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CONTABILIDADE

GERAL

ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

ACESSE AQUI ESTE


MATERIAL DIGITAL!
EXPEDIENTE

Coordenador(a) de Conteúdo
Luciano Santana Pereira
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Matheus Silva de Souza
Fotos
Shutterstock

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 Centro Universitário Leonardo da Vinci.


Núcleo de Educação a Distância. FRAGALLI, Adriana Casavechia.
Contabilidade Geral / Adriana Casavechia Fragalli. - Indaial, SC: Arqué,
2023.

200 p.

ISBN papel
ISBN digital

“Graduação - EaD”.
1. Contabilidade. 2. Geral. 3. EaD. I. Título.

CDD - 657

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Impresso por:
RECURSOS DE IMERSÃO

A P RO F UNDA NDO EU INDICO

Utilizado para temas, assuntos ou Utilizado para agregar um


conceitos avançados, levando ao conteúdo externo. Utilizando
aprofundamento do que está sen- o QR-code você poderá
do trabalhado naquele momento acessar links de vídeos,
do texto. artigos, sites, etc. Acres-
centando muito aprendizado
em toda a sua trajetória.

P E N SA N DO J UNTO S

Este item corresponde a uma PL AY NO CONHECIMENTO


proposta de reflexão que pode
ser apresentada por meio de uma Professores especialistas e
frase, um trecho breve ou uma convidados, ampliando as
pergunta. discussões sobre os temas
por meio de fantásticos
podcasts.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Utilizado para desmistificar pontos INDICAÇÃO DE FIL ME

que possam gerar confusão


sobre o tema. Após o texto trazer Uma dose extra de conheci-
a explicação, essa interlocução mento é sempre bem-vinda.
pode trazer pontos adicionais que Aqui você terá indicações de
contribuam para que o estudante filmes que se conectam com
não fique com dúvidas sobre o o tema do conteúdo.
tema.

INDICAÇÃO DE L IVRO

Uma dose extra de conheci-


mento é sempre bem-vinda.
Aqui você terá indicações de
livros que agregarão muito
na sua vida profissional.

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SUMÁRIO

5UNIDADE 1

ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

59UNIDADE 2

BALANÇO PATRIMONIAL I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

BALANÇO PATRIMONIAL II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

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UNIDADE 3

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

CONTABILIDADE POR BALANÇOS SUCESSIVOS I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140

CONTABILIDADE POR BALANÇOS SUCESSIVOS II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166

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TEMA DE APRENDIZAGEM 1

ESTRUTURA BÁSICA DA
CONTABILIDADE I
ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

MINHAS METAS

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de


aprendizagem:

Compreender a história da Contabilidade

Objetivos da Contabilidade

Usuários da informação contábil

Campos de atuação

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UN I AS S ELV I

INICIE SUA JORNADA


Olá, prezado(a) estudante! Seja bem-vindo(a) ao nosso estudo sobre Con-
tabilidade Geral. Neste tema de aprendizagem você terá a oportunidade de
conhecer um pouco sobre a história da Contabilidade, compreendendo como
ela surgiu e se desenvolveu. Você aprenderá, também, quais são o objeto, o
objetivo e os usuários da informação contábil. E, por fim, ao contrário do
que muitos pensam, você perceberá que a Contabilidade não serve apenas
para atender às exigências legais, na verdade, ela possui diferentes campos de
atuação, os quais você conhecerá. Bons estudos!
Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Con-
tabilidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os di-
ferentes tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para
a loja de João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal
de todos os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que
recebeu o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da
empresa, sempre orientando João no que ele precisava.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


João não entende nada de Contabilidade, não faz a menor ideia de como ela pode
lhe auxiliar como empresário. Então, minha tarefa é demonstrar para ele e para
você, também, como a Contabilidade pode ser uma grande parceira dos negócios.
Contudo, para entendê-la, é preciso começar pelo início, descobrindo como ela
surgiu e se desenvolveu. Você sabia que a Contabilidade é tão antiga quanto o
homem? Sabia que ela tem um objeto de estudo próprio? Você sabe quem são
os usuários da informação contábil e quais são os seus campos de atuação? Pois
nós descobriremos! Quando João e seus colegas decidiram abrir a empresa, eles
sabiam que seria necessário contratar os serviços de um contador. Entretanto,
logo no primeiro mês, quando receberam as demonstrações contábeis, percebe-
ram que não tinham o conhecimento necessário para compreendê-las. E isso é
um problema. Segundo o Sebrae, cerca de 24% das micro e pequenas empresas
fecham suas portas em até dois anos (SERASA EXPERIANO, 2020). Entre os
diversos motivos, está a falta de acompanhamento das finanças:

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 1


Muitas empresas demoram a perceber a importância de realizar uma
gestão financeira eficiente dos seus negócios para que eles consigam
seguir em frente. Muitas vezes, em especial nos primeiros anos de vida
do empreendimento, acabam misturando as finanças pessoais com
as da empresa. Outro erro é não elaborar um fluxo de caixa e desco-
nhecer seus números reais de lucratividade, rentabilidade e liquidez.
Dessa forma, o empresário torna-se incapaz de tomar decisões emba-
sadas e estratégicas para o negócio. Ir à falência torna-se um processo
natural para as empresas que deixam de dar a atenção adequada às
suas finanças.” SERASA EXPERIAN, 2020, on-line.

E U IN D ICO

Aluno(a), acesse o site e saiba mais informações sobre o


Serasa Experian.

Convenhamos: não é uma tarefa fácil registrar, realmente, TODAS as movimen-


tações financeiras que realizamos, não é mesmo? Sempre esquecemos de uma
comprinha aqui, uma ida ao mercado ali, que são valores menos expressivos,
realmente, mas que podem ter um impacto importante no final do mês: sabe
aquela sensação de “cadê o meu dinheiro?!”.
Pois então, na empresa, não pode haver esse “cadê o meu dinheiro?!”, e é por
isso que a Contabilidade pode ser uma grande aliada. Esse controle é muito im-
portante para que você
consiga tomar decisões
seguras sobre comprar um
carro, financiar uma casa,
entre outras, afinal, se você
conhecer sua movimenta-
ção financeira, terá mais
segurança para decidir se
pode e o quanto pode se
endividar.

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UN I AS S ELV I

HISTÓRIA DA CONTABILIDADE

Para entender a Contabilidade, o seu papel, as suas responsabilidades, a sua li-


gação com o mundo dos negócios, devemos começar pelo início: conhecendo
um pouco sobre a história da contabilidade. Não se sabe ao certo quando
a Contabilidade surgiu, mas podemos afirmar que ela é tão antiga quanto a
origem do homem: “alguns pesquisadores revelam que os primeiros sinais
objetivos da existência da Contabilidade datam de mais ou menos 4.000 anos
a.C.” (FAVERO et al, 2011, p. 9), contudo “alguns historiadores fazem remontar
os primeiros sinais objetivos da existência de contas a aproximadamente 2.000
anos a.C.” (IUDÍCIBUS, 2015, p. 16).
Talvez, você esteja se perguntando:“como assim a Contabilidade é tão antiga?
Nem os números são tão antigos!”. Apesar de serem muito utilizados pela Con-
tabilidade, os números não são a sua razão de ser. Na verdade, a Contabilidade
cuida do patrimônio das entidades, assim, quando o homem passou a possuir
bens, como instrumentos de caça e de pesca, animais, ânforas de bebidas, entre
outros, ele precisou buscar mecanismos para controlar esses bens.

Para controlar os animais, por exemplo, o dono do rebanho separava uma pe-
dra para cada animal, ou fazia riscos em um pedaço de madeira ou osso, assim
ele acompanhava se havia a mesma quantidade de pedras, ou de riscos, em
comparação aos animais. É claro que esta era uma forma muito rudimentar de
contabilidade, mas já representava um acompanhamento do patrimônio
(FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 14–15).

Até o surgimento da moeda, a Contabilidade


teve uma evolução relativamente lenta, isso
porque, na época do escambo, os negocian-
tes anotavam suas obrigações, direitos e bens
perante terceiros sem avaliação monetária, ou
seja, tratava-se de um inventário físico (IUDÍ-
CIBUS, 2015). Contudo, a preocupação do ho-
mem com o seu patrimônio e a sua riqueza fez
com que a Contabilidade aperfeiçoasse a sua
forma de avaliação da situação patrimonial à

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 1

medida em que as atividades foram se desenvolvendo em dimensão e complexidade


(IUDÍCIBUS, 2015).Não é à toa que a Contabilidade enquanto disciplina adulta e
completa a Contabilidade enquanto ciência — surgiu a partir do século XIII nas
cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras, afinal essas cidades re-
presentavam o que havia de mais avançado na época em termos de empreendimentos
comerciais e industriais incipientes (IUDÍCIBUS, 2015).
Entre os progressos tecnológicos e as mudanças socioeconômicas que im-
pulsionaram o desenvolvimento da Contabilidade, Hendriksen e Breda (2012)
destacam a invenção da vela triangular utilizada nas embarcações — Figura 1.
Antes de sua invenção, o comércio se limitava à navegação em uma direção em
uma época do ano e na direção oposta em outra época. A vela triangular, conhe-
cida como vela latina, permite viajar em qualquer época do ano. Contudo, a ne-
cessidade desse meio de transporte provocou uma guerra que conhecemos como
Primeira Cruzada. Entre o final do século XI e o final do século XIII, cruzadas
sucessivas impulsionaram o desenvolvimento do comércio, principalmente, entre
as cidades italianas e o Oriente.

Figura 1 - Caravela Vera Cruz / Fonte: Caravelas ([2022], on-line).

Descrição da Imagem: a figura apresenta a imagem de uma caravela navegando no mar. A estrutura é de ma-
deira e tem alguns tripulantes. Há dois mastros com velas triangulares, cada uma com o desenho de uma cruz.

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UN I AS S ELV I

De acordo com Hendriksen e Breda (2012), à medida que o comércio se expandia


e a riqueza era acumulada, os negócios deixaram de ser realizados individualmente
e foram substituídos por sociedades. O uso de sociedades permitia que os riscos da
navegação marítima fossem compartilhados. Assim, o conceito de sociedade foi im-
portante para o desenvolvimento da Contabilidade, pois levou ao reconhecimento
da empresa como entidade separada e distinta dos seus proprietários. Todos esses
fatos deixam claro porque o Método das Partidas Dobradas e, consequentemente, a
Ciência Contábil surgiram justamente na Itália: o alto nível de atividade comercial
e industrial e o surgimento das sociedades criaram a necessidade de mecanismos
capazes de organizar economicamente as riquezas geradas. Nessa evolução, deu-se o
desenvolvimento do Método das Partidas Dobradas, utilizado até hoje. Segundo Hen-
driksen e Breda (2012), sistemas de escrituração por partidas dobradas começaram a
surgir, gradativamente, entre os séculos XIII e XIV, mas foi apenas no século XV que
o método foi publicado pela primeira vez. O frei franciscano Luca Pacioli, que, por
sinal, era professor de Matemática, escreveu um livro denominado Summa de Arith-
metica, Geometrica, Proportioni et Proportionalitá. Nesse livro, Pacioli escreveu um
capítulo que, segundo Hendriksen e Breda (2012, p. 39),“descreve o sistema de partidas
dobradas e apresentava o raciocínio em que se baseiam os lançamentos contábeis”.
O conceito do Método das Partidas Dobradas é que: I - para cada causa, existe
um efeito; II - para cada origem, existe uma aplicação; III - para cada crédito, existe
um débito. Assim, o registro contábil sempre envolverá, no mínimo, duas contas —
uma de débito e outra de crédito. Contudo, fique tranquilo(a)! O Mecanismo das
Partidas Dobradas será estudado adiante em nosso material. E por que será que esse
mecanismo é utilizado sempre com uma conta de débito e uma conta de crédito?
Por que não uma conta positiva e outra conta negativa? Se quiser compreender esses
conceitos, leia o texto a seguir do “Explorando Ideias”.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 1

A P RO F UNDA NDO

Por que, especificamente, a escrituração por partidas dobradas? O conceito de


dualidade frequentemente utilizado para justificar as partidas dobradas apenas
exige que sejam reconhecidos dois lados de cada transação. Isso poderia ser, com
igual facilidade, feito em uma única coluna, usando sinais positivos e negativos,
ou em duas colunas com débitos e créditos. Por exemplo, ao se usar caixa para
adquirir estoque, por que não simplesmente colocar um número positivo na
coluna de estoque e um número negativo na coluna de caixa em uma planilha?
Por que falar de debitar uma conta e creditar outra? Por que toda essa maquinaria
complexa? O fato curioso é que, embora os investidores da Contabilidade dispu-
sessem de conceitos tais como moeda, capital próprio e despesa, eles não dis-
punham de números negativos! Havia a noção de números negativos, mas, ainda
em 1544, matemáticos como o alemão Michael Stifel os consideravam absurdos e
fictícios. Na verdade, não foram utilizados em Matemática antes do século XVII.
Fonte: Hendriksen e Breda (2012, p. 45).

Após o surgimento do Método das Partidas Dobradas, a escola italiana de Con-


tabilidade ganhou grande impulso e se espalhou por toda a Europa (FAVERO et
al., 2011). Assim, entre o século XIII e o início do século XX, a Europa se destacou
no desenvolvimento das teorias contábeis. Apesar das importantes contribuições
da escola italiana/europeia de Contabilidade, seus estudos se preocupavam em
demonstrar a Contabilidade quanto à Ciência, dando pouca atenção à verdadei-
ra necessidade informacional dos usuários, assim a escola norte-americana de
Contabilidade passou a se destacar.
No início do século XX, o surgimento das grandes corporações, em conjunto com
o desenvolvimento do mercado de capitais e do extraordinário ritmo de desenvol-
vimento dos Estados Unidos da América (EUA), constituiu um campo fértil para o
avanço das teorias e práticas contábeis. Além disso, os norte-americanos herdaram
da Inglaterra uma excelente tradição no campo da Auditoria (IUDÍCIBUS, 2015).


É de nosso conhecimento que a Contabilidade acompanha a evolu-
ção das sociedades, cidades e nações e, no início deste século, como
o cenário de maior desenvolvimento industrial e comercial passou
a ser a América do Norte, mais particularmente os Estados Unidos,
o eixo de evolução da Contabilidade deslocou-se em função desse
cenário (FAVERO et al., 2011, p. 21).

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UN I AS S ELV I

Esses dois eixos de estudos e desenvolvimento de teorias contábeis — es-


cola italiana/europeia e escola norte-americana — não são opostos, na ver-
dade, em cada época e atendendo a cada realidade, as teorias se desenvolve-
ram de forma a atender às novas necessidades dos usuários. No Quadro 1,
encontram-se alguns pontos relevantes sobre tais escolas de Contabilidade.

ESCOLA ITALIANA/EUROPEIA DE ESCOLA NORTE-AMERICANA DE


CONTABILIDADE CONTABILIDADE

Desenvolvimento de teorias Direciona o estudo da Contabilidade para


contábeis importantes até hoje, dois focos: informação para usuários
como o Patrimonialismo, que externos (Contabilidade Financeira)
define o patrimônio como objeto da e informação para usuários internos
Contabilidade. (Contabilidade Gerencial).

Preocupação demasiada em
demonstrar a Contabilidade como
Preocupação com o aspecto
Ciência, não se preocupando com
informacional da Contabilidade.
as necessidades informativas dos
usuários.

Desenvolvimento da Contabilidade de
Foco na Contabilidade Financeira.
Custos.

Baixo desenvolvimento na área de


Criação dos Princípios de Contabilidade.
Auditoria.

Ênfase ao desenvolvimento teórico Ênfase ao desenvolvimento na área de


das contas. Auditoria.

Quadro 1 - Aspectos relevantes sobre as escolas de Contabilidade / Fonte: adaptado de Favero et al. (2011).

É justamente por acompanhar o desenvolvimento econômico e social que, há


alguns anos, passamos por uma revolução na área: a Contabilidade Interna-
cional. Com o mundo globalizado, em que se tornou comum empresas reali-
zarem transações comerciais com diferentes países, tornou-se necessário falar
uma mesma língua, pelo menos, no que se refere às informações contábeis.

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Por ser uma ciência social, a Contabilidade é fortemente influenciada pelo


ambiente em que atua. Assim, as diferenças históricas, os valores culturais e
as estruturas políticas, legais e econômicas de cada país acabam refletindo nas
práticas contábeis em vigor. Normalmente, os princípios e as práticas adotados
na Contabilidade podem ser diferentes de um país para outro. Em alguns países,
como é o caso do Brasil, a Contabilidade é influenciada pela exigência legal; em
outros, pelo consenso de órgãos profissionais de classe, como é o caso dos Estados
Unidos (NIYAMA; SILVA, 2013, p. 31–32).
É por isso que, de acordo com Niyama e Silva (2013), o crescimento do comér-
cio globalizado provocou a necessidade de padrões internacionais de Contabilidade.
Assim, o International Accounting Standards Board (Iasb), que é um órgão priva-
do formado por um Conselho de Membros constituído por representantes de mais
de 140 entidades de classe de todo o mundo, inclusive, o Brasil — representado pelo
Ibracon e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) —, edita os chamados IFRS
(International Financial Reporting Standards), conhecidos, aqui, como Normas Inter-
nacionais de Contabilidade.As Normas Internacionais de Contabilidade têm como
objetivo reduzir as diferenças entre os procedimentos e as normas contábeis adotadas
nos diferentes países e começaram a ser publicadas em 1975. O Brasil passou a adotar as
Normas Internacionais em 2007, com a promulgação da Lei nº 11.638 (BRASIL, 2007).

P E N SA N D O J UNTO S

Acredito que você e o João já tenham percebido que o desenvolvimento da


Contabilidade está intimamente ligado com o desenvolvimento econômico,
social e cultural. De acordo com Hendriksen e Breda (2012), o mundo, como o
conhecemos hoje, é decorrente da criação da Contabilidade por Partidas Do-
bradas, pois ela criou a base para o desenvolvimento do capitalismo privado.

“Na verdade, o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente


associado ao surgimento do Capitalismo, como forma quantitativa de mensurar
os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma ex-
ploração comercial ou industrial. Não é menos verdade, todavia, que a economia
de mercado e seu florescer foram, por sua vez, fortemente amparados pelo sur-
gimento e aperfeiçoamento das partidas dobradas, o que equivale a dizer que se
verificou uma interação entre os dois fenômenos.” (IUDÍCIBUS et al., 2019, p. 1).

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UN I AS S ELV I

Isso nos permite dizer que as empresas são tão importantes para a Contabilida-
de quanto a Contabilidade é importante para as empresas. As empresas represen-
tam o maior consumidor de serviços contábeis, seja para fins legais, tributários ou
gerenciais. Por outro lado, se não fosse a Contabilidade, as empresas não teriam uma
base informacional confiável para auxiliar a sua gestão (FRAGALLI; SILVA, 2021).
De qualquer forma, os registros contábeis, muito mais do que medir e
controlar riqueza, são uma importante base de dados. Sobre isso, Hendriksen
e Breda relatam que:


“A história da contabilidade é a história da nossa era; de muitas
formas, a própria contabilidade conta essa história, pois os regis-
tros contábeis fazem parte da matéria-prima dos historiadores.
Aprendemos muito a respeito de homens como Isaac Newton e
John Wesley graças aos livros contábeis que mantiveram. Como
disse a novelista Josephine Tey,‘a verdade não está nas histórias, mas
nos livros de contabilidade.” (HENDRIKSEN; BREDA, 2012, p. 39).

Isso demonstra que os registros e as demonstrações contábeis não são ape- nas para
atender às exigências legais, mas, também,“representam um retrato da realidade
patrimonial de empresas e/ou pessoas fornecendo informações importantes tanto
para gestores e governo, quanto para a sociedade” (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 16).

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IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Teoria da Contabilidade
Editora: Atlas
Autor: Eldon S. Hendriksen e Michael F. Van Breda
Sinopse: neste livro, emprega-se um referencial genérico
para avaliar áreas da teoria e da prática da Contabilidade
Financeira em três níveis básicos: o nível estrutural, o de in-
terpretação semântica e o pragmático. Nessas avaliações,
deu-se ênfase aos enfoques indutivo-dedutivo e à Teoria de
Mercado de Capitais.
Em alguns casos, os autores expõem suas opiniões e apre-
sentam evidências baseadas na lógica e em resultados
empíricos, quando disponíveis.

Aluno(a), conheça, nessa linha do tempo de 4.000 a.C. até 2007 d.C., a evolução
da Contabilidade.

ENTRE 4.000 E 2.000 ANOS A.C.

Contabilidade rudimentar ao inventariar instrumentos de caça, de pesca etc.

SÉC. XIII E XIV

Surgimento gradativo da escrituração por partidas dobradas em cidades italianas


que representavam o que havia de mais avançado na época em termos de em-
preendimentos comerciais e industriais incipientes.

SÉC. XV

Publicação do método das partidas dobradas pelo Frei Luca Pacioli. Mesmo não
tendo criado o método, Pacioli ficou conhecido como o pai da contabilidade.

ENTRE O SÉC. XIII E INÍCIO DO SÉC. XX

Destaque da escola italiana/européia de contabilidade.

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UN I AS S ELV I

A PARTIR DO SÉC. XX

Destaque da escola norte-americana de contabilidade.

A PARTIR DE 1975

Publicação das Normas internacionais de contabilidade visando uma mesma


linguagem contábil entre diferentes países.

2007

O Brasil adota as normas internacionais de contabilidade com a promulgação da


Lei nº 11.638/07.

Os mecanismos contábeis de registro, controle e evidenciação da situação finan-


ceira, patrimonial e econômica da entidade são desenvolvidos por meio de estudos
científicos. Assim, podemos afirmar que Contabilidade é uma Ciência. De acordo
com Franco (1989), a Ciência Contábil ou a Contabilidade é uma Ciência Social
que estuda os fenômenos no patrimônio das entidades, mediante registro, clas-
sificação, demonstração, análise e interpretação dos fatos contábeis, objetivando
oferecer informações e orientações para o auxílio na tomada de decisões. Embora
a Contabilidade utilize números, ela não é considerada uma Ciência Exata, como
a Matemática ou a Estatística. Como foi dito por Franco (1989), ela é uma Ciência
Social, pois estuda aspectos importantes relacionados a uma sociedade, na verdade,
ela busca mecanismos para avaliar e evidenciar as ações de uma entidade da melhor
forma possível,buscando fazer com que os relatórios sejam fiéis à realidade.

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

A Contabilidade, na qualidade de Ciência Social Aplicada, com metodologia


especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar
os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas
de qualquer ente, seja este pessoa física, entidade de finalidade não lucrativas,
empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município,
União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo.
Fonte: Iudícibus et al. (2019, p. 1).

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 1

Para entender o papel


da Contabilidade, pre-
cisamos conhecer seu
OBJETO, seu OBJETI-
VO e os USUÁRIOS DA
INFORMAÇÃO CON-
TÁBIL. Toda Ciência
possui um objeto de
estudo; no caso da Con-
tabilidade, esse objeto é
o patrimônio das entidades contábeis. Nesse material, você descobrirá o que
compõe o patrimônio e como a Contabilidade organiza os elementos patri-
moniais. Antes, porém, precisamos entender o que é uma entidade contábil, a
qual possui um patrimônio. Segundo Fragalli e Silva (2021, p. 22), “a entidade
contábil pode ser definida como um patrimônio sob a ação administrativa
do homem, que age sobre ele praticando atos de natureza econômica”. Então,
eu lhe pergunto: você, enquanto pessoa física, administra o seu patrimônio?
Você realiza atos de natureza econômica? Óbvio que sim! E é por isso que o
seu patrimônio também representa uma entidade contábil. Isso significa que
o mecanismo contábil de controle patrimonial pode ser utilizado tanto por
pessoas jurídicas quanto por pessoas físicas. Normalmente, relacionamos a
Contabilidade às empresas, pois estas são obrigadas a manter uma escritu-
ração contábil — exceto empresas da categoria MEI (Microempreendedor
Individual) —, no entanto, as pessoas físicas podem utilizar a Contabilidade
para controlar o seu patrimônio.
A diferença é que a grande maioria da população possui um conjunto pe-
queno de elementos patrimoniais, não sendo necessário os serviços contábeis
para tal controle. As teorias contábeis são desenvolvidas visando à melhor
maneira de registrar, avaliar e controlar o patrimônio, seja em seu aspecto
estático, que evidencia o conjunto de elementos patrimoniais em um deter-
minado momento, seja em suas variações. O estudo sobre o patrimônio tem
como finalidade fornecer aos seus usuários informações econômicas, finan-
ceiras e patrimoniais que auxiliem no processo de tomada de decisão. Assim,
segundo Fávero et al. (2011, p. 1), a Contabilidade tem como objetivo “gerar
informação para o controle e tomada de decisão”. Contribuindo com Fávero

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UN I AS S ELV I

et al. (2011), Szuster et al. (2013) afirmam que a Contabilidade é um sistema


de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstra-
ções e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade
no que tange à entidade objeto da contabilização. Assim, podemos afirmar
que os objetivos da Contabilidade são:
Proceder ao registro da estrutura societária da organização, bem como
alterações futuras.
Registrar, analisar e controlar o patrimônio das
entidades. Gerar informações para tomada de de- Registrar, analisar
cisão da administração. Gerar informações para e controlar o
patrimônio das
terceiros com vínculo de interesse para com o em-
entidades.
preendimento (acionistas, investidores, fornecedo-
res, governo etc. (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 38).
Isso demonstra o importante papel da Contabilidade para o sucesso de
um negócio. Muito mais do que atender às exigências legais, a Contabilidade
é responsável por fornecer informações que são essenciais para a gestão.

A função fundamental da Contabilidade tem permanecido inalterada des-


de seus primórdios. Sua finalidade é prover os usuários dos demonstrativos
financeiros com informações que os ajudarão a tomar decisões. Sem dúvida,
tem havido mudanças substanciais nos tipos de usuários e nas formas de
informações que têm procurado. Todavia, esta função dos demonstrativos
financeiros é fundamental e profunda. O objetivo básico dos demonstra-
tivos financeiros é prover informação útil para a tomada de decisões
econômicas (AICPA, 1973 apud IUDÍCIBUS, 2015, p. 4).

Entretanto, quem são os usuários da informação contábil? Podemos dizer


que são todas as pessoas que utilizam as informações contábeis para ava-
liar, verificar ou tomar decisões relacionadas à entidade. Tais usuários são
classificados em internos e externos. Os usuários internos são aqueles que
trabalham na empresa e ocupam cargos que requerem a tomada de decisões
e, por isso, necessitam de informações direcionadas. Já os usuários externos
não possuem relação de trabalho com a empresa, mas, também, necessitam de
informações para a tomada de decisões. Para estes usuários, as informações
são, normalmente, padronizadas (FAVERO et. al., 2011).

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 1

Podemos dizer, porém, que não é uma tarefa fácil atender a todos os usuá-
rios da Contabilidade, isso porque a necessidade de informação é diferente
entre eles. Os gestores, enquanto usuários internos, necessitam de informações
financeiras e operacionais específicas dependendo do seu cargo ou função,
normalmente, precisam saber sobre o fluxo de caixa, itens em estoque, valores
a receber e pagar, custo de produção, pedidos de clientes a serem atendidos,
entre outras. Já os usuários externos, como fornecedores e instituições finan-
ceiras, normalmente, estão preocupados com a situação financeira da entidade,
visando analisar sua capacidade de pagamento. Já o Governo e as entidades
reguladoras procuram informações que possibilitem verificar se o regime tri-
butário e os respectivos recolhimentos estão corretos.
Favero et al. (2011) apresentam alguns exemplos de usuários e a sua res-
pec- tiva necessidade informacional:

USUÁRIOS INTERNOS INFORMAÇÕES REQUERIDAS

Fluxo de caixa capaz de assegurar condições de


Empregados
boa remuneração.

Diretores Desempenho e rentabilidade.

Produtividade e análise das variações de


Encarregados de produção
desempenho.

Desempenho por região, linhas de produtos,


Encarregados de vendas
vendedores etc.

USUÁRIOS EXTERNOS INFORMAÇÕES REQUERIDAS

Capacidade de pagamento da empresa. Ao


emprestar o dinheiro, a sua preocupação é que
Instituições financeiras a empresa tenha uma geração de caixa futuro
suficiente para pagar, com segurança, o capital
emprestado, atualizado com os juros.

Entidades governamentais Lucro tributável, produtividade e valor adicionado.

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UN I AS S ELV I

Acionistas ou quotistas
Retorno sobre o capital investido. Normalmente,
minoritários — não
esperam que a empresa tenha condições de
participantes da
manter um fluxo regular de distribuição de lucros.
administração das entidades

Sindicatos Fluxo de caixa futuro e rentabilidade.

Quadro 2 - Tipos de usuários / Fonte: Fávero et al. (2011, p. 3).

Que legal! João acaba de descobrir que ele é um usuário das informações
contábeis. Como sócio/gerente, ele precisa saber sobre o resultado da empre-
sa, se é positivo ou negativo, os recursos financeiros que a empresa possui, o
montante de dívidas que vencem no curto e no longo prazo, enfim uma série
de informações que estão contidas nas demonstrações contábeis. A questão,
agora, é saber identificar tais informações.
Aluno(a), conheça, aqui, as diferenças entre objeto, objetivo e usuários da
informação contábil na Contabilidade.

OBJETO

A contabilidade tem como objeto o patrimônio da entidade contábil.

OBJETIVO

A contabilidade tem como objetivo gerar informação para os usuários.

USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Os usuários são todas as pessoas que utilizam as informações contábeis. São


classificados em internos e externos.

É importante esclarecer que “a Contabilidade é muito mais do que mero registro; é um


instrumento básico de gestão, e, na verdade, um dos principais” (IUDÍCIBUS, 2015, p.
19). Contudo, para que esse instrumento seja realmente útil, é preciso que os usuários
compreendam as informações geradas. Por mais que a Contabilidade busque ser clara
em suas demonstrações, subentende-se que os usuários possuem conhecimento mí-
nimo necessário para compreender a metodologia contábil de geração de informação.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 1

P E N SA N D O J UNTO S

De certa forma, o “homem contador” põe ordem, classifica, agrega e inventaria


o que o “homem produtor”, em seu anseio de produzir, vai, às vezes, desor-
denadamente, amealhando, dando condições a este último para aprimorar
cada vez mais a quantidade e a qualidade dos bens produzidos, por meio da
obtenção de maiores informações sobre o que conseguiu até o momento.
Fonte: Iudícibus (2015, p. 17).

Como dito anteriormente, os usuários possuem necessidades diferentes de


informação, e a Contabilidade deve buscar atender a todos. Contudo, no nosso
país, a legislação fiscal e tributária é muito complexa, e, por isso, na maioria
das vezes, as empresas buscam os serviços contábeis apenas para atender à
legislação. Esse problema, na verdade, possui duas vertentes: por um lado
existem contadores que deixam de expor aos seus clientes o importante papel
da Contabilidade no fornecimento de informações que são úteis ao processo
decisório, por outro, as empresas não querem gastar dinheiro com os serviços
contábeis e contratam apenas os serviços exigidos por lei.
Por esse motivo, existem diferentes campos de atuação da ciência con-
tábil: a Contabilidade Fiscal, a Contabilidade Financeira e a Contabilidade
Gerencial, e cada uma é voltada para finalidades específicas dos usuários. De
acordo com Szuster et al. (2013, p. 28),“a atuação segmentada da Contabilida-
de Gerencial, da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Fiscal retrata
este processo que fornece, no conjunto, as informações mais utilizadas no
mundo dos negócios”.

NOVOS DESAFIOS
Neste tema, você aprendeu sobre a história da contabilidade, compreendendo
como ela surgiu e se desenvolveu. Vimos, também, quais são o objeto, o objetivo
e os usuários da informação contábil.
Percebemos, assim, que a Contabilidade não serve apenas para atender às
exigências legais; na verdade, ela possui diferentes campos de atuação.

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VAMOS PRATICAR

1. De acordo com Iudícibus (2015, p. 17), “o grau de desenvolvimento das teorias contá­
beis e de suas práticas está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de
desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações”.
Isso explica o fato de a Contabilidade, enquanto Ciência, ter surgido nas cidades italia­
nas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa, entre outras. Explique por que a Contabilidade,
enquanto disciplina, surgiu justamente nessas cidades italianas.
IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

2. Segundo Silva (2018, p. 17), a Ciência Exata é “qualquer campo da ciência capaz de ex­
pressar quantidades, predições precisas e métodos rigorosos de testar hipóteses”; já
a Ciência Social é um “ramo da ciência que estuda os aspectos sociais do ser humano,
propondo conhecer o ser humano enquanto elemento integrante de grupo organizado”.
SILVA, J. M. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2018.

O principal relatório da Contabilidade, o balanço patrimonial, utiliza números e che­ga a um


valor exato entre ativo e passivo mais patrimônio líquido. Mesmo assim, a Contabilidade não
é tida como uma Ciência Exata. Observando essas descrições, explique por que a Contabili-
dade é classificada como uma Ciência Social, já que ela utiliza números — valores e quanti-
dades — em seus relatórios para expressar a situação econômica e financeira da empresa.

3. Para Hendriksen (apud PADOVEZE, 2000, p. 49), “a Contabilidade é um processo de


comunicação de informação econômica para propósitos de tomada de decisão tanto
pela administração como por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos”.
PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

Isto significa que, como mecanismo de informação, a Contabilidade busca auxiliar a toma-
da de decisão tanto dos usuários internos, como a administração da entidade, quanto dos
usuários externos, que utilizam relatórios externos. Nesse sentido, ex­plique a diferença
entre usuários internos e externos da Contabilidade.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 2

ESTRUTURA BÁSICA DA
CONTABILIDADE II
ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

MINHAS METAS

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de


aprendizagem:

Campos de atuação

Alcance das demonstrações contábeis

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UN I AS S ELV I

INICIE SUA JORNADA


Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Contabi-
lidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os diferentes
tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para a loja de
João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal de todos
os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que recebeu
o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da empresa,
sempre orientando João no que ele precisava.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


A Contabilidade Fiscal é regida pelo Governo e obrigatória para todas as em-
presas, exceto as que estão enquadradas como Microempreendedor Individual
(MEI), e está voltada para atender à legislação fiscal. Nesse campo de atuação, o
contador precisa estar atento às regulamentações específicas de cada empresa,
que depende do seu porte, seu ramo de atuação, seu regime tributário, seu en-
quadramento fiscal, entre outras questões. De acordo com as particularidades de
cada empresa, o contador calcula e emite as guias de recolhimento de impostos,
gera relatórios fiscais, emite notas fiscais, entre outras ações.
A Contabilidade Financeira, ou Contabilidade Societária, é regulamentada
pelas normas contábeis. Ela define os processos de contabilização dos fatos ocor-
ridos na empresa de forma que as informações geradas representam fielmente a
situação econômica, financeira e patrimonial da entidade. A Contabilidade Fi-
nanceira também é responsável por definir a estrutura e as informações a serem
apresentadas nas demonstrações contábeis.
Por fim, a Contabilidade Gerencial tem a finalidade exclusiva de auxiliar na
gestão da empresa, por isso, ela não segue regras ou normas, a própria empresa
é quem define os dados, os modelos de relatórios, a periodicidade em que as
informações devem ser divulgadas etc. Na Contabilidade Gerencial, o contador
pode utilizar desde uma simples planilha de Excel ou um caderno de anotações
até sistemas sofisticados de análises quantitativas; o objetivo é que a informação
atenda às necessidades dos gestores internos, os quais precisam tomar decisões
diárias de forma segura e assertiva.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 2

Podemos observar as características de cada campo de atuação no Quadro 1.

CONTABILIDADE CONTABILIDADE CONTABILIDADE


CARACTERÍSTICAS
FISCAL FINANCEIRA GERENCIAL

Adoção e elaboração Obrigatória Obrigatória Facultativa

Relações Relações Relações


Utilizada para...
tributárias externas internas

Condicionada Não está


Condicionada
às disposições condicionada
Vínculo à legislação às disposições
legais e às disposições
legais
tributárias legais

Conjunto
Relatórios Relatórios para
completo de
Produto principal específicos planejamento e
demonstrações
exigidos por lei controle
contábeis

Empresa como Empresa como Interesse das


Visão da empresa
um todo um todo partes

Relevante e
A informação é... Precisa (objetiva) Rápida
confiável

Essência
A informação Objetividade e
econômica das Utilidade
busca... legalidade
transações

Quadro 1 - Características dos campos de atuação da contabilidade / Fonte: adaptado de Szuster et al. (2013).

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

João não entendeu muito bem a diferença entre Conta-


bilidade Fiscal, Contabilidade Financeira e Contabilidade
Gerencial e, por isso, foi pedir explicação ao seu contador.
Acompanhe e descubra o que o contador disse ao João.
Ouça o podcast no seu ambiente virtual de aprendizagem.

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UN I AS S ELV I

Como dito anteriormente, os empresários, normalmente, contratam os ser-


viços da Contabilidade Fiscal e Financeira, realizando a gestão com dados
não contábeis e se baseando em experiências passadas. No entanto, ao ser
responsável por registrar TODAS as movimentações financeiras e patrimo-
niais ocorridas na empresa, a Contabilidade tem acesso a informações que,
às vezes, os próprios empresários desconhecem, por isso, vale a pena olhar
para os serviços contábeis não somente como uma obrigatoriedade, mas, sim,
como um aliado para o sucesso dos negócios.
Entre esses três campos de atuação, neste material, basear-nos-emos na Con-
tabilidade Financeira, pois é a Contabilidade propriamente dita, aquela desen-
volvida para registrar e controlar o patrimônio da entidade, buscando evidenciar,
da forma mais transparente possível, a sua realidade. Uma das tarefas da Con-
tabilidade Financeira é definir como devem ser evidenciadas as informações
da entidade nas demonstrações contábeis. Lembre-se: é fundamental ter esse
conhecimento para, no caso dos contadores, saber como apresentar os dados
corretamente e, no caso dos gestores, saber compreender as informações, tor-
nando-as úteis no processo de tomada de decisão.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 2

IN D ICAÇÃO DE FI LM E

Um Sonho de Liberdade
Ano: 1994
Sinopse: Andy Dufresne é condenado a duas prisões perpétu-
as consecutivas pelas mortes de sua esposa e de seu amante,
porém só Andy sabe que ele não cometeu os crimes. No presídio,
durante dezenove anos, ele faz amizade com Red, sofre as bru-
talidades da vida na cadeia, adapta-se, ajuda os carcereiros etc.
Comentário: Nesse filme, Andy Dufresne, que era banqueiro,
utiliza seus conhecimentos na área de Contabilidade para
buscar a sua tão sonhada liberdade.

OBJETIVO E ALCANCE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Por esse motivo, estudaremos, agora, sobre o objetivo e alcance das demonstra-
ções contábeis. É importante que você saiba que relatórios contábeis e demonstra-
ções contábeis são considerados sinônimos. Sobre esse assunto, Iudícibus e Marion
(2019, p. 229) afirmam que o relatório contábil é a exposição resumida e ordenada
dos principais fatos registrados pela contabilidade em determinado período”. O
processo de geração de informações contábeis pode ser observado na Figura 1.

Figura 1 - Geração de informações contábeis / Fonte: Marion (2009, p. 46).

Descrição da Imagem: a figura demonstra um processo que segue da esquerda para a direita. Na primeira parte,
está escrito “Coleta de dados”; abaixo, aparece a figura de um funil que tem a sua saída voltada para figura da
direita, na parte superior do funil, existem vários cifrões sendo coletados. Em seguida, está escrito “Contabilidade”;
abaixo, aparece a figura de um homem de terno e gravata ao lado de uma calculadora. Na sequência, está escrito
“Relatórios contábeis”; abaixo, aparece a figura de um papel com texto ilegível. Por fim, está escrito “Usuários
da contabilidade”; abaixo, aparecem as seguintes citações: Administração, Bancos, Governo e Fornecedores.

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UN I AS S ELV I

A Figura 1 demonstra a obtenção de dados que é feita por meio de documentos: é


por isso que a Contabilidade solicita notas fiscais, recibos, contratos, entre outros
documentos que comprovem a transação realizada. Com os documentos em mãos, a
Contabilidade efetua os registros das transações e, ao final do período — que pode ser
mensal, anual ou outro —, tais registros dão origem às demonstrações contábeis que
são utilizadas pelos usuários para obtenção de informações a respeito da entidade.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Norma Brasileira de
Contabilidade — NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019, fornece
alguns apontamentos acerca dos objetivos das demonstrações contábeis:


O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações
financeiras sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e
despesas da entidade que reporta que sejam úteis aos usuários das
demonstrações contábeis na avaliação das perspectivas para futuros
fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade que reporta e na
avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos
econômicos da entidade.” CFC, 2019, [s.p.]

Apesar de as demonstrações contábeis possuírem estruturas específicas, o nível


de detalhamento e complexidade deve ser ajustado de acordo com cada realidade.
Para entender essa ideia, basta comparar uma grande indústria têxtil, com dezenas
de funcionários e na qual o proprietário pode nem atuar dentro da empresa, com
um pequeno ateliê de costura, em que a(o) costureira(o) é proprietária(o) do negó-
cio e, também, é quem atende o cliente, fabrica, vende, recebe, controla o estoque,
o caixa, enfim atua em todas as ações do negócio.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 2

As diferentes características das empresas nos permitem afirmar que os relatórios


contábeis serão influenciados pelos seguintes aspectos:
■ Complexidade do negócio

É evidente que os relatórios de uma pequena empresa, com poucos tipos de transa-
ções — basicamente, compra, vende, recebe e paga — conterá bem menos informa-
ções que os relatórios de uma grande corporação que realiza uma extensa variedade
de transações, nacionais e internacionais, que apresenta uma enorme carga tribu-
tária e realiza operações em diversas instituições financeiras. Dessa forma, quanto
maior o nível de complexidade das atividades desempenhadas pela entidade, maior
também será a complexidade e o detalhamento das informações contábeis.
■ Distância entre os sócios/acionistas da gestão da empresa

Nas empresas em que os sócios conseguem acompanhar de perto as atividades


realizadas, não existe a necessidade de relatórios contábeis mais detalhados. Nes-
ses casos, a informação é obtida na própria empresa, sendo os relatórios menos
utilizados para tomada de decisão. Por outro lado, em grandes empresas, em
que os sócios/acionistas não participam dos negócios, os relatórios se tornam o
principal meio de prestação de contas sobre as ações dos gestores.
Nas entidades por ações, também conhecidas como Sociedades Anônimas
(S.A.), por exemplo, os acionistas minoritários compõem o quadro societário da
empresa, mas são considerados usuários externos, pois não têm fácil acesso às infor-
mações, por isso, a Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976) e alterações (Lei das S.A.) deter-
minam uma série de informações a serem divulgadas nas demonstrações contábeis,
de forma a amparar os acionistas com dados que assegurem seu investimento.
■ Conjunto de demonstrações contábeis

De acordo com a NBC TG 26 (R5) — Apresentação das Demonstrações Contá-


beis (CFC, 2017), o conjunto completo de demonstrações inclui:
» Balanço patrimonial.
» Demonstração do resultado.
» Demonstração do resultado abrangente.
» Demonstração das mutações do patrimônio líquido.
» Demonstração dos fluxos de caixa.
» Demonstração do valor adicionado.
» Notas explicativas.

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UN I AS S ELV I

A obrigatoriedade de elaboração e divulgação de tais demonstrações depende de


legislações específicas conforme o porte e a formalização legal da entidade. No
entanto, o balanço patrimonial e a demonstração do resultado, que você conhe-
cerá neste material, devem ser elaborados por todas as empresas, mesmo que não
venham a ser divulgados publicamente.

P E N SA N DO J UNTO S

Muitos empresários de pequenos negócios nunca viram o balanço patrimo-


nial ou a demonstração de resultado da sua empresa. Será que o contador
não fornece as demonstrações ou o empresário não tem interesse, pois não
entende as informações?

Mesmo que não sejam poucas as demonstrações, muitas empresas também apre-
sentam o relatório da administração, que descreve e explica as características
principais do desempenho e da posição financeira e patrimonial da entidade,
assim como as incertezas às quais está sujeita. Muitas empresas também apre-
sentam relatórios ambientais e sociais, sobretudo as de setores em que os fatores
ambientais e sociais são significativos (CFC, 2017).
As demonstrações contábeis são voltadas para usuários externos de forma geral:


As demonstrações contábeis fornecem informações sobre transa-
ções e outros eventos observados do ponto de vista da entidade que
reporta como um todo e, não, do ponto de vista de qualquer grupo
específico de investidores, credores por empréstimos e outros cre-
dores, existentes ou potenciais, da entidade. CFC, 2019, [s.p.]

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 2

Contudo, os usuários internos necessitam de informações mais específicas e


atuais. Por exemplo, ao invés de utilizar o balanço patrimonial, que contém
todo o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade, o gerente finan-
ceiro pode requerer relatórios específicos apenas com os dados relativos a va-
lores a receber e/ou a pagar, contendo o valor de cada título e vencimento. Da
mesma forma, o gerente de produção pode solicitar informações específicas a
respeito de itens em estoque, produtividade, pedidos a serem entregues, custos
de produção, entre outras informações.Além de informações específicas, os
usuários internos necessitam receber os relatórios de forma mais contínua. As
demonstrações contábeis são elaboradas ao final de cada período, que pode
ser mensal, semestral, anual ou outro definido pela entidade.
No entanto, os relatórios gerados para os usuários internos devem ser ge-
rados conforme a necessidade, que pode ser, até mesmo, diária. Os relatórios
internos são gerados pela Contabilidade quando a empresa possui um depar-
tamento contábil próprio. Quando a Contabilidade é terceirizada, as infor-
mações para a gestão são elaboradas por algum departamento administrativo
que a empresa possua. Contudo, nada impede que o contador contratado pela
empresa lhe envie relatórios com informações específicas, mas isso dependerá
de como os serviços contábeis são contratados.

NOVOS DESAFIOS
E aí, gostou do papel da Contabilidade? Acredito que, agora, a atividade contá-
bil faz muito mais sentido para você, pois sabe que muito mais do que atender
às determinações legais, a Contabilidade é um importante instrumento de
controle patrimonial, sendo que este controle resulta em informações que
contribuem para o processo de tomada de decisão dos usuários. Contudo,
para que essas informações sejam úteis, é necessário compreendê-las, e é isso
que trabalharemos a partir de outro tema de aprendizagem. Até logo!

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VAMOS PRATICAR

1. Todas as pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas que necessitarem de infor­


mações contábeis para tomar decisões são consideradas usuários das informações
contábeis. Estes, por sua vez, são separados em internos e externos. Os usuários in-
ternos fazem parte da empresa e atuam diretamente em suas rotinas operacionais.

Já os usuários externos podem ou não ter relações diretas com a empresa, mas não
atuam dentro dela. Considerando essas informações e tomando como base uma empresa
industrial, assinale a alternativa que apresenta um usuário da informação contábil com
sua correta classificação.

a) Governo, usuário interno.


b) Diretoria, usuário externo.
c) Gerente de produção, usuário externo.
d) Instituições financeiras, usuário interno.
e) Conselho Regional de Contabilidade, usuário externo.

2. As demonstrações contábeis fornecem informações sobre a situação econômica, fi-


nanceira e patrimonial da entidade. Apesar de serem elaboradas de acordo com as
estruturas definidas pelas normas contábeis, o nível de detalhamento e comple­xidade
é influenciado por alguns fatores. No que se refere a esses fatores, analise as afirma-
tivas a seguir.

I - A complexidade do negócio interfere nas informações contábeis, isso porque as de-


monstrações de pequenos empreendimentos apresentam uma quantidade maior de
informações, já que, normalmente, nessas situações, a Contabilidade é terceirizada.
Já os grandes empreendimentos não necessitam de demonstração com muitas infor-
mações, já que possuem profissionais qualificados para realizar a gestão do negócio.
II - A distância entre o sócio/acionista das informações da empresa interfere nas infor-
mações contábeis, isso porque quanto mais próximo o proprietário estiver da rotina
da empresa, menos detalhes serão necessários nas demonstrações.
III - Apesar das normas contábeis apresentarem um conjunto de sete demonstra­ções,
cada empresa deve analisar sua própria obrigatoriedade de elaboração e divulgação,
por isso, varia a depender do porte e ramo de atividade.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 3

SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO
ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

MINHAS METAS

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de


aprendizagem:

Elementos patrimoniais

Origens e aplicações de recursos

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UN I AS S ELV I

INICIE SUA JORNADA


Caro(a) estudante, neste tema de aprendizagem você terá a oportunidade de co-
nhecer o que compõe esse patrimônio: os chamados elementos patrimoniais.
Você descobrirá, também, como a Contabilidade classifica e organiza esses ele-
mentos. Essa forma particular de organizar os elementos patrimoniais gera uma
série de informações importantes sobre a entidade, como, por exemplo, identificar
as origens e as aplicações de recursos financeiros. Então, não perca tempo, vamos
descobrir a linguagem contábil!

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


O João, que, assim como você, deseja conhecer mais sobre Contabilidade, abriu
uma loja de roupas chamada Estilo. Para tanto, ele e mais dois amigos investiram
o montante de R$200.000,00 cada, totalizando um capital de R$600.000,00. Com
esse valor, eles compraram o ponto comercial e montaram a loja com balcões,
expositores, prateleiras, provadores, mesas, itens de decoração e mercadorias
para venda. Então, ela ficou assim: do valor investido, sobraram R$180.000,00,
que foram depositados em uma conta corrente aberta no nome da empre-
sa. A abertura da empresa
também gerou dívidas com
aluguel e com fornecedo-
res, já que parte das mer-
cadorias foram adquiridas
a prazo. Com essas infor-
mações eu lhe pergunto: o
que compõe o patrimônio
da empresa Estilo? Quais
são as origens de recursos
financeiros e como eles fo-
ram aplicados na empresa?
A empresa Estilo apresenta
uma situação patrimonial
positiva ou negativa?

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 3

Quando pensamos em patrimônio, naturalmente, nos lembramos dos bens


que possuímos: uma casa, um carro, um terreno etc. O Dicionário Aurélio define
patrimônio como herança paterna. Bens de família. Complexo de bens, materiais
ou não, direito, ações, posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa ou empresa
e seja suscetível de apreciação econômica” (FERREIRA, 2009, p. 488).
Os dados da empresa Estilo, apresentados anteriormente, estão detalha-
dos na Tabela 1. Considerando os dados apresentados, identifique o patri-
mônio da empresa Estilo.

Ponto comercial R$ 75.000,00

Balcões R$ 60.000,00

Expositores R$ 40.000,00

Prateleiras R$ 50.000,00

Provadores R$ 35.000,00

Mesas R$ 15.000,00

Itens de decoração R$ 5.000,00

Mercadorias R$ 265.000,00

Depósito na conta corrente R$ 180.000,00

Dívida com fornecedores R$ 120.000,00

Dívida com aluguel R$ 5.000,00

Capital investido pelos sócios R$ 600.000,00

Tabela 1 - Dados da empresa Estilo / Fonte: a autora.

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UN I AS S ELV I

Você, provavelmente, deve ter considerado todos os bens, como os móveis e as mer-
cadorias, como o patrimônio da empresa Estilo. Contudo, eu lhe convido a fazer a se-
guinte reflexão: caso os sócios da empresa Estilo solicitassem um empréstimo a uma
instituição financeira e, para assegurar o empréstimo, a instituição exigisse a relação
de todo o patrimônio no nome da empresa, e, então, os sócios apresentassem todos os
bens e seus respectivos valores, mas não mencionasse a dívida de R$120.000,00 com
fornecedores, eles estariam sendo verdadeiros sobre a situação da empresa? Afinal, se
a empresa já possui uma dívida, de certa forma, seus bens já estão comprometidos.
Como você aprendeu na unidade anterior, o objeto de estudo da Contabili-
dade é o patrimônio da entidade contábil, e é por isso que é importante conhecer
os ELEMENTOS PATRIMONIAIS.
Quando falamos em patrimônio, normalmente, lembramo-nos dos bens, da-
quilo que possuímos e que tem valor, como uma casa ou um carro. Além do bem
que já possuímos, nosso patrimônio também é composto pelos direitos que nos
pertencem, como o direito de receber algum valor ou de usufruir de algo, afinal
tudo que nos pertence e que tem valor econômico faz parte do nosso patrimônio.
Entretanto, se dizemos que o que nos pertence e tem valor econômico faz parte
do nosso patrimônio, então as nossas obrigações também são nosso patrimônio,
afinal as nossas obrigações são nossas: ninguém sai por aí distribuindo boletos
para outros pagarem, não é mesmo?!

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 3

Figura 1 - Elementos que compõem o patrimônio / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta os elementos patrimoniais. À esquerda, está a palavra “Patri- mônio”;
do seu lado direito, há três quadros com desenhos e, entre eles, o sinal de mais (+). No primeiro quadro, há uma
mão segurando uma sacola de presente e escrito “Bens”; no segundo, há uma mão em concha e, em cima da mão,
há um cifrão com uma seta demonstrando retorno, abaixo, está escrito “Direitos”; no último quadro, há uma mão
segurando um celular que apresenta a palavra PAY (pagamento), abaixo, está escrito “Obrigações”.

Assim, podemos dizer que o patrimônio de uma entidade contábil é formado


por bens, direitos e obrigações pertencentes a ela e que possuam valor econô-
mico, ou seja, que possam ser mensurados em dinheiro. Os bens podem estar
vinculados à entidade pela aquisição, recebimento, doação ou outro título.
Os direitos de recebimento e as obrigações de pagamento são decorrentes de
transações econômicas. Conheçamos melhor cada um desses elementos. Os
bens representam tudo aquilo que é útil para satisfazer as necessidades das
pessoas, assim são suscetíveis a avaliação econômica. No caso de João, em
sua loja Estilo, é possível observar os seguintes bens: gôndolas, balcões, ex-
positores, prateleiras, aparadores, mesas, ar-condicionado, dinheiro no caixa,
computador, telefone,máquina de cartão, roupas para venda, o próprio prédio
no qual a loja está instalada, entre outros. Todos esses elementos são bens e,
dependendo da sua finalidade, são registrados em grupos específicos. Os bens
para uso na própria loja, como as prateleiras e os provadores, são registrados
no imobilizado, já os bens para venda, como as roupas, são registrados no
estoque. Normalmente, o estoque e o imobilizado são os grupos de bens mais
significativos nas entidades, mas você conhecerá outros.
Existem várias maneiras de classificar os bens, dependendo do enfoque
dado pela ciência. Para a Ciência Contábil, a principal classificação é quanto
à materialidade: bens materiais e bens imateriais.
■ Bens materiais

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UN I AS S ELV I

Os bens materiais são aqueles que possuem corpo, matéria. Esses bens, quando des-
truídos por força física, deixam de ser bens. Os bens materiais, também denominados
bens tangíveis, são divididos em:
■ Bens móveis: segundo o artigo 82 do Código Civil (BRASIL, 2002), são os
bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia,
sem alteração da substância ou destinação econômico--Social. Exemplos:
máquinas, veículos, mercadorias.
■ Bens imóveis: o artigo 79 do Código Civil (BRASIL, 2002) salienta que é o
solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Exemplos:
terrenos, edificações.
■ Bens imateriais

Os bens imateriais, também denominados bens intangíveis, não possuem corpo, não
podem ser tocados, assim não podem ser destruídos por uma ação física. Contudo,
a difamação, a má qualidade, preços incompatíveis, desrespeito ao consumidor po-
dem desvalorizar ou, até mesmo, acabar com o bem (FRAGALLI; SILVA, 2021). Para
Marion (2015), o bem intangível, incorpóreo ou invisível são bens que não se pode
tocar ou pegar. São aqueles que passaram a ter grande relevância a partir das ondas
de fusões e incorporações na Europa e nos EUA. Os bens intangíveis podem ser ob-
jeto de cessão, ou seja, ação de ceder ou transferir a outrem a posse ou propriedade
de alguma coisa. Os exemplos de bens intangíveis são: fundo de comércio, software,
marcas e patentes, direitos autorais e direitos de exploração. Esses dois últimos, apesar
de mencionarem “direitos”, na Contabilidade, ficam registrados como intangíveis.

IN D ICAÇ ÃO DE FI LM E

Fome de Poder
Ano: 2016
Sinopse: A história da ascensão de uma das maiores redes de fast
food do mundo. Após receber uma demanda sem precedentes
e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, o
vendedor de Illinois Ray Kroc adquire uma participação nos negóci-
os da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice Mac McDonald no
sul da Califórnia e, pouco a pouco, elimina os dois da rede, transformando a marca
em um gigantesco império alimentício.
Comentário: o filme mostra a negociação de um bem intangível, no caso, a marca
de uma das maiores redes de fast food do mundo.

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Enquanto os bens, tangíveis e intangíveis, são elementos que a entidade pos-


sui, os direitos são os valores que a entidade tem a receber, sejam eles de
pessoas físicas ou jurídicas. Esses direitos decorrem do poder jurídico que
uma entidade tem de exigir valores de outra entidade, seja de pessoa física,
empresa ou até mesmo de órgãos públicos. Os direitos ocorrem por diversos
atos empresariais, entre eles, podemos citar os seguintes:

Figura 2 - Classificação dos direitos / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem contempla três colunas enumeradas de um a três com as classificações dos
direitos. Da esquerda para a direita, temos os valores a receber de clientes, que são decorrentes de vendas reali-
zadas a prazo; como os clientes levaram os produtos ou mercadorias e não pagaram no ato da compra, a empresa
fica com o direito de receber no prazo combinado. Em seguida, no número dois, temos os valores a receber do
poder público, que são decorrentes de créditos por impostos não cumulativos que legalmente serão utilizados para
reduzir o valor dos impostos a pagar nos períodos seguintes, mas isso dependerá do regime tributário adotado
pela empresa. Na coluna de número três, estão os valores a receber de funcionários ou sócios: são decorrentes
de adiantamentos de salários ou empréstimos feitos a funcionários ou sócios; enquanto esses valores não forem
descontados dos pagamentos ou recebidos em dinheiro, a empresa fica com o direito de recebê-los.

Assim como a entidade tem direitos a receber, ela também tem obrigações a
pagar. As obrigações são todos os compromissos, deveres ou ações passivas que
envolvam valor econômico. Dessa forma, podemos dizer que as obrigações são
valores que a entidade tem a pagar, seja a outras empresas, instituições financeiras,
poder público, funcionários, sócios etc. As obrigações são dívidas contraídas por
diversos motivos, como: compras a prazo, obtenção de empréstimos ou financia-
mentos, determinação legal, contratação de funcionários, entre outras. Podemos
classificar as obrigações, para fins didáticos, da seguinte forma:

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Figura 3 - Classificação das obrigações/ Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem contempla quatro linhas numeradas de um a quatro com as classificações
das obrigações. De cima para baixo, temos as obrigações por funcionamento, que são as dívidas decorrentes
de operações normais da entidade, como compras a prazo de materiais para consumo ou de mercadorias para
venda. Em seguida, no número dois, temos as obrigações por financiamento, que são as dívidas decorrentes de
financiamento de bens ou de obtenção de recursos em instituições financeiras. Na linha de número três, estão as
obrigações sociais e trabalhistas, essas são decorrentes da contratação de funcionários e de leis trabalhistas. E,
por último, na quarta linha, as obrigações fiscais, que são as dívidas com o órgão fiscal, seja ele federal, estadual
ou municipal, como os impostos e contribuições sociais. O ramo de atividade e o regime tributário interferem
diretamente nessas obrigações.

É importante esclarecer que a liquidação de uma obrigação não é feita, ex-


clusivamente, por meio de pagamento com recursos financeiros. Ela pode
ser liquidada por meio de transferência de outros ativos ou, até mesmo, da
prestação de serviços, o que depende da negociação. A Contabilidade divide
as obrigações em exigíveis e não exigíveis. As obrigações exigíveis são aquelas
contraídas com terceiros, como os fornecedores, o Governo e os funcionários.
Essas obrigações têm um prazo determinado para pagamento. Já as obrigações
não exigíveis são aquelas contraídas com os sócios. Quando a empresa é cons-
tituída, os sócios investem um capital; na Contabilidade, esse investimento
recebe o nome de Capital Social. Esse investimento dos sócios gera uma obri-
gação para a empresa, contudo essa obrigação não tem um prazo determinado
para pagamento, por isso, é considerada uma obrigação não exigível.

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A P RO F UNDA NDO

Uma das premissas básicas para a atividade contábil é reconhecer que a


empresa é uma entidade separada dos seus sócios. Isso significa que o
patrimônio da empresa não pode ser misturado com o patrimônio de seus
sócios. Não é à toa que chamamos a empresa de pessoa jurídica: é como se
fosse, realmente, uma outra pessoa, com seus bens, direitos e obrigações
próprias. Assim, quando os sócios investem na empresa, esta passa a ter
uma obrigação financeira com aqueles.

Resumindo: o patrimônio de uma entidade contábil, seja pessoa física ou


jurídica, é composto pelo conjunto de bens, direitos e obrigações. Uma ques-
tão importante sobre os elementos que compõem o patrimônio é que, ne-
cessariamente, eles precisam ter valor monetário. Isso significa que, se não
for possível avaliar monetariamente um bem, um direito ou uma obrigação,
não será possível registrá-lo no patrimônio. É por isso que a Contabilidade
registra e controla o patrimônio observando dois aspectos: o qualitativo e o
quantitativo. O aspecto qualitativo do patrimônio corresponde ao nome dado
a cada elemento patrimonial. Isso porque, quando falamos que os bens, os
direitos e as obrigações representam os elementos patrimoniais, na verdade,
precisamos lembrar que esses são os conjuntos de elementos, já que existem
vários bens, vários direitos e várias obrigações em cada entidade contábil.
Para registrar e controlar cada elemento patrimonial, a Contabilidade utili-
za um plano de contas, assim cada conta contábil representa um elemento
patrimonial, que, no caso, corresponde ao aspecto qualitativo do elemento.
É importante esclarecer que o nome da conta contábil deve estar sempre
relacionado ao elemento.Por exemplo, a conta “Caixa” representa o dinheiro
da empresa, já a conta “Mercadorias” representa o estoque de mercadorias
disponível para venda.
Por mais que pareça fácil identificar o elemento patrimonial pela sua conta
contábil, é importante conhecer o plano de contas de cada entidade e verificar
o que é registrado em cada uma delas, isso porque o plano de contas pode ser
ajustado à realidade de cada entidade. Por exemplo, a entidade pode optar por
separar o dinheiro em papel moeda do dinheiro da conta corrente, nesse caso,
no plano, haverá a conta “Caixa” e a conta “Banco conta movimento”. Por outro

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lado, a entidade pode optar por registrar toda a sua movimentação financeira
em uma única conta, então, no plano, haverá a conta “Caixa e equivalentes
de caixa”. Enquanto o aspecto qualitativo de cada elemento é evidenciado
por meio da conta contábil, o aspecto quantitativo é evidenciado por meio
de valores. Isso significa que cada elemento patrimonial deve ser registrado
em uma conta contábil com seu respectivo valor. O simples levantamento
dos elementos patrimoniais de uma entidade, em seus aspectos qualitativo e
quantitativo, representa um inventário, é o que chamamos de patrimônio não
sistematizado, conforme demonstrado na Tabela 2.

ASPECTO QUALITATIVO ASPECTO QUANTITATIVO

Caixa R$ 15.000,00

Duplicatas a receber R$ 11.000,00

Mercadorias R$ 38.000,00

Móveis R$ 23.000,00

Fornecedores R$ 19.000,00

Salários a pagar R$ 5.000,00

Capital social R$ 63.000,00

Tabela 2 - Patrimônio não sistematizado / Fonte: a autora.

A Contabilidade, em sua função de gerar informação, não se limita a registrar


os elementos patrimoniais em seus aspectos qualitativo e quantitativo, ela
também os organiza; é o que chamamos de SISTEMATIZAÇÃO DO PA-
TRIMÔNIO. Para tanto, a Contabilidade separa os bens e os direitos das
obrigações. Os bens e direitos ficam registrados em um grupo chamado ativo,
enquanto as obrigações ficam em um grupo chamado passivo. Como existem
obrigações exigíveis e não exigíveis, no grupo do passivo, existe um subgrupo
chamado patrimônio líquido.

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Figura 4 - Sistematização do patrimônio / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem demonstra a sistematização do patrimônio através de um organograma que


inicia com o “Patrimônio”. Este é dividido em “Bens e direitos” de um lado e “Obrigações” do outro. Entre “Bens e
direitos” e “Obrigações”, aparece o sinal de igual (=). Os “Bens e direitos” são alocados no “Ativo”, já as “Obrigações”
são divididas em “Obrigações exigíveis” de um lado e “Obrigações não exigíveis” de outro. As Obrigações exigíveis
são alocadas no “Passivo”, enquanto as “Obrigações não exigíveis” são alocadas no “Patrimônio líquido”. Entre
“Obrigações exigíveis” e “Obrigações não exigíveis”, aparece o sinal de mais (+). Entre “Passivo” e “Patrimônio
líquido”, aparece o sinal de mais (+). Entre “Ativo” e “Passivo”, + “Patrimônio líquido” aparece o sinal de igual (=).

A P RO F UNDA NDO

Essa separação, muito mais do que uma simples organização, permite


identificar uma série de informações sobre a entidade, como nível de endi-
vidamento, origem e aplicação de recursos financeiros, situação patrimonial
(positiva ou negativa). Conforme nos aprofundamos no detalhamento dessa
sistematização, mais informações descobriremos.

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Conceitos relacionados ao patrimônio:

ELEMENTOS PATRIMONIAIS

Bens, direitos e obrigações; ativo, passivo e patrimônio líquido.

ASPECTO QUALITATIVO

Refere-se ao nome dado ao elemento.

ASPECTO QUANTITATIVO

Refere-se ao valor monetário do elemento.

Perceba, na Figura 4, que existe um sinal de igualdade entre “Bens e direitos”


e “Obrigações”, assim como entre “Ativo” e “Passivo + Patrimônio líquido”, isso
porque a sistematização do patrimônio gera um equilíbrio financeiro entre esses
grupos de elementos patrimoniais. Essa igualdade do patrimônio sistematizado
gera as seguintes equações:
■ Bens e direitos = Obrigações.
■ Ativo = Passivo + Patrimônio líquido.
■ Patrimônio líquido = Ativo – Passivo.

Para ilustrar o equilíbrio gerado pela sistematização do patrimônio, retomaremos


os dados apresentados na Tabela 2. Primeiramente, classificaremos os elementos.

ASPECTO QUALITATIVO ASPECTO QUANTITATIVO CLASSIFICAÇÃO

Caixa R$ 15.000,00 Bem / Ativo

Duplicatas a receber R$ 11.000,00 Direito / Ativo

Mercadorias R$ 38.000,00 Bem / Ativo

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ASPECTO QUALITATIVO ASPECTO QUANTITATIVO CLASSIFICAÇÃO

Móveis R$ 23.000,00 Bem / Ativo

Obrigação exigível /
Fornecedores R$ 19.000,00
Passivo

Obrigação exigível /
Salários a pagar R$ 5.000,00
Passivo

Obrigação não exigível /


Capital Social R$ 63.000,00
Patrimônio líquido

Tabela 3 - Classificação dos elementos / Fonte: a autora.

Agora sim, com essas informações, podemos sistematizar o patrimônio:

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 15.000,00 Fornecedores R$ 19.000,00

Duplicatas a
R$ 11.000,00 Salários a pagar R$ 5.000,00
receber

Mercadorias R$ 38.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis R$ 23.000,00 Capital Social R$ 63.000,00

Total do ativo R$ 87.000,00 Total do passivo + PL R$ 87.000,00

Quadro 1 - Patrimônio sistematizado / Fonte: a autora.

Como você pôde observar no Quadro 1, ao sistematizar o patrimônio, o valor total


do ativo fica igual ao valor total do passivo + patrimônio líquido, no caso, ambos
ficaram com R$87.000,00. É importante esclarecer que o valor total depende do
conjunto de elementos que a entidade possui, mas, sempre, isso mesmo, sempre o
valor total do ativo será igual ao valor total do passivo mais o patrimônio líquido.

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VOCÊ SABE RESPONDER?


Com isso, chegamos à seguinte questão: se o patrimônio sistematizado sem-
pre apresenta um equilíbrio entre o ativo e o passivo mais o patrimônio líquido,
como identificar se a situação da entidade é positiva ou negativa?

Para saber se a situação patrimonial da entidade é positiva ou negativa, é neces-


sário observar a sua situação líquida, que, no caso, é obtida por meio do saldo do
patrimônio líquido. Para enxergar o patrimônio líquido como a situação líquida
da entidade, é preciso ter o seguinte raciocínio: se, por um lado, o patrimônio
líquido representa a obrigação da empresa com seus sócios/acionistas, por outro
lado, ele apresenta o saldo de recursos que sobra para a empresa após cobrir todas
as suas obrigações exigíveis. Basta relembrarmos a equação:
Pense comigo: no ativo, estão todos os bens e direitos da entidade, enquanto,
no passivo, estão todas as obrigações exigíveis; então, se utilizarmos todos os bens
e direitos para pagar todas as obrigações, o que sobra é a situação líquida. Assim,
se o ativo for maior que o passivo, a situação é positiva, mas, se o ativo for menor
que o passivo, a situação é negativa. Para facilitar a compreensão, exemplificaremos.

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■ Situação líquida positiva

Quando o valor do ativo é maior que o valor do passivo, significa que a entidade
consegue cobrir todas as suas dívidas e, ainda, gera uma sobra. Imagine que uma
empresa possua R$300.000,00 de ativo e R$200.000,00 de passivo (obrigação
exigível). Aplicando a fórmula, teríamos o seguinte valor de patrimônio líquido:
■ Patrimônio líquido = Ativo - Passivo (exigível)
■ Patrimônio líquido = R$ 300.000,00 - R$ 200.000,00
■ Patrimônio líquido = R$ 100.000,00

Figura 5 - Situação líquida positiva / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro maior com a descrição “Ativo: R$ 300.000,00”; ao lado, há
um quadro menor com a descrição “Passivo: R$ 200.000,00”; abaixo, há um quadro menor ainda com a descrição
“Patrimônio líquido: R$ 100.000,00”. A diferença entre o quadro do “Ativo” (maior) e o quadro do “Passivo” (médio)
é evidenciada com uma linha tracejada que indica “Sobra de recursos”. Abaixo do quadro do Ativo, está evidencia-
do o total de R$300.000,00; assim como, abaixo dos quadros do Passivo e do Patrimônio líquido, também está
evidenciado o total de R$300.000,00.

Como você pôde observar na Figura 5, a empresa consegue pagar todas as suas
dívidas e ainda sobram R$100.000,00.

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■ Situação líquida negativa

Quando o valor do ativo é menor que o valor do passivo, significa que a entidade
não possui recursos suficientes para pagar as suas dívidas, assim se encontra em
uma situação negativa. Imagine que uma empresa possua R$200.000,00 de ativo
e R$280.000,00 de passivo (obrigação exigível). Aplicando a fórmula, teríamos o
seguinte valor de patrimônio líquido:
■ Patrimônio líquido = Ativo - Passivo (exigível)
■ Patrimônio líquido = R$ 200.000,00 - R$ 280.000,00
■ Patrimônio líquido = (R$ 80.000,00)

Figura 6 - Situação líquida negativa / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro menor com a descrição “Ativo: R$ 200.000,00”; ao lado, há
um quadro maior com a descrição “Passivo: R$ 280.000,00”; abaixo, há um quadro menor com a descrição “Patri-
mônio líquido: R$ (80.000,00)”. A diferença entre o quadro do “Ativo” (menor) e o quadro do “Passivo” (maior) é
evidenciada com uma linha tracejada que indica “Falta de recursos”. Abaixo do quadro do Ativo, está evidenciado
o total de R$200.000,00; assim como, abaixo dos quadros do Passivo e do Patrimônio líquido, também está
evidenciado o total de R$200.000,00.

É importante ressaltar que, sempre que encontrarmos valores entre parênteses,


eles se referirem a valores negativos.

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Como você pôde observar na Figura 6, se a empresa utilizar todos os seus bens
e direitos, ainda assim não consegue pagar todas as suas dívidas, pois faltam
R$80.000,00. Segundo Fragalli e Silva (2021, p. 72),“a compreensão da situação
patrimonial de uma entidade é fundamental para os usuários das informa-
ções contábeis, pois permite avaliar o desempenho da gestão empresarial,
definir estratégias, entre outras questões relevantes no processo decisório”. No
entanto, é importante esclarecer que a situação negativa não significa, neces-
sariamente, que a empresa deve encerrar suas atividades. Quando se fala de
negócios, existe uma série de questões a serem observadas, como expectativas
de mercado, possibilidades de negociação, mudanças de estratégias etc.
A sistematização do patrimônio facilita a identificação dos bens e direitos
da entidade, assim como suas obrigações, e possibilita a verificação da situação
patrimonial, se é positiva ou negativa. Além dessas informações, a sistematiza-
ção também permite enxergar as ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS.
Toda entidade depende de recursos financeiros, os quais são utilizados
para manter suas atividades. A primeira fonte de recursos de uma empresa
é justamente o investimento dos sócios/acionistas, que pode ser feito em di-
nheiro ou algum outro bem, como mercadorias, móveis etc. Assim, a conta
Capital Social representa uma fonte de recursos, e a forma como esse capital
é integralizado representa as aplicações. Após iniciar suas atividades, diver-
sas outras fontes de recursos surgirão, e a empresa, então, administra esses
recursos de forma a alcançar seus objetivos. No patrimônio sistematizado,
as diversas fontes de recursos de uma entidade são observadas no grupo do
passivo, sendo que o passivo exigível corresponde a recursos provenientes
de terceiros, ou seja, de pessoas (físicas ou jurídicas) de fora da empresa, e o
patrimônio líquido corresponde a recursos provenientes dos sócios. Os re-
cursos de terceiros são denominados Capital de Terceiros, e os recursos dos
sócios/acionistas são denominados Capital Próprio.


“[...] do lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passivo Exi-
gível) como Capital Próprio (Patrimônio Líquido), representa
toda a fonte de recursos, toda a origem de capital. Nenhum re-
curso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio
Líquido” (IUDÍCIBUS; MARION, 2018, p. 33)

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Assim, podemos afirmar que o lado do passivo e patrimônio líquido repre-


senta toda a fonte de recursos de uma entidade. Entretanto, talvez, você se
pergunte: “como assim todas as obrigações representam fontes de recursos?”.
Acredito que, quando falamos em um empréstimo, faz sentido dizer que é
uma fonte de recurso, pois a empresa capta dinheiro de uma instituição fi-
nanceira, mas isso gera uma obrigação. Contudo, não é somente esse tipo de
obrigação que representa fonte de recursos, na verdade, por mais estranho
que pareça, sim, todas as obrigações representam fontes de recursos. Imagine
que uma empresa tenha comprado R$10.000,00 de mercadorias para pagar
em trinta dias. Essa transação gerou uma obrigação, mas também corres-
ponde a uma fonte de recurso: isso porque a empresa obteve as mercadorias,
que correspondem a mais recursos para suas atividades, e, enquanto ela não
pagar o fornecedor, de certa forma, este estará financiando a sua atividade.
É como se o fornecedor tivesse emprestado R$10.000,00 para empresa, na
forma de mercadorias, pelo período de 30 dias. Quando a empresa efetuar o
pagamento, a obrigação será rescindida e sairá do grupo passivo; ao sair do
passivo, não representa mais uma fonte de recurso.
Acho que, agora, você concorda que a obrigação com fornecedores re-
presenta uma fonte de recurso. Entretanto, e quanto aos salários a pagar e
os impostos a recolher? Afinal, eles também são obrigações registradas no
passivo: por que eles são considerados fontes de recursos? Para entender
essa situação, acompanhamos um pouco da rotina do nosso personagem
João. No último dia de cada mês, o contador da loja de João apura a folha
de pagamento dos dois funcionários da loja. Esse cálculo é feito no final do
mês, tendo em vista que, se o funcionário trabalhou durante o mês, a empresa
já tem a obrigação de pagá-lo. Então, João recebe o holerite com o valor do
salário a ser pago ainda no último dia do mês ou, às vezes, no primeiro dia do
próximo mês. Contudo, pela legislação brasileira, João tem até o quinto dia
útil do próximo mês para efetuar o pagamento dos salários. Isso significa que,
no período entre o cálculo da folha e o pagamento do salário, a empresa fica
com o dinheiro para ela, ou seja, se o salário é de R$ 3.000,00, nesses cinco
dias entre a apuração da folha e o pagamento, esses R$ 3.000,00 permanecem
com a empresa para outras atividades.

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Figura 7 - Salários a pagar / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: na figura, há quatro cenas: na primeira, o cenário é de uma loja em que um homem, repre-
sentando um funcionário, segura uma capa de roupas; ao lado, há uma mulher em frente ao caixa com uma sacola
na mão, e um funcionário atrás do balcão do caixa. Na segunda cena, aparece o personagem João com um papel
na mão e a expressão de preocupado. Na terceira cena, aparece João com um projeto em mãos com expressão de
entusiasmo. Na última cena, aparece João digitando em um tablet com expressão contente.

A P RO F UNDA NDO

Da mesma forma, os impostos: entre o momento em que a obrigação de


recolher o imposto é gerada e o seu efetivo recolhimento, a entidade fica
com o dinheiro para ela, podendo utilizá-lo para outras questões. Com isso,
podemos afirmar que, sim, todas as obrigações registradas no passivo rep-
resentam fontes de recursos para a entidade. Assim como todas as contas
do passivo representam recursos de terceiros, todas as contas do patrimô-
nio líquido representam recursos próprios: isso porque, além da conta Capi-
tal Social, que representa o investimento dos sócios, existem outras contas
nesse grupo, como a conta “Lucros acumulados”.

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Os resultados positivos (lucro) apurados nas atividades empresariais
também representam recursos próprios, uma vez que não correspon-
dem às obrigações. Portanto, são recursos próprios os decorrentes de
receitas, lucros e ganhos obtidos pela sociedade em transações com
terceiros, tais como os rendimentos auferidos com aplicações finan-
ceiras, aluguéis de imóveis próprios, lucros na venda de mercadorias,
produtos e serviços. - FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 74

Enquanto o passivo e patrimônio líquido representam a fonte de recursos de uma


entidade, o ativo representa a aplicação desses recursos (IUDÍCIBUS; MARION,
2018). É justamente essa relação entre origem e aplicação de recursos que explica
o fato do equilíbrio entre os elementos patrimoniais, ou seja, o fato de que o valor
total do ativo é sempre igual ao valor total do passivo mais patrimônio líquido. A
ideia é que todo recurso que uma entidade possui tem uma origem.

Figura 8 - Origens e aplicações de recursos / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro representando o patrimônio sistematizado, em que, de um


lado, está o ativo, representando a aplicação de recursos, composto por bens e direitos; do outro lado, está o
passivo + PL, representando a origem de recursos, composto pelas obrigações exigíveis (capital de terceiros) e
obrigações não exigíveis (capital próprio). Ao lado desse quadro, tem a imagem de um funil em que está escrito
“Origens de recursos” com vários cifrões. Desse funil, sai uma seta em direção ao grupo do passivo + PL. Do grupo
do passivo + PL, sai uma seta com cifrões em direção ao grupo do ativo.

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É importante esclarecer que essa relação entre origem e aplicação de recursos


não significa que, toda vez que a entidade compra ou adquire um recurso,
ela também gera uma obrigação. Por exemplo, na compra de mercadorias à
vista, não há a geração de obrigação, uma vez que valor é pago ao fornecedor
no ato da compra. Nessa situação, o que existe é a troca de um recurso por
outro, ou seja, a empresa entrega ao fornecedor o dinheiro, que é um recurso
aplicado no ativo, e o fornecedor concede a mercadoria, que passa a ser um
novo recurso para a entidade. Resumindo: no caso da compra de mercado-
rias à vista, a empresa troca o dinheiro pelas mercadorias, sendo que ambas
representam recursos da entidade.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Será que captar recursos de terceiros é prejudicial para os negócios? Afinal,
quanto mais recursos de terceiros, mais dívidas a empresa possui.

Quando a empresa troca um recurso por outro, o valor total do seu patrimônio
não é afetado. Por exemplo, imagine que uma empresa tenha seu patrimônio
composto da seguinte forma:

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 15.000,00

Duplicatas a
R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 5.000,00
receber

Mercadorias R$ 20.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas R$ 37.000,00 Capital Social R$ 50.000,00

Total do ativo R$ 70.000,00 Total do passivo + PL R$ 70.000,00

Quadro 2 - Patrimônio inicial /Fonte: a autora.

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Contabilidade Básica
Editora: Atlas
Autor: José Carlos Marion
Sinopse: para além do ensino inicial da Contabili-
dade, José Carlos Marion, referência na área, traz
uma visão conjunta dos relatórios contábeis. Com
metodologia moderna e dinâmica, ele apresenta
o conteúdo de modo gradativo para despertar o
interesse do estudante. O autor propõe, ao final de
cada capítulo, tarefas práticas que ajudam e es-
timulam o desenvolvimento fora da sala de aula.
Assim, é possível estudar de maneira mais assertiva, sempre treinando e resol-
vendo cálculos necessários para um aprendizado efetivo.
Comentário: o Capítulo 2 deste livro, intitulado “Patrimônio”, traz o conteúdo es-
tudado nesta unidade com exemplos e ilustrações que auxiliam a compreensão.

Se a empresa comprar R$2.000,00 de mercadorias à vista, sairá R$2.000,00 do caixa.


Assim, o caixa ficará com R$ 3.000,00, mas o estoque de mercadorias aumentará em
R$ 2.000,00, ficando com o total de R$ 22.000,00, o que mantém o patrimônio no
mesmo valor, ou seja, o total do ativo e o total do passivo mais patrimônio líquido
continuará sendo de R$ 70.000,00, conforme demonstrado no Quadro 3:

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 3.000,00 Fornecedores R$ 15.000,00

Duplicatas a
R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 5.000,00
receber

Mercadorias R$ 22.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas R$ 37.000,00 Capital Social R$ 50.000,00

Total do ativo R$ 70.000,00 Total do passivo + PL R$ 70.000,00

Quadro 3 - Patrimônio após a compra à vista / Fonte: a autora.

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Essa situação comprova que nenhum novo recurso entra na empresa se não
for por meio do passivo ou do patrimônio líquido. Quando falo em “novo
recurso”, eu me refiro ao aumento do patrimônio da entidade, pois, na situação
apresentada, houve simplesmente a troca de um recurso por outro. Para faci-
litar sua compreensão, considere a situação inicial da entidade, apresentada
no Quadro 2, mas imagine que a empresa tenha feito uma compra de merca-
dorias a prazo, no mesmo valor de R$2.000,00. Nesse caso, após a compra, a
situação patrimonial da entidade seria esta:

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 17.000,00

Duplicatas a
R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 5.000,00
receber

Mercadorias R$ 22.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas R$ 37.000,00 Capital Social R$ 50.000,00

Total do ativo R$ 72.000,00 Total do passivo + PL R$ 72.000,00

Quadro 4 - Patrimônio após a compra a prazo / Fonte: a autora.

Como você pôde perceber, a compra de mercadorias a prazo provocou o au-


mento do patrimônio de R$70.000,00 para R$72.000,00, pois houve a capta-
ção de novos recursos, nesse caso, recursos de terceiros, já que a conta Forne-
cedores representa obrigações exigíveis. Esses exemplos reforçam o conteúdo
estudado na Unidade 1 de que, muito mais do que registrar os elementos
patrimoniais, a Contabilidade conta a história da entidade contábil.

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UN I AS S ELV I

ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

Quando pensamos em captação de recursos para a empresa, logo pensamos


em empréstimos e financiamentos com instituições financeiras. Contudo, a
abertura de capital na bolsa de valores pode ser uma excelente estratégia.
Afinal, essa forma de captação não provoca aumento no endividamento da
empresa, tendo em vista que representa capital próprio.
Fonte: Fragalli e Silva (2021, p. 75).

A sistematização do patrimônio, estuda-


da nesta unidade, dá origem ao balanço
patrimonial, um dos relatórios mais im-
portantes gerados pela Contabilidade.
Além de separar os bens e direitos das
obrigações ou, como você aprendeu, o
ativo do passivo e patrimônio líquido,
ele organiza, de forma detalhada, os
elementos patrimoniais, o que permite
identificar uma série de outras informa-
ções sobre a entidade.

NOVOS DESAFIOS
Neste tema, você aprendeu sobre elementos patrimoniais e origens e aplicações
de recursos. Vimos, também, como a Contabilidade classifica e organiza esses
elementos. Essa forma particular de organizar os elementos patrimoniais gera
uma série de informações importantes sobre a entidade, como, por exemplo,
identificar as origens e as aplicações de recursos financeiros.

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VAMOS PRATICAR

1. A sistematização do patrimônio permite definir algumas equações patrimoniais. As­sim,


imagine que a empresa Alfa, que atua na comercialização de móveis para escri­tório,
possuía, no final do mês de outubro, R$ 385.000,00 de ativo e R$ 268.000,00 de pas-
sivo (obrigações exigíveis). Com essas informações, calcule o valor patrimônio líquido
da empresa Alfa no final do mês de outubro.

2. No final do mês de novembro, o contador da empresa Beta fez o levantamento dos


elementos patrimoniais da empresa e apresentou a sistematização do patrimônio con-
forme demonstrado a seguir:

Observe o patrimônio sistematizado da empresa Beta e verifique se a situação patrimonial


da empresa é positiva ou negativa. Justifique a sua resposta.

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UNIDADE 2
TEMA DE APRENDIZAGEM 4

BALANÇO PATRIMONIAL I
ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

MINHAS METAS

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de


aprendizagem:

Balanço Patrimonial

Sistematização do patrimônio

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UN I AS S ELV I

INICIE SUA JORNADA


Prezado(a) estudante, agora você terá a oportunidade de conhecer um dos prin-
cipais relatórios contábeis: o balanço patrimonial. A sistematização do patrimô-
nio, que estudamos na unidade anterior, dá origem a este relatório, mas, além
da separação de bens e direitos (ativo) das obrigações (passivo e patrimônio
líquido), o balanço é estruturado de forma a trazer uma série de informações
sobre a entidade, as quais você conhecerá ao longo deste tema de aprendizagem.
Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Con-
tabilidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os di-
ferentes tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para
a loja de João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal
de todos os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que
recebeu o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da
empresa, sempre orientando João no que ele precisava.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Com isso, João recebeu as primeiras demonstrações contábeis, entre elas, é claro,
o balanço patrimonial.

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Disponível Fornecedores

Caixa 15.000,00 Fornecedor X 75.000,00

Banco A 203.000,00 Salários e encargos sociais

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 4

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

Créditos Salários a pagar 15.000,00

Duplicatas a
62.000,00 Férias a pagar 3.000,00
receber

Obrigações
Estoque
fiscais

Impostos a
Mercadorias 388.000,00 16.000,00
recolher

Materiais de Obrigações
8.000,00
consumo financeiras

Empréstimos
ATIVO NÃO CIRCULANTE 35.000,00
e finan.

Imobilizado PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Máquinas e equi- Obrigações


15.000,00
pamentos financeiras

Móveis e uten- Empréstimos


205.000,00 17.000,00
sílios e finan.

(-)
Depreciação (20.000,00) PATRIMÔNIO LÍQUIDO
acumulada

Intangível Capital Social

Ponto comercial 75.000,00 Capital subscrito 600.000,00

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UN I AS S ELV I

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

Lucros ou prejuízos acumulados

Lucro do
190.000,00
exercício

TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 951.000,00 951.000,00
PASSIVO + PL

Quadro 1 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora.

VOCÊ SABE RESPONDER?


João aprendeu que o ativo é composto pelos bens e direitos; o passivo, pelas
obrigações exigíveis; e o patrimônio líquido, pelas obrigações não exigíveis.
Contudo, agora, ele está confuso: o que significa ativo circulante e ativo não
circulante? Passivo circulante e passivo não circulante? Por que o patrimônio
líquido não se apresenta em circulante e não circulante? O que significa essa
estrutura com vários nomes?

Se pararmos para analisar os elementos patrimoniais de uma entidade, como a


loja Estilo do João, perceberemos o quanto é grande o conjunto de elementos pa-
trimoniais: os bens vão desde canetas até a estrutura física, os direitos de receber
por cada venda a prazo, as obrigações que podem estar relacionadas a questões
trabalhistas, fiscais, com fornecedores, aluguel, telefone, enfim o conjunto de ele-
mentos patrimoniais é abundante. Imagine, então, em uma grande corporação,
com várias unidades: é enorme a quantidade de elementos. É por esse motivo
que se torna necessário organizar, agrupar os elementos patrimoniais, de forma a
reduzir o número de itens apresentados na sistematização do patrimônio, e tudo
isso, no entanto, sem perder a qualidade da informação.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 4

P E N SA N D O J UNTO S

Como você organizaria? Você, na sua vida pessoal, também possui um pat-
rimônio: você, com certeza, possui bens, direitos e obrigações. Convido-lhe
a agrupar esses elementos. Por exemplo, pense nos seus bens, como você
os agruparia de forma a facilitar o controle? Faça o mesmo para os direitos
e as obrigações. Não precisa se preocupar com os valores, a ideia é pensar
na melhor maneira de organizar os elementos de forma a minimizar a lista de
itens sem perder a capacidade de reconhecer o seu patrimônio.

BALANÇO PATRIMONIAL

O patrimônio da entidade contábil é composto por bens, direitos e obriga-


ções. Esses elementos são sistematizados da seguinte forma: os bens e direi-
tos são classificados como ativo, as obrigações exigíveis como passivo e as
obrigações não exigíveis como patrimônio líquido, sendo que o valor total
do ativo é sempre igual ao valor total do passivo mais o patrimônio líquido.
Isso porque o grupo do passivo e do patrimônio líquido representam as
fontes de recursos, enquanto o ativo representa as aplicações. Por sua vez, o
balanço patrimonial corresponde à apresentação do conjunto ordenado de
bens, direitos e obrigações da entidade e seus respectivos saldos em deter-
minada data, por isso, dizemos que o balanço funciona como uma “foto” da
empresa (FRAGALLI; SILVA, 2021). Foto porque ele demonstra a situação
patrimonial da entidade em uma data específica.

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UN I AS S ELV I

Se pensarmos no caixa da empresa, por exemplo, normalmente, ele é movimen-


tado diariamente, por isso, o saldo desse elemento é alterado todos os dias. Assim, o
saldo do caixa e de todos os outros elementos patrimoniais que aparecem no balanço
correspondem a um determinado momento, no caso, normalmente, o último dia do
ano. Assim, o fechamento contábil, como é chamado, pode ocorrer ao final de cada
mês, bimestre, semestre ou ao final de cada ano. Após o fechamento, são elabora-
das as demonstrações contábeis, entre elas, o balanço patrimonial. Por isso, o saldo
apresentado no balanço corresponde à situação patrimonial da entidade no dia do
fechamento. De acordo com Fragalli e Silva:


“O Balanço Patrimonial é uma demonstração estática que evidencia,
resumidamente, a situação patrimonial e financeira da empresa.”- FRA-
GALLI; SILVA, 2021, p. 95

O balanço é estático, pois evidencia a situação da entidade em um dado momento,


sendo que essa evidenciação ocorre de forma resumida em função da quantidade de
elementos que podem existir em cada entidade. Para evidenciar a situação financeira
e patrimonial da entidade, a Contabilidade registra os elementos patrimoniais em
grupos e subgrupos, que são organizados de maneira específica. Os grupos principais
você já conhece: ativo, passivo e patrimônio líquido.No grupo do ativo, são registrados
todos os bens e todos os direitos que a entidade possui. No entanto, ele não funciona
como uma lista de itens. Imagine uma grande empresa: se, no grupo do ativo, fosse
descrito, separadamente, cada um dos bens e cada um dos direitos, à lista facilmente
passaria de cem páginas, isso só de ativos; se listarmos as obrigações, então, a lista
seria ainda maior, o que dificultaria, por parte dos usuários da informação contábil, a
análise da situação financeira e patrimonial da entidade. Podemos dizer que um rela-
tório assim não seria útil, e a utilidade é uma premissa básica da informação contábil.
Segundo a NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]), “se informações
financeiras devem ser úteis, elas devem ser relevantes e representar fidedignamente
aquilo que pretendem representar. A utilidade das informações financeiras é aumen-
tada se forem comparáveis, verificáveis, tempestivas e compreensíveis”. Assim, para
que a informação seja útil, a norma determina a observação das características
qualitativas fundamentais: relevância e representação fidedigna; e das caracte-
rísticas qualitativas de melhoria: comparabilidade, capacidade de verificação,
tempestividade e compreensibilidade.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 4

ESTRATÉGIA

Características qualitativas de informações financeiras úteis.

RELEVÂNCIA

Informação capaz de fazer a diferença nas decisões tomadas pelos usuários.

REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA

Não basta apresentar uma informação relevante, é necessário que ela represente
fidedignamente o que se pretende informar. Para isso a informação precisa ser
completa, neutra e isenta de erros.

COMPARABILIDADE

A informação é mais útil se puder ser comparada com informações similares de


outras entidades ou com informações similares da mesma entidade em outros
períodos ou datas.

COMPREENSIBILIDADE

A informação é mais útil se for classificada, caracterizada e apresentada de forma


clara e concisa.

TEMPESTIVIDADE

A informação é mais útil quando gerada a tempo de influenciar as decisões dos


usuários.

CAPACIDADE DE VERIFICAÇÃO

A informação é mais útil quando diferentes observadores conseguem verificá-la


de forma direta (Ex: contagem física) ou indireta (Ex: recalcular o custo de pro-
dução) e reconhecê-la como uma representação fidedigna.

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UN I AS S ELV I

Para resolver a questão de um número excessivo de páginas, a Contabilidade


agrupa os elementos patrimoniais que apresentam a mesma funcionalidade para
a entidade e, assim, surgem os subgrupos. Além disso, ela organiza esses subgru-
pos de forma a facilitar o entendimento sobre a situação da entidade, o que atende
à determinação do art. 178 da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976):

Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do


patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da companhia.

§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liqui-


dez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:

I – ativo circulante; e

II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimen-
tos, imobilizado e intangível.

§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I – passivo


circulante;

II – passivo não circulante; e

III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes


de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos
acumulados.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 4

Assim, o balanço patrimonial é organizado conforme se apresenta no Quadro 2.

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Realizável a longo prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Investimentos Capital Social

Reserva de capital
Imobilizado

Ajuste de avaliação
Intangível
patrimonial

Reservas de lucros

Ações em tesouraria

Prejuízos acumulados

Quadro 2 - Balanço patrimonial / Fonte: adaptado de Gelbcke et al. (2021).

Iniciando pelo ATIVO, conheceremos melhor os grupos de elementos patrimo-


niais evidenciados no balanço. A NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019)
apresenta o seguinte conceito para ativo:
Recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de
eventos passados.
Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios
econômicos.
Para facilitar a compreensão desse conceito, nós o observamos por partes:

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UN I AS S ELV I

RECURSO ECONÔMICO PRESENTE

Você aprendeu que o passivo representa as fontes de recursos, e o ativo, as


suas aplicações. Assim, tudo que está no ativo corresponde aos recursos que
a entidade possui no momento presente. O fato de ser econômico significa
que, para registrar um recurso no ativo, ele, necessariamente, precisa ser
mensurado em dinheiro.

CONTROLADO PELA ENTIDADE

Só serão registrados no ativo os recursos que forem efetivamente controlados


pela entidade. Por exemplo, se a entidade aluga um veículo ela não tem controle
sobre o bem, assim não o registra no ativo. Contudo, se ela obtém um veículo por
meio de arrendamento mercantil financeiro, que, na essência, refere-se à compra
do bem e não a locação, mesmo que o bem não esteja no nome da entidade, ela
deve reconhecê-lo como ativo, pois tem controle sobre ele.

RESULTADO DE EVENTOS PASSADOS

Quando uma empresa decide comprar um imóvel, por exemplo, o período de


negociação pode levar algum tempo. Enquanto a aquisição não for finalizada, o
imóvel não pode ser registrado pela empresa. Assim, os itens registrados no ativo
sempre representam recursos que a empresa já possui, ou seja, que já foram
adquiridos e que já são controlados pela entidade.

POTENCIAL DE PRODUZIR BENEFÍCIOS ECONÔMICOS

A ideia é que o ativo tem que ter potencial para trazer retorno financeiro para a
entidade, ele precisa ser útil economicamente. Por exemplo, se uma empresa
comprar uma máquina e, com o passar do tempo, ela se tornar obsoleta e parar
de trabalhar, o correto é que essa máquina seja baixada do grupo do ativo. É
importante entender que o retorno financeiro não acontece, necessariamente, de
forma direta, como no caso da venda de mercadorias. Os móveis e a estrutura de
uma loja, por exemplo, não trazem dinheiro para a entidade, mas são necessários
para o funcionamento do negócio, assim, indiretamente, contribuem para a ger-
ação de benefícios econômicos.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 4

A P RO F UNDA NDO

Arrendamento mercantil financeiro: nesse tipo de contrato, o arrendatário


tem a intenção de ficar com o bem após o término do contrato, exercendo a
opção de compra pelo valor contratual estabelecido e se responsabilizando
por qualquer tipo de dano que o bem sofra.

De acordo com Nascimento (2019, p. 128), os ativos são “registrados, normalmen-


te, por seu preço de aquisição ou fabricação, ou seja, pelo custo histórico ou valor
original”. O preço de aquisição ou custo de aquisição — termos sinônimos — cor-
responde ao valor para adquirir e colocar o recurso à disposição para utilização
pela entidade. Para facilitar a compreensão sobre custo de aquisição, imagine
que João, sócio/gerente da nossa empresa modelo Estilo, tenha comprado um
ar-condicionado para a loja no valor de R$3.500,00. Como ele comprou de uma
empresa de outra cidade, teve que pagar R$300,00 de transporte.
Quando o equipamento chegou, João ainda pagou R$800,00 para instala-
ção. No momento da instalação, os técnicos perceberam um pequeno defeito no
design do ar-condicionado — um amassado —, nada que comprometesse o seu
funcionamento, contudo João entrou em contato com a empresa vendedora que,
para não ter que trocar o equipamento, concedeu um desconto de R$ 200,00.
Agora, eu lhe pergunto: qual foi o custo de aquisição do ar-condicionado? A
resposta está na Tabela 1:

CUSTO DE AQUISIÇÃO DO AR-CONDICIONADO

Compra R$ 3.500,00

Transporte (+) R$ 300,00

Instalação (+) R$ 800,00

Desconto (-) R$ 200,00

Custo de aquisição R$ 4.400,00

Tabela 1 - Custo de aquisição do ar-condicionado / Fonte: a autora.

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UN I AS S ELV I

Como demonstrado na Tabela 1, para calcular o custo de aquisição, basta somar


ou diminuir do valor da compra todos os valores envolvidos, desde a aquisição
até o bem-estar disponível/pronto para utilização. Assim, o custo de aquisição do
ar-condicionado foi de R$4.400,00, isso significa que, quando a Contabilidade
for registrá-lo no ativo, seu valor final será de R$4.400,00, e não de R$3.500,00.
O custo de aquisição está relacionado aos bens adquiridos já prontos, como
acontece nas empresas comerciais. Nas indústrias, os produtos fabricados são
mensurados e registrados no ativo pelo custo de fabricação. Isso significa que
todos os valores envolvidos no processo de fabricação, como matéria-prima, ma-
teriais, mão de obra, entre outros, devem compor o custo de um produto.
Agora que você aprendeu o conceito de ativo e o valor pelo qual os recursos
são inicialmente registrados nesse grupo, conheçamos melhor a sua classificação.
Segundo a norma contábil NBC TG Estrutura Conceitual:


Classificação é a organização de ativos, passivos, patrimônio
líquido, receitas ou despesas com base em características com-
partilhadas para fins de divulgação e apresentação. Essas carac-
terísticas incluem, entre outras, a natureza do item, seu papel
(ou função) dentro das atividades de negócio conduzidas pela
entidade e como é mensurado.” - CFC, 2019, [s.p.]

Contudo, a norma contábil não determina como deve ser feita essa classifi-
cação, ela simplesmente sugere que, se melhorar a utilidade das informações,
“pode ser apropriado separar ativo ou passivo em componentes circulantes e
não circulantes e classificar esses componentes separadamente” (CFC, 2019,
[s.p.]). É importante lembrar, nesse momento, os campos de atuação da Con-
tabilidade vistos na Unidade 1 deste material. As normas contábeis estão rela-
cionadas à atuação da Contabilidade Financeira, assim é necessário observar,
também, a legislação, ou seja, a Contabilidade Fiscal.
A Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976) determina que as contas do ativo sejam dis-
postas em ordem decrescente de grau de liquidez nos grupos do ativo circulante e
ativo não circulante. Assim, enquanto a norma contábil sugere a divisão de circulan-
te e não circulante, a legislação determina a segregação de ativos nesses dois grupos.
Entretanto, o que é liquidez? Na Contabilidade, a liquidez está relacionada ao
dinheiro, assim quanto mais rápido um bem se transformar em dinheiro, mais

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 4

líquido ele é. O caixa e o banco (conta corrente) são os ativos mais líquidos da
entidade, pois já são dinheiro. Por outro lado, o direito de receber de clientes, as
mercadorias, os equipamentos etc. ainda se transformarão em dinheiro e, depen-
dendo do tempo estimado para essa transformação, eles são ordenados em ativo
circulante e ativo não circulante.
No ativo circulante, são registrados os recursos que serão realizados no curto
prazo. Por “realizados”, entende-se:

TRANSFORMADOS EM DINHEIRO

Como no caso de recebimento de duplicatas.

VENDIDOS

Como as mercadorias em estoque.

CONSUMIDOS

Como produtos de limpeza e outros materiais

Por mais que liquidez esteja relacionada à transformação em dinheiro, nem to-
dos os bens se transformam literalmente em dinheiro. Podemos dizer que as
mercadorias que são vendidas se transformam em dinheiro, mas os materiais
de limpeza e higiene, o seguro de um veículo, entre outros são ativos que não
se transformam diretamente em dinheiro. Assim, podemos dizer que os ativos
que serão transformados em dinheiro, vendidos ou consumidos no curto pra-
zo, devem ser registrados no grupo do ativo circulante. E o que é curto prazo?
O curto prazo corresponde ao ciclo operacional da entidade, que, por sua vez,
corresponde ao tempo entre a compra de mercadorias ou matéria-prima até o
recebimento por sua venda. Podemos dizer que é o tempo que a empresa leva para
realizar sua atividade operacional, seja ela de comércio, indústria ou prestação de
serviços. Contudo, em muitos casos, é difícil identificar, com segurança, o ciclo
operacional. Nesses casos, deve-se considerar como curto prazo o período de 12
meses da data do balanço.

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UN I AS S ELV I

Isso significa que, quando ocorrer o fechamento contábil e, com isso, a elabora-
ção do balanço patrimonial, todos os ativos que se espera que sejam transformados
em dinheiro, vendidos ou consumidos em até 12 meses serão ativos de curto prazo.
Para exemplificar, imagine que uma concessionária tenha vendido um veículo pelo
valor de R$45.000,00 em novembro de 2011. Esse valor foi parcelado para o cliente
em 36 vezes de R$1.250,00. O fechamento contábil é feito ao final de cada ano.
Assim, as duas parcelas que serão recebidas em 20X1 e as 12 parcelas que serão
recebidas em 20X2 representam ativos de curto prazo, pois, conforme descrito, o
curto prazo corresponde a 12 meses da data do balanço, e o próximo balanço após
a venda será gerado em 31 de dezembro de 20X1. As demais parcelas, que vencerão
a partir de janeiro de 2013, serão registradas como ativo não circulante.

Figura 1 - Representação de curto e longo prazo / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta, da esquerda para a direita, a sequência de meses: Novembro/ X1,
Dezembro/X1, Janeiro/X2, Fevereiro/X2, Março/X2, Abril/X2, Maio/X2, Junho/X2, Julho/X2, Agosto/X2, Setembro/
X2, Outubro/X2, Novembro/X2, Dezembro/X2, Janeiro/X3, Demais parcelas. Abaixo do mês de Janeiro/X1, aparece
a descrição: Mês da venda. Abaixo do mês de Dezembro/X1, aparece a descrição: Fechamento do balanço. Do mês
de Novembro/X1 ao mês de Dezembro/X2, há uma referência indicando curto prazo. Do mês de Janeiro/X3 até às
demais parcelas, há uma referência indicando longo prazo.

Assim, R$17.500,00 (14 parcelas R$1.250,00) devem ser registrados como dupli-
catas a receber no ativo circulante, e R$27.500,00 (22 parcelas R$1.250,00), como
duplicatas a receber no ativo não circulante. Conforme os anos forem passando,
a Contabilidade transfere parte do valor do longo prazo para o curto prazo —
sempre 12 meses da data do balanço.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 4

Além da separação entre ativo circulante e ativo não circulante, os elemen-


tos do ativo são classificados em subgrupos de forma a simplificar a apresenta-
ção do balanço. Segundo Iudícibus e Marion (2019), os principais subgrupos
do ativo circulante são:

DISPONÍVEL:

caixa e equivalentes de caixa (caixa, bancos, contas correntes e aplicações


financeiras de liquidez imediata).

CRÉDITOS:

São valores ainda não recebidos, decorrentes de vendas de mercadorias ou


prestação de serviços a prazo, além de outros valores que a empresa tenha o
direito de receber ou recuperar.

ESTOQUES:

são mercadorias a serem revendidas. No caso de indústria, são os produtos aca-


bados, bem como matéria-prima e outros materiais secundários que compõem
o produto em fabricação. São, também, materiais utilizados na manutenção das
atividades da empresa, como materiais de higiene e limpeza.

INVESTIMENTO TEMPORÁRIO:

São aplicações realizadas, normalmente, no mercado financeiro com excedente


do caixa, os quais serão resgatados no curto prazo.

De acordo com Fragalli e Silva (2021, p. 99), “a correta classificação facilita a


compreensão do usuário da informação, por isso esses grupos principais são
subdivididos até chegar à conta contábil”, que, no caso, é utilizada para os registros
de movimentação dos elementos. A quantidade de subgrupos e níveis de elemen-
tos deve ser determinada conforme a necessidade de cada entidade. O grupo do
estoque é, normalmente, dividido nos seguintes subgrupos:

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UN I AS S ELV I

Figura 2 - Grupo de estoque


Fonte: Fragalli e Silva (2021, p. 99).

Descrição da Imagem: a ima-


gem mostra cinco tipos de es-
toque. De cima para baixo: o
estoque de mercadorias, logo
em seguida, o estoque de
produtos acabados; em ter-
ceiro, o estoque de produtos
em elaboração; em quarto, o
estoque de matérias-primas;
e, por último, o estoque de
materiais diversos.

Por exemplo, na loja do João, são vendidas, entre outras mercadorias, calças
e camisas. Se for necessário detalhar o ativo até esse elemento, a classificação
ficaria desta forma:

ATIVO

ATIVO CIRCULANTE

Estoques

Estoque de mercadorias

Calças

Camisas

Quadro 3 - Classificação de calças e camisas no ativo / Fonte: a autora.

Normalmente, para registrar os fatos contábeis, a Contabilidade utiliza um plano


de contas — vide Unidade 5 — bastante detalhado, mas, na hora de divulgar o
balanço, são evidenciados apenas os grupos principais.

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Enquanto, no ativo circulante, são registrados os recursos que serão reali-


zados no curto prazo, no ativo não circulante, são registrados os recursos que
serão realizados no longo prazo, ou seja, após o ciclo operacional da empresa ou
após 12 meses da data do balanço. Na verdade, diversos ativos registrados no não
circulante não possuem um prazo definido para realização. Por exemplo, quando
uma empresa compra um equipamento ou adquire ações de outra empresa, não
existe um prazo definido para ela se desfazer desses recursos.
Por sua vez, o ativo não circulante, por determinação legal, é dividido nos
seguintes subgrupos:

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

Neste subgrupo, são classificados os direitos realizáveis após 12 meses da data


do balanço, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos.
Nesse grupo, também ficam registrados os valores a receber de partes relaciona-
das, como diretores, acionistas, empresas coligadas ou controladas.

INVESTIMENTOS

Refere-se às participações em outras sociedades, como investimentos em


coligadas ou controladas, assim como outras aplicações de característica perma-
nente que não estejam relacionadas à atividade operacional da empresa, como
imóveis alugados a terceiros, obras de arte etc.

IMOBILIZADO

Neste subgrupo, são classificados os ativos que compõem a estrutura necessária


para que a empresa possa realizar suas atividades, por esse motivo, dificilmente,
esses itens serão vendidos, exceto quando substituídos por novos ou mais mod-
ernos. Outra característica do imobilizado é a sua vida útil, que, necessariamente,
precisa ser superior a um exercício contábil.

INTANGÍVEL

Neste subgrupo, são classificados os direitos que tenham por objeto bens
incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa
finalidade, inclusive, o fundo de comércio adquirido. São exemplos de ativos in-
tangíveis: marcas e patentes, software etc. (IUDÍCIBUS; MARION, 2019).

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UN I AS S ELV I

A Figura 3 apresenta alguns exemplos de ativos imobilizados:

Figura 3 - Exemplos de ativo imobilizado / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta seis imagens representando elementos do ativo imobilizado. A imagem
de um caminhão representa os veículos. A imagem de um homem operando um equipamento industrial representa
os “Equipamentos”. A imagem de uma sala de reunião com mesa e cadeiras representa os “Móveis e utensílios”. A
imagem de uma plantação de trigo representa “Terrenos”. A imagem de uma furadeira representa “Ferramentas”.
A imagem de um prédio representa “Edifícios”.

NOVOS DESAFIOS
Neste tema, você aprendeu sobre balanço patrimonial e sistematização do pa-
trimônio. A sistematização do patrimônio dá origem a este relatório, mas, além
da separação de bens e direitos (ativo) das obrigações (passivo e patrimônio
líquido), o balanço é estruturado de forma a trazer uma série de informações
sobre a entidade.

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VAMOS PRATICAR

1. Conhecer os elementos patrimoniais e a sua correta classificação é fundamental para


a correta evidenciação da situação financeira e patrimonial de uma entidade. Dessa
forma, imagine que um estagiário que está sob sua supervisão tenha apresentado a
seguinte classificação de contas contábeis:

Após analisar o quadro, você percebeu que três contas foram classificadas incor­
retamente. Como responsável pelo estagiário, você precisa corrigi-lo e orientá-lo. Assim,
descreva quais contas foram classificadas de forma incorreta e apresente como devem
ser classificadas.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 5

BALANÇO PATRIMONIAL II
ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

MINHAS METAS

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de


aprendizagem:

Ativos e Passivos

Estrutura do Balanço Patrimonial

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UN I AS S ELV I

INICIE SUA JORNADA


Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Contabi-
lidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os diferentes
tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para a loja de
João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal de todos
os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que recebeu
o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da empresa,
sempre orientando João no que ele precisava.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Para classificar os elementos patrimoniais, é necessário conhecer sua função para
a entidade, pois um mesmo tipo de elemento pode ser classificado de formas di-
ferentes por empresas distintas. Por exemplo, em uma concessionária, os veículos
para venda devem ser registrados no estoque, pois representam bens a serem
comercializados. Já em outras empresas, os veículos utilizados para locomoção
devem ser registrados como imobilizado.
A classificação dos ativos diz muito sobre como a empresa aplica seus recur-
sos. Sobre isso, Fragalli e Silva (2021, p. 101) afirmam que:


Empresas comerciais normalmente vão aplicar mais recursos no seu
ativo circulante, mais precisamente no grupo do estoque, pois sua
atividade operacional se refere à compra e venda de mercadorias. Por
outro lado, empresas industriais aplicam mais recursos no ativo não
circulante, isso porque a transformação de matéria-prima em produto
final requer a utilização de máquinas e equipamentos, sendo estes
pertencentes ao ativo imobilizado. Fragalli e Silva, 2021, p. 101

Assim como o ativo, o PASSIVO também possui uma estrutura que possibilita
identificar informações sobre a entidade. Contudo, antes de nos aprofundarmos
nesse grupo de elementos patrimoniais, gostaria de lembrar que o passivo repre-
senta as obrigações da entidade, sendo dividido da seguinte maneira:

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 5

Figura 1 - Divisão das obrigações / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois retângulos. No primeiro, em destaque, está escrito “Passivo” e,
logo abaixo, “Obrigações exigíveis”. No segundo, em destaque, está escrito “Patrimônio líquido” e, logo abaixo,
“Obrigações não exigíveis”.

Dessa forma, abordaremos, separadamente, o passivo e o patrimônio líquido. O


passivo, que se refere às obrigações exigíveis, à primeira vista, pode parecer algo
negativo para a entidade, afinal quem quer estar endividado, não é mesmo? No
entanto, é preciso olhar para o passivo como uma fonte de recursos. Lembra-se
que o passivo e o patrimônio líquido representam as fontes de recursos, enquanto
o ativo representa as aplicações? É esse olhar contábil que precisamos ter. É claro
que as dívidas não são algo essencialmente positivo, mas elas surgem por neces-
sidade, opção ou, até mesmo, pela rotina normal do negócio. Quando os recursos
financeiros que a entidade possui não são suficientes para manter a atividade ou
para realizar um projeto, surge a necessidade de captar recursos de terceiros por
meio de empréstimos
ou financiamentos.
No entanto, exis-
tem situações em que
a entidade possui re-
cursos financeiros e,
mesmo assim, opta
por captar recursos
de terceiros. Por exemplo, imagine que uma transportadora decide comprar
um novo caminhão para aumentar os seus serviços. Segundo o gerente finan-
ceiro, a transportadora possui recursos suficientes para comprar o caminhão
à vista, no entanto, a empresa decide comprá-lo através de um financiamento.
Essa estratégia permite que a empresa utilize seus recursos financeiros para
outras atividades, e os serviços realizados pelo novo caminhão, por si só, pa-
garão as parcelas do financiamento. É claro que essa decisão encarece o custo
do veículo por causa dos juros do financiamento, mas é uma estratégia de

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UN I AS S ELV I

negócio. Por fim, a própria rotina empresarial gera obrigações, como: salários
a pagar, fornecedores, impostos, aluguel, energia elétrica, internet etc. Assim,
podemos concluir que o endividamento, registrado no grupo do passivo, não
é, em si, algo negativo, desde que a entidade administra seus recursos de forma
a conseguir pagar suas dívidas. “Seja por uma questão de necessidade, opção
ou pela rotina da empresa, os passivos devem ser muito bem administrados,
afinal de contas, uma empresa endividada e sem capacidade de pagamento
pode ir à falência” (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 114). Agora que observamos
o passivo com um olhar mais gerencial, vamos conhe-cê-lo de forma mais
técnica. De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]),
a definição de passivo é:

Obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como re-


sultado de eventos passados.

Para compreendê-la melhor, também analisaremos essa definição por partes.

OBRIGAÇÃO PRESENTE DA ENTIDADE

Significa que, para registrar no passivo, a obrigação de pagamento já existe e


está em nome da entidade. Por exemplo, imagine que uma empresa tenha assi-
nado um contrato com um fornecedor, comprometendo-se a comprar um valor X
de mercadorias por mês, isso não gera uma obrigação, mas um compromisso. A
obrigação somente será registrada no passivo quando o fornecedor emitir a nota
fiscal de venda de mercadorias para a empresa — considerando que a empresa
comprará a prazo.

TRANSFERIR UM RECURSO ECONÔMICO

Conforme estudado anteriormente, os recursos econômicos são os ativos. Assim,


é esperado que a liquidação das obrigações resulte na saída de ativos. Vale lem-
brar que a saída de ativos não se refere apenas aos recursos disponíveis no caixa,
ou seja, a liquidação de uma obrigação não precisa ser, necessariamente, feita
por meio de pagamento em dinheiro, a empresa pode liquidar uma obrigação por
meio da saída de mercadorias, por exemplo.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 5

COMO RESULTADO DE EVENTOS PASSADOS

Assim como não se pode registrar um imóvel durante o processo de compra


(conferência de documentos), também não se deve registrar a obrigação até que
a compra seja finalizada ou enquanto houver alguma incerteza quanto à geração
da obrigação.

De acordo com Nascimento (2019, p. 128), o passivo “é registrado por seu valor
original e deve ser apresentado no balanço por seu valor corrigido”. Isso significa
que, quando a Contabilidade registra uma obrigação no passivo, utiliza-se o valor
original da dívida, contudo o valor da obrigação pode ser alterado em função
de juros ou variações monetárias — como, por exemplo, variação cambial —,
assim, quando elaborado o balanço, o valor das obrigações devem ser corrigidos
de forma a evidenciar o valor atual. No que se refere à classificação, como dito
anteriormente, as normas contábeis, especificamente, a NBC TG Estrutura Con-
ceitual (2019, [s.p.]), afirmam que“pode ser apropriado separar ativo ou passivo
em componentes circulantes e não circulantes e classificar esses componentes
separadamente”. Lembre-se de que essa norma está voltada para a Contabilida-
de Financeira. Contudo, para a Contabilidade Fiscal, o art. 178, § 2º, da Lei nº
6.404/76 (BRASIL, 1976) determina que as contas do passivo sejam classificadas
em passivo circulante e passivo não circulante.
O passivo circulante é composto pelas obrigações exigíveis que vencem no
curto prazo. Lembra-se de qual é o curto prazo? O curto prazo corresponde ao
ciclo operacional da empresa ou 12 meses da data do balanço. O passivo circu-
lante, normalmente, apresenta os seguintes subgrupos:
■ Fornecedores: obrigações decorrentes de compras a prazo de mercado-
rias ou matérias-primas.
■ Salários e encargos sociais: obrigações trabalhistas e sociais com fun-
cionários, como salários, férias, 13º salário, INSS, FGTS etc.
■ Obrigações fiscais: obrigações tributárias, como impostos sobre vendas
(ICMS, PIS, COFINS, ISS), Imposto de Renda, Contribuição Social Sobre
o Lucro Líquido etc.
■ Obrigações financeiras: obrigações com instituições financeiras decor-
rentes de empréstimos e financiamentos.
■ Contas a pagar: obrigações de rotina da entidade que não se encaixam

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UN I AS S ELV I

nos subgrupos anteriores, como aluguel, água, luz, telefone, internet etc.
■ Outras obrigações: obrigações que não se enquadram nos demais sub-
grupos, como adiantamento de clientes.

Lembre-se de que, o nível de detalhamento dos elementos patrimoniais deve ser


definido conforme a necessidade da empresa. Por exemplo, para melhor eviden-
ciar as obrigações tributárias, a classificação poderia ser feita da seguinte forma:

PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE

Obrigações fiscais

Tributos sobre vendas

ICMS a recolher

PIS a recolher

COFINS a recolher

Tributos sobre o lucro

Imposto de Renda Pessoa Jurídica a recolher

Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido a recolher

Quadro 1 - Classificação de tributos / Fonte: a autora.

Enquanto, no passivo circulante, são registradas as obrigações exigíveis que vencem


no curto prazo; no passivo não circulante, são registradas as obrigações exigíveis que
vencem no longo prazo, ou seja, que vencem após o ciclo operacional da entidade ou
após 12 meses da data do balanço.Quanto à classificação, o passivo não circulante é
composto pelos mesmos subgrupos apresentados no passivo circulante, a diferença
está simplesmente no prazo para pagamento. Por exemplo, se a entidade contratar
um empréstimo para ser pago em 30 parcelas, o valor das parcelas que vencerão no
curto prazo serão registradas no passivo circulante, enquanto o valor das parcelas

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 5

que vencerão no longo prazo será registrado no passivo não circulante. A divisão do
passivo em circulante e não circulante facilita a análise do usuário da informação
contábil. Assim, de forma rápida, ele já identifica quais são as dívidas que vencem no
curto prazo, para as quais deverá se preparar mais rapidamente para o pagamento,
e as que vencem no longo prazo, para as quais terá mais tempo para se organizar
financeiramente.
Agora que você já conheceu melhor o ativo e o passivo, vamos ao último grupo
de elementos patrimoniais, o PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Sobre o patrimônio líquido,
Fragalli e Silva descrevem:


Existem teorias contábeis que enxergam o patrimônio líquido como
uma obrigação não exigível. Já outras teorias dizem que ele represen-
ta uma sobra — em situação positiva. Ambas estão corretas: é uma
obrigação, porque, quando o sócio investe na empresa, esta assume
um compromisso para com o sócio, e, também, é uma sobra, pois re-
presenta a situação líquida da empresa, ou seja, se utilizar todo o ativo
— bens e direitos — para cobrir o passivo — obrigações exigíveis — e,
ainda sobrarem recursos, estes serão dos sócios.” - FRAGALLI; SILVA,
2021, p. 117

Para entender o patrimônio líquido como uma obrigação da empresa com os sócios,
é preciso lembrar de uma premissa básica da Contabilidade: o princípio da entidade.
Segundo ele, o patrimônio de cada entidade contábil deve ser controlado/contabiliza-
do separadamente. Por exemplo, o patrimônio da empresa (pessoa jurídica) não pode
ser confundido ou misturado com o patrimônio de seus sócios/acionistas (pessoa
física). Assim, quando o sócio (pessoa física) investe na empresa (pessoa jurídica),
essa passa a ter uma obrigação com o sócio.
Já para reconhecer o patrimônio líquido como uma sombra ou, em termos con-
tábeis, como a situação líquida da entidade, basta lembrar da seguinte equação:

Patrimônio líquido = Ativo – Passivo

Afinal, o patrimônio líquido corresponde à diferença entre o ativo e o passivo. Para


lhe ajudar a compreender, imaginemos o patrimônio de uma pessoa — você pode
fazer uma analogia com seu próprio patrimônio —, lembrando-se de que uma pes-

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UN I AS S ELV I

soa física também é considerada uma entidade contábil. No caso das pessoas físicas,
não existe a figura do sócio, então como podemos identificar o valor do patrimônio
líquido? Suponha que uma pessoa possua os seguintes elementos patrimoniais:

ELEMENTO PATRIMONIAL VALOR

Dinheiro e conta corrente R$ 8.000,00

Roupas R$ 2.500,00

Produtos de beleza R$ 800,00

Calçados R$ 1.300,00

Eletrodomésticos R$ 18.000,00

Móveis R$ 23.000,00

Veículo R$ 30.000,00

Imóvel R$ 250.000,00

Cartão de crédito a pagar R$ 2.000,00

Plano de saúde a pagar R$ 500,00

Energia elétrica a pagar R$ 300,00

Telefone e internet a pagar R$ 200,00

Financiamento a pagar R$ 75.000,00

Tabela 1 - Elementos patrimoniais / Fonte: a autora.

Para encontrar o valor do patrimônio líquido, basta identificar os ativos e os


passivos para, então, aplicar a equação:

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 5

ELEMENTO
VALOR CLASSIFICAÇÃO
PATRIMONIAL

Dinheiro e conta
R$ 8.000,00 Ativo
corrente

Roupas R$ 2.500,00 Ativo

Produtos de
R$ 800,00 Ativo
beleza

Calçados R$ 1.300,00 Ativo TOTAL DO ATIVO:


R$333.600,00

Eletrodomésticos R$ 18.000,00 Ativo

Móveis R$ 23.000,00 Ativo

Veículo R$ 30.000,00 Ativo

Imóvel R$ 250.000,00 Ativo

Cartão de crédito
R$ 3.000,00 Passivo
a pagar

Plano de saúde a
R$1.200,00 Passivo
pagar

TOTAL DO
Energia elétrica a
R$ 400,00 Passivo PASSIVO:
pagar
R$129.800,00

Telefone e
R$ 200,00 Passivo
internet a pagar

Financiamento a
R$ 125.000,00 Passivo
pagar

Tabela 2 - Elementos patrimoniais classificados / Fonte: a autora.

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UN I AS S ELV I

Assim, temos:
Patrimônio líquido = Ativo - Passivo
Patrimônio líquido = R$ 333.600,00 - R$ 129.800,00
Patrimônio líquido = R$ 203.800,00

Esse exemplo deixa claro o papel do patrimônio líquido como uma sobra, pois, se
a pessoa utilizar todos os seus bens para pagar todas as suas dívidas, ainda assim
sobraria para ela o valor de R $203.800,00.
Partindo, agora, para uma visão mais técnica, de acordo com a NBC TG Es-
trutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]), a definição de patrimônio líquido é:
Participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os
seus passivos.

IN D ICAÇ ÃO DE LI V RO

Curso de Contabilidade para Não Contadores


Editora: Atlas
Autor: Sérgio de Iudícibus e José Carlos Marion
Sinopse: Esse é o primeiro livro voltado especificamente
para disciplinas de Contabilidade dos cursos de Graduação
que não visam formar contadores, mas, sim, profissionais
que sejam usuários da Contabilidade. Sua linguagem evita
termos excessivamente técnicos, simplifica conceitos con-
siderados complexos e desmistifica algumas ideias tidas
como inacessíveis ao não contador.

Acredito que, com o exemplo apresentado anteriormente, você não terá di-
ficuldades para compreender esse conceito, não é mesmo? A participação
residual significa, justamente, a sobra dos ativos após deduzir todos os passi-
vos. Só esclarecendo: o termo “participação residual” é mais adequado do que
o termo “sobras”, pois nem sempre o patrimônio líquido é positivo. Quando
falamos em sobras, imaginamos valores positivos, ou seja, utilizamos os ativos
para pagar os passivos e, ainda, sobram recursos. Entretanto, nem sempre é
assim. Quando o passivo é maior que o ativo, o patrimônio líquido fica com
valor negativo, afinal significa que, ainda que se utilize todos os bens e direitos
para pagar todas as obrigações, ainda não será suficiente.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 5

Nesse caso, a participação residual traz justamente a ideia de responsabi-


lidade dos sócios sobre as dívidas da entidade. Vale lembrar que essa respon-
sabilidade depende de como a empresa foi constituída. Por exemplo, existem
categorias em que, se a empresa vier a falir, o sócio não precisa utilizar recur-
sos próprios (enquanto pessoa física) para pagar dívidas da empresa; já em
outras categorias, os bens dos sócios podem ser bloqueados até que se efetuem
os pagamentos de obrigações em nome da empresa. Em conformidade com
a classificação proposta pela Lei nº 6.404/76 (com redação modificada pela
Lei nº 11.941/09), Gelbcke et al. (2021, p. 379) apresentam a seguinte divisão
do patrimônio líquido:
■ Capital Social: representa valores recebidos dos sócios e também
aqueles gerados pela empresa que foram formalmente (juridicamen-
te) incorporados ao Capital (lucros a que os sócios renunciaram e
incorporaram como capital);
■ Reservas de Capital: representam valores recebidos que não transi-
taram e não transitaram pelo resultado como receitas, pois derivam
de transações de capital com os sócios;
■ Ajustes de Avaliação Patrimonial: representam as contrapartidas
de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo
e do passivo, em decorrência de sua avaliação a valor justo, enquanto
não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime
de competência; algumas poderão não transitar pelo resultado, sendo
transferidas diretamente para lucros ou prejuízos acumulados.
■ Reservas de Lucros: representam lucros obtidos e reconhecidos pela
empresa, retidos com finalidade específica;
■ Ações em Tesouraria: representam as ações da companhia que são
adquiridas pela própria sociedade (podem ser quotas, no caso das
sociedades limitadas);
■ Prejuízos Acumulados: representam resultados negativos gerados
pela empresa à espera de absorção futura; no caso de sociedades que
não por ações, podem ser Lucros ou Prejuízos Acumulados, pois pode
também abranger lucros à espera de destinação futura.

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UN I AS S ELV I

A P RO F UNDA NDO

O subgrupo do patrimônio líquido denominado reserva de lucros é utilizado


por sociedades anônimas conforme determina a Lei nº 11.638/07 (BRASIL,
2007), a qual altera a Lei nº 6.404/76. Outras formas de sociedade, como as
Ltdas, registram seus resultados no subgrupo lucros ou prejuízos acumula-
dos, também no patrimônio líquido.

Até aqui, aprofundarmo-nos nos três grupos de elementos patrimoniais sepa-


radamente, mas o balanço patrimonial é justamente a evidenciação conjunta
de todos os elementos patrimoniais. Assim, para que você possa compreender
melhor a ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL, o Quadro 5 traz
como exemplo o balanço da empresa fictícia F&F S.A.:

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA F & F S.A.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

Em R$

ATIVO

ATIVO CIRCULANTE

Disponível

Caixa 15.000,00

Banco A 107.000,00

Aplicações finan. de liq. imediata 24.000,00

Créditos

Duplicatas a receber 62.000,00

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BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA F & F S.A.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

Impostos a recuperar 32.000,00

Estoque

Mercadorias 146.000,00

Materiais de consumo 19.000,00

ATIVO NÃO CIRCULANTE

Realizável a longo prazo

Duplicatas a receber 26.000,00

Investimentos

Investimento na coligada X 45.000,00

Imobilizado

Imóveis 310.000,00

Máquinas e equipamentos 130.000,00

Veículos 87.000,00

(-) Depreciação acumulada (50.000,00)

Intangível

Marcas e patentes 47.000,00

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UN I AS S ELV I

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA F & F S.A.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

TOTAL DO ATIVO: 1.000.000,00

PASSIVO

PASSIVO CIRCULANTE

Fornecedores

Fornecedor Y 73.000,00

Salários e encargos sociais

Salários a pagar 33.000,00

Férias a pagar 11.000,00

Obrigações fiscais

Impostos a recolher 62.000,00

Obrigações financeiras

Empréstimos e financiamentos 80.000,00

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Obrigações financeiras

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BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA F & F S.A.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

Empréstimos e financiamentos 111.000,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social

Capital social

Capital subscrito 430.000,00

Capital a integralizar (50.000,00)

Reserva de lucros

Reserva de lucros para expansão 250.000,00

TOTAL DO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.000.000,00

Quadro 2 - Balanço patrimonial da F & F S.A. / Fonte: a autora

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Com o que estudamos neste tema de aprendizagem é pos-


sível obter uma série de informações sobre a empresa fictí-
cia F & F S.A. por meio do balanço patrimonial apresentado
no Quadro 2.
Então, que tal analisarmos juntos? Ouça o podcast no seu
ambiente virtual de aprendizagem.

Agora que você já está um pouco mais familiarizado(a) com a linguagem con-
tábil, que tal ler o balanço patrimonial da empresa Estilo? Busque identificar
informações como:

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UN I AS S ELV I

■ Entre os bens e direitos que a empresa possui, quais são de curto prazo e
quais são de longo prazo?
■ Entre os recursos aplicados no ativo, a maioria é de curto prazo — o que
é mais comum em empresas comerciais — ou é de longo prazo — o que
é mais comum em empresas industriais?
■ Entre as obrigações exigíveis, qual montante vence no curto prazo, exi-
gindo da empresa um bom controle financeiro para conseguir pagá-las,
tendo em vista que vencerão dentro de um ano?
■ Considerando o passivo e o patrimônio líquido, as fontes de recursos
da empresa, a empresa Estilo utiliza mais capital próprio ou capital de
terceiros?

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

ATIVO Em R$

ATIVO CIRCULANTE

Disponível

Caixa 15.000,00

Banco A 203.000,00

Créditos

Duplicatas a receber 62.000,00

Estoque

Mercadorias 388.000,00

Materiais de consumo 8.000,00

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BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

ATIVO NÃO CIRCULANTE

Imobilizado

Máquinas e equipamentos 15.000,00

Móveis e utensílios 205.000,00

(-) Depreciação acumulada (20.000,00)

Intangível

Ponto comercial 75.000,00

TOTAL DO ATIVO 951.000,00

Quadro 3 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora.

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

PASSIVO Em R$

PASSIVO CIRCULANTE

Fornecedores

Fornecedor X 75.000,00

Salários e encargos sociais

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UN I AS S ELV I

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

Salários a pagar 15.000,00

Férias a pagar 3.000,00

Obrigações fiscais

Impostos a recolher 16.000,00

Obrigações financeiras

Empréstimos e finanças. 35.000,00

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Obrigações financeiras

Empréstimos e finanças. 17.000,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social

Capital subscrito 600.000,00

Lucros ou prejuízos acumulados

Lucro do exercício 190.000,00

TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00

Quadro 4 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 5

NOVOS DESAFIOS
Neste tema, você aprendeu sobre ativos e passivos, estrutura do balanço
patrimonial. Aproveite que você treinou com a empresa Estilo e realize
a leitura de outros balanços. Na internet, você encontra facilmente as
demonstrações de empresas de capital aberto. Essa competência será
um grande diferencial na sua carreira.

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VAMOS PRATICAR

1. O balanço patrimonial evidencia os bens, os direitos e as obrigações da entidade em deter-


minado momento de forma ordenada, possibilitando reconhecer a sua situação financeira,
econômica e patrimonial. Assim, considere que, ao final de um exercício, a empresa X
tenha apresentado os seguintes elementos patrimoniais.

Utilize esses dados para elaborar o balanço patrimonial da empresa X. Para isso, utilize
a coluna da direita para classificar as contas em: ativo circulante, ativo não cir­culante,
passivo circulante, passivo não circulante e patrimônio líquido. Em seguida, apresente o
balanço estruturado.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 6

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO I
ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

MINHAS METAS

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de


aprendizagem:

Demonstração de Resultado

Regime de Caixa

Regime de Competência

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UN I AS S ELV I

INICIE SUA JORNADA


Olá, prezado(a) estudante! Seja bem-vindo(a) a mais um tema de aprendizagem.
Agora, você terá a oportunidade de conhecer mais uma demonstração contábil,
a Demonstração de Resultado, que, junto com o balanço patrimonial, forma os
relatórios mais significativos do mundo dos negócios. Não que as demais de-
monstrações contábeis não sejam importantes, mas elas abordam dados mais
específicos. Assim, o balanço patrimonial e a Demonstração do Resultado con-
seguem evidenciar, de forma geral, a situação patrimonial, econômica e finan-
ceira da entidade. Então, não perca tempo, descubramos juntos as informações
apresentadas por esse demonstrativo tão relevante.
Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Con-
tabilidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os di-
ferentes tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para
a loja de João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal
de todos os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que
recebeu o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da
empresa, sempre orientando João no que ele precisava.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Assim como, inicialmente, o sr. João não entendeu o balanço patrimonial, ele
também ficou perdido ao tentar interpretar os dados da DRE. Quando viu o
termo “resultado”, ele logo imaginou:”Deve ser o resultado que obtive com as
vendas de roupas!”, o que está correto. O que ele não consegue compreender é:
por que, na DRE, aparece um resultado de R$190.000,00, sendo que, ao somar
o saldo de caixa e banco — apresentados no balanço patrimonial —, o total é de
R$218.000,00? Será que o contador calculou direito? E o que significa essa es-
trutura com vários sinais de igual, mais e menos? Para calcular o resultado, não
bastava somar o quanto se ganhou e diminuir tudo o que se gastou? Pois é, a DRE
trouxe muitas dúvidas para o Sr. João. Por isso, convido-lhe para aprendermos
sobre esse relatório e, assim, sanar todas as dúvidas. Vamos lá!!!

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 6

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA ESTILO LTDA.

PERÍODO DE 01/01/20X1 A 31/12/20X1

Em R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de mercadorias 980.000,00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Devolução de vendas (10.000,00)

Abatimentos sobre vendas (30.000,00)

Tributos sobre vendas (125.000,00)

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 815.000,00

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custos das mercadorias vendidas (486.000,00)

(=) LUCRO BRUTO 329.000,00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas (50.000,00)

Despesas gerais e administrativas (70.000,00)

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 209.000,00

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UN I AS S ELV I

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA ESTILO LTDA.

PERÍODO DE 01/01/20X1 A 31/12/20X1

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

Juros sobre empréstimos bancários (1.000,00)

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

Descontos financeiros obtidos 2.000,00

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 210.000,00

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Imposto de renda (IR) (10.000,00)

Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (8.000,00)

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 192.000,00

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

Perda na venda de imobilizado (3.000,00)

(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS

Ganho na venda de imobilizado 1.000,00

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 190.000,00

Quadro 1 - Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Estilo Ltda. / Fonte: a autora.

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Quando se fala em resultado, pelo menos no que diz respeito às questões financeiras,
é muito comum pensarmos no dinheiro. Por exemplo, nas nossas finanças pessoais,
normalmente, analisamos o quanto sobrou — se sobrou, rs — do nosso salário no
final do mês, nós temos esse valor como resultado. Essa ideia de resultado baseado no
dinheiro é mais natural, até porque é mais fácil de compreender, afinal o dinheiro, seja
em papel moeda ou aquele que está depositado no banco, é um valor real, no sentido
de que conseguimos enxergar esse valor. Já o resultado contábil podemos dizer que
é abstrato, ou seja, ele é encontrado por meio de cálculos, e não conseguimos vê-lo
de forma concreta.
Contudo, para a Contabilidade, o resultado apresentado na DRE não correspon-
de ao dinheiro que a entidade possui. Para a Contabilidade, o resultado representa o
“desempenho” da entidade no que se refere ao alcance dos seus objetivos. É claro que
uma empresa com finalidade lucrativa tem como objetivo ganhar dinheiro, mas ela
pode, por exemplo, vender mercadorias — que seria sua forma de ganhar dinheiro
—, mas não receber à vista. O que isso significa? Que ela teve um bom desempenho,
pois realizou vendas, mas esse bom desempenho ainda não refletiu no caixa, porque
a empresa ainda não recebeu. Imagine que, por causa de dificuldades financeiras, a
empresa em que você trabalhava reduziu o número de funcionários e, por isso, você
perdeu o emprego. No entanto, foi uma oportunidade de se arriscar no mundo do
Empreendedorismo ao fazer uma atividade que você adora: bonecos de argila per-
sonalizados. Você divulgou seu trabalho nas redes sociais e tem recebido diversas
encomendas. Após três meses de trabalho, você resolveu apurar o resultado do seu
negócio. Em suas anotações, você apurou os seguintes dados:
■ Venda de 50 bonecos por R$30,00, cada. Desses 50, 30 foram a prazo, ou seja,
até o momento, você recebeu o valor de R$600,00.
■ Para fazer os bonecos, você comprou, à vista, materiais no valor de R$800,00,
mas ainda há, em estoque, materiais suficientes para fazer mais cinco bonecos.

Compreendemos, agora, que a DRE não é uma simples apresentação de um resultado


decorrente da comparação de ganhos e gastos. Na verdade, é uma demonstração que
conta toda uma história de como a entidade alcançou lucro ou prejuízo ao longo de
um período, sendo eles decorrentes de seu desempenho.

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UN I AS S ELV I

Você se lembra da estrutura do balanço patrimonial? Caso não se lembre, dê uma


olhada novamente. Pois bem, lá no grupo do patrimônio líquido, no subgrupo
lucros/prejuízos acumulados, já é evidenciado o resultado da entidade. No entan-
to, o resultado, enquanto medida de desempenho, é um dado tão importante que
merece um relatório exclusivo para a sua apresentação, no caso, a Demonstração
do Resultado do Exercício (DRE).
No balanço, apresenta-se apenas o saldo final do resultado de cada exercício
contábil, que se acumula ao longo do tempo. Já na DRE, são evidenciadas todas
as receitas e todas as despesas que provocaram o resultado apresentado. Dessa
forma, o raciocínio da apuração do resultado é simples, basta subtrair o valor das
despesas do valor das receitas:
Resultado = Receitas - Despesas

Assim, se o valor das receitas for maior que o valor das despesas, tem-se um
lucro. Por outro lado, se o valor das receitas for menor que o valor das despesas,
tem-se um prejuízo.

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Figura 1 - Demonstração do Resultado do Exercício: Cia. Sucesso X Cia. / Fonte: Marion (2018, p. 72).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um sinal de adição (+), e, ao lado dele, há uma tabela representando
uma DRE da Cia. Sucesso. Os dados da Cia. Sucesso são: receita de $ 90 milhões, despesa de $48 milhões, e
lucro de $42 milhões. Ao lado da DRE, tem-se a imagem de um empresário de terno apontando um símbolo de
exclamação; abaixo dele, há um gráfico que apresenta crescimento. A figura, também, apresenta um sinal negativo
(-), e, ao lado dele, há uma tabela representando uma DRE da Cia. Fracasso. Os dados da Cia. Fracasso são: receita
de $60 milhões, despesa de $72 milhões, e prejuízo de $12 milhões. Ao lado dessa DRE, tem-se a imagem de
um empresário de terno com três sinais de interrogação; abaixo dele, há um gráfico que apresenta diminuição.

Contudo, muito mais do que apresentar o resultado, a DRE conta toda uma his-
tória de como a entidade chegou até ele. É por isso que dizemos que a DRE é uma
demonstração dinâmica.

A P RO F UNDA NDO

O resultado apresentado na DRE pode receber nomenclaturas diferentes


dependendo do tipo de empresa:
• Entidades com finalidade lucrativa: lucro ou prejuízo.
• Entidade sem finalidade lucrativa: sobras ou perdas.
• Entidades públicas: superávit ou déficit.

O balanço patrimonial é um exemplo de demonstração estática: ele funciona


como se fosse uma foto da empresa. Nessa foto, apresenta-se o conjunto de ele-
mentos patrimoniais — bens, direitos e obrigações — em seu aspecto qualitativo
— conta contábil — e quantitativo — valor — em um determinado momento,
sendo este, normalmente, o último dia do ano (31 de dezembro). Por outro lado,
a DRE, enquanto relatório dinâmico, funciona como se fosse um filme que conta
como a empresa alcançou determinado resultado.

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Figura 2 - Relatório estático e dinâmico / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem ilustra dois quadros, o primeiro, localizado acima, apresenta um exemplo de um
balanço patrimonial. Abaixo do relatório, há a figura de uma câmera fotográfica e a descrição: balanço patrimonial
— relatório estático (foto). Na imagem do balanço, existe um contorno na conta contábil lucros acumulados, que
se encontra no grupo do patrimônio líquido. Desse contorno, sai uma linha, que se divide em duas e se conecta
ao quadro abaixo. Nesse quadro, encontra-se um exemplo de Demonstração do Resultado do Exercício. Abaixo
deste relatório, há a figura de uma câmera filmadora com a descrição: DE — relatório dinâmico (vídeo).

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Essa “história” contada pela DRE é baseada na confrontação de receitas e despesas


— que correspondem aos elementos de resultado da DRE —, ou seja, ao longo da
sua estrutura, a DRE apresenta alguns subtotais que são calculados ao se deduzir
os valores de despesas dos valores de receitas; esses subtotais, por sua vez, permi-
tem avaliar pontos importantes do desempenho da entidade. Dessa forma, para
que consigamos compreender a DRE, primeiramente, precisamos conhecer o que
são receitas e o que são despesas. Comecemos, então, pela RECEITA.
É comum associarmos a receita às entradas de dinheiro, no entanto, nem
toda receita provoca aumento no saldo de caixa. A NBC TG Estrutura Concei-
tual apresenta a seguinte definição para receita:
Aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumento
no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de deten-
tores de direitos sobre o patrimônio (CFC, 2019, [s.p.]).
Achou complicado? Vamos aos exemplos para facilitar. De forma geral, a
receita provoca aumento no patrimônio da entidade. O melhor exemplo de
receita é a venda: quando a empresa vende uma mercadoria, um produto ou
presta um serviço, o seu patrimônio aumenta. Imagine a loja do sr. João: ele
compra uma calça por R$ 50,00 do fornecedor e a revende por R$ 80,00, ou seja,
ele pega um bem que estava registrado no estoque — no balanço patrimonial
— entrega para o cliente e recebe R$ 80,00, assim o seu patrimônio aumenta em
R$ 30,00. Contudo, é muito importante que você compreenda que os R$30,00
que sobraram são o resultado; a receita, nesse caso, é de R$80,00.
Isso ficará mais claro quando começarmos a confrontar receitas e despe-
sas. De qualquer forma, espero que você tenha compreendido que a receita
provoca aumento no patrimônio. Além das vendas, os juros sobre aplicação
financeira e os descontos financeiros obtidos são outros exemplos de receita.
Agora, compreenderemos esses exemplos segundo o conceito apresentado na
norma contábil e entenderemos que nem sempre a receita provoca aumento
no caixa ou no banco.
■ Aumentos nos ativos: quando a empresa vende mercadorias, essa venda
provoca aumento no caixa ou no banco, se for uma venda à vista, ou em
duplicatas a receber, se for uma venda a prazo. Os juros sobre aplicação
financeira também aumentam o valor do investimento, sendo que esses
investimentos, o caixa, o banco e as duplicatas a receber são contas do
grupo do ativo.

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UN I AS S ELV I

■ Redução nos passivos: quando a empresa obtém um desconto, isso tam-


bém resulta em um patrimônio maior. Por exemplo, imagine que a enti-
dade tenha uma dívida no valor de R$ 500,00 com o fornecedor; ao pagar,
ele concede um desconto de R$ 50,00; assim, com R$ 450,00, ela paga uma
dívida de R$ 500,00, ou seja, a diminuição no passivo é maior que a saída
de dinheiro do caixa.
■ Resultam em aumento no patrimônio líquido: esses valores positivos das
vendas, dos juros sobre aplicação ou dos descontos provocam aumento
no resultado da entidade, esse resultado, por sua vez, é evidenciado no
patrimônio líquido.
■ Exceto aqueles referentes à contribuição de detentores de direitos
sobre o patrimônio: os detentores de direitos sobre o patrimônio são
os sócios ou acionistas da empresa. Quando eles investem na empre-
sa, ou seja, quando eles aplicam recursos no negócio, isso também
provoca aumento no patrimônio líquido, mas esses investimentos
NÃO são considerados receita.

P E N SAN DO J UNTO S

Apenas as vendas de mercadorias podem gerar receita? Por exemplo, em


uma loja de calçados, apenas a venda dos calçados gera receita? Ou será
que outras vendas, como a venda de imobilizado, também podem gerar
receita para a empresa?

Espero que tenha ficado claro que a receita é algo positivo para a entidade. Na
verdade, a obtenção de receita é uma questão de sobrevivência. No entanto, não
podemos enxergá-la como o recebimento de dinheiro. Mais cedo ou mais tarde,
as receitas são transformadas em dinheiro: vendas a prazo são recebidas, juros
sobre aplicação são resgatados etc., mas é importante saber que a Contabilidade
não registra a receita quando ela é recebida, mas, sim, quando ela é gerada.
Da mesma forma que descobrimos que a receita não corresponde, necessa-
riamente, ao recebimento de dinheiro, compreendemos que a DESPESA tam-
bém não é, necessariamente, saída de dinheiro. A NBC TG Estrutura Conceitual
apresenta a seguinte definição para despesa:

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Reduções nos ativos, ou aumento nos passivos, que resultam em re-
duções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribui-
ções aos detentores de direitos sobre o patrimônio. CFC, 2019, [s.p.]

Como você pôde perceber, a definição de despesa é, basicamente, o contrário da


definição de receita. Assim, enquanto a receita aumenta o patrimônio, a despesa
diminui. De qualquer forma, para lhe ajudar a compreender, vamos aos exemplos:
salário, aluguel, energia elétrica, internet, comissões, juros sobre empréstimos,
descontos concedidos e depreciação são algumas das diversas possibilidades de
despesas. Perceba que, entre os exemplos, não se mencionaram os fornecedores.
Como você aprendeu, a conta contábil dos fornecedores corresponde à dívida
da empresa pela compra de mercadorias a prazo. Entretanto, por que ela não
representa uma despesa? Quando a empresa compra mercadorias, seja à vista ou
a prazo, ela recebe, em troca, a própria mercadoria, que, no caso, corresponde a
um bem registrado no ativo. Isso mantém o patrimônio em equilíbrio. Imagine
que a empresa tenha comprado R$5.000,00 de mercadorias.
O que isso provocou no patrimônio da entidade? No caso de compra à vista,
saíram R$5.000,00 do caixa; no caso de compra a prazo, gerou-se uma dívida de
R$5.000,00. De qualquer forma, em contrapartida, ela recebeu R$5.000,00 em

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mercadorias. A partir desse exemplo, acredito que fica mais fácil compreender a
despesa. No caso do salário de uma recepcionista, por exemplo, a empresa paga
pelos serviços, mas não recebe em troca algo que dê para ser registrado no ativo.
Por mais que o trabalho de uma recepcionista seja essencial para o andamento
do negócio, não é possível registrá-lo como elemento patrimonial.
Assim, o pagamento do salário é algo que provoca a saída de dinheiro do caixa,
mas não tem um retorno direto — pelo menos, não de outro elemento patrimo-
nial. No caso dos juros sobre empréstimo, apenas o valor dos juros é considerado
despesa. Imagine a contratação de um empréstimo no valor de R$10.000,00, mas
que será pago o montante de R$15.000,00 em função dos juros. Nessa situação,
a empresa recebe da instituição financeira o valor de R$10.000,00, que, no caso,
é registrado no ativo. Assim, apenas o valor excedente do que foi recebido deve
ser considerado como despesa, no caso, os R$5.000,00. Então, eu lhe pergunto:
as despesas correspondem às saídas de dinheiro que não possuem uma con-
trapartida direta? Não exatamente! Nem todas as despesas provocam saída de
dinheiro. A depreciação é um tipo de despesa que não interfere no saldo de caixa.
Ela corresponde à perda da capacidade dos bens do ativo imobilizado. Conforme
a entidade utiliza um equipamento, o seu valor de aquisição é apropriado como
despesa ao longo de sua vida útil, assim, quando chegar ao fim de sua vida útil, o
valor contábil do bem será zero. O mesmo acontece com a amortização e exaus-
tão. A apropriação do valor do bem como despesa ao longo da vida útil recebe
nomes diferentes, conforme descrito a seguir.

DEPRECIAÇÃO

Bens tangíveis.

AMORTIZAÇÃO

Bens intangíveis.

EXAUSTÃO

Recursos naturais.

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A P RO F UNDA NDO

Na nossa empresa modelo, o sr. João pagou R$75.000,00 pelo ponto com-
ercial em que instalou a loja Estilo. Considere que esse valor corresponde ao
direito de utilizar o ponto por cinco anos. Assim, a amortização é calculada
da seguinte forma:

Amortização anual: R$ 75.000,00 / 5 anos = R$ 15.000,00 Amortização


mensal: R$ 15.000,00 / 12 meses = R$ 1.250,00

Isso significa que a empresa deverá apropriar uma amortização no valor de


R$15.000,00 por ano, ou R$1.250,00 por mês, que, no caso, será registrada
como despesa.

Uma outra despesa que não provoca a saída de dinheiro é a correspondente a


descontos concedidos. Por exemplo, em uma venda de R$600,00, se a entida-
de conceder um desconto de 10%, ela deixará de receber R$60,00, esse valor,
então, é computado como despesa.Por fim, um último exemplo de despesa é a
saída de mercadorias do estoque. Talvez, você esteja se perguntando: como a
dívida com fornecedores não é despesa, mas as mercadorias são? Para ajudar
a compreender essa questão, podemos utilizar o conceito de despesa dado por
Marion (2018, p. 73), que diz que “a despesa é todo sacrifício, todo esforço da
empresa para obter receita”, ou seja, quando a empresa entrega uma mercado-
ria para o cliente, ela faz o sacrifício de se desfazer de um bem — e, como tal,
encontra-se registrado no ativo, no grupo do estoque — para transformá-lo em
receita. Resumindo: enquanto a mercadoria está no estoque, ela é um bem para
a entidade; quando ela é vendida, passa a corresponder a um sacrifício para
gerar receita, então se torna uma despesa, que, no caso, denominamos “custo
das mercadorias vendidas”. Assim acontece com todos os materiais consumidos
pela entidade, como os materiais de limpeza e higiene: quando são comprados,
são registrados no estoque, pois representam bens; quando são consumidos —
utilizados ou vendidos —, transformam-se em despesa.
Após analisar alguns exemplos, buscaremos compreender a despesa segun-
do o conceito apresentado pelas normas contábeis.

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■ Reduções nos ativos: despesa com pagamento de aluguel provoca saída


de dinheiro do caixa, que é um ativo; saída de itens do estoque, seja para
venda ou consumo, provoca diminuição no grupo do estoque, que é do
ativo; depreciação, amortização e exaustão provocam diminuição no valor
de bens do ativo imobilizado ou intangível.
■ Aumentos nos passivos: juros sobre empréstimos a pagar aumentam o
valor da dívida.
■ Resultam em reduções no patrimônio líquido: as despesas provocam di-
minuição no resultado da entidade; esse resultado, por sua vez, é eviden-
ciado no patrimônio líquido.
■ Exceto aqueles referentes a distribuições aos detentores de direitos sobre
o patrimônio: a distribuição de lucros para os sócios ou acionistas, assim
como o desligamento destes, provoca a diminuição do patrimônio líqui-
do, mas NÃO são consideradas como despesas.

É importante ressaltar que, por mais que algumas despesas provoquem a saída
de dinheiro do caixa, o reconhecimento da despesa não está associado a essa
saída, mas, sim, com o fato que gera a despesa. Por exemplo, por mais que o sa-
lário dos funcionários provoque a saída de dinheiro da empresa, a despesa não é
reconhecida ou, melhor dizendo, não é contabilizada na data de pagamento do
salário, que, no caso, é até o quinto dia útil de cada mês. Na verdade, a despesa
com salário é reconhecida no momento em que a empresa calcula a folha de
pagamento, que, normalmente, é no último dia de cada mês. Parece um simples
detalhe, afinal, são só alguns dias, mas, para uma empresa, isso faz toda a diferen-
ça, o reconhecimento de uma despesa em uma data errada interfere diretamente
na apuração do resultado.
No início deste tema de aprendizagem, comentamos que é muito comum
tomarmos como base as entradas e saídas de dinheiro para apuração do resultado,
mas, como vimos, para a Contabilidade, as receitas e despesas não correspon-
dem, essencialmente, a esses fluxos. De qualquer forma, o acompanhamento das
movimentações do caixa também é muito importante. O que precisamos é com-
preender a diferença entre o resultado apurado pelo regime de caixa e o resultado
apurado pela Contabilidade por meio do regime de competência.

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A diferença entre o REGIME DE CAIXA e o REGIME DE COMPETÊN-


CIA é o momento do reconhecimento das receitas e das despesas. Talvez,
você esteja se perguntando:“como assim existem momentos diferentes para
reconhecer receitas e despesas? Nós não acabamos de estudar sobre esses
elementos? Eles podem ser diferentes do que aprendemos?”.
O que acabamos de estudar sobre receitas e despesas está correto. Contudo,
no regime de caixa, esses elementos passam a representar o dinheiro da entida-
de. Lembra que comentamos que é comum associarmos a ideia de resultado ao
dinheiro?! Pois então, é justamente esse o raciocínio do regime de caixa.

No regime de caixa, a receita é contabilizada no momento do seu recebi-


mento, ou seja, quando entra dinheiro no caixa — ou equivalentes de caixa
—, assim como a despesa é contabilizada no momento do pagamento, ou seja,
quando sai dinheiro do caixa — ou equivalentes de caixa (MARION, 2018).

Assim, o resultado apurado pelo regime de caixa será correspondente ao saldo


da conta caixa no final do período contábil. Podemos, então, associar o regime
de caixa a um controle de entradas e saídas do caixa, o que, definitivamente,
também é muito importante para qualquer entidade contábil, inclusive para
nós enquanto pessoas físicas.

A P RO F UNDA NDO

A palavra “caixa”, utilizada diversas vezes neste tema de aprendizagem,


corresponde ao dinheiro à disposição da entidade, assim ela engloba o valor
que a entidade possui em papel moeda, na conta corrente bancária e em
aplicações de liquidez imediata.

Por outro lado, o regime de competência, que é utilizado para apurar o resul-
tado contábil, segue os conceitos de receita e despesa apresentados anterior-
mente. Nele, as receitas e despesas são fatores independentes das entradas e
saídas do caixa.

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UN I AS S ELV I

No regime de competência, a receita é contabilizada no período em que for


gerada, independente do seu recebimento, assim como a despesa é contabili-
zada no período em que for consumida, incorrida ou utilizada, independente
do pagamento (MARION, 2018).

Assim, o resultado apurado pelo regime de competência é independente do


saldo em caixa ao final do período, contudo ele evidencia o desempenho da
entidade de forma mais justa e coerente. Para compreender melhor a apuração
do resultado pelos dois regimes, acompanhe o exemplo a seguir.
No mês de janeiro, quando João iniciou as atividades da loja Estilo, ele fez uma
compra de mercadorias (peças de roupas) à vista no montante de R$10.000,00.
Como estratégia inicial para atrair os clientes, essas mercadorias foram vendidas
a prazo, em duas parcelas, sem juros, com o primeiro pagamento somente para
o mês de fevereiro. Com isso, ainda no mês de janeiro, João conseguiu vender
60% do seu estoque pelo valor de R$15.000,00, sendo que R$7.500,00 foram
recebidos em fevereiro, e os outros R$7.500,00, no mês de março.
Nessa situação, se utilizarmos o regime de caixa para apurar o resultado
da empresa Estilo, considerando, exclusivamente, os dados apresentados, te-
ríamos os seguintes valores nos três primeiros meses de atividade da empresa:

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO

(+) Receita R$ 0,00 R$ 7.500,00 R$ 7.500,00

(-) Despesa (R$ 10.000,00) R$ 0,00 R$ 0,00

(=) Resultado (R$ 10.000,00) R$ 7.500,00 R$ 7.500,00

Quadro 2 - Resultado pelo regime de caixa / Fonte: a autora.

Como você pôde observar, pelo regime de caixa, a empresa Estilo apresentou
um prejuízo no mês de janeiro, mesmo tendo vendido 60% do seu estoque. É
claro que não consideramos o saldo inicial de caixa, afinal, se João comprou
mercadorias à vista, havia dinheiro para realizar essa compra. O que espero
demonstrar com esse exemplo é que, pelo regime de caixa, o resultado é cal-
culado em função das entradas e saídas de dinheiro.Assim, no mês de janeiro,

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houve a saída de R$ 10.000,00 em função da compra de mercadorias, e, como


não houve entrada de dinheiro, a empresa ficou com prejuízo. Já nos meses de
fevereiro e março, mesmo considerando que não houve a realização de novas
vendas, como a empresa recebeu as parcelas das vendas de janeiro, houve o
reconhecimento de R$ 7.500,00 de receita em fevereiro e de R$ 7.500,00 em
março, e, como nesses meses não houve desembolso, a empresa apurou lucro
nos dois períodos. Por mais que a movimentação do caixa (dinheiro disponí-
vel) seja algo extremamente importante para os negócios, ela não evidencia o
verdadeiro desempenho da entidade. É por isso que o regime de competência é
tido como mais justo para a apuração do resultado. Para que você compreenda,
considere os mesmos dados apresentados anteriormente, mas, agora, utilizados
para apuração do resultado pelo regime de competência:

JANEIRO FEVEREIRO MARÇO

(+) Receita R$ 15.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(-) Despesa (R$ 6.000,00) R$ 0,00 R$ 0,00

(=) Resultado R$ 9.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Quadro 3 - Resultado pelo regime de competência / Fonte: a autora.

Como apresentado no Quadro 3, pelo regime de competência, a empresa Estilo ob-


teve um lucro de R$9.000,00 no mês de janeiro, decorrente do seu bom desempenho
nas vendas de mercadorias. Como o total de vendas foi de R$ 15.000,00, mesmo que
tenham sido a prazo, esse foi o valor da receita do período, afinal o fato gerador da
receita, nesse caso, são as vendas, assim se deve registrá-las no período em que ocor-
reram, mesmo que não as tenha recebido. Quanto à despesa, o valor de R$6.000,00
corresponde às mercadorias que saíram do estoque em função das vendas, ou seja,
60% dos R$10.000,00 de mercadorias adquiridas. Assim, o restante das mercadorias
— R$4.000,00 — fica registrado no estoque como um bem para a empresa e só será
registrado como despesa quando ocorrerem novas vendas. Perceba que, pelo regime
de competência, nos meses de fevereiro e março, não foram reconhecidas receitas e
nem despesas, pois não consideramos a realização de vendas nesses períodos.

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NOVOS DESAFIOS
Por mais que o regime de caixa seja mais objetivo, afinal é possível
observar de forma mais clara a movimentação de dinheiro, ele não
consegue refletir corretamente o desempenho da entidade, por isso,
a Contabilidade, em seu papel de gerar informação útil para os usuá-
rios, utiliza o regime de competência para o reconhecimento de re-
ceitas e despesas. Então, significa que a Contabilidade NÃO registra
as entradas e saídas de caixa? É claro que SIM, afinal o caixa é um
elemento patrimonial, e, como tal, suas movimentações são contabi-
lizadas. A diferença está no reconhecimento das receitas e despesas
que são apresentadas na Demonstração do Resultado Exercício.

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MINHAS ANOTAÇÕES

1. Os regimes de caixa e de competência adotam momentos distintos para o reconhe­


cimento das receitas e das despesas, interferindo na apuração do resultado de cada
período. Nesse sentido, considere que a empresa Rende Mais Ltda. apresentou os se-
guintes dados para apuração do resultado do mês de setembro.

A partir desses dados, calcule o resultado da empresa Rende Mais Ltda. pelo regime de
caixa e pelo regime de competência.

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UNIDADE 3

un a
i
TEMA DE APRENDIZAGEM 7

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO II
ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

MINHAS METAS

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de


aprendizagem:

Estrutura da Demonstração

Resultado do Exercício

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UN I AS S ELV I

INICIE SUA JORNADA


Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Contabi-
lidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os diferentes
tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para a loja de
João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal de todos
os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que recebeu
o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da empresa,
sempre orientando João no que ele precisava.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


É importante que você entenda que o regime de caixa e o regime de competência
não correspondem a fatos distintos. Por exemplo, já me perguntaram se, quando
se vende à vista, utiliza-se o regime de caixa e, quando se vende a prazo, utiliza-se
o regime de competência. Não funciona assim. Você utiliza o regime de caixa e,
assim, reconhece as receitas e as despesas conforme a entrada e saída de dinheiro,
OU você utiliza o regime de competência e reconhece as receitas e as despesas no
período em que foram geradas. Só lembrando que a Contabilidade, como regra
geral, utiliza o regime de competência para apuração do resultado.
Imagine que uma empresa tenha realizado algumas transações no mês de
novembro. Assim, se ela utilizar o regime de caixa, chegará a um valor e, se utilizar
o regime de competência, chegará a outro, conforme demonstrado no Quadro 1.

FATOS DO MÊS DE REGIME DE REGIME DE


VALOR (R$)
NOVEMBRO CAIXA (R$) COMPETÊNCIA (R$)

Compra de
11.000,00 (11.000,00)
mercadorias à vista

Compra de
30.000,00
mercadorias a prazo

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

FATOS DO MÊS DE REGIME DE REGIME DE


VALOR (R$)
NOVEMBRO CAIXA (R$) COMPETÊNCIA (R$)

Venda de mercadorias
15.000,00 15.000,00 15.000,00
à vista

Venda de mercadorias
22.000,00 22.000,00
a prazo

Saída de mercadorias
do estoque em função 18.000,00 (18.000,00)
das vendas

Pagamento de salário
referente ao mês de 3.500,00 (3.500,00)
outubro

Pagamento de aluguel
referente ao mês de 2.200,00 (2.200,00) (2.200,00)
novembro

Recebimento de
mercadorias vendidas 4.500,00 4.500,00
em outubro

Resultado 2.800,00 16.800,00

Quadro 1- Comparação de regime de caixa e regime de competência / Fonte: a autora.

O que você deve prestar atenção é que os fatos são os mesmos, é só você imaginar
a rotina de uma empresa: a diferença está em reconhecer ou não a receita ou a
despesa no mês de novembro, que é o período observado no quadro.
Dessa forma, pelo regime de caixa, os fatos que provocaram saída de dinheiro
no mês de novembro — compra de mercadorias à vista, pagamento de salário e
pagamento de aluguel — foram reconhecidos como despesa do período, assim
como os fatos que provocaram entrada de dinheiro no mês de novembro —
vendas à vista e recebimento de vendas — foram reconhecidos como receita do
período, gerando um resultado de R$ 2.800,00.

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UN I AS S ELV I

Por outro lado, pelo regime de competência, os fatos que geraram receita
no mês de novembro — vendas à vista e vendas a prazo — foram reconhe-
cidos como receita do período, assim como os fatos que geraram despesa
no mês de novembro — saída de mercadorias do estoque e aluguel do mês
de novembro — foram registrados como despesa do período, gerando um
resultado de R$ 16.800,00.
E a compra de mercadorias a prazo? Por que não foi registrada em ne-
nhum regime? Como foi a prazo, não é uma despesa no regime de caixa e,
como foi uma compra de mercadoria e não a saída (sacrifício), não representa
uma despesa para o regime de competência.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Quer compreender melhor o reconhecimento dos fatos


pelo regime de caixa e pelo regime de competência? Então,
acompanhe o podcast que traz maiores detalhes sobre o ex-
emplo apresentado no Quadro 1, além de outros exemplos.
Ouça o podcast no seu ambiente virtual de aprendizagem.

Além de apresentar o desempenho da entidade de forma mais coerente, o regime de


competência também permite maior uniformidade na apura-
ção do resultado, principalmente, em situações de despesas
antecipadas. Como exemplo, podemos observar os seguros:
é comum a empresa pagar pelo seguro antecipadamente e
usufruir dos seus benefícios em períodos
futuros. Imagine que uma empresa tenha
contratado um seguro para o seu prédio
industrial no mês de janeiro. Para tanto,
ela pagou, à vista, o valor de R $12.000,00.
Esse seguro, por sua vez, terá vigência
de seis meses. Dessa forma, o registro
da despesa com seguro será efetuado
da seguinte forma em cada regime:

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

REGIMES JAN. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL.

Caixa 12.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Compe-
2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00
tência

Quadro 2 - Reconhecimento da despesa com seguro pelo regime de caixa e pelo regime de competência
Fonte: a autora.

Perceba que, no regime de


caixa, toda a despesa com
seguro foi reconhecida no
mês de janeiro, o que im-
pacta de forma significativa
na apuração do resultado
nesse mês. Por outro lado,
pelo regime de competên-
cia, a despesa com seguros
é apropriada ao longo do
seu período de vigência,
uma vez que o fato gerador
da despesa é a sua utiliza-
ção.
Agora que você sabe o que é receita e despesa e compreende a diferença entre
regime de caixa e regime de competência, conheceremos a ESTRUTURA DA
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO. Além de utilizar
o regime de competência para evidenciar o desempenho da entidade, a DRE se-
gue toda uma organização que permite ao usuário identificar uma série de in-
formações sobre como a entidade alcançou determinado resultado no período.
Da mesma maneira que, no balanço patrimonial, os elementos são agrupados de
forma específica, na DRE, as receitas e despesas também o são, assim temos uma
estrutura a ser seguida. De qualquer forma, caso a entidade necessite, o nível de
detalhamento das contas contábeis pode ser ampliado.A seguir, estão as descrições
dos principais grupos de receitas e despesas que compõem a estrutura da DRE.

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UN I AS S ELV I

Receita operacional bruta: corresponde às receitas geradas pela ativi-


dade principal da entidade em seu valor bruto. São divididas em: vendas de
produtos, vendas de mercadorias e prestação de serviços.
Deduções da receita bruta: corresponde às despesas que estão intima-
mente ligadas às receitas brutas. Dizemos que são despesas que só são geradas
se houver receita. Existem três tipos de deduções:
■ Devoluções de vendas: são mercadorias ou produtos devolvidos pe-
los clientes.
■ Abatimentos: são descontos concedidos no ato da venda, como o
desconto por pagamento à vista.
■ Impostos sobre vendas: são os impostos gerados no momento da
venda ou prestação de serviços; variam, proporcionalmente, à venda.
Exemplos: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre
Serviços (ISS), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição
para Financiamento da Seguridade Social (COFINS).

Custo das vendas: corresponde ao custo necessário para vender o produto,


a mercadoria ou para realizar o serviço. Dependendo do ramo de atividade,
existe a nomenclatura específica:
■ Custo dos produtos vendidos (CPV): utilizado por empresas indus-
triais, compõe todos os gastos da fabricação (produção) do produto,
como matéria-prima, mão de obra, energia elétrica, manutenção, em-
balagem etc.
■ Custo das mercadorias vendidas (CMV): utilizado por empresas
comerciais, corresponde ao valor das mercadorias que saem do esto-
que em função da venda.
■ Custo dos serviços prestados (CSP): utilizado por empresas presta-
doras de serviços, compõe todos os custos incorridos para a realização
dos serviços, como mão de obra e materiais.

Despesas operacionais: são despesas geradas pela operacionalização da


empresa, mas que não se enquadram como custo das vendas. Os principais
grupos de despesas operacionais são:

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

■ Despesas com vendas: são despesas geradas pelo processo de vendas,


como salário dos vendedores, comissões sobre vendas, gastos com publi-
cidade e propaganda, provisão para devedores duvidosos etc.
■ Despesas gerais e administrativas: são despesas geradas pela necessida-
de de administrar (dirigir) a empresa. Exemplo: salários e encargos sociais
do pessoal administrativo, aluguel de escritório, materiais de escritório,
seguro da área administrativa, depreciação de móveis e utensílios etc.

Despesas financeiras: são despesas decorrentes da remuneração de capitais de


terceiros, como juros pagos ou incorridos, despesas bancárias, correção monetá-
ria de empréstimos, descontos concedidos, juros de mora pagos etc.
Receitas financeiras: são receitas decorrentes do fornecimento de capital
a terceiros, como juros de aplicações financeiras, juros de mora recebidos, des-
contos obtidos etc.
Tributos sobre o lucro: corresponde aos valores de Imposto de Renda e
Contribuição Social calculados sobre o lucro líquido do período de acordo com
as regras fiscais.
Despesas não operacionais: são as despesas provenientes de transações
alheias à atividade operacional da empresa, como a perda ocorrida na venda de
um ativo imobilizado.
Receitas não operacionais: são as receitas provenientes de transações
alheias à atividade operacional da empresa, como o ganho decorrente da venda
de um ativo imobilizado.

Em seu artigo 176, a Lei 6.404/76, Lei das Sociedades Anônimas (BRASIL, 1976),
obriga a elaboração e publicação da Demonstração do Resultado do Exercício
ao final de cada exercício social, devendo apresentar os valores correspondentes
ao período anterior para fins de comparação. Em seu artigo 177, a lei também
determina a adesão aos princípios de Contabilidade, mencionando a necessidade
de registro segundo o regime de competência. Mesmo sem a obrigatoriedade
de publicação, todas as empresas devem elaborar, anualmente, a sua DRE, mas,
por uma questão de auxílio à gestão, é comum as empresas elaborarem a DRE
mensalmente. A NBC TG 26 (R5) — Apresentação das Demonstrações Contá-
beis (CFC, 2017) define duas formas de apresentação das receitas e despesas pela
DRE: uma baseada na natureza da despesa e outra baseada na função da despesa.

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UN I AS S ELV I

Independente do modelo utilizado ou do nível de detalhamento das


contas, a DRE sempre se inicia com a receita operacional bruta, que evi-
dencia a receita que a empresa obteve em sua atividade principal, e, desta
receita, deduzem-se as despesas incorridas no período. De qualquer forma,
a estrutura da DRE deve possibilitar ao usuário da informação obter dados
que retratam o desempenho da entidade. Assim, o modelo apresentado no
Quadro 6 é um bom exemplo de como a DRE pode ser estruturada.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

PERÍODO DE …/…/…. A …/…/….

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de produtos

Venda de mercadorias

Prestação de serviços

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Devoluções de vendas

Abatimentos

Impostos e contribuições incidentes sobre vendas

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custo dos produtos vendidos

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Custo das mercadorias vendidas

Custo dos serviços prestados

(=) LUCRO BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas

Despesas gerais e administrativas

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Imposto de renda

Contribuição social sobre o lucro líquido

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Quadro 3 - Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício / Fonte: adaptado de Gelbcke et al. (2021).

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Os sinais que aparecem na DRE representam: despesas (sinal de menos), recei-


tas (sinal de mais) e subtotais (sinal de igual). Esses subtotais são calculados da
seguinte maneira:
■ Receita operacional líquida: corresponde ao valor da receita operacio-
nal bruta menos as deduções da receita bruta. Muitas empresas publicam
sua DRE a partir da receita operacional líquida.
■ Lucro bruto — também denominado resultado bruto ou margem
bruta: corresponde ao valor da receita operacional líquida menos o custo
das vendas.
■ Lucro antes do resultado financeiro: corresponde ao valor do lucro
bruto menos as despesas operacionais.
■ Resultado antes dos tributos sobre o lucro: corresponde ao valor do
lucro antes do resultado financeiro menos as despesas financeiras e mais
as receitas financeiras.
■ Resultado das operações continuadas: corresponde ao valor do lucro
antes dos tributos sobre o lucro menos os tributos incidentes sobre o lucro.
■ Resultado líquido do exercício: corresponde ao valor do resultado das
operações continuadas menos as despesas não operacionais e mais as
receitas não operacionais.

Esses subtotais são calculados de forma a permitir que os usuários da informação


contábil identifiquem pontos importantes sobre como a entidade alcançou o
resultado apresentado. De acordo com Nascimento (2019), esses subtotais evi-
denciam quatro aspectos importantes:
■ Negócio principal da empresa: o desempenho da atividade principal da
empresa pode ser visto no lucro bruto, afinal ele se refere à receita bruta da
entidade menos todos os gastos relacionados a essa receita — impostos,
abatimento, devoluções e custo das vendas ou prestação de serviços. O
ideal é que a atividade principal da empresa gere resultado suficiente para
cobrir os demais gastos necessários para a sua operação.
■ Estrutura que dá suporte à empresa: toda empresa, não importa o
ramo de atividade, necessita de uma estrutura que dê suporte para realizar
suas atividades. A estrutura de vendas é importante para que a empresa
consiga comercializar seus produtos e serviços. A estrutura administra-
tiva é importante para sua organização e gestão. Assim, o lucro antes do

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

resultado financeiro demonstra se a empresa é eficiente em sua operacio-


nalização como um todo, e não apenas na sua atividade principal.
■ Política da empresa em sua gestão financeira: é comum as empresas
pagarem juros pela utilização de capital de terceiros (ex.: empréstimo),
assim como receberem juros por terceiros utilizarem seu capital (ex.: apli-
cação financeira). Dessa forma, o lucro antes dos tributos sobre o lucro
evidencia o impacto que a política da empresa quanto à utilização ou ao
fornecimento de capital financeiro causa no resultado.
■ Operações de descontinuidade que afetam o resultado da empresa:
as receitas e despesas não operacionais representam transações incomuns
à rotina da empresa. Assim, o registro delas separadamente permite ao
usuário da informação contábil identificar o resultado das operações con-
tinuadas, o qual serve de base para projeções futuras, e o resultado líquido
do exercício, do qual não se pode esperar que as operações descontinua-
das voltem a se repetir facilmente.

Agora que você conhece a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício


e sabe que é possível extrair informações dela, praticaremos esse conhecimento
e analisaremos um exemplo.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA M & F LTDA.

PERÍODO DE 01/05/20XX A 31/05/20XX

Em R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de mercadorias 350.000,00

Prestação de serviços 720.000,00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA M & F LTDA.

PERÍODO DE 01/05/20XX A 31/05/20XX

Abatimentos (70.000,00)

Tributos sobre vendas (250.000,00)

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 750.000,00

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custo das mercadorias vendidas (120.000,00)

Custo dos serviços prestados (240.000,00)

(=) LUCRO BRUTO 390.000,00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas (25.000,00)

Despesas gerais e administrativas (70.000,00)

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 295.000,00

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

Descontos concedidos (4.000,00)

Juros de mora pago (18.000,00)

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

Juros sobre aplicação financeira 2.000,00

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA M & F LTDA.

PERÍODO DE 01/05/20XX A 31/05/20XX

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 275.000,00

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Imposto de Renda (IR) (35.000,00)

Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (18.000,00)

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 222.000,00

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

Perda na venda de imobilizado (90.000,00)

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 132.000,00

Quadro 4 - Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa M & F Ltda. / Fonte: a autora.

Vamos lá! Primeiramente, repare que a DRE se refere à apuração de resultado de


um único mês: maio de 20XX — representa um ano qualquer. O acompanhamen-
to mensal possibilita uma gestão mais ativa, não sendo necessário esperar fina-
lizar o ano para identificar pontos positivos e pontos que precisam de melhoria.
O exemplo apresentado no Quadro 4 se refere a uma empresa que vende
mercadorias, mas que também presta serviços, na verdade, sua maior fonte de
receita é a prestação de serviços. No período analisado, não houve devolução de
mercadorias, o que é algo muito positivo para uma empresa, significa que seus
produtos agradam os clientes. Como é uma empresa que atua em dois ramos
de atividade, o custo das vendas se divide em custo das mercadorias vendidas
e custo dos serviços prestados. Com isso, o negócio principal da empresa M&F
gerou um lucro bruto de R$ 390.000,00, o que é positivo, mas, para se dizer que
é um bom resultado, seria necessário analisar outras empresas do mesmo ramo
e do mesmo porte, afinal R$ 390.000,00 pode ser um resultado excelente, assim
como também pode representar um péssimo resultado.

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UN I AS S ELV I

No período apurado, a estrutura que dá suporte à empresa gerou uma despesa


de R $95.000,00 (R $25.000,00 + R $70.000,00), que foi facilmente coberta pelo
lucro bruto. Isso significa que o negócio principal da empresa consegue manter
sua estrutura administrativa e ainda gerar um lucro antes do resultado financeiro
de R $295.000,00. Além dos abatimentos (deduções da receita), a empresa con-
cede desconto no valor de R $4.000,00.

VOCÊ SABE RESPONDER?


Contudo, qual é a diferença entre esse desconto e os abatimentos?

Os abatimentos são descontos concedidos para incentivar a venda, como


o desconto pelo pagamento à vista; já os descontos concedidos são feitos após a
venda, podem ocorrer, por exemplo, quando o cliente paga a empresa antes do
prazo estabelecido.
Além dos descontos concedidos, a empresa teve uma despesa financeira com
juros de mora no valor de R $18.000,00. Por algum descuido ou por falta de dinheiro,
a empresa acabou atrasando o pagamento de alguma dívida, o que teve um impacto
significativo no resultado, e isso é um ponto negativo para a empresa. Em sua política
de gestão financeira, vemos que a empresa teve muito mais despesas com a utilização
de capital de terceiros do que ganho com o fornecimento de capital, o que gerou um
resultado antes dos tributos sobre o lucro de R$ 275.000,00, R$ 20.000,00 a menos
do que o resultado anterior — resultado antes do resultado financeiro.
Após os tributos sobre o lucro, a empresa apurou um resultado das operações
continuadas no valor de R $222.000,00. O valor dos tributos é determinado pela
legislação fiscal, mas os gestores devem estar atentos às possibilidades, pois é
possível pagar menos tributos de forma lícita, mas, para isso, a empresa precisa
ter uma boa gestão tributária.
Por fim, a empresa teve uma despesa bastante significativa. Ao vender um
imobilizado, que pode ser um equipamento, um imóvel, um veículo, ela teve uma
perda de R $90.000,00, o que reduziu significativamente seu resultado líquido.
Contudo, como essa despesa é esporádica, provavelmente, nos próximos perío-
dos, o resultado será maior.

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

Ufa! Quantas informações conse-


guimos obter por meio da DRE, não
é mesmo?! Garanto que é possível
esmiuçar ainda mais essa demons-
tração: calcular o quanto cada con-
ta corresponde ao valor da receita,
identificar a despesa mais significa-
tiva, fazer projeções para o próximo
período — desconsiderando recei-
tas/despesas não operacionais —,
entre outros dados.
A Demonstração do Resultado do Exercício em conjunto com o balanço pa-
trimonial permitem obter uma visão geral sobre a situação econômica, financeira
e patrimonial da entidade, por isso, são consideradas como as demonstrações
mais importantes para o mundo dos negócios.

IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Manual de Contabilidade Básica: Contabilidade intro-


dutória e intermediária
Editora: Atlas
Autor: Clóvis Luís Padoveze
Sinopse: O livro está dividido em três partes. A Parte I apre-
senta os conceitos básicos, a estrutura e a metodologia op-
eracional da Contabilidade. A Parte II apresenta exame de
todos os grupos do balanço patrimonial, incluindo estudos
específicos das principais contas das Demonstrações Fi-
nanceiras. A Parte III está reservada para a apresentação das
Demonstrações Financeiras Básicas e das Demonstrações
Financeiras Complementares.

Agora é a sua vez de“ler” a Demonstração do Resultado do Exercício. Assim


como fizemos com a DRE da empresa M & F Ltda., apresentada no Quadro
4, convido-lhe a auxiliar o João a analisar a DRE da empresa Estilo Ltda. re-
ferente ao ano de 2011.

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UN I AS S ELV I

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA ESTILO LTDA.

PERÍODO DE 01/01/20X1 A 31/12/20X1

Em R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de mercadorias 980.000,00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Devolução de vendas (10.000,00)

Abatimentos sobre vendas (30.000,00)

Tributos sobre vendas (125.000,00)

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 815.000,00

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custos das mercadorias vendidas (486.000,00)

(=) LUCRO BRUTO 329.000,00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas (50.000,00)

Despesas gerais e administrativas (70.000,00)

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 209.000,00

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 7

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA ESTILO LTDA.

PERÍODO DE 01/01/20X1 A 31/12/20X1

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

Juros sobre empréstimos bancários (1.000,00)

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

Descontos financeiros obtidos 2.000,00

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 210.000,00

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Imposto de Renda (IR) (10.000,00)

Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (8.000,00)

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 192.000,00

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

Perda na venda de imobilizado (3.000,00)

(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS

Ganho na venda de imobilizado 1.000,00

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 190.000,00

Quadro 5 - Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Estilo Ltda. / Fonte: a autora.

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UN I AS S ELV I

Com base na demonstração apresentada, analise os seguintes pontos sobre o


desempenho da empresa Estilo Ltda:
■ Negócio principal da empresa.
■ Estrutura que dá suporte à empresa.
■ Política da empresa em sua gestão financeira.
■ Operações de descontinuidade que afetam o resultado da empresa

NOVOS DESAFIOS
Mas não se acanhe, é possível ir além desses pontos e descobrir outros aspectos
relevantes sobre o desempenho da nossa empresa modelo.
Neste tema, você aprendeu sobre estrutura da demonstração e resultado
do exercício.

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VAMOS PRATICAR

1. A empresa Vende Bem S.A. atua na venda de tubulações industriais a mais de 30 anos.
Nesse período, ela conseguiu se consolidar no mercado e, hoje, possui 10 filiais es-
palhadas por todo o Brasil. Ao longo dos anos, os resultados positivos (lucros) fo­ram
utilizados para ampliação do negócio e, também, para investimentos financeiros, tendo
em vista que a diversidade de investimentos possibilita a sustentabilidade da empresa.
Dessa forma, no ano de 20X1, a empresa gerou receita da seguinte forma:

Venda de produtos: R$ 1.680.500,00.

Juros sobre aplicações financeiras: R$ 390.400,00.

Considerando a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício, a venda de pro-


dutos e os juros sobre aplicações financeiras devem ser reconhecidos, respec­tivamente,
como:

f) Receita operacional bruta e receitas financeiras.


g) Receita operacional bruta e dedução da receita bruta.
h) Receita não operacional e receitas financeiras.
i) Receita não operacional e dedução da receita bruta.
j) Receitas financeiras e dedução da receita bruta.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 8

CONTABILIDADE POR BALANÇOS


SUCESSIVOS I
ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

MINHAS METAS

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de


aprendizagem:

Patrimônio da Entidade

Partidas Dobradas

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UN I AS S ELV I

INICIE SUA JORNADA


Olá, caro(a) estudante! Neste tema de aprendizagem você terá a oportunidade
de compreender como os fatos contábeis impactam o patrimônio da entidade.
Lembra que a sistematização do patrimônio gera um equilíbrio entre ativo e
passivo mais o patrimônio líquido? Então, não importa qual fato a Contabi-
lidade registra, esse equilíbrio é sempre mantido em função do Método das
Partidas Dobradas. Aqui nós conheceremos a funcionalidade desse método
por meio dos balanços sucessivos, que são uma forma didática que auxilia a
compreender como os registros contábeis conseguem manter o equilíbrio
patrimonial. Bons estudos!
Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de
Contabilidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre
os diferentes tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado
para a loja de João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documenta-
ção fiscal de todos os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da
empresa, que recebeu o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as
transações da empresa, sempre orientando João no que ele precisava.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


João está muito contente por ter aprendido a “ler” o balanço patrimonial e a
Demonstração do Resultado. Agora, antes de tomar as suas decisões, ele ana-
lisa a situação econômica, financeira e patrimonial da empresa por meio das
demonstrações contábeis, o que traz maior segurança e melhora seu desem-
penho na gestão da empresa Estilo. Contudo, João recebe as demonstrações
mensalmente, e nós sabemos que, em uma loja de roupas, assim como a Estilo,
são realizadas diversas transações diariamente: compra, venda, pagamento,
recebimento etc. Por esse motivo, João deseja aprofundar seus conhecimentos
sobre a Contabilidade e compreender algumas questões. Convido-lhe a des-
cobrir as respostas para essas perguntas, assim você e João estarão preparados
para utilizar a Contabilidade a seu favor.“Bora lá?!

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 8

VOCÊ SABE RESPONDER?


• Todas as decisões que eu tomo impactam no patrimônio da minha em-
presa? E como impactam?
• Por que, mesmo após realizar centenas de transações em um mês, o
balanço permanece em equilíbrio?
• Os fatos que impactam o patrimônio também impactam o resultado da
minha empresa?

A importância de conhecer como a Contabilidade acompanha e registra todos os


fatos contábeis se dá pelo caráter informativo das demonstrações. Como disse a
novelista Josephine Tey,“a verdade não está nas histórias, mas nos livros de Con-
tabilidade” (HENDRIKSEN; BREDA, 2012, p. 39). Isso significa que os registros
contábeis são muito mais do que o preenchimento de dados em um programa:
eles representam os acontecimentos ocorridos no dia a dia da entidade, ou seja, eles
contam a história da entidade. Contudo, para que se possa enxergar essa história,
assim como para que se saiba contar essa história por meio das demonstrações, é
preciso compreender como o patrimônio é impactado pelos fatos contábeis.
Lembra-se do balanço patrimonial que João recebeu do contador após o
encerramento do primeiro período contábil? Então, foi este aqui:

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Disponível Fornecedores

Caixa 15.000,00 Fornecedor X 75.000,00

Banco A 203.000,00 Salários e encargos sociais

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Créditos Salários a pagar 15.000,00

Duplicatas a receber 62.000,00 Férias a pagar 3.000,00

Estoque Obrigações fiscais

Impostos a
Mercadorias 388.000,00 16.000,00
recolher

Materiais de consumo 8.000,00 Obrigações financeiras

Empréstimos e
ATIVO NÃO CIRCULANTE 35.000,00
finanças.

Imobilizado PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Máquinas e equipamentos 15.000,00 Obrigações financeiras

Empréstimos e
Móveis e utensílios 205.000,00 17.000,00
finanças.

(-) Depreciação acumulada (20.000,00) PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Intangível Capital Social

Capital
Ponto comercial 75.000,00 600.000,00
subscrito

Lucros ou prejuízos acumulados

Lucro do
190.000,00
exercício

TOTAL DO
TOTAL DO ATIVO 951.000,00 951.000,00
PASSIVO + PL

Quadro 1 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora.

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Como você pôde observar, o balanço apresenta os dados da empresa Estilo no


dia 31 de dezembro de 2011, ou seja, nesta data, eram esses os elementos patri-
moniais que a empresa possuía. Entretanto, logo na primeira semana de 20X2,
ocorreram os seguintes fatos:
■ Pagamento da dívida com salários por meio de transferência bancária.
■ Recebimento de clientes no valor de R $15.000,00 em dinheiro.

Não sei se você reparou,


mas, inicialmente, estu-
damos as demonstrações
contábeis — balanço
patrimonial e DRE — e,
somente agora, conhece-
remos como são feitos os
registros contábeis que
dão origem a tais de-
monstrações. Parece que
começamos de trás para
frente, não é mesmo? Na
verdade, seguimos a metodologia proposta pela escola americana — também
conhecida como norte-americana — para o ensino da Contabilidade.
Na verdade, conforme a opinião de alguns autores de livros sobre Contabili-
dade, há duas escolas distintas no ensino da matéria:


Escola italiana: parte dos lançamentos contábeis (escrituração)
para, no final, chegar às demonstrações financeiras. Escola ameri-
cana: parte de uma visão conjunta das demonstrações financeiras,
principalmente o Balanço Patrimonial, para, em seguida, estudar
os lançamentos contábeis (escrituração) que deram origem a essas
demonstrações - MARION, 2018, p. 126

A justificativa é que o(a) estudante tem maior facilidade para compreender o


lançamento contábil quando consegue enxergar o que o fato provoca de alteração
nos elementos patrimoniais e no resultado. Para isso, é necessário, primeiramente,
estudar tais elementos, assim como fizemos.

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Figura 1 - Escrituração contábil segundo a escola americana / Fonte: Marion (2018, p. 126).

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois passos da escrituração contábil. Inicia-se do lado esquerdo: o
título do primeiro passo é “1. Relatórios contábeis”; abaixo, há duas tabelas em branco: uma com o título BP, de
balanço patrimonial, outra com DRE, de Demonstração do Resultado do Exercício. Ao lado do primeiro passo e das
tabelas, há duas setas apontadas para a direita, onde está o segundo passo, que tem como título “2. Escrituração
contábil”, abaixo, há dois desenhos representando livros de registros contábeis.

Tudo aquilo que observamos na estrutura do balanço patrimonial e da Demons-


tração do Resultado da empresa de João, a loja Estilo, na verdade, é decorrente do
registro de todas as transações que aconteceram na entidade até aquele momento;
ou seja, desde a constituição, todos os fatos contábeis são registrados e, após um
período — que pode ser mensal, semestral, anual etc. —, o(a) contador(a) faz o
levantamento das demonstrações.

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Para efetuar os registros contábeis, é indispensável a utilização do PLANO DE


CONTAS, que, por sua vez, corresponde ao agrupamento ordenado de todas
as contas contábeis utilizadas por uma entidade (MARION, 2018). O plano de
contas traz uniformidade aos registros, uma vez que a movimentação de um
determinado elemento deve ser sempre registrada na mesma conta contábil.
Por exemplo, imagine que uma empresa tenha adquirido materiais de escri-
tório, como canetas e papéis, e registrado essa compra na conta “materiais de
expediente”. No mês seguinte, a empresa comprou novamente canetas e papéis,
essa nova compra deve ser registrada na mesma conta contábil, já que se refere
ao mesmo tipo de elemento; não se deve, por exemplo, registrar a nova compra
na conta “materiais de uso e consumo” ou“materiais de escritório”.
Se, a cada transação que envolva um mesmo tipo de elemento, a Contabi-
lidade registrar em contas distintas, quando o usuário for analisar a demons-
tração, ele não conseguirá identificar corretamente a situação patrimonial da
entidade. É importante esclarecer que cada empresa deve ter seu próprio plano
de contas, o qual atende às suas particularidades: não faz sentido uma em-
presa comercial ter, em seu plano de contas, a conta contábil “matéria-prima”,
afinal esse tipo de empresa compra a mercadoria já pronta e a revende. Por
outro lado, essa conta contábil atende perfeitamente a realidade de empresas
industriais, as quais transformam matéria-prima em produto acabado. Assim,
antes mesmo de iniciar as operações, o(a) contador(a) deve definir o plano de
contas ideal para a empresa. Uma vez definido, deve segui-lo de forma a dar
uniformidade aos registros contábeis.

P E N SA N D O J UNTO S

Uma vez estruturado o plano de contas a ser utilizado pela empresa, é


possível alterar alguma conta contábil — incluir, excluir, renomear etc. — ou a
lista deve permanecer inalterada para sempre?

Estudar o plano de contas também é tarefa indispensável para quem quer


compreender o processo de registro contábil, afinal o registro nada mais é
do que a evidenciação das alterações que os fatos contábeis provocam nos

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UN I AS S ELV I

elementos patrimoniais. Assim, não é possível efetuar o registro sem conhe-


cer as contas contábeis que representam tais elementos. Por esse motivo,
no final deste livro, encontra-se, como ANEXO A, um modelo de plano de
contas que utilizaremos para efetuar os registros contábeis neste material.
Ele pode ser utilizado por qualquer tipo de empresa: comercial, industrial
ou prestadora de serviços, desde que contemple os elementos existentes na
entidade, contudo ter um plano de contas exclusivo para cada empresa é,
sem dúvida, o ideal. Observe o plano de contas em anexo e, então, você po-
derá perceber que cada conta contábil possui um código — normalmente,
utilizado para parametrizar os softwares — e uma descrição. Esses códigos
são divididos em três grupos: 1 para ativo, 2 para passivo e 3 para contas de
resultado (receitas e despesas). Perceba que não há um código exclusivo para
as contas do patrimônio líquido, porque este é considerado um subgrupo do
passivo. Esses grupos, por sua vez, são detalhados até chegar a conta contábil
analítica, a qual, efetivamente, recebe o lançamento:

CÓDIGO CONTA CONTÁBIL CLASSIFICAÇÃO

1 ATIVO Conta sintética

1.01 ATIVO CIRCULANTE Conta sintética

1.01.01 CAIXA E EQUIVALENTE DE CAIXA Conta sintética

1.01.01.01 CAIXA E FUNDO FIXO Conta sintética

1.01.01.01.001 CAIXA Conta analítica

1.01.01.01.002 FUNDO FIXO Conta analítica

Quadro 2 - Exemplo de contas analíticas e contas sintéticas / Fonte: a autora.

Dessa forma, as contas sintéticas evidenciam a soma das contas analíticas. Com
base no Quadro 2, a conta sintética “caixa e fundo fixo” evidenciará a somatória
das contas analíticas “caixa” e “fundo fixo”.

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ZO O M N O CO NHEC I M ENTO

As demonstrações divulgadas pelas empresas, como as de capital aberto,


que são obrigadas a tornarem públicas suas demonstrações, normalmente,
não evidenciam os dados a nível de contas analíticas.

As contas dos grupos 1 e 2 são denominadas contas patrimoniais, assim são


utilizadas para a elaboração do balanço patrimonial. Já as contas do grupo 3 são
denominadas contas de resultado e, por isso, são utilizadas para a elaboração da
Demonstração do Resultado. Uma vez conhecidas as contas contábeis, o processo
de registro pode ser ordenado em quatro passos.
Para efetuar o registro contábil de um fato, é necessário passar por um proces-
so que envolve, basicamente, quatro passos ordenados, conforme vemos a seguir:

1º PASSO

Identificar o fato: se é uma compra, uma venda, um pagamento etc, e suas par-
ticularidades, ou seja, se foi à vista ou a prazo, entre outros detalhes.

2º PASSO

Interpretar o que o fato provocou nos elementos patrimoniais ou de resultado: se


provocou aumento ou diminuição.

3º PASSO

Encontrar as contas contábeis que representam os elementos afetados.

4º PASSO

Registrar nas referidas contas as variações em valor monetário provocadas pelo


fato ocorrido.

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Como já abordado neste material, a base dos registros contábeis é o Método das
Partidas Dobradas. Não é à toa que o frei Luca Pacioli, que foi o primeiro a publicar
o método, ficou conhecido como o “pai da Contabilidade”. O Método das Partidas
Dobradas estabelece que:
Para cada causa, existe um efeito.
Para cada origem, existe uma aplicação.
Para cada débito, existe um crédito.

É justamente por essa relação de causa e efeito, origem e aplicação, débito e crédito
que o balanço sempre se mantém em equilíbrio. A ideia é que o registro contábil não
deve evidenciar somente o recurso financeiro, mas, sim, contar como tal recurso foi
adquirido. É por isso que todo registro contábil envolve, no mínimo, duas contas
contábeis. Tudo isso ficará mais claro com os exemplos apresentados mais adiante.
Você deve ter ouvido dizer que o débito e o crédito da Contabilidade são o con-
trário do débito e crédito do extrato bancário. Na verdade, não se trata de uma ques-
tão de oposição: na Contabilidade, a palavra débito também se refere àquilo que se
deve, assim como a palavra crédito se refere àquilo que se tem a haver, a diferença está
na interpretação de quem deve e de quem tem a haver. O mecanismo de débito e cré-
dito é aplicado pela Contabilidade segundo a teoria personalista das contas. Segundo
ela, cada conta contábil possui personalidade própria, e a interação entre a conta e a
empresa, que também possui personalidade própria, dá origem aos débitos e créditos.
É em função dessa teoria que as contas do ativo têm natureza devedora e as con-
tas do passivo e patrimônio líquido têm natureza credora, assim como as contas de
receita têm natureza credora e as de despesa têm natureza devedora.

GRUPO DE CONTAS NATUREZA

Ativo Devedora

Passivo e PL Credora

Receita Credora

Despesa Devedora

Quadro 3 - Natureza dos grupos de contas contábeis / Fonte: a autora.

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Para entender melhor a natureza das contas, observe a Figura 2:

Figura 2 - Natureza das contas contábeis / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um processo. No centro, há uma tabela representando o balanço patri-
monial: do lado direito, no ativo, está a conta caixa e, do lado esquerdo, no passivo + PL, estão as contas Capital
Social e Resultado. Do lado da coluna do passivo + PL, há a figura de uma mulher vestindo roupa social. Acima
da coluna do passivo + PL, há uma seta para cima apontando a figura de uma empresa; ao lado dessa seta, está
a letra C, representando crédito. Abaixo da imagem da empresa, existe uma outra seta que sai da empresa em
direção à coluna do ativo; ao lado desta seta, está a letra D, representando débito. Ao lado da coluna do ativo,
há uma imagem de dinheiro. Do lado esquerdo da coluna do passivo + PL, há a imagem de um cifrão ($); abaixo,
estão as palavras “Receita (C)” e “Despesa (D)”; destas palavras, sai uma seta apontando para a conta resultado.

Para entender a figura e compreender a natureza das contas, imagine a cons-


tituição de uma empresa: para dar início às atividades operacionais, os sócios
investem dinheiro na empresa, o qual é representado pela conta contábil Capital
Social. Agora, use a sua imaginação e se coloque no lugar dessa conta, afinal, se-
gundo a teoria personalista, cada conta possui sua própria personalidade. Assim,
você, enquanto conta contábil, fornece dinheiro para a empresa, por isso, você,
enquanto conta contábil, fica com crédito com a empresa. Assim, como as contas
do passivo e patrimônio líquido representam fontes de recursos, elas sempre
ficam com créditos na empresa, daí, então, a sua natureza credora.

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Agora, ainda utilizando a sua imaginação, coloque-se no lugar da conta caixa.


A empresa recebeu dinheiro dos sócios e aplicou esse recurso em você, enquanto
conta contábil, assim você fica com um compromisso com a empresa, ou seja, torna-
-se devedor(a). Quando a empresa precisar do dinheiro, você devolverá o recurso a
ela. Assim, como as contas do ativo representam aplicação de recursos, elas sempre
ficam devedoras para a empresa, daí, então, a sua natureza devedora. As contas de
resultado, por sua vez, impactam no patrimônio líquido. Dessa forma, como as
receitas provocam aumento no patrimônio líquido, elas possuem natureza credora;
por outro lado, como as despesas diminuem o patrimônio líquido, elas têm natureza
devedora. Uma vez compreendida a natureza da conta, basta identificar o que o
fato provocou: aumento ou diminuição, para, então, realizar o lançamento contábil.

ALTERAÇÃO ATIVO (DEVEDORA) PASSIVO + PL (CREDORA)

Aumento Debita Credita

Diminuição Credita Debita

Quadro 4 - Movimentação das contas patrimoniais / Fonte: a autora.

Para entender essa aplicação, utilizaremos o exemplo de uma compra de merca-


dorias a prazo no valor de R $2.000,00. Primeiramente, precisamos entender o
fato: ao comprar mercadorias, o estoque da empresa aumentou, por outro lado,
a compra a prazo gerou uma obrigação. Agora, identificamos as contas: merca-
dorias para revenda e fornecedores. Por fim, conciliamos a conta contábil à sua
movimentação: houve aumento na conta mercadorias e aumento na conta for-
necedores, por isso, a conta contábil mercadorias deverá receber um lançamento
a débito, e a conta fornecedores, um lançamento a crédito.

ALTERAÇÃO ATIVO (DEVEDORA) PASSIVO + PL (CREDORA)

Aumento Debita Credita

Diminuição Credita Debita

Quadro 5 - Identificação das movimentações das contas contábeis /Fonte: a autora.

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Assim, a contabilização desse fato por meio do mecanismo de débito e crédito


ficaria desta forma:
■ Débito: Mercadorias R$ 2.000,00
■ Crédito: Fornecedores R$ 2.000,00

Perceba que o valor lançado a débito é igual ao valor lançado a crédito, atendendo à
determinação do Método das Partidas Dobradas. No exemplo apresentado, houve
aumento nas duas contas, mas existem fatos que provocam aumento em uma conta
e diminuição em outra ou, até mesmo, diminuição em duas. De qualquer forma, não
importa o fato a ser contabilizado, uma vez identificadas as alterações nas contas
contábeis, basta observar o esquema do Quadro 4 para realizar a contabilização.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Que tal conversarmos um pouco mais sobre o Método das


Partidas Dobradas? Então, acompanhe-me neste podcast
e nos aprofundaremos no mundo da Contabilidade. Ouça o
podcast no seu ambiente virtual de aprendizagem.

Na prática, os contadores registram os fatos contábeis por meio do mecanismo


de débito e crédito, conforme o exemplo apresentado anteriormente. Contudo,
neste material, utilizaremos o MÉTODO DOS BALANÇOS SUCESSIVOS
como base para o registro contábil. De acordo com Marion (2018, p. 134),“a
Contabilidade por balanços sucessivos é bastante simples: a cada operação
realizada pela empresa faz-se a alteração em um novo balanço”.
Por mais que seja muito didático, essa metodologia é inviável na prática.
Imagine a loja do João: diariamente, ele faz diversas vendas, paga contas, com-
pra mercadorias, recebe de clientes etc., você já pensou em elaborar um balanço
após cada um desses fatos? Três contadores não dariam conta, não é verdade?!
Além disso, hoje em dia, a tecnologia está muito acessível, possibilitando
efetuar os registros de forma síncrona entre os programas. Por exemplo, ao
emitir o cupom de venda, o sistema automaticamente dá baixa no estoque e
gera um valor a receber — no caso de venda a prazo. Em muitos casos, o siste-
ma da empresa já está parametrizado com o sistema utilizado pelo contador,

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assim este nem precisa lançar todas as notas, simplesmente faz upload dos da-
dos e dá continuidade aos serviços contábeis. Por mais que a tecnologia traga
agilidade aos registros contábeis, não podemos deixar essa tarefa à sua mercê,
afinal somente a pessoa pensante é capaz de interpretar com destreza o que o
fato provocou no patrimônio da entidade: os sistemas simplesmente fazem o
que são parametrizados para fazer. Dessa forma, é extremamente importante
conhecer como os fatos contábeis impactam o patrimônio e como a Contabili-
dade faz seus registros, do contrário, se o sistema fizer alguma contabilidade. Se
você errar, você não conseguirá identificar, e isso pode atrapalhar seu trabalho.
Antes de abordarmos a aplicação do Método das Partidas Dobradas, es-
clarecermos quais são os fatos que devem ser registrados pela Contabilidade.
Nem tudo o que acontece na empresa, nem todas as decisões tomadas preci-
sam ser registradas. Por isso, existe o conceito de ATOS ADMINISTRATI-
VOS E FATOS ADMINISTRATIVOS.
Os atos administrativos são decisões tomadas pelos gestores da entidade,
os quais não impactam, a priori, os elementos patrimoniais ou de resultado.
Quando se decide contratar um funcionário, adquirir um imóvel, firmar uma
parceria etc., esses fatos, inicialmente, não impactam os elementos: somente
quando o funcionário for contratado e trabalhar durante um mês é que sur-
girá a obrigação (passivo) de pagar o seu salário; somente quando a docu-
mentação do imóvel estiver pronta, ele representará um bem (ativo) para a
entidade; e assim por diante. Por outro lado, os fatos administrativos, também
denominados fatos contábeis, são aqueles que provocam alterações nos ele-
mentos, patrimoniais ou de resultado, como os pagamentos, recebimentos,
compras, vendas, entre outros.

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Imagine que uma empresa tenha assinado um contrato se comprometendo a


comprar mercadorias de um fornecedor específico. Esse contrato representa
apenas um compromisso que em nada interfere nos elementos patrimoniais,
assim ele é considerado um ato administrativo. Contudo, quando o forne-
cedor emitir a nota fiscal de venda e a empresa receber a mercadoria, nesse
momento, os elementos patrimoniais são impactados: gera-se um aumento
no estoque e um aumento nas obrigações — considerando uma compra a
prazo —, dessa forma, a emissão da nota fiscal serve de documentação para
o registro contábil. Agora que você já entendeu a necessidade de se utilizar
o plano de contas, já compreendeu como funciona, basicamente, o processo
de registro e já sabe quais fatos devem ser contabilizados, utilizaremos uma
outra empresa modelo, a empresa Fato a Fato Ltda., para, então, realizarmos
um EXEMPLO PRÁTICO.

DADOS DA EMPRESA:

Razão social: Fato a Fato Ltda.

Ramo de atividade: comércio de calçados.

Sociedade: quatro sócios com participação de 25% cada.

A empresa Fato a Fato Ltda. foi constituída no dia 01 de setembro de 2011. Nesse
primeiro mês, ocorreram os seguintes fatos:

Fato 01:

01/09/2011: subscrição do Capital Social no valor de R $800.000,00.

Fato 02:

02/09/2011: integralização de 60% do capital subscrito da seguinte maneira: R


$30.000,00 em dinheiro, R $260.000,00 em depósito bancário na conta corrente
da empresa e R $190.000,00 em mesas, cadeiras, armários e outros móveis.

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Fato 03:

02/09/2011: compra de computadores, câmeras de segurança e aparelhos de


ar-condicionado à vista no valor de R $80.000,00. O pagamento foi feito por
meio de transferência bancária.

Fato 04:

05/09/2011: compra de calçados a prazo no valor de R $200.000,00, a vencer em


30 dias.

Fato 05:

06/09/2011: compra de calçados à vista no valor de R $50.000,00. O pagamento


foi feito por meio de transferência bancária.

Fato 06:

10/09/2011: compra de um veículo no valor de R $32.400,00 por meio de um


financiamento que será pago em 36 parcelas mensais de R $900,00, sendo que
16 parcelas vencem no curto prazo e 20 no longo prazo.

Fato 07:

10/09/2011: pagamento de aluguel referente ao mês de setembro no valor de R


$5.000,00. O pagamento foi efetuado em dinheiro.

Fato 08:

12/09/2011: venda de calçados à vista no valor de R $150.000,00, recebidos em


dinheiro. O custo dos calçados que saíram do estoque foi de R $70.000,00.

Fato 09:

12/09/2011: depósito de dinheiro na conta corrente bancária no valor de R


$125.000,00.

Fato 10:

15/09/2011: venda de calçados a prazo no valor de R $200.000,00. O custo dos


calçados que saíram do estoque foi de R $95.000,00.

Fato 11:

16/09/2011: integralização de 25% do capital subscrito por meio da aquisição de


calçados.

Fato 12:

20/09/2011: pagamento da primeira parcela do financiamento em dinheiro.

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Fato 13:

21/09/2011: pagamento da dívida com fornecedores por meio de transferência


bancária. Como o pagamento foi realizado antes do vencimento, o fornecedor
concede 10% de desconto.

Fato 14:

25/09/2011: recebimento de clientes no valor de R $90.000,00, sendo R


$18.000,00 em dinheiro e o restante por meio de transferência bancária.

Fato 15:

28/09/2011: compra de calçados no montante de R $120.000,00, sendo que R


$40.000,00 foram pagos à vista por meio de transferência bancária e o restante
ficou para pagamento em 30 dias.

Fato 16:

30/09/2011: reconhecimento da despesa com salário do mês de setembro no


valor de R $15.000,00, o qual será pago no mês de outubro.

Fato 17:

30/09/2011: reconhecimento da despesa com depreciação dos ativos imobiliza-


dos no montante de R $4.000,00.

Agora que conhecemos os fatos ocorridos no mês de setembro, que representa o


primeiro passo do processo de contabilização, efetuaremos os outros três passos
separadamente para cada fato.
Fato 01: 01/09/20X1
Identificação: subscrição do Capital Social no valor de R $800.000,00.
Interpretação: a subscrição corresponde ao compromisso assumido pelos só-
cios ao assinar o contrato social para investir na empresa. Como foi mencionado,
a subscrição, apenas, significa que o contrato foi assinado, mas os sócios ainda
não entregaram recursos financeiros para a empresa.
Contas contábeis: a conta que representa os investimentos dos sócios é a de
Capital Social. A conta que representa o que a empresa tem a receber dos sócios
referente ao compromisso definido pelo contrato é a capital a integralizar, que é
uma conta redutora (negativa).
Registro:

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BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Passivo não circulante

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital subscrito 800.000,00

(-) Capital a integralizar (800.000,00)

TOTAL: 0,00 TOTAL: 0,00

Quadro 6 - Balanço decorrente do Fato 01 / Fonte: a autora.

Perceba que, nesse primeiro balanço, o saldo do patrimônio está zerado. Na verda-
de, nesse momento, a empresa só existe no papel, ainda não movimentou nenhum
recurso financeiro.
Fato 02: 02/09/20X1
Identificação: integralização de 60% do capital subscrito da seguinte maneira:
R $30.000,00 em dinheiro, R $260.000,00 em depósito bancário na conta corrente
da empresa e R $190.000,00 em mesas, cadeiras, armários, estantes e outros móveis.
Interpretação: a integralização corresponde ao fornecimento de recursos fi-
nanceiros dos sócios decorrente do compromisso assumido pelo contrato social. É
importante entender que o cumprimento desse compromisso em nada interfere no
Capital Social da empresa, apenas a dívida que os sócios possuíam foi parcialmente
paga. Com a integralização, a empresa passa a ter saldo de dinheiro em seu caixa,
saldo em sua conta bancária e mesas, cadeiras, armários, estantes, entre outros.
Contas contábeis: o aumento/surgimento de dinheiro é registrado na conta
caixa; o aumento/surgimento de saldo na conta corrente é registrado na con-
ta banco A; o aumento/surgimento de mesas, cadeiras, armários, estantes etc. é
registrado na conta móveis e utensílios; e a diminuição da dívida dos sócios é
registrado na conta capital a integralizar.
Registro:

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BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00

Banco A 260.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circu-


PATRIMÔNIO LÍQUIDO
lante

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

(-) Capital a integralizar (320.000,00)

TOTAL: 480.000,00 TOTAL: 480.000,00

Quadro 7 - Balanço decorrente do Fato 02 / Fonte: a autora.

Com a integralização do capital, a empresa recebe recursos de seus sócios e


passa a ter um patrimônio positivo. A conta Capital Social permanece inalte-
rada até que haja alterações no contrato social, como as decorrentes de saída
ou entrada de novo sócio.
Fato 03: 02/09/20X1
Identificação: compra de computadores, câmeras de segurança e aparelhos
de ar-condicionado à vista no valor de R $80.000,00. O pagamento foi feito por
meio de transferência bancária.
Interpretação: com a compra de computadores, câmeras de segurança e apa-
relhos de ar-condicionado, a empresa passa a ter novos bens em seu ativo. Como
foi uma compra à vista, por meio de transferência bancária, houve a diminuição
no saldo da conta corrente da empresa.
Contas contábeis: o aumento/surgimento dos computadores, câmeras de segu-
rança e aparelhos de ar-condicionado é registrado na conta de máquinas e equipa-
mentos e a diminuição do saldo da conta corrente é registrada na conta banco A.
Registro:

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BALANÇO PATRI MONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00

Banco A 180.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e (-) Capital a


80.000,00 (320.000,00)
equipamentos integralizar

TOTAL: 480.000,00 TOTAL: 480.000,00

Quadro 8 - Balanço decorrente do Fato 03 / Fonte: a autora.

Nesse fato, não houve uma nova fonte de recurso, por isso, o balanço se manteve
com o valor de R $480.000,00. O que aconteceu foi a transformação de um re-
curso do ativo em outro, no caso, a transformação de dinheiro da conta corrente
bancária em equipamentos.
Fato 04: 05/09/20X1
Identificação: compra de calçados a prazo no valor de R $200.000,00 a vencer
em 30 dias.
Interpretação: A compra de calçados, que corresponde à mercadoria vendida
pela empresa, provocou aumento no estoque da empresa. Como foi uma compra
a prazo, também gerou uma dívida.
Contas contábeis: o aumento/surgimento dos calçados no estoque da empresa
é registrado na conta mercadorias, e a dívida gerada por essa compra é registrada
em fornecedores. A conta fornecedores é exclusiva para dívidas decorrentes da
atividade principal da empresa, como a compra de matéria-prima em indústrias
ou de mercadorias em comércios.
Registro:

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BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00 Fornecedores 200.000,00

Banco A 180.000,00 Passivo não circulante

Mercadorias 200.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e
190.000,00 Capital subscrito 800.000,00
utensílios

Máquinas e
80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)
equipamentos

TOTAL: 680.000,00 TOTAL: 680.000,00

Quadro 9 - Balanço decorrente do Fato 04 / Fonte: a autora.

Com a nova captação de recursos, agora, por meio de fornecedores, o valor total
do ativo, assim como do passivo e PL aumentou, totalizando R $680.000,00.
Fato 05: 06/09/20X1
Identificação: compra de calçados à vista no valor de R $50.000,00. O paga-
mento foi feito por meio de transferência bancária.
Interpretação: A compra de calçados provocou aumento no estoque da em-
presa. Em contrapartida, como foi à vista, por meio de transferência bancária, o
saldo da conta corrente diminuiu.
Contas contábeis: o aumento no estoque de calçados é registrado na conta mer-
cadorias, e a diminuição do saldo da conta corrente é registrada na conta banco A.
Registro:

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UN I AS S ELV I

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00 Fornecedores 200.000,00

Banco A 130.000,00 Passivo não circulante

Mercadorias 250.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e (-) Capital a


80.000,00 (320.000,00)
equipamentos integralizar

TOTAL: 680.000,00 TOTAL: 680.000,00

Quadro 10 - Balanço decorrente do Fato 05 / Fonte: a autora.

Nesse fato, o valor do balanço se manteve em R $680.000,00, porque, novamente,


não houve aumento de fonte de recurso, simplesmente a transformação de um
recurso (banco A) por outro (mercadorias).
Fato 06: 10/09/20X1
Identificação: compra de um veículo no valor de R $32.400,00 por meio de
um financiamento que será pago em 36 parcelas mensais de R $900,00, sendo
que 16 parcelas vencem no curto prazo e 20 no longo prazo.
Interpretação: com a compra do veículo, a empresa passou a ter um novo bem.
Por outro lado, como a compra foi feita por meio de um financiamento, gerou-se
uma dívida que vencerá parte no curto prazo e parte no longo prazo.
Contas contábeis: o bem deve ser registrado na conta veículos no ativo não cir-
culante, pois se trata de um elemento que não tem prazo para a empresa se desfazer.
O valor corresponde às parcelas do financiamento que vencem no curto prazo e
devem ser registradas na conta de financiamentos a pagar do passivo circulante, e

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o valor corresponde às parcelas de longo prazo na conta financiamentos a pagar do


passivo não circulante.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00 Fornecedores 200.000,00

Financiamentos
Banco A 130.000,00 14.400,00
a pagar

Mercadorias 250.000,00 Passivo não circulante

Financiamentos
Ativo não circulante 18.000,00
a pagar

Móveis e
190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
utensílios

Máquinas e
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
equipamentos

(-) Capital a
Veículo 32.400,00 (320.000,00)
integralizar

TOTAL: 712.400,00 TOTAL: 712.400,00

Quadro 11 - Balanço decorrente do Fato 06 / Fonte: a autora.

O financiamento corresponde a uma fonte de recurso decorrente de capital de


terceiros, provocando aumento no saldo do balanço.

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Fato 07: 10/09/20X1


Identificação: pagamento de aluguel referente ao mês de setembro no valor
de R $5.000,00. O pagamento foi efetuado em dinheiro.
Interpretação: o aluguel do imóvel no qual a empresa está instalada represen-
ta uma despesa para a empresa. Como foi pago em dinheiro, significa que saiu
dinheiro do caixa.
Contas contábeis: a despesa com aluguel é uma conta de resultado e, como
tal, é evidenciada na DRE. Contudo, como estudado na Unidade 4, o resultado da
DRE é evidenciado no patrimônio líquido. Assim, apresentaremos as contas de
resultado em quadros acessórios e daremos continuidade ao método de balanços
sucessivos ajustando o valor do resultado no PL.

ELEMENTO CONTA CONTÁBIL VALOR (EM R$)

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Resultado Lucros/prejuízos acumulados (5.000,00)

Quadro 12 - Quadro auxiliar do Fato 07 / Fonte: a autora.

NOVOS DESAFIOS
Neste tema, você aprendeu sobre o patrimônio da entidade e as partidas dobradas.
Vimos também a funcionalidade desse método por meio dos balanços sucessi-
vos, que são uma forma didática que auxilia a compreender como os registros
contábeis conseguem manter o equilíbrio patrimonial.

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VAMOS PRATICAR

1. A Contabilidade por balanços sucessivos é bastante simples: a cada operação reali­zada


pela empresa se faz a alteração em um novo balanço (MARION, 2015).
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

Considerando a metodologia dos balanços sucessivos, considere que uma empresa apre-
sentou o seguinte balanço após a sua constituição:

Como você pôde perceber, a empresa foi constituída com um Capital Social — in­vestimento
dos sócios — no montante de R$ 300.000,00, sendo integralizados R$ 20.000,00 em di-
nheiro, R$ 80.000,00 em depósito bancário e R$ 200.000,00 em máquinas e equipamen-
tos. Após a contabilização de um novo fato, o balanço da empresa ficou da seguinte forma:

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VAMOS PRATICAR

Analisando as alterações provocadas no balanço após a contabilização, assinale a alter-


nativa que descreve corretamente o fato contábil registrado.

k) Compra de máquinas e equipamentos a prazo.


l) Compra de móveis e utensílios à vista.
m) Venda de mercadorias a prazo.
n) Compra de mercadorias, sendo parte à vista e parte a prazo.
o) Integralização de capital em mercadorias.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 9

CONTABILIDADE POR BALANÇOS


SUCESSIVOS II
ME. ADRIANA CASAVECHIA FRAGALLI

MINHAS METAS

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará neste tema de


aprendizagem:

Balanço Patrimonial

Regime de Caixa

Regime de Competência

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UN I AS S ELV I

INICIE SUA JORNADA


Olá, caro(a) estudante! Neste tema de aprendizagem você terá a oportunidade de
compreender como os fatos contábeis impactam o patrimônio da entidade. Lem-
bra que a sistematização do patrimônio gera um equilíbrio entre ativo e passivo
mais o patrimônio líquido? Então, não importa qual fato a Contabilidade registra,
esse equilíbrio é sempre mantido em função do Método das Partidas Dobradas.
Aqui veremos a funcionalidade desse método por meio dos balanços sucessivos,
que são uma forma didática que auxilia a compreender como os registros contá-
beis conseguem manter o equilíbrio patrimonial.
Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Con-
tabilidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os di-
ferentes tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para
a loja de João. Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal
de todos os fatos que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que
recebeu o nome de Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da
empresa, sempre orientando João no que ele precisava.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Como ainda estamos registrando os fatos contábeis, ou seja, ainda não fechamos
um período, não sabemos se o resultado será de lucro ou prejuízo, por isso, uti-
lizaremos a conta lucro/prejuízos acumulados.
A empresa Fato a Fato Ltda. foi constituída no dia 01 de setembro de 2011.
Nesse primeiro mês, ocorreram os seguintes fatos:

Fato 01:

01/09/2011: subscrição do Capital Social no valor de R $800.000,00.

Fato 02:

02/09/2011: integralização de 60% do capital subscrito da seguinte maneira: R


$30.000,00 em dinheiro, R $260.000,00 em depósito bancário na conta corrente
da empresa e R $190.000,00 em mesas, cadeiras, armários e outros móveis.

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Fato 03:

02/09/2011: compra de computadores, câmeras de segurança e aparelhos de


ar-condicionado à vista no valor de R $80.000,00. O pagamento foi feito por
meio de transferência bancária.

Fato 04:

05/09/2011: compra de calçados a prazo no valor de R $200.000,00, a vencer em


30 dias.

Fato 05:

06/09/2011: compra de calçados à vista no valor de R $50.000,00. O pagamento


foi feito por meio de transferência bancária.

Fato 06:

10/09/2011: compra de um veículo no valor de R $32.400,00 por meio de um


financiamento que será pago em 36 parcelas mensais de R $900,00, sendo que
16 parcelas vencem no curto prazo e 20 no longo prazo.

Fato 07:

10/09/2011: pagamento de aluguel referente ao mês de setembro no valor de R


$5.000,00. O pagamento foi efetuado em dinheiro.

Fato 08:

12/09/2011: venda de calçados à vista no valor de R $150.000,00, recebidos em


dinheiro. O custo dos calçados que saíram do estoque foi de R $70.000,00.

Fato 09:

12/09/2011: depósito de dinheiro na conta corrente bancária no valor de R


$125.000,00.

Fato 10:

15/09/2011: venda de calçados a prazo no valor de R $200.000,00. O custo dos


calçados que saíram do estoque foi de R $95.000,00.

Fato 11:

16/09/2011: integralização de 25% do capital subscrito por meio da aquisição de


calçados.

Fato 12:

20/09/2011: pagamento da primeira parcela do financiamento em dinheiro.

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Fato 13:

21/09/2011: pagamento da dívida com fornecedores por meio de transferência


bancária. Como o pagamento foi realizado antes do vencimento, o fornecedor
concede 10% de desconto.

Fato 14:

25/09/2011: recebimento de clientes no valor de R $90.000,00, sendo R


$18.000,00 em dinheiro e o restante por meio de transferência bancária.

Fato 15:

28/09/2011: compra de calçados no montante de R $120.000,00, sendo que R


$40.000,00 foram pagos à vista por meio de transferência bancária e o restante
ficou para pagamento em 30 dias.

Fato 16:

30/09/2011: reconhecimento da despesa com salário do mês de setembro no


valor de R $15.000,00, o qual será pago no mês de outubro.

Fato 17:

30/09/2011: reconhecimento da despesa com depreciação dos ativos imobiliza-


dos no montante de R $4.000,00.

A saída de dinheiro decorrente do pagamento do aluguel deve ser registrada na


conta caixa.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 25.000,00 Fornecedores 200.000,00

Financiamentos a
Banco A 130.000,00 14.400,00
pagar

Mercadorias 250.000,00 Passivo não circulante

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Financiamentos a
Ativo não circulante 18.000,00
pagar

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
equipamentos

(-) Capital a
Veículo 2.400,00 (320.000,00)
integralizar

Lucros/prejuízos
(5.000,00)
acumulados

TOTAL: 707.400,00 TOTAL: 707.400,00

Quadro 1 - Balanço decorrente do Fato 07 / Fonte: a autora.

A despesa diminui o saldo de recursos decorrentes do capital próprio (PL), fa-


zendo com que o saldo do balanço diminua para R $707.400,00.
Fato 08: 12/09/20X1
Identificação: venda de calçados à vista no valor de R $150.000,00, recebidos
em dinheiro. O custo dos calçados que saíram do estoque foi de R $70.000,00.
Interpretação: a venda, na verdade, envolve dois registros: um referente à ven-
da em si e outro referente à baixa do estoque. Isso porque essas duas operações
possuem valores distintos. Imagine que você é um(a) revendedor(a) de roupas: se
você comprar uma calça por R $70,00 e vendê-la por R $70,00, você não ganhará
nada, não é mesmo?! É por isso que o valor da venda é um e o valor da mercadoria
que sai do estoque é outro. Assim, no primeiro registro, como foi uma venda à
vista recebida em dinheiro, haverá aumento do caixa, esse aumento corresponde
à receita de venda. No segundo registro, deve-se reconhecer a diminuição do
estoque, que, no caso, corresponde a uma despesa.
Contas contábeis: o aumento de dinheiro deve ser registrado na conta caixa
e a geração de receita decorrente da venda deve ser registrada na conta receita de
vendas (resultado). A saída de calçados do estoque deve ser registrada na conta
mercadorias, e a geração de despesa decorrente desse sacrifício deve ser registrada
na conta custo das mercadorias vendidas (resultado).

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UN I AS S ELV I

ELEMENTO CONTA CONTÁBIL VALOR (EM R$)

Receita Receita de vendas 150.000,00

Custo das mercadorias


Despesa (70.000,00)
vendidas

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Lucros/prejuízos acu-
Resultado 75.000,00
mulados

Quadro 2- Quadro auxiliar do Fato 08 / Fonte: a autora.

Após a venda, o novo resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos


acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 175.000,00 Fornecedores 200.000,00

Financiamentos a
Banco A 130.000,00 14.400,00
pagar

Mercadorias 180.000,00 Passivo não circulante

Financiamentos a
Ativo não circulante 18.000,00
pagar

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
equipamentos

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 9

Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)

Lucros/prejuízos
75.000,00
acumulados

TOTAL: 787.400,00 TOTAL: 787.400,00

Quadro 3- Balanço decorrente do Fato 08 / Fonte: a autora.

Mesmo após deduzir as despesas — aluguel e custo das mercadorias vendidas


—, a receita de vendas gerou aumento de recursos decorrentes do capital próprio
(PL), aumentando o saldo do balanço para R $787.400,00.
Fato 09: 12/09/20X1
Identificação: depósito de dinheiro na conta corrente bancária no valor de
R $125.000,00.
Interpretação: o depósito provoca a saída de dinheiro da empresa e o aumento
do saldo da conta corrente bancária da empresa.
Contas contábeis: a diminuição de dinheiro deve ser registrada na conta caixa
e o aumento na conta corrente deve ser registrado na conta banco A. Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 50.000,00 Fornecedores 200.000,00

Financiamentos a
Banco A 255.000,00 14.400,00
pagar

Passivo não
Mercadorias 180.000,00
circulante

Financiamentos a
Ativo não circulante 18.000,00
pagar

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UN I AS S ELV I

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
equipamentos

(-) Capital a
Veículo 32.400,00 (320.000,00)
integralizar

Lucros/prejuízos
75.000,00
acumulados

TOTAL: 787.400,00 TOTAL: 787.400,00

Quadro 4- Balanço decorrente do Fato 09 / Fonte: a autora.

O saldo do balanço se manteve inalterado, pois não houve aumento nem dimi-
nuição nas fontes de recursos, tanto nas decorrentes de capital próprio como de
capital de terceiros.
Fato 10: 15/09/20X1
Identificação: venda de calçados a prazo no valor de R $200.000,00. O custo
dos calçados que saíram do estoque foi de R $95.000,00.
Interpretação: conforme dito anteriormente, a venda gera dois registros. No
registro da venda, como foi a prazo, surgirá o direito de receber do cliente, esse
direito corresponde à receita de venda. No registro da baixa do estoque, deve-se
reconhecer a saída de mercadorias, que, no caso, corresponde a uma despesa.
Contas contábeis: o aumento/surgi-
mento do direito de receber do cliente
deve ser registrado na conta duplicatas a
receber, e a geração de receita decorren-
te da venda deve ser registrada na conta
receita de vendas (resultado). A saída de
calçados do estoque deve ser registrada
na conta mercadorias, e a geração de des-
pesa decorrente desse sacrifício deve ser
registrada na conta custo das mercado-
rias vendidas (resultado).

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 9

ELEMENTO CONTA CONTÁBIL VALOR (EM R$)

Receita Receita de vendas 350.000,00

Custo das mercadorias


Despesa (165.000,00)
vendidas

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Lucros/prejuízos
Resultado 180.000,00
acumulados

Quadro 5- Quadro auxiliar do Fato 10 / Fonte: a autora.

Após a venda, o novo resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos


acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 50.000,00 Fornecedores 200.000,00

Financiamentos a
Banco A 55.000,00 14.400,00
pagar

Duplicatas a
200.000,00 Passivo não circulante
receber

Financiamentos a
Mercadorias 85.000,00 18.000,00
pagar

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis E utensílios 90.000,00 Capital subscrito 800.000,00

1
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1
UN I AS S ELV I

Máquinas e
80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)
equipamentos

Lucros/prejuízos
Veículo 32.400,00 180.000,00
acumulados

TOTAL: 892.400,00 TOTAL: 892.400,00

Quadro 6- Balanço decorrente do Fato 10 / Fonte: a autora.

Após essa venda, novamente, houve aumento na fonte de recursos próprios (PL),
aumentando o saldo do balanço para R $892.400,00.
Fato 11: 16/09/20X1
Identificação: integralização de 25% do capital subscrito por meio da aqui-
sição de calçados.
Interpretação: a nova integralização provocou aumento no estoque de calça-
dos e a diminuição da dívida dos sócios com a empresa. 25% do capital subscrito
corresponde a R $200.000,00.
Contas contábeis: o aumento do estoque deve ser registrado na conta mercadorias
e diminuição da dívida dos sócios deve ser registrada na conta capital a integralizar.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 50.000,00 Fornecedores 200.000,00

Financiamentos
Banco A 255.000,00 14.400,00
a pagar

Duplicatas a receber 200.000,00 Passivo não circulante

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 9

Financiamentos
Mercadorias 285.000,00 18.000,00
a pagar

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e (-) Capital a


80.000,00 (120.000,00)
equipamentos integralizar

Lucros/Prejuízos
Veículo 32.400,00 180.000,00
acumulados

TOTAL: 1.092.400,00 TOTAL: 1.092.400,00

Quadro 7- Balanço decorrente do Fato 11 / Fonte: a autora.

O capital investido pelos sócios é uma fonte de recurso próprio, por isso, o saldo
do balanço aumentou para R $1.092.400,00.
Fato 12: 20/09/20X1
Identificação: pagamento da primeira parcela do financiamento em dinheiro.
Interpretação: o pagamento provocou a saída de dinheiro da empresa, mas, Em
contrapartida, houve a diminuição do saldo da dívida do financiamento.
Contas contábeis: a diminuição de dinheiro deve ser registrada na conta caixa
e a diminuição da dívida deve ser registrada na conta de financiamentos a pagar
do passivo circulante.
Registro:
BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 49.100,00 Fornecedores 200.000,00

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UN I AS S ELV I

Financiamentos a
Banco A 255.000,00 13.500,00
pagar

Duplicatas a receber 200.000,00 Passivo não circulante

Financiamentos a
Mercadorias 285.000,00 18.000,00
pagar

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e (-) Capital a


80.000,00 (120.000,00)
equipamentos integralizar

Lucros/prejuízos
Veículo 32.400,00 180.000,00
acumulados

TOTAL: 1.091.500,00 TOTAL: 1.091.500,00

Quadro 8- Balanço decorrente do Fato 12 / Fonte: a autora.

Ao pagar a parcela do financiamento, a empresa está devolvendo o recurso obtido


por meio de terceiros, o que provocou a diminuição do saldo do balanço.
Fato 13: 21/09/20X1
Identificação: pagamento da dívida com fornecedores por meio de transferên-
cia bancária. Como o pagamento foi realizado antes do vencimento, o fornecedor
concedeu 10% de desconto.
Interpretação: o pagamento provoca a diminuição da dívida com fornecedo-
res, que, no caso, é de R $200.000,00, e a diminuição do saldo da conta corrente
em R $180.000,00. A diferença de R $20.000,00 se refere ao desconto concedido
pelo fornecedor, o qual representa uma receita para a empresa.
Contas contábeis: a diminuição da conta corrente deve ser registrada na conta
banco A, a diminuição da dívida deve ser registrada na conta fornecedores e a
receita gerada pelo desconto deve ser registrada na conta descontos financeiros
obtidos (resultado).

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ELEMENTO CONTA CONTÁBIL VALOR (EM R$)

Receita Receita de vendas 350.000,00

Custo das mercadorias


Despesa (165.000,00)
vendidas

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Descontos financeiros
Receita 20.000,00
obtidos

Lucros/prejuízos
Resultado 200.000,00
acumulados

Quadro 9 - Quadro auxiliar do Fato 13 / Fonte: a autora.

Após a quitação da dívida com fornecedores e obtenção do desconto, o novo


resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Financiamentos a
Caixa 49.100,00 13.500,00
pagar

Banco A 75.000,00 Passivo não circulante

Financiamentos a
Duplicatas a receber 200.000,00 18.000,00
pagar

Mercadorias 285.000,00

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UN I AS S ELV I

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e (-) Capital a


80.000,00 (120.000,00)
equipamentos integralizar

Lucros/prejuízos
Veículo 32.400,00 200.000,00
acumulados

TOTAL: 911.500,00 TOTAL: 911.500,00

Quadro 10- Balanço decorrente do Fato 13 / Fonte: a autora.

Mesmo com o desconto, o pagamento de fornecedores representou a devolução


de recursos decorrentes de capital de terceiros, assim o saldo do balanço diminuiu
para R $911.500,00.
Fato 14: 25/09/20X1
Identificação: Recebimento de clientes no valor de R $90.000,00, sendo R
$18.000,00 em dinheiro e o restante por meio de transferência bancária.
Interpretação: o recebimento provocou aumento de R $18.000,00 em dinhei-
ro e R $72.000,00 na conta corrente. Em contrapartida, houve a diminuição do
direito de receber do cliente.
Contas contábeis: o aumento de dinheiro deve ser registrado na conta caixa, o
aumento da conta corrente deve ser registrado na conta banco A e a diminuição
do direito deve ser registrada na conta duplicatas a receber.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Financiamentos a
Caixa 67.100,00 13.500,00
pagar

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Passivo não
Banco A 147.000,00
circulante

Financiamentos a
Duplicatas a receber 110.000,00 18.000,00
pagar

Mercadorias 285.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e (-) Capital a


80.000,00 (120.000,00)
equipamentos integralizar

Lucros/prejuízos
Veículo 32.400,00 200.000,00
acumulados

TOTAL: 911.500,00 TOTAL: 11.500,00

Quadro 11- Balanço decorrente do Fato 14 / Fonte: a autora.

Após o registro desse fato, o balanço permaneceu inalterado, pois houve apenas
a transformação de um recurso — o direito de receber — em outro — dinheiro
no caixa e na conta corrente.
Fato 15: 28/09/20X1
Identificação: compra de calçados no montante de R $120.000,00, sendo que
R $40.000,00 foram pagos à vista por meio de transferência bancária e o restante
ficou para pagamento em 30 dias.
Interpretação: a compra de calçados aumentou os bens da empresa. Por outro
lado, essa compra provocou mais duas movimentações, diminuição no saldo da
conta corrente e aumento da dívida com fornecedores.
Contas contábeis: o aumento do estoque é registrado na conta mercadorias,
a diminuição da conta corrente é registrada na conta banco A e a dívida gerada
é registrada na conta fornecedores.
Registro:

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UN I AS S ELV I

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 67.100,00 Fornecedores 80.000,00

Financiamentos a
Banco A 107.000,00 13.500,00
pagar

Duplicatas a receber 110.000,00 Passivo não circulante

Financiamentos a
Mercadorias 405.000,00 18.000,00
pagar

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e (-) Capital a


80.000,00 (120.000,00)
equipamentos integralizar

Lucros/Prejuízos
Veículo 32.400,00 200.000,00
acumulados

TOTAL: 991.500,00 TOTAL: 991.500,00

Quadro 12- Balanço decorrente do Fato 15 / Fonte: a autora.

O saldo do balanço aumentou, pois parte da compra foi a prazo, o que provocou
a captação de recursos de terceiros.
Fato 16: 30/09/20X1
Identificação: reconhecimento da despesa com salário do mês de setembro
no valor de R $15.000,00, o qual será pago no mês de outubro.
Interpretação: o salário dos funcionários é uma despesa para a empresa e,
como tal, deve ser registrada no período em que foi gerada. Assim, por mais que
o pagamento ocorra em outubro, a despesa com salário deve ser reconhecida

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no mês de setembro. Em contrapartida ao reconhecimento da despesa, surge a


obrigação de pagar o salário.
Contas contábeis: a despesa deve ser registrada na conta salários e ordenados
(resultado) e a obrigação na conta salários a pagar.

ELEMENTO CONTA CONTÁBIL VALOR (EM R$)

Receita Receita de vendas 350.000,00

Custo das mercadorias


Despesa (165.000,00)
vendidas

Despesa Salários e ordenados (15.000,00)

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Descontos financeiros
Receita 20.000,00
obtidos

Lucros/prejuízos
Resultado 185.000,00
acumulados

Quadro 13 - Quadro auxiliar do Fato 16 / Fonte: a autora.

Após o reconhecimento da despesa com salário, o novo resultado deve ser regis-
trado na conta lucros/prejuízos acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 67.100,00 Fornecedores 80.000,00

Banco A 107.000,00 Salários a pagar 15.000,00

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UN I AS S ELV I

Financiamentos
Duplicatas a receber 110.000,00 13.500,00
a pagar

Mercadorias 405.000,00 Passivo não circulante

Financiamentos
Ativo não circulante 18.000,00
a pagar

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e equipamentos 80.000,00 Capital subscrito 800.000,00

(-) Capital a inte-


Veículo 32.400,00 (120.000,00)
gralizar

Lucros/Prejuízos
185.000,00
acumulados

TOTAL: 991.500,00 TOTAL: 991.500,00

Quadro 14 - Balanço decorrente do Fato 16 / Fonte: a autora.

Como a despesa com salário ainda não foi paga, o saldo do balanço não foi alterado.
Fato 17: 30/09/20X1
Identificação: reconhecimento da despesa com depreciação dos ativos imo-
bilizados no montante de R $4.000,00.
Interpretação: a depreciação corresponde ao desgaste do bem imobilizado em
função do uso, o que provoca a diminuição de seu valor, contudo essa diminuição
não é registrada diretamente na conta contábil, que representa o imobilizado
para que o usuário consiga identificar o valor do bem e quanto já foi depreciado.
Como o bem perde valor, gera-se uma despesa para a empresa.
Contas contábeis: para evidenciar a diminuição do valor do bem, utiliza-se a
conta depreciação acumulada, que é uma conta redutora (negativa) do ativo; ao
confrontar o valor dos imobilizados com a depreciação acumulada, encontra-se
o valor contábil do bem. O correto é registrar separadamente o valor da deprecia-
ção de cada bem, mas, nesse exemplo, registramos o valor total. A despesa gerada
deve ser registrada na conta depreciação e amortização (resultado).

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ELEMENTO CONTA CONTÁBIL VALOR (EM R$)

Receita Receita de vendas 350.000,00

Custo das mercadorias


Despesa (165.000,00)
vendidas

Despesa ordenados (15.000,00)

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Depreciação e
Despesa (4.000,00)
amortização

Descontos financeiros
Receita 20.000,00
obtidos

Lucros/prejuízos
Resultado 181.000,00
acumulados

Quadro 15 - Quadro auxiliar do Fato 17 / Fonte: a autora.

Após o reconhecimento da despesa com depreciação, o novo resultado deve ser


registrado na conta lucros/prejuízos acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)

ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 67.100,00 Fornecedores 80.000,00

Banco A 107.000,00 Salários a pagar 15.000,00

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UN I AS S ELV I

Financiamentos a
Duplicatas a receber 110.000,00 13.500,00
pagar

Mercadorias 405.000,00 Passivo não circulante

Financiamentos a
Ativo não circulante 18.000,00
pagar

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
equipamentos

(-) Capital a
Veículo 32.400,00 (120.000,00)
integralizar

(-) Depreciação Lucros/Prejuízos


(4.000,00) 181.000,00
acumulada acumulados

TOTAL: 987.500,00 TOTAL: 987.500,00

Quadro 16 - Balanço decorrente do Fato 17 / Fonte: a autora.

A despesa com depreciação diminuiu o valor do patrimônio líquido, que repre-


senta a fonte de recursos decorrentes de capital próprio. Com isso, o saldo do
balanço diminuiu, totalizando R $987.500,00.
Pela metodologia dos balanços sucessivos, elaboramos um balanço após
cada fato contábil, atualizando as alterações provocadas. No entanto, na prática,
a Contabilidade registra os fatos por meio dos lançamentos em débito e crédito
e, ao final do período, apura o saldo das contas e elabora o balanço patrimonial
e a DRE. O balanço patrimonial do final do mês de setembro da empresa Fato
a Fato Ltda. seria exatamente esse apresentado após o registro do Fato 17, já a
DRE precisa ser estruturada considerando as contas de resultado apresentadas
nos quadros auxiliares, conforme apresentado a seguir:

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 9

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA EMPRESA FATO A FATO LTDA.

PERÍODO DE 01/09/20X1 A 30/09/20X1

Em R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Receita de vendas 350.000,00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 0,00

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 350.000,00

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custos das mercadorias vendidas (165.000,00)

(=) LUCRO BRUTO 185.000,00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas gerais e administrativas

Salários e ordenados (15.000,00)

Aluguel de imóveis (5.000,00)

Depreciação e amortização (4.000,00)

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 161.000,00

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

Descontos financeiros obtidos 20.000,00

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA EMPRESA FATO A FATO LTDA.

PERÍODO DE 01/09/20X1 A 30/09/20X1

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 181.000,00

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 0,00

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 181.000,00

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 0,00

(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 0,00

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 181.000,00

Quadro 17 - Demonstração do Resultado da empresa Fato a Fato Ltda. / Fonte: a autora.

Agora, sim, finalizado o processo contábil. Espero que você tenha compreendido
como as demonstrações contábeis são resultado dos fatos ocorridos na entidade
durante um período: os registros, ou lançamentos, contam a história dos acon-
tecimentos da entidade e, ao final de um período, o resultado dessa história é
apresentado por meio das demonstrações.

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Disponível Fornecedores

Caixa 15.000,00 Fornecedor X 75.000,00

Banco A 203.000,00 Salários e encargos sociais

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T E MA D E APRE N D IZAGEM 9

BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ESTILO LTDA.

ENCERRADO EM 31/12/20X1

Créditos Salários a pagar 15.000,00

Duplicatas a receber 62.000,00 Férias a pagar 3.000,00

Estoque Obrigações fiscais

Mercadorias 388.000,00 Impostos a recolher 16.000,00

Materiais de consumo 8.000,00 Obrigações financeiras

ATIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos e finanças. 35.000,00

Imobilizado PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Máquinas e equipa-
15.000,00 Obrigações financeiras
mentos

Móveis e utensílios 205.000,00 Empréstimos e finanças. 17.000,00

(-) Depreciação acu-


(20.000,00) PATRIMÔNIO LÍQUIDO
mulada

Intangível Capital Social

Ponto comercial 75.000,00 Capital subscrito 600.000,00

Lucros ou prejuízos acumulados

Lucro do exercício 190.000,00

TOTAL DO ATIVO 951.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00

Quadro 18- Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora.

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NOVOS DESAFIOS
Com certeza, não é possível saber exatamente todos os fatos que ocorreram na
empresa até o momento do levantamento do balanço, contudo é possível iden-
tificar alguns acontecimentos, como: a empresa comprou mercadorias a prazo,
pois existe dívida com fornecedores, mas também comprou mercadoria à vista,
afinal o saldo da conta mercadoria é maior do que a dívida com fornecedores; a
empresa vendeu mercadorias a prazo, pois há valor a receber de cliente (duplica-
tas a receber); todo o valor do capital social já foi integralizado, pois não há saldo
na conta capital a integralizar; a empresa contratou um empréstimo a ser pago
em várias parcelas — há valor no passivo circulante e no não circulante. Espero
que você consiga identificar outros fatos também.

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VAMOS PRATICAR

UTILIZE OS DADOS A SEGUIR PARA RESOLVER AS QUESTÕES 1 E 2.

João e Maria acabam de constituir uma empresa comercial. Os fatos ocorridos no primeiro
mês de operação foram:

- 01/03: subscrição de Capital Social no valor de R$ 420.000,00.

- 03/03: integralização de 80% do capital subscrito, sendo R$ 216.000,00 em de­pósito


bancário e R$ 120.000,00 em instalações.

- 05/03: compra a prazo de móveis e utensílios no valor de R$ 150.000,00. O pagamento


será realizado em seis parcelas de R$ 25.000,00.

- 09/03: compra à vista de equipamentos de informática no valor de R$ 40.000,00.

- 12/03: compra de mercadorias no valor de R$ 180.000,00, sendo R$ 50.000,00 à vista


e o restante a prazo.

- 18/03: transferência bancária no valor de R$ 70.000,00 para conta de aplicação finan-


ceira de liquidez imediata.

- 28/03: pagamento da primeira parcela referente à compra de móveis e utensílios rea-


lizada no dia 05/03 por meio de transferência bancária.

1. Descreva o que cada fato provocou no patrimônio da empresa, identificando, no míni-


mo, duas movimentações, de forma que o balanço permaneça sempre em equilíbrio.

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REFERÊNCIAS

TEMA DE APRENDIZAGEM 1

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
1976.
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no
6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende
às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demons-
trações financeiras. 2007.
CARAVELAS: Bartolomeu Dias, Boa Esperança e Vera Cruz. Samuel & Filhos, LDA., [2022].
CFC. NBC TG 26 (R5), de 24 de novembro de 2017. Altera a NBC TG 26 (R4) que dispõe
sobre apresentação das demonstrações contábeis. 2017.
CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à
NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório
financeiro. 2019.
FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021.
FRANCO, H. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 15. ed. São Paulo: Atlas,
1989.
HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zorat-
to Sanvicente. 1. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.
IUDÍCIBUS, S. de et al. Contabilidade Introdutória. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
SERASA EXPERIAN. Ir à Falência: veja os principais motivos e como evitá-los. Blog Empre-
sas,12 jun. 2020.
SZUSTER, N. et al. Contabilidade Geral: introdução à Contabilidade Societária. São Paulo:
Atlas, 2013.

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REFERÊNCIAS

TEMA DE APRENDIZAGEM 2

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
1976.
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no
6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende
às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demons-
trações financeiras. 2007.
CARAVELAS: Bartolomeu Dias, Boa Esperança e Vera Cruz. Samuel & Filhos, LDA., [2022].
CFC. NBC TG 26 (R5), de 24 de novembro de 2017. Altera a NBC TG 26 (R4) que dispõe
sobre apresentação das demonstrações contábeis. 2017.
CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à
NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório
financeiro. 2019.
FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021.
FRANCO, H. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 15. ed. São Paulo: Atlas,
1989.
HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zorat-
to Sanvicente. 1. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.
IUDÍCIBUS, S. de et al. Contabilidade Introdutória. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
SERASA EXPERIAN. Ir à Falência: veja os principais motivos e como evitá-los. Blog Empre-
sas,12 jun. 2020.
SZUSTER, N. et al. Contabilidade Geral: introdução à Contabilidade Societária. São Paulo:
Atlas, 2013.

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REFERÊNCIAS

TEMA DE APRENDIZAGEM 3

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de dezembro de 2002. Institui o Código Civil. 2002.


FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 4. ed. Curitiba:
Positivo- Livros, 2009.
FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021.
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade para Não Contadores. 8. ed. São Paulo:
Atlas, 2018.
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

TEMA DE APRENDIZAGEM 4

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
1976.
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no
6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende
às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demons-
trações financeiras. 2007.
CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à
NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório
financeiro. 2019.
FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021.
GELBCKE, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades
de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para Não Contadores: para as
áreas de Administração, Economia, Direito e Engenharia. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
NASCIMENTO, C. de L. Contabilidade Intermediária. Maringá: UniCesumar, 2019.

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REFERÊNCIAS

TEMA DE APRENDIZAGEM 5

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
1976.
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no
6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende
às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demons-
trações financeiras. 2007.
CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à
NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório
financeiro. 2019.
FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021.
GELBCKE, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades
de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para Não Contadores: para as
áreas de Administração, Economia, Direito e Engenharia. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
NASCIMENTO, C. de L. Contabilidade Intermediária. Maringá: UniCesumar, 2019.

TEMA DE APRENDIZAGEM 6

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
1976.
CFC. NBC TG 26 (R5), de 24 de novembro de 2017. Altera a NBC TG 26 (R4) que dispõe
sobre apresentação das demonstrações contábeis. 2017.
CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à
NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório
financeiro. 2019.
GELBCKE, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades
de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
NASCIMENTO, C. de L. Contabilidade Intermediária. Maringá: UniCesumar, 2019.

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REFERÊNCIAS

TEMA DE APRENDIZAGEM 7

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
1976.
CFC. NBC TG 26 (R5), de 24 de novembro de 2017. Altera a NBC TG 26 (R4) que dispõe
sobre apresentação das demonstrações contábeis. 2017.
CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à
NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório
financeiro. 2019.
GELBCKE, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades
de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
NASCIMENTO, C. de L. Contabilidade Intermediária. Maringá: UniCesumar, 2019.

TEMA DE APRENDIZAGEM 8

HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zorat-


to Sanvicente. 1. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

TEMA DE APRENDIZAGEM 9

HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zorat-


to Sanvicente. 1. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

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GABARITO

TEMA 01:

1. O surgimento das partidas dobradas justamente na Itália não foi por acaso. As cidades
italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras representavam o que de mais avan-
çado poderia existir, na época, em termos de empreendimentos comerciais e industriais
(IUDÍCIBUS, 2015). Nesse sentido, nada mais natural do que justamente os italianos de-
senvolverem um mecanismo de controle patrimonial que auxiliasse os negócios.

IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

2. A Contabilidade utiliza números, mas estes não são sua razão de ser. A Contabilidade
não tem como objetivo alcançar um número exato e nem obter uma fórmula definitiva
para alcançar um resultado. Ela tem como objetivo gerar informação sobre o patrimônio;
este, por sua vez, representa o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma ou mais
pessoas. Ao acompanhar esse patrimônio, a Contabilidade busca analisar o aspecto social
da entidade, seja ela uma pessoa física ou jurídica, verificando como o seu patrimônio foi
afetado pelas decisões tomadas.

3. Os usuários internos são aqueles que trabalham na empresa e ocupam cargos que re-
querem a tomada de decisões e, por isso, necessitam de informações direcionadas. Já
os usuários externos não possuem relação de trabalho com a empresa, mas, também,
necessitam de informações para a tomada de decisões. Para esses usuários, as informa-
ções são, normalmente, padronizadas (FAVERO et al., 2011).

FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

TEMA 02:

1. E. Considerando uma indústria como geradora das informações contábeis, o Governo


representa um usuário externo; a diretoria, um usuário interno; o gerente de produção,
um usuário interno; e instituições financeiras, um usuário externo.

2. D. A afirmativa I está incorreta, pois quanto maior o nível de complexidade das atividades
desempenhadas pela entidade, maior também será a complexidade e o detalhamento
das informações contábeis.

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GABARITO

TEMA 03:

1.

Patrimônio líquido = Ativo – Passivo.


Patrimônio líquido = R$ 385.000,00 - R$ 268.000,00.
Patrimônio líquido = 117.000,00.

2.

TEMA 04:

1. As contas classificadas incorretamente são mercadorias, financiamentos a pagar (LP) e


reserva de lucros. A conta mercadorias deve ser classificada como ativo circulante, pois
representa um bem para a entidade e é movimentada no curto prazo. A conta financia-
mentos a pagar (LP) deve ser classificada como passivo não circulante, pois representa
uma obrigação que vencerá no longo prazo. A conta reserva de lucros deve ser classificada
como patrimônio líquido, pois representa um capital próprio da entidade.

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GABARITO

TEMA 05:

1. As contas classificadas incorretamente são mercadorias, financiamentos a pagar (LP) e


reserva de lucros. A conta mercadorias deve ser classificada como ativo circulante, pois
representa um bem para a entidade e é movimentada no curto prazo. A conta financia-
mentos a pagar (LP) deve ser classificada como passivo não circulante, pois representa
uma obrigação que vencerá no longo prazo. A conta reserva de lucros deve ser classificada
como patrimônio líquido, pois representa um capital próprio da entidade.

TEMA 06:

2. Para apurar o resultado pelo regime de caixa, é necessário observar os fatos que provo-
caram entrada ou saída de dinheiro no mês de setembro. Já para apurar o resultado pelo
regime de competência, é necessário observar os fatos que geraram receita ou despesa
no mês de setembro:

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GABARITO

TEMA 07:

1. A. A venda de produtos corresponde à atividade principal da empresa, por isso, é uma


receita operacional bruta. Os juros sobre aplicação financeira estão relacionados à re-
muneração pelo fornecimento de capital a terceiros, por isso, é uma receita financeira.

TEMA 08:

1. D. No segundo balanço, surgiu a conta mercadorias no valor de R$ 50.000,00, o que repre-


senta a compra de mercadorias. Houve, também, o surgimento da conta fornecedores no
valor de R$ 30.000,00, o que significa que a compra gerou uma dívida, mas não no mesmo
valor da compra. A diferença está na diminuição de R$ 20.000,00 na conta banco A.

TEMA 09:

1.

01/03: a subscrição do capital representa que a empresa recém-constituída passa a possuir


um Capital Social, registrado no patrimônio líquido. Em contrapartida, como os sócios ainda
não integralizaram o capital, o valor a ser recebido dos sócios fica registrado na conta capital
a integralizar.
03/03: a integralização do capital na forma de depósito bancário provoca o aumento na
conta banco A e a integralização em instalações provoca aumento da conta instalações. Em
contrapartida, houve uma diminuição na conta capital a integralizar em função da diminuição
do saldo a ser recebido dos sócios.
05/03: compra provocou aumento na conta móveis e utensílios. Em contrapartida, por ter
sido a prazo, provocou o aumento de uma dívida registrada na conta dividendos a pagar.
09/03: a compra provocou aumento na conta computadores e periféricos. Em contrapartida,
por ter sido à vista, diminuiu o saldo da conta banco A.
12/03: a compra provocou aumento na conta mercadorias. Em contrapartida, o valor pago à
vista provocou diminuição da conta banco A, já o valor a ser pago a prazo provocou o aumento
de uma dívida registrada na conta fornecedores.
18/03: a transferência provocou aumento na conta aplicações financeiras de liquidez imediata.
Em contrapartida, provocou a diminuição da conta banco A.
28/03: o pagamento provocou a diminuição da conta banco A. Em contrapartida,
também, houve a diminuição da dívida correspondente, que havia sido registrada na
conta dividendos a pagar.
Elabore um balanço patrimonial para cada fato utilizando o método dos balanços sucessivos.

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GABARITO

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