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Artroses

António Garrido
Escola Superior de Saúde da
Universidade de Aveiro

Artroses
 Doença degenerativa que resulta da destruição
progressiva dos tecidos que compõem as
articulações
 Todas as articulações poderão ser atingidas pela
artrose.
 No entanto, as mais vulgarmente atingidas, são as
articulações de carga:

Anca Joelho Coluna Pé

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Artrose

 Atinge 1/5 da população mundial


 É duas vezes mais frequente na
mulher
 É geralmente associada com o
envelhecimento.
 50 anos - idade média do início
 aumenta muito com a idade: afecta
cerca de 20% da população aos 40
anos e quase 100% aos 80 anos.

Patogenia da artrose

Articulação normal Artrose

 Os topos dos ossos estão  Há deterioração da


cobertos pela cartilagem, cartilagem, que perde a
que permite deslizamento sua regularidade e
suave dos ossos e actua elasticidade.
como uma “almofada” que  Há diminuição da sua
absorve o impacto dos eficácia e contribui para a
sua destruição adicional
ossos no movimento.
com o uso e traumatismo.

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Patogenia da artrose

 O roçar constante dos


ossos, leva à
degeneração da
cartilagem nas áreas
de maior sobrecarga.
 O líquido sinovial, que  Os constantes
lubrifica a cartilagem, traumatismos na articulação
perde qualidade (peso excessivo e
obrigando a maior movimentos repetitivos)
desgaste levam ao desgaste
completo da cartilagem.
 Surge hipertrofia e
edema da membrana  Com tempo, a dor começa a
sinovial. surgir.

Patogenia da artrose

 Em casos mais graves,


fragmentos de cartilagem
ou osso soltam-se para o
 Na ausência completa da interior da articulação,
almofada da cartilagem, os podendo bloquear os
ossos roçam directamente movimentos.
entre si, causando atrito,  Os tendões e ligamentos,
dor e limitação de são colocados sob tensão
movimento. excessiva, podendo
 Existe deformação visível. romper ou inflamar.

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Factores etiológicos
 Idade
 Sexo
 Estrogénios
 Aporte de vitaminas C e D
 Factores metabólicos
 Tabaco
 Hereditariedade
 Obesidade
 Actividade física
 Fractura articular
 Problemas dinâmicos

Manifestações clínicas

 Dor
 Rigidez
 Parestesias
 Limitação dos
movimentos
 Perda da função
articular  Atrofia muscular pelo
 Claudicação desuso
 Deformidades  “Genu varo” ou “genu
valgo”;

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Artroplastia da Anca

António Garrido
Escola Superior de Saúde da
Universidade de Aveiro

Tratamento da coxartrose

 Médico:
 Analgésicos e anti-inflamatórios não esteróides
 Condoprotectores
 Protecção articular e apoios de marcha (bengala,
canadiana, tacões mais altos)
 Apoios de assento
 Fisioterapia
 Redução das actividades pesadas
 Redução do peso

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Tratamento da Coxartrose

 Cirúrgico:

 Artrodese
 Osteotomia
 Artroplastia de recessão
 Artroplastia de substituição

Artroplastia de substituição

 Remoção das articulações lesadas e substituição


por prótese.
 Pode dividir-se em hemiartroplastia e artroplastia
total:
 Hemiartroplastia: só uma superfície articular é
substituída. O material protésico desta tende a
erodir a cartilagem oposta, revertendo os
resultados benéficos iniciais.
 Artroplastia total: ambas as superfícies
articulares são substituídas.

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Indicações

 A pessoa ideal é:  A pessoa menos


 uma senhora idosa e indicada é:
magra,  um homem ainda

 com dor marcada, jovem, pesado


 que não tenha  activo, que pretenda

necessidade de retomar o desporto


efectuar grandes ou uma actividade
esforços depois de esforçada.
operada.

Indicações

 Entre estes dois pólos são ponderados o grau de dor e


incapacidade contra a idade e as exigências de
actividade do doente.
 A prótese deve ser muito bem ponderada para
doentes:
 Com idade inferior a 60 anos

 Obesos

 Que necessitem de ter acção física intensa.

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Complicações da PTA
 A PTA tem bons resultados e as complicações são
raras.
 Complicações possíveis:
 Arritmias cardíacas, enfarte, hemorragia;
 Infecção;
 TVP e embolia pulmonar;
 Lesões neurológicas;
 Síndrome compartimental;
 Fractura do fémur;
 “Descolamento” da prótese;
 Luxação da anca.

Complicações cimento ósseo

 Efeitos hipotensivos, devido à pressurização dentro do


canal femoral
 Vasodilatação periférica e depressão miocárdica directa,
causada pela entrada do monómero do cimento na
circulação
 Efeitos tecidulares do cimento
 Coagulação das proteínas tecidulares causadas
por polimerização;
 Necrose óssea causada por oclusão de artérias
metafisárias nutrientes;
 Citotoxidade e lipotoxicidade ocasionadas por
monómeros não-polimerizados

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Cuidados pré-operatórios
 Efectuar a avaliação inicial de enfermagem;
 Avaliar a existência de alergias;
 Avaliar possíveis factores de risco: infecção, DPOC,
pneumonia, hemorragia, problemas plaquetários,
hemofilia;
 Questionar a medicação tomada habitualmente no
domicílio;
 Identificar preocupações e esclarecer as dúvidas
para reduzir a ansiedade;
 Explicar os procedimentos realizados e os cuidados
a ter;
 Ensinar os exercícios a realizar no período pós-
operatório (respiratórios e dos membros inferiores).

Cuidados pré-operatórios
 Informar o tempo provável de internamento;
 Avaliar os recursos da pessoa doente e família para
planear a alta;
 Auxiliar a pessoa nos cuidados de higiene e conforto
– atenção à higiene oral;
 Realizar tricotomia “alargada” e providenciar o
vestuário adequado;
 Colocar cateter venoso periférico (18G) no membro
contrário ao lado a operar.
 Verificar se tem os resultados de todos exames
necessários antes da realização da operação (ECG,
análises laboratoriais e Rx – anca e tórax);

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Cuidados pré-operatórios
 Confirmar: reserva de sangue, assinatura de
consentimento informado e a identidade na pulseira de
identificação, se existir;
 Manter a pessoa em jejum;
 Avaliar os sinais vitais antes da cirurgia;
 Administrar medicação pré-operatória prescrita;
 Se existir, retirar tracção imediatamente antes da ida
para o bloco;
 Retirar próteses, ortóteses, objectos de adorno e
maquilhagem;
 Assegurar que o processo clínico acompanha o
doente para o bloco.

Cuidados pós-operatórios

 Monitorizar os sinais vitais;


 Avaliar o estado de consciência e saturação de
O2;
 Manter a pessoa em posição dorsal e não elevar
a cabeceira durante as primeiras 12 horas;
 Avaliar alterações neurovasculares;
 Colocar triângulo abdutor entre as pernas para
prevenir a luxação da prótese;
 Avaliar e registar a existência de dor e suas
características.

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Cuidados pós-operatórios

 Controlar a dor com a ajuda de analgésicos


prescritos;
 Vigiar o sistema de drenagem - avaliar as perdas
hemáticas;
 Avaliar o estado do penso cirúrgico;
 Verificar a funcionalidade da sonda vesical e
características da urina;
 Manter sistema de administração de oxigénio
funcionante (ventimask).

Cuidados pós-operatórios
 48 h após cirurgia:

 Realizar penso cirúrgico com técnica asséptica


(poderá ir até 5º dia);
 Avaliar características da ferida cirúrgica;
 Retirar drenos aspirativos (poderão ser mobilizados
às 24 horas);
 Observar e registar a quantidade e características
do líquido drenado;
 Verificar a funcionalidade da sonda vesical e
características da urina (se existir);
 Incentivar a ingestão de líquidos.

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Cuidados pós-operatórios
 Após 72 horas

 Iniciar levante progressivo (elevar cabeceira da


cama mantendo as restrições de flexão).
 Auxiliar a pessoa no levante para o cadeirão.
 Incentivar a realização de exercícios activos dos
membros inferiores;
 Retirar sonda vesical;
 Vigiar primeira micção espontânea;
 Incentivar a ingestão de líquidos;

Cuidados pós-operatórios

 Após 4º - 5º dia:

 Incentivar a realização de exercícios activos dos


membros inferiores;
 Cumprir e ensinar o pessoa a cumprir as
restrições de posicionamento;
 Auxiliar no levante;
 Ensinar a pessoa a deambular e a subir e descer
escadas com o auxílio de canadianas;
 Iniciar a deambulação respeitando as restrições
de flexão, de abdução e de excesso de carga;

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Cuidados pós-operatórios
 Preparação para a alta:

 Evitar a adução e limitar a flexão da anca a 90º


durante cerca de 2-3 meses;
 Usar assento de sanita elevado;
 Utilizar objectos de cabo longo para calçar os
sapatos e apanhar objectos do chão;
 Recorrer ao médico ao mínimo sinal de infecção;
 Informar que é portador de prótese quando for
submetido a procedimentos invasivos ou
odontológicos.

Artroplastia do Joelho

António Garrido
Escola Superior de Saúde da
Universidade de Aveiro

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Artroplastia total do joelho

 Articulações tibial e femural


são substituídas porque a
articulação do joelho está
destruída.
 A cirurgia tem como principal
objectivo o restabelecimento
da forma da articulação, o que
irá devolver a estabilidade e a
mobilidade e suprimir a dor.

Indicações da PTJ

 Indicações  Contra-indicações
 Doentes com mais de
65 anos com
osteoartrite severa, que
não respondem ao  Infecção activa
tratamento conservador  Doença neuropática
 Pacientes novos  Obesidade
severamente
incapacitados por dor
(artrite reumatóide).

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Complicações da ATJ

 Infecção
 Luxação da articulação do joelho
 Doença venosa tromboembólica
 Embolia pulmonar
 Deslocação da prótese
 Problemas de cicatrização da pele
 Alterações dos nervos do MI
 Fadiga/ Desgaste
 Bloqueio/Falha

Cuidados pós-operatórios
 Monitorização de sinais vitais;
 Vigilância do estado de consciência e saturação de O2;
 Vigilância de perdas hemáticas, funcionalidade dos
drenos aspirativos e efectuar os respectivos registos;
 Vigilância do penso operatório;
 Vigilância da 1ª micção espontânea e características
da urina;
 Posicionamento – verificar tala de Depuy;
 Elevação dos membros inferiores;
 Realizar crioterapia;
 Vigilância de possíveis alterações neurovasculares e
queixas álgicas.

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Cuidados pós-operatórios
 Após 24 horas:
 Ensinar e apoiar a mobilização do MI operado:
 contracções musculares isométricas;
 elevações do MI operado em extensão;
 Mobilização passiva contínua com tala dinâmica;
 flexões/extensões activas nos limites toleráveis;
 realçar a importância de forçar a extensão do joelho.
 Elevação dos MI e da cabeceira da cama;
 Estimular a mobilidade geral;
 Realizar crioterapia;
 Vigiar alterações neurovasculares e queixas álgicas.

Tala dinâmica - artromotor


 Vantagens:
 Diminui a dor pós-operatória;
 Promove a cicatrização;
 Diminui a incidência de TVP.
 São prescritos o ritmo e o grau de extensão e
flexão:
 inicia-se com 10º de extensão e 50º de flexão,
aumentando-se, gradualmente, até 90º de flexão
por ocasião da alta, o máximo tempo que o
doente tolerar.

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Cuidados pós-operatórios
 Após 48 horas:

 Retirar drenos (mobilizar às 24h), substituir penso


compressivo e fazer os respectivos registos;
 Manter vigilância do penso e substituir em SOS;
 Fazer levante para a cadeira e início da deambulação:
 promover o retorno venoso e a reabsorção de edemas;
 manter o MI elevado quando o doente se senta na
cadeira.
 Massagem de drenagem suave – de distal para proximal;
 Mobilização passiva contínua (MPC).

Cuidados pós-operatórios
 Após 72 horas:

 Auxiliar, se necessário,nos cuidados de higiene e


conforto no WC;
 Realizar mobilização passiva contínua (0-60º/0-
70º);
 Estimular a deambulação com ajudas técnicas;
 Realizar crioterapia;
 Efectuar penso oclusivo à sutura cirúrgica e
verificar a existência de sinais inflamatórios.

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Preparação para a alta
 Uso de canadianas durante três meses;
 Modo correcto de subir escadas (o membro “são” é o
primeiro no degrau de cima);
 Não deve rodar sobre o membro operado;
 Modo correcto de sair da cama (pelo lado “são” e entrar
pelo mesmo lado);
 Cuidado com a alimentação - não aumentar de peso;
 Não transportar objectos pesados;
 Evitar sentar-se em cadeiras baixas e utilizar elevadores
de sanita;
 Evitar dobrar excessivamente o joelho.

Preparação para a alta


 Evitar caminhar por longos períodos: pequenas
caminhadas aumentando a distância de forma
progressiva;
 Não permanecer de pé por longos períodos.
 Não fazer exercícios com resistência antes das 6
semanas;
 Evitar pisos acidentados;
 Não é recomendado fazer + 90º de flexão do joelho;
 Fazer a extensão total do joelho, quando tiver indicação;
 Consultar o médico sempre que surjam sinais de
infecção.

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