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VI – ADERÊNCIA E ANCORAGEM DA ARMADURA LONGITUDINAL

TRACIONADA DE PEÇAS FLETIDAS

1- ADERÊNCIA

Uma das principais características do material concreto armado é que os


materiais constituintes (concreto e aço) devem agir solidariamente para resistir aos
esforços a que forem submetidos. Essa solidariedade impede que haja escorregamento
relativo entre as barras de aço e o concreto que as envolve. O funcionamento conjunto é
garantido pela existência de uma aderência entre os dois materiais. Esta aderência pode
ser:

a) por adesão: devido a ligações físico-químicas na interface aço/concreto durante a


pega do cimento aparece uma resistência de adesão que se opõe à separação dos
dois materiais;

b) por atrito: o coeficiente de atrito entre o aço e o concreto é função da rugosidade


superficial da barra;

c) mecânica: as saliências da barra mobilizam tensões de compressão no concreto.

Figura VI – 1: Aderência mecânica.

A separação da aderência em três parcelas é apenas teórica, pois não se pode


determinar cada uma delas isoladamente..
A aderência entre os dois materiais é mais solicitada nas zonas de ancoragem,
pois é preciso transferir os esforços da armadura para o concreto adjacente. A questão
fundamental é determinar o comprimento necessário para que esta transferência possa
ser feita.
Valores médios de aderência são determinados através de ensaios, como o
ensaio de arrancamento

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ENSAIO DE ARRANCAMENTO

Ao se tentar arrancar uma barra de aço imersa em um maciço de concreto, são


mobilizadas tensões de aderência (τb) na interface dos dois materiais. O objetivo do
ensaio é determinar o comprimento mínimo necessário de ancoragem para que a barra
não sofra um deslocamento relativo em relação ao concreto; ou seja, o comprimento
mínimo necessário para que a barra transmita ao concreto a força Rst.

τb
φ
Rst

concreto
lb

Figura VI – 2: Ensaio de arrancamento.

Este comprimento (lb), denominado comprimento de ancoragem, é determinado


através do equilíbrio de forças, considerando que a tensão de aderência seja constante
ao longo de todo comprimento da barra:

Faço = Fconcreto

A s σs = u l b τ →
πφ2
σ = π φ lb τ → lb =
φ σ s
bu
4
s bu
4 τ
bu

onde:
- φ : diâmetro da barra
- u : perímetro da barra
- As : área da seção transversal da barra
- σS : tensão na barra de aço

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2 – ANCORAGEM

Segundo a NBR 6118, todas as barras das armaduras devem ser ancoradas de
forma que os esforços a que estejam submetidas sejam integralmente transmitidos ao
concreto.

a) comprimento de ancoragem básico (item 9.4.2.4)

O comprimento de ancoragem é função da conformação superficial das barra, da


qualidade do concreto, da posição da armadura em relação as etapas de concretagem,
dos esforços de tração nas barras e do arranjo da própria ancoragem.

φ fyd
lb = ≥ 25φ
4 fbd
onde:
φ : diâmetro da barra
fyd : tensão de escoamento do aço
fbd : resistência de aderência

b) resistência de aderência (item 9.3.2.1)

O cálculo do comprimento de ancoragem reta é feito em função da resistência de


aderência fbd, a seguir especificada

fbd = η1 η2 η3 fctd

onde:
- fctd : valor de cálculo inferior da resistência à tração do concreto = fctk,inf / 1,4
2/3
 fctd = 0,15 fck (MPa)

- η1 : coeficiente de conformação superficial (Tabela 8.3)


= 1,0 barras lisas - CA-25
= 1,4 barras entalhadas - CA-60
= 2,25 barras nervuradas - CA-50

- η3 : coeficiente que depende do diâmetro da barra


= 1,0 φ < 32mm
= (132 - φ) / 100 φ > 32mm

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- η2 : coeficiente que depende da posição da barra durante a concretagem
= 1,0 boa aderência

= 0,7 má aderência

30cm
h<
<60cm h>60cm

30cm

boa
boa

Figura VI – 3: Zonas de aderência.

c) comprimento de ancoragem necessário (item 9.4.2.5)

O comprimento de ancoragem básico pode ser reduzido quando a armadura


efetivamente existente na região de ancoragem (Asef) é maior que a armadura
necessária para suportar a força de tração na armadura na zona de ancoragem (Ascal)
e/ou com o emprego de ganchos, sempre respeitando o valor limite mínimo.

0,3 l b
A s,cal 
l b,nec = α l b ≥ lb,min 10 φ
A s,ef 10 cm

Os ganchos diminuem o comprimento de ancoragem porque mobilizam, além das


tensões tangenciais, tensões normais no trecho curvo. O coeficiente α vale:

α = 1,0 sem gancho


= 0,7 com gancho

A determinação da área de aço necessária para equilibrar a força de tração na


armadura na zona de ancoragem junto aos apoios (Rst), As,cal, é feita a partir do
diagrama de momentos deslocado:
R st al
A s ,cal = e R st = Vd ≥ 0,5 Vd
f yd d

onde
- Vd → valor de cálculo, não reduzido, da força cortante junto ao apoio
- al → deslocamento do diagrama

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3 - DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS (item 17.4.2.2.c)

Para se determinar os esforços de tração das barras longitudinais (Rst) deve-se


utilizar um diagrama de momentos obtido pelo deslocamento do diagrama original,
paralelamente ao eixo da peça e no sentido mais desfavorável, de valor al dado pela
decalagem do diagrama de forças do banzo tracionado (estribos verticais):

 Vsd, max 
al =  d 0,5d ≤ al ≤ d
 2(Vsd,max − V )
c 

Pode-se justificar a utilização deste deslocamento do diagrama pela comparação


de momentos calculados através da teoria de vigas e pela analogia da treliça. Pela teoria
de vigas, os momentos atuantes nas seções 1 e 2 da viga da Figura VI-4 valem

M1= P c = Rst1 z e M2= P (c + al) = Rst2 z

P P
Fcc
1 2

P c al P
z
Rst

al

Figura VI – 4: Viga fletida.

Já segundo analogia da treliça, ver Figura VI-5, estes momentos são dados por

M1 = P c = Rst1 z - Ncc dv e M2 = P (c + al) = Rst1 z

1 Fcc2 Fcc1
2 1
Nst z Ncc z
Rst1 Rst1

P c al P c

Figura VI – 5: Analogia da treliça.


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Conforme visto acima, as forças Rst1 calculadas pelas duas metodologias têm
valor diferentes

Rst1 = M1 / z (teoria de vigas)

Rst1 = (M1 + Ncc dv ) / z = M2 / z (analogia de treliça)

justificando o emprego do deslocamento do diagrama original proposto pela NBR6118. A


interpretação física deste deslocamento é mostrada na Figura VI-4.

4 - ANCORAGEM NOS APOIOS INTERMEDIÁRIOS (item 18.3.2.4.c)

Nos apoios intermediários, onde não ocorre momento positivo, o comprimento de


ancoragem pode ser igual 10φ, ver Figura VI-7.

10φ

Figura VI-7: Ancoragem nos apoios intermediários

Esta ancoragem deve ser feita pelo prolongamento de uma parte da armadura de
tração no vão (As,vão) correspondente ao máximo momento positivo, de modo que

- As,apoio ≥ 1/3 de As vão se |Mapoio| ≤ 0,5 M vão


- As,apoio ≥ 1/4 de As vão se |Mapoio| > 0,5 M vão

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5 - ANCORAGEM NOS APOIOS DE EXTREMIDADE (item 18.3.2.4.1)

Para ancorar as barras longitudinais tracionadas nos apoios de extremidade deve-


se verificar se a largura do apoio é suficiente para transmitir o esforço de tração das
barras na face do apoio para o concreto - lb,ext > ap - cobrimento, sendo ap a largura do
apoio, conforme Figura VI-6.

lb,ext lb,ext
Rst Rst

ap ap

Figura VI-6: Ancoragem nos apoios extremos

O comprimento de ancoragem nos apoios de extremidade é dado por

lb,nec

lb, ext ≥  r + 5,5 φ
6cm

sendo r o raio mínimo de dobramento do gancho para evitar o fendilhamento dado pela
Tabela VI-1.
Tabela VI-1 raio de dobramento (Tabela 9.1)
CA-50 CA-60
φ < 20 2,5φ 3φ
φ ≥ 20 4φ

Segundo a NBR6118 item 18.3.2.4.1, quando houver cobrimento da barra no


trecho do gancho, medido normalmente ao plano do gancho, de pelo menos 7cm, e as
cargas acidentais não ocorrerem com grande frequência com seu valor máximo, o
primeiro dos três valores pode ser desconsiderado
Finalmente, o comprimento de ancoragem necessário deve ser menor ou igual ao
espaço disponível para ancorar a armadura, ou seja:

- se lb,ext < ap – cobrimento → ancoragem possível


- se lb,ext > ap - cobrimento → diminuir o diâmetro ou usar ancoragem especial

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6 - ESCALONAMENTO DAS ARMADURAS DOS MOMENTOS NEGATIVOS

Mesmo em vigas usuais de concreto armado, é comum fazer o escalonamento


das barras da armadura do momento negativo.
O comprimento de ancoragem de barras escalonadas é igual a lb,nec medido a
partir do ponto teórico A, no qual a tensão σs da barra em consideração começa a
diminuir – o esforço de tração começa a ser transferido para o concreto – e deve
prolongar-se de pelo menos 10φ além do ponto teórico de tensão nula, B. O ponto de
início de ancoragem deve ser marcado no diagrama de momentos fletores deslocado de
al, conforme a Figura VI-8.

lb,nec
A1 1

A
10φ
B1 2
A2 B
B2
O
al x0 O

Figura VI-8: Escalonamento das barras.

Assim, o comprimento da barra a partir do eixo do apoio intermediário, para cada


um dos lados, é dado pelo maior valor entre

OA + l b,nec
l≥ 
OB + 10φ

onde O representa o eixo do apoio.

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VII - DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS GERAIS DAS ARMADURAS

1- ARMADURA DE PELE (item 18.3.5 e 17.3.5.2.3)

Quando a altura útil da viga ultrapassar 60cm, deve dispor-se longitudinalmente e


próxima a cada face lateral da viga uma armadura de pele composta por barras de alta
aderência. Esta armadura, deve ter, em cada face, seção transversal igual a 0,10% de
bw h. O afastamento entre as barras não deve ultrapassar d/3 e 20cm.

As pele = 0,0010bh

2 - ARMADURA DE MONTAGEM OU AMARRAÇÃO

Quando não houver armaduras necessárias ao equilíbrio, deve-se colocar barras


longitudinais adicionais nas arestas dos estribos para permitir a amarração dos mesmos,
conforme mostra a Figura VII-1. O diâmetro destas barras deve ser maior ou igual ao
diâmetro do estribo.

montagem

As (M)

As (Mapoio)
montagem

As (M) As (M)

Figura VII-1: Armadura de montagem.

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3 – AMADURA DE SUSPENSÃO - item 18.3.6

No caso de apoios indiretos, para haver o equilíbrio de esforços internos da viga


suporte, deve-se colocar no cruzamento das duas vigas uma armadura de suspensão,
que funciona como um tirante interno, que levanta a força aplicada pela viga suportada
na parte inferior da viga suporte até a parte superior da mesma.

NORMA → Nas proximidades das cargas concentradas transmitidas à peça em estudo


por vigas que nelas se apoiem lateralmente ou fiquem nelas penduradas,
deverá ser colocada uma armadura de suspensão.

A armadura de suspensão deve envolver a armadura longitudinal da viga suporte


e pode ser determinada por

1,4 R
A s susp =
f yd

onde R é a reação da viga suportada.

Pode-se reduzir o valor da reação quando as faces superiores das duas vigas
estiverem no mesmo nível, ver Figura VII-2

R = Rapoio h1/h2

Figura VII-2: Vigas apoiadas em vigas.

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A suspensão pode ser feita através do prolongamento da armadura longitudinal
da viga suportada, conforme Figura VII-3, ou por estribos complementares colocados
preferencialmente no cruzamento das duas vigas, ver Fig. VII-4.

Figura VII-3: Armadura de suspensão - armadura longitudinal prolongada

Estes estribos complementares devem envolver as armaduras longitudinais (superiores


e inferiores) das duas vigas.

Figura VII-4: Armadura de suspensão - estribos complementares

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4 -AFASTAMENTOS MÍNIMOS DAS BARRAS - item 18.3.2.2

Tendo em vista a necessidade de que o concreto envolva completamente a


armadura e que não se apresentem falhas de concretagem, é preciso que haja pelo
menos um espaçamento mínimo entre as barras da armadura, tanto na horizontal
quanto na vertical dado por:

φ φ
 
a h ≥ 2 cm av ≥ 2 cm
1,2 d 0,5 d
 ag  ag

sendo dag o diâmetro máximo do agregado: 1,25 / 1,9 / 2,5 /3,0 cm.

Para permitir a passagem do vibrador, deve-se ter uma largura livre entre as
barras situadas, principalmente, na parte superior da viga – ver Fig. VII - 5. A dimensão
desta largura livre deve ser maior que o diâmetro do vibrador.

Figura VII-5: Afastamento mínimo entre barras.

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5 - PROTEÇÃO DAS ARMADURAS - COBRIMENTO (item 7.4.7)

A camada de cobrimento deve proteger TODAS as barras da armadura, inclusive


as de estribos, barras de armaduras secundárias e mesmo de armaduras construtivas.
Os cobrimentos nominais e mínimos estão sempre referidos à superfície da
armadura externa, em geral à face externa do estribo. O cobrimento nominal de uma
determinada barra deve sempre ser:

cnom ≥ φ barra

O Cobrimento mínimo é função da Classe de agressividade ambiental e do tipo de


elemento estrutural, conforme Tabela VII-1.

Tabela VII-1: Correspondência entre CCA e cobrimento nominal (Tabela 7.2)

Classe de agressividade ambiental


Tipo de estrutura Componente I II III IV3)
ou elemento
Cobrimento nominal (mm)
2)
Concreto armado Laje 20 25 35 45
Viga/Pilar 25 30 40 50
2)
Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de
contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de
revestimento e acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos,
pisos asfálticos, e outros tantos, as exigências desta tabela podem ser substituídas pelo
item 7.4.7.5 respeitado um cobrimento nominal ≥ 15 mm.
3)
Nas superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de
tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras
em ambientes química e intensamente agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos
da classe de agressividade IV.

Para concretos de classe de resistência superior ao mínimo exigido (Tabela VII-


2), os cobrimentos definidos na tabela acima podem ser reduzidos em até 5mm.

Tabela VII–2: Correspondência entre CAA e qualidade do concreto (Tabela 7.1)

Classe de agressividade ambiental


I II III IV
≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40

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Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser
classificada de acordo com a Tabela VII-3 e pode ser avaliada, simplificadamente,
segundo as condições de exposição da estrutura ou de suas partes.

Tabela VII-3: Classes de agressividade ambiental - CAA (Tabela 6.1)

Classe de Agressividade Classificação geral do Risco de


agressividade tipo de ambiente para deterioração da
ambiental (CAA) efeito de projeto estrutura
I fraca rural insignificante
submersa
II moderada urbana 1) , 2) pequeno
1)
III forte marinha grande
1) , 2)
industrial
1) , 3)
IV muito forte industrial elevado
respingos de maré
1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um
nível acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e
áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes
com concreto revestido com argamassa e pintura).
2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em:
obras em regiões de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%,
partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos, ou
regiões onde chove raramente.
3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,
branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias
químicas.

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6 - DOBRAMENTOS

Na confecção das armaduras, muitas vezes se faz necessário a realização de


diferentes tipos de dobramento das barras de aço. Tais dobramentos devem ser feitos
com raios de curvatura que respeitem as características do aço empregado; isto é, sem
que ocorra fissuração do aço do lado tracionado da barra. Também, devem evitar o
fendilhamento do concreto no plano de dobramento da armdura, já que as curvaturas
das barras de aço introduzem tensões radiais de compressão no concreto.
Tanto os diâmetros de dobramentos quanto a dimensão do trecho reto das dobras
dos ganchos são normatizados, ver Figura VII-4.

Figura VII-4: Ganchos.

A Tabela VII-3 dá o valor do diâmetro de dobramento para cada caso.


Tabela VII-3: Diâmetro interno de curvatura

TIPO BITOLA CA-50 CA-60


estribos φ ≤ 10 3φ 3φ
ganchos, dobras 10 ≥ φ < 20 5φ -
e estribos φ ≥ 20 8φ -

Para as barras tracionadas, segundo a NBR6118 item 18.2.2, o diâmetro interno


de dobramento é maior, conforme mostrado na Tabela VII-4.

Tabela VII-4:Diâmetro interno de dobramento para barras tracionadas

CA-50 CA-60
15φ 18φ

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7 - COMPRIMENTOS DAS BARRAS DOBRADAS

No detalhamento das barras, além do comprimento total, deve-se colacar todos


os comprimentos parciais. O comprimento total é determinado pela soma da projeção
horizontal da barra (L1) e do acréscimo para os ganchos (L2-L1 – ver Fig. VII-5).

Figura VII-5: Comprimento das barras.

0
A dimensão da projeção do gancho do dobramento a 90 (∆l90 ) e do acréscimo
para os ganchos (L2-L1) dependem do diâmetro da barra, conforme Tabela VII-5.

Tabela VII-5: Ganchos

Bitola (l2 - l1) cm ∆l90 (cm)


5 10 6
6,3 12 8
8 15 10
10 19 12
12,5 23 15
16 30 19
20 45 26
22,2 50 29
25 56 33

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VIII – VIGAS – DISPOSIÇÕES GERAIS

1- SEÇÃO TRANSVERSAL T – item 14.6.2.2

Nas mesas de vigas T deve haver armadura perpendicular à nervura, que se


2
estenda por toda sua largura útil, com seção transversal de no mínimo 1,5cm /m.

bf


As ’ hf
2 h
≥ 1,5 cm /m
As

bw

Figura VIII-1: Seção transversal T

As vigas de seção retangular, as nervuras das vigas de seção T e as paredes das


vigas de seção caixão não devem ter largura menor que 12cm. A largura da mesa de
vigas T é determinada conforme mostrado na Figura VIII-2.
hf
b1 ≤ 0,10a
0,5 b2 a
b3 b1 b1
b2
b3 ≤ 0,10 a

bw

Figura VIII-2: Largura da seção T

O valor da dimensão “a” é determinado por:


a→ a= L se apoiada - apoiada
a = 3/4 L se contínua - apoiada
a = 3/5 L se contínua - contínua
a= 2L se engastada - livre

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2- VIGAS CONTÍNUAS EM EDIFÍCIOS

Permite-se calcular as vigas contínuas em edifícios por processo clássico,


simplesmente apoiada nos pilares, observando-se a necessidade de algumas correções.

A) item 14.6.6.1  Não serão considerados momentos positivos menores que os que
se obteriam se houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos.

B) item 14.5  Para situação de projeto, a análise estrutural pode ser efetuada por
vários métodos (linear, linear com redistribuição, plástico, não linear), que se
diferenciam pelo comportamento admitido para os materiais constituintes.

C) Item 14.5.3 – Análise linear com redistricuição  Para as combinações de


carregamento no ELU (estado limite último), é comum fazer uma redistribuição das
ações determinadas na análise linear. Todos os esforços internos devem ser
recalculados, de modo a garantir o equilíbrio, e os efeitos de redistribuição devem ser
considerados em todos os aspectos do projeto estrutural.

D) Item 14.6.4.3 – Limites para redistribuição de momentos e condições de


ductilidade  Quando for efetuada uma redistribuição, reduzindo-se um momento
fletor de M para δM, em uma determinada seção transversal, a relação entre o
coeficiente de redistribuição δ e a posição da linha neutra nessa seção x/d, para o
momento reduzido δM, devem ser dada por:
a) δ ≥ 0,44 + 1,25 x/d para concretos com fck ≤ 50 MPa
b) δ ≥ 0,56 + 1,25 x/d para concretos com fck > 35 MPa.
O coeficiente de redistribuição deve, ainda, obedecer aos seguintes limites:
a) δ ≥ 0,90 para estruturas de nós móveis;
b) δ ≥ 0,75 em qualquer outro caso.

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3- CARGAS

→ Cargas distribuídas → KN/m


peso próprio (b × h × γcom= 25kN/m3)
reação das lajes
alvenaria (paredes) (halv × balv × γalv= 13 a 18kN/m3)

→ Cargas concentradas → KN → Reação de outra viga

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EXERCÍCIOS 3ª ÁREA

1) Para a viga da figura, considerando cobrimento de 2,5cm, diâmetro dos estribos 5mm, e,
que nos apoios A e C existe cobrimento lateral maior que 7cm, pede-se:

CA-50
fck=25MPa A l=3,8m B l=4,5m C
2
b=15cm 1,2 Xe apoio → As= 6,32cm
2
h=40cm 0,75Xe apoio → As =5,16cm
d=35cm x0=85cm x0=92cm

Largura dos apoios: Mvão → As=2,23cm2 Mvão → As=3,14cm2


2 2
A=15cm Mvão MEP → As=2,19cm Mvão MEP → As=3,95cm
B=20cm
C=18cm V 41,27kN -88kN 79kN 55kN

A) ARMADURA LONGITUDINAL: momento negativo sobre o apoio


escolher o diâmetro e a quantidade de barras considerando o fato que as barras devem estar,
necessariamente, em DUAS camadas (fazer croqui com o valor do espaçamento entre as
barras); calcular o comprimento das barras (as barras de mesmo diâmetro devem ter
comprimentos iguais)

B) ARMADURA LONGITUDINAL - momento positivo - VÃO BC


escolher o diâmetro e a quantidade de barras considerando o fato que TODAS as barras
devem estar, necessariamente, em SOMENTE UMA camada (fazer croqui com o valor do
espaçamento entre as barras); analisar a ancoragem no apoio de extremidade - apoio C ; fazer
um croqui com o detalhamento (bitolas, comprimentos e quantidade) da armadura longitudinal
para o momento positivo do vão BC
2) A armadura necessária para equilibrar o momento negativo sobre um apoio intermediário
de uma viga contínua de concreto armado é de 2φ12.5+1φ10. Calcular os comprimentos
das barras de φ12.5 (as duas barras com o mesmo comprimento) e da barra de φ10. As
barras φ12.5 deverão ter comprimento necessariamente maior do que a de φ10.

DADOS:
fck=30MPa A l=4,5m B l=4,5m C
b=20cm X → 2φ12.5+1φ10
h=50cm
d=46cm x0=105cm x0=97cm
CA-50 V 79kN 117kN 200kN 55kN

3) Para a viga de concreto armado da figura, considerando cobrimento=2,5cm:


a) escolher o diâmetro e a quantidade de barras longitudinais considerando o fato que se deve
colocar TODAS as barras, necessariamente, em UMA CAMADA e que o diâmetro dos
estribos é φ8 (fazer croqui com o valor do espaçamento entre as barras)
b) analisar a ancoragem nos apoios de extremidade (entrar TODAS as barras nos apoios)
c) fazer um croqui com o detalhamento (bitolas, quantidade e comprimentos) de TODAS
armaduras longitudinais utilizadas para construir a viga

DADOS:
b=12cm
h=45cm A l = 422,5cm B
d=41cm Mvão → As = 4,0cm2
fck= 30MPa
CA-50 V 55kN 110kN

Apoio A - largura= 25cm (sem cobrimento lateral de 7cm)


Apoio B - largura= 16cm (com cobrimento lateral de 7cm)

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