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INFRAESTRUTURA VERDE Tópicos Contemporâneos em

Arq. & Urb. I


CRIANDO PAISAGENS
A Arquitetura da Paisagem “consiste em configurar e gerir o mundo físico e os
sistemas naturais onde vivemos.”

 Paisagistas e/ou Arquitetos Paisagistas projetam jardins, mas é


essencial que o jardim, ou qualquer outro espaço externo, seja visto
dentro de um contexto.
 Todos os seres vivos são interdependentes e a paisagem é onde
tudo se integra.
 O contexto é social, cultural, ambiental e histórico, entre outros.
CRIANDO PAISAGENS
É uma combinação de Arte e Ciência para criar lugares.

 A arte proporciona uma imagem para a paisagem, com o uso de croquis, maquetes,
imagens geradas por computador e textos.
 Os elementos de projeto, como linha, forma, textura e cor, são utilizados para criar
essas imagens, e o processo permite que o projetista se relacione com um público e
visualize o sítio para trabalhar nele.
 A ciência envolve a compreensão dos sistemas naturais, incluindo a geologia, solo,
vegetação, topografia, hidrologia, clima e ecologia.
 Envolve também o conhecimento de construções e sua execução, como estradas e
pontes, muros, pisos e até mesmo prédios.
CRIANDO PAISAGENS
 Paisagistas e/ou Arquitetos Paisagistas têm papel importante na
solução de problemas atuais, pela visão holística do contexto
social e natural em meio urbano muitos têm trabalhado com ações
ligadas as mudanças climáticas.
 Atuando com revitalização urbana, elaboração de planos
diretores, evidenciando e solucionando riscos ambientais,
projetando espaços esportivos, criando praças, parques e até
mesmo as ruas que utilizamos.
Paisagismo x Espaço Urbano
Espaços públicos e Espaços Privados
Além das espécies vegetais / Ambientes humanos
Integrado com o edifício

Integrado com o espaço urbano


CRIANDO PAISAGENS
CONCEITUAÇÃO DA PAISAGEM
 A definição de paisagem “implica a apreensão de uma porção do espaço em três
dimensões, produto da interface entre natureza e cultura, e, consequentemente,
abrange múltiplos aspectos e sentidos, além do visual” (DIASETALL,2009,p.232).
 Ab’Sáber (2003,p.9), alega que a Paisagem é sempre uma herança de processos
fisiográficos e biológicos, além de simbolizar o patrimônio coletivo dos povos que,
historicamente, a herdaram como espaço de atuação de suas comunidades.
 A Paisagem não pode ser definida apenas pelo contexto físico, porque “ela
também reflete nossas memórias e valores, as experiências que vivemos em um lugar
– como cidadãos, trabalhadores, visitantes, estudantes, turistas. É o contexto físico,
cultural e social de nossas vidas”, como defende Kathryn Moore (2014,p.469).
CRIANDO PAISAGENS

A Paisagem para o Arquiteto Paisagista é conceito


holístico, no qual, sobre uma base física atuam de modo
complexo os seres vivos, é um processo dinâmico e que
resulta da interação dos fatores abióticos, bióticos e
humanos, que variam conforme o tempo e o local.
CRIANDO PAISAGENS
PAISAGEM X ECOLOGIA
 A palavra paisagem é, em geral, erroneamente utilizada como sinônimos de
natureza selvagem, lugar intocado, ou seja algo que não pode ser encontrado
perto ou dentro da cidade (SCHWARTZ, 2014, p. 524), porém se considerarmos
que antes do industrialismo tanto paisagem como cidade não eram forças
dualistas nem opostas, percebemos que tal separação aconteceu após o
planejamento cartesiano determinista e as visão newtoniana mecanicista
enraizada nos ideais de ordem, predição e controle (LISTER, 2014, p.537).

Resumindo: nossa tendência de separar coisas em “caixinhas” que não se misturam, nem se integram.
CRIANDO PAISAGENS
CLASSIFICAÇÃO DA PAISAGEM - 04 vertentes de entendimento:
1. a vertente que entende a paisagem como aspecto externo de uma área e/ou território,
considerando-a como uma imagem com qualidades inerentes e associadas às interpretações
estéticas, o que resulta em diversas percepções;
2. a vertente que interpreta a paisagem como formação natural, fundamentada nas inter-
relações dos componentes naturais, e entendendo-a como conjuntos dos elementos base dos
estudos da geografia física, cuja escala de evolução/transformação é geológica;
3. a corrente da paisagem cultural, concebendo-a como resultante da atuação de grupos
culturais sobre o espaço natural ao longo do tempo, e que encara a transformação do
território como uma relação ativa/passiva entre o homem/natureza;
4. e a vertente que concebe a paisagem como formação antroponatural, como um sistema
espacial formado por elementos naturais e condicionadas socialmente, correlacionando o
grau de naturalidade e modificação antrópica na percepção de análise.
CRIANDO PAISAGENS
 Os conceitos de paisagem, território e ambientes e entrelaçam,
se confundem e se complementam.
 E, efetivamente, segundo Raquel Tardin (2008,p.43-45): Não
pode existir uma definição exata e única do que eles representam
e muito menos dos diversos e diferentes fenômenos que abarcam,
mesmo porque esse consenso seria impossível para as inumeráveis
referências conceituais derivadas das diversas correntes científicas.
CRIANDO PAISAGENS
“Cada momento histórico tem uma paisagem, reflexo da relação circunstancial entre o homem
e a natureza e que pode ser vista como a ordenação do ambiente, de acordo com uma
imagem ideal. As mudanças nas atitudes do homem com relação à paisagem sempre foram
marcadas por uma poderosa atração pela natureza. Essa atração está presente, tanto na
paisagem submissa dos jardins do mundo clássico, quanto no caráter social da paisagem
contemporânea”(LEITE, 1991, p.45).

 A noção de ambiente não se encerra apenas na dimensão natural, mas


pressupõe uma visão integral decorrente da tomada de consciência da vida em
sociedade, da relação entre as populações humanas e de suas interações com a
natureza.
CRIANDO PAISAGENS
LEITURA DE PAISAGEM
 Podemos ver as mesmas coisas e quantificá-las, mas “Qualquer
paisagem é composta não somente por aquilo que se apresenta
diante dos nossos olhos, mas também por aquilo que se apresenta
em nossas mentes”
 “Apesar de estarmos juntos e olharmos para a mesma direção
no mesmo instante, nós não vamos – não podemos – ver a
mesma paisagem”
Paisagem enquanto NATUREZA
Paisagem enquanto HABITAT
Paisagem enquanto ARTEFATO
Paisagem enquanto SISTEMA
Paisagem enquanto PROBLEMA
Paisagem enquanto RIQUEZA
Paisagem enquanto IDEOLOGIA
Paisagem enquanto HISTÓRIA
Paisagem enquanto LUGAR
INFRAESTRUTURA VERDE as estruturas urbanas através de
sistemas naturais
INFRAESTRUTURA VERDE
 Devido à maneira como se estabelece a forma da ocupação territorial nos
tempos atuais, pode-se considerar o presente sistema de drenagem pluvial
urbano como sendo insuficiente à demanda.
 Pois, além de interromper uma parte do ciclo natural das águas pluviais,
reduz sensivelmente a infiltração no solo.
 Neste sentido, o sistema de drenagem urbana trabalha, unicamente, na
captação da água precipitada nas vias urbanas e através das redes de
tubulações e das galerias pluviais conduzindo ao curso d’água mais próximo,
que na maioria das vezes está canalizado.
INFRAESTRUTURA VERDE

A Infraestrutura Verde pode ser considerada uma possibilidade na


minimização dos problemas de drenagem pluvial urbana, e
trabalhando junto ao sistema de drenagem existente podem
proporcionar espaços verdes integrados em que se possa
conceber maiores relações ecossistêmicas.
INFRAESTRUTURA VERDE
 O conceito de infraestrutura verde nasceu há 130 anos com Frederick
Law Olmstead, cujos estudos apontavam que os parques deveriam ser
conectados entre si e com os bairros vizinhos.
 A infraestrutura verde vem sendo aplicada em algumas cidades
norte-americanas de forma a unir a estética dos jardins e parques
urbanos a processos tecnológicos que auxiliem na solução de
problemas associados à água ao clima e à ecologia urbana.
 Foram desenvolvidas algumas tipologias para aplicação da
infraestrutura verde que podem ser adaptadas a qualquer espaço, de
forma a demarcar a arquitetura paisagística na cidade, contribuindo
assim para uma melhora na qualidade ambiental da mesma.
INFRAESTRUTURA VERDE
 Alguns exemplos são os jardins de chuva, canteiros pluviais e
biovaletas.
 Pode ser uma alternativa ao sistema de drenagem cinza,
incorporando a utilização de jardins de chuva, biovaletas,
canteiros pluviais, etc., no auxílio do manejo de águas pluviais
através do aumento de áreas permeáveis.
 Seus benefícios vão além da melhora no sistema de drenagem
pluvial, visto que ela tem papel fundamental na melhoria do
aspecto visual da cidade, na qualificação da biodiversidade, do
conforto ambiental e da circulação em regiões urbanas.
INFRAESTRUTURA VERDE
 Fundamentalmente a preservação e restauração da paisagem natural
(como florestas, banhados e áreas de inundação) são componentes
essenciais a infraestrutura verde.
 Quando protegemos estas áreas sensíveis a comunidade melhora a
qualidade da água, mantém o habitat da vida selvagem e gera
oportunidades de recreação.
 Em uma escala menor as praticas de infraestrutura verde incluem os
jardins de chuva, Ecopavimento, Ecotelhado, reservatórios de infiltração,
árvores com área de desenvolvimento de raízes, jardins verticais, Brise
vegetal, cisternas de captação de água da chuva para posterior uso
em irrigação ou vaso sanitário.
INFRAESTRUTURA VERDE
É base para as intervenções na sustentabilidade urbana, construída na
simbiose entre sustentabilidade social(bem-estar humano, alcançando acesso
indiscriminado aos serviços de provisão, regulamentação e suporte cultural) e
sustentabilidade ambiental (gestão adequada ao ecossistema):
1. Manter, criar e enriquecer os habitats e proteger a diversidade de
espécies;
2. Proteger os recursos hídricos e ajudar no manejo das águas pluviais,
reduzindo a exposição dos moradores às áreas de risco de inundação;
3. Contribuir para a melhoria do clima local, bem como, pelo efeito
acumulativo, influir no conjunto do espaço urbano metropolitano;
INFRAESTRUTURA VERDE
4. Reduzir os problemas de saúde pública pelo controle do contato com solo
e água contaminados, bem como pela promoção de atividades físicas,
redução do estresse pelo oferecimento de espaços para contemplação,
interação social e expressão cultural;
5. Criar um retorno financeiro de longo alcance em termos de valor de
propriedade, investimentos urbanos e, finalmente, no aumento da base
fiscal municipal;
6. Oferecer alternativas menos custosas que a de uma infraestrutura urbana
tradicional, cujo valor aumenta ao invés de diminuir como tempo.
INFRAESTRUTURA VERDE
COMO A INFRAESTRUTURA VERDE BENEFICIA O AMBIENTE:
 Redução e Retenção dos volumes de água da chuva: Diminui o pico de
escoamento utilizando a capacidade de absorção do solo e dos vegetais. Por
aumentar a área verde, as técnicas de infra estrutura verde aumentam as
taxas de infiltração e evapotranspiração reduzindo substancialmente ou
completamente a quantidade de água a ser conduzida para lagos, rios ou
córregos.
Aumenta a recarga de aquíferos: a capacidade de infiltração das
tecnologias de infraestrutura verde é importante para a recarga do lençol
freático, pois este é responsável por 40% da água para manter o nível dos
córregos e rios.
INFRAESTRUTURA VERDE
 Redução da poluição Pluvial: A técnica de infraestrutura verde infiltra o
excedente hídrico evitando o transporte de poluentes através de tubos e
galerias. Uma vez infiltrado no solo, as plantas e microbiota se encarregam
naturalmente de quebraras moléculas dos poluentes presentes na água ou
superfícies.
 Melhoria da qualidade do ar: A incorporação de vegetação no ambiente
urbano melhora a qualidade do ar por filtração do material particulado.
Arvores e vegetais absorvem certos poluentes por contato ou por absorção
foliar. A vegetação ajuda a resfriar o ambiente evitando a formação do
ozônio no nível do chão.
INFRAESTRUTURA VERDE
 Aumento do sequestro de carbono: A infraestrutura verde ao contrário de
outros sistemas se utiliza de plantas que são responsáveis pela retirada do
dióxido de carbono da atmosfera pela fotossíntese.
 Redução de Enchentes: Utilizando a capacidade natural de retenção e
infiltração da vegetação e do solo, diminuindo a possibilidade de enchentes
por retardar o pico de descarga durante chuvas intensas.
 Diminuição do efeito ilha de calor urbano e redução da demanda de
Energia: Os pavimentos convencionais e massa de concreto absorvem e retém
o calor. A retirada da vegetação diminui sua capacidade de resfriamento. As
vegetações destas superfícies pelas técnicas de infraestrutura verde diminuem
a demanda por energia de climatização racionalizando o uso de geradoras
elétricas.
INFRAESTRUTURA VERDE
 Espaço de recreação adicional: A infraestrutura urbana adicional promove
aumento da área verde fundamental ao bem estar das pessoas.
 Melhoria da Saúde e benefício Social: Um crescente número de estudos no
mundo todo vem relacionando o espaço verde e vegetação coma saúde
humana. Pesquisas recentes relacionam o crime e violência a áreas mais
inóspitas quando comparadas a outras mais vegetadas.
Aumento de valor dos imóveis: É notório que propriedades nas vizinhanças
de áreas verdes alcançam valores de até 30% a mais quando comparados a
ruas não arborizadas.
INFRAESTRUTURA VERDE
JARDIM DE CHUVA
 Os jardins de chuva são
depressões topográficas,
existentes ou
reafeiçoadas
especialmente para
receberem o escoamento
da água pluvial
proveniente de telhados e
demais áreas
impermeabilizadas
limítrofes.
Jardins de Chuva
Jardins de Chuva
INFRAESTRUTURA VERDE
CANTEIRO PLUVIAL
 São basicamente jardins
de chuva que foram
compactados em pequenos
espaços urbanos.
 Um canteiro pode contar,
além de sua capacidade de
infiltração, com um extravasor,
ou, em exemplos sem
infiltração, contar só com a
evaporação,
evapotranspiração ou
transbordamento.
Canteiro pluvial
Canteiro pluvial
Canteiro pluvial
Canteiro pluvial
Canteiro pluvial
INFRAESTRUTURA VERDE
BIOVALETA
 São depressões lineares
preenchidas com vegetação,
solo e demais elementos
filtrantes, que processam uma
limpeza da água da chuva, ao
mesmo tempo em que aumentam
seu tempo de escoamento,
dirigindo este para os jardins
de chuva ou sistemas
convencionais de retenção e
detenção das águas.
Infraestrutura Verde
LAGOA PLUVIAL
 Funcionam como bacias de
retenção e recebem o
escoamento superficial por
drenagens naturais ou
tradicionais, exigem maior
espaço que as tipologias
anteriores e desempenham
um papel importante por
sua capacidade de
armazenar grandes volumes
de água.
Lagoa Pluvial

TANNER SPRINGS PARK |


PORTLAND, OR
Lagoa Pluvial

TANNER SPRINGS PARK |


PORTLAND, OR
Lagoa Pluvial
TANNER SPRINGS PARK | PORTLAND, OR
Lagoa Pluvial TANNER SPRINGS PARK | PORTLAND, OR
Teto verde
Teto verde

BALLARD PUBLIC LIBRARY


SEATTLE, WA
Outras soluções:
INFRAESTRUTURA
VERDE
Experiência Brasileira:
Praça Vitor Civitá
INFRAESTRUTURA VERDE
 O projeto teve início em 2006.
 Através de um intenso processo de
interlocução com representações
públicas e privadas;
 O resgate de uma área
contaminada do município de São
Paulo, sem condição de acesso;
 Como tantas outras propriedades
industriais e imóveis desocupados ou
abandonados da cidade, o terreno
encontrava-se em profundo estado de
degradação;
O projeto, de Levisky Arquitetos
Associados, com a participação da
arquiteta convidada Anna Dietzsch, foi
todo elaborado a partir de premissas
sustentáveis visando redução de
entulho, baixo consumo de energia,
utilização de materiais reciclados,
legalizados e certificados, reuso de
água, aquecimento solar, manutenção
da permeabilidade do solo.
Os percursos oferecidos no Museu
Aberto, com proposta extremamente
educativa, trazem informações sobre
as técnicas e tecnologias adotadas no
projeto, bem como soluções de
recuperação e remediação de áreas
contaminadas.
Um grande deck de madeira certificada
pousa sobre o terreno, sustentado por
estrutura metálica, de modo a impedir o
contato com o solo contaminado. O deck se
estende na diagonal do terreno, propondo
um percurso que enfatiza a perspectiva
natural do espaço e convida o usuário a
percorrer os caminhos da Praça. Como o
casco de um grande barco, o deck se
desdobra do plano horizontal ao vertical
com formas curvilíneas, criando ambientes
que se delimitam pela tridimensionalidade
da forma, grandes “salas urbanas” que
diversificam e incentivam o uso público do
espaço.

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