eu, e acho que só agora eu percebo de
verdade a situação em que estou, e isso me assusta.

— Então por favor, Jimin — Jungkook olha para mim, quase suplicando. — Eu
vou tentar resolver tudo, mas até lá fique um tempo na casa dos seus pais. Só
assim eu sinto que você vai estar seguro de verdade.

Minha respiração está pesada e eu estou exausto do dia de hoje.

Não é justo. Jungkook tem razão. Enquanto estou aqui pensando na melhor
forma de me proteger, Wonsik foi embora para sua casa, tranquilamente, sem
se preocupar.

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Não deveria ser assim e eu espero que um dia deixe de ser, porque eu não sou
o único a passar por isso.

E sem outra opção, com minha liberdade cerceada como se eu fosse o


criminoso, só tenho uma resposta para dar.

— Certo. Eu vou.

❆❅❄❅❆

— Me avise quando chegar, meu bem — Jungkook disse quando paramos


diante da sala de embarque, uma semana depois da decisão.

Durante os últimos dias, nós corremos para resolver algumas burocracias. Eu e


ele concordamos que eu precisava ir na delegacia fazer uma denúncia contra
Wonsik, por sua agressão, mas o boletim de ocorrência de nada adiantou
senão para se juntar a documentação que me deu licença no trabalho.

— Seus pais vão te buscar no aeroporto, não é? — Ele perguntou, acho que
pela quarta vez.

Eu sei que ele não está feliz com tudo isso. Na verdade, o tremor em sua voz e
em seu toque mostra o completo oposto.

— Vão, sim. — Eu respondo, ansioso para revê-los depois de quase quatro


meses porque, apesar de garantir que os visitaria com frequência, meu
trabalho em dia de sábado me impediu de voltar antes.

Agora, eu entendo como era difícil para Jungkook conseguir ir me ver quando
namorávamos à distância, porque meus pais são das pessoas mais
importantes para mim e nem assim consegui arranjar um único fim de semana
para passar com eles.

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Então, apesar de tudo, eu consigo enxergar o lado bom dessa situação. Eu vou
ver meus pais, vou ver meus amigos, comer pés de galinha com Hyelin e
lembrar da minha cidade, que é tão pequena e pacata comparada a Seul.

O lado ruim é que eu estou sendo obrigado a fazer isso para não me machucar
ainda mais.

— Acho que preciso ir... — Eu digo, checando minha bagagem de mão e a


caixa de viagem de Chim, que está indo comigo para Nam-gu.

Essa última decisão foi unânime. Nós dois reconhecemos que nosso gatinho é
mais apegado a mim e, como não sei quanto tempo vou precisar ficar longe de
casa, achamos melhor que ele venha comigo. Por isso tratamos de levá-lo num
veterinário e seguimos todas as recomendações para que o vôo não seja
estressante para ele.

— Certo. — Jungkook concorda, ainda ansioso, e eu retribuo o abraço


apertado que ele me dá. Um abraço tão diferente do que os que demos nos
últimos meses, mas tão semelhante aos que demos tantas vezes em
aeroportos e estações de trem.

É tão esquisito precisar me despedir dele de novo que eu sequer consigo


colocar em palavras, então apenas o abraço bem forte enquanto é possível.

— Boa viagem, anjo. — Ele desejou, deixando um último beijo em minha testa,
e olhou para a caixa de Chim, onde ele está adormecido. — Cuidem bem um
do outro.

— Se cuide direitinho também. Não pule as refeições, nem fique no trabalho


até tarde. E lembre de regar as plantas. Na quinta nós podemos almoçar juntos
por vídeo chamada, tá?

— Sim. Vou esperar por isso. — Ele garante e me dá mais dois beijos
demorados na testa. — Nos vemos depois.

Eu sorri e assenti, mesmo com o coração apertado, então segurei a alça da


mala de Chim e da minha própria, para então caminhar para longe de
Jungkook.

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Durante o vôo, eu me senti esquisito. Não consegui infernizar os comissários
de bordo pedindo balinhas, porque estava perdido demais entre euforia por
rever minha família e amigos e tristeza por todo o resto.

Mas quando desembarquei no aeroporto em Gwangsan-gu, ao menos por um


instante tudo que senti foi alegria na forma mais genuína, porque meus pais
estavam mesmo ali, me esperando, e só então me dei conta que a saudade,
que eu já sabia ser enorme, era ainda maior

— Mãe, pai... — Eu murmurei, sem qualquer estrutura emocional prévia para


quando minha mãe começou a chorar assim que me viu.

— Meu príncipe... — Ela basicamente balbuciou ao caminhar em minha


direção, e eu deixei minha mala e a caixa de Chim no chão para ser abraçado
por ela assim que chegou perto o suficiente. — Quem foi que machucou você?
Me diz, eu vou quebrar o monstro que te machucou!

Eu deixei uma risada baixa escapar enquanto sinto suas mãos esmagarem
meu rosto, até machucando um pouco o local ainda um pouco dolorido, mas
não reclamo.

— Jungkook já deu uma surra nele, não precisa se preocupar. — Aviso, então.

— Ao menos isso. Ele se empenha para cuidar de você.

— Desde quando você aplaude violência? — Meu pai pergunta ao se juntar a


nós, e meu sorriso aumenta antes que eu o abrace também.

— Não estou aplaudindo. Achei merecido, mas vou repreender Jeon assim que
ele ligar da próxima vez.

— Vocês andam falando muito no telefone — Resmungo, desconfiado. — Não


vai me trocar por ele, né, mãe?

— Nunca. Meu amor vai ser sempre você, príncipe!

— Bom. — Eu digo, com os olhos apertados. — Mas a gente pode ir pra casa?
Eu tô com fome e Chim também precisa se instalar logo em algum lugar pra
não ficar mais estressado...

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Minha mãe olhou para a caixa de viagem do meu filho e suspirou.

— Eu sempre sonhei em ser avó, e o único neto que você me dá é um gato. —


Resmungou.

— Mas é um gato tão fofo. — Digo, sincero. E esperto, além de dar menos
trabalho que uma criança!

— Eu deveria ter pensado assim quando você nasceu, porque pensa numa
criança endemoniada! — Ela relembrou, o que me fez cair na risada. — Mas
vamos logo, não vou te deixar com fome, nem deixar meu único neto
estressado.

— Agradeço por isso. — Murmuro, me abaixando para pegar a caixa de Chim e


deixando que eles levem a mala.

Assim que entramos no carro, então, eu sou rápido em pegar meu celular para
mandar uma mensagem para Jungkook e outra para Seokjin.

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Eu respirei fundo, mais aliviado pela resposta de Seokjin, e voltei a guardar
meu celular para dar mais atenção aos meus pais.

Normalmente, são eles que me metralham com perguntas sobre tudo e nada,
mas hoje esse papel fica em minhas mãos e eu pergunto sobre desde a
reforma na entrada do hotel até sobre a cueca da sorte velha de meu pai que
minha mãe vive ameaçando jogar fora (mas acabei de descobrir que ainda não
jogou).

Meu deus, eu estava com muita saudade mesmo.

— E eu e sua mãe estamos velhos, precisamos de mais folga agora, então


acabamos de promover Hyelin a gerente do Kundaemunjip, então ela vai poder
tomar conta de tudo quando a gente viajar, mas ela ficou noiva e por enquanto
está na correria com as coisas do casamento... — Meu pai continuou

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explicando quando eu finalmente perguntei sobre quando eles iriam conhecer
minha casa em Seul.

— Por isso nós ainda não fomos, mas assim que ela casar e voltar da lua de
mel, nós vamos tirar férias e vamos conhecer sua casa, príncipe.

— Tudo bem, mas... Hyelin noivou? Eu só fiquei fora por três meses!

— Noivou, sim, com aquele rapaz que tinha uma barraca de pés de galinha lá
perto de casa, lembra? Agora é um restaurante, nós sempre vamos comer lá!

— O cara dos pés de galinha? — Eu arregalei meus olhos, antes de cair na


risada. — Mentira!

— Não, juro. Eles ficam uma gracinha juntos.

— Aliás, falando nisso — Meu pai voltou a dizer. — Você não pretende voltar
para Nam-gu, Jimin?

— Acho que não, pai... eu ainda acredito que Seul tem mais oportunidades pra
mim...

— Nós não vamos te recriminar sobre isso, mas precisamos pensar no futuro
do hotel. Eu e sua mãe não vamos poder cuidar dele para sempre, então
estamos pensando em vender quando chegar a hora já que você não vai
querer assumir as contas.

— Vender o Kundaemunjip? — Eu perguntei, com uma sensação esquisita.

— Ou associar com Hyelin. Eu e sua mãe pensamos sobre isso. Se ela tiver
interesse, vai ser nossa única sócia e assumir aos poucos toda a gerência. E
quando nós morrermos, o hotel passa para o nome dela.

Eu penso que sou apressado por já estar planejando uma festa surpresa para
daqui a quase quatro meses, mas meus pais já estão pensando na morte.

— Você teria algum problema com isso, filho? — Minha mãe perguntou,
cuidadosa. — Você nasceu e cresceu lá, então...

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— Acho que não tem outra opção, né? — Eu digo, por mais que seja, sim,
estranho pensar nisso.

— A não ser que você esteja em dúvida. Se quiser pensar melhor sobre isso,
nós esperamos antes de falar com Hyelin, príncipe. Você é prioridade.

— Não, mãe. — Eu tento tranquilizá-la. — É meio esquisito, mas mesmo que


eu voltasse pra Nam-gu, eu não ia querer essa responsabilidade. Eu quero
outra coisa...

Minha mãe olhou para mim, dali do banco da frente, e eu percebi meu pai me
olhando brevemente pelo retrovisor interno.

— Que outra coisa? — Foi ela quem perguntou, atenta.

Eu respirei fundo, mas acho que já posso revelar.

— Eu estou estudando pro vestibular. Quero entrar no curso de enfermagem


e... — Eu ri, meio nervoso. — É, se tudo der certo, vocês vão ter um filho
enfermeiro.

Ao ouvir a notícia que segurei por tanto tempo, minha mãe passou por uma
sequência de reações entre espanto e alegria, até cobrir a boca com as mãos.

— Meu bebê... meu bebê quer ser enfermeiro? — Ela perguntou,


desacreditada, mas não acho que de um jeito ruim.

— Sim... — Eu voltei a rir. — Eu finalmente encontrei algo, mãe. A senhora e o


pai podem torcer por mim?

Ela balançou a cabeça freneticamente, ainda com as mãos sobre a boca e os


olhos transbordando de carinho.

— É claro que sempre vamos torcer por você, filho. Não é, querido?

— Claro que sim. — Meu pai concordou, e eu vejo seu sorriso enquanto ele
continua dirigindo. — Nós só queremos ver você feliz, Jimin.

Meu sorriso aumentou e, como sempre, ficou tudo meio escuro por conta dos
meus olhos.

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Eu realmente tenho os melhores pais do mundo.

E quer saber? Também tenho os melhores amigos, porque assim que


descemos em casa e entramos na recepção do hotel, Yukwon, Yuta e
Jeonghan estão aqui esperando por mim.

É claro que eu avisei que estava vindo, mas eles não disseram que viriam me
receber, então eu fico surpreso ao vê-los. E, é, eu grito de alegria enquanto
corro para abraçá-los, e eles gritam também, sei lá por que, antes de nos
embrenharmos num abraço coletivo que foi violentamente rejeitado por
Yukwon.

— Eu não acredito que vocês estão aqui! — Eu digo, ainda saltitando de


felicidade.

— Eu não acredito que você demorou tanto pra voltar — Jeonghan contrapôs,
e eu só fiz uma caretinha antes de abraçá-lo individualmente, porque foi quem
fiquei mais tempo sem ver.

— Você deveria ter ido pra Seul quando Yukwon e Yuta foram... —
Choraminguei, ainda abraçando-o.- Aconteceu um monte de coisa quando eles
estavam lá...

— É... — Jeonghan olhou para os outros dois, e seus olhos ficaram ainda
menores quando ele sorriu. — Fiquei sabendo.

— Contei tudo com detalhes. — Meu melhor amigo confessou. — Muitos


detalhes.

— Detalhes demais. — Yuta resmungou.

Nós meio que olhamos ao redor, porque meus pais ainda estão na recepção e
nós não podemos ser explícitos, além de Hyelin estar atrás do balcão me
olhando com os braços cruzados.

Pensando no mesmo que eu, Yukwon agarrou meu braço.

— Ok, vou levar Jimin pra dormir lá em casa. Precisamos repor todas as festas
do pijama que não fizemos.

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— O que? — Minha mãe parece inconformada. — Por que todo mundo quer
roubar meu bebê? Não vai, não, ele vai dormir em casa!

Yukwon amoleceu a expressão até deixá-la quase pidona, e isso só acontece


quando ele quer pedir alguma coisa para ela.

— Por favor, tia... ele vai dormir em casa nos outros dias todos...

— Duvido, do jeito que vocês são grudados. — Ela ainda se opôs.

— Aí a gente vem dormir aqui, problema nenhum. Mas hoje precisamos de


privacidade pra falar sobre...

— Por favor, mãezinha. — Eu interrompo Yukwon antes que ele fale algo que
me faça querer morrer.

Ela suspirou e acabou cedendo depois de trocar um olhar com meu pai:

— Tudo bem... mas vocês só vão depois do almoço!

— Ok! – Yukwon comemorou, e só pegou a caixa de viagem de Chim antes de


ir todo sem vergonha até a porta de casa: — O gato vem comigo.

— Ele tá mal humorado! — Avisei, mas meu amigo nem me deu bola.

Yuta e Jeonghan riram, e mesmo tanto tempo depois, eles não perdem a
liberdade de caminhar para dentro de casa sem me esperar, o que acaba me
deixando sozinho na recepção com Hyelin, que ainda me olha inquisitivamente,
então eu a olho de volta da mesma forma antes de nos acusarmos em
conjunto:

— Eu não acredito que você vai casar com o cara dos pés de galinha!

— Eu não acredito que você está morando com Jeon Jungkook!

Depois de nos olharmos em silêncio por mais algum tempo, acabamos caindo
na risada, então eu perguntei:

— Você tá feliz?

— Sim. — Respondeu, e parece sincera. — E você?

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— Muito.

Ela relaxou os cotovelos sobre o balcão, então sorriu e gesticulou, me


expulsando.

— Ok, então sai daqui. Eu tenho serviço pra fazer. Sou uma mulher
trabalhadora agora.

— Aposto que vai fazer teste online pra adivinhar qual o tipo de bolo de
casamento ideal pra você — Devolvi.

— Claro que não, palhaço. Esse teste eu fiz antes de encomendar o bolo!

Eu deixei mais uma risada escapar e fiz um gesto de negação antes de pegar
minha mala (que ninguém teve a boa vontade de carregar para mim, e ir para
dentro da casa de meus pais.

A casa deles. É estranho chamar de minha, agora, porque sinto que estou
traindo minha casa em Seul.

Meu deus, eu tenho uns pensamentos tão esquisitos que agradeço por
ninguém ao meu redor poder ler mentes.

— Ei! — Yukwon gritou no meio de uma gargalhada assim que eu finalmente


passei por eles na sala, onde já estão sentados no chão ao redor de Chim. —
O caralhinho fofo arranhou o Jeonghan!

— Ele ainda vive atacando o Jungkook, também. — Eu suspiro, mas então


percebo algo. — Deve ser porque o Jeonghan tá estagiando no laboratório da
Bangtan lá na Chosun. Ódio por tabela.

— Hm... acho que é porque ele pegou na barriga do Chim... — Yuta contrapôs.

Ou isso. Mas eu não abro mão completamente da teoria que Chim odeia
qualquer um ligado à Bangtan.

De qualquer forma, eu posso confirmar isso mais tarde.

Primeiro fui até meu antigo quarto, e foi muito esquisito entrar aqui e ser
atingido por cada lembrança que as coisas que deixei para trás carregam.

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A cama onde dormi com Jungkook pela primeira vez, o lugar onde Yuta
confessou que tinha medo de seu pai, onde eu e Yukwon já fizemos bagunças
incontáveis e onde chorei sozinho depois de tantas coisas que deram errado
em minha vida, ainda sem saber que não era o fim do mundo como parecia
ser.

Entrar ali foi como confrontar o Jimin de dezesseis anos que finalmente se
descobriu gay, que tinha medo de ser visto perto de Kim Yukwon na escola e
que era completamente inseguro sobre tudo na própria vida.

E agora que vejo onde estou e tudo que aprendi com cada uma das minhas
falhas, eu me sinto orgulhoso. E, mais ainda, sinto que não posso voltar a
chamar esse quarto de meu, porque o Jimin de dezenove anos precisa de
muito mais do que ele e Nam-gu oferecem.

— Tá, Jimin, mas vem cá... por que você voltou do nada? Brigou com o
gostosão, foi?

Eu olhei para Yukwon com tédio, me juntando a eles na sala depois de deixar
as coisas no quarto e pegar apenas o lenço onde estão as miçangas da minha
pulseira destruída.

— Não brigamos, não, mas tem um maluco me ameaçando. — Confesso,


passando o lenço para Yuta. — Ele me bateu e fez isso...

— Quem te bateu? – Meu melhor amigo questionou de imediato, com os olhos


estreitados.

— Aquele segurança do hospital... que ficou olhando pra gente quando você foi
lá...

— Aquele esquisito das tatuagens? Ele bateu em você? Que filho da puta! Eu
sabia que devia ter quebrado aquele esquisito naquele dia!

— Jungkook já deu uma surra nele, até chute teve — Apesar de estar
afirmando isso pela segunda vez no dia, eu não me orgulho do que aconteceu.

Quando vi meu Jungkook batendo naquele cara, eu só fiquei ainda mais


preocupado. Não senti sequer uma ponta de satisfação.
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— Acho é pouco. Vou em Seul de novo só pra descer o cacete naquele
escroto! Que porra! Não acredito que ele te bateu!

— Ele me deu um soco e doeu, mas isso não foi o pior — Eu apontei para o
que Yuta tem em mãos, e meu coração ainda dói por lembrar. — Ele estragou
nossa pulseira da amizade...

Yuta viu as miçangas soltas, depois voltou a envolvê-las com o lenço para não
perdê-las e ergueu os olhos até encontrar os meus, então sorriu.

— Eu vou arrumar e fazer com tanto carinho quanto da primeira vez, então
você nem vai perceber a diferença, Chim.

— Chim é o gato, agora. — Jeonghan apontou, o que me fez rir ao engatinhar


até sentar no colo de Yuta, abraçando-o.

— Obrigado, Yuta... eu fiquei com medo de você ficar chateado...

— Só com a situação e pelo que você teve que passar, mas nunca com você.
Não é culpa sua. — Ele disse, me abraçando de volta, e eu deitei minha
cabeça contra a sua.

— Eu também sinto muito por você passar por algo assim... — Jeonghan disse,
acariciando minha perna.

— Eu sinto muito é pelo otário que triscou no Jimin, porque eu vou destroçar
aquele filho da puta!

— Cala a boca, Yukwon. Não se resolve nada com mais violência. — Yuta o
repreende.

— Vamos ver se não resolve depois que eu descer o sarrafo nele — Deu de
ombros.

Eu ri um pouco mais, e olhei para Yukwon ainda sem soltar seu namorado.

— Jungkook tá tentando resolver isso. — Anuncio. — Eu não fui a única vítima


do Wonsik, então Jun contratou um advogado pra tentar investir nisso e colocar
aquele doido na cadeia, mas ainda acha que não é muito seguro eu ficar por lá,
por isso voltei. E o pior é que ele tem razão...
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— Então eu sinto muito por isso também. — Jeonghan confessou. — Fico feliz
por você ter vindo, mas não queria que fosse numa situação assim. Como você
tá se sentindo sobre tudo isso?

— Assustado e preocupado... — Confessei. — Assustado porque Jungkook


continua lá, preocupado porque precisei me afastar do meu trabalho e não sei
se isso vai prejudicar o hospital e... injustiçado por precisar me sentir assim.

Yuta acariciou minhas costas, depois me abraçou com mais força, e então
ficamos em silêncio por um tempo.

Depois, meus pais nos chamaram para almoçar, e nós fomos servidos com um
verdadeiro banquete antes de sairmos da casa deles e rumarmos ao
apartamento de Yuta e Yukwon.

E, meu deus, entrar aqui foi ainda mais nostálgico que voltar para meu antigo
quarto.

As memórias me atingiram com violência e a sensação de nostalgia quase


machucou enquanto eu lembro de tudo que passei nesse lugar, de todas as
vezes que corri para cá para chorar, extravasar a raiva, compartilhar alegrias
ou tédio.

E arrumar os edredons no chão da sala, como fazíamos antigamente, faz meu


coração expandir ainda mais para acomodar tantos sentimentos.

— Aqui, Chim... quer dizer, Jimin — Yuta riu lançando uma olhadela para meu
gatinho, que Yukwon insistiu em trazer junto, o insuportável.

Risonho, eu olhei para sua mão estendida, então vi as miçangas coloridas de


minha pulseira unidas outra vez por um fio de silicone, exatamente como antes.
Imediatamente a coloquei no braço de volta, como se fosse um pedaço
essencial de mim que estivesse faltando.

— Obrigado, Yuta. De verdade, mesmo, mesmo. Você é o melhor amigo do


mundo!

— Quer apanhar? — Yukwon me olhou, furioso, com a cabeça deitada numa


almofada e Chim deitado em sua barriga.
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Eu mostrei a língua para ele e Jeonghan riu, apoiando as mãos atrás do quadril
antes de se inclinar suavemente.

— Eu acho que também preciso agradecer por vocês não terem mudado,
mesmo com a distância — Ele diz, então. — É bom saber que tanta coisa
muda em nossa vida, mas o clube das winx, não.

Eu devolvi seu sorriso, concordando inteiramente com suas palavras,

Yukwon, no entanto, não sabe controlar sua boca.

— Não muda entre aspas, né, porque Kihyun meio que fazia parte do clubinho
e agora...

— Olha lá, Yukwon... — Surpreendentemente, não é Yuta quem o repreende.


Sou eu.

— Nem vem, Jimin, eu quero saber e você quer também, que eu sei — Meu
melhor amigo resmungou. — Desembucha, Jeonghan. Kihyun já era mesmo,
ou não?

Nosso amigo mais pacífico respirou fundo, depois deixou a cabeça tombar para
trás.

— Já era. — Responde, enfim.

— Como assim? — Yuta parece chocado. — Você disse que vocês transaram
recentemente...

— Foi um erro. Nós terminamos, então nada disso devia ter acontecido. Só vai
nos deixar mais confusos.

— Eu vou ignorar essa merda de você e Yuta estarem de segredinho e só


perguntar: por que caralhos vocês não reatam, então?

— Porque Kihyun não conseguia tirar da cabeça a loucura de que eu ainda sou
apaixonado pelo Jimin e o ciúme era cansativo.

— Não conseguia, era. No passado. E agora?

— Nós não conversamos sobre isso.


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— Deveriam. — Yuta reforçou.

Eu continuei calado, puxando um fio solto do edredom debaixo de meu corpo,


até que juntei coragem para perguntar:

— Mas vocês estão se dando bem? Deve ser esquisito já que você estagia
onde ele trabalha...

— Nós não deixamos isso interferir lá dentro do centro de pesquisa. Mas


quando estamos fora...

— Fica um climão, né? — Yukwon completou o pensamento dele. — Por favor,


preservem isso até setembro, quero ver vocês dois se estranhando no
aniversário do Jungkook.

— Que? — Jeonghan questionou, confuso.

— Festa surpresa. — Expliquei. — Vou fazer uma pro Jun lá em Seul, e eu não
posso deixar de chamar o Kihyun porque eles são amigos, mas também não
queria deixar de chamar você...

Jeonghan ouviu atentamente minha explicação, até acabar dando de ombros.

— Nós não vamos nos matar se ficarmos no mesmo lugar, nem acabar com a
festa do Jungkook. Não precisa se preocupar, Chim... quer dizer, Jimin. — Ele
riu, todo atrapalhado. Isso é confuso.

— Culpa do Jungkook. — Resmungo, recebendo meu filhinho quando ele


caminha até subir nas minhas pernas para deitar.

— Não, eu consigo entender a escolha dele. — Jeonghan disse, usando o


indicador para brincar com Chim. — Tem alguma coisa nele que lembra você.
O nome é coerente.

— Nós dois somos muito fofos e dengosos. Deve ser isso.

— E os dois são mal humorados — Yukwon completou. Nojento.

— Eu não sou mal humorado!

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— Depende do dia... — Yuta disse com um sorriso amarelo, e eu olhei para
Jeonghan em busca de apoio, mas ele só encolheu os ombros e disse:

— As vezes você fica meio bravo por pouca coisa... mas eu entendo! Cada um
tem um jeito de lidar com as coisas da vida e é normal ficar estressado...

— Besteira! Eu não sou estressado! — O interrompo, furioso, e caço meu


celular pelo chão.

— Corre que ele ficou puto e vai jogar o tijolão na gente! — Yukwon provocou,
escandaloso como sempre.

Não sei como os vizinhos aguentam. Ele transando com Yuta deve ser mais
barulhento que uma multidão gritando um fanchant de Red Velvet.

— Cala a boca — Resmungo, ainda irritado, e coloco a ligação em viva voz


quando disco o número de Jungkook. — Vocês vão ver que eu não sou mal
humorado coisa nenhuma!

Os três se entreolharam, segurando o riso, e eu aqui quase matando um


somente com o olhar, até que os toques agudos foram interrompidos para dar
lugar à voz de Jungkook.

Ai, a voz dele...

Eu já estou com saudades,

— Oi, meu bem. — Ele disse, lá do outro lado.

— Oi! — Respondo rapidamente, metade de mim se derretendo de amor por


meu Jun, a outra fervendo de ódio. — Jungkook, vem cá. Eu sou estressado?

— Sim, anjo. Por que?

Meu queixo quase foi no chão. Ao meu redor, no entanto, meus amigos
gargalharam muito alto. Yukwon literalmente rolou no chão.

— Jungkook! — O repreendi, inconformado.

Eu vou bater em alguém!

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— Você está com seus amigos? Diz um oi para eles. — Ele disse, muito
provável que depois de perceber as risadas.

— Diz você! Eu vou desligar na sua cara!

Jungkook riu e, ótimo, agora estou me derretendo com a risada dele.

— Espere um pouco, meu bem — Ele pediu, então. — Antes de desligar,


preciso que você me passe o número de Min Yoongi. Preciso falar com ele.

— De Dom Min Yoongi? — Questiono, desconfiado. — Pra brigar, é?

— Pedir ajuda, na verdade.

— Ahn... tá bom. Vou mandar por mensagem. — Respondo, meio surpreso. —


Certeza que não é pra brigar, né?

— Jimin... — Ele me repreendeu, rindo. — Você sabe que eu não sou assim.

— Sei, sim. Então tá bom, já vou mandar — Respondo, apesar do que ele fez
com Wonsik. Jungkook foi levado ao limite do próprio juízo pra agir daquele
jeito. Mas de resto, sua natureza é muito pacífica.

— Certo. Obrigado. — Ele disse e, depois de uma pequena pausa, me


chamou. — Jimin?

— Oi, Jun.

— Eu te amo. Aproveite o tempo com seus pais e seus amigos. Vou cuidar de
tudo para que você possa voltar para casa sem medo.

— Obrigado, Jungkook... — Eu sorrio, meio bobo, até me esquecendo que


meus amigos estão ouvindo tudo. — Se cuida, tá? Eu amo você, muitão.

Depois de ouvir sua resposta, nós finalizamos a ligação e eu apenas enviei o


número de Min Yoongi para ele antes de olhar decididamente para meus
amigos. Não vou mais discutir sobre ser estressado ou não, porque Jungkook
me deixou em posição de desvantagem sobre isso.

Assim, mudo de assunto como se a discussão anterior nunca tivesse existido:

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— Viram como meu Jungkook é um anjo? — Eu pergunto, todo bobo. — Eu
preciso fazer uma festa pra ele ver como é amado, e não só por mim!

— Tá, e como vai ser então? — Yukwon perguntou, meio entediado.

Eu acho que ele nem estava interessado de verdade em saber, mas eu gastei
uns vinte minutos tagarelando sobre isso de qualquer jeito.

Depois, nós bebemos. É claro que nós bebemos.

E improvisamos um karaokê no celular, assistimos um filme muito ruim,


passamos pasta de dente no rosto de Yuta quando ele cochilou e brincamos de
mímica de novo como em nossa última reunião, mas nós continuamos tão ruins
nisso quanto da última vez.

— A gente devia ir no family land. — Yukwon sugeriu, na manhã seguinte,


quando acordamos todos de ressaca. — Da última vez Yuta não estava com a
gente.

— Ah, a gente deveria ir, sim! — Concordei, empolgado, comendo uma barra
de chocolate como café da manhã.

— Por que vocês não me chamaram? — Yuta perguntou, horrorizado.

— Porque você ainda era um homofobicozinho pau no cu, seguidor fiel do


escroto do Taeil. — Yukwon respondeu na lata.

— Credo, seu ogro, podia falar com mais jeito!

Eu ri, mas acabei me engasgando com a saliva e Jeonghan veio em meu


socorro, dando uns tapas meio doloridos em minhas costas.

— Mas então, — Meu melhor amigo não se preocupou nadinha comigo. — foi
show de bola. O Jimin e o Jungkook ainda não tinham transado, daí tinha uma
tensão sexual maluca entre os dois, e o gostoso ficou com ciúmes do
Jeonghan, teve que correr atrás de um ônibus enquanto eu carregava o Jimin
nos braços e depois ele a gente fez ele comer um hambúrguer do McDonald's
pela primeira vez, mas o bocal não gostou.

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Já recuperado de minha tosse recente, eu sorri fraco ao perceber como
Yukwon ainda lembra de tantos detalhes. Acho que esse dia foi tão especial
para ele quanto para mim, tanto que assim como eu, ele tem a foto turva que
tiramos nós quatro num porta retrato no móvel da TV.

Não importa quanto tempo passe, essa sempre vai ser minha foto favorita.

— Eu não acredito que perdi esse dia... — Yuta choramingou.

— Foi logo depois que o Taeil bateu no Jimin — Jeonghan lembrou, então. —
Nós ainda não éramos próximos

A princípio nós concordamos, mas repentinamente nos demos conta do que


acabou de acontecer e olhamos os três em desespero para Yukwon, que
parece prestes a ter um treco.

— Como é? Quando foi que Taeil bateu no Jimin?

— Eita, merda...

— Ninguém vai me dizer nada? — Ele exigiu, irritado com nosso silêncio. — O
bucetão ruim bateu no Jimin e vocês esconderam isso de mim até hoje?! Qual
a porra do problema de vocês?!

— A gente não quis te preocupar... — Tentei explicar, mas ele me interrompeu.

— Um caralho! — Ele levantou furiosamente, então pegou sua blusa jogada no


sofá e começou a vesti-la. — Eu vou atrás daquele panaca agora e vou acabar
com ele!

— Yukwon, senta — Yuta resmungou, puxando-o pela calça para fazê-lo voltar
a sentar.

— Vai se foder, Yuta!

— Vai você, ogro! Mas antes senta logo!

Eles travaram uma batalha silenciosa com o olhar. Quando vencedor nenhum
parecia estar sendo nomeado, Yuta suspirou:

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— Ele nem mora mais em Nam-gu, Yukwon. A gente não faz ideia de onde ele
foi parar, então senta.

Meu melhor amigo deixou um som mal humorado escapar, mas acabou por
sentar a contragosto.

— Eu não acredito que vocês nunca me contaram. Eu podia ter socado aquele
cara muito tempo atrás! — Disse, in conformado.

— Por isso mesmo a gente não te contou. — Jeonghan explicou. — A gente


sabia que você ia fazer alguma loucura, tipo esfolar o cara vivo, e ninguém
queria que acabasse sobrando pra você.

Ele negou, ainda de bico na cara.

— Eu só não entendo...olha o Jimin, porra, Ele é todo bonito, só dá vontade de


socar de tanto que ele é fofo com essa cara gorda, às vezes eu tenho vontade
de chutar a bunda dele quando ele fica chato, mas como conseguem machucar
de verdade uma desgraça bonitinha como essa? É claro que eu ia esfolar o
Taeil vivo, caralho!

Nós ficamos em silêncio novamente, até que eu comecei a rir


desesperadamente, e Yukwon só ficou mais puto.

— Tá rindo de que, maluco?!

— Essa... — Eu tentei dizer, mas precisei controlar o riso antes. — Essa foi a
declaração mais bonita que você já me fez...

Yuta acabou rindo também, e Yukwon tentou fugir quando eu o abracei de


repente, bem forte. Só tentou mesmo.

— Eu amo você, Yuk, e na época só quis te proteger como você sempre me


protegeu. Não fica bravo, tá?

Ele hesitou, até dizer, mal humorado:

— Tá. Solta.

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Eu ri um pouco mais e me arrisquei a deixar um beijo em sua bochecha antes
de soltá-lo.

Durante as horas seguintes, nós ainda sofremos um pouco com o Yukwon-se-


sentindo-traído, até que pudemos ter de volta o Yukwon-encantado-pela-fofura-
de-Chim e tudo ficou bem.

Mais tarde, nós todos fomos para a casa de meus pais, onde passamos mais
uma noite juntos, jogando um jogo de tabuleiro que nos fez negar no sono
antes das onze da noite, juntos na sala.

No domingo à noite, Jeonghan precisou voltar para Gwangsan-gu, mas foi com
a promessa de voltar no fim de semana seguinte para irmos juntos ao parque
de diversões, e nós fomos. Dessa vez, com Yuta, mas sem Jungkook, e eu não
fui o único a sentir que estava faltando algo.

— Não é a mesma coisa sem o boçal... — Yukwon se lamentou quando


sentamos na grama para comer os lanches que trouxemos na mochila

— Vocês dois precisam vir juntos da próxima vez, Jimin... pra virmos os cinco
aqui. — Yuta disse e eu não fiz nada além de concordar.

Não quero pensar muito nisso para não ficar triste e deixar de aproveitar o dia
com meus amigos, mas eu estou com saudades de Jungkook. À noite, é
quando tudo fica pior. Eu sinto falta de ter ele ao meu lado, me abraçando e
fazendo carinho até que eu caia no sono, mesmo que depois saísse de fininho
para trabalhar.

Eu sinto falta do carinho com o dedão que ele fazia em meus pés por debaixo
da mesa do escritório, e estudar sem ele por perto é ainda mais chato, mas eu
continuo estudando todos os dias porque estou decidido a tentar a entrar na
universidade.

Nós namoramos à distância por muito mais tempo do que estamos morando
juntos, mas ainda é estranho, desconfortável e triste precisar lembrar de como
as coisas eram antes da minha mudança para Seul.

Eu sinto falta de Jungkook, de nossa casa e da minha rotina.

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E o pior é que não sou o único. Chim também está cabisbaixo durante toda a
semana, acho que com saudades de casa também.

— Você tá com saudade dele, né? — Yuta perguntou, de repente.

Eu fiquei envergonhado em precisar dizer que sim, mas não quis mentir.

— Não é que eu não goste de estar aqui com vocês, porque eu gosto, mas...
toda a situação é tão complicada e foi tão repentina...

— A gente entende, Chim... — Jeonghan disse, dessa vez sem corrigir o uso
de meu antigo apelido. — Acho que, apesar de tudo, deve ser desconfortável
precisar estar aqui...

Eu concordei, aliviado por Jeonghan nunca ter mudado. Ele é sempre tão
compreensível, e existem poucas coisas tão boas nessa vida quanto se sentir
entendido e acolhido.

— Sabe o que a gente deveria fazer? — Yukwon sugeriu, de repente. — Ir em


algum brinquedo fazendo vídeo chamada com ele!

— O que?— Eu ri, mas Yukwon parece levar a própria ideia a sério e levanta
num pulo.

— Liga logo! — Ele insistiu, nos puxando para que ficássemos de pé e nós
todos o fizemos, então eu abri o aplicativo de video call e chamei Jungkook,
torcendo para que ele não esteja ocupado.

Pode parecer boba, mas a ideia de Yukwon me deixou mais animado.

— Anjo — Jungkook disse quando atendeu a chamada, com seu rosto lindo
aparecendo na tela para mim.

Meu deus, que saudade de ouvir ele me chamando de anjo no meu ouvido,
antes de me beijar do jeito que até hoje me deixa arrepiado...

— Tudo bem? — Ele perguntou, parece preocupado, mas sua expressão se


suaviza quando meus amigos se espremem ao meu lado para aparecer na tela
também. — Ah, acho que não preciso me preocupar com você — Concluiu,
então, meio risonho.
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— Tá tudo bem, sim. E por al? Já almoçou?

— E aí, gostoso? — Yukwon gritou por cima de mim, o que fez Jungkook rir.

— Oi, Yukwon. E já almocei, meu bem.

— Ok... tá ocupado? A gente queria te chamar pra fazer uma coisa...

Jungkook ficou muito confuso. Muito confuso mesmo.

— Escolha um brinquedo do parque de diversões que a gente veio na última


vez! — Eu explico, então. — Nós cinco vamos juntos nele agora!

— Não é a mesma coisa sem você com essa pose toda séria e destoando do
resto do parque, cara... — Yukwon confessou, então, e os olhos de Jungkook
ficaram cercados de ruguinhas quando ele riu ainda mais.

— Sendo assim... aquele barco. Como chama? Barco nórdico?

— Barco viking, Jun...

— Tá vendo? — Yukwon quase choramingou. Foi esquisito. — Não é a mesma


coisa sem ele e esse jeito de tiozão que nunca foi num parque...

— Para. Ele só foi num parque uma vez, deixa ele — Pedi, meio ressentido.
Jun não tem culpa por não ter vivido experiências como essa antes.

Mas enquanto eu me chateio por isso, ele não parece fazer grande caso da
provocação de Yukwon e até ri, mas quando anunciamos que estamos indo
para a fila do barco viking, ele me chama:

— Anjo, espere um pouco. Preciso falar com você antes.

Eu gesticulei para que nossos amigos vão na frente, e voltei a olhar para a tela
do celular assim que eles entenderam meu pedido.

— É coisa ruim? — Pergunto, preocupado.

— Não. — Ele disse, tranquilo. — É bom, na verdade. Dongsun fez uma


denúncia contra Wonsik. Ele parece se lembrar do que aconteceu no dia do
acidente, e foi Wonsik quem o empurrou da escada.

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— Sério? — Questiono, agora surpreso.

— Sim. Então a denúncia já foi feita. Com sua denúncia, o depoimento das
testemunhas que estavam por perto quando ele te agrediu e com o depoimento
das pessoas com quem Yoongi entrou em contato, nós temos evidências mais
concretas para conseguir ao menos uma prisão preventiva.

Oh, então era para isso que ele queria entrar em contato com Yoongi, para
conseguir formalizar o depoimento das pessoas que já foram perseguidas por
Wonsik.

— Não vai demorar para você poder voltar, meu bem. — Ele garantiu.

Eu suspirei aliviado, mas agora é outra coisa que me preocupa.

— Você tá se dedicando muito a muitas coisas, Jungkook. Tá mesmo se


cuidando direitinho?

— Sim, anjo. Eu juro. Seokjin passa em casa a cada dois dias, age como se eu
fosse um bebê. — Ele se mostra irritado com isso, mas não de verdade.

— É porque você é nosso bebê. — Garanti.

— Você é o meu bebê, meu bem. Não confunda as coisas.

Eu ri, agora também com saudade de ser tratado e de poder agir como o bebê
do Jungkook.

— Mas agora nós precisamos ir no barco nórdico, não é? — Ele lembrou,


então.

— Barco viking, amorzinho... — Corrijo novamente, paciente e risonho.

— Isso. Vamos logo.

— Saudades de você sendo mandão. — Confesso, já caminhando em direção


ao restante do clube das winx. — É muito estranho ficar longe de você de
novo...

— Não vai ser por muito mais tempo, eu prometo.

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Eu sorri, e finalmente me juntei a Jeonghan, Yuta e Yukwon na fila, mantendo a
chamada com Jungkook ativa até que chegou nossa vez e sentamos em
nossos lugares. No fim, saímos os quatro passando mal. Jungkook foi o único
que continuou pleno, é claro.

E durante o restante da tarde, nos continuamos em chamada com ele. Às


vezes Yuta ou Yukwon carregavam o celular em meu lugar, e importunavam
Jun com perguntas e brincadeiras bobas, mas no fim acho que ele conseguiu
se divertir com a gente.

Mas, durante a semana seguinte, não acho que ele se divertiu tanto assim.

Jungkook ficou preso demais no trabalho e com toda a burocracia envolvendo


a confusão de Wonsik, então nos falamos pouco durante os dias seguintes.

Exatamente como costumava ser antes.

Agora, no entanto, não somos os únicos a sofrer com isso.

Chim continua muito cabisbaixo, e eu até comprei brinquedinhos e petiscos


novos para ele. Não tem jeito. Ele fica o dia inteiro deitado pelos cantos, mais
preguiçoso que o normal, e dá pra ver nos olhinhos dele que ele está tristinho.

— Ele não está doente? — Minha mãe perguntou, na sexta à noite, já


assustada pelo jeitinho triste dele.

— Será? — Eu também entro em alerta, vendo-a acariciar a cabeça de seu


único neto. - Eu vou procurar um veterinário amanhã...

— Faça isso. Me dói o coração ver uma coisinha desse tamanho tão tristinha...

Eu continuei olhando para Chim, agora ainda mais preocupado, e sequer


percebo quando meu pai surge na sala com a expressão meio agitada.

— Querida, — Ele chamou, cuidadoso, com o telefone na mão. — sua irmã


acabou de ligar. Sua mãe está no hospital.

— O que? — Agora, temos mais um motivo para nos preocupar. — O que


aconteceu?

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— Não parece ser nada grave, mas...

— Qualquer coisa na idade dela é grave! — Minha mãe constatou, assustada,


interrompendo-o. — Eu preciso ir lá.

— Sim. — Meu pai nem pensou em se opor. — Eu levo você.

Ela ficou de pé e eu quase fiz o mesmo, mas travei quando Chim se arrastou
até deitar no meu colo.

Ao perceber, minha mãe suspirou e se abaixou para beijar minha testa.

— Fique com meu netinho. Eu dou noticias de sua avó.

Eu acabei concordando, porque não tenho emocional para deixar Chim sozinho
do jeito que ele está agora.

— Diga que eu vou visitar ela amanhã! — Peço, e recebo mais um beijo de
minha mãe antes que ela se adiante até seu quarto.

Quando ela e meu pai saem de casa no meio da noite para irem visitar minha
avó, eu deito no sofá cuidadosamente para não mexer muito em Chim e
mantenho minha atenção dividida entre ele e a TV, até que meu celular vibra e
eu vejo uma nova mensagem de Jinyoung.

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Meus olhos quase saltaram de minha cara e eu quase saltei do sofá. A única
coisa que me conteve minimamente foi meu gatinho ainda deitado sobre meu
corpo, mas no momento em que disquei o número de Jungkook para saber se
isso é mesmo verdade, Chim moveu as orelhas para a frente e, parecendo
mais atento, ficou de pé, depois saltou do sofá e foi em direção à porta, onde
começou a miar.

Ao mesmo tempo, meu celular reproduziu o som da chamada sendo iniciada


para o celular de Jun, e eu me assusto ao ouvir o toque cafona do telefone dele
do outro lado da porta

Dessa vez, não me contive. Levantei apressado como um louco e, desejando


não estar ouvindo coisas, eu abro a porta de casa, então meu coração explode
em mil pedaços de alívio quando vejo Jungkook parado em minha frente, com
a mão levantada como se estivesse prestes a tocar a campainha.
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— Jungkook! — Eu quase grito, pulando em seu pescoço para abraçá-lo bem
forte, e sou correspondido com ainda mas força.

Mas eu nem fui o mais rápido, apesar do desespero. Assim que abri a porta,
Chim escapou e esfregou a cabeça e o corpo peludo contra a perna de
Jungkook, carinhoso como nunca foi com o outro papai.

— Desculpa por vir sem avisar, anjo — Jun pediu, segurando meu rosto para
deixar vários beijos em minha testa e pálpebras.

— Eu quis fazer uma surpresa, como fazia antes...

— Eu amei! — Garanti, abraçando-o de novo com tanta força quanto da


primeira vez. — Eu senti tanta saudade, Jungkook!

Ele deixou uma risada escapar e eu suspirei quando recebi um beijo singelo no
pescoço.

— Eu também senti sua falta, meu bem. Nossa casa fica muito vazia sem meus
gatinhos.

Eu mordi meu lábio ao sorrir e abaixei meu rosto quando afrouxamos o abraço,
nós dois olhando para Chim que ainda insiste em chamar a atenção de
Jungkook, então ele se abaixa apenas para pegar nosso filho e deixar um
cheirinho carinhoso no pescoço dele, sem receber sequer um arranhão ou
mordida por isso.

E só então a ficha cai.

Chim não estava com saudades de casa, nem doente. Ele estava com
saudades do outro pai dele.

Isso sim foi inesperado.

Mas eu não reclamo, Jungkook muito menos, que apoia Chim em seu ombro e
com o braço livre volta a me abraçar e a me dar um selinho demorado.

— Cadê seus pais, anjo? — Ele perguntou, então, percebendo a casa vazia.

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— Foram no hospital. — Respondi, grudado nele. — Parece que minha avó
passou mal, mas eu tive que ficar em casa porque o Chim tava muito pra
baixo... e sabe o que era? Saudade de você!

Jungkook sorriu, sentindo nosso gatinho esfregar a cabeça sob seu queixo,
carente como nunca.

— Parece que ele não me odeia tanto assim Constatou, então.

— Ele ama o paizinho lindo dele, só é meio malcriado.

— Como você, então. Ele provocou e eu exibi minha melhor careta de


desagrado.

— Nossa, Jungkook... duas semanas sem me ver e já chega me chamando de


brat.

— Eu não te chamei de brat. — Ele respondeu, e não entendi o motivo de sua


risada alta.

Eu cruzei os braços, vendo-o colocar Chim no chão para poder pegar sua
mala, então a colocou para dentro, depois me empurrou pela cintura para
podermos fechar a porta.

— Eu não preciso ouvir você dizer pra saber que é exatamente isso que tá
dizendo - Resmungo, ainda de braços cruzados, e ele me abraçou mesmo
assim, acariciando minha nuca antes de me dar um beijo demorado e
provocante na bochecha.

— Não disse. Você é o melhor menino do mundo, anjo — Garantiu, então selou
minha boca.

E é só isso que basta para que eu me derreta todinho, desfazendo o nó em


meus braços para preguiçosamente abraçá-lo de volta pelo pescoço, sentindo
minhas pálpebras pesarem quando ele me beija outra vez.

— Me chama de anjo de novo... — Eu peço, meio carente e muito necessitado.

Eu sinto seu sorriso contra minha boca, depois o deslizar de seus lábios até
alcançar minha orelha:
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— Eu senti tanto a sua falta, anjo... — Ele repetiu, e me arrepio inteiro quando
sinto sua língua tocar meu lóbulo, antes de mordiscá-lo. — Senti falta de você
em nossa cama...

— Foi? — Ainda questionei, movendo minhas mãos até espalmá-las em suas


costas. Agora, certo sobre o que Jungkook está falando.

— Senti falta de você em nosso escritório, anjo — Ele repete o apelido e me


abraça com mais força antes de dizer: — E senti falta de você por baixo da
mesa, enquanto trabalho em casa, com sua boca no meu pau...

Ai, minha nossa senhora...

Todo afetado por isso, e não de um jeito ruim, eu acabo sorrindo, e o sorriso de
Jungkook encontra o meu quando ele arrasta sua boca de volta para a minha,
nos dando apenas mais um segundo antes de me beijar, dessa vez com muito
mais desejo.

Eu acho que estamos com tesão acumulado e eu sequer tinha me dado conta
disso, mas nas últimas semanas nem mesmo me masturbei.

— Acho que a gente precisa se comportar... — Digo, apesar de minha nova


constatação.

Jungkook me beija na bochecha. Parece um pouco frustrado, mas não me faz


qualquer represália. E não é que eu não queira, mas eu ainda acho que
devemos dar atenção a Chim.

Quando o procuro, no entanto, ele já está do outro lado da sala, focado em


comer a ração que ignorou durante toda a noite.

— Parece que ele se recuperou rápido. — Eu falo impressionado, então aperto


meus lábios e olho para Jungkook com um sorriso meio safado, brincando com
a gola de sua blusa.

— Então... acho que a gente não precisa se comportar...

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Ele riu, novamente sem se opor. Quando veio me beijar, no entanto, fomos
interrompidos novamente, dessa vez por meu celular, e eu só atendi a
chamada porque vi que é minha mãe, talvez com notícias sobre minha vó.

E eu estava certo. Era mesmo ela, com boas notícias que me aliviaram, mas
me fizeram rir no mesmo tanto.

— O que foi? — Jungkook perguntou quando finalizei a chamada, ainda rindo.-


Ela está bem?

Eu joguei meu celular para o sofá e voltei a abraçá-lo, então só anunciei antes
de beijá-lo novamente:

— Eram gases.

Jungkook tentou me beijar de volta. Eu sei que tentou. No entanto, ele mesmo
pareceu ser capturado por uma crise de riso violenta, e então nosso beijo se
transformou numa bagunça.

— Para de rir... — Eu peço, também rindo contra a boca dele. — A gente só


tem tempo pra uma rapidinha...

Ele me abraçou com força novamente, e beijou minha bochecha antes de


anunciar, ainda com o tom bem humorado quase anulando sua ordem:

— Quarto.

Sem me opor, eu insisti em voltar a beijá-lo, e fui fácil quando ele fez o caminho
já conhecido até meu antigo quarto, onde fechamos a porta assim que
entramos e ele arrancou minha blusa, então eu fiz o mesmo com a dele,
desabotoando-a com pressa até jogá-la no chão para evidenciar minha
tatuagem favorita do mundo inteiro.

Por um momento sem pressa, eu abaixei meu rosto para beijar a serpente
negra cravada em sua pele, e acabei deixando um grito surpreso escapar
quando Jungkook me girou pela cintura e me empurrou até a cama. Quando
cai sentado, eu mostrei um sorriso satisfeito e me arrastei pelo colchão,
deitando meu corpo à medida em que Jungkook subiu em mim e me guiou até
me fazer descansar a cabeça num travesseiro.
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Quando ele empurrou meu queixo para expor meu pescoço e beijá-lo, eu
suspirei audivelmente, tocando sem pudor em suas costas, até que ele subiu
sua boca até a minha outra vez e deslizou sua mão por meu braço até envolver
minha garganta com ela.

— Quer tentar de novo? — Ele perguntou, e sei que está se referindo ao breath
play. — Menos moderado que da última vez.

Eu concordei, porque desde nossa primeira tentativa eu fiquei curioso. Sei que
Jungkook não me privou o ar como se pressupõe fazer, desde então eu quero
saber como é se ele o fizer

Diante da minha concordância, então, ele ergueu os olhos e os passou ao


redor em busca de algo, até pousá-los em minha antiga escrivaninha. Depois,
se esticou até pegar ali um bonequinho de plástico em forma de vaca de
biquíni, e o colocou em minha mão.

— Já sabe, não é? Se quiser parar, solte isso.

Eu concordei outra vez, ciente de como as coisas funcionam, e voltei a


resfolegar quando Jungkook uniu seus lábios aos meus, depois voltou a beijar
meu pescoço, até brincar com meu mamilo e meu piercing, com sua mão
massageando a região de minha garganta como numa preparação.

— Tem lubrificante? — Ele perguntou, e eu quase gemi de insatisfação ao


lembrar que não, não tenho.

— Faz sem — Pedi. Não seria a primeira vez, de qualquer forma,

— E te fazer morrer de dor, depois?

Eu inflei minhas narinas, meio contrariado, mas ao mesmo tempo divertido.


Jungkook está prestes a me sufocar, mas se recusa a me foder sem
lubrificante para me poupar da dor.

Eu gosto tanto dessa dinâmica, onde o cuidado se faz presente até mesmo e
principalmente em situações em que pessoas que veem de fora acreditam que
não existe nenhum

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Vamos improvisar — Ele decidiu, então, e dessa vez meu gemido foi de
satisfação ao sentir ele empurrar seu quadril contra o meu, nos estimulando
através de nossas calças.

Eu queria foder, mas tudo bem. Isso é melhor que nada.

Sem reclamar, então, eu dobro minhas pernas, deixando-as abertas para


Jungkook se encaixar entre elas, e sinto sua mão permanecer em meu
pescoço enquanto a outra acaricia minha bochecha e eu recebo um último
beijo. Depois, Jungkook cobriu minha boca, a principio, e eu mantive meus
olhos presos aos dele quando diminuí o ritmo de minha respiração, me
preparando para o momento em que ele cobriu também meu nariz.

De início, sua mão só estava ali cobrindo minha boca e nariz, parcialmente me
privando de ar, até que ele aumentou a pressão gradativamente, tornando o
processo de respiração cada vez mais difícil, até que o interrompeu por
completo.

Nesse momento, eu fechei os olhos. A sensação foi confusa. Prazerosa por


sentir Jungkook empurrar sua ereção contra a minha, por sentir sua mão
envolver meu pescoço como gosto. Então ele afrouxou novamente a barreira
em meu rosto, e eu pude respirar precariamente. Nesse curto instante, o prazer
se tornou mais intenso, eu arqueei meu corpo e senti Jungkook voltar a mover
seu quadril contra o meu.

E então o ar voltou a faltar.

Dessa vez, Jungkook mais para me permitir uma pequena dose de oxigenação,
sei que para fazer uma transição gradual até um estado mais avançado. Então
eu respirei e gemi, menos satisfeito que da primeira.

Antes da terceira pausa para me permitir respirar, no entanto, o prazer


começou a se dissipar pouco a pouco, deixando lugar apenas para a agonia, e
eu não gosto disso.

Ciente de que as sensações não vão começar a se reverter, eu reconheço


esse como meu limite.

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Reconheço que, afinal, a privação de ar não me gera prazer como eu acreditei
que faria depois de experimentar uma pequena dose disso.

E é a primeira vez que acontece. É a primeira vez que algo que faço com
Jungkook na cama não me agrada, mas eu não hesito sobre o que fazer
quanto a isso.

Então, com meu senso de autopreservação muito bem treinado e minha


confiança em Jungkook sempre tão grande, além de lembrar bem de como ele
confessou que é mais difícil interpretar minhas reações durante o breath play,
eu afrouxo o aperto de meus dedos ao redor do brinquedo, deixando-o cair no
chão no exato momento em que Jungkook me permitiu a terceira dose de
respiração. E eu puxei o ar violentamente, sentindo meu peito expandir com
forca quando, quase por reflexo, eu reforço a chegada do meu limite com a voz
ainda ofegante:

— Jungkook... coelho.

Eu disse. Pela primeira vez. E, diferente de como achei que seria caso o dia
chegasse, eu não estou assustado, nem magoado. Estou... bem, com
nenhuma sensação ruim além da chateação de perder o tesão que estava
sentindo.

E, como eu tinha certeza absoluta de que aconteceria, Jungkook parou o que


estávamos fazendo sem precisar de um segundo pedido. Mas, diferente de
mim, ele não parece tão tranquilo, e percebo isso quando abro os olhos e vejo
sua expressão carregada.

Eu pisquei lentamente antes de mostrar um sorriso sincero para mostrar que


estou bem, mas isso não o impede de se encaixar apressadamente no espaço
livre da cama e me puxar para um abraço protetor, enquanto me dá mil beijos
seguidos e aperta meu corpo com força.

Eu acabei deixando uma risada escapar, sem parar de aproveitar todo o


carinho intenso que estou recebendo.

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— Tudo bem? — Ele perguntou, segurando meu rosto para me olhar nos olhos,
completamente dedicado a analisar cada mínima reação minha. — Você ficou
assustado?

Eu neguei, abraçando-o de volta.

— Ficou ruim. — Confessei. — Me deu agonia quando comecei a sufocar, mas


eu sabia que você ia parar se eu derrubasse a vaquinha, então não fiquei
assustado, não.

— Você derrubou assim que percebeu que não queria continuar? — Insistiu, e
sei o que ele está fazendo. Sei que quer garantir que eu não me forcei além do
meu limite nem por um segundo.

— Sim! — Respondi sincera e orgulhosamente. — Quando eu vi que não tava


bom, eu soltei!

Ele suspirou e me deu mais uma sequência de beijos, e um barulho meio


abafado fugiu por minha garganta quando ele me abraçou com ainda mais
força, quase me esmagando.

— Me desculpa por não ter percebido — Ele pediu. Depois, finalizou: — E


obrigado por não ter se forçado. Você sempre vai ser o melhor submisso do
mundo.

Eu sorri, deixando de lado a chateação por ter desperdiçado uma ereção.


Posso não ter chegado ao ponto de ejacular, mas pelo menos o prazer de ser
reconhecido me foi dado abertamente.

E o melhor? Eu se que não é da boca para fora, porque até eu mesmo estou
orgulhoso de ter sido tão sincero comigo, com meu próprio prazer e tão fiel à
confiança de Jungkook em mim, enquanto seu submisso.

— E você sempre vai ser o melhor dom do mundo. Mas... Jungkook? — Eu o


chamo, e ele me olha com atenção. — Pega água pra mim? Deu sede...

Ele assentiu prontamente, e eu fui deitado na cama e embrulhado no edredom


com o cuidado que se reserva a um bebê antes de vê-lo sair do quarto.

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Com a porta aberta, Chim não demorou para aparecer e pular na cadeira de
estudo, que já está cheia de pelos deles, para deitar.

Instantes depois, Jungkook voltou com um copo cheio de água e sua mala
pequena em mãos.

— Sua água. — Ele disse ao sentar na ponta do colchão, e eu me arrisquei a


beber deitado mesmo. Felizmente uma tragédia não aconteceu, mesmo que eu
tenha perdido a concentração ao sentir o cafuné de Jungkook no topo de minha
cabeça.

— Obrigado — Eu digo, devolvendo o copo já vazio, e Jungkook me deu um


beijo antes de pegá-lo para deixar na escrivaninha.

— Quer massagem? – Oferece, então.

Minha resposta vem na forma como eu giro meu corpo até ficar de bruços, todo
embolado na coberta, o que faz Jungkook rir baixo e entender que sim, é claro
que quero massagem,

Quando ele me aperta os ombros pela primeira vez, eu apenas o olho por um
instante antes de aproveitar meu aftercare estendido, e garanto para ele:

— Deu errado agora... mas da próxima vez, a gente vai foder muito. Tá?

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Primeiro: a questão apresentada na primeira parte da att. Uma leitora (tosti_95)
fez uma thread no twitter falando sobre essa questão de, quando existe
assédio de qualquer tipo, a vítima ser também a pessoa que precisa fugir e se
adaptar pra viver numa realidade onde existe um abusador (quando deveria ser
justamente o oposto!!), então achei válido frisar isso no capítulo porque, sério,
a quantidade de casos assim é assustadora.

Segundo: ela, a safeword. é... o dia chegou.

Durante um tempo, eu estive em dúvida sobre fazer o Jimin utilizar a safeword


aqui em sub, mas depois que vi vários comentários dizendo coisas como "eu
não imagino o JK ultrapassando os limites do Jimin, ele é tão atencioso", eu
percebi que precisava frisar pra vocês que a responsabilidade nunca, em
hipótese alguma, deve estar somente nas mãos do dom. Um dominador é
humano, comete falhas (nesse caso, foi dificuldade de interpretação provocada
pela própria prática) e é por isso que a safeword existe, porque um sub precisa
saber reconhecer os próprios limites e precisa ter a responsabilidade de se
impor caso eles sejam ultrapassados, e não somente esperar que seu dom ou
domme nunca cometa uma falha.

Porém, eu tentei deixar a cena leve. No contexto da relação deles, não vejo
como a utilização da safeword poderia enfraquecer o relacionamento ou a
confiança. Pelo contrário, na verdade, acho que foi mais um motivo pro JK
confiar no Jimin como sub, e pro Jimin reforçar a confiança no JK enquanto
dom!

Caramba, já falei demais :x vou deixar os outros avisos que tinha que dar pra
próxima att, mas por enquanto deixo avisado que estamos mesmo em reta
final. Agora, faltam 5 capítulos e o epílogo pro fim definitivo de sub!

e, ah, o próximo smut que tivermos aqui vai ser o último. a última transa
selvagem desse jikook grudentinho): mas vai ser num lugar... "especial"

por enquanto é isso. obrigada por estarem comigo há tanto tempo, tantos
capítulos e tantas dores de cabeça! nos vemos de novo dia 09/12! <3

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46 • Made In Heaven
Dedicado a gukkienochu_

JUNGKOOK

Eu sempre encho Jimin de atenção e carinho depois do sexo, principalmente


quando experimentamos coisas novas.

Dessa vez, no entanto, sinto que me superei. E nós nem chegamos a transar,
honestamente.

Assim, ele foi o menino mais mimado do mundo inteiro pela hora que demorou
até seus pais retornarem para casa. Pediu água? Fui buscar. Massagem? Fiz a
melhor do mundo. Quis fazer um lanchinho pós-janta? Preparei o cup noodles
que ele pediu e o levei até o quarto. E dei na boca. Pediu para deitar de
conchinha comigo? Deitei, e fiz carinho em sua barriga estufada de macarrão
instantâneo enquanto lhe dei também vários beijos.

Por isso, pelos sorrisos bobos e pelas brincadeiras leves, eu tive a mais
absoluta certeza de que o uso da safeword não foi uma experiência traumática,
para ele. Nem antes, nem durante, menos ainda depois.

Porque, apesar de ter acontecido da palavra coelho escapar de sua boca, em


momento nenhum Jimin demonstrou se sentir sequer chateado

Só aconteceu de, pela primeira vez, eu não ter conseguido interpretá-lo como
sempre me empenho para fazer. E está tudo bem, porque Jimin foi muito capaz
de impor seu limite, sem depender de minhas suposições.

Então, confesso que não tenho certeza se todo o mimo que lhe foi concedido
veio como aftercare puro, ou também como a demonstração do orgulho que
sinto de meu menino.

De qualquer forma, sei que ele amou. Realmente nada nessa vida o deixa mais
feliz que ser bem mimado, como ele merece.

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— Príncipe? — De repente, enquanto brinco com seus dedos pequenos e
rechonchudos, eu escuto a voz de sua mãe.

— No quarto! — Jimin grita para ela, sem se preocupar em desfazer nossa


posição agora.

Quer dizer, nós moramos juntos, então saber que deitamos abraçados na cama
não deve ser nenhuma surpresa para ela,

E, também, estou indisposto demais para desfazer o abraço no corpo gostoso


do meu sub.

Quando sua mãe entra no quarto, então, eu olho para ela sem muito alarde, e
ela parece surpresa por me ver aqui.

— Jeon! — Ela disse, espantada. — Eu não sabia que você estava aqui!

— Desculpe, vim sem avisar. Espero que não seja um problema - Eu digo e,
diferente da minha vontade, desfiz o abraço com Jimin para sair da cama e
cumprimentá-la apropriadamente, mas fui completamente pego de surpresa
quando ela me recepcionou com um abraço caloroso.

Jimin tem mesmo uma mãe maravilhosa. Eu, por outro lado...

— Não é problema nenhum — Ela garantiu, então. — Só não tivemos tempo de


arrumar um lugar mais confortável para você dormir Se a cama do Jimin for
muito pequena, nós temos um quarto vago no hotel.

— Mãezinha, em Seul a gente tem uma cama de casal enorme sem


necessidade nenhuma, porque a gente sempre dorme grudadinho e não ocupa
nem metade do espaço... — Jimin confessa para ela, todo embrulhado no
lençol.

Ela riu, e me deu uns tapas carinhosos nas costas.

— Mas mantenham a cama de casal. É bom ter espaço extra para quando
brigarem e quiserem dormir com as costas viradas um para o outro. — Avisou.

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A única vez em que uma discussão nos impediu de dormir abraçados, foi
quando Wonsik apagou a mensagem que Jimin enviou para mim e eu fiquei tão
chateado que fui dormir no sofá.

De resto, nunca fomos dormir brigados. Nós sempre nos resolvemos antes,
quando temos algum atrito.

— Enfim... — A mãe de Jimin diz, risonha quando vê Chim saltar da cadeira


para então vir se esfregar em minhas pernas. — Vou deixar a família
descansar e matar a saudade. Boa noite, príncipes.

Eu já estava acostumado com o apelido direcionado a Jimin. No entanto, nunca


fui chamado dessa forma, e isso me deixa inesperadamente embaraçado.

— Boa noite, senhora. — Eu digo, e juro que é a primeira vez em muito tempo
que me sinto gaguejar.

Alheia a isso, ela somente acenou e mandou um beijo no ar para Jimin, antes
de sair, nos deixando sozinhos outra vez.

— Vem pra cama, príncipe lindo — Jimin provoca, risonho, e eu coço a nuca
ainda sem muito jeito.

— Eu não estou acostumado com afeto maternal. É esquisito — Confesso,


apenas pegando Chim no colo antes de voltar deitar na cama com meu Jimin.

— Não gostou? Eu posso falar com ela, pra não te chamar mais assim —
Sugeriu, agora parecendo preocupado.

— Não... eu gostei. Pode deixar.

Jimin sorri todo bobo, e eu deixo nosso filho livre em cima da cama para que
ele decida onde se deitar.

Quando me deito ao lado de Jimin novamente, no entanto, Chim foi rápido em


escolher meu corpo como travesseiro, e deitou bem em cima da cabeça da
serpente cravada em meu peito.

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— Eu não acredito... ele sempre deita do lado da minha cabeça. Não acredito
que tô sendo trocado só porque ele ficou um tempinho sem te ver! — Jimin
resmunga, inconformado.

Eu ri, acariciando o corpo peludo de nosso gatinho, que finalmente parece


aceitar uma trégua comigo.

Preciso confessar que, apesar de engraçado em alguns momentos, ser


rejeitado por ele tantas vezes me deixou chateado.

— Ele finalmente aprendeu a valorizar o outro pai. — Percebo, então. — Agora


você vai sentir na pele tudo que senti enquanto era rejeitado por ele.

Jimin apertou os olhos e bufou, consternado.

— Até parece. Ele não vai me bater, nem arranhar ou morder. Isso foi só com
você mesmo.

— Não tem problema. — Garanto. — Quem te morde e te arranha sou eu.

Jimin ficou meio sem reação, a princípio, depois acabou caindo na risada.

— Jungkook pabo — Resmungou, então, ainda com seu sorriso lindo.

— Fiquei assim depois que te conheci. — Rebati, sem parar de fazer carinho
em nosso filho, e então dei a meu pequeno outro beijo. — Agora eu preciso
dormir um pouco, meu bem.

— Você tá cansadinho, né? — Ele perguntou, preocupado. — Obrigado por ter


se esforçado tanto nos últimos dias. Vai ficar tudo bem agora! Nós não
precisamos mais nos preocupar com Wonsik.

Eu gostaria de ter essa certeza, mas algo me diz que não é assim tão simples.
Toda a situação é inconsistente demais, e não sei se a prisão preventiva do
filho da puta que machucou Jimin será definitiva.

Por isso, eu digo a ele do fundo do meu coração:

— Espero, anjo. De verdade,

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Em resposta, ele me mostrou um sorriso miúdo, então deitou de lado e puxou
minha cabeça até encostá-la em seu peito, e começou a fazer carinho em meu
rosto.

— Vou fazer cafuné no meu homem dedicado até você dormir, tá?

Subitamente, eu me sinto renovado por ser chamado de seu homem, e é


impossível conter um sorriso sincero.

Em resposta, eu estico minha mão até acariciar sua nuca, que está ocupada
com o fecho de sua coleira social. A mesma que, durante todo esse tempo, ele
nunca deixou de usar e que me faz perguntar se ele aceitaria de bom grado
uma nova coleira.

Uma mais... especial, que há muito desejo ver envolvendo sua pele.

— Obrigado, anjo. — Eu digo, deixando esses pensamentos para depois e um


último beijo na altura de seu ombro, e é assustadora a forma como peguei no
sono rápido.

Para ser honesto, as últimas duas semanas foram as piores em questão de


descanso. Não somente pela quantidade de responsabilidades que assumi. Em
partes, por conta da preocupação, mas majoritariamente pela sensação vazia
de deitar sem Jimin ao meu lado.

Por muito tempo, estar sozinho não foi um problema para mim. Eu vivia bem
em meu apartamento pequeno, sem ninguém deixando bagunças que não
combinam com minha organização. Agora, no entanto, eu estou dolorosamente
acostumado a ter Jimin em casa, andando apressado de um lado para o outro
com os pés e as pernas nuas, vestindo minhas blusas, e nosso filho
preguiçosamente vagando em busca do lugar ideal para tirar mais um cochilo.

Depois de Jimin e Chim, eu me desabituei com a solidão.

Por isso, assim que recebi do advogado a notícia de que uma ordem foi emitida
contra Wonsik, eu comprei a primeira passagem de avião que encontrei para
vir ver meu menino e nosso filho, mesmo sem esperar uma recepção tão
calorosa deste último.

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Então, é exatamente como a mãe de Jimin assumiu. Nossa família está
matando a saudade que nos acompanhou durante os últimos dias.

E, por mais que durante parte de minha vida não tenha imaginado que as
coisas se desenrolariam dessa forma, eu não poderia desejar fazer parte de
qualquer outra família além dessa.

Sinto que eu, um homem centrado demais, Jimin, um menino-homem tão


espontâneo, e Chim, um gato malcriado, estávamos destinados uns aos outros
desde o começo.

E essa sensação de encontrar um lar, um lugar ao qual pertenço e sou bem-


vindo mesmo com as diferenças entre nós, é a melhor do mundo.

Por isso, nós três passamos a noite inteira juntos na antiga cama de Jimin, até
que pela manhã me percebo somente em companhia de Chim.

Conhecendo bem meu Jimin como conheço, eu tomo a liberdade de ir ao


banheiro antes de encontrá-lo na cozinha, onde o vejo preparar o café como já
imaginava que estaria.

Agora, a visão é nostálgica. Me faz lembrar de quando, anos atrás, o encontrei


nessa mesma cozinha preparando um café da manhã para mim, depois que
avançamos para algo além de beijos pela primeira vez.

Me faz lembrar de como ele gemeu incontido ao ser chupado pela primeira vez
e de como eu deixei minha relutância de lado para dar a ele sensações fortes o
suficiente para que esquecesse das manchas em seu corpo, provocadas por
alguém que se dizia ser seu amigo.

A primeira das situações em que comprovei a resiliência de Jimin, vendo-o se


reerguer depois de algo tão doloroso quanto isso. Então, foi nesse instante que
minha admiração por ele se tornou grande demais para caber em meu peito, e
cresce até hoje.

Levado por esses sentimentos, eu me aproximo cuidadosamente e aproveito


sua distração para abraçá-lo pelas costas, envolvendo sua cintura com meus
braços e sentindo o cheiro suave em seu cabelo antes de beijá-lo.

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— Bom dia, meu anjo — Eu digo, percebendo a forma como seu corpo cede
facilmente ao meu abraço.

— Bom dia, Jun... — Ele responde, manhoso como o gatinho que é, e relaxa
suas costas contra meu peito. — Você dormiu bem?

— Como não dormia há dias — Confessei, acariciando-o enquanto ainda o


abraço. — E você?

— Também. Eu tava com saudade de dormir com você...

Eu sorri contra sua pele, depois usei toda minha força de vontade para
conseguir afastá-lo, e olhei ao redor, em busca de alguma função para ajudá-lo
a preparar o café.

— Eu estou com saudade da sua comida. E de cozinhar com você — Admito.

— E eu tô com saudade de transar na cozinha com você — Ele rebateu, depois


deixou uma risada travessa dar as caras.

— Saudades de transar no escritório. — Contrapus, então.

— E na banheira!

— No sofá.

— No carro.

— Nós ainda não fodemos no carro, meu bem. — Lembro e não resisto, então
volto a puxá-lo para abraçá-lo outra vez.

— A gente deveria mudar isso, então... — Ele ponderou, com o mesmo sorriso
travesso nos lábios enquanto usa os indicadores para brincar de forma
manhosa com minha blusa.

— Certamente. — Concordo e, por um momento, esqueço da regra inquebrável


de Jimin sobre não permitir beijos antes do café da manhã. Por isso, sou
levado pelo impulso para beijar sua boca, mas travo no meio do caminho
quando ouço um pigarro indiscreto e nós dois viramos para encontrar seu pai
nos encarando.

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— Nessa casa, quero distância mínima de um metro entre os dois — Senhor
Park diz.

O pior é que ele parece estar sério sobre isso.

— Que jeito mal educado de cumprimentar as visitas, pai — Jimin resmunga e,


contrariando seu pai, abraça minha cintura, mantendo-se tão perto de mim
quanto as leis da física permitem.

Um verdadeiro brat.

— Bom dia, senhor — Eu o cumprimento, depois de conseguir conter o riso por


reafirmar como meu Jimin gosta de contrariar ordens, às vezes.

— Bom dia, Jeon — Ele responde, então suspira. — Agora solte meu filho.

— Ele quem não quer me soltar, senhor. — Contraponho.

— Não vou soltar mesmo — Jimin quase cantarola, intensificando seu abraço
ainda mais, e juro que ouço algo estalar. No entanto, a panela elétrica dispara
quando o contador do timer chega ao zero, e meu menino dá um salto para
longe de mim. — O arroz tá pronto!

— Parece que ele se importa mais com o arroz que com você — O pai dele
constatou, então, e eu apenas concordei com um gesto resignado.

Há muito tempo aceitei que a prioridade número um na vida de Jimin é a


comida. Depois, nosso gato. Eu devo ficar em quarto ou quinto lugar na lista.

— O café tá pronto! — Ele anunciou, então, feliz da vida. — A mãe já acordou,


pai? Chama ela!

Seu pai concordou com um gesto preguiçoso, então voltou ao quarto e me


deixou sozinho com Jimin outra vez, e meu anjo comemorou, alegre.

— Nós quatro vamos tomar café juntos pela primeira vez! — Ele anuncia o
motivo de sua felicidade.

E se algo poderia ser algo completamente banal para outras pessoas, eu sei
que sua felicidade é genuína, e agradeço aos céus por Jimin precisar de tão

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
pouco para se sentir feliz, porque assim posso constantemente apreciar a
forma como seus olhos inchados se fecham com seu sorriso moldado pelos
lábios cheios.

Mais uma vez rendido, sabendo que ainda sou apaixonado na mesma
intensidade em que o amo, eu o abraço apertado e dou um beijo demorado em
sua bochecha rechonchuda.

— Coisa linda — Eu digo, então o beijo outra vez, agora nos lábios, e rio
quando percebo que ele os enrijece para não deixar que vá além de um
selinho.

Depois de me entregar um pouco mais a todo esse amor que sinto por ele, eu
finalmente o soltei e servi a mesa enquanto Jimin coloca a ração e troca a água
de Chim.

— Que banquete... — Sua mãe diz quando finalmente aparece na cozinha,


vestida num robe e com os cabelos presos por uma touca pouco charmosa.

— É nosso primeiro café da manhã juntos, tem que ser especial — Jimin
anunciou, ainda lindamente feliz, e me puxou pelo braço para me fazer sentar
na cadeira ao lado da sua.

— Meu bebê parece bem mais feliz e aliviado agora — Ela constata, sentando
ao lado do marido, e então sorri para mim. — Que bom que você ainda tem
esse efeito sobre ele, Jungkook

— Pretendo ter sempre, senhora. — Confesso verdadeiramente, o que parece


deixá-la ainda mais satisfeita,

Só então nós começamos a nos servir para provar a comida de nosso Jimin, e
acho que todos concordamos que ele se empenhou além do normal nessa
refeição, porque está mais deliciosa que nunca.

— Tá boa? — Ele perguntou, olhando alternadamente entre nós três, ansioso


por um elogio.

— Muito, meu bem — Respondo, vendo-o com um sorriso enorme.

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— Muito mesmo. — Sua mãe concorda, também parecendo sincera. — Você já
cozinha melhor que seu pai, príncipe.

— Não sei se eu iria tão longe para elogiá-lo, mas você está quase lá, Jimin —
Seu pai ponderou, o que fez meu menino esconder as mãos entre as pernas e
encolher os ombros ao rir, extasiado por tantos comentários bons sobre algo
que ele fez.

E só assim, com seu ego amaciado, é que ele também começa a comer.

Ao fim da refeição regada a conversas majoritariamente lideradas por Jimin, eu


me ofereci para lavar a louça e nenhum dos três demonstrou qualquer
contrariedade a isso. Na verdade, pareceram aliviados por não precisarem ficar
com a função.

Durante o tempo que gastei nessa tarefa, Jimin tomou um banho e arrumou o
quarto, e Chim se arrastou preguiçosamente até o pote da ração para tomar
seu café da manhã.

Depois, foi minha vez de tomar um banho, e eu apenas vesti um jeans claro e
confortável junto a uma blusa branca e fresca antes de encontrar Jimin na sala,
com nosso filho nos braços, à minha espera.

— Jun, vem cá! — Ele me chama, com um sorriso do tamanho do mundo,


assim que me vê.

— O que foi, anjo? — Eu pergunto, curioso ao ser energicamente guiado para


fora da casa de seus pais, em direção ao pátio do hotel

— Minha mãe disse que só tem um quarto disponível, né? — Ele perguntou,
caminhando ao meu lado. — Adivinha qual é!

Sem precisar pensar muito, meus olhos vagaram pelas portas fechadas até
pousarem na correspondente ao quarto onde me hospedei na primeira vez que
vim até Nam-gu, e Jimin sorriu ainda maior quando percebeu isso, adiantando
seus passos até lá.

— É esse! — Ele anunciou, e tirou uma chave do bolso para destrancar a


porta, exibindo o quarto que pouco mudou de lá para cá. Então, ele colocou
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Chim no chão e se agachou ao lado de nosso bebê, acariciando. — Olha,
Chim, foi aqui que o papai Jimin conheceu o papai Jun!

O gatinho pouco deu atenção à sua voz e caminhou para dentro, curioso como
sempre. Sem ressentir por isso, Jimin voltou a olhar para mim e estendeu a
mão.

— Vem cá — Ele chamou, me puxando suavemente, até me posicionar na


parte de dentro do quarto, de frente para ele, exatamente como estávamos em
nosso primeiro e desastroso encontro. — Você lembra desse dia?

— É impossível esquecer do dia que mudou minha vida inteira, meu bem — Eu
confesso para ele, agachado em sua frente.

Jimin então se apoiou nos joelhos e se inclinou para a frente, usando as mãos
para se equilibrar, então beijou minha boca de surpresa.

— Foi isso que eu quis fazer naquela hora — Ele confessou, então, travesso.

— Achei que queria me ver sem roupa.

— Isso também. — Riu mais um pouco, então apoiou suas mãos em meus
ombros e me beijou mais uma vez, carinhosamente. — Eu posso te confessar
mais uma coisa, Jungkook?

Eu assenti lentamente, puxando-o pela cintura para sentar em minha perna, e


ele acariciou meu rosto enquanto me olha do jeito que me faz sentir o homem
mais amado do mundo inteiro. Então, ele disse:

— Eu acho que te amo desde que te vi pela primeira vez, aqui nesse quarto.

Eu sorri para ele, sem forças para resistir ao impulso de deitar minha cabeça
contra a sua e acariciar sua nuca.

Ainda hoje, eu acredito que Jimin é capaz de conquistar o mundo inteiro, se


quiser. Mas só agora percebo que eu também posso ter tudo de bom nessa
vida em meus braços, quando Jimin está entre eles.

— Eu sei que a gente passou por muita coisa de lá pra cá, Jungkook, e sei
também que você se esforça muito, muito, muito por mim. Quer dizer, tem que
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ter muita paciência pra me aguentar, e isso você sempre tem, e é sempre
carinhoso e compreensivo e me dá muito apoio em tudo... e eu não sei se
consigo retribuir tudo isso, nem se você sabe o quanto eu agradeço todos os
dias por ser seu, mas eu juro que me esforço muito pra ser bom pra você do
mesmo jeito que você se esforça pra ser bom pra mim.

— Eu não minto ou exagero quando digo que você é o melhor do mundo, meu
bem... — Eu digo para ele, porque assim como ele sabe o quanto meu esforço
é contínuo, eu sei que a recíproca é verdadeira.

Ele sorriu pequeno e então se aconchegou mais em meu abraço, sem se


importar por estarmos sentados na porta do quarto.

Em silêncio, tomados pela nostalgia de anos de relacionamento trazidos à tona,


eu relembro de cada momento bom que vivemos juntos, o que invariavelmente
me faz lembrar de um dos melhores.

— Sabe do que isso tudo me faz lembrar? — Eu pergunto para ele, e logo
percebo seus olhos curiosos.

— De que?

— Que eu ainda não cumpri minha promessa de te levar a Jeju novamente. -


Anuncio, então, com a certeza de que essa viagem guarda algumas das
minhas melhores lembranças.

— No verão. — Ele lembrou, com a expressão suave. — Eu ainda tô


esperando...

— Vou providenciar o quanto antes.

— Naquele mesmo hotel, pertinho do mar?

— No mesmo hotel. — Garanto. — E vamos comer kimbap de peixe fresco no


mercado outra vez, depois vamos subir em Seongsan Ilchulbong. Eu posso te
levar nos braços, dessa vez.

Jimin riu alto, talvez resgatando as mesmas memórias que eu.

— E transar na frente da vizinha de novo, a gente vai?


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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Se dermos sorte.

Jimin me deu um beijo no pescoço, depois o acariciou com a ponta do seu


nariz lindo.

— Eu amo você, Jun. De verdade e pra sempre.

— E eu amo você, anjo, mais que tudo nessa vida.

Abraçados, eu pretendia continuar assim por mais algum tempo, mas fui
simultaneamente interrompido pelo toque de meu celular e por Chim correndo
até pular num ataque feroz e brincalhão contra minha perna. Por sorte, ele
ainda é miúdo e suas investidas não são muito eficazes.

— Um minuto, meu bem — Eu peço para Jimin quando, com uma mão
acariciando Chim, uso a outra para pegar meu celular, mas franzo meu cenho
ao ver que quem está me ligando é Min Yoongi.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— O que foi? — Jimin questionou, atento à minha estranheza.

— Min Yoongi está ligando.— Eu aviso, parcialmente nervoso por receber uma
ligação sua. Será que algo deu errado na prisão de Wonsik?

— Ei, Jeon — Ele diz assim que atendo a chamada, com o tom
despreocupado. — Tem uma promoção de algemas de couro lá na masmorra
de Sera, duas por uma! Quer comprar comigo?

Eu fechei os olhos em impaciência, mas ao mesmo tempo aliviado por não ser
o que estava imaginando.

— Isso é sério? — É o que pergunto, então.

— Claro que não. Já viu aquela sovina fazer promoção? — Ele respondeu, o
que só me deixou ainda mais impaciente.

— Por que me ligou, então?

— Para incomodar — Confessou, depois caiu na risada. Oh, meu deus...

— Eu vou desligar.

— Antipático. Não sei como o Jimin te defende tanto.

— O universo foi bom comigo quando fez Jimin se apaixonar por mim, mas
parece que está cobrando o preço agora que te colocou em meu caminho. —
Resmungo, então anuncio outra vez: — Vou desligar.

Agora, sob os olhos atentos de Jimin depois de ouvir seu nome, eu ouço
Yoongi dizer:

— Só queria bater um papo. Estou entediado, hoje só trabalho à noite e não


tenho mais o que fazer. Quando você vai na Paradise de novo? Leve o Jimin,
eu me divirto vendo como ele fica todo vermelho de raiva quando falo mal de
você.

— Vou levar, sim, e vou fazer questão de colocar uma almofada nas mãos dele
quando você chegar por perto.

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— Que? — Questionou, confuso, mas então caiu na gargalhada ao lembrar da
conversa quase casual que tivemos entre nossos encontros para tratar sobre o
caso de Wonsik, onde eu ingenuamente confessei algumas das peripécias de
Jimin, enquanto me gabava do submisso que tenho ao meu lado. — Ok,
lembrei.

— É. Vou desligar. Tenha um bom dia.

— Parece um disco arranhado. Deixe de ser sem graça, Jeon. Vamos sair,
deixe eu me divertir um pouco com sua antipatia!

— Estou na cidade do Jimin. E mesmo que não estivesse, não sairia com você.

— Oh, você está com o Jimin? Manda um beijo para ele e diz que eu dou esse
beijo pessoalmente quando ele voltar.

Antes que eu possa dizer algo, Jimin me cutuca na barriga e sussurra um "o
que foi?" para mim.

— Min Yoongi está sendo inconveniente de novo. — Informo a ele, e meu


pequeno aperta as sobrancelhas com rapidez.

— Manda ele se arrombar! — Resmunga, então.

— Ouch. — Yoongi diz do outro lado, aparentemente ouvindo a voz de Jimin. -


Dom e sub maldosos e malcriados. Acho que vou precisar disciplinar os dois.

— Vai se arrombar. — Eu dou voz ao pedido de Jimin, e então finalizo a


chamada sem dizer qualquer outra coisa.

— Ele é chatão, né? — Jimin constata, revirando os olhos.

— Sim. — Concordo, sem enrolação. — E agora fica me ligando e mandando


mensagens só para me fazer perder tempo. Que dor de cabeça fui arranjar.

— É sério? — Jimin riu, pego de surpresa. — Vocês são amigos, agora?

— Se algum deus existir, ele que me livre de uma desgraça como essa.

Diante de minha postura tão contrariada, Jimin riu ainda mais, então voltou a
cutucar minha barriga como uma criança malcriada.
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— Dom Jeon e Dom Min Yoongi são amiguinhos. Que fofo!

Eu o olhei em repreensão, mas tudo que ele fez foi rir mais e me cutucar mais
uma vez. Sem deixar barato, eu o puxei com rapidez, o que o fez tombar em
meu corpo e deixar a bunda elevada no ar, então lhe dei um tapa na nádega
esquerda.

— Menino chato. — Acuso, ainda sentindo seu riso inabalável.

— Mentira. Sou o bom menino do Jungkook - Ele contrapõe, voltando a sentar


em minhas pernas.

Como eu disse uma vez e se mantém verdade incontestável até hoje, repito:

— Só quando quer ser

Ele me mostrou uma expressão tristonha, mas sem que é fingimento porque
Jimin não cansa de manipular.

— Tá, mas... — Ele muda de assunto, manhoso. — Quer sair com o clube das
winx hoje? Yukwon tá quase definhando de saudade de você...

Eu sei que ele está exagerando, por isso acabo rindo. Isso, no entanto, não
quer dizer que seu jeito exagerado não faz falta. Aliás, gosto de tê-lo por perto,
porque ele faz Jimin rir feito um louco.

— Eu gostaria, meu bem. Gostaria mesmo, mas preciso voltar para Seul. Eu só
vim matar a saudade de você.

Ele deixou os ombros caírem num gesto derrotado, mas acabou por assentir.

— Parece que a gente voltou no tempo... — Ele comentou, então.

— Só por esses dias. — Garanto, depois de beijar sua bochecha gorda. —


Quando você voltar para Seul, tudo vai voltar ao normal. — Ele volta a
concordar e, diante disso, eu aperto um pouco meus olhos antes de questionar,
um tanto receoso: — Quer dizer... você ainda pretende voltar para Seul?

Jimin arregalou seus olhos pequenos, depois me olhou como se eu fosse


doido.

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— Claro? Que pergunta é essa, Jun?

— Só queria ter certeza de que você não se arrependeu de ter se mudado. —


Confesso, porque as vezes não sei se Jimin acredita que essa foi sua melhor e
mais feliz decisão.

— Eu amo morar em Seul, Jungkook. E eu tenho saudade de todo mundo que


ficou aqui em Nam-gu, mas não teve um diazinho sequer em que me senti
arrependido de ter ido, tá?

Eu sorrio, mais aliviado porque, apesar de querer com toda minha vida que
Jimin esteja sempre por perto, eu desejo com a mesma intensidade que ele
esteja feliz.

— E... hm... — Ele volta a falar. - Tem um bocado de gente de quem você
gosta lá em Seul, né? Não quer fazer uma listinha com os nomes dessas
pessoas?

— Com que intuito? - Devolvo, honestamente confuso.

— Ah... nada, não. Curiosidade só.

— Mesmo? Não seria uma lista muito extensa, então.— Aviso, com o cenho
levemente franzido em desconfiança.

Três anos depois, eu conheço esse menino bem o suficiente para saber que
sua justificativa sobre ser somente curiosidade é uma desculpa deslavada. Ele
está armando alguma coisa, e nem sei se devo me preocupar, ou não.

Às vezes, Jimin é mesmo imprevisível como uma criança que te recebe em


casa depois de um dia estressante no trabalho com um desenho quase
rupestre feito com giz de cera na parede enquanto diz, inocentemente, fiz para
você e tudo que preenche seu coração é um conflito entre vontade de morrer e
de encher o bendito de amor.

Ao menos eu posso dizer que estar num relacionamento com ele nunca se
torna monótono.

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Por isso, quando mais tarde no mesmo dia me despeço dele e de seus pais, eu
tenho a mais absoluta certeza de que o equivalente figurativo a um desenho
horrendo na parede estará me esperando em algum futuro próximo.

❆❅❄❅❆

Três meses depois

Três dias depois de voltei sozinho para Seul, foi a vez de Jimin e nosso gatinho
retornarem à nossa casa, que fica dolorosamente vazia sem eles.

Quando mais novo, ainda morando na casa de meus pais, nossa residência
tinha mais cômodos que o necessário para quatro pessoas. Era grande
demais, e as vezes tanto espaço vazio me dava a sensação de solidão. Por
isso, independente de minhas conquistas no trabalho e independente de meu
patrimônio, eu nunca me importei em morar num lugar com mais que um
quarto.

Eu queria evitar a sensação de solidão da minha infância, mas mesmo com o


pouco espaço que preservei, me senti ainda mais sozinho.

Agora, no entanto, minha casa e de Jimin parece ter a medida exata para nós
três.

E pelas semanas que se seguiram, eu aproveitei bem essa sensação de


acolhimento ao mesmo tempo em que vi Jimin dar seguimento a
comportamentos no mínimo suspeitos.

— Ei — Eu o chamo quando, na última noite de agosto, o pego mexendo em


meu celular. - O que você está fazendo?

Como um criminoso pego em flagrante, Jimin levantou de nossa cama num


pulo e bloqueou a tela de meu celular antes de jogá-lo sobre o colchão antes
de dizer, com a maior cara lavada:

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— Eu? Nada, não.

Eu apertei meus olhos, ainda desconfiado.

Não que eu me importe que ele mexa livremente em meu celular, porque não
tenho absolutamente nada para esconder. No entanto, em nosso
relacionamento existe um acordo mutual de não mexermos no telefone um do
outro, para preservarmos nossa privacidade. E eu sei que Jimin confia em mim
e respeita nosso combinado. Por isso, é estranho.

— Você está estranho, principalmente nos últimos dias. — Confesso meus


pensamentos, caminhando para longe do banheiro de nossa suíte apenas com
a toalha enrolada em minha cintura.

— Nem tô.

Eu apenas lancei mais uma olhadela, antes de abrir nosso armário e pegar
uma calça de ficar em casa, vestindo-a calmamente antes de jogar a toalha em
meu ombro e caminhar para fora do quarto, em direção ao escritório.

Como Jimin rapidamente retomou sua rotina de trabalhar no hospital durante o


dia e estudar à noite, ele me seguiu em silêncio, mas mal entramos no cômodo
e eu bruscamente o interrompi, empurrando seu corpo contra a porta e
prendendo-o com o meu, o que me faz ouvir um gemido surpreso em resposta.

— Jungkook, eu tô cansado... não quero transar hoje, não... — Ele resmungou,


manhoso.

Apesar da súbita vontade de rir, porque ele claramente confundiu minhas


intenções, eu mantenho minha expressão séria.

— Fale logo. O que você está escondendo?

Ele me olhou como quem pondera algo, até que sua feição subitamente
metamorfoseou para um sorriso sugestivo, enquanto ele desliza o indicador por
meu peitoral.

— Sabe que mudei de ideia? Eu quero transar...

— Não me enrola, Jimin. Eu te fiz uma pergunta.


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— Sua tatuagem é tão linda...

— Jimin...

— Você todinho é tão lindo... e tá ficando tão velhinho...

— Park Jimin. Responda.

Ao ouvir seu nome inteiro deslizar por minha garganta, seu corpo enrijeceu e
ele arrumou a postura, antes de piscar lentamente e escorrer para fora de meu
abraço como uma amoeba.

— Eu preciso fazer cocô — Ele avisou, então, antes de correr de volta para
nosso quarto, só para fugir de mim.

Ele não quer defecar, e isso é óbvio. Jimin sempre passa uns cinco minutos
fazendo careta, tentando adivinhar se está mesmo com dor de barriga antes de
efetivamente ir ao banheiro, e dessa vez tudo que ele fez foi esquivar de minha
pergunta.

Manipulador e rebelde.

Nunca imaginei que aquele menino com uma natureza submissa tão aflorada
se transformaria nisso. Pior, não imaginei que eu amaria cada traço desse
somente por pertencer a ele.

Por isso, não me resta outra opção que não aceitar seu voto de silêncio e me
concentrar em meu trabalho trazido para casa.

Se tudo der certo, uma das últimas vezes em que vou precisar fazer isso,
porque o andamento da proposta de fazer Eunbyul assumir o posto de CEO
interina está indo melhor do que imaginava. Quer dizer, é uma prática comum
entre empresas que assumem parcerias como a Bangtan e a D-lite, no entanto,
não tão comum nas conjunturas nas quais nossas empresas se encontram.

De qualquer forma, uma equipe inteira dentro da Bangtan se mobilizou, sob


minha supervisão atenta e ativa, para criar um regimento específico que estará
em vigência enquanto Lee Eunbyul estiver no cargo mais alto, e que não
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poderá ser alterado por ela. Porque, por mais que confie na mulher bem-
sucedida que ela é, nós ainda precisamos garantir que sua ligação sanguínea
com a D-lite não irá prejudicar a Bangtan, então estamos garantindo os meios
para interceder caso qualquer conduta suspeita seja detectada.

Assim, eu dedico minhas horas seguintes a continuar trabalhando enquanto


Jimin, ainda desconfiado, começa a estudar depois de se resolver com sua
falsa dor de barriga repentina.

— Ei, Jun... — Ele me chama, tempos depois.

— Sim? — Respondo, sem olhá-lo e sem apelidos carinhosos. Pode ser


considerado uma punição psicológica leve, por seu comportamento rebelde.

— A hora... — Ele me mostrou a tela de seu celular, acesa, e eu percebo que


já passa de meia noite.

— Está tarde. — Comento, só então olho para ele. Normalmente, Jimin vai
deitar às onze e meia. — Vá descansar.

— Não... — Ele parece incomodado com algo, e continua me olhando à espera


de sabe deus o que. — Passou de meia noite, Jun. Já é primeiro de setembro.

Primeiro de setembro. Meu aniversário?

Isso não é grande coisa.

— Sim. Parece que estou mesmo ficando velho — É o que respondo, ainda
sem fazer grande caso

— A gente tá junto há tanto tempo, e é a primeira vez que tô do seu lado pra
aproveitar esse dia de verdade...

Oh. Então é, sim, grande coisa.

— E só por isso esse vai ser o melhor aniversário de todos, meu bem. -
Garanto para ele, e ele sorri, antes de levantar de sua cadeira e caminhar até
sentar em meu colo.

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— Parabéns pelos vinte e cinco anos, Jungkook. — Ele deseja, encolhido
contra meu corpo.

— Obrigado por fazer parte de alguns desses anos, anjo.

— Vou fazer pra sempre! — Ele garante, então recebo um beijo demorado na
bochecha. — Quer ir pra cama comigo? Mas é só pra dormir mesmo...

Eu rio de seu comentário final, e concordo.

Depois de tanto tempo, nossa relação finalmente chegou ao ponto em que a


convivência nos torna um pouco preguiçosos para sexo. O que, de forma
alguma, quer dizer que não fazemos mais.

Fazemos, ainda com boa frequência. As vezes, sem grandes empenhos, mas
em outras... ficamos com marcas por dias.

Se for para comparar, eu diria que nossas transas às vezes são boas, mas
comuns, como almoçar no refeitório da Bangtan. Em outros momentos, no
entanto, é delicioso e incomparável como um banquete preparado por Jimin.

Nessa noite, quando deitamos, já estamos de barriga cheia, então apenas nos
entregamos a um abraço desajeitado e gradativamente caímos no sono juntos,
com Chim preguiçosamente deitado no travesseiro de Jimin. E diante da
simplicidade de nossa rotina, sei que esse será o melhor aniversário que já
tive.

Pela manhã, então, tomamos café juntos. Jimin agendou a entrega de uma
cesta de café-da-manhã enorme, então sequer nos preocupamos em cozinhar.
De brinde, ganhei também vários balões com a frase eu te amo em idiomas
diferentes.

— Você não é o único que pode se esforçar pra me dar presentes de


aniversário — Ele avisou, travesso, quando abraçou meu pescoço depois de
terminarmos de comer.

Mesmo sem esperar que ele fizesse isso tudo, eu sorri verdadeiramente e
segurei sua cintura, por onde corri minhas mãos até apertar a região de seu
quadril, que é o lugar em que há mais gordura acumulada.
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Gostoso do caralho.

— E você se esforçou bastante, pelo visto.

— Digo em acréscimo ao seu ponto inicial, massageando a região macia que


acomoda meus dedos tão bem, principalmente quando ele fica de quatro para
mim,

— Você não sabe o quanto. - Ainda com esse jeito meio provocador, ele me
mostrou um sorriso bonito, mas depois deixou uma risada escapar ao me
analisar silenciosamente, e acusou, certeiro: — Você tá pensando em
safadeza...

— Talvez eu esteja pensando em tirar essa sua roupa e passar o dia inteiro te
fodendo em todos os cantos da casa. — Confesso casualmente.

— Parece um bom jeito de comemorar seus vinte e cinco anos - Ele concordou,
com esse rubor que entrega a forma como meu desejo o afeta.

— Sim. O melhor. — Concluo, mas então afrouxo o aperto de minhas mãos em


seu quadril e lhe entrego apenas um selinho antes de findar nossas
expectativas. — Mas nós dois precisamos trabalhar.

Jimin inflou as narinas antes de rolar os olhos e resmungar:

— Nem queria transar mesmo. Ainda tô cansado.

— Melhor assim, então. — Finjo que caio em sua desculpa orgulhosa, e rio
quando ele vai pisando fundo em direção ao quarto.

Depois de segui-lo em silêncio, eu separo seu uniforme e depois entro no


banheiro para escovar meus dentes enquanto ele toma seu banho. Mesmo que
isso seja algo comum entre nós dois, dessa vez ele parece ficar um pouco
tenso, então me adianto e, como já estou pronto, apenas o espero voltar até a
cama, onde sua roupa já está separada como em todas as manhãs.

No entanto, assim como nas últimas, Jimin não me deixa vesti-lo, então tudo
que faz é pegar as peças e se trancar no banheiro.

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Isso me frustra, honestamente. Escolher suas roupas e vesti-lo é um dos
detalhes de nossa rotina que mais me dão prazer, então não me deixa feliz ver
isso ser tirado de mim tão bruscamente.

E, quando questionei o porquê uns dias atrás, Jimin apenas disse que não quer
mais que eu o vista, porque está começando a se sentir desconfortável com
isso.

Doeu mais que o inferno das agulhas trucidando minha pele quando fiz minha
tatuagem, mas apenas aceitei e respeitei seus limites, como é minha
obrigação.

Depois, nós saímos de casa, eu o deixei no trabalho e fui para o meu, onde me
ocupei com todo o serviço que não para de acumular e esqueci a tortura que é
não poder vestir meu submisso.

— Ei, Jungkook — Namjoon me chamou quando, no horário de almoço, me


sentei com ele e Hoseok, como sempre faço.

— Chefe! Parabéns! — Hoseok disse assim que me viu, e eu apenas agradeci


com um movimento educado.

— É, parabéns. — Namjoon disse, também, mas sem fazer grande caso disso.
Não me importo, porque também não faço. — Sua mãe pediu para você passar
na sala dela, quando puder.

— Sim. Farei isso. — É o que digo, e ele apenas assente, enquanto Hoseok
nos olha com um sorriso mal contido, o que me faz questionar: — Algum
problema?

— Nenhum, chefe — Ele gesticulou, todo atrapalhado, sem parar de sorrir.-


Como está sendo seu aniversário?

— Jimin me deu uma cesta de café da manhã e vários balões — É ridícula a


forma como não consigo conter o sorriso apaixonado, mas eles já estão
acostumados.

— Ahh... que presentão, hein? — Ele riu. E mesmo que ele sempre seja
bastante sorridente, definitivamente tem algo errado acontecendo.
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— Hoseok. Come. — Namjoon diz, empurrando a tigela de arroz contra
nosso colega do departamento de marketing.

Certo. Meu namorado está esquisito, meus colegas de trabalho também.

Agora, só falta minha mãe me recepcionar carinhosamente quando chegar em


sua sala.

Seguindo as regras da normalidade, no entanto, ela apenas levanta os olhos


dos papeis que está analisando quando, após o fim do almoço, entrei em seu
escritório.

— Namjoon disse que mandou me chamar.

— Sim. — Ainda sem me olhar decentemente, ela apenas esticou a mão e


pegou um presente embrulhado, depois o ofereceu a mim. — Feliz aniversário

Tudo bem. É oficial. Meu namorado, meus colegas e minha mãe estão todos
estranhos.

Eu honestamente não lembro qual a última vez em que recebi um presente


dessa mulher e, diante das conjunturas atuais em que nosso relacionamento
está mais conturbado que nunca, isso não era esperado para acontecer agora,
sob hipótese alguma. Mas eu ligo os pontos, e questiono:

— Jimin falou com a senhora?

— Falar? Aquele animal selvagem não sabe falar. Ele me ameaçou mesmo,
falou algo sobre descer o cacete e almofadas caso eu não te desse parabéns.
Pois aí está, agora controle aquele seu...

— Agradeço pelo presente. — Eu a interrompo.—Mas cuidado com a forma


como fala de meu menino.

Ela suspirou, então me olhou com impaciência contida.

— Um selvagem, é isso que ele é. Seu pai teria vergonha de ver você abrindo
mão da Bangtan por alguém como aquele garoto.

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Ela realmente sabe tocar em meu ponto mais fraco. No entanto, de uma coisa
eu tenho certeza, agora.

— Eu não estou abrindo mão da Bangtan, só estou assumindo que não posso
ocupar o cargo de CEO agora, mas vou continuar me esforçando para fazê-lo,
depois. Então acredite, mãe, meu pai teria orgulho de saber que minha
ambição não me faz perder o bom senso. E caso você não saiba, ele adorava o
Jimin.

Ela apenas continuou calada e, aproveitando a raridade da situação, eu


gesticulei com o presente em mãos.

— Mais uma vez, obrigado pelo presente. — E é tudo que digo antes de deixá-
la para trás.

Quando chego em minha sala, eu abro o embrulho, sem esperar algo muito
melhor que uma bomba ali dentro. Mas, para minha surpresa, me deparo com
um porta retrato ocupado por uma foto antiga. Uma de meu pai me segurando
nos braços, ainda na época em que falar meu próprio nome era uma tarefa
impossível.

Verdadeiramente surpreso, eu analiso seu presente em silêncio antes de


acabar sorrindo e deixar o quadro com os outros três sobre minha mesa, ao
lado de minha foto com Jimin.

— Você é mesmo uma bruxa, mãe. — Eu digo aos ares, ainda sorrindo. —
Jogou a culpa em meu Jimin, mas aposto que planejou esse presente antes de
ser ameaçada.

Como diria meu anjo, uma bruxa velha, sem dúvidas.

Sempre fria, distante, sem filtro em suas palavras acusatórias. Mas, no fundo,
ela é mais que isso.

E o que sempre me deu essa certeza é que, no fim, foi por essa mulher que
meu pai se apaixonou.

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Feliz, eu olhei uma última vez para a foto antiga antes de voltar a trabalhar,
sendo interrompido apenas ao fim do expediente, quando recebo uma nova
mensagem de Jimin.

Eu gosto de buscá-lo no trabalho, então a primeira coisa que faço é procurar


um emoji que demonstre minha chateação ao mesmo tempo que expressa
condescendência.

Como essa é uma tarefa difícil, Namjoon bate em minha porta antes que
cumpra minha missão, e eu o olho assustado quando percebo sua expressão
cabisbaixa.

— Tudo bem? — Pergunto, vendo-o caminhar até se lançar na poltrona diante


de minha mesa de trabalho.

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— Eu quebrei o frigobar da área de descanso. — Confessou, de repente. —
Por que eu sou assim, Jun? Por que eu quebro tudo?!

Eu abri a boca para dizer algo, mas minha voz morre no meio do caminho
porque... que?

— Você não quebra tudo, Namjoon. Só faz isso com uma frequência um pouco
maior que as outras pessoas - Tento consolá-lo, mas não me saio muito bem, e
comprovo isso quando ele se lamenta ainda mais, com as mãos escondendo o
rosto.

— Eu sou um desastre! Um desastre! Por isso o gato não gostava de mim, ele
tinha medo de ser destruído também!

Santo cristo.

— Não é assim, Namjoon... Chim também foi cruel comigo por meses.

Certo. Eu sou horrível em consolar qualquer um que não seja Jimin, e está
comprovado porque eu passo quase uma hora inteira tentando acalmar meu
amigo, reafirmando desesperadamente que ele não é um desastre, e não
funciona.

— Jimin também é um pouco desastrado. Ele tropeça no próprio pé com uma


frequência assustadora, mas na verdade é o charme dele. Quebrar coisas é... é
seu charme... — Eu nem sei mais o que estou dizendo.

Namjoon pareceu prestes a se lamentar ainda mais, mas então ele viu algo em
seu celular e pigarreou, instantaneamente se recuperando de sua crise para
ficar de pé, agora constrangido.

— Preciso ir. — E simplesmente assim, me deixando confuso como nunca...


ele foi embora.

— O que está acontecendo com as pessoas? - Eu pergunto para mim mesmo,


levando algum tempo para me recuperar da estranheza.

Só então eu decido deixar isso tudo de lado e arrumo minhas coisas para voltar
para casa e aproveitar o fim do meu aniversário com Jimin, então durante o

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percurso deixo ligada uma playlist que ele montou especialmente para mim e
cantarolo baixo as que já decorei a letra.

A maioria é de algum cara chamado Justin Bieber. Aparentemente, tendo a


gostar de várias de suas músicas.

E eu gosto dele. Gosto mesmo, mas gosto muito mais de Jimin, então assim
que estaciono em casa, eu não hesito antes de desligar o som e fazer o curto
percurso entre a garagem aberta e a porta principal. Então, eu a abro
distraidamente e passo minha mão pelo interruptor, então as luzes se acendem

e...

— SURPRESA!

Eu continuo estancado no mesmo lugar, certo de que minha expressão não


falha em denunciar meu choque, enquanto mal consigo afastar minha mão da
maçaneta e vejo minha sala de estar totalmente decorada com balões e
ocupada por uma quantidade inimaginável de pessoas desejando parabéns
para mim ou assoprando línguas de sogra e assobiando.

No meio de toda essa gente, eu vejo meu pequeno caminhar apressado em


minha direção, descalço, vestindo o macacão que eu adoro e uma de suas
blusas coloridas antes de se lançar em um abraço.

— Feliz aniversário, Jun!

— Larga o tio Jun! — A voz inconfundível de Yerin se faz ouvir quando ela
emerge e também corre em minha direção, até abraçar minha cintura enquanto
simultaneamente tenta empurrar Jimin.

— Chamei essa peste só por sua causa — Jimin disse baixinho contra meu
ouvido, o que me faz rir.

Ainda atordoado, eu dou atenção à minha sobrinha apenas acariciando-lhe o


topo da cabeça, enquanto passo os olhos por cada um presente na minha sala
de estar,

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Junghyun com Siyeon, Jaehyo e Kyung. Seokjin, Namjoon e Hoseok. Yukwon,
Yuta, Jeonghan e Kihyun também estão aqui, e até Eunbyul e Min Yoongi.

Quando finalmente ligo todos os comportamentos estranhos a essa surpresa,


as coisas finalmente parecem fazer sentido, e eu acabo rindo ainda mais de
minha própria inocência, ao mesmo tempo em que rio de felicidade por ver
todas essas pessoas aqui por mim.

— Você não desconfiou mesmo, né? — Jimin questionou, de pé em minha


frente, ainda com o sorriso do tamanho do mundo.

— Eu nunca ganhei uma festa surpresa, então... — Confesso, agora me


sentindo um pouco envergonhado por toda a atenção, e Jimin parece perceber.

— Você tá vermelhinho. Que fofo.

Eu abaixei meus olhos, e peguei Yerin no colo antes que ela tenha uma
síncope de tanto desespero para chamar minha atenção.

— Eu amei a surpresa, meu bem. — Volto a falar para meu namorado. — De


verdade, mas... Min Yoongi?

— Ah, vocês estão super amigos. Ele te liga quase todo dia!

— Ele liga para me incomodar, anjo.

Jimin deu de ombros e me segurou pelo pulso, me puxando em direção a todos


os outros, que ainda esperam.

— Ele é tipo seu Yukwon, então. Mas vem, você tem que cumprimentar seus
convidados! 569

Eu me deixei ir, lutando para Yerin voltar para o chão, e cumprimentei um por
um.

— Parabéns, moleque chato. — Junghyun foi o primeiro, e ele me bagunçou os


cabelos como se ainda tivéssemos quatorze anos.

Siyeon foi a próxima, e nós nos cumprimentamos com um abraço que também
selou nossa paz, que ficou abalada desde toda a confusão no hospital. Agora

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que tudo se resolveu, não há espaço para ressentimento — Feliz aniversário,
gato — Kihyun é o próximo, e eu reviro os olhos ao ouvir seu cumprimento,
mas aceito seu abraço também.

Com Jeonghan, as coisas são um pouco mais esquisitas, então apenas


trocamos um aperto de mão e, quando passo para cumprimentar Yuta, Yukwon
quase literalmente voa em minhas costas, com um camarão enfiado na boca.

— Parabéns, boçal — Ele grita, e continua pendurado em mim mesmo quando


cumprimento seu namorado e, em seguida, Namjoon, Hoseok e Seokjin.

— Finalmente uma comemoração à altura — Este último diz, enquanto recebo


seu abraço caloroso. — Parabéns, Jun.

Eu sorri para ele, e então faltam os dois convidados mais improváveis. Eunbyul
e Yoongi.

— Vim pela comida e pelo Jimin — Yoongi diz rapidamente, mas acaba por me
dar um abraço. — Parabéns, dom meia-boca.

Eu revirei os olhos, empurrando-o pela testa,

— Sai de minha casa, Min Yoongi.

— Quando a comida acabar. — Ele respondeu, debochado, e Eunbyul


disfarçou sua risada com um falso pigarro, o que me faz olhar imediatamente
para ela.

— Até você. — Eu digo, com um sorriso contido, e ela ergue os ombros.

— Seu namorado achou que seria uma boa ideia me convidar. Não sei se
concordo, mas parabéns.

Eu olho para Jimin, que está saltitando com alguma coisa junto a Yukwon, e
acabo rindo.

Então foi para isso que ele mexeu no meu celular? Para pegar os números que
ainda não tinha?

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— Fico feliz por ter vindo. — Confesso, sincero. — Não imaginei que isso
aconteceria, mas gosto de você, Eunbyul.

— De um jeito platônico, acredito eu.

— Definitivamente.

— Então, tudo bem. Também gosto de você, Jeon.

Eu sorri, mas recuei um pouco quando Namjoon se aproximou, me oferecendo


um copo cheio.

— Refrigerante para o aniversariante. — Ele anuncia, depois viu Eunbyul com


as mãos vazias e pareceu mudar de ideia, oferecendo o copo para ela, junto a
um sorriso envolto por suas covinhas: — Aliás, Jungkook nem gosta de
refrigerante. Para você, senhorita Lee.

Eunbyul pareceu surpresa, mas agradeceu o gesto com um de seus raros


sorrisos, que já percebi se tornarem mais fáceis quando Kim Namjoon está por
perto.

— Ei, Jimin, Jun! — De repente, Seokjin nos chama, e eu o olho rapidamente


antes de sorrir para os dois convidados em minha frente.

— Por que não conversam um pouco? Sobre algo além de negócios, quero
dizer. - Sugiro, então gesticulo brevemente e, por fim, me afasto.

— Oi, Jin! — Jimin se aproximou ao mesmo tempo que eu. Ao invés de me


abraçar, abraçou nosso amigo.

Ok.

— Eu queria perguntar uma coisa a vocês... — Meu amigo então confessou,


com esse sorriso levemente suspeito.

— O que?

— É que... é sexta à noite e vocês sabem... Taehyung está sozinho em casa,


então pensei se seria um problema convidá-lo. Claro que não vou fazer isso se
qualquer um de vocês se incomodar, então...

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Eu apenas dei de ombros. Não me incomodo, de forma alguma, e Jimin pensa
por pouco tempo antes de mover os lábios num gesto indeciso.

— Se ele fica triste por estar sozinho... tá bem. Pode chamar...

Em resposta, Seokjin suspirou aliviado.

— Ainda bem, porque na verdade já o chamei. E, ah, ele está trazendo o


cachorro dele, ok? Espero que Chim não se importe. Obrigado, obrigado, amo
vocês dois!

Jimin piscou, meio contrariado, e me olhou quando Seokjin se afastou


apressadamente, ainda dizendo que nos ama.

— Imagina se eu não quisesse o Taehyung aqui? — Ele murmurou, ultrajado.

— Precisaríamos esconder todas as almofadas. — Ponderei, e ele apertou os


lábios num gesto irritadiço.

— Ei, Jimin, a gente já pode dar o presente dele? — Yukwon se aproximou de


repente, voltando a se pendurar em meu ombro ao interromper a reclamação
seguinte de nosso menino rabugento.

— Pode - Meu anjo respondeu, então seu melhor amigo assoviou para os
outros dois, depois gesticulou em direção aos quartos, e Jimin me segurou pela
mão, me puxando no mesmo sentido.

— O aniversariante já volta! — Yukwon anunciou para todos os outros,


exageradamente, e logo senti suas mãos me empurrando pelas costas para
andar mais rápido.

Assim, no instante seguinte, estamos eu, ele, Jimin, Yuta e Jeonghan em


minha suíte, e Yuta pega algo no que suponho ser sua mala.

— Não é grande coisa, mas é de coração mesmo - Ele anunciou, então, e me


entregou uma caixinha de papelão, enquanto Jimin olha também curioso.

Não precisavam se preocupar com isso, mas obrigado. — Eu digo, ainda antes
de descobrir o que me foi presenteado.

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— Vê logo, porra! — Yukwon bradou, o que faz Jimin lhe dar um soco no
braço.

— Fala direito com ele!

Antes que eles comecem uma briga, eu deixo uma risada baixa escapar e abro
a tampa da caixa pequena, e imediatamente a atenção de Jimin volta para o
que tenho em mãos, enquanto nós dois vemos que seus amigos me
presentearam com uma pulseira da amizade, igual a que eles todos usam.

— A sua é amarela porque amarelo representa riqueza. — Yukwon disparou.

Eu olhei para todos eles, depois deixei meus olhos recaírem no punhado de
miçangas num tom vivo de amarelo, alinhadas num círculo.

— Não é isso. — Foi Jeonghan quem contrapôs. — Nós escolhemos amarelo


porque é a cor que simboliza felicidade e luz. Você foi luz quando ajudou com
toda a situação envolvendo o pai do Yuta, mesmo sem obrigação nenhuma. E
você faz Jimin feliz, então nós somos felizes também.

— E porque simboliza riqueza.

— Yukwon, quieto! — Yuta resmungou.

Eu, por outro lado, continuei calado, honestamente sem saber como reagir a
isso, a essa sensação que preenche meu peito como nunca antes.

— Ele tá sem jeito... que bonitinho... — Yuta comentou, e eu acabei sorrindo.

— Eu não sei o que dizer. — Confesso, então. — Mas obrigado por isso. Por
me aceitarem assim... eu realmente não esperava.

— A gente não só aceitou você, caralho. Você é uma winx!

Eu acabei rindo mais alto, e não hesitei em colocar a pulseira em meu braço,
enquanto vejo os pulsos de cada um deles adornados com suas próprias
pulseiras de cores diferentes.

— Parabéns, Jungkook. — Yuta voltou a dizer, parecendo feliz ao me ver usar


seu presente.

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— A gente é meio desajeitado, mas todo mundo aqui gosta de verdade de você
e não é só por você ser bom pro Jimin, então espero que nossa presença ajude
seu dia a ser pelo menos um pouquinho especial.

Ainda mais sem jeito, eu deixei minha cabeça tombar para a frente,
escondendo minha expressão, e massageei minha nuca antes de voltar a olhá-
los, sendo sincero do fundo do coração quando confesso:

— Eu nunca imaginei que um aniversário poderia ser tão bom assim. — Eu


digo, então respiro fundo antes de rir de frustração. — Desculpem, eu
realmente não sei como reagir a isso tudo.

Eu ouvi um fungar de leve, em seguida percebi que é Jimin, e me percebo mais


emotivo quando ele se aproximou e me abraçou, me enchendo de beijos.

— Viu quanta gente ama e se importa com você, Jungkook? — Ele perguntou,
e eu pisquei rapidamente para tentar afastar as lágrimas que começam a se
acumular.

— Quer privacidade pra chorar? — Yukwon perguntou, e acho que Yuta meteu-
lhe um tapa para calá-lo.

Depois de alguns segundos de silêncio, quem se manifestou foi Jimin.

— Na verdade, eu queria privacidade pra outra coisa... pode ser?

— Se for sexo, eu quero assistir!

— Yukwon, você não cansa, não? — Jeonghan resmungou.

— Não é sexo. — Jimin esclareceu, risonho. — A gente já volta pra sala.


Podem ir na frente.

— Então tá... mas se vocês treparem eu vou ficar bravo.

— Jesus... como você é chato! — Yuta resmungou, empurrando-o para fora do


quarto, e os três seguiram resmungando uns com os outros até saírem e
fecharem a porta, me deixando sozinho com quem se esforçou tanto para fazer
essa noite possível.

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— Então... você gostou? — Jimin perguntou, ansioso.

— Muito, anjo. Eu realmente não esperava isso tudo. — Confesso, então o


puxo para meu colo e o abraço para deitar minha cabeça em seu ombro. —
Obrigado por me fazer tão feliz, cada dia mais.

Ele me acariciou a nuca, e eu visualizo seu sorriso mesmo sem precisar


efetivamente olhá-lo, até que recebo um beijo na testa e ele se move,
afastando-se de mim para ficar de pé em minha frente.

- Ainda tem mais um presente... — Ele avisou, com um sorriso incontido.

— Mais?

Em silêncio, Jimin mordeu o próprio lábio e assentiu, levando a mão às alças


do próprio macacão, começando a desabotoá-lo.

— Eu menti pra você, Jungkook... — Anunciou, então, deslizando a peça de


roupa por seu corpo, descendo por suas pernas. — Eu amo deixar você me
vestir todos os dias, mas precisei pedir para você não fazer mais nesses dias
porque queria esconder... - Diante de suas reticências, Jimin usou os pés para
se livrar da roupa de uma vez, então arrumou sua postura e, vestido somente
com uma blusa e sua roupa intima, sua coxa exposta agora aparece marcada
por tinta.

Uma tatuagem.

Mais surpreso que com qualquer revelação dessa noite, meus olhos se
atentam à imagem cravada na perna de Jimin. Uma cobra negra, na lateral
externa, enrolada a uma representação colorida do globo terrestre.

É... lindo.

— Eu pensei muito no que tatuar... — Ele confessou, com um sorriso nervoso. -


Acho que estou pensando desde que você me explicou o significado da sua
tatuagem, na verdade... Agora... quer saber o significado da minha?

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Sem conseguir dizer qualquer coisa, eu assenti, então ele se aproximou e
sentou em minha perna outra vez, depois pegou minha mão e a guiou
suavemente até a marca de tinta em sua pele.

— Para mim, as serpentes representam a dualidade. Podem ser associadas à


morte, mas também ao renascimento. Então... elas são a representação da
coexistência de coisas boas e ruins... como eu. Eu tenho muitos defeitos e sei
disso, Jungkook, mas você me ajudou a ver que também sou cheio de
qualidades. Por isso, a serpente me representa - Ele usou sua mão para guiar
meu indicador sobre o desenho recente em sua perna, e prosseguiu. — E a
serpente está abraçando o mundo. Porque mesmo com as fraquezas, eu
acredito que ela... que eu... posso conquistar o mundo inteiro, do jeito que você
sempre acreditou.

Eu continuei calado, hipnotizado pelo homem que meu Jimin se tornou, e logo
me deparei com seu sorriso.

— Meu presente não é a tatuagem, Jungkook.

— Ele completou. — Meu presente é poder mostrar a você que ainda é difícil,
mas eu estou aprendendo a confiar em mim e a me amar.

Eu expulsei o ar de forma carregada, e subi minha mão até pressioná-la nas


costas de Jimin, abraçando-o com força. Sentindo meu menino de dezesseis
anos agora crescido, mas sem perder a essência que tanto amo.

— Não existe presente melhor que esse, anjo...

Ele voltou a acariciar minha cabeça, então me deu um outro beijo, e voltou a
dizer:

— Agora eu vou confessar mais uma coisa...

Curioso, eu o olhei, então ele tentou esconder um sorriso e finalmente disse:

— Tudo que eu disse é verdade, mas a tatuagem... por enquanto, é só de


henna.

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Olá! mais um capítulo narrado pelo Jungkook (dessa vez não foi planejado,
precisei mudar porque não tava fluindo pela visão do Jimin :/), espero que não
se importem! o lado do JK sempre aborda um pouco da questão da bangtan e
tudo o mais, mas tento não deixar tão maçante, espero que funcione!!

Todo mundo tinha esquecido que o solzinho já tinha aparecido aqui em sub,
né?? ele apareceu lááá no capítulo da punição psicológica como funcionário da
bangtan, mas realmente não teve um personagem de destaque aqui )))):

antes de me despedir, eu gostaria de esclarecer uma coisinha que até agora


parece estar confundindo algumas pessoas: a personalidade mais "infantil" do
Jimin apesar da idade, em determinados momentos. gente, isso foi abordado
abertamente na história então é, sim, um tanto cansativo ver leitores, a esse
ponto da fanfic, questionando quando ele vai mudar. e eu sinto muito, mas o
Jimin não vai mudar, não :/

se alguém não estiver lembrado, isso é explicado no capítulo [37]


Omotenashi, quando o JK explica sobre age play e a forma como se aplica na
relação deles. se mesmo depois de ler com atenção ainda restarem dúvidas,
podem me chamar e perguntar. atualmente eu tô demorando MUITO pra
responder mensagens, mas assim que me organizar vou responder todo
mundo. Só peço do fundo do meu coração que não venham me pedir pra
mudar a personalidade dele, poxa. lembrem que eu escrevo sub por prazer e
amo quando vocês gostam das minhas histórias, mas elas têm que ser
prazerosas pra mim também e é assim que gosto de escrever essa aqui, ok??
<33

e uma coisa eu adianto: muito do Jimin e baseado na minha própria


personalidade e acreditem quando eu digo que ele se sentir confortável pra
mostrar seu lado mais infantil perto do Jungkook e dos amigos é uma das
coisas mais bonitas de sub, para pessoas como eu e ele, é libertador poder
agir assim! a idade às vezes é um rótulo sufocante, então ser aceito e amado
mesmo quando não agimos como a sociedade inteira diz que devemos agir é...
meu deus!!! <33333333

mas ta. eu sempre falo demais, né?): desculpem por isso

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
só mais duas coisas: um, a tatuagem é de henna só pq não me senti
confortável pra meter uma tatuagem definitiva "do nada", mas essa cobra com
o globo terrestre é, sim, a tatuagem do Jimin!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
47 • Before The Storm
Dedicado a euphjour

Existem muitas coisas nessa vida que, apesar da simplicidade, me fazem


dolorosamente feliz.

O ronronar de Chim.

Um abraço acolhedor de Yuta.

Fazer tranças no cabelo de Jeonghan.

Entender tudo que Yukwon está pensando apenas com o olhar, e saber que ele
entende tudo que quero dizer em resposta apenas por me olhar de volta.

A lista é extensa, mas nunca exaustiva. Mesmo assim, existe algo que está no
topo do ranking imaginário de coisas que me fazem bem: a minha cura nos
dias ruins e o ponto alto dos dias bons. A risada de Jungkook.

Ouvir esse homem rir é, muito provavelmente, uma das minhas coisas favoritas
do mundo. Eu poderia ouvir sua risada por horas ininterruptas e, ao final, vou
desejar ouvir mais um pouco.

Por isso, meu dia que já estava sendo bom se torna ainda melhor quando eu o
faço rir por minutos seguidos.

— De henna, anjo? — Ele perguntou.

A pele ao redor de seus olhos tão franzida quanto seu nariz e os dentes todos
expostos num sorriso que deixa sua gargalhada ainda mais gostosa

Enquanto isso, meu astral ultrapassa a camada de ozônio por saber que eu
sou o responsável por cada uma dessas marcas de felicidade em seu rosto
lindo.

Realmente, não existe nada tão bom quanto fazer feliz quem nós amamos.

— De henna. — Confirmo, também com uma risada. — Queria ver como ia


ficar antes de fazer de verdade. Imagina que horror se eu acabo não gostando?
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— E você gostou?

— Muito. Em breve seu Jimin será um homem tatuado!

— Mal posso esperar, meu bem. — Ele sorriu, então me abraçou pela cintura e
beijou meu ombro. — Acho que agora entendo a adoração que você tem por
minha serpente.

— Pelas duas serpentes, né?

Jungkook apertou os olhos, enquanto eu rio sozinho de minha piada boba, mas
também não tive tempo de explicar porque logo em seguida a campainha de
casa toca, e nós dois sabemos quem é.

Taehyung

— A gente precisa voltar para a festa... — Eu anuncio, depois de mentalizar


bastante que está tudo bem e que não preciso fazer grande caso disso, nem
voltar atrás em minha decisão de aceitá-lo aqui em casa.

— Sim. — Jungkook concordou, e suas mãos me guiaram pela cintura até me


colocarem de pé em sua frente, então ele me beijou na barriga, e sorriu quando
me olhou. — Obrigado mesmo por ter feito isso tudo por mim, Jimin. A festa, as
pessoas que convidou... você não sabe como estou feliz.

Foi isso. Foi exatamente isso que me impulsionou a passar tantas semanas
organizando cuidadosamente essa surpresa, Foi saber que isso o faria feliz e
saber que o faria perceber o quanto importa para todos nós.

Se depender de mim, Jungkook nunca mais vai duvidar disso.

— Vai ser difícil me dar um presente de aniversário à altura disso tudo, hein?
— Eu provoco, o que o faz rir mais um pouco.

— Vou me esforçar. Ele garantiu, e foi com total naturalidade que se abaixou
para pegar meu macacão no chão e logo depois me vestiu cuidadosa e
calmamente.

Quando o fez, prendendo as alças jeans, ele sorriu quase extasiado, e


confessou:
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— Que saudade de vestir meu anjo...

Eu sorri e fiquei na pontinha dos pés quando ele terminou de me arrumar,


então o abracei fortemente e beijei sua bochecha. Depois, me afastei e mostrei
a ele um sorriso, que aumentou quando ele segurou minha mão e a beijou
antes de me puxar para fora do quarto, de volta para sua festa de aniversário.

E, mal chegamos à sala tomada pelo barulho de nossos convidados, uma


bolinha de pelos escuros correu em nossa direção, mas tropeçou no sapato de
alguém no meio do caminho.

— Por que tem um rato em nossa sala? — Jungkook perguntou, com o cenho
franzido.

— Não é um rato! Esse é Yeontan, o filhinho do Taehyung-Seokjin explicou,


caminhando para pegar o bichinho miúdo no chão, depois o ergueu na altura
de nossos rostos. — Olha como é bonitinho!

— Mais bonitinho que Chim-Yukwon gritou de algum lugar da sala, e eu logo o


busquei para fuzilá-lo com o olhar.

— Cala a boca! — Eu grito, mas logo lembro que o irmão e os sobrinhos de


Jungkook também estão aqui e eu tenho que parecer uma pessoa equilibrada,
então pigarreei, e disse: — Por favor.

— Ogro tá bravo porque Chim nem deu bola pra ele hoje — Yuta explicou,
enquanto Seokjin se derrete brincando com o cachorrinho miúdo. — Mas os
dois são lindos!

— Sim, mas olha o Tannie... ele é excepcionalmente fofo — Seokjin ponderou,


quase babando pelo filhote.

Espera aí, Ele acabou de dizer que o filho de Taehyung é mais fofo que o meu?

— Seokjin é louco. — Jungkook se abaixou para dizer em meu ouvido,


pensando o mesmo que eu. — Não existe nada mais fofo que nosso Chim.

— Pois é! — Eu concordo, todo inconformado.

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— Hm... oi — Enquanto eu e Jungkook conversamos silenciosamente através
de olhadelas consternadas, mal percebemos quando Taehyung se aproximou
timidamente, com um embrulho nas mãos.

— Oi... — Eu respondo, agora meio sem jeito.

— Desculpa por trazer o Yeontan, mas ele ainda é novinho chora muito quando
fica sozinho em casa...

— Não tem problema. Só não o deixe perto de Chim -Jungkook avisou, com
um sorriso receptivo.

— Ah, tudo bem. Mas Yeontan é manso, ele não vai fazer nada com o gato.

— É... na verdade, o perigo é Chim bater no seu cachorro — Eu ri meio


envergonhado ao precisar explicar.

— Oh. — Taehyung se surpreendeu, mas acabou rindo. A risada dele é fofa. —


Vou ter cuidado, então. E, hm... feliz aniversário, Jungkook. Eu esqueci que
você não gosta de doces e acabei trazendo um bolo.

— De que é? — Eu pergunto, olhando curiosamente para a caixa de confeitaria


que Taehyung entregou a Jungkook.

— Massa branca com recheio de frutas vermelhas e chocolate branco. É o meu


favorito...

— É o meu favorito também! — Eu quase grito, tomando a caixa das mãos de


Jungkook.

O aniversário é dele, mas quem ganhou presente fui eu.

— Sério? — Taehyung parece impressionado, e então seu sorriso fica enorme.


— O dessa confeitaria é o melhor que eu já comi na vida! Já saiu até matéria
sobre ele numa revista francesa sobre sobremesas!

— Uou — Meus olhos se arregalam, acho que ficam quase do tamanho do


mundo, então eu olho para Jungkook: — Posso comer? Ainda tem o bolo que o
Junghyun trouxe pra cantar parabéns!

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— Agora? — Ele inclina brevemente o rosto, parecendo não aprovar a ideia. -
Você ainda não jantou, meu bem.

— Hoje é um dia especial, Jun... Por favorzinho?

Jungkook suspirou e massageou a própria testa, mas acabou assentindo, e eu


saltitei feliz da vida antes de abraçar o bolo com um braço e com o outro, puxei
Taehyung comigo em direção à cozinha.

— Não coma muito! — Jun ordenou, mas eu não vou prometer nada.

— Meu deus, é lindo... é a coisa mais linda que eu já vi — Eu murmuro


verdadeiramente surpreso quando abro a caixa e me deparo com o bolo
perfeitamente ornado com morangos, cerejas, amoras e framboesas no topo,
cercadas por flores comestíveis.

— Eu sei... — Taehyung concordou com o mesmo olhar apaixonado que o


meu.

— Ok, vamos comer! — Eu decido e rapidamente abro o armário para pegar


pratos e garfos de sobremesa, e passo a espátula para Taehyung. — Corta
meu pedaço? Eu sou meio desastrado e não quero estragar o bolo.

— O que vocês estão fazendo aí? Vão comer bolo? Olha, Yuta, nem chamou a
gente! - Yukwon gritou lá da sala e eu gesticulei para que ele cale a boca,
depois para que ele se aproxime, e ele veio arrastando junto Yuta, que arrastou
Jeonghan.

— Sejam discretos ou a gente vai ter que dividir com todo mundo e vai sobrar
menos pra cada! — Eu aviso num sussurro bravo assim que os três se
aproximam, e Yuta arregala os olhos.

— Que bolo bonito... — Ele murmurou, impressionado.

Taehyung riu e empunhou a espátula orgulhosamente. Então, ele disse:

— Ainda melhora. — Ele avisou. — Prontos?

Nós quatro nos entreolhamos, depois olhamos para o ex de meu namorado e


assentimos em conjunto, silenciosamente.
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No instante seguinte, Taehyung posicionou a ponta da espátula no centro do
bolo, e nós suspiramos surpresos quando percebemos que ela não é tão firme.
Em seguida, ele cortou a primeira fatia, um lado de cada vez, e todos os pares
de olhos se arregalaram quando ele pegou o pedaço por baixo e
cuidadosamente o afastou, revelando camadas de massa branca e fofa
intercaladas com três camadas generosas de pedaços de frutas vermelhas
misturadas a chocolate branco. E então o grand finale: o centro, que parecia
menos firme, na verdade estava preenchido por um tipo de geleia artesanal de
morango que escorreu como lava assim que o bolo foi cortado.

— Uooooou — Eu e todos os meus amigos dissemos juntos, impressionados


como nunca.

Taehyung riu ainda mais de nossa reação exagerada, então pegou um dos
garfinhos e o colocou no prato junto à primeira fatia cortada, então a ofereceu
para mim.

— Espero que isso possa selar de vez a paz entre nós dois, Jimin — Ele disse,
oferecendo um sorriso pequeno.

E, olha, Taehyung é mesmo bonito. É bonito demais. Cada centímetro de seu


rosto parece ter sido cuidadosamente esculpido pelas mãos de algum artista
habilidoso.

Mas, agora, isso não me irrita ou intimida mais. Ok, na verdade ainda intimida
um pouco, mas antes eu ficava com raiva por ele ser tão bonito porque ele já
esteve com Jungkook, e isso me deixava tão, tão inseguro. Agora, por outro
lado, eu estou tão seguro sobre minha relação com Jun que isso não me afeta
mais.

Por isso, não me restam sentimentos ruins por Taehyung e eu sorrio, aceitando
sua oferta de paz. Até porque ela parece bem gostosa.

— Estamos em paz. — Eu anuncio, sinceramente.

— Espera... — Yukwon cruzou os braços sobre o balcão da cozinha, de frente


para mim, se inclinou e apertou as sobrancelhas, então questionou: — Você é
o ex do Jungkook? O modelo? O que brigou com o Jimin?
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Sim, sim e sim. — Taehyung respondeu, constrangido, e Yukwon voltou a
arrumar sua postura e suspirou pesadamente.

— Ele te bateu com uma almofada, né? — Relembrou, o que me faz revirar os
olhos. — Como um quase-irmão-mais-velho do Jimin, eu me sinto na obrigação
de dizer que não tenho culpa por ele ser assim, ok? Quando eu conheci, ele já
não batia muito bem da cabeça, não.

— Na verdade, eu também passei dos limites nesse dia. — Taehyung


confessou, e eu sei que ele está segurando o riso diante da confissão
dramática de Yukwon. - Passei e muito.

Yukwon deu de ombros relaxadamente.

— Se te consola, nós quatro somos amigos aqui há um tempão e todo mundo


já foi cuzão pelo menos uma vez na vida. — Com uma careta, ele apontou para
o próprio namorado, — Esse aqui mesmo, puta que pariu, parecia que não
tinha salvação, mas até que deu jeito.

— Babaca! — Yuta o empurrou pelo ombro, falsamente ofendido.

— Olha, o Yuta do passado não dá pra defender muito, não — Eu confesso,


rindo.

— Mas é verdade, todo mundo do clube das Winx já vacilou, até o Jungkook.

— Menos o Jeonghan. — Yuta apontou. — Jeonghan é um anjo.

— É verdade — Eu e Yukwon rapidamente concordamos, o que fez nosso anjo


de peruca rir, envergonhado.

— Jeonghan é uma pessoa invejável, mas.. — Taehyung comentou, curioso. —


Clube das Winx?

— A porra do clube das winx, na verdade. É o nome do nosso grupo, porque


sempre cabe mais um. — Yukwon explicou. — Mas eu fui contra isso.

— Ah... que bacana. Queria eu ter um grupo de amigos assim...

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— Você pode entrar no nosso — Meu melhor amigo deu de ombros. — Mas
não é fácil, ok? Pra começar você pode adiantar e cortar logo meu pedaço de
bolo, né?

— Ai, meu deus! É verdade! — Taehyung percebeu com um sobressalto, e nós


acabamos rindo quando ele se atrapalhou todo e se sujou de geleia.

Ainda com o sorriso no rosto, eu passei os olhos pela sala em busca de


Jungkook, e o vi junto a todos os outros adultos, enquanto eles conversam e
cuidam de todos os filhos aqui presentes humanos, ou não.

E, no meio de todos eles, eu percebo os olhos de Seokjin atentos a nossa


reunião na cozinha. Ele parece feliz de verdade, quase orgulhoso, e então eu
discretamente me aproximo de Taehyung e o cutuco enquanto ele continua
servindo os pedaços de bolo.

— Ei — chamo, sussurrando em seu ouvido ao mesmo tempo em que continuo


olhando para Seokjin. — Jin não para de olhar para cá.

Taehyung olhou para o homem lá do outro lado da casa e abaixou o rosto com
um sorriso envergonhado.

— Ele se preocupa bastante. Eu não tenho muitos amigos, então ele deve
estar feliz por me ver aqui com vocês... Seokjin é um bom amigo.

Eu me afastei um pouco, o analisei em silêncio, depois apertei meus olhos e


perguntei, sem hesitar:

— Só amigo?

— Sim... — Ele sorriu. Agora, não parece um sorriso satisfeito.- Só amigo.

— Você... queria algo a mais?

Tae brincou com a espátula, em silêncio. Como só falta seu próprio pedaço ser
servido, meus outros três amigos estão ocupados gemendo de prazer pelo
bolo, então só temos nós dois atentos a essa conversa.

— É que... — Ele começou, e hesitou um pouco antes de seguir: — As vezes


parece que as coisas vão evoluir para... você sabe, algo a mais. Mas ele
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sempre recua, então eu não acho que ele tenha esse tipo de interesse em
mim...

Eu mordi meu lábio, lembrando da conversa que eu e Jun tivemos com Seokjin,
tempos atrás.

Se nada mudou de lá para cá, a única coisa que o impede de ir em frente com
Taehyung é sua relutância por ele ser ex de seu amigo, o que já foi
comprovadamente descartado como motivo válido pelo próprio Jungkook.

Meu deus, Seokjin... você é tão lerdinho, às vezes.

— Eu acho que ele só precisa de um empurrãozinho — Eu sorrio para


Taehyung, tentando tranquilizá-lo, e ele volta a sorrir.

— Tudo bem. Não é tão ruim, porque somente ser amigo de Seokjin já é
incrível. Ele é incrível.

Eu concordei em silêncio, e finalmente voltei a comer o bolo, que é de longe o


mais gostoso que já comi.

Se o paraíso tivesse um gosto, com certeza seria esse.

Depois que acabamos de comer e escondemos o resto de torta para podermos


comer mais tarde, nós cinco voltamos à sala e nos sentamos ao chão, e
imediatamente Jaehyo, o sobrinho mais velho e retraído de Jungkook, se
aproximou timidamente de Yukwon, puxando-o pela mão.

— Vem montar quebra cabeça comigo... — O menininho pediu, envergonhado.

Acontece que, durante os preparativos para a festa surpresa, Yukwon se


aproximou bastante de Jaehyo, que estava bastante desconfortável com tanta
gente por perto. E não só deu certo, como a criança também se afeiçoou ao
meu melhor amigo.

— Bora — Ele então respondeu, pegando Jaehyo nos braços e jogando-o no


ombro para carregá-lo, enquanto o menino ri, até a mesa onde estão as caixas
com os quebra-cabeças que Junghyun e Siyeon trouxeram para distraí-lo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— É difícil ver Jaehyo rir assim com alguém que acabou de conhecer -O irmão
de Jungkook apontou, surpreso, mas feliz.

— Yukwon é muito bom com crianças — Yuta anunciou, quase se gabando do


namorado. - Ele é assim meio doido, mas lá na nossa cidade todo mundo quer
o Yuk nas festinhas dos filhos, porque ele é o melhor.

Eu troquei uma olhadela com Jeonghan, e nós acabamos rindo quando


percebemos um no outro o mesmo pensamento: apesar de tudo, Nakamoto
Yuta é completamente rendido por Kim Yukwon.

— Os pais de sua cidade são sortudos, então — Siyeon se lamentou,


balançando o neném no colo. — Jaehyo nunca teve uma festa de aniversário.
Só a do primeiro aninho, que foi um desastre porque ele chorava com qualquer
um que chegasse perto... aposto que seria bem melhor se Yukwon estivesse
lá...

— Nunca é tarde para descobrir, não é? Junghyun ponderou, sorridente, e


então virou no sofá para olhar para Yukwon, lá na mesa: — Ei. Você estaria
disponível para vir trabalhar em Seul por um dia?

— Quando? — Yukwon perguntou, sem sequer parar de brincar com o


menininho.

— Final de dezembro

— Acho que sim — Meu melhor amigo respondeu, então finalmente levantou o
rosto e apoiou o queixo sobre a palma da mão. — Tem que pagar pelo serviço,
pelo transporte e hospedagem

— Que hospedagem? — Perguntei, de braços cruzados. — Certeza que você


vai ficar aqui em casa!

— Shh, Jimin, deixe os adultos conversarem. — Yukwon resmungou, e me


horrorizou ver tanta gente rindo disso.

Inconformado, eu busquei Jungkook com o olhar e percebi que até mesmo ele
está segurando o riso.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Todo mundo debaixo do meu teto, comendo da minha comida e sujando
meu chão... agora rindo de mim. — Murmuro, ofendido. — Vocês são uns
monstros.

Com o coração de pedra que têm, eles riram ainda mais, e eu ainda tentei fazer
manha quando Jungkook se aproximou e sentou ao meu lado, no chão, para
me abraçar e me consolar.

Mas, apesar desse pequeno momento de chateação quase fingida, o restante


da noite foi maravilhoso. Jungkook se divertiu muito, nós também nos
divertimos com suas discussões recorrentes com Min Yoongi, Yukwon e
Jaehyo ficaram grudados a noite toda e nós todos comemos um monte.

Ah, eu e Taehyung descobrimos muitas outras coisas em comum, o que me fez


passar boa parte da noite compartilhando meus surtos de fanboy com ele.

— Eu amo Red Velvet! — Eu anunciei escandalosamente assim que ele


revelou seu amor pelas meninas.

— Sério? — Seus olhos se arregalaram. — Meu deus, parece que você é meu
irmão gêmeo perdido...

Eu rì e me encolhi um tanto ao abraçar minhas pernas, porque continuamos


sentados no chão já que os mais adultos monopolizaram o sofá.

E, daqui, eu pude ver o momento em que Jeonghan e Kihyun ficaram sozinhos


na cozinha.

Não que eu esperasse um banho de sangue, porque se trata de Jeonghan,


afinal, mas as coisas pareceram correr surpreendentemente bem. Ao longo da
noite, eles não interagiram muito, mas não causaram nenhum desconforto. E,
ali, a conversa parece ter sido pacífica, apesar de ser óbvio o distanciamento
entre os dois.

É... parece que acabou mesmo.

Mas tudo bem. Jeonghan e Kihyun parecem estar tranquilos sobre isso, então
eu também estou. Além do mais, nem mesmo Yerin chamando o tio Jun para lá

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e para cá ou Namjoon e Eunbyul falando sobre negócios a noite toda afetou
meu humor, porque essa é uma noite que eu esperei por muito tempo.

Vinte e cinco anos depois, Jungkook finalmente recebeu todo o carinho e


atenção que merece em seu aniversário.

E eu me orgulho por ter sido o grande responsável por isso.

Assim, quando nossos convidados começam a ir embora, eu ainda tenho esse


sorriso imenso no rosto, e estou agarrado a Jungkook quando paramos na
porta para nos despedir dos últimos três.

— Obrigado por terem me recebido — Taehyung diz, com Yeontan no colo.


Afinal, o bichinho é mesmo fofo. Fica mais fofo a cada segundo. — Eu gostei
muito dessa noite.

Seokjin sorriu cheio de orgulho para Tae, e seu sorriso só aumentou quando eu
disse, entusiasmado:

— Lembre de me mandar mensagem, ok?

— Claro que vou lembrar!

— E desculpa por Chim ter atacado o Tannie...

— Tudo bem. Yeontan também não deveria ter mexido na ração dos outros. —
Taehyung riu. — Então... hm... boa noite.

— Boa noite, Taehyung — Jungkook quem respondeu, com seu queixo


apoiado no topo de minha cabeça e a entonação leve. — Obrigado por ter
vindo.

Ele assentiu, e Seokjin aproveitou o momento para segurá-lo.

— Eu levo você e o Tannie em casa. — Avisou, com esse sorriso charmoso.

Que maldade, Seokjin...

— Ah... obrigado. — Taehyung respondeu, também oferecendo um sorriso de


volta, e Seokjin apenas aproveitou a brecha para se aproximar e me abraçar ao
mesmo tempo em que abraça Jungkook, para se despedir.
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— Obrigado pela noite. E obrigado por tratarem bem o Tae — Ele disse baixo,
depois deu um beijo em nossas testas, um por vez, e se afastou com um
sorriso. — Boa noite e boa sorte com as visitas.

Eu olhei para trás e vi Yuta, Yukwon e Jeonghan fazendo um jogo improvisado


de twister no meio da sala, o que me faz rir. Depois, eu me virei apenas para
acenar em despedida para Seokjin, que apoiou a mão nas costas de Taehyung
para guiá-lo até seu carro estacionado na rua.

Assim, falta apenas nos despedir de uma pessoa.

— Nunca mais volte aqui, Min Yoongi — Jungkook disse, suspirando,

— Meu deus, que cara chato!

— Chato é você — Resmungo, fuzilando-o com os olhos.

— Vocês são tão ruins comigo... eu nem deveria dar um presente de


aniversário.

— Você não deu presente nenhum pro Jungkook, seu sonso! - Resmungo,
incrédulo com a cara de pau.

— Dei, vocês que não sabem ainda. — Ele sorriu, com a lateral do corpo
desleixadamente apoiada no batente da porta, com os braços cruzados sobre o
peito. Então, anunciou: — A sala de exibicionismo está liberada para vocês na
Paradise Lost.

Hm... até que ele tem um bom presente.

Supostamente, ainda me faltariam três meses para ter a sala, os quartos


individuais e o acesso às bebidas alcóolicas do bar, mas parece que Yoongi
deu um jeitinho.

— Me avisem quando quiserem usar — Ele disse, então, e gesticulou


preguiçosamente quando voltou a arrumar sua posição.

Jungkook deixou um sorriso pequeno aparecer, e eu ri quando ele disse:

— É o mínimo que você pode nos dar.

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De costas para nós, descendo os degraus da nossa varandinha, Yoongi
apenas continuou caminhando e ergueu o dedo do meio para nós. Aí,
Jungkook riu.

— Babaca. — Ele resmungou ao finalmente fechar a porta.

— Melhores amigos... — Eu cantarolo, provocando-o, e ele aperta minha


bochecha em repreensão. Depois, ganhei um beijinho.

— Nunca. E obrigado, anjo. A noite foi maravilhosa.

Eu sorri e me inclinei para devolver seu beijo, então alguém jogou alguma coisa
em nós dois. Por alguém, eu quero dizer Yukwon, e tive essa certeza sem
sequer precisar olhar para confirmar.

— Tô com sono! — Ele avisou.

Jungkook riu e me acariciou a cabeça antes de se afastar. Eu observei


curiosamente quando ele foi até o quarto, e voltou depois com os braços
abarrotados de edredons para forrar o chão.

Quando o olhamos silenciosamente, até surpresos, ele questionou,


genuinamente confuso:

— O que foi? Winx dormem juntos na sala, não é?

❆❅❄❅❆

— Anjo?

— Tô indo! — Gritei, terminando de arrumar as coisas em minha mochila antes


de sair do quarto e encontrar Jungkook na sala vestindo um de seus conjuntos
sociais. No entanto, mesmo tão incompatível com seu terno e gravata, ali está
a pulseira de miçangas, que ele usa religiosamente todos os dias.

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— Esqueci de arrumar a mochila ontem — Avisei, ofegante ao passar direto
para a cozinha, apressado, onde subi no balcão da pia para alcançar o pacote
de chocolates no armário de cima, então peguei dois para levar para o
trabalho.

— Percebi. — Jungkook disse, parado no mesmo lugar enquanto me observa,


agora, correr para beber água.

— Ok, tô pronto! — Anunciei, e no meio do caminho me abaixei para pegar


Chim, que tenta me morder ao ser pego de surpresa, mas tantos meses depois
eu já me acostumei com seus ataques, então dou o beijinho de sempre no topo
de sua cabeça. — Até mais tarde, neném.

— Comporte-se — Jungkook diz, acariciando-o e beijando-o no mesmo lugar


quando coloco nosso bebê na sua frente.

Depois, eu o coloquei no chão e nós saímos de casa, eu correndo até o carro


enquanto Jungkook me segue tranquilamente, rindo de minha pressa.

— A gente vai se atrasar!

— Não vamos — Ele garantiu, deixando sua maleta no banco de trás antes de
ocupar o lugar do motorista. Então, ainda antes de ligar o carro e enquanto eu
me contorço todo para colocar o cinto, Jungkook me segurou pelo queixo e se
inclinou para me dar um beijo na boca. - Você não me deu o beijo de bom dia.

Eu apertei meus lábios num sorriso pequeno e acariciei seu rostinho lindo
antes de devolver um selinho.

— Bom dia, Jun — Eu digo, mas logo depois arregalo os olhos e bato a mão na
testa, ao lembrar: — A água de Chim!

— Eu troquei — Jungkook anunciou orgulhosamente. — Não me subestime


enquanto pai.

Eu suspirei e meu corpo imediatamente relaxou sobre o banco, meu rosto foi
tomado por um sorriso orgulhoso do desempenho de meu Jungkook como
papai de gato e eu me livrei (em partes) da agonia pelo atraso de hoje, então

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liguei o som do carro e em seguida aproveitei o percurso até o hospital para
conversar com Jun, como sempre fazemos.

Ultimamente, inclusive, ele vem tendo mais participação ativa nas conversas
que eu, coisa que pouco aconteceu nos últimos três anos já que sempre sou eu
quem fala pelos cotovelos. Agora, no entanto, com a transferência do posto de
CEO marcada para daqui a alguns dias, Jungkook vem falando bastante sobre
todos os detalhes que, de tão frequentemente narrados, até já aprendi a
entender.

— Então o sindicato dos colabores internos já aprovou a mudança, mas ainda


precisa que setenta e cinco por cento do conselho aprove também, na próxima
votação? É um número alto... — Ponderei,

— Isso não é algo que aconteceu antes na história da Bangtan e por enquanto
ainda sou CEO, então preciso garantir que a plena maioria de todos que
colaboram com a empresa se sintam confortáveis com a troca.

— Jungkook confessou, mantendo os olhos na pista.

— Quando você voltar a assumir a direção daqui a alguns anos, vai ser o
melhor CEO do mundo — Eu disse, massageando sua perna direita.

— O objetivo é esse — Ele sorriu, e depois suspirou pesadamente. —


Infelizmente não consegui marcar a votação para antes do seu aniversário.
Gostaria de já estar livre disso tudo quando o dia chegar...

— Não tem problema se a gente comemorar atrasado, esse ano — Garanti, e


estou mesmo sendo sincero. — Mas aí você vai ter que compensar por cada
dia de atraso...

Jungkook riu. Ao mesmo tempo, percebi o carro perder velocidade, até parar
no meu ponto usual de desembarque, então peguei minha mochila apoiada em
meus pés e me inclinei para beijar a bochecha de meu amor.

— Até mais tarde. Bom trabalho! — Eu digo, antes de saltar para fora do SUV e
seguir para dentro do hospital.

Agora, não é mais desconfortável andar por aqui. Eu não sinto mais medo.
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Desde que Wonsik foi preso, as coisas mudaram significativamente por aqui.
Lalisa, Youngjae e Jinyoung ficaram sabendo do que aconteceu - aliás, todo o
hospital soube - e eles se sentiram mal por não terem percebido antes o perigo
que o ex-segurança representava, mas eu realmente não quis que se
sentissem assim.

Agora, enquanto o julgamento de Wonsik se arrasta pelas várias camadas


burocráticas da justiça, nós todos temos certeza de que o veredito final o
manterá preso por um longo tempo.

Se não mantiver... talvez eu deva me preocupar.

— Certo, então seu aniversário está chegando! — Lalisa disse quando nos
reunimos no refeitório, no horário de almoço. — Teremos festa?

Eu neguei, com a boca cheia de comida, forçando-a garganta abaixo antes de


explicar:

— Jungkook tá finalizando uma coisa importante e eu quero que ele se


concentre nisso, também quero dar apoio a ele... então dessa vez meu
aniversário vai passar meio em branco.

— Você nem parece chateado... queria ser plena assim

— Acredite em mim, chegar a esse ponto foi um processo muito, muito


trabalhoso e demorado. Antes eu era um saco e provavelmente estaria fazendo
inferno por algo assim.

— Felizmente as pessoas evoluem. — Jinyoung comentou, mas logo retificou:


— Algumas. Não todas.

Nós rimos porque é verdade, depois engatamos em outra conversa


completamente diferente, e depois em outra.

Ao fim do almoço, então, eu aproveitei o tempo de descanso que ainda me


restou para revisar meus cartões de estudo. Agora que o dia do vestibular está
se aproximando, eu estou ficando mais nervoso, me perguntando se estudei o
suficiente durante todos os últimos meses, e às vezes essa ansiedade só me
desconcentra ainda mais na hora de estudar.
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De qualquer forma, não é mais hora para isso. Sendo suficiente ou não para
suceder dessa vez, eu dei o meu melhor até aqui, e vou dar até o último
segundo. Por isso, não vou me culpar caso o resultado seja diferente do que
desejo.

Além disso, eu não abro mão dos pequenos prazeres da vida. Nunca me privo
de sentar tranquilamente para fazer uma refeição com Jungkook, nunca faltei o
compromisso com nossos almoços de quinta, nem com as tardes de domingo
do Jimin e do Jun nas quais vamos ao cinema, fazemos compras juntos ou
simplesmente ficamos em casa descansando. Também não deixo de aproveitar
bons minutos com Chim, e diariamente dou a ele uma dose de carinho logo
antes de encher a memória de meu celular com mais fotos suas.

E enquanto faço cada uma dessas coisinhas que me fazem feliz, eu continuo
equilibrando minha rotina de trabalho e estudo.

Acho que, agora, é permitido sentir orgulho de mim mesmo.

Por isso, quando saio de mais um dia no setor logístico do hospital, eu saio
com um sorriso no rosto, que perde força assim que entro no carro de
Jungkook e o percebo levemente incomodado com algo. No entanto, ele não
diz nada até que cheguemos em casa.

— Vem cá, anjo. Preciso te falar uma coisa — Ele diz, me puxando pela mão
assim que fechamos a porta e Chim nos recepciona com um olhar preguiçoso,
sem se dar ao trabalho de levantar do sofá.

— Sabia. — Eu digo, deixando minha mochila ao lado da porta antes de segui-


lo. Aconteceu alguma coisa ruim, né?

— Em partes. — Ele suspirou, sentando ao meu lado do sofá. — A reunião


para a decisão final sobre a transferência na Bangtan foi antecipada. Ela será
agora, no sábado.

Eu pisquei lentamente, até entender por que ele vê isso como algo negativo.

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— Meu aniversário. — Eu aponto, mas acabo por dar de ombros levemente. —
Não tem problema, Jungkook. Eu também trabalho no sábado, de qualquer
jeito.

— É seu aniversário de vinte anos, meu bem. Eu realmente gostaria de


comemorar da forma que você merece.

Eu puxei minhas pernas para cima do sofá, deixando a lateral de meu corpo se
apoiar preguiçosamente no encosto, e logo senti o corpo peludo de Chim
raspando por minha cintura até que ele alcance o colo de Jungkook para deitar
outra vez.

Depois de olhar silenciosamente para nosso gatinho manhoso, eu voltei a olhar


para Jun.

— A reunião é pela manhã? — Questionei. Ele fez que sim. — Então quando
sair do trabalho, eu posso te encontrar na Bangtan! E quando sua reunião
acabar, nós aproveitamos o resto do dia pra comemorar o aniversário do
subzinho mais gracinha do mundo.

— Não sabia que conhecemos outro sub além de você que faz aniversário
nesse sábado — Jungkook comentou, com uma seriedade que faz meu queixo
ir no chão.

— Jungkook!

Imediatamente ele riu e eu acabei rindo também quando fui puxado pelo pulso
e desabei contra seu corpo antes de receber um beijo no topo da cabeça.

— Você sabe que é brincadeira, meu bem. Não existe ninguém mais lindo que
você.

— Só você.

Ele negou com um gesto suave e logo em seguida nós poderíamos entrar
numa longa discussão sobre ele me achar o homem mais bonito do mundo e a
recíproca ser verdadeira, mas nossa fome falou mais alto e rapidamente
desistimos de discutir.

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E assim são nossos dias, ultimamente. Calmos, apesar de tudo.

Até que o dia do meu aniversário chegou e, junto com ele, o dia que deve
definir o futuro de Jungkook dentro da Bangtan.

E, como era de se esperar, ele está ansioso como nunca o vi antes.

— Vai dar tudo certo, Jun... — Eu digo, tentando tranquilizá-lo quando ele para
na área de desembarque do hospital e o percebo ainda nervoso. -Se não der
certo do jeito que a gente espera... a gente dá um jeito. Tá?

Ele apertou os olhos brevemente e suspirou na sequência, depois voltou a me


olhar e me puxou para beijar minha testa. Ainda com sua boca contra minha
pele, ele assentiu.

— Mais tarde aproveitamos seu aniversário. — Ele relembra. — E eu te


entrego seus presentes.

— É mais de um? — Eu sorrio abertamente. — Tá bom.

Jungkook sorriu fracamente, então me deu mais um beijo e se afastou para me


deixar descer do carro. Quando o fiz, caminhei diretamente até minha sala,
onde dividirei o meio expediente comum dos sábados somente com Jinyoung o
que honestamente me alegra.

Não é que eu não goste de Lisa e Youngjae. Eu gosto deles, gosto mesmo,
mas confesso que me sinto muito mais próximo do doido das teorias da
conspiração, então estar somente com ele acaba sendo mais confortável.

— Olha o aniversariante! — O dito cujo diz assim que entro na sala, o que é
estranho porque ele nunca chega antes de mim.

Ninguém nunca chega antes de mim.

— Por que chegou tão cedo? — Eu pergunto, rindo ao vê-lo com um


chapeuzinho de festa. Logo depois me surpreendo ao vê-lo caminhar em minha
direção com um presente nas mãos. - Jinyoung! Não precisava!

— É uma bomba. — Ele diz.

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— Perfeito. Vou jogar no setor farmacêutico porque não aguento mais eles
bagunçando a ordem dos pedidos.

— Oh, então uma bomba seria mesmo um bom presente. Que vacilo. — Ele
resmunga, então rimos juntos, mas ele acaba por me dar o embrulho. — Feliz
aniversário, Jimin.

— Obrigado. — Eu digo genuinamente, apoiando minha mochila em minha


cadeira para ficar livre para ver meu presente, e quase me derreto de amores
ao perceber que é um livreto de banca de revista sobre as vinte melhores
teorias da conspiração.

E eu devo estar andando muito com ele, porque esse me parece um presente
maravilhoso.

— Isso vai dar um upgrade nas nossas conversas — Ele avisou, depois riu. —
Desculpa por não ter um presente melhor para dar.

— Esse aqui já é muito bom. Obrigado mesmo.

Ele sorriu miúdo e ergueu os dois polegares, depois caminhou até seu lugar
novamente e tirou seu chapeuzinho, deixando-o sobre sua mesa.

Durante a manhã, enquanto trabalhava, eu intercalei meus esforços para


acompanhar meus amigos fazendo uma festa virtual e também para atender
todas as chamadas dos parentes, que são sempre meio constrangedoras.

Ao fim do expediente, eu comi algo rápido na lanchonete e depois peguei um


ônibus para encontrar Jungkook na Bangtan, como prometido. E é estranho
perceber que, enquanto caminho pelos corredores da empresa com meu
uniforme ainda no corpo, me sinto tão nervoso quanto Jun parecia mais cedo.

Em nosso relacionamento, uma derrota para ele é como uma derrota para mim,
bem como sei que também se vale o contrário, e eu espero do fundo do meu
coração que, hoje, sejamos vitoriosos.

— Oi, Sunhee... — Eu digo para a recepcionista assim que chego à antessala


de Jungkook, e ela sorri para mim mesmo quando nervosamente roubo uma de
suas balinhas de café.
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— Olá, Jimin. Jungkook já está na sala. A reunião acabou ainda a pouco.

— E...? — Eu questiono, mas mudo de ideia ao abanar minhas mãos. — Deixa.


É melhor ele me contar, né?

Ela sorriu ainda mais e gesticulou na direção da porta fechada, num incentivo
silencioso para que eu vá em frente. E eu vou. Assim que giro a maçaneta
pesada e empurro a porta para que se abra, meus olhos se arregalam e meu
corpo inteiro parece perder as forças.

Jungkook está aqui com Eunbyul e Namjoon, e eles estão servindo taças com
champanhe enquanto os três compartilham sorrisos enormes.

— Anjo! — Meu namorado me chama assim que me vê, e eu ainda estou sem
força de tanto alívio quando ele se aproxima e ergue meu corpo no ar junto a
uma gargalhada gostosa. —Deu tudo certo!

— De verdade mesmo? — Eu pergunto, abraçando-o de volta enquanto me


sinto embasbacado.

— De verdade. — Ele disse ao me colocar no chão, e então eu ri junto com ele,


sentindo-o beijar minha testa antes de pressionar sua boca na minha e me
beijar sem vergonha alguma, mesmo que tenhamos companhia.

Quando ele se afastou, eu instintivamente movi meus olhos para Eunbyul e


Namjoon e os percebi desviando os olhares desastrosamente, o que me fez rir
mais um pouco e me limitar a dar um último selinho em Jungkook.

— Sabia que vocês iam conseguir — Eu digo para cada um deles, porque sei
que os três perderam horas de sono e descanso por meses para alcançarem
os resultados de hoje. — Parabéns!

Acho que Eunbyul tentou me mostrar um sorriso, mas ela não parece ir muito
com minha cara. De acordo com Jungkook, ela só não está acostumada a lidar
com pessoas mais espontâneas, mas eu acho que dá no mesmo.

Namjoon, por outro lado, parece ter finalmente superado os receios que tinha
sobre mim, e seu sorriso é grande e sincero, com covinhas profundas e
adoráveis.
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Por último, eu volto a olhar para o sorriso de Jungkook. Meu sorriso favorito.

— Eu tô mesmo muito feliz por vocês Comento, do fundo do meu coração, mas
então aponto para a terceira taça cheia de champanhe. — Mas... você vai
beber, Jun?

Deus queira que não

Certos traumas do passado dificilmente são superados, e Jungkook bêbado é


um deles.

— Tome — Ele diz, pegando a taça de cristal e oferecendo-a para mim. —


Você sabe lidar com álcool melhor que eu.

— Ok! — Eu aceito prontamente e seco metade da bebida de uma só vez.

— Meu deus... quem vê nem pensa que bebe assim — Eu ouço Eunbyul dizer,
o que me faz rir um pouco constrangido.,

— Quem vê não imagina metade das coisas que esse menino faz- Jungkook
complementa e eu escondo meu sorriso malicioso quando cubro a boca com a
taça, bebendo mais um pouco em seguida.

— Quem vê cara não vê coração, — Eunbyul comentou, recostada


elegantemente sobre a mesa que, em breve, será sua. — e digo isso
principalmente sobre você, Jeon. Não imaginei que a maior confiança que
recebi viria logo de você, quando nunca veio de meu próprio pai.

— Você sabe que não fiz isso para compensar as atitudes de seu pai. —
Jungkook responde, acariciando meu braço suavemente. — Só calhou de ser a
melhor opção, por agora.

— Eu não sou idiota — Ela sorriu, provocativa. — Sei muito bem que você vai
tentar recuperar o poder depois. Vamos ver se consegue.

Por um instante, eu até me senti preocupado com o desafio lançado, porém as


expressões de Jungkook e Namjoon, até da própria Eunbyul, continuam
tranquilas, o que me faz perceber que essa nada mais é que a forma como eles
normalmente interagem.

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Coisa de doido.

— Vamos ver. — Jungkook responde, reticente, e eu movo meu rosto para


olhá-lo quando ele se aproxima e me envolve pela cintura. — Agora vou pedir
que vocês se retirem. Eu e Jimin temos outra coisa a comemorar.

Eunbyul virou o resto de seu champanhe, e Namjoon deixou sua taça já vazia
sobre a mesa. Quando pegou seu terno apoiado no encosto de uma das
poltronas, ele pareceu pensativo por um segundo e depois olhou para Eunbyul,
sorridente.

— Podemos comemorar só os dois, senhorita Lee? Conheço um restaurante


aqui perto que parece do seu gosto.

A nova CEO interina da Bangtan abandonou sua taça também, e pegou sua
maleta de couro antes de assentir suavemente.

— Aceito a proposta. — Ela diz.

É engraçado porque eles falam um com o outro sobre coisas casuais como se
estivessem sempre discutindo negócios.

Meio que se merecem.

— Eu consigo imaginar esses dois casados e discutindo sobre as ações da


empresa durante a lua de mel — Jungkook disse assim que eles saíram e
fecharam a porta novamente. — Juro por deus.

Eu ri ao perceber que até Jungkook pensa o mesmo que eu, mas não é sobre
eles que quero falar agora, então eu deixo minha taça vazia de lado e paro em
sua frente para abraçá-lo pelo pescoço, depois fiquei na pontinha do pé para
beijar seu nariz.

— Parabéns por ter sido rebaixado no trabalho, Jun — Eu digo, contendo uma
risadinha.

Jungkook riu sem se ofender por minha escolha boba de palavras, e me


segurou pela cintura para me guiar até sua poltrona, e me fez sentar em sua
perna assim que também sentou.

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— Essa é provavelmente a última vez em que você vai me ver trabalhar nessa
sala, por um bom tempo — Ele avisou, e eu acariciei seu rosto quando o vi
olhar ao redor com sentimentos conflitantes nos olhos escuros.

— Na hora certa, você vai voltar — Lembrei, ainda acariciando-o


cuidadosamente. — Eu tô muito orgulhoso de você, Jungkook. Reconhecer que
ainda não estava pronto agora só mostra que você vai ser o melhor CEO do
mundo quando voltar ao cargo.

Ele assentiu, sem esconder um pequeno sorriso orgulhoso.

Sei que para ele não é a melhor sensação do mundo perceber que ainda não
está preparado para fazer o que planejou por toda sua vida, mas ele ainda é
tão novo, e sua efetivação a CEO foi tão brusca, diante de circunstâncias tão
ruins... então Jungkook merece isso. Ele merece respeitar o próprio ritmo.

— Segunda eu recolho minhas coisas — Ele diz, com o tom leve. — Agora nós
precisamos focar em você, não é?

Eu ri ao encolher os ombros suavemente.

— Não me importo de dividir a atenção com você hoje — Confesso, sem


conseguir parar de fazer carinho em seu rosto, com meus dedos contornando o
desenho detalhado de sua mandíbula.

Sem se opor à minha ideia, Jungkook puxou minha mão até deixar um beijo em
minha palma, e fez cócegas quando ele subiu beijando meu braço inteirinho,
até me arrepiar com um beijo rápido no pescoço, e enfim voltar a tocar sua
boca na minha.

— É um pouco assustador pensar que tudo tá dando certo, né? — Eu pondero,


deslizando meus dedos entre os fios em sua nuca, ainda com nossas bocas
pairando próximas. — Até parece a calmaria antes da tempestade...

— Não pense nisso — Ele se opõe decididamente, em seguida me segura pelo


queixo. E as últimas palavras que Jungkook diz antes de voltar a me beijar,
são: — Se algo der errado, nós acertamos novamente. Como sempre fizemos
e como sempre vamos fazer,

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Eu sorri com seus lábios nos meus e encaixei minhas duas mãos em sua nuca
ao aceitar seu beijo, com o gosto da bala de café misturada ao champanhe
dando sabor à forma como nossas línguas se tocam repetidamente, sempre
guiadas pelo comando natural de Jungkook, e acompanhadas de meu desejo
natural de segui-lo.

Sem pressa, nós aproveitamos os últimos instantes em que essa sala ainda
pode ser chamada de sua, e um suspiro escapa quando a mão dele sobe por
minha coxa até apertá-la próximo à virilha. Simultaneamente, sua outra mão
desliza em direção ao meu pescoço e repousa sobre minha coleira social,
cobrindo minha garganta do jeito que ainda gosto de sentir.

Apesar de descobrir que a privação de ar não me resulta prazer, à sensação da


mão de Jungkook sobre minha traqueia, sem pressioná-la, ainda me atiça
como poucas coisas o fazem. Por isso, assim que ele o faz, eu respiro com
mais força e mantenho minha boca unida à sua quando movo meu corpo até
sentar de frente para ele encaixando-me precariamente no espaço limitado de
sua poltrona para envolver seu quadril com minhas pernas, o que acaba
fazendo a cadeira rolar suavemente para trás.

Em resposta, nós dois acabamos rindo e Jungkook finca seus pés no chão,
depois afasta uma mão até segurar em sua mesa para manter a cadeira
parada. Por último, ele separa nossas bocas e sua única mão livre alcança a
parte de trás de minha cabeça, guiando-a até fazer meus lábios tocarem seu
pescoço.

Atento à sua ordem discreta e igualmente obediente, eu rapidamente beijo sua


pele, chupando-a enquanto minhas mãos escorregam por seu ombro até
alcançarem sua gravata para folgá-la e abrir ainda mais caminho para minha
língua explorar sua tez, que se arrepia a cada novo beijo.

Quando o primeiro suspiro deixa os lábios de Jungkook, eu me empenho ainda


mais em tocá-lo com minha boca e mãos, até perder um pouco da
concentração quando ele teve a mesma ideia e deslizou sua palma até colocá-
la dentro de minha calça e pressionar minha nádega.

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Minha aprovação veio de forma sonora e, em resposta, Jungkook voltou sua
mão para me segurar pelos cabelos e afastar minha cabeça para me olhar nos
olhos. Então, disse:

— Nós deveríamos nos despedir apropriadamente dessa sala, meu bem...

Com um sorriso incontido e atento ao que ele quer dizer, eu pergunto apenas
para ouvi-lo falar em voz alta:

— Como, senhor?

Com um sorriso igualmente obliquo, dessa vez Jungkook desceu sua mão até
segurar meu pulso, e então guiou minha palma até sua virilha, posicionando-a
sobre seu pênis que ainda não está tão duro, e isso soa quase como uma
ofensa.

Então, ele ordena:

— Me toque.

Sem qualquer desejo de negá-lo, eu o envolvo com minha mão, a principio


ainda através de sua calça social, para logo em seguida começar a desafivelar
seu cinto, depois soltar o botão e zíper, para finalmente tocá-lo diretamente.
Quando cumpro meu objetivo, eu arfo de prazer ao sentir minha pele em
contato direto com a fina e entrecortada por veias inchadas de seu pênis, e
deslizo meu aperto da base até encontrar a saliência da glande, a que entrego
mais de minha atenção.

— Assim, senhor? — Questiono, olhando-o inocentemente.

O peito de Jungkook subiu vagarosamente para em seguida todo o ar ser


colocado para fora. Ao mesmo tempo, ele soltou a mão que segurava a mesa
e, com nossa trava de segurança desfeita, a cadeira voltou a deslizar.
Impaciente, Jungkook apoiou suas duas mãos em minhas nádegas e
impulsionou nossos corpos para levantar, me mantendo erguido no ar até me
colocar sentado sobre sua mesa de trabalho e, em seguida, usar suas palmas
para abrir ainda mais minhas pernas antes de se encaixar entre elas.

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Com nosso apoio reafirmado, ele colocou sua mão sobre a minha em seu pênis
e começou a guiá-la para cima e para baixo, aplicando a pressão certa, na
velocidade certa, enquanto sua mão livre voltou a me agarrar pelos cabelos e
puxou minha cabeça para trás, expondo todo meu pescoço e deixando-o livre
para, no instante seguinte, aproximar sua boca e beijá-lo como eu fazia com o
seu minutos atrás.

Ainda mais estimulado pela forma deliciosa como sua boca consegue provocar
minha pele, eu mantive minha mão masturbando-o lentamente enquanto a
outra pousou em sua nádega, apertando-a e puxando-o mais para mim.

Meu deus, que bunda gostosa.

Aliás, que homem gostoso.

— Você sabe que eu gosto mais forte, anjo — Ele disse entre um suspiro e
outro, estocando suavemente contra minha palma envolvendo sua ereção.

Eu sei. Sei exatamente como Jungkook gosta, então eu abraço seu quadril com
minhas pernas e aumento a pressão de meus dedos ao redor de seu falo rijo,
dedicando atenção especial à glande. No entanto, o atrito torna tudo mais
dificultoso, então eu levo minha mão até minha boca apenas para umedecê-la
generosamente com minha própria saliva antes de voltar a estimulá-lo, agora
com mais facilidade.

Ao mesmo tempo, eu sinto Jungkook beijando meu pescoço constantemente,


sinto a rigidez crescente de seu pênis contra minha mão e sinto a imagem turva
dos prédios além da janela de sua sala me levando a um estado ainda maior
de excitação.

— Senhor? — Alguém chama, mas não sou eu.

Junto à voz, escutamos batidas suaves na porta, e logo percebo que é Sunhee.

Levado pelo chamado, Jungkook afastou sua boca de minha pele, mas não
interrompeu o que estamos fazendo. Na verdade, foi exatamente o contrário.
Ele segurou minha cintura com as mãos firmes, depois deslizou seu toque até
erguer brevemente meu corpo ainda sobre a mesa e apertar minha bunda.

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— Estou ocupado, Sunhee. — Foi o que ele respondeu, então, com essa
entonação ofegante.

— Oh... desculpe. — A secretária atenciosa disse de volta, e eu apoiei minha


testa na curvatura do pescoço de Jungkook quando ri um tanto.

Sem parar de tocá-lo, claro.

Por isso, quando eu pressiono a glande repetidamente, agora com um pouco


mais de força, Jungkook deixa escapar um gemido muito baixo e muito
gostoso, mas todos os conseguintes são abafados contra minha boca, porque
ele volta a me beijar dolorosamente bem, maltratando meus lábios do jeito que
gosto a cada vez que os morde e chupa.

Mais um pouco disso, por mais alguns minutos, e eu sinto Jungkook parar de
me beijar, mas não afastar sua boca da minha quando resfolega violentamente
e seu corpo estremece quando ele começa a ejacular, com seus dedos se
enterrando em minha pele e minha mão estimulando-o por todo o caminho até
o fim.

— É tão gostoso quando meu senhor goza assim pra mim... — Eu digo,
puxando minha mão para fora de sua calça sem pressa.

Em resposta, Jungkook sorriu, e ele me segurou pelo pescoço, com seus


polegares acariciando minhas bochechas quando voltou a me beijar, agora
com muito mais carinho e cuidado.

No fim, eu ganho um selinho demorado, seguido de beijos na pontinha do


nariz, bochechas e pálpebras fechadas.

Com uma risadinha manhosa, eu o abracei com ainda mais força e devolvi
seus beijos carinhosos por todo seu rostinho cansado, mas feliz antes de
anunciar:

— Acho que esse é meu primeiro presente de aniversário.

Jungkook sabe o quanto me faz feliz dar prazer a ele na mesma intensidade
em que ele me dá, então ele também sabe que não estou brincando.

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— Ainda faltam dois, então. — Ele diz, acariciando meu rosto cuidadosamente.
Em seguida, recebo um último beijo antes de ser colocado de pé no chão.

— O que são? — Eu pergunto, ansioso, enquanto o vejo voltar a abotoar sua


calça e afivelar seu cinto.

Jungkook me olhou silenciosamente, e pegou um lenço de pano no bolso de


seu terno antes de usá-lo para limpar minha mão, que ficou meio sujinha de
gozo.

— Um é algo que eu quero te dar há muito tempo — Ele disse, então. — O


outro, algo com o que você sonha.

— Só me deixou mais curioso... — Resmunguei, manhoso, e Jungkook sorriu


antes de me segurar pela mão e pegar sua maleta de couro, pendurando-a no
ombro para só então começar a me puxar para fora da sala do CEO da
Bangtan.

— Vamos para casa. — Ele anunciou, já puxando-me suavemente, e eu


concordei sem hesitar. No entanto, quando ele abre a porta, eu percebo a
forma como Jungkook para por um breve instante, e seus olhos percorrem
cada cantinho do escritório que foi seu, por longos e sofridos meses.

Com um suspiro, ele deixa um sorriso pequeno aparecer e só então eu sorrio


também, apertando sua mão com mais força.

— Tchau, sala bonita. — Eu digo, porque sei que não voltarei aqui por bons
anos. - Até a próxima vez.

Jungkook ri de minha despedida bem humorada e nós saímos de uma vez,


fechando a porta que deixa as noites em claro e os dias de trabalho acumulado
para trás.

Como dizem, Jungkook está voltando um passo para, futuramente, poder


avançar dois. E eu sei que ele vai conseguir.

Quando passamos pela bancada de Sunhee, então, percebemos que ela não
está aqui, mas deixou um post-it bastante visível, ocupado por sua caligrafia
bonita.
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Eu li o bilhete junto a Jungkook, o que me faz sorrir e dizer:

— Seu novo secretário ou secretária nunca vai ser tão legal quanto ela.

Jun também sorriu. Em seguida, eu o vi guardar o bilhete cuidadosamente e o


ouvi confessar, ainda com o tom leve:

— Eu sei.

Por fim, nós saímos daqui. Jungkook entrelaça seus dedos aos meus e me
guia até os elevadores, em direção à garagem.

Quando chegamos ao nosso carro, ele abre a porta para mim e me faz sentar
no banco do carona, depois senta em seu lugar e, sem dizermos mais nada, eu
apenas apoio minha mão em sua coxa enquanto ele começa a dirigir.

Ao chegarmos em casa, então, eu ansiosamente o sigo para dentro e peço


assim que a porta é fechada novamente:

— Meus presentes?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jungkook sorriu carinhoso e me guiou até me colocar sentado em nosso sofá
cheio de pelos acinzentados de Chim. Com um beijo na testa, ele recuou com
um passo,

— Espere aqui. — Ordenou, e eu me mantive sentadinho com as mãos


ansiosamente batucando em meus joelhos enquanto o vejo ir até nosso quarto
e o espero voltar.

Quando acontece, eu fico a um fio de explodir de ansiedade ao vê-lo carregar


dois embrulhos. Um muito pequeno; o outro, grande. E preciso me controlar
para esperar pacientemente até que Jungkook sente ao meu lado, deixe os
presentes sobre o estofado e me puxe para sentar sobre sua perna.

— Qual você quer ver primeiro? — Ele pergunta.

— O grande!

— Certo.— Ele sorriu, mas pegou o embrulho menor, colocando-o em minhas


mãos. - Então comece pelo pequeno.

Eu fiz uma caretinha contrariada, mas a curiosidade foi maior. Por isso, eu
desfiz o lacinho delicado que enfeita a caixinha. Quando retirei o que está
dentro dela, vi que é uma caixa ainda menor, de veludo, como as que guardam
joias.

— Abra. — Jungkook disse, paciente.

Ansioso, eu abri a tampa aveludada. Agora, eu vejo o que tenho em mãos. Um


novo pingente de prata para minha pulseira. Esse, é uma medalha pequena,
cravada com o brasão de enfermagem ao centro.

— Veja o fundo, meu bem. Ele instruiu com a voz mansa, acariciando-me sem
parar enquanto eu admiro meu presente lindo. E, sem desobedecê-lo, eu viro o
pingente para ver o fundo, e mordo meu lábio quando vejo minhas iniciais
gravadas ali.

Park Jimin, futuro enfermeiro.

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— Jun... é lindo — Eu digo, admirando-o sinceramente, e sorrio ainda mais
quando Jungkook tira a pulseira de meu pulso e tira o pingente de mim, apenas
para colocá-lo no cordão de prata junto ao berloque do globo terrestre. Depois,
ele voltou a fechar a pulseira ao redor de minha pele, e disse:

— Para você sempre lembrar que o mundo é seu, anjo, e que pode realizar
todos os sonhos que tiver.

Eu ergui meu pulso no ar, vendo os pingentes lado a lado e minha pulseira de
prata ao lado da minha insubstituível pulseira de miçangas coloridas.

— Esse foi o presente sobre algo que você sonha — Jungkook voltou a dizer e
pegou a caixa maior, colocando-a em meu colo. — Agora, algo que eu quero te
dar há muito tempo.

Eu movi meus olhos até observá-lo, depois mirei a caixa sobre minhas pernas
e suspirei alegremente, porque Jungkook é o melhor em escolher meus
presentes. Então sei que, o que quer que esteja dentro dessa caixa, eu vou
amar.

Curioso para descobrir o que ele tanto desejava me dar, então, eu observo
atentamente quando ele usa suas mãos para desfazer o embrulho e finalmente
abre a tampa do caixote de madeira, revelando o interior completamente
coberto por um pano branco que é cuidadosamente removido por seus dedos
longos. Quando as pontas do tecido macio são puxadas uma para cada canto,
então, é finalmente revelado.

Uma nova coleira. Não tão diferente da minha primeira, com tiras grossas e
resistentes de couro unidas a uma argola metálica central que prende também
um pingente com as iniciais de Jungkook.

Ele então deslizou seus dedos pelas próprias iniciais, enquanto me olha, e
explica:

— Quando você usar sua coleira, eu não quero que saibam somente que você
é submisso de alguém. Eu quero que olhem e vejam que você é meu, assim
como eu sou inteiramente seu, anjo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Agora, foi minha vez de tocar nas iniciais de meu dominador, e sinto um desejo
arrebatador de sustentá-las e exibi-las em meu pescoço para que todos saibam
que Park Jimin e Jeon Jungkook pertencem um ao outro.

Não em termos de possessividade, mas sim porque desejamos ser um do outro


e de ninguém mais.

— Coloca em mim, senhor? — Eu peço, sentindo meu coração disparar de


alegria pela antecipação

Jungkook sorri genuinamente com meu pedido e com minha reação, e eu


suspiro quando sinto o roçar de seus dedos em minha pele para tirar minha
coleira social antes de cobrir meu pescoço com a que carrega suas iniciais.

E enquanto eu me sinto um submisso inteiramente realizado, vejo que


Jungkook também se sente um dominador completo enquanto me vê, mais
uma vez, aceitá-lo, me entregar a ele e me sentir feliz por isso.

— Eu quero tanto te ver assim em frente a outras pessoas... — Jungkook


disse, então, tocando com carinho na nova coleira em mim.

— Então vamos sair. — Eu sugiro, sem me preocupar em exibi-la por aí, não
importa o que vão pensar.

— Vamos. — Ele cede, mas percebo que ele tem planos um tanto diferentes
quando pergunta: — O que acha de inaugurarmos a sala de exibicionismo na
Paradise lost?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Olá! Como vocês estão hoje? Preparados pra mais uma nota final
quilométrica?

Primeiramente: o smut deveria ter acontecido nesse capítulo, deveria, PORÉM


ele já tava bem grande e eu vi que não ia ter tempo de escrever com calma e
eu não queria escrever às pressas. de qualquer jeito, eu dei uma reorganizada
no planejamento e consegui encaixar no próximo capítulo sem precisar
aumentar o número de atts até o fim e enfim está resolvido o mistério: o lugar

especial"" é a sala de exibicionismo da paradise, citada pela primeira vez láá


no especial de 100k e retomada na primeira ida do Jimin à boate

(porém jeju não será esquecida. a ilha vai ter o que merece, também!)

ok, fora isso... no momento em que estou escrevendo isso, sub está com
3.96M de visualizações, e isso é muito surreal????? eu nunca de verdade
esperei que essa história chegasse a isso tudo, nunca imaginei que fosse atrair
tanto carinho e coisas boas também (sim, atrai umas dores de cabeça aqui e
acolá, mas nada que estrague a experiência), e eu gostaria de agradecer por
isso, pelo carinho, pelo apoio, por me ajudarem a sentir orgulho de algo que eu
mesma fiz, obrigada por fazerem essa experiência ser tão incrível pra mim e
espero que também esteja sendo boa pra vocês que chegaram aqui!! <333

e aliás, falando sobre isso, existem inúmeras fanfics aqui que merecem muito
mais reconhecimento do que têm e existe um perfil (@/fanfjikook, lá no twitter)
que tem o objetivo de divulgar essas obras que ainda não foram descobertas,
mas mereciam! então quem quiser encontrar novas e boas leituras, aconselho
que sigam lá (ah, vocês também podem recomendar histórias que acham que
merecem mais reconhecimento!)

por último, não nos vemos antes do natal e do reveillon reveinhom enfim, do
ano novo. então espero que esse finalzinho de ano seja maravilhoso pra cada
um de vocês, e que a chegada de 2019, apesar de tudo, traga esperanças e
coisas boas a todos nós!

então é isso. essa é a última att do ano! agora, faltam 3 capítulos e o epílogo.
nos vemos dia 06/01/19 <3

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48 • Paradise Here
Dedicado a favjikookie

Eu continuo olhando para Jungkook em silêncio enquanto avalio sua proposta


de irmos à Paradise Lost.

Honestamente, só existe uma resposta para isso.

— Eu quero! — É o que digo, excitado.

Não de um jeito sexual. Ainda

Os lábios bem desenhados de meu amor se esticaram num sorriso pequeno,


mas satisfeito, e ele me segurou pelo rosto antes de me dar um beijo na testa.

— Vou avisar a Min Yoongi. — Ele avisou, entre um beijo e outro, antes de
pegar seu celular.

— Vai mandar mensagem para o melhor amigo... — Eu provoco, arrastando-


me pelo sofá até ficar literalmente em cima de Jungkook, dividindo o espaço de
suas pernas com Chim.

— Da próxima vez que você disser que eu e Yoongi somos amigos, eu vou te
meter no pior castigo de sua vida - Ele avisou e tem um quê de brincadeira em
sua voz, mas eu aperto meus lábios num biquinho insatisfeito mesmo assim.

— Dom malvado... — Resmungo, repuxando as pontinhas de sua gravata.

— Bratzinho. — Retalia, movendo os olhos de seu celular para mim, com esse
ar provocador.

— Pegou pesado, Jun...

Ele acabou por deixar uma risada nasal escapar, depois gastou os segundos
seguintes enviando a mensagem para seu melhor inimigo, Dom Min Yoongi.

— Então... como é que funciona? — Eu pergunto quando o vejo bloquear a tela


do telefone outra vez.

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Jungkook ergueu a mão, aproximando-a de mim. Quando achei que ia ganhar
um carinho gostoso, o que ele fez foi acariciar Chim,.

Oh, poxa.

— Nós levamos nossas coisas e informamos todas as práticas que podem


acontecer durante a sessão, assim quem não se sentir confortável ou não tiver
interesse em alguma delas, não entra na sala para assistir. O resto, é o de
sempre, mas na frente de várias pessoas.

— Várias... quantas?

— Quantas quiserem assistir e couberem na sala, meu bem.

— Isso é muito safado...

A risada de Jungkook preencheu a sala, alta e gostosa, e machucou um


pouquinho quando ele me abraçou bem forte em mais uma de suas reações
naturais a quando me acha a coisinha mais adorável do mundo,

— Você quer mesmo? — Questionou, então.

Ele está me perguntando se eu quero fazer algo safado?

— Mas é claro que sim. — Respondo em tom de obviedade.

Com mais um beijo no pescoço, Jungkook cuidadosamente tirou Chim de seu


colo, coisa que acho um crime imperdoável, e me colocou de pé antes de
levantar também.

— Então vamos arrumar nossas coisas — Ele disse, entrelaçando sua mão à
minha antes de me puxar em direção ao nosso quarto. Depois de me colocar
sentado na cama, ele caminhou até o armário, e me olhou por cima do ombro:
— Das coisas que já fizemos, tem algo que não queira fazer hoje?

— Breath play. — Respondi de prontidão.

— Breath play não é mais uma opção, anjo. — Ele me garantiu, o que me fez
apertar meus ombros.

— Então não tem mais nada que eu não queira.


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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Certo. Ele me mostrou um sorriso pequeno, e então abriu o compartimento
que separamos para guardar nossos brinquedos, que vão pouco a pouco se
tornando mais numerosos.

Agora, eu tenho novas algemas de couro, um novo harness, chicotes, ball


gags, vendas e cordas vermelhas e de juta além da preta, e prendedores para
mamilos que ainda não tivemos a chance de inaugurar.

Diante de tudo isso, ele pega uma maleta e calmamente começa a guardar
vários de nossos brinquedos, sem me deixar ver quais estão sendo
selecionados, utilizando-se da minha garantia de que estou confortável com
qualquer um deles para criar algum mistério.

Quando ele fecha a maleta, Jungkook a deixa de lado e volta a caminhar em


minha direção, então me puxa pela mão cuidadosamente para me fazer ficar
de pé outra vez.

— Ainda é cedo, — Ele diz, então, puxando-me em direção ao nosso banheiro.

— mas vamos aproveitar seu aniversário do jeito certo.

— É? — Pergunto, empolgado, e sou abraçado por trás, de frente para o


espelho de nossa suíte, antes de receber um beijo no topo da cabeça.

— Sim. Vamos ao cinema, depois faremos compras. À noite, jantamos no


McDonald's e depois vamos à Paradise, então eu vou mostrar a cada um
presente o quanto te fodo bem.

Diante de meu reflexo, eu vi meu sorriso crescer gradualmente antes de virar


meu rosto para olhar diretamente para Jungkook.

— Parece que esse aniversário vai ser melhor que o que passamos em Jeju...

— Você acha? — Ele perguntou sinceramente. — Melhor que só nós dois na


praia, longe de todas as nossas preocupações? Dormindo juntos com o cheiro
do mar em nosso quarto, onde comemos aquele hambúrguer de camarão
pavoroso que você ama e onde eu te fodi e fiz amor com você depois de você
me aceitar como seu dominador?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu apertei meus lábios e rolei meus olhos num gesto pensativo, quase
convencido, antes de revelar num muxoxo:

— Agora eu tô com mais saudade dessa viagem que antes...

Na verdade, não é só da viagem que sinto saudade. Essas lembranças me


fazem também sentir uma nostalgia gostosa ao pensar no tempo em que
passarmos dois dias inteiros juntos era uma de nossas maiores vitórias.

Mesmo que tenha sido um tempo difícil, cheio de saudade provocada pela
distância e pela falta de tempo, eu sempre vou ter muito carinho por essa
época, porque ela foi fundamental para nos moldar até sermos o que somos
hoje, individualmente e como parceiros, amigos, dominador e submisso.

Honestamente, o que nos moldou como a família que somos. A família que eu
não trocaria por nada nesse mundo.

— Eu prometi que vamos voltar lá, e eu não quebro minhas promessas. Logo
vamos matar a saudade de nossa ilha favorita — Ele garantiu, o que me faz
sorrir e abraçá-lo pelo pescoço para ficar na ponta do pé e beijar sua boca com
um selinho demorado.

— Eu vou ficar esperando. Eu amo Jeju tanto, tanto, só não mais do que amo
você, Jun.

— Você sabe quão reciproco isso é, anjo...

Eu mordisquei meu lábio para tentar conter a risada, mas falhei. Então disse:

— Você anda conversando demais com o Yukwon... tá até começando a falar


como ele...

Jungkook deixou um riso dar as caras, e foi minha vez de rir ainda mais quando
ele ponderou:

— Falando nele, é melhor que ele nunca saiba que vamos ter plateia hoje e
não o convidamos.

— Definitivamente. Você já conhece bem aquele doido, né?

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Ele me deu uma resposta um tanto desleixada, para logo em seguida correr
suas mãos por minha barriga, por baixo da blusa, até apertar meus culotinhos
que, hoje, não me incomodam tanto quanto antes, nem mesmo quando ficam
marcados por minhas calças apertadas.

Voltando a fazer minhas costas pressionarem seu peitoral e meus olhos


mirarem nosso reflexo no espelho, Jungkook me olhou de volta através de
nossa imagem projetada, e sorriu quando seus dedos se enterraram em
minhas gordurinhas com um pouco mais de força.

— Isso aqui... — Ele disse, então, agora correndo as palmas por outras partes
de meu corpo. - Você não sabe como agradeço todos os dias por ser meu.

Eu neguei, porque na verdade acho que sei sim. Eu também agradeço todos os
dias por Jungkook ser meu.

Com um último beijo demorado na parte de trás de minha cabeça, ele


finalmente voltou a me afastar e me colocou de frente para seu corpo, então
começando a cuidadosamente tirar minha roupa. Eu levantei os braços para
que a blusa fosse tirada, depois movi minhas pernas para ajudar a retirar a
calça. Já completamente nu, foi minha vez de ajudar a despir Jungkook,
afrouxando sua gravata, primeiro, antes de desabotoar sua blusa e calça, até
deixá-lo com o corpo completamente exposto também.

Assim, nós entramos na área do banho e nos lavamos juntos, sem qualquer
intenção sexual, até sairmos enrolados em nossas toalhas e pararmos diante
de nosso armário, onde Jungkook logo se ocupou primeiramente de escolher
minha roupa.

Paciente e obediente como as vezes sou, eu esperei sem dar nenhum pitaco
sequer até que ele separou a combinação escolhida.

— Eu amo como essa calça fica em você — Jungkook confessou enquanto me


ajuda a vestir uma preta, justa, com detalhes de couro na região das coxas e
joelhos.

Eu sorri satisfeito, mantendo minhas mãos apoiadas em seus ombros para não
perder o equilíbrio.
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Depois, então, ele ficou de pé e me vestiu com uma regata preta e tão justa
quanto a calça. Por cima, ele ajudou meu harness favorito, e por último os
cobriu com um suéter com umas mangas longas que quase engolem minhas
mãos.

— Vamos te manter disfarçado assim até chegarmos à paradise - Ele avisou,


colocando minha coleira social ao invés de minha nova coleira com suas
iniciais.

— Eu quero usar a nova... — Pedi, manhoso.

— Não em ambientes comuns, meu bem. Vamos evitar o desgaste. — Ele


disse, decidido porém suave antes de me segurar pelo queixo e me dar um
selinho.

Resignado, eu apenas me contentei em não exibir as iniciais de Jungkook para


o mundo e observei enquanto ele começou a vestir sua própria roupa.

Ao ver que ele escolheu a calça de couro que quase nunca usa, meu coração
já deu uma palpitada. Quando além disso ele vestiu uma jaqueta de couro
pesada sobre a camisa preta de botões, eu quase parei de respirar, e minha
situação só se agravou ao vê-lo calçar as botas de combate.

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— Você todo de couro assim fica meio intimidante... — Eu disse,
impressionado, calçando meus próprios sapatos de couro. E é verdade.
Intimida um pouco, me passa ainda mais autoridade que suas roupas sociais
sérias, e existe apenas uma reação natural à figura de meu Jungkook tão
dominante até em suas vestes: — Eu já tô com tesão...

Em resposta, ele curvou o canto dos lábios num sorriso meio convencido e
Jeon Jungkook convencido é minha perdição.

No entanto, eu sei que minha empolgação vai precisar aguentar até mais tarde,
então eu procuro Chim para me despedir dele, mas encontro-o dormindo em
uma das cadeiras de jantar e desisto, porque ele fica ainda mais mal humorado
que eu quando é arrancado do sono.

Por isso, dessa vez nos saímos sem dar a ele o beijinho de despedida de
sempre, e eu anuncio seriamente assim que fechamos a porta de casa:

— Quando a gente voltar, vai ter que dar dois beijinhos cada ou ele vai achar
que a gente tá bravo.

— Não duvido. Eu amo nosso filho, mas ele é esquisito e cismado demais.

— Não fala assim do pobrezinho... — Me lamento, seguindo-o até o carro


enquanto ele carrega a bolsa com nossas coisas.

— Você sabe que é verdade. — Ele disse, guardando as coisas na mala.


Quando a fechou, me olhou dali de trás e sorriu. — Mas o importante é ter
saúde.

Eu não queria, mas acabei rindo.

Chim que me perdoe, mas o coitadinho é esquisito mesmo. O que não importa
muito, porque nós realmente o amamos desse jeitinho meio doido e
inconstante, sem saber quando vamos receber um afaguinho gostoso ou um
arranhão feroz.

É sempre uma grande surpresa.

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Sentados no carro, então, nós entramos em consenso que nosso filhinho não é
lá o gato mais fácil de entender, mas nosso debate sobre a inconstância felina
é interrompido quando, no meio do caminho, eu recebo uma mensagem de
meu mais novo amigo, com quem converso quase todos os dias.

Eu sorri empolgado, e Jungkook me olhou pelo canto dos olhos enquanto dirige
em direção ao cinema que mais gostamos.

— Mensagem de Yukwon? — Ele chutou.

— Do Tae. — Respondo, ainda sorridente. — Amanhã ele vai passar o dia


comigo lá em casa, tá bom? Você se incomoda?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Claro que não, meu bem. — Ele me mostrou um sorriso pequeno, mas
sincero. — Nós passamos em algum lugar no caminho para comprar alguns
lanches para vocês.

Eu acho que mostrei meus dentes todinhos quando meu sorriso aumentou e
assenti, feliz da vida.

— Você sabe como agradar a gente — Comento, então aperto meus olhos
num gesto meio consternado, mas é de brincadeira. — Deve ser porque já
namorou os dois...

Surpreso, Jungkook me olhou pelo canto dos olhos, mas acabou por rir.

— Você está fazendo piada sobre ser amigo de meu ex, anjo? — Questionou,
verdadeiramente curioso.

— A plenitude chega pra todo mundo — Respondo, até meio convencido.

— Parece que sim. Uma pena. Parece que não temos mais um motivo para
você me desafiar, desrespeitar enquanto dominador e me morder —
Comentou, lembrando do trágico acontecido de meses atrás. Então sem
motivos para te dar uma punição de verdade, não os tapas e chicotadas que te
deixam duro.

— Jun, punição psicológica é tão frustrante pra mim quanto pra você... —
Aponto, só para mostrar que sei que ele não está falando sério.

E, para ser sincero, eu não falo isso apenas porque o conheço bem.

Desde que conversamos sobre age play pela primeira vez, eu me dediquei a
me aprofundar nos detalhes que não poderiam ser abordados numa única
conversa, e no meio de todas as informações que vez ou outra se embaralham
em minha mente e tornam a compreensão sobre tudo isso um tanto mais
complexa, eu absorvi bem o relato de um daddy dom, onde ele explanou que
personalidades dominantes que se identificam com esse papel, como
Jungkook, costumam ser muito mais pacientes que outros dominadores. Além
de existir, dependendo do relacionamento, obviamente, uma tolerância maior

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
aos erros e deslizes do submisso, quase como acontece numa situação onde
se educa uma criança.

Por isso, eu sei que salvo raras ocasiões onde meu comportamento rebelde e
impulsivo pede por uma disciplina mais rígida (coisa que acaba por gerar um
pouco de frustração em ambas as partes, mas que sempre é acompanhada, no
fim em que se obtém resultado, de uma satisfação emocional tão intensa
quanto as punições físicas provocam em meu corpo guiado por um
temperamento quase brat), todos aqueles castigos que envolvem tapas,
palavras de baixo calão e todas essas coisas que fazem meu sangue ferver de
desejo, são puramente por busca de prazer direta, não para efetivamente
disciplinar a longo prazo.

E quando avalio assim, eu percebo quanta sorte tive de encontrar um


dominador cuja personalidade encaixa tão bem com a minha de bratty sub
temperamental tão viciado em carinho quanto em umas boas cintadas na
bunda enquanto sou chamado de manipuladorzinho do caralho.

De qualquer forma, hoje não é dia de punição de qualquer natureza. É dia de


comemorar meu aniversário e a libertação de Jungkook.

Por isso, nós vamos ao cinema, mas o filme estava tão ruim e a sala tão vazia
que acabamos passando metade da sessão jogando um joguinho idiota em
meu celular.

Depois, fomos ao McDonald's e eu comprei meu hambúrguer de camarão e


minha sagrada tortinha de maçã, que até hoje Jungkook abomina.

— Chega de refrigerante, meu bem — Ele disse quando, depois de comer, eu


quis ir comprar mais um copinho.

— Só um pequeno, Jun...

— Chega de refrigerante. — Repetiu, agora com a entonação mais resistente.


— Faz mal para seu estômago e você sabe disso.

Eu apertei meus lábios num gesto inconformado, mas recebi um beijinho para
amenizar minha chateação.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Mesmo assim, resmunguei:

— Também, eu não posso fazer nada. Nada!

Jungkook arqueou as sobrancelhas, com o corpo levemente curvado para o


lado, o cotovelo apoiado sobre a mesa e a lateral de sua cabeça deitada em
seu punho fechado.

— Desculpe, anjo, mas acho que ouvi você reclamar como se não fosse
mimado o bastante.

Eu me afastei um pouco e encolhi meus ombros antes de desviar meus olhos e


roubar uma das batatas fritas que ele não comeu, sem encará-lo de volta
enquanto mastigo, mesmo que ele continue me olhando silenciosamente

Por fim, ele riu quase em provocação e cuidadosamente arrastou sua cadeira
no chão para ficar em pé.

— Vamos logo. — Chamou, então. — Antes que você pareça ainda mais mal
agradecido.

Eu continuei calado, mas timidamente peguei as batatas que sobraram antes


de segui-lo, porque não pode desperdiçar comida.

Então eu fui comendo-as silenciosamente até o carro, onde sentei em meu


lugar. No entanto, antes de fazer o mesmo, Jungkook foi até a mala, onde
pegou algo na mala com nossas coisas. Quando ele deu a volta e parou do
lado do carona, ao meu lado, eu vi que é minha coleira nova e a guia com a
corrente metálica e o pegador de couro.

— Tire sua coleira social, meu bem — Ele ordenou, suave, e eu limpei o sal
das batatas em meu suéter, o que foi meio nojento, antes de retirar minha
gargantilha.

Em seguida, Jungkook cuidadosamente a substituiu pela coleira com suas


iniciais, mas não acoplou a guia. Continuou segurando-a, quando com a outra
mão me segurou pelo queixo, me olhando com um ar pensativo.

— Sabe o que você é? então. — Ele questionou, então.

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Sem nem pensar, eu respondi num muxoxo:

— Um mimadinho do caralho...

Em resposta, Jungkook explodiu numa gargalhada sincera, e eu entendi sua


reação quando ele me corrigiu:

— Eu ia dizer que você é o submisso mais lindo que existe. — Confessou. —


Mas, sim, também é um mimadinho do caralho. Fico feliz que saiba.

Um pouco lento, eu demorei até rir do que ele disse, e ele também continuou
sorrindo quando aproximou seu rosto para me dar um selinho. Depois, eu o vi
fechar minha porta para caminhar até o banco do motorista, onde se acomodou
pacientemente e finalmente ligou o carro em direção ao nosso último destino
da noite.

Paradise lost, estamos voltando!

E quando chegamos e passamos pela boate principal antes de passarmos pela


passagem restrita, Jungkook me posicionou em sua frente e encaixou o gancho
da guia na argola de minha coleira, fixando-a bem antes de exibir um sorriso

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mínimo, mas satisfeito, e encaixar o puxador em seu pulso, com as mãos nos
bolsos de sua calça quando voltou a caminhar, puxando-me suavemente.

Seguindo-o sem resistência, nós chegamos à ante sala onde mostramos


nossas identidades para liberar nosso acesso à Paradise Lost. Mas antes que
a passagem seja liberada, uma voz nos alcança.

— Olha só quem resolveu se aproveitar do meu presente...

Ambos conscientes sobre a quem pertence a voz e o tom sempre ácido, eu e


Jungkook viramos, e meu dom é o primeiro a cumprimentá-lo com uma
indisposição que nem o ofende.

— Boa noite, Min Yoongi.

— Boa noite, Jungkook. Boa noite, Jimin. Já reconsiderou minha proposta de


trocar de dominador? — Perguntou, recostando-se na mesa da segurança
enquanto cruza os braços.

— Por deus, eu não acredito que você vai mesmo resistir a mim por conta de
um cara que sequer consegue falar meu nome sem o sobrenome junto.

— Pois acredite. — Resmungo, o que o faz rir.

— Certo. Estou em processo de aceitação. — Ele avisou, sempre com o sorriso


sustentado. — Até lá, sigo fazendo minhas boas ações. Já reservei uma sala
para vocês. Ela foi desocupada agora e estão fazendo a limpeza, mas vocês
são os próximos. Acredito que você já saiba como funciona, Jungkook.

— Sim. — Ele respondeu, arrumando a alça da bolsa em seu ombro. —


Conseguiu resolver a confusão com o cliente que quase te faz perder o braço?

— Finalmente. — Yoongi responde, casualmente. — Obrigado por indicar o


advogado. Ele foi bem competente e me conseguiu uma indenização generosa.

— Eu disse que era o melhor da área. — Jungkook se gabou, enquanto eu


alterno meus olhares entre um e outro.

Abismado, eu resmungo:

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— E vocês ainda têm a cara de pau de dizer que não são amigos...

— Fale por esse velho rabugento de oitenta e sete anos que você chama de
dominador. Eu mesmo já saio dizendo aos quatro ventos como tenho bom
coração por ser amigo de um porre como ele.

Apesar de suas alfinetadas contra Jungkook sempre me despertarem um modo


de submisso protetor, dessa vez eu acabo rindo baixinho.

— Eu honestamente não te suporto — Jungkook disse para o outro dominador,


mas está na cara que é mentira.

Deus, ainda bem que ele não foi tão chato e resistente assim para se envolver
comigo.

— Você sabe que te comer o juízo é minha função nessa vida. — Yoongi disse,
mas apontou na direção de onde veio. - Infelizmente ainda preciso trabalhar,
então se me dão licença...

— Vá com deus. — Jungkook disse, então eu ri ainda mais.

Que bonitinho ver meu Jun todo metido a bravo assim. Quem vê, nem imagina
que é o dominador mais carinhoso do mundo inteiro.

— Nos vemos em breve — Yoongi avisou, sem se ofender. — Não vou perder
a sessão de vocês por nada.

Comprovando que não odeia Min Yoongi de verdade e que também é safado,
Jungkook umedeceu o lábio antes de sorrir e gesticular para mim com a
cabeça.

— Vamos.

Com um sorriso empolgado, eu prontamente acato sua ordem e o sigo quando


a porta metálica é aberta, permitindo que a música alta com a batida agressiva
e repetitiva alcance nossos ouvidos.

E mais uma vez, depois de tanto tempo, eu novamente me deparo com o


ambiente que parece tão hostil quando acolhedor.

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Sem dizer nada, eu continuo olhando distraidamente ao redor enquanto sou
guiado por Jungkook até a chapelaria, onde deixamos meu suéter branco. Em
seguida, ele me posicionou em sua frente, me observando sob os flashes de
luz de cores fortes e quentes enquanto acaricia meu rosto.

— Só uma última vez, — Ele se aproxima para dizer em meu ouvido. — você
quer mesmo fazer isso?

Eu esperei ele voltar a afastar seu rosto para me ver balançar a cabeça numa
concordância confiante, silenciosa. Convencido, ele piscou suavemente e me
acariciou uma última vez antes de voltar a caminhar, me guiando entre todas
as pessoas em direção a uma segunda passagem que leva aos quartos
privados e às salas de exibicionismo.

Quando paramos ao lado de uma das entradas, ele observou uma pequena
tela eletrônica ao lado da porta de vidro, e gesticulou para que eu me aproxime.

— Veja aqui — Ele diz, então, mostrando a pequena lista exibida no visor. —
Essa é nossa lista, tudo que as pessoas podem encontrar ao entrarem na sala
quando estivermos em cena, e ela vai ficar aqui, exibida até o final.

— As pessoas podem entrar a qualquer momento? — Eu pergunto, curioso, um


pouco nervoso também, mas é um nervosismo bom.

— Desde que se sintam confortáveis com os itens dispostos, sim. — Ele


explicou, massageando minha nuca quase num gesto instintivo. - Nós não nos
interessamos por práticas muito extremas, o que pode tanto atrair um público
maior, ou repelir. Muitos podem achar que o que fazemos não tem emoção o
suficiente para despertar o interesse deles.

— A gente com certeza teria público recorde se colocassem uma foto sua aí
nessa telinha mixuruca — Eu digo, brincalhão. Mas é meio sério também.

Quem em sã consciência, depois de ver uma foto de Jungkook, perderia a


oportunidade de vê-lo, hm, em ação?

— Se esse fosse o caso, seria melhor colocar uma foto sua — Ele ponderou,
recostando-se à parede.

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Eu cruzei meus braços, negando.

— A gente tá prestes a transar na frente de um monte de desconhecido, não


acredito que vamos também discutir de novo sobre quem é o mais bonito. Até
porque é você.

Jungkook riu e enrolou a mão na guia da coleira para me puxar, até fazer meu
corpo chocar contra o seu. Então ele me abraçou apertadinho e me deu um
beijo na cabeça.

— Na verdade, você sabe que nunca chegamos a um consenso.

Manhoso, eu me remexi até conseguir abraçá-lo de volta, e deixei minha


cabeça deitada em seu peito mesmo quando a curiosidade bateu e eu
perguntei, enquanto sinto o cheiro gostoso no seu pescoço.

— Certo, mas... agora fiquei curioso. A gente vai mesmo poder transar? Ou
não pode?

— Pode, meu bem. Desde que seja listado também.

Eu me afastei um pouco, olhando-o com um pouco de receio:

— Você listou isso... né?

— Você não gosta de quando praticamos sem sexo?- Devolveu a pergunta.

— Não, eu gosto. Gosto muito mesmo — Confesso sinceramente. Sexo


quando estamos em uma sessão onde meu corpo é dominado é um bônus,
não pré-requisito. — Mas é que na frente de outras pessoas me dá muito mais
tesão imaginar você me fodendo também...

Jungkook sorriu e deslizou uma de suas mãos por minhas costas até pousá-la
inocentemente em minha bunda, ainda me abraçando. As vezes ele faz isso,
toca em minha nádega quando estamos abraçados, mas sem qualquer nuance
sexual. É como se ele só estivesse descansando a mão mesmo, e eu gosto.

No entanto, não tivemos muito tempo para aproveitar a posição, porque logo a
porta da sala foi aberta e um homem com o uniforme dos seguranças (que é
meio bizarro, aliás) nos olhou curiosamente, até perguntar:
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— Vocês são os próximos?

Sem pressa, Jungkook assentiu, afastando meu corpo com cuidado para poder
desencostar da parede.

— Identidades, por favor — O homem pediu, então Jungkook entregou nossos


documentos, que foram conferidos de acordo com uma lista disponível nas
mãos do segurança, então ele meio que tentou sorrir e afastou o corpo da
porta. — Tenham uma boa sessão. Eu estarei aqui para evitar problemas.

Eu olhei para Jungkook pelo canto dos olhos, porque o jeito como ele falou
pareceu quase uma ameaça. No entanto, Jun não se incomodou e gesticulou
tranquilamente antes de me puxar para dentro.

Agora, eu vejo de perto como é o lugar. A sala ampla, de paredes escuras de


pedra, tem lugares para sentar, mas também espaço de sobra para pessoas
ficarem de pé, a iluminação é menos caótica que a do lado de fora, assim como
a música é mais baixa, e, no extremo da sala, existe um palco coberto por uma
cortina.

Dali do fundo, um homem caminha calmamente em direção a porta carregando


alguns materiais que devem ter sido utilizados na limpeza e, mal ele passou
por nós dois, Jungkook curvou seu corpo brevemente.

— Obrigado. — Ele disse.

— Obrigado, moço. — Eu sigo seu exemplo, também curvando meu corpo.

— Aproveitem — O homem disse depois de responder nosso cumprimento


com um movimento respeitoso.

Então ele saiu da sala e ficamos apenas eu, Jungkook e o segurança


assustador, que saiu de nosso campo de visão quando Jungkook me guiou
pela pequena escada lateral do palco e nós passamos para trás das cortinas
ainda fechadas.

— Isso é tão estranho, parece que a gente vai apresentar uma peça... — Eu
comento, olhando curiosamente ao redor.

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Aqui, a luz é mais forte que no restante da sala, as paredes são vermelhas e
tem um punhado de coisas espalhadas pelo palco. Um divã de couro na lateral,
ganchos na parede, uma enorme cruz em X e algemas de madeira, para as
mãos e cabeça, na extremidade oposta.

Ainda meio impressionado, eu vi quando Jungkook caminhou até o divã e


sentou elegantemente, com a bolsa sendo apoiada ao seu lado.

— Venha. — Ele me chamou.

Obediente, eu me aproximei a tempo de vê-lo abrindo o zíper da mala. Em


seguida, ele retirou dali nossos dois chicotes, um liso, com uma única tira de
couro, e o outro com várias linguetas.

— Pendure na parede — Ele instruiu e eu rapidamente obedeci, levando-os até


os ganchos, que ficam ao lado da cruz.

Depois, Jungkook bateu no espaço livre ao seu lado, chamando-me para


sentar, Quando o fiz, ele me segurou pelas pernas até colocar meus pés sobre
sua coxa, e então cuidadosamente tirou meus sapatos e meias, colocando-os
debaixo do divã.

Eu continuei meio calado, com a tensão da ansiedade se intensificando a cada


segundo, e Jungkook me segurou cuidadosamente pela nuca até me puxar
para um beijo que, de tão cuidadoso, fez meu corpo inteirinho relaxar.

Eu sorri ainda sentindo sua boca na minha, mas não me atrevi a parar de beijá-
lo, e carinhosamente toquei em seu maxilar com as pontas dos dedos.

Eu amo tanto o maxilar de Jungkook. Eu amo tanto tudo nele.

— Eu amo você, Jun — Quase naturalmente, a confissão me escapou assim


que surgiu a primeira oportunidade entre o beijo. E ele sorriu, esse sorriso lindo
que mostra que ele sabe que é verdade.

Antes que eu escute um sincero "amo você" de volta, no entanto, nós dois nos
atentamos ao barulho crescente além da cortina, e ele move rapidamente os
olhos na direção do tecido avermelhado antes de olhar para mim.

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Então, anunciou:

— Está na hora.

Eu fiz que sim, nervosamente, e a última coisa que Jungkook fez antes de
levantar foi tirar a guia de minha coleira. Em seguida, ele ficou de pé e
estendeu a mão para mim, me ajudando a levantar também quando apoiei
minha palma sobre a sua.

— Finalmente vou poder mostrar ao mundo o submisso incrível que tenho —


Ele disse, sorridente, e vê-lo tão feliz assim só me deixa ainda mais alegre,
como se eu já não estivesse o bastante.

Fofinhos até mesmo instantes antes de foder em público.

Eu amo ser o Jimin do Jungkook.

Então, ele abriu a cortina.

O segurança assustador agora está ao lado do palco, e ele ajuda a prender o


tecido nas laterais enquanto eu me ocupo de fazer absolutamente nada,
parado no mesmo lugar, com os olhos varrendo cada rosto agora presente na
sala.

Não está cheio.

Quer dizer, é sem dúvidas uma plateia maior que qualquer uma que já tivemos
até então, mas nem todas as poltronas estão ocupadas e as poucas pessoas
que estão em pé parecem fazê-lo para saírem a qualquer minuto.

Isso me toca um pouco o orgulho e eu quase me sinto ofendido, então viro meu
rosto para observar Jungkook, que não parece compartilhar de minha
sensação.

— Jun... — Eu o chamo baixinho, com medo de que essas pessoas na plateia


escutem mesmo que a música da boate abafe os sons aqui.

— Tudo bem? — Ele pergunta ao parar na minha frente, segurando minha mão
suavemente. Apesar de já estarmos expostos, ele não começou a encenar,
talvez por perceber meu desconforto.
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— Ele não gostaram da gente? — Eu pergunto, verdadeiramente curioso sobre
isso.

Jungkook olhou para nossos espectadores e riu fracamente, como se minha


duvida fosse inocente.

— Nós temos quatorze pessoas prestes a nos assistir e você está achando
pouco, meu bem?

— Não é isso...

— O público varia ao longo da sessão, anjo. A sala nunca está cheia no


começo — Ele avisou, paciente. — E possível que algumas dessas pessoas
saiam e outras entrem. Não se preocupe com isso.

Eu apertei meus lábios antes de assentir, não completamente satisfeito. Eu


queria a sala cheia, com todos prestando atenção em mim e em Jungkook.

— Nós já vamos começar. Antes, avise ao segurança qual sua safeword. — Foi
sua ordem seguinte, seguida de um beijo na testa. — Ele vai interferir de muito
bom grado caso eu não a respeite.

— Bom grado é pouco. Ele parece doidinho pra você cometer um deslize e ele
ter um motivo pra te quebrar inteiro — Eu disse em mais um murmúrio, o que
fez Jungkook rir.

— É o trabalho dele, meu bem. — Explicou, ainda sem se sentir ofendido pela
postura do homem. — Ele está aqui para garantir sua segurança.

Se Jungkook não se ofende, acho que não tenho muito o que reclamar, então
caminho com os pés nus até a extremidade do palco, onde paro no segundo
degrau e gesticulo para que o segurança se aproxime. Quando ele está perto o
suficiente, eu me inclino e faço uma concha com as mãos ao redor da boca. 83

— Minha safeword é coelho — Eu digo baixinho.

Ele assentiu brevemente e eu percebo que sua postura comigo é menos rígida
que a que foi oferecida ao meu dominador, então eu curvo meu corpo em

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agradecimento antes de me apressar de volta para onde meu Jungkook está,
retirando mais coisas de nossa bolsa.

— Me fodi... — Eu constato em voz baixa ao descobrir que ele trouxe meu anel
peniano.

Privação de orgasmo em público. Oba.

Agora que percebo que toda essa gente vai me ouvir implorando para gozar,
não parece mais tão pouca plateia.

Mas tudo bem. Não é como se a ideia de chorar enquanto imploro para poder
ejacular me causasse incômodo. Aliás...

— Venha.

Ao ouvir o chamado, eu imediatamente movi meu rosto na direção de Jungkook


e o vi parado ao lado da enorme cruz, e meu coração já deu uma guinada
quando o vi desafivelando o cinto.

Meu deus, já?

Sem reclamar, no entanto, eu rapidamente fui até ele. Ao invés de ficar com o
cinto em mãos, ele o pendurou num dos ganchos, ao lado dos chicotes. Ao
começar a tirar sua jaqueta de couro, ele me olhou pelo canto dos olhos e
ordenou, sem precisar aumentar o tom de voz:

— Tire sua calça.

Meus olhos rapidamente foram até a plateia, onde eu avaliei cada mínima
reação quando eu levo as mãos ao cós de minha calça e começo a desabotoa-
la. Diferente das outras vezes em que tivemos espectadores, agora nenhum
deles parece prestes a desmaiar pelo nervosismo, a não ser por um rapaz que
está de pé ao lado de uma mulher que, pela postura, é dominadora, talvez a
domme dele. E, pela expressão, o garoto é inexperiente.

Deve ser a primeira vez dele assistindo uma sessão, assim como é minha
primeira vez fazendo uma sessão nessas circunstâncias.

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Por isso, eu o escolho como meu ponto de segurança no meio da plateia e
deslizo o tecido grosso de minha calça por minhas coxas avantajadas até tirá-la
completamente Timidamente, eu a peguei no chão e dobrei cuidadosamente
antes de colocá-la sobre o divã.

Quando voltei a me virar, vi Jungkook dobrando as mangas compridas de sua


blusa preta de botões, arregaçando-as até seus cotovelos, enquanto ele
gesticula com a cabeça para que eu me posicione em frente à cruz.

Em seguida ele se aproximou, colocando as mãos em minha cintura para


deixar meu corpo na posição perfeita. Assim, ele subiu a palma por meu peito,
até encaixar dois de seus dedos em gancho na argola de minha coleira,
puxando-me suavemente. Sentindo sua outra mão em meu rosto, eu acreditei
que seria beijado e inconsequentemente avancei com minha boca na direção
da sua. Em resposta, Jungkook esquivou e me beijou no canto dos lábios, em
provocação. Ainda com a boca exatamente aqui, ele avisou:

— Você não vai querer se comportar mal , anjo. Acredite em mim.

Eu mordisquei meu lábio e assenti uma única vez, num movimento cerceado
por todo o nervosismo que corre em mim.

— Está na hora de começar a verbalizar suas respostas — Esse é o segundo


aviso que me e dado.

Diante dos olhos de Jungkook, que claramente espera minha correção de


atitude, eu digo:

— Sim, senhor.

Um sorriso satisfeito, mas quase imperceptível foi desenhado em sua boca


bonita, e nenhum outro beijo me foi dado quando ele apontou com o queixo
para cima.

— Posicione suas mãos na altura das algemas.

Eu olhei para cima, onde algemas de couro estão presas às extremidades de


madeira da cruz, e fiz o que me foi ordenado, encaixando meus pulsos dentro
das faixas grossas e resistentes.
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Sem nenhuma reação intensa a isso, Jungkook ajeitou as mangas da blusa
mais uma vez, firmando-as na altura dos cotovelos, e ergueu seus olhos até
minhas mãos suspensas no ar.

Minha respiração está pesada e eu estou ansioso pelo que virá a seguir, mas
eu percebo a naturalidade de Jungkook quando noto seus lábios se movendo
tranquilamente enquanto ele canta uma das músicas que, muito tempo atrás,
apresentei para ele.

Ele está prestes a me algemar, açoitar, fazer implorar por um orgasmo... e está
cantando uma música do Justin Bieber

Isso é estranhamente excitante, mas não deixa de ter sua graça. Então, eu rio.

Eu não deveria rir.

Imediatamente, Jungkook interrompeu sua cantoria discreta e seu olhar se


tornou gradualmente mais severo quando ele inclinou a cabeça para o lado,
então deslizou a língua pelo lábio num gesto traiçoeiro.

— Algum problema, Jimin?

Eu neguei imediatamente, com a cabeça, mas sem esquecer de cumprir minha


ordem:

— Não, senhor. Desculpa.

Jungkook umedeceu os lábios mais uma vez e a forma como ele balança a
cabeça num gesto negativo de desaprovação é uma punição muito mais efetiva
que quando eu sou castigado com tapas ou chicotadas.

— Você não sabe se comportar em público, não é?

Ele se lamentou num tom de voz tão baixo que eu murchei todinho, porque
especialmente hoje eu quero ser um bom menino.

Mas sem tempo para lamentações, eu logo senti Jungkook se aproximar para,
num gesto firme, porém não brusco, puxar meu pulso para encaixá-lo
apropriadamente na algema. Em seguida, ele a fechou ao redor de minha pele
e fez o mesmo com o pulso livre.
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Com os braços quase imobilizados, eu vi Jungkook seguir o caminho de suas
mãos até minha cueca, por baixo da blusa, e retirá-la de mim sem pressa.
Quando a peça chegou aos meus joelhos, ele escondeu as mãos nos bolsos
de sua calça e ergueu a perna dobrada, usando seu pé para empurrar minha
boxer por todo o caminho até o chão, quando eu mesmo usei meus pés para
tirá-la completamente e chutá-la para o lado.

Agora meu corpo está coberto somente por minha camiseta, que cobre
parcialmente meu membro ainda flácido, e meu harness. 280

E, claro, pela coleira que carrega orgulhosamente as iniciais do meu dominador

Diante disso, Jungkook recuou com um passo, as mãos ainda nos bolsos, e me
olhou de cima a baixo, demorando-se um pouco mais quando seus olhos
encontraram a coleira.

— Vamos fazer assim: - Ele ponderou quando seus olhos alcançaram os meus.
— Eu vou deixar seus pés livres. — Então, ele esticou sua própria perna e
bateu o coturno contra as algemas inferiores, que não estão sendo utilizadas.
— Como agradecimento, você vai mantê-los apoiados no chão até que eu diga
o contrário. Pode se contorcer, pode gritar... aliás, nossa plateia espera isso.
Mas não tire seus pés do chão — Finalizou, dizendo cada última palavra
pausadamente como numa ameaça deliciosa.

A antecipação quase me tirou a voz, que falhou quando, como um bom


menino, eu respondi:

— Sim, senhor.

Jungkook sorriu e, curiosamente, meus olhos vagaram até as pessoas à frente


quando ele se afastou. Sem dificuldade, eu novamente encontrei o submisso
inexperiente, que parece nervoso a despeito da domme ao seu lado.

Agora, ela lhe acaricia a parte interna da coxa, talvez para tranquilizá-lo? Se
fosse Jungkook, eu afirmaria com certeza que esse é o intuito, mas não posso
dizer o mesmo de uma dominadora que sequer conheço, que talvez seja muito
mais sádica que o dom a quem me entreguei.

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De qualquer forma, o rapaz não parece repelir o toque e o aceita de bom
grado, e algo na cena me faz sorrir. Talvez o equilíbrio da dinâmica entre
personalidades tão opostas, talvez outra coisa que não consigo identificar. Mas
eu sorrio sinceramente e o outro submisso, ao perceber, abaixa brevemente o
rosto, mas não o suficiente para esconder seu próprio sorriso.

Ao perceber, a dominadora olhou de relance para o homem ao seu lado e eu


percebi quando ela apertou-lhe a coxa, enfiando as unhas compridas, lixadas
em formato stiletto e pintadas de vermelho.

Oh. Ok. Então ela é um tanto mais intolerante e autoritária que Jungkook, ou
talvez o submisso já tenha se comportado mal ao longo da noite e agora está
sendo colocado em regime de tolerância zero.

Eu gosto de avaliar isso, as diferentes dinâmicas entre personalidades


dominantes e submissas, conhecendo um pouco das infinitas possibilidades
que, por termos as personalidades, gostos e limites que temos, não são
aplicáveis ao meu relacionamento com Jungkook.

Gosto mesmo. No entanto, eu estou em cena com meu dominador e é de se


esperar que toda minha atenção seja entregue a ele. Por isso, eu desapego da
minha análise sobre aqueles dois e busco Jungkook com o olhar, encontrando-
o diante dos ganchos na parede, caminhando devagar enquanto passa a mão
simultaneamente pelo cinto, para o chicote com linguetas até chegar ao
primeiro, com a única tira rígida.

Então, ele o pegou.

Ansioso, eu vi meu dominador caminhar com o chicote em mãos, o piso abaixo


de nós estalando com o choque de suas botas contra as placas de madeira.

Ainda desfilando com a elegância de um felino, Jungkook moveu a mão até


fazer o objeto de minhas torturas deliciosas tocar minha bochecha com a
extremidade maleável, e é em reflexo que eu fecho os olhos.

Então ele deslizou a ponta de couro pescoço abaixo, descendo por todo meu
abdômen coberto. Quando chegou ao ponto abaixo de meu umbigo, ele parou

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
exatamente a minha frente e desceu mais, desviando de meu pênis para
alcançar a parte interna de minha coxa.

Novamente, ele apenas tocou all. Rosto, barriga e parte interna da coxa são
lugares que Jungkook nunca castiga com qualquer coisa além de suas mãos
ou boca, para evitar traumas físicos. O mesmo vale para minha lombar e
articulações, com a exceção de que nunca fazem parte de minhas punições,
independente do método utilizado.

Por isso, não foi surpresa quando ele deslizou a ponta do chicote sem punir a
parte interna de minha perna. Quando saiu da área de risco, por outro lado, ele
afastou o objeto por alguns centímetros para, em seguida, chocá-lo contra
minha coxa.

Um choque suave, quase inaudível sob os sons da música que vem da boate,
mas que me faz fechar os olhos em satisfação.

Então, como se para provocar, Jungkook ordenou:

— Olhos abertos, anjo.

Sem força para desobedecê-lo agora, eu levantei minhas pálpebras,


suspirando quando senti o chicote continuar percorrendo minha pele, dessa
vez em direção ao chão. Quando chegou ao meu pé, mais uma chicotada foi
dada, próxima ao tornozelo.

Eu apertei meus punhos fechados não por não suportar a dor, mas porque
percebo que ele está me testando para ver quanto tempo continuo com os pés
no chão. E eu sei que, gradativamente, o teste vai se tornar mais difícil.

Mas, por um segundo, meu olhar captou o movimento de quando a porta de


vidro foi aberta e um novo espectador entrou.

Min Yoongi, que caminhou calmamente até se recostar à parede, com os


braços cruzados.

Prestar atenção a quando ele entrou aconteceu por puro acaso, mas é claro
que, nessa situação, Jungkook não perderia a chance de me repreender por
isso. Então, recebi outra chicotada próxima ao tornozelo, dessa vez mais forte.
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Eu prendi a respiração quando percebi que, por reflexo, quase puxei meu pé
para cima.

Entretanto, consegui pensar mais rápido e o firmei com ainda mais força no
chão.

O olhar que recebi de Jungkook em resposta a isso não carregou nenhum tom
de parabenização, e ele moveu a cabeça para um lado e para o outro,
lentamente, ao tentar estalar o pescoço.

— Você não está com calor?

— Ele perguntou, de repente.

A princípio, sua pergunta me deixou surpresa. Mas, em seguida, eu o vi apoiar


o chicote de pé ao meu lado e levar suas mãos ao primeiro botão de sua blusa.
Depois ao segundo, seguindo pelo terceiro, quarto, até o último.

Ao finalizar a trilha que mantinha a camisa fechada ao redor de seu corpo,


Jungkook deslizou o tecido por seus braços, sem pressa, revelando pouco a
pouco cada pedaço de seu peito, abdômen e costas. Não só para mim, mas
para todos presentes na sala.

Especialmente, para Min Yoongi.

Jungkook sabe que é atraente. Ele sabe que, além disso, é irresistível, e ele
tem orgulho de seu corpo. Então, agora, ele está exibindo-o para Yoongi como
numa provocação.

Incapaz de olhar para seu amigo, eu continuo atento a Jungkook enquanto ele
caminha sem pressa até deixar sua blusa dobrada sobre o divã, vestido apenas
com sua calça de couro e suas botas pesadas, com a serpente exposta,
destacando-se sobre a luz focalizada do palco.

Ao vê-lo assim, ciente de que isso tudo é meu e me fará dele na frente de
todas essas pessoas, eu me encho de uma satisfação inigualável e suspiro só
de vê-lo voltar para perto de mim, pegando o chicote outra vez.

— Melhor assim, não acha?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Ele pergunta, caminhando ao meu redor como um predador que cerca a
presa.

— Sim, senhor. — Respondo, com total honestidade.

Quando ele ressurge do meu outro lado ao finalizar a volta, eu vejo seu sorriso
cheio de autoconfiança, e resfolego mais uma vez ao sentir a ponta do chicote
deslizar por minha coxa, em direção à minha virilha.

Habilmente, ele segurou a parte inferior de minha blusa, erguendo-a


lentamente até colocá-la atrás de meu pênis, que já dá sinais claros de
resposta aos estímulos feitos.

Agora, vendo como estou duro, Jungkook mantém o sorriso ao umedecer o


lábio. Então ele sobe a ponta do chicote por meu membro, tocando-o tão
suavemente que me faz arrepiar e gemer baixo quando, na glande, ele desliza
a ponta flexível de couro para capturar meu pré-gozo.

— Tão fácil... — Ele percebe, sem qualquer tom de deboche. Na verdade,


Jungkook está se vangloriando.

Ansioso por algo a mais, eu quase prendo a respiração, e eu travo meu maxilar
de tanta excitação quando Jungkook volta a tocar em meu rosto com o chicote,
dessa vez sujando minha bochecha com o fluido denso de meu próprio pênis.

Depois, ele voltou a se afastar. Sempre sem pressa, sempre elegante, com a
pose altiva reafirmada quando o chicote de ponta única foi deixado sobre o
gancho para que ele pegue o de linguetas, segurando-o pela haste rígida.

— Me diz, anjo... — Ele pede, deslizando as pontas trançadas por sua própria
mão. Em seguida, o objeto foi aproximado de mim e utilizado para chicotear
minha coxa.

— De qual você gosta mais?

Sabendo que há apenas uma resposta certa para isso, eu me concentro para
conseguir dizer:

— Eu prefiro o que meu senhor preferir...

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Como recompensa, eu ganhei um sorriso e outra chicotada.

Uma e outra vez, eu senti as franjas do chicote açoitando minha pele, a cada
golpe com um pouco mais de força. Nada sequer perto do meu limite, no
entanto.

Quando curiosamente abaixei meu rosto, eu vi as marcas avermelhadas em


minha pele e a barra de minha blusa presa detrás de minha ereção, que
continua brilhando pela secreção pré-ejaculatória expelida pela glande.

Não sendo o único atento a ela, Jungkook se aproximou ainda mais, até estar
ameaçadoramente próximo, e manteve os olhos nos meus quando sua mão
livre alcançou meu pênis e ele subiu raspando as unhas da base até a cabeça,
onde circundou seu indicador antes de dar duas batidas suaves e trazer seu
dedo manchado de pré-gozo até meu lábio inferior, tocando-o apenas para
distribuir o líquido sutilmente.

Sem problemas quanto a isso, quase automaticamente eu repuxei meu lábio


para dentro e o limpei com minha língua, o que fez Jungkook manter os olhos
em minha boca por segundos ininterruptos, até que voltou a sustentar o olhar
sobre o meu.

— Sabe, anjo... — Ele disse, voltando a raspar suas unhas por minha ereção, o
que provoca uma sensação tão desesperadora quanto boa, de alguma forma.
— É tão fácil perceber quando você mente...

Eu continuei calado, sem saber o que ele quer dizer, então Jungkook fez o
favor de explicar, agora agarrando meu membro e masturbando-o suavemente,
como uma breve amostra.

— Nós dois sabemos qual seu brinquedo favorito e isso não depende do que
eu prefiro, ou não — Ele apontou, ainda me estimulando devagar. — Diga o
que você prefere.

Peça por ele.

Eu pisquei devagar quando virei o rosto para observar os ganchos na parede, e


meu olhos nem hesitaram antes de buscarem diretamente meu objeto favorito

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em qualquer sessão. Então, eu voltei a olhar para Jungkook, e fiz o que me foi
ordenado:

— O cinto... usa o cinto, senhor. Por favor...

Jungkook sorriu em satisfação e bruscamente interrompeu o estímulo em meu


membro, mas nenhuma reclamação veio de minha parte porque logo em
seguida ele voltou a me segurar pela argola da coleira e, dessa vez, sua boca
avançou ferozmente na minha com um beijo que me deixou tonto e me faria
desabar no chão se não fossem as algemas mantendo meu corpo de pé.

Mas, tão bruscamente quanto começou a me beijar, Jungkook afastou sua


boca, usando a língua para romper um fio de saliva que se conectou aos
nossos lábios.

— Estou tirando de você o direito de dizer que eu não faço o que me pede —
Ele avisa, pendurando o chicote num gancho para pegar o cinto logo em
seguida, dobrando-o ao meio e segurando-o numa única mão.

Novamente outra pessoa entrou na sala, e meu olhar foi automaticamente até a
porta quando deveria estar mantido unicamente em Jungkook. Mas, distraído
como sou, foi impossível conter o impulso. Por isso, em retaliação, ele estalou
o cinto contra a madeira exposta da cruz e o som ultrapassou facilmente o
barulho da música.

— Você não está se concentrando — Ele acusou.

— Estou, senhor...

Novamente, Jungkook estalou o cinto. Dessa vez contra minha perna, e eu


reprimi um gemido baixo de dor e satisfação.

— Por que você mente tanto, anjo?

Porque eu sou doido.

Sério, eu devo ser muito doido ou muito brat para gostar tanto assim de ser
punido.

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— Desculpa, senhor. — É o que respondo, no entanto. — Vou me concentrar
somente em nossa sessão, eu prometo, senhor.

— Ah, sim, você vai — Ele disse com uma certeza inabalável, e eu entendo o
que ele quis dizer quando sou pego de surpresa e ele faz o cinto encaixar em
minha ereção, com sua mão apertando as pontas para fixá-lo enquanto o move
para cima e para baixo.

A textura é diferente da mão de Jungkook e a pressão não é suficiente, o que


só me deixa ainda mais necessitado.

Movido pelo desespero, então, eu impulsionei meu quadril depois de firmar


meus pés no chão para garantir que nenhum deles vai se afastar sequer um
centímetro dali, e Jungkook riu ao me perceber já tão rendido.

Continuando a masturbação com o cinto, então, ele aproximou sua mão de


minha boca novamente. Dessa vez, no entanto, ele empurrou dois de seus
dedos para dentro, depois puxando-os para fora, e repetindo eles movimentos
enquanto eu os chupo, enchendo-os de saliva.

Depois de chupá-los o suficiente, Jungkook bruscamente os puxou


completamente para fora de minha boca e os levou até o espaço entre minhas
nádegas, usando seu polegar de um lado e os três outros dedos do outro para
afastá-las enquanto ele massageia suavemente minha entrada com seu
indicador úmido.

Então, ele o empurrou para dentro, sem mais cerimônias. Seus olhos, por outro
lado, reafirmaram o cuidado por trás da brusquidão quando eu o vi analisar
minha reação e identificá-la como positiva antes de começar a mover seu dedo
enquanto continua a me masturbar com a ajuda do cinto, que desliza com a
ajuda do meu pré-gozo.

E enquanto ele continua penetrando, lentamente inserindo o segundo dedo, e


estimulando meu pênis, eu inconscientemente movo meus braços numa
tentativa de me soltar e abraçá-lo para colar nossos corpos. Ao mesmo tempo,
o exato impulso chega aos meus pés quando desejo erguer minhas pernas

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para envolver a cintura de Jungkook, e eu fecho os olhos em desespero,
lutando para mantê-los no lugar, os no lugar.

— Já pensando em me desobedecer, anjo? — Jungkook perguntou, talvez


percebendo o movimento inconstante de minhas pernas.

— Não, senhor... — Respondo com alguma dificuldade, o que parece soar


como um desafio para ele porque no exato instante em que ouve minha
resposta, Jungkook estoca seus dedos dentro de mim com mais força e
velocidade, e um gemido sôfrego escapa por minha garganta quando eu
simultaneamente empurro meu quadril contra sua mão e cinto, alternadamente.

Então, ele para.

Eu quase deixo um suspiro frustrado escapar, mas me contenho quando ele


me mostra um sorriso safado e afasta suas mãos de mim, respirando fundo
como quem se recupera de um grande esforço.

A seguir eu vejo Jungkook recuar com um passo enquanto mantém seu olhar
intenso sobre o meu, o que atiça diretamente minha natureza majoritariamente
submissa e me intimida de uma maneira deliciosa, até que eu instintivamente
abaixo meu rosto para olhá-lo sob os cílios, sem dar a impressão de que estou
tentando desafiá-lo.

Eu vejo a forma como os lábios dele se movem em resposta a isso, sutis,


desenhando sua satisfação em se impor com tão pouco esforço, e vejo quando
ele chega ao divã e encaixa seu coturno no pé metálico, puxando-o
bruscamente. O som dos pés de metal sendo arrastados pelo piso preenche a
sala, mas Jungkook faz pouco caso disso, parando apenas quando o assento
está desleixadamente posicionado ao meu lado. Então, ele senta.

Seu olhar continua mirado em mim sem que qualquer outra coisa seja feita. Ele
apenas fica ali, sentado na ponta do divã, com as pernas entreabertas, o corpo
levemente curvado para a frente e os braços apoiados sobre os joelhos
enquanto eu sou constantemente observado pelo olhar traiçoeiro e predador de
meu homem.

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E enquanto a sensação de ameaça iminente me atiça, me ver com o corpo
completamente vulnerável a ele para atiçá-lo na mesma proporção.

Se não havia certeza, ela foi dada assim que ele ergueu o tronco para arrumar
postura e ele deslizou os braços pela própria perna até tocá-la com a mão. Eu
o vi suspirar quando apertou a própria coxa, depois correu a palma caminho
acima, em direção à própria virilha, e apalpou o volume deliciosamente visível
sob sua calça de couro enquanto a outra mão continuou segurando o cinto
dobrado ao meio.

Esse simples gesto me faz respirar fundo, devagar, e meus olhos seguem
devotamente cada mínimo movimento de sua mão até que Jungkook respira
fundo e desliza seus dedos pelo próprio abdômen exposto, até chegar em sua
nuca e massageá-la lentamente.

Traiçoeiramente, entretanto, sua outra mão se esticou até a mala, ali deixou o
cinto e buscou outra coisa.

Alternando meus olhares, eu percebi quando ele pegou nosso lubrificante junto
ao anel peniano, segurando-os habilmente antes de ficar de pé num movimento
calmo, comedido, para caminhar de volta para mim.

Novamente em minha frente, Jungkook se aproximou com cuidado, então me


beijou suavemente na boca, por um instante, antes de deliciosamente empurrar
sua língua para dentro de minha boca.

Inocente, eu aceitei seu beijo com muito mais que satisfação, lutando para não
ceder ao impulso de agarrar seu quadril com minhas pernas para puxá-lo para
mim.

Sinceramente, manter os pés nos chão nunca foi tão difícil quanto agora.

No entanto, eu percebo que o beijo foi apenas uma distração quando sinto o
toque gelado do anel peniano lubrificado deslizando por meu pênis, pronto
para me torturar.

Em resposta ao meu gemido surpreso por ter me deixado enganar tão fácil,
Jungkook riu contra minha boca e, que merda, isso me excita.

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— Você é tão fácil, anjo...

O que eu vou fazer? Negar a verdade?

O problema é que essa verdade me faz passar por situações difíceis. Como
quando, em seguida, Jungkook desliza as mãos por minhas coxas, subindo
suavemente até o quadril, por onde passou suas palmas para minhas costas e
desceu novamente, até apertar minha bunda enquanto empurra sua ereção
contra a base de minha barriga.

Misericórdia, arrepiou tudinho...

Ainda me provocando dessa forma, Jungkook pressionou todo seu corpo


contra o meu, com sua língua e dentes capturando o lóbulo de minha orelha
enquanto eu luto contra a missão cada vez mais difícil de manter minhas
pernas na posição atual.

— Pés no chão, anjo — Ele lembrou, apertando minha bunda com mais força e
fazendo seu hálito quente se chocar contra a umidade da saliva na
extremidade sensível de minha orelha.

— Sim, senhor — Eu digo com dificuldade quando, na verdade, quero implorar


para que ele ande logo com isso.

— Bom menino... — Ele diz junto a uma risada atravessada, que me faz perder
o juízo ainda mais.

E se as coisas já estavam difíceis, só pioraram quando, constantemente


beijando meu lóbulo e o ponto de união entre meu maxilar e meu pescoço,
Jungkook afastou as mãos de meu corpo e as levou ao seu próprio,
começando a desabotoar sua calça.

Já com o sangue a ponto de ferver, eu sinto quando ele puxa sua ereção para
fora, sem abaixar sua calça de couro, e volta a me apertar a bunda enquanto
empurra seu membro já lubrificado diretamente contra minha barriga,
estocando lenta e repetidamente enquanto sua boca volta à minha e me beija
de um jeito enlouquecedor. Mais alguns instantes disso e eu assumidamente

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chego ao meu limite. Eu não aguento mais e já estou choramingando entre o
beijo quando ele finalmente libera:

— Tire seus pés do chão.

Imediatamente, como se minha vida toda estivesse esperando por isso, eu


impulsiono minhas pernas para cima, abraçando-o pela cintura com total
desespero e, com mais desespero ainda, eu gemi alto quando Jungkook
segurou meu quadril e me penetrou de uma vez, deslizando para dentro de
mim na mesma intensidade em que um grito suave de satisfação deslizou para
fora.

Ainda com meus braços presos à cruz, todo meu desejo de ter Jungkook
repetidamente dentro de mim foi expresso por minhas pernas apertando-o sem
parar e por meus gemidos cada vez mais alto, a cada vez que ele vai fundo.

Com a visão atrapalhada, eu olhei para além dele, na plateia, e vi as


expressões de todos enquanto veem a cena de Jungkook de costas para cada
um deles, exibindo a tatuagem em sua pele e o movimento de seu corpo
enquanto me fode tão gostoso.

Por último, eu passo pelo submisso de antes, que agora parece ainda mais
hipnotizado pela cena, e depois finalmente meus olhos encontram Yoongi, que
sequer olha diretamente para meu rosto, mas para a cena como um todo
enquanto desliza a língua pelo lábio num gesto tão discreto que quase me
passa despercebido.

Então eu volto a fechar meus olhos, deitando minha cabeça contra a de


Jungkook enquanto sinto todos os estímulos de uma vez. E é indescritível.

E ele continua fodendo, estocando, me levando à loucura, me fazendo gritar


diante dos olhos de tantos desconhecidos por minutos seguidos.

Mas algo diferente está acontecendo. As mãos de Jungkook estão apertando


minhas coxas com muito mais força e ele está se movendo dentro de mim com
desespero, como se estivesse prestes a gozar mesmo que ele nunca goze tão
rápido.

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E eu o conheço tão bem que não poderia estar errado sobre isso.

Pouco tempo depois, ele gemeu rouco contra minha boca e gozou dentro de
mim enquanto meu corpo ainda continua necessitado. No entanto, eu percebo
que sua intenção nunca foi deixar as coisas acabarem assim, porque ele
continua se movendo, estocando devagar com o acréscimo da sensação de
gozo em seu pênis enquanto ele entra e sai de mim.

Aos poucos, a cada movimento, eu vou percebendo que Jungkook está ficando
duro novamente, e a sensação é indescritível.

Meu deus, ele fez de propósito?

Sendo ou não, eu continuo sentindo-o dentro de mim, e percebo sua mão se


atrapalhar quando ele a estica para desafivelar as algemas em meus pulsos,
uma de cada vez. Com os braços finalmente livres, eu o abraço também pelo
ombro, cheio de desespero, e resfolego surpreso quando Jungkook me afasta
da cruz e empurra meu corpo contra a parede, voltando a me foder forte
enquanto sua mão estimula meu pênis inchado.

E esse é o último golpe baixo.

Sentir o estímulo direto em minha ereção quando estou tão desesperado para
gozar, mas não posso, é a pior de todas as torturas, mas Jungkook me
masturba cada vez mais intensamente enquanto continua estocando fundo em
mim.

De tão desesperado, eu sequer me dei conta de quando a primeira lágrima de


tesão escapou, mas consigo perceber as seguintes escapando de meus olhos
enquanto eu imploro desesperadamente, com as palavras se atrapalhando no
caminho para fora.

Mas Jungkook não alivia para mim. Meu corpo continua pressionado contra a
parede, subindo e descendo a cada nova estocada, tremendo a cada novo
espasmo, por um tempo tão longo que meu choro de excitação se torna audível
e eu perco a capacidade de implorar. Mas nem mesmo ele consegue negar o
próprio limite e suas unhas se enterram em minha carne quando, tanto tempo

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depois, eu o sinto gozar mais uma vez junto a um suspiro alto, desesperado,
cheio de tesão.

— Não esquece de mim, Jun... senhor, por favor... — Eu peço, completamente


desesperado, e sinto seu sorriso quando ele me beija na bochecha. Então
Jungkook me segura pelas nádegas, afasta meu corpo da parede e me coloca
de frente para a plateia. Parado atrás de mim, me abraçando, ele tira o anel
peniano com uma mão e com a outra me estimula habilmente, sussurrando
contra meu ouvido:

— Deixe essa gente ver como meu submisso é lindo quando chora de tesão
por mim e goza em minha mão, anjo...

Já totalmente no limite, basta sua voz me dizendo essas coisas e sua mão me
estimulando mais algumas vezes para que eu sinta mais uma lágrima escapar
quando aperto meus olhos com força e ejaculo, perdendo as forças nas pernas
por um momento que poderia me levar ao chão se não fosse o braço de
Jungkook me mantendo firme no lugar.

Tremendo, com o rosto molhado por lágrimas e com meu pênis dolorido
mesmo depois de gozar, eu lentamente ergo minhas pálpebras e vejo as
expressões diante de mim, todas satisfeitas, e isso eleva minha alma ainda
mais, a ponto de me fazer sentir como se estivesse flutuando.

No entanto, existe algo que me satisfaz ainda mais, que é quando Jungkook
beija minha bochecha demoradamente, sobre as lágrimas salgadas, e diz:

— Meu menino fez muito bem...

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
ok, tivemos o último smut da história e eu gostaria de me desculpar por
qualquer coisa, por ter ficado abaixo das expectativas ou enfim... não é de hoje
que escrever smut tá ficando mais penoso pra mim, então esse capítulo inteiro
foi bem difícil de escrever, mas juro que dei meu melhor):

mas aviso importante: lembram que na att passada eu disse que ia conseguir
encaixar o smut aqui sem precisar aumentar o número de capítulos? é... não
deu o número de capítulos foi forçado a aumentar kkkkkkkkkkk PORÉM, para
não estender o cronograma (e como o capítulo seguinte, que na verdade seria
a continuação desse aqui, já tá pronto) amanhã mesmo teremos outra
atualização, ok?

precisei fazer isso porque acabou ficando bem maior do que eu imaginava e, o
pior, o conteúdo da parte que ficou pra amanhã tem uma carga bem diferente
do que foi postado hoje, então achei melhor dividir mesmo, pra todo mundo
conseguir ler com atenção porque... é importante

certo, esse recado dado, tá na hora da bronca (faz um tempão que não dou
bronca, então com licença)

gente... será que vocês poderiam por favor POOOOR FAVOR não

citar sub, eros ou qualquer fanfic minha nas fanfics dos outros??? é claro que

eu não me importo, inclusive acho divertido, quando usam referências de uma

obra >minha< em outra obra >minhas, mas não façam isso nas fanfics dos
outros!!!! não é a primeira vez que peço isso e poxa, é muito chato e
desestimula pra caramba quem gasta um tempão criando uma história, pra
abrir os comentários e ver os leitores falando sobre outra fanfic. por favor, não
façam mais isso, tenham um pouquinho mais de consideração pelos escritores,
tá? por favor mesmo

:/

ok,

bronca dada, voltamos à programação normal e gostaria de um surto coletivo


pela nova capa de sub. viram como tá linda?? <3333
1430
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
pronto. É isso nos vemos amanhã!! <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
49 • Romanticide
Dedicado a mangaegguk

Meu corpo continuou no abraço de Jungkook quando, depois de um gesto seu,


o segurança voltou a fechar as cortinas.

Sozinho com ele, meu dominador me abraçou com mais força e me deu um
monte de beijos na bochecha antes de me fazer ficar de frente para ele e secar
as lágrimas em meu rosto.

— Essa é a única condição em que é aceitável te fazer chorar — Ele disse


cuidadosamente.

— Você já me fez chorar de felicidade também... não vale? — Contraponho,


me sentindo ainda sem muita energia.

— Nesse caso, vale ainda mais que te fazer chorar de tesão — Constatou, o
que me fez sorrir e abraçá-lo preguiçosamente,

— Nós podemos continuar aqui?- Pergunto, curioso. — Nosso aftercare...

— Sim, anjo — Respondeu, puxando-me até o divã, de onde tirou todas as


coisas para me dar todo o espaço para sentar.

Em seguida, ele caminhou até a parede e reduziu a intensidade da luz


focalizada, o que faz meus olhos relaxarem assim como meu corpo quando me
sento.

Já com sua calça fechada outra vez, Jungkook se agachou em minha frente e
procurou mais algo em nossa mala. Dessa vez, nenhum instrumento de tortura
que adoro, mas sim o hidratante que sempre temos em casa para usarmos
depois de sessões que possam causar lesões em minha pele.

— O que você achou? — Ele perguntou, derramando um pouco em minha


perna para começar a massageá-la onde foi acoitada pelos chicotes e cinto.

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Eu suspirei fraquinho ao apreciar a massagem sempre tão gostosa de
Jungkook, e o olhei meio anuviado.

— De que?

— De uma sessão como essa — Ele explicou. — Você gostou? Se sentiu


incomodado em algum momento?

— Eu gostei... muito. Parece que... fazer o que fazemos sozinhos na frente de


tanta gente intensifica as sensações? Eu não sei explicar, mas foi muito, muito
bom...

Jungkook me olhou com um sorriso preso entre os lábios, então eu acabei


rindo ao quase literalmente ler sua mente.

— Sei até o que você tá pensando. — Confesso, e anuncio: — Meu Jimin é um


exibicionistazinho do caralho.

— A lista está crescendo, anjo — Ele riu, interrompendo a massagem para


subir as mãos até meu quadril e me puxar suavemente mais para a borda,
então me olhou com esses olhinhos que tanto amo: — Qual será o próximo
item?

— Hm... enfermeirozinho bom do caralho? — Eu chuto esperançoso, mas


também brincalhão.

— Sobre isso não tenho dúvidas. — Ele garante, brincando com os dedos de
minha mão esquerda. — Mais alguma coisa?

— Gatinho do caralho? — Dessa vez, já estou sem criatividade.

— Não, anjo — Jungkook riu, espontâneo. — Sobre a sessão. Quer falar mais
algo?

— Ah! — Eu rio também de minha própria confusão. — Aquela cruz... eu


gostei. A gente pode ter uma em casa?

— Poderíamos colocar em nosso quarto, mas seria um problema quando seus


pais vierem nos visitar.

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Eu apertei meus lábios, condescendente. Depois de alguns segundos, o
chamei novamente.

— Jungkook... você reparou na plateia?

— Não muito, anjo. — Ele confessou, sentando no chão e me puxando para


sentar em suas pernas, o que é muito melhor que o divã. — Por que?

— Tinha um subzinho meio nervoso lá — Confessei, me aninhando todinho no


abraço que recebi. — Acho que ele estava sendo punido pela domme.

— Sim? E qual o problema?- Questionou, parecendo confuso.

— Nenhum, é que a domme dele parecia bem autoritária, daí eu pensei como
tenho sorte de ter você como dom. Eu sou muito sensível, poxa, se meu
dominador fosse desses mais malvados eu estaria perdido e traumatizado pro
resto da vida...

Jungkook riu diante de minha confissão repentina e puxou minha mão até sua
boca para beijá-la cuidadosamente.

— Existem muitos submissos que ficariam entediados com um dominador


como eu, meu bem, então também tenho sorte de ter você.

Eu sorri sem precisar me desfazer de seu abraço, que se preservou pelos


instantes seguintes enquanto tanto eu, quanto ele deixamos nossa mente e
corpo voltarem ao estado de repouso.

Muitos minutos depois, alguém deu batidinhas na madeira do palco antes de


puxar a cortina para o lado, somente o necessário para poder passar a cabeça
para o lado de dentro.

Por um momento achei que seriamos enxotados daqui, mas logo me


tranquilizei ao perceber que é Yoongi e que ele tem chocolate em mãos.

Com chocolate, até Min Yoongi é uma boa companhia.

— Tudo bem por aqui? — Ele perguntou, ainda sem subir no palco.

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— Sim. Não vamos demorar muito mais — Jungkook quem respondeu,
acariciando-me o braço.

Eu, por outro lado, estou preocupado com outra coisa.

Será que Yoongi vai me dar esse chocolate?

Porque eu quero muito.

— Não precisam ter pressa, nós reservamos todo o direito para que os
praticantes tenham o tempo necessário de aftercare depois de uma sessão -
Ele explicou, olhando brevemente para mim.

Talvez tendo o mesmo pensamento que eu, Jungkook puxou minha blusa para
me cobrir melhor, mas Yoongi acabou rindo.

— Não vim com essas intenções — Garantiu. — Vim trazer isso — Então,
passou o chocolate para Jungkook, que o aceitou sem me tirar de seu colo. —
Não estou dando isso como um dominador oferecendo algo ao submisso de
outro, é só um gesto de boa fé — Completou, então, com um gesto displicente.

— O chocolate é seu. Dê se achar que ele merece.

Eu mereço. Eu mereço demais.

Pidão, eu logo olhei para Jungkook com meu melhor olhar de submisso
necessitado e ele riu ao me dar um selinho.

— Você foi maravilhoso. É claro que o chocolate é seu - Respondeu, já abrindo


a embalagem antes de passá-la para mim.

— Obrigado! — Agradeço com genuína felicidade ao aceitar meu mimo e


morde-lo de imediato, o que me faz soltar um gemidinho de satisfação.

— Com amêndoas — Jungkook reparou enquanto eu devoro meu


chocolatinho. — É o favorito dele.

— Golpe de sorte, eu diria - Min Yoongi respondeu, recostado com a lateral do


corpo à parede.

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— Você não é mais tão chato, Min Yoongi — Eu digo, lambendo as pontas dos
dedos entre uma frase e outra. — Mas eu tenho uma reclamação a fazer.

— Claro que tem...

Eu ignorei seu tom zombeteiro e fui em frente, enquanto meu dom continua
preocupado em manter minha blusa bem posicionada para não revelar mais
nada para Yoongi.

— Aquele segurança... — Digo, gesticulando com o polegar na direção da


porta. - Ele é muito grosseiro.

— Ele foi grosseiro com você? -O dominador franzino questionou, confuso.

— Comigo, não. Com Jun.

— Jun — Ele repetiu antes de cair na risada. — E, sim, imagino. Ele não está
aqui para ser simpático com qualquer um que se diga dominador, Jimin. Está
aqui justamente para evitar que pessoas que não mereçam a alcunha
continuem metidos na comunidade que temos na Paradise Lost.

Depois de uma pausa, ele apertou os ombros e completou:

— Você não sabe as coisas que já vimos acontecer aqui, nem quantas
pessoas já bateram no peito dizendo que são dominadoras, quando na verdade
só são uns irresponsáveis que acham que dominar é fazer alguém de gato e
sapato. Então acredite em mim, a desconfiança dele não é nada perto das
barbaridades que acontecem por aí.

Eu me sinto repreendido, agora, e é incomodo porque é por um dom, mas não


o meu.

Isso me deixa meio irritado, acho que por minha mente ainda estar
parcialmente presa aos efeitos da sessão, então outro dominador agindo assim
faz sentir que meu espaço está sendo invadido.

— Ele está certo, anjo. E eu não me senti ofendido pelo comportamento do


homem, então não precisa disso — Jungkook me tranquilizou suave e
pacientemente.

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— Você deu sorte, sabe? — Yoongi continua. — Por ter conhecido nossa
comunidade da forma que conheceu, sem traumas. A maioria das pessoas
passa por muitos perrengues, conhece uns metidos a praticante que não são
praticantes coisa nenhuma e mais uma série de possibilidades desanimadoras.
Então pelo menos aqui dentro, nós fazemos o possível para evitar situações
como essa. E se o preço a pagar for um segurança mal encarado, que seja.

— Não use esse tom de voz — Jungkook alertou ao perceber meu desconforto,
lançando uma olhadela de aviso para o outro. — Ele ainda não se recuperou
totalmente da sessão.

Yoongi massageou a nuca e assentiu com um estalo de língua.

— Passei dos limites. Me desculpe, Jimin.

Eu assinto, encolhendo meu corpo contra o de Jungkook por pura carência,


mas percebo quando Yoongi suspira.

— Eu não quero ser mais inconveniente logo agora, mas eu voltei também
porque queria avisar algo a vocês.

É coisa ruim? Pelo tom de voz dele, parece ser.

— Falta pouco tempo para a sentença de Wonsik ser anunciada de uma vez, e
isso me fez pensar sobre uma conversa que tivemos... Jimin, você me disse
que ele sabia algumas coisas sobre você, que nunca foram compartilhadas
com ele, não foi? Então eu pensei tanto sobre isso que, quando descobri, me
senti burro.

— E o que você descobriu? — perguntei, um tanto tenso.

Yoongi puxou o celular para fora do bolso, desbloqueou a tela e o passou para
mim, que aceito apressadamente, quase provocando um desastre.

— Exatamente onde eu e você nos conhecemos. — Yoongi revelou enquanto


meus olhos veem, em seu celular, a página de um perfil do fórum onde ele
falou comigo pela primeira vez.

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Ao meu lado, Jungkook observa comigo enquanto deslizo o dedo pela tela,
captando as informações do perfil selecionado cuja foto principal é de um
pescoço com tatuagens e o nome de usuário é Dom_Ravi.

— As tatuagens no pescoço são iguais às dele e Dom Ravi era o nome que ele
usava para se apresentar antes de ser banido daqui. — Explicou, dessa vez
mais calmo. - É ele. O Wonsik

Eu olhei para Yoongi, pensativo, antes de voltar a analisar o perfil exposto.

Nas atividades, eu descobri que ele me seguiu há quase um ano, antes mesmo
que eu sequer o conhecesse, e quando eu ainda usava uma foto do rosto no
perfil (o que foi uma das maiores burrices da minha vida).

— Quando nos conhecemos no hospital, ele já tinha me seguido aqui... — Eu


percebi, sentindo as peças se encaixarem como num quebra cabeça do
sobrinho de Jungkook.

— Por isso ele sabia que você se identifica como submisso — Jungkook
ponderou, em seguida, tão atento quanto eu.

— E por isso ele pareceu tão obcecado por mim assim que nos conhecemos...
ele já me stalkeava antes? — Questionei, apavorado.

— Pelo que ouvi dos depoimentos das pessoas que depuseram contra ele, não
seria surpresa — Yoongi comentou.

— Meu deus... então as coisas poderiam ter sido piores do que foram? —
Murmurei, verdadeiramente assustado.

— Ei, anjo — Jungkook me acalmou, tomando o celular de minhas mãos para


devolvê-lo a Yoongi. — Não importa mais. Já acabou. Ele não vai mais te
perturbar.

— Sim, não pense nisso. — Min Yoongi se manifestou outra vez. — Se ele não
for condenado a uma pena maior, pelo menos a medida restritiva você tem. Ele
não pode, por lei, se aproximar de você.

Eu sei que o intuito era me acalmar, mas parte disso só me desespera mais.

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— Existe a possibilidade de que ele não fique preso?

— Meu bem, — Jungkook me puxou contra seu peito e me deu vários beijos.
— tenha calma.

— As acusações foram feitas sem provas, Jimin. — Yoongi explicou. —


Nenhuma das pessoas que foram perseguidas por ele tinham provas sobre
isso, Dongsun também não tinha prova alguma sobre ter sido empurrado da
escada porque o vídeo da câmera de segurança sumiu. E ele esteve em coma
por meses, o que cria muita insegurança sobre o relato dele. Existem muitas
falhas na acusação e a defesa está investindo nisso para reverter o resultado.
Mas você tem provas e testemunhas, então sua medida restritiva já está
garantida.

O vídeo da câmera de segurança sumiu porque Wonsik tinha acesso direto a


ele e Dongsun estava em coma porque foi empurrado por aquele maluco!

Por deus, a justiça é tão burra!

— Esse não é o melhor momento para falar sobre isso, Yoongi. — Jungkook
apontou, ainda me abraçando para tentar me proteger.

Aqui, tenho duas percepções.

Um, Jungkook chamou Yoongi somente de Yoongi, o que pode ser


considerado um evento único.

Dois, a intensidade do prazer durante a sessão não foi a única foi que
aumentou. Os efeitos que se seguem também estão mais intensos, por isso me
sinto mais sensível que o comum.

— Quando os hormônios dele se estabilizarem, nós teremos essa conversa. —


Jun finalizou seu aviso, que foi acatado com um anuir de cabeça.

— Certo. Parece que meu timing hoje está especialmente desregulado.

— Não que eu esperasse outra coisa de você — Jungkook rebateu.

— Garoto, você é insuportável.

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Ainda assustado com a possibilidade que descobri existir, eu sequer consegui
me divertir com a interação caótica entre os dois dominadores em minha
companhia, e Jun pareceu perceber isso.

— Nós vamos para casa agora. — Ele me avisou, paciente, e eu assenti em


concordância.

— Vou avisar à limpeza — Yoongi disse, mas antes de se virar, ele ainda olhou
para mim uma última vez e garantiu: — Não precisa se preocupar, Jimin. Nada
ruim vai acontecer a você por causa daquele louco.

Eu concordei e agradeci tão baixo que sequer sei se ele me ouviu.

Em seguida, eu o vi sair e, sozinho com Jungkook novamente, ele nos colocou


de pé e calmamente vestiu minha roupa de volta depois de me limpar, me
dando vários beijos e afagos durante o processo

Depois de se arrumar e guardar todos os nossos itens, ele ainda limpou o que
foi possível, para não deixar tudo por conta do funcionário responsável pela
limpeza.

Então, nós saímos.

Dessa vez, minha guia não foi presa à coleira, porque Jungkook me abraçou
pelo ombro e me manteve colado a ele por todo o caminho até a chapelaria e,
em seguida, até nosso carro.

Durante o caminho de volta, ele colocou minha playlist favorita e deixou as


janelas abertas, como eu gosto, porque assim posso sentir o vento contra meu
rosto.

— Um pouco mais de chocolate para meu menino — Jungkook disse quando


chegamos em casa e rapidamente pegou uma das minhas tortinhas de
chocolate e marshmallow.

Eu sorri ao aceitar, sentado na ponta da nossa cama enquanto tiro meus


sapatos.

— Obrigado, Jun.

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Ele sorriu e me segurou o rosto para beijar minha boca, depois meu nariz e por
último, a testa.

— Sobre aquilo, não se preocupe. Eu vou cuidar de você e nunca vou deixar
nada de ruim te acontecer. Eu juro, anjo.

Eu assenti, abraçando-o preguiçosamente como um gatinho.

Falando em gatinho... cadê o nosso?

— Cadê Chim? — Pergunto, preocupado.

— Dormindo na lavanderia. Deve estar com raiva — Jungkook riu ao dizer e eu


acabei por rir também

Que filho temperamental nós fomos arranjar...

— Agora venha. Vamos nos lavar, porque amanhã vamos precisar dar atenção
não só a ele, mas a Taehyung também.

Eu sorrio ao lembrar que meu mais novo amigo em Seul vem me ver pelo meu
aniversário e assinto, finalmente me sentindo um pouco mais relaxado.

Então eu deixo que Jungkook me leve até nosso banheiro, onde tomamos um
banho demorado de banheira e conversamos um pouco mais sobre tudo e
sobre nada, até começarmos a ficar com os dedos enrugados.

Em seguida, nós fomos dormir, mas eu lembrei de programar meu despertador


para bem cedo. Já que Taehyung vem passar o dia comigo, eu preciso
aproveitar as primeiras horas da manhã para estudar, então assim que o
alarme toca, eu acordo meio assustado.

— Tá cedo... pode dormir mais um pouquinho — Eu digo para Jungkook


quando percebo que ele acordou também.

Quer dizer, mais ou menos, porque ele abriu um pouco os olhos, mas mais
parece dormir que estar acordado.

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Sonolento, ele assentiu quase sem força e eu dei um beijo em sua bochecha
antes de sair da cama e fazer todo meu processo matinal antes de me trancar
no escritório.

Pouco depois de ter começado a estudar, ouvi batidas na porta, que logo foi
aberta para exibir Jungkook ainda todo amassadinho de sono com uma
bandeja de café da manhã nas mãos.

— Sabia que você ia me esperar para comer — Ele disse com a voz ainda
indisposta, e eu ri um tanto.

— Não gosto de comer sozinho - Digo, mas ele já sabe.

— Sim. Por isso levantei — Confessou, apoiando a comida no espaço livre na


nossa mesa de trabalho e estudo, então se sentou em minha frente.

— Obrigado... — Eu murmuro, genuinamente feliz.

São seis e meia da manhã e Jungkook já me provocou o primeiro sorriso


sincero do dia. E ele ainda nem acordou direito.

— Você vai trabalhar hoje, Jun? — Questiono pegando minha tigela de arroz
com ovo frito.

Que ele não tenha errado a mão na hora de salgar, eu imploro.

— Não, meu bem. — Ele respondeu e provou um pouco da própria comida.


Como não avançou em mim me dizendo para largar a tigela ou posso acabar
morrendo por problemas de pressão, pressuponho que o sal está ok.

— Você finalmente vai descansar... — Eu murmuro, imensamente feliz sobre


isso. Mas acabo rindo:— Isso é tão estranho...

— Nem me fale. O que pessoas fazem quando estão de folga?

— Hm... — Murmurei de boca cheia, segurando minha tigela bem perto do


rosto e sentado com os pés na cadeira. — Sai com os amigos?

Eu certamente me incluiria como um de seus amigos, mas já combinei de


passar o dia com Tae, então o máximo que posso oferecer é:

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— Você pode ficar comigo e com o Taehyung!

— E passar horas ouvindo vocês conversarem sobre coisas que eu não


entendo? Acho que vou passar, anjo. Mas agradeço pela oferta.

Opa. Parece que o jogo virou.

— Então... Yoongi? Seokjin? Namjoon? Seu irmão! — Sugiro com a velocidade


de uma metralhadora.

— Vou ver se Seokjin está disponível — Ele decide, sem grandes


complicações, e eu assinto com um sorriso feliz.

No entanto, minha mente dispara quando eu percebo o que isso pode


significar.

— Jun! Chama ele pra vir pra cá pra casa! Dai ficamos os quatro juntos e talvez
a gente consiga fazer Seokjin deixar de ser bobo em relação ao Tae!

— Desculpe. Que?

— Taehyung disse que o Jin não cede... mas a gente sabe que ele se sente
atraído pelo Tae e só não faz nada por sua causa. A gente pode agir como
cupido deles hoje!

— Parece uma ideia desastrosa, anjo.

— Não custa sentar — Eu digo de boca cheia e Jungkook ergue as


sobrancelhas para mim, visivelmente segurando o riso. Então eu forço a
comida garganta abaixo e, com a boca livre, corrijo: — Eu quis dizer tentar.
Não custa tentar.

— Entendo. Achei que você estava sugerindo sexo matinal — Ele disse, rindo
sinceramente enquanto se recosta de forma relaxada em sua cadeira.

— Não seria surpresa, mas hoje não... ontem foi meio bruto, minha bundinha tá
doendo.

— Me perdoe, meu bem.

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— Não tô reclamando, não... — Eu digo, enfiando mais comida na boca para
esconder meu sorriso.

Jungkook abaixou o rosto ao rir também, e eu amo essa visão de nós dois
relaxados em nosso escritório, compartilhando um café da manhã preparado
por ele enquanto ainda estamos sonolentos, descabelados e com nossas
roupas de dormir.

É de uma simplicidade tão acolhedora que sequer consigo descrever.

— Então... vai chamar o Seokjin? — Pergunto, sorrateiramente.

— Vamos ver. Caso eu chame e isso não termine bem, saiba que a
responsabilidade é sua.

— Minha, nada. Eu sou só um bebê.

Jungkook mais uma vez arqueou as sobrancelhas para mim, o que me faz rir
com um restinho de comida na boca.

— Tá... a responsabilidade é minha — Eu cedo, ainda risonho.

— Melhor assim — Ele comenta, sem tirar os olhos de mim quando leva mais
comida à boca.

Durante o restante da refeição, nós compartilhamos mais alguns risos, eu fiz


mais algumas piadas bobas e eu o convenci a cantar para mim a mesma
música do Justin Bieber que ele estava cantando ontem, em nossa sessão na
Paradise Lost.

O mais surpreendente? Jungkook tem uma voz maravilhosa.

— Certo. Próxima pergunta — Ele diz, passando meus cartões de estudo


quando, tempos depois, já terminamos de comer e deixamos a bandeja com a
louça suja de lado. Agora, ele está me ajudando a estudar enquanto eu
massageio seu pé por baixo de nossa escrivaninha. — Qual a única organela
que uma bactéria possui?

— Ribossomo — Respondo, sem grande esforço. — Você está fazendo as


perguntas mais fáceis, Jun...
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— Me desculpe, Charles Darwin — Ele resmungou, passando os cartões em
busca de outra pergunta.

Eu ri de sua alfinetada, sem parar de massagear seu pé apoiado sobre minha


perna enquanto olho para seus dedos.

Poxa, até o pé dele é lindo.

— Próxima pergunta. Qual o nome dado ao estado de hiperbilirrubinemia do


recém-nascido?

— Como é? — Eu quase gritei. — Não estudei nada disso, não!

— Está no seu cartão, anjo — Ele me olhou e eu neguei, desconfiado.

— Deixe eu ver — Peço, interrompendo a massagem para esticar minha mão.


Então Jungkook fez menção de passar o cartão para mim, mas riu no último
instante e mostrou seu celular.

— Na verdade, peguei na internet. — Ele confessou, rindo bastante da própria


pegadinha, e eu suspirei em alívio e ao mesmo tempo em frustração.

— Já estava me achando burro de novo, Jun... — Resmungo, mas acabo por


rir também. — Qual é a resposta?

Ele olha para seu telefone, então lê:

— Kernicterus. — Ele torce os lábios e move os olhos num gesto


condescendente. — Vou guardar a informação. Vai que é útil, algum dia.

Eu ri ainda mais, sem interromper o riso mesmo quando meu celular vibra e eu
o pego para ler a mensagem recente de Taehyung.

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— Que horas você disse para Seokjin vir? — Eu pergunto assim que envio a
resposta de Tae.

— Antes de meia noite — Ele responde, passando meus cartões novamente.


— Qual é a novidade evolutiva das pteridófitos?

— Vasos condutores. Diz pra ele vir umas nove e meia? Por favorzinho...

— Digo. Que célula faz parte da inflamação e do processo alérgico?

— Hm... — Dessa vez, eu preciso forçar um pouco minha memória para


lembrar, mas enfim revelo: — Mastócitos.

— De acordo com minha avaliação, você já está aprovado no curso de


enfermagem. — Jungkook anuncia, então, e eu puxo o ar num gesto nervoso.

— Tomara...
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— Vai dar tudo certo, anjo. De um jeito ou de outro. — Ele garantiu. — Vamos
parar agora.

Eu concordo sem hesitar muito, e estico meus braços para me espreguiçar


antes de estendê-los para Jungkook, pedindo carinho.

— Abraço, Jun...

Ele levanta preguiçosamente de sua cadeira e dá a volta até parar em minha


frente, então se agacha para me abraçar e, quando me agarro a ele, Jungkook
volta a ficar de pé, me carregando no colo até o quarto.

Como está de folga, Jungkook me deixa tomando banho e vai lavar a louça do
café da manhã. E, quando saio do banheiro, vejo que ele já separou minha
roupa para receber as visitas, o que me faz sorrir e me vestir rapidinho para
esperar Taehyung chegar.

— Oi, paizinho... — Eu digo para Chim quando o encontro na sala e o pego no


colo para sentar comigo no sofá. — Você tá brabo, é?

Obviamente, nenhuma resposta sonora vem, mas eu percebo seu ronronar em


resposta ao meu carinho e tomo isso como uma negativa à minha pergunta, o
que me faz sorrir e erguê-lo no ar, bem perto de meu rosto, para que eu dê mil
beijinhos no pescoço dele.

— Coisa gostosa, bebê mais lindo do universo inteiro — Continuo paparicando


— o, até que a campainha de casa toca e eu o coloco cuidadosamente sobre o
estofado antes de levantar num pulo e correr até a porta.

— Parabéns atrasado! — Taehyung diz assim que o recebo, estendendo uma


caixa de bolo e um presente embrulhado enquanto a guia da coleira de Tannie
está presa em seu pulso e o miudinho, no chão.

— Obrigado! — Agradeço, logo aceitando meus presentes. Eu que não sou


bobo de recusar.

— Eu também trouxe um presentinho pro Chim-Ele disse, abrindo a bolsa


lateral. Dali, ele tirou uma bolinha de plástico com um guizo e me entregou.- Vi

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no pet shop quando fui levar Yeontan pra tomar a vacina e lembrei do seu
fofinho.

— Obrigado, Tae — Eu sorrio genuinamente, me afastando para que ele possa


entrar. — Chim vai amar.

Ok, eu não tenho muita certeza disso, porque da última vez que comprei um
brinquedo para Chim, ele nem deu bola e só quis brincar com a embalagem do
negócio.

Espero que ele não me faça passar vergonha agora.

— Jungkook tá de folga hoje, — Eu aviso quando fecho a porta e vou até a


cozinha para deixar o bolo, e termino quando me aproximo dele na sala: —
então Seokjin vem visitar. Tem problema por você?

— Seokjin vem? — Ele perguntou, com a entonação que mostra que é


justamente o oposto de problema. — Nossa, não, claro que não tem problema!

Eu sorri meio traiçoeiro, mas Taehyung não percebeu porque estava ocupado
pegando Yeontan no colo quando Chim começou a se aproximar de um jeito
meio arisco.

— Chim, pelo amor de deus... — Eu choramingo, desesperado.

Por que ele é assim?

Será que foi desse jeito que Jungkook se sentiu quando eu avancei em
Taehyung com uma almofada?

— Toma, filho — Eu digo, jogando a bolinha no chão, torcendo para que seja
suficiente para distraí-lo.

E como se nunca estivesse prestes a atacar o pobre do filhotinho de Taehyung,


sua atenção imediatamente viajou para a bolinha barulhenta e eu suspirei
aliviado quando vi meu bebê ir atrás dela.

— Desculpa por isso — Eu peço com uma risada sem graça. Taehyung, por
outro lado, ri sinceramente, e eu gesticulo para que ele sente no sofá. Quando

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sento ao seu lado, eu coloco o embrulho do meu presente no colo e anuncio:
— Vou abrir, ok?

— Espero que goste — Ele diz com um sorriso enorme e, ao ver o que é, eu
dou um grito tão alto que assusto meu filho e o de Taehyung de uma vez

É o último álbum de Red Velvet e ingressos para o show delas!

— Você disse que era besteira! — Eu grito, olhando-o quase em choque.

— Mas é só uma lembrancinha...

Eu abro minha boca e meus olhos simultaneamente, depois volto a ver o


presente em minhas mãos e dou uns pulinhos enérgicos para externar minha
felicidade enquanto rio para ele.

— Anjo? — De repente, eu ouço a voz de Jungkook desesperada e o coitado


aparece na sala com a toalha enrolada no corpo todo molhado e espuma de
shampoo escorrendo por sua testa. O pobrezinho até escorregou na água que
escorreu de seu próprio corpo, mas recuperou o equilíbrio ao se apoiar na
parede. Desesperado, ele perguntou: — O que aconteceu?

— O que aconteceu o que? — Eu pergunto, horrorizado por vê-lo quase pelado


na frente da visita.

— Você gritou — Ele explicou, olhando ao redor desesperadamente em busca


do provável motivo.

— Ah... — Eu deixo uma gargalhada muito alta escapar. — Taehyung me deu


ingressos pro show de Red Velvet!

Jungkook está segurando a toalha firmemente com uma mão, enquanto usa a
outra para continuar se apoiando na parede e seu peito sobe e desce devagar
quando ele pisca na mesma velocidade.

— O que? — Pergunta, atordoado.

Eu já estava prestes a explicar quão difícil é conseguir esses ingressos, mas,


antes de sequer começar, eu finalmente me dei conta do que está acontecendo
e gritei de novo, o que assustou Chim de novo.
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— Jungkook! A visita! — Eu digo, correndo para empurrá-lo de volta para o
quarto, e quase que eu também escorrego na poça que ele fez.

Jesus, que tragédia.

— Você me assustou — Ele resmungou quando recuamos o suficiente para


sair do campo de visão de Taehyung e eu acabei rindo um tanto do meu dom
desajeitado.

— Desculpa. Não vou mais gritar...

Ele suspirou pesadamente, balançando a cabeça numa negativa sutil antes de


me dar as costas para voltar ao banheiro e finalizar seu banho.

Em seguida, eu também volto para onde estava e vejo Taehyung usando a


mão para cobrir o riso, mas sendo bem sincero, não adianta de nada porque
ele está quase engasgando de tanto rir.

— Jungkook é meio superprotetor... — Eu tento justificar a trágica cena de


segundos atrás.

Eu percebo que Taehyung até tenta ficar sério para concordar comigo, mas só
acaba rindo mais.

Ótimo. Meu gato e meu namorado me fazem passar vergonha na frente da


visita.

Mas mau humor não é algo que eu quero preservar agora, então até me
permito rir um pouco da tragicidade dessa situação, também.

Quando estou prestes a me sentar, no entanto, a campainha toca outra vez e


eu saltito no lugar, já ciente de quem acabou de chegar. Então, eu corro
apressado até a porta e ao abri-la, eu imediatamente abraço Seokjin.

— Bebezinho, feliz aniversário atrasado! — Ele diz, me aceitando de prontidão


num abraço gostoso. — Você não recebeu minha mensagem ontem?

Eu paro por um momento para lembrar, e resfolego violentamente quando me


dou conta de que eu vi a mensagem na tela de notificações, respondi
mentalmente e esqueci de responder de verdade.
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— Vi... e respondi no meu coração com todos os emojis fofos disponíveis no
celular... - Eu digo com uma risada sem graça e ele gargalha.

Tanto tempo depois e ainda não me acostumei com sua risada engraçada.

— Não tem problema. — Ele me tranquiliza. — Aproveitou bem seu dia?


Jungkook deu tudo que você merece?

— Ele sempre dá...

Seokjin ri, afetuoso, e faz a pergunta de sempre:

— E o casamento, quando sai?

Ele pergunta coisas desse tipo tantas vezes que eu nem dou mais tanta bola,
então somente rio em resposta e o puxo para dentro de casa.

— Vem, o Tae também tá aqui — Aviso, o que imediatamente faz a expressão


de Seokjin mudar sutilmente.

— Ah...

— Não é um problema, é? — Pergunto, quase julgando-o com o olhar.


Desconfiado, insisto: — Né?!

Antes que Seokjin responda, Jungkook reaparece na sala. Vestido, dessa vez.

— A ideia foi de Jimin. — Ele anunciou como quem diz bom dia, caminhando
até sentar no sofá.

— Que ideia? — Seokjin perguntou.

— Convidar você e Taehyung de uma só vez — Respondeu, sem dó de me


explanar.

Será que ele consegue ser mais indiscreto que isso?

Em reação ao anúncio, Seokjin riu nervoso, e nós todos nos atentamos a


quando Yeontan fugiu do colo de Taehyung e correu para o de Jungkook, que
a principio se assustou com a bola de pelos, mas não a rejeitou.

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— E você não consegue dizer não a Jimin — Seokjin pondera, sentando
comigo no chão.

— Olhe para ele e me diga se você conseguiria — Jun desafia, o que faz
Seokjin mover seus olhos em minha direção. Imediatamente, eu abro bem
meus olhos, usando o mesmo truque que quase nunca falha com Jungkook.

Então, Seokjin desviou seu olhar, mas eu o ouvi resmungar algo como que
inferno de menino fofo, não pela primeira vez.

Então, silêncio.

Constrangedor.

— Querem comer o bolo que Taehyung trouxe? — Ofereço de supetão, acho


que mais uma vez dei um susto em todo mundo.

— Eu tomei café da manhã tarde, bebezinho. Mas obrigado — Seokjin foi o


primeiro a responder. Jungkook, eu já sei que não quer, então movo meu olhar
para Taehyung.

— Também comi tarde, Minie... vou deixar para depois.

– Não sabem o que tão perdendo... — Eu digo, sem perder a motivação para
levantar e pegar um pedaço para mim. Enquanto o faço, eu percebo que os
três continuam calados na sala e vejo Chim caminhando em direção ao quarto,
como se nem o pobrezinho aguentasse a atmosfera.

Certo. Talvez dar uma de cupido não tenha sido a melhor ideia da minha vida,
mas não custa tentar.

— Quer, Jun? — Eu ofereço quando volto com meu pedaço de bolo servido e
enfio os dentes do garfo no morango que peguei especialmente para ele. — Eu
limpei o glacê pra você.

— Obrigado, anjo — Ele sorriu ao aceitar a frutinha e, enquanto mastiga, eu


dou sequência às minhas péssimas ideias com boas intenções.

— Então... querem jogar verdade ou consequência?

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Tae parece passar por um breve sufoco enquanto Yeontan se agita em seu
colo, querendo correr de um lado para o outro no sofá, e Seokjin parece muito
confuso. Jungkook continua mastigando em silêncio.

Meu deus, que situação horrorosa.

— Certo — Jun suspirou, usando o polegar para limpar o canto dos lábios. —
Vamos simplificar isso, anjo.

Eu o olho assustado sobre o que ele vai fazer, mas Jungkook não recua. Em
seguida, ele se recosta relaxadamente no sofá e alterna seu olhar entre
Taehyung e Seokjin. Então, pergunta:

— Quando vocês vão aceitar que estão interessados um no outro?

Eu arregalo meus olhos, mas quem quase colapsa é Taehyung.

— Jimin está tentando fazer vocês admitirem isso, mas a sutileza dele está
gerando uma situação muito incômoda. Nem nosso gato aguentou e, por deus,
eu não vou me submeter a um jogo só para perguntar a vocês algo que posso
perguntar diretamente. — Jungkook não para. — Então: quando?

— Eu só queria jogar. Não faço ideia do que ele tá falando — Eu digo, fingindo
surpresa logo antes de enfiar um pedação de bolo na boca.

— Vocês dois... — Seokjin suspirou, massageando a própria nuca num gesto


tenso.

— Eu não interfiro na vida amorosa dos outros e você sabe disso, Seokjin, mas
você continua me colocando como obstáculo quando eu não sou um. Então
que fique claro, se quiserem ser amigos ou qualquer coisa além disso, eu não
tenho qualquer oposição, sequer me reservo o direito de ter. Está claro?

Instintivamente eu quase respondo um sim, senhor mas minha atenção às


reações de Jin e Tae prevalece, então eu continuo calado, olhando de um para
o outro.

— Isso é estranho. Jesus, Jungkook... — Seokjin se lamentou, visivelmente


nervoso,

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— Olha... eu realmente, realmente não tive nada a ver com isso — Digo com a
maior cara lavada. — Mas já que entramos no assunto... a gente só quer que
vocês estejam bem resolvidos um sobre o outro. Se estiverem bem resolvidos
do jeito que as coisas estão agora, ok, não vamos ficar insistindo, mas se não...

— Eu não estou. — Taehyung me interrompeu.

Nós três olhamos para ele, que brincou nervosamente com os próprios dedos
antes de juntar coragem para olhar para Seokjin.

— Jin, eu... amo ser seu amigo. Amo mesmo, e sou muito grato por tudo que
você faz por mim, mas às vezes eu sinto que isso não é suficiente e o
problema é que também, às vezes, não parece suficiente para você...

Espera, a intervenção de Jungkook deu certo?

— Tae... — Seokjin chamou, parecendo confuso de verdade.

— Anjo, vem comigo — Jungkook chamou ao ficar de pé, mas eu apertei meus
lábios, consternado.

Eu quero ver o desfecho, poxa.

— Jimin. — Ele insiste quando vê que eu não faço menção alguma de atender
seu chamado.

Contrariado, eu choramingo baixinho antes de caminhar até ele e então ser


puxado até o quarto.

— Eles precisam de privacidade. Discutir isso em nossa frente não vai fazer
bem nenhum a eles — Jungkook explicou quando encostou a porta e eu
assenti, porque sei que ele tem razão.

Mesmo assim, minha curiosidade é tão grande...

— Não posso dar uma bisbilhotada? Só um pouquinho?

— Coma seu bolo antes que eu te amarre na cama — Ele ameaçou, dando um
tapinha em minha bunda para que eu me afaste da porta.

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Trancados aqui dentro com Chim, eu vejo Jungkook sentado no chão para
brincar com nosso bebê enquanto eu, emburrado, como o resto da minha fatia
de bolo.

Honestamente, eu não sei quanto tempo se passa até que ouço batidas na
porta, em seguida a voz de Seokjin:

— Estão transando?

— Não. Entre — Jungkook quem responde, brincando com a mão na barriga


de Chim enquanto recebe arranhões e mordidas por isso.

Já estamos tão acostumados a apanhar para ele que nem ligamos mais.

Ainda sem que a dinâmica aqui dentro do quarto mude, a porta é aberta por
Seokjin, que está com Tae e Yeontan ao lado e eles parecem prestes a irem
embora.

Meu deus, deu merda.

— Nós já vamos — Foi Taehyung quem avisou. — Podemos remarcar para


outro dia?

Eu arregalei meus olhos, me sentindo a pior pessoa do mundo por


aparentemente ter feito eles dois brigarem a ponto de nem conseguirem
continuar aqui.

— Gente... desculpa... — Eu peço, desesperado.

– Bebê - Seokjin riu. - Nós vamos a um encontro agora.

Novamente, eu arregalei meus olhos. Dessa vez, feliz, mas ainda surpreso.

— O que?

— Nós... vamos ver no que dá — Taehyung responde com um sorriso


pequeno, mas ele parece tão feliz.

Em resposta a isso, meu próprio sorriso aumenta e eu corro em direção a eles,


abraçando-os de uma vez.

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— Obrigado pela intervenção — Seokjin diz então, olhando de mim para
Jungkook. - Acho que precisávamos de um estímulo.

— Disso eu tenho certeza, né? — Eu digo, o que o faz rir.

— Então marcamos nossa reunião para depois. Espero que não se importem.

Eu neguei sinceramente, e a última coisa que disse antes de me despedir


deles, foi:

— Por favor, beijem bastante!

❆❅❄❅❆

Um mês pode ser muito tempo para uns. Para outros, pode passar em um
piscar de olhos.

Desde o dia em que recebemos Taehyung e Seokjin em casa, o tempo parece


ter passado voando, me trazendo numa velocidade desesperadora à véspera
do dia que, atualmente, é o mais importante da minha vida.

O dia do vestibular.

Durante as últimas cinco semanas, eu mantive minha rotina de estudo


intercalada ao trabalho e ao meu tempo dividido com Jungkook e Chim.

Durante as últimas cinco semanas, eu acreditei que estava dando meu melhor.
Eu tive orgulho de mim.

Agora, apenas algumas horas me separam da prova para a qual tanto me


preparei, e o que eu menos sinto é paz.

Jungkook está dormindo ao meu lado, Chim está deitado nos pés dele e eu
estou aqui, com os olhos abertos, a cabeça doendo, o coração acelerado e
uma sensação angustiante que me sobe pela garganta enquanto não consigo
pegar no sono outra vez.

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Tentando aliviar pelo menos uma dessas sensações ruins, eu me movo com
cuidado para não acordar nenhum dos dois e pego um analgésico na gaveta ao
lado da cama, usando o resto de água em meu copo para engoli-lo.

No entanto, a sensação ruim em minha garganta parece ir além de algo


psicológico porque, mal sentir o comprimido descer, senti o reflexo de tudo
querendo voltar, e eu cobri minha boca com a mão antes de correr no escuro
até o banheiro, onde me agachei diante do vaso sanitário e, sem demora,
vomitei.

O som de meu corpo expulsando os restos de jantar contra minha vontade me


deixa aflito e eu sinto meu corpo espasmar quando, ao fim, caio sentado no
chão.

Ao mesmo tempo, eu percebi a luz do quarto acesa e, em seguida, Jungkook


entrou no banheiro com a expressão preocupada mesmo no rosto sonolento.

— Anjo... — Ele me chama ao perceber o que acabou de acontecer, e eu seco


as lágrimas que se formaram por conta do esforço do vômito.

— Eu tô bem... — Eu digo para ele, com a voz tremendo um pouco pelo


mesmo motivo.

É claro que Jungkook não se convence, então ele suspira e dá a descarga,


depois me pega com cuidado pelos braços e me ajuda a ficar de pé para lavar
meu rosto e limpar minha boca.

— Quando foi sua vez... você ficou nervoso assim, Jun? — Eu perguntei
quando ele me carregou de volta ao quarto e me ajudou a sentar na cama.

— Sim, meu bem. — Ele respondeu enquanto eu vejo Chim cambalear pelo
colchão até esfregar a cabeça em meu braço.

Ele é tão bonzinho, sempre percebe quando os papais estão tristes ou


preocupados e da seu jeitinho de tentar nos consolar.

— É normal ficar nervoso quando se deseja muito alguma coisa. Mas lembra
do que eu te disse muitos anos atrás? — Ele continuou, me fazendo recostar
na cabeceira e em seguida puxando o lençol para cobrir minhas pernas.
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Eu assenti com cuidado, instintivamente tocando no pingente em minha
pulseira.

— Então não se preocupe tanto, anjo. O que acontecer amanhã não vai mudar
isso.

Eu assinto levemente e recebo um beijo na testa antes de ver Jungkook ficar


de pé.

— Eu já volto. — Ele avisou, então, e saiu calmamente do quarto. Minutos


depois, voltou com uma bandeja ocupada por água, chá e um caldo leve de
legumes.

No meio da madrugada, Jungkook me deu comida na boca, conversou comigo


e me abraçou para cantar em meu ouvido até conseguir me fazer dormir outra
vez.

E no meio de tanto amor e tanto cuidado que meu homem e nosso filho
dedicam a mim, eu consigo pouco a pouco me acalmar e finalmente aproveito
as horas de sono que me restam ao lado da minha família.

— Pegou tudo? — Jungkook pergunta quando, pela manhã, eu me preparo


para sairmos de casa.

— Sim... — Respondo, deixando um sorriso nervoso dar as caras.

— Vamos — Ele me chama, então, mas me prende num abraço e me dá um


beijo demorado na cabeça antes de me guiar para fora de casa. — Eu tenho
muito orgulho de você, Jimin. Sempre tive. Nunca esqueça de ter, também.

Eu assinto, ficando na ponta dos pés para agradecer seu apoio incondicional
com um beijo rápido, que logo é interrompido para que eu não me atrase.

Mal sentamos no carro, então, e eu percebo que meu celular está vibrando
feito louco na mochila. Quando o pego e vejo o motivo, eu rio sinceramente.

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Eu ri tanto das mensagens, narrando-as também para Jungkook (que está no
grupo, mas eu prefiro que ele não interaja com suas tentativas fracassadas de
usar emojis), que sequer tive espaço para ter outra crise de nervosismo até
chegarmos à frente da escola onde vou fazer a prova.

— Ok. É isso — Eu digo nervosamente. — Obrigado por me trazer, Jun. Se for


falar lá no grupo, não use emojis, tá?

Ele riu um pouco, massageando minha nuca enquanto não desço do carro.

— Eu venho te buscar quando você sair, é só me ligar.

— Certo.- Eu respiro fundo e me inclino para beijar sua boca. — Até mais
tarde!

— Até, meu bem. Boa sorte. E eu também acredito em você.

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Eu sorri para ele e ainda dei mais dois beijinhos antes de descer do carro e
fazer o caminho que pode me levar a realizar meu sonho, ou me levar a tentar
mais uma vez.

Desistir, não.

Mas apesar do meu nervosismo, eu percebo que meus esforços não foram em
vão. Eu me saio tão bem na prova de biológicas e até na de cálculo eu consigo
resolver várias questões enquanto lembro das aulas por video chamada que
Jeonghan me deu, ou de quando Jungkook me ajudou a solucionar aquelas
que eu não conseguia de primeira.

E é exaustivo. É um dia inteiro de prova, mas, quando acabo, eu estou


satisfeito com o resultado, apenas esperando sair do prédio da escola para
ligar meu celular e chamar Jungkook.

Mas existe uma coisa sobre a vida.

Ela é imprevisível.

Essa constatação pode ser algo tão bom quanto ruim. As vezes, somos
surpreendidos com algo que nos deixa felizes.

As vezes, é o oposto.

As vezes, é uma tragédia.

Talvez o que acontece agora não seja de todo uma surpresa, apesar de ser
necessária uma parcela enorme de participação do acaso para que essa
pessoa esteja aqui, hoje, agora.

Ele deveria estar preso, mas a justiça encontra caminhos que, por vezes, não
são os que julgamos justos, não importa quão incoerente isso pareça.

E Yoongi me alertou. Ele disse que existia a possibilidade. Bem, Yoongi estava
certo.

Porque enquanto desço a escada e viro para descer o lance seguinte, eu o


vejo.

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Kim Wonsik.

O homem que me assediou por meses, que me intimidou e me agrediu de


formas além da física está aqui, livre, com o uniforme de segurança da escola
enquanto faz uma ronda pelo segundo andar.

Com as lembranças de tudo que aconteceu, eu sinto meu corpo retesar e travo
por um instante ao perceber que ele me viu, me reconheceu e não parece feliz
com isso.

Nervoso, eu juntei minha coragem e resolvi fazer o que pareceu mais seguro,
então agarrei as alças da minha mochila com mais força e segui meu caminho.

Ou, pelo menos, tentei.

— Você é tão nojento que vai me ignorar depois de quase ter acabado com
minha vida? — Ele pergunta com esse tom que faz meu sangue gelar.

E eu o ignoraria, certamente, mas foi difícil continuar a descer a escada quando


ele me agarrou pelo cotovelo e me impediu de sequer pisar no primeiro degrau
da descida.

— Você não vai fugir agora, caralho! — Wonsik ameaça, segurando meu braço
com força.

Assustado, eu olho ao redor em busca de alguém, mas não vejo sequer uma
alma viva no andar.

Antes de entrar em desespero, eu me convenço de que nada ruim vai


acontecer.

Nada vai ruim acontecer.

Nada ruim vai acontecer.

Não importa se ele já te agrediu, perseguiu tantas pessoas que se perde a


conta e quase matou o cara que chamava de amigo. Nada ruim vai acontecer.

Não importa se ele é completamente desequilibrado. Nada. Ruim. Vai.


Acontecer.

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— Eu perdi meses da minha vida preso até me liberarem e agora tenho um
emprego de merda, nessa escola de merda, porque foi a única coisa que
consegui. E a culpa é de quem? Ele perguntou, e eu fiz uma careta de dor e
medo quando apertou meu braço ainda mais, me encarando com esses olhos
assustadores. — Hein, Jimin?

A culpa é sua, eu penso em dizer, mas contenho o impulso.

Porque ele é louco. Eu já tinha certeza disso, mas agora...

Os olhos dele sequer conseguem se focar. As íris se movem sem rumo dentro
das órbitas, oscilando como se ele sequer tivesse controle do próprio corpo.

Mas nada ruim vai acontecer.

Eu vou sair daqui, entrar no carro de Jungkook e chegar em casa para ser
recepcionado por Chim e seu ronronar gostoso

— Me solta, Wonsik. Não piora as coisas — Eu digo. Tento esconder meu


medo, mas minha voz vacila demais.

Porque, apesar de repetir o contrário, talvez algo ruim aconteça.

— As coisas vão piorar, Jimin. Você acha que eu vou te deixar em paz depois
de ter passado meses preso por sua culpa?!

A culpa não foi minha!

— Eu tenho uma ordem de restrição contra você. Não importa se você está
livre, você não pode chegar perto de mim, então me solta.

— Você... — Ele começa a dizer, mas então ouvimos passos se aproximando


e, quando eu vejo um dos monitores aparecer em meu campo de visão e
percebo que Wonsik o nota também, eu aproveito sua distração para me soltar
e recuo imediatamente.

— Fique longe de mim. — É a última coisa que aviso.

É a última coisa que digo.

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Antes de virar, eu vi a mesma coisa. O monitor olhando com suspeita para a
cena que protagonizo, os olhos loucos de Wonsik e, por último, a mesma
expressão de ódio descontrolado que Dongsun deve ter visto antes de ser
empurrado escada abaixo, lá no hospital.

Porque o mesmo acontece comigo.

Mais uma vez, eu fui a vítima.

Diferente do que tentei acreditar, algo ruim aconteceu.

E enquanto minha mente se perde entre os instantes em que Wonsik avança


em minha direção, me empurra pelos ombros e meu corpo desaba pelos
degraus, minha mente repassa flashes dos momentos bons do meu dia com
Jungkook, do apoio dos meus amigos, do cuidado de Chim.

Nos últimos segundos antes de bater a cabeça com força, eu lembro de tudo
que me faz feliz.

E então tudo vira um grande nada.

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pois é matei o Jimin

(é óbvio que não matei, eu já disse que sub não é death fic kkkkkkkkkkk)

desabafo: sabem o que foi mais desconfortável dessa última cena? quando
descrevi o olhar de Wonsik aqui nesse capítulo, eu me baseei no olhar de uma
pessoa muito próxima a mim e é sempre meio esquisito usar minhas
experiências ruins na hora de escrever, mas é meio libertador também

mas ok, entenderam porque eu fiquei tão relutante de postar essa parte junto
com o capítulo de ontem? achei que ficaria bem confuso abordar tantas coisas
de naturezas tão distintas num capítulo só (e sei que isso acontece com
frequência em sub, mas nunca da forma como aconteceu com esse capítulo,
inclusive em relação ao tamanho)

um aviso importante: o próximo capítulo não será narrado nem pelo Jimin, nem
pelo Jungkook (nem em terceira pessoa)

alguém chuta quem vai narrar?

por enquanto, é isso! agora voltamos ao nosso ritmo normal de atualização e


seguimos na contagem regressiva: mais dois capítulos e o epilogo e chegamos
ao fim. até dia 20/01 <3

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50 • Wet Weekend
Dedicado a natanikse

YUKWON

— Eu não acredito que você mordeu a criança. — Yuta reclama com essa pose
de namorado chato, mas eu nem sei qual a surpresa, então dei de ombros.

— Ela estava me irritando.

— E? Era aniversário dela, Yukwon, pelo amor de deus!

Chato pra caralho.

— Para de revirar os olhos pra mim! — Ele mete um peteleco na minha testa e
eu quase rosno de tanta raiva.

— Bucetão do caralho! Eu nem mordi com força, só recriei a cena daquele


filme do palhaço assombrado lá!

— Que palhaço assombrado? Pennywise? Você está mesmo fazendo


referência a Pennywise?

Uma coisa sobre Yuta: ele perde o foco muito rápido sempre que alguém cita
alguma coisa que ele gosta muito, como filmes de super heróis ou qualquer
coisa relacionada às obras do Stephen King.

Sério, chato pra caralho.

— Esquece a criança. Esquece Pennywise também. A coisa mais importante


de hoje é a prova do Jimin. Não já deveria ter acabado há, sei lá, umas três
horas? Por que ele ainda não falou nada no grupo?

— Será que ele acha que não foi bem? — Yuta supôs, nervoso.

Nós estávamos tão ansiosos para a prova dele que, de ontem para hoje, nem
dormimos direito.

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Tipo, nem é a gente quem está tentando entrar na universidade, mas Jimin se
esforçou tanto para isso e nós torcemos tanto para ele que sofremos de insônia
coletiva.

Jeonghan, lá em Gwangsan-gu, também não conseguiu dormir direito, então


nós três entramos numa chamada de vídeo em plena madrugada para planejar
algo para Jimin. Uma festa de comemoração caso ele seja aprovado, ou uma
de consolo caso não.

Mas nós todos acreditamos que ele vai conseguir, então fomos otimistas,
embora nenhum dos puritanos tenha aceitado minha ideia de fazer uma
comemoração com temática sexual.

— Arrombado do caralho, tá me deixando nervoso — Eu praguejo quando


checo pela milésima vez que não recebi nenhuma notificação dele.

Quando estou prestes a bloquear a tela do meu celular velho, eu quase cuspo
o coração de susto com o toque estridente de uma nova ligação, e é estranho
ver o número da mãe de Jimin na tela.

Não que eu não me dê bem com ela, porque ela me trata quase como um
segundo filho e eu e Yuta frequentemente vamos visitá-la, mesmo que Jimin
não esteja lá.

E é justamente por isso, por me conhecer bem, que ela sabe que eu não gosto
de falar no telefone, então nunca me liga a não ser que seja uma emergência
(a última foi um bolo que ela fez que estava tão, mas tão bom que eu e meu
namorado fomos intimados a ir até lá para comer).

No fim nem estava tão gostoso assim, mas a gente fingiu que estava, meu
deus, espetacular!

— Será que ela fez outro bolo comum que jura estar divino? — Eu jogo no ar,
torcendo para que seja isso, e deslizo o dedo pela tela para aceitar a chamada.
— Oi, tia.

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Eu queria que fosse uma emergência culinária. Um bolo superestimado, ou um
rato que nem ela, nem o pai de Jimin conseguem colocar para fora. Mas pelos
soluços que escuto, não é nada disso.

— Tia?

— Yukwon... — Ela diz, a voz parece meio abafada por conta do choro.—
Yukwon, meu bebê...

As vezes ela me chama de bebê. Aliás, todo mundo que é amigo de Jimin, para
ela é um bebê, mas eu não acho que nenhum de nós seja o motivo de seu
desespero agora, então só me resta uma alternativa na qual acreditar.

A prova do vestibular nacional já foi encerrada há pelo menos três horas.


Nenhum de nós teve notícias de Jimin. Sua mãe me liga chorando.

Antes mesmo de ouvir o que ela tem a dizer, eu já estou em pânico.

Aconteceu alguma coisa com meu melhor amigo.

— Eu vou aí! — Digo para ela, finalizando a chamada e agarrando o pulso de


Yuta, que me olha com pavor enquanto o puxo para fora de casa.

— Yuk, o que foi? — Ele pergunta enquanto calçamos os sapatos na entrada


do apartamento. Apesar de não saber qual o motivo da minha agonia, ele nem
hesita em me seguir.

— Acho que aconteceu alguma coisa com o Jimin — Eu explico o máximo que
posso, o que desperta nele o mesmo temor que despertou em mim, e nós
corremos o mais rápido que podemos até o ponto de ônibus.

E nós fizemos esse percurso várias vezes. A casa dos pais de Jimin não é
longe, então a viagem nunca é longa, mas dessa vez parece levar uma
eternidade até que chegamos ao hotel e atravessamos a recepção até a
entrada da residência deles.

Eu meio que esmurro a porta e a mãe de Jimin aparece assim que nos ouve,
como se já estivesse ali nos esperando, com o rosto marcado pelo choro
compulsivo.

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Assim como o filho, os olhos dela sempre ficam inchados e o nariz fica
completamente vermelho quando ela chora, então sequer consegue disfarçar.

— Meu bebê tá no hospital... — Ela diz, caindo num soluço repetitivo assim que
termina de dizer.

— Meu deus... o que aconteceu? É grave? — É Yuta quem pergunta e quem a


abraça para tentar consolar, porque eu fico meio sem reação.

— Jungkook me ligou para avisar... — Ela explicou, soluçando copiosamente.


— Mas ele não conseguia falar direito, então eu conversei com um homem
chamado Yoongi e ele disse que meu filho está desacordado, que o homem
que o agrediu antes, empurrou... empurrou meu príncipe de uma escada e
agora ele pode...

Eu percebo Yuta abraçando-a, enquanto meu sangue ferve ao descobrir quem


é o culpado de machucar Jimin mais de uma vez.

Eu vou destroçar esse filho da puta. Vou enforcá-lo com as próprias tripas,
como Jimin sempre diz que eu sou capaz de fazer.

Eu vou, assim que me certificar que uma das pessoas mais importantes de
minha vida vai ficar bem

— Eu vou para Seul — Ela anunciou, secando as lágrimas em suas


bochechas. — Eu não aguento mais de tanta saudade dele e agora, com isso...
eu preciso ficar perto do meu filho.

— Eu vou também — Anuncio num impulso, o que faz Yuta me olhar surpreso.

Mas, diferente do que costuma fazer sempre que eu ajo de forma impulsiva, ele
não me repreende, talvez por entender que, apesar de Jimin ser especial para
ele, para mim é muito mais.

As vezes, chamá-lo de melhor amigo não parece suficiente.

Quando eu estava sufocando em solidão, Jimin foi minha primeira lufada de ar.
E por causa dele, eu pude conhecer Yuta, Jeonghan, Kihyun, Jungkook e

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tantas outras pessoas que, hoje, me ajudam a esquecer do tempo em que não
pude respirar.

Jimin é meu oxigênio. Ele é isso para mim.

Jimin é meu oxigênio. Ele é isso para mim.

E apesar de estar ciente há tempos sobre quão intensa é minha ligação com
aquele cara que chora por tudo e ri por tudo e um pouco mais, Yuta entende.
Ele entende que, no nosso dicionário, Yukmin é sinônimo de amizade pura.
Como irmãos de alma.

E se ele está machucado, eu estou ainda mais.

— Nós precisamos comprar as passagens — Meu namorado anunciou, então.


— Se dermos sorte, conseguimos vaga em algum vôo para amanhã.

— Vocês podem...? — Senhora Park pede e o tremor em suas mãos deixa


claro que ela não está em condições de comprar as passagens sozinha.

— Claro que sim! — Yuta responde, como o ponto de calma em nossa


confusão. - Posso usar o computador do hotel?

A mãe de Jimin assentiu, ainda trêmula, e gesticulou para que passemos para
o lado de fora. Quando chegamos à pequena sala da administração, meu
namorado entrou no site de cada empresa aérea em busca das passagens
mais próximas para Seul.

— Amanhã tem um vôo às quatro da manhã, com duas poltronas disponíveis.


— Ele avisou, nos olhando com expectativa. — Senhor Park vai?

— Ele está em Busan agora — Ela responde, tensa. — Eu já avisei que estou
indo para Seul e ele vai voltar para cuidar das coisas por aqui. Só eu vou.

— Certo. Então vamos comprar nesse vôo. — Yuta decide.

— Nós precisamos de três passagens. — Lembro, mas ele sorri para me


tranquilizar.

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— Vão vocês dois na frente. Estejam lá com ele. Eu vou no próximo vôo ou
trem.

Eu inclino minha cabeça para a frente, com uma mão espalmada na mesa do
escritório e a outra bagunçando meus cabelos num gesto ansioso porque sei
que Yuta também quer ir tão rápido quanto seja possível.

Mas, no fim, concordo.

Então nós compramos as passagens, que são uma facada de tão caras, e
depois voltamos para casa para que eu arrume minha mala.

Enquanto o faço nervosamente, atrapalhado demais e sempre esquecendo


algo, eu percebo que Yuta se aproxima, se ajoelha atrás de mim e me abraça
pelas costas antes de me dar um beijo no ombro e acariciar meu peito.

Com a voz carinhosa e o queixo apoiado em mim, ele pergunta, suave:

— Você não está indo pra Seul pra cometer um crime não, né?

Eu nem respondi, mas o puxei pelo braço até fazê-lo sentar em minha frente,
sobre minhas pernas, enquanto ele afaga minha cabeça.

— Vai ficar tudo bem com o Jimin, você vai ver — Ele garante, também
tentando se convencer.

Preocupado, triste e rancoroso, eu o abraço sem dizer qualquer coisa, e


externo um pouco de minha frustração ao morder seu ombro.

Eu sempre mordo quando estou chateado ou entediado e Yuta odeia isso, mas
agora ele nem reclama.

— Se eu matar alguém e for preso, você vai me largar? — Pergunto, limpando


a saliva que deixei em sua pele.

— Eu prefiro não namorar à distância...

Eu ri de sua resposta mesmo que não tenha espaço para bom humor e beijei o
lugar onde depositei a mordida. Depois o afastei, já me sentindo um pouco
menos agoniado para terminar de arrumar minhas coisas.

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Esse é o efeito de Yuta em mim.

Ele me acalma quando nada nem ninguém parecem capazes de fazê-lo. Ele é
o equilíbrio da minha natureza sempre tão turbulenta, por vezes arredia.

E eu o amo por isso. Mas o amo por muitas outras coisas, também.

Mas nada disso é verbalizado nem enquanto termino de arrumar, nem quando
saio de casa para ir ao aeroporto, porque eu sempre tive, ainda tenho, esse
bloqueio que torna tão difícil dizer às pessoas o que sinto por elas.

Não muito diferente é minha incapacidade de consolar com palavras, por isso
talvez não tenha sido a melhor ideia de, no avião, pedir para trocar de lugar
com a mulher no assento ao lado da mãe de Jimin.

Como compramos de última hora, os lugares que conseguimos eram distantes


um do outro, mas consegui resolver isso com a conversa mais educada que
tive em minha vida, Nem palavrão eu disse.

E então, sentado ao lado dela, as coisas ficam realmente desconfortáveis.


Primeiro, porque essa é a segunda vez em minha vida que ando de avião. A
única vez além dessa foi quando meus pais morreram e Taeyeon me pediu
para passar um tempo na casa de uns tios.

Eu acho que ela fez isso para que eu não a visse desmoronando, mas nunca
tive uma confirmação.

Então, traz uma sensação estranha estar dentro de um avião novamente,


principalmente porque, assim como da primeira vez, não é um bom motivo que
me faz estar aqui.

O outro motivo é que a mãe de Jimin está inconsolável. As mãos dela não
pararam de tremer e seu rosto inchado prova que ela chorou muitas vezes
além daquela quando eu e Yuta estávamos em sua casa.

— O homem chamado Yoongi ligou novamente para dizer que iam fazer alguns
exames - Ela disse, quebrando o silêncio desconfortável que se estendeu por
longos minutos. — Se foi ele quem ligou, é porque Jungkook ainda não
conseguiu se acalmar, o que quer dizer que a situação não é boa...
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Eu não sei o que dizer, então fico em silêncio enquanto vejo a mulher ao meu
lado lutar contra uma nova onda de lágrimas.

— Eu não entendo, Yukwon... eu sei que Jimin tem uma personalidade difícil,
mas ele é uma boa pessoa. Eu o criei dentro de mim, depois o vi crescer. Eu vi
aquele bebê agitado se tornar um homem, acompanhei todas as dificuldades
dele e sofri o dobro a cada lágrima que ele derramou. — Ela já não é mais
capaz de conter o choro, e sua voz tremula constantemente. — Eu o conheço
como se fosse uma parte de mim, por isso eu sei, eu sei, que apesar de tudo,
ele tem o coração mais puro que eu já conheci. Meu Jimin é uma boa pessoa,
então eu não entendo por que continuam machucando e fazendo coisas ruins
com meu filho. Ele não merece. Meu príncipe não merece.

Não é algo que acontece com tanta frequência, mas eu mesmo me sinto quase
desabar em lágrimas quando escuto o desabafo angustiado de sua mãe,
porque eu entendo.

Jimin é a pessoa que ficou do meu lado quando todos me odiavam. É a pessoa
que ficou ao lado de Yuta quando ele mais precisou. É a pessoa que chora
quando algo dá errado para ele, mas que sofre muito mais quando algo dá
errado para as pessoas com quem ele se importa. É a pessoa que, mesmo
morando a mil quilômetros de mim, me faz lembrar todos os dias que eu ainda
sou seu melhor amigo, porque sabe que isso é importante para mim.

E não importa se ele faz voz de bebê quando quer algo, se é grudento como
chiclete ou se deu seus vacilos. Ele é a melhor pessoa desse mundo e não
merece nada de ruim que façam contra ele.

Por isso, eu estou quase sufocando em tristeza quando descemos do avião e


pegamos nossas bagagens, lento demais para perceber que tem alguém à
nossa espera.

— Ei... — Finalmente, eu o percebo quando somos diretamente abordados por


ele. Yoongi me disse que vocês estavam chegando, então vim buscar vocês.

Não diferente de mim ou da mãe de Jimin, eu percebo a expressão abatida no


rosto do homem bonito ainda antes de reconhecê-lo.

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É Seokjin, com os olhos tristes, diferente da aura sempre tão alegre em todas
as vezes que o vi.

— Você é...? — A mulher ao meu lado pergunta.

— Seokjin. Kim Seokjin. Eu sou amigo do Jungkook e do Jimin.

— Ah, já ouvi muitas coisas boas sobre você. — Ela sorriu sem muito
entusiasmo, mas não é como se pudéssemos julgá-la. — Obrigado por sempre
cuidar tão bem deles dois. Eu sou Shin-ae, mãe do Jimin.

— É um prazer. Jimin sempre fala coisas maravilhosas sobre a senhora,


também. Ele te admira muito.

— Eu quero ver ele. — Eu aviso, interrompendo a troca de cordialidades.

Seokjin aperta um sorriso triste para mim e assente.

— Eu vou deixar vocês dois no hospital, depois vou para a casa deles. Eu
preciso trocar a comida e a água de Chim e preparar algo para Jungkook e
vocês comerem... então posso pedir que façam uma coisa para mim quando
chegarem lá?

— Claro que sim. É só dizer — É a mãe de Jimin quem responde, tão


atenciosa quanto a situação permite.

A mulher é, sem dúvidas, um anjo.

— Jungkook não descansou sequer um segundo. Ele também não comeu


desde que soube que... — Ele não completa, porque não é preciso. — Antes
de receber o aviso de que Jimin deu entrada no hospital, Jun estava há horas
preparando um jantar para quando ele terminasse a prova do vestibular. Ele
está exausto, mas não assume isso e não sai do lado do Jimin, mas ele precisa
comer e precisa descansar. Por favor, tentem convencê-lo a ir para casa comer
algo, tomar um banho e descansar. Eu vou deixar tudo preparado para ele.

— Eu vou falar com ele. — Shin-ae garantiu, acariciando o ombro de Seokjin,


carinhosa como sempre foi. — Obrigado por se esforçar tanto para cuidar
daquele teimoso.

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Seokjin não respondeu com mais que um novo sorriso sem felicidade, e nós
demos a conversa por encerrada aqui, trocando poucas palavras no caminho
dali até o carro e em seguida até o hospital, onde recebemos nossos adesivos
de visitantes e fomos guiados ao quarto de número vinte e três.

Quando paramos diante da porta fechada, eu não fui o único a sentir meu
corpo perder a força, porque a mãe de Jimin também pareceu subitamente sem
coragem de sequer olhar pela placa de vidro que dá a visão do interior. E
quando eu tomo a frente e venço o receio, girando a maçaneta lentamente
antes de abrir a porta, eu vejo meu melhor amigo deitado numa maca,
desacordado, com um cateter enfiado na veia e o monitor cardíaco ao lado
acompanhando seus batimentos.

Jungkook está sentado ao lado, com o corpo tão curvado para a frente que ele
sequer nos nota. Os ombros estão caídos e os cotovelos apoiados nas coxas,
com as mãos escondendo seu rosto como se ele tivesse medo de olhar para a
frente.

Por último, eu reconheço o homem chamado Yoongi. Lembro dele na festa


surpresa de Jungkook, e agora ele está aqui, tentando entregar um copo de
água ao namorado de meu melhor amigo.

— Você precisa se hidratar, Jungkook. — Ele diz, tão concentrado em atrair a


atenção de Jeon que também sequer nos notou até que, depois de muito ser
ignorado, ele suspirou e arrumou a postura.

Então ele me viu e viu Shin-ae parada no mesmo lugar, voltando a se derramar
em lágrimas enquanto olha para o próprio filho covardemente desacordado.

— Meu bebê... meu Jimin... — Ela se lamentou, finalmente saindo do lugar


para se aproximar da maca, onde se debruçou para tocar o filho que não exibe
qualquer reação ao seu choro ou aos seus toques cuidadosamente
desesperados.

Por outro lado, eu percebo a reação de Jungkook ao ouvi-la. Ele se retrai ainda
mais, encolhe o próprio corpo como quem sente também vergonha, e eu acho
que consigo ouvir algum murmúrio de lamentação.

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Também atento a isso e ainda calado, Yoongi o tocou na cabeça, tentando
acalmá-lo mesmo que provavelmente saiba que nada disso vai surtir efeito.

Mesmo com a distância, existe um motivo para Jungkook ter sido aceito como
parte oficial do meu grupo de amigos, então eu o conheço bem

Por isso, eu sei que ele está se culpando e nada além de ver Jimin abrindo os
olhos vai ser capaz de consolá-lo.

— Vai se foder — Eu jogo no ar, no meu limite. Assustados, Yoongi e Shin-ae


me olham, mas Jungkook continua curvado, se escondendo, ainda que eu olhe
diretamente para ele. — Eu sei que existe um culpado nisso tudo, mas não é
você, Jungkook.

Quando finalmente percebe o estado do namorado de seu filho, Shin-ae seca


as lágrimas e deixa um beijo na testa de Jimin antes de caminhar até
Jungkook, então se agacha na frente dele.

— Você sempre cuida tão bem do meu filho... eu sou muito grata por isso,
Jungkook. Mas você precisa cuidar de você também.

O boçal, que nem parece um boçal agora, não levanta o rosto, mas eu percebo
que ele respira alto, tenso, e pela primeira vez nos deixa ouvir sua voz:

— Me desculpa por deixar isso acontecer... eu deveria ter cuidado melhor


dele...

— Ei! — A mãe de Jimin o repreende, imediatamente segurando os braços


dele e puxando-o com força o suficiente até conseguir abraçá-lo. — Você não
ouviu Yukwon? Não foi sua culpa. Nós todos sabemos como você ama Jimin,
então é claro que se dependesse de você, nada de ruim aconteceria a ele,
nunca. Nós sabemos disso, Jungkook.

Ele não a abraça de volta, sequer diz algo, mas se deixa ser envolvido pelo
abraço da mulher bondosa que é Shin-ae. Que, passado algum tempo, se
afasta e o segura com as duas mãos no rosto, o que finalmente nos permite ver
a expressão completamente abatida e angustiada de Jungkook.

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— Você realmente precisa se cuidar. Vá para casa e descanse um pouco,
coma alguma coisa também. Depois você volta. Os médicos disseram quanto
tempo demora para ele acordar?

Mais uma vez, o ar parece ficar ainda mais carregado quando Yoongi desvia o
olhar e Jungkook volta a curvar o corpo.

— Eu vou chamar Junghyun. — Yoongi avisou, então, Eu lembro que


Junghyun é irmão de Jungkook e médico. — É melhor que ele explique.

A mãe de Jimin parece ficar ainda mais tensa, mas apenas assente e, em
silêncio, se levanta para ocupar a outra poltrona do quarto, onde permanece
até que Yoongi retorna ao quarto em companhia do homem que carrega
semelhanças inconfundíveis com Jungkook.

— Bom dia — O homem de jaleco diz com esse sorriso que antecede péssimas
notícias. - Meu nome é Jeon Junghyun.

— Park Shin-ae. — Ela responde, nervosa. — Você é o médico responsável


por meu filho?

— Eu sou cardiologista, senhora. Não sou o médico responsável, mas Jimin é


como família, então estou acompanhando o caso de perto.

— E... você sabe dizer que horas meu Jimin acorda? — Pergunta, ainda tensa.

Junghyun desviou os olhos até Jungkook, depois trocou olhares com Yoongi e
por último me analisou brevemente antes de voltar a olhar para a mulher aflita.
Então ele respirou fundo, e parece tentar ser suave quando começa a explicar:

— A situação é um pouco mais complicada que parece. O impacto foi grave,


Jimin perdeu a consciência no momento da queda e não existem sinais
iminentes de que ele vá recuperá-la. Ele também teve um pouco de
sangramento pelas orelhas e dadas todas as circunstâncias, o neurologista
responsável exigiu uma ressonância.

— E? — Sou eu quem pergunto, nervoso.

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— Foram detectados alguns danos. Nenhum tão grave, o que é um bom sinal,
e um anticoagulante está sendo administrado para evitar a formação de
coágulos no cérebro, então prevenimos riscos maiores. Mas... — Ele ajeitou a
armação dos óculos sobre e ponte do nariz, antes de finalizar: — nós ainda não
sabemos da extensão dos danos além dos físicos. Não podemos saber se o
trauma vai gerar sequelas, nem quais, até que Jimin acorde. E nós não
sabemos quando ele vai acordar

— Isso quer dizer que...?

Ele suspira antes de nos revelar, em tom condescendente:

— Jimin está em coma. Eu sinto muito.

Jungkook provavelmente já sabia disso, mas a reação dele é como se


descobrisse agora, e Yoongi se adianta em dar algum suporte a Shin-ae, que
quase perdeu o equilíbrio mesmo sentada.

— Nós avaliamos de acordo com uma escala, chamada escala de coma de


Glasgow. E o estado de Jimin é de coma intermediário. Ele tem algumas
respostas motoras aos estímulos externos, então isso pode ser um bom sinal.
— Junghyun tentou amenizar a situação. — Meu conselho é que tentem deixar
o ambiente confortável para ele. Não temos provas científicas, mas
acreditamos que existem efeitos positivos quando os familiares e pessoas
próximas conversam com o paciente em coma, assim como é bom que
carreguem boas energias... mesmo que seja difícil.

— Tia... — Eu a chamo, preocupado porque ela sequer está chorando agora.

Quando uma pessoa que chora por tudo de repente não chora diante de uma
situação que arrancaria lágrimas facilmente até do ser humano mais frio... é
preocupante.

E ela é como minha segunda mãe, porra,

Eu não vou aguentar ver o irmão e a mãe que a vida me deu destruídos ao
mesmo tempo.

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Entretanto, ela ergueu a cabeça e passou as mãos pelo rosto inchado antes de
olhar para Junghyun e assentir, com essa determinação que somente mães
têm quando seus filhos estão em risco.

Mesmo que anos tenham se passado, me lembra minha própria mãe, antes
que a efemeridade da vida a tenha tirado de mim.

— Música ajuda? Meu filho gosta muito de música... eu posso cantar para ele,
ou colocar as bandas esquisitas que ele gosta.

— Aposto que vai fazer muito bem a ele — O irmão de Jungkook respondeu,
mas então seu celular tocou e ele se desculpou: - Sinto muito. Preciso atender.
Meus filhos estão de férias e a babá está passando por momentos difíceis com
eles, então preciso ter certeza de que aquelas crianças não mataram a mulher.

Em qualquer outra situação eu riria, mas agora é impossível porque, quando


Junghyun se despede com um aceno, meus olhos voltam a pousar em Jimin.

Não é diferente de quando ele dorme. As bochechas gordas, que eu


secretamente sempre amei tanto, circundam seu rosto sereno, preso à
inconsciência,

Mas nós não sabemos quando ele vai acordar.

Isso faz meu sangue ferver. Porque eu não posso fazer nada para acorda-lo,
mas posso fazer algo sobre quem o colocou nesse estado. Por isso, eu entrego
minha energia à raiva e olho para Jungkook.

— Cadê aquele filho da puta? — Pergunto, agressivo. — Cadê o desgraçado


que deixou o Jimin desse jeito?!

— A polícia está atrás dele. — Jungkook responde com a voz arranhada, fraca,
com as mangas de sua blusa repuxadas até os cotovelos para combinar com
toda sua aura fragilizada.

— Jimin tinha uma ordem de restrição contra ele e além de desrespeitar a


distância mínima, o que por si só já o jogaria de volta na prisão, ele ainda
cometeu tentativa de homicídio e nós temos uma testemunha ocular. — Acho

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
que Yoongi está tentando nos consolar. — Dessa vez, nós teremos muita
vantagem no tribunal.

— E para isso Jimin precisou entrar em coma. — Jungkook apontou,


amargurado.

— Jungkook, escute...

— Eu errei em confiar naquele advogado. — O bocal interrompeu, com seus


olhos avermelhados pousados com pesar em Jimin. — Mas eu não vou
cometer o mesmo erro agora. Eu conheço a melhor advogada dessa cidade e
piso no meu orgulho se for preciso para convencê-la a entrar no caso, porque
ela é a única que pode garantir que Wonsik fique preso.

Pelas expressões, eu não sou o único a não entender sobre o que ele está
falando, mas qualquer pergunta que poderia ser feita foi interrompida quando
um toque cafona de celular ecoou pelo quarto.

É o celular de Jungkook. O toque brega combina com muitas coisas nele.

— Sim? — Ele disse ao atender a chamada, e eu só me atentei quando, depois


de esperar em silêncio, seu tom de voz se alterou e ele questionou a quem
quer que esteja do outro lado: — Encontraram?

Os olhos de Shin-ae se encheram de alívio e esperança, na medida do


possível, quando ela pareceu chegar à mesma conclusão que eu.

— Eu estou indo. — Jungkook disse mais algum tempo depois, e finalizou a


chamada antes de ficar de pé, então olhou para Yoongi e anunciou, agitado: —
Encontraram Wonsik. Ele está sendo levado para a delegacia.

— Encontraram o homem que machucou Jimin? — Shin-ae questionou,


obviamente tranquilizada, mas também agitada.

Saber que aquele arrombado não está mais solto por aí, podendo se aproximar
de Jimin a qualquer instante, já é um alívio.

— Eu preciso ir para confirmar que é mesmo ele.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu também vou. — Avisei de imediato. Ele que não pense em me dizer o
contrário.

— Você dirige? — Yoongi perguntou para mim, mas é claro que eu neguei.

— Só sei pilotar bicicleta. Por que isso importa agora, caralho?

— Jungkook não está em condições de dirigir sem causar um acidente


massivo. — Ele constatou, pegando uma carteira que suponho ser sua e
guardando-a no bolso de sua calça. — Eu levo vocês.

Quando Jungkook pareceu incerto sobre isso e seus olhos pousaram em Jimin,
sua sogra pareceu entender qual sua preocupação.

— Eu não vou sair do lado dele. — Ela garantiu. — Por favor, garanta que
aquele homem nunca mais possa chegar perto do Jimin.

Ainda relutando um pouco, ele demorou algum tempo antes de assentir, e


passou a chave do seu carro chique para Yoongi.

Eu olhei uma última vez para meu amigo, gravando bem as consequências do
que aconteceu com ele para não deixar meu ódio desvanecer antes que eu
esteja cara a cara com o tal Wonsik.

Por último, nós só esperamos que Jungkook se aproxime da maca e se incline


para beijar demoradamente a testa de Jimin. Depois, encostou sua testa na
dele por um instante e finalmente deixou um selar leve nos lábios de meu
melhor amigo.

Antes de sairmos, ele ainda disse:

— Eu amo você, Jimin.

E só então nós deixamos o quarto para trás. Yoongi à frente com as chaves do
carro em mãos, Jungkook em seguida com as mangas ainda repuxadas até os
cotovelos e as mãos passeando por seu rosto para tentar se recompor. E eu
atrás de ambos, com os punhos previamente fechados fortemente.

Os três andando como se estivéssemos indo em direção à aplicação da justiça


com nossas próprias mãos.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Durante o caminho até a delegacia, eu lembro da vez em que conheci Yoongi.
Foi na festa surpresa de Jungkook, e eu me recordo bem que eles dois
trocaram farpas à noite toda, Agora, no entanto, as únicas vezes em que ouço
Yoongi se manifestar é para tentar consolar Jeon, ou para tentar relaxá-lo.

De certa forma, me lembra minha própria amizade com Jimin. Estamos


frequentemente provocando um ao outro como dois irmãos implicantes, mas é
só um de nós ficar pra baixo que o outro se torna a pessoa mais calma e
madura do mundo.

Na verdade, acho que todo o clube das winx é assim e só eu sei o quanto sou
grato por cada um dos meus amigos.

Jungkook incluso.

Mas agora não é o melhor momento para sentir gratidão. Ao menos, não é o
que predomina em mim, e isso fica claro quando Yoongi estaciona ao lado da
delegacia e eu sou o primeiro a pular para fora da SUV e correr prédio adentro.

Na recepção, eu passo os olhos por cada pessoa, buscando alguém cheio de


tatuagens.

— Yukwon! — Yoongi grita por mim quando, ao não encontrar Wonsik, eu


caminho com passadas largas até a passagem lateral e sigo até os guichês
internos, onde um punhado de agentes da polícia trabalham em suas mesas e
uma delas, identificada como a do delegado, está ocupada por um homem
algemado, com tatuagens pelos braços e pescoço.

— Filho da puta — Eu praguejo, reconhecendo-o sem dificuldades, e tudo


passa rápido demais.

A lembrança de Jimin deitado na maca, da notícia de que ele está em coma,


das histórias que ele me contou quando estava em Nam-gu para se esconder
desse mesmo desgraçado. Em seguida, a velocidade afeta também meus
sentidos e meus movimentos. Num instante, eu estou parado olhando para
Wonsik. No seguinte, estou quase correndo em sua direção sob os olhares
atentos de uma dezena de policiais.

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Alguém grita meu nome, mas a voz soa muito distante. Então outra pessoa
grita, dizendo para me segurarem, mas eu sou mais ágil que qualquer um deles
e quando dou por mim já estou sentindo meu punho se chocar contra o maxilar
do maldito que machucou meu amigo.

A sensação do osso estalando sob meu golpe é horrível. Eu absolutamente a


odeio, mas nem isso me impede de desferir um segundo soco ainda mais forte
que o primeiro mesmo que minha visão esteja turva.

Quando me preparo para o terceiro, meus braços são agarrados e meu corpo é
puxado para trás, enquanto Wonsik, com as mãos algemadas à cadeira, cospe
sangue no chão e me olha como se quisesse me matar.

Ele provavelmente quer isso. Se estivesse livre, provavelmente tentaria, assim


como tentou tirar a vida de Jimin.

— Acredite, eu também gostaria de fazer isso, mas agressão não vai resolver
nada por aqui

— Um dos homens que me segura diz baixo para mim, e só então percebo que
é Yoongi.

Por um momento eu acreditei que a outra pessoa era Jungkook, mas percebo
que é um dos policiais quando, ainda com a visão comprometida, eu vejo Jeon
parado um pouco mais distante, paralisado enquanto olha para Wonsik.

Eu me sinto tonto, meus olhos ainda têm essa camada turva e minha voz
estremece quando eu volto a olhar para o criminoso em quem gostaria de dar
mais mil socos e pontapés.

— Ele está em coma por sua culpa! — Acuso, então, e é nesse exato momento
que me dou conta.

Minha visão está turva desse jeito porque meus olhos estão cheios de
lágrimas.

Eu já estou chorando de tristeza e de raiva, mas não de Wonsik. É raiva porque


sei que não importa quantas vezes eu o ataque, não vai reverter a situação
atual. Isso não vai fazer meu melhor amigo voltar para mim.
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Não tem absolutamente nada que eu possa fazer e a impotência me sufoca e
me desespera, como se só agora a ficha caísse.

Jimin está em coma.

Meu melhor amigo, meu irmão, a pessoa que me impediu de afundar em


solidão... pode nunca mais acordar e eu não posso fazer nada sobre isso.

Quando eu perco a força e quase caio no chão para sufocar em meu choro
compulsivo, as mãos segurando meus braços são as únicas coisas que me
mantém de pé.

— Ele está alterado.—Yoongi diz para alguém enquanto eu choro como há


tempos não chorava. — Por favor, não precisam puni-lo. Ele só precisa se
acalmar um pouco.

Depois de pensar um pouco, enquanto eu não dou uma foda sobre o que vão
fazer comigo, o delegado gesticula um pouco a contragosto.

— Levem-no para esperar na recepção. E mantenham um olho nele.

Yoongi suspira muito mais aliviado que eu e me solta quando o policial que me
segura dá um solavanco em meu corpo para me fazer voltar para a entrada. E
por mais que eu queira me debater só para externar tudo de ruim que estou
sentindo, não tenho mais força.

Por isso, me deixo ser levado e quando meu corpo da meia volta, eu percebo o
instante em que o olhar de Jungkook encontra o meu e nós compartilhamos
toda a nossa dor e todo o nosso medo, antes que ele vire para Wonsik e diga,
entredentes:

— Quando você faz algo contra Park Jimin, você faz algo contra todas as
pessoas que se importam com ele. E eu te juro que dessa vez nós todos
vamos dar nem que seja nossa vida para que você pague pelo que fez.

Talvez não seja sua intenção, mas a promessa de Jungkook me alivia mesmo
que somente um pouco, tão pouco que quase não se sente, mas eu me prendo
a elas quando sou bruscamente jogado numa das cadeiras de espera e
mantido sob o olhar atento do policial.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
No entanto, eu não estou verdadeiramente detido, então nada me impede de
pegar meu celular quando recebo uma nova mensagem de Yuta.

Eu suspirei depois de ler sua última mensagem e bloqueei a tela do celular,


deixando-o no colo antes de me curvar para a frente e passar as mãos pelo
rosto repetidamente ao tentar me recompor, mas é difícil e eu ainda sinto essa
queimação estranha subindo pela garganta e o coração disparado quando
ouço as vozes de Yoongi e Jungkook se aproximando.

— É claro que eu não vou para casa. — Jungkook diz.

— É claro que vai — Yoongi rebateu, gesticulando para que eu os siga quando
eles passam por mim.

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Bruscamente, Jungkook parou de andar e quase provocou um acidente entre
nós três, então disse:

— Eu vou atrás da advogada. Depois, vou voltar para o hospital para ficar com
Jimin.

Yoongi suspirou com cansaço e nós dois apressamos o passo quando, tão
bruscamente quanto parou de andar, Jeon retomou suas passadas.

— Quem é essa advogada milagrosa, aliás? — Ele pergunta, desistindo de


tentar fazer Jungkook desistir.

Sem olhar para qualquer um de nós, como se estivéssemos em uma corrida, o


boçal respondeu:

— Minha mãe.

Certo. Jimin já me contou algumas coisas sobre essa mulher, nenhuma


exatamente boa, sei que ele quase a ameaçou no aniversário de Jungkook e
tudo o mais. Mas quem sou eu para julgar?

Apesar de tudo, pelas coisas que ouvi, tenho lá minha admiração pela mulher.
Eu não posso evitar esse meu fraco por pessoas amargas com a vida. É um
lance de compatibilidade, até.

— Certo. Eu te levo até ela e depois de volta para o hospital. — Yoongi


garantiu e Jungkook nem teve muita escolha, porque a chave ainda estava com
seu amigo.

O problema mesmo é que dentro do carro Yoongi ignorou todas as direções


que Jungkook indicou e seguiu para o único lugar em Seul que eu conheço
bem: a casa de Park e Jeon.

— Eu não acredito nisso. — Jungkook bradou, furioso, quando o carro foi


estacionado na garagem e ele desceu do banco do carona antes de bater a
porta com força. — Puta que pariu, Min Yoongi! — Gritou, do lado de fora.

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— Se quer se vingar, é melhor fazer outra coisa que não bater a porta como
um adolescente revoltado, até porque o carro não é meu. É seu. — O outro
disse, descendo do carro junto comigo, mas sem abrir mão das chaves.

— Me dê a chave.

— Nem a pau. Você precisa descansar e, pelo amor de deus, precisa de um


banho.

Jungkook apertou as pálpebras com as pontas dos dedos, tentando se


acalmar, e Yoongi se posicionou atrás dele, com as mãos em suas costas para
começar a guiá-lo para dentro de casa.

— Anda. Eu não menti. Eu vou te levar até sua mãe e depois de volta para o
hospital, mas antes você precisa se cuidar um pouco. Lembra do que seu
irmão disse? Jimin precisa de boas energias, então tente melhorar as suas
antes de voltar lá.

— E você precisa mesmo de um banho — Eu digo sem intenção de provocar


quando tomo a frente para abrir a porta, que já está destrancada.

Do lado de dentro, então, eu vejo Seokjin na cozinha. Mas eu já sabia que ele
estaria aqui, então a verdadeira surpresa é vê-lo com Taehyung.

— Vocês conseguiram trazer ele para casa! — O homem bonito como o


caralho levantou as mãos para cima.

— Não com minha aprovação. — Jungkook fez questão de deixar claro e ainda
azedo se distanciou de todos nós, indo em direção ao seu quarto, mas então
parou e apontou para nós quatro, um de cada vez. — E desde quando minha
casa é espaço aberto para qualquer um entrar quando bem entender?!

— Vai tomar banho, imundo do caralho — Eu praguejo com um revirar


impaciente de olhos.

Sem energia para discutir, ou vai saber qual o motivo, Jungkook novamente
deu as costas num gesto raivoso e nós todos tivemos um sobressalto leve
quando ele bateu a porta do quarto.

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— Ótimo. Agora ele é um adolescente rebelde. — Yoongi suspirou, recostando
o quadril no encosto do sofá.

— Ele precisa externar o que está sentindo de alguma forma. — Seokjin


justificou, calmo, e eu apenas fiquei calado quando caminhei até o caralhinho
fofo e o peguei no colo.

— Ele não comeu... — Taehyung disse quando me viu com o bichano no colo. -
Eu vim ajudar a deixar comida pronta pra vocês e tentei dar um pouco de ração
a ele, mas ele recusou quase tudo...

Eu levantei o corpinho peludo até posicioná-lo de forma que eu possa ver seu
rosto, e ele já está abatido como estava quando Jimin foi forçado a ir para
Nam-gu.

— Gatos sentem. Ele deve saber que as coisas não estão bem — Yoongi
ponderou, olhando para Chim.

Ainda mais triste por relembrar disso, eu quase instintivamente o apoiei em


meu peito, acariciando seu corpo pequeno para tentar consolá-lo de alguma
forma.

— Digam para Jungkook dar atenção a ele depois. — Seokjin avisou, apoiando
uma mão nas costas de Taehyung para guiá-lo em nossa direção. — Nós já
deixamos comida pronta para agora e algumas porções congeladas para
depois, então vamos para o hospital ver Jimin. Taehyung ainda não foi visitá-lo.

Eu assenti, percebendo que Chim está mesmo cabisbaixo, e Seokjin olhou na


direção dos quartos antes de voltar a olhar para mim.

— Eu deixei as malas no quarto de visitas. — Avisou, e acariciou a cabeça do


gatinho. — Cuidem do Jungkook e do Chim, por favor. Se precisarem de
alguma coisa, podem me ligar. Eu volto na hora.

— Eu tenho experiência cuidando de crianças. Não se preocupe — Eu tento


fazer uma brincadeira para descontrair, mas nem mesmo eu estou com humor,
então tudo que recebo são sorrisos que validam minha tentativa.

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Em seguida, Seokjin e Taehyung se despediram e me deixaram sozinho com
Yoongi e com um pai e filho ambos angustiados demais para conseguirem
comer.

Jungkook, inclusive, demorou tempo demais no banho e, quando eu fui até a


suíte chamá-lo, percebi que não deveria apressá-lo porque, pela porta fechada,
eu o escutei chorar.

Assim, voltei para a sala e apenas fiz um gesto negativo para Yoongi, que
parece entender o que quero dizer e respira fundo.

— Eu vou servir logo a comida. Você vai querer?

— Não sei. — Respondo, porque apesar de sentir meu estômago doer de


fome, não sinto apetite algum

— Então sim. — Ele decidiu por mim, procurando as coisas pelos armários da
cozinha, e acho que tentou conversar para aliviar a sensação sufocante: —
Você é amigo do Jimin há muito tempo?

— Sim. E você? — Devolvo somente para dar seguimento à conversa, porque


não tem uma coisa sobre a vida de Jimin que eu não saiba.

— Não sei se eu diria isso. Ele me odeia. Mas nos conhecemos há um bom
tempo, sim.

— Ele não te odeia. — Digo, um pouco displicente. — Ele já me falou sobre


você e te achava um pé no saco no começo, mas hoje em dia ele adora que
você seja amigo do Jungkook. E você deu um chocolate a ele, então ele
definitivamente gosta de você.

Yoongi riu sem força, começando a arrumar as porções servidas no balcão, e


nós dois olhamos imediatamente para a direção de Jungkook quando o
ouvimos sair do quarto vestindo uma calça de moletom e nada além disso.

E eu estou tão bosta que sequer consigo fazer um comentário sobre o quanto
ele é gostoso ou alguma piada maliciosa sobre a tatuagem de cobra, e
somente fico em silêncio até que ele se aproxima, também calado, e senta num
dos bancos.
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Enquanto nos três continuamos imersos nesse silêncio desagradável, Chim se
move em agonia nos meus braços e eu acho que entendo o que ele quer
quando o coloco no chão e ele imediatamente corre até as pernas de
Jungkook, que olha para o bichano, sem reação por um instante, até pegá-lo e
apoiá-lo em seu ombro antes de beijar a cabeça miúda.

Como se isso nos devolvesse a capacidade de agir, eu fui lavar minhas mãos
na lavanderia e Yoongi serviu a comida de Jungkook, todos em silêncio até
mesmo quando nos sentamos os três juntos para comer

Mal terminamos a refeição, que parecia maravilhosa mas estava um pouco


sem gosto para mim, a campainha ecoou pela casa e eu olhei curioso para
Yoongi, porque Jungkook já parecia esperar por alguém e logo foi até a
entrada. Atentos, nós mantivemos nossos olhos focados nele até que a porta
foi aberta e ele disse, ainda apático:

— Oi, mãe.

Depois de mais um momento de confusão, Yoongi fechou os olhos em


descontentamento, porque ficou claro que Jungkook não pretende descansar e,
por não o levarmos até sua mãe, ele a chamou até aqui.

— Esse moleque teimoso... — Ele praguejou.

Mas como não podemos fazer nada agora que ela já chegou, apenas
observamos quando a mulher entra, elegante como nunca vi ninguém na minha
vida.

— Essa casa é melhor que aquele apartamento minúsculo. — Foi a primeira


coisa que ela disse, antes de nos perceber aqui na cozinha. — Vocês? Quem
são?

— Meus amigos. — Jungkook respondeu, apontando para o sofá.

Satisfeita ou não com a resposta, a mulher foi até o lugar indicado, mas recuou
antes de sentar.

— Está cheio de pelos.

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Sorte dela que não tem gozo.

— Por favor, mãe. Agora não.

A mulher umedeceu os lábios, sem se livrar da pose altiva quando suspirou e


se sentou com visível desconforto.

— Eu já soube o que aconteceu. Junghyun me disse — Ela avisou, não


parecendo especialmente abalada. — Aquele selvagenzinho logo acorda. Vaso
ruim não quebra fácil.

— Eu sei que essa é sua melhor tentativa de me consolar. — Jungkook


confessou, com ar cansado. — Mas eu não preciso que me console. Preciso
que faça outra coisa.

— Certamente. Você não me chamaria somente para chorar em meu colo. O


que quer?

— O homem que fez isso com Jimin... não foi a primeira vez. Ele já fez antes,
mas sequer conseguimos mantê-lo preso e mesmo que agora tenhamos uma
testemunha ocular... eu preciso garantir que ele vai receber a maior pena
possível.

— Entendo. Foi tudo que ela disse, o que deixou Jungkook um pouco mais
agitado.

— Eu sei que você não gosta de Jimin. Eu sei que não aprova nosso namoro,
sequer apoia minhas escolhas fora do relacionamento. Mas a senhora é a
melhor advogada que eu conheço. Eu já te vi vencer casos impossíveis para a
Bangtan e eu sei que essa área não é sua especialidade, mas ainda assim eu
confio mais na senhora que em qualquer outra pessoa. Então por favor, eu
pago quanto for necessário, só... só me ajuda a garantir que aquele homem
não vai machucar meu Jimin novamente. Por favor, mãe.

A mulher continuou em silêncio por algum tempo, até que ficou de pé e bateu
na saia lápis para tirar os pelos de gato.

— Você poderia ter me dito isso por telefone. — Ela comentou, então, e lançou
uma olhadela para Chim, que ficou desleixadamente deitado no banco onde
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Jungkook estava. — E acho que está na hora de levar esse gato a um
veterinário. Ele solta pelos demais.

Jungkook deixou a cabeça cair para a frente, derrotado, e eu aperto meus


punhos antes de lançar todo meu desgosto em palavras:

— Desgraçada... seu filho está desesperadamente pedindo sua ajuda e você


se recusa?!

Ela me olhou dali da sala e tombou a cabeça levemente para o lado, com as
sobrancelhas erguidas.

— Outro selvagem. Eu não me lembro de ter recusado. Só pontuei dois fatos.


— Me disse, então olhou para Jungkook, já arrumando sua bolsa na curva do
cotovelo. — Me passe o material do primeiro processo, inclusive o contato do
advogado que contratou primeiro. Vou me situar no caso.

— A senhora vai...? - Jungkook questionou, desacreditado.

— Você tem razão, Jungkook. Eu não gosto daquele menino e eu certamente


desaprovo o relacionamento, assim como desaprovo várias das suas decisões.
Mas eu sei como é perder a pessoa que amamos e você ainda é meu filho,
então não te desejo passar pelo que passei com a morte de seu pai. — Ela
respirou profundamente, sempre com o ar superior. — E se a única coisa que
posso fazer é punir a pessoa que causou essa situação, então eu o farei.

Jungkook parece surpreso. Pelo pouco que conheço dessa mulher, até eu
estou surpreso, acho que Yoongi também.

— Você deveria ter me colocado à frente do caso na primeira vez. — Ela


completou, suspirando. — Enfim. Estarei esperando que me envie o material.
Espero que seu selvagem melhore logo

E foi isso. Foi exatamente isso. Sequer dando chance para que Jungkook
responda, agradeça ou faça seja lá o que ele queira fazer, ela caminha de volta
até a porta e, sem qualquer despedida, vai embora.

Foda-se. Ela parece mesmo uma víbora, mas eu definitivamente a admiro.

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Puta mulherão.

— Essas são boas noticias... certo? — Depois de algum tempo, Yoongi quebra
o silêncio, e eu acho que Jungkook seria capaz de sorrir caso a situação não
fosse tão trágica.

— São as melhores noticias. Essa mulher é a melhor em destruir vidas sob o


argumento da lei.

— Perspectiva interessante sobre sua própria mãe.

Jungkook não se manifestou sobre isso, apenas ficou de pé e avisou:

— Não importa. Eu vou voltar para o hospital.

— E não adianta tentar te convencer do contrário, estou certo? — Yoongi


suspira, já desistente, e Jungkook prontamente fez que sim. — Tudo bem. Eu
te levo de volta.

— Eu não preciso de uma babá, Yoongi.

— Eu penso o contrário. Você claramente está desfocado demais e não quero


que acabe causando um acidente. Imagina se quando Jimin acorda, ele
descobre que você se machucou? O garoto morre de vez.

Péssima escolha de palavras, mas eu entendo seu ponto.

Jungkook também parece entender, porque logo cede com um suspiro.

— Você pode ficar com Chim?- Ele pergunta, olhando para mim. — Ele não
parece bem, então preciso que alguém mantenha um olho nele.

— Eu fico. — Garanto, porque cuidar de Jimin significa cuidar do que é


importante para ele e esse gato é o amor da vida do meu melhor amigo, então
preciso garantir que ele fique bem.

— Obrigado. — Jungkook disse. Pareceu querer dizer mais algo, mas apenas
massageou a nuca sem muito jeito, o que fez a pulseira amarela chacoalhar
em seu pulso. Só então percebo que ele ainda está usando.

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Quando Yuta decidiu que estava na hora de aceitar Jungkook oficialmente
como parte de nosso grupo de amigos, eu imaginei que ele acharia besteira
essa coisa das pulseiras, mas Jeon realmente aceitou nosso gesto como se
nem fosse bocal.

E sem dizer o que parecia querer falar, Jungkook suspira e apenas avisa que
vai terminar de se vestir. Quando reaparece já pronto, ele e Yoongi deixam a
casa depois que Jeon acariciou Chim e disse algo para o gato, tão baixo que
eu não entendi.

Então, sozinho com o único filho dos meus amigos, eu tentei fazê-lo comer,
mas ele recusou toda a comida e passou o dia inteiro mais preguiçoso que o
normal.

Quando a noite finalmente chegou, eu já tenho uma lista enorme no meu


histórico de mensagens trocadas com Jungkook, Yoongi, Shin-ae, Taehyung,
Seokjin e Jeonghan, porque nós despropositadamente acabamos criando uma
corrente para estarmos sempre atualizados sobre o estado de Jimin.

À noite, já cansado da solidão da casa e da ausência de boas notícias (embora


também não tenham chegado quaisquer avisos sobre uma piora no estado
dele), eu fiquei tanto tempo deitado no sofá que acabei pegando no sono e só
acordei sabe deus quanto tempo depois, com alguém abrindo a porta de casa e
se aproximando sorrateiramente de mim.

Se for um ladrão, que leve tudo menos o gato.

— Você deixou a porta destrancada, seu desleixado — A pessoa disse ao se


agachar ao lado do sofá, acariciando minha cabeça.

Sem forçar meus olhos cansados a se abrirem, eu facilmente reconheço a voz


e o toque de Yuta, e o peso em meu coração se torna imediatamente um pouco
mais leve.

— Você demorou. — Eu lamento em tom de reclamação, puxando-o pelo braço


para que ele se deite comigo, coisa que ele faz ao descansar seu corpo em
cima do meu para, em seguida, me abraçar e beijar minha bochecha.

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— Passei primeiro no hospital para ver Jimin antes que o horário de visita
acabasse. Agora só a mãe dele e o Jungkook podem continuar lá.

— Como eles estavam? — Pergunto, abraçando-o de volta para que ele não
ouse se afastar de mim.

— Honestamente? Jimin é quem parecia melhor.

— Nem posso fingir surpresa... Chim também está mal. — Anuncio junto a um
suspiro derrotado. — Eu não entendo, Yuta... como alguém consegue
machucar o Jimin? Ele é tão...

— Sim. Ele é.

Depois disso, não falamos mais nada. Ficamos em silêncio juntos, deitados
juntos até dormirmos juntos.

E graças a deus eu tenho Yuta comigo, ou poderia pirar de uma vez.

Com o passar dos primeiros dias, minha constatação é confirmada.

Jimin não dá qualquer sinal de que vai acordar e nós todos estamos
constantemente nos revezando para nunca deixá-lo sozinho. Sempre ficam ao
menos duas pessoas no hospital, enquanto as outras cuidam das coisas aqui
fora.

Seokjin e Taehyung preparam refeições para todo mundo, Yoongi levou Chim
ao veterinário e se disponibiliza a nos levar para o hospital sempre que um de
nós precisa ir.

Eu e Yuta mantemos a casa limpa e arrumada para quando Jimin voltar e


preparamos a papinha caseira que o médico recomendou para o gato, já que
ele recusa a ração, e servimos com uma seringa direto na boca dele.

Em Gwangju, Kihyun e Jeonghan se dividem entre a correria no laboratório e


idas à casa do pai de Jimin para garantir que ele está bem, ao menos tão bem
quanto a situação permite.

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Namjoon e Eunbyul seguram as pontas na empresa da família de Jungkook
para que ele não precise se preocupar, e constantemente visitam Jimin para
levar flores e garantir a Jeon que está tudo bem na Bangtan.

Até mesmo os colegas de trabalho de Jimin já conheci, porque eles também o


visitam bastante. Um deles, chamado Jinyoung, sempre senta ao lado do corpo
desacordado de meu melhor amigo e começa um monólogo sobre alguma
teoria da conspiração, o que serve, além de tudo, para distrair quem está lá.

Por último, Shin-ae e Jungkook dormem no hospital todos o dias. São quase
uma constante naquele lugar e só saem quando extremamente necessário.
Mas Shin-ae só sai se Jungkook ficar e Jungkook só sai se a mãe de Jimin
continuar lá.

Para um sair, o outro precisa necessariamente estar lá.

Ontem foi a primeira vez em mais de uma semana que conseguimos convencer
Shin-ae a dormir em casa. Hoje, Yuta convenceu Jungkook a fazer o mesmo,
porque o coitado já está cheio de dores de tanto dormir na poltrona
desconfortável do quarto de internação

Mas talvez essa não tenha sido a melhor ideia.

À noite, Yoongi os trouxe para casa e nós quatro jantamos juntos, sem muitas
conversas animadas.

Depois que Yoongi foi embora, Yuta preparou a comida de Chim e eu tentei
fazê-lo comer, mas até a papinha ele está começando a rejeitar.

Consequentemente, isso gerou a situação atual em que eu acordei no meio da


noite com barulhos na cozinha. Quando levantei do colchão improvisado no
quarto de visitas onde estou dormindo com Yuta e segui até a sala, eu vi a pia
com algumas louças sujas e uma única luz acesa antes de encontrar Jungkook
sentado no chão, com Chim no colo e uma seringa sem agulha na mão,
tentando usá-la para colocar a papa recém preparada na boca do gato apático.

— Come um pouco, filho... por favor... — Ele pediu em desespero, ainda sem
me perceber.

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Daqui, eu ouço o miado baixo de Chim quando ele continuou esquivando a
cabeça em movimentos frágeis, recusando o pedido angustiado de seu pai.

E isso me parte o coração.

Coisas assim só comprovam que, sem Park Jimin, o mundo se torna um lugar
mais triste.

Então mesmo que eu não seja lá a melhor pessoa com palavras, eu me


aproximo de Jungkook e do gato abatido antes de me sentar ao lado deles,
com as costas apoiadas na parede enquanto o amigo que tantas vezes chamei
de boçal parece desistir e abraça o corpo de seu gato com cuidado, com os
olhos fechados, sem dizer qualquer coisa.

Então, ficamos lado a lado em silêncio, coisa que se tornou bastante comum
nos últimos dez dias.

— Eu posso te contar uma coisa? — De repente, eu digo algo com a cabeça


apoiada na parede, as pernas dobradas para apoiar meus braços pelos joelhos
e o olhar mirado em qualquer ponto à frente.

Jungkook não responde, mas levo isso como uma confirmação e encho meus
pulmões de ar antes de começar minha confissão,

— Quando Jimin decidiu vir morar com você, eu te odiei com toda a minha
força. Yuta me viu chorar de raiva e me viu socar todas as almofadas e
travesseiros de casa mais de uma vez. Eu realmente te odiei, Jungkook,
porque só conseguia pensar que você estava tirando o Jimin de mim

Ele continua calado, mas pressuponho que está me ouvindo, então sigo:

— Eu nunca disse isso em voz alta nem mesmo a ele, mas eu amo o Jimin
como se fosse minha própria família. Para ele eu posso ser só um melhor
amigo, ponto, mas pra mim... aquele menino implicante, meio besta e viciado
em doces e carinho foi minha primeira certeza em muito tempo de que o
mundo pode ser um lugar bom. Jimin sempre foi minha personificação de
esperança e se ele não estiver mais aqui...

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu nem consigo completar, porque me dá medo verbalizar a simples
possibilidade de que Jimin não vai acordar e ficar bem.

— Eu sei. — Jungkook finalmente diz algo mesmo que seja com a voz frágil,
ainda acariciando seu gato. — Eu também me sinto assim. Jimin é o amor da
minha vida, mas também é tão, tão mais que isso...

Eu concordo, porque Jungkook consegue dizer bem o que sinto.

Park Jimin é muito mais que meu melhor amigo ou namorado de alguém. Ele
é... Jimin. Tão simples e complexo quanto possa ser, a única coisa nesse
mundo que é capaz de carregar o peso da sua existência é ele mesmo. Palavra
nenhuma basta para descrevê-lo.

— É isso. Eu me sinto assim. — Confesso, então. Por isso, eu aceitei que não
poderia privá-lo de qualquer coisa só para ter meu amigo sempre por perto. Ele
merece explorar tudo que a vida oferece, merece ser feliz e você o faz feliz,
Jungkook. Eu acompanho a história de vocês desde o começo, desde quando
ele ainda não entendia a própria sexualidade, e eu sei que ele é feliz com você.

Jungkook assentiu, talvez sem entender onde quero chegar. Então, tento ser
mais claro.

— Eu estou dizendo que você não tem culpa do que está acontecendo agora.
Sua única culpa é em ter feito Jimin ficar ainda mais mimado do que já era e
meio tarado também. De resto... Você só é culpado por coisas boas na vida
dele.

Jungkook mostrou o que pode ser o primeiro sorriso dos últimos dias, mesmo
que seja um sorriso quase sem força. E disse:

— Acho que quem o transformou num tarado foi você.

— Tudo bem. Eu posso aceitar metade da culpa. Na verdade, eu acho que sou
culpado por quase tudo de errado que existe nele. Foi mal por isso, mas todo
mundo avisou que eu era má influência.

Jungkook negou, continuamente acariciando seu filho felino.

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— Eu amo cada mínima parte de Park Jimin, Yukwon. Eu não mudaria
absolutamente nada naquele homem e você é uma parte fundamental do que
ele é hoje, então não precisa se desculpar por nada. Eu que preciso agradecer.

Eu respiro fundo, aliviado por percebê-lo um pouco mais tranquilo, mas acabo
por dar de ombros.

— Isso aí. Enfim. Vocês têm minha benção irrevogável. Quando Jimin acordar,
é melhor que você o leve diretamente para uma cerimônia de casamento.

Foda-se se essa merda não é legalizada nesse país.

— E só pra você saber... — Eu aponto para ele, depois para meu próprio peito.
— É melhor ninguém nunca saber que tivemos essa conversa.

Jungkook assentiu brevemente e eu estiquei meus braços para cima,


espreguiçando-me.

— Agora vai dormir, teimoso do caralho.

Então eu voltei para o quarto. Horas depois, descobri que Jungkook não
obedeceu minha ordem, porque passou a madrugada em claro com Chim (que,
diferente dele, deve ter dormido e muito. Mas não comeu).

— Jungkook, você precisa descansar. Seu corpo daqui a pouco vai colapsar.
— Yuta tentou aconselhá-lo quando meus gritos e palavrões repreendendo-o
se mostraram ineficientes.

— Descanso quando chegar no hospital. — Ele diz, mas meu namorado o


empurra antes que ele sequer se aproxime da porta de saída.

— Agora. Eu tenho experiência lutando contra a teimosia de Yukwon, então


não ache que vencer a sua vai ser um desafio. É melhor você poupar nossas
energias e me obedecer logo antes que eu perca a paciência.

É melhor mesmo. Yuta fica um saco quando se irrita.

Jungkook respira fundo para claramente insistir em sua própria vontade, mas
Yuta bate o pé com firmeza no chão e aponta para o sofá como uma mãezona
chata.
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— Você vai sentar ali, vai esperar eu servir seu café-da-manhã e depois vai
tomar um chá para dormir. Na cama.

— Só obedece, cara. — Eu aconselho, vestindo meu casaco por cima da


montanha de roupas que já estava usando.- Eu vou indo na frente. Quero me
certificar de que aquela gosma branca que eles injetam na veia de Jimin ainda
é suficiente pra não deixar ele perder nem um milímetro de bochecha.

Eu não vou tolerar que, além de tudo, Jimin perca as bochechas.

As bochechas são sagradas.

— Vá. Eu vou cuidar do pai e do filho teimosos. — Yuta me diz, perseverante, e


se inclina para aceitar meu selinho quando me aproximo. Então, diz: — Te
amo, ogro.

Eu dou um tapinha em sua bunda e digo, antes de me virar:

— É reciproco.

Sem ligar para Yoongi dessa vez, porque ele também merece descansar, eu
saio da casa e vou até o ponto de ônibus.

De tanto cuidarmos de Jimin e uns dos outros, isso acabou virando algo natural
com o passar dos dias, então um pensamento como Oh, vou pensar no bem de
outra pessoa que mal conheço antes de pensar no meu se tornou
estranhamente comum até para mim.

De qualquer forma, durante o percurso de ônibus eu dedico um pouco de


minha atenção à cidade que já tive a chance de visitar em circunstâncias
melhores.

E eu gosto daqui. Gosto mesmo, tanto que até ponderei a possibilidade de,
assim como Jimin, deixar o ritmo tedioso de Nam-gu para trás e me arriscar por
aqui.

Mas isso é assunto para outra hora porque, quando desço no ponto do hospital
e caminho para seu interior com as mãos nos bolsos do casaco para me

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
aquecer, a única coisa que penso é em chegar logo ao quarto vinte e três, onde
Jimin está internado por todo esse tempo.

Já é quase uma segunda casa, então eu faço o percurso automaticamente e,


quando chego ao andar certo, minha pouca calma é afetada ao ouvir um
enfermeiro se aproximar do balcão e dizer, em tom de alerta:

— Precisamos da equipe médica no quarto vinte e três! Agora!

Com o coração a mil, as piores possibilidades atravessam minha mente e eu


tenho medo do que vou encontrar quando chegar lá, mas corro mesmo assim,
com a intensidade de quem deseja vencer uma maratona.

E então eu chego ao quarto vinte e três, onde a porta já está escancarada e


Shin-ae chora alto abraçando o corpo do filho.

Eu não acredito.

Sem força, eu quase caio sentado ali mesmo, na porta do quarto. Quase caio,
mas é de alívio.

Enquanto Shin-ae chora e o abraça, eu vejo Jimin com os olhos abertos em


confusão e então ele olha para mim, desesperado como quem não entende o
que está acontecendo.

— Por que minha mãe tá chorando? Ele pergunta, sem verbalizar, apenas
desenhando as palavras no ar com seus lábios ressecados. — E por que eu tô
com tanta fome?

E então eu realmente caio e começo a rir como fui incapaz de fazer durante
dias.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Jimin acordou. Jimin está bem, então nós todos vamos ficar bem também.

com esse capítulo confirmamos que Jimin é o personagem mais amado do


universo de sub

(e que a mente de Yukwon tem muito menos palavrão que as falas dele)

enfim, era esse nosso narrador secreto! Yukmin é quase tão forte quanto
jikook, então já fazia um tempo que eu queria explorar um pouco mais a
relação deles dois pelo ponto de vista do Yukwon e é isto, ele é uma cadelinha
por Park Jimin. espero que tenham gostado <3

então... nós estamos mesmo em reta final. tipo. mesmo, e é estranho pensar
que sub vai acabar porque aconteceu TANTA coisa desde que comecei a
postar essa história que ela literalmente parece parte essencial de minha vida,
vai ser esquisito demais precisar me despedir, não ter mais o compromisso de
domingo, de programar minhas semanas pra escrever a att sem atrasos, não
ter a cobrinha feia no início dos capítulos... ): sou uma mãe em processo de
aceitação, com licença

e eu preciso confessar que estou me preparando pra me distanciar das fanfics


jikook (maiores esclarecimentos serão dados depois, mas nada relacionado a
como me sinto por eles dois pq essa que vos fala é uma supporter tão
cadelinha por jikook quanto Yukwon por Jimin), mas eu não consegui
desapegar de alguns plots que planejei com eles dois como protagonistas e
consequentemente não foram ele passados para originais, então pretendo
postar essas histórias antes de me aposentar no fandomshipp

assim que sub for finalizada, então, eu vou liberar uma nova história e ela é um
pouco diferente do que já escrevi, maaas tô gostando bastante de desenvolver.
spoiler 1: Jimin e Jungkook são tatuados, muito tatuados.

mais spoilers em breve

por último, tô pensando em criar uma... corrente (?) pro fim de sub. nada
diretamente relacionado a fanfics, mas algo pra tentar estimular vocês a
fazerem uma boa ação que pode parecer pequena, mas significa muito. me
avisem se tiverem interesse <3
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
e é isto. mais um capítulo e o epílogo e dizemos adeus a sub. vejo vcs dia
03/02, até lá <3

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
51 • Over The Moon
Dedicado a YoungXoo

Yukwon está caído no chão enquanto ri de algo que não entendo, minha mãe
me abraça enquanto chora por algo que não entendo e meu corpo parece
esquisito.

Seguindo a regra, também não entendo o porquê.

E eu estou com uma fome estranha, mas acho que ninguém por aqui tem um
chocolate para me dar.

Mas a confusão piora quando eu vejo um médico e uma enfermeira entrarem


no quarto e só então me dou conta de que estou num hospital. Tem um catéter
em meu braço e um monitor cardíaco verificando cada batida minha. Eu estou
numa maca.

Ao perceber a situação atual, eu resfolego com a última lembrança que me


atinge em cheio.

O dia do vestibular. Eu encontrei Wonsik e ele... me empurrou?

— Jimin? — O médico me chama com a voz e expressão cuidadosas.

Eu olho para ele, mas olho para minha mãe antes de respondê-lo, e vejo
quando ela se afasta um pouco para me olhar com o rosto molhado de
lágrimas, parecendo cheia de expectativa e medo.

— Jimin, — Outra vez, sou chamado. — você pode me dizer seu nome
completo e sua idade?

— Park Jimin — Respondo, ainda confuso. — Tenho dezenove... — Paro,


então corrijo. — Não, vinte anos.

— Certo. Ótimo. — Ele diz. Minha mãe parece completamente aliviada. Nunca
imaginei que acertar meu nome e idade me dariam algum mérito. — Pode me
dizer que dia é hoje?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— É... o dia do vestibular?

Pelas reações, a resposta não está certa.

— Você consegue imaginar por que está aqui, Jimin? — O médico muda a
abordagem, ainda sem se alterar.

— Sim... eu me machuquei. Eu sai da prova do vestibular e... um homem me


empurrou da escada. Eu apaguei? Por quantas horas?

Espera. Eu me acidentei. Pelo visto, perdi a consciência por umas horas, no


mínimo.

Minha mãe está aqui. Yukwon está aqui. Mas eu reconheço o brasão bordado
na manga do jaleco do médico e é do hospital onde trabalho, então estamos
em Seul. Minha mãe e Yukwon estão em Seul, por minha causa, então talvez
tenha sido mais grave do que imagino.

Eu me acidentei, perdi a consciência e foi grave.

Por que Jungkook não está aqui?

— Cadê o Jungkook? — Pergunto, desesperado. Eu conheço aquele homem


como a palma de minha mão e sei que ele não sairia voluntariamente de meu
lado numa situação dessa. Ele é capaz de se desesperar até com um arranhão
em meu joelho. Então... — Aconteceu alguma coisa com ele?

— Não, meu amor — Minha mãe se adiantou em me tranquilizar. — Jungkook


está na casa de vocês descansando. Ele mal saiu do seu lado durante os
últimos dias e ficou cheio de dores no corpo, então seus amigos levaram
aquele teimoso para casa.

— Jungkook tá com dor?— Ok, eu continuo desesperado.

— Pelo amor de deus... — Yukwon resmunga, pela primeira vez, desde que
acordei, me deixando ouvir sua voz. — Você e ele são impossíveis! Se
merecem mesmo!

Eu olho para minha mãe, desesperado.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Que tipo de dor, mãe? Ele se alimentou durante esses dias? Jungkook já
teve problema com imunidade baixa por não se alimentar bem, então ele
precisa comer direito!

— Nas costas, príncipe. — Ela disse com uma pequena risada, secando as
lágrimas em seu rosto. Ele dormia na poltrona, então acabou dando um
jeitinho. Mas ele comeu bem. Vocês dois têm amigos muito atenciosos e
alguns meio brutos que quase enfiavam comida na boca dele quando ele não
queria comer.

Eu olhei para Yukwon novamente. Ele com certeza tem participação nisso.

— De nada. — Ele diz, batendo na calça para limpá-la quando fica de pé e se


prepara para sair. — Eu vou avisar a todo mundo que você acordou.

Saber que Jungkook não colapsou enquanto eu estava aqui me alivia, então eu
volto a olhar para o médico que espera pacientemente, enquanto a enfermeira
regula algo no meu soro, o que me faz perceber que, durante o tempo em que
estive aqui, esse foi meu único alimento.

É claro que eu ficaria com fome.

Esperançoso, eu olho para as três pessoas presentes no quarto, então


pergunto:

— Alguém tem um chocolatinho? Eu tô com fome...

Eu ouço a risada de minha mãe ao lado e sinto sua mão acariciar meu rosto
antes de ser beijado na testa.

— Eu tive tanto medo... — Ela disse. — Que bom que você voltou do mesmo
jeitinho, príncipe.

O médico sorri diante da confissão de minha mãe e eu acabo por sorrir


também. Não sei o que ela, Jungkook, Yukwon e todos os outros passaram
durante esse tempo, mas eles devem ter ficado preocupados.

— Aliás... — Eu pergunto, alternando meus olhares entre eles. — Por quanto


tempo eu dormi?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Onze dias... — Minha mãe revelou. — Os piores onze dias de minha vida.

Onze dias.

Meu deus, deve ter sido tão difícil para eles.

Me sentindo culpado por algo que não controlo realmente, eu encolho meus
ombros num gesto acuado.

— Desculpa... por ter demorado pra acordar...

— Sua recuperação foi ótima, Jimin. Você deveria estar orgulhoso — O médico
volta a falar. — Sei que várias pessoas estão ansiosas para te ver, então
podemos fazer alguns exames para garantir que você vai ficar bem de agora
em diante, antes que elas cheguem?

Minha mãe puxou minha mão até sua boca e beijou o dorso pálido de minha
pele antes de assentir em meu lugar.

— Por favor, não demore. Tem alguém que vai precisar ver Jimin o mais rápido
possível.

Eu sorrio ao perceber que minha mãe está falando de Jungkook e devolvo um


beijo em sua bochecha, feliz ao ver como minha família de Nam-gu e minha
família de Seul se entendem bem.

— E eu também não quero ficar muito tempo longe do meu bebê... — Ela
complementa, voltando a alisar meu rosto.

— Mãe... — Choramingo por ela me chamar assim na frente de desconhecidos,


mas nem o médico, nem a enfermeira parecem fazer graça da situação.

— Sabemos que é um momento importante para a família e amigos. Vamos


cuidar do essencial e trataremos do resto ao longo do dia.

Minha mãe assente, satisfeita, e então eu sinto a enfermeira aplicar um


curativo no local onde o cateter estava inserido. Em seguida, o monitor
cardíaco foi desligado de mim e ambos me ajudaram a sentar depois de
certificarem que, apesar de um pouco dolorido, meu corpo reage aos meus
comandos.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Para não sobrecarregar meu corpo, eu fui levado numa cadeira de rodas, mas
durante os primeiros exames me foi garantido que não serei dependente dela.
E após outras boas notícias, outras garantias de que as sequelas são mínimas
e reversíveis, eu fui levado de volta para o quarto onde estive internado e
minha mãe foi chamada para receber algumas recomendações sobre os
cuidados que preciso ter.

— Tudo inteiro? — Yukwon pergunta, já de volta ao quarto e sentado numa das


poltronas enquanto a enfermeira me auxilia a sentar na maca.

— Por enquanto. Ainda tenho que fazer um monte de exame, mas não tem
muito risco, não, eu acho — Explico, fazendo uma pausa para agradecer com
um sorriso à mulher.

Espero que também chegue minha vez de poder cuidar das pessoas usando
um uniforme de enfermeiro,

Quando ela me serve um pouco de água para aliviar a sensação ruim na boca,
eu olho para Yukwon, e pergunto:

— Tem chocolate?

— Posso te arranjar um, se você fizer um negócio.

— Eu acabei de acordar de um coma e você tá querendo me cobrar favor?


Nossa, Yukwon, que coisa feia...

— Só quero dar um susto no Jungkook. Imagina se quando ele entra aqui você
olha pra ele e pergunta Quem é você? igual nas novelas? Vai ser show!

— Eu não vou dar um susto desses no Jungkook, seu doido! — Resmungo.


Chocolatinho nenhum vale isso.

Mal meu melhor amigo biruta revira os olhos para mim, a porta do quarto se
abre com urgência e eu me assusto, mas só por um momento. Porque assim
que olho na direção da porta, eu o vejo.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Meu Jungkook vestindo suas roupas de ficar dentro de casa e aquecido por um
moletom de corrida enquanto seus olhos cansados brilham com algo além das
lágrimas quando ele olha para mim e me vê acordado.

E a primeira coisa que ele me diz, é:

— Anjo...

Eu quero sorrir ao olhá-lo, ao saber que ele finalmente vai poder parar de se
preocupar, mas antes disso percebo como sua voz treme, como seu rosto está
cansado e como suas olheiras estão fundas.

Meu deus, deve ter sido tão difícil para meu Jungkook.

Deve ter sido tão difícil para minha mãe e para Yukwon também.

Eu queria não ter preocupado tanto todos eles, mas não tenho tempo de me
lamentar porque logo Jungkook quebra a distância entre nós dois. Caminha da
porta em minha direção com passadas largas, desajeitadas, apressadas, e
então me alcança e seus braços tremem quando ele me envolve com força e
meu corpo dolorido dói um pouco mais, mas reclamação nenhuma é feita.

— Tá tudo bem agora, Jun... — Eu digo para ele, abraçando-o de volta


suavemente.

— Jimin... — Ele me chama, parece que movido pela necessidade de reafirmar


que sou mesmo eu acordado, e meu coração falha muito mais que uma batida
quando ele afasta seu rosto para me olhar e eu vejo o seu já com lágrimas
escorrendo.

— Jun... não precisa chorar, eu já voltei pra você...

Ele ainda parece não acreditar que isso é real e eu sinto suas mãos tocando
meu corpo desesperada ao mesmo tempo em que cuidadosamente. E me
assusta como, ao finalmente acreditar que eu estou mesmo acordado, meu
Jungkook perde as forças e eu o vejo lentamente se ajoelhar no chão, com sua
testa apoiada em minhas pernas e sua boca deixando beijos devotos em minha
coxa.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Nunca mais faça isso comigo — Ele pede, me olhando em súplica. — Nunca
mais me deixe assim, anjo...

Eu sorrio suavemente, com todo meu carinho e amor no olhar quando acaricio
a cabeça do homem que tanto me ama, e é amado de volta na mesma
intensidade.

— Jungkook? — O chamo, então, depois de momentos de silêncio. Quando ele


me olha, eu pergunto, esperançoso: — Tem chocolate?

Ele riu em meio ao choro, como se me ouvir pedir por chocolate fizesse seu
peito explodir de alegria em meio a todo o desespero.

— Eu quase esqueci antes de sair de casa — Eu o ouvi dizer ainda com a voz
fragilizada, e o ajudei a se levantar. De pé em minha frente, ele colocou a mão
no bolso do seu casaco de corrida e eu sei que meus olhos brilharam quando vi
Jungkook tirar uma choco pie dali. - Sabia que você ia pedir algo assim.

— É por isso que te amo! - Eu digo animadamente e, meu deus, é verdade. Eu


o amo tanto, tanto, tanto que nem sei o que fazer com tanto amor.

— Eu amo você, anjo. — Ele responde, acariciando minhas bochechas. Como


se não fosse suficiente, repete. — Eu amo você, Jimin.

Eu sorrio porque sei que é verdade, meu deus, como sei. Mas então eu percebi
sua boca se aproximando da minha, então me beijando suavemente, e logo
fiquei tenso ao apertar meus lábios com força.

Quando ele se afastou, eu avisei:

— Só selinho. Eu não escovo os dentes há muito tempo...

Jungkook volta a rir de felicidade ao confirmar continuamente que eu ainda sou


eu, e então volta a me abraçar com força. Assim como da primeira vez, eu o
aceito felizmente e deito a cabeça em seu peito enquanto recebo vários beijos
em toda ela.

— Puta merda... agora vocês vão ficar mais grudentos que nunca... — Yukwon
reclama, ali do canto.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu mostro a língua para ele e sequer considero a possibilidade de soltar
Jungkook, mas então eu percebi duas novas pessoas entrando no quarto.

Yuta?

Yuta também está aqui?!

— Chim... Jimin... — Ele me chama ao perceber que estou sentado, desperto e


inteiro.

— Você também veio pra Seul? — Eu perguntei, alegre, vendo-o agarrar


fortemente as alças de uma sacola ecológica de supermercado pendurada em
seu ombro.

— Sim... meu deus, você acordou... meu deus...

Eu ri, porque ele parece meio bobo agora.

— Não vai me abraçar? — Pergunto ao perceber que ele não se aproxima.

Parecendo tenso, ele olha para trás e corre para fechar a porta do quarto antes
de voltar para perto de mim.

Então a bolsa ecológica de supermercado mia.

A bolsa está miando.

O que?

— Eu fiz uma coisa que não deveria fazer — Meu amigo anuncia, ainda
nervoso, e então ele coloca a bolsa sobre a maca. E a bolsa que mia cai
deitada, com a abertura voltada para mim, e eu recebo que não é ela quem
está miando. É um gato. O meu gato. Meu filho.

— Bebê lindo! — Eu o chamo, quase explodindo de uma vez ao ver meu Chim
correr para fora da bolsa onde estava escondido e então pular em mim, já
esfregando sua cabeça fofa em meu braço, constantemente miando.

— Ele sentiu falta do pai dele, anjo... — Jungkook revela, ainda me acariciando
enquanto olha para nosso filhinho, que logo é capturado por minhas mãos
ansiosas por dar todo o carinho que ele merece.
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— Desculpa, paizinho... — Eu peço, deixando-o na altura do rosto para poder
beijar seu pescoço coberto de pelos brancos e acinzentados, e olho assustado
para Jungkook ao perceber: — Ele tá magro...

— Ele não queria comer — Yuta disse, chateado. — A gente tinha que dar
papinha na boca dele...

— Você deu trabalho, né? — Eu pergunto, outra vez olhando para meu bebê.
— Mas eu já vou voltar pra casa e vou cuidar de você.

— Vai mesmo? — Yuta pergunta, como se eu anunciasse que vou para Marte.
Então, ele levou as mãos à cabeça e empurrou os cabelos para trás ao mesmo
tempo em que começou a rir. — Meu deus... Você tá bem!

Eu faço que sim, mesmo que ainda me faltem alguns exames para comprovar
que está tudo bem, na medida do possível. Diante disso, Yuta se lançou em
minha direção e eu aceitei seu abraço junto a uma risada, mas sem soltar
Chim.

— Você não sabe como a gente torceu por isso, Jimin... Todo mundo queria
tanto te ver bom de novo!

— Todo mundo? — Questiono, curioso. - Muita gente se preocupou comigo?

— Você não faz ideia. — Jungkook quem me respondeu, constantemente me


tocando. — Você é tão amado anjo...

Isso me fez sorrir mais um pouco, até que lancei uma olhadela ressentida para
Yukwon.

— Você nem me abraçou. Você não me ama, Yuk?

— Vai se foder, Jimin — Ele resmunga. Eu, continuo olhando-o com


desconfiança até que caio na risada.

Ele e Yuta não têm lá muitas facilidades financeiras e mesmo assim os dois
estão aqui em Seul, sem poder trabalhar, por mim. E essa é só uma das
inúmeras provas do quanto eles se importam comigo, então mesmo que não
diga com todas as letras, eu sei que meu melhor amigo me ama, sim, e muito.

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E sei que ele não é o único. Minha mãe, meu pai, Jungkook, Chim, meus
amigos... todos eles devem ter passado por momentos difíceis enquanto estive
aqui desacordado.

No entanto, eu percebo que isso engloba mais pessoas que pude imaginar,
porque assim que minha mãe retorna para o quarto depois de conversar com o
médico, ela nem pode voltar a fechar a porta porque logo o cômodo é invadido
por mais três pessoas.

Seokjin, Taehyung e Yoongi.

— É verdade! Ele acordou mesmo! — Seokjin comemora alegremente


enquanto Taehyung cobre a boca com as mãos e continua exibindo os olhos
previamente cheios de lágrimas e Yoongi suspira aliviado.

Até Yoongi?

— Minie, a gente ficou tão preocupado com você! — Tae anuncia, sem timidez
ao se aproximar de mim e lutar contra meu namorado e meu filho para
conseguir me dar um abraço também.

Eu o abraço de volta, é claro, antes de também aceitar um abraço de Seokjin e


ver minha mãe de pé, um pouco mais afastada, enquanto sorri ao olhar para
mim.

O quarto já virou um furdunço, com muito mais gente que o que as regras
permitem, mas ainda tem espaço para as quatro pessoas que entram em
seguida.

Três delas são muito pequenas, então acho que nem juntas contam como uma
pessoa inteira.

Junghyun e sua creche.

— Tio Jun! — Yerin grita ao ignorar o desespero do pai para segurá-la junto
aos seus irmãos, já correndo em direção a Jungkook para abraçar suas pernas,
mas meu namorado mal dá atenção a ela porque não consegue me soltar.

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— Eu vim o mais rápido que consegui! — O irmão de Jungkook disse,
parecendo agitado enquanto luta para manter Kyung no colo e segurar Jaehyo
ao mesmo tempo. Eu acho que tem baba de bebê no jaleco dele, mas o que
realmente o apavora é perceber o estado do quarto onde estou internado. —
Meu deus. Não podem ficar mais que quatro visitantes de uma vez! — Ele
alertou, mas sua verdadeira síncope quase aconteceu a seguir, quando ele viu
Chim e resfolegou audivelmente, apavorado. — Vocês trouxeram o gato para o
hospital!

A despeito do surto de Junghyun, eu estou preocupado é com Yerin que mal


recebe atenção do tio. Nunca pensei que um dia sentiria isso, mas eu fico com
pena dela.

— Abraça ela, Jun... — Eu peço baixinho, só então ele parece se dar conta da
criança esperando ansiosamente por um pouco de atenção e sorri para ela,
abraçando-a como a diferença de altura permite.

— Oi, Yerin. - Ele diz carinhosamente. — Não vai cumprimentar o Jimin?

Ela me olhou desconfiada, olhou para o tio, depois me olhou de novo e pareceu
envergonhada quando perguntou:

— Você tá doente?

— Um pouquinho. — Respondo sob os olhares surpresos de quem sabia o


quanto eu e essa menina não nos dávamos bem.

— Ah... mas continua bochechudo...

— Graças a deus. — Meu melhor amigo falou, de algum canto do quarto.

Na porta, eu vejo Junghyun suspirar e repetir:

— De verdade, eu estou muito feliz por Jimin ter acordado e por minha filha
agir civilizadamente na frente de um homem que não seja o tio Jun — Eu
nunca vou superar a voz que ele faz ao dizer isso. — Mas tem um gato no
hospital. Um gato!

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— Ele precisava ver o pai! — Yuta defendeu sua própria atitude, mas não que
isso realmente acalme o médico horrorizado e cheio de baba de neném.

— Aliás, só você e seu exército de filhos já somam o limite de pessoas que


poderiam estar aqui, então você não pode falar muita coisa! — Yukwon
acusou.

— É diferente! Yerin conseguiu fazer a babá se demitir e agora eu e Siyeon


temos que nos alternar para cuidar deles aqui no hospital e deus me livre de
deixar essas crianças sem supervisão por um segundo que seja! Elas são
impossíveis!

— Nem são — Agora, Yukwon defende a cria alheia e se aproxima até se


agachar na frente de Jaehyo, que parece reconhecê-lo e o olha timidamente
até que meu melhor amigo bagunça os cabelos do sobrinho mais comportado e
retraído que Jungkook tem. — E aí. Cadê o quebra cabeça?

Jaehyo se encolhe e abaixa o olhar por um instante antes de voltar a olhar para
Yukwon.

— Tem um na sala da mamãe... quer brincar comigo?

Eu ouvi uns suspiros comovidos pelo quarto e de repente todo mundo parece
mais interessado em Yukwon com a criança que na pessoa que acabou de
acordar de um coma. Eu, no caso.

Menos Jungkook e Chim. Eles não saem de perto de mim nem por decreto e
eu já ganhei tantos beijinhos de Jungkook no topo da cabeça que perdi as
contas,

— É isso! — Enquanto Yukwon tenta encontrar a melhor forma de dizer não


para a criança, Junghyun tem um estalo. — Yukwon, você cuida deles! Eu
pago!

Meu melhor amigo voltou a ficar de pé diante do médico, com os braços


cruzados.

— Jimin acabou de acordar de um coma e você acha que vou sair daqui pra
cuidar dos seus filhos só porque você vai pagar por isso? — Ele disse. Quando
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penso que vai rejeitar a proposta, ele anuncia: — Pois é melhor que pague
muito bem.

Safado. Me usando para conseguir um pagamento melhor.

— Yukwon! — Yuta resmungou.

— Eu te pago quanto quiser! — Junghyun anunciou em desespero, ignorando o


mais novo.

— Você é tão rico assim? — Yoongi quem perguntou, com as sobrancelhas


arqueadas. - Esse cara aí vai te extorquir.

Junghyun deu de ombros.

— Minha esposa é muito rica.

— E é dona do hospital, então não tem problema se a gente quebrar uma


regrinha e ficar aqui lotando o quarto com o Chim! — Yuta ponderou.

— Eu tinha esquecido que vocês trouxeram o gato... — Junghyun se lamentou


em desespero. Eu, por outro lado, não esqueço nem por um segundo do bebê
peludo em meu colo.

— Siyeon não é dona do hospital... — Foi Seokjin quem lembrou. — É diretora.


E é melhor nós evitarmos problemas, também não deveríamos trazer muita
agitação para perto do Jimin.

— Sim... agora que ele acordou acho que nós podemos relaxar um pouco e
voltamos para visitar com mais calma depois? — Taehyung sugeriu em tom de
dúvida, lançando uma olhadela para o mais velho.

Seokjin assentiu, sorrindo para mim em seguida.

— Você não sabe como é bom te ver bem, bebezinho. — Ele me diz,
acariciando o topo de minha cabeça. — Descansa, ok? Você não deveria fazer
muito esforço logo depois de acordar...

— Ele dormiu por onze dias e você manda ele descansar mais?

— Yukwon!
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— Vocês fazem muito barulho! — Junghyun resmungou.

— Pai, eu posso ficar com o tio Jun? — Yerin pediu.

Ai, meu deus...

— E eu quero brincar de quebra cabeça com o Yukwon...

— Yerin, — Jungkook a chamou pacientemente, pela primeira vez se afastando


um pouco de mim para poder se agachar na frente dela. — Jimin esteve muito
doente nos últimos dias. Eu gostaria de ficar com ele agora, tudo bem? Depois,
nós te levamos para andar de patins em algum lugar bem bonito. Pode ser?

Eu esperei a menina fazer birra e me odiar um pouco mais por estar sendo o
motivo de Jungkook para não dar atenção a ela agora, mas tudo que ela fez foi
assentir num gesto chateado.

— Tá bom... fique bom logo, bochechudo.

— Obrigado, Yerin. — Eu digo, meio comovido.

Poxa, até que ela é adorável quando não está sendo insuportável.

— Quase tudo resolvido. Agora só precisam tirar o gato daqui, pelo amor de
deus,

— Não. Eu peço, segurando o corpinho do meu bebê como se alguém fosse


tirá-lo de mim. — Deixa ele ficar mais um pouco comigo, por favor... Chim é
vacinado e limpinho, não vai fazer mal a ninguém...

Junghyun pareceu prestes a negar meu pedido, mas diante de todos os olhares
que corroboravam com meu pedido, ele acabou cedendo com um suspiro
insatisfeito.

— Depois eu digo para fazerem uma limpeza extra-cautelosa no quarto...

— Isso! — Eu comemoro, mas com cuidado para não agitar meu filhinho.

— Então nós já vamos. -Seokjin anunciou. — Amanhã voltamos para te visitar,


ok?

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— Tá bom. Tragam chocolate!

— Eu vou trazer um pedaço daquele bolo! — Taehyung prometeu, o que me


fez abrir os olhos antes de assentir fervorosamente.

— Yukwon fica com as crianças e... Yuta? Vai querer carona? — Yoongi
perguntou.

Certo... eles parecem todos surpreendentemente íntimos.

Eu realmente gostaria de saber o que aconteceu durante os últimos onze dias


para meus amigos de Nam-gu e de Seul parecerem tão próximos assim

— Eu vou ficar mais um pouco, depois levo Chim para casa comigo. — Yuta
disse, parecendo completamente confortável para conversar com Min Yoongi.

— Qualquer coisa me liguem, então.

Enquanto vejo Yukwon e Junghyun organizarem as crianças para tirarem-nas


daqui, eu digo, sentindo meu coração inteiramente aquecido da melhor forma
possível:

— Obrigado por terem vindo. — Agradeço sinceramente, sorrindo para todos


eles.

— Amanhã voltamos. — Taehyung lembrou e eu assenti.

Com quase todos prestes a irem embora, o último a falar foi Junghyun.

— Fico feliz que tenha acordado, Jimin. Então, ele olhou para meu gatinho. —
Mas por favor, nunca mais se interne nesse hospital. Sério. De verdade. Nunca
mais fique internado em hospital nenhum. Seus amigos são... meu deus.

Yukwon resmungou, Yuta mandou ele falar baixo e Seokjin e Taehyung riram
enquanto Yoongi os segue. Eu? Também acabei rindo.

Estou cercado por pessoas tão maravilhosas que mesmo depois da


experiência de vivenciar um coma, eu consigo rir.

E quando todos eles saem e ficam apenas Jungkook, minha mãe, Yuta e Chim,
meu namorado me toca cuidadosamente no rosto.
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— Como você está se sentindo? — Ele pergunta, cuidadoso.

— Meu corpo tá doendo um pouco...

— O médico disse que é normal. — Minha mãe quem respondeu,


aproximando-se para arrumar meu travesseiro, então Jungkook me ajudou a
deitar. — O fisioterapeuta que cuidou de você durante esses dias vai te
acompanhar por mais algum tempo para garantir que não fiquem sequelas e
logo você vai se sentir bem, príncipe.

Eu fiz que sim, suspirando quando meu corpo deitou na maca e eu puxei Chim
para meu peito.

— E vocês? — Eu pergunto, então, porque sei o quanto deve ter sido difícil. —
Como estão se sentindo?

Eles não me deram respostas imediatas, então eu estiquei minhas mãos para
segurar uma de cada, carinhosamente, e sorri.

— É melhor ficarem bem. Eu não vou ficar bem se vocês não estiverem
também.

Minha mãe sorriu, prestes a chorar novamente. Em seguida, eu olhei para


Jungkook e percebi seu olhar tão carregado de coisas boas, mas ainda
receoso, como se ele tivesse medo de que a qualquer momento eu pudesse
apagar novamente.

— Nós todos vamos ficar bem. — Minha mãe garantiu. — O homem que te fez
isso vai ficar preso e...

— Pegaram ele? — Eu pergunto, esperançoso.

— Sim, anjo. Dessa vez minha mãe está no caso. Ele não tem mais chances
de sair da prisão em qualquer futuro próximo.

— Sua mãe tá me defendendo?

Sério, o que aconteceu durante os últimos onze dias?!

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— Não só isso. Ela tá processando a cidade inteira! — Yuta quem disse,
impressionado.

Quando perceberam meu olhar confuso, minha mãe riu e Jungkook quem
tomou a iniciativa de me explicar:

— A contratação de Wonsik como segurança naquela escola foi feita por baixo
dos panos. Ele conhecia o diretor, que fez a contratação sem passar as
informações para o setor financeiro. Minha mãe descobriu e agora o diretor
também está sendo processado. Daqui até o final do processo ela deve
encontrar mais quatro ou dez irregularidades que nem estavam diretamente
ligadas ao caso.

— Espera... eu fiz minha prova do vestibular na escola. Se o diretor está sendo


processado, eu...

— O processo não vai interferir em nada na sua prova, anjo. Acredite, minha
mãe se certificou disso antes de levar as informações à promotoria.

É estranho ter a mãe de Jungkook trabalhando a meu favor, mas


surpreendentemente tranquilizador, também.

Eu sei que ela é, tipo, a melhor.

— Aliás... como foi? — Ele me pergunta, sentado na beira da maca,


constantemente acariciando meu rosto. — Você gostou da prova?

Eu sorri ao finalmente poder falar disso. Apesar de não ter experienciado a


passagem do tempo, ainda é frustrante, e outras várias coisas que não consigo
nomear, descobrir que tantos dias se passaram.

Mas sem me prender aos sentimentos ruins, eu anuncio alegremente:

— Gostei muito! Eu lembrei de um monte de coisa que estudei com você e com
o Jeonghan e das que estudei sozinho também!

— Que bom, anjo... — Jungkook me disse carinhosamente com um sorriso


sincero, mas ainda afetado pelas coisas ruins que devem estar carregando seu
coração.

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Preocupado por isso, eu tento encontrar uma forma de continuar
tranquilizando-o, de dar a certeza ao meu homem de que vai tudo ficar bem
agora, mas ele age mais rápido quando se atenta ao pacotinho fechado de
choco pie, que acabei esquecendo de comer no meio de toda a agitação

— Você não comeu sua tortinha...

— Eu esqueci. — Respondo, acariciando meu filhinho ainda deitado em meu


peito. — Abre pra mim?

— Coma devagar — Minha mãe alertou enquanto Jungkook abre a embalagem


cuidadosamente e quebra um pedaço com os próprios dedos. — O médico
disse que você precisa se readaptar à alimentação normal, então não abuse!

— Coma metade — Jungkook me diz, trazendo o pedaço de doce até minha


boca. Fazendo, diante dos olhos de minha mãe, o que costumamos fazer
sozinhos. No entanto, a situação permite que isso seja feito sem causa tanto
estranhamento, então eu apenas aceito sua condição de me deixar comer
apenas uma parte.

Eu quero todo, mas sei que Jungkook especialmente agora vai sofrer para
conseguir me dizer um não, então não insisto. Não quero torturar o pobrezinho.

— E príncipe? — Minha mãe me chama novamente, sentada na última poltrona


livre enquanto acaricia meu braço. — Ele também nos aconselhou a procurar
acompanhamento psicológico para você... a forma como tudo aconteceu pode
gerar algum trauma que pode se manifestar agora, ou só depois, então...

Eu olho para Jungkook, que fica calado enquanto me dá pedacinhos de choco


pie na boca, mas ele assente em apoio à posição de minha mãe.

Ainda com a cabeça confusa demais, eu não posso afirmar que isso vai me
gerar alguma consequência emocional, mas eu sei que o risco existe e acabo
por assentir também, porque não vou deixar Wonsik me causar ainda mais
danos.

— Meu bebê é tão compreensivo... — Minha mãe fala quase em tom de


lamentação, e eu juro que ela está prestes a chorar novamente.

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É. Aquele cara machucou muito além do meu corpo. E é por saber que ele
machucou também as pessoas que amo que não consigo perdoá-lo.

Por isso, nós todos passamos as horas seguintes tentando confortar uns aos
outros diante dos olhos atentos e pacientes de Yuta.

Apesar de saber que meu amigo também sofreu, é visível até nos rostos
cansados que minha mãe e Jungkook foram os mais afetados. Yukwon
também. Eu percebi nas olheiras dele e em algo mais que não consigo
explicar. Acho que é coisa de melhores amigos, mas eu simplesmente sei que
ele também passou por momentos muito difíceis.

E ele tem seu próprio jeito de lidar com as coisas, então é normal que não
esteja mais aqui comigo. Tudo bem por mim. Eu o conheço bem o suficiente
para saber que isso não significa que ele não se importa.

Quando o horário de visitas chega ao fim, apenas dois acompanhantes podem


continuar no quarto comigo e eu e Yuta convencemos minha mãe a voltar para
casa com ele e Chim, porque sua enxaqueca começou a dar as caras. Mesmo
assim, foi trabalhoso convencê-la.

— Tchau, mãe — Eu digo, aceitando o beijo que ela me dá, e beijo meu bebê
antes que ele seja tirado de mim. — Tchau, filho. Coma quando chegar em
casa, tá?

— Eu cuido dele — Yuta garantiu com seu sorriso suave, que sempre me
acalma tanto.

— E eu vou me cuidar para voltar amanhã cedinho. — É minha mãe quem


promete, me dando mais um beijo na testa. — Tchau, príncipe. Eu te amo
muito.

— Eu também te amo, mãe... — Faço questão de dizer, mesmo que ainda


tenha certa dificuldade em dizer coisas assim para ela e para meu pai.

E eu acho que me ouvir falar isso em meio à raridade de minhas declarações


para ela quase arranca mais lágrimas suas.

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Pelo menos eu não tenho dúvidas do porquê de ser tão chorão, assim como
não tenho dúvidas da fonte de minha força, porque minha mãe chora por tudo,
mas já aguentou e ainda aguenta firme vários trancos da vida.

Por isso, eu sei que eu e ela vamos superar o que aconteceu. Agora, só
preciso garantir que o homem que amo também vai.

— Quero fazer xixi de novo — Eu aviso assim que fico sozinho com ele, e
Jungkook levanta tão rápido quanto em todas as outras vezes.

— Vem — Ele me pega cuidadosamente pelos braços e me ajuda a ficar de pé


para que eu caminhe, porque também recebi a recomendação de me
movimentar um pouco a cada hora.

No banheiro, eu fiz xixi na frente dele (mas nós já fazemos xixi um na frente do
outro há muito tempo, então não foi nada demais), e dessa vez meus olhos
repousaram na área de banho.

Apesar de já ter feito xixi e cocô (isso eu fiz sozinho e ri quando usei a
duchinha para me lavar, porque me lembrou da chuca) e de ter escovado os
dentes depois do jantar, eu ainda não tomei um banho de verdade, então olho
esperançoso para Jungkook.

— Eu vou te dar banho. — Ele avisa ao entender meu pedido silencioso, o que
me faz sorrir do tamanho do mundo.

Naturalmente, eu estendo meus braços para que ele desate o no da minha


camisola e tire-a de meu corpo, me deixando nu antes de me levar
cuidadosamente à área de banho.

Ali, não trocamos palavras enquanto ele usa o chuveiro móvel para lavar meu
corpo, sempre tomando o cuidado de não molhar meu cabelo e sempre
tomando cuidado ainda maior de aproveitar esse momento para retomar a
familiaridade de todos os banhos que já me deu, de todas as vezes em que
cuidou de mim. E eu espero que isso acalme seu coração mais um pouquinho.

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Ao fim, quando ele me enrola na toalha para me secar, eu sinto meu corpo
ainda molhado quando ele perde o ímpeto e me olha em silêncio antes de me
abraçar cuidadosamente, suspirando contra minha pele.

Como estou todo embrulhado dentro da toalha, eu não consigo retribuir, mas
dou um beijinho em seu pescoço para mostrar como aprecio seu toque, seu
corpo perto do meu.

— Eu amo você, Jimin — Ele volta a dizer à medida que sinto seu abraço
ganhar força. — Eu amo você mais que tudo nessa vida e em qualquer outra
que eu possa viver.

Eu sorrio com os olhos fechados preguiçosamente, apreciando a familiaridade


de estar nos braços dele no meio de tanta confusão.

— Eu sei. — Respondo baixinho, porque não tem necessidade de falar alto.


Não é gritar essas palavras a plenos pulmões que nos fará ter a certeza de que
são verdadeiras. O que nos faz acreditar nelas é tudo que passamos nos
últimos três anos e meio e tudo que fizemos um pelo outro até aqui. — E eu
amo você mais que tudo nessa vida e em qualquer outra que eu possa viver,
Jungkook.

Eu sinto seu suspiro contra minha tez sensível e continuo encaixado em seus
braços. Como sempre, eu ainda sou um tanto menor que ele, mas assim como
em tantas outras vezes eu o protegi seja ameaçando jogar almofadas contra
alguém ou dando a ele o suporte emocional que precisou, nesse instante eu
faço o mesmo. Agora, encolhidinho em seu abraço, eu o protejo dos últimos
sentimentos de preocupação e medo.

— Quando algo dá errado, a gente dá um jeito de consertar. Sempre foi assim


e sempre vai ser.- Eu digo, ainda com a voz baixa. — Você quem disse isso e
meu Jungkook não mente pra mim, então é verdade.

Jungkook assentiu fracamente e mais alguns segundos depois um beijo foi


deixado em minha testa antes de nosso abraço se quebrar para que ele me
vista com uma camisola limpa. Em seguida, nós voltamos à bendita maca que
já não aguento mais.

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Por isso, quando ele me ajuda a deitar e logo depois se acomoda na poltrona
que não parece lá tão confortável, eu só penso por alguns segundos antes de
afastar o lençol e passar minhas pernas para fora.

— Anjo? Tudo bem? — Ele pergunta, preocupado.

— Sim... — murmuro, pousando meus pés nus no chão antes de dar o único
passo que me separa de Jungkook. Então cuidadosamente tomo lugar em seu
colo, já encolhendo minhas pernas sobre o assento limitado enquanto uso
minhas mãos para fazer carinho em seu pescoço. Só depois ofereço: — Quer
carinho?

Apesar de tudo, Jungkook é tão viciado em receber carinho quanto eu. Quando
seu emocional está abalado, ele se torna ainda mais necessitado. Por isso, sua
resposta vem num sim fraco, mas sem hesitação.

E eu gosto disso. Durante muito tempo, ele pareceu acreditar que sua posição
como dominador deveria impossibilitá-lo de viver momentos de fraqueza,
principalmente em minha frente, mas eu não minto quando digo que nossa
relação vai muito além de uma dinâmica entre alguém que domina e alguém
que se submete. E mesmo que se limitasse a isso, ele ainda é humano e título
nenhum no mundo deveria impedi-lo de sentir.

Agora ele parece esclarecido sobre isso, porque já faz algum tempo que não
vejo Jungkook tentando esconder suas inseguranças e fraquezas de mim,
mesmo que esse tenha sido um processo difícil. E eu me orgulho dele por isso.

— Essa poltrona parece bem desconfortável... — Eu quebro nosso silêncio,


mas sem parar de fazer carinho nele. — Você e minha mãe não deveriam ter
passado tantas noites aqui...

— Era melhor que voltar para casa. Jungkook responde com seu queixo
apoiado no topo da minha cabeça e seus braços me envolvendo.

Por seu tom, eu me vejo curioso e levanto meus olhos mesmo que ele não
possa ver.

— Por que?

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Jungkook suspirou, em seguida seu abraço se tornou um pouco mais forte.

— Aquele é nosso lugar. E voltar para lá sabendo que você continuaria aqui
era doloroso. Ver nossas coisas, a cama que dividimos, nossas pelúcias e
minhas blusas que você sempre usa... cada canto dali me fazia pensar em
você e então eu só queria voltar e não sair do seu lado até saber que você
poderia ir comigo. — Ele pausou brevemente, então completou: — Aquele é
nosso lar, mas sem você é só... uma casa.

Eu acho que não consigo entender na totalidade o que ele diz, mas assinto
mesmo assim, e Jungkook continua:

— Eu mal consegui cuidar de nosso filho. Eu não conseguia fazer nada. Fui um
peso morto por todos esses dias e se não fossem nossos amigos...

— Eles cuidaram bem de você? — Pergunto com um sorriso miúdo, mas


imensamente feliz por saber que temos essas pessoas ao nosso lado.

— De mim, de você, de sua mãe, de Chim e de nossa casa. Todos eles


ajudaram o tempo todo e às vezes eu só queria mandar cada um deles ao
inferno por me forçarem a sair de seu lado e me tratarem como uma criança,
mas eu sei que só queriam o melhor para mim. Para nós dois. — Ele
confessou, com mansidão. — Nós temos muita sorte pelos amigos que temos,
Jimin.

Eu concordei sem medo. Nós definitivamente temos muita sorte.

Mas mesmo depois de um coma de onze dias, eu ainda sou eu, então não
perco a chance:

— Você fica chamando todos de amigos e Min Yoongi veio aqui quando
acordei... quer dizer que você finalmente aceitou que são melhores amigos pra
sempre?

Jungkook riu e meu braço foi esmagado por um abraço mais forte, então recebi
um beijo na bochecha.

— Você é tão irritante e eu senti tanto a sua falta, anjo...

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Eu afastei meu rosto para olhá-lo melhor. Aproveitador, perguntei:

— É? Então eu posso ficar te provocando sobre Min Yoongi e pedindo doces o


tempo todo e sendo o bebê mimado e estressado que sou?

— Você sempre faz isso tudo mesmo que eu não permita, meu bem.

— Poxa... era pra você dizer que eu não sou estressado.

— Mas é. — Ele garantiu. — E eu te amo por isso.

Eu sorri mais um pouco antes de abraçar seu pescoço e aproximar meu rosto
do seu com cuidado. Finalmente, eu toco sua boca num selar leve antes de
sentir sua mão em minha nuca e seus lábios se unindo aos meus com mais
intensidade, mas sempre com cuidado.

Quando ele interrompe nosso beijo, vários outros são dados por minhas
bochechas e por cada partezinha do meu rosto, e eu retribuo com um na
pontinha do seu nariz.

— Tá se sentindo mais calminho? — Pergunto, cuidadoso.

Jungkook sorriu e mais um selinho me foi dado antes de sua resposta chegar.

— Sim. Graças a você — Ele disse, e me olhou carinhosamente para só então


completar: - O mundo sem você é um lugar muito ruim, Park Jimin

— Que bom. Porque eu pretendo continuar aqui por muuuuito tempo. —


Garanti orgulhosamente, o que arrancou uma risada gostosa de meu Jungkook

Ah, finalmente...

O mundo também é um lugar muito ruim sem o som de sua risada, Jeon
Jungkook.

— Agora você vai voltar para a cama. — Ele ordenou, já cuidadosamente me


ajudando a sair de seu colo. — Essa poltrona destrói vidas.

Eu ri um pouco mais, ao mesmo tempo fazendo uma nota mental para lembrar
de massagear as costas de Jungkook quando voltarmos para casa.

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E isso acontece depois de mais alguns dias. Os médicos me mantém sob
observação antes de me darem alta e eu sou submetido a um monte de
exames e a uma readaptação cuidadosa (e insossa) para voltar a me alimentar
normalmente,

Depois de tantos dias comendo a comida perfeitamente controlada pelo


nutricionista do hospital, eu até sinto saudade do salzinho a mais nas comidas
que Jungkook faz para mim.

E como resultado de todos os dias em que não me alimentei com nada além da
solução injetada em minhas veias, eu percebo que perdi alguns quilos, coisa
que poderia me deixar feliz em outro tempo. Agora, eu sei que logo retomarei
meu peso normal e estou bem com isso.

Mas, principalmente, estou feliz por voltar para minha casa. Para meu cantinho,
para meu homem e nosso filho.

Com a mala com minhas coisas no ombro de Jungkook, minha mão


entrelaçada à sua e a mão de minha mãe em minhas costas, eu sou guiado do
carro até minha varandinha e sorrio ansioso quando uma bola de pelos corre
para meus pés assim que a porta é aberta.

— Oi, paizinho! — Eu digo, facilmente me afastando de minha mãe e de meu


namorado para pegar meu bebê no colo, que morde meu rosto quando eu dou
um monte de beijinhos em seu pescoço.

— Bem vindo de volta! — A voz de Yuta se sobrepõe à minha quando ele


surge diante de meus olhos, segurando uma bandeja com aquele bolo.

Em resposta à surpresa, eu abro um sorriso imenso e olho para Jungkook, que


sorri carinhosamente para mim antes de gesticular com a cabeça para que eu
entre.

Quando o faço, eu vejo que Yuta e Yukwon não são os únicos aqui. Taehyung,
Seokjin e Yoongi também vieram me recepcionar, a mesa está servida com um
almoço fresquinho e Tae tem até balões roxos de ar nas mãos enquanto sorri
abertamente para mim.

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Um tempo atrás, se me dissessem que esse seria meu ciclo de amigos, eu não
acreditaria. Agora, fico imensamente feliz ao vê-los aqui por mim, mesmo que
durante os últimos dias eles e vários outros amigos, como Jinyoung, Lalisa e
Youngjae, até Namjoon e Eunbyul, tenham ido me visitar.

Eunbyul ainda parece não gostar muito de mim, mas eu estou cada vez mais
convencido de que é mesmo porque ela não sabe lidar com pessoas adoráveis
como eu.

E além de todas essas pessoas aqui em Seul, ainda fiz chamadas de vídeo
com Jeonghan e Kihyun e, claro, meu pai. Todos torceram para que eu
voltasse bem para casa.

Por isso, eu me sinto muito amado.

E com fome, louco para comer algo que não seja a comida sem graça do
hospital.

— Vamos lavar as mãos e já voltamos para comer — Jungkook avisa, muito


provavelmente percebendo como minha atenção repousou demoradamente na
comida servida depois que abracei meus amigos.

Sem objeções a isso, eu recebo seu abraço pelas costas e o beijo que ele dá
em meu pescoço antes de se inclinar para beijar a cabeça de Chim e nos guiar
ao nosso quarto.

— Sente aqui. — Ele diz, me posicionando na ponta da cama.

Obediente, eu fiz como Jungkook mandou e logo vi Chim sair de meu colo e
caminhar até deitar entre minha pelúcia de coelho e a pelúcia de gatinho de
Jun, o que é tão fofo que quase me faz chorar de tanto amor.

— Está na hora de devolver a você Jungkook disse, então, me fazendo olhar


para ele novamente quando se sentou ao meu lado e segurou minha mão com
cuidado.

— Senti falta delas... — Confesso, vendo minhas pulseiras serem devolvidas


ao meu pulso, o único lugar no mundo onde miçangas coloridas e prata têm o
mesmo valor. E é um valor incomparável.
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Quando terminou de arrumá-las e também me devolveu minha coleira social,
eu sinto que finalmente voltei à normalidade. Não existe nada mais
aconchegante que voltar a viver a vida do jeito que escolhemos viver.

E eu escolho ser feliz.

Mesmo com os tropeços no caminho, com os acontecimentos ruins, eu escolho


continuar seguindo firme e escolho receber o amor que tantas pessoas
dedicam a mim.

Por isso, quando Jungkook segura minhas mãos e as leva até sua boca para
beijá-las demoradamente, eu sorrio cheio de felicidade.

E então lavamos nossas mãos e voltamos à sala, onde compartilhamos


comida, risadas e, principalmente, amor com nossos amigos.

Com o passar dos dias, eu me percebi inserido numa rotina um pouco diferente
da habitual. Minha mãe continuou em Seul, a pedidos meus, para matarmos
um pouco mais da saudade e para ela poder conhecer bem a cidade onde vivo
agora.

Não convidados, mas igualmente bem vindos, são Yuta e Yukwon. Eles
também continuam aqui por todos esses dias já que Yukwon virou oficialmente
babá da creche de Junghyun, então a casa está bem cheia desde que voltei do
hospital.

E prestes a encher um pouco mais.

Depois de acertar todos os detalhes para deixar o hotel inteiramente nas mãos
de Hyelin por três dias, meu pai também está vindo me ver.

— O resultado já sai amanhã? — Yukwon pergunta, durante o jantar.

Eu assinto nervosamente.

Por algum motivo sádico, a universidade para a qual estou concorrendo a uma
vaga do curso de enfermagem achou que seria bacana liberar a lista de
aprovados na véspera da véspera do natal.

Ótimo presente.
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Se eu for aprovado, a ironia em meu pensamento pode e deve ser anulada.

— E como você tá? — Yuta perguntou, preocupado.

— Com dor de barriga de tanto nervoso. Sério, tem um revertério acontecendo


aqui dentro.

Eles riram, mas eu estou falando sério.

— O resultado sai à tarde — Jungkook me lembrou, acariciando minha coxa.


— Então pela manhã nós vamos sair para espairecer um pouco

Nós vamos mesmo. Não necessariamente para espairecer, mas de qualquer


forma, vamos sair. O estranho? Jungkook e Yukwon trocam um olhar estranho
quando ele diz isso.

Tão indiscretos quanto eu planejando a festa surpresa de Jungkook. A


diferença é que eu não sou tão lerdo para essas coisas como Jun é, então de
cara já sei que eles estão aprontando algo.

Mas é claro que eu não sou estragar a possível surpresa, então fico calado e
apenas sorrio e concordo.

Na manhã seguinte, nós saímos juntos bem cedinho. Felizmente, Jungkook


tem muito menos trabalho agora. A transferência de cargo realmente foi algo
que mudou sua rotina no trabalho e apesar de estar com alguns serviços para
fazer em casa para compensar os dias que perdeu durante minha recuperação,
o recesso natalino está funcionando quase como férias para ele.

As primeiras em anos.

Mas ele finalmente pode levar as coisas no seu ritmo. Com umas correrias
aqui, outras dores de cabeça ali... mas sem se sobrecarregar.

Felizmente, Eunbyul tem se mostrado impecável no cargo. É claro que sei


disso pelos comentários que ouço, embora os de Namjoon sejam pouco
imparciais já que ele está absolutamente encantado pela nova CEO da
Bangtan.

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Mas tudo bem. Jungkook também está feliz e orgulhoso do desempenho dela,
e ela foi muito compreensiva e prestativa quando ele precisou se afastar por
conta de meu acidente.

Por isso, agora ele pode estar aqui comigo sem se afundar em
autodepreciação.

— Preparado? — Ele me pergunta quando paramos diante do nosso primeiro


destino.

O estúdio de tatuagem.

Não por acaso, o mesmo onde Jungkook fez a sua.

Eu estou um pouco nervoso, mas realmente pensei bem antes de vir aqui.
Quer dizer, até tatuagem de henna eu fiz para garantir que realmente gostaria
do resultado,

Por isso, eu faço que sim sem hesitar, olhando para a pequena construção de
vidros pretos e com letras tribais brancas indicando seu nome.

Diante de minha resposta confiante, Jungkook suspirou.

— E sequer considerou minha proposta de experimentarmos needle play...

Eu ri de sua falsa lamentação, puxando-o pela mão entrelaçada à minha para


deixar um beijo em sua bochecha gostosa.

Felizmente, ele continua com o rosto gordinho.

Mostrando que seu comentário não passou de uma provocação boba,


Jungkook sorriu e devolveu o beijo em minha bochecha, então me guiou para
dentro do estúdio.

Como já tenho horário marcado e o desenho foi escolhido há um bom tempo,


inclusive enviado com antecedência para o tatuador, eu logo estou deitado na
maca de couro, marcando em minha pele o lembrete que carrego também em
meu pulso.

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Durante todo o tempo em que as agulhas eternizaram a tinta preta e colorida
em minha coxa, Jungkook continuou ao meu lado.

E doeu.

Não o tipo de dor que me deixa excitado, também não do tipo intolerável. Mas
se estendeu por horas, durante as quais fiz várias caretas que foram filmadas
por Jungkook enquanto eu pedia para ele não compartilhar os vídeos com
ninguém.

Mas valeu a pena.

— Ficou linda, anjo... — Jungkook disse quando, ao fim das longas horas, saí
da maca de couro e parei diante do espelho comprido na sala do tatuador.

Eu mantive meus olhos atentos à nova marca permanente que carrego em meu
corpo. A serpente negra envolvendo o globo terrestre na lateral de minha coxa.

É exatamente como a tatuagem de henna que fiz. Mas agora, me parece ainda
mais bonita. Talvez porque dessa vez seja pra valer.

Ao fim, eu ergui meus olhos até Jungkook e sorri para ele.

O tatuador continua na sala, mas isso não me impede de virar para Jungkook e
desabotoar os primeiros botões de sua blusa, enquanto ele me olha com
curiosidade.

— O que está fazendo?

— Quero ver uma coisa... — Respondo, sem parar de tirar botão por botão, até
conseguir abrir sua camisa e evidenciar a serpente cravada em seu peito. Em
seguida, virei para o espelho novamente e viajei meus olhos de minha
tatuagem para a sua repetidamente,

Sua serpente agressiva, com as presas sempre exibidas em sinal de ameaça,


e a minha delicada, quase pacífica, enquanto se enrola no mundo inteiro.

E eu sorrio, porque essa é a representação clara do que somos.

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Jun é alguém que tem esse ar de predador. Ele intimida e exala poder à
primeira vista, mesmo que na verdade seja um doce de homem, com o coração
mais puro que já conheci. Mesmo assim, ele mantém a aparência predadora
para não evidenciar suas fraquezas a quem não tem sua confiança.

Eu já pareço mais inofensivo, até fraco e bobo, como uma cobra sem presas.
Sensível e manhoso como sou, eu sei que passo essa imagem de fraqueza a
quem não me conhece. Mas assim como uma serpente não precisa de veneno
para conquistar sua presa, eu não preciso agir como uma pessoa sem
sentimentos para ser forte.

Eu tenho sentimentos demais e mostro-os a qualquer um que queira ver.


Jungkook tem sentimentos demais e exibe-os para qualquer um que saiba
interpretar além de seu jeito mais sério.

Nós somos diferentes, Mas, apesar de manifestar de maneiras opostas, temos


algo em comum.

Jungkook e eu... nós dois temos muita força dentro de nós.

Com um sorriso satisfeito, eu olho para ele e não preciso verbalizar nada disso.

Sei que, ainda antes de mim, ele já chegou a essa conclusão.

— Eu nunca vi um casal tão apaixonado por cobras — O tatuador disse quando


voltei à maca para terminar de tratar minha tatuagem antes de me vestir
novamente.

Jungkook está ao lado, abotoando sua blusa outra vez, e eu digo


orgulhosamente:

— É nosso animal favorito. Depois de gatos. Talvez um dia a gente volte aqui
pra tatuar uma representação da patinha do nosso.

O homem riu, mas não disse nada. Ao fim, já com minha primeira tatuagem
protegida por plástico filme, eu terminei de me vestir e acertei as contas na
recepção.

Então, nosso segundo destino.

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Para decidir vir a esse, precisei de muito mais trabalho emocional que para
decidir tatuar uma serpente em minha pele. Um lugar que evitei por meses,
mas que preciso visitar. Só não tinha estômago para isso antes.

O túmulo do senhor Baek,

Desde sua morte, eu senti que precisava vir aqui, já que não tive a chance de
me despedir como gostaria e como ele merecia, No entanto, a tristeza de
precisar me deparar com a prova real de que seu corpo perdeu a vida e se
transformou em cinzas me impedia de vir.

Agora, eu finalmente tenho a coragem e vou me despedir do meu amigo.

Quando entramos na sala onde estão dispostos os compartimentos de vidro


que guardam as cinzas e alguns poucos pertences de tantas pessoas
falecidas, eu aperto a mão de Jungkook com mais força e respiro
profundamente, já me sentindo a ponto de me derramar em lágrimas.

Paciente, Jungkook não me apressou. Ele esperou meu tempo para retomar
força e caminhar passo a passo, lentamente, em busca do cubículo que guarda
tudo que Baek Beom Seok foi.

— É esse aqui... — Eu digo, quase sem fôlego quando vejo através do vidro a
porcelana com suas cinzas ao lado de um porta retrato do velhinho franzino e
adorável ao lado das três pessoas que pressuponho serem seus filhos.

Eu ainda não os perdoei por terem abandonado aquele homem maravilhoso


nos estágios finais de sua vida, mas a angústia que sinto é engolida quando
vejo um outro objeto ali dentro.

A boina que comprei para ele e que nunca pude entregar.

Ao lado de suas cinzas, junto aos objetos de sua memória e legado na Terra,
está algo que o mantém ligado a mim.

— Quem colocou aqui? — Eu pergunto, já sentindo a visão embaçar e meu


coração pesar um tanto mais.

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— Siyeon falou comigo... os funcionários do hospital queriam colocar algo seu
aqui e você deixou a boina lá quando descobriu que ele faleceu. Eu permiti que
eles entregassem à família... achei que faria bem a vocês dois.

Eu assenti com um sorriso que se mancha pela primeira lágrima que escorre e
espalha o sabor salgado por meu lábio ao atingi-lo.

— Obrigado... — Eu digo, sinceramente, e olho para o velhinho no centro da


foto ali dentro antes de tocar no vidro com as pontas dos dedos, mesmo que
não deva fazer isso. — Espero que tenha gostado da boina, Senhor Baek. Eu
queria ver como ficaria no senhor, mas tudo bem. Espero que esteja
descansando e esteja feliz. E que, onde você estiver, tenha alguém para
assistir televisão com você e te fazer rir.

Jungkook acariciou minhas costas e eu usei minhas mãos para tentar espantar
as lágrimas, mas elas continuam caindo sem parar. Mesmo assim, eu sorrio
ainda mais e afasto minha mão da pequena barreira de vidro.

— O senhor me ajudou muito... eu decidi o que quero fazer da minha vida


depois de conhecer o senhor. Hoje eu vou saber o resultado, se passei ou não
na universidade... mas se não passar dessa vez, eu vou continuar me
esforçando. O senhor pode torcer por mim?

No silêncio do cemitério, é claro que resposta nenhuma alcança meus ouvidos,


mas em meu coração eu sei que aquele velhinho adorável e de bom coração
vai desejar o melhor para mim.

Ainda com o sorriso, eu expulso todo o ar dos meus pulmões.

— Desculpa por ter demorado a vir, eu só precisava me preparar, mas agora


vou vir com mais frequência para o senhor sempre saber como anda minha
vida. E ah! — Eu lembro, segurando Jungkook cuidadosamente. — Eu não tive
a chance de apresentar vocês... mas esse é meu Jungkook. Meu namorado.
Lembra que eu falava dele sem parar?

Ao meu lado, Jungkook se curvou respeitosamente para o cubículo de vidro.

— É um prazer, senhor Baek. Jimin também falava muito sobre o senhor.

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Eu sorrio ao ver que Jun, mesmo tão cético, respeita minha conversa com
alguém que não está mais aqui.

Eu ainda me sinto triste por sua morte, mas acho que isso me alivia mais um
pouco. Mesmo assim, o ambiente não me faz muito bem, então acho melhor ir
com calma, aos poucos, e gesticulo em despedida para o homem na foto.

— Eu volto depois pra gente conversar mais. Tchau, senhor Baek. Obrigado
por ter sido meu amigo.

Depois de olhá-lo mais um pouco, eu respirei fundo e virei para Jungkook,


abraçando-o antes de me afastar do túmulo de vidro.

— Obrigado por ter vindo comigo...

Jungkook me abraçou, com uma mão cuidadosamente apoiada atrás de minha


cabeça, e me deu um beijo na testa antes de deitar sua bochecha contra ela.

Sem dizer nada, nós continuamos no abraço durante o tempo que me foi
necessário para cessar as lágrimas de uma vez, então sequei cada uma delas
e sorri vitoriosamente para Jungkook. Antes de dizer em voz alta que estou
bem, no entanto, eu vejo uma mulher caminhando em direção a um dos
cubículos no outro lado.

Sem o uniforme de enfermeira, quase não a reconheço. Mas é ela.

— Senhora! — Eu a chamo animadamente porque já faz um tempo que não a


vejo, mesmo que já tenha retomado minhas atividades no hospital.

— Menino... — Ela diz, surpresa, mas logo se corrige ao lembrar meu nome. —
Jimin. Já faz um tempo.

Eu assinto, olhando alegremente para Jungkook

— Jun, foi ela quem despertou em mim o interesse pela enfermagem! — Digo
orgulhosamente. — Ela é a...

A...?

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Só agora, tanto tempo depois, percebo que não sei seu nome, porque sempre
me contentei em chamá-la somente por senhora.

— Ja-yeon. — Ela revelou sem qualquer ressentimento, mas olhando


curiosamente para Jungkook. - Você é?

— Jeon Jungkook. — É ele quem se apresenta, agora, mas seu verdadeiro


orgulho vem na fala a seguir: — Namorado de Jimin.

— Então é você o príncipe encantado. — Ela sorri um pouco mais. — Espero


que saiba como a pessoa que está com você é especial.

— Sei, sim. E lembro disso todos os dias.

Eu me encolho um tanto, comovido por ouvir os dois falando assim de mim, e


Jungkook ri quando escondo o rosto em seu ombro.

— Você veio visitar o senhor Baek, menino? — Ela perguntou, então.

— Sim... finalmente tive coragem. E a senhora?

— Eu sabia que você viria, hora ou outra. Mas eu vim visitar meu marido.

— Ah, eu não sabia que... — Aos poucos, meu sorriso bobo morre. — Sinto
muito...

Ela gesticula levemente, até despreocupada.

— já faz muito tempo. Não precisa ficar assim — Garante, mas logo muda o
rumo da conversa: — E o vestibular? Na última vez que conversamos, lembro
que você estava em dúvida.

— Ah, eu me decidi. Conversar com a senhora me ajudou muito — Eu olho


para o homem ao meu lado, com gratidão. — E Jun também ajudou demais.
Hoje sai o resultado. Espero que dê tudo certo.

— Acredito em você, Jimin. — Ela diz com o sorriso suave, o que me faz sorrir
também.

— Obrigado! Agora... vou deixar a senhora ir visitar seu marido. Nos vemos no
hospital?
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— Assim espero. Me diga o resultado quando nos encontrarmos da próxima
vez.

— Sim! - Anuncio feliz. — Tchau, senhora!

Ela gesticula para nós dois, Jungkook se curva brevemente para ela e em
seguida nós caminhamos para fora do cemitério, de volta para nosso carro.

— Agora? — Eu pergunto. Esses eram os dois destinos que tínhamos


planejado para hoje e agora até já passa da hora do almoço.

— Voltamos para casa. — Jungkook diz o que eu queria evitar, porque voltar
para casa significa sentir os nervos à flor da pele à espera da lista de
aprovados. Aliás, só de pensar já estou mil vezes mais nervoso.

Mas de nada adianta fugir, então eu assinto e ele logo retoma a condução do
carro para nos guiar todo o caminho de volta. Quando chegamos, eu percebo
algo incomum.

Nossa rua está cheia de carros.

Com minha desconfiança retomada, eu dou a volta no SUV e paro ao lado de


Jungkook, ainda olhando confuso para todos os veículos familiares
estacionados nos arredores da casa, e só fico mais surpreso quando escuto
muitas vozes dentro de casa antes de abrir a porta. E quando o faço, percebo
que minha sala está cheia como nunca esteve antes.

Todo mundo está aqui.

Todo mundo mesmo. Até meu pai, Jeonghan e Kihyun. Namjoon e Eunbyul
também estão aqui, conversando com Seokjin, e Taehyung Yukwon e Yuta
estão cercando Yeontan enquanto minha mãe parece mimar Chim. Yoongi está
conversando com Siyeon e Junghyun pede desesperado a ajuda de Yukwon
para cuidar de seus três filhos, mas meu melhor amigo facilmente o ignora.
Meu deus, até Jinyoung está aqui, aposto que contando sua teoria da
conspiração favorita para alguém.

Quando me veem, eles gritam desajeitadamente um surpresa que eu não


entendo.
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— Essa é sua festa de aprovação. Ou festa de consolação caso não aprove. —
Yukwon anunciou, como se lesse minha confusão.

— Meu deus... — Eu digo, rindo porque realmente não esperava por isso. —
Eu não acredito em vocês...

— Era uma chance para te ver e nos reunir Jeonghan quem diz, aproximando-
se para me encaixar num de seus abraços calorosos. Tudo bem?

— Minha casa está cheio de pessoas que amo. É claro que está tudo bem!

Ele sorriu e cumprimentou Jungkook com um gesto que é respondido em


seguida, enquanto Yerin já corre para cumprimentar o tio. Mas eu nem fico
irritado, dessa vez. E ainda é fofo ver Jungkook com crianças.

— Oi, bochechudo — Ela diz para mim, meio desconfiada.

Ok. Nós não nos amamos e acho que nunca vai acontecer, mas até que
convivemos pacificamente (pelo menos até brigarmos pela sobremesa, porque
a menina também é viciada em doces).

— Oi, Yerin. — Eu digo, mas ela já virou a cara para mim e está falando
animadamente com Jungkook, o que me faz rir, no fim das contas.

Então, meu pai também se aproximou de mim, e ele mal disse algo antes de
me abraçar. É a primeira vez que nos vemos depois de meu acidente, e sei que
ele esteve tão preocupado quanto minha mãe, mas sequer teve a chance de vir
me ver antes.

Agora, pela primeira vez, Hyelin ficou sozinha na administração do hotel para
que ele e minha mãe possam aproveitar mais uns dias em Seul, comigo.

Diferente de minha mãe, meu pai não é tão aberto com as palavras, mas eu
vejo seu alívio em me reencontrar quando seus olhos se tornam avermelhados
com as lágrimas.

No fim, o que ele diz, é:

— Hyelin mandou pés de galinha para você. Estão no congelador.

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Eu ri e fiz que sim, logo voltando a abraçá-lo. Depois, cumprimentei todos os
outros, me diverti quando vi Yoongi provocando Jungkook sobre algo bobo e
me surpreendi ao parar diante de Jeonghan novamente, que já voltou ao lado
de Kihyun.

O que me surpreende nem é vê-los lado a lado, mas ver meu amigo tocando
Kihyun carinhosamente nas costas enquanto eles riem de algo.

— Ei! — Eu quase grito, apontando para eles dois. — O que é isso?!

— Pirralho, você é escandaloso demais...

Jeonghan riu da reclamação mal humorada de Kihyun, mas tento repreendê-lo


com um aperto no braço.

— Sério. O que é isso? Vocês voltaram? — Insisto, porque nada disso me foi
dito antes.

— Não, Jimin. — É Kihyun quem responde. — Não voltamos, porque antes


nunca tivemos um relacionamento para reatar. Nós estamos... namorando pela
primeira vez.

Eu arregalo meus olhos e meu queixo quase vai no chão, então Jeonghan
esclarece.

— Nós nos reaproximamos muito quando você estava em coma, porque íamos
visitar seu pai com frequência e... enfim. Eu preferi te contar pessoalmente.
Imaginei que você ficaria feliz com isso.

— Meu deus! É claro! — Comemoro, abraçando meu amigo. — Passou quase


um ano desde que você se separaram, eu já tinha perdido as esperanças...

— Nós também não pensávamos mais na possibilidade. Acho que por isso
tivemos a chance de recomeçar de verdade.

Eu assinto feliz, prestes a fazer um comentário ácido para Kihyun não sentir
mais ciúmes de mim, mas quase caio para trás quando Yukwon agarra minha
blusa e me puxa para sentar no chão com ele, Yuta, Taehyung e, agora,
Jinyoung.

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— Você é doido! — Resmungo.

— É um ogro, isso sim.

— E vocês são um bucetão e um enrustido, respectivamente.

— Enrustido, eu? Meu filho, eu já passei dessa fase há muito tempo!

Meu melhor amigo revirou os olhos, impaciente.

— Certo, certo. Tanto faz. Te chamei pra dizer outra coisa — Se puxar e quase
me fazer cair é "chamar", ok, não vou discutir. — Cadê o Jungkook? Quero
dizer pra ele também.

Eu passo os olhos pela sala e vejo Jun conversando com Namjoon, Yoongi e
Seokjin, enquanto Eunbyul agora conversa com Siyeon.

E é engraçado porque Eunbyul é toda chique, toda elegante, e Siyeon é mais


desajeitada e eu tenho quase certeza de que está usando uma calça suja de
tinta. E mesmo tão diferentes, as duas são autoridade máxima em seus
respectivos trabalhos.

Mas voltando ao meu foco inicial, eu aceno para Jun, chamando-o, e ele diz
uma última coisa que faz seu clube do bolinha rir antes de se aproximar ainda
com o sorriso e se ajoelhar ao meu lado.

– Diga, anjo.

— Yukwon quer contar um negócio pra gente.

Atento, Jungkook moveu seu olhar até meu melhor amigo e nós dois
esperamos em silêncio, até que ele disse:

— Eu vou continuar cuidando da creche de Junghyun por um tempo. Ele já me


indicou para uns amigos que tem filhos também e vou trabalhar na festa de um
deles, que estava na festa do Jaehyo.

— Ok...? — Murmuro, sem entender o propósito, então ele revira os olhos e


anuncia com mais clareza,

— Eu vou me mudar pra Seul, caralho. Vocês podem comemorar ou é difícil?


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— O que?— Dessa vez, eu grito mesmo. Yeontan se assusta. — Tipo...
permanentemente? De verdade?

— Sim. Já tô procurando um apartamento pra alugar e tudo. Yukmin vai morar


na mesma cidade de novo!

— Yukmin vai morar na mesma cidade de novo! — Repito, feliz da vida, e me


arriscando a abraçá-lo. Mas então, percebo. — Espera... e você e o Yuta?

Ele olhou para o namorado e deu de ombros.

— A gente concordou que um namoro å distância não daria certo pra gente.
Isso ai é coisa que só gente como você e o Jungkook aguentam.

— Mas... — Minha alegria quase inteira vai embora. — Vocês são meu casal
favorito...

Novamente, Yukwon revirou os olhos.

— Eu quis dizer que Yuta também vem morar em Seul. Você perdeu os
neurônios depois do coma, foi?

— Yukwon! — Yuta o repreendeu, mas até eu faço piadas constantes sobre o


coma. Em seguida, ele respirou fundo e me olhou. — Não tem mais nada que
nos prenda a Nam-gu. Taeyeon nem mora mais com a gente e agora Yukwon
conseguiu oportunidades pra trabalhar aqui, eu também já estou atrás, então...
vamos tentar, Tomara que dê certo!

— Vai dar! — Eu garanto com prova nenhuma além de meu desejo,


abraçando-os enquanto Taehyung ri e Jinyoung está mais preocupado em
brincar com Yeontan.

— Mas vocês ainda vão continuar hospedados aqui em casa por muito tempo,
não é? — Jungkook questionou, quase conformado.

— Mas é claro. Aliás, Jeonghan e Kihyun também. E nós estamos planejando


para todo mundo passar o natal aqui, então vocês vão ser anfitrião de muita
gente.

Meu deus, é muita cara de pau.


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— É... eu também queria dizer algo. — Taehyung quem chama nossa atenção,
e diz quando nos todos olhamos para ele: — Eu não vou poder vir passar o
natal com vocês. Hoje à noite eu e Seokjin vamos viajar juntos, então...

Ah, sim. Seokjin e Taehyung também estão se dando bem. Ainda não
oficializaram nenhum relacionamento, mas eles parecem muito felizes da forma
que as coisas estão.

— Vocês podem cuidar do Yeontan?- Pediu, ao fim, com as mãos unidas. —


Por favor?

— Tudo bem. Mas se Chim bater nele, a culpa não é minha — Aviso logo.

Ao ouvir isso, Jinyoung levantou o rosto, como quem subitamente lembra de


algo.

— Aliás, isso me fez lembrar de uma coisa. — Ele confirma minha teoria. — Já
ouviram falar naquela história que...

— Não. Nem queremos ouvir. Cala a boca — Yukwon o interrompe, leva um


tapa de Yuta e Jinyoung continua falando mesmo assim.

— No entanto, eu nem posso ouvir o que ele está dizendo porque a campainha
de casa toca e eu e Jungkook nos olhamos confusos.

— Quase todos os nossos conhecidos em Seul estão aqui. Quem mais pode
ser?

Eu repasso uma lista quando me levanto para ir abrir a porta, até Wonsik é
uma opção, mas certamente não considerei a possibilidade de ser ela.

Minha sogra.

— A senhora... errou o endereço? — E a primeira coisa que pergunto depois


de olhá-la com choque.

— Não sabia que tinham visita. — Ela diz, parecendo desconfortável ao ver a
casa tão cheia.

— Mãe? — Jungkook questiona, tão surpreso quanto eu quando se aproxima.

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Ela olha para seu filho e pigarreia antes de retomar sua pose altiva,
estendendo para ele um envelope amarelado.

— O processo foi encerrado. Kim Wonsik e duas outras pessoas foram presas.

Realmente, a mulher é boa. Nós só precisávamos prender um, e ela meteu três
na cadeia.

— Depois explico a situação, mas podem ficar tranquilos. — Ela diz, olha mais
uma vez para a sala cheia e parece prestes a se despedir, mas algo acontece
antes disso e é

abraçá-la.

— Vó! — Ela diz, agarrada às pernas da avó, que parece não saber reagir a
isso.

— A senhora também veio para a festa do bochechudo?!

Jesus, essa família me odeia. Uma só me chama de bochechudo, a outra de


selvagem.

— Ah, não, Yerin... eu só vim falar sobre trabalho, mas já vou. — A mãe de
Jungkook diz, e é engraçado ver essa mulher desconfortável.

— A senhora pode ficar. Junghyun também está aqui e a senhora pode


conhecer os pais de Jimin — Jungkook diz, olhando para mim como se para
garantir que não tenho problema com isso.

— Oba! Vem, vó! — Yerin diz, já puxando a mulher para dentro, e eu e


Jungkook nos olhamos em silêncio antes de cairmos na risada e fechar a porta.

Antes de aproveitarmos mais a leveza do momento, Yukwon grita:

— O resultado saiu!

Apavorado, eu olho para Jungkook e ele me dá um abraço apertado antes de


me guiar ao sofá, de onde expulsa seu irmão para me dar lugar para sentar.

Em seguida, ele vai até nosso escritório e volta com o notebook, colocando-o
em meu colo enquanto, ao redor, todo mundo continua calado.
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Com os dedos tremendo pelo nervosismo, eu abro o navegador, busco o site
da Yonsei University, em seguida vou até o link do resultado e busco a lista do
curso de enfermagem Quando a página carrega, o cabeçalho com
recomendações aos aprovados ocupa quase toda a página e então só um
nome fica visível. E não é o meu.

Tudo bem que é por ordem alfabética e existem outros quarenta e nove nomes
na lista, mas o nervosismo toma conta de mim e eu fecho os olhos, negando
furiosamente.

— Não consigo.

— Relaxa. Se você não passar, a gente finge que nada aconteceu e que tá
todo mundo aqui pra comemorar que eu vou vir pra Seul.

— Claro que a pérola vem de Yukwon. Não suficiente, ele ainda aumenta o tom
de voz:

— Aliás, pra quem não sabia: eu estou me mudando pra cá!

— Agora não, Yukwon! — É claro que Yuta o repreende.

Alguém ri em algum lugar da sala, mas eu estou nervoso demais para


identificar a risada, enquanto meu dedo continua paralisado sobre o cursor,
sem coragem de movê-lo para baixo.

— Vem aqui, anjo — Jungkook me chama cuidadosamente, e eu nem hesito


antes de seguir seu comando e sentar em suas pernas, enquanto ele mantem
o notebook apoiado no espaço antes ocupado por mim. — Eu vejo por você.

Eu concordo, abraçando-o fortemente e escondendo minha cabeça ao lado da


sua para não olhar. E antes de mais nada, ele me lembra:

— Se seu nome não estiver na lista...

— Eu vou tentar de novo, até conseguir. — Completo, recebendo um beijo


orgulhoso em minha bochecha.

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Em seguida, eu sinto uma mão me tocar no ombro, acho que é minha mãe, e
todo mundo fica em silêncio, até as crianças e os animais. Até a mãe de
Jungkook.

Aqui dentro, meu coração bate tão forte que eu consigo ouvir suas batidas
ecoando em meus ouvidos, minha boca fica seca e meu peito queima a cada
lufada de ar que absorvo.

Enfim, ainda imerso em silêncio e nervosismo, se passa o tempo que julgo


necessário para Jungkook procurar meu nome na lista, de cabo a rabo.

Então, ele me abraça. A principio, penso que está me consolando, mas então
ele diz, com felicidade inundando em sua voz:

— Parabéns, meu amor.

Eu respiro profundamente, ainda sem acreditar, e continuo agarrado a ele com


força.

— Meu nome tá aí?

— Sim. Park Jimin. Meu Park Jimin, futuro enfermeiro. — Jungkook garante,
ainda rindo de felicidade.

Atrapalhado, eu afasto meu rosto e finalmente tenho a coragem de olhar para a


tela do notebook. E está mesmo ali. Meu nome está mesmo ali. Eu consegui.

Com um soluço desajeitado, eu me pego derramando lágrimas de felicidade,


enquanto todos ao redor parecem entender o resultado e eu sou puxado do
colo de Jungkook para receber o primeiro abraço, que logo é acrescido por
mais um até que eu me veja em meio a uma onda de amor e orgulho

— Meu bebê entrou na universidade! — Minha mãe comemora, chorando em


meu ouvido. — Você vai deixar de ser um príncipe pra ser enfermeiro e eu
estou tão feliz, Jimin...

Eu rio, sem a chance de dizer qualquer coisa a ela porque logo outra pessoa
me puxa, então Yukwon grita:

— Nós precisamos tirar uma foto!


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Sem hesitações de minha parte, leva o maior tempão para todo mundo se
organizar no lugar, a mãe de Jungkook praticamente tem que ser arrastada
para sair na foto e alguém reclama o tempo todo de não estar numa posição
boa. Mas, enfim, esse momento de felicidade é registrado pela câmera do
celular de alguém, guardando, entre as feições tremidas, uma pessoa falando
aqui, outra fazendo cara feia ali, Chim erguido nos braços de Yukwon e
Yeontan nas mãos de Seokjin.

E eu me sinto explodir de sentimentos bons quando Jungkook me abraça forte


por trás e me beija a bochecha. Então, diz o que sei que é verdade:

— Eu amo você, anjo.

E minha resposta não poderia ser outra.

— Eu amo você, Jun.

No instante seguinte, Seokjin fotografa nosso abraço, o que nos faz rir, e o
silêncio de antes de torna algo distante quando todo mundo começa a falar,
transformando isso tudo num perfeito caos de alegria.

E olhando ao redor, eu tomo meu momento para deixar meu peito se encher de
gratidão, porque essas pessoas que estão aqui significam tudo para mim.

Afinal, os tesouros dessa vida não são os bens materiais que conquistamos,
mas as pessoas que caminham ao nosso lado, as que caminham em nossa
frente, ajudando a guiar nosso caminho quando estamos perdidos, ou que vêm
um passo atrás, para nos proteger.

E eu estou cercado por elas.

No fim, Jungkook sempre teve razão.

Eu posso ter o mundo em minhas mãos. Ele cabe bem aqui, nas minhas
palmas pequenas e também cabe na minha sala de estar,

Tanto tempo depois, para o Park Jimin de dezesseis anos, eu deixo aqui minha
mensagem: você conseguiu.

Você encontrou o caminho a seguir em sua vida.


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Você se aceitou do jeitinho que é, cheio de manias, defeitos e, acima de tudo,
qualidades.

Você ama e é amado por um namorado incrível. Por amigos insubstituíveis. Por
um gatinho adorável e meio cismado. Por pais zelosos e por pessoas que jurou
odiar, mas hoje fazem parte fundamental da sua vida.

Jimin, você ama a si mesmo.

Você é feliz.

Park Jimin... você já tem o mundo em suas mãos.

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nem um exército de memes consegue expressar como me sinto agora

ainda falta o epílogo, mas esse foi definitivamente o último capítulo bíblia de
submissive e eu tô me sentindo muito esquisita, ainda não é tristeza, é mais
negação mesmo, sabem?):

eu sei que sub é importante pra muitos de vocês, mas pra mim é uma coisa
que nem dá pra descrever, ela literalmente fez parte da minha rotina por mais
de um ano e meu deus eu não tô em condições.

mas ok, deixa eu fingir que me recompus pra falar umas coisinhas importantes:

primeiro, pra quem não sabe, existe um spin-off que conta a história do Yuta
com o Yukwon aqui em submissive, é uma história de dezessete capítulos
curtos, chamada safe harbor e tá postada no meu perfil mesmo, já finalizada.

segundo, nas notas da att passada eu perguntei se vocês teriam interesse em


uma "corrente" pro fim de sub e como muita gente disse que sim, vou
compartilhar aqui (a explicação vai ficar meio longa, mas é algo bem simples):
ao longo desse tempo em que venho postando submissive, eu recebi muitas
mensagens dizendo como ela ajudou de várias formas, alguns se inspiraram no
Jimin e aprenderam com ele, outros conseguiam se distrair dos problemas
enquanto liam, enfim. e é isso que os livros proporcionam. eles têm o poder de
acrescentar inúmeras coisas boas à nossa vida, de fazer a gente conhecer mil
realidades diferente sem nem sair do quarto, um tempo atrás, eu tinha um
projeto com um professor de arrecadar doações de livros para depois fazer o
repasse deles, e minha experiência entregando os livros a vários
desconhecidos, conversando com eles e ouvindo vários dizerem que não
tinham condições de comprar, alguns sequer sabiam ler, mas levavam para os
filhos, enfim... tudo isso só me fez ter ainda mais certeza do quanto um livro e
um gesto de boa fé podem tornar a vida de alguém um pouquinho melhor

o que eu proponho aqui não é algo com uma meta a ser atingida nem nada
disso. eu só quero mesmo convidar vocês a escolherem um livro que tenham
em casa e dar a alguém pra que aquela pessoa tenha a oportunidade de
aprender algo com uma história que te tocou também, eu sei que é difícil
desapegar, tive que fazer isso durante meu projeto, mas no fim a sensação
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compensa o esforço, eu juro. então quem tiver condições e interesse, tenta
exercitar um pouquinho essa coisa de compartilhar coisas boas com o mundo.
eu sei que é pouco, mas é com ações pequenas assim que a gente tem a
chance de melhorar um pouco o lugar em que vive):

seguindo... de amanhã até sexta eu vou liberar umas coisinhas pra vocês no
twitter (porque pelo wattpad não dá), são coisas bobas, mas espero que
gostem. A programação é:

Segunda - como submissive poderia ter sido, mas não foi.

Terça - os 10 melhores momentos da jornada que foi compartilhar essa história

Quarta - quem é você em a porra do clube das winx

Quinta - explicação dos títulos dos capítulos (um por um...)

Sexta - Jimin de fated fala para o Jimin de submissive

Sábado - tem att de Eros, então só vai até sexta mesmo, caso não tenham
entendido o que vai acontecer em cada dia, não se preocupem que eu explico
antes de postar lá (mas acho que desde já tá claro que o de sexta vai ser mais
voltado pra quem leu fated)

ok... tô quase acabando: no capítulo passado tb falei de uma nova fanfic que
vou começar quando finalizar sub e prometi trazer outro spoiler. o primeiro foi
que Jimin e JK são cheios de tatuagens. o segundo é que ela envolve uma
coisinha meio sobrenatural

o próximo spoiler vai ser dado no próprio epilogo de submissive e vocês já vão
ter a história liberada aqui no wattpad <3

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Epílogo • Fated To Be

JUNGKOOK

Eu tinha vinte e um anos quando conheci Jimin naquele verão. Ele tinha
dezesseis.

Desde então, quatro anos se passaram, assim como as incontáveis coisas que
vivemos juntos.

Nós tivemos nossos momentos de alegria, nossos momentos de dificuldades,


alguns em que quase desistimos um do outro. Confesso, não com orgulho, que
em alguns momentos eu fui o elo mais frágil, mas tenho a sorte de ter me
apaixonado e de amar perdidamente alguém como Jimin, que não desiste fácil
do que deseja e de quem ama.

E durante esse tempo, choramos de saudade quando a distância era uma


constante entre nós dois. Nós choramos de alívio nos reencontros, choramos
de tesão quando o sexo é tão incrível que nos deixa sem chão, choramos de
felicidade com nossas vitórias e até mesmo choramos juntos ao cortar cebola
para fazer o jantar.

Foram lágrimas e mais lágrimas, nem todas de tristeza. E em qualquer instante


que eu faça uma análise detalhada, percebo que Os sorrisos e os momentos
de felicidade superam todos momentos ruins, em número e intensidade.

Como esquecer de quando nos demos nosso primeiro beijo?

Certamente, foi uma experiência confusa para mim. Foi o primeiro beijo que me
fez sentir tão eufórico, mas também me despertou intenso desespero.

Porque foi por ele, por tocar Jimin pela primeira vez, que eu percebi que estava
inteiramente rendido por aquele garoto inexperiente. Foi por ele que eu percebi
que a distância não seria suficiente para me afastar de Jimin.

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Mas ela ainda existia e a breve lembrança de sua existência machucava, e
machucou quando, naquele dia, tivemos que nos despedir.

Eu odiava despedidas. Ainda odeio. Eram uma fórmula simples e repetitiva de


momentos desagradáveis, fosse pela angústia ou pelo desconforto. Mas Jimin
desde esse tempo era tudo, menos previsível.

Então eu fui pego de surpresa quando, depois de colocá-lo dentro do carro que
o levaria de volta e em segurança para sua cidade, minha lamentação solitária
foi interrompida por seu retorno inesperado depois que ele desceu do sedã e
correu todo o caminho de volta e me abraçou com tanto desespero quanto eu
desejava tê-lo em meus braços mais uma vez.

Foi desesperador me sentir assim por alguém que mal conhecia, mas acho que
sempre foi isso, afinal. Eu sempre fui dele, desde o primeiro vislumbre de
minha existência, e meu caminho estava predestinado a cruzar o seu.

Então, não nos separamos mais.

E desde então, a cada nova nuance que descobri e redescobri sobre a


personalidade complexa e por vezes explosiva de Jimin, eu tive mais certeza
daquilo que disse quando estávamos sentados numa praça em Gwangsan-gu
sob o sol de fim de tarde.

Aquele menino sensível, carinhoso e impulsivo podia e merecia ter o mundo


em suas mãos.

Na sequência, tivemos inúmeros momentos difíceis. Estar constantemente


longe dele me sufocava, mas então eu fazia das tripas coração e dava meu
jeito de reaparecer em Nam-gu de surpresa e tudo de ruim era carregado para
longe de meu coração quando ele sorria para mim ao me ver.

E então nós dormimos juntos na mesma cama pela primeira vez. Saímos com
seus amigos pela primeira vez. Brigamos pela primeira vez. Muito tempo
depois, fizemos amor pela primeira vez. E tomamos banho juntos, também pela
primeira vez.

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Cada primeira vez, assim como as segundas, terceiras, quartas e quantos-
números-ordinais de vezes possam existir, estão marcadas em minha
memória.

Eu lembro de estar lá quando sua mãe descobriu sobre sua sexualidade e, ao


mesmo tempo, descobriu sobre nós dois.

Lembro de sua vergonha ao reprovar na escola, coisa que nem por um


segundo me fez duvidar de tudo que ele era capaz.

Lembro de cada narrativa sobre suas crises de riso até a barriga doer
ocasionadas por minhas tentativas até hoje frustradas de aprender a usar
emojis.

Eu lembro, com o peito cheio de amor, de quando viajamos para Jeju pela
primeira vez. Lembro de como estive nervoso em nossa primeira conversa
sobre algo que até hoje é um elemento importante, mas não o único, de nosso
relacionamento. E lembro de como experienciei a sensação mais pura de
felicidade quando ele aceitou ser meu submisso.

Ainda hoje lembro de quando ele veio para Seul pela primeira vez.

Lembro de quando pedi que ele viesse morar comigo e lembro de quando ele
aceitou.

Faz um bom tempo, mas eu lembro de quando compramos nossa casa.


Lembro de quando ela e nossa família pareceu completa quando nosso filho
chegou sobre suas quatro patas, com pelos acinzentados e miado manhoso.

Eu lembro das noites em claro no escritório, enquanto eu trabalhava e ele


estudava. Lembro dos almoços de quinta-feira, que preservamos até hoje
mesmo aos trancos e barrancos, e das insubstituíveis tardes de domingo do
Jimin e do Jungkook.

Por isso, por cada lembrança que carrego, eu sei. Esses quatro anos foram
incríveis. Foram mais que incríveis, porque cada dia ao lado de Jimin é mais
que vinte e quatro horas. Cada dia com ele é uma experiência única, um
sorriso novo, uma lágrima de felicidade.

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Ou de tesão.

Estar com Park Jimin é o melhor presente que a vida poderia me dar.

E para recompensá-lo, eu não meço esforços em presenteá-lo tanto quanto


seja necessário, não importa se isso o transformou num mimado incorrigível.
Ou mimadinho do caralho, como costumo dizer em voz alta.

Mas tudo bem, porque ele sabe a hora em que pode ser mimado, apesar de
certos deslizes aqui e ali.

Porque Jimin é assim. Ele é a eterna e linda contradição entre infantilidade e


maturidade. O equilíbrio mais bonito entre um submisso por vezes mal criado e
uma pessoa que pode assumir o controle, quando assim precisa.

Ele é a beleza pura de alguém que aprendeu a abraçar, aceitar e ser feliz com
cada pequena parte de sua natureza.

E ser o Jeon Jungkook de Park Jimin é ser alguém que se permite errar,
Alguém que cai e levanta, sempre com uma mão estendida para mim, um
sorriso acolhedor e uma compreensão que me aquece cada mínima célula de
minha existência.

Ser Jeon Jungkook e caminhar ao lado de Park Jimin é ser feliz.

E todas as memórias bonitas que já construímos juntos, tudo que já


vivenciamos um ao lado do outro, estão prestes a receber mais uma
recordação.

Porque eu finalmente cumpri minha promessa

Nós estamos voltando para Jeju.

— Você gosta dessa roupa? — Eu pergunto, vestindo-o com um novo macacão


que comprei para ele, especialmente para esse dia.

Eu amo Jimin de macacão.

Eu amo Jimin de qualquer forma, em qualquer roupa.

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Assim como amo a tatuagem em sua perna, a cor de seu cabelo e a maciez da
região adiposa ao redor de seu quadril.

O que me deixa imensuravelmente feliz? Saber que Jimin também passou a


aceitar e a amar seu corpo do jeito que é.

— Gosto. — Ele responde, então. — Ele me deixa fofo.

Eu arrumo as alças jeans, depois subo minhas mãos até seu pescoço e
seguro-o antes de beijar sua boca com um selinho demorado.

— Não de mérito à roupa. Você é lindo e adorável de qualquer jeito.

— Até pelado? — Pergunta, desconfiado.

— Até pelado.

— Achei que eu era gostoso... — Ele se lamenta.

— Isso também. — Respondo e dou um tapinha em sua bunda, em seguida


mais um beijo. — Tão gostoso que chega a ser pecado te chamar de anjo.

Jimin me mostrou um sorriso safado, que também é adorável, e me abraçou


apertado enquanto esfrega a pontinha de seu nariz em minha bochecha.

Quatro anos depois e ainda não parei de me derreter inteiro por seu narizinho
lindo.

— Você também é muito gostoso. — Ele me garante. — E a gente é muito


mais gostoso junto.

Eu não discordo de sua colocação, mas não tenho tempo de dizer isso em voz
alta porque logo a porta do quarto é aberta sem um resquício qualquer de
delicadeza.

Com essa presença indelicada, pelo menos, me acostumei.

Yukwon nunca muda.

— Vocês vão perder o voo — Ele diz, sem esconder a choco pie que roubou de
nosso armário, enquanto lambe os dedos cheios de chocolate.

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— Isso é meu. — Meu anjo diz, enraivado como fica sempre que alguém mexe
em seus doces.

Bom, Yukwon sempre mexe. E sempre ignora os avisos irritados de Jimin.

— Cala a boca — É o que ele diz, mordendo mais um pedaço da tortinha de


chocolate e marshmallow.

Eu consigo ver a situação evoluindo para o momento em que Jimin corre até a
cama e pega um travesseiro para atacar nosso amigo, mas o contenho antes
que isso aconteça.

— Ele tem razão, anjo. Precisamos ir para o aeroporto. Quando voltarmos,


repomos seu estoque de sobremesas.

Ele ainda lançou uma olhadela contrariada para Yukwon, que continua
olhando-nos com tédio inabalável, e acabou bufando ao fim.

Assim como eu, ele sabe que nossa cozinha estará com saldo negativo quando
voltarmos, porque Yuta e Yukwon ficarão aqui em casa para cuidar de Chim.

Viajar sem nosso filho foi uma decisão difícil de se tomar. Jimin quase desistiu
da ideia em cima da hora, porque ele sabe que nosso gato é muito sensível a
mudanças e fica muito cabisbaixo quando não estamos os dois por perto, mas
nós conversamos com ele durante uma semana inteira. Mesmo que não
entenda as palavras, esperamos que isso acalme nosso pequeno e o faça
entender que está tudo bem e que logo voltamos.

E para evitar ainda mais estresse levando-o para um ambiente desconhecido,


com pessoas desconhecidas como o hotelzinho do veterinário, decidimos pedir
para que nosso casal de amigos ficasse aqui em casa para cuidar dele.

E é claro que eles aceitaram.

O preço que pagamos é tudo que existe em nossa cozinha.

— Nós já vamos. — Anúncio, então, pegando o puxador da mala única na qual


estamos levando nossas coisas. — Lembre de deixar o quarto aberto, Chim

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gosta de dormir na nossa cama. E não tire as pelúcias. Ele dorme entre elas se
ficar com saudades.

— E não deixe meu filho com fome. — Jimin alertou. v Bote a pastinha de
carne na ração se ele ficar enjoado pra comer. E a água tem que estar sempre
fresquinha. Ele precisa beber mais água no verão.

— Ah, não deixe a porta aberta. Ele pode fugir. Se acontecer alguma tragédia e
a tela de alguma das janelas sair, Seokjin tem o número da empresa que faz o
serviço.

— Como caralho a tela vai sair? — Yukwon pergunta, entediado com todas as
recomendações sendo repetidas.

— Nunca se sabe. — Jimin respondeu por mim e apontou o dedo para nosso
amigo: - E se ele dormir no seu colo, não acorde. ele. Mesmo que você precise
ir fazer xixi ou cocô ou a casa esteja em chamas. Entendeu?

— Puta merda, vocês já disseram tudo isso mil vezes. Pelo amor de deus, vão
embora logo, o caralhinho fofo vai ficar bem!

Eu e Jimin nos entreolhamos, como os pais superprotetores que somos, mas


acabamos nos conformando.

São só quatro dias e voltamos para ele.

Puxando nossa mala para fora do quarto, então, eu os acompanho de volta à


sala, onde Yuta está sentado no chão para brincar com Chim e Yoongi está no
sofá, assistindo o noticiário na televisão.

O que me assusta é que essa cena não me causa mais estranhamento.

Assim como Yuta e Yukwon, Min Yoongi se tornou verdadeiramente uma


constante em nossa vida.

Hoje, ele veio (sem convite, que isso fique claro) para almoçar e acabou se
oferecendo para nos levar no aeroporto, então ficou aqui durante parte da tarde
também.

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Tão naturalizado com sua presença quanto eu, Jimin caminha até onde nosso
filho está e o pega cuidadosamente. Como Chim estava brincando, ele acaba
levando uma mordida brincalhona na mão, mas isso também é tão habitual que
ele sequer se assusta.

— Bebê lindo, papai Jimin e papai Jun vão ficar longe por uns dias, tá? — Ele
relembra para nosso gatinho. — Mas tá tudo bem! Nós só vamos namorar um
pouquinho na praia.

— Misericórdia.. — Yukwon resmunga.

Ignorando-o, Jimin olha para Yuta.

— Não deixe Yukwon dar comida demais a ele. Tem que ser a quantidade
certa. — Ele pediu, sem recusar as mordidas manhosas que recebe na
mandíbula.

Já com o coração apertado por precisar ficar longe dele novamente, eu me


aproximo também e o acaricio ainda no colo de Jimin.

— Se ele dormir na lavanderia, é porque está estressado. — Aviso. — Não o


acorde, mas quando ele acordar sozinho, converse com ele. Pode dar um
petisco também, mas no máximo um por dia.

— Pode deixar. — Yuta garante, mesmo que também já tenha escutado isso
diversas vezes e até tenha a lista de recomendações salva em seu celular,
graças a Jimin.

— E não deixem a caixinha de areia suja, senão ele começa a fazer cocô pela
casa. É um horror.

— Vão logo trepar na beira do mar, pelo amor de deus... — Yukwon pede,
revirando os olhos furiosamente.

Ainda consternados, eu e Jimin deixamos nossos beijos e nossas despedidas


para nosso filho até que ele acaba se irritando e salta para longe de nós dois.

Talvez não seja Chim quem precisa de tantos cuidados assim para sobreviver
à saudade.

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Mas nós realmente precisamos ir, então nos despedimos de nossos amigos e
eu espero pacientemente enquanto Yuta e Jimin se abraçam

Yukwon, como era de se esperar, já cansou do sentimentalismo e foi buscar


um novo lanche na geladeira.

— Boa sorte — Eu ouço Yuta dizer baixo para meu anjo, mas não entendo o
motivo.

Boa sorte para sobreviver a quatro dias longe de nosso gato?

É. Bem que poderia ser.

No carro de Yoongi, nós arrumamos a mala no bagageiro e eu sento no banco


do carona enquanto Jimin vai atrás, no meio, constantemente se inclinando
entre os dois assentos da frente para falar algo.

— Coloque o cinto, Jimin — Eu digo pela segunda vez, já que a primeira


parece ter passado despercebida. Ou ele deliberadamente me ignorou, o que
não é lá de surpreender

Um pouco irritado, ele resmunga baixo e se arruma sobre o banco para prender
o cinto de segurança, então eu vejo Yoongi rir e olhá-lo pelo retrovisor,

— Eu não acredito que é ele quem vai pedir... — Min Yoongi diz, o que me faz
franzir as sobrancelhas até quase darem cambalhotas uma na direção da
outra.

— Pedir o que?

— Eu estava divagando. Pensando sobre outra pessoa — Ele desconversou,


mas não me convence, principalmente quando olho para trás e vejo Jimin ainda
com os braços cruzados num gesto irritadiço, mas com um sorriso pequeno
nos lábios.

Da última vez que agiram estranho assim, eu ganhei uma festa de aniversário
surpresa. Agora, como na anterior, eu nem sei o que esperar.

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De qualquer forma, eu não tento questionar, por enquanto. E, mesmo que
quisesse, seria interrompido quando Jimin riu sozinho ali do banco de trás ao
ver Yoongi se certificar do funcionamento do ar condicionado do carro.

— Ei, Yoongi — Ele chama. — Você bem que poderia virar motorista de uber.
Vive dando carona a todo mundo e tem um atendimento ótimo. Só faltam as
balinhas...

Ao meu lado, Yoongi negou embora tenha esse sorriso pequeno que eu
reconheço bem como o que ele exibe toda vez que pensa no quanto Jimin
gosta de azucrinar os outros.

E não sendo a única vítima do dia, eu mesmo sou provocado por seu tom
traquina quando chegamos ao aeroporto. Com a mala ao nosso lado, Yoongi
deixa o carro em ponto morto e desce, então se despede de Jimin com um
abraço que vem acompanhado de uma risada dos dois depois que dizem
alguma coisa e, por fim. ele vem até mim.

Com as sobrancelhas levemente arqueadas em uma de suas expressões


provocativas, ele acaba deixando uma risada anasalada escapar e fica na
ponta dos pés para abraçar meu ombro enquanto continuo olhando-o com
desconfiança.

— O que vocês dois estão escondendo? — Pergunto.

— Caramba, Jimin. — Ele olha em alerta para meu namorado. — Acho que
Jungkook descobriu nosso caso.

— Vai se arrombar — Meu bem diz com um revirar de olhos malcriado.

Como sempre, Yoongi ri.

— Não estamos escondendo nada, Dom Jeon — Ele anuncia, então,


arrumando a gola de minha blusa. É insuportável porque ele me chama assim
somente para me provocar. — Façam uma boa viagem e aproveitem.

Eu ainda lanço uma olhadela irritadiça para ele, mas acabo por me conformar e
o empurro pelo peito para que me largue, porque está até agora me abraçando.

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No entanto, quando percebe meu movimento, Yoongi gargalha e estala um
beijo em minha bochecha. Novamente, só para me tirar a paciência.

Em nossa frente, Jimin deixa sua risadinha travessa dar as caras.

— Melhores amigos que dão beijinho na bochecha um do outro...

Honestamente, eu não sei como aguento.

Por fim, eu afasto Yoongi e ele pisca para mim antes que eu segure a mão de
Jimin, a guia da nossa mala e nos guie aeroporto adentro. Já de costas, eu o
ouço dizer alto para qualquer um ouvir:

— Até breve, meu melhor amigo Jeon Jungkook!

Jimin está se escangalhando de rir ao meu lado, mas interrompe o riso


escandaloso quando tropeça no próprio pé e olha irritado para seu all star.
Então, é minha vez de rir.

Na fila para fazer nosso check-in, eu o vejo ainda emburrado com o próprio
jeito desastrado e sinto vontade de dizer que sou apaixonado até mesmo por
seus tropeços, mas me impeço de dizer qualquer coisa quando se aproxima
nossa vez de sermos atendidos e preciso pegar nossos documentos em minha
carteira.

Com sua identidade ao lado da minha, eu percebo algo que não tinha
percebido até então.

É a primeira vez que vamos viajar de avião juntos.

Mesmo que nosso relacionamento esteja cheio de viagens de lá para cá e de


cá para lá, nós nunca antes compartilhamos o mesmo vôo.

Quatro anos depois, ainda temos nossas primeiras vezes. E isso me faz sorrir
quase sem perceber.

— Jungkook, foi só um tropeço, nem tem mais graça... — Jimin resmungou ao


meu lado, desvirtuando o motivo do meu sorriso.

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Sem me controlar, eu volto a rir abertamente e solto sua mão para segurar sua
nuca e puxar sua testa de encontro aos meus lábios, então deixo ali um beijo
bem sobre uma das pintinhas.

— Coisa linda. — Digo, agora acariciando sua bochecha gorda.

Ele me olha desconfiado antes de não se aguentar e me mostrar um sorriso


bobo, passando seus braços por minha cintura para deitar sua cabeça contra
meu pescoço.

E mantendo-o assim, nós somos atendidos, em seguida vamos à sala de


embarque e esperamos que a entrada em nossa aeronave seja liberada.

— A gente pode ir comer o kimbap de atum daquela feira de novo? — Ele


pergunta enquanto brinca com meus dedos e conversamos sobre o que vamos
fazer durante nossos quatro dias em Jeju.

— Sim, anjo. Vamos comer onde você quiser.

— Então... McDonald's? No quarto! Quero comer meu hambúrguer enquanto


sinto o cheirinho do mar de novo, como da primeira vez que fomos lá...

Eu me controlo para não evidenciar nenhuma reação muito suspeita, porque na


verdade já fiz algo sobre isso. Então, apenas faço que sim novamente.

— E... — Ele pondera. — Dessa vez a gente pode tomar banho de mar, né?

— Podemos, meu bem. — Garanto, realizado como sempre fico por vê-lo tão
feliz.

Ele aperta os lábios num sorriso ansioso e volta a me abraçar e a deitar a


cabeça em meu ombro.

— Finalmente uma folguinha com meu amorzinho... — Ele diz, com os olhos
fechados.

Carinhosamente tocando seus cabelos, eu compartilho de seu alívio.

Depois que suas aulas na universidade começaram, a rotina de Jimin ficou um


pouco mais complicada. Ele trabalha durante o dia e frequenta as aulas à noite.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Além disso, ainda precisa estudar os conteúdos que não assimila bem, então
nos piores dias ele chega a chorar de cansaço.

Como minha situação na Bangtan está mais estável - ainda tenho muito
trabalho a fazer, mas não chego a me sobrecarregar diariamente, apenas
durante eventos específicos , agora sou eu quem preciso incentivá-lo a não se
forçar demais.

Mas mesmo na correria de nossa vida atual, nós mantivemos o tempo


reservado para nós dois. Nas quintas, ainda almoçamos juntos (mas mesmo
que seja seu dia de folga, eu prefiro que ele use o tempo para descansar,
então passo em casa para pegá-lo e almoçamos fora).

As tardes de domingo também são reservadas para a família, então sempre


compartilhamos horas com nosso gato, mas também com nossos amigos.

E eu faço questão de levá-lo ao trabalho e às aulas. Também vou pegá-lo no


fim do horário letivo, mesmo que ele já tenha sua carteira de motorista.

Eu sei que moramos juntos, mas a correria da vida às vezes mal nos permite
conversar em casa nem mesmo quando deitamos juntos para dormir, porque
ele rapidamente pega no sono. E eu amo conversar com Jimin. Amo ouvir
quando ele fala pelos cotovelos sobre tudo e sobre nada, então aproveito o
tempo que temos juntos no carro para não perder algo que nos faz tão felizes.

Mas agora, depois de um semestre complicado e cansativo, finalmente vamos


aproveitar nossas férias juntos. Durante esses dias, pelo menos, sem nos
preocupar sobre a agitação da vida adulta.

Somente eu e meu Jimin, em paz.

Quando o painel anuncia que o acesso ao avião já está liberado, eu fico de pé


e o ajudo a levantar, mas permaneço no mesmo lugar para checar meu celular
mais uma vez. Não me surpreendo ao ver mensagens de um grupo que está
sempre cheio de conversas bagunçadas.

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Criador do grupo: Yukwon

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Anjo, — Eu o chamo, ainda concentrado enquanto olho para a tela do
celular.- que emoji eu uso para expressar que estou me sentindo ansioso e
desconfiado, mas feliz?

Ele piscou lentamente para mim antes de suspirar em negação, já caindo na


risada.

— Ai, meu deus, Jun...

Isso não é de grande ajuda, então eu faço o melhor que posso em tempo hábil.

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Razoavelmente satisfeito com minha escolha, eu já deixo o celular em modo
avião e finalmente seguro novamente a mão de Jimin para puxá-lo comigo até
a fila.

Tempos depois, ele resfolega e diz:

— É a primeira vez que a gente viaja junto de avião — Ele percebe o que eu
mesmo percebi instantes atrás.

Acomodado ao seu lado, eu sorrio e aceito de bom grado quando ele se inclina
e segura meu rosto antes de dar um beijo demorado na bochecha.

— Agora você vai entender por que os comissários de bordo me odeiam! —


Anuncia, então, como se isso fosse mesmo motivo para se gabar.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
E ele não disse mentira alguma. Eu realmente entendo por que Jimin é um
passageiro inconveniente, já que ele não para de pedir balas aos funcionários,
mas nada é pior que o bebê chorando

Eu e Jimin nos contorcemos de desespero enquanto o pobre coitado grita a


plenos pulmões, o que me faz agradecer aos céus por nosso único filho ser um
gato. Não acho que teríamos as qualidades necessárias de pais para algo além
de felinos.

Mas, ao fim, nos libertamos da agonia e do sofrimento quando desembarcamos


em Jeju, no mesmo aeroporto onde tivemos um de nossos reencontros, e ele
ansiosamente me puxa pela mão em direção aos táxis.

— Eu quero ver o mar! — Diz, explicando o motivo de sua agitação.

E então, depois de minutos dentro da cabine abafada do carro, nós chegamos.

Nós voltamos.

O mesmo hotel simples da primeira vez, que não me arrependo de ter


escolhido. O mesmo hotel onde, pela primeira vez, arrepiado pela brisa do mar,
Jimin disse que me amava.

Foram apenas dois dias, mas Jeju ainda guarda várias das minhas melhores
memórias.

E por saber que nossa ilha tem o mesmo significado para Jimin, eu fiz algo
para ele. Algo pequeno, mas são as coisas singelas do dia-a-dia que o fazem
feliz.

— O quarto está pronto? — Eu pergunto para a recepcionista, que troca um


olhar cúmplice comigo antes de assentir educadamente.

— Sim, senhor

Eu faço um gesto de agradecimento para ela e, com todas as burocracias


atendidas, seguro a mão de Jimin, beijando-a no dorso antes de puxá-lo, junto
à nossa mala, em direção aos quartos externos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Com o cartão chave, eu destravo a porta do mesmo quarto em que ficamos da
última vez, e Jimin saltita empolgado ao meu lado enquanto aguarda seu
reencontro com o mar.

Nós entramos em seguida. As portas de vidro da varanda já estão abertas, a


meu pedido, para deixar o cheiro de sal que ele tanto ama preencher o lugar
onde compartilharemos nosso amor pelos próximos dias, e então ele corre até
a varanda e perde instantes olhando para a imensidão azul que se segue
depois da faixa de areia fina.

Depois, ele vira para mim com esse sorriso lindo que faz seus olhos sumirem
dentro das pálpebras.

— Jun! — E me chama, feliz.

Não parece querer dizer nada, apenas chamar minha atenção para o seu
sorriso e para sua alegria que contagia.

Com um sorriso igualmente genuíno, eu me aproximo dele e o abraço com total


zelo, tocando-o como sempre faço. Como se ele fosse a pessoa mais preciosa
que já pisou nesse planeta. Porque ele é.

— Você nem viu o que eu pedi para deixarem na cama - Ainda abraçando-o,
eu finalmente digo, embora longe de me sentir magoado.

Se Park Jimin sorri desse jeito para você, a última coisa que se pode sentir é
mágoa.

Mas depois de meu aviso, ele finalmente mirou os olhos curiosos na cama de
casal simples e sua alegria pareceu duplicar quando ele percebeu os
hambúrgueres embalados sobre uma bandeja cuidadosamente posicionada no
centro do colchão. Claro que estão acompanhados de batata frita e de um copo
generoso de refrigerante. E de duas tortinhas de maçã, porque sei que uma só
não o satisfaz.

Com um pedido educado, uma remuneração adequada e a boa vontade dos


funcionários do hotel, eu consegui fazer com que isso fosse deixado aqui
instantes depois de nosso vôo pousar em Jeju.

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— O hambúrguer é de camarão? — Ele pergunta, ansioso.

— Claro que sim, anjo.

Jimin pulou em meu pescoço, tão forte e repentino que quase me puxou para o
chão, e sua gargalhada gostosa preencheu o quarto quando percebeu o
desastre que quase causou.

— Eu tô com fome. Posso comer agora? — Pergunta, ainda sorrindo.

— Pode, meu bem. — Respondo, incapaz de dar outra resposta, e continuo


sentindo meu coração transbordar com esses sentimentos bons quando
sentamos na cama e ele abre a embalagem de seu sanduíche com euforia.

Eu, por outro lado, faço tudo com calma. Mordo o primeiro pedaço do meu
hambúrguer sem pressa, cuidadosamente pausando para limpar os cantos dos
lábios de Jimin quando ele os suja de molho.

Tanto tempo depois, eu já estou começando a gostar desses sanduíches


pavorosos.

Quando acabamos, depois que Jimin rouba toda e cada batata frita e seca o
refrigerante como se não houvesse amanhã, ele joga o corpo para trás e cai
deitado na cama, com as mãos repousadas em sua barriga e um sorriso
satisfeito.

— Eu amo Jeju... — Ele diz, preguiçoso, e eu me curvo para beijar suas mãos
apoiadas em seu corpo, depois sigo com os beijos até seu pescoço, mas sem
malícia.

— E eu amo você.

Ele sorri ainda desse jeito distraído e envolve meu pescoço com seus braços
antes de me beijar cada lado do rosto, carinhosamente.

— Eu já apanhei de um cara que chamava de amigo, reprovei na escola, fui


perseguido por um maluco e até em coma entrei... e mesmo assim eu me sinto
o homem mais feliz e sortudo do mundo porque eu tenho você, Jungkook.

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Sua confissão repentina me faz sorrir até sem perceber, e logo me vejo deitado
ao seu lado, puxando-o para abraçá-lo.

— Minha vez? — Pergunto, infiltrando minha mão pela fenda de seu macacão,
até pousá-la diretamente sobre sua barriga, por baixo da blusa colorida.

Ele faz um biquinho, antes de rir.

— Você não sabe pegar leve. Eu vou chorar, né?

Eu acabo rindo também e nego com a cabeça, balançando-a sobre o colchão


abaixo de nós.

— Você sabe como eu era antes. Como eu evitava mostrar minhas


preocupações e medos para qualquer um. Lembra disso? — Questiono,
paciente, e ele assente com uma expressão que prova que não sente saudade
desse tempo.

— Você me deixava tão preocupado quando guardava tudo pra você...

— Eu sei. Me desculpe por isso. E obrigado por me fazer perceber que não
precisava ser assim. Eu sempre acreditei que compartilhar meus momentos de
fraqueza com alguém me faria vulnerável, mas agora que posso dividir meus
medos com você, eu me sinto mais seguro que em qualquer outro momento da
minha vida.

Jimin deixa seu sorriso se abrir aos poucos, até que ele aperta os lábios e se
lança num abraço ainda mais intenso.

— Eu disse que você não sabe pegar leve...

Eu o aceito sem resistência alguma, puxando-o para se deitar em cima de meu


corpo, e sorrio mesmo quando sinto sua boca tocar a minha num selar suave.

Com muito mais carregando meu coração, eu não me dou por satisfeito e vou
em frente:

— Você nunca se perguntou por que eu te chamo de anjo? — Pergunto,


olhando-o com atenção.

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— Porque eu pareço um. — Ele responde, até meio convencido.

— Não posso negar. Você inteiro é como imagino qualquer criatura celeste.

— E tem outro motivo? — Questiona, curioso.

— A principio, era isso. Você me pareceu um anjo desde a primeira vez que te
peguei me espionando, mas depois... eu percebi que era muito mais. Como se
eu soubesse, em minha alma, que você seria a pessoa mais forte que já
conheci. E eu tive certeza disso a cada vez que você me protegeu, fosse me
consolando ou ameaçando dar almofadadas em alguém.

Jimin riu e o som de sua risada é tão gostoso que eu não resisto em abraçá-lo
ainda mais forte, antes de finalizar:

— Eu sei que eu era mais experiente quando nos conhecemos, mas fui eu
quem mais aprendi com você, anjo...

— De nada... — Ele diz, ainda com uma risada boba. — E obrigado por me
ajudar a confiar em mim mesmo a ponto de ouvir tudo isso e acreditar, Jun.

Afinal, é isso. O amor nunca deve ser uma via de mão única. Ele precisa de
equilíbrio, de trocas equivalentes. De confiança e da sabedoria que podemos
estender nossa mão e ajudar a pessoa que amamos a se erguer, mas nunca
devemos ser o que a mantem de pé. Amor é sobre liberdade. Sobre estar com
alguém porque assim se deseja, não porque precisamos.

E depois de tropeços ao longo do caminho, sei que é assim para mim e para
Jimin também. Ele me ajudou a encontrar minha força, assim como fiz o
mesmo por ele, mas sabemos que não precisamos um do outro para
seguirmos enfrentando a vida. Nós continuamos juntos porque queremos.
Porque mesmo tendo a liberdade de separar nossos caminhos, escolhemos
caminhar lado a lado.

Ainda bem. Porque nós sofreríamos para decidir quem ficaria com Chim.

— Jun... — Ele me chama, então, saindo de cima de meu corpo para sentar na
cama, em seguida puxando-me pelo braço para me fazer sentar também.

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— Diga, anjo.

— Você me ama mesmo, né?

— Tanto que uma vida só não é suficiente para que eu dê todo meu amor a
você.

— É? — Ele me olha com o rosto brevemente inclinado, então ergue seu


dedinho em minha direção. — Então promete que se existirem outras vidas,
você vai me dar todo esse amor, até ele acabar.

Eu olho para seu mindinho esticado e sorrio apaixonado antes de entrelaçar o


meu e pressionar nossos polegares juntos, como tantas vezes já fizemos.

E como tantas vezes já disse, Jimin repete:

— Não pode quebrar promessa de mindinho.

— Eu nunca quebraria uma promessa que fiz a você, anjo.

— Então você me amaria e ficaria comigo mesmo se fossemos muito famosos


e o mundo inteiro fosse nos julgar se descobrisse que nos amamos? — Ele
pergunta, em tom de desafio.

— Mesmo se fossemos muito famosos. — Garanto, sem dúvidas no que


prometo.

— E se eu fosse um babaca rico que te esnoba e não aceita que gosta de


homens também?

— Eu faria você perceber que é muito melhor que isso, meu bem.

— Hm... e se você for o babaca que me odeia por motivo nenhum?

— Então o universo inteiro vai colapsar, porque não é natural que eu te odeie.

Ele parece aprovar cada resposta, até sua última pergunta:

— E se fossemos irmãos?

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Esta me pega de surpresa. Me faz lembrar de um sonho confuso que tive, mas
que foi capa de me ensinar algo. Por isso, depois de algum choque inicial, eu
respondo:

— Se fossemos irmãos... eu faria o mundo inteiro aceitar que nosso amor não
é errado.

Jimin sorriu ainda mais, como se essa resposta final fosse a de maior
significado para ele, e então se inclinou para mim, com as mãos apoiadas na
cama, e me beijou. Ainda com a boca próxima à minha, pediu:

— Quer caminhar na praia comigo, Jun?

Eu devolvo seu beijo com um pouco mais de intensidade, antes de pegá-lo nos
braços até sair da cama e colocá-lo de pé no chão. Quando entrelacei minha
mão à sua para puxá-lo para fora comigo, ele parou no lugar e me mostrou um
sorriso pequeno, mas significativo.

— Vai na frente? Eu já vou.

Algo no seu sorriso me faz assentir sem questionar e não entendo por que
sinto meu coração acelerar tão rapidamente, assim, sem motivo.

Parado do lado de fora, próximo à escada que leva à areia da praia, eu espero
até que Jimin volte, escondendo algo no bolso do macacão antes de estender
sua mão pequena para mim, com suas pulseiras chacoalhando no braço.

Jimin sorriu ainda mais, como se essa resposta final fosse a de maior
significado para ele, e então se inclinou para mim, com as mãos apoiadas na
cama, e me beijou. Ainda com a boca próxima à minha, pediu:

— Quer caminhar na praia comigo, Jun?

Eu devolvo seu beijo com um pouco mais de intensidade, antes de pegá-lo nos
braços até sair da cama e colocá-lo de pé no chão. Quando entrelacei minha
mão à sua para puxá-lo para fora comigo, ele parou no lugar e me mostrou um
sorriso pequeno, mas significativo.

— Vai na frente? Eu já vou.

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Algo no seu sorriso me faz assentir sem questionar e não entendo por que
sinto meu coração acelerar tão rapidamente, assim, sem motivo.

Parado do lado de fora, próximo à escada que leva à areia da praia, eu espero
até que Jimin volte, escondendo algo no bolso do macacão antes de estender
sua mão pequena para mim, com suas pulseiras chacoalhando no braço.

Ainda me sentindo subitamente ansioso, eu entrelaço nossos dedos e caminho


ao seu lado, em silêncio, quando descemos os poucos degraus até pousarmos
nossos pés na areia.

— Espera... — Ele pede, usando os próprios pés para tirar os sapatos, em


seguida as meias, até enterrar seus dedos diretamente entre os grãos finos e
sorrir. — Eu amo a sensação.

Seguindo seu exemplo, eu mesmo tiro meus sapatos, deixando-os ao lado dos
seus e aproveitando para dobrar a barra da calça de seu macacão para não
arrastar na areia. Em seguida, nós damos as mãos novamente e caminhamos
de pés nus em direção ao mar, que abraça o horizonte para onde quer que
olhemos.

Quando paramos rente aos limites das ondas rasas, Jimin fecha os olhos e
respira fundo, com um sorriso persistente.

— Você lembra, Jungkook? Foi aqui que eu disse que te amava pela primeira
vez...

Eu continuo olhando-o, hipnotizado, enquanto ele inspira e expira devagar.

— Nunca esqueço, anjo...

Ele sorriu ainda mais e voltou a abrir os olhos lentamente. Agora, ele parece
compartilhar da minha ansiedade infundada, mas não para de sorrir.

— Agora, eu quero te dizer outra coisa. — Anuncia, então, e eu o recebo


quando ele gira seu corpo até me abraçar novamente, encolhendo-se para se
proteger da brisa do mar. — Pode fechar os olhos pra mim?

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Cada vez mais ansioso, mas sem entender de onde vem esse sentimento, eu
pergunto:

— Por que?

— Quero que você escute com atenção. Com os ouvidos e com o coração.
Fecha, por favor?

Sem relutar, mas ainda afetado por tudo isso, eu lentamente fecho minhas
pálpebras e sinto Jimin tocar meu rosto carinhosamente, sem dizer qualquer
outra coisa até que cuidadosamente quebra nosso abraço e eu não sinto mais
seu corpo contra o meu.

— Jungkook... — Ele chama, então, sua voz ainda soando próxima. -O que eu
quero dizer é algo que já te disse antes. Eu amo você. De várias formas
possíveis. Você é meu namorado, meu melhor amigo e meu dominador. Eu sei
que não existe um rótulo que expresse tudo que você significa pra mim, mas
uma vez você falou sobre isso e agora eu gostaria de te chamar de algo a
mais, Jun...

Eu não preciso ouvir seu pedido para abrir os olhos, porque sinto que devo
fazê-lo agora. Ao abri-los, não encontro Jimin em minha frente, então giro
sobre meus pés e o vejo atrás de mim, ajoelhado sobre a areia, com as mãos
trêmulas segurando uma caixa de veludo aberta no ar.

Com duas alianças.

— Jun... — Me chama mais uma vez, com os olhos carregados de lágrimas,


mas com o sorriso mais sincero que já vi. — Você quer ser meu namorado,
melhor amigo, dominador e... meu marido?

Meu peito sobe e desce tão devagar que sinto doer, enquanto Jimin espera
minha resposta.

Como se eu pudesse mesmo dizer algo além de sim.

Sim. Sim, sim, sim!

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Eu não verbalizo. Não preciso. Jimin entende, porque assim que a resposta
ecoa em minha mente, ele deixa sua risada se juntar ao som das ondas do mar
atrás de nós.

Cuidadosamente, então, eu me ajoelho em sua frente e seguro seu rosto,


puxando-o para beijá-lo mais uma vez. Puxando-o para beijar meu namorado,
meu melhor amigo, submisso e, agora, futuro marido.

— Eu sabia que você aceitaria, mas me deu tanto nervoso de fazer isso... —
Ele confessou, ainda rindo, quando mantive minhas mãos segurando seu rosto
e descansei minha testa sobre a sua.

— Eu queria fazer. Eu queria me ajoelhar e pedir, mas agora que você pediu...
eu sou incapaz de desejar que acontecesse de outra forma, anjo...

— Eu sei que você não demoraria a pedir. Eu te conheço, Jeon Jungkook —


Ele acusa, sem parar de sorrir.

Feliz como nunca estive em minha vida, eu seguro sua mão livre e trago-a até
minha boca, beijando-a no dorso antes de cuidadosamente tirar a aliança
menor da caixinha de veludo e deslizá-la por seu dedo. Então entrego outro
beijo, agora sobre a aliança.

Agora, é Jimin quem repete meu gesto. Ele deixa a pequena caixa na areia,
retira a aliança restante e desliza por meu anelar, beijando-a ao fim.

Como dois bobos, eu rio e sinto meus olhos pesarem com lágrimas de
felicidade genuína quando vejo nossas mãos unidas e as alianças marcando
mais um dos inúmeros significados que temos um para o outro.

— Tem mais uma coisa — Ele me diz, voltando a olhar em meus olhos. — Mas
antes... como vai ser? Jeon Jimin ou Park Jungkook?

Eu nego, porque sobre isso já me decidi muito tempo atrás.

— Será Park Jimin e Jeon Jungkook. Eu não mudaria absolutamente nada em


você, nem mesmo seu sobrenome. E eu não quero mudar o nome do homem
que foi capaz de te conquistar e te fazer feliz. Park Jimin e Jeon Jungkook. Não
existe combinação melhor.
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Park Jimin e Jeon Jungkook, então,

Eu faço que sim, e me surpreendo quando Jimin apoia ambos os joelhos sobre
a areia fina e, separando suas mãos das minhas, cuidadosamente retira uma
das pulseiras em seu braço. A de prata, com o pingente do globo, que nunca
me arrependo de ter dado.

— Então eu, Park Jimin, namorado, melhor amigo, submisso e marido de Jeon
Jungkook, entrego isso a você — Ele anuncia, envolvendo meu pulso com a
pulseira, até fazer o globo terrestre repousar contra minha palma. — Esse
sempre foi meu presente favorito. Foi o que me ajudou a confiar em mim
mesmo. Agora, eu quero que ele faça o mesmo por você. Eu sei que você tem
medo de não ser capaz de guiar a Bangtan e sei que isso te faz sentir
pequeno, as vezes, mas eu quero que você lembre todos os dias do que me
disse. E só quando acreditar de verdade, você me devolve a pulseira. Eu só
estou emprestando

Eu olho para a corrente trançada de prata aliada às miçangas amarelas em


meu pulso, e em seguida olho para Jimin, que sorri cheio de confiança e fica de
pé. Então, ele estica sua mão para mim e me ajuda a levantar.

Frente a frente com o homem que mais amo nessa vida, ele me diz:

— Jeon Jungkook, você também pode ter o mundo em suas mãos.

[Submissive: FIM]

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
se eu pudesse colocar em palavras o quanto tá me doendo fazer isso, eu
colocaria, mas ao invés disso, vamos falar de coisas boas!

primeiro: o spoiler sobre a próxima fanfic, como eu disse, está aí pelo meio do
epilogo. ela será postada terça-feira, pra que eu termine de arrumar uns
detalhes com calma. mas já adianto o nome dela: cem chances. então quem
tiver interesse, já fica de olho.eu aviso no twitter, também <3

segundo: o livro físico de sub. o projeto tá em andamento, mas só devo abrir as


vendas lá pro meio do ano e o único lugar onde vou anunciar é aqui, então
quem tiver interesse, deixa a história na biblioteca pra receber a notificação!

e agora começa o sentimentalismo. vocês sabem que eu sou uma cadelinha


sensível e vou sentir saudade demais dessa história ):

(mas vou tentar não ser tão baixo astral, então vou mostrar as coisas das
quais sentirei falta de um jeito mais alegre):

*Primeira fase de sub*

Jimin: a Vocês: puta que pariu que vergonha alheia CALA A BOCA JIMIN

*Segunda fase de sub* Jimin: a

Vocês: mimadinho do caralho

*Qualquer momento de sub*

Yukwon: a

Vocês: SJDFISUNDIASDMIAUSNFDIU ASJDAICMSJNVIUFNGVLSDLASK


ICONE

*Jimin e Jungkook fazendo amorzinho selvagem*

Vocês: MEU DEUS DO CEU RUTH

(vocês criaram um hábito incurável de gritar meu nome nos comentários, mas
isso não é uma reclamação)

Mãe do Jungkook: a

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Vocês: bruxa

(só eu e mais três leitores gostamos dela)

*51541514515 capítulos depois*

Jungkook: anjo

Vocês: ele chamou o Jimin de anjo eu vou MORRER DE AMOR

existem uma infinidade de outras coisas das quais vou sentir falta. sub inteira
criou uma atmosfera muito familiar e acolhedora para mim, como se eu fizesse
parte da família que foi construída aqui além dos laços sanguíneos): eu
realmente não sairia daqui hoje se fosse enumerar cada item

seguindo, eu resolvi trazer algumas das fanarts para quem não teve a chance
de ver no twitter, todas são maravilhosas, mas como o wattpad tem um limite
de mídia por capítulo, eu peguei só as que representam alguns detalhes da
fanfic pra ajudar a imaginação de vocês. São: a tatuagem de Jungkook, o
desenho da tatuagem de Jimin, a família jikook e a coleira nova do Jimin (essas
duas são da mesma pessoa e tem a assinatura dela, mas eu não lembrei o
user pra editar na imagem ): quem fez, se manifeste, por favor!!!), as pulseiras
de miçangas dos jikook e uma fanart bônus que eu não poderia deixar de fora
huahauahua

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Spin Off • Experimentalist
⸢ jungkook!powerbottom ⸥

Avisos : essa oneshot apresenta cenas explícitas de sexo com práticas


sadomasoquistas, bondage e dominação e submissão.

Power bottom: pessoa que assume de forma dominante o papel como a parte
que será penetrada no sexo.

Eu e Jungkook nos conhecemos quando eu tinha dezesseis.

Por ser mais velho, mas também por morarmos em lados opostos do país, eu
lembro bem de sua relutância em me deixar me aproximar no início, mas minha
lembrança favorita é de quando ele desistiu de resistir e finalmente nos deu a
liberdade de construir o que, hoje, chamamos orgulhosamente de nós dois .

Desde então, dois anos e meio se passaram.

Tempo através do qual Jimin e Jungkook vem se fortalecendo mesmo através


das dificuldades, ou talvez por causa delas.

E acho que existe um consenso sobre qual a maior das dificuldades que nos foi
e ainda nos é imposta.

A distância.

Minha idade não é mais um problema, tampouco é minha imaturidade, apesar


de reconhecer que ainda preciso evoluir em alguns aspectos. Hoje em dia, o
que verdadeiramente se coloca entre nós é ela, a maldita distância.

Entretanto, nós vamos mudar isso. Nós vamos finalmente acabar com ela,
porque decidimos morar juntos .

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Dois anos e meio depois, nós finalmente tomamos a maior decisão de nossas
vidas e mesmo que eu saiba que não vai ser um caminho sem dificuldades,
não posso deixar de me sentir imensamente feliz.

Eu vou morar com o homem que amo, dormir e acordar ao seu lado, poder
receber seus carinhos dia após dia e cuidar dele quando as coisas ficarem
difíceis em sua vida. É uma mudança e tanto, por isso eu realmente acredito
que precisamos comemorar de alguma forma.

Com sexo.

Mas existe um problema. Eu perdi minha virgindade com Jungkook. Todas as


minhas experiências sexuais foram com ele e não que eu me arrependa disso,
mas eu nunca… o penetrei. Isso quer dizer que eu nunca penetrei em toda a
minha vida.

E eu gosto de ser fodido por ele. Gosto de sentir seu pau dentro de mim
quando ele me fode com força ou quando faz amor comigo, mas já faz um
tempo que me pergunto como seria se mudássemos isso pelo menos uma
vezinha.

Pode parecer estranho porque Jungkook é muito maior que eu e é


definitivamente o dominante da nossa relação, em todos os aspectos dela,
inclusive nos sexuais. Entretanto, nada disso anula minha possibilidade de
sentir prazer penetrando-o, menos ainda sua possibilidade de sentir prazer ao
ser penetrado.

Eu realmente gostaria de experimentar.

— Jungkook, — Eu o chamei assim que entramos em casa, depois de


dividirmos um lanche do Mcdonald's dentro de seu carro. — Eu queria te pedir
uma coisa...

— O que você quiser, meu bem.

Eu só fechei a porta antes de olhá-lo, vendo-o com a pontinha do nariz ainda


avermelhada. Eu anunciei minha decisão de me mudar para morar com ele há
menos de meia hora e sua reação foi a mais preciosa desse mundo todo.

1583
@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
— Eu… quero transar.

— Você quer transar agora? De novo? — Ele perguntou, curioso.

Bem… é. Nós também tivemos nossa última transa não faz muito tempo,
dentro do banheiro de uma boate. Há uma hora, para ser mais preciso. E foi
depois disso, depois de perceber o que estar ao seu lado me proporciona, que
eu tomei a grande decisão.

— Quero. Mas… — Eu pausei, olhando-o de frente e deslizando meu dedo por


seu peitoral num gesto manhoso. — de outro jeito.

— Que outro jeito?

— Eu queria estrear meu pau... — Eu disparei, sem chance para voltar atrás.

Tudo bem, não é vergonhoso. Nós temos intimidade o suficiente para falarmos
sobre isso abertamente.

Jungkook passou a língua pelo lábio, me olhando de forma quase divertida.

— Estrear seu pau? — Ele repetiu, puxando seu lábio com os dentes antes de
me mostrar um sorriso oblíquo. — Você está dizendo que quer me foder, anjo?

— É! Mas só se você quiser também…

Ele sorriu um pouco mais, tocando minha bochecha num gesto tão carinhoso
quanto provocante. — Achei que você nunca fosse pedir.

Eu continuei olhando-o, ansioso. Isso é uma confirmação ao meu pedido?

— Então…

— Eu nunca costumei desejar ser o passivo, meu bem, — Ele começou, ainda
me tocando suavemente. — mas eu sempre quis te ver implorando para me
foder enquanto eu te domino.

Ok. Isso é noventa por cento uma confirmação.

— Eu vou tomar um banho. Me preparar para você. — Cem por cento


confirmado. — Enquanto isso, prepare seus brinquedos.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Ah, meus brinquedos. Eu posso ser um bebezinho na maior parte do tempo,
mas esses brinquedos definitivamente não são para crianças.

Chocado com a facilidade com a qual meu pedido foi acatado, eu só agitei
minha cabeça numa confirmação, ansioso como nunca.

— Tire toda sua roupa — Ele continuou a instruir, retirando seu próprio casaco.
— Me espere somente com seu harness e sua coleira, nada a mais.

Eu apertei meu lábio com meus dentes, antes de ceder a uma risada
empolgada.

— A gente vai mesmo fazer isso? — Perguntei, desacreditado.

Jungkook voltou a me tocar, dessa vez segurando meu queixo. — Eu faço tudo
por você, anjo.

Ai, meu deus. Acho que eu vou desmaiar.

Ainda ansioso, eu vi Jungkook se afastar de mim logo depois de me dar um


beijo na testa e, enquanto ele se tranca no banheiro, eu corro até o quarto,
procurando minhas algemas de couro, a corda, o anel peniano, lubrificante e
até a guia da minha coleira e o meu vibrador, deixando-os sobre o criado
mudo.

Depois, eu tirei minha roupa e fiquei completamente nu, usando apenas o


harness e a coleira, exatamente como meu Jungkook ordenou, e o esperei
sentado sobre a cama, afoito.

Quando ele apareceu no quarto algum tempo depois, eu o vi com uma toalha
enrolada em seu quadril e seu cinto dobrado em uma das mãos, deixando-o no
criado mudo junto com as outras coisas.

E sinceramente, do fundo do meu coração, eu gosto de todos os poucos


brinquedos que tenho até agora, mas o cinto sempre será meu favorito.

Tem todo um valor sentimental, caramba.

Por isso, eu me envergonho um pouco ao precisar confessar que eu já estou


duro, com a ereção completamente exposta por minha nudez.
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Atento como sempre é, Jungkook não demorou a perceber meu pênis rijo,
apontando para cima e tocando levemente o pé da minha barriga, já tão pronto
para ele.

— Não dá pra controlar, — Me justifiquei ao perceber seu sorriso. — eu tô


muito excitado só de pensar…

Ele se aproximou, segurando meu rosto com ambas as mãos antes de se


inclinar para me beijar suave e demoradamente.

— Você sabe como vai funcionar, não é? — Ele questionou depois de deixar
também um beijo em minha bochecha. — Eu mando, você obedece.

Graças a deus.

— Sim, senhor. Sempre. — Eu respondi, ansioso.

Jungkook deve ter me disciplinado muito bem, porque é cada vez mais fácil
perceber os momentos em que devo me referir a ele como senhor sem esperar
que ele me instrua a fazê-lo.

Como confirmação eu tenho seu sorriso satisfeito, orgulhoso de seu submisso,


e isso por si só já me deixa ainda mais pronto para seguir em frente seguindo
suas ordens, porque sei que ele vai respeitar minhas limitações, bem como sei
que agradá-lo dentro desses limites é a melhor forma de agradar a mim
mesmo.

— Deite. — Ele ordenou, então. — Barriga para cima, cabeça nos travesseiros.

Obediente, eu me movi sobre a cama até me posicionar da forma que ele


instruiu, com o coração batendo forte à medida que sinto o pré-gozo vazar e
deixar uma pequena mancha úmida e brilhosa em minha barriga.

Pressionando uma coxa contra a outra, eu sinto minha excitação se tornar


ainda mais insuportável quando Jungkook se livrou da toalha que cobria seu
corpo e evidenciou seu próprio membro também duro, com as veias saltadas e
a glande inchada.

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— Consegue ver, anjo? — Ele questionou ao subir na cama, com seu pênis
balançando suavemente de um lado para o outro quando ele se moveu sobre o
colchão, até sentar sobre meu quadril com um joelho de cada lado do meu
corpo, logo investindo sua ereção contra a minha, pele com pele. — Consegue
ver como eu fico duro só de imaginar você dentro de mim?

Eu suspirei arrastado, sentindo as veias de seu pênis derrapando contra as


minhas e as glandes inchadas se tocando, criando uma fricção deliciosa.

Levado pelo desejo de mais, eu subi minhas mãos por suas coxas grossas até
chegar em seu quadril, puxando-o mais contra mim numa súplica silenciosa
que logo foi respondida quando ele agarrou meus pulsos com uma só mão e os
prendeu acima da minha cabeça se debruçando mais sobre mim, ainda
esfregando nossos membros juntos.

— Você só vai usar suas mãos quando eu quiser, se eu quiser — Ele


relembrou, com seu corpo cobrindo o meu e sua boca roçando a minha,
enquanto eu aperto meus olhos com força para tentar me comportar mesmo
enlouquecendo enquanto sinto a umidade do seu pré-gozo se misturando ao
meu, lubrificando precariamente nossas ereções enquanto elas se tocam.

— Sim, senhor. Me desculpe por ser tão apressado... — Eu murmurei, já quase


sem fôlego quando Jungkook sorriu contra minha pele ao deixar um beijo
simples abaixo da minha mandíbula.

— Bom garoto.

Ainda tendo problemas para conter os impulsos de puxá-lo, eu resfoleguei


sofrido ao sentir Jungkook deixar um rastro de chupões por meu pescoço em
direção ao meu peitoral até tocar meu mamilo eriçado, provocando-o ainda
mais com sua língua enquanto eu me retorço sobre a cama, desesperado.
Depois, ele voltou a me beijar pela linha central do abdômen, até deixar uma
mordida na região sensível e adiposa abaixo do meu umbigo, marcando-a.

Antes que eu pudesse esperar um boquete, entretanto, Jungkook ergueu seu


corpo brevemente e com suas mãos firmes virou o meu, me deixando de
barriga para baixo antes de aproximar sua boca outra vez para morder minha

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nádega. Por último, ele voltou a subir com os beijos por minha coluna, até estar
com o corpo deitado sobre o meu, seu peitoral pressionando minhas costas e
sua cabeça na altura da minha.

— Sabe, meu bem… existem tantas coisas que nós ainda não experimentamos
juntos — Ele anunciou, falando baixo contra minha orelha enquanto esfrega
sua ereção entre minhas nádegas, bem devagar.

Talvez eu esteja a ponto de pedir que ele me foda, porque não é justo sentir
seu membro tão duro assim contra minha bunda.

Foco, Jimin.

— Como o que, senhor? — Eu consegui perguntar, mesmo que minha voz


tenha se perdido num gemido manhoso.

— Lembra como eu faço quando te beijo aqui? — Ele perguntou, pressionando


sua ereção com mais força entre minhas nádegas. — Você vai fazer o mesmo
em mim agora.

— Você vai ficar de quatro pra mim? — Insisti, desacreditado.

— Claro que não, anjo. — Ele respondeu, se afastando outra vez para voltar a
virar meu corpo, deixando-me deitado com as costas sobre o colchão
novamente. — Você acha mesmo que vai ter tanto controle assim?

Eu o olhei, desesperadamente ansioso por entender o que ele vai fazer quando
ele segurou minhas pernas e me arrastou um pouco sobre a cama, tirando
minha cabeça de cima dos travesseiros e deixando meu corpo completamente
na horizontal.

Depois, ele sentou sobre meu peitoral, depositando seu peso sobre seus
joelhos apoiados um de cada lado.

— Se quiser parar, dê dois tapas em minhas pernas — Jungkook lembrou,


ainda esperando minha confirmação antes de seguir em frente.

Dessa vez, ele se moveu até girar e voltar a sentar, agora mais próximo de
meu rosto e com a parte frontal de seu corpo na direção dos meus pés.

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Eu tenho certeza de que meu coração está completamente frenético, sem
conseguir me recuperar quando a bunda de Jungkook pairou logo acima da
minha boca, antes de sentar com cuidado sobre ela limitando um pouco minha
respiração, mas não impedindo-a.

Perdido como nunca, mas desesperado para fazer o que me foi proposto, eu
tentei lembrar como Jungkook faz quando me beija nesse lugar e a primeira
coisa que fiz foi usar minhas mãos para afastar suas nádegas, ainda incerto.
Depois de não ouvir nenhuma correção, eu fui um pouco mais adiante e inclinei
minha cabeça um pouco mais para cima, esticando minha língua para fora
antes de deslizá-la pelo espaço exposto por minhas mãos.

Eu repeti o movimento, ainda inseguro, depois tentei fazer como Jungkook faz
comigo e chupei a pele ao redor de sua entrada e algo dentro de mim explodiu
quando ouvi seu gemido baixo em resposta a isso.

Levado pelo estímulo de sua aprovação sonora, eu me empenhei ainda mais,


já mais confiante, e voltei a intercalar lambidas e beijos. Entretanto, ao
perceber que eu perdi parte da insegurança, Jungkook inclinou um pouco o
corpo para frente e apoiou suas mãos em minha cintura, apertando-a
firmemente antes de mover seu quadril, assumindo o ritmo dos toques da
minha língua contra sua pele.

Sem objeções a isso, eu aceitei de bom grado deixar todo o controle em suas
mãos, sentindo meu pênis endurecer ainda mais a cada gemido que Jungkook
deixa escapar, parecendo fazê-lo de propósito para levantar meu ego.

Ele sabe que nada me deixa mais excitado que agradá-lo dessa forma.

Por isso, eu esfrego uma perna contra a outra desesperadamente, quase


explodindo de tanto tesão enquanto sinto minha própria saliva ser espalhada
por meu rosto a cada vez que Jungkook rebola contra minha boca.

Depois de muito tempo assim, Jungkook se inclinou ainda mais para a frente e
eu quase me engasguei com um gemido violento e surpreso ao senti-lo
segurando meu membro antes de começar a me chupar, sem cerimônia.
Entretanto, eu sei que não devo parar o que comecei, então continuo

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lambendo-o, beijando-o e penetrando-o com minha língua enquanto recebo um
boquete enlouquecedor.

Nesse ritmo, eu sei que não vou demorar a gozar e Jungkook parece perceber
o mesmo quando um gemido mais alto sobe por minha garganta, anunciando
que eu já estou perdendo o controle, e sei que ele não quer isso agora. Então,
conhecendo bem cada resposta do meu corpo, ele soltou meu pênis com uma
última lambida antes de também sair de cima de mim.

Involuntariamente eu puxei o ar com força, sem perceber como ele estava me


fazendo falta, mas não tive tempo de normalizar minha respiração porque logo
vi Jungkook esticando a mão para pegar um dos meus brinquedos no criado
mudo.

O anel peniano.

— Você não quer me deixar na mão, não é, meu bem? — Ele disse com um
sorriso oblíquo, pegando também o lubrificante e espalhando-o no anel antes
de deslizá-lo por meu pênis, até a base, estrangulando-o para impedir o gozo
de jorrar para fora.

— Não, senhor — Eu respondi, suando frio em antecipação, mas


dolorosamente excitado. — Eu quero te satisfazer como o senhor me satisfaz…

— Então você não vai se importar se eu prender suas mãos — Ele presumiu,
certeiro, já buscando também o cinto. — Coloque-as acima de sua cabeça —
Instruiu, então, e eu estiquei meus braços para trás o quanto foi possível,
apoiando minhas mãos nos travesseiros logo acima da minha cabeça.

Depois, Jungkook passou o cinto por meus pulsos, prendendo-os um ao outro


e checando se não apertou demais antes de afivelá-lo.

Agora eu sinto meu peito subir e descer violentamente a cada lufada de ar que
puxo e expulso de forma desesperada, com a virilha queimando de ansiedade
e desejo quando vejo Jungkook pegar também meu vibrador e lubrificá-lo.
Entretanto, diferente do que imaginei, ele o guia até minha própria entrada,
penetrando devagar enquanto se diverte com minhas expressões afetadas,
deliciosamente desesperadas.
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— Para você não esquecer como é me ter dentro de você — Ele avisou, então,
e eu mordi meu lábio com força assim que o vi segurar o controle do vibrador,
ligando-o na velocidade máxima de uma vez.

Eu gemi alto, manhoso, mas outra vez Jungkook não me deu tempo para me
recuperar do estímulo repentino, porque logo sua mão agarrou meu pênis,
massageando-o antes de tocar a glande com seu indicador quase num gesto
de deboche, exibindo um fio viscoso de pré-gozo ligado ao seu dedo quando o
afastou da fenda em meu membro.

— Você já está tão pronto, anjo — Ele disse, com um sorriso enviesado,
lentamente ficando de quatro sobre mim.

Depois, ele se apoiou somente em um braço e subiu com a outra mão por meu
peitoral e pescoço, até alcançar meu queixo e puxar meu lábio para baixo
antes de colocar dois dedos dentro da minha boca.

— Chupa. — Ele ordenou, com os olhos ardendo em desejo.

Quase me contorcendo sobre a cama enquanto o vibrador estimula as paredes


sensíveis do meu interior, eu fechei meus olhos com força e choraminguei,
desesperado pela sensação, e me concentrei o quanto pude para chupar os
dedos de Jungkook como sei que ele gosta, encharcando-os com a saliva
abundante em minha boca.

Ele ainda moveu sua mão, simulando uma penetração com seu indicador e
médio em minha boca até considerá-los lubrificados o suficiente para, ainda
com o corpo sobre o meu e seu quadril pairando no ar, sustentado por seus
joelhos e seu cotovelo, levar seus dedos até o próprio ânus, pelo meio de suas
pernas.

Meu estado completamente miserável, já explodindo de tanto tesão, não


melhorou quando ele sorriu oblíquo depois de gemer baixo ao ser penetrado
com seus próprios dedos, parecendo não sentir dor, ou não se importar com
ela.

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— Jungkook… Senhor, por favor… — Eu o chamei, desesperado, sentindo
meu pênis sufocar com o anel e o vibrador me estimular cada vez com mais
facilidade, porque eu me torno mais sensível a cada segundo.

— Por favor o que, meu bem? — Ele perguntou, provocativo, ainda usando
seus dedos para se preparar para mim.

Poxa, meu pauzinho não é tão grande, não precisa se preparar tanto assim!

— Eu preciso… eu não aguento mais… — Eu disse, com a voz falhando


vergonhosamente em um gemido que escapou quando movi meu quadril e isso
fez o vibrador estimular um novo ponto. — Senta em mim, senhor, por favor…

Eu pareço ter dito exatamente o que Jungkook queria ouvir, porque basta mais
um suspiro arrastado seu para que ele tire seus dedos de seu interior e apoie
sua mão em meu peito, arranhando-o quando sentou sobre minha virilha,
esmagando meu pênis com sua bunda, mas ainda sem me deixar penetrá-lo.
Entretanto, meu membro está completamente sensível, muito mais que o
normal, e somente isso já me faz quase gritar de desespero.

Jesus, os vizinhos de Jungkook devem me odiar num tanto incalculável.

Mas, caramba, é realmente difícil me importar com o que eles vão pensar
agora. Eu sinto meu membro inchado, as veias quase explodindo, a pele mais
suscetível a qualquer mínimo estímulo e as nádegas de Jungkook
massageando-o enquanto ele move seu quadril para a frente e para trás,
repetidamente.

Dopado pela sensação, eu não resisti ao impulso de mover meus braços


mesmo com as mãos ainda presas uma à outra, numa tentativa desesperada
de segurar Jungkook, tocá-lo, senti-lo ainda mais. Entretanto, é claro que esse
movimento não passou despercebido, tampouco foi aprovado, e ele foi rápido
em usar uma mão para empurrar meus braços contra o travesseiro outra vez,
antes de usá-la para segurar meu rosto firmemente, chocando dois de seus
dedos contra minha bochecha enquanto os outros permanecem imóveis.

— Peça desculpas. — Ele disse, rígido.

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— Desculpa, senhor… — Eu pedi, ainda mais estimulado por seu tom severo e
dominante.

— Você é sempre tão mimado, sequer aguenta esperar as ordens de seu


dominador — Acusou, segurando meu rosto com um pouco mais de força.

Sentir sua mão me segurando assim logo arrasta uma memória perdida para a
superfície da minha consciência, de quando eu assisti um pornô caseiro e um
homem deu tapas no rosto do parceiro de forma erótica, e o bottomzinho
parece ter gostado bastante. Agora estou curioso para tentar.

Mas existe um problema. Apesar de já ter me dado boas palmadas na bunda,


Jungkook nunca me deu tapas na cara e ele não sabe que eu estou disposto a
tentar, porque nunca esclareci que isso está dentro dos meus limites enquanto
seu submisso, e eu sei que ele não vai fazer se não souber que quero.

Normalmente nós temos essas conversas antes ou depois do sexo, mas outras
vezes é necessário ter esses diálogos durante a prática para tudo ocorrer da
melhor forma possível e sem me deixar na vontade.

— Eu sou um submisso mimado e mereço ser punido — Eu disse, me


concentrando para falar sem suspirar arrastado ou gemer, esfregando minha
bochecha contra sua palma. — Bate, senhor… por favor, me ensine minha
lição e me coloque no meu lugar.

Jungkook me olhou com atenção, sua expressão por um momento se


desfazendo de toda a luxúria e assumindo uma nuance séria, atenta, para
interpretar meu pedido que simboliza também uma permissão para que ele me
bata no rosto, pela primeira vez.

Depois, eu vi a forma como ele umedeceu os lábios, ainda cuidadoso apesar


do seu tom severo:

— É melhor aprender a respeitar seu dominador, Jimin — Ele disse,


intercalando sua voz intensa a um tapa suave em minha bochecha, como um
teste, uma confirmação.

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— Eu vou aprender, senhor — Garanti, movendo a cabeça numa concordância
suave para dar a permissão final para que ele me bata dessa forma.

Agora, com a certeza de que quero isso, ele volta a me dar mais um tapa que
força meu rosto suavemente para o lado e me faz controlar um sorriso
delicioso, porque definitivamente gosto disso, mas essa ainda é minha punição
e eu não devo sorrir.

— Mimadinho do caralho — Jungkook insistiu, dando um tapa no outro lado, e


logo depois voltando a acertar o oposto.

Enquanto isso, eu me contorço inteiro de excitação por seu tom áspero, suas
palavras rudes, pelo vibrador me estimulando continuamente e por sua bunda
ainda esmagando minha ereção dolorida.

— Eu vou sentar tão forte e tão gostoso em você, — Ele disse, com um último
tapa. — e você vai querer tanto gozar, anjo, mas eu não vou deixar. Sabe por
que?

— Porque eu sou um mimadinho do caralho... — Eu respondi, de prontidão.

— Isso, meu bem. — Ele se debruçou sobre mim, me beijando uma única vez
antes de voltar a se posicionar sobre minha virilha, dessa vez erguendo
brevemente seu quadril para poder guiar meu membro já lubrificado pelo anel à
sua entrada, masturbando-o devagar antes de fazê-lo.

E só então a ficha realmente caiu.

Eu vou foder Jungkook, pela primeira vez.

Um gemido de antecipação rapidamente sobe por minha garganta, unindo-se a


um mais desesperado, intenso e alto quando ele começou a sentar, me
proporcionando, pela primeira vez, a sensação de penetrar.

E é surreal. É quente, apertado, a textura é completamente diferente da sua


boca e da sua mão. Eu nunca senti uma pressão tão deliciosa como essa, com
meu membro sendo estrangulado a cada centímetro que se enterra em
Jungkook, sentindo-o por dentro, se acomodando para me receber por inteiro.

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— Jungkook… Meu deus… — Eu gemi no ar, sequer conseguindo deixar meus
olhos abertos quando um espasmo sem igual tomou conta de meu corpo ao me
sentir inteiramente dentro dele.

Eu ouvi seu riso baixo, sádico, e me esparramei em mais um gemido quando


Jungkook moveu seu quadril para cima e para baixo, liberando toda a pressão
sobre meu pênis antes de colocá-lo todo para dentro outra vez e me
devolvendo a sensação de tê-lo completamente pressionado por seu interior.

Depois, ele fez de novo. E de novo. Quando eu achei que não podia melhorar,
ele moveu seu quadril num círculo suave, rebolando enquanto ainda me tem
dentro de seu corpo, e eu finalmente me obriguei a levantar minhas pálpebras
pesadas para poder ver meu homem rebolar em mim, antes de sentar com
força outra vez.

Eu senti um ardor característico se espalhar por meu rosto, pelo nariz e olhos,
e não me surpreendi ao sentir lágrimas se acumulando, prestes a se derramar
por tanto prazer.

Não suficiente, Jungkook voltou a deslizar suas unhas por meu peito,
marcando-o com linhas avermelhadas, e continuou sentando, rebolando e me
arranhando enquanto eu literalmente começo a chorar de tesão, sentindo o
gozo tentando forçar seu caminho para fora, mas impedido pelo anel, que me
impede de chegar de uma vez ao meu limite.

Quando Jungkook sentou outra vez com um movimento um pouco diferente,


ele gemeu alto, parecendo até surpreso, e fincou suas unhas em minha pele,
repetindo o movimento e gemendo outra vez.

Seus movimentos intensos fizeram o vibrador voltar a estimular o mesmo ponto


de antes dentro de mim, me fazendo gemer alto ao sentir minha próstata ser
despropositadamente estimulada enquanto meu pênis continua entrando e
saindo de Jungkook, cada vez mais sensível.

Ensandecido, eu chamei por ele, chamei por deus, devo ter chamado até o
nome do presidente e do Papa, implorando para que qualquer um intervenha a
meu favor e me deixe gozar.

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Já com os cabelos úmidos, o corpo de Jungkook brilhando de suor sobre o
meu e as pontinhas dos meus dedos começando a ficar dormentes, ele não
parou de rebolar em meu corpo quando se inclinou e puxou meus pulsos,
sendo ágil em afrouxar o cinto e liberá-los logo antes de segurar minha mão e
guiá-la até seu próprio pênis para ser masturbado.

Sem força e sem ritmo, eu comecei a bombear na mesma velocidade dos


espasmos do meu corpo, gemendo cada vez mais alto, implorando cada vez
mais para gozar até que Jungkook me puxou pela coleira e me fez sentar para
calar minha boca com um beijo cheio de línguas, saliva e gemidos
desesperados de ambas as partes, enquanto eu sinto o vibrador ir ainda mais
fundo por estar sentado sobre ele.

Eu senti meu cabelo ser puxado, senti meu rosto ser deliciosamente estapeado
mais uma vez e senti Jungkook se mover cada vez mais rápido em meu pênis,
usando uma de suas mãos para me ajudar a masturbá-lo com mais força, até
ele grunhiu com os lábios contra os meus e eu senti seu gozo jorrando entre
nossas barrigas.

Eu, entretanto, ainda não consigo gozar e seguro Jungkook com força,
implorando, já quase sem voz.

— Por favor, por favor, por favor, me deixa gozar — Eu pedi, sentindo meu
pênis ainda dentro de Jungkook enquanto ele estremece sobre minhas pernas.

Depois, quase sem conseguir respirar, ele afastou seu corpo o suficiente para
levar sua mão ao meu membro e deslizar o anel peniano para fora, o que por si
só quase me faz jorrar violentamente, mas Jungkook foi mais rápido e voltou a
sentar em mim, bastando rebolar mais duas vezes para me fazer gozar dentro
dele, dentro do meu homem, pela primeira vez.

Com a explosão violenta do meu orgasmo, meu corpo todo estremece e eu


caio deitado, sem força, com meus membros todos se contraindo enquanto o
vibrador em contato com minha próstata prolonga a sensação enlouquecedora.

Meu corpo inteiro está banhado em suor e sujo de porra quando Jungkook
reúne o restante de sua força para se mover, liberando meu pênis já flácido e

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puxando o vibrador para fora de mim, o que me faz gemer uma última vez ao
sentir as ondinhas deslizando por minha entrada sensível, uma a uma.

Depois, Jungkook se arrastou até deitar ao meu lado, também com suor
pingando, a respiração descontrolada e sua mão fraca quando ele tentou me
puxar para deitar mais perto dele.

Mesmo sem força, eu acabei deixando uma risada escapar, porque eu nunca vi
Jungkook tão acabado depois de uma foda.

Por isso, eu resolvi colaborar e usei uma energia que sequer sabia que tinha
para fazer o que ele não conseguiu, e me deitei ao seu ladinho, deixando meu
braço cair como um peso morto sobre seu abdômen, sem força até mesmo
para abraçá-lo.

— Eu vou cuidar de você, — Ele garantiu, ofegando entre uma palavra e outra.
— só me dê mais um minuto, anjo.

Eu ri outra vez, beijando-o, ou talvez somente pressionando meus lábios contra


sua pele. — Eu espero.

E então nós ficamos em silêncio tentando nos recuperar dessa transa surreal, o
que levou um tempo absurdo.

Minha nossa. É tão bom ter um homem que me faz sentir que fode comigo na
mesma intensidade louca em que me ama.

— Jungkook… — Eu o chamei, quando respirar deixou pelo menos de ser uma


tarefa dolorosa. — Obrigado. Isso foi… incrível.

Eu senti seu sorriso quando ele me beijou no topo da cabeça e acariciou meu
braço, me fazendo arrepiar com seu carinho desproposital, e então me
respondeu:

— Você sabe que eu faço tudo por você, meu amor.

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy
Oi gente,

Nós fizemos esse pdf com muito amor e carinho para poder ler, reler, e
compartilhar a amada SUBMISSIVE. Esperamos que todos tenham gostado do
resultado final e que tenham conseguido reviver (ou viver pela primeira vez pra
quem não tinha lido ainda) os sentimentos que essa fanfic causa.

@Lan_Lee_e_Deb

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@Ray_of_SunShy, @LeeSuppasit_1005 e @Debyy

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