You are on page 1of 17
Peace eC es specialista em Relacdes ionais e editor do jornal ene ee eerie GEOGRAFIA PAR-A@O ENSIN-©O MED bO "ENSINO MEDIO 2 EDICAO - 2012 SAO PAULO. Be Atul A.ENERGIA SOLAR RECEBIDA PELA TERRA AQUECE DESIGUALMENTE A atmosfera, 05 oceanos e os continentes. As massas de ar e as correntes marinhas so os veiculos da circulacdo do calor. Essa dinamica extremamente complexa é compreendida apenas em parte pelos cientistas. Sabe-se, no entanto, que os climas apresentam oscilacées ao longo do tempo geolégico, e os modelos mais aceitos atualmente sustentam a hipotese de que estamos atravessando um ciclo de répi- das mudancas climaticas. A maior parte da comunidade cientifica acredita que a humanidade é parcialmente responsavel por esse proceso. Sabemos pouco sobre a complexa dindmica dos climas, mas podemos classificar ecartografar os grandes tipos climaticos do planeta com base em parametros de temperaturas e precipitacdes. Os tipos climéticos exercem forte influéncia sobre a ‘economia e o modo de vida das sociedades humanas. ‘Atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra. A nossa atmosfera distingue-se, entre os demais planetas do Sistema Solar, por ser um produto da vida. As trocas de gases realizadas pelos organismos produziram uma atmosfera ri em oxigénio e com pouco diéxido de carbono (CO,), a0 contririo do que ocorre em Venus ¢ Marte. Anteragio entre a Terra e 0 espago exterior ocorre por meio da atmosfera, cuja massa de gases, mais concentrada pacamada inferior, a troposfera, vai se tornando rarefeita 2 medida que aumenta a altitude. A radiagio solar é a principal fonte de energia ea base da vida, vegetal e animal, na Terra. De toda a radiagao proveniente do Sol, cerca de 30% é imediacamente refletida para o espago, sem aquecer o planeta, Essa porcenta- gem é constituida por ondas curtas (luz visivel, raios uleravioleta, raios X e raios gama). A porcentagem restante éabsorvida pela atmosfera, terras emersas, oceanos € organismos fotossintetizantes. Com o tempo, a Terra dissipa ‘essa energia, emitindo-a de volea para o espago sob a forma de ondas longas (infravermelho, micro-ondas e ondas de tidio e TV). Essa é a radiagao terrestre (veja 0 esquema na pagina seguinte). (Os gases que compéem a troposfera comportam-se diferenciadamente diante da radiacio em diversos comprimentos de onda. Eles so transparentes 4 maior parte da radiacéo solar e € por isso que a luz atinge a superficie. Mas so opacos & radiagdo terrestre, absorvendo-a ¢ aquecendo-se. As trocas de calor entre a troposfera, de um lado, ¢ os oceanos ¢ continentes, de outro, reduzem o resfria- mento do plan a 15°C. Sem o efeito estufa, seria de 15 °C negativos ou até menos, o que reduziria ao extremo a diversidade da vida no planeta. .. Esse mecanismo natural é conhecido como efeito estufa. A temperatura média da Terra é de 45 % UNIDADE 1 + Meio natural e espaco geogréfico © efeito eseufa decorre, principalmente, da absorgio de calor por alguns gases, deno- minados gases de esrufa, como vapor de égua, diéxido de car- bono, metano, éxidos nierosos © ozénio, Atividades humanas aumentam as concentragdes de gases de estufa na atmosfera. A a gueima de combustiveis fsseis € de biomassa provoca emis- s6¢s de didxido de carbono. A ctiagéo de gado e as culturas “on de arroz geram emissées de metano. O uso de fertilizantes quimicos causa emiss6es de éxi- dos nitrosos. As temperaturas médias globais sofreram aumento de 0,8 °C entre meados do século XIX e 2010. Hé fortes indicios de que, ao longo do século XXI, ocorra aumento de pelo menos mais 1,8 °C. Desde o inicio da era industrial, ha dois séculos e meio, as concentragdes atmosféricas de diéxido de carbono, metano e éxido nitroso aumentaram signi- ficativamente (veja os gréficos da pagina seguinte). ‘A maior parte do aumento dessas concentrasées ocorreu no tilkimo meio século. Embora existam diver- ee Represencagio sem esca ALcADO LABORAL Maria Léa Hit ecg a Ta. ‘Sto Paulo Edgar Bucher, 1994p 28, géncias na comunidade cientifica, a visio predomi- nante é de que a interferéncia humana na mistura de gases atmosféricos desempenha papel decisivo nas mudangas climaticas. Essa opiniso majoritaria é 0 fandamento das politicas internacionais voleadas para o tema das mudangas climaticas, que incidem princi- palmente sobre a produgio e o consumo de energia, como veremos no capitulo 8. Usina termoeletrica ‘a carvao mineral na Geérgia, Estados Unidos, em 2007. 0 combate as emiss6es de gases de estufa exige a substituicao das antigas usinas baseadas em carvao. [Dioxido de carbono Partes por mithao af 1750 Partes por bithao 1.145 1750 2007 Partes por bilhao i 1750 2007 Fonce Pune Inergovetnamental para Mudancas Cimticas (PCC), Disponivel em: . Aceso em: 23jan 2012 crdimaseassocedades cowiuio2 J A distribuicao do calor A Terra é um geoide, ou seja, uma esfera leve- mente achatada nos polos. O seu diimetro equatorial é apenas 44 quilémetros maior que o set: diametro polar. Portanto, para quase todos os efeitos, o planeta uma esfera perfeita. A forma esférica da Terra faz com que a inten- sidade da radiagao solar recebida seja desigual nas diferentes latitudes. Dois feixes paralelos de luz com ‘0 mesmo diametro (d), a0 incidirem sobre uma area situada em alta latitude (a), aquecem uma superficie ‘mais extensa que a0 incidirem sobre uma étea situada em baixa latitude (b) (veja o esquema a seguit). Em consequéncia, a intensidade de insolagao (energia por unidade de Area) é maior nas porgées da superficie préximas a0 Equador, Feixe de it Representacdo sem esa, Fonte: SALGADO-LABoRAL, Maria Léa. Hstériaecligia da Tera ‘Sto Paulo Edgar Biche 1994 p 230, ‘As diferengas de insolagio explicam tanto as ele- vadas médias térmicas anuais das 4reas que circundam a linha do Equador quanto as baixas temperaturas das dreas préximas a0s polos, onde aparecem extensas caloras permanentemente geladas. Mas, a0 longo do ano, a distribuigo da energia solar na superficie é condicionada pelo movimento de translagio da Terra. © movimento de translagio se completa em um periodo de cerca de 365 dias e 6 horas, ou um ano. 47 O eixo imagindrio em torno do qual a Terra executa © movimento de rotacio apresenta uma inclinagio de 23°27’ em lagio ao plano de sua érbita ao redor do Sol. Por isso, a insolagao d smo ponto da superficie da Terra varia de acordo com a época do ano, determina a exis ia das estagbes, Em dois momentos do ano, o disco solar encon: tra-se no plano da Srbita terrestre. A radiagao incide pendicularmente ao Equador, de modo que os dois he nisférios recebem a mesma insolagao. Esses momen- tos, chamados equinécios, marcam, no calenditio, 0 inicio da primavera e do outono. Nessas datas, os dias as noites duram 12 horas em todo o planeta Em dois outros momentos do ano, 0s raios solares incidem perpendicularme: 208 trépicos. Sio 0s cha mados solsticios. No solsticio de vero do hemisfério sul, 0s raios solares incidem perpendicularmente a0 txépico de Capricérnio. Isso significa que o hemisfério bendo menor insolagio e vivea sua e a so fria, com dias mais curcos e noites mais longas. No solsticio de verio do hemis norte, ao contr Sol incide perpendicularmente ao trdpico de C o que condiciona a estagio fria no hemisfério sul (v os esquemas abaix A lavicude dos te6picos édefinida, direramente, pela inclinagio do eixo imagindrio terrestre. Os paralelos, correspondentes delimitam o afastamento maximo do disco solar em relagio ao plano da érbita terrestre. Entre 0 solsticio de verao no hemisfério sul Been Coen Rais solares oo Ca hemisfério sul cles esta a zona intertropical, que abrange toda a fa da superficie na qual os raios solares incidem perpen dicularmente durante parte do ano. Essa zona rece maior insola apreser os climas mais quences dl aneta (veja o esquema ao lado). ade dos circulos polares é definida, indie tamente, pela incli 40 do eixo imagindrio cerreste Esses paralelos delimitam o cone de sombra poll formado no solsticio de inverno de cada um dos hemi férios. As faixas entre as latitudes 66°33" e 90° — as zonas glaciais ~ permanecem sem receber insolagia durante parte do ano. As fai polar s delimitadas pelos trdpicos e circuleg em ambos os hemisférios, correspondem 3s is temperadas. Nelas, hd insolagio durante o ano) inteiro, mas os raios solares incidem sempre em ditegao inclinada. Em consequéncia, elas recebem insolagio menor que a zona intercropical, mas maior que as zonas glaciais. Antes da era industrial, nas sociedades campo- nesas ¢ rurais, a vida orgai ida segundo o ritmo cages do ano, que definiam as épocas do plan. tio, da germinagio e da colheita. Os ciclos naturais e agricolas ordenavam os tempos de trabalho e descanso. As festividades marcavam a transigio das estag6es € 0 inicio ou o fim das principais atividades produtivas. A variedade de temperaturas no plaiera exerce influéncia sobre a distribuigio da populagio e a orga CE elke Ri ORM enh Poe Pee Mn ec} ZONA GLACIAL Ceul Poar Atco Tropico de Cancer Equador pico de Caprcbnio cont TN Ciclo Polar Antico GLACIAL ANTARTICA Representagio sem excala Fone: aborado pelo auto. nizagio das atividades produtivas. O frio intenso das altas latitudes, que limica a diversidade bioldgica, reduz aspotencialidades agricolas eas densidades demogré- ficas. No Canada, por exemplo, cerca de 90% da popu- lasio se concentra em uma faixa de 500 quilémerros 20 longo da fronteira com os Estados Unidos, enquanto esimensos territérios setentrionais permanecem desa- bitados. Algo similar ocorre nos paises escandinavos, na Europa do norte, Os hébitos alimentares, a inddstria de confec- s8es, as redes de transportes e a engenharia civil sio diretamente influenciados pela insolagio e pelo com- portamento das temperaturas. Em muitas regides, a Antibes, na Cote d'Azur francesa, em junho de 2009. As praias do Mediterraneo pulsar no ritmo do turismo de ver8o europeu. Os climas e indiiseria do turismo est condicionada pelo ciclo das estagdes. Nos Alpes europeus, os centros de esqui fancionam no inverno, enquanto 0 verdo é esta alpinismo, Nas zonas temperadas, o turismo de praia se restringe aos meses de vero, Nas baixas latitudes, ondeas médias térmicas permanecem clevadas durante © ano inteiro, 0 turismo de praia é ininterrupco. As stages do ano continuam a desempenhar fungdes econémicas, mas seus signifitados culturais esmaece- ram junto com os modos de vida tradicionais Montanhas e massas de agua As temperaturas médias e as variagdes térmicas no dependem apenas das latitudes. relevo modifica as médias térmicas, ea posigio dos lugares ext ais massas liquidas tem forte influéncia sobre a curva anual das temperaturas. A radiagio solar nao aquece diretamente a atmos. fera da Terra: sio as superficies, sdlidas ou Iiquidas, que transformam a energia radiance em calor e trans- ferem esse calor para 0 ar atmosférico. As massas de ar baixas e aquecidas ascendem ¢, nesse movimento, encontram uma pressio atmosférica cada vez menor, O arascendente consome a energia do seu calor para se expandir e, por isso, perde calor. Esse é 0 motivo pelo qual a temperatura atmosférica tende 4 diminuir constantemente coma altitude, em 0,5 °C a1 °C para cada 100 metros. Pressao atmosféricaéo peso da colunade ar acimade determinado ponto da superficie As massas liquidas se aquecem ese resfriam mais “terras circundantes. Por isso, o hemisfério norte, onde settee lia tat eas aneicadeqite médias térmicas menores ¢ invernos mais rigorosos _que os do hemistério sul. 49 UNIDADE 1 + Meio natural Vegetacao de araucérias, tipica de climas subtropicais jemperados, em Campos do Jordao, na Serra da Mantiqueira, em Sao Paulo. A cidade situa-se na zona intertropical, mas as altitudes, superiores a 1.500 metros, amenizam as temperaturas. metidas ao chamado efeito de maritimidade: 0 calor, Ientamente liberado pelos oceanos e mares ajuda a manter as temperaturas mais elevadas durante a noite _ ao longo do inverno. Nas areas afastadas do mat, sob © efeito de continentalidade, a superficie perde mais rapidamente o calor recebido através da insolagio, Em consequéncia, so maiores a amplitude térmica diéria eaamplitude térmica anual. rowikriddade/ cemtimenkolida A circulagao de calor O calor circula no planeta por meio das massas de ar e das correntes marinhas, Isso significa que os xe condicionados pela circulagio 10 largamen climas atmosfiica e pela circulagao ocednica A circulagao geral da atmosfera decorre das dife- rengas de pressio armosférica. © ar quente é mais leve gue 0 ar frio. As massas de ar aquecidas ascendem, enquanto as massas mais frias deslocam-se e ocupam 0 manda os seu lugar: Esse é o mecanismo basico que ¢ ventos scala planetatia, a circulagio atmosférica (veja o esquema ao lado) Na faixa equatorial, massas de ar aquecido se dilacam, ascendem e, quando atingem cerca de 10 mil metros de altitude, espalham-se horizontalmente para norte e para o sul. Por volta de 30° de latitude, quando’ ji se rornaram mais frias e densas, elas iniciam um movimento descendente. Em seguida, em baixas ali- tudes, romam 0 rumo do Equador, reiniciando 0 ciclo de aquecimento, dilatagio e ascensio. Esse movimento constitui a célula Tropical (ou célula de Hadley). Na célula Tropical podem-seidentificar os ventos alisios e os ventos contra-alisios. Os alfsios sopram a baixas altitudes, das faixas subtrdpicais para o Equa- dot, nos dois hemisférios. Devido a0 sentido do movi mento de rocagio da Terra, essas massas de ar se inclinam para oeste. Assim, apresentam direcao geral nordeste-sudoeste, no hemisfério norte, € sudeste~ noroeste, no hemisfério sul. No sentido oposto, os contra-alisios sopram em alticudes elevadas, das zonas equatoriais de baixa pressio para as zonas subtropi- cais de alta pressio. A célula Tropical redistribui calor ¢ umidade entre as latitudes equatoriais e subtropicais. Na faixa equatorial, a ascensio e resfriamento do ar timido pro- voca condensagio e chuvas o ano inteiro. Os contra- alisios, enquanto se deslocam para o norte e para o sul, perdem calor; tornando-se cada vez mais pesados. Ao descerem, esto bastante secos. Assim, absorvem toda a umidade existente nas proximidades da superficie. E por isso que a maior parte dos desertos do planeta situa-se nas latinudes tropicais fo OS Laude i 1 Ata ean Ata ta Baa QE (Grecia Polar C= ela dee Late C= ea Topic] Maria a. Hit ‘io Paulo Edgar Biches, 1994 p. 244, Um mecanismo semelhante forma uma segunda célula de circulagio, a célula de Meia Latitude, nos dois hemisférios. As massas de ar que a constituem se deslocam junto 8 superficie, da faixa subtropical para oscirculos polares, Esses ventos ocidentais encontram, naaltura do paralelo de 60°, as massas frias originadas nos polos. Forma-se uma zona de baixa pressio, pois ‘os ventos tropicais, mais quentes, se sobrepoem ao ar polar, descrevendo uma trajetéria ascensional. Umterceiro circuito,a célula Polar, forma-se entre 60° € 90° de latitude, nas zonas glaciais drtica e antér- tica. As massas de ar polares provocam o fenémeno das frentes 20 se encontrarem com os ventos da célula de Meia Latieude. A interface entre o ar frio originario das altas lati- tudes polares ¢ 0s ventosde oeste é denominada frente polar: Essa superficie de instabilidade que separa 2 frio do ar quente se desloca de acordo com as estagbes do ano. No vero, 6 empurrada na diregio do Equador; no inverno, na ditegao dos polos (veja o esquema abaixo). As reas temperadas que se encontram na faixa de atuagio da frente polar apresentam, sazonal- mente, cemperaturas baixas e altas, pois recebem influéncia alternada do ar que sopra dos polos e do ar que sopra dos trépicos. E por esse motivo que em paises situados nas zonas temperadas os invernos Representaco.sern escal, Fonte: Eaar Science Cuticulum Project; FUNDAGKO Brae para oEnsino de Céncas Imvestiganda Terra, Sto Paulo: McCraw Hil 1973 «1,p.281 Os climas ¢ as sociedades + CAPITULO oy sito geralmente bastante frios e os verdes, bastante quentes. © deslocamento da frente é responsivel pelo deslocamento das nuvens ¢, portanto, das chu- vas. A frente polar regula o calendario agricola das zonas temperadas. Os oceanos e os climas ‘A trajetéria das corventes reflete, até certo ponto,os padroes da circulago atmosférica, Mas elas sto desviadas pela disposigao das terras emersas. Nas proximidades dos circulos polares, originam-se correntes marinhas frias, que se deslocam na direg4o da zona intercropical Miseurando-se com as éguas dos mares quentes, elas se aguecem e retornam para as altas latitudes, reiniciando © ciclo (veja 0 mapa na pagina seguinte). As guas frias das profundezas dos oce- anos Artico e Antar- tico podem demorar um século ou mais para chegar & superficie. Elas realimentam as correntes marinhas que derivam, empurradas pelos ven- +08, pata as baixas latitu- des, Assim se formam as correntes frias dos dois hemisférios, no Pacifico e no Adlantico. 51 roe rete | Fonte: essen, Graca Mara Lemnos Atlas geogrico:espago mundial 4 ed, Sio Paulo: Madera, 2008.79 " oceanos, reduzindo a evaporagio e condicionando a formagao de litorais secos. E 0 que acontece, sob a influéncia da corrente do Pera (ou de Humboldt), no ene ee - deserto de Atacama. Um fenémeno parecido ocorre, sob a influéncia da corrente de Benguela, na fachada atlintica da Africa meridional, onde se estende o deserto da Namibia. Empurradas pelos ventos, as correntes frias ganham as baixas latitudes e se misturam as 4guas aquecidas. Na zona intertropical, tornam-se correntes quentes, que causam aumento da evaporagio ¢ das precipitagées nas terras emersas sob sua influéncia. E 0 que acontece em quase todo o litoral brasileiro, banhado pelas correntes do Brasil e das Guianas. E também o que acontece na fachada atlintica do con- tinente europeu, sob agao da corrente do Arlantico Norte, que éum prosseguimento da orrente do Golfo. No Japio, por causa da influéncia das correntes mati- nhas, as médias térmicas do sul apresentam caracte- 82 risticas quase tropicais, enquanto as médias do norte sio bastante frias. Correntes marinhas tém influéncia direta na eco- nomia. A 4gua fria dissolve melhor o oxigénio que a Agua quente, do que resulta maior atividade biologica e piscosidade. Porisso,a distribuigio das Areas pesqueiras nos oceanos esté associada, principalmente, 4 trajetéria das correntes frias (Leia 0 texto do boxe a seguir). Ciclos térmicos do Pacifico Os cientistas utilizam modelos matematicos sofis- ticados e poderosos computadores para investigar as complexas relagies entre as terras emersas, a atmos- fera e a hidrosfera que formam a dinamica climatic. Mesmo assim, resta muito a ser esclarecido. Um dos maiores desafios € compreender as influéncias dos oceanos sobre os climas. No maior dos oceanos, o Pacifico, os fendmenos ciclicos El Nifio e La Nifia repercutem sobre o sistema climatico global e parecem estar ligados a ciclos de mais longa duragao, ainda pouco investigados. Limites da pesca Asmaiores eas pesqueiras do mundo so o Pacifico Noroeste soba influéncia da corrente do Oiasivo, eo Pacifico Sudeste, sob a influéncia da corrence de Humboldt, como mostra o grfico a seguir. A abundiincia de pescado nas Seuas costeiras do Japaoedo Peruestimulou.o desenvolvimento da indiistriade pescanesses paises, Embora atualmentea China ocupeo primero lugar no ranking de captura de peixes ocednicos Peru e Japo continuam a ser grandes poréncias pesqueiras. Oestoque de peines é sensivela mudancas naturais nas condigdes dos oceanos No inicio da década de 1970, um pronunciado episédio do E! Nifio aqueceu as dguas do ltoral peruano que reduziu drasticamente o estoque de anchovas5s0 provacou um colapso da industria pesqueira nos anos seguintes € afetou a economia peruana como um todo, ‘ASatividades humanas t8m impacto ainda maior sobreapiscosidade A pescaexcessivaocorre quando.os niveis de captura impedem a plena reposicdo biol6gica do estoque de peives. Desde 0s anos 1990 registra-se Pesca excessiva em varias éreas oceinicas. No mar do Norte e em porgies da costa atlanta da América do Norte areduéo radical dos estoquesde pede provocou forte decinio econémico em comunidades organizadas emtornoda atvidade pesqueira A CorwengaodaONU sobre a Lei dos Mares, que entrou em vigor em 1994, ‘estipulaas obrigagies dos Estados costeiros de protecio dos estoques de peixesinas éguas sob seu controle Pacifico Novoeste Pacifico Sodeste Pacifico Centro-Ocidental ‘lantico Nordeste Indico Oriental Indio Ocidental 10 mihbes de toneladas Fonte: Foo and Agrculcure Organizacion ofthe United Nations (FAO) Dispo- nivel em: , Acesso er: 23jan.2012 © EI Nifio caracteriza-se pelo aquecimento mais intenso das Aguas superficiais do oceano Pacifico, nas suas porgées leste e central. A instalagio do El Nifio evidencia-se no inicio do vero, quando as aguas frias da corrente de Humboldt, na costa peruana, sio interceptadas por Aguas quentes que vém do norte € do oeste. Entre 1993 e 2011, ocorreram cinco episédios do El Nifio (em 1993-94, 1997-98, 2002-03, 2006-07, 2009-10). Os registros das variages térmicas médias durante episédios do EI Nifio na segunda metade do ons Paarl O8. 008. shel Sanee 25°C século XX possibilicaram carto- grafar o fendmeno (veja o mapa 20 lado), 23}an 2012 Fonte NATION Atmesphenc Adminstatc Disponiveler:< 53 © fenémeno regional adquire dimensbes globais, por causa do volume imenso de Sguas do Pacifico, alterando padrées climaticosnas Américas, Asia, ‘Oceaniae Africa. Em diferentes ireas, ‘ocorrem processos de elevasio das médias cérmicas men: is, aumento significativo das precipitagdes ou lon- as secas. OELNio tem como contrapar- tida o Anti-El Nifio, também deno- minado La Nifa, que se caracteriza pelo resfriamento anormal das éguas do oceano Pacifico. Os regiseros de episédios La Nifa revelam variagSes médias de até 1,5 °C nas temperatu- ras do Pacifico tropical, com nitidas repercuss6es nas temperaturas e nas precipitagSes do Indico, do Adlintico ¢ da América do Sul jos curtos do El Nifio e do La Nifia nio so, aparentemente, eventos isolados. Registros que cobrem a maior parte do século XX indicam a exis- téncia de uma Oscilagio Decadal do Pacifico (ODP), que se manifesta em ciclos de 20 a 30 anos. Nas oscilagses positivas, ocorre maior ntimero de even- tos El Nifio ¢ as aguas superficiais apresentam-se geralmente mais quentes. Nas oscilagie negativas, ocorre maior ntimero de eventos La Nifa e as Aguas, superficiais apresencam-se geralmente mais frias. Hi indicios de que uma oscilagao posiciva desen- volveu-se entre 1925 e 1946, seguida por uma oscilagio negativa, entre 1947 e 1976. Depois disso, iniciou-se outra oscilagio positiva, que provavelmente acentuou as tendéncias de aquecimento global Os grandes tipos climaticos O tempo atmosférico é0 registro,das condiges determinado momento. O deslocamento das massas de ar é responsével pela ocorréneia simule: 54. a de diversos tipos de tempo Embarcacdes repousam sobre o leito seco do rio Negro, no Amazonas, em outubro de 2010. Uma das maiores secas registradas na regio amazénica decorreu dos efeitos do fendmeno El Nifio. atmosférico no planeta. O clima é a histéria inter pretada das condigdes de tempo atmosférico numaj dererminada regido. Isso significa que a definigio de tipos climaticos decorre da generalizagio dos registros do tempo atmosférico ao longo de certo tempo. A caracterizacao de tipos climaticos em escala global é uma operacio de sintese, na qual sio omi tidas as variedades climéticas regionais e os micto- climas. Dessa sintese resulta um mapa dos grandes tipos climaticos (veja na pagina seguinte). ‘A zona intertropical € dominada pela presenga de climas quentes, que se distinguem pela quantidade e distribuicéo das chuvas. Num extremo dos registros pluviométricos encontra-se © tipo tropical simidoy na posi¢ao intermediftria, 0 tipo tropical; no extrema: oposto, o tipo desértico. clima tropical imido exibe, em geral, as maio- res médias térmicas anua intensa insolagio recebida pelas baixas laticudes. As amplicudes rérmicas, canto anuais como didrias, sio do planeta, em fungio da muito reduzidas, Mas as suas caracteristicas distin- sivas, que decorrem do mecanismo da convecsio des ventos alisios, sio as intensas precipitagdes e a auséncia de estagio seca. 0s climas e as sociedades + CAPITULO 3 sin en OceANO GLACIAL AnTico Oceano oceano aTtanrice pacirico ocean oceano inoco pacirico ouaciat antaatico Lt ksagao ellrte Meares I Tenperodoccetrico I) Susy [] Candee f Cabiopemenne Wi Feral Samia Fone do mapa: McKhico, Tom Lee, Hess Darel. Climate zones and types the Képpen System. Ir Physica geography landscape appreciation ‘New Jersey Prentice Hal 2000p 200-1. com>. Acessoem: 23 an 2012 55 Fone dos imogramas: Wonun Climate, Disponivel em: cw worl UNIDADE 1 + Meio natural e espaco geogratico © clima tropical distingue-se pela alternancia entre uma estagio chuvosa ¢ outra seca. As chuvas concentram-se no vero, quando atuam mais ampla- ‘mente as massas de ar originadas nos mares quentes ena faixa equatorial. No inverno, a agao de massas de ar oriundas de latitudes maiores provoca redu¢ao discreta das médias térmicas. No sul da Asia, a dinamica climatica tropical € controlada pelo regime das mongées. As mongdes esto associadas & disposi¢ao das terras asidticas ¢ do oceano Indico. No verio, a massa continental se aquece e sobre ela formam-se centros de baixa pres- sio. Os ventos sopram do oceano para o continente, provocando chuvas torrenciais que causam enchentes nos vales fluviais e inundagdes em freas urbanizadas. No inverno, os centros de baixa pressio deslocam-se para o Indico, que esta mais aquecido. Entao, ventos secos sopram do continente para 0 oceano. O ciclo da agriculeura tradicional no sul da Asia, do este da india até o sudeste chinés, é rigidamente condicionado pelas mongoes. Os atrasos das chuvas ea sua escassez ou excesso causam perdas de safras e irrepardveis prejuizos a uma imensa populagio. O clima desértico das laticudes tropicais carac- teriza-se pela caréncia de chuv: anuais. As dreas mais secas podem receber precipicagbes de apenas 10 mm anuais. © meca- nismo da descida dos entos contra-alisios nas zonas de alta pressio tro- picais determina as fracas precipitacies. Nos deser- tos tropicais, as médias térmicas de veri sio bem mais clevadas que as de inverno. Contudo, em decorréncia da auséncia de nuvens e de cobertura vegetal, 0 calor recebido durante © dia perde-se 5 fera, 4 noite. Assim, as amplitudes térmicas dial coscumam ser bastante grandes. ‘As zonas temperadas exibem ampla diversidade de condigées climaticas. Nas faixas de transigio entre os climas da zona intertropical e os das zonas tempe! radas dominam os tipos climiticos subtropical timid e mediterraneo. O dima subtropical imido apresenta verde quentes e invernos amenos, nao se registrando esta iio seca, por causa da ago de massas de ar oceinicas¢ das chuvas frontais provocadas pelos avangos da frente polar. Ele aparece, principalmente, em vastas reas di bacia platina, na América do Sul, e no sudeste dor Escados Unidos e da China. clima mediterrineo é uma variante do tipa subrropical caracterizada por verdes quentes e secos ¢ invernos amenos e chuvosos. Ele aparece, em sus méxima extensio, na Europa meridional, onde os verdes sofrem influéncia da expansio das massas de ar quentes e secas que atuam no Sara. Contudo, man chas de climas desse tipo dominam as excremidades norte esul da Africa, porsées meridionais da Austria parte do litoral californiano, nos Estados Unidos, ¢ certas dreas do Chile. Cultivo de arroz em terracos nas vertentes do norte do Vietn8. 0 ciclo sazonal rapidamente na atmos- das moncdes define as etapas do calendério agricola, mediterréneo da Africa austral, as condicdes naturals sa0 ides fara a producéo de vinhos de alta qualidade. Os climas temperados distinguem-se pelos con- trastes sazonais de temperatura, As médias de vero sio controladas pela atuagio das massas de ar origi- nadas nas larieudes tropicais; as médias de inverno, pela atuagao das massas de ar de altas latitudes. Em consequéncia, as amplieudes térmicas sio maiores que as dos climas da zona intertropical. Os efeitos de maritimidade e continentalidade atenuam ou acentuam as amplitudes térmicas. Os cli- mas temperados oceinicos,ripicos da fachada atlintica a Europa, s40 timidos ¢ exibem invernos amenos. Os climas temperados continentais caracterizam-se por fnvernos frios ¢ elevadas amplitudes térmicas. Eles dominam a Europa central e oriental eas porgées leste ecentral dos Estados Unidos, Nevasca de primavera, em abril de 2072, ern Ottawa, capital do Canada. A corrente marinha fria do Labrador acentua os efeitos da latitude na faixa oriental canadense. Os climas eas sociedades + CAPITULO Os climas frios dominam as altas monta- has e as latitudes elevadas. De modo geral, eles se caracterizam por grandes amplitudes térmicas, anuais, invernos rigorosos e baixas precipitagdes, que decorrem da pequena evaporagio. Na faixa limitrofe da zona temperada, na América do Norte e Eurdsia, domina o clima frio ‘ou subpolar, Nas altas laticudes do hemisfétio norte, nas fraldas Articag da América do Norte, Groenlandia e Eurasia, domina o clima polat: Os invernos gelados decorrem da auséncia de insolagio das longas “noites polares” ‘Oclima frio de alta moneanha,ou clima frio de altitude, apresenta médias rérmicas extremamente baixas, mesmo no verao, em raziio da influéncia da altitude. Por isso, as amplitudes eérmicas anuais si0 menores que aquelas registradas nos tipos frio e polar. As precipicagées, a0 contririo, sio muito maiores, pois as cordilheiras recebem constantes nevascas, provoca- dlas pela atuacio de massas de ar timidas. Os climas no tempo ‘As temperaturas¢ 0s climas conheceram profun- das mudangas na escala do tempo geolégico. A historia dos climas esed impressa nas rochas e nos fosseis, que oferecem indicios dos ciclos de aquecimento e resfria- mento da superficie do planeta. No passado geolégico distance, ocorreram duas ou trés fases longas de resfriamento, ou idades glaciais, com duragio de dezenas de milhées de anos. No inte- rior dessas idades glaciais, registram-se intervalos de resfriamento mais intenso, com durasio de dezenas de milhares de anos, que sio as glaciagées. Durante as glaciagées, as Aguas dos oceanos esfriam e se contraem. Uma parte dessas aguas se acumula nas altas latitudes, aumentando a extensio ea espessura das calotas polares. Em consequéncia, acontecem regress6es marinhas, fazendo emergit planicies costeiras. Ao mesmo tempo, os glaciares expandem-se até as latitudes intermedidrias e ocu- pam coras mais baixas das vertentes das cordilheiras Por outro lado, nas fases de aquecimento, acontecem 57 transgress6es marinhas que provocam a submersio G0 geogrstico de areas litorineas, enquanto os glaciares recuam ra latitudes e altitudes maiores. nnteriores & formacio da Pangeia As glaciago so pouco conhecidas. Muito mais conhecida é a idade glacial que transcorreu durante os tiltimos 50 ou 60 milhdes de anos da era Paleozoica, nos perfodos Carbonifero e Permiano. AS terras nas quais ocorreram as glaciagSes permocarboniferas encontravam-se unidas no continente austral de Gondwana, que ocupava as médias e aleas laticu- des do hemisfério sul. No movimento de roragio de Gondwana, porsées diferentes do continente atravessaram as latieudes polares, quando foram is de flora de clima recobertas pelo gelo. Os £6: frio que indicam as glaciagées permocarboniferas foram encontrados na India, Africa meridional, América do Sul e Australia (veja 0 mapa abaixo) Essas descobertas esto entre as provas da teoria da detiva continental. Op. é 0 periodo geolégico atual ~ é conhecido como a jo Quaternirio da era Cenozoica ~ isto Flora fossil d Oceano ATLANTICO GLACIAL "Grande Idade do Gelo’.A fase longa de resfriament iniciou-se ainda no final do periodo Terciério, quanda se formou a calota gelada que recobre 0 oceano Gla- cial Artico. Antes disso, no inicio da era Cenozoica, a Antartica estacionou no polo Sul e vive uma durs- doura idade glacial Ao longo do Quaternirio, a Eurisia conhecea cinco grandes glaciagdes e a América do Norte, és, separadas por interglaciais, ou seja, intervalos entre as slaciagdes. No hemisfério sul, nao se registraram glacia- chamada Wurm, na Europa, ou Wisconsin, na América do Norte ges. O final da mais recente das glaciag&« — assinala.a passagem do Pleistoceno para o Holocene, a nossa época,e a difusio geogrifica do Homo sapiens Desde 0 inicio do Quaternario, os continentes ocupavam as suas posigdes atuais, Por isso, as glacia~ ges atingiram as terras emersas em latitudes elevadas do hemisfério norte, mas nio se manifestaram no hemisfério sul, onde - com excesio da Antartica ~ os continentes nao ultrapassam o paralelo de 56°, Nas glaciagSes, as geleiras cobriam as latieudes altas intermedirias do hemistério norte, provocando! Arico OCEAN PaciFico OcEANO naa PACIFICO MI Fits co urgonarocaonion oceano inoico 58 Oparedao rochoso do El Capitan, no vale de Yosemite, nos Estados Unidos, foi modelado pela aco dos glaciares a0 ango do periodo Quaternario. rebaixamento do nivel dos oceanos ¢ expansio das bordas dos continentes.A redugio da égua em estado liquido causava diminuigéo da evaporaco ¢ amplia- {0 do efeito de continentalidade. No mundo todo, osclimas tornavam-se mais secos, as manchas dridas avangavam ¢ as florestas se contraiam. Nos interglaciais, as tendéncias climaticas se inver- tiam.A fusio dos glaciares enchia as bacias ocednicas, gue submergiam as bordas continentais. A evaporasio eas chuvas aumentavam, assim como se intensificava o eftico de maritimidade, Climas amenos e timidos invadiam terras secas, fazendo recuar os desertos € promovendo a reinstalagao de florestas. A glaciagao mais recente terminou por volea de 12 mil anos atrds. Os trés grandes sisterfias de glaciares recobriram o Canad e a metade norte dos Estados Unidos, a Sibéria, a Europa central e setentrional e 0s climas e as socied: as ilhas Britanicas. No auge da glaciagio, a regressio marinha rebaixou o nivel dos oceanos entre 70 180 metros, descobrindo quase toda a extensio das atuais plataformas continentais. Enere a Sibéria eo Alasc o estreito de Bering secou, ligando por uma ponte de terraa Asia a América. A teoria classica afirma que essa ponte, chamada Beringia, representou a via de penetragao original dos seres humanos na América. Essa teoria atualmente softe contescagbes de pesquisadores que estudam sitios arqueolégicos aparentemente mais antigos. Mas nin- guém discure que a rota da Beringia constituiu pelo menos um dos caminhos do povoamento pré-historico das Américas A plataforma continental é 0 prosseguimento sub- marina do relevo continental. Localizad Continentes, as plataformas exibem suave declividade desde a linha da praia até o inicio do talude continental ue é a rampa inclinada entre a plataforma e as pr dezas do leito oceanic: plataformas néo ultrapassa cerca de 200 metros. seralmente a profundidade das Climas e historia ‘Tomemos a histéria da Terra como a antiga medida da jarda inglesa, isto 6, a distancia entre o nariz do rei e a ponta da sua mao com o brago estendido. Una lixada na unha do seu dedo médio aniquilaria a histéria humana,” Essa notvel comparagao entre a histéria geolégica ea humana € relatada pelo especia- lista em hist6ria natural Stephen Jay Gould. Na escala da existéncia das civilizagées, os cli- mas nio apresentaram variagées tio grandes como as Mesmo que ocorreram ao longo das eras geol6gica assim, as reconstrusées das temperaturas médias dos Lltimos 2 mil anos mostram significativas oscilaySes: Essas reconstrugdes baseiam-se em mérodos indi- ret0s, sofrem de imprecis6es importantes e sio alvo de sio interpretadas como retratos de dois perfodos de esas polémicas. Contudo, na sua maior parte, anomalias anteriores ao aquecimento global do iltimo século (veja o grafico na pagina seguinte). 59 ‘to a00 1000 120014001600 no ox (ordenados pala data de pblleagio) 1991): 1998 — (200-1998): 004 1960} 2001 1600-1990: 2005 Fonte ROMOE Robert A. Global Warming A. A comparacio de diferentes reconstrugées de tem- peraturas com a média térmica do ano 2000 conduz pesquisadores a se referirem a um “Periodo Quente Medieval’, entre 800 e 1300, e a uma“Pequena Idade do Gelo’, entre o século XVI e meados do século XIX. jo auge do primeiro, as médias seriam semelhantes As atuais. Nas décadas mais frias da segunda, as médias estariam pouco mais de 1 *C abaixo das atuais. O'Periodo Quente Medieval” pode nio ter ocor- rido globalmente, configurando apenas um fenémeno regional, na Europa e no Aclintico Norte. Mas foi no final do século X que os vikings navegaram pelas altas latitudes do Adlantico Norte, entio livres de gelo, e implancaram colénias na Groenlandia. A “Pequena Idade do Gelo” caractérizou-se pela expansio da calota drtica ¢ dos glaciares de monta- nhas e pelo congelamento, no inverno, de cursos de 60 — 1856-2004: Reis instrumental balwarmingartcom>. Acesso em gua como o Tamisa, na Inglaterra,e canais holandeses. No gélido inverng de 1780, a baia de Nova York conge- Jou ¢ extensas placas de gelo cercaram a Islandia, impedindo a navegagio. 0 resfriamento da Europa provavelmente contribuiu para a crise agricola que detonou revoltas camponesas nos anos da Revolugio Francesa (leia o texto dal boxe abaixo) As duas grandes oscilagses dl maticas foram fenémenos naturaisy possivelmente causadas por oscilagées na atividade solar. Alguns cientistas argumentam, com base nisso, que 0 periodo atual de mudangas climéticasy com tendéncia de aquecimento global, seria apenas mais uma oscilagao natural. Contudo, a maior parte da comunidade cientifica esta convencida da influéncial humana no fenémeno, em decorrén- cia dos efeitos das emissoes de gases an2o deestufa. Oinverno ea revolta Evidentemente,a Revolucao Francesa nao foi causada por motivos climéticos. Mas no se deve descartar uma influéncia natural noambientesocialmente explosivo do ‘campo francés daqueles anos. No inverno gelado de 1788-89, asnevascasincessantes bloquearam estradas, paralisando parcialmente 0 trans- porte de mercadorias afetando 0 comércio.A fusio das reves espessas na primavera inundou campos cultivados ‘edestruiu safras agricolas. A escassez de trigo inflacionou ‘ospregos do pio. As revoltas por po eclodiram em marco de 1789. atingiram Paris no més seguinte. Nas estradas, multiddes ‘atacavam carregamentos de pao e, nas cidades,invadiam_ ‘esaqueavam armazéns.Em setembra.as vendedoras dos mercadoslideraram asagitagOesque culminaramnacéle- bre marcha popular ao Palacio de Versalhes. Comecavaa Revolucéo.

You might also like