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Introdução à

Criminalística
SUMÁRIO

1. NOÇÕES GERAIS DE CRIMINALÍSTICA................................................................. 3


1.1. Histórico ............................................................................................................. 3
1.2. Conceito e Objetivo ............................................................................................ 6
1.3. Princípios e Postulados da Criminalística ........................................................... 8
2. O TRABALHO DO PERITO CRIMINAL .................................................................. 12
2.1. Vestígios, evidências e indícios ........................................................................ 14
2.2. Classificação dos Vestígios .............................................................................. 16
3. CORPO DE DELITO ............................................................................................... 19
3.1. Técnicas utilizadas ........................................................................................... 20
4. LOCAL DO CRIME ................................................................................................. 22
4.1. Classificação dos Locais de Crime ................................................................... 23
4.2. Croqui do Local do Crime ................................................................................. 25
4.3. Isolamento e preservação ................................................................................ 26
4.4. Responsabilidade do primeiro policial .............................................................. 27
5. LAUDO PERICIAL .................................................................................................. 29
6. CADEIA DE CUSTÓDIA ......................................................................................... 31
QUESTÕES................................................................................................................ 35
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 39
1. NOÇÕES GERAIS DE CRIMINALÍSTICA

1.1. Histórico

A partir da segunda metade do século XIX foi quando se observou uma maior
preocupação com a busca de alguma prova material de acontecimentos. Isso se
deu pela publicação do “Manual Prática de Instrução Judiciária”. Entretanto,
sabe-se que tal busca acontece há muito tempo, mais precisamente desde a
Roma Antiga, como afirma o professor Gilberto Porto em seu livro “Manual de
Criminalística” de 1969.
O Imperador César, na Roma Antiga, foi o primeiro aplicar o que hoje
conhecemos como perícia. O “exame do local” foi requisitado quando seu servo
Plantius Silvanius foi acusado de assassinar sua mulher Apronia, atirando-a de
uma janela. Ao examinar o quarto do casal, encontrou claros sinais de violência.
Considerando que um dos aspectos mais importantes da Criminalística é o
exame do local do delito, este ato de César foi, talvez, a primeira aplicação do
método do exame direto de um local de crime, para a constatação do ocorrido.
A seguir, tem-se de forma bem detalhada e cronológica todas as etapas da
evolução da Criminalística e seus diferentes ramos, especialmente a
Papiloscopia e Medicina Legal:
▪ Em 1560, na França, Ambroise Paré falava sobre os ferimentos produzidos
por arma de fogo;
▪ Em 1563, em Portugal, João de Barros, cronista português, publicou
observações feitas na China sobre tomadas de impressões digitais, palmares
e plantares, nos contratos de compra e venda entre pessoas;
▪ Em 1651, em Roma, Paolo Zachias publicou “Questões Médicas”, sendo
considerado, assim, o “pai da Medicina Legal”;
▪ Em 1665, Marcelo Malpighi, Professor de Anatomia da Universidade de
Bolonha, Itália, observava e estudava os relevos papilares das polpas digitais
e das palmas das mãos; em 1686, novamente Malpighi fazia valiosas
contribuições ao estudo das impressões dactilares, tanto que uma das partes
da pele humana leva o nome de “capa de Malpighi”;
▪ Em 1753, na França, Boucher realizava estudos sobre balística, disciplina
que mais tarde se chamaria Balística Forense;
▪ Em 1805, na Áustria, teve início o ensino da Medicina Legal; na Escócia,
ocorreu em 1807 e na Alemanha, em 1820; por essa época também se
verificou na França e na Itália;
▪ Em 1809, a polícia francesa permitiu a inclusão de Eugene François Vidocq,
um célebre delinquente dessa época, originando, para alguns, o maior
equívoco para a investigação policial, mas, para outros, a transformação em
uma das melhores polícias do mundo, já que muitos de seus sistemas de
investigação foram difundidos a muitos países; em 1811, Vidocq fundou a
Sûretê (Segurança);
▪ Em 1823, Johannes Evangelist Purkinje, num elevado acontecimento da
história da datiloscopia, apresentou um tratado como um ensaio de sua tese
para obter a graduação de Doutor em Medicina, na Universidade de Breslau,
na Alemanha; em seus escritos, discorreu sobre os desenhos digitais,
agrupando-os em nove tipos, assinalando a presença do delta e admitindo a
possibilidade destes nove tipos serem reduzidos a quatro;
▪ Em 1829, na Inglaterra, Sir Robert Peel fundou a Scotland Yard (este nome
é originário do fato de a polícia de Londres estar ocupando uma construção
que antes havia servido de residência aos príncipes escoceses, quando
visitavam Londres);
▪ Em 1840, o italiano Orfila criou a Toxicologia e Ogier aprofundou os estudos
em 1872; esta ciência auxiliava os juízes a esclarecer certos tipos de delitos,
principalmente naqueles em que os venenos eram usados com frequência;
esta ciência, ou disciplina, também é considerada como precursora da
Criminalística;
▪ Em 1858, William James Herschel, Delegado do Governo inglês na Índia
(Bengala) iniciou seus estudos sobre as impressões digitais, concluindo pela
sua imutabilidade; nessa mesma época, o Dr. Henry Faulds, médico inglês,
que trabalhava em um hospital de Tóquio, observou impressões digitais em
peças de cerâmica pré-histórica japonesa, iniciando, desse modo, seus
estudos sobre impressões digitais, apresentando, finalmente, as seguintes
sugestões: que as impressões digitais fossem tomadas com tinta preta, de
imprensa; que fossem examinadas com lente; que existe certa semelhança
entre as impressões digitais dos homens e dos macacos;
▪ Em 1866, Allan Pinkerton, em Chicago, nos EUA, colocava em prática a
fotografia criminal para reconhecimento de delinquentes, disciplina que,
posteriormente, seria chamada Fotografia Judicial e atualmente se conhece
como Fotografia Forense;
▪ Em 1877, nasceu um dos maiores nomes da Criminalística da história:
Edmond Locard. Estudou Medicina Legal com o grande médico-legista
Alexandre Lacassagne; realizou estudos sobre impressões digitais e suas
classificações, desenvolveu a poroscopia, estudo de diversos outros
vestígios, criador do Princípio da Troca, dentre outras áreas de estudo.
Publicou diversas obras como “L'enquête criminelle et les méthodes
scientifiques” (“A Investigação Criminal e os Métodos Científicos”) e “Traité
de Criminalistique” (“Tratado da Criminalística”), dentre outras.
▪ Em 1882, Alfonso Bertillón criava, em Paris, o Serviço de Identificação
Judicial, em que ensaiava seu método antropométrico, outra das disciplinas
que se incorporaria à Criminalística geral; nessa mesma época, Bertillón
publicava tese sobre o Retrato Falado, outra das precursoras disciplinas
Criminalísticas, constituindo-se na descrição minuciosa de certos
característicos cromáticos e morfológicos do indivíduo;
▪ Em 1888, na Inglaterra, Sir Francis Galton foi convidado pelo “Real Instituto
de Londres” para opinar sobre o melhor sistema de identificação; deveria
proceder a estudos comparativos entre os sistemas de Bertillón
(Antropométrico) e o das impressões digitais. Galton concluiu pela
superioridade deste último e esboçou um sistema de classificação
datiloscópico, adotando três tipos, denominados arcos, presilhas e verticilos,
publicado na revista Nature;
▪ Em 1892, em Graz, Áustria, o mais ilustre e distinguido criminalista de todos
os tempos, o doutor em direito Hans Gross publicou sua obra: Manual do
Juiz de Instrução – todos os sistemas de Criminalística; em 1893, utilizando
pela primeira vez o termo “criminalística”, sendo considerado o pai desta
disciplina. Do conteúdo científico desta obra se depreende que o Doutor Hans
Gross, em sua época, constituiu a Criminalística com as seguintes matérias:
Antropometria, Contabilidade, Criptografia, Desenho Forense,
Documentoscopia, Explosivos, Fotografia, Grafologia, Acidentes de Trânsito
Ferroviário, Hematologia, Incêndios, Medicina Legal, Química Legal e
Interrogatório; Avaliação e Reparação de Danos; Exames de Armas de Fogo;
Exames de Armas Brancas; Datiloscopia; Exame de Pegadas e Impressões;
Escritas Cifradas (uso de símbolos para a formação de frases) etc.
▪ Em 1896, Juan Vucetich (nascido na Croácia, Yugoslávia), consegue que a
Polícia do Rio da Prata, Argentina, deixe de utilizar o método antropométrico
de Bertillón; ainda, reduz a quatro os tipos fundamentais da Datiloscopia,
determinados pela presença ou ausência de delta;
▪ Em 1899, na Áustria, Hans Gross criou os Arquivos de Antropologia e
Criminalística;
▪ Em 1902, em Portugal, começou a utilização das impressões plantares e
palmares como complemento da identificação datiloscópica;
▪ Em 1903, no Rio de Janeiro, Brasil, foi fundado o Gabinete de Identificação,
onde já estava estabelecido o Sistema Datiloscópico de Vucetich;
▪ Em 1910, Locard criou o “Laboratório de Polícia” ou “Laboratório de Polícia
Técnica”, em Lyon, na França, sendo o primeiro laboratório forense do mundo
▪ Em 1913, no Brasil, o professor da Universidade de Lausanne, Rudolph
Archibald Reiss, ministrou o primeiro curso de Polícia Científica para a Polícia
de São Paulo.
▪ Em 1925, ocorreu a fundação da Delegacia de Técnica Policial em São Paulo,
a qual foi transformada no ano seguinte em Laboratório de Polícia Técnica
pelo Dr. Carlos de Sampaio Viana, considerado um dos pioneiros do estudo
técnico-policial no país, sendo difundido posteriormente para outros estados.
▪ Em 1933, nos Estados Unidos, foi criado o F.B.I. (Federal Bureau of
Investigation), em Washington, por iniciativa do Procurador Geral da
República, Mr. Homer Cummings.

O histórico da criminalística é extremamente vasto, entretanto, de forma geral,


ela pode ser dividida em duas fases. A primeira aquela em que se buscava a
verdade através de métodos primitivos, mágicos ou através da tortura,
considerando que na maioria das vezes não se conseguia obter uma confissão
do acusado de forma espontânea. Já a segunda fase é onde se busca a verdade
através de métodos racionais, surgindo assim os fundamentos científicos da
criminalística,deixando de lado as crenças nos milagres e nas mágicas.
Paralelamente verificou-se que, através das ciências naturais, é possível
interpretar os vestígios do delito por meio da análise das evidências do fato e
sua autoria.

1.2. Conceito e Objetivo

O termo “Criminalística”, lançado no final do século passado por Hans Gross


e a escola alemã em toda a sua complexidade, compreende, além do estudo dos
vestígios concretos e materiais do crime, o exame dos indícios abstratos,
psicológicos do criminoso.
A criminalística é uma disciplina que faz uso de diferentes tipos de métodos e
técnicas de investigação. Aplica fundamentalmente tudo o que se conhece e
seus recursos nas ciências naturais para examinar os elementos materiais
(vestígios) que estão relacionados com um fato delituoso, com a finalidade de
determinar a materialidade do fato, uma provável dinâmica e a identificação de
prováveis autores. Ou seja, ela estuda tudo aquilo que está relacionado aos
possíveis delitos de diferente natureza, buscando responder sucessão de fatos,
bem como sua autoria.
Em um sentido mais amplo, criminalística é um conjunto de procedimentos
aplicados ao estudo material de um crime para se chegar à sua materialidade.
Assim, a criminalística limita sua investigação ao fato acontecido, seguindo uma
série de passos que devem dar uma resposta lógica para uma pergunta
específica.
Esta disciplina se torna indispensável na investigação de atos
presumidamente criminosos, tendo como intuito principal possibilitar a aplicação
da justiça de forma adequada. Baseado nesse fundamento, deverão conhecê-la
todos aqueles que realizam atividades relacionadas a ela, principalmente,
policiais, peritos, promotores, juízes e advogados.
Existem inúmeros estudiosos que oferecerem diferentes abordagens do
conceito de “criminalística”. Entretanto, todos partem do princípio geral de que a
criminalística é uma disciplina a qual usa de métodos científicos para cumprir
seu objetivo de reconhecer e interpretar provas materiais.
Ainda é importante mencionar que a criminalística é uma divisão do que
chamamos de criminologia. Dentro da lógica interdisciplinar, grande parte dos
estudiosos definem a criminologia como uma ciência. Afinal, possui um método
próprio, um objeto e funções atribuíveis a ela. Por outro lado, Augusto Thompson
defende a ideia que criminólogos são generalistas, e por esta razão estariam
apenas cumprindo sua função de alardear informações retiradas do senso
comum para que seja possível abrir o estudo de um crime. Deste modo, em sua
visão, a criminologia não possui um objetivo e um método próprio de abordagem.
A criminalística, por sua vez, tem como objetivo a análise de vestígios
materiais extrínsecos relativos ao local periciado, relacionando o modus
operandi, do latim “modo de operação”, aplicado à dinâmica descrita,
possibilitando auxílio ao direcionamento interpretativo da fenomenologia criminal
inerente ao local do sinistro, oferecendo fundamentação material à instrução
penal.
Desta forma, focaliza nos exames, na verificação, reconhecimento, ou
confronto quanto à existência, exatidão ou qualificação de um fato, embasado
pela prova material, em suas diversas modalidades, traduzindo-se como um
sistema que aplica vários ramos do conhecimento científico com fim precípuo à
justiça.
A criminalística é reconhecidamente regida por leis, métodos e princípios
próprios, com plena independência das demais. Trata-se, portanto, de uma
disciplina autônoma, mas com procedimentos multidisciplinares, valendo-se de
subsídios técnicos e científicos fornecidos pela física, pela química, pela biologia,
pela matemática, entre outras.
O estudo dos vestígios materiais tem como objetivos:

• Investigar tecnicamente e demonstrar cientificamente a existência de um fato


criminoso;
• Determinar os fenômenos e reconstruir a dinâmica do fato, estabelecendo os
instrumentos e objetos utilizados para execução do crime, bem como a forma
como foram utilizados e as alterações decorrentes dessa utilização;
• Utilizar técnicas que venham a apontar elementos que permitam a
identificação da vítima, caso exista;
• Utilizar técnicas que venham a apontar elementos de identificação dos
possíveis autores;
• Obter provas indiciárias que possam fundamentar a participação dos
prováveis autores e demais participantes.

Com base em exames macroscópicos e microscópicos dos vestígios, aplica-


se uma metodologia científica (métodos indutivo e dedutivo), a materialização do
crime, os prováveis instrumentos utilizados e como foram utilizados, a
identificação dos autores, a identificação das vítimas e finalmente as provas
indiciárias do caso, processadas cientificamente, que serão utilizados pelos
órgãos que participam da persecução penal com o intuito de aplicar de forma
isenta a lei.
1.3. Princípios e Postulados da Criminalística

A criminalística possui cinco princípios fundamentais, sendo eles os princípios


da observação, análise, interpretação, descrição e documentação. Além disso,
possui outros sete princípios considerados como “gerais” e três postulados.
Todos estes serão estudados a seguir.

a) Princípio da Observação: também é conhecido como Princípio da Troca


de Locard.
“Todo contato deixa uma marca”.
Em locais de crime nem sempre é fácil a detecção de vestígios, sem contar
que em muitos casos os próprios autores produzem alterações consideráveis na
cena, exatamente, para dificultar o trabalho do perito. Em alguns casos, esses
vestígios só podem ser detectados através de análises microscópicas, ou,
através de aparelhos de alta precisão. Mas, é preciso ter em mente que não pode
haver uma ação que não deixe marcas de provas. Além disso, é notória a
evolução do instrumental científico capaz de detectar esses vestígios.

“Onde quer que ele pise, qualquer coisa que ele toque, tudo o que quer
que seja que ele deixe, mesmo inconscientemente, servirá como uma
testemunha silenciosa contra ele. Não somente suas impressões digitais
ou suas pegadas, mas o seu cabelo, as fibras de suas roupas, os vidros
que porventura ele parta, a marca da ferramenta que ele deixe, a tinta
que ele arranhe, o sangue ou o sêmen que deixe – tudo isto e muito mais
é uma testemunha muda contra ele. Esta prova não se esquece. Não é
confundida pelo calor do momento. Não é ausente como as testemunhas
humanas são. É evidência efetiva. A evidência física não pode estar
errada; não pode cometer perjúrio por si própria; não se pode tornar
ausente. Apenas a sua interpretação pode enganar. Somente a falha
humana em encontrá-la, estudá-la e entendê-la, pode diminuir seu valor.”

Este trecho define muito bem o Princípio da Troca e as interações que


ocorrem no local de crime e, por mais que faça referência ao seu princípio, o
trecho não foi escrito por Edmond Locard. É de autoria de Paul Leland Kirk, em
sua obra “Crime Investigation: Physical Evidence and the Police Laboratory” de
1953.
b) Princípio da Análise:
“A análise pericial deve sempre seguir o método científico”
A perícia visa traçar uma teoria sobre como aquele fato ocorreu, valendo-se
dos vestígios encontrados que permitam desenvolver conjeturas sobre como se
desenvolveu o fato, através da formulação de hipóteses coerentes com base
numa metodologia (método científico).
c) Princípio da Interpretação:
“Princípio da Individualidade”
Este princípio preconiza a ideia de que dois objetos podem ser difíceis de
serem distinguidos, mas nunca serão idênticos. Ou seja, a perícia tece isso nos
mínimos detalhes, tentando fazer sempre uma identificação precisa,
individualizando aquele elemento de prova.
d) Princípio da Descrição:
“O resultado de um exame pericial é constante com relação ao tempo e deve
ser exposto em linguagem ética e juridicamente perfeita”
Os resultados dos exames periciais devem ser descritos sempre de forma
clara, racionalmente dispostos e bem fundamentados em princípios científicos,
buscando sempre uma linguagem técnica e juridicamente perfeita. A Perícia
busca a verdade através da leitura dos vestígios, podendo percebê-los através
dos nossos sentidos.
e) Princípio da Documentação:
“Toda amostra deve ser documentada, desde seu nascimento na cena do
crime até sua análise e descrição final, de forma a se estabelecer um histórico
completo e fiel de sua origem”
Este princípio é baseado na Cadeia de Custódia da prova material, ou seja,
toda amostra deve ser cuidadosamente documentada desde o momento em que
aparece no local do crime até sua análise em exames complementares, a fim de
garantir e estabelecer um histórico completo de sua origem, de modo que não
haja dúvidas sobre tais elementos probatórios.

Os princípios gerais ou não fundamentais, são sete:


Princípio do uso: os fatos apurados pela criminalística são produzidos por
diversos agentes, sejam físicos, químicos ou biológicos. Nesse contexto, o perito
ao localizar determinado vestígio, objeto ou instrumento no local de crime deve
sempre se perguntar se poderia ter relação com o fato em questão e para qual
uso foi destinado para produzir determinado resultado.
Princípio da produção: os agentes produzem vestígios indicativos de suas
ocorrências, derivados do seu uso, podendo fornecer elementos identificadores
dos meios utilizados para a prática do crime e até mesmo para a identificação
do(s) autor(es).
Princípio do intercâmbio: mesmo que microscopicamente, objetos
permutam características entre si ao interagirem. Transferência de material entre
elementos presentes no contexto do crime (criminoso, vítima, local de crime,
interação de vestígios entre todos), com maior troca dependendo da intensidade
do contato.
Princípio da correspondência de características: a ação dos agentes
mecânicos reproduz suas características de acordo com sua natureza e modo
de atuação, possibilitando estudos comparativos, a fim de identificar o agente
que produziu o resultado.
Princípio da reconstrução: o estudo de todos os elementos materiais
coligidos e analisados por meio de metodologias adequadas fornecerão
elementos materiais para a reconstrução do evento, buscando sempre conhecer
a verdade do fato investigado.
Princípio da certeza: a utilização de metodologias, tecnologias e
procedimentos adequados, embasados cientificamente, fornecerão elementos
para identificar a procedência de determinado vestígio e interpretá-lo
corretamente, atestando as conclusões periciais. Obviamente, pela metodologia
científica, hipóteses formuladas serão testadas, refutadas e/ou aceitas para se
alcançar as devidas conclusões.
Princípio da probabilidade: as reconstruções dos eventos, por meio das
análises periciais, não podem atestar que determinado fato ocorreu
perfeitamente daquela forma, mas sim buscando a maior probabilidade de
ocorrência para a verdade real, a fim de explicar todos os fenômenos
relacionados aos fatos da forma mais confiável possível. o conhecido e o
desconhecido possuem origens comuns devido à impossibilidade de ocorrências
independentes deste conjunto de características observadas nas análises. a
reconstrução de fenômenos e certos fatos nos aproximam do conhecimento da
verdade.

Os três conhecidos postulados da criminalística são:


I) O conteúdo de um laudo pericial é invariante com relação ao perito criminal
que o produziu. Como o perito possui um compromisso com a verdade e a
verdade é uma só (doa a quem doer), peritos diferentes não podem divergir em
suas conclusões, pois o resultado deve ser imparcial e não depender de opiniões
pessoais. “A perícia vale o que vale o perito”, como bem ilustra o grande mestre
Nerio Rojas em sua célebre frase: “O dever de um perito é dizer a verdade; no
entanto, para isso é necessário: primeiro saber encontrá-la e, depois querer dizê-
la. O primeiro é um problema científico, o segundo é um problema moral”.
II) As conclusões de uma perícia criminalística são independentes dos
meios utilizados para alcançá-las. As conclusões de uma perícia deverão ser
constantes, independentemente das técnicas e/ou métodos cientificamente
comprovados e aplicados para alcançar os resultados.
Novamente, a verdade é uma só e deverá ser encontrada ao final mesmo
seguindo por caminhos (metodologias) diferentes. Se um perito utilizar o método
A e depois usar o método B, as conclusões deverão ser as mesmas (obviamente
que se deve considerar a limitação de cada metodologia, precisão e
sensibilidade do método, dentre outros fatores).
III) A perícia criminal é independente do tempo. A verdade é imutável em
relação ao tempo decorrido. "O tempo que passa é a verdade que foge” diz
respeito à dificuldade de realizar a perícia conforme a progressão temporal; mas
independentemente da dificuldade de se alcançar resultados, a verdade é uma
só e sempre será a mesma com o passar do tempo.
2. O TRABALHO DO PERITO CRIMINAL

A perícia em local de crime é considerada o “berço” da Criminalística. É


geralmente o ponto de partida de uma investigação e é o espaço que se
encontram vestígios que se transformam em provas para condenar ou inocentar
um suspeito. No local de crime, seja ele um espaço físico ou virtual, o perito tem
a função de analisar a cena, buscar e analisar vestígios que contribuam para
esclarecer o crime, indicando os autores e a dinâmica dos fatos.
Denominados experts pelos ingleses e sachverständige pelos alemães, a
denominação perito, do latim peritus (aquele que sabe por experiência, que tem
prática), deriva dos conhecimentos que a pessoa indicada para o encargo deve
ter em relação ao objeto de seu exame e que faltam ao juiz.
Esse requisito, porém, não é absoluto. Quando o magistrado, apesar de leigo,
for capaz de proceder pessoalmente às observações necessárias, mas tiver
receio de fazê-lo por questões de conveniência ou segurança, poderá encarregar
do exame terceira pessoa, que, embora não atue em razão dos conhecimentos
técnicos específicos, será considerada perito.
Desta forma, podemos chamar de peritos todos os técnicos, de nível superior
ou não, concursados ou não, mas especializados em determinada área do
conhecimento humano e que, por designação da autoridade competente
(delegado de polícia ou autoridade judiciária), prestam serviços à Justiça ou à
Polícia a respeito de fatos, pessoas ou coisas.
Cabe ao perito criminal efetuar o levantamento e estudo do local do crime
apurando como tudo aconteceu e em quais circunstâncias, informando quais os
equipamentos e meios utilizados na prática do crime. Por outro lado, para que
isso ocorra da melhor e mais verdadeira forma possível, é imprescindível que o
local do crime continue intacto e preservado, ao passo que se houver destruição
de evidências, provas e vestígios haverá consequências.
Os peritos apenas liberarão o local de crime quando tiverem plena convicção
de que todas as peças foram coletadas. Em seguida, devem elaborar o que
chamamos de “laudo pericial” bem fundamentado pelos vestígios encontrados
durante os exames, permitindo que os policiais responsáveis possam, a partir
dele, direcionar as investigações de maneira apropriada.
A perícia em locais de crime deve ser minuciosa e seguir os seguintes
procedimentos:
1. Isolar e preservar o local de crime;
2. Avaliar se o local de crime está devidamente isolado e preservado;
3. Observar minunciosamente o local do crime antes de entrar no espaço;
4. Reunir com a equipe de peritos para analisarem e definirem a melhor forma
de iniciar o processamento do local. No local do crime deve haver no mínimo
dois peritos para executar o trabalho;
5. Escolher o método de busca de vestígios: linha, linha cruzada, espiral ou
quadrante.
6. Marcar os vestígios encontrados;
7. Anotar, registrar e documentar todos vestígios encontrados, por meio de:
fotografia, descrição narrativa (escrita, áudio ou vídeo), e croqui da cena;
8. Coletar os vestígios de acordo com as técnicas adequadas para preservar as
características de cada item, seja ele biológico, físico ou químico;
9. Após a coleta, reunir com a equipe para checar se o trabalho realizado até
então foi suficiente;
10. Encaminhar o material coletado para análise pericial em laboratório de
criminalística;
11. Lembrar de cumprir a cadeia de custódia;
12. Liberar o local.

Principais orientações para a perícia em local de crime:

• Ter cautela;
• Registrar todos os vestígios antes da coleta e constatações;
• Analisar criticamente se os vestígios são vulneráveis à degradação;
• Utilizar materiais adequados para coletar os vestígios;
• Embalar e transportar os vestígios adequadamente;
A cadeia de custódia tem uma importância fundamental na perícia em locais
de crime, visto que, a documentação cronológica dos vestígios poderá ser
utilizada como prova.
Principais equipamentos utilizados pelos peritos no local de crime:
Para executar a perícia em locais de crime em ambiente físico, os peritos
contam com uma maleta composta com os seguintes materiais e ferramentas:

• Cianoacrilato e pós diversos para revelação de impressões digitais , lâminas,


fitas adesivas e outros materiais para a coleta de impressões digitais;
• Lanternas com diferentes comprimentos de onda para visualizar vestígios
latentes (não visíveis a olho nú)
• Luminol e outros materiais para testes e identificação de sangue;
• Trena digital;
• Paquímetro;
• GPS;
• Embalagens para coleta e transporte de vestígios;
• Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) para cada tipo de ocorrência
(luva, máscara, óculos, jaleco, etc.);
• Lupa;
• Pincéis, pinças, tesoura;
• Escalas;
• Marcadores de vestígios;
• Pranchetas e canetas;
• Reagentes para análise e identificação de entorpecentes;
• Materiais para suporte;
• Máquina fotográfica;
• Notebook

Para realizar esse trabalho o perito precisa pertencer a algum órgão de perícia
oficial competente, ser capacitado e treinado com as técnicas de investigação
em local de crime, ser observador, dinâmico, detalhista, ter cuidado, atenção,
preparo físico e psicológico e saber trabalhar em equipe.

2.1. Vestígios, evidências e indícios

Mas afinal, o que seriam as ditas “provas” que os peritos tanto buscam nos
locais de crime e que serão extremamente necessárias para elaborar o laudo
pericial?
Ao examinarem o local do crime, os peritos criminais procuram todos os tipos
de objetos, marcas e até mesmo sinais sensíveis que possam ter relação com o
que está sendo investigado. Estes elementos são o que denominamos
vestígios. Algumas infrações penais deixam vestígios (delita facti permanentis)
e outras não (delita facti transeuntis). Crimes como a injúria verbal (art. 140 do
CP) ou o desacato (art. 331 do CP), nada deixam de material que possa ser
analisado e consubstanciado em um trabalho pericial, devendo ser constatados
por outros meios de prova.
Para que o vestígio exista é necessário que haja o agente provocador, o
suporte e o vestígio em si. O agente provocador é quem produziu o vestígio – ou
contribuiu para tal. O suporte é o local onde foi produzido tal vestígio, já que
estamos falando de algo material. E o vestígio nada mais é do que o produto da
ação do agente provocador.
Ao chamar uma coisa qualquer de vestígio, se está admitindo que sua
situação foi originada por um agente ou um evento que a promoveu. Um vestígio,
portanto, seria o produto de um agente ou evento provocador. Nesta dinâmica,
pressupõe-se que algo provocou uma modificação no estado das coisas de
forma a alterar a localização e o posicionamento de um corpo no espaço em
relação a uma ou várias referências fora e ao redor do dele. O correto e
adequado levantamento de local de crime, por exemplo, revela uma série de
vestígios.
Assim, podemos dizer que vestígio é tudo o que encontramos no local do
crime que, depois de estudado e interpretado pelos peritos, possa vir a se
transformar – individualmente ou associado a outros – em prova. Ressalta-se,
que nem sempre é possível, no local dos fatos, os peritos procederem a uma
análise individual de todos os vestígios para saber de sua importância e se estão
ou não relacionados com o crime. Somente durante os exames nos Institutos de
Criminalística é que os peritos terão condições de proceder a todas as análises
e exames complementares que se fizerem necessários e, com isso, saber quais
os vestígios que verdadeiramente estarão relacionados com o crime em questão.
Alguns desses vestígios são visíveis a olho nu, outros dependem de
equipamento específico ou outro método para serem percebidos. Alguns
dependem ainda de sua correta identificação para serem considerados. Todos
eles, porém, são apenas vestígios, havendo necessidade de análise e de
interpretação do perito para seu aproveitamento na instrução do processo.
Então, o vestígio é o material bruto que o perito constata no local do crime ou
que integra o conjunto de um exame pericial qualquer. Somente após examiná-
lo adequadamente é que os peritos poderão saber se aquele vestígio está ou
não relacionado ao evento periciado.
No momento em que os peritos chegarem à conclusão que tal vestígio
esta – de fato – relacionado ao evento periciado, ele deixará de ser vestígio e
passará a denominar-se evidência. A evidência é a qualidade daquilo que é
evidente, que é incontestável, que todos veem ou podem ver e verificar. Desse
modo, no conceito criminalístico, evidência significa qualquer material, objeto ou
informação que esteja relacionado com a ocorrência do delito no campo da
materialidade.
Então, uma vez confirmado objetivamente este liame, o vestígio adquire a
denominação de evidência. As evidências, por decorrerem dos vestígios, são
elementos exclusivamente materiais e, por conseguinte, de natureza puramente
objetiva. Portanto, evidência é o vestígio que, após avaliações de cunho objetivo,
mostrou vinculação direta e inequívoca com o evento delituoso.
Processualmente, a evidência também pode ser denominada prova material.
Porém, ao contrário do vestígio e da evidência, o indício apresenta uma
conceituação legal prevista no Código de Processo Penal brasileiro. Neste
sentido, indício seria uma circunstância conhecida, provada e necessariamente
relacionada com o fato investigado, e que, como tal, permite a inferência de
outra(s) circunstância(s).
O termo "circunstância" é aqui utilizado como expressão próxima,
semanticamente, de "conjuntura", como a combinação ou concorrência de
elementos em situações, acontecimentos ou condições de tempo, lugar ou
modo.
Assim, as duas nomenclaturas (vestígio e evidência) tecnicamente são
usadas no âmbito da perícia. No entanto, tais informações tomam o nome de
indícios quando tratados na fase processual, contudo, ressalta-se que nessa
definição do que seja indício estão, além dos elementos materiais, outros de
natureza subjetiva, ou seja, todos os demais meios de prova.
Resumindo:
✓ Vestígio é todo objeto ou material bruto constatado e/ou recolhido em local
de crime ou presente em uma situação a ser periciado e que será
analisado posteriormente.
✓ Evidência é o vestígio que após as devidas análises constata-se, técnica
e cientificamente, sua relação com o fato periciado.
✓ Indício é expressão utilizada no meio jurídico que significa cada uma das
informações (periciais ou não) relacionadas com o conjunto probante

2.2. Classificação dos Vestígios

No âmbito de uma área onde tenha ocorrido um crime, vários serão os


elementos deixados pela ação dos agentes da infração. Todavia, nesse contexto
área física, vamos encontrar inúmeras coisas além dos vestígios produzidos por
vítima e agressor.
O vestígio verdadeiro é uma depuração total dos elementos encontrados no
local do crime, pois somente o são aqueles produzidos diretamente pelos atores
da infração e, ainda, que sejam produtos diretos das ações do cometimento do
delito em si.
Para entendermos o que seriam esses vestígios da ação direta do
cometimento do delito, podemos dizer que, por exemplo, se o agressor coloca
uma arma de fogo na mão da vítima para simular situação de suicídio, este é um
vestígio forjado e, portanto, não se trata de elemento produto da ação direta do
delito em si.
Já o vestígio ilusório é todo elemento encontrado no local do crime que não
esteja relacionado às ações dos atores da infração e desde que a sua produção
não tenha ocorrido de maneira intencional.
A produção de vestígio ilusório nos locais de crime é muito grande tendo em
vista a problemática da falta de isolamento e preservação do local. Este é o maior
fator da sua produção, pois contribuem para isso desde os populares que
transitam pela área de produção de vestígios, até os próprios policiais pela sua
falta de conhecimento das técnicas de preservação.
Por vestígio forjado entendemos todo elemento encontrado no local do crime,
cujo autor teve a intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o conjunto
dos elementos originais produzidos pelos atores da infração. Um vestígio forjado
poderá ser produzido por qualquer pessoa que tenha interesse em modificar a
cena de um crime, por mais diversas razões. No entanto, neste rol de pessoas,
vamos encontrar alguns grupos mais incidentes.
Um dos grandes produtores de vestígios forjados são os próprios autores de
delito, que o fazem na intenção de dificultar as investigações para se chegar até
a sua pessoa. Mas temos um outro grupo produtor de vestígios forjados, que são
alguns policiais, quando em circunstâncias da função, cometem determinados
excessos ou acham que cometeram, e acabam produzindo alguns vestígios
forjados, na tentativa de adequar a sua ação nos limites que a lei lhes autoriza.
Também podemos encontrar vestígios forjados produzidos por pessoas que
tenham interesse indireto no resultado da investigação de um crime.
Os vestígios ainda podem ser vistos como determinantes ou indeterminados.
Os vestígios determinantes são aqueles que pela natureza física não requer uma
análise completa de sua composição e estrutura, apenas um exame cuidadosos
com auxílio no máximo de uma lente de aumento, pois guardam relação direta
com o objeto ou pessoa que o produziu, exemplos são: impressões digitais,
escritos, armas de fogo, armas brancas, projéteis e estojos.
Os vestígios indeterminados são aqueles cuja natureza física requer uma
análise completa, havendo necessidade de ser conhecida sua composição e
estrutura, são geralmente substâncias naturais ou composições químicas, como
sedimentos em vasos e recipientes, patilhas, produtos medicamentosos,
manchas de sangue, esperma, urina, vômito. Para os vestígios indeterminados
existe a necessidade de instrumentos laboratoriais, tais como microscópicos,
espectrômetros, testes imunológicos, dentre outros.
Outras formas de classificação de vestígios existem. Quanto à percepção, os
vestígios podem ser PERCEPTÍVEIS, ou seja, captados pelos sentidos humanos
sem a necessidade de revelação por meio de técnicas forenses; LATENTES,
invisíveis ou ocultos, os quais necessitam de utilização de técnicas ou
metodologias adequadas para a revelação, não sendo possível de percepção a
olho nu (à vista desarmada).
Essa classificação também pode ser denominada como “dimensão dos
vestígios”, recebendo o nome de macroscópicos (macrovestígios), de tamanho
suficiente para ser observado a olho nu, e microscópicos (microvestígios) que
são aqueles vestígios de tamanho diminuto, sendo necessária a utilização de
instrumentos como microscópios para serem detectados.
Considerando o lapso temporal, os vestígios transitórios são tipos de vestígios
efêmeros, ou seja, que desaparecem rapidamente do local de crime e precisam
ser levantados com brevidade pelo perito, como por exemplo, impressões
digitais, equimoses. Já os vestígios permanentes são os que permanecem no
local de crime por um longo período, como por exemplo, danos em objetos, sinais
de arrombamento, lesões graves, dentre outros; e os perenes são indeléveis do
local mesmo com o passar do tempo.
Também podem ser classificados quanto sua natureza, como por exemplo, os
vestígios orgânicos ou biológicos, como sangue, saliva, cabelos, partes de
corpo, pólens e plantas, larvas de insetos etc.; vestígios inorgânicos ou de
natureza não biológica como substâncias químicas, rochas, sedimento, poeira
etc.; vestígios morfológicos, como por exemplo, impressões digitais, pegadas,
marcas de objetos etc.
3. CORPO DE DELITO

O nome corpo, presente na expressão, transmite a ideia de ser algo


relacionado à vítima ou a uma pessoa. Porém, corpo de delito ou corpus delicti,
ou ainda corpus criminis, é o conjunto dos vestígios materiais deixados pelo
crime. Assim, o exame de corpo de delito pode ser feito num cadáver, numa
pessoa viva, numa janela, num quadro, num documento, etc.
Corpo de delito é tudo que pode ser usado como prova material do crime: o
objeto físico da ação criminosa (p. ex., o corpo lesado), os instrumentos do crime,
o produto da infração, os efeitos que caem sob os sentidos, isto é, podem ser
vistos, ouvidos, tocados, cheirados, degustados.
Conjunto de elementos materiais ou vestígios que indicam a existência de um
crime. O exame de corpo de delito é uma prova pericial indispensável, devendo
ser realizada mesmo se o réu confessar o crime. Sua ausência em caso de
crimes que deixam vestígios gera a nulidade do processo.
O exame de corpo de delito pode ser direto, quando os peritos o realizam
diretamente sobre a pessoa ou objeto da ação delituosa, ou indireto, quando não
é propriamente um exame, uma vez que os peritos se baseiam nos depoimentos
das testemunhas em razão do desaparecimento dos vestígios, nessa hipótese,
o exame pode ser suprimido pela prova testemunhal.
A Lei nº 13.721/2018 acrescentou um parágrafo único ao artigo 158 do Código
de Processo Penal (CPP), que determina que seja dada prioridade à realização
do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: violência
doméstica e familiar contra mulher, violência contra criança ou adolescente,
violência contra idoso ou violência contra pessoa com deficiência.
O exame de corpo de delito direto, na definição de Tourinho Filho, “Diz-se
direto quando os próprios peritos examinam os vestígios deixados pelo crime,
isto é, o corpo de delito, e respondem ao questionário que lhes formulam a
autoridade e as partes”, ou seja, no exame direto, os peritos examinam o próprio
“corpo de delito”, que constitui a materialidade da suposta infração penal.
Entretanto, existe a possibilidade do exame de corpo de delito ser indireto
quando se inviabiliza o exame do corpo em si. Neste caso ocorre o
desaparecimento dos vestígios, inacessibilidade ao local dos fatos,
desaparecimento dos vestígios etc.
Existe ainda a possibilidade de ter o que se chama de Prova Testemunhal.
De acordo com Hélio Tornaghi, isso só ocorre quando não é possível realizar
nenhum dos tipos dos exames citados acima, devido, por exemplo, ao
desaparecimento de todos os vestígios do crime. É importante lembrar que esta
prova testemunhal é supletiva não devendo ser confundida com o exame
indireto do corpo de delito.
Quando houver resquícios do corpo de delito, ou mesmo documentos, filmes,
fotografias, radiografias, laudos anteriores ou outros dados secundários, deve-
se determinar o exame indireto de corpo de delito, por meio de peritos. Por outro
lado, é quando tais dados se tornam impossíveis de serem examinados, tem-se
somente a possibilidade da prova testemunhal, que, se houver, poderá suprir o
exame de corpo de delito, direto ou indireto (artigo 167).
Segundo o artigo 159 do CPP, o exame de corpo de delito deve ser realizado
por um perito oficial, ou seja, aquele que possui um diploma de ensino superior.
Na falta deste, o exame será realizado por duas pessoas idôneas portadoras de
diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
Existem muitas outras peculiaridades sobre o exame de corpo de delito no
CPP, as quais não serão mencionadas aqui, mas no link abaixo encontrará tudo
que deseja saber.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm

3.1. Técnicas utilizadas

Ao chegar no local do crime, para que os peritos possam colher os vestígios


a fim de decidirem se possuem ou não relação com o ocorrido, algumas técnicas
especiais precisam ser adotadas.
Os principais exames realizados são: exame pericial em equipamento
computacional portátil e de telefonia móvel (Notebook, Tablet, Smartphone),
exame pericial em mídia de armazenamento computacional (disco rígido, cartão
de memória, CD, DVD), exame em local de informática (local de crime que
contenha equipamentos computacionais), exame em local de Internet (local de
crime na internet), busca e apreensão de vestígios cibernéticos e tratamento de
dados criptografados.
Além destes exames mais comuns, existem outras áreas das Ciências
Forenses que são exploradas. Como exemplo podemos citar, seções de
audiovisuais, engenharia, documentoscopia, sendo que estas podem trabalhar
em conjunto ou na preparação do vestígio para que possa ser analisado
propriamente.
Existem normas a serem seguidas para que os vestígios possam ser
analisados. Todo vestígio a ser encaminhado para perícia deve seguir as
diretrizes da Portaria nº 82, de 16 de julho de 2014, do Ministério da Justiça que
dispõe sobre a Cadeia de Custódia de Vestígios.
Os requisitos mínimos são:
✓ O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela
natureza do material, podendo ser utilizados: sacos plásticos, envelopes,
frascos e caixas descartáveis ou caixas térmicas, dentre outros.
Observação: Utilize sacos plásticos transparentes para encaminhar
celular, HD, Laptop, etc.
✓ Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e idoneidade do
vestígio durante o transporte. Utilize lacres com requisitos de
inviolabilidade.
✓ O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência
adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo.
Observação: Numere cada vestígio, cada vestígio deve ter seu recipiente.
Todos os vestígios coletados deverão ser registrados individualmente em
formulário próprio no qual deverão constar, no mínimo, as seguintes
informações:
a) especificação do vestígio;
b) quantidade;
c) identificação numérica individualizadora;
d) local exato e data da coleta;
e) órgão e o nome /identificação funcional do agente coletor;
f) nome /identificação funcional do agente entregador e o órgão de destino
(transferência da custódia);
g) nome /identificação funcional do agente recebedor e o protocolo de
recebimento;
h) assinaturas e rubricas;
i) número de procedimento e respectiva unidade de polícia judiciária a que o
vestígio estiver vinculado.
4. LOCAL DO CRIME

O chamado local do crime é o local onde ocorreu a conduta delituosa, refere-


se ao espaço físico no qual se desenvolveu uma situação que observada na ótica
legal, pode ser configurado como um homicídio, um suicídio ou um acidente. Ou
seja, é toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração de
delito e que, portanto, exija as providências da Polícia Judiciária. Neste conceito
estão compreendidos os crimes de qualquer espécie, bem como, todo fato que,
não constituindo crime, deva chegar ao conhecimento da polícia, a fim de ser
convenientemente esclarecido.
Para o professor Carlos Kehdy, em sua obra “Elementos de Criminalística” de
1968, define local de crime como “toda área onde tenha ocorrido qualquer fato
que reclame as providências da polícia”. Por outro lado, para Eraldo Rabello,
local de crime é a “porção do espaço compreendida num raio que, tendo por
origem o ponto no qual é constatado o fato, se estenda de modo a abranger
todos os lugares em que, aparente, necessária ou presumivelmente, hajam sido
praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou
posteriores, à consumação do delito, e com este diretamente relacionados”.
A cena ou local de crime é o ambiente onde ocorreu a ação delituosa,
compreendendo todo o espaço físico onde se encontrarem vestígios desta ação.
Nele se concentram os vestígios que auxiliarão a investigação policial se forem
corretamente levantados e interpretados. Desta maneira, a delimitação do
espaço físico e a proteção dos vestígios são aspectos fundamentais, todos
relacionados direta ou indiretamente com o fato a ser levantado e elucidado.
A preservação da cena de crime é, atualmente, um tema bastante discutido,
onde sempre é repetido sobre a importância de sua preservação, principalmente,
quando da formação dos operadores de segurança pública, contudo, mesmo
com essa frequência na discussão do tema, ainda hoje é observado a não
obediência à totalidade dos procedimentos necessários para uma correta
preservação do local.
É importante se destacar que muitas vezes escutamos que o local do fato
delituoso é o mesmo local onde, por exemplo, o cadáver é encontrado, sendo
incorreto tomar tais termos como sinônimos. O lugar do fato é onde acontece o
evento criminoso, por exemplo, o homicídio, contudo, muitas vezes, o cadáver
pode ser encontrado em outro lugar distinto do local onde aconteceu o homicídio,
então, uma pessoa pode ser assassinada no interior de uma casa e,
posteriormente, ser abandonada em um terreno, em uma região periférica da
cidade.
Quando são distintos e separados o lugar onde aconteceu o homicídio e o
lugar onde se encontra o corpo, esse último será considerado um lugar
relacionado ou distante e o primeiro será o lugar do fato, contudo, nos dois
lugares devemos atuar da mesma maneira, pois todos os locais são muito
relevantes para a investigação, tendo em vista que todo e qualquer vestígio pode
ser muito importante para desvendar um fato criminoso e nos dois locais haverá
a presença de vestígios da ocorrência.
Então, no caso, por exemplo, onde uma vítima é assassinada em uma
residência, depois é transportada em um veículo e finalmente abandonada em
um campo, falaremos do lugar do fato no primeiro caso, e em locais relacionados
ou distantes para o veículo e para o campo.

4.1. Classificação dos Locais de Crime

❖ Quanto a natureza da área


Local interno: Se for dotado de algum tipo de obstrução ou cercamento que
objetive restringir o acesso ao mesmo, é denominado local interno, como por
exemplo, interior de edifícios, residências, lojas, pátios de estacionamento,
garagens, etc.
Local externo: se o espaço físico ocupado pelo local do crime é de acesso
livre, ou seja, sem delimitações físicas à entrada, configura-se como local
externo, como por exemplo, campo aberto, cerrado, fazenda, rua, praça, etc.
Esses locais reclamam uma maior atenção da autoridade policial, em relação à
preservação, e do perito no sentido de realizar o exame o mais rápido possível.
Não se deve confundir local externo com local público ou aberto. Os locais
externos podem ser públicos ou privados, conforme permitam ou não a livre
afluência de populares. Da mesma forma, os locais internos podem ou não ser
privado.
Aberto ou fechado: se há no espaço compreendido pelo local de crime algum
tipo de proteção contra as intempéries, este é chamado local fechado. Se não
há tal tipo de proteção, será denominado local aberto;
Público ou particular: tal classificação é relativa à propriedade da área do
local do crime, se espaço público ou propriedade particular.
Relacionadas são as áreas que, embora fisicamente afastadas do local do
fato, apresentam vestígios e indícios que guardam relação de interesse com o
evento ocorrido. Seja o exemplo de uma carta suicida deixada no local de
trabalho, tendo o ato extremo ocorrido na residência da vítima; a arma utilizada
em um homicídio, abandonada pelo autor a quilômetros do local; partes do corpo
da vítima deixadas em um terreno distante do lugar em que ocorreu o crime, etc.

❖ Quanto à região de ocorrência ou âmbito da perícia:


Imediato: é a área de maior concentração de vestígios da ocorrência do fato,
geralmente é o local onde ocorreu o fato, ou seja, o local propriamente dito.
Mediato: compreende as adjacências do local onde ocorreu o fato, sendo
definido por Carlos Kedy como “a área intermediária entre o local onde ocorreu
o fato (local propriamente dito) e o grande ambiente exterior.
Relacionado: São aqueles que se referem a uma mesma ocorrência, isto é
quando duas ou mais áreas diferentes se associam ou se completam na
configuração do delito. É o que ocorre, por exemplo, na falsificação, num local
se prepara o material falsificado e em outro ele é negociado.
Como exemplo há a situação de um homicídio que é perpetrado no interior de
uma casa, onde os autores executam a vítima, embalam o corpo e o transportam
no interior de um veículo para uma via pública distante da residência. Neste
contexto, o local imediato será o veículo, o local mediato, o trecho da via pública
onde o mesmo se encontra, e o local relacionado será a residência onde se
perpetrou o homicídio.

❖ Quanto à natureza do fato típico:


o Homicídio
o Suicídio
o Incêndio
o Furto
o Roubo
o Latrocínio
o Aborto, dentre outros.

❖ Quanto à preservação:
Local idôneo, preservado ou não violado: é aquele em que a cena do crime
e os demais vestígios não foram alterados em absolutamente nenhum dos seus
aspectos. É um local de difícil ocorrência, vez que o simples acesso do primeiro
policial ao mesmo, seja para verificar as condições de segurança do mesmo,
seja para verificar o estado da vítima ou prestar socorro à mesma, já
descaracteriza o local, por deixar vestígios da passagem do mesmo;
Local inidôneo, não preservado ou violado: quando há a alteração de
características do local que não tenham por objetivo a preservação da segurança
ou da vida da vítima, esta alteração transformará este local em inidôneo, uma
vez que foi desnecessária e alterou as condições iniciais do local logo após o
crime.

4.2. Croqui do Local do Crime

O desenho criminalístico é uma ferramenta indispensável para todos os


profissionais envolvidos na investigação. Ele serve de assistência para examinar
dados locais e colocar as informações de modo que todos possam entendê-las
e saibam interpretá-las.
O croqui do local do crime tem diversas finalidades como por exemplo:

• Facilidade de localizar de modo preciso os vestígios e indícios


encontrados
• Serve como recurso para apontar determinados vestígios e suprimir
outros, permitindo a compreensão dos dados ilustrados e afirmações
sobre o ocorrido
• Retrata a dinâmica de um fato
• Pode representar diferentes versões de um mesmo fato
• É um registro preciso e permanente do que foi encontrado no local do
crime
O croqui do local do crime pode ilustrar diferentes tipos de laudos e tem como
essência a visualização do fato ocorrido, abaixo temos um exemplo, o croqui,
quando acompanhado ao laudo pericial dá uma visão ampla àqueles que se
utilizem do conjunto probatório para entender o que ocorreu no local,
especialmente em acidentes de trânsito, conforme podemos observar na figura
a seguir:
Nesta figura constata-se uma colisão entre um veículo automotor e uma
motocicleta com vítima fatal, expõe a direção e como ocorreu o fato, assim como
foi encontrado o local do fato no momento que a perícia chegou. Existem três
etapas para o levantamento do local de acidente de trânsito:
1. O exame do local propriamente dito;
2. O levantamento fotográfico;
3. O croqui do local;

Nessas etapas recomenda-se que o trabalho pericial se inicie pelo


levantamento fotográfico, visto que, para a sua realização, necessitará de a
maior observação, em relação a todos os ângulos.
Assim efetivando o relatório final do Perito Criminal. Para se definir o local do
crime, deve-se analisar o fato e seus institutos, mesmo sendo quase que tênue
a diferença entre ambos, contudo vale dizer, que o local do crime abrange muito
mais do que uma área exposta.
O croqui do local dos fatos será de suma importância na visão do magistrado
quando houver a necessidade de acolhimento do laudo pericial.

4.3. Isolamento e preservação

O Código de Processo Penal garante, no seu artigo 169, o respaldo


necessário para o isolamento e preservação da cena do crime:
Art. 169 - Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único – Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado
das coisas e discutirão, no relatório, as consequências destas alterações na
dinâmica dos fatos.
O artigo 6º do CPP indica as medidas que devem ser tomadas pela autoridade
policial tão logo tome conhecimento da prática de uma infração penal. Entre as
medidas preconizadas, a primeira tarefa é de “dirigir-se ao local, providenciando
para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos
peritos criminais” e em segundo lugar, “apreender os objetos que tiverem relação
com o fato, após liberados pelos peritos criminais”.
Os objetivos do exame do local de crime se confundem com os objetivos da
criminalística, ou seja: constatar o delito, qualificar a infração penal, a coleta de
vestígios e perpetuar os vestígios constatados. Para atingir os objetivos citados,
é necessária a aplicação de técnicas que registrem as características gerais e
particulares de um lugar relacionado com um fato presumidamente delituoso.
O isolamento e a consequente preservação do local de infração penal são
garantias que o perito terá de encontrar a cena do crime conforme fora deixado
pelo (s) infrator (es) e pela vítima (s) e, com isso, ter condições técnicas de
analisar todos os vestígios. É também uma garantia para a investigação como
um todo, pois teremos muito mais elementos para analisar e carrear para o
inquérito e, posteriormente, para o processo criminal. É necessário entender que
o isolamento e preservação da cena do crime não é um processo único. Há uma
sutil diferença entre isolamento e preservação. O isolamento é o ato de impedir
o acesso de qualquer pessoa à cena do crime que não seja aquela responsável
pela coleta e análise dos vestígios.

4.4. Responsabilidade do primeiro policial

Muitas vezes a chegada de pessoal adicional pode causar problemas na


proteção da cena. Apenas aquelas pessoas responsáveis pela investigação
imediata do crime devem estar presente. Pessoas não essenciais nunca devem
ser permitidas em uma cena de crime, garantido ao menos que possam
acrescentar algo (que não seja contaminação) para a investigação da cena. Uma
maneira de dissuadir as pessoas de entrar desnecessariamente é ter apenas
uma entrada e saída na cena do local a ser periciado.
A polícia militar tem papel fundamental na preservação e isolamento do local
do crime, impedindo que as evidências sejam contaminadas ou introduzias no
local fazendo que a eficácia na perícia criminal seja mais atuante e discriminada
evitando qualquer dano e também na forma importante no que tange chegar ao
local do crime primeiramente.
Se pessoas estranhas tiverem que entrar na cena, certifique de que sejam
escoltados por alguém que está trabalhando na cena. Isso será necessário para
que haja a possibilidade de que inadvertidamente destruam qualquer evidência
de valor ou deixe qualquer evidência inútil.
Caso haja alguma vítima no local, o policial deve se preocupar primeiro em
prestar socorro a ela. Depois que todas as medidas de suporte foram tomadas,
o policial precisa isolar o local afim de manter sua integridade. É importante
salientar que a entrado ao local imediato/mediato ao corpo de delito precisa ser
feita pelo ponto acessível mais próximo, tendo como objetivo fazer com que a
trajetória do policial ao corpo de delito seja uma reta.
Cabe à autoridade policial (delegado de polícia) apenas isolar a área e
constatar a existência do fato criminoso. O exame do local e seus vestígios ficam
por conta dos peritos. Se a autoridade não puder ir ao local do crime, deverá
mandar em seu lugar, para constatar o fato, um agente. No entanto, isso não
retira sua responsabilidade.
A perícia local só termina quando o perito esgota todas as possibilidades de
exames a serem feitos. Mesmo quando finalizado, a autoridade policial pode
optar por manter ou não a cena isolada.

Em resumo:
✓ Primeiro policial: verifica a existência da ocorrência e isola o local do
crime
✓ Demais policiais: isolam e preservam o local
✓ Autoridade policial: comparece ao local e solicita a perícia, devendo,
em todos os momentos, garantir a segurança dos seus peritos e
equipe, além de apreender objetos relacionados com o fato, uma vez
que já foram liberados pelo perito.
✓ Peritos: realizam a perícia local e documentam todas as informações
que possuam relação com o trabalho desenvolvido.
5. LAUDO PERICIAL

O laudo pericial é o relato do técnico ou especialista designado para avaliar


determinada situação que está dentro de seus conhecimentos. O laudo é a
tradução das impressões captadas pelo técnico ou especialista, em torno do fato
litigioso, por meio dos conhecimentos especiais de quem o examinou.
É um dos meios de prova utilizados pelo juiz para proferir a sentença, embora
no direito penal brasileiro o juiz não esteja adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo
ou rejeitá-lo integral ou parcialmente. Diante de matéria técnica que exige
conhecimentos especializados, o juiz pedirá um laudo ao especialista respectivo.
Difere do parecer, que é uma resposta à consulta de uma das partes sobre dados
pré-existentes, em geral, culminando numa conclusão ou solução para o litígio.
Em suma, é uma opinião especializada de um profissional habilitado sobre
matéria fática para solucionar discórdias em discussões judiciais, e pode versar
sobre variadas matérias: medicina, engenharia, informática, meio ambiente,
acidentes de trânsito, psicanálise
Portanto, todos os exames periciais, realizados pelos peritos criminais,
corporificam-se nessa peça técnica escrita, formalizada de forma estruturada e
com linguagem simples, imparcial, técnica e objetiva, na qual os peritos
descreverão todos os seus achados e consignarão todas as suas conclusões
sobre o objeto da perícia em questão.
O perito criminal possui tal responsabilidade que equívocos descritos no laudo
podem significar a absolvição de culpados ou até mesmo a condenação de
inocentes. Zarzuela (2000) diz que o laudo pericial consiste em uma exposição
minuciosa, circunstanciada, fundamentada e ordenada de apreciações e
interpretações realizadas pelo perito, com pormenores enumerados e
caracterizados dos elementos materiais encontrados no local do fato, no
instrumento do crime, na peça de exame e na pessoa física, viva ou morta.
Conforme menciona o artigo 160 do CPP, os peritos elaborarão o laudo
pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem e responderão
aos quesitos formulados. Além de toda a observação, descrição pormenorizada
das análises e interpretações da perícia (máxima visum et repertum), o perito
criminal deve também responder os quesitos formulados pelas autoridades e/ou
pelas partes até o ato da diligência (art. 176 CPP)
Com a participação dos assistentes técnicos no contexto forense do
contraditório e da amplia defesa, e nas análises periciais para produção de
provas, os peritos oficiais também constam em seu laudo as respectivas
respostas aos quesitos lançados pelas autoridades requisitantes ou pelas
partes/assistentes técnicos, tanto no laudo inicial (laudo de levantamento de
local de crime, laudo de exame cadavérico, laudo de eficácia de arma de fogo
etc – o laudo recebe geralmente o nome relacionado ao objeto da perícia) quanto
no laudo complementar.
O laudo também pode ser ilustrado por meio de provas fotográficas,
esquemas ou desenhos, devidamente rubricados (art. 165 do CPP), de forma a
auxiliar o entendimento dos leitores (advogados, partes, assistentes técnicos,
delegado, promotor, juiz etc). Mas não é obrigatório! A única fotografia
obrigatória é a do cadáver na posição em que for encontrado.
Em exames de drogas, também há o laudo de constatação preliminar, onde o
perito constata a presença de substância ilícita por meio de um exame
empregando metodologia mais simples quando há suspeito preso; e
posteriormente é elaborado o laudo definitivo, realizando exames por meio de
metodologias mais precisas para determinação das substâncias.
Também pode ocorrer de o perito precisar complementar o seu laudo pericial
por meio de um laudo complementar sempre quando houver inobservância de
formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições. Além
disso, poderá proceder a novo exame quando houver divergências entre peritos.
De acordo com o art. 100 do CPP, o prazo de entrega do laudo pericial é de
10 dias, sendo que este prazo máximo pode ser prorrogado, em situações
excepcionais, caso o perito acredite ser necessário. O prazo começa a contar a
partir da data de realização do exame pericial. Na prática, alguns peritos
começam a contar esse prazo a partir da cobrança do laudo pericial por parte da
autoridade requisitante.
6. CADEIA DE CUSTÓDIA

Existem diversas possíveis definições para “cadeia de custódia”. Bonaccorso


(2007), por exemplo, a define como "o conjunto de procedimentos que visa
garantir a autenticidade dos materiais que serão submetidos a exames, desde a
coleta até o final da perícia realizada".
Entretanto, a cadeia de custódia não termina quando acaba a perícia. Para
garantir a valoração e credibilidade das provas produzidas, é fundamental que
se conheça a integralidade de todo o caminho percorrido pelo vestígio até vir a
se tornar uma evidência e, posteriormente um indício, assegurando a
credibilidade da prova no processo desde o seu surgimento no local de crime até
o trânsito em julgado, e não com o término da perícia.
Segundo o mestre Alberi Espindula (2013), a cadeia de custódia é a “garantia
de total proteção aos elementos encontrados e que terão um caminho a
percorrer, passando por manuseio de pessoas, análises, estudos,
experimentações e demonstração – apresentação, até o ato final do processo
criminal”.
A credibilidade dos exames periciais depende não somente da qualidade dos
exames realizados mis também do respeito à cadeia de custódia para a
integridade da prova produzida, uma vez que se conhece todo o seu percurso
metodológico e cronológico desde o seu surgimento até a utilização pelos juízes
na prolação da sentença, garantindo a validade dos exames periciais.
Portanto, a cadeia de custódia consiste em documentar a história cronológica
da evidência, para rastrear a posse e o manuseio da amostra em todas as fases
do processo, com a finalidade de assegurar e confiabilidade das provas no
processo. O principal objetivo consiste em proteger a fidelidade da prova
material, de modo a evitar dúvidas quanto aos elementos probatórios, evitando
provas forjadas para incriminar alguém. Todo caminho do vestígio deve ser
documentado de forma oficial. Isso tudo acontece para que a prova possa ser
rastreada.
A legislação brasileira não apresenta de forma precisa uma regulamentação
da cadeia de custódia apenas faz menção de forma dispersa no Código de
Processo Penal Brasileiro (CPP). Com a nova reforma do CPP, especificamente
no parágrafo sexto do art. 159, o material probatório que serviu para elaboração
da prova pericial pelo perito oficial poderá ser a matéria-prima para reexame
pelo assistente técnico.
O Estado passa a ter uma responsabilidade ainda maior, pois antes, a
guarda da contraprova era feita de modo relativo. Porém o Estado passa a ter a
responsabilidade de custodiar o elemento de prova de maneira a garantir que o
material periciado em todas as organizações de perícia oficial conserve as
mesmas características intrínsecas e extrínsecas.
A cadeia de custódia possibilita a produção da prova pericial com qualidade e
vem ocupando uma tamanha importância para a credibilidade dos órgãos de
perícia oficial. A qualidade do produto reflete na credibilidade da instituição.
Aquela organização que presta um serviço ou elabora um produto de qualidade,
ou seja, confiável, seguro, acessível e que atenda a necessidade do cliente
é uma organização que transmite confiança, credibilidade e segurança para o
cliente, cidadão e toda sociedade.
Os vestígios destinados a elaboração da prova pericial relacionados com a
cena do crime devem ser tratados com rigor técnico e científico com a finalidade
de manter sua integridade e idoneidade. Todos os procedimentos devem ser
documentados e registrados, inclusive com o nome de todas as pessoas
envolvidas na custódia do material. Compreendendo o significado de que muitos
vestígios desaparecem facilmente e sem a possibilidade de ser repetidos na fase
processual. Nesse sentido, dizemos que a cadeia de custódia tem início com a
preservação do local que ocorreu a infração penal, fator importante para a
confiabilidade do produto final.
A cadeia de custódia oferece qualidade ao produto elaborado pelos os órgãos
responsáveis pela garantia da integridade e idoneidade da prova pericial, bem
como para o inquérito policial elaborado pela autoridade policial dos órgãos de
polícia judiciária, para a denúncia oferecida pelo Promotor de Justiça do órgão
Ministério Público, ou seja, sua importância não se restringe apenas ao produto
elaborado pelos órgãos de perícia oficial. Todos necessitam da materialidade
do fato nas infrações que deixam vestígios para que possa desempenhar com
qualidade as suas funções.
A prova sem merecer distinção de sua espécie é um instrumento que busca
conduzir à verdade jurídica sobre um determinado fato. Sendo a prova pericial
um meio de prova produzida com conhecimento científico com a finalidade de
produzir o convencimento do juiz quanto à verdade dos fatos que consta no
processo.
A cadeia de custódia pode mostrar toda a história da prova pericial que chegar
aos tribunais e pode mostrar a transparência de todo processo produção por
meio do rastreamento de todo procedimento de produção. Conhecer a prova
pericial com base nos resultados produzidos apenas por uma tecnologia de
ponta pode levar a um conhecimento errado da realidade analisada.
Quando o cidadão entra em conflito com o Estado, observa-se de um lado a
liberdade do cidadão ameaçada e do outro o direito de punir do Estado. Com o
conflito estabelecem-se as garantias do cidadão: o devido processo legal, o
contraditório e a ampla defesa para a busca do desvelamento de valores
significativos para a sociedade: a verdade e a justiça.
A implantação de um programa de cadeia de custódia é uma necessidade
para adequar as organizações responsáveis pela preservação da prova pericial
a uma nova forma de funcionamento. Nas organizações de perícia oficial as
transformações são exigidas pelo avanço tecnológico, amadurecimento
profissional, facilidade e velocidade com que trafegam as informações e a nova
reforma do Código de Processo Penal elencada no parágrafo sexto, art. 159 no
que tange ao contraditório da prova pericial.
Estados Unidos da América (EUA) apresenta uma cultura da exigência do
cumprimento da cadeia de custódia da prova pericial, principalmente após o caso
de O. J. Simpson, ex-jogador de futebol americano, “Nesse caso, a polícia
encontrou uma cena que revela o caminho do criminoso.” Havia uma acusação
contra ele de duplo homicídio, após a descoberta dos corpos de Nicole Simpson
e Ron Goldman, sua ex-mulher e amigo, respectivamente. O julgamento durou
372 dias. Segundo algumas fontes, a palavra ‘sangue’ foi dita quinze mil vezes
no julgamento. E foi justamente esta evidência que acabou decidindo o caso.
A polícia encontrou uma cena de crime com muitas provas latentes: muito
sangue, peças de vestuário, pegadas e uma trilha de sangue que revelava o
caminho seguido pelo criminoso(a). Seguindo estas pistas, os policiais chegaram
à casa do ex-marido de Nicole, O. J. Simpson, obtendo no local mais evidências:
manchas de sangue em seu carro, nas suas meias e no chão do jardim. Exames
de DNA comprovaram que esse sangue era das vítimas.
Assim, a promotoria acreditava ter nas mãos um caso que não poderia ser
contestado. Mas foi surpreendida pela estratégia dos advogados de defesa: o
questionamento das provas. As câmeras de televisão flagraram um perito da
polícia coletando amostras sem luvas, policiais manipulando evidências sem
trocar as luvas e muitas pessoas circulando na cena do crime, a qual não tinha
sido bem isolada.
Além disso, as evidências foram coletadas sem identificação e registro
prévios, as amostras foram conservadas e empacotadas sem a devida
separação e, o mais grave: a coleta foi feita por apenas uma pessoa, sem
testemunhas. Finalmente, os advogados provaram que o laboratório criminal da
polícia de Los Angeles não cumpriu padrões mínimos de manuseio, preservação
e separação das evidências.
Com base nesses erros, a defesa alegou negligência no manuseio das provas
e contaminação das mesmas, acusando os policiais de possível fraude. As
provas foram desconsideradas e o réu foi absolvido. Posteriormente, em 1997,
Simpson foi submetido a um julgamento cível no qual foi declarado culpado e
condenado a pagar US$ 33,4 milhões aos familiares das vítimas. Até onde se
sabe a família, até hoje, ainda não recebeu o valor referido.
O "julgamento do século", com ficou conhecido, se tornou um circo sem
precedentes, despertou o fantasma do racismo e criou sérias dúvidas sobre o
funcionamento do sistema judicial americano. As enquetes mostraram que a
maior parte dos americanos brancos achava que Simpson era culpado, enquanto
a maioria dos negros acreditava na sua inocência.
É importante salientar às pessoas, portanto, com base no exemplo do caso
de O. J. Simpson, que preservar a cena do crime é fundamental para a
investigação e a solução do caso. Por isto que existe toda uma preocupação,
como o isolamento do local do crime. Além disto, os procedimentos de coleta e
conservação das evidências devem passar por um rigoroso protocolo, a fim de
evitar a contestação de provas, como ocorreu no caso narrado.
Daí verificar-se a necessidade de manter o cumprimento da cadeia de
custódia em todos os seus aspectos, caso contrário, pode contribuir para a
impunidade ou punir um inocente.
QUESTÕES

1. FUNDATEC - Técnico em Perícias (IGP-RS)/Técnico em Radiologia/2017


Analise as seguintes assertivas sobre a definição de Criminalística:
I. Disciplina que tem como objetivo a interpretação de indícios materiais
extrínsecos relativos ao crime e intrínsecos relativos à pessoa.
II. Disciplina que tem como princípios fundamentais a observação, a análise, a
interpretação, a descrição e a documentação.
III. Disciplina que integra os diferentes ramos do conhecimento técnico-científico
tendo por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pessoa, atuando
de forma auxiliar e informativa nas atividades policiais e judiciárias.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III.
Resolução: Ótima questão para treino! Vamos analisar tudo: item i: incorreto,
pois a criminalística não estuda os elementos materiais intrínsecos à pessoa,
apenas os vestígios extrínsecos relacionados ao crime e ao criminoso. Item II:
está correto quanto aos princípios fundamentais. Item III: também está correto,
pois a criminalística é multidisciplinar, com diversas áreas do conhecimento
auxiliando no estudo dos vestígios extrínsecos relacionados ao crime e ao
criminoso. Apenas II e III corretos!

Gabarito: D

2. CESPE - Perito Oficial (PC-PB)/Criminal/2009


Criminalística é
a) a transposição, para o inquérito, do resultado dos exames técnicos realizados
no local do delito, determinando a materialidade e apontando a autoria.
b) a ciência que visa ao estudo das armas de fogo, da munição e dos fenômenos
e efeitos próprios dos disparos dessas armas, no que tiverem de útil ao
esclarecimento e à prova de questões de fato, no interesse da justiça, tanto penal
como civil.
c) a ciência que trata do estudo dos documentos que contêm um registro gráfico.
d) o conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos que, no âmbito do
direito, concorrem para a elaboração, a interpretação e a execução das leis
existentes e ainda permite, por meio da pesquisa científica, o seu
aperfeiçoamento.
e) o sistema que se dedica à aplicação de faculdades de observação e de
conhecimento científico que levem a descobrir, defender, pesar e interpretar os
indícios de um delito, com vistas à descoberta do criminoso, possibilitando, à
justiça, a aplicação da justa pena.

RESOLUÇÃO: A melhor alternativa para a questão é a alternativa da letra E! (A)


Incorreta, pois não é a transposição dos resultados dos exames periciais para o
IP, e nem sempre vai apontar a autoria do delito. (B) Incorreta, pois a alternativa
faz alusão à Balística Forense. (C) Incorreta, pois a alternativa trata da
Documentoscopia. (D) Incorreta, o texto fala sobre a Medicina Legal, e não sobre
a Criminalística.

Gabarito: E

3. FDRH - Fotógrafo Criminalístico (IGP-RS)/2008


Considere as afirmações abaixo acerca da definição de Criminalística.
I – É um sistema de conhecimentos técnicos e científicos de diversas ciências,
utilizado com a mesma finalidade dessas.
II – É o ramo do conhecimento que colabora com as investigações policial e
judicial, ouvindo depoimentos de pessoas e analisando-os tecnicamente.
III – É a ciência que estuda os vestígios intrínsecos ao corpo humano.
IV – É a ciência que estuda os vestígios materiais extrínsecos ao corpo humano
e os locais de crime.
Quais estão corretas?
a) Apenas a III. b) Apenas a IV. c) Apenas a I e a II. d) Apenas a I e a III.
e) Apenas a II e a IV.
RESOLUÇÃO: I: incorreta, pois a Criminalística não possui a mesma finalidade.
II: incorreta, pois a Criminalística não colabora produzindo provas de natureza
subjetiva, como a coleta de depoimento de testemunhas. III: incorreta também,
pois estuda os vestígios EXTRÍNSECOS relacionados ao crime e ao criminoso.
IV: única opção considerada como correta, matando a questão na letra B
(apenas a IV correta).
Gabarito: B

4. IESES - Auxiliar (IGP-SC)/Criminalístico/2014


Autor reconhecido como o pai da Criminalística no mundo, publicou o livro
Manual Prático de Instruções Jurídicas, que deu início ao estudo do sistema de
Criminalística, no qual as ciências naturais e as artes eram usadas para a
elucidação de crimes.
A sentença acima se refere a:
a) Erwin Höpler. b) Hans Gross. c) Cesare Lombroso. d) Enrico Ferri.
RESOLUÇÃO: Questão tranquila que pode cair em sua prova. Fiquem atentos
sempre com datas e com a associação entre obras e os cientistas forenses.
Quem escreveu o livro “Manual Prático de Instruções Jurídicas” e é considerado
o PAI DA CRIMINALÍSTICA é o grande Hans Gross (letra B). Importante
conhecerem as demais personalidades, principalmente a importância e as obras
de Cesare Lombroso e de Enrico Ferri na história da Criminologia!

Gabarito: B
5. FUMARC - Perito Criminal (PC-MG)/2013
O estudo dos vestígios em um local de crime tem como objetivo, EXCETO:
a) estabelecer a dinâmica do evento.
b) trabalhar para a identificação da vítima.
c) reconstruir a cena do fato em apuração.
d) demonstrar subjetivamente a existência do fato delituoso.
RESOLUÇÃO: O examinador perguntou sobre a alternativa incorreta. As
alternativas A, B e C estão corretas quanto aos objetivos do estudo ou análise
dos vestígios em um local de crime. A alternativa D está incorreta, pois a análise
dos vestígios não demonstra subjetivamente a existência do fato delituoso, mas
sim OBJETIVAMENTE. A perícia é objetiva e imparcial em busca da verdade.

Gabarito: D

6. Instituto AOCP - Agente (ITEP RN) / Necrópsia / 2018


Entende-se por Cadeia de Custódia:
a) o conjunto dos conhecimentos e técnicas necessários à elucidação dos crimes
e à descoberta de seus autores, mediante a coleta e interpretação dos vestígios,
fatos e consequências supervenientes.
b) a relação entre o custo do encarceramento de criminosos e o benefício social
decorrente da restrição da liberdade nos moldes da filosofia de Foucault.
c) o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a
história cronológica do vestígio, para rastrear sua posse e manuseio a partir de
seu reconhecimento até o descarte.
d) o procedimento de investigação típico da polícia judiciária que visa apurar as
circunstâncias de um crime, apontar a autoria e que precede a ação penal,
motivo pelo qual inaugura o processo com uma cadeia de eventos investigatórios
sucessivos e cuja guarda (custódia) documental é rastreável.
e) o local em que se mantém um indivíduo preso (custodiado), sendo os motivos
para tais variantes de acordo com os tipos: prisão temporária, prisão preventiva,
prisão em flagrante e prisão para execução de pena.

Gabarito: C
Referências Bibliográficas

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