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ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL


www.batistabetel.org

ACONSELHAMENTO BÍBLICO
Introdução
“Agora, pois, eu os entrego aos cuidados de Deus e à Palavra da sua graça, que tem poder
para edificá-los e dar herança entre todos os que são santificados.” (Atos 20.32, NAA)

DISCLAMER1
Não há problema dos cristãos buscarem ajuda profissional com psicólogos e psiquiatras, na verdade estes
profissionais podem ser de grande ajuda e até instrumentos de Deus em nossa vida. A PROPOSTA AQUI NÃO
É DEMONIZAR A PRÁTICA CLÍNICA E TAMPOUCO SE PROPÕE AFIRMAR QUE DEPRESSÃO OU
QUALQUER OUTRO DIAGNÓSTICO É PECADO, FALTA DE FÉ OU MERA AÇÃO DO DEMÔNIO.
ALÉM DISSO, DEVE FICAR CLARO QUE EM NENHUM MOMENTO O ESTUDO DE
ACONSELHAMENTO BÍBLICO ESTÁ SE PROPONDO A SUBSTITUIR DIAGNÓSTICOS OU
TRATAMENTOS QUE SÃO DA ESFERA DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE, SEJAM EM QUESTÕES
ORGÂNICAS, PSICOLÓGICAS OU PSIQUIÁTRICAS. A proposta é buscar na Bíblia base para enfrentarmos
os sofrimentos da alma experimentados neste mundo.

Q uando nos deparamos com a pandemia do coronavírus SARS-CoV-2 e sua doença Covid-19,
fomos apresentados a um cenário totalmente novo. A série de cuidados e restrições que passamos
a ter, visava o enfrentamento da situação que simplesmente se impôs em nossas vidas. O mundo
já havia enfrentado outras epidemias e pandemias, mas não a presente geração. Tal pandemia, contudo,
deflagrou uma epidemia que há muito tempo estava já latente e em formação nos corações e mentes
desta época: a epidemia emocional. Assim como a pandemia sanitária, esta geração viu diante dos seus
olhos o aumento de crescentes problemas e diagnósticos psicológicos e psiquiátricos. Na verdade,
nenhuma geração no mundo passou antes pelo nível de doenças emocionais que testemunhamos e temos
visto aumentar dia após dia. E, diga-se a verdade, isso tem afetado a igreja também.
Afeta os cristãos porque eles estão no mundo e sujeito às suas influências, seja o coronavírus
no corpo, sejam as dificuldades que causam os problemas emocionais. Nossa constituição é corpo e alma
(ou espírito) e podemos sofrer as influências deste mundo nas duas esferas. Chama a tenção que Jesus,
em Mateus 20.28, considera o ser humano composto por dois elementos: um material (corpo) e outro
imaterial (alma), na passagem o Senhor diz: “Não temam os que matam o corpo, mas não podem matar
a alma; pelo contrário, temam aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”
(Mateus 10.28, NAA). Na verdade, o próprio relato da criação ensina isso: “Então o SENHOR Deus
formou o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser
vivente.” (Gênesis 2.7, NAA). Sabemos que do pó da terra Deus criou o corpo físico e que soprou em
nós a parte imaterial da nossa constituição.
Com relação a sintomas de ansiedade e depressão e o nosso corpo, a ciência mostra que a falta
de certas vitaminas como a B12, por exemplo, que é verificável através de exame laboratorial, pode ser
a causa e possui tratamento através de reposição do elemento no corpo, por meio de acompanhamento

1
Disclamer é um termo em inglês para “aviso legal” que se propõe a deixar claro que uma pessoa, instituição ou empresa
quer dizer sobre determinado assunto, que o(s) mesmo(s) se isenta(m) de determinada responsabilidade, nega(m) alguma
afirmação e delimita(m) os termos daquilo que se quer afirmar.
clínico2. Porém, com relação à alma a questão fica um pouco mais subjetiva, uma vez que não existem
exames que possam aferir o seu estado. Desde os filósofos, passando pela atual psicologia, os homens
têm se debruçado a fim de entender a causa de certas aflições e como lidar com elas, e, nesta busca,
muitas teorias têm sido propostas. Assim, tudo o que é orgânico e verificável através de exames pode
ser tratado pelos profissionais da saúde. Com relação à mente, seja em âmbito psicológico ou
psiquiátrico, os diagnósticos são feitos por meio de avaliações clínicas e os sintomas comparados às
propostas e padronizações de estudiosos na área, que se valem de manuais como o DSM-5 (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) para formarem o diagnóstico da pessoa.
O Dr. José Aldair Morsch3, médico pós-graduado em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica,
explica que o DSM-5 foi criado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) para padronizar os
critérios diagnósticos das desordens que afetam a mente e as emoções. O número 5 se refere à quinta edição
do manual, que passa por revisões e atualizações diante dos avanços científicos sobre os transtornos
mentais. A edição mais recente foi formulada em 2013, substituindo o DSM-4, que estava em vigor desde
1994 e havia passado por uma pequena adaptação no ano 2000. Ele sempre recebe atualizações. A primeira
versão surgiu em 1952, como suporte ao tratamento de traumas e doenças mentais que causavam
sofrimento aos veteranos da Segunda Guerra Mundial. A principal função do manual é servir de guia para
o diagnóstico e cuidados adequados para pacientes em sofrimento mental. A quantidade de condições
reunidas no DSM 5 ultrapassa 300 doenças mentais, como Transtornos de Ansiedade, Depressivos,
Obsessivo Compulsivo (TOC), Bipolar, Espectro Autista (TEA), Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH), Bipolar, Síndrome de Tourette, Dislexia, Esquizofrenia, Borderline, dentre outros.
Segundo o Dr. Alexandre Valotta4, médico pós-doutorado em neurociências, se você for a um
médico psiquiatra apresentando cinco (ou mais) dos sintomas a seguir, quase todos os dias, por um
período de pelo menos duas semanas, você provavelmente receberá o diagnóstico de Transtorno
Depressivo Maior, conhecido popularmente como depressão. Embora esse seja o diagnóstico mais
provável, dependendo dos seus sintomas e da percepção do médico, é possível que você receba outros
diagnósticos diferentes. Conforme explica o médico, infelizmente não existem exames de laboratório ou
imagem para diagnóstico das doenças mentais. Os sintomas são: “humor deprimido ou falta de interesse
ou prazer nas coisas, perda ou ganho considerável de peso, diminuição ou aumento do apetite, insônia
ou aumento do sono (hipersonia), agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia,
sentimentos de inutilidade, sentimento de culpa excessivo ou inadequado, redução da capacidade de
raciocínio ou concentração, indecisão, pensamentos recorrentes de morte, tentativa de suicídio”. O
tratamento médico mais comumente indicado para a depressão inclui remédios antidepressivos e
acompanhamento psicológico. Aproximadamente 30-50% das pessoas que iniciam o tratamento com
antidepressivos apresenta alguma melhora dos sintomas. Entretanto, os possíveis efeitos colaterais,
dependendo da medicação, incluem sedação, boca seca, dificuldades visuais, constipação, sudorese
excessiva, palpitações, retenção de urina e insuficiência cardíaca. Nos idosos, os antidepressivos também
podem levar à confusão mental. De fato, muitos pacientes não toleram os efeitos colaterais dos
antidepressivos e preferem suspender o uso. Aproximadamente 40% dos pacientes com diagnóstico de
depressão não têm qualquer melhora dos sintomas com a medicação e buscam formas alternativas de
tratamento, com resultados geralmente semelhantes. O acompanhamento psicológico oferece alguma
ajuda, mas os resultados são equivalentes ou inferiores ao tratamento com antidepressivos. Portanto,
apesar de todo esforço das equipes médicas, o tratamento da depressão está longe de ser resolutivo e
novas estratégias de prevenção e tratamento são extremamente importantes.

2
https://www.bbc.com/portuguese/geral-63845435. Acesso em 02 de setembro de 2023.
3
https://telemedicinamorsch.com.br/blog/dsm-5. Acesso em 02 de setembro de 2023.
4
Extraído e adaptado de https://igrejacelebracao.org/uma-boa-noticia-para-o-deprimido-parte-1-alexandre-valotta/.
Acesso em 02 de setembro de 2023.
Isso não significa que os profissionais e os cuidados com a saúde da mente não devam ser
buscados. Todavia, a realidade geral dos fatos deve ser observada e discutida. O Dr. Alexandre Valotta5,
que também é irmão em Cristo e membro da Igreja Batista Bragança Paulista, em artigos publicados no
site da igreja (os links para os artigos são encontrados nas nota de rodapé abaixo), com farta citações de
fontes, continua seus argumentos dizendo que uma importante revista científica da Europa publicou
recentemente um artigo avaliando vários estudos clínicos sobre o efeito dos antidepressivos de 1990 até
2019 (Jakobsen et al. 2019). Os estudos clínicos, em geral, mostram que os antidepressivos parecem ter
efeitos positivos nos sintomas depressivos. Entretanto, segundo esse artigo recém-publicado, o tamanho
do efeito tem importância questionável para a maioria dos pacientes. Após uma análise profunda, os
autores sugerem que os antidepressivos têm efeitos benéficos mínimos e aumentam o risco de eventos
adversos (Jakobsen et al. 2019). Apesar da pessoa leiga achar que o tratamento da depressão está apoiado
no solo firme do conhecimento científico, a verdade é que não existem evidências científicas definitivas
e os especialistas da área discordam fortemente entre si. Precisamos lembrar que o conhecimento
científico não é um solo tão firme quanto imaginamos. Portanto, novas abordagens para prevenção e
tratamento da depressão são extremamente importantes. Acredito que até aqui ficou claro que vivemos
uma epidemia (senão pandemia) emocional em nosso tempo.
➢ Em meio a tudo isso, uma pergunta surge para os cristãos: a Bíblia tem condições de nos
ajudar diante deste desafio dos sofrimentos emocionais?
➢ A proposta do Aconselhamento Bíblico ficou clara para você?
➢ Você acha que é errado os cristãos procurarem respostas e ajuda na Bíblia, na esfera da sua
fé, ou devem delegar somente aos profissionais sua confiança quando o assunto são problemas
emocionais?
Na próxima aula vamos começar abordar a esperança que há no Evangelho de Jesus Cristo, por
meio da Bíblia, a Palavra de Deus, como o povo redimido pode buscar ajuda na fé para lidar com as
aflições do coração. Mesmo quando alguém faz tratamento psicológico ou psiquiátrico, pode e deve
buscar no Evangelho esperança e graça para a sua alma, sem precisar parar seu tratamento. Caso alguém
entenda que não precisa mais de tratamento, deve procurar os profissionais da área que o(a) estão
acompanhando, pois, apenas médicos e profissionais da saúde podem prescrever ou suspender
tratamentos e/ou medicações. Não me preocupa cristãos procurarem tratamento de saúde mental, mas
sim a ideia de que todo o cuidado nesta área deve ser cegamente delegado ao conhecimento humano.
Causa-me estranheza quando pastores trocam a ministração da Palavra de Deus nas pregações, estudos
e aconselhamento para a igreja por palestras e ministrações de cunho psicológico. O problema não é o
conhecimento secular, mas sim a igreja trocar o seu discurso, que vem da Bíblia, o conhecimento eterno
do Criador pelo conhecimento humano, no exercício de suas atividades eclesiásticas. Palestras proferidas
por profissionais da área da saúde podem ser ministradas na igreja, sem problemas, desde que fora do
momento do culto, e devidamente identificadas, porém, é preocupante o Ministro do Evangelho trocar
o seu discurso bíblico por conhecimento psicológico, por exemplo, para ministrar ao rebanho de Cristo.
O conhecimento secular pode ser buscado pelos pastores a título de conhecimento geral, compreensão
das propostas apresentadas diante dos problemas emocionais que testemunhamos, atualização do que
ocorre no mundo – é possível haver diálogo e aprendizado neste âmbito. Todavia as bases da confiança
e da Verdade JAMAIS podem ser trocadas por propostas humanistas. Deus não precisou aprender
com os homens para escrever a Bíblia e quem precisa de ajuda é o próprio ser humano, como ele poderia
se ajudar exaustiva e cabalmente? Vamos explorar neste estudo como podemos estar sob “os cuidados
de Deus e da Palavra da Sua graça” (Atos 20.32). E que Deus nos abençoe nesta jornada!
Pr. Leandro Hüttl

5
Extraído e adaptado de https://igrejacelebracao.org/uma-boa-noticia-para-o-deprimido-parte-2-alexandre-valotta/.
Acesso em 02 de setembro de 2023.

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