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LOGÍSTICA PÚBLICA

AULA 5

Prof. John Jackson Buettgen


CONVERSA INICIAL

Considerando que qualquer operação, seja pública ou privada, depende


de sua capacidade de suprir os recursos adequados, quando necessários,
também o seu patrimônio deve estar disponível e pronto para uso.
Fazer aquisições, controle e manutenção dos ativos da organização são
parte fundamental da gestão patrimonial. Além disso, essas atividades devem
ser desenvolvidas dentro da legislação definida para o Setor Público.
Essa é a essência desta aula: o patrimônio e a sua gestão. Buscaremos
entender a relação entre o patrimônio público, sua função social e a
responsabilidade de seu controle pelo gestor público.
Para isso faremos uma conceituação inicial para equalização de
conhecimentos, e em seguida adentraremos em temas específicos da gestão
patrimonial, vinculando as questões contábeis, físicas e administrativas
envolvidas.
Para tanto, dividimos o conteúdo nos seguintes temas:

 Tema 1: Conceitos iniciais


 Tema 2: Inventário físico
 Tema 3: A contabilidade e o controle patrimonial
 Tema 4: Amortização, depreciação e exaustão
 Tema 5: Baixa patrimonial e alienação

Que o conteúdo seja relevante e a leitura prazerosa, contribuindo para a


sua formação. Bons estudos!

TEMA 1 – CONCEITOS INICIAIS

Uma forma interessante de começarmos o nosso conteúdo é sabendo


exatamente o que vamos estudar. O Conselho Federal de Contabilidade define
patrimônio público da seguinte forma:

Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou


intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos,
recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que
seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro,
inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica
por entidades do setor público e suas obrigações. (CFC, 2012, p. 9)

Para facilitar ainda mais a compreensão, estabeleceremos uma relação


entre a definição de recurso patrimonial com os conceitos da contabilidade.

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Assim, podemos dizer que recurso patrimonial incorpora o ativo imobilizado 1 e o
ativo intangível2.
O bem patrimonial tangível, dada a sua relevância, é o foco de maior
atenção da gestão de patrimônio, e pode ser subdividido em três categorias:

 Bens imóveis: na lei, estão destacados nos arts. 79, 80 e 81 do Código


Civil. Esses bens são aqueles que não podem ser removidos sem perder
as suas características/essências. Ex.: terreno não pode ser transportado.
 Instalações: materiais e/ou equipamentos que, se incorporados ao bem
imóvel, isoladamente ou em conjunto, passam a integrá-lo
funcionalmente.
 Materiais permanentes: materiais com duração superior a dois anos,
considerando aspectos como durabilidade, fragilidade, perecibilidade,
incorporabilidade e transformabilidade.

Considerando o exposto, fica fácil concluir a complexidade e dimensão da


atividade de gestão patrimonial no ambiente público. É uma atividade que
demanda uma grande dose organização, planejamento e disciplina, e que,
somada a técnicas adequadas e tecnologia, gera eficiência.
Surge então o conceito de tombamento, no qual o bem é cadastrado em
um banco de dados, suas informações essenciais registradas (características
físicas, valor de aquisição etc.). Esse passo configura a incorporação do bem ao
patrimônio público. Em seguida, o bem é identificado por um número patrimonial
que é afixado em plaqueta ou gravação. Essa identificação tem o seu regramento
definido pela Instrução Normativa n. 205, de 1988:

7.13. Para efeito de identificação e inventário os equipamentos e


materiais permanentes receberão números sequenciais de registro
patrimonial.

7.13.1. O número de registro patrimonial deverá ser aposto ao material,


mediante gravação, fixação de plaqueta ou etiqueta apropriada.

7.13.2. Para o material bibliográfico, o número de registro patrimonial


poderá ser aposto mediante carimbo. (Brasil, 1988)

Obviamente o bom senso deve prevalecer, e assim fez o legislador. Há


bens cujas características físicas não comportam a fixação de plaquetas de

1 Conjunto de bens necessários à manutenção das atividades da operação e que se apresentam


de forma tangível (edifícios, máquinas etc.).
2 Conjunto de bens não materiais (não têm existência física) necessários à manutenção das
atividades da operação (direitos autorais, marcas, patentes, direitos de concessão etc.).
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identificação patrimonial, como obras de arte, por exemplo. Nessas situações,
podem ser aplicadas outras formas de controle ou até mesmo ocorrer a sua
dispensa, caso esse controle fique desproporcionalmente caro.

TEMA 2 – INVENTÁRIO FÍSICO

A Instrução Normativa n. 205/88 traz no seu bojo a determinação da


necessidade da realização de inventário físico, que é definido como:

8. Inventário físico é o instrumento de controle para a verificação dos


saldos de estoques nos almoxarifados e depósitos, e dos
equipamentos e materiais permanentes, em uso no órgão ou entidade
(Brasil, 1988)

Em termos práticos o inventário nada mais é do que adequação do


registro (dados do sistema) com a realidade física do item (quantidade, estado
etc.).
A existência de grandes diferenças entre realidade e o registro indica
problemas com o controle: falhas de registro, falhas de processo, falta de
documentação e outras falhas da mesma natureza. Isso exige ações corretivas
do gestor público.
Os inventários podem ser classificados em relação à sua periodicidade da
seguinte forma:

 Inventário rotativo: é uma contagem permanente dos estoques, sem a


necessidade de paralisação das atividades da operação. Isso é possível
porque é utilizado um cronograma de trabalho que procede
sequencialmente a contagem de todos os itens do estoque dentro do
período fiscal.
 Inventário periódico: efetua a contagem de todos os itens em uma
determinada época. Quando acontece no final do período fiscal também
é chamado de inventário geral. Esse tipo de inventário exige a parada da
operação.

O procedimento de inventário o Poder Público busca:

a) Ajustar os dados escriturais aos dados físicos;


b) Analisar o desempenho dos responsáveis pela atividade;
c) Determinar a situação dos estoques e dos itens destinados à sua
manutenção, em termos de disponibilidade e estado.

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Lembrando que o controle não se destina apenas aos materiais
estocados, mas também ao patrimônio em geral, considerando, inclusive, os
bens imóveis.
Importante perceber que o poder público, em função de suas
características e regramentos, tem algumas tipologias específicas de inventário.
Segundo a IN n. 205, os tipos são:

8.1. Os tipos de Inventários Físicos são:

anual - destinado a comprovar a quantidade e o valor dos bens


patrimoniais do acervo de cada unidade gestora, existente em 31 de
dezembro de cada exercício - constituído do inventário anterior e das
variações patrimoniais ocorridas durante o exercício.

a) inicial - realizado quando da criação de uma unidade gestora, para


identificação e registro dos bens sob sua responsabilidade;

b) de transferência de responsabilidade- realizado quando da


mudança do dirigente de uma unidade gestora;

c) de extinção ou transformação - realizado quando da extinção ou


transformação da unidade gestora;

d) eventual - realizado em qualquer época, por iniciativa do dirigente


da unidade gestora ou por iniciativa do órgão fiscalizador. (Brasil,
1988)

Para o ente público, o inventário é uma ferramenta de controle físico e


contábil, visto que o gestor público máximo do órgão é responsável pelo
patrimônio alocado. Cabe a ele se assegurar que todo o patrimônio esteja
disponível e em perfeitas condições de aplicação na finalidade para a qual se
destina.

TEMA 3 – A CONTABILIDADE E O CONTROLE PATRIMONIAL

A Portaria STN3 n. 406 (22 de junho de 2011), em atendimento à Lei n.


4.320 (17 de março de 1964) e à Lei Complementar n. 101 (4 de maio de 2000),
conhecida como “Lei de Responsabilidade Fiscal”, fixou os prazos para a
implantação do controle patrimonial dos bens pertencentes ao Governo: União,
estados e municípios.
O art. 2º da STN n. 406/2011 determina que as variações patrimoniais
devem ser reconhecidas pelo regime de competência patrimonial. Isso significa
dizer que a tarefa do setor de patrimônio do órgão, que se era voltada somente
ao controle quantitativo dos bens patrimoniais (controle físico), desde 2012, deve

3 Secretaria do Tesouro Nacional.


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registrar as variações patrimoniais, ou seja, os bens patrimoniais passam ser
mensurados pelo seu valor.
A atividade do setor de patrimônio ganha maior amplitude e
responsabilidade. Passa a ser de Gestão Patrimonial, por exemplo, a
responsabilidade de determinar como proceder a contabilização de um imóvel
recebido em doação ou como permuta.
Essa mudança de postura do gestor público e da própria legislação tem
razões claras. Durante anos, a contabilidade dos governos brasileiros 4 se
baseou somente em preceitos legais, com os aspectos orçamentários sendo o
seu principal foco. Inevitavelmente, isso ocasionou uma certa negligência com
os princípios contábeis fundamentais e o seu principal objeto, o patrimônio
público.
O setor público, compelido pela sociedade e pelos novos padrões de
gestão, viu-se forçado a padronizar as informações contábeis geradas,
buscando com isso uma forma mais adequada de “evidenciar” adequadamente
os fenômenos patrimoniais (Iudícibus, 2009, p. 111).
Isso faz sentido pelo fato de a contabilidade ter como principal missão
estudar os fenômenos patrimoniais e se preocupar em evidenciá-los. No poder
público, isso é ainda mais relevante. Para o Conselho Federal de Contabilidade,
o objetivo da contabilidade no setor público é definido da seguinte forma:

O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos


usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos
de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do
patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio
ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas;
e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social.
(CFC, 2012, p. 6, grifo nosso)

Visando dar aplicabilidade à legislação, o Conselho Federal de


Contabilidade (CFC) emitiu as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao
Setor Público (NBCASP). Esse conjunto de regramentos do CFC define que a
contabilidade patrimonial deve ser capaz de demonstrar a identificação,
mensuração, avaliação, registro, controle e evidenciação dos fenômenos,
financeiros ou não, que afetam ou podem vir a afetar quantitativa ou
qualitativamente o patrimônio público (CFC, 2012).
As NBCASP restabeleceram o patrimônio como objeto da contabilidade,
focando no registro integral dos ativos e passivos. Introduziu procedimentos

4 Aqui se referindo às três esferas: federal, estadual e municipal.


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relativos ao imobilizado público, como a depreciação, reavaliação, ajustes das
perdas, bem com o reconhecimento dos bens imóveis de uso público.
Concluindo esse estudo, cabe a você, futuro gestor público, preocupar-se
com a condição/disponibilidade do patrimônio sob sua responsabilidade e se
assegurar que o registro contábil adequado foi realizado.

TEMA 4 – AMORTIZAÇÃO, DEPRECIAÇÃO E EXAUSTÃO

A Resolução CFC n. 1.136, de 21 de novembro de 2008, aprovou a NBC


T 16.9 – Depreciação, Amortização e Exaustão, e definiu seu regramento. Então,
inicialmente vejamos como a Resolução apresenta essas três definições:

Amortização: a redução do valor aplicado na aquisição de direitos de


propriedade e quaisquer outros, inclusive ativos intangíveis, com
existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens
de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado.

Depreciação: a redução do valor dos bens tangíveis pelo desgaste ou


perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.

Exaustão: a redução do valor, decorrente da exploração, dos recursos


minerais, florestais e outros recursos naturais esgotáveis. (CFC, 2012,
p. 36)

Como é possível perceber, diversas razões levam à alteração do valor de


um bem catalogado no ativo do órgão. A falta de uma atualização do valor
poderia criar uma falsa sensação de valor para o órgão.
Silva (2009) afirma que a contabilização da perda de valor dos ativos,
determinada pelas NBCASP, melhora o estado do patrimônio público, sendo
possível determinar com exatidão as receitas futuras geradas pelo uso desses
ativos. Também é possível determinar o comprometimento das despesas
obrigatórias que viabilizam a plena disponibilidade desses ativos.
A NBC T 16.9 (CFC, 2012), que estabelece as bases para esses
procedimentos de depreciação, amortização e exaustão, define o processo de
depreciação com sendo “a redução do valor dos bens tangíveis pelo desgaste
ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência”.
Considerando a norma, os ativos imobilizados estão sujeitos a
depreciação ao longo de toda a sua vida útil5, e sua apropriação deve ser
reconhecida periodicamente nas contas redutoras de ativos, do momento em
que o bem estiver disponível até que o valor contábil seja igual ao valor residual,

5 Período que se espera obter benefícios futuros do bem.


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o que deve coincidir com o fim de sua vida útil. Mas como se calcula a
depreciação?
Para fins de cálculo dos encargos de depreciação podem ser usados:

a) o método das quotas constantes;


b) o método das somas dos dígitos;
c) o método das unidades produzidas.

Para facilitar a compreensão, vamos exemplificar os três métodos com um


bem no valor de R$ 90.000,00 e com uma vida útil de cinco anos.
A depreciação linear é feita em partes iguais por toda a vida útil do bem.

Tabela 1 – Depreciação pelo método linear

Já a depreciação pelo método da soma dos dígitos consiste em somar os


algarismos desde a unidade até o algarismo que representa o número de anos
da vida útil do bem. Esse método permite uma depreciação maior no início da
vida do bem.

Tabela 2 – Depreciação pelo método da soma dos dígitos

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A depreciação pelo método das unidades produzidas é interessante para
determinados tipos de ativos imobilizados, pois permite considerar as variações
de atividade na conta para o cálculo da depreciação, vinculando a depreciação
do período diretamente à quantidade produzida.

Tabela 3 – Depreciação pelo método das unidades produzidas

Mas, uma vez terminada a vida útil do bem, o que acontece com ele?
Vamos entender como funciona a baixa patrimonial?

TEMA 5 – BAIXA PATRIMONIAL E ALIENAÇÃO

Muitos cuidados foram tomados, ao longo da vida útil do bem, para que
os seus registros fossem adequadamente feitos. O mesmo cuidado é necessário
quando chega o momento de saída desse patrimônio da organização. A medida
administrativa que corresponde a esta etapa é chamada de alienação. Felini
(2016) define assim este momento:

[...] podemos definir o conceito de baixa de um bem como a sua


retirada contábil do acervo patrimonial de uma organização. Um bem
baixado deixa de fazer parte do ativo imobilizado da organização.
(Felini, 2016, p. 152, grifo do autor)

Mas fica uma pergunta no ar: o que leva uma organização a dar baixa de
um item de seu patrimônio? Essas motivações podem ser:

 Alienação (venda, permuta ou doação, nas formas da Lei n. 8.666/93)


 Comodato (empréstimo de bem)
 Destruição
 Exclusão de bens do cadastro
 Extravio / roubo / sinistro
 Cessão (transferência gratuita de posse) (Felini, 2016)

Um cuidado importante a ser tomado no momento da baixa de um ativo é


que o seu número de patrimônio não pode ser reutilizado ou atribuído a outro

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bem. Ele passa a figurar como item desincorporado e pode, eventualmente, ser
reincorporado ao mesmo bem (ex.: no caso de um bem furtado e recuperado).
É importante atentar para o fato de que uma alienação de bens imóveis
tem alguns pré-requisitos importantes, definidos pelo inciso I do art. 17 da Lei n.
8.666/1993. Basicamente, são uma autorização legislativa (exceto entidades
paraestatais) e uma avaliação prévia do valor do item.
Felini (2016) ainda oferece uma comparação entre as alienações de bens
imóveis e móveis, demonstrada da Erro! Fonte de referência não encontrada..

Figura 1 – Alienação de bens móveis e bens imóveis

Fonte: Felini, 2016.

Perceba uma sutileza importante no processo: a alienação deve ser de


interesse público, portanto, não se trata de uma medida administrativa
especulativa de uma determinada gestão, mas de uma busca pela eficiência e
eficácia do serviço público.
O Decreto n. 9.373, de 11 de maio de 2018, dispõe sobre a alienação, a
cessão, a transferência, a destinação e a disposição final ambientalmente
adequadas de bens móveis no âmbito da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.
O decreto está em consonância com a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, o que significa dizer que não basta fazer o registro contábil da alienação,
mas dar o destino correto para o item alienado.

NA PRÁTICA

Nos últimos anos têm ganhado grande importância as formas de controle


e o gerenciamento do patrimônio público, seja pelas mudanças na forma de
contabilizar os ativos, seja pela maior e melhor atuação dos órgãos de
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fiscalização das entidades públicas. O fato é que o patrimônio adquirido com
recursos oriundos dos tributos deve estar a serviço da sociedade, para a qual o
gestor público deve, em última instância, prestar contas.
Viecelli e Markoski (2013) definem o patrimônio público da seguinte forma:

[...] o patrimônio público pode ser entendido como o conjunto de bens,


direitos e obrigações, mensuráveis em moeda corrente, pertencentes
a uma entidade da Administração Direta ou Indireta, que não visa lucro,
e sim está voltada para o atendimento das necessidades e interesses
da coletividade.

Claramente, os autores conectam o patrimônio público ao processo de


atendimento das necessidades da sociedade à qual o órgão serve e deve
esclarecimentos.
O patrimônio público tem características que tornam o seu controle muito
complexo. Uma delas é comportamental. Como os bens do órgão público não
possuem um proprietário nominal (por serem públicos), muitos servidores se
arvoram o direito de usufruir e deslocar esses ativos conforme sua vontade,
descumprindo o papel social deles. Tal situação cria problemas para a área de
patrimônio, que muitas vezes precisa investigar o destino e as condições dos
bens públicos.
O estudo de caso apresentado por Viecelli e Markoski (2013) transcorre
na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), unidade do Centro de
Educação Superior do Norte do Rio Grande do Sul (Cesnors). Sua escolha foi
motivada pela efetividade e eficiência de sua estrutura de controle patrimonial,
bem como a eficácia na gestão de seus recursos materiais.
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) é uma Instituição Federal
de Ensino Superior, com caráter de Autarquia Especial, vinculada ao Ministério
da Educação. Já o Cesnors é um centro deslocado da sede e a gestão patrimonial
está vinculada à sede em Santa Maria.
A Instituição segue toda a legislação aplicável ao patrimônio público, além
de se orientar pelo Estatuto da Universidade Federal de Santa Maria adaptado
conforme a Lei n. 9.394/96, em seus arts. 114 a 122.
O controle patrimonial é realizado pelo uso do Sistema Integrado de
Educação (SIE), em que é registrada detalhadamente uma descrição do bem e
os documentos usados para sua aquisição (empenho, nota fiscal, solicitante,
data de entrada etc.). Também é possível acompanhar em detalhes a vida útil
do bem.

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Na entrega do ativo pelo fornecedor, é feita uma validação e autenticação
do bem, de forma a verificar se atinge a finalidade proposta.
Como dispõe a lei 4.320/64, o inventário físico é realizado anualmente,
oportunidade em que é checada a sua existência e localização, bem como
possíveis deslocamentos.
O controle patrimonial, em função da distância em relação à sede
(aproximadamente 290 km), gera demora nos registros por parte da Divisão de
Patrimônio (Dipat) de Santa Maria. Em consequência, há uma demora no envio
de plaquetas de identificação, que são acumuladas na sede, para que gerem um
envio de uma maior quantidade. Esse é fato gerador de parte dos problemas da
equipe de patrimônio do Cesnors, que precisa ir a campo para localizar os ativos,
consumindo tempo e gerando o risco de extravio dos bens, uma vez que não
estão identificados como patrimônio público.
O estudo de caso deixa clara a complexidade que é a gestão de
patrimônio numa instituição pública. Mesmo tendo ferramentas muito eficientes
e eficazes, a distância física do Cesnors em relação à sede de Santa Maria, abre
brechas para o surgimento de problemas.
Esperamos que o estudo de caso ajude você a se atentar para os detalhes
que podem criar problemas para o gestor público em relação ao patrimônio.
Fique atento e bons estudos!

FINALIZANDO

A ideia central desta aula era gerar o entendimento da relação entre o


patrimônio público, sua função social e a responsabilidade de seu controle pelo
gestor público.
No Tema 1, procuramos apresentar os conceitos básicos envolvidos no
patrimônio público, de forma a mostrar a sua tipologia e utilidade social e a sua
vinculação à legislação.
No Tema 2, levantou-se a questão da discrepância entre o que está
escrito e a realidade. Tal discrepância gera a necessidade da realização de
inventário físico, ato necessário à gestão patrimonial e determinado pela
legislação contábil aplicável.
No Tema 3, buscamos apresentar a legislação pertinente e a necessidade
do controle patrimonial. Entender as implicações do descontrole patrimonial
sobre os resultados da organização abre a possibilidade para que você, como

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futuro gestor público, possa perceber oportunidades de soluções de problemas
muitas vezes crônicos nos órgãos públicos.
O Tema 4 aborda a importância da importância do acompanhamento da
vida útil do ativo e o impacto sobre o seu valor.
Finalmente, o Tema 5 traz à baila a baixa do patrimônio. Assim como um
bem deve entrar no patrimônio de forma legal e controlada, também deve sair. A
atualização da composição do ativo é de extrema relevância para o gestor do
órgão, que passa a saber o que de fato “tem nas mãos”.
Esperamos que o conteúdo lhes seja pertinente e seja aplicável à sua
realidade. Bons estudos!

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Instrução Normativa n. 205, de 08 de abril de 1988. Objetivo de


racionalizar com minimização de custos o uso de material no âmbito do SISG
através de técnicas modernas que atualizam e enriquecem essa gestão com as
desejáveis condições de operacionalidade, no emprego do material nas diversas
atividades. Brasília: Secretaria de Administração Pública da Presidência da
República-SEDAP/PR, 1988.

CFC. Conselho Federal de Contabilidade. Normas brasileiras de


contabilidade: contabilidade aplicada ao setor público. NBCs T 16.1 a 16.11.
Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2012. Disponível em:
<http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-
content/uploads/2013/01/Setor_P%C3%BAblico.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2020.

FELINI, R. R. Gestão de materiais. Brasília: Enap, 2016.

IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2009.

SILVA, L. M. da. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo da


nova contabilidade pública. São Paulo: Atlas, 2009.

VIECELLI, M. E.; MARKOSKI, A. A importância do controle patrimonial para


entidades públicas: estudo de caso no Centro de Educação Superior do Norte
do Rio Grande do Sul (CESNORS). Revista de Administração, v. 11, n. 20, p.9-
27, 2013. Disponível em:
<http://revistas.fw.uri.br/index.php/revistadeadm/article/view/954/1709>. Acesso
em: 11 mar. 2020.

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