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IV CONGRESSO

BRASILEIRO
DE MAMONA
&
I Simpósio Internacional
de Oleaginosas Energéticas

Inclusão Social
e Energia

Espaço Cultural José Lins do Rêgo


João Pessoa – PB
2010
ISSN 2177-6008
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Centro Nacional de Pesquisa de Algodão
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

IV CONGRESSO
BRASILEIRO
DE MAMONA
&
I Simpósio Internacional
de Oleaginosas Energéticas

Inclusão Social
e Energia

Anais
Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva
Renato Wagner da Costa Rocha
(Organizadores)

Embrapa Algodão
Campina Grande - PB
2010
iii
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Algodão
Rua Osvaldo Cruz, 1143 – Bairro Centenário
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Comitê de Publicações da Unidade


Presidente: Carlos Alberto Domingues da Silva
Secretário-Executivo: Geraldo Fernandes de Sousa Filho
Membros: Fábio Aquino de Albuquerque, Giovani Greigh de Brito, João
Luis da Silva Filho, Máira Milani, Maria da Conceição Santana Carvalho,
Nair Helena Castro Arriel, Valdinei Sofiatti, Wirton Macêdo Coutinho.
Supervisão editorial: Geraldo Fernandes de Sousa Filho
Tratamento de ilustrações: Renato Wagner da Costa Rocha, Oriel
Santana Barbosa
Editoração eletrônica: Renato Wagner da Costa Rocha
Capa: Walmar Pessoa

1a edição (2010)
Tiragem: 1000 exemplares (CD-Rom)

Todos os direitos reservados


A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).
(Os trabalhos contidos nesta publicação
são de inteira responsabilidade de seus autores)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Embrapa Algodão

Congresso Brasileiro de Mamona (4.: 2010 : João Pessoa, PB).


Inclusão social e energia: anais do IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas
Energéticas, Espaço Cultural José Lins do Rêgo, João Pessoa, PB, 7 a 10 de junho de 2010 [recurso eletrônico] /
Organizado por Odilon Reny R. F. da Silva, Renato Wagner da C. Rocha. - Dados eletrônicos. - Campina Grande, PB:
Embrapa Algodão, 2010.
1 CD-ROM; 4³/4 pol.

Promoção Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Secretaria do Desenvolvimento Agropecuário


e da Pesca - SEDAP; Pro Mamona. Realização Embrapa Algodão; Embrapa Agroenergia; Secretaria do
Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca - SEDAP.
ISSN 2177-6008 (Embrapa Algodão)

1. Biodiesel. 2. Biotecnologia. 3. Economia - Cadeia Produtiva. 4. Fertilidade. 5. Adubação. 6. Fisiologia. 7.


Fitossanidade. 8. Irrigação. 9. Manejo Cultural. 10. Mecanização. 11. Melhoramento Genético. 12. Produção - tecnologia
de sementes. 13. Óleo - Co-produtos. I. Silva, Odilon Reny Ribeiro Ferreira da, coord. II. Rocha, Renato Wagner da
CGPE 8561

Costa, coord. III. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. IV. Secretaria do Desenvolvimento Agropecuário e da
Pesca. V. Embrapa Algodão. VI. Título. VII. Título: Inclusão social e energia.

CDD: 665.353
© Embrapa 2010
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APRESENTAÇÃO

Perspectivas animadoras são vislumbradas, no Brasil e em outros países, para o


desenvolvimento técnico-científico do agronegócio da mamona e de outras oleaginosas
energéticas, incluindo o amendoim, o gergelim, o dendê, o pinhão manso, a canola, o girassol, a
macaúba e o babaçu. Esse desenvolvimento, certamente, contribuirá para a geração de trabalho
no campo e melhoria de renda, tanto na agricultura familiar, quanto na empresarial.

Por outro lado, além do potencial para substituir os combustíveis derivados do petróleo de
forma sustentável, é cada vez mais intensa a utilização de oleaginosas para geração de novos
produtos, o que demanda informações diversas sobre o cultivo e as características químicas
desejáveis dos óleos, dos co-produtos e dos resíduos, bem como das possibilidades da
integração da produção de culturas alimentares com as de interesse energético.

Como forma de divulgar e debater os dados gerados por meio da pesquisa da mamona e
de outras oleaginosas energéticas, a Embrapa Algodão, a Embrapa Agroenergia e o Governo do
Estado da Paraíba, através de sua Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e
da Pesca (SEDAP), realizam no período de 7 a 10 de junho em João Pessoa (PB), o IV
Congresso Brasileiro de Mamona (IV CBM) e o I Simpósio Internacional de Oleaginosas
Energéticas (I SIOE). O principal objetivo dos eventos é incentivar o desenvolvimento do
agronegócio da mamona e de outras oleaginosas energéticas, potencializando a produção de
óleos na região Nordeste, bem como no restante do Brasil e nos países vizinhos.

A comunidade científica brasileira, comprometida com o avanço tecnológico dessas


culturas, submeteu mais de 400 trabalhos, dos quais 399 foram selecionados para apresentação
e agrupados em 12 seções temáticas: Biodiesel (35 trabalhos), Biotecnologia (18), Economia e
Cadeia Produtiva (16), Fertilidade (79), Fisiologia (21), Fitossanidade (13), Irrigação (20),
Manejo Cultural (65), Mecanização Agrícola (02), Melhoramento Genético (51), Óleo e
coprodutos (30) e Sementes (49). Destes trabalhos, 198 serão apresentados na forma oral e
201 em forma de pôsteres. Um trabalho em cada área será premiado, considerando-se a
relevância do mesmo para o agronegócio das oleaginosas energéticas no país.
v
O IV CBM e o I SIOE, além de divulgarem as últimas pesquisas e tecnologias
desenvolvidas, proporcionarão que os membros da cadeia produtiva dessas oleaginosas,
assistam a três conferências, 41 palestras e optem por um entre seis minicursos oferecidos. As
palestras serão posteriormente disponibilizadas no sítio eletrônico do Congresso
(www.cbmamona.com.br), assim como os artigos científicos, que além de entregues em CD-
rom aos congressistas, ficarão também disponibilizados no sítio do evento.

A comissão científica do IV CBM agradece a todos os pesquisadores, professores,


cientistas, profissionais, empresários e estudantes dedicados à geração de informações,
processos e tecnologias para a cadeia das oleaginosas energéticas, que disponibilizaram os seus
trabalhos para apresentação neste congresso, bem como aos pesquisadores que participaram
das análises dos trabalhos submetidos,

Esperamos que este evento seja profícuo e atenda plenamente às expectativas de todos
os congressistas.

Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva

Coordenador
Comissão Cientifica
vi
PALAVRA DO PRESIDENTE

Com grande honra presidimos o IV Congresso Brasileiro de Mamona e o I Simpósio


Internacional de Oleaginosas Energéticas, cujo tema geral é Inclusão Social e Energia, a serem
realizados no Espaço Cultural, na cidade de João Pessoa, acolhedora capital do estado da
Paraíba. Estes eventos permitirão a melhoria do conhecimento em todos os elos das cadeias
produtivas de várias oleaginosas, tais como a mamona, o algodão, o gergelim, o amendoim, o
girassol e a canola, entre outras culturas de tecnologias incipientes, a exemplo do pinhão-manso
e da macaúba. Nos eventos, serão ministrados minicursos, palestras e conferências, bem como
apresentações de centenas de trabalhos técnicos–científicos, abordando os avanços
tecnológicos nas principais culturas, com foco nas políticas públicas direcionadas à agroenergia
no Brasil, inserção da agricultura familiar na produção de oleaginosas para a produção de
biodiesel, como fontes de óleo para biocombustíveis, especialmente importantes como
impulsionadoras das três usinas de biodiesel que serão instaladas neste Estado. Contamos com
a valorosa presença de todos, quando apresentamos os desejos de boas-vindas aos
participantes.

José Targino Maranhão


Presidente do IV CBM e I SIOE
Governador do Estado da Paraíba
vii
COORDENAÇÃO

Comissão Organizadora
José Targino Maranhão (Governador do Estado da Paraíba) – Presidente
Napoleão Esberard de Macedo Beltrão (Embrapa Algodão) – Vice-presidente
Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva (Embrapa Algodão) – Coordenador Geral
José Manuel Cabral S. Dias (Embrapa Agroenergia)
Hélio Fernandes de Souza (SEDAP)
Lenildo Dias de Morais (Embrapa Transferência de Tecnologia)
Maria Auxiliadora Lemos Barros (Embrapa Algodão)
Nair Helena Arriel (Embrapa Algodão)
Ronaldo Torres (SEDAP)
Waltemilton Vieira Cartaxo (Embrapa Algodão)

Comissão Financeira
Maria Auxiliadora Lemos Barros (Embrapa Algodão)
Waltemilton Vieira Cartaxo (Embrapa Algodão)
Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva (Embrapa Algodão)
Lenildo Dias de Morais (Embrapa Trasnferencia de Tecnologia)

Comissão Científica
Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva (Embrapa Algodão) – Coordenação Geral
Renato Wagner da Costa Rocha (Embrapa Algodão) – Secretaria Executiva
Máira Milani (Embrapa Algodão) – Coordenação de Minicursos e Revisão Técnica

Revisores Ad’hocs
Alderí Emídio de Araújo
Dartanhã José Soares
João Luis da Silva Filho
José Renato Cortez Bezerra
Liziane Maria de Lima
Luiz Paulo de Carvalho
Máira Milani
Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão
Odilon Reny Ribeiro Ferreiro da Silva
Rosa Maria Mendes Freire
Tarcísio Marcos de Souza Gondim
Valdinei Sofiatti
viii
PARCEIROS INSTITUCIONAIS

Promoção
Embrapa
SEDAP / Governo da Paraíba
Pro Mamona

Realização

Embrapa Algodão
Embrapa Agroenergia
SEDAP / Governo da Paraíba

Patrocínio

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),

Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

Banco do Nordeste do Brasil (BNB)

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

Petrobrás Biocombustível (PBIO)

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Paraíba (SEBRAE-PB)

Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - (SUDENE)

Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Agência de Turismo Oficial

Internacional Turismo JPA

Hotel Credenciado

Hotel Imperial
ix
SECRETARIAS EXECUTIVAS

Inscrições e Logística (Comercial)

Carla Sueli da Silva Gameleira


Dalva Maria Almeida Silva
Francicleide Barbosa Costa

Tramitação e Editoração de Trabalhos (Científica)

Oriel Santana Barbosa


Renato Wagner da Costa Rocha

COMUNICAÇÃO E MARKETING

Assessoria de Imprensa e Divulgação do IV CBM e I SIOE


Daniela Garcia Collares (Embrapa Agroenergia)
Fábia Carolino (SEDAP)
Ramiro Manoel Pinto Gomes Pereira (Embrapa Algodão)

Site do IV CBM e I SIOE


www.cbmaona.com.br
Walmar Pessoa

Anais do IV CBM e I SIOE


Embrapa Algodão – Edição
Walmar Pessoa – Design CD-Rom

Livro de Resumos VII CBA


Embrapa Algodão – Edição
Gráfica JB – Impressão

Mídia e Publicidade
ADA Comunicação – Arte gráfica e layout
x

SUMÁRIO

Folha de Rosto i
Ficha Técnica e Catalográfica iii
Apresentação iv
Palavra do Presidente vi
Coordenação vii
Parceiros Institucionais viii
Secretarias Executivas ix
Comunicação e Marketing ix

RESUMOS EXPANDIDOS (por área temática)

Biodiesel (BID) 1 – 204


Biotecnologia (BIT) 205 – 310
Economia e Cadeias Produtivas (ECP) 311 – 404
Fertilidade e Adubação (FER) 405 – 833
Fisiologia (FIS) 834 – 951
Fitossanidade (FIT) 952 – 1025
Irrigação (IRR) 1026 – 1145
Manejo Cultural (MAN) 1146 – 1514
Mecanização (MEC) 1515 – 1526
Melhoramento Genético (MEG) 1527 – 1786
Óleo e Co-produtos (OLE) 1787 – 1938
Sementes (SEM) 1939 – 2185
Trabalhos do
Congresso
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ALTERNATIVAS DE PRODUCCIÓN DEL HIGUERILLO (Ricinus comunnis L) CON FINES DE


EXTRACCIÓN DE ACEITES PARA BIODIESEL Y LA INDUSTRIA OLEOQUÍMICA COMO
ESTRATEGIA PARA EL FORTALECIMIENTO DEL DEPARTAMENTO DE CALDAS

José Fernando Restrepo Henao1; Gabriel Salazar Saffon2; Mario Aristizabal Muñoz3
1Ing Agrónomo M.Sc Profesor Titular Universidad de Caldas. jfrestrepo@ucaldas.edu.co
2Ingeniero Agrónomo Gerente Proyecto Biodiesel para el Departamento de Caldas
3Economista MBA. Gobernador de Caldas

RESUMEN - Con el propósito de desarrollar el cultivo de la Higuerilla y en el marco de un convenio


institucional entre la Gobernación del Departamento de Caldas y la Universidad de Caldas se están
llevando a cabo dos proyectos cuyos propósitos son evaluar con comunidades académicas y
agricultores el comportamiento genotipos de higuerilla en diferentes condiciones altitudinales del
departamento ( 195 a 1575 m.sn.n.m) y realizar investigación aplicada sobre Higuerilla y otras especies
oleaginosas no convencionales (Jatropha y Plukenetia). Se realizaron siembras experimentales en 11
zonas del departamento y 12 comerciales en las que se evaluaron las variedades BRS Nordestina,
BRS Energia y Negra y en condiciones comerciales solamente las dos primeras. La aparición de una
nueva enfermedad denominada necrosis del brote terminal causada por Xhantomonas campestris fue
factor limitante en todas las parcelas comerciales y experimentales. La variedad BRS Nordestina tiene
un mejor comportamiento en condiciones de altura y es posible un segundo ciclo productivo, mientras
que las variedad BRS Energía responde mejor a condiciones de baja altitud. Las variedades BRS
Energía y Negra no se recomiendan para un segundo ciclo productivo por lo tanto su renovación se
debe hacer por siembra.
Palabras claves – Higuerillo, ricinus, caldas.

INTRODUCCIÓN

Los combustibles fósiles en Colombia representan cerca del 47% de la demanda total de
energía, constituida en la mayor parte por los consumos de gasolina y diesel (ACPM), en el sector
transporte. Este último ha presentado en años recientes un aumento considerable en su consumo,
debido a su menor precio y mayor eficiencia en los motores de combustión interna (30% mayor que los
motores de gasolina); pero tiene el inconveniente de ser un recurso no renovable, con un nivel de
producción que se acerca al límite de la capacidad instalada en el país, y una alta producción de
sustancias nocivas y material particulado, en especial cuando es empleado en regiones con alturas
superiores a 2000 m. Las emisiones del parque automotor en el caso particular de Colombia, se acerca

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al 60% de los agentes nocivos presentes en la atmósfera siendo los NOx, SOx, CO, hidrocarburos no
quemados, ozono y material particulado dentro de los principales, producto de la combustión de
gasolina y diesel.

El departamento de Caldas se ha comprometido a la siembra de aproximadamente 6000 has


en Higuerillo para abastecer una planta que producirá alrededor de 20 millones de litros de aceite por
año. El proyecto se combina la experimentación y la evaluación en predios de agricultores, y puesto
que debe ejecutarse en un período administrativo corto (3 años), se combinan la investigación con la
aplicación del conocimiento, con base en la experiencia propia de tal manera que permita la
investigación y la implementación de nuevos conocimientos de manera inmediata.

Consecuentemente se planteó como objetivo general, promover la participación comunitaria en


la evaluación de la respuesta productiva del Higuerillo en áreas experimentales semicomerciales y
demostrativas para la producción de aceite con fines de biodiesel y para la industria oleoquímica, con
los siguientes objetivos específicos: establecer parcelas demostrativas en los municipios del
departamento, definir los genotipos de mejor comportamiento, evaluar la producción y rentabilidad de
dos genotipos de Higuerillo en tres ambientes del departamento de Caldas bajo condiciones de
producción comercial en fincas de agricultores y determinar la calidad de aceite.

METODOLOGÍA

Materiales

Ya que en Colombia no se han desarrollado variedades mejoradas, y hay una empresa


productora de semilla y con experiencia comercial de las variedades brasileras BRS Nordestina y BRS
Energia se decidió evaluar el comportamiento de ellas y una introducción de Ecuador identificada como
Variedad Negra.

Localización

a) Parcelas experimentales. Se definieron 11 sitios de aproximadamente 1000 m2, para la


evaluación de los tres genotipos seleccionados.

b) Parcelas Semicomerciales. Con base en las condiciones altitudinales del departamento y


el potencial de áreas para las siembras futuras, se definieron tres altitudes sobre las cuales
se sembraron parcelas de 1 ha con dos variedades BRS Energía y BRS Nordestina. Se

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descartó la variedad Negra que se evaluaba en parcelas experimentales por cuanto la


semilla no cumplió las calidades genéticas, fisiológicas y sanitarias.

Métodos

Las variedades experimentales resembraron a una distancia de 2 x 2 bajo un diseño de


bloques al zar con tres repeticiones. Las parcelas semicomerciales se sembraron en lotes aislados y
con densidades de 3 x 1 y 3 x 0.8 m para BRS Nordestina y BRS Energía respectivamente, por
recomendación de los distribuidores de la semilla.

RESULTADOS Y DISCUSIÓN

Parcelas Experimentales. La variedad BRS Energía fue la más precoz de las tres variedades
tanto en días a floración, en días a formación de frutos como en días a cosecha. La variedad Negra por
su nivel de dehiscencia fue necesario colectarse antes de la madurez total del racimo. Por su parte
BRS Nordestina y BRS Energía soportaron el proceso de secado en planta y su cosecha se realizaba
hasta un mes después de secado. La cosecha antes de secado repercute negativamente en su calidad
y rendimiento y consecuentemente Negra se coloca en desventaja frente a las otras dos variedades por
su mayor grado de dehiscencia y tardío crecimiento y rendimiento. Asi mismo resulta importante
destacar las condiciones de variabilidad fenotípica observada tanto en Negra, posiblemente debida al
origen de su semilla como en BRS Energía que muestra enormes contrastes en los componentes de la
población. BRS Nordestina muestra mayos uniformidad genética. No obstante BRS Energía muestra un
enorme potencial genético en muchos de sus individuos, y con muy buen comportamiento en
condiciones de altitud inferior a los 1000 m.s.n.m. mientras que las variedades Negra y BRS Nordestina
tienen un inferior comportamiento, consecuentemente por encima de los 1000 m.s.n.m. BRS
Nordestina tiene un mejor comportamiento agronómico.

Las tres variedades tuvieron comportamiento diferencial por altitud debido a algunas
condiciones climáticas que influyen en el comportamiento de la planta. Es claro que las condiciones de
nubosidad en algunas zonas influyen notablemente en ellas siendo más nocivo su efecto en BRS
Nordestina y en Negra que BRS Energia. En zona de alta luminosidad el porte de BRS Energía se
acomoda más a las condiciones productivas de los agricultores. Está bien documentada en la literatura
que el cultivo es altamente exigente en luminosidad y cuando el brillo solar está por debajo del
requerimiento (1800 horas anuales), las plantas sufren un proceso de etiolación, dificultando la
cosecha y disminuyendo su producción.

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Suelos con alto contenido de materia orgánica y aplicaciones de fertilizantes nitrogenados


generaron plantas vigorosas que crecieron demasiado y su cosecha se dificultó, además que se
tornaron susceptibles al acame o volcamiento.

Para procesos de producción de varios ciclos productivos, las variedades BRS Energía y
Negra, no soportaron la renovación por soca lo cual restringe su siembra en algunos predios de
agricultores de subsistencia. Contrariamente, BRS Nordestina resiste la renovación por soca
pudiéndose lograr un ciclo productivo a mas bajo costo y de mejor rentabilidad.

Parcelas comerciales: Se pudo establecer el adecuado comportamiento de la variedad BRS


Energia por debajo de 1000 m.s.sn.m, mientras que BRS Nordestina muestra un mejor
comportamiento por encima de dicha altitud. No obstante la aparición de la Necrosis del brote terminal
(Xhantomonas campestris) es un factor imitante para ambas variedades ya que puede reducirla hasta
en un 80%.

La relación Beneficio Costo (1,50) en los primeros resultados y con base en los rendimientos
alcanzados hacen presagiar la posibilidad de ofrecer agricultores del departamento de una alternativa
muy interesante no solo en las zonas donde actualmente se producen otros cultivos sino también en
aquellas zonas actualmente sin uso agrícola y muy importante en las regiones donde existen
programas de sustitución de cultivos ilícitos.

CONCLUSIONES

BRS Energía es una variedad de un enorme potencial genético con muy buen comportamiento
en condiciones de altitud inferior a los 1000 m.s.n.m. BRS Nordestina tienen un inferior
comportamiento, consecuentemente por encima de los 1000 m.sn.m

La relación Beneficio Costo hacen presagiar la posibilidad de ofrecer agricultores del


departamento de una alternativa muy interesante

La Necrosis del brote terminal (Xhantomonas campestris) limita la producción de Higurillo y se


hace imperioso la búsqueda de genotipos con resistencia genética por la enorme dificultad den su
manejo.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTAÑO G.S.Y, VARGAS A. N.B. y RESTREPO H. J.F. 2009 Caracterización, evaluación


agronómica y de calidad de aceite con fines de biodiesel de 11 genotipos de Higuerillo (Ricinus
communis L), en la granja Montelindo (Santagueda/ Palestina/ Caldas). En Memorias II Congreso
Internacional de Higuerilla y Piñón: Cultivos energéticos no alimentarios. Manizales Agosto 19 a 21 de
2009
EXPOAGRO. 2006. Biodiesel e Higuerilla. Gaceta de la corporación colombiana internacional.
FEHR R. F. 1993. Roll of Plant Breeding in Agriculture pp.1-10 in Principles of cultivar development.
Vol.1. Theory and Technique. Macmillan Publishing Company. USA. 536 p.
GUTIÉRREZ DE LOS RIOS G., HURTADO S. A., y RESTREPO H. J.F. 2007. El higuerillo ―Ricinus
communis L.‖ una alternativa para la zona cálida del Departamento de Caldas. En Memorias I
Congreso Internacional del cultivo procesamiento y aplicaciones de la Higuerilla. Medellin Abril 18 a 20
de 2007.
MONTOYA, M Y QUINTERO, J. 2.003. Diseño de la planta para la producción de Metilester de
higuerilla. Universidad Nacional de Colombia. Manizales.
RESTREPO H. J.F. 2009 Participación comunitaria en el estudio de alternativas de producción del
higuerillo (Ricinus comunnis L) con fines de extracción de aceites para biodiesel y la industria
oleoquímica como estrategia para el fortalecimiento del Departamento de Caldas. II Congreso
Internacional de Higuerilla y Piñón: Cultivos energéticos no alimentarios. Manizales Agosto 19 a 21 de
2009
CORREA M. J y RESTREPO H. J:F: 2009 Descripción fenológica del Higuerillo (Ricinus communis L.)
variedades Nordestina y Blanca Jaspeada, aplicando la escala BBCH ampliada. II Congreso
Internacional de Higuerilla y Piñón: Cultivos energéticos no alimentarios. Manizales Agosto 19 a 21 de
2009

TABLA - 1. Ubicación de parcelas experimentales

MUNICIPIO UBICACIÓN POSICIÓN ALTITUD (m.s.n.m)


MANZANARES Llanadas N 05 12 W 75 08 1.508
SUPIA El Obispo N 05 26 W 75 38 1.242
ANSERMA El Horro N 05 11 W 75 47 1.501
VITERBO El Socorro N 05 05 W 75 53 1.125
FILADELFIA Hogar Juvenil Campesino N 05 18 W 75 34 1.575
SAMANÁ (San Diego) Félix Naranjo N 05 39 W 74 56 1.027
NORCASIA Berlin N 05 35 W 74 57 906
BELALCAZAR Finca La Helenita N 05 05 W 75 32 1.180
MARQUETALIA Finca La Vega N 05 17 W 75 04 1.516
AGUADAS Finca La Florida N 05 29 W 75 33 1.000
MARMATO Solar El Plano N 05 28 W 75 35 1.149

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TABLA 2. Ubicación de las parcelas comerciales en tres pisos altitudinales del Departamento de Caldas.

MUNICIPIO PREDIO POSICIÓN ALTITUDE (m.s.n.m)


PALESTINA Granja Montelindo U de Caldas * N 05 05 W 75 40 1.010
DORADA Finca Santa Helena * N 05 03 W 75 52 195
PALESTINA Finca Santa Clara N 05 01 W 75 42 1.149
PALESTINA Finca Magallanes N 05 03 W 75 42 1196
VICTORIA Finca La Aurora N 05B19 W 74 54 671
VICTORIA Finca Hamburgo * N 05 19 W 74 55 877
MARQUETALIA Tierra Grata N 05 18 W 74 59 1180
RISARALDA Finca La Divisa N 05 08 W 75 44 1128
NEIRA Finca La Estrella
MANIZALES Finca Las Lajas N 05 05 W 75 35 1309
NORCASIA Alcaldía Municipal N 05 34 W 74 53 798
SALAMINA Finca Ventiaderos N O5 21 W 75 29 1485

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ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O BIODIESEL DE GIRASSOL E O BIODIESEL DE MAMONA

Danilo Alencar Mayer F. Ventura1; Kadije Barbosa Alves1; Monaysa Kelly Valadares Araújo dos Santos1
1Universidade Federal de Campina Grande - UFCG

RESUMO – Devido à constante preocupação com o esgotamento dos combustíveis e das formas de
energia não-renováveis, o biodiesel se apresenta como uma promissora alternativa que atende às
necessidades energéticas no contexto do ambientalismo e da sustentabilidade. Como o Brasil tem
grande potencial para produção de biodiesel, há necessidade de uma análise para selecionar qual
seria a melhor espécie de oleaginosa para o plantio destinado à produção de biodiesel. A mamona,
eleita a principal oleaginosa do Programa Nacional de Produção e uso de Biodiesel (PNPB), e o
girassol, planta também inserida no programa, estão no foco do presente trabalho. Foi feito um estudo
comparativo entre o rendimento oléico de suas sementes, tendo sido também analisadas algumas
características físico-químicas. A mamona apresentou melhores resultados no rendimento das
sementes e maior estabilidade/resistência oxidativa. O girassol apresenta densidade, viscosidade
cinemática e ponto de fulgor mais adequados. Para superar as desvantagens identificadas, a solução
pode estar no aprofundamento de análises que levem à combinação apropriada entre ambos.
Palavras-chave – mamona; girassol; rendimento; biodiesel

INTRODUÇÃO
A mamona (Ricinus communis L.) se destaca por ser uma planta que se desenvolve em
regiões tropicais e semi-áridas, abrangendo áreas como as do Nordeste brasileiro. Pode ser plantada
em sistema de consórcio e/ou rodízio com outras culturas como feijão, mandioca e milho, que servem à
alimentação diária. O principal produto da mamona é o óleo de rícino, que é uma importante matéria-
prima para a indústria química, com larga utilização na composição de inúmeros produtos como: tintas,
vernizes, cosméticos, fluidos hidráulicos e plásticos. Entretanto, nos últimos anos com o despertar para
energias renováveis como o biodiesel, o óleo de rícino começou a ser enxergado como meio produtivo
para obtenção de combustível renovável.

Outra alternativa de oleaginosa é o girassol (Helianthus annus L.), uma cultura que apresenta
características favoráveis sob o ponto de vista agronômico, como ciclo curto, elevada qualidade e bom
rendimento em óleo (SILVA; SANGOI, 1985). Seus principais produtos são a ração animal e o óleo
produzido de suas sementes, que além de ser amplamente utilizado na alimentação humana, pode dar
origem ao biodiesel. Atualmente, a área cultivada de girassol no Brasil - cerca de 150 mil hectares –

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ainda é inexpressiva. No entanto, a Petrobras já está estimulando o cultivo de girassol numa área de
35 mil hectares, entre Bahia, Sergipe e Minas Gerais, onde se encontram usinas de produção de
biodiesel da empresa.

O girassol apresenta boa tolerância à seca e ao calor, podendo tornar-se uma importante
alternativa para o Semiárido brasileiro. Como tal região não dispõe de uma boa infraestrutura agrícola,
e a maioria da população vive de agricultura familiar, o plantio de oleaginosas pode contribuir para
incrementar a renda e estimular a permanência da população nas áreas rurais (EMBRAPA).

O Brasil tem potencial para a exploração de plantas oleaginosas com o objetivo de produzir
combustíveis, já que possui uma grande extensão territorial destinada para fins agrícolas. Atualmente,
existem 64 plantas industriais produtoras de biodiesel autorizadas pela ANP para operação no País,
correspondendo a uma capacidade total autorizada de 13.219,33 m3/dia. Destas 64 plantas, 48
possuem Autorização para Comercialização do biodiesel produzido, correspondendo a 11.823,83
m3/dia de capacidade autorizada para comercialização. 1

Embora, cerca de 80% do biodiesel produzido no Brasil seja proveniente da soja, o presente
trabalho aborda e compara duas oleaginosas (mamona e girassol) em termos de rendimento oleico das
sementes e de características físico-químicas de cada biodiesel. Através desse estudo, objetiva-se
apresentar uma boa alternativa para o plantio de oleaginosas em regiões semiáridas que produzam
óleos de qualidade e não concorram de maneira significativamente prejudicial com a agricultura
alimentícia.

METODOLOGIA

O processo de pesquisa foi desenvolvido por etapas, adotando-se, preponderantemente, o


método hipotético-dedutivo, a partir de estudos e comparações teóricas apreendidas da análise e
leitura de material bibliográfico, como artigos científicos, dados estatísticos divulgados em por
organismos oficiais, tais como EMBRAPA, ANP2, além de sites e revistas. A abordagem científica
formou-se a partir dos procedimentos de investigação indicados, que apresentavam pesquisas
laboratoriais testadas e consolidadas por grupos de pesquisa de instituições oficiais de ensino, como
Universidades.

1 Boletim mensal de biodiesel, ANP, março de 2010


2 Idem

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

As pesquisas têm mostrado que o teor de óleo das sementes de mamona pode variar de 35 a
55% (VIEIRA et al., 1998), mas a maior parte das cultivares plantadas comercialmente no Brasil possui
teor de óleo variando entre 45% e 50% (vide tabela 1). Cerca de 90% do óleo de mamona é composto
por triglicerídio, principalmente a ricinoleína, que é o componente do ácido ricinoléico, cuja fórmula
molecular é (C17H32OHCOOH). O ácido ricinoléico tem ligação insaturada e pertence ao grupo dos
hidroxiácidos, caracterizando-se por seu alto peso molecular (298 g/mol) e baixo ponto de fusão (5oC).
O grupo hidroxila presente na ricinoleína confere ao óleo de mamona a propriedade exclusiva de
solubilidade em álcool (WEISS, 1983; MOSHKIN, 1986).

Segundo dados de estudos realizados na Universidade Federal do Piauí, o óleo de mamona,


quando submetido à transesterificação (catalisador KOH) por via etílica - ou seja, sendo utilizado o
etanol3 - obtém um rendimento de 64%, inferior àquele produzido quando se usa o metanol4, cujo
rendimento é de 72%. Além disso, a via etílica apresenta alguns problemas, como a densidade, fora de
especificações da ANP, pois valor obtido foi de 910,3 kg/m3 e as especificações limitam de 850 a 9005
kg/m3 quando submetidos a uma temperatura de 20º. Entretanto, segundo os pesquisadores, esse
valor não acarretará em grandes problemas na qualidade do biodiesel.

Apesar da sua densidade se apresentar fora das especificações da ANP, o grande problema
encontrado no biodiesel de mamona é a sua viscosidade em elevados níveis com relação às normas
da ANP. Segundo um estudo realizado pelo Laboratório de Combustíveis da Universidade Federal de
Pernambuco, a viscosidade cinemática média do biodiesel de mamona foi da ordem de 13,52 mm2/s
enquanto a ANP padroniza um valor máximo de 5,5 mm2/s.

Por sua vez, as sementes de girassol possuem um teor de óleo que pode oscilar entre 38 e
48%. Dependendo do solo, do clima e do tipo de adubação usada, chega a render cerca de 600 quilos
de óleo por hectare. Apesar de ter um teor oléico menor do que o da mamona (vide tabela 1),
apresenta vantagens em relação a esta, uma vez que, de acordo com a EMBRAPA, a mamona possui
baixa produtividade de grãos por hectare.

Assim como todos os óleos vegetais, o óleo de girassol é essencialmente constituído por
triacilgliceróis (98 a 99%). Tem elevado teor em ácidos insaturados (cerca de 83%), mas um reduzido

3 Álcool de pequena cadeia ideal para a produção de biodiesel no Brasil, pois o Brasil é grande produtor de sua matéria-
prima: biomassa. LIMA NETO, A.F.,(I.C.)*, SANTOS, L.S.S. (I.C.)*, MOURA, E.M. (PQ)*, MOURA, C.V.R. (PQ)*
4 Segundo a GPC Química, o metanol é obtido industrialmente a partir do gás de síntese ou gás natural. Isso nos permite

concluir que a via metílica de produção de biodiesel, apesar de mais eficiente não seria totalmente renovável.
5
Resolução ANP N°7, 19.03.2008 – DOU 20.03.2008

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teor em ácido linolénico (≤ 0,2%). O óleo de girassol é especialmente rico no ácido graxo essencial
(AGE), ácido linoleico6. Segundo experimentos de pesquisadores da UNICAMP e do ITAL (Instituto de
tecnologia em Alimentos), o óleo de girassol quando submetido à transesterificação por via etílica
obtém um rendimento em biodiesel de cerca de 70%.

Estudos na Universidade Federal de Ponta Grossa atestaram que a viscosidade cinemática do


biodiesel de girassol era da ordem de 8,5 mm2/s, ou seja, um pouco superior aos padrões da ANP, mas
muito inferior aos resultados encontrados para a mamona. Também foram avaliados parâmetros como
o ponto de fulgor e a estabilidade oxidativa desses dois biodieseis. O ponto de fulgor é a menor
temperatura na qual o biodiesel, sendo aquecido na presença de uma pequena chama, gera uma
quantidade de vapores que em contato com o ar geram uma mistura potencialmente inflamável. Vê-se,
portanto, que isto é um bom indicativo para decidir quais procedimentos de segurança utilizar durante o
transporte e o armazenamento do biocombustível. No caso do biodiesel da mamona, esse ponto de
fulgor teve uma média de 170º C, enquanto o biodiesel de girassol obteve uma média de 182º C.

Quanto às suas estabilidades oxidativas, de acordo com os estudos feitos na UFRN, foi
constatado que o biodiesel de mamona apresentou em P-DSc uma estabilidade oxidativa a 110º C de
7,85 horas e o de girassol 1,65 horas. Como a estabilidade oxidativa é vista como a resistência de um
óleo à oxidação sob algumas condições definidas, a ANP padroniza que à temperatura de 110º C o
biodiesel deve resistir durante 6 horas. Isso nos permite dizer que o biodiesel da mamona apresenta
melhor estabilidade oxidativa em relação ao biodiesel de mamona.

CONCLUSÃO

O estudo comparado entre as duas oleginosas (mamona e girassol) utilizou como parâmetros
de seleção inicial a capacidade de ambas em prosperar e se desenvolver nos diferentes tipos de
região, com implicações resultantes das condições climáticas e de solo. Ambas apresentam boa
adaptação, o que implica em viabilidade econômica e alternativa concreta para uma produção de
biodiesel em larga escala. O estudo levou em consideração critérios como o rendimento oléico das
sementes, tendo sido também analisadas algumas características físico-químicas, como densidade,
viscosidade cinemática, ponto de fulgor e estabilidade oxidativa do respectivo biodiesel.

6 INETI - Departamento de Tecnologias das Indústrias Alimentares- Portugal

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A mamona apresentou melhores resultados no rendimento das sementes, pois obteve um teor
oléico entre 45 a 50% e o girassol de 38 a 48%. Entretanto, a sua produtividade de grãos por hectare
foi inferior à do girassol, conseqüentemente a quantidade de óleo por hectare também foi menor. A o
biodiesel de mamona se mostrou mais estável frente à oxidação, pois apresentou em P-DSc uma
estabilidade oxidativa a 110º C de 7,85 horas enquanto o biodiesel de girassol apenas 1,65 horas,
sendo nesse parâmetro a mamona a melhor escolha. O resultado obtido nos aspectos relativos à
densidade e ponto de fulgor foram muito próximos, não indicando vantagens comparativas dignas de
destaque. O girassol supera a mamona em termos de viscosidade cinemática, da ordem de 8,5 mm2/s,
portanto, menor do que o biodiesel de mamona e um pouco superior aos padrões recomendados pela
ANP.

Como o girassol perde em estabilidade oxidativa e a mamona em viscosidade cinemática, para


superar essas desvantagens, a estratégia pode estar no aprofundamento (e financiamento) de análises
que levem à combinação apropriada entre ambos. Essas duas oleaginosas, compatibilizadas, por seus
potenciais positivos, podem representar alternativas viáveis para a questão energética do país, numa
equação de caráter includente e não excludente. As pesquisas podem conjugar e potencializar as
características mais vantajosas de ambas, resultando em um biodiesel de alta performance.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponível em: http://www.biodiesel.gov.br/docs/congressso2006/producao/plantapiloto31.pdf Acesso
em: 07.mai/2010
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MAMONA AO ÓLEO DIESEL MINERAL SOBRE A PROPRIEDADE VISCOSIDADE CINEMÁTICA.
www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/publicacoes/.../001.pdf
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GIRASSOL. Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Disponível em:
http://www.nutricao.ufpr.br/producao_de_biodiesel_girassol.pdf Acesso em: 06. mai/2010
SILVA, HELLYDA KATHARINE TOMAZ DE ANDRADE. et alli. Estudo da estabilidade oxidativa em
blends de girassol e mamona por Rancimat e P-DSc. Disponível em:
abratec1.tempsite.ws/abratec/cbratec7/trabalhos/220H.rtf Acesso em: 05. Mai/2010
SITES:http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/cadeia_produtiva_biodiesel.html;
http://www.embrapa.br/imprensa/noticias/2010/janeiro/4a-semana/embrapa-e-petrobras-investem-no-
girassol-no-semiarido/ Acesso em: 05.mai/2010

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Tabela 1: Características de culturas oleaginosas no Brasil.

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ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS E ESTUDO DA ESTABILIDADE TÉRMICA DO


ÓLEO, BIODIESEL E DA MISTURA B10 DE DIESEL COM BIODIESEL DE ALGODÃO1

João Paulo da Costa Evangelista¹; Anne Gabriella Dias Santos¹; Amanda Duarte Gondim¹; Luiz Di
Souza²; Valter José Fernandes Jr¹, Antônio Souza Araujo¹
1joaopauloquimica@gmail.com – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN; ²Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte - UERN

RESUMO – A busca por novas fontes de energia, que sejam ecologicamente corretas, cresce a cada
dia. Dentre essas energias alternativas, o biodiesel é um dos biocombustíveis que vem tendo destaque
na produção mundial. No Brasil, a Lei nº 11.097, determina que todo diesel vendido no país, deve ser
constituído pela mistura de óleo diesel/biodiesel, denominado BX, onde X representa o percentual em
volume de biodiesel no óleo diesel, conforme especificação da ANP. Foram realizadas análises
termogravimétricas (TG) do óleo e biodiesel de algodão; do diesel mineral e da mistura B10 (10% do
biodiesel no diesel). Os resultados mostraram um biodiesel termicamente estável e a mistura B10
apresentou um comportamento mais estável em relação ao diesel mineral. Foram analisadas também
as propriedades físico-químicas do óleo e biodiesel de algodão e uma mistura feita do óleo diesel
mineral com biodiesel, na proporção B10. Os resultados do Biodiesel puro (B100) mostraram dentro
das normas vigentes para biodiesel nacional. A mistura analisada (B10) também apresentou todos os
resultados em conformidade com as especificações do diesel mineral da Portaria da ANP nº15/2006.
Palavras-chave – Biodiesel de algodão, B10, termogravimetria, propriedades físico-químicas.
INTRODUÇÃO

Atualmente, a sociedade está à procura de novas fontes de energia, que sejam baratas,
renováveis e menos poluentes, uma vez que o mundo enfrenta e sofre as conseqüências do efeito
estufa e aquecimento global, causados e agravados pelo uso de combustíveis fósseis.

Dentre várias possibilidades, uma das alternativas é o biodiesel. Para ser comercializado no
Brasil, o biodiesel deve ser constituído pela mistura de óleo diesel/biodiesel – BX – combustível
comercial composto de (100-X) % em volume de óleo diesel, conforme especificação da ANP, e X %
em volume do biodiesel, que deverá atender à regulamentação vigente. Atualmente é adicionado
biodiesel ao óleo diesel na proporção de 5%, em volume [1].

O objetivo deste trabalho foi estudar as propriedades físico-químicas do biodiesel, produzido


com o óleo de algodão. Assim como fazer a mistura óleo diesel/biodiesel, na proporção B10, para
poder verificar se as suas características encontram-se dentro das especificações exigidas.
1
CNPq, ANP e CAPES pelo apoio financeiro.

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METODOLOGIA

O Biodiesel puro (B100) foi obtido a partir de óleos de algodão comercial, na razão molar 1:6
de óleo/álcool metílico, utilizando 1% de catalisador KOH.

O óleo e biodiesel (algodão) foram analisados segundo as normas da American Society of


Testing and materials (ASTM), British Standart (BS EM). Todas as medidas foram realizadas em
triplicata, adotando-se a média aritmética como resultado. As análises realizadas foram: viscosidade
cinemática, massa especifica, tensão superficial, ponto de fulgor e combustão, Índices de Acidez, Iodo
e saponificação, teor de enxofre, água e sedimentos, umidade, número de cetano e ácidos graxos
livres.

As curvas termogravimétricas foram obtidas por meio de uma termobalança, marca Mettler
Toledo, modelo TGA/SDTA-851, com a variação de temperatura de 30 a 600 ºC e razão de
aquecimento 10 ºC/min, sob atmosfera inerte de Hélio, com vazão de 25 mL/min. Para realizar a
análise foi utilizado cadinho de alumina de 900 µL e massa da amostra de aproximadamente 75 mg.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As propriedades de viscosidade cinemática, massa especifica e tensão superficial, do óleo de


algodão são superiores as do seu biodiesel. Essas propriedades estão diretamente relacionadas, pois
o que já era esperado, uma vez que apresenta cadeias grandes, um elevado peso molecular. Essa
justificativa vale também para ponto de fulgor e combustão, pois para estes últimos quanto maior for o
peso molecular, maior será a energia necessária para este produzir um fulgor ou entrar em combustão.
Pode-se ressaltar que a importância da viscosidade reside no fato de que ela pode servir como
indicativo do tempo que se gastará para fazer a síntese, assim, quanto maior for à viscosidade, maior o
tempo de reação (ver Tabela 1).

Os índices de acidez e Iodo estão relacionados à conversão dos ésteres, é importante que óleo
apresente uma acidez baixa, caso isso não seja obtido, é indicado utilizar o catalisador básico.

A viscosidade e massa especifica da mistura B10 são superiores a do diesel mineral, uma vez
que acrescentam-se ésteres que possuem a massa molecular maior do que a dos hidrocarbonetos
presentes no diesel. Este aumento gera uma maior lubricidade, diminuindo a quantidade de
lubrificantes a ser adicionado ao diesel. Para o ponto de fulgor, também foi observado um acréscimo
nos valores, o que torna o armazenamento das misturas mais seguros, do que do óleo mineral.

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Ao comparar o B10 com o diesel puro, é percebida uma significativa diminuição do teor de
enxofre. Isto ocorre devido à diluição do diesel na mistura com biodiesel, que é praticamente livre de
enxofre. O mesmo acontece com os teores de água e sedimentos e umidade, que indicam a ausência
de água e sedimentos nos combustíveis. Este fato é bastante importante, tanto no aspecto ambiental,
quanto para diminuição de processos corrosivos causados pelo enxofre, pela água e impurezas
corrosivas nos veículos.

Observou-se que o índice de cetano aumenta à medida que se adiciona o biodiesel,


demonstrando na proporção B10, a combustão será melhorada, já que a combustão do combustível no
motor é melhor quando o mesmo apresenta índice de cetano mais alto.

Quanto à estabilidade térmica, percebe-se que o biodiesel de algodão apresenta uma boa
estabilidade, podendo esta ser atribuído à composição deste, uma vez que ele é o que possui o maior
percentual de ésteres metílicos poliinsaturados de alto peso molecular, como o C18:2 e C18:3. Estes
possuem duplas ligações conjugadas, e suas moléculas são mais rígidas, sendo mais difícil quebrá-las,
o que as torna mais estáveis (ver Figura 1).

Ao analisar o comportamento termogravimétrico do diesel e do B10, pode-se perceber que na


mistura, houve um descolamento dos picos para valores maiores, em direção ao pico dos B100. Isto
ocorre, pois são acrescentados no diesel, os ésteres metílicos que possuem peso moleculares
superiores aos hidrocarbonetos constituintes do diesel, necessitando assim de uma maior energia para
que as misturas se decomponham (ver Figura 2).

CONCLUSÃO

Com base nos resultados pode-se concluir que o Biodiesel (B100) está dentro das
especificações da legislação vigente, apresentando uma boa estabilidade térmica. O diesel mineral e
as misturas analisadas apresentaram todos os resultados em conformidade com as especificações.

A adição de 10 % de biodiesel no diesel mineral apresentou fatores positivos nas propriedades


viscosidade, teor de enxofre, número de cetano, massa específica e ponto de fulgor e principalmente,
no aumento da sua estabilidade térmica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11097.htm> Acessado em: 09 jul. 2009.
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Tabela 1 - Propriedades físico-químicas do óleo e biodiesel de algodão, da mistura B10 e Diesel.

Amostras/
Método Óleo de Algodão B100 B10 Diesel
Características
Viscosidade (mm2 /s) ASTM D 445 33,9 4,3 2,84 2,74

Tensão superficial (mN/m) - 35,6 16,2 - -

Massa específica a 20°C (Kg/ m3) ASTM D 4052 919,3 882,6 830,6 825,8

Ponto de fulgor (ºC) ASTM D 93 317,0 184,5 45 44

Ponto de combustão (°C) - 319,3 189,0 - -

Índice de acidez (mg KOH/g) EN14104 0,20 0,06 - -

Ácidos graxos livres (%) - 0,006 n/d - -

Índice de saponificação (mgKOH/g) - 192,2 231,3 - -

Índice de Iodo (g de iodo/100g) EN 14111 124,2 117,7 - -

Enxofre total (% massa) ASTM D5453 0,7 0,3 872 1089

Número de Cetano ASTM D 4737 - - 52,9 52,1

Teor de umidade (%) - 0,04 n/d - -

Água e sedimentos (%) ASTM D 6304 0,0 0,0 - -

100 100
0,000 0,000

80 80
-0,005
Diesel
-0,005
Massa (%)

Massa (%)

60 60 B10 Algodão
B100 Algodão
1/°C

1/°C

-0,010 -0,010
40 40

20 20
-0,015 -0,015
Biodiesel de algodão
0 Óleo de algodão 0
-0,020 -0,020
0 100 200 300 400 500 600 0 100 200 300 400 500 600
Temperatura (°C) Temperatura (°C)

Figura 1 - TG/DTG do óleo e biodiesel de algodão Figura 2 - TG/DTG do diesel, biodiesel de algodão e
da mistura B10.

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AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA DE BIODIESEL METÍLICO DE GIRASSOL COM


ADIÇÃO DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE BHT PELO MÉTODO RANCIMAT E PDSC
Mariana Helena de O. Albuquerque1; Amanda Duarte Gondim1; André de Freitas Martins1; Regina Célia
de Oliveira Delgado Brasil1; Antônio Souza de Araújo1; Valter José Fernandes Júnior.
1Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes – UFRN, marianahelena.lcl@gmail.com

RESUMO – O biodiesel é composto por ésteres alquílicos de ácidos graxos saturados e insaturados de
cadeias longas. Em decorrência disso, é susceptível a autoxidação. O biodiesel de girassol possui uma
baixa estabilidade oxidativa, devido a sua composição química. Biodiesel de girassol foi obtido através
da reação de transesterificação por rota etílica e sua estabilidade oxidativa analisada através dos
métodos Rancimat e Calorimetria Exploratória Diferencial sob Pressão (PDS-C), método isotérmico.
Adicionou-se BHT (antioxidante) nas proporções de 200, 400, 600, 800 e 1000 ppm, com intuito de
avaliar o seu efeito sobre a estabilidade oxidativa do biodiesel. A adição de BHT se mostrou viável ao
aumento da estabilidade oxidativa. No entanto, nestas proporções, não foi eficiente para elevar o
período de indução a um valor superior às 6 horas determinadas pela ANP. Foi realizado o estudo de
estocagem através da extrapolação dos resultados para 25 °C utilizado os períodos de indução obtidos
nas temperaturas de 110, 120, 130 e 140 °C pelo Rancimat. Para o B100 sem aditivo o tempo
encontrado foi de 0,10 anos o que equivale há 36 dias. Com a adição de 1000 ppm de BHT, este
tempo passou a 0,30 anos (108 dias).
Palavras-chave – girassol, estabilidade oxidativa, BHT, Rancimat.

INTRODUÇÃO

O biodiesel é susceptível à oxidação quando exposto ao ar. Em função disso, a estabilidade a


oxidação tem sido objeto de inúmeras pesquisas. A oxidação do biodiesel ocorre, pois os óleos
vegetais utilizados como suas matérias-primas contêm compostos insaturados, os quais estão sujeitos
a reações de oxidação que se processam a temperatura ambiente. Os produtos da oxidação causam
corrosão nas peças do motor e formação de depósitos ocasionando obstrução nos filtros e sistema de
injeção. Portanto, quanto menos sujeito à oxidação, melhor a qualidade do biodiesel no decorrer do seu
ciclo útil.

O biodiesel obtido do óleo de girassol é constituído por 98 a 99% de triacilglicerídeos, com


elevado teor em ácidos insaturados (cerca de 83%), sendo 72% de ácidos linoléicos, mas um reduzido

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teor de em ácido linolênico (≤0,4%). A presença destes ácidos graxos favorece ao desenvolvimento da
oxidação.

No sentido de manter o biodiesel dentro das especificações impostas pela ANP, aditivos
antioxidantes, de origens sintéticas e naturais, e alto valor agregado vêm sendo adicionados. Os
antioxidantes apresentam-se como alternativa para prevenir a deterioração oxidativa de derivados de
ácidos graxos, uma vez que são substâncias capazes de retardar a velocidade da oxidação.
Antioxidantes como BHT e TBHQ são conhecidos por retardarem efeitos de oxidação no biodiesel

Este trabalho teve como objetivo estudar o efeito da adição de BHT nas proporções de 200,
400, 600, 800, 1000 ppm ao biodiesel metílico de girassol, através do método Rancimat e P-DSC.

METODOLOGIA

O biodiesel de girassol foi obtido pela reação de trasesterificação através da rota metílica. A
razão molar óleo/metanol utilizada foi de 1:6, com 1,0 % de KOH como catalisador. A caracterização
físico-química do biodiesel de girassol foi realizada tendo com base os seguintes métodos,
especificados pela ANP: índice de acidez (ASTM D 664); teor de enxofre (ASTM D5453) e viscosidade
cinemática (ASTM D445). O biodiesel foi aditivado (gravimetricamente) com concentrações de 200,
400, 600, 800, 1000 de BHT. As amostras foram analisadas através do método Rancimat segundo a
Norma Européia EN 14112, utilizando o equipamento de marca METROHM, modelo Rancimat 843.

O tempo inicial de oxidação (OIT) foi determinado através do método isotérmico em um


calorímetro exploratório diferencial sob pressão de marca NETZSCH, modelo DSC 204 HP acoplado
com célula, DSC Pressure Cell, sob pressão 1100 KPa, em atmosfera de ar sintético.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O rendimento da reação de transesterificação do óleo de girassol foi de aproximadamente


87,3% m/m. A Tabela 1 apresenta os resultados da caracterização físico-química do biodiesel de
girassol metílico. Todos os valores estão dentro das especificações estabelecidas pela Resolução ANP
No7/2008, para comercialização do produto.

Na Figura 2, apresentam-se as curvas sobrepostas de Rancimat para o B100 de girassol sem


antioxidante e os B100 de girassol aditivado com as seguintes concentrações de BHT: 200, 400, 600,

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800 e 1000 ppm. A Tabela 2 lista os valores dos períodos de indução (PI) para as mesmas amostras, a
diferentes temperaturas.

Observa-se que o período de indução (PI) para o B100 metílico de girassol é de 1,18 horas, a
temperatura de 110 °C. Este valor não atende a especificação da ANP, que é de 6 horas.

De acordo com os valores apresentados na Tabela 2 e a extrapolação (Figura 1), observou-se


que o biodiesel metílico de girassol (sem antioxidante) tem, a 25 °C, um tempo de estocagem de
aproximadamente 36 dias (0,10 anos). Este é o tempo que o B100 leva para iniciar sua oxidação. Com
a adição de 1000 ppm de BHT, observou-se que o tempo máximo de estocagem triplicou, passando a
108 dias (0,30 anos).

A partir dos resultados obtidos pelo Rancimat (Figura 2) e P-DSC (Figura 3) pode-se observar
que a adição de BHT ao biodiesel de girassol, favorece a um aumento progressivo no período de
indução oxidativa, o que, por conseguinte, melhora a qualidade do biocombústível, visto que retarda o
processo de oxidação do mesmo.

No entanto, todas as amostras de B100 de girassol aditivadas com de BHT, nas diferentes
concentrações, apresentaram PI fora das especificações, o que indica que o antioxidante mesmo
exercendo atividade quando acrescido ao biodiesel, não é eficiente para elevar o período de indução a
um valor superior às 6 horas determinadas pela ANP.

A Tabela 3 mostra uma comparação entre os resultados obtidos pelos métodos Rancimat e P-
DSC. Observa-se que o aumento da estabilidade oxidativa é confirmado nas duas técnicas.

CONCLUSÃO

O B100 aditivado com BHT apresentou um aumento do PI e do OIT, ou seja, um aumento da


estabilidade oxidativa, de forma progressiva com o aumento da adição do antioxidante. No entanto,
nenhuma concentração foi eficiente para aumentar o período de indução a ponto de enquadrar o
biodiesel de girassol na especificação ANP vigente (6,0 horas).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERRARI R., A., SOUZA, W., L. Avaliação da Estabilidade Oxidativa de Biodiesel de Óleo de Girassol
com Antioxidantes. Quim. Nova, vol. 32, n. 1, p. 106-111, 2009.
GONDIM, A. D. Avaliação da Estabilidade Térmica e Oxidativa do Biodiesel de Algodão. . Programa
de Pós-Graduação em Química, UFRN, Tese de Doutorado, 2009.
KNOTHE, G.; GERPEN, J., V.; KRAHL, J.; RAMOS L., P.; Estabilidade à oxidação do Biodiesel.
Manual do Biodiesel. Tradução: Luiz Pereira Ramos. São Paulo: Editora Blucher, 2006.
MELO, M. A. R. Monitoramento da Estabilidade Oxidativa no armazenamento de Biodiesel Metílico de
Soja/Mamona e Blendas em Recipientes de Vidro. Programa de Pós-Graduação em Química, UFPB,
Dissertação de Mestrado, 2009.
POLAVKA, J., et al. Oxidation Stability of Methyl Esters Studied By Differential Thermal Analysis and
Rancimat. Journal Of The American Oil Chemists Society. Vol. 82, n. 7, p. 519-524, 2005.
TAVARES M., l., A., et al. Uso da Calorimetria Exploratória Diferencial Pressurizada na Avaliação
Termo-Oxidativa do Biodiesel Etílico de Girassol Aditivado. VII CBRATEC, 2010. São Pedro, SP.

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Figura 1. Estudo de estocagem do biodiesel metílico de girassol (extrapolação a 25 °C)

300
B100 de Girassol
B100 de Girassol + 200 ppm BHT
B100 de Girassol + 400 ppm BHT
250
Condutividade Elétrica (uS.cm )

B100 de Girassol + 600 ppm BHT


-1

B100 de Girassol + 800 ppm BHT


B100 de Girassol + 1000 ppm BHT
200

150

100

50

0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)

Figura 2. Curvas do Rancimat para o biodiesel metílico de girassol aditivado com diferentes concentrações de BHT.

B100 de Girassol
B100 de Girassol + 200 ppm BHT
B100 de Girassol + 400 ppm BHT
B100 de Girassol + 600 ppm BHT
1.0 B100 de Girassol + 800 ppm BHT
Fluxo de Calo (W/g)

B100 de Girassol + 1000 ppm BHT

0.5

0.0
200 400
Tempo (min)

Figura 3. Curvas obtidas pelo do método isotérmico (P-DSC) para o biodiesel metílico de girassol aditivado com BHT

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Tabela 1 - Características físico-químicas do biodiesel de girassol

Características Método Unidade B100 metílico Girassol Especificações


Índice de Acidez, máx ASTM D 664 mg/KOH g 0,1927 0,5
Enxofre total, máx. ASTM D 5453 mg/Kg 0,87 50
Viscosidade Cinemática a 40º C, máx ASTM D 445 mm2/s 4,2 3,0 – 6,0

Tabela 2. Valores de PI obtidos do B100 e das amostras de B100 aditivadas com BHT em diferentes temperaturas.
Período de Indução (h)
Amostra
110ºC 120ºC 130ºC 140ºC
B100 de girassol 1,18 0,81 0,29 0,15
B100 de girassol + 200 ppm 2,44 1,07 0,44 0,25
B100 de girassol + 400 ppm 2,81 1,32 0,76 0,38
B100 de girassol + 600 ppm 3,61 1,86 0,82 0,41
B100 de girassol + 800 ppm 4,94 2,07 0,92 0,45
B100 de girassol + 1000 ppm 5,88 2,52 1,21 0,67

Tabela 3. Valores de PI e OIT do B100 e das amostras de B100 aditivadas com BHT.

Amostra Período de Indução (h) OIT (min)


B100 de girassol 1,18 38
B100 de girassol + 200 ppm 2,44 98
B100 de girassol + 400 ppm 2,81 126
B100 de girassol + 600 ppm 3,61 178
B100 de girassol + 800 ppm 4,94 204
B100 de girassol + 1000 ppm 5,88 245

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BIODIESEL DE ÓLEO DE FRITURA: INCLUSÃO SOCIAL E MENOS POLUIÇÃO EM REGIÕES


METROPOLITANAS

Manuela Xavier B. Alves*1; Antonio Martiniano jr1; Ana Rita F Drummond1; Francisco Sávio G. Pereira2;
Givaldo Oliveira Melo1; José Anacleto Melo1; Leydjane M. Almeida1
1Instituto de Tecnologia de Pernambuco - Av. Prof. Luiz Freire,700 - C. Universitária - Recife/PE - CEP: 50.740-540;
2Instituto Fed. Educação, Ciência e Tec. PE - Av. Prof. Luiz Freire 500 - C. Universitária - Recife/PE - CEP: 50.740-540;
xavier.manuela@hotmail.com; drummond@itep.br

RESUMO – O consumo de biodiesel (B100) em 2009 foi de 1.550.445 m 3 (ANP, 2010) para um teor de
aditivo de 4% no diesel de petróleo. Os dez municípios brasileiros mais populosos apresentam 31,9
milhões de pessoas, sendo mais de 50% de famílias de baixa renda. O cenário do PNPB para a
maioria dos Estados brasileiros não é animador, das 65 indústrias de biodiesel, mais de 50% estão
paradas por falta de matéria-prima e as em operação utilizam óleo de soja. Pernambuco ainda não
produz biodiesel em escala comercial. A coleta de óleos de frituras em regiões metropolitanas pode
gerar matéria-prima para o biodiesel, inclusão social e redução de poluição. Neste trabalho foi
produzido biodiesel utilizando óleo residual de fritura coletados na Região Metropolitana do Recife
usando mistura de metanol e de etanol na reação de transesterificação. Os parâmetros de viscosidade
cinemática, acidez e corrosividade ao cobre foram testados nas amostras de biodiesel produzidas e
comparadas com os parâmetros de diesel e biodiesel atestados segundo as Portarias da ANP, e todos
atenderam as especificações de conformidade. Estudos realizados demonstram que o óleo residual de
fritura é capaz de suprir 50% das necessidades de matéria-prima em Pernambuco.
Palavras-chave – OGR, transesterificação, geração de renda, meio ambiente

INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) está fundamentado em três


vertentes principais: econômico, ambiental e social (MCT, 2010).

No campo econômico, sabe-se que após 5 anos de intenso incentivo dos governos
Federal/Estaduais o biodiesel ainda não é competitivo com o diesel. O custo de produção do biodiesel
(70-80%) está ligado à matéria-prima advindo do óleo de soja (83%) (ANP, 2010). As regiões onde a
soja não é cultivada ficam dependentes da minoria dos Estados (RS, MT, GO, SP), comprometendo
assim o PNPB, que tem como um dos fatores principais o econômico, visto que o Brasil importa cerca
de 20% de diesel (MME, 2010). Segundo a ANP, em 2009 a produção Nacional de Biodiesel (B100) foi

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de 1.608.053 m3, por outro lado neste mesmo ano, até junho foram utilizados 3% adicionados ao diesel
de petróleo e 4% a partir de julho, o que representou o consumo de 664.477 m 3 e 885.968 m3, para os
respectivos períodos, totalizando 1.550.445 m3 de Biodiesel (B100) consumidos (ANP, 2010).

Segundo o IBGE, a população brasileira chegou a 191,5 milhões de pessoas em julho de 2009,
das quais 17% aproximadamente, um entre cinco habitantes, vivem nos dez municípios mais
populosos o que representa 31,9 milhões de brasileiros (IBGE, 2010). Ainda de acordo com o IBGE,
nas metrópoles brasileiras, mais de 50% de famílias, são de baixa renda, com menos de dois salários
mínimos, indicando assim que um programa social em muito poderia elevar a renda familiar dos
carentes em Regiões metropolitanas. O cenário do PNPB para a maioria dos Estados brasileiros não é
animador, haja vista que das 65 indústrias produtoras de biodiesel, mais de 50% estão paradas por
falta de matéria-prima e as que estão em operação utilizam óleo de soja (ANP, 2010). Pernambuco
ainda não produz biodiesel em escala comercial tendo que importar de outros estados. Por outro lado,
o consumo de óleo comestível em PE se aproxima dos 3 bilhões litros/mês. Este consumo ocorre em
1.968.761 residências e 17.047 estabelecimentos comerciais: restaurantes, lanchonetes, churrascaria
etc., geralmente com forma irregular de descarte (IBGE). A coleta de óleos de fritura em regiões
metropolitanas geraria matéria-prima para a produção de biodiesel com inclusão social. Essas pessoas
inclusas passariam a fazer parte do processo de integração social e o óleo descartado deixaria de
poluir ambientes aquáticos e terrestres. Sabe-se que cada litro de óleo pode contaminar cerca de
1.000.000 de litros de água (TRENBERTH, 2007).

Neste trabalho o biodiesel foi produzido utilizando óleos e gorduras residuais de frituras de
cozinhas comerciais/industriais coletados na Região Metropolitana do Recife. Foi usado etanol como
reagente na reação de transesterificação. Os parâmetros de viscosidade, acidez e corrosividade ao
cobre foram testados nas amostras de biodiesel produzidas e comparadas com os parâmetros de
diesel e biodiesel, segundo as Portarias da ANP.

METODOLOGIA

A amostra de 1L do óleo de fritura foi vertida em funil de separação e deixada em repouso por
12 horas para eliminação dos materiais dispersos indesejáveis no processo de produção do biodiesel
(Figura 1). A reação de transesterificação foi realizada com o hidróxido de potássio (KOH) como
catalisador (quantidade constante de cerca de 2 g). As matérias-primas usadas nesta reação foram:
350 mL de óleo residual de fritura (o que representa 75%) e 70 mL de álcool (mistura de metanol e
etanol e que representa 25%); inicialmente somente metanol e gradativamente a quantidade de

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metanol foi diminuída em 10 mL e aumentada assim na mesma proporção a quantidade de etanol (10
mL), até que a quantidade de metanol fosse de 0 mL (0%) e a quantidade de etanol de 70 mL (25%). A
temperatura de reação foi constante de 40 °C e o tempo foi de 30 minutos. Detalhes podem ser obtidos
em Martiniano (2008); todos os experimentos realizados foram, no mínimo, em triplicatas.

Neste trabalho foram escolhidos as análises de viscosidade cinemática (ABNT 10441), índice
de acidez (ABNT 14448) e corrosividade ao cobre (ABNT 14359) como os parâmetros de especificação
do biodiesel produzido a partir do óleo residual de fritura, seguindo as especificações da ANP.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como pode ser visto na Tabela 1 o experimento 5 foi um delimitador de redução/substituição


do reagente metanol por uma mistura de metanol e etanol na transesterificação, pois o resultado da
produção de biodiesel ficou acima de 80 % . Neste experimento foram utilizados 30 mL de metanol
(42,9%) e 40 mL de etanol (57,1%), ou seja, uma proporção de 3:4 de metanol: etanol. Quando o
etanol utilizado foi superior a 57,1%, a produção de biodiesel decresceu (experimentos 06, 07 e 08). Os
experimentos 07 e 08 mostram inclusive um agravante, ou seja, 0% de glicerina, indicando a não
ocorrência da reação de transesterificação. Para facilitar à reação de transesterificação, a mistura
metanol/etanol foi adicionada em excesso. A determinação da quantidade do álcool residual não
reagido foi feita por destilação da mistura (biodiesel e glicerina) (Martiniano, 2008). A mistura (biodiesel
e glicerina), após a destilação para eliminação do álcool residual, foi vertida em tubos de centrífuga e
medidos as quantidades produzidas de biodiesel e glicerina.

A Tabela 2 apresenta os resultados dos ensaios físico-químicos das amostras. Segundo a


ANP, o biodiesel deve apresentar: viscosidade cinemática a 40 °C de 3,0 à 6,0 mm2/s; índice de acidez
até 0,50 mg KOH/g e corrosividade ao cobre até 1 (adimensional). Como pode ser visto, a amostra
(experimento 5) está em conformidade com as especificações da ANP. O óleo de fritura ―in natura‖
apresenta viscosidade 5,8 vezes mais elevada que o máximo permitido (3,0 – 6,0) indicando assim que
a reação de transesterificação é o fator principal na diminuição da viscosidade de óleos vegetais para
torná-los com as características de diesel de petróleo. No óleo de fritura ―in natura‖ (acidez de 2,4 mg
KOH/g) não foi aplicado qualquer processo de neutralização, todavia o experimento 5 apresenta o
resultado de 0,11 mg KOH/g indicando que durante a reação de transesterificação a acidez foi
diminuída consideravelmente produzindo o biodiesel dentro dos limites da ANP (acidez até 0,50 mg
KOH/g).

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O teor de acidez expressa a quantidade dos resíduos ácidos resultantes do uso e


armazenamento do óleo que será convertido em biodiesel. Vários fatores podem influenciar a acidez,
mas o principal é o tratamento dado ao produto durante a colheita, produção, uso e armazenamento. A
viscosidade mede a dificuldade com que o óleo escoa; quanto mais viscoso for um óleo mais difícil de
escorrer, e maior a sua capacidade de manter-se entre duas peças móveis fazendo a lubrificação. A
corrosividade ao cobre dá uma indicação relativa do grau de ataque do óleo em relação às peças
metálicas confeccionadas em ligas metálicas que se encontram presentes nos sistemas de
combustíveis dos veículos e equipamentos.

Estudos realizados por nosso grupo de pesquisa (SANTOS, 2007) demonstram que o óleo
residual de fritura é capaz de suprir 50% das necessidades de Pernambuco. Adicionalmente, este
trabalho apresenta biodiesel produzido a partir de óleo residual de fritura com os parâmetros analíticos
em conformidade com a ANP. Além disso, a reciclagem do óleo residual de fritura pode fortalecer a
cadeia produtiva do biodiesel e o PNPB, principalmente nos dois pilares social e ambiental, promoveria
o uso de recursos locais e abundantes nas regiões metropolitanas, diminuiria o desperdício e a
poluição dos locais onde este óleo é descartado arbitrariamente. Enfim, os óleos e gorduras de frituras
residuais desperdiçados nos ―ralos‖ das cozinhas domésticas, comerciais e industriais das metrópoles
do Nordeste ao invés de serem agentes poluidores, podem ser transformados em biocombustíveis,
como já é praticado no Sul e Sudeste do Brasil.

CONCLUSÔES

A transesterificação do óleo de fritura com metanol apresenta 82,9% de conversão do óleo em


biodiesel.

Na proporção de 30 mL de metanol e 40 mL de etanol (3:4 metanol: etanol) a conversão em


biodiesel é de 80,8 %.

O óleo residual de fritura apresenta viscosidade e acidez elevadas e após a transesterificação,


produz biodiesel enquadrado nas especificações da ANP.

O óleo residual de fritura, matéria-prima abundante nas regiões metropolitanas pode gerar
renda para a população mais carente.

AGRADECIMENTOS
À FINEP pelo financiamento e às empresas PETROBRAS (SUAPE-60 km do Recife) e SAGA
(Recife) pelas amostras.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANP - Agência Nacional de Petróleo, Disponível em: htpp:// www.anp.gov.br. Acesso em: 10 mar. 2010.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. www.ibge.gov.br. 10 jan. 2009.
MARTINIANO, JR., A. Alternativa de Prod. Biodiesel em Regiões Metrop.: Prop. Arranjo Produtivo
e Transesterificação a partir de Etanol com Óleos e Gorduras Residuais. Mestrado Profissional em
Tecnologia Ambiental - ITEP 2008 101 p.
SANTOS, C.A. Diagnóstico de Matérias-primas Produção de Biodiesel em Pernambuco Mestrado
Profissional em Tecnologia Ambiental ITEP 2007. 112 p.
TRENBERTH, K.E. Mudanças Climáticas. Scientific American Brasil, ano 6 n 63, p 32-40, 2007

Figura 1 – Óleo residual de fritura em decantação para separação da borra (indesejável) - à esquerda; Óleo residual de
fritura pronto para transesterificação - à direita.

Tabela 1 – Produção de biodiesel utilizando óleo de fritura

Total 70 ml
Álcool residual
Experimento CH3OH C2H5OH Biodiesel(%) Glicerina (%)
(%)
(ml)/(%) (ml)/(%)

01 70/100 0/0,0 82,9 7,0 10,1


02 60/85,7 10/14,3 82,3 6,8 10,9
03 50/71,4 20/28,6 81,7 7,0 11,3
04 40/57,1 30/42,9 81,2 8,0 10,8
05 30/42,9 40/57,1 80,8 8,5 10,7
06 20/28,6 50/71,4 78,6 4,0 17,4
07 10/14,3 60/85,7 76,1 0,0 23,8
08 0/0 70/100 74,9 0,0 25,1

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Tabela 2 - Análises físico-químicas Diesel e Biodiesel (B100) cedidos pela PETROBRÁS, óleo residual de fritura ―in natura‖
e biodiesel (experimento 5) produzido neste trabalho.

Índice de acidez Vicosidade cinemática Corrosividade ao cobre


Amostra
(mg KOH/g) (mm2/s) (adimensional)

Diesel 100% 0,15 3,6 1


Biodiesel 100% 0,28 4,4 1
Óleo de fritura 2,40 34,8 1
Experimento 5 0,11 4,6 1

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 24-29.
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BIODIESEL DE ÓLEO DE PEIXE UMA ALTERNATIVA PARA REGIÕES SEMI-ÁRIDAS

Givaldo Oliveira Melo*1; Ana Rita F Drummond1; Francisco Sávio G. Pereira2; José Anacleto Melo1,
Rodrigo Alencar1, Danielli Matias M. Dantas3; Alfredo O. Gálvez4
1Instituto
de Tecnologia de Pernambuco-Av. Prof. Luiz Freire, 700 – C. Universitária - Recife/PE–CEP: 50.740-540;
2Instituto
Federal de Educação de Pernambuco-Av. Prof. Luiz Freire, 500 – C. Universitária - Recife/PE–CEP: 50.740-540
3Universidade Federal de Pernambuco- Av. Prof. Moraes rego s/n–C. Universitária-Recife/PE-CEP50.670-420
4Universidade Federal Rural de PE–Av. Dom Manoel de Medeiros s/n – D.Irmãos–Recife/PE-CEP 52.171-900

givaldo.melo@hotmail.com; drummond@itep.br

RESUMO – A indústria pesqueira e colônias de pescadores formadas nas proximidades de rios e


açudes têm um enorme potencial para geração de energia alternativa. Trata-se do óleo de peixe,
matéria-prima residual que poderá ser utilizado na produção do biodiesel, combustível renovável. Com
a transposição do Rio São Francisco, a população carente de municípios do Semi-árido poderá ter uma
fonte de renda sustentável, integrando produção de alimentos (peixe) e do resíduo (óleo), se usado de
forma racional e técnica. Neste trabalho, o óleo de peixe (tilápia do Nilo), extraído das vísceras pela
empresa Netuno às margens do Rio São Francisco foi encaminhado ao ITEP para produção do
biodiesel por transesterificação e realização de análises no óleo ―in natura‖ e no biodiesel. A Acidez no
óleo ―in natura‖ de 5,6 mg KOH/g, após sua transesterificação resultou em 0,11 mg KOH/g para o
biodiesel produzido, enquadrando-se nas especificações da ANP. O mesmo aconteceu para a
viscosidade, no óleo ―in natura‖ foi de 37,1 mm2/s e quando transesterificado resultou em 4,4 mm2/s.
Obviamente com o decréscimo da viscosidade ocorreu o decréscimo da densidade de 914 para 856
kg/m3 para o óleo ―in natura‖ e o biodiesel, respectivamente.
Palavras-chave – Óleo de Peixe, tilápia do Nilo, ANP, transesterificação, pecuária

INTRODUÇÃO

O Biodiesel é um combustível composto de alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa,


conforme a especificação da Resolução ANP Nº. 7 (19.3.2008). Dentre as matérias-primas para a sua
produção estão os óleos vegetais e óleos e gorduras animais residuais OGR (ANP, 2010). De acordo
com o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o Brasil não deve privilegiar rotas
tecnológicas, matérias-primas e escalas de produção agrícola e agroindustrial. No entanto, a soja ainda
é a oleaginosa que mais produz biodiesel no Brasil. As principais matérias-primas utilizadas na
produção de biodiesel são: óleo de soja (83%), gordura animal (13%), óleo de algodão (3%) e outros
materiais graxos incluindo a mamona (1%) (ANP, 2010).

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Os óleos vegetais e o biodiesel vêm tendo grande difusão na mídia para uso energético. Sabe-
se, porém, que após 5 anos de intenso incentivo dos governos Federal/Estaduais o biodiesel ainda não
é competitivo com o diesel. O custo de produção do biodiesel (70-80%) (Câmera, 2006) está ligado à
matéria-prima advinda do óleo de soja (83%) As regiões onde a soja não é cultivada ficam
dependentes da minoria dos Estados (RS, MT, GO, SP), comprometendo assim o PNPB que tem como
um dos fatores principais o econômico, visto que o Brasil importa cerca de 20% de diesel (ANP, 2010).
Para o Nordeste, o PNPB inicialmente instituiu a mamona como a principal oleaginosa, todavia este
óleo tem alto valor internacional (R$≈3,80/L) não sendo economicamente viável para ser transformado
em biodiesel comercial (R$ ≈2,00/L) (MME, 2010). Adicionalmente, com o fortalecimento da
ricinoquímica, o óleo de mamona, também conhecido no Brasil e internacionalmente como castor oil,
possui uma enorme versatilidade química dentro do ramo industrial, podendo ser utilizados em rotas de
síntese para uma grande quantidade de produtos, com aplicação na área de cosméticos, lubrificantes,
polímeros, próteses, etc. (CHIERICE, 2001). Novas alternativas de obtenção de matérias-primas para o
biodiesel vêm sendo pesquisadas, dentre elas: óleo residual de fritura, microalgas e gorduras animais.

Este estudo considera a caracterização do OGR (óleo de peixe da espécie tilápia do Nilo), de
indústria (Netuno) localizada às margens do Rio São Francisco no Semi-árido dos Estados de PE e BA
e sediada no Recife; subseqüente produção e caracterização do biodiesel utilizando esta matéria-prima
segundo a reação de transesterificação, observando-se as especificações da ANP.

METODOLOGIA

A amostra (12 L) de óleo de peixe passou por dois processos de filtração (funil de tecido em
algodão e à vácuo) como visto na Figura 1 (―b‖, ―c‖). Depois das filtrações a amostra do óleo ―in natura‖
(Figura 1c) foi submetida aos ensaios físico-químicos segundo os métodos da ABNT.

Os experimentos de transesterificação foram conduzidos utilizando o catalisador KOH na


proporção de 1%. As matérias-primas foram: óleo de peixe (tilápia do Nilo) (500 mL) e metanol (200
mL). O tempo de reação (30 minutos) foi constante em temperatura de 50 °C. Os produtos da
transesterificação (biodiesel e glicerina) foram transferidos para funil de separação e deixados em
repouso por 12 horas; a glicerina (18%) foi separada, Figura 1d. O biodiesel foi lavado por três vezes
com 100 ml de água em cada lavagem; para retirar o excesso de álcool, KOH e impurezas; após cada
lavagem o pH do biodiesel foi medido, sendo de 6,5-6,0-5,5, respectivamente. O biodiesel foi
desumidificado sob aquecimento de 70 °C por 2 horas e posteriormente analisado seguindo as

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especificações da ANP. A glicerina produzida na transesterificação foi medida após centrifugação de


50 mL da mistura reacional (Figura 1d) e por decantação e separação das fases (Figura 1e).

Os ensaios realizados foram: massa específica a 20 °C, índice de acidez, viscosidade


cinemática a 40 °C, ponto de fulgor, teor de água por Karl Fischer, corrosividade ao cobre a 50 °C. Os
ensaios, água e sedimentos e pH, não são especificados pela ANP; porém achou-se necessário sua
realização para confirmar a acidez e teor de água (KARL FISCHER), tendo em vista que a matéria-
prima deve estar o mais próximo do pH neutro e isenta de água, evitando a formação de ácidos graxos
livres e sabão, indesejável na reação química de transesterificação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O óleo de peixe utilizado nos experimentos foi obtido a partir das vísceras de Tilápia do Nilo
(Oreochromis niloticus L.) extraído em indústria de pescado (Netuno/PE). A Tilápia do Nilo foi a espécie
de peixe escolhida por representar o segundo maior grupo de peixes cultivados no mundo, devido
apresentar crescimento rápido e rusticidade, além de fácil manipulação de sexo e carne de ampla
aceitação pelo mercado consumidor, em razão da inexistência de espinhas em forma de ―y‖ em seu filé
tornando esta espécie apropriada para a indústria (HAYASHI, 1999)

Independente do tipo de matéria-prima, o biodiesel deve possuir características similares,


quanto ao desempenho do motor/emissões de hidrocarbonetos/poluentes. As características (boas
práticas no carregamento, estocagem e manuseio) da matéria-prima são importantes para obtenção de
biodiesel com alta qualidade e produtividade de modo a minimizar ou eliminar a degradação da sua
qualidade antes da utilização na transesterificação (HOCEVAR, 2005); desta forma o óleo de peixe foi
caracterizado antes de proceder à reação de transesterificação.

A taxa de conversão do óleo de peixe ―in natura‖ em biodiesel foi de 84%. O biodiesel foi
medido em proveta após sua lavagem e secagem. A Tabela 1 apresenta os resultados dos ensaios
para o óleo de peixe ―in natura‖ (após as duas filtrações como mencionado na metodologia); nesta
tabela são mostrados também os resultados para o biodiesel obtido utilizando o óleo de tilápia e os
parâmetros para o biodiesel segundo a ANP. Observa-se na Figura 1d que o biodiesel logo após a
transesterificação apresenta cor amarela e após as 12 horas de repouso adquire coloração laranja
característica(Figura 1e). Como pode ser visto na Tabela 1, as propriedades físico-químicas do óleo de
peixe estão próximas das propriedades do biodiesel conforme a ANP, exceto os resultados de acidez e

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viscosidade que são 11,2 e 6 vezes mais elevado, respectivamente, que as especificações da ANP
para o biodiesel.

Observa-se que a reação de transesterificação foi efetiva e que o biodiesel produzido a partir
de óleo de peixe (tilápia do Nilo) encontra-se conforme as especificações da ANP. A Acidez no óleo in
natura sendo de 5,6 mg KOH/g, passou a ser enquadrada com as especificações da ANP após a
transesterificação apresentando o resultado de 0,11 mg KOH/g para o biodiesel produzido a partir de
óleo de peixe. O mesmo aconteceu para o resultado de viscosidade que para o óleo in natura resultou
em 37,1 mm2/s e quando transesterificado passou para 4,4 mm2/s. Obviamente com o decréscimo da
viscosidade ocorreu o decréscimo da densidade ou massa específica de 914 para 856 kg/m3 para o
óleo in natura e o biodiesel, respectivamente. Os resultados obtidos neste trabalho indicam que os
parâmetros mais relevantes para se verificar na produção de biodiesel são: acidez, viscosidade e
densidade (massa específica), haja vista que foram os que sofreram maior redução considerando a
amostra in natura e o biodiesel produzido.

Com o crescimento de indústrias de processamento de peixe da espécie tilápia do Nilo


(Oreochromis niloticus L.) no Brasil, a quantidade de resíduos gerados por esta atividade é cada vez
maior. Mundialmente, esta atividade gera um montante de aproximadamente 66,5 milhões de
toneladas métricas de resíduos por ano, que implicam em problemas sociais, ambientais e econômicos
(SANTOS, 2006). Atualmente essa matéria-prima é descartada por grande maioria de piscicultores.

Os resultados mostram que o óleo de peixe (tilápia do Nilo) pode ser uma alternativa para a
produção de biodiesel, possibilitando a utilização de matérias-primas que são escassas em
determinadas regiões do país. Com a transposição do rio São Francisco, ou seja, a mudança do fluxo
de parte do seu leito para áreas onde a seca é mais intensa e próxima da população do semi-árido,
acredita-se que o número de colônias de pescadores será acrescido; sendo assim com a utilização de
óleo de peixe como matéria-prima do biodiesel em muito favorecerá a população mais carente.

CONCLUSÕES

O óleo de peixe (tilápia do Nilo) pode ser uma alternativa como matéria-prima para a produção
de biodiesel em regiões do semi-árido.
O biodiesel produzido a partir de óleo de peixe (tilápia do Nilo), através de reação de
transesterificação, apresenta especificações segundo a ANP.
Após reação de transesterificação de um óleo ou graxa, os parâmetros acidez, viscosidade e
densidade são os mais relevantes de serem observados para atender especificações da ANP.

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AGRADECIMENTOS

A empresa Netuno pelas amostras de óleo de peixe (tilápia do Nilo) utilizadas neste trabalho .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANP - Agência Nacional de Petróleo, Disponível em: htpp:// www.anp.gov.br. Acesso em: 10 mar. 2010.
CÂMARA, G.M.S.; HEIFFIG, L.S. (Coord.). Agronegócio de plantas oleaginosas: matérias-primas para
biodiesel. Piracicaba: ESALQ, 2006. p. 25 – 42.
CHIERICE, G.O E CLARO NETO, S. In: O agronegócio da Mamona no Brasil. AZEVEDO, D. E LIMA
E.F (Ed) Embrapa algodão (Campina Grande-PB)- Brasília: p.89-120, 2001
HAYASHI, C.; BOSCOLO, W.R.; SOARES, C.M.. Uso de diferentes graus de moagem dos
ingredientes em dietas para a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus L.) na fase de crescimento.
Acta Scientiarum, v.21,n.3, p.733-737,1999.
HOCEVAR, L.,. Biocombustível de Óleos e Gorduras Residuais – A Realidade do Sonho II
Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Lavras – MG, 2005
MME – Ministério de Minas e Energia, Disponível em htpp:// www.mme.gov.br. Acesso em: 27 jan.
2010
SANTOS, F.F.; MALVEIRA, J.Q.; CRUZ, M.G.A.; FERNANDES, F.J N. Produção de Biodiesel a
Partir do Óleo Extraído das Vísceras de Peixe III Congresso de Plantas Oleaginosas, Óleos,
Gorduras e Biodiesel. Lavras - MG, 2006

Figura 1 – Óleo de peixe para a produção de biodiesel (“a” = bruta, “b” = filtrada com funil de tecido,
“c” = filtrada à vácuo) e biodiesel / glicerina produzidos (“d” = medição do teor de glicerina, “e” =
separação das fases biodiesel/glicerina) ; superior = biodiesel e inferior = glicerina.

(a) (b) (c) (d) (e)

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Tabela 1 – Características do óleo de peixe ―in natura‖ (tilápia do Nilo), do biodiesel produzido a partir da tilápia do Nilo e as
especificações para o biodiesel segundo a ANP.

Óleo de Biodiesel de óleo Especificações da


Ensaio
Tilápia de Tilápia ANP para Biodiesel
Massa Específica. kg/m3 914 856 850-900
Índice de Acidez, máx mg KOH/g 5,6 0,11 0,50
Viscosidade Cinemática °C. mm2/s 37,1 4,4 3,0-6,0
Ponto de Fulgor, mín °C 311 180 100
Teor de água (Karl Fischer), máx mg/kg 2000 400 500
Corrosividade ao Cobre, máx, 1 1 1
Água e Sedimentos, % Ausente Ausente -
Potencial Hidrogeniônico, pH 5,5 6,5-6,0-5,5 -

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BIODIESEL DO ÓLEO DE PINHÃO MANSO DEGOMADO POR ESTERIFICAÇÃO

Alianda Dantas de Oliveira *1; Jose Geraldo Pacheco Filho1; Luiz Stragevitch1; Renata Santos Lucena
Carvalho1; Ialy Silva Barros1;
1Universidade Federal de Pernambuco(UFPE) - *aliandaquim@hotmail.com

RESUMO – No Brasil, os óleos vegetais mais comumente usados para a obtenção do biodiesel são os
óleos de milho, mamona, girassol, soja, algodão, palma entre outros. No entanto, recentemente, o
pinhão manso (Jatropha curcas L.) está sendo considerado como uma boa opção agrícola, pois suas
sementes produzem um óleo de excelente qualidade. O biodiesel pode ser produzido por
transesterificação em meio alcalino, mas para óleos com acidez elevada, o mesmo tem que passar por
esterificação ácida, para que haja a redução de seus ácidos graxos livres (FFA). O objetivo deste
trabalho é estudar a esterificação do óleo de pinhão manso para posterior transesterificação. O óleo
degomado de pinhão manso apresentou predominância dos ácidos oléico (43,0%) e linoléico (39,6),
massa especifica de 914,6 kg/m3, viscosidade de 33,0 cSt e índice de acidez de 20,4 mgKOH/g . A
melhor condição para a reação de esterificação foi de 1,5% de H2SO4 e razão álcool / óleo de 8:1, após
60 minutos, apresentando conversão igual a 72%.
Palavras-chave – degomagem, esterificação, acidez.

INTRODUÇÃO

A maior parte da energia consumida no mundo provém do petróleo, do carvão e do gás natural,
porém essas fontes são limitadas e com previsão de esgotamento no futuro, o que tem motivado o
desenvolvimento de tecnologias que permitam utilizar fontes renováveis de energia (Ferrari et al.,
2005). Neste contexto, destaca-se o biodiesel como uma alternativa para substituição ao óleo diesel
em motores de ignição por compressão.

Em comparação com o diesel, o biodiesel é biodegradável, não é tóxico e o cultivo de sua


matéria-prima estimula a geração de empregos na agricultura familiar. Outra vantagem de sua
produção refere-se à possibilidade de utilização em motores de ciclo diesel puro ou em misturas com
óleo diesel em diferentes proporções, exigindo pouca ou nenhuma alteração do motor (AZEVEDO E
LIMA, 2001).

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No Brasil, os óleos vegetais mais comumente usados para a obtenção do biodiesel são os
óleos de soja, sebo bovino e algodão, com pequena quantidade de outras oleaginosas (dendê,
mamona e girassol). No entanto, recentemente, o pinhão manso (Jatropha curcas L.) está sendo
considerado como uma boa opção agrícola.

O pinhão manso, assim como a mamona, é pertencente à família das euforbiáceas, sendo uma
espécie nativa do Brasil. As principais vantagens de seu cultivo são: o baixo custo de produção, sua
capacidade de produzir em solos pouco férteis e arenosos, além da alta produtividade e da facilidade
de colheita das sementes. As sementes produzem um óleo de excelente qualidade, superior ao óleo de
mamona, e semelhante ao diesel extraído do petróleo, para ser usado como combustível. As
propriedades encontradas no biocombustível do pinhão-manso atendem às especificações da Agência
Nacional de Petróleo (ANP) para o petrodiesel (PINHÃO MANSO, 2009).

O biodiesel é produzido principalmente a partir da reação de transesterificação do óleo com um


álcool de cadeia curta em presença de um catalisador alcalino, convertendo os triacilglicerídeos em
ésteres, mas outros processos para a produção de biodiesel estão sendo estudados como a
esterificação que é utilizado em óleos que tem alto teor de acidez, com 3% a 40% de ácidos graxos
livres (FFA). Nessa reação os ácidos graxos livres são convertidos em ésteres e água (J.M. Marchetti
et al, 2008).

Este trabalho teve por objetivo estudar a esterificação do óleo de pinhão manso para posterior
transesterificação.

METODOLOGIA

O óleo de pinhão manso foi fornecido pela empresa NNE-Minas, e por se tratar de um
óleo bruto passou por processo de degomagem. Segundo Moretto, este método consiste na adição de
3% (m/m) de água ao óleo aquecido a 70 ºC e posterior agitação durante 30 minutos em uma única
etapa. Como o óleo apresentava grande quantidade de fosfatídeos aumentou-se a proporção de água
para 5% e posteriormente para 8% em relação à massa de óleo e fez-se o procedimento em duas
etapas. Em seguida colocou-se o óleo em um funil de decantação separou-se a goma, e depois secou-
se o óleo.

Para a produção do biodiesel foi feita a reação de esterificação utilizando um reator batelada
de 500ml com camisa de aquecimento e agitador mecânico.

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Inicialmente utilizou-se 200 g de óleo de pinhão manso, aquecido à temperatura de 75ºC, em


seguida adicionou-se catalisador H2SO4 dissolvido em álcool etílico na razão molar 4:1 e 8:1
(álcool/óleo), deixou-se o sistema por 1h, sob agitação de 500rpm. Finalizada a reação colocou-se a
mistura em um funil de decantação, em seguida realizou-se a lavagem com água destilada, e secou-se
o biodiesel mais o óleo que não converteu.

Para o óleo degomado foram analisadas as propriedades: massa especifica (ASTM D4052),
viscosidade cinemática a 40 ºC (ASTM D445) e índice de acidez (ASTM D664). A composição química
do óleo de pinhão manso foi determinada utilizando um cromatógrafo a gás CG Master empregando
uma coluna capilar PEG 530 μm × 60 m.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A composição química para o óleo degomado está apresentada na Tabela 1, com


predominância dos ácidos oléico e linoléico.

Os parâmetros físico-químicos do óleo de pinhão manso segundo as normas ASTM estão


apresentados na Tabela 2. Podemos observar que acidez do óleo está elevada, por se tratar de um
óleo bruto ou até mesmo pelo período de armazenamento do mesmo.

As conversões dos ácidos graxos em ésteres na reação de esterificação estão apresentadas


na Tabela 3. A melhor condição para a reação de esterificação foi de 1,5% de H 2SO4 e razão álcool /
óleo de 8:1, após 60 minutos.

Nas figuras 1, 2, 3 e 4 observamos o decaimento da acidez onde podemos confirmar que o


experimento 4, obteve uma melhor rendimento e decaimento da acidez apresentando acidez final de
3%, onde o mesmo pode passar por um processo de transesterificação para a produção de biodiesel.

CONCLUSÃO

O método da degomagem em duas etapas apresentou-se eficiente para remoção de ―gomas‖.


O experimento 4 foi o mais satisfatório para o estudo do decaimento da acidez, sendo portanto o
melhor para a produção de biodiesel pelo método de transesterificação com conversão igual a 72%.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERRARI, A. R., OLIVEIRA, V. S., SEABIO, A., Química Nova, 28 (1): 19, 2005.
AZEVEDO, D. M. P. de LIMA, E. F. O Agronegócio da Mamona no Brasil. Brasília, Embrapa, Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2001.
Pinhão manso (Jatropha curcas) – Uma planta de futuro. Disponível em
http://www.pinhaomanso.com.br, acesso em 23 de maio de 2009.
MARCHETTI J. M, ERRAZU A. F. Esterification of free fatty acids using sulfuric acid as catalyst in the
presence of triglycerides. Biomass and Bioenergy (2008).
MORETTO, ELIANE; FETT, ROSEANE. Tecnologia de óleos e gorduras vegetais na indústria de
alimentos. Editora Varela. São Paulo, 1998, 150 p.

Tabela 1 - Composição química do óleo de pinhão manso degomado

Composição Ácidos Graxos Porcentagem


Palmítico (C16:0) 14,1
Esteárico (C18:0) 2,4
Oléico (C18:1) 43,0
Linoléico (C18:2) 39,6
Alfa-linoléico (C18:3) 0,7

Tabela 2- Propriedades do óleo degomado


Característica Método Unidade Valor
Massa específica a 20 °C ASTM D4052 kg/m3 914,6
Viscosidade cinemática a 40 °C ASTM D445 cSt 33,0
Índice de acidez ASTM D664 mg KOH/g 20,4

Tabela 3- Conversão de ésteres na reação de esterificação

Experimento Álcool/Óleo % H2SO4 Rendimento%


1 4/1 0,5 64,5
2 8/1 0,5 67,3
3 4/1 1,5 35,5
4 8/1 1,5 72,0

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Figura 1: Decaimento da acidez durante o tempo no Figura 2: Decaimento da acidez durante o tempo no
experimento 1. experimento 2

Figura 3: Decaimento da acidez durante o tempo no Figura 4: Decaimento da acidez durante o tempo no
experimento 3. experimento 4.

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BIODIESEL: UMA UTILIZAÇÃO DA BIOTECNOLOGIA A FAVOR DO DESENVOLVIMENTO SÓCIO-


ECONÔMICO E AMBIENTAL NO BRASIL
Emanoela Moura Toscano¹; Aurilene de Souza Costa¹; Andréa Amorim¹; Giselle Medeiros da Costa
Silva²

1 Alunas do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UEPB – Campus V. - emanuella09@gmail.com;


2 Professora (Mestre) da UEPB – Campus V e Orientadora - gisellecg@hotmail.com

RESUMO – O biodiesel nasce como estratégia biotecnológica no desenvolvimento sustentável na


medida em que reduzir a dependência do petróleo importado do Oriente Médio, promover a inclusão
social, gerando emprego e renda no campo e reduz a produção de poluentes. O cultivo de oleaginosas
para a produção de biodiesel constitui uma forte alternativa para o desenvolvimento sustentável e
tecnológico do País. Este estudo tem por objetivo analisar a produção científica sobre a linha de
pesquisa da bioenergética ou agroenergia, enfatizando o biodiesel. A pesquisa foi do tipo bibliográfica.
Verificou-se que o desafio em ciência e tecnologia no Brasil é produzir variedades agrícolas com maior
produtividade, desenvolver e aperfeiçoar rotas tecnológicas, agregar valor aos co-produtos e reduzir o
risco agrícola no mercado energético. Por fim conclui-se que Brasil detém uma extraordinária
experiência e posição de destaque no cenário internacional de bicombustíveis, pois se trata de um país
tropical, com dimensões continentais, que se utiliza da biotecnologia para aproveitar as potencialidades
regionais (amendoim, babaçu, soja, dendê, etc.) na produção de energia limpa, renovável, sustentável,
a fim de cumprir seu papel sócio-ambiental consciente sem deixar de gerar lucros para sua economia.
Palavras-chave – oleoginosas, biodiesel, desenvolvimento sustentável.

INTRODUÇÃO

A capacidade das reservas mundiais de petróleo em atender ao atual ritmo de crescimento e


consumo dos países desenvolvidos e em franco desenvolvimento é extremamente limitada, estimando-
se entre 40 e 50 anos a exaustão dessas reservas. Esta é uma das razões que justificam as atuais
corridas econômicas e tecnológicas para a produção de combustíveis originários de fontes renováveis
de energia. Outra razão, não menos significativa, reside nos atuais movimentos mundiais, políticos e
sociais, cada vez mais exigentes em conservação ambiental, focada na preservação e qualidade da
vida humana no Planeta (CIB, 2009).

O século 21 define as bases de uma nova civilização que apresenta como ponte de ligação a
biomassa e a agroindústria, na qual o Brasil detém uma extraordinária experiência e posição de

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destaque no cenário internacional de bicombustíveis, devido ao seu potencial de produção e ao


sucesso alcançado com o Proálcool, que já completou mais de 30 anos, e agora avançando com o
biodiesel (RODRIGUES, 2007).

A bioenergia surge como alternativa mundial para as Nações reduzirem a dependência das
importações do petróleo, a chamada ―petrodependência‖ (dependentes do petróleo). Em países de
grandes extensões territoriais, como o Brasil, o biodiesel aparece como uma importante alternativa não
só para um transporte ambientalmente sustentável, mas como forma de desenvolvimento econômico.
No Brasil, as alternativas para a produção de óleos vegetais são diversas, o que constitui num dos
muitos diferenciais para a estruturação do programa de produção e uso do biodiesel no país. Por se
tratar de um país tropical, com dimensões continentais, o desafio colocado é o do aproveitamento das
potencialidades regionais. Isso é válido tanto para culturas já tradicionais, como a soja, o amendoim, o
girassol, a mamona e o dendê, quanto para alternativas novas, como o pinhão manso, o nabo
forrageiro, o pequi, o buriti, a macaúba e uma grande variedade de oleaginosas a serem exploradas
(PLANO, 2005).

Estudos desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento, Ministério da Integração Nacional e Ministério das Cidades mostram que, a
cada 1% de participação da agricultura familiar no mercado de biodiesel do país, baseado no uso do
B5, seria possível gerar cerca de 45 mil empregos no campo, a um custo médio de, aproximadamente,
R$ 4.900,00 por emprego (HOLANDA, 2004). Admitindo-se que, para cada emprego no campo são
gerados 3 empregos na cidade, seriam criados 180 mil empregos. Finalmente, é importante destacar
que na agricultura empresarial emprega-se, em média, um trabalhador para cada 100 hectares
cultivados, enquanto na agricultura familiar a relação é de 10 hectares por trabalhador (PLANO, 2005).

O Governo brasileiro tem incentivado o desenvolvimento do biodiesel como estratégia de


inclusão social através da agricultura familiar, através da utilização do selo social, movimentando a
pequena economia e desenvolvendo as biotecnologias. O biodiesel oferece uma oportunidade para a
integração entre indústria, agricultura familiar e combate à pobreza. Tudo isso ao lado da conquista de
novo padrão energético: sustentável, ambientalmente responsável e economicamente dinâmico
(FURLAN et. al,2006)

O Brasil já possuiu a patente de fabricação do biodiesel a partir de pesquisas, estudos e testes


realizados na Universidade Federal do Ceará na década de 70 (ANP, 2007). A utilização do biodiesel
aumenta a participação das fontes limpas e renováveis na matriz energética brasileira. Com o auxílio
da biotecnologia o Brasil será capaz de liderar a produção e o desenvolvimento de bicombustíveis a

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partir da utilização das espécies vegetais mais adaptadas a indústria a exemplo da agricultura nacional
tem a mamona, o dendê, o girassol, a palma, a soja, o amendoim, etc. (RÉGIS, 2005).

Este trabalho tem como objetivo analisar a produção científica sobre a linha de pesquisa da
bioenergética ou agroenergia, enfatizando o biodiesel, em estudos produzidos pela PETROBRAS
(Petróleo Brasileiro S/A), EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), ABIOVE
(Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), ANP (Agencia Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Bicombustíveis), CIB (Conselho de Informações sobre Biotecnologia), SBBiotec (Sociedade
Brasileira de Biotecnologia), CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e PNPB
(Programa Nacional de Produção e uso de Biodiesel).

METODOLOGIA

A metodologia escolhida foi de pesquisa bibliográfica, com dados coletados através de


bibliotecas virtuais disponíveis nos sites PETROBRAS, EMBRAPA, ABIOVE, ANP, CIB, SBBiotec,
CTNBio e PNPB. Com essa metodologia foram acessadas 49 publicações. Com este propósito foi
efetuada uma revisão das publicações na área de bioenergética ou agroenergia, enfatizando a
produção do biodiesel no Brasil. A pesquisa foi realizada nos meses de outubro e novembro de 2009.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, pode-se sintetizar as informações principais


a respeito do biodiesel.

Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis como óleos vegetais


e gorduras animais que, estimulados por um catalisador, reagem quimicamente com o álcool etílico ou
o metanol. Desse processo químico resulta um combustível de alta qualidade que substitui o óleo
diesel fóssil sem necessidade de modificação do motor (TORRES et. al, 2006). Já Simões (2007)
afirma que o biodiesel é um combustível produzido pela trans-esterificação de óleos vegetais ou
animais. Sua composição varia de acordo com a fonte de matéria prima e, no caso dos óleos vegetais,
com a região de plantio ou época da colheita (SIMÕES, 2007).

Os óleos vegetais e as gorduras são compostos de triglicerídeos, ésteres de glicerol e ácidos


graxos, genericamente classificados como lipídios. O biodiesel é resultado da reação química

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denominada ―transesterificação‖, que consiste na reação de um lipídio com um álcool para formar
ésteres (biodiesel) e um subproduto chamado glicerol ou glicerina. Normalmente, para acelerar essa
reação química utiliza-se uma substância catalisadora: NaOH ou KOH. Atualmente existem duas vias
alcoólicas para a reação: metílica e etílica (HOLANDA, 2004).

O biodiesel é obtido através do processo de transesterificação, o qual envolve a reação do óleo


vegetal (obtido através do processamento / esmagamento de uma oleaginosa), com um álcool,
utilizando como catalisador a soda cáustica (RÉGIS, 2005). De acordo com Câmara (2006) existem
várias matéria-prima para a fabricação do biedesel:

- ―Óleos vegetais: líquido à temperatura ambiente como os óleos de algodão, amendoim,


babaçu, canola, dendê, girassol, mamona, soja, etc.

- Gorduras animais: pastosas ou sólidas à temperatura ambiente como o sebo bovino, óleo de
peixe, banha de porco, óleo de mocotó, etc.

- Óleos e gorduras residuais: nesta classe encontram-se muitas matérias-primas relacionadas


ao meio urbano como óleos residuais originários de cozinhas domésticas e industriais (óleo de fritura);
gordura sobrenadante (escuma) de esgoto; óleos residuais de processamentos industriais; etc.‖.

A Lei nº 11.097, publicada em 13 de janeiro de 2005, estabelece percentuais mínimos de


mistura de biodiesel ao diesel e o monitoramento da inserção do novo combustível no mercado
(PRESIDENTE DA REPÚBLICA, 2009). (Figura 1)

Desde 1º de julho de 2009, o óleo diesel comercializado em todo o Brasil contém 4% de


biodiesel. Esta regra foi estabelecida pela Resolução nº 2/2009 do Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE), publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 18 de maio de 2008, que aumentou
de 3% para 4% o percentual obrigatório de mistura de biodiesel ao óleo diesel. A contínua elevação do
percentual de adição de biodiesel ao diesel demonstra o sucesso do Programa Nacional de Produção e
Uso do Biodiesel e da experiência acumulada pelo Brasil na produção e no uso em larga escala de
bicombustíveis (ANP, 2009).

O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), é um programa interministerial


do Governo Federal que objetiva a implementação de forma sustentável, tanto técnica, como
economicamente, a produção e uso do Biodiesel, com enfoque na inclusão social e no
desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda (PNPB,2009).

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A PNPB (2009) definiria as principais diretrizes do PNPB definidas pelo Ministério de Minas e
Energia são (Figura 2 – Pilares do Biodiesel):

- ―Implantar um programa sustentável, promovendo inclusão social;

- Garantir preços competitivos, qualidade e suprimento;

- Produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes oleaginosas e em regiões diversas‖

O diesel renovável tem como vantagens ambientais a possibilidade de reduzir em 78% as


emissões de gás carbônico, considerando a reabsorção pelas plantas. Reduzem em 90 % as emissões
de fumaça e praticamente elimina as emissões de óxido de enxofre (SILVA, 2007).

As características do nosso óleo mineral cru ensejam uma forte redução do enxofre liberado no
meio ambiente, evitando a proliferação de enfermidades respiratórias, principalmente nas áreas
urbanas. A redução do enxofre encontra no biodiesel um aliado que, além disso, melhora as condições
de uso do combustível para os motores (FURLAN et al, 2006).

As vantagens econômicas da utilização do Biodiesel poderiam vir do enquadramento deste nos


acordos estabelecidos no Protocolo de Kyoto e nas diretrizes dos Mecanismos de desenvolvimento
Limpo (MDL), que possibilita a venda de cotas de carbono por intermédio do Fundo Protótipo de
Carbono (FTC), pela redução das emissões de gases poluentes e também créditos de ―seqüestro de
carbono‖, pelo Fundo Bio de Carbono (FBC), administrados pelo Banco Mundial (SILVA, 2007). Ambos
comercializam certificados de emissão de redução, mas enquanto o FTC financia projetos em qualquer
área, o FBC financia apenas projetos ligados à atividade agrícola e florestal (ipsit).

Destaca-se ainda a importância econômica e social da produção do biodiesel ao criar demanda


por produtos de origem agrícola, possibilitando a expansão de área cultivada e, conseqüentemente, a
ocupação de mão-de-obra e geração de renda na agricultura (GERSON, 2007).

Biodiesel surge, ainda com uma forte motivação social. Várias oleaginosas adaptam-se
generosamente ao semi-árido brasileiro, o que oferece uma opção econômica para as regiões pobres.
A utilização de áreas ociosas e a recuperação de áreas degradadas, somadas às ações do programa
de produção e uso de biodiesel, é um caminho de desenvolvimento (FURLAN et. al, 2006).

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A biotecnologia vem sendo utilizada para melhorar plantas visando aumentar a produtividade
agrícola, de forma sustentável e com preservação do meio ambiente, bem como para produzir
alimentos de maiores valores nutritivos, industriais (CIB, 2007).

O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (2007) visualiza potencialmente duas


vertentes para o uso da Biotecnologia em prol da melhoria do PNPB:

1. Uso das ferramentas da Engenharia Genética para incrementos reais deteores de óleo em
grãos de espécies oleaginosas.

2. Uso das ferramentas da Engenharia Genética para conferir resistências genéticas às


moléculas herbicidas, pragas e doenças, diretamente relacionadas aos cultivares em desenvolvimento
das principais culturas agrícolas produtoras de grãos oleaginosos

O Brasil está entre os maiores produtores e consumidores de biodiesel do mundo, com uma
produção anual, em 2008, de 1,2 bilhões de litros e uma capacidade instalada, em janeiro de 2009,
para 3,7 bilhões de litros (ANP, 2009).

Segundo a PNPB (2006), o Brasil tem uma extensão territorial de 851 mil hectares, área livre
agricultável 383 mil hectares, disponível para expansão (agricultura) 91 mil hectares, cultivada para B2
e B5 de 1,7 a 4,0 mil hectares, ou seja, essa área representa de 0,4 a 1% de área agricultável, o que
não acarreta prejuízos ou não afeta a produção de alimentos.

Para o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (2006), o desafio em ciência e


tecnologia no Brasil são produzir variedades agrícolas com maior produtividade, desenvolver e
aperfeiçoar rotas tecnológicas, agregar valor aos co-produtos (ex: torta de mamona, glicerina) e reduzir
o risco agrícola no mercado energético (ex: monitoramento por satélite, previsão climática, controle de
pragas).

Várias são as aplicações da biotecnologia na produção do Biodiesel: lançada em 2007 pela


Embrapa Algodão, a variedade de mamona BRS Energia tem 48 % de óleo, que pode ser utilizado
tanto na produção de biodiesel quanto na de plásticos biodegradáveis, tintas, vernizes e até mesmo na
indústria de alimentos e cosméticos. Especialmente apta para a agricultura familiar regional, a BRS
energia é precoce e suporta bem a baixa precipitação chuvosa do Semi-Árida. E a cultura de coco
híbrida Praia do Forte, lançada pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, é indicada para todas as regiões
produtoras do País. Mais produtiva que as variedades até então disponíveis, serve tanto ao consumo in

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natura quanto à agroindústria. Além de resistir bem ao transporte, o elevado teor de óleo da polpa e a
riqueza em ácido láurico habilitam-na à produção de biodiesel (EMBRAPA, 2008).

CONCLUSÃO

O biodiesel nasce como estratégia biotecnológica no desenvolvimento sustentável na medida


em que reduzir a dependência do petróleo importado do Oriente Médio, promover a inclusão social,
gerando emprego e renda no campo e reduz a produção de poluentes. Assim, pode-se entender que o
cultivo de oleaginosas para a produção de biodiesel constitui uma forte alternativa para o
desenvolvimento sustentável e tecnológico do País.

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Figura 1 – Inserção do novo combustível no mercado. Fonte: ABIOVE 2005

Figura 2 – Pilares do biodiesel. Fonte: (ANP, 2009)

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CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS DO ÓLEO DE SEMENTES


DE CALOTROPIS PROCERA (APOCYNACEAE)1

Mariana Oliveira Barbosa1; Antonio Fernando Morais de Oliveira1


1Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal, Departamento de Botânica Universidade Federal de Pernambuco –
UFPE – Recife/PE, mari08bio@yahoo.com.br

RESUMO – O teor de óleo, perfil de ácidos graxos e parâmetros físico-químicos (índice de acidez e de
refração) foram analisados a partir do óleo de sementes de C. procera. O óleo foi extraído em
aparelhos soxhlet com n-hexano (8h). Os ácidos graxos foram analisados por cromatografia gasosa
acoplada com espectrometria de massas. Foram identificados seis ácidos graxos (palmitoléico,
palmítico, oléico, linoléico, elaídico e esteárico), sendo os insaturados oléico e linoléico, muito
representativos, perfazendo mais de 60% dos ácidos graxos de C. procera. Os parâmetros físico-
químicos para índice de acidez e índice de refração foram 1,86 mgKOH/g e 1,467, respectivamente.
Esses valores estão dentro dos padrões estabelecidos pela AOCS e assemelham-se aos encontrados
em outros óleos já utilizados como matéria-prima para biodiesel. O óleo de C. procera apresenta
propriedades que merecem maiores investigações para sua possível utilização como fonte de
biodiesel.
Palavras-chave – Biodiesel, óleo de sementes, oleaginosas, semi-árido.

INTRODUÇÃO

Dentre as fontes alternativas de energia, pode-se citar o biodiesel, definido como mono-alquil
éster de ácidos graxos derivado de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, obtido
através do processo de transesterificação, no qual ocorre a transformação de triglicerídeos em
moléculas menores de ésteres de ácidos graxos. Este óleo apresenta características físico-químicas
próximas a do diesel (Albuquerque, 2006). Do ponto de vista ambiental, são de fundamental
importância, visto que, promovem a redução das emissões de gases poluentes, diminuindo o acúmulo
de gases responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera (COSTA, 2006).

As características físico-químicas dos óleos são de extrema importância quando se seleciona


uma matéria-prima para a produção de biodiesel, pois são tidos como parâmetros de qualidade,
1Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco – FACEPE; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – CAPES.

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necessárias para um bom aproveitamento do produto. Dentre elas, citam-se os índices de acidez e
refração. O primeiro está relacionado com a qualidade da matéria-prima, ou seja, um elevado índice de
acidez indica que o óleo está sofrendo quebras em sua cadeia. Já o índice de refração tem grande
utilidade no controle dos processos de hidrogenação, visto que os óleos possuem poderes de
refringência diferentes; assim, o índice de refração de um óleo aumenta com o comprimento da cadeia
hidrocarbonada e com o grau de insaturação dos ácidos graxos constituintes dos triglicerídeos. Esse
índice é muito usado como critério de qualidade e identidade desses óleos (MORETTO e FETT, 1998;
.CECCHI, 2003).

Calotropis procera (Ait.) R. Br. (Apocynaceae) é uma espécie exótica e de ampla distribuição
geográfica, especialmente nas regiões semi-áridas (MELO et al., 2001). É uma planta ruderal de áreas
degradadas e se adapta a variadas condições ambientais, tolerando solos pobres e períodos de seca
(FERREIRA E GOMES, 1974). Com relação ao óleo de suas sementes, Osman e Ahmad (1981)
atribuem um teor médio de 26%, com predominância de ácidos graxos insaturados (ácidos oléico e
linoléico). Não há estudos com esta espécie a este respeito no semi-árido nordestino. Assim o objetivo
deste estudo foi analisar o teor de óleo, perfil de ácidos graxos e as características físico-químicas
(índice de acidez e refração) do óleo de sementes de indivíduos de C. procera, ocorrentes na
vegetação do semi-árido, a fim de aumentar o conhecimento das propriedades necessárias para sua
indicação como fonte de biodiesel.

METODOLOGIA

Sementes de Calotropis procera foram coletadas no município de Serra Talhada/PE e


desidratadas em estufa (48 °C) por 48 h. Posteriormente, o óleo das sementes foi extraído em
aparelhos soxhlet utilizando-se n-hexano como solvente, por 8 h (AHMAD, 1981). O solvente foi
evaporado em evaporador rotatório e o óleo foi armazenado em frascos de vidro. Os resíduos de
solvente foram evaporados com auxílio de fluxo constante do gás nitrogênio (N2).

Para a análise dos ácidos graxos foi realizada a hidrólise dos triglicerídeos com solução
metanólica de hidróxido de potássio (0,5M) e os ésteres metílicos obtidos, metilados com solução
metanólica de trifluoreto de boro (14%). Estes foram analisados por cromatografia gasosa acoplada
com espectrometria de massas (GC/MS) e sua identificação feita pelo tempo de retenção com padrões
autênticos (Supelco) e por comparação com os espectros de massa da biblioteca Wiley229. Para essas
análises foram realizadas cinco réplicas.

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Parâmetros físico-químicos de índice de acidez e de refração foram analisados conforme a


metodologia do INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O teor de óleo encontrado nas sementes de C. procera foi de 24, 08 ± 1,48% e foram
detectados seis tipos de ácidos graxos, havendo a predominância dos insaturados: ácidos palmitoléico
(C16:1), linoléico (C18:2), oléico (C18:1) e elaídico (C18:1-trans) (Figura 1). Os ácidos linoléico e oléico
somam aproximadamente 60% da quantidade total desses ácidos (Tabela 1). Como ácidos graxos
saturados, observou-se a presença dos ácidos palmítico (16:0) e esteárico (18:0).Tanto o teor de óleo
das sementes como o perfil mostraram-se próximos ao relatado Osman e Ahmad (1981), a exceção do
ácido o elaídico, não verificado por esses autores.

Em relação aos parâmetros físico-químicos analisados, o índice de acidez encontrado no óleo


de C. procera foi de 1,86 mgKOH/g, enquanto o índice de refração foi de 1,467. Segundo os padrões
internacionais da AOCS, citado por Freire (2001), o índice de acidez está em conformidade, pois seu
valor deve ser no máximo 4 mgKOH/g. O índice de refração também se apresentou dentro dos
padrões, pois este deve estar entre 1,473 - 1,477.

Comparando os valores dos índices de acidez e refração encontrados em C. procera com os


valores de espécies com seus óleos já utilizados economicamente, é possível perceber que são
próximos dos índices de refração da soja (1,466 - 1,47), do girassol (1,467 - 1,469) e do pinhão-manso
(1,468). Enquanto ao índice de acidez, todos eles, inclusive o de C. procera estão em níveis aceitáveis
(no máximo 4 mgKOH/g) (Tabela 2).

As características do óleo de C. procera (perfil de ácidos graxos e aspectos físico-químicos)


são compatíveis com os padrões de qualidade exigidos para a possível utilização econômica de C.
procera. No entanto, outras propriedades físico-químicas ainda precisam ser analisadas para viabilizar
o uso de C. procera como matéria-prima para produção de biodiesel.

CONCLUSÃO

Baseado no teor de óleo, perfil de ácidos graxos e propriedades físico-químicas, o óleo de


sementes de C. procera pode constituir em uma fonte alternativa para indústria de biodiesel.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Oil Chem. Soc. 58: 673-674.
Albuquerque, G.A. 2006.Obtenção e caracterização físico-química do biodiesel de canola (Brassica
napus). Dissertação de Mestrado – Universidade Federal da Paraíba, 100p.
Castro, A. A. 1999. Extração, caracterização físico-quimica, nutricional e reológica do azeite do coco
babaçu (Orbignya spp). Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Departamento de
Engenharia Agrícola, Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande, 65p.
Cecchi, H. M. 2003. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. Editora da UNICAMP:
2º Ed. rev.- Campinas, SP, editora da UNICAMP, 207p.
Costa, T.L. 2006. Propriedades físicas e físico-químicas do óleo de duas cultivares de mamona.
Dissertação de Mestrado em Engenharia Agrícola. Universidade Federal de Campina Grande, 113pp.
Ferreira, M.B.; Gomes, V., 1974. Calotropis procera (Ait). R. Br. Oréades 5: 68-74
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no Brasil. Comunicação para transferência de tecnologia, p. 295-335.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. 2005. Normas analíticas, métodos químicos e físicos para análises de
alimentos. 4º. ed. Brasília – DF: ANVISA, 1018p.
Melo, M.M., Vaz, F., Gonçalves, L.C., Saturnino, H.M., 2001. Estudo fitoquímico da Calotropis procera
Ait., sua utilização na alimentação de caprinos: efeitos clínicos e bioquímicos séricos. Rev. Bras. Saúde
Prod. An. 2: 15 – 20.
Moretto, E.; Fett, R. 1998. Tecnologia de óleos e gorduras vegetais na indústria de alimentos. São
Paulo. Varella, 144 p.
Osman, S.M.; Ahmad, D.F. 1981.New sources of fat and oils. In: Pryde, E.H. (Ed.) Forest oilseeds.
109p.

Figura 1: Cromatograma do perfil de ácidos graxos do óleo de sementes de Calotropis procera.

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Tabela 1. Concentração média dos ácidos graxos presentes no das sementes de Calotropis procera.

Ácidos graxos Teor (%)


Palmitoléico (16:1) 1,73 ± 0,24
Palmítico (16:0) 15,77 ± 0,25
Linoléico (18:2n6c) 35,32 ± 1,78
Oléico (18:1n9c) 33,26 ± 1,88
Elaídico (18:1n9t) 4,22 ± 0,19
Esteárico (18:0) 9,49 ± 0,35

Tabela 2. Comparação dos índices de refração e de acidez do óleo de Calotropis procera com alguns óleos vegetais
utilizados no mercado de biodiesel.
Óleos vegetais Índice de Acidez (mgKOH/g) Índice de Refração
Algodão Não acima de 0,25 1,460-1,465
Pinhão-manso 0,96 1,468
Mamona Máx. 4,0 1,4764 - 1,4778
Babaçu 0,002 1,448 - 1,451
Amendoim 0,84 1,460 - 1,465
Gergelim 0,2 a 0,3 1,465 - 1,469
Girassol 5,8 a 9,0 1,467 - 1,469
Soja 0,1 a 0,3 1,466 - 1,47
C. procera 1,86 1,467
FONTE: Freire (2001); Castro (1999); Moreto e Fett (1989).

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CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E REOLÓGICA DO ÓLEO DE OITICICA PARA PRODUÇÃO


DE BIODIESEL

Jacyara Maria A. Vieira*1; José Geraldo de A. P. Filho1; Luiz Stragevitch1 ; Katarine Cristine de L.
Silva1; Júlio Zoé de Brito2
1Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ; 2Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) - jacyara@click21.com.br

RESUMO – A Oiticica (Licania rigida, Benth.) é uma árvore da família das Rosáceas. É típica de matas
ciliares do sertão nordestino. Atualmente vem se pesquisando o óleo de oiticica para produção de
biodiesel devido ao fato de sua semente conter uma amêndoa rica em óleo, com um teor aproximado
de 54% na amêndoa. O Brasil se destaca mundialmente em tecnologia de combustíveis renováveis. A
caracterização do óleo de oiticica foi realizada seguindo as etapas de tratamento para retirada dos
fosfatídeos (gomas) e das impurezas do óleo, centrifugação para separação das fases, esterificação
para tratamento da acidez e diminuição da viscosidade, lavagem para retirada do catalisador e
secagem a vácuo para retirada de água e álcool adicionados durante o processo. Foram testadas
relações Alcool: Óleo de 6:1 e 12:1, e os ácidos sulfúrico e metilsulfônico. De acordo com os resultados
dos experimentos de esterificação a relação A:O exerce efeito significativo no processo de
esterificação, apresentando um melhor resultado a relação A:O de 12:1. Em relação ao ácido, o
sulfúrico apresentou melhor rendimento que o metilsulfônico, com os valores de conversão 62,69% e
53,64%, respectivamente.
Palavras-chave – Oiticica, biodiesel, reologia, degomagem aquosa.

INTRODUÇÃO

O interesse por se estudar o óleo da semente de oiticica (Licania rigida Benth.), vem crescendo
nos últimos tempos. E muito se tem buscado sobre a utilização deste óleo considerado de custo baixo.
A Oiticica é uma árvore da família das rosáceas, é típica de matas ciliares do sertão nordestino sendo
encontrado nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Atualmente vem se
pesquisando o uso do seu óleo para fins como biodiesel, biolubrificantes, sabão, na indústria
farmacêutica, de cosméticos e de tintas e vernizes.

A semente de um fruto de oiticica maduro contém uma amêndoa rica em óleo, com um teor
aproximado de 54% de óleo na amêndoa, utilizado atualmente na indústria de tintas de automóvel e
para tintas de impressoras jato de tinta, além de vernizes e na produção de sabão. Essa espécie pode
ser importante como matéria-prima para produção de biodiesel e para a sustentabilidade do biodiesel

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no Semi-Árido estimulando agricultura familiar, e aliado ao fato da época de colheita ser realizada entre
os meses de dezembro a fevereiro, período de total escassez de renda para a agricultura familiar
(MELO, 2006).

O Brasil se destaca mundialmente em tecnologia de combustíveis renováveis, pois dedica suas


pesquisas na busca de novas fontes de energia (Freire, 2007). A produção de biodiesel de origem
vegetal é muito estudada em nosso país por ser o Brasil um país rico em diversidade vegetal com
capacidade para produção de biodiesel.

Os óleos brutos são óleos extraídos de sementes por diferentes processos. A degomagem é
um processo de tratamento/refino do óleo, utilizado para retirar as impurezas e as gomas (fosfatídeos)
do mesmo.

A produção do biodiesel foi realizada via esterificação, que é uma reação química reversível na
qual um ácido carboxílico reage com um álcool produzindo éster e água.

A reologia é a ciência que estuda a deformação e o escoamento da matéria. E o estudo do


comportamento reológico é muito importante para produtos acabados. A deformação de um líquido é
caracterizada por leis que descrevem a variação contínua da taxa de deformação em função das forças
ou tensões aplicadas (MACHADO, 2002).

O objetivo deste trabalho é verificar a influência da degomagem sobre a acidez, viscosidade e


esterificação do óleo de oiticica, caracterizando assim este óleo para uso na produção de biodiesel.

METODOLOGIA

A caracterização do óleo de oiticica foi realizada seguindo as etapas de tratamento/refino para


retirada dos fosfatídeos (gomas) e das impurezas do óleo, centrifugação para separação das fases,
esterificação para tratamento da acidez e diminuição da viscosidade, lavagem para retirada do
catalisador e secagem a vácuo para retirada de água e álcool adicionados durante o processo. O
método de degomagem realizado em nosso estudo foi aquoso, adaptado de (MORETTO, 1998).
Utilizamos uma adição de 10 % de água deionizada, em relação à massa de óleo, ao óleo aquecido a
70 °C e agitamos a 350 rpm durante 30 minutos. A separação das gomas se deu por decantação
seguida de centrifugação.

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A esterificação aqui realizada usou o álcool metílico e o ácido sulfúrico e Metilsulfônico como
catalisadores. A temperatura da reação foi de 55 ºC, o tempo de reação de 60 minutos, o percentual de
ácido foi de 1% e a relação (m/m) Metanol:óleo foi de 6:1 e 12:1. O estudo reológico foi realizado em
um reômetro da marca Brookfield, modelo LVDV-III, com adaptador para pequenas amostras. As
rotações utilizadas foram acrescidas de 25 em 25 rpm até 250 rpm e os spindle utilizado para o óleo foi
o 31. O banho térmico acoplado ao reômetro para controle de temperatura foi um CIENTEC CT-269,
com recirculação. A temperatura utilizada foi de 40 ºC. A caracterização do óleo de Oiticica purificado
por degomagem aquosa (DGA) foi realizada utilizando as análises de acidez e viscosidade a 40 ºC. A
acidez foi determinada por titulação, utilizando KOH, seguindo a norma ASTM D664. O
comportamento reológico foi caracterizado pela curva de fluxo do óleo de oiticica, onde analisamos a
viscosidade do fluido pela taxa de cisalhamento aplicada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A acidez do óleo é uma característica química que varia com o tipo e a qualidade da matéria-
prima, com o tempo de estocagem e com a presença de gomas (fosfatídeos) entre outras substâncias.

De acordo com os resultados dos experimentos de esterificação, apresentados na Tabela 1, a


relação A:O exerce influencia no processo de esterificação e consequentemente na acidez,
apresentando um melhor resultado a relação A:O de 12:1 com um rendimento de 62,69%.

Observou-se na Tabela 2 que o tratamento/refino por degomagem aquosa do óleo foi eficiente,
reduzindo o seu valor de acidez. Na reação de esterificação, obteve-se uma redução de acidez de
43,37%, reduzindo de 20,54 para 11,63 mg KOH/g de óleo.

Quanto à viscosidade, obteve-se um aumento de 36,63% durante o processo de degomagem,


provavelmente atribuída à composição do óleo de oiticica, conforme dados apresentados na Tabela 3.

De acordo com a curva de viscosidade apresentada na Figura 2, o óleo de oiticica apresenta


um comportamento de viscosidade newtoniano, o que é esperado, pois já se tem conhecimento que o
biodiesel, em sua maioria, apresenta comportamento newtoniano.

CONCLUSÃO

Conclui-se que foi obtida uma redução na acidez do óleo de oiticica de 23,6 para 20,5 mg
kOH/g com a degomagem e uma redução para 11,6 após a esterificação em meio ácido. Contudo, a

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acidez continua elevada, necessitando de um segundo tratamento via esterificação para reduzir a
acidez a um valor menor do que 1% conforme a resolução nº07 da ANP.

Conclui-se ainda que a relação A:O exerce influência no processo de esterificação tendo
apresentado melhor resultado em nosso estudo a Relação A:O 12:1.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MELO, J. C. et al, . Produção de biodiesel de óleo de oiticica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE


TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 2., 2007, Brasília, DF. Anais..Brasília, DF: MCT/ABIPTI, 2006. p. 165-
167.
FREIRE, L.M.S. et al. Estudo Termo-Oxidativo e Caracterização Físico-Química do Biodiesel de
Pinhão-Manso. II Congresso da RBTB, UFPB, 2007
MACHADO, J. C. Reologia e escoamento de fluidos – Ênfase na indústria do petróleo. 2002, Rio de
Janeiro: Interciência, 257p.
MORETTO, Eliane; Fett, Roseane. Tecnologia de óleos e gorduras vegetais na indústria de alimentos.
Editora Varela. São Paulo, 1998, 150 p.

Tabela 1 - Resultado dos testes de esterificação analisando a relação A:O e o tipo de ácido.

Acidez (mg NaOH/g) Rendimento


Teste A:O Ácido
(%)
0min. 05 min. 10min. 15min. 30min. 45min. 60min.
1 6:1 Sulfúrico 11,4998 9,5512 9,144 9,8961 10,3737 8,2791 7,451 35,21
2 6:1 MetilSulfônico 8,9842 10,2035 8,7643 7,6895 7,7729 7,263 7,2295 19,53
3 12:1 Sulfúrico 9,2578 7,7757 6,3982 4,7659 3,9681 3,6317 3,4538 62,69
4 12:1 MetilSulfônico 7,2647 5,3725 5,1467 4,3695 3,5991 3,5252 3,3680 53,64

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Figura 1 - Comparação da relação A:O e do tipo de ácido no processo de esterificação.

Tabela 2 - Índice de Acidez em mg KOH/g de óleo de oiticica.

Discriminação Índice de Acidez


Óleo Bruto 23,66 + 0,99
Óleo DGA 20,54 + 0,28
Óleo Esterificado (Metanol) 11,63 + 0,03

Tabela 3 - Viscosidade a 40 ºC do óleo de oiticica em cP.

Discriminação Viscosidade 40 ºC
Óleo Bruto 25,55 + 1,32
Óleo DGA 34,91 + 2,76

Curva de Viscosidade do Óleo de Oiticica

45,00
40,00
35,00
30,00
Viscosity

25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
19,80 26,40 33,00 39,60
Shear rate

Óleo Bruto Óleo 2ªDegomagem

Figura 2 - Curva de viscosidade do óleo de oiticica. Figura 3 - Gráfico 02: (A) Newtoniano, (B)Bingham,
(C), pseudoplástico e (D) dilatante.

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DESENVOLVIMENTO DE CATALISADORES HETEROGÊNEOS PARA TRANSESTERIFICAÇÃO

Juliana K. D. de Souza1 (IC)*, Petrônio F. Athayde Filho1 (PQ), Daniella Iris de O. Silva1 (IC), Bruno
Freitas Lira1 (PQ), Iêda Maria Garcia dos Santos2 (PQ), Antônio Gouveia de Souza2 (PQ)
1Laboratório de Pesquisa em Bioenergia e Síntese Orgânica – LPBS, Dept. Química/ CCEN, UFPB; 2Laboratório de
Combustíveis e Materiais – LACOM, Dept. Química/CCEN, UFPB - *julianak_71@hotmail.com

RESUMO – A transesterificação de óleo vegetal ou gordura animal para a obtenção de biodiesel é um


processo que visa à substituição parcial ou total do óleo diesel derivado do petróleo. A catalise
heterogênea para o processo de transesterificação é interessante devido à possibilidade do uso do
catalisador em mais de um processo. Pesquisas com sílica suportada com potássio mostram boa
eficiência para a obtenção de biodiesel, desta forma Sílica gel de grau cromatográfico (Sigma, 20-60
mesh, 60 Å) impregnada com citrato de potássio foi calcinada a 450 °C por quatro horas, para gerar o
catalisador heterogêneo. O uso do catalisador heterogêneo em percentuais de 6 e 20%, na reação de
transesterificação usando óleo de soja e metanol na proporção 1:15 mostra que a sílica potássica é
eficiente para o processo. O acompanhamento cinético foi realizado pela retirada de amostras no
decorrer da reação para análises de RMN 1H e viscosidade dinâmica a 25 °C. Os estudos de RMN 1H
e de viscosidade indicam que a sílica potássica 6% (em relação à massa do óleo), ocorre
satisfatoriamente em 24 h e esse tempo é diminuído para 4 horas quando se emprega 20% da sílica
potássica.
Palavras-chave – Catálisadores, sílica, transesterificação, biodiesel.

INTRODUÇÃO

O Biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, podendo ser usado em
carros e qualquer outro veiculo com motor diesel (KNOTHE G., et al, 2007). A molécula de óleo
vegetal é formada por três moléculas de ácidos graxos ligadas a uma molécula de glicerina, o que faz
dele um triglicerídeo. O biodiesel é obtido através da transesterificação de óleos vegetais ou gordura
animal, onde o triglicerídeo correspondente reage com um álcool de cadeia curta na presença de um
catalisador. Na transesterificação de óleos vegetais com metanol ou etanol podem ser usados duas
classes de catalisadores, os catalisadores homogêneos e os heterogêneos.

Na catalise homogênea podemos destacar os processos de catálise básica (com hidróxidos e


alcóxidos) e catálise ácida (com ácidos inorgânicos). No processo catalítico homogêneo, a massa

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catalítica permanece dissolvida no meio reacional, devendo ser removida após a síntese, entretanto
esse catalisador não é utilizado novamente, sendo material de descarte e possivelmente mais um
agente de poluição do meio ambiente.

Na catálise heterogênea, o catalisador fica suportado em sólidos e não se dissolvem no meio e


durante a reação. Os catalisadores mais empregados nas catalises heterogêneas são: enzimas
(SANCHEZ F.; VASUDEVAN P.T, 2006), óxidos e oxossais (KAWASHIMA, A.; MATSUBARA, K.;
HONDA, K.; 2008), óxidos impregnados (HUAPING, Z. et al 2006), complexos inorgânicos (ABREU, F.
R.; et AL, 2004), hidróxidos duplos lamelares (LIU, Y. et AL 2007), zeólitas (LECLERCQ, E. et AL 2001)
e resinas fortemente trocadoras de ânions (LÓPEZ, D. E. et all 2007). A grande vantagem da catalise
heterogênea é a separação do catalisador da fase reacional após a síntese e ainda podendo ser
reutilizado, ou seja, não e descartado para o meio ambiente.

Pesquisas no campo dos catalisadores heterogêneos mostram que catalisadores de óxidos de


cálcio são promissores para o processo de transesterificação. Outros estudos também mostram que
catalisadores a base sais de potássio suportado em sílica gel, obtido por calcinação de sílica com
acetato de potássio (SiO2-K) a 450 ºC é capaz de transesterificar o óleo de soja em biodiesel etílico
com rendimentos maiores que 85 % (MENEGHETTI, M. R. et aL 2007).

Neste trabalho destacamos o novo uso do ácido cítrico para catalisar o óleo de soja. A reação
de transesterificação via catalise heterogênea com sais de ácidos carboxílico em sílica gel é um
processo de baixo custo e com bom rendimento.

Nesse trabalho desenvolvemos o catalisador heterogêneo de sílica potássica obtido por


calcinação da sílica gel impregnada com citrato de potássio e avaliamos a capacidade de
transesterificar o óleo de soja em biodiesel metílico.

METODOLOGIA

Obtenção do catalisador heterogêneo

Sílica gel de grau cromatográfico (Sigma, 20-60 mesh, 60 Å), foi utilizada como suporte do
catalisador. Inicialmente a sílica foi ativada na estufa a 150 °C por 8 h, citrato de potássio (Aldrich,
99,0%), foi utilizado como fonte de potássio para impregnar a sílica gel e metanol (Sigma PA, 99,8%)
foi utilizado para homogeneizar a mistura a massa sílica/citrato.

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Em um balão de vidro contendo 5 g de sílica gel previamente ativada foi suspensa em 35 mL


de metanol e se adicionou 1,5 g de citrato de potássio previamente dissolvido em 35 mL de metanol. A
mistura obtida foi agitada magneticamente e mantida sob refluxo por 12 h. O volume de álcool foi
reduzido por rotaevaporação e massa homogeneizada foi transferida para uma cápsula de porcelana
aquecida a 80 ºC por mais 24 h para evaporar o resto do solvente e retirar algum traço de umidade. A
sílica impregnada com citrato de potássio foi então calcinada em uma mufla a uma temperatura
máxima de 450 ºC por 4 h e a razão de temperatura foi de 5 °C/min. O material calcinado denominado
SiO2-K, é um pó finíssimo de cor acinzentada, que finalmente foi armazenado em um dessecador.

Avaliação do Catalisador para Reação de Transesterificação

As reações de transesterificação com catalisador a 6% e 20% em relação à massa do óleo,


foram realizadas usando óleo de soja e metanol como reagentes, numa razão molar de 15:1
álcool/óleo.

Reação de Transesterificação com catalisador. (Metodologia Geral)

Em um balão de fundo redondo de 100 mL, adaptado com um condensador de refluxo e sob
agitação magnética, foram adicionados 30 g de óleo de soja, 16,5 mL de metanol e catalisador SiO2K
(1,8 g - 6% e 6 g - 20%). A mistura reacional foi agitada e aquecida a temperatura de refluxo por até 24
horas. Alíquotas de 1 mL foram retiradas para acompanhar a cinética da reação por RMN 1H. Para a
reação com 20% de catalisador, amostras foram retiradas nos intervalos de uma em uma hora até seis
horas e para a reação com 6% de catalisador as amostras foram retiradas em 6, 12, 18 e 24 horas de
reação. As alíquotas foram centrifugadas, ocorrendo à formação de três fases, constituída pelo o
catalisador solido SiO2-K, glicerina e biodiesel. Depois de retirar a glicerina e o catalisado, o biodiesel
foi transferido para um funil de separação e então lavado com água destilada para eliminar alguns
traços de glicerina e de álcool. O biodiesel lavado foi tratado com sulfato de sódio anidro e então
submetido para estudo de RMN 1H (Espectrômetro Varian operando em 60 MHz). As viscosidades
(dinâmicas) foram medidas no viscosímetro (Brookfield) a 25 °C.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação do catalisador heterogêneo de Sílica Potássica no processo de transesterificação


foi determinada empiricamente pelo teor de biodiesel metilico de soja obtido. A taxa de conversão do
óleo em biodiesel foi determinada por RMN 1H, onde se analisou os dois deslocamentos químicos que

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se referem aos hidrogênios glicerinicos e aos hidrogênios metílicos. Desta forma o desaparecimento do
multipleto em 4,17 ppm e aparecimento do simpleto em 3.51 ppm indicam que a reação de
transesterificação esta ocorrendo pela eficiência do catalisador. Os estudos mostram que o catalisador
é apropriado para esterificar óleos fixos, porem a eficiência do catalisador parece ser dependente do
teor de potássio é do tempo de reação. Os espectros de RMN 1H mostram que ao decorre do tempo,
os sinas dos hidrogênios glicerinicos vão desaparecendo gradualmente e da mesma forma um singleto
em 3.51 ppm referente aos hidrogênios metílicos vão surgindo devido a formação do biodiesel. Na
transesterificação com 6% de catalisador a formação de biodiesel só foi detectada após 6 horas do
inicio da reação e o maior teor de biodiesel ocorreu após 24 horas de reação, entretanto para a reação
com 20% de catalisador o biodiesel é detectado já na primeira hora e a conversão é máxima após 5
horas de reação. O espectro de RMN 1H é característico para o biodiesel metílico. A reação catalisada
com 6% de SIO2 -K (Figura 1) indica uma excelente taxa de conversão (singleto 3,51 ppm), porém é
verificado ainda uma pequena quantidade de alcilglicerido devido a presença do pequeno multipleto em
4,17 ppm.

A viscosidade é um parâmetro de especificação do Biodiesel. Os estudos da viscosidade


dinâmica do biodiesel catalisado com SIO2-K mostrou uma diminuição com o decorrer do tempo de
reação em relação ao óleo de soja que é de 47,2 cP. A viscosidade do óleo de soja e do biodiesel puro
(4.4 cP) servem de parâmetro na avaliação do catalisador de SIO2-K,usado para a transesterificação.
Os resultados de viscosidade indicam que o catalisador de SIO 2-K foi efetivo com uma taxa de
conversão de quase 100%. As respectivas viscosidades das alíquotas referentes às reações de
transesterificações com 6% e 20% de catalisador estão apresentadas na Tabela 1.

CONCLUSÃO

Os Estudos de RMN 1H mostram que o novo catalisador heterogêneo de sílica potássica é


eficiente para converte óleos fixos em biodiesel. A eficiência da catalise é proporcional à quantidade do
catalisador utilizado. Usando 6% de catalisador, o biodiesel é obtido após seis horas de reação
enquanto que na reação com 20% de catalisador a taxa conversão do óleo em biodiesel é quase total,
nesse mesmo tempo de reação. O estudo de RMN 1H corrobora com os estudos de viscosidade. As
analises das viscosidades mostram que há uma grande diferença de viscosidades entre o óleo de soja
(47,2 cP, 25 °C) e dos biodieseis. A viscosidade dos biodieseis mostram uma diminuição significativa
em relação à viscosidade do óleo de Soja (47,2 cP, 25 °C) e ainda indica que o catalisador é eficiente
para a obtenção de biodieseis pois obtivemos biocombustível com viscosidade (4,5 cP, 25°C) similar a
do biodiesel puro (4,4 cP, 25 °C).

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Figura – 1. Espectro referente ao deslocamento química, reação de 24h catalisada a 6%.

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Tabela 1 - Viscosidades (cP) dos biodieseis catalisados com SIO2K e os respectivos tempo de reação.

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EFEITO DOS BLENDS DE ÁLCOOL NO MÉTODO DE SEPARAÇÃO GLICEROL/BIODIESEL DE


OGR ADQUIRIDO VIA ROTA ETÍLICA
Danielle Barbosa de Matos1; Patrícia Carmelita Gonçalves da Silva 1; Rosivânia da Paixão Silva
Oliveira 1 ; Gabriel Francisco da Silva 1
1Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Engenharia Química - danibarb.eng@hotmail.com

RESUMO – A utilização de etanol é um fator de resistência na cadeia produtiva do biocombustível,


principalmente por sua desvantagem de ser higroscópico e formar um azeótropo com a água,
direcionando parte da reação de transesterificação por catálise alcalina homogênea para a formação
de sabões, devido à presença de água no processo de síntese. Outro aspecto negativo em se utilizar o
etanol é o fato deste facilitar a formação de uma emulsão estável entre os principais produtos da
transesterificação: glicerol e biodiesel, tornando complicado o processo de separação dos produtos.
Uma das soluções simples para contornar este problema é a adição de metanol ao saco reacional, o
que promove a quebra da emulsão, separando o restante do glicerol formado. O presente trabalho foi
conduzido de maneira semiquantitativa com o objetivo de observar o efeito das proporções dos blends
no processo de separação do biodiesel/glicerol. Como esperado, experimentos realizados com as
diferentes proporções dos blends mostraram maiores eficiências na separação do glicerol/biodiesel.
Palavras-chave – Biodiesel, blends, glicerol, etanol, metanol.

INTRODUÇÃO

Estudos sobre o emprego de fontes renováveis de energia tem sido intensificados nos últimos
anos, motivados especialmente pela escassez e alta do preço do petróleo bem como pelas
preocupações sobre as mudanças climáticas globais. Entre as fontes renováveis, tem recebido grande
atenção os derivados da biomassa, como o Biodiesel (BRANDER Jr. et al, 2010).

O biodiesel é considerado um importante substituto do diesel de petróleo por possuir


propriedades físico-químicas semelhantes, tendo como principais vantagens: a diminuição da emissão
de poluentes, ser uma fonte renovável de energia e possibilitar uma redução significativa das
importações de diesel em países dependentes desse derivado e que possuam um alto potencial
agrícola, como o Brasil (FUKUDA et al, 2001).

Quimicamente, o biodiesel é definido como sendo uma mistura de mono- ou di-alquil ésteres de
óleo vegetal ou gordura animal. É obtido geralmente por transesterificação que consiste na reação dos
triacilglicerídeos, constituintes destas matérias primas, com metanol ou etanol, na presença de um

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catalisador (GARCIA et al, 2006). Além disso, pode ser sintetizado por outros processos como
esterificação, pirólise e emulsificação, sendo o processo de transesterificação mais utilizado, por
apresentar fatores técnicos e econômicos mais viáveis (CANDEIA et al, 2010).

A utilização de resíduos de óleo e de gordura vegetal hidrogenada oriundos de frituras - OGR -


como matéria-prima para o biodiesel tem sido bastante estudada e sua viabilidade técnica comprovada
(MENDES et al, 1989).

Em se tratando do álcool utilizado na transesterificação, o etanol é o mais empregado, pois,


além de ser biodegradável, é produzido em grande escala no Brasil. Contudo, ele facilita a formação de
uma emulsão estável entre os principais produtos da transesterificação: glicerol e biodiesel, tornando
complicado o processo de separação dos produtos. Estudos revelam que uma das soluções simples
para contornar este problema é a adição de metanol ao saco reacional, o que promove a quebra da
emulsão, separando o restante do glicerol formado.

O presente estudo tem como objetivo a observação do efeito das proporções dos blends no
processo de separação do biodiesel/glicerol.

METODOLOGIA

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Tecnologias Alternativas do


Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Sergipe. O óleo residual utilizado
sofreu um processo de filtração com o intuito de retirar partículas sólidas inerentes à reação.

O processo de transesterificação foi realizado através da rota etílica alcalina convencional,


utilizando uma razão molar de 1:6 de álcool; 1g de catalisador e 100g de óleo. Inicialmente, dissolveu-
se o catalisador no álcool, sob agitação constante, até a aparência se tornar homogênea. Os processos
de transesterificação foram conduzidos sob temperatura ambiente e agitação constante, pelo período
de uma hora. Os procedimentos foram repetidos utilizando-se percentagens de blends de
metanol/etanol em quantidades equivalentes a 5/95, 10/90, 15/85, 20/80, 25/75, 30/70, 35/65, 40/60,
45/55 e 50/50, em volume, respectivamente, como ilustra a Figura 1.

As análises físico-químicas estudadas foram índice de acidez e viscosidade, utilizando


viscosímetro do tipo Cannon-Fenske de diâmetro capilar de 150 nm.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como o trabalho foi conduzido de maneira semiquantitativa, não foram realizadas análises
cromatográficas dos blends. Primeiramente, realizaram-se dois experimentos, um via rota etílica e outro
via rota metílica. Como esperado, o glicerol não se separou do biodiesel na reação envolvendo apenas
etanol. Com relação ao experimento utilizando metanol, ocorreu saponificação do óleo. Uma explicação
plausível para o ocorrido se deve ao excesso de catalisador no processo de transesterificação, sendo
necessário um estudo para otimização da concentração do catalisador.

Nos experimentos realizados, observou-se que a introdução do metanol ao saco reacional


promoveu uma melhor e rápida separação glicerol/biodiesel, como pode ser observado na Figura 2. Um
dos motivos para este acontecimento está no fato da cadeia do metanol ser menor que a do etanol,
acelerando a reação de transesterificação.

Cálculos do rendimento mássico foram realizados e mostraram uma eficiência de 58,389g, em


média, a pesar da perda do rendimento na fase de lavagem para a purificação do biodiesel em que
foram formados sabões no processo. O experimento utilizando 20% de metanol apresentou o melhor
rendimento e o que utilizou 50% apresentou o menor, como ilustrado na Figura 3.

Foram escolhidos o índice de acidez e viscosidade por serem as principais análises para
avaliar o biodiesel. As caracterizações físico-químicas do biodiesel foram determinadas de acordo com
métodos estabelecidos pela ANP (Agencia Nacional de Petróleo, Gás e Bicombustíveis). Os resultados
das análises do óleo bruto estão expostos na Tabela 1.

Os resultados do índice de acidez para os blends estão ilustrados na Figura 4. Como se pode
observar, esse parâmetro químico se encontra dentro do limite das especificações estabelecidas pela
ANP, com exceção do blend 50/50 que apresentou um alto índice de acidez. Isto pode ter ocorrido
devido ao caráter higroscópico do etanol, ocasionando reações de hidrólises e, conseqüentemente,
aumentando o teor de AGL (ácidos graxos livres).

Com relação à viscosidade, os resultados estão descritos na Figura 5. Pode-se observar que
este também atendeu às especificações de acordo com a Tabela 2. Houve uma significativa diminuição
entre a viscosidade do óleo bruto exposto na Tabela 1 e as viscosidades do blends.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados, foi verificado que a presença do metanol no saco reacional
promoveu um melhor resultado na separação biodiesel/glicerol. A melhor proporção foi de 20/80 (%) e a

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pior foi 50/50 (%), mostrando que o aumento da proporção de metanol invibializa a reação. Além disso,
tal estudo oferece uma utilidade aos óleos e gorduras residuais, contribuindo assim com a proteção do
meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDER Jr, W.; MELO, J. C.; CAMPOS, R. J. A.; FILHO, P.; JOSÉ, G.; SCHULER, A. R. P.;
STRAGEVITCH, L. Produção de Biodiesel de Óleo de Pinhão Manso. Disponível em: <
http://www.xicoreeq.eq.ufrn.br/aceitos/RC05.pdf> Acesso em: 14 de abril de 2010.
CANDEIA, R. A.; FREITAS, J. C. O.; CONCEIÇÃO, M. M.; SILVA, F. C.; SANTOS, I. M. G.; SOUZA, A.
G. Análise Comparativa do Biodiesel Derivado do Óleo de Soja obtido com Diferentes Álcoois.
Disponível em <
http://www.biodiesel.gov.br/docs/congressso2006/Armazenamento/AnaliseComparativa2.pdf > Acesso
em: 14 de abril de 2010.
FUKUDA, H., KONDO, A., NODA, H.; Biodiesel fuel production by transesterification of oils. Journal of
Bioscience and Biengineering, 92, 5, 405-416, 2001.
GARCIA, C. C.; COSTA, B. J.; VECHIATTO, W. W. D.; ZAGONEL, G. F.; SUCHEK, E. M.
ANTONIOSIE FILHO, N. R.; LELES, M. I. G. Estudo comparativo da estabilidade oxidativa de
diferentes biodiesel por termogravimetria (TG) e teste rancimat. In: I Congresso da Rede Brasileira de
Tecnologia do Biodiesel. Brasilia, 2006.
MENDES, A.P.C.S., Emprego de Óleos Vegetais Para Fins Carburantes. Belo Horizonte: Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), 1989.

Figura 1- Fluxograma Simplificado do Processo Experimental.

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Figura 2 – Efeito dos Blends.

Figura 3 - Rendimento Mássico (g).

Tabela 1 – Resultado das Análises do Óleo Bruto


Análises Valor

Viscosidade Cinemática a 40 ºC (mm2/s) 30,64

Índice de Acidez
0,520
(mg KOH/g)

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Figura 4 - Índice de acidez dos Blends.

Figura 5 – Resultado das Viscosidades.

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EFICIÊNCIA DO USO DA TERRA NA ASSOCIAÇÃO DE CULTURAS PARA PRODUÇÃO DE


BIODIESEL EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO FAMILIAR 1

Flávio de Oliveira Basílio1; José Simplício de Holanda2; Miguel Ferreira Neto3; Tarcísio Batista Dantas4
1 – Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Ciência do Solo – Bolsista de extensão no país 3 – Universidade Federal Rural
do Semi-Árido/UFERSA – CP 137, CEP 59625-900 – Mossoró, RN – flapanema@yahoo.com.br; 2 – Engenheiro
Agrônomo – Doutor – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte/EMPARN – Unidade Regional de
Pesquisa de Natal, CP 188, CEP 59074-600 – Natal, RN; 3 – Engenheiro Agrônomo – Doutor – Departamento de Ciências
Ambientais/DCA – Universidade Federal Rural do Semi-Árido/UFERSA – CP 137, CEP – 59625-900 – Mossoró, RN; 4 –
Geógrafo, Mestrando em Ciência do Solo – Bolsista de extensão no país 3 – Universidade Federal Rural do Semi-
Árido/UFERSA – CP 137, CEP – 59625-900 – Mossoró, RN

RESUMO – Um experimento de campo foi desenvolvido no período de abril de 2009 a maio de 2010, na
Fazenda Morrinhos, município de Nísia Floresta, Estado do Rio grande do Norte. O trabalho teve como
objetivo geral desenvolver sistemas de manejo para culturas oleaginosas para produção de biodiesel
tendo o coqueiro hÍbrido (Cocos nucifera L.), como cultura principal associada com girassol, mamona,
amendoim, pinhão e soja para produção de óleo em sistemas familiares sob cultivo de sequeiro e
fertirrigado. As variáveis medidas equivalem ao 9° mês de condução do experimento e ao 11°ano de
cultivo do coqueiro. O delineamento experimental usado foi o de blocos ao acaso com cinco
tratamentos (em consórcio) e seis (cultivo solteiro) com três repetições. Foram utilizadas parcelas de
768 m² com 12 coqueiros (espaçados de 8,0 m x 8,0m em quadrado), nos sistemas consorciados. Os
cultivos solteiros e com pinhão manso foram plantados em uma área de 240 m² por parcela e o ensaio
teve uma área útil de 1,602 ha. A variável pesquisada compreendeu essencialmente a produção de
bio-óleo dos sistemas pesquisados quantificando-se o rendimento por sistema de produção,
estimando-se a eficiência do uso da terra (EUT). Os resultados referentes à produção de óleo entre
tratamentos favorecem a associação das oleaginosas com o coqueiro sobressaindo o consórcio coco x
soja com um incremento de 21% em relação ao cultivo solteiro.
Palavras-chave – biodiesel, coqueiro, uso da terra.
INTRODUÇÃO

Os impactos negativos dos combustíveis fósseis sobre o clima causando o efeito estufa e
tendo em conseqüência fenômenos climáticos cada vez mais freqüentes e mais severos assustam o
mundo e servem de argumentos pela sua substituição. Então a busca de uma alternativa energética
para os combustíveis fósseis depende de que sejam avaliadas fontes renováveis e ―limpas‖ produzidas
pela natureza. Neste contexto, o biodiesel se enquadra como bicombustível limpo, renovável e

1UFERSA – Universidade Federal Rural do Semi-Árido; EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do
Norte; CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

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confiável, podendo fortalecer a economia do país gerando mais empregos além de agregar valores às
oleaginosas, abrindo assim novo mercado para estas culturas (BIODIESELBRASIL, 2005).

Oleaginosas com teor de óleo acima de 40% são desejáveis por permitirem a extração com
mais facilidade e menor custo e, as com produção acima de 3 t/há/ano serão mais competitivas como
é o caso das palmáceas.
Segundo Holanda (2004), o biodiesel permite um ciclo fechado de carbono onde o dióxido de
carbono, principal responsável pelo aquecimento global, é absorvido quando a planta cresce e é
liberado quando o biodiesel é queimado na combustão do motor.
Levando-se em consideração estes aspectos, o trabalho teve como objetivo geral desenvolver
sistemas de manejo para culturas oleaginosas para produção de biodiesel tendo o coqueiro hÍbrido
(Cocos nucifera L.), como cultura principal associada com girassol, mamona, amendoim, pinhão e soja
para produção de óleo em sistemas familiares sob cultivo de sequeiro e fertirrigado. As variáveis
medidas equivalem ao 9° mês de condução do experimento e ao 11° anos de cultivo do coqueiro.

METODOLOGIA

Um experimento foi conduzido em pomar de coqueiro híbrido com mais de doze anos de
idade, no período de abril de 2009 a abril de 2010 em área de produtor, situada em neossolo
quartzarênico do município de Nísia Floresta, RN (6° 06‘ S, 35° 09‘ W e 29 m). Segundo a classificação
de Köppen, a área de estudo é caracterizada pela predominância do tipo climático As’, ou seja, clima
tropical chuvoso com verão seco e estação chuvosa se adiantando para o outono. De um modo geral,
as chuvas anuais médias oscilam entre 1.300 a 1500mm nesta região do litoral Potiguar.

O delineamento experimental usado foi o de blocos ao acaso com cinco tratamentos (em
consórcio) e seis (cultivo solteiro) com três repetições. Foram utilizadas parcelas de 768 m² com 12
coqueiros (espaçados de 8,0 m x 8,0m em quadrado), nos sistemas consorciados. Os cultivos solteiros
foram plantados em uma área de 240 m² por parcela e o ensaio teve uma área útil de 1,602 ha.
Durante o período da pesquisa foram realizadas cinco colheitas do coqueiro espaçadas de 45 dias uma
da outra e as amostras de cocos para a realização das seguintes análises de produção: número de
cocos (NC); peso de noz (PNoz) e % de óleo na copra (POC). Os resultados foram interpretados pela
análise de variância utilizando-se o programa ―SISVAR‖ (Ferreira, 2000) para a comparação das
medias de cada variável. As médias das variáveis de produção foram analisadas por teste de média,
com base no teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da variância (Tabela 1) demonstrou que não houve diferença significativa na


produção total de óleo entre tratamentos (p<0,05) o que favorece as associações, não trazendo
prejuízo para a produção do coqueiro. Dessa forma a discussão se dirige para a eficiência do uso da
terra onde se observa vantagens nas associações sobressaindo-se o consórcio coco x soja onde a soja
produziu 21% do óleo obtido em cultivo solteiro, com uma redução da população de plantas de
aproximadamente 40%.

Por outro lado o adicional de resíduo do farelo de soja com potencial de uso na alimentação
animal fortalece o desempenho da associação coco x soja, como também o girassol deve ser lembrado
por apresentar elevado teor de óleo (40%) em sua composição química e o resíduo resultante (torta)
com 22% de proteína bruta pode ser aproveitado na alimentação animal (Oliveira e Vieira, 2004).

Aparentemente através do rendimento apresentado a mamona apresenta condição de ser


explorada em associação com o coqueiro, entretanto a cultivar explorada BRS Energia, apresentou um
crescimento fonológico exagerado e houve alta mortalidade de plantas, comprometendo seu stand
reduzindo sua população ao final do período em cerca de 22%.

CONCLUSÃO

Não houve diferença significativa na produção total de óleo entre tratamentos o que favorece a
associação das oleaginosas sem causar prejuízos à cultura do coqueiro.

A eficiência do uso da terra (UET) mais elevado foi registrada no consórcio coco x soja onde a
soja produziu 21% do óleo obtido em cultivo solteiro.

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EMBRAPA - Situação Atual e Perspectivas para a Cultura do Coqueiro no Brasil - Centro de


Pesquisa Agropecuária dos Tabuleiros Costeiros, n° 94, Aracajú, SE, 2006.
FERREIRA, D.F. Sistema de análises de variância para dados balanceados. Lavras: UFLA, 2000.
HOLANDA, Ariosto. Biodiesel e Inclusão Social. Brasília: Câmara dos Deputados, 2004.

OLIVEIRA, M.F., VIEIRA, O.V. Extração de óleo de girassol utilizando miniprensa. Londrina: Embrapa
soja, 2004, 24p.In: SILVA, Ricardo Alencar da. Comportamento vegetativo, produtivo e nutricional
do coqueiro anão verde fertirrigado com nitrogênio e potássio. Areia – UFPB. 2005. p. 4 – 22.
Tese (Doutorado em Agronomia). Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba.

Tabela 1. Preços Eficiência do uso da terra e síntese da análise estatística da produção de óleo em nove meses de cultivos associados
de oleaginosas. Nísia Floresta – RN, 2010.
Tratamentos Prod. Óleo (kg/há) Relação Eficiência Uso Terra Total Óleo
Coco Consorcio Coco Consórcio Soma (Kg/ha)
Coco Girassol 2.553 176 1,03 0,13 1,16 2.729
Coco Mamona 2.446 174 0,99 0,15 1,14 2.620
Coco Solteiro 2.479 - 1,00 - 1,00 2.479
Coco Soja 2.314 148 0,93 0,21 1,14 2.462
Coco Pinhão 2.351 13 0,95 0,08 1,03 2.364
Coco Amendoim 2.056 117 0,83 0,08 0,91 2.174
Teste F0,05 2,96 ns
DMS - Tukey0,05 524
C.V. % 7,9
Fonte: Associação de oleaginosas, 2010.

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ESTUDO COMPARATIVO DA INFLUÊNCIA DO ANTIOXIDANTE NA ESTABILIDADE OXIDATIVA


DO BIODIESEL POR TERMOGRAVIMETRIA E PETROOXY

Luzia Patrícia Fernandes de Carvalho Galvão1; Edjane Fabiula Buriti Silva1; Amanda Duarte Gondim1;
Valter Jose Fernandes Junior1; Antonio Souza Araujo1
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte,Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes Departamento de Química,
Natal, RN, 59072-970 - patriciaquimica@yahoo.com.br

RESUMO - O biodiesel, um combustível alternativo produzido a partir da reação de transesterificação


de óleos vegetais ou gorduras animais, é composto por ligações saturadas e insaturadas, derivado do
monoalquil éster de ácidos graxos de cadeia longa. A quantidade de ácidos graxos insaturados na sua
composição esta relacionada à matéria-prima utilizada, que viabiliza a aceleração da reação de
oxidação pela exposição ao oxigênio em altas temperaturas, produzindo compostos poliméricos
prejudicando motores. Em função disso, a estabilidade à oxidação tem sido foco de inúmeras
pesquisas. Este trabalho investigou eficiência dos antioxidantes, -tocoferol e BHT, através da
estabilidade térmica do biodiesel de mamona através de um estudo comparativo por termogravimetria
(TG-DTA) e oxidativa por PetroOXY. Através dos resultados obtidos por termogravimetria e PetroOXY,
a amostra de biodiesel contendo o BHT como antioxidante, apresentou uma melhora significativa em
relação à estabilidade térmica e oxidativa do biodiesel quando comparada com a amostra não
aditivada. No entanto, as amostras contendo o -tocoferol mostrou uma baixa eficiência como
antioxidante para o biodiesel de mamona.
Palavras-Chaves: Estabilidade, Antioxidante, Termogravimetria e PetroOXY.

INTRODUÇÃO

Desde séculos passados, os combustíveis derivados do petróleo têm sido a principal fonte de
energia mundial. No entanto, previsões de que esse recurso deva chegar ao fim, somada com as
preocupações com o meio ambiente, têm provocado a busca de fontes de energia renovável
(GHASSAN et al., 2003). Nesse contexto temos o biodiesel, um combustível alternativo, competitivo
economicamente, ambientalmente saudável e de fácil disponibilidade (GERPEN, 2005; KNOTHE,
2005; MEHER et al., 2006).

O biodiesel é definido pela ―National Biodiesel Board‖ como derivado mono-alquil éster de
ácidos graxos de cadeia longa, proveniente de óleos vegetais ou gordura animal, cuja utilização está

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associada á substituição de combustíveis fósseis em motores de ignição por compressão (motores do


ciclo diesel) (NATIONAL BIODIESEL BOARD, 1998).

Além de ser totalmente compatível com o diesel de petróleo em praticamente todas as


propriedades, o biodiesel ainda apresenta várias vantagens adicionais em comparação com este
combustível fóssil, tais como: (1) derivado de matérias-primas renováveis de ocorrência natural,
biodegradável; (2) redução nas principais emissões presentes nos gases de exaustão (com exceção
dos óxidos de nitrogênio);(3) possui um alto ponto de fulgor, o que lhe confere manuseio e
armazenamento mais seguros; (4) apresenta excelente lubricidade (KNOTHE et al, 2006). No entanto,
o biodiesel é susceptível à oxidação quando exposto ao ar e este processo de oxidação, afeta a
qualidade do combustível, principalmente em decorrência de longos períodos de armazenamento. Em
função disso, a estabilidade à oxidação do biodiesel tem sido objeto de inúmeras pesquisas.

A estabilidade oxidativa é expressa como o período de tempo requerido para alcançar o ponto
em que o grau de oxidação aumenta abruptamente. Este tempo é chamado Período de Indução,no
qual é expresso em horas. Os métodos mais conhecidos para determinação da estabilidade oxidativa
são: Rancimat e o OSI. O grande inconveniente na determinação da estabilidade oxidativa utilizando
estes métodos está no tempo de análise (TAN et al., 2002; VELASCO et al., 2004).

Muitos pesquisadores têm procurado por técnicas mais rápidas para a determinação do
período de indução de óleos, e muitos estudos têm sido feitos utilizando a Calorimetria Exploratória
Diferencial (DSC), uma vez que a oxidação é um fenômeno exotérmico. Entretanto, estudos mostram
que as curvas TG podem ser importantes pra verificar a estabilidade térmica. Geralmente, óleos cuja
curva TG aponta para uma menor estabilidade térmica apresentaram também uma estabilidade
oxidativa menor (RUDNIK et al., 2001).

A PetroOXY é um novo método que tem sido estudado para avaliar a estabilidade oxidativa de
combustíveis líquidos. Este método tem a vantagem de apresentar boa repetibilidade nos resultados e
menos tempo de análise, comparado ao método Rancimat.

A adição de antioxidante tem sido identificada como capaz de aumentar a estabilidade do


biodiesel ao armazenamento. Existem vários estudos para se retardar a oxidação ou aumentar o tempo
de indução do biodiesel, aditivando-o com antioxidantes naturais, -tocoferol, e sintéticos como: BHT
(2,6-di-tert-butil-4-metilfenol), TBHQ (2-tert-butil-hidroquinona), BHA (3-t-butil-4-hidroxianisol), TBHQ (2-
tert-butil-hidroquinona), pirogalol (1,2,3-trihidroxibenzeno) e PG (propil galato).

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O objetivo deste trabalho foi avaliar a estabilidade térmica e oxidativa do biodiesel de mamona
por TGA-DTA e o método PetroOXY, investigando a eficiência dos antioxidantes, -tocoferol e BHT, no
aumento a resistência à oxidação do biodiesel.

METODOLOGIA

O biodiesel metilico oriundo do óleo de mamona foi obtido através da reação de


transesterificação via catalise homogênea, com razão molar (1:6) de óleo de mamona/álcool metílico e
1% de KOH. Para estudar a influência dos antioxidantes, -tocoferol e BHT, na estabilidade oxidativa
do biodiesel, foi realizada adição de 2000ppm para cada antioxidante anteriormente citado.

As análises termogravimétricas foram realizadas em uma termobalança Mettler Toledo, modelo


TGA/SDTA–851 com variação de temperatura de 30 a 600 ºC e razões de aquecimento de 10 ºC/min,
sob atmosfera dinâmica de ar sintético, com vazão de 30 mL/min, utilizando cadinho de alumina de 900
ul e massa da amostra de aproximadamente 60 mg.

A análise para determinação do período de indução foi executada usando o equipamento


modelo PetrOXY, da Petrotest. Neste foi colocado um volume de aproximadamente 5mL de amostra,
sob pressão atmosfera de oxigênio puro a 650 kPa em temperatura ambiente. Ao estabilizar a pressão,
a temperatura foi elevada até 140 °C na qual deu início ao processo de absorção do oxigênio pela
amostra. O final da análise de estabilidade oxidativa é registrado quando se atinge o tempo necessário
para a que a amostra absorva 10 % da pressão de oxigênio à qual foi submetida no procedimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com as curvas TG/DTG das amostras de biodiesel apresentadas nas Figuras 1 e 2,
pode-se verificar as temperaturas de decomposição térmica do biodiesel de mamona correspondentes
para cada amostra analisada. As amostras analisadas foram: biodiesel sem antioxidante, biodiesel com
2000ppm de -tocoferol e biodiesel com 2000 ppm de BHT.

Observou-se que o perfil termogravimétrico do biodiesel mamona, apresentou um único evento


de decomposição térmica, no qual é referente à volatilização e/ou decomposição dos ésteres metílicos.
Na Tabela 1 consta que a etapa de decomposição térmica de cada biodiesel analisado, apresentou um
discreto deslocamento para a direita das curvas TG das amostras aditivadas, sugerindo a atuação

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positiva dos antioxidantes, principalmente para o aditivado com BHT. No entanto, esse deslocamento
não é muito relevante, pois o biodiesel de mamona apresenta um elevado teor de ésteres metílicos
saturados em sua composição, tornando-o estável em elevada temperatura.

A Figura 3 apresenta o período de indução do biodiesel obtido no PetroOXY para as amostras


de biodiesel. A estabilidade oxidativa do biodiesel sem antioxidante e com 2000ppm de -tocoferol,
mostrou um perfil do tempo de indução muito semelhante. No entanto, o biodiesel com 2000ppm de
BHT, apresentou uma estabilidade oxidativa relevante como mostrado na tabela 2. Com isso, pode-se
perceber que o BHT apresentou uma melhor resistência à oxidação. Mostrando assim, mais eficiente
como antioxidante no processo de retardação da estabilidade oxidativa.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos por termogravimetria e pelo PetroOXY foram comparáveis. A amostra do


biodiesel com 2000ppm de BHT apresentou maior estabilidade oxidativa, por TG, e também o maior
período de indução, pelo PetroOXY. Pode-se constatar que a termogravimetria pode ser utilizada para
avaliar a tendência das amostras ao processo de oxidação do biodiesel. E também verificamos que o
antioxidante BHT apresentou uma melhor eficiência do que -tocoferol para aumentar a estabilidade
termo-oxidativa do biodiesel.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GHASSAN, T. A.; MOHAMAD I. AL-WIDYAN, B.; ALI O, A. Combustion performance and emissions of
ethyl ester of a waste vegetable oil in a water-cooled furnace. Appl. Thermal Eng., v 23, p. 285-293,
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GERPEN, JON VAN. Biodiesel processing and production. Fuel Process Tech, 86, 1097- 1107, 2005.
Knothe, Gerhard. Dependence of biodiesel fuel properties on the structure of fatty acid alkyl esters.
Fuel Process Tech, 86, 1059-1070, 2005.
MEHER, L. C., SAGAR, D. VIDYA & NAIK, S. N. Technical aspects of biodiesel production by
transesterification – a review. Renew Sustain Energy Rev, 10, 248-268, 2006.
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Instituto de Tecnologia do Paraná; Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior;
Curitiba, PR, 19 a 22 de julho 1998; p. 42.
RUDNIK, E., SZCZUCINSKA, A., GWARDIAK, H., SZULC, A. & WINIARSKA, A. Comparative studies
of oxidative stablity of linseed oil. Thermochimica Acta, 370, 135-140, 2001.

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120 5,00E-03

100
0,00E+00
Perda de Massa %

80

-5,00E-03
60

-1,00E-02
40

20
-1,50E-02

0
30 80 130 180 230 280 330 380 430 480 530 580 -2,00E-02
Temperatura °C 30 80 130 180 230 280 330 380 430 480 530 580
Biodiesel sem antioxidante Biodiesel com 2000ppm de Tocoferol Biodiesel sem antioxidante Biodiesel com 2000ppm de Tocoferol
Biodiesel com 2000ppm de BHT Biodiesel com 2000ppm de BHT

Figura 1 - Curvas da TG do biodiesel de mamona. Figura 2 - Curvas da DTG do biodiesel de mamona.

970

950

930
Pressão (kPa)

910

890

870

850
1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101 111 121 131 141 151 161
Tempo (min)
Biodiesel sem antioxidante Biodiesel com 2000ppm de Tocoferol
Biodiesel com 2000ppm de BHT

Figura 3 - Tempo de indução do biodiesel de mamona determinado pelo PetroOXY.

Tabela 1 - Faixa de temperatura de cada amostra do biodiesel, na razão de aquecimento de 10°C/min.

Temperatura °C
Amostra
Evento
Biodiesel sem antioxidante 100-305
Biodiesel com 2000 ppm de -Tocoferol 110-315
Biodiesel com 2000 ppm de BHT 100-315

Tabela 2 - Estabilidade Oxidativa do biodiesel analisados por PetroOXY.

Amostra do biodiesel Tempo de indução (minutos)


Biodiesel sem antioxidante 82
Biodiesel com 2000 ppm de -tocoferol 83
Biodiesel com 2000 ppm de BHT 184

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ESTUDO COMPARATIVO DE MODELOS ESTATÍSTICOS PARA REDUÇÃO DA VISCOSIDADE EM


MISTURA DE BIODIESEIS DE MAMONA E SOJA, USANDO UMA METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE
DE RESPOSTA

Fernanda Mansani da Silva1; Fernanda Rocha Morais1; Gabriel Francisco da Silva1; Ana Eleonora
Almeida Paixão1
1 Universidade Federal de Sergipe; fernanda.mansani@gmail.com

RESUMO – O biodiesel é um combustível oxigenado produzido a partir da transesterificação de


triglicerídeos, presentes em óleos vegetais e gorduras animais. A Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis estabele as propriedades a serem usadas para o controle de qualidade do
biodiesel, dentre essas, destaca-se a viscosidade cinemática. Seu controle garante um funcionamento
adequado dos sistemas de injeção e bombas de combustível. Este trabalho objetiva o estudo
comparativo de modelos estatísticos para redução da viscosidade em misturas de biodieseis (Mamona
e Soja), usando uma metodologia de superfície de resposta – RSM, baseada em planejamentos
fatoriais. Na determinação da viscosidade realizou-se um planejamento fatorial 22, utilizando como
limites de variação mínimos e máximos os seguintes parâmetros: temperaturas 30o C e 50o C e
concentração do biodiesel de referência em relação à mistura 25% e 75%. Através da RSM, foi
possível prever o melhor caminho para se obter um biodiesel com menor viscosidade.
Palavras-chave – Biodiesel, viscosidade, superfície de resposta.

INTRODUÇÃO

Devido às constantes preocupações ambientais, o biodiesel é uma alternativa interessante


como substituição aos combustíveis fósseis, pois seu uso contribui para a diminuição na emissão de
CO2, SOX e hidrocarboneto aromático durante o processo de combustão (ABREU et al 2004).

O biodiesel é um combustível oxigenado produzido a partir da transesterificação de


triglicerídeos, presentes em óleos vegetais e gorduras animais. As propriedades do biodiesel são muito
semelhantes às do diesel, porém apresentam uma alta viscosidade, torna o seu uso in natura, como
combustível, impraticável.

Diante dessa nova realidade, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis -
ANP estabelece as propriedades a serem usadas para o controle de qualidade do biodiesel, bem como

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as especificações e os métodos a serem utilizados. Dentre as propriedades especificadas pela ANP,


pode-se destacar a viscosidade cinemática. A viscosidade cinemática, que também é uma propriedade
fluidodinâmica, expressa a resistência oferecida pela substância ao escoamento sob gravidade (ASTM
D445). O controle da viscosidade de uma substância visa a garantir um funcionamento adequado dos
sistemas de injeção e bombas de combustível.

De acordo com a Resolução ANP Nº 07 de 19.03.2008, a viscosidade cinemática a 40°C foi


limitada à faixa de 3,0 a 6,0 mm2/s, tornando-se necessário um aprofundamento sobre o estudo dessa
propriedade.

O Biodiesel de Mamona possui uma alta viscosidade, por ser proveniente do óleo de Mamona,
constituído em sua maioria pelo ácido ricinoleíco. Isto se deve à hidroxila presente na cadeia carbônica
que induz à ligação de hidrogênio, ligação forte, intermolecular entre a hidroxila e o oxigênio da
carbonila de outro ácido ou a intramolecular, que pode ocorrer na própria molécula entre a hidroxila e a
sua carbonila (ANP).

O Biodiesel de Soja é constituído em sua maioria pelo Ácido Linoléico, que possui maior
número de ácidos graxos insaturados, ocorrendo uma diminuição da viscosidade, pois há um
enfraquecimento da força de dispersão entre as cadeias apolares em decorrência de uma menor área
de contato e interações entre as moléculas (ANP).

O presente trabalho consiste numa investigação do comportamento da viscosidade cinemática


em misturas de biodieseis de mamona e soja, utilizando-se uma ferramenta estatística denominada
Metodologia de Superfície de Resposta (ou RSM) que consiste em uma técnica de otimização baseada
em planejamentos fatoriais que foi introduzida por G. E. P. Box nos anos cinquenta, e que desde então
tem sido usada com grande sucesso na modelagem de diversos processos industriais.

METODOLOGIA

– VISCOSIDADE CINEMÁTICA
Materiais:
Biodiesel de Mamona
Biodiesel de Soja
Métodos:

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A viscosidade cinemática é determinada em aparelhos denominados viscosímetros. Utilizou-se


um Viscosimetro Capilar da Schott-Gerate 150 (Typ 51313), KPG Cannon Fenske, em Banho
Termostático.

O viscosímetro cinemático é constituído, basicamente, de um tubo capilar de vidro pelo qual


escoa o fluido. O diâmetro do tubo deve ser escolhido de acordo com a viscosidade; para cada tubo é
fixado um fator constante ―k‖ para determinar a viscosidade cinemática (ν). O tempo de escoamento (t)
em segundos é anotado quando da passagem do nível do fluido por dois traços de referência no tubo
de vidro e calcula-se:

υ = k . t (cSt ou mm²/s

Para o referido viscosímetro; k = 0,03306 mm²/s

- PLANEJAMENTO FATORIAL

O planejamento fatorial constitui uma ferramenta estatística para realização de estudos, sobre
um determinado fenômeno, que possuam muitas variáveis, de maneira organizada e com objetivos
bem planejados, reduzindo os experimentos a um número mínimo necessário. É usado para estudar
como certos fatores influenciam uma determinada resposta, sendo de importância prática.

O teste F permite a comparação do valor estimado para F a partir dos dados experimentais
com o valor tabelado para uma distribuição de referência.

– METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA (RSM)

A Metodologia de Superfície de Resposta (ou RSM, de Response Surface Methodology), é


uma coleção de técnicas matemáticas e estatísticas usada para a modelagem e análise de problemas
em que uma resposta de interesse é influenciada por várias variáveis e o objetivo é otimizar esta
resposta.

Esta metodologia tem duas etapas distintas – modelagem e deslocamento – que são repetidas
tantas vezes quantas forem necessárias, com o objetivo de atingir uma região ótima da superfície
investigada. A modelagem normalmente é feita ajustando-se modelos simples (em geral, lineares ou
quadráticos) a respostas obtidas com planejamentos fatoriais. O deslocamento se dá sempre ao longo

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do caminho de máxima inclinação de um determinado modelo, que é a trajetória na qual a resposta


varia de forma mais pronunciada (BARROS NETO, 1995).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

VISCOSIDADE CINEMÁTICA UTILIZANDO A METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA.

Modelo Linear:

Inicialmente, foi realizado um planejamento com apenas um ponto central (valores médios nos
intervalos investigados), onde são varridos três níveis de cada fator e não apenas dois, permitindo a
verificação da existência ou não da falta de ajuste para um modelo linear que será obtido.

Para o preparo dos blends de biodieseis foi efetuado um planejamento fatorial 22 a qual estuda
o efeito da temperatura e da concentração do biodiesel de referência (Biodiesel de Mamona) em
relação à mistura (Biodieseis de Mamona e Soja) a serem utilizadas.

A matriz de planejamento apresentada na tabela 1, sobre a mistura de biodieseis de mamona e


soja, possibilitou a elaboração de uma representação gráfica que é a superfície de resposta e o cálculo
dos efeitos dos fatores manipulados sobre a resposta investigada.

As variáveis x1 e x2 representam os valores dos dois fatores codificados pelas equações:

x1 = (T – 40)/10 (Equação 2) e x2 = (C – 50)/25 (Equação 3).

O efeito dos fatores manipulados sobre a resposta investigada, indica a magnitude de variação
da resposta (em mm2/s) de acordo com a variação dos níveis ( + ou - ) dos fatores, como mostra a
tabela 2.

Analisando o teste t, têm-se a equação 4. Verifica-se que que os valores absolutos dos efeitos,
inclusive o de interação, são superiores a t4 x s(efeito), portanto, os mesmos são estatisticamente
significativos, com 95% de confiança, na mistura analisada.

t4 x s(efeito) = 2,776 x 0,108972 = 0,302506 mm2/s (4)

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Através do planejamento experimental, foi obtido o seguinte modelo linear, descrito pela
equação 5.

y = 7,917 – 2,18x1 + 2,473x2 – 0,82 x1x2 (5)

A análise de variância (Tabelas 3) traz dados a respeito da significância estatística deste


modelo linear.

Como o FRcal = MQR/MQr, deve ser maior do que o FR, verifica-se que comparando esse valor
com F3,3 = 9,28 (ao nível de 95%), esse valor indicaria uma regressão significativa, não fosse a
evidência de falta de ajuste, devido ao alto valor de FFaj = MQfaj/MQep, que é muito maior do que o F1,2 =
18,51.

A superfície de resposta e as curvas de nível (Figuras 1 e 2) para o modelo linear indicam que
com o aumento da temperatura há uma redução da viscosidade, e com o aumento da concentração do
Biodiesel de Mamona, a viscosidade tende a aumentar, sugerindo o melhor caminho para se obter uma
mistura de biodiesel com menor viscosidade.

Apesar da redução da viscosidade cinemática, obtido com o auxilio do modelo linear, a falta de
ajuste do modelo não pode ser desconsiderada. Sendo assim, partiu-se para um modelo quadrático.

Modelo Quadrático

Para isto, é necessário que sejam considerado todos os pontos centrais e os pontos axiais, que
é o planejamento em estrela.

A partir dos resultados do planejamento experimental se obteve o modelo quadrático, de


acordo com a equação 6.

y = 7,503 – 1,916x1 + 2,377 + 0,072x12 + 0,557x22 – 0,823 x1x2 (6)

A superfície de resposta e as curvas de nível (Figuras 3 e 4) indicam que com o aumento da


temperatura há uma redução da viscosidade, assim como com o aumento da concentração do
Biodiesel de Mamona, a viscosidade tende a aumentar.

A análise de variância (Tabela 5) traz dados a respeito da significância estatística do modelo


quadrático.

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Como o FRcal = MQR/MQr, deve ser maior do que o FR, verifica-se que comparando esse valor
com F5,5 = 5,05 (ao nível de 95%), esse valor indicaria uma regressão significativa, não fosse a
evidência de falta de ajuste, devido ao alto valor de FFajcal = MQfaj/MQep que é muito maior do que o F3,2
= 19,16.

De acordo com a análise de variância, em relação à porcentagem de variação explicada, que


consiste no quociente SQR/SQT,o modelo quadrático que apresentou 99.11844% de variação
explicada está melhor ajustado às respostas em comparação ao modelo linear que apresentou, por sua
vez, uma porcentagem de variação explicada de 98,078895%.

De acordo com a Resolução ANP Nº 07 de 19/03/2008, que limita a viscosidade cinemática a


40°C, de 3,0 a 6,0 mm2/s apenas o ensaio 11 Mistura de Biodieseis de 15% de Mamona e 85% de Soja
à temperatura de 40Cº, se enquadra nessa especificação.

CONCLUSÕES

Foi de grande importância a elaboração do planejamento fatorial, pois se pode prever o


procedimento experimental, servindo como base para o uso da Metodologia de Superfície de Resposta;

De acordo com a Resolução ANP Nº 07 de 19.03.2008, que limita a viscosidade cinemática a


40°, de 3,0 a 6,0 mm2/s, apenas a mistura de Biodieseis de Mamona e Soja, com 15% de Biodiesel de
mamona, se enquadra nessa especificação;

As misturas dos Biodieseis Mamona e Soja consagram-se como uma boa alternativa para a
diminuição da viscosidade, porém deve-se utilizar uma pequena proporção do Biodiesel de Mamona;

O modelo quadrático se ajusta melhor às respostas obtidas experimentalmente (de acordo com
a ANOVA), em relação ao modelo linear na mistura estudada.

REFERÊNCIAS

ABREU, F. R.; LIMA, D. G.; HAMÚ, E. H.; WOLF,C.;SUAREZ, P. A. Z. Utilization of metal


complexes as catalysts in the transesterification of Brazilian vegetable oils with different alcohols,
Journal of Molecular Catalysis, 29: 209, 2004.

ANP, Agência de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Resolução Nº 07 de 19.03.2008.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 81-91.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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ASTM D 445. Standard Test Method for Kinematic Viscosity of Transparent and Opaque
Liquids (the Calculation of Dynamic Viscosity). Annual Book of ASTM Standards, Vol. 05.01, p. 185-
193, 2001.

BARROS NETO, B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E. Planejamento e Otimização de


Experimentos. Campinas: Editora da Unicamp, 299p., 1995.

BOX, G. E. P.; WILSON, K. B.; J. Roy. Statist. Soc., Ser. B 1951, 13, 1.

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Tabela 2. Matriz de Planejamento para a Mistura de Biodieseis de Mamona e Soja.

νm
T C x1 x2
Ensaio (mm2/s)
(ºC) (%)

1 30 25 -1 -1 7,11
2 50 25 1 -1 4,40
3 30 75 -1 1 13,70
4 50 75 1 1 7,70
5 40 50 0 0 7,50

Tabela 3. Efeitos dos fatores calculados para o planejamento fatorial 2 2 da Tabela 1.

Média global 8,23 ± 0,038528


Efeitos principais:
E1 -4,355 ± 0,108972
E2 4,945 ± 0,108972
Efeito interação
E12 -1,645 ± 0,108972

Tabela 4. Análise da Variância (ANOVA) para a mistura de Biodieseis Mamona e Soja, considerando
modelo linear.

Fonte
SQ MQ G.L Fcal
de Variação
Regressão (R) 3
46,1 15,4 51,053
Resíduo (r) 0,9 0,3 3
Falta de ajuste (Faj) 0,9 0,9 1 402,436
Erro puro (ep) 0 0 2

Total 6
47
% variação explicada: 98,078895
% máx. de variação explicável: 99,990502

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Tabela 5. Matriz do planejamento em estrela para a Mistura de Biodieseis Mamona e Soja.

Temperatura Concentração
Ensaio x1 x2 νm (mm2/s)
(ºC) (%)

1 30 25 -1 -1 7,11
2 50 25 1 -1 4,40
3 30 75 -1 1 13,70
4 50 75 1 1 7,70
5 40 50 0 0 7,45
6 40 50 0 0 7,54
7 40 50 0 0 7,52
8 26 50 -1,41 0 9,88
9 40 85 0 1,41 11,73
10 54 50 1,41 0 5,22
11 40 15 0 -1,41 5,30

Tabela 6. Análise de variância para a Mistura de Biodieseis Mamona e Soja, considerando modelo
quadrático.

Fonte
SQ MQ G.L Fcal
de Variação
Regressão
78,8230 15,7650 5 112,435
(R)
Resíduo (r) 0,7010 0,1402 5
Falta de
0,6970 0,2322 3 103,968
ajuste (Faj)
Erro puro
0,0045 0,0045 2
(ep)
Total 79,5250 10
% variação explicada: 99,11844
% máx. de variação explicável:
99,11844

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14
12
10
8
6
4

Figura 4. Superfície de Resposta para a Mistura de Biodieseis de Mamona e Soja,


considerando modelo linear.

80

70

60
Concentração

50

40

30 14
12
10
8
20 6
28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52
4
Temperatura

Figura 5. Curvas de Nível do plano descrito pela Equação linear.

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18
16
14
12
10
8
6
4

Figura 6. Superfície de Resposta para a Mistura de Biodieseis de Mamona e Soja,


considerando modelo quadrático.

90

80

70

60
Concentração

50

40

30 18
16
14
20 12
10
8
10 6
20 25 30 35 40 45 50 55 60
4
Temperatura

Figura 7. Curvas de Nível do plano descrito pela Equação quadrática.

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ESTUDO DA INFLUENCIA DA ADIÇÃO DE BHT NA ESTABILIDADE OXIDATIVA DO BIODIESEL


ETÍLICO DE ALGODÃO ATRAVÉS DO RANCIMAT E P-DSC 1

Amanda Duarte Gondim1; Mariana Helena de Oliveira Alburquerque1, Camila Gisele Damasceno
Peixoto1, Luzia Patrícia Fernandes de Carvalho Galvão1; Antonio Sousa de Araújo1; Valter José
Fernandes Júnior1
1Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
amandagondim.ufrn@gmail.com.br

RESUMO – O biodiesel é susceptível à oxidação quando exposto ao ar, pois contém ácidos graxos
insaturados, e este processo de oxidação afeta a qualidade do combustível, principalmente em
decorrência de longos períodos de armazenamento. Com isso, a estabilidade à oxidação tem sido foco
de inúmeras pesquisas, pois afeta diretamente os produtores de combustíveis, distribuidores e
usuários. Este trabalho teve objetivo de examinar a eficiência do BHT, em diferentes concentrações, no
biodiesel de algodão etílico, através da análise de Rancimat e Calorimetria Exploratória Diferencial sob
Pressão (P-DSC), usando o método isotérmico. O estudo de estocagem através da extrapolação dos
dados obtidos por Rancimat indica uma validade em torno de 11 dias (0,03 anos) para o biodiesel de
algodão etílico (sem antioxidante), quando estocado a 25 ºC. Os resultados obtidos mostraram que o
uso do antioxidante BHT aumentou a resistência à oxidação (valor de PI e OIT) com relação ao
aumento de concentração. No entanto, apenas o biodiesel aditivado com 2000 ppm de BHT atende as
especificações do Regulamento Técnico ANP No 1/2008. As técnicas de Rancimat e P-DSC utilizadas para
estudar a estabilidade oxidativa obtiveram uma excelente correlação.

Palavras-chave – BTH, Rancimat, P-DSC e estabilidade oxidativa.

INTRODUÇÃO

O biodiesel é definido como: ―Combustível composto de alquil ésteres de ácidos graxos de


cadeia longa, oriundos de óleos vegetais ou gorduras animais, designado B100, conforme a
especificação contida no Regulamento Técnico n° 4/2004‖. O uso de biodiesel como combustível vem
crescendo aceleradamente no mundo inteiro, pois a cadeia de produção deste combustível tem
potencial promissor em vários setores, tais como social, ambiental e tecnológico. Com a elevação da
demanda do biodiesel e de sua capacidade de produção, crescente atenção vem sendo dada, para os
efeitos da oxidação causada, principalmente, pelo contato com o ar (autoxidação) na qualidade do
biodiesel combustível durante o seu armazenamento (DUNN, 2005; FREIRE et al., 2009; PARENTE,
1
Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes – UFRN

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2003) . Manter a qualidade do biodiesel e de suas misturas com diesel mineral é um desafio que afeta
diretamente os produtores, distribuidores e usuários de combustíveis (STAVINOHA et al., 1999). A
reação oxidativa dos compostos graxos insaturados, afeta a qualidade dos óleos em diversas
aplicações industriais, inclusive os utilizados como biocombustíveis (CONCEIÇÃO et al., 2007).O
estudo da adição de antioxidantes (inibidores de oxidação) no biodiesel é muito importante, pois facilita
a utilização do sistema de armazenamento e manuseio já consolidado no mercado de combustíveis. A
utilização do óleo de algodão frente às demais oleaginosas, como soja e mamona, para produção de
biodiesel não traz grandes vantagens, pois o teor de óleo obtido é de 14 a 15% m/m, mas é de grande
importância para as regiões que as produzem, como a maioria dos estados do Nordeste, podendo
agregar valor ao produto. Esse trabalho tem como objetivo estudar o efeito da adição de butil-hidroxi-
tolueno – BHT (antioxidante artificial) sobre as estabilidades oxidativa do biodiesel de algodão obtido
através da rota etílica através de Rancimat e P-DSC.

METODOLOGIA

O biodiesel de algodão foi obtido pela reação de transesterificação através da rota etílica. As
amostras de biodiesel foram caracterizadas mediante as seguintes propriedades físico-químicas:
aspecto (visual); índice de acidez (ASTM D 664); massa específica (ASTM D 4052); viscosidade
cinemática (ASTM D445); ponto de fulgor (ASTM D 93); e resíduo de carbono (ASTM D 4530). No
intuito de estudar a eficiência do antioxidante BHT (artificial) no biodiesel de algodão sobre as
estabilidades oxidativa, foi preparada amostras de biodiesel nas concentrações de 200, 500, 1000,
1500 e 2000 ppm de BHT. As amostras foram analisadas de acordo com método Rancimat segundo a
Norma Européia EN 14112, utilizando o equipamento de marca METROHM, modelo Rancimat 843. As
análises foram realizadas em temperaturas distintas (110, 120, 130 e 140 oC), com a finalidade de
calcular através da extrapolação o tempo de estocagem a 25 ºC.

O tempo inicial de oxidação (OIT) foi determinado através do método isotérmico em um


calorímetro exploratório diferencial sob pressão de marca NETZSCH, modelo DSC 204 HP acoplado
com célula, DSC Pressure Cell, sob pressão 1400 KPa, em atmosfera de ar sintético. O teste é iniciado
a 50 ºC e em seguida submetido a uma razão de aquecimento de 20 ºC.min-1 até 110 ºC, onde foram
mantidos em isoterma até a total oxidação da amostra.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O biodiesel etílico de algodão foi obtido através da reação de transesterificação, no qual


obtivemos um rendimento de 87,9% m/m. Através dos resultados da caracterização físico-química do
biodiesel de algodão etílico, mostrada na Tabela 1, pode-se constatar que todos os valores
apresentados na tabela se encontram dentro das especificações estabelecidas pela Resolução ANP
No7/2008.

De acordo com os valores de PI apresentados na Tabela 2 na temperatura de 110, 120, 130 e


140 ºC, observou-se que o biodiesel de algodão etílico (sem antioxidante), estocado a 25 ºC mantém
as mesmas propriedades físico-químicas, em torno de 11 dias (0,03 anos), ou seja, seria o seu tempo
de estocagem máximo. Também, podemos constatar que a amostra submetida a uma temperatura de
110 oC apresenta um valor de período de indução (PI) de 1,5 horas e não atende as especificações da
ANP que para isso tem que apresentar um período de indução superior a 6 horas.

A utilização de antioxidante passa a ser uma alternativa viável para que o biodiesel de algodão
obtido por rota etílica atender as especificação da ANP, quanto à estabilidade oxidativa.

Com o intuito de verificar a quantidade de antioxidante necessária para o biodiesel cumprir a


exigência da especificação da ANP (Regulamento Técnico No 1/2008), foi analisado os biodiesel de
algodão etílico nas concentrações entre 200 a 2000 ppm de BHT (Figura 1).

Os resultados obtidos pelo Rancimat (Figura 1) e P-DSC (Figura 2) indicaram um aumento da


estabilidade oxidativa do biodiesel em estudo com a adição BHT, ou seja, uma melhor estabilidade
oxidativa do produto.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, os biodieseis de algodão etílico aditivado


com 200 ppm, 500 ppm, 1000 ppm e 1500 ppm de BHT apresentaram PI fora das especificações
estabelecidas pela ANP, de acordo com o Regulamento Técnico N o 1/2008. Apenas o biodiesel
aditivado com 2000 ppm de BHT está dentro das especificações com um valor de 6,3 horas.

Para melhor avaliar estes métodos foi construído gráfico (Figura 3) com os valores de PI
fornecido pelo método de Rancimat, em minutos, versus os valores do OIT obtida por P-DSC, em
horas. Observando a Figura 3, apresenta coeficiente de correlação linear igual a 0,98, constatamos que
para biodiesel de algodão etílico o P-DSC oferece resultados que possuem uma excelente correlação
com o Rancimat.

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CONCLUSÃO

O B100 aditivado com BHT apresentou um aumento do PI, ou seja, um aumento da


estabilidade oxidativa, de forma progressiva com o aumento da adição do antioxidante. No entanto,
apenas o biodiesel aditivado com 2000 ppm de BHT atende as especificações do Regulamento
Técnico ANP No 1/2008. Mostrando assim que, o BHT a 2000 ppm é uma boa opção para retardar os
processos oxidativos do biodiesel de algodão obtido por rota etílica. Tanto a técnica de Rancimat e P-DSC
se mostraram eficiente para o estudo da estabilidade oxidativa e obtiveram uma excelente correlação. A grande
vantagem do P-DSC com relação ao Rancimat para a determinação da estabilidade oxidativa é a
utilização de uma pequena quantidade de amostra e a redução do tempo de análise.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP. Regulamento Técnico ANP
No1/2008. Brasília: Diário Oficial da União, 2008.
CONCEIÇÃO, M.M.; FERNANDES Jr. V. J.; ARAÚJO, A. S.; FARIAS, F. M.; SANTOS, I. M. G.;
SOUZA; A. G. Thermal and Oxidative Degradation of Castor Oil Biodiesel. Energy & Fuels, v. 21, n. 3,
p.1522-1527, 2007.
DUNN, R. O. Effect of Antioxidants on the Oxidative Stability of Methyl Soyate (Biodiesel). Fuel
Processing Technology, v.86, p.1071 -1085, 2005.
FREIRE, L. M. S.; BICUDO, T. C., ROSENHAIM, R.; SINFRÔNIO, F. S. M.; BOTELHO, J. R. ;
CARVALHA FILHO, J. R.; SANTOS, I. M. G.; ANTONIOSI FILHO, N. R.; FERNANDES JR., V. J. AND
SOUZA, A. G. Thermal investigation of oil and biodiesel from Jatropha curcas L. Journal of Thermal
Analysis and Calorimetry . v. 96, p.1029–1033, 2009.
PARENTE, E. J. S. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado. Tecbio, Fortaleza,
2003.
STAVINOHA, L. L.; HOWELL S.; SAE Spec. Alternative Fuels, Society of Automotive Engineer, p.
70-83, 1999.

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B100 de Algodão Etílico + 200ppm de BHT


B100 de Algodão Etílico + 500ppm de BHT
250
B100 de Algodão Etílico + 1000ppm de BHT
B100 de Algodão Etílico + 1500ppm de BHT
B100 de Algodão Etílico + 2000ppm de BHT

Condutividade (uS.cm )
-1
200

150

100

50

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (h)

Figura 1 - Curvas Rancimat do biodiesel de algodão etílico aditivado com BHT.

3,0
B100 Etílico + 200 ppm de BHT
B100 Etílico + 500 ppm de BHT
2,5 B100 Etílico + 1000 ppm de BHT
B100 Etílico + 1500 ppm de BHT
B100 Etílico + 2000 ppm de BHT
Fluxo de Calor (W/g)

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0

-0,5
0 100 200 300
Tempo (min)

Figura 2 - Curvas P-DSC, método isotérmico, do biodiesel de algodão etílico aditivado com BHT.

B100 Algodão Etílico aditivado com BHT


250

200
P-DSC - OIT (mim)

150

100

R SD N P
------------------------------------------------------------
50
0,98467 16,87422 5 0,00227

2 3 4 5 6 7
Rancimat - PI (h)

Figura 3- Gráfico do Rancimat versus P-DSC do biodiesel de algodão etílico aditivado com BHT.

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Tabela 1 - Características físico-químicas do biodiesel de algodão obtido por rota etílica.

Características Método Unidade Biodiesel de Algodão Etílico Especificações


Aspecto - - Límpido e Isento de Impureza LII
Índice de Acidez, máx ASTM D 664 mg/KOH g 0,45 0,5
Massa Específica a 20ºC ASTM D 4052 Kg/m3 860,0 850-900
Viscosidade Cinemática a 40º C, máx ASTM D 445 mm2/s 4,8 3,0 – 6,0
Ponto de Fulgor, mín ASTM D 93 oC 178 100
Resíduo de Carbono, máx ASTM D 4530 % massa 0,01 0,05
Teor de metanol e etanol, máx NBR 15343 %m/m 0,01 0,2
Teor de Ésteres, mín. EN 14103 %m/m 97,9 96,5

Tabela 2 - Valores de PI obtidos do B100 nas temperaturas de 110, 120, 130 e 140 oC.

Amostra Período de Indução (h)


B100 de algodão etílico – 110 oC 1,5
B100 de algodão etílico – 120 oC 0,8
B100 de algodão etílico – 130 oC 0,4
B100 de algodão etílico – 140 oC 0,2

Tabela 3 - Valores de PI e OIT do biodiesel de algodão etílico aditivado com BHT

Amostra Período de Indução (h) OIT (min)


B100 de algodão etílico + 200 ppm 2,3 57,5
B100 de algodão etílico + 500 ppm 3,3 95,5
B100 de algodão etílico + 1000 ppm 4,1 156,0
B100 de algodão etílico + 1500 ppm 5,0 222,5
B100 de algodão etílico + 2000 ppm 6,3 257,5

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ESTUDO DO EQUILÍBRIO LIQUÍDO-LIQUÍDO DE SISTEMAS CONTENDO BIODIESEL ETÍLICO DE


CANOLA1

Sérgio Rodrigues Barbedo1; Carla Viviane Leite Chaves2 ; Fabian Amorim Lopes2; João Inácio Soletti2;
João A. Pereira Coutinho1; Sandra Helena Vieira de Carvalho2
1Universidade de Aveiro, Portugal, srb@ua.pt; 2Universidade Federal de Alagoas, Centro de Tecnologia, Maceió - AL,
Brasil

RESUMO – O biodiesel é biodegradável, renovável e obedece ao ciclo de carbono, sendo definido


como um éster alquílico de ácidos graxos derivado de fontes renováveis, como óleos vegetais e
gorduras animais, obtido por reação de transesterificação. Tal reação química ocorre entre qualquer
triglicerídeo com álcool de cadeia curta, na presença de um catalisador ácido ou básico. O biodiesel em
estudo é produzido a partir do óleo de canola. A canola cultivada no Brasil (Pará e Rio Grande do Sul)
é uma seleção geneticamente modificada da colza (Brassica napus L. var. oleífera). É uma crucífera
que possui de 40 a 46% de óleo no grão, e de 34 a 38% de proteína no farelo. Além do alto teor, o óleo
obtido é de excelente qualidade pela composição em ácidos graxos[1]. O objetivo deste trabalho é
estudar o equilíbrio de fases do biodiesel etílico de canola, através da construção das curvas de
equilíbrio líquido-líquido do sistema biodiesel etílico de canola - etanol – glicerol, nas temperaturas de
30 ºC e 45 ºC. Através da análise das curva é possível determinar as composições que apresentam
formação de fases.
Palavras-chave – Biodiesel, equilíbrio líquido-líquido, diagrama de fases, canola.
INTRODUÇÃO

Desde o inicio do século passado que vários estudos tem sido feitos no sentido de melhor
compreender o funcionamento de motores propulsionados com combustíveis de origem vegetal, não
fóssil. Hoje a questão dos biocombustíveis vai muito mais além, tornando-se um meio que pode ajudar
a desenvolver não só indústrias de produção e refino, assim como, desenvolver a economia das
regiões onde as plantas são cultivadas, e todas as atividades que a ela estão ligadas.

O início desta longa cadeia produtiva começa com o cultivo da planta, posteriormente a
colheita das sementes para prensagem e finalmente a ambicionada produção do biodiesel. O processo
em si, apesar de parecer simples, leva em consideração fatores importantes e que se negligenciados
podem levar a obtenção de outros produtos, ou ainda, produtos de qualidade inferior[2].

1
Orgãos de Apoio:Finep, MCP

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 98-102.
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O processo consiste em fazer reagir óleo de canola com etanol sob condições de temperatura
pré-estabelecidas na presença de um catalisador, sendo comumente utilizado o NaOH. O óleo de
canola é rico em triglicerídeos apresentando a composição em ácidos graxos, em maior proporção de:
ácidos oléico, linoléico e linolênico.

Após a reação e purificação do biodiesel é então possível estudar a influência de suas


propriedades no processo de separação de fases do biodiesel com os demais produtos da reação.
Torna-se então indispensável realizar experiências de equilíbrio de fases entre os componentes que
constituem o sistema ternário. Este tipo de estudo é feito mediante a disposição dos dados de equilíbrio
sob a forma de diagramas de fácil visualização (diagramas ternários). Estes podem apresentar
diferentes aspectos visuais, tão diversos como os sistemas a ser estudados.

METODOLOGIA

Produção do Biodiesel

A reação de transesterificação para a produção do biodiesel etílico de canola foi realizada em


unidade piloto. Foram utilizados como reagentes: óleo de canola, hidróxido de sódio P.A.(catalisador) e
etanol anidro (agente transesterificante). A unidade piloto utilizada na realização dos experimentos é
composta por um reator de 2 L, encamisado e com chicanas internas para uma melhor
homogeneização do meio, agitador e banho termostático. A reação ocorreu a uma temperatura de 50
ºC e sob agitação de 400 rpm, durante 1h30min, findo o qual o produto foi transferido para um funil de
decantação para separação das fases: biodiesel, glicerol e sabão.

Após o término da reação, procedeu-se com a purificação, com o objetivo de retirar o glicerol
formado; reduzir o pH, inicialmente com valores próximos de 10, para valores entre 5 e 7 e retirar as
impurezas do óleo. Para a purificação do biodiesel foram realizadas as seguintes etapas: acidificação
com adição de ácido sulfúrico diluído 1:1000; separação de fases por centrifugação, com descarte da
fase inferior; determinação do pH do biodiesel. Caso o pH se mantivesse acima de 7, era realizada a
lavagem, com adição de água destilada (pH = 5), sendo este procedimento repetido até a obtenção do
pH neutro. Para remover a água do biodiesel, após a lavagem, foi utilizado como agente dessecante o
sulfato de magnésio. Em seguida foi obtido por cromatografia gasosa, um rendimento superior a 97%.

Determinação da curva de equilíbrio

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Para a obtenção das curvas de equilíbrio foi utilizado um equipamento montado com base na
proposta de Makareviciene et al. (2005) [3]. A mistura foi composta por biodiesel etílico de canola;
álcool etílico anidro comercial; e, glicerol P.A., com pureza superior a 99,5%.

Para a elaboração das curvas de equilíbrio líquido-líquido foram adicionados biodiesel e álcool,
em proporções pré-estabelecidas no procedimento experimental, formando uma solução homogênea.
Posteriormente esta solução foi titulada com glicerol P.A., até que se percebesse uma turbidez na
mistura.

Cada amostra titulada representa um ponto na curva de equilíbrio, sendo estes pontos
identificados em termos de percentagem no diagrama ternário. Com os pontos da curva de equilíbrio é
possível determinar as tie lines, pois há formação de duas fases quando a solução titulada é deixada
em repouso, essas fases representam os extremos das tie lines.

Para a determinação das tie lines foi utilizada uma balança de secagem. Foram utilizadas
diferentes amostras com frações bem definidas e com composição localizada dentro da zona de
imiscibilidade. Após a mistura e posterior agitação, as amostras foram deixadas em repouso cerca de
24 horas (tempo suficiente para a total separação de fases). Em seguida foram retiradas alíquotas de
cada uma das fases e colocadas no determinador de umidade da MARCONI, série ID versão 1.8, que
funciona através da secagem do álcool em uma determinada temperatura, no caso 80 °C, até que a
massa presente na balança fique constante, indicando que todo o álcool foi evaporado. O determinador
mostra a massa restante na balança e a percentagem de álcool que evaporou. Por fim foram traçados
os pontos correspondentes a cada uma das fases e unidos por uma reta (tie line).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados experimentais realizados para prever o sistema de equilíbrio biodiesel-etanol-


glicerol podem ser tratados na forma de diagrama ternário, sendo possível visualizar a zona de
imiscibilidade, que se caracteriza como sendo a zona na qual a fase rica em glicerol e a fase rica em
biodiesel não se misturam.

A Figura 01 apresenta o diagrama de equilíbrio para o biodiesel etílico de canola a temperatura


de 30 ºC. Pode-se observar a curva de equilíbrio do sistema e as retas de equilíbrio (tie lines), as quais
definem de que forma determinadas quantidades da fase de extrato e rafinado coexistem, permitindo
calcular os balanços de massa necessários para as separações. No mesmo diagrama também é
possível constatar a tendência de inclinação que as retas de equilíbrio (tie lines) apresentam à medida

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que se aproximam do plait-point. Este tipo de tendência depende das propriedades físico-químicas dos
componentes[4].

A Figura 02 apresenta as curvas de equilíbrio do mesmo sistema ternário, a duas temperaturas


diferentes: 30 ºC e 45 ºC. Pode-se constatar que um aumento de temperatura não terá grande
influência sobre o sistema como acontece com outros sistemas ternários, apenas sendo visível um
ligeiro aumento da solubilidade dos componentes para frações de etanol até próximo de 55%, sendo
que após essa gama o sistema não apresenta a mesma coerência, fruto talvez da aproximação do plait
point.

CONCLUSÃO

A realização de estudos sobre os derivados de oleaginosas continua a ser alvo de dedicação


por grandes grupos de investigação. A promoção e incentivo às pesquisas relacionadas com o
processo de obtenção e posteriormente os processos de refino, caracterização de sistemas para
separação são necessárias, pois ainda existe muita informação a ser explorada e métodos a ser
optimizados.

O estudo de sistemas ternários biodiesel-etanol-glicerol surge como um dos pontos a ser alvo
de pesquisa e procura de conhecimento, por se tratar de um campo pouco intuitivo e passível de trazer
melhorias aos processos de separação relacionados com o biodiesel.

O sistema adotado, tendo por base o biodiesel de canola, foi escolhido por ser ainda pouco
explorado quando comparado a outros como a soja, girassol, mamona entre outros. Foi constatada a
diminuta relação existente entre a solubilidade dos componentes e o aumento da temperatura na faixa
de 30 ºC e 45 ºC, assim como, uma linha de equilibrio bem definida cujas tie lines apresentam declive
gradual e relativamente bem comportado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Albuquerque, G. A., Conceição, M. M. , Silva, M. C. D. , Santos, I. M. G., Fernandes JR., V.J. , E


Souza, A. G.; Avaliação Reológica e Caracterização Físico-Química do Biodiesel de Canola e Misturas
Knothe, G. et al; Manual De Biodiesel; Editora Edgard Blücher: Brasil, 2007.
Makareviciene, V., Sendzikiene, E., Janulis, P.; Solubility of multi-component biodiesel fuel systems.
Bioresource Technology 96, p. 611–616, 2005.
Caetano, T; Estudo da miscibilidade de etanol com componentes do diesel e biodiesel; Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2003.

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Curva de Equilibrio da Canola


Curva de Equilibrio da Canola
Etanol Etanol

0,0 0,0
1,0 1,0

0,1 0,1
0,9 0,9

0,2 0,2
0,8 0,8

0,3 0,3
0,7 0,7

0,4 0,4
0,6 0,6

0,5 0,5
0,5 0,5

0,6 0,6
0,4 0,4
0,7 0,7
0,3 0,3
0,8 0,8
0,2 0,2
0,9 0,9
0,1
0,1
1,0
0,0 1,0
0,0
Glicerina 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 Biodiesel
Glicerina 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 Biodiesel

30ºC
45ºC
30 ºC

Figura 2 - Diagrama ternário a 30° e 45 °C.

Figura 1 - Diagrama ternário a temperatura de 30 °C.

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ESTUDO DO EQUILÍBRIO LÍQUIDO-LÍQUIDO PARA O BIODIESEL METÍLICO1


Fabian Amorim Lopes1; Carla Viviane Leite Chaves1; Sérgio Rodrigues Barbedo2; João Inácio Soletti1;
Sandra Helena Vieira de Carvalho1
1Universidade Federal de Alagoas, Centro de Tecnologia, Maceió - AL,2 Universidade de Aveiro, Portugal -
lopesfabian@hotmail.com

RESUMO – Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser
obtido a partir de óleos vegetais, através de transesterificação e de uma posterior purificação. O
consumo desse combustível pode ajudar um país a diminuir sua dependência do petróleo, contribuir
para a redução da poluição atmosférica, uma vez que o biodiesel não contém enxofre em sua
composição e, principalmente devido ao ciclo do carbono. Para a fabricação e purificação do biodiesel
é de grande importância o conhecimento termodinâmico do processo. No trabalho apresenta a curva
de equilíbrio líquido-líquido do sistema biodiesel metílico de mamona – metanol – glicerina, à
temperatura de 30 °C. O processo de construção consiste na adição de duas substâncias em
proporções conhecidas, seguindo da adição do terceiro componente até ser constatada uma alteração
da turbidez da mistura, que após um tempo em repouso apresenta formação de duas fases bem
definidas. A curva fica bem determinada a partir do momento que esse procedimento é realizado em
várias proporções. O conhecimento dessas curvas é de grande ajuda na etapa de purificação do
biodiesel, por determinar as composições que apresentam formação de fases.
Palavras-chave – Biodiesel, mamona, sistema ternário, equilíbrio líquido-líquido.

INTRODUÇÃO

A preocupação com o meio ambiente, principalmente no que diz respeito à emissão de gases
na atmosfera, vem aumentando nos últimos anos. Com a queima de combustíveis fósseis nos
automóveis ocorre a liberação de CO2, componente causador do efeito estufa. Esse fato levou a
pesquisas acerca de fontes alternativas para os combustíveis automotivos, onde esse efeito fosse
amenizado.

Desde 1970 o Brasil utiliza combustíveis produzidos a partir de matéria-prima renovável, como
é o caso do álcool. Atualmente toda a gasolina comercializada no território nacional contém 25% de
álcool. Mas é outro biocombustível que vem chamando atenção nos últimos anos, o biodiesel
(FRANÇA et al., 2008).

1 FINEP, MCT

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Além de vantagens como a contribuição para minimizar a emissão de gases na atmosfera e


diminuição da dependência de diesel mineral no país, o biodiesel pode ser considerado como
combustível social, podendo ajudar no desenvolvimento do pequeno agricultor rural nas áreas mais
pobres do nordeste brasileiro.

A cultura da mamona despertou grande interesse por parte do Programa Nacional para Uso e
Obtenção de Biodiesel no que diz respeito ao desenvolvimento da região do semi-árido nordestino
(PIRES et al., 2004). Porém, devido à alta viscosidade e dificuldades na produção, muitos estudos
ainda precisam ser realizados para que esta opção torne-se viável do ponto de vista industrial.

O biodiesel pode ser produzido pela esterificação de ácidos graxos com álcool de cadeia curta,
mas a reação de transesterificação é o método mais usado para produção de biodiesel e ocorre na
presença de catalisadores ácidos, básicos ou enzimáticos (ZHANG et al., 2003). Por serem menos
corrosivos aos equipamentos, os catalisadores básicos são preferenciais nos processos industriais.

O estudo do equilíbrio líquido-líquido (ELL) tem fundamental importância para o planejamento,


projeto e análise de várias operações e processos da indústria química e de alimentos (BURGOS-
SOLÓRZANO et al., 2004).

O conhecimento do equilíbrio de fases de sistemas contendo a mistura reacional do biodiesel é


essencial para o entendimento do seu processo de separação, aumento da taxa de reação e a
seletividade do produto desejado (NEGI et al., 2006).

A obtenção dos dados experimentais de ELL pode ser feita: pelo método de titulação; ou, pelo
método de análise. No método de titulação ou índice de refração, a transição de fase é indicada pelo
desaparecimento ou aparecimento da turvação, quando o sistema muda de duas fases para uma, ou
vice-versa, a partir da titulação de outro composto.

METODOLOGIA

Para a produção do biodiesel metílico de mamona foi utilizada uma unidade piloto, composta
por um reator de 2 L, agitador e banho termostático. Durante a reação de transesterificação, a
temperatura do reator foi mantida através do banho termostatizado e medida com um multímetro digital.
Para a reação foram utilizadas as seguintes condições: 800 g de óleo de mamona; massa de
catalisador (hidróxido de sódio P.A.) de 1,5% da massa do óleo; número de mols óleo/álcool metílico
de 1:10; temperatura do banho termostático mantida em 70 ºC; tempo total de reação de 120 min;

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velocidade de agitação de 400 rpm. Inicialmente, foi colocado o óleo no reator e ao atingir a
temperatura desejada (70 ºC) foi adicionada a mistura de álcool e catalisador, sendo considerado esse
momento como o início da reação.

Após o término da reação, procedeu-se com a purificação, com o objetivo de retirar a glicerina
formada; reduzir o pH, inicialmente com valores próximos de 10, para valores entre 5 e 7 e retirar as
impurezas do óleo. Para a purificação do biodiesel foram realizadas as seguintes etapas: acidificação
com adição de ácido sulfúrico diluído 1:1000; separação de fases por centrifugação, com descarte da
fase inferior; determinação do pH do biodiesel. Caso o pH se mantivesse acima de 7, era realizada a
lavagem, com adição de água destilada (pH = 5), sendo este procedimento repetido até a obtenção do
pH neutro.

Após as lavagens, as amostras de biodiesel devem estar livres de água e para este fim, foi
usado como agente dessecante o sulfato de magnésio. O rendimento da reação foi determinado por
cromatografia gasosa com detector FID, modelo CP-3800 da VARIAN.

Para a determinação das curvas de equilíbrio líquido-líquido foram adicionadas duas substâncias
dentre as utilizadas na elaboração dos diagramas de fases (biodiesel de mamona, glicerina, álcool
metílico), em quantidades estabelecidas na unidade experimental, sendo pré-requisito para a escolha
dessas, a formação de uma mistura homogênea nas proporções utilizadas. Em seguida foi adicionada
a terceira substância, até que fosse observado um aumento da turbidez da mistura como indicado no
trabalho de Makareviciene et al. (2005) sendo esse procedimento repetido até que a curva de equilíbrio
estivesse bem caracterizada.
As proporções das duas substâncias adicionadas inicialmente são as seguintes: 1:9, 2:8, 3:7,
4:6, 5:5, 6:4, 7:3, 8:2, 9:1, proporções essas em massa. Tendo a partir desses pontos uma boa
definição da curva.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 1 apresenta o diagrama de fases para a mistura ternária de biodiesel de mamona


metílico, glicerina e álcool metílico a temperatura de 30 °C. Nesta figura, os valores apresentados são
expressos em termos de fração mássica. Os diagramas de fases são importantes, pois possibilitam
identificar as zonas de miscibilidade da mistura, onde a área abaixo da curva representa as
composições que apresentam formação de fases.

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CONCLUSÃO

Apesar das dificuldades de manipulação do metanol, tanto por sua toxicidade, como por sua
volatilidade, a curva de equilíbrio líquido-líquido a 30 ˚C do sistema ternário foi bem caracterizada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURGOS-SOLÓRZANO, G. I. BRENNECKE J. F.; STADTHERR M. A. Validated computing approach


for high-pressure chemical and multiphase equilibrium. Fluid Phase Equilibria, v. 219, n. 2, p. 245-255,
2004.
FRANÇA, BRUNO BÔSCARO. Equilíbrio líquido-líquido de sistemas contendo biodiesel de mamona +
glicerina + álcool, Rio de Janeiro-RJ, 2008
NEGI, D. S.; SOBOTKA, F.; KIMMEL, T.; WOZNY, G.; SCHOMACKER R. Liquid-liquid phase equilibrium
in glycerol-methanol-methyl oleate and glycerol-monoolein-methyl oleate ternary systems. Industrial
Engineering Chemical Research, v.45, p.3693-3696, 2006.

MAKAREVICIENE, V., SENDZIKIENE, E., JANULIS, P. Solubility of multi-component biodiesel fuel


systems. Bioresource Technology 96, p. 611–616, 2005.
PIRES, M. M., ALVES, J. M., NETO, J. A. A. "Biodiesel de mamona: Uma avaliação econômica". I
Congresso Brasileiro de Mamona, Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2004.
ZHANG, Y., DUBE, M.A., MCLEAN, D.D., KATES, M. "Biodiesel production from waste cooking oil: 1.
Process design and technological assessment", Bioresource Technology, v. 89, n. 1, pp. 1-16, 2003.

Figura 1 – Diagrama ternário biodiesel de mamona, metanol, glicerina a 30 ˚C.

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FAMÍLIAS NA FLORA BRASILEIRA COM ÓLEOS DE SEMENTES POTENCIALMENTE INDICADOS


PARA APROVEITAMENTO NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL1

Mariana Oliveira Barbosa1; Roberta Sampaio Pinho2; Marco Aurélio Sivero Mayworm3; Antônio
Salatino4; Suzene Izídio da Silva5
1Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, mari08bio@yahoo.com.br; 2Centro de Tecnologias Estratégicas do
Nordeste – CETENE/PE; 3Universidade de Santo Amaro, São Paulo - SP;4 Universidade de São Paulo – USP;
5Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

RESUMO – Realizou-se um levantamento bibliográfico de espécies de angiospermas com teor de óleo


nas sementes igual ou superior a 25% e respectivos perfis de ácidos graxos. Obtiveram-se 609
espécies distribuídas em 302 gêneros e 78 famílias. Destas, 17 famílias têm ampla ocorrência na flora
brasileira. Utilizando-se o critério de dentre as famílias levantadas àquelas cujo óleo contivesse em sua
composição 50% ou mais dos ácidos graxos insaturados oléico (O) e/ou linoléico (L) como indicativo do
possível aproveitamento do óleo para biodiesel, constatou-se que pelo menos 40% das espécies do
levantamento abrangendo dez famílias se enquadraram no critério: Anacardiaceae, Asteraceae,
Clusiaceae, Cucurbitaceae, Euphorbiaceae, Leguminosae-Faboideae, Meliaceae, Sapotaceae,
Solanaceae e Sterculiaceae. Sobressaíram-se em número de espécies Euphorbiaceae (76),
Solanaceae (68) e Meliaceae (27). Os gêneros mais representativos foram Nicotiana (63), Jatropha
(10) e Arachis (10). As famílias Anacardiaceae, Asteraceae e Solanaceae tiveram praticamente todas
as suas espécies com predominância desses ácidos (O + L ≥ 50%). Algumas espécies dessas famílias
já tem se destacado economicamente, inclusive para produção de biodiesel. Entretanto, poucas são as
espécies estabelecidas para essa finalidade, sendo de particular interesse a prospecção a partir
dessas famílias visando conhecer espécies que constituam novas fontes de óleos para a produção de
biodiesel.
Palavras-chave – Bioprospecção, oleaginosas, ácidos graxos, óleo de sementes.

INTRODUÇÃO

Os óleos vegetais representam um dos mais importantes recursos fornecidos pela natureza,
sendo produzidos e armazenados em frutos e sementes, constituídos principalmente por triglicerídeos
que variam de concentração e composição de espécie para espécie (ATHAR e NASIR, 2005). São
utilizados primariamente como alimento, sendo também fontes renováveis de matéria prima para tintas,
vernizes, lubrificantes, sabões e biodiesel. Como biodiesel tem se destacado no cenário mundial, como

1 Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco – FACEPE.

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combustível de queima limpa e renovável e, portanto, sem os riscos de exaustão irreversível como os
derivados de petróleo, além de poluir em menor grau que a gasolina e o óleo diesel (PINTO et al.,
2005).

Entretanto, ao se analisar o número de espécies utilizadas como fonte de óleos vegetais,


verifica-se que apenas quatro espécies correspondem, juntas, a aproximadamente 79% da produção
total mundial, sendo elas: palma, soja, canola e o girassol (DYER et al., 2008). Logo, é de extrema
importância a intensificação das pesquisas de prospecção para obtenção de espécies que venham a
se constituir em novas fontes para óleo, tendo em vista a importância econômica e o aumento
significativo na demanda deste insumo na sociedade atual. Desta forma, este trabalho objetivou
levantar e indicar as famílias de angiospermas de ampla ocorrência na flora brasileira que possuam
espécies com potencial para o fornecimento de sementes cujo óleo possa, seja quantitativa ou
qualitativamente, se constituir em matéria prima para produção de biodiesel.

METODOLOGIA

Foi realizado um levantamento bibliográfico em periódicos indexados na internet por meio de


pesquisas aos sites Google (http://www.google.com.br), Isiknowledge (http://www.isisknowledge.com),
Scielo (http://www.scielo.com), Science Direct (http://www.sciencedirect.com), Springer Link
(http://www.springerlink.com), além do banco de dados Seed Oil Fatty Acid - SOFA
(http://www.sofa.bfel.de) e da base de dados das bibliotecas do Instituto de Biociências e do Instituto de
Química da Universidade de São Paulo. Também foi revisada a literatura especializada e clássica para
óleos vegetais (ECKEY, 1954; WILLIAMS, 1950; GUNSTONE, 1996; PESCE, 1985).

A partir dos artigos obtidos, foram selecionadas as espécies de angiospermas com conteúdo
de óleo das sementes igual ou superior a 25% e elaborada uma tabela informando o teor total de óleo
dessas espécies com seus respectivos perfis de ácidos graxos. As espécies foram ordenadas
alfabeticamente por famílias seguindo a classificação taxonômica de Cronquist (1981).

Das famílias levantadas foram selecionadas aquelas que de acordo com Barroso (1991)
ocorrem com maior abundância na flora brasileira. O passo seguinte foi separar dentre estas famílias e
espécies aquelas cujo óleo apresentasse em sua composição 50% ou mais dos ácidos graxos
insaturados oléico (O) e/ou linoléico (L) (O + L ≥ 50%) como indicativo do possível aproveitamento do
óleo como matéria-prima para biodiesel, tendo em vista que, muitas espécies com predomínio desses
ácidos graxos, têm sido indicadas e/ou aproveitadas para obtenção de biodiesel, como ocorre com a

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soja (Glycine max (L.) Merr.) e o pinhão manso (Jatropha curcas L.) que contêm, respectivamente,
21,8% e 44,7% e, 53,1% e 32,8% dos ácidos oléico e linoléico (Bringe, 2006; Akbar et al. 2009).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento resultou num total de 609 espécies com no mínimo 25% de óleo nas
sementes, distribuídas em 302 gêneros e 78 famílias. Das 78 famílias, 17 tem ampla ocorrência na flora
brasileira: Euphorbiaceae, Solanaceae, Meliaceae, Leguminosae-Faboideae, Cucurbitaceae,
Arecaceae, Clusiaceae, Asteraceae, Lauraceae, Sapindaceae, Sterculiaceae, Sapotaceae,
Anacardiaceae, Simaroubaceae, Burseraceae, Myristicaceae e Vochysiaceae. (Fig. 1). O teor de óleo
encontrado apresentou uma ampla variação, sendo as espécies de Solanaceae as de mais ampla
variação (25 a 82%) (Tabela 1).

Analisando-se o perfil de ácidos graxos das espécies pertencentes a essas 17 famílias,


verificou-se que dez delas apresentaram pelo menos 40% das espécies cujo somatório dos ácidos
oléico (O) e linoléico (L) é igual ou superior a 50% (O + L ≥ 50%). Euphorbiaceae foi a família mais
representativa quanto ao número de espécies levantadas (76), seguida de Solanaceae (68) e
Meliaceae (27) (Tabela 1). Euphorbiaceae é também a única família que tem sido objeto de um
levantamento mais aprofundado quanto ao conteúdo de óleo das sementes em um dos ecossistemas
brasileiros (Silva, 1998). Considerando a relação de espécies com O + L ≥ 50% e o número total de
espécies levantadas por famílias, Anacardiaceae, Asteraceae e Solanaceae tiveram praticamente
todas as suas espécies com predominância desses ácidos (Tabela 1).

Deve-se destacar ainda que dentre essas dez famílias (Tabela 1) algumas tem pelo menos
uma de suas espécies já aproveitadas economicamente como as sementes do pistache, Pistacia vera
L. (Anacardiaceae), o girassol, Helianthus annuus L. (Asteraceae), o amendoim (Arachis hypogaea L.)
e a abóbora, Cucurbita pepo (Cucurbitaceae) utilizadas na alimentação (Simpson e Orgozaly, 1995), e
apesar dessas quatro famílias serem bem distribuídas na flora brasileira e apresentarem um bom teor
de óleo nas sementes (Tabela 1), apenas Fevillea trilobata (Cucurbitaceae) (GENTRY e WETTACH,
1986) foi, dentre as espécies nativas de nossa flora, investigada quanto ao óleo, até o momento.

Os gêneros melhor representados no levantamento foram Nicotiana (63), Arachis (10) e


Jatropha (10). Jatropha destaca-se por apresentar três espécies nativas no semiárido brasileiro com
possibilidade ampla de aproveitamento industrial (SILVA et al. 2001), podendo complementar a
produção de óleo do pinhão-manso (Jatropha curcas L.) que é uma das espécies tropicais americanas

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mais promissoras e investigadas para biodiesel (AKBAR et al., 2009) na atualidade, tendo diversos
campos experimentais através do semiárido brasileiro.

CONCLUSÃO

Apresenta-se uma seleção de dez famílias de elevada importância para a prospecção de óleos
vegetais visando o suprimento de matéria prima para a cadeia produtiva do biodiesel. Considerando a
representatividade dessas famílias nos ecossistemas brasileiros constata-se a necessidade de
investigar suas espécies, para que, ao mesmo tempo em que se atenda a demanda deste mercado
crescente sejam incluídas espécies que, ao serem cultivadas, garantam a sustentabilidade dos nossos
ecossistemas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Athar, M.; Nasir, M. 2005. Taxonomic perspective of plant species yielding vegetable oils used in
cosmetics and skin care products. African Journal of Biotechnology 4: 36-44.
Akbar, E.; Yaakob, Z.; Kamarudin, S.K.; Ismail, M.; Salimon, J. 2009. Characteristic and composition of
Jatropha curcas oil seed from Malaysia and its potential as biodiesel feedstock. European Journal of
Scientific Research 29:3, 396-403.
Barroso, G.M. 1991. Sistemática de angiospermas do Brasil. Vols. 1, 2 e 3. Viçosa: UFV, Imprensa.
Universitária.
Bringe, N.A. 2006. Composição do óleo de soja para a produção de Biodiesel. In: Manual de biodiesel.
São Paulo: Editora Blucher.
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Press. New York.
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Gunstone, F.D. 1996. Fatty acid and lipid chemistry. 1ª Ed. Blackie Academic e Professional, Glasgow.
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da biodiversidade de Pernambuco. Silva, J.M.; Tabarelli, M. (Org.). Recife.
Silva, S.I. 1998. Euphorbiaceae da Caatinga: distribuição de espécies e potencial oleaginoso. Tese de
Doutorado, Universidade de Paulo, São Paulo. 132p.
Williams, K. A. 1950. Oils, fats and fatty foods. J. & A. Churchill Lt. London.

80 Euphorbiaceae
Solanaceae
70 Meliaceae
Leg-Faboideae
60
N° de espécies revisadas

Cucurbitaceae
50 Arecaceae
Clusiaceae
40 Asteraceae
Lauraceae
30 Sapindaceae
20 Sterculiaceae
Sapotaceae
10 Anacardiaceae
0 Simaroubaceae
Burseraceae
1 Myristicaceae
Famílias
Vochysiaceae

Figura 1 - Número total de espécies revisadas por famílias com potencial para pesquisa em óleos fixos ocorrentes na flora
brasileira.

Tabela 7 – Famílias de angiospermas ocorrentes na flora brasileira com potencial para aplicação do óleo fixo na preparação
de biodiesel.

N° de Variação de teor Espécies Gêneros com


Famílias
espécies de óleo (%) dentro das com predominância de
investigadas espécies investigadas O + L ≥ 50% O + L ≥ 50%
Anacardiaceae 6 26-54 5 aN

Asteraceae 10 27-42 9 Guizotia (4)b


Clusiaceae 13 30-76 7 Garcinia (6)
Cucurbitaceae 22 26-66 17 Cucurbita (6)
Euphorbiaceae 76 25-66 33 Jatropha (10)
Leguminosae 26 25-63 21 Arachis (10)
Meliaceae 27 25-82 22 Khaya (5)
Sapotaceae 10 29-60 5 Madhuca (2)
Solanaceae 68 25-53 67 Nicotiana (63)
Sterculiaceae 13 26-53 6 Sterculia (3)
aNnão houve nenhuma espécie predominante, pois as cinco espécies são de gêneros diferentes.
bOs números entre parênteses representam a quantidade de espécies dentro do gênero com O + L ≥ 50%.

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IDENTIFICAÇÃO DA PALMEIRA MACAÍBA (ACROMIA ACULEAT (JACK) LOOD), NAS ÁREAS DE


VEGETAÇÃO NATIVA E DE AGRICULTURA FAMILIAR NA COMUNIDADE LASQUINHA DO
MUNICÍPIO DE ALAGOA NOVA/PB

Josilda de França Xavier1* 2*, Renato dos Santos de Albuquerque2*, Léogario Brito 2*
Centro de Ciências e Tecnologia Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola UFCG. Av. Aprígio Veloso, 882
Bodocongó Campina Grande/PB. 2*Centro de Ciências Agrárias e Ambientais/CCAA, Campus II – Lagoa Seca
Agroecologia e Agropecuária josildaxavier@yahoo.com.br

RESUMO – O Programa Brasileiro de Bicombustível iniciado pelo governo federal em 2002 tem como
meta principal desenvolver tecnologias para a produção de biodiesel. Com essas novas tecnologias o
Brasil minimiza a dependência do petróleo e estimula a agricultura familiar gerando emprego e renda.
Objetivou-se neste trabalho identificar a macaíba (Acromia Aculeat (Jack) Lood), nas áreas com
vegetação nativa e de agricultura familiar na comunidade Lasquinha do município de Alagoa Nova/PB,
tendo em vista sua utilização como matéria prima para a produção de biodiesel. Em uma área de 12
há, foram escolhidas áreas com vegetação nativa e as destinadas à agricultura familiar para
identificação da palmeira. Foram delimitadas parcelas de 50m x 20m. As variáveis estudadas foram:
número de plantas, diâmetro caulinar, altura da planta, número de cacho por planta e número de
inflorescência por planta. O município de Alagoa Nova, situado no brejo paraibano possui uma alta
incidência dessas palmeiras, qualificando-o como um potencial produtor de matéria prima para a
produção de biodiesel no nordeste brasileiro.
Palavras-chave – Oleaginosa; biodiesel; potencialidade; Brejo Paraibano

INTRODUÇÃO

O Programa Brasileiro de Bicombustível iniciado pelo governo federal em 2002 tem como meta
principal desenvolver tecnologias para a produção de biodiesel. Com essas novas tecnologias o Brasil
minimiza a dependência do petróleo e estimula a agricultura familiar gerando emprego e renda. A
expectativa do governo brasileiro é de chegar aos 3,34 bilhões de litros ao ano até 2010, e atualmente
são produzidos 840 milhões de litros ao ano. (MOURA 2007).

O investimento na produção de energia de biomassa em larga escala, entretanto, além de


diminuir a evasão de divisas, contrapondo à importação de combustível fóssil, propicia o fortalecimento
do mercado interno (WANDECK E JUSTO, 1988), estratégia recomendável em tempos de mercados

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globalizados. A macaíba (Acromia Aculeat (Jack) Lood), é uma palmeira pertencente à família Palmae
e é encontrada em quase todo o Brasil. Na Paraíba ela é encontrada de forma mais constante na
microrregião do brejo. A macaúba apresenta grande potencial para produção de óleo com vasta
aplicação nos setores industriais e energéticos, com vantagens sobre outras oleaginosas,
principalmente com relação à sua maior rentabilidade agrícola e produção total de óleo (ROLIM, 1981).

Ainda que se observe fruto o ano todo, a sua safra (3 ou 4 cachos por pé/ano) dá-se entre os
meses de setembro a março, em algumas localidades com 30 a 40 dias de antecipação e/ou
retardamento. A macaíba tem um fruto que consiste de casca externa (epicarpo) e polpa fibrosa interna
(mesocarpo) que circunda uma semente, possui um alto teor de óleo na polpa (12 a 15%) e na
amêndoa (45 a 60%) da fruta, HIANE, (1992),

Pelo fato dos agricultores e agricultoras do município de Alagoa Nova não ter o conhecimento
da potencialidade da macaíba, principalmente da composição química do fruto o óleo pode ser
destinado à produção de biodiesel, acabam desperdiçando essa palmeira, podendo tê-la como fonte
geradora de renda sustentável. O desmatamento ocorrido nessas áreas é cada vez mais acentuado,
trazendo sérios problemas ambientais como a erosão, já que as raízes da palmeira macaíba são
bastante profundas e ótimas para a retenção de água e do solo, a macaíba esta cada vez mais se
tornando rara nessa região. Objetivou-se neste trabalho identificar a macaíba (Acromia Aculeat (Jack)
Lood), nas áreas com vegetação nativa e de agricultura familiar na comunidade Lasquinha do
município de Alagoa Nova/PB.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado na comunidade Lasquinha do município de Alagoa Nova, localizado na


microrregião do brejo paraibano. A área da comunidade é de 12 ha onde 70% encontra-se destinada a
produção da agricultura familiar. Durante a pesquisa foram escolhidas áreas com vegetação nativa e as
destinadas à agricultura familiar para identificação da macaíba. A delimitação das áreas estudadas
foram realizadas utilizando o aparelho GPS ETREX GARMIN, trena e fita zebrada com 700 mm de
espessura. Foram delimitadas parcelas de 50 m x 20 m com área total de 1000 m2. Após a delimitação
contou-se as plantas existentes dentro de cada parcela. As variáveis estudadas foram: número de
plantas, diâmetro caulinar, altura da planta, número de cacho por planta e número de inflorescência por
planta. Durante o trabalho foram selecionadas quatro fases para uma melhor identificação da planta:
fase 1: planta adulta com cacho e com inflorescência; fase 2: planta adulta sem cacho e com

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inflorescência; fase 3: planta adulta com cacho e sem inflorescência e Fase 4: planta adulta sem cacho
e sem inflorescência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram estudadas seis parcelas, contabilizando 43 plantas em toda a área, as quais


apresentaram altura média de 8m e diâmetro médio de 102 cm.

Como podemos observar na tabela 1, foram encontradas, cinco plantas com cacho e com
inflorescência, quatro com cacho e sem inflorescência e três sem cacho e sem inflorescência,
totalizando 12 plantas. Com base nesses resultados podemos inferir que a parcela 1, possui uma boa
produtividade e uma alta ocorrência do fruto, pois segundo Hianne (1992) a safra produz de 3 a 4
cachos pé/ano.

Nas parcelas 2 e 3 (Tabela 2) foram encontradas um baixo número de plantas, devido o fato da
área ter sido desmatada para a produção de alimentos de base familiar. Na parcela 2, foram
encontradas seis plantas, sendo três com cachos e com inflorescência, duas sem cachos e com
inflorescência e uma com cacho e sem inflorescência. Já na parcela 3, encontramos um total de cinco
plantas, sendo três com cachos e com inflorescência, uma com cacho e sem inflorescência e uma sem
cachos com inflorescência. Porém, apesar do baixo número de plantas, a parcela possui um alto grau
produtivo.

A quarta parcela (Tabela 3) foi realizada em uma área de vegetação nativa, em que pouco
houve a interferência humana. Foram contabilizadas 14 plantas ao total, sendo que uma apresentava
cacho e inflorescência, duas possuíam cachos sem inflorescência, uma sem cacho e com
inflorescência e dez plantas sem cachos e sem inflorescência. O fato, das dez plantas ainda não
estarem produzindo pode estar associado a diversos fatores, como por exemplo, a idade das
palmeiras.

Nas parcelas 5 e 6 (Tabela 4)foram encontradas 3 plantas em cada parcela. Sendo uma com
cacho e com inflorescência, em cada uma, e 2 com cachos e sem inflorescência em cada parcela. A
área estudada é destinada à produção agrícola.

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CONCLUSÃO

Estão sendo cada vez mais freqüentes as pesquisas comprovando a utilização do óleo de
macaíba como matéria prima para a produção de biodiesel. Por ser uma planta rústica, que requer
poucos cuidados apresenta valores significativos na produção. O município de Alagoa Nova, situado no
brejo paraibano possui uma alta incidência dessas palmeiras, qualificando-o como um potencial
produtor de matéria prima para a produção de biodiesel no nordeste brasileiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HIANE, P. A.; RAMOS, M. I. L.; RAMOS FILHO, M. M. R.; PEREIRA, J. G. Composição centesimal e
perfil de ácidos graxos de alguns frutos nativos do Estado de Mato Grosso do Sul. Boletim do CEPPA,
v.10, n.1, p. 35-42, 1992.
ROLIM, A. A. B. Óleos vegetais: usos gerais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.7, n. 82, p.17-
22, 1981.
WANDECK, F. A.; JUSTO, P. G.A macaúba, fonte energética e insumo industrial: sua significação
econômica no Brasil. In: SIMPÓSIO SOBRE O CERRADO, SAVANAS, 6. 1988, Brasília. Anais
Planaltina: Embrapa-CPAC, 1988. p. 541-577.

Tabela 1 - Valores absolutos do total de plantas (TP), diâmetro caulinar (DC) e de altura da planta (AP),
número de cacho por planta e número de inflorescência por plantas.

Total de plantas Diâmetro Caulinar Altura da Nº de cacho Nº de


Nº de parcelas
(TP) (DC) (cm) planta (m) por planta inflorescência

1 90 8,00 * *
2 80 7,00 * *
3 88 6,50 1 *
4 125 9,00 1 4
5 116 8,00 3 *

Parcela 1 6 100 11,00 * *


7 190 10,00 4 *
8 97 8,60 2 2
9 105 8,20 4 1
10 106 9,00 2 4
11 106 8,00 2 1
12 98 11,00 5 3
* Não foram encontrados cachos e inflorescências

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Tabela 2 - Valores absolutos do total de plantas (TP), diâmetro caulinar (DC) e de altura da planta (AP), número
de cacho por planta e número de inflorescência por plantas.

Nº. de Total de Diâmetro Caulinar Altura da Nº de cacho por Nº de


Parcelas plantas (cm) planta (m) planta inflorescência
1 120 6,00 10 3
2 102 4,20 * 1
3 0,97 13,00 8 2
Parcela 2
4 127 4,10 8 1
5 103 5,00 * *
6 100 4,50 13 *
1 152 5,2,0 3 4
2 99 4,30 * 1
Parcela 3 3 115 5,70 6 6
4 107 4,30 3 3
5 105 4,60 1 *
* Não foram encontrados cachos e inflorescências

Tabela 3 - Valores absolutos do total de plantas (TP), diâmetro caulinar (DC) e de altura da planta (AP), número
de cacho por planta e número de inflorescência por plantas.

Nº. Parcelas Planta Adulta Diâmetro Altura da planta Nº de cacho Nº de


Caulinar (cm) (m) inflorescência
1 102 12 5 2
2 84 5,2 * *
3 76 9,3 * *
Parcela 4 4 86 9,2 * *
5 92 8,3 * *
6 84 8 * *
7 105 10 * *
8 90 15 * *
9 97 12 * *
10 90 11,4 * *
11 67 10 * *
12 102 9,3 * *
13 98 8,2 4 2
14 96 10 6 4
* Não foram encontrados cachos e inflorescências

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Tabela 4 - Valores absolutos do total de plantas (TP), diâmetro caulinar (DC) e de altura da planta (AP), número de cacho
por planta e número de inflorescência por plantas.

Nº. de Diâmetro Caulinar Altura da Nº de


Planta Adulta Nº de cacho
Parcelas (cm) planta (m) inflorescência
1 87 5,5 4 1
Parcela 5 2 89 7,1 * *
3 129 4,3 3 2
1 9,2 7 * 104
Parcela 6 2 7,5 12 * 117
3 8 8 3 97
* Não foram encontrados cachos e inflorescências

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IMPORTANCIA DO CULTIVO DO PINHÃO-MANSO (JATROPHAS CURCAS L.) PARA USO DO


BIODIESEL1

Epitácio de Alcântara Freire1; Maria Alexandra Estrela1; Vera Lucia Antunes de Lima 2 ; Eduardo Maciel
Oliveira Laime1
1Alunos do Curso de Pós-Graduação Engenharia Agrícola / UFCG – Campina Grande/PB – epitaciofreire@bol.com.br;
2Professora Dra. do Curso de Pós-Graduação Engenharia Agrícola / UFCG – Campina Grande/PB –
antuneslima@gmail.com

RESUMO – O estímulo ao uso das energias renováveis com destaque para os biocombustíveis, em
substituição aos de origem fóssil, tornou-se uma das alternativas frente à questão do aquecimento
global. Para tanto, dentre estas se destaca o biodiesel, principalmente o uso da cultura de Pinhão-
Manso (Jatropha curcas L.). Apontada como uma planta de iminente sucesso no Brasil, em particular no
que se refere à inclusão dos pequenos agricultores, o pinhão-manso chega a região Semi-árida como
alternativa economicamente viável aos pequenos agricultores e grandes empresários. Espécie nativa
do Brasil, da família das Euforbiáceas, exigente em insolação e com forte resistência a seca, é uma
cultura viável para pequenas propriedades rurais, com mão-de-obra familiar, sendo mais uma fonte de
renda e emprego para a região. Configura-se uma alternativa atraente para produção de óleo para fins
energéticos. O resíduo da extração do óleo pode ser usado para recuperação de solos, pois é rica em
NPK e depois de destoxicada usada como ração animal. As principais vantagens do cultivo racional do
pinhão manso são o baixo custo de produção e sua capacidade de produzir em solos pouco férteis e
arenosos, além da alta produtividade, da facilidade de cultivo e de colheita das sementes.
Palavras-chave – Jatropha curcas L, oleaginosas, biodiesel, torta.

INTRODUÇÃO

O biodiesel faz parte do ciclo ecológico e pode ser usado puro ou misturado com o diesel
mineral do petróleo em qualquer proporção, sem a necessidade de modificações dos atuais motores a
diesel fabricados no Brasil (BELTRÃO, 2003). Esse combustível pode ser produzido a partir de
qualquer óleo vegetal ou animal. Dentre as oleaginosas que podem ser cultivadas para a produção de
biodiesel destaca-se o Pinhão manso (Jatropha curcas L.), uma espécie nativa, da família das
euforbiáceas, exigente em insolação e com forte resistência a seca que hoje não apresenta qualquer
aplicação econômica, mas que segundo Carnielli (2003), é uma planta viável para a obtenção do

16Universidade Federal de Campina Grande – UFCG / Campina Grande-PB / Departamento de Pós-Graduação Engenharia
Agrícola / Irrigação e Drenagem.

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biodiesel, pois produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare/ano, levando de três a quatro
anos para atingir a idade produtiva, que se estende por 40 anos. Após a extração do óleo a sobra,
chamada de torta ou farelo, ainda pode ser usada para recuperação de solos, pois é rica em nitrogênio,
fósforo e potássio (Brasil, 1985) e depois de desintoxicada usada como ração animal.

Sendo uma cultura existente de forma espontânea em áreas de solos pouco férteis e de clima
desfavorável à maioria das culturas alimentares tradicionais, o pinhão manso pode ser considerado
uma das mais promissoras oleaginosas do sudeste, centro-oeste e nordeste do Brasil, para substituir o
diesel de petróleo. É altamente resistente a doenças e os insetos não o atacam, pois segrega latéx
cáustico, que escorre das folhas arrancadas ou feridas. Para Purcino & Drummond (1986), esta é uma
cultura que pode se desenvolver nas pequenas propriedades, com a mão-de-obra familiar disponível,
sendo mais uma fonte de renda para as propriedades rurais, além de gerar milhões de empregos na
região nordeste, que segundo Beltrão et al. (2003) tem mais de 10 milhões de desempregados e/ou
subempregadas.

Como as oleaginosas correspondem à maior parte da matéria-prima utilizada para a obtenção


do biodiesel, a pesquisa consistiu em apresentar o pinhão manso como sendo uma alternativa de
matéria prima viável e complementar para a produção de biodiesel por ser uma cultura de baixo custo
de cultivo, não alimentícia e de boa adaptação geográfica.

METODOLOGIA

O pinhão manso (Jatrophas Curcas) é um arbusto de crescimento rápido, que em condições


naturais pode alcançar até quatro metros de altura, podendo gerar sua primeira colheita aos cento e
vinte dias de plantio e, em condições adequadas, uma colheita a cada seis meses, durante até
quarenta anos.

Seu fruto é uma cápsula com três sementes, na qual se encontram as amêndoas, ricas em
óleo. Essa cultura ocorre de forma espontânea em áreas de solo pouco fértil e clima desfavorável à
maioria das outras culturas, facilitando o cultivo em pequenas propriedades rurais, sendo considerado
uma das mais promissoras oleaginosas para o Mercosul. É uma espécie com forte resistência à seca e
produz, em média, de duas a cinco toneladas de biodiesel por hectare. Tem fácil cultivo, resistente a
secas de longos períodos, solos pouco aproveitáveis e em áreas inviáveis para o manejo de máquinas.
Pode ser desenvolvido com mão-de-obra familiar, sendo assim uma fonte de renda para as
propriedades rurais necessitadas. Pode ser utilizada na conservação do solo, porque evita erosão e

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perda de água por evaporação, além de ser um fertilizante natural. Quando retirado o óleo, o bagaço
que sobra pode ser utilizada como adubo orgânico e fertilizante, e a casca na fabricação de papel ou
como carvão vegetal, destinado a produção de energia. As sementes não são comestíveis, nem
levadas por pássaros ou animais, porque são altamente tóxicas, não prejudicando outras plantações ou
áreas. Curiosamente, suas folhas e caules expelem um líquido tóxico que as deixa imune às pragas e
insetos conhecidos. Tolera irrigação com água salobra, evita a desertificação e o biodiesel do seu óleo
não contém enxofre.

A torta, que contém ainda aproximadamente 8% de óleo, é re-extraída com solventes


orgânicos, geralmente hexano, sendo o farelo residual ensacado para aproveitamento como fertilizante
natural, em virtude dos teores elevados de nitrogênio, fósforo e potássio (PURCINO, 1986)

Em pesquisa realizada avaliando-se o potencial de óleo extraído do albúmen, constatou-se


uma variação de até 3% no teor de óleo entre as diversas extrações. Os fatores contribuintes para esta
variação podem estar relacionados com a variabilidade genética das sementes, condições de cultivo,
estado de maturação e conservação dos frutos (MELO et al.,2006).

A Tabela 1 indica os resultados das análises processadas em diversos lotes de sementes,


cujos rendimentos de teor de óleos (base seca) são expressos em porcentagem, conforme
características da parte do fruto analisada. Destaque para o albúmen com 60,8% do teor de óleo.

CONCLUSÃO

A produção de biodiesel é vantajosa quando feita a partir de qualquer matéria-prima, pois


complementa o petróleo, prejudicando menos o meio ambiente. Entretanto, o biodiesel feito a partir do
óleo do pinhão-manso destaca-se dos demais pela sua pequena quantidade de desvantagens quando
comparado aos outros insumos.

Esta é uma espécie com grande potencial com alternativas energéticas limpas a partir da
utilização da biomassa, confere escala e estabilidade para empreendedores que decidam investir no
setor, além dos benefícios econômicos, sociais, a colaboração na preservação ambiental que vem se
tornando um dos pontos fortes da utilização do biodiesel e de um desenvolvimento sustentável,
ajudando na diminuição dos gases formadores do efeito estufa.

O pinhão manso é uma fonte de renda complementar para a população rural necessitada
devido a seu baixo custo de cultivo: não necessita de agrotóxicos, não contaminando o solo, e não

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requer preparo do solo e uso de equipamentos modernos. É muito resistente à seca, tem alta
produtividade por hectare e produz um biodiesel de ótima qualidade, sendo uma ótima alternativa
complementar na produção do biodiesel.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1- Composição do Fruto do Pinhão Manço

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INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NAS PROPRIEDADES DAS BLENDAS DIESEL/BIODIESEL DE


ÓLEO DE PEIXE

Andréa Suame Gouvêa Costa Pontes1; Ieda Maria Garcia dos Santos1; José Rodrigues de Carvalho
FIlho1; Antonio Gouveia de Sousa1
1 Departamento de Química, CCEN, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil;
andreasuame@hotmail.com

RESUMO – Quedas bruscas na temperatura ambiente são responsáveis pelo aumento da viscosidade
e pela cristalização de ésteres graxos saturados presentes no biodiesel, que, possivelmente, poderão
interferir no funcionamento do motor. Esse problema não é exclusivo desse biocombustível, pois o
diesel convencional também é composto por hidrocarbonetos saturados que, em baixas temperaturas,
tendem a formar cristais. A viscosidade é uma das propriedades mais importantes dos combustíveis,
pois influencia a circulação e a injeção do combustível no funcionamento de motores de injeção. A
eficiência do motor no processo de combustão depende da sua viscosidade. Uma alta viscosidade
diminui a sua volatilização implicando assim em uma combustão incompleta. O biodiesel adicionado ao
diesel mineral induz uma melhoria das características do diesel quanto às emissões dos gases
resultantes da combustão para a atmosfera. O objetivo é discutir o comportamento do Biodiesel de óleo
de Peixe pela rota Metílica e suas respectivas blendas Biodiesel/Diesel em temperaturas baixas. E para
isso foi realizado ensaios de ponto de névoa, fluidez e viscosidade. Observou-se uma diminuição nas
suas temperaturas que foram de 6,5 e -4,0 °C respectivamente, atribuída a presença de cadeias
insaturadas, com estereoisomeria cis-cis. Essa forma isomérica diminui as interações intermoleculares
e dificulta o empacotamento das moléculas.
Palavras-chave – Óleo de Peixe, viscosidade, propriedades de fluxo, blendas.

INTRODUÇÃO

Devido à diferença de perfil entre o diesel e biodiesel, se faz necessário estabelecer padrões
de qualidade para o biodiesel, objetivando fixar teores limites dos contaminantes que não venham
prejudicar a qualidade das emissões da queima, bem como o desempenho, a integridade do motor e a
segurança no transporte e manuseio. Devem ser monitoradas também possíveis degradações do
produto durante o processo de estocagem. A qualidade do biodiesel pode sofrer alterações devido a
variações nas suas estruturas moleculares dos ésteres constituintes, ou devido à presença de
contaminantes oriundos da matéria-prima do processo de produção ou podem ser formados durante a
estocagem do biodiesel. A absorção de umidade e os processos de degradação oxidativa durante o

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armazenamento do biodiesel contribuem para a presença de água, peróxidos e ácidos carboxílicos de


baixa massa molecular (LÔBO et al., 2009).

Estudos já mostram que a viscosidade aumenta com o aumento da cadeia carbônica e com o
aumento no grau de insaturação, sendo influenciado por ramificações e posicionamento das
insaturações. As forças intermoleculares comandam o grau de atração das moléculas e podem ser
modificadas pela presença de grupos funcionais modificadores de conformação ou de polaridade das
moléculas, aumentando ou diminuindo determinado tipo de interação intermolecular [KNOTHE et al.,
2005]. Uma alta viscosidade diminui a volatilização implicando assim em uma combustão incompleta. O
biodiesel adicionado ao diesel mineral induz uma melhoria das características do diesel quanto às
emissões dos gases resultantes da combustão para a atmosfera. [CONCEIÇÃO et al., 2005].

É neste sentido que este trabalho foi desenvolvido, para verificar a viscosidade do biodiesel e
de suas misturas binárias em altas e baixas temperaturas, bem como suas propriedades de fluxo.

METODOLOGIA

Produção do biodiesel e das blendas

O óleo de peixe inicialmente foi neutralizado com solução de NaOH 10% conforme
procedimento descrito por Moretto. Em seguida o óleo foi transesterificado com metanol para produzir o
biodiesel.

O biodiesel após purificação foi misturado com diesel metropolitano para um volume de 100
mL, nas proporções 5 %, 10%, 15%, 20%, 25% e B50%, sendo designados como B5, B10, B15, B20,
B25 e B50, respectivamente.

Viscosidade Cinemática a 40 °C

A análise, segundo a norma ASTM D 445, é feita fazendo-se escoar, sob gravidade, uma
quantidade controlada da amostra através de um viscosímetro de tubo capilar de vidro, sob
temperatura previamente fixada e mantida sob controle.

Ponto de Entupimento de Filtro a Frio (PEFF)

O teste, de acordo com a norma ASTM D 6371-99, consiste no resfriamento do combustível


até uma temperatura em que ele cesse de correr através do filtro dentro de 60 segundos ou pelo fato

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de não retornar ao frasco de teste. O equipamento utilizado para esta determinação foi da marca
TANAKA Scientific Limited, modelo AFP-102.

Ponto de Névoa

O teste é feito seguindo a norma ASTM D 2500, submetendo-se uma dada quantidade da
amostra a resfriamento numa taxa específica, até que haja o aparecimento, pela primeira vez, de uma
área turva no fundo do tubo de teste. O teste foi feito no equipamento marca TANAKA e modelo MPC –
102 L.

Ponto de Fluidez

De acordo com a norma ASTM-D 97 o ponto de fluidez é a menor temperatura na qual o óleo
lubrificante flui quando sujeito a resfriamento sob condições determinadas de teste. É principalmente
controlado para avaliar o desempenho nas condições de uso em que o óleo é submetido a baixas
temperaturas. O teste foi feito no equipamento marca TANAKA, modelo MPC – 102 L.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A viscosidade afeta a atomização do combustível durante sua injeção na câmara de


combustão, acarretando inúmeros problemas como entupimento e formação de depósitos no motor.
Quanto maior a viscosidade do combustível, maior os problemas causados nas peças do motor,
diminuindo o desempenho e tempo de vida útil da maquina. Essa é a principal razão pela qual se faz
necessária a transesterificação de óleos para conversão de triacilglicerídeos em ésteres de menor
massa molar (biodiesel), podendo inclusive ser a viscosidade utilizada no monitoramento da reação de
transesterificação. Portanto, a aplicação direta do B100 nos motores do ciclo diesel não se faz de modo
tão direto. A preparação de misturas binárias do tipo biodiesel:diesel confere a estas uma viscosidade
intermediária, (TABELA 1).

A presença de insaturações altera a geometria das cadeias graxas, tornando as forças


intermoleculares menos efetivas e, conseqüentemente, diminuindo a viscosidade. A adição do biodiesel
metílico do óleo de peixe ao diesel confere um aumento linear nas etapas da destilação, como pode ser
visto na Figura 1a. Os aspectos moleculares da viscosidade e grupos funcionais oxigenados,
principalmente ésteres e ácidos graxos, aumentam consideravelmente a viscosidade de uma amostra
por aumentarem as interações intermoleculares do tipo dipolo-dipolo, mais fortes que as interações de
Van der Waals, que são predominantes no diesel.

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O ponto de fulgor das amostras, Figura 1b apresentou temperatura de combustão no intervalo


de 52,5 a 155 ºC sendo, portanto, superiores à temperatura ambiente caracterizando um
comportamento vantajoso, por existir menor riscos de explosões nas condições normais de transporte,
manuseio e armazenamento. As interações intermoleculares entre as cadeias adjacentes (biodiesel e
diesel) têm como conseqüência a elevação da massa específica que está diretamente ligada à
estrutura das moléculas. Quanto maior o comprimento da cadeia carbônica do alquiéster, maior será a
massa específica, e estas apresentaram valores entre 840 a 890 kg.m -3 o que foi observado como
aumento da concentração do biodiesel ao diesel (Tabela 2).

Ponto de Névoa e Fluidez

Na Figura 2 é mostrado o comportamento das amostras derivadas do biodiesel do óleo de


peixe em temperaturas baixas. A adição gradual de biodiesel não provocou alterações significativas
nos pontos de fluidez e névoa, bem como, para a mistura B50 que contém 50% de diesel e biodiesel.
Já para o biodiesel puro observou-se a diminuição da temperatura bem acentuada, e isso é explicado
por sua composição ser mais de insaturados, o que já era esperado, pois os peixes que possuem
maior concentração de óleos são de origem marinha e de águas mais frias. Pode-se observar, na
seqüência das amostras, que primeiro há formação dos cristais (ponto de névoa) e em seguida a
dificuldade do fluido escoar com a formação de aglomerados (ponto de fluidez). Para os valores
aritméticos do ponto de entupimento de filtro a frio, (Tabela 2) das amostras B5 a B25 apresentaram
um perfil semelhante as do diesel demonstrando que a presença da adição da concentração de até
25% de biodiesel não foi suficiente pra essas temperaturas sofrerem alterações. Já para as amostras
B50 e B100 foi observada diminuição nas suas temperaturas que foram de 6,5 e -4,0 °C
respectivamente, atribuída a presença de cadeias insaturadas, com estereoisomeria cis-cis. Essa forma
isomérica diminui as interações intermoleculares e dificulta o empacotamento das moléculas, que
amenizam a possibilidade de solidificação do biodiesel. Verificou-se que na Tabela 2 todas as amostras
apresentaram valores abaixo do limite estabelecido pela ANP, que é de 19 ºC que são valores
requeridos para as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia. Já para as demais localidades do
Brasil esses valores não são estipulados e, portanto devem ser anotados.

CONCLUSÃO

Após a reação de transesterificação a viscosidade do óleo diminui consideravelmente. Com o


aumento da concentração do biodiesel no diesel, a viscosidade das misturas binárias aumenta, porém
permanece dentro das especificações da ANP. Observou-se que as amostras apresentaram valores

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abaixo do limite estabelecido pela ANP, que é de 19 ºC que são valores requeridos para as regiões Sul,
Sudeste, Centro-Oeste e Bahia. Já para as demais localidades do Brasil esses valores não são
estipulados e, portanto devem ser anotados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANP. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis, Disponivel em:


<http://www.anp.gov.br>. Acessado em: 30/01/2008.
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KNOTHE, G.; STEIDLEY, K. R. Kinematic viscosity of biodiesel fuel components and related
compounds. Influence of compound structure and comparison to petrodiesel fuel components.
Fuel, 84, 1059, 2005.
LÔBO, I. P.; FERREIRA, S. L. C.; CRUZ, R. S. Biodiesel: parâmetros de qualidade e métodos
analíticos. Química Nova, Vol. 32, No. 6, 1596-1608, 2009.
MORETTO, ELIANE; tecnologia de óleos e gorduras vegetais na indústria de alimentos. Fett –
São Paulo; Livraria varela, 1998.

Tabela 1- Viscosidade cinemática das Amostras a 40 °C.

Amostras Viscosidade Cinemática (mm2s-1) Especificação ANP (mm2s-1)

Diesel 2,97
B5 3,05
B10 3,15
B15 3,20 3,0- 6,0
B20 3,29
B25 3,34
B50 3,75
B100 4,60

Tabela 2 - Ponto de Entupimento de filtro a frio das amostras.

Amostras Ponto de Entupimento (ºC) Especificação (ANP)


Diesel 8,0
B5 8,0
B10 8,0
B15 8,0
19,0
B20 8,0
B25 8,0
B50 6,5
B100 -4,0

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(A) (B)

Figura 1- Estudo do comportamento das misturas binárias: Etapas da destilação (a) massa específica e ponto
de fulgor (b).

Figura 2- Propriedades de Fluxo das amostras.

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INFLUÊNCIA DO BIODIESEL DE MAMONA COMO ADITIVO ANTIOXIDANTE AO BIODIESEL DE


SOJA

Hellyda Katharine Tomaz de Andrade Silva1*; Edjane Fabiula da Silva Buriti1; Fabíola Correia de
Carvalho1; Amanda Duarte Gondim1; Valter José Fernandes Júnior1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Laboratório de Catálise e Petroquímica - hellyda.andrade@gmail.com

RESUMO – O biodiesel é um combustível alternativo obtido pela reação de transesterificação de óleos


vegetais ou gorduras animais, composto de ésteres alquílicos de ácidos graxos saturados e
insaturados de cadeias longas. Devido os compostos insaturados, o biodiesel é suscetível ao processo
de autoxidação, causado pelo contato com o ar, esta, é uma legítima preocupação no que diz respeito
ao monitoramento da qualidade do combustível. O biodiesel de mamona possui uma excelente
estabilidade oxidativa devido ao alto teor de ácido ricinoleico (ácido 12-hidróxi-cis -octadeca-9-enóico)
na sua composição, quase 90%, em contrapartida apresenta altos valores de massa específica e
viscosidade cinemática que acabam limitando seu uso como biocombustível, pois estes não se
enquadram as especificações vigentes. Nesse âmbito blends de biodiesel de soja/mamona foram
preparadas nas proporções de 20, 40, 50, 60, 80% de biodiesel de mamona, com o intuito de estudar o
efeito da adição do biodiesel de mamona sobre o período de indução, massa específica e viscosidade
cinemática do biodiesel de soja de baixa estabilidade oxidativa, e qual percentagem atende as
especificações da ANP, para que possa ser utilizada como biocombustível, foi observado que as
blends compreendidas na faixa de 20 e 40% atenderam as especificações.
Palavras-chave – Estabilidade oxidativa; Rancimat; P-SDC;

INTRODUÇÃO

Biodiesel pode ser obtido de fontes renováveis, como óleos vegetais, através do processo de
transesterificação (Monyem et al., 2001 apud Ferrari, 2009; Costa Neto, 2000), no qual ocorre a
conversão de triglicerídeos em ésteres de ácidos graxos (Encinar et. al., 2002 apud Ferrari, 2009). A
maior parte do biodiesel produzido no mundo deriva dos óleos de soja e canola (Canakci et. al., 2001
apud Ferrari, 2009), porém, segundo Parente, todos os óleos vegetais podem ser convertidos a
biodiesel (Parente, 2003).
Embora suficientemente promissor, o biodiesel obtido por transesterificação é suscetível ao
processo de oxidação (Moser, 2009), quando exposto ao ar devido a composição química de cada
oleaginosa, o perfil de ácidos graxos dos óleos e gorduras propicia no desenvolvimento da rancidez

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oxidativa devido à quantidade de insaturações presente no ácido graxo, principalmente os ácidos oléico
(C18:1), linoléico (C18:2) e linolênico (C18:3) (Robye et. al., 1994 apud Ferrari 2009). A taxa de
autoxidação depende do número e da localização de ligações duplas de metilenos interrompidos
(Moser, 2009). A rancidez oxidativa afeta a qualidade do combustível, em resultado de longos períodos
de estocagem. Portanto, uma legítima preocupação no que diz respeito ao monitoramento da qualidade
do mesmo tem sido focalizada sobre os efeitos da oxidação. Dessa forma, manter a qualidade do
biodiesel e suas misturas com combustíveis destilados do petróleo durante o longo período de
estocagem é um consenso entre produtores, fornecedores e usuários do combustível (Stavinoha et. al.,
1999 apud Ferrari 2009). Nesse contexto, apesar de apresentar valores de massa específica e
viscosidade cinemática fora das especificações, o biodiesel de mamona exibe uma excelente
estabilidade térmica e oxidativa devido ao alto teor de ácido ricinoleico (ácido 12-hidróxi-cis-octadeca-9-
enóico) de quase 90% na sua composição (Meneghetti et. al. 2006). Deste modo, o estudo da
estabilidade oxidativa do biodiesel de mamona torna-se relevante, pois o mesmo pode ser utilizado
como aditivo antioxidante em blends com outros de estabilidade térmica e oxidativa mais baixas.

METODOLOGIA
O biodiesel de soja e mamona foram obtidos através da reação de transesterificação utilizando
catalisador homogêneo KOH na concentração de 1% m/m e razões molares óleo vegetal/álcool metílico
de 1:6 e 1:9, respectivamente. Após o processo de separação, lavagem e purificação, as blends foram
obtidas nas seguintes proporções: 20, 40, 50, 60 e 80%.
A caracterização físico-química das amostras de biodiesel foi realizada com o intuito de
averiguar as condições dos mesmos, visando resultados satisfatórios no que diz respeito à qualidade,
conforme as normas da American Society of Testing and Materials (ASTM), British Standart (BS EN) e
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de acordo com a Resolução n°7/2008 da Agência
Nacional do Petróleo Gás e Biocombustíveis (ANP). A determinação da massa específica foi realizada
de acordo com a norma ASTM D1298, fazendo uso de um densímetro digital de bancada, da marca
METTLER TOLEDO, modelo DE-40. A viscosidade cinemática foi medida à temperatura de 40°C, de
acordo com a norma ASTM D445, em um viscosímetro automático da marca TANAKA, modelo AKV-
202. As amostras foram analisadas em um tubo Lanz-Zeifuchs modificado, com bulbos (C e J), de fluxo
reverso, com constantes iguais a: C = 0,0157 mm2s-1 e J = 0,01688 mm2s-1. A amostra foi vertida para
o viscosímetro e após 15min, estabelecido o equilíbrio térmico do sistema. O ensaio foi realizado como
método analítico para identificar a conversão do óleo em ésteres metílicos.
Os ensaios de estabilidade oxidativa foram realizados conforme a norma Européia (EN 14112),
utilizando o equipamento METROHM, modelo Rancimat 843. As amostras foram analisadas sob

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aquecimento a 110°C (bloco de temperatura) com taxa de fluxo constante de ar sintético de 10L/h, fator
de correção (T) fixado em 0.9°C. O indício do término da análise se deu quando a condutividade
atingiu 200µS.cm1. A temperatura inicial de oxidação foi determinada utilizando um P-DSC, modelo
DSC 204 HP da NETZSCH, sob pressão de 1100 KPa, em atmosfera de ar sintético, modo dinâmico.
Inicialmente 10 mg de cada amostra foram pesadas e acondicionadas numa panelinha de alumínio
aberta, a análise foi iniciada e submetida a uma taxa de aquecimento de 10°C/min até 600°C.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados referentes à caracterização físico-química das amostras de biodiesel de soja e
mamona estão apresentados na Tabela 1. Pode-se observar que o biodiesel de soja mostrou-se
conforme as especificações vigentes da Resolução ANP N°7/2008 em todos os ensaios. Enquanto o
biodiesel de mamona apresentou nas figuras Figuras 1a e 1b elevada massa específica e viscosidade
cinemática, além de uma elevada acidez, possivelmente atribuída à presença de ácidos graxos livres
no biodiesel, os quais podem ser os responsáveis pela água no combustível, uma vez que os ácidos
graxos podem ser formados pela hidrólise dos ésteres tanto nos triglicerídeos da matéria-prima como
no biodiesel durante sua obtenção (Mahajan et. al., 2006).
Nas Figuras 2a e 2b estão ilustrados os perfis das curvas referentes aos ensaios da
estabilidade oxidativa do biodiesel de soja e mamona pelo método Rancimat e P-DSC. Como esperado
o biodiesel de mamona apresentou uma elevada estabilidade oxidativa frente ao biodiesel de soja,
esse comportamento é corroborado pelos dados do índice de iodo, que indica o número de
insaturações do biocombustível, expressando assim, a tendência do mesmo sofrer oxidação.

CONCLUSÃO
O biodiesel de soja apresentou características apropriadas para ser utilizado em motor a diesel,
com exceção à estabilidade oxidativa, em contrapartida o biodiesel de mamona exibiu uma elevada
estabilidade oxidativa embora tenha apresentado valores de massa específica, viscosidade cinemática
e acidez fora das especificações. Os resultados mostraram que quanto maior a quantidade de
compostos insaturados presentes no biodiesel, menor é a sua estabilidade oxidativa A adição de
biodiesel de mamona como antioxidante no biodiesel de soja é promissora, pois promoveu uma
melhora significativa na resistência à auto-oxidação e, por conseguinte, na sua estabilidade oxidativa
do biodiesel de soja. As blends que apresentaram conformidade às exigências da ANP foram aquelas
compreendidas na faixa de 20-40%. Desta forma poderão ser utilizadas como substitutas ao diesel
fóssil.

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Tabela 1. Caracterização físico-química do biodiesel de soja e mamona.

Propriedades B100 de Soja B100 de Mamona Limites*


Enxofre Total (mg.kg-1) 0,5 0,3 50
Índice de Acidez (mgKOH.g-1) 0.2 0,9 ≤ 0,5
Índice de Iodo (g100.I2-1) 126,4 87,693 -
Massa Específica 20°C (Kgm-3) 881,9 920,4 850 - 900
Viscosidade Cinemática 40°C (mm2s-1) 4,58 13,03 3,0 – 6,0

* Resolução ANP N°7, 19.03.2008 – DOU 20.03.2008.

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925 14
(a) (b)
920
12

Viscosidade Cinemática (mm s )


915

2 -1
Massa Específica (kgm )
-3

910
10
905

900 8

895

890 6

885
4
880

0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Temperatura ( C) Temperatura ( C)
(a) (b)

Figura 1 - (a) Massa Específica a 20 °C das Blends Soja/Mamona e (b) Viscosidade Cinemática a 40 °C das
Blends Soja/Mamona.

(b)
10
(a)
200
8
Fluxo de Calor (mWmg )
-1
Condutividade (Scm )
-1

150
6

20%
4
40%
100 50%
60%
2 80%
50 20%
40% 0
50%
0 60%
80% -2
50 100 150 200 250 300 350 400
0 10 20 30 40 50
Temperatura (°C)
Tempo (h)

Figura 2 - (a) Sobreposições do perfil condutivímetro das blends de soja/mamona quando submetidas ao ensaio
de estabilidade oxidativa pelo método EN 14112 e (b) Sobreposições das típicas curvas exotérmicas P-DSC
das blends de soja/mamona pelo método dinâmico.

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IRRADIAÇÃO DE MICROONDAS NA TRANSESTERIFICAÇÃO ALCALINA HOMOGÊNEA DE ÓLEO


DE PINHÃO MANSO (JATROPHA CURCAS L.)

Bruna dos Santos Moura¹; Marisa Fernandes Mendes¹; Hélio Fernandes Machado Júnior¹
1Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e-mail: bs_moura@yahoo.com.br, marisamf@ufrrj.br, hfmj@ufrrj.br

RESUMO – O biodiesel é um combustível produzido através da reação de transesterificação de óleos


vegetais ou gordura animal com alcoóis de cadeia curta, como metanol ou etanol, na presença de
catalisadores ácidos ou básicos. A utilização da irradiação de microondas acelera significativamente a
reação de transesterificação e, como conseqüência, é possível obter elevados rendimentos de
produtos em um curto período de tempo, consumindo menos energia. A composição e as
características do óleo do pinhão manso fazem dele uma matéria-prima promissora para produção de
biodiesel. Portanto, este trabalho teve como objetivo a produção de biodiesel a partir de óleo de
pinhão-manso utilizando irradiação de microondas, com razão molar metanol/óleo de 6:1 e KOH como
catalisador em concentrações de 0,5, 1,0 e 1,5%p/p. A tecnologia utilizada apresentou valor de
conversão de 73,3% em 25 segundos de reação utilizando 0,5% KOH.
Palavras-chave – Pinhão manso, microondas, transesterificação alcalina,

INTRODUÇÃO

As fontes energéticas são extremamente importantes no cotidiano do seres humanos atuais,


pois originam eletricidade e combustíveis que movimentam as indústrias e os meios de transportes,
viabilizam as atividades comerciais, domésticas e de serviços. No entanto, a energia encontrada na
natureza precisa ser transformada nas refinarias de petróleo, nas usinas hidrelétricas, nas
termelétricas, nas termonucleares; entre outras.

As necessidades energéticas existentes no mundo são supridas, na sua maioria, por fontes
petroquímicas, carvão e gás natural. No entanto, em uma época em que o aquecimento global e a
poluição ambiental são fatos incontestáveis, a necessidade de alteração da matriz energética tornou-se
prioritária. Isso estimulou a busca de alternativas aos derivados de petróleo. Um bom combustível
alternativo deverá ser viável tecnicamente, economicamente competitivo, ambientalmente seguro e
prontamente disponível. Neste contexto surgem, os combustíveis obtidos a partir de óleos vegetais e
gorduras, os chamados de biodiesel.

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A Agência Nacional de Petróleo (ANP) define o biodiesel como um combustível composto de


alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de óleos vegetais ou de gorduras animais
conforme a especificação contida no Regulamento Técnico, parte integrante da Resolução ANP Nº 7,
de 19/3/2008 (www.anp.gov.br, 2009).

O biodiesel foi introduzido na matriz energética brasileira de acordo com a lei nº 11.097 de 13
de janeiro de 2005. De acordo com tal lei, a partir de 1º de julho de 2008 o óleo diesel comercializado
no Brasil deve conter, obrigatoriamente, 2% em volume de biodiesel. A Resolução nº 2 do Conselho
Nacional de Política Energética (CNPE), publicada em março de 2008, aumentou de 2% para 3% o
percentual obrigatório de mistura de biodiesel ao óleo diesel e atualmente o percentual obrigatório é de
4% (WWW.MME.GOV.BR, 2009).

Dentre os principais processos de transformação de óleos vegetais em combustíveis


semelhantes ao óleo diesel, a transesterificação é o único processo utilizado industrialmente.

A transesterificação é uma reação em que uma molécula de triglicerídeo reage com 3


moléculas de um álcool de cadeia curta, geralmente metanol ou etanol, produzindo uma mistura de
ésteres metílicos ou etílicos dos ácidos graxos correspondentes e glicerina como subproduto
(PARENTE, 2003).

Uma vez que a reação é um processo de equilíbrio, a transformação ocorre simplesmente pela
mistura dos reagentes, porém um baixo rendimento reacional é obtido devido ao equilíbrio ser
alcançado rapidamente. Por essas razões, é necessário otimizar as condições operacionais a fim de
deslocar o equilíbrio da reação para a formação dos produtos. A utilização de catalisadores ácidos ou
básicos acelera significativamente a obtenção dos produtos.

A reação de transesterificação de triglicerídeos catalisada por uma base apresenta a


desvantagem de produzir reações secundárias indesejáveis como a reação de neutralização dos
ácidos graxos livres e saponificação dos triglicerídeos e/ou dos ésteres monoalquílicos formados.
Segundo SCHUCHARDT et al. (1998), Essas reações consomem parte do catalisador e dificultam a
separação do glicerol, pois o sabão produzido se solubiliza na glicerina durante a etapa de separação,
aumenta a solubilidade dos ésteres no glicerol e, conseqüentemente, a conversão dos triglicerídeos em
ésteres diminui.

A tecnologia mais comumente utilizada para a transesterificação de triglicerídeos é um


processo simples, porém requer reatores de grandes tamanhos e levam longos tempos de reação.
Segundo LERTSATHAPORNSUK et al. (2008) boas conversões de biodiesel (90 a 97%) são obtidas

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entre 2 e 4 horas, mas o maior inconveniente é o alto consumo de energia e alta relação molar de
metanol/óleo. Diversos trabalhos publicados recentemente comprovam a redução do tempo reacional
quando as reações são aceleradas por microondas (LIDSTRÖM et al., 2001; SANSEVERINO, 2002 e
VARMA, 2001) o que leva a redução no consumo energético.

As principais matérias-primas para a produção de biodiesel são os óleos e gorduras que


podem ser de origem vegetal, animal ou mesmo microbiana.

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) pertence à família das Euforbiáceas, a mesma da
mandioca, seringueira e mamona. Trata-se de uma planta rústica, que se adapta a várias condições de
clima e solo, é resistente à seca e pouco atacada por pragas e doenças. Tem a vantagem de ser uma
planta perene, que produz por mais de 40 anos, desta forma não precisa ser plantada todo ano.

Segundo Pereira (2009), o pinhão manso é uma oleaginosa com teor de óleo que pode variar
de 40-60%. Tem sido motivação de diversos estudos por ser uma oleaginosa com grande potencial
como matéria-prima na produção de biodiesel.

Este trabalho teve como objetivo utilizar um equipamento de microondas para melhorar a taxa
de conversão da reação de transesterificação alcalina e homogênea de óleo de pinhão manso em
ésteres metílicos. Foi avaliada a influência da concentração inicial de catalisador, nas concentrações
de 0,5, 1,0 e 1,5% de KOH, em tempos de reação que variaram de 10 a 35 segundos no rendimento
mássico do biodiesel e do glicerol.

METODOLOGIA

Materiais

As sementes de pinhão manso foram doadas pela NNE Minas Agro Florestal LTDA, cultivada
na cidade de Janaúba, Minas Gerais. As sementes foram enviadas com um teor de umidade de 10,6%.
A figura 1 mostra as sementes de pinhão manso com casca, utilizadas no processo de prensagem.

Os reagentes utilizados foram álcool metílico absoluto (99,8% de pureza), hidróxido de potássio
e sulfato de sódio. Todos são originais da VETEC QUÍMICA FINA LTDA, Rio de Janeiro, RJ.

Metodologia Experimental

O processo de produção de biodiesel a partir da reação de transesterificação, partindo das


sementes de pinhão manso, envolve as seguintes etapas operacionais: extração do óleo, preparo da

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matéria prima, preparo da solução alcóoxida, reação de transesterificação, separação de fases,


purificação do biodiesel, recuperação do álcool e purificação da glicerina.

Processo de extração do óleo de pinhão manso: A extração do óleo de pinhão manso foi
realizada em uma unidade de extração de óleo vegetal da ECIRTEC Equipamentos e Acessórios
Industriais Ltda. Cerca de 8 kg de sementes de pinhão manso foram prensadas em uma mini prensa
ECIRTEC MPE-40 3CV apresentada na figura 2. O óleo foi armazenado para utilização na reação de
transesterificação e análises necessárias.

Preparação da solução alcóoxida: Para a realização da reação de transesterificação faz-se


necessário o preparo da solução alcóoxida. Após a determinação da quantidade de óleo a ser utilizada
na reação podem ser determinadas, de acordo com a concentração de catalisador e razão molar entre
o óleo e o álcool, as massas dos demais reagentes.

O alcóoxido de potássio foi formado através da solubilização do álcool com o hidróxido de


potássio em quantidades pré-determinadas. Foram preparadas soluções alcóoxidas com
concentrações de catalisador de 0,5, 1,0 e 1,5% p/p de óleo e razão molar de álcool/óleo de 6:1. Todas
as soluções alcóoxidas foram secas com CaCl2 antes de serem utilizadas.

Reação de transesterificação alcalina com utilização de irradiação de microondas: A massa de


óleo foi pesada e adicionada a um balão de fundo chato de 500 mL. A solução alcóoxida, recentemente
preparada, foi adicionada no balão ao óleo e levado ao forno microondas a uma potência de 100% e
em tempos que variaram entre 10, 15, 20, 25, 30 e 35 segundos. Após o tempo pré-determinado, a
reação foi cessada com a retirada do balão do forno e os produtos obtidos foram levados para as
etapas de separação e purificação. Todos os experimentos foram realizados em triplicata.

Separação de fases e purificação dos produtos: Os produtos obtidos foram levados a uma
centrífuga (Nova Técnica Equipamentos para Laboratório, modelo NT 820) por 5 minutos a uma
velocidade de 3000 rpm para separação das fases. Na figura 3 pode ser observada nitidamente as
duas fases formadas: uma menos densa e clara, rica em ésteres e outra mais densa e escura rica em
glicerina.

Após a separação de fases, a camada de ésteres foi levada a um funil de decantação para a
etapa de purificação. O biodiesel formado foi lavado com solução saturada de sulfato de sódio (figura
4) e, em seguida, com água destilada. Após a etapa de lavagem, o biodiesel foi seco com sulfato de
sódio anidro e filtrado. A partir disso, o biodiesel formado foi armazenado para análises de
caracterização.

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Análises e Caracterizações do Óleo de Pinhão Manso

Índice de acidez: É definido como a massa (mg) de hidróxido de potássio necessária para
neutralizar os ácidos graxos livres presentes em um grama de óleo ou gordura. Ribeiro e Seravalli,
(2004) revelaram que o estado de conservação do óleo está intimamente relacionado com a natureza e
qualidade da matéria-prima, com a qualidade e o grau de pureza do óleo, com o processamento e,
principalmente, com as condições de conservação, pois a decomposição dos glicerídeos é acelerada
por aquecimento e pela luz, enquanto a rancidez é quase sempre acompanhada da formação de ácido
graxo livre.

Foi utilizado o método AOCS Cd 3d-63 (AOCS, 1993). Aproximadamente, 5 gramas do óleo
foram diluídos em 50 mL de uma solução diluente contendo álcool e éter etílico (1:1). A solução foi
titulada com NaOH a 0,01 M, utilizando como indicador fenolftaleína.

Índice de refração: A determinação desse índice tem grande utilidade no controle dos
processos de hidrogenação, não só para os óleos, mas também para as gorduras. Os óleos e as
gorduras possuem poderes de refringência diferentes e, de acordo com sua natureza, desviam com
maior ou menor intensidade os raios luminosos que os atravessam; assim, o índice de refração de uma
gordura aumenta com o comprimento da cadeia carbônica e com o grau de insaturação dos ácidos
graxos constituintes dos triglicerídeos (MORETTO e FETT, 1998).

Para a determinação do índice de refração foi utilizado um refratômetro de Abbé, onde gotas
da amostra foram adicionadas diretamente em seu prisma. A leitura é realizada no ponto onde se pode
observar a interseção entre a porção clara e escura da luz que incide em determinado ponto do
aparelho. A metodologia seguiu o método AOCS Cc 7-25 (AOCS, 1993).

Teor de água: A determinação de umidade foi efetuada com base no método de perdas por
dessecação em estufa (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985). Cerca de 5 gramas de amostra foi pesada
em um cadinho de porcelana e aquecida a 105 ºC durante uma hora em estufa convectiva da Marca
Brasdonto, Modelo 3. Após o aquecimento, as amostras foram tampadas e resfriadas em dessecador
até atingirem temperatura ambiente. Foram, então, pesados novamente e o teor de umidade foi
determinado pela diferença nas massas do conjunto cadinho/óleo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado obtido do processo de extração, aplicados para a obtenção do óleo do pinhão-

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manso, foi analisado através da eficiência, definindo-a como a razão entre a massa de óleo extraída e
a massa de semente alimentada segundo a equação 1.

Rendimento % 
ME
 100 Equação (1)
MA

Onde: ME representa a massa de óleo extraída e MA representa a massa de semente


alimentada.

O rendimento da prensagem das sementes de pinhão-manso foi em média de 32,26%. A


Figura 5 mostra o óleo do pinhão-manso extraído por prensagem.

Resultados das Análises do Óleo de Pinhão Manso

O valor de acidez depende da matéria-prima empregada na produção de biodiesel. A ANP


determina que o valor máximo permitido de 0,80 mg KOH/g de óleo para os combustíveis e o padrão
europeu estabelece um valor de acidez de 0,50 mg KOH/g (PEREIRA 2007).

O óleo de pinhão manso utilizado neste estudo, como fonte de glicerídeos, apresentou valor de
ácidos graxos livres de 0,659 mg KOH/g de óleo. Este valor corrobora com os resultados relatados por
PEREIRA (2009) e está de acordo com os limites de qualidade estabelecidos para uso como matéria-
prima na produção de biodiesel pela transesterificação alcalina.

O índice de refração, determinado pela técnica descrita anteriormente, obtido para o óleo de
pinhão manso foi de 1,469. Este parâmetro tem a finalidade de medir o grau de hidrogenação do óleo
vegetal. Esta análise informa o nível e insaturações da amostra, com isso, a estabilidade à oxidação.

O óleo de pinhão manso utilizado nesta pesquisa apresentou teor de umidade de 0,3%p/p de
óleo e está de acordo com os resultados recomendados por FREEDMAN et al. (1984), RAMADHAS et
al. (2005), MA & HANNA (1999) e BERCHMANS & HIRATA (2008) que relatam que o teor de água na
matéria-prima deve estar abaixo de 0,5%, devido ao favorecimento a reação de saponificação.

As figuras 6, 7 e 8 mostram as curvas de conversão mássica percentual dos produtos com o


tempo reacional para as concentrações iniciais de catalisador de 0,5, 1,0 e 1,5%, respectivamente.

Quando se variou o tempo de reação e a concentração de catalisador foi mantida constante, a


conversão mássica em biodiesel não apresentou diferenças significativas. Porém em tempos
superiores à 25 segundos houve uma queda na conversão o que pode ser explicado devido ao
favorecimento da reação paralela de saponificação dos triglicerídeos com o aumento do tempo de

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reação. O aumento do tempo de reação está diretamente ligado ao aumento da temperatura final de
reação favorecendo, assim, a reação de saponificação.

Os resultados apresentados nas figuras 6, 7 e 8 também mostram que a temperatura teve uma
influência positiva, apesar de pequena, na conversão mássica de glicerol.

CONCLUSÕES

Os altos valores de conversão mássica em curtos tempos reacionais obtidos neste trabalho
com o auxílio das microondas conferem a esta técnica uma enorme vantagem frente ao método
convencional, hoje utilizado em grande escala. Para esta técnica, foram analisadas as concentrações
de 0,5, 1,0 e 1,5% de catalisador, em 10, 15, 20, 25, 30 e 35 segundos de reação.

Para a todas as concentrações iniciais de catalisador estudadas, os resultados obtidos de


conversão mássica de biodiesel foram baixos, entre 60 e 80%. O valor máximo da conversão mássica
em biodiesel foi de 73% utilizando 0,5% p/p de catalisador em 25 segundos de reação. A diminuição da
conversão mássica de biodiesel e glicerol com o tempo de reação estudado, apesar de pouca, está
diretamente ligada com a reação paralela de saponificação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO (ANP) - Acessado em 07/03/2009.


BERCHMANS, H. J.; HIRATA, S.; Biodiesel production from crude Jatropha curcas L. seed oil with a
high content of free fatty acids. Bioresource Technology, v. 99, Issue 6, p. 1716-1721, 2008.
FREEDMAN, B.; PRYDE, E. H.; MOUNTS, T. L.; Variables affecting the yields of fatty esters from
transesteritified vegetable oils. J. Am. Oil Chem. Sot., v.61, nº.10, p.1638-1643, 1984.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. São Paulo: O Instituto, 1985.
LERTSATHAPORNSUK, V.; PAIRINTRAB, R.; ARYUSUKB, K.; KRISNANGKURA, K.; Microwave
assisted in continuous biodiesel production from waste frying palm oil and its performance in a 100 kW
diesel generator, Fuel Processing Technology, v89, p.1330-1336, 2008.
LIDSTRÖM, P.; TIERNEY, J.; WATHEY, B.; WESTMAN, J.; Microwave assisted organic synthesis—a
review. Tetrahedron, v 57, p 9225, 2001.
MA, F.; HANNA, M. A.; Biodiesel production: a review, Bioresource Technology, v.70, p.1-15, 1999.

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Ministérios de Minas e Energia (MME) – Disponível em


<http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do;jsessionid=AB7C52FFEB462ADD1EEE
7803FCF851B6?channelId=27&pageId=15058>. Acessado em 07/03/2009.
MORETTO, E.; FETT, R.; Definição de óleos e Gorduras tecnologia de óleos e gorduras vegetais na
indústria de alimentos. São Paulo. Varella, p. 144, 1998.
Parente E. J. S.; Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado, Fortaleza; Tecbio, 2003,
68p.
PEREIRA, C. S. S.; Avaliação de diferentes tecnologias na extração do Óleo do Pinhão-manso
(Jatropha curcas L). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Seropédica, RJ, 2009.
PEREIRA, F. E. A.; Biodiesel produzido a partir do óleo de sementes de Mabea fistulifera Mart.
Dissertação de mestrado. Universidade de Federal de Viçosa, 2007.
RAMADHAS, A. S.; JAYARAJ, S.; MURALEEDHARAN, C.; Biodiesel production from high FFA rubber
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RIBEIRO, E. P.; SERAVALLI, E. A. G.; Química de Alimentos, p. 194. 2004.
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Figura 1 – Sementes de pinhão manso


Figura 3 – Separação das fases de biodiesel e
glicerol.

Figura 2 – Mini prensa ECIRTEC

Figura 4 – Processo de lavagem do biodiesel


com solução saturada de sulfato de sódio

100,0

80,0
Conversão mássica (%p/p)

60,0

40,0

20,0
G…
B…
0,0
Figura 5 – Óleo de pinhão manso 0 10 20
Tempo (s)
30 40
extraído por prensagem.
Figura 6 – Conversão mássica percentual dos produtos
com o tempo de reação utilizando 0,5% de KOH e razão
molar metanol/óleo de pinhão manso de 6:1.

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100,0

Conversão mássica (%p/p)


80,0

60,0

40,0

20,0
Glice
0,0 rol
0 10 20 (s)
Tempo 30 40

Figura 7 – Conversão mássica percentual dos produtos com o tempo de reação utilizando 1,0%
de KOH e razão molar metanol/óleo de pinhão manso de 6:1.

100,0
Glic
erol
80,0

60,0

40,0

20,0

0,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40

Figura 8 – Conversão mássica percentual dos produtos com o tempo de reação utilizando 1,5%
de KOH e razão molar metanol/óleo de pinhão manso de 6:1.

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MAPEAMENTO DE MACIÇOS NATURAIS DE OCORRÊNCIA DE MACAÚBA (ACROCOMIA


ACULEATA) VISANDO À EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL1
Leonardo Lopes Bhering1; Marina de Fátima Vilela2; Fabiana de Gois Aquino2; Bruno Galvêas Laviola1;
Nilton Tadeu Vilela Junqueira2; Adeliano Cargnin2
1Embrapa Agroenergia,PqEB, W3 Norte, Brasília, DF, Brasil, leonardo.bhering@embrapa.br; 2Embrapa Cerrados, BR 020,
km 18, Planaltina, DF, Brasil, marina@cpac.embrapa.br

RESUMO – A macaúba é uma palmeira nativa das florestas tropicais que ocorre em muitas áreas
perturbadas por ação antrópica, estimando-se que sua ocorrência atinja cerca de 12 milhões de
hectares. A macaúba, utilizada para fins alimentares, cosméticos e energéticos, pode chegar a produzir
cerca de 4000 litros de óleo por hectare. Diante do potencial da espécie e da necessidade de pesquisa
a respeito o potencial de produção, à variabilidade genética e à disponibilidade de matéria prima, este
trabalho objetivou mapear os maciços naturais de macaúba do estado de Minas Gerais e noroeste do
estado de Goiás. Para atingir o objetivo, utilizou-se, como base de dados, imagens Ikonos,
geometricamente corrigidas, e dados disponíveis no Google Earth de uma área de aproximadamente
400.000 ha. Os resultados do mapeamento permitiram observar que: 1) a maior ocorrência desses
indivíduos se deu na região de Goiás, sobretudo em Formosa com 7.038 (34,6%) indivíduos
mapeados; 2) a ocorrência da espécie foi verificada, sobretudo, em Latossolo, sempre associado a
rede de drenagem, e 3) 93,1% dos indivíduos mapeados ocorrem em clima semi-úmido e os restantes
6,9% ocorrem em clima semi-árido, basicamente restrito ao município de Coração de Jesus – MG. As
informações referentes aos maciços possibilitarão o estabelecimento de diretrizes iniciais para
definição do plano de manejo sustentável da macaúba, visando a produção de insumos bioenergéticos.
Palavras-chave – Macaúba, biodiesel, sustentabilidade, Acrocomia aculeata.

INTRODUÇÃO

Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. (macaúba) é uma palmeira nativa das florestas da
América tropical e subtropical que ocorre do México e Antilhas até ao Paraguai e Argentina (Henderson
et al, 1995 citado por Motta et al, 2002).

No Brasil a macaúba ocorre notadamente nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás,
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Ceará.

1 Fonte Finaciadora: MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

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Segundo Motta et al. (2002) grandes populações de macaúba, apontadas como


economicamente promissoras, ocorrem no estado de Minas Gerais, e assim como no sul do Brasil,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraguai e Argentina.

A macauba é uma planta perenifólia, heliofita e pioneira, podendo atingir de 15 metros de altura
com troncos de 20 a 30 cm de diâmetro (LORENZI, 1992).

Em trabalhos de campo tem sido observada a ocorrência da espécie em muitas áreas


perturbadas por ação antrópica (Figura 1 e 2), como também foi constatado por Markley (1956) e
Novaes (1952), citados por Motta et al. (2002).

A macaúba possui grande potencial de uso desde o caule até à semente, sendo utilizada para
fins alimentares, cosméticos e energéticos. A madeira é empregada na confecção de ripas e calhas de
água, do miolo do tronco obtém-se uma farinha bastante nutritiva, as folhas são utilizadas como
forragem e fibras têxteis. O fruto, entretanto, representa a parte cultural e economicamente mais
importante da planta, podendo ser consumido in natura ou utilizada para produção de óleo (LORENZI,
1992).

Apesar do seu potencial de uso, a exploração da espécie é efetuada de forma extrativista e o


seu beneficiamento quase sempre artesanal.

Um grande potencial da espécie é atribuído à produção de óleo com fins energéticos,


estimativas apontam a produção em cerca de 4000 litros de óleo por hectare em plantios adensados,
no entanto, o conhecimento em respeito a muitos aspectos ecológicos, a diversidade genética, as
exigências nutricionais da espécie ainda são insipientes.

O uso tradicional desta palmeira para múltiplos fins e o seu potencial de produção despertou o
interesse da pesquisa por ações relacionadas ao potencial de produção e à variabilidade genética.
Diante do potencial da espécie e da necessidade de pesquisa a respeito do potencial de produção, à
variabilidade genética e à disponibilidade de matéria prima, este trabalho objetivou: mapear maciços
naturais de macaúba no estado de Minas Gerais e noroeste do estado de Goiás.

METODOLOGIA

A escolha das áreas foi baseada no conhecimento pré-existente de maciços localizados em


Brasília - DF, nos municípios de Formosa, Cabeceiras, Vila Boa localizados no estado de Goiás e nos

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municípios de Montes Claros, Mirabela, Coração de Jesus, localizados no estado de Minas Gerais
(Figura 3). As áreas mapeadas somam 458.000 ha conforme a Tabela 1.

A base de dados utilizada no trabalho foi composta por imagens Ikonos do ano de 2009,
imagens existentes no Google Earth (Figura 4) e dados de campo.

Para as imagens Ikonos empregadas foi efetuada uma fusão entre a banda pancromática com
resolução espacial de 1m e as bandas multiespectrais com resolução espacial de 4 m. As imagens
foram corrigidas geometricamente e o mapeamento foi efetuado por meio de interpretação visual das
imagens com plotagem dos pontos de ocorrência da espécie.

A exatidão do mapeamento foi obtida por meio do cruzamento entre o mapa de ocorrência de
macaúba e os dados de referência ou verdade de campo totalizando 190 pontos. A relação entre os
dois planos de informação foi resumida em uma matriz de erros possibilitando o cálculo do índice de
Exatidão Global, conforme e Jensen (1996) e Brites (1996).

Os dados de ocorrência das espécies para as áreas de Brasília, Formosa, Cabeceiras, Vila
Boa, Mirabela, Coração de Jesus e Montes Claros foram cruzados com dados de solo, clima, relevo e
geologia disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registrados um total de 20.265 indivíduos de A. aculeata, cuja distribuição está


representadas nas Figuras 5, 6 e 7.

A maior ocorrência de A. aculeata, para a área mapeada, foi observada em Formosa-Go e


Coração de Jesus-MG (Tabela 2), as quais apresentam um total de 13.166 indivíduos que
correspondem a 65% do total de indivíduos mapeados.

O cruzamento dos dados de localização de A. aculeata com os dados de solo, clima, relevo e
geologia permitiu observar que, na área mapeada, a temperatura apresenta média superior a 18ºC em
todos os meses do ano e que 82,3% dos indivíduos estão em latossolos e 17,7% em argissolos, em
ambos casos, associados à rede de drenagem.

Na região de Formosa e Cabeceiras (GO) e Distrito Federal a espécie A, aculeata ocorre em


faixas de dobramentos e coberturas metassedimentares associadas e clima semi-úmido. Na região de
Mirabela, Coração de Jesus e Montes Claros a espécie ocorre em bacias e coberturas sedimentares,

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sendo que 85,3% dos indivíduos mapeados ocorrem em clima semi-úmido e 17,8% em clima semi-
árido.

A ocorrência da espécie foi observada em áreas naturais e, sobretudo, em áreas de pastagem


e pequenas áreas agrícolas, corroborando as observações de Markley (1956) e Novaes (1952), citados
por Motta et al. (2002).

CONCLUSÃO

Embora parciais, os resultados do mapeamento permitiram observar que: 1) a maior ocorrência


desses indivíduos se deu na região de Goiás, sobretudo em Formosa com 7.038 (34,6%) indivíduos
mapeados; 2) a ocorrência da espécie foi verificada, sobretudo, em Latossolo, sempre associada à
rede de drenagem, e 3) 93,1% dos indivíduos mapeados ocorrem em clima semi-úmido e, os restantes
6,9% ocorrem em clima semi-árido, basicamente restrito ao município de Coração de Jesus – MG.

É importante salientar que os dados e as informações resultantes deste mapeamento serão


cruzados às informações de produtividade, teor de óleo e fenologia dos representantes locais,
subsidiando estudos referentes ao estabelecimento de diretrizes básicas para o manejo sustentável da
macaúba.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRITES, R. S. Verificação de exatidão em classificação de imagens orbitais: efeitos de diferentes


estratégias de amostragem e avaliação de índices de exatidão. 1996. 101 p. Tese (Doutorado em
Ciências Florestais) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
JENSEN, J. R. Introductory digital image processing: a remote sensing perspective. 2. ed. New Jersey:
Prentice Hall, 1996. 316 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do
Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 370 p.
MOTTA, P. E. F; CURI, N.; OLIVEIRA-FILHO, A. T.; GOMES, J. B. V. Ocorrência da macaúba em
Minas Gerais: relação com atributos climáticos, pedológicos e vegetacionais. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v. 37, n. 7, p. 1023-1031, 2002.

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Figura 1: Ocorrência de macaúba em área agrícola com Figura 2: Ocorrência de macaúba em área de pastagem,
cultura de milho, Mirabela, MG. (Foto: Marina de f. Velela) Coração de Jesus, MG. (Foto: Marina de F. Vilela)

Figura 3: Localização das áreas mapeadas.

(A) (B)

Figura 4: Imagens empregadas no mapeamento de macaúba. (A) Google, (B) Ikonos.

Figura 5: Distribuição de A. aculeata no Figura 6: Distribuição de A. aculeata em Figura 7: Distribuição de A. aculeata nos
Distrito Federal, Formosa e Cabeceiras. Mirabela, Coração de Jesus e Montes municípios de Mirabela, Coração de Jesus e
Claros. Brasília de Minas.

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Tabela 1: Área dos maciços de macaúba mapeada.


Local Área mapeada - ha
Brasília, Formosa, Cabeceiras e Vila Boa 378.000
Mirabela, Coração de Jesus e Montes Claros 80.900
Total 458.000

Tabela 2: Número de indivíduos mapeados por município.


Município Número de indivíduos
Formosa - GO 7.038
Coração de Jesus-MG 6.128
Brasília de Minas-MG 2.773
Mirabela-MG 1.947
Mointes Claros - MG 1.639
Distrito Federal (DF) 537
Cabeceiras-GO 203
Total 20.265

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MICROALGAS: POTENCIAL PARA LA PRODUCCION DE BIODIESEL

Palomino M. Alejandra*; Estrada F. Cesar*1; López G. Jorge*


*Facultad de ingeniería, Universidad del Valle, Cali, Colombia - 1email: cesare489@hotmail.com

RESUMEN – La sostenibilidad económica, ambiental y social es la llave principal en el manejo de los


recursos naturales, esto ha generado la búsqueda de soluciones a nuevos retos ingenieriles que lleven
de la mano a impactos positivos al medio ambiente y a la estructura económica de la sociedad, que
actualmente continúa con el uso de energía fósil que es un recurso insostenible. Lo anterior ha
generado vigorosos esfuerzos de investigación que enfocan su trabajo al desarrollo de nuevas
―energías alternativas‖, como los biocombustibles, energía eólica, transformación química del carbón,
entre otras. En el campo de los biocombustibles mas específicamente en el Biodiesel, que en su
proceso de fabricación actual usa materias primas que se utilizan como fuente alimenticia. Los
biocombustibles de segunda generación que vienen de los residuos de la industria agrícola, tienen aun
problemas de eficiencia y altos costos de producción. En el actual escenario los biocombustibles de
tercera generación, específicamente los derivados de las microalgas son considerados como la nueva
energía alternativa del futuro. Las microalgas son microorganismos fotosintéticos con requerimientos
simples de crecimiento (luz, CO2, N, P y K) que producen lípidos, proteínas y carbohidratos en
cantidades grandes en periodos de tiempo cortos. Estos productos pueden ser procesados ha
biocombustibles o co-productos de mayor valor agregado. Este articulo muestra las tecnologías y
procedimientos en la producción de microalgas, enfocadas al cultivo, tecnologías de conversión y
extracción de sus aceites.
Palabras claves – microalgas, biodiesel, fotobioreactores.

INTRODUCION

Panorama ambiental y energético

Estudios recientes de evaluación de consumo energético reportan que los combustibles fósiles
representan el 88% del consumo de energía primaria, mientras que la energía nuclear y la
hidroelectricidad cuenta el 5% y 6% del consumo total de energía primaria, respectivamente. Dado los
avances tecnológicos actuales, las reservas potenciales, y aumento de la explotación de las nuevas
reservas no convencionales (por ejemplo, para gas natural), es muy probable que los combustibles
fósiles seguirán estando disponibles a bajo costo durante un período de tiempo. Por desgracia, la
amenaza potencial del cambio climático global ha aumentado, y por una mayor parte, esto se ha
atribuido a las emisiones de gases de efecto invernadero del uso de combustibles fósiles. El cambio

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climático asociado proyecciones podrían tener graves consecuencias para la naturaleza, así como los
sistemas de vida humana, lo que crea incertidumbre sobre la sostenibilidad del uso actual de
combustibles fósiles, no sólo en relación con la finitud de los recursos, sino también sobre los efectos
negativos de las emisiones de CO2. Los combustibles fósiles son el mayor contribuyente de gases de
efecto invernadero (GEI) a la biosfera, y en 2006 las emisiones de CO2 asociadas fueron de 29
Gtonnes . Se estima que los procesos naturales consumen sólo 12 Gtonnes, por lo tanto, las
estrategias de mitigación compatibles se requieren para neutralizar el exceso de CO2. La consecuencia
general es por tanto una necesidad de mejora de la estrategias globales para la seguridad energética y
mitigación de las emisiones de CO2, para lo cual las estrategias más destacados incluyen: una mayor
eficiencia energética (es decir, la disminución del uso de energía por unidad de producto, proceso o
servicio), el uso cada vez menor de energía fósil y un mayor uso de energías renovables energía (es
decir, el desarrollo de los recursos energéticos de CO2-neutral).

Biocombustibles

En los últimos años, el uso de biocombustibles líquidos en el sector del transporte ha mostrado
un rápido crecimiento mundial, impulsado principalmente por las políticas orientadas en el logro de la
seguridad energética y la mitigación de gases de efecto invernadero las emisiones. Los
biocombustibles de primera generación, han alcanzado niveles económicos de producción algo
estables, estos se han extraído principalmente de los alimentos y cultivos oleaginosos como el aceite
de colza, el aceite crudo de palma, higuerilla, caña de azúcar, remolacha azucarera, y el maíz, así
como los aceites vegetales y grasas animales utilizando la tecnología convencional. Se proyecta que el
crecimiento en producción y consumo de biocombustibles líquidos continuará, pero sus impactos en el
cumplimiento de las demandas de energía global en el sector del transporte seguirá siendo limitada. Y
se debe a que influyen en el precio de los alimentos y el uso de suelos. En el caso particular del
Biodiesel la discusión se centra en los impactos negativos generados sobre los bosques primarios,
secundarios y aun terciarios; afectando la biodiversidad y el costo del aceite vegetal comestible

El advenimiento de la biocarburantes de segunda generación es la intención de producir


combustibles a partir de la materia de la planta entera de los cultivos energéticos o agrícolas residuos,
los residuos de la explotación forestal o de tratamiento de residuos de madera, en lugar de partir de
cultivos alimentarios. Sin embargo, la tecnología para de conversión en su mayor parte no ha llegado a
las escalas para explotación comercial que hasta ahora ha inhibido cualquier significativas la
explotación.

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Las microalgas contribuyen con un proceso económico y de productos de alta calidad con la
ayuda del medio ambiente y se denominan biocombustibles de tercera generación debido a que no
influyen o no se cuestionan por todas sus características.

METODOLOGIA

A continuación se presenta una serie de actividades que llegarán a obtener los resultados
propuestos en el proyecto, la metodología se fundamenta primero en una selección de cepas a nivel
nacional e internacional con el apoyo de NREL, Petrobras, Univalle, UNALMED, UDEA, en esta
actividad se tiene planeado hacer visitas y capacitaciones a nivel internacional, a Universidades y
Plantas en operación.

Del resultado de las visitas se escogerán tres de las mejores cepas, y serán aquellas que
despierten el mayor interés las cepas de micro algas que presenten una composición interna con
mayores niveles de aceite, la disponibilidad de sus cepas, el uso en empresas a nivel mundial que las
utilizan, el bajo precio de adquisición, el mayor porcentaje de crecimiento en menor tiempo. Por otro
lado se aislara e identificará dos especies nativas tanto de agua dulce como de la costa del pacifico
nariñense con el apoyo de la Armada Nacional de Colombia, valorando los anteriores parámetros.

Se realizara la inoculación de cepas y el encuentro de sus condiciones de crecimiento y el


respectivo análisis de las variables de diseño.

Una vez se obtenga los parámetros de diseño se realizará la ingeniería del prototipo, su
construcción y su montaje; después se iniciará operaciones para una correcta estandarización y ajuste,
posteriormente se valorará cantidades obtenidas, con sus respectivas caracterizaciones fisicoquímicas
de los productos y subproductos obtenidos.

RESULTADOS Y DISCUSIÓN

Técnicas de producción de biomasa de microalgas

Los sistemas de producción se dividen en dos grupos abiertos y cerrados. El cultivo de


microalgas se puede hacer en sistemas abiertos, tales como lagos o estanques y en sistemas cerrados
llamados foto-biorreactores (PBR). Un biorreactor se define como un sistema en el que se logra una
conversión biológica. Así, una foto-bioreactor es un reactor en el que fototrofos (microbios, algas o

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células de las plantas) se cultiva o se utiliza para llevar a cabo una foto-reacción biológica. Si bien esta
definición puede aplicarse tanto a sistemas cerrados y abiertos, propósito de este artículo, es limitar la
definición a los anteriores.

Los sistemas de cultivo abiertos son normalmente menos caros de construir y operar, además
duran más que las reactores cerrados, pero utilizan extensiones de tierras muy grandes. Sin embargo,
los estanques son más susceptibles a las condiciones climáticas, teniendo una variabilidad muy grande
de temperatura en el agua, la evaporación y la iluminación.

Los sistemas cerrados (fotobioreactores) son sistemas flexibles que pueden ser optimizados
de acuerdo a las características biológicas y fisiológicas de las especies de microalgas que se cultivan,
permitiendo el cultivo de especies de algas que no se puede cultivar en estanques abiertos. Se facilita,
el intercambio directo de gases y contaminantes (por ejemplo, microorganismos, polvo) entre las
células cultivadas y el ambiente son limitados o no permitidos por las paredes del reactor. Además, una
gran proporción de la luz incide directamente en la superficie del cultivo.

Dependiendo de su forma o diseño, los sistemas cerrados tienen varias ventajas sobre los
estanques abiertos: ofrecen un mejor control sobre las condiciones de cultivo y los parámetros de
crecimiento de pH, temperatura, mezcla, CO2 y O2, evitan la evaporación, se reduce las pérdidas de
CO2, permiten alcanzar mayores densidades de microalgas o las concentraciones de células, hay
mayor productividad en volumen, ofrecen un entorno más seguro y protegido, evitan la contaminación o
reducen al mínimo la invasión de microorganismos competidores.

La tabla 1 hace una comparación entre los sistemas de cultivo abiertos y cerrados, muestra
ventajas y desventajas.

Métodos de cosecha

La elección de la técnica de cosecha depende de las características de las microalgas, por


ejemplo, tamaño, densidad, y el valor de los productos de destino [Olaizola, 2003]. En general, la
recolección de microalgas es un proceso de dos fases, que incluirán:

(1) la recolección masiva, destinada a la separación de la biomasa del agua. Esto dependerá
de la concentración de biomasa inicial y las tecnologías empleadas, incluidos los floculación,
sedimentación por gravedad o flotación.

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(2) Espesamiento el objetivo es concentrar la mezcla a través de técnicas como la


centrifugación, filtrado y agregación de ultrasonidos, por lo tanto, generalmente son procesos de alto
costo energético

Floculación

Esta es la primera etapa en el proceso de recolección masiva donde se agrega un floculante a


las células de microalgas con el fin de incrementar el tamaño de partícula. La floculación es un paso
preparatorio a otros métodos de cosecha, como la filtración, la flotación o sedimentación por gravedad
[Molina et al., 2003]. Los floculantes más comunes son polivalentes, como el cloruro férrico (FeCl3),
sulfato de aluminio (Al2(SO4)3) y sulfato férrico (Fe2(SO4)3).

Varios métodos de floculación han sido probados. Knuckey et al. [Knuckey et al., 2006]
desarrollaron un proceso que implica el ajuste del pH de entre 10 y 10,6 utilizando NaOH, seguido por
la adición de un polímero no iónico. La eficiencia de floculación fue mayor a un 80%, para una ampliz
gama de especies de algas. DIVAKARAN y Pillai [Divakaran & Pillai, 2002] utilizaron con éxito el
quitosano como un bio-floculante. Aunque la eficiencia del método es muy sensible al pH.

Recolección por flotación

Los métodos de flotación se basan en la captura de células de algas utilizando dispersión de


micro-burbujas de aire y, por tanto, a diferencia de floculación, no requiere la adición de productos
químicos [Wang et al., 2008]. Algunas cepas naturalmente flotan en la superficie del agua con el
aumento del contenido en lípidos [Bruton et al., 2009]. A pesar de flotación ha sido mencionado como
un método de cosecha potencial, hay evidencia muy limitada de su viabilidad técnica o económica.

Sedimentación por gravedad y centrifugación.

La sedimentación por gravedad depende de características como la densidad y el radio de


células de algas y la velocidad de sedimentación (ley de Stokes). La sedimentación por gravedad es la
técnica más común para el aprovechamiento de la biomasa de algas en el tratamiento de aguas
residuales debido a los grandes volúmenes tratados y a al bajo valor de la biomasa [Nurdogan &
Oswald, 1996]. Sin embargo, el método sólo es adecuado para microalgas grandes (tamaño> 70
micras) como la espirulina [Muñoz & Guieysse, 2006].

La recuperación por centrifugación es el preferido para la recolección de metabolitos de alto


valor [Heasman et al., 2000]. El proceso es rápido y de gran consumo energético, la recuperación de la
biomasa depende de las características de sedimentación de las células, tiempo de residencia y la

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solución de fondo [Molina et al., 2003]. Las desventajas de este proceso incluyen los altos costos
energéticos y el mantenimiento [Bosma et al., 2003]. La eficiencia de la recolección es superior al 95%
[Heasman et al., 2000]

Filtración de biomasa

Un proceso de filtración convencional es el más apropiado para la recolección de microalgas


grandes (> 70 micras) como Coelastrum y Spirulina. No se puede utilizar para las especies de algas de
dimensiones bacteriana (<30 micras), como Scenedesmus, Dunaliella y Chlorella [Mohn, 1980].

Para la recuperación de algas más pequeñas (<30 micras), la microfiltración de membrana y


ultrafiltración son alternativas técnicamente viables a la filtración convencional [Petrusevski et al.,
1995]. Es adecuado para células frágiles que requieren baja presión de membrana y baja velocidad de
flujo [Borowitzka, 1997].

Extracción y purificación de biomasa de microalgas

Secado o deshidratación

La biomasa cosechada es un producto perecedero y debe tratarse con rapidez después de la


cosecha, la deshidratación o secado se suele utilizar para ampliar la viabilidad en función del producto
final requerido. Los métodos que han sido utilizados son el secado al sol [Prakash et al., 1997], el
secado por aspersión [Desmorieux & Decaen, 2006], tambor de secado [Prakash et al., 1997], en lecho
fluido de secado [Leach et al., 1998], liofilización [Molina et al., 1994] entre otras.

El secado al sol es el método más barato, pero las principales desventajas son los largos
tiempos de secado, necesidad de grandes superficies, y el riesgo de pérdida de material [Prakash et
al., 1997]. El secado por aspersión es comúnmente utilizado para la extracción de productos de alto
valor, pero es relativamente caro y puede causar un deterioro significativo de algunos pigmentos de
algas [Desmorieux & Decaen, 2006]. La liofilización es igualmente costosa, especialmente para las
operaciones a gran escala, pero facilita la extracción de aceites. Los elementos intracelulares, como los
aceites son difíciles de extraer de la biomasa húmeda con disolventes sin interrupción de la célula, pero
se extraen más fácilmente de la biomasa liofilizada [Molina et al., 2003; Molina et al., 1994].

Extracción y purificación de los biocarburantes

Para la extracción de los biocombustibles, es importante establecer un equilibrio entre la


eficiencia de secado y la relación coste-eficacia, a fin de maximizar la producción neta de energía de

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los combustibles [Li et al., 2008]. El costo del secado es también una consideración importante en el
procesamiento del polvo de la biomasa de microalgas para la alimentación humana y animal de la
industria [Li et al., 2008]. La temperatura de secado durante la extracción de lípidos afecta tanto a la
composición de los lípidos y el rendimiento de los lípidos de la biomasa de algas [Widjaja et al., 2009].
Por ejemplo, el secado a 60 ° C conserva una alta concentración de TAG en los lípidos y sólo
disminuye ligeramente el rendimiento de los lípidos, con temperaturas más altas, tanto disminuyendo la
concentración de TAG y el rendimiento de los lípidos [Widjaja et al., 2009]. OriginOil (una empresa de
biocombustibles en los Angeles) ha desarrollado un proceso de extracción de humedad que combina el
ultrasonido y la inducción de impulsos electromagnéticos para romper las paredes celulares de las
algas. El dióxido de carbono se agrega a la solución de algas, lo que reduce el pH, y separa la biomasa
del aceite [Heger, 2009].

CONCLUSIONES

Las Microalgas son organismos unicelulares fotosintéticos de estructura simple alimentados por
CO2 y algunos nutrientes, las ventajas de la utilización de biocombustibles derivados de microalgas
son:

Las microalgas son capaces de producir durante todo el año, por lo tanto, la productividad de
aceite de cultivos de microalgas supera el rendimiento de los mejores cultivos de semillas oleaginosas,
por ejemplo rendimiento de biodiesel de 12.000gal por 1 hectáreas de microalgas (estanque abierto
producción) en comparación con 1350 gal de biodiesel por 1 hectáreas Aceite crudo de palma.

Pueden crecer en medios acuosos, pero necesitan menos agua que los cultivos terrestres
por lo tanto reduciendo la carga sobre las fuentes de agua dulce.

Las microalgas pueden cultivarse en agua salobre y por lo tanto no podrán incurrir en el cambio
del uso del suelo, reduciendo al mínimo los impactos ambientales asociados, si bien no comprometer la
producción de alimentos, forraje y otros productos derivados de cultivos.

Las microalgas crecen rapidamente y todas las especies producen aceites en el rango de 20-
50% del peso seco de la biomasa, las tasas de crecimiento exponencial puede duplicar su biomasa en
períodos tan cortos como 3,5 h [20-22].

Su fuente de alimentación es el CO2, por 1 kg de biomasa de algas secas utilizar


acerca de 1,83 kg de CO2

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Los nutrientes para el cultivo de microalgas (Especialmente nitrógeno y fósforo) pueden


obtenerse en de aguas residuales, por lo tanto, además de proporcionar un medio de crecimiento,
existe la posibilidad de doble para el tratamiento de efluentes orgánicos de la industria agroalimentaria

El cultivo de microalgas no requiere aplicación de herbicidas o pesticidas, la


extracción de petróleo, que pueden ser utilizados como piensos o abonos o
fermentadas para producir etanol o el metano.

La composición bioquímica de la biomasa de microalgas se puede modular variando


condiciones de crecimiento, por lo tanto, el rendimiento de aceite puede ser significativamente mayor.

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OBTENÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEO DAS SEMENTES DE SAFFLOWER 1

Ellen Kadja Lima de Morais1,2; Marta Costa1; Carlos Roberto Oliveria Souto1; Juliana Espada Lichston1;
João Paulo Matos Santos Lima1
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - 2 Klm.ellen@hotmail.com

RESUMO – A transesterificação de um óleo com monoálcoois (alcoólise), especificamente metanol,


promove a quebra de triglicerídeos, gerando ésteres metílicos dos ácidos graxos correspondentes e
liberando como subproduto, glicerina. O processo de conversão é reversível e dependente de inúmeras
variáveis reacionais (tempo de reação, razão molar dos reagentes, quantidade e tipo de catalisador,
pureza dos reagentes e velocidade de agitação). O objetivo desse trabalho consistiu em avaliar a
conversão da transesterificação do óleo de Safflower com metanol. O rendimento da reação, a
caracterização por RMN 1H e a análise dos parâmetros físico-químicos para o biodiesel (densidade e
índice de acidez) foram investigados.
Palavras-chave – Sementes de Safflower, transesterificação, biodiesel, caracterização.

INTRODUÇÃO

O Biodiesel é definido quimicamente como sendo um monoalquil éster de ácidos graxos de


origem vegetal ou animal. Esse pode ser usado puro ou como aditivo ao diesel de petróleo em motores
do tipo ciclo diesel, e apresenta uma série de vantagens ambientais tais como: baixa emissão de
monóxido de carbono, isenção de enxofre, compostos aromáticos e particulados. Em grande parte do
mundo, o uso de biocombustíveis tem se mostrado promissor, principalmente devido à escassez de
novas reservas, porém o aumento nos preços do petróleo motiva a pesquisa por combustíveis
alternativos. No Brasil, existem diversas fontes potenciais de oleaginosas para a sua produção, dentre
essas, o Safflower uma oleaginosa destacada por ser de fácil adaptação, pois necessita de pouca
irrigação e baixo índice de chuva, condições favoráveis para o plantio na caatinga. Suas sementes
possuem elevado teor de óleo (entre 35 a 45 %) cerca de 10% dos constituintes são dos ácidos graxos
oléico e 82% linoléico, representados na Figura 1; esse último melhora as propriedades (ponto de
fulgor, ponto de névoa e ponto de entupimento de filtro a frio) que envolvem o emprego do biodiesel em
temperatura baixa (SINGH et al., 2007). A transesterificação é o método mais comumente empregado

1
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

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para sua produção. Na presença de um catalisador, os triglicerídeos reagem com álcoois de cadeia
curta produzindo ésteres de alquila e glicerina, Figura 2 (ENCINAR et al., 2002). A estequiometria
dessa reação requer a razão molar óleo: álcool de 1:3. Por se tratar de um processo reversível, uma
quantidade maior de álcool é utilizada, favorecendo o deslocamento do equilíbrio para direita (MEHER
et al., 2006). Este trabalho descreve os resultados preliminares sobre o estudo do Safflower para
produção do biodiesel por transesterificação alcalina; posteriormente, esses dados serão comparados
com aqueles obtidos com sementes cultivadas em campo, em condições controladas.

METODOLOGIA

A reação foi realizada em sistema constituído por um balão de fundo redondo, termômetro,
condensador de refluxo com válvulas de entrada e saída de ar e banho de óleo. O tempo de reação foi
de 2h empregando-se a razão molar óleo/álcool (1:6). Inicialmente, preparou-se a solução de metóxido
de sódio dissolvendo-se 0,1 g de hidróxido de sódio em 2,3 g de metanol com o auxílio de agitação e
controle de temperatura (50 ºC) até a completa dissolução do NaOH. Posteriormente, foram
adicionados 10 g de óleo de Safflower ao balão, sob agitação e temperatura constante. A reação foi
acompanhada por Cromatografia de Camada Delgada (CCD) usando como eluente Hexano/Acetato de
Etila (9:1) e, na etapa terminal, o produto foi elaborado e secado em sulfato de sódio (Na 2SO4). O
produto foi caracterizado por RMN 1H (200 MHz, Gemini, Varian), comprovando a conversão dos
triglicerídeos em ésteres metílicos. O método utilizado para determinação do índice de acidez foi
baseado nas Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz, com auxílio de balança analítica, erlenmeyer,
proveta e bureta. Inicialmente pesou-se 2 g da amostra, adicionou-se 25 mL de solução éter-álcool
(2:1), duas gotas do indicador fenolftaleína e titulou-se com solução de hidróxido de sódio 0,1 M até o
ponto de viragem. A medida de densidade foi realizada com auxílio de densímetro digital de bancada,
da marca ANTON PAAR, modelo DMA 35. A leitura da densidade foi feita diretamente no visor do
equipamento a 23,5 ºC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise por cromatografia em camada delgada (CCD) permite observar a formação do éster
metílico, quem tem índice de retenção diferente do óleo de partida, quando revelados em câmera com
lâmpada UV a 254 e 365 nm e também por irradiação com vapores de iodo. O progresso da reação
pode ser facilmente constatado através da mudança na coloração e formação de duas fases. Para

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atender a Norma da Agencia Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP), Lei No 11.097, o índice de
acidez do biodiesel deve ser inferior a 0,5 mg KOH/g do óleo; nas condições empregadas, o óleo inicial
apresentou índice de 0,027 e o biodiesel, 0,0067. No que se refere à densidade, propriedade
importante correlacionada a potencia de desempenho do motor, observa-se restrições no emprego de
óleos de diversas oleaginosas como matéria-prima. Neste trabalho a massa específica encontrada para
o óleo foi de 911,6 e, para o biodiesel, foi 876,3 kg/m 3, estando de acordo com as normas da ANP.
Através do espectro de RMN 1H observa-se um perfil semelhante ao de óleos vegetais típicos,
ocorrendo à formação de um conjunto de picos entre 0,90 – 2,40 ppm, correspondentes aos grupos
CH3 e CH2 de cadeia hidrocarbônicas dos triglicerídeos, além de sinais entre 5,2 e 5,4 ppm,
característicos da presença de hidrogênio ligado a carbono sp2. Já no espectro do biodiesel pode ser
visualizado nitidamente, entre 3,6 e 3,7 ppm, o aparecimento de um pico correspondente ao CH 3 ligado
ao oxigênio, presente no éster metilico.

CONCLUSÃO

Na ausência de técnicas mais elaboradas, o desenvolvimento da reação foi facilmente


acompanhado por CCD e nas condições empregadas o rendimento do processo foi de 80%. Os valores
de densidade e índice de acidez são consistentes as Normas Oficiais que especificam um biodiesel de
qualidade. Esses parâmetros quando confrontados com o óleo da oleaginosa cultivada, no semi-árido
nordestino, em condições controladas, permitirá melhor avaliação de suas propriedades físico-
químicas.

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O
12 9

OH (a)

O
9
10
OH

(b)

Figura 8 – Estrutura química do ácido Linoléico (a) e Oléico (b)

Figura 9 – Ilustração da reação de transesterificação

Figura 3.a – Espectro de RMN 1H do óleo

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Figura 3.b – Espectro de RMN 1H do biodiesel

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OTIMIZAÇÃO DA REAÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DO PLANEJAMENTO SATURADO DE


PLACKETT E BURMAN E PLANEJAMENTO 2³ VIA ROTA ETÍLICA EM REATOR LABMADE

Rosimeri Barboza de Abreu1; Aline Gomes da silva1; Carlos Antonio Cabral dos Santos1; Wallace
Duarte Fragoso2.
1Universidade Federal da Paraíba, Centro de Tecnologia; 2Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e
da Natureza

RESUMO – O biodiesel usando o método de transesterificação, hoje, se mostra o mais simples e


rápido método para se modificar o óleo vegetal reagindo-o com álcool para formar um éster de menor
viscosidade. O presente trabalho objetiva a otimização da reação de síntese biodiesel, por rota Etílica,
em um reator proposto. Um planejamento saturado de Plackett e Burman foi usado para se avaliar
quais variáveis são importantes na otimização da reação e um planejamento 2³ foi usado para
quantificar os efeitos das variáveis apontadas pelo planejamento saturado. Em alguns ensaios não
houve separação das fases: biodiesel e glicerina. O melhor rendimento da reação de transesterificação,
obtido foi de 92,2%. Rendimentos da ordem de 98% são observados em outros trabalhos, mas em
condições diferentes, como: reações com pequena quantidade de amostra; fáceis de manusear;
vidraria de laboratório apropriada. Diferentemente neste projeto usou-se um protótipo de reator
construído no laboratório, mais próximo do que será usado em escala industrial, onde as condições são
mais difíceis de controlar e os valores ótimos tendem a ser menores.
Palavras-chave – Planejamento Experimental Saturado, Planejamento 2³, Rota Etílica, Biodiesel.

INTRODUÇÃO

Os recentes avanços tecnológicos que exigem uma crescente utilização dos recursos naturais
para a obtenção de energia têm desequilibrado as condições naturais do planeta a começar pelo efeito
estufa. Os combustíveis derivados de petróleo além de sua característica não renovável têm em suas
reações produtos, a base de SOx, tóxicos à saúde do ser humano e ao meio ambiente em geral. O
estudo e obtenção de formas de energias renováveis tem sido uma maneira de amenizar o grande
impacto executado pelo ser humano para dar continuidade à tecnologia objetivando a qualidade de
vida.

O biodiesel tem sido largamente estudado como forma de associar-se ou até mesmo, substituir
o uso do petrodiesel. Essa substituição traz benefícios decorrente dele tais como: ser renovável e

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originar produtos menos tóxicos a base de NOx. Vários tipos de álcool podem ser usados para executar
a reação de biodiesel, é o caso do álcool metílico e etílico (PINTO C.A. 2005). De acordo com o
enfoque voltado para biocombustíveis é de crucial importância que a rota etílica seja introduzida nas
pesquisas (CAVALCANTE, T.S. ), pois ele é um produto obtido a partir de fontes renováveis a exemplo
da mandioca e cana de açúcar. Outro fator que coloca o álcool etílico em posição satisfatória é sua
produção em larga escala no nosso país, o que irá movimentar e fortalecer a economia brasileira.

Dessa forma, desenvolver metodologias que viabilizem a rota etílica é fundamental para a
complementação da sustentabilidade e chegar à auto-suficiência em biocombustível. Os equipamentos
para as reações precisam ser idealizados e desenvolvidos para buscar a escala industrial, mas para
isso é preciso aperfeiçoar em escala laboratorial os procedimentos, objetivando a afinidade com a
síntese do biodiesel inserindo-a no contexto sócio – econômico apropriado a partir de planejamentos
saturados de Plackett e Burman (TEÓFILO, R.F. 2006) e planejamentos 2³.

METODOLOGIA

Foi executado um levantamento dos possíveis parâmetros que interferissem na reação de


transesterificação. O procedimento de síntese foi percorrido e chegou-se aos seguintes parâmetros:
quantidade de catalisador, tempo de reação, Proporção álcool/óleo, Temperatura, velocidade de
agitação, tipo de óleo e tipo de álcool.

Para se definir quais deles são realmente importantes, realizamos ensaios segundo um
planejamento saturado de Plackett e Burman (PSPB) com dois níveis para cada um dos parâmetros. A
escolha dos níveis foi feita com base na literatura e em vários trabalhos referentes à síntese de
biodiesel. Os níveis, mínimo e máximo, para cada um dos parâmetros acima foram os seguinte: 1% -
2%; 45min – 90min; 6:1 – 8:1; 27ºC – 60ºC; mínima - máxima; OGR – óleo de algodão e álcool
hidratado – álcool anidro.

Para o PSPB exigiu um total de 12(dose) ensaios os quais foram executados nas seguintes
condições: a pesagem do material foi feita em balança semi-analítica, da marca SHIMADZU; todos os
ensaios a massa do óleo usado foi de, aproximadamente, 700g; o catalisador usado foi o KOH; a
reação de transesterificação se processou no reator labmade, mostrado na figura 1; a temperatura foi
monitorada por meio de um banho termostático, da marca BROOKFIELD; O fluido de trabalho usado foi
a água que percolava por meio de serpentinas trocando calor com o meio reacional; a separação deu-
se em funis de separação; o biodiesel foi lavado exclusivamente com água até o momento que o pH da

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água chegasse a, aproximadamente, 7; finalmente, a água e resquícios de álcool foram expelidos por
secagem na estufa em torno de 110ºC.

A resposta analisada no planejamento será o rendimento mássico através de um calculo


simples de porcentagem, baseado na massa do óleo pesado, de acordo com a equação abaixo.

Rendimento (%) = (massa do óleo/ massa do biodiesel) x 100

Os ensaios do planejamento 2³ foram executados com base nos resultados do PSPB, que
apontou três das variáveis iniciais como significativas, sendo as demais inertes ou fixadas. Foram
fixados a temperatura em 27ºC, o tipo de álcool em Anidro e a agitação máxima. Observou-se que o
parâmetro tipo de óleo foi inerte para os resultados. Logo, os três parâmetros utilizados nesse
planejamento foram: catalisador de 1 – 2%, tempo de reação de 45min – 90min e proporção de 6:1 –
8:1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 apresenta os 12 (dose) ensaios do PSPB. Apenas em dois ensaios houve a


separação efetiva do biodiesel e glicerina, que possibilitou a continuidade do processo de purificação
do biodiesel. A partir desses ensaios observou-se que os fatores temperatura, agitação e tipo de álcool,
estavam no mesmo nível nos ensaios para os quais se obteve a separação, de modo que estes foram
fixados. O tipo de óleo também foi desconsiderado. Houve a diminuição das variáveis, o que torna mais
fácil o trabalho posterior. Notou-se, ao longo das reações, que o parâmetro ―tipo de óleo‖ mostrou-se
inerte, podendo ser retirado do planejamento 2³. As variáveis restantes, catalisador, tempo de reação e
proporção, em vermelho, foram escolhidas para compor as variáveis usadas no planejamento 2³,
representada pela tabela 2.

Com o auxílio do programa GNU Octave foram calculados os efeitos desses fatores nos
rendimentos obtidos. Ao longo dos ensaios a média dos rendimentos obtidos ficou em torno de 52%. A
ausência da separação nos ensaios 1, 3 e 8, para os quais se atribui rendimento zero, impactou o valor
desta média. Os melhores resultados foram obtidos nos ensaios 2 e 4 e são de 90,04% e 92,20%,
respectivamente. Nesses experimentos o catalisador aparece no nível menos e observando os
experimentos com catalisador no nível mais, os rendimentos são baixos. Dessa forma, a elevação da
proporção do catalisador pode estar influenciando um baixo rendimento.

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Nos quatro primeiros experimentos onde o catalisador está fixo no nível menos, observa-se
que o tempo de reação foi responsável pela elevação de 2,16% no rendimento, um número que precisa
ser analisado em termos de balanços de energia para verificar se compensa elevar o tempo em
quarenta e cinco minutos no processo e obter-se uma elevação tão tímida em termos de rendimento.

Contudo, foi observado que para o reator proposto as condições ideais de funcionamento são
as usadas no experimento quatro deste trabalho, gerando um rendimento de 92,20% .

CONCLUSÃO

Rendimento de 92,20% para a produção de biodiesel foram alcançados usando o protótipo de


reator proposto. Planejamentos experimentais foram empregados nessa otimização. Temperatura,
agitação e tipo de álcool foram fixados após o primeiro planejamento

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Transesterificação Etílica do Óleo de Babaçu Utilizando NaOH como catalisador. UFMA. São Luiz
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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 163-167.
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Figura 1 – Reator acoplado ao banho termostático

Ensaios I Catalisador Tempo Proporção Temp. Agitação Tipo de Tipo de RENDIMENTO


de reação óleo álcool
1 + + + - + + + - 0
2 + + - + + + - - 0
3 + - + + + - - - 0
4 + + + + - - - + 0
5 + + + - - - + - 0
6 + + - - - + - + 78,68
7 + - - - + - + + 0
8 + - - + - + + - 0
9 + - + - + + - + 0
10 + + - + + - + + 0
11 + - + + - + + + 94,87
12 + - - - - - - - 0
Tabela 1 – Planilha do Planejamento de Plackett e Burman

Catalisador Tempo Proporção


de
reação Rendimento
1 - - - 0
2 - - + 90,04%
3 - + - 0
4 - + + 92,20%
5 + - - 73,80%
6 + - + 82,16%
7 + + - 66,47%
8 + + + 0
Tabela 2 – Planilha do planejamento 2³

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OTIMIZAÇÃO DA REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO DO ÓLEO DE MAMONA

Marcos Luciano Guimarães Barreto1; Gabrielly Pereira da Silva1; Fernanda Rocha Morais; Gabriel
Francisco da Silva1
1 Universidade Federal de Sergipe; email: barreto-luciano@hotmail.com

RESUMO – Dentre os diversos óleos vegetais, o óleo extraído das sementes de mamona representa
uma alternativa promissora para a produção de biocombustíveis, pois é constituído basicamente do
ácido ricinoléico que representa aproximadamente 90% da constituição total do óleo. Este trabalho teve
como objetivo aperfeiçoar o processo de transesterificação do óleo de mamona através da
determinação do índice de ésteres variando a razão molar. Os resultados permitem concluir que a
melhor proporção de óleo/álcool na reação de transesterificação usando como catalisador o NaOH foi a
de razão molar 1:6, visto que teve um maior rendimento em relação as demais proporções, 87,97% em
temperatura ambiente.
Palavras-chave – Óleo de Mamona, biodiesel, transesterificação, índice de ésteres.

INTRODUÇÃO

Dentre as matérias-primas disponíveis no Brasil mais promissoras para a produção de


Biodiesel destaca-se o óleo de mamona. A mamoneira Figura 3 cresce mesmo sem cultivo e em
grandes quantidades na maioria dos países tropicais e subtropicais. É bastante tolerante a diferentes
climas e tipos de solos, além de ser disponível a baixo custo. O Brasil está entre os maiores
exportadores de óleo de mamona do mundo (AZEVEDO et al., 2001).

O óleo de mamona possui composição química atípica, comparada à maioria dos óleos
vegetais, pois além da presença do triglicerídeo acido ricinoléico, que é um acido graxo hidroxilado
pouco freqüente nos óleos vegetais, este está presente em 89,5% da sua composição. (AZEVEDO et
al., 2001).

O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser


obtido por diferentes processos, tais como craqueamento, esterificação ou transesterificação. Pode ser
produzido a partir de gorduras animais ou óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no

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Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim,
pinhão manso e soja, dentre outras (HOLANDA et al., 2007).

Dentre os combustíveis renováveis mais promissores destaca-se o biodiesel (Pinto et al.,


2005). Este produto é, em geral, obtido a partir da transesterificação de óleos vegetais com alcoóis
(metanol e etanol), usando catálise básica ou pela esterificação desses materiais na presença de
catalisadores ácidos.

A transesterificação de um óleo na primeira etapa do processo com monoalcoóis (alcoólise),


especificamente metanol ou etanol, promove a quebra da molécula dos triacilglicerídeos, gerando
mistura de ésteres metílicos ou etílicos dos ácidos graxos correspondentes, liberando glicerina como
co-produto. A massa molar desses mono ésteres é próxima ao diesel (KNOTHE et al.. 1997).

Os ésteres metílicos ou etílicos dos óleos vegetais são obtidos por reação dos óleos vegetais
com metanol (tóxico e originário de fontes fósseis) ou etanol (álcool de cana, mais ecológico e propício
para seu uso no Brasil) através do processo denominado transesterificação, que em presença de um
catalisador, via de regra hidróxido de sódio (NaOH) ou hidróxido de potássio (KOH), transforma os
óleos vegetais em biodiesel (ésteres) e glicerina (LADETEL/USP, 2003).

A literatura aponta que a reação de transesterificação sofre os efeitos das variações causadas
pelo tipo de álcool, pelas proporções necessárias de álcool, por diferentes catalisadores, pela
quantidade de catalisador, pela agitação da mistura, pela temperatura e pelo tempo de duração da
reação. Com relação aos catalisadores, a transesterificação pode ser realizada tanto em meio ácido
quanto em meio básico, porém, ela ocorre de maneira mais rápida na presença de um catalisador
alcalino do que na presença de um catalisador ácido em mesma quantidade, observando-se maior
rendimento e seletividade, além de apresentar menores problemas relacionados à corrosão dos
equipamentos. Os catalisadores mais eficientes para esse propósito são hidróxido de potássio e
hidróxido de sódio.

Índice de éster é definido como a massa de hidróxido de potássio, em miligramas, gasta na


saponificação de um grama de amostra de óleo neutro. Nesta definição não está incluída a massa de
hidróxido de potássio gasta na neutralização dos ácidos livres presentes na amostra de óleo.

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METODOLOGIA

A amostra do óleo de mamona refinado foi cedida gentilmente pela Petrobrás Biodiesel
Candeias – BA.
Procedimento para a transesterificação do óleo de mamona

Utilizando a rota metílica na transesterificação do óleo de mamona, determinou-se as variáveis


de reação como padrão a temperatura de 30 °C e o tempo de reação de 60 min. Contudo o
planejamento da reação de transesterificação determinou-se a razão molar entre o óleo e álcool que
foram de 1:4, 1:6, 1:8 e 1:10, cálculos estequiométricos a partir da massa do óleo que foi de 50g
determinou a quantidade em massa de metanol utilizada nas reações, e foi fixado a massa de
catalisador necessária para ocorrer a reação que foi de 0,4% em massa de óleo. A Tabela 1 mostra o
planejamento para a obtenção de biodiesel a partir da transesterificação do óleo de mamona. No
término da reação o biodiesel foi transferido para um funil de separação para iniciar o processo de
separação do biodiesel da glicerina e depois a lavagem. A lavagem foi realizada com água destilada
até que a solução formada no fundo do funil ficasse completamente translucida. Sendo assim, todo
excesso do catalisador foi removido. Após a lavagem o biodiesel foi aquecido para retirar o excesso do
álcool e água que ficou presente devido o processo de lavagem.

Procedimento para a determinação do índice de éster


Pesou-se cerca de 2 g de óleo em um erlenmeyer, adicionou-se cerca de 5 mL de álcool etilíco
com agitação e, a seguir, 2 gotas de solução alcoólica de fenolftaleina 1% e titulou-se com solução 0,1
N de hidróxido de sódio até que ocorresse a mudança da cor da solução de incolor para rósea. À
solução resultante da titulação adicionou-se 20 mL de solução de hidróxido de potássio a 4% com uma
bureta. Adapto-se o erlenmeyer a um condensador de refluxo e aqueceu-se a ebulição em banho-maria
por 30 min. Após resfriamento da solução, adicionou-se 2 gotas de solução alcoólica 1% de
fenolftaleina, e titulou-se com uma solução 0,5 N de HCl até que ocorresse a mudança de cor da
solução de rósea para incolor. Realizou-se uma titulação em branco onde estavam presentes todos os
reagentes com exceção da amostra de óleo. A diferença entre os dois volumes de solução de HCl está
relacionada com a quantidade hidróxido de potássio gasto na saponificação dos ésteres presentes no
óleo.

O índice de éster é calculado pela Equação 01 em que V representa a diferença entre os


volumes de solução de HCl gastos na titulação da amostra e do branco em mililitros, N é a normalidade
da solução de HCl e m é a massa de amostra de óleo em grama.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o processo de lavagem e aquecimento do biodiesel, a amostra foi pesada. Foi observado
que a transesterificação realizada uma razão molar de 1:10 de óleo e álcool teve uma massa maior em
relação as outras razões. Porém na realização dos experimentos durante a lavagem e transferência da
amostra para outros recipientes, como béqueres e funis parte da amostra é perdida. O que explica o
fato da amostra de razão molar 1:8 ter dado diferentes das outras como mostrados na tabela 02.

O índice de ésteres foi calculado através da Equação 01. Foi observado que na amostra com
razão 1:6 obteve-se um maior índice de ésteres sendo ele de 146,12mg KOH mostrados na tabela 03.
Através da Figura 01 pode-se observar que índice de ésteres aumentou com o aumento da razão molar
e quando chegou à razão ótima este índice decresceu.

Através da Equação 02 o rendimento das reações foi determinado. O melhor rendimento foi o
da amostra de razão molar 1:6 com rendimento de 87,97% mostrados na Figura 02. O mesmo
comportamento foi observado para o rendimento, pois inicialmente ele aumentou e após a proporção
ótima ele diminuiu.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a melhor proporção de óleo/álcool na reação de


transesterificação usando como catalisador o NaOH foi a de razão molar 1:6, visto que teve um maior
rendimento em relação as demais proporções, 87,97% em temperatura ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P. & LIMA, E. F. O Agronegócio da Mamona no Brasil, Empraba Informação


Tecnológica, 2001 1 ed .
HOLANDA, A. dep. Programa Biodiesel Nordeste, com Inclusão Social, Brasilia 2007.
PINTO, A.C.; Guariero, L.L.N.; Rezende, M.J.C. e colaboradores, Biodiesel: an overview. J. Braz.
Chem. Soc., 16, 1313-1330, 2005.

KNOTHE, G; DUNN, R. O. AND BAGBY, M. O. ―Biodiesel: The Use of Vegetable Oils and Their
Derivatives as Alternative Diesel Fuels‖ NBB, 1999.

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Tabela 1 – Planejamento para a Obtenção do Biodiesel


de Mamona

Razão Molar Massa do álcool


1:4 6,912g
1:6 10,381g
1:8 13,824g
1:10 17,302g

Figura 1 – Índice de Ésteres.

Tabela 2 – Massa do Biodiesel.

Razão Molar Massa do Biodiesel


1:4 40,732g
1:6 42,302g
1:8 38,879g
1:10 45,581g

Tabela 3 – Índice de Ésteres.


Figura 2 – Rendimento da reação de transesterificação.
Razão Molar IE
1:4 113,42 mg KOH
1:6 146,12 mg KOH
1:8 118,42 mg KOH
1:10 103,24 mg KOH

V .N .56,1
IE  Eq. (01)
m
Equação 1 – Determinação do Índice de Éster

IE.mo
  1 Eq. (02) Figura 3 – Mamoneira.
IE.mb

Equação 2 – Determinação do rendimento da reação.

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PRODUÇÃO DE BIODIESEL DE DENDÊ NOS SISTEMAS ISOLADOS DO AMAZONAS: UM MEIO


PARA GERAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO PARA O ESTADO

Jacqueline Lopes Nunes1; Tiago Wickstrom Alves2


1UNISINOS, jacque_nunes@terra.com.br; 2UNISINOS, twa@unisinos.br

RESUMO – Para haver desenvolvimento econômico numa determinada região é preciso que
esta esteja dotada de instrumentos que o viabilizem por meio da geração de emprego, renda,
educação, saúde, entre outros fatores que elevem a qualidade de vida da população. O estado do
Amazonas, desde os primórdios, busca uma alternativa de desenvolvimento econômico. No entanto, as
tentativas até então promovidas na região resultaram apenas em ciclos econômicos de curta duração.
O que este trabalho se propõe é analisar a possibilidade de gerar desenvolvimento endógeno a partir
da produção de biodiesel de dendê no estado do Amazonas, que poderá proporcionar à população
geração de emprego e renda, e aumento da qualidade de vida, visto que a utilização do biodiesel nos
geradores de energia elétrica das comunidades interioranas evitará a falta de eletricidade. Além desses
benefícios, o cultivo de dendê restaura as áreas desmatadas e diminui o efeito estufa, absorvendo o
gás carbônico emitido pelo diesel. E, ainda, o dendê origina uma gama de subprodutos possíveis na
utilização no mercado alimentício (humano e animal) e químico.
Palavras-chave – Elaeis guineensis, óleo de palma, biodiesel, desenvolvimento econômico.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento econômico, para que seja sustentável e gere um círculo virtuoso de


crescimento econômico e de bem estar social, deverá ter como força propulsora fatores endógenos
que viabilizem a dinâmica de crescimento. Assim, ao se avaliar o Estado do Amazonas, pode-se
constar que as diversas tentativas de promoção do desenvolvimento econômico desta região foram
coordenadas por forças externas que não previram como os incentivos propostos poderiam se associar
ao capital humano e regional para estabelecer um processo de generalização do crescimento e
expansão da renda para os diversos setores da economia local e com isso tornarem-se auto-
propulsores, estabelecendo assim, as condições endógenas para o desenvolvimento.

O Amazonas possuía, em 2009, aproximadamente 3,4 milhões de habitantes em uma área de


1,57 milhões de Km2 (IBGE, 2010), com concentração da população e renda em Manaus e Coari, que
são, segundo Freitas (2006), os detentores dos pólos de desenvolvimento do Estado. Manaus é

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impulsionada pelo Pólo Industrial e Coari pelo gás natural. Essa característica faz com que esse
Estado tenha enormes áreas com vazios populacionais e diversas comunidades que vivem em
situação de elevado isolamento. Tais comunidades carecem de escolas, hospitais, luz elétrica (que
está disponível, na maioria destes lugares, por apenas duas horas por dia), entre outros, que dificultam
a capacidade de promoção de desenvolvimento, não só em função dos altos custos de transporte,
devido à distância dos principais mercados nacionais, mas principalmente na escolha do que se
produzir nessas comunidades. Essas características resultaram em três ciclos econômicos de curta
duração e não apresentaram capilaridade espacial. Nos quais foram: o das drogas do sertão, o da
borracha e o da Zona Franca de Manaus.

Assim, a relevante questão para estabelecer condições necessárias para o desenvolvimento


sustentável do Amazonas é: o que produzir no Estado, que seja possível de ser realizado pelas
Comunidades Isoladas e que permita a essas, um amplo leque de resultados criando-se, assim, as
condições de um desenvolvimento endógeno? Buscando responder a essa pergunta promoveu-se esta
pesquisa. Especificamente, queria se avaliar a hipótese de que a Produção de Biodiesel a partir do
Dendê, em Sistemas Isolados, geraria as condições para a promoção do desenvolvimento sustentável
das comunidades. Assim, com o objetivo de averiguar essa hipótese se concretizou esta pesquisa.

A justificativa para tal formulação decorre do fato de que o biodiesel de dendê é um


combustível não poluente, onde a palma é intensiva em mão de obra, cujos produtos derivados da
extração do óleo de palma apresentam elevado mercado potencial. Logo, a cadeia produtiva – da
plantação de palma a geração de biodiesel - seria capaz de proporcionar às comunidades isoladas do
Estado do Amazonas emprego e renda, capazes de gerar as condições necessárias para um
desenvolvimento endógeno. Ainda, com o biodiesel gerado é possível abastecer os Sistemas Isolados,
que atualmente são movidos a diesel. Destaca-se que, para que se possa distribuir energia elétrica a
todas as regiões do Amazonas, sem exceção, existem duas alternativas abordadas pelo Plano de
Diretrizes do PAS (Plano Amazônia Sustentável), que são ―a utilização do gás de Urucu e de países
vizinhos e a utilização de biomassa até agora desprezada, como no caso do biodiesel‖ (MIRAGAYA,
2004, p.74).

Atualmente, o governo Federal por meio do Programa Nacional de Produção e Uso do


Biodiesel – PNPB estabeleceu incentivos fiscais à produção de bicombustíveis (Decretos nº 5.297/04 e
nº 5.457/05). Na região Norte, há redução de 100% dos impostos federais para a produção com
biodiesel de palma proveniente da agricultura familiar. Já a Secretaria de Estado de Ciência e
Tecnologia (SECT) do Amazonas criou o Programa Estadual do Biodiesel (PEB), em 2004, onde se

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destacam o ―Programa de Biodiesel para o Amazonas: Oleaginosas Nativas‖ e ―Programa de Biodiesel


para o Amazonas: Dendê‖. Neste último participam a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA Amazônia Ocidental), o Instituto de Tecnologia da Amazônia (EST/UEA), a Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), o Instituto Militar de Engenharia (IME), a Fundação Centro de Análise,
Pesquisa e Inovação Tecnológica (FUCAPI) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). A
partir deste Programa, foi instalada uma estação experimental no Rio Urubu com uma unidade piloto
para produzir 1.500 litros de biodiesel por batelada, onde verifica-se que este tem ―possibilitado a
ampliação de dados de eficiência de processo, de rotas e o teste de catalisadores distintos‖ (SANTOS,
2008, p.157).

Destaca-se que a região mais apta ao cultivo do dendê está localizada, em quase sua
totalidade, no Estado do Amazonas. Sendo que, neste, na região oeste. Logo, pode-se afirmar que a
metade oeste do Estado deverá ser a região mais beneficiada com a produção de dendê.

METODOLOGIA

A análise foi baseada em pesquisa bibliográfica, principalmente publicações do Governo do


Estado do Amazonas e Embrapa Amazônia Ocidental, além de demais livros, artigos e publicações em
revistas e jornais. Além de alguns estudos de outras instituições como IBGE, IPEA, EMBRAPA, entre
outros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O dendê dá origem a dois tipos de óleo: o de palma (proveniente da polpa), que pode ser
utilizado como combustível ou como gordura industrial para fabricação de margarinas, biscoitos, bolos
etc; e o de palmiste, um óleo mais refinado, que é utilizado principalmente em indústrias cosméticas. É
importante ressaltar que toda a gama de subprodutos provenientes do dendê é utilizada, seja como
adubo, alimentação animal ou como material para capear estradas (a partir da casca da amêndoa).

O rendimento médio para cada hectare, ao ano, é de 25 a 28 cachos de dendê. Isso seria
equivalente a 3.500 a 5.000 kg de óleo de palma e 200 a 350 kg de óleo de palmiste. O que indica ser
a cultura de maior rendimento por ha. A segunda, que é o girassol, geraria no máximo algo próximo a
1.000 kg, segundo Furlan Júnior et al. (2006) apud Oil World (2006) e Santos (2008).

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Com relação ao balanço energético, o biodiesel de dendê gera um valor de aproximadamente 9


e a soja, 3 em termos de produto/insumo (FURLAN JUNIOR et. al., 2006 com base em BASIRON e
DARUS, 1996; URQUIAGA et al., 2005; ALMEIDA NETO et al., 2004; NOGUEIRA e MACEDO, 2005).
Assim, o balanço energético do dendê é aproximadamente três vezes maior do que a soja, a segunda
oleaginosa de maior rendimento. Além do ótimo balanço energético da palma, dentre todas as
oleaginosas, o dendê é a ―única opção para substituir o diesel sem acarretar problemas econômicos e
industriais‖ e, ainda, a plantação de dendê é capaz de reduzir e reverter o efeito maléfico causado pela
queima de combustíveis (MENEZES, 1995, p.122).

Segundo Santos (2008), a EMBRAPA relata a geração de 4 a 5 empregos em cada 7 a 8


hectares. Deste modo, tomando como base a geração de 4 empregos (ou seja, uma família de 4
pessoas que trabalham) a cada 7 ha, tem-se que: se forem plantados os 60.400 ha de dendê (valor
referente a área desmatada do Estado em 2008), seu cultivo geraria um volume de emprego para,
aproximadamente, 8.628 famílias, ou seja, serão 34.514 pessoas empregadas. E a renda que poderia
ser gerada – considerando dados de Amarildo Camaleão, presidente do Conselho de Desenvolvimento
Rural do Assentamento Tarumã-Mirim, que é de aproximadamente R$700,00 a R$1000,00 mensais
para o cultivo em três hectares. Assim, a produção referida nos 60.400 ha geraria uma renda de 14
milhões.

Além de o dendê propiciar energia elétrica às comunidades, gerando emprego e renda, esse
possui impactos ambientais relevantes. Em primeiro lugar, esse pode recuperar as áreas degradadas,
segundo, recupera os solos evitando a erosão e, em terceiro lugar, absorve o gás carbônico emitido na
atmosfera, diminuindo o efeito maléfico do diesel.

CONCLUSÃO

Primeiramente, a cultura do dendezeiro parece ser um processo de desenvolvimento endógeno


que não resultará em um novo ciclo, desde que sua produção esteja voltada para o mercado interno, já
que em todo o processo produtivo, o dendê origina subprodutos capazes de ser aproveitados, seja
como adubo, ração ou alimentação humana; atende a demanda da população por uma opção viável e
ecologicamente correta para a geração de energia elétrica, gerando emprego e renda de forma
descentralizada; e permite a ampliação de atividades econômicas nos Sistemas Isolados. E, ainda, a
produção de biodiesel de dendê no Amazonas atenderá as comunidades interioranas que dependem
exclusivamente do diesel. Este é considerado altamente poluente ao meio ambiente e, além disso, para

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que se chegue às comunidades o seu preço se eleva, em vista do alto custo de transporte. Um
exemplo que pode ser citado é que para cada litro usado nos geradores gastam-se cerca de dois litros
de diesel, resultado no elevado custo de transporte. É importante ressaltar que, no mercado
internacional, o diesel é considerado mais barato do que o biodiesel de dendê, mas, no interior do
Amazonas, o preço do diesel eleva-se em virtude dos gastos com o transporte e, por isso, torna-se
inviável a utilização deste nas comunidades interioranas.

Assim, conclui-se que a produção de biodiesel de dendê no Amazonas impacta positivamente


no estado devido aos resultados econômicos, sociais e ambientais benéficos, principalmente no que
concerne a geração de energia que permitirá o funcionamento adequado de escolas, hospitais,
laboratórios de informática, cursos técnicos, entre outros aspectos positivos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREITAS, Francisco Alves de. (Org.) Contas Municipais do Estado do Amazonas. Manaus, AM,
2006. Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas.
FURLAN JÚNIOR, José et al. Biodiesel: Porque tem que ser dendê. Belém: EMBRAPA Amazônia
Oriental; PALMASA, 2006.
MENEZES, J. A. de S. Terceiro ciclo industrial no amazonas: contribuições do óleo de dendê como
insumo energético (biodiesel e oleoquímico). Manaus: Governo do Estado do Amazonas, 1995.
SANTOS, Anamélia Medeiros. Análise do Potencial do Biodiesel de Dendê para Geração de
Energia Elétrica em Sistemas Isolados da Amazônia. Dissertação (Mestrado em Planejamento
Estratégico). Rio de Janeiro: Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de
Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.
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IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Site Oficial. Acesso em 08 jan. 2010. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=am>

CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010,


João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 173-177.
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PRODUÇÃO DE BIODIESEL: UMA ANÁLISE ECONÔMICA

Marcelo Ferreira Dinardi1; Adriane Salum1; Tânia Lúcia Santos Miranda1


1Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG; tania@deq.ufmg.br

RESUMO – O comportamento da viabilidade econômica para a implantação de usinas de Biodiesel foi


analisado, empregando-se a técnica de Fluxo de Caixa Descontado (FDC), utilizando-se os indicadores
econômicos VPL, TIR, IL e Payback. Neste estudo, observou-se que das matérias-primas usadas na
produção do Biodiesel, o óleo é a que mais influencia a viabilidade econômica. Valores acima de
R$1.500,00/t tendem a inviabilizar a produção independentemente da capacidade produtiva da planta.
A escolha do óleo pelo preço deve levar em consideração as impurezas nele contidas. Quanto mais
presentes, maior o gasto com a purificação, aumentando-se assim os custos de produção e
contrabalançando os custos mais baixos de óleo. Os impostos cobrados na venda do Biodiesel,
quando subsidiados, podem viabilizar a utilização de matérias-primas com preços mais elevados. O
rendimento da reação influencia diretamente o preço final do Biodiesel, portanto a viabilidade
econômica da planta. Quanto maior o preço do óleo, maior deve ser o rendimento da reação. A
capacidade produtiva da planta afeta o valor final do preço de Biodiesel, até o limite de
100.000.000L/ano. Com o aumento da capacidade produtiva, os custos fixos tendem a perder
influência, chegando os custos variáveis a representar mais que 98% dos custos de produção.
Palavras-chave – biodiesel, CAPEX, viabilidade econômica, valor presente líquido.

INTRODUÇÃO

Desde a invenção do motor a diesel, em 1893, cogita-se o uso de óleos vegetais como
combustíveis. Entre muitos outros combustíveis alternativos para motores a diesel que são derivados
de óleos vegetais puros, misturados com óleo diesel ou álcool, o Biodiesel é a alternativa mais aceita
devido ao fato das suas propriedades serem similares à do próprio óleo diesel (YUSTE & DORADO,
2006). Juntamente com o etanol anidro, O Biodiesel tem se tornado a grande promessa de alternativa a
combustíveis derivados do petróleo.

A sociedade Americana para Materiais e Testes (ASTM) define o Biodiesel como um


monoalquil éster composto por ácidos graxos de cadeias longas derivados de lipídeos, como óleos
vegetais ou gorduras animais.

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Estudos mostram que o preço da matéria prima, quando se utiliza óleo virgem ou refinado,
responde por 75 a 85 % do preço final do Biodiesel (YUSTE & DORADO, 2006; NAE, 2005). Assim, ao
se utilizar matérias-primas mais baratas para a produção de Biodiesel, como os óleos residuais de
fritura, o valor final deste produto poderá ser substancialmente reduzido.

Inserido em um contexto econômico, esse trabalho tem como objetivo apresentar uma
metodologia que permita identificar o custo máximo possível para a matéria prima, de modo que o
Biodiesel possa ser inserido na matriz energética nacional sem subsídios.

METODOLOGIA

Nesse trabalho as análises econômicas foram realizadas tomando-se por base a técnica de
Fluxo de Caixa Descontado (FDC) e o cálculo de seus indicadores econômicos, Valor Presente
Líquido, Taxa Interna de Retorno, Índice de Lucratividade e Payback.

Uma análise abrangente foi feita variando-se a capacidade de produção. O fluxograma de


produção usado foi o que representa o estado da arte da tecnologia de produção. Os custos foram
definidos como de investimento (CAPEX), fixos e variáveis. Para o cálculo dos custos de investimentos,
usinas com diferentes capacidades produtivas e, conseqüentemente, diferentes custos de
investimentos, foram relacionadas chegando-se a uma equação que relaciona a capacidade produtiva
com o CAPEX. Os custos fixos foram relacionados com o CAPEX e os custos variáveis estão
diretamente relacionados ligados à produção e variam proporcionalmente a esta (matérias primas,
impostos, embalagens, fretes, etc.). Os custos variáveis considerados na produção de Biodiesel foram
calculados em função das matérias primas utilizadas no processo, ou seja, óleo, álcool, água e
catalisador.

O preço do óleo vegetal depende da oleaginosa utilizada na fabricação do biodiesel. Nesse


trabalho, em função do seu destaque na produção de óleo vegetal no Brasil, o óleo de soja foi utilizado
como base de análise em quatro formas diferentes: óleo de soja bruto degomado, óleo recuperado,
ácido graxo bruto de soja e óleo residual de fritura. Para as quatro formas de óleo de soja foi realizada
uma análise de custo máximo que viabilize o processo.

Os impostos exercem uma contribuição significativa nos custos aplicados ao biodiesel.


Utilizando os impostos PIS/PASEP e COFINS estabelecidos pela Lei 11116/05, estes respondem

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atualmente por até 51% do custo total, dependendo do preço de custo do óleo. Por este motivo, uma
das alternativas de viabilização da produção de biodiesel consiste em subsídios governamentais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos apontam que a produção de biodiesel atinge a região de break even
quando o preço do óleo chega a aproximadamente R$1.501,00/t. Portanto, para valores acima deste, a
produção de biodiesel se torna inviável. O preço do óleo de soja bruto degomado e de óleo recuperado
são de R$1.930,00/t e R$1.600,00/t respectivamente, o que inviabilizaria a utilização destes na
produção de biodiesel. Sabe-se que o primeiro corresponde ao óleo de melhor qualidade para esta
finalidade. A utilização de óleo de fritura consiste em uma alternativa bastante relevante, pois poderá
ser adquirido por preços inferiores aos óleos vegetais já tratados, sendo possível inclusive a sua
doação, o que representaria custo zero.

Para viabilizar a produção de Biodiesel a preços de óleo mais elevados, uma alternativa que
poderia ser utilizada consiste em subsídios do governo. Atualmente, já existem alguns meios de
incentivos ficais, conforme destacado a seguir. Para o biodiesel fabricado a partir de mamona ou fruto
(caroço ou amêndoa) de palma produzidas nas regiões norte e nordeste e no semi-árido, aplica-se o
coeficiente de 0,775 sobre o PIS/PASEP e COFINS. Para o biodiesel fabricado a partir de matérias-
primas adquiridas de agricultura familiar, enquadrado no PRONAF, aplica-se um coeficiente de 0,896.

O rendimento da reação é um fator de relevância, especialmente para custos mais elevados


do óleo. Pelos resultados obtidos, foi possível perceber que, para preço de óleo vegetal igual
R$1.400,00/t, a produção de biodiesel vendida a R$ 2,326/L só é viável para rendimentos maiores que
90%. Este rendimento mínimo se torna ainda maior para preços de óleo mais elevados.

Os resultados demonstram que somente para os custos de óleo que estejam entre cerca de
R$1.250,00/t e R$1.501,00/t a capacidade produtiva será relevante na viabilização da produção de
biodiesel. Para custos que estejam abaixo desses valores, a produção de Biodiesel será viável
independentemente da capacidade produtiva. Por outro lado, custos acima destes valores serão
inviáveis independentemente da capacidade produtiva

CONCLUSÃO

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Das matérias primas usadas na produção do Biodiesel o óleo é a que causa maior influência na
viabilidade econômica. Valores acima de R$1.500,00/t tendem a inviabilizar a produção
independentemente da capacidade produtiva da planta. A escolha do óleo pelo preço deve levar em
consideração as impurezas contidas neste óleo. Quanto maior a quantidade de impurezas, maior será
o gasto com a purificação deste óleo, aumentando-se assim os custos de produção e
contrabalançando os custos mais baixos de óleo. Os impostos cobrados na venda do Biodiesel,
quando subsidiados, podem viabilizar a utilização de matérias primas com preços mais elevados.

A capacidade produtiva da planta influencia o valor final do preço de Biodiesel, até o limite de
100.000.000L/ano. A partir desta capacidade o preço final de Biodiesel é pouco influenciado. Com o
aumento da capacidade produtiva, os custos fixos tendem a perder influência, chegando os custos
variáveis, cuja principal influência é exercida pelo preço de óleo, a representar mais que 98% dos
custos de produção.

O rendimento da reação influencia diretamente o preço final do Biodiesel, portanto a viabilidade


econômica da planta. Quanto maior o preço do óleo, maior deve ser o rendimento da reação.
Investimentos devem ser feitos no sentido de se desenvolver reações menos suscetíveis à qualidade e
tipo de óleo, como em reações com rendimentos mais elevados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAE. 2005. ―(Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República). Número 2.‖.


YUSTE, A.J. e M.P. DORADO. 2006. ―A Neural Network Approach to Simulate Biodiesel Production
from Waste Olive Oil.‖ Energy & Fuels, pp. 399-402.

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REGULAÇÃO E ESTERIFICAÇÃO: CAPACIDADE PRODUTIVA DO BIODIESEL E O


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 1

1Lis Pereira Maia; 2Kadije Barbosa Alves.


1UFPB, lismaia_1989@yahoo.com.br; 2UFCG, kadije@gmail.com.

RESUMO – O presente trabalho versa sobre o aspecto jurídico do biodiesel, destacando a regulação
aplicada ao setor, fazendo uma breve citação da política governamental tributária para o favorecimento
e instigação da produção ligada à agricultura familiar, sem deixar de mencionar aspectos necessários
para o desenvolvimento nacional. Quando a legislação nacional coloca o biodiesel como instrumento
para a diminuição de desigualdades entre as regiões, não estabelece o necessário suporte a ser
oferecido às indústrias, produtores agrícolas, resultando em disparidades na produção e o uso de
oleaginosa que não apresenta o melhor potencial produtivo, mas a mais extensa área cultivada.
Algumas rápidas propostas são traçadas ao fim deste artigo para o aumento do uso de biodiesel na
matriz energética brasileira.
Palavras-chave – Regulação, biodiesel, capacidade produtiva, desenvolvimento.

INTRODUÇÃO

O cenário energético mundial demonstra a necessidade de renovação da matriz utilizada por


fontes renováveis e menos poluentes, uma vez que já enfrentamos mudanças climáticas sensíveis.
Nesse contexto, o uso do biodiesel representa uma das soluções iniciais encontradas para a
problemática, cabendo ao Brasil, como produtor de biocombustíveis, incentivar e aumentar a utilização.

A lei nº 11.097/05, que regula o biodiesel, tornou obrigatória a adição de 5% ao óleo diesel até
2013, meta alcançada em janeiro de 2010 (CNPE, Resolução nº 6, 16/09/2009), porém o uso do
potencial produtivo das usinas autorizado pela ANP superaria largamente a percentagem estabelecida
em lei, sendo necessário incentivar o setor agrícola, enfatizando a associação de produção de
oleaginosas por agricultores familiares, com o intuito de otimizar a oferta de oleaginosas, citando
possíveis soluções para a dependência a que fica restrito o pequeno produtor. É mister conseguir
tornar proporcional o cultivo das espécies mais adaptáveis a cada Estado, distribuindo, assim, a
produção por região.

1 Trabalho financiado pelo CNPq.

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Outro fator importante consiste em ressaltar o aumento do preço de produção do biodiesel ao


longo dos últimos anos, além de algumas culturas serem demasiadamente onerosas em relação a
outras, caso da mamona e dendê.

Por fim, o objetivo deste estudo é analisar alguns dos fatores citados acima, atendo-se à
regulação do setor, além de apresentar propostas para políticas de Estado e públicas.

METODOLOGIA

Por se tratar de uma pesquisa primordialmente teórica, não há dados de pesquisa de campo
feitos pelas autoras, apenas os divulgados em órgãos oficiais, revistas eletrônicas, artigos científicos e
livros, sendo, pois, essencialmente bibliográfica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O caráter de regulação social está presente no texto do marco regulatório nacional, lei
9.478/97, e também na norma que regulamenta o biodiesel no país, a lei 11.097/05. No entanto faz-se
necessário conceituar regulação social em contraposição à econômica, como nos ensina Maria Luiza
Alencar (ALENCAR, 2007):

[...] baseada na noção de interesse. Pelo critério do interesse a ser protegido, a regulação
pode ser classificada como (i) ―regulação econômica‖ propriamente dita, considerada a forma
tradicional de regulação (old style regulation) e (ii) ―regulação social‖, que é a versão mais
recente da regulação econômica (modern style regulation). A primeira teria finalidades
internas à própria atividade de regulação (quantidade da produção e controle dos preços e
dos custos, por exemplo) e a segunda apresentaria, no bojo de uma regulação de atividades
econômicas, escopos externos de proteção social. (p. 19)

A lei 11.097/05 explicita a opção pela regulação social quando estabelece que deve-se dar
preferência ao biodiesel oriundo de matérias-primas de agricultores familiares, incluindo as de atividade
extrativista (Art.2º, §4º); institui a ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
– como órgão regulador dos biocombustíveis e atribui-lhe a implementação da política nacional dos
biocombustíveis, enfatizando a garantia do suprimento, proteção ao consumidor quanto a preço,
qualidade e oferta de produtos, fiscalização da indústria e imposição de sanções administrativas ou
pecuniárias, na forma da lei, promoção da conservação e do uso racional dos biocombustíveis e a
preservação ambiental, manutenção e organização de acervo com informações e dados técnicos, além

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de exigir dos agentes regulados o envio de informações referentes às operações em geral, regulação e
autorização das atividades relacionadas à produção, importação, exportação, armazenagem,
estocagem, distribuição, revenda e comercialização de biodiesel; especificação da qualidade dos
biocombustíveis (Arts.7º e 8º). Outras normas sobre o setor, como a lei 11.116/05 que dispõe sobre a
contribuição de PIS/Pasep e de Cofins sobre a receita decorrentes da venda, caso a empresa possua o
selo combustível social, também demonstram o caráter social da regulação.

Porém para atingir as metas traçadas pela lei e pelo PNPB (Programa Nacional de Produção e
Uso de Biodiesel) é necessário especificar a dinâmica da cadeia produtiva dos estados enfocando a
desproporcionalidade de cultivo e produção do biodiesel, além da inexpressividade da atuação dos
pequenos produtores para suprir as demandas das usinas. Podemos averiguar a existência de
extensas áreas de monocultura de soja – como exposto na Figura 1 – em detrimento de culturas mais
ligadas à agricultura familiar, a exemplo da mamona – na Figura 2.

Outro aspecto importante é o risco do agricultor familiar ao plantar as oleaginosas, uma vez
que o preço das mesmas é variável. Ocorre que nos últimos anos tem acrescido o custo de produção
do óleo, como exemplifica a Figura 3. Vê-se então necessário o aumento de incentivos aos agricultores
e produtores, tanto como a diminuição, ou isenção temporária, de impostos com finalidade de aumentar
e tornar proporcional a produção de determinadas culturas.

O que pode ser também citado em relação à produção do óleo é o investimento em pesquisa, o
que prontamente é desenvolvido nas Universidades, tratando-se de buscar a melhor via de extração do
óleo, visando utilizar-se toda a capacidade da oleaginosa. Disto podemos tirar um aumento produtivo e
a redução de custos dos biocombustíves. Cita-se como meio de extração a transesterificação que pode
ser conseguida por via etílica, metílica ou metílico-etílica. Cabe a realização de estudos para achar-se a
via que possui melhor rendimento e enxerga-se indispensável à regulamentação deste processo.

CONCLUSÃO

Com o decorrer da pesquisa para a feitura deste trabalho, notamos que a regulação acerca do
biodiesel é insuficiente para atender às demandas sociais de desenvolvimento e diminuição da
desigualdade entre regiões, pois, apesar do texto da lei voltar-se para a regulação social, o papel do
Estado brasileiro consiste, em grande parte, em servir de mediador do setor econômico, ao invés de
prover insumos e a assistência para o necessário desenvolvimento social e crescimento econômico.

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A diminuição das alíquotas de impostos sobre o combustível ainda não é suficiente para
garantir que as usinas comprem a safra dos agricultores familiares, pois incidem diversos fatores, como
a assistência técnica dada a estes, a fiscalização, por parte da ANP, da compra da produção agrícola
de culturas da agricultura familiar, dentre outros.

Falta também fiscalização durante o processo de transesterificação, negociações visando valor


mais justo a ser pago pelo biodiesel nos leilões da ANP, por fim, estudos e propostas acerca do
percentual de mistura ao diesel que é viável do ponto de vista da cadeia produtiva brasileira, por já
termos alcançado a meta traçada para 2013 e vislumbrarmos grande potencial no biodiesel brasileiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANP. Boletim Mensal do Biodiesel. Disponível em:


<http://www.anp.gov.br/?pg=23349&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1273535155745>.
Acesso em: 05 maio 2010.
ALENCAR, Maria Luiza P. Paradigmas Inconclusos: os contratos entre a autonomia privada, a
regulação estatal e a globalização dos mercados. Coimbra: Coimbra Editora, 2007. 620 p.
BRANDÃO, K. S. R.; SILVA, F. C.; NASCIMENTO, U. M.; SOUSA, M. C.; MOUZINHO, A. M. C.;
SOUZA, A. G.; CONCEIÇÃO, M. M.; MOURA, K. R. M. Produção de Biodiesel por
Transesterificação do Óleo de Soja com Misturas de Metanol-Etanol. I Congresso da Rede
Brasileira de Tecnologia do Biodiesel, 2006.
BRASIL. Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11097.htm>. Acesso em 23 fev. 2010.
CAMPOS, Arnoldo Anacleto de. CARMÉLIO, Edna de Cássia. Construir a diversidade da matriz
energética: o biodiesel no Brasil. In: ABRAMOVAY. Ricardo (Org.). Biocombustíveis: A energia da
controvérsia. São Paulo: Editora Senac, 2009.
ESTILL, Lyle. Biodiesel power. 1. ed. Canada: New Society Publishers, 2005. 288 p.
IBP. Relatório Final Biodiesel IBP/COPPEAD. Disponível em:
<http://www.ibp.org.br/main.asp?View={C2A7D82F-1D0E-4574-A464-032C08DE8BDA}>. Acesso em
26 fev. 2010.

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Figura 10 – Densidade de produção de soja por município e Percentual de produção por Estado.

Figura 11 - Densidade de produção de mamona por município e Percentual de produção por Estado.

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Figura 3 - Custo das cadeias produtivas de óleos mais impostos.

Gráfico 1 – Capacidade de produção de Biodisel.

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SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO CINÉTICO DO ÓLEO DE DENDÊ E SEU BIODIESEL 1

Anne Gabriella Dias Santos1*, Vinícius Patrício da Silva Caldeira1, Mirna Ferreira Farias1, Edjane
Fabiula Buriti da Silva1, Antonio Souza de Araujo1, Valter José Fernandes Jr1, Luiz Di Souza2
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Química, 59078-970, Natal - RN, Brasil; 2Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte, Departamento de Química, 59610-210, Mossoró - RN, Brasil -*anne_gabriela@hotmail.com

RESUMO – O Biodiesel é um combustível biodegradável, ambientalmente e socialmente correto,


produzido a partir de óleos vegetais, óleos residuais e gorduras animais. O óleo de dendê mostra-se
promissor para produção de Biodiesel através do processo de reação de transesterificação. Analisou-
se as características físico-químicas do óleo de dendê e seu biodiesel e a estabilidade térmica a partir
do modelo cinético livre de Viazovkin. A caracterização físico-química está de acordo com as
especificações estabelecidas na Resolução Nº 7/ANP. As análises cromatográficas foram obtidas por
CG-FID. A conversão de 97,20% em peso do óleo de dendê em ésteres metílicos confirma a eficiência
da conversão dos ácidos graxos em ésteres. As análises Termogravimétricas (TG) foram executadas
em termobalança Mettler-STGA, usando razões de aquecimento de 5, 10 e 20 °C min-1. A
decomposição térmica apresentou duas perdas de massa para o óleo e uma perda para o biodiesel,
atribuída à decomposição dos ésteres metílicos. Conforme a teoria de Vyazovkin, as energias de
ativação aparente médias obtidas em função da conversão foram de 190,6 e 65,3 kJ mol-1, para o óleo
de dendê e seu biodiesel, respectivamente. O presente estudo comprova a potencialidade da aplicação
do óleo de dendê como matéria-prima na produção de biodiesel.
Palavras-chave – Biodiesel, óleo de dendê e cinética.

INTRODUÇÃO

O Biodiesel é um combustível biodegradável, ambientalmente e socialmente correto produzido


a partir de óleos vegetais, óleos residuais e gorduras animais. O principal processo industrial de
obtenção do biodiesel é a reação de transesterificação do ácido graxo presente no óleo com um álcool
de cadeia curta (metanol ou etanol), e um catalisador que pode ser homogêneo ou heterogêneo,
produzindo o biodiesel (ésteres metílicos ou etílicos) e como subproduto a glicerina [1]. O óleo vegetal
continua a ser a principal matéria-prima para a produção de Biodiesel. Dentre estes, vários vem sendo
estudados, tais como a soja, girassol, colza, canola, mamona e dendê. O óleo de dendê (Elaeis
guineensis Jaquim) tem-se mostrado promissor para esse fim, uma vez que no Brasil, a sua produção é
bastante acentuada, é uma planta perene e apresenta boas características para produção deste
1
[CNPQ, ANP e CAPES.]

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biocombustível. Este produz frutos que consistem de um núcleo rígido dentro de uma casca, que é
cercada por um mesocarpo carnoso. O mesocarpo contém cerca de 49% de óleo de dendê, enquanto
o núcleo contém cerca de 50% de óleo de dendê [2]. Este é constituído por diferentes ácidos graxos,
sendo a quantidade de compostos saturados e insaturados no óleo de dendê praticamente a mesma
[3]. No Brasil, a Lei Nº 11.097 [4], determina que todo diesel vendido no país, deve ser constituído pela
mistura de óleo diesel/biodiesel, denominado BX, onde X representa o percentual em volume de
biodiesel no óleo diesel, conforme especificação da ANP. Desta forma, o biodiesel obtido deve ser
analisado e apresentar resultados de acordo com as especificações estabelecidas pela Resolução da
ANP Nº 7/2008 [5]. Portanto, este trabalho objetivou analisar as características físico-químicas do óleo
de dendê, produzir o biodiesel e analisá-lo, assim como estudar a estabilidade térmica dos mesmos a
partir do modelo cinético livre de Viazovkin [6,7].

METODOLOGIA

O óleo de dendê foi convertido a biodiesel usando uma transesterificação alcalina, na qual foi
utilizada 2,5% em peso de catalisador (Hidróxido de Potássio) e razão molar óleo/álcool metílico de
1:12. A preparação da reação consiste em colocar o óleo em um reator EROSTAR, marca IKA
LABORTECHNIK, juntamente com o metóxido de potássio e deixa-los em constante agitação, por 4
horas. Ao término da reação, a mistura foi transferida para um funil de decantação para separação das
duas fases, ficando em processo de decantação por 24 h. Em seguida, retirou-se a glicerina, restando
apenas os ésteres metílicos, onde passaram pelo processo de purificação, sendo lavados com água
morna, e posteriormente secos numa estufa a 100 ºC. As análises físico-químicas do óleo e seu
biodiesel foram realizadas de acordo com as normas American Society for Testing and Materials
(ASTM), Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e American Oil Chemists Society (AOCS)
como indicado pela Resolução N° 7 da ANP, Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis [5]. O biodiesel de dendê obtido foi analisado por cromatografia gasosa (CG) com um
detector de ionização de chama, a fim de determinar a conversão de triacilglicerídeos em ésteres
metílicos referentes de cada ácido graxo, correspondentes da reação de transesterificação. Foi usado
um cromatógrafo a gás Thermo Trace GC-FID. As análises Termogravimétricas (TG) foram executadas
com uma termobalança Mettler-STGA modelo 851, em faixa de temperatura de 30–600 °C, sob
atmosfera de hélio com fluxo de 25 mL min-1, usando cadinho de alumina e razões de aquecimento de
5, 10 e 20 °C min-1. Para cada experimento, a massa de amostra utilizada foi de aproximadamente
75mg. O método do modelo cinético livre é baseado em uma técnica computacional de isoconversão

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que calcula a energia de ativação aparente (Ea) em função da conversão (α) de uma reação química.
As curvas de conversão são calculadas sobre as respectivas medições das curvas TG, executadas
pelo menos em três diferentes razões de aquecimento (β) [8]

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises Físico-Químicas para o óleo de dendê e seu biodiesel encontram-
se na Tabela 1. As amostras de biodiesel obtidas pela rota metílica estão de acordo com as
especificações estabelecidas pela ANP [5]. Pode-se observar que o teor de enxofre no biodiesel é
insignificante, conferindo uma grande vantagem para o biodiesel, já que compostos de enxofre são
produzidos na combustão de motores a diesel. Para a viscosidade cinemática observa-se um
decréscimo significante para o biodiesel em comparação ao óleo, demonstrando um fator positivo,
porque a alta viscosidade do óleo reduz a atomização do combustível e aumenta a combustão
incompleta. A temperatura do ponto de fulgor do biodiesel apresentou um valor menor quando
comparado ao óleo de dendê, pois apresenta um menor peso molecular, o que requer uma menor
energia para vaporizar. O biodiesel de dendê obtido foi analisado por cromatografia gasosa, a fim de
avaliar a conversão dos triglicerídeos em seus ésteres metílicos. Os resultados, como esperado pela
composição do óleo de dendê, indicaram os maiores percentuais de linoleato de metila (39,52% m/m),
palmitato de metila (35,84% m/m) e linolenato de metila (7,59% m/m), respectivamente. A conversão
total foi de 97,20% em peso de óleo de dendê em ésteres metílicos, o que confirma a eficiência da
conversão dos ácidos graxos nos ésteres metílicos. Este valor é superior ao estabelecido pela norma
Européia EN 1403, que é de 96,5% em peso. Para ter uma melhor compreensão da decomposição do
óleo de dendê e seu biodiesel, a degradação térmica de ambas as amostras foi investigada. As curvas
TG típicas de um processo de decomposição foram obtidas neste estudo (Figuras 1 e 2).
Experimentalmente, a decomposição térmica das amostras em razões de aquecimento de 5, 10 e 20 °
C min-1, possui duas perdas de massa para o óleo e uma perda para o biodiesel ocorrendo na faixa de
180-510 e 100-320 ºC, com percentuais de 97,3 e 99,1% em peso e massa de resíduo de 2,7 e 0,9%
em peso, respectivamente. Essa perda de massa é atribuída à decomposição dos ésteres metílicos,
principalmente do palmitato de metila (35,8% em peso) e linoleato de metila (39,5% em peso). O óleo
de dendê apresentou duas etapas térmicas, a maior perda consiste na decomposição dos ácidos
graxos, já para a menor perda pode-se atribuir às impurezas presentes no óleo, tais como os ácidos
graxos livres. As plotagens de Ln (β/T2) versus 1000/T para níveis de conversão 0,05-0,90 em
diferentes razões de aquecimento foram realizadas e obtidos os coeficientes médios de correlação de

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0,9878 e 0,9582 para o óleo de dendê e seu biodiesel, respectivamente. Observa-se que há um
elevado grau de paralelismo das linhas retas obtidas para ambas as amostras. De acordo com a teoria
da Vyazovkin, a Ea foi estimada pela inclinação de cada linha reta (0,05 <α <0,90) da curva Ln (β/T2)
versus 1000/T. Os valores de Ea médios obtidos em função da conversão foram de 190,6 e 65,3 kJ
mol-1, para o óleo de dendê e seu biodiesel, respectivamente. A Ea para o óleo de dendê é maior
comparado ao biodiesel, fato este explicado pelo maior peso molecular e forças intermoleculares mais
fortes que o respectivo biodiesel.

CONCLUSÃO
A amostra de biodiesel de dendê obtido por via metílica está em conformidade com as
especificações estabelecidas pela ANP. O biodiesel está dentro das especificações exigidas para o
teor de éster, em relação à norma européia EN 1403. O modelo cinético livre aplicado no trabalho
provou ser um método confiável para o estudo do processo de decomposição do óleo de dendê e seu
biodiesel. A diferença entre as energias de ativação aparente para o óleo de dendê e seu biodiesel no
processo de decomposição confere uma alta estabilidade, corroborando com as temperaturas de
decomposição das curvas termogravimétricas. O presente estudo comprova a potencialidade da
aplicação do óleo de dendê como matéria-prima na produção de biodiesel.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Vasudevan, P. T.; Briggs, M. Biodiesel production – current state of the art and challenges. Journal of
Industrial Microbiology and Biotechnology. v.35. n.5. p.421–430. 2008.
Alamu, O. J.; Waheed, M. A.; Jekayinfa, S. O. Effect of ethanol – palm kernel oil ratio on alkali-
catalyzed biodiesel yield. Fuel. v.87. n.8-9. p.1529–1533. 2008.
CAMPESTRE. Especificações do óleo de Dendê. Disponível em: <http://www.campestre.com.br>.
BRASIL. Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para
Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11097.htm>. Acesso em: 09 jul. 2009.
Resolução ANP Nº.7, de 13.3.2008. Disponível em: <http://www.anp.gov.br>.
Vyazovkin S, Sbirrazzuoli N. Isoconversional Kinetic Analysis of Thermally Stimulated Processes in
Polymers. Macromolecular Rapid Communications. v.27. p.1515-1532. 2006.
Vyazovkin S, Wight CA. Model-free and model-fitting approaches to kinetic analysis of isothermal and
nonisothermal data. Thermochimica Acta. v.340-341. 53-68. 1999.
Santos A.G.D.; et al. Model-free kinetics applied to volatilization of Brazilian sunflower oil, and its
respective biodiesel, Thermochim. Acta (2010), DOI:10.1016/j.tca.2010.04.015.

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Tabela1 – Análises físico-químicas do óleo de dendê e seu biodiesel obtidos por rota metílica.

Propriedades Óleo Biodiesel Limites*(ANP)


Viscosidade Cinemática/mm2s-1 42,4 4,7 3.0 – 6.0
Densidade /kgm-3 912,0 882,3 850 – 900
Ponto de Fulgor /°C 264,0 180,0 ≥ 100
Enxofre Total /PPM 0,8 0,6 50
Índice de Acidez /mg KOHg-1 2,39 0,61 ≤ 0.5
Índice de Iodo /g I2100g-1 60,7 62,6 –
(*) Especificações de acordo com a ANP.

Óleo de Dendê Biodiesel de Dendê


100 100

80 80
Massa/%

60
Massa/%

60

40
40

20 -1
5° C min 20
-1  =5°C min-1
 10° C min
0 -1  =10°C min-1
20° C min 0  =20°C min-1
0 100 200 300 400 500 600
Temperatura/°C 0 100 200 300 400 500 600
Temperatura/°C

Figura 1. Curvas TG do óleo de dendê a diferentes


Figura 2. Curvas TG do biodiesel de dendê a diferentes
temperaturas.
temperaturas.

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SISTEMAS INSTRUMENTADOS DE SEGURANÇA PARA UMA UNIDADE DE PRODUÇÃO DE


BIODIESEL

Amaro Miguel da Silva Filho 1; Rafaela Ferreira Batista 2; James Correia de Melo 2; José Geraldo de
Andrade Pacheco Filho 1;]
1Universidade Federal de Pernambuco - amsilvaf@gmail.com.br; 2Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste

RESUMO – O processo de produção do biodiesel pode ser perigoso e deve ser tratado como qualquer
outro processo químico devido, entre outros fatores, a utilização de materiais perigosos como o
metanol. Desde março de 2009 foram reportados dois acidentes com quatro óbitos em usinas de
biodiesel. O crescimento do setor de biodiesel, a inserção de empresas oriundas de diferentes
segmentos, heterogeneidade na forma de operação, também influenciam na segurança das usinas (II
Seminário de Biodiesel, 2010). A saúde e a segurança ocupacional vêm ganhando importância nas
empresas no mundo todo, a utilização da instrumentação como ferramenta para garantir o controle de
riscos, vem ao encontro da necessidade das organizações pela sua eficácia, para a melhoria da saúde
ocupacional e segurança de seus colaboradores. O trabalho aqui desenvolvido se coloca neste cenário
para propor um sistema instrumentado de segurança para uma unidade de biodiesel. Os dados obtidos
com as ferramentas de avaliação de risco identificaram as áreas de recuperação e secagem, lavagem,
reação, assim como os reatores, coluna de destilação e centrífuga como maiores ofensores à saúde e
segurança. Através da análise dos riscos foi possível definir o nível de segurança (SIL2) exigido e a
construção do diagrama de instrumentação da planta.
Palavras-chave – Instrumentação, automação, segurança, biodiesel.

INTRODUÇÃO

No cenário mundial a questão da segurança e saúde no trabalho representa um desafio para


os governos e para as organizações, considerando o custo social decorrente dos acidentes de
trabalho. No Brasil, no final de agosto de 2009 ocorreu uma explosão em um contêiner de uma
empresa de produção de biodiesel, em função de um curto-circuito na parte elétrica desse
equipamento levando três funcionários ao óbito. Desde março de 2009 foram registrados um total de
quatro óbitos em usinas de produção de biodiesel (BIODIESEL BR; II SEMINÁRIO DE BIODIESEL,
2010).

Lapa (2006) ressalta que recentemente houve exemplos advindos da introdução do sistema de
gestão da qualidade (SGQ) nas organizações que aliada à competição mundial possibilitou alcançar

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níveis de produtividade jamais imaginados. Essa mesma experiência está migrando para a adoção de
sistemas de gestão ambiental (SGA) e de segurança e saúde ocupacional (SSO). Podemos acrescente
o de responsabilidade social, permitindo à organização formular e implementar uma política e objetivos
que levem em conta as exigências legais, seus compromissos éticos e sua preocupação com a
promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável. Estes sistemas podem constituir meios
poderosos de reversão dos números catastróficos de acidentes e doenças, das perdas econômicas
que eles representam, aumento da produtividade e da desigualdade social.

O estabelecimento de sistemas de controle de processos, como o SGQ, e de controle na fonte


do processo, com sistemas de proteção redundantes e automação dos processos, promovem maior
segurança e confiabilidade ao processo industrial. Também aumentam a qualidade do processo e do
produto, assim como colabora com a redução de perdas, economia de água e de energia.

Este trabalho tem por objetivo propor a implantação de um sistema instrumentado de


segurança (SIS) para priorizar o risco nas áreas da Unidade Experimental de Biodiesel de Caetés - PE.
Após os riscos mapeados, foram aplicadas técnicas de análise de falhas para definição das funções de
segurança, de modo que os níveis de risco aos quais estão expostos os trabalhadores e equipamentos
sejam controlados e levados a um patamar aceitável.

METODOLOGIA

Este estudo avalia os riscos presentes numa unidade de produção piloto de biodiesel,
obedecendo aos requisitos da norma OHSAS 18001 – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde
Ocupacional. A avaliação será utilizada para definição do sistema instrumentado de segurança capaz
de tornar o processo seguro. Para a construção desta avaliação é necessário conhecer
detalhadamente todo processo de produção do biodiesel, os materiais utilizados, e as tarefas
desempenhadas neste seguimento. Foram realizadas visitas à unidade, que possibilitaram a
construção do diagrama do processo pelo entendimento do funcionamento de cada área da usina.

Os perigos potenciais, os riscos e os controles no trabalho foram avaliados com o uso de


avaliações de risco do trabalho. Para melhor avaliar os riscos, a unidade foi mapeada nas cinco áreas
abaixo, de acordo com a natureza mapeada anteriormente na análise do processo: Armazenamento
(conjunto de tanques externos a unidade); Reação de trasesterificação (reatores, agitador,
condensador, desumidificador e tanques de catalisador); Separação de fases (decantadores e tanques

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intermediários); Recuperação/Secagem (coluna de destilação, evaporadores, condensadores e sistema


de vácuo); e Lavagem (centrífuga e o misturador). O trabalho contemplou os seguintes passos:

Pela análise dos indicadores de risco foi possível eleger a área com maior prioridade de
atuação (área de reação, equipamento reator);

A análise realizada através do HAZOP utilizando os riscos da área a onde o sistema irá atuar
para encontrar os pontos específicos onde atuarão as funções instrumentadas de segurança;

Os dados obtidos no HAZOP foram utilizados numa uma análise de árvore de falhas para
identificar os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do evento inicial e definir o SIL a ser
utilizado na implementação do sistema;

O SIS foi concebido implementando funções mapeadas no HAZOP para atuar em


anormalidades relacionadas a pressão, temperatura e nível no reator de transesterificação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para se obter uma visão estratégica para a atuação dos sistemas instrumentados de
segurança a avaliação de riscos foi inicialmente agrupada por área. O critério para obtenção deste
agrupamento foi realizado pelo somatório dos valores de risco obtidos durante a avaliação após a
atuação de medidas de controle iniciais. Os valores só são considerados caso ultrapassem o limite de
risco intolerável para cada área da usina (definido pela BNL os valores maiores que 81). A
quantificação dos perigos e riscos em cada setor é mostrada no Anexo.

Alguns aspectos podem ser reconsiderados antes da aplicação das técnicas de SIS para
minimizar o risco numa unidade de produção de biodiesel, tais como: utilizar o etanol no processo de
transesterificação por ser uma opção mais segura que o metanol; focar no controle na fonte com a
substituição das válvulas de vedação do tipo globo por válvulas de dupla vedação devidamente
dimensionadas, utilização de bombas e instalações a prova de explosão e tanques de armazenamento
com teto flutuante e inertizados; e promover a política de manutenção preventiva.

A área de recuperação de álcool e secagem do biodiesel apresenta o maior nível de risco no


processo, como pode ser observado na Figura 1. O resultado exibido na Figura 2 indicou que os
reatores apresentam maior nível de risco. Neste contexto, pode-se justificar esta classificação pela
presença neste equipamento de todos os componentes da mistura (catalisador, etanol/metanol, óleo

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vegetal) na presença de variáveis físicas (temperatura, pressão, nível). As atividades de manutenção


tiveram o seu risco controlado pela aplicação de técnicas convencionais de prevenção, não sendo
necessário utilizar SIS (avaliação de risco < 81). O agrupamento de risco por equipamento permite o
planejamento das ações, sejam elas utilizando SIS ou outras tecnologias, para tratamento destes
riscos estrategicamente focados na maior demanda.

Na área onde ocorre a reação serão aplicados os SIS e o reator de transesterificação é


escolhido como alvo da atuação prioritária da função de segurança. O maior ofensor é o risco
associado à explosão por aumento da pressão interna, assim como o risco de fogo ou explosão por
aumento na temperatura da reação. Para a implantação do SIS foi realizado um simples projeto de
instrumentação básica para o controle do processo no reator, Figura 3, constituída de transmissores e
controladores de pressão, temperatura e nível, além de indicadores e alarmes destas três variáveis.
Pressão, nível e temperatura, são monitorados e são associados alarmes que alertam o operador para
que tome decisões para normalização do processo.

CONCLUSÃO

Todas as funções de segurança identificadas devem ser integradas em um SIS. Diversas


técnicas para executar a análise de risco do processo devem ser discutidas e suas vantagens e
desvantagens devem ser identificadas no sentido de escolher a melhor para cada caso. O sucesso de
toda a técnica de avaliação do risco dependerá da perícia da equipe da análise e de sua experiência
com o processo sob a investigação.

Um processo automatizado e instrumentado possibilita o controle das condições sob as quais


as substâncias estão submetidas no processo. Isto pode garantir que alterações das condições do
processo não exponham ao risco as pessoas e os equipamentos, além de ser responsável pelo
rendimento máximo do processo, utilizando toda energia cedida na elaboração do produto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LAPA, R. P. Metodologia de Construção de Sistemas de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. São


Paulo, 2006. 90p
ABNT,OHSAS 18001:1999. Especificação da gestão em saúde e segurança do trabalho, Rio de
Janeiro, 1999. 17p.

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II SEMINÁRIO DE BIODIESEL. Palestra Meio Ambiente, Crédito de Carbono e Qualidade de Vida -


Mauro Motta Laporte ANP – SFI/NE Disponível em: <http://www.apcagronomica.org.br
/seminario2010/PALESTRAS/Painel4-Palestra1.pdf>. Acesso em: 07 mai. 2010.
BIODIESEL BR. Tudo sobre Biodiesel. < http://www.biodieselbr.com/noticias/em-foco/explosao-fabrica-
biodiesel-mortos-formosa-go-24-03-09.htm>. 07 de mai. 2010.

Figura 1 - Avaliação de risco por área da usina Figura 2 - Avaliação de risco por equipamento da usina

Figura 3: Sistema instrumentado de segurança aplicado ao reator de transesterificação.

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ANEXO

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VIABILIDADE DA INSERÇÃO DO BIODIESEL NO SEMI-ÁRIDO DA BAHIA 1

²Mayer Fernandes dos Santos Silva; ²Thiago D‘Almeida Magalhães; ²Giovani Ferreira; ¹Gisele Ferreira
Tiryaki
²UNIFACS, mayer_eq@hotmail.com; thiagodalmeida1@gmail.com; gvnferreira@uol.com.br

¹UFBA, gtiryaki@ufba.br

RESUMO – A produção de biocombustíveis tem sido abordada como uma boa alternativa para
diversificar a matriz energética e reduzir os impactos ambientais promovidos pelos automóveis. Este
estudo tem o objetivo de avaliar a viabilidade econômica do biodiesel na Bahia, determinando os
parâmetros mais influentes. A metodologia utilizada foi o levantamento bibliográfico do investimento e
custo unitário de produção de unidades de produção de biodiesel. Em seguida foi determinada a escala
ótima de produção da unidade, elaborado o fluxo de caixa e, por fim, foi realizada a análise de
sensibilidade variando-se os parâmetros do fluxo de caixa simulado. Unidades com capacidades de
produção superiores a 50 mil toneladas por ano apresentam grande vantagem devido à maior
eficiência do processo, diminuindo custos. As isenções tributárias que o selo combustível social do
Programa Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB) proporciona também são fundamentais para a
viabilidade do processo, devendo-se dimensionar uma planta em que seja possível a obtenção de 30%
da matéria prima por agricultura familiar no semi-árido nordestino. O preço do biodiesel é o fator
determinante na viabilidade do empreendimento, seguidos de eficiência da fábrica e preço do óleo
vegetal, que também apresentam forte influência.
Palavras-chave – Biodiesel, transesterificação, viabilidade, nordeste.

INTRODUÇÃO

A crescente demanda energética mundial e as perspectivas de dificuldade para obtenção de


combustíveis de origem mineral têm impulsionado a busca por novas alternativas de energia. A
preocupação com o meio ambiente é outro fator que estimula a busca por estratégias que levem à
diminuição do consumo de combustíveis derivados do petróleo, haja vista que estes são fontes em
potencial de gases poluentes. A utilização de biocombustíveis tem potencial de reduzir os impactos
ambientais causados pelas emissões de gases estufa (potencialmente o CO2) e poluentes derivados de
enxofre.

1Agradecimentos à FAPESB – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, que concedeu bolsas de iniciação
científica a Mayer Fernandes dos Santos Silva e Thiago D‘Almeida Magalhães no âmbito de Projeto em Produção,
Comercialização e Beneficiamento de Oleaginosas no Território do Sisal.

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Este resumo destina-se a avaliar a viabilidade do processo de produção de biodiesel na Bahia,


que a priori apresenta competitividade incerta, necessitando de incentivos para a sua consolidação,
pois é uma tecnologia recente se comparado ao processo de produção do diesel mineral. Pode-se
observar que as Indústrias de grande porte tendem a ser mais competitivas em vários segmentos. Na
indústria do biodiesel, essa tendência não é diferente, pois as unidades com maiores capacidades de
produção apresentam melhores coeficientes técnicos, reduzindo custos. No entanto, grandes
capacidades de produção podem enfrentar problemas com a disponibilidade matérias primas,
notadamente o óleo vegetal de agricultura familiar. Esse problema é potencializado quando a empresa
apresenta o selo de combustível social e depende da produção agrícola familiar, com risco de perder o
selo e o direito de participar dos leilões organizados pela ANP. A análise de sensibilidade também é de
suma importância para o estudo de viabilidade, pois ajuda na análise de risco do projeto, indicando os
parâmetros que mais interferem no retorno do investimento e que, portanto, merecem um estudo mais
aprofundado.

METODOLOGIA

Com a recente divulgação de vários investimentos na área de biodiesel e a utilização de


planilhas e ferramentas matemáticas, pode-se processar esses dados e estimar a tendência que o
valor dos investimentos apresenta com a variação da capacidade de produção das unidades de
biodiesel. A tendência encontrada é utilizada para estimar o valor do investimento inicial da unidade
industrial simulada.

A escolha da capacidade da fábrica é feita analisando os dados de custos e eficiência que as


diversas unidades de produção de biodiesel no Brasil apresentam. Os custos unitários de produção do
biodiesel decrescem à medida que a capacidade de produção da fábrica aumenta (Figura 1). No
entanto, a partir de 50 mil toneladas por ano, essa tendência é menos acentuada, deixando de agregar
vantagem significante. Embora a produção de óleo vegetal na Bahia atenda bem à demanda de uma
unidade com capacidade em torno de 50 mil toneladas por ano (Tabela 1), a produção de óleos da
agricultura familiar é bem menor e para evitar problemas com falta desta parcela da matéria prima,
pode-se dimensionar a planta para a menor capacidade dentre as que apresentam boa eficiência, 50
mil toneladas por ano. Embora essa decisão seja conservadora, é realmente necessária, pois a perda
do selo ou suspensão da participação nos leilões organizados pela ANP poderia ocasionar prejuízos
gigantescos.

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Definidas a capacidade de produção e o investimento, pode-se, com base em algumas


premissas, simular um fluxo de caixa. Considerando tempo ocioso de 20% e coeficientes técnicos
baseados no estudo de Hamacher (2006), pode-se estimar o fluxo de caixa e então elaborar uma
análise econômica dos resultados obtidos. Para a análise da importância de cada parâmetro do
empreendimento na viabilidade econômica, realizou-se também um estudo de sensibilidade. Variou-se
em 10% o valor de cada variável do fluxo de caixa (Tabela 2), mantendo-se as outras constantes e
observou-se a influência de cada uma na taxa interna de retorno. Com esta análise, pode-se
determinar os parâmetros mais influentes na viabilidade de empreendimentos na área.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos dados de capacidade e investimento inicial obtidos sobre diversas unidades
industriais de produção de biodiesel no Brasil (Figura 2) fornece uma curva de tendência:

𝐼𝑛𝑣 𝑚𝑖𝑙ℎõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠 = 0,0055. 𝐶𝑎𝑝0,8167

Seguindo a tendência dos dados, para a capacidade de 50.000 toneladas por ano, o
investimento inicial é de R$ 38 milhões. Somando-se o valor do investimento inicial ao do capital
necessário para fazer a planta operar (capital de giro), R$ 8,5 milhões (considerando um mês de
estocagem de produtos e reagentes), obtém-se o investimento total do empreendimento, R$ 46,5
milhões.

Com ociosidade, preços unitários de reagentes e produtos, atratividade e coeficientes técnicos


fixados, é possível simular o fluxo de caixa e obter os indicadores econômicos necessários para o
estudo de viabilidade (Tabela 2). A importância do Selo de Combustível social da ANP pode ser
observada através da Tabela 3, que mostra indicadores de viabilidade bem mais favoráveis às
empresas com selo.

O estudo de sensibilidade mostrou que os parâmetros determinantes na viabilidade econômica


de uma unidade industrial de produção de biodiesel são o preço do biodiesel, a eficiência e o preço do
óleo vegetal. Essa característica é observada através da análise da Tabela 02, que mostra os
indicadores e a variação destes, para a variação de cada parâmetro do fluxo de caixa. A taxa interna
de retorno (TIR) variou em 20,50% para a variação de 10% do preço do biodiesel, -18,44% para a
variação de -10% nos coeficientes técnicos e 14,98% para a variação de -10% no preço do biodiesel.

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CONCLUSÃO

Empresas que apresentam unidades industriais com capacidades de produção superiores a 50


toneladas por ano levam grande vantagem sobre empresas de porte menor. O ganho de eficiência e
conseqüente diminuição de custos fornecem grande competitividade a essas empresas, tornando o
empreendimento mais estável frente a futuras variações de mercado.

Para as condições abordadas, o investimento apresenta bons indicadores de viabilidade


mesmo com variações negativas no fluxo de caixa. A Tabela 2 mostra a análise de sensibilidade para
variações prejudiciais ao empreendimento (10% em cada variável). Nestas condições, a variável que
tem o poder de inviabilizar o investimento é o preço do biodiesel. Se este variar em -10%, a taxa
interna de retorno apresenta valor negativo. O selo combustível social do PNPB é outro fator de suma
importância na viabilidade deste biocombustível. Os indicadores de viabilidade (Tabela 3) são
claramente favoráveis a empresas com este selo, o retorno sobre o investimento nessas condições é
de 52,71% para um horizonte de projeto de 10 anos, enquanto para uma empresa sem o selo o retorno
sobre o investimento é de -21,07%.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Viabilidade Econômica da Cadeia Produtiva do Biodiesel. Rio de Janeiro, setembro de 2006.
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2009. Instituto Mauá de Tecnologia.
ELETROSUL. Produção de usinas de biodiesel 2007. Disponível em:
<http://www.eletrosul.gov.br/gdi/gdi/index.php?pg=cl_abre&cd=gnfYbY70%5BPekg>
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010. Disponível em: <www.ibge.gov.br>
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International Student Edition, 1981.
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Approach to Quantify Reductions in Production Costs, Energy Use and Greenhouse Gas Emissions.
Utrecht University, Copernicus Institute, The Netherlands. May 2008.
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ALBIERO. ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE PLANTA PILOTO DE BIODIESEL. Faculdade
de Engenharia Agrícola-FEAGRI/UNICAMP, 2006.
PAULO BAGNOLI ARRUDA CESAR FILHO. 2º Fórum Biodiesel - Custo de Produção,
Investimentos e Viabilidade Econômica, 2006. disponível em:
<http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=2033>

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biodiesel-padre-bernardogo.html>
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<http://www.semar.pi.gov.br/noticia.php?id=447>.
WERNER KOERBITZ. New and Specific Oils for Biodiesel Production – Non-food Oilseed Crops for
Semi-arid Regions, 2007. Austrian Biofuels Institute – Vienna, Austria.

Custo de Produção
1,20

1,00
custo (R$/L)

0,80

0,60

0,40

0,20

0,00
0 50 100 150 200 250 300 350

Capacidade (mil ton/ano)

Figura 12 – Custos de produção de biodiesel em unidades industriais brasileiras.

Investimento Fixo (Milhões R$)


Investimento Inicial (Milhões R$)

180
160
140
120
100
80 y = 0,0038x0,8395
60 R² = 0,9611
40
20
0
- 100.000 200.000 300.000
Capacidade (t/ano)

Figura 2 – Custos de produção de biodiesel em unidades industriais brasileiras.

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Tabela 8 – Produção de óleo vegetal na Bahia.


Produção de óleos vegetais na Bahia (mil t/a)
Oleaginosas 2006 2007 2008 Média Anual
Mamona 68.615 75.660 96.620 80.298
Algodão 810.253 1.125.240 1.167.947 1.034.480
Girassol 30 3.679 999 1.569
Soja 1.991.400 2.298.000 2.747.634 2.345.678
Fonte: IBGE.

Tabela 2 – Análise de Sensibilidade


Variação positiva para o empreendimento Variação negativa para o empreendimento
Variação do Variação da Variação do Variação da
Parâmetro Nova TIR Nova TIR
Parâmetro TIR Parâmetro TIR
Biodiesel 10% 42,33% 20,50% -10% -5,79% -27,62%
Coef. Tecnicos -10% 3,39% -18,44% -10% 3,39% -18,44%
Óleo vegetal -10% 36,81% 14,98% 10% 3,40% -18,43%
Investimento -10% 25,35% 3,52% 10% 18,75% -3,08%
Glicerina 10% 22,39% 0,56% -10% 21,28% -0,55%
Metanol -10% 22,80% 0,97% 10% 20,87% -0,96%
Utilizades -10% 23,42% 1,59% 10% 20,23% -1,60%
Administrativo -10% 22,22% 0,39% 10% 21,46% -0,37%
Catalisador -10% 21,84% 0,01% 10% 21,83% 0,00%

Tabela 3 – Análise de Sensibilidade.

Indicadores de Viabilidade Econômica Com Selo Social Sem Selo Social


TIR 21,84% 5,25%
Retorno Sobre o Investimento 52,71% -21,07%
Margem Lucro 18,17% 9,49%

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ANÁLISE GENÉTICA DE GENÓTIPOS INTERESPECÍFICOS DE AMENDOIM DIVERGENTES PARA


PRODUÇÃO DE ÓLEO

1 Camila Marques Queiroz; 2 Vandre Guevara Lyra Batista; 2 Antônio Lopes de Arroxelas Galvão Filho;
3 Morganna Pollynne Nóbrega Pinheiro; 3 Carliane Rebeca Coelho Silva; 2 Roseane Cavalcanti dos
Santos; 2 Liziane Maria de Lima
1 CCBS-UEPB (cmilacg@hotmail.com); 2 Embrapa Algodão; 3 UFRPE

RESUMO – Marcadores ISSR foram utilizados para discriminar acessos interespecíficos de amendoim,
divergentes para produção de óleo. Os acessos foram cultivados em casa de vegetação e aos 20 dias
após o plantio foram coletadas folhas para extração de DNA e posterior ensaios de PCR-ISSR. Dez
primers foram utilizados gerando bandas mono e polimórficas. Dentre eles, os mais responsivos em
termos de discriminação dos acessos foram 818 e 842, que geraram, respectivamente, 14 e 12 regiões
e taxa de polimorfimo de 64 e 83%, respectivamente. Os primers 847 e 858 geraram poucas bandas e
mais de 60% foram monomórficas, de pouco valor para estudos de discriminação de acessos por meio
de marcadores do tipo ISSR. No dendrograma gerado pelo programa NTSYS-PC 2.10 observou-se a
formação de 3 grupos, estando os genótipos rasteiros, que contém maior teor de óleo, mais separados
dos eretos, que situaram-se em aglomerados distintos. Para geração de maior variabilidade para este
caráter, sugere-se hibridizações entre genótipos do tipo rasteiro com algum acesso do grupo 2, que
possuem teor de óleo abaixo de 48%.
Palavras-chave – Arachis hypogaea, ISSR, polimorfismo.

INTRODUÇÃO

O amendoim (Arachis hypogaea L.) pertence ao gênero Arachis e é a espécie de maior valor
comercial no mundo. As variedades comerciais são divididas em duas subespécies, hypogaea e
fastigiata, que são distinguidas entre si quanto habito de crescimento, tamanho da semente, presença
de flor na haste principal, precocidade entre outros descritores (VALLS, 2005). A subespécie hypogeae
concentra as variedades do grupo Runner ou Virgínia, enquanto que a fastigiata é constituída pelas
variedades eretas do grupo Valência.

Nos trabalhos de melhoramento genético a discriminação dos genótipos de amendoim


geralmente é baseada nos descritores morfológicos. No entanto, alguns deles são pouco sensíveis

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para serem utilizados, com critério, nos processos de seleção. Ademais, alguns descritores são muito
influenciados pelas condições ambientais, incorrendo algumas vezes em identificações errôneas.

As análises de diversidade genética ou mesmo de diferenciação de germoplasma tem sido


realizadas, já ha algumas décadas, por meio de uso de ferramentas moleculares, em especial
marcadores dos tipos ISSR (Inter Simple Sequence Repeat), RAPD (Random Amplified Plymorphic
DNA), RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism), AFLP (Amplified Fragment Length
Polymorphism), e VNTR (Variable Number of Tandem Repeats), que permitem distinguir acessos com
precisão e confiabilidade (FERREIRA e GRATTAPAGLIA, 1998).

Os marcadores ISSR têm sido amplamente utilizados pelos melhoristas de plantas porque,
além de contribuir nas análises de variabilidade genética entre acessos, também são usados para
determinar o grau de associação entre a distância genética entre parentes e desempenho dos híbridos
para construção de mapas genéticos de ligação, entre outros.

Nesse trabalho foi procedida análise genética entre acessos interespecíficos de amendoim, das
subespécies hypogeae e fastigiata e divergentes quanto aos teores de óleo nas sementes, utilizando-
se marcadores do tipo ISSR.

METODOLOGIA

Dez acessos interespecíficos de amendoim, das subespécies hypogeae e fastigiata, foram


cultivados em bandejas, em casa de vegetação, e aos 20 dias após o cultivo, folhas frescas foram
coletadas para extração de DNA seguindo metodologia descrita em Santos et al. (2008). Uma síntese
dos principais descritores destes acessos encontra-se na Tabela 1. Após extração, todas as amostras
foram aliquotadas em 20 ng/μl para os ensaios de PCR.

As reações de PCR-ISSR foram conduzidas em um volume final de 25 μL contendo: 0,3 μl de


Taq DNA polimerase, 2,5 μl de tampão da enzima (10 X), 1,4 μl de MgCl2 (2,5 mM), 0,5 μl de dNTP (10
mM), 1 μl de cada primer ISSR (10 μM) e 1 μl de cada DNA genômico (20 ng/μl). As reações
consistiram de uma desnaturação inicial a 94 ºC/4 min, seguido por 25 ciclos de desnaturação a 94
ºC/1 min, anelamento a 45 ºC/1 min e extensão a 72 ºC/1 min, seguida de extensão final por 7 min a 72
ºC. Os produtos da amplificação foram corados com Syber Green (LGC) e separados por eletroforese
em gel de agarose a 0.8%, visualizados sob luz ultravioleta e fotografados.

Os produtos da amplificação foram codificados em uma matriz de dados binários para


determinação da similaridade genética entre cada par de acessos, utilizando-se o coeficiente de

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Jaccard. A partir da matriz de similaridade genética foi feita a análise de agrupamento, via
dendrograma com o auxílio do programa NTSYS-PC 2.10 (ROHLF, 2000), utilizando como critério de
agrupamento o método baseado na distância média (UPGMA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos dez primers utilizados, apenas 818 e 842 foram mais responsivos para discriminação dos
genótipos, gerando taxa de polimorfismo de 64 e 83%, respectivamente (Tabela 2). Os primers de
menor contribuição para discriminação dos genótipos foram 847 e 858 que geraram apenas 15 e 22 de
bandas polimórficas. Um detalhe do padrão de bandas obtido com os primers 818 e 842 encontra-se
na Figura 1.

O dendrograma, gerado pelo programa NTSYS-PC 2.10, a partir dos coeficientes de


similaridade, permitiu a formação de três grupos entre os genótipos avaliados (Figura 2). Os grupos 1 e
3 foram representados, respectivamente, pelos genótipos rasteiros tardios LGoPE-06 e LViPE-06, que
possuem sementes extra-longas e alto teor de óleo. Diferem entre si pela dormência nas sementes,
presente no LGoPE-06 e pela maior habilidade de tolerar condições de estresse hídrico, encontrada
em LViPe-06.

O segundo grupo apresentou 4 subgrupos, sendo dois deles representados pela IAC Caiapó e
a Florunner, ambas rasteiras, que contém em seu genoma genes oriundos de um dos progenitores da
subespécie vulgaris, de porte ereto. Estas cultivares são ricas em teor de óleo e possuem grãos
grandes, atendendo ao mercado de confeitaria e oleoquímico.

Nos outros subgrupos, encontram-se as isolinhas CNPA 271 AM, CNPA 270 AM e CNPA 283
AM, geradas a partir de cruzamento com as cultivares Florunner e a argentina Manfredi. Estas
linhagens foram geradas no final da década de 90 e têm sido avaliadas em ensaios de rede regional,
visando melhora-las no aspecto oleico e precocidade (GOMES et al., 2007). As cultivares BR 1, BRS
Havana e as linhagens avançadas CNPA 280 AM, L 7 Bege e Branco Rasteiro aglomeraram-se no
segundo subgrupo. Todas são de porte ereto, grãos de tamanho médio a longo e teor de óleo entre 43
e 47%. A exceção é a linhagem Branco rasteiro que situou-se neste grupo por ser progênie da BR 1,
tendo herdando dela características de alta expressividade, como precocidade, tolerância ao estresse
hídrico e padrão de vagens e sementes, com excesso da cor.

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Em trabalhos de melhoramento que visem geração de variabilidade para elevação do teor de


óleo nas sementes, sugere-se realizar hibridizações entre genótipos de tipo rasteiro com algum acesso
ereto do grupo 2, que possuem teor de óleo abaixo de 48%, porém são tolerantes às condições de
manejo com baixa disponibilidade hídrica.

CONCLUSÃO

- Os primers 818 e 842 são os mais responsivos para discriminação dos genótipos
intraespecíficos de amendoim;

- Dos três grupos gerados no dendrograma, o segundo aglomerou a maioria dos genótipos de
porte ereto, com teor de óleo abaixo de 48%. Para geração de variabilidade deste caráter, o
cruzamento entre genótipos de tipo rasteiro com algum ereto do grupo 2, oferece maior possibilidade
de sucesso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, M.E.; GRATTAPAGLIA, D. Introdução ao uso de marcadores moleculares em


análise genética. 3.ed. Brasília: Embrapa-Cenargen, 1998. 220p. (Embrapa-Cenargen. Documentos,
20).
GOMES, L.R.; SANTOS, R.C.; ANUNCIAÇÃO FILHO, C.J.; MELO FILHO, P.A. Adaptabilidade
e estabilidade fenotípica de genótipos de amendoim de porte ereto. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 42, n. 7, p. 985-989, jul. 2007.
ROHLF, F. J. NTSYS-pc: numerical taxonomy and multivariate analysis system, version 2.1.
New York: Exeter Software, 2000.

SANTOS, M.M.S.; SANTOS, R. C. Validação de um protocolo rápido para extração de dna


vegetal. In: VIII Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFRPE, 2008, Recife. Anais da VIII
Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFRPE, 2008.

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Tabela 1. Descritores morfológicos e agronômicos dos acessos utilizados neste trabalho.


Acesso HB CS SP SV ciclo TES TS O (%)
1 LGoPE-06 R B F 1-2 130-135 Não EG 50
2-CNPA 271 AM E V H 1-2 90-100 Sim M 45
3- Braço rasteiro R Br F 3-4 100-115 Sim G 50
4- BRS Havana E B H 3-4 85-90 Sim M 43
5- BR 1 E V H 3-4 87-90 Sim M 45
6- CNPA 283 AM E B H 1-2 90-100 Sim M 47
7- LViPE-06 R B F 1-2 120-125 Sim EG 50
8-CNPA 270 AM E V F 1-2 90-100 Sim M 45
9-CNPA 280 AM E B F 1-2 90-100 Sim M 47
10- IAC Caiapó R B H 1-2 130-135 Não G 50
11- Florunner R B H 1-2 120-130 Não G 50
12- L 7 Bege E B F 1-2 90-95 Sim M 45
Legenda: HB- habito de crescimento, E- ereto, R- rasteiro; CS: cor da semente: V-vermelha, B- bege, Br- branca; SB:
subespécie, H- hypogaea, F: fastigiata; SV: semente/vagem; TES: tolerância ao estresse hídrico; TV- tamanho da semente:
M- média, G- grande, EG- extra grande

Tabela 2. Primers, sequências, número de bandas (NB), bandas monomórficas (NBM) e taxa de polimorfismo (TP) nos
genótipos interespecíficos de amendoim.
Primers Sequências NB NBM TP (%)
812 GAG AGA GAG AGA GAG AA 10 3 70
816 CAC ACA CAC ACA CAC AT 9 5 45
817 CAC ACA CAC ACA CAC AA 9 3 67
818 CAC ACA CAC ACA CAC AG 14 5 64
809 (AG)8G 10 4 60
836 AGA GAG AGA GAG AGA GYA 7 2 72
842 GAG AGA GAG AGA GAG AYG 12 2 83
847 CAC ACA CAC ACA CAC ARC 4 3 15
815 CTCTCTCTCTCTCTCTG 9 3 67
858 TGT GTG TGT GTG TGT GRT 9 7 22

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Figura 1. Padrão de bandas obtido com os primers ISSR 812 (A) e 842 (B) em gel agarose, corado com Syber Green
(LGC). M- Marcador Ladder 1 Kb. 1- LGoPE-06, 2- CNPA 271 AM, 3- Braço rasteiro, 4- BRS Havana, 5- BR 1, 6- CNPA 283
AM, 7- LViPE-06, 8-CNPA 270 AM, 9-CNPA 280 AM, 10- IAC Caiapó, 11- Florunner, 12- L 7 Bege

Figura 2. Dendrograma gerado pelo programa NTSYS-PC 2.10 pelo método de clusterização UPGMA baseado nos
padrões de bandas geradas via ISSR a partir de genótipos interespecíficos de amendoim.

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AVALIAÇÃO DE MEIOS DE CULTIVO PARA PINHÃO MANSO (JATROPHA CURCAS L.)

Julita Maria Frota Chagas de Carvalho¹, Nair Helena Castro Arriel¹, Iara Cristina da Silva Lima²,
Mauricélia Macário Alves², Máira Milani¹
¹Embrapa Algodão, julita@cnpa.embrapa.br; nair@cnpa.embrapa.br; maira@cnpa.embrapa.br ; ²Estagiárias da Embrapa
Algodão, graduandas do curso de Ciências Biológicas da UEPB, iara.cristina19@gmail.com, maury_macario@hotmail.com

RESUMO – O cultivo em larga escala do pinhão manso pode ser limitado pela baixa germinação das
sementes e heterogeneidade dos genótipos, sendo necessária a produção de mudas, por estaquia,
sementes ou cultura de tecidos. Objetivou-se avaliar o efeito da embebição das sementes de pinhão
manso em GA3 e variações do meio de cultivo para germinação de seus eixos embrionários com uso
de sacarose e ácido giberélico no meio básico MS. Os eixos embrionários excisados em câmara de
fluxo laminar foram cultivados em meio básico MS acrescido ou não de ácido giberélico (GA3), e
sacarose com 5,5g.L-1 de ágar e o pH ajustado para 5,8. Após inoculação, os eixos embrionários foram
colocados no escuro por 5 dias, a temperatura de 25±2ºC e densidade de fluxo de 30µmol.m-2.s. Aos
21 dias de cultivo foram avaliados a porcentagem de germinação, número de folhas e altura de planta.
O tratamento que se mostrou superior aos demais pelo teste de Tukey (p<0,01) foi o que utilizou
sementes imersas em água destilada mais 0,5mg.L -1 de GA3 e eixos embrionários inoculados em meio
MS mais GA3 a 0,1 mg.L-1 suplementado com 30% de sacarose.
Palavras-chave – Jatropha curca,s imersão, germinação, ácido giberélico.

INTRODUÇÃO

O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) pertence à família Euphorbiaceae e é proveniente de um


arbusto, ou arvoreta decídua; possivelmente originária da América, que ocorre de forma espontânea
em diversos estados do Brasil. Segundo Cortesão (1956) e Peixoto (1973), sua distribuição geográfica
é bastante vasta devido a sua rusticidade, resistência a longas estiagens, bem como às pragas e
doenças, sendo adaptável a condições edafoclimáticas muito variáveis, desde o Nordeste até São
Paulo e Paraná. Segundo estes autores o pinhão-manso se desenvolve bem tanto nas regiões tropicais
secas como nas zonas equatoriais úmidas, assim como nos terrenos áridos e pedregosos, podendo,
sem perigo, suportar longos períodos de secas.

Apresenta importância pelos efeitos farmacológicos e econômicos. Antigamente, era usado na


fabricação caseira de sabão. O óleo extraído da semente possui coloração branca e proporciona

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efeitos positivos na pele (ARRUDA et al., 2004). Por ser uma espécie bastante resistente a condições
difíceis de temperatura vêm-se especulando seu uso na produção de biodiesel e na re-estruturação de
áreas degradadas. Em relação à produtividade, a literatura possui informações de 2 a 8 toneladas de
sementes por hectares. Como cada semente possui em média 37% de óleo, o rendimento de óleo fica
entre 0,7 a 2,9t/ha. Seu cultivo em larga escala é limitado pela inexistência de genótipos estáveis e
baixa germinação das sementes. Uma das soluções seria a produção de mudas, por estaquia,
sementes ou cultura de tecidos.

A cultura de tecidos é uma técnica de cultivo de plantas; nos quais, pequenos fragmentos de
tecido vegetal, explantes, são isolados, desinfestados e cultivados assepticamente. O objetivo é
produzir plantas idênticas à original ou regenerar plântulas saudáveis, vigorosas e puras (ANDRADE,
2002). O meio de cultura utilizado para a regeneração deve possuir todos os nutrientes necessários
para o desenvolvimento sadio da planta, assim como uma fonte de carbono, vitaminas e reguladores
de crescimento. A combinação adequada desses componentes, associada a fatores como luz e
temperatura, bem como o recipiente utilizado para o cultivo, é a base da tecnologia de tecidos vegetais
(KERBAUY, 1997). As células das plantas possuem capacidade de realizar a fotossíntese in vitro,
porém o crescimento das culturas é sustentado pela fonte de carboidrato adicionado ao meio (TORRES
et al., 1998). Substâncias podem ser usadas para regular o processo morfogenético da planta, essas
substâncias podem ser hormônios ou reguladores de crescimento (CID, 2000).

Objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito da embebição das sementes de pinhão manso em
GA3 e variações do meio de cultivo para germinação de seus eixos embrionários com uso de sacarose
e ácido giberélico no meio básico MS.

METODOLOGIA

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Cultivo de Tecidos Vegetais, no setor de


Biotecnologia da Embrapa Algodão, em Campina Grande, PB.

As sementes foram provenientes de Garanhuns, PE, doada por agricultores. Sementes de


pinhão manso foram desinfestadas com solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2,5% de cloro ativo
e uma gota de Tween 20 para cada 100 mL de solução (CARVALHO, 1999). Posteriormente, foram
enxaguadas três vezes em água bidestilada estéril, onde permaneceram imersas, em água e/ou em
água adicionada de 0,5mg/L-1 de GA3, por vinte e quatro horas. Após o processo de desinfestação e o
tempo de imersão, em câmara de fluxo laminar e com auxílio de instrumentos cirúrgicos, foram

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excisados os eixos embrionários, e em seguida inoculados em tubos de ensaio de 25x150 mm


contendo 10mL de meio MS suplementados de acordo com a Tabela 1.

Todos os meios utilizados foram suplementados com 0,65% de ágar e pH ajustado para 5,8
antes da autoclavagem. Em todos os casos, a inoculação foi mantida a 25±2ºC com fotoperíodo de 16h
de luz e densidade de fluxo de 30 umol.m-2.s.

Foram utilizados 30 tubos de ensaio por tratamento, com um eixo embrionário por tubo. O
delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado.

A avaliação foi realizada aos 21 após a inoculação dos eixos embrionários em meios de cultivo;
sendo consideradas para a avaliação: plântulas germinadas, o número médio de folhas e a altura
média da plântula.

Os dados foram analisados segundo Ramalho et al. (2001), com análise de variância e médias
comparadas pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade para os dados com distribuição normal
(número de folhas e altura média de planta) com uso do Software Genes (UFV) e os dados de
germinação (germinadas e não germinadas) analisados pelo teste Qui-quadrado (X2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2 apresenta-se o resumo da análise de variância para as variáveis número de folhas


e altura de planta, observando-se diferenças significativa (P<0,01) entre os tratamentos utilizados para
número de folhas e altura de plantas.

Observa-se na Tabela 3 que houve efeito significativo entre os tratamentos utilizados em


relação ao número de folhas e altura de planta. Os tratamentos T5 (sementes sem tegumento imersas
e cultivadas em GA3 e na presença de sacarose) e T6 (sementes sem tegumento imersas e cultivadas
em GA3 e sem sacarose) não diferiram significativamente, para o número de folhas, entretanto o
tratamento T5 apresentou-se superior. Com relação a altura das plantas o tratamento T5 foi
significativamente superior a todos os outros. O que é notório o efeito do GA3 na germinação de
sementes com baixa germinabilidade, bem como a presença de sacarose. Pereira et al. estudando a
presença e/ou ausência de sacarose em unha-de-gato (Uncaria guianensis (Aulb) Gmel) observaram
que a melhor percentagem de germinação ocorreu na presença de sacarose, como também o ganho
de comprimento das plântulas.

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Avidos e Ferreira (2000) acelerou a germinação de sementes de annonaceas imergindo-as, em


solução de ácido giberélico, na concentração de 1,0mg.L-1 de água por um período de 36 horas.

Para número de eixos embrionários germinados, verifica-se na tabela 4, que o qui-quadrado


calculado foi maior que o qui-quadrado tabelado. Sendo que foi considerado que a Ho seria que a
variável é independente do tratamento e a H1 que a variável é dependente do tratamento, pode-se
inferir que a germinação dos eixos embrionários depende do tratamento utilizado.

CONCLUSÃO

Sementes de pinhão manso com baixo poder germinativo, germinam e desenvolvem-se bem
ao serem imersas e cultivadas em ácido giberélico na ausência e/ou presença de sacarose.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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L.L.; VALOIS, A.C.C.; MELO, I.S. ; VALADARES-INGLIS, M.C. (ed.). Recursos genéticos e
melhoramento de plantas. Rondonópolis: Fundação MT, 2001. p. 201-230.
TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. M.. Cultura de Tecidos e Transformação Genética de
Plantas. Meios Nutritivos. Brasília: Embrapa-SPI/Embrapa-CNPH, 1998. v. 1, p. 87-116.

Tabela 1. Tratamentos utilizados para avaliação de meios de cultivo in vitro para pinhão manso.

Suplementação do meio MS
Tratamento Embebição* (mg.L-1)
GA3 (mg.L-1 ) Sacarose (%)
T1 Água 0 30
T2 Água 0 0
T3 Água + 0,5 GA3 0 30
T4 Água + 0,5 GA3 0 0
T5 Água + 0,5 GA3 0,1 30
T6 Água + 0,5 GA3 0,1 0

*embebição das sementes, realizada antes da retirada dos eixos embrionários.

Tabela 2. Resumo da análise de variância referente às variáveis número de folhas e altura de plantas.

Quadrado médio
Fonte de variação GL
Número de folhas Ω Altura de planta Ω
Tratamentos 5 4,84** 12,81**
Resíduo 174 0,04 0,12
CV (%) 15,11 23,78
Ω variáveis transformadas para
**- significativo a 1% , respectivamente, pelo teste F

Tabela 3. Valores médios do fator tratamentos, referente às variáveis número de folhas e altura de planta.

Tratamentos Número de folhas* Altura de planta*


T1 0,00 b 0,00 c
T2 0,00 b 0,00 c
T3 0,00 b 0,00 c
T4 0,20 b 0,39 c
T5 2,47 a 5,20 a
T6 2,13 a 3,79 b
Média Geral 0,80 1,56
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,01)

A média geral é dispensável, uma vez q há diferença estatística entre os tratamentos.

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Tabela 4. Número de plantas germinadas por tratamento e teste qui-quadrado (X2)

Número de eixos Número de eixos não


Tratamentos Total
germinados germinados
T1 0 30 30
T2 0 30 30
T3 0 30 30
T4 3 27 30
T5 27 3 30
T6 27 3 30
Total 57 123 180
X2 calculado 85,92
X2 tabelado 3,94 (P=0,95, 10GL)

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CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE GENÓTIPOS DE PINHÃO MANSO UTILIZANDO RAPD

Geisenilma Maria Gonçalves da Rocha1; Fábia Suelly Lima Pinto2; Liziane Maria de Lima2; Nair Helena
Castro Arriel2.
1UEPB (geisenilma@hotmail.com); 2Embrapa Algodão.

RESUMO – Mundialmente, Jatropha curcas, vem sendo almejada como uma fonte potencial para a
produção de biocombustível, ela é cultivada em diversos países tropicais, onde vem sendo construído
bancos de germoplasma da espécie. Na Embrapa, uma coleção de genótipos vem sendo organizada e
caracterizada por técnicas moleculares. Neste estudo utilizaram-se, como ferramenta molecular,
marcadores moleculares para auxiliar o estudo da variabilidade genética visando ao melhoramento
genético da espécie. A relação genética entre 19 genótipos de Jatropha curcas foi avaliada com base
em Random Amplication of Polymorphic DNA (RAPD), utilizando-se 26 primers da série Operon. As
análises de diversidade foram feitas com base nas estimativas de distância genética de complemento
aritmético do coeficiente de Jaccard e para representação dos grupos de genótipos utilizou-se os
critérios de agrupamento de UPGMA e otimização de Tocher. Os primers RAPD produziram um total de
140 bandas geradas. O tamanho dos fragmentos amplificados variou de aproximadamente 200 a cerca
de 2000 pares de base.
Palavras-chave – Jatropha curcas, marcador molecular, variabilidade genética.

INTRODUÇÃO

Jatropha curcas (L.), conhecida no Brasil, popularmente como pinhão manso, é uma planta
perene da família das Euphorbiaceae com grande valor econômico agregado. O gênero Jatropha
compreende 200 espécies distribuídas principalmente nas regiões tropicais do México, América Central
e África (DEHGAN e WEBSTER, 1979). Essa planta possui conhecido valor medicinal, e atualmente,
vem despertando interesse como uma fonte potencial de óleo vegetal, podendo o óleo metilado ser,
efetivamente, utilizado como um substituto do petróleo, em particular na produção do biodiesel
(KUMAR et al., 2009; KING et al., 2009). A demanda por óleos vegetais como fonte de biocombustíveis
tem crescido nos últimos tempos devido aos preços do petróleo e da necessidade de redução da
emissão de CO2. Apesar do interesse, existem razões técnicas e econômicas, como a necessidade de
conhecimentos sobre o crescimento vegetativo e reprodutivo e do manejo da espécie, a falta de
caracterização dos recursos genéticos e a falta de experiência na comercialização de seus produtos,

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que limitam a cultura do pinhão manso em larga escala (OPENSHAW, 2000). Os óleos vegetais,
sobretudo os não comestíveis, compreendem uma importante alternativa para produção de
biocombustíveis por não competir com oleaginosas utilizadas como fontes de alimentos.

O óleo de pinhão manso é rico em hidrocarbonos, com 27 a 48,5% do conteúdo do óleo da


semente, e o teor de ácido oléico predomina entre os ácidos graxos encontrados nas sementes,
enquanto que outras espécies de Jatropha contem o ácido linoleico como o ácido graxo dominante
(KUMAR et al., 2009).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o polimorfismo entre genótipos de pinhão manso, utilizando
marcadores moleculares do tipo RAPD, a fim de estimar, preliminarmente, a diversidade genética em
genótipos de pinhão manso disponível na coleção de trabalho da Embrapa Algodão.

METODOLOGIA

Para a extração de DNA genômico foram utilizadas folhas jovens de 19 genótipos de pinhão
manso, plantadas na sede da Embrapa Algodão, provenientes de material selecionado no campo de
produção de Itaporanga-PB. O tecido vegetal fresco, aproximadamente 200 mg, foi coletado e
imediatamente procedido a extração, seguindo o protocolo DArT. O tecido foi macerado em microtubos
de 2 mL, na presença de nitrogênio líquido, até a obtenção de um pó fino. Aos tubos foram adicionados
600 µL de tampão de extração aquecido a 65 oC (CTAB 2%; NaCl 5 M; EDTA pH 8.0, 0.5 M; Tris pH
8.0, 0.2 M; PVP 2% e 2 µL de ß-mercaptoetanol) e incubado em banho-maria por 1 hora a 65 oC,
vertendo os tubos a cada 20 minutos. Após a incubação, os tubos foram resfriados a temperatura
ambiente e em seguida, centrifugados a 12000 rpm por 20 minutos a 4 oC. A fase aquosa foi transferida
para um novo tubo e foi adicionado 600 µL de isopropanol gelado. Centrifugado a 12000 rpm por 30
minutos a 4 oC, descartado o sobrenadante e lavado o precipitado duas vezes com etanol 70 % gelado.
Por fim, o precipitado foi lavado com etanol absoluto gelado e deixado secar a temperatura ambiente.
O DNA foi ressuspendido com 250 µL de água Milli-Q, corados com SYBR green, analisados em gel de
agarose 0.8% e fotodocumentados.

Para as análises de RAPD, foram realizadas reações de amplificação de acordo com a


metodologia descrita por Williams et al. (1990), utilizando as seguintes concentrações finais em um
volume de 20 µL: DNA genômico (20 ng), tampão da reação (1x), MgCl 2 (6,25 mM), BSA (0,006 mg),
dNTPs (0,25 mM), primer (0,38 µM), Taq DNA polimerase (1,5 unidades). As reações foram
conduzidas em um termociclador com o seguinte programa: desnaturação inicial de 94 oC por 3
minutos; 40 ciclos de 94 oC por 15 segundos, 35 oC por 30 segundos e 72 oC por 1 minuto; e extensão

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final a 72 oC por 7 minutos. Foram utilizados 26 primers da série Operon para as amplificações, os
fragmentos amplificados foram separados em gel de agarose 1% e fotodocumentados.

A análise da diversidade genética foi feita utilizando o programa Genes (CRUZ, 2001).
Nas avaliações dos géis, cada banda é considerada uma variável qualitativa, atribuindo-se o valor 1
para a banda presente, e zero quando ausente. De posse desses dados foi construída uma matriz de 0
a 1, e a estimativa de similaridade genética (Sgij) entre cada par de genótipos foi calculada pelo
coeficiente de Jaccard(J).

O Coeficiente de Jaccard é definido pela seguinte expressão:

a
S ii' Jaccard=
a+b+c

sij - e a similaridade genética entre o par de cultivares i e j.

a - a presença da banda em ambas as populações (número de contagens de concordância do tipo 1 1),

b - presença da banda no genótipo i e ausência em j (número de discordância do tipo 1 0),

c - ausência da banda em i e presença em j (número de contagens de discordância do tipo 01).

As similaridades derivadas destes coeficientes foram transformadas em medidas de distância


genética pela seguinte expressão: dgij = 1- sij

Este coeficiente foi escolhido devido às suas propriedades matemáticas, em que desconsidera
a ausência de bandas como sinônimo de similaridade genética e por atribuir diferentes pesos à
presença conjunta de bandas (DIAS, 1998; CRUZ e CARNEIRO, 2003).

A partir da matriz de dissimilaridade estimada pelo coeficiente de Jaccard, os acessos foram


agrupados pelo método hierárquico aglomerativo da média aritmética entre pares não ponderados
(UPGMA) e pelo método aglomerativo de otimização de Tocher, a representação simplificada das
distâncias genéticas foi feita através de um dendrograma e da projeção das distâncias num plano
tridimensional a fim de facilitar a identificação ente os acessos de acordo com o grau de dissimilaridade
(CRUZ, 2001).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 59 iniciadores utilizados, 26 foram selecionados por apresentarem quantidade, qualidade e


reprodutibilidade de bandas amplificadas, num total de 140 bandas geradas. O número de bandas
produzidas por iniciador variou de 2 (primer 16A) a 9 (primer 14B), com média de 5 bandas por
iniciador. O tamanho dos fragmentos amplificados variou de aproximadamente 200 a cerca de 2000 pb.

Ressalta-se, que as diferenças entre os genótipos foram determinadas mais em função da


frequência de bandas e não quanto à presença ou ausência de bandas específicas.

A partir de uma análise descritiva das estimativas de distâncias geradas pelo coeficiente de
dissimilaridade, constatou-se que a distância entre os pares de genótipos variou de 0,075 a 0,528,
destacando-se os genótipos 4 e 9 como os mais divergentes e os genótipos 3 e 6 como os mais
similares.

O resultado da hierarquização dos genótipos pelos métodos do UPGMA (Figura 1), identificou
o agrupamento dos indivíduos a partir das dissimilaridade entre os genótipos. Nota-se que, ao se
adotar um percentual de divergência genética em torno de 50%, constata-se a formação de sete
diferentes agrupamentos heteróticos. Em que quatro grupos são unitários, constituídos pelos genótipos
1, 2 ,4 e 9, um quinto grupo formado pelos genótipos 3, 5, 6, 8, 10, 11, 12 e 13, o sexto grupo foi
formado pelos genótipos 14, 15 e 16 e o sétimo grupo constituido dos genótipos 17, 18 e 19. Constata-
se, ainda na Figura 1, que as estimativas de distâncias a partir do coficiente de Jaccard estão bem
representadas pelos pares de genótipos mais similares (3 e 6) e os mais divergentes (4 e 9).
Entretanto, o agrupamento pelo método de otimização de Toccher (Tabela 1) identificou a formação de
dez grupos, em que nove agrupamentos foram formados por pares de genótipos, enquanto o genótipo
19 foi o mais divergente. Na representação gráfica das estimativas de distância num plano tri-
dimensional (Figura 2) constata-se novamente a maior divergência dos genótipos 4 e 9, enquanto os
demais agruparam-se basicamente em um único conglomerado. Os diferentes resultados das técnicas
de agrupamento ressaltam a importância do emprego de mais de um método de agrupamento, em
função das diferenças de critérios de ordenação que cada método utiliza, isto permite que a
classificação dos grupos se complementem, corroborando os resultados na identificação dos indivíduos
dentro de um determinado subgrupo de genótipos.

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CONCLUSÃO

A caracterização por meio dos marcadores RAPD apresentou baixa divergência entre
os genótipos de pinhão manso avaliados, identificando pares de genótipos bastante similares. A maior
divergência foi observada nos genótipos 4 e 9, em relação aos demais genótipos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Potential of Jatropha curcas as a source of renewable oil and animal feed. Journal of Experimental
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Figura 1 – Dendograma do agrupamento UPGMA construído a partir do complemento aritrimétrico do Coeficiente de


Jaccard entre 19 genótipos de pinhão manso, considerando os marcadores RAPD.

Tabela 1 – Agrupamento dos genótipos de pinhão manso pelo método de otimização de Tocher, a partir de dados de
marcadores RAPD.

GRUPO INDIVÍDUOS
A 1e2
B 3e5
C 4e6
D 7e9
E 8 e 10
F 11 e 13
G 12 e 14
H 15 e 17
I 16 e 18
J 19

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Figura 2 – Projeção gráfica das estimativas de distâncias de dissimilaridade de 19 genótipos de pinhão manso a partir de
marcadores RAPD.

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CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE NANOCRISTAIS DE CELULOSE PROVENIENTES DE


RESÍDUOS FIBROSOS DE OLEAGINOSAS*

João Paulo Saraiva Morais1; Amanda Kelly Monteiro Norões²; Nagila Freitas Souza3 Morsyleide de
Freitas Rosa4; Lilian Chayn Alexandre4; Catarina Rapôso5; Ana Karolina de Santana Nunes5; Christina
Alves Peixoto6
1Embrapa Algodão, saraiva@cnpa.embrapa.br; 2Universidade Federal do Ceará, amandally@hotmail.com; 3Instituto
Federal do Ceará, nagila.pr@hotmail.com; 4Embrapa Agroindústria Tropical, morsy@cnpat.embrapa.br; 5Centro de
Tecnologias Estratégicas do Nordeste, catarinaraposo@cetene.gov.br; 6Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
(FIOCRUZ)/CETENE, peixoto.christina@gmail.com

RESUMO – As culturas do dendê e algodão têm sido apontadas como importantes alternativas para a
produção do biodiesel. Neste contexto, o aproveitamento de resíduos da cadeia do biocombustível tem
sido objeto de estudos recentes. O desenvolvimento de novas alternativas amplia as opções de
agregação de valor e contribui para reduzir os impactos ambientais negativos. O objetivo deste trabalho
foi caracterizar por MET a morfologia dos nanocristais de celulose provenientes da fibra da prensagem
do mesocarpo do dendê e do línter de algodão. Verificou-se que o material do dendê apresentou
cristais de maior razão de aspecto, tornando-o uma fonte mais indicada que o algodão, sob as
condições testadas, para melhorar o desempenho físico-mecânico de matrizes poliméricas.
Palavras-chave – algodão, dendê, polímeros, materiais

INTRODUÇÃO

A conjuntura mundial apresenta-se novamente focada na produção agrária, com motivação na


produção de energia. Os óleos vegetais são as principais fontes para obtenção de biocombustíveis,
com o biodiesel sendo o maior interesse nos países com vocação agrícola (BARNWAL, SHARMA;
2005; SHAHID, JAMAL; 2008).

As culturas do dendê e algodão têm sido apontadas como importantes alternativas para a
produção do biodiesel. A Amazônia brasileira possui o maior potencial para plantio de dendê no
mundo, com área estimada de 70 milhões de hectares (BARCELOS et al., 1995). O algodão é uma
planta fibrosa e oleaginosa, sendo a segunda maior oferta nacional de óleo vegetal, com possibilidade
de produção de cerca de 365 mil m3 (ABIOVE, 2006).

* Agradecimentos à Embrapa, CNPq, FUNCAP e CETENE

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O aproveitamento de resíduos da cadeia do biocombustível é objeto de estudos recentes,


visando agregação de valor. Como solução aplicada e inovadora, destacam-se os trabalhos para
produção de novos materiais (UJANG, 2006).

Dentre as pesquisas voltadas para novos usos de materiais lignocelulósicos, destaca-se o


aproveitamento de fibras naturais para a obtenção de nanopartículas de celulose (ALEMDAR e SAIN,
2008), que possuem características mecânicas excepcionais, levam a benefícios ambientais e são de
relativo baixo custo. Uma das aplicações dos nanocristais é no reforço de matrizes poliméricas, nas
quais a razão de aspecto, definida pela relação entre a maior e a menor dimensão, em geral
comprimento/largura, é uma importante característica. Quanto maior seu valor, maior a capacidade de
reforço do material.

O objetivo deste trabalho foi caracterizar nanocristais de celulose da fibra da prensagem do


mesocarpo do dendê e do línter de algodão.

METODOLOGIA

Fibras da prensagem do mesocarpo do dendê foram recolhidas, lavadas com água a 50ºC, por
2 horas, na razão de 1:5 (g/mL) e secas até peso constante. A seguir, foram mercerizadas com solução
de NaOH 2%, a 80ºC, por 120 minutos na razão de 1:5 (g/mL), clareadas com peróxido de hidrogênio
20% e hidróxido de sódio 4%, a 45ºC, por 90 minutos na razão de 1:20 (g/mL) e hidrolisadas com
solução de ácido sulfúrico 60% (m/m), a 45ºC, por 150 minutos na razão de 1:20 (g/mL). O línter foi
moído e hidrolisado com solução de ácido sulfúrico 60% (m/m), a 45ºC, por 45 minutos na razão de
1:20 (g/mL).

Os materiais foram dialisados em membranas de celulose, sob água corrente de torneira, até o
pH do dialisado ficar próximo ao da água utilizada.

As suspensões foram sonicadas por 30 minutos, antes de pingar-se uma gota na grade de
níquel, de 300 mesh, recoberta com filme (Formvar). A gota permaneceu por 2 minutos, antes de ter o
excesso drenado com o auxílio de papel de filtro. A seguir, a grade foi colocada sobre uma gota de
acetato de uranila a 20%, repetindo-se o procedimento mais duas vezes. Após 24 horas de secagem,
as grades foram analisadas em Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET; FEI Morgani 268D), com
resolução de 0,2 nm.

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As imagens foram analisadas com o software Gimp 2.6 para cálculo de comprimento (nm),
largura (nm) e razão de aspecto de 100 cristais em cada tratamento, calculando-se as médias, desvios
padrões e intervalos de confiança. O teste de diferença de médias foi realizado com o programa Sisvar,
versão 5.3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelas análises das imagens, verifica-se que os nanocristais de celulose provenientes do línter
tendem a se agrupar em sentido longitudinal, ao contrário dos oriundos da fibra de prensagem do
mesocarpo do dendê (Figuras 1 e 2).

Os nanocristais do dendê parecem ter um comprimento maior que os do algodão. Porém, uma
análise mais detalhada das imagens mostra que essas estruturas realizam curvas, indicando a
presença de domínios amorfos não degradados dentro da fibra. Esses domínios provavelmente estão
relacionados à lignina, presente em alto teor nessas fibras (MORAIS et al., 2009). Verificando-se as
dimensões de cada cristalito isolado (considerado como retas, nas figuras), observou-se que o
comprimento de ambas as amostras foi similar, diferindo-se na largura e, consequentemente, na razão
de aspecto (Tabela 1). Devido à menor largura, a razão de aspecto dos cristais do dendê foi maior que
a do algodão.

Não foi avaliado por medição o comprimento dos microcristais de celulose do dendê.
Entretanto, uma análise qualitativa das figuras 1 e 2, mostra que eles claramente são maiores que os
microcristais do algodão.

CONCLUSÃO

Com base na análise das dimensões dos nanocristais e das ultraestruturas verificadas nas
imagens, as fibras da prensagem do mesocarpo do dendê são mais adequadas, sob as condições
avaliadas, para a obtenção de nanocelulose.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, junho de 2006.


(http://www.abiove.com.br/palestras_br.html). Acessado em 09/01/2007.

ALEMDAR, A.; SAIN, M. Biocomposites from wheat straw nanofibers: Morphology, thermal and
mechanical properties. Composites Sci. and Tech. 68 (2008) 557–565.

BARCELOS, E.; CHAILLARD, H.; NUNES, C. D. M.; MACÊDO, J. L. V.; RODRIGUES, M. R. L.;
CUNHA, R. N. V. ; TAVARES, A. M.; DANTAS, J. C. R.; BORGES, R. S.; SANTOS, W. C. A cultura do
dendê. Brasília, DF: Embrapa-CPAA; Embrapa-SPI, 1995. 68 p. (Coleção Plantar, 32)

BARNWAL, B.K.; SHARMA, M.P. Prospects of biodiesel production from vegetable oils in India.
Renewable & Sustainable Energy Reviews, v.9, n.4, p.368-378, 2005.

MORAIS, J.P.S.; CAMPOS, A.; HUBINGER, S.Z.; MARCONCINI, J.M.; TAVARES, E.J.M.
Determinação lignocelulósica da torta de dendê. In: V Workshop da rede de nanotecnologia aplicada ao
agronegócio, 2009, São Carlos. Anais do V Workshop da rede de nanotecnologia aplicada ao
agronegócio, 2009. p. 173-174.

SHAHID, E.M.; JAMAL, Y. A review of biodiesel as vehicular fuel. Renewable and Sustainable Energy
Reviews, v. 12, n.9, p. 2484-2494, 2008.SILVA,

UJANG, K. Bio-porec-bioplastic production from biological palm oil waste recovery. Silver Medal -
Malaysia Technology Expo (MTE) 2006, Disponível em <
http://www.rmc.utm.my/product%20features/pdf2007/zaini%20ujang.pdf> Acesso em 24 de março de
2009.

Tabela 1. Dimensões dos nanocristais de celulose de línter de algodão e de fibra da prensagem do mesocarpo do dendê.

Línter de algodão Fibra da prensagem do mesocarpo do


dendê
Comprimento (nm) 177,30 ± 16,07 171,76 ± 14,91
Largura (nm)* 11,57 ± 1,61 5,48 ± 0,48
Razão de aspecto* 18,89 ± 2,03 35,35 ± 3,37
*Diferença significativa pelo teste de médias a 95% de confiança
**Médias mais ou menos o intervalo de confiança a 95%

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Figura 1. Microfotografias de suspensão de nanocelulose extraída do línter de algodão

Figura 2. Microfotografias de suspensão de nanocelulose extraída da fibra da prensagem do mesocarpo do dendê

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CONSTRUÇÃO DE UMA BIBLIOTECA SUBTRATIVA DE cDNA DE BOTÃO FLORAL DE


ALGODOEIRO1

Morganna Pollynne Nóbrega Pinheiro¹; Vandré Guevara Lyra Batista4; Natália Florencio Martins 5;
Péricles de Albuquerque Melo Filho³; Roseane Cavalcanti dos Santos²; Liziane Maria de Lima²
¹Estudante de Pós-Graduação da UFRPE (morgannapollynne@yahoo.com); ²Pesquisadora da Embrapa Algodão;
³Pesquisador da UFRPE; 4 Bolsista CNPq; 5Pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

RESUMO – Com o advento da biotecnologia e a manipulação genética do algodoeiro por transgênese,


um novo arsenal de estratégias de proteção contra pragas foi disponibilizado. Uma ferramenta
importante para esta estratégia é a prospecção de genes. Neste trabalho construiu-se uma biblioteca
subtrativa de cDNA de botão floral de algodoeiro da variedade BRS 8H. Os clones foram sequenciados
e montados, o que resultou em 168 unigenes, sendo 38 contigs e 130 singlets. Para as análises in
silico foram utilizados o banco de dados do algodão (BLASTn), como também o de A. thaliana (WU-
BLAST2), visto que muitos genes identificados em algodão não estão estudados funcionalmente, mas
apresentam homologia com genes de outras espécies. O transcriptoma revelou um grande número de
transcritos com função desconhecida, além de várias sequências relacionadas a fibras e óvulos em
diferentes estágios, dentre estas, o contig mais populado, foi identificado como Fibra de 0-10 dias pós
antese, com 12 reads. O índice de Sucesso e de Novidade da biblioteca gerada foi de 67 e 51%,
respectivamente. As informações obtidas proporcionam um quadro para a investigação futura da
genômica funcional de algodão.
Palavras-chave – Gossypium hirsutum L., prospecção de genes, transcriptoma

INTRODUÇÃO

A cultura do algodão é de grande expressão socioeconômica para os setores primário e


secundário do Brasil, com uma área de 852,6 mil hectares, sendo classificada entre as dez principais
culturas agrícolas. Porém, um dos fatores que limita a produção desta cultura é o ataque de insetos-
pragas. A planta de algodão é susceptível ao ataque de diversas pragas que podem causar danos a
diferentes partes da planta, como: raízes, caule, folhas, botões florais, flores, maçãs e capulhos. As
principais pragas que atacam a cultura do algodão é o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) e a
lagarta rosada (Pectinophora gossypiella) que atacam os botões florais, flores e maçãs jovens; além da
lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda) que ataca os tecidos foliares (SANTOS, 2007). Para
1
Instituições financiadoras: Embrapa Algodão / MONSANTO / CAPES

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controlar essas pragas, pesquisadores vêm buscando alternativas de controle por meio da modificação
genética, para que a planta GM libere proteínas com atividade inseticida apenas para o inseto alvo.

O botão floral do algodoeiro possui vários genes promissores que podem ser utilizados para a
busca de promotores tecido específico. As plantas expressando uma proteína inseticida, na qual a
expressão é dirigida por um promotor específico, diminui ou mesmo anula a ocorrência de atingir
insetos não alvos, pelo fato da expressão ser direcionada para o tecido específico. O algodoeiro é uma
das espécies vegetais, juntamente com Arabidopsis thaliana, para a qual existe bancos de dados de
ESTs oriundos do sequenciamento em larga escala de diversas bibliotecas de cDNA, sintetizadas a
partir de diferentes tecidos e estágios fisiológicos da planta.

A utilização das informações dos bancos de DNA e proteínas é de grande utilidade para a
elucidação da função e expressão de novos genes. A estratégia de prospecção de genes de interesse
em genótipos não sequenciados, através da utilização de informações geradas em projetos genoma ou
proteoma, envolve etapas importantes como construção de bibliotecas de cDNA, triagem dessas
bibliotecas, análise comparativa das sequências com os bancos de dados, identificação dos domínios
conservados e desenho de primers (BINNECK, 2004).

Este trabalho teve como objetivo construir uma biblioteca subtrativa de cDNA a fim de
prospectar genes de botões florais do algodoeiro. Para no futuro, estes genes serem utilizados na
busca de promotores tecido específico e assim atender a demanda dos programas de melhoramento
do algodoeiro via transgenia existentes na Embrapa.

METODOLOGIA

Material Vegetal

Para a confecção das bibliotecas foram utilizadas plantas de algodão (Gossypium hirsutum L.)
da variedade BRS 8H, semeadas em vasos e mantidas em telado de vegetação. Botões florais, raízes,
caule e folhas foram coletados em diferentes fases de desenvolvimento, imediatamente congelados em
N2 líquido e mantidos a –80°C.

Extração do RNA total

Para a extração de RNA total da raiz, caule e folha foi utilizado o reagente Concert RNA
extraction kit (Invitrogen) e para a extração de RNA total dos botões florais foi utilizado o Invisorb Spin

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Plant RNA Mini kit (Invitec), seguindo as recomendações dos fabricantes. Os RNAs totais foram
corados com SYBR green, analisados em gel de agarose 0.8% e fotodocumentados.

Construção da biblioteca subtrativa de cDNA

A síntese dos cDNAs foi realizada a partir do RNA de botão floral e da mistura de RNA de
folha, caule e raiz utilizando o Super SMART PCR cDNA Synthesis Kit (Clontech) de acordo com as
recomendações do fabricante. A reação foi incubada em um termociclador nas seguintes condições:
65oC durante 2 minutos, com uma pausa para a adição da enzima e 42 oC durante 90 minutos. Em
seguida, os cDNAs foram submetidos a hibridização subtrativa para seleção dos transcritos diferenciais
de acordo com o protocolo descrito no kit PCR Select cDNA Subtraction (Clontech).

Clonagem das ESTs em vetor de transformação de bactérias

As ESTs geradas a partir da biblioteca subtrativa foram ligadas ao Vetor pGEM-T Easy
(Promega) e utilizadas para transformar células de E. coli linhagem XL1-blue, por eletroporação (LIMA,
2005).

Clusterização e análise de sequências

Os clones gerados foram sequenciados na Plataforma de Sequenciamento da


Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. A análise da qualidade das sequências foi feita com o
programa PHRED e a clusterização foi realizada por meio do programa TGICL. O gerenciamento das
sequências foi realizado pelo SISGEN (PAPPAS et al., 2008), seguida da anotação automática com o
programa BLASTX 2.2.3 contra os bancos de dados do GenBank, MIPS, KOG.v.1.0, Pfam e Swissprot
(FINN et al., 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O pool de cDNA isolado gerou uma biblioteca com 2 x 10 3 ufc/mL. O sequenciamento resultou
em um total de 711 sequências. Foram consideradas válidas e utilizadas para as análises posteriores
480 sequências. Ao final da clusterização foram formados 168 unigenes, sendo 38 contigs e 130
singlets (Figura 1). Esta análise revelou o contig mais populado, identificado como Fibra de 0-10 dias
pós antese, com 12 reads.

A partir desses dados foi possível determinar o índice de Sucesso da biblioteca, em torno de
67%, bem como o índice de Novidade, com 51%. Resultados similares foram descritos por Takahashi

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(2005), com uma biblioteca subtrativa de cDNA de raízes de cana-de-açúcar, onde obteve um índice de
Sucesso em torno de 63% e o índice de Novidade de 87%.

Adicionalmente, foi realizado análise para cada contig no BLASTn do Cotton Genome
Database (http://cottondb.org/blast/blast.html) e no WU-BLAST2 de Arabidopsis thaliana
(http://www.arabidopsis.org/), com o objetivo de comparar a função dos genes nesses dois bancos,
visto que muitos genes identificados em algodão não estão estudados funcionalmente, mas
apresentam homologia com genes de outras espécies que já tem suas funções descritas (Tabela 1).

As análises in silico nos bancos de dados do algodão e de A. thaliana, mostraram homologia


entre alguns contigs. O CL2Conting2 e CL28Contig1, para G. hirsutum, refere-se a fibra de 0-10 e de 1-
3 dias pós a antese, respectivamente, no entanto, em A. thaliana, as funções destes genes já se
encontram definidos, estando relacionados com a maturação do pólen (TRIONNAIRE, 2009).

O contig CL13Contig1, foi identificado para G. hirsutum, como sendo um gene relacionado a
óvulos e fibras. Em A. thaliana, este gene participa do processo metabólico da beta galactosidade,
enzima relacionada ao metabolismo de carboidratos da parede celular vegetal (OLIVEIRA JÚNIOR,
2004).

Os contigs CL1Contig2, CL1Contig1, CL1Contig5, CL1Contig3 estão relacionados a fibras no


banco de dados do G. Hirsutum, porém no banco de A. thaliana estes genes já foram descritos e estão
envolvidos no processo catabólico metilglioxal de D-lactato (MAKAROFF, 1997).

Embora muitos genes tenham sido estudados quanto a sua funcionalidade, existem outros cuja
função não foi ainda definida, como por exemplo os contigs: CL19Contig1 relacionado a óvulos
imaturos de -3 a 3 dias pós antese, com ou sem fibra; CL7Contig1 relacionado a fibra; CL3Contig1 e
CL3Contig2 relacionado a fibra e óvulo (Tabela 1).

CONCLUSÃO

A biblioteca subtrativa mostrou-se eficiente para o isolamento de genes diferencialmente


expressos no botão floral do algodoeiro.

A biblioteca apresentou um índice de sucesso de 67% e um índice de Novidade de 51%.

Os resultados obtidos até o momento auxiliarão na seleção de genes promissores para serem
utilizados na busca de promotores tecido específicos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BINNECK, E. As ômicas: integrando a bioinformação. Biotecnología Ciência e Desenvolvimento.


Brasília, n. 32, p. 28-37, 2004.

FINN, R.; MISTRY, J.; SCHUSTER-BOCKLER, B.; GRIFFITHS-JONES, S.; HOLLICH, V.; LASSMANN,
T.; MOXON, S.; MARSHALL, M.; KHANNA, A.; DURBIN, R.; EDDY, S.; SONNHAMMER, E.;
BATEMAN, A. Pfam: clans, web tools and services. Nucleic Acids Research, v. 34, p. D247–D251,
2006.

LIMA, L.M. Caracterização molecular e imunológica de anticorpos desenvolvidos contra proteínas de


nematóides de galhas de raiz. Tese (Doutorado), Universidade de Brasília, Brasília, 2005.

MAKAROFF, C.A; MAITI, M.K.; KRISHNASAMY, S.; OWEN, H.A. Molecular characterization of
glyoxalase II from Arabidopsis thaliana. Plant Molecular Biology, v. 35, n. 4, p. 471 – 481, 1997.

OLIVEIRA JÚNIOR, F.C. Carboidratos de parede celular e efeitos de oligossacarídeos de xiloglucano


sobre o crescimento celular de Rudgea jasminoides (Cham.) Mull. Arg. cultivada em suspensão. Tese
(Doutorado), Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Biociências, São Paulo, 2004.

PAPPAS, G.J.JR.; MIRANDA, R.P.; MARTINS N.F.; TOGAWA R.C.; COSTA, M.M.C.
SisGen: A CORBA Based Data Management Program for DNA Sequencing Projects
Lecture Notes in Computer Science, v. 5109, p. 116-123, 2008.

SANTOS, W. J. Manejo das pragas do algodão com destaque ao cerrado brasileiro. In: FREIRE, E. C.
(Ed.). Algodão no Cerrado do Brasil. Brasília, DF: Associação Brasileira dos Produtores de Algodão,
2007. p. 403-406.

TAKAHASHI, D. Análise se sequências expressas em raízes de cana-de-açúcar colonizadas por


Gomus clarum. Tese (Doutorado), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2005.

TRIONNAIRE, G. L.; DOWNTON, R. G.; HAFIDH, S.; SCHMID, R.; DICKINSON, H.; TWELL, D.
MicroRNA profiling of Arabidopsis thaliana mature pollen. Plant Molecular, v.1, p. 1-13, 2009.

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Fig. 1

Tabela 1 - CL19Contig1 relacionado a óvulos imaturos de -3 a 3 dias pós antese, com ou sem fibra; CL7Contig1
relacionado a fibra; CL3Contig1 e CL3Contig2 relacionado a fibra e óvulo
Nº de Organismo
Contig Anotação E-value
Reads Homólogo
Fibra de 0-10 dpa G. hirsutum 0.0
CL2Contig2 12
Maturação do pólen A. thaliana 8e-15
G. hirsutum e-148
Fibra de 7-10 dpa
CL1Contig2 8 A. thaliana 4e-13
Processo catabólico metilglioxal de D-lactato
Biblioteca de fibra G. hirsutum 5e-34
CL7Contig1 4
Função desconhecida A. thaliana e-47
G. hirsutum e-150
Fibra
CL1Contig1 4 A. thaliana 1e-13
Processo catabólico metilglioxal de D-lactato
Óvulo e fibra G. hirsutum 0.0
CL13Contig1 3 Processo metabólico carboidrato (beta- A. thaliana 4e-07
galactosidase)
G. hirsutum e-134
Fibra de 5 dpa
CL1Contig5 3 A. thaliana 5e-12
Processo catabólico metilglioxal de D-lactato
Óvulos imaturos de -3 a 3 dpa, com ou sem G. hirsutum 0.0
CL19Contig1 2 fibra
Função desconhecida A. thaliana 8e-13
Fibra e óvulo G. hirsutum 4e-156
CL3Contig1 2
Proteína desconhecida A. thaliana 6e-9
Fibra e óvulo G. hirsutum e-158
CL3Contig2 2
Proteína desconhecida A. thaliana 6e-9
Fibra 1-3 dpa G. hirsutum 6e-99
CL28Contig1 2
Maturação do pólen A. thaliana e-68
G. hirsutum 4e-134
Biblioteca de fibra
CL1Contig3 2 A. thaliana 1e-12
Processo catabólico metilglioxal de D-lactato

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CRIOPRESERVAÇÃO DE EXPLANTES DE PINHÃO MANSO (JATHOPHA CURCAS L.) PELOS


MÉTODOS DA VITRIFICAÇÃO

Maria do Socorro Rocha1, Napoleão Esberard de M. Beltrão2, Francisco de Assis C. Almeida3,Ailton


Melo de Morais3, Maria Sueli Rocha Lima1
1 UFPB, marialirium@hotmail.com, 2 Embrapa Algodão , napoleão@cnpa.embrapa.br, 3 UFCG

RESUMO – [Objetivou-se avaliar procedimentos de criopreservação do eixo embrionário do pinhão


manso (Jatropha curcas L.) e contribuir com a conservação a longo prazo dos recursos genéticos
dessa espécie. Sementes do pinhão manso do acesso do Garanhuns-PE. Foram devidamente
esterilizadas e extraindo o eixo embrionário, quando se procedeu a excisão dos eixo embrionário sem
cotiledonares e eixo embrionário com os cotiledonares de aproximadamente 5 a 7 mm. Os explantes
obtidos foram submetidos aos processos de vitrificação. A vitrificação se deu por meio do pré-cultivo
por 48 horas, em meio MS líquido contendo DMSO (0; 5; 10 e 15%) e/ou sacarose (0; 0,1; 0,25 e 0,5
M). Os explantes vitrificados foram colocados em tubos criobiológicos de polipropileno estéreis de 4,5
mL (quatro réplicas de 10 explantes/tubo), os quais foram devidamente selados e imersos diretamente
no nitrogênio líquido (-196°C) durante cinco dias. O descongelamento dos explantes se deu pela
imersão dos criotubos em água à sob condições de ambiente à 25±2°C por 60 minutos, procedendo-se
em seguida seu cultivo em tubos de ensaio contendo 10 mL do meio MS com 30 g.L -1 de glicose, 10
mL.L-1 de cloreto de magnésio e 2 g.L-1 de gelrite e pH ajustado para 5,7. Avaliações dos explantes
foram realizadas antes e após criopreservação, por meio da porcentagem de regeneração, número e
comprimento de brotos emitidos após quatro semanas de cultivo. O pré-cultivo dos explantes no meio
de vitrificação com DMSO em concentração superior a 7% ou associado com sacarose a 0,1; 0,25 e
0,5 M afetou a viabilidade dos explantes.
Palavras-chave – regeneração, eixo embrionário, sacarose, explantes.

INTRODUÇÃO

O melhoramento de plantas tem contribuído para o aumento da produção em diversas culturas


comerciais de grande relevância em todo o mundo. A obtenção de variedades de alto rendimento e
resistência a pragas e doenças requer que os recursos genéticos desejáveis de determinada espécie
se encontrem disponíveis para sua utilização; desta forma as coleções de germoplasma passam a ter
papel fundamental nos programas de melhoramento (SILVA et al., 2007).

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O cultivo de eixos embrionários se tornou uma ferramenta indispensável na propagação clonal


e na eliminação de patógenos virais de muitas plantas cultivadas (KARTHA et al., 1979). Como as
células constituintes do eixos embrionários são menos diferenciadas e mais uniformes do que aquelas
de tecidos maduros, plantas regeneradas pelo cultivo in vitro dos eixos embrionários devem garantir a
recuperação tal qual sua progênie. Além disso, o meristema tem uma maior habilidade para regenerar
a planta inteira do que o cultivo de células adultas. Então, a conservação de eixos embrionários
excisados em nitrogênio líquido a -196°C (criopreservação), é potencialmente um meio satisfatório e
seguro para a conservação de germoplasma vegetal (KARTHA, 1985).

Na atualidade, a criopreservação de eixos embrionários pode ser a metodologia mais


apropriada para a conservação a longo prazo, da diversidade genética de várias espécies
problemáticas ou de difícil conservação, por se tratar de uma estrutura de tamanho reduzido, ocupando
o mínimo espaço possível no armazenamento e por tolerar condições que seriam letais para a semente
inteira (BERJAK et al. 2000)

A presente pesquisa teve como objetivo estudar procedimentos de vitrificação e dessecação de


explantes dos acessos de Pinhão manso, seu efeito imediato e após armazenamento criogênico, sobre
sua capacidade de regeneração in vitro, como forma de assegurar a conservação, a longo prazo, dos
recursos genéticos dessa espécie.

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado no Laboratório de Biotecnologia do Centro Nacional de


Pesquisa da EMEPA, em João Pessoa, PB. Utilizaram-se as sementes obtidos o acesso de pinhão
manso da região Garanhuns-PE, cultivadas in vitro.

Na obtenção das sementes do pinhão manso foram devidamente esterilizadas em solução de


hipoclorito de sódio comercial (Brilux) a 40% (v/v), com 50% de cloro ativo, acrescida com 1-2 gotas de
polyoxyethylene sorbitan monolaurate (Tween-20®), sob agitação, durante 20 minutos, seguida de
tríplice lavagem em água bidestilada esterilizada; em seguida e sob condições estéreis da câmara de
fluxo laminar, sementes foram postas para germinar em tubos de ensaio de 25 x 250 mm contendo 10
mL de meio com sais minerais MS de Murashige e Skoog (1962) suplementado com 30 g.L -1 de
sacarose, 5,5 g.L-1 de ágar-ágar e pH ajustado para 5,7 antes da adição do solidificaste ao meio.
Sementes cultivadas foram mantidas na ausência de luz, até proteção da radícula e então levadas para
câmara de crescimento, com temperatura de 25°C e fotoperiodo de 16/8 horas (claro/escuro) e

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intensidade luminosa em torno de 30 mol.m-2.s-1, proporcionada por lâmpadas fluorescentes brancas


frias. Após 25 dias de cultivo, procedeu-se, a partir daquelas plântulas, a excisão dos explantes (eixo
embrionário sem cotiledonares e eixo com cotiledonares de aproximadamente 5 a 7 mm), sob
condições assépticas da câmara de fluxo laminar.

Os explantes obtidos foram pré-cultivados em meio MS líquido, contendo um dos agentes


crioprotetores ou sua combinação, em diferentes concentrações: dimetilsulfóxido – DMSO (Me2SO) 0;
7; 14 e 20 % e sacarose 0; 0,1; 0,25 e 0,5 M e mantidos incubados em câmara de crescimento sob as
condições mencionadas acima, por 48 horas (Figura 1).

Para avaliar o efeito da solução crioprotetora na regeneração, parte dos explantes pré-
cultivados foi, imediatamente, cultivados in vitro e outra parte foi posta em tubos criobiológicos de
polipropileno estéreis de 4,5 mL, em número quatro réplicas de 10 explantes por tubo, os quais foram
devidamente selados e imersos diretamente no nitrogênio líquido (-196°C) onde permaneceram pelo
tempo de cinco dias.

O descongelamento dos explantes crioconservados ocorreu pela imersão dos criotubos,


contendo os explantes, durante 1-2 minutos e pela manutenção do material em condições de ambiente
(252°C) pelo tempo de 60 minutos e, posteriormente, cultivados in vitro.

Os dados foram analisados segundo o delineamento inteiramente casualizado em esquema


fatorial 2 x 4 x 4, sendo dois explantes (eixo embrionário e eixo com cotiledonar), quatro concentrações
do DMSO (0, 7, 14 e 20%) e quatro concentrações de sacarose (0; 0,1; 0,25 e 0,5 M), procedendo-se
análise de variância e regressão polinomial, para cada explante, em função das concentrações de
DMSO e sacarose.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância dos dados de regeneração, número e comprimento de brotos,


encontram-se no Tabela 1, observando-se que a interação tripla (explante x dimetilsulfóxido x
sacarose), só foi significativa para os dados de comprimento de brotos. Por sua vez, a única interação
dupla significativa foi (explante x dimetilsulfóxido), em todas as avaliações realizadas. Já a sacarose foi
a única variável que não surtiu qualquer efeito significativo nas avaliações realizadas, indicando que as
concentrações desse componente, empregadas no presente estudo não alteram o metabolismo das
células. Segundo Dumet et al. (1994) os açúcares, como a sacarose, são usados como substâncias

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crioprotetoras por se constituírem em ótimos agentes vitrificantes, além de não apresentarem


citotoxidade, mesmo quando acumulados em grande quantidade no citoplasma.

Na Figura 2, encontra-se a regeneração, em porcentagem, dos explantes do pinhão manso


diante do pré-cultivo com o crioprotetor químico DMSO. O explante eixo embrionário não sofreu
alteração na sua regeneração quando se empregou o DMSO em concentração inferior a 7% no meio
MS líquido, apresentando regeneração superior a 98% nessas condições (Figura 2 A e B e Tabelas 2);
no entanto, ocorreram reduções na regeneração dos eixos embrionários, com valores na ordem de 63
e 28%, após pré-cultivo, com concentrações de 14 e 20% do DMSO, respectivamente, enquanto o
explante eixo com cotiledonares sofreu ainda mais o efeito do DMSO, reduzindo consideravelmente
sua regeneração a medida em que foi submetido ao pré-cultivo com o crioprotetor químico (Figura 2 A
e B e Tabela 1). O comportamento da regeneração dos explantes após o tratamento com o DMSO
demonstra a susceptibilidade dos mesmos à concentrações elevadas daquele crioprotetor, afetando
sua viabilidade, sendo portanto, de grande importância o estudo da viabilidade dos explantes após
tratamento em menores concentrações. Em comunhão com os resultados obtidos, diversos trabalhos,
empregando o cultivo de células vegetais, tem indicado que o ótimo de concentração do DMSO como
crioprotetor situa-se entre 5 a 8% (SAKAI e SUGAWARA, 1978) porém padrões de 5 a 15% (KARTHA
et al., 1979) parecem refletir as diferentes taxas de penetração do DMSO em ápices de várias
espécies.

CONCLUSÃO
O acesso do Garanhuns-PE eixo embrionário e eixos com cotiledonares, do pinhão manso não
é afetada pelo emprego da sacarose como crioprotetor nas concentrações estudadas (0,10; 0,25 e 0,50
M);

O pré-cultivo dos eixos e eixos com cotiledôneos do pinhão manso durante 48 horas em meio
MS líquido contendo dimetilsulfóxido, em concentração superior a 7%, afeta a viabilidade dos mesmos,
quer isolado ou associado a sacarose nas concentrações estudadas (0,10; 0,25 e 0,50M);

O método de vitrificação dos eixos e eixo com cotiledôneos do pinhão manso pré-cultivados
com sacarose (0; 0,10; 0,25 e 0,50 M) e/ou dimetilsulfóxido (0; 7; 15 e 20%), garantiu regeneração ou
qualquer atividade metabólica após imersão direta no nitrogênio líquido (-196°C) e descongelamento
sob condições de ambiente (25±2°C por 60 minutos).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERJAK, P.; WALKER, M.; MYCOCK, D.J.; WESLEY-SMITH, J.; WATT, P.; PAMMENTER, N.W.
Cryopreservation of recalcitrant zygotic embryos. In: ENGELMANN, F.; TAKAGI, H. (Ed.).
Cryopreservation of tropical plant germplasm: current research progress and application.
Tsukuba: Japan International Research Center for Agricultural Sciences, Japan/International; Rome:
International Plant Genetic Resources Institute, 2000. p.140-155.

DUMET, D.; ENGELMANN, F.; CHABRILLANGE, N.; DUSSERT, S.; DUVAL, Y. Effects of various
sugars and polyols on the tolerance to desiccation and freezing of oil plam polyembronic cultures. Seed
Science Research, v.4, p.307-313, 1994.

KARTHA, K.K. Meristem culture and germplasm preservation. In: KARTHA, K.K. Cryopreservation of
plant cells and organs. Boca Raton, Florida, CRC Press, 1985. p.115-134.

KARTHA, K.K.; LEUNG, N.L.; GAMBORG, O.L. Freeze-preservation of pea meristems in liquid nitrogen
and subsequent plant regeneration. Plant Science Letters. v.15, p.7-15, 1979.

MURASCHIGE, T.;SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue
cultures. Physiologia plantarem, Copenhagen, n. 15, p. 473-497, 1962.

SILVA, A. F. S. Pinhão manso: Jatropha curcas. Centro de Apoio ao Desenvolvimento


Tecnológico CDT/UnB. Disponivel em: www.cdt.unb.br. Acessado em: julho de 2007.

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Sementes Explantes excisados


Sem tegumento com e sem
Pinhão manso Cotiledonares

criotubos

5 - 7 mm

10 explantes / tubo

-196°C

Figura 1. Criopreservação de explantes do pinhão manso pelo método da vitrificação.

2,5
120

100 2
Comprimento broto (cm)

Número de broto

80
1,5
60

40
1

20 Eixo embrionário = 99,214 + 1,8325x - 0,2372x


2 2
R = 0,99**
0,5 2
2
Eixo com cotiledonar = 103,01 - 3,7575x R = 0,94** Eixo embrionário = 2,2568 - 0,1007x + R = 0,83
2
0 Eixo com cotiledonar = 1,325 - 0,0341x R = 0,97

0 7 14 20
0
DMSO (%)
0 7 14 20
DNSO (%)

Figura 2. Regeneração (A), número de brotos emitidos (B),de explantes de pinhão manso (Jatropha curcas L.)
cultivados in vitro, em função da concentração do dimetilsulfóxido (DMSO), usado como crioprotetor.

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Tabela 1 Análise de variância da regeneração, número e comprimento de brotos emitidos por eixos
embrionario (Jatropha curcas L.), submetidos ao processo da vitrificação.

Fonte de Variação Grau de Regeneração (%) Número de Comprimento de


Liberdade brotos brotos (cm)

Explante (E) 1 6258,01** 0,0348 * 3,1375**

Dimetilsulfóxido (D) 3 38946,03** 5,9549** 3,6213**

Sacarose (S) 3 49,15ns 0,0033ns 0,0045ns

ExD 3 967,38** 1,0469** 0,3503**

D/ E1 (3)

Efeito linear 1 50000,00** 4,1519** 7,0448**

Efeito quadrático 1 4556,25** 0,7591** 0,9120**

Desvio da regressão 1 945,32** 0,0009ns 0,0048ns

D/ E2 (3)

Efeito linear 1 63703,83** 15,2775** 3,7758**

Efeito quadrático 1 244,14** 0,4489** 0,0564ns

Desvio da regressão 1 290,70** 0,3672** 0,1209**

ExS 3 17,38ns 0,0043ns 0,0022ns

DxS 9 10,26ns 0,0046ns 0,0036ns

ExDxS 9 10,79ns 0,0041ns 0,0062**

Resíduo 96 25,84635 0,008749 0,002369

Total 127

CV (%) 7,74 11,91 7,67


ns
** Significativo a 1% de probabilidade;* Significativo a 5% de probabilidade e Não significativo

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CRIOPRESEVAÇÃO DE EIXO EMBRIONÁRIO DE ZIGÓTICOS DE PINHÃO MANSO

Maria do Socorro Rocha1, Napoleão Esberard de M. Beltrão2, Francisco de Assis C. Almeida3,Ailton


Melo de Morais3, Maria Sueli Rocha Lima1
1 UFPB, marialirium@hotmail.com, 2 Embrapa Algodão , napoleão@cnpa.embrapa.br, 3 UFCG

RESUMO – O objetivo deste trabalho é avaliar um protocolo para criopreservação de eixos


embrionários do pinhão manso, como alternativa para a manutenção dos recursos genéticos da
espécie. Foram utilizadas sementes de pinhão manso dos acessos Garanhuns-PB e Itaporanga – PB,
com germinação em torno de 94%, teores de água ajustados para 6 a 8%. Procedido a sua
esterilização foram mantidas em embebição em água por 24 horas para posterior excisão dos eixos
embrionários em câmara de fluxo laminar, onde permaneceram em dessecação por 0, 28, 48 e 88
minutos para em seguida serem submetidos a criopreservação, por meio da imersão direta em
nitrogênio líquido (-196°C), durante 0, 7, 28 e 60 dias. A reativação dos eixos embrionários foi realizada
a cada período de armazenamento, após sua retirada e descongelamento em condições de ambiente,
durante 48 minutos, sendo cultivados em meio MS sob condições de câmara regulada a temperatura
de 25°C, fotoperíodo de 16/8 horas (claro/escuro) e intensidade luminosa de 30 μmol.m -2.s-1. Aos 28
dias de cultivo, foram realizadas avaliações da regeneração, comprimento de plântulas e números de
raízes emitidas. Procedeu-se análise de variância e regressão polinomial dos dados obtidos, para cada
cultivar, em função do período de dessecação e armazenamento. O teor de água limite recomendado
para a criopreservação de eixos embrionários de pinhão manso está entre 9 e 16% com base no peso
fresco; eixos embrionários do pinhão manso devem ser dessecados para teor de água inferior a 16%
para assegurar um ótimo de regeneração in vitro, após imersão em nitrogênio líquido; eixos
embrionários de Pinhão manso, com teor de água em torno de 9,7%, podem ser conservados em
bancos de germoplasma em condições criogênicas e regenerar mais de 80% de plântulas in vitro após
60 dias de armazenamento em nitrogênio líquido (-196°C).
Palavras-chave – recursos genéticos, eixos embrionários, cultura de tecido.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) poderá ser uma das culturas importante para exploração
no Brasil e no mundo, apresentando-se como ótimo fornecedor de óleo para a indústria, entre outros
subprodutos gerando emprego e renda ao longo de sua cadeia produtiva.

A conservação dos recursos genéticos implica na manutenção de coleções in situ, ou seja, nos
seus locais de ocorrência, ou ex situ; neste caso, podem ser mantidos indivíduos, sementes, embriões

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ou outras estruturas vegetais, sob diferentes condições, dependendo do material utilizado: no campo
ou em casa de vegetação, em câmara seca sob baixa temperatura, em meio de cultura com baixa
concentração salina, ou criopreservadas (VALOIS, 1998).

A criopreservação, manutenção de material biológico sob temperaturas ultra-reduzidas


(nitrogênio líquido, -196°C), tem garantido conservação por períodos indefinidos, por reduzir muito ou
praticamente paralisar qualquer atividade a nível celular, minimizando a deterioração biológica durante
o armazenamento (PRITCHARD, 1995).

Embriões zigóticos são sistemas de tecidos simples, altamente organizados, que podem ser
usados para produzir uma planta completa. E são apropriados para ajudar a reduzir o risco de variação
somaclonal em cultura que outros métodos de regeneração de plantas in vitro; ademais, embriões
zigóticos são usado com sucesso para criopreservação do germoplasma de muitas espécies vegetais
que possuem sementes recalcitrantes, intermediárias ou com problemas no armazenamento (BERJAK
et al., 2000).

Considerando-se a importância de ser empregar eixos embrionários zigóticos como elemento


de preservação de germoplasma do pinhão manso foi realizado este trabalho com o objetivo de
desenvolver um protocolo para a criopreservação de eixos embrionários de pinhão manso como
alternativa para a conservação dos recursos genéticos da espécie.

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado no Laboratório de Biotecnologia da EMEPA em João Pessoa,


PB. Utilizaram-se sementes de pinhão manso (Jatropha curcas L.), acessos Garanhuns – PE e
Itaporanga – PB, colhidas em campos de produção da em Pernambuco e Paraíba, na safra 2008.

A caracterização da viabilidade inicial das sementes, revelou germinação em torno de 94%. O


teor de umidade permitido para a criopreservçaão 6 a 8% b.u. para promover a perda ou o ganho de
água. Procedeu-se à esterilização das sementes em solução de hipoclorito de sódio comercial (Brilux)
a 80% (v/v), com 2,0 a 2,5% de cloro ativo, acrescida com 1 a 2 gotas de polyoxyethylene sorbitan
monolaurate (Tween-20®), sob agitação durante 20 minutos, seguida de tríplice lavagem em água
bidestilada esterilizada.

Após esterilização, as sementes permaneceram em embebição durante 24 horas, em água


bidestilada esterilizada e foram então levadas para excisão de seus eixos embrionários na câmara de

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fluxo laminar, onde foram submetidos a dessecação por 0, 28, 48 e 88 minutos, sob temperatura de
25±2°C sendo, em seguida, colocados em recipientes estéreis de polipropileno de 4,5 mL, em número
de quatro réplicas de 10 eixos embrionários por frasco e imersos diretamente no nitrogênio líquido a -
196°C, onde permaneceram 0, 7, 28 e 60 dias.Após cada período de dessecação, separaram-se três
repetições de 30 eixos embrionários para a determinação do teor de água, no momento de sua
crioconservação, por meio da pesagem e secagem em estufa regulada a 03±2°C por 17 horas,
conforme recomendado pela International Seed Testing Association (ISTA, 1985). O teor de água foi
expresso em porcentagem, com base no peso fresco.

Após cada período de criopreservação, criotubos contendo os eixos embrionários foram


retirados e postos para descongelar, sob temperatura ambiente (25 ± 2°C), durante 60 minutos;
posteriormente, eixos embrionários foram cultivados em tubos de ensaio de 25 x 150 mm, contendo 10
mL de meio MS (MURASHIGE e SKOOG, 1962), devidamente vedados e mantidos em câmara de
crescimento regulada a temperatura de 25°C, fotoperíodo de 16/8 horas (claro/escuro) e intensidade
luminosa em torno 30 μmol.m-2.s-1 proporcionada por lâmpadas fluorescentes brancas frias. As
avaliações foram realizadas no 28° dia após cultivo, mediante a porcentagem de regeneração, a
mensuração do comprimento de plântulas e contagem do número de raízes emitidas.

Os dados foram analisados de acordo com o delineamento inteiramente casualizado, em


esquema fatorial 2 x 4 x 4, sendo dois acessos (Garanhuns – PE e Itaporanga – PB), quatro tempos
de dessecação (0, 28, 48 e 88 minutos) e quatro períodos de armazenamento dos eixos embrionários
(0, 7, 28 e 60 dias) com 10 repetições com um explante por tubo, procedendo-se à análise de variância
e regressão polinomial, para cada acesso, em função do tempo de dessecação e do período de
armazenamento. Antes da análise, os dados referentes ao comprimento de plântulas foram
transformados para X 1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sementes de pinhão manso dos acessos Garanhuns e Itaporanga com umidade entre 6 e 8%,
foram submetidas a embebição, por 24 horas, e apresentaram eixos embrionários com teor de água
médio de 53%, após excisão (Figura 2 A e B). Quando os eixos embrionários foram submetidos a
dessecação em câmara de fluxo laminar, ocorreu redução do teor de água em valores médios na
Tabela 2, para ambos os acessos, na ordem de 24, 16 e 9,7%, após 28, 48 e 88 minutos de
dessecação, respectivamente. A redução de água dos eixos embrionários a um nível possível

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submetê-lo a temperatura do nitrogênio líquido e/ou evitar a formação de cristais de gelo é o passo
mais crítico na obtenção de um protocolo viável de criopreservação. Isto é confirmado por Santos et al.
(2002), esclarecendo ainda que, em geral, as sementes, os embriões e os eixos embrionários se
crioconservam prévio a desidratação por ar.

Encontra-se, no Tabela 1, o resumo da análise de variância, que detectou efeitos significativos


para a maioria das variáveis estudadas, excetuando a interação dupla entre acessos x
armazenamento, na porcentagem de regeneração; a interação dupla entre acessos x dessecação,
assim como a interação entre todas as variáveis (acessos x dessecação x armazenamento) no
comprimento de plântulas originadas dos eixos embrionários do pinhão manso. Eixos embrionários do
pinhão manso do acesso de Garanhuns, submetidos a criopreservação, apresentaram maior
regeneração quando comparados com os do acessos Itaporanga, apesar desta superar aquela, no
comprimento de plântula e no número de raízes emitidas por seus eixos embrionários (Tabela 2). Estes
resultados indicam que as diferenças apresentadas entre acessos e/ou variedades de uma mesma
espécie, quando submetidas a criopreservação, se devem, provavelmente, ao patrimônio genético de
cada variante, não havendo efeitos da criopreservação sobre a viabilidade e/ou vigor das cultivares
estudadas, estando esta afirmação de acordo com Lopes (2005).

Quanto a porcentagem de regeneração de eixos embrionários de pinhão manso dos acessos


Garanhuns e Itaporanga, submetidos a criopreservação (Tabela2), houve variação em função da sua
permanência sob dessecação em câmara de fluxo laminar e do teor de água, que apresentavam, no
momento da criopreservação (Figura 1), de modo que, quanto mais tempo os eixos embrionários
permaneceram dessecando, menor foi o seu teor de água e maior sua capacidade de resistir às
condições do nitrogênio líquido e regenerar uma plântula normal. Eixos embrionários do pinhão manso
com teor de água inferior a 16% (b.u.), valor este atingido após 60 minutos de dessecação, garantiram,
em média, regeneração de 75% e 73%, para os acessos Garanhuns e Itaporanga, após
criopreservação. Conforme se observa, eixos embrionários do pinhão manso dessecados em câmara
de fluxo laminar até teor de água inferior a 16% (b.u.) com boa qualidade fisiológica podem ser
criopreservados com segurança, não apresentando problemas no que diz respeito a velocidade de
congelamento e descongelamento que venham a prejudicar a sua capacidade de regeneração. A
regeneração obtida na ordem de 75 e 73% para os acessos Garanhuns e Itaporanga, respectivamente,
dos eixos embrionários com 16% (b.u.) do teor de água após imersão direta no nitrogênio líquido,
indicam que a criopreservação pode ser facilmente realizada, mantendo-se a ressalva de que o
material criopreservado pode apresentar diferenças no posterior desenvolvimento das plantas. Ante o
abordado Lopes et al. (2005), afirma que baixos conteúdos de umidade reduzem a formação de gelo

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nas estruturas intracelulares da semente, quando expostas às temperaturas subzero, atenuando assim,
possíveis danos decorrentes do congelamento. Santos et al. (2002), obtiveram total regeneração
(100%) in vitro de eixos embrionários de sementes de café com 12,6% de umidade, após
congelamento em nitrogênio líquido.

CONCLUSÃO

O teor de água limite recomendado para criopreservação de eixos embrionários do pinhão


manso (Jatropha curcas L.) está entre 9 e 16%;

Eixos embrionários criopreservados com 16% (b.u.) do teor de água, apresentam regeneração
de plântula in vitro de 70% (Itaporanga) e 78% (Garanhuns);

Eixos embrionários do pinhão manso com umidade em torno de 9,7%, podem regenerar mais
de 80% de plântulas in vitro, após 60 dias de armazenamento em nitrogênio líquido (-196°C).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Japan International Research Center for Agricultural Sciences, Japan/International; Rome: International
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nordeste brasileiro. Areia, 2005. 155p. Tese (Agronomia) – Universidade Federal da Paraíba Centro de
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embrionários zigóticos de café (Coffea arabica L.). Brasília: EMBRAPA-CENARGEN, 2002. 4p.
(EMBRAPA-CENARGEN. Comunicado Técnico, 69).

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forestales. Investigación Agraria, Madrid, n.2, p.249-259, 2000.

VALOIS, A.C.C. Biodiversidade, biotecnologia e propriedade intelectual (um depoimento). Cadernos de


Ciência e Tecnologia, Brasília, v.15, n. especial, p.21-31, 1998.

A B

Figura 13 – Regeneração dos eixos embrionário (A) e altura do explante de pinhão manso aos 14 dias ,EMEPA.

70 100
A B
60

50
Teor de água (%)

75
Regeneração (%)

40

30

20 50
A1 = 65,294 - 0,6855x R2 = 0,90
10 A2= 46,938 - 0,5111x R2= 0,80 A1 = 87,816 - 1,6607x + 0,0225x
2 2
R = 0,56

2 2
A2 = 0,0212x - 1,5618x + 81,128 R = 0,57
0
0 28 48 88 25
0 7 28 60
Tempo de dessecação (min)
Período de armazenamento (dias)

Figura 2 – Teor de água (A), porcentagem de regeneração de eixos embrionários do pinhão manso (Jatropha
curcas L.) acessos Garanhuns e Itaporanga, em função do tempo de dessecação em câmara de fluxo laminar e
sob o armazenamento em nitrogênio líquido (-196°C) ao 60 dias.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância da regeneração, comprimento de plântula e número de


raízes emitidas por eixos embrionários de dois acessos do pinhão manso (Jatropha curcas L.),
submetidos a dessecação e ao armazenamento em nitrogênio líquido (-196°C).

Quadrados Médios
Fontes de Variação
Graus de Regeneração (%) Comprimento de Número de
Liberdade Plântula (cm)1 Raízes Emitidas

Acessos (A) 1 1476,96125** 8,11541** 3345,51775**


Dessecação (D) 3 30231,79021** 16,52818** 2361,62810**
Armazenamento (P) 3 9344,93646** 3,65054** 670,46665**
AxD 3 451,22771** 1,70051** 866,16370**

AxP 3 145,08646** 0,33823** 1483,28944**

DxP 9 3409,59625** 2,28787** 418,04134**

AxDxP 9 169,62264** 89,7706** 208,16452**

D/A1 (3)
Efeito linear 1 6531,9065** 43,83266** 6283,85823**
Efeito quadrático 1 2062,7052** 5,5694** 268,80109**
D/A2 (3)
Efeito linear 1 1732,1712** 4,61550** 1881,38943**
Efeito quadrático 1 718,8197** 4,98096** 93,5410**
Resíduo 96 10,51495 0,00207 1,35240

Total 31 155218,48875 97,23033 25255,84409

CV (%) 4,75 1,82 5,59


ns
** Significativo a 1% de probabilidade; * Significativo a 5% de probabilidade; Não significativo;1 Dados transformados em
X 1

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Tabela 2. Valores médios de regeneração, comprimento de plântula e número de raízes emitidas por
eixos embrionários de dois acessos de pinhão manso (Jatropha curcas L.), submetidos ao
armazenamento em nitrogênio líquido (-196°C).

Acessos Regeneração (%) Comprimento de Número de Raízes


Plântula1 (cm) Emitidas

Garanhuns 71,60 a 2,73 a 25,91 a


Itaporanga 64,81 b 2,23 b 15,68 b

DMS 1,13 0,015 0,40


1
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, Dados
transformados em X 1

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DIVERSIDADE GENÉTICA DE GENÓTIPOS DE PINHÃO-MANSO CULTIVADOS EM SERGIPE 1

Vanice Dias de Oliveira1; Allívia Rouse Ferreira dos Santos1; Gilvânia Melo da Silva2; Ana Veruska Cruz
da Silva3; Ana da Silva Lédo3 e Ivênio Rubens de Oliveira3
1Mestranda em Agroecossistemas-UFS; 2Graduanda Farmácia-UFS; 3Pesquisador(a) da Embrapa Tabuleiros Costeiros; e-
mail: vanice_dias@yahoo.com.br

RESUMO – O conhecimento da variabilidade genética de áreas produtoras de pinhão-manso se faz


necessário para o manejo de plantio e para a elaboração de estratégias de melhoramento genético.
Diante de tal importância, este trabalho teve como objetivo caracterizar geneticamente genótipos de
pinhão-manso, cultivados em áreas experimentais da Embrapa Tabuleiros Costeiros em dois
municípios de Sergipe (Umbaúba e Carira), por meio de marcadores moleculares RAPD. Folhas de 20
indivíduos de cada área foram submetidas à extração de DNA pelo método CTAB 2% e para geração
de polimorfismo foram empregados 31 iniciadores de síntese. Os resultados das amplificações
serviram para construção de uma matriz binária, que foi usada para estimar a similaridade genética
entre os genótipos e agrupá-los pelo método UPGMA. Também foi calculado o erro de similaridade
associado e o valor mínimo de similaridade (Sgm). Entre os indivíduos foi encontrada uma similaridade
média de 0,55 (±0,08). A amplitude das similaridades variou de 0,18 a 1,00. O Sgm foi igual a 0,72, e a
partir deste foi possível a formação de oito grupos maiores e alguns genótipos foram mais divergentes
por estarem isolados. Pode-se concluir que há a necessidade de introdução de novos genótipos devido
à baixa diversidade genética existente.
Palavras-chave – Jatropha curcas L.; biodiesel; marcadores moleculares e RAPD.

INTRODUÇÃO

O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), planta da família das Euforbiáceas, a mesma da


mamona e da mandioca, tem sido utilizado desde tempos antigos em aplicações medicinais, fabricação
de óleo para iluminação de casas e vilarejos, como cerca-viva e para a produção de sabão
(SATURNINO et al., 2005). Recentemente ganhou atenção especial para produção de biodiesel e
espalhou-se além de seu centro da origem para países tropicais e subtropicais por causa de sua
resistência à seca, propagação fácil, teor de óleo elevado, crescimento rápido, adaptação a várias
condições agroclimáticas e usos múltiplos da planta (HELLER, 1996).

1 Apoio Financeiro: FAPITEC-SE

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No Brasil, não há cultivares melhoradas que possam ser recomendadas com segurança para
os produtores (BELTRÃO et al., 2006) e para tanto, se faz necessário caracterizar e estudar a
diversidade genética, que fornecem informações básicas para composição de bancos de germoplasma
e melhoramento genético (HOSBINO et al., 2002).

Esta caracterização pode ser feita por meio de marcadores morfológicos e moleculares sendo
estes últimos mais precisos, por não serem influenciados pelo ambiente (OLIVEIRA et al.,2007). Dentre
os marcadores moleculares de DNA baseados em PCR, o RAPD destaca-se por ser um método rápido
e com o menor custo (FERREIRA & GRATTAPALIA, 1998). Desta forma, o objetivo deste trabalho foi
caracterizar, por meio de marcadores RAPD, genótipos de pinhão-manso cultivados em duas áreas
produtoras experimentais no Estado de Sergipe, Umbaúba e Carira.

METODOLOGIA

Para o estudo da variabilidade genética, foram coletadas amostras de folhas de 20 genótipos


de pinhão-manso cultivados experimentalmente em dois municípios do Estado de Sergipe: Umbaúba
(PM1) e Carira (PM2). A extração do DNA foi realizada no Laboratório de Biologia Molecular da
Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, utilizando-se o método CTAB 2%, proposto por Doyle & Doyle
(1991), com modificações.

As reações de RAPD foram baseadas no método descrito por Willians et al. (1990), usando 31
primers da Bioneer. As reações de amplificação foram conduzidas em termociclador Biocycler em um
volume total de 25µL contendo 14,8 µL de água ultra-pura; 5,0 µL de tampão PCR 10X (Promega,
USA); 0,5µL de Mix de dNTPs (10mM), 0,2µL (5 U) da enzima Taq DNA polimerase (Easy Path);
2,5µL do primer (5 mM) e 2µL do DNA genômico. Foi utilizada, para cada primer, uma reação controle.
As reações foram submetidas a 35 ciclos de amplificação após a desnaturação inicial a 96°C por 5
minutos. Cada ciclo constituiu-se de 45 segundos para desnaturação a 95°C, 45 segundos para
anelamento a 36°C, 45 segundos para a extensão a 72°C. Ao final dos 35 ciclos foi realizada uma
extensão final de 10 minutos a 72°C. Os produtos da amplificação foram separados por eletroforese
em gel de agarose 1,0% em tampão TBE 1X a 120 V por cerca de 120 minutos, e corado com brometo
de etídio e os produtos visualizados e fotografados sob luz ultravioleta.

Na avaliação dos géis, a presença (1) e ausência (0) de bandas foram usadas para a
construção da matriz binária que foi utilizada para calcular a porcentagem de polimorfismo obtida com
cada primer utilizado, além das estimativas das similaridades genéticas entre cada par de indivíduos

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empregando o coeficiente de Jaccard e método de agrupamento UPGMA (SNEATH e SOKAL, 1973).


Para análises foi utilizado o programa FreeTree (PAVLICEK et al., 1999) e para geração do
dendograma foi utilizado o TreeView (PAGE, 1996). Posteriormente também foi calculado o erro de
similaridade associado e o valor mínimo de similaridade (Sgm) como sugerido por Skroch et al. (1992).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amplificação com 31 primers gerou 111 bandas, das quais 42 foram polimórficas (37,83%) e
69 monomórficas (66,96%). A média de bandas por primer foi 3,58 e 1.35 foi a média de bandas
polimórficas por primer. Doze primers foram totalmente monomórficos e as análises de divergência
foram feitas com os 19 que apresentaram bandas polimórficas.

A matriz de similaridade genética, baseada no coeficiente de Jaccard, evidenciou similaridade


média entre os indivíduos de 0,55 (±0,08). A amplitude das similaridades variou de 0,18 (±0,08) a 1,00
(±0,00). Esta última similaridade máxima (100%) foi observada entre os genótipos PM2-19 e PM2-20, e
a mínima para os indivíduos PM1-7 e PM2-6.

O valor Sgm, acima do qual os indivíduos são considerados semelhantes, foi igual a 0,72, a
partir deste nível, observando o dendograma (Figura 1), houve a formação de oito grupos maiores
distintos, sendo que dois grupos com três genótipos (Grupo I – PM1-15, 11 e 14; Grupo II – PM1-18, 19
e 20), um com quatro genótipos (Grupo III - PM1-9, 13,10 e 12), quatro grupos destes apresentaram
dois genótipos, (Grupo IV – PM1-1 e 2; Grupo V – PM1-4 e 8; Grupo VI- PM1-6 e 7, Grupo VII - PM2-4
e PM2-50), outro grupo com 14 genótipos (Grupo VIII - PM2- 12,10, 8, 9, 11, 7, 6, 15, 16, 17, 19, 20, 13
e 14) e os outros genótipos foram considerados os mais divergentes por apresentarem apenas um
indivíduo por grupo.

Com base nos resultados, observa-se que a área experimental de Carira (PM2), apresenta os
genótipos mais similares. Em Umbaúba, mesmo os genótipos apresentando a formação de mais
grupos mais dissimilares, o nível de variabilidade genética encontrado pode ser considerado baixo. Um
provável para isto pode está associado ao fato dos lotes de sementes que compuseram os plantios
foram retirados de uma mesma matriz, ocasionado a base genética estreita entre os indivíduos

Desta maneira, recomenda-se que, com base nos resultados obtidos destas duas áreas
experimentais, sejam selecionados e priorizados genótipos que apresentem características

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agronômicas desejáveis para produção e que sejam mais divergentes para composição de um banco
de germoplasma e programas de melhoramento.

CONCLUSÃO

Os genótipos estudados das duas áreas experimentais evidenciaram baixo nível de


variabilidade genética com os marcadores RAPD.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M.; SEVERINO L. S.; VELOSO, J. F.; JUNQUEIRA, N.; FIDELIS, M.;
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n.29. 2002.

OLIVEIRA, A. C. B. de; CAIXETA, E. T.; ZAMBOLIM, E. M.; ZAMBOLIM, L.; SAKIYAMA, N. S.


Aplicação técnica de marcadores moleculares no melhoramento de plantas. Documentos, IAC,
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PAGE, R. D. M. TreeView: an application to display phylogenetic trees on personal computers.


Computer Applications in the Biosciences, 12, 1996. p. 357–358.

PAVLICEK, A.; HRDA, S.; FLEGR, J. FreeTree – freeware program for construction of phylogenetic
trees on the basis of distance data and bootstrap/jackknife analysis of the tree robustness. Application
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classification. (W. H. Freeman: San Francisco.) 1973.

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amplified by arbitrary primers are useful as genetic markers. Nucleic Acids Research, v.18, n.22, 1990.
p.6531-6535.
SGM = 0,72
PHYLIP_1
PM1-16
8 PM1-9
51 PM1-13
65
PM1-10
16 33
PM1-12
PM1-15
30
PM1-11
60
7 PM1-14
PM1-17
13 PM1-19
80
PM1-18
16 69
PM1-20
17
PM2-1
30
PM2-2
PM1-5
PM1-3
17 4 PM1-1
37
PM1-2
7
PM1-4
17 16
PM1-8
100
PM1-6
55
PM1-7
PM2-3
PM2-18
PM2-12
PM2-10
25 47
PM2-8
55
18 PM2-9
33 44
7 PM2-11
21
PM2-7
PM2-6
8 PM2-15
7 PM2-16
16
23 23 PM2-17
29
PM2-19
97
PM2-20
PM2-13
23
PM2-14
PM2-4
61
PM2-5
0.1

Figura 1. Dendrograma de similaridade genética a partir do coeficiente de Jaccard e agrupado pelo método UPGMA entre
40 genótipos de Jatropha curcas L. cultivados em duas áreas do Estado de Sergipe. PM1 – Umbaúba e PM2- Carira.

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EXPRESSÃO GÊNICA DURANTE A BIOSSÍNTESE DOS ÁCIDOS GRAXOS EM SEMENTES DE


R. communis L. E J. curcas L. 1

Aline da Costa Lima1, Gustavo Gilson Lacerda Costa, Kiara1 Carolina Cardoso1, Muciana A. Cunha2,
José Nicomedes Junior3, Gilberto Barbosa Domont4, Muciana A. Cunha2, Francisco de Assis Paiva
Campos2 e Márcio José da Silva1
Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética, CBMEG, Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP,
1

Campinas, SP, Brasil. marciojs@unicamp.br; 2 Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do
Ceará, UFC; 3 PETROBRAS - CENPES, Rio de Janeiro; 4 Instituto de Química, UFRJ, Rio de Janeiro

RESUMO – Diversas pesquisas têm sido desenvolvidas com foco na produção de biodiesel como
combustível alternativo. Por isso, é de fundamental importância entender os mecanismos pelos quais
as plantas oleaginosas sintetizam e acumulam o óleo (composto majoritariamente por ácidos graxos)
no endosperma de suas sementes, visando este conhecimento para utilização em programas de
melhoramento. Neste trabalho, apresentamos a montagem das vias de biossíntese de óleo para
sementes em desenvolvimento de R. communis L. e de desenvolvimento e germinação de J. curcas L.,
a partir da construção de bibliotecas de ESTs. A partir destas vias, inferimos os diferentes níveis de
expressão para cada gene nas diversas etapas das vias de biossíntese dos ácidos graxos em R.
communis L. e J. curcas L.
Palavras-chave – Jatropha curcas L, Ricinus communis L, sementes, ácidos graxos, ESTs, expressão
gênica.

INTRODUÇÃO

Diversas pesquisas têm sido desenvolvidas com foco na produção de biodiesel como
combustível alternativo. Por isso, é de fundamental importância entender os mecanismos pelos quais
as plantas oleaginosas sintetizam e acumulam o óleo (composto majoritariamente por ácidos graxos)
no endosperma de suas sementes. Uma estratégia é analisar a expressão dos genes relacionados com
as diferentes etapas da formação dos corpúsculos lipídicos, para um determinado tecido específico.
Isto pode ser realizado através da construção in Silico das vias de biossíntese com os dados obtidos a
partir de bibliotecas de ESTs construídas em diferentes fases do crescimento ou tecidos da planta.

1 Unicamp,UFC, BNB, Petrobrás e ANP. Projeto de P&D financiado pela Petrobras conforme Regulamento
5/2005 da ANP

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Neste trabalho, apresentamos a montagem das vias de biossíntese de óleo para sementes em
desenvolvimento de R. communis L. e de desenvolvimento e germinação de J. curcas L., a partir da
construção de bibliotecas de ESTs. A partir destas vias, inferimos os diferentes níveis de expressão de
cada gene nas diversas etapas da via biossíntese dos ácidos graxos e nas fases de desenvolvimento e
germinação de R. communis L. e J. curcas L.

METODOLOGIA

Os RNAs das sementes nos diferentes estágios foram extraídos utilizando Concert Plant RNA
Reagent – Invitrogen. As bibliotecas de cDNA foram construídas utilizando-se a ―BD SMART
Technology‖ [1] e LD-PCR [2]. O seqüenciamento de DNA foi realizado utilizando o método Sanger [3].
Os cromatogramas foram lidos com o programa Phred [4] e o programa BD2006TRIMMER [5] foi
utilizado para eliminar regiões com similaridade ao vetor, regiões de baixa qualidade e caudas poli-A.
As sequências maiores que 100 pb foram mantidas para clusterização. Para identificação dos genes
relacionados à biossíntese de ácidos graxos, os clusters foram submetidos ao KAAS (KEGG Automatic
Annotation Server) [6]. Em seguida, separamos os clusters correspondentes à via metabólica de
biossíntese de ácidos graxos (KEGG map00061) e identificamos o número de reads em cada um.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nas vias do KEGG (map00061) foi possível identificar EST‘s codificantes para a
maioria das enzimas envolvidas na biossíntese dos ácidos graxos de R. communis L. Particularmente,
pode-se observar um aumento significativo do nível de expressão das enzimas envolvidas nas últimas
etapas de síntese dos ácidos oléico e esteárico Além da biossíntese dos ácidos graxos comuns à
maioria das plantas oleaginosas, R. communis L. também produz o ácido ricinoléico, que tem como seu
precursor o ácido oléico [7]. A via de biossíntese de ácidos graxos no KEGG não descreve a formação
do ácido ricinoléico, e por isso fizemos uma busca refinada no genoma de R. communis L. e em nossa
biblioteca pelas enzimas presentes na via proposta para síntese deste ácido a partir do ácido oléico
descrita em Bafor et al, [7]. Com estas análises encontramos as enzimas que são possíveis candidatas
a catalisar as reações I a IV (Figura 2).

Com relação às vias de biossíntese de óleo de J. curcas L., seguimos os mesmos parâmetros
do KEGG que utilizamos para a R. communis L. Nestes dados podemos perceber que as plantas

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seguem o mesmo padrão de expressão dos genes relacionados com a biossíntese de óleo. Assim
como R. communis L., J. curcas L. também apresenta o mesmo aumento da expressão dos genes na
fase final da via de produção de óleo (Figura 3). Neste trabalho também construímos uma biblioteca de
ESTs de sementes de J. curcas L. em germinação, realizamos uma análise adicional das vias de
biossíntese de óleo desta biblioteca. A Figura 4 mostra o quanto na fase de geminação os genes
relacionados com a biossíntese de óleo estão pouco expressos em relação à semente em
desenvolvimento.

CONCLUSÃO
A partir dos mapas de biossíntese propostos pelo KEGG, obtivemos o nível de expressão, em
número de ESTs, para a maioria das enzimas envolvidas nas vias de biossíntese dos ácidos graxos em
sementes de J. curcas L e R. communis L. Assim como esperado, foi observado um alto nível de
expressão destas enzimas no estágio de desenvolvimento das sementes de ambas as oleaginosas,
visto que é neste tecido e estágio que estas plantas acumulam óleo. Para J. curcas L, observamos que
o nível de expressão dessas enzimas é menor durante o desenvolvimento das sementes é menor em
relação ao desenvolvimento, pois este é um estágio dedicado especialmente ao acúmulo de óleo,
enquanto na germinação esse óleo será utilizado como fonte de energia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Computational Biology, Proceedings, 2005. 3594: p. 206-209.

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lambda bacteriophage templates. Proc Natl Acad Sci U S A, 1994. 91(6): p. 2216-20.

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length cDNA library construction. Biotechniques, 2001. 30(4): p. 892-897.

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Figura 14 - Via de biossíntese de ácidos graxos em semente em desenvolvimento de R. communis L. Em destaque estão as
enzimas para as quais encontramos pelo menos um transcrito na biblioteca. A cor está relacionada ao nível de expressão
de cada enzima. Foi observado que, para algumas reações, a enzima correspondente não foi encontrada em nossos dados.

Figura 15 - Figura 2. Via proposta por Bafor et al. (1991) para síntese do ácido ricinoléico a partir do ácido oléico. Ao lado de
cada reação, estão os GIs (identificadores do Genbank) para as possíveis enzimas que as catalisam. Em vermelho, está o
número de ESTs identificados em nossa biblioteca correspondente a cada enzima.

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Figura 3 - Via de biossíntese de ácidos graxos em semente em desenvolvimento de J. curcas L. Em destaque estão as
enzimas para as quais encontramos pelo menos um transcrito na biblioteca. A cor está relacionada ao nível de expressão
de cada enzima. Foi observado que, para algumas reações, a enzima correspondente não foi encontrada em nossos dados.

Figura 4 - Via de biossíntese de ácidos graxos em semente em germinação de J. curcas L. Em destaque estão as enzimas
para as quais encontramos pelo menos um transcrito na biblioteca. A cor está relacionada ao nível de expressão de cada
enzima. Foi observado que, para algumas reações, a enzima correspondente não foi encontrada em nossos dados.

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EXPRESSÃO GENOTÍPICA DE DENDEZEIROS (Elaeis guineensis JACQ.) DURANTE A


FORMAÇÃO DE CALOS EMBRIOGÊNICOS 1

Rafael de Carvalho Silva1; Zanderluce Gomes Luis2; Jonny Everson Scherwinski-Pereira3


Mestrando em Biotecnologia, Universidade Federal do Amazonas – UFAM. E- mail: carvalho_fael@yahoo.com.br. 2
1

Doutoranda em Botânica, Universidade de Brasília – UNB. 3 Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – Cenargen,
Brasília – DF. E-mail: jonny@cenargen.embrapa.br

RESUMO – O dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) é a oleaginosa mais produtiva comparada com às
demais, com rendimento de óleo entre 5 a 7 toneladas por hectare. Este trabalho teve como objetivo
avaliar a expressão genotípicas de dendezeiros durante a formação de calos embriogênicos a partir de
embriões zigóticos. Foram utilizados embriões zigóticos obtidos de frutos maduros, coletados de
plantas adultas de nove genótipos: C2001, C2328, C2301, C3701, CM1115, C7201, C2528, C2501 e
CN1637. Inicialmente, as sementes foram esterilizadas e os embriões zigóticos foram inoculados em
meio de cultura para a indução de calos. Os embriões foram mantidos em sala de crescimento com
temperatura de 25±2ºC, em condição de escuro durante 150 dias, com subcultivos a cada 30 dias. A
cada subcultivo foi determinada a porcentagem de explantes com formação de calo embriogênico. De
maneira geral, aos 150 dias de cultivo em meio de cultura de indução, os explantes dos diferentes
genótipos apresentaram diferenças significativas nas taxas de formação de calos embriogênicos, com
valores superiores (entre 90% e 100%) quanto à formação de calos para os genótipos C2501, C2001,
C7201, C2528, C2328 e C3701, verificando que para o dendezeiro diferentes genótipos apresentam
respostas diferenciadas in vitro, mesmo quando cultivados sob condições ambientais e nutricionais
semelhantes.
Palavras-chave – Elaeis guineensis, micropropagação, genótipo, clonagem.

INTRODUÇÃO

O dendezeiro (Elaeis guineensis JACQ.) é cultivado em muitos países tropicais da Ásia, África
e da América do Sul, constituindo-se como uma das principais fontes de óleo vegetal. É a oleaginosa
mais produtiva comparativa às demais, com rendimentos de óleo entre 5 a 7 toneladas por hectare
(Rajesh et al., 2003), possuindo características químicas, como os ácidos oléico (52%) e linoléico
(11%) (Miranda et al., 2000), que são responsáveis por até 80% da composição do petróleo (Deore &
Johnson, 2008).

1 CNPq; Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia-Cenargen.

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Em razão desse potencial econômico do biodiesel diversos programas de melhoramento do


dendezeiro têm surgido pelo mundo, com destaque à Instituições sediadas em países do Continente
Asiático e da America Latina. O programa conduzido pelo Brasil baseia-se fundamentalmente na
coleção de germoplasma na Bacia do Rio Amazonas (Embrapa Amazônia Ocidental) introduzido em
razões de parcerias entre a Embrapa e Cirad (França) (Pandolfo, 1981) em meados dos anos 80.
Apesar de mais de 20 anos de trabalhos, ainda é baixo o número de materiais selecionados,
melhorados e lançados convencionalmente, em razão do longo ciclo da cultura (Low et al., 2008).
Assim, uma preocupação observada nos programas de melhoramento da espécie refere-se à
multiplicação dos genótipos selecionados, visto que a principal forma de propagação é via sementes
(Scherwinski-Pereira et al., 2010).

Dentre as diferentes técnicas de propagação in vitro, a embriogênese somática é sem dúvida a


mais indicada para a clonagem de palmeiras (Teixeira et al., 1993; Ledo et al., 2002). Está técnica
envolve a regeneração de plantas por meio de embriões a partir de tecidos somáticos desde que
condições especiais de crescimento, como meios de cultura, reguladores de crescimento e condições
ambientais sejam fornecidos adequadamente aos cultivos (Guerra et al., 1999). Diante do exposto, este
trabalho tem como objetivo avaliar a expressão genotípica durante a formação de calos embriogênicos
a partir de embriões zigóticos em dendezeiros (Elaeis guineensis Jacq.).

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos II da Embrapa Recursos


Genéticos e Biotecnologia, em Brasília – DF. Para o trabalho foram utilizados embriões zigóticos
obtidos de frutos maduros de dendê, coletados de plantas adultas de nove genótipos: C2001, C2328,
C2301, C3701, CM1115, C7201, C2528, C2501 e CN1637, cedidos gentilmente pelo Programa de
Melhoramento Genético da Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus – AM.

Inicialmente, o endocarpo das sementes foi removido para a obtenção das amêndoas.
Posteriormente, em capela de fluxo laminar as amêndoas foram imersas em etanol 70% por três
minutos, seguido de 20 minutos em solução de hipoclorito de sódio 2,5% (solução comercial), e tríplice
lavagem em água destilada e autoclavada. Os embriões zigóticos foram então removidos com o auxilio
de pinça e bisturi e inoculados em meio de cultura de indução de calos (MMBD), conforme descrito por
Balzon (2008), sendo posteriormente autoclavado a 121ºC e 1,3 atm. de pressão por 20 minutos.

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Os embriões foram mantidos em sala de crescimento com temperatura de 25±2ºC, em


condição de escuro durante 150 dias, com subcultivos a cada 30 dias. A cada subcultivo foi
determinada a percentagem de explantes com formação de calo embriogênico. O delineamento
experimental adotado foi o inteiramente casualizado, composto por nove genótipos com cinco
repetições, sendo cada parcela formada por 10 embriões zigóticos. Os dados obtidos foram analisados
com o emprego do programa de análises estatísticas SANEST (Zonta & Machado, 1984), com as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aos 30 dias de cultivo em meio de indução, os genótipos C2501, C7201 e C2528 começaram a
formar calo primário na região proximal do explante em 2,8%, 0,4% e 1,6% respectivamente dos
explantes em cultivo (Tabela 1), não diferindo estatisticamente, porém, dos demais genótipos que não
apresentaram formação de calo neste período. No entanto, de maneira geral os embriões zigóticos
intumesceram duplicando de tamanho.

Em todos os genótipos houve a formação de calo primário aos 60 dias de cultivo (Tabela 1).
Ainda neste período, verificou-se a abertura da região proximal do explante, fato que possibilitou a
formação de calos primários nessa região. Nesse período foi possível classificar os genótipos em dois
grupos quanto à percentagem de calo: o primeiro grupo composto pelos genótipos C2001, C2501,
C2528 e C3701, que apresentaram formação de calo primário entre 54% e 81% dos explantes, valores
significativamente superiores àqueles observados para o segundo grupo formado pelos genótipos
C7201, C2328, C2301, CN1637 e CM1115 que apresentaram valores de formação de calo primário
entre 7% e 30% (Tabela 1).

Já aos 90 dias de cultivo os genótipos mostraram-se mais homogêneos quanto à percentagem


de calo formado (Tabela 1). De maneira geral, não foram observadas diferenças significativas entre os
genótipos, com exceção dos genótipos C7201, C2301e CN1637 que apresentaram valores para
formação de calos primários estatisticamente inferiores aos demais. Neste período, os calos primários
apresentavam-se compactos, de aspecto nodular e coloração amarelo-claro, estendendo-se por toda a
região proximal do explante. Moura et al. (2009b) observaram dois tipos de calo na indução da
embriogênese somática a partir de embriões zigóticos em Acrocomia aculeata: o calo tipo I com
aspecto friável, e o calo tipo II com aspecto nodular e coloração amarelada. Para esses autores
somente o calo tipo II foi considerado calo embriogênico.

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De maneira geral, a partir dos 120 dias de cultivo em meio de indução, os explantes dos
diferentes genótipos testados não mais apresentaram melhorias significativas nas taxas de formação
de calos nos explantes estabelecidos, sugerindo ser desnecessário o prolongamento desta etapa de
indução de calos até os 150 dias. No entanto, entre os genótipos verificaram-se diferenças
significativas nas taxas de formação de calos aos 150 dias de cultivo, com valores significativamente
superiores (entre 90% e 100%) quanto a formação de calos para os genótipos C2501, C2001, C7201,
C2528, C2328 e C3701 (Tabela 1).

CONCLUSÃO

- Os genótipos de dendezeiro C2501, C2001, C7201, C2528, C2328 e C3701 apresentam


maior freqüência de formação de calos que os demais, com valores entre 90% e 100%;

- Diferentes genótipos de dendezeiro apresentam respostas diferenciadas in vitro, mesmo


quando cultivados sob condições ambientais e nutricionais semelhantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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vitro de calos embriogênicos obtidos a partir de embriões zigóticos de dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.).
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LOW, E., ALIAS, H., BOON, S., SHARIFF, E.M., TAN, C.A., OOI, L.C., CHEAH, S., RAHA, A., WAN, K., SINGH,
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Nacional de Agroenergia, 2006-2011, 2° edição revisada. Brasília, DF, 2006.

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MIRANDA,R. de M.; MOURA, R.D – Óleo de dendê, alternativa ao óleo diesel como combustível para geradores
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MOURA, E.F., MOTOIKE, S.Y., VENTRELLA, M.C., JUNIOR, A.Q.S., CARVALHO, M. Somatic embryogenesis
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ZONA, E.P.; MACHADO, A.A. SANEST: sistema de análise estatística para microcomputadores. Pelotas: UFPel,
1984. 138p.

Tabela 9 - Respostas genotípicas na indução de calos embriogênicos em embriões zigóticos


maturos de dendezeiros, em razão do período de cultivo em dias

Percentagem de calos/dias de cultivo


Genótipo 0 30 60 90 120 150
C2501 - 2,82aC 66,94abB 73,22abB 100aA 100aA
C2001 - 0aB 81,06aA 81,06aA 99,14aA 99,14aA
C7201 - 0,41aC 23,21cdB 35,92bcB 100aA 100aA
C2528 - 1,64aB 68,82abA 80,41aA 95,17aA 95,17aA
C2328 - 0aC 29,60bcdB 47,98abcB 99,58aA 99,58aA
C3701 - 0aC 54,02abcB 62,22abAB 90,75abA 90,75abA
C2301 - 0aC 9,72dBC 33,71bcAB 58,49bcA 58,49bcA
CN1637 - 0aC 7,26dBC 16,42bcAB 50,82cA 50,82cA
CM1115 - 0aC 22,26cdB 60,17abA 62,43bcA 62,43bcA
*Médias seguidas por letras distintas dentro de cada item avaliado, minúsculas na vertical (entre os genótipos testados) e
maiúsculas na horizontal (entre os dias de avaliação), diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

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FORMAÇÃO DE CALOS EMBRIOGÊNICOS FRIÁVEIS EM PINHÃO MANSO


(JATROPHA CURCAS L.).

Wesley Machado 1 ; Gracielle Teodora da Costa Pinto Coelho 2


1– Pós-Graduando em Biotecnologia (UFLA), FEAD -Campus Pilar, Rua Otílio de Macedo, 12, Pilar, CEP , Belo Horizonte,
Minas Gerais, fone (31) 3288-1218 email: w.machado@yahoo.com.br .2 – Dra. em Fisiologia Vegetal. Professora
Coordenadora LabBiotec-FEAD: FEAD -Campus Pilar, Rua Otílio de Macedo, 12, Pilar, CEP ,: gracielle.costa@gmail.com

RESUMO- A propagação por sementes do pinhão manso (Jatropha curcas L.) apresenta variações
genéticas e ambientais que podem influenciar na produtividade da espécie. A presença de indivíduos
que apresentem produtividade acentuada já é observada em propriedades produtoras em todo o Brasil.
A aplicação de técnicas de clonagem, via cultura de tecidos, podem contribuir para a fixação destes
indivíduos como parentais altamente produtivos. Desta forma, testou-se a influencia de diferentes
concentrações 2,4 ácido diclorofenoxiacético e, presença ou ausência de vitaminas (tiamina, ácido
nicotínico e piridoxina), no processo de calogênese do pinhão manso. Para tanto, embriões de pinhão
manso foram germinados ―in vitro‖ e seus meristemas excisados após 30 dias de cultivo e meio MS. Os
meristemas foram inoculados em meio nutritivo (MS) suplementado com vitaminas (0, 0,25 mg L -1) e
2,4-D (1,5 e 3 mg L-1) nas seguintes combinações de vitaminas e 2,4-D: M1 (0,25 e 1,5 mg L-1), M2
(0,25 e 3,0 mg L-1), M3 (0,0 e 1,5 mg L-1) e M4 (0,0 e 3,0 mg L-1). Transcorridos 45 dias os meristemas
foram avaliados. Observou-se que a utilização de vitaminas não influencia na formação de calos. O
meio MS suplementado com 1,5 mgL-1 de 2,4 D mostrou os melhores resultados na indução de calos
friáveis em pinhão manso.
Palavras-chave- Jatropha curcas, meristema apical, vitaminas e 2,4-D.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, com os problemas ambientais crescentes, falam-se muito na utilização de
combustíveis menos poluentes. Dentre estes, destaca-se o biodiesel, um combustível derivado de
biomassa renovável e que pode substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil. A
produção de biodiesel vem crescendo rapidamente no Brasil (Globo Rural, 2006). Dentre as fontes de
óleo para biodiesel destaca-se o pinhão manso (Jatropha curcas L.).

O pinhão manso é uma arvoreta, da família das Euphorbiaceae. Foi muito utilizada para a
fabricação de sabão e mais recente como cerca viva em áreas rurais (Dias et al., 2007). A maior
atribuição desta planta nos dias atuais é o grande teor em óleo na semente, podendo superar 30% de
sua massa seca e persistir por mais de 40 anos durante seu ciclo produtivo. A produção de biodiesel
pode chegar de 1100 a 1700 litros por hectare, de acordo com estudos realizados, a produção de

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hectare/ano consegue abastecer 20 picapes. (Globo rural, 2006). Um dos problemas encontrado no
pinhão manso é a produção desuniforme de frutos.

A propagação do pinhão manso é viável por sementes e estacas, mas apresentam


irregularidades produtivas (Nunes, 2007). Para superar esse problema sugere-se a propagação in vitro.
Segundo Souza et al. (2006) um pequeno número de explantes pode regenerar milhares de plantas.
Os clones regenerados são idênticos ou superiores fenotipicamente a planta matriz, quando se refere
ao tempo para produção. A propagação in vitro, requer reduzido espaço físico para produção e
constitui uma ferramenta eficiente na eliminação de patógenos. No entanto, ainda pouco se sabe sobre
o emprego desta técnica para o pinhão manso.

Buscando desenvolver formas de cultivo in vitro de pinhão manso, torna-se necessário a


obtenção de protocolo de clonagem, para tanto, concentrações de 2,4 ácido diclorofenxiacético foram
testadas visando a formação de calos embriogênicos friáveis, a partir de meristemas.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado no LabBiotec-FEAD. As sementes utilizadas no presente experimento


foram cedidas pelo produtor Nagashi Tominaga do Município de Janaúba, MG. As sementes foram
descascadas e submetidas à assepsia por imersão em detergente comercial a 0,5% por um período de
um minuto, seguido pela imersão em álcool 70% v/v por um minuto e hipoclorito de sódio a 2,5% por 15
minutos sob agitação constante.

As sementes foram lavadas três vezes com água destilada estéril e os embriões retirados das
sementes sem as folhas cotiledonares, em uma câmara de fluxo laminar. Os embriões foram colocados
em placas de petri, com meio MS (Murashige & Skoog, 1962) suplementado com vitaminas (0 e 0,25
mg l-1) e 2,4-D (1,5 e 3,0 mg l-1), contendo carvão ativado na concentração de 1,5 g l-1 para ajudar no
desenvolvimento dos embriões (Nunes, 2007) ágar 7,0 g l-1 e sacarose 30,0 g l-1 e colocados no
escuro.

Após, aproximadamente 5 dias os embriões foram retirados do escuro e colocados sob luz.
Cada combinação do tratamento de vitaminas e 2,4-D: M1 (0,25 e 1,5 mg l-1), M2 (0,25 e 3,0 mg l-1),
M3 (0,0 e 1,5 mg l-1) e M4 (0,0 e 3,0 mg l-1 ). Aos 45 dias os calos foram avaliados de acordo com a
formação de calos se ocorreu ou não o desenvolvimento dos meristemas. O pH de cada meio citado
acima foi aferido em 5,8 +/-0,2. Cada frasco contendo meio para calogênese, foi inoculado com 10
explantes em cada tratamento, com 2 repetições.

As culturas foram mantidas em sala de crescimento à temperatura de 26 ±2ºC, umidade


relativa do ar em torno de 70%, com irradiação de 30 µmol m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 horas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Transcorridos 45 dias os calos foram avaliados quanto ao desenvolvimento e formação de


calos em meios suplementados com a auxina sintética e vitaminas. Observou a presença de calos
todos os experimentos suplementados com 2,4-D. Demonstrando a eficiência do regulador de
crescimento para formação de calos em pinhão manso.

O‘Connor-Sánchez et al. (2002) descrevem o início da formação de calos, a partir de sementes


germinadas, de suas partes meristemáticas, formando calos, tanto embriogênicos quanto
organogênicos em meios de cultura contendo auxina e citocinina. Coelho et al. (2005) trabalhando
com estas plântulas germinadas, obtiveram 20% de formação de calos embriogênicos do tipo II
(Armstrong & Green, 1995). Carneiro et al. (2004) acrescentam ainda a importância da regeneração
eficiente dos explantes, uma vez que este passo é primordial para se obter sucesso na produção de
plantas clonadas

Torres et al., (1998) descreveram a ação do 2,4-D na formação de calos embriogênicos, como
os observados no pinhão manso, no entanto, autores como Londe (2005) afirmam que para algumas
espécies, o melhor desenvolvimento de calos acontece na ausência de 2,4-D, discordando dos dados
apresentados acima. Este mesmo autor, também demonstra em seus trabalhos a influencia da fase
inicial, em ausência de luz, favorecendo o desenvolvimento dos calos (Londe, 2005). Apesar disto, é
notório a influencia da auxina no desenvolvimento de calos embriongênicos, via embriogênese
somática, desde os estudos básicos descritos por Murashige & Skoog (1962), como os mais
contemporâneos descritos por Armstrong & Green (1995), Torres et al., (1998), O‘Connor-Sánchez et
al. (2002), Carneiro et al. (2004), Coelho et al. (2005)

Para o pinhão manso a utilização de auxinas na formação de calos a partir de embriões


mostrou-se eficiente. A melhor concentração foi 1,5 mg l-1 de 2,4-D, a adição de vitaminas no meio não
alterou o desenvolvimento dos calos demonstrando que não há influencia direta na associação de
vitaminas e 2,4-D, tornando-as dispensáveis.

O uso de apenas meio MS, sem suplementação induziu o desenvolvimento de raízes e parte
aérea em praticamente todos os embriões que estavam inoculados neste meio e que não houve
nenhuma diferenciação em calos dos embriões.

A figura 1 mostra o desenvolvimento dos calos em diferentes concentrações de 2,4-D, em


alguns casos, além da calogênese observou-se a formação de partes radiculares.

Em MS suplementado com 1,5 mg l-1 de 2,4-D, observou-se a formação de raízes, mas 80% da
massa do esplantes correspondia a calos formados. Em MS suplementado com de 3,0 mg l -1 de 2,4-D
houve a exudação de compostos fenólicos pelos esplantes, estes compostos oxidaram parte dos calos
formados levando ao escurecimento do mesmo.

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CONCLUSÃO

Para a indução de calos friáveis de pinhão manso, o meio MS suplementado com 1,5 mg l-1 de
2,4-D, apresentou melhores resultados.

A utilização de vitaminas não interfere na formação de calos e nem no desenvolvimento dos


mesmos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Figura 1: Formação de calos em diferentes concentrações de 2,4-D. A: MS-0; B e D: MS + 1,5 mg L-1 2,4-D, C e E: MS + 3,0
mg L-1 2,4-D.

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INFLUENCIA DE BAP E ANA NA FORMAÇÃO DE CALOS DE JATROPHA CURCAS L.

Wesley Machado1, Andréa Almeida Carneiro2 e Gracielle Teodora da Costa Pinto Coelho3
1Agrônomo, Pós-graduando em Biotecnologia, FEAD, E-mail: w.machado@yahoo.com.br; 2Bióloga, PhD, EMBRAPA, E-
mail:aandreac@cnpms.embrapa.br; 3Bióloga, Dra, FEAD/FASC, E-mail: gracielle.costa@gmail.com

RESUMO – O pinhão manso (Jatropha curcas L.) possui altos teores de óleo nas sementes, em torno
de 30% com base na matéria seca. Entretanto, apresenta produção de sementes bastante irregular
entre os indivíduos. O cultivo in vitro de explantes de pinhão manso é a base para a obtenção de
genótipos desejáveis. Desta forma, buscou-se produzir calos regeneráveis de pinhão manso, visando à
produção clones altamente produtivos. Explantes oriundos de embriões germinados in vitro foram
inoculados em meio nutritivo de Murashige e Skoog, 1962, suplementado com os reguladores de
crescimento BAP (6-benzilaminopurina) e ANA (ácido naftaleno acético), em diferentes concentrações
combinados em 25 tratamentos. Os resultados indicaram que a adição do BAP e ANA induz a formação
de calos.
Palavras-chave – Jatropha curcas L., Calogênese, BAP e ANA

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, com os problemas ambientais cada vez mais crescentes, a busca para
soluções ecologicamente menos agressivas tem sido evidente, uma delas é a utilização de
combustíveis menos poluentes. Dentre estes, destaca-se o biodiesel, combustível derivado de
biomassa renovável e que pode substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil. De
grande importância, uma vez que o emprego deste tipo de combustível evitaria o desequilíbrio da
ciclagem do carbono (ODUM, 1988). A produção de biodiesel vem crescendo rapidamente no Brasil
(GLOBO RURAL, 2006). Dentre as fontes de biodiesel destaca-se o pinhão manso (Jatropha curcas
L.). Isto se dá pelo alto teor em óleo na semente, podendo superar 30% de sua massa seca e por sua
persistência no cultivo que chega a mais de 40 anos durante seu ciclo produtivo, sua produtividade
média é de 2 ton/ha (AZEVEDO, 2006;CHAVES et al., 2009 ). Como é uma espécie perene, esta
contribui positivamente para a conservação do solo e sua microfauna e reduzindo o custo de produção,
importante fator econômico, especialmente na agricultura familiar, de famílias com baixa renda, uma
vez que segundo Nunes (2007) a planta pode apresentar várias propriedades desejáveis em relação a

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outras plantas como bom crescimento em solos de baixa fertilidade e com alto teor de cascalho e areia.
Além de apresentar robustez, larga tolerância ambiental, adaptação a vários tipos de solos
improdutivos (CHAVES et al., 2009)

A propagação do pinhão manso é viável por sementes e estacas, mas apresentam


irregularidades produtivas (Nunes, 2007). Parte disto se dá pela maturação desuniforme dos frutos que
pode ser influenciada pela sazonalidade do período chuvoso, pela ação prolongada dos ventos na
época da floração.

Para superar esse problema sugere-se a propagação in vitro. Segundo Souza et al. (2006) um
pequeno número de explantes podem regenerar milhares de plantas. Os clones regenerados são
idênticos ou superiores fenotipicamente a planta matriz, requerendo curto período de tempo para
produção, reduzido espaço físico de produção e constitui uma porta para eliminar patógenos, entre
outros.

Para desenvolver o cultivo in vitro do pinhão manso, é necessário verificar o melhor protocolo
de cultivo, bem como as concentrações hormonais a fim de se obter indivíduos superiores e que
apresentem bom rendimento no campo. O presente trabalho tem como objetivo principal desenvolver o
cultivo in vitro do pinhão manso através da produção de calos.

METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido em Belo Horizonte, no laboratório de cultura de tecidos,


LabBiotec FEAD . Os explantes com de 2cm, foram retirados de folhas cotiledonares de plântulas
germinadas in vitro, e inoculados em meio MS suplementado com diferentes concentrações dos
reguladores de crescimento ANA e BAP, de acordo com o quadro 1, objetivando a obtenção de calos.

O experimento totalizou 25 diferentes tratamentos com 5 repetições e 5 explante em cada


repetição, totalizando 125 frascos e 625 calos formados.

Estes explantes permaneceram neste meio durante 45 dias sem subcultivo, foram realizadas
avaliações semanais, a cada 7 dias, iniciando no 14˚ dia de cultivo no meio suplementado com ANA X
BAP, totalizaram 4 observações.

Os calos foram avaliados de acordo com o a sua morfologia, textura e taxa de crescimento.

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Durante todo o processo os explantes e calos formados foram mantidos e sala de crescimento
com temperatura 25±2ºC, umidade relativa em torno de 70%, irradiação de 30 µmol m -2 s-1 e
fotoperíodo de 16 horas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O cultivo in vitro apresenta altas taxas de multiplicação, minimização da demanda de espaço


físico, ausência de pragas e doenças durante o cultivo in vitro, se apresentando como uma técnica
segura, pelo controle de todos os fatores envolvidos (Higashi et al. 2002; Andrade et al. 2006).

Apesar de a propagação do pinhão manso ser viável por sementes e estacas, estas
apresentam grandes irregularidades produtivas (NUNES, 2007). O cultivo in vitro é recomendado por
não apresentar este tipo de problemas além de reunir características como multiplicação rápida de
plantas selecionadas, obtenção de mudas livres de patógenos, conservação e transporte de
germoplasma de interesse, sendo um aliado ao melhoramento genético convencional. Um pequeno
número de explantes pode regenerar milhares de plantas. Os clones regenerados são idênticos ou
superiores fenotipicamente a planta matriz, requerendo curto período de tempo para produção,
reduzido espaço físico de produção e constitui uma porta para eliminar patógenos, entre outros. Apesar
da importância da espécie ainda pouco se sabe sobre estes protocolos aplicados ao pinhão manso.

Assim sendo, dos 25 diferentes tratamentos testados, todos foram capazes de induzir a
formação de calos no pinhão manso, indiferente da concentração e do balanço de reguladores de
crescimento presente no meio. Entretanto, nem todos os calos formados foram do tipo friável.

Estes resultados demonstram que esta espécie se mostra promissora para o cultivo in vitro e
para o desenvolvimento de protocolo para formação de calos embriogênicos do tipo II, que
posteriormente poderiam ser aplicados em processos biotecnológicos para obtenção de linhagens
superiores altamente produtivas.

Resultados similares foram também observados por Barboza et al. (2007), trabalhando também
com pinhão manso em concentrações de BAP e ANA similares ao utilizados neste experimento.

Fatores como o balanceamento entre os reguladores de crescimento BAP e ANA podem


influenciar diretamente a formação dos calos, parte aérea e radicular de acordo com o balanço dos
mesmos no meio de cultura além de impedir o desenvolvimento e até mesmo levar o explante a morte.

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O desenvolvimento de formação radicular foi observado no tratamento A, onde o balanço dos


reguladores de crescimento era 0, neste caso os explantes foram capazes de formar raiz apenas em
MS, vale ressaltar ainda que em todos os explante que apresentaram esta formação, a mesma
originou-se da nervura central presente no explante inicial, resultado justificável, uma vez que esta área
apresenta maior capacidade de regeneração de partes aérea e raiz, pela presença de células
altamente desdiferenciáveis.

A formação de calos friáveis, a morfologia dos mesmos e seu desenvolvimento e textura, bem
como a taxa de crescimento, podem ser observado na Figura 1.

CONCLUSÃO

A utilização de reguladores de crescimento foi satisfatória para a indução de calos.

As melhores concentrações de ANA e BAP para a formação de calos friáveis são as


combinações E,F,G,H,I,J,L,N,Q,R,S,T,V,W,X,Y.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Andrade, W.F.; Almeida, M.; Gonçalves, A.N. Multiplicação in vitro de Eucalyptus grandis sob
estímulo com benzilaminopurina.. Pesquisa Agropecuária Brasileira. 41(12): 1715-1719; 2006

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A B C D

Figura1: Formação de calos de pinhão manso com 45 dias de subcultivo suplementados com
diferentes concentrações de ANA e BAP em meio MS. A- meio A sem suplementação, B- meio F 0,5
mg l-1 ANA e 0 mg l-1 BAP, C- meio H 0,5 mg l-1 ANA e 1 mg l-1 BAP, D- meio W 2 mg l-1 ANA e 1 mg l-1
BAP.

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Quadro 1. Combinação dos Reguladores de Crescimento.

BAP
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
ANA

0,0 A B C D E

0,5 F G H I J

1,0 K L M N O

1,5 P Q R S T

2,0 U V W X Y

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PURIFICAÇÃO DE LECTINAS DE TORTA DE MAMONA UTILIZANDO CROMATOGRAFIA DE


AFINIDADE DE MATRIZES DE GOMA DE GUAR E XILOGLUCANA. 1

Vitor Paulo Andrade da Silva1; Roselayne Ferro Furtado2; João Bosco de Carvalho1; Gardenny Ribeiro
Pimenta1; Carlucio Roberto Alves1; Renato de Azeredo Moreira3; Ana Cristina de Oliveira Monteiro
Moreira3; Rosa Amalia Fireman Dutra4.
1 Universidade Estadual do Ceará – vitorvolt@hotmail.com; 2Embrapa Agroindústria Tropical; 3Universidade de
Fortaleza ; 4Universidade Estadual de Pernambuco.

RESUMO – As lectinas são proteínas que possuem sítios ativos para carboidratos. Dentre elas,
destacamos a ricina e a ricinus aglutinina, que são encontradas na torta de mamona, um dos principais
subprodutos do beneficiamento da semente de mamona na produção do biodiesel. O objetivo deste
trabalho foi avaliar o potencial de uso das matrizes de xiloglucana e de goma de guar na purificação
das lectinas presentes na torta de mamona. Para isso, sementes de mamona passaram por processo
de extração do óleo e centrifugação com solução de cloreto de sódio 0,15 molar. Posteriormente,
submeteu-se uma alíquota do sobrenadante a coluna de cromatografia de afinidade com matriz de
xiloglucana e outra alíquota a coluna com matriz de goma de guar. Obteve-se um cromatograma para
cada coluna. Alíquotas do sobrenadante e do material coletado das colunas foram submetidas à
eletroforese em gel de poliacrilamida 12% SDS-Page e teste de hemaglutinaçao. Os resultados
revelaram bandas com peso molecular em torno de 32 e 34 kDa para amostras coletadas de ambas as
colunas e alta atividade hemaglutinante. As matrizes de cromatografia de xiloglucana e de goma de
guar permitiram o isolamento de RCA 60 e RCA 120 a partir de torta de mamona.
Palavras-chave – Gomas naturais, ricina, ricinus aglutinina.

INTRODUÇÃO

As lectinas são proteínas que possuem a capacidade de se ligarem especificamente a


carboidratos e formarem ligações reversíveis com os mesmos. Elas são classificadas segundo a sua
estrutura quaternária e a especificidade por monossacarídeos. As lectinas ligantes de galactose
destacam-se entre as lectinas de maior interesse, tendo em vista que apresentam muitas das
propriedades biológicas mais importantes das lectinas (MOREIRA, 2002). Considerando a semente de
mamona, destacam-se as lectinas ricina (RCA 60) e a ricinus aglutinina (RCA 120). A ricina é nociva a
humanos, animais e alguns invertebrados. Trata-se de uma glicoproteína constituída de duas cadeias

1
Embrapa Agroindústria Tropical, CNPq.

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unidas por uma ligação de dissulfeto: a cadeia A (cerca de 32 kDa) é citotóxica, inibidora da síntese
protéica, e a cadeia B (cerca de 34 kDa) se liga a carboidratos presentes na célula (LORD, 1994). A
ricinus aglutinina não possui atividade citotóxica direta, mas possui considerável capacidade
hemaglutinante. Essa consiste de dois grupos de cadeia A e B, formando um tetrâmero (cerca de 120
kDa) (HOFFMAN, L. V. et al, 2007). Essas duas lectinas permanecem na torta de mamona, subproduto
gerado em grande quantidade na produção do biodiesel e oferecem risco a animais alimentados com
esse resíduo sem destoxificação.

Na literatura, métodos de purificação dessas proteínas, em geral, são laboriosos e envolvem


muitas etapas (SILVA, 1974; SANTANA, 2004). Um método simples e barato para purificação das
lectinas RCA 60 e RCA 120 seria empregando matrizes cromatográficas de gomas naturais contendo
resíduos de galactose. A xiloglucana é um polissacarídeo encontrado em sementes de jatobá
caracterizados por uma cadeia principal de (1→4)- β-D-galactopiranose e cadeias laterais contendo
unidades de α-D-xylopiranosil e β-D-galactopiranosil(1→2)-α-D-xilopriranosil, ligados (1→6) à cadeia
principal (Lima et al., 1995). A goma de guar é uma galactomanana formada por cadeias lineares de
unidades de D-manopiranosil ligadas entre si por ligações β(1→4) e unidades de D-galactopiranosil,
ligadas entre si por ligações α(1→6) (HATAKEYAMA et al., 1989).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de uso das matrizes de xiloglucana e de goma
de guar na purificação das lectinas presentes na torta de mamona.

METODOLOGIA

As lectinas foram obtidas a partir de amostra de sementes de mamona da cultivar Nordestina


conseguida junto a Embrapa Algodão. Para a obtenção da torta de mamona, as sementes foram
descascadas, trituradas e prensadas para a remoção do óleo. A fim de remover o óleo residual, a torta
foi deixada 24 horas em repouso com hexano. Após evaporação do solvente, a torta de mamona foi
homogeneizada em solução de cloreto de sódio 0,15 molar na proporção de 1:10 com agitador
magnético por 30 minutos e centrifugada a 4 ºC, 33.000 x g, por 20 minutos para separação do
sobrenadante.

Para a purificação das lectinas foram utilizadas duas colunas de cromatografia de afinidade,
uma de matriz de xiloglucana e a outra de goma de guar preparadas de acordo com Appukutan et al.
(1977). Uma alíquota do sobrenadante foi submetida à coluna de xiloglucana e outra à coluna de goma
de guar. Em ambas, a amostra foi deixada em contato com a fase estacionária repousando por uma

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hora. Para a retirada das moléculas sem afinidade, foi feita a lavagem das colunas com solução de
cloreto de sódio 0,15 molar. A eluição das proteínas nas colunas se procedeu com solução de glicina
0,1 molar e cloreto de sódio a 0,15 molar a pH 2,6. As frações foram coletadas em volume de 2 mL, e
até que a absorbância em espectrofotômetro em comprimento de onda igual a 280 nm fosse nula. A
vazão utilizada na etapa de lavagem e eluição das colunas foi de aproximadamente 0,8 mL/min.
Posteriormente, o material foi liofilizado e armazenado em freezer a -20°C.

Amostras do material liofilizado foram analisadas por eletroforese em gel de poliacrilamida 12%
sob condições desnaturantes. Verificou-se também a atividade hemaglutinante do material obtido da
coluna de xiloglucana e da coluna de goma de guar. O ensaio de hemaglutinação foi realizado em
placas de microtitulação. Cada poço foi preenchido com 50 μL de solução salina, 50 μL das amostras e
50 μL de suspensão de eritrócitos a 2%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 1 mostra o comportamento das frações eluidas a partir da coluna com matriz de
xiloglucana e a Figura 2 para as frações eluidas a partir da coluna de goma de guar. A imagem do gel
de poliacrilamida 12% de frações coletadas da coluna de xiloglucana e da goma de guar (Figura 3)
revela bandas com peso molecular em torno de 32 e 34 kDa. Tais pesos moleculares correspondem
aos mencionados na literatura, respectivamente, das cadeias A e B, formadoras da ricina e ricinus
aglutinina. Sendo assim, apesar da diferença anomérica existente entre as matrizes cromatográficas,
(1→2)- β-D-galactopiranosil para a xiloglucana e (1→6)- α-D-galactopiranosil para a goma de guar, as
duas matrizes podem ser usadas para purificar as referidas lectinas. Verificou-se atividade
hemaglutinante das lectinas até a concentração testada de 0,9 µg mL -1.

CONCLUSÃO

As matrizes de cromatografia de xiloglucana e de goma de guar permitiram o isolamento de


RCA 60 e RCA 120 a partir de torta de mamona, e representam um método rápido e de baixo custo
para a purificação dessas lectinas.

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0.25

0.20

0.15
ABS

0.10

0.05

0.00
2 4 6 8 10 12 14
Fração coletada

Figura 16 – Comportamento das frações eluidas a partir da coluna com matriz de xiloglucana. Absorbância medida em
espectrofotômetro em comprimento de onda igual a 280 nm.

0.35
0.30

0.25

0.20
ABS

0.15

0.10
0.05

0.00
1 2 3 4 5 6 7 8
Fração coletada

Figura 17 – Comportamento das frações eluidas a partir da coluna de matriz de goma de guar. Absorbância medida em
espectrofotômetro em comprimento de onda igual a 280 nm.

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Figura 18 - Eletroforese em gel de poliacrilamida 12% SDS-Page: marcador molecular (a), BSA
(b), torta de mamona (c) e (d), frações eluidas da coluna de xiloglucana (e,f), frações eluídas da coluna
de goma de guar (g, h).

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REGENERAÇÃO IN VITRO DE ACESSOS DO BANCO ATIVO DE GERMOPLASMA DE MAMONA

Iara Cristina da Silva Lima², Julita Maria Frota Chagas de Carvalho¹, Máira Milani 1, Mauricélia Macário
Alves²
¹Embrapa Algodão, julita@cnpa.embrapa.br , maira@cnpa.embrapa.br ; ² Estagiárias da Embrapa Algodão, graduandas do
curso de Ciências Biológicas da UEPB, iara.cristina19@gmail.com, maury_macario@hotmail.com

RESUMO – As sementes de mamona perdem rapidamente o percentual de germinação. Assim, muitas


vezes sementes do banco de germoplasma armazenadas por longo tempo precisam ser regeneradas
in vitro. Objetivou-se regenerar, in vitro, diferentes acessos do Banco Ativo de Germoplasma de
Mamona. As sementes foram desinfestadas e imersas em água bidestilada estéril por 24 horas.
Posteriormente, os eixos embrionários excisados em câmara de fluxo laminar foram cultivados em meio
básico MS acrescido com 30g.L-1 de sacarose, 5,5g.L-1 de ágar. Estesforam colocados em câmara de
crescimento no escuro até iniciar a germinação e, posteriormente, sob condições de luminosidade com
irradiância de 40μmol.m-².s-¹, fotoperíodo de 16 horas e temperatura 25±2°C. Do total de acessos
utilizados, todos foram regenerados e das plantas encaminhadas para aclimatação, todas foram
recuperadas.
Palavras-chave – Ricinus communis L., cultura de tecidos, regeneração.

INTRODUÇÃO

A mamoneira é uma espécie oleaginosa pertencente à família das euforbiáceas. Trata-se de


uma espécie de ampla distribuição geográfica ocorrendo, no Brasil, de forma muito frequente (SAVY
FILHO,1999). A mamona (Ricinus communis L.) situa-se entre as oleaginosas mais significativas da
atualidade, visto que suas sementes, depois de industrializadas, dão origem à torta e ao óleo da
mamona que, entre as diversas utilidades, é empregado na indústria de plástico, siderúrgica, saboaria,
perfumaria, curtume, tintas e vernizes, além de ser excelente óleo lubrificante para motores de alta
rotação e carburante de motores a diesel (RURAL NEWS, 2003).

Por muito tempo, o óleo de rícino foi utilizado para geração de luz (energia) e para fins
medicinais (purgativo e unguento para as moléstias das articulações, inflamações em geral, dor de
ouvido e assaduras). Nas décadas de 1970 e 1980, a mamona, assim como outras fontes renováveis
de energia, ganhou destaque pela possibilidade de utilização como substituto dos derivados do

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petróleo (FREITAS e FREDO, 2005). O biodiesel do óleo da mamona criou uma perspectiva real para a
expansão do cultivo da mamona, em escala comercial no semiárido brasileiro, principalmente na
agricultura familiar, que já tem tradição no cultivo desta oleaginosa, uma vez que se tem buscado a
sustentabilidade ambiental, com base na substituição progressiva dos combustíveis minerais derivados
do petróleo, responsáveis diretos pelo efeito estufa, por combustíveis renováveis de origem vegetal
(BELTRÃO et al., 2006).

A cultura de tecidos é feita a partir de um explante que é todo segmentado de tecido ou órgão
vegetal utilizado para iniciar uma cultura in vitro. Pode ser usado um fragmento de folha, de raiz, de
caule ou de qualquer tecido que responda as condições de indução do meio de cultura, com vista a
regeneração vegetal (TORRES et al., 2000). O meio de cultura é constituído de todos os nutrientes
necessário para o desenvolvimento da planta, assim como uma fonte de carbono e também se podem
utilizar vitaminas e reguladores de crescimento (ANDRADE, 2002). As técnicas de cultura de tecidos
têm sido empregadas de diferentes formas no desenvolvimento de cultivares superiores de plantas. Em
geral, essas técnicas são utilizadas em uma ou outra etapa do melhoramento, não, necessariamente,
no desenvolvimento direto de novas cultivares. Mas podem oferecer novas alternativas aos programas
de melhoramento em suas diferentes fases e, muitas vezes, oferecem soluções únicas. (FERREIRA et
al., 1998).

Objetivou-se, neste trabalho, regenerar in vitro sementes do Banco Ativo de Germoplasma de


Mamona com baixa germinação em condições convencionais.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado no Laboratório de Cultivo de Tecidos Vegetais, no setor de


Biotecnologia da Embrapa Algodão, em Campina Grande, PB; nos meses de novembro de 2009,
dezembro 2009 e janeiro de 2010.

As sementes dos acessos foram provenientes do Banco Ativo de Germoplasma (BAG)


da Embrapa Algodão. Foram utilizados 35 acessos, divididos em 3 lotes, e com número de sementes
entre 4 e 5 (Tabela 1).

Sementes dos acessos de mamona foram lavadas em água corrente e, retirados os


tegumentos, desinfestadas em hipoclorito de sódio a 2,5% de cloro ativo durante 20 minutos e, após a
desinfestação, as sementes foram lavadas três vezes, em água esterilizada, permanecendo imersas

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em água por 24 horas (CARVALHO et al. 2000, 2002). Posteriormente, em câmara de fluxo laminar,
foram retirados os eixos embrionários das sementes e, em seguida, cultivados em meio MS
(MURASHIGE e SKOOG, 1962) sem reguladores de crescimento acrescido com 30gL -1 de sacarose,
5,5gL-1 de ágar e pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem, a 120°C, durante 20 minutos.

Mantiveram-se os eixos embrionários inoculados em tubos de ensaio contendo meio


básico MS, em câmara escura, até iniciar a germinação e, posteriormente, sob condições de
luminosidade com irradiância de 40μmol.m-².s-¹, fotoperíodo de 16 horas e temperatura 25±2°C por 30
dias.

Após este período foi avaliado a percentagem de plântulas desenvolvidas, dos acessos
utilizados. Quando as plântulas apresentavam os primeiros pares de folhas verdadeiras e as raízes,
foram transplantadas para copos plásticos, contendo um substrato esterilizado compostos com duas
partes de turfa e vermiculita na proporção de 2:1. De cada acesso regenerado, duas plantas foram
submetidas a aclimatação.

Os dados de germinação foram avaliados pelo teste qui-quadrado, em que a Hipótese


nula é que a variação entre proporções observadas e esperadas é devida ao acaso e a hipótese um é
que os desvios não são devidos ao acaso. Já para avaliar se o lote teve influência na regeneração foi
feito a análise estatística considerando cada acesso como uma repetição e o delineamento
inteiramente casualizado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Do total de acessos utilizados, todos foram regenerados. NO entanto, alguns tiveram menor
porcentagem de regeneração do que outros (Tabela 1). O número de sementes regeneradas foi
superior à quantidade de sementes não regeneradas e contaminadas, demonstrado que os embriões
delas ainda estavam vivos. A não regeneração de alguns acessos pode ser justificado pelo fato do
embrião já estar morto e outros por apresentarem microorganismos nos embriões não sendo possível
eliminá-los através da desinfestação das sementes (CARVALHO, 2005). Das plântulas que foram
encaminhadas para aclimatação, houve 100% de recuperação das plantas (tabela 1). Para aclimatação
não foi feita análise em virtude do observado ser igual ao esperado.

Com relação ao lote, não foi observada diferença estatística entre eles (Tabelas 2 e 3)
indicando que independentemente da época que as plantas são regeneradas ou das pessoas que

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realizam o procedimento, desde que siga a metodologia, não há variação significativa. Isto demonstra
alta eficiência do método utilizado.

CONCLUSÃO

Todos os acessos do banco ativo de germoplasma obtiveram plântulas regeneradas


utilizando-se a técnica de cultivo in vitro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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128 p.

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Tabela 1 – Número de sementes total, plantas regeneradas e plantas aclimatadas dos acessos do Banco Ativo de
Germoplasma de Mamona e teste qui-quadrado para número de plantas regeneradas.
número de
lote Acessos regeneradas aclimatadas
sementes
1 013218 4 4 2
1 013285 5 5 2
1 014028 5 3 2
1 014541 5 3 2
1 013269 5 5 2
1 013587 4 4 2
1 014567 5 4 2
1 013579 5 4 2
1 014494 4 4 2
1 014575 5 5 2
2 013498 4 4 2
2 014010 5 2 2
2 013188 5 5 2
2 014371 4 2 2
2 013617 4 4 2
2 013536 5 4 2
2 013463 5 5 2
2 013820 5 4 2
2 013129 5 5 2
2 013561 4 4 2
3 014524 5 5 2
3 013528 5 3 2
3 014061 5 5 2
3 014559 4 3 2
3 013633 4 4 2
3 013641 4 4 2
3 014036 5 5 2
3 013455 5 5 2
3 013811 5 4 2
3 013501 5 5 2
3 013544 5 5 2
3 014320 5 4 2
3 013196 5 4 2
3 014401 5 4 2
3 014443 5 4 2
Total 165 144
X2 calculado 41,209
X2 tabelado (p=0,95; 74gl) 55,442

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Tabela 2 – Resumo da análise de variância para os 3 lotes divididos no tempo dos acessos em regeneração do Banco Ativo
de Germoplasma de Mamona.
Fonte de variação GL Quadrado Médio
lote 2 0,44ns
erro 31 0,73
CV 20,76

Tabela 3 – Teste de médias para os lotes de acessos em regeneração do Banco Ativo de Germoplasma de Mamona.
Lotes MédiasΩ
1 4,10 a
2 3,90 a
3 4,29 a
Ω Médias seguidas da mesma letra na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05)

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REGENERAÇÃO IN VITRO DE UM ANFIDIPLÓIDE DE AMENDOIM COM BAIXA CAPACIDADE


GERMINATIVA

Mauricélia Macário Alves² , Julita Maria Frota Chagas de Carvalho¹, Roseane Cavalcanti dos Santos¹,
Iara Cristina da Silva Lima²

¹Embrapa Algodão, julita@cnpa.embrapa.br; caval@cnpa.embrapa.br, ² Estagiárias da Embrapa Algodão,


graduandas do curso de Ciências Biológicas da UEPB, maury_macario@hotmail.com, iara.cristina19@gmail.com,

RESUMO: Sementes de um anfidiplóide de amendoim foram testadas quanto a recuperação in vitro da


germinabilidade através de meio de cultivo contendo ácido giberélico (GA3). Os ensaios foram
conduzidos no Laboratório de Cultivo de Tecido da Embrapa Algodão, em parcelas constituídas por
tubos de ensaio, cada um contendo um eixo embrionário. As sementes foram previamente
desinfestadas, permanecendo imersas em água adicionada ou não de 0,5mg.L¹ de GA3 por 24 e/ou
48 horas. Posteriormente, os eixos embrionários excisados foram cultivados em meio básico MS e/ou
MS + 0,1mg.L-1 de GA3. Após a inoculação dos eixos embrionários em meio MS acrescido ou não de
GA3, os tubos foram colocados em câmara de crescimento até iniciar a germinação e, posteriormente,
sob condições de luminosidade com irradiância de 40μmol.m-².s-¹, fotoperíodo de 16 horas e
temperatura 25±2°C. As avaliações foram realizadas aos 7, 14 e 21 dias, observando-se o
desenvolvimento dos eixos radicular, apical e tamanho das plântulas. Verificou-se, entre os
tratamentos testados, que a embebição previa de sementes de Baio forrageiro em água contendo
0,5mg.L-1 de GA3, por 24hs, seguida de inoculação dos explantes em meio MS (T5), possibilitou
melhor resposta para regeneração das plantas.
Palavras – chave: Arachis hypogaea, germoplasma, cruzamento, germinabilidade

INTRODUÇÃO

O gênero Arachis é composto de mais de 80 espécies, porém, apenas A. hypogaea tem


elevado valor econômico em nível mundial (VALLS, 2005). Várias espécies do gênero são originárias
do Brasil, tornando este fato de grande relevância para o melhoramento genético da cultura.

No aspecto reprodutivo, o amendoim é uma planta alotetraplóide, que se reproduz quase


exclusivamente por autogamia (SANTOS et al., 2005). Os trabalhos envolvendo cruzamentos
interespecíficos com a espécie cultivada e seus ancestrais diplóides são raros, devido a alguns fatores,

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tais como: baixa freqüência de pegamento, incompatibilidade cromossômica, infertilidade entre híbridos
gerados, fenótipos indesejáveis no aspecto agronômico, entre outros.

Em 2001, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen) gerou populações de


anfidiplóides sintéticos envolvendo as espécies A. hypogaea e os diplóides duplicados A. duranensis e
A. ipaënsis (FÁVERO, 2001). Populações destes híbridos, já retrocruzadas com a espécie cultivada,
foram encaminhadas em 2004 para Embrapa Algodão para trabalhos de seleção no programa de
melhoramento. Com o avanço dos trabalhos de seleção, uma linhagem foi selecionada em 2007,
denominada Baio forrageiro, de hábito rasteiro, vagens com duas sementes bege e com moderada
constrição, sendo mais indicada para fins forrageiros. Após padronização das sementes, o
germoplasma foi armazenado durante dois anos em câmara fria para posterior ensaios. Ao testar-se a
germinabilidade do material, contudo, detectou-se baixíssimo poder de germinação e vigor pelos
métodos convencionais, comprometendo a manutenção do germoplasma.

O presente trabalho teve como objetivo recuperar sementes da linhagem Baio forrageiro, por
meio de técnicas de regeneração in vitro, utilizando-se meio de cultivo associado ou não ao ácido
giberélico.

METODOLOGIA

Os ensaios foram realizados no Laboratório de Cultivo de Tecidos Vegetais, no setor


de Biotecnologia da Embrapa Algodão, em Campina Grande, PB, em 2010.

Sementes da linhagem Baio forrageiro foram previamente desinfestadas conforme descrito em


Carvalho et. al. (2005), permanecendo imersas em água adicionada ou não de 0,5mg.L -1 de ácido
giberélico (GA3) por 24 e 48 horas. A seguir, foram retirados os eixos embrionários das sementes em
câmara de fluxo laminar e, em seguida, inoculados em tubos de ensaio de 25x150 mm contendo 10mL
de meio MS (MURASHIGE e SKOOG, 1962), contendo sais e vitaminas, suplementados com e/ou
0,1mg.L-1 de GA3. As sementes foram divididas em 8 tratamentos nas seguintes combinações de
período de imersão x meios de cultivo: T1 - sementes sem tegumento (SST), embebidas em água por
24h e eixos embrionários inoculados (EE) em meio MS; T2 - SST embebidas em água por 48h e EE
inoculados em meio MS; T3 - SST embebidas em água por 24h e EE inoculados em meio MS +
0,1mg.L-1 de GA3; T4 - SST embebidas em água por 48h e EE inoculados em meio MS + 0,1mg.L -1 de
GA3; T5 - SST embebidas em água + 0,5mg.L-1 de GA3 por 24h e EE inoculados em meio MS; T6 -
SST embebidas em água + 0,5mg.L-1 por 48h e EE inoculados em MS; T7 - SST embebidas em água +

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0,5mg.L-1 de GA3 por 24h e eixos embrionários inoculados em meio MS + 0,1mg.L -1 de GA3; T8 - SST
embebidas em água + 0,5mg.L-1 por 48h e EE inoculados em meio MS + 0,1mg.L-1 de GA3.

Todos os tratamentos foram suplementados com 30g.L -1 de sacarose, 5,5g.L-1 de agar e pH


ajustado para 5,8 antes da autoclavagem, a 120°C, durante 20 minutos, e/ ou MS acrescido de
0,1mg.L-1de GA3.

O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado num fatorial 2x2x2 (dois
tempos de imersão, dois tipos de imersão e dois meios de cultivo), constituído de três repetições,
sendo cada uma composta por 10 tubos de ensaio e cada tubo contendo um eixo embrionário.

Após a inoculação dos eixos embrionários em meio básico MS acrescido ou não de GA3,
foram colocados em câmara de crescimento no escuro até iniciar a germinação e, posteriormente, sob
condições de luminosidade com irradiância de 40μmol.m-².s-¹, fotoperíodo de 16 horas e temperatura
variando de 25±2°C.

As avaliações foram realizadas aos 7, 14 e 21 dias, observando-se o desenvolvimento dos


eixos radicular, apical e tamanho das plântulas nos meios de culturas. Quando as plantas estavam
totalmente desenvolvidas, foram aclimatadas e mantidas em casa de vegetação onde procederam o
desenvolvimento de forma convencional. Os dados obtidos foram transformados em √x + 0,5 e
submetidos a análise estatística utilizando-se o programa GENES versão 2007 (CRUZ, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para emissão da radícula, emissão do eixo apical e tamanho dos
explantes encontram-se na Figura 1. Verificou-se que em todos os tratamentos onde as sementes
foram submetidas a embebição em água por 48h (T2, T4, T6 e T8), independente da adição de GA3,
nenhuma plântula foi recuperada, indicando, possivelmente, que a exposição da semente a água por
48 hs pode ter levado a anoxia celular dos embriões. Por outro lado, constata-se que a embebição
previa da semente em água contendo 0,5mg.L -1 de GA3, por 24hs, seguida de inoculação dos
explantes em meio MS (T5), possibilitou melhores condições para regeneração das plantas da Baio
forrageiro, sem suplementação adicional deste hormônio, como visto no T7.

Com os valores obtidos por meio dos tratamentos utilizados neste trabalho percebe-se
que os números de radículas e eixos axilares foram baixos, podendo ser um reflexo da baixa
viabilidade das sementes. No entanto, apesar das giberelinas serem hormônios vegetais com larga

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atividade no crescimento caulinar e quebra da dormência (MATUSUMOTO, 2000), é possível que um


arranjo evolvendo outros hormônios possa contribuir para elevar a taxa de regeneração de plantas
desta linhagem.

CONCLUSÃO

A embebição previa de sementes de Baio forrageiro em água contendo 0,5mg.L -1 de


GA3, por 24hs, seguida de inoculação dos explantes em meio MS (T5), possibilita melhor resposta para
regeneração das plantas.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, J. M. F. C.; CASTRO de, J. P.; FURTADO, C.M.; SUASSUNA, F.M.F.; SANTOS, J. W.;
SANTOS, T.S.; Regeneração de germoplasma de amendoim (Arachis hypogaea) in vitro. Comunicado
técnico, n° 237. p. 1-4, Abril, 2005.

FÁVERO, A.P. 2004. Cruzabilidade entre espécies silvestres de Arachis visando à introgressão de
genes de resistência a doenças no amendoim cultivado. Tese (Doutorado) - Escola Superior de
Agricultura ‗Luiz de Queiroz‘, Universidade de São Paulo, Piracicaba. 165 p.

CRUZ, C.D. Programa Genes: Análise multivariada e simulação. Editora UFV. Viçosa (MG). 175p.
2006.

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SANTOS, R. C., GODY, J. I., FÁVERO, A. P. Melhoramento do amendoim. In: SANTOS, R. C. O


agronegócio do amendoim no Brasil. Embrapa, Campina Grande, 2005, p 193-244.

VALLS, F.J.M. Recursos genéticos do gênero Arachis. In: SANTOS, R. C. O agronegócio do amendoim
no Brasil. Embrapa, Campina Grande, p. 45-70.

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Figura 1. Número de radículas emitidas, de eixos apicais e tamanho de plântulas da linhagem Baio forrageiro em função dos
tratamentos nos quais as sementes e explantes foram submetidos. T- tratamentos (ver material e métodos). Médias
seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre tratamentos pelo teste de Tukey (p < 0.05).

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USO DE ÁCIDO INDOL BUTÍRICO NA MINIESTAQUIA DE PINHÃO MANSO


(JATROPHA CURCAS L.) *

Mateus Cassol Tagliani1; Katia Christina Zuffellato-Ribas2; Bruno Galvêas Laviola3; Ivar Wendling4
1Eng. Agrônomo, Mestrando, Universidade Federal do Paraná, e-mail: tagliani@bol.com.br; 2 Bióloga, Pós-Doutora, Profa.
Universidade Federal do Paraná, e-mail: kazu@ufpr.br; 3 Eng. Agrônomo, Dr., Pesquisador Embrapa Agroenergia, e-mail:
bruno.laviola@embrapa.br; 4 Eng. Florestal, Dr., Pesquisador Embrapa Florestas, e-mail: ivar@cnpf.embrapa.br

RESUMO – Jatropha curcas L., conhecida popularmente como pinhão manso, é umas das espécies
potencialmente recomendadas como matéria prima para obtenção do biodiesel, devido principalmente
as suas sementes apresentarem altos teores de óleo (25 a 40%). Uma vez que existem ainda poucas
informações sobre a propagação vegetativa da espécie, o presente estudo teve como objetivo verificar
a resposta de enraizamento de miniestacas oriundas de brotações rejuvenescidas de minicepas
coletadas em duas épocas distintas do ano (março e setembro/2009). Os experimentos foram
instalados no Laboratório de Macropropagação da Embrapa Florestas, em Colombo-PR, onde as
miniestacas foram submetidas a tratamentos com ácido indol butírico (IBA) nas concentrações de 0,
250, 500 e 1000 mg.L-1. Foram avaliadas as porcentagens de miniestacas enraizadas, com calos, vivas
e mortas, num delineamento experimental inteiramente casualizado. A maior porcentagem de
enraizamento, tanto no final do verão como no final do inverno, foi obtida com a testemunha (0 mg.L-1),
com 83,33% e 78,13% respectivamente. Deste modo, conclui-se que a aplicação de IBA não influencia
no enraizamento de miniestacas de brotações rejuvenescidas de pinhão manso, sendo desnecessária
sua aplicação.
Palavras-chave – biodiesel; propagação vegetativa; regulador vegetal; enraizamento

INTRODUÇÃO

Atualmente está ocorrendo uma duradoura transição energética em todo mundo, quase
totalmente dependente do petróleo e do carvão mineral e, com o surgimento da utilização de fontes
energéticas renováveis em substituição aos combustíveis fósseis como o diesel, o biodiesel tende a ser
cada vez mais utilizado como fonte alternativa de combustível (BELTRÃO; CARTAXO, 2006;
CÁCERES et al., 2007).

No Brasil, o pinhão manso (Jatropha curcas L.) surge como alternativa de matéria-prima,
baseando-se na expectativa de que a planta possua alta produtividade de óleo e tenha baixo custo de
produção, por ser perene e extremamente resistente ao estresse hídrico (SATURNINO et al., 2005).

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A espécie, pertencente à Família Euphorbiaceae, é uma planta produtora de óleo com todas as
qualidades necessárias para ser transformado em óleo diesel, apresentando variações pouco
significativas de acidez, estabilidade à oxidação e boa viscosidade (TAPANES et al., 2007).

A cultura do pinhão manso é propagada principalmente por sementes obtidas a partir de


plantas matrizes selecionadas e por estaquia (DRUMOND et al., 2007). A utilização da estaquia em
pinhão manso resulta em crescimento rápido da planta, podendo-se esperar o início da produção de
frutos um ano após o plantio. Entretanto, a viabilidade da propagação comercial de mudas por estaquia
depende da capacidade de enraizamento de cada espécie e da qualidade do sistema radicial formado,
a fim de proporcionar um melhor desenvolvimento da planta (NEVES et al., 2005).

A tecnologia para produção de mudas de pinhão manso ainda está em estudo, e nesse
contexto, esta pesquisa teve como objetivo verificar o enraizamento de miniestacas caulinares de
pinhão manso utilizando diferentes concentrações de ácido indol butírico em duas estações do ano.

METODOLOGIA

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Macropropagação da Embrapa


Florestas, em Colombo – PR.

Mudas propagadas por via seminal foram plantadas em sistema de canaletão, com controle de
adubação, para comporem um minijardim clonal. Essas mudas sofreram poda apical para se tornarem
minicepas, as quais forneceram brotações rejuvenescidas (miniestacas) que foram coletadas em
épocas distintas para o estudo do enraizamento, em março/2009 (final do verão) e em setembro/2009
(final do inverno).

As miniestacas, com diâmetro médio de 0,8 cm foram confeccionadas com 4-6 cm de


comprimento, com um par de folhas com sua área reduzida a metade, e imediatamente após terem
sido coletadas e confeccionadas, foram tratadas com diferentes concentrações de ácido indol butírico
(IBA), nas concentrações de 0, 250, 500 e 1000 mg.L -1, em solução 50% hidroalcoólica, onde suas
bases permaneceram por 10 segundos em imersão no regulador vegetal.

Em seguida, foram plantadas em tubetes de 53 cm3 contendo vermiculita de granulometria


média como substrato e acondicionadas em casa de vegetação climatizada, com temperatura de 24 ºC
± 2 ºC e umidade relativa do ar superior a 90%.

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O tempo de permanência em casa de vegetação foi de 60 dias, após o qualprocedeu-se a


avaliação do potencial de enraizamento da espécie.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 4 tratamentos e 4


repetições com 20 miniestacas por unidade experimental. Os resultados foram submetidos à análise de
variância (teste F). As variáveis cujas médias apresentaram diferenças significativas foram comparadas
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para porcentagem de enraizamento no final do verão (março /2009)


mostraram que a testemunha (0 mg.L-1 IBA) diferiu significativamente dos demais tratamentos,
apresentando 83,33% como média de enraizamento, superior as médias obtidas com os outros
tratamentos, indicando que a aplicação de IBA não interfere no processo de indução radicial. Resultado
similar foi observado no final do inverno (setembro/2009), onde a testemunha apresentou média
superior de enraizamento (78,13%) diferindo significativamente dos demais tratamentos (Tabela 1).

A formação do sistema radicial em estacas está relacionada tanto a fatores internos quanto
externos. Entre os fatores externos, a coleta de material vegetativo nas diferentes estações do ano, por
exemplo, influencia diretamente no processo, gerando diferentes percentuais de enraizamento, o que
varia de espécie para espécie, como verificado por Bastos et al. (2004).

Essa influência se justifica, ao passo que a indução radicial se relaciona de maneira direta a
alguns fatores ambientais, tais como temperatura, luz e umidade, fatores esses que variam conforme
as diversas épocas do ano (ZUFFELLATO-RIBAS; RODRIGUES, 2001; HARTMANN et al., 2002).

Da mesma forma, Silva et al. (2008) trabalhando com pinhão manso obtiveram índices
satisfatórios de enraizamento utilizando-se estacas lenhosas sem nenhum tratamento, ocorrendo
queda no potencial de enraizamento com a aplicação de sucessivas concentrações de auxina.

É importante salientar que na espécie em questão, possivelmente, os níveis de auxinas


endógenas sejam suficientes para promover o enraizamento das estacas, não havendo a necessidade
da aplicação exógena de um regulador vegetal.

Em relação à sobrevivência e mortalidade das estacas, observa-se que não há influência das
concentrações de IBA utilizadas e nem da época de coleta para as variáveis em questão (Tabela 1).

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Para a variável porcentagem de estacas com calos, as estacas do final do verão tratadas com
500 mg.L-1 de IBA apresentou uma média de 52,77% de estacas com calos,, diferindo
significativamente dos demais tratamentos. Já no final do inverno, a aplicação do regulador vegetal não
influenciou na porcentagem de estacas com calos (Tabela 1).

CONCLUSÕES

Nas condições em que foram realizados os experimentos e fundamentando-se nos resultados


obtidos nas duas épocas de coleta das estacas, pode-se concluir que:

A aplicação de IBA apresenta pouca influência no enraizamento de miniestacas de pinhão


manso, sendo desnecessária sua aplicação.

Em função dos altos percentuais de enraizamento obtidos pela miniestaquia caulinar de pinhão
manso a partir de material rejuvenescido, essa técnica é viável para a produção de mudas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASTOS, D. C.; MARTINS, A. B. G.; SCALOPPI JÚNIOR, J. SARZI, I; FATINANSI, J. C. Influencia do


ácido indolbutírico no enraizamento de estacas apicais e basais de caramboleira (Averrhoa carambola
L.) sob condições de nebulização intermitente. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 26, n.
2, p. 284-286, 2004.

BELTRÃO, N.E.M.; CARTAXO, W.V. Considerações gerais sobre o pinhão manso (Jatropha curcas L.)
e a necessidade urgente de pesquisas, desenvolvimento e inovações tecnológicas para esta planta nas
condições brasileiras. Embrapa, cnpa (documentos), 2006.

CACERES, D.R.; PORTAS, A.A.; ABRAMIDES, J.E. Pinhão-manso. 2007. Disponível em:
http://www.infobibos.com/Artigos/2007_3/pinhaomanso/index.htm. Acesso em: 19 set. 2008.

DRUMOND, M. A. MARTINS, J.; ANJOS, J.B.; MORGADO, L.B. Germinação de sementes de pinhão
manso em condições de viveiro no Semi-árido pernambucano. In: I Congresso Internacional de
Agroenergia e Biocombustíveis, Embrapa Meio Norte. Anais, 2007.

FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J.C. (Eds). 2005. Propagação de plantas frutíferas.
Embrapa Informações Tecnológicas, Brasília, DF. 221p.

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HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E.; DAVIS JÚNIOR, F. T.; GENEVE, R. L. Plant Propagation:
principles and practices. 7 ed. New York: Englewood Clipps, 2002. 880p.

NEVES, C.S.V.J.; MEDINA, C. de C.; AZEVEDO, M.C.B. de.; HIGA, A.R.; SIMON, A. Efeitos de
substratos e recipientes utilizados na produção das mudas sobre a arquitetura do sistema radicular de
árvores de cácia-negra. Revista Árvore, v.29, n. 6, p.897-905, 2005.

SATURNINO, H.M.; PACHECO, D.D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N.P. Cultura do
Pinhão Manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Brasil, v.26, n.229, p.44-78, 2005.

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Anais, p. 241-246, 2007.

ZUFFELLATO-RIBAS, K. C.; RODRIGUES, J. D. Estaquia: uma abordagem dos principais aspectos


fisiológicos. Curitiba: [K. C. Zuffellato-Ribas], 2001. 39p.

SILVA, S.D. dos A.; ÁVILA, T.T.; JUNIOR, J.G.C.; LOY, F.; ÁVILA, D.T. Propagação vegetativa de
pinhão-manso (jatropha curcas l.) Via estaquia no rio grande do sul. In: II Congresso da Rede Brasileira
de Tecnologia de Biodiesel. Anais, p. 219-223, 2007.

Tabela 1. Percentual de miniestacas enraizadas, com calos, vivas e mortas de pinhão manso tratadas com quatro
concentrações de IBA no final do verão (V - março/2009) e no final do inverno (I - setembro/2009).

TRATAMENTOS Enraizadas (%) Com calos (%) Vivas (%) Mortas (%)
(mg.L-1 IBA)
V I V I V I V I

0 21,88
83,33a 78,13a 2,78c 0,00a 87,50a 78,13a 12,50a a
250 100,00
61,11ab 65,63ab 30,55abc 0,00a 95,83a a 4,17a 0,00a
500 34,38
45,83b 25,00c 52,77a 0,00a 97,22a 65,63a 2,78a a
1000 56,94ab 43,75bc 43,05ab 0,00a 100,00a 93,75a 0,00a 6,25a
Médias 61,80 53,13 32,29 0,00 95,14 84,38 4,86 15,63
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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USO DE PRIMERS OBTIDOS DE REGIÕES SINTÊNICAS DE LEGUMINOSAS PARA DISTINÇÃO


INTRAESPECÍFICA DE ACESSOS DE AMENDOIM

Maria Isabel Gomes Martins1; Roseane Cavalcanti dos Santos2; Péricles de Albuquerque Melo Filho3 e
Reginaldo de Carvalho4
1. Bióloga, Mestranda do curso de Melhoramento Genético de Plantas, DEPA/UFRPE, Recife-PE (e-mail:
belgomes@gmail.com); 2. Pesquisadora da Embrapa Algodão, Campina Grande-PB; 3. Professor Associado do
DEPA/UFRPE; 4. Professor do Departamento de Biologia/UFRPE, Recife-PE.

RESUMO - Dois acessos intraespecíficos de amendoim foram analisados por meio de PCR, utilizando-
se primers sintetizados de regiões sintênicas de leguminosas, visando detectar diferenças genéticas
entre os materiais. Foram utilizados 35 primers provenientes de bibliotecas de sequências de
expressas de Lotus japonicus L., Glicine max L. e Medicago truncatula L. Do total de primers testados,
18 geraram bandas simples, duplas e triplas. As bandas simples foram sequenciadas e alinhadas
revelando diferenças pontuais em alguns nucleotídeos nos acessos interespecíficos de Arachis, que
podem servir como candidatos para geração de mapas de restrição e posterior conversão em marcas
moleculares. As seqüências de amendoim geradas com o primer CYB6-1, sintetizado a partir de
regiões sintênicas de genes de cloroplasto em leguminosas foram alinhadas com L. japonicus L., G.
max L., M. truncatula L. e Pisum sativum L., revelado, em média 97% de homologia entre elas, com E-
value variando entre 6e-79 e 7e-73. Em termos polimorfismo, apenas três primers geraram variantes
entre os acessos investigados, cujas regiões podem ser posteriormente utilizadas em trabalhos de
melhoramento para diferenciação entre acessos de Arachis.
Palavras-chave - Arachis, sintenia, divergência genética

INTRODUÇÃO

Com as atuais ferramentas disponíveis na biologia molecular, especialmente as relacionadas


com marcadores genéticos, os estudos de caracterização, divergência e variabilidade genética inter e
intra populações tornou-se mais acessível para auxiliar os trabalhos de seleção no melhoramento
genético de plantas. Tais marcadores auxiliam em análises genômicas comparativas entre acessos, em
análises genéticas de populações, em estudos envolvendo heranças a partir de cruzamentos
interespecíficos, entre outros. Dependendo do tipo de marcador utilizado, é possível comparar os
genomas de diferentes espécies, determinar sequências conservadas e ainda se estas pertencerem a
famílias distintas.

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Em leguminosas, os estudos de sintenia, que se refere à conservação na ordem de genes


entre espécies relacionadas, tem sido muito úteis na elucidação de genes ou rotas envolvidas em
etapas importantes do desenvolvimento celular em genomas que apresentam homologia
(MICHELMORE e MEYERS, 1998; SILVA, 2007). Nesta linha de pesquisa o gênero Lotus tem sido
utilizado como planta modelo, já sendo descrito na literatura várias regiões sintenicas que podem ser
utilizadas em estudos dessa natureza com outras leguminosas. Uma das vantagens desse estudo é
que, com a descoberta dos domínios conservados entre o DNA de diversas espécies é possível a
utilização de sequencias obtidas das regiões sintenicas para trabalhos de expressão em várias culturas
que possuam regiões afins.

O presente trabalho objetivou testar 35 primers provenientes de bibliotecas de expressão das


leguminosas Lotus japonicus L., Glicine max L. e Medicago truncatula L. com fins de analisar a
divergência genética em dois acessos intraespecificos de amendoim.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 35 primers (senso e antisenso) do banco de dados de sequências expressas


(ESTs) das leguminosas Lotus japonicus L., Glicine max L. e Medicago truncatula L.
(http://bioweb.abc.hu/cgi-mt/pisprim/pisprim.pl) para amplificar regiões específicas do genoma de dois
acessos de Arachis hypogaea L., a cultivar BR 1 (A. hypogaea sp. fastigiata) e linhagem LVIPE-06 1
(A. hypogaea sp. hypogaea), ambas características agronômicas divergentes.

Para obtenção do DNA, folhas jovens foram coletadas, seguindo-se a metodologia de Doyle e
Doyle (1990). As amostras foram quantificadas em gel de agarose (1,0%) e posteriormente aliquotadas
a 5 ng/μl para utilização em reações de PCR.

Para as reações de PCR, adotou-se o procedimento touchdown como a seguir: desnaturação


inicial a 95 ºC/5 min, seguida de oito ciclos de desnaturação a 94 ºC/20 seg, anelamento a 60 ºC/30
seg. e extensão a 72 ºC/2 min. Em seguida, realizou-se 35 ciclos seguidos de desnaturação a 94 ºC/20
seg, anelamento a 54 ºC/ 30 seg. e extensão a 72 ºC/2 min, finalizando com uma de 5 min. a 72 ºC.

As reações foram compostas de 2,5 μL de DNA, 2,5 μL tampão 10x, 1,8 μL MgCl 2 (25 mM), 0,4
μL de dNTP mix (10 mM), 0,5 μL de primer (10 μM) e 0,1 U Taq DNA polimerase, em um volume final
de 25 μL. Os produtos de PCR foram visualizados em gel de agarose (1,2 %), corados em BlueGreen e
fotodocumentados.

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Os produtos purificados foram seqüenciados no seqüenciador de capilar MegaBACE 1000 do


Laboratório de Genética, Bioquímica e Sequenciamento de DNA, da UFRPE. Cada sequenciamento foi
realizado para as fitas senso e antisenso utilizando o Kit DYEnamic ET Terminator (GE Healthcare). As
seqüências foram analisadas pelo Programa Mega Bace Sequence Analyzer e dados fornecidos pelo
programa Mega Bace Score Card.

A edição e alinhamento das sequências foram obtidas pelo programa BioEdit V7.0.5.2
[http://www.mbio.ncsu.edu/BioEdit/bioedit.html] e ClustalW2 (http://www.ebi.ac.uk/tools/es/cgi-
bin/clustalw2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 35 primers utilizados, 18 geraram produtos de PCR na forma de bandas simples, duplas
ou triplas, sendo a maioria monomórficas, para ambos os acessos. Todas as bandas simples foram
sequenciadas e alinhadas, de onde foram observadas diferenças pontuais em alguns nucleotídeos,
passíveis de serem identificados por meio de análise de restrição. Um detalhe do alinhamento entre as
seqüências dos dois acessos de Arachis, obtido com primer Leg 450, encontra-se na Figura 1.

As seqüências de 200 pb geradas com o primer CYB6-1, sintetizado a partir de regiões


sintênicas de genes de cloroplasto em leguminosas, foram seqüenciadas e alinhadas com L. japonicus
L. (AP 002983.1), G. max L. (DQ 317523.1) , M. truncatula L. (CU 633466.10) e Pisum sativum L. (HN
029370.1). Pela análise de BLAST, verificou-se elevada homologia entre os acessos, com média de
97%, e E-value variando entre 6e-79 e 7e-73 (Figura 2). Na Figura 3 encontra-se o alinhamento gerado
entre as seqüências de Arachis e as demais leguminosas, obtido com o programa ClustalW2, de onde
se verifica a elevada similaridade de nucleotídeos entre as citadas espécies. Em levantamento de
seqüências depositadas no BLAST relativas a esta região gênica, percebe-se que ela é comum em
varias leguminosas (Lathyrus sativus, HM 029371.1, Cicer arietinum, EU 835853.1), gramíneas (Oryza
sativa, AY 522329.1) e brassicas (Cucumis sativus, DQ 865975.1, Arabis hirsuta, AP 009369.1), entre
outras, todas com alto nível de homologia, denotando a conservação deste gene em varias famílias de
plantas.

As reações que possibilitaram discriminação dos dois acessos foram as que contiveram os
primers 1M-Gm, 4M-Gm e Leg036. Os produtos de PCR amplificados variaram no tamanho entre 400 a
1600 pb, sendo o primer 1M-Gm responsável pela produção de três regiões. Os produtos codificados
por esses primers estão descritos na Tabela 1.

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Apesar de eles serem conservados para várias leguminosas (SANDAL et al., 2003), percebe-
se nessa figura que eles podem ser contributivos no uso de discriminação de acessos, o que parece
ser muito interessante para os trabalhos de melhoramentos genético especialmente nos estudos com
banco de germoplasma.

CONCLUSÃO

Regiões sintênicas de genes de cloroplasto são muito conservadas em leguminosas e


oferecem oportunidade para posteriores estudos de rotas evolvendo genes situados em DNA de
cloroplastos;

Os primers 1M-Gm, 4M-Gm e Leg036, apesar de serem obtidos de regiões sintênicas de


leguminosas, podem ser utilizados em trabalhos de melhoramento para diferenciação entre acessos de
Arachis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOYLE, J.J.; DOYLE, J.L. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, v. 12, p. 13-15, 1990.

MICHELMORE, R.W.; MEYERS, B.C. Clusters of resistance genes in plants evolve by divergent
selection and a birth-and-death process. Genome Research. v.8, n.11, p. 1113-1130, 1998.

SANDAL, N.; MADSEN, L.; RADUTOIU, S.; Krusell, L.; Madsen, E.; Kanamori, S.; SATO, S.; TABATA,
S.; JAMES, E.; KRAUSE, K.; UDVARDI, M.; STOUGAARD, J. Mapping and Map based cloning of
symbiotic genes in the model legume Lotus japonicus. Annals of the 7th Congress of Plant Molecular
Biology, Barcelona, 2003.

SILVA, D.C.G. Mapeamento de genes de resistência da soja à ferrugem asiática e análise


transcricional na interação patógeno-hospedeiro. 2007. 153p. Tese (Doutorado) – UNESP, Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal.

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Figura 1. Detalhe do alinhamento entre os acessos de amendoim utilizando o primer Leg 450.

Tabela 1. Primers obtidos de legumonosas que geraram polimorfismo em Arachis


Nº de
Nº de
Primer seqüência bandas Gene
bandas
(pb)
F: CTTGGGATGCAAGCCACGGTTGG 1000; 500 Chloroplast import
1M-Gm R: TCCAGTGAGAAAASAAGYCCAAGGAAATG 3-2
e 300 apparatus
F: TTGCTTACTGGGCTTAATTGTGG
4M-Gm R: CAATAGAGTTYTGAATCAAACCAAC 400 - 500 1 β-ureidpropionase

F: GCTAATATTGGACCAGAAACAAATGTG
Leg036 R: GAAACTCAAGGCAAAGAGGCCATG 1.500 1-0 Sorbitol dehidrogenase

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Figura 4. Alinhamento gerado entre as sequências de Arachis e as leguminosas L. japonicus L. (AP 002983.1), G. max L.
(DQ 317523.1) , M. truncatula L. (CU 633466.10) e Pisum sativum L. (HN 029370.1) utilizando-se o programa ClustalW2
(http://www.ebi.ac.uk/tools/es/cgi-bin/clustalw2).

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UTILIZAÇÃO DE BIOSSENSOR DE ELETRODO DE OURO MODIFICADO PARA DETERMINAÇÃO


DE RICINA E RICINUS AGLUTININA EM FARELO DE MAMONA1

João Bosco de CarvalhoI; Vitor Paulo Andrade da SilvaI.; Roselayne Ferro FurtadoIII; Carlucio Roberto
AlvesI; Davide RondinaII;Rosa Fireman DutraIV;
IDepartamento de Química, Universidade Estadual do Ceará, Av. Paranjana, 1700, 60740-000,Fortaleza – CE, Brasil,
bosco_kashi@hotmail.com ; IIDepartamento de Veterinária, Universidade Estadual do Ceará, Av. Paranjana, 1700, 60740-
000,Fortaleza – CE, Brasil, davide@pq.cnpq.br ; IIIEmbrapa Agroindústria Tropical, Rua Dr. Sara Mesquita, 2270, Planalto
Pici, 60511-110, roselayne@cnpat.embrapa.br ; IVDepartamento de ciências biológicas, UPE, Recife - PE

RESUMO – O presente trabalho visa o desenvolvimento de um biossensor de eletrodo de ouro


modificado para determinação de ricina (RCA 60) e ricinus aglutinina RCA (120). Verificou-se que o
biossensor foi satisfatório na detecção de RCA 60 e RCA 120, tanto em solução tampão quanto em
farelo de mamona. O dispositivo mostrou-se adequado para averiguação da qualidade do farelo de
mamona quanto a presença das lectinas. O Limite de detecção encontrado foi de 4 ppm e o Limite de
Quantificação foi de 14 ppm.

Palavras-chave- Biossensor, RCA 60, RCA 120, resíduo

INTRODUÇÃO

O potencial de uso da torta de mamona, co- produto gerado em grande quantidade no


processo de produção do biodiesel, na forma de ração e tem ganhado incentivos visando a agregação
de valor. Contudo, dentre outras proteínas encontram-se na torta de mamona: a ricina (RCA 60) e a
ricinus aglutinina (RCA 120), proteínas nocivas a animais. A viabilização da torta de mamona como
ração é feita após processo de destoxificação por diferentes métodos químicos e físico-químicos.

Após os processos de destoxificação, a ração deve ser submetida a análise quanto a presença
das lectinas ricina e ricinus aglutinina. Métodos analíticos de detecção podem ser empregados para
reconhecer tais lectinas presentes na torta de mamona e assim utilizá-la de forma segura.

1
Embrapa, CNPq, Funcap, UECE

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.O presente trabalho foi dedicado à detecção das lecticas ricina e ricinus aglutinina em torta de
mamona para futuro uso agro-industrial, utilizando biossensor eletroquímico. Neste sentido,
primeiramente, purificamos estas duas lectinas e posteriormente, estudamos a resposta do biossensor
desenvolvido.

Ricina (RCA 60) e Ricinus aglutinina (RCA 120)

A ricina é a proteína tóxica presente em maior quantidade na torta de mamona e pequena


quantidade desta proteína pode levar animais e ser humano a óbito em pouco tempo após a sua
ingestão. A ricina é uma proteína inativadora de ribossomos (RIPs) do tipo II, heterodimérica, com a
enzima inibidora de ribossomo (~32 kDa, cadeia A ou RTA) ligada por ponte dissulfeto a uma lectina
galactose (~34 kDa, cadeia B ou RTB) (Lord et al., 1994). As doses letais de ricina para animais é em
torno de 1 mg/kg (1 ppm) (Eiklid et al., 1980). No intuito de garantir o uso seguro da torta de mamona
como ração é recomendado análise de amostras quanto a presença de ricina e ricinus aglutinina a
cada processo de destoxificação. A aglutinina RCA 120 é um tetrâmero composto por duas cadeias A e
B. As cadeias polipeptídicas de RCA 60 e RCA 120 são estruturalmente relacionadas e apresentam
93% e 84% de homologia entre as seqüências primárias das cadeias A e B, respectivamente. (Turton
et al., 2004). Essa lectina possui alta atividade hemaglutinante.

Biossensor

Desde a década de 70 estuda-se a possibilidade de combinação de amperometria com a alta


seletividade de reações catalizadas por enzimas com o intuito de determinar agentes biológicos e
bioquímicos, dando origem a vários tipos de biossensores. O funcionamento destes aparelhos se dá
através do contato da amostra de interesse com uma enzima ou anticorpo imobilizado provocando uma
reação catalítica proporcional a quantidade do analito de interesse.(Durst et al.,1969).

Dentre as vantagens dos biossensores estão a alta seletividade e especificidade das


interações, baixo custo, amplo aproveitamento seja este laboratorial ou industrial e fácil utilização.

METODOLOGIA

Extração e purificação das lectinas

As sementes de mamona foram descascadas, trituradas e prensadas para a retirada do óleo. A


fim de eliminar o óleo residual, a amostra foi colocada em hexano por 16 horas, em recipiente fechado

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e no dia seguinte, o hexano foi retirado e a amostra foi deixada em capela de exaustão para eliminação
total do solvente. A amostra foi diluída em solução de NaCl 0,15M na proporção de 1:8, e foi deixada
sob agitação por 30 minutos e centrifugada a 4 ºC, 33.000 x g, por 20 minutos para separação do
sobrenadante.

O sobrenadante foi conduzido a matriz de goma de guar e deixada em repouso por uma hora.
A eluição das lectinas de interesse foi feita com 0,1M de glicina e NaCl 0,15M pH 2,6 em um fluxo de
eluição de, aproximadamente, 0,5 mL/min. O material eluído foram dialisados contra água e,
posteriormente, liofilizados e armazenados à temperatura ambiente ou em freezer (-20 ºC), dentro de
frascos bem vedados para evitar a entrada de umidade.

Obtenção do farelo de mamona

As lectinas foram purificadas utilizando cromatografia de afinidade de goma de guar segundo


metodologia de (Appukutan et al., 1977). O farelo de mamona foi adquirido junto a Usina Bom - Brasil
Oleo de Mamona Ltda. O tratamento de destoxicação do farelo mamona foi realizado com CaO
conforme metodologia de Oliveira, (2008). Amostras do farelo de mamona in natura e destoxificado
foram caracterizados por eletroforese SDS-Page e testes de hemaglutinaçao no intuito de comprovar a
eficiência do tratamento químico (dados não mostrados).

Produção e purificação dos anticorpos policlonais

Anticorpos anti- RCA 60 e RCA 120 foram produzidos em coelhos da raça Nova Zelândia com
seis meses de idade e purificados posteriormente conforme metodologia de Furtado (2008).

Imobilização e estudo eletroquímico

Eletrodo de ouro modificado foi imerso em solução de RCA 60 e RCA 120 por 1 hora e
seguidamente foi feito bloqueio do sistema eletroquímico com BSA 3% por uma hora. Ao final, o
eletrodo foi deixado em repouso em solução de anticorpo anti- RCA 60 e RCA 120 conjugado a
peroxidase por duas horas. Após cada etapa, o eletrodo foi lavado com água deionizada a fim de retirar
os não- ligantes. Determinação de RCA 60 e RCA 120 foi medida a partir da intensidade de corrente
correspondente a redução eletroquímica da benzonquinona. Este composto é formado pela catalise da
peroxidase em solução de H2O2 na presença de hidroquinona como mediador. Isso foi realizado por
imergir o eletrodo de trabalho em solução tampão fosfato em pH 7,0 e aplicar uma voltagem de
polarizaçao de -100 mV para o eletrodo de platina contra um Ag/AgCl (Sat. KCl). Todas as medidas
foram conduzidas a temperatura ambiente em solução purgadas com N 2 por 15 minutos. As medidas

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na presença das lectinas foram sempre comparadas as sem lectinas para o cálculo da intensidade de
corrente final.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos dados obtidos através do presente estudo e na curva de calibração (fig.1),
determinou-se o limite detecção (LD) (mais baixa concentração de do analito em questão que pode ser
determinada com certo grau de confiabilidade.) e o limite de quantificação (LQ) (mais baixa
concentração de do analito em questão que pode ser determinada de forma quantitativa com precisão
e exatidão.). O LD foi calculado multiplicando por três o desvio padrão das medidas do branco e
dividido pela inclinação da curva analítica. O LQ foi calculado multiplicando por dez o desvio padrão
das medidas do branco e dividido pela inclinação da curva analítica. O LD foi de 4 ppm e o LQ = 14
ppm.

A resposta do biossensor em farelo não detoxificado e destoxificado foi distinta e maior


alteração de corrente elétrica foi verificada para o farelo in natura, caracterizando assim uma resposta
positiva do biosensor frente a detecção das lectinas (fig. 2).

CONCLUSÕES

Concluímos que o presente trabalho mostrou-se satisfatório na detecção de RCA 60 e RCA


120, tanto em solução tampão quanto em farelo de mamona. O dispositivo pode ser utilizado para
averiguação da qualidade do farelo de mamona quanto a presença das lectinas. Novos estudos estão
sendo realizados para melhorar os limites de detecção e quantificação, bem como o desenvolvimento
de eletrodos descartáveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APPUKUTTAN, P. S., SUROLLA, A. and BACHHAWAT, B. K. Isolation of two galactose-binding


proteins from Ricinus communis by affinity chromatography. Indian J. Biochem. Biophys. v. 14, n.4,
p.382-384. 1977.

DURST, R. A. Ion selective electrodes.Special publication. P.314. 1969.

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EIKLID K., OLSNES S., PIHL A. Entry of lethal doses of abrin, ricin and modeccin into the cytosol of
HeL a cells. Exp. Cell. Res. v.126, p. 321–326. 1980.

FURTADO, R.F.; GUEDES, M.I.F.G; ALVES,C.R.; MOREIRA, A.C.O.M. Produção de anticorpos


policlonais anti-ricina: metodologia científica. Fortaleza : Embrapa Agroindústria Tropical, 2008. 17 p.
(Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 116).

LORD, J.M.; ROBERTS, L.M.; ROBERTUS, J.D. Ricin: structure, mode of action, and some current
applications. The FASEB journal. v. 8, p.201-208. 1994.

OLIVEIRA, I. R.W.Z. ;Vieira, I.C. 2006. Construção e aplicação de biossensores usando Diferentes
procedimentos de imobilização da peroxidase de vegetal em matriz de quitosana. Quím. Nova. v. 29,p.
932-939.

TURTON, K.; Natesh, R.; Thiyagarajan, N.; Chaddock, J. A.; Acharya, K. R.; Glycobiology, v. 14, p. 923.
2004.

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-0.30

-0.25

-0.20
I/ A

-0.15

-0.10

-0.05

0.00

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0


-1
Concentraçao RCA 60 e RCA 120 (g L )

Figura 1- Curva analítica típica obtida para o biossensor em diferentes concentrações de RCA 60 e RCA 120 em tampão
fosfato pH 7 em 35 µmol L- de hidroquinona e 60 µmol H202.Potencial aplicado -110 mV (VS. ECS).

-1.4

-1.2

-1.0
corrente, A


-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0
Desnaturada Não desnaturada
Amostra do farelo de mamona

Figura 2- Determinação de RCA 60 e RCA 120 em amostras de farelo de mamona dstoxificado e não destoxificado em
tampão fosfato pH 7 e 35 µmol de hidroquinona e 60 µmol H202. velocidade= 100 mVs-1. Potencial aplicado -100 mV (VS.
ECS). N=3.

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A AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE BIODIESEL: POTENCIALIDADES E


LIMITAÇÕES.

Orlando Vieira de Santana


orlandovs@petrobras.com.br

RESUMO - Neste trabalho, realizou-se um estudo para a produção de biodiesel, pesquisando as


opções de oleaginosas como matéria-prima. Foram analisados vários casos, desde as primeiras
experiências com óleos vegetais até as suas primeiras inovações nos Estados Unidos e na Europa,
como também em regiões do Brasil. O objetivo dessa pesquisa é analisar a viabilidade do biodiesel
produzido a partir da agricultura familiar, conforme decreto do governo federal que requer 30% de
investimento neste setor no Nordeste para que as empresas obtenham o selo social. Observa-se que,
na maioria dos casos estudados, foi necessária a implantação de tarifas de incentivo para implantação
do programa como nos Estados Unidos, na Alemanha, na França, na Itália, etc. O Brasil conta com a
ação do Programa Nacional da Agricultura Familiar através de créditos, incentivo a infra estrutura
social, inovação tecnológica para inserir os pequenos agricultores no contexto, além da enorme
variedade de oleaginosas para a matéria-prima do biodiesel distribuídas por região. O trabalho mostra
a necessidade de se realizarem estudos para vencer barreiras e potencialidade tecnológicas e
econômicas e de uma regulação eficiente, principalmente, para a indústria de óleo vegetal. Para o
desenvolvimento da investigação, foram consultados livros e alguns textos na Internet, seminários e
apresentação de Power point, visitas técnica e pesquisa de campo.
Palavras-chave:Biodiesel, Oleaginosas, Regulação, Agricultura familiar.

INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta um estudo de opções das oleaginosas para matéria-prima em


processo industrial, transformando óleo vegetal na mistura com óleo mineral em biodiesel, conforme o
Decreto lei do Governo Federal nº 11.097/2005, que torna obrigatório o uso de biodiesel na matriz
energética brasileira.

O Programa Nacional de biodiesel, na primeira fase, determinava a obrigatoriedade, em 2008,


da mistura de óleo vegetal com óleo diesel mineral, seguindo uma proporção de 2%, ampliando para
5% em 2013, sujeito à alteração para 2010.

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O objetivo do trabalho é pesquisar se a agricultura familiar no Nordeste está preparada para


implementar o mercado de óleo combustível através do Programa de Biodiesel com matéria-prima
utilizada dos pequenos agricultores, uma vez que, ao atingir esta meta, acontece uma inserção social
e, ao mesmo tempo, amplie o mercado dos combustíveis. A mamona no Brasil foi a proposta inicial do
governo para inserir ao Programa Biodiesel por ser um cultura que mais se adapta a agricultura
familiar no Nordeste, principalmente pelo seu poder de consórcio com outras culturas, como a do feijão
e do milho , mas existe uma série de dificuldades para participar do programa de biodiesel, entre elas,
o preço e as dificuldades técnicas de processo. Para resolver tais problemas requerendo estudos de
viabilidades para vencer as barreiras apresentada na produção de biodiesel.

METODOLOGIA

Dissertar sobre o PNPB, as preocupações do governo com a inclusão social e a produção de


alimentos. Enfatizar a importância dos cultivos consorciados, que prevalecem no âmbito da agricultura
familiar e que dão sustentabilidade às pequenas propriedades rurais, além de manter um fluxo de caixa
por mais tempo durante o ano.

Descrever como anda o estado da arte na geração de conhecimentos sobre a produção de


biodiesel. Rotas metílica e etílica. Mencionar a 1ª patente obtida por um brasileiro, o Professor Expedito
Parente. Os óbices existentes quando se utilizam certas e determinadas oleaginosas.

Mencionar os avanços na produção de biodiesel pelos principais países produtores.


Quantidades produzidas, oleaginosas utilizadas e percentuais utilizados nas misturas com o diesel. A
dessulfurização do diesel e a colocação de biodiesel para manter a lubricidade do diesel.

Pesquisar as oleaginosas com grande potencial para a produção de biodiesel, com área
plantada, produção e rendimento. Mencionar as potencialidades e limitações. Regiões produtoras e
aporte de terras a serem incorporadas ao processo produtivo. O preço das terras nas regiões
produtoras de matérias-primas para o biodiesel. As possibilidades de incorporação de novas áreas ao
processo produtivo.

Estudar sobre a caracterização, quantificação, localização , Programas Governamentais de


Apoio à Agricultura Familiar: Pronaf, Crédito Rural, Pesquisa, ATER.

Ver a necessidade de modernização da Agricultura Familiar como libertação do agricultor


familiar da enxada, introdução de novas tecnologias para melhorar a produtividade da terra e do

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trabalho e dos sistemas de produção; reunião dos agricultores em cooperativas para comprar bem e
vender melhor ainda, como também facilitar a organização da produção para coleta e entrega as
empresas produtoras de biodiesel.

Produção de Matéria-Prima para o Biodiesel pela Agricultura Familiar: 30% para a obtenção do
selo combustível social. O exemplo da Bahia com a mamona e o girassol. Compatibilidade e
incompatibilidade com a produção de alimentos. Convivência das duas atividades. Mostrar que a
produção de matéria-prima para o biodiesel pode conviver com a produção de alimentos, beneficiando
os sistemas de produção dos agricultores familiares, conferindo-lhes maior sustentabilidade dos pontos
de vistas agronômico e comercial.

Realizar um estudo de caso com uma amostra de produtores e mostrar a realidade do dia-a-
dia ao lado teórico. Custo de produção, fluxo de caixa, problemas de comercialização, colheita.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O êxodo rural sempre foi um grande problema do Brasil, especialmente o Nordeste que sofre
desde os primórdios as conseqüências com os baixos índices pluviométricos. Esta saída do homem do
campo isoladamente ou com toda a família, de sua pequena propriedade, marca de forma definitiva a
vida desta família, retirando-lhe a esperança de permanência e de trabalho na sua própria terra.

Dentre tantos motivos que obrigam o pequeno produtor a abandonar sua casa e sua terra os
dois citados acima parecem ser os mais evidentes. Como resultados desse estado de coisas nascem
os vários projetos em torno da agricultura familiar. Tais projetos têm como objetivo manter o pequeno
agricultor em sua terra, trabalhando junto com a sua família para sua própria sustentação, tirando dela
o máximo possível. Não é só isso, não se trata apenas da produção para a alimentação das famílias,
mas das possibilidades de se ter uma produção apta a ser comercializada para assim o agricultor
familiar ter condições de acesso a outros produtos a partir da venda daqueles produzidos em sua terra:
grãos, leite, queijos e tudo aquilo que são capazes de retirar dentro do seu pequeno negócio rural
apoiado pelos programas governamentais, pelas cooperativas e pelas várias formas de associações
que se têm à mão para se sobreviver no campo apesar de todas as adversidades , é a partir disso
que se tentará esclarecer, discutir e se delinear o que é a Agricultura Familiar que, inclusive, abre a
possibilidade de produção de grãos oleaginosos capazes de serem transformados em biodiesel.

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CONCLUSÃO

A informação que Schmit, sobre a criação de emprego da companhia de 2,5 mil empregos nas
plantas experimentais e 70 mil em perspectivas para trabalhadores agrícolas em fornecimentos de
matéria-prima em forma de grãos para o funcionamento das Usinas de Candeias, Montes Claros e
Quixadá é um sinal de criação de emprego e renda no nordeste e no semi-árido através do programa
biodiesel.

As políticas públicas não dependem somente da ação dos governantes, elas dependem muito
da organização da sociedade. As classes, através dos seus representantes têm que serem mobilizada
no sentido de atingir ações capazes de tornar realidades os seus projetos públicos. Nos Estados
Unidos, para implementar o programa Biodiesel houve mobilização de vários setores da sociedade,
inclusive os agricultores fizeram incentivos através de doação de dinheiro para investir em pesquisa
mostrando que as ações não podem ficar restritas ao governo, elas podem terem a participação,
também, do setor privado.

No Brasil, a década de 90 foi destaque para o fortalecimento da agricultura familiar através da


criação do PRONAF, que teve a ação da mobilização dos representantes dos trabalhadores. Hoje,
umas das maiores barreiras para a integração do agricultor familiar com o programa biodiesel é o baixo
nível de conhecimento para implantação de inovações tecnológicas capazes de melhorar a qualidade e
a quantidade da produção agrícola nordestina. Mais uma vez, é necessário mobilizar a sociedade para
que os governantes tenham sensibilidade para o problema, investir mais na educação com a criação de
mais escolas agrícolas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ALGODÃO ORGÂNICO: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E PROMOÇÃO DA


SUSTENTABILIDADE NO MUNICÍPIO DE REMÍGIO – PB

Luciana Gomes da Silva1, Perla Joana Souza Gondim2, Márcia Maria de Souza Gondim2, Rosemare
dos Santos Silva2, Flávio Ricardo da Silva Cruz2; Vanderleia dos Santos3
1UEPB-UFCG, lug_s@hotmail.com; 2CCA/UFPB, pgondim@yahoo.com.br; msouzagondim@yahoo.com.br;
flricardocruz@hotmail.com; 3CCHSA/UFPB, vandeca23@hotmail.com

RESUMO – Este trabalho busca dar visibilidade ao assentamento Queimadas, na cidade de Remígio,
Paraíba, cujas iniciativas agrícolas vêm ganhando destaque graças às suas características de
desenvolvimento econômico pautado na agricultura familiar que produz algodão orgânico destinado à
comercialização. Considerando aspectos que atestam que o desenvolvimento econômico na Paraíba
tem sua base em práticas agrícolas diversificadas, e que a dinâmica agrária se faz pela evolução de
estruturas que passam do nível micro para o macro, conformados em arranjos produtivos locais, faz-se
necessária uma análise sobre a importância da produtividade do algodão para a região, os incentivos
(ou falta deles) por parte do governo, que tipo de apoio técnico é oferecido e a quem se destina a
produção. Toda essa abordagem deve levar em consideração os anseios e valorização de práticas
econômicas que primem pela promoção da sustentabilidade que, por sua vez, não deve ser encarada
apenas como uma forma eficiente de gerenciamento dos recursos naturais, mas, também, uma nova
forma de relação homem-natureza, privilegiando visões alternativas de mundo.
PALAVRAS-CHAVE – desenvolvimento econômico, agricultura familiar, sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

Grande parte das elaborações textuais que levam em consideração o desenvolvimento


econômico na atualidade faz referência às mudanças ambientais globais, associando-as às ações que
o homem exerce sobre a natureza. Tal prerrogativa se deve à constante e inevitável interação entre os
sistemas humanos e ambientais. Surge, pois, uma preocupação mais significativa em se promover um
desenvolvimento que abarque questões que conjuguem as necessidades humanas e o respeito ao
meio ambiente.

Algumas ações buscam dar um novo direcionamento à forma de gerenciamento do meio


ambiente, atestando a possibilidade de se realizar práticas econômicas associadas ao uso consciente
dos recursos naturais. Sugere-se no presente momento, uma apresentação sobre as iniciativas

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fomentadas na zona rural de Remígio, no assentamento Queimadas, que tem sua base econômica em
práticas agrícolas de âmbito familiar, pautada na produção do algodão orgânico.

Vários aspectos podem ser levantados quando se trata da importância de tal atividade para a
região, desde a geração de empregos, até a forma de utilização dos recursos naturais para obtenção
do produto que, por possuir apoio de ONGs e órgãos governamentais, tem sua comercialização
assegurada.

Sendo o algodão um produto primário de grande importância para o desenvolvimento de


mercadorias várias a serem comercializadas, tornou-se uma das culturas de maior importância entre as
fibras, sendo seu cultivo realizado durante o período de estiagem, o que possibilita que durante o
período de chuvas o mesmo solo seja utilizado para o plantio de culturas de subsistência. Tal
característica torna viável a produção do algodão enquanto atividade capaz de oferecer suporte
financeiro, já que sua produção geralmente é vendida para grupos fabris, sem que tal plantio extinga as
iniciativas agrícolas de pequeno porte para a manutenção dos grupos familiares da região em questão.

METODOLOGIA

Na busca de trabalhar de forma plausível o tema proposto, foram utilizados diferentes modelos
metodológicos, partindo inicialmente de análises teóricas que apresentam análises sobre questões
voltadas para a sustentabilidade e para o processo de produção do algodão, buscando dar legitimidade
indispensável às argumentações formuladas.

Como forma indispensável de obtenção de informações específicas sobre o objeto de estudo,


foram feitas visitas de campo, momento privilegiado de contato com os agentes envolvidos no processo
de produção, o qual resultou na coleta de dados, como forma de produção, substratos utilizados,
adubos, fertilizantes, apoio técnico, grupos familiares envolvidos, entre outros aspectos relevantes.

A partir da visitação ao campo de estudo, foi possível a compilação e registro de imagens, o


que possibilitou conclusões para a elaboração textual do trabalho vigente. Tal etapa foi complementada
com as entrevistas realizadas com alguns agentes envolvidos no processo, tais como representantes
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, representantes da ONG Arribaçã, e agricultores envolvidos
diretamente no processo de produção e negociação do algodão.

Para o processo descritivo ora apresentado foram realizadas também coletas de dados em
fontes diversas que estudam casos que se aproximam do que está sendo proposto nesta abordagem,
tais como revistas especializadas e pesquisa em sites da internet.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O discurso em torno da sustentabilidade sofre sérias e coerentes críticas, posto que, num
momento em que se visualiza uma forte crise nos vários aspectos que permeiam a vida humana,
marcada por momentos de incertezas, a forma de condução na busca de uma nova realidade
apresenta-se obscura, ora por falta de iniciativas políticas, ora por falta de conhecimento de como
processar e promover um desenvolvimento que seja de fato sustentável.

CAMARGO (2003; 119) afirma em seus estudos acerca de questões envolvendo a


sustentabilidade que:

O desenvolvimento sustentável traz implícitas em si questões profundas e polêmicas para


toda a sociedade humana – para muitas das quais ainda não temos respostas. Conceitos
como necessidades humanas, qualidade de vida, qualidade ambiental, e palavras como
cooperação, coletividade, globalização, entre outras tantas, vêem suas próprias dimensões
confrontadas com a complexidade das dimensões e dos desafios inerentes ao
desenvolvimento sustentável.

Mesmo que o conceito de sustentabilidade não seja consensual, fato é que o desenvolvimento
verdadeiro não depende unicamente das ações isoladas de um dado grupo, mas de um compromisso
geral dos grupos diversos que formam as várias nações, tendo base consistente em análises teóricas e
aplicabilidade metodológica capaz de dar suporte às propostas que têm por intuito fazer a diferença na
busca de soluções válidas, de fato.

Trazendo a abordagem sobre desenvolvimento sustentável para uma esfera local, a análise
recai sobre as iniciativas agrícolas fomentadas no assentamento Queimadas que, de acordo com
SANTOS (2010), teve seu processo de formação em 1998, a partir de ocupações territoriais realizadas
por um grupo de sem terras que recebeu o apoio do sindicato dos trabalhadores rurais de Remígio,
cidade onde se localiza o atual assentamento.

Segundo SANTOS, para o êxito do empreendimento comercial agrícola foi imprescindível o


apoio técnico e de pesquisa oferecidos pela ONG Arribaçã e a Embrapa, que auxiliaram no projeto
para a implementação do plantio do algodão orgânico, tanto colorido como branco que, por utilizar de
ações que viabilizavam o combate às pragas a partir dos elementos que a natureza oferecia, e o uso
de substratos orgânicos, se tornou uma referência em âmbito nacional.

PASSOS (2009) afirma que a produção algodoeira agroecológica de Queimadas teve início em
2006 a partir da organização de 18 famílias, sendo este número ampliado para 50 famílias em 2007. O
algodão passa pelo processo de comercialização interno, ou seja, na Paraíba pela Coopnatural, cuja

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sede se encontra em Campina Grande. O fato da proximidade de órgãos de apoio comercial como a
Coopnatural possibilita uma maior comodidade e apoio aos agricultores envolvidos em tal atividade. De
acordo com o mesmo autor, a negociação do algodão é feita antecipadamente com a empresa paulista
YD Confecções que paga 25% acima do valor de mercado por atestar a forma natural da produção
agrícola em questão, posto que não é feito uso de fertilizantes e venenos químicos, as queimadas não
são uma prática comum de limpeza do solo, dentre outras ações que fez atestam a produção
agroecológica praticada na região.

O que chama a atenção em tal assentamento são os vários aspectos que atestam o respeito à
natureza e a forma de combate às pragas próprias do algodão que assolam as plantações desse
gênero no Nordeste do Brasil. De acordo com PASSOS (2009), o espaçamento do algodão plantado
obedece uma medição de 1,10 X 0, 40, o que inibe a ação, reprodução e sobrevivência de uma das
principais pragas do algodão: o bicudo.

Um dos aspectos de grande relevância quando se analisa as iniciativas agrícolas baseadas na


produção algodoeira de Queimadas é sua geração de empregos para o plantio, colheita, transporte e
negociação, tornando-se uma iniciativa de grande valia para a população rural por possibilitar sua
permanência na região, já que são oferecidos trabalho e renda.

Além disso, de acordo com observações de campo e conversa com os produtores do


assentamento Queimadas, foi possível se constatar as várias estratégias de produção que se poderia
definir como eficazes. É o caso da época de produção. Como o algodão é uma cultura que tem como
apto período para plantio e colheita os meses de estiagem, durante os meses chuvosos o agricultor
utiliza o solo para realizar outros tipos de plantação capazes de suprir suas necessidades.

As sementes utilizadas para o plantio do algodão são obtidas sem técnicas transgênicas, o que
facilita a comercialização do produto, que tem venda garantida para a empresa paulista YD
Confecções, que se interessa principalmente em comprar o algodão branco, sendo o algodão colorido
negociado dentro da Paraíba pela associação COOPNATURAL. Tal preferência se dá pelo incentivo às
práticas agrícolas que sejam capazes de poupar o meio ambiente, como o não lançamento de produtos
tóxicos no trabalho do algodão colorido, posto que não são usados corantes.

CONCLUSÃO

As práticas agrícolas realizadas no assentamento Queimadas, que têm como principal produto
o algodão, atestam o uso consciente dos recursos naturais já que os agricultores buscam colocar em
prática estratégias de produção que promovam a qualidade dos produtos, utilizando-se de ações

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agrícolas sustentáveis, tais como: alternância das culturas plantadas, o que facilita o combate às
pragas do algodão, uma vez que a rotatividade de culturas muda o agroecossistema.

Os estudos realizados atestam a importância do auxílio e parceria da ONG Arribaçã, da


EMBRAPA e do Sindicato dos trabalhadores, que têm como intuito estimular a retomada do cultivo do
algodão na região paraibana, facilitando essa prática agrícola em grupos familiares como uma forma de
promover o desenvolvimento de atividades voltadas para ações agroecológicas na Mesorregião da
Borborema, estimulando a sustentabilidade ambiental e apoiando a agricultura familiar.

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ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DO GIRASSOL NO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA - PB

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araújo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O girassol é considerado como cultura alternativa para produção de óleo para fabricação
de biodiesel, desta forma o objetivo deste trabalho foi realizar uma análise da cadeia produtiva do
girassol no município de Esperança, PB. A pesquisa foi realizada no município de Esperança, PB,
microrregião de Esperança, entre Junho e Novembro de 2009 em 50 propriedades em 10 localidades.
Adotou-se como forma de avaliação a pesquisa participativa, que constava do acompanhamento da
safra com posterior determinação da produtividade e de fatores limitantes a esta. Para tanto foram
entrevistados 50 produtores durante o cultivo e produção da cultura, através de visitas quinzenais. Foi
observado durante a condução da pesquisa que a falta de adubação orgânica foi o fator mais limitante
a produção da cultura do girassol, em áreas não adubadas com esterco a cultura algumas não
chegaram nem a produzir já nas áreas adubadas foi obtido produtividades em torno dos 557 kg ha -1.
Não foi observada incidência de pragas e doenças a nível econômico. As sementes colhidas foram
comercializadas a R$ 0,85/kg no mês de Novembro o que estimulou aos produtores. A cultura se
mostrou uma alternativa viável para o município avaliado.
Palavras-chave – Helianthus annuus L.; Pesquisa participativa; Desenvolvimento; Cadeia produtiva

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Compositae, originária
do continente Norte Americano e cultivado nos cinco continentes, em aproximadamente 18 milhões de
hectares. Destaca-se como a quarta oleaginosa para produção de grãos e a quinta em área cultivada
no mundo. No Brasil, seu cultivo não ocupa áreas expressivas, porém, seu óleo tem boa aceitação,
sendo seu consumo de mesa menor apenas que o de soja (CASTRO, 1999).

No ano de 2009 teve seu cultivo estimulado pelo Programa Nacional do Biodiesel no estado da
Paraíba, através da Empresa Petrobras Biocombustível. O município de Esperança destaca-se por ser
considerado como um município promissor ao cultivo de oleaginosas como a mamona e o girassol, de

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acordo com diversas empresas de extensão rural do estado, além do pólo de biodiesel. Portanto a
inserção da cultura do girassol pode ser uma boa opção para a agricultura familiar regional ajudando
no processo de inclusão social dos pequenos agricultores, propiciando fonte de renda, gerando mão-
de-obra e matéria prima para inúmeras aplicações industriais, tornando-se uma excelente alternativa
para a região, se fortalecer no programa do biodiesel brasileiro.

O objetivo desta pesquisa foi realizar uma análise da cadeia produtiva do girassol (Helianthus
annuus L.) no município de Esperança, PB.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em condições de campo no município de Esperança, PB, microrregião


de Esperança, de Junho até Novembro de 2009, com as seguintes coordenadas geográficas 07º01‘59‘‘
S e 35º51‘26‘‘ W a 631 m de altitude. O clima da região é tropical quente e úmido (As‘), com chuvas
abundantes e precipitação média anual de 1400 mm, favorecendo a perenidade dos cursos d‘água e a
umidade relativa do ar ocorre em cerca de 85%. Temperatura média anual de 28ºC, com as mínimas
atingindo menos de 18ºC nos anos mais frios (NÓBREGA e SUASSUNA, 2004).

A pesquisa foi desenvolvida em dez localidades do município: Campo Formoso, Covão, Lagoa
de Pedra, Lagoa Verde, Logradouro, Meia Pataca, Pintado, Riacho Fundo, Timbaúba e Umbú, com
cinco propriedades avaliadas em cada localidade, através de visitas quinzenais com entrevista sobre o
que os produtores achavam da cultura elencando pontos positivos e negativos sobre ela e com
avaliações do crescimento e produção da cultura.

As propriedades apresentavam área variando entre 5 e 8 ha. O girassol cv. Embrapa-122 foi
plantado no dia 11 de junho de 2009. Foram verificados cinco sistemas de plantio ao longo da
pesquisa: Girassol solteiro – Helianthus annuus L. (espaçamento de 0,7 m entre leirões e 0,2 m entre
plantas), Girassol x Amendoim - Arachis hipogea L. (espaçamento de 2,1 m entre fileiras de girassol e
0,2 m entre plantas, com duas fileiras de amendoim centrais com espaçamento de 0,1 m entre plantas),
Girassol x erva-doce – Pimpinella anisum L. (erva-doce com fileiras espaçadas em 5,0 m e 0,2 entre
plantas, co seis fileiras centrais de girassol espaçados em 0,2 m), Girassol x Feijão – Phaseolus
vulgaris L. (com fileiras alternadas de cada cultura, espaçamento entre plantas de girassol e feijão de
0,2 m) e Girassol x Milho – Zea mays L. (espaçamento entre fileiras de 0,7 m e entre plantas de 0,2 m
com covas de milho cavadas a cada 1,0 m em todas as fileiras de girassol).

Foi acompanhado o desenvolvimento desde o plantio até a comercialização das sementes


colhidas. Parte dos proprietários realizaram adubação orgânica com esterco bovino curtido, aplicando a

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quantidade de 5 t ha-1 antes do plantio. Foi determinada a produtividade de sementes da cultura de


girassol em função da área ocupada pela mesma mais a produtividade dos referidos consórcios. A
empresa Petrobras Biocombustível foi responsável pela compra de toda a produção de girassol na
região ao preço de R$ 0,85/kg, as outras sementes colhidas nos sistemas utilizados foram
comercializadas no mercado central do município. Além disso, foram verificados os possíveis fatores
limitantes a produção e inserção da cultura do girassol na região.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, e em função do nível de significância


no teste F para as variáveis estudadas, estas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observado que nas áreas onde o adubo orgânico (esterco bovino curtido) não foi fornecido
as plantas produziram pouco, tiveram crescimento inicial lento e em alguns casos não chegaram ao
estádio de florescimento, indicando ser uma cultura altamente exigente em fertilidade. Nas áreas onde
foi realizada adubação observou-se que as plantas apresentavam crescimento inicial rápido,
florescimento aos 40 dias em média e maior produção em comparação as áreas não adubadas. A
produtividade máxima nas áreas adubadas e não adubadas foram de 557 e 92 kg ha -1 respectivamente
(Tabela 1). Não foi verificado sintomas de deficiência de boro em nenhuma propriedade avaliada.

Com relação aos sistemas de consórcio colando em ordem decrescente em relação à


produção podemos citar como o girassol x erva-doce > girassol solteiro > girassol x feijão > girassol x
amendoim > girassol x milho. No primeiro sistema (girassol erva-doce) foi observado pelos produtores
a redução da incidência de pulgão nas plantas de erva-doce o que levou na exclusão da utilização de
inseticidas para o combate de tal praga, segundo relatos de alguns produtores em área que antes se
aplicava de 5 a 6 pulverizações, não foi necessária a aplicação quando consorciado com girassol, além
desse beneficio, foi obtido a produção de 612 kg ha -1 de girassol mais 120 kg ha-1 de erva-doce que foi
comercializado no mercado do município no mês de Novembro de 2009 ao preço de R$ 10,0/kg.

Quanto ao girassol solteiro este teve produção de 551 kg ha -1 não diferindo estatisticamente do
sistema citado anteriormente, contudo é visível a diferença econômica gerada nos dois sistemas, com
este promovendo um ganho econômico menor do que o anterior. Já com as leguminosas os ganhos
de produtividade foram inferiores, com 345 e 212 kg ha-1 no sistema com feijão e amendoim
respectivamente, fato esse responsável apenas pela redução do número de plantas por unidade de

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 321-325.
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área. Foi observado também que nesses sistemas já citados não foi observado à presença de pragas e
doenças em nível econômico.

No sistema de plantio com milho foi verificado elevada incidência de lagartas nas duas culturas,
o que sugere que ambas as culturas apresentam pragas em comum, o que pode ser apontado como
fator limitante a esse sistema de produção. O que levou a se obter produtividade referente a 98 kg ha-1.

De modo geral, os produtores acharam o girassol de fácil cultivo, desde a semeadura até a sua
maturação, necessitando apenas de uma capina manual, esta podendo beneficiar as duas culturas
existentes na área plantada. Contudo durante o processo de maturação alguns produtores (localidade
de Pintado e Campo Formoso) tiveram problemas com a ave conhecida como pardal, sendo
considerado por eles como a real praga da cultura, pois foi verificado que em algumas plantas, ao se
retirar o capítulo observaram que toda a semente já tinha sido retirada pela ave, como alimento.

Além disso o processo de beneficiamento manual em muito desagradou os produtores, devido


a falta de maquinário especializado para tal operação. Após beneficiamento a produção de girassol foi
toda comercializada para a Empresa Petrobras, a R$ 0,85/kg, através de ordem de pagamento, este
processo em muito estimulou os produtores. Essa garantia de recebimento e a exclusão de
atravessadores dessa cadeia podem ser consideradas como ponto forte desse novo programa.

CONCLUSÃO

O município de Esperança, PB é uma região promissora a produção de girassol, tanto pelas


condições adequadas de desenvolvimento da cultura, como pelo interesse do produtor. Sendo o
sistema de consórcio com erva-doce o que se mostrou o mais recomendado dentre os estudados, por
propiciar maior produção de girassol, maior retorno econômico e menos utilização de inseticidas para
controle de pragas. A adubação orgânica por sua vez é indispensável para se obter bons resultados
produtivo na cultura do girassol no município de Esperança, PB.

A falta de maquinário para beneficiamento das sementes, adubação orgânica e a presença de


pardal em determinadas localidades foram os principais fatores limitantes na produção de girassol na
região.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, C. Boro e estresse hídrico na nutrição e produção do girassol em casa-de-vegetação.


Piracicaba, 1999. 120 p. Tese (doutorado) – Escola Superior de Agricultura ―Luiz de Queiroz‖,
Universidade de São Paulo.

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NOBREGA, F. V. A. e SUASSUNA, N. D. Análise sanitária de sementes de amendoim (Arachis


Hipogaea L.) armazenadas em algumas áreas do estado da Paraíba. Revista de biologia e ciências
da terra. Vol.4, n. 2. 2004

Tabela 1. Produtividade obtida nos diversos sistemas de plantio no município de Esperança, PB no ano
de 2009

Sistema de Plantio Produtividade do girassol (Kg ha-1)


Adubação orgânica 557 a
Sem adubação orgânica 92 b
Valor de F 98,57**
D.M.S. 137,49
C.V. (%) 15,47
Girassol x erva-doce 612 a
Girassol solteiro 551 a
Girassol x feijão 345 b
Girassol x amendoim 212 b
Girassol x milho 98 c
Valor de F 137,46**
D.M.S. 145,34
C.V. (%) 18,57
** Significativo a 1 % de probabilidade. Letras seguidas da mesma letra na mesma coluna não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

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ANÁLISE DE PROBLEMAS ESTRUTURAIS DA INCLUSÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR NA


CADEIA PRODUTIVA DE BIODIESEL1

Martin Obermaier1,2; Selena Herrera1,2; Emilio Lèbre La Rovere1,2


1Programa de Planejamento Energético (PPE) e 2Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (LIMA) da COPPE/UFRJ,
martin@ppe.ufrj.br, selena@lima.coppe.ufrj.br, emilio@ppe.ufrj.br

RESUMO – Anos depois do seu lançamento, a inclusão da agricultura familiar do semi-árido nordestino
dentro do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) está praticamente estagnada.
Um dos principais alvos das críticas continua sendo a baixa produtividade dos agricultores familiares,
frequentemente ligada ao uso da Ricinus communis L. ou mamona como principal oleaginosa usada na
agricultura familiar, e especialistas cada vez mais promovem substituições por outros cultivos como
solução. Neste trabalho, analisando a cadeia produtiva do biodiesel a partir da mamona, identificamos
não só questões técnicas a serem resolvidas, mas também problemas inerentes ao PNPB,
principalmente no contexto de mal-entendidos entre diferentes atores ao longo da organização vertical
da produção de biodiesel, que também precisam ser resolvidas. Assim, simples respostas a questões
técnicas não vão resolver o problema da baixa participação dos agricultores familiares. Este artigo é
parte da pesquisa de doutorado do primeiro autor (Martin Obermaier), e a discussão aqui apresentada
deve ser aprofundada futuramente..
Palavras-chave – Biodiesel, agricultura familiar, cadeia produtiva, mamona, pinhão-manso,
sustentabilidade

INTRODUÇÃO

No momento do seu lançamento em 2004, o Programa Nacional de Produção e Uso de


Biodiesel (PNPB) foi avaliado de forma bastante positiva devido à tentativa de incluir agricultores
familiares em sua cadeia produtiva (Abramovay e Magalhães, 2007). Sendo inicialmente promovido
como uma das grandes soluções para os pequenos agricultores do semi-árido (MDA, 2007), região
mais precária em termos de níveis de subsistência e possibilidades de geração de renda, em poucos
anos a opinião favorável quase se reverteu. Atenção particular está sendo dada à escolha
supostamente errada das matérias-primas apoiadas pelo PNPB no Nordeste, o que inviabiliza a
participação da agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel. Isso se refere particularmente à

1 Martin Obermaier agradece ao CNPq pelo auxílio financeiro que possibilitou a realização deste trabalho.

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Ricinus communis L. (conhecida no Brasil como mamona): alto teor de óleo vegetal, pouco exigente em
nutrientes, resistente à seca e já conhecida pela agricultura familiar do Nordeste (Carvalho et al., 2007),
a mamona inicialmente foi defendida como uma escolha inteligente. No entanto, as experiências feitas
com o seu cultivo mostram resultados decepcionantes, com rendimentos baixíssimos por área, altos
preços que chegam a inviabilizar a inserção da mamona dentro do PNPB, e o problema da adição do
biodiesel à partir da mamona ao diesel mineral devido à sua alta viscosidade sendo alguns dos
problemas atualmente enfrentados (ver Rovere e Obermaier, 2009, Wilkinson e Herrera, 2008a,b e
Repórter Brasil, 2009a para discussões mais amplas).

Como parte da solução está sendo cada vez mais discutida a substituição da mamona por
outros cultivos, por exemplo Jatropha curcas L. (pinhão-manso) ou dendê, ou seja oleaginosas com
supostamente melhores características para a sua aplicação na agricultura familiar – mesmo tendo em
alguns casos (pinhão-manso) qualificações semelhantes à mamona em termos, por exemplo, de
adaptação a climas mais secos, requerimento de nutrientes, ou até teores de óleo (BiodieselBR, 2010).
Do ponto de vista da nova microeconomia ou da sociologia rural, parece ao menos duvidoso que
somente trocas nos fatores de produção possam explicar os atuais problemas da inclusão da
agricultura familiar no PNPB: problemas estruturais e de transação mais complexos dentro da cadeia
produtiva do biodiesel parecem ter um peso maior para explicar sua estagnação.

Para qualificar essa questão recorremos à análise da cadeia produtiva (CCA em sigla inglês),
onde usamos a questão da substituição por outras matérias-primas supostamente melhores somente
de forma ilustrativa para enfatizar os problemas relativos à coordenação ou governança da cadeia
produtiva do biodiesel, e em particular, a participação da agricultura familiar dentro do PNPB. Este
trabalho faz parte da pesquisa de doutorado do primeiro autor deste trabalho (Martin Obermaier) no
estado da Bahia, e pretende ampliar o presente quadro teórico em futuras publicações.

METODOLOGIA

A CCA é um método que permite ao pesquisador analisar em detalhe a geração de benefícios


e custos realizados por diferentes atores dentro da cadeia produtiva de uma commodity, aqui o
biodiesel. Ele considera explicitamente questões de relações e poderes entre os atores, e assim sai do
ponto de partida normativo de mercados transparentes, e portanto eficientes, das análises tradicionais
da economia clássica. A CCA leva em consideração processos dinâmicos e incorpora uma metodologia

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pluralística, incluindo, entre outras, análises históricas, quantitativas, qualitativas e institucionais. Assim,
ela não está ligada a somente uma disciplina, mas envolve um método essencialmente transdisciplinar.

No nosso caso, a análise da cadeia produtiva pode, no melhor dos casos, permitir identificar os
gargalos da participação da agricultura familiar dentro do processo produtivo, além de facilitar o
entendimento das principais demandas e exigências para elaborar e implantar programas e políticas
apropriadas para fortalecer a sua inclusão. É neste sentido que a CCA pode oferecer interessantes
resultados para o presente estudo.

De forma simplificada, a cadeia produtiva do biodiesel a partir de matérias-primas cultivadas


pela agricultura familiar inclui os pequenos produtores rurais no lado esquerdo da cadeia (o começo),
que vendem a sua produção às empresas de biodiesel, diretamente ou via cooperativas que atuam de
certa forma como distribuidoras. Para viabilizar este processo, empresas de biodiesel frequentemente
fazem contratos de médio prazo com as cooperativas para garantir a futura entrada da matéria-prima –
as cooperativas em retorno registram os agricultores participantes que se comprometem a fornecer a
sua colheita à cooperativa. Existe, no entanto, outra possibilidade para escoar a produção para os
agricultores via atravessadores, que em geral vendem a produção para a indústria ricinoquímica.
Outros atores participam da cadeia, como trabalhadores assalariados rurais sem terra, fornecedores de
insumos agrícolas e empresas de assistência técnica e de extensão rural, mas o papel destes será
tratado futuramente, e não no presente trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para entender quais os impactos uma substituição de cultivos na produção de matérias-primas


teria para os agricultores familiares do semi-árido nordestino, temos em primeiro lugar a tarefa de
qualificar os presentes problemas ligados ao uso da mamona. Tais problemas envolvem simples
escolhas tecnológicas, mas também estão ligados a problemas estruturais da agricultura familiar. Os
resultados apresentados aqui vêm principalmente de uma pesquisa de campo na Bahia, mas incluem
também a revisão cuidadosa da bibliografia existente sobre o Nordeste, em geral (entre outros
Wilkinson e Herrera, 2008a,b; Repórter Brasil, 2009a,b; Siniscalchi, 2010).

Bem documentados são os problemas relacionados ao preparo de solo, incluindo a falta da


aplicação de calcário. Em várias áreas visitadas, o uso repetitivo de maquinário pesado como tratores,
usados na construção de estradas, também causa problemas pois aumenta a compactação dos solos,
dificultando assim à mamona colocar suas raízes profundas. Esse quadro se completa com a falta de

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conhecimento sobre o método de semeadura com espaçamentos recomendados e de rotações de


culturas, ou seja, a aplicação de técnicas agrônomas adequadas. Em geral, tais lacunas diminuem de
forma significativa a produtividade do cultivo da mamona, comparada à produtividade tecnicamente
possível sob condições agrônomas ótimas, como nas áreas de teste da Embrapa Algodão.

Enquanto estes problemas são graves para o sucesso do PNPB, e mais precisamente em
relação à inclusão da agricultura familiar dentro do programa, já se pode enfatizar que mudanças na
escolha das matérias-primas, por exemplo a adoção do pinhão-manso, não transformarão de forma
relevante a baixa produtividade. O fundamental desconhecimento de boas práticas agrícolas por
grande parte da agricultura familiar não é ligado a um cultivo específico, mas é generalizado e portanto
estrutural dentro da agricultura familiar do Nordeste. Sem uma divulgação efetiva de melhores práticas,
outros cultivos também irão enfrentar sérios problemas.

Sem entrar muito em detalhes aqui, vale destacar que os gargalos na cadeia do biodiesel não
estão limitados somente ao setor da agricultura familiar, mas incluem também as características e
relações dos outros atores. Para exemplificar usamos a quebra de contratos verificada entre as partes
(ver também Repórter Brasil, 2009): o agricultor familiar pode decidir vender a sua produção de
mamona para atravessadores, mesmo sendo contratado por uma empresa de biodiesel. Duas razões
frequentes são que o prazo de pagamento de empresas de biodiesel pode atingir até 30 dias após o
recebimento das bagas da oleaginosa, um prazo que em determinados casos pode ser inviável para os
agricultores, e que atravessadores na época da colheita podem ter incentivos para oferecer melhores
preços, devido por exemplo a preços altos nos mercados spots. Em conseqüência, a empresa tem de
arcar com os custos de transação para o fechamento dos contratos e com os custos pagos pela
assistência técnica (ATER) que teve que fornecer devido aos requisitos do Selo Social do PNPB, sem,
no entanto, receber em contrapartida a matéria-prima para produção. Vale destacar que a falta de
comprometimento por parte das empresas de biodiesel na hora da compra da matéria-prima também
ocorre. Tais ocorrências impactam de forma fundamental o funcionamento do PNPB, devido à
desconfiança gerada entre os atores, podendo comprometer ainda mais a inclusão dos agricultores
familiares no futuro, assim como levando a novas críticas sobre a viabilidade de sua participação no
PNPB.

Existem muitos outros conflitos que não serão discutidos neste artigo devido ao espaço
limitado. Porém, é importante notar que numa análise mais completa deve-se ainda levar em conta as
exigências provenientes de demandas institucionais hierarquicamente superiores à cadeia do biodiesel,
envolvendo, entre outras: a questão da competitividade comparativa entre oleaginosas do agronegócio

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e da agricultura familiar, inerente nos leilões de biodiesel; os programas de fortalecimento da


agricultura familiar, como o acesso a crédito via PRONAF; e outras exigências do próprio PNPB e do
Selo Social. Agricultores familiares também se incorporam neste quadro institucional e assim estão
submetidos a suas regras e condições, além de enfrentar os problemas inerentes da cadeia produtiva
que acabamos de mostrar.

CONCLUSÃO

A aplicação da CCA nos permitiu mostrar que os problemas presentemente enfrentados pela
agricultura familiar em sua tentativa de inserção na cadeia produtiva do biodiesel não podem ser
reduzidos a simples escolhas tecnológicas, usando aqui como exemplo a substituição da mamona por
outros cultivos como o pinhão-manso, mas que essas dificuldades fazem parte de um conjunto de
problemas da agricultura familiar, ligados a questões estruturais de pobreza e de acesso de recursos
no semi-árido nordestino. Constata-se significativa ausência de ações de coordenação e/ou
governança na cadeia produtiva, o que fortalece ainda mais os problemas tecnológicos já existentes.
Assim, um complexo conjunto de obstáculos parece ser responsável pela baixa participação da
agricultura familiar no PNPB, e essas questões têm de ser levadas em conta na proposição e
implementação de soluções que mudem esse quadro de forma efetiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abramovay, R., Magalhães, R. (2007). O acesso dos agricultores familiares aos mercados de biodiesel:
parcerias entre grandes empresas e movimentos sociais. Apresentação na Conferência da Associação
Internacional de Economia Alimentar e Agroindustrial AIEA2, Londrina.
BiodieselBR (2010). Jatropha Curcas L. – Pinhão Manso. Disponível em http://www.biodieselbr.
com/plantas/pinhao-manso/jatropha-curcas-pinhao-manso.htm (último acesso 9 de maio 2010).
Carvalho, R.L.d., Potengy, G.F., Kato, K. (2007). PNPB e sistemas produtivos da agricultura familiar no
Semi-árido: oportunidades e limites. Em Anais do VII Congresso da Sociedade Brasileira de Sistemas
de Produção, Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza.
MDA (2007). Biodiesel no Brasil: Resultados Sócio–Econômicos e Expectativa Futura. Ministério do
Desenvolvimento Agrário, Brasília.
Repórter Brasil (2009a). O Brasil dos Agrocombustíveis: Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio
e a Sociedade – Soja e Mamona. Repórter Brasil, São Paulo.
Repórter Brasil (2009b). O Brasil dos Agrocombustíveis: Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio
e a Sociedade – Gordura Animal, Dendê, Algodão, Pinhão-Manso, Girassol e Canola. Repórter Brasil,
São Paulo.

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Rovere, E.L.L., Obermaier, M. (2009). Alternativa Sustentável? Scientific American Brasil Edição
Especial, v. 32, p. 68-75, 2009.
Siniscalchi, C.R. (2010). Análise da Viabilidade para Inserção da Agricultura Familiar do Semiárido no
PNPB – O Caso do Ceará. Tese de Mestrado, PPE/COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro.
Wilkinson, J., Herrera, S. (2008b). Subsídios para a discussão dos agrocombustíveis no Brasil. In: K.
Maia e Beghin. (org.). Agrocombustíveis e a Agricultura Familiar e Camponesa. REBRIP/FASE,
Brasília, pp. 22-58.
Wilkinson, J., Herrera, S. (2008a). Os Agrocombustíveis no Brasil. 1. ed., Oxfam, Brasília.

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ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DOS MODELOS AGRÍCOLA E INDUSTRIAL DE UTILIZAÇAO DO


ÓLEO DE CRAMBE NA CADEIA PRODUTIVA DE BIODIESEL EM MATO GROSSO DO SUL

Renato Roscoe1; Dirceu Luiz Broch1; Willian Souza Lima Nery2


1 Fundação MS, renatoroscoe@fundacams.org.br

RESUMO – O crambe (Crambe abyssinica) é uma oleaginosa com bom potencial para a diversificação
da cadeia produtiva do biodiesel no Brasil. Entretanto, pouco se conhece da viabilidade agrícola e
industrial da cultura. O objetivo do trabalho foi identificar as variáveis de maior relevância para os
modelos agrícola e industrial de utilização do crambe na cadeia produtiva do biodiesel no estado de
Mato Grosso do Sul. A partir da construção de dois modelos de produção, um agrícola e outro
industrial, na região de Dourados-MS, foram analisadas as variáveis independentes de maior impacto
na rentabilidade final do produtor e da indústria de óleo. No modelo agrícola as variáveis mais
impactantes foram o valor do grão pago pela indústria e a produtividade da cultura. Para o modelo
industrial, o valor pago ao produtor, o valor de venda do óleo e a eficiência de extração. Observou-se
que a cadeia tem gerado maior rentabilidade para o agricultor (62%), quando comparado à indústria
(20%). Entretanto, como o preço do grão pago pela indústria foi a variável de maior relevância para
ambos os modelos e como há poucos compradores de crambe no mercado, pode-se concluir que o
ambiente será favorável à pressão da indústria para redução no valor do grão, de modo a equilibrar a
rentabilidade entre os dois setores.
Palavras-chave – crambe; rentabilidade; modelo industrial; modelo agrícola

INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Uso e Produção de Biodiesel tem como uma de suas metas a
diversificação das fontes de matéria prima para a produção do biocombustível. São poucas as
alternativas de oleaginosas com potencial para utilização na produção de biodiesel em larga escala no
Brasil Central e, particularmente, em Mato Grosso do Sul (Roscoe et al., 2007). Segundo estes
autores, somente a soja teria volume de produção e organização adequada da cadeia para atender ao
Programa. Culturas tradicionais, como girassol e amendoim, e ainda pouco difundidas no estado, como
mamona, nabo forrageiro e crambe, teriam que passar por um intenso trabalho de organização da
cadeia produtiva.

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Neste sentido, o crambe (Crambe abyssinica Hochst) apresenta características importantes,


como custo baixo, ciclo curto, tolerância a seca e a baixas temperaturas, podendo ser plantado mais
tardiamente, em épocas em que os riscos para as demais culturas de safrinha seriam muito elevados
na região Centro Oeste (Pitol et al., 2010). Sendo uma cultura totalmente mecanizada, utilizando as
mesmas estruturas de soja (plantadoras, colhedoras, armazéns etc.), o crambe tem um grande
potencial de expansão como alternativa de segunda safra em boa parte do Centro Oeste (Roscoe &
Delmontes, 2008).

O óleo de crambe, que representa até 38% dos grãos em base seca, não é comestível e não
compete diretamente com o mercado de alimentos (Knights, 2002). Rico em ácido erúcico (em média
55%), esse óleo possui características importantes para a indústria química, sendo utilizado em
lubrificantes, adjuvantes para aplicação de pesticidas e como agente deslizante em ligas plásticas (AIR,
1997). A produção de biodiesel com óleo de crambe pode trazer vantagens, pois o óleo apresenta
baixo ponto de fusão (-12OC) e alta estabilidade oxidativa (Pitol et al., 2010), sendo muito interessante
para misturas com matérias primas de qualidade inferior.

A viabilidade técnica de uma nova alternativa de oleaginosa para a cadeia produtiva do


biodiesel envolve aspectos técnicos, econômicos e legais (Roscoe et al., 2007). O crambe tem
apresentado excelentes resultados técnicos em Mato Grosso do Sul, como fruto de 14 anos de
pesquisa da Fundação MS (Pitol et al., 2010). Os aspectos legais também estão parcialmente
equacionados, havendo variedade devidamente registrada no Registro Nacional de Cultivares e
sistema de produção estabelecido (Pitol et al., 2010). Somente o zoneamento agrícola ainda não foi
realizado, mas encontra-se em andamento. Com relação à viabilidade econômica, a análise deve
contemplar dois atores importantes na cadeia, o produtor rural e a indústria de processamento. Não
havendo rentabilidade para ambos os setores, a cadeia produtiva não consegue se estabelecer de
forma viável.

Fatores importantes para a viabilidade da atividade do produtor rural são os custos dos
insumos, a produtividade alcançada e o valor pago ao produto pela indústria. O transporte até a
indústria também representa item de custo fundamental para a viabilidade da cadeia, sobretudo porque
o peso específico do crambe é de 340 kg m-3 (Pitol et al., 2010). Pelo lado da indústria, fatores
importantes são os custos envolvidos na aquisição da matéria prima e no seu processamento,
eficiência de extração de óleo e valores de comercialização de seus produtos e subprodutos.

O objetivo do presente trabalho foi identificar as variáveis de maior relevância para os modelos
agrícola e industrial de utilização do crambe na cadeia produtiva do biodiesel no estado de Mato

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Grosso do Sul, visando a sua utilização como oleaginosa alternativa no escopo do Plano Nacional de
Produção e Uso de Biodiesel.

METODOLOGIA

A análise foi realizada tomando-se como base uma unidade de processamento de óleos no
Município de Dourados, MS. O município é um pólo regional de produção de grãos e abriga a única
usina de biodiesel em funcionamento no estado de Mato Grosso do Sul.

Para definição do modelo agrícola, foi feita coleta de dados junto a especialistas da Fundação
MS, assim como produtores de semente certificadas de crambe na região de Maracaju, Antônio João e
Sidorlândia, todos em Mato Grosso do Sul (Tabela 1). O sistema consistiu em plantio de crambe em
safrinha, após soja; sem a aplicação de fungicidas e inseticidas; solos corrigidos e sem aplicação de
fertilizantes, utilizando a adubação residual da soja; dessecação da área com glifosato, antes do
plantio; plantio direto com plantadeira de soja, com o espaçamento de 45 cm e utilização de 15 kg de
semente por ha; colheita com colhedeira de soja, considerando um rendimento de colheita por área
(número de horas máquina por ha), semelhante ao da soja; densidade do grão de 340 kg ha -1;
transporte até unidade beneficiadora em média de 25 km; e custos com limpeza e secagem
semelhante aos custos da soja e milho na região (Tabela 1).

Para a definição do modelo industrial, foram consideradas as informações coletadas junto a


esmagadoras de pequeno e grande porte, localizadas em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e
São Paulo. O modelo constitui em unidade de esmagamento por prensagem mecânica, com
preaquecimento em cozinhador e passagem dupla em prensas tipo extrusoras conectadas em série,
sendo o óleo posteriormente decantado e filtrado antes da comercialização. Considerou-se que a torta
obtida pela extração foi comercializada com a umidade final após extração (6%), sem correção para
12% como permitido pela legislação. Não foram considerados custos significativos de armazenamento
da torta, sendo a mesma comercializada imediatamente.

Os valores base das variáveis independentes dos modelos foram coletados em


estabelecimentos comerciais da região (insumos agrícolas), junto à Fundação MS (sementes
certificadas e valor médio de comercialização dos grãos na região), à Marca S Consultoria (valores de
venda da torta de crambe e valores médios de serviços agrícolas na região) e à Biocar (custos médios
de esmagamento). Foram ainda coletados dados secundários sobre o histórico do preço do óleo de
soja na Abiove (www.abiove.com.br) e IGP-DI no Ipea (www.Ipeadata.goc.br). Os valores de transporte

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entre a indústria e a praça de São Paulo foi calculado com base em cotações feitas em três
transportadoras.

A partir dos valores básicos estimados pelos modelos agrícola e industrial, foi feita uma análise
de sensibilidade, buscando identificar as variáveis mais importantes na determinação da margem bruta
do produtor rural e da indústria, conforme metodologia descrita por Bekman& Costa Neto (1980), sendo
construídos Diagramas Tornado para a melhor visualização e análise (Eschenbacch, 1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O custo de produção médio estimado para o produtor rural da região de Dourados em Mato
Grosso do Sul foi de R$ 246,21, sendo que 43% deste custo estiveram relacionados com operações
agrícolas, 40% insumos e 17% pós-colheita, considerando uma distância média de 20 km até a
unidade de recebimento (Tabela 1). Com uma produtividade esperada de 1.000 kg ha -1 de grãos e um
valor por tonelada de R$ 400,00 na indústria, estima-se uma margem bruta para o produtor rural de R$
153,79 ou 62% em relação ao custo.

Analisando-se os fatores que mais afetam a rentabilidade do produtor, observa-se pela análise
de sensibilidade que os maiores impactos decorreram da variação no valor pago pela indústria e a
produtividade de grãos esperada (Figura 2 e 3). Reduzindo-se em 15% o valor pago pelo grão ao
produtor sua margem cai de 62% para 38% (Figura 3). Por outro lado, com um aumento de 15%, ou
seja, passando para R$ 460,00 por tonelada, a margem sobe para 87%. Aumentando a produtividade
esperada em 15% (1.150kg ha-1), a rentabilidade do produtor chegaria a 82% (Figura 3). O aumento da
produtividade pode ser buscado pelo produtor com o uso de técnicas adequadas de manejo e de
sementes de qualidade. Decisões que muitas vezes não oneram a produção masque podem otimizar a
produtividade devem ser buscadas, tais como plantio nas épocas recomendadas, com materiais
adequados e seguindo as orientações técnicas. Entretanto, a variável de maior impacto, ou seja, o
valor pago pela indústria pode ser pouco afetado pelo produtor, principalmente se estiver em uma
região com poucos ou um único comprador, como em Dourados.

A margem média da indústria na obtenção de óleo de crambe, conforme estabelecido pelo


modelo industrial, foi de R$ 98,00 por tonelada processada, ou 20% de retorno sobre os custos (Tabela
2). As variáveis de maior impacto para a rentabilidade da indústria foram o valor pago pelo grão ao
produtor, com efeito negativo, e o valor de venda do óleo e eficiência de extração, com efeito positivo
(Figuras 4 e 5). A eficiência de extração é uma variável que pode ser trabalhada pela empresa até

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certos limites técnicos, enquanto a venda do óleo é definida pelo mercado. O preço de compra da
matéria prima pode ser também influenciado pela indústria, desde que a concorrência assim o permita.
Para o caso do crambe, que possui um baixo peso específico (inviabilizando transporte a longas
distâncias) e poucas empresas atuando no mercado, a indústria tem maior poder para atuar na
determinação dos preços.

Em termos de rentabilidade absoluta por tonelada de grão processado, o produtor tem sido
privilegiado em relação à da indústria. Enquanto a rentabilidade média foi de 62% para o produtor
(Figura 2 e 3), esteve em 20% para a indústria (Tabela 2). Entretanto, não se podem comparar os
riscos aos quais os produtores estão expostos como os da indústria, o que justificaria uma maior
rentabilidade para a atividade agrícola.

Observa-se que a magnitude de alteração na margem da indústria foi significativamente maior


do que no modelo agrícola, evidenciando uma maior vulnerabilidade da indústria à alteração das
variáveis de maior relevância. O valor de compra dos grãos foi a variável mais impactante em ambos
os modelos. Nota-se que a redução no valor de compra dos grãos em 15% diminui a rentabilidade do
produtor para 38%, mas ao mesmo tempo aumenta a rentabilidade da indústria para 37%, equilibrando
mais a cadeia em termos de rentabilidade.

CONCLUSÃO

No arranjo atual da cadeia produtiva do crambe na região de Dourados-MS, o produtor pode


obter margem substancialmente maior do que a margem da indústria. Entretanto, das variáveis que
mais afetam tanto o modelo agrícola quanto o industrial, o valor pago pela indústria tem o maior
impacto. Como se trata de uma cultura nova na região estudada, a presença de um ou poucos
compradores pode afetar o balanço de forças entre a indústria e o produtor, podendo ser esperada
pressão para redução dos valores pagos e para um maior equilíbrio entre a margem da indústria e do
agricultor.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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information. AIR3-CT94-2480, 1997 (http://www.biomatnet.org/secure/Air/F709.htm).
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1980. 124p.
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6, p.40.
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Development Corporation, RIRDC Publication No. W02/005, Kingston, 2002. 25p.
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MS, 2010. 60p.
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Instituto FNP, 2008. p. 40-41.
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produção de biodiesel em Mato Grosso do Sul. Revista de Política Agrícola, v.16, p.48-59, 2007.

Tabela 10 – Custo de produção médio da cultura de crambe na região de Dourados, MS.

Preço Porport. Porport.


Valor Total
Componentes de Custo Unidade Quant Unitário Component Total
(R$)
(R$) (%) (%)
A - Operações
Aplicação de herbicida (75 cv) hm 0,5 30,00 15,00 14% 6%
Plantio/Adubação (100 cv) hm 0,3 40,00 12,00 11% 5%
Transporte Interno (plantio) (75 cv) hm 0,23 30,00 6,90 6% 3%
Aplicação Inseticida/Fungicida (75 cv) hm 0 30,00 0,00 0% 0%
Colheita Mecânica hm 0,66 110,00 72,60 68% 29%
A - Sub-Total Operações 1,69 106,50 100% 43%
B - Insumos
Sementes kg 15 4,50 67,50 69% 27%
Herbicida (glyfosato) L 2 15,00 30,00 31% 12%
Fertilizante 8-20-20 + micro kg 0 1,30 0,00 0% 0%
Fungicida/Inseticida kg 0 10,00 0,00 0% 0%
B - Sub-Total Insumos 97,50 100% 40%
C - Pós-Colheita
Transporte até Armazem t 1 20,00 20,00 47% 8%
Recepção t 1 2,17 2,17 5% 1%
Secagem t 1 11,55 11,55 27% 5%
Limpeza t 1 3,14 3,14 7% 1%
Armazenamento (1 mês) t 1 3,33 3,33 8% 1%
Taxas Administrativas t 1 2,02 2,02 5% 1%
C - Sub-Total Pós Colheita 42,21 100% 17%
TOTAL COST (A+B+C) 246,21 100%

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Tabela 2 – Valores médios das variáveis do modelo industrial.


Variáveis
Total de óleo nos grãos umidade de 9% (%) 35%
Eficiência de extração (% do óleo total) 71,4%
Quantidade de óleo extraído por tonelada de grão (kg) 250 kg
Quantidade de torta residual 6% umidade, por tonelada de grão esmagado (kg) 700 kg
Valor pago pelo grão na indústria (R$/t) R$ 400,00
Custo médio de esmagamento por tonelada de grão (R$/t) R$ 90,00
Valor médio histórico do óleo de soja CIF São Paulo + 12% ICMS (2001-2010) (R$/t) R$ 1.998,31
Valor médio do transporte do óleo de Dourados a São Paulo (R$/t) R$ 105,00
Valor médio de venda do óleo em Dourados (R$/t) R$ 1.653,51
Valor estimado de venda da torta na indústria (R$/t) R$ 250,00
Custo total por tonelada de grão processado (R$/t) R$ 490,00
Receita Total por tonelada de grão processado (R$/t) R$ 588,00
Margem Bruta da Atividade (R$/t) R$ 98,00
Margem Bruta da Atividade Industrial (%) 20%

.
4.000

3.500

3.000
São Paulo CIF + 12% ICMS (R$/t)

2.500

R$ 1.998,30 (± 447,10)
2.000

1.500

1.000

500

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009


0
20 -01
20 -05
20 -09
20 -01
20 -05
20 -09
20 -01
20 -05

20 -09
20 -01
20 -05
20 -09
20 -01
20 -05
20 -09

20 -01
20 -05
20 -09
20 -01
20 -05
20 -09
20 -01
20 -05

20 -09
20 -01
20 -05
20 -09

1
-0
01

01
01
02
02
02
03
03
03

04
04
04
05
05
05
06

06
06
07
07
07
08
08
08

09
09
09
10
20

Figura 1. Variação dos preços históricos de óleo de soja posto São Paulo (CIF + 12% ICMS), corrigidos pelo IPC-DI, para
valores atuais. A linha em vermelho representa a média corrigida de 2001 a 2010. Valor entre parêntesis representa o erro
padrão da média.

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Análise Sensibilidade (15% )

-35,0% -25,0% -15,0% -5,0% 5,0% 15,0% 25,0% 35,0%

Valor Grão Indústria -24,4% 24,4%

Produtividade de Grãos -20,7% 19,7%

Valor Médio Operações -9,9% 11,3%

Valor Sementes -6,4% 7,0%

Valor Herbicida -2,9% 3,0%

Distäncia Média até Indústria -2,0% 2,0%

Figura 2. Diagrama Tornado mostrando a variação percentual da rentabilidade do produtor rural, em função de variações
positivas e negativas de 15% em relação à média das variáveis independentes do modelo agrícola.

100%

80%

60%

40% Produtividade de Grãos


Valor Grão Indústria

20%

0%
-20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20%
Variação Percentual Sobre os valores Médios

Figura 3. Variação na Margem Bruta do produtor rural com a cultura do crambe em Dourados, MS, em função da variação
percentual das variáveis de maior impacto no modelo agrícola.

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Análise Sensibilidade (15% )

-110% -60% -10% 40% 90% 140%

Preço do Grão (inverso) -65% 83%

Valor de Venda Oleo -63% 63%

Eficiência Extração
-53% 53%
(inverso)

Valor de Venda Torta -27% 27%

Custo de Extração -16% 17%

Figura 4. Diagrama Tornado mostrando a variação percentual da rentabilidade da indústria, em função de variações
positivas e negativas de 15% em relação à média das variáveis independentes do modelo agrícola.

Preço do Grão
Valor venda óleo
40%
Eficiência Extração

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
-20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20%
Variação Percentual Sobre os valores Médios

Figura 5. Variação na Margem Bruta da indústria com o processamento do crambe em Dourados, MS, em função da
variação percentual das variáveis de maior impacto no modelo industrial.

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ANÁLISE ENERGÉTICA DO CULTIVO DO ALGODÃO ORGÂNICO CONSORCIADO COM


CULTURAS ALIMENTARES

Fábio Aquino de Albuquerque1; Melchior Naelson Batista1; Rodolfo de Assis Oliveira2; Miriam Silva
Tavares2.
1 Embrapa Algodão (fabio@cnpa.embrapa.br), 2 Estudante de graduação do Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal da Paraíba.

RESUMO - Neste trabalho, avaliou-se o balanço energético de um sistema de cultivo de algodão


consorciado com culturas alimentares no Município de Remígio. Os coeficientes técnicos foram
tomados a partir do itinerário diário das atividades desenvolvidas pelos agricultores durante o ciclo da
cultura. As atividades e os insumos utilizados foram convertidos em unidades de energia para efeito de
entrada de insumos. Os produtos gerados também foram convertidos em unidades de energia para
efeito de saídas de energia. O balanço energético foi estimado através da diferença entre o total de
energia produzida pelo sistema e o total de entradas de energia no sistema. Concluiu-se que o sistema
consorciado apresentou-se extremamente positivo do ponto de vista energético.
Palavras-chave – Agricultura familiar, agroecologica, sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

Os sistemas agroecológicos consorciados procuram limitar a inclusão de energia e recursos;


aperfeiçoar a taxa de retorno e reciclagem de matéria orgânica e nutrientes, maximizar a capacidade
de múltiplo uso da terra e garantir um fluxo eficiente de energia; promovendo, assim, um sistema
agrícola diversificado e potencialmente resistente (ALTIERI, 1989). No semi-árido os consórcios que
envolvem oleaginosas ou fibrosas com culturas alimentares foram e ainda são bastante praticados de
modo a beneficiar tanto a dieta quanto a receita econômica do agricultor familiar (BELTRÃO, 1984).
Segundo o mesmo autor a associação algodão-feijão é um sistema ideal de consórcio, pois combina
uma leguminosa de ciclo rápido com uma cultura de ciclo longo. Logo estes sistemas orgânicos de
produção priorizam o uso de insumos de menores custos energéticos que aqueles industrializados, e
tendem ao gasto energético menor e eficiência maior que sistemas convencionais.

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A agricultura familiar apresenta-se flexível, pois, há uma maior capacidade de gerenciamento e


uma maior aptidão à diversificação das culturas através dos consórcios, onde estes podem ser
utilizados para cultivo de vegetais para alimentação humana ou também o cultivo de culturas
destinadas ao suporte para criação de animais. Geralmente nestes sistemas de produção agrícola, por
apresentar-se em escalas menores e pelo fato de haver menor mecanização agrícola, a quantidade de
energia investida é pequena comparada com agricultura empresarial. Trabalhando com algodão
precoce Beltrão et al. (1993) verificaram que no 1º ano de ciclo, considerando apenas a saída referente
ao algodão, geraram uma eficiência de 5,02, para segundo e terceiro ano de 11,04. Este mesmo autor
verificou que no caso do algodão arbóreo precoce a eficiência foi de 9,84. Para os anos seguintes
estes autores verificaram que houve um aumento significativo na eficiência cultural, conseqüentemente
do balanço energético, do sistema produtivo. Da mesma forma Albuquerque et al. (2007) observaram
que sistemas de cultivo do algodoeiro em pequenas propriedades rurais no Mato Grosso do Sul
apresentaram balanço energético positivo, devido principalmente a maior utilização de mão-de-obra
familiar, em detrimento ao uso de máquinas agrícolas. A agricultura familiar tem como característica a
relação íntima entre trabalho e gestão, a direção do processo produtivo conduzido pelos proprietários,
à ênfase na diversificação produtiva e na durabilidade dos recursos e na qualidade de vida, a utilização
do trabalho assalariado em caráter complementar e a tomada de decisões imediatas, ligadas ao alto
grau de imprevisibilidade do processo produtivo.

O objetivo deste trabalho foi estimar o balanço de energia no sistema de cultivo do algodão em
consórcio com culturas alimentares.

METODOLOGIA

O estudo foi conduzido no assentamento Queimadas no município de Remígio, PB,


(6° 54′ 10″ S, 35° 50′ 2″ W). Os coeficientes técnicos foram obtidos a partir da produção da safra
agrícola do ano de 2008/2009, considerando-se um itinerário mínimo utilizado pelos agricultores para
realização das atividades diárias. Estes dados foram obtidos a partir de questionários específicos
aplicados aos agricultores e também através de informações pessoais. As variáveis de entrada e saída
foram transformadas em unidades energéticas (kcal) para padronizar os cálculos. Os dados de entrada
de energia foram obtidos a partir dos insumos e práticas culturais adotadas pelos agricultores, dentre
elas temos: preparo do terreno, plantio, limpeza do terreno (animal e manual), colheita e transporte.
Enquanto que foram incluídos como dados de saída de energia a produção das culturas. Considerou-
se para as sementes o valor de 4200 kcal/kg, 3964,7 kcal/kg, 4000 kcal/kg, 5715 kcal/kg, 5850 kcal/kg

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para algodão, milho, feijão, gergelim, amendoim, respectivamente. Admitiu-se que um homem consome
em torno de 225 kcal por hora trabalhada em um período de trabalho de oito horas/dia. E um animal
(boi) consome aproximadamente 1575 kcal/h. O consumo de combustível foi de 7,0 l/hora e o óleo
diesel apresenta um valor energético de 7571 kcal/l. Considerou-se uma demanda específica de
energia (DEE) para o trator utilizado de 4322,70 kcal/h.

O sistema de cultivo utilizado foi o consórcio com algodão+milho+feijão e tendo como culturas
marginais o gergelim e o amendoim. O arranjo dos consórcios está descrito abaixo. A eficiência
energética foi calculada dividindo-se o total de saídas de energia pelo total de energia acumulada nos
insumos e atividades executadas. O balanço energético foi calculado subtraindo-se do total de energia
contida nos produtos os valores correspondentes ao total de entradas no sistema, composto pelos
insumos e atividades executadas.

A composição das demandas energéticas foi quase que totalmente biológica, tendo apenas o
uso do trator, na atividade de preparo de solo, e o óleo diesel como representantes das fontes fósseis.
Sendo o sistema de produção orgânico não houve a aplicação de fertilizantes químicos, assim como
também o uso de inseticidas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através do itinerário diário dos agricultores foram estimados os coeficientes técnicos,


assim como a quantidade de insumos e atividades executadas para o plantio do algodão em
consórcios. Estes dados estão apresentados na tabela 1, a qual apresenta também a demanda
energética específica para o caso do uso do trator e os valores calóricos de cada atividade ou insumo
necessário para produção. O total é produto entre o coeficiente técnico e o respectivo valor calórico da
atividade ou insumo.

Observa-se que o Balanço energético foi de 7.600 mil e a eficiência energética de 28,
ou seja, para cada unidade de energia que entra no sistema são geradas outras 28. Esses valores
estão muito acima dos obtidos em outros sistemas de produção familiares. Isso ocorre, muito
provavelmente, devido a não utilização de insumos de elevado valor energético como adubos
nitrogenados e produtos fitossanitários.

No sistema estudado a maior contribuição quanto a entrada de energia ficou por conta das
sementes que representaram aproximadamente 85% de todo o input de energia (Fig. 1).

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Das atividades, o beneficiamento representou apenas 0,09%, que foi composto basicamente
pelo transporte do material da roça até o armazém onde foi processado (descascado) pelos membros
da família. A produção de cada componente do consórcio está apresentada na tabela 1. Observa-se
que o milho foi o que apresentou maior produção, representado quase 40% da produção, seguido pelo
feijão com aproximadamente 33%. O algodão contribuiu com 17%.

Quanto a produção energética (output) o milho, devido a sua maior produção representou
praticamente 40% de todas as saídas de energia do sistema estudado, novamente o feijão veio em
segundo lugar e o algodão em terceiro (Fig. 2).

CONCLUSÃO

O sistema de cultivo de algodão consorciado com culturas alimentares apresentou uma saldo
energético positivo tanto do ponto de vista energético como alimentar. Assim, conclui-se que nestes
sistemas de cultivo o risco de perda é minimizado devido a diversidade de cultivo e a menor entrada de
insumos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, F.A.; BELTRÃO, N.E.M.; OLIVEIRA, J.M.C.; VALE, D.G.; SILVA, J.C.A CARTAXO,
W.V. Balanço energético da cultura do algodão na pequena propriedade rural no Cerrado do Mato
Grosso do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DO ALGODÃO, 6., 2007, Uberlândia. Anais...
Uberlândia, 2007. p. 1-5 1 CD-ROM Sistemas de produção.

ALTIERI, M.A. Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. Rio de Janeiro: Projeto
Tecnologias Alternativas-Fase, 1989. 237p.

BELTRÃO, N.E.M.; AZEVEDO, D.M.P.; NÓBREGA, L.B.; LACERDA, M.R.B. Estimativa da energia
cultural na cotonicultura arbórea no nordeste brasileiro, comparando-se o mocó tradicional com o
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indicadores agroeconômicos de avaliação de agroecossistemas consorciados e solteiros envolvendo
algodão upland e feijão caupi. Campina Grande, Embrapa Algodão, 1984. 21p. (Embrapa Algodão.
Boletim de Pesquisa, 5).

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Tabela 1. Descrição das atividades, coeficientes técnicos e conversão em unidade de energia para estimativa do balanço
energético.
Valor
Discriminação Unidade Quantidade DEE Total
Caloríco.
ATIVIDADES
1.1 Preparo do terreno h/t 0,5 4322,7
617,53
1.2.Plantio
1.2.1. Plantio ( Tração animal) h/a 4 1575
1.800,00
1.2.2. Plantio( Matraca) d/h 2 1800
1.028,57
1.3. Capinas
1.3.1. Primeira limpa d/h/a 2 3600
2.057,14
1.3.1.1. Retoque primeira limpa na
d/h 1,875 1800
enxada 964,29
1.3.2. Segunda limpa d/h/a 1 14400
4.114,29
1.3.3.1. Retoque segunda limpa na
d/h 12 1800
enxada 6.171,43
1.4. Colheita
1.4.1.Colheita- milho d/h 2,5 1800
1.285,71
1.4.2. Colheita- algodão d/h 7,25 1800
3.728,57
1.4.3.Colheita- feijão d/h 2,33 1800
1.198,29
1.4.4. Colheita- gergelim d/h 2,125 1800
1.092,86
1.4.5. Colheita- amendoim d/h 2,125 1800
1.092,86
1.5. Beneficiamento d/h 5 1800
2.571,43
1.6. Transporte- milho d/h/a 0,167 1800
85,89
1.6.1. Transporte- gergelim d/h/a 0,167 1800
85,89
1.6.2.Transporte- milho d/h/a 0,167 1800
85,89
1.6.3.Transporte- algodão d/h/a 0,167 1800
85,89
1.6.4.Trasnporte amendoim d/h/a 0,334 1800
171,77
2. Insumos
2.1. Sementes
2.1.2. Milho kg 4 3964,7
4.531,09
2.1.3. Feijão kg 3 4000
3.428,57

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2.1.4. Gergelim kg 100 5715


163.285,71
2.1.5. Algodão kg 30 4200
36.000,00
2.1.6. Amendoim kg 20 5850
33.428,57
2.2. Combustível (30 minutos
l 5 7571
equivale a 5 litros de combustível) 10.815,71
Total entradas
279.728
PRODUÇÃO (Saídas)
Algodão kg 1191,05 3964,7
1.349.183
Milho kg 2609,95 4200
3.131.944
Feijão kg 2157,75 4000
2.466.005
Gergelim kg 390,91 5715
638.307
Amendoim kg 216,49 5850
361.853
Total saídas
7.947.292

Tabela 2. Produtividade do consórcio algodão e culturas alimentares no município de Remígio, PB.

Produto Produção (kg / ha)


Algodão 1191,05
Milho 2609,95
Feijão 2157,75
Gergelim 390,91
Amendoim 216,49

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100

80
Porcentagem

60
(%)

40

20

0
Preparo do solo e Colheita e Sementes Combustível
tratos culturais Beneficiamento

Figura 1. Participação porcentual das atividades e insumos na composição das entradas de energia no sistema de produção
de algodão orgânico em sistema consorciado.

50
Porcenta
gem (%)

0
Algodão Milho Feijão Gergelim Amendoim

Figura 2. Participação de cada cultura na saída de energia do sistema de algodão orgânico consorciado.

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AVALIAÇÃO DE UNIDADES DEMONSTRATIVAS DA CULTURA DA MAMONA NO MUNICÍPIO DE


ITAETÊ, CHAPADA DIAMANTINA, BA.

Edson Fernandes Araújo Macedo ¹; Julio Cezar Vasconcelos ²; Antonio Reis Leite Bruno Silva ³.
¹ SEAGRI/EBDA/INCRA, nandolane@yahoo.com.br, ² Cooperativa Central de Assentamentos da Bahia-CCA-BA, ³ Escola
Família Agrícola-EFA.

RESUMO- Objetivou-se com este estudo avaliar o desempenho de unidades demonstrativas de


mamona, no município de Itaetê-Ba, que consta com 10 assentamentos de Reforma Agrária atingindo
890 famílias cadastradas no Programa ―Petrobras Fome Zero‖, do Rio de janeiro, e Petrobras-Bahia, e
uma área potencial de cultivo superior a 890 há. Essas famílias foram cadastras no programa através
da CCA-Ba, Cooperativa Central de Assentamentos da Bahia, e apoio técnico do Programa de ATES,
Assistência Técnica, Social e Ambiental, convênio SEAGRI/EBDA/INCRA, visando a inserção dos
agricultores familiares assentados de Reforma Agrária na cadeia produtiva do Biodiesel por se tratar de
uma região culturalmente produtora de mamona no Estado da Bahia. Foram avaliadas as variedades
crioulas encontradas com facilidade nas áreas dos assentamentos, indicando a produtividade média
dessas cultivares e introduzindo materiais de alto padrão genético, como as cultivares BRS Paraguaçu
e BRS Nordestina, visando um aumento de produção de Kg/há de bagas, além de aproximar os
assentados, bem como, os jovens de 5ª a 8ª série da Escola Família Agrícola das tecnologias de
produção, tornando-os agentes multiplicadores dessas tecnologias nas unidades de produção familiar.
Palavras-chave- Ricinus communis, sementes crioulas, projetos de assentamentos, biodiesel.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis) surge como uma alternativa agrícola de renda para o semi-
árido nordestino tanto por se tratar de uma cultura resistente á seca, quanto por absorver a força de
trabalho familiar, gerando emprego e renda por meio da exploração de áreas pequenas, consorciadas
com o feijão e o milho, por exemplo, assumindo nesse contexto, um grande papel social para as
regiões semi-áridas (SAVY FILHO et al., 1999).

É uma cultura mais justa, que promove a inclusão social, gerando empregos permanentes,
justamente nas áreas mais necessitadas, a dos pobres e dos menos alfabetizados, ocupando terras
que antes não produziam (BELTRÃO, 2002).

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Contudo, no Brasil, a produtividade média da mamona está em torno de 799 Kg/ha, ainda
muito baixa ao se considerar, por exemplo, que no Estado de São Paulo, na safra 2008/2009, a média
de produtividade ficou em torno de 1.540 kg/ha (Conab, 2009). Esta baixa produtividade brasileira
poderá comprometer a oferta de mamona para atender o mercado do Biodiesel. De acordo com Freire
et al. (2001), a baixa produtividade média observada no Brasil deve-se, em parte, ao uso de sementes
de baixa qualidade, multiplicadas pelos próprios agricultores, o que conduz a um alto grau de
heterogeneidade e à grande diversidade de tipos locais, em sua grande parte, pouco produtivos.

Objetivou-se com este trabalho, avaliar a capacidade produtividade da BRS Paraguaçu, BRS
Nordestina introduzidas e das sementes crioulas encontradas comumente, nas condições
edafoclimáticas do município de Itaetê-Ba, e sua efetiva capacidade de selecionar materiais superiores
locais de sementes crioulas ou não, buscando, conjuntamente com os materiais superiores de mamona
introduzidos, um incremento na produção dessas áreas utilizadas pelos agricultores familiares locais.

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido nos Projetos de Assentamentos Santa Maria Florentina, Santa Clara e
na Escola Família Agrícola nos períodos respectivamente de Janeiro de 2008 a Novembro de 2009 no
Município de Itaetê-Ba. O município de Itaetê situa-se numa altitude de 321m (sede), latitude de 12°59'11''
e longitude de 40°58'21'', possuindo clima semi-árido e subúmido a seco, com uma precipitação
pluviométrica média de 716 mm anuais, concentrada no período de novembro a março, com períodos mais
secos de maio a outubro (1969 a 1995) (Muritiba, 2008). Os dados de precipitação nos períodos de
plantio estão na tabela 1. As sementes BRS Paraguaçu e BRS Nordestina foram adquiridas com a
Petrobras Biocombustível e as sementes crioulas com os agricultores familiares dos projetos de
assentamento de Reforma Agrária de Itaetê-Ba, onde foi feita uma triagem das sementes mais usadas
pelos produtores, identificando 5 genótipos, onde receberam seus nomes vulgares conhecidos na
região.

A metodologia usada no sistema de cultivo da mamoneira foi realizada com base na


metodologia das Unidades de Teste e Demonstração- UTDS‘s, mediante a implantação de 3 unidades
no município de Itaetê-Ba com a cultivar BRS Paraguaçu no Projeto de Assentamento Santa Maria
Florentina, BRS Nordestina no P.A Santa Clara e os 5 genótipos de mamona comumente cultivados
implantados na Escola Família Agrícola de Colônia, zona rural de Itaetê, sementes estas que foram

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coletadas dentro dos assentamentos, triadas e escolhidos os genótipos mais usados pelos produtores
no seu dia a dia, conhecido vulgarmente como mamona Cigana, Sangue de boi, Azeitona, Pretinha,
Gogó de Gia. As três unidades foram implantadas em regime de sequeiro, sem adubação, com capina
e colheita manual e espaçamento 3,0 x 1,0. A cultivar BRS Paraguaçu foi plantada em Janeiro de 2008
no P.A Santa Maria Florentina em uma área de 3.825 m², conforme figura 1. A cultivar BRS Nordestina
foi plantada em Janeiro de 2008 no P.A Santa Clara em uma área de 3.825 m², conforme figura 2. As
variedades crioulas foram plantadas em duas épocas, em Novembro de 2008 no período onde de
concentram as chuvas e em Abril de 2009, fora do período chuvoso da região, na Escola Família
Agrícola- EFA de Colônia, zona rural de Itaetê, em uma área de 1080 m², conforme figuras 3 e 4. A
cultura foi conduzida por técnicos da CCA-BA em parceria com a Petrobras Biodiesel, e apoiada por
técnicos da ATES, do convênio SEAGRI-EBDA-INCRA e para avaliação do potencial produtivo foram
anotados os dados referentes à produtividade obtida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados relativos à data de plantio, precipitação observada, produtividade obtida são


apresentados nas tabelas 2, 3 e 4. No P.A Santa Clara, a cultivar BRS Nordestina recebeu 343,2 mm
de chuva durante o ciclo com produção de 1078 kg/há. No P.A Santa Maria Florentina, a cultivar BRS
Paraguaçu recebeu 343,2 mm de chuva durante o ciclo, apresentando um rendimento de 803,56 kg/há.
Já na Escola Família Agrícola, as variedades crioulas receberam 325,7 mm e 218,6 mm de chuva
durante o ciclo, apresentando as cultivares e os respectivos rendimentos: Sangue de Boi (111,10 e
33,30 kg/há.), Gogó de Gia (222,20 e 147,20 kg/há.), Pretinha (227,55 e 84,71 kg/há.) Cigana (111,10
e 147,20 kg/há.) e Azeitona (333,30 e 106,93 kg/há.).

CONCLUSÃO

Observou-se grande desempenho agronômico das cultivares BRS Nordestina e BRS


Paraguaçu introduzidas nas áreas de Reforma Agrária do município de Itaetê, com produtividades de
1078 e 803,56 Kg/há, respectivamente., representando uma ação capaz de melhorar a rentabilidade
econômica nas áreas cultivadas pelos agricultores familiares, prejudicados pelo uso de sementes de
baixa qualidade e baixa produção, constatado na produtividade das variedades crioulas locais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M. Zoneamento e época de plantio da mamona para o Nordeste Brasileiro. Campina


Grande: Embrapa CNPA, 2002. 44 p.
CONAB. Mamona Brasil: série histórica de produtividade (safras 2007/2008 a 2008/09). Disponível em: < http:

www.conab.gov.br/conabweb/MamonaJanerio2009.pdf >. Acesso em: 10 de maio 2010.

FREIRE, E.C.; LIMA, E.F.; ANDRADE, F.P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F. (Ed.).
O agronegócio da mamona no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica, 2001. p.229-256.
MURITIBA, Maria Jocélia Souza . Luta pela terra, reforma agrária e territorialização: produção de espaços para
trabalho e vida. Itaetê / Bahia : 1997-2007 / Maria Jocélia Souza Muritiba - Salvador: UCSal. Superintendência
de Pós-Graduação, 2008. 259 f.

SAVY FILHO, A.; BANZATTO, N. V.; BARBOZA, M. Z. et. al. Mamona. In: CATI. Oleaginosas no Estado de São
Paulo: análise e diagnóstico. Campinas, 1999. p. 29.

Tabela 1- Dados relativos à precipitação observada durante o ciclo da cultura.

Dados pluviométricos 2008- 2009


ANO JAN FEV MARÇ ABR MAI JUN JUL AG. SET OUT. NOV. DEZ. TOTAL
2008
30 206,7 51,9 2 34,6 15 3 0 5,7 0 108,2 53,8 510,9
2009
19,9 31,9 18,7 128,2 29,3 31,2 12,7 17,2 0 0 0 0 289,1
Fonte: Dados da EBDA do município de Itaetê

Tabela 2- Dados relativos a cultivar, data do plantio, pluviosidade e produtividade nos P.A‘s Santa Clara e Santa Maria
Florentina.
P.A Santa Maria
Discriminação P.A Santa Clara
Florentina
Cultivar BRS Nordestina BRS Paraguaçu
Data de plantio 20/01/2008 10/01/2008
343,2
Precipitação (mm) 343,2
Rendimento (kg/há) 1.078,0 803,56
Fonte: Dados de pesquisa.

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Tabela 3- Dados relativos a cultivar, data do plantio, pluviosidade e produtividade na Escola Família Agrícola na época de
plantio.
Discriminação EFA- Escola Família Agrícola
Cultivar Sangue de Boi Gogó de gia Pretinha Cigana Azeitona
Data de plantio 04/12/08 04/12/08 04/12/08 04/12/08 04/12/08
Precipitação 325,7 325,7 325,7 325,7 325,7
Rendimento
111,10 222,20 227,55 111,10 333,30
(kg/há)
Fonte: Dados de pesquisa

Tabela 4- Dados relativos a cultivar, data do plantio, pluviosidade e produtividade na Escola Família Agrícola fora da época
de plantio.
Discriminação EFA- Escola Família Agrícola

Cultivar Sangue de Boi Gogó de gia Pretinha Cigana Azeitona

Data de plantio 04/04/09 04/04/09 04/04/09 04/04/09 04/04/09

Precipitação 218,6 218,6 218,6 218,6 218,6

Rendimento 33,30 147,20 84,71 147,20 106,93


(kg/há)

Fonte: Dados de pesquisa

Figura 1- UTD de BRS Paraguaçu Figura 2- UTD de BRS Nordestina

Figura 3- UTD de variedades crioulas Figura 4- Sementes crioulas triadas

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CARACTERIZAÇÃO DE POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE OLEAGINOSAS EM ASSENTAMENTOS


RURAIS PARA FINS DE PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEL, REGIÃO DE PROMISSÃO (SP) 1

Osmar de Carvalho Bueno1; Maura Seiko Tsutsui Esperancini2; Andréa Eloísa Bueno Pimentel3; Elias
José Simon4
1 Faculdade de Ciências Agronômicas –Universidade Estadual Paulista/UNESP. osmar@fca.unesp.br ; 2 Faculdade de

Ciências Agronômicas –Universidade Estadual Paulista/UNESP; 3 Centro de Ciências Agrárias –Universidade Federal de
São Carlos/UFSCar; 4 Faculdade de Ciências Agronômicas –Universidade Estadual Paulista/UNESP

RESUMO – Este estudo apresenta o panorama tecnológico e sócio-cultural de oito assentamentos


rurais situados na região de Promissão (SP), visando sua inserção no Programa Nacional de Produção
e Uso de Biodiesel (PNPB). A partir da identificação da aptidão agroclimática da região para a
produção comercial de oleaginosas, foram analisados fatores tecnológicos e sócio-culturais que
potencializem a oferta de matéria prima para a produção de biodiesel. Os fatores tecnológicos
analisados foram: grau de acesso à tecnologia mecanizada nas etapas de produção, grau de
dependência dos assentamentos em relação ao uso de equipamentos de terceiros, disponibilidade de
equipamentos, grau de acesso ao crédito e assistência técnica (AT), tipo de tecnologia de insumos
usada, disponibilidade de infra-estrutura de armazenamentos, irrigação e energia-elétrica. Os fatores
sócio-culturais analisados foram: organização da produção e comercialização, presença predominante
de formas associativas, experiências em atividades agrícolas e em sistemas de produção. Parte-se do
pressuposto que os assentamentos possuem níveis tecnológicos e sócio-culturais diferentes, exigindo
diferentes intervenções e programas governamentais para que se insiram no PNPB. Considera-se que
os resultados sirvam de base para ações específicas, como AT, extensão rural e concessão de crédito,
de acordo com as demandas locais para a inserção desses grupos na cadeia produtiva do biodiesel.
Palavras-chave – sustentabilidade, desenvolvimento regional, biodiesel, planejamento territorial

INTRODUÇÃO

Estudos têm apontado o esgotamento das fontes fósseis de energia ainda neste século;
indicando, ao longo do tempo, uma tendência de elevação de seus custos. A instabilidade política dos
países fornecedores de petróleo reflete-se em insegurança, comprometendo as atividades econômicas.
Outra questão que tem se colocado é a crescente preocupação ambiental decorrentes em grande parte
do balanço altamente desfavorável da emissão de carbono pela queima de combustíveis fósseis. Estes

1 Parte do Projeto de Pesquisa ―Panorama tecnológico dos assentamentos rurais do estado de São Paulo para o cultivo de
oleaginosas com objetivo de produção de biodiesel‖ financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

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fatores tem tornado viável o desenvolvimento e uso de fontes alternativas de energia que favorecem a
composição de uma matriz energética com maior participação de energias renováveis.

Uma importante política pública na busca de fontes alternativas de energia foi a criação do
PNPB, Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (BRASIL, 2004). Sua principal diretriz é
implantar um programa sustentável ambientalmente, com inclusão social e viabilidade econômica, a
partir de diferentes oleaginosas e em regiões diversas. Visando a inclusão social, conta-se com o Selo
Combustível Social, fornecido às empresas que adquirem matéria prima de agricultores familiares.

O enquadramento social de projetos ou empresas produtoras de biodiesel permite acesso a


melhores condições de financiamento junto ao BNDES e outras instituições financeiras, além de dar
direito de concorrência em leilões de compra de biodiesel. As indústrias produtoras também têm direito
a desoneração de alguns tributos, mas devem garantir a compra da matéria-prima, a preços pré-
estabelecidos, oferecendo segurança aos agricultores familiares. O programa prevê também acesso a
linhas de crédito para agricultores familiares por meio dos bancos que operam com esse Programa, e
assistência técnica (AT) fornecida pelas próprias empresas detentoras do Selo Combustível Social. As
vantagens previstas por este marco regulatório têm estimulado o estabelecimento de contratos de
fornecimento de matéria prima com agricultores familiares pelas indústrias. Especificamente, um dos
segmentos demandados pelo setor é a agricultura familiar assentada.

De outro lado, é importante destacar que diversas culturas oleaginosas de forte potencial para
produção de biodiesel, como pinhão manso, canola, girassol, soja, algodão, mamona, amendoim,
dendê e nabo forrageiro não fazem parte da tradição e experiência de produção da agricultura familiar
assentada. Neste sentido, a inclusão destas culturas deve ser feita de forma planejada, observando
variáveis agroclimáticas, agronômicas e fatores sócio-culturais. Além disso, variáveis tecnológicas,
como disponibilidade de recursos naturais, tecnológicos e de infra-estrutura devem ser conhecidas.

Nesse contexto, os projetos de assentamentos (PAs) podem constituir-se num ferramental


estratégico para atingir tais objetivos. No estado de São Paulo existem importantes núcleos de
assentamentos rurais. Além da geração de renda e da comercialização assegurada do produto, os PAs
podem exercer relevante papel para o desenvolvimento territorial.

É importante considerar que a implantação de culturas oleaginosas em PAs se dê com base


em um diagnóstico de larga amplitude. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar um panorama de
assentamentos rurais para o cultivo de oleaginosas, levando em conta condições agronômicas, sociais,
culturais, tecnológicas e econômicas.

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METODOLOGIA

Foram analisados os seis PAs localizados na região de Promissão (SP), totalizando 908 lotes.
No intuito de captar a diversidade de percepções da realidade e entre vertentes de levantamentos, a
amostragem não aleatorizada moldou-se, de maneira consistente, no objetivo geral da pesquisa.

Definiram-se três categorias de atores sociais: a) assentados ―líderes‖; b) assentados ―não


líderes‖; e, c) técnicos que prestam serviços diretamente aos PAs.

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas individuais. Cada grupo constituído por
um máximo de 40 famílias formou uma amostra composta por duas entrevistas, sendo um interlocutor
de cada categoria. Somou-se a elas dados coletados junto a técnicos responsáveis. No sentido de
assegurar a visão global do território, os atores sociais prestaram informações tendo como parâmetro
de análise a idéia de predominância de ações e atividades nas esferas sócio-culturais, tecnológicas e
econômicas. A categorização e a escolha dos entrevistados partiram do técnico responsável pelo PA.

Esta metodologia, fundamentada em alguns princípios do diagnóstico de sistemas agrários


(FAO/INCRA, 1999), permitiu a identificação de fatores excludentes e fatores potencializadores de
produção de oleaginosas nos PAs. As culturas selecionadas foram canola, girassol, soja, algodão,
mamona, amendoim, dendê, nabo forrageiro e pinhão manso.

Atribuiu-se notas aos fatores potencializadores tecnológicos e sócio-culturais (Bueno et al.,


2007). Estes últimos receberam peso maior na pontuação final (65%), por necessitarem de ações de
longo prazo. Elaborou-se um diagrama de dispersão, permitindo uma análise comparativa entre PAs.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os PAs apresentaram solo de textura média a arenosa e ausência de chuva entre abril e
novembro. Os PAs ―São Francisco‖ e ―Reunidas‖ apresentaram pedregosidade, em profundidade rasa.
As avaliações do solo e das condições climáticas permitiram identificar a soja como cultura muito apta.
Algodão, amendoim, girassol, mamona, nabo forrageiro e pinhão manso como culturas aptas. Sem
aptidão e pouco aptas, as culturas de canola e dendê.

Com relação à organização da produção, verificou-se que predomina em todos os


assentamentos a organização da produção individual. Para a comercialização, apenas no PA ―São

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José I‖ predominou formas de organização coletiva. Em metade dos assentamentos foram encontradas
formas associativas, ou seja, produtores organizados em grupos para determinadas atividades.

Na maioria dos PAs verificou-se predominância de experiência em culturas temporárias e


produção animal com exceção do PA ―Antonio Conselheiro‖, em que predominaram experiências com
culturas permanentes e produção animal e o PA ―São Francisco II‖, em que predominaram apenas
culturas temporárias. A experiência na produção de olerícolas verificou-se nos PAs ―Salvador‖ e
―Reunidas‖. Os PAs estudados, em geral, não possuíam experiência com sistemas mais complexos de
produção. O cultivo solteiro predominou nos PAs ―São José I‖ e ―Palmares‖. No PA ―Salvador‖ rotação
de culturas. Os demais não apresentaram experiências em sistemas complexos de produção.

Com exceção do PA ―Antônio Conselheiro‖, os assentamentos possuíam acesso a tecnologia


mecanizada no preparo de solo. Os PAs ―Palmares‖ e ―São Francisco‖ usaram predominantemente
equipamentos de terceiros, os PAs ―São José I‖ e ―Salvador‖ faziam uso tanto de equipamentos
próprios quanto de terceiros. O PA ―Reunidas‖ utilizou predominantemente equipamentos próprios.
Para a colheita, os PAs tinham acesso parcial a esta tecnologia, sendo que os PAs ―Antonio
Conselheiro‖ e ―São Francisco II‖ fizeram uso predominante de colheita manual. Em geral o acesso ao
crédito e AT foi elevado, com exceção do PA ―Palmares‖ que apresentou acesso restrito à AT.

Todos os PAs apresentaram grau de mecanização satisfatório em termos de preparo de solo e


condução da cultura, exceção ao PA ―Antonio Conselheiro‖. Em termos de mecanização da colheita, os
assentamentos apresentaram acesso parcial a esta tecnologia, com exceção dos PAs ―Antonio
Conselheiro‖ e ―São Francisco II‖, onde predominou a colheita manual. Em todos os PAs verificou-se
subdimensionamento do maquinário para preparo de solo. Para as operações de condução da cultura
e colheita existiram dificuldades de mecanização em função da inexistência de equipamentos.

Os PAs ―São José I‖ e ―Salvador‖ apresentaram maior predominância no uso de insumos,


seguindo-se o PA ―Reunidas‖, onde foi menos comum a correção de solo. No PA ―Palmares‖ é pouco
comum a correção de solo e adubação, mas predominou a utilização de sementes certificadas e
defensivos. No PA ―Antonio Conselheiro‖ verificou-se grau mediano de uso destas tecnologias. O PA
―São Francisco II‖ apresentou grau médio de uso de insumos, com exceção de uso de sementes
certificadas. Todos os PAs contavam com energia elétrica para produção, mas apresentaram
deficiência de potencial hídrico, representando uma desvantagem para culturas sensíveis à déficits
hídricos. Não estão disponíveis, ou são insuficientes equipamentos de armazenagem.

CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010,


João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 353-357.
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I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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A posição dos assentamentos rurais estudados em relação aos fatores pesquisados, bem
como o panorama para intervenções relacionadas à extensão rural podem ser observados na Figura 1.

CONCLUSÃO

Embora em graus diferenciados, todos os assentamentos rurais pesquisados devem merecer


intervenção em termos de extensão rural voltada para a produção sustentável de culturas oleaginosas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Governo Federal. Programa Nacional de Uso e Produção de Biodiesel, 2004. Disponível
em: www.biodiesel.gov.br
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Determinação de Potencial de Produção de Oleaginosas em Assentamentos Rurais: uma proposta
metodológica. In: CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 2, 2007.
Anais...Brasília, 2007.
FAO/INCRA. Diagnóstico de sistemas agrários: guia metodológico. Brasília, 1999. 65p.

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IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DE OLEAGINOSAS NA REGIÃO CENTRO OESTE, SP1

Aparecida Marques de Almeida1; Rosemary Marques de Almeida Bertani1; Ivan Herman Fischer1; José
Geraldo Carvalho do Amaral2 ; Fernanda de Paiva Badiz Furlaneto1; Anelisa de Aquino Vidal 1
1APTA REGIONAL CENTRO OESTE - UPD Bauru e Marília, almeida@apta.sp.gov.br; 2SAA/CATI/SP/DSMM/ Núcleo de
Produção e Sementes - Bauru/SP

RESUMO - Objetivou-se cadastrar produtores rurais e identificar as culturas oleaginosas de maior


interesse para plantio na região Centro Oeste Paulista visando elaboração de políticas públicas
voltadas para a demanda regional, bem como análise da potencialidade das atividades para o
desenvolvimento sustentável. No período de janeiro a julho de 2009, em Arealva, Águas de Santa
Bárbara, Cabrália Paulista e Tibiriçá/SP foram realizados 114 cadastros. Observou-se maior demanda
técnica nas culturas do pinhão-manso (43%), girassol (27%), mamona (23%), amendoim (5%), soja
(1%) e nabo forrageiro (1%). Dos agricultores entrevistados 7% já cultivam oleaginosas. Desse total,
todos pretendem ampliar o cultivo de oleaginosas e iniciar o plantio de pinhão manso.
Aproximadamente 74% dos produtores possuem área para plantio e disponibilidade de água. Porém,
apenas 7% têm maquinários e/ou implementos agrícolas necessários para sistema de produção de
plantas oleaginosas. Atualmente, a produção de olegionosas é obtida com uso de baixa tecnologia.
Existe dificuldade de acesso à profissionais especializados e são restritos os canais de
comercialização. Há necessidade de pesquisas interdisciplinares para fortalecimento da
competitividade do agronegócio do biocombustível regional e direcionamento das políticas públicas.
Palavras-chave - cadeia produtiva, Jatropha curcas, Helianthus annus, Ricinus communis.

INTRODUÇÃO

A introdução de biocombustíveis na matriz energética brasileira tem sido incentivada,


principalmente, pela ação governamental (Lei 11.097/2005) que prevê um desenvolvimento econômico
e social para o país bem como a possibilidade de reduzir a dependência externa do diesel (MOURAD,
2006).

PADULA el al. (2005) relata que existem diversas fontes potenciais de oleaginosas no Brasil
para a produção de biodiesel dada à ampla diversidade do ecossistema. A matéria-prima utilizada para
a fabricação do biodiesel pode ser de qualquer óleo vegetal, como os derivados da soja, mamona,

1FAPESP; Prefeitura Municipal de Arealva e Bauru/SP; SAA/CATI/SP/DSMM/ Núcleo de Produção e Sementes - Bauru/SP;
ETEC Astor de Mattos Carvalho/Centro Paula Souza - Bauru/SP; UNESP/FCA - Botucatu/SP.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 358-362.
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I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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girassol, pinhão-manso, palma (dendê), milho, babaçu e amendoim. Essas oleaginosas possuem um
potencial de produção de óleo que pode variar entre 150 L . ha -1 (milho) até 5.900 L . ha-1 (dendê).

Porém, MENDES (2005) ressalta que embora o marco institucional seja favorável ao
desenvolvimento do mercado de biodiesel no país, a competitividade da produção pode encontrar
como obstáculo os elevados custos do sistema produtivo, tendo em vista que as práticas e tecnologias
de manejo de algumas oleaginosas são ainda pouco desenvolvidas. Assim, cada estado e região deve
avaliar a especificidade produtiva local, proporcionando dessa forma maior vantagem competitiva
(CÂMARA & HEIFFIG, 2006).

Destaca-se que estudos desenvolvidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério


da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Integração Nacional e Ministério das Cidades
mostram que, a cada 1% de participação da agricultura familiar no mercado de biodiesel do país,
baseado no uso do B5, seria possível gerar cerca de 45 mil empregos no campo, a um custo médio de
R$ 4.900,00 por emprego (HOLANDA, 2004).

Na região Centro Oeste do Estado de São Paulo, a cultura da cana-de-açúcar responde por
39% do valor total da produção regional, o que representa uma importante geração e concentração de
riquezas localmente (TSUNECHIRO et al., 2009). No entanto, 70% das áreas, ocupadas por
pastagens, apresentam-se degradadas, com problemas de erosões e fertilidade. Observou-se,
também, nos últimos anos redução de renda dos pequenos e médios agricultores devido,
principalmente, a falta de integração dos setores produtivos e baixo nível de diversificação da
agricultura.

Nesse sentido, aproveitando as potencialidades regionais (soja, amendoim, girassol e a


mamona), objetiva-se cadastrar produtores rurais e identificar as culturas oleaginosas de maior
interesse para plantio na região Centro Oeste Paulista para direcionar estudos e ofertas de tecnologias
e políticas públicas sustentáveis localmente.

METODOLOGIA

Foram analisados quatro municípios situados na área de abrangência da Agência Paulista de


Desenvolvimento Tecnológico do Agronegócio do Centro Oeste Paulista (APTA/SAA). A escolha dos
municípios seguiu a metodologia descrita por Wünsch (1995). O levantamento de campo foi realizado
no período de janeiro a julho de 2009. Para a identificação dos produtores rurais contou-se com a

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colaboração de extensionistas, pesquisadores, técnicos de órgãos governamentais, empresas privadas


e associações de produtores rurais. A elaboração do questionário baseou-se na descrição de Garcia
Filho (1999) e foi composto por um total de 22 perguntas semi-estruturadas sobre o proprietário (grau
de escolaridade), a propriedade (município e área), as principais atividades desenvolvidas na
propriedade, o sistema de plantio/condução da lavoura, intenção de cultivo de nova variedades de
plantas oleaginosas e pontos positivos/negativos da atividade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Realizou-se 114 cadastros, sendo 74 produtores, 22 estudantes 12 empresas, 04 docentes e


02 técnicos de nível superior. Os produtores entrevistados solicitaram capacitação técnica nas culturas
do pinhão-manso (32 produtores), girassol (20 produtores), mamona (16 produtores), amendoim (04
produtores), soja (01 produtor) e nabo forrageiro (01 produtor).

Dentre os produtores cadastrados 56% possuem formação superior completa, 20% segundo
grau completo, 6% primeiro grau completo, 4% superior incompleto, 4% primeiro grau incompleto, 4%
supletivo de primeiro grau, 4% técnicos agrícolas e 2% segundo grau médio incompleto. Essas
informações refletem a busca por novas formas de agregação de produção dentro da propriedade,
principalmente, entre produtores com maior acesso as informações de tendências futuras de mercado e
planos de incentivos governamentais.

Verificou-se que 05 produtores cadastrados já cultivam oleaginosas, tais como amendoim,


girassol e mamona. Todos pretendem ampliar o cultivo existente e iniciar o plantio do pinhão-manso.
Os demais agricultores solicitaram disponibilização de conhecimentos referentes à implantação da
cultura, controle de pragas e doenças, nutrição e adubação, colheita e pós-colheita e comercialização,
respectivamente. Os empreendedores que não cultivam oleaginosas exploram, principalmente,
hortaliças, pimentão e maracujá.

Destaca-se que 55 produtores possuem área disponível para plantio e disponibilidade de água.
Porém, apenas 7% dos empreendedores têm maquinários e/ou implementos agrícolas necessários
para sistema de produção de plantas oleaginosas. A precariedade de equipamentos específicos para a
exploração de oleaginosas, também, foi observado em amostras de produtores familiares do nordeste
(QUEIROGA & SANTOS, 2008).

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Atualmente, a produção de oleaginosas é desenvolvida por produtores de pequeno e médio


porte com uso baixa tecnologia. As sementes são de origem desconhecida. Não se utilizam práticas de
conservação do solo ou nutrição de plantas. Existe dificuldade de acesso à profissionais especializados
e são restritos os canais de comercialização. Esses dados são semelhantes aos encontrados em
sistema de produção da mamona no Rio Grande do Sul (MADAIL et al., 2007) e em muitos estados
brasileiros, principalmente no Nordeste e no Norte de Minas Gerais (AZEVEDO & LIMA, 2001).

CONCLUSÃO

Há necessidade de consolidação de um sistema gerencial de articulação dos diversos órgãos


setoriais envolvidos na cadeia produtiva do biodiesel para que seja garantida a agregação de valor
permitindo assim a convergência de esforços e otimização de investimentos públicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F. O Agronegócio da mamona no Brasil. Brasília, DF: Embrapa
Informação Tecnológica, 2001. 350 p.

CÂMARA, G. M.S.; HEIFFIG, L.S. Agronegócio de plantas oleaginosas: matérias-primas para


biodiesel. Piracicaba: EALQ/USP, 2006. 256p.

GARCIA FILHO, D. P. Análise diagnóstico de sistemas agrários: guia metodológico. Brasília:


Projeto de Cooperação Técnica INCRA/FAO, 1999. 57 p.

HOLANDA, A.. Biodiesel e inclusão social. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de
Publicações, 2004. 200 p. (Série Cadernos de Estudos, 1).

MADAIL, J.C.M.; BELARMINO, L.C.; NEUTZLING, D.M. Sistema de Produção da Mamona. Pelotas,
RS: Embrapa Clima Temperado, 2007. 11p. (Sistemas de Produção, 11).

MENDES, R.A. Diagnóstico, análise de governança e proposição de gestão para a cadeia


produtiva do biodiesel da mamona. 159p. (Dissertação de Mestrado em Engenharia de Transportes)
- Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.

MOURAD, A.L. Principais culturas para obtenção de óleos vegetais combustíveis no Brasil. In:
ENCONTRO DE ENERGIA NO MEIO RURAL, 6., 2006, Anais... Campinas: UNIFEI. 1 CD-ROM.

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PADULA, A.D. ; PLÁ, J.J.V.A.; RATHMANN, R.; SANTOS, O.I.B. Estudo analítico interdisciplinar de
viabilidade da cadeia produtiva do biodiesel no Brasil; In: CONGRESSO BRASILEIRA DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, OLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 2., 2005, Anais... Varginha: UFLA, p.1-13.

QUEIROGA, V.P., SANTOS, R.F. Levantamento dos principais problemas da produção de mamona em
uma amostra de produtores familiares do nordeste. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 3..
2008. Anais... Salvador: Embrapa/SeagriI. 1 CD-ROM.

TSUNECHIRO, A.; COELHO, P.J.; CASER, D.V.; BUENO, C.R.F.; PINATTI, E.; CASTANHO FILHO,
E.P. Valor da produção agropecuária e florestal do Estado de São Paulo em 2009: estimativa
preliminar. Informações Econômicas, SP, v.39, n.10, p.83-95. 2009.

WÜNSCH, J. A. Diagnóstico e tipificação de sistemas de produção e procedimento para ações de


desenvolvimento regional. 1995. 175 p. Dissertação (Mestrado) - Agronomia, Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1995.

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DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO DO CULTIVO DE GERGELIM NO ASSENTAMENTO NOVA


VIDA,PB

Robênia Nunes da Cruz (1); Carlos Alberto Vieira de Azevedo(2); Joab Josemar Vitor Ribeiro do
Nascimento(3);Patricio Gomes Leite(3);Vera Lúcia Antunes de Lima(2).
(¹) Mestranda em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande. robenianunes@hotmail.com; .(2 ) Professor(a)
Adjunt(o)a do Departamento de Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande; (3 ) Graduando em
Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande

RESUMO – Objetivou-se com este trabalho realizar um diagnóstico socioeconômico do cultivo de


gergelim no assentamento Nova Vida, Mogeiro, PB. O trabalho foi realizado tomando por base os
princípios da pesquisa de campo. Como procedimento metodológico, para coleta de dados, foi
realizada observação direta e aplicação de entrevista semi-estruturada com os agricultores. A escolha
dessa comunidade teve por critérios: localização na região semi-árida, desenvolver a agricultura
familiar, cultivo de gergelim, proximidade do Rio Paraíba e aceitabilidade em participar da pesquisa. A
entrevista foi realizada com 21 agricultores, o que corresponde a 77,77% dos assentados. Constatou-
se no diagnóstico as dificuldades enfrentadas pela agricultura familiar e a necessidade de enfretamento
da questão. Os resultados apontam para viabilidade do cultivo de gergelim na área em estudo e a
sustentabilidade a agricultura familiar.
Palavras-chave – Sesamum indicum L., agricultura familiar, sustentabilidade, reuso.

INTRODUÇÃO

A agricultura familiar corresponde a uma unidade de produção na qual prevalece a


propriedade, o trabalho e a gestão financeira da família (BRANDENBURG, 2003). Por apresentar
características como a diversificação de culturas, conservação dos recursos naturais e a reciclagem
dos insumos internos, torna-se um elemento indispensável para sustentabilidade local. Nesse contexto,
a agricultura familiar representa a possibilidade de adoção de novos paradigmas para agricultura
sustentável. De acordo com Duque (2002), a agricultura familiar sustentável é aquela capaz de persistir
no tempo, e para isso estão em jogo, além dos fatores econômicos, a preservação do patrimônio
ecológico e as condições sociais.

O gergelim (Sesamum indicum L.), que significa grão de coentro ou sésamo é uma planta
anual, herbácea, pertencente à família Pedaliaceae, tribo sesamea e gênero sesamum. É uma das

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oleaginosas mais antigas e usadas pelo homem (ARRIEL et al, 2009). As sementes e o óleo de
gergelim são utilizados para diversas finalidades, na alimentação, fabricação de inseticidas, fármacos,
cosméticos entre outros, por exemplo: pães, biscoitos, margarinas, óleo de cozinha, filtro solar,
sabonetes, cremes hidratantes, vermífugos,solventes e remédios para prevenção de doenças
cardíacas e inibição de melanoma maligno (MORRIS, 2002). Do ponto de vista econômico, o gergelim
tem se destacado no cenário nacional e internacional, apresentando tendência crescente. A demanda
pelo produto é muito alta e ele alcança preços compensadores nos mercados nacional e internacional
(BARROS et al., 2001; FIRMINO et al., 2001).

O objetivo desse trabalho foi realizar um diagnóstico socioeconômico do cultivo de gergelim no


assentamento Nova Vida, Mogeiro, PB, visando contribuir para a sustentabilidade da agricultura
familiar.

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido no assentamento Nova Vida, Mogeiro, PB latitude: 7° 17‘ 58‖5;
longitude: 35° 28‘ 46‖0, a 117 m acima do nível do mar) localizado na mesorregião do Agreste
Paraibano e na microrregião Itabaiana.

O assentamento possui uma área de 366 ha, distribuídos com 27 agricultores familiares, cada
agricultor possui uma parcela, que corresponde a 13,65 ha. O trabalho foi realizado tomando por base
os princípios da pesquisa de campo (MINAYO, 2007; GIL, 1999). Para o diagnóstico socioeconômico
foram realizadas visitas ao assentamento com o intuito de reconhecer a área e apresentar o projeto
aos agricultores, seguidas de aplicação de entrevista semi-estruturada e observação direta. Foram
entrevistados 77,77% dos assentados, o que corresponde a 21 agricultores.

Os dados obtidos foram tabulados em planilha eletrônica, analisados de forma


quantitativa e qualitativa, utilizando a triangulação, a qual no entender de Thiollent (1998) possibilita
que os resultados tenham mais credibilidade, por serem não só quantificados, mas também descritos,
de maneira a não perder sua essência e a valorização da visão dos atores sociais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Verifica-se, que a renda mensal dos agricultores que variou entre R$ 68,00 e R$ 930,00,
observando-se uma renda média de R$ 499,00. Destaca-se na Figura 1, que 33,33% dos entrevistados
recebe benefício do Governo Federal – Bolsa Família, 14,28% aposentadoria. Observa-se também que
alguns agricultores desenvolvem outras atividades para complementar a renda familiar. Pereira (2008),
analisando a renda familiar dos assentados do Cariri Paraibano constatou que os valores oscilaram
entre R$ 65,00 e R$ 700,00 com valores médios de R$ 388,12, resultado semelhante ao encontrado no
presente estudo. Para Duque (2002),a pluriatividade e as políticas sociais (em particular as
aposentadorias) contribuem fortemente para manter as famílias no local e impedir as migrações, mas
não constituem soluções.

De acordo com os dados coletados na entrevista, observa-se um desinteresse dos agricultores


em cultivar o gergelim, isso é comprovado quando afirmam que em 2003 cerca de vinte e três famílias
trabalhavam com essa cultura, e atualmente observa-se apenas cinco, o que corresponde a 23,80%
dos agricultores. Quando questionados sobre os motivos de não cultivar o gergelim ou terem deixado
de cultivar, eles apontaram a falta de energia trifásica, o que impossibilita a irrigação; dificuldades na
colheita; falta de assistência técnica; falta de recursos; falta de equipamentos apropriados; presença de
fungos; dificuldade no desbaste e número insuficiente de pessoas para o trabalho levando a perca na
produção.

Observa-se na figura 2, que a produção de sementes variou de 130kg a 2500kg, em uma área
de 1/2ha e 3ha . De acordo com Ariel et al. (2009) o cultivo do gergelim, em condições de sequeiro no
semi-árido nordestino, tem apresentado, produtividade entre 800 kg e 1.000 kg de sementes por
hectare.

CONCLUSÕES

Os resultados desta pesquisa mostram as dificuldades enfrentadas pela agricultura familiar, as


precárias condições socioeconômicas e a necessidade de enfretamento da questão.

Verifica-se que a renda média dos agricultores é insuficiente para o sustento da família, e que
os benefícios do governo federal, aposentadoria e bolsa família, são responsáveis pela subsistência
mínima de 47% das famílias.

A produção de gergelim pode ser melhorada se seguidos alguns passos tecnológicos como,
manejo, espaçamento, configurações, plantio correto e o uso de sementes certificadas.

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O gergelim, apresenta-se com uma alternativa viável para o resgate econômico e social dos
agricultores, pois trata-se de uma cultura adaptada às condições semi-áridas e com tendência
crescente no mercado nacional e internacional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRIEL, N. H. C.; BELTRÃO,N. E. de M.; FIRMINO, P. de T.; Gergelim: o produtor pergunta, a


Embrapa responde . Embrapa Informação Tecnológica. Brasília,DF, 2009.

BARROS, M. A. L.; SANTOS, R. F. de.; BENATI. T.; FIRMINO. P. de T. Importância Econômica e


Social. In: BELTRÃO, Napoleão E. de M.;VIEIRA, D. J. O Agronegócio do Gergelim no Brasil.
Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001.

BELTRÃO, N.E. de M.; NÓBREGA, L.B. da; SOUZA,R.P. de; SOUZA, J.E.G. de. Efeitos da
adubação, configuração de plantio e cultivares na cultura do gergelim no nordeste do Brasil.
Campina Grande: Embrapa Algodão PA, (Embrapa Algodão. Boletim de Pesquisa, 21). 23p. 1989.

BRANDENBURG, A. Movimento Agroecológico: trajetória, contradições e perspectivas. In:


Desenvolvimento e Meio Ambiente: caminhos da agricultura ecológica. Curitiba: Editora da UFPR, n.
6, 2003.

DUQUE, C.(org). A agricultura Familiar, meio ambiente e desenvolvimento: ensaios e pesquisas


em sociologia rural. Universidade Federal da Paraíba. Editora Universitária, 2002.

FIRMINO, P. de T., et al. Valor Protéico do Grão, Importância Humana e aplicações na Fitoterapia e
Fitocosmética. In: BELTRÃO, N. E. de M.;VIEIRA, D. J. O Agronegócio do Gergelim no Brasil.
Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas. 1999.

MINAYO, M. C. S.; DESLANDES, S.F.; CRUZ NETO, O . GOMES, R. Pesquisa Social: teoria, método
e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

MORRIS, J. B. Food, industrial,neutracentical,and pharmaceutical ususe of sesame genetic resources.


In: trends in new crops and new uses.p. 153-156. ASHS press, USA 2002.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa ação. 8ªed. São Paulo: Cortez, 1998.

PEREIRA, D. D. Cariris Paraibanos: do sesmarialismo aos assentamentos de reforma agrária. Raízes


da desertificação? 2008, 355p. Tese (Doutorado em Recursos Naturais) Universidade Federal de
Campina Grande, UFCG.Campina Grande.

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Tabela 1 – Renda mensal como agricultor, dos assentados pesquisados.


Renda mensal
Assentado Pesquisado
(Salários Mínimos*)
A 1a2
B 1
C 1a2
D 0,146
E 0,5
F 1
G 0,241
H 0,5
I 1
J 1
K 1a2
L 1a2
M 0,5
N 1a2
O 1
P 1
Q 0,5
R 1
S 1a2
T 1a2
U 1a2
*Considerando o salário mínimo de R$ 465,00 (Ano base 2009)

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33%
Bolsa Família
Aposentadoria
53%
Não

14%

Figura 1 – Percentual de produtores que recebem ou não benefícios do Governo Federal.

4 3000
Àrea cultivada

sementes (kg)
Produção de

3
2000
2
(ha)

1 1000
0 0
Q R S T U Q R S T U
Assentado Assentado

Figura 2 – Área cultivada (ha) e produção de sementes de gergelim (kg), por assentado que efetivamente produz esta
cultura.

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ESTIMATIVA DO CUSTO DE PRODUÇÃO E RECEITA DA MAMONA NAS REGIÕES OESTE E


CENTRO OCIDENTAL DO PARANÁ

Gerson Henrique da Silva1 ; Maura Seiko Tsutsui Esperancini2 ; Cármem Ozana de Melo3 ; Osmar de
Carvalho Bueno4
1Unioeste – Francisco Beltrão-PR, ghsilva@unioeste.br; 2,3,4 Unesp – Botucatu-SP

RESUMO – Este trabalho tem como objetivo estimar o custo de produção e receita da mamona nas
regiões oeste e centro ocidental do Paraná. Para a execução desta pesquisa inicialmente foi feito
levantamento, junto ao escritório regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SEAB),
Secretarias Municipais de Agricultura e EMATER. A estrutura de custo utilizada para representar os
sistemas de produção da mamona foi a de custos operacionais efetivos. Nestes são consideradas as
despesas diretas com insumos (sementes, fertilizantes, defensivos, etc.), serviços de operação (mão-
de-obra e operação de máquinas) e de empreitas. A soma das despesas diretas denomina-se custo
operacional efetivo (COE) e quando se soma a estas as despesas indiretas o resultado denomina-se
custo operacional total (COT). Os custos operacionais efetivos foram determinados a partir das
matrizes de coeficientes técnicos elaboradas por meio das informações levantadas em entrevistas de
campo com os produtores das regiões e por técnicos especializados. Os resultados permitem observar
que são os custos com mão-de-obra que tem maior participação no total do custo operacional, com
63,77%. Na sequência, aparecem os custos com insumos, com participação de 21,15% no valor médio
do custo e, por último, os gastos com máquinas e implementos, cuja participação no valor médio do
custo operacional foi de 15,08% . A comparação entre os custos operacionais e a receita bruta permitiu
verificar que o produtor não consegue cobrir seu custo operacional médio.
Palavras-chave – mamona; custos de produção; rentabilidade

INTRODUÇÃO

Em 2005 o governo brasileiro autorizou, através da lei 11.097, a mistura voluntária de 2% de


biodiesel ao diesel mineral, a qual tornou-se obrigatória em janeiro de 2008 e e a partir de junho, o
percentual passou para 3% (BRASIL, 2005). A adoção do Programa de Produção e Uso do Biodiesel
(PNPB) aponta para a valorização dos aspectos ambientais, da sustentabilidade dos sistemas
energéticos e da inclusão social, retomando assim, o interesse no combustível renovável.

Dentre as culturas capazes de atender à produção de insumo destinado à obtenção de energia


renovável encontra-se a mamona. Neste contexto, Macêdo (2006) ressalta a importância desta cultura

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para a pequena propriedade, devido à resistência à seca, produção de matéria-prima para a indústria
de biodiesel e oleoquímicas e à intensividade em mão-de-obra.

Na década de 90, o Brasil foi o maior produtor mundial de baga e óleo de mamona. Entretanto,
perdeu espaço para a Índia e China, ocupando a partir de 2004 o 3º lugar. Entre 1998 e 2005 a Bahia
produziu pelo menos 86% da produção brasileira de mamona em baga, mas com rendimento médio
abaixo do alcançado em São Paulo (47%), Minas Gerais (54%) e Paraná (70%), na safra 2005/2006
(IBGE, 2008). No Paraná, em 2005, houve um crescimento de 145,16 % na produção de mamona em
relação ao ano de 2003, o que reflete os incentivos governamentais direcionados à cultura. Tal
crescimento no período pode ser atribuído a municípios das regiões Norte Central e Norte Pioneiro do
estado. Contudo, já na safra 2006/2007 nota-se um deslocamento da produção deste produto, sendo
observada a presença da cultura em municípios da região Oeste do Estado.

Assim, percebe-se que é comum à cultura a instabilidade de produção, de preços e mesmo de


locais de cultivo, trazendo incertezas aos agentes da cadeia produtiva. Assim, aponta-se a
necessidade de informações acerca de aspectos econômicos para melhor orientar os produtores, bem
como os demais agentes envolvidos no processo.

Conhecer a dinâmica da produção de determinado produto em uma região específica,


identificando os agentes envolvidos, os custos de produção, a situação de mercado e a situação
econômica dos produtores mostra-se relevante. Neste sentido, destaca-se que a informação sobre o
custo de produção de uma cultura é fundamental para tomada de decisão dos agricultores.

Este trabalho tem por objetivo estimar os custos de produção e receita da mamona nas regiões
oeste e centro ocidental do Paraná.

METODOLOGIA

Para a execução desta pesquisa inicialmente foi feito levantamento, junto ao escritório
regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SEAB), Secretarias Municipais de Agricultura e
EMATER, dos municípios da região nos quais foram plantados a mamona no ano agrícola 2006/2007.
Os municípios pesquisados foram: Diamante do Oeste, São José das Palmeiras, São Pedro do Iguaçu,
Ramilândia localizados na região do Oeste do Paraná e Roncador, Iretama e Araruna localizados na
região Centro-ocidental.

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A estrutura de custo utilizada para representar os sistemas de produção da mamona


foi a de custos operacionais efetivos. Nestes são consideradas as despesas diretas com insumos
(sementes, fertilizantes, defensivos, etc.), serviços de operação (mão-de-obra e operação de
máquinas) e de empreitas (Matsunaga et al, 1976). A soma das despesas diretas denomina-se custo
operacional efetivo (COE) e quando se soma a estas as despesas indiretas o resultado denomina-se
custo operacional total (COT).

Os custos operacionais efetivos foram determinados a partir das matrizes de coeficientes


técnicos elaboradas por meio das informações levantadas em entrevistas de campo com os
produtores das regiões e por técnicos especializados, nas safras 2006/2007 no Paraná e, no que se
refere aos custos de máquinas agrícolas, utilizou-se a metodologia da ASAE (1999), que padroniza os
custos de operação de máquinas agrícolas em combustível, lubrificantes e reparos e manutenção.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No que se refere às unidades de produção, a pesquisa identificou que, do total das


propriedades, 76% possuem área menor de 30 hectares, cultivando em média 9,29 hectares. Desta
área média utilizada com atividades agrícolas, 1,36 hectares foram destinados à produção de mamona.
A variedade cultivada em todas as propriedades é a IAC-80, que tem como característica ser semi-
indeiscente que, segundo Silva, Carvalho e Silva (2001) é apropriada para plantio em áreas inferiores a
50 hectares.

Em todas as propriedades, além da mamona, observou-se o cultivo de produtos como a


mandioca, milho, amendoim, algodão e feijão. Apenas um dos pesquisados produzia também café. Em
relação à posse da terra, a maioria disse ser proprietária e o restante arrendatário. A mão-de-obra é
predominantemente familiar.

Esta pesquisa constatou que a comercialização do produto não está assegurada por contrato,
sendo que os produtores geralmente entregam a produção a um único comprador, que estipula o preço
a ser pago. Neste aspecto, é possível então, considerar que o produtor de mamona da região oeste
paranaense encontra-se em situação de monopsônio, do ponto de vista da demanda por seu produto.
No que se refere ao fornecimento de sementes, de acordo com os produtores, o fornecedor é o mesmo
que irá comprar a safra, estipulando o seu preço. Então, no que se refere à oferta do insumo semente,
o produtor se encontra frente a um monopólio.

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É interessante destacar que ao serem indagados sobre a motivação de se plantar mamona, a


maioria dos produtores apontaram a existência de mercado em função do Programa de Biodiesel.
Os resultados dos custos permitem observar que são os custos com mão-de-obra que tem
maior participação no total do custo operacional de produção. Verifica-se que 63,77% do total do valor
médio do custo operacional refere-se aos gastos com mão-de-obra, indicando ser a atividade intensiva
neste fator de produção. Na sequência, aparecem os custos com insumos, que apresentaram uma
participação de 21,15% no valor médio do custo e, por último, os gastos com máquinas e implementos,
cuja participação no valor médio do custo operacional foi de 15,08% (Tabela 1).

Pode-se ainda perceber que, de acordo com a estimativa, apurou-se um valor máximo de
R$1.650,96/ha, um valor médio de R$865,03/ha e mínimo de R$517,10/ha de custo de produção da
mamona. O valor mais alto do desvio padrão observado para os custos com mão-de-obra indicam que
os produtores apresentaram maior dispersão em relação à média de utilização deste fator de produção,
o que sugere maior heterogeneidade de horas trabalhadas por hectare cultivado.

No que se refere aos resultados da produção e receita de mamona, observa-se que, em termos
médios, a produtividade alcançou a magnitude de 1506,12 kg/ha que, comercializados ao preço médio
de R$0,53/kg, possibilitou uma receita bruta média da ordem de R$798,24/ha (Tabela 2).

Neste sentido, destaca-se que, ao se comparar os resultados dos custos médios com
os da receita média, verifica-se que a receita auferida com a produção não cobre os custos
operacionais. O mesmo pode-se afirmar quando se considera o cenário de valores mínimos de custos
e receitas, no qual os custos superam as receitas. Apenas no cenário mais otimista, de valores
máximos de custo e receita, é que a situação se mostra diferente. Contudo, cabe ressaltar que os
custos operacionais estimados não consideram itens como, por exemplo, custo da terra, depreciação,
entre outros.

Ademais, cabe observar que o preço mínimo fixado pelo governo federal1 para a safra
2006/2007 era da ordem de R$ 0,56/kg, não havendo expectativa por parte dos produtores de que o
preço ultrapassasse R$ 0,70/kg.

1
Cf. http://www.agricultura.gov.br

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CONCLUSÃO

Neste estudo, ao se apurar o custo de produção foi possível verificar que foram os gastos com
mão-de-obra que mais influenciam a estrutura de custos operacionais do cultivo da mamona.

A comparação entre os custos operacionais e a receita bruta permitiu verificar que o produtor
não consegue cobrir seu custo operacional médio, que são mais importantes para sua decisão de
produzir, no curto prazo. Diante disso, é possível que a atividade encontre dificuldades de subsistir,
uma vez que pode gerar descapitalização das propriedades.

Em função da situação observada, pensa-se ser de fundamental importância o


comprometimento do governo, através de instrumentos apropriados, devendo proporcionar meios
durante o período necessário para que os produtores possam viabilizar a cultura como matéria-prima
para a produção de biodiesel.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto Lei no 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil. Poder Executivo. Brasília, DF. 14. Jan. 2005. Seção I. Página 8.

IBGE-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção Agrícola Municipal.


Disponível em http://www.ibge.gov.br. Acesso: 12.maio.2008.

MACÊDO, M. H. G. de. Análise perspectiva do mercado da mamona. Safra 2004-2005. Disponível em:
http://www.conab.gov.br>. Acesso em 14 de setembro de 2006.

MATSUNAGA, M. et al. A. Metodologia de custo de produção utilizado pelo IEA. Agricultura em São
Paulo, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 123-139, 1976.

SILVA, O.R.R.F.; CARVALHO, O.S.; SILVA, L.C. Colheita e descascamento. In: AZEVEDO, D.M..P. de;
LIMA, E.F. O Agronegócio da Mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2001.
p. 337-350.

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Tabela 1 - Custos Operacionais Médios de produção de mamona nas regiões oeste e centro ocidental do estado do
Paraná, safra 2006-2007, R$/ha.
Valores Mão de obra Máq.Implementos Insumos Total
Máximo 1.128,54 205,77 316,65 1650,96
Médio 551,64 130,46 182,93 865,03
Mínimo 278,88 107,73 130,49 517,10
Desvio Padrão 113,43 14,85 22,88 -
Fonte: Dados da Pesquisa

Tabela 2- Produtividade, Preço e Receita Bruta nas regiões oeste e centro ocidental do estado do Paraná, safra 2006-2007.
Valores Produtividade (kg/ha) Preço (R$/kg) Receita Bruta (R$/há)
Máximo 2.246,31 0,78 1.752,12
Médio 1.506.12 0,53 798,24
Mínimo 1.070,65 0,22 235,54
Desvio Padrão 286,38 0,12 -
Fonte: Dados da Pesquisa

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MAMONA NA AGRICULTURA FAMILIAR: GERANDO RENDA E PROMOVENDO INCLUSÃO


SOCIAL

1 José Aderaldo Trajano dos Santos; 1 Djail Santos; 1 Tancredo Augusto Feitosa de Sousa; 2 Hugo
Cássio Lima de Souza; 3 Waltemilton Vieira Cartaxo
1UFPB/CCA trajano_areia@hotmail.com; 2UFCG; 3EMBRAPA

RESUMO – A cultura da mamona Ricinus communis L. é sem dúvida, uma grande alternativa na
geração de emprego e renda para agricultores de base familiar na região semiárida do nordeste
brasileiro. Este trabalho teve como objetivo, avaliar o cultivo da mamona em consórcio com milho Zea
mays L, bem como o uso da parte aérea como ração animal na região do Curimataú paraibano. Antes
da época de plantio técnicos da empresa Brasil Ecodiesel, realizaram reuniões em várias comunidades
que apresentavam aptidão e estavam dentro do zoneamento agrícola para a cultura, com a finalidade
de identificar agricultores interessados neste cultivo. Depois de identificados, estes receberam doação
de sementes certificadas da variedade BRS Nordestina. Além das sementes também foram realizadas
visitas técnicas regulares, desde o preparo do solo até a comercialização dos grãos com a própria
empresa, que foi garantida através de contrato de compra e venda. Pôde-se constatar que o sistema
apresentou eficiência, com destaque para a cultura da mamona que além de proporcionar maior lucro
ao produtor, também serviu de alimentação para os animais na época de escassez das forragens.
Palavras-chave – Ricinus communis L; Zea Mays L; biodiesel; nutrição animal; agricultura familiar.

INTRODUÇÃO

O Programa Nacional do Biodiesel, lançado pelo Governo Federal em dezembro de 2004, o


qual teve como enfoque a inclusão social e o desenvolvimento regional através da geração de emprego
e renda, despertou o interesse pelo cultivo da mamona Ricinus communis L. em milhares de
agricultores familiares do semiárido brasileiro, por ser esta, uma cultura adaptada a região e uma
alternativa no aumento da renda destas famílias.

Santos (2007), ressalta que a grande vantagem competitiva da mamona está no semiárido da
Região Nordeste, onde seu custo de produção é baixo, apresenta resistência à seca e facilidade de
manejo, e por isso, sua produção constitui uma das poucas opções agrícolas para a geração de renda
no âmbito da agricultura familiar. Outra grande vantagem é o período da colheita que se dar no período

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seco, época em que não há outra cultura a ser colhida garantindo uma renda extra aos pequenos
produtores.

A empresa Brasil Ecodiesel incentivou a produção de mamona junto aos agricultores de base
familiar em vários estados do semiárido do Nordeste brasileiro. Na Paraíba, centenas de famílias foram
favorecidas com o incentivo.

O sistema de cultivo adotado no presente trabalho foi o consórcio com milho, culturas como
feijão e fava também são bastante utilizadas o que garante a segurança alimentar da família. Muito se
discute sua eficiência devido ao fato de muitas vezes não ser compatível com outras atividades
desenvolvidas na pequena propriedade rural, principalmente a criação de animais (Albuquerque 2008).

Para o Sr. Antônio de Azevedo e outros produtores da região, que já cultivam a mamona,
pensando na diversificação e na utilização da folhagem como ração, que face a escassez de pastagem
natural, se torna uma ração complementar importância para a alimentação do rebanho de bovino. Por
ser uma cultura tolerante a seca, as folhas permanecem verdes na época da estiagem o que garante
uma ração de qualidade para os animais, tornando-se uma prática corriqueira na região. Conf. Fig.1

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no Sítio Baixa Verde localizado no município de Pedra Lavrada, região
do Curimataú paraibano.

Foram feitas visitas a Empresa de Assistência Técnica (EMATER) e Sindicato dos


Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) em alguns municípios previamente selecionados, no
objetivo de obtermos indicações das comunidades com perfis para o trabalho com a cultura da
mamona. O cultivo ocorreu seguindo o zoneamento agrícola para a cultura bem como a aptidão
agrícola local.

Após indicada a comunidade, fizemos contato com o representante da associação comunitária,


na oportunidade foram repassadas algumas informações sobre o projeto e solicitada uma reunião com
os agricultores e agricultoras para identificação e cadastramento dos interessados, os quais receberam
visitas individuais posteriormente. Vale salientar que em algumas comunidades não houve interesse de
nenhum agricultor.

O contrato de compra e venda foi assinado entre as partes, Brasil Ecodiesel denominada
compradora e o agricultor denominado vendedor, tal documento em três vias, que recebeu a assinatura

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de um representante dos agricultores, geralmente o presidente do STTR local, e um representante da


empresa no estado, ficando uma cópia com o agricultor, uma no STTR e a terceira com a empresa.

Foi feito um levantamento das áreas a serem plantadas, as quais em média corresponderam a
1,5 hectares, cultivadas sempre em sistema de consórcio com culturas alimentares tradicionalmente
exploradas na propriedade.

Os produtores cadastrados receberam doação de sementes certificadas da Brasil Ecodiesel.


As sementes doadas foram da variedade BRS Nordestina, adaptada a região e com características
produtivas e econômicas favoráveis a exploração.

O preparo do solo bem como os tratos culturais foi feito com auxílio de um cultivador de tração
animal. A área foi plantada dia 08 de maio de 2009. Adotou-se o sistema de fileira simples obedecendo
ao espaçamento de 3x1, sendo duas fileiras de milho e uma de mamona. Apesar da orientação técnica
em deixar apenas uma planta por cova, o agricultor resistiu em realizar os desbastes ficando na maioria
duas plantas ou três plantas por cova.

A colheita do milho se deu entre os meses de junho e setembro, no primeiro caso o milho foi
colhido ainda verde para o preparo de comidas típicas, como pamonha e canjica, bastante comum na
região, no segundo caso, foi colhido já seco para servir de alimento para os pequenos animais da
propriedade. A colheita da mamona, de forma manual, se deu no mês de outubro, tendo início quando
70% dos cachos já estavam secos, após a colheita, os cachos foram espalhados e expostos ao sol
para terminar a secagem.

Após a colheita dos frutos, as folhas foram gradativamente cortadas, trituradas em uma
forrageira e após descanso de um dia, oferecidas às vacas em lactação. Na época mais seca, onde a
escassez por forragem se agrava os animais são soltos dentro da área onde se alimentam das folhas
deixadas com este objetivo (Fig. 1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O sistema adotado apresentou resultados satisfatórios, sendo colhido 300kg de milho e 836kg
de mamona o que proporcionou uma renda de R$150,00 e R$978,12 respectivamente.

Também merecem destaque, os ganhos com o emprego da folhagem na ração animal,


resultando em aumento na produção de leite e ganho de peso dos animais que se alimentaram com as

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folhas da mamona, que embora cientificamente não comprovado ficaram visualmente isentos de endo
e ectoparasitas por um longo período, contribuindo com a aparência da pelagem dos animais, conluiu
o agricultor.

A mão-de-obra utilizada foi na maioria da própria família. As despesas com mão-de-obra


terceirizada foram as seguintes: trabalho com cultivador, duas diárias a R$25,00 o dia trabalhado;
colheita da mamona e do milho, sete diárias a R$18,00 o dia trabalhado, o que totalizou uma despesa
de R$176,00, ficando com um saldo liquido de R$952,12, a mão de obra familiar, foi de 10 dias, ao
preço de R$ 18,00/dia.

CONCLUSÃO

Os resultados apresentados, evidenciam que a cultura da mamona é, sem dúvidas, uma


grande alternativa de renda para pequenos agricultores da região semiárida do nordeste brasileiro,
pois, absorve considerável mão-de-obra familiar, têm uma boa adaptação às condições de sequeiro e
apresenta uma boa produtividade, bastando para tanto, uma organização da cadeia produtiva. Novas
pesquisas quanto a utilização da mamona na ração animal devem ser realizada, pois, ainda é um
grande entrave no cultivo desta oleaginosa, o fato desta apresentar toxidez aos animais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, F. A. de, BELTRÃO, N. E. de M., LIMA, N. N. C.l de, ANDRADE, J. R. de, MELO, B.
S. de., Análise Energética do Consórcio Mamona com Amendoim. In: III Congresso Brasileiro de
Mamona, Salvador, 2008.

SANTOS, R. F. dos, KOURI, J., BARROS, M. A. L., MARQUES, F. M., FIRMINO, P. de T., REQUIÃO,
L. E. G. Aspectos Econômicos do Agronegócio da Mamona. In: O Agronegócio da Mamona no Brasil;
AZEVEDO, D. M. P. de, BELTRÃO, E. B. de M. p. 23, 2007.

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Tabela 1 Resultados auferidos pelo produtor no sistema de mamona consorciada com milho, em Pedra Lavrada, PB 2009
**M.O M. Obra Custo de RL RCB TR %
Culturas Produção *RBS
terceiros família produção
Mamona 836kg 978,12 176 180 356 - -

Milho 300kg 150 - - - - -

Resultados - 1128,12 176 180 356 772,12 01/02/16 63,00%

RBS. Receita Bruta do Sistema = Somatório da venda da produção de mamona e do milho R$ 1.128,12
RL. Receita Líquida = RB – CP = 772,12
CP. Custo de Produção do Sistema = 356,00
RCB. Relação Custo Beneficio = RB/CP = 2.16
TR. Taxa de Retorno = RL/CP = 216%

Figura 1. Bezerro se alimentando das folhas da mamona, como complemento de ração no município de Pedra lavrada-PB
2009.

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MÉTODO DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA: AVALIAÇÃO DE UNIDADES


DEMONSTRATIVAS DE GERGELIM ORGÂNICO NAS COMUNIDADES DE PRODUTORES
FAMILIARES DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS DO PIAUÍ

Vicente de Paula Queiroga1, Paulo de Tarso Firmino1, Ayicê Chaves Silva1, Dalfran Gonçalves Valle1,
Odilon Reny Ribeiro Ferreira da silva1, Henrique Geraldo Martinho Gereon2.
1 Embrapa Algodão, CP 174, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, CEP: 58.428-095, Campina Grande, PB, E-mail:
queiroga@cnpa.embrapa.br; 2 Sacerdote e Dirigente da Fraternidade de São Francisco de Assis.

RESUMO: Objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho de seis Unidades de Teste e
Demonstração (UTDs) de gergelim no município de São Francisco de Assis do Piauí. A parceria
formada entre Embrapa Algodão e a Fraternidade de São Francisco de Assis (FFA) permitiu viabilizar a
instalação de seis UTDs de gergelim no município em apreço. Os conhecimentos gerados nas
diferentes UTDs ajudaram a nortear o processo de profissionalização dos agricultores familiares do
município de São Francisco de Assis do Piauí no manejo de alguns elos da sua cadeia produtiva,
visando atender à produção de gergelim orgânico com qualidade, a qual é exigida pelo mercado.
Consequentemente, essa escola de campo (UTD) representa uma ação estratégica capaz de melhora
a rentabilidade das áreas de cultivo dos produtores familiares da região Nordeste.
Palavras-chave: Sesamun indicum, UTD/escola de campo, agricultores familiares, Nordeste.

INTRODUÇÃO

A produção agrícola do município de São Francisco de Assis do Piauí está voltada tanto para o
abastecimento alimentar da família (subsistência) e dos animais e, quanto se obtém uma produção de
excedentes, para a comercialização nos municípios adjacentes (AGUIAR; GOMES, 2004), Além disso,
as características das propriedades locais, ocupadas basicamente por agricultores familiares, que
cultivam espécies diversificadas e usam a mão-de-obra da família, se adequam, portanto, a produção
de gergelim neste tipo de sistema de exploração (BELTRÃO; VIEIRA, 2001).

Para adquirir os conhecimentos tecnológicos relativos às atividades produtivas (gergelim,


algodão, apicultura, caprinocultura etc), os agricultores familiares do município de São Francisco de
Assis do Piauí-PI, coordenados pela Fraternidade de São Francisco de Assis (FFA), receberam cursos
de capacitação técnica de algumas entidades de pesquisa, visando garantir o desenvolvimento agrícola

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sustentável para a zona rural do município em apreço (QUEIROGA et al., 2008). Neste contexto, a
Embrapa Algodão tem sido uma empresa parceira da FFA desde o ano de 2003.

Buscando atender com eficiência um grande público de produtores familiares do município de


São Francisco de Assis do Piauí, os tecnicos da Embrapa Algodão adotaram a estratégica de Unidade
de Teste e Demonstração (UTD), como ferramenta de transferência de tecnologia sobre o sistema de
produção do gergelim orgânico. Este instrumento permite criar um efeito positivo sobre a apropriação
das informações em tempo real por parte dos produtores reunidos de cada comunidade (QUEIROGA et
al., 2008).

Este trabalho relata as tecnologias e os benefícios sociais, econômicos e as oportunidades


alimentares geradas pela produção do gergelim orgânico por meio da agricultura familiar.

MATERIAIS E MÉTODOS

O processo de transferência tecnológica do sistema de cultivo do gergelim orgânico foi


efetivado com base na metodologia das UTDs/ escola de campo, mediante a implantação de seis
unidades nas seguintes comunidades rurais do município de de São Francisco de Assis do Piauí, PI:
Lagoa do Juá, Queimada Nova, Lagoa da Povoação, Veredas, Barreiro Grande e Barra Bonita.

Em cada comunidade, foi selecionada uma área de ½ ha de um produtor para funcionar como
a UTD matriz (Escola de Campo). Nessas seis UTDs matrizes, os agricultores eram convocados pela
rádio local para se reunirem e receberem as aulas práticas diretamente no campo durante as diferentes
fases da lavoura do gergelim a partir de orientações de pesquisadores da Embrapa, visando criar um
efeito positivo no processo de apropriação tecnológica pelos produtores familiares, cujos
conhecimentos adquiridos foram aplicados nos seus lotes (UTDs filiais) e multiplicados aos demais
(Figura 1).

O plantio do gergelim ecológico no referido município foi realizado nos dias 28 e 29 de janeiro
de 2008. A meta da FFA para 2008, era ampliar a área de cultivo de gergelim orgânico para 100 ha,
envolvendo no total 200 produtores familiares (½ ha por produtor). Utilizou-se a cultivar de gergelim
BRS Seda com sementes de cor branca, cuja espécie veio se juntar as demais culturas de
subsistência.

Para efetuar o plantio das áreas destinadas as seis UTDs, os produtores familiares utilizam
duas máquinas semeadoras manuais adquiridas pela FFA. Estes produtores, que semearam com a

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máquina, adotaram o espaçamento entre fileiras de 90 cm (Figura 2). Já no plantio manual, utilizou-se
o espaçamento de 100 cm entre fileira, apenas para a UTD de Queimada Nova.

Os produtores, orientados por técnicos da Embrapa Algodão, receberam instruções em


práticas realizadas diretamente no campo durante as diferentes fases da lavoura do gergelim. Esses
técnicos, nas seis UTDS instaladas no município de São Francisco de Assis do Piauí, apresentaram as
práticas de manejo do cultivo de gergelim em visitas feitas estrategicamente nos períodos de: 28 a 29
de janeiro de 2008 para realizar o plantio nas áreas previamente preparadas; 17 a 18 de março de
2008 para orientar a eliminação de plantas atípicas, desbaste e controle de pragas com produtos
orgânicos; 22 e 23 de abril de 2008 para orientar sobre o corte das plantas de cada UTD e secagem
dos feixes; 19 e 20 de maio de 2008 para efetuar a batedura dos feixes, cuidados com a qualidade do
produto (não misturar sementes com areia), ventilação e embalagem das sementes de gergelim com
baixa umidade; 25 e 26 de junho de 2008 para orientar sobre o armazenamento, beneficiamento e
preenchimento de formulários com as despesas de cada UTD. Ou seja, foram anotados os dados
referentes à produtividade obtida e os custos de produção para a obtenção da relação benefício/custo.

Para avaliar os custos de produção do gergelim orgânico das seis UTDs instaladas nas
comunidades de São Francisco de Assis do Piauí, desde o preparo do solo até a colheita completa do
gergelim, foram apontadas todas as despesas realizadas em cada UTD com ½ ha de área plantada por
comunidade e transformadas para 1 ha.

Na Figura 3, estão as precipitações pulviométricas ocorridas no referido município nos anos


2007/2008, sendo um total de 647 mm de chuvas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No sistema de acompanhamento das UTDs, em seis comunidades de produtores familiares do


município de São Francisco de Assis do Piauí, realizado em 2008 pelos técnicos da Embrapa Algodão,
foram anotados os dados referentes a data de plantio, sistema de plantio, produtividade, custo de
produão, receita bruta, receita liquida e relação benefício/custo, os quais estão apresentados na Tabela
1.

Com relação a data de plantio e sistema de plantio, observa-se na Tabela 1 que todos os
produtores das distintas comunidades conseguiram plantar as áreas destinadas às UTDS com a
máquina semeadora praticamente no mesmo período (dias 28 e 29/01/2008), com exceção da

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produtora da comunidade Queimada Nova que semeou manualmente a área da UTD e realizou tal
operação mais tarde (02/03/2008) por falta de chuvas ocasionais. Consequentemente, a produtividade
do gergelim foi bastante comprometida (200 kg/ha) na UTD instalada nessa última comunidade.

Apesar da baixa fertilidade do solo, mesmo assim o gergelim apresentou um bom


desevolvimento vegetativo nas seis UTDs implantadas nas comunidades do município de São
Francisco de Assis do Piauí, o qual está localizado na região semi-árida do Nordeste. Neste clima seco
e quente da região, e por se tratar de solos de tabuleiros, a planta do gergelim ficou menos sujeita a
infestação de pragas. Vale destacar também que a falta de adubação orgânica nas UTDs, permitiu que
o desempenho produtivo do gergelim (BRS Seda) não tenha sido bastante promissor (rendimento
máximo de 675 kg/ha de grãos, obtido pela UTD na comunidade de Barreiro Grande, ou seja, a maior
produtividade do gergelim irá depender da fertilidade do solo.

Para que haja incentivo à cultura do gergelim na região Nordeste, é necessário reduzir custos
de produção, como por exemplo, o uso da semeadora manual (Fig.2) agiliza-se o plantio de cinco dia
homem-1 para menos de duas horas para semear um hectare (gasta-se apenas 1,5 kg de sementes
por ha), além de dispensar a mão-de-obra do desbaste (QUEIROGA et al., 2008). Verificou-se que a
semeadora testada nas cinco UTDs atendeu as expectativas dos produtores, necessitando apenas de
um ligeiro raleamento das plantas de gergelim.

Nas comunidades de Lagoa de Juá , Barreiro Grande e Barra Bonita, as produtividades do


gergelim BRS Seda foram elevadas de 602 kg/ha, 675 kg/ha e 628 kg/ha, respectivamente, em função
destas comunidades se encontrarem próximas uma das outras, ou seja, elas estão praticamente numa
mesma zona de precipitação do município de São Francisco de Assis do Piauí (Tabela 1). Enquanto na
parte mais seca do referido município, a produtividade do gergelim foi bastante reduzida,
principalmente onde ficam situadas as comunidades de Queimada Nova (200 kg/ha) e Lagoa da
Povoação (350 kg/ha).

A época de colheita do gergelim no mês de maio foi favorecida pela ausência de chuvas na
região (Figura 3), isto repercutiu satisfatoriamente na elevação da qualidade do gergelim.

A resposta econômica da cultura do gergelim foi altamente positiva na UTD instalada na


comunidade de Barreiro Grande, que apresentou um rendimento de 675 kg/ha, resultando em uma
receita líquida R$ 2.362,50, para um custo de produção de R$ 480,00. Com base nas despesas
deduzidas anteriormente, a receita líquida foi de R$ 1.882,50, o que produziu uma relação
benefício/custo de 3,92, que corresponde a um retorno de R$ 2,92 por cada real investido.

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CONCLUSÕES

A resposta ecônomica da cultura do gergelim foi significativa para as cinco comunidades dos
produtores familiares que alcançaram produtividades entre 350 kg/ha a 675 kg/ha.

A UTD serviu positivamente como instrumento de apropriação de tecnologias pelos produtores


familiares, visando a organização das suas atividades práticas de campo para atender uma produção
de elevado padrão de qualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, R. B.; GOMES, J. R. de C. Projeto Cadastrado de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea.
Diagnóstico do Município de São Francisco de Assis do Piauí. Fortaleza, CE. 2004. Disponível em:
http://www.crpm.gov.br/rehi/atlas/piaui/relatorio/183.pdf.

BELTRÃO, N. E. de M.; VIEIRA, D. J. O agronegócio do gergelim no Brasil. Brasília, DF: Embrapa Informação
Tecnológica, 2001. p. 121-160. 348p.

QUEIROGA, V. de P.; GONDIM, T.M. de S.; VALE, D. G. D.; GEREON, H. G. M.; MOURA, J. DE A.; SILVA, P. J.
da; SOUZA FILHO, J.F. de. Produção de gergelim orgânico nas comunidades de produtores familiares de
São Francisco de Assis do Piauí. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2008. 127 p. (Embrapa Algodão.
Documentos, 190).

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Figura 1. Modelo estratégico, para transferência de tecnologia, adotado pela Embrapa Algodão para produção de gergelim
orgânico nas comunidades de São Francisco de Assis do Piauí.

Figura 2. Alinhamento da semeadora mecânica manual antes do plantio das sementes de gergelim. São Francisco de Assis
do Piauí, PI, 2008.

250
Precipitação Pluvial (mm)

200

150

100

50

0
Out./07 Nov./07 Dez./07 Jan./o8 Fer./08 Mar./08 Abr./08 Mai./08
Meses

Figura 3. Precipitações pluviométricas ocorridas em São Francisco de Assis do Piauí nos anos 2007/2008.

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TABELA 1. Dados relativos a cultivar, data de plantio, sistema de plantio, produtividade, preço do produto, receita bruta,
custo de produção, receita líquida, relação benefício/ custo e taxa de retorno das Unidades de Teste e Demonstração
(UTDs) de gergelim, cv. BRS, em seis comunidade de produtores familiares no município de São Francisco de Assis do
Piauí, PI. Ano Agrícola, 2008.
Comunidades de Produtores Familiares
Discriminação
Queimada Lagoa da Barreiro
Lagoa do Juá Veredas Barra Bonita
Nova Povoação Grande
Data de Plantio 28/01/2008 02/03/2008 28/01/2009 29/01/2008 29/01/2008 29/01/2008
Sistema de
Máquina Manual (lata) Máquina Máquina Máquina Máquina
Plantio
Rendimentos
602 200 350 512 675 628
(kg/ha)
Preço do
3,50 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50
gergelim (R$/kg)
Receita Bruta
2.107,00 700,00 1.225,00 1.792,00 2.362,50 2.198,00
(R$/ha)
Custo de
Produção 614,00 495,50 420,50 772,00 480,00 684,00
(R$/ha)
Receita Líquida
1.493,00 204,50 804,50 1.020,00 1.882,50 1.514,00
(R$/ha)
Relação
2,43 0,41 1,91 1,32 3,92 2,21
Benefício/ Custo
Taxa de retorno
(R$) por cada 1,43 - 0,91 0,32 2,92 1,21
real investido)

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O CULTIVO DA MAMONA NA REGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE (SP) EM 2008

Danton Leonel de Camargo Bini1; Mateus de Almeida Prado Sampaio2


1 Geógrafo, Pesquisador Científico do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo; 2 Geógrafo, Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana, Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).

RESUMO: Este trabalho pretende apresentar alguns resultados da implementação do Programa


Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB) na região de Presidente Prudente, estado de São Paulo,
para o ano de 2008. Os dados usados para o entendimento do cultivo da mamona na região de
Presidente Prudente (SP) são oriundos do Banco de Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da
Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Concluiu-se que a meta planejada
inicialmente para este ano específico não foi alcançada. Relacionou-se a isso a falta de competitividade
nos custos relacionais entre os circuitos espaciais de produção da mamona e da soja no território
nacional.
Palavras-chave – biodiesel; mamona; soja; Presidente Prudente (SP).

INTRODUÇÃO

Lançado em 2005 com status de projeto estratégico pelo governo federal, o Programa
Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB) almeja obter sucesso econômico semelhante ao Pró-Álcool,
sem desencadear os processos de concentração produtiva e fundiária deste. Focado em veículos
pesados, propõe-se com este programa consolidar o país como potência bioenergética no plano
internacional, assim como gerar renda aos agricultores menos capitalizados.

O que há de inovador neste projeto agro-energético é o fato de se voltar para a inclusão


econômica do pequeno agricultor familiar: condicionante prevista nos requisitos de concessão de
facilidades pelo governo federal aos produtores de biodiesel desde o início do projeto, cujo interesse
prioritário estava em valorizar a cadeia produtiva da mamona no processo de fabricação do biodiesel.
Esta prioridade se justificava pela mamona ser uma planta que se adapta a terrenos de solos pouco
férteis como é o caso dos predominantes na região de Presidente Prudente (SP).

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METODOLOGIA

Para a confecção desse trabalho, o levantamento bibliográfico que possibilitou um


embasamento teórico para este estudo abrange a análise das mudanças sócio-espaciais e as
diferenciações delas oriundas na economia urbana dos países subdesenvolvidos (Santos, 1978). No
entendimento de que a economia agrícola (como a urbana, assinalada na obra-prima de Milton Santos)
possui orientação tanto para atividades tecnicamente mais modernas de cunho mundializante como
para atividades ligadas à circuitos de produção menos modernos, surgidos de ações amenizadoras das
necessidades de grupos sociais que vivem a pobreza e a miséria. Para este estudo, analisando os
projetos de produção de biodiesel no Brasil, compreendeu-se o circuito espacial da mamona como
representante de um circuito menos moderno da economia agrícola e o circuito espacial da soja como
representante de um circuito mais moderno da economia agrícola para a produção do biodiesel. Os
dados usados para o entendimento do cultivo da mamona na região de Presidente Prudente (SP) são
oriundos do Banco de Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria da Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presidente Lula, desde o início do PNPB declarou reiteradamente seu interesse em


valorizar a cadeia produtiva da mamona no processo de fabricação do biodiesel. Através da
regulamentação da estrutura básica de produção, comercialização e tributação deste novo combustível
foi dada especial atenção ao pequeno produtor agrícola, em especial ao assentado de programas de
reforma agrária, fazendo com que se misturasse política energética com política social no seio do
PNPB. Contudo, ainda que exista um marco regulatório favorável ao pequeno produtor, o que
predomina enquanto matéria-prima básica na fabricação do biodiesel hoje no Brasil é a soja. Esta é
produzida prioritariamente em grandes propriedades rurais e com amplo uso de capital, técnica e
informação principalmente no Centro-Oeste do país. Possibilitando custos de produção e produtividade
mais vantajosos que a mamona, a soja conseguiu se estabelecer facilmente como a principal matéria-
prima supridora da demanda de óleo para que se alcance a quantidade necessária estabelecida para a
produção de biodiesel. Atualmente (2009), 74% do biodiesel produzido no Brasil têm a soja como
matéria-prima. O restante da produção varia, sendo aproximadamente 19% derivado do
processamento de sebo animal; 5% de caroço de algodão e os pouco mais de 2% restantes das
demais plantas oleaginosas (mamona, palma, pinhão-manso, nabo forrageiro, girassol, etc) (Sampaio,
2009).

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A Região Administrativa de Presidente Prudente, com 53 municípios, produziu em


1.567 hectares, no ano de 2008, um pouco mais de 60% da produção de mamona do estado de São
Paulo. Dessa forma, o plano lançado pela empresa Brasil Ecodiesel, juntamente com a Federação dos
Trabalhadores na Agricultura no Estado de São Paulo (FETAESP) e a Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) em meados de 2007, objetivando a expansão da produção de
mamona e girassol para a produção de biodiesel a partir de uma área de 5 mil hectares, não foi
atingido em 2008. Implementado como um incentivo para geração de renda à pequena agricultura
familiar de municípios como Mirante do Paranapanema, Euclides da Cunha Paulista e Rosana (com
respectivamente 740, 260 e 120 hectares plantados de mamona)1, com financiamentos prioritariamente
do governo federal para a cultura da mamona, o programa de biodiesel na região de Presidente
Prudente, como seus similares instalados no território nacional, apresentou resultado abaixo do
esperado.

CONCLUSÃO

O País está diante de um grande desafio agrícola, energético, econômico e social, no qual não
faltam iniciativas a serem tomadas por parte do poder público e tampouco possibilidades para
empreendimentos privados. Por um lado, valorizam-se áreas modernas da agricultura nacional, via
criação e incentivo de uma nova demanda. Por outro, tenta-se inserir a zona semiárida, densamente
povoada e tradicionalmente marcada pela pobreza de seus habitantes, dando-lhes uma nova
esperança.

Espera-se que, assim como está proposto pelo programa, haja equilíbrio entre inclusão social,
respeito ao meio ambiente e geração de renda. Busca-se também que, com uma maior organização
dos movimentos sociais ligados ao pequeno agricultor familiar, com as pesquisas atreladas à
transformação agroindustrial de sua safra e com o estabelecimento de novas parcerias, eles consigam
ver melhorias em seu dia-a-dia.

Sendo assim, diante das propostas presentes no projeto oficial do PNPB, que visa se inserir a
partir de um tripé tendo o desenvolvimento baseado nas variáveis social, ambiental e econômica, pode-
se reparar que em sua execução empírica, apenas o aspecto econômico tem sido cumprido, ficando os
aspectos social e ambiental aquém do estabelecido inicialmente. Pautado somente nos custos relativos
de curto prazo para uma produção em grandes escalas do biodiesel – mais vantajoso para o

1 A produção de girassol foi de somente 55 hectares na região de Presidente Prudente em 2008.

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estruturado circuito de produção da soja em relação ao da mamona -, nunca se conseguirá


potencializar a agricultura familiar e reverter nossa formação sócio-espacial tão marcada pela
concentração de renda e fundiária no campo brasileiro. Por isso, considera-se fundamental atrelar uma
política ampla de subsídios aos produtores agrícolas de mamona que, com estudos prospectivos de
maior produtividade agrícola da planta, possibilitem o desenvolvimento econômico do biodiesel no país
concomitante ao desenvolvimento social.

Por final, resta ao governo a complexa tarefa de fazer dialogar e cooperar elementos
representativos dos dois circuitos da economia agro-energética: o inferior, ainda não plenamente
contemplado conforme as proposições originais do projeto, e o superior, tradicionalmente gerador de
profundas desigualdades sociais e da degradação ambiental que tanto marcam nosso país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SAMPAIO, M. A. P. Programa Nacional de Biodiesel: comparação entre dois ―Brasis‖. In: ENCUENTRO
DE GEÓGRAFOS DE AMÉRICA LATINA,12., Montevideo (Uruguay), 2009. Anais... Montevideo:
Universidad de La República. Montevideo, 2009. (Trabajo, n. 6233).

SANTOS, M. O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos.
Livraria Francisco Alves. Rio de Janeiro, 1978.

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PRODUÇÃO DE GERGELIM EM CAJAZEIRAS – PB

José Deomar de Souza Barros1; Maria de Fátima Pereira da Silva2


1Mestrando em Recursos Naturais. Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: deomarbarros@gamil.com ;
2Licenciada em Letras. Pós-graduanda em Gestão Publica Municipal. Universidade Federal da Paraíba. E-mail:
maryfatimapereira@gmail.com

Resumo - O presente trabalho é resultado de uma pesquisa que procurou caracterizar o perfil dos
produtores de gergelim e a sua produção no município de Cajazeiras – PB. A referida pesquisa foi
realizada no período de 03 de fevereiro a 03 de março de 2010, contendo uma amostra aleatória de 20
famílias produtoras. Foram realizados acompanhamentos as famílias produtoras da zona rural de
Cajazeiras - PB e aplicado um questionário contendo questões objetivas e subjetivas abordando as
características sócio-econômicas e os fatores relacionadas a produção do gergelim.
Palavras-chave: gergelim, famílias produtoras, produção.

INTRODUÇÃO

A cultura do gergelim é ideal para a região semi-árida nordestina devido a sua resistência ao
clima seco, de fácil cultivo, com vasta área de aplicação industrial, tudo isso implica para potencializar o
mercado de gergelim, agregando renda ao produtor. O cultivo desta oleaginosa oferece relevante
potencial econômico, devido às possibilidades de exploração, tanto no mercado nacional como no
internacional. Suas sementes contêm cerca de 50% de óleo de excelente qualidade, semelhante ao
óleo de oliva, que pode ser usado nas indústrias alimentar e química (LIMA, 2006).

Segundo Stocco e Nichele (2009), o óleo por sua estabilidade química pode ser usado na
fabricação de margarinas, cosméticos, perfumes, remédios, lubrificantes, sabão, tintas e inseticidas,
pois um dos constituintes secundários do óleo de gergelim (sesamina) tem função de ativador de certas
substâncias inseticidas como retonona e a piretrina.

Embora apresente uma baixa produtividade quando comparada com outras oleaginosas, faz-se
necessário incentivar a sua exploração por representar excelentes opções agrícolas para o pequeno
produtor do semi-árido nordestino, por exigir práticas agrícolas simples, principalmente devido ao fato

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relacionado as baixas e irregulares precipitações nas regiões semi-árida e árida do Nordeste


(QUEIROGA et al., 2008).

O Brasil é considerado um pequeno produtor com 20.000 hectares cultivados e produção de


13.000 toneladas. O mercado interno é estimado em 50.000 toneladas de grãos, dos quais 80% são
importados. As regiões de maior produção atualmente no Brasil em ordem decrescente são os estados
de Goiás e Mato Grosso, o triângulo mineiro em Minas Gerais e a região Nordeste (PEREIRA et al.,
2001).

Assim, as condições edafoclimáticas do semi-árido nordestino são adequadas para produção a


baixo custo e que a indústria demanda aumento das áreas de cultivo e da produção do gergelim que
alcança preços compensadores no mercado nacional e internacional.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada através de visitas a zona rural de Cajazeiras, especificamente cinco
sítios: Barra do Catolé, Serrinha, Mateus, Catolé e Calisto, ambos possuem experiências com a
produção familiar do gergelim. Para a realização da pesquisa foi utilizada uma amostra contendo 20
famílias produtoras, totalizando 87 pessoas contempladas na pesquisa, realizada no período de 03 de
fevereiro a 03 de março de 2010. Tendo como instrumento de pesquisa um questionário contendo
questões abertas e fechadas, abordando os aspectos sócio-econômicos dos produtores, os aspectos
da produção, gastos e lucratividade no cultivo, importância da produção, os motivos que os levaram a
adotarem o cultivo, tempo de produção, fatores que dificultam a produção e a comercialização, entre
outros.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados coletados correspondem a 20 famílias produtoras residentes na zona rural de


cajazeiras, mais especificamente nos sítios: Barra do Catolé com 15% da amostra, Serrinha 35% da
amostra, Mateus com 25% da amostra, Catolé com 15% da amostra e Calisto com 10% da amostra.
Após as analises dos dados constatou-se que 33% dos produtores são do sexo feminino e 67% do
sexo masculino. Com relação à escolaridade dos produtores, verificou-se que 67% possuem apenas o
ensino fundamental incompleto, 22% responderam se dizem não alfabetizados e apenas 11% possui o
ensino médio. Isso demonstra a necessidade de investimentos em educação para que estes

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agricultores possam construir e aprimorar seus conhecimentos e assim desenvolver com melhor
qualidade a sua produção.

Os produtores pesquisados apresentam em média 53,4 anos de idade, vivem nas propriedades
rurais. As famílias são compostas, em media, por 6 filhos, compondo em média 6 pessoas por família.
Do total de pessoas pesquisadas 67% nunca desenvolveram outra atividade além da agricultura 33% já
desempenharam outro tipo de profissão. Esses últimos ainda continuam desenvolvendo atividades
paralelas a profissão de agricultor. Estes dados são contrários aos encontrados por Mazzoleni e
Nogueira (2006) em seu trabalho eles constataram que 56% dos agricultores pesquisados já
desenvolveram outra atividade não agrícola

Questionados a respeito da renda mensal da família (figura 1), 45% responderam que a renda
mensal fica na faixa de 1 a 2 salários mínimos 22% possui uma renda de menos de um salário mínimo
e 11% possui uma renda em torno de 3 a 4 salários mínimos. Estes dados estão de acordo com a
renda media da população da cidade, visto que, a renda média da população de cajazeiras é de 2
salários mínimo IBGE (2000).

Indagados sobre o gasto mensal com o cultivo do gergelim 44% dos produtores gastam menos
de R$ 30,00 com esse cultivo. Esses números revelam a importância desta cultura para o pequeno
produtor, visto que, o mesmo utiliza poucos defensivos agrícolas em sua produção.

. Os insumos internos são conseguidos nas próprias unidades de produção: como a


energia solar, água, sedimentos, restos de culturas, esterco, cobertura morta e viva, etc. O pequeno
produtor apresenta características interessantes. Sua unidade produtiva não proporciona recursos
necessários para investir em equipamentos e tecnologia. Como alternativa esse agricultor pode
recorrer aos recursos que a própria natureza lhe proporciona e procurando maximizar seus resultados
(WEICHERT, 2003).

Quanto à força do trabalho empregado no cultivo 78% utiliza exclusivamente o auxilio da mão-
de-obra familiar, 11% utilizam o auxilio de diarista e 11% adota a troca de serviços. As famílias são
combinações únicas de homens, mulheres e crianças, que fornecem para o sistema de produção a
administração, conhecimento, etc. Constituindo o centro de alocação, produção e consumo de recurso
(REIJNTJES, 1999).

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Questionados sobre a satisfação com a produção 56% diz-se muito satisfeito, 44% se dizem
satisfeitos. Segundo os produtores (figura 2) (56%) a falta de investimento públicos na produção da
cultura do gergelim é o principal fator que dificulta a produção e a comercialização. Esse fator sem
duvida torna-se limitante para a expansão dessa modalidade de agricultura.

Com relação ao tempo em que os produtores cultivam o gergelim, a maioria responderam que
realizam essa prática a mais de 10 anos. Esses dados demonstram a experiência desses agricultores
com o cultivo proporcionando a divulgação e a consolidação desse modo de agricultura na região.

Em relação ao período de comercialização, os produtores comercializam semanalmente, a


comercialização é realizada pelos próprios produtores. Segundo Penteado (2003) a venda direta aos
consumidores evita os intermediários, possibilitando ao agricultor maior margem de lucro. A redução da
dependência dos agroquímicos diminui as despesas com a produção, permitindo uma maior
rentabilidade. O fato da maioria dos produtores comercializarem os produtos semanalmente, gera uma
demanda constante proporcionando aos mesmos avaliarem a quantidade dos produtos que devem ser
comercializados (VÁSQUEZ, et al., 2008).

Pesquisados sobre a renda obtida com a comercialização dos produtos ecológicos, 89% dos
pesquisados responderam que a renda é insuficiente para o sustento da família, fazendo-se necessário
que outros membros da família recorram a outras formas de trabalho para o sustento da família. Esse
fato está atrelado diretamente a baixa produtividade no cultivo do gergelim realizado por esses
agricultores. Esse fato liga-se diretamente a baixa renda familiar e a necessidade de ocupação dos
membros da família com outras atividades produtivas ou com a própria agricultura convencional.

Em relação aos preços do gergelim no mercado (figura 3), 44% dos produtores consideram os
valores insuficientes para cobrir os gastos oriundos da produção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa proporcionou identificar alguns fatores positivos e negativos ao aprimoramento da


produção do gergelim nas localidades pesquisadas. Como aspectos positivos destacam-se, o mercado
crescentes dos referidos produtos, a preservação ambiental, possibilidade de diversificação da
produção e preços favoráveis. Todos os agricultores são proprietários da terra, utilizam à mão de obra
familiar no cultivo do gergelim. São famílias de baixa renda que necessitam recorrer a outras fontes de
renda, para complementação da renda familiar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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programa de pós-graduação em agronomia. Universidade Federal da Paraíba, 2006. 72p.

MAZZOLENI, E. M.; NOGUEIRA, J. M. Agricultura orgânica: Características Básicas do seu Produtor. RER, Rio
de Janeiro, vol. 44, nº 02, p. 263-293, abr/jun, 2006.

PENTEADO, S. R. Introdução à Agricultura. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003.

PEREIRA, J. R.; BELTRÃO, N. E. de M.; ARRIEL, N. H. C. Adubação Orgânica no Gergelim no Cariri Cearense.
3º Simpósio Brasileiro de Captação de Água de Chuva no Semi-Árido. Petrolina – PE, 21-23 de novembro
de 2001.

QUEIROGA, V. de P.; GONDIM, T. M. de S.; VALE, D. G.; GEREON, H. G. M.; MOURA, J. de A.; SILVA, P. J.
da; FILHO, J. F. de S. Produção de Gergelim Orgânico nas Comunidades de Produtores Familiares de São
Francisco de Assis do Piauí, Campina Grande, 2008.

REIJNTJES, C.; HAVERKORT, B.; WATERS-BAYER, A. Agricultura para o Futuro: uma introdução à
agricultura sustentável e de baixo uso de insumos externos. 2.ed. Rio de Janeiro: AS-PTA; Leusden, Holanda:
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STOCCO, C. Q. de F.; NICHELE, F. Benefícios do Gergelim. Revista Pense Leve, Março 2009

VÁSQUEZ, F. V.; BARROS, J. D. de S.; SILVA, M. de F. P. Agricultura Orgânica: Caracterização do seu


Consumidor em Cajazeiras – PB. Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v. 1, n.3, p. 152-158, janeiro/março,
2008.

WEICHERT, Marcus Andreas. A Agricultura de Especialidades de alto valor do Pequeno Produtor.


Publicado em: 25/04//2003. Disponível em: <http://www.planetaorganico.com.br/TrabMAndreas.htm> Acesso em
06/06/08.

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Figura 1 – Gasto mensal da família com o cultivo do gergelim

Figura 2 – Fatores que dificultam a produção e a comercialização do gergelim

Figura 3 – Opinião dos produtores em relação aos preços do gergelim no mercado

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VIABILIDADE ECONÔMICA DA CULTURA DA MAMONA NO MUNICÍPIO DE ITAETÊ, CHAPADA


DIAMANTINA-BA

Edson Fernandes Araújo Macedo ¹; Julio Cezar Vasconcelos ²; Genebaldo Antonio Figueredo Alves ³
¹ SEAGRI/EBDA/INCRA, nandolane@yahoo.com.br, ² Cooperativa Central de Assentamentos da Bahia-CCA-BA, ³
Cooperativa Central de Assentamentos da Bahia-CCA/BA

RESUMO- Objetivou-se com este estudo conhecer melhor a viabilidade econômica da mamona
(Ricinus communis) para o município de Itaetê-Ba, principal atividade em nível de área ocupada e
importância nos Projetos de Assentamento da chapada diamantina, a partir dos convênios firmados,
em agosto de 2007, entre a Cooperativa Central dos Assentamentos da Bahia (CCA- Ba) junto a
Petrobrás, através do Programa Petrobrás Fome Zero, do Rio de Janeiro e a Cooperativa Regional de
Reforma Agrária da Chapada Diamantina (COPRACD) com a Petrobrás-Bahia, em Novembro de 2007.
A pesquisa foi realizada no assentamento Baixão, zona rural de Itaetê-Ba, no ano agrícola de 2009.
Foram utilizados os dados primários recolhidos através de aplicação do questionário sócio-produtivo
em 50 famílias. Na análise da rentabilidade foram consideradas as receitas e os custos de produção
por hectare no assentamento selecionado. Os principais resultados obtidos na pesquisa indicam o
incremento da produção do biodiesel, a partir de 2007, sendo possível constatar uma rápida reação do
preço no mercado, em torno de R$70,00 por saca, surpreendendo favoravelmente os assentados, ao
garantir a comercialização e um preço mínimo, reconstruindo a cooperação e reconquistando a
confiança da população assentada no cooperativismo.

Palavras-chave: mamona, biodiesel, cooperativismo, viabilidade econômica

INTRODUÇÃO

A mamona ((Ricinus communis) é historicamente a principal cultura agrícola nos projetos de


assentamento do município de Itaetê, por sua resistência a longos períodos de estiagem e a tradição
regional, sempre associada, em consórcio, com as culturas de subsistência, como o milho, feijão de
corda, feijão carioca, amendoim, abóbora, melancia e outros. Os assentamentos alcançam uma

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produtividade média de nove sacas de 60 kg por tarefa, o que equivale a aproximadamente 1.200 k por
hectare, quando a produtividade média no município está em torno de 920k por hectare, segundo
dados do IBGE, do período entre 2002 a 2006.

A população assentada, nos últimos anos, assistiu a oscilações dos preços dos produtos
agrícolas e sua queda continuada que chegou a R$18,00 a saca da mamona em 2006, desestimulando
os agricultores familiares para a atividade. Dentre os fatores que interferem o processo de produção
estão a intervenção dos atravessadores com sua baixa oferta e nenhum compromisso com a cultura e/
ou produção, a irregularidade das chuvas, e a não preocupação com seleção de sementes, o que
provocou insegurança, redução da oferta de produtos e conseqüentemente da renda, ameaçando a
sustentabilidade das famílias, que muitas vezes evadiram em busca de alternativas fora do
assentamento (MURITIBA, 2008 ).

O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel é uma alternativa política que possibilita
renda para os produtores de biodiesel e para os agricultores familiares (FERREIRA, 2008). No
Município de Itaetê-Ba apresenta a perspectiva da compra da matéria prima a um preço mínimo a fim
de garantir uma remuneração justa do trabalho familiar, oportunizando assistência técnica gratuita
através da CCA-Ba e firmando parcerias com as empresas de Extensão Rural, como a EBDA-
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, para que seja estabelecida a confiança no Programa.

Objetivou-se com esse trabalho analisar a resposta econômica da cultura da mamona através
do custo de produção e a remuneração do trabalho familiar determinando o ganho real do agricultor
com o advento do Programa Biodiesel nos assentamentos de Reforma Agrária do Município de Itaetê,
Chapada Diamantina-Ba.

METODOLOGIA

Na pesquisa de campo utilizou-se como objeto de pesquisa o assentamento Baixão, zona rural
de Itaetê onde vivem cerca de 140 famílias, possui área da fazenda de 3.600 há, lotes individuais de 25
há e distância da sede no município de 28 km, representa a partir da diversificação de culturas um
índice elevado de produtividade para o município. O questionário sócio-produtivo foi aplicado junto a 50
famílias de assentados de reforma agrária produtoras de mamona no ano agrícola de 2009, esse
processo contou com a participação de técnicos da CCA-Ba.

As famílias foram mobilizadas de forma conjunta com o presidente da associação, o setor de


produção, dirigentes e membros dos núcleos das brigadas para levantamento das informações sobe o

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histórico produtivo, aplicação do questionário identificando principais problemas na produção,


estratégia de comercialização utilizada, volume, qualidade e potenciais de mercado.

Para obter a remuneração do trabalho familiar, considerou-se a produtividade média, por há, de
cada cultura plantada em consórcio, e a comercialização pelo preço no mercado local, nos anos de
2006 a 2009, chegando-se à receita da atividade. A partir desse processo para avaliação dos custos de
produção, foram feitos cálculos referentes ao preparo mecanizado da terra através da h/t (hora de
trator), para aração e gradagem, ao preço de mercado. Quanto aos custos para com o plantio, tratos
culturais e colheita dos consórcios mamona + milho e mamona + amendoim, os cálculos foram
realizados através do d/f ( dias de trabalho familiar), que foram diferentes para os dois consórcios na
fase de colheita, pois o amendoim exige mais dias de trabalho familiar.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados relativos à precipitação, produtividade, preço do produto, custo de produção, receita


bruta, receita líquida e relação benefício/custo do P.A Baixão nos sistemas de produção (Consórcio

mamona/milho e mamona/amendoim), safras 2006 a 2009 são apresentados nas tabelas 1, 2,


3 e 4.

Nas informações levantadas das Tabelas 1,2 3 e 4, existe o consenso em apontar como os
principais problemas enfrentados pela cultura da mamona no assentamento em estudo o baixo preço
do produto no mercado local e a questão das irregularidades das chuvas, ocasionando perda de
produtividade. Tomando-se como exemplo, a precipitação do ano de 2006, correspondente a 1032,10
mm, e a produtividade média da mamona na safra 2006 de 1.200 Kg/há, o preço da mamona estava a
R$ 0,30 Kg da baga, preço imposto pelos atravessadores, que ficavam com todo o lucro,
desestimulando a população assentada para a atividade.

No estudo feito com os produtores ficou evidenciado, a partir do Programa do biodiesel, uma
oscilação positiva no preço do quilo de grãos de mamona (baga), passando de R$/Kg 0,30 em 2006
para R$/Kg 1,16 em 2009, dando boas perspectivas para uma maior segurança na atividade agrícola,
de forma conjunta com o amendoim e o milho, que remuneram melhor o trabalho familiar. Em 2007 a
relação Custo/benefício foi favorável nos sistemas de plantio, (mamona + milho), igual a 0,34 e
(mamona + amendoim), igual a 0,81, que corresponde a um retorno de R$ 0,34 e R$ 0,81 por cada real

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investido. A partir de 2008 essa relação entretanto reduziu, devido à irregularidade das chuvas e as
baixas precipitações, chegando a apenas 289,10 mm no ano safra de 2009.

CONCLUSÕES

O incremento da produção do biodiesel, por empresas da região e fora dela, e a volta da


confiança no Cooperativismo como forma de organização na produção, resultou numa rápida reação
de preço no mercado local, chegando a R$ 70,00 a saca, surpreendendo favoravelmente os
assentados, entretanto, a irregularidade das chuvas contribuiu na queda da produção nos últimos anos,
principalmente no ano de 2009, com pluviosidade de 289, 10 mm, a mais baixa desde 2006,
ocasionando diminuição do ganho real do agricultor com a mamona.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, Vicente da Rocha Soares. Análise da participação da agricultura familiar no Programa Nacional de
Produção e Uso do Biodiesel – PNPB no estado de Goiás. 2008. 191 p. Dissertação (Mestrado – Programa de
Pós-graduação em Administração de Organizações da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
de Ribeirão Preto) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE) . Bahia: Consulta referente ao período de


2002 a 2006.

MURITIBA, Maria Jocélia Souza . Luta pela terra, reforma agrária e territorialização: produção de espaços para
trabalho e vida. Itaetê / Bahia : 1997-2007 / Maria Jocélia Souza Muritiba - Salvador: UCSal. Superintendência
de Pós-Graduação, 2008. 259 f.

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Tabela 1- Dados relativos a precipitação, produtividade, preço do produto, custo de produção, receita bruta, receita líquida e
relação benefício/custo do P.A Baixão nos sistemas de produção ( Consórcio mamona/milho e mamona/amendoim) , safra
2006.
Discriminação Mamona Milho Amendoim

Pluviosidade: 1032 mm 1032 mm 1032 mm

Rendimento (Kg/ha) 1200,00 1620,00 2850,00

Preço da mamona (R$) Kg 0,30 0,40 0,41

Receita Bruta (R$/ha) 360,00 648,00 1168,50

Consórcio

Mamona + Milho Mamona + Amendoim

Receita bruta do consórcio 1008,00 1528,5

Custos de produção ** 770,50 931,50

Receita Líquida ( R$/há) 237,50 597,00

Relação Benefício/custo 0,30 0,64

Fonte: Dados de pesquisa


df: * dias de trabalho familiar
** - Preparo da terra- Hora de trator, para aração e gradagem, ao preço de mercado: R$ (30,00 x 3,45 h/t) = R$ 103,50
**. Plantio, tratos culturais e colheita do consórcio mamona + milho : 66,7 dias
df-* R$ 10,00
**. Plantio, tratos culturais e colheita do consórcio mamona + amendoim: 82,8 dias
df:* 10,00

Tabela 2- Dados relativos a precipitação, produtividade, preço do produto, custo de produção, receita bruta, receita
líquida e relação benefício/custo do P.A Baixão nos sistemas de produção mais comuns encontrados no P.A -
Consórcio mamona/milho e mamona/amendoim, safra 2007.

Discriminação Mamona Milho Amendoim

Pluviosidade: 759,5 mm 759,5 mm 759,5 mm

Rendimento (Kg/ha) 960,00 1380,00 2300,00

Preço da mamona (R$) Kg 1,00 0,40 0,41

Receita Bruta (R$/ha) 960,00 552,00 1518,00

Consórcio

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Mamona + Milho Mamona + Amendoim

Receita bruta do consórcio 1512,00 2478,00

Custos de produção ** 1121,25 1362,78

Receita Líquida ( R$/há) 390,75 1115,25

Relação Benefício/custo 0,34 0,81

Fonte: Dados de pesquisa


df: * dias de trabalho familiar
** - Preparo da terra- Hora de trator, para aração e gradagem, ao preço de mercado: R$ (35,00 x 3,45 h/t) = R$ 120,75
**. Plantio, tratos culturais e colheita do consórcio mamona + milho: 66,7 dias
df-* R$ 15,00
**. Plantio, tratos culturais e colheita do consórcio mamona + amendoim: 82,8 dias
df:* 15,00

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Tabela 3- Dados relativos a precipitação, produtividade, preço do produto, custo de produção, receita bruta, receita líquida e
relação benefício/custo do P.A Baixão nos sistemas de produção mais comuns encontrados no P.A - Consórcio
mamona/milho e mamona/amendoim, safra 2008
Discriminação Mamona Milho Amendoim

Pluviosidade: 510 mm 510 mm 510 mm

Rendimento (Kg/ha) 720,00 840,00 1500,00

Preço da mamona (R$) Kg 1,08 0,60 1,08

Receita Bruta (R$/ha) 777,60,00 504,00 1620,00

Consórcio

Mamona + Milho Mamona + Amendoim

Receita bruta do consórcio 1281,60 2397,60

Custos de produção ** 1271,90 1545,60

Receita Líquida ( R$/há) 9,70 852,00

Relação Benefício/custo 0,008 0,55

Fonte: Dados de pesquisa


df: * dias de trabalho familiar
** - Preparo da terra- Hora de trator, para aração e gradagem, ao preço de mercado: R$ (40,00 x 3,45 h/t) = R$ 138,00
**. Plantio, tratos culturais e colheita do consórcio mamona + milho: 66,7 dias
df-* R$ 17,00
**. Plantio, tratos culturais e colheita do consórcio mamona + amendoim: 82,8 dias
df:* 17,00

Tabela 4- Dados relativos a precipitação, produtividade, preço do produto, custo de produção, receita bruta, receita líquida e
relação benefício/custo do P.A Baixão nos sistemas de produção mais comuns encontrados no P.A - Consórcio
mamona/milho e mamona/amendoim, safra 2009
Discriminação Mamona Milho Amendoim

Pluviosidade: 289,1 mm 289,1 mm 289,1 mm

Rendimento (Kg/ha) 420,00 840,00 800,00

Preço da mamona (R$) Kg 1,16 0,60 1,08

Receita Bruta (R$/ha) 487,20 504,00 864,00

Consórcio

Mamona + Milho Mamona + Amendoim

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Receita bruta do consórcio 991,20 1351,20

Custos de produção ** 1489,25 1811,25

Receita Líquida ( R$/há) - 498,00 - 460,05

Relação Benefício/custo - -

Fonte: Dados de pesquisa


df: * dias de trabalho familiar
** - Preparo da terra- Hora de trator, para aração e gradagem, ao preço de mercado: R$ (45,00 x 3,45 h/t) = R$ 155,25
**. Plantio, tratos culturais e colheita do consórcio mamona + milho: 66,7 dias
df-* R$ 20,00
**. Plantio, tratos culturais e colheita do consórcio mamona + amendoim: 82,8 dias
df:* 20,00

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ACÚMULO DE MATÉRIA SECA DA CULTURA DA CANOLA EM FUNÇÃO DO EFEITO RESIDUAL


DA ADUBAÇÃO DA MAMONEIRA

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB (Email: tancredo_agro@hotmail.com); 2 DSER/CCA/UFPB;

RESUMO – O comportamento da cultura da canola no Nordeste brasileiro ainda não está bem definido,
notadamente com relação a sua utilização no sistema de rotação de culturas nesta região. O objetivo
deste trabalho foi avaliar o efeito residual de doses de nitrogênio e boro aplicados na cultura da
mamoneira (Ricinus communis L.) sobre o acúmulo de matéria seca da canola (Brassica napus L.). O
experimento foi conduzido em ambiente protegido localizado no DSER/CCA/UFPB. Os tratamentos
contaram de quatro níveis de efeito residual da adubação com N e de B na mamoneira. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 16 tratamentos, e quatro repetições. Por
ocasião da colheita foram avaliados o acúmulo de matéria da parte aérea (folhas, caule, síliquas e
sementes) e raiz. Os resultados permitiram concluir que o efeito residual da adubação empregada na
mamoneira promoveu efeito sobre o acúmulo de matéria seca das síliquas, sementes e raízes. Para as
folhas e caules não foi observado efeito dos tratamentos.
Palavras-chave – Brassica napus L.; Ricinus communis L.; Uréia; Ácido bórico

INTRODUÇÃO

A canola (Brassica napus L.) se caracteriza por ser uma oleaginosa de inverno que possui óleo
de alto valor nutricional, podendo ser utilizada na alimentação humana e animal, além de possuir
elevado potencial apícola, e que vem sendo cultivada com êxito no Sul do Brasil (SOUZA et al., 2009).

Na Europa, a canola é a principal oleaginosa para a produção de combustível renovável e é


referencial de qualidade em biodiesel. A área disponível para a produção de oleaginosas na Europa
possibilitaria atender menos de um terço de sua necessidade de óleo para a produção de biodiesel,
constituindo uma grande oportunidade para o Brasil (TOMM, 2007).

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No Brasil os campos de produção se limitam a região Sul e alguns Estados da região Sudeste.
Na região Nordeste, o seu cultivo ainda é desconhecido. Tomm et al. (2008) e Souza et al. (2009)
avaliando o comportamento de genótipos de Canola no município de Areia, PB, obtiveram
produtividades de genótipo de ciclo curto e longo superiores a 2000 e 1500 kg ha -1 respectivamente. A
média de produção Nacional de grãos de não chega a 1500 kg ha -1, o que mostra que a região
Nordeste, notadamente a microrregião do Brejo paraibano, é uma potencial área produtora dessa
oleaginosa no País.

O Programa Nacional de Biocombustíveis, por sua vez vem incentivando a cada ano, o cultivo
da mamoneira (Ricinus communis L.) para a produção de biodiesel, oleaginosa de reconhecida
resistência a seca, e que não tolera regiões frias e úmidas para o seu desenvolvimento, devido a
problemas fitossanitários, como o mofo cinzento. Souza (2008), avaliando o comportamento da cv.
BRS em função de doses de N e B em ambiente protegido obteve produtividade e teor de óleo na
semente superior a 2000 kg ha-1 e 50% respectivamente.

Desta forma o sistema de cultivo dessas duas oleaginosas pode ser considerado como uma
alternativa interessante, para o agricultor familiar da microrregião do Brejo paraibano. Possuindo uma
cultura de inverno (época chuvosa) e outra de verão (época seca), além da redução de custos com
fertilizantes, através do uso do efeito residual do adubo aplicado na cultura principal (mamoneira).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito residual de doses de nitrogênio e boro aplicados na
cultura da mamoneira (Ricinus communis L.) sobre o acúmulo de matéria seca da canola (Brassica
napus L.) em ambiente protegido.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em ambiente protegido, do Departamento de Solos e Engenharia


Rural (DSER), do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no
município de Areia – PB, microrregião do Brejo Paraibano, no período de Dezembro de 2007 a Abril de
2008.

Foi utilizado um Latossolo Amarelo de textura franco argilo-arenosa, coletado em mata nativa,
a uma profundidade de 20 cm, este foi corrigido com calcário dolomítico segundo metodologia descrita
por Raij et al., (1997) e acondicionado em vasos plásticos por 60 dias. Após 15 dias da correção foram
aplicadas quatro doses de B (0, 2, 4 e 6 mg dm-3) na forma de ácido bórico. As doses de N (0, 50, 100

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e 200 mg dm-3), além de P, K e os demais micronutrientes foram aplicadas na semeadura, as doses de


N e de K foram parceladas, 50% no plantio e o restante 30 dias após a semeadura da mamoneira.

Procedeu-se cultivo de mamoneira cv. BRS energia durante 120 dias, logo após a colheita e
retirada das raízes foi semeado quatro sementes de canola cv. Oleífera genótipo H401 (genótipo de
ciclo curto, porem não é resistente à canela-preta, doença responsável por perdas consideráveis na
produção da cultura) nos vasos. O desbaste foi realizado 5 dias após emergência (DAE) deixando
apenas uma planta por vaso.

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com quatro repetições. Os fatores


avaliados foram quatro efeitos residuais da adubação com N (0 = resido 0; 1 = resido = 50; 2 = resido
100; 3 = resido 200 mg dm-3) e B (0 = resido 0; 1 = resido = 2; 2 = resido 4; 3 = resido 6 mg dm -3) na
mamoneira, distribuídos em 16 tratamentos.

Por ocasião da colheita as plantas foram cortadas e seus órgãos separados em caule, folhas,
síliquas e sementes. As raízes foram coletadas apenas quando o solo encontrava-se seco, através da
retirada do material do vaso, seguido de peneiramento. Posteriormente todos os órgãos foram
embalados individualmente e identificados, e postos para secar em estufa de ar forçado a ± 65ºC até
atingir peso constante, e pesados em balança analítica de precisão de quatro casas decimais.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos foram


comparadas através do teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O acúmulo de matéria seca das folhas e caules não foi influenciado pelos tratamentos
aplicados. O efeito residual da adubação da mamoneira não promoveu aumento no desenvolvimento
da canola. Souza (2008) observou efeito do N e B sobre o acúmulo de matéria seca nas folhas e caule
de mamoneira, e ainda conclui que o nitrogênio apresenta efeito mais expressivo do que o boro.

O nitrogênio esta envolvido com o crescimento vegetativo da planta, sendo componente de


proteínas, aminoácidos, enzimas, coenzimas, vitaminas, ácidos nucléicos, DNA e RNA (MALAVOLTA
et al., 1997), o que sugere maior efeito deste nutriente sobre o acúmulo de matéria seca de partes
vegetativas. Como o nitrogênio é muito móvel no solo, requerido em grandes quantidades pela
mamoneira, e facilmente perdido por lixiviação e volatilização, o efeito residual deste nutriente não

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promove diferenças tão significativas quanto o efeito residual de elementos que fiquem fortemente
adsorvidos aos colóides do solo e seja lentamente liberado paras as culturas.

Para o acúmulo de matéria seca das síliquas, sementes e raízes houve efeito significativo dos
tratamentos empregados (tabela 1). Souza (2008) conclui que enquanto o N participa do crescimento
vegetativo da mamoneira, o boro esta envolvido no processo reprodutivo. Como o boro é um elemento
que fica adsorvido aos colóides do solo, a liberação lenta deste nutriente promoveu efeito também,
sobre o processo reprodutivo da canola.

CONCLUSÃO

Para o acúmulo de matéria seca da síliquas, sementes e raízes houve efeito significativo dos
tratamentos empregados. O acúmulo de matéria seca das folhas e caule não foi influenciado pelo efeito
residual da adubação nitrogenada e boratada.

O efeito do boro sobre o processo reprodutivo de culturas oleaginosas permanece mesmo no


efeito residual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafos. 1997. 319p.

SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.


2008. 36f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia). DSER, UFPB, Areia, 2008.

SOUZA, T. A. F.; RAPOSO, R. W. C.; TOMM, G. O.; OLIVEIRA, J. T. L.; SILVA NETO, C. P.
Desempenho de genótipos de canola (Brassica napus L.) no município de Areia – PB. In: Congresso
Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 5. Lavras: EMBRAPA
AGROENERGIA: CNPq: TECBIO: BIOMINAS: SEBRAE, 2008.

TOMM, G. O. Indicativos tecnológicos para a produção de canola no Rio Grande do Sul. Passo
Fundo: EMBRAPA Trigo, 2007. 68p. (Sistema de Produção n° 4).

TOMM, G. O.; RAPOSO, R. W. C.; SOUZA, T. A. F.; OLIVEIRA, J. T. L.; RAPOSO, E. H. S.; SILVA
NETO, C. P.; BRITO, A. C.; NASCIMENTO, R. S.; RAPOSO, A. W. S.; SOUZA, C. F. Desempenho de
genótipos de canola (Brassica napus L.) no Nordeste do estado da Paraíba, Nordeste do Brasil.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2008. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento,
online, nº 65.

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Tabela 1. Acúmulo de matéria seca da canola aos 90 dias, em função dos tratamentos aplicados.
Efeito residual Folhas Caule Síliqua Sementes Raízes

N B -------------------------------------------g planta-1------------------------------------------

0 0 7,9a 8,7a 3,9ª 2,6a 5,8ab

0 1 5,3a 6,6a 4,5ª 3,3a 2,5b

0 2 8,9a 7,7ª 3,8ª 1,3b 5,4ab

0 3 5,2a 7,9ª 4,0a 2,4a 4,7ab

1 0 5,1a 9,0a 5,3ª 3,9a 4,1ab

1 1 5,6a 6,2a 5,9ª 4,3a 5,1ab

1 2 6,6a 8,1a 5,3ª 3,3a 5,0ab

1 3 4,0a 7,9a 5,8ª 4,4a 5,8ab

2 0 5,4a 8,1a 5,5ª 4,2a 4,8ab

2 1 5,5a 6,0a 4,2ª 3,0a 4,0ab

2 2 5,8a 7,0a 4,8ª 3,7a 7,3ab

2 3 7,3a 6,5a 5,1ª 3,7a 4,5ab

3 0 4,7a 6,3a 3,1ª 2,5a 8,1ab

3 1 7,1a 4,3a 2,6b 1,9a 7,2ab

3 2 6,9a 5,8a 5,1ª 3,7a 5,7ab

3 3 5,6a 5,5a 3,4ª 2,3a 10,2a

Valor de F 1,3NS 1,4NS 2,3* 2,3* 2,2*

D.M.S. 5,6 5,7 3,2 2,9 6,3

C.V. (%) 37,1 31,7 28,1 35,6 43,7


NS,*: não significativo e significativo a 5% de probabilidade. Letras minúsculas iguais não diferem entre si pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.

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ADUBAÇÃO DA MAMONEIRA DA CULTIVAR BRS NORDESTINA EM CONDIÇÕES DE


SEQUEIRO1

Valdinei Sofiatti1; Tarcisio Marcos de Souza Gondim1; Liv Soares Severino1; Gilvan Barbosa Ferreria2;
Ramon De Araújo Vasconcelos1; Franklin Magnum de Oliveira Silva3; Vivianny Nayse Belo Silva3; Dalva
Maria Almeida Silva4
1Embrapa
Algodão, vsofiatti@cnpa.embrapa.br, liv@cnpa.embrapa.br; tarcisio@cnpa.embrapa.br,
ramon@cnpa.embrapa.br; 2Embrapa Roraima, gilvan@cpafrr.embrapa.br; 3UEPB, franklin_magnum@hotmail.com,
vivianny_nayse16@hotmail.com; 4UFPB, dalvaalmeida@hotmail.com

RESUMO – Um experimento com a cultura da mamoneira (Ricinus communis L.) da cultivar BRS
Nordestina foi conduzido no Município de Missão Velha, CE com o objetivo de otimizar a adubação
mineral em cultivo de sequeiro para a obtenção de elevadas produtividades. Utilizou-se delineamento
em blocos ao acaso, com 13 tratamentos e três repetições, em matriz baconiana, sendo as doses de
referência 50 kg ha-1 de N, 60 kg ha-1 de P2O5 e 50 kg ha-1 de K2O. Aos 90 dias do plantio (DAP) foram
avaliadas as seguintes variáveis: área foliar, número de nós do caule, diâmetro do caule, altura da
planta e o comprimento do 1º cacho. Por ocasião da colheita também foram determinados o número de
cachos por planta e a produtividade de sementes em kg ha-1. Os resultados indicaram que a adubação
química com 100 kg ha-1 de N proporcionou aumento na produção de sementes de 165%. Por sua vez
a adubação fosfatada ocasionou aumento da produtividade de sementes de 62,5% com a dose de 120
kg ha-1 de fósforo. A adubação potássica e com micronutrientes não ocasionou efeito sobre o
crescimento das plantas e a produtividade. Assim, conclui-se que a adubação nitrogenada é a que
mais afeta a produção de sementes da mamoneira, sendo indispensável para a obtenção de elevadas
produtividades.
Palavras-Chave: nutrição de plantas, fertilidade do solo, adubação química.

INTRODUÇÃO

A agricultura foi um dos mais importantes setores na economia dos estados do Nordeste
brasileiro, apesar das condições climáticas e das dificuldades financeiras dos agricultores da região.
Nas áreas mais chuvosas próximas ao litoral e nos brejos, diversas culturas geram emprego e renda
para população, porém poucas se adaptam às áreas mais secas como o semi-árido. Dentre estas
culturas, as mais promissoras no momento para cultivo em sequeiro, nas condições da agricultura

1
Trabalho integrante do projeto ―MANEJO DA ADUBAÇÃO MINERAL E ORGÂNICA DA MAMONEIRA NO NORDESTE
BRASILEIRO‖, financiado pelo Banco do Nordeste do Brasil S.A.

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familiar, são o algodão, o amendoim, o gergelim, o feijão caupi, o sisal e a mamona (Ricinus communis
L.).

A mamoneira, com características de cultura tolerância à seca, expressa rendimento máximo


com precipitação de 800 mm, distribuídos principalmente em seu estádio vegetativo (AZEVEDO et al.,
2007). Um dos focos da pesquisa da maioria das culturas com importância econômica têm sido a
nutrição e adubação adequada, o que permite a definição das doses de fertilizantes que proporcionem
elevados rendimentos, com o mínimo de custo.

A nutrição e adubação da mamoneira exercem grande importância no processo produtivo.


Assim, se por um lado há grande necessidade de fertilizante, por outro lado, os custos financeiros com
adubação são elevados, fazendo-se necessário otimizar cada vez mais o uso desses insumos, com a
finalidade de se obter maior rendimento com o menor custo possível. Entretanto, com os aumentos de
produtividades esperados, que podem ultrapassar os 110% como observado por Severino et al. (2006),
é possível pagar o financiamento do investimento tecnológico com a cultura e aumentar a renda líquida
do produtor.

Neste sentido, o trabalho teve como objetivo otimizar a adubação mineral em cultivo de
sequeiro para a obtenção de elevadas produtividades.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em Missão Velha-CE, utilizando-se o delineamento em


blocos ao acaso, com três repetições e 13 tratamentos, distribuídos em matriz baconiana (Tabela 1), na
qual um dos nutrientes é fornecido em quantidades variáveis, enquanto os outros são mantidos em um
nível referencial de 50, 60 e 40 kg ha-1 de N, P e K, respectivamente (T13). As unidades experimentais
foram constituídas por quatro linhas de cinco metros de comprimento, sendo a mamona semeada no
espaçamento 3 X 1 m, totalizando 60 m2 (12,0m x 5,0m), considerando-se como área útil as duas
linhas centrais, o que equivale a uma área útil de 30 m 2. O solo possuía baixa fertilidade, apresentando
acidez leve (pH 5,5), presença de Al (3,0 mmolc dm-3), saturação de bases de 60%, teor de P de 15 mg
dm-3, teor de K de 2,9 mmolc dm-3, teor de matéria orgânica de 5,5 g kg-1.

Foi feita adubação de base e de cobertura, conforme os tratamentos utilizados. O N foi


aplicado 50%, no plantio e 50% aos 45 dias após a emergência das plantas sendo o mesmo
incorporado com enxada em covas ao lado da planta. Os demais nutrientes, foram aplicados somente

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no plantio. Como fonte de nutrientes, utilizaram-se uréia, superfosfato simples e cloreto de potássio,
para N, P e K, respectivamente.

Na semeadura, foram utilizadas 3 sementes da cultivar BRS Nordestina por cova de


plantio, sendo realizado o desbaste aos 15 dias após a emergência, deixando-se apenas uma planta
por cova. Durante o ciclo da cultura, realizou-se o controle mecânico das plantas daninhas com capinas
manuais. Não ocorreram doenças ou pragas que necessitassem de controle químico.

Aos 90 dias do plantio (DAP) foram avaliadas as seguintes variáveis: área foliar, número de
nós do caule, diâmetro do caule, altura da planta e o comprimento do 1º cacho. Por ocasião da colheita
também foram determinados o número de cachos por planta e a produtividade de sementes em kg ha-1.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e de regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2 é apresentado o resumo da análise de variância para as características de


crescimento e produção da mamoneira cultivar BRS Nordestina. Para as variáveis de crescimento
altura das plantas, diâmetro caulinar e área foliar, as adubações nitrogenada e fosfatada ocasionaram
efeito significativo, sendo que as adubações potássica e com micronutrientes não afetaram estas
características. A exemplo das variáveis de crescimento, o número de cachos por planta, o
comprimento do cacho e a produção de sementes foram influenciados tanto pela adubação
nitrogenada quanto pela adubação fosfatada.

O crescimento das plantas de mamoneira aumentou linearmente com o incremento das


adubações nitrogenada e fosfatada associadas a adubação de referência de micronutrientes. A altura
das plantas, o diâmetro caulinar, a área foliar e o comprimento do racemo aumentaram
respectivamente 9,1 cm, 1,6 mm, 3.030 cm2/planta e 2,4 cm a cada incremento de 10 kg ha-1 de
nitrogênio aplicado (Figura 1). A adubação fosfatada ocasionou aumento de 4,3 cm, 0,9 mm e 1250
cm2/planta a cada aumento de 10 kg/ha de fósforo aplicado, respectivamente, para a altura de plantas,
diâmetro caulinar, área foliar e comprimento do racemo da mamoneira cultivar BRS Nordestina (Figura
2). Em geral, a adubação nitrogenada proporcionou maiores incrementos no crescimento das plantas
por unidade de adubo aplicado quando comparada a adubação fosfatada. Severino et al. (2006a)
também verificaram maior crescimento vegetativo das plantas de mamoneira da cultivar BRS
Nordestina com a adubação nitrogenada de maneira semelhante ao verificado no presente trabalho. O

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comprimento do cacho também apresentou aumento linear com o incremento das doses de nitrogênio
e fósforo. O aumento do comprimento do racemo foi de 2,3 e 0,9 cm a cada incremento de 10 kg ha-1
de N e P2O5, respectivamente (Figuras 1C e 1D).

A adubação nitrogenada e fosfatada também ocasionaram aumento linear no número de


cachos por planta (Figuras 3A e 3B). A adubação com as maiores doses de N e P 2O5 proporcionaram
aumentos de 110 e 51% no número de cachos por planta em relação à ausência de adubação com
esses fertilizantes, respectivamente. O aumento no número de cachos por planta com a adubação
também foi verificado por Nakagawa e Neptune (1971) na cultivar Campinas e foi atribuído como o
principal fator responsável pelo aumento de produção da cultura adubada.

A produção de sementes de mamona da cultivar BRS Nordestina aumentou linearmente com o


aumento das doses de N e P (Figuras 3C e 3D). A produção de sementes aumentou 123,1 e 56,3 kg
ha-1 respectivamente, para cada incremento de 10 kg ha-1 de nitrogênio e fósforo aplicados ao solo. A
adubação com 100 kg ha-1 de N associada às doses de referência de fósforo e potássio (60 e 40 kg ha-
1, respectivamente) proporcionou aumento da produção em aproximadamente 165% em relação ao
tratamento testemunha. Quanto à adubação fosfatada a dose de 120 kg ha-1 proporcionou aumento de
62,3% na produção de sementes. O aumento da produção com a adubação fosfatada também foi
verificada por outros autores (PACHECO et al., 2008).

Os resultados deste trabalho confirmam que a mamoneira aumenta significativamente


a produtividade com a adubação química. A maior resposta foi à adubação nitrogenada, o que também
foi verificado por Severino et al. (2006a) e Severino et al. (2006b) em cultivares de porte médio. Este
aumento na produção, provavelmente ocorre devido aos baixos teores de matéria orgânica dos solos
da região Nordeste, bem como da grande exigência de N pela cultura da mamoneira. De acordo com
Canecchio Filho e Freire (1958) a mamoneira exporta 80 kg ha-1 de N para uma produção de 2000 kg
ha-1. No presente trabalho verificou-se aumento da produção com doses de até 100 kg ha-1 de N, o que
foi superior a dose de máxima produção obtida em outros trabalhos (SEVERINO et al., 2006a). A
exemplo de outros trabalhos realizados na região Nordeste não se tem verificado resposta à adubação
potássica o que provavelmente é decorrente dos altos teores desse elemento nos solos (SEVERINO et
al., 2006a; SEVERINO et al., 2006b). Dessa forma, a adubação potássica de reposição é suficiente
para não exaurir este elemento do solo.

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CONCLUSÃO

- A adubação química proporciona maior crescimento vegetativo das plantas de mamoneira da


cultivar BRS Nordestina.

- A adubação mineral com 100 kg ha-1 de N e 120 kg ha-1 de fósforo incrementa a


produtividade de sementes em 165% e 62,5%, respectivamente.

- A adubação potássica e com micronutrientes não ocasionou efeito sobre o crescimento das
plantas e a produtividade.

- A adubação nitrogenada é a que mais afeta a produção de sementes da mamoneira, sendo


indispensável para a obtenção de elevadas produtividades.

AGRADECIMENTOS

Ao Banco do Nordeste pelo apoio financeiro para realização deste estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P. de; BELTRÃO, N.E. de M.; SEVERINO, L.S. Manejo Cultural. In: AZEVEDO,D.M.P.;
BELTRÃO, N.E.M. (Eds.) O Agronegócio da Mamona no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília:
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Campinas, v. 17, p. 243-259, 1958.

NAKAGAWA, J.; NEPTUNE, A.M.L. Marcha de absorção de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio na
cultura da mamoneira (Ricinus communis L.) cultivar Campinas. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz
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PACHECO, D.D.; GONÇALVES, N.P.; SATURNINO, H.M.; ANTUNES, P.D. Produção e disponibilidade de
nutrientes para mamoneira (Ricinus communis) adubada com NPK. Revista de Biologia e Ciências da Terra,
Campina Grande, v. 8, n. 1, p. 153-160, 2008.
SEVERINO, L.S.; FERREIRA, G.B.; MORAES, C.R.A.; GONDIM, T.M.S.; CARDOSO, G.D.; VIRIATO, J.R.;
BELTRÃO, N.E.M. Produtividade e crescimento da mamoneira em resposta a adubação orgânica e mineral.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n. 5, p. 879-882, 2006a.
SEVERINO, L.S.; FERREIRA, G.B.; MORAES, C.R.A.; GONDIM, T.M.S.; FREIRE, W.S.A.; CASTRO, D.A.;
CARDOSO, G.D.; BELTRÃO, N.E.M. Crescimento e produtividade da mamoneira adubada com macro e
micronutrientes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n.4, p. 563-568, 2006b.

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Tabela 1 - Doses de N, P2O5 e K2O em matriz baconiana para definição dos 13 tratamentos utilizados no experimento.

Doses de Nutrientes (kg ha-1)


Tratamentos
Micronutrientes1/
N P2O5 K2O
(B-Cu-Fe-Mn-Zn)
1. 0 0 0 0
2. 0 60 40 1
3. 25 60 40 1
4. 100 60 40 1
5. 50 0 40 1
6. 50 30 40 1
7. 50 120 40 1
8. 50 60 0 1
9. 50 60 20 1
10. 50 60 40 1
11. 50 60 80 1
12. 50 60 40 0
13. 50 60 40 2
1/ Nível
0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0, 2.0 e 2,0 kg/ha
de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente.

Tabela 2 – Resumo das análises de variância das variáveis altura de planta (AP), diâmetro caulinar (DC), área foliar (AF),
número de cachos por planta (NCP), comprimento do cacho (CC) e produção de sementes (PROD) da mamoneira da
cultivar BRS Nordestina em função da adubação química.
Quadrados médios
Fontes de variação G.L.
AP DC AF NCP CC PROD
(Tratamentos) (12) 3929* 114,5* 380864018* 5,0* 175,1* 349223,5*
N 3 8242* 248,6* 719615138* 8,8* 414,6* 1004106,1*

P2O5 3 3494* 102,2* 386266456* 5,7* 93,7* 298816,8*


K2O 3 951 20,7 229413570 2,1 58,6 22679,4
Micronutrientes 2 1271 24,3 241328987 1,0 44,7 4349,7

Test. vs adubados 1 6001* 136,7* 530150270* 2,2 282,3* 186347,6


Blocos 2 8727 205,0 999522885 8,0 198,6 1655693,0

Resíduo 26 651 21,7 108420536 1,5 32,0 98552,0

CV (%) - 18,0 15,2 33 25,2 15,5 25,2


* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

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200 50

40
150

Diâmetro Caulinar (mm)


Altura das plantas (cm)

30

100
20
Ŷ  91,58 0,91X Ŷ  21,83 0,16X
R2  0,56 R2  0,56
50
10

0 0
0 25 50 75 100 0 25 50 75 100

Dose de N (kg/ha) Dose de N (kg/ha)

A B

50000 50

40000 40
/planta)

Comprimento do cacho (cm)

30000 30
2
Área foliar (cm

20000 20
Ŷ  24,15 0,24X
R2  0,75
10000 Ŷ 14809
303X 10
R2  0,70
0 0
0 25 50 75 100 0 25 50 75 100
Dose de N (kg/ha) Dose de N (kg/ha)

C D

Figura 1. Efeito da adubação nitrogenada sobre a altura das plantas (A), diâmetro caulinar (B), área foliar (C) e
comprimento do cacho (D) da mamoneira da cultivar BRS Nordestina.

40
200

30
150
Diâmetro caulinar (mm)
Altura da planta (cm)

20
100 Ŷ  25,51 0,09X
Ŷ 116,24 0,43X
R2  0,59
R  0,43
2

10
50

0
0
0 30 60 90 120
0 30 60 90 120
Dose de P2O5 (kg/ha)
Dose de P2O5 (kg/ha)

A B

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50000 50

40000 40
/planta)

Comprimento do cacho (cm)


30000 30
2
Área foliar (cm

Ŷ  30,43 0,09X
20000 20
R2  0,81
Ŷ  25302
125X
R2  0,32
10000 10

0 0
0 30 60 90 120 0 30 60 90 120
Dose de P2O5 (kg/ha)
Dose de P2O5 (kg/ha)

C D

Figura 2. Efeito da adubação fosfatada sobre a altura das plantas (A), diâmetro caulinar (B), área foliar (C) e comprimento
do cacho (D) da mamoneira da cultivar BRS Nordestina.

6 8

5
6
Número de cachos por planta

4
Número de cachos por planta

3 4

Ŷ  2,72 0,03X
2 Ŷ  3,88 0,02X
R2  0,67 2 R2  0,52
1

0 0
0 25 50 75 100 0 30 60 90 120
Dose de N (kg/ha) Dose de P2O5 (kg/ha)

A B

2000 2000

1500 1500
Produção de sementes (kg/ha)

Produção de sementes (kg/ha)

1000
1000
Ŷ  904,1 5,63X
Ŷ  746,112,32X
R2  0,84
R  0,83
2
500
500

0
0 25 50 75 100 0
0 30 60 90 120
Dose de N (kg/ha)
Dose de P2O5 (kg/ha)
C
D

Figura 3. Efeito da adubação nitrogenada e fosfatada sobre o número de cachos por planta (A e B), e produção de
sementes (C e D) da mamoneira da cultivar BRS Nordestina.

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ADUBAÇÃO DO HÍBRIDO DE MAMONEIRA „SAVANA‟ EM CULTIVO DE SEQUEIRO 1

Tarcísio Marcos De Souza Gondim1; Valdinei Sofiatti2, Liv Soares Severino2, Gilvan Barbosa Ferreria3,
Ramon De Araújo Vasconcelos2; Franklin Magnum De Oliveira Silva4; Vivianny Nayse Belo Silva4; Dalva
Maria Almeida Silva5
1 Pesquisador Embrapa Algodão, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA), Universidade

Federal da Paraíba (UFPB)/Centro de Ciências Agrárias (CCA), Campus II, Areia, PB, E-mail: tarcisio@cnpa.embrapa.br;
2Embrapa Algodão, tarcisio@cnpa.embrapa.br, vsofiatti@cnpa.embrapa.br, liv@cnpa.embrapa.br,

ramon@cnpa.embrapa.br; 3Embrapa Roraima, gilvan@cpafrr.embrapa.br; 4UEPB, franklin_magnum@hotmail.com,


vivianny_nayse16@hotmail.com; 5UFPB, dalvaalmeida@hotmail.com

RESUMO – A adubação é uma das principais tecnologias usadas para aumentar a produtividade e a
rentabilidade da ricinocultura, embora apresente alto custo e possa aumentar o risco do investimento
agrícola. Um experimento com a cultura da mamoneira (Ricinus communis L.) Híbrido ‗Savana‘ foi
conduzido no Município de Missão Velha, CE, com objetivo de avaliar a adubação mineral em cultivo
de sequeiro, no crescimento e produtividade. Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, com 13
tratamentos e três repetições, em matriz baconiana, sendo as doses de referência 50 kg ha -1 de N, 60
kg ha-1 de P2O5 e 50 kg ha-1 de K2O. Aos 90 dias do plantio (DAP) foram avaliadas as seguintes
variáveis: área foliar, número de nós do caule, diâmetro do caule, altura da planta e o comprimento do
1º cacho. Por ocasião da colheita também foram determinados o número de cachos por planta e a
produtividade de sementes em kg ha-1. Verificou-se que a adubação química proporciona maior
crescimento vegetativo das plantas de mamoneira Híbrido ‗Savana‘. A adubação mineral com
100 kg ha-1 de N proporcionou aumento na produtividade de sementes de 224%, justificando o
emprego da adubação nitrogenada no cultivo da mamoneira ‗Savana. As adubações fosfatada,
potássica e com micronutrientes não ocasionaram efeito sobre o crescimento das plantas e a
produtividade do híbrido ‗Savana‘.
Palavras-chave – Ricinus communis, Nutrição de plantas, Adubação química, Crescimento.

INTRODUÇÃO

A adubação é uma das principais tecnologias usadas para aumentar a produtividade e a


rentabilidade das culturas, embora tenha alto custo e possa aumentar o risco do investimento agrícola.
A mamoneira exporta da área de cultivo cerca de 80 kg ha-1 de N, 18 kg ha-1 de P2O5, 32 kg ha-1 de
K2O, 13 kg ha-1 de CaO e 10 kg ha-1 de MgO para cada 2.000 kg ha-1 de sementes produzidos
(CANNECCHIO FILHO e FREIRE, 1958). Considerando que pequenos agricultores colhem os frutos e
1
Trabalho integrante do projeto ―MANEJO DA ADUBAÇÃO MINERAL E ORGÂNICA DA MAMONEIRA NO NORDESTE
BRASILEIRO‖, financiado pelo Banco do Nordeste do Brasil S.A.

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fazem o descascamento fora da área colhida, fazendo com que as cascas dos frutos não retornem
para as lavouras, essas quantidades de nutrientes exportados são ainda maiores (SEVERINO et al.,
2006b). Essa planta é sensível à acidez do solo e exigente em fertilidade, sendo possível aumentar sua
produtividade pelo adequado fornecimento de nutrientes por meio da adubação química (SOUZA e
NEPTUNE, 1976; WEISS, 1983).

Alguns trabalhos recentes foram realizados visando determinar a necessidade de adubação da


cultura da mamoneira. Severino et al. (2006a), ao avaliarem a adubação com macro e micronutrientes
concluíram que a adubação promoveu aumento de produtividade da cultivar BRS Nordestina, com
destaque para a adubação nitrogenada, enquanto que o teor de óleo foi influenciado positivamente
pelo aumento das doses de fósforo. Em condições de baixa disponibilidade hídrica, como é o caso da
região semi-árida, também foi verificado que a mamoneira apresenta maior resposta a adubação
nitrogenada proveniente de fertilizantes químicos do que a adubação orgânica devido à baixa taxa de
mineralização em condições de estresse hídrico (SEVERINO et al. 2006b). Silva et al. (2007) também
verificaram resposta do híbrido de mamona ‗Sara‘ à adubação nitrogenada em cobertura até a dose de
80 kg ha-1 de N. Por outro lado, nas condições do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, com solo
apresentando altos teores de K e de matéria orgânica, a cultura da mamoneira respondeu
positivamente somente à adubação fosfatada (PACHECO et al., 2008).

Respostas do manejo da adubação química com macro e micronutrientes de cultivares de


mamoneira de baixo porte, a exemplo do híbrido ‗Savana‘, são muito demandas visando altos
rendimentos em cultivos tecnificados. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar a
adubação mineral para a cultura da mamoneira do híbrido ‗Savana‘ em cultivo de sequeiro, para a
obtenção de elevadas produtividades.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão, no município de


Missão Velha, CE. Foi utilizada mamoneira (Ricinus communis L.) híbrido comercial ‗Savana‘, de porte
baixo, no ano de 2006.

Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, com três repetições e 13 tratamentos


constituídos pelas combinações de adubação geradas pela Matriz Baconiana com quatro doses de N
(0, 25, 50 e 100 kg ha-1), P2O5 (0, 30, 60 e 120 kg ha-1) e K2O (0, 20, 40 e 80 kg ha-1) e três níveis do
conjunto de vários micronutrientes (Nível 0 = 0 ausência dos micronutrientes; Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0

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e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0, 2.0 e 2,0 kg ha-1 de B, Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente, para cada
nível) (Tabela 1). As unidades experimentais foram constituídas por onze linhas de cinco metros de
comprimento, sendo a mamoneira semeada no espaçamento 1,0 m x 0,5 m, totalizando 60 m2 (12,0 m
x 5,0 m). Foram consideradas como área útil, as cinco linhas centrais, correspondente a 30 m2. O solo
possuía baixa fertilidade, apresentando acidez leve (pH 5,5), presença de Al (3,0 mmol c dm-3),
saturação de bases de 50%, teor de P de 15,6 mg dm-3, teor de K de 2,8 mmolc dm-3, teor de matéria
orgânica de 5,6 g kg-1.

Foi feita adubação de base e de cobertura, conforme os tratamentos utilizados. O N foi


aplicado 50%, no plantio e 50% aos 45 dias da emergência das plantas sendo o mesmo incorporado
com enxada em sulcos ao lado da planta. Os demais nutrientes foram aplicados somente no plantio.
Como fonte de nutrientes, utilizou-se uréia, superfosfato simples e cloreto de potássio, para N, P e K,
respectivamente.

Na semeadura, foram utilizadas 3 sementes do híbrido ‗Savana‘ por cova de plantio, sendo
realizado o desbaste aos 15 dias após a emergência, deixando-se apenas uma planta por cova.
Durante o ciclo da cultura, realizou-se o controle mecânico das plantas daninhas com capinas manuais.
Não ocorreram doenças ou pragas que necessitassem de controle químico.

Aos 90 dias do plantio (DAP) foram avaliadas as seguintes variáveis: área foliar, número de
nós do caule, diâmetro do caule, altura da planta e o comprimento do 1º cacho. Por ocasião da colheita
também foram determinados o número de cachos por planta e a produtividade de sementes em kg ha-1.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2, verifica-se que para as variáveis de crescimento do híbrido de mamoneira


‗Savana‘ em área foliar, altura de plantas e diâmetro caulinar somente a adubação nitrogenada
ocasionou efeito significativo, sendo que as adubações potássica, fosfatada e com micronutrientes não
afetaram estas características. O número de cachos por planta não foi influenciado pela adubação
química, o que indica que esta característica é mais afetada pelas características genéticas e pela
configuração de plantio da cultura, o que também foi verificado por Silva et al. (2007). O comprimento
do cacho foi influenciado tanto pela adubação nitrogenada quanto pela adubação fosfatada. Entretanto,
a produtividade de sementes variou apenas em função da adubação nitrogenada.

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O crescimento das plantas de mamoneira aumentou linearmente com o incremento da


adubação nitrogenada associada às doses de referência de fósforo e potássio (60 e 40 kg ha-1,
respectivamente), comportamento também relatado por Severino et al. (2006a). A altura das plantas, o
diâmetro caulinar e a área foliar (Figuras 1A, 1B e 1C) aumentaram em 4,6 cm, 1 mm e 513 cm 2/planta
a cada incremento de 10 kg ha-1 de N aplicado, respectivamente. O comprimento do cacho também
apresentou aumento linear com o incremento das doses de nitrogênio e fósforo. O aumento do
comprimento do racemo foi de 2,3 e 0,9 cm a cada incremento de 10 kg ha -1 de N e P2O5,
respectivamente.

A produtividade de sementes de mamona aumentou linearmente com o aumento da dose de N.


A cada incremento de 10 kg ha-1 de N o rendimento aumentou 167 kg por hectare (Figura 1D). A
adubação nitrogenada com 100 kg ha-1 de N proporcionou aumento na produtividade de 224% em
relação à ausência desta adubação, o que justifica a emprego da adubação nitrogenada no cultivo da
mamoneira ‗Savana‘. O híbrido ‗Sara‘ também tem respondido a doses elevadas de N em cobertura,
sendo que nas condições de solo e clima de Mato Grosso do Sul a máxima produtividade foi obtida
com 80 kg ha-1 de N (SILVA et al., 2007). A maior resposta à adubação nitrogenada, também foi
observada por Severino et al. (2006a), Severino et al. (2006b) em cultivares de porte médio e por Silva
et al., (2007) em híbrido de baixo porte. Este aumento na produtividade, provavelmente ocorre devido
aos baixos teores de matéria orgânica dos solos da região Nordeste, bem como da grande exigência
de N pela cultura da mamoneira. Nos solos da região Nordeste não se tem verificado resposta à
adubação potássica, o que provavelmente é decorrente dos altos teores desse elemento nos solos. No
vale do Jequitinhonha, em solos com altos teores de K no solo, doses superiores a 30 kg ha -1 deste
nutriente reduziram a produtividade, o que foi atribuído a ocorrência de estresse osmótico associado à
baixa precipitação pluvial (PACHECO et al., 2008). Dessa forma, a adubação potássica de reposição é
suficiente para não exaurir este elemento do solo.

CONCLUSÃO

Nas condições em que o trabalho foi conduzido conclui-se que: 1- A adubação química
proporciona maior crescimento vegetativo das plantas de porte baixo de mamoneira Ricinus communis
híbrido ‗Savana‘; 2- A utilização de 100 kg ha-1 de N proporciona aumento na produtividade de
sementes de 224%, justificando a importância da adubação nitrogenada no cultivo da mamoneira
‗Savana; 3- As adubações fosfatada, potássica e com micronutrientes não ocasionaram efeito sobre o
crescimento das plantas e a produtividade do híbrido ‗Savana‘.

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AGRADECIMENTOS

Ao Banco do Nordeste pelo apoio financeiro para realização deste estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Bragantia, Campinas, v. 17, p. 243-259, 1958.

PACHECO, D.D.; GONÇALVES, N.P.; SATURNINO, H.M.; ANTUNES, P.D. Produção e


disponibilidade de nutrientes para mamoneira (Ricinus communis) adubada com NPK. Revista de
Biologia e Ciências da Terra, Campina Grande, v.8, n.1, p. 153-160, 2008.

SEVERINO, L.S.; FERREIRA, G.B.; MORAES, C.R.A.; GONDIM, T.M.S.; CARDOSO, G.D.; VIRIATO,
J.R.; BELTRÃO, N.E.M. Produtividade e crescimento da mamoneira em resposta a adubação orgânica
e mineral. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n. 5, p. 879-882, 2006a.

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macro e micronutrientes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n.4, p. 563-568, 2006b.

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SOUZA, E.A.; NEPTUNE, A.M.L. Resposta da cultura de Ricinus communis L. à adubação e calagem.
Científica, v.4, p.274-281, 1976.

WEISS, E.A. Oilseed crops. London: Longman, 1983. 659p.

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TABELA 1. Distribuição das doses dos nutrientes nitrogênio (N), fósforo (P2O5), potassio (K2O) e micronutrientes, em
Matriz Baconiana, para definição dos 13 tratamentos utilizados no experimento

Doses de Nutrientes (kg ha-1)


Micronutrientes1/
Tratamentos N P2O5 K2O
(B-Cu-Fe-Mn-Zn)
1. 0 0 0 0
2. 0 60 40 1
3. 25 60 40 1
4. 100 60 40 1
5. 50 0 40 1
6. 50 30 40 1
7. 50 120 40 1
8. 50 60 0 1
9. 50 60 20 1
10. 50 60 40 1
11. 50 60 80 1
12. 50 60 40 0
13. 50 60 40 2

1/ Nível0 = 0 (ausência de todos os micronutrientes); Nível 1 = 1.0; 0.5; 1.0; 1.0 e 1.0 e Nível 2 - 2.0, 1.0, 2.0, 2.0 e 2,0 kg
ha-1 de boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e zinco (Zn), respectivamente.

TABELA 2. Resumo da análise de variância para as variáveis altura de planta (AP), diâmetro caulinar (DC), área foliar (AF),
número de cachos por planta (NCP), comprimento do cacho (CC) e rendimento de sementes (PROD) do híbrido de
mamoneira ‗Savana‘ em função da adubação química, aos 90 dias da semeadura. Missão Velha - CE, 2006.

Quadrados médios
Fontes de variação G.L.
AP DC AF NCP CC PROD
(Tratamentos) (12) 476,0 29,3* 7542599* 257112 175,1 574364*
N 3 1203,7* 65,0* 17091966 262967 414,6* 1508444*
P2O5 3 124,8 3,4 3506740 1028369 93,7* 114105
K2O 3 217,7 24,6 1815753 73931 58,6 165270
Micronutrientes 2 267,9 25,2 2047698 81147 44,7 222712
Test. vs adubados 1 354,5 38,0 5740993 150981 282,3 160395
Blocos 2 2261,4 12,8 30346694 2363402 198,6 3152011
Resíduo 26 277,8 11,9 5281339 442761 32,0 252096
CV (%) 18,6 12,5 39,0 24,0 15,5 32,0
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

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120 40

100
30
80

Diâmetro caulinar (mm)


Altura das plantas (cm)

60 20
Ŷ  22,31 0,10X
40 R2  0,85
Ŷ  61,84 0,46X 10
20 R2  0,95

0 0
0 25 50 75 100 0 25 50 75 100
Dose de N (kg/ha) Dose de N (kg/ha)

A B

8000 2500

2000
6000
/planta)

Produção de sementes (kg/ha)

1500
2

4000
Área foliar (cm

1000
Ŷ  739,6 16,6X
Ŷ  239151,3X
R2  0,99
2000 R2  0,84 500

0
0 0 25 50 75 100
0 25 50 75 100
Dose de N (kg/ha)

D
Dose de N (kg/ha)

C
FIGURA 1. Efeito da adubação nitrogenada sobre a altura das plantas (A), diâmetro caulinar (B), área foliar (C) e
rendimento de sementes (D) do híbrido de mamoneira Ricinus communis ‗Savana‘, aos 90 dias da semeadura.
Missão Velha - CE, 2006.

50 50

40 40
Comprimento do cacho (cm)
Comprimento do cacho (cm)

30 30

Ŷ  30,43 0,09X
20 20
R2  0,81
Ŷ  24,15 0,23X
10 R2  0,74 10

0 0
0 25 50 75 100 0 30 60 90 120

Dose de N (kg/ha) Dose de P2O5 (kg/ha)

FIGURA 2. Efeito da adubação nitrogenada e fosfatada sobre o comprimento do cacho de plantas do híbrido de mamoneira
Ricinus communis ‗Savana‘, aos 90 dias da semeadura. Missão Velha - CE, 2006.

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ADUBAÇÃO FOSFATADA NO CRESCIMENTO INICIAL DO PINHÃO-MANSO

Joab Josemar Vitor Ribeiro do Nascimento1; Janiny Andrade da Nóbrega1; Alex Matheus Rebequi2;
Jerônimo Andrade da Nóbrega1; Carlos Alberto Vieira de Azevedo1; Gibran da Silva Alves2
1UFCG, joabjosemar@gmail.com; 2UFPB

RESUMO: Objetivou-se, com este trabalho, avaliar os efeitos de adubação fosfatada sobre o
crescimento inicial do pinhão manso. O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação
do Departamento de Engenharia Agrícola do CTRN/UFCG, Campina Grande, PB. Adotou-se o
delineamento experimental inteiramente casualizado, com cinco doses de fósforo (0, 30, 60, 90 e 120
kg ha-1 de P2O5), aplicadas na forma de superfosfato simples, e com quatro repetições. Houve efeito
dos tratamentos sobre todas as variáveis de crescimento do pinhão manso. Os maiores valores para
todas as variáveis de crescimento foram obtidos na dose de fósforo estimada em torno de 70 kg ha-1.

Palvras-chave: nutrição mineral, fósforo, oleaginosa, manejo do solo

INTRODUÇÃO

O Brasil, pela sua extensão territorial e condições climáticas propícias, é considerado um país
privilegiado para a exploração de biomassa para fins energéticos. No campo das oleaginosas, matéria-
prima potencial para a produção de biodiesel, as vocações são bastante diversificadas: a soja, no
Centro-Sul e Centro-Oeste, o babaçu e o dendê, na Região Amazônica e a mamona e o pinhão-manso,
na região Semi-Árida do Nordeste e Norte de Minas Gerais (FREITAS & PENTEADO, 2006; ARRUDA
et al., 2004).

O pinhão-manso é considerado uma cultura rústica, adaptada às mais diversas condições


edafoclimáticas, que sobrevive bem em condições de solos marginais de baixa fertilidade natural
(ARRUDA et al., 2004). Contudo, para se obter alta produtividade de frutos, a planta exige solos férteis
e com boas condições físicas. Logo, a correção da acidez e da fertilidade do solo é decisiva para se
obter sucesso e lucratividade nessa cultura (LAVIOLA & DIAS, 2008).

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Os resultados de pesquisas com a cultura do pinhão-manso ainda são incipientes e


preliminares (LAVIOLA & DIAS, 2008; SILVA et al., 2009). Assim, objetivando-se contribuir com mais
estudos na adubação desta cultura, avaliou-se o crescimento inicial do pinhão-manso sob adubação
fosfatada.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação do Centro de Tecnologia e


Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, Departamento de Engenharia
Agrícola, PB, localizada na zona Centro Oriental do estado da Paraíba, no Planalto da Borborema,
georeferenciado em coordenadas geográficas a 7° 13‘ 11‖ S e 35° 53‘ 31‖ W e altitude de 547,56 m.

O experimento foi instalado em 20/07/2008, cuja unidade experimental era composta de vasos
plásticos com 20 L de capacidade, os quais foram preenchidos com 25 kg de material de solo coletado
nos 20 cm superficiais de um perfil franco-arenoso.

Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com tratamentos definidos


por cinco doses de fósforo (0, 30, 60, 90 e 120 kg de P 2O5 ha-1), com quatro repetições, perfazendo o
total de vinte unidades experimentais. Como fonte de fósforo foi utilizado o superfosfato simples com
adubação em fundação, aplicada 7 dias antes da semeadura.

A análise do solo antes do cultivo revelou as seguintes características: MO = 1,8 g kg -1; pH em


H2O = 5,3; P = 4,5 mg dm-3; K+ = 1,2 mmolc dm-3; Al+3 = 1,0 mmolc dm-3; Ca+ = 9,1 mmolc dm-3; Mg+ =
25,6 mmolc dm-3; H+Al = 0,0 mmolc dm-3; Na+ = 0,2 mmolc dm-3; S = 16,1 mmolc dm-3; Condutividade
elétrica = 0,11 mmhos cm-1.

A semeadura do pinhão manso foi realizada utilizando-se 4 sementes pré-selecionadas por


unidade experimental, na profundidade de 2 cm. Aos 15 dias após semeadura, fez-se o desbaste
deixando-se apenas uma plântula por vaso, escolhendo-se, porém, a mais vigorosa, que foi monitorada
durante todo o período do experimento.

A água usada na irrigação das parcelas experimentais foi a de abastecimento do município de


Campina Grande, PB. As irrigações foram realizadas diariamente de forma manual, evitando-se
ultrapassar a capacidade de campo.

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Aos 150 dias da germinação, mediram-se os valores de altura de planta, diâmetro caulinar e
área foliar. A altura da planta (cm) foi medida com auxílio de uma régua, desde o colo da planta até a
inserção da ultima folha e, com um paquímetro, o diâmetro do caule (mm) foi medido a 2 cm do colo da
planta. A área de cada folha foi estimada a partir da equação proposta por Severino et al. (2006): S =
0,84 x (P x L)0,99, sendo S a área foliar, P o comprimento da nervura principal e L a largura da folha; a
área foliar por planta foi determinada pelo somatório da área de cada folha.

Os dados foram submetidos às análises de variância com decomposição dos graus de


liberdade dos tratamentos em componentes de regressão polinomial. A escolha dos modelos baseou-
se na significância dos coeficientes, utilizando-se o teste ―t‖ ao nível de até 5% de probabilidade. As
análises estatísticas foram realizadas no SAEG 9.1 (SAEG, 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constatou-se, pela Figura 1A, um razoável ajuste do modelo quadrático, com coeficiente de
determinação de 93,62%. Segundo a equação de segundo grau, a altura máxima de 31,03 cm seria
atingida com 70,73 kg/ha de P2O5. A partir desta dose, de acordo com o modelo de regressão ajustado,
o aumento do adubo no solo causou redução na altura de plantas de pinhão manso.

Verificou-se, na Figura 1B a análise de regressão polinomial para diâmetro caulinar,


com bom ajuste do modelo quadrático, com 94,35% da variação total observada nos dados explicada
pelo modelo. Segundo a equação, o diâmetro máximo estimado de 25,80 mm seria atingido com uma
dose de 69,03 kg/ha de fósforo.

Na Figura 1C, verifica-se a equação de regressão polinomial, onde a maior área foliar
estimada, de 1248,16 cm2, seria conseguida com uma dose de fósforo de 68,86 kg/ha.

Esses resultados indicam que, para o presente estudo, doses de fósforo maiores que 70 kg/ha,
aproximadamente, são desnecessárias e prejudiciais, pois provocam decréscimo no crescimento das
plantas de pinhão manso.

Esses resultados corroboram com os obtido por Lima et al. (2007), que estudando o
crescimento de mudas de pinhão manso em substratos contendo superfosfato simples verificaram que
doses elevadas provocaram diminuição no crescimento das mudas e o crescimento máximo foi
observado na dose de 5 kg/m3. Ferro et al. (2004), estudando adubação fosfatada de duas variedades

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de mamoneira observaram que as maiores alturas de planta e área foliar foram obtidas entre 50 e 60
kg/ha de fósforo.

Os aumentos verificados nas variáveis de crescimento do pinhão manso com a aplicação de


doses crescentes de fósforo são devidos à importância que o elemento tem nas plantas. Segundo Raij
(1991), este elemento é usado na formação de proteínas, que participam nos processos metabólicos,
junto com as enzimas, tendo grande função estrutural e promovendo elevado crescimento vegetativo
no estádio inicial de seus ciclos.

CONCLUSÕES

Houve efeito significativo das doses de fósforo sobre a altura, diâmetro caulinar e área foliar do
pinhão manso. A adubação fosfatada na dose próxima a 70 kg ha-1 de fósforo promove maior
crescimento das plantas de pinhão manso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, F. P. DE; BELTRÃO, N. E. DE M.; ANDRADE, A. P. DE; PEREIRA, W. E.; Severino, L. S.


Cultivo do pinhão manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o Semi-Árido Nordestino. Revista
Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas, v.8, n.1, p.789-799, 2004.
CAMPOS, A. X. de. Avaliação dos aspectos fenológicos e da produção de massa seca da espécie de
plântulas de Pinhão manso (Jatropha curcas), após aplicação de resíduos orgânicos, corretivos e
fertilizantes minerais. In: XXXII Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2009, Fortaleza.
Anais...Fortaleza, 2009 (CD-ROM).
FERRO, J. H. A.; SILVA, D. F.; OLIVEIRA, M. W.; TRINDADE, R. C. P.; COSTA, J. P. V.; CALHEIROS,
A. S. Avaliação do crescimento e da produtividade de duas variedades de mamona (Ricinus communis
L.) em função da adubação fosfatada no município de Rio Largo – AL. In: I Congresso Brasileiro de
Mamona: Energia e Sustentabilidade. 2004, Campina Grande. Anais...Campina Grande, 2004.
FREITAS, C; PENTEADO, M. Biodiesel: energia do futuro. São Paulo: Letra Boreal, 2006.
146p.
LAVIOLA, B. G.; DIAS, L. A. S.; Teor e acúmulo de nutrientes em folhas e frutos de pinhão-manso. R.
Bras. Ci. Solo, 32:1969-1975, 2008.

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I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L. S.; SAMPAIO, L. R.; SOFIATTI, V.; BELTRÃO, N. E. M.; FREIRE, M. A.
O.; LEÃO, A. B. Efeito da Adubação Fosfatada no Crescimento de Mudas de Pinhão Manso. In: 4º
Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosa, Óleos, Gordura e Biodiesel, 2007, Varginha.
Anais...Varginha, 2007.
RAIJ, B. V. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Ceres, Potafos, 1991. 343p.
SAEG Sistema para Análises Estatísticas, Versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes - UFV - Viçosa,
2007.
SEVERINO, L. S; VALE, L. S; BELTRÃO, N. E. M. Método para medição da área foliar do pinhão
manso. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas. , Campina Grande, PB, v.14, n. 1, p. 73-77, jan-
abril, 2006.
SILVA, E. B.; TANURE, L. P. P.; SANTOS, S. R.; RESENDE JÚNIOR, P. S. Sintomas de deficiências
nutricionais em pinhão-manso. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.44, n.4, p.392-397, abr. 2009.

1400,0 32,0
1200,0
Altura de Planta (cm)

A 30,0 B
Área Foliar (cm 2)

1000,0
28,0
800,0
y = -0,1425x 2 + 19,626x + 572,35 26,0
600,0
R2 = 0,9698 y = -0,0013x 2 + 0,1839x + 24,529
24,0
400,0 R2 = 0,9362
200,0 22,0

0,0 20,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0
P2O5 (kg/ha) P2O5 (kg/ha)

26,5
26,0
Diâmetro Caulinar (mm)

25,5 C
25,0
24,5
24,0
23,5 y = -0,0008x2 + 0,1105x + 21,983
23,0
R2 = 0,9435
22,5
22,0
21,5
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0
P2O5 (kg/ha)

Figura 1 - Área foliar, altura e diâmetro caulinar de plantas de pinhão-manso em função da adubação fosfatada, com
indicação dos ajustes de regressão.

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ADUBAÇÃO POTÁSSICA NO CRESCIMENTO INICIAL DO PINHÃO-MANSO

Joab Josemar Vitor Ribeiro do Nascimento1; Janiny Andrade da Nóbrega1; Alex Matheus Rebequi2;
Jerônimo Andrade da Nóbrega1; Patrício Gomes Leite1; Carlos Alberto Vieira de Azevedo1
1UFCG, joabjosemar@gmail.com; 2UFPB

RESUMO: Considerando-se a possibilidade de uso do óleo de pinhão manso como fonte alternativa de
energia e a carência de estudos referentes à seu cultivo, realizou-se um trabalho com o objetivo de
avaliar o crescimento inicial das plantas sob adubação potássica. A pesquisa foi conduzida no Centro
de Tecnologia e Recursos Naturais da UFCG, em Campina Grande, PB. Adotou-se o delineamento
experimental em blocos casualizados, com cinco tratamentos (0, 25, 50, 75 e 100 kg ha -1 de K2O,
aplicados na forma de KCl) e cinco repetições. Após 180 da semeadura avaliaram-se altura de plantas,
diâmetro caulinar e área foliar. Nas condições deste estudo, houve efeito linear negativo das doses de
potássio sobre todas as variáveis de crescimento avaliadas. A área foliar foi a mais negativamente
afetada pela adubação potássica, com redução de 20,48%.

Palavras-chave: nutrição mineral, potássio, oleaginosa, manejo do solo

INTRODUÇÃO

Diante da preocupação atual com o efeito estufa, o aquecimento global e a escassez das
reservas mundiais de combustível fóssil, o pinhão-manso tem despertado interesse dos produtores, do
governo e das instituições de pesquisa (NERY et al., 2009). Desta forma, com a possibilidade do uso
do óleo de pinhão-manso para a produção de biodiesel, abrem-se amplas perspectivas para o aumento
das áreas de plantio com esta cultura no semi-árido nordestino (ARRUDA et al., 2004).

O pinhão-manso é considerado uma cultura rústica, adaptada às mais diversas condições


edafoclimáticas, que sobrevive bem em condições de solos marginais de baixa fertilidade natural
(ARRUDA et al., 2004). Contudo, para se obter alta produtividade de frutos, a planta exige solos férteis
e com boas condições físicas. Logo, a correção da acidez e da fertilidade do solo é decisiva para se
obter sucesso e lucratividade nessa cultura (LAVIOLA & DIAS, 2008).

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 430-435.
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Os resultados de pesquisas com a cultura do pinhão-manso ainda são incipientes e


preliminares (LAVIOLA & DIAS, 2008; SILVA et al., 2009). Com relação à adubação potássica nesta
cultura destacam-se os trabalhos de Gonçalves et al. (2007) e Evangelista et al. (2009), que não
observaram efeitos significativos sobre as variáveis de crescimento da cultura; já Daniel et al. (2009)
constataram redução na altura de ramos a partir da dose de 30 kg ha -1 K2O. Entretanto, acredita-se que
a planta responda bem à adubação potássica, uma vez que este é o 3º elemento mais acumulado nas
folhas e o 2º nos frutos desta cultura (LAVIOLA & DIAS, 2008). Assim, objetivou-se com este trabalho
avaliar o crescimento inicial de plantas de pinhão manso sob adubação potássica.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação do Centro de Tecnologia e


Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, Departamento de Engenharia
Agrícola, PB, localizada na zona Centro Oriental do estado da Paraíba, no Planalto da Borborema,
georeferenciado em coordenadas geográficas a 7° 13‘ 11‖ S e 35° 53‘ 31‖ W e altitude de 547,56 m.

As unidades experimentais eram vasos plásticos com 20 L de capacidade, mantidos em


ambiente aberto, furados na base para permitir a drenagem. O solo utilizado foi coletado na camada
superficial (0 – 20 cm) de um Argissolo Vermelho Amarelo, submetido à destorroamento e
peneiramento. Realizou-se a caracterização química do solo no Laboratório de Irrigação e Salinidade
do Departamento de Engenharia Agrícola da UFCG, segundo metodologias descritas em Embrapa
(1997). O solo apresentou as seguintes características: MO = 8,96 g kg-1; pH em H2O = 6,60; P = 28,5
mg/kg; K+ = 2,8 meq kg-1; Al+3 = 0,0 meq kg-1; Ca+ = 25,5 meq kg-1; Mg+ = 22,3 mg kg-1; Na+ = 0,6 mg
kg-1; N = 0,52 g kg-1; H+ = 7,9 meq kg-1; S = 51,2 meq kg-1.

Utilizou-se delineamento experimental em blocos ao acaso, com cinco tratamentos e cinco


repetições, perfazendo 20 unidades experimentais. Os tratamentos foram determinados com base nas
recomendações de adubação potássica para a cultura da mamoneira, que também é uma euforbiácea
(CFSEPE, 1998), já que as recomendações para o pinhão manso ainda não são conclusivas, e
constaram das doses de 0, 25, 50, 75 e 100 kg ha -1 de K2O. A adubação foi parcelada em duas vezes,
sendo a primeira no momento da semeadura e a segunda 90 dias após.

A instalação do experimento ocorreu na primeira quinzena do mês de setembro de


2009, quando se efetuou a semeadura do pinhão manso utilizando-se quatro sementes pré-
selecionadas por unidade experimental, na profundidade de 2 cm. Após 180 dias da semeadura o

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experimento foi avaliado. Coletaram-se dados referentes à altura de plantas, diâmetro caulinar. Para a
estimativa da área foliar, utilizou-se a equação sugerida por Severino et al. (2006): A = 0,84 (PxL) 0,99,
onde P representa o comprimento da nervura principal e L a largura da folha. Multiplicando-se este
valor pelo número de folhas estimou-se a área foliar total.

Os dados foram submetidos às análises de variância com decomposição dos graus de


liberdade dos tratamentos em componentes de regressão polinomial. A escolha dos modelos baseou-
se na significância dos coeficientes, utilizando-se o teste ―t‖ ao nível de até 5% de probabilidade. As
análises estatísticas foram realizadas no SAEG 9.1 (SAEG, 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base na equação de regressão apresentada da Figura 1A, o incremento de 1,0 kg ha -1 de


potássio proporcionou uma diminuição de 1,882 cm2 na área foliar, que equivale à um redução de
20,48% da maior dose (100 kg ha-1 de K2O) em relação à testemunha. A equação ajustada explicou
81% da variação dos dados.

Observa-se na Figura 1B que a altura de plantas, à semelhança da área foliar, reduziu de


forma linear com o aumento das doses de potássio. O decréscimo nesta variável, entre a testemunha e
o maior nível foi de 19,9%. Pela equação ajustada, que explicou 70% da variação nos dados, verifica-
se ainda que para cada incremento de 1,0 kg ha -1 de K2O houve uma redução de 0,0628 cm na altura
das plantas.

Na Figura 1C estão as médias de diâmetro caulinar em função das doses de potássio,


notando-se que as plantas cultivadas na maior dose apresentaram uma redução nesta variável, em
relação à testemunha; com base na equação apresentada, constou-se decréscimo de 8,23%; deduz-
se, então, que o diâmetro caulinar, aparelho que sustenta a planta, foi, dentre as variáveis de
crescimento, a menos afetada.

O efeitos da adubação com potássio na cultura do pinhão manso foram estudadas por
Evangelista et al. (2008), que não observaram efeito significativo em solos com 101 mg dm -3 de K (alta
disponibilidade); Gonçalves et al. (2007), que também não verificaram efeito significativo na produção
de mudas; e Daniel et al (2009), que relataram diminuição na altura de ramos do pinhão manso em
doses de K superiores a 30 kg ha-1, em um solo com teor inicial de 3,4 mmolc dm-3.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 430-435.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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Apesar de Laviola & Dias (2008) terem relatado que as plantas de pinhão manso necessitam
de muito potássio para seu pleno crescimento e desenvolvimento, sendo este o 2º e 3º nutriente mais
acumulado nos frutos e folhas, respectivamente, e, portanto, necessário em grande quantidade, no
presente trabalho, o efeito da aplicação de doses elevadas de potássio não foi positivo.

Os efeitos negativos da adubação potássica devem ter ocorrido devido ao teor inicial de
potássio contido no solo utilizado no experimento, que foi de 2,8 meq kg-1, pois segundo a interpretação
de Malavolta et al. (2002), seria um solo com boa disponibilidade para a maioria das culturas e já não
se deveriam esperar respostas favoráveis. O excesso de concentração local de cloreto de potássio
prejudicou o crescimento das plantas, pois embora este adubo não tenha sido empregado em contato
com as mudas, ficou localizado no percurso de suas raízes primárias e pode ter provocado danos
salinos às plantas (RAIJ et al., 1991). Tal dano é manifestado em plantas de pinhão manso na redução
da altura de plantas, do diâmetro caulinar e da área foliar, sendo esta a variável de crescimento mais
afetada nesta condição (NERY et al., 2009).

CONCLUSÕES

A adubação potássica, nas condições em que foi desenvolvido o experimento, afetou


negativamente as variáveis de crescimento do pinhão manso.

A área foliar, dentre as variáveis de crescimento, foi a mais negativamente afetada pela
adubação potássica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Figura 1 - Área foliar, altura e diâmetro caulinar de plantas de pinhão-manso em função da adubação potássica.

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ADUBAÇÃO RESIDUAL COM TORTA DE MAMONA E IRRIGAÇÃO COM ÁGUA RESIDUÁRIA


SOBRE OS COMPONENTES DE PRODUÇÃO DO GERGELIM

Joab Josemar Vitor Ribeiro do Nascimento1; Robênia Nunes da Cruz 1; Carlos Alberto Vieira de
Azevedo1; Vera Lúcia Antunes de Lima1;
1UFCG, joabjosemar@gmail.com

RESUMO: Conduziu-se um experimento no laboratório do Programa de Saneamento Básico


(PROSAB), em Campina Grande, PB, com o objetivo de avaliar os componentes de produção de
plantas de gergelim, aos 110 dias após a germinação, sob adubação residual com torta de mamona (0,
2, 3,4 e 5 ton ha-1) e irrigação com dois tipos de água (abastecimento e residuária), mais uma
testemunha irrigada com água de abastecimento e recebendo adubação mineral. Adotou-se o
delineamento experimental em blocos ao acaso em esquema fatorial misto [(2x5)+1], com três
repetições. Os componentes de produção foram representados pelas variáveis: massa de sementes,
número de capulhos e massa de capulhos. O número e massa de capulhos foram influenciados de
forma significativa pelo tipo de água de irrigação, com maiores valores nos tratamentos que receberam
água residuária. Todas as variáveis responderam positivamente às aplicações de doses de torta de
mamona, em adubação residual, com comportamento linear. Os maiores valores das variáveis
estudadas foram obtidas na maior dose de torta de mamona estudada, correspondente a 5 ton ha -1.
Palavras-chave: Sesamum indicum L., oleaginosa, adubação orgânica, manejo do solo

INTRODUÇÃO

Como é sabido, da área total da região Nordeste, correspondente a 18% do território nacional,
76,4% é classificada como semi-árida e 13,4% como árida, tendo de acordo com a EMBRAPA-
CPATSA (1993), 19,0% da área para agricultura dependente de chuvas, 3,0% com potencial de água e
solo para irrigação, com 78,0% para exploração silvopastoril. Um dos grandes problemas do setor
primário da região é a escolha de culturas que possam além de alimentar diretamente a própria família
do produtor, possibilitem renda e com mercado garantido, capacitação e organização dos produtores,
via cooperativas, associações e outro tipo de aglutinações. Entre as poucas opções para as áreas de
sequeiro do Nordeste e até irrigadas, tem-se a cultura do gergelim, que tem possibilidades reais de
produzir mais de 2.500 kg/ha de grãos, com teor de óleo de elevada qualidade, superior a 50% dos
pesos das sementes (BELTRÃO, 2001).

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De acordo com Beltrão et al. (1991) vários passos tecnológicos têm sido definidos para o
cultivo dessa oleaginosa nas condições edafoclimáticas da região nordestina, como espaçamento,
configuração de plantio, adubação e a síntese de novas cultivares produtivas de alto teor de óleo e que
atendam as necessidades dos segmentos que consomem esta matéria prima. Face a excelente
perspectiva da exploração econômica do gergelim, torna-se necessário um maior conhecimento de seu
comportamento no sentido de que ela possa utilizar forma mais eficiente as reservas nutricionais do
solo.

Um dos principais resíduos do beneficiamento e industrialização da mamona e a torta


resultante da extração do óleo, os quais são tradicionalmente usados como adubo orgânico tendo
elevado teor de nitrogênio e outros importantes nutrientes. Para cada tonelada de semente de mamona
processada são gerados 530 kg de torta de mamona (SEVERINO et al., 2006). O adequado
aproveitamento desse produto permite o aumento das receitas da cadeia produtiva e
conseqüentemente a sua rentabilidade.

Segundo Hespanhol (2001), a demanda de água para o setor agrícola brasileiro representa
70% do uso consumptivo total, com forte tendência para chegar a 80% até o final desta década;
portanto, ante o significado que essas grandes vazões assumem, em termos de gestão dos recursos
hídricos, é de extrema importância que se atribua prioridade para institucionalizar, promover e
regulamentar o reuso para fins agrícolas, em âmbito nacional.

Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento dos componentes de produção do
gergelim, cultivar CNPA G3, sob adubação residual com torta de mamona e irrigação com água
residuária tratada.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na estação experimental do Programa de Saneamento Básico,


PROSAB/UFCG, na cidade de Campina Grande, PB, localizada na zona Centro Oriental do estado da
Paraíba, no Planalto da Borborema, georeferenciado em coordenadas geográficas a 7° 15‘ 18‖ S e 35°
52‘ 28‖ W e altitude de 550,0 m.

Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com arranjo fatorial misto


[(2x5)+1], com três repetições, cujos fatores foram dois tipos de água (abastecimento e residuária
tratada), além de cinco doses de torta de mamona (0, 2, 3, 4, 5 ton ha -1), mais um tratamento adicional

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irrigado com água de abastecimento e adubado com fertilizante químico na fórmula NPK. As unidades
experimentais eram vasos plásticos, com 20 L de capacidade, de cor prata fosca, mantidas em
ambiente aberto, com um dreno na base, os quais continham 25 kg de material de solo e torta de
mamona, onde havia sido cultivado anteriormente a mesma variedade de gergelim.

A análise do solo antes do cultivo revelou as seguintes características: MO = 7,3 g kg -1; pH em


H2O = 6,03; P = 8,8 mg kg-1; K+ = 3,0 meq kg-1; Al+3 = 0,6 meq kg-1; Ca+ = 19,0 meq kg-1; Mg+ = 6,4 mg
kg-1; Na+ = 0,7 mg kg-1; N = 0,6 g kg-1; Condutividade elétrica = 0,23 mmhos cm-1.

As sementes foram postas para germinar e durante o período compreendido entre a


semeadura e a germinação das sementes, manteve-se o solo na capacidade de campo. Aos 30 dias
após a semeadura, fez-se o desbaste deixando-se apenas uma plântula por vaso, escolhendo-se,
porém, a mais vigorosa, que foi monitorada durante todo o período do experimento.

As águas usadas na irrigação das parcelas experimentais foram a de abastecimento do


município de Campina Grande, PB, com as seguintes características: pH = 8,09; C.E. = 590 μmho cm -1;
Ca+2 = 113 mg L-1; Mg+2 = 76 mg L-1; HCO3- = 66,92 mg L-1; Alcalinidade = 80 mg L-1, e água residuária
tratada em reator UASB, proveniente da estação experimental de tratamento biológico de esgotos
sanitários (PROSAB), com as seguintes características: pH = 7,79; C.E. = 1360 μmho cm -1; Ca+2 = 128
mg L-1; Mg+2 = 122 mg L-1; HCO3- = 282 mg L-1; Alcalinidade = 343 mg L-1. As irrigações foram
realizadas diariamente mediante a necessidade hídrica da cultura, quantificada em função da
evapotranspiração, de forma manual, de modo que o solo permanecesse na capacidade de campo.

Os capulhos foram colhidos à medida que atingiam a maturação, secos ao sol e pesados. Em
seguida, foram descascados para medições nas sementes. Registraram-se os valores de número e
massa de capulhos e massa de sementes até os 110 dias após a emergência. As pesagens foram
efetuadas em balança analítica de precisão.

Os dados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o teste F ao nível de 5 e 1%


de probabilidade. Análises de regressão por polinômios ortogonais para os tratamentos quantitativos
foram mensuradas. Os dados de número e massa de capulhos foram transformados em Log(x), para
correção da heterocedasticidade, antes de proceder à análise.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de massa de sementes, número de capulhos e massa de capulhos foram


relacionados às doses de torta da mamona, em adubação residual, nos gráficos da Figura 1. Constata-
se na Figura 1A, que o incremento de 1 ton ha -1 de torta de mamona, em adubação residual,
proporcionou uma resposta de 2,84 capulhos por planta. O valor do coeficiente de determinação (R 2)
indica que o modelo explica 94% de variação total observada nos dados. Conclui-se com a Figura 1B
que houve aumento de 0,41 g planta-1 na massa de capulhos para cada 1 ton ha-1 de torta de mamona.
O valor do R2 indica que o modelo explica 91% da variação total observada nos dados. Aos 110 após a
emergência, a massa de sementes (Figura 1C), principal representante da produção desta oleaginosa,
teve um incremento de 0,40 g planta-1 para cada 1 ton ha-1 de torta de mamona adicionada, em
adubação residual e o R2 de 92% permite afirmar razoável ajuste do modelo. Esses resultados indicam
que, para o presente estudo, quanto maior for a dose de torta de mamona, em adubação residual,
maior serão os valores dos componentes de produção de plantas de gergelim.

As plantas irrigadas com água residuária tiveram um número de capulhos 61,9% e massa de
capulhos 48,3% maiores às irrigadas com água de abastecimento. O aumento do rendimento do
gergelim irrigado com águas residuárias em relação ao irrigado com água de abastecimento é atribuído
aos nutrientes que se encontram na forma de solutos, os quais são facilmente assimilados pela planta.
Pereira et al. (2003), estudando o efeito de águas residuárias na produção do gergelim observaram que
as parcelas experimentais irrigadas com esta água foram mais produtivas que as que receberam água
não residuária.

A adição de matéria orgânica ao solo melhora várias propriedades físico-químicas, como


retenção de água/umidade para fornecimento às plantas, reduz as variações de temperatura no interior
do mesmo, regula e melhora a absorção de nutrientes (WERNER, 1999), essenciais em condições de
baixa fertilidade natural do solo e má distribuição pluviométrica, esta ultima marcante no 2º ano de
cultivo. Pereira et al. (2002), estudando a adubação orgânica do gergelim em dois anos de cultivo,
contataram que a adubação residual, proporcionou efeito significativo sobre o componentes de
produção do gergelim.

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CONCLUSÕES

Todas as variáveis responderam positivamente às aplicações de doses de torta de mamona,


em adubação residual, com comportamento linear. Os maiores valores das variáveis estudadas foram
obtidas na maior dose de torta de mamona estudada, correspondente a 5 ton ha -1.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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50
45
40

(unid. Planta -1)


Nº de capulhos
35
30
25 y = 2,84x + 32,56
A 20 R2 = 0,94
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6
-1
Dose de torta (kg ha )

8,00
7,00
Massa de Capulhos

6,00
(g planta -1)

5,00
B 4,00
3,00 y = 0,41x + 4,81
2,00 R2 = 0,91
1,00
0,00
0 1 2 3 4 5 6
-1
Dose de torta (kg ha )

7,00
6,00
Massa de Sementes

5,00
(g planta -1)

4,00
C
3,00 y = 0,40x + 4,27
2,00 R2 = 0,92
1,00
0,00
0 1 2 3 4 5 6
-1
Dose de torta (kg ha )

Figura 1 - Valores médios dos dados de número de capulhos (A), massa de capulhos (B) e massa de sementes (C) de
plantas de gergelim aos 110 dias após a emergência, submetidas a doses de torta de mamona, em adubação residual, com
indicação dos ajustes de regressão.

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ALTURA DE PLANTAS DE DUAS VARIEDADES DE MAMONA (Ricinus communis L.)


CULTIVADAS SOB DIFERENTES NÍVEIS DE FÓSFORO NOS CERRADOS1.

Bruno de Alencar Nogueira1; Heliton Fernandes do Carmo2; Rodrigo Nogueira de Sousa3; Paulo
Alcanfor Ximenes4; Wilson Mozena Leandro5.
1Aluno de graduação da Universidade Federal de Goiás, email: brnogue@hotmail.com; 2 Aluno de graduação da
Universidade Federal de Goiás; 3 Aluno de Graduação da Universidade Federal de Goiás; 4 Professor efetivo da
Universidade Federal de Goiás; 5 Professo efetivo da Universidade Federal de Goiás.

RESUMO - Os solos do cerrado caracterizam-se pelos baixos teores de fósforo e pela alta acidez, que
é a causada pelo elevado teor de alumínio e baixos níveis de cálcio e magnésio. Um dos grandes
problemas que os produtores enfrentam é que as áreas cultivadas possuem um baixo teor de fósforo,
que causa um menor desenvolvimento das plantas e conseqüentemente uma baixa produtividade. A
produção de mamona no Brasil é uma realidade na agricultura familiar que fornecem matéria prima
para indústria de biodiesel, sendo uma fonte de renda a mais para as mesmas. Com isso objetivou-se
neste trabalho avaliar o efeito de doses de superfosfato simples na altura de plantas de mamona. O
presente trabalho foi conduzido na Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade
Federal de Goiás, utilizou-se duas variedades de mamona (BRS Energia e IAC Al Guarany) e cinco
níveis de fósforo (0, 40, 80, 120 e 160 kg/ha), utilizando-se como fonte o superfosfato simples. Os
dados de altura em centímetros foram submetidos a análise de regressão e posteriormente calculou-se
a dose para se alcançar a altura máxima e a altura mínima. Os resultados obtidos demonstraram que a
altura de plantas cresceu com as doses de fósforo. Na variedade IAC Al Guarany altura mínima foi de
222,82 cm com a dose de 0 (zero) kg/ha e a altura máxima de 277,20 cm com a dose de 157,23 kg/ha.
Para a cultivar BRS Energia obteve-se a altura mínima de 220,25 cm na dose de 0(zero) kg/ha e altura
máxima de 295,49 cm na dose de 123,91 kg/ha de fósforo.
Palavras-chave – Adubação, Biodiesel, Superfosfato Simples, Altura de plantas, Agricultura familiar.

INTRODUÇÃO

Uma das características mais importantes da mudança rumo ao biodiesel é a redução da


emissão de gases poluentes, que podem chegar ate a 100%, como é o caso do enxofre. Outro fato
importante é que, segundo Holanda (2004), o biodiesel pode ser usado, ás vezes sem necessidade de
adaptação, em motores de ciclo diesel.
1
Órgão financiador Laboratório de Analise de solo e Foliar da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da
Universidade Federal de Goiás

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Conforme mostra o estudo, retratado por Oliveira (2004), do National Biodiesel Bord, órgão
encarregado de implementar o biodiesel nos Estados Unidos, o Brasil tem condições de substituir pelo
menos 60% do diesel consumido no mundo por biodiesel, de cuja produção seria líder, muito embora a
realidade da agricultura brasileira mostre quanto isso é utópico.

Além da geração de renda, a mamona representa a possibilidade de fixação do homem no


campo pela expressiva criação de empregos, com a possibilidade de criação mais de um milhão de
empregos, num cenário positivo de 6% de participação da agricultura familiar no mercado do biodiesel
em que a cada emprego criado no campo, três são criados na cidade (HOLANDA, 2006).

A cultura da mamona é caracterizada pelo baixo emprego tecnológico utilizado em sua


produção, principalmente quanto ao uso de adubos e corretivos (AZEVEDO et AL., 2001). Alem disso,
há carência de informações cientificas que indique as doses adequadas de fertilizantes e sua atuação
no metabolismo vegetal.

Os solos do cerrado caracterizam-se pelos baixos teores de fósforo e pela alta acidez, que é a
causada pelo elevado teor de alumínio e baixos níveis de cálcio e magnésio. Assim, faz-se necessário
a adubação fosfatada para que se tenha a possibilidade de produzir com fins comerciais nessa região
(Sousa et AL., 2007), objetivou-se avaliar o efeito da adubação fosfatada sobre a altura de plantas de
duas variedades de mamona no Cerrado.

METODOLOGIA

A pesquisa foi conduzida no período de novembro de 2009 a maio de 2010 na área


experimental da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos localizada no Campus II -
Samambaia da Universidade Federal de Goiás, no município de Goiânia – GO.

O Experimento constituiu-se de cinco níveis de fósforo (0, 40, 80, 120 e 160 Kg/ha), utilizando-
se como fonte o superfosfato simples, e duas cultivares de mamona (BRS energia e a IAC Al Guarany).
Os tratamentos foram avaliados no delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro
repetições. Cada parcela experimental constitui-se de quatro linhas de 5 metros de comprimento e
espaçadas em 2m. A bordadura constitui-se duas linhas de plantas de mamonas espaçadas em 2 m
cultivadas em torno de cada bloco.

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Além do Superfosfato simples, o solo foi adubado no plantio com 80 Kg/ha de potássio (K2O) e
10 Kg/ha de Nitrogênio. Aos 40 dias após a emergência foi aplicado 80 kg/ha de nitrogênio em
cobertura, segundo recomendação de Sousa et al., (2004).

No controle de plantas daninhas utilizou-se Diuron® em pré-emergência e três capinas com


enxada. Não houve necessidade de controle de pragas. Para doenças, além do tratamento de
sementes com Vitavax® thiram, aplicou-se também os fungicidas Opera® e Priori® xtra.

A altura de plantas foi tomada ao acaso em 5 (cinco) plantas por parcela, medindo-se do nível
do solo até a extremidade de cada planta. Posteriormente fez-se análise de regressão e obtendo-se o
ponto de máximo da equação de regressão e a maior e a menor altura de plantas em função das doses
de fósforo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na figura 01 estão apresentados os valores da altura de planta das cultivares de mamona em


função das doses de fósforo. Os resultados obtidos demonstraram que a altura de planta cresceu com
as doses de fósforo. Na variedade IAC Al Guarany altura mínima foi de 222,82 cm com a dose de
0(zero) kg/ha e a altura máxima de 277,20 cm com a dose de 157,23 kg/ha. Para a cultivar BRS
Energia obteve-se a altura mínima de 220,25 cm na dose de 0(zero) kg/ha e altura máxima de 295,49
cm na dose de 123,91 kg/ha de fósforo.

CONCLUSÃO

Concluímos que a altura das plantas aumenta com o aumento de adubação com superfosfato
simples significatimente nos solos dos Cerrados. A adubação fosfatada é importante para um bom
desenvolvimento da cultura, porem plantas altas de mamona seria uma dificuldade para a colheita,
assim para termos uma recomendação de dosagem e necessário fazer o estudo de melhor
produtividade para uma boa altura. Observamos que a cultivar IAC AL Guarany teve suas medias
menores que a cultivar BRS Energia e seu desenvolvimento também é interferida pela genética da
cultivar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasília: Embrapa Informações Tecnologia, 2001. p. 121 – 160.
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(Série cadernos de altos estudos; n.1).

HOLANDA, A. Biodiesel e inclusão social. Brasília: Coordenação de Publicações, 2006. p. 23-25.


(Série cadernos de altos estudos; n.1).

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Rural, p. 8-9.

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Embrapa Cerrados, 2007. Cap. 7, p. 145 – 177.

350 y = -0,0049x 2 + 1,2144x + 220,25


R2 = 0,9665
300
Altura de Plantas (cm)___

250
y = -0,0022x 2 + 0,6918x + 222,82
IAC Al Guarany
200 R2 = 0,9547
BRS Energia
Polinômio (BRS Energia)
150
Polinômio (IAC Al Guarany)
100

50

0
0 50 100 150 200
Doses de Fosforo (kg/ha)

Figura 01: Gráfico da Equação da analise de regressão. Doses de superfosfato simples (kg/ha) por variações na altura de
plantas de mamona.

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AVALIAÇÃO DA FITOMASSA EPÍGEA E HIPÓGEA EM MUDAS DE MAMONEIRA (Ricinus


communis L.) SOB DIFERENTES DOSAGENS DE URINA DE VACA

José Thyago Aires Souza (thyagotaperoa@hotmail.com) ¹, Alexandra Leite de Farias ¹; Aline Silva
Ferreira¹; Suenildo Jósemo Costa Oliveira² .
Graduando em Agroecologia¹, Universidade Estadual da Paraíba , Campus II ² Professor Titular , CCAA, Universidade
Estadual da Paraíba

RESUMO: A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta exigente em fertilidade, porém apresenta
sensibilidade á acidez e á solos encharcados, uma forma possível de aumentar sua produtividade
consiste em um adequado fornecimento de nutrientes por meio da adubação via solo ou foliar. O
nitrogênio é um macronutriente bastante exigido por esta planta, sendo a urina de vaca uma possível
fonte de adubação nitrogenada. Este trabalho objetivou avaliar a fitomassa de mudas de mamoneira,
cultivar BRS Energia sob diferentes dosagens de urina de vaca, após aplicação via solo, de cinco
concentrações de urina de vaca (0, 5, 10, 15, 20 ml). Os tratamentos foram distribuídos em blocos ao
acaso, com três repetições. As plantas foram avaliadas após um período de 60 dias após o plantio, e
as variáveis analisadas foram: fitomassa total (g), fitomassa epígea (g), fitomassa hipógea (g) e relação
fitomassa epígea/hipógea (g). A adubação da mamoneira com urina de vaca promove o aumento da
produção de fitomassa, houve resultado significativo em todas as variáveis estudadas neste trabalho.
Palavras-chave – Adubação, oleaginosa, produtividade, Ricinus communis.

INTRODUÇÃO

Entre as inúmeras espécies comerciais cultivadas no Brasil, a mamoneira é uma das plantas
mais rústicas, no que se diz ao manejo e condições naturais, apresentando grande potencial para
fabricação de biodiesel. A mamoneira (Ricinus comunis L.) é uma planta xerófila, provavelmente
asiática, pertencente família das euforbiáceas, que se desenvolve por boa parte mundo, principalmente
em lugares tropicais (BELTRÃO et al,2002). Sendo bastante cultivada no Brasil, pela sua oferta de
condições favoráveis a cultura.

A cultivar BRS Energia é uma variedade de ciclo curto (120 dias), porém com uma
produtividade média de 1.800 kg ha-1 em condições de sequeiro, e apresenta, em média, 48% de óleo
em suas sementes (OLIVEIRA, 2008).

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A adubação é um fator culminante em todas as culturas comerciais (OLIVEIRA, 2009); logo é


possível melhorar produção através do uso de diversos tipos de adubos, inclusive adubos líquidos.
(CAMPOS & CANECHIO FILHO, 1973). A urina de vaca é um substituto natural aos insumos químicos
utilizados na agricultura, pois esta é composta por substâncias que melhoram a saúde das plantas,
tornando-as mais resistentes às pragas e doenças, sendo rica em potássio e em nitrogênio. Em sua
composição também são encontrados cloro, enxofre, sódio, fenóis e ácido indolacético. ( PESAGRO,
2001).

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo identificar o percentual de manipueira que mais
favorece o crescimento inicial de mudas de mamoneira nas condições edafoclimáticas de Lagoa Seca -
PB.

METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no viveiro de mudas do Campus ll da Universidade Estadual da


Paraíba, município de Lagoa Seca- PB, no período compreendido entre os meses de Março a Maio de
2010. Foram utilizadas 15 mudas da mamoneira da cultivar BRS Energia produzidas na própria
instituição, ambas em sacos plásticos de polietileno com capacidade para 2.009,6 cm³ de solo.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com 5 tratamentos e 3


repetições, onde cada planta representou uma repetição. As dosagens de urina de vaca utilizadas no
experimento foram: 0, 5, 10, 15 e 20 ml/planta/tratamento.

A urina foi coletada de vacas em lactação pertencentes á criadores da região, os quais


possuem suas propriedades nas proximidades do Campus; a urina passou por um período de repouso
de aproximadamente 10 dias em recipiente plástico hermeticamente fechado.

A aplicação da urina de vaca foi feita pela manhã, diretamente no solo, em forma de círculo à
aproximadamente 3 cm de distância do colo da planta, foi utilizada para a aplicação uma seringa com
capacidade para 10ml , sendo feitas 2 aplicações de urina de vaca, nas quais foi observada a dosagem
de urina de vaca (15 30 dias após a germinação).

As plantas foram avaliadas após um período de 60 dias após o plantio, e as variáveis


analisadas foram: fitomassa total (g), fitomassa epígea (g), fitomassa hipógea (g) e relação fitomassa
epígea/hipógea (g). As variáveis foram tratadas segundo o Método de Tukey a 5 %.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verifica-se pela análise de variância (Tabela 1) que houve significativo efeito das doses de
urina para as variáveis: fitomassa epígea, fitomassa hipógea, fitomassa total e a relação fitomassa
epígea/hipógea medidas 60 dias após o plantio.

Com a aplicação de 0 ml de urina de vaca no substrato, as variáveis: fitomassa


epígea,fitomassa total e a razão da fitomassa epígea/hipógea obteveram seu valor absoluto: 5,59 g ,
5,59 g e 2,30 g, respectivamente.Com a aplicação de 5 ml de urina de vaca no substrato, a variável
fitomassa hipógea obteve seu valor absoluto: 1,90 g de peso.

Segundo Oliveira, 2008, a urina de vaca provoca injúrias na mamoneira, logo os resultados
obtidos estão de acordo com esta explanação, pois os tratamentos que receberam 15 e 20 ml de urina
pura em seu substrato respectivamente morreram; e os tratamentos que receberam 0 e 5 ml de urina
obtiveram as melhores médias pois receberam nenhuma ou uma pequena dosagem, por isto pouco
sofreram com o efeito das substancias encontradas na urina.

CONCLUSÃO

A urina de vaca pode ser utilizada para a fertiirrigação do pinhão manso, mas com
cuidado em sua dosagem e modo de aplicação, porem estudos mais aprofundados devem ocorrer com
este adubo para que se possa estabelecer parâmetros de uso da urina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M.; SILVA, L. C.; MELO, F. de B. Mamona consorciada com feijão visando
produção de biodiesel, emprego e renda. Socieconomia. Bahia Agrícola., v. 5, n. 2, 2002.
BELTRÃO, N. E. de M. Cultivo da mamona. 2003. Disponível em:
<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mamona/CultivodaMamona/adubcao.htm>
Acesso em 29 maio 2008.
CAMPOS, T. & CANECHIO FILHO, V. Principais Culturas II. 2 ed. Campinas, Instituto Campineiro de
Ensino Agrícola, 1973.

PESAGRO. Urina de vaca: alternativa eficiente e barata. Niterói, 2001. 8 p. (PESAGRO. Documento,
68).

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OLIVEIRA, S.J.C. FREIRE, M.A. de O. NASCIMENTO, J.J.V. TAVARES, M.JV. BELTRÃO, N.E. de M.
Injurias provocadas pelo uso de urina de vaca como biofertilizante em folhas de mamoneira
(Ricinus communis L). In: III Congresso Brasileiro de Mamona, 2008, Salvador. Anais : ..., 2008. p 1-
5
OLIVEIRA, S.J.C. Componentes de crescimento do pinhão manso (Jatropha curcas L.) em função da poda
e adubação química. – Areia - PB: UFPB/CCA, 2009 Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Federal
da Paraíba - Centro de Ciências Agrárias, Areia, 2009.

Tabela 1: Quadrados Médios da variância de mudas de pinhão manso fertiirrigadas com urina de vaca, Lagoa Seca, 2010.
QUADRADOS MÉDIOS
RELAÇÃO
FITOMASSA FITOMASSA FITOMASSA
FV GL FITOMASSA
EPÍGEA HIPÓGEA TOTAL EPÍGEA/
HIPÓGEA
TRATA 4 2,653* 2,449 * 24,020 * 13,617 *
BLOCO 2 0,039 ns 0,009 ns 0,087 ns 0,044 ns
RESI 8 0,026 0,022 0,191 0,147
CV (%) 18,19 16,46 14,42 20,52

Tabela 1:Médias da variância de mudas de pinhão manso fertiirrigadas com urina de vaca, Lagoa
Seca, 2010.

Médias dos Tratamentos


Parâmetros Analisados T1 T2 T3 T4 T5
Epígea (g) 5,59 a 5,48 a 4,08 b 0,0 b 0,0 b
Hipógea(g) 1,71 a 1,90 a 0,93 b 0,0 c 0,0 c
Total (g) 5,59 a 5,48 a 4,08 b 0,0 c 0,0 c
Razão Epígea/Hipógea 2,30 b 1,86 b 5,18 a 0,0 c 0,0 c
As letras diferentes diferem-se entre si.

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AVALIAÇÃO DA FITOMASSA SECA DA CULTIVAR BRS 188 PARAGUAÇU ADUBADA COM


NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO.

Lúcia Helena Garófalo Chaves1; Evandro Franklin de Mesquita2,3; Hugo Orlando Carvallo Guerra1; Diva
Lima de Araújo3; Clébia Pereira de França3; Rogério Dantas Lacerda3
1Professora Titular do Departamento de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, UFCG. E-mail:

lhgarofalo@hotmail.com; 2Professor do Departamento de Agrárias e Exatas, Campus IV, Universidade Estadual da Paraíba;
3UFCG, Doutorando em Engenharia Agrícola.

RESUMO - No presente trabalho objetivou-se avaliar a fitomassa seca da cultivar BRS 188 Paraguaçu
em relação à fertilização mineral. O experimento foi realizado em casa de vegetação em delineamento
experimental inteiramente casualizado constituído por uma cultivar de mamona e oito tratamentos
correspondentes ao fatorial 2x2x2 da combinação N-P-K, sendo duas doses de N (200 e 300 kg/ha),
duas doses de P2O5 (150 e 250 kg/ha) e duas doses de K2O (150 e 250 kg/ha), totalizando 24 unidades
experimentais. O plantio foi feito no dia 13/04/2008, utilizando-se seis sementes de mamona tendo
permanecido, após o desbaste, uma planta por vaso. Aos 197 dias após a semeadura foram avaliados
a matéria seca da parte aérea por planta, da matéria seca de raiz por planta e matéria seca total por
planta. As doses de nitrogênio (N2) apresentaram maior valor médio para peso de matéria seca da
parte aérea e matéria seca total. Quanto a matéria seca das raízes o melhor tratamento foi N2K2.
Palavras-chave – mamona; adubação; fitomassa.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.), provavelmente originária da Ásia e trazida para o Brasil
pelos portugueses durante a colonização, reveste-se de importância pelas várias aplicações que
encontra no mundo moderno. O seu óleo, por exemplo, é base dos mais diversos produtos industriais,
e a torta, resíduo do óleo, é usada como fertilizante e condicionante do solo se retirada a toxidade
serve como fonte protéica para suplemento e rações animal.

As folhas são responsáveis diretas pela produção da fitomassa nas plantas e, de modo geral,
estão correlacionadas com a produtividade final de grãos e sementes das espécies, no entanto, Soares
et al., (2005) afirma que as plantas são constituídas, em grande parte, por carboidratos, responsáveis
por 60% ou mais, da matéria seca vegetal. Os carboidratos produzidos pela assimilação do CO 2 devem

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ser distribuídos por toda a planta, de forma sistemática, mas flexível, com o objetivo de suprir as
necessidades dos órgãos do vegetal.

Pouco se conhece sobre o efeito do nitrogênio, fósforo e potássio no equilíbrio nutricional e na


produtividade da cultivar BRS Paraguaçu, bem como o manejo adequado desses fertilizantes com
referência a épocas de aplicação, fontes e doses. Ferreira et al. (2006) afirmam que a cultura é
exigente em nutrientes, mas não à deficiência mineral. Pesquisas têm demonstrado que a cultura
remove grande quantidade de nutrientes para a produção de bons rendimentos de grãos. Desta forma,
faz-se necessário que sejam equacionados os problemas de fertilidade do solo onde se deseja cultivar
a mamona para um estabelecimento mais rápido das plantas e um alcance de maior produtividade.

Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a fitomassa seca da mamoneira
BRS-188 Paraguaçu, que têm sido recomendada para a região Nordeste do Brasil, em relação às
combinações de NPK.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em casa de vegetação do Departamento de Engenharia Agrícola


da Universidade Federal de Campina Grande, no período de abril a outubro de 2008. Utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e três repetições, sendo os tratamentos
compostos pela combinação de duas doses de nitrogênio (N1=200 e N2=300 kg/ha), duas de fósforo P
(P1=150 e P2=250 kg/ha) e duas de potássio K (K1=150 e K2=250 kg/ha), totalizando 24 unidades
experimentais. Os adubos utilizados como fontes de N, P e K foi sulfato de amônia (20 % N e 24% S) e
uréia (45% de N), superfosfato simples (18 % de P2O5, 18-20% Ca e 11% S) e cloreto de potássio (58
% de K2O), respectivamente. As amostras de solo foram coletadas da camada arável (0-20 cm) de um
solo proveniente do município de Campina Grande – PB, de baixa fertilidade, bem drenado, possuindo
textura arenosa e adequada porosidade total. A adubação fosfatada e 10% da adubação potássica
foram feitas em fundação; o restante das doses de potássio e a adubação nitrogenada foram parcelas
em 12 vezes a cada 12 dias a partir do dia 19/05/2007. No dia 13/04/2008, cada unidade experimental
recebeu seis sementes da cultivar BRS 188 Paraguaçu, tendo permanecido, após o desbaste, uma
planta por unidade. Durante todo o período experimental (197 dias) o solo foi mantido com umidade
correspondente a 100% da CC. Aos 197 dias após a semeadura (DAS), foram avaliadas a matéria seca
da parte aérea (MSPA), matéria seca de raízes (MSR ) e matéria seca total (MST). Os dados obtidos
foram submetidos à análise de variância mediante significância do teste F e comparação de médias.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resumo das análises das variâncias para a fitomassa seca da mamoneira BRS 188
Paraguaçu pode ser observado na Tabela 1. A matéria seca da parte aérea, a MSR e a MST foram
significativas entre as doses de nitrogênio. Os tratamentos correspondentes às doses de potássio
verificaram-se efeito significativo para a MSR, e as doses de fósforo não tiveram efeito significativo na
fitomassa.

Constata-se na Figura 1 A que a média da MSPA foi maior nas plantas adubadas com a dose
de nitrogênio N2 (300 kg/ha) em comparação com as plantas adubadas com a dose de nitrogênio N1
(200 kg/ha). Os valores correspondes a menor e a maior dose de nitrogênio (N1= 200 e N2= 300 kg/ha)
foi na ordem de 178,67 e 244,78 g planta-1, respectivamente, portanto, a cada incremento de 1 kg ha-
1 de nitrogênio houve uma aumento na ordem de 0,66 g planta-1 na matéria seca da parte aérea das
plantas, cujo resultado é semelhante ao Ribeiro (2008) que observou incrementos progressivos na
MSPA a medida que se aumentou a dose de nitrogênio.

As plantas adubadas com a menor e maior dosagem de nitrogênio (N1= 200 kg ha-1; N2= 300
kg ha-1) foram as que apresentaram os menores e maiores valores médios de MST por planta,
correspondentes a 217,32 e 308,29 g planta-1, respectivamente (Figura 1 B). Ribeiro (2008) com a
mesma cultivar, adubada com 200-60-90 kg ha-1 de N-P2O5-K2O obteve 285,44 g de MST por planta.
Ao comparar este valor com mesma dose de nitrogênio, ou seja, N1=200 kg ha-1 verifica-se uma
inferioridade na ordem de 31,34%, no entanto, ao confrontar com a dosagem de N2= 300 kg ha-1
observa-se uma superioridade na ordem de 8,05%. Portanto, mesmo utilizando doses maiores de
nitrogênio, fósforo e potássio resultou em ganhos insignificantes de matéria seca total por planta.

Verifica-se que na Tabela 2 o maior valor médio da interação entre as doses de nitrogênio
versus doses de potássio para matéria seca das raízes (g planta-1), ocorreu no tratamento N2K2 (300
e 250 kg/ha) com valor de 72,29 g planta-1 e superou em 94,6; 80 e 32%, os tratamentos N1K1, N1K2
e N2K1, correspondentes aos valores de 37,13; 40,16 e 54,73 g planta-1, respectivamente. Os
resultados foram superiores aos 7,74; 9,56; 11,38 e 13,19 g planta-1 obtidos por Costa (2008) com a
mesma cultivar, testando doses crescente de torta (0, 2, 4, e 6 t ha-1). Ribeiro (2008) com a cv
Paraguaçu obteve 53,56 g de MSR, adubando com 200-90-60 N-P2O5K2O. Comparativamente os
valores foram superiores para o tratamento N2K2 e inferiores para os tratamentos N1K1, N1K2 e N2K1.

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CONCLUSÃO

O tratamento contendo a maior dose de nitrogênio (300 kg/ha) foi o que proporcionou maior
peso de matéria seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca total (MST).

Quanto a matéria seca de raiz o melhor resultado foi no tratamento que utilizou a dosagem de
300 Kg/há de nitrogênio e 250 Kg/há de potássio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P.; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S.; BELTRÃO, N. E. M.; SOARES, J.J.; VIEIRA, R.
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Variação do crescimento vegetativo e produtivo de alguns genótipos de mamona em diferentes
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RIBEIRO, S. Resposta da mamona, cultivar BRS - 188 Paraguaçu, à aplicação de nitrogênio,


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Campina Grande, Campina Grande. 2008.

SOARES, F. A. L.; HANS, R. G; FERNANDES, P. D.;OLIVEIRA, F. H. T.; SILVA, F. V.; ALVES A. N. e


PEDROSA R. M. B. Partição de fotoassimilados em cultivares de bananeira irrigada com águas de
diferentes salinidades. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola Ambiental, Campina Grande, v.9
p. -101 - 107 2005.

COSTA, F. X. Características agronômicas da mamoneira influenciados pela fertilização orgânica


e densidade global do solo: um enfoque de sustentabilidade. Campina Grande. 2008. 96p. (Tese
de mestrado). Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande. 2008.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 450-454.
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Tabela 1. Quadrados médios das análises de variância referentes à matéria seca parte aérea (MSPA),
matéria seca das raízes (MSR) e matéria seca total (MST) da cultivar de BRS 188
Paraguaçu.
QUADRADO MÉDIO
Fonte de
GL MSPA MSR MST
variação
ns ns ns
Bloco 2 217,65 521,7 98
**
N 1 26225 3709,3** 49661**
ns ns ns
P 1 73,9 15,1 156
ns ns
K 1 30,6 635,4* 945
ns ns ns
N*P 1 52,8 46,4 198
ns ns ns
N*K 1 137,3 316,6 871
ns ns ns
P*K 1 410,0 96,1 109
ns ns ns
N*P*K 1 129,6 214,2 677
Resíduo 14 314,4 73,8 300
CV (%) 8,38 16,82 6,60
ns= não significativo; **= ao nível de 1% de probabilidade; *= ao nível de 5% de probabilidade

300 A 350
a
B
Matéria Seca da parte aérea (g.planta -1)

a 300
250
Materia seca total (Planta-1)

250 b
200 b
200
150
150
100
100
50 50

0 0
N1 N2 N1 N2
Doses de Nitrogênio (N1=200 e N2=300 kg/ha) Doses de nitrogênio (N1= 200 e N2=300 kg/ha)

Figura 1. Matéria seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca total (MST) (g planta-1) em função das doses de nitrogênio.

Tabela 2. Matéria seca das raízes (g planta-1) da cultivar BRS 188 Paraguaçu, em condições de casa de vegetação.
Potássio
Nitrogênio
K1(150 kg/ha) K2(250 kg/ha)
N1(200 kg/ha) 37,13 b A 40,16 b A
N2(300 kg/ha) 54,73 a B 72,29 a A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% de probabilidade pelo teste F

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AVALIAÇÃO DA FITOMASSA SECA DA MAMONEIRA BRS 149 NORDESTINA SOB


FERTILIZAÇÃO MINERAL

Lúcia Helena Garófalo Chaves1; Evandro Franklin de Mesquita2,3; Hugo Orlando Carvallo Guerra1; Diva
Lima de Araújo3; Clébia Pereira de França3; Rogério Dantas Lacerda3
1Professora Titular do Departamento de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, UFCG. E-mail:

lhgarofalo@hotmail.com; 2Professor do Departamento de Agrárias e Exatas, Campus IV, Universidade Estadual da Paraíba;
3UFCG, Doutorando em Engenharia Agrícola.

RESUMO – A mamona é uma espécie extremamente interessante para a região semi-árida devido as
suas múltiplas aplicações. Neste sentido, o objetivo foi avaliar a fitomassa seca da cultivar Nordestina
em relação à fertilização mineral. O experimento foi realizado em casa de vegetação em delineamento
experimental inteiramente casualizado constituído por uma cultivar de mamona e oito tratamentos
correspondentes ao fatorial 2x2x2 da combinação N-P-K, sendo duas doses de N (200 e 300kg/ha),
duas doses de P2O5 (150 e 250 kg/ha) e duas doses de K2O (150 e 250 kg/ha), totalizando 24 unidades
experimentais. O plantio foi feito no dia no 13/04/2008, utilizando-se seis sementes de mamona tendo
permanecido, após o desbaste, uma planta por vaso. Aos 197 dias após a semeadura foram avaliados:
matéria seca da parte aérea por planta, matéria de raiz por planta e matéria seca total por planta. Os
tratamentos N2K2, N2P2 e N2P2K2 apresentaram maior valor médio para peso de matéria seca da parte
aérea, matéria seca de raiz e matéria seca total, respectivamente. Portanto, as maiores doses dos
insumos utilizadas responderam positivamente sobre a fitomassa da mamoneira.
Palavras-chave – Ricinus communis L.; adubação; fitomassa.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa de relevante importância econômica e


social, com inúmeras aplicações industriais. Originária provavelmente da Ásia e nordeste da África,
aclimatou-se muito bem no Brasil onde hoje é encontrada desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas.
Da industrialização das sementes da mamona, obtém-se, como produto principal, o óleo e, como
subproduto, a torta de mamona que possui a capacidade de restaurar terras esgotadas
(NASCIMENTO, 2009).

As folhas são responsáveis diretas pela produção da fitomassa nas plantas e, de modo geral,
estão correlacionadas com a produtividade final de grãos e sementes das espécies, no entanto, Soares
et al. (2005), afirmam que as plantas são constituídas, em grande parte, por carboidratos,

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responsáveis por 60% ou mais, da matéria seca vegetal. Os carboidratos produzidos pela assimilação
do CO2 devem ser distribuídos por toda a planta, de forma sistemática, mas flexível, com o objetivo de
suprir as necessidades dos órgãos do vegetal.

A maior parte do peso seco de um vegetal consiste de materiais orgânicos resultantes da


fotossíntese e de processos subseqüentes. Os nutrientes essenciais, elementos nutricionais de que a
maioria das plantas necessita para completar seu ciclo são: C, O, H (fornecidos pelo ar e pela água); N,
P, K (macronutrientes primários); Ca, Mg, S (macronutrientes secundários) e B, Cu, Fe, Mn, Mo, Cl, Ni
e Zn (micronutrientes). Portanto, o suprimento adequado de cada nutriente em cada estádio de
desenvolvimento da cultura é essencial para o crescimento ótimo em todos os estádios.

Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a fitomassa seca da mamoneira
BRS-149 Nordestina, em relação às combinações de NPK.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em casa de vegetação do Departamento de Engenharia Agrícola


da Universidade Federal de Campina Grande, no período de abril a outubro de 2008. Utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e três repetições, sendo os tratamentos
compostos pela combinação de duas doses de nitrogênio (N1=200 e N2=300 kg/ha), duas de fósforo P
(P1=150 e P2=250 kg/ha) e duas de potássio K (K1=150 e K2=250 kg/ha), totalizando 24 unidades
experimentais. Os adubos utilizados como fontes de N, P e K foi sulfato de amônia (20 % N e 24% S) e
uréia (45% de N), superfosfato simples (18 % de P2O5, 18-20% Ca e 11% S) e cloreto de potássio (58
% de K2O), respectivamente. As amostras de solo foram coletadas da camada arável (0-20 cm) de um
solo proveniente do município de Campina Grande – PB, de baixa fertilidade, bem drenado, possuindo
textura arenosa e adequada porosidade total. A adubação fosfatada e 10% da adubação potássica
foram feitas em fundação; o restante das doses de potássio e a adubação nitrogenada foram parcelas
em 12 vezes a cada 12 dias a partir do dia 19/05/2007. No dia 13/04/2008, cada unidade experimental
recebeu seis sementes da cultivar BRS 149 Nordestina, tendo permanecido, após o desbaste, uma
planta por unidade. Durante todo o período experimental (197 dias) o solo foi mantido com umidade
correspondente a 100% da CC. Aos 197 dias após a semeadura (DAS), foram avaliadas a matéria seca
da parte aérea (MSPA), matéria seca de raízes (MSR) e matéria seca total (MST). Os dados obtidos
foram submetidos à análise de variância mediante significância do teste F e comparação de médias.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os resultados analisados pode-se notar que as doses de nitrogênio causaram
diferença significativa, no nível de 1% de probabilidade, sobre a MSPA, MSR e MST. As interações
doses nitrogênio x doses potássio; doses de fósforo x doses de potássio e doses de nitrogênio x doses
de fósforo x doses de potássio tiveram efeito significativo, no nível de 5% de probabilidade, sobre a
MSPA, a MSR e a MST, respectivamente (Tabela 1).

Pelos resultados encontrados nota-se que o maior peso médio de MSPA foi de 246,85 g para o
tratamento N2K2 e menor valor de 162,76 g no tratamento N1K2, ou seja, uma superioridade entre o
maior e o menor valor de 65,93% (Tabela 2). Os valores encontrados foram superiores a 20 g planta -1
registrado como média geral, por Oliveira et al. (2009), aos 65 DAP com a cultivar BRS Nordestina,
utilizando cinco teores de matéria orgânica a partir de duas fontes, esterco bovino e ovino.

Verifica-se na Tabela 3, que o maior valor médio do desdobramento da interação doses de


nitrogênio x doses de fósforo x doses de potássio ocorreu no tratamento N 2P2K2 (300, 250 e 250 kg/ha)
com valor de 106,24 g e o menor valor de 37,56 g para o tratamento N1P2K1 (200, 250 e 150 kg/ha)
para a variável matéria seca das raízes. Araújo et al. (2009) obtiveram 54,46 g aos 140 DAS com a
mesma cultivar, adubando as plantas com 200-90-60 kg N-P2O5-K2O ha-1. Comparativamente os
valores foram inferiores nos tratamentos N1P1K1, N1P2K1 e N1P2K2 e superiores para os tratamentos
N1P1K2, N2P1K1, N2P2K1 e N2P1K2 e N2P2K2.

As plantas adubadas com o tratamento N2P2K2 apresentaram maior valor médio na ordem de
353,79 g de matéria seca total, com uma superioridade de 79,86; 68,57; 57,93; 57,50; 17,98; 11,89 e
8,41% para os tratamentos N1P2K2; N1P2K1; N1P1K1; N1P1K2; N2P2K1; N2P1K2 e N2P1K1, correspondente
aos valores de 196,14; 209,28; 223,37; 223,98; 299,02; 315,28 e 325,41 g, respectivamente (Tabela 4).
Os resultados obtidos dependendo dos tratamentos foram superiores e inferiores aos 308,87 g
computados por Araújo et al.(2009) com cv Nordestina, utilizando 200-60-60 kg ha-1 N-P2O5K2O.

CONCLUSÃO

Os maiores valores médios de matéria seca da parte aérea, matéria seca de raiz e matéria
seca total foram os tratamentos N2K2, N2P2, N2P2K2, respectivamente.

As maiores doses dos insumos utilizados responderam positivamente sobre a fitomassa da


mamoneira BRS 149 Nordestina.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SOLO, 32, 2009, Fortaleza. Anais... Fortaleza: O Solo e a produção de bionergia: Perspectivas e
Desafios, 2009. CD

NASCIMENTO, M. S. Marcha de absorção de nutrientes em dois híbridos de mamona de porte


baixo. Botucatu. 2009. 100p. (Tese de doutorado). Universidade Estadual de Paulista, Botucatu.
2009.

OLIVEIRA, F. A.; OLIVEIRA FILHO, A. F.; MEDEIROS, J. F.; ALMEIDA JÚNIOR, A. B.; LINHARES, P.
C. F. Desenvolvimento inicial da mamoneira sob diferentes fontes e doses de matéria orgânica.
Revista Caatinga, v.22, n.1, p. 206-211, 2009.

SOARES, F. A. L.; HANS, R. G; FERNANDES, P. D.; OLIVEIRA, F. H. T.; SILVA, F. V.; ALVES A. N.;
PEDROSA R. M. B. Partição de fotoassimilados em cultivares de bananeira irrigada com águas de
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Tabela 1. Quadrados médios das análises de variância referentes à matéria seca parte aérea (MSPA), matéria seca das
raízes (MSR) e matéria seca total (MST) da cultivar de BRS 149 Nordestina.

QUADRADO MÉDIO
Fonte de
GL MSPA MSR MST
variação
Bloco 2 615,11ns 31,61 ns 697 ns
N 1 28783** 9923,4** 72508**
P 1 268,2ns 6,22 ns 356 ns
K 1 15,34 ns 228,78ns 362 ns
N*P 1 28,57 ns 736,59ns 1055 ns
N*K 1 1318,53* 3,65 ns 1183 ns
P*K 1 19,13 ns 693,80* 943 ns
N*P*K 1 26,90 ns 1794,70ns 2261*
Resíduo 14 207,65 91,59 351
CV (%) 7,06 14,92 6,99
ns= não significativo; **= ao nível de 1% de probabilidade; *= ao nível de 5% de probabilidade

Tabela 2. Matéria seca da parte aérea (gramas) da cultivar BRS 149 Nordestina.

Potássio
Nitrogênio
K1(150 kg/ha) K2(250 kg/ha)
N1(200 kg/ha) 175,99 b A 162,76 b A
N2(300 kg/ha) 230,42 a B 246,85 a A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% de probabilidade pelo teste F.

Tabela 3. Matéria seca das raízes (gramas) da cultivar BRS 149 Nordestina.

Potássio
K1(150 kg/ha) K2(250 kg/ha)
Nitrogênio
Fósforo Fósforo
P1 (150 kg/ha) P2 (250 kg/ha) P1 (150 kg/ha) P2 (250 kg/ha)
N1(200 kg/ha) 43,12 b A α 37,56 b A α 56,62 a A α 37,98 b B α
N2(300 kg/ha) 90,78 a A α 72,80 a B α 68,13 a B β 106,24 a A β
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, maiúscula na linha e grega não diferem a 5% de probabilidade pelo teste F.

Tabela 4. Matéria seca total (MST) da cultivar BRS 149 Nordestina.

Potássio
K1(150 kg/ha) K2(250 kg/ha)
Nitrogênio
Fósforo Fósforo
P1 (150 kg/ha) P2 (250 kg/ha) P1 (150 kg/ha) P2 (250 kg/ha)
N1(200 kg/ha) 223,37 b A α 209,28 b A α 223,98 b A α 196,14 b A α
N2(300 kg/ha) 325,41 a A α 299,02 a A α 315,28 a B α 352,79 a A β
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, maiúscula na linha e grega não diferem a 5% de probabilidade pelo teste F.

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AVALIAÇÃO DA FITOMASSA SECA DE GERGELIM SOB ADUBAÇÃO ORGÂNICA

Antonio Ewerton da Silva Almeida1; Francisco Edinaldo Costa1; Cláudio Silva Soares3; Ivomberg
Dourado Magalhães1; Francisco Eudismar Torres2 & Gerckson Maciel Rodrigues Alves2
1 Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. Catolé do Rocha-PB. Bolsistas

de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ/UEPB. E-mail: ewertonuepb@gmail.com ; 2 Graduandos do Curso de Licenciatura Plena


em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. Catolé do Rocha-PB. ; 3 Prof. Dr. do Departamento de Agroecologia e
Agropecuária, Campus II da UEPB. Lagoa Seca-PB. E-mail: claudio.uepb@yahoo.com.br

RESUMO – Nas condições edafoclimáticas do semiárido nordestino, o gergelim é de fácil cultivo e


obtém ótima produção a baixo custo, no entanto, em solos pobres, sobretudo em matéria orgânica,
este fator pode ser limitante. Dessa forma, objetivou-se avaliar a fitomassa seca do gergelim em função
da adubação orgânica. O experimento foi realizado no Campus IV da Universidade Estadual da
Paraíba em Catolé do Rocha-PB. Foi utilizada a cultivar BRS seda. Seu plantio foi realizado em vasos
plásticos de 60 L. O semeio foi efetuado no dia 11 de outubro de 2008. Utilizou-se o delineamento
experimental de blocos ao acaso, sendo os tratamentos representados por cinco (5) doses de esterco
caprino (00 - 10 - 20 - 30 e 40 t ha-1), e 4 repetições, totalizando 20 parcelas. As avaliações foram
realizadas 100 dias após a semeadura, através do peso seco da raiz, peso seco do caule e peso seco
das folhas. Os dados das variáveis foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias
comparadas através de análise de regressão a 5% de probabilidade. Observou-se que o peso seco da
raiz não foi afetado pelos tratamentos; já os maiores valores do peso seco do caule (131,75 g) e peso
seco das folhas (65,75 g) foram observados com a maior dose de nitrogênio (40 t ha-1).

Palavras-chave – Sesamum indicum; esterco bovino; fitomassa

INTRODUÇÃO

O gergelim (Sesamum indicum L.), espécie pertencente á família Pedaliaceae, é uma das
oleaginosas mais antigas utilizadas pela humanidade, havendo registro de seu cultivo há mais de 4.300
anos antes da era cristã, nos países do oriente médio (Weiss 1983).

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Página | 461

Essa cultura mostra excelente potencial econômico, uma vez que suas sementes são ricas em
óleo (50%) facilitando sua utilização nas indústrias alimentar, química e farmacêutica (BARROS et al.,
2001). Atualmente, a exploração da cultura tem sido incentivada devido ao lançamento do Programa
Brasileiro de Biodiesel, que busca alternativas de combustíveis derivados de qualquer óleo vegetal ou
gordura animal. A complementação ou substituição parcial de combustíveis fósseis por produtos de
origem vegetal também é de interesse dos governos federal e estadual, que se iniciou com as culturas
da mamona e girassol.

Nas condições edafoclimáticas do semiárido nordestino, o gergelim é de fácil cultivo e obtém


ótima produção a baixo custo. A demanda pelo produto é muito alta e ele alcança preços
compensadores nos mercados nacional e internacional (BARROS, 2001). No entanto em solos pobres,
sobretudo em matéria orgânica, caso não haja aplicação de fertilizantes, orgânicos ou químicos, as
plantas de gergelim apresentam sintomas de deficiências complexas, envolvendo interação de vários
nutrientes, como nitrogênio e enxofre (BELTRÃO, 1994).

Em virtude da limitação de informações sobre a adubação orgânica na cultura do gergelim,


objetivou-se avaliar a produção da fitomassa seca do gergelim BRS Seda sob diferentes doses de
esterco caprino nas condições edafoclimáticas de Catolé do Rocha-PB.

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido na Universidade Estadual da Paraíba, no município de Catolé do


Rocha-PB, em parceria com a Embrapa Algodão. O município apresenta-se a 272 m de altitude, sob as
coordenadas geográficas de 6°20‘38‖S e 37°44‘48‖O. A região se localiza no Alto Sertão Paraibano,
apresentando um clima, de acordo com a classificação de Koppen, do tipo BSWh‘, portanto, um clima
quente e seco, cuja temperatura média anual é de 27 °C. Foi utilizado a cultivar BRS Seda. O semeio
foi feito em vasos plásticos de 60L. O experimento foi realizado no período de outubro de 2008 a
janeiro de 2009. No decorrer da pesquisa as plantas foram irrigadas diariamente, sempre mantendo o
solo na capacidade de campo. Para controlar as plantas invasoras e evitar a competição por água e
nutrientes presentes no substrato, foram realizadas capinas manuais dentro dos vasos. Antes do
plantio, foram determinadas as características físicas (Tabela 1) e químicas (Tabela 2) do solo.

O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, sendo os tratamentos


representados por quatro (5) doses de esterco caprino, (00 - 10 - 20 – 30 e 40 t ha-1), com 4 repetições,
totalizando 20 parcelas. Aos 100 dias após a semeadura foram avaliadas as seguintes variáveis: peso

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da matéria seca da raiz, peso seco do caule e peso seco das folhas. O peso seco foi obtido através da
secagem de cada grupo de órgãos em estufa de circulação de ar sob temperatura de 65 ºC, durante 24
horas, até atingir peso constante. Os dados das variáveis foram submetidos à análise de variância pelo
teste F e suas médias comparadas através de análise de regressão a 5% de probabilidade, com a
utilização do programa Sisvar 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resumo da análise de variância e os valores médios obtidos nas variáveis avaliadas estão
apresentados nas Tabelas 3 e 4.

Observando a tabela 3, percebe-se que o peso seco das raízes não foi afetado pelos
tratamentos, mantendo médias semelhantes. No entanto, Santos et. al. (2009), estudando a produção
de massa seca na cultura da soja adubada com dejetos líquidos de suínos, verificou que a aplicação de
adubação orgânica exerceu efeitos significativos nessa cultura. Os autores obtiveram as maiores
produtividades da massa seca das raízes quando foram utilizados dois diferentes tratamentos
(adubação mineral e 50 m3 ha de dejetos líquidos de suínos + residual de N).

Quanto ao peso seco do caule e peso seco das folhas, figuras 1 e 2, respectivamente, essas
varáveis sofreram influência da adubação com esterco caprino, onde os tratamentos exerceram efeitos
quadráticos de acordo com a análise de regressão. De acordo com os resultados desta análise, os
valores apresentaram uma tendência de aumento a partir da dose de 20 t ha-1 até os maiores valores
para essas variáveis na dose de 40 t ha-1. Resultados contrários foram observados por Silva (2006),
quando estudou o efeito residual das adubações orgânica e mineral na cultura do gergelim, em
segundo ano de cultivo, pois o mesmo verificou que a massa seca desta cultura não foi afetada pelos
tratamentos utilizados.

CONCLUSÃO

A dose de 40 t ha-1 de esterco caprino promoveu o maior rendimento da massa seca do caule e
das folhas de gergelim para as condições edafoclimáticas de Catolé do Rocha-PB.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p. 21 – 35.

BELTRÃO, N. E. de M.; FREIRE, E. C.; LIMA, F. E. Gergelimcultura no Trópico Semiárido


Nordestino: Sistema de Cultivo. Campina Grande – PB: EMBRAPA- CNPA, 1994, 52 p. (Circular
Técnico, 18).

SANTOS, C. J. L.; et. al. Produção de massa seca da parte aérea e das raízes da soja adubada
com dejetos líquidos de suínos. In: I SIMPOSIO INTERNACIONAL SOBRE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS DE ANIMAIS, 1., Florianópolis. Anais... Florianópolis, SC, 2009. p. 328-332.
SILVA, A. J. Efeito residual das adubações orgânica e mineral na cultura do gergelim (Sesamum
indicum. L.) em segundo ano de cultivo. 2006, 43 p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação),Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia – PB
WEISS, E. A. Sesame. In: Oil seed Crops. London: longman, 1983, p. 282-340.

Tabela 1. Características físicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.

Identificação Granulometria (%)

Prof. cm Areia grossa Areia fina Silte Argila


0-20 43 29 22 6 Franco Arenoso
20-40 46 24 22 8 Franco Arenoso

Identificação Umidade-% Densidade %


Prof. cm Capacidade de Ponto de Global Real PorosidadeTotal
Campo Murcha
0-20 9,62 5,33 1,58 2,38 33,84
20-40 10,51 5,73 1,53 2,46 37,84
Laboratório de solos e nutrição de plantas da EMBRAPA ALGODÃO- Campina Grande, PB. 2008.

Tabela 2. Características químicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.

Ident. Ph Complexo Sortivo (mmolc/dm3) % mmolc/dm3 mg/ dm3 g/kg g/kg


Prof. H2O
1:2,5 Ca Mg Na K S H+Al T V Al P N M.O.
(cm)
0-20 7,6 48,8 10,2 2,0 4,5 65,5 0,0 65,5 100 0,0 117,4 8,2
20-40 7,9 47 6,4 2,0 4,0 59,6 0,0 59,6 100 0,0 87,2 5,7
Laboratório de Solo e nutrição de plantas da EMBRAPA. Campina Grande, PB. 2008

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Tabela 3. Resumo da análise de variância para o peso seco da raiz (PSR),Peso seco do caule (PSC) e Peso seco das
folhas (PSF) em função das doses de esterco caprino. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Fontes de variação G. L. Quadrados Médios
PSR PSC PSF
Tratamento 4 6,07NS 1098,87** 193,32*
variação
Bloco 3 4,98 41,78 15,53
CV % 12,03 5,72 11
* *Significativo a 1% de probabilidade * Significativo a 5% de probabilidade
ns não significativo pelo teste F.

Tabela 4. Médias para Peso seco da raiz (PSR), Peso seco do caule (PSC) e Peso seco das folhas (PSF) em função das
doses de esterco caprino. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Tratamentos Médias
PSR (g) PSC (g) PSF (g)
00 t. ha-1 18,00 148,25 60,05
10 t. ha-1 16,75 145,50 52,25
20 t. ha-1 18,00 139,25 51,00
30 t. ha-1 16,75 156,50 65,75
40 t. ha-1 19,75 181,75 65,00
Peso seco do caule (g)

185

175

165

155

145

135
0 10 20 30 40
Doses de esterco caprino(t /ha)

FIGURA 1. Peso seco do caule do gergelim em função das doses de esterco caprino. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Peso seco das folhas (g)

70
65
60
55
50
45
0 10 20 30 40
Doses de esterco caprino (t/ha)

FIGURA 2. Peso seco de folhas de gergelim em função das doses de esterco caprino. Catolé do Rocha-PB, 2010.

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AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE ADUBOS ORGÂNICOS NO CULTIVO DA MAMONEIRA

Dário Costa Primo(1); Kennedy N. de Jesus(1); Tácio O. da Silva(2); Leandro G. dos Santos(3),
Karla M. M. Pedrosa(4)
1UFPE, darioprimo@gmail.com 2UFS; 3IFPB; 4UFRPE;

RESUMO - A mamona (Ricinus comunnis) é uma cultura com potencial para a produção de
biocombustíveis. Objetivou-se avaliar o efeito de torta de mamona, torta de pinhão manso e esterco
bovino sobre o desenvolvimento vegetativo e a nutrição mineral de plantas de mamona cultivada em
dois solos da região semi-árida. O substrato utilizado foi constituído por solos (Nessolo Flúvico e
Latossolo Amarelo distrófico) e fontes de adubação orgânica como, esterco bovino, torta de pinhão
manso e torta de mamona constituindo os seguintes tratamentos: T1 - testemunha sem adubação
orgânica T2 - 15 t/ha-1 de torta de mamona, T3 - 15 t/ha-1 de torta de pinhão e T4 – 15 t/ha-1 de esterco
bovino em delineamento estatístico inteiramente casualizado com quatro repetições. Os resultados
obtidos indicaram que a torta de pinhão manso em relação às demais fontes de adubação, foi a que
proporcionou maior absorção de nutrientes pelas plantas de mamona bem como maior rendimento em
matéria seca da parte aérea e das raízes nos dois tipos solos utilizados. Evidenciando ser uma
alternativa de adubação viável para a cultura da mamoneira no semi-árido brasileiro.
Palavras-Chave: Ricinus comunnis, adubação, nutrição mineral, parâmetros vegetativos

INTRODUÇÃO

Com a crise energética mundial tem se buscado alternativas renováveis para ampliar a matriz
energética e substituir, gradativamente, o uso de combustíveis fósseis (Holanda, 2004). Nesse
contexto, os biocombustíveis surgem como fontes de energia provenientes de óleos vegetais de
diversas culturas (Lopes et al., 2005). Segundo esse mesmo autor, a mamona constitui-se um
considerável potencial para a economia do Brasil e será uma alternativa viável para a região Nordeste
porque é um arbusto de grande resistência a períodos de estiagem.

O processamento de espécies oleaginosas como a mamona para obtenção de óleo vegetal,


respectivamente, gera resíduos orgânicos e este quando empregados na agricultura podem possibilitar
a redução do uso de fertilizantes químicos e aumento da produtividade agrícola. Esse resíduo
apresenta quantidades relativamente elevadas de nutrientes, apresentando 92,2 % de matéria

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orgânica, 5,44 % de N, 1,91 % de P2O5, 1,54 % de K2O e relação C/N de 10/1 (Kiehl, 1985) destacando
assim pela rica composição desses elementos.

A adubação orgânica é uma pratica agrícola muito utilizada para a melhoria das
propriedades físicas e químicas do solo, atuando no fornecimento de nutrientes às culturas, na
retenção de cátions (Severino et al., 2006) na complexação de elementos tóxicos, como alumínio
trocável (Lima et al., 2007), de micronutrientes, estruturação do solo, infiltração e retenção de água,
aeração e redução da compactação do solo (Costa et al., 2006). Adubos orgânicos como o esterco
bovino (Severino et al., 2006; Vale et al., 2006;) e torta de mamona são alternativas de fontes de
nutrientes e condicionadores do solo para compor substratos e ou adubação para a mamoneira (Lima
et al., 2006; Lima; Severino et al., 2006). Objetivou-se com o presente estudo avaliar o efeito de torta
de mamona, torta de pinhão manso e esterco bovino sobre o desenvolvimento vegetativo e a nutrição
mineral da mamoneira cultivada em dois solos da região semi-árida do Nordeste brasileiro.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no Departamento de Energia Nuclear da


Universidade Federal de Pernambuco. Foram utilizadas três fontes de adubos orgânicos, esterco
bovino, torta de mamona e torta de pinhão manso. O substrato utilizado foi constituído por dois tipos de
solos característicos da região semi-árida constituindo os seguintes tratamentos: T1 - testemunha sem
adubação orgânica T2 - 15 t/ha-1 de torta de mamona, T3 - 15 t/ha-1 de torta de pinhão e T4 – 15 t/ha-1
de esterco bovino. Para caracterização química, foram realizadas análises dos dois tipos de solo, do
esterco e das tortas (Tabela 1) utilizados na composição do substrato. Sendo o pH determinado em
água por potenciometria em suspensão na proporção 1: 25 de acordo com o método descrito pela
Embrapa 1997.

Foram utilizados nos ensaios sacos plásticos de polietileno (15 x 28) sendo semeadas em cada
unidade experimental quatro sementes de mamona da variedade energia e aos oito dias após a
germinação, foi realizado o desbaste, deixando apenas uma planta por saco, considerando o vigor e a
uniformidade das plantas. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado com
quatro tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram irrigados com 100 ml de água a cada
dois dias e, as avaliações quanto ao efeito dessas fontes de adubação foram realizadas aos quarenta e
cinco dias após a semeadura. Após esse período as plantas foram separadas em parte aérea e raiz.

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A parte aérea de cada planta foi secada em estufa a 60o C até alcançar massa constante e,
posteriormente estas foram moídas em moinho tipo Willey. Os parâmetros vegetais avaliados foram:
altura da planta, matéria seca da parte aérea e teor de N P K total da parte aérea. A massa da matéria
seca de cada planta foi obtida em balança semi-analítica. O teor de nitrogênio foi determinado por
digestão com ácido sulfúrico e peróxido de hidrogênio pelo método Kjeldahl, o de fósforo por
colorimetria e o de K por fotometria de chama (Malavolta et al. 1997). Os dados obtidos foram
submetidos à análise de variância e ao teste F pelo software Sisvar e análise de regressão para que os
resultados em nível de significância fossem ressaltados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que as plantas de mamona adubadas com e esterco bovino, torta de mamona e
torta de pinhão manso, apresentaram bom crescimento com diferença significativa entre os tratamentos
utilizados (Tabela 2). Para a variável altura da planta no Latossolo Amarelo a adubação com esterco
bovino apresentou média superior quando comparada com as demais fontes de adubação, ocorrendo o
mesmo quanto ao teor de nitrogênio encontrado na parte aérea das plantas. Em relação à absorção de
fósforo não houve diferença entre os tratamentos onde se utilizou essas fontes de adubação, sendo o
tratamento testemunha o que apresentou maior teor de fósforo.

Observou-se (Tabela 2) que não houve diferença entre os tratamentos quanto ao teor de
potássio encontrado na parte aérea das plantas. Para a variável matéria seca da parte aérea a
adubação com esterco bovino superou os demais tratamentos, apresentando maior valor médio no
rendimento. Quanto à massa seca de raízes a fonte de adubação torta de pinhão manso apresentou
maior valor médio entre os tratamentos estudados respectivamente.

Os valores médios superiores a altura das plantas de mamona e teor de nitrogênio total no
Neossolo Flúvico ocorreu também no tratamento onde foi utilizada a torta de pinhão manso. Essa
ocorrência já era prevista, uma vez que essa fonte de adubação possui relativamente maior teor de
nitrogênio, disponibilizando, portanto, esse mineral para as plantas e proporcionando maior
desenvolvimento. Quanto ao teor de fósforo e potássio Não houve diferença significativa entre os
tratamentos onde se colocou essas fontes de adubação, sendo o tratamento testemunha o que
apresentou maior teor de potássio na parte aérea das plantas.

Os resultados obtidos (Tabela 2) indicaram que o maior rendimento em matéria seca da parte
aérea e também das raízes ocorreu no tratamento em que se utilizou a torta de pinhão manso,

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evidenciando com os outros resultados encontrados nas demais variáveis estudadas. Esses resultados
demonstram que torta de pinhão manso parece ser é uma boa alternativa para adubação orgânica.

CONCLUSÕES

Os resultados evidenciaram que o uso de torta de pinhão manso torna-se uma fonte de
adubação viável para a cultura da mamoneira da variedade energia. O maior teor de nutrientes e
rendimento em matéria seca tanto da parte aérea quanto das raízes foi encontrado onde se utilizou
essa fonte de adubação, provavelmente devido possuir alto teor de nitrogênio em sua composição.

AGRADECIMENTOS

A FACEPE, ao CNPq e à Capes pela concessão de bolsas e ao Laboratório de Fertilidade de


Solos, do Deprtamento de Energia Nuclear da UFPE.

REFERÊNCIAS BIBLIORÁFICAS

COSTA, F. X.; BELTRÃO, N. E. de M.; SEVERINO, L. S.; LIMA, V. L. A.; GUIMARÃES, M. M. B.;
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EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA. Informática Agropecuária
(Brasília, DF). Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. 1. ed., 1999. 370p.
FERREIRA, D. F. SISVAR: versão 4.6. Lavras: DEX/UFLA, 2003. Software.
HOLANDA, A. Biodiesel e Inclusão Social. Brasília, DF: Câmara dos Deputados –Coordenação de
Publicações, 2004, 200 p. (Caderno Altos Estudos).
LOPES, J. S., BELTÃO, N. E. M., PRIMO JUNIOR, J. F. Produção de mamona e biodiesel: uma
oportunidade para o semi-árido. Bahia Agrícola, v. 7, n. 1, p. 37-41,2005.
LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L. S. ; FERREIRA, G. B. ; SILVA, M. I. L. da ; ALBUQUERQUE, R. C. ;
BELTRÃO, N. E. de M. . Crescimento da mamoneira em solo com alto teor de alumínio na presença e
ausência de matéria orgânica. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas, v. 11, p. 15-21, 2007.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípio e aplicações. 2ed. Piracicaba, POTAFOS, 319p., 1997.

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SEVERINO, L. S.; FERREIRA, G. B. ; MORAES, C. R. A. ;GONDIM, T. M. S.; CARDOSO, G. D.;


VIRIATO, J. R.; BELTRÃO, N. E. de M. Produtividade e crescimento da mamoneira em resposta à
adubação orgânica e mineral. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n. 5, p. 879 – 882,
2006.
VALE, L. S.; BELTRÃO, N. E. de M.; MELO, F. B.; VIEIRA, H. S. E.; MIRANDA, M. F. A.;
ANUNCIAÇÃO FILHO, C. J. Adubação orgânica na mamoneira com esterco bovino e efeitos no seu
crescimento inicial. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS,
GORDURAS E BIODIESEL, 2., Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2006. 1
CDROM.

Tabela1. Caracterização dos substratos utilizados no desenvolvimento inicial de plantas de mamona


Solos e adubos orgânicos pH N g/kg-1 P g/kg-1 K g/kg-1

Neossolo Flúvico 7,3 6,0 3,6 7,0

Latossolo Amarelo distrófico 5,4 2,46 2,20 7,0

Torta de Mamona 4,7 22,5 3,59 6,26

Torta de Pinhão Manso 6,3 34,5 7,65 17,68

Esterco Bovino 4,7 22,7 5,44 4,58

Tabela2. Valores médios dos teores de nutrientes e do rendimento em matéria seca da parte aérea e raiz, encontrados em
plantas de mamona adubadas com torta de mamona, torta de pinhão manso e esterco bovino.
Adubação Neossolo Flúvico

Altura N P K MSA MSR

...cm.... ...................................g kg......................... ..................... g.......................

Testemunha 65,0 c 19,9 c 1,7 b 30,6 a 3,765 c 0,653 b

Torta de mamona 79,7 b 26,6 b 3,3 a 28,8 a 8,390 a 2,017 a

Torta de pinhão manso 76,2 b 23,9 b 3,1 a 27,2 a 6,779 b 3,901 a

Esterco bovino 86,7 a 32,5 a 3,3 a 26,3 a 9,424 a 2,484 a

CV (%) 9,42 17,52 23,32 23,52 a 30,58 18,39

Latossolo Amarelo distrófico

Testemunha 20,4 b 20,4 b 2,2 a 26,9 a 3,9 b 0,590 c

Torta de mamona 24,7 b 24,7 b 2,2 a 21,0 c 4,1 b 1,425 b

Torta de pinhão manso 33,6 a 33,6 a 2,7 a 25,5 b 7,2 a 2,606 a

Esterco bovino 23,1 b 23,1 b 2,1 a 24,5 b 4,6 b 1,082 b

CV (%) 9,33 15,51 17,79 9,94 17,00 14,93

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AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA MAMONEIRA CV BRS 189 PARAGUAÇU


SOB FERTILIZAÇÃO MINERAL

Evandro Franklin de Mesquita1,2, Lúcia Helena Garofálo Chaves3, Hugo Orlando Carvallo Guerra3, Diva
Lima de Araújo4, Clébia Pereira de França4, Rogério Dantas Lacerda4
1Professor do Departamento de Agrárias e Exatas, Campus IV, Universidade Estadual da Paraíba. 2Doutorando em

Engenharia Agrícola, 2Universidade Federal de Campina Grande. Av. Aprígio Veloso, 882, Campina Grande, PB, CEP
58429-140 .E-mail: elmesquita4@uepb.edu.br ; 3Professores Titulares do Departamento de Engenharia Agrícola, Centro de
Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande. Av. Aprígio Veloso, 882, Campina Grande, PB,
CEP 58429-140. E-mails:lhgarofalo@hotmail.com; hugo_carvallo@hotmail.com ; 4Doutorandos do PPG em Engenharia
Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande. Av. Aprígio Veloso, 882, Campina Grande, PB.

RESUMO – A produção de mamona pode ser realizada em quase todo o país, exceto em alguns
ecossistemas específicos, como o Pantanal, Amazônia e locais muito frios. O objetivo deste trabalho foi
avaliar a produção da cultivar de mamona BRS-188 Paraguaçu, em relação à fertilização mineral. O
experimento foi realizado em casa de vegetação em delineamento experimental inteiramente
casualizado constituído por uma cultivar de mamona e oito tratamentos, correspondentes ao fatorial
2x2x2 da combinação N-P-K, sendo duas doses de N (N1=200 e N2= 300 kg/ha), duas doses de P
(P1=150 e P2=250 kg/ha) e duas doses de K (K1=150 e K2=250 kg/ha), com três repetições, totalizando
24 unidades experimentais. O plantio foi feito no dia 13/04/2008, utilizando-se seis sementes de
mamona tendo permanecido, após o desbaste, uma planta por vaso. Aos 197 dias após a semeadura
foram avaliados: número de frutos por planta, peso sementes por planta, número de sementes por
planta, peso de 100 sementes e peso do cacho por planta. Os tratamentos contendo a maior dose de
nitrogênio (300 kg/ha) foram os que proporcionaram o maior número de frutos e sementes por planta,
o maior peso de sementes, de 100 sementes por planta, e do cacho.
.Palavras-chave – Ricinus communis L, adubação, produção

INTRODUÇÃO

A produção de mamona pode ser realizada em quase todo o país, excluindo apenas alguns
ecossistemas específicos, como o Pantanal, a Amazônia e locais muito frio e de baixa altitude. Sua
grande vantagem competitiva está no semi-árido Nordestino, onde seu custo de produção é baixo, por
isso, sua produção constitui uma das opções agrícolas no contexto da agricultura familiar ( SANTOS et
al., 2007).

O Brasil vem apresentando um decréscimo na produção mundial de mamona, desde a década


de 80 em comparação com os outros país produtores, reduzindo sua participação na área mundial de

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28% em 1978 a 1982 para 13% em 2004; sendo assim, saiu da primeira para a terceira posição em
área colhida entre os paises produtores (SANTOS et al., 2007). A adubação desordenada e o baixo
nível tecnológico adotado na sua produção são as principais causas.

A mamoneira é muito exigente em nutrientes, preferindo solos com boa fertilidade, profundos
de textura variável com pH entre 6,0 a 6,8 e topografia plana a suavemente ondulada (AZEVEDO &
LIMA, 2001). No entanto, é uma planta esgotante do solo e a exportação de nutrientes
para uma produção de 2.000 kg ha-1 obedece a seguinte ordem de extração de
nutrientes do solo: nitrogênio > fósforo > potássio > cálcio > magnésio
(CANECCHIO FILHO & FREIRE, 1958). Para Souza Júnior et al. (2007) a
exportação de macronutrientes na cultivar Paraguaçu e em condições de campo em
função da época de coleta de frutos é nitrogênio > potássio > magnésio >cálcio >
fosforo.

A Embrapa Algodão vem pesquisando a cultura da mamoneira desde 1987, visando a


adaptação de cultivares à região semi-árida do Nordeste ( FREIRE et. al. 2001). Com a participação de
parceiros como a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário, foram introduzidos e avaliados vários
germoplasmas exóticos e nacionais que passaram a compor o Banco de Germoplasma e a coleção de
base da Embrapa. Dentre estes materiais introduzidos ou coletados foram avaliadas várias linhagens,
cultivares e híbridos quanto à produtividade, a resistência a doenças e outras características
agronômicas. Como resultado deste programa foram produzidas duas cultivares para a região, sendo
uma delas a BRS 188 – Paraguaçu.

Este trabalho tem por objetivo gerar informações tecnológicas para o manejo racional da
fertilidade do solo, avaliando o efeito da aplicação combinada de nitrogênio, fósforo e potássio no
desenvolvimento e produção da mamona cultivar BRS 188-Paraguaçu..

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em casa de vegetação do Departamento de Engenharia Agrícola


da Universidade Federal de Campina Grande, no período de abril a outubro de 2008. Utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e três repetições, sendo os tratamentos
compostos pela combinação de duas doses de nitrogênio (N1=200 e N2=300 kg/ha), duas de fósforo P
(P1=150 e P2=250 kg/ha) e duas de potássio K (K1=150 e K2=250 kg/ha), totalizando 24 unidades
experimentais. Os adubos utilizados como fontes de N, P e K foram sulfato de amônia (20 % N e 24%

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S), uréia (45% de N), superfosfato simples (18 % de P2O5, 18-20% Ca e 11% S) e cloreto de potássio
(58 % de K2O). Considerando que de acordo com Azevedo et al. (1997), a mamoneira se desenvolve e
produz bem em qualquer tipo de solo, exceto naqueles de textura argilosa e drenagem deficiente,
utilizou-se solo da camada arável (0-20 cm) de um solo proveniente do município de Campina Grande
– PB, de baixa fertilidade, bem drenado, textura arenosa e adequada porosidade total . No dia
13/04/2008, cada unidade experimental recebeu seis sementes da cultivar BRS 149 Nordestina, tendo
permanecido, após o desbaste, uma planta por unidade. Durante todo o período experimental (203
dias) o solo foi mantido com uma umidade correspondente a 100% da CC. A adubação fosfatada e
10% da adubação potássica foram feitas em fundação; o restante das doses de potássio e a adubação
nitrogenada foram parcelas em 12 vezes a cada 12 dias a partir do dia 19/05/2007. Aos 203 dias após
a semeadura (DAS), foram avaliados os seguintes componentes da produção: número de frutos por
planta (NFP), peso sementes por planta (PSP), número de sementes por planta (NSP), peso de 100
sementes (P100S) e peso cacho por planta (PCP). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância mediante significância do teste F e comparação de médias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variância mostraram o efeito significativo do nitrogênio ao nível de 5 % de


probabilidade para número de frutos por planta (NFP) e número de sementes por planta (NSP), sendo
ao nível de 1% de probabilidade para peso se sementes por planta (PSP), peso do cacho por planta
(PCP). O efeito do potássio foi efeito significativo apenas para a variável peso do cacho por planta
(PCP) (Tabela 1).

A menor dosagem de nitrogênio (N1= 200 kg ha-1) proporcionou o valor médio do número de
frutos por planta de 39,75, enquanto que a maior dosagem (300 kg ha -1) mostrou uma superioridade de
20,12% na produção do número de frutos por planta, ou seja, o valor de 47,75 (Tabela 2). Nos dois
casos, a produção dos frutos por planta foi menor do que o valor médio observado por Corrêa et al.
(2006), ou seja, de 108,9 frutos por planta.

Os resultados do peso de sementes correspondentes a 151,51 e 185,92 g planta -1 quando


submetidos as dosagem de nitrogênio, 200 e 300 kg ha -1, respectivamente, foram maiores do que o
63,23 g indicado por Ribeiro et al. (2009) em plantas adubadas com 200 kg ha-1 de nitrogênio, com 90
e 60 kg ha-1 de P2O5 e K2O, respectivamente.

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A dosagem de nitrogênio de 300 kg ha-1 provocou uma superioridade de 19,25% em relação ao


número de sementes por planta, os quais foram de 139,92 e 117,33 sementes por planta,
respectivamente.

Em relação ao peso do cacho por planta (PCP) observa-se que, além do efeito significativo a
1% do nitrogênio, o potássio teve efeito significativo ao nível de 5 % de probabilidade. De acordo com o
desdobramento do nitrogênio e potássio, o tratamento N2K2 apresenta um valor médio de 221,70 g
planta-1, com uma superioridade de 36,02; 35,84 e 27,87% com respeito aos tratamentos N1K1, N1K2 e
N2K1, correspondente aos valores 162,98; 163,20 e 173,37, respectivamente (Tabela 3).

CONCLUSÃO

Os tratamentos contendo a maior dose de nitrogênio (300 kg/ha) foram os que proporcionaram
maior número de Frutos por planta, peso sementes por planta, número de sementes por planta e peso
de 100 sementes. Quanto o peso do cacho o melhor resultado foi no tratamento em que utilizou-se
300Kg/há de nitrogênio e 250 Kg/há de potássio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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mamoneira (Ricinus communis L.) no Brasil. Campina Grade: EMBRAPA-CNPA, 1997. 62p.
(Circular Técnica, 25).

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2007. Gramados. Anais.... 2007. CD

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M.; MOREIRA, J.A.N. Recomendações técnicas para o cultivo da mamoneira (Ricinus communis
L.) no nordeste do Brasil. Campina Grande: EMBRAPA – CNPA, 1997. 52p. (EMBRAPA-CNPA,
Circular Técnica, 25).

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mamona em sistemas de cultivo isolados e consorciados com caupi e sorgo granífero. Revista Ciência
Agronômica, v. 37, n.2, p.200-207, 2006.

RIBEIRO, S. Resposta da mamona, cultivar BRS - 188 Paraguaçu, à aplicação de nitrogênio,


fósforo e potássio. Campina Grande. 2008. 81p. (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de
Campina Grande, Campina Grande. 2008.

Tabela 1. Valores
do quadrado médio e significâncias referentes ao número de Frutos por planta (NFP),
peso sementes por planta (PSP), Número de sementes por planta (NSP), peso de 100 sementes
(P100S) e peso do cacho por planta da mamoneira BR 189 Paraguaçu.
QUADRADOS MÉDIOS
Fonte de
variação GL NFP PSP NSP P100S PCP
Bloco 2 162,50ns 1254,08ns 1746,12ns 672,38ns 940,76 ns
Nitrogênio 1 384,00* 7103,94** 3060,04* 18,06 ns 7120,47**
Fósforo 1 13,50 ns 73,88 ns 30,37 ns 111,62 ns 9,66 ns
Potássio 1 80,66 ns 2976,83 ns 513,37 ns 274,86 ns 3536,38*
N*P 1 24,00 ns 56,76 ns 260,04 ns 357,28ns 599,70 ns
N*K 1 60,16 ns 2227,4 ns 187,04 ns 455,70 ns 3472,57ns
P*K 1 16,66 ns 85,01 ns 117,04 ns 56,42 ns 276,69 ns
N*P*K 1 0,16 ns 42,96 ns 145,04 ns 47,94 ns 13,60 ns
Resíduo 14 53,45 594,51 358,60 145,17 555,41
CV (%) 16,71 14,45 14,72 9,16 13,52
ns= não significativo; **= ao nível de 1% de probabilidade; *= ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 2. Valores médios de número de frutos por planta (NFP), peso de sementes por planta (PSP), número de sementes
por planta e peso de 100 sementes (P100S) em função das doses de nitrogênio.
Variáveis NFP PSP NSP P100S
N1 (200 kg/ha) 39,75 b 151,51 b 117,33 b 130,61 a
N2 (300 kg/ha) 47,75 a 185,92 a 139,92 a 132,35 a
DMS 6,40 21,84 16,58 10,55
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste F,
DMS= diferença mínima significativa.

Tabela 3. Desdobramento da interação doses de nitrogênio x doses de potássio para o peso de cacho por planta (PCP).
Campina Grande – PB, 2010.
Potássio
Nitrogênio
K1(150 kg/ha) K2(250 kg/ha)
N1(200 kg/ha) 162,98 a A 163,20 b A
N2(300 kg/ha) 173,37 a B 221,70 a A
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% de probabilidade pelo teste F.

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CARACTERÍSTICAS DA FIBRA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO BRS RUBI AGROECOLOGICO EM


DIFERENTES DOSES DE ESTERCO BOVINO NO VALE DO PIANCÓ.

Whéllyson Pereira Araújo1; José Rodrigues Pereira2; Franciezer Vicente de Lima1; Sebastião Lemos de
Souza2; Vandeilson Lemos Araújo1; Genelicio Souza Carvalho Júnior3; Francisco Figueiredo de
Alexandria Junior4; Severino Pereira de Souza Junior5.
1UFPB (wpacordao@hotmail.com); 2Embrapa Algodão; 3UEPB; 4UFCG; 5AESA, PB.

RESUMO – O aproveitamento integral e racional de todos os recursos disponíveis dentro da


propriedade rural, com a introdução de novos componentes tecnológicos, aumenta a estabilidade dos
sistemas de produção existentes e maximiza a eficiência dos mesmos, reduzindo custos e melhorando
a produtividade. O presente trabalho foi conduzido na Fazenda Veludo município de Itaporanga, PB,
sob cultivo agroecológico, com o objetivo de avaliar as características tecnológicas da fibra do
algodoeiro herbáceo BRS RUBI colorida, com delineamento experimental de blocos ao acaso, com 4
repetições e 6 doses de adubação orgânica (0.0, 2.5, 5.0, 10.0, 20.0 e 40.0 t de esterco bovino/ha),
concluiu-se que houve efeito das doses de esterco bovino estudadas sobre características da fibra do
algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi cultivado agroecologicamente em condições de inverno regular
na região do Vale do Piancó, PB, sendo a dose de 20 toneladas de esterco bovino por hectare a mais
satisfatória.
Palavras-chave – Gossypium hirsutum L. r. latifolium H., adubação orgânica, características
agronômicas.

INTRODUÇÃO

O sétimo levantamento da safra brasileira de algodão (Gossypium hirsutum L. r. latifloium H)


indica recuo na área plantada na ordem de 0,9% comparativamente a safra anterior. Quanto á
produção, a estimativa é de que sejam colhidas 3.268,1 mil toneladas de algodão em caroço. Em
pluma, a estimativa é de colher 1.274,3 mil toneladas, 5% superior á safra de 2008I2009 que foi de
1.213,7 mil toneladas. A região Norte-Nordeste apresenta redução de área 10,1% com destaques para
os estados de Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Alagoas (CONAB,2010).

O aproveitamento integral e racional de todos os recursos disponíveis dentro da propriedade


rural, com a introdução de novos componentes tecnológicos, aumenta a estabilidade dos sistemas de

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produção existentes e maximiza a eficiência dos mesmos, reduzindo custos e melhorando a


produtividade.

A associação dos diversos componentes em sistemas integrados, que preservem o meio


ambiente, estabelece o princípio da reciclagem: ―o resíduo de um passa a ser insumo de outro sistema
produtivo‖ (KONZEN e ALVARENGA, 2005). A adubação orgânica com utilização de resíduos gerados
na própria unidade rural, ou nas proximidades, é uma prática muito comum na condução de lavouras
de pequenos agricultores (SEVERINO et al., 2006).

Os insumos na agricultura itinerante são mínimos ou inexistentes. Em áreas onde há


disponibilidade, os agricultores adicionam esterco para minimizar as deficiências nutricionais do solo,
principalmente de fósforo e nitrogênio, mas dados sobre os efeitos da matéria orgânica dos solos são
incipientes (SALCEDO e SAMPAIO, 2008).

O trabalho teve como objetivo avaliar as características tecnológicas da fibra do algodoeiro


herbáceo colorido BRS Rubi, em diferentes doses de esterco bovino em condições de inverno regular
na região do Vale do Piancó.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Fazenda Veludo, no município de Itaporanga-PB, Mesorregião


do Sertão Paraibano na propriedade da Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária – EMEPA-PB,
geograficamente localizado na latitude de 07° 18` 16`` Sul, na longitude de 38° 09` 01`` Oeste e na
altitude 291 metros, acima do nível do mar (BRASIL, 1992).

O experimento foi conduzido de 14 de fevereiro a 01 de julho de 2009, considerando o período


compreendido entre o plantio e a colheita. No preparo do solo foram realizadas duas gradagens
tratorizadas e as capinas foram feitas manualmente.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, em 4 repetições e 6


tratamentos de adubação orgânica, na forma de esterco bovino (D0 – 0.0 t/ha, D1 – 2.5 t/ha, D2 – 5.0
t/ha, D3 – 10.0 t/ha, D4 – 20.0 t/ha e D5 – 40.0 t/ha). Foi utilizada a cultivar BRS Rubi de algodoeiro
herbáceo colorida, sendo o esterco aplicado manualmente em área total da parcela, incorporado na
primeira capina (aos 15 DAE) através de cultivador a tração animal. A parcela experimental foi
composta por 5 fileiras do algodão, espaçadas de 1,0 m x 0,4 m e 5 plantas/m, tendo 6,0 m de

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comprimento, totalizando 30 m2. A área útil (10 m2) foi formada pelas duas linhas centrais, descontados
0,5 m para fins de bordadura, de cada um dos lados.

Conforme AESA (2010), o total de precipitação pluviométrica ocorrida no ciclo da cultura foi de
714,80 mm para o ano de 2009.

A caracterização química da área experimental, conforme Boletim N o. 012/2008 do Laboratório


de Solos e Nutrição de Plantas da Embrapa Algodão para a área de cultivo foi: pH de 7,6; 85,0; 31,3;
8,6; 2,0 e 0,0 mmolc.dm-3 de cálcio, magnésio, sódio, potássio e alumínio, respectivamente; 158,7
mg.dm-3de fósforo e 8,2 g.kg-1 de matéria orgânica, para a área utilizada em 2009. O Boletim No.
027/2008 do laboratório supracitado, o esterco bovino utilizado em 2008, continha 8.5, 2.01, 1.18, 3.32,
0.23 e 48.27 % de umidade, nitrogênio, fósforo (P2O5), potássio (K2O), enxofre e matéria orgânica,
respectivamente.

As características tecnológicas da fibra avaliadas foram: comprimento, índice de fibras


curtas, resistência, maturidade, finura e alongamento das fibras. Essas variáveis foram obtidas em
amostra padrão de 20 capulhos coletados antes da colheita da produção no terço médio das plantas e
as mensurações efetuadas no Laboratório de Fibras e Fios da Embrapa.

Através do programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2003), a média dos resultados das
variáveis computadas foi submetida à análise de variância (teste F), sendo então feitos estudos de
regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a análise de variância (teste F), não houve diferenciação estatística entre as
doses de esterco bovino estudadas para todas as variáveis analisadas (Tab. 1). Entretanto, conforme
os estudos de regressão polinomial o comprimento da fibra do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi
aumentou, mas o índice de fibras curtas diminuiu proporcionalmente ao aumento das doses de esterco
bovino aplicadas, enquanto que a maturidade da fibra do algodoeiro teve comportamento cúbico com
maiores valores estimados nas doses de 0,0 e 20 toneladas de esterco bovino por hectare. A
resistência, a finura e o alongamento da fibra não foram afetados pelos níveis de adubação orgânica
testada. Verifica-se também que para todas as variáveis analisadas, os valores médios observados na
dose de 20 toneladas por hectare foram os mais satisfatórios considerando o padrão industrial e o
varietal (Tab. 2).

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Portanto, houve efeito das doses de esterco bovino estudadas sobre as características da fibra
do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi. Possivelmente, o alto quantitativo de chuva ocorrido na
região no período de condução do experimento tenha proporcionado umidade e temperatura ideal para
atividade dos microorganismos do solo, necessária para decomposição da matéria orgânica e
mineralização dos nutrientes, pois segundo Bayer e Mielniczuk (2008) a eficiência dos adubos
orgânicos no fornecimento de nutrientes as plantas esta diretamente relacionada à sua decomposição.

Em relação aos valores médios das características de fibras do algodoeiro BRS Rubi no
experimento, apenas os índices de maturidade, de alongamento e de fibras curtas do algodão
herbáceo colorido BRS Rubi produzido sob diferentes doses de esterco bovino, estão de acordo com o
padrão exigido pela moderna indústria têxtil (SANTANA et al., 2008), enquanto que apenas os valores
médios de índice de fibras curtas, resistência, maturidade e alongamento da fibra se encontram dentro
do padrão varietal do algodão BRS Rubi (Tab. 2) (CARVALHO et al 2004).

Cordão Sobrinho et aI, (2004) estudando o crescimento e desenvolvimento do algodoeiro


colorido BRS 200 marrom em função de lâminas de irrigação e regulador de crescimento, verificaram
que a maturidade da fibra foi influenciada pelas lâminas de irrigação obtendo-se um acréscimo de
apenas 1,55% entre as lâminas de 125,30 e 741,64 mm, corresponde, essa ultima aproximadamente
igual ao quantitativo de água precipitado sobre o presente experimento.

CONCLUSÃO
Houve efeito das doses de esterco bovino estudadas sobre características da fibra do
algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi cultivado agroecologicamente em condições de inverno regular
na região do Vale do Piancó, PB, sendo a dose de 20 toneladas de esterco bovino por hectare a mais
satisfatória.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://site2.aesa.pb.gov.br/aesa/monitoramentopluviometria.do. Acesso em 24 de Abril de 2010.

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Tabela 1. Quadrados médios da análise da variância e de regressão do comprimento (Comp), índice de fibras curtas (IFC),
resistência (Resist), finura (Fin), maturidade (Mat) e alongamento (Along) das fibras do algodoeiro herbáceo BRS Rubi em
cultivo agroecológico sob diferentes doses de esterco bovino. Itaporanga, PB, 2009.

FV GL Comp. IFC Resist. Fin. Mat. Along.


(mm) (%) (gf/tex) (µg/pol2) (%) (%)
Blocos 3 0,03 ns 5,58 ns 0,81 ns 0,17 ns 0,49 ns 0,44 *
Doses 5 0,62 ns 5,86 ns 1,93 ns 0,12 ns 1,27 ns 0,05 ns
R.linear 1 2,456 * 9,528 * 0,008 ns 0,017 ns 1,203 ns 0,047 ns
R.Quadratica 1 0,001 ns 1,423 ns 5,697 ns 0,037 ns 0,131 ns 0,192 ns
R.Cubica 1 0,129 ns 0,070 ns 3,818 ns 0,275 ns 4,041 * 0,001 ns
Desvios 2 0,263 ns 9,148 ns 0,065 ns 0,137 ns 0,499 ns 0,006 ns
Residuo 15 0,58 8,48 2,30 0,13 0,85 0,11
CV (%) - 3,41 26,65 5,78 8,32 1,07 4,17
* Significativo a 0,05 de probabilidade (teste F) e ns Não significativo (teste F).

Tabela 2. Valores médios do comprimento (mm), índice de fibras curtas (%), resistência (gf/tex), finura (µg/pol2), maturidade
(%) e alongamento (%) das fibras do algodoeiro herbáceo BRS Rubi em cultivo agroecológico sob diferentes doses de
esterco bovino. Itaporanga, PB, 2009.
Tratamentos Comp. IFC Resist. Fin. Mat. Along.
(mm) (%) (gf/tex) (µg/pol2) (%) (%)
Esterco Bovino
(ton/ha)
0,0 21,85 12,70 26,10 4,52 86,75 7,95
2,5 22,37 10,30 26,07 4,35 86,00 7,95
5,0 22,42 10,67 25,80 4,47 86,25 7,92
10,0 22,22 12,15 26,17 4,05 85,50 7,80
20,0 22,55 9,77 27,60 4,47 86,75 7,80
40,0 23,05 9,97 25,67 4,32 85,50 8,10
Média Geral 22,41 10,93 26,24 4,37 86,12 7,92

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 475-480.
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COMPONENTES DE CRESCIMENTO DA MAMONEIRA (Ricinus cumunnis L.) CULTIVAR BRS


ENERGIA ADUBADA ORGANICAMENTE

Suenildo Jósemo Costa Oliveira1; Maria Aline de Oliveira Freire2; Lígia Rodrigues Sampaio2; Lúcia
Helena Avelino Araújo2 Mario Sergio Araujo1
1Prof. Dr. Centro de Ciências Agrárias e Ambientais - Universidade Estadual da Paraíba, odlineus@oi.com.br; 2 Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (Rua Oswaldo Cruz, 1143, Centenário –
Campina Grande, PB, CEP 58107-720)

RESUMO – A mamoneira é uma planta persistente a seca e que apresenta grande potencial para ser
utilizada no programa de biodiesel. Este trabalho teve como objetivo estudar os componentes de
crescimento da Mamoneira (Ricinus cumunnis L.) cultivar BRS Energia adubada organicamente. O
experimento foi conduzido na EMBRAPA Algodão (CNPA). O solo utilizado no experimento foi do tipo
Neossolo Regolítico e cada unidade experimental foi composta por um vaso contendo uma planta de
mamoneira cv. BRS Energia. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com
quatro repetições, seguindo o arranjo fatorial 4x2, sendo quatro fontes de matéria orgânica (torta de
mamona, húmus de minhoca, esterco caprino e esterco bovino) e duas aplicações de urina de vaca
(com e sem aplicação). As variáveis analisadas foram: altura de planta; diâmetro caulinar, número de
folhas, número de nós, comprimento médio de nós área foliar/planta. A utilização do adubo esterco
bovino + aplicação de urina de vaca proporcionou maior área foliar da mamoneira; o uso do húmus de
minhoca não obteve resultado satisfatório quando comparado as demais fontes de matéria orgânica e o
uso de urina de vaca adicionada às fontes de matéria orgânica proporcionou aumento nas variáveis
estudadas.
Palavras-chave – Oleaginosa; matéria orgânica; urina de vaca

INTRODUÇÃO

Entre as espécies cultivadas economicamente no Brasil, a mamoneira (Ricinus communis L.) é


uma das plantas mais versáteis, devido a sua capacidade de gerar um produto, óleo, cujo leque de
possibilidades e aplicações industriais é bastante amplo (AMORIM NETO, 2001).

A cultivar BRS Energia, lançada pela Embrapa Algodão no ano de 2007, é uma planta precoce
com ciclo médio de 120 dias e porte baixo (altura média de 140 cm) com caule e folhas de coloração
verde, plantada em população elevada (acima de 5.000 plantas ha -1), apresenta uma produtividade
média de 1.800 kg ha-1 em condições de sequeiro e possui, em média, 48% de óleo em suas

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 481-485.
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sementes, é indeiscente, favorecendo o plantio e a colheita mecanizada da lavoura, adaptada a


diferentes ecossistemas em que ocorre precipitação pluvial de pelo menos 500 mm/ano, principalmente
às condições de solo e clima da Região Nordeste. (EMBRAPA, 2007; MILANI, 2007).

De acordo com Severino (2005) a mamoneira é exigente em fertilidade, devendo ser cultivada
em solos com fertilidade média a alta. A adubação da mamoneira e em especial a BRS Energia, ainda
é pouco estudada no Brasil, principalmente nos estados do Nordeste, principal região produtora, e no
cerrado do Centro-Oeste, região onde a cultura é emergente. Sendo necessários estudos para
otimização da adubação para obter o seu máximo potencial produtivo. (SOFIATTI et. al., 2008).
Objetivou-se com este trabalho avaliar os componentes de crescimento da mamoneira BRS Energia,
submetida a diferentes fontes de adubação orgânica.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no período de março a junho de 2008, em casa de vegetação, na


EMBRAPA Algodão (CNPA). O solo utilizado no experimento foi do tipo Neossolo Regolítico. Cada
unidade experimental foi composta por um vaso contendo uma planta de mamoneira cv. BRS Energia,
as quais cresceram em vasos com 60 L de substrato (solo + adubo orgânico). Após a mistura de cada
fonte de matéria orgânica (FMO) ao solo, nas proporções de cada tratamento (torta: 102,44 g/vaso;
húmus, est. caprino e bovino: 2 kg/vaso, respectivamente), foi feita a irrigação e logo após semeadas 5
sementes por vaso, sendo que aos 15 dias após a germinação foi realizado o desbaste, deixando-se
apenas uma planta (mais vigorosa) por vaso.

Os tratamentos utilizados foram: torta de mamona sem a fertiirrigação de urina de vaca; torta
de mamona com a fertiirrigação de urina de vaca; húmus de minhoca sem a fertiirrigação de urina de
vaca; húmus de minhoca com a fertiirrigação de urina de vaca; esterco caprino sem a fertiirrigação de
urina de vaca; esterco caprino com a fertiirrigação de urina de vaca; esterco bovino sem a fertiirrigação
de urina de vaca; e esterco bovino com a fertiirrigação de urina de vaca.

O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições,


seguindo o arranjo fatorial 4x2, sendo quatro fontes de matéria orgânica (torta de mamona, húmus de
minhoca, esterco caprino e esterco bovino) e duas aplicações de urina de vaca (com e sem aplicação).
A dosagem de urina de vaca foi de 5% (100 ml de urina de vaca para 2000 ml de H 2O), sendo aplicado
por planta 2 litros desta calda via foliar em dois períodos de tempo distintos, aos 30 e 60 dias após a
germinação da planta. Estas duas pulverizações foram feitas no período da manhã com pulverizador

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manual previamente calibrado, com capacidade para 2 litros. A urina de vaca foi coletada em vacas
leiteiras mestiças, conforme metodologia proposta por EMATERCE (2000).

As variáveis analisadas foram: altura de planta; diâmetro caulinar, número de folhas, número
de nós, comprimento médio de nós área foliar/planta. Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância (Teste F) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, conforme
recomendação de Banzatto e Kronka (1992), utilizando-se o programa estatístico software SAS
(Statistical Analysis System V. 6.2- 1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 verificam-se os resultados obtidos para as variáveis estudadas considerando-se


os resumos das análises de variância. Pode-se verificar que só houve efeito significativo para as
diferentes fontes de matéria orgânica na variável área foliar. Já na Tabela 2 percebe-se que tanto para
as fontes de matéria orgânica quanto para a utilização da urina de vaca houve efeito significativo, no
entanto quando da interação entre estes dois fatores não ocorreu influência positiva, indicando a não
influência de uma sobre a outra.

A utilização do esterco bovino + urina de vaca obteve o maior ganho em relação à área foliar
(7.429,32 cm2), no entanto, só diferindo da fonte de matéria orgânica húmus de minhoca (Tabela 3).
Percebe-se nesta mesma tabela, que a aplicação da urina de vaca influenciou as fontes de matéria
orgânica em relação ao aumento de área foliar, tendo-se um incremento de 123,99% para a torta de
mamona; 168,97% para o húmus de minhoca; 129,69% para o esterco caprino e 136,98% para o
esterco bovino.

Costa et. al. (2008) estudando o crescimento da mamoneira submetida à adubação com lixo
orgânico e torta de mamona, concluíram que estes adubos orgânicos reagiram de forma positiva tendo-
se aumento em área foliar para esta oleaginosa. A mamoneira possui metabolismo ineficiente tipo C3,
e é bastante exigente em fertilidade do solo. O fornecimento de nitrogênio as plantas via adubação
química e/ou orgânica funciona como complementação a capacidade de seu suprimento pelo solo, a
partir da mineralização, isto explica o comportamento da mamoneira quando adubado com esterco
bovino + aplicação de urina de vaca. De acordo com PESAGRO (2001) a fertiirrigação com a urina de
vaca atua como via de complemento deste nutriente.

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CONCLUSÃO

De acordo com as condições edafoclimáticas em que foi conduzido este experimento, pode
concluir que: - a utilização do adubo esterco bovino + aplicação de urina de vaca proporcionou maior
área foliar da mamoneira; - o uso do húmus de minhoca não obteve resultado satisfatório quando
comparado aas demais fontes de matéria orgânica; - o uso de urina de vaca adicionada às fontes de
matéria orgânica proporcionou aumento nas variáveis estudadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM NETO, M. da S.; ARAÚJO, A. E. de; BELTRÃO, N.E. de M. Clima e solo. In: AZEVEDO,
D.M.P. de; LIMA, E.F. (eds. tec). O Agronegócio da mamona no Brasil. Comunicação para
Transferência de Tecnologia, Brasília: Embrapa. 2001. p .63-76.
BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 247p.
COSTA, F. X. et. al. Crescimento da mamoneira submetida a adubação com lixo orgânico e torta
de mamona. In: III CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2008, Salvador. Energia e
Ricinoquímica. Campina Grande : Embrapa Algodão, 2008.
EMATERCE. Urina de vaca. adubo e defensivo natural para o solo e plantas. Fortaleza, SRD,
2000. 3p. (Boletim Informativo).
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Agropecuária. 2007. Tecnologia a serviço da convivência com o
Semi-árido. Artigo em hypertexto. Disponível em < http://www.embrapa.br/embrapa/imprensa/noticias
/2007/julho/1a-semana/noticia. 2007-07-4.7143579526>. Acessado em 30mai. 2010.
MILANI, M. BRS Energia. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2007. 1 Folder.
PESAGRO-RIO - EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Urina de vaca: alternativa eficiente e barata. Niterói, 2001. 8p. (PESAGRO-RIO. Documento, 68).
SAS INSTITUTE. SAS/STAT software: changes and enhancements through release 6.12. Cary:
Statistical Analysis System Institute, 1997. 1167p.
SEVERINO, S. L. O que sabemos sobre a torta de mamona. Campina Grande: Embrapa Algodão,
2005. 31 p. (Documentos, 134).
SOFIATTI, V.; SEVERINO, L. S.; GODIM, T. M. de S.; FREIRE, M. A. de O.; SAMPAIO, L. R.; VALE, L.
S. do; LUCENA, A. M. A. de, SILVA, D. M. A. Adubação da mamoneira da cultivar BRS Energia. In: III
Congresso Brasileiro da Mamona – Energia e Ricinoquímica. Salvador, BA. 2008. Pg. 68

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Tabela 1- Resumo das análises de variância das variáveis altura de planta, diâmetro caulinar, número de folhas, área foliar,
número de nós e comprimento médio de nós, em plantas de mamoneira cultivar BRS Energia adubada com diferentes
fontes de matéria orgânica. Campina Grande, PB, 2010.
Quadrado médio
Altura Diâmetro Número Área Número Comprimento
de caulinar de foliar de médio de
planta folhas nós nós
Fonte de Variação GL (cm) (mm) (und) (cm2) (und) (cm)
Fonte de matéria
orgânica 7 514,84ns 3,48ns 65,42ns 3.755.019,25* 4,21ns 2,01ns
3
Bloco 206,54 5,09 44,14 9.063.060,00 1,27 0,97
21
Resíduo 194,84 8,95 22,49 2.938.608,30 2,59 1,11
CV 17,32 16,78 25,12 29,62 12,81 17,14
* significativo a 5% de probabilidade; ns - não significativo.

Tabela 2 – Desdobramento das fontes de matéria orgânica para a variável área foliar, em plantas de mamoneira cultivar
BRS Energia. Campina Grande, PB, 2010.
Quadrado Médio
FATORES DE VARIAÇÃO GL Área foliar (cm2)
Matéria orgânica (MO) 3 12.728.733,09 *
Urina de vaca (UV) 1 24.723.263,84 **
MO x UV 3 177.318,97 ns

Coeficiente de Variação (%) 29,62


* significativo a 5% e ** significativo a 1% de probabilidade; ns - não significativo.

Tabela 3 - Teste de médias entre as fontes de matéria orgânica para a variável área foliar em plantas de mamoneira cultivar
BRS Energia. Campina Grande, PB, 2010.
Fonte de matéria orgânica Área foliar (cm2)
TORTA 5.980,03 ab
TORTA + URINA DE VACA 7.414,72 a
HÚMUS DE MINHOCA 2.923,49 b
HÚMUS + URINA DE VACA 4.939,74 ab
ESTERCO CAPRINO 5.304,55 ab
EST. CAPRINO + URINA DE VACA 6.879,75 ab
ESTERCO BOVINO 5.423,64 ab
EST. BOVINO + URINA DE VACA 7.429,32 a
DMS 4.045,60
Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de tukey a 5% de probabilidade.

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COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA BRS NORDESTINA CULTIVADA EM DIFERENTES FONTES


DE ADUBAÇÃO1

Josely Dantas Fernandes1, Lucia Helena Garófalo Chaves2, José Pires Dantas3, José Rodrigues
Pacífico da Silva4
1UFCG, Doutorando em Recursos Naturais, E-mail: joselysolo@yahoo.com.br; 2UFCG, Professora Titular do Departamento
de Engenharia Agrícola; 3UEPB, Professor Titular do Departamento de Química; 4UEPB, Graduando em Agroecologia.

RESUMO – O objetivo deste trabalho foi avaliar os componentes de produção da cultivar BRS - 149
Nordestina adubadas com diferentes fontes de adubação em dois anos de cultivo. O experimento foi
conduzido em condições de campo e de sequeiro usando um delineamento em blocos casualizados
com cinco tratamentos constituídos de quatro fontes de adubos (adubação mineral completa e três
fontes orgânicas) mais a testemunha absoluta, com quatro repetições. Os componentes de produção
avaliados foram número de racemos, massa dos racemos e a produção de grãos/planta. No primeiro
ano de cultivo, a mamoneira produziu o maior número de racemos e de grãos/planta e as fontes de
adubação influenciaram significativamente os parâmetros avaliados. Resultado contrário foi observado
no segundo ano de cultivo.
Palavras-chave – compostos orgânicos; esterco bovino; adubo mineral; grãos.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é capaz de crescer em uma grande variedade de solos,
com teores de nutrientes variáveis, mas em solos inférteis, a produtividade é baixa. A incorporação de
esterco bovino e/ou compostos orgânicos ao solo promove mudanças nas suas características físicas,
químicas e biológicas, melhorando sua estrutura, aumentando a capacidade de retenção de água, a
aeração e a fertilidade do solo. Vários trabalhos têm mostrado os efeitos da produção da mamoneira
através da aplicação de adubos orgânicos como por exemplo, uso do lodo do esgoto (LIMA et al.,
2005; NASCIMENTO et al., 2006), torta e casca de mamoneira, esterco do bovino (SEVERINO et al.,
2006), composto de lixo orgânico, dentre outros. Fernandes et al. (2009) reportaram em seu trabalho
efeitos positivos da adubação orgânica sobre o crescimento da mamoneira, mas, quanto a influência
destes adubos sobre os componentes de produção pouco se sabe. Assim, este trabalho tem por

1
Apoio financeiro: BNB.

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objetivo avaliar os componentes de produção da BRS Nordestina submetidas à adubação orgânica e


mineral.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de campo e de sequeiro na propriedade rural Jacaré


localizada no município de Remígio-PB. Amostras de solo coletadas na camada arável (0-20 cm) da
área experimental foram caracterizadas quimicamente tendo como resultados: pH (H 2O) = 6,17 ; Ca =
1,12 cmolc.kg-1; Mg = 0,85 cmolc.kg-1; Na = 1,38 cmolc.kg-1; K = 4,29 cmolc.kg-1; Al = 0,16 cmolc.kg-1;
matéria orgânica = 11,0 g.kg-1; P = 7,7 mg.kg-1. O delineamento experimental foi em blocos
casualizados com 5 tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos apresentados a seguir: T1-
Testemunha absoluta (solo na sua condição natural de fertilidade); T2- Composto de lixo I (12 kg/cova);
T3- Composto de lixo II (12 kg/cova de composto enriquecido com pó de rocha potássica, fosfática, pó
de telha, e cinza); T4- Adubação K; 22,857g de Zn; 82,05g de Mg; 22,598g de B; 16g de Cu; 14,28g de
Mn, por cova; após 45 dias o plantio, realizou-se uma adubação aplicando 40g de N/cova); T5-
Adubação orgânica com esterco de curral curtido. Cada parcela foi constituída por 16 plantas da
cultivar BRS Nordestina espaçadas por 2 x 2m. O primeiro ano de cultivo compreendeu os meses de
maio/2007 a março/2008; após a colheita, as plantas foram podadas a 60 cm de altura, iniciando o
segundo ano de cultivo em Abril/2008 a Outubro/2008. Os componentes de produção avaliados foram
número de racemos, massa dos racemos e a produção de grãos/planta. Os dados foram submetidos à
análise de variância e as médias ao teste de Tukey pelo software estatístico SISVAR (FERREIRA,
2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No primeiro ano de produção, verificou-se através dos quadrados médios, efeito significativo
das fontes de adubação quanto ao número médio de racemos por planta (p≤ 0,01), massa do racemo
(p≤ 0,01) e produção de grãos por planta (p≤ 0,01). No segundo ano, apenas o número médio de
racemos por planta apresentaram efeito significativo (p≤ 0,05) pelo teste F. O maior número de
racemos por planta (NRP) foi verificado na primeira produção com a utilização das fontes F5 (21) > F3
(20) > F2 (13) > F4 (12), não diferindo suas médias entre si (Tabela 2). Foram nestes tratamentos onde
se obtiveram as maiores produtividades de grãos, revelando a importância do número de racemos por
planta na produtividade da cultura. Tais resultados corroboram com informações de Severino et al.,

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(2006) que verificaram aumento significativo de produtividade com o fornecimento de adubação


química e orgânica. O menor número de racemo por planta (7) foi observado com a ausência de
adubação. Contudo, este valor não diferiu estatisticamente dos tratamentos que receberam as fontes
composto de lixo I (F2) e adubação mineral (F4).

Vale ressaltar que, na área experimental, a precipitação ocorrida durante os meses de maio
(2007) a janeiro (2008) foi de 803 mm. De acordo com Azevedo et al. (2001), este volume de
precipitação pluvial é considerado bom, pois para a planta produzir satisfatoriamente é necessário pelo
menos 500 mm de chuva bem distribuída nos 100 primeiros dias correspondente ao início do
florescimento da mamona (AZEVEDO; GONDIM, 2010). Estas informações são importantes, uma vez
que, o surgimento dos racemos novos é paralisado com a seca (BELTRÃO et al., 2003).

De um modo geral, o número médio de racemos por planta (NRP) obtido no primeiro ano foi
superior aos apresentados para a cultivar ―BRS 149 Nordestina‖ que em condições de sequeiro, produz
em média 5,2 racemos. Na ausência de adubação o número de racemos foi considerado médio (5 a 7)
e com a utilização das fontes F2, F3, F4 e F5, alta (> 7), segundo classificação proposta por Savy Filho
et al. (1999). No segundo ano de produção, o maior NRP também foi observado com a utilização do
composto de lixo II (F3), não diferindo significativamente das fontes F2, F4 e F5. Na ausência de
adubação verificou-se o menor NRP, desta vez, com média inferior a 1. Vale salientar que no segundo
ano, independente da fonte utilizada, o número de racemo por planta foi considerado baixo (<5).

Em média, no primeiro ano os racemos mais pesados foram obtidos com a aplicação das
fontes F3, F5, F2 e F4 com 1457,71; 1419,16; 867,49 e 740,40 g respectivamente, não havendo
diferença estatística entre as médias destes tratamentos. A massa do racemo obtida com a ausência
de adubação (F1) também não diferi estatisticamente daquelas adubadas com composto de lixo I (F2)
e adubação mineral (F4). No segundo ano de produção a massa dos racemos foi reduzida, não
diferindo estatisticamente suas médias entre si, os quais diferem dos encontrados por Aires et al.
(2008) e Diniz et al. (2008), que não verificaram diminuições expressivas na produção de sementes no
segundo ano de produção após a poda.

Vale salientar que a poda é uma prática muito utilizada no Brasil e tem o objetivo de evitar o
plantio da lavoura no ano seguinte. Para a mamoneira, recomenda-se que a lavoura seja podada no
máximo uma vez para evitar aumento da ocorrência de pragas e doenças. Em solos pouco férteis,
temperaturas altas e clima muito seco a poda não é recomendada por favorecer a ocorrência da
prodridão-dos-ramos (caso verificado neste trabalho) o que ocasiona a morte das plantas durante o
período seco, ocasionando baixo estande e produtividade insatisfatória.

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Quanto à produção de grãos por planta (PGP) no primeiro ano de produção, a utilização das
fontes composto de lixo II (F3), esterco bovino (F5) e composto de lixo II propiciaram os melhores
resultados com 970,85; 913,39 e 559,99g por planta, não diferindo estatisticamente entre si. A
produção obtida com adubação mineral (F4) também não diferiu daquelas obtidas com as fontes (F2 e
F1). Souza et al. (2007) avaliando épocas de plantio e manejo da irrigação para a mamoneira,
colheram 637,75 g de sementes por planta, com irrigação e, 266,04 g em condições de sequeiro.

No segundo ano, ocorreu uma diminuição na PGP em todas as fontes de adubação, variando
de 33,99g (ausência de adubação – F1) a 122,70g (composto de lixo II - F3) não diferindo
estatisticamente suas médias entre si. Os melhores resultados observados no primeiro ano de ciclo da
mamoneira, devem estar associados à fertilidade do solo, ausência de doenças e ao maior ciclo da
cultura, que favoreceu o surgimento de racemos de até quarta ordem. Além disso, o maior número e
massa dos racemos obtidos nesta época contribuíram sobremaneira com a maior produção de grãos
por planta. De acordo com a literatura, a produtividade da mamoneira está intimamente relacionada
com à massa dos racemos e das sementes.

CONCLUSÃO

As maiores médias de número de racemo, massa do racemo e produção de grãos/planta foram


observadas no primeiro ano de cultivo com a utilização das fontes orgânicas F3 > F5 > F2. No segundo
ano, a ocorrência da prodridão-dos-ramos influenciou negativamente na produção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AIRES, R. F.; SILVA, S. D. A.; CASAGRANDE JUNIOR, J. G.; ÁVILA, D. T.; WREGE, M. S. Épocas de
semeadura de mamona conduzida por duas safras em pelotas – RS. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE MAMONA: Energia e Ricinoquímica, 3., 2008, Salvador. Resumos...Salvador: EMBRAPA-Algodão.
2008.

AZEVEDO, D. M. P.; GONDIM, T. M. S. Cultivo da mamona: clima e solo. Disponível em:


http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mamona/CultivodaMamona_2ed/climasolo.
html. Acesso em 12 março 2010.

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Tabela 1. Características químicas dos compostos de lixo e do esterco utilizados no experimento.


Características químicas
Composto orgânico N P K Na Ca Mg S Cl Zn Fe Mn Cu
----------------------------------g kg-1------------------------------------ ---------------mg kg-1-------------
Composto de lixo I 9,12 4,82 7,05 0,89 17,61 2,67 0,45 5,6 73,23 8467 246 18,19
Esterco 8,23 2,7 11,95 0,74 10,56 3,86 0,45 5,49 44,93 3872 167 10,82
Composto de lixo II 8,92 7,37 7,05 1,01 21,13 3,37 0,42 3,83 75,05 10590 265 18,19

Tabela 2. Médias do número de racemos por planta (NRP), massa do racemo (g), e produção de grãos por planta (PGP)
em gramas, nos diferentes tratamentos.
Tratamentos
Ano de produção DMS F1 F2 F3 F4 F5
-----------------------------Número de racemos por planta---------------------------------
Primeiro 10,02 7,00b 13,00ab 20,00a 12,00ab 21,0 a
Segundo 3,45 0,81b 3,56ab 4,31a 1,06ab 1,87ab
----------------------------------- Massa do racemo (g)-------------------------------------
Primeiro 745,74 313,06b 867,49ab 1457,71a 740,40ab 1419,16a
Segundo 159,83 43,37a 126,54a 188,85a 50,99a 88,31a
---------------------------- Produção de grãos por planta (g)-------------------------------
Primeiro 493,18 198,39c 559,99abc 970,85a 467,79bc 913,39ab
Segundo 104,85 33,99a 82,50a 122,70a 35,89a 63,69a
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na linha, não diferem entre si dentro da mesma cultura, nos respectivos
tratamentos (Teste de Tukey, P≤0,05).

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COMPORTAMENTO DA ALTURA DA PLANTA E DO DIÂMETRO CAULINAR DO GERGELIM


(Sesamum indicum) SOB DIFERENTES QUANTIDADES DE ESTERCO BOVINO.

Gilmara Lima Pereira¹ ( gilmarlimaagroecologia@gmail.com )¹, Thiago Costa Ferreira ¹ José Thyago
Aires Souza¹; José Rodrigues Pacífico da Silva¹; José Pires Dantas¹;
¹. Graduandos em agroecologia, Campus II, Lagoa Seca-PB ². Professor Doutor, Titular do Departamento de Química-
Universidade Estadual da Paraíba (pires_uepb@yahoo.com.br)

RESUMO - O gergelim (Sesamum indicum L.) é uma das plantas oleaginosas mais antigas usadas pela
humanidade, de origem afro-asiática está disseminada por todo o mundo e produz satisfatoriamente
quando o solo apresenta boa fertilidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento do
gergelim, em função de doses crescentes de esterco bovino. O experimento foi implantado em Casa de
Vegetação do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais - Campus II da UEPB, em Lagoa Seca - PB.
Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, sendo os tratamentos representados
por 10 doses de esterco bovino (0, 100, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800, 900 e 1000 g) com quatro
repetições. Cada parcela foi constituída por um vaso (7L) contendo 3 plantas. Avaliaram-se os
parâmetros altura da planta e diâmetro caulinar. As plantas adubadas com esterco bovino não
apresentaram diferença estatística nas variáveis em questão, decorridos três meses de experimento.
Palavras-chave – oleaginosa, Sesamum indicum, orgânico, adubação.

INTRODUÇÃO

O Gergelim (Sesamum indicum) é um vegetal da família Pedaliaceae, é uma das oleaginosas


mais antigas utilizadas pela humanidade, havendo registro de seu cultivo há mais de 4.300 anos antes
da era cristã, nos países do oriente médio. O local de sua origem é incerto, podendo situar-se entre a
Ásia e África (Beltrão et. al, 2001).

Esta cultura é uma planta adaptada às condições semi-áridas, necessitando assim para uma
boa produção uma precipitação pluvial entre 300 e 800 mm anual e altitudes abaixo de 500 m, valores
climáticos ou altimétricos diferentes podem ocasionar perdas em sua produção. Na Região Nordeste,
seu cultivo é recomendado nas áreas com altitude média de 250 m, temperaturas médias do ar entre
25 e 27°C e precipitações pluviais de 400 a 650 mm, bem distribuída desde sua germinação até o
florescimento das plantas (EMBRAPA, 2000). O gergelim cresce e produz em diferentes tipos de solos,

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mas os solos mais indicados para o seu cultivo são os solos leves, sem encharcamento, pois estes
favorecem o desenvolvimento das raízes (MAGALHÃES et.al. 2009).

O uso da adubação orgânica é recomendado, pois estes apresentam características diferentes


quanto aos teores de nutrientes disponíveis as plantas, também pelo seu custo reduzido e fácil
disponibilidade para diversos tipos de economia rural. (GLIESSMAN, 2000).

A aplicação de adubos orgânicos em solos, além do efeito direto no suprimento de nutrientes


para as plantas, contribui para a permeabilidade e infiltração da água, favorece a microbiota natural do
solo, melhora as condições físicas do solo e contribui para baixar os teores de alumínio trocável
(GUIMARÃES, 2008 apud COSTA, 1983).

Dentre a diversidade de adubos orgânicos existentes o esterco bovino se destaca em diversos


aspectos, possui vasta disponibilidade, entre as percentagens de 30 a 58% de matéria orgânica, um
solo pode ser considerado ótimo meio de cultura para os organismos, em virtude de elevar a
quantidade de bactérias do solo quando adicionado como fertilizante (PRIMAVESI, 2002).

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo identificar o percentual de manipueira que mais
favorece o crescimento inicial de mudas de mamoneira nas condições edafoclimáticas de Lagoa Seca -
PB.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado entre os meses de junho a agosto de 2009 em casa de vegetação
do Campus II da Universidade Estadual da Paraíba, no município de Lagoa Seca - PB. Utilizou-se um
delineamento inteiramente casualizado com 10 tratamentos constituídos por doses crescentes de
esterco bovino (0, 100, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800, 900 e 1000 g/vaso) com 4 repetições. As
parcelas foram formadas por vasos com capacidade de 7L, foram plantadas oito sementes por vaso , e
após 10 dias ocorreu o desbaste,deixando 3 plantas/vaso. O solo utilizado neste trabalho foi coletado
na camada superficial (0 - 20 cm) de um Neossolo Regolítico (Embrapa, 1999) e o esterco bovino
(curtido) foi adquirido de agricultores familiares da região de Lagoa Seca – PB. Durante a condução do
experimento, realizou-se irrigações aplicando uma lâmina d‘água suficiente para deixar o solo na sua
capacidade de campo.

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Ao 4º meses após o plantio, avaliaram-se os parâmetros: número de folhas e número de


ramos, os quais foram tabulados e submetidos à análise estatística. Foi realizada a análise de
variância, utilizando-se o software SISVAR 5.0 (FERREIRA, 2000) e, para o teste de significância, o
teste F, a 5 e 1% de probabilidade. Nos casos de diferenças significativas entre os tratamentos,
procedeu-se a análise de regressão, sendo as equações selecionadas pelo teste F ao nível de
significância de 5% de probabilidade (BANZATTO e KRONKA, 1992).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As plantas adubadas com doses crescentesde esterco bovino não apresentaram diferenciação
estatística (Tabela 1). Observa-se, que pela análise de variância não houvera efeito das doses
crescentes de esterco para as variáveis em questão, decorridos três meses de experimento (Gráficos 1
e 2).

Os resultados obtidos neste trabalho mostram que adubação orgânica com esterco bovino
pode ser utilizada para a cultura do gergelim (MAGALHÃES et. al., 2009; COSTA,2008). Pois este
adubo extensamente utilizado, oferece inúmeros benefícios a microbiota do solo, a CTC que ocorre na
solução do solo, melhora a textura do solo, a retenção de água, ainda mostra-se accessível ao homem
do campo e apresenta baixo custo. (GLIESSMAN, 2000; SILVA et al,2000; MAGALHÃES et. al., 2009;
COSTA,2008 ).

Porém pesquisas com a utilização de esterco são de suma importância para que se
estabeleça parâmetros para cultura, dosagens e tecnologias de beneficiamento e utilização que melhor
se adaptem as nessecidade agrícolas deste vegetal.

CONCLUSÃO

A adubação do gergelim com esterco bovino promove o aumento da produção vegetativa,


porém não houve diferenciações estatísticas entre os tratamentos apresentados, segundo a medição
das variáveis em questão neste trabalho.

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Altura das Plantas


60,0

50,0

Altura das plantas (cm) 40,0

30,0

20,0 y = -0,1747x 2 + 1,3071x + 42,353


R2 = 0,785

10,0

0,0
0 2 4 6 8 10 12

Tratamentos

Figura 1- Efeito das diferentes dosagens de esterco altura das plantas do Gergelim

Diâmetro do Caule
60,0 y = -0,1747x2 + 1,3071x + 42,353
R 2 = 0,785
50,0
Diâmetro do Caule (mm)

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
0 2 4 6 8 10 12

Tratamento

Figura 2- Efeito das diferentes dosagens de esterco no diâmetro do caule do Gergelim

Tabela 1. Análise de variância da altura e diâmetro caulinar de gergelim, sob doses crescentes de esterco bovino, Lagoa
Seca, PB, 2009.
Quadrado médio

FV DC ALT

Tratamento 0,032ns 48,32ns

Resíduo 0,017 35,81

CV (%) 36,87 14,19


NS: não significativo

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COMPORTAMENTO DE MUDAS DE MAMONEIRA (Ricinus communis L), SOB DIFERENTES


DOSAGENS DE URINA DE VACA

José Thyago Aires Souza ¹ (thyagotaperoa@hotmail.com), Thiago Costa Ferreira¹, Aline Silva
Ferreira¹,Suenildo Jósemo Costa Oliveira²
¹ Graduando em Agroecologia, Universidade Estadual da Paraíba , Campus II ² Professor Titular , CCAA, Universidade
Estadual da Paraíba

RESUMO: A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta exigente em fertilidade, porém apresenta
sensibilidade a acidez e solos encharcados, uma forma possível de aumentar sua produtividade
consiste em um adequado fornecimento de nutrientes por meio da adubação via solo ou foliar. O
nitrogênio é um macronutriente exigido por esta planta, sendo a urina de vaca uma fonte de adubação
nitrogenada. Este trabalho objetivou avaliar o comportamento de mudas de mamoneira, cultivar BRS
Energia sob diferentes dosagens de urina de vaca (0, 5, 10, 15, 20 ml), aplicados aos quinze e trinta
dias de plantio. Os tratamentos foram distribuídos em blocos ao acaso, com três repetições. As
avaliações foram feitas após o período de 60 dias de plantio, e as variáveis analisadas foram: altura da
planta (cm), diâmetro caulinar (mm), número de folhas (uni), área foliar (cm²), números de nós (uni),
distância entre nós (cm), volume da raiz (cm³) e comprimento radicular (cm). A adubação da
mamoneira com urina de vaca promove o aumento da produção vegetativa, porém não houve
diferenciações estatísticas entre os tratamentos apresentados, segundo a medição das variáveis em
questão neste trabalho.
Palavras-chave – Adubação nitrogenada, oleaginosa, produtividade, Ricinus communis.

INTRODUÇÃO

A mamoneira é uma das espécies oleaginosas que mais se destaca no Brasil e no mundo pela
sua adaptabilidade a diversos climas, solos e manejos tendo em vista também a possibilidade de
consorciá-la com a maioria das culturas, além de ter uma maior rusticidade. Com a política de incentivo
do Governo Federal em adicionar biodiesel ao óleo Diesel convencional, a mamoneira se destaca por
produzir uns dos óleos mais dinâmicos que conhecemos, com muitas aplicações industriais por ser
empregado como matéria prima em diversas indústrias dos mais variados setores, além do elevado
potencial para fabricação de biodiesel.

A mamoneira (Ricinus communis L) pertence a família euforbiácea. Trata-se de uma xerófila de


origem afro-asiática, porém intolerante a excesso de umidade, exigente em calor e luminosidade.

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(SILVA, 2005). Está disseminada no mundo inteiro, sendo cultivada principalmente na Índia, China e
Brasil (TÁVORA, 1982). Segundo Moura (2005), o Brasil desponta no cenário mundial com grande
potencial para a produção de biocombustíveis, por apresentar terras propícias ao cultivo desta cultura.
Para o semi-árido nordestino, Beltrão et al. (2002) e Moura (2005) relacionam a mamoneira como uma
espécie de fácil adaptação às condições climáticas desta região, bem como do cerrado.

A cultivar BRS Energia é uma planta de ciclo curto (entre 120 dias) com produtividade média
de 1.800 kg ha-1 em condições de sequeiro e apresenta, em média, 48% de óleo em suas sementes. É

uma cultivar adaptada às condições de cultivo da região Nordeste (EMBRAPA, 2007).

A urina de vaca é um substituto natural aos insumos químicos utilizados na agricultura, pois
esta é composta por substâncias que melhoram a saúde das plantas, tornando-as mais resistentes às
pragas e doenças, sendo rica em potássio e em nitrogênio. Em sua composição também são
encontrados cloro, enxofre, sódio, fenóis e ácido indolacético. (BOEMEKE, 2002; PESAGRO, 2001).

Este trabalho teve como objetivo avaliar a dosagem de urina de vaca mais adequada a ser
aplicada em mudas de mamoneira cultivar BRS Energia, para que obtenha o melhor desenvolvimento
vegetativo.

METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no viveiro de mudas do Campus ll da Universidade Estadual da


Paraíba, município de Lagoa Seca- PB, no período compreendido entre os meses de Março á Abril de
2010. Foram utilizadas 15 mudas da mamoneira da cultivar BRS Energia produzidas na própria
instituição, ambas em sacos plásticos de polietileno com capacidade para 2.009,6 cm³ de solo.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com 5 tratamentos e 3


repetições, onde cada planta representou uma repetição. As dosagens de urina de vaca utilizadas no
experimento foram: 0, 5, 10, 15 e 20 ml/planta/tratamento.

A urina foi coletada de vacas em lactação pertencentes á criadores da região, os quais


possuem suas propriedades nas proximidades do Campus; a urina passou por um período de repouso
de aproximadamente 10 dias em recipiente plástico hermeticamente fechado.

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A aplicação da urina de vaca foi feita pela manhã, diretamente no solo, em forma de círculo à
aproximadamente 3 cm de distância do colo da planta, foi utilizada para a aplicação uma seringa com
capacidade para 10 ml.

As plantas foram avaliadas por um período de 45 dias, durante este período foram feitas 2
aplicações de urina de vaca, nas quais foi observada a dosagem de urina de vaca (15 30 dias após a
germinação).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As plantas adubadas com urina de vaca não apresentaram diferenciação estatística. Observa-
se através das Tabelas 1 e 2, que pela análise de variância não houve efeito das doses crescentes de
manipueira para as variáveis estudadas, decorridos dois meses de experimento.

A aplicação de 0 ml de urina de vaca foi a que mais influenciou na variável número de folhas e
comprimento de raiz e volume de raiz obtendo os valores absolutos de 6,6 folhas e 28 cm; e 2,5 ml
respectivamente(Tabela 1)

A aplicação de 5 ml de urina de vaca, proporcionou valores absolutos de 41,3 cm; 0,8mm; 8,0;
4,99 cm; 56,5 cm, para as variaríeis altura de planta, diâmetro caulinar ;número de nós; distância entre
nós e comprimento radicular, respectivamente ( Tabela 2).

Falta a variável área foliar

Os resultados obtidos neste trabalho estão de acordo com Ematerce, 2000, mostrando que a
manipueira pode ser utilizada para a adubação, porém pesquisas com a utilização da manipueira são
de suma importância para que se estabeleçam parâmetros para culturas, dosagens e tecnologias de
beneficiamento e utilização que melhor se adaptem as necessidades agrícolas.

CONCLUSÃO

De acordo com as condições em que foi conduzida esta pesquisa, pode-se concluir que a
adubação da mamoneira com urina de vaca promove o aumento no crescimento vegetativo da
mamoneira (Ricinus communis L.), porém não houve diferenciações estatísticas entre os tratamentos
utilizados.

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Disponível em <http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/download/documentos/documento_149.pdf>.
Acesso em : 28 de março de 2010.

CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010,


João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 497-501.
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Tabela 1 – Análise de variância das variáveis da mamoneira (Ricinus communis L..) submetidos a fertiirrigação com doses
crescentes de urina de vaca, Lagoa Seca, PB. 2010
Quadrado Médio

FV GL Diâmetro Número Número Medida Área


Caulinar de Folhas de Nós entre os foliar
Nós

Trat. 4 0,4507 ns 29,1** 46,707** 14,208** 29,1

Resí. 10 0,0427 2,2 4,4667 1,5017 2,2

Cv(%) 0,5332 0,4635 0,5113 0,5368 0,4635

Ns: não significativo.**: Significativo

Tabela 2 – Análise de variância das variáveis da mamoneira (Ricinus communis L..) submetidos a fertiirrigação com doses
crescentes de urina de vaca, Lagoa Seca, PB. 2010
Quadrado Médio

FV GL Altura Comprimento Radicular Volume Radicular

Tratamento 4 1234,9** 507,9** 3,7757**

Resíduo 10 131 54,75 1,0713

Cv(%) 0,5332 0,5441 0,9079

.**: Significativo

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COMPORTAMENTO DO ALGODOEIRO HERBÀCEO COLORIDO BRS RUBI AGROECOLOGICO


SOB DIFERENTES DOSES DE ESTERCO BOVINO NO MUNICÎPIO DE ITAPORANGA, PB.

Whéllyson Pereira Araújo1; José Rodrigues Pereira2; Franciezer Vicente de Lima1; Sebastião Lemos de
Souza2; Vandeilson Lemos Araújo1; Genelicio Souza Carvalho Júnior3; Francisco Figueiredo de
Alexandria Junior4; Severino Pereira de Souza Junior5.
1UFPB (wpacordao@hotmail.com); 2Embrapa Algodão; 3UEPB; 4UFCG; 5AESA, PB.

RESUMO – Com o maior uso de resíduos orgânicos nas lavouras, é possível diminuir, ao longo dos
anos, a aplicação de adubos minerais e melhorar a qualidade do solo (menor poluição de diversos
recursos naturais), já que os resíduos orgânicos atuam também como condicionadores do solo. O
trabalho foi conduzido na Fazenda Veludo município de Itaporanga-PB, em cultivo agroecológico, com
o objetivo de avaliar as características agronômicas do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi, em um
delineamento experimental de blocos ao acaso, com 4 repetições e 6 doses de adubação orgânica
(0.0, 2.5, 5.0, 10.0, 20.0 e 40.0 t de esterco bovino/ha), concluindo-se que as características
agronômicas analisadas no algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi, responderam as diferentes doses
de adubação orgânica na forma de esterco bovino testadas, e que a dose de 20 t/ha de esterco bovino
ainda é a mais adequada para as condições de inverno regular no município de Itaporanga, PB.
Palavras-chave – Gossypium hirsutum L. r. latifolium H., adubação orgânica, características
agronômicas.

INTRODUÇÃO

A produtividade da cultura do algodão (Gossypium hirsutum L. r. latifolium H.) no Brasil é a


terceira maior do mundo, ostentando o País o primeiro lugar apenas em produtividade em condições de
sequeiro (superior a 1.300 kg/ha de pluma, no Cerrado), figurando como um dos cinco maiores
produtores e um dos três maiores exportadores de algodão do mundo. No Nordeste, um nicho de
mercado para a agricultura familiar é a produção de algodão naturalmente colorido (SANTOS et al.,
2008).

A adubação orgânica com utilização de resíduos gerados na própria unidade rural, ou nas
proximidades, é uma prática muito comum na condução de lavouras de pequenos agricultores
(SEVERINO et al., 2006).

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Os adubos orgânicos, entretanto, não valem apenas pelas substâncias nutritivas que
contem, mas pelos efeitos benéficos que desenvolvem nos solos, do ponto de vista físico e biológico
(MALAVOLTA et al., 2002).

Com o maior uso de resíduos orgânicos nas lavouras, é possível diminuir, ao longo dos anos, a
aplicação de adubos minerais e melhorar a qualidade do solo (menor poluição de diversos recursos
naturais), já que os resíduos orgânicos atuam também como condicionadores do solo (SILVA, 2008).

O objetivo do trabalho foi avaliar características agronômicas do algodoeiro herbáceo colorido


BRS Rubi em diferentes doses de esterco bovino no município de Itaporanga, PB, sob condições de
inverno regular.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Fazenda Veludo, no município de Itaporanga, PB, propriedade


da Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária – EMEPA-PB, parceira da Embrapa Algodão,
geograficamente localizado na latitude de 07° 18` 16`` Sul, na longitude de 38° 09` 01`` Oeste e na
altitude de 291 metros, acima do nível do mar (BRASIL, 1992).

O experimento foi conduzido de 14 de fevereiro a 01 de julho de 2009, considerando o período


entre o plantio e a colheita. O preparo do solo constou de duas gradagens tratorizadas. As capinas
foram feitas manualmente. Foi registrada média infestação por bicudo (Anthonomus grandis, Boh.) e
baixa infestação de cochonilha (Planococcus citri Russo), necessitando, para controle do bicudo,
aplicações de caulim na base de 12 kg.ha-1, enquanto que a cochonilha não atingiu nível de controle.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com 4 repetições e 6


tratamentos de adubação orgânica, na forma de esterco bovino (D0 – 0.0 t/ha, D1 – 2.5 t/ha, D2 – 5.0
t/ha, D3 – 10.0 t/ha, D4 – 20.0 t/ha e D5 – 40.0 t/ha). Foi utilizada a cultivar BRS Rubi de algodoeiro
herbáceo colorida, sendo o esterco aplicado manualmente em área total da parcela, incorporado na
primeira capina (aos 15 DAE) através de cultivador a tração animal. Não foi empregada adubação de
cobertura. A parcela experimental foi composta por 5 fileiras do algodão, espaçadas de 1,0 m x 0,4 m e
5 plantas/m, tendo 6,0 m de comprimento, totalizando 30 m 2. A área útil (10 m2) foi formada pelas duas
linhas centrais, descontados 0,5 m para fins de bordadura, de cada um dos lados.

Conforme AESA (2010), o total de precipitação pluviométrica ocorrida no ciclo da cultura foi de
714,80 mm para o ano de 2009.

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A caracterização química da área experimental, conforme Boletim No. 012/2008 do Laboratório


de Solos e Nutrição de Plantas da Embrapa Algodão para a área de cultivo foi: pH de 7,6; 85,0; 31,3;
8,6; 2,0 e 0,0 mmolc.dm-3 de cálcio, magnésio, sódio, potássio e alumínio, respectivamente; 158,7
mg.dm-3de fósforo e 8,2 g.kg-1 de matéria orgânica, para a área utilizada em 2009. Já segundo o
Boletim No. 027/2008 do laboratório supracitado, o esterco bovino utilizado, continha 8.5, 2.01, 1.18,
3.32, 0.23 e 48.27 % de umidade, nitrogênio, fósforo (P2O5), potássio (K2O), enxofre e matéria
orgânica, respectivamente.

No momento da colheita, foi medida, em 10 plantas/parcela, o diâmetro do caule, rente ao solo,


e o comprimento do ramo principal das plantas, desde o nível do solo até o ponteiro das plantas
(altura), como também coletados os 20 melhores capulhos por parcela, localizados no terço médio das
plantas (amostra-padrão), utilizados para se determinar o peso de capulhos e o percentual de fibras.
Em seguida, 5,0 m de duas linhas centrais de cada parcela foram colhidas e pesadas, determinando-se
a produção por parcela e seu respectivo rendimento de algodão em caroço por hectare.

Através do programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2003), a média dos resultados das
variáveis computadas foi submetida à análise de variância (teste F), sendo então feitos estudos de
regressão polinomial para os tratamentos quantitativos (doses de esterco de curral).

Resultados e discussão

O diâmetro, a altura e peso médio de capulhos do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi
cresceram proporcionalmente ao aumento das doses de esterco bovino estudado (Fig. 1, 2 e 5).

Quanto ao rendimento do algodoeiro BRS Rubi, a dose de 20 t/ha de esterco bovino foi
superior as doses de 0,0 a 10,0 t/ha de esterco bovino e inferior a dose de 40 t/ha de esterco bovino.
Entretanto, a produtividade máxima foi alcançada pela dose de 28 t/ha de esterco bovino (Fig. 3).

A dose de 0,0 t/ha de esterco bovino (testemunha) apresentou uma percentagem média de
fibras superior às demais doses estudadas, mas o maior valor médio foi obtido na dose de 30 t/ha,
estimado pela equação polinomial (Fig. 4).

Portanto, houve efeito das doses de esterco bovino estudadas sobre as características
agronômicas do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi. O ótimo quantitativo de umidade e
temperatura ideal para atividade dos microorganismos do solo, necessária para decomposição da
matéria orgânica e mineralização dos nutrientes (CANTARELLA et. al 2008) ocorridos no período de
condução do experimento, possibilitou essa resposta positiva.

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As produtividades médias estimadas no ensaio para todas as doses estudadas foram inferiores
ao esperado para a cultivar BRS Rubi, entretanto para percentagem média de fibras, apenas a dose de
40 tIha de esterco bovino se classificou abaixo do potencial varietal, conforme afirmações de Carvalho
et al. (2004).

Comparando-se os resultados encontrados em relação à produtividade, onde o ponto máximo


encontrado foi de 28 t/ha de esterco bovino, tais resultados não foram diferentes em relação a outros
autores. A exemplo do trabalho realizado por Medeiros e Pereira (2000), nas condições edafoclimáticas
do município de Patos, PB, onde o algodoeiro arbóreo precoce respondeu bem a adubação orgânica
com 20 t/ha de esterco de curral e que seu efeito residual foi significativo por até 4 anos (1987 a 1990).
Silva et al. (2005), do mesmo modo, em experimento conduzido por três anos (2000, 2001 e 2002) no
município de Patos, PB, concluíram que a adição de esterco bovino ao lado das sementes do
algodoeiro semiperene BRS 200, também, incrementou significativamente a produtividade da cultura,
alcançando máximo rendimento com 30 t/ha.

Em síntese, baseado no comportamento das características agronômicas estudadas nas


plantas de algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi, nas condições de inverno regular no município de
Itaporanga, PB, sob cultivo agroecologico, a dose de 20 t/ha de esterco bovino, a qual é a normalmente
sugerida nas recomendações de adubação para a cultura do algodão nos estados de Pernambuco e
Paraíba (CAVALCANTI et al., 1998), continua ser a mais adequada, visto pouco se diferenciar da dose
de 28 e 30 t/ha e, conforme SILVA et al. (2005), ser oportuno o uso de níveis menores para se lograr
retorno econômico em função da baixa disponibilidade e ao grande volume necessário, prescindir,
também, de gastos com mão-de-obra para transporte e aplicação.

Portanto, houve efeito das doses de esterco bovino estudadas sobre as características
agronômicas do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi. Possivelmente, o alto quantitativo de chuva
ocorrido na região no período de condução do experimento tenha proporcionado umidade e
temperatura ideal para atividade dos microorganismos do solo, necessária para decomposição da
matéria orgânica e mineralização dos nutrientes, pois segundo Cantarella et. al (2008) a eficiência dos
adubos orgânicos no fornecimento de nutrientes as plantas esta diretamente relacionada à sua
decomposição.

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CONCLUSÃO

As características agronômicas analisadas no algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi


agroecologico, responderam as diferentes doses de adubação orgânica na forma de esterco bovino
testadas, no entanto, a dose de 20 t/ha de esterco bovino ainda é a mais adequada para as condições
de inverno regular no município de Itaporanga, PB.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://site2.aesa.pb.gov.br/aesa/monitoramentopluviometria.do. Acesso em 24 de Abril de 2010.

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Pernambuco: 2ª. aproximação. Recife: IPA, 1998. p. 106.

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SEVERINO, L. S.; FERREIRA, G. B.; MORAES, C. R. de A.; GONDIM, T. M. de S.;


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BRS 200 em sistema orgânico no seridó paraibano. Campina Grande, Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental, v.9, n.2, p.222-228, 2005.

1,80
y = 0,0068x + 1,33
R² = 0,8353
Diametro (mm)

1,60

1,40

1,20
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Doses de esterco bovino (t/ha)

Figura 1. Regressão do diâmetro caulinar médio de plantas do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi, submetido a
diferentes doses de esterco bovino. Itaporanga, PB, 2009. (P<0,01).

120
y = 0,5653x + 96,114
110 R² = 0,783
Altura (cm)

100
90
80
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Doses de esterco bovino (t/ha)

Figura 2. Regressão da altura média de plantas do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi, submetido a diferentes doses
de esterco bovino. Itaporanga, PB, 2009 (P<0,01).

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Rendimento
(kg/ha)

1100 y = -0,8059x2 + 45,234x + 809,52


R² = 0,7634
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Doses de esterco bovino (t/ha)

Figura 3. Regressão do rendimento médio do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi, submetido a diferentes doses de
esterco bovino. Itaporanga, PB, 2009. (P<0,05).

37 y = -0,0006x3 + 0,037x2 - 0,562x + 36,64


R² = 0,716
Fibras (%)

36
35
34
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Doses de esterco bovino (t/ha)

Figura 4. Regressão da percentagem de fibras do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi, submetido a diferentes doses de
esterco bovino. Itaporanga, PB, 2009. (P<0,05).

5,4
Peso de capulho

5,2
5 y = 0,0132x + 4,7609
(g)

4,8 R² = 0,8025
4,6
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Doses de esterco bovino (tlha)

Figura 5. Regressão do peso médio de capulho do algodoeiro herbáceo colorido BRS Rubi, submetido a diferentes doses
de esterco bovino. Itaporanga, PB, 2009. (P<0,01).

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COMPORTAMENTO DO NÚMERO DE FRUTOS DO GERGELIM (Sesamum indicum) SOB


DIFERENTES QUANTIDADES DE ESTERCO BOVINO.

Jean Pierre Cordeiro Ramos¹, José Nilson de Souza Moura Júnior¹, Felipe Fernades de Souza¹ Josely
Dantas Fernandes². Valdemir Inácio Lima ²
¹. Graduandos em Agroecologia, Campus II, Lagoa Seca-PB , ²UEPB

RESUMO – O gergelim é uma das oleaginosas mais antigas utilizadas pela humanidade, sendo que,
seu desenvolvimento é satisfatório apenas quando existe uma boa demanda de nutrientes no solo.
Neste contexto objetivou-se avaliar o desenvolvimento do gergelim, em função de doses de esterco
bovino. O experimento foi implantado na Casa de Vegetação do Centro de Ciências Agrárias e
Ambientais do Campus II, em Lagoa Seca-PB. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos
casualizados, sendo os tratamentos representados por 10 doses de esterco bovino (0-100-200-300-
400-500-600-700-800-900-1000 g), e quatro repetições, totalizando 44 baldes, e cada um deste
contendo 3 plantas, cultivadas em recipientes de 7L, contendo solo peneirado. Foi avaliado a variável
número de frutos das plantas. Concluiu-se que as doses de esterco bovino influenciaram
estatisticamente a variável estudada, segundo o Teste F, logo a variável em questão obteve o melhor
resultado no tratamento T2, que apresenta doses de esterco equivalente a 100g (6,9
frutos/média/planta) condições edafoclimáticas de Lagoa Seca-PB.
Palavras-chave - oleaginosa, gergelim, altura, diâmetro.

INTRODUÇÃO

O Gergelim (Sesamum indicum) é um vegetal da família Pedaliaceae, é uma das oleaginosas


mais antigas utilizadas pela humanidade, havendo registro de seu cultivo há mais de 4.300 anos antes
da era cristã, nos países do oriente médio. O local de sua origem é incerto, podendo situar-se entre a
Ásia e África (Beltrão et. al, 2001).

Esta cultura é uma planta adaptada às condições semi-áridas, para seu desenvolvimento
satisfatório, requer precipitação pluvial entre 300 e 800 mm anual e altitudes abaixo de 500 m. Na
Região Nordeste, seu cultivo é recomendado nas áreas com altitude média de 250 m, temperaturas
médias do ar entre 25 e 27°C e precipitações pluviais de 400 a 650 mm, bem distribuída desde sua
germinação até o florescimento das plantas (EMBRAPA, 2000). O gergelim cresce e produz em

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diferentes tipos de solos, mas os solos mais indicados para o seu cultivo são os solos leves, sem
encharcamento, pois estes favorecem o desenvolvimento das raízes (MAGALHÃES et.al. 2009).

O uso da adubação orgânica é recomendado, pois estes apresentam características diferentes


quanto aos teores de nutrientes disponíveis as plantas, também pelo seu custo reduzido e fácil
disponibilidade para diversos tipos de economia rural. (GLIESSMAN, 2000).

A aplicação de adubos orgânicos em solos, além do efeito direto no suprimento de nutrientes


para as plantas, contribui para a permeabilidade e infiltração da água, favorece a microbiota natural do
solo, melhora as condições físicas do solo e contribui para baixar os teores de alumínio trocável
(COSTA, 2008).

Dentre a diversidade de adubos orgânicos existentes o esterco bovino se destaca em diversos


aspectos, possui vasta disponibilidade, entre as percentagens de 30 a 58% de matéria orgânica, um
solo pode ser considerado ótimo meio de cultura para os organismos, em virtude de elevar a
quantidade de bactérias do solo quando adicionado como fertilizante (PRIMAVESI, 2002).

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo identificar o percentual de ESTERCO BOVINO
que mais favorece o gergelim na produção de frutos, nas condições edafoclimáticas de Lagoa Seca -
PB.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado entre os meses de junho a agosto de 2009 em casa de vegetação
do Campus II da Universidade Estadual da Paraíba, no município de Lagoa Seca - PB. Utilizou-se um
delineamento inteiramente casualizado com 10 tratamentos constituídos por doses crescentes de
esterco bovino (0, 100, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800, 900 e 1000 g/vaso) com 4 repetições. As
parcelas foram formadas por vasos com capacidade de 7L, contendo 3 plantas/vaso. O solo utilizado
neste trabalho foi coletado na camada superficial (0 - 20 cm) de um Neossolo Regolítico (Embrapa,
1999) e o esterco bovino (curtido) foi adquirido de agricultores familiares da região de Lagoa Seca –
PB. Durante a condução do experimento, realizou-se irrigações aplicando uma lâmina d‘água suficiente
para deixar o solo na sua capacidade de campo.

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Ao 4º meses após o plantio, avaliaram-se os parâmetros: altura da planta e diâmetro caulinar,


os quais foram tabulados e submetidos à análise estatística. Foi realizada a análise de variância,
utilizando-se o software SISVAR 5.0 (FERREIRA, 2000) e, para o teste de significância, o teste F, a 5 e
1% de probabilidade. Nos casos de diferenças significativas entre os tratamentos, procedeu-se a
análise de regressão, sendo as equações selecionadas pelo teste F ao nível de significância de 5% de
probabilidade (BANZATTO e KRONKA, 1992).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As plantas adubadas com doses crescentesde esterco bovino não apresentaram diferenciação
estatística (Tabela 1). Observa-se, que pela análise de variância não houvera efeito das doses
crescentes de esterco para as variáveis em questão, decorridos três meses de experimento(Gráfico 1).

Os resultados obtidos neste trabalho mostram que adubação orgânica com esterco bovino
pode ser utilizada para a cultura do gergelim (MAGALHÃES et. al., 2009; COSTA, 2008). Pois este
adubo extensamente utilizado, oferece inúmeros benefícios a microbiota do solo, a CTC que ocorre na
solução do solo, ainda mostra-se assecivel ao homem do campo e apresenta baixo custo.
(GLIESSMAN, 2000; SILVA et al,2000; MAGALHÃES et. al., 2009; COSTA,2008 ).

Porém pesquisas com a utilização de esterco são de suma importância para que se
estabeleça parâmetros para cultura, dosagens e tecnologias de beneficiamento e utilização que melhor
se adaptem as nessecidade agrícolas deste vegetal.

CONCLUSÃO

A adubação do gergelim com esterco bovino promove o aumento da produção vegetativa,


porém não houve diferenciações estatísticas entre os tratamentos apresentados, segundo a medição
da variável em questão neste trabalho.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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D.J.eds. O agronegócio do Gergelim no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicações para transferência de
Tecnologia, 2001. cap.3.p.37 57.

BANZATTO, D. A; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 247 p.

COSTA, M. P. da. Efeito da matéria orgânica em alguns atributos do solo. Dissertação de mestrado
– Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba. 1983. In: GUIMARÃES, A.S. Crescimento
inicial do Pinhão Manso (Jatrophas curcas L.) em função de fontes e quantidades de fertilizante. 2008.
Tese (Doutorado em Ecologia Vegetal e Meio Ambiente) – Centro de Ciências Agrárias – Universidade
Federal da Paraíba, Areia – PB.

EMBRAPA-CNPA. BRS 196 (CNPA G4), Nova cultivar de Gergelim e seu sistema de cultivo.
Campina Grande, 2000. Folder.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Solos.


Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412p.

FERREIRA, D. F. Sistema SISVAR para análises estatísticas: manual de orientação. Lavras:


Universidade Federal de Lavras / Departamento de Ciências Exatas, 2000. 66 p.

GLIESSMAN, S.R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre:


Universitária / UFRGS, 2000.

MAGALHÃES, I. D.; SOARES, C.S.; COSTA, F.E.; ALMEIDA, A.E.S.; SILVA, S.D. & ALVES, G.M.R.
CULTIVO DO GERGELIM (Sesamum indicum L.) SOB DOSES DE ESTERCO BOVINO. In: 4º
Congresso e 4º Fórum de Educação Agrícola Superior – Campina Grande-PB, 2009.

PRIMAVESI, A. Manejo Ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais / Ana Primavesi. –


São Paulo: Nobel, 2002.
SILVA, S.L.; CAMARGO, F.A. de O.; CERETTA, C.A. Composição da fase sólida orgânica do
solo.In: Fundamentos de química do solo./ Egon J. Meurrer, edi. Porto Alegre: Genesis, 2000

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Tabela 1. Análise de variância da altura e diâmetro caulinar de gergelim, sob doses crescentes de esterco bovino, Lagoa
Seca, PB, 2009.

Quadrado médio

FV NFR

Tratamento 3,22ns

Resíduo 1,32

CV (%) 21,49

NS: não significativo.

Número de Frutos
8,0
7,0
6,0
Número de Frutos

5,0
4,0
3,0 y = -0,0141x 2 - 0,0542x + 6,3265
2,0 R2 = 0,6999
1,0
0,0
0 2 4 6 8 10 12

Tratamentos

Figura 1- Efeito das diferentes dosagens de esterco no número de frutos do Gergelim

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COMPORTAMENTO VEGETATIVO DO GERGELIM BRS SEDA SOB CULTIVO ORGÂNICO

Francisco das Chagas Fernandes Maia Filho1; Evandro Franklin de Mesquita2, Daniele da Silva Melo3;
Polyana Martins de Sousa3; Rennan Fernandes Pereira3; Wendel Barbosa de Melo3; Ianne Gonçalves
Silva Vieira3; Raimundo Andrade4;
1 Aluno do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias - universidade estadual da paraíba - campus-iv; email:

juniormaiapb@yahoo.com.br ; 2 Professor do CCHA, UEPB, Campus IV, Paraíba e doutorando em Engenharia Agrícola,
Universidade Federal de Campina Grande. Av. Aprígio Veloso, 882, Campina Grande, PB, CEP 58429-140. ; 3 Alunos do
curso de Licenciatura em Ciências Agrárias - Universidade Estadual da Paraíba - campus-IV; 4 Professor Doutor da UEPB,
Campus IV, 58884-000 Catolé do Rocha-PB;

RESUMO – O teor de matéria orgânica nos solos agrícolas é de suma de importância na retenção de
cátions do solo, bem como na melhoria e/ou manutenção da fertilidade. O presente trabalho teve como
objetivo avaliar a biometria do gergelim BRS seda sob cultivo orgânico. O experimento foi desenvolvido
em blocos casualizados com quatro repetições e cinco plantas por parcela, usando o esquema fatorial
5x5, referentes às dosagens de biofertilizante bovino de 0,0; 0,8; 1,6; 2,4 e 3,4 L/planta, fornecidas via
fertirrigação, diluído na proporção 1:10 e cinco níveis de matéria orgânica, oriundo do esterco bovino,
adicionando-se na fundação de modo a elevar os teores do solo para 1,5; 2,0; 2,5; 3.0 e 3,5 %. As
variáveis estudadas foram: diâmetro caulinar, altura de planta e número de folhas por planta do
gergelim Cultivar BRS Seda de cor branca. Os tratamentos contendo o maior teor de matéria orgânica
no solo foram que proporcionaram maior valor em altura, diâmetro caulinar e número de folhas.planta-1.
Quanto aos tratamentos com dosagem de biofertilizantes, o maior valor do diâmetro foi de 22,1 mm,
referente à dose de 1,81 L metro linear, no entanto, para as variáveis altura e numero de folhas.planta-
1, não houve diferença estatística.

Palavras Chave: Biometria; adubação orgânica; BRS Seda.

INTRODUÇÃO

O Gergelim (Sesamum indicum L.), espécie pertencente á família Pedaliaceae, é uma das
oleaginosas mais antigas utilizadas pela humanidade, havendo registro de seu cultivo há mais de 4.300
anos antes da era cristã, nos países do oriente médio (WEISS, 1983).

Em 2007, a Embrapa Algodão lançou uma nova variedade de gergelim de cor branca,
denominada BRS Seda, onde suas principais características são: ciclo de 85 a 89 dias, inicio da
floração aos 35 dias, porte médio, produtividade de 1.000 kg/há, teor de óleo de 51%, tolerante à seca
e frutos deiscentes (EMBRAPA, 2008).

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O cultivo do gergelim apresenta grande potencial econômico, pelas possibilidades de


exploração, tanto no mercado nacional quanto no internacional. Suas sementes possuem cerca de
50% de óleo de excelente qualidade, que pode ser usado nas indústrias alimentícia, química e
farmacêutica e também na alimentação animal, pela qualidade nutricional de sua torta (CORRÊA et al.,
1995).

A melhor maneira de obter uma oferta exportável competitiva do gergelim orgânico, de


qualidade padronizada e com volumes significativos, de acordo com as circunstâncias da região semi-
árida do Nordeste é gerando produtos de qualidade e saudáveis, em conformidade com os requisitos
da sustentabilidade ambiental, da segurança alimentar e da viabilidade econômica, mediante a
utilização de tecnologias não agressivas ao meio ambiente e a saúde humana (EMBRAPA, 2008).

A adubação orgânica com base em esterco bovino mostra-se bastante promissora, pois, sua
incorporação no solo promove mudanças nas suas características físicas, químicas e biológicas, por
melhorar sua estrutura, reduz a plasticidade e a coesão, aumenta a capacidade de retenção de água e
aeração, permitindo maior penetração e distribuição das raízes (MALAVOLTA et al).Como também a
aplicação de biofertilizante líquido via solo e água, tem sido utilizado em plantios comerciais,
apresentando resultados promissores quanto aos aspectos nutricionais das plantas (OLIVEIRA E
ESTRELA, 1984).

Diante do exposto o presente trabalho teve como objetivo avaliar a biometria do gergelim cv
BRS seda submetido à substituição dos fertilizantes e defensivos sintéticos por biofertilizantes bovinos
e matéria orgânica.

METODOLOGIA

A pesquisa está sendo conduzida em condições de campo no setor de agroecologia, no Centro


de Ciências Humanas e Agrárias - CCHA, da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB, Campus IV,
distando 02 km da Cidade de Catolé do Rocha-PB (6º21‘S; 37º45‘ W; 250 m). O clima do município, de
acordo com a classificação de Koppen, é do tipo BSWh‘ , ou seja, quente e seco do tipo estepe. A
pluviometria média anual é de 849,1 mm.

Os tratamentos foram distribuídos em blocos casualizados com quatro repetições e 10 plantas


úteis por metro linear, usando o esquema fatorial 5x5, referentes às dosagens de biofertilizante bovino
de 0,0; 0,8; 1,6; 2,4 e 3,4 L/planta, fornecidas via fertirrigação diluído na proporção 1: 10 e cinco níveis

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de matéria orgânica, oriunda do esterco bovino,adicionando-se na fundação de modo a elevar os


teores do solo para 1,5; 2,0; 2,5; 3.0 e 3,5 %,respectivamente. As dosagens de biofertilizantes estão
sendo aplicado em cobertura aos 20 dias após a semeadura, em intervalos de 15 dias até o final do
experimento.

Foram coletadas amostras de esterco bovino e do biofertilizantes, sendo que essas amostras
apresentaram a seguinte composição química, respectivamente: pH (H2O): 7,77 e 6,55 ; Cálcio: 7,70
Cmolc/dm3 e 5,64 Cmolc/L, Magnésio: 15,90 Cmolc/dm3 e 3,15 Cmolc/L, potássio 24,64 Cmolc/dm3 e
4,48 Cmolc/L, sódio: 9,18 Cmolc/dm3 e 4,11 Cmolc/L.

A lâmina de água está sendo aplicada diariamente com base na evaporação potencial do dia
anterior, obtido de tanque classe ―A‖. Aos 66 dias após a semeadura (DAS), foram avaliados os
seguintes componentes de crescimento: altura da planta, diâmetro caulinar e número de folhas
p(Planta-1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os resultados analisados estatisticamente pode-se notar, que houve diferença
significativa no nível de 5% de probabilidade para as dosagens de biofertilizantes sobre diâmetro
caulinar, no entanto, os teores de matéria orgânica exerceram diferença estatística sobre todas as
variáveis de crescimento analisadas (Tabela 1).

Para o fator teor de matéria orgânica no solo, verificou-se que o gergelim BRS seda teve
comportamento linear com relação à sua altura; este comportamento pode ser mais bem visualizado na
Figura 1A, na qual se encontra o comportamento de forma gráfica, juntamente com a respectiva
equação de regressão e seu respectivo coeficiente de determinação R2. O aumento da altura da planta
variou de 152,67 a 160,83 cm, com média de 156,75 cm. Os valores encontrados foram superiores aos
63,12; 62,45; 63,34; 64,15 e 64,95 cm em altura registrados por Silva et al., (2009) com a cultura do
gergelim cv BRS Seda, testando cinco doses de esterco caprino (0, 10, 20, 30 e 40 t/ha-1).

Analisando-se os resultados estatísticos apresentados na Tabela 1, conclui-se, que as doses


de biofertilizantes e teores de matéria orgânica no solo afetaram significativamente o diâmetro,
notando-se efeitos quadráticos e lineares; com base nas equações matemáticas contidas na Figura 2 A
e 2 B. O diâmetro caulinar das plantas submetidas as dosagens de biofertilizantes apresentaram um
crescimento rápido até a dosagem de máxima eficiência física de 1,81 L por metro linear com maior

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valor de 22,1 mm, posteriormente um decréscimo até valor mínimo de 20,61 mm, referente a dose 3,2
L por metro linear (Figura 2 A). A elevação dos teores de matéria orgânica aumentou o diâmetro na
ordem de 0,21 mm para cada incremento unitário da porcentagem de matéria orgânica no solo (Figura
2 B).

O maior número de folhas com valor médio de 90 folhas planta -1 ocorreu no tratamento 3,5%
de matéria orgânica no solo, com uma superioridade de 4,65% para um incremento de 5 % no teor de
matéria orgânica no solo (Figura 1 B). Os valores obtidos foram semelhantes aos 87 folhas.planta-1
computados por Silva et al., (2009) com a cultura do gergelim cv BRS Seda, utilizando 40 t/ha-1 de
esterco caprino.

CONCLUSÕES

A elevação do teor de matéria orgânica no solo produziu efeitos significantes em todas as


variáveis de crescimento, ao contrário, das doses de biofertilizantes que tiveram efeito estatístico para
a variável diâmetro caulinar. Os tratamentos contendo o maior teor de matéria orgânica no solo foram
que proporcionaram maior valor em altura, diâmetro caulinar e número de folhas.planta-1.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, M. J. P.; SANTOS, R. A.; FERNANDES, V. L. B.; ALMEIDA, F. C. G. Exportação de nutrientes pela
colheita do gergelim (Sesamum indicum L.) cv. Jori. Ciência Agronômica, v. 26, n. 1-2, p. 27-29, 1995.

EMBRAPA, Produção de Gergelim Orgânico nas Comunidades de Produtores Familiares de São


Francisco de Assis do Piauí e Outros. Campina Grande, 2008.

MALAVOLTA, E.; ROMERO, J. P.(Coods). Manual de Adubação. 2 ed. São Paulo: ANDA,1975.338p.il.

OLIVEIRA, I.P.; ESTRELA, M.F.C. Biofertilizante do animal: potencial e uso. In: ENCONTRO DE TÉCNICOS EM
BIODIGESTORES DO SISTEMA EMBRAPA, 1983. Goiânia, Resumos... Brasília: EMBRAPA, 1984. P. 16.

SILVA, S. D.; SOARES, C. S.; COSTA, F. E.; MAGALHÃES, I. D.; ALMEIDA, A. E. S.; DANTAS, D. A.;
BEZERRA, H. M.; MEDEIROS, Y. F.In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 32, 2009,
Fortaleza. Anais... Fortaleza: O Solo e a produção de bionergia: Perspectivas e Desafios, 2009. CD

WEISS, E. A. Sesame. In: Oil seed Crops. London: longman, 1983, p. 282-340.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância para altura e diâmetro do gergelim BRS Seda obtidos até os 54 dias após a
semeadura, em função das dosagens de biofertilizantes e quantidades de esterco de bovino.
Fonte de G Altura Diâmetro Número folhas

Variação L QUADRADOS MÉDIOS

Bloco 3 253,51ns 15,09 ns 1461,69 ns

Biofertilizantes 4 120,31 ns 38,88* 1187,46 ns

Esterco bovino 4 1159,06** 46,21** 2565,65*

Biofertilizantes x Esterco bovino 16 249,46 ns 16,93 ns 1069,94 ns

Resíduo 72 291,36 11,07 984,59

Coeficiente de variação (CV) 11,12 16,03 37,11

** = ao nível de 1% de probabilidade; * = ao nível de 5% de probabilidade

162 A 95
B
161
160 90
Número de folhas (planta-1)
Altura de plantas (cm)

159
158 85
157
156 80
y =146,55+ 4,082**x
155 R2 = 0,9858
y =60,824+ 8,3342**x
154 75 R2 = 0,93
153
152 70
1,5 2 2,5 3 3,5 1,5 2 2,5 3 3,5
Teores de materia orgânica do solo (%) Teores de matéria orgânica no solo (%)

Figura 1 – Altura de planta (A) e número de folhas (B) do gergelim cv BRS Seda em função dos teores de matéria orgânica
no solo.

25 A 23
B
25 23
24
22
Diâmetro caulinar (mm)

Diâmetro caulinar (mm)

24
23 22
23 21
y =19,569 + 2,7861*x - 0,7684**x2
22 21 R2 = 0,76
22 y =17,551+ 2,0538**x
R2 = 0,93 20
21
21 20
20 19
1,5 2 2,5 3 3,5 0 0,8 1,6 2,4 3,2
Teores de materia orgânica no solo (%) Dosagens de biofertiliazntes (m linear)

Figura 2 – Diâmetro caulinar do gergelim cv BRS Seda em função dos teores de matéria orgânica no solo (A) e das
dosagens de biofertilizantes (B).

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CRESCIMENTO DA MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO DE N E B

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O crescimento da mamoneira é bastante influenciado pelas condições da fertilidade do


solo, onde ela é cultivada. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses de nitrogênio e boro
sobre o crescimento da mamoneira (Ricinus communis L.). O experimento foi conduzido em condições
de campo, na fazenda experimental Chã de Jardim/CCA/UFPB, de Maio a Novembro de 2008. Foram
utilizadas sementes de Mamoneira cv. BRS – Energia. As doses de boro, na forma de acido bórico,
constaram de 0,0 0,75; 1,25; 2,25 kg ha-1. As doses de N na forma de uréia adicionadas por tratamento
foram 0, 50, 100, 150 kg ha-1, parceladas em três vezes, 30% no plantio, 40% aos 30 e o restante aos
60 dias após a emergência. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 4x4, com quatro repetições. Foi avaliado o crescimento da mamoneira durante a condução do
experimento. O nitrogênio apresentou efeito significativo sobre o crescimento da mamoneira, o boro por
sua vez esta relacionado apenas ao processo reprodutivo da cultura, pois não apresentou efeito
significativo no estudo.
Palavras-chave – Ricinus communis L.; Interação N-B; Adubação; Nutrição Mineral

INTRODUÇÃO

Em função do Programa Nacional de Biocombustíveis, a mamoneira se tornou uma oleaginosa


de alto valor industrial e econômico, sendo o seu óleo utilizado na ricinoquímica e na produção de
biodiesel e que constitui mais uma alternativa brasileira para redução da importação de petróleo e da
emissão de poluentes e gases na atmosfera, alem de ser considerado um dos mais versáteis da
natureza e de utilidade só comparável à do petróleo, com vantagem de ser um produto renovável e
mais barato (BELTRÃO et al., 2003).

Na região semi-árida um dos problemas enfrentados pelos agricultores é a má distribuição de


chuvas. Silva (2007) em sua revisão relata que o boro torna-se indisponível para as plantas em período

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seco, e em período chuvoso em solos de textura arenosa, este pode ser lixiviado no perfil, assim como
o nitrogênio.

O nitrogênio influencia marcadamente a maioria dos processos fisiológicos que ocorrem nas
plantas, tais como fotossíntese, respiração, desenvolvimento e atividade das raízes, absorção iônica de
outros nutrientes, crescimento e etc. O boro por sua vez, promove aumento na formação da parede
celular e divisão celular, sendo sua deficiência caracterizada pela inibição do crescimento dos tecidos
meristemáticos da parte aérea e das raízes, redução da taxa fotossintética e transpiração através da
redução da área foliar e pela alteração dos compostos presentes na folha (Malavolta et al., 1997).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses de nitrogênio e boro sobre o crescimento
das plantas de mamona em ambiente protegido.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de campo, na fazenda experimental Chã de


Jardim/CCA/UFPB, no município de Areia – PB, microrregião do Brejo Paraibano. O solo utilizado
corresponde a um Latossolo Amarelo de textura franco argilo arenosa, coletado a uma profundidade de
20 cm, provenientes do horizonte A, cujos resultados da análise química e física estão apresentados
nas tabelas 1 e 2.

Após resultados da análise do solo, foi realizado o cálculo de necessidade de calcário,


seguindo recomendações de Raij et al., 1997. Aproximadamente 60 dias após a calagem foi realizada
a semeadura utilizando espaçamento de 0,70x0, 40m, com sementes da cultivar BRS – Energia, onde
também foi fornecido todos os macronutrientes exceto o N e todos os micronutrientes exceto o Boro
segundo recomendação de Raij et al., (1997).

O experimento foi instalado de acordo com o delineamento inteiramente casualizado, com


quatro repetições e 16 plantas por unidade experimental. Os fatores avaliados foram quatro doses de
nitrogênio (N) e de boro (B) distribuídos em esquema fatorial 4x4, totalizando 16 tratamentos.

As quantidades de N na forma de uréia adicionada por tratamento foram: 0, 50, 100,


150 kg ha-1, parceladas em três vezes, ou seja, 30% no plantio, 40% aos 30 e 30% aos 60 dias após a
emergência (DAE). As quantidades de boro adicionadas foram de 0,0 0,75; 1,25; 2,25 kg ha -1, na forma
de ácido bórico (H3BO3 – 17% B) aplicadas na forma de fertirrigação 7 dias após a emergência, de

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acordo com as recomendações do Boletim 100 IAC (RAIJ et al., 1997). O desbaste foi realizado aos 5
dias após a emergência deixando apenas uma planta por cova.

As variáveis estudadas foram: Altura de plantas (aferido a altura total das plantas com trena
milimetrada), altura do racemo principal (aferida a altura da inserção do racemo principal com auxílio de
uma trena), diâmetro do caule (com paquímetro foi determinado o diâmetro do caule a 5 cm do solo),
número de folhas (contato o número de folhas fotossinteticamente ativas) aos 90 dias após a
emergência (DAE).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e de regressão. Os efeitos do N e


do B foram avaliados mediante regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para as variáveis de crescimento observou-se efeito positivo do nitrogênio sobre as variáveis,


altura do primeiro racemo, diâmetro caulinar e matéria seca das sementes, não exercendo efeito sobre
as demais. Com a relação ao boro percebe-se que este elemento não exerce efeito sobre o
crescimento da mamoneira. Souza, (2008) constatou que este elemento está mais associado à
reprodução notadamente no aumento do número de frutos. Para a matéria seca das sementes houve
efeito da interação NxB através do teste F, contudo através do estudo de regressão apenas o efeito do
N foi significativo (tabela 3).

O máximo obtido em altura do primeiro racemo, diâmetro do caule e matéria seca das
sementes foi de 113,11 cm 3,23 cm e 1613,56 g parcela-1, referente as doses de 150,0; 166,67 e 76,5
kg ha-1 de N respectivamente (tabela 3). Deves-se salientar que elevadas doses de N promovem o
crescimento vegetativo em detrimento do crescimento reprodutivo, devendo levar em consideração a
dose de 76,5 kg ha-1 como a que promova melhor crescimento, sendo esta também a que melhor se
associa com as produtividades máximas obtidas.

O nitrogênio faz parte da estrutura da planta, sendo componente de aminoácidos,


proteína, enzimas, RNA, DNA, ATP, clorofila dentre outras moléculas, portanto sua deficiência reduz o
crescimento da mesma (MALAVOLTA et al., 1997). Santos et al. (2004) citam que a falta de nitrogênio
impede o crescimento inicial por impossibilidade de incorporar carbono. À medida que a planta cresce,
falta nitrogênio para construir maior quantidade de clorofila, maior quantidade de Rubisco e até mesmo
limita a regeneração da Rubisco existente.

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Silva (2007) e Lange et al. (2005) citam que o boro apresenta maior efeito no processo
reprodutivo de que o vegetativo, contudo foi observado que as plantas com excesso de boro
apresentaram crescimento reduzido, e as plantas com sintoma de toxidez além do crescimento
reduzido apresentaram superbrotamento lateral, quando comparadas com as com concentrações
normais deste micronutriente.

CONCLUSÃO

A altura de plantas e diâmetro do caule sofreram efeito positivo do nitrogênio. O boro por sua
vez não apresentou efeito significativo em incrementar os valores dessas variáveis.

Ocorreu aumento do número de folhas em função das doses de N e B aplicadas, sendo apenas
a área foliar a variável que sofreu efeito positivo da interação N-B.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. M.; ARAÚJO, A. E.; AMARAL, J. A B.; SEVERINO, L. S.; G. D.; PEREIRA, J. R.
Zoneamento e época de plantio da mamoneira para o Nordeste brasileiro: Municípios com
aptidão sem restrições. Campina Grande, Paraíba: Embrapa Algodão, 2003, sp.

BLEVINS, D. G.; LUKASZEWSKI, K. M. Boron plant structure and function. Annual review of plant
physiology and plant molecular biology. Palo Alto, v. 49, p. 481-500. 1998.

LANGE, A.; MARTINES, A. M.; SILVA, M.A.C.; SORREANO, M.C.M.; CABRAL, C.P.; MALAVOLTA, E.
Efeito de deficiência de micronutrientes no estado nutricional da mamoneira cultivar Íris. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v. 40, p. 61 – 67. 2005.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafos. 1997. 319p.

RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e
calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 1997.
285p.

SANTOS, A. C. M.; FERREIRA, G. B.; XAVIER, R. M.; FERREIRA, M. M. M.; SEVERINO, L. S.;
BELTRÃO, N. E. M.; DANTAS, J. P.; MORAES, C. R. A. Deficiência de nitrogênio na mamona (Ricinus
communis L.): Descrição e efeito sobre o crescimento e a produção da cultura. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA, 1. 2004. Anais... Campina Grande – Paraiba. CD-ROM. 2004.

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SILVA, D. H. Boro em mamoneira: Aspectos morfológicos e fisiológicos relacionados à


deficiência e toxicidade. Piracicaba. 2007, 103 f. Dissertação (mestrado em ciências). Centro de
Energia Nuclear na Agricultura, Universidade São Paulo.
SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.
2008. 36f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia). DSER, UFPB, Areia, 2008.

Tabela 1. Características químicas do solo coletado, na profundidade de 0 a 20 cm


pH P K Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ + Al3+ C M.O.
1:2,5 (H2O) --------mg dm-3------- -------------------------cmolcdm-3----------------------- ---------g kg-1----------
4,58 4,2 51,0 2,7 1,1 0,7 13,2 31,1 53,6
S – SO4- B Cu Fe Zn Mn
-----------------------------------------------------------------mg dm-3-----------------------------------------------------------------
0,2 0,06 0,0 41,1 0,1 0,7

Tabela 2. Características físicas do solo coletado, na profundidade de 0 a 20 cm.


Areia Argila Grau de Densidade Densidade de Porosidade
Silte Argila
Grossa Fina dispersa floculação do solo partícula total
-----------------------g kg-1------------------------ -kg dm-3- ------------g cm-3------------- ---m3 m-3---
144 481 43 332 28 916 1,03 2,60 0,60

Tabela 3. Equação de regressão e R2 das varíaveis avaliadas em função dos tratamentos.


Variável Equação de regressão R2
Altura (cm) Ns ns
Altura primeiro racemo (cm) Y = 93,61 + 0,13 N 0,91**
Diâmetro do caule (cm) Y = 2,39 + 0,01N – 0,00003N2 0,71**
Número de folhas (ud) Ns ns
Matéria seca da casca
Ns ns
(g/parcela)
Matéria seca das sementes
1203,90 + 10,71N – 0,07N2 0,82
(g/parcela)
Variável Equação de regressão R2
*, **, ns: significativo a 5%, 1% e não significativo respectivamente.

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CRESCIMENTO DE MUDAS DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) SOB DIFERENTES


DOSAGENS DE BIOFERTILIZANTE

Aline Silva Ferreira¹, Emannuella Hayanna Alves de Lira¹, José Thyago Aires Souza¹,
Suenildo Jósemo Costa Oliveira²
¹ Graduanda em Agroecologia (asdfaline@gmail.com), Universidade Estadual da Paraíba , Campus II ² Prof. Dr. CCAA,
Universidade Estadual da Paraíba

RESUMO – O pinhão manso (Jatropha curcas L.) reúne ótimas condições para a produção de
biodiesel. Na região semi-árida, outras características lhe conferem boa aceitação como: persistência a
seca, resistência fitossanitária, baixo custo de produção, boa adaptabilidade a solos pouco férteis e alta
produtividade de óleo. O biofertilizante atua nutricionalmente no metabolismo da planta além de
participar ativamente da atividade microbiana e bioativa sendo responsável por uma maior proteção a
cultura. Este trabalho teve como objetivo avaliar a dosagem de biofertilizante mais adequada a ser
aplicada em mudas de pinhão manso. Foram utilizadas 20 mudas de pinhão, produzidas no viveiro do
CCAA. A aplicação foi feita via solo em cinco concentrações (0;5;10;15;20 ml) aplicadas aos 30 e 45
dias após germinação, as variáveis analisadas foram: altura da planta(cm), diâmetro caulinar (mm),
número de folhas(unid.), área foliar (cm), volume radicular (mm) e comprimento radicular (cm)
avaliadas em um período de 60 dias. A aplicação do biofertilizante em suas diferentes dosagens não
influenciou significativamente no crescimento inicial das mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.).
Palavras-chave – Agroecologia; adubação orgânica, Jatropha

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) ocorre em solos de baixa fertilidade e apresenta boa
persistência a escassez de água, se adaptando bem a região do Nordeste é uma boa alternativa para o
agricultor familiar, tanto para extração de óleo vegetal quanto para outras finalidades, já que, permite
um baixo custo de produção devido a sua resistência natural a pragas e doenças, pela sua rusticidade
e adaptabilidade as condições edafoclimáticas da região semi-árida nordestina. (OLIVEIRA, 2009).

Estima-se que existe uma grande diversidade de oleaginosas na qual se pode utilizar o óleo
como fonte de matéria prima para a produção de biodiesel, o pinhão manso é um dos destaques já que
possui um grande potencial para produzir óleo além de sua grande diversidade territorial se adaptando
a diversos solos e climas (BELTRÃO, 2006).

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Segundo PEIXOTO (1973) o pinhão manso pode ser utilizado para outros fins além da
produção de biodiesel, oferecendo diversas opções ao produtor, tais como: pode ser usado no suporte
de plantas trepadeiras, atuar na fixação de áreas de dunas, em orlas marítimas e ainda pode ser
aproveitado em cercas vivas, já que quando mutilados, eles liberam um látex cáustico que afasta os
animais.

Os biofertilizantes são compostos bioativos que resultam da fermentação de compostos


orgânicos que contêm células vivas ou latentes de microrganismos e por compostos de seus
metabolismos, além de quelatos organominerais que funcionam como indutores de resistência,
promotores de crescimento e protetores de planta (ALVES et al., 2001). O biofertilizante fortalece a
planta porque após a fermentação ele produz diversos compostos como as enzimas, ácidos orgânicos,
hormônios, vitaminas e aminoácidos que através do equilíbrio nutricional atua no mecanismo de defesa
da planta (CAMPOS et al. 2008).

De acordo com SANTOS (1992) o biofertilizante bovino pode ser considerado uma das
alternativas na busca de se melhorar o desenvolvimento vegetativo de culturas em sistemas naturais
de cultivo.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a dosagem de biofertilizante que proporcione melhor
crescimento em mudas de pinhão manso.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado no viveiro de mudas do Campus II da Universidade Estadual da


Paraíba, no município de Lagoa Seca - PB, com clima tropical úmido e temperatura média anual em
torno de 22°C sendo a mínima de 18°C e a máxima de 33°C, no período de março a abril de 2010.

Para análise foram utilizadas 20 mudas de pinhão de pinhão manso (Jatropha curcas L.)
produzidas na própria instituição no dia 03/03/10 em sacos plásticos de polietileno 2.009 cm³ de solo, o
tipo de solo utilizado foi o Neossolo Regolítico.

As aplicações de biofertilizante utilizadas no experimento foram de 0; 5; 10; 15; 20


ml/planta/tratamento em um delineamento experimental de blocos ao acaso com 5 tratamentos e 4
repetições, onde cada muda representa uma repetição.

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O biofertilizante foi produzido na própria instituição a partir de: 10L de leite, 10 kg de melaço,
80 litros de esterco completado com água e pelos minerais 2,0 Kg de sulfato de zinco, 2,0 kg de sulfato
de magnésio, 300g de sulfato de cobre e 50g de sulfato de cobalto.

As aplicações de biofertilizante foram feitas no turno da manhã, em forma de círculo


diretamente no solo á 3 cm de distância do colo da planta, através de uma seringa com capacidade
para 10ml.

As plantas foram avaliadas por um período de 60 dias, através das variáveis: altura da planta,
diâmetro caulinar, nº de folhas e área foliar, durante este período foram feitas duas aplicações de
biofertilizante (aos 30 e 45 dias após germinação), na qual foi observada a dosagem de biofertilizante
mais adequada para o melhor crescimento da muda de pinhão manso.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se através da Tabela 1, que pela análise de variância, as plantas adubadas com
crescentes dosagens de biofertlizante não apresentaram efeitos significativos.

Considerando-se os valores absolutos pode-se perceber que os maiores valores para as


variáveis altura da planta, diâmetro caulinar, número de folhas e comprimento radicular foram obtidos
quando não utilizou-se a aplicação do biofertilizante, ou seja, a testemunha.

Contudo na variável área foliar o melhor desenvolvimento deu-se pela aplicação de 20 mL de


biofertilizante, obtendo-se 124,2 (cm²). Na variável volume da raiz o resultado mais considerável foi
alcançado pela aplicação de 10 mL de biofertilizante, com média de 0,85.

Estes resultados podem ter sido influenciados pela quantidade de reserva existente nos
cotilédones. Embora o espaçamento de dias tenha sido considerável, a planta não conseguiu uma
resposta fisiológica em tempo hábil durante o período de avaliação (TAIZ e ZIGER,2004).

CONCLUSÃO

De acordo com as condições em que foi conduzido o experimento pode-se concluir que
a aplicação do biofertilizante em suas diferentes dosagens não influenciou significativamente no
crescimento inicial das mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alves SB, Medeiros MB, Tamai MA & Lopes RB (2001) Trofobiose e microrganismos na proteção
de plantas. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, 16-19p

BELTRÃO, N.E. de M.; SILVA, L.C.; MELO, F. de B. Mamona consorciada com feijão visando
produção de biodiesel, emprego e renda. Socieconomia. Bahia Agric., v. 5, n. 2, 2002, 4p. (On-line).

CAMPOS, Ana Claudia, et al; Cuidando da terra, cultivando a biodiversidade, colhendo soberania
alimentar. Terra livre de transgênicos e sem agratóxicos construindo o projeto popular e soberano para
a agricultura 7° jornada de agroecologia 23 a 26 de julho de 2008 - paraná.
OLIVEIRA. S.J.C Componentes do pinhão manso (Jatropha curcas L.) em função da poda e
adubação mineral. Areia – PB, 2009. 110p. Tese (Doutorado em Agronomia: Agricultura Vegetal).
Programa de Pós- graduação em Agronomia, Universidade Federal da Paraíba – 2009.
PEIXOTO, A.R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973. 284p.

SANTOS, A.C.V. Biofertilizante líquido, o defensivo agrícola da natureza. Rio de Janeiro,EMATER-


RIO, 1992, 16p.

TAIZ, L.; ZIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p.

Tabela 1- Análise de variância das variáveis do pinhão manso (Jatropha curcas L.) submetidos à fertiirrigação com doses
crescentes de biofertilizante, Lagoa-Seca, PB. 2010.
Quadrado Médio

FV GL Altura (cm) Diâmetro (mm) Número de folhas Área (cm) Comp. de raiz Vol. raiz (mL)

Tratamento 4 30,07ns 0,0467ns 2, 175 ns 7088,45 ns 35, 495ns 0,0363ns

Resíduo 15 46,15 0, 1522 10, 167 11641,29 33, 952 0,3608

CV% 0, 279 0, 3562 0, 4088 2, 0196 0,2928 0,8285

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CRESCIMENTO DE PLANTAS DE PINHÃO MANSO EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E


MINERAL1

Rosiane de Lourdes Silva de Lima1; Lígia Rodrigues Sampaio2; Maria Aline de Oliveira Freire3;
Genelicio Souza Carvalho Júnior4; Valdinei Sofiatti5; Nair Helena Castro Arriel5, Napoleão Esberard de
Macêdo Beltrão5
1Pesquisadora, Bolsista DCR pelo CNPq-FAPESQ/PB. Endereço: Rua Treze de Maio, 21, AP-202, Centro Campina Grande,
PB. E-mail: limarosiane@yahoo.com.br; 2 Mestre em Engenharia Química, Doutoranda em Engenharia Química pela
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG/PB). E-mail: liggiasampaio@yahoo.com.br; 3Técnica Agrícola, Graduanda
em Biologia pela Universidade Vale do Acaraú (UVA). E-mail: alineuepb@hotmail.com; 4Graduando em Ciências Biológicas
pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Bolsista do CNPq e Estagiário da Embrapa Algodão, Campina Grande, PB.
E-mail: geneliciojunior@hotmail.com; 5 Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa Algodão. E-mail:
vsofiatti@cnpa.embrapa.br, nair@cnpa.embrapa.br, nbeltrao@cnpa.embrapa.br

RESUMO: O pinhão manso é uma espécie perene que concentra em suas sementes cerca de 25% de
óleo de excelente qualidade. Sua resposta à adubação ainda é pouco conhecida, necessitando de
estudos mais aprofundados para auxiliar os programas de recomendação de adubação para a
exploração racional desta oleaginosa. O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta do pinhão manso
a adubação orgânica e mineral em condições de vaso. O experimento consistiu de uma combinação
fatorial (3 x 2 + 2), sendo os fatores doses de matéria orgânica (600, 1200 e 2400 kg ha -1) com
presença ou ausência de adubação química com P e K, além de um tratamento testemunha sem
adubação orgânica e mineral e um tratamento adicional somente com adubação química. Aos 100 dias
da semeadura foram registrados os valores de altura da planta, diâmetro caulinar, número de folhas,
área foliar, massa seca de folhas, de caule e do sistema radicular das plantas. Os resultados indicaram
que o uso de esterco bovino associado com fertilizante mineral (P e K) aumenta consideravelmente o
crescimento das plantas de pinhão manso. A aplicação isolada de matéria orgânica na forma de
esterco bovino é uma excelente alternativa para a adubação do pinhão manso, embora a melhor
resposta ocorra quando esta é combinada com a adubação mineral com P e K.
Palavras-Chave: Jatropha curcas, adubação, nutrição mineral de plantas.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta oleaginosa perene da família das
Euforbiáceas, originária das Américas. A tecnologia para seu cultivo ainda não está completamente
desenvolvida, mas predominantemente se sugere que seu plantio seja feito através de mudas

Trabalho financiado pelo convênio Fapesq/PB/CNPq


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originadas de sementes, devido às plantas originadas de mudas de estacas apresentarem menor


longevidade (Heller, 1996).

A adubação é uma das principais tecnologias usadas para aumentar a produtividade e a


rentabilidade das culturas, embora tenha alto custo e possa aumentar o risco do investimento agrícola.
Contudo, há escassez de recomendação de adubação para o pinhão manso sob as diferentes
condições de cultivo.

A adubação orgânica com a utilização de resíduos orgânicos é uma prática comum na


condução de lavouras de pequenos agricultores. Para a cultura da mamoneira, oleaginosa da mesma
família do pinhão manso, Severino et al. (2006) constataram que em relação ao tratamento sem
adubação, a adubação orgânica, isoladamente, aumentou a produtividade em 457,6 kg ha-1, a
adubação mineral aumentou em 824,4 kg ha-1 e a combinação, de adubação orgânica e mineral
aumentou a produção em 1.008,8 kg ha-1. Para a cultura do pinhão manso, Silva et al. (2007a),
estudando os efeitos da adubação nitrogenada e fosfatada na produção de plantas de pinhão manso,
constataram que a aplicação de 240 e 400 kg de N e P2O5 ha-1 ano-1, respectivamente,
proporcionaram a máxima produção de grãos da ordem de 1538 kg ha-1 ano-1. Os autores
constataram ainda que a aplicação de P elevou a produção linearmente somente a partir da aplicação
de 125 kg de N ha-1 ano-1, e que abaixo dessa dose o aumento da aplicação de doses de P reduziu a
produção de grãos de forma linear.

Quanto aos efeitos da adubação nitrogenada e potássica sobre as características de


crescimento de plantas de pinhão manso, em condições de casa de vegetação, Silva et al. (2007b)
verificaram que a adubação nitrogenada e potássica aumentaram o número de folhas e a produção de
matéria seca da parte aérea das plantas. Produção máxima de caule e de raízes de plantas de pinhão
manso foi constatada por Kurihara et al. (2006) com a aplicação de 282 e 271 mg dm-3 de P,
respectivamente. Quanto aos efeitos da adubação potássica, no crescimento inicial do pinhão manso,
irrigado por gotejamento, nas condições do Sul de Minas Gerais, Oliveira et al. (2007) constataram que
a aplicação de doses de KCl (30, 60, 90 e 120 kg ha-1 de K2O) parcelados em 3 vezes, não influenciou
o crescimento das plantas, até os 150 dias após o transplantio das mudas.

As pesquisas com adubação orgânica e mineral para a cultura do pinhão manso são escassas,
limitando-se a alguns trabalhos que avaliam os efeitos da adubação mineral em condições de casa de
vegetação e de campo. Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo avaliar o crescimento inicial
de plantas de pinhão manso em resposta a adubação orgânica e mineral, de plantas cultivadas em
vaso.

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METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação pertencente à Embrapa


Algodão em Campina Grande, no período de maio a outubro de 2007. Sementes de pinhão manso
foram semeadas em vasos de 15 litros, contendo como substrato amostras de solo classificado como
Neossolo Regolítico (Regossolo), de textura arenosa, apresentando pH de 5,6 (medido em água 1:2,5),
Ca2+ de 4,9, Mg2+ de 7,6, Na+ de 0,6, K+ de 0,4, H+Al de 6,6 e CTC = 20,1 mmolc dm-3, índice de
saturação de bases de 67%, Al3+ de 2,0 mmolc dm-3, teor de P de 1,5 mg dm-3 e matéria orgânica de
2,1 g kg-1.

O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados, com 4 repetições e oito


tratamentos arranjados em esquema fatorial 3 x 2 + 2, sendo os fatores doses de matéria orgânica
(600, 1200 e 2400 kg ha-1) com presença ou ausência de adubação química com P e K, além de um
tratamento testemunha sem adubação orgânica e mineral e um tratamento adicional somente com
adubação química. Cada unidade experimental constou de 1 vaso, contendo uma planta cada.

A torta de mamona adicionou ao solo N nas dosagens de 41,17; 82,34 e 164,67 kg ha-1, P nas
dosagens de 16,98; 33,96 e 67,92 kg ha-1, e K nas quantidades de 3,6, 7,21 e 14,41 kg ha-1 por meio
da aplicação de 600, 1200 e 2400 kg ha-1, respectivamente. Os tratamentos com presença e ausência
de P2O5 e K2O na forma mineral foram aplicados nas quantidades de 50 kg ha-1 de P2O5 na forma de
superfosfato simples, e 50 kg ha-1 de K2O, na forma de KCl.

A matéria orgânica, na forma de torta de mamona, foi incorporada aos 20 primeiros


centímetros do vaso e misturada ao solo. Posteriormente aplicaram-se os fertilizantes minerais,
conforme os tratamentos.

Aos 100 dias após a semeadura foram tomadas as medições de altura de planta, diâmetro
caulinar, número de folhas, área foliar, massa seca de folhas, caule e do sistema radicular e massa
seca total. A área foliar foi calculada pela fórmula A= 0,84 (PL) 0,99, em que P = comprimento da
nervura principal da folha, L = largura da folha e A = área foliar (SEVERINO et al., 2007). Para
determinação da biomassa seca, a parte aérea e as raízes do pinhão foram separados em folhas,
caules e raízes, postos para secar em estufa de circulação de ar forçada a 65°C, até peso constante.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (Teste F), e regressão polinomial.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resumo da análise de variância é apresentado na Tabela 1. Verificou-se que o crescimento


inicial das plantas de pinhão manso foi influenciado pela adubação constatando-se efeitos simples da
adubação mineral com PK, além de interação significativa entre matéria orgânica e adubação mineral
com PK, para as variáveis altura de plantas, massa seca de folhas e massa seca de caule. Também
constatou-se diferenças significativas no contraste entre o tratamento adicional (NPK) e a testemunha
(sem fertilizante), exceto para as variáveis número de folhas (NF) e área foliar (AF).

O crescimento inicial de plantas de pinhão manso foi significativamente influenciado pela aplicação da
matéria orgânica associada com o fertilizante mineral P e K (Tabela 1), verificando-se aumento do diâmetro
caulinar, número de folhas, área foliar e massa seca de raiz. Observa-se aumento linear do crescimento quando
se aumentou a dose de matéria orgânica, principalmente quando a adubação orgânica foi combinada com a de
fertilizante mineral (PK). Nos tratamentos que receberam matéria orgânica na dose de 600 kg ha-1 e não foram
fertilizados com adubo mineral contendo P e K, a altura das plantas foi de 30,1 cm, apresentando pequeno
aumento com o incremento da dose de matéria orgânica aplicada (Figura 1A). Por outro lado, o aumento da
dose de matéria orgânica combinada a adubação mineral com P e K, proporcionou aumento de 79% na altura de
plantas da menor (600 kg ha-1) para a maior dose (2400 kg ha-1).

Quanto aos efeitos da aplicação de doses de matéria orgânica associada ou não com P e K sobre a
massa seca de folhas, observa-se aumento linear nas duas situações. A massa seca de folhas aumentou em
média 0,3 e 1,1 gramas por planta a cada 100 kg ha-1 de aumento na dose de esterco bovino sem e com
adubação mineral com P e K, respectivamente. Assim, verifica-se que a conforme verificado com a altura das
plantas o uso da matéria orgânica associada a adubação mineral complementar com P e K aumenta
consideravelmente o crescimento das plantas em relação ao uso de matéria orgânica isolada.

A massa seca de caule foi significativamente influenciada pela aplicação da matéria orgânica
combinada com o fertilizante mineral P e K. Por outro lado, a simples aplicação de esterco bovino na ausência
do fertilizante mineral pouco influenciou a produção de massa seca do caule das plantas, observando-se dados
médios de 32,7 gramas por planta. De maneira similar ao observado para as variáveis altura de plantas e massa
seca de folhas, observa-se que a produção de massa seca de caule aumentou com o incremento da dose de
fertilizante orgânico aplicado.

Na Tabela 2 são apresentadas as variáveis de crescimento das plantas e as comparações entre as


doses de matéria orgânica com e sem suplementação de P e K mineral. Verifica-se que a adição de fertilizante
mineral aumentou o crescimento de todas as variáveis analisadas. O tratamento com adubo químico também
proporcionou maior crescimento das plantas em relação a ausência de adubação.

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CONCLUSÕES

O uso de esterco bovino associado com fertilizante mineral (P e K) aumenta consideravelmente


o crescimento das plantas de pinhão manso.
A aplicação isolada de matéria orgânica na forma de esterco bovino é uma excelente
alternativa para a adubação do pinhão manso, embora a melhor resposta ocorra quando esta é
combinada com a adubação mineral com P e K.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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and neglected crops. Institute of Plant Genetics and Crop Plant Research, Gatersleben/International
Plant Genetic Resources Institute, Rome. 66p. 1996.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância da altura da planta (AP - cm), Diâmetro caulinar (DC - mm), número de
folhas/planta (NF), área foliar (AF - cm2), massa seca de folhas (MSF– g), massa seca de caule (MSC – g) e massa seca do
sistema radicular (MSR - g) em plantas de pinhão manso fertilizadas com matéria orgânica na ausência e presença de
fertilizante mineral (PK).
Quadrados médios
F.V. G.L.
AP DC NF AF MSF MSC MSR
MO 2 695ns 66ns 1088ns 24149990ns 360ns 3540ns 662ns
PK 1 3384** 569** 6478** 3781520ns 741** 18007** 5349**
MO x PK 2 433 * 107 ns 152 ns 806285 ns 99 * 2522* 651ns
Fatorial x adicionais 1 2257 ** 861 ** 2555 ** 18981165 ns 690 ** 9083 ** 4421**
Adic X test 1 1785 ** 669 ** 528 ns 3481210 ns 172 * 18 ns 648ns
Resíduo 24 1383** 349** 1720** 10879492ns 360** 5864** 1863**
CV (%)
** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F. ns – Não significativo.

Tabela 2 – Efeito da fertilização orgânica com e mineral sobre o crescimento de plantas de pinhão manso em diâmetro
caulinar (DC), área foliar (AF), número de folhas (NF) massa seca de folhas (MSF), massa seca de caules (MSC) e massa
seca da raiz (MSR).
Fatores DC AF NF ALT MSF MSC MSR

Dose de esterco

600 37,6 1586 28,8 35,5 12,4 41,23 29,7

1200 41,1 1789 31,2 42,0 15,2 56,48 46,6

2400 43,3 4692 50,1 53,9 25,2 82,8 43,8

Adubação orgânica

Sem PK 35,8 b 2292 b 20,3 b 31,9 b 12,0 b 32,7 b 25,1 b

Com PK 45,6 a 3086 a 53,2 a 55,7 a 23,1 a 87,5 a 55,0 a

Fatorial vs. trat adicionais

Fatorial 40,7 a 2689 a 36,7 a 43,8 a 17,6 a 60,2 a 40,0 a

Trat. adicional 28,7 b 910 b 16,1 b 24,4 b 7,01 b 21,3 b 10,0 b

Tratamentos adicionais

Com adubo (PK) 37,9 a 1570 a 24,2 a 39,3 a 11,5 a 36,4 a 16,9 a

Sem adubo (PK) 17,6 b 251 b 8,0 b 9,5 b 2,5 b 6,12 b 3,9 b

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80

60

A.

Altura (cm)
40

20 Yˆ = 28,9 + 0,002 X R2 = 0,93

YˆPK = 30,2 + 0,018X R2 = 0,99

0
0 600 1200 1800 2400
-1
Matéria Orgânica (kg ha )

40

Yˆ = 7,2 + 0,003 X R 2 = 0,96


Massa seca de folhas (g/planta)

30 YˆPK = 7,62 + 0,011 X R2 = 0,98

20
B.

10

0
0 600 1200 1800 2400
Matéria Orgânica (kg ha-1)

140
Ŷ = 32,7
120
YˆPK = 30,05 + 0,04 X R2 = 0,96
Massa seca de Caule (g/planta)

100

80
C.
60

40

20

0
0 600 1200 1800 2400
Matéria Orgânica (kg ha-1)

Figura 1. Efeito da aplicação de doses de matéria orgânica na presença e na ausência de PK sobre a altura das plantas
(A), massa seca de folhas (B) e massa seca de caule (C) em plantas de pinhão manso.

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CRESCIMENTO DO ALGODÃO COLORIDO EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO FOLIAR DE N E B

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O algodoeiro é uma planta que evoluiu sobre solos ricos em nutrientes, tendo necessidade
de solos férteis para se desenvolver adequadamente O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de
aplicações foliares de nitrato de amônio e ácido bórico a partir do florescimento sobre o crescimento do
algodão colorido. O experimento foi instalado em ambiente protegido pertencente ao
DSER/CCA/UFPB, o delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 13
tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constituíram-se de uma testemunha, de quatro
freqüências de aplicação e três tipos de adubação foliar. As fontes utilizadas foram o nitrato de amônio
– 35% de N (sol. 10%), e o ácido bórico – 17% de B (sol. 0,5%), aplicando-se um volume de calda
equivalente a 250 L ha-1. Analisaram-se altura total de plantas, altura de inserção do primeiro capulho,
diâmetro do caule, número de folhas. Os resultados permitiram concluir que a adubação foliar
nitrogenada, boratada e sua interação nas concentrações utilizadas não promoveram efeito significativo
sobre as variáveis de crescimento estudadas.
Palavras-chave – Gossypium hirsutum L.; Adubação foliar; Interação N-B; Nutrição mineral

INTRODUÇÃO

O algodoeiro é uma planta que evoluiu sobre solos ricos em nutrientes, tendo necessidade de
solos férteis para se desenvolver adequadamente e, assim, extrai grandes quantidades de nutrientes
do solo durante o seu ciclo (FUNDAÇÃO MT, 2001). Alguns fatores podem limitar a difusão de
nutrientes como: grande carga de capulhos em rápido desenvolvimento, redução da atividade radicular
causada pala compactação do solo, acidez ou nematóides, falta temporária de umidade no solo, o que
limita a difusão de nutrientes (CARVALHO et al., 2001).

A adubação foliar, portanto seria a opção viável, para corrigir e complementar a adubação via
solo, visando ao aumento da eficiência de uso de nutrientes, da produtividade e do lucro, haja vista,
que mais de 50% da maioria dos nutrientes são absorvidos após início do florescimento. O padrão de

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absorção dos micronutrientes é semelhante ao dos macronutrientes (MALAVOLTA, 2002). Tendo em


vista a obrigatoriedade do uso, na cultura do algodão, de um esquema definido para o controle de
pragas, que inclui várias pulverizações durante o ciclo da cultura, tem-se a oportunidade de conjugar as
duas práticas – adubação e controle de pragas e doenças – em uma só aplicação.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de aplicações foliares de nitrato de amônio e ácido
bórico a partir do florescimento sobre a produção do algodão colorido BRS Rubi.

METODOLOGIA

O experimento foi instalado em ambiente protegido no período de Abril de 2008 a Março de


2009, localizado no Departamento de Solos e Engenharia Rural (DSER), do Centro de Ciências
Agrárias (CCA), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O solo utilizado corresponde a um
Latossolo Amarelo de textura argilo-arenosa, coletado em área onde foi realizado calagem
previamente, com calcário dolomítico, a fim de elevar a saturação por bases a 70%, cujos resultados da
análise química estão descritos no quadro 1.

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições e uma planta por
unidade experimental (composta por vasos plásticos de 8,0 dm3 de capacidade). Os fatores avaliados
foram cinco freqüências de aplicação de adubo foliar a partir do florescimento (início do florescimento,
3, 5 e 7 semanas após o florescimento) e três tipos de adubação foliar (Nitrogenada, Boratada e
Nitrogenada-Boratada) distribuídos em esquema fatorial 4x3 +1, mais um adicional que foi a
testemunha totalizando 13 tratamentos.

Os tratamentos foram aplicados no início do florescimento da cultura onde foi realizada as


seguintes aplicações: testemunha (sem adubação foliar); N1 = aplicação de N na primeira semana após
o florescimento fornecendo 25 kg ha-1 de N; N2 = aplicação de N na 1°, 2° e 3° semana após o
florescimento fornecendo 25 kg ha-1 de N, totalizando 75 kg ha-1 de N; N3 = aplicação de N na 1°, 2°,
3°, 4° e 5° semana após o florescimento fornecendo 125 kg ha -1 de N; N4 = aplicação de N na 1°, 2°,
3°, 4°, 5°, 6° e 7° semana após o florescimento fornecendo 175 kg ha -1 de N; B1 = aplicação de B na
1° semana após o florescimento fornecendo 1,25 kg ha -1 de B; B2 = aplicação de B na 1°, 2° e 3°
semana após o florescimento fornecendo 3,75 kg ha -1 de B; B3 = aplicação de B na 1°, 2°, 3°, 4° e 5°
semana após o florescimento fornecendo 6,25 kg ha -1 de B; B4 = aplicação de B na 1°, 2°, 3°, 4°, 5°,
6° e 7° semana após o florescimento fornecendo 8,75 kg ha -1 de B. NB1 = aplicação de N e B na 1°
semana após o florescimento fornecendo 25 e 1,25 kg ha -1 de N e B, respectivamente; NB2 = aplicação

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de N e B na 1°, 2° e 3° semana após o florescimento fornecendo 75 e 3,75 kg ha -1 de N e B,


respectivamente; NB3 = aplicação de N e B na 1°, 2°, 3°, 4° e 5° semana após o florescimento
fornecendo 125 e 6,25 kg ha-1 de N e B, respectivamente; NB4 = aplicação de N e B na 1°, 2°, 3°, 4°,
5°, 6° e 7° semana após o florescimento fornecendo 175 e 8,75 kg ha -1 de N e B, respectivamente.

As aplicações foliares foram realizadas com atomizadores individualizados por tratamento,


tendo como fonte o nitrato de amônio – 35% de N (sol. 10%), e o ácido bórico – 17% de B (sol. 0,5%),
aplicando-se um volume de calda equivalente a 250 L ha -1 no início do dia. As variáveis estudadas
foram: altura total de plantas: aferiu-se a altura do solo até o ápice da planta com auxilio de uma trena;
altura de inserção do primeiro capulho: aferiu-se a altura do solo até o primeiro ramo reprodutivo;
diâmetro do caule: com paquímetro determinou-se o diâmetro a 5 cm da superfície do solo; número de
folhas: contou-se o número de folhas fotossinteticamente ativas.

Os resultados obtidos para as variáveis de crescimento foram submetidas à análise de


variância sendo o nível de significância determinado pelo teste F, e a diferença entre a testemunha e
fatorial determinada através do teste de contraste ortogonal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As variáveis de crescimento estudadas não sofreram efeito da adubação foliar nitrogenada


empregada durante o ciclo da cultura (tabela 1). A aplicação de N no solo, geralmente, é
desaconselhada depois das primeiras semanas do florescimento, pois aumenta os riscos associados
ao crescimento vegetativo e ao consumo de luxo, à maturação e ao aumento do período de exposição
da planta aos insetos (CARVALHO et al.,(2001), a aplicação foliar por sua vez não alterou as
características vegetativas da cultura, apesar da cultura ser altamente exigente em N. Este mesmo
autor avaliando a altura e o número de entrenós do algodoeiro em função da adubação foliar N e K,
observou que não houve efeito dos tratamentos empregados sobre estas variáveis.

Almeida et al., (2000) avaliando o desenvolvimento do feijoeiro em função da adubação foliar


com N, não encontrou diferença significativa entre as variáveis analisadas, mesmo com a aplicação de
120 g kg-1 de N, o autor ainda conclui que a concentração e a época de aplicação da solução são
fatores importantes, haja vista, ocorrer sintomas de fitotoxicidade em função destes.

A aplicação de boro foliar semelhantemente a de nitrogênio não promoveu efeito sobre o


crescimento da cultura. O boro é uma nutriente cuja deficiência causa a inibição do crescimento dos

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tecidos meristemáticos da parte aérea e da raiz (MALAVOLTA, 2002). Asad et al., (2003) conclui que a
aplicação foliar de concentrações crescentes de boro em girassol, promoveram aumento da matéria
seca da cultura. Para o algodoeiro a concentração e as doses aplicadas não foram suficientes em
promover aumento das características avaliadas. Com relação a interação N-B, não foi observado
efeito significativo sobre as variáveis, Souza (2008), avaliando a interação N-B aplicado no solo, sobre
o crescimento da mamoneira, obteve o mesmo resultado para as variáveis de crescimento, sendo
apenas encontrado efeito da interação sobre o aumento do teor de óleo da cultura.

CONCLUSÃO

A adubação foliar nitrogenada, boratada e sua interação nas concentrações de 10, 0,5 e
10+0,5 % respectivamente, não promoveram efeito significativo sobre o crescimento do algodão
colorido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FUNDAÇÃO MT. Boletim de pesquisa do Algodão. Rondonópolis, 2001. 283p. (Fundação MT.
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MALAVOLTA, E. Micronutrientes para algodão e soja. Piracicaba: CENA/USP, 2002. 21p.

SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.


Areia, 2008, 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia), Centro de Ciências Agrárias,
Universidade Federal da Paraíba.

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Quadro 1. Características de fertilidade do solo coletado, na profundidade de 0 a 20 cm


pH P K Na Ca2++Mg2+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H++Al3+ C M.O.
1:2,5
---mg dm-3--- -----------------------c mol dm-3--------------------------- -----g kg-1-----
(H2O)
4,58 4,29 51,00 0,06 3,85 2,75 1,10 0,7 13,28 31,12 53,66

Tabela 1. Médias do crescimento do algodoeiro em função da adubação foliar com N e B


Freqüência Número de
Tratamento Adubo Altura (cm) Diâmetro (cm) Alt. 1º capulho
de aplicação folhas
1 N 1 0,88 0,70 30,67 11
2 N 2 0,78 0,76 22,00 9
3 N 3 0,98 0,70 26,67 9
4 N 4 1,03 0,72 30,67 8
5 B 1 0,99 0,75 28,33 13
6 B 2 0,89 0,72 35,00 7
7 B 3 0,92 0,65 32,33 7
8 B 4 0,87 0,68 33,00 8
9 NB 1 0,94 0,73 31,00 8
10 NB 2 0,97 0,72 30,67 9
11 NB 3 1,04 0,70 31,33 7
12 NB 4 0,96 0,73 35,33 7
13 Testemunha 0,97 0,70 24,00 10
Tratamentos O,62ns 0,51ns 1,56ns 1,63ns
Adubo 0,64ns 0,37ns 3,06ns 0,73ns
Valor de F Aplicação 0,71ns 0,87ns 0,89ns 2,25ns
Adubo x Aplicação 0,77ns 0,45ns 1,14ns 1,25ns
Test x Fatorial 0,16ns 0,18ns 4,02ns 1,15ns
C.V (%) 16,39 9,55 18,15 26,41
ns: não significativo.

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IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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CRESCIMENTO DO GERGELIM INFLUENCIADO PELO MANEJO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O nitrogênio é considerado o elemento essencial que mais limita o crescimento vegetal. O
objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do manejo da adubação nitrogenada sobre o crescimento e
desenvolvimento do gergelim (Sesamum indicum L.). O experimento foi realizado na fazenda
experimental Chã-de-Jardim no município de Areia, PB, entre Junho e Novembro de 2009. Adotou-se o
delineamento experimental em blocos casualizados, os tratamentos constaram de nove doses de
nitrogênio (0; 10; 20; 30; 40; 50; 100; 150 e 200 kg ha -1) na forma de uréia e três formas de
parcelamento (P1 = aplicação convencional; P2 = parcelamento das doses em três aplicações P3 =
parcelamento das doses em quatro aplicações), com 5 repetições. Foram avaliados a altura de plantas,
diâmetro do caule e o número de folhas aos 120 dias após a emergência. Os resultados permitiram
concluir que o aumento do parcelamento de nitrogênio promoveu redução do crescimento da cultura,
haja vista, o período do plantio coincidir com o de maior precipitação, o que levou a perdas de N por
lixiviação nos tratamentos em que este foi aplicado no plantio. Em geral o aumento das doses N até
certo limite promoveu aumento do crescimento da cultura.
Palavras-chave – Sesamum indicum L.; Adubação mineral; Crescimento vegetativo; Uréia

INTRODUÇÃO

O gergelim é uma oleaginosa, que a prática da adubação é um dos assuntos mais discutidos,
apresentando resultados positivos para determinados locais e cultivares, e negativos em outras
situações mostrando à complexidade do meio e a grande dificuldade de se entender as relações solo,
planta e atmosfera na cultura desta pedaliaceae (SILVA, 2005).

Entre os elementos minerais essenciais, o nitrogênio é o que com mais freqüência limita o
crescimento e desenvolvimento das culturas. Esta limitação ocorre porque as plantas requerem
quantidades relativamente grandes desse elemento, e porque a maioria dos solos não tem N suficiente
em disponível para sustentar os níveis de desenvolvimento desejados (BELOW, 2002)

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Embora, Malavolta et al., (1997) citem que teores adequados de N são necessários para se
obter crescimento satisfatório, o dilema está em saber que quantidade aplicar. O N do fertilizante não
aproveitado, além do prejuízo econômico, pode causar dano ambiental se perdido do solo, uma forma
de se evitar tais prejuízos seria o parcelamento da adubação e a utilização de doses adequadas para a
cultura.

Desta forma o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do manejo da adubação nitrogenada
sobre o crescimento e desenvolvimento de grãos da cultura do gergelim (Sesamum indicum L.)
cultivado em Latossolo no Brejo paraibano.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de campo na fazenda experimental Chã-de-Jardim,


pertencente à Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, município de Areia, PB
de Junho até Novembro de 2009.

O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Amarelo distrófico típico
(EMBRAPA, 1999), de textura franco argilo-arenosa, cujas características químicas estão descritas nas
tabelas 1. Foi realizada calagem no ano anterior, para cultivo de canola, seguindo recomendações de
Raij et al., (1997).

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados com cinco


repetições. Os tratamentos avaliados foram nove doses de nitrogênio (0; 10; 20; 30; 40; 50; 100; 150 e
200 kg ha-1) na forma de uréia (45% de N) e três formas de parcelamento (P 1 = aplicação convencional
– 50% após o desbaste e 50% aos 30 dias após; P 2 = 33% no plantio, 33% após o desbaste e o
restante aos 30 dias após e P3 = 25% no plantio, 25% após o desbaste, 25% aos 30 e o restante aos
45 dias após).

A unidade experimental foi composta de 6 linhas de 5 m de comprimento com espaçamento


entre linhas de 0,5m e 0,10 entre plantas. No plantio todas as plantas receberam o equivalente a 60 kg
ha-1 de P2O5 na forma de Super fosfato simples (20% de P 2O5 + 18% de S) e 40 kg ha-1 de K2O na
forma de cloreto de potássio (60% de K2O). Aos sete dias após a emergência ocorreu o primeiro
desbaste, deixando apenas três plantas por cova, e aos 15 DAE foi realizado o segundo selecionando
apenas uma planta (a mais vigorosa). Para tanto foram avaliados a altura de plantas, diâmetro do caule
e número de folhas aos 120 dias após a emergência, por ocasião da colheita.

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Os resultados foram submetidos à análise de variância, e em função do nível de significância


no teste F para as doses de N procedeu-se ao estudo de regressão para as variáveis estudadas.
Quanto às médias dos parcelamentos, estas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o aumento do parcelamento ocorreu redução do crescimento da cultura, na tabela 2,


observa-se que o tratamento P3 foi o que obteve os menores valores em comparação ao P1. O elevado
regime hídrico da região durante o período do plantio da cultura proporcionou maiores perdas de
nitrogênio por lixiviação o que levou a redução da eficiência dos parcelamentos P 2 e P3 que forneceram
parte do N durante o plantio, outro fator que deve ter levado a esses resultados foi que no tratamento
P1, quando começou a ser fornecido nitrogênio para cultura as raízes já estavam formadas o que levou
a um rápido aproveitamento do adubo aplicado.

Com relação às doses fornecidas observa-se que para a altura de plantas ocorreu aumento
quadrático desta variável em função do aumento das dosagens (Tabela 3), o máximo obtido nos
tratamentos P1, P2 foi de 137,6 e 115,1cm referentes às doses de 87,5 e 9,23 kg ha -1 de N, e no
tratamento P3 valor mínimo de 89,8cm referente à dose de 128,1 kg ha-1 de N. Souza (2008) obteve
comportamento semelhante avaliando doses de N e B em mamoneira, o máximo em altura obtido foi
referente à dose de 74 kg ha-1.

O nitrogênio faz parte da estrutura da planta, sendo componente de proteína, RNA, DNA, ATP,
clorofila dentre outras moléculas, sendo assim a sua deficiência reduz consideravelmente o
crescimento da planta (MALAVOLTA et al., 1997). Como ocorreu perdas de N durante o plantio,
ocorreu também redução da quantidade de N fornecida para a cultura nas fases posteriores o que
refletiu na redução da altura, concordando com Santos et al., (2004) que citam que a falta de
nitrogênio impede o crescimento inicial da cultura.

O diâmetro do caule teve aumento linear em função do aumento das doses e do parcelamento
do N, com o máximo obtido com a dose de 200 kg ha -1 para todas as formas de parcelamento. Para o
aumento do número de folhas, foi verificado que no tratamento P 1 ocorreu aumento linear, sendo o
máximo obtido de 339 folhas referente à aplicação de 200 kg ha -1. Para P2 e P3 ocorreram aumento e
redução quadráticos respectivamente, discordando de dados de Silva (2006) que cita que a adubação

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química não promove efeito sobre o aumento na altura, diâmetro do caule e no número de folhas da
cultura, notadamente na cultiva G-4.

CONCLUSÃO

O aumento do número de coberturas apresentou efeito negativo sobre as variáveis de


crescimento do gergelim, devido a perdas de N durante o plantio em função do elevado regime hídrico
ocorrido neste período.

Para a altura de plantas , diâmetro do caule e número de folhas em geral, houve efeito positivo
do aumento das doses de N.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELOW, F. E. Fisiologia, nutrição e adubação nitrogenada do milho. Informações agronômicas, nº99,


2002.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafos. 1997. 319p.
RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e
calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 1997.
285p.
SANTOS, A. C. M.; FERREIRA, G. B.; XAVIER, R. M.; FERREIRA, M. M. M.; SEVERINO, L. S.;
BELTRÃO, N. E. M.; DANTAS, J. P.; MORAES, C. R. A. Deficiência de nitrogênio na mamona (Ricinus
communis L.): Descrição e efeito sobre o crescimento e a produção da cultura. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA, 1. 2004. Campina Grande – Paraiba. CD-ROM. 2004.
SILVA, A. J. Efeito residual das adubações orgânica e mineral na cultura do gergelim (Sesamum
indicum L.) em segundo ano de cultivo. Dissertação (Mestrado em manejo de solo e água),
Programa de pós-graduação em manejo do solo e água, Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal da Paraíba, Areia, PB, 2006.
SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.
2008. 36f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia). DSER, UFPB, Areia, 2008.

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Tabela 1. Características químicas do solo coletado, na profundidade de 0 a 20 cm


pH P K Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ + Al3+ C M.O.
1:2,5 (H2O) --------mg dm-3------- -------------------------cmolcdm-3----------------------- ---------g kg-1----------
5,9 11,68 42,00 4,20 0,70 0,0 6,10 17,85 30,77

Tabela 2. Médias das variáveis estudadas, valor de F, equação de regressão e coeficiente de variação em função dos
tratamentos
Altura de plantras (cm) Diâmetro do caule (cm) Número de folhas (ud.)
Dose de N (kg/ha) Número de coberturas
P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3
0 101,6B 99,3B 122,7A 2,27A 2,30A 2,31A 86ª 30B 73ª
10 111,0A 118,6ª 116,0A 2,38A 2,41A 2,41A 94ª 28B 49AB
20 123,3A 126,7ª 103,6B 2,41A 2,46A 2,46A 103ª 34B 39B
30 128,3A 131,3ª 100,7B 2,51A 2,54A 2,56A 98ª 36B 66AB
40 131,7A 133,7ª 98,3B 2,60A 2,63A 2,55A 81ª 36AB 33B
50 138,3A 134,0A 97,6B 2,68A 2,64A 2,33B 83A 62AB 41B
100 131,0A 129,3ª 95,6B 2,70B 2,83A 2,60C 180A 50B 33B
150 131,0A 118,3B 95,3C 2,71B 2,79A 2,60C 312A 44B 29B
200 101,3B 110,1ª 94,7B 3,00B 3,10A 3,00B 339A 102B 22C
Doses 3,75** 148,92** 5,05**
Valor
Coberturas 5,92** 25,10** 44,14**
de F
Interação 6,83** 5,66** 4,53**
C.V (%) 6,97 2,05 62,10
**: significativo a 1% de probabilidade pelo teste F. Médias seguidas por letras maiúsculas iguais na mesma linha não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 3. Equação de regressão e R2 das variáveis de crescimento aos 120 dias após a emergência em função das doses
de N aplicadas.
Variáveis Nº coberturas Equação de regressão R2
2 Y = -0,004N2+0,70N+107,04 0,88
Altura de plantas (cm) 3 Y = -0,026N2+0,48N+112,89 0,63
4 Y = 0,0016N2-0,41N+116,13 0,78
2 Y = 0,003N+2,39 0,83
Diâmetro do caule (cm) 3 Y = 0,003N+2,41 0,90
4 Y = 0,002N+2,36 0,76
2 Y = 1,33N+82,03 0,96
Número de folhas (ud.) 3 Y = 0,002N2+0,006N+34,5 0,71
4 Y = 0,001N2-0,429N+60,47 0,62

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CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO EM SUBSTRATOS COM REJEITOS DE MINERAÇÃO DO


SEMI-ÁRIDO-PB

Érika Veruschka de Araújo Trajano1; Rivaldo Vital dos Santos1; Olaf Andreas Bakke1; Adriana de F.
Meira Vital1, Yathaanderson Mendes dos Santos1; Jessily Medeiros Quaresma1; Vilma Moreira
Salviano1
1. Universidade Federal de Campina Grande- UFCG-CSTR-Campus de Patos; engenherika@yahoo.com.br . 4 Profa.
Campus de Sumé-CDSA.

RESUMO – Na região semi-árida da Paraíba uma das atividades de maior expressão econômica é a
mineração, dentre essas a exploração de vermiculita e de caulim, que durante a lavra produzem
rejeitos biologicamente inativos, que são acumulados nos pátios, provocando impacto ambiental
negativo. È premente associá-los a solo e matéria orgânica buscando um fim agrícola, como na
produção de mudas de pinhão-manso, potencial fonte de biodiesel. Este trabalho objetiva avaliar o
crescimento do pinhão manso em substratos com rejeitos de caulim e vermiculita. Os tratamentos
consistiram de dois substratos (solo e matéria orgânica), dois tipos de rejeitos (caulim e vermiculita),
cinco doses de rejeitos (0, 25, 50, 75 e 100%), com quatro repetições, totalizando 80 vasos com
capacidade para seis litros. As variáveis analisadas foram altura, diâmetro do coleto, número de folhas
e massa foliar seca. Após 4 meses as plantas foram cortadas rente ao substrato, separando-se folhas,
as quais foram secas em estufa à 65ºC por 24 horas e pesadas. A utilização de rejeitos, de caulim ou
vermiculita, na dosagem de 50%, principalmente com a adição de matéria orgânica, mostrou-se mais
favorável à produção de massa foliar seca, altura, diâmetro e número de folhas do pinhão-manso.
Palavras-chave – mineradoras, rejeitos, aproveitamento, pinhão-manso.

INTRODUÇÃO

As mineradoras dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos descartam o material de rejeito


de suas matérias primas nas proximidades de suas indústrias, muitas vezes permitindo que seja
carreado para rios, açudes e lagos, causando grande impacto ambiental em áreas adjacentes. Isto
acontece frequentemente devido a desvantagem econômica no reaproveitamento do rejeito da matéria
prima devido aos custos adicionais com o seu transporte.

No Nordeste do Brasil urge a necessidade de se aumentar a oferta de qualidade ambiental e


geração de renda. Uma das alternativas é a utilização de plantas nativas, como o pinhão manso
(Jatropha curcas L., que ocorre de forma espontânea em áreas de solos pouco férteis e de clima

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desfavorável à maioria das culturas alimentares tradicionais, o pinhão pode ser considerado uma das
mais promissoras oleaginosas do Brasil, Esta espécie apresenta vantagens de ser resistente à maioria
de pragas e doenças, devido a substância cáustica que segrega (TRAJANO et al, 2009).

O pinhão-manso é uma euforbiácea monóica perene, pertencente à família da mamona


(Ricinus sp.), mandioca (Manhiot sp.) e seringueira (Hevea spp.). É um arbusto de crescimento rápido,
caducifólico, que pode atingir mais de 5 m de altura (Laviola & Dias, 2008), sendo considerada uma
opção agrícola para esta região por ser uma espécie nativa, exigente em insolação e com forte
resistência a seca. Com a possibilidade do uso do óleo do pinhão manso para a produção do biodiesel,
abrem-se amplas perspectivas para o crescimento das áreas de plantio com esta cultura no semi-árido
nordestino (Arruda, 2004). A maioria dos substratos usados nos viveiros florestais são compostos pos
solo:matéria orgânica (2:1) e fertilizantes e, no semi-árido , esse solo provém de camadas superficiais
de áreas ―de baixio‖, degradando o ambiente. Dessa forma o presente trabalho objetiva avaliar o
crescimento de mudas de pinhão manso, em substratos com rejeitos de caulim e vermiculita
associados a solo e matéria orgânica.

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido no Viveiro Florestal da Unidade Acadêmica de Engenharia


Florestal, do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande,
Campus de Patos, sob tela de sombrite em casa de vegetação.

Os rejeitos de caulim e vermiculita foram coletados nos municípios de Junco do Seridó-PB e


Santa Luzia-PB, respectivamente, nas empresas UBM e Caulisa. O rejeito de caulim foi lavado e
peneirado em malha de 3mm de abertura, quanto ao rejeito de vermiculita utilizou-se o ultra fino. Em
seguida procedeu-se as misturas das várias proporções.

Os tratamentos consistiram de dois substratos (solo e matéria orgânica), dois tipos de rejeitos (
caulim e vermiculita), cada rejeito com cinco doses (0, 25, 50, 75 e 100%), V:V, com quatro repetições,
totalizando 80 vasos com capacidade para seis litros. Após as misturas dos substratos com os rejeitos,
nas várias proporções, procedeu-se a semeadura, adicionando-se 4 sementes por vaso. A mistura
substrato mais rejeito foi mantida a 70% da capacidade de campo.

Oito dias após a germinação efetuou-se o desbaste, deixando-se 01 planta por vaso. Trinta
dias após a semeadura foram aplicados e 30 mg kg -1 N, via sulfato de amônio. As variáveis analisadas,

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a cada 15 dias, foram altura, diâmetro do coleto, número de folhas e massa foliar seca. Realizou-se
controle fitossanitário do ácaro vermelho, com a aplicação de óleo de pinhão-manso. Após 4 meses as
plantas foram cortadas rente ao substrato, separando-se folhas, caule e raízes. O material vegetal foi
seco em estufa à 65ºC por 24 horas e feita a pesagem de matéria seca das folhas.

Após a tabulação dos dados fez-se a análise estatística, utilizando-se o software SISVAR. Para
o efeito fontes e rejeitos, aplicou-se o teste de Tukey, e para doses, análise de regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Avaliando-se a massa seca foliar, altura das plantas e número de folhas do pinhão-manso,
independentemente das proporções dos substratos contidas, verificou-se que a mistura de rejeito de
caulim com matéria orgânica foram significativamente superiores à do rejeito de Vermiculita + Solo. A
adição de matéria orgânica proporcionou maiores valores absolutos de massa seca e número de folhas
(Tabela 01). O pinhão-manso tem apresentado maior crescimento em solos degradados do semi-árido
tratados com gesso e fósforo ( SANTOS et al., 2009).

Os rejeitos, de caulim ou de vermiculita, resultaram em uma diminuição na altura e número de


folhas das plantas de pinhão-manso nas doses superiores a 50% A massa seca foliar e número de
folhas das mudas de pinhão, na presença de matéria orgânica foram, 11,7g vaso -1 e 19,5,
respectivamente, significativamente superiores aos substratos com solo, de 10,9 g vaso -1 e 17,6.
(Figura 1A). Quanto a influência do percentual de rejeito no diâmetro das mudas não ocorreu
diferenças significativas, apesar do substrato com 100% de rejeito indicar menor efeito (Figura 1B). O
número de folhas apresentou mesmo comportamento da altura das plantas (Figura 1C) e a área foliar o
mesmo do diâmetro do coleto (Figura 1D), apesar da não significância.

A massa seca foliar do pinhão-manso constata-se apenas é prejudicada quando os rejeitos


participam com mais de 50% do substrato. Cada muda produz 14,8 e 14,1 g vaso-1 de folhas nas
doses 50 e 25% de rejeitos e menor valor quando utilizou-se apenas rejeito (2,4 g vaso-1), redução de
84 e 83%, respectivamente (Figura 02).

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CONCLUSÃO

Recomenda-se a utilização de rejeitos de caulim e vermiculita, na dosagem de 50%,


principalmente com a adição de matéria orgânica, para a produção de mudas de pinhão-manso

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, F. P. DE; BELTRÃO, N. E. DE M.; ANDRADE, A. P. DE; PEREIRA, W. E.; SEVERINO, L. S.


Cultivo do pinhão manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o Semi-Árido Nordestino. Revista
Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas, v.8, n.1, p.789-799, 2004.

LAVIOLA, B. G.; DIAS, L. A. DOS S.; Teor de acúmulo de nutrientes em folhas e frutos de Pinhão
Manso. Revista Brasileira Ciência do Solo, 2008.

SANTOS, G. R. O.; SANTOS, R. V. DOS; ARAÚJO, J. L.; VITAL, A. DE F. M.; FARIAS JR, J. A.. DE.
Crescimento inicial do pinhão-manso (Jatropha curca L.) em áreas degradadas do semi-árido. In: XXXII
Congresso Brasileiro de Ciência do solo, Fortaleza-CE, 2009.

TRAJANO,E.V.A; NETO,J.D; ARAÚJO,B.A; SANTOS, Y.M. DOS ;LIMA, T. L.DE. Produção do pinhão
manso em função de diferentes manejos de água e adubação do solo. VI Congresso de Iniciação
Científica da Universidade Federal de Campina Grande,2009.

Tabela 01. Variáveis do pinhão-manso nos vários tratamentos.


Substratos MSF Altura Diâmetro N. de Folhas Área foliar*

g vaso1 -- cm - --- mm -- ------------ -- cm2 --

Rejeito de Vermiculita + Solo 10,7b 37,0b 17,6 17,0b 1,80

Rejeito de Vermiculita + MO 11,2ab 38,2ab 17,5 19,0ab 1,85

Rejeito de Caulim + Solo 11,1ab 40,5ab 18,2 18,3ab 1,85

Rejeito de Caulim + MO 12,3a 41,9a 17,8 20,0a 1,88

Nas colunas números seguidos por mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade. MSF
=massa seca foliar. MO = Matéria orgânica (esterco bovino).
* Da 3ª folha mais velha.

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50

40

Altura (cm)
A y = -0,0061x2 + 0,3591x + 44,266
30 R2 = 0,95**

20

10

0
0 25 50 75 100
% de rejeito

25

20
Diâmetro (mm)

y = -0,0008x2 + 0,0798x + 16,963


15 R2 = 0,56NS

B
10

0
0 25 50 75 100
% de rejeitos

30

25
Número de folhas

20
y = -0,0034x2 + 0,1989x + 21,474
15 R2 = 0,95**
C
10

0
0 25 50 75 100
% de Rejeitos

2,5
Área foliar (cm2)

2,0
y = -7E-05x2 + 0,0037x + 1,928
1,5 R2 = 0,91NS
D
1,0

0,5

0,0
0 25 50 75 100
% de Rejeitos

Figura 01. Efeito percentual dos rejeitos de caulim e vermiculita na altura (A),
diâmetro (B), número de folhas(C) e área foliar(D) do pinhão manso.

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18

16

Massa Seca Foliar (g vsao-1)


14

12

10 y = -0,0027x2 + 0,1651x + 13,026


R2 = 0,96**
8

0
0 25 50 75 100
% de Rejeitos

Figura 02.Efeito do percentual do rejeito na massa seca foliar das


mudas de pinhão-manso.

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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO GIRASSOL EM FUNÇÃO DO EFEITO RESIDUAL DA


ADUBAÇÃO DO FEIJOEIRO

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O papel da adubação e da nutrição mineral na determinação do crescimento da planta é


indispensável. Com base neste argumento o presente trabalho teve como objetivo, avaliar o efeito
residual da adubação fosfatada sobre o crescimento do girassol. O experimento foi conduzido em
ambiente protegido localizado no Departamento de Solos e Engenharia Rural/CCA/UFPB. Os
tratamentos constaram da avaliação de quatro efeitos residuais da adubação fosfatada na presença e
ausência da adubação com P na ocasião do plantio. O delineamento experimental foi em parcelas
subdivididas, em esquema fatorial 4x2, com quatro repetições, foi avaliada a altura de plantas, o
diâmetro do caule e número de folhas no final do ciclo da cultura. Observou-se que de acordo com o
aumento dos teores de P no solo ocorreu incremento das variáveis estudadas. A presença da
adubação fosfatada no plantio em conjunto com o efeito residual do fósforo proporcionou plantas mais
desenvolvidas vegetativamente, sendo o fósforo indispensável para o bom crescimento da cultura do
girassol.
Palavras-chave – Helianthus annuus L.; Adubação fosfatada; Efeito residual; Superfosfato triplo

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Compositae, que se
adapta em diversas condições edafoclimáticas, sendo cultivada hoje em todos os continentes. Vale
ressaltar que na região Nordeste em especial, as condições edafoclimáticas do semi-árido brasileiro,
oferecem excelentes qualidades para a exploração do cultivo do girassol (ZAFFARONI et al., 1994).

Contudo as condições de fertilidade do solo da nossa região não são tão favoráveis, onde
apresentam baixos níveis de fósforo (SOUZA e LOBATO, 2003), faz-se necessário, portanto,
estabelecer os níveis da adubação fosfatada bem como o efeito do resíduo da adubação fosfatada em

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culturas anteriores, haja vista as grandes quantidades de adubo utilizadas, os custos e a


disponibilidade do fertilizante fosfatado.

Neste sentido, esta pesquisa seguiu as seguintes hipóteses: a) O fósforo é essencial para o
estabelecimento e desenvolvimento da cultura; b) Os baixos níveis de fósforo no solo são fatores que
limitam o desenvolvimento das culturas em geral e em especial a do girassol; c) O uso do efeito
residual da adubação fosfatada reduzirá custos durante a instalação da cultura.

Com base neste argumento o presente trabalho teve como objetivo, avaliar em um Latossolo
Amarelo o efeito residual da adubação fosfatada empregada na cultura do feijão – vagem (Phaseolus
vulgaris L.) sobre o crescimento e desenvolvimento do girassol em ambiente protegido.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de ambiente protegido pertencente ao Departamento


de Solos e Engenharia Rural do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba,
município de Areia, PB, de Dezembro de 2008 a maio de 2009.

O delineamento experimental foi em parcelas subdivididas, sendo avaliado 4 níveis de efeito


residual da adubação fosfatada do feijoeiro (parcelas principais) e a presença (80 kg ha -1 de P2O5 na
forma de superfosfato triplo – 46 % de P2O5) e ausência da adubação fosfatada no plantio do girassol
(sub-parcelas), com quatro repetições.

Foi utilizado um Latossolo Amarelo de textura franco argilo-arenosa, com 35 % de argila, onde
foi cultivado feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.). Verificou-se que não fazia necessária a aplicação de
calcário (V = 79,9%). As doses de fósforo aplicadas foram 0, 30, 60 e 120 mg dm -3 de P2O5. Após o
cultivo do feijoeiro foram coletadas novas amostras para determinação da fertilidade do solo, os valores
de fósforo disponível no solo encontrados foram de 4,4 (muito baixo), 7,4 (baixo), 15,4 (médio) e 21,4
(bom) mg dm-3 equivalentes as parcelas principais. Após os resultados foi realizado a adubação de
fundação de acordo com recomendações de Raij et al., (1997). Foram semeadas três sementes da
cultivar catissol 01 por vaso.

Os tratamentos foram aplicados na ocasião do plantio, onde parte dos vasos de cada parcela
principal recebeu adubação fosfatada na fundação e parte não. A adubação de cobertura foi realizada
de acordo com recomendações para a cultura.

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As variáveis estudadas foram a altura de plantas determinando-se a distância entre o colo e o


ápice da planta, o diâmetro do caule foi aferido com paquímetro a 5 cm da superfície do solo, o número
de folhas fotossinteticamente ativas e o acúmulo de matéria seca da parte aérea (caule, folhas, capítulo
e sementes) e raiz aos 100 dias após a emergência.

Os resultados foram submetidos à análise de variância. Para o efeito residual de P foi realizado
o estudo de regressão na presença e ausência da adubação fosfatada para as variáveis estudadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As variáveis estudadas foram influenciadas pelo efeito residual, pela aplicação de fósforo e
pela interação destes fatores a um nível de significância de 1% de probabilidade (Tab. 1). Observa-se
que a presença da adubação fosfatada no plantio propiciou melhor desenvolvimento da cultura obtendo
valores de altura, diâmetro e número de folhas superiores quando comparados aos tratamentos que
não receberam fósforo.

Pena Neto (1981) cita que o fósforo é indispensável nas primeiras fases de desenvolvimento

da planta e, posteriormente, sobre o perfeito enchimento dos grãos, sendo cerca de 70% do
fósforo

necessário absorvido até os 30 dias após a emergência, o que sugere que o fósforo deve estar
presente no solo em quantidades suficientes, e de forma solúvel para que seja assimilado.

Avaliando separadamente o efeito da adubação fosfatada percebe-se que houve aumento


linear de todas as variáveis conforme foi maior o teor de fósforo disponível no solo, nos tratamentos
onde não foi fornecido P, já para os que receberam adubação fosfatada ocorreu aumento quadrático
em relação ao aumento do teor de P no solo (tabela 2). O fósforo é indispensável ao processo de
fotossíntese, isto é, formação de substâncias orgânicas, na respiração e na formação de proteínas
(MALAVOLTA et al., 1997), portanto quanto maiores os teores deste elemento no solo melhor o
desenvolvimento inicial da cultura.

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CONCLUSÃO

Mesmo o solo possuindo teor médio de fósforo disponível, a aplicação de 80 kg ha-1 de P2O5
no plantio foi indispensável para o bom crescimento da cultura do girassol.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. Piracicaba, Potafos. 319p. 1997.

PENA NETO, A. M. O girassol: Manual do produtor de girassol. Sementes contibrasil Ltda. 30p.
1981.

RAIJ, B.V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. FURLANI, A.M.C. Recomendação de adubação e


calagem para o estado de São Paulo 2 ed. Campinas, IAC. 1997.

SOUSA, D. M. G. de; LOBATO, E. Adubação fosfatada em solos da região do cerrado. Piracicaba:


POTAFOS, 2003. 16p. (Encarte Técnico).

SOUZA, F. J. Níveis de nitrogênio no solo: Efeito sobre o crescimento, desenvolvimento e


produção de duas cultivares de girassol. Areia, 1997. 51 p. Dissertação (Agronomia) – Centro de
Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba.

ZAFFARONI, E.; SILVA, M. A. V.; AZEVEDO, P. V. Potencial agroclimático da cultura do girassol no


estado da Paraíba. II: Necessidade de água. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília – DF, v. 29,
n. 10, p. 1493-1501, 1994.

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Tabela 1. Efeito dos tratamentos aplicados sobre o diâmetro do capítulo e produção de plantas de girassol
Efeito Residual P Adubação Fosfatada Altura de plantas Diâmetro do caule Número de folhas
(mg dm-3) (kg ha-1) (cm) (cm) (ud.)

0 44,0 0,31 8
4,4
80 84,5 0,68 10
0 61,5 0,43 10
7,4
80 94,0 0,67 12
0 74,0 0,48 10
15,4
80 97,0 0,69 11
0 84,7 0,67 11
21,4
80 95,3 0,72 10
Efeito Residual 12,18** 19,84** 0,87ns
Valor F Adubação Fosfatada 66,67** 118,78** 1,48ns
Interação 3,99* 11,72** 0,41ns
C .V.(%) 11,55 9,54 29,87
*, **: significativo a 5 e 1% respectivamente.

Tabela 2. Equação de regressão e R2 do diâmetro do capítulo e produção por planta do girassol em função dos tratamentos
aplicados
Adubação Fosfatada (Kg
Variáveis Equação de regressão R2
ha-1)

0 y = -0,103x2 + 3,19x + 73,82 0,90


Altura de plantas (cm)
80 y = -0,09x2 + 4,61x + 28,2 0,96

0 y = 0,019x + 0,247 0,92


Diâmetro do caule (cm)
80 y = 0,0025x + 0,659 0,81

0 Ns Ns
Número de folhas (ud.)
80 ns Ns

Ns: não significativo

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CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE GERGELIM CV. G3 EM FUNÇÃO DE BORO E ZINCO1

Valdemir Inácio de Lima1; Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão2; José Pires Dantas3; Roberto
Wagner Cavalcanti Raposo4 e José Rodrigues pacífico da Silva5
1Biólogo, Msc.Agronomia vlilima@yahoo.com.br ; 3 Eng. Agr. D.Sc. Embrapa/Algodão, e-mail: nbeltrão@cnpa.embrapa.br;4 Engo
Agrônomo, DS em Solos e Nutrição de Plantas UEPB; 5 Engo Agrônomo, DS em Agronomia, Bacharelando em Agroecologia- UEPB.

RESUMO – O conhecimento das respostas do gergelim a nutrição mineral é escasso, principalmente a


sua nutrição com micronutrientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da interação entre boro
e zinco sobre o crescimento e produção de gergelim Cv. G3. Optou-se pelo delineamento em blocos
casualizados em esquema fatorial 4 × 4 ; quatro doses de boro ( 0,2; 0,5; 0,8 e 1,2 ) e quatro doses de
zinco ( 0,025; 0,05; 0,075 e 0,125 mg.L-1) totalizando 16 tratamentos. Avaliaram-se as variáveis de
produção: número de frutos/plantas, frutos/ramos, ramos/planta, peso de frutos/plantas, frutos/ramos,
sementes/plantas, sementes/ramos e teor de óleo das sementes. Não ocorreu efeito de boro ou zinco
sobre a maioria das características de produção, mas houve efeito de interação entre boro e zinco
diminuindo peso de sementes/ramos e elevando o teor de óleo das sementes.

Palavras-chave – Nutrição mineral, micronutrientes, Sesamum indicum.

INTRODUÇÃO

O gergelim ou sésamo (Sesamum indicum L.) pertence à família Pedaliaceae apresenta alto
conteúdo de ácidos graxos insaturados (60%), especialmente oléicos e linoléicos, é usado na indústria
alimentícia na panificação, na produção de biscoitos, doces na fabricação de margarina. O óleo de
gergelim participa na produção de cosméticos, perfumes, remédios, lubrificantes, sabão, tintas e
inseticidas (BARROS, 2001).

O gergelim é uma cultura de baixa produtividade média, inferior a 400 kg/ha de sementes, podendo ser
superior se usados fertilizantes e corretivos, aração, gradagem, e o combate de plantas daninhas eficiente e
eficazmente MAZZINI (1983) e BELTRÃO (1994). Carvalho et. al (1981), observaram que a adubação em

1
Trabalho financiado pela CAPES sendo parte da dissertação de mestrado do primeiro autor

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gergelim ainda é questionável, porque a adubação excessiva favorece o crescimento vegetativo da planta e
reduz a produção de sementes e seu teor em óleo.

Os micronutrientes afetaram a composição química de sementes de gergelim


significativamente, a fração de proteína solúvel em água aumentou na presença de zinco e decresceu
com o fornecimento de Mn e Fe, enquanto que as concentrações de proteínas solúveis em meio
alcalino aumentou com zinco e diminui para os tratamentos com Fe e Mn, (EL-SALAM et al, 1998).A
matéria seca das plantas de gergelim é afetada pela suspensão de boro em qualquer dos estágios de
desenvolvimento das plantas. Os frutos e as sementes são os órgãos mais afetados pela suspensão
total ou parcial de boro (SINDONI et al., 1994).

Deficiência de Zn acentua a acumulação de B em planta; Singh et al. (1990) e a fertilização


com zinco reduz a acumulação e a toxicidade de B sob plantas em crescimento em solos contendo
quantidade elevadas de B ( MORAGHAN & MASCAGNI, 1991) .

Em decorrência das poucas informações sobre o efeito de micronutrientes na produção do


gergelim propõe-se neste trabalho avaliar os efeitos isolados e conjuntos de boro e zinco na produção
de gergelim cultivar G3.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Escola Agrícola Assis Chateaubriand (EAAC) pertencente á


Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), sob abrigo telado. As análises de fertilidade e
micronutrientes na areia foram feitas pelo Laboratório de solos e tecidos vegetais da UFPB-CCA.

Como substrato foi usado areia lavada em solução de ácido muriático a 5% a fertilidade da
areia pós-lavada foi: matéria orgânica = 0,73%; fósforo assimilável = 5,09ppm; cálcio trocável =0,25
Cmolc / dm3; magnésio trocável = 0,25 Cmolc / dm3; potássio trocável = 8,39 mg/dm3; sódio trocável
=0,25 Cmolc / dm3; alumínio trocável = 0,0 0,25 Cmolc / dm3; pH = 7,4 em água; cobre 0,33 mg/dm3;
ferro 23,98 mg/dm3; zinco 0,42 mg/dm3; manganês 0,74 mg/dm3; boro 0,45 mg/dm3 as análises
seguiram métodos da Embrapa(1995). Os tratamentos corresponderam às combinações entre boro e
zinco nas seguintes concentrações em solução estoque: Boro 0,2; 0,5; 0,8; 1,2 mg.L 2 e Zinco 0,025;
0,05; 0,075; 0,125 mg.L2 . Todos os tratamentos receberam as soluções estoques de Sarruge, 1975
contendo os macro e micronutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas de gergelim.

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O experimento foi conduzido até a senescência das plantas. Foram avaliadas em cada
planta as características relacionadas à produção; número de ramos, frutos, número de frutos por
ramo. Os frutos e matéria seca e/ou verde da parte aérea de cada planta foram coletados e
acondicionados em sacos de papeis separadamente e em seguidas postas para secar em estufas a
65°C com circulação de forçada de ar até peso constante, determinando-se em seguida, massa seca
da parte aérea, peso de frutos dos ramos, peso de frutos da planta, produção de sementes por planta,
produção de sementes por ramos e teor de óleo nas sementes.

O delineamento experimental foi blocos ao acaso com esquema fatorial de 4X4 + 3,


correspondendo a quatro doses de zinco, e quatro dose de boro e três testemunhas, totalizando 19
tratamentos com quatro repetições no primeiro ensaio e três repetições no segundo.

Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância e regressão usando-se como


nível de significância pelo teste F (1% < p ≤10%). Na análise de regressão foi escolhido o maior grau
polinomial significante para interpretação dos resultados. Os dados obtidos foram submetidos a testes
de contrastes ortogonais com as testemunhas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A massa seca da parte aérea, o número de ramos, frutos e produção de sementes por plantas
não apresentaram resposta estatística significativa ao efeito de interação entre zinco e boro.

A produção de sementes dos ramos (Figura 1) foi afetada significativamente pela interação
entre boro e zinco havendo diminuição de 51,39 vezes na produção de sementes para cada
concentração em mg.L-1 de zinco e boro em interação. Houve efeito do zinco elevando a produção de
sementes em interação com as doses de zinco de baixa concentração, passando a partir da dose de
0,84 ppm de boro a ter uma ação negativa na produção de sementes, o mesmo ocorrendo com o boro
com relação à concentração das doses de zinco fornecidas, sendo que o zinco passou a exercer efeito
negativo sobre a produção de sementes a partir de 0,05 ppm.

A produção média foi de 3,70 g/ramos e a produção média de sementes/planta teve média de
7,52g, não havendo diferenças estatísticas entre tratamentos e testemunhas ou ajuste a qual quer
modelo polinomial de regressão.

A Figura 2 representa o efeito da interação entre boro e zinco sobre o teor de óleo nas
sementes de gergelim. Houve efeito positivo da interação entre boro e zinco sobre a produção de óleo

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á nível de 1% de probabilidade, ocorrendo acréscimo de 8,36 vezes no teor de óleo para cada
interação entre doses de zinco e boro. Para cada concentração de boro fornecida, o zinco aumentou a
produção de óleo significativamente. O boro para cada concentração fixa de zinco teve efeito
estatístico significativo no aumento do teor de óleo.

As doses estimadas que provocou melhor resposta na produção de óleo em sementes de


gergelim foram 0,053 mg.L -1 e mg.L -1 de zinco e boro respectivamente.

CONCLUSÃO

1. As características de peso de sementes/planta, número de frutos/planta, frutos/ramos, peso de


frutos/planta e frutos/ramos não sofreram efeito de interação entre boro e zinco.

2. O peso de sementes/ramos decresceu por efeito da interação entre boro e zinco nas doses
estimadas com concentrações acima de 0,84 e 0,05 mg.L -1 respectivamente.

3. O teor de óleo em sementes de gergelim aumentou por efeito da interação entre boro e zinco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, M.A. L.; SANTOS, R. F.; BENATT, T.; FIRMINO, P. T. Importância Econômica e Social. IN:
BELTRÃO, N. E. M.; VIEIRA, D. J. (eds.) O agronegócio do Gergelim no Brasil. Brasília: Embrapa
Comunicação para trasnferência de Tecnoogia, 2001, p. 37-57.
BELTRÃO, N.E.M.; FREIRE, E.C.; LIMA, E.F. Gergelimcultura no trópico semi-árido Nordestido. Campina
Grande: EMBRAPA – CNPA, 1994. 52 p. (EMBRAPA – CNpA. Circular técnico, 18).
CARVALHO, O. S.; BEZERRA, J. E. S. Cultura de gergelim. Apostila. CNP Algodão. P. 13, 1981.
EL-SALAM, S. M. A., AZIZ N. M. A.; GRIGIS, A. Y. Effect of some micronutrientes on the chemical composition of
sesame seedes. Egypt: J. Agric. Res., vol. 76 (4), 1998. p. 1619-1629.
MAZZANI, B. Pedaliáceas Oleaginosas. In MAZZANI, B. Cultivo y mejoramiento de plantas oleaginosas.
Caracas: Centro Nacional de Investigaciones Agropecuárias, 1983. p. 169-226.
MORAGHAN, J. T.; MASCAGNI, H. J. Jr. Environmental and soil factors affecting micronutrients deficiencies and
tocicities. In: Micronutrients in Agriculture, 2nd edition. Eds: MORTVEDI, JJ; COX, F.R.; SHUMAN, L. M.; WELCH,
R.M. Soil sa.Soc. And, Madison, 1991.
SARRUGE, J. R. Soluções nutritiva. Summa phytopalogica. Vol. 1, 1975. p. 221-223.
SINDONI, M.; ZAMORA, J.; RAMÍRIZ, R. Sintomas de deficiência de Boro y produccion de Matéria seca em
Anjojoli. Agronomía Trop. 44 (1). P. 135-150. 1994.
SINGH,B. DAHIYA, D.J., AND NORWAL. R.P. Boron uptake and toxicity en wheat in relation to zinc supply, Fert.
Res. 24. 24. 105-110.1990.

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Figura 1. Peso de sementes/ramos em plantas de gergelim cv. G3 função das concentrações de boro e zinco em
combinações fatorial.
*Significativo pelo teste F. em nível de 5% de probabilidade.
NS não significativo.

Coeficiente de variação de 16,4%

** Figura 2. Teor de óleo em sementes de gergelim. cv. G3 em função das concentrações de boro e zinco em solução.
Significativo pelo teste F. em nível de 1% de probabilidade.
*Significativo pelo teste F. em nível de 5% de probabilidade.
° Significativo pelo teste F, em nível de 10% de probabilidade.
Coeficiente de variação de 0,25%.

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CRESCIMENTO INICIAL DA MAMONEIRA (Ricinus communis L.) EM ÁREAS DEGRADADAS DO


SEMI-ÁRIDO.

Gisnaldo Rodrigues Oliveira dos Santos1; Rivaldo Vital dos Santos1; Adriana de F. Meira Vital2, José
Aminthas Farias Jr1; Joab Medeiros Araújo1, Érika Veruschka de Araújo Trajano1;
1,2,4,5, Universidade Federal de Campina Grande- UFCG-CSTR-UAEF-Campus de Patos.
2Profa. Campus de Sumé-UFCG/CDSA.

RESUMO –.A degradação do ambiente-solo no semi-árido ocorre pelo o desmatamento da caatinga e


também pela remoção da camada superficial do solo, cujo destino é a indústria de cerâmica ou olarias.
O presente trabalho objetiva efetuar o diagnóstico e avaliar o crescimento da mamoneira em solos
degradados do semi-árido da Paraíba, cultivados previamente com pinhão manso. Os tratamentos
consistiram de solos degradados: subsolo degradado-1, subsolo degradado-2 e área desmatada;
quatro doses de fósforo (00, 100, 200, 300 mg/kg-1 P), com três repetições. As testemunhas absolutas,
sem com fósforo, corresponderam a solo salinizado não corrigido, solo-1 não degradado, solo-2 não
degradado e solo da caatinga não desmatada, com 3 repetições, totalizando 48 vasos, com capacidade
para 7 litros de solo. O solo degradado por sais, o subsolo-2, recebeu correção com gesso agrícola, foi
incubado e lavado. Os resultados demonstraram que a análise do subsolo degradado revelou alta
salinidade e baixos teores de fósforo e matéria orgânica, os subsolos no semi-árido apresentam
intensidade de degradação extremamente diferenciada, o subsolo degradado salino exige correção
com gesso para tornar possível o cultivo da mamona em caatinga desmatada e subsolos degradados
do semi-árido
Palavras-chave – Degradação, solo-ambiente, recuperação, mamoneira.

INTRODUÇÃO

No ecossistema caatinga profundas interferências antrópicas que resultam em severa


degradação ambiental com conseqüente redução na fertilidade dos solos tornando-os pouco produtivos
ou improdutivos Dentre as práticas que degradam o ambiente-solo no semi-árido citam-se a remoção
da camada superficial do solo cujo destino é a indústria de cerâmica ou olarias e o desmatamento da
caatinga. No primeiro caso há retirada total ou parcialmente do horizonte mais fértil do solo para a
confecção de telhas, tijolos, vasos e a construção civil, expondo os horizontes subsuperficiais,
imprestáveis à agricultura. Quanto à derrubada das espécies da caatinga, cujo destino é fonte de
energia, resulta na exposição do solo às chuvas de elevada intensidade acarretando o arraste de

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sedimentos superficiais através da erosão, com subseqüente redução de sua fertilidade. O impacto
ambiental negativo resultante da coleta dos horizontes superficiais e do desmatamento implica também
em conseqüências sócio-econômicas desfavoráveis, já que há redução nas atividades agropecuárias
assim como abandono e desvalorização das terras. A recuperação dessas áreas degradadas resolverá
um grave problema ambiental e valorizará a propriedade. Torna-se imprescindível identificar os
atributos limitantes nesses solos, propor um manejo adequado visando a sua reintegração à produção
agrícola, com o cultivo de espécies de expressão econômica. A utilização prévia de leguminosas em
cobertura tem melhorado atributos químicos (Nascimento et al, 2003), físicos (Alves e Suzuki, 2004),
físico-químicos (Aguiar et al, 2000) e recuperado áreas degradadas. A mamoneira, apresentar uma
fonte de óleo natural, desponta como alternativa promissora a ser cultivada em solos do semi-árido.
Dessa forma o presente trabalho objetiva avaliar os atributos do solo que caracterizam sua
degradação, propor correção e observar o crescimento do pinhão manso em solos degradados do
semi-árido da Paraíba.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em telado da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal


/Campus de Patos da UFCG. O solo foi coletado de 0-30cm em três áreas degradadas no município de
Patos-PB, sendo caracterizado química e fisicamente. Os tratamentos consistiram de solos
degradados: subsolo degradado-1, subsolo degradado-2 e área desmatada; quatro doses de fósforo
(00, 100, 200, 300 mg kg-1 P), com três repetições. Acrescentou-se, ainda, testemunhas absolutas, sem
tratamento com fósforo, correspondentes a solo salinizado não corrigido, solo-1 não degradado, solo-2
não degradado e solo da caatinga não desmatada, com 3 repetições, totalizando 48 vasos, com
capacidade para 7 litros de solo. O solo degradado por sodificação e salinização, o subsolo-2, recebeu
incorporação prévia do corretivo gesso agrícola, na dosagem 20g kg-1 (Shoonover, 1970), permaneceu
incubado durante15 dias na capacidade de campo, sendo em seguida recebido uma lâmina de água
destilada correspondente a 2,5 vezes sua capacidade de campo (3,5 litros vaso -1). A seguir coletou-se
amostras de solo para a determinação dos atributos que caracterizam sua salinidade: pH,
condutividade elétrica e sódio trocável. A fonte de fósforo aplicada foi o superfosfato simples,
previamente triturado. A etapa seguinte correspondeu a semeadura de feijão-macassar, deixando-se 3
plantas por vaso, cuja parte aérea, antes da floração, foram picadas e incorporadas. A mamoneira (1
planta por vaso) foi cultivada após o corte do pinhão manso. Avaliou-se altura, diâmetro do caule,
número de folhas, massa da parte aérea, sessenta dias após a germinação.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O diagnóstico nas áreas degradadas revelou alta salinidade, subsolo com CE= 3,6 dSm -1; e
baixos teores de fósforo ( 1,6 e 16 mg dm-3, nas áreas desmatada e subsolos, respectivamente; e
matéria orgânica de 3 a 9 g dm-3).

Comparando-se a altura da mamoneira entre as áreas degradadas, independentemente das


doses de fósforo aplicadas no solo, contata-se uma maior altura e produção de massa seca nos
subsolos degradados não salino e salino, superiores a área degradada por desmatamento. Isso por
que o subsolo salino recebeu correção com gesso. Já o diâmetro e o número de folhas não
apresentaram diferenças entre as áreas (tabela 01).). Os melhores resultados no subsolo degradado
não salino é conseqüência da maior profundidade desse solo e um indicativo de uma homogeneidade
da fertilidade do solo ao longo do perfil. Infere-se ainda que o principal causa de degradação nesses
subsolos está associado a presença de salinidade.

Quanto às doses de fósforo observa-se um aumento na altura da mamoneira. O P não


influenciou as demais variáveis. Possivelmente pelo fato da mamoneira corresponder ao segundo
cultivo, existindo apenas P residual nos solos (figura 1 ) Diferentemente, o pinhão-manso tem
apresentado maior crescimento em solos degradados do semi-árido tratados com gesso e fósforo (
SANTOS et al., 2009).

Resultados das variáveis entre as áreas, sem aplicação de fósforo, revelaram maior massa
vegetal seca da parte aérea no solo de área não degradada por desmatamento e maior diâmetro no subsolo salino
não tratado (tabelas 02).

CONCLUSÕES

O Subsolo degradado não salino apresentou maior produção de massa seca e altura da
mamoneira, quando se aplicou fósforo.

As maiores produções de massa seca e diâmetro da mamoneira foram maiores nas áreas não
desmatadas e no Subsolo Salino não tratado.

As doses de fósforo influenciaram apenas a altura da mamoneira.

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Os subsolos no semi-árido apresentam intensidade de degradação extremamente diferenciada,


exigindo, quando salinizados, correção com gesso para tornar possível o cultivo do pinhão manso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, A.V.; SILVA, A.M.; MORAES, M. L T.; FREITAS, M. L. M. & BORTOLOZO, F. R. Implantação
de espécies nativas para recuperação de áreas degradadas em região de cerrado. In: SIMPÓSIO
NACIONAL DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 4., 2000, Blumenau. Anais.
Blumenau. Sociedade Brasileira de Recuperação de áreas Degradadas, Fundação Universidade
Regional de Blumenau, 2000. CD-ROM

ALVES, M. C. & SUZUKI, L. E. A. S. Influência de diferentes sistemas de manejo do solo na


recuperação de suas propriedades físicas. Acta Sci. Agron., 26:27-34, 2004.
NASCIMENTO, J. T..; SILVA, I. F.; SANTIAGO, R.D.; & SILVA E NETO, L. F. Efeito de leguminosas
nas características químicas e matéria orgânica de um solo degradado. Revista. Brasileira. de
Engenharia. Agrícola e Ambiental., 7:457-462, 2003.
SANTOS, G. R. O.; SANTOS, R. V. dos; ARAÚJO, J. L.; VITAl, A. de F. M.; FARIAS Jr, J. A.. de.
Crescimento inicial do pinhão-manso (Jatropha curca L.) em áreas degradadas do semi-árido. In: XXXII
Congresso Brasileiro de Ciência do solo, Fortaleza-CE, 2009.

Tabela 01. Altura, diâmetro e número de folhas do pinhão manso nas áreas (com aplicação de P).
Áreas MVS Altura Diâmetro Número de folhas

g vaso-1 -- cm -- -- mm -- ------- un --------

Subsolo degradado não salino 5,60a 40,42a 14,2 3,92

Subsolo degradado salino 5,46a 28,42b 14,1 3,75

Área desmatada 4,42b 30,50b 14,2 3,75

Nas colunas números seguidos de mesma letra não difeem entre si, pelo teste de Tekey, a 5% de probabilidade.

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Tabela 02. Massa Vegeta Seca, Altura, Número de folhas (NF) e diâmetro da mamoneira nas áreas, sem aplicação de P.
Áreas MVS Altura N.Folhas Diâmetro

g vaso-1 - cm - - un --- mm

Subsolo degradado não salino 4,3c 24,0 4,3 12,0b

Subsolo degradado salino 4,9bc 31,7 3,7 13,7ab

Solo da Área degradada por desmatamento 5,7bc 32,3 3,7 15,3ab

Subsolo Salino não tratado 6,3bc 36,0 3,3 19,7a

Camada superficial do Subsolo degradado não salino 5,8bc 34,7 3,7 12,0b

Camada superficial do Subsolo degradado salino 8,0b 39,2 4,0 13,7ab

Solo de área não degradada por desmatamento 11,7a 50,3 4,3 12,0b

Nas colunas números seguidos de mesma letra não difeem entre si, pelo teste de Tekey, a 5% de probabilidade.

45

40

35

30
Altura (cm)

25 y = 0,0364x + 27,64

20 R2 = 0,86**

15

10

0 50 100 150 200 250 300

P aplicado (mg / kg)

Figura 1. Altura da mamoneira com aplicação de P.

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CRESCIMENTO INICIAL DO PINHÃO MANSO IRRIGADO SUBMETIDO A DIFERENTES NÍVEIS DE


ADUBAÇÃO NITROGENADA1

Clayton Moura de Carvalho1,2, Thales Vinícius de Araújo Viana3,1, Albanise Barbosa Marinho4,1, Luiz
Alves de Lima Júnior5,1, Benito Moreira de Azevedo6,1 & Geocleber Gomes de Sousa7,1
1Universidade Federal do Ceará, 2carvalho_cmc@yahoo.com.br, 3thales@ufc.br, 4albanisebm@gmail.com,
5luizalves_jr@yahoo.com.br, 6benitoazevedo@hotmail.com e 7sousasolosgeo@hotmail.com

RESUMO: Considerando o grande potencial do uso do pinhão manso como fonte de energia e a
carência de pesquisa relativa ao seu cultivo, inclusive com relação à adubação, realizou-se este
trabalho com o objetivo avaliar os efeitos de diferentes níveis de adubação nitrogenada sobre o
crescimento das plantas. Os tratamentos consistiram de quatro níveis de adubação nitrogenada (N 1 = 0
(testemunha), N2 = 25 kg de N ha-1, N3 = 50 kg de N ha-1 e N4 = 75 kg de N ha-1), no delineamento
experimental em blocos casualizados, com três repetições. Avaliaram-se altura caulinar da planta,
diâmetro caulinar, taxa de crescimento absoluto caulinar, taxa de crescimento absoluto em diâmetro
caulinar e taxa de crescimento absoluto em fitomassa fresca epífea aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias
após a poda de uniformização das plantas. Observou-se que as variáveis de crescimentos estudados
só foram significativos no que se refere a época de avaliação. Tanto a altura caulinar como o diâmetro
caulinar teve comportamento de crescimento linear durante a condução do experimento. Observou-se
também que os valores das taxas de crescimento foram influenciados pelos fatores meteorológicos da
região em estudo, havendo maiores valores no intervalo de meses onde houve precipitação, queda de
temperatura e aumento da umidade do ar.
Palavras-chave: Jatropha curcas L., parâmetros de crescimento, nitrogênio, adubação mineral.

INTRODUÇÃO

No mundo todo, existe pouco conhecimento sobre esta planta, cujo gênero tem mais de 170
espécies, sendo a mais importante a Jatropha curcas L., planta cultivada há vários anos, porém
somente nos últimos 30 anos é que foram iniciados estudos agronômicos sobre a mesma, não sendo
ainda domesticada (SATURNINO et al., 2005).

Segundo Costa et al. (2007), o pinhão manso tem alto valor agregado, uma vez que as suas
sementes são aproveitadas para extração de óleo que pode ser utilizado como matéria-prima para
produção de sabão e combustível (biodiesel).
1 Projeto financiado com recursos da Capes, do CNPq e em parceria com a Agroempresa Brasil Ecodiesel

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O nitrogênio é um macronutriente primário essencial às plantas em razão de participar da


formação de proteínas, aminoácidos e de outros compostos importantes no metabolismo das plantas,
sua deficiência bloqueia a síntese de citocinina, hormônio responsável pelo crescimento das plantas,
causando redução no tamanho e, conseqüentemente, redução da produção econômica das sementes
(ALBUQUERQUE, 2008).

Sob esta perspectiva, está embasado o objetivo principal desta pesquisa, no qual considera
imprescindíveis estudos de campo sobre a aplicação de adubos minerais, nitrogenados, na influência
do crescimento da cultura do pinhão manso (Jatropha curcas L.).

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido no período de agosto de 2009 a janeiro de 2010, na área


experimental da Fazenda Bandeira pertencente à Agroempresa Brasil Ecodiesel, situada no município
de Crateús no Estado do Ceará, com as coordenadas geográficas 05˚ 23‘ 25‘‘ Sul e 40˚ 57‘ 38‘‘ Oeste,
e 717 m de altitude. A semeadura foi realizada no dia 25 de setembro de 2008 com sementes
previamente tratadas com inseticidas e fungicidas, oriundas da própria Agroempresa Brasil Ecodiesel, e
o transplantio das mudas para a área definitiva foi realizado no dia 9 de janeiro de 2009, no
espaçamento de 3 m x 2 m. Ao término do período chuvoso de 2009, mais precisamente no mês de
julho, foi realizada uma poda de uniformização em todas as plantas, deixando-as com uma altura
média de 0,3 m para posteriormente serem iniciados os tratamentos de níveis de adubação
nitrogenada.

O experimento foi instalado no delineamento experimental em blocos casualizados, com três


repetições, sendo cada parcela constituída de três plantas úteis. Os tratamentos consistiram de quatro
níveis de adubação nitrogenada (N1 = 0 kg ha-1 de N (testemunha), N2 = 25 kg ha-1 de N, N3 = 50 kg ha-
1 de N e N4 = 75 kg ha-1 de N). Foram utilizadas como fonte de nitrogênio a uréia (40% do total
aplicado) e o sulfato de amônia (60% do total aplicado), também foram aplicados 50 kg de K ha-1 e 50
kg de P ha-1, nas formas de cloreto de potássio e superfosfato simples, respectivamente. As plantas
foram irrigadas de acordo com a evaporação medida do tanque classe A, instalado na área da
pesquisa.

As características do crescimento do pinhão manso foram avaliadas mensalmente após a poda


de uniformização durante um período de seis meses. Foram avaliados a altura caulinar da planta em
cm (AC): realizada com o auxílio de uma trena, desde a superfície do solo até a dominância apical; o

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diâmetro caulinar (mm): medido com o auxílio de um paquímetro digital, aos 2 cm em relação da
superfície do solo; a taxa de crescimento absoluto caulinar em cm dia-1 (TCA); a taxa de crescimento
absoluto em diâmetro caulinar em mm dia-1 (TCADC) e a taxa de crescimento absoluto em fitomassa
fresca epígea em cm3 dia-1 (TCAFFE), através do método da análise clássica não destrutiva. As taxas
de crescimento foram obtidas por equações propostas por (2009). As análises estatísticas foram
realizadas através do software ASSISTAT 7.5 beta, com níveis de significância de 1 e 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCURSSÃO

Na Tabela 1, são mostrados os resumos das análises de variância com a regressão para as
variáveis de crescimento analisadas. Verifica-se pelo teste F que as diferentes doses de nitrogênio não
influenciaram nenhuma das variáveis estudadas, porém houve diferenças significativas para a época
de avaliação (E) ao nível de 1% de probabilidade para todas as variáveis, exceto para a variável taxa
de crescimento absoluto em diâmetro caulinar (TCADC) que foi de 5%. Já no que se refere à interação
N x E houve diferenças significativas apenas para as variáveis altura caulinar (AC) e taxa de
crescimento absoluto (TCA).

A altura caulinar (AC) e o diâmetro caulinar (DC) cresceram linearmente com a época de
avaliação (Figura 1) obtendo o valor de 0,99 para o coeficiente de determinação (R²). Tal
comportamento linear com as diferentes épocas de coleta já era esperado, pois de acordo com Avelar
et al. (2008) o pinhão manso é um arbusto grande e de crescimento rápido, cuja altura normal é de dois
a três metros de altura, mas podendo alcançar até cinco metros em condições especiais, como por
exemplo irrigação e adubação. A altura caulinar média (AC) da planta aos 180 DAP foi de 95,78 cm,
ocorrendo um acréscimo de 125,58% em relação à leitura aos 30 DAP (42,5 cm). Já para o diâmetro
caulinar médio (DC) aos 180 DAP apresentou um valor de 74,99 mm, representando um acréscimo de
38,87% em relação à leitura efetuada aos 30 DAP, que foi de 54,00 mm.

Para uma melhor compreensão sobre as taxas de crescimento estudadas faze-se necessário a
observação sobre alguns dados meteorológicos (Tabela 2), pois Sartunino et al. (2005), Santos (2008)
e Oliveira (2009) sugerem que fatores tais como temperatura, fotoperíodo, precipitação e
disponibilidade de água, influenciam no crescimento dos vegetais. Observando-se os dados contidos
na Tabela 2 e comparando-os com o comportamento da cultura apresentada na Figura 2, pode-se
observar que no período de 60-90 DAP, ocorreu uma maior taxa de crescimento absoluto (TCA), taxa

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de crescimento absoluto em diâmetro caulinar (TCADC) e consequentemente uma maior taxa de


crescimento absoluto em fitomassa fresca epígea (TCAFFE). Esse aumento nas taxas pode ter sido
causado devido a uma pequena precipitação ocorrida no mês de outubro e uma pequena queda de
temperatura, entre os meses de outubro e novembro. De 0-60 DAP, que se refere aos meses de
agosto e setembro a cultura ficou praticamente estável no que se refere às taxas de crescimento.

Entre os meses de novembro, dezembro e janeiro, houve novamente um aumento nas taxas de
crescimento decorrentes provavelmente as precipitações significantes nos meses de dezembro e
janeiro bem como o aumento da umidade relativa do ar. Vale salientar que mesmo a cultura sendo
irrigada, quando ocorre precipitação, há um aumento da água disponível no solo para a planta e
havendo também um molhamento uniforme em todo o solo, justificando assim os aumentos da taxa de
crescimento nos meses que ocorre precipitações.

CONCLUSÕES

As doses de nitrogênio aplicadas não exerceram influência nas varáveis de crescimento, porém
houve significância nas diferentes épocas de coleta após a poda de uniformização. Observou-se
comportamento linear na altura e no diâmetro caulinar durante a condução do experimento. Os fatores
climáticos influenciaram nas variações das taxas de crescimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Anais... Salvador: EMBRAPA, 2008. 5p.

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L.) com diferentes doses de potássio. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS,
ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 5., Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 2008. p. 2754-2762.

COSTA, R. V.; FERNANDES, L. A.; MAIO, M. M.; SAMPAIO, R. A.; SATURNINO, H. M.; PRATES, F.
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diferentes profundidades da cova e formas de adubação com lodo de esgoto em área degradada. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 2., 2007, Brasília. Anais... Brasília:
MCT, 2007. p. 77-80.

OLIVEIRA, S. J. C. Componentes de crescimento do pinhão manso (Jatropha curcas L.) em função da


adubação mineral e da poda. Areia, 2009. 126p. Tese (Doutorado em Agronomia). Programa de Pós-
graduação em Agronomia, Universidade Federal da Paraíba. 2009.

SANTOS, C. M. dos. Fenologia e capacidade fotossintética do pinhão manso (Jatropha curcas L.) em
diferentes épocas do ano no estado de alagoas. Rio Largo, 2008. 79p. Dissertação (Mestrado em
Agronomia, Produção Vegetal e Proteção de Plantas). Programa de Pós-graduação em Agronomia,
Universidade Federal de Alagoas. 2008.

SATURNINO, H. M.; PACHECO, D. D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N. P. Cultura do
pinhão manso (Jatrofa curcas L.). Informe agropecuário, Belo Horizonte, v. 26, n. 229, p. 44-78, 2005.

Tabela 1. Resumos das análises de variância para a altura caulinar (AC), diâmetro caulinar (DC), taxa de crescimento
absoluta (TCA), taxa de crescimento absoluta em diâmetro caulinar (TCADC) e taxa de crescimento absoluta em fitomassa
fresca epígea.
Quadrados médios
Fonte de variação GL
AC DC TCA TCADC TCAFFE

Adubação Nitrogenada (N) 3 7,9448ns 20,7634ns 0,0041ns 0,0059ns 82,0619ns

Época de coleta (E) 5 4.339,5831** 766,9727** 0,1072** 0,0204* 1.096,0469**

R. linear 1 7.155,7569** 1.261,5716** 0,0003ns 0,0010ns 1.186,6841**

R. quadrática 1 2,3802ns 8,1127ns 0,0960** 0,0049ns 107,9160*

R. cúbica 1 63,2138** 0,1653ns 0,0393** 0,0082* 263,8769**

Interação N x E 15 6,1843* 6,8646ns 0,0047* 0,0050ns 46,3540ns

Bloco 2 17,9294ns 49,8650ns 0,0045ns 0,0034ns 3,4661*

Resíduo (N) 6 306,1252 87,8943 0,0252 0,0060 156,9939

Resíduo (E) 40 20,6073 8,8177 0,0147 0,0074 74,1275

(**) Efeito significativo a 1% e (*) a 5% de probabilidade; (ns) não significativo a nível de 5% de probabilidade pelo teste F.

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Tabela 2. Dados de temperatura, umidade relativa, velocidade do vento e precipitação, referentes ao período de condução
do experimento.
Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro
Dados meteorológicos
(30 DAP) (60 DAP) (90 DAP) (120 DAP) (150 DAP) (180 DAP)

Temperatura (ºC) 23,31 26,00 25,68 25,62 25,81 25,20

Umidade relativa (%) 70,44 61,10 61,05 60,88 63,24 72,44

Velocidade do vento (m s-1) 3,63 2,71 2,72 2,72 2,15 1,38

Precipitação (mm) 0,00 0,00 10,00 0,00 55,00 142,00

Figura 1. Altura caulinar (cm) e diâmetro caulinar (mm) em função dos dias após a poda de uniformização das plantas
(DAP).

(b) (c)
(a)

Figura 2. Taxa de crescimento absoluto da altura caulinar, cm dia-1 (a), do diâmetro caulinar, mm dia-1 (b) e da fitomassa
fresca epígea, cm2 dia-1 (c), em função das épocas após a poda de uniformização das plantas (DAP).

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 566-571.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
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CRESCIMENTO INICIAL E TEOR DE NITROGÊNIO EM PLANTAS DE ALGODÃO ADUBADAS COM


ESTERCO E COMPOSTO ORGÂNICO

Dário Costa. Primo (1); Tiago D. Althoff(1); Emmanuel D. Dutra(1); Júlio C. R. Martins(1);
Rômulo S. C. Menezes (1)
1UFPE. darioprimo@gmail.com

RESUMO - O algodão tem apresentado excelente potencial de cultivo no semi-árido nordestino.


Objetivou-se avaliar efeito de doses crescentes de composto orgânico e de esterco bovino no
desenvolvimento inicial de plantas de algodoeiro. O experimento foi conduzido em casa de vegetação
no Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco. O substrato utilizado foi
constituído por dois quilos de areia lavada e doses de composto orgânico e de esterco bovino,
formando os seguintes tratamentos: T1 - testemunha sem adubação orgânica T2 -15 t/ha-1, T3-30 t/ha-1
e T4 – 60 t/ha-1. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e
seis repetições. Os tratamentos foram irrigados com 100 ml de água a cada dois dias e, as avaliações
quanto aos efeitos das diferentes doses foram realizadas aos quarenta dias após semeadura. As fontes
de adubação utilizadas no estudo apresentaram efeitos similares para as variáveis, altura da planta,
número de folhas e matéria seca da parte aérea, entretanto, as doses de 30 e 60 t/ha-1 apresentaram
valores diferenciados quando comparada com a dose de15 t/ha-1. O maior teor de nitrogênio da parte
aérea das plantas analisadas foi encontrado na dose 60 t/ha-1 onde se utilizou esterco bovino como
adubação.
Palavras-Chave: Gossypium hirsutum L. adubação, potencial vegetativo.

INTRODUÇÃO

O algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.) é uma das plantas domesticadas mais
significativas para a humanidade. Sua produção mundial encerra aproximandamente l9,16 milhões de
toneladas de pluma por ano. Existem em estoque, para consumo, 19,27 milhões de toneladas e sua
produtividade média mundial é de 608 kg de fibra ha -1 (ICAC, 2002; CONAB 2004). Os solos da Região
do semi-árido nordestino são deficientes em nutrientes, principalmente N e P. O uso de fertilizantes
químicos é muito reduzido, em razão do custo e do risco causado pela variabilidade do regime de
chuvas (Sampaio et al., 1995). Nesse sentido, o uso de adubos orgânicos constitui boa alternativa para
os sistemas de produção.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 572-577.
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Segundo Bulluck et al., (2002), compostos orgânicos usados como


melhoradores alternativos da fertilidade do solo podem resultar em incremento da matéria orgânica do
solo. Conforme esses autores, condicionadores orgânicos de solo como o esterco bovino e o composto
orgânico podem ser superiores aos fertilizantes sintéticos, por melhorarem os atributos biológicos,
físicos e químicos do solo, contribuindo para o aumento da produtividade das plantas. A cultivar BRS
verde é geneticamente semelhante a cultivar CNPA 7H, e nos últimos cinco anos foi a mais plantada no
Nordeste do Brasil, em especial pelos produtores de pequenas propriedades, ligados à agricultura
familiar, diferindo apenas por um único gene, o que promove a fibra de cor verde (Santana et al., 1999).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses crescentes de composto orgânico e esterco
bovino no desenvolvimento inicial de plantas do algodoeiro da variedade BRS verde.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no Departamento de Energia Nuclear da


Universidade Federal de Pernambuco. Foram utilizadas duas fontes de adubos orgânicos, esterco
bovino, e composto orgânico, peneirados em malhas de 2 mm. O substrato utilizado foi constituído por
dois quilos de areia lavada e doses crescentes de esterco e de composto orgânico constituindo os
seguintes tratamentos: T1 - testemunha sem adubação orgânica T2 - 15 t/ha-1, T3 - 30 t/ha-1 e T4 – 60
t/ha-1. Para caracterização química, foram realizadas análises da areia lavada, do esterco e do
composto orgânico (Tabela 1) utilizado na composição do substrato. Sendo o pH determinado em água
por potenciometria em suspensão na proporção 1: 25 de acordo com o método descrito pela Embrapa
1997. O teor de nitrogênio total pelo método de Kjeldahl, o de fósforo por colorimetria e o de K foi por
fotometria de chama (Embrapa 1997). O carbono orgânico total do solo (COT) foi quantificado por
oxidação da matéria orgânica via úmida, empregando solução de dicromato de potássio em meio
ácido, (Yeomans & Bremner, 1988).

Foram utilizados no ensaio sacos plásticos de polietileno (15 x 28) e em cada unidade
experimental foram semeadas três sementes de algodão, e aos quinze dias após germinação, foi
realizado o desbaste, deixando apenas uma planta por saco, considerando o vigor e a uniformidade
das plantas. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado com quatro
tratamentos e seis repetições. Os tratamentos foram irrigados com 100 ml de água a cada dois dias e,
as avaliações quanto ao efeito das diferentes doses foram realizadas aos quarenta dias após a
semeadura.

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Aos quarenta dias após semeadura, as plantas foram separadas em parte aérea e raiz. A parte
aérea foi secada em estufa a 60ºC até alcançar massa constante e, posteriormente estas foram moídas
em moinho tipo Willey. Os parâmetros vegetais avaliados foram: altura da planta, número de folhas,
matéria seca da parte aérea e teor de nitrogênio total da parte aérea. A matéria seca de cada planta foi
obtida em balança semi-analítica e o teor de nitrogênio foi determinado por digestão com ácido
sulfúrico e peróxido de hidrogênio pelo método de Kjeldahl (Silva, 1999). Os dados obtidos foram
submetidos à análise de variância e ao teste F pelo software Sisvar e análise de regressão para que os
resultados em nível de significância fossem ressaltados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise variância e de regressão quanto à altura das plantas estudadas (Figura 1),
indicaram ocorrência de efeito significativo (p< 0,01) apenas entre as doses testadas e não entre as
fontes de adubação utilizada no substrato. Quanto ao número de folhas (Figura 2), as plantas
apresentaram diferença significativa também somente entre as doses utilizadas, ou seja, não houve
diferença quando comparada às duas fontes de adubação estudadas, (Figura 3). A dose de 60 t/ha-1
apresentou maior valor em todas as variáveis analisadas, porém com pouca diferença quando
comparada com doses de 15 e 30 t/ha-1 respectivamente (Figuras 1, 2 e 3).

Observou-se que os valores obtidos quanto à altura das plantas foram superiores na dose de
60 t/ha-1. Notou-se também, maior produção de matéria seca para a dose de 60 t/ha -1, tanto para a o
esterco bovino, quanto para o composto orgânico, no entanto, essa diferença não foi distante quando
comparada com a dose de 15 t/ha-1. Contudo, observa-se, que do ponto de vista econômico parece
obter bom desenvolvimento e boa produtividade apenas com a dose de 15 t/ha-1 respectivamente. Isso
pode ser explicado pela aproximação na composição química dessas fontes de adubação. Medeiros
(1989), cultivando algodão em solo Bruno não Cálcio, verificou aumento da produtividade do algodão
quando adubado com 20 t /ha-1 de esterco de curral.

Devido à baixa fertilidade e baixo teor de matéria orgânica dos solos da região semi-árida, a
aplicação de esterco promove melhoria considerável na produtividade do algodoeiro quando submetido
à adubação orgânica, indicando que ações simples de manejo podem determinar o sucesso aos
sistemas de cultivo (Klonsky et al., & Lima, 1996). Em relação aos teores de nitrogênio total encontrado
na parte aérea das plantas estudadas, observou-se que estes foram maiores nas plantas adubadas
com dose de 60 t/ha.

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Comparando o acúmulo desse nutriente (Tabela 1) para a duas fontes de adubação, verificou-
se que, as plantas adubadas com esterco apresentaram maior teor (Figura 4). Isso ocorreu
possivelmente pelo esterco possuir em sua composição química maior teor de nitrogênio quando
comparado aos compostos orgânicos. Segundo Beltrão (1999), a lavoura do algodão exige
relativamente grandes quantidades de nitrogênio ao se comparar com a demanda por outros
elementos, para obtenção do rendimento máximo. Em estudo realizado no município de Tauá, CE,
região semi-árida do Nordeste brasileiro, Lima (2001), verificou que o esterco bovino promoveu a
melhoria das características químicas do solo e sequentemente na produtividade do algodão.

A análise de regressão permite afirmar-se que houve aumento dos valores em todas as
variáveis estudadas com a elevação das doses de adubação orgânica, ao tempo em que se salienta
que as médias avaliadas se ajustaram ao modelo linear e quadrático. Embora tenha ocorrido efeito
linear para todas variáveis, optou-se pela regressão quadrática para expressar os resultados em virtude
do coeficiente de determinação ter apresentado valor mais elevado.

CONCLUSÕES

A aplicação das doses de 30 e 60 t/ha-1 tanto de esterco quanto de composto orgânico


apresentou valores médios superiores quando comparada com a dose de 15 t/ha-1. Os resultados
demonstraram que plantas de algodão da variedade BRS verde respondem de forma semelhante
quando adubadas tanto com esterco bovino quanto composto orgânico. O maior teor de nitrogênio da
parte aérea das plantas de algodão foi encontrado na dose 60 t/ha-1 no ensaio onde se utilizou esterco
bovino.

AGRADECIMENTOS

A FACEPE, ao CNPq e a Capes pela concessão de bolsas e ao Laboratório de Fertilidade de


Solos, do Deprtamento de Energia Nuclear da UFPE.

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REFERÊNCIAS BIBLIORÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M. O agronegócio do algodão no Brasil. Brasília: Empresa de Comunicação


para Transferência de Tecnologia, 1999. 78p.
BULLUCK, L. R.; BROSIUS, M. G.; EVANYLO, K.; RISTAINO, J. B. Organic and synthetic fertility
amendments influence soil microbial, physical and chemical properties on organic and conventional
farms. Applied Soil Ecology, Amsterdam, v.19, n.2, p.147-160, 2002.
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Ministério da Agricultura – Pecuária e
Abastecimento MAPA. Brasília, 2004.
EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de
Levantamento e Conservação de Solos. Manual de métodos de análise de solos. 2 ed. Rio de
Janeiro, 1997. 212p.
ICAC. Cotton: review of the world situation. Washington: ICAC. v.55, n.3, 2002, 19p.
KLONSKY, K.; TOURTE, L.; SWEZEY, S. Production practices and economic performance for organic
cotton northern San Joaquin Valley-1995. In. Beltwide Cotton Conference, 1996, Memphis,
Proceedings... Memphis: National Cotton Council of America, 1996, p.172-174.
LIMA, H.V. de. Influência dos sistemas orgânico e convencional de algodão sobre a qualidade do
solo no município de Tauá, CE. Fortaleza: UFC. 2001. 53p. Dissertação Mestrado.
Mariano, M. Consumo têxtil mundial vai crescer 40% até 2020. Textília, v.34, n.29 p.4-13, 1999.
MEDEIROS, J. da C. Efeito da adubação do algodoeiro arbóreo precoce. In: EMBRAPA - Centro
Nacional de Pesquisa de Algodão. Campina Grande - CNPA, 1991, p.388-389. Relatório Técnico Anual
1987-1989.
SANTANA, J. C. F.; FREIRE, E.C.; WANDERLEY, M.J.R.; ANDRADE, F. P. de; ANDRADE, J. E. O. de.
Qualidade e tecnologia da fibra e do fio de linhagens de algodão de fibra colorida. Revista de
Oleaginosas e Fibrosas. Campina Grande, v.3, n.3 p.195-200, 1999.
SILVA, Fábio César da. Manual de análises de solos, plantas e fertilizantes. Embrapa Solos,
Brasília, 1999. 370 p.
YEOMANS, J. C. & BREMNER, J. M. A rapid and precise method for routine determination of organic
carbon in soil. Soil Science Society of America Journal. v.19 p.1467-1476, 1988.

Tabela 1. Caracterização química do material utilizado na composição do substrato


Substrato e Fontes de Adubos pH N P K COT
......................................g/kg...........................................
Areia Lavada 6,8 0,46 0,32 0,56 1,40

Esterco Bovino 7,8 26,20 5,44 4,58 38,20

Composto Orgânico 8,2 14,80 2,55 3,68 17,16

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60,00
50,00
Altura (cm)

40,00
C. orgânico y = -0,0014x2 + 0,2745x + 43,625
R2 = 0,9998
30,00
Esterco y = -0,0014x2 + 0,2745x + 43,625
20,00 R2 = 0,9998
10,00
0,00
0 15 30 45 60
Doses
Composto Esterco

Figura 1. Altura da planta

6,000
5,000

MSA (g) 4,000 C. Orgânico y = 5E-05x2 + 0,0116x + 4,0995


R2 = 0,9994
3,000
2,000 Esterco y = 5E-05x2 + 0,0116x + 4,0995
R2 = 0,9994
1,000
0,000
0 15 30 45 60
Doses
Composto Esterco

Figura 2. Matéria seca da parte aérea.

9,0
8,0
7,0
Nº Folhas

6,0
C. Orgânico y = -0,0004x2 + 0,0563x + 6,3085
5,0 R2 = 0,997
4,0
Esterco y = -0,0004x2 + 0,0563x + 6,3085
3,0 R2 = 0,997
2,0
1,0
0,0
0 15 30 45 60
Doses
Composto Esterco

Figura 3. Altura das plantas

30,000

25,000

20,000
N g/kg

15,000 Esterco y = -0,0036x2 + 0,5233x + 12,543


R2 = 0,9999
10,000
C.orgânico y = -0,0055x2 + 0,5271x + 11,983
5,000 R2 = 0,9928

0,000
0 15 30 45 60
Doses
Esterco C orgânico

Figura 4. Teor de Nitrogênio da parte aérea.

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CRESCIMENTO VEGETATIVO DA MAMONEIRA BRS 188 – PARAGUAÇÚ ADUBADA COM


POTÁSSIO, ZINCO E COBRE

Edvaldo Eloy Dantas Júnior1; Lúcia Helena Garófalo Chaves2; Fernando Antonio Melo da Costa3;
Evandro Franklin de Mesquita1; Diva Lima de Araújo1
1 Doutorando em Engenharia Agrícola, CTRN/UFCG, E-mail: edvaldoeloyjr@gmail.com ; 2 UFCG, Professora Titular do
Departamento de Engenharia Agrícola; 3 UFCG, Graduando em Engenharia Agrícola

RESUMO – O trabalho avalia o crescimento vegetativo, altura de planta diâmetro caulinar e área foliar,
da mamoneira (Ricinus communis L.), cultivar BRS 188 - Paraguaçú, submetida aos níveis de
adubação: potássio (150 e 250 kg. ha-1) cobre (16 e 32 kg ha-1) e zinco (32 e 64 kg ha-1). A disposição
dos tratamentos foi em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, perfazendo um
total de 24 unidades experimentais. O experimento foi realizado em casa de vegetação pertencente ao
Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande no período de
janeiro a maio de 2009. A altura da planta, diâmetro caulinar e área foliar foram medidos aos 21, 42,
62, 82, 102 e 123 dias após o plantio (DAP). Nas condições do presente experimento as doses de K,
Cu e Zn influenciaram nos parâmetros de crescimento relacionados ao diâmetro caulinar e área foliar,
no entanto, em geral, o desenvolvimento das plantas, submetidas às dosagens dos nutrientes
utilizados, não acompanhou o ideal potencial genético de crescimento desta cultivar.

Palavras-chave – Ricinus communis L.; Paraguaçu; adubação K, Cu, Zn.

Introdução

A mamoneira (Ricinus communis L.), provavelmente originária da Ásia e trazida para o Brasil
pelos portugueses durante a colonização, reveste-se de importância pelas várias aplicações no mundo
moderno (JOLY, 2002). A adubação é uma das principais técnicas usadas para aumentar a
produtividade e a rentabilidade das culturas, embora tenha alto custo e possa aumentar o risco do
investimento agrícola. Sabe-se que a mamoneira é exigente em fertilidade, sendo possível aumentar
sua produtividade pelo adequado fornecimento de nutrientes por meio da adubação química. Contudo,

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existem poucos relatos sobre o comportamento da mamoneira sob diferentes condições de fertilidade
do solo, principalmente no que diz respeito aos micronutrientes. A deficiência dos macronutrientes
afeta não só o crescimento vegetativo, mas também, o reprodutivo, enquanto que a dos
micronutrientes se expressa, principalmente sobre o crescimento reprodutivo (SANTOS et al., 2004;
FERREIRA et al., 2004 a,b).

Em estudos com adubação de NPK na mamoneira cultivar BRS 188 – Paraguaçú, Ribeiro et al.
(2009), indicam os níveis de adubação que inferiram melhores respostas da cultura, indicando o nível
de 150 kg ha-1 de potássio como um bom quantitativo para esta cultivar.

Santos et al. (2004) e Ferreira et al. (2004b) ressaltam que a produtividade da mamoneira pode
ter suas produtividades reduzidas pela metade, quando cultivada em solos com baixos teores de Cu,
no entanto, Ferreira et al. (2004b) verificaram a deficiência de Zn, não ocasiona grande perdas de pro-
dução, seja por sua baixa necessidade ou pela alta capacidade de extração desse nutriente do solo.
Para Marschner (1995), o zinco (Zn) e cobre (Cu) são nutrientes essenciais para o crescimento das
plantas quando em níveis adequados, sendo conhecidos por desenvolverem importante papel na nutri-
ção mineral, bioquímica e fisiologia das plantas, uma vez que são grupos prostéticos de enzimas ou
fazem parte da estrutura de moléculas importantes.

Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da aplicação de potássio, de zinco e de cobre
no desenvolvimento da cultivar BRS 188 – Paraguaçú.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em casa de vegetação pertencente ao Departamento de


Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, no período de janeiro a maio de
2009, utilizando vasos plásticos com 90 litros de capacidade, os quais foram preenchidos com 80 kg de
material de solo franco-arenoso (NEOSSOLO REGOLITICO Eutrófico típico), coletado na camada
superficial do solo, tendo como características: areia = 770,5 g kg-1; silte = 84,6 g kg-1; argila = 144,9 g
kg-1; pH (H2O) = 6,4 ; Ca = 2,41 cmolc kg-1; Mg = 2,37 cmolc kg-1; Na = 0,04 cmolc kg-1; K = 0,02 cmolc
kg-1; H = 0,95 cmolc kg-1; Al = 0,20 cmolc kg-1; matéria orgânica = 6,5 g kg-1; P = 21,7 mg kg-1.

O preenchimento dos vasos foi realizado com solo previamente seco ao ar, peneirado e adu-
bado com 250 kg ha-1 de P2O5 em fundação e 300 kg ha-1 de N em cobertura, parcelado em seis
aplicações (semeio; 10; 20; 30; 40 e 50 dias após a semeadura - DAS), utilizando-se como fontes dos

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elementos os adubos superfosfato triplo e uréia, respectivamente. Os tratamentos consistiram da


aplicação de duas doses de Cu (16 e 32 kg ha-1) combinadas com duas doses de Zn (32 e 64 kg ha-1) e
duas doses de K2O (150 e 250 kg ha-1), dispostos em delineamento inteiramente casualizado, com três
repetições, perfazendo um total de 24 unidades experimentais para cada experimento. A adubação de
K2O, com fonte de cloreto de potássio, foi parcelada em seis aplicações, em concomitância com o N; já
a adubação do Cu e do Zn, com fontes de sulfato de cobre e sulfato de zinco, foram parceladas em
quatro aplicações (semeio; 20; 40 e 60 DAS). Cada vaso recebeu cinco sementes de mamona BRS
188 - Paraguaçu, tendo permanecido, após o desbaste aos 20 dias após a emergência das mesmas,
uma planta por vaso. Durante todo o período experimental (123 dias) o solo foi mantido com umidade
próxima da capacidade de campo, tendo o conteúdo de água do solo sido monitorado diariamente por
sonda de TDR.

Aos 21, 42, 62, 82, 102 e 123 DAS foram avaliados os parâmetros biológicos indicativos do
desenvolvimento das plantas como: altura da planta, diâmetro do caule na base, número e
comprimento de folhas. O cálculo da área foliar (AF) foi feito de acordo com o método de Wendt (1967),
utilizando a fórmula log (Y) = Σ{-0,346 + [2,152 x log (X)]}, sendo Y a área foliar em cm2 e X o

comprimento da nervura central da folha em cm.

Os dados foram analisados através da analise de variância (ANOVA), utilizando-se a analise


de regressão para os dados que foram significativos, de acordo com Ferreira (2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a análise de variância dos valores de altura das plantas, observou-se que não
houve diferença significativa dos tratamentos utilizados (Tabela 1), corroborando com Mesquita et al.
(2009) e Ribeiro et al. (2009), que não apresentaram diferença significativa em relação aos
tratamentos iguais de NPK ao presente trabalho e aos tratamentos com cobre e zinco em mamoneira
BRS 188 Paraguaçu (Chaves et al., 2009).

Enquanto que o maior valor da média geral das alturas de plantas da cultivar BRS 188
Paraguaçu foi de 53,57 cm, Mesquita et al. (2009) mostraram valores, em média, de 88,83 cm para a
mesma cultivar, mesmo não recebendo cobre e zinco nestas plantas. Ribeiro et al. (2009) também
mostrou maiores alturas de plantas correspondente de 66,17 a 69,67 cm, para os níveis de 30 a 150 kg
K2O ha-1, aos 120 DAS, respectivamente. Da mesma forma, as plantas da cultivar BRS 188 Paraguaçu,

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utilizadas com doses de cobre (4 mg dm-3) e zinco (8 mg dm-3) aos 100 DAS, também tiveram maiores
alturas, aproximadamente com 55 cm (Chaves et al., 2009).

Observou-se que os tratamentos com as adubações de K, Cu e Zn, nas dosagens e nas


condições que os experimentos foram conduzidos, refletiram em diferenças significativas nos diâmetros
dos caules em algumas situações como são mostradas na Tabela 2. Ribeiro et al. (2009), avaliando o
crescimento da BRS 188 Paraguaçu com doses de 30 a 150 kg ha -1 de K, não encontraram efeito
significativo destas doses sobre o diâmetro caulinar das plantas corroborando com Severino et al.
(2006). Contudo, Chaves et al. (2009) aponta que o diâmetro caulinar não foi afetado significativamente
de forma que não houve diferenças entre os tratamentos com respeito a este parâmetro de cresci-
mento da mamoneira adubada com Cu e Zn.

Com o aparecimento de inflorescência, aproximadamente aos 100 DAP, averiguou-se absci-


são foliares crescente, fazendo com que a área foliar total da planta tivesse um declínio a partir desse
período, que até então apresentava uma tendência crescente. Para Taiz e Zeiger (2004) a paralisação
no crescimento vegetativo, em função da aceleração do crescimento produtivo ocorre pelo
direcionamento dos foto-assimilados produzidos para os órgãos produtivos, visto que os frutos em
formação atuam como drenos de foto-assimilados. Os tratamentos de K e Cu tiveram efeito significativo
à área foliar aos 123 DAS, ao contrário do que Mesquita et al. (2009) e Chaves et al. (2009). O maior
valor, em média geral, foi observado 3989,84 cm2 aos 100 DAS, ou seja foi menor observado por
Mesquita et al. (2009) que correspondeu a 4387,83 cm2.

CONCLUSÃO

Nas condições do presente experimento as doses de K, Cu e Zn influenciaram nos parâmetros


de crescimento relacionados ao diâmetro caulinar e área foliar, no entanto, em geral, o
desenvolvimento das plantas, submetidas às dosagens dos nutrientes utilizados, não acompanhou o
ideal potencial genético de crescimento desta cultivar.

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Tabela 19 – Quadrados médios da análise de variância da altura, diâmetro caulinar e área foliar da mamona BRS 188 –
Paraguaçu, submetidas aos tratamentos com K, Cu e Zn.
Quadrados Médios
FV GL Dias após o plantio
21 42 62 82 102 123
Altura das plantas (cm)
K 1 0,09 ns 0,51 ns 4,08 ns 2,34 ns 1,76 ns 21,28 ns
Cu 1 5,51 ns 14,26 ns 14,88 ns 3,15 ns 17,51 ns 1,21 ns
Zn 1 4,59 ns 0,84 ns 2,73 ns 4,95 ns 14,26 ns 2,04 ns
K x Cu x Zn 1 1,26 ns 3,76 ns 1,08 ns 0,06 ns 0,01 ns 12,61 ns
Média Geral (cm) 21,44 32,94 36,37 43,21 46,44 53,57
Cv (%) 14,26 8,99 5,68 6,52 7,38 4,51
Diâmetro do caule (mm)
K 1 0,33 ns 0,01 ns 0,88 ns 2,10 ns 0,08 ns 6,00 *
Cu 1 0,28 ns 0,02 ns 0,17 ns 1,35 ns 0,20 ns 0,96 ns
Zn 1 0,33 ns 0,02 ns 0,06 ns 4,42* 0,20 ns 0,08 ns
K x Cu x Zn 1 0,02 ns 0,01 ns 2,04 * 0,07 ns 0,002 ns 0,48 ns
Média Geral (mm) 6,67 11,43 13,76 17,86 18,95 21,4
Cv (%) 5,72 4,8 3,78 5,28 5,88 5,07
Área foliar (cm2)
K 1 385,6 ns 15514,3 ns 408204,2 * 301885,37 ns 839143,8 ns 1030322,7 *
Cu 1 3174,0 ns 26122,8 ns 31436,1 ns 34299,72 ns 10782,3 ns 1524247,2 *
Zn 1 3146,5 ns 26840,3 ns 149152,7 ns 254430,63 ns 111943,7 ns 26967,5 ns
K x Cu x Zn 1 3042,0 ns 11344,8 ns 4082,0 ns 767016,26 ns 1073700,9 ns 51773,2 ns
Média Geral (cm2) 293,8 1518,7 1885,7 2885,57 3989,84 2816,29
Cv (%) 20,62 8,6 13,34 19,55 17,84 15,24

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CRESCIMENTO VEGETATIVO DE MUDAS DE MAMONEIRA (Ricinus communis L.) SOB


DIFERENTES DOSAGENS DE MANIPUEIRA

Thiago Costa Ferreira ¹, Emannuella Hayanna Alves de Lira¹, Aline Silva Ferreira¹,
Suenildo Jósemo Costa Oliveira²
¹ Graduando em Agroecologia (thiago_thepianist@hotmail.com), Universidade Estadual da Paraíba , Campus II ² Professor
Titular , CCAA, Universidade Estadual da Paraíba

RESUMO – A mamoneira (Ricinus comunis L.) é rústica, porem muito exigente no que se diz a
fertilidade, sendo possível aumentar sua produtividade pelo fornecimento de nutrientes por meio da
adubação líquida, a fertiirigação. Este trabalho objetivou avaliar o crescimento vegetativo de 15 mudas
de mamoneira, da variedade BRS Energia, implantadas em substrato composto por solo (70%) e
esterco bovino (30%), submetidas à fertiirrigação com diferentes dosagens de manipueira (0-5-10-15-
20 ml/planta/tratamento), aplicadas nos tratamentos aos quinze e trinta dias após o plantio. As plantas
foram avaliadas após um período de 60 dias após o plantio, e as variáveis analisadas foram: altura da
planta (cm), diâmetro caulinar (mm), número de folhas (uni), área foliar (cm²), números de nós (uni),
distância entre nós (cm), volume da raiz (cm³) e comprimento radicular (cm). A adubação da
mamoneira com manipueira promove o aumento da produção vegetativa, porém não houve
diferenciações estatísticas entre os tratamentos apresentados, segundo a medição das variáveis em
questão neste trabalho.
Palavras-chave – BRS Energia , manipueira, fertiirrigação ,nutrição.

INTRODUÇÃO

Entre as inúmeras espécies cultivadas no Brasil, a mamoneira é uma das plantas mais rústicas,
no que se diz ao manejo e condições naturais, apresentando grande potencial para fabricação de
biodiesel.

A mamoneira (Ricinus comunis L.) é uma planta xerófila, provavelmente asiática, pertencente
família das euforbiáceas, que se desenvolve por boa parte mundo, principalmente em lugares tropicais
(BELTRÃO, SILVA & MELO, 2001). Sendo bastante cultivada no Brasil, pela sua oferta de condições
favoráveis a cultura.

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A cultivar BRS Energia é uma variedade de ciclo curto (120 dias), porém com uma
produtividade média de 1.800 kg ha-1 em condições de sequeiro, e apresenta, em média, 48% de óleo
em suas sementes (OLIVEIRA, 2008).

A adubação é um fator culminante em todas as culturas comerciais (OLIVEIRA, 2008); logo é


possível melhorar produção através do uso de diversos tipos de adubos, inclusive adubos líquidos.
(CAMPOS & CANECHIO FILHO, 1973).

A manipueira é um líquido oriundo da produção de farinha de mandioca (Manihot esculenta C.),


destacam-se em sua composição seus elevados níveis de inúmeros nutrientes necessários a
mamoneira; sendo este subproduto ou resíduo, apresentado na forma de suspensão aquosa e
quimicamente como uma mistura de compostos que propicia sua utilização como fertilizante e também
é um ótimo defensivo contra diversas moléstias, podendo ser aplicada na forma pura ou diluída, por
adubação convencional ou por via foliar; logo se apresenta com um caráter alternativo e natural na sua
utilização (TLUMASKI et. al., 2009; BORSZOWSKEI et al., 2009).

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo identificar o percentual de manipueira que mais
favorece o crescimento inicial de mudas de mamoneira nas condições edafoclimáticas de Lagoa Seca -
PB.

METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no viveiro de mudas do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais,
pertencente a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizada no município de Lagoa Seca - PB,
no período compreendido entre Março e Abril de 2010. Foram utilizadas 15 mudas da mamoneira da
cultivar variedade BRS Energia, produzidas na instituição, ambas em sacos plásticos de polietileno com
capacidade para 2009,6 cm³ de solo.

Os recipientes foram preenchidos com uma mistura de solo (Neossolo Regolítico) e esterco
bovino, estes sólidos foram tamisados em peneira de 5 mm, na porcentagem de 70 e 30 por cento,
respectivamente.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos e


quatro repetições, onde cada planta representou uma repetição. As doses de manipueira utilizadas no
experimento foram: 0 5, 10,15 e 20 ml/planta/tratamento.

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A manipueira foi coletada após o beneficiamento da mandioca in natura para a produção de


farinha, na região do campus, esta passou por um período de repouso de três dias, em recipiente
plástico hermeticamente fechado, sendo aplicados, com o auxílio de uma seringa plástica graduada em
20ml, a manipueira pura, efetuando-se duas aplicações, sendo estas aos quinze e trinta dias após o
plantio.

As plantas foram aos 60 dias após o plantio, as variáveis analisadas foram: Altura da planta
(cm), diâmetro caulinar (mm), número de folhas (uni), área foliar (cm²), números de nós (uni), distância
entre nós (cm), volume da raiz (cm³) e comprimento da raiz (cm).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As plantas adubadas com manipueira não apresentaram diferenciação estatística. Observa-se


através das Tabelas 1 e 2, que pela análise de variância não houve efeito das doses crescentes de
manipueira para as variáveis estudadas, decorridos dois meses de experimento.

A aplicação de 5 ml de manipueira, proporcionou valores absolutos de 71,5 cm; 1,0mm; 11,5


folhas e 56,5 cm, para as variaríeis altura de planta, diâmetro caulinar, número de folhas e
comprimento radicular, respectivamente ( Tabela 1).

E, com a aplicação de 10ml de manipueira, as variaríeis área foliar e número de nós obtiveram
melhores resultados, quando comparados com as demais dosagens, tendo-se 101,6 cm² e 14,5 mm,
respectivamente; com a aplicação de 15ml de manipueira, a variável distância entre nós obteve 7,8 cm,
melhor resultado comparando-se com as outras dosagens; e finalmente, com a aplicação de 0 ml de
manipueira, apresentou 3,6 cm³ na variável volume radicular (Tabela 2).

Os resultados obtidos neste trabalho estão de acordo com (BORSZOWSKEI, 2009), mostrando
que a manipueira pode ser utilizada para a adubação, porém pesquisas com a utilização da manipueira
são de suma importância para que se estabeleçam parâmetros para culturas, dosagens e tecnologias
de beneficiamento e utilização que melhor se adaptem as necessidades agrícolas.

CONCLUSÃO

De acordo com as condições em que foi conduzida esta pesquisa, pode-se concluir que a
adubação da mamoneira com manipueira promove o aumento no crescimento vegetativo da
mamoneira (Ricinus communis L.), porém não houve diferenciações estatísticas entre os tratamentos
utilizados.

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Tabela 1 – Análise de variância das variáveis da mamoneira (Ricinus communis L..) submetidos a fertiirrigação com doses
crescentes de manipueira, Lagoa Seca, PB. 2010
Quadrado Médio

FV GL Comprimento da Raiz Volume Raiz Área Foliar Altura

Tratamento 4 122,29ns 1, 4817ns 190ns 101,17ns

Resíduo 10 98, 064 0, 9793 549,8 238,07

CV% 0, 3555 0, 5498 0, 4032 0, 3703

Tabela 2 – Análise de variância das variáveis da mamoneira (Ricinus communis L..) submetidos a fertiirrigação com doses
crescentes de manipueira, Lagoa Seca, PB. 2010
Quadrado Médio

FV GL Diâmetro Número de Folhas Número de Nós Medidas dos Nós

Tratamento 4 122,29ns 1, 4817ns 190ns 101,17ns

Resíduo 10 0, 0333 4, 2667 5, 6667 1, 2258

CV% 0, 3112 0, 3561 0, 3078 0, 2572

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DESENVOLVIMENTO DA MAMONEIRA BRS 149 – NORDESTINA ADUBADA COM POTÁSSIO,


ZINCO E COBRE

Edvaldo Eloy Dantas Júnior1; Lúcia Helena Garófalo Chaves2; Fernando Antonio Melo da Costa3;
Evandro Franklin de Mesquita1; Diva Lima de Araújo1
1 Doutorando em Engenharia Agrícola, CTRN/UFCG, E-mail: edvaldoeloyjr@gmail.com ; 2 UFCG, Professora Titular do
Departamento de Engenharia Agrícola; 3 UFCG, Graduando em Engenharia Agrícola

RESUMO – O presente trabalho avalia o desenvolvimento, por meio de indicadores de crescimento


como altura de planta diâmetro caulinar e área foliar, da mamoneira (Ricinus communis L.), cultivar
BRS 149- Nordestina, submetida aos seguintes níveis de adubação: potássio (150 e 250 kg. ha -1) cobre
(16 e 32 kg ha-1) e zinco (32 e 64 kg ha-1). Os tratamentos foram dispostos em delineamento
inteiramente casualizado, com quatro repetições, perfazendo um total de 24 unidades experimentais. O
experimento foi realizado em casa de vegetação pertencente ao Departamento de Engenharia Agrícola
da Universidade Federal de Campina Grande no período de janeiro a maio de 2009. Dados sobre a
altura da planta, diâmetro caulinar e área foliar foram medidos aos 21, 42, 62, 82, 102 e 123 dias após
o plantio (DAP). Nas condições do presente experimento o desenvolvimento das plantas, com base nas
doses de K, Cu e Zn utilizadas, não influenciaram nos parâmetros de crescimento avaliados e foi
inferior, quando comparado com o potencial referente a esse tipo de cultivar.
Palavras-chave – Ricinus communis L.; nutrição de plantas; adubação K, Cu, Zn.

INTRODUÇÃO

Dentre as cultivares brasileira de mamona, desenvolvidas pela Embrapa Algodão, destaca-se a


Nordestina (BRS 149) apresentando porte médio, ciclo longo (até 250 dias se houver disponibilidade de
água) e produtividade, sob condições ideais, cerca de 1500 kg/ha (EMBRAPA ALGODÃO, 2008).
Contudo as produtividades médias, atualmente obtidas em cultivos extensivos de mamona, ainda estão
aquém do seu real potencial produtivo devido, provavelmente, ao baixo nível tecnológico empregado
por grande parte dos agricultores, com pouco ou nenhum uso de fertilizantes (AZEVEDO; LIMA, 2001;
SOUZA et al., 2007).

A deficiência dos macronutrientes afeta não só o crescimento vegetativo, mas também, o re-
produtivo, enquanto que a dos micronutrientes se expressa, principalmente sobre o crescimento repro-
dutivo (SANTOS et al., 2004; FERREIRA et al., 2004 a,b). Santos et al. (2004) mostraram que a

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mamoneira tem forte demanda por N para seu crescimento e produção foliar, e quando cultivada sob
deficiência, é observada com a forte redução no crescimento e baixa estatura. Para Severino et al.
(2006), níveis insatisfatórios de P, da mesma forma que de potássio (K), retardam o crescimento inicial
da planta e provocam redução considerável na produtividade.

Segundo Marschner (1995), o zinco (Zn) e cobre (Cu) são nutrientes essenciais para o cresci-
mento das plantas quando em níveis adequados, sendo conhecidos por desenvolverem importante
papel na nutrição mineral, bioquímica e fisiologia das plantas, uma vez que são grupos prostéticos de
enzimas ou fazem parte da estrutura de moléculas importantes. Para Santos et al. (2004) e Ferreira et
al. (2004b) a produtividade da mamoneira pode ter redução superiores a 50 %, quando cultivada em
solos com baixos teores de Cu. No entanto, é mais tolerante a deficiência de Zn, seja por sua baixa
necessidade ou pela alta capacidade de extração desse nutriente do solo (FERREIRA et al.,2004b).

Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da aplicação de potássio, de zinco e de cobre
no desenvolvimento da cultivar BRS 149 – Nordestina.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em casa de vegetação pertencente ao Departamento de


Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, no período de janeiro a maio de
2009, utilizando vasos plásticos com 90 litros de capacidade, os quais foram preenchidos com 80 kg de
material de solo franco-arenoso (NEOSSOLO REGOLITICO Eutrófico típico), coletado na camada
superficial do solo, tendo como características: areia = 770,5 g kg -1; silte = 84,6 g kg-1; argila = 144,9 g
kg-1; pH (H2O) = 6,4 ; Ca = 2,41 cmolc kg-1; Mg = 2,37 cmolc kg-1; Na = 0,04 cmolc kg-1; K = 0,02 cmolc
kg-1; H = 0,95 cmolc kg-1; Al = 0,20 cmolc kg-1; matéria orgânica = 6,5 g kg-1; P = 21,7 mg kg-1.

O preenchimento dos vasos foi realizado com solo previamente seco ao ar, peneirado e adu-
bado com 250 kg ha-1 de P2O5 em fundação e 300 kg ha-1 de N em cobertura, parcelado em seis
aplicações (semeio; 10; 20; 30; 40 e 50 dias após a semeadura - DAS), utilizando-se como fontes dos
elementos os adubos superfosfato triplo e uréia, respectivamente. Os tratamentos consistiram da
aplicação de duas doses de Cu (16 e 32 kg ha-1) combinadas com duas doses de Zn (32 e 64 kg ha-1) e
duas doses de K2O (150 e 250 kg ha-1), dispostos em delineamento inteiramente casualizado, com três
repetições, perfazendo um total de 24 unidades experimentais para cada experimento. A adubação de
K2O, com fonte de cloreto de potássio, foi parcelada em seis aplicações, em concomitância com o N; já
a adubação do Cu e do Zn, com fontes de sulfato de cobre e sulfato de zinco, foram parceladas em

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quatro aplicações (semeio; 20; 40 e 60 DAS). Cada vaso recebeu cinco sementes de mamona BRS
149 - Nordestina, tendo permanecido, após o desbaste aos 20 dias após a emergência das mesmas,
uma planta por vaso. Durante todo o período experimental (123 dias) o solo foi mantido com umidade
próxima da capacidade de campo, tendo o conteúdo de água do solo sido monitorado diariamente por
sonda de TDR.

Aos 21, 42, 62, 82, 102 e 123 DAS foram avaliados os parâmetros biológicos indicativos do
desenvolvimento das plantas como: altura da planta, diâmetro do caule na base, número e
comprimento de folhas. O cálculo da área foliar (AF) foi feito de acordo com o método de Wendt (1967),
utilizando a fórmula log (Y) = Σ{-0,346 + [2,152 x log (X)]}, sendo Y a área foliar em cm 2 e X o

comprimento da nervura central da folha em cm.

Os dados foram analisados através da analise de variância (ANOVA), utilizando-se a analise


de regressão para os dados que foram significativos, de acordo com Ferreira (2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O comportamento do crescimento das plantas ao longo dos dias de cultivo obedeceu à mesma
tendência, aumentaram até os 100 DAP, estabilizando ou apresentando um crescimento mais lento a
partir dessa fase. Nos tratamentos com 150 kg ha-1 de K, observou-se que as alturas das plantas foram
ligeiramente maiores que as alturas das plantas submetidas aos tratamentos com 250 kg ha -1 em todos
os níveis de combinação com as adubações de Cu e Zn. Contudo, com exceção de K, aos 123 DAS,
não houve diferença significativa entre as médias das alturas das plantas do experimento, inferindo-se,
por tanto, que não teve efeito de tratamentos para os níveis de adubação utilizados, no fator de
crescimento das plantas, corroborando com Chaves et al. (2009), que ao estudarem as respostas da
mamoneira adubada com Zn (0, 2, 4, 6 e 8 mg dm-3) e Cu (0, 1, 2, 3 e 4 mg dm-3), observaram que
essas adubações não inferiram diferenças significativas entre os tratamentos, quando avaliada a altura
das plantas.

O diâmetro caulinar apresentou aumento em função do tempo, considerando, aos 123 DAS,
em média 20,93 mm, valor este menor que observado por Araujo et al. (2009) e Mesquita et al. (2009)
para BRS 149 - Nordestina. Observou-se que os tratamentos com as adubações de K, Cu e Zn, nas
dosagens e nas condições que os experimentos foram conduzidos, refletiram em diferenças
significativas nos diâmetros dos caules em algumas situações como são mostradas na Tabela 1. Para
Araujo et al. (2009) e Chaves et al. (2009), os diâmetros caulinares da mamoneira adubada com K e

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com Cu e Zn, respectivamente, não foram afetados significativamente de forma que não houve diferen-
ças entre os tratamentos com respeito a este parâmetro de crescimento.

Em todos os tratamentos a área foliar aumentou até aproximadamente os 100 DAS; a partir
desse período observou-se um declínio da área foliar, acompanhado de abscisões foliares e do
aparecimento de inflorescência (TAIZ; ZEIGER, 2004). O valor médio da área foliar aos 100 DAS,
correspondeu a 3921,22 cm2, muito aquém do valor observado 4132,93 cm2 correspondendo a
Mesquita et al. (2009).

Quando se trabalha com adubação em diferentes níveis, uma série de hipóteses, ou mesmo a
combinação de diversos fatores, pode explicar a não significância dos tratamentos sobre os parâmetros
de crescimento vegetativo das plantas. De acordo com a lei dos mínimos, o crescimento vegetativo é
limitado pelo nutriente menos disponível no solo, ou mesmo, pelas quantidades crescentes de
fertilizantes, ao ponto de atingir níveis prejudiciais ao crescimento vegetal.

CONCLUSÃO

Nas condições do presente experimento o desenvolvimento das plantas, com base nas doses
de K, Cu e Zn utilizadas, não influenciaram nos parâmetros de crescimento avaliados e foi inferior,
quando comparado com o potencial referente a esse tipo de cultivar.

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Tabela 20 – Quadrados médios da análise de variância da altura, diâmetro caulinar e área foliar da mamona BRS 149 –
Nordestina, submetidas aos tratamentos com K, Cu e Zn.
Quadrados Médios
FV GL Dias após a semeadura
21 42 62 82 102 123
Altura das plantas (cm)
K 1 0,16 ns 3,37 ns 12,91 ns 11,34 ns 26,46 ns 86,26 *
Cu 1 7,04 ns 2,04 ns 7,93 ns 30,15 ns 0,03 ns 15,84 ns
Zn 1 2,67 ns 0,04 ns 0,04 ns 0,40 ns 0,11 ns 0,84 ns
K x Cu x Zn 1 1,04 ns 0,37 ns 0,01 ns 0,09 ns 0,24 ns 0,01 ns
Média Geral (cm) 18,29 29,29 33,66 38,62 44,99 47,85
Cv (%) 11,13 7,58 6,44 6,91 7,54 8,10
Diâmetro do caule (mm)
K 1 0,48 ns 0,74 * 0,35 ns 1,40 ns 1,04 ns 0,04 ns
Cu 1 0.01 ns 0,74 * 0,0004 ns 2,28 ns 0,28 ns 0,002 ns
Zn 1 0,54 ns 0,02 ns 0,40 ns 4,33 ns 0,11 ns 0,73 ns
K x Cu x Zn 1 0,13 ns 0,002 ns 0,02 ns 0,002 ns 0,007 ns 0,28 ns
Média Geral (mm) 6,97 11,55 13,52 15,92 18,75 20,93
Cv (%) 7,96 3,35 5,49 9,83 6,27 4,78
Área foliar (cm2)
K 1 372,9 ns 14980,0 ns 394343,2 ** 291611,3 ns 810558,0 ns 2464901,4 ns
Cu 1 3060,0 ns 25272,1 ns 30402,4 ns 33130,4 ns 10416,7 ns 122179,7 ns
Zn 1 3046,5 ns 25938,4 ns 144057,0 ns 245774,3 ns 108111,5 ns 244743,2 ns
K x Cu x Zn 1 2939,3 ns 10948,3 ns 3942,4 ns 740856,6 ns 1037088,4 ns 414961,4 ns
Média Geral (cm2) 288,80 1492,62 1853,31 2835,92 3921,22 2243,74
Cv (%) 20,63 8,69 8,75 20,94 19,25 42,90

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DESENVOLVIMENTO DO GIRASSOL SOB ADUBAÇÃO FOSFATADA

Gerckson Maciel Rodrigues Alves1; Karla Cibelle Alves Diniz1; Paulina Alves dos Santos1; Nei Robson
Mello da Silva1; Francisco Edinaldo Costa2&Cláudio Silva Soares3
1Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. Catolé do Rocha-PB. E-mail:
gekson_pb@hotmail.com ; 2 Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB.
Catolé do Rocha-PB. 1Bolsistas de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ/UEPB. E-mail: ednaldo.edinho@hotmail.com ; 3 Prof.
Dr. do Departamento de Agroecologia e Agrárias, Campus II da UEPB. Lagoa Seca-PB.; E-mail:
claudio.uepb@yahoo.com.br

RESUMO – Atualmente o girassol (Helianthus annuus L.) vem sendo utilizado como cultura de alta
qualidade, pois o mesmo apresenta características agronômicas importantes, como a do óleo vegetal,
que é considerado um dos óleos de melhor qualidade nutricional e organoléptica (aroma e sabor) na
nutrição humana, além disso, utilizado na alimentação animal, e produção de bicombustíveis. Devido
as suas características o girassol é uma das plantas mais importantes no agronegócio das oleaginosas,
está entre as cinco maiores culturas oleaginosas produtoras de óleo vegetal comestível, porém ainda é
cultivada em poucas regiões deste país, merecendo assim, uma melhor análise das condições de seu
cultivo nestas regiões. O objetivo desse trabalho foi avaliar o desenvolvimento vegetativo do girassol,
sob adubação fosfatada, no município de Catolé do Rocha-PB. O experimento foi realizado no
Campus IV da UEPB. Foi utilizado o híbrido ―Agrobel 960‖, cujo cultivo foi realizado em vasos plásticos
de 60L, durante os meses de setembro a dezembro de 2009. O delineamento experimental adotado foi
o de blocos casualizados, sendo os tratamentos representados por quatro (4) doses de fósforo, (00 - 30
- 60 e 90 kg ha-1), com 5 repetições, totalizando 20 parcelas. As avaliações de crescimento foram
realizadas aos 45 dias após a semeadura através das seguintes variáveis: altura de planta, Diâmetro
do caule, número de folhas e área foliar total. Os dados das variáveis foram submetidos à análise de
variância pelo teste F e suas médias comparadas através de análise de regressão a 5% de
probabilidade. Os resultados comprovaram que as variáveis estudadas mantiveram-se semelhantes
entre si diante as doses de fósforo utilizadas.
Palavras-Chave: Helianthus annuus; adubação; crescimento

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) apresenta características agronômicas importantes, como


maior tolerância à seca, ao frio e ao calor, quando comparado com a maioria das espécies cultivadas
no Brasil (Leite, 2005). Entre outros usos, suas sementes podem ser utilizadas para fabricação de
ração animal e extração de óleo de alta qualidade para consumo humano ou como matéria-prima para
a produção de biodiesel.

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No entanto diversos autores citam a importância do suprimento nutricional do elemento fósforo


para a referida cultura. Para (SANCHEZ, 2007), o fósforo (P) é um macronutriente essencial para os
vegetais. A carência de P resulta em plantas menos desenvolvidas, atrasa o florescimento
(MALAVOLTA et al., 1997), prejudica o enchimento dos aquênios podendo ainda reduzir o rendimento
e o teor de óleo (ROSSI, 1998).

No girassol a absorção do fósforo ocorre até o enchimento de aquênios, isto quando não há
limitação da disponibilidade do nutriente. A contribuição do fósforo remobilizado das folhas e caule para
os aquênios em maturação varia de, aproximadamente, 30% a 60 % (HOOCKING & STEER, 1983).

Considerando-se a importância do fósforo para a cultura do girassol, objetivou-se avaliar o


desenvolvimento vegetativo do girassol sob diferentes doses de fósforo nas condições edafoclimáticas
de Catolé do Rocha-PB.

Metodologia

O trabalho foi conduzido na área experimental do Campus IV da Universidade Estadual da


Paraíba, no município de Catolé do Rocha-PB, em parceria com a Embrapa Algodão. O município
apresenta-se a 272 m de altitude, sob as coordenadas geográficas de 6°20‘38‖S e 37°44‘48‖O. A
região se localiza no Alto Sertão Paraibano, apresentando um clima, de acordo com a classificação de
Koppen, do tipo BSWh‘, portanto, um clima quente e seco, cuja temperatura média anual é de 27 °C.
Foi utilizado o híbrido ―Agrobel 960‖. O semeio foi feito em vasos plásticos de 60L. A condução do
experimento ocorreu durante o período de setembro a dezembro de 2009. No decorrer da pesquisa
foram realizadas capinas manuais dentro dos vasos para evitar a competição por água e nutrientes
presentes no substrato. Também se procedeu a irrigação, sempre mantendo o solo em capacidade de
campo, evitando assim déficit hídrico na cultura. Antes do plantio foi realizada uma análise prévia para
determinação das características químicas (Tabela1) e físicas (Tabela 2) do solo utilizado como
substrato na pesquisa.

O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, sendo os tratamentos


representados por quatro (4) doses de fósforo, (00 - 30 - 60 e 90 kg ha-1), com 5 repetições, totalizando
20 parcelas. As avaliações de crescimento foram realizadas aos 45 dias após a semeadura, através
das seguintes variáveis: a) Diâmetro do caule (DC) - realizaram-se medições no colo da planta, onde
se utilizou um paquímetro manual graduado em milímetros; b) Altura de planta (AP) - realizaram-se
medições do colo do caule até a inserção da ultima folha, em todas as plantas dos vasos, com o auxilio

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de uma régua graduada em centímetros; c) Número de folhas (NF) - feito através da contagem das
folhas e expresso seus valores em unidades; d) Área foliar - determinada através da fórmula: AF=
comprimento x largura x 0,7 e expressa em cm2. Os dados das variáveis foram submetidos à análise de
variância pelo teste F e suas médias comparadas através de análise de regressão a 5% de
probabilidade, com a utilização do programa Sisvar 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 3 apresenta o resumo da análise de variância para a altura de plantas, diâmetro do


caule, número de folhas e área foliar total. Pôde-se observar que não houve efeito das doses de fósforo
sobre as variáveis analisadas no girassol. Trabalhos realizados por Arruda Filho et al. (2008),
estudando aplicação de fósforo calcário em um latossolo: efeito Sobre características produtivas da
cultura do girassol (helianthus annus l.), obteve uma média a máxima pra área foliar de (2.138 cm2),
seria atingida, teoricamente, com a aplicação de 235 kg ha-1 de P2O5. Ungaro et al. (2000),
trabalhando com três cultivares de girassol, obtiveram resultados com índices de área foliar médio de
2,9, em condições de campo. Os resultados da altura de plantas do girassol, encontrados por Arruda
Filho et al.(2008), o mesmo constatou que para se obteve a média máxima de 173 cm, só seria
atingida, teoricamente, com a aplicação de 215,0 kg ha-1 de P2O5. Ungaro et al. (2000) encontraram
valores de altura de planta na ordem de 171,51cm, para ensaio conduzido em condições de campo,
resultados, superiores ao encontrado no presente trabalho.para a variável numero de folhas foram
encontrados resultados superiores por Neves et AL. (2005), avaliando o Desenvolvimento de plantas
de girassol ornamental (Helianthus annuus L.) em vasos, em dois substratos com solução nutritiva e
em solo, contendo pedra britada, quartzo moído ou solo como substratos, portanto, com três
substratos: cultivo hidropônico em vasos com pedra britada no 1, cultivo hidropônico em vasos com
quartzo moído e vasos com solo. Os maiores resultados foram encontrados na brita, se obteve o maior
número de folhas, seguida por quartzo e solo, respectivamente (17, 16 e 14 folhas). Bonacin (2002),
estudando o crescimento de plantas, produção e características das sementes de girassol (Helianthus
annuus L. var. Embrapa 122-V2000), observou que houve decréscimo do número de folhas verdes,
durante as avaliações, caracterizando a fase final da maturação com a senescência e a perda de
folhas, assim como ocorreu no presente trabalho. Trabalhos feitos com a cultura do girassol no Paraná,
relatam que as melhores respostas em produtividades foram alcançadas nos solos de textura argilosa e
com teores de médio a alto de fósforo no solo, em torno de 6 mg/dm3, sendo as melhores respostas no
girassol obtidas com fertilização de 40 a 80 kg ha -1 P205 CASTRO et al., (1993). Possivelmente os

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resultados não promissores, diâmetro do caule esteja relacionado com a baixa porcentagem de argila
no solo da presente pesquisa (Tabela 2), já que ela é usada como indicador da capacidade de fixação
de fósforo do solo.

CONCLUSÃO

Observou-se que as variáveis analisadas na cultura do girassol (altura de plantas, diâmetro do


caule e área foliar total) não foram afetadas pelas doses crescentes de fósforo.

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Tabela 1. Características químicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.
Ident. Ph Complexo Sortivo (mmolc/dm3) % mmolc/dm3 mg/ dm3 g/kg g/kg
H2O
Prof. 1:2,5 Ca Mg Na K S H+Al T V Al P N M.O.
(cm)
0-20 7,6 48,8 10,2 2,0 4,5 65,5 0,0 65,5 100 0,0 117,4 8,2
20-40 7,9 47 6,4 2,0 4,0 59,6 0,0 59,6 100 0,0 87,2 5,7

Laboratório de Solo e nutrição de plantas da EMBRAPA. Campina Grande, PB. 2008

Tabela 2. Características físicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.
Identificação Granulometria (%)
Prof. cm Areia grossa Areia fina Silte Argila
0-20 43 29 22 6 Franco Arenoso
20-40 46 24 22 8 Franco Arenoso

Identificação Umidade-% Densidade %


Prof. cm Capacidade de Ponto de Murcha Global Real Porosidade
0-20 Campo
9,62 5,33 1,58 2,38 33,84
Total
20-40 10,51 5,73 1,53 2,46 37,84
Laboratório de solos e nutrição de plantas da EMBRAPA ALGODÃO- Campina Grande, PB. 2008.

Tabela 3. Resumo da análise de variância para Altura de plantas (AP), Diâmetro do caule (DC), Número de folhas (NF) e
Área foliar total (AFTOT) em função das doses de fósforo. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Fontes de GL Quadrados Médios
Variação AP DC NF AFTOT
Tratamento 3 11,89NS 0,25NS 8,33 NS 79,33NS
Bloco 3 15,22 2,41 10,16 104,55
CV (%) 19,3 16,04 14,62 27,31
ns não significativo pelo teste F.

Tabela 4. Teste de média para ao Altura de plantas (AP), Diâmetro do caule (DC), Número de folhas (NF) e Área foliar total
(AFTOT) em função das doses de fósforo. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Tratamentos Médias
AP DC NF AFTOT

00 kg ha-1 12,69 5,7 8,9 32,00


30 kg ha-1 12,63 5,4 10,1 33,60
60 kg ha-1 13,87 5,7 10,6 35,40
90 kg ha-1 15,64 5,9 11,6 26,20

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 595-599.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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DESENVOLVIMENTO DO GIRASSOL SOB ADUBAÇÃO NITROGENADA

Francisco Edinaldo Costa1, Karla Cibelle Alves Diniz2, Paulina Alves dos Santos2; Nei Robson Mello da
Silva2; Gerckson Maciel Rodrigues Alves2 &Cláudio Silva Soares3
1 Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. Catolé do Rocha-PB. Bolsistas

de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ/UEPB. E-mail: ednaldo.edinho@hotmail.com ; 2 Graduandos do Curso de Licenciatura


Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. Catolé do Rocha-PB.; 3 Prof. Dr. do Departamento de Ciências Agrárias
e Ambientais, Campus II da UEPB. CEP: 58117-000. Lagoa Seca-PB. E-mail: claudio.uepb@yahoo.com.br

RESUMO – O girassol é uma das plantas mais importantes no agronegócio das oleaginosas, porém
ainda é cultivada em poucas regiões deste país, merecendo assim, uma melhor análise das condições
de seu cultivo nestas regiões. O objetivo foi avaliar o desenvolvimento vegetativo do girassol, sob
adubação nitrogenada, no município de Catolé do Rocha-PB. O experimento foi realizado no Campus
IV da UEPB. O cultivo foi realizado durante os meses de setembro a dezembro de 2009, onde foi
utilizado o híbrido ―Agrobel 960‖, semeado em vasos plásticos de 60L com uma planta por vaso. O
delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, sendo os tratamentos representados
por quatro (4) doses de nitrogênio, (00 - 30 - 60 e 90 kg ha-1), com 5 repetições, totalizando 20
parcelas. As avaliações de crescimento foram realizadas aos 45 dias após a semeadura através da
altura de planta, diâmetro do caule, número de folhas e área foliar total. Os dados foram submetidos à
análise de variância pelo teste F e suas médias comparadas através de análise de regressão a 5% de
probabilidade. A dose de 64,19 kg ha-1 de nitrogênio proporcionou o maior número de folhas. Já as
demais variáveis mantiveram-se semelhantes entre si.
Palavras-chave – Helianthus annuus; uréia; semiárido

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) está entre as cinco maiores culturas oleaginosas produtoras
de óleo vegetal comestível (FAGUNDES, 2002). Entre outros usos, suas sementes podem ser
utilizadas para fabricação de ração animal e extração de óleo de alta qualidade para consumo humano
ou como matéria-prima para a produção de biodiesel.

Essa cultura é uma opção nos sistemas de rotação e sucessão de culturas nas regiões
produtoras de grãos, pois possui características agronômicas importantes, como maior resistência a
seca, ao frio e ao calor do que a maioria das espécies normalmente cultivadas. Apresenta ampla

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IV Congresso Brasileiro de Mamona e
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adaptabilidade as diferentes condições edafoclimáticas, e seu rendimento é pouco influenciado pela


latitude, altitude e pelo fotoperiodismo (CASTRO et al., 1997).

Para a cultura do girassol, o nitrogênio é o segundo nutriente mais requerido, o qual absorve 41
kg de N por 1000 kg de grãos produzidos, podendo ser tanto a partir da adubação quanto através de
restos culturais, exportando 56 % do total absorvido (CASTRO & OLIVEIRA, 2005). Entretanto, Blamey
et al. (1997) argumenta que o nitrogênio é o maior limitante nutricional na produtividade do girassol,
proporcionando redução de até 60 % de seu potencial de produção em decorrência da sua deficiência.
Neste contexto, objetivou-se avaliar o desenvolvimento vegetativo do girassol sob diferentes doses de
nitrogênio no município de Catolé do Rocha-PB.

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido no Campus IV da UEPB, em Catolé do Rocha-PB. O município


apresenta-se a 272 m de altitude, com clima, de acordo com a classificação de Koppen, do tipo BSWh‘
(quente e seco), de temperatura média anual de 27 °C. O semeio foi feito em vasos plásticos de 60L,
utilizando o híbrido ―Agrobel 960‖. O cultivo ocorreu de setembro a dezembro de 2009. Foram
realizadas capinas manuais dentro dos vasos para eliminar ervas daninhas. Também se procedeu a
irrigação, mantendo o solo em capacidade de campo. As análises físicas (Tabela1) e químicas (Tabela
2) do solo também foram determinadas. O delineamento adotado foi o de blocos casualizados, com
quatro (4) doses de nitrogênio, (00 - 30 - 60 e 90 kg ha-1), e 5 repetições. As avaliações de crescimento
foram realizadas aos 45 dias após a semeadura, através das seguintes variáveis: a) Diâmetro do caule
(DC) - realizaram-se medições no colo da planta, onde se utilizou um paquímetro manual graduado em
milímetros; b) Altura de planta (AP) - realizaram-se medições do colo do caule até a inserção da ultima
folha, em todas as plantas dos vasos, com o auxilio de uma régua graduada em centímetros; c)
Número de folhas (NF) - feito através da contagem das folhas e expresso seus valores em unidades; d)
Área foliar - determinada através da fórmula: AF= comprimento x largura x 0,7 e expressa em cm 2. Os
dados das variáveis foram submetidos à análise de variância pelo teste F e suas médias comparadas
através de análise de regressão a 5% de probabilidade, com a utilização do programa Sisvar 5.0.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 3 apresenta o resumo da análise de variância para as variáveis analisadas.


Observando a tabela mencionada percebe-se que não houve efeito significativo quando foi avaliada a
altura de plantas de girassol sob dosagens crescentes de nitrogênio. Valores superiores para altura de
plantas foram encontrados por Biscaro et al. 2008, quando avaliou o girassol sob adubação
nitrogenada em cobertura, pois os pesquisadores obtiveram, aos 45 dias pós emergência, a altura de
114,7 cm com a aplicação de 72,9 kg ha-1 de nitrogênio.

Para o diâmetro caulinar as médias mantiveram-se semelhantes entre si (Tabela 3),


evidenciando resultado não significativo para esta variável. Segundo Marenco e Lopes (2005), o
aumento do diâmetro do caule, e conseqüentemente dos condutos de xilema, aumentam a
disponibilidade de água e de nutrientes na época de formação do tecido vegetal, fato de muita
importância a ser observado em cada situação de cultivo.

Com relação o número de folhas, observa-se efeito significativo, indicando a influência das
doses crescentes de nitrogênio (Tabela 3). Com a determinação da dose máxima estimada, verifica-se
que o maior número de folhas foi obtido com a dose de 64,19 kg ha-1 (Figura 1). Neste sentido, Biscaro
et al. 2008, também obtiveram resposta quadrática do efeito das doses de nitrogênio na cultura do
girassol, sendo observado o maior número de folhas (29,2 folhas por planta) com a maior dose
estudada (80 kg ha-1). Já a variável área foliar total não foi influenciada pelos tratamentos aplicados.

Quanto à área foliar do gergelim, também foi observado que os tratamentos não afetaram essa
característica da planta. Como se pode verificar, nem sempre o maior número de folhas (Figura 1)
implica em uma maior área foliar. Segundo Oliveira (1995) o aumento da área foliar implica num
aumento da superfície fotossintetizadora, na elevação da superfície assimiladora e, consequentemente,
no rendimento da planta.

CONCLUSÃO

As doses de nitrogênio influenciaram apenas o número de folhas do girassol nas condições de


plantio em Catolé do Rocha-PB.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BISCARO, et al. 2005. Adubação nitrogenada em cobertura no girassol irrigado nas


condições de Cassilândia - MS. Ciência Agrotecnica , Lavras, V. 32, n. 5, p. 1366 – 1373,
set. /out., 2008

BLAMEY, F.P.C.; ZOLLINGER,R.K.; SEITER, A.A. Sunflower production and culture. In: SEITEER, A.A.
(Ed.). Sunflower technology and production. Madilson: American society of Agronomy, 1997. p.595-670.
CASTRO, C. de; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE, R.M.V.B. de C.; KARAM, D.; MELLO, H.C.;
GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R.B. A cultura do girassol. Londrina: Embrapa-CNPSo, 1997. 36p.
(Embrapa-CNPSo. Circular Técnica, 13).
CASTRO, C; de OLIVEIRA, F. A. Nutrição e adubação do girassol. In : LEITE, R. M. V. B. de
C.;BRIGHENTI, A. M.; CASTRO, C. (Ed.). Girassol no Brasil. Londrina: Embrapa Soja, 2005. p. 317-
373.
FAGUNDES, M. H. Sementes de girassol: alguns comentários. Disponível em:
<http:/www.conab.gov.br>. Acesso em: 10 out. 2002.
LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal. São Carlos:RiMa, 2000. p. 531.
LEITE, R.M.V.B. de C.; BRIGHENTI, A.M.; CASTRO, C. de. (Ed.). Girassol no Brasil. Londrina:
Embrapa Soja, 2005. 641p.
MARENCO, R. A.; LOPES, N. F. Fisiologia Vegetal.Viçosa: UFV, 2005.

OLIVEIRA, E.L. Efeito do estresse hídrico sobre características da cultura do


pimentão, (Capsicum annuum, L.). 1995. 86f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Agrícola) Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande, PB, 1995.

Tabela 1. Características físicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.
Identif. Granulometria (%) Tipo de solo

Prof. cm Areia grossa Areia fina Silte Argila

0-20 43 29 22 6 Franco Arenoso

20-40 46 24 22 8 Franco Arenoso

Identificação Umidade-% Densidade %

Prof. cm Cap. de Campo Ponto de Murcha Global Real PorosidadeTotal

0-20 9,62 5,33 1,58 2,38 33,84

20-40 10,51 5,73 1,53 2,46 37,84

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Tabela 2. Características químicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.
Ident. Ph Complexo Sortivo (mmolc/dm3) % mmolc/dm3 mg/ dm3 g/kg g/kg

Prof. 1:2,5 Ca Mg Na K S H+Al T V Al P N M.O.


(cm)

0-20 7,6 48,8 10,2 2,0 4,5 65,5 0,0 65,5 100 0,0 117,4 8,2
20-40 7,9 47 6,4 2,0 4,0 59,6 0,0 59,6 100 0,0 87,2 5,7

Tabela 3. Resumo da análise de variância para Altura de plantas (AP), Diâmetro do caule (DC), Número de folhas (NF) e
Área foliar total (AFTOT) em função das doses de nitrogênio. Catolé do Rocha-PB, 2010.
FV GL Quadrados Médios
AP DC NF AFTOT
Tratamento 3 24,84 NS 2,44 NS 5,71 * * 210,85 NS
Bloco 4 9,30 0,22 0,97 51,50
CV (%) 20,84 13,97 5,9 24,08
* * Significativo a 1% de probabilidade; ns não significativo pelo teste F.

Tabela 4. Médias para a Altura de plantas (AP), Diâmetro do caule (DC), Número de folhas (NF) e Área foliar total (AFTOT)
em função das doses de nitrogênio. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Tratamentos Médias
AP DC NF AFTOT

00 kg ha-1 21,92 8,34 12,15 41,20

30 kg ha-1 22,80 8,54 14,4 45,80

60 kg ha-1 24,85 9,64 14,05 47,20

90 kg ha-1 26,92 8,04 14,35 32,80


Número de folhas em (un)

15

14

13 y = -0,0005x2 + 0,0696x + 12,313


R2 = 0,8461
12

11

10
0 30 60 90
Doses de nitrgênio (kg ha-1)

FIGURA 1. Número de folhas do girassol em função das doses de nitrogênio. Catolé do Rocha-PB, 2010.

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DESENVOLVIMENTO E NUTRIÇÃO DO PINHÃO-MANSO INOCULADO COM FUNGOS


MICORRÍZICOS ARBUSCULARES EM DIFERENTES DOSES

Elcio L. Balota1*; Oswaldo Machineski2; Priscila V. Truber3; Paula Cerezini3; Karina Lima Milani3;
Alexandra Scherer3; Carolina Honda3; Larissa G. Leite3
1 Instituto Agronômico do Paraná-IAPAR, Área de Solos, Caixa Postal 481, 86001-970, Londrina, PR. E-mail:

balota@iapar.br; 2 IAPAR, Laboratório de Microbiologia de Solos, Londrina,PR.; 3 Bolsista do Laboratório de Microbiologia


de Solos, IAPAR.

RESUMO – O objetivo no trabalho foi avaliar o efeito dos fungos micorrízicos arbusculares (FMA) sob
diferentes níveis de fósforo (P) no desenvolvimento e na nutrição do pinhão-manso. O experimento foi
conduzido em casa de vegetação, em esquema fatorial, em blocos casualizados, com três tratamentos
de FMA (Controle, sem fungo; Gigaspora margarita e Glomus clarum) e sete tratamentos de adição de
P (0, 25, 50, 100, 200, 400 e 800 mg kg -1) em quatro repetições. O substrato utilizado foi solo arenoso
autoclavado em vasos de 4 kg. Após 180 dias da instalação do experimento foi realizada a coleta das
plantas e avaliadas as variáveis de desenvolvimento e teores de nutrientes das plantas e a
micorrização nas raízes. A inoculação dos FMA proporcionou incremento de até 580% na MSPA, em
relação ao controle não inoculado, não ocorrendo diferenças nas doses acima de 200 mg kg -1. De
modo geral plantas micorrizadas apresentaram maiores teores de P tanto na parte aérea como nas
raízes. O maior acréscimo foi de até 198% (P50) na parte aérea e de 247% (P25) nas raízes,
comparado ao controle sem micorrizas. Os FMA apresentaram alta eficiência micorrízica no
desenvolvimento da parte aérea e das raízes até a dose de 50 mg kg -1 de adição de P ao solo.
Palavras-chave – Jatropha curcas L., micorrizas, adubação fosfatada, nutrição das plantas.

INTRODUÇÃO

O pinhão-manso (Jatrophas curca L.) pertencente a família das Euforbiáceas e vem se


destacando como uma alternativa para a diversificação de culturas, objetivando a obtenção de matéria
prima para a produção de bio-combustiveis (Paz et al., 2008). Os frutos apresentam em base seca um
teor de óleo de 28%, com 38% na semente e 61% no albúmem (Brasil, 1985). O pinhão-manso tem a
capacidade de desenvolver em solos de baixa fertilidade, entretanto para alcançar altas produtividades
se faz necessária a aplicação de considerável quantidade de fertilizantes (Saturino et al., 2005).

Assim, é importante estudos que objetivam avaliar o comportamento do pinhão-manso


em diferentes condições de disponibilidade de nutrientes no solo, particularmente relacionados às

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associações micorrízicas. Micorriza é a associação simbiótica entre raízes de plantas e fungos


micorrízicos arbusculares (FMA), caracterizado pela formação de estruturas internamente às raízes
(hifas, vesículas e arbúsculos) e grande quantidade de hifas extrarradiculares. Estas hifas funcionam
como extensões do sistema radicular, aumentando em mais de cem vezes a área de exploração do
solo, e absorvendo água e nutrientes para as plantas.

O objetivo no trabalho foi o de avaliar o desenvolvimento e a nutrição de pinhão-manso


inoculado com fungos micorrízicos arbusculares em diferentes doses de fósforo.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no IAPAR, em Londrina-PR, em


um delineamento experimental em esquema fatorial 3 x 7 casualizado, sendo os fatores: inoculação de
FMA (Controle sem inoculação; Gigaspora margarita e Glomus clarum) e doses de P (0, 25, 50, 100,
200, 400 e 800 mg.kg-1) em quatro repetições. As dosagens de P foram denominadas como P0, P25,
P50, P100, P200, P400 e P800.1 O substrato utilizado no experimento foi solo arenoso autoclavado,
apresentando, pH (CaCl2) = 4,1e P (Mehlich) = 2,3 mg kg-1. Foi adicionado calcário para obter 60% da
saturação por bases e incubado por 60 dias para reação do corretivo. Após esse período o solo foi
acondicionado em vasos com capacidade para 4 kg e aplicado P na forma de superfosfato triplo nas
doses especificadas.

Após germinação das sementes as mesmas foram transplantadas para os vasos,


inoculando uma suspensão com 120 esporos de FMA na região da radícula. Os esporos foram obtidos
da Coleção de Espécies de FMA mantida no IAPAR. Foi realizada aplicação de solução nutritiva de
Hoogland sem P aos 20 e 50 dias após o transplantio. Aos 180 dias de condução do experimento foi
realizada a coleta das plantas avaliando as variáveis de desenvolvimento e nutrição das plantas, bem
como aquelas de desenvolvimento da associação micorrízica.

Resultados e discussão

Houve interação significativa da inoculação de FMA com as doses de P para todas as variáveis
estudadas. A produção de matéria seca da parte aérea das plantas apresentou resposta quadrática
com o aumento de adição de P ao solo (Figura 1). A inoculação dos FMA proporcionou incremento na

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MSPA, em relação ao controle não inoculado, de até 580% no tratamento P0, 223% no P25, 195% no
P50 e 27% no P100, não ocorrendo diferenças nas doses acima de 200 mg kg -1.

De modo geral plantas micorrizadas apresentaram maiores teores de P tanto na parte aérea
como nas raízes. O maior acréscimo foi de até 198% (P50) na parte aérea e de 247% (P25) nas raízes,
comparado ao controle sem micorrizas. Plantas sem micorrizas apresentaram resposta linear com o
aumento da adição de P, enquanto que nas plantas micorrizadas a resposta foi quadrática.

O maior desenvolvimento e os maiores teores de P nas plantas micorrizadas é atribuído à


capacidade dos FMA em aumentar a área de exploração do solo, pela grande produção de hifas
extrarradiculares e pela maior eficiência na absorção e translocação de nutrientes pelas hifas
comparadas às raízes.

A eficiência micorrízica (EM) expressa o quanto as plantas micorrizadas foram superiores às


plantas não micorrizadas. Quando analisado a EM baseado na matéria seca das plantas a
micorrização estimulou o desenvolvimento da parte aérea em 487% no P0, 193% no P25 e 177% no
P50, enquanto que a raiz foi estimulada em 310% no P0, 160% no P25 e 256% no P50. A partir do
P100 a EM foi praticamente nula.

A diminuição da eficiência micorrízica com o aumento dos níveis de P no solo evidencia o


efeito benéfico da micorrização em condições de deficiência de P, quando os FMA conseguem
expressar seu grande potencial de contribuição à nutrição e desenvolvimento das plantas.

O baixo desenvolvimento das plantas não-micorrizadas sob baixos níveis de adição de P (até
50 mg kg-1) evidencia a grande dependência do pinhão-manso à micorrização, em condições de baixos
níveis de P disponível e/ou a necessidade de adição ao solo de altas doses de P para o adequado
desenvolvimento das plantas.

CONCLUSÃO

A micorrização aumenta o desenvolvimento e os teores de nutrientes das plantas de pinhão-


manso, sob baixos níveis de fósforo. Os FMA apresentaram alta eficiência micorrízica no
desenvolvimento da parte aérea e das raízes até a dose de 50 mg kg -1 de adição de P ao solo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Produção de combustíveis líquidos a partir de óleos vegetais. Ministério da indústria e do


comércio. Secretaria de Tecnologia Industrial. Brasília: STI/CTI, 1985.

PAZ, T. C.; ROSSET, J. S.; SCHIAVO, J. A. Crescimento inicial de pinhão-manso (Jatropha curcas L.) inoculado
com fungos micorrízicos sob doses de fósforo. In: FERTBIO 2008. Londrina. Anais do Fertbio 2008, CD
Rom.

SATURINO, H.M.; PACHECO, D.D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇAVES, N. Cultura do Pinhão-manso
(Jatropha curcas L.). Informe agropecuário, Belo Horizonte, 26(229):44-78, 2005.

Controle G.margarita G.clarum


Matéria Seca da Parte Aérea

40

30
(g planta )
-1

20
Controle y = -0,0001x 2 + 0,1185x + 5,1087 R2 = 0,82**
10 G.margarita y = -7E-05x 2 + 0,075x + 15,13 R2 = 0,80**
G.clarum y = -4E-05x 2 + 0,0506x + 18,515 R2 = 0,79**
0
0 200 400 600 800

Adição de P (mg kg-1)

Figura 1. Matéria seca da parte aérea de pinhão-manso inoculado com fungos micorrízicos arbusculares em diferentes
doses de P. ** Indica significância do modelo a 1% de probabilidade pelo teste F.

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3 PA-Controle PA-Micorriza Raiz-Controle Raiz-Micorriza

2,5 PA-Micorriza y = -2E-06x 2 + 0,0034x + 0,5448 R2 = 0,95**


Teor de P (mg kg )
-1

Raiz-Micorriza y = -8E-07x 2 + 0,0021x + 0,9118 R2 = 0,95**


2

1,5

1
PA-Controle y = 0,0025x + 0,2167 R2 = 0,92**
0,5
Raiz-Controle y = 0,0027x + 0,2853 R2 = 0,93**

0
0 200 400 600 800
-1
Dose de P (mg kg )

Figura 2. Teor de P na parte aérea (PA) e nas raízes de pinhão-manso inoculado com fungos micorrízicos arbusculares em
diferentes doses de P. Micorriza = valores médias de G. margarita e G. clarum; ** Indica significância do modelo a 1% de
probabilidade pelo teste F.

600

Parte Aérea
Eficiência Micorrízica (%)

500
Raiz
400

300

200

100

0
0 25 50 100 200 400 800
-100
Adição de P (mg kg-1)

Figura 3. Eficiência micorrízica (EM) dos FMA no desenvolvimento da parte aérea e das raízes de pinhão-manso em
diferentes doses de P. EM = (matéria seca da planta micorrizada) – (matéria seca da planta não-micorrizada)/(matéria seca
da planta não-micorrizada) x 100.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 605-609.
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CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE MAMONEIRA BRS ENERGIA EM FUNÇÃO DAS DIFERENTES


FORMAS DE ADUBAÇÃO*

Marcos Antônio da Silva1; José Sebastião de Melo Filho1; Francisco Evandro de Andrade Silva1;
Francisco Eudismar Torres1; Fabiana Xavier Costa2; Edivan Silva Nunes Júnior2
1Graduando do curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. CEP: 58884-000. Catolé do
Rocha-PB. Email: marcouepb@yahoo.com.br; sebastiaouepb@yahoo.com.br; evandro19silva@hotmail.com;
eudismar_torres@hotmail.com ; 2Professor (a) do Departamento de Agrárias e exatas, Campus IV da UEPB. Email:
fabyxavierster@gmail.com; edivanjuniors@yahoo.com.br

RESUMO – Objetivou-se com este trabalho avaliar o crescimento e produção de mamona BRS Energia
em função de adubação com casca de mamona e doses crescentes de nitrogênio. O experimento foi
realizado no Campus IV da Universidade Estadual da Paraíba, em Catolé do Rocha, utilizando a
cultivar BRS Energia. O plantio foi realizado em vasos plásticos de 60 L com 57 cm de altura, 40 cm de
diâmetro na parte superior e 26,5 cm de diâmetro na parte inferior. O plantio foi realizado no dia 06 de
setembro de 2008. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso em arranjo fatorial 2 x 4, sendo duas
formas de utilização da casca de mamona (natural e moída) na quantidade de 3 t/ha e quatro doses de
Nitrogênio (0, 30, 60, 90 Kg/ha), com quatro repetições totalizando 32 parcelas. Em todos os
tratamentos foi utilizada uma adubação fixa de P2O5 na quantidade de 30 Kg/ha. Observou-se que
entre as variáveis estudadas o número de folhas foi afetado significativamente pela adubação com os
tipos casca, não ocorrendo o mesmo para a massa seca das folhas e massa seca do caule. A dose de
90 Kg/ha de N foi superior às demais.
Palavras-chave: nutrientes, crescimento, produção.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L) é uma planta de origem africana que se adaptou no Brasil de
forma ampla, encontrada de norte a sul do país. A cultura deve ser implantada em áreas com altitude
variando de 300 m a 1500 m, pluviosidade de 500 mm a 1000 mm por ano, temperatura de 20º a 30º C
(ideal 23º _ é uma planta exigente em luminosidade) e umidade relativa do ar abaixo de 80% (ideal em
torno de 65%) (BELTRÃO et al. 2006).

A mamoneira apresenta sistema radicular pivotante e raízes fistulosas, bastante ramificadas, o


sistema radicular secundário bem desenvolvido é caráter de particular importância na obtenção de
cultivares resistentes à seca. Para Lima et al. (1997), fertilidade do solo é um fator limitante à produção

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desta cultura em geral, deve-se usar na adubação, somente nitrogênio, na quantidade de 40 Kg de


N/ha, aplicando em cobertura no início da floração do primeiro cacho e fósforo em fundação nas covas,
na quantidade de 30 a 40 Kg/ha de P2O5, caso a análise de solo apresente teor abaixo de 10mg/dm3.

Conforme Sofiatti et al. (2008), existe a carência de informações sobre a resposta da


mamoneira da cultivar BRS Energia à adubação química com NPK. Sendo, assim, objetivou-se com
este trabalho avaliar o crescimento e produção de mamona BRS Energia em função de adubação com
casca de mamona e doses crescentes de nitrogênio.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na área experimental do Campus IV Universidade Estadual da


Paraíba, no município de Catolé do Rocha, em parceria com a Embrapa Algodão de Campina Grande-
PB. O município fica a 272 m de altitude, 6º20‘38‖S de Latitude e 37º44‘48‖ O de Longitude,
localizando-se no Sertão Paraibano de clima quente e seco, cuja temperatura média anual é de 27ºC.

Foi utilizada a cultivar BRS Energia, produzida pela Embrapa Algodão, sendo o plantio
realizado em vasos plásticos de 60 L, tendo como medidas 57 cm de altura, 40 cm de diâmetro
superior e 26,5 cm de diâmetro inferior.

O plantio foi realizado no dia 06 de setembro de 2008. Após a mistura dos adubos com
adubação nitrogenada aplicada toda na base, assim como os tipos de casca e suas devidas
quantidades, já infrarelacionadas, em cada tratamento, os mesmos foram misturados ao solo e
homogeneizados sendo em seguida semeadas 3 sementes por cova de mamona BRS Energia em
cada vaso e aos 12 dias após a emergência das plântulas realizou-se o desbaste, mantendo-se uma
planta por vaso.

Durante o transcorrer da pesquisa foram realizadas limpezas manuais dentro dos vasos para
evitar a competição por água e nutrientes presentes no substrato. A irrigação foi realizada de forma
manual, utilizando-se um regador. A quantidade de água utilizada foi de acordo com as necessidades
hídricas da cultura.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em arranjo fatorial 2 x 4, sendo duas


formas de utilização da casca de mamona (natural e moída) na quantidade de 3 t/ha e quatro doses de
Nitrogênio (0, 30, 60, 90 Kg/ha), com 4 repetições totalizando 32 unidades experimentais.

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A coleta dos dados foi realizada a cada quinze dias após a germinação, num total de quatro
períodos de coleta. As variáveis estudadas foram: número de folhas, massa seca do caule e massa
seca das folhas. Os dados das variáveis foram submetidos à análise de variância pelo teste F e
comparadas através de análise de regressão a 1 e 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância mostrou que não existe interação significativa entre as variáveis
estudadas e as doses, por isso os dados serão apenas apresentados. Na Tabela 1 são apresentados
os resumos da análise de variância para o número de folhas (NF), massa seca do caule (MSC) e
massa seca das folhas (MSF). Pode-se observar que o fator tipo de casca influenciou
significativamente nos resultados para a variável número de folhas, não ocorrendo o mesmo para a
massa seca das folhas e massa seca do caule. As doses de adubo químico, assim como a interação
entre tipo de casca e doses não foram significativas para as variáveis estudadas.

Com os resultados apresentados na Tabela 2, verifica-se que os valores médios dos fatores
tipos de casca e doses foram independentes entre si para todas as variáveis, pois as interações não
foram significativas. A variável número de folhas foi a única que apresentarou diferenças estatísticas
entre os tipos de casca usados como adubo.

A casca moída apresentou o melhor resultado em todas as variáveis estudadas, possivelmente


por ter sido moída, tornando-se um pó de partículas finas, facilitando o processo de mineralização da
casca, reduzindo a relação C/N da mesma.

Lima et al. (2008a), estudando a combinação de casca e torta de mamona como adubo
orgânico para mamoneira verificou que o uso da casca de mamona sem ter passado por um processo
de compostagem ou outra forma que facilite a mineralização dos nutrientes e reduza a relação C/N,
propicia um baixo crescimento e produção das plantas, devido ao não fornecimento de nutrientes, caso
do N, imobilizado na casca da mamona.

Normalmente a casca de mamona é utilizada como adubo orgânico, por ser um resíduo
produzido dentro das lavouras ou próximo a elas. Para Lima et al (2008b), quando objetiva-se utilizar a
casca de mamona como adubo é preciso que antes ela seja submetida à decomposição ou misturada a
outro material rico em N, com objetivo de reduzir a relação C/N, o que ficou comprovado em seus
estudos usando a casca de mamona avaliada em vasos como fertilizante orgânico para a mamoneira.

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Na Tabela 2 observa-se ainda que, as diferentes dosagens de adubos químicos não


apresentaram diferenças estatísticas na produção da mamoneira. No entanto, a dose de 90 Kg/ha N
obteve superioridade em relação as demais doses aplicadas para todas as variáveis avaliadas.

A mamoneira responde a fertilização orgânica, a qual além de fornecer nutrientes, melhora as


características físicas e químicas do solo, como aeração e retenção de umidade. Conforme Severino et
al (2007), em seus trabalhos de adubação da mamoneira dificilmente um material orgânico terá todos
os nutrientes essenciais na quantidade exigida, o que limita a utilização da adubação orgânica como
única fonte de nutrientes, devendo-se utilizá-la em conjunto com a adubação mineral.

CONCLUSÕES

Os tipos de casca proporcionaram diferenças significativas para número de folhas, não


ocorrendo o mesmo com a massa seca das folhas e massa seca do caule. Para todas as variáveis
estudadas a adubação com casca moída superou a casca natural.

A dose de adubo químico de 90 Kg/ha de N apresentou o melhor resultado para as variáveis


em estudo, mesmo não havendo diferença estatística entre as doses aplicadas.

* AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Universidade Estadual da Paraíba e Embrapa Algodão por todo apoio científico
e financeiro na realização deste.

REFERÊNCIAS

BELTRÃO, N.E.M.; CARTAXO, W.V.; PEREIRA, S.R.; SILVA, O.R.R.F. O cultivo sustentável da mamoneira
no semi-árido. Campina Grande: Embrapa, 2006. 62 p.

LIMA, E. F.S.; BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N.E.M.; SOARES, J.J.V.; VIEIRA, R.M. Recomendações técnicas
para o cultivo da mamoneira. Campina Grande, Embrapa, 1997. 52 p.

LIMA, E. F.S.; SEVERINO, L. S.; SAMPAIO, L.R.; FREIRE, M. A. O.; SOFIATTI, V.; BELTRÃO, N.E.M.
Composição de casca e torta de mamona como adubo orgânico para a mamoneira. In: Congresso

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Brasileiro de Mamona, Energia e Ricinoquímica.,3., Salvador-BA. Anais... Bahia Othon Palace Hotel, Salvador-
BA, 2008a.

LIMA, E. F. S.; SEVERINO, L. S.; ALBUQUERQUE, R.C.; BELTRÃO, N. E. M. SAMPAIO, L. R. Casca e torta de
mamona avaliados em vasos como fertilizantes orgânicos. Revista Caatinga, v.21, n.5, p.102-106, 2008b.

SEVERINO, L. S.; LIMA, E. F. S.; BELTRÃO, N. E. M. Adubação da mamoneira. Campina Grande-PB.


Embrapa Algodão, 2p. 2007.

SOFIATTI, V.; SEVERINO, L. S.; GONDIM, T. M. S., FREIRE, M. A. O.; SAMPAIO, L. R.; VALE L. S.; LUCENA,
A. M. A.; SILVA D. M. A. Adubação da Cultivar BRS Energia. In: Congresso Brasileiro de Mamona, Energia e
Ricinoquímica.,3., Salvador-BA. Anais... Bahia Othon Palace Hotel, Salvador-BA, 2008.

Tabela 1. Resumos da análise da variância para as variáveis número de folhas (NF), peso matéria seca do caule (MSC),
peso matéria seca das folhas (MSF). UEPB, Catolé do Rocha-PB, 2010.
F. V. GL Quadrados Médios

NF MSC MSF

CASCA (C) 1 1104.500** 990.125 ns 442.531 ns

DOSE (D) 3 82.083 ns 170.583 ns 100.114 ns

CxD 3 83.250 ns 161.708 ns 195.197 ns

Resíduo 24 108.562 259.958 357.802

CV% 37,21 34,49 27,65

*, ** e ns: Significativo a 5 e 1% de probabilidade e Não significativo, respectivamente.

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Tabela 2. Valores médios das variáveis número de folhas (NF), peso matéria seca do caule (MSC), peso matéria seca das
folhas (MSF). UEPB, Catolé do Rocha-PB, 2010.
Variáveis

Fatores NF MSC MSF

a. Tipos de
casca

Natural 22.125 b 41.187 a 64.687 a

Moída 33.875 a 52.312 a 72.125 a

-------------- -------------------------- -------------------------- ---------------------------

b. Doses

0 23.250 a 41.625 a 64.375 a

30 29.125 a 44.125 a 66.500 a

60 29.375 a 50.000 a 71.250 a

90 30.250 a 51.250 a 71.500 a

Para cada fator e coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a nível de 1 e 5% de
probabilidade.

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DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DO GERGELIM BRS SEDA SOB CULTIVO ORGÂNICO

Francisco das Chagas Fernandes Maia Filho1; Evandro Franklin de Mesquita2 Daniele da Silva Melo3;
Polyana Martins de Sousa3; Antonio Suassuna de Lima3; Salatiel Nunes Cavalcante3; Kátia Otília
Gomes Dutra3; José Geraldo Rodrigues dos Santos4;
1 Aluno do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias - universidade estadual da paraíba - campus-iv; email:
juniormaiapb@yahoo.com.br ; 2 Professor do CCHA, UEPB, Campus IV, Paraíba e doutorando em Engenharia Agrícola,
Universidade Federal de Campina Grande. Av. Aprígio Veloso, 882, Campina Grande, PB, CEP 58429-140. ; 3 Alunos do
curso de Licenciatura em Ciências Agrárias - Universidade Estadual da Paraíba - campus-IV; 4 Professor doutor do CCHA/
UEPB/ Campus IV, Sítio Cajueiro, Zona Rural, 58884-000, Catolé do Rocha/PB.

RESUMO – O alto custo dos insumos sintéticos e os baixos teores de matéria orgânica no solo das
regiões de semi-árido têm proporcionado a utilização de alternativas orgânicas, principalmente a
utilização de esterco bovino e biofertilizantes líquidos. Neste sentido, o trabalho teve como objetivo
avaliar o comportamento fisiológico do gergelim BRS Seda sob cultivo orgânico nas condições
edafoclimáticas de Catolé do Rocha-PB. O experimento foi desenvolvido em blocos casualizados com
quatro repetições e cinco plantas por parcela, usando o esquema fatorial 5x5, referentes às dosagens
de biofertilizante bovino de 0,0; 0,8; 1,6; 2,4 e 3,4 L/planta, fornecidas via fertirrigação, diluído na
proporção 1:10 e cinco níveis de matéria orgânica, oriunda do esterco bovino,adicionando-se na
fundação de modo a elevar os teores do solo para 1,5; 2,0; 2,5; 3.0 e 3,5 %, respectivamente. As
variáveis estudadas foram: Taxa de crescimento absoluto em Altura (TCA AP) e em diâmetro (TCA DC)
da Cultivar BRS Seda de cor branca. A taxa de crescimento absoluto em altura respondeu mais
estatisticamente ao teor de matéria no solo do que as doses de biofertilizantes. As maiores taxas de
crescimento absoluto do diâmetro foram obtidos com os teores de 2,7 e 2% de matéria orgânica no
solo.
Palavras-chave – Sesamum indicum; biometria; adubação orgânica

INTRODUÇÃO

O gergelim (Sesamum indicum L.) foi introduzido no Brasil pelos portugueses no século XVI, é
plantado tradicionalmente na Região Nordeste para consumo local, e vem sendo explorado
comercialmente no Centro-Oeste e Sudeste, especialmente no Estado de São Paulo há mais de 60
anos para atender ao segmento agro-industrial de óleos e de alimentos in natura (ARAÚJO, 2006).

Em 2007, a Embrapa Algodão lançou uma nova variedade de gergelim de cor branca,
denominada BRS Seda, onde suas principais características são: ciclo de 85 a 89 dias, inicio da

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floração aos 35 dias, porte médio, produtividade de 1.000 kg/há, teor de óleo de 51%, tolerante à seca
e frutos deiscentes (EMBRAPA, 2008).

Existem varias formas de avaliar a adaptação de uma planta a diferentes condições de cultivo,
destaca-se a análise de crescimento como uma ferramenta eficaz de avaliação. Esta, por sua vez,
possibilita identificar diferenças entre os cultivares e permite estabelecer relações entre a planta e o
ambiente, através dos parâmetros fisiológicos, e elementos climáticos, edáficos e fitotécnicos, com o
objetivo de verificar o desempenho de diferentes cultivares (CRUZ, 2007).

No contexto da agricultura atual são exigidos produtos isentos do uso de insumos sintéticos e
defensivos químicos para garantia de qualidade para os produtores e consumidores, agredindo menos
o meio ambiente e o homem. Portanto, a utilização de insumos naturais, como os estercos bovinos ou
biofertilizantes, deve ser estimulada tanto na pulverização das plantas com diretamente aplicados nos
solos.

METODOLOGIA

A pesquisa está sendo conduzida em condições de campo no setor de agroecologia, no Centro


de Ciências Humanas e Agrárias - CCHA, da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB, Campus-IV,
distando 02 km da Cidade de Catolé do Rocha-PB (6º21‘S ; 37º45‘ W ; 250 m). O clima do município,
de acordo com a classificação de Koppen, é do tipo BSWh‘ , ou seja, quente e seco do tipo estepe. A
pluviometria média anual é de 849,1 mm.

Os tratamentos foram distribuídos em blocos casualizados com três repetições e 10 plantas


úteis por metro linear, usando o esquema fatorial 5x5, referentes às dosagens de biofertilizante bovino
de 0,0; 0,8; 1,6; 2,4 e 3,4 L/planta, fornecidas via fertirrigação diluído na proporção 1: 10 e cinco níveis
de matéria orgânica, oriunda do esterco bovino,adicionando-se na fundação de modo a elevar os
teores do solo para 1,5; 2,0; 2,5; 3.0 e 3,5 %,respectivamente. As dosagens de biofertilizantes estão
sendo aplicado em cobertura aos 20 dias após a semeadura, em intervalos de 15 dias até o final do
experimento.

Foram coletadas amostras de esterco bovino e do biofertilizantes, sendo que essas amostras
apresentaram a seguinte composição química, respectivamente: pH (H2O): 7,77 e 6,55 ; Cálcio: 7,70
Cmolc/dm3 e 5,64 Cmolc/L, Magnésio: 15,90 Cmolc/dm3 e 3,15 Cmolc/L, potássio 24,64 Cmolc/dm3 e

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4,48 Cmolc/L, sódio: 9,18 Cmolc/dm3 e 4,11 Cmolc/L. A lâmina de água está sendo aplicada
diariamente com base na evaporação potencial do dia anterior, obtido de tanque classe ―A .

As taxas de crescimento foram computadas a partir dos dados de altura de planta (AP) e
diâmetro caulinar (DC), obtendo-se as taxas de crescimento absoluto em altura (TCAAP), e em diâmetro
(TCADC), em dois períodos (28 – 43, 43 - 58 DAS) conforme equações descrita (BENINCASA,, 2003):

AP2  AP1 DC2  DC1


TCAAP  eq. 1 TCADC  eq. 2
t 2  t1 t 2  t1

Em que:
TCAAP = Taxa de crescimento absoluto caulinar em altura (cm.dia-1)
AP1 = Altura da planta no tempo t1 (cm)
AP2 = Altura da planta no tempo t2 (cm)
TCADC = Taxa de crescimento absoluto caulinar em diâmetro (mm dia-1)
DC1 = Diâmetro do caule no tempo t1 (mm)
DC2 = Diâmetro do caule no tempo t2 (mm)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando-se os resultados estatísticos apresentados na Tabela 1, conclui-se, que as


dosagens de biofertilizantes afetaram significativamente a taxa de crescimento absoluto da altura de
planta TCA AP no período 43 – 58 DAS e do diâmetro caulinar TCA DC no período 28 – 43 DAS.
Quanto aos teores de matéria orgânica no solo observa-se efeito estatístico sobre a taxa de
crescimento em altura – TCA AP, em dois no período 28 43 e 43 -58 DAS em diâmetro TCA DC, no
períodos 28 – 43 DAS.

Os máximos valores de taxa de crescimento absoluto em altura –TCA AP – variaram de acordo


o tratamento utilizado, sendo, 3,01 cm dia-1 para o teor de 3,5 % de matéria orgânica no solo,
correspondente ao período 28 – 43 DAS, 5,82 cm dia-1 para a dose de máxima eficiência física de
2,5%, equivalente ao período de 43 – 58 DAS (Figura 1 A e B), nesses períodos ocorreram um
acréscimo 93%. Comportamentos diferentes foram observados em outras oleaginosas, tais como: Nery
(2008) observou no pinhão manso um decréscimo de 29,32 % entre o primeiro (37- 58) e segundo
período (58-79), no entanto Medeiros (2009) com a cultura do algodoeiro colorido BRS Rubi um
decréscimo de 165,64% entre o primeiro período ( 30-40) e o segundo (40-50) DAS.Quando as

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dosagens de biofertilizantes o maior valor de 5,78 cm dia-1 da TCA AP ,correspondente ao período 48-
58 DAS, foi obtido na máxima dosagem de biofertilizante (3,2 L/metro linear), no entanto, o menor
valor de 5,34 cm dia-1 foi obtido com a testemunha ( 0 L/metro linear) (Figura 1 C).

Os resultados da taxa de crescimento do diâmetro, no período de 28- 43 DAS, submetidos a


análise de regressão polinomial se ajustaram de forma significativa (p ≤ 0,01) a uma função do
segundo grau para a taxa de crescimento absoluto do diâmetro em função dos tratamentos estudados.
De acordo com os modelos obtidos os maiores valores da TCA DC (0,68 e 0,66 e mm dia-1) seria
atingida, teoricamente, com a elevação 2,7 e 2 % do teor de matéria orgânica no solo e das dosagens
de biofertilziantes (Figura 2 A e B).

CONCLUSÃO

A taxa de crescimento absoluto em altura respondeu mais estatisticamente ao teor de matéria


de matéria no solo do que as doses de biofertilizantes. As maiores taxas de crescimento absoluto do
diâmetro foram obtidos com os teores de 2,7 e 2% de matéria orgânica no solo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, A. E.; SOARES, J. J.;BELTRÃO, N. E. M.; FIRMINO, P. T. O cultivo do gergelim. In: ARRIEL,
N. H. C. (Ed.) Sistema de Plantio. Campina Grande: Embrapa Algodão, n. 6, 2006.

BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal, FUNEP, 2003. 41p.

CRUZ, T. V. Crescimento e produtividade de cultivares de soja em diferentes épocas de semeadura no


Oeste da Bahia. 2007. 99p. Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) – Centro de Ciências
Agrárias e Ambientais. Universidade Federal da Bahia.

EMBRAPA, Produção de Gergelim Orgânico nas Comunidades de Produtores Familiares de São


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protegido. Campina Grande, 2009, 116p. Dissertação (mestrado em engenharia agrícola). Universidade
Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2009.

Tabela 1 – Resumos das análises de variância para taxa de crescimento absoluto da altura e do diâmetro da planta (TCA
AP e DC) do gergelim em dois períodos (dias após a semeadura - DAS). Catolé do Rocha, PB, 2010.
Quadrado Médio
Fonte de GL TCA AP TCA DC
variação 28-43 43-58 28-43 43-58
0,793 ns 2,379 ns 0,047 ns 0,0010ns
Bloco 3 0,898 ns 0,662 ns 0,062 ns 0,0005 ns
Dosagens de biofertilizantes 4 2,006 ns 2,223* 0,135* 0,0007 ns
Matéria Orgânica 4 0,470** 0,684** 0,039** 0,0006 ns
Biofertilizantes x Matéria orgânica 16 0,532 ns 0,188 ns 0,019 ns 0,0003 ns
Resíduo 72 0,793 2,379 0,047 0,0010
CV (%) 36,36 43,15 22,50 35,25

3,90 A 5,9 B
3,80 5,8
5,7
3,70
5,6
TCA AP (cm dia-1)
TCA AP (cm dia-1)

3,60 5,5
3,50 5,4
3,40 5,3 y = -0,6911x2 + 3,4591x + 1,4975
2 5,2 R2 = 0,8127
y = 0,9523 + 2,1107**x - 0,4282**x
3,30
R2 = 0,90 5,1
3,20 5,0
3,10 4,9
1,5 2 2,5 3 3,5 1,5 2 2,5 3 3,5
Teores de materia orgânica no solo (%) Teores de materia orgânica (%)

5,80
5,75
C
5,70
5,65
TCA AP (cm dia-1)

5,60
5,55
5,50
y =5,3449+ 0,1349**x
5,45 R2 = 0,8811
5,40
5,35
5,30
0 0,8 1,6 2,4 3,2
Dosagnes de biofertilizantes ( metro linerar)

Figura 1 – Taxa de crescimento absoluto da altura de planta (TCA AP) do gergelim em dois períodos, 28 - 43 (A), 43 – 58
(B, C) dias após a semeadura, em função dos teores de matéria orgânica no solo e das dosagens de biofertilizantes. Catolé
do Rocha, PB, 2010.

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0,75
A 0,70 B
0,70
0,65
0,65

TCA DC ( mm dia-1)
TCA DC (mm dia-1)

0,60 0,60
0,55
0,55
0,50
y =- 0,2712+ 0,7157**x -0,1341**x 2
0,50 y =0,5309+ 0,1335**x - 0,0327**x2
0,45
R2 = 0,83 R2 = 0,89
0,40
0,45
0,35
0,40
0,30
1,5 2 2,5 3 3,5 0 0,8 1,6 2,4 3,2
Teores de materia orgânica (%) Dosagens de biofertilizantes ( metro linear)

Figura 2 – Taxa de crescimento absoluto do diâmetro da planta (TCA AP) do gergelim em no período, 28 - 43 dias após a
semeadura – DAS, em função dos teores de matéria orgânica no solo (A) e das dosagens de biofertilizantes (B). Catolé do
Rocha, PB, 2010.

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DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DO GIRASSOL SOB DIFERENTES DOSES DE POTÁSSIO

Antonio Ewerton da Silva Ameida1; Francisco Edinaldo Costa1; Cláudio Silva Soares3; Francisco
Eudismar Torres2; & Paulina Alves dos Santos2
1 Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. Catolé do Rocha-PB. Bolsistas

de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ/UEPB. E-mail: ewertonuepb@gmail.com ; 2 Graduandos do Curso de Licenciatura Plena


em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. Catolé do Rocha-PB.; 3 Prof. Dr. do Departamento de Ciências Agrárias e
Ambientais, Campus II da UEPB. CEP: 58117-000. Lagoa Seca-PB. E-mail: claudio.uepb@yahoo.com.br

RESUMO – O girassol é uma cultura de grande importância para a economia mundial, principalmente,
como fonte de energia alternativa, no entanto ainda é pouco cultivada em regiões deste país,
merecendo assim, uma melhor análise das condições de seu cultivo nestas regiões. O objetivo foi
avaliar o desenvolvimento vegetativo do girassol, sob adubação nitrogenada, no município de Catolé
do Rocha-PB. O experimento foi realizado no Campus IV da UEPB. O cultivo foi realizado durante os
meses de setembro a dezembro de 2009, onde foi utilizado o híbrido ―Agrobel 960‖, semeado em vasos
plásticos de 60L com uma planta por vaso. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao
acaso, sendo os tratamentos representados por quatro (4) doses de potássio, (00 - 30 - 60 e 90 kg ha-
1), com 5 repetições, totalizando 20 parcelas. As avaliações de crescimento foram realizadas aos 45

dias após a semeadura através da altura de planta, diâmetro do caule e número de folhas. Os dados
foram submetidos à análise de variância pelo teste F e suas médias comparadas através de análise de
regressão a 5% de probabilidade. Dos resultados verificou-se que não houve efeito significativo para as
variáveis estudadas.
Palavras-chave – Helianthus annuus; potássio; crescimento

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annus L.) é uma cultura de grande importância para a economia
mundial, principalmente, como fonte de energia alternativa, sendo hoje, cultivada em todos os
continentes com uma área de aproximadamente 18 milhões de hectares, é a quarta oleaginosa em
produção de grãos e a quinta em área cultivada (EMBRAPA, 2003).

No Brasil, o girassol se apresenta como mais uma alternativa econômica, plantada


após soja ou milho, no denominado cultivo de safrinha, principalmente pela possibilidade de um melhor
aproveitamento da terra, que normalmente fica ociosa após a colheita dessas culturas (OLIVEIRA et
al., 2004).

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Essa cultura é uma das oleaginosas que compõe o programa do biodiesel brasileiro, além de
apresentar-se como produtora de óleo de excelente qualidade, vem sendo utilizada na formação de
silagem, para alimentação animal com elevado teor protéico, superando inclusive a do milho e a do
sorgo, sendo uma boa alternativa para o sistema de rotação de culturas (OLIVEIRA et al., 2004).

O girassol é muito exigente em potássio, pois sua disponibilidade no solo para a produção de
girassol deve ser média a alta, porque sua demanda é elevada. Segundo Blamey et al. (1997), a parte
área da planta precisa em torno de 171 kg de K20 para cada tonelada produzida, sendo o potássio o
nutriente que mais absorvido pelo girassol. A quantidade exportada pelos aquênios é de 12 kg de K 20
por tonelada produzida, tendo importância na ciclagem de potássio no solo para os cultivos em
sucessão.

Diante do exposto, o presente trabalho tempo por objetivo avaliar o desenvolvimento vegetativo
do girassol sob diferentes doses de potássio no município de Catolé do Rocha-PB.

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido na área experimental de oleaginosas do Campus IV da UEPB, em


Catolé do Rocha-PB. O município apresenta-se a 272 m de altitude, com clima, de acordo com a
classificação de Koppen, do tipo BSWh‘ (quente e seco), de temperatura média anual de 27 °C. O
semeio foi feito em vasos plásticos de 60 L, utilizando o híbrido ―Agrobel 960‖. O cultivo ocorreu de
setembro a dezembro de 2009. Foram realizadas capinas manuais dentro dos vasos para eliminar
ervas daninhas. Também se procedeu a irrigação, mantendo o solo em capacidade de campo. As
análises físicas (Tabela1) e químicas (Tabela 2) do solo também foram determinadas. O delineamento
adotado foi o de blocos ao acaso, representados por quatro (4) doses de potássio, (00 - 30 - 60 e 90 kg
ha-1), e 5 repetições. As avaliações de crescimento foram realizadas aos 45 dias após a semeadura,
através das seguintes variáveis: a) Altura da planta (AP) - realizaram-se medições do colo do caule até
a inserção da ultima folha, em todas as plantas dos vasos, com o auxilio de uma régua graduada em
centímetros; b) Diâmetro do caule (DC) - realizaram-se medições no colo da planta, onde se utilizou um
paquímetro manual graduado em milímetros; c) Número de folhas (NF) - feito através da contagem das
folhas e expresso seus valores em unidades. Os dados das variáveis foram submetidos à análise de
variância pelo teste F e suas médias comparadas através de análise de regressão a 5% de
probabilidade, com a utilização do programa Sisvar 5.0.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 3 apresenta o resumo da análise de variância para as variáveis analisadas.


Observando a mesma, percebe-se que a altura da planta, o diâmetro do caule e o número de folhas
não sofreram efeito significativo dos tratamentos.

No que se refere à altura da planta, resultados contrários e superiores foram encontrados por
Arruda Filho et al. (2008) quando avaliaram a aplicação de fósforo e calcário na cultura do girassol,
pois verificaram, de acordo com o modelo obtido, que a maior altura da planta (173 cm) seria verificada,
teoricamente, com a aplicação de 215,0 kg ha-1 de P2O5.

Quanto ao diâmetro do caule, também foram encontrados resultados diferentes por Castro et
al. (1999), que trabalharam com doses e métodos de aplicação de nitrogênio e verificaram que o
diâmetro do caule aumentou conforme o método de aplicação deste elemento.

Valores superiores para o número de folhas foram encontrados por Biscaro et al. 2008,
quando analisaram o crescimento do girassol sob adubação nitrogenada em cobertura, pois os
pesquisadores obtiveram o maior número de folhas por planta (29,2 folhas) com a maior dose estudada
(80 kg ha-1).

CONCLUSÃO

As doses de potássio não influenciaram as variáveis analisadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA FILHO, N. T.; Oliveira, F.A.;SILVA, I.F OLIVEIRA, A.P.; . Aplicação de fósforo e calcário em
um latossolo: efeito sobre características produtivas da cultura do girassol (Helianthus annus L.).
Revista Verde. Mossoró-RN, v. 3, n.3, p. 21-26, jul./ set., 2008.

BISCARO, et al. 2005. Adubação nitrogenada em cobertura no girassol irrigado nas condições de
Cassilândia - MS. Ciênc. Agrotec. , Lavras, V. 32, n. 5, p. 1366 – 1373, set. /out., 2008.

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SCHNEITER, A. A. (Ed). Sunflower technology and production. Madison: American Society of
Agronomy, 1997. p. 595-670.

CASTRO, C. de; BALLA, A.; CASTIGLIONI, V. B. R. Doses e métodos de aplicação de nitrogênio em


girassol. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 56, n. 4, p. 827-833, 1999.

EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária da soja. Londrina-PR. Tecnologia de produção do


girassol - cultivo do girassol. Londrina-PR: Embrapa CNPSo, 2003. 12p.

OLIVEIRA, M. F; VIEIRA, O. V; LEITE, R. M.V. B. C. Extração de óleo de girassol utilizando


miniprensa. Embrapa, Londrina-PR, n.273, 27p, 2004.

Tabela 1. Características físicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.
Identif. Granulometria (%) Tipo de solo

Prof. cm Areia grossa Areia fina Silte Argila

0-20 43 29 22 6 Franco Arenoso

20-40 46 24 22 8 Franco Arenoso

Identificação Umidade-% Densidade %

Prof. cm Cap. de Campo Ponto de Murcha Global Real PorosidadeTotal

0-20 9,62 5,33 1,58 2,38 33,84

20-40 10,51 5,73 1,53 2,46 37,84

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Tabela 2. Características químicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.
Ident. Ph Complexo Sortivo (mmolc/dm3) % mmolc/dm3 mg/ dm3 g/kg g/kg

Prof. 1:2,5 Ca Mg Na K S H+Al T V Al P N M.O.


(cm)

0-20 7,6 48,8 10,2 2,0 4,5 65,5 0,0 65,5 100 0,0 117,4 8,2

20-40 7,9 47 6,4 2,0 4,0 59,6 0,0 59,6 100 0,0 87,2 5,7

Tabela 3. Resumo da análise de variância para Altura da planta (AP) Diâmetro do caule (DC) e Número de folhas (NF) em
função das doses de Potássio. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Fontes de variação
G. L. Quadrados Médios
variação AP DC NF
Tratamento 4 7,64NS 0,42NS 2,82 NS

Bloco 3 47,8 3,76 1,42

CV % 22,34 11,36 11,32


ns não significativo pelo teste F.

Tabela 4. Altura da planta (AP), Diâmetro do caule (DC) e Número de folhas (NF) em função das doses de Potássio. Catolé
do Rocha-PB, 2010.
Médias
Tratamentos
AP DC NF
00 kg ha-1 20,56 8,11 12,12
30 kg ha-1 21,28 7,41 13,31
60 kg ha-1 21,94 7,69 12,36
90 kg ha-1 19,06 7,60 11,50

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DIÂMETRO DE CAULE DE DUAS VARIEDADES DE MAMONA (Ricinus communis L.)


CULTIVADAS SOB DIFERENTES NÍVEIS DE FÓSFORO NOS CERRADOS1

Heliton Fernandes do Carmo1; Bruno de Alencar Nogueira2; Giselli Lacerda Camilo3; Paulo Alcanfor
Ximenes4; Wilson Mozena Leandro5.
1Aluno de graduação da Universidade Federal de Goiás, email: heliton15@hotmail.com; 2 Aluno de graduação da
Universidade Federal de Goiás; 3 Aluna de Graduação da Universidade Federal de Goiás; 4 Professor efetivo da
Universidade Federal de Goiás; 5 Professo efetivo da Universidade Federal de Goiás.

RESUMO – Os solos do cerrado caracterizam-se pelos baixos teores de fósforo e pela alta acidez, que
é a causada pelo elevado teor de alumínio e baixos níveis de cálcio e magnésio. Um dos grandes
problemas que os produtores enfrentam é que as áreas cultivadas possuem um baixo teor de fósforo,
que causa um menor desenvolvimento das plantas e consequentemente uma baixa produtividade. A
produção de mamona no Brasil é uma fonte de renda para a agricultura familiar que fornecem os grãos
para a indústria de biodiesel. Objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito de doses de fósforo,
utilizando-se como fonte o superfosfato simples, no diâmetro do caule de plantas de mamona. O
presente trabalho foi conduzido na Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade
Federal de Goiás, utilizando-se duas variedades de mamona (BRS Energia e IAC Al Guarany) e cinco
níveis de fósforo (0, 40, 80, 120 e 160 kg/ha). Foi medido o diâmetro ao nível de solo e os dados foram
submetidos a análise de regressão e posteriormente calculou-se a dose para se alcançar o diâmetro
máxima e o diâmetro mínimo. Os resultados obtidos demonstraram que o diâmetro de caule cresceu
com as doses de fósforo. Na variedade IAC Al Guarany o diâmetro mínimo foi de 28,589 mm com a
dose de 0 (zero) kg/ha e a diâmetro máximo de 41,850 mm com a dose de 148,66 kg/ha. Para a
cultivar BRS Energia obteve-se diâmetro mínimo de 29,913 mm na dose de 0(zero) kg/ha e diâmetro
máximo de 43,930 mm na dose de 124,83 kg/ha de fósforo. Os resultados demonstraram que a
adubação fosfatada contribuiu para o crescimento do diâmetro do caule evitando o quebramento e o
acamamento das plantas.
Palavras-chave – Adubação, Biodiesel, Superfosfato Simples, Diâmetro, Agricultura familiar.

INTRODUÇÃO

Uma das características mais importantes da mudança rumo ao biodiesel é a redução da


emissão de gases poluentes, que podem chegar ate a 100%, como é o caso do enxofre. Outro fato
importante é que, segundo Holanda (2004), o biodiesel pode ser usado, ás vezes sem necessidade de
adaptação, em motores de ciclo diesel.
1Órgão financiador Laboratório de Analise de solo e Foliar da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da
Universidade Federal de Goiás.

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Conforme mostra o estudo, retratado por Oliveira (2004), do National Biodiesel Bord, órgão
encarregado de implementar o biodiesel nos Estados Unidos, o Brasil tem condições de substituir pelo
menos 60% do diesel consumido no mundo por biodiesel, de cuja produção seria líder, muito embora a
realidade da agricultura brasileira mostre quanto isso é utópica.

Além da geração de renda, a mamona representa a possibilidade de fixação do homem no


campo pela expressiva criação de empregos, com a possibilidade de criação mais de um milhão de
empregos, num cenário positivo de 6% de participação da agricultura familiar no mercado do biodiesel
em que a cada emprego criado no campo, três são criados na cidade (HOLANDA, 2006).

A cultura da mamona é caracterizada pelo baixo emprego tecnológico utilizado em sua


produção, principalmente quanto ao uso de adubos e corretivos (AZEVEDO et AL., 2001). Alem disso,
há carência de informações cientificas que indique as doses adequadas de fertilizantes e sua atuação
no metabolismo vegetal.

Os solos do cerrado caracterizam-se pelos baixos teores de fósforo e pela alta acidez, que é a
causada pelo elevado teor de alumínio e baixos níveis de cálcio e magnésio. Assim, faz-se necessário
a adubação fosfatada para que se tenha a possibilidade de produzir com fins comerciais nessa região
(Sousa et AL., 2007), objetivou-se avaliar o efeito da adubação fosfatada sobre o diâmetro de caule de
duas variedades de mamona no Cerrado.

METODOLOGIA

A pesquisa foi conduzida no período de novembro de 2009 a maio de 2010 na Escola de


Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás, localizada no município de
Goiânia – GO.

O Experimento foi constituído de cinco níveis de fósforo (0, 40, 80, 120 e 160 Kg/ha),
utilizando-se o superfosfato simples, e duas variedades de mamona: BRS energia e a IAC El Guarany.
Os tratamentos foram em blocos ao acaso, com quatro repetições com espaçamento entre linha de 2m,
cada bloco com 10 parcelas, cada parcela de 4 metros de largura por 5 metros de comprimento.

A bordadura foi externa aos blocos e se constituirá de duas linhas laterais espaçadas de 1
metro e de duas linhas na parte anterior e posterior dos blocos. Além do Superfosfato simples, o solo
foi adubado no plantio com 80 Kg/ha de potássio (K2O) e 10 Kg/ha de Nitrogênio. Aos 40 dias após a

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emergência foi aplicado 80 kg/ha de nitrogênio em cobertura, segundo recomendação de Sousa et al.,
(2004).

As práticas de manejo, como controle de plantas daninhas foram feitos com aplicação de
Diuron® e manejo com três capinas com enxada, o controle de pragas não foi realizado, pois não ouve
necessidade e o controle de doenças foi feito com o tratamento de sementes com fungicida Vitavax®
thiram mais uma aplicação com os fungicidas Opera® e outra com Priori® xtra.

A medida do diâmetro de caule foi feita utilizando paquímetro digital, com medida do no nível
do solo. Foram medidos cinco plantas por parcela, assim feito a media por parcela/bloco e
posteriormente feito a analise de regressão e obtido o ponto de maximo da equação de regressão e
verificado qual o maior diâmetro para a maior dose de fósforo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na figura 01 estão apresentados os valores do diâmetro do caule das cultivares de mamona


em função das doses de fósforo. Observa - se que o aumento das doses de fósforo proporcionaram
acréscimos no diâmetro de caule. Na variedade IAC Al Guarany o diâmetro mínimo foi de 28,589 mm
com a dose de 0 (zero) kg/ha e a diâmetro máximo de 41,850 mm com a dose de 148,66 kg/ha. Para a
cultivar BRS Energia obteve-se diâmetro mínimo de 29,913 mm na dose de 0(zero) kg/ha e diâmetro
máximo de 43,930 mm na dose de 124,83 kg/ha de fósforo. Os resultados demonstraram que a
adubação fosfatada contribuiu para o crescimento do diâmetro do caule evitando o quebramento e o
acamamento das plantas

CONCLUSÃO

O diâmetro de caule da mamoneira (BRS Energia e IAC AL Guarany) aumenta com o aumento
de adubação com superfosfato simples significamente nos solos dos Cerrados. A adubação fosfatada é
importante para um bom desenvolvimento da cultura e assim a planta tendo uma maior resistência ao
quebramento de colmo e ao acamamento. Observamos que a cultivar IAC AL Guarany teve suas
medias maiores que a cultivar BRS Energia, seu desenvolvimento também e interferida pela genética
da cultivar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(Série cadernos de altos estudos; n.1).

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Rural, p. 8-9.

SOUSA, D. M. G. de; LOBATO, E. Calagem e adubação para culturas anuais e semi-perenes. In:
SOUSA, D. M. G. de; LOBATO, E. (Ed.). Cerrado: correção do solo e adubação. Brasília, DF: Embrapa
informação Tecnologia, 2004. cap. 12, p. 283 – 313.

SOUSA, D. M. G. de; LOBATO, E.; VILELA, L. Adubação Fosfatada. In: JÚNIOR, G. B. M.; VILELA, L.;
SOUSA, D.M.G. de. Cerrado: uso eficiente de corretivos e fertilizantes em pastagens. Planaltina, DF:
Embrapa Cerrados, 2007. Cap. 7, p. 145 – 177.

50 2
y = -0,0009x + 0,2247x + 29,913
45 R2 = 0,9989
Diâmetro de Colmo (mm)____.

40 2
y = -0,0006x + 0,1784x + 28,589
35 2
R = 0,9791

30
IAC Al Guarany
25 BRS Energia
Polinômio (BRS Energia)
20
Polinômio (IAC Al Guarany)
15

10

0
0 50 100 150 200
Doses de Fosforo (kg/ha)

Figura 01: Gráfico da equação da análise de regressão. Doses de superfosfato simples (kg/ha) por variações no diâmetro
do colmo da mamona.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 627-630.
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DOSES DE DEJETO LÍQUIDO DE SUÍNOS E ADUBAÇÃO MINERAL NA CULTURA DO


GIRASSOL1

João Paulo Gonsiorkiewicz Rigon1; Moacir Tuzzin de Moraes1; Fernando Arnuti1; Maurício Roberto
Cherubin1; Luciano Campos Cancian¹; Willian Fontanive Jandrey¹; Silvia Capuani¹ & Vanderlei
Rodrigues da Silva1
1 Universidade Federal de Santa Maria campus de Frederico Westphalen – RS; E_mail: jpaulorigon@hotmail.com

RESUMO – A utilização de dejeto líquido de suínos (DLS) nas lavouras pode contribuir no aumento de
matéria orgânica e no nível de fertilidade no solo, com conseqüente aumento de produtividade das
culturas, neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial agrícola no uso de DLS no
fornecimento de nutrientes para a cultura do girassol, em substituição a adubação mineral. O
experimento foi conduzido na UFSM, campus de Frederico Westphalen, na safra 2009/2010. O
delineamento experimental blocos ao acaso, com seis tratamentos e três repetições. Os tratamentos
consistiram na utilização de adubação mineral e doses de DLS (0; 25; 50; 75; 100 m³.ha -1). Foram
avaliadas as variáveis: diâmetro de capítulo; número de aquênios por capítulo; peso de aquênios por
capítulo; peso de mil grãos e produtividade de grãos. Dentre os resultados, destaca-se a produtividade
de grãos de 2.339,35 kg.ha-1 (75 m3.ha-1) e 2.242,00 kg.ha-1 (100 m3.ha-1), sendo superiores a
adubação mineral (1.538,55 kg.ha-1) e também a testemunha. Pode-se afirmar que o DLS é uma opção
na substituição da adubação mineral e doses a partir de 75 m³.ha-1, apresentam incremento de
produtividade em relação a adubação mineral na cultura do girassol.
Palavras-chave – Adubação orgânica; Dejetos de animais; Helianthus annuus; Suinocultura;

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) está entre as cinco maiores culturas oleaginosas produtoras
de óleo vegetal comestível no mundo. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento
(CONAB, 2010), a produção brasileira de girassol na safra 2009/2010, se concentrou nos estados de
Mato Grosso e Rio Grande do Sul, os quais juntos corresponderam por 84,17% da produção nacional.
No Brasil esta cultura possui boas perspectivas de expansão da área cultivadas devido a apresentar-se
como uma opção nos sistemas de rotação de culturas nas regiões produtoras de grãos (CASTRO et
al., 1996).

1
Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

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Nas regiões onde o sistema intensivo de criação de suínos confinados origina grandes
quantidades de dejetos, é de fundamental importância o estudo da utilização dos dejetos como fonte de
nutrientes para a agricultura. O dejeto de suínos é rico em nutrientes e poderia reduzir os custos com a
adubação mineral, porém cuidados devem ser tomados em relação à contaminação ambiental das
águas pelo escoamento superficial. A região do Médio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul se
caracteriza pela intensa criação de suínos em pequenas propriedades e o dejeto de suínos é a única
ou, a mais importante, fonte de nutrientes para as culturas (BASSO, 2003).

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial agrícola no uso de dejetos
líquidos de suínos no fornecimento de nutrientes para a cultura do girassol, em substituição a
adubação mineral.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado na Universidade Federal de Santa Maria, campus de Frederico


Westphalen, latitude 27039‘26‖ S; longitude 53042‘94‖ W e altitude 490 m. O solo do local é classificado
como Latossolo Vermelho aluminoférrico típico (EMBRAPA, 1999), com textura argilosa. O clima dessa
região, segundo a classificação de Koeppen, é subtropical úmido, tipo Cfa. A precipitação pluvial foi
uniforme em todo o ciclo da cultura, totalizando 928,8 mm.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso (DBC), com três repetições e seis
tratamentos. O experimento foi realizou-se com e sem a utilização de dejeto líquido de suínos (DLS) e
adubação mineral, formando os seguintes tratamentos: T1 - Adubação mineral (NPK) recomendada
pela SBCS, (2004); T2 – Testemunha, sem adubação (0 m3.ha-1); T3; T4; T5 e T6 respectivamente
doses de 25; 50; 75; e 100 m3.ha-1 de DLS. A aplicação do dejeto realizou-se 15 dias antes do plantio.
O DLS teve densidade de 1.011 kg.m-3, com as seguintes características químicas: 1,85% de matéria
seca; 2,06 kg.m-³ de nitrogênio; 1,60 kg.m-³ de fósforo e 1,19 kg.m-³ de potássio.

O solo apresentava na camada superficial (0-10 cm) as seguintes características físicas e


químicas: 650 g.kg-1 de argila; pH em água de 5,1; índice SMP de 6,2; 7,6 mg.dm-1 de P; 280 mg.dm-1
de K; 0,2 cmol.dm-1 de Al3+, 5,5 cmol.dm-1 de Ca²+; 1,6 cmol.dm-1 de Mg²+; 11,1 mg.dm-1 de S; 5,8
mg.dm-1 de Cu; 1,8 mg.dm-1 de Zn; 3,5 cmol.dm-1 de H+Al3+; 8 cmol.dm-1 de CTC efetiva; saturação de
Al de 2%; saturação por bases (V) de 69%; e 22 g.kg -1 de matéria orgânica.

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O genótipo utilizado foi o híbrido simples HLA-211 Clearfield, e realizou-se a semeadura no dia
23 de outubro de 2009, em parcelas com uma área de 25 m² (5 x 5 m), com 6 linhas e espaçamento de
0,8 m e obtendo uma população final de 45 mil plantas.ha-1. A adubação para o tratamento de
adubação mineral (T1) foi realizada com uma expectativa de rendimento de 2 t.ha -1 (SBCS, 2004).

A colheita foi realizada no estádio R9 (maturação fisiológica) em quatro linhas centrais de cada
parcela, sendo coletadas 32 plantas. Os parâmetros avaliados foram: a) Diâmetro de capítulo – DCap
(cm): através da medição de uma linha imaginária no centro dos capítulos em 15 capítulos da área útil;
b) Número de aquênios por capítulo – NACap: obtido pela relação entre a produtividade multiplicada
por mil, dividida pelo peso de mil aquênios, e número de capítulos colhidos na área útil; c) Peso de
aquênios por capítulo – PACap (g): obtido pela divisão da produtividade de grãos pelo número de
capítulos colhidos na área útil; d) Peso de mil grãos – PMG (g): através da contagem de oito repetições
de 100 sementes e extrapolado este valor para mil grãos; e) Produtividade de grãos (kg.ha-1): realizada
através da colheita das plantas presentes nas quatro linhas centrais da parcela e realizado a correção
da umidade para 13%.

Os resultados obtidos passaram por análise de variância, comparação de médias pelo teste de
Duncan, a 5% de significância. Para realização das análises utilizou-se o software estatístico Statistical
Analysis System – SAS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 podem ser observados os valores referente ao diâmetro de capítulo, número de


aquênios por capítulo, peso de aquênios por capítulo, peso de mil grãos e produtividade de grãos.

Para os valores de diâmetro de capítulo (DCap), observou-se que as doses de 25; 50; 75 e 100
m3.ha-1 de DLS, apresentaram respectivamente 18,19; 17,70; 18,85 e 18,53 cm, não apresentando
diferença significativa, porém sendo superiores estatisticamente da testemunha sem adubação (15,15
cm). A adubação mineral (16,74 cm), foi inferior as doses de 75 e 100 m 3.ha-1 de DLS, porém não se
diferiu das doses de 0; 25 e 50 m3.ha-1. Na avaliação do número de aquênios por capítulo (NACap)
pode-se observar que este valor teve aumento linear em função das doses de dejeto líquido de suínos
aplicada, sendo que todos os tratamentos foram superiores em relação a testemunha sem adubação
(780,94 aquênios). A dose de 100 m3.ha-1 de DLS teve o maior NACap com 1.197,93 aquênios, porém
esta não diferiu-se da dose de 50 e 75 m3.ha-1, que apresentaram 1.064,18 e 1.150,59 aquênios,
respectivamente. A dose de 100 m3.ha-1 foi superior aos tratamentos com a doses de 25 m3.ha-1 e

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adubação mineral, que produziram 997,13 e 993,57 aquênios por capítulo, respectivamente. Os
tratamentos com adubação mineral e doses de 25; 50; 75 não diferiram significativamente entre si.

No caractere, peso de aquênios por capítulo (PACap), observa-se que os maiores pesos foram
encontrado nas doses de 75 m3.ha-1 (54,85 g) e 100 m3.ha-1 (52,22 g), os quais não diferiram entre si e
foram superiores a adubação mineral (36,78 g). A dose de 25 m3.ha-1 de DLS (39,36 g) não se
diferenciou, da dose de 50 m3.ha-1 (43,61 g) e da adubação mineral (36,78 g), sendo estas inferiores
estatisticamente da dose de 75 m3.ha-1. A dose de 50 m3.ha-1, não se diferenciou das doses de 25 e
100 m3.ha-1 de DLS e nem do tratamento com adubação mineral, porém foi menor do que o PACap
obtido com a dose de 75 m3.ha-1.

Quanto aos resultados de peso de mil grãos (PMG) a dose de 75 e 100 m3.ha-1 foram as que
proporcionaram o maior peso, respectivamente, 47,66 e 43,56 g (Tabela 1). O menor PMG foi
observado na testemunha sem adubação (32,61 g), a qual não se diferenciou da adubação mineral
(36,56 g). Os tratamentos 25 e 50 m3.ha-1, respectivamente, 38,90 e 40,10 g, não se diferenciaram da
adubação mineral e da dose de 100 m3.ha-1, sendo estatisticamente inferiores ao tratamento com 75
m3.ha-1 de DLS.

A adubação utilizada influenciou a produtividade de grãos, sendo média geral dos tratamentos
1.779 kg.ha-1, superando assim a produtividade da média nacional (1.427 kg.ha-1) da safra 2009/2010
(CONAB, 2010). Dentre os fatores responsáveis pelos satisfatórios valores de produtividades obtidos,
destaca-se a precipitação de 928,80 mm durante o ciclo da cultura, onde ficou acima do necessário
descrito por Castro & Farias, (2005). A amplitude da produção de grãos dentre as doses de dejeto
líquido de suíno variou de 1.120 kg.ha-1 (testemunha, sem adubação) à 2.339 kg.ha-1 (75 m³.ha-1),
observando uma estabilização da produção com a dose de 100 m³.ha -1 (2.242 kg.ha-1).

Quando comparamos o dejeto líquido de suínos com a adubação química, percebemos que as
doses 75 e 100 m3.ha-1 apresentaram produtividades superiores a adubação mineral (1.539 kg.ha-1); as
doses de 25 e 50 m³.ha-1, produziram, respectivamente, 1.630 e 1.805 kg.ha -1, não apresentaram
igualando significativamente a produtividade de grãos da adubação mineral. Todos os tratamentos
foram superiores estatisticamente ao rendimento de grãos obtidos pela testemunha sem adubação.

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CONCLUSÃO

Com base nestes resultados, pode-se afirmar que o dejeto líquido de suíno pode ser utilizado
como uma opção na substituição da adubação mineral para a cultura do girassol.

A adubação mineral na cultura do girassol, pode ser substituída por doses de dejeto líquido de
suínos a partir de 25 m³.ha-1, sem que haja perdas nos componentes de rendimento. Doses a partir de
75 m³.ha-1 de dejeto líquido de suínos, apresentam incremento de produtividade de grãos em relação a
adubação mineral na cultura do girassol.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASSO, C. J. Perdas de nitrogênio e fósforo com aplicação no solo de dejetos líquidos de


suínos. 2003. Tese (Doutorado em Agronomia) - Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de
Santa Maria, Santa Maria, 2003.

CASTRO, C. de; FARIAS, J.R.B. Girassol no Brasil: Ecofisiologia do Girassol. Londrina: Embrapa
Soja, Cap. 9 p. 163-218. 2005.

CASTRO, C.; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE, R.M.V.B.C.; KARAM, D.; MELLO, H.C.;
GUEDES, L.C.A. & FARIAS, J.R.B. A cultura do girassol. Londrina: Embrapa- CNPSo, 1996. 38p.
(Circular Técnica, 13).

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira: grãos, sexto


levantamento, março 2010 / Companhia Nacional de Abastecimento. – Brasília: Conab, 2010.
Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/4graos_07.01.10.pdf>. Acessado
em: 10 de março de 2010.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.


Rio de Janeiro, 1999. 412p.

SBCS - Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Manual de adubação e de calagem RS e SC.


Comissão de Química e Fertilidade do Solo – ROLAS – 10ª. Ed. – Porto Alegre, 2004. p.101.

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Tabela 1. Resultados médios de diâmetro de capítulo (DCap), número de aquênios por capítulo (NACap), peso de aquênios
por capítulo (PACap), peso de mil grãos (PMG) e produtividade de grãos na cultura do girassol (Helianthus annuus L.)
obtidos com doses de dejetos líquidos de suínos (m³.ha-1) e adubação mineral. (Frederico Westphalen, RS, 2010).

DCap NACap PACap PMG Produtividade


Tratamento
------ cm ------- ------unid.------ ------ g -------- ------ g ------ -----kg.ha-1 -----
Adubação mineral 16,74 bc 993,57 b 36,78 c 36,56 cd 1.539 b*
0 15,15 c 780,94 c 25,43 d 32,61 d 1.120 c
25 18,19 ab 997,13 b 39,36 c 38,90 bc 1.630 b
50 17,70 ab 1.064,18 ab 43,61 bc 40,10 bc 1.805 b
75 18,85 a 1.150,59 ab 54,85 a 47,66 a 2.339 a
100 18,53 a 1.197,93 a 52,22 ab 43,56 ab 2.242 a
Média 17,52 1.030,72 42,04 39,90 1,779
CV (%) 5,11 8,36 12,51 6,61 12,45
*Medidas seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5 % de probabilidade de erro.

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DOSES E MODOS DE APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO E SEUS EFEITOS SOBRE A PRODUÇÃO DO


GERGELIM

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – A baixa produtividade do gergelim ainda é um grande problema enfrentado em condições


de campo. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses e do parcelamento da adubação
nitrogenada sobre a produção de grãos do gergelim (Sesamum indicum L.). O experimento foi realizado
na fazenda experimental Chã-de-Jardim no município de Areia, PB, entre Junho e Novembro de 2009.
Adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, os tratamentos constaram de nove
doses de nitrogênio (0; 10; 20; 30; 40; 50; 100; 150 e 200 kg ha -1) na forma de uréia e três formas de
parcelamento (P1 = aplicação convencional; P2 = parcelamento das doses em três aplicações P3 =
parcelamento das doses em quatro aplicações), com 5 repetições. Para tanto foram avaliados o
número de frutos por planta, produtividade e peso de mil sementes. Os resultados permitiram concluir
que enquanto a adubação nitrogenada promoveu aumento o número de adubações em cobertura
promoveu redução no número de frutos e produtividade da cultura. O peso de 100 sementes não foi
verificado efeito de nenhum dos tratamentos aplicados.
Palavras-chave – Sesamum indicum L.; Adubação mineral; Produtividade; Uréia

INTRODUÇÃO

Com o incentivo para a produção de biocombustível na região Nordeste, a demanda por


culturas oleaginosas de alta produtividade e teor de óleo aumentou consideravelmente. A busca por
culturas alternativas de reconhecida resistência a seca possibilita a expansão do programa para áreas
que possuam temperatura elevada e baixa regularidade de chuvas.

O gergelim (Sesamum indicum L) é considerado como a nona oleaginosa mais cultivada no


mundo, seu cultivo adapta-se a regiões de alta temperatura, altitudes inferiores à 1250m e
luminosidade abundante, sendo altamente recomendado para a região semi-árida do Nordeste

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brasileiro. Contudo ainda a baixa produtividade obtida em condições de campo é considerada como o
principal fator limitante a expansão do cultivo desta oleaginosa (SILVA, 2006).

As baixas produtividades obtidas estão relacionadas a fatores edafoclimáticos, como a baixa


regularidade de chuvas, baixos teores de nutrientes essenciais no solo. Dentre os elementos minerais
essenciais o N e o elemento que mais limita o rendimento das culturas (BELOW, 2006).

Desta forma o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses e do parcelamento da
adubação nitrogenada sobre a produção de grãos da cultura do gergelim (Sesamum indicum L.)
cultivado em Latossolo no Brejo paraibano.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de campo na fazenda experimental Chã-de-Jardim,


pertencente à Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, município de Areia, PB
de Junho até Novembro de 2009.

O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Amarelo distrófico típico
(EMBRAPA, 1999), de textura franco argilo-arenosa, cujas características químicas estão descritas nas
tabelas 1. Foi realizada calagem no ano anterior, para cultivo de canola, seguindo recomendações de
Raij et al., (1997).

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados com cinco


repetições. Os tratamentos avaliados foram nove doses de nitrogênio (0; 10; 20; 30; 40; 50; 100; 150 e
200 kg ha-1) na forma de uréia (45% de N) e três formas de parcelamento (P 1 = aplicação convencional
– 50% após o desbaste e 50% aos 30 dias após; P 2 = 33% no plantio, 33% após o desbaste e o
restante aos 30 dias após e P3 = 25% no plantio, 25% após o desbaste, 25% aos 30 e o restante aos
45 dias após).

A unidade experimental foi composta de 6 linhas de 5 m de comprimento com espaçamento


entre linhas de 0,5m e 0,10 entre plantas. No plantio todas as plantas receberam o equivalente a 60 kg
ha-1 de P2O5 na forma de Super fosfato simples (20% de P 2O5 + 18% de S) e 40 kg ha-1 de K2O na
forma de cloreto de potássio (60% de K2O). Aos sete dias após a emergência ocorreu o primeiro
desbaste, deixando apenas três plantas por cova, e aos 15 DAE foi realizado o segundo selecionando
apenas uma planta (a mais vigorosa). Foram realizadas avaliações de número de frutos por planta
(NFR), produtividade (PD) e peso de mil sementes (PMS) por ocasião da colheita.

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Os resultados foram submetidos à análise de variância, e em função do nível de significância


no teste F para as doses de N procedeu-se ao estudo de regressão para as variáveis estudadas.
Quanto às médias dos parcelamentos, estas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os números de coberturas apresentaram efeito significativo sobre o número de frutos e


produtividade da cultura, não sendo verificado efeito sobre o peso de 100 sementes (tabela 2).
Observa-se que conforme ocorreu aumento do número de adubações ocorreu redução das variáveis
analisadas. Segundo Zagonel et al., (2002) o peso de mil sementes pode ser considerado como uma
variável pouco consistente, pois sua formação esta relacionada com as condições ambientais em que a
cultura está sendo cultivada.

As doses de N aplicadas promoveram aumento do número de frutos, sendo o máximo obtido


de 110, 124 e 82 frutos/planta referente à aplicação de 33, 157 e 130 kg ha -1 de N para os tratamentos
P1, P2 e P3, respectivamente; o que sugere que o aumento do parcelamento da adubação nitrogenada,
nas condições edafoclimáticas em que o experimento foi conduzido, exige maiores doses de N para se
obter um maior número de frutos por planta na cultura do gergelim (tabela 3).

A produtividade aumentou linearmente no em função das doses de N aplicadas no tratamento


P1, sendo a produtividade máxima obtida de 1653,6 kg ha -1, referente à dose de 200 kg ha-1, nos
tratamentos P2 e P3 a produtividade máxima obtida foi de 1235,24 e 1011,55 kg ha -1 referentes à
aplicação de 168,11 e 157,65 kg ha-1 de N aplicados respectivamente. Seguindo a mesma tendência
verificada no aumento do número de frutos com relação ao parcelamento (tabela 3). Zagonel et al.,
(2002) observou que o nitrogênio é essencial para incrementar o número de grãos e a produtividade na
cultura do trigo, por sua vez, Souza (2008) avaliando a interação N-B na produção de sementes de
mamoneira concluiu que o boro está mais relacionado com o aumento do número de frutos e
produtividade do que o nitrogênio.

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CONCLUSÃO

As doses de N e o parcelamento apresentaram efeito sobre as características produtivas do


gergelim, cultivado na microrregião do brejo paraibano. Conforme se ocorreu aumento das doses e do
parcelamento ocorreu incremento e redução das variáveis analisadas, respectivamente.

A produtividade máxima obtida foi de 1653,3 kg ha -1 referentes à aplicação de 200 kg ha-1 e ao


parcelamento convencional, ou seja, 50% da dose aplicada durante o desbaste e o restante aplicado
30 dias após.

Com o aumento do número de adubações de cobertura, para se obter alto nível


produtivo do gergelim, nas condições edafoclimáticas em que o experimento foi conduzido, há à
necessidade de se utilizar maior quantidade de adubo nitrogenado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELOW, F. E. Fisiologia, nutrição e adubação nitrogenada do milho. Informações agronômicas, nº99,


2002.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafos. 1997. 319p.
RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e
calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 1997.
285p.
SANTOS, A. C. M.; FERREIRA, G. B.; XAVIER, R. M.; FERREIRA, M. M. M.; SEVERINO, L. S.;
BELTRÃO, N. E. M.; DANTAS, J. P.; MORAES, C. R. A. Deficiência de nitrogênio na mamona (Ricinus
communis L.): Descrição e efeito sobre o crescimento e a produção da cultura. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA, 1. 2004. Campina Grande – Paraiba. CD-ROM. 2004.
SILVA, A. J. Efeito residual das adubações orgânica e mineral na cultura do gergelim (Sesamum
indicum L.) em segundo ano de cultivo. Dissertação (Mestrado em manejo de solo e água),
Programa de pós-graduação em manejo do solo e água, Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal da Paraíba, Areia, PB, 2006.
SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.
2008. 36f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia). DSER, UFPB, Areia, 2008.
ZAGONEL, J.; VENÂNCIO, W. S.; KUNZ, R. P.; TANAMATI, H. Doses de nitrogênio e densidades de
plantas com e sem regulador de crescimento afetando o trigo, cultivar OR-1. Ciência Rural, Santa
Maria, v. 32, n. 1, p. 25-29, 2002.

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Tabela 1. Características químicas do solo coletado, na profundidade de 0 a 20 cm


pH P K Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ + Al3+ C M.O.
1:2,5 (H2O) --------mg dm-3------- -------------------------cmolcdm-3----------------------- ---------g kg-1----------
5,9 11,68 42,00 4,20 0,70 0,0 6,10 17,85 30,77

Tabela 2. Médias das variáveis estudadas, valor de F, equação de regressão e coeficiente de variação em função dos
tratamentos
Número de frutos (ud.) Produtividade (kg ha-1) Peso de 100 sementes (g.)
Dose de N (kg/ha) Número de coberturas
P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3
0 108a 55b 69b 552,34a 191,14b 115,25b 0,28a 0,25a 0,26a
10 92a 91a 61b 615,89a 293,45b 290,88b 0,26a 0,26a 0,26a
20 127a 99a 69b 741,44a 400,34b 327,97b 0,27a 0,27a 0,33a
30 121a 86ab 71b 825,57a 561,28b 551,49b 0,25a 0,24a 0,24a
40 102a 104a 69b 847,51a 642,11b 561,16b 0,25a 0,26a 0,26a
50 130a 104a 87b 842,56a 719,71a 597,54b 0,24a 0,25a 0,25a
100 131a 111a 80b 1055,12a 1076,76a 904,28a 0,26a 0,27a 0,30a
150 175a 112a 81b 1213,78a 1195,66b 976,91b 0,27a 0,27a 0,24a
200 287a 118b 82c 1653,67a 1221,82b 996,20b 0,26a 0,25a 0,23a
Doses 2,56* 802,66** 0,26 NS
Valor
Coberturas 36,20** 4660,41** 0,37NS
de F
Interação 2,74** 1276,8** 0,39NS
C.V (%) 37,8 2,92 8,61
ns,**,*:
não significativo, significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente. Médias seguidas por letras minúsculas
iguais na mesma linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 3. Equação de regressão e R2 das variáveis de produção aos 120 dias após a emergência em função das doses de
N aplicadas.
Variáveis Nº coberturas Equação de regressão R2
2 Y = 0,006N2-0,396N+115,62 0,93
Número de frutos (ud.) 3 Y = -0,002N2+0,627N+74,89 0,71
4 Y = -0,001N2+0,259N+64,86 0,63
2 Y = 4,831N+605,43 0,96
Produtividade (kg ha-1) 3 Y = -0,037N2+12,44N+189,61 0,99
4 Y = -0,034N2+10,72N+166,56 0,97
2 NS NS
Peso de 100 sementes (g.) 3 NS NS
4 NS NS
NS: não significativo.

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EFEITO DA ADUBAÇÃO BORÁCICA NA CULTURA DO GIRASSOL

Alan Diniz Lima1; Albanise Barbosa Marinho2; José Moacir de Lima Duarte3; Thales Vinícius de Araújo
Viana4; Benito Moreira de Azevedo5; Luis de França Camboim Neto6

1 Mestrando em Engenharia Agrícola, UFC/Fortaleza – CE. E-mail: alandinizlima@yahoo.com.br; 2Doutora em


Produção Vegetal, Pesquisadora PNPD/CAPES/UFC. E-mail: albanisebm@gmail.com ; 3 Graduando em Agronomia,
UFC/Fortaleza – CE. E-mail: moacir.ufc@oi.com.br ;4 Engenheiro Agrônomo, Prof. Adjunto Dr., Depto. de Engenharia
Agrícola, UFC/Fortaleza – CE. thales@ufc.br ; 5 Engenheiro Agrônomo, Prof. Adjunto Dr., Depto. de Engenharia
Agrícola, UFC/Fortaleza – CE. E-mail: benitoazevedo@ufc.br ; 6 Engenheiro Agrônomo, Prof. Dr., Depto. de Engenharia
Agrícola, UFC/Fortaleza – CE. E-mail: camboim@ufc.br

RESUMO – Objetivou-se avaliar o efeito da adubação borácica na cultura do girassol. Os trabalhos


experimentais foram desenvolvidos no Distrito de Irrigação do Perímetro Tabuleiro de Russas,
localizado no Baixo Vale do Jaguaribe, Russas-CE (05º37'20"S; 38º07'08‖W; 81,50m.), no período de
outubro de 2009 a janeiro de 2010. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados,
com cinco tratamentos e cinco repetições. Testou-se as dosagens de 1, 2, 3, 4 e 5 kg ha-1 de boro,
tendo como fonte o ácido bórico, aplicado de forma adubação convencional. O sistema de irrigação
utilizado foi localizado por gotejamento. Foram avaliados a altura da planta, o diâmetro do caule, a
massa média dos aquênios por capítulo e a produtividade. As diferentes dosagens de boro aplicadas
na cultura do girassol causaram efeitos significativos frente às características estudadas. A
produtividade máxima de 2.442,32 kg ha -1 foi obtida com a dose de 4 kg ha-1 de boro.

Palavras-chave: Jatropha curcas L., parâmetros de crescimento, nitrogênio, adubação mineral.

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma das quatro maiores oleaginosas produtoras de óleo
vegetal comestível em utilização no mundo (UNGARO, 2000). Mas, de modo geral, é uma cultura
pouco estudada no Brasil, principalmente do ponto de vista da nutrição mineral de plantas. Dentre os

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nutrientes, o girassol é altamente exigente pelo boro, sendo umas das plantas utilizadas como
indicadora de deficiência deste nutriente no solo. Esse micronutriente é essencial para o crescimento e
desenvolvimento das plantas e a sua deficiência tem sido relatada em diversas partes do mundo (Silva
e Ferreyra, 1998). Face ao exposto, objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito da adubação
nitrogenada na cultura do girassol.

MATERIAL E MÉTODOS

Os trabalhos experimentais foram desenvolvidos no Distrito de Irrigação do Perímetro Tabuleiro


de Russas, localizado no Baixo Vale do Jaguaribe, Russas-CE (05º37'20" S; 38º07'08‖ W; 81,50m.), no
período de outubro de 2009 a janeiro de 2010. A variedade utilizada foi a CATISSOL. A semeadura foi
realizada no dia 09 de outubro/2009, caracterizando esta data como o 1º dia após o plantio (1º DAP),
colocando-se três sementes por cova, a uma profundidade de 3 cm. No dia 7º DAP verificou-se uma
emergência de 89% das sementes. No 12º DAP fez-se a operação de replantio e aos 19º DAP realizou-
se o desbaste, deixando-se uma planta por cova.

O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos e


cinco repetições, totalizando 25 parcelas. Cada parcela foi constituída por vinte plantas, sendo as dez
plantas centrais consideradas úteis e as demais como bordadura, numa área de 0,4 m2 (2,0 m x 0,2 m),
totalizando uma área útil experimental de 10 m2.

Foram aplicados no dia do plantio, 60 kg ha-1 de nitrogênio, 70 kg ha-1 de fósforo, 50 kg ha-1 de


potássio e 50 kg ha-1 de FTEBR-12 e as dosagens diferenciadas de boro. Os tratamentos foram
constituídos de doses referentes à 1,0, 2,0, 3,0, 4,0 e 5,0 kg ha-1 de boro, tendo como fonte o ácido
bórico, aplicados de forma convencional. A adubação nitrogenada foi parcelada, sendo 1/3 da dosagem
aplicada no dia do plantio e a restante aplicada aos 44 DAP, ambas de forma convencional. O sistema
de irrigação utilizado foi localizado por gotejamento. A lâmina de irrigação aplicada foi com base em 75
% da evaporação medida no tanque Classe ―A‖, sendo a mesma acumulada e aplicada de dois em dois
dias pela manhã. Foi avaliado o crescimento vegetativo da cultura através das medidas quinzenais da
altura da planta e diâmetro do caule em função da adubação borácica; e massa média dos aquênios
por capítulo e produtividade da cultura, medidos no dia da colheita.

De posse dos dados realizou-se a análise de variância e quando significativo pelo teste F ao
nível de 5% de probabilidade, procedeu-se à análise de regressão buscando-se ajustar equações com
significados biológicos, sendo selecionado o modelo que apresentou melhores níveis de significância e

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coeficiente de determinação (R2). Esses estudos foram realizados com o auxílio de planilhas do Excel e
utilizando o software ―SAEG/UFV 9.0‖.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise de variância (não apresentada) mostrou que as variáveis, altura da planta e diâmetro
do caule sofreram a influência da época da coleta de dados e das diferentes doses de boro testadas,
mas não apresentaram efeito significativo na interação entre os fatores pelo teste F (P < 0,05). Já a
massa média dos aquênios por capítulo (MMC) e a produtividade (PROD) foram influenciados pelas
diferentes dosagens de boro aplicadas na cultura, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.

Pode-se verificar nas Figuras 1(a) e 1(b), que aproximadamente aos 70 e 64 DAP, a altura da
planta e o diâmetro do caule atingiram os valores máximos de 130,56 cm e 17,18 mm,
respectivamente. Neste período, as plantas iniciaram o processo de senescência natural, no qual
ocorreu perda de água em seus tecidos, causando a redução da altura e do diâmetro das plantas.
Oliveira e Silva (2005) observaram que dos 33 até os 108 dias após emergência (DAE), as plantas de
girassol apresentaram um crescimento linear.

Nas Figuras 2 (a) e 2(b), tem-se a relação da altura e diâmetro do caule em função das doses
de boro. Nota-se que a dose de 3 kg ha-1 de boro maximizou a altura da planta e o diâmetro do caule
com valores de 118,35 cm e 17,35 mm, respectivamente. Oliveira e Silva (2005) verificou que as doses
de 1 a 3 kg ha-1 de boro não influenciaram significativamente na altura das plantas e no diâmetro do
caule do girassol. Do mesmo modo, Bonacin (2002), avaliando a aplicação de doses crescentes de
boro (de zero a 4,0 kg ha-1), no girassol cultivado em vasos, com Latossolo Vermelho, observou que
não houve diferença significativa das doses do elemento na altura das plantas e no diâmetro do caule.
Porém, a presença do B, mesmo na dose mais baixa, foi importante para o desenvolvimento das
plantas.

A partir das análises de regressão (Figuras 3(a) e 3(b)) verificou-se que a dose de 4 kg ha-1 de
boro proporcionou valores máximos da massa média dos aquênios por capítulo de 48,95 g e da
produtividade de 2.442,34 kg ha-1, estando este valor em conformidade com as características de
produtividade da variedade, segundo a CATI.

Bonacin (2009) verificou que as doses de 0, 1, 2, 3, e 4 kg ha-1 de boro não influenciaram na


produtividade do girassol, obtendo um valor médio de 2.559 kg ha-1. Caletti & Vázquez-Amábile (2002)

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trabalhando com três híbridos de girassol em solos da Argentina, sob dose de boro entre 0 a 7 kg ha -1 e
teor inicial de B no solo de 0,8 a 1 mg dm-3 obtiveram produtividades entre 2.003 e 2.539 kg ha-1.

CONCLUSÃO

O crescimento máximo em altura de planta de diâmetro de caule do girassol ocorreu até os 70


e 64 DAP, respectivamente. A altura da planta e o diâmetro do caule foram maximizados com a dose
de 3 kg ha-1 de boro, já a produtividade máxima foi de 2.442,34 kg ha-1 foi obtida com a dose de 4 kg
ha-1 de boro.

REFERÊNCIAS

BONACIN, A. G. Crescimento de plantas, produção e característica das sementes de girassol em


função de doses de boro. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-Unesp.
Jaboticabal, São Paulo. 98 p. 2002.

CALETTI, M. J.; VÁZQUEZ-AMÁBILE, G. Evaluación del efecto de la fertilización con boro para
híbridos de girasol en suelos Haplustoles Énticos de Gral. Pico, Departamento de Maracó, Prov.

CATI- Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Girassol Catissol 01. Disponível em:
http://www.cati.sp.gov.br/Cati/_produtos/SementesMudas/cultivares/GIRASSOL-CATISSOL01.pdf .
Acesso em 28 abr. 2010.

de La Pampa. Revista de la Facultad de Agronomia, v.22, n.1, p.45-49, 2002.

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OLIVEIRA e SILVA, M. de L.. Aplicações de lâminas de água e doses de boro na cultura do

SILVA, F. R.; FERREYRA, H. F. Avaliação de extratores de boro em solos do estado do Ceará.


Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 22, n. 3. p. 471-478, 1998.

UNGARO, M. R. G. Cultivo e processamento de girassol. Tecnologia e Treinamento Agropecuário,


v.4, n.17, p.43, 2000.

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140 18
130

Diâmetro do caule (mm)


17,5
Altura da planta (cm)

120
17
110
100 16,5
90 APLT = -0,0494DAP*2 + 6,9747DAP* - 16 DCAU = -0,0019DAP*2 + 0,2457DAP* +
80 115,16 9,2423
R² = 0,9973 15,5 R² = 0,9963
70
60 15
40 55 70 85 40 55 70 85
Dias após o plantio (DAP) Dias após o plantio (DAP)

(a) (b)
Figura 01 - Análise de regressão para estimativa da altura das plantas (a) e do diâmetro do caule (b) em função dos dias
após a colheita na cultura do girasssol, cultivar Catissol 01, Russas – CE, 2010.
130 17,6
Diâmetro do caule (mm)

120 17,2
Altura da planta (cm)

110 16,8

100 16,4
APLT = -2,8345B*2 + 17,284B*+ 92,028 DCAU = -0,2798B*2 + 1,7603B* + 14,593
90 R² = 0,7135 16 R² = 0,7307
80 15,6
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Doses de Boro (kg ha-1) Doses de Boro (kg ha-1)

(a) (b)
Figura 02 - Análise de regressão para estimativa da altura das plantas (a) e do diâmetro do caule (b) frente a diferentes
doses de boro na cultura do girasssol, cultivar Catissol 01, Russas – CE, 2010.

(a) (b)
Figura 03 - Análise de regressão para estimativa da massa média aquênios por capítulo (a) e produtividade (b) frente a
diferentes doses de boro na cultura do girassol, cultivar Catissol 01, Russas – CE, 2010.

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EFEITO DA INTERAÇÃO P E B SOBRE O CRESCIMENTO INICIAL DO GIRASSOL

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – A cultura do girassol é bastante exigente em nutrientes, sendo o boro o micronutriente


mais exigido pela cultura e o fósforo o que mais influência o crescimento inicial. O objetivo deste
trabalho foi avaliar o efeito de doses de fósforo e boro sobre o crescimento inicial do girassol
(Helianthus annuus L.). O experimento foi realizado em solo classificado como Latossolo Amarelo do
município de Areia, PB, microrregião do Brejo paraibano, entre Janeiro e Maio de 2010 em ambiente
protegido. Adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com fatorial 4 (doses de
fósforo) x 3 (doses de boro), com 5 repetições. Para tanto foram avaliados a altura das plantas, o
diâmetro do caule e o número de folhas fotossinteticamente ativas aos 7 dias após a emergência. Os
resultados permitiram concluir que o fornecimento de P, B e a interação P-B não promoveram efeito
sobre o estabelecimento inicial da cultura do girassol.
Palavras-chave – Helianthus annuus L.; Adubação mineral; interação P-B; Estabelecimento inicial

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Compositae, originária
do continente Norte Americano e cultivado nos cinco continentes, em aproximadamente 18 milhões de
hectares. Destaca-se como a quarta oleaginosa para produção de grãos e a quinta em área cultivada
no mundo. No Brasil, seu cultivo não ocupa áreas expressivas, porém, seu óleo tem boa aceitação,
sendo seu consumo de mesa menor apenas que o de soja (CASTRO, 1999).

O fósforo é responsável pelo estabelecimento das plantas no campo, aumento do teor de


carboidratos e ajuda na fixação biológica de nitrogênio (MALAVOLTA et al.,1997), estudos tem sido
realizados para determinar o manejo correto da adubação fosfatada. Contudo a disponibilização deste
elemento para a planta é fortemente influenciado pelas variações quanto à natureza e à solubilidade do
fosfato a ser utilizado e da interação com os componentes edáficos (PROCHNOW et al., 2003).

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O boro por sua vez, promove aumento na formação da parede celular e divisão celular, sendo
sua deficiência caracterizada pela inibição do crescimento dos tecidos meristemáticos da parte aérea e
das raízes, redução da taxa fotossintética e transpiração através da redução da área foliar e pela
alteração dos compostos presentes na folha (MALAVOLTA et al., 1997).

Epstein e Bloom (2006) citam que ocorre uma relação de inibição entre o P e o B,
contudo Silva (2007) cita que a relação existente entre a deficiência e o excesso de boro é bastante
restrita, sendo assim deve-se reavaliar tal interação, pois para um determinado limite a interação
fósforo e boro pode apresentar comportamento sinérgico.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses fósforo e boro cultura do girassol
(Helianthus annuus L.) cultivado ambiente protegido.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em ambiente protegido, pertencente à Universidade Federal da


Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Solos e Engenharia Rural, município de Areia,
PB de Janeiro a Maio 2010.

O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Amarelo distrófico típico
(EMBRAPA, 1999), de textura franco argilo-arenosa, cujas características químicas estão descritas na
tabela 1. Foi realizada calagem no ano anterior, para cultivo de canola, seguindo recomendações de
Raij et al., (1997).

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados em esquema


fatorial 4x3 com cinco repetições. Os tratamentos avaliados foram quatro doses de fósforo (0, 30, 60 e
120 mg dm-3) na forma de NH4H2PO4 e três doses de boro (0, 4 e 8 mg dm-3).na forma de H3BO3.

Cinco sementes de girassol da cultivar EMBRAPA - 122 foram semeadas em vasos plásticos
com 7 dm3 de solo. O desbaste ocorreu no primeiro dia após a emergência deixando apenas uma
planta por vaso. Os demais macro e micronutrientes foram fornecidos de acordo com as necessidades
da cultura. Foram avaliados a altura de plantas, o diâmetro do caule e o número de folhas
fotossinteticamente ativas aos sete dias após a emergência das plântulas.

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Os resultados foram submetidos à análise de variância, e em função do nível de significância


no teste F para as doses de N e B procedeu-se ao estudo de regressão para as variáveis estudadas na
forma de superfície de resposta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As variáveis estudadas não foram influenciadas pelas doses de P, B e sua interação (tabela 1).
O que sugere que até os sete dias após a emergência o girassol não necessita de grandes
quantidades de fósforo e o boro não promove influência tão grande sobre o estabelecimento inicial da
cultura.

Souza (2008) avaliando o comportamento da mamoneira em função de doses de N e B


observou que o boro está mais relacionado com a reprodução da cultura no aumento do número de
frutos por planta, produtividade e teor de óleo, promovendo efeito menos marcante sobre o crescimento
da mesma aos 120 dias após o plantio, pois as plantas com excesso de boro apresentaram
crescimento reduzido, e as plantas com sintoma de toxidez além do crescimento reduzido
apresentaram superbrotamento lateral, quando comparadas com as com concentrações normais deste
micronutriente. Silva (2007) também cita que o boro apresenta maior efeito no processo reprodutivo de
que o vegetativo.

Pena Neto (1981) cita que o fósforo é indispensável nas primeiras fases de desenvolvimento
da planta e, posteriormente, sobre o perfeito enchimento de grãos, sendo cerca de 70% do fósforo
necessário absorvido até os 30 dias após a emergência, o que sugere que para a cultura do girassol o
fósforo deve estar presente no solo em quantidades suficientes, e de forma solúvel a partir dos sete
dias após a emergência da cultura.

Malavolta et al., (1997) citam que o fósforo é indispensável ao processo de fotossíntese, isto é,
formação de substâncias orgânicas, na respiração, formação de proteínas e acúmulo de energia em
forma de ATP, sendo assim uma planta bem suprida de P desde o início de seu desenvolvimento tem
maior possibilidade de produzir mais.

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CONCLUSÃO

As doses de fósforo e boro aplicadas no plantio do girassol não promoveram efeito sobre o
desenvolvimento da cultura aos sete dias após a emergência.

Não foi verificado efeito da interação P-B sobre a cultura aos sete dias após a emergência.

Necessita-se de estudos mais aprofundados após aos sete dias de emergência para melhor se
estabelecer os efeitos do P, B e de sua interção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Planta. 2006.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafos. 1997. 319p.

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acidulados. In: SIMPÓSIO SOBRE FÓSFORO NA AGRICULTURA BRASILEIRA, Piracicaba, 2003.
Anais. Piracicaba, Potafos/Anda, 2003. 67p.

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calagem para o estado de São Paulo 2 ed. Campinas, IAC. 1997.

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deficiência e toxicidade. Piracicaba. 2007, 103 f. Dissertação (mestrado em ciências). Centro de
Energia Nuclear na Agricultura, Universidade São Paulo.

SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.


2008. 36f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia). DSER, UFPB, Areia, 2008.

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Quadro 1. Características de fertilidade do solo coletado, na profundidade de 0 a 20 cm


pH P K Na Ca2++Mg2+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H++Al3+ C M.O.
1:2,5
---mg dm-3--- -----------------------c mol dm-3--------------------------- -----g kg-1-----
(H2O)
4,58 4,29 51,00 0,06 3,85 2,75 1,10 0,7 13,28 31,12 53,66

Tabela 1. Média das variáveis de produção em função da adubação fosfatada


Dose de P Dose de B
Diâmetro (cm) Altura (cm) Número de folhas (ud.)
(mg dm-3) (mg dm-3)

0 0,29 11,00 4

0 4 0,27 10,00 3

8 0,28 10,50 4

0 0,25 8,67 3

30 4 0,28 10,00 4

8 0,27 9,00 4

0 0,26 10,33 4

60 4 0,26 10,00 4

8 0,29 9,67 4

0 1,21 10,67 5

120 4 0,29 10,67 4,00

8 0,25 9,33 3,33

Dose de P 1,08 ns 0,45 ns 1,10 ns

Valor de F Dose de B 1,15 ns 0,38 ns 1,00 ns

Interação 1,10 ns 1,07 ns 0,79 ns

Coeficiente de variação (%) 28,26 16,74 15,56

ns: não significativo

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EFEITO DE ADUBAÇÕES DE PLANTIO E COBERTURA SOBRE A PRODUTIVIDADE DE CRAMBE


CV. FMS BRILHANTE APÓS SOJA E MILHO

Dirceu Luiz Broch1; Sidnei Kuster Ranno 1; Renato Roscoe1


1 Fundação MS, dirceu@fundacams.org.br

RESUMO – O crambe (Crambe abyssinica) é uma crucífera de ciclo curto e boa tolerância a déficit
hídrico e baixas temperaturas. Pouco cultivada no Brasil, tem grande potencial de expansão como
cultura de safrinha nas regiões produtoras do país. Com o objetivo de avaliar o efeito de doses
crescentes de uma formulação de NPK comumente utilizada em culturas de safrinha, na presença e
ausência de adubação de cobertura com N, na produtividade de grãos de crambe, plantado em
sucessão à soja e ao milho, foram testadas doses crescentes da formulação 07-24-24 + 3,0% de S (0,
100, 200 e 300 kg ha-1), na presença ou não de adubação de cobertura com N (100 kg ha-1 de Nitrato
de Amônio). O experimento foi em blocos ao acaso com 4 repetições. Não houve efeito significativo
das doses crescentes de adubação de plantio, em sucessão à soja e ao milho, o que pode ser
explicado pelos elevados teores de P e K do solo. Houve efeito significativo da adubação de cobertura
de N, para as duas sucessões. A soja como cultura antecessora ao crambe proporcionou melhores
produtividades com ou sem N em cobertura, sugerindo um bom aproveitamento do N residual no
sistema após a soja.

Palavras-chave – crambe; fertilidade; adubação; sucessão de culturas

INTRODUÇÃO

O crambe (Crambe abyssinica Hochst) é uma oleaginosa com elevado potencial para o Brasil.
Originária da Etiópia e domesticada na região do Mediterrâneo, possui até 38% de óleo em base seca
(Knights, 2002). Com custos baixos, ciclo curto e tolerância à secas e às baixas temperaturas, pode ser
plantado mais tardiamente, em épocas em que os riscos para as demais culturas de safrinha seriam
muito elevados na região Centro Oeste (Pitol et al., 2010).

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O óleo de crambe é rico em ácido erúcico (em média 55%), o que lhe confere características
importantes para a indústria química, sendo utilizado em lubrificantes, adjuvantes para aplicação de
pesticidas e como agente deslizante em ligas plásticas (AIR, 1997). Sua utilização para a produção de
biodiesel pode trazer vantagens por apresentar baixo ponto de fusão (-12OC) e alta estabilidade
oxidativa (Pitol et al., 2010). Sendo uma cultura totalmente mecanizada, utilizando as mesmas
estruturas de soja (plantadoras, colhedoras, armazéns etc.), o crambe tem uma grande potencial de
expansão como alternativa de segunda safra em boa parte do Centro Oeste (Roscoe & Delmontes,
2008).

O sistema radicular do crambe é profundo, sendo que a cultura pode ser considerada boa
recicladora de nutrientes (Knights, 2002). No entanto, o crambe é exigente quanto à acidez do solo.
Para o seu adequado desenvolvimento, o solo deve ser de boa a alta fertilidade. A camada de 0-20 cm
deve estar corrigida e a de 20-40 cm com baixa saturação por Al3+ (Pitol et al., 2010).

Os fertilizantes são os insumos com maior peso para a maioria das plantas cultivadas. O seu
uso eficiente é fundamental para garantir boas produtividades e rentabilidade. As respostas a
adubação do crambe são ainda pouco conhecidas nos sistemas de produção típicos de Mato Grosso
do Sul. Sabe-se que a planta absorve grandes quantidades de N, o que pode ser inferido por seu
elevado teor de proteínas no grão (Souza et al., 2009).

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de doses crescentes de uma formulação de
NPK comumente utilizada em culturas de safrinha, na presença e ausência de adubação de cobertura
com N, na produtividade de grãos de crambe, plantado em sucessão à soja e ao milho.

METODOLOGIA

O experimento foi implantado na Unidade Experimental da FUNDAÇÃO MS em Maracaju, MS,


em um Latossolo Vermelho Distroférrico, com 58% de argila, a 365 m de altitude. As características
químicas do solo, nas camadas de 0-20 cm e de 20-40 cm (Tabela 1). O experimento foi implantado em
esquema fatorial (4x2x2) em um arranjo de blocos ao acaso, com 4 repetições. Os tratamentos
combinaram em esquema fatorial 4 doses da formulação NKP 07-24-24 + 3,0% de S: 0, 100, 200 e 300
kg/ha; na presença ou ausência de adubação nitrogenada de cobertura; e tendo como culturas
antecessoras soja e milho. A adubação de cobertura foi feita sete dias após o plantio, a lanço, com 100
kg/ha de Nitrato de Amônio, em uma dose equivalente a 32 kg/ha de N. As parcelas experimentais
foram implantadas com as dimensões de 4 x 12 m, sendo a parcela útil de 2 x 6 m. O plantio foi feito

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com o espaçamento de 17 cm e profundidade de 2 a 4 cm, em 17 de abril de 2008. Foi utilizado o


equivalente a 15 kg de semente por hectare (cerca de 120 plantas/m2 ou 30 sementes/m linear). Foi
feito tratamento das sementes com 60 mL de ProTrit®/15 kg de semente, dissolvidos em 200mL de
águas para homogeneização da aplicação. A colheita foi realizada manualmente, nas parcelas úteis,
em 5 de agosto de 2008. As sementes foram debulhadas manualmente e seus pesos corrigidos para
uma umidade padrão de 9%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As produtividades de crambe obtidas no experimento variaram em média de 1.002 a 1.741 kg


ha-1 (Tabela 2), o que poderia ser considerado adequado para a região (Pitol et al., 2010), em um solo
sem problemas de acidez e presença de alumínio trocável (Tabela 1).

Não houve efeito significativo das diferentes doses de fertilizante NKP no plantio e nem
interação com a aplicação de N em cobertura e cultura antecessora (Tabela 2). Em ambos os casos, no
entanto, houve efeito significativo do N aplicado em cobertura, pelo teste F a 5% de probabilidade. A
aplicação de nitrato de amônio em cobertura aumentou em 28% e 11% a produtividade de crambe
após milho e soja, respectivamente. O maior incremento absoluto também ocorreu após o milho, que
produziu 276 kg ha-1 a mais com a adubação de cobertura, enquanto após a soja o aumento foi de 166
kg ha-1.

O crambe após soja produziu significativamente mais do que após milho. Essa diferença foi,
em média, de 518 kg ha-1 ou 45% a mais após soja (Tabela 2). Quando se compara a produtividade de
crambe na ausência de adubação de cobertura com N, embora não se possa identificar um efeito
significativo de aumento das doses da adubação de plantio, observa-se que após milho sem nenhuma
adubação, o crambe produziu 858 kg ha-1 em média. Quando se observa a média das produtividades
quando foram aplicados 100, 200 e 300 kg de NPK (07-24-24 + 3% de S), verifica-se um valor médio
de 1050 kg ha-1. No caso da soja, não há nenhuma tendência clara entre a dose zero de adubo e as
demais doses de adubação de plantio. De maneira análoga, quando se tem adubação de cobertura
com N no tratamento após milho, não se observa a tendência de redução das produtividades na
ausência de adubação de plantio.

Comparando os valores de incremento de produtividade na ausência de adubação nitrogenada


em cobertura, entre a média de produção após milho (1.002 kg ha -1) e após soja (1.575 kg ha-1),

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observa-se um incremento médio de 573 kg ha-1 ou 57% (Tabela 2). Esta mesma diferença, quando se
consideram os valores obtidos com adubação de cobertura, cai para 463 kg ha -1 ou 36%.

Mesmo considerando o elevado teor de matéria orgânica desses solos (Tabela 1), fica evidente
que há uma tendência de resposta do crambe à maior disponibilidade de nitrogênio no sistema.
Segundo Cantarella (2007) a matéria orgânica do solo é um importante reservatório de N no solo,
sendo que solos com elevado teor de matéria orgânica podem atender a demanda de N das culturas,
inibindo a resposta das culturas a adubações nitrogenadas. Observou-se que houve resposta do
crambe ao N quando fornecido pela adubação de plantio (como no caso do milho na ausência de N em
cobertura), pela adubação de cobertura ou pela disponibilidade de N residual da fixação biológica na
soja. Embora a exportação de N pela cultura da soja seja relativamente alta, estudos recentes tëm
demonstrado um balanço positivo de N no solo após o cultivo dessa leguminosa (Alves et al. 2006).
Outro aspecto importante a se considerar é que a palhada de milho, por ter uma relação C:N elevada,
pode promover a imobilização temporária do N do solo pela microbiota, reduzindo sua disponibilidade
para a cultura subseqüente (Cantarella, 2007). Os dados levantados no experimento, no entanto, não
permitem concluir qual o processo foi mais importante para o aumento da disponibilidade de N após
soja, quando comparado com o sistema após milho.

CONCLUSÃO

O crambe não responde a adubação de plantio com NPK no solo estudado, provavelmente em
função de seus elevados teores de matéria orgânica, P e K. Entretanto, a cultura responde bem à
disponibilidade de N no solo, seja por adubações de cobertura ou pela maior disponibilidade
proporcionada pelo sistema de rotação. Crambe plantado após soja tem o potencial de aproveitar a
melhor disponibilidade de N no sistema, quando comparado ao plantio em sucessão ao milho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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information. AIR3-CT94-2480, 1997 (http://www.biomatnet.org/secure/Air/F709.htm).

ALVES, B.J.R.; ZOTARELLI, L.; FERNANDES, F.M.; HECKLER, J.C.; MACEDO, R.A.T.;
BODDEY,R.M.; JANTALIA, C.P.; URQUIAGA, S. Fixação biológica de nitrogênio e fertilizantes

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ROSCOE, R.; DELMONTES, A.M.A. Crambe é nova apção para biodiesel. Agrianual 2009. São Paulo:
Instituto FNP, 2008. p. 40-41.

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produção de biodiesel em Mato Grosso do Sul. Revista de Política Agrícola, v.16, p.48-59, 2007.

SOUZA, A. D. V.; FÁVARO, S. P.; ÍTAVO, L. C. V.; ROSCOE, R. Caracterização química de sementes
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1335, out. 2009.

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Tabela 11 – Características químicas de um Latossolo Vermelho Distroférrico da Unidade Experimental da FUNDAÇÃO


MS, Marcaju MS.
Prof. pH MO P P cmolc dm-3
(cm) CaCl2 H2O (%) Mehlich Resina K Ca Mg Al H+Al SB T V%

0-20 5,79 6,40 3,6 4,5 8,5 0,66 8,00 1,15 0,0 3,68 9,81 13,5 73

20-40 5,55 6,17 2,6 0,13 3,3 0,27 5,50 1,10 0,0 1,98 6,87 8,85 78

Tabela 2 – Médias de produtividade de crambe cv. FMS Brilhante (kg ha -1) em função da dose de NPK no plantio
(formulação 07-24-24 + 3,0% de S) e da cobertura com N (aplicado como Nitrato de Amônio), após soja e milho.
Cultura N Cobertura NPK Plantio (kg ha-1) Média Média
Anterior Trat. N por Geral por
(kg ha-1) 0 100 200 300 Cultura* Cultura**

Milho 0 858 1050 1043 1057 1002b


1.140 B
32 1442 1275 1263 1132 1278a

Soja 0 1531 1308 1835 1625 1575b


1.658 A
32 1723 1689 1889 1663 1741a

* Médias seguidas de mesmas letras minúsculas não diferem entre si pelo teste F a 1% de probabilidade, comparando
médias dentro de cultura anterior.
** Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas não diferem entre si pelo teste F a 1% de probabilidade, comparando
médias entre cultura anterior.

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EFEITO DE FERTILIZANTES FOSFATADOS SOBRE O CONSUMO DE ÁGUA E PRODUÇÃO DE


MATÉRIA SECA DA MAMONEIRA (Ricinus communis L.)

Francisco Assis de Oliveira1; Nivaldo Timóteo de Arruda Filho2; Kleber Saturnino de Sousa3; Ênio
Freitas Meneses4; Elaine Priscila Targino Viana5; Andréa Fernandes Rodrigues6 ;
Patrícia Venâncio da Silva6
1 Prof. Dr. do DSER-CCA-UFPB; 2 Discente do PPGEAg-CTRN-UFCG; 3 Discente do PPGMSA-CCA-UFPB; 4 Mestre do
PPGMSA-CCA-UFPB; 5 Discente do PPGEAg-CTRN-UFCG; 6 Discente do PPGA- CCA-UFPB

RESUMO – O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do DSER/CCA/UFPB no município de


Areia - PB. Objetivou-se estudar, em Latossolo vermelho amarelo, textura franco argilo arenosa, com
acidez elevada e baixo nível de fósforo disponível, o efeito de quatro níveis de calcário: 0,0; 2,5; 3,5 e
4,5 t ha-1 e cinco de fósforo: 0,0; 80; 160; 240 e 320 kg ha -1 P2O5, sobre algumas características
produtivas da cultura da mamona. Usou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso em
esquema fatorial: 4 x 5, com três repetições. O calcário reduziu a acidez do solo e não houve resposta
da aplicação do fósforo ( ≥ 80kg/ha de P2O5) na presença da calagem (≥ 2,5t/ha de CaCO3) e nem do
calcário (≥ 2,5t/ha de CaCO3) na presença do fósforo ( ≥ 80kg/ha de P2O5). O fósforo aplicado na
ausência do calcário foi mais limitante ao rendimento da cultura do que o calcário na ausência do
fósforo e o consumo médio de água, foi da ordem de 747 mm. Foram avaliados:a matéria seca da
parte aérea; matéria seca da raiz e consumo de água pela cultura.
Palavras-chave – reação do solo; rorreção de acidez; aplicação fosfatada.

Introdução

As condições edafoclimáticas do semi-árido brasileiro, em especial da região Nordeste,


oferecem excelentes qualidades para a exploração do cultivo da mamoneira. O Brasil, que no período
1980/1985, figurava como o segundo maior produtor mundial de mamona, com 26% da produção,
perdeu essa condição no período de 1986/1991, quando teve sua produção reduzida para 2% (Santos
et al, 2001).

No Nordeste brasileiro, a agricultura familiar, na maioria das culturas de ciclo anual, utiliza
sistemas de cultivos consorciados, com duas ou mais culturas exploradas na mesma área e tempo. O
sistema de consórcio mais recomendado para a região envolve a mamoneira com feijão vígna ou
phaseolus que, reverte-se de grande importância para a economia do semi-árido nordestino, tanto

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como cultura alternativa de reconhecida resistência à seca, como geradora de mão-de-obra e de


matéria prima para inúmeras aplicações industriais. No campo, a mamoneira é explorada em pequenas
áreas onde a família é à força de trabalho predominante. As inúmeras utilidades que possuem o óleo
de rícino, seu produto principal, e a torta de mamona, seu subproduto justificam os esforços no sentido
de se implementar a exploração da mamoneira na região, visto ser uma cultura direcionada para a
pequena propriedade rural, integrando-se perfeitamente ao sistema da agricultura familiar. Com os
resultados da pesquisa é possível fornecer subsídios de geração e transferência da tecnologia para o
cultivo competitivo da mamoneira, em níveis econômicos e sociais, no contexto da agricultura
sustentável e incentivar a exploração da mamona na região.

METODOLOGIA

A pesquisa foi conduzida em casa-de-vegetação do Departamento de Solos e Engenharia


Rural (DSER), do Centro de Ciências Agrárias (CCA) - Campus II da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB), no município de Areia - PB. Segundo a classificação de Köppen (1936), o clima da região
pertence ao subtipo climático que corresponde ao clima tropical sub-úmido (quente úmido, com chuvas
de outono-inverno), temperatura média anual oscilando entre 22 e 26°C. A umidade relativa do ar varia
entre 75% em novembro e 87% nos meses de junho/julho, e a precipitação pluviométrica anual média
1400mm, sendo que mais de 75% das chuvas estão concentradas nos meses de março e agosto, com
um período de menor pluviometria que se inicia em setembro prolongando-se até fevereiro.

Como substrato, foi utilizado o material de um Latossolo Vermelho Amarelo (Brasil, 1972;
Embrapa, 1999) da fazenda Chã do Jardim pertencente ao CCA/UFPB.

As análises físicas foram realizadas de acordo com Embrapa (1997) e, as análises químicas do
solo foram processadas no Laboratório de química e fertilidade do solo do DSER/CCA/UFPB, segundo
metodologia descrita por Vettori (1969).

Com base na análise de solo, o delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso,
com tratamentos distribuídos em esquema fatorial 3 x 4: (três níveis de calcário: 32,0; 45,0 e 58,0 g
vaso-1 de CaCO3 versus quatro doses de fósforo: 1,7; 3,3; 5,0; e 6,7 g vaso-1 de P2O5) mais,
tratamentos adicionais denominados de testemunhas (0,0 g vaso-1 CaCO3 em 5,0 g vaso-1 P2O5 e
32,0 g vaso-1 CaCO3 em 0,0 g vaso-1 P2O5 ), com três repetições, totalizando 42 parcelas. A unidade
experimental foi constituída por um vaso plástico com capacidade para 18 litros, contendo 15 kg do
material de solo, seco ao ar.

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Para testar o efeito dos tratamentos foi utilizado a mamoneira (Ricinus communis L.), cultivar
BRS 149-Nordestina, como cultura teste proveniente do programa de oleaginosas e fibrosas da
Embrapa/Algodão.

Foram avaliados os componentes, como: a matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca
da raiz (MSR) e o consumo de água pela cultura (ETc).

Os resultados foram submetidos à análise de variância , sendo o nível de significância


determinado pelo teste ―F‖. Os tratamentos de fósforo foram submetidos à análise de regressão
polinomial, sendo escolhido o modelo de maior grau significativo (Pimentel Gomes, 1990).

Resultados e discussão

Após a incubação do solo com calcário, durante um período de noventa dias, antes do semeio
das sementes de mamona, o pH do solo revelou valores da reação do solo da ordem de 5,7, 5,8 e 6,1,
respectivamente, para os tratamentos de 2,5, 3,5 e 4,5 t ha-1 de calcário aplicado ao solo.
Considerando-se a reação inicial do solo que era de pH = 4,2 de acordo com a análise da Tabela 1,
observou-se que houve um acréscimo do pH com as doses de calcário aplicadas na ordem de 35,7%,
38,1% e 45,2% respectivamente. A aplicação do calcário permitiu que a reação solo elevasse o pH
inicial do solo para uma faixa (> 5,2) consideradas adequadas para o cultivo da grande maioria das
culturas (Malavolta, 1980).

Os resultados da produção de matéria seca da mamona submetidos a análise de regressão


polinomial se ajustaram de forma significativa (p ≤ 0,01) a uma função do segundo grau para a matéria
seca da parte aérea e linear para a matéria seca das raízes em função dos tratamentos com fósforo.
De acordo com os modelos obtidos o maior valor de matéria seca (24,0 g/planta) seria atingido,
teoricamente, com a aplicação de 340 kg ha-1 de P2O5 (Figura 2). Enquanto que para a produção de
matéria seca das raízes, o modelo linear estimado permite afirma que essa variável cresceu na ordem
de 0,018 g/kg de P2O5 aplicado ao solo. Os resultados da matéria seca da parte aérea são explicados
em 99% e os da matéria seca das raízes em, 96% pela presença dos tratamentos de fósforo.

A análise de regressão polinomial registrou efeito significativo (p ≤ 0,01) dos tratamentos de


fósforo na presença de 2,5t ha-1 de calcário sobre os resultados da evapotranspiração da cultura (ETc)
para a função do segundo grau. De acordo com o modelo, o máximo consumo de água (793 mm) pelas
plantas, teoricamente, seria obtido com aplicação ao solo de 300 kg ha-1 de P2O5 (Figura 3). De acordo

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com o coeficiente de determinação, os resultados do consumo de água pelas planta são explicados em
94% pela presença dos tratamentos de fósforo.

CONCLUSÃO

A aplicação do calcário elevou o pH do solo; Não houve resposta da aplicação do fósforo ( ≥


80kg ha-1 de P2O5) na presença da calagem (≥ 2,5t ha-1 de CaCO3) e nem do calcário (≥ 2,5t ha-1 de
CaCO3) na presença do fósforo ( ≥ 80kg ha-1 de P2O5) sobre os resultados das variáveis avaliadas; O
fósforo aplicado na ausência do calcário foi mais limitante ao rendimento da cultura do que o calcário
na ausência do fósforo; O consumo médio de água pela cultura, foi da ordem de 747 mm.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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plantio para o cultivo da mamoneira no Estado da Paraíoba. Revista. Oleaginmosas e Fiborsas.
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Figura 1. Resultados médios da produção de matéria seca da parte aérea (MSPA) e das raízes (MSR) da mamoneira em
função dos níveis de P2O5 aplicados ao solo.

Figura 2. Resultados médios da evapotranspiração (ETc) da cultura da mamona em função dos níveis de P2O5 aplicados
ao solo.

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EFEITO DE FONTES DE ADUBAÇÃO ORGÂNICA EM PLANTAS DE ALGODÃO

Dário C. Primo (1); Rômulo S. C. Menezes(1);Tácio O. da Silva(2), Geraldo B. M. dos S. Silva(3); Patrícia
K. T. Cabral (3)
1 UFPE, darioprimo@gmail.com, 2UFS, 3UFRPE

RESUMO - O algodão (Gossypium hirsutum L.) é um dos produtos agrícolas básicos para a economia
brasileira, em especial para a região nordestina. O estudo teve por objetivo avaliar e comparar o efeito
de torta de mamona, torta de pinhão manso e esterco bovino sobre o desenvolvimento vegetativo e a
nutrição mineral de plantas de algodão da variedade BRS Verde. O substrato utilizado no ensaio foi
constituído por dois tipos de solos característicos da região semi-árida (Nessolo Flúvico e Latossolo
Amarelo distrófico) e três fontes de adubação orgânica como, esterco bovino, torta de pinhão manso e
torta de mamona, constituindo os seguintes tratamentos: T1-testemunha sem adubação orgânica T2 -15
t/ha-1 de torta de mamona, T3-15 t/ha-1 de torta de pinhão e T4-15 t/ha-1 de esterco bovino em
delineamento estatístico inteiramente casualizado com quatro repetições. Os resultados demonstraram
que o tratamento onde se aplicou torta de pinhão manso quando comparado aos demais tratamentos
foi o que proporcionou maior acumulo de nutrientes, maior desenvolvimento das plantas de algodão e
maior formação de biomassa da parte aérea e raízes. Esses resultados podem ser explicados
provavelmente devido ao alto teor de nitrogênio que a torta de pinhão manso contém na sua
composição.
Palavras-chave – Gossypium hirsutum, potencial nutricional, tortas, parâmetros vegetativos

INTRODUÇÃO

Os gases emitidos para a atmosfera proveniente da queima de combustíveis vêm contribuindo


para retenção da energia associada aos raios infravermelhos que resultam no aumento do
aquecimento do planeta, contribuindo assim, para aumentar o fenômeno conhecido como ―efeito
estufa‖ (Alves, 2001). Nesse contexto, os biocombustíveis surgem como fontes de energia proveniente
de óleos vegetais de diversas culturas (Lopes et al., 2005).

O Brasil tem potencial para atender a demanda interna diária de 460.000 barris de biodiesel a
partir do cultivo de espécies oleaginosas (Boddey, 1993). O algodão é um dos produtos básicos para a
economia brasileira, em especial para a região nordestina, onde possui fundamental importância social
na geração de empregos nas áreas rurais e urbanas. O algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) é uma

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espécie eminentemente de clima tropical, cultivada na maioria das regiões de clima quente e suas
fibras são responsáveis pelo vestuário de mais de 45% da humanidade (Beltrão, 1999).

O algodoeiro herbáceo é uma das plantas domesticadas mais significativas para a


humanidade; sua produção mundial é, de cerca de l9, 16 milhões de toneladas de pluma por ano; além
disso, existem em estoque, para consumo, 19,27 milhões de toneladas e produtividade média mundial
de 608 kg de fibra ha-1 (CONAB, 2004), com previsão de aumento do consumo mundial em mais de
40% nos próximos vinte anos (Mariano, 1999). Outra vantagem, para a região semi-árida é que a
cultura do algodão tem excelente potencial de cultivo nesse local, onde as condições edafoclimáticas
possibilitam a sua exploração sem o uso de defensivos agrícolas (Santana et al., 1999). A adubação
orgânica é uma pratica agrícola muito utilizada para a melhoria das propriedades químicas e físicas do
solo atuando no fornecimento de nutrientes às culturas, na retenção de cátions (Severino et al., 2006),
na complexação de elementos tóxicos a exemplo do alumínio trocável (Lima et al., 2007) de
micronutrientes, estruturação do solo, infiltração e retenção de água, aeração e redução da
compactação do solo (Costa et al., 2006).

Materiais orgânicos como o esterco bovino (Severino et al., 2006; Vale et al., 2006;) e torta de
mamona tem sido citados na literatura como fontes de nutrientes e condicionadores do solo para
compor substratos e adubação, por possuírem bastante nitrogênio na sua composição (Lima et al.,
2006; Severino et al., 2006). O nitrogênio é o nutriente que o algodoeiro retira do solo em maior
proporção; é fundamental no desenvolvimento da planta, em especial aos órgãos vegetativos.
Dosagens adequadas estimulam o crescimento e o florescimento, regularizam o ciclo da planta e
aumentam a produtividade (Staut & Kurihara, 2001). O estudo teve por objetivo avaliar e comparar o
efeito de torta de mamona, torta de pinhão manso e esterco bovino sobre o desenvolvimento vegetativo
e a nutrição mineral de plantas de algodão cultivada em solos da região semi-árida.

MMETODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no Departamento de Energia Nuclear da


Universidade Federal de Pernambuco. Foram utilizadas três fontes de adubos orgânicos, esterco
bovino, torta de mamona e torta de pinhão manso. O substrato utilizado foi constituído por dois tipos de
solos característicos da região semi-árida constituindo os seguintes tratamentos: T1 - testemunha sem
adubação orgânica T2 - 15 t/ha-1 de torta de mamona, T3 - 15 t/ha-1 de torta de pinhão e T4 – 15 t/ha-1
de esterco bovino. Para caracterização química, foram realizadas análises dos tipos de solo, do esterco

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e das tortas (Tabela 1) utilizados na composição do substrato. Sendo o pH determinado em água por
potenciometria em suspensão na proporção 1: 25 de acordo com o método descrito pela Embrapa
1997.

Foram utilizados nos ensaios sacos plásticos de polietileno (15 x 28) sendo semeadas em cada
unidade experimental quatro sementes de algodão da variedade BRS Verde e aos oito dias após a
germinação, foi realizado o desbaste, deixando apenas uma planta por saco, considerando o vigor e a
uniformidade das plantas. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado com
quatro tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram irrigados com 100 ml de água a cada
dois dias e, as avaliações quanto ao efeito dessas fontes de adubação, foram realizadas aos quarenta
e cinco dias após a semeadura. Após esse período as plantas foram separadas em parte aérea e raiz.

A parte aérea foi secada em estufa a 60o C até alcançar massa constante e, posteriormente
estas foram moídas em moinho tipo Willey. Os parâmetros vegetais avaliados foram: altura da planta,
matéria seca da parte aérea e teor de N P K total da parte aérea. A massa da matéria seca de cada
planta foi obtida em balança semi-analítica. O teor de nitrogênio foi determinado por digestão com
ácido sulfúrico e peróxido de hidrogênio pelo método Kjeldahl, o de fósforo por colorimetria e o de K por
fotometria de chama (Malavolta et al. 1997). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância
e ao teste F pelo software Sisvar e análise de regressão para que os resultados em nível de
significância fossem ressaltados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos indicaram que as plantas de algodão da variedade BRS Verde,


adubadas com torta de mamona, torta de pinhão manso e esterco bovino apresentaram resultados
significativos (Tabela 2) com diferenças bastante relevantes entre os tratamentos estudados. Para
todas variáveis analisadas no Neossolo Flúvico, o tratamento onde se utilizou torta de pinhão manso,
apresentou valor médio superior quando comparado aos demais tratamentos. As propriedades físico-
químicas desse tipo de solo podem ter favorecido esse comportamento.

No Lataossolo Amarelo distrófico, houve resultados diferenciados nas variáveis estudadas.


Para altura e teor de nitrogênio na parte aérea, a adubação com torta de mamona superou todos os
tratamentos, enquanto que em relação ao teor de fósforo e potássio o tratamento com torta de pinhão
manso foi o que apresentou maior valor médio. A adição de 15 t/ha-1 tanto da torta de mamona quanto

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da torta de pinhão manso e esterco bovino favoreceram bom desenvolvimento nas plantas de algodão,
isso pode ter ocorrido devido ao alto teor de nutrientes que estas fontes possuem na sua composição.

Observou-se ainda (Tabela 2), que houve diferença estatística entre os tratamentos quanto à
produção de matéria seca, sendo o tratamento quando utilizou esterco bovino o que apresentou maior
valor médio. Quanto à massa seca de raízes, a fonte de adubação torta de pinhão apresentou maior
valor médio quando comparado aos demais tratamentos. Esses resultados demonstram que torta de
pinhão manso, parece ser uma alternativa viável para adubação orgânica, isso possivelmente pode
está relacionado ao alto teor de nitrogênio que essa torta possui na sua composição.

CONCLUSÕES

Os resultados demonstraram que a torta de pinhão manso proporcionou maior acumulo de


nutrientes, maior desenvolvimento das plantas de algodão e maior formação de biomassa da parte
aérea e raízes especificamente no Neossolo Flúvico.

AGRADECIMENTOS

A FACEPE, ao CNPq e à Capes pela concessão de bolsas e ao Laboratório de Fertilidade de


Solos, do Deprtamento de Energia Nuclear da UFPE.

REFERÊNCIAS BIBLIORÁFICAS

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CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Ministério da Agricultura – Pecuária e


Abastecimento – MAPA. Brasília, 2004.

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solos, plantas e fertilizantes. Brasília: Embrapa Comunicação para transferência de tecnologia, 1997.
370p.

FERREIRA, D. F. SISVAR: versão 4.6. Lavras: DEX/UFLA, 2003. Software.

LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L. S. ; FERREIRA, G. B. ; SILVA, M. I. L. da ; ALBUQUERQUE, R. C. ;


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Tabela1. Caracterização dos substratos utilizados no desenvolvimento inicial de plantas de algodão


Solos e Adubos orgânicos pH N g/kg-1 P g/kg-1 K g/kg-1

Neossolo Flúvico 7,3 6,0 3,6 7,0

Latossolo Amarelo distrófico 5,4 2,46 2,20 7,0

Torta de Mamona 4,7 22,5 3,59 6,26

Torta de Pinhão Manso 6,3 34,5 7,65 17,68

Esterco Bovino 4,7 22,7 5,44 4,58

Tabela 2. Valores médios dos teores de nutrientes e do rendimento em matéria seca da parte aérea e raiz, encontrados em
plantas de algodão adubadas com torta de mamona, torta de pinhão manso e esterco bovino.
Adubação Neossolo Flúvico

Altura N P K MSA MSR

...cm.... ...................................g kg......................... ....................... g..........................

Testemunha 54,5 b 19,2 d 3,7 a 21,2 d 4,382 b 0,472 d

Torta de mamona 67,5 a 29,0 b 3,2 a 23,5 c 9,400 a 0,999 c

Torta de pinhão manso 75,7 a 33,0 a 4,1 a 32,2 a 9,930 a 1,411 a

Esterco bovino 73,5 a 25,6 c 3,5 a 23,6 b 7,615 a 1,249 b

CV (%) 7,27 8,44 15,90 17,01 15,04 17,11

Latossolo Amarelo distrófico

Testemunha 42,2 b 19,1 b 1,7 d 23,6 a 2,225 b 0,455 b

Torta de mamona 69,5 a 30.1 a 2,4 c 25,4 a 5,332 a 0,802 b

Torta de pinhão manso 67,7 a 26,8 a 2,9 a 22,9 a 6,592 a 1,417 a

Esterco bovino 64,0 a 22,0 b 2,7 b 28,1 a 7,457 a 0,827 b

CV (%) 6,91 8,47 9,48 16,46 21,17 25,45

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EFEITO DO ESTRESSE SALINO SOBRE A NUTRIÇÃO MINERAL E O CRESCIMENTO DE MUDAS


DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)

Maria do Socorro Rocha1, Napoleão Esberard de M. Beltrão2, Francisco de Assis C. Almeida3,Ailton


Melo de Morais3, Maria Sueli Rocha Lima1
1 UFPB, marialirium@hotmail.com, 2 Embrapa Algodão , napoleão@cnpa.embrapa.br, 3 UFCG

RESUMO – Com o objetivo de avaliar a resposta do pinhão manso (Jatropha curcas L.) a doses
crescentes de NaCl, instalou-se, em casa de vegetação, um experimento em solução nutritiva. O
delineamento foi inteiramente casualizado com doses crescentes de NaCl (0, 0,3, 1,2, 2,4, 4,8 e 6,8 dS
m-1). Aos 105 dias de cultivo, as plantas foram colhidas e avaliaram-se o diâmetro do colo, a raiz, caule
e folhas e nutrientes acumulados. Todas as variáveis de crescimento analisadas apresentaram relação
inversa ao aumento das doses de NaCl. O mesmo foi observado com relação às quantidades
acumuladas de N, P, K, Ca e Mg em todas as partes vegetais analisadas. Um aumento da quantidade
acumulada de Na, sobretudo na raiz, foi observado, principalmente na primeira dose de sal. Os
sintomas de toxidez de salinidade foram caracterizados. O pinhão manso não tolerou doses acima de
4,8 dS m-1de NaCl, sugerindo que sua utilização em solos salinos é limitada e passível de mais
estudos. O NaCl reduziu os índices de eficiência de utilização dos nutrientes, embora sua translocação
não tenha sido alterada.
Palavras-chave – essência nativa, NaCl, salinidade.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso possui uma baixa resistência ao frio, as suas sementes são tóxicas, a torta
que é extraída das sementes que sobra não pode ser usada para alimentação animal, devido as suas
propriedades tóxicas, o seu óleo apresentar uma desvantagem que não pode, ser utilizado como
lubrificante, devido a sua baixa viscosidade e grande porcentagem de ácidos graxos impróprios, que
podem provocar rápida resinificação, no entanto pesquisas levaram a conclusão de que esse óleo pode
também ser utilizado como combustível nos motores Diesel, o qual se comporta bem, sem qualquer
tratamento prévio especial e com quase igual potência às conseguidas com o diesel. Contudo, o
consumo é evidentemente maior, devido à diferença dos poderes caloríficos (CORTESÃO, 1956).

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Obter informações da área foliar dos acessos de pinhão manso, são requeridos em modelos
matemáticos de numerosos processos ecofisiológicos, tais como a interceptação da luz, a fotossíntese
as taxas de crescimento, entre outras (SILVA, 1997).

Análise de crescimento do alongamento da parte aérea, em termos relativos, e não absolutos,


(Silva et al. 2008) com a estimativa do crescimento das folhas, tendo estômatos, clorofila, parênquima
clorofiliano e, assim, participam do aparelho fotossintético de uma população das plantas com os seus
acessos. Com o aumento do interesse ecofisiológicas do Pinhão manso na região do Seridó Paraibano,
buscando novas de informações básicas, tecnológicas.

O mundo ira necessitar muito dessa energia nos próximos anos e o Brasil, devido a
sua extensão territorial e diversidade do clima e solo, poderá até produzir cerca de 60% demanda
mundial de alta modalidade de energia, que quase não polui, com saldo positivo de carbono por causa
do seqüestro de C02 da atmosfera por meio da fotossíntese, a ter menos carbono na molécula e ter
mais oxigênio, existe necessidade de estudar ecofisilogicamente os acessos para poder implantar um
programa de melhoramento, e a premissa básica para isto é a conservação de germoplasma. Assim, o
conhecimento da variabilidade genética existente nas populações naturais é de fundamental
importância para elucidar a biologia, conhecer a densidade e obter informações sobre a evolução das
espécies, além de informações sobre a morfisiologia destas espécies e a sua intensidade de óleo varia
entre elas pois temos 170 espécies quem diversificam as suas estruturas interna e externa
geneticamente, são importantes para o estabelecimento estudo cientifico em que visem à conservação
das espécies com novos dados precisos dos acessos (BELTRÃO et al., 2003).

Devido ao nível de conhecimento técnico sobre esta espécie ser praticamente inexistente, as
possibilidades de sua utilização em áreas com problemas de salinidade são desconhecidas. Os
objetivos deste trabalho foram: verificar o nível de tolerância do pinhão manso ao estresse salino,
utilizando doses crescentes de NaCl em solução nutritiva e caracterizar os sintomas de toxidez da
salinidade.

METODOLOGIA

Sementes do pinhão manso (Jatropha curcas L.) foram semeadas em baldes contendo solo
arenoso como substrato, mantendose a umidade com água deionizada. Após trinta dias, as plântulas
foram transferidas para bandejas contendo solução nutritiva de Hoagland e Arnon a 20% da
concentração, permanecendo por mais trinta dias para desenvolvimento da parte aérea e radicular.

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Em outubro de 2008, instalou-se o experimento em casa de vegetação do Embrapa Algodão,


empregando-se vasos de 0,9 L com solução de Hoagland e Arnon a 50% da concentração e doses
crescentes de NaCl (0,13, 1,2, 2,4, 4,8 e 6,8 dS m-1), mantendo-se o pH das soluções em 5,5 e uma
planta por vaso após 105 dias foram feita a cisão do caule folhas e raiz para produção da matéria seca
e analise de micronutrientes de um acessos de pinhão manso..

O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo que cada planta
constituiu uma parcela, com quatro repetições por tratamento o delineamento foi 1 x 5 x 5. um acesso ,
cinco níveis de salinidades e cinco período.

A cada dez dias, a solução foi renovada sendo que, ao final de 105 dias de tratamento, mediu-
se o diâmetro do colo das mudas e separaram-se raiz, caule e folhas para determinação da matéria
seca, após peso constante em estufa a 65oC. A matéria seca de raiz, caule e folha foi submetida a
análises químicas e determinados N, P, K, S, Ca, Mg e Na. As quantidades de nutrientes acumuladas
na matéria seca foram determinadas com base em seus respectivos teores.

Os resultados foram submetidos à análises de variância e regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A adição de NaCl à solução de cultivo provocou redução no diâmetro do colo, cujo


comportamento pôde ser expresso por equação linear. Para a matéria seca da parte aérea houve
redução de cerca de 2,7% já na primeira dose de NaCl (6,8 dSm-1) em relação à testemunha na (Figura
1 B, C e D).Verificamos na nutrientes acumulados K nas falhas, raízes e caules Na Figura 1 B, C e D.
Ca e N maior concentração nas folhas, raízes e caule houve um aumento com em função das doses
crescentes de NaCl.

Quando se analisaram isoladamente folha e caule, verificou-se o mesmo comportamento,


representado por equações lineares (Figura 1). O efeito do sal (NaCl) sobre o crescimento de plantas é,
atualmente, tema de diversos estudos. A inibição do crescimento e da produção vegetal deve-se à
redução no potencial osmótico da solução do solo, provocado pelo excesso de sais e/ou ao efeito
tóxico dos mesmos.

Os efeitos imediatos da salinidade sobre as plantas podem ser resumidos em: seca fisiológica
provocada pela redução do potencial osmótico; desbalanço nutricional devido à elevada concentração

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iônica e à inibição da absorção de outros cátions pelo sódio e efeito tóxico dos íons sódio e cloreto
(SILVA, 2007).

Em pinhão manso, no presente estudo, foram observados sintomas de toxidez da salinidade,


os quais puderam ser resumidos em manchas amareladas ao longo das nervuras foliares, um
amarelecimento do limbo foliar, queima das bordas e ápice do limbo e queda da folha em estágio mais
avançado. Observou-se que na primeira dose de NaCl houve um decréscimo da quantidade de matéria
seca da raiz (Figura 1, C), comportamento esse semelhante aos dados de matéria seca de caule e
folha, com diminuição dos valores já na primeira dose do sal. Nesta dose de sal (4,8 dSm -1) foi
observada, para matéria seca de caule e folhas, uma redução inferior a 20%, quando comparada ao
tratamento sem adição de sal, sendo que, a partir da segunda dose, esta redução foi superior a 40%.
Estes dados permitem afirmar que a pinhão manso pode ser considerada tolerante ao estresse salino
na dose de 2,4 dSm-1de NaCl em solução, uma vez que reduções inferiores a 20% na produção de
matéria seca em relação à testemunha levam a classificar uma planta como tolerante à salinidade.

Com relação aos nutrientes acumulados na raiz, observou-se que a dose de 4,8 dSm-
1provocou significativas reduções nas quantidades de Ca e P, em comparação à testemunha (Figura
1). Houve aumento de 2,8 vezes na quantidade de Na acumulado na raiz das plantas que receberam
4,8 dSm-1de NaCl em relação à testemunha. Em doses superiores, houve menores acúmulos de Na na
raiz, possivelmente devido à exclusão do elemento, conforme observado por (SILVA et al., 1997), em
outras espécies vegetais.

O acúmulo de N foliar foi decrescente com as doses de NaCl, atingindo valor mínimo em 4,8
dSm-1 e cerca de duas vezes menor que o acumulado pela testemunha (Figura 1 B).
Independentemente das doses aplicadas de NaCl, verificou-se alta porcentagem de translocação de
todos os nutrientes para a parte aérea (Tabela 1), indicando que esse processo não é alterado pelo sal
devido ao efeito de concentração. A translocação de K da raiz para a parte aérea pôde ser expressa
por equação quadrática (y = -0,0008x2 + 0,205x + 81,36 R2 = 0,99**), com maior translocação na dose
2,4 dSm-1 de NaCl.

CONCLUSÃO

O pinhão manso tolerou até 2,4 dSm-1 de NaCl, indicando que sua utilização em ambientes
salinos é limitada.

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O NaCl reduziu os índices de eficiência de utilização dos nutrientes, embora sua translocação
não tenha sido alterada.

Os sintomas de toxidez da salinidade em pinhão manso foram caracterizados por manchas


amarelado ao longo das nervuras foliares, inicialmente nas folhas velhas, evoluindo para um
amarelecimento do limbo foliar, queima das bordas e ápice do limbo e queda da folha em estágio mais
avançado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N.E.M.; MELO, F.B.; CARDOSO, G.D.; SEVERINO, L.S. Mamona: árvore do
conhecimento e sistemas de produção para o semi-árido brasileiro. Campina Grande: EMBRAPA-
CNPA, 2003. 19p. (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica, 70).

CORTESÃO, M. Culturas tropicais: plantas oleaginosas. Lisboa: Clássica, 231p. 1956.

SILVA, A. F. S. Pinhão manso: Jatropha curcas. Centro de Apoio ao Desenvolvimento


Tecnológico CDT/UnB. Disponivel em: www.cdt.unb.br. Acessado em: julho de 2007.

SILVA, L., TAVARES R. BRASSEUR,. Ramularia rubella and Uromyces rumicis infecting, Rumex
obtusifolius in the Azores. Acoreana , 1997: 375-381.

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A. 1° Acesso de pinhão manso B. FOLHAS1°Acesso(Garanhuns-PE)


9 100
2 2

mg -1)
F = 8,8027 - 1,1128x + 0,72x 2 R 2 = 0,98
8
C = 6,4762 - 0,8558x + 0,0419x 2 R = 0,95 P= 4,63+0,712x R2=0,89**
2
7 R = 4,1841 - 0,7816x + 0,0453x R = 0,98 Ca=1,044+0,0564xR2 =0,77*

2
75
N=54,652- 15,824xR2 =88*
Mat éria seca (g)

6
folha Mg=5,422+0,0573x R2=87*
5 K=46,834- 6,0059xR2 =0,87* K

NutrienteAcumulado(g
50 Ca
4
caule N

3
25
raiz
P
Mg
0
1,2 2,4 4,8 6,8
0,13 1,2 2,4 4,8 6,8
NaCl (dSm-1)
-1
NaCl (dSm )

C. RAIZES 1° Acesso(Garanhuns-PE)
D. CAULES1°Acesso(Garanhuns-PE)
100
100
Mg=4,652- 0,1433x R2 =0,97**
2. mg -1)

2. mg -1)
K=7,742+26,509x R2 =0,89**
Ca= 2,294- 0,6446x R2=0,98** N K
75 P= 3,9+0,5906xR2=0,89** 75
N=19,936- 0,1214xR2=0,99**
P= 6,904-0,6916xR2=088**
K= 65,562+9,0951xR2=0,91**
NutrientesAcumulados(g

50 50 N=23,846+0,1989xR2 =0,95**
NutrientesAcumulados(g

Mg=2,83+0,2351x R2=0,95**

Ca= 0,7+0,1951xR2=0,99**
Mg N
25 25

P
P Ca
Ca 0
0 Mg
0,13 1,2 2,4 4,8 6,8
0,13 1,2 2,4 4,8 6,8
-1
NaCl (dSm)
NaCl (dSm-1)

Figura 21 – Matéria seca (g) (A) e nutrientes acumulados (mg) na folha, raiz e Caule (B, C e D) em função das doses
crescentes de NaCl.

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EFEITO DO SUPRIMENTO DE FÓSFORO E BORO NA PRODUÇÃO DE GRÃOS E NO TEOR DE


ÓLEO DO GIRASSOL

Leandro Gonçalves dos Santos1; Dário Costa Primo2; Ubiratan Oliveira Sousa3; Petterson Costa
Conceição Silva4; Dryelle Menezes Lobo5; Anacleto Ranulfo dos Santos6
1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, IFPB, leandro.santos@ifpb.edu.br.
2 Universidade Federal de Pernambuco, UFPE. 3 Eng. Agrônomo Mestre em Ciências Agrárias.
4,5,6 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, UFRB.

RESUMO – O objetivo deste estudo foi analisar o efeito do fósforo e boro na produção de grãos e
rendimento de óleo do girassol (Helianthus annuus L.) híbrido ―Helio 358‖, cultivado em sistema
convencional no município de Cruz das Almas, Bahia. O experimento foi conduzido no campus da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Latossolo Amarelo, no período de Julho a Novembro
de 2008. Assumiu-se o ensaio fatorial 5x2, envolvendo cinco doses de fósforo (0; 40; 80; 120 e 200 kg
ha-1 de P) e duas de boro (0 e 2 kg ha-1 de B), com os tratamentos distribuídos em blocos casualizados,
com três repetições. Ao final do ciclo avaliou-se o rendimento de matéria seca da parte aérea, a
produção de grãos, o teor de óleo, o peso de 1 000 grãos e o rendimento de óleo por área. A produção
de matéria seca total e de grãos respondeu positivamente ao incremento da adubação fosfatada. A
interação PxB influenciou positivamente o teor de óleo nos aquênios, e, seu rendimento por área.
Palavras-chave – Helianthus annuus; Oleaginosa; biodiesel; fosfatagem;

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) desponta como a cultura oleaginosa mais promissora do
mundo, principalmente devido a sua grande adaptabilidade às diferentes condições edafo-climáticas.
Seu aproveitamento integral aumenta ainda mais sua versatilidade, pois, além do principal produto, o
óleo, de alta qualidade e valor nutricional, a planta e seus resíduos podem ser utilizados na
alimentação animal (CASTRO & FARIAS, 2005).

O elemento fósforo (P) é um macronutriente essencial para os vegetais. Está diretamente


relacionado com o armazenamento e transferência de energia nos processos bioquímicos da planta,
principalmente na forma de ADP e ATP. O boro (B) é um nutriente encontrado em baixas
concentrações na planta, contudo é essencial para o seu desenvolvimento, e tem causado problemas

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nutricionais com freqüência na cultura do girassol. Outras funções importantes como o transporte de
açucares através das membranas, a incorporação de fosfato na formação de nucleotídeos, no
desenvolvimento do tubo polínico e na frutificação, são citadas por Dechen & Nachtigall (2006).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de matéria seca e de grãos, o teor de óleo e o
rendimento de óleo por área, através do suprimento de fósforo e boro.

METODOLOGIA

Em condições de campo, o experimento foi realizado na área experimental do pavilhão de


Química da UFRB, localizado no município de Cruz das Almas – BA, situado a 226 m de altitude
(12°40‘ S; 39°06‘ W), em Latossolo Amarelo, textura média, no período de Julho a Novembro de 2008.

Baseado na análise química do solo procedeu-se a calagem e gessagem 60 dias antes do


plantio. Aplicou-se 1,2 t ha-1 de calcário dolomítico, sendo essa quantidade determinada pelo método
da neutralização da acidez trocável e da elevação dos teores de cálcio e magnésio trocáveis e, 1,2 t ha-
1 de gesso agrícola determinado em função da textura do solo, a qual foi admitida como média. A
semeadura foi realizada em sistema de cultivo convencional utilizando-se sementes de girassol híbrido
―Helio 358‖ da Helianthus do Brasil. Aos 15 dias após emergência (DAE) das plântulas procedeu-se o
desbaste de maneira a garantir trinta e duas plantas a cada dez metros, com uma população final
equivalente a 45 000 plantas por hectare. No estudo do efeito das doses de P e B sobre a produção de
matéria seca e de grãos, o teor de óleo e o rendimento de óleo por área, assumiu-se o ensaio fatorial
5x2, envolvendo cinco doses de fósforo (0; 40; 80; 120 e 200 kg ha-1 de P) e duas de boro (0 e 2 kg ha-
1 de B), com os tratamentos distribuídos em blocos casualizados, com três repetições e amostragens
na parcela.

O fósforo foi aplicado no sulco de plantio abaixo e ao lado da semente, na forma de


Superfosfato triplo. O boro foi aplicado na forma de ácido bórico juntamente com a adubação de
cobertura, aos 30 e 60 DAE. Além dos tratamentos estudados, aplicou-se também 80 kg ha-1 de K e 80
kg ha-1 de N, na forma de Cloreto de potássio e Uréia, respectivamente. A precipitação pluviométrica
acumulada desde a semeadura até a colheita foi de 366,4 mm, e a média mensal de 73,3 mm.

Quantificou-se a matéria seca de quatro plantas, particionadas em hastes, pecíolos, folhas e


capítulos, que em seguida foram secas a 65 ºC em estufa com circulação de ar forçada até obtenção
de massa seca constante. O teor de óleo nos aquênios foi determinado pela extração de lipídios

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seguindo a metodologia descrita por Bligh Dyer (1959). As variáveis em estudo foram submetidas à
análise de variância utilizando o programa estatístico SAS (1996) e havendo significância, procedeu-se
o estudo de regressão.

Resultados e discussão

Os resultados observados neste estudo demonstraram que aplicação das doses fósforo
influenciou de forma altamente significativa na produção de matéria seca total da parte aérea, na
produção de grãos, no peso de 1 000 aquênios e no teor de óleo, como segue no (Tabela 1). Os
resultados demonstraram que interação dos elementos P e B tiveram efeito significativo (p<0,01)
apenas para o teor de óleo, entretanto para a aplicação isolada de boro não houve efeito significativo.

O modelo quadrático foi o que melhor se ajustou a produção de MST do girassol, em função
das doses de fósforo aplicadas (Figura 1A). Com aplicação da menor dose de P (40 kg ha -1) a
produção estimada de MST foi 155 % maior em comparação à omissão deste elemento. Esses
resultados indicam que nesses Latossolos Amarelos a adubação fosfatada é fundamental para o
crescimento das plantas de girassol. Aplicando 80 kg ha -1 de P, esse incremento foi ainda maior,
correspondendo a 261 % de MST. Derivando a equação de regressão observou que a máxima
produção de MST (6 979,1 kg ha-1) seria obtida com a aplicação de 148 kg ha-1 de P.

O modelo quadrático foi o que melhor se ajustou a produção de grãos em função das doses de
fósforo aplicadas (Figura 1B). Derivando a equação, observa-se que a aplicação de 174,5 kg ha-1 de P,
promoveria a maior produção 2 256 kg ha-1 de aquênios (Figura 1B). Se considerarmos 90 % da
máxima produção técnica como a dose de máxima eficiência econômica, seria necessário a aplicação
de 111 kg ha-1 de P para uma produção de 2 030 kg ha-1 de grãos, representando uma economia de 36
% com adubo fosfatado. Resultados semelhantes na produção de aquênios foram encontrados por
Villalba (2008) estudando doses de fósforo em girassol cultivado em solos de baixa fertilidade.

Os resultados obtidos para o teor de óleo neste estudo estão apresentados na figura 2A. A
diferença significativa (Tukey<0,05) entre as doses de B só foi observada em interação com fósforo
variando entre 80 e 120 kg ha-1. O maior teor de óleo (44,6 %) observado foi com a aplicação da maior
dose de P e omissão de B (Figura 2A). Com a interação entre as doses de P e 2 kg ha -1 de B, o maior
teor de óleo (43 %) seria obtido com 147,4 kg ha -1 de P. Esses resultados indicam que aplicando B,
reduziu a necessidade de P para elevar o teor de óleo no grão. Os resultados obtidos foram

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semelhantes aos encontrados por Castro et al. (2006), que obtiveram o maior teor de óleo no girassol
com aplicação de 2 kg ha-1 de B.

A aplicação de boro (2 kg ha-1) em interação com doses de P entre 40 e 200 kg ha -1 resultou


em aumento no rendimento de óleo (Figura 2B). Esse incremento foi mais pronunciado entre as doses
80 e 120 kg ha-1 de P, com um valor médio de 98 kg ha-1 no rendimento de óleo, o equivalente a 13,6
%. Para a indústria, o teor de óleo nos aquênios é muito importante, contudo se for aliado a uma boa
produção de grãos, o seu rendimento de óleo por unidade de área também se torna importante
comercialmente.

CONCLUSÃO

A produção de matéria seca total e de aquênios respondeu positivamente ao incremento da


adubação fosfatada. A interação PxB influenciou positivamente o teor de óleo nos aquênios, e em
conseqüência seu rendimento por área.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLIGH, E.G.; DYER, W.J. A rapid method of total lipid extraction and purification. Cand. J. Biochemistry
Physiology, v.37, n.8, p.911-917, 1959.
CASTRO, C.; FARIAS, J.R.B. Ecofisiologia do girassol. In: LEITE, R. M.V.B. de C.; BRIGHENTI, A.M.;
CASTRO, C. (eds). Girassol no Brasil. Londrina: Embrapa Soja, 2005, p.161-218.
CASTRO, C.; MOREIRA, A.; OLIVEIRA, R.F.; DECHEN, A.R. Boro e estresse hídrico na produção do
girassol. Ciênc. agrotec, v.30, n.2, p.214-220, 2006.
DECHEN, A.R.; NACHTIGALL, G.R. Micronutrientes. In: FERNANDES, M.F. (ed). Nutrição Mineral de
Plantas. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2006, p.327-354.
SAS, Institute. SAS/STAT. User‘s guide, version 6.11. 4. ed. Cary, Statistical Analysis System Institute,
1996. v.2, 842p.
VILLALBA, E.O.H. Recomendação de nitrogênio, fósforo e potássio para girassol sob sistema plantio
direto no Paraguai. Santa Maria, 2008. 82f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) – Pós-
Graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal de Santa Maria.

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Tabela 12 - Resumo da análise de variância dos dados referentes à matéria seca total da parte aérea (kg ha-1), produção
de aquênios (kg ha-1), peso de 1 000 aquênios (g), teor de óleo (%).
QM
FV GL
Matéria seca Prod. aquênios 1 000 aquênios Óleo
Fósforo (P) 4 2,9e7** 3,3e6** 103,08** 167,57**
Boro (B) 1 2,0e6 9,5e6 14,84 3,60
PxB 4 0,7e6 3,6e4 41,58 8,94**
Bloco 2 5,1e6** 8,5e5** 157,85** 10,04**
Erro 18 0,7e6 6,8e4 18,21 1,67
Média 4934 1553 49,41 37,68
CV(%) 16,56 16,78 8,64 3,43

8000 2600
A Y = 490,2 + 20,24X - 0,058X2 R2 = 0,924 B
6979
6400 Produção de aquênios (kg ha-1) 2080 10%
Matéria seca total (kg ha-1)

4800 1560

Y = 1615,9 + 72,35X - 0,244X2 R2 = 0,915


3200 1040

1600 520
36%
148 111 174,5
0 0
0 40 80 120 160 200 0 40 80 120 160 200
-1 -1
Doses de P (kg ha ) Doses de P (kg ha )

** significância ao nível de 1% pelo teste de F.


Figura 22 - Produção de matéria seca total da parte aérea, no momento da colheita (A) e produção de aquênios (B), em
função das doses de fósforo estudadas. UFRB, Cruz das Almas, BA, 2008.

48 1200
B0 Y = 30,14 + 0,108X - 0,000185X2 R2 = 0,957 B0 Y = 187,8 + 6,75X - 0,0144X2 R2 = 0,930
B2 Y = 29,84 + 0,179X - 0,000607X2 R2 = 0,990 B2 Y = 118,0 + 9,72X - 0,0273X2 R2 = 0,970
1000
44
Rendimento de óleo (kg ha )
-1

800
Teor de óleo (%)

40

600

36
400

32
200

A B
28 0
0 40 80 120 160 200 0 40 80 120 160 200
-1 -1
Doses de P (kg ha ) Doses de P (kg ha )
Figura 2 - Teor de óleo nos aquênios (A) e rendimento de óleo por área (B), em função da interação entre 0 e 2 kg ha-1 de
B e as doses de fósforo. UFRB, Cruz das Almas, BA, 2008.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 675-679.
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EFEITO DOS FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES EM CULTURAS OLEAGINOSAS

Elcio L. Balota1*; Oswaldo Machineski2; Priscila V. Truber3; Paula Cerezini3; Karina Lima Milani3;
Alexandra Scherer3; Carolina Honda3; Larissa G. Leite3
1 Instituto Agronômico do Paraná-IAPAR, Área de Solos, Caixa Postal 481, 86001-970, Londrina, PR. E-mail:

balota@iapar.br; 2 IAPAR, Laboratório de Microbiologia de Solos, Londrina,PR.; 3 Bolsista do Laboratório de Microbiologia


de Solos, IAPAR.

RESUMO – O objetivo do estudo foi o de avaliar o efeito da inoculação dos fungos micorrízicos
arbusculares (FMA) na cultura do girassol, amendoim e mamona em diferentes doses de fósforo (P) no
solo. Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação, em vasos com capacidade de 4 kg,
utilizando solo arenoso (LVA) desinfestado como substrato. Os tratamentos foram instalados num
esquema fatorial com três tratamentos de fungos micorrízicos (Controle, Gigaspora margarita e Glomus
clarum) e cinco doses de adição de P para o girassol e amendoim (0, 30, 60, 120, 240 mg kg -1) e para
a mamona (0, 20, 40, 80, 160 mg kg-1), com quatro repetições. A avaliação do experimento ocorreu aos
75 dias para o girassol, 80 dias para o amendoim e 65 dias para a mamona após a implantação. Foram
avaliadas as variáveis de desenvolvimento das plantas e de micorrização. Houve aumento do
desenvolvimento das oleaginosas nas baixas doses de P com a inoculação dos FMA, não ocorrendo
efeitos benéficos nas altas doses de P. O girassol e o amendoim apresentaram moderada dependência
micorrízica, enquanto que a mamona apresentou alta dependência aos FMA. A colonização micorrízica
radicular nas oleaginosas foi inibida significativamente com o aumento da dose de P adicionada ao
solo.
Palavras-chave – nutrição fosfatada; mamona; girassol; amendoim.

INTRODUÇÃO

A consolidação do Programa Biodiesel Nacional objetiva a obtenção da independência


energética do país. Estes biocombustíveis podem ser utilizados na forma pura ou misturado ao óleo
diesel, sendo considerada uma excelente fonte de energia renovável, além de contribuir na geração de
emprego e renda e reduzir os níveis de poluição no meio ambiente. Com o aumento da demanda por
biocombustíveis, várias espécies de plantas oleaginosas tem se apresentado com potencial no
fornecimento de matéria prima para a extração de óleo e obtenção de biodiesel.

A cultura do girassol (Helianthus annuus L.) é a quinta oleaginosa em área cultivada no mundo
(18 milhões de hectares) e a quarta oleaginosa em produção de grãos, respondendo por 13% de todo o

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óleo vegetal produzido no mundo. O amendoim (Arachis hypogaea) é uma das culturas de maior
expressão econômica no mundo, juntamente com o feijão e a soja, não só como alimento protéico, mas
também, como um dos principais fornecedores de matéria prima à produção de óleo. O óleo extraído
das sementes de mamona (Ricinus communis L.) possui características que permitem sua utilização
em centenas de aplicações industriais, além de apresentar potencial visando a obtenção de matéria
prima para a produção de biocombustíveis.

Estas culturas, de modo geral, apresentam boa adaptabilidade a diferentes condições


edafoclimáticas, sendo porém necessário mais estudos de seu comportamento nutricional sob
diferentes condições de solo. Neste contexto são muito importantes estudos que evidenciem o papel
dos fungos micorrízicos. Os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) formam associações com as
raízes das plantas, caracterizando-se pelo desenvolvimento de estruturas fúngicas (hifas, vesículas e
arbúsculos) na região do córtex radicular e grande quantidade de hifas extrarradiculares. Estas hifas
funcionam como extensões do sistema radicular, proporcionando aumento na absorção de nutrientes e
água, melhorando assim, o desenvolvimento das plantas. Estas hifas extrarradiculares proporcionam
aumento de mais de cem vezes na área do solo explorada pelas raízes. Tem sido evidenciada a
contribuição das micorrizas em várias culturas de interesse econômico como o cafeeiro, citros,
mandioca, maracujá, acerola, entre outras.

Entretanto pouco se sabe sobre o papel dos FMA nas culturas do amendoim, girassol e
mamona, e visto que P é normalmente considerado um dos fatores limitantes em solos brasileiros, o
objetivo no presente estudo foi avaliar o efeito dos fungos micorrízicos arbusculares associado à
cultura do girassol, amendoim e mamona em diferentes doses de P no solo.

METODOLOGIA

Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação no Instituto Agronômico do Paraná-


IAPAR, em Londrina, utilizando como substrato solo arenoso (LVA) desinfestado em vasos com
capacidade para 4,0 kg. O solo originalmente apresentava 2,3 mg kg-1 de P (Mehlich) e 10,4 g kg-1 de
C total. Foi adicionado calcário ao solo para obter-se V=70% e este permaneceu em repouso por um
período de 30 dias antes da instalação do experimento. Posteriormente o solo recebeu solução nutritiva
para reposição do N, K, B e Zn. Parte do N foi aplicada anterior à semeadura e parte em cobertura.

Os tratamentos foram instalados num esquema fatorial com delineamento inteiramente


casualizado constando de três tratamentos de inoculação de fungos micorrízicos arbusculares;

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(Controle sem inoculação, Gigaspora margarita e Glomus clarum) e cinco tratamentos de adição de
fósforo: 0, 30, 60, 120 e 240 mg P kg solo-1 para a cultura do girassol e amendoim; e 0, 20, 40, 80 e
160 mg P kg solo-1 para a cultura da mamona. Posteriormente estas dosagens de P foram
denominadas como P1, P2, P3, P4, P5. A inoculação dos fungos micorrízicos foi realizada no momento
da semeadura colocando-se em torno de 100 esporos abaixo da semente, provenientes da Coleção de
Espécies de FMA do IAPAR.

A coleta do experimento foi realizada aos 75 dias para o girassol, 80 dias para o amendoim e
65 dias para a mamona após a sua implantação, avaliando as variáveis de desenvolvimento das
plantas e o da micorrização. A avaliação da colonização micorrízica foi feita pela observação das
estruturas fúngicas nas raízes em microscópio estereoscópio, após as mesmas serem submetidas ao
processo de clareamento com KOH e coloração com azul de tripano.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A micorrização proporcionou aumento significativo no desenvolvimento vegetativo das


oleaginosas nas doses baixas de P, não apresentando porem efeitos benéficos nas maiores doses
(Figura 1). O incremento na matéria seca da parte aérea das plantas foi de até 77% no girassol, 95%
no amendoim e 663% na mamona.

A dependência micorrízica relativa (DMR), nos baixos níveis de P, foi moderada para o girassol
e amendoim e excessiva para a mamona (Figura 2). Entretanto, a partir de 60 mg kg -1 de P adicionado
ao solo para o girassol e o amendoim e 40 mg kg-1 para a mamona não ocorreu dependência das
plantas a micorrização. A colonização micorrízica radicular foi inibida significativamente com o aumento
da dose de P adicionada ao solo (Figura 3).

CONCLUSÃO

Os resultados evidenciam que os fungos micorrízicos arbusculares podem contribuir


significativamente para o desenvolvimento do girassol, do amendoim e da mamoneira nos baixos níveis
de P no solo. A adição de P ao solo diminuiu a dependência das plantas a micorrização bem como o
desenvolvimento da colonização micorrízica radicular.

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18
Mamona
Controle
15 Micorriza
MSPA (g planta )
-1

12

6
Controle y = -0,0013x2 + 0,2716x + 2,0785 R2 = 0,94**
3 Micorriza y = -0,0007x2 + 0,1607x + 7,2354 R2 = 0,91**

0
0 40 80 120 160

a Dose de P (mg kg-1)

25 Girassol-C Girassol-FMA Amendoim-C Amendoim-FMA

20
MSPA (g planta-1)

15

2 2
10 Girassol-C y = -0,0003x + 0,1309x + 6,1908 R = 0,99**
2 2
Girassol-FMA y = -0,0002x + 0,065x + 11,992 R = 0,88**
2 2
5 Amendoim-C y = -0,0005x + 0,1743x + 5,3969 R = 0,98**
Amendoim-FMA y = -0,0004x + 0,1037x + 12,428 R2 = 0,89**
2

0
0 30 60 90 120 150 180 210 240

b Dose de P (mg kg-1)

Figura 1. Matéria seca da parte aérea de mamona (a), girassol e amendoim (b) inoculado com fungos micorrízicos
arbusculares em diferentes doses de P. ** Indica significância do modelo a 1% de probabilidade pelo teste F.

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100
Dose de P
P1 P2 P3 P4 P5
75
D M R (%)

50

25

0
Girassol Amendoim Mamona

-25

Figura 2. Dependência micorrízica relativa. DMR = (matéria seca da planta micorrizada) – (matéria seca da planta não-
micorrizada) / (matéria seca da planta micorrizada) x 100. >75% = dependência excessiva; 50 – 75% = dependência alta; 25
– 50% = dependência moderada; <25% = dependência marginal, não responde a inoculação.

Doses de P
80
P1 P2 P3 P4 P5
Colonização Micorrízica (%)

a
60 a ab
ab b
b
a
40 c
b c
bc d
20 cd
d d

0
Girassol Amendoim Mamona

Figura 3. Colonização micorrízica radicular do girassol, do amendoim e da mamona em diferentes doses de P. Valores
seguidos de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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EFEITOS RESIDUAIS DA APLICAÇÃO DA TORTA DE MAMONA E DA IRRIGAÇÃO COM ÁGUA


RESIDUÁRIA NO CRESCIMENTO DO GERGELIM

Robênia Nunes da Cruz 1; Carlos Alberto Vieira de Azevedo2; Joab Josemar Vitor Ribeiro do
Nascimento3;Vera Lúcia Antunes de Lima2
(¹) Mestranda em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande. robenianunes@hotmail.com ;

.(2 ) Professor(a) Adjunt(o)a do Departamento de Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande.
(3 ) Graduando em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande

RESUMO: Objetivou-se, com este trabalho, quantificar os efeitos residuais da irrigação com água
residuária e de doses de torta de mamona, aplicados no cultivo anterior, no crescimento do Gergelim
cultivar CNPA G3, após o cultivo de gergelim. Conduziu-se um experimento inteiramente casualizado
em esquema fatorial [(2 x 5) + 2], com tratamentos englobando dois tipos de água (abastecimento e
residuária tratada), cinco doses de torta de mamona (0, 2, 3, 4, 5 ton ha -1) e duas testemunha CNPA
G3 com NPK e água de abastecimento, CNPA G3 com NPK e água residuária), com três repetições,
resultando em 36 parcelas. Verificou-se que a torta de mamona apresentou efeito significativo para a
variável altura de plantas e efeito não significativo para a variável diâmetro caulinar.
PALAVRAS-CHAVE: Sesamum indicum L, reúso de água, fertilização, manejo do solo

INTRODUÇÃO

O gergelim (Sesamum indicum L.) é uma das espécies vegetais mais antigas cultivadas pelo
homem, pertencente a família Pedaliaceae, de distribuição tropical e subtropical, é tolerante à seca. Os
grãos de gergelim são fonte de excelente óleo comestível, de grande estabilidade e resistente à
rancificação, são também utilizados na confecção de alimentos, tintas, sabões, cosméticos e na
indústria farmacêutica.

De acordo com Beltrão et al. (1991) vários passos tecnológicos têm sido definidos para o
cultivo dessa oleaginosa nas condições edafoclimáticas da região nordestina, como espaçamento,
configuração de plantio, adubação e a síntese de novas cultivares produtivas de alto teor de óleo e que
atendam as necessidades dos segmentos que consomem esta matéria prima. Face a excelente
perspectiva da exploração econômica do gergelim, torna-se necessário um maior conhecimento de seu

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comportamento no sentido de que ela possa utilizar forma mais eficiente as reservas nutricionais do
solo.

Um dos principais resíduos do beneficiamento e industrialização da mamona e a torta


resultante da extração do óleo, os quais são tradicionalmente usados como adubo orgânico tendo
elevado teor de nitrogênio e outros importantes nutrientes. Para cada tonelada de semente de mamona
processada são gerados 530 kg de torta de mamona (SEVERINO, 2005). O adequado aproveitamento
desse produto permite o aumento das receitas da cadeia produtiva e conseqüentemente a sua
rentabilidade.

A torta de mamona tem grande interesse agrícola pelo seu elevado conteúdo em nutrientes,
além do significativo efeito como adubo orgânico tem alta capacidade de regeneração de solos, cujos
efeitos se fazem sentir em longo prazo.

Segundo Hespanhol (2001), a demanda de água para o setor agrícola brasileiro representa
70% do uso consumptivo total, com forte tendência para chegar a 80% até o final desta década;
portanto, ante o significado que essas grandes vazões assumem, em termos de gestão dos recursos
hídricos, é de extrema importância que se atribua prioridade para institucionalizar, promover e
regulamentar o reuso para fins agrícolas, em âmbito nacional. Objetivou-se com esse trabalho verificar
e quantificar os efeitos residuais dos tratamentos, cinco doses de torta de mamona, como fertilizante e
condicionante do solo e tipos de água (residuária e de abastecimento) no crescimento da cultura do
gergelim cultivar G3.

METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida na Estação Experimental do Programa de Saneamento Básico,


PROSAB/UFCG, situada no bairro do Tambor, localizado na Microrregião do Agreste Central do
Planalto da Borborema, em Campina Grande, PB (7°15‘18‘‘ latitude sul e 35°52‘28‘‘longitude oeste, a
550m acima do nível do mar).

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, em esquema


de análise fatorial [(2 x 5) + 2] com três repetições, cujos fatores foram dois tipos de água,
abastecimento e residuária tratada, além de cinco doses de torta de mamona (0, 2, 3, 4, 5 ton ha -1e
duas testemunha nas quais se usou fertilizante químico na fórmula NPK irrigadas uma com água de

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abastecimento e outra com água residuária. O plantio das sementes foi feito em vasos anteriormente
cultivados com a mesma variedade de gergelim.

Avaliaram-se os efeitos residuais da torta de mamona e da água residuária no cultivo do


gergelim, através das variáveis altura da planta; medida da superfície do solo até a base da última
folha, diâmetro caulinar, a um cm de altura em relação à superfície do solo, em três épocas do plantio.

Utilizaram-se, no experimento, dois tipos de água, abastecimento e residuária tratada; em que


a água proveio de abastecimento de água do município de Campina Grande, PB, enquanto a residuária
empregada era efluente decantado de um reator anaeróbio de fluxo ascendente (UASB), o qual trata o
esgoto bruto doméstico proveniente de bairros circunvizinhos estação experimental.

O Solo utilizado foi classificado de acordo com a Embrapa (1999) como Neossolo Regolítico
psamítico solódico, de textura franca arenosa, baixa fertilidade natural e baixo teor de matéria orgânica.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, com níveis de significância de 1% a


5%, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O crescimento das plantas de gergelim foi representado pelas variáveis: altura de planta e
diâmetro avaliados quinzenalmente. Na Tabela 1, encontram-se os resumos da análise de variância da
característica altura do gergelim em função do tipo de água de irrigação e dose de torta de mamona
utilizada durante 90 dias após a emergência da planta (DAE), com intervalo de 15 dias entre
leituras.Percebe-se que a qualidade da água de irrigação influenciou significativamente na variável
altura, além da dosagem de torta utilizada, quando analisadas separadamente. Sendo as plantas
irrigadas com água residuária tratada as que mostraram maior desenvolvimento e vigor, provavelmente
devido a quantidade de nutrientes contidos nessa água. Em relação aos blocos observa-se que não
houve diferença significativa.

Analisando o resumo da análise de variância para o diâmetro caulinar apresentado na Tabela 2


percebe-se que não houve efeito significativo nem do tipo de água tão pouco da dosagem da torta de
mamona. Resultados semelhantes também foram encontrados por Diniz (2004), quando estudou o
efeito de adubações orgânicas e minerais aplicadas durante o primeiro ano de cultivo na cultura do
gergelim. Em relação ao diâmetro e o efeito de blocos, observa-se que não houve diferença
significativa para os dados analisados.

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CONCLUSÕES

A altura do gergelim sofreu influência do tipo de água e da dosagem de torta de mamona


aplicada nos vasos. Verificou-se que não houve efeito significativo nem do tipo de água nem da
dosagem utilizada nos tratamentos submetidos ao teste para o diâmetro do caule.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M.; FREIRE, E. C.; LIMA, E. F. Recomendações técnicas para a cultura de


gergelim no Nordeste brasileiro. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1991. 33 p. (EMBRAPA-
CNPA. Circular Técnica, 18).

DINIZ, B. L. T. Comparação entre a adubação química e orgânica na cultura de Gergelim em


condições de sequeiro no nordeste brasileiro. 2004, 94f. Dissertação (Mestrado em manejo de solo
e água) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema brasileiro de


classificação de solos. Brasília: Embrapa Produção de informação; Rio de Janeiro:
Embrapa Solos, p. 412, 1999.

HESPANHOL, I. Potencial de reuso de água no Brasil: agricultura, indústria, municípios, recarga de


aqüíferos. São Paulo, 2001. Separata de: Resumo de trabalhos técnicos III ENCONTRO DAS ÁGUAS,
Chile, 2001.

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Tabela 1 - Resumo das análises de variância dos dados da variável altura de plantas em função do tipo de água e dose de
torta de mamona.
Altura
Fator de Variação
GL SQ QM F
Água 1 138,6750 138,6750 12,711**
Dose 4 237,9946 59,4986 5,454**
Água x Dose 4 23,1600 5,7900 0,531 ns
Bloco 2 10,5886 5,2943 0,485 ns
Total 11 410,4182
** significativo ao nível de 1% de probabilidade e ns - não significativo

Tabela 2 - Resumo das análises de variância dos dados da variável diâmetro caulinar em função do tipo de água e dose de
torta de mamona.
Diâmetro caulinar
Fator de Variação
GL SQ QM F
Água 1 119,6802 119,6802 0,949 ns
Dose 4 516,0558 129,0139 1,023 ns
Água x Dose 4 505,0473 126,2618 1,001 ns
Bloco 2 257,0140 128,5070 1,019 ns
Total 11 1397,7973
ns - não significativo

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ESTABELECIMENTO DO GIRASSOL EM FUNÇÃO DO EFEITO RESIDUAL


DA ADUBAÇÃO DO GERGELIM

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – Um sistema de rotação com culturas oleaginosas para produção de biocombustível e óleo
alimentício é uma alternativa para o enriquecimento do sistema de produção na agricultura familiar. O
objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito residual da adubação empregada no gergelim sobre o
crescimento inicial do girassol. O experimento foi realizado em condições de ambiente protegido de
Dezembro de 2009 a maio de 2010. O delineamento experimental foi em parcelas subdivididas, sendo
avaliado 4 níveis de efeito residual da adubação fosfatada do gergelim e a presença e ausência da
adubação fosfatada no plantio do girassol, com quatro repetições. Os valores de fósforo disponível no
solo encontrados foram de 8,1 (baixo), 16,7 (médio), 23,5 (bom) e 30,2 (muito bom) mg dm -3. As
variáveis estudadas foram a altura de plantas, o diâmetro do caule e o número de folhas
fotossinteticamente ativas aos 7 dias após a emergência. Os resultados permitiram concluir que o
efeito residual da adubação fosfatada não promoveu influência sobre o estabelecimento inicial do
girassol aos 7 dias após a emergência.
Palavras-chave – Helianthus annuus L.; Adubação mineral; Fósforo; Crescimento inicial

INTRODUÇÃO

O baixo teor de fósforo encontrado nos solos tropicais é considerado um dos fatores limitantes
ao estabelecimento inicial das culturas em condições de campo. Este elemento quando fornecido em
doses adequadas estimula o desenvolvimento radicular, o que promove uma maior área de absorção
de nutrientes e água (MALAVOLTA et al., 1997).

Geralmente dentre os macronutrientes fornecidos na prática da adubação, o fósforo é utilizado


em maior quantidade, sendo que é exigido em menor quantidade. Este fato se deve por que parte do
fósforo fornecido na adubação fica adsorvido aos colóides do solo, o que o torna indisponível para a
cultura, sendo liberado lentamente ao longo do tempo (RAIJ et al., 1997).

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O gergelim exige quantidades razoáveis deste macronutriente para se desenvolver, além de


apresentar ciclo de aproximadamente 100 dias e elevada tolerância a seca, variando de acordo com a
cultivar utilizada, o que permite um sistema de rotação de cultura no mesmo ano agrícola. O girassol
seria uma alternativa interessante por se caracterizar como cultura que fornece: alimento para animais -
sendo aproveitado todas as partes da planta, sementes com elevado teor de óleo – utilizado na
alimentação humana ou animal e que tem possibilidade de implantação no programa nacional de
biocombustível.

Souza et al., (2009) avaliando o desenvolvimento inicial do girassol em função o efeito residual
da adubação fosfatada empregada na cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) observou que mesmo
com teores médios de fósforo no solo, o fornecimento de fósforo no plantio da cultura seguinte é
indispensável para se obter um bom desenvolvimento. Contudo as respostas obtidas em programas de
adubação variam de cultura para cultura.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito residual da adubação empregada na cultura do
gergelim (Sesamum indicum L.) sobre o crescimento do girassol (Helianthus annuus L.) cultivado em
ambiente protegido.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de ambiente protegido pertencente ao Departamento


de Solos e Engenharia Rural do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba,
município de Areia, PB, de Dezembro de 2009 a maio de 2010.

O delineamento experimental foi em parcelas subdivididas, sendo avaliado 4 níveis de efeito


residual da adubação fosfatada do gergelim (parcelas principais) e a presença (80 kg ha -1 de P2O5 na
forma de superfosfato triplo – 46 % de P2O5) e ausência da adubação fosfatada no plantio do girassol
(sub-parcelas), com quatro repetições.

Foi utilizado um Latossolo Amarelo de textura franco argilo-arenosa, com 35 % de argila, onde
foi cultivado gergelim (Sesamum indicum L.). Verificou-se que não fazia necessária a aplicação de
calcário (V = 79,9%). As doses de fósforo aplicadas foram 0, 30, 60 e 120 mg dm-3 de P2O5, além dos
demais macronutrientes (N, K e S) foram fornecidos micronutrientes (B, Fe, Mn, Zn, Cu e Mo) e o
equivalente a 1 kg ha-1 de composto orgânico (possuía as seguintes características: elevados teores de
P e K, relação C/N = 30/1) por vaso. Após o cultivo do gergelim foram coletadas novas amostras para

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determinação da fertilidade do solo, os valores de fósforo disponível no solo encontrados foram de 8,1
(baixo), 16,7 (médio), 23,5 (bom) e 30,2 (muito bom) mg dm -3 equivalentes as parcelas principais. Após
os resultados foi realizado a adubação de fundação de acordo com recomendações de Raij et al.,
(1997). Foram semeadas três sementes da cultivar brs-seda por vaso. Os tratamentos foram aplicados
na ocasião do plantio, onde parte dos vasos de cada parcela principal recebeu adubação fosfatada na
fundação e parte não. A adubação de cobertura foi realizada de acordo com recomendações para a
cultura.

As variáveis estudadas foram a altura de plantas determinando-se a distância entre o colo e o


ápice da planta, o diâmetro do caule foi aferido com paquímetro a 5 cm da superfície do solo, o número
de folhas fotossinteticamente ativas e o acúmulo de matéria seca da parte aérea (caule, folhas, capítulo
e sementes) e raiz aos 7 dias após a emergência.

Os resultados foram submetidos à análise de variância. Para o efeito residual de P foi realizado
o estudo de regressão na presença e ausência da adubação fosfatada para as variáveis estudadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As variáveis estudadas não foram influenciadas pelo efeito residual, pela aplicação de fósforo e
pela interação destes fatores (tabela 1). Observa-se que a ausência da adubação fosfatada propiciou
desenvolvimento inicial semelhante ao apresentado com o fornecimento de 80 kg ha -1 de P2O5. O que
sugere que até os sete dias após a emergência o girassol não necessita de grandes quantidades de
fósforo. Souza et al., (2009) avaliando o comportamento inicial do girassol aos 15 dias após a
emergência observou que o fornecimento de fósforo no plantio é fundamental para se obter um bom
desenvolvimento inicial.

Pena Neto (1981) cita que o fósforo é indispensável nas primeiras fases de desenvolvimento
da planta e, posteriormente, sobre o perfeito enchimento de grãos, sendo cerca de 70% do fósforo
necessário absorvido até os 30 dias após a emergência, o que sugere que para a cultura do girassol o
fósforo deve estar presente no solo em quantidades suficientes, e de forma solúvel a partir dos sete
dias após a emergência da cultura.

Malavolta et al., (1997) citam que o fósforo é indispensável ao processo de fotossíntese, isto é,
formação de substâncias orgânicas, na respiração, formação de proteínas e acúmulo de energia em

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forma de ATP, sendo assim uma planta bem suprida de P desde o início de seu desenvolvimento tem
maior possibilidade de produzir mais.

CONCLUSÃO

A aplicação de 80 kg ha-1 de P2O5, no plantio do girassol, não promoveu influência sobre o


estabelecimento inicial da cultura mesmo o solo possuindo baixos teores de fósforo no solo após o
cultivo do gergelim.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. Piracicaba, Potafos. 319p. 1997.

PENA NETO, A. M. O girassol: Manual do produtor de girassol. Sementes contibrasil Ltda. 30p.
1981.

RAIJ, B.V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. FURLANI, A.M.C. Recomendação de adubação e


calagem para o estado de São Paulo 2 ed. Campinas, IAC. 1997.

SOUZA, T. A. F.; RAPOSO, R. W. C.; OLIVEIRA, J. T. L.; MEDEIROS, D. A.; DIAS, J. A.; SANTOS, T.
S.; OLIVEIRA, F. A. Influência do efeito residual do fósforo no estabelecimento do girassol (Helianthus
annuus L.). In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 32. Fortaleza: SBCS, 2009.

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Tabela 1. Média das variáveis de produção em função da adubação fosfatada


Teor de P no solo Adubação fosfatada Diâmetro Altura Número de folhas
(mg dm-3) (kg ha-1) (cm) (cm) (ud.)

0 0,34 12,8 4
8,1
80 0,34 13,6 4

0 0,34 12,0 4
16,7
80 0,34 12,2 4

0 0,36 11,8 4
23,5
80 0,34 11,4 4

0 0,32 11,0 4
30,2
80 0,34 12,8 4

Efeito residual 1,55 ns 0,93 ns 0,6 ns

Valor de F Adubação fosfatada 0,10 ns 0,69 ns 0,6 ns

Interação 0,66 ns 0,42 ns 0,07 ns

Coeficiente de variação (%) 7,05 18,80 14,50

ns: não significativo

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FITOMASSA DA MAMONEIRA (Ricinus cumunnis L.) CULTIVAR BRS ENERGIA ADUBADA


ORGANICAMENTE

Suenildo Jósemo Costa Oliveira1; Maria Aline de Oliveira Freire2; Lígia Rodrigues Sampaio2; Lúcia
Helena Avelino Araújo2
1Prof. Dr. Centro de Ciências Agrárias e Ambientais - Universidade Estadual da Paraíba, odlineus@oi.com.br; 2 Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (Rua Oswaldo Cruz, 1143, Centenário –
Campina Grande, PB, CEP 58107-720)

RESUMO – A mamoneira é uma planta bastante promissora para produção do biodiesel. Este trabalho
teve como objetivo estudar a fitomassa da Mamoneira (Ricinus cumunnis L.) cultivar BRS Energia
adubada organicamente. O experimento foi conduzido na EMBRAPA Algodão (CNPA). O solo utilizado
no experimento foi do tipo Neossolo Regolítico e cada unidade experimental foi composta por um vaso
contendo uma planta de mamoneira cv. BRS Energia. O delineamento experimental adotado foi o de
blocos casualizados, com quatro repetições, seguindo o arranjo fatorial 4x2, sendo quatro fontes de
matéria orgânica (torta de mamona, húmus de minhoca, esterco caprino e esterco bovino) e duas
aplicações de urina de vaca (com e sem aplicação). As variáveis analisadas foram: fitomassa total (g),
fitomassa epígea (g), fitomassa hipógea (g) e relação fitomassa epígea/hipógea (g). A aplicação da
torta de mamona incrementou um maior aumento em fitomassa total e fitomassa hipógea e o uso do
esterco caprino proporcionou aumento em fitomassa epígea e relação epígea/hipógea da mamoneira
cultivar BRS Energia.
Palavras-chave – Fitomassa epígea; Fitomassa hipógea; oleaginosa

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus cummunis L.) é uma planta considerada rústica, de boa capacidade de
adaptação, xerófila e heliófila, sendo uma das plantas mais versáteis, devido a sua capacidade de
gerar um produto, óleo, cujo leque de possibilidades e aplicações industriais é bastante amplo
(AZEVEDO et al., 1997; AMORIM NETO et al., 2001).

A cultivar BRS Energia, lançada pela Embrapa Algodão no ano de 2007, é uma planta precoce
com ciclo médio de 120 dias e porte baixo (altura média de 140 cm) com caule e folhas de coloração
verde, plantada em população elevada (acima de 5.000 plantas ha -1), apresenta uma produtividade
média de 1.800 kg ha-1 em condições de sequeiro e possui, em média, 48% de óleo em suas

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sementes, é indeiscente, favorecendo o plantio e a colheita mecanizada da lavoura, adaptada a


diferentes ecossistemas em que ocorre precipitação pluvial de pelo menos 500 mm/ano, principalmente
às condições de solo e clima da Região Nordeste. (EMBRAPA, 2007; MILANI, 2007).

De acordo com Severino (2005) a mamoneira é exigente em fertilidade, devendo ser cultivada
em solos com fertilidade média a alta. A adubação da mamoneira e em especial a BRS Energia, ainda
é pouco estudada no Brasil, principalmente nos estados do Nordeste, principal região produtora, e no
cerrado do Centro-Oeste, região onde a cultura é emergente. Sendo necessários estudos para
otimização da adubação para obter o seu máximo potencial produtivo. (SOFIATTI et. al., 2008).
Objetivou-se com este trabalho avaliar a produção de fitomassa da mamoneira BRS Energia,
submetida a diferentes fontes de adubação orgânica.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no período de março a junho de 2008, em casa de vegetação, na


EMBRAPA Algodão (CNPA). O solo utilizado no experimento foi do tipo Neossolo Regolítico. Cada
unidade experimental foi composta por um vaso contendo uma planta de mamoneira cv. BRS Energia,
as quais cresceram em vasos com 60 L de substrato (solo + adubo orgânico). Após a mistura de cada
fonte de matéria orgânica (FMO) ao solo, nas proporções de cada tratamento (torta: 102,44 g/vaso;
húmus, est. caprino e bovino: 2 kg/vaso, respectivamente), foi feita a irrigação e logo após semeadas 5
sementes por vaso, sendo que aos 15 dias após a germinação foi realizado o desbaste, deixando-se
apenas uma planta (mais vigorosa) por vaso.

Os tratamentos utilizados foram: torta de mamona sem a fertiirrigação de urina de vaca; torta
de mamona com a fertiirrigação de urina de vaca; húmus de minhoca sem a fertiirrigação de urina de
vaca; húmus de minhoca com a fertiirrigação de urina de vaca; esterco caprino sem a fertiirrigação de
urina de vaca; esterco caprino com a fertiirrigação de urina de vaca; esterco bovino sem a fertiirrigação
de urina de vaca; e esterco bovino com a fertiirrigação de urina de vaca.

O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições,


seguindo o arranjo fatorial 4x2, sendo quatro fontes de matéria orgânica (torta de mamona, húmus de
minhoca, esterco caprino e esterco bovino) e duas aplicações de urina de vaca (com e sem aplicação).
A dosagem de urina de vaca foi de 5% (100 ml de urina de vaca para 2000 ml de H2O), sendo aplicado
por planta 2 litros desta calda via foliar em dois períodos de tempo distintos, aos 30 e 60 dias após a
germinação da planta. Estas duas pulverizações foram feitas no período da manhã com pulverizador

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manual previamente calibrado, com capacidade para 2 litros. A urina de vaca foi coletada em vacas
leiteiras mestiças, conforme metodologia proposta por EMATERCE (2000).

As variáveis analisadas foram: fitomassa total (g), fitomassa epígea (g), fitomassa hipógea (g) e
relação fitomassa epígea/hipógea (g) mensuradas após a secagem do material a temperatura
constante de 650C por oito dias. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (Teste F) e
as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 verificam-se os resultados obtidos para as variáveis estudadas, percebe-se que


houve efeito significativo para estas variáveis dentro das diferentes fontes de matéria orgânica, o que
não ocorreu quando do uso da fertirrigação com urina de vaca. O efeito da interação entre estes dois
fatores só foi significativo para a variável fitomassa hipógea.

Na Tabela 2, a fitomassa total não apresentou diferença significativa para as fontes de matéria
orgânica, no entanto a aplicação da torta de mamona apresentou um ganho de fitomassa total de 97,30
g, sendo superior as demais. A maior produção de fitomassa epígea foi obtida com a aplicação do
esterco caprino e do esterco bovino + fertirrigação da urina de vaca, sendo que estes dois tratamentos
só diferiram estatisticamente do húmus de minhoca. Para a fitomassa hipógea a utilização da torta de
mamona proporcionou ganho de fitomassa de 28,80 g, sendo este valor superior estatisticamente aos
obtidos com as outras fontes de matéria orgânica. Quanto a relação epígea/hipógea percebe-se que a
fonte de matéria orgânica esterco caprino obteve resultado significativo quando comparado ao uso da
torta de mamona, sendo as demais diferenças não significativas.

Percebe-se nesta mesma tabela, que a aplicação da urina de vaca influenciou as fontes de
matéria orgânica húmus de minhoca e esterco bovino, tendo-se incremento na fitomassa total e epígea.
Este resultado não foi obtido para as fontes torta e esterco caprino, onde a fertirrigação ocasionou
redução de fitomassa para esta variáveis. Na variável fitomasa hipógea houve incremento para húmus
de minhoca, esterco caprino e bovino, tendo redução somente para a torta. A variável relação
epígea/hipógea, só ocorreu incremento apenas para o uso da torta e do húmus de minhoca.

Costa et. al. (2008) estudando o crescimento da mamoneira submetida à adubação com lixo
orgânico e torta de mamona, concluíram que estes adubos orgânicos reagiram de forma positiva tendo-
se aumento em fitomassa para esta oleaginosa. A mamoneira possui metabolismo ineficiente tipo C3, e

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é bastante exigente em fertilidade do solo. O fornecimento de nitrogênio as plantas via adubação


química e/ou orgânica funciona como complementação a capacidade de seu suprimento pelo solo, a
partir da mineralização, isto explica o comportamento da mamoneira quando adubado as diferentes
fontes de adubo orgânico e o uso da fertirrigação.

CONCLUSÃO

De acordo com as condições edafoclimáticas em que foi conduzido este experimento, pode
concluir que: - a aplicação da torta de mamona incrementou um maior aumento em fitomassa total e
fitomassa hipógea; - a utilização do esterco caprino proporciona aumento em fitomassa epígea e da
relação epígea/hipógea da mamoneira cultivar BRS Energia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; LIMA. E.F. Recomendações técnicas para o
cultivo da mamona (Ricinus communis L.) no Brasil. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1997. 52p.
(EMBRAPA- CNPA .Circular Técnica, 25).

AMORIM NETO, M. da S.; ARAÚJO, A. E. de; BELTRÃO, N.E. de M. Clima e solo. In: AZEVEDO,
D.M.P. de; LIMA, E.F. (eds. tec). O Agronegócio da mamona no Brasil. Comunicação para
Transferência de Tecnologia, Brasília: Embrapa. 2001. p .63-76.

COSTA, F. X. et. al. Crescimento da mamoneira submetida a adubação com lixo orgânico e torta
de mamona. In: III CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2008, Salvador. Energia e
Ricinoquímica. Campina Grande : Embrapa Algodão, 2008.

EMATERCE. Urina de vaca. adubo e defensivo natural para o solo e plantas. Fortaleza, SRD,
2000. 3p. (Boletim Informativo).

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Agropecuária. 2007. Tecnologia a serviço da convivência com o


Semi-árido. Artigo em hypertexto. Disponível em < http://www.embrapa.br/embrapa/imprensa/noticias
/2007/julho/1a-semana/noticia. 2007-07-4.7143579526>. Acessado em 30 mai. 2010.

MILANI, M. BRS Energia. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2007. 1 Folder.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 695-699.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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SEVERINO, S. L. O que sabemos sobre a torta de mamona. Campina Grande: Embrapa Algodão,
2005. 31 p. (Documentos, 134).

SOFIATTI, V.; SEVERINO, L. S.; GODIM, T. M. de S.; FREIRE, M. A. de O.; SAMPAIO, L. R.; VALE, L.
S. do; LUCENA, A. M. A. de, SILVA, D. M. A. Adubação da mamoneira da cultivar BRS Energia. In:
III Congresso Brasileiro da Mamona – Energia e Ricinoquímica. Salvador, BA. 2008. Pg. 68

Tabela 1- Resumo das análises de variância dos dados das variáveis fitomassa total planta-1 (g), fitomassa epígea planta-1
(g), fitomassa hipógea planta-1 (g) e relação fitomassa epígea/fitomassa hipógea. Fitomassa das plantas da mamoneira,
cultivar BRS Energia, adubada com diferentes fontes de adubo orgânico. Campina Grande, PB, 2010
Quadrados Médios
FATORES DE GL Fitomassa total Fitomassa Fitomassa Relação
VARIAÇÃO (g) Epígea (g) Hipógea (g) Epígea/Hipógea (g)
Matéria orgânica (MO) 3 1.709,95** 1.261,98** 231,63** 11,45**
Urina de vaca (UV) 1 0,14ns 7,70 ns 13,52ns 0,03ns
MO x UV 3 445,90ns 242,81ns 72,51** 1,80ns
(Tratamento) 7 923,95* 646,01** 132,28** 5,68**
Bloco 3 93,70ns 166,62 ns 7,33ns 0,30ns
Resíduo 21 359,12 167,63 13,59 1,10
Coeficiente de Variação (%) 22,87 19,33 23,32 22,55
*: significativo a 5% e ** significativo a 1% de probabilidade. ns: não significativo.

Tabela 2 – Média dos tratamentos das variáveis fitomassa total, fitomassa epígea, fitomassa hipógea e relação fitomassa
epígea/fitomassa hipógea, em função dos fatores fontes de matéria orgânica e da fertirrigação com urina de vaca na
mamoneira, cultivar BRS Energia. Campina Grande, PB, 2010
Variáveis
Fitomassa Fitomassa Fitomassa Relação
total (g) Epígea (g) Hipógea (g) Epígea/Hipógea(g)
Torta de Mamona 97,93 a 69,13 ab 28,80 a 2,63 b
Torta de Mamona + Urina vaca 82,25 a 63,68 ab 18,58 b 3,56 ab
Húmus de Minhoca 55,18 a 44,10 b 11,08 b 4,08 ab
Húmus de Minhoca + Urina vaca 66,70 a 54,70ab 12,00 b 4,55 ab
Esterco Caprino 95,05 a 81,63 a 13,43 b 6,02 a
Esterco Caprino + Urina de vaca 84,95 a 70,40 ab 14,55 b 4,84 ab
Esterco Bovino 83,58 a 71,05 ab 12,53 b 5,96 a
Esterco Bovino + Urina de vaca 97,30 a 81,05 a 15,50 b 5,50 a
DMS 44,72 30,56 8,70 2,47
CV% 22,87 19,33 23,32 22,55
Nas colunas, as médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

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FITOMASSA DE MUDAS DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) SOB DIFERENTES


DOSAGENS DE BIOFERTILIZANTE

Emannuella Hayanna Alves de Lira¹, Aline Silva Ferreira¹, José Thyago Aires Souza¹, Suenildo Jósemo
Costa Oliveira²
¹ Graduanda em Agroecologia (odlineus@oi.com.br; asdfaline@gmail.com), Universidade Estadual da Paraíba , Campus II ²
Prof. Dr. CCAA, Universidade Estadual da Paraíba

RESUMO – O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é planta que possui em suas sementes óleo viável
para a produção do biocombustível. Sua produção como nas demais culturas limita-se também entre
outros fatores a sua nutrição. O biofertilizante atua nutricionalmente no metabolismo da planta além de
participar ativamente da atividade microbiana e bioativa sendo responsável por uma maior proteção a
cultura. Este trabalho teve como objetivo avaliar a dosagem de biofertilizante que proporcione
incremento na fitomassa de mudas de pinhão manso. Foram utilizadas 20 mudas de pinhão,
produzidas no viveiro do CCAA. A aplicação foi feita via solo em cinco concentrações (0;5;10;15;20 mL)
aplicadas aos 30 e 45 dias após germinação, as variáveis analisadas foram: As variáveis analisadas
foram: fitomassa total (g), fitomassa epígea (g), fitomassa hipógea (g) e relação fitomassa
epígea/hipógea (g) avaliadas em um período de 60 dias. A aplicação do biofertilizante na dosagem de
20 mL é mais indicada para incrementar a fitomassa de mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.).
Palavras-chave – Agroecologia; adubação orgânica, Jatropha

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) ocorre em solos de baixa fertilidade e apresenta boa
persistência a escassez de água, se adaptando bem a região do Nordeste é uma boa alternativa para o
agricultor familiar, tanto para extração de óleo vegetal quanto para outras finalidades, já que, permite
um baixo custo de produção devido a sua resistência natural a pragas e doenças, pela sua rusticidade
e adaptabilidade as condições edafoclimáticas da região semi-árida nordestina. (OLIVEIRA, 2009).

Estima-se que existe uma grande diversidade de oleaginosas na qual se pode utilizar o óleo
como fonte de matéria prima para a produção de biodiesel, o pinhão manso é um dos destaques já que
possui um grande potencial para produzir óleo além de sua grande diversidade territorial se adaptando
a diversos solos e climas (BELTRÃO, 2006).

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Segundo PEIXOTO (1973) o pinhão manso pode ser utilizado para outros fins além da
produção de biodiesel, oferecendo diversas opções ao produtor, tais como: pode ser usado no suporte
de plantas trepadeiras, atuar na fixação de áreas de dunas, em orlas marítimas e ainda pode ser
aproveitado em cercas vivas, já que quando mutilados, eles liberam um látex cáustico que afasta os
animais.

Os biofertilizantes são compostos bioativos que resultam da fermentação de compostos


orgânicos que contêm células vivas ou latentes de microrganismos e por compostos de seus
metabolismos, além de quelatos organominerais que funcionam como indutores de resistência,
promotores de crescimento e protetores de planta (ALVES et al., 2001). O biofertilizante fortalece a
planta porque após a fermentação ele produz diversos compostos como as enzimas, ácidos orgânicos,
hormônios, vitaminas e aminoácidos que através do equilíbrio nutricional atua no mecanismo de defesa
da planta (CAMPOS et al. 2008).

De acordo com SANTOS (1992) o biofertilizante bovino pode ser considerado uma das
alternativas na busca de se melhorar o desenvolvimento vegetativo de culturas em sistemas naturais
de cultivo.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a dosagem de biofertilizante que proporcione
incremento na fitomassa de mudas de pinhão manso.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado no viveiro de mudas do Campus II da Universidade Estadual da


Paraíba, no município de Lagoa Seca - PB, com clima tropical úmido e temperatura média anual em
torno de 22°C sendo a mínima de 18°C e a máxima de 33°C, no período de março a abril de 2010.

Para análise foram utilizadas 20 mudas de pinhão de pinhão manso (Jatropha curcas L.)
produzidas na própria instituição no dia 03/03/10 em sacos plásticos de polietileno 2.009 cm³ de solo, o
tipo de solo utilizado foi o Neossolo Regolítico.

As aplicações de biofertilizante utilizadas no experimento foram de 0; 5; 10; 15; 20


ml/planta/tratamento em um delineamento experimental de blocos ao acaso com 5 tratamentos e 4
repetições, onde cada muda representa uma repetição.

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O biofertilizante foi produzido na própria instituição a partir de: 10L de leite, 10 kg de melaço,
80 litros de esterco completado com água e pelos minerais 2,0 Kg de sulfato de zinco, 2,0 kg de sulfato
de magnésio, 300g de sulfato de cobre e 50g de sulfato de cobalto.

As aplicações de biofertilizante foram feitas no turno da manhã, em forma de círculo


diretamente no solo á 3 cm de distância do colo da planta, através de uma seringa com capacidade
para 10ml.

As plantas foram avaliadas por um período de 60 dias, através das variáveis: altura da planta,
diâmetro caulinar, nº de folhas e área foliar, durante este período foram feitas duas aplicações de
biofertilizante (aos 30 e 45 dias após germinação), na qual foi observada a dosagem de biofertilizante
mais adequada para o melhor crescimento da muda de pinhão manso.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se através da Tabela 1, que pela análise de variância, as plantas adubadas com
crescentes dosagens de biofertlizante não apresentaram efeitos significativos.

Considerando-se os valores absolutos pode-se perceber que os maiores valores para as


variáveis altura da planta, diâmetro caulinar, número de folhas e comprimento radicular foram obtidos
quando não utilizou-se a aplicação do biofertilizante, ou seja, a testemunha.

Contudo na variável área foliar o melhor desenvolvimento deu-se pela aplicação de 20 mL de


biofertilizante, obtendo-se 124,2 (cm²). Na variável volume da raiz o resultado mais considerável foi
alcançado pela aplicação de 10 mL de biofertilizante, com média de 0,85.

Estes resultados podem ter sido influenciados pela quantidade de reserva existente nos
cotilédones. Embora o espaçamento de dias tenha sido considerável, a planta não conseguiu uma
resposta fisiológica em tempo hábil durante o período de avaliação (TAIZ e ZIGER,2004).

CONCLUSÃO

De acordo com as condições em que foi conduzido o experimento pode-se concluir que a
aplicação de 20 mL de biofertilizante é a melhor dosagem para incremento na fitomassa das mudas de
pinhão manso (Jatropha curcas L.).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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produção de biodiesel, emprego e renda. Socieconomia. Bahia Agric., v. 5, n. 2, 2002, 4p. (On-line).

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soberania alimentar. Terra livre de transgênicos e sem agratóxicos construindo o projeto popular e
soberano para a agricultura 7° jornada de agroecologia 23 a 26 de julho de 2008 - paraná.

OLIVEIRA. S.J.C Componentes do pinhão manso (Jatropha curcas L.) em função da poda e
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EMATER-RIO, 1992, 16p.

TAIZ, L.; ZIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p.

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Tabela 1- Resumo das análises de variância dos dados das variáveis fitomassa total planta-1 (g), fitomassa epígea planta-1
(g), fitomassa hipógea planta-1 (g) e relação fitomassa epígea/fitomassa hipógea. Fitomassa das plantas de pinhão manso
adubada com biofertilizante. Campina Grande, PB, 2010
Quadrados Médios
FATORES DE GL Fitomassa total Fitomassa Fitomassa Relação
VARIAÇÃO (g) Epígea (g) Hipógea (g) Epígea/Hipógea (g)
Tratamento 4 26,413** 4,466** 9,393** 35,378**
Bloco 3 1,072ns 0,995ns 0,111ns 0,331ns
Resíduo 12 0,736 0,594 0,107 0,846
Coeficiente de Variação (%) 13,01 15,13 21,81 16,76
*: significativo a 5% e ** significativo a 1% de probabilidade. ns: não significativo.

Tabela 2 – Média dos tratamentos das variáveis fitomassa total, fitomassa epígea, fitomassa hipógea e relação fitomassa
epígea/fitomassa hipógea, em pinhão manso adubado com biofertilizante. Campina Grande, PB, 2010
Variáveis
Fitomassa Fitomassa Fitomassa Relação
total (g) Epígea (g) Hipógea (g) Epígea/Hipógea(g)
0 mL de biofertilizante 6,11 b 5,08 b 1,03 b 5,21 bc
5 mL de biofertilizante 4,75 b 4,30 b 0,45 b 9,80 a
10 mL de biofertilizante 5,58 b 4,79 b 0,79 b 6,44 b
15 mL de biofertilizante 5,42 b 4,40 b 1,02 b 4,32 c
20 mL de biofertilizante 11,11 a 6,90 a 4,21 a 1,69 d
DMS 1,93 1,74 0,74 2,07
CV% 13,01 15,13 21,81 16,76
Nas colunas, as médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

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FITOMASSA EPÍGEA E HIPÓGEA DE MUDAS DE MAMONEIRA (Ricinus communis L.) SOB


DIFERENTES DOSAGENS DE MANIPUEIRA

Thiago Costa Ferreira ¹, Emannuella Hayanna Alves de Lira¹, Aline Silva Ferreira¹, Suenildo
Jósemo Costa Oliveira² .
¹ Graduando em Agroecologia, Universidade Estadual da Paraíba , Campus II ² Professor Dr. CCAA, Universidade
Estadual da Paraíba

RESUMO – A mamoneira (Ricinus communis L.) é muito exigente em fertilidade, sendo possível
aumentar sua produtividade pelo fornecimento de nutrientes por meio da adubação líquida, a
fertiirigação. Este trabalho objetivou avaliar a fitomassa de mudas de mamoneira da variedade BRS
Energia, conduzidas em substrato composto por solo (70%) e esterco bovino (30%) e submetidas a
fertirrigação com cinco diferentes dosagens (tratamentos) de manipueira: 0; 5; 10; 15 e 20 ml/planta, e
três repetições; aplicou-se as dosagens aos trinta dias e quarenta dias pós o plantio. As plantas foram
avaliadas após um período de 60 dias decorrente da data de plantio. As variáveis analisadas foram:
fitomassa total (g), fitomassa epígea (g), fitomassa hipógea (g) e relação fitomassa epígea/hipógea (g).
Não houve diferença estatística no ganho de fitomassa da mamoneira BRS Energia submetida às
diferentes dosagens de manipueira.
Palavras-chave – BRS Energia, Biodisel; Oleaginosa.

INTRODUÇÃO

Entre as inúmeras espécies comerciais cultivadas no Brasil, a mamoneira é uma das plantas
mais rústicas, no que se diz ao manejo e condições naturais, apresentando grande potencial para
fabricação de biodiesel. A mamoneira (Ricinus comunis L.) é uma planta xerófila, provavelmente
asiática, pertencente família das euforbiáceas, que se desenvolve por boa parte mundo, principalmente
em lugares tropicais (BELTRÃO et al., 2001). Sendo bastante cultivada no Brasil, pela sua oferta de
condições edafoclimáticas favoráveis a cultura.

A cultivar BRS Energia é uma variedade de ciclo curto (120 dias), porém com uma
produtividade média de 1.800 kg ha-1 em condições de sequeiro, e apresenta, em média, 48% de óleo
em suas sementes (OLIVEIRA, 2008).

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A adubação é um fator culminante em todas as culturas comerciais (OLIVEIRA, 2009); logo é


possível melhorar produção através do uso de diversos tipos de adubos, inclusive adubos líquidos.
(CAMPOS & CANECHIO FILHO, 1973). A manipueira é um líquido oriundo da produção de farinha de
mandioca (Manihot esculenta C.), destacam-se pelos seus elevados níveis de nutrientes necessários a
mamoneira; sendo este resíduo, apresentado na forma de suspensão aquosa e quimicamente como
uma mistura de compostos que propicia sua utilização como fertilizante e também é um ótimo
defensivo contra diversas moléstias, podendo ser aplicada na forma pura ou diluída, por adubação
convencional ou por via foliar; logo se apresenta com um caráter alternativo e natural na sua utilização
(TLUMASKI et. al., 2009; BORSZOWSKEI et al., 2009).

Este trabalho teve como objetivo quantificar a dosagem de manipueira que favoreça maior
ganho em fitomassa de mudas de mamoneira BRS Energia.

METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no viveiro de mudas do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais,
pertencente à Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizada no município de Lagoa Seca - PB,
no período compreendido entre Março e Abril de 2010. Foram utilizadas 15 mudas da mamoneira da
cultivar variedade BRS Energia, produzidas na instituição, ambas produzidas em sacos plásticos de
polietileno com capacidade para 2009,6 cm³ de solo. Os recipientes foram preenchidos com uma
mistura de solo (Neossolo Regolítico) e esterco bovino, tamisados em peneira de 5 mm, na
porcentagem de 70 e 30 por cento, respectivamente.

A manipueira foi coletada após o beneficiamento da mandioca in natura para a produção de


farinha, na região do campus, esta passou por um período de repouso de três dias, em recipiente
plástico hermeticamente fechado; sendo as dosagens de manipueira pura aplicadas no substrato cerca
de 2 cm de distância do colo das plantas, com o auxílio de uma seringa plástica graduada em 20ml,
efetuando-se duas aplicações, uma aos trinta e quarenta e cinco dias pós o plantio.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos e


quatro repetições, onde cada planta representou uma repetição. As doses de manipueira utilizadas no
experimento foram: 0; 5; 10; 15 e 20 ml/planta/tratamento. As plantas foram analisadas aos 60 dias
após o plantio, tendo-se as variáveis: fitomassa epígea, fitomassa hipógea, fitomassa total e a relação
epígea/hipógea.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verifica-se pela análise de variância (Tabela 1) que não houve efeito das doses de manipueira
para as variáveis: fitomassa epígea, fitomassa hipógea, fitomassa total e a relação fitomassa
epígea/hipógea medidas 60 dias após o plantio.

Os resultados obtidos neste trabalho estão de acordo com Borszowskei (2009), o qual relata
que a aplicação de manipueira na produção de morangueiro não apresentou efeito significativo, mas
que no entanto, ela pode ser utilizada para a adubação desta frutífera.

CONCLUSÃO

De acordo com as condições edafoclimáticas em que foi conduzido o experimento pode-se


concluir que não houve diferença estatística no ganho de fitomassa da mamoneira BRS Energia
submetida às diferentes dosagens de manipueira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agroecologia.(6.: 2009: Curitiba, Paraná). Anais:...– Curitiba. ABA, SOCLA, Governo do Paraná, 2009 .
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produção de biodiesel, emprego e renda. Bahia Agrícola, v.5, p.34-37, 2002.

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como Adubo Natural Alternativo para a Cultura do Morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.). In:
Congresso Brasileiro de Agroecologia. (6.: 2009: Curitiba, Paraná). Anais: ... – Curitiba. ABA, SOCLA,
Governo do Paraná, 2009. p. 1-6.

CAMPOS, T. & CANECHIO FILHO, V. Principais Culturas II. 2 ed. Campinas, Instituto Campineiro de
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inicial do Pinhão Manso (Jatrophas curcas L.) em função de fontes e quantidades de fertilizante. 2008.
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Universitária / UFRGS, 2000.

OLIVEIRA, S.J.C. Componentes de crescimento do pinhão manso (Jatropha curcas L.) em


função da poda e adubação química. – Areia - PB: UFPB/CCA, 2009 Tese (Doutorado em
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TLUMASKI, L.; BORSZOWSKEI,P.R.; MILLÉO,R.D.S.; AHRENS, D.C. Alternativas Ecológicas Para


o Enraizamento De Estacas de Videira (Vitis labrusca L.) cv. Bordô. In: Congresso Brasileiro de

Tabela 1 – Análise de variância das variáveis da mamoneira (Ricinus communis L..) submetidos à
fertiirrigação com doses crescentes de manipueira, Lagoa Seca, PB. 2010

Quadrado Médio

FV GL Fitomassa Fitomassa Fitomassa Relação Fitomassa


Epígea Hipógea Total Epígea/Hipógea

Tratamento 4 1,710 ns 0,190 ns 3,014 ns 0,543 ns

Bloco 2 2,527 0,401 3,566 0,110

Resíduo 10 0,609 0,118 0,881 0,233

CV (%) 21,24 22,77 18,10 20,85

ns: Não significativo

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FITOMASSA EPÍGEA E HÍPOGEA DO PINHÃO-MANSO SOB ADUBAÇÃO FOSFATADA

Joab Josemar Vitor Ribeiro do Nascimento1; Janiny Andrade da Nóbrega1; Alex Matheus Rebequi2;
Jerônimo Andrade da Nóbrega1; Carlos Alberto Vieira de Azevedo1
1UFCG, joabjosemar@gmail.com; 2UFPB

RESUMO: A produção de biomassa nesta cultura está diretamente relacionado à capacidade de reter
CO2, contribuindo para minimização de seu potencial como gás do efeito estufa. Dessa forma,
objetivou-se com este trabalho avaliar a produção de biomassa seca da parte aérea e do sistema
radicular de plantas de pinhão manso, submetidas à adubação fosfatada. O experimento foi conduzido
em condições de casa de vegetação do Departamento de Engenharia Agrícola do CTRN/UFCG,
Campina Grande, PB. Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com cinco
doses de fósforo (0, 30, 60, 90 e 120 kg ha -1 de P2O5), aplicadas na forma de superfosfato simples, e
com quatro repetições. A biomassa seca da parte aérea e do sistema radicular foi quantificada aos 150
dias da emergência. Houve efeito significativo dos tratamentos sobre as variáveis avaliadas, com
resposta quadrática às doses de fósforo aplicadas. Os maiores valores de matéria seca da parte aérea
e do sistema radicular foram obtidos nas doses de fósforo estimadas em 68,3 e 58,1 kg ha-1,
respectivamente.
PALAVRAS-CHAVE: Jatropha curcas L., nutrição mineral, fósforo, biodiesel

INTRODUÇÃO

O pinhão manso é um arbusto de rápido crescimento, pertence à família das Euforbiáceas,


nativa do Brasil. Atualmente, é encontrada em quase todas as regiões intertropicais, estendendo-se
sua ocorrência à América Central, Índia, Filipinas e Timor, até mesmo às zonas temperadas em menor
proporção (CORTESÃO, 1956; PEIXOTO, 1973; BRASIL, 1985).

Esta espécie é resistente à seca e é freqüentemente cultivada em países tropicais como cerca
viva; muitas partes da planta são utilizadas como remédio na medicina popular, no entanto, as
sementes são tóxicas a humanos e muitos outros animais; produtora de óleo, sendo incentivado seu
cultivo nos últimos anos, como uma alternativa para fornecimento de matéria prima na fabricação de
biodiesel (HELLER,1996).

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De acordo com Peixoto (1973), por se uma cultura perene pode ser utilizada na conservação
do solo, pois a camada de matéria seca produzida serve de cobertura, reduzindo, dessa forma, a
erosão e a perda de água por evaporação, evitando enxurradas e enriquecendo o solo com matéria
orgânica decomposta.

Segundo Laviola e Dias (2008), o pinhão manso extrai elevada quantidade de nutrientes na
colheita e, se não adequadamente adubado pode levar ao empobrecimento do solo ao longo dos anos
de cultivo. Ainda conforme esses autores, o fósforo é um dos elementos mais requeridos por esta
cultura em seu estádio inicial de crescimento.

A deficiência de fósforo é um dos principais responsáveis pela baixa produção agrícola na


maioria dos solos brasileiros (LOPES, 1984). Trata-se de um elemento crucial ao metabolismo das
plantas, desempenhando papel importante na transferência de energia da célula, na respiração e na
fotossíntese. É também componente estrutural dos ácidos nucléicos de genes e cromossomos, assim
como de muitas coenzimas, fosfoproteínas e fosfolipídeos. As limitações na disponibilidade de P no
início do ciclo vegetativo podem resultar em restrições no desenvolvimento, das quais a planta não se
recupera posteriormente, mesmo aumentando o suprimento de P a níveis adequados (ARAÚJO et al.,
2006; JESCHKE et al., 1996; ROGGATZ et al., 1999).

As pesquisas com adubação do pinhão manso ainda estão em fase inicial. Para a exploração
desta cultura comercialmente, faz-se necessário informações oriundas da pesquisa, para que seu
cultivo seja feito de forma sustentável sócio-ambiental-economicamente. Assim, o objetivo deste
trabalho foi o de avaliar a produção de biomassa da parte aérea e sistema radicular de plantas de
pinhão manso submetidas à adubação fosfatada.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação do Centro de Tecnologia e


Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, Departamento de Engenharia
Agrícola, PB, localizada na zona Centro Oriental do estado da Paraíba, no Planalto da Borborema,
georeferenciado em coordenadas geográficas a 7° 13‘ 11‖ S e 35° 53‘ 31‖ W e altitude de 547,56 m.

O experimento foi instalado em 20/07/2008, cuja unidade experimental era composta de vasos
plásticos com 20 L de capacidade, de cor prata fosca, visando amenizar os efeitos dos raios solares

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refletidos por materiais dessa cor, perfurados na base para permitir drenagem, os quais foram
preenchidos com 20 kg de material de solo coletado nos 20 cm superficiais de um perfil franco-arenoso.

Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com tratamentos definidos


por cinco doses de fósforo (0, 30, 60, 90 e 120 kg de P 2O5 ha-1), com quatro repetições, perfazendo o
total de vinte unidades experimentais. Como fonte de fósforo foi utilizado o superfosfato simples com
adubação em fundação, aplicada em um sulco tipo meia lua a 2 cm de profundidade, 7 dias antes da
semeadura.

A análise do solo antes do cultivo revelou as seguintes características: MO = 1,8 g kg -1; pH em


H2O = 5,3; P = 4,5 mg dm-3; K+ = 1,2 mmolc dm-3; Al+3 = 1,0 mmolc dm-3; Ca+ = 9,1 mmolc dm-3; Mg+ =
25,6 mmolc dm-3; H+Al = 0,0 mmolc dm-3; Na+ = 0,2 mmolc dm-3; S = 16,1 mmolc dm-3; Condutividade
elétrica = 0,11 mmhos cm-1.

Cada parcela experimental recebeu adubação básica de nitrogênio e potássio aplicados por
ocasião do plantio, nas dosagens de 80 e 40 kg ha -1 de N e K2O, respectivamente. Utilizaram-se, como
fonte para nitrogênio e potássio, a uréia (45% N) e o cloreto de potássio (62% K 2O).

A semeadura do pinhão manso foi realizada utilizando-se 4 sementes pré-selecionadas por


unidade experimental, na profundidade de 2 cm. Aos 15 dias após semeadura, fez-se o desbaste
deixando-se apenas uma plântula por vaso, escolhendo-se, porém, a mais vigorosa, que foi monitorada
no experimento.

A água usada na irrigação das parcelas experimentais foi a de abastecimento do município de


Campina Grande, PB. As irrigações foram realizadas diariamente de forma manual, evitando-se
ultrapassar a capacidade de campo.

Aos 150 dias após a emergência, as plantas foram coletadas das unidades experimentais,
lavadas e separadas em raízes e parte aérea. Esse material vegetal foi colocado em estufa de
renovação forçada de ar a 65 ºC, até atingir massa contante, quando se determinou a biomassa seca
das diferentes partes das plantas.

Os dados foram submetidos às análises de variância com decomposição dos graus de


liberdade dos tratamentos em componentes de regressão polinomial. A escolha dos modelos baseou-
se na significância dos coeficientes, utilizando-se o teste ―t‖ ao nível de até 5% de probabilidade. As
análises estatísticas foram realizadas no SAEG 9.1 (SAEG, 2007).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios da matéria seca da parte aérea em função das doses de fósforo foram
relacionados no gráfico da Figura 1A. Verificou-se que a regressão com o modelo quadrático teve bom
ajuste, com 87,58% da variação total observada nos dados explicada. Segundo a equação de segundo
grau, a matéria seca máxima de 14,38 g planta -1 seria atingida com a dose estimada de 68,3 kg ha-1 de
P2O5. A partir desta dose, de acordo com o modelo de regressão ajustado, o aumento da dose de
fósforo causa redução na matéria seca da parte aérea de plantas de pinhão manso.

Constatou-se na Figura 1B um razoável ajuste do modelo quadrático para a MSR, com


coeficiente de determinação de 90,15%. Segundo a equação de segundo grau obtida, a máxima MSR
(5,45 g planta-1) seria atingida com 58,1 kg ha-1 de P2O5.

Lima et al. (2007), estudando a adubação fosfatada em mudas de pinhão manso, constataram
quem as plantas produziram maior quantidade de massa seca da parte aérea e de raiz com a dose de
superfosfato simples até 4,25 kg/m3 de substrato, reduzindo a massa seca em doses superiores a esta.

Em um estudo realizado por Kurihara et al. (2006), utilizando amostras de solo do Mato Grosso
do Sul, verificou-se que a planta de pinhão manso apresentou respostas altamente significativas à
aplicação de P. Os autores encontraram produção máxima de caule e raízes com aplicação de 282 e
271 mg dm-1 de P, respectivamente. Os autores concluíram que o pinhão manso é altamente
responsível à adubação fosfatada, sobretudo em solos argilosos. Resultados semelhantes foram
encontrados por Moura Neto et al. (2007), onde os autores concluíram que a planta de pinhão manso
apresentou resposta altamente significativa à aplicação de P no solo e que o peso das folhas, seguido
do peso do caule foram os parâmetros que apresentaram maiores repostas a aplicação de P no solo.

CONCLUSÕES

Houve efeito significativo das doses de fósforo sobre a biomassa seca da parte aérea e do
sistema radícular do pinhão manso. Doses de fósforo entre 60 e 70 kg ha-1 são ideais para a produção
de fitomassa de plantas de pinhão manso.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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16 7
14 A 6 B
12 5

(g planta-1 )
(g planta-1 )

10
MSPA

MSR
4
8 y = -0,0012x2 + 0,1639x + 8,7877 3 y = -0,00050x2 + 0,05811x + 3,76686
6 2
R = 0,8758 2 R2 = 0,90153
4
2 1
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 0 20 40 60 80 100 120 140
Dose de Fósforo Dose de Fósforo
(kg ha-1) (kg ha-1)

Figura 1 – Matéria seca da parte aérea (A) e matéria seca do sistema radicular de plantas de pinhão-manso, em função da
adubação fosfatada.

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FONTES DE ADUBAÇÃO E SEUS EFEITOS NO CRESCIMENTO DA CULTIVAR BRS ENERGIA

Lucia Helena Garófalo Chaves1; Josely Dantas Fernandes2; Antonio Fernandes Monteiro Filho3; Marcia
Rejane de Q. Almeida Azevedo4; Marcelo Pereira Cruz5; Leogário Brito5
1Professora Titular do Departamento de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, UFCG. E-mail:

lhgarofalo@hotmail.com; 2UFCG, Doutorando em Recursos Naturais; 3UEPB, MSc. Armazenamento e Processamento de


Produtos Agrícolas; 4UEPB, Professora do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais. Dra. Recursos Naturais; 5UEPB,
Alunos de graduação do curso de Agroecologia.

RESUMO – Montou-se um experimento no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais Campus II –


UEPB, com plantas de mamona (Ricinus communis L.), cv BRS Energia, para avaliar os efeitos de
diferentes fontes de adubação com e sem bagaço de coco no crescimento das mesmas. Utilizou-se
delineamento em blocos casualizados com quatro repetições em esquema fatorial 6 x 2, sendo o
primeiro fator constituído pelas fontes de adução e o segundo, pela presença e ausência do bagaço de
coco, totalizando 16 tratamentos. Dados sobre a altura da planta, diâmetro caulinar, número de folhas,
número de internódios e área foliar, foram medidos aos 47 dias após o plantio. As fontes de adubação
influenciaram significativamente todas as variáveis analisadas. Com o uso do bagaço de coco, esse
efeito, foi observado para altura de planta, diâmetro caulinar e número de folhas.
Palavras-chave – mamona; oleaginosa; adubação; crescimento.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.), pertencente à família Euphorbiaceae, é uma oleaginosa


de elevado valor socioeconômico, cujos produtos e subprodutos são utilizados na indústria
ricinoquímica e na agricultura, além da possibilidade do óleo extraído de suas sementes ser usado na
fabricação do biocombustivel (AZEVEDO; LIMA, 2001).

Apesar da grande importância da cultura para o desenvolvimento socioeconômico do País, são


poucas as informações disponíveis no que diz respeito ao manejo da adubação. Sabe-se que a
mamoneira exporta da área de cultivo cerca de 80 kg ha -1 de N, 18 kg ha-1 de P2O5, 32 kg ha-1 de K2O,
13 kg ha-1 de CaO e 10 kg ha-1 de MgO para cada 2.000 kg ha-1 de baga produzida. No entanto, a
quantidade de nutriente absorvida aos 133 dias da germinação chega a 156, 12, 206, 19 e 21 kg ha -1
de N, P2O5, K2O, CaO e MgO, respectivamente (NAKAGAWA; NEPTUNE, 1971), o que indica alto
requerimento de nutrientes para obtenção de produtividade adequada. (SEVERINO et al., 2006).

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Uma das alternativas para a adubação da mamoneira se dá via orgânica. Alguns trabalhos já
foram realizados com o objetivo de avaliar a influência de diferentes fontes de adubação no
desenvolvimento da BRS 149 Nordestina (FERNANDES et al., 2009; SANTOS et al., 2010), entretanto,
é notória a necessidade de estudos e de informações sobre a adubação inorgânica e orgânica em
cultivares mais modernas, em particular via orgânica, com esterco de curral, húmus de minhoca e
biofertilizante. Razão pelo exposto objetivou-se, com este trabalho, avaliar o efeito de diferentes fontes
de adubação no crescimento da cultivar BRS Energia.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais Campus II – UEPB.


Utilizaram-se sementes de mamona (Ricinus communis L.), cultivar BRS Energia, adotando-se um
delineamento em blocos casualizados com quatro repetições, em esquema fatorial 6 x 2, sendo o
primeiro fator constituído por diferentes fontes de adubação: F1 = testemunha absoluta; F2 = húmus
(12kg/vaso); F3 = esterco bovino (12kg/vaso); F4 = húmus + esterco bovino (24kg/vaso da mistura 1:1);
F5 = adubação mineral (40g de N; 177,77g de P2O5 e 26,66g de K2O/vaso) e F6 = biofertilizante
supermagro (200mL diluído em 1800mL d‘água/vaso), e o segundo fator, pela ausência e presença de
bagaço de coco (400g), totalizando 12 tratamentos. Cada parcela foi constituída por vasos de 50 kg
contendo apenas uma planta. O solo utilizado neste trabalho foi coletado na camada superficial (0 - 20
cm) de um Neossolo Regolítico. As amostras foram passadas em peneira de 2 mm de abertura e
submetidas a caracterização química segundo os métodos adotados pela Embrapa (1997), tendo
apresentado os seguintes resultados: pH (H2O) = 6,8; Ca = 5,05 cmolc kg-1; Mg = 3,02 cmolc kg-1; Na =
0,02 cmolc kg-1; K = 0,21 cmolc kg-1; H = 1,75 cmolc kg-1; Al = 0,00 cmolc kg-1; MO = 15,3 g kg-1; P =
37,8 mg kg-1. A irrigação da mamoneira foi realizada a cada 3 dias com uma lâmina de 15,92 mm;
quanto ao biofertilizante, sua aplicação ocorreu em períodos eqüidistantes de 10 dias iniciando aos 15
dias após a emergência das plântulas. Aos 47 dias após o plantio, avaliaram-se os parâmetros: altura
da planta, diâmetro do caule na base, número de folhas, número de internódios até a última folha e
área foliar de acordo com o método de Wendt (1967), utilizando a fórmula Log(Y) = -0,346 + [2,152 x
Log(X)], sendo Y a área foliar em cm2 e X o comprimento da nervura central da folha em cm. Os dados
foram analisados através do software SISVAR (FERREIRA, 2000) e os resultados comparados pelo
teste de Tukey.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pela análise da variância (Tabela 1) verifica-se que as fontes de adubação influenciaram


significativamente todas as variáveis analisadas. Com o uso do bagaço de coco, esse efeito, foi
observado para altura de planta, diâmetro caulinar e número de folhas. A interação fonte de adubação
(F) x bagaço de coco (C) teve efeito significativo (P ≥ 0,01), apenas para número de folhas.

Analisando a Tabela 2, percebe-se a superioridade dos fertilizantes orgânicos no aumento de


todas as variáveis analisadas, demonstrando a forte resposta da mamoneira a essa fonte de nutriente
e/ou, a sua sensibilidade ao efeito salino do fertilizante mineral, corroborando, esses resultados, com
as informações de Fernandes et al. (2009). Comparando o adubo mineral (F5) com a testemunha (F1),
observa-se que, independente do uso do bagaço de coco e da variável analisada, suas médias não
diferem significativamente entre si.

De acordo com Severino et al. (2006), a mamoneira é altamente responsiva à adubação e que
os fertilizantes de origem orgânica atuam no fornecimento de nutrientes e na melhoria das
propriedades físico químicas dos solos, como por exemplo, aumentando a capacidade de armazenar
água, aeração, redução na densidade, elevação do pH e CTC. Severino et al. (2004) também
mencionam que a vantagem do uso de adubos orgânicos em relação a fertilizantes minerais, está na
liberação gradual dos nutrientes à medida que são demandados para o crescimento da planta. Uma
outra questão é que se os nutrientes forem imediatamente disponibilizados no solo, como ocorre com
os adubos químicos, podem ser perdidos por volatilização (principalmente o nitrogênio), fixação
(fósforo) ou lixiviação (principalmente o potássio). Por outro lado, a mineralização de alguns materiais
orgânicos pode ser excessivamente lenta, como ocorre com o bagaço de coco, fazendo com que os
nutrientes não sejam disponibilizados em quantidade suficiente e o crescimento da planta seja limitado
por deficiência nutricional. Tal informação justifica a não diferenciação estatística entre a presença e
ausência de bagaço de coco, principalmente quando se utilizou as fontes F2, F4 e F5 em todas as
variáveis estudadas.

O acréscimo de bagaço de coco só diminuiu significativamente as médias das variáveis altura


da planta e diâmetro caulinar com a utilização do biofertilizante; para número de folhas, observou-se
comportamento semelhante na ausência de adubo (F1), esterco bovino (F3) e biofertilizante (F6).
Mesmo não verificando efeito significativo, a média da variável área foliar foi menor com a aplicação do
adubo mineral e biofertilizante mais o bagaço de coco. Esse comportamento ocorreu provavelmente
devido a alta relação C/N do bagaço de coco que induziu a carência de nitrogênio (prontamente
disponível) contido nessas duas fontes de adubação, tendência confirmada por Gomes e Silva (2004).

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CONCLUSÃO

A mamoneira cultivar BRS Energia foi beneficiada pela adubação orgânica, em especial com o
esterco bovino; as menores médias em todas as variáveis analisadas foram observadas com as fontes
F1 (ausência de adubo) e F5 (adubo mineral). O bagaço de coco associado ao adubo mineral e
biofertilizante promoveu redução no crescimento da mamoneira.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância (quadrados médios) da altura da planta (AP), diâmetro caulinar (DC), número de
folhas (NF), número de internódios (NI) e área foliar (AF) aos 47 dias após o plantio, submetida a diferentes fontes de
adubação e pela presença e ausência de bagaço de coco.
Quadrado médio
FV
AP DC NF NI AF
Bloco 86,52ns 0,009ns 5,96ns 1,409ns 204672,59ns
Fonte de adubação (F) 431,76** 0,046* 82,77** 4,770** 3228956,17**
Bagaço (B) 261,80* 0,099* 130,02** 0,520ns 170897,26ns
FxB 66,93ns 0,034ns 129,17** 1,470ns 601192,70ns
Resíduo 44,08 0,015 13,82 1,00 602329,14
CV (%) 9,83 7,31 15,59 8,59 27,17
**, *, ns Significativo a 1 e 5 % de probabilidade e não significativo, respectivamente.

Tabela 2. Desdobramento da interação Fontes de adubação x Bagaço de coco para as variáveis altura da planta (AP),
diâmetro caulinar (DC), número de folhas (NF), número de internódios (NI) e área foliar (AF).
Fonte de adubação
Variável Bagaço
1 2 3 4 5 6
ausência 66,8abA 63,1bA 76,6abA 78,6aA 62,8bA 71,0abA
(cm
AP

presença 63,5bcA 66,0abcA 68,8abA 79,6aA 53,3cA 59,7bcB


ausência 1,73aA 1,75aA 1,73aA 1,75aA 1,56aA 1,82aA
(cm
DC

presença 1,64aA 1,67aA 1,69aA 1,79aA 1,53aA 1,47aB


ausência 23,0cA 25,0bcA 31,0abA 23,0cA 19,0cA 33,0aA
NF

presença 15,0bB 27,0aA 23,0abB 28,0aA 23,0abA 19,0bB


ausência 12,0abA 12,0abA 13,0aA 12,0abA 10,0bA 12,0abA
NI

presença 12,0abA 12,0abA 12,0abA 13,0aA 11,0bA 11,0abA


ausência 1894,4aA 3537,0aA 2867,2aA 3045,2aA 2311,9aA 3126,6aA
(cm
AF

2)

presença 2331,8abA 3930,2aA 3417,8abA 3456,9abA 2081,7bA 2280,0abA


Médias seguidas de mesma letra, minúsculas na linha e maiúsculas na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey (P>0,05).

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INFLUÊNCIA DE DOSES CRESCENTES DE ESTERCO BOVINO NO NÚMERO DE FOLHAS E


RAMOS DO GERGELIM (Sesamum indicum).

José Rodrigues Pacífico da Silva ( rodriguespacifico@yahoo.com.br )¹; Thiago Costa Ferreira¹;;José Thyago
Aires Souza¹; Gilmara Lima Pereira¹, José Pires Dantas ².
¹ Graduandos em Agroecologia (UEPB), Campus II Lagoa Seca/PB ² Professor Doutor, Titular do Departamento de
Química- Universidade Estadual da Paraíba e-mail (pires_uepb@yahoo.com.br),

RESUMO - O gergelim (Sesamum indicum L.) é uma das plantas oleaginosas mais antigas usadas pela
humanidade, de origem afro-asiática está disseminada por todo o mundo e produz satisfatoriamente
quando o solo apresenta boa fertilidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento do
gergelim, em função de doses crescentes de esterco bovino. O experimento foi implantado em Casa de
Vegetação do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais - Campus II da UEPB, em Lagoa Seca - PB.
Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, sendo os tratamentos representados
por 10 doses de esterco bovino (0, 100, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800, 900 e 1000 g) com quatro
repetições. Cada parcela foi constituída por um vaso (7L) contendo 3 plantas. Avaliaram-se os
parâmetros número de folhas e o número de ramos. Concluiu-se que as doses de esterco bovino
influenciaram estatisticamente a variável estudada, segundo o Teste F, a dose 300g de esterco,
promoveu o maior número de folhas, a saber, 16 folhas/tratamento, já para a variável número de
ramos, a dose 400g de esterco, foi a mais eficiente, apresentando 2,2 ramos/tratamento; demonstrando
que o gergelim pode ser adubado com esterco bovino.
Palavras-chave – oleaginosa, orgânico, adubo, produção.

INTRODUÇÃO

O Gergelim (Sesamum indicum) é um vegetal da família Pedaliaceae, é uma das oleaginosas


mais antigas utilizadas pela humanidade, havendo registro de seu cultivo há mais de 4.300 anos antes
da era cristã, nos países do oriente médio. O local de sua origem é incerto, podendo situar-se entre a
Ásia e África (Beltrão et. al, 2001).

Esta cultura é uma planta adaptada às condições semi-áridas, necessitando assim para uma
boa produção uma precipitação pluvial entre 300 e 800 mm anual e altitudes abaixo de 500 m, valores
climáticos ou altimétricos diferentes podem ocasionar perdas em sua produção. Na Região Nordeste,
seu cultivo é recomendado nas áreas com altitude média de 250 m, temperaturas médias do ar entre

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25 e 27°C e precipitações pluviais de 400 a 650 mm, bem distribuída desde sua germinação até o
florescimento das plantas (EMBRAPA, 2000). O gergelim cresce e produz em diferentes tipos de solos,
mas os solos mais indicados para o seu cultivo são os solos leves, sem encharcamento, pois estes
favorecem o desenvolvimento das raízes (MAGALHÃES et.al. 2009).

O uso da adubação orgânica é recomendado, pois estes apresentam características diferentes


quanto aos teores de nutrientes disponíveis as plantas, também pelo seu custo reduzido e fácil
disponibilidade para diversos tipos de economia rural. (GLIESSMAN, 2000).

A aplicação de adubos orgânicos em solos, além do efeito direto no suprimento de nutrientes


para as plantas, contribui para a permeabilidade e infiltração da água, favorece a microbiota natural do
solo, melhora as condições físicas do solo e contribui para baixar os teores de alumínio trocável
(GUIMARÃES, 2008 apud COSTA, 1983).

Dentre a diversidade de adubos orgânicos existentes o esterco bovino se destaca em diversos


aspectos, possui vasta disponibilidade, entre as percentagens de 30 a 58% de matéria orgânica, um
solo pode ser considerado ótimo meio de cultura para os organismos, em virtude de elevar a
quantidade de bactérias do solo quando adicionado como fertilizante (PRIMAVESI, 2002).

Dessa forma, este trabalho teve como objetivo identificar o percentual de esterco bovino que
mais favorece o crescimento do gergelim nas condições edafoclimáticas de Lagoa Seca - PB.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado entre os meses de junho a agosto de 2009 em casa de vegetação
do Campus II da Universidade Estadual da Paraíba, no município de Lagoa Seca - PB. Utilizou-se um
delineamento inteiramente casualizado com 10 tratamentos constituídos por doses crescentes de
esterco bovino (0, 100, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800, 900 e 1000 g/vaso) com 4 repetições. As
parcelas foram formadas por vasos com capacidade de 7L, foram plantadas oito sementes por vaso, e
após 10 dias ocorreu o desbaste, deixando 3 plantas/vaso. O solo utilizado neste trabalho foi coletado
na camada superficial (0 - 20 cm) de um Neossolo Regolítico (Embrapa, 1999) e o esterco bovino
(curtido) foi adquirido de agricultores familiares da região de Lagoa Seca – PB. Durante a condução do
experimento, realizou-se irrigações aplicando uma lâmina d‘água suficiente para deixar o solo na sua
capacidade de campo.

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Ao quarto mês após o plantio, avaliaram-se os parâmetros: número de folhas e número de


ramos, os quais foram tabulados e submetidos à análise estatística. Foi realizada a análise de
variância, utilizando-se o software SISVAR 5.0 (FERREIRA, 2000) e, para o teste de significância, o
teste F, a 5 e 1% de probabilidade. Nos casos de diferenças significativas entre os tratamentos,
procedeu-se a análise de regressão, sendo as equações selecionadas pelo teste F ao nível de
significância de 5% de probabilidade (BANZATTO e KRONKA, 1992).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se através da Tabela 1, que pela análise de variância do experimento houve efeito
das doses crescentes de esterco bovino para as variáveis em questão (número de folhas e ramos)
verificadas quando as plantas apresentavam três meses de plantio.

Na Figura 1, apresenta-se o gráfico correspondente ao número de folhas, onde obtevera seu


valor máximo com a dose de esterco equivalente a 200 g de esterco (20 folhas/média/planta), e na
Figura 2, apresenta-se o gráfico correspondente ao número de ramos das plantas, que obteve maior
desempenho com a dose de esterco equivalente a 300g de esterco (4,8 ramos/média/planta).

Pois este adubo extensamente utilizado, oferece inúmeros benefícios a microbiota do solo, a
CTC que ocorre na solução do solo, melhora a textura do solo, a retenção de água, ainda mostra-se
accessível ao homem do campo e apresenta baixo custo, entre outros fatores (GLIESSMAN, 2000;
SILVA et al,2000; MAGALHÃES et. al., 2009; COSTA,2008 ).

Os resultados obtidos neste trabalho mostram que adubação orgânica com esterco bovino
pode ser utilizada com êxito para a cultura do gergelim (MAGALHÃES et. al., 2009; COSTA, 2008),
atendendo as mínimas necessidades que necessita esta cultura.

CONCLUSÃO

A adubação do gergelim com esterco bovino promove o aumento da produção vegetativa. A


adubação orgânica promove: 47,6 cm de altura, com a dosagem de 300 g de esterco; e 0,5 mm de
diâmetro, com a dosagem de 100g de esterco bovino.

Porém pesquisas com a utilização de esterco são de suma importância para que se estabeleça
parâmetros para cultura, dosagens e tecnologias de beneficiamento e utilização que melhor se
adaptem as nessecidade agrícolas deste vegetal.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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D.J.eds. O agronegócio do Gergelim no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicações para transferência de
Tecnologia, 2001. cap.3.p.37 57.

BANZATTO, D. A; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 247 p.

COSTA, M. P. da. Efeito da matéria orgânica em alguns atributos do solo. Dissertação de mestrado
– Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba. 1983. In: GUIMARÃES, A.S. Crescimento
inicial do Pinhão Manso (Jatrophas curcas L.) em função de fontes e quantidades de fertilizante. 2008.
Tese (Doutorado em Ecologia Vegetal e Meio Ambiente) – Centro de Ciências Agrárias – Universidade
Federal da Paraíba, Areia – PB.

EMBRAPA-CNPA. BRS 196 (CNPA G4), Nova cultivar de Gergelim e seu sistema de cultivo.
Campina Grande, 2000. Folder.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Solos.


Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412p.

GLIESSMAN, S.R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre:


Universitária / UFRGS, 2000.

MAGALHÃES, I. D.; SOARES, C.S.; COSTA, F.E.; ALMEIDA, A.E.S.; SILVA, S.D. & ALVES, G.M.R.
CULTIVO DO GERGELIM (Sesamum indicum L.) SOB DOSES DE ESTERCO BOVINO. In: 4º
Congresso e 4º Fórum de Educação Agrícola Superior – Campina Grande-PB, 2009.

PRIMAVESI, A. Manejo Ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais / Ana Primavesi. –


São Paulo: Nobel, 2002.

FERREIRA, D. F. Sistema SISVAR para análises estatísticas: manual de orientação. Lavras:


Universidade Federal de Lavras / Departamento de Ciências Exatas, 2000. 66 p.

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Tabela 1. Análise de variância da altura e diâmetro caulinar de gergelim, sob doses crescentes de esterco bovino, Lagoa
Seca, PB, 2009.

FV Quadrado médio
NF NR
Tratamento 47,93** 4,73**

Resíduo 15,06 0,85

CV (%) 25,79 45,74


** Significativo (p < 0,01).

Número de Folhas Número de Ramos


25,0 6,0
5,0
Número de Folhas

Número de Ramos

20,0 y = -0,057x2+ 0,5449x + 1,3687


4,0
15,0 R2 = 0,4133
3,0
10,0 2,0
y = -0,154x2 + 1,126x + 15,376
5,0 R2 = 0,6479 1,0

0,0 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Tratamentos
Figura 1- Efeitos das diferentes dosagens de esterco no número de folhas e ramos do Gergelim

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NITROGÊNIO E SEUS EFEITOS SOBRE O CRESCIMENTO INICIAL DO GERGELIM

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – A cultura do gergelim é bastante exigente em nutrientes, sendo o nitrogênio o elemento


que a cultura exige em maior quantidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses e do
parcelamento da adubação nitrogenada sobre o crescimento inicial do gergelim (Sesamum indicum L.).
O experimento foi realizado na fazenda experimental Chã-de-Jardim no município de Areia, PB, entre
Junho e Novembro de 2009. Adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, os
tratamentos constaram de nove doses de nitrogênio (0; 10; 20; 30; 40; 50; 100; 150 e 200 kg ha-1) na
forma de uréia e três formas de parcelamento (P1 = aplicação convencional; P2 = parcelamento das
doses em três aplicações P3 = parcelamento das doses em quatro aplicações), com 5 repetições.
Foram avaliados a altura de plantas, diâmetro do caule e o número de folhas fotossinteticamente ativas
aos 60 DAE. Os resultados permitiram concluir que o aumento das doses de N promoveram melhor
estabelecimento da cultura, contudo conforme se aumentou o parcelamento da aplicação deste
nutriente ocorreu redução do crescimento em função de perdas de N por lixiviação durante o período
do plantio.
Palavras-chave – Sesamum indicum L.; Adubação mineral; Estabelecimento; Uréia

INTRODUÇÃO

A prática da adubação é um dos assuntos mais discutidos para a cultura do gergelim


(Sesamum indicum L.), apresentando resultados positivos para determinados locais e cultivares, e
negativos em outras situações mostrando à complexidade do meio e a grande dificuldade de se
entender as relações solo, planta e atmosfera na cultura desta Pedaliaceae (SILVA, 2005).

Entre os elementos minerais essenciais, o nitrogênio é o que com mais freqüência limita o
crescimento das culturas, pois este elemento faz parte de numerosos compostos essenciais à planta,
sendo a vasta maioria representada pelas proteínas (90% ou mais). Desta forma o suprimento de N

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dentro de limites promovem aumento no crescimento e vigor da planta, enquanto a deficiência resulta
em plantas menores e pálidas (BELOW, 2002).

Embora, Malavolta et al., (1997) citem que teores adequados de N são necessários para se
obter crescimento satisfatório, o dilema está em saber que quantidade aplicar. O N do fertilizante não
aproveitado, além do prejuízo econômico, pode causar dano ambiental se perdido do solo, uma forma
de se evitar tais prejuízos seria o parcelamento da adubação e a utilização de doses adequadas para a
cultura.

Desta forma o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses e do parcelamento da
adubação nitrogenada sobre o crescimento inicial da cultura do gergelim (Sesamum indicum L.)
cultivado em Latossolo no Brejo paraibano.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de campo na fazenda experimental Chã-de-Jardim,


pertencente à Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, município de Areia, PB
de Junho até Novembro de 2009.

O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Amarelo distrófico típico
(EMBRAPA, 1999), de textura franco argilo-arenosa, cujas características químicas estão descritas nas
tabelas 1. Foi realizada calagem no ano anterior, para cultivo de canola, seguindo recomendações de
Raij et al., (1997).

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados com cinco


repetições. Os tratamentos avaliados foram nove doses de nitrogênio (0; 10; 20; 30; 40; 50; 100; 150 e
200 kg ha-1) na forma de uréia (45% de N) e três formas de parcelamento (P 1 = aplicação convencional
– 50% após o desbaste e 50% aos 30 dias após; P 2 = 33% no plantio, 33% após o desbaste e o
restante aos 30 dias após e P3 = 25% no plantio, 25% após o desbaste, 25% aos 30 e o restante aos
45 dias após).

A unidade experimental foi composta de 6 linhas de 5 m de comprimento com espaçamento


entre linhas de 0,5m e 0,10 entre plantas. No plantio todas as plantas receberam o equivalente a 60 kg
ha-1 de P2O5 na forma de Super fosfato simples (20% de P 2O5 + 18% de S) e 40 kg ha-1 de K2O na
forma de cloreto de potássio (60% de K2O). Aos sete dias após a emergência ocorreu o primeiro
desbaste, deixando apenas três plantas por cova, e aos 15 DAE foi realizado o segundo selecionando

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apenas uma planta (a mais vigorosa). Para tanto foram avaliados a altura de plantas, diâmetro do caule
e número de folhas aos 60 dias após a emergência.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, e em função do nível de significância


no teste F para as doses de N procedeu-se ao estudo de regressão para as variáveis estudadas.
Quanto às médias dos parcelamentos, estas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o aumento do parcelamento ocorreu redução do crescimento inicial da cultura exceto para
o diâmetro do caule (tabela 2), em ordem crescente podemos classificar o efeito de P3<P2<P1, para as
seguintes variáveis: altura de planta e número de folhas. Os tratamentos P 3 e P2 forneceram N durante
o plantio da cultura, marcado por chuvas intensas, o que levou a perdas do adubo N aplicado e a
redução do aproveitamento da planta, já o tratamento P 1 forneceu N durante o desbaste, período em
que as raízes já estavam desenvolvidas o que levou a um melhor aproveitamento do adubo aplicado,
sem contar que no balanço final os tratamentos P3 e P2 acabaram fornecendo quantidades de
nitrogênio inferiores a P1. Santos et al., (2004) que citam que a falta de nitrogênio impede o
crescimento inicial da cultura, fator esse observado diretamente no estabelecimento do gergelim.

E como o nitrogênio faz parte da estrutura da planta, sendo componente de proteína, RNA,
DNA, ATP, clorofila dentre outras moléculas (MALAVOLTA et al., 1997), sendo assim a sua deficiência
em determinado período reduz consideravelmente o crescimento da planta..

Houve efeito positivo das doses de nitrogênio aplicadas sobre o crescimento inicial do
gergelim, observa-se para a altura de plantas, diâmetro do caule e número de folhas ocorreu aumento
linear das variáveis (tabela 3), com máximo obtido referente a dose de 200 kg ha -1. Discordando de
dados obtidos por Silva (2006) que cita que a adubação química não promove efeito sobre o
crescimento da cultura, notadamente na cultiva G-4.

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CONCLUSÃO

O aumento do número de coberturas apresentou efeito negativo sobre as variáveis de


crescimento do gergelim, devido a perdas de N durante o plantio em função do elevado regime hídrico
ocorrido neste período.

Para a altura de plantas, diâmetro do caule e número de folhas em geral, houve efeito positivo
do aumento das doses de N.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELOW, F. E. Fisiologia, nutrição e adubação nitrogenada do milho. Informações agronômicas, nº99,


2002.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafos. 1997. 319p.

RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e
calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 1997.
285p.

SANTOS, A. C. M.; FERREIRA, G. B.; XAVIER, R. M.; FERREIRA, M. M. M.; SEVERINO, L. S.;
BELTRÃO, N. E. M.; DANTAS, J. P.; MORAES, C. R. A. Deficiência de nitrogênio na mamona (Ricinus
communis L.): Descrição e efeito sobre o crescimento e a produção da cultura. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA, 1. 2004. Campina Grande – Paraiba. CD-ROM. 2004.

SILVA, A. J. Efeito residual das adubações orgânica e mineral na cultura do gergelim (Sesamum
indicum L.) em segundo ano de cultivo. Dissertação (Mestrado em manejo de solo e água),
Programa de pós-graduação em manejo do solo e água, Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal da Paraíba, Areia, PB, 2006.

SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.


2008. 36f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia). DSER, UFPB, Areia, 2008.

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Tabela 1. Características químicas do solo coletado, na profundidade de 0 a 20 cm


pH P K Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ + Al3+ C M.O.
1:2,5 (H2O) --------mg dm-3------- -------------------------cmolcdm-3----------------------- ---------g kg-1----------
5,9 11,68 42,00 4,20 0,70 0,0 6,10 17,85 30,77

Tabela 2. Médias das variáveis estudadas, valor de F, equação de regressão e coeficiente de variação em função dos
tratamentos
Altura de plantras (cm) Diâmetro do caule (cm) Número de folhas (ud.)
Dose de N (kg/ha) Número de coberturas
P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3
0 40,0A 33,3B 29,0C 1,27A 1,30A 1,30A 31A 25B 24B
10 53,0A 42,0B 34,7C 1,38A 1,40A 1,40A 36A 28B 27B
20 66,7A 50,0B 40,0C 1,41A 1,40A 1,43A 35A 29B 28B
30 70,0A 51,3B 44,7C 1,51A 1,50A 1,4B 43A 36B 33B
40 78,0A 59,3B 50,7C 1,60A 1,63A 1,50B 42A 40A 34B
50 80,3A 62,3B 55,7C 1,68A 1,63A 1,30B 48A 44A 44A
100 86,0A 70,0B 64,7C 1,70B 1,83A 1,60C 55AB 50B 57A
150 87,3A 79,3B 71,0C 1,71B 1,80A 1,60C 78A 76A 77A
200 90,0A 83,7B 80,0B 2,00B 2,10A 2,00B 116A 87B 82B
Doses 968,65** 146,06** 908,48**
Valor
Coberturas 1095,75** 30,37** 109,41**
de F
Interação 14,68** 5,73** 16,29**
C.V (%) 2,6 3,5 4,8
**: significativo a 1% de probabilidade pelo teste F. Médias seguidas por letras maiúsculas iguais na mesma linha não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 3. Equação de regressão e R2 das variáveis de crescimento aos 60 dias após a emergência em função das doses de
N aplicadas.
Variáveis Nº coberturas Equação de regressão R2
2 Y = -0,002N2+0,658N+49,15 0,87
Altura de plantas (cm) 3 Y = -0,001N2+0,501N+37,78 0,96
4 Y = -0,001N2+0,466N+31,34 0,97
2 Y = 0,004N+1,39 0,91
Diâmetro do caule (cm) 3 Y = 0,003N+1,39 0,84
4 Y = 0,003N+1,32 0,81
2 Y = 0,383N+28,23 0,94
Número de folhas (ud.) 3 Y = 0,313N+25,28 0,97
4 Y = 0,315N+24,12 0,97

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POTENCIAL AGRÍCOLA DA UTILIZAÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO DE LIXO URBANO NA


CULTURA DO GIRASSOL1

João Paulo Gonsiorkiewicz Rigon1;Moacir Tuzzin de Moraes1; Fernando Arnuti1; Maurício Roberto
Cherubin1; Guilherme Trevisol¹; Patrícia Pretto Pessotto¹; Silvia Capuani¹ & Vanderlei Rodrigues da
Silva1
1 Universidade Federal de Santa Maria campus de Frederico Westphalen – RS; E_mail: jpaulorigon@hotmail.com

RESUMO – A cultura do girassol vem demonstrando crescimento significativo na área cultivada, para
tanto, a utilização de resíduos orgânicos apresentam-se como uma fonte alternativa de nutrientes que
visam maximizar o potencial produtivo da cultura. Neste contexto, objetivo do trabalho foi avaliar o
potencial agrícola de doses de composto orgânico de lixo urbano (COLU) e adubação mineral na
cultura do girassol. O experimento foi conduzido na UFSM, campus de Frederico Westphalen, na safra
2009/2010. Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso (DBC), com seis tratamentos e três
repetições. Os tratamentos consistiram na utilização de adubação mineral e doses de COLU (0; 25; 50;
75; 100 m³.ha-1). Para avaliação foi utilizada a produtividade de grãos (PROD). A PROD apresentou
incremento linear, em função do aumento das doses de COLU, a amplitude foi de 588,74 à 945,56
kg.ha-1, para doses de 0 e 100 m3.ha-1, respectivamente, diferindo estatisticamente entre si; a
adubação mineral (691,80 kg.ha-1), não diferiu das doses de COLU. Pode-se afirmar que o COLU
apresentou incremento linear na produtividade de grãos. A adubação mineral pode ser substituída, sem
perdas de rendimento, por doses de COLU a partir de 25 m³.ha-1, doses de 100 m³.ha-1 apresentou
incremento da produtividade de grãos.
Palavras-chave – Adubação orgânica; Fontes alternativas de nutrientes; Helianthus annus; Resíduos;

INTRODUÇÃO

No Brasil, o girassol demonstra um grande potencial de expansão, isso se deve a diversidade


de aplicações em diferentes áreas como produção de ração, silagem, óleo para consumo humano,
floricultura, alimentação animal, além de ser uma excelente alternativa de matéria-prima para a
produção de biodiesel. Junto a essa expansão, cresce há necessidade de conhecimentos e
aprimoramentos técnico-científicos capazes de contribuir e viabilizar a implantação da cultura
(PEREIRA et al., 2008).

1
Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; Apoio: Consórcio Intermunicipal
de Gestão de Resíduos Sólidos (CIGRES)

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O desenvolvimento dos grandes centros urbanos tem conduzido a um aumento desordenado


na geração de resíduos e conseqüentemente vem acelerando o ritmo de degradação dos recursos
naturais. A redução dos impactos ambientais causados por lixo urbano e efluentes industriais,
certamente, apresenta-se como um dos maiores desafios a serem enfrentados pelo homem no século
XXI (ABREU JUNIOR et al., 2005). Neste contexto, nos últimos anos, intensificaram-se os estudos que
visam um destino correto a estes resíduos, de modo que os mesmos, além de deixar de ser um
problema ambiental, tornam-se uma alternativa viável economicamente para aplicação na agricultura.
Abreu Junior et al., (2005), afirma que depois de separada, a fração orgânica do lixo urbano pode ser
tratada por meio da compostagem, tendo como produto final um resíduo orgânico humificado com
potencial de utilização na agricultura.

Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar o potencial agrícola de doses de composto
orgânico de lixo urbano e adubação mineral na cultura do girassol.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado na Universidade Federal de Santa Maria, campus de Frederico


Westphalen, latitude 27039‘26‖ S; longitude 53042‘94‖ W e altitude 490 m. O solo do local é classificado
como Latossolo Vermelho aluminoférrico típico (EMBRAPA, 1999), com textura argilosa. O clima dessa
região, segundo a classificação de Koeppen, é subtropical úmido, tipo Cfa. A precipitação pluvial
ocorrida durante a condução do experimento não foi uniforme em todo o período, totalizando 488,80
mm durante o ciclo da cultura (Figura 1).

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso (DBC), com três repetições e seis
tratamentos. O experimento foi realizou-se com e sem a utilização de composto orgânico de lixo urbano
(COLU) e adubação mineral, formando os seguintes tratamentos: T1 - Adubação mineral (NPK)
recomendada pela SBCS, (2004); T2 – Testemunha, sem adubação (0 m3.ha-1); T3; T4; T5 e T6
respectivamente doses de 25; 50; 75; e 100 m3.ha-1 de composto orgânico de lixo urbano. O composto
orgânico foi aplicado aos 45 dias antes da semeadura, com os teores totais de nutrientes determinado
pela técnica de Espectrometria de Fluorescência de Raios-X por Energia Dispersiva (EDXFR):
Potássio: 4,36 g.kg-1; Fósforo: 4,96 g.kg-1; Cálcio: 30,12 g.kg-1; Enxofre: 5,44 g.kg-1; Manganês 0,78
g.kg-1; Ferro: 27,30 g.kg-1; Zinco: 0,53 g.kg-1; Cobre: 0,25 g.kg-1; e 50 % de matéria seca.

O solo apresentava na camada superficial (0-10 cm) as seguintes características físicas e


químicas: 650 g.kg-1 de argila; pH em água de 5,1; índice SMP de 6,2; 7,6 mg.dm-1 de P; 280 mg.dm-1

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de K; 0,2 cmol.dm-1 de Al3+, 5,5 cmol.dm-1 de Ca²+; 1,6 cmol.dm-1 de Mg²+; 11,1 mg.dm-1 de S; 5,8
mg.dm-1 de Cu; 1,8 mg.dm-1 de Zn; 3,5 cmol.dm-1 de H+Al3+; 8 cmol.dm-1 de CTC efetiva; saturação de
Al de 2%; saturação por bases (V) de 69%; e 22 g.kg -1 de matéria orgânica.

O genótipo utilizado foi o híbrido simples HLA-203 Clearfield, e realizou-se a semeadura no dia
10 de dezembro de 2009, em parcelas com uma área de 16 m², com 5 linhas com espaçamento de 0,8
m e obtendo uma população final de 30 mil plantas.ha -1. A adubação para o tratamento com adubação
mineral (T1) foi realizada com uma expectativa de rendimento de 2 t.ha-1 (SBCS, 2004).

Para avaliação dos tratamentos foi determinada a produtividade de grãos, realizada através da
colheita das plantas presentes nas três linhas centrais da parcela, e realizado a correção da umidade
para 13%, e expressos em kg.ha-1.

Os resultados obtidos passaram por análise de variância, regressão linear e comparação de


médias pelo teste de contrastes ortogonais, a 5% de significância. Para realização das análises
utilizou-se o software estatístico Statistical Analysis System – SAS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 2, pode ser observada a produtividade de grãos (PROD), sendo que a média obtida
com os diferentes tratamentos avaliados foi de 787,14 kg.ha-1, ficando abaixo da expectativa da
produtividade média nacional (1.427 kg.ha-1) para safra 2009/2010 (CONAB, 2010). O principal fator
responsável pela baixa produtividade foi a distribuição da precipitação (Figura 1), sendo que ocorreu
488,80 mm durante o ciclo da cultura, e estando de acordo com a recomendação de Castro & Farias,
(2005), esta apresentou distribuição irregular durante o ciclo da cultura, se concentrando durante o
período de crescimento vegetativo, e ocorrendo um período de déficit hídrico durante os estádios de
florescimento e enchimento de grãos.

Na Figura 1 pode ser observada a produtividade de grãos, onde nas doses COLU, a amplitude
foi de 588,74 kg.ha-1 (testemunha sem adubação) a 945,56 kg.ha-1 (100 m3.ha-1), sendo que somente
este tratamentos apresentaram diferença significativa; O tratamento com utilização da adubação
mineral obteve-se 691,80 kg.ha-1, e os tratamentos com doses de 25; 50 e 75 m³.ha -1 de COLU,
produziram respectivamente 753,95; 802,35 e 856,30 kg.ha-1, sendo que estes, não diferenciaram
significativamente de nenhum dos tratamentos.

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A Produtividade de grãos do girassol apresentou aumento linear (Figura 2) em função do


aumento de doses de COLU, podendo ser observado diferença significativa entre o tratamento com
dose de 100 m³.ha-1 e a testemunha sem adubação. As doses de COLU proporcionaram
produtividades semelhantes aos obtidos com a utilização de adubação mineral, sendo que estes não
diferenciaram entre si, porém apresentaram uma tendência de incremento de produtividade.

O diâmetro de capítulo (Tabela 1) tem implicações sobre o número potencial de grãos,


componente importante na produtividade de grãos, porém, não se observou diferença significativa
entre os tratamentos, apenas ocorreu uma tendência de aumento do diâmetro dos capítulos da
adubação orgânica em relação à adubação mineral e da testemunha sem adubação.

CONCLUSÃO

Com base nestes resultados, pode-se afirmar que o composto orgânico de lixo urbano
apresentou incremento linear na produtividade de grãos da cultura do girassol, em função do aumento
das doses deste material.

A adubação mineral, na cultura do girassol, pode ser substituída por doses de composto
orgânico de resíduos de lixo urbano a partir de 25 m³.ha-1, sem que ocorra perdas significativas na
produtividade de grãos.

Doses de 100 m³.ha-1 de composto orgânico de resíduos de lixo urbano, proporcionam um


aumento significativo na produtividade de grãos da cultura do girassol.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU JUNIOR, C.H.; BOARETTO, A.E.; MURAOKA, T.; KIEHL, J.C. Uso agrícola de resíduos
orgânicos potencialmente poluentes: propriedades químicas do solo e produção vegetal. Tópicos
Ciência do Solo, 4:391-470, 2005.
CASTRO, C. de; FARIAS, J.R.B. Girassol no Brasil: Ecofisiologia do Girassol. Londrina: Embrapa
Soja, Cap. 9 p. 163-218. 2005.
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira: grãos, sexto
levantamento, março 2010 / Companhia Nacional de Abastecimento. – Brasília: Conab, 2010.
Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/4graos_07.01.10.pdf>. Acessado
em: 10 de março de 2010.

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EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.


Rio de Janeiro, 1999. 412p.
SBCS - Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Manual de adubação e de calagem RS e SC.
Comissão de Química e Fertilidade do Solo – ROLAS – 10ª. Ed. – Porto Alegre, 2004. p.101.
PEREIRA, V. C.; AMABILE, R. F.; CARVALHO, C. G. P. de; BARBOSA, F. de S.; RIBEIRO JÚNIOR,
W. Q. Girassol em safrinha no Cerrado do Distrito Federal: desempenho de genótipos em 2006. In:
SIMPÓSIO NACIONAL CERRADO, 9.; SIMPÓSIO INTERNACIONAL SAVANAS TROPICAIS, 2., 2008,
Brasília, DF. Desafios e estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e recursos naturais:
Anais... Planaltina: Embrapa Cerrados, 2008. 1 CD-ROM.

Figura 2. Precipitação diária ocorrida durante a condução do experimento e estádios de desenvolvimento da cultura do
girassol. (Frederico Westphalen, RS, 2009).

Figura 2. Produtividade do girassol em função de doses de composto orgânico de lixo urbano (COLU), e adubação mineral
recomendada pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS, 2004). (Frederico Westphalen, RS, 2010). * Médias
seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente entre si pelo teste de contrastes ortogonais a 5%.

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POTENCIAL NUTRICIONAL DA TORTA DE MAMONA E ESTERCO BOVINO NO CRESCIMENTO


INICIIAL DA MAMONA EM SOLOS DO SEMI-ÁRIDO

Geraldo Bruno M. dos S. Silva(1); Maria Betânia G. dos S. Freire(1); Dário C. Primo(2); Emmanuel D.
Dutra(2); Tácio O. da Silva(3)
1 UFRPE Gbru4@yahoo.com.br; 2UFPE/DEN; 3UFS

RESUMO - A cultura da mamona Ricinus communis L. é uma das mais tradicionais no semi-árido
Brasileiro. O trabalho teve por objetivo avaliar agronomicamente o efeito de doses de torta de mamona
e de esterco bovino sobre desenvolvimento vegetativo da mamona cultivada em dois solos da região
semi árida em casa de vegetação no Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de
Pernambuco. Foram utilizados Latossolo Vermelho Amarelo distrófico e Neossolo Flúvico. O
experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com cinco doses (0, 4, 8, 12 e
16 t ha-1) e quatro repetições. Foram semeadas cinco sementes de mamona em sacos plásticos de 2
quilos, e 8 dias após a germinação fez-se desbaste, mantendo-se duas plantas por saco. Os resultados
obtidos indicaram que as plantas de mamona cultivadas em Nessolo Flúvico apresentaram maior
desenvolvimento e maiores rendimentos em matéria seca da parte área e raízes comparado com as
cultivadas em Latossolo Amarelo, tanto com esterco bovino quanto com torta de mamona até a dose
de 12 t/ha-1. Os resultados demonstraram ainda que, a fonte de adubação torta de mamona,
apresentou valores médios superiores a adubação com esterco, evidenciando assim sua viabilidade
para o cultivo orgânico da mamoneira.
Palavras-chave – adubação orgânica, Ricinus comuinis, parâmetros vegetativos

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L) é uma cultura em expansão no país devido ao seu potencial
para emprego na produção de biocombustíveis. O processamento de espécies oleaginosas como a
mamona para obtenção de álcool e óleo vegetal, respectivamente, gera resíduos orgânicos e quando
empregados na agricultura podem possibilitar a redução do uso de fertilizantes químicos e aumento da
produtividade agrícola. O Brasil é o terceiro produtor mundial de mamona, tendo produzido
aproximadamente 210 mil toneladas de grãos na safra 2004/2005, que resultou em 111 mil t de torta
(Azevedo & Lima, 2008).

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A cultura da mamona é uma das mais tradicionais no semi-árido Brasileiro. É de relevante


importância econômica e social, com inúmeras aplicações industriais. Apesar de ser originária da Ásia,
é encontrada em estado asselvajado em várias regiões do Brasil, desde o Amazonas até o Rio Grande
do Sul. Apesar de ser considerada uma planta de elevada resistência à seca, para produzir bem
necessita de pelo menos 16 nutrientes essenciais (Kiehl, 1985) e aproximadamente 500 mm de
precipitação pluvial bem distribuídos ao longo de seu ciclo, em especial na floração dos primeiros
cachos e solo de boa fertilidade natural. Porém, mesmo sob déficit hídrico, a mamoneira é capaz de
aproveitar a adubação, o que diminui o risco dessa prática, principalmente em regiões semi-áridas
(Severino et al., 2006).

A adubação orgânica é uma pratica agrícola muito utilizada para a melhoria das propriedades
químicas e físicas do solo, atuando no fornecimento de nutrientes às culturas, na retenção de cátions
(Severino et al., 2006 a). Materiais orgânicos como o esterco bovino (Severino et al., 2006) e torta de
mamona tem sido citados na literatura como fontes de nutrientes e condicionadores do solo para
compor substratos e adubação da mamoneira (Lima et al., 2007; Severino et al., 2006). O trabalho teve
por objetivo avaliar agronomicamente o efeito de torta de mamona e esterco bovino sobre o
desenvolvimento vegetativo e a nutrição mineral da mamona cultivada em dois solos da região semi
árida do Nordeste brasileiro.

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação no Departamento de Energia Nuclear


da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) localizado na cidade do Recife-PE. Foram utilizados
dois tipos de solo: Latossolo Vermelho Amarelo distrófico e Neossolo Flúvico, coletados da camada de
0-20 cm, na região semi-árida do Nordeste do Brasil. As amostras de solos foram secas ao ar e
passadas em peneira de malha de 4 mm. Subamostras desses solos foram coletadas e tamisadas em
peneiras de 2 mm de abertura de malha, e feito caracterização química (Tabela 1).

O experimento foi montado em delineamento experimental inteiramente casualizado, em


esquema fatorial 2 x 2 x 5, sendo dois tipos de solos (Latossolo amarelo e Neossolo Flúvico), duas
fontes de adubo orgânico (torta de mamona e esterco bovino) e cinco doses desses adubos (0, 4, 8, 12
e 16 t/ha-1), com quatro repetições. Cada unidade experimental consistiu de um saco plástico de
polietileno com 2 kg de solo. Após a aplicação dos tratamentos foram semeadas cinco sementes de
mamona (Ricinus communis L.) em cada saco, e 8 dias após a germinação foi realizado desbaste,

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mantendo-se apenas duas plantas por saco, levando em consideração vigor e uniformidade das
plantas.

A umidade do solo foi mantida a 50% do volume total de poros, através da pesagem diária dos
sacos e complementação com água destilada diariamente. As colheitas das plantas foram realizadas
60 dias após a germinação. No momento da colheita, o material vegetal separado em parte aérea e
sistema radicular foi seco em estufa de circulação forçada a 65º C até atingir massa constante.
Posteriormente, foram pesados em balança semi-analítica. Foram avaliadas as variáveis, altura da
planta e rendimento da matéria seca da parte aérea e das raízes respectivamente. Os dados obtidos
foram submetidos à análise de variância e ao teste F pelo software Sisvar e análise de regressão para
que os resultados em nível de significância fossem ressaltados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises dos resultados demonstraram diferenças quanto ao efeito das doses das duas
fontes de adubação orgânica avaliadas (esterco bovino e torta de mamona) no desenvolvimento de
plantas de mamona cultivadas nos solos característicos da região semi-árida. As doses de torta de
mamona proporcionaram comportamentos diferentes nas plantas quando comparadas com as doses
do esterco bovino.

A variável altura da planta (Figura 1) preferencialmente avaliada apresentou valor médio


progressivo até a dose de 12 t/ha-1 com decaimento a partir dessa dose, tanto no Neossolo, quanto no
Latossolo, o que evidencia essa dose ser a máxima aplicada na cultura da mamoneira. Os resultados
para esse parâmetro vegetativo indicaram ainda, que a fonte de adubação orgânica torta de mamona
apresentou valores médios superiores para o Neossolo, quando comparado com os valores obtidos no
Latossolo Amarelo e com as doses do esterco bovino avaliadas.

Para o rendimento em matéria seca da parte aérea e das raízes (Figuras 3, 4, 5 e 6), os
resultados indicaram também maior relevância para as doses de torta de mamona especialmente para
o Neossolo. É sabido que, torta de mamona possui relativamente alto teor de nutrientes essenciais
para o desenvolvimento das plantas, em especial de nitrogênio. Além disso, o Neossolo Flúvico possui
também teor bastante considerado de nutrientes, o que parece fornecer e ou desencadear maior
crescimento para as plantas quando comparado com o Latossolo Flúvico.

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Esse comportamento de respostas das plantas de mamona para esses tipos de solos, já era
previsto, tanto para as doses de torta de mamona, quanto para as de esterco aplicadas, uma vez que,
observou-se diferenças relativamente elevadas quanto ao potencial nutricional desses substratos
quando realizada previamente sua caracterização química. Os resultados ajustaram-se melhor ao
modelo quadrático, porém para algumas variáveis avaliadas o valor do coeficiente de determinação
(R2) foram baixos.

Contudo, esses resultados demonstram o potencial quanto ao uso dessa fonte de adubação, a
qual parece ser ambientalmente e ecologicamente viável para os sistemas de produção doravante
desenvolvidos nos solos da região semi-árida brasileira e que por outro lado, poderá ser uma forma de
minimizar a quantidade de resíduos produzidos nos mecanismos de produção de óleo da mamona para
produção de biocombustíveis.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos indicaram que as plantas de mamona cultivadas em Nessolo


Flúvico apresentaram maior desenvolvimento e consequentemente maiores rendimentos de matéria
seca da parte área e raízes, comparado com as cultivadas em Latossolo Amarelo distrófico, tanto com
a adubação com doses crescentes de esterco quanto com torta de mamona até a dose de 12 t/ha -1. Os
resultados demonstraram também que, a fonte de adubação torta de mamona, apresentou valores
médios superiores ao esterco bovino, evidenciando assim sua viabilidade para a prática do cultivo
orgânico da mamoneira utilizando o próprio resíduo gerado na produção do óleo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P.; LIMA, E. F. O Agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa


Informação Tecnológica, 2008. 350p.)
FERREIRA, D. F. SISVAR: versão 4.6. Lavras: DEX/UFLA, 2003. Software.
KIEHL, J.K. Fertilizantes Orgânicos. Piracicaba: Agronômica Ceres, 1985. 492p.

LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L. S.; FERREIRA, G. B.; SILVA, M. I. L. da; ALBUQUERQUE, R. C. ;


BELTRÃO, N. E. de M. . Crescimento da mamoneira em solo com alto teor de alumínio na presença e
ausência de matéria orgânica. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas, v. 11, p. 15-21, 2007.
SEVERINO, L. S.; FERREIRA, G. B.; MORAES, C. R. A.; GONDIM, T. M. S.; CARDOSO, G. D.;
VIRIATO, J. R.; BELTRÃO, N. E. de M. Produtividade e crescimento da mamoneira em resposta à
adubação orgânica e mineral. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.41, n.5, p.879 – 882
2006.

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Tabela1. Caracterização dos substratos utilizados no desenvolvimento inicial de plantas de mamona.


Substratos pH N g/kg-1 P g/kg-1 K g/kg-1

Neossolo Flúvico 7,3 6,0 3,6 7,0

Latossolo Amarelo distrófico 5,4 2,46 2,20 7,0

Torta de Mamona 4,7 22,5 3,59 6,26

Torta de Pinhão Manso 6,3 34,5 7,65 17,68

Esterco Bovino 4,7 22,7 5,44 4,58

70,00

60,00
y = 0,0725x2 - 0,2045x + 36,471
Altura da planta

50,00 R² = 0,9017

40,00

30,00
y = -0,0536x2 + 0,9946x + 23,436
20,00
R² = 0,5194
10,00

0,00
0 4 8 12 16 20
Doses de esterco t/ha
Altura Nessolo Flúvico Altura Latossolo Amarelo

Figura 1

70,00
y = -0,1384x2 + 3,2018x + 36,321
60,00 R² = 0,8468

50,00
Altura da planta

40,00

30,00

20,00 y = -0,0346x2 + 1,0348x + 21,993


R² = 0,9576
10,00

0,00
0 4 8 12 16 20
Doses de T. de mamona t/ha

Altura Nessolo Flúvico Altura Latossolo Amarelo

Figura 2

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10,000
9,000
8,000
M S A em gramas

7,000
y = 0,0145x2 - 0,1009x + 3,5143
6,000
R² = 0,747
5,000
4,000
3,000
y = -0,0061x2 + 0,1897x + 1,9712
2,000
R² = 0,9031
1,000
0,000
0 4 8 12 16 20
Doses de esterco t/ha
M S A Nessolo Flúvico M S A Latossolo Amarelo

Figura 3

10,000
9,000
8,000 y = -0,0446x2 + 0,9893x + 3,8214
M S A em Gramas

7,000 R² = 0,997
6,000
5,000
4,000
y = -0,0123x2 + 0,4027x + 1,8571
3,000
R² = 0,9698
2,000
1,000
0,000
0 4 8 12 16 20
Doses de T. de Mamona t/ha
M S A Nessolo Flúvico M S A Latossolo Amarelo

Figura 4

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2,000
1,800
1,600
y = 0,0011x2 + 0,0134x + 0,6357
1,400 R2 = 0,4945
M S R em gramas

1,200
1,000
0,800
0,600
y = -0,0069x2 + 0,1638x + 0,0871
0,400 R2 = 0,8998
0,200
0,000
0 4 8 12 16 20
Doses de esterco t/ha
M S R Nessolo Flúvico MS R Latossolo Amarelo

Figura 5

2,000
1,800 y = -0,0067x2 + 0,1321x + 0,8357
1,600 R² = 0,6952
M S R em gramas

1,400
1,200
1,000
0,800
y = -0,0056x2 + 0,1455x + 0,3214
0,600 R² = 0,9153
0,400
0,200
0,000
0 4 8 12 16 20
Doses de T. de Mamona t/ha

M S R Nessolo Flúvico MS R Latossolo Amarelo

Figura 6

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 736-742.
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PRODUÇÃO DE FITOMASSA DE PLANTAS DE GERGELIM SOB ADUBAÇÃO RESIDUAL COM


TORTA DE MAMONA E IRRIGAÇÃO COM ÁGUA RESIDUÁRIA

Robênia Nunes da Cruz (1); Joab Josemar Vitor Ribeiro do Nascimento(2); Carlos Alberto Vieira de
Azevedo(3);Vera Lúcia Antunes de Lima(3);
(¹) Mestranda em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande. robenianunes@hotmail.com ; (2) Graduando em
Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande ; .(3) Professor(a) Adjunto(a) do Departamento de
Engenharia Agrícola Universidade Federal de Campina Grande.

RESUMO – O gergelim é uma oleaginosa amplamente cultivada no nordeste do Brasil. Trata-se de


uma cultura exigente em nutrientes e água, apresentando melhores produtividades nos plantios
irrigados em relação aos cultivos de sequeiro. A torta de mamona e a água residuária são resíduos que
podem ser utilizados na agricultura como forma de aumentar a produtividade e minimizar os impactos
ambientais dos seus destinos finais inadequado. Dessa forma, conduziu-se um experimento no
laboratório do Programa de Saneamento Básico (PROSAB), em Campina Grande, PB, com o objetivo
de avaliar a produção de fitomassa seca da parte aérea de plantas de gergelim, aos 110 dias após a
germinação, sob adubação residual com torta de mamona (0, 2, 3,4 e 5 ton ha -1), no segundo ciclo de
plantio, e irrigação com dois tipos de água (abastecimento e residuária), mais uma testemunha irrigada
com água de abastecimento e recebendo adubação mineral. Adotou-se o delineamento experimental
em blocos ao acaso em esquema fatorial misto [(2x5)+1], com três repetições. A fitomassa seca da
parte aérea foi influenciada de forma significativa pelo tipo de água de irrigação e respondeu
positivamente às aplicações de doses de torta de mamona, em adubação residual, com
comportamento linear. Os maiores valores da variável estudada foi obtido na maior dose de torta de
mamona estudada, correspondente a 5 ton ha-1.
Palavras-chave – Sesamum indicum L., matéria seca, adubação orgânica, reuso.

INTRODUÇÃO

O Gergelim (Sesamum indicum L.) é uma planta produtora de óleo de excelente qualidade,
sendo uma das oleaginosas mais antigas e em utilização pela humanidade. Pertence à família
Pedaliaceae, e foi possivelmente originária do continente Africano. É considerada uma planta
relativamente tolerante à seca por esse motivo passou a ser cultivado comercialmente no Nordeste do
Brasil a partir de 1986 com a expansão da praga do algodoeiro. O principal produto do gergelim é o
grão (semente), que fornece óleo e farinha, contém vitaminas A, B, C, e possuem bom teor de cálcio,
fósforo e ferro. São pequenas, achatadas, de coloração variando do branco ao preto (BELTRÃO,1989).

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O gergelim vem despontando como uma alternativa para reduzir a carência nutricional de populações
de baixa renda, constitui-se como uma opçãoextremamente significativa para o Semi-árido nordestino,
não só por ser mais uma alternativa de renda e fonte protéica, mas também por existir um mercado
crescente de panificação e potencialidade de o óleo ser explorado no mercado nacional no consumo
alimentar, fitoterápico e fitocosmético (BARROS,2001). A diversificação do uso e o aumento do
consumo acarretaram uma significativa demanda por melhores informações sobre o seu cultivo,
visando o aumento da produção e a redução das importações (LAGO, 2001).

Segundo Hespanhol (2001), a demanda de água para o setor agrícola brasileiro representa
70% do uso consuntivo total, com forte tendência a alcançar 80% até o final desta década; portanto,
ante o significado que essas grandes vazões assumem, em termos de gestão dos recursos hídricos, é
de extrema importância que se atribua prioridade para institucionalizar, promover e regulamentar o
reuso para fins agrícolas, em âmbito nacional.

A torta de mamona é o principal subproduto da sua cadeia produtiva. Produzida a partir da


extração do óleo das sementes desta oleaginosa contem altos teores de nitrogênio, potássio e fósforo.
Apresenta grande interesse agrícola pelo seu elevado conteúdo em nutrientes, significativo efeito como
adubo orgânico além de alta capacidade de regeneração de solos SEVERINO,(2006).

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi quantificar a produção de fitomassa do gergelim,
cultivar CNPA G3, sob adubação residual com torta de mamona e irrigação com água residuária
tratada.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na estação experimental do Programa de Saneamento Básico,


PROSAB/UFCG, na cidade de Campina Grande, PB, localizada na zona Centro Oriental do estado da
Paraíba, no Planalto da Borborema, georeferenciado em coordenadas geográficas a 7° 15‘ 18‖ S e 35°
52‘ 28‖ W e altitude de 550,0 m.

O experimento foi conduzido em delineamento experimental em blocos ao acaso, com arranjo


fatorial misto [(2x5)+1], com três repetições, cujos fatores foram dois tipos de água (abastecimento e
residuária tratada), além de cinco doses de torta de mamona (0, 2, 3, 4, 5 ton ha -1), mais um tratamento
adicional irrigado com água de abastecimento e adubado com fertilizante químico na fórmula NPK. As
unidades experimentais eram vasos plásticos, com 20 L de capacidade, de cor prata fosca, mantidas

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em ambiente aberto, com um dreno na base, os quais continham 25 kg de material de solo e torta de
mamona, onde havia sido cultivado anteriormente a mesma variedade de gergelim.

A análise do solo antes do cultivo revelou as seguintes características: MO = 7,3 g kg-1; pH em


H2O = 6,03; P = 8,8 mg kg-1; K+ = 3,0 meq kg-1; Al+3 = 0,6 meq kg-1; Ca+ = 19,0 meq kg-1; Mg+ = 6,4 mg
kg-1; Na+ = 0,7 mg kg-1; N = 0,6 g kg-1; Condutividade elétrica = 0,23 mmhos cm-1.

As sementes foram postas para germinar e durante o período compreendido entre a


semeadura e a germinação das sementes, manteve-se o solo na capacidade de campo. Aos 30 dias
após a semeadura, fez-se o desbaste deixando-se apenas uma plântula por vaso, escolhendo-se,
porém, a mais vigorosa, que foi monitorada durante todo o período do experimento.

As águas usadas na irrigação das parcelas experimentais foram a de abastecimento do


município de Campina Grande, PB, com as seguintes características: pH = 8,09; C.E. = 590 μmho cm -1;
Ca+2 = 113 mg L-1; Mg+2 = 76 mg L-1; HCO3- = 66,92 mg L-1; Alcalinidade = 80 mg L-1, e água residuária
tratada em reator UASB, proveniente da estação experimental de tratamento biológico de esgotos
sanitários (PROSAB), com as seguintes características: pH = 7,79; C.E. = 1360 μmho cm-1; Ca+2 = 128
mg L-1; Mg+2 = 122 mg L-1; HCO3- = 282 mg L-1; Alcalinidade = 343 mg L-1. As irrigações foram
realizadas diariamente mediante a necessidade hídrica da cultura, quantificada em função da
evapotranspiração, de forma manual, de modo que o solo permanecesse na capacidade de campo.

A produção de fitomassa da planta do gergelim foi quantificada através da massa da parte


aérea 110 dias após a emergência. As partes das plantas coletadas foram postas em sacos de papel
perfurados e colocados para secar em estufa, a temperatura de 105 º C, por um período suficiente até
atingir peso constante. A massa de matéria seca foi determinada utilizando-se balança analítica de
precisão.

Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade e avaliados através da análise de


variância, utilizando-se o teste F ao nível de 5 e 1% de probabilidade (GOMES,2000). Análises de
regressão por polinômios ortogonais para os tratamentos quantitativos foram mensuradas, de acordo
com Banzatto e Kronka,(1995). Os dados de matéria seca da parte aérea foram transformados em
Log(X), para correção da heterocedasticidade, antes de proceder à análise. As análises foram
realizadas pelo programa computacional Assistência Estatística – ASSISTAT (SILVA e
AZEVEDO,2002)

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verifica-se na Tabela 1, a análise de variância da matéria seca da parte aérea da planta do


gergelim, após 110 dias da emergência. Observa-se que houve diferença significativa (p<0,01) na
variável estudada entre o tratamento de tipo de água, com médias de 13,64 e 31,30 g planta-1, para
água de abastecimento e residuária tratada, respectivamente. A análise revelou ainda, que o modelo
que melhor representou o efeito residual das doses de torta de mamona, sobre a variável avaliada, foi
o linear, com significância ao nível de 5% de probabilidade. Na interação entre os dois fatores
estudados, a análise de variância não revelou efeito significativo. Para o contraste entre o fatorial
versus testemunha, houve significância (p<0,01), com médias de 22,46 e 9,86 g planta-1, para o fatorial
e adicional, respectivamente. Ocorreu efeito significativo (p<0,01) de tratamento para a variável
analisada. O coeficiente de variação foi baixo, conforme classificação de Gomes, (2000).

Os valores médios de matéria seca da parte aérea em função da dose de torta de mamona
foram relacionados no gráfico da Figura 1. Verificou-se que a regressão com modelo linear teve bom
ajuste, com 90,0% da variação total observada nos dados explicada. Constatou-se que o incremento
de 1 ton ha-1 de torta de mamona, em adubação residual, proporcionou uma resposta de 1,56 g planta -1
na matéria seca da parte aérea. Esses resultados indicam que, para o presente estudo, quanto maior
for a dose de torta de mamona, em adubação residual, maior será a produção de matéria seca da parte
aérea de plantas de gergelim.

As plantas irrigadas com água residuária tiveram uma massa seca da parte aérea superior as
irrigadas com água de abastecimento em 129,4%. Segundo Lucas Filho et al. 2002, a maior
disponibilidade de nutrientes no solo, causada pela aplicação de águas residuárias, pode levar a um
melhor desenvolvimento da planta, com maior produção de matéria seca. Souza et al. 2002, estudando
o efeito de águas residuárias tratadas sobre a produção de fitomassa da parte aérea do gergelim,
obtiveram também um incremento da massa foliar, quando comparada às plantas irrigadas por água de
abastecimento.

A adição de matéria orgânica ao solo melhora várias propriedades físico-químicas, como


retenção de água/umidade para fornecimento às plantas, reduz as variações de temperatura no interior
do mesmo, regula e melhora a absorção de nutrientes (Gomes,1988; Werner,1999), essenciais em
condições de baixa fertilidade natural do solo e má distribuição pluviométrica, esta ultima marcante no
2º ano de cultivo. Pereira et al. (2002), estudando a adubação orgânica do gergelim em dois anos de
cultivo, contataram que a adubação residual, proporcionou efeito significativo sobre a produção de
fitomassa da parte aérea.

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CONCLUSÃO

A fitomassa seca da parte aérea foi influenciada de forma significativa pelo tipo de água de
irrigação e respondeu positivamente às aplicações de doses de torta de mamona, em adubação
residual, com comportamento linear. Os maiores valores da variável estudada foi obtido na maior dose
de torta de mamona estudada, correspondente a 5 ton ha -1. As plantas irrigadas com água residuária
tiveram uma massa seca da parte aérea superior as irrigadas com água de abastecimento em 129,4%.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Grande: Embrapa Algodão (Boletim de Pesquisa, 21). 23 p. 1989.
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WERNER, H. Manejo agroecológico do solo. In: REUNION BIENAL DE LA RED LATINOAMERICANA


DE AGRICULTURA CONSERVACIONISTA (Siembra directa: uma herramienta para la agricultura
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p.515-523, maio-ago. 2002

Tabela 1. Análise de variância da matéria seca da parte aérea aos 110 dias após a emergência, das plantas de gergelim,
sob doses de torta de mamona e adubação residual e tipos de água de irrigação.
Fonte de Variação G.L. Quadrado Médio
Tipo de Água 1 0.92758 **
Dose de Torta de Mamona 4 0.02852 --
Regressão Linear 1 0.08895 *
Regressão Quadrática 1 0.01095 ns
Regressão Cúbica 1 0.00009 ns
Interação Água x Dose 4 0.00251 ns
Fatorial versus Testemunha 1 0.25894 **
Tratamentos 10 0.13107 **
Blocos 2 0.04505 ns
Resíduo 20 0.01588
Coeficiente de Variação % 9.93733
-- Os tratamentos são quantitativos. O teste F não se aplica; ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01); *
significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 ≤ p < 0.05); ns, não significativo (p ≥ 0.05).

30,00
Massa da Parte Aérea

25,00
(g planta -1)

20,00

15,00
y = 1,56x + 18,09
10,00 R2 = 0,90
5,00

0,00
0 1 2 3 4 5 6
Dose de torta (kg ha -1)

Figura 1. Valores médios de matéria seca da parte aérea de plantas de gergelim, aos 110 dias após a emergência,
submetidas a doses de torta de mamona, em adubação residual, com indicação do ajuste de regressão.

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PRODUÇÃO DE GERGELIM ORGÂNICO SOB CONDIÇÕES SEMIÁRIDAS

Ivomberg Dourado Magalhães (1); Francisco Edinaldo Costa (1); Gerckson Maciel Rodrigues Alves (3);
Antonio Ewerton da Silva Almeida (1); Silvo Dantas da Silva (1); Cláudio Silva Soares (2)
1Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB, CEP: 58884-000. Catolé do

Rocha-PB, Bolsistas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq/UEPB. ivomberg@hotmail.com ; 2Prof. Dr. do Departamento de


Ciências Agrárias e Ambientais, Campus II da UEPB. CEP: 58117-000. Lagoa Seca-PB. E-mail:
claudio.uepb@yahoo.com.br ; 3Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB.
CEP: 58884-000, Catolé do Rocha-PB.

RESUMO - O gergelim (Sesamum indicum L.) é uma planta adaptada às condições semiáridas, sendo
a nona oleaginosa mais plantada no mundo. A adubação orgânica com base em esterco bovino
mostra-se bastante promissora, pois a incorporação dessa matéria orgânica no solo promove
mudanças nas suas características físicas, químicas e biológicas. Neste contexto, objetivou-se avaliar o
desenvolvimento do gergelim, cultivar Seda, em função da aplicação de esterco bovino. O experimento
foi implantado no setor experimental do Centro de Ciências Humanas e Agrárias - Campus IV, em
Catolé do Rocha-PB. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, sendo os
tratamentos representados por cinco doses de esterco bovino (00 - 10 - 20 - 30 e 40 t ha-1), com 4
repetições, totalizando 20 parcelas, representadas pelos vasos de 60 L contendo uma planta por vaso.
Foi avaliado o crescimento dos ramos secundários, número de ramos secundários, número de
sementes por vargem e o comprimento de vargens. O número de sementes por vagem e o
comprimento da vagem aumentam proporcionalmente com o aumento das doses de esterco bovino até
40 t ha-1, porém o mesmo não ocorre para o comprimento e número de ramos secundários.
Palavras-chave - Esterco bovino, Sesamum indicum, cultivar Seda.

INTRODUÇÃO

O gergelim possui 16 gêneros e 60 espécies, mencionando-se 49 espécie do gênero


Sesamum, podendo suas cultivares serem diferenciadas por vários atributos, como altura, ciclo,
coloração do caule, das folhas e das sementes, tipo de ramificação e resistência a pragas e doenças.
O local de sua origem é incerto podendo situar-se entre a Ásia e África, principais centros de difusão
são a Etiópia (Centro Básico) e a Ásia (Afeganistão, Índia, Irã e China), segundo Beltrão et al. (2001).
Essa cultura apresenta grande adaptação às condições edafoclimáticas da região Nordeste, além de
ser uma cultura com grande demanda de mercado interno e externo, apresentando também, preços
compensadores para seu cultivo. Mundialmente, a área cultivada é de 6 milhões de hectares, com

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produção estimada em 2,4 milhões de toneladas anuais, apresentando uma produtividade média de
390 kg ha-1, sendo que a Ásia e África detêm cerca de 90% da área plantada. O Brasil participa com 13
mil toneladas em 22 mil hectares plantados, com rendimentos em torno de 591 kg ha-1 sendo o cultivo
comercial principalmente no Estado de São Paulo (FAO, 2004). Neste assunto torna-se de fundamental
importância o conhecimento e domínio de práticas de adubação para o desenvolvimento desta cultura.
A adubação orgânica com base em esterco bovino mostra-se bastante promissora, pois a incorporação
dessa matéria orgânica no solo promove mudanças nas suas características físicas, químicas e
biológicas, por melhorar sua estrutura, reduz a plasticidade e a coesão, aumenta a capacidade de
retenção de água e aeração, permitindo maior penetração e distribuição das raízes (MALAVOLTA et
al., 1975). O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento do gergelim em função de doses de
esterco bovino nas condições do semiárido paraibano.

METODOLOGIA

O trabalho foi instalado e conduzido na área experimental do Campus IV da Universidade


Estadual da Paraíba, no município de Catolé do Rocha-PB, em parceria com a Embrapa Algodão. O
município apresenta-se a 272 m de altitude, sob as coordenadas geográficas de 6°20‘38‖S e
37°44‘48‖O. A região se localiza no Sertão Paraibano, apresentando um clima, de acordo com a
classificação de Kóppen, do tipo BSWh‘, portanto, um clima quente e seco, cuja temperatura média
anual é de 27 °C. O experimento foi conduzido no período compreendido entre os meses de outubro de
2008 e janeiro de 2009. Foi utilizada a cultivar Seda, produzida pela Embrapa Algodão. Seu plantio foi
feito em vasos plásticos de 60L, tendo como medidas 57 cm de altura, 40 cm de diâmetro superior e
26,5 cm de diâmetro inferior. Em cada vaso foram plantadas quatro sementes para posterior desbaste,
ficando apenas uma planta por vaso. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso,
sendo os tratamentos representados por cinco (5) doses de esterco bovino (00 - 10 - 20 - 30 e 40 t ha-
1), com 4 repetições, totalizando 20 parcelas representadas pelos vasos. Procedeu-se a irrigação
utilizando recipientes graduados em ml para deixar o solo em capacidade de campo, com dois turnos
de rega (matutino e vespertino) diários. A caracterização química do solo presente nos baldes e do
esterco bovino utilizado, é apresentada nas Tabelas 1 e 2. O esterco foi coletado no setor pecuário do
Campus IV da Universidade Estadual da Paraíba. Na fase inicial, além da irrigação diária, foram feitas
limpezas manuais nos baldes para evitar o acúmulo das plantas invasoras. Foi avaliado o crescimento
dos ramos secundários, número de ramos secundários, número de sementes por vargem e o
comprimento de vargens. Os dados das variáveis foram submetidos à análise de variância pelo teste F
e comparadas através de análise de regressão a 5% de probabilidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com analise estatística (Tabela 3) verifica-se que as diferentes doses de esterco
bovino não promoveram diferenças no número de ramos secundários e no comprimento de ramos
secundários.

Com relação ao número de ramos secundários, foram encontrados valores superiores Lima
(2006), que obteve uma média de aproximadamente 03 ramos de gergelim cv. G3 aos 45 dias da
emergência em função das concentrações de zinco em solução. Ainda com relação à quantidade de
ramos secundários foram encontrados também resultados satisfatórios quando comparados com as
médias obtidas por Severino (2004), aos 80 dias após a emergência.

Quanto ao comprimento dos ramos secundários, também foram encontrados valores


superiores aos encontrados por Severino (2004) que obteve uma média de 38 cm por planta. Segundo
o autor, o crescimento do ramo secundário acompanha o da haste principal da planta, iniciando o
alongamento em torno de 30 dias e mantendo o ritmo até cerca de 80 dias de idade. A produção dos
ramos secundários é de grande importância e até mesmo os ramos terciários contribuem com a
produção da cultura do gergelim.

Por outro lado, o número de sementes por vargem apresentou diferença estatística entre os
tratamentos, tendo uma tendência de aumento à medida que se aumentaram as doses de esterco
bovino, pois seu maior valor foi verificado com a dose de 40 t ha-1 (Figura 1).

O comprimento da vagem apresentou diferenças quando as plantas de gergelim foram


submetidas aos tratamentos. Verificou-se comportamento linear positivo à medida que as doses foram
aumentadas, chegando ao máximo de comprimento na a dose de 40 t ha-1 de esterco bovino (Figura
2). Resultados semelhantes também foram verificados com adubação orgânica em feijão-caupi, pois o
comprimento das vagens dessa cultura aumentou linearmente com o aumento das doses de esterco de
galinha, de bovino e de caprino (SANTOS et al., 2001).

CONCLUSÃO

As características produtivas (número de sementes por vagem e o comprimento da vagem)


foram aumentadas proporcionalmente com o aumento das doses de esterco bovino até 40 t ha-1.

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TABELA 1. Características químicas do solo utilizado no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2009.
pH V Al+3 MO P

H2O Complexo Sortivo (mmolc/ dm3) % g/kg mg/dm3

(1:2,5) Ca+2 Mg+2 Na+ K+ S H+Al T

8,4 78,3 22,2 5,2 9,5 115,2 0,00 115,2 100 0,0 14,1 100,2

Laboratório de Solo e nutrição de plantas na Embrapa Algodão. Campina Grande, PB. 2007.
MO = Matéria Orgânica; S = Soma de bases trocáveis do solo, mais a acidez hidrolítica (H+ Al); T = S+ H + Al; CO =
Carbono Orgânico

TABELA 2. Caracterização químicas do esterco utilizado no experimento. Catolé do Rocha-PB, 2009.


B N P K Ca Mg S Fe Cu Mn Zn Na
mg kg-1 gkg-1 mg kg-1

23,29 8,9 1,8 1,9 4,4 2,5 13,3 4213,1 5,94 698,04 203,04 262,6

Laboratório de Análise de solo e tecido de planta. Universidade Federal da Paraíba. Areia-PB, 2009. C: Walkley-Black;
N,P,Ca e Mg: digestão com H2O2 e H2SO4; S,Fe,Cu,Mn,Zn E Na: Digestão com HNO3 e HCLO4

Tabela 3. Resumo da análise de variância e médias do número de ramos secundários (NRS) e comprimento dos ramos
secundários (CRS). Catolé do Rocha-PB, 2009.
Quadrados Médios
Fontes de Variação GL QRS CRS
Tratamento 4 2.325000NS 0.902138NS
Bloco 3 3.333333 0.213360
CV (%) 19.181 19.054
Doses de Esterco Médias Observadas
0 t ha-1 8.7500 0.9183
10 t ha-1 8.0000 0.9083
20 t ha-1 7.2500 0.8546
30 t ha-1 7.0000 0.8308
40 t ha-1 7.0000 0.8100
ns : não significativo pelo teste F a 5% de probabilidade.

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60
sementes/vargem 55
y = 2,66x + 43,075
Número de

R² = 0,6957
50
45
40
0 10 20 30 40
Dosagens de esterco bovino t.ha-1
Figura 1. Número de sementes por vagem de gergelim em função das doses de esterco bovino. Catolé do Rocha-PB, 2009.

3,2
y = 0,1318x + 2,3568
Comprimento de

3
vargem cm

R² = 0,8959
2,8
2,6
2,4
1 2 3 4 5
Dosagens de esterco bovino t.ha-1

Figura 2. Comprimento de vagens de gergelim em função das doses de esterco bovino. Catolé do Rocha-PB, 2009.

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PRODUÇÃO DE MAMONEIRA CV BRS 149 NORDESTINA ADUBADA COM NITROGÊNIO,


FOSFÓRO E POTÁSSIO

Evandro Franklin de Mesquita1,2, Lúcia Helena Garofálo Chaves3, Hugo Orlando carvallo Guerra3,
Diva Lima de Araújo4, Clébia Pereira de França4, Rogério Dantas Lacerda4
1Professor do Departamento de Agrárias e Exatas, Campus IV, Universidade Estadual da Paraíba. 2Doutorando em

Engenharia Agrícola, 2Universidade Federal de Campina Grande. Av. Aprígio Veloso, 882, Campina Grande, PB, CEP
58429-140 .E-mail: elmesquita4@uepb.edu.br ; 3Professores Titulares do Departamento de Engenharia Agrícola, Centro de
Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande. Av. Aprígio Veloso, 882, Campina Grande, PB,
CEP 58429-140. E-mail: lhgarofalo@hotmail.com; Hugo_carvallo@hotmail.com ; 4Doutorando do Programa de Pós-
graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande. Av. Aprígio Veloso, 882, Campina Grande,
PB.

RESUMO – Embora a grande importância atual das culturas produtoras de biodiesel, o Brasil
apresentou um grande decréscimo na sua área colhida com mamona desde o ano de 2004, quando foi
de 171.620 hectares, passando para o total de 149.030 hectares no ano de 2009. Isto , em grande
parte devido a falta de informação com respeito a seu manejo principalmente no que se refere a
fertilização. Assim, o objetivo foi avaliar o comportamento produtivo da mamona cultivar Nordestina em
relação à fertilização mineral. O experimento foi realizado em casa de vegetação em delineamento
experimental inteiramente casualizado constituído por uma cultivar de mamona e oito tratamentos
correspondentes ao fatorial 2x2x2 da combinação N-P-K, sendo duas doses de N (200 e 300kg/ha),
duas doses de P (150 e 250 kg/ha) e duas doses de K (150 e 250 kg/ha), totalizando 24 unidades
experimentais. O plantio foi feito no dia no 13/04/2008, utilizando-se seis sementes de mamona tendo
permanecido, após o desbaste, uma planta por vaso. Aos 197 dias após a semeadura foram avaliados:
número de frutos por planta, peso sementes por planta, número de sementes por planta, peso de 100
sementes,e peso do cacho por planta. Os tratamentos contendo a maior dose de nitrogênio (300 kg/ha)
foram os que proporcionaram a maior produção das plantas, exceto para o peso de 100 sementes
(P100S) onde a dosagem N1 (200 kg/ha) sobressai à dose N2 (300 kg/ha).
Palavras-chave – Ricinus communis L, adubação mineral, produção.

Introdução

O Brasil já ocupou lugar de destaque na produção mundial de mamona, porém, perdeu sua
competitividade, reduzindo sua participação na área mundial de 28% (em 1978-1982) para 13% em
2004, sendo assim, saiu da primeira para a terceira posição em área colhida entre os paises produtores
(SANTOS et al., 2007). Isto se explica em razão dos produtores brasileiros não utilizarem níveis
tecnológicos avançados, principalmente em termos de uso de insumos industriais, como fertilizantes,

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sementes melhoradas ou mesmo sistemas de cultivo adequados desde a semeadura à colheita (SAVY
FILHO et al., 1999). Portanto, a cultura da mamona é típica de pequena agricultura no Brasil, sendo
cultivada sob baixo a médio nível tecnológico, com pouco ou nenhum uso de adubos e corretivos
(AZEVEDO et al., 1997).

A mamoneira é exigente em nutrientes e diversas pesquisas têm demonstrado que a cultura


remove grande quantidade de nutrientes para a boa produção de grãos. Sendo assim, faz-se
necessário que sejam revolvidos os problemas de fertilidade do solo onde se pretende cultivar a
mamona para um estabelecimento mais rápido das plantas e um alcance de maior produtividade
(FERREIRA et al., 2006).

Existe várias cultivares de mamoneira disponíveis para o plantio no Brasil, variando em porte,
deiscência dos frutos, tipo dos cachos e outras características. Para a agricultura familiar no Nordeste
recomenda-se o uso de cultivares de porte médio (1,7 a 2,0m) e de frutos semi-indeiscentes, como a
BRS 149 Nordestina, lançada pela EMBRAPA em convênio com a EBDA. É de boa rusticidade, boa
capacidade de produção, média de 1.400 kg/ha de baga em condições de cultivo de sequeiro
(EMBRAPA, 2004).

Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os componentes de produção da
mamoneira BRS-149 Nordestina, que têm sido recomendada para a região Nordeste do Brasil, em
relação às combinações de NPK.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em casa de vegetação do Departamento de Engenharia Agrícola


da Universidade Federal de Campina Grande, no período de abril a outubro de 2008. Utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e três repetições, sendo os tratamentos
compostos pela combinação de duas doses de nitrogênio (N1=200 e N2=300 kg/ha), duas de fósforo P
(P1=150 e P2=250 kg/ha) e duas de potássio K (K1=150 e K2=250 kg/ha), totalizando 24 unidades
experimentais. Os adubos utilizados foram sulfato de amônia (20 % N e 24% S), uréia (45% de N),
superfosfato simples (18 % de P2O5, 18-20% Ca e 11% S) e cloreto de potássio (58 % de K 2O). De
acordo com Azevedo et al. (1997) , a mamoneira se desenvolve e produz bem em qualquer tipo de
solo, exceto naqueles de textura argilosa e drenagem deficiente. Desta forma, utilizou-se amostras da
camada arável (0-20 cm) de um solo proveniente do município de Campina Grande – PB, de baixa
fertilidade, bem drenado, possuindo textura arenosa e adequada porosidade total. A adubação

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fosfatada e 10% da adubação potássica foram feitas em fundação; o restante das doses de potássio e
a adubação nitrogenada foram parceladas em 12 vezes a cada 12 dias a partir do dia 19/05/2007. No
dia 13/04/2008, cada unidade experimental recebeu seis sementes da cultivar BRS 149 Nordestina,
tendo permanecido, após o desbaste, uma planta por unidade. Durante todo o período experimental
(197 dias) o solo foi mantido com umidade correspondente a 100% da CC. Aos 197 dias após a
semeadura (DAS), foram avaliados os seguintes componentes da produção: número de frutos por
planta (NFP), peso sementes por planta (PSP), número de sementes por planta (NSP), peso de 100
sementes (P100S) e peso dos cachos por planta (PCP). Os dados obtidos foram submetidos à análise
de variância mediante significância do teste F e comparação de médias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os resultados analisados estatisticamente pode-se notar que houve diferença
significativa no nível de 1% de probabilidade para as doses de nitrogênio sobre o número de frutos por
planta (NFP), peso sementes por planta (PSP), número de sementes por planta (NSP), peso de 100
sementes (P100S) e peso cacho por planta (PCP). Entretanto, a presença de fósforo, potássio e
combinação destes elementos não tiveram efeito significativo na produção (Tabela 1).

Os números de frutos por planta para a menor e a maior dosagem de nitrogênio (N1= 200 kg
ha-1; N2=300 kg ha-1) foram 43,42 e 57,33, respectivamente, mostrando a maior dose uma
superioridade de 32%. Estes resultados foram inferiores ao 86,6 frutos por planta obtido por Corrêa et
al. (2006) em diferentes sistemas de plantio, utilizando a fórmula 30-60-30 kg de NPK ha-1.

As plantas adubadas com a menor e maior dosagem de nitrogênio (N 1= 200 kg ha-1; N2= 300
kg ha-1) foram as que apresentaram os menores e maiores valores médios de peso de sementes por
planta, correspondentes a 100,19 e 127,42 g planta -1, respectivamente. Estes valores, mesmo
utilizando doses maiores de nitrogênio, foram inferiores aos 422,91 g planta -1 citados por Capistrano
(2007), utilizando 90 kg ha-1 de nitrogênio, em condições de campo, no município de Aquiraz – CE, com
a BRS 149 Nordestina.

O comportamento do número de sementes por planta foi semelhante ao número de frutos por
planta (NFP) e peso sementes por planta (PSP), ou seja, as plantas adubadas com a maior dosagem
de nitrogênio (N2 = 300 kg ha-1) foram as que apresentaram o maior número de sementes (170
sementes), apresentando um aumento de 31,35% em relação a menor dosagem de nitrogênio (129,42
sementes). Com a mesma cultivar, Araujo et al. (2009), utilizando o tratamento de 200-90-60 kg de

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NPK ha-1, produziram 123,86 sementes por planta, sendo esta quantidade semelhante aquela do nível
N1 do presente trabalho, no entanto, mais baixo do que a dosagem N 2.

O peso de 100 sementes apresentou comportamento diferente do número de frutos por planta
(NFP), peso sementes por planta (PSP) e número de sementes por planta (NSP) uma vez que as
plantas adubadas com a menor dosagem de nitrogênio (N1= 200 kg ha-1) apresentaram maior valor
médio de 77,92 gramas com uma superioridade de 1,86% sobre as plantas adubadas (76,49 gramas)
com a maior dosagem de nitrogênio (N2= 300 kg ha-1). Estes valores estão adequados, pois para
Beltrão & Azevedo (2007), cultivares de porte médio, como é o caso da Nordestina, apresenta 68 g/100
sementes.

As plantas adubadas com 200 e 300 kg ha -1 de nitrogênio obtiveram com os pesos de cachos
(sementes + cascas) iguais a 174,21 e 208,12 g planta-1, respectivamente.

CONCLUSÕES

As doses de nitrogênio produziram efeitos significantes em todas as variáveis de


produção estudadas ,ao contrário, das doses de fósforo e potássio que não produziram nenhum efeito.

Os tratamentos contendo a maior dose de nitrogênio (300 kg/ha) foram os que proporcionaram
os maiores índices de produção da mamona, exceto para o peso de 100 sementes (P100S).

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Campinas: CATI, 1999. p. 29-39. (Documento Técnico, 107).

Tabela 1. Valores do quadrado médio, significâncias e médias referentes ao número de frutos por planta (NFP), peso
sementes por planta (PSP), Número de sementes por planta (NSP), peso de 100 sementes (P100S), peso do cacho por
planta (PCP) e comprimento do cacho primário da mamoneira BR 189 Nordestina.

Fonte de
variação GL NFP PSP NSP P100S PCP
Bloco 2 10,50ns 698,84 ns 239,04 ns 164,12ns 597,61 ns
N 1 1162,04** 4450,19** 9882,04** 12,36** 6901,02**
P 1 18,37 ns 325,68 ns 70,04 ns 279,68ns 199,46 ns
K 1 92,04 ns 21,37 ns 442,04 ns 1,33 ns 1649,87ns
N*P 1 5,04 ns 107,65 ns 3,37 ns 8,86 ns 1359,76ns
N*K 1 135,37 ns 285,17 ns 925,04 ns 569,10ns 2630,27ns
P*K 1 187,04 ns 17,90 ns 1650,04 ns 435,96 ns 881,48 ns
N*P*K 1 18,37 ns 14,89 ns 35,04 ns 0,04 ns 915,99 ns
Resíduo 14 61,16 167,49 470,51 112,10 1128,07
CV (%) 15,53 11,37 14,49 13,71 17,57
Médias (gramas)
N1 43,42 b 100,19 b 129,42 b 77,92 a 174,21 b
N2 57,33 a 127,42 a 170,00 a 76,49 b 208,12 a
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade
ns = não significativo; ** = ao nível de 1% de probabilidade; * = ao nível de 5% de probabilidade

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PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA DO GIRASSOL


(Helianthus annus L.), SUBMETIDA A DIFERENTES DOSAGENS DE FERTILIZANTES

Nivaldo Timóteo de Arruda Filho1; Francisco Assis de Oliveira2; Andréa Fernandes Rodrigues3; Ênio
Freitas Meneses4 ; Elaine Priscila Targino Viana4; Patrícia Venâncio da Silva5
1 Discente do PPGEAg-CTRN-UFCG – nivaldinho_pb@hotmail.com ; 2 Prof. Dr. do DSER-CCA-UFPB; 3 Discente do
PPGMSA-CCA-UFPB; 4 Mestre do PPGMSA-CCA-UFPB; 5 Discente do PPGEAg-CTRN-UFCG;
6 Discente do PPGA- CCA-UFPB

RESUMO – O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do DSER/CCA/UFPB no município de


Areia - PB. Objetivou-se estudar, em Latossolo vermelho amarelo, textura franco argilo arenosa, com
acidez elevada e baixo nível de fósforo disponível, o efeito de quatro níveis de calcário: 0,0; 2,5; 3,5 e
4,5 t ha-1 e cinco de fósforo: 0,0; 80; 160; 240 e 320 kg ha -1 P2O5, sobre algumas características
produtivas da cultura do girassol (Helianthus annus L.), cultivar IAC-Uruguai. Usou-se o delineamento
experimental de blocos ao acaso em esquema fatorial: 4 x 5, com três repetições. Para análise foram
computados os dados referentes à matéria seca (MS) e evapotranspiração da cultura (ETc). Dos
resultados verificou-se efeito quadrático para as variáveis MS e ETc. A taxa de consumo de água pela
cultura foi de 5,86mm por dia.
Palavras-chave – Helianthus annus L.; Correção da acidez; evapotranspiração; fitomassa seca.

INTRODUÇÃO

O girassol é considerado como excelente recicladora de nutrientes e promotora de colonização


micorrízica, proporcionando ganhos expressivos de produtividade nas culturas que lhe seguem: soja
15% e milho 30%. Porém, Malavolta et al. (1997) informaram que de certa forma, essa cultura pode ser
considerada exigente em macro e micronutrientes, necessitando da correção de solos com acidez
elevada. A correção do solo por meio da calagem promove o aumento na disponibilidade do fósforo e
de outros nutrientes, como os cátions básicos e da atividade microbiana, entre outros benefícios. Em
solo de cerrado, a aplicação de 200 kg ha-1 de P2O5 na presença da calagem, superou o rendimento da
soja em 130% em comparação a aplicação do fósforo na ausência da calagem (Sousa e Lobato, 2002).

Vieira (2000) recomenda para a cultura do girassol, que a calagem e a adubação (N-P2O5-
K2O), sejam feitas com base na análise do solo. Acrescenta ainda, que a adubação fosfatada

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apresenta resposta variável de cultura para cultura ou mesmo entre cultivares da mesma espécie,
sendo uma mais eficiente que a outra na absorção do nutriente presente no solo.

Neste trabalho, objetivou-se estudar em um Latossolo Vermelho do Brejo Paraibano, com


acidez elevada e, baixo nível de fósforo disponível, o efeito da aplicação de calcário e de fósforo sobre
algumas características dos componentes de produção da cultura do girassol (Helianthus annus L.)
cultivar IAC-Uruguai.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no período de maio a dezembro de 2006, em um abrigo protegido


com tela e coberto com plástico transparente, pertencente ao Departamento de Solos e Engenharia
Rural (DSER) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB),
município de Areia, PB, no Brejo paraibano, com: latitude de 6 o 342`Sul e longitude de 35o 41` Oeste
de Greenwich e altitude de 575m.

Com base na necessidade de calagem do solo, estimada pelos métodos do alumínio trocável
mais cálcio e magnésio (Novais, et al. 2007), no teor do fósforo disponível revelado na análise do solo
e nas exigências da cultura, os tratamentos foram definidos por quatro níveis de calcário (0,0; 32,0;
45,0 e 58,0 g vaso-1) correspondendo a ( 0,0; 2,5; 3,5 e 4,5 t ha -1 de CaCO3) e cinco doses de fósforo
(0,0; 1,7; 3,3; 5,0 e 6,7 g vaso-1 de P2O5) correspondendo a (0,0; 80, 160, 240 e 320 kg ha -1 de P2O5.
Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com tratamentos distribuídos em arranjo
fatorial 4 x 5 ( quatro doses de calcário x cinco níveis de fósforo), com três repetições.

Realizou-se uma adubação de manutenção com 5,0 g vaso -1 de N (100kg ha-1 de N) e 3,0 g
vaso-1 de potássio (90 kg ha-1 de K2O) de acordo com a análise do solo e as exigências da cultura.

O solo permaneceu incubado à sombra com os tratamentos de calcário por um período de 90


dias, com irrigação semanal e revolvimento. Antes da semeadura, amostras do solo foram retiradas
para determinação do pH. Fez-se a aplicação dos tratamentos de fósforo e, a adubação básica com
nitrogênio e potássio. Em 30 de agosto de 2006 após submeter o substrato à capacidade de campo,
realizou-se a semeadura e aos 20 dias após a emergência procedeu-se o desbaste, deixando-se três
plantas por vaso. Aos 33, 53 e 81 dias do ciclo da cultura, isto é, dias após a emergência, foram
coletadas a 1ª, 2ª e 3ª planta para coleta de dados.

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O controle das irrigações iniciou-se logo após a emergência das plântulas. A cada dois dias, foi
feita a irrigação, procurando manter a umidade do solo próximo da capacidade de campo (Cc), e a
cada oito dias efetuou-se a drenagem para se estimar a evapotranspiração da cultura (ETc) no período,
estimada pela diferença entre a água aplicada e a drenada. Foram avaliadas as variáveis: produção de
matéria seca e ETc.

Resultados e discussão

Após o período de incubação do solo com calcário, antes do semeio das sementes de girassol,
fez-se à determinação do pH do solo, cujos resultados revelaram valores da ordem de 5,7; 5,8 e 6,1,
respectivamente, para os tratamentos com calcário (2,5; 3,5 e 4,5 t ha-1 de CaCO3). Considerando a
reação inicial do solo (pH = 4,20), observou-se que houve um acréscimo do pH, com as doses de
calcário aplicadas, na ordem de 35,7%, 38,1% e 45,2%, respectivamente.

Os resultados da produção de matéria seca do girassol submetidos a análise de regressão


polinomial revelou que os dados se ajustaram de forma significativa (p ≤ 0,01) a uma função do
segundo grau para os tratamentos com fósforo e com calcário. De acordo com os modelos obtidos, o
maior valor de matéria seca (30,7 g) seria atingido teoricamente, com a aplicação de 237 kg ha -1 de
P2O5 (Figura 1A). Enquanto que para a aplicação do calcário o maior valor de matéria seca (30 g) seria
atingida, teoricamente, com a aplicação de 3,8 t ha-1 de CaCO3 (Figura 1B).

Para a aplicação dos tratamentos com fósforo houve efeito da componente linear em 70% e
para o calcário em 87%. Resende et al. (2003) obtiveram produção de matéria seca do girassol da
ordem de 213g planta-1 para uma população de 4.000 plantas ha-1, portanto, superior ao encontrado no
presente trabalho.

Através da análise de regressão polinomial foi verificado efeito significativo (p ≤ 0,01) do


fósforo e do calcário sobre os resultados da evapotranspiração da cultura (ETc), para a componente
quadrática, onde de acordo com os modelos obtidos, 245 kg ha -1 de P2O5, teoricamente, proporcionaria
o máximo consumo de água (375 mm) pelas plantas (Figura 1C), enquanto que para o calcário, o
máximo da ETc (341 mm) seria atingido com a aplicação de 3,8 t ha-1 de CaCO3 (Figura 1D). Para os
tratamentos de fósforo houve a participação da componente linear em 56% e para o calcário em 87%.
De acordo com os coeficientes de determinação obtidos, os resultados são explicados em 88% pela
presença dos tratamentos com fósforo e em 99% pelos tratamentos com calcário. O consumo total
médio de água pelas plantas foi de 311,5 mm para um período de 76 dias do ciclo da cultura, cujo valor

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está muito aquém das considerações de Doorenbos e Kassam (1994), quando afirmam que as
necessidades hídricas do girassol variam de 600 a 1.000 mm, dependendo do clima e da duração do
período total de crescimento. Para os mesmos autores, nas zonas subtropicais sob irrigação, o período
total de crescimento é de aproximadamente 130 dias. Certamente as condições em que o trabalho foi
conduzido onde o ciclo da cultura ficou limitado a 76 dias, explique o reduzido consumo de água pelas
plantas.

CONCLUSÃO

A aplicação do calcário reduziu sensivelmente a acidez do solo. Houve resposta para a


componente quadrática da aplicação de fósforo e de calcário sobre os resultados das variáveis MS e
ETc. Houve resposta para a componente linear sobre os resultados da MS e ETc. A taxa de ETc da
cultura foi de 5,86mm dia-1. A taxa de evapotranspiração das plantas cresceu com o ciclo da cultura na
ordem de 0,7 a 8,2 mm dia-1.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Efeito da água no rendimento das culturas. (Tradução em


espanhol); Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande-PB. (Estudos FAO: Irrigação e
Drenagem), 306p, 1994.
EMPRESA NACIONAL DE PESQUÍSA AGROPECUÁRIA, Manual de métodos de análises do solo.
Métodos de Análises de Solo. Rio de Janeiro, 1999. 282p.
EMPRESA NACIONAL DE PESQUÍSA AGROPECUÁRIA, Serviço nacional de Levantamento e
Conservação de solo. Métodos de Análises de Solo. Rio de Janeiro, 1999. 282p.
MALAVOLTA, E., VITTI, G. C., OLIVEIRA, S. A. de. Avaliação do Estado Nutricional da Plantas:
princípios e aplicações. 2a ed. Piracicaba: POTAFOS, 1997. 250p.
NOVAIS, R.F.; ALVAREZ, V. H.; BARROS, N. F.; FONTES, R. L. F.; CANTARUTTI, R. B.; NEVES, J.
C. L. Sociedade brasileira de ciência do solo. Fertilidade do solo. Viçosa: UFV; 2 ed. 2007. 1017p.
REZENDE, A. V.; EVANGELISTA, A. R.; SIQUEIRA, G. R.; SANTOS, E. C. J.; BERNARDES, T. F.
Avaliação do potencial do girassol (Helianthus annuus L.) como planta forrageira para ensilagem na
safrinha, em diferentes épocas de colheitas. Tese de doutorado, Lavras-MG (UFLA). Ciência
Agrotécnica, Lavras, edição especial, p.1549-1553, 2002.
SAEG. Sistema para análises estatísticas. Versão 8.0, Viçosa: Fundação Arthur Bernardes, 2000.

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SOUSA, D. M. G. de.; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Planaltina-DF: Embrapa


cerrados, 2002. 416p.
VIEIRA, O. V. Validação e difusão de tecnologia para produção de girassol no Brasil. In: MANN-
CAMPO, C. B; SARAIVA, O. Embrapa CNPSo, Londrina, n. 165, p.27-29, 2000.
ZAFFARONI, E., SILVA, M. A. V.; AZEVEDO, P. V. Potencial agroclimático da cultura do girassol no
estado da Paraíba. II: Necessidade de água. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.29, n.10, p.1493-
1501, 1994.

35
A
35
30 B
30
25

20 25
MS - g

MS - g

15 20
y = 8,13 + 0,19x –0,0004x²
R² = 0,97** y = 9,1777 = 10,78x – 1,4x²
10
15 R² = 0,99**
5
10
0
0 80 160 240 320 5
0 2,5 3,5 4,5
P2O5 - kg/ha
Calcário - T/ha

400
400 D
C
350
350

300
ETC - mm

300
ETC - mm

y = 194,9 + 1,47x - 0,003x² 250


250
y = 193,45 + 77,14x - 10,047x²
R² = 0,88**
R² = 0,99**
200 200

150 150
0 80 160 240 320 0 2,5 3,5 4,5
P2O5 - Kg/ha Calcário - T/ha

Figura 1. Resultados médios da matéria seca (MS) e da evapotranspiração da cultura (ETc) em função dos níveis de P2O5
(A e C) e da calagem (B e D) aplicados ao solo.

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PRODUÇÃO DE SEMENTES DO GIRASSOL EM FUNÇÃO DO EFEITO RESIDUAL DA ADUBAÇÃO


DO FEIJOEIRO

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O papel da adubação e da nutrição mineral na determinação do crescimento da planta é


indispensável. Com base neste argumento o presente trabalho teve como objetivo, avaliar o efeito
residual da adubação fosfatada sobre a produção do girassol. O experimento foi conduzido em
ambiente protegido localizado no Departamento de Solos e Engenharia Rural/CCA/UFPB. Os
tratamentos constaram da avaliação de quatro efeitos residuais da adubação fosfatada na presença e
ausência da adubação com P na ocasião do plantio. O delineamento experimental foi em parcelas
subdivididas, em esquema fatorial 4x2, com quatro repetições, foi avaliado o diâmetro do capítulo e a
produção de sementes por planta. Observou-se que de acordo com o aumento dos teores de P no solo
ocorreu incremento das variáveis estudadas. A presença da adubação fosfatada no plantio em conjunto
com o efeito residual do fósforo proporcionou plantas mais produtivas.
Palavras-chave – Helianthus annuus L.; Adubação fosfatada; Efeito residual; Superfosfato triplo.

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Compositae, que se
adapta em diversas condições edafoclimáticas, sendo cultivada hoje em todos os continentes. Vale
ressaltar que na região Nordeste em especial, as condições edafoclimáticas do semi-árido brasileiro,
oferecem excelentes qualidades para a exploração do cultivo do girassol (ZAFFARONI et al., 1994).

Da mesma forma que ocorre em outros países, o girassol tem mostrado, para as condições do
Brasil, ser exigente quanto ao preparo e a fertilidade do solo, face as respostas positivas à aplicação de
fertilizantes, porém muito variáveis e, estariam condicionadas a uma disponibilidade de nutrientes no
solo além de fatores que poderiam ser limitantes como por exemplo o balanço hídrico durante o ciclo

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do cultivo, o tipo do cultivar utilizado, a densidade de plantas e o melhor momento de aplicação do


fertilizante (SOUZA, 1997).

Como as condições de fertilidade do solo da nossa região não são tão favoráveis, onde
apresentam baixos níveis de fósforo (SOUZA e LOBATO, 2003), faz-se necessário, portanto,
estabelecer os níveis da adubação fosfatada bem como o efeito do resíduo da adubação fosfatada em
culturas anteriores, haja vista as grandes quantidades de adubo utilizadas, os custos e a
disponibilidade do fertilizante fosfatado.

Neste sentido, esta pesquisa seguiu as seguintes hipóteses: a) O fósforo é essencial para o
estabelecimento e desenvolvimento da cultura; b) Os baixos níveis de fósforo no solo são fatores que
limitam o desenvolvimento das culturas em geral e em especial a do girassol; c) O uso do efeito
residual da adubação fosfatada reduzirá custos durante a instalação da cultura.

Com base neste argumento o presente trabalho teve como objetivo, avaliar em um Latossolo
Amarelo o efeito residual da adubação fosfatada empregada na cultura do feijão – vagem (Phaseolus
vulgaris L.) sobre a produção do girassol em ambiente protegido.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de ambiente protegido pertencente ao Departamento


de Solos e Engenharia Rural do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba,
município de Areia, PB, de Dezembro de 2008 a maio de 2009.

O delineamento experimental foi em parcelas subdivididas, sendo avaliado 4 níveis de efeito


residual da adubação fosfatada do feijoeiro (parcelas principais) e a presença (80 kg ha-1 de P2O5 na
forma de superfosfato triplo – 46 % de P2O5) e ausência da adubação fosfatada no plantio do girassol
(sub-parcelas), com quatro repetições.

Foi utilizado um Latossolo Amarelo de textura franco argilo-arenosa, com 35 % de argila, onde
foi cultivado feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.). Verificou-se que não fazia necessária a aplicação de
calcário (V = 79,9%). As doses de fósforo aplicadas foram 0, 30, 60 e 120 mg dm -3 de P2O5. Após o
cultivo do feijoeiro foram coletadas novas amostras para determinação da fertilidade do solo, os valores
de fósforo disponível no solo encontrados foram de 4,4 (muito baixo), 7,4 (baixo), 15,4 (médio) e 21,4
(bom) mg dm-3 equivalentes as parcelas principais. Após os resultados foi realizado a adubação de

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fundação de acordo com recomendações de Raij et al., (1997). Foram semeadas três sementes da
cultivar catissol 01 por vaso.

Os tratamentos foram aplicados na ocasião do plantio, onde parte dos vasos de cada parcela
principal recebeu adubação fosfatada na fundação e parte não. A adubação de cobertura foi realizada
de acordo com recomendações para a cultura.

As variáveis estudadas o diâmetro do capítulo foi aferido com paquímetro o diâmetro do


capítulo em duas direções em forma de cruz e posteriormente determinada a média e a produção de
sementes em gramas por planta.

Os resultados foram submetidos à análise de variância. Para o efeito residual de P foi realizado
o estudo de regressão na presença e ausência da adubação fosfatada para as variáveis estudadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As variáveis estudadas foram influenciadas pelo efeito residual, pela aplicação de fósforo e
pela interação destes fatores (Tab. 1). Observa-se que a presença da adubação fosfatada no plantio
propiciou melhor produção da cultura obtendo valores de diâmetro do caule e produção superiores
quando comparados aos tratamentos que não receberam fósforo.

Pena Neto (1981) cita que o fósforo é indispensável nas primeiras fases de desenvolvimento
da planta e, posteriormente, sobre o perfeito enchimento dos grãos, sendo cerca de 70% do fósforo
necessário absorvido até os 30 dias após a emergência, o que sugere que o fósforo deve estar
presente no solo em quantidades suficientes, e de forma solúvel para que seja assimilado.

Avaliando separadamente o efeito da adubação fosfatada percebe-se que houve aumento de


todas as variáveis conforme foi maior o teor de fósforo disponível no solo (tabela 2). Os valores
máximos para diâmetro do capítulo foram de 6,13 e 6,26 cm para a ausência e presença da adubação
fosfatada no plantio do girassol e com 21,4 mg dm-3 de P no solo. Para produção o máximo obtido foi
de 23,8 e 42,2 g/planta referentes a 21,4 e 23 mg dm -3 de P no solo na ausência e presença de P no
plantio respectivamente.

O fósforo é indispensável ao processo de fotossíntese, isto é, formação de substâncias


orgânicas, na respiração e na formação de proteínas (MALAVOLTA et al., 1997), portanto quanto
maiores os teores deste elemento no solo melhor a produção da cultura.

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CONCLUSÃO

A adubação fosfatada no plantio do girassol é indispensável para se obter resultados


produtivos satisfatórios mesmo o teor de fósforo no solo sendo considerado alto.

O efeito residual da adubação fosfatada promoveu aumento das variáveis de produção em


função do aumento dos teores de P no solo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. Piracicaba, Potafos. 319p. 1997.

PENA NETO, A. M. O girassol: Manual do produtor de girassol. Sementes contibrasil Ltda. 30p.
1981.

RAIJ, B.V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. FURLANI, A.M.C. Recomendação de adubação e


calagem para o estado de São Paulo 2 ed. Campinas, IAC. 1997.

SOUSA, D. M. G. de; LOBATO, E. Adubação fosfatada em solos da região do cerrado. Piracicaba:


POTAFOS, 2003. 16p. (Encarte Técnico).

SOUZA, F. J. Níveis de nitrogênio no solo: Efeito sobre o crescimento, desenvolvimento e


produção de duas cultivares de girassol. Areia, 1997. 51 p. Dissertação (Agronomia) – Centro de
Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba.

ZAFFARONI, E.; SILVA, M. A. V.; AZEVEDO, P. V. Potencial agroclimático da cultura do girassol no


estado da Paraíba. II: Necessidade de água. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília – DF, v. 29,
n. 10, p. 1493-1501, 1994.

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Tabela 1. Efeito dos tratamentos aplicados sobre o diâmetro do capítulo e produção de plantas de girassol
Efeito Residual P
Adubação Fosfatada (kg ha-1) Diâmetro do Capitulo (cm) Produção (g planta-1)
(mg dm-3)

0 2,61 2,7
4,4
80 5,65 17,8
0 4,33 8,8
7,4
80 5,77 19,3
0 4,64 14,3
15,4
80 5,88 23,1
0 6,27 24,7
21,4
80 6,37 24,0
Efeito Residual 6.52** 3.01*
Valor F Adubação Fosfatada 25.74** 9.15**
Interação 7.79** 3.45*
C .V.(%) 15,6 51.7
*, **: significativo a 5 e 1% respectivamente.

Tabela 2. Equação de regressão e R2 do diâmetro do capítulo e produção por planta do girassol em função dos tratamentos
aplicados
Adubação Fosfatada (Kg
Variáveis Equação de regressão R2
ha-1)

0 y = 0,181x + 2,27 0,86


Diâmetro do capitulo (cm)
80 y = 0,038x + 5,452 0,87

0 y = 1,195x – 1,788 0,97


Produção (g/planta)
80 y = 0,018X2 + 0,828x + 14,354 0,99

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PRODUÇÃO DO ALGODÃO COLORIDO EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO FOLIAR DE N E B

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – A oportunidade de conjugar duas práticas como a adubação foliar e a aplicação de


defensivos na cultura do algodão torna-se uma alternativa viável ao produtor. O objetivo do trabalho foi
avaliar o efeito de aplicações foliares de nitrato de amônio e ácido bórico a partir do florescimento
sobre a produção do algodão colorido. O experimento foi instalado em ambiente protegido pertencente
ao DSER/CCA/UFPB, o delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 13
tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constituíram-se de uma testemunha, de quatro
freqüências de aplicação e três tipos de adubação foliar. As fontes utilizadas foram o nitrato de amônio
– 35% de N (sol. 10%), e o ácido bórico – 17% de B (sol. 0,5%), aplicando-se um volume de calda
equivalente a 250 L ha-1. Analisaram-se o número de capulhos e sementes, peso de fibras e sementes
e peso de 100 sementes. Os resultados permitiram concluir que a produção do algodão não foi
influenciada pelos tratamentos aplicados. Com o aumento das freqüências das pulverizações ocorreu
redução do número de capulhos por planta.

Palavras-chave – Gossypium hirsutum L.; Adubação foliar; Interação N-B; Nutrição mineral

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a produtividade média de algodão no Brasil tem crescido, em função da
utilização de cultivares mais produtivas e com maior rendimento de beneficiamento. Entretanto, ainda a
espaço para que se obtenham, nas condições brasileiras, produtividades médias acima das que se
vem obtendo (ROSOLEM, 2001).

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Um programa correto de manejo de nutrientes aplicados ao solo seria a ferramenta para se


elevar essa produtividade, contudo alguns fatores podem limitar a eficiência dessa adubação como:
grande carga de capulhos em rápido desenvolvimento, redução da atividade radicular causada pala
compactação do solo, acidez ou nematóides, falta temporária de umidade no solo, o que limita a
difusão de nutrientes (CARVALHO et al., 2001). A adubação foliar, portanto seria a opção viável, para
corrigir e complementar a adubação via solo, visando ao aumento da eficiência de uso de nutrientes,
da produtividade e do lucro.

Tendo em vista a obrigatoriedade do uso, na cultura do algodão, de um esquema definido para


o controle de pragas, que inclui várias pulverizações durante o ciclo da cultura, tem-se a oportunidade
de conjugar as duas práticas – adubação e controle de pragas e doenças – em uma só aplicação.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de aplicações foliares de nitrato de amônio e ácido
bórico a partir do florescimento sobre a produção do algodão colorido BRS Rubi.

METODOLOGIA

O experimento foi instalado em ambiente protegido no período de Abril de 2008 a Março de


2009, localizado no Departamento de Solos e Engenharia Rural (DSER), do Centro de Ciências
Agrárias (CCA), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições e uma planta por
unidade experimental (composta por vasos plásticos de 8,0 dm 3 de capacidade). Os fatores avaliados
foram quatro freqüências de aplicação de adubo foliar a partir do florescimento (início do florescimento,
2, 4, 6 e 8 semanas após o florescimento) e três tipos de adubação foliar (Nitrogenada, Boratada e
Nitrogenada-Boratada) distribuídos em esquema fatorial 4x3 +1, mais um adicional que foi a
testemunha totalizando 13 tratamentos.

Os tratamentos foram aplicados no início do florescimento da cultura onde foi realizada as


seguintes aplicações: testemunha (sem adubação foliar); N1 = aplicação de N na primeira semana após
o florescimento fornecendo 25 kg ha-1 de N; N2 = aplicação de N na 1°, 2° e 3° semana após o
florescimento fornecendo 25 kg ha-1 de N, totalizando 75 kg ha-1 de N; N3 = aplicação de N na 1°, 2°,
3°, 4° e 5° semana após o florescimento fornecendo 125 kg ha -1 de N; N4 = aplicação de N na 1°, 2°,
3°, 4°, 5°, 6° e 7° semana após o florescimento fornecendo 175 kg ha-1 de N; B1 = aplicação de B na
1° semana após o florescimento fornecendo 1,25 kg ha -1 de B; B2 = aplicação de B na 1°, 2° e 3°

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semana após o florescimento fornecendo 3,75 kg ha -1 de B; B3 = aplicação de B na 1°, 2°, 3°, 4° e 5°


semana após o florescimento fornecendo 6,25 kg ha -1 de B; B4 = aplicação de B na 1°, 2°, 3°, 4°, 5°,
6° e 7° semana após o florescimento fornecendo 8,75 kg ha -1 de B. NB1 = aplicação de N e B na 1°
semana após o florescimento fornecendo 25 e 1,25 kg ha-1 de N e B, respectivamente; NB2 = aplicação
de N e B na 1°, 2° e 3° semana após o florescimento fornecendo 75 e 3,75 kg ha -1 de N e B,
respectivamente; NB3 = aplicação de N e B na 1°, 2°, 3°, 4° e 5° semana após o florescimento
fornecendo 125 e 6,25 kg ha-1 de N e B, respectivamente; NB4 = aplicação de N e B na 1°, 2°, 3°, 4°,
5°, 6° e 7° semana após o florescimento fornecendo 175 e 8,75 kg ha -1 de N e B, respectivamente.

As aplicações foliares foram realizadas com atomizadores individualizados por tratamento,


tendo como fonte o nitrato de amônio – 35% de N (sol. 10%), e o ácido bórico – 17% de B (sol. 0,5%),
aplicando-se um volume de calda equivalente a 250 L ha-1 no início do dia.

As variáveis estudadas foram: número de capulho: contou-se o número de capulhos formados;


produção de fibra: determinar o peso das fibras colhidas por planta; produção de sementes: contar o
numero de sementes por planta e pesar.

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância sendo o nível de significância


determinado pelo teste F. Foi realizado o estudo de regressão polinomial em função da aplicação foliar
de N, B e NxB.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 estão descritos os valores médios do número de capulhos, número de sementes,


peso de sementes, peso de fibras e peso de 100 sementes, valor de F e coeficiente de variação
(C.V.%) dessas características. Verificou-se que para o número de sementes, peso de sementes e
peso de fibras não houve diferença entre qualquer tratamento em relação à testemunha. Carvalho et
al., (2001) obteve resultados semelhantes para o número de sementes avaliando a aplicação foliar de
N e K no algodoeiro.

Para o número de capulhos, verificou-se efeito das freqüências de aplicação dos tratamentos,
semelhantemente as demais variáveis, esta não diferiu significativamente em relação à testemunha.
Conforme se aumentou as freqüências das pulverizações ocorreu redução do número de capulhos
(Gráfico 1) independentemente do adubo aplicado, contudo essa redução não foi refletida na produção
de fibras e sementes.

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Com relação à produção de fibras e sementes, Carvalho et al., (2001) observou que as
pulverizações foliares promoveram incrementos nessas características, fato não observado com a
pulverização de N e B. Souza (2008) ao avaliar a interação N-B na cultura da mamoneira observaram
que em conjunto estes aumentaram a produção e teor de óleo da cultura, e o fornecimento de boro
aumentou o número de frutos e sementes na cultura.

A adubação foliar em complemento à adubação de semeadura pode ser alternativa viável para
a cultura do algodão, desde que se forneça o nutriente na dose, concentração correta e parcelada
adequadamente, haja vista, os valores médios do fatorial serem superiores aos da testemunha.

CONCLUSÃO

Não foi verificada diferença entre a aplicação foliar de N e B no número de capulhos e


sementes, peso de sementes e fibras e a testemunha.

A produção de fibras e sementes de algodão não foi influenciada pela aplicação foliar de N e B.

O aumento da freqüência de pulverização promoveu redução dos números de capulhos do


algodão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, M. A. C.; PAULINO, H. B.; FURLANI-JÚNIOR, E.; BUZETTI, S.; SÁ, M. E.; ATHAYDE, M.
L. F. Uso da Adubação Foliar Nitrogenada e Potássica no Algodoeiro. Bragantia, Campinas, v. 60, n. 3,
p. 239 – 244, 2001.

ROSOLEM, C. A. Micronutrientes em Algodão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 5,


Salvador, BA, 2005. Anais. Salvador, 2005. CD-ROM.

SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.


Areia, 2008, 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia), Centro de Ciências Agrárias,
Universidade Federal da Paraíba.

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Tabela 1. Médias de produção do algodoeiro em função da adubação foliar com N e B


Número Peso de
Freqüência Número de Peso de Peso de
de 100
Tratamento Adubo de sementes sementes fibras
capulho sementes
aplicação (ud.) (g/planta) (g/planta)
(ud.) (g)

1 N 1 10,67 170,73 18,44 8,34 11,00

2 N 2 9,00 176,67 17,06 7,86 9,55

3 N 3 8,67 144,33 14,68 7,03 10,03

4 N 4 7,67 113,33 12,66 5,58 11,20

5 B 1 12,67 127,67 14,56 6,53 11,41

6 B 2 7,33 160,33 17,15 8,38 10,64

7 B 3 7,00 125,33 14,12 5,86 11,29

8 B 4 7,67 127,67 13,05 6,64 10,21

9 NB 1 8,00 142,67 17,60 7,33 12,41

10 NB 2 9,33 131,00 12,61 6,78 10,29

11 NB 3 7,33 113,33 12,11 5,77 11,37

12 NB 4 7,00 128,33 12,86 4,95 10,04

13 Testemunha 10,00 94,00 12,58 5,64 14,56

Tratamentos 1,63ns 0,83ns 0,66ns 1,11ns 0,85ns

Adubo 0,73ns 0,75ns 0,46ns 0,89ns 0,56ns

Aplicação 3,32* 1,03ns 1,26ns 2,29ns 1,76ns


Valor de F
Adubo x
3,25* 0,37ns 0,38ns 0,49ns 0,72ns
Aplicação

Test x Fatorial 1,15ns 2,73ns 1,57ns 1,06ns 6,63*

C.V (%) 26,40 33,12 33,70 26,96 22,05


ns: não significativo; * significativo a 5%.

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13,00

NC = -0,9333(número de aplic. de N) + 11,333


12,00 R² = 0,9333

NC = 1,5(nº de aplic. de B)2 - 9,0333(nº aplic. de B) + 20


11,00 R² = 0,9629

NC = -0,5233(nº aplic. NB)2 + 2,1293(nº aplic. NB) + 6,7


10,00
R² = 0,8243

9,00

8,00

Nitrogênio

7,00
Boro

Interação
6,00
0 1 2 3 4

Gráfico 1. Efeito das aplicações foliares sobre o número de capulhos do algodão colorido.

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PRODUTIVIDADE E TEOR DE ÓLEO DA MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO DE N E B

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – A baixa produtividade e teor de óleo são considerados como os principais fatores limitantes
a produção de mamona no estado da Paraíba. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses de
nitrogênio e boro sobre características produtivas da mamoneira (Ricinus communis L.). O experimento
foi conduzido em condições de campo, na fazenda experimental Chã de Jardim/CCA/UFPB, de Maio a
Novembro de 2008. Foram utilizadas sementes de Mamoneira cv. BRS – Energia. As doses de boro,
na forma de acido bórico, constaram de 0,0 0,75; 1,25; 2,25 kg ha-1. As doses de N na forma de uréia
adicionadas por tratamento foram 0, 50, 100, 150 kg ha -1, parceladas em três vezes, 30% no plantio,
40% aos 30 e o restante aos 60 dias após a emergência. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, em esquema fatorial 4x4, com quatro repetições. Foram avaliadas características
produtivas da mamoneira na primeira e segunda safra. O boro é indispensável para se obter resultados
produtivos satisfatórios, e junto com o nitrogênio aumentou o número de frutos, comprimento do cacho,
produtividade e teor de óleo na primeira colheita, sendo na segunda colheita observado efeito negativo
do efeito residual de boro sobre os componentes produtivos da cultura.
Palavras-chave – Ricinus communis L.; Interação N-B; Adubação; Nutrição Mineral

INTRODUÇÃO

A mamoneira é uma oleaginosa de alto valor industrial, por possuir óleo vegetal de excelente
qualidade, com características semelhantes à de óleo minerais, e através dessas características que
essa cultura é utilizada na elaboração do biodiesel. Desta forma essa oleaginosa se constitui num
considerável potencial para a economia brasileira tanto como cultura alternativa de reconhecida
resistência à seca, como fator fixador de emprego, renda e matéria-prima para a indústria nacional
(BELTRÃO et al., 2003).

No Brasil são poucos os estudos envolvendo nutrição mineral da mamoneira. No caso


dos macronutrientes trabalhos já foram desenvolvidos no intuito de caracterizar deficiências e teores

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adequados na planta (LAVRES JÚNIOR et al., 2005). Quanto aos micronutrientes alguns trabalhos
também já foram conduzidos (PACHECO et al., 2006; SILVA, 2007). Entretanto, poucos foram
direcionados à avaliação do estado nutricional da cultura fornecendo indicações das suas exigências
em nitrogênio e boro e sua interação.

Apesar de se adaptar muito bem as condições climáticas da região Nordeste do Brasil, ainda é
obtido baixas produtividades em condições de campo, além disso, as sementes colhidas apresentam
baixo teor de óleo.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses de nitrogênio e boro sobre características
produtivas da cultura da mamoneira em condições de campo na primeira e segunda safra.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de campo, na fazenda experimental Chã de


Jardim/CCA/UFPB, no município de Areia – PB, microrregião do Brejo Paraibano. O solo utilizado
corresponde a um Latossolo Amarelo de textura franco argilo arenosa, coletado a uma profundidade de
20 cm, provenientes do horizonte A, cujos resultados da análise química e física estão apresentados
nas tabelas 1 e 2.

Após resultados da análise do solo, foi realizado o cálculo de necessidade de calcário,


seguindo recomendações de Raij et al., 1997. Aproximadamente 60 dias após a calagem foi realizada
a semeadura utilizando espaçamento de 0,70x0, 40m, com sementes da cultivar BRS – Energia, onde
também foi fornecido todos os macronutrientes exceto o N e todos os micronutrientes exceto o Boro
segundo recomendação de Raij et al., (1997).

O experimento foi instalado de acordo com o delineamento inteiramente casualizado, com


quatro repetições e 16 plantas por unidade experimental. Os fatores avaliados foram quatro doses de
nitrogênio (N) e de boro (B) distribuídos em esquema fatorial 4x4, totalizando 16 tratamentos.

As quantidades de N na forma de uréia adicionada por tratamento foram: 0, 50, 100, 150 kg ha -
1, parceladas em três vezes, ou seja, 30% no plantio, 40% aos 30 e 30% aos 60 dias após a
emergência (DAE). As quantidades de boro adicionadas foram de 0,0 0,75; 1,25; 2,25 kg ha -1, na forma
de ácido bórico (H3BO3 – 17% B) aplicadas na forma de fertirrigação 7 dias após a emergência, de
acordo com as recomendações do Boletim 100 IAC (RAIJ et al., 1997). O desbaste foi realizado aos 5
dias após a emergência deixando apenas uma planta por cova.

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As variáveis estudadas foram: número de frutos, comprimento de cacho, produtividade


(determinada considerando o espaçamento utilizado e a produção por parcela), teor de óleo (através
do método da ressonância magnética). Na segunda colheita 240 DAE, após período superior a 70 dias
de déficit hídrico, com as chuvas do mês de fevereiro de 2009 as plantas rebrotaram formando novos
cachos e por ocasião foram avaliados o número de frutos, produtividade e teor de óleo das sementes
dessa nova produção (2ª safra).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e de regressão. Os efeitos do N e


do B foram avaliados mediante regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O boro exerce efeito significativo sobre todos os componentes de produção da mamoneira,


notadamente sobre o teor de óleo da semente, concordando com dados de Souza (2008).

Para o número de cachos e frutos houve efeito da interação através do teste F. O máximo
obtido foi com a combinação de 150 e 2,25 kg ha-1 de N e B respectivamente, e equivale a 4 cachos e
66 frutos planta-1 (tabela 3). Lange et al. (2005), constataram uma grande importância do boro para a
produção da mamoneira, poís na ausência deste, ocorreu baixa formação de frutos e queda dos frutos
formados.

A produtividade foi afetada pelas doses de nitrogênio. O máximo obtido em kg/ha foi
equivalente a dose de 74 kg ha-1 N e foi igual a 1970,99 kg h1-1. Pacheco et al. (2006) avaliando a
cultivar BRS – Nordestina, obtiveram produtividade de 2950 kg ha-1 estudando doses de N, P2O5 e
K2O, observaram que a variável citada foi influenciada pelas doses de P 2O5 e K2O, não havendo
resposta ao N, o que indica que a disponibilidade de N no solo foi satisfatória para atender às
exigencias da planta para todas as situações de cultivo, até mesmo sem uso desse adubo.

Apesar do solo utilizado no experimento possuir alto teor de M.O. (tabela 1), as doses
de N influenciaram significativamente, indicando que a ausência da adubação nitrogenada seria
limitante para a produção.

O teor de óleo da momona foi influenciado significativamente pelas doses de B, observa-se que
o máximo obtido foi com a dose de 1,25 kg ha -1 B, e equivale a 53% de óleo na semente. Na segunda
safra observa-se mesmo comportamento sendo a dose citada responsável por produzir sementes com
52% de óleo.

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Com relação aos número de frutos e produtividade na segunda safra, quanto maior a dose de
boro, consequentemente maior efeito residual menos os valores obtidos. Silva, (2007), não encontrou
diferença significativa do teor de óleo estudando isoladamente o boro. Pacheco et al., (2006) citam que
dentre os macronutrientes o fósforo é o que mais influencia no teor de óleo de sementes de mamona
da cv. BRS – Nordestina, não observando efeito significativo do nitrogênio sobre este. Porem quando
em conjunto o N e B aumentaram a porcentagem de óleo na semente, o boro altera as condições das
menbranas capazes de modificar a composição do óleo de rícino, haja vista que o mesmo está
relacionado com a biossíntese de ácidos ricinoléico (BLEVINS e LUKASZEWSKY, 1998), o nitrogênio
por sua vez deve ter auxiliado o boro nesta alteração.

CONCLUSÃO

O boro é indispensável para se obter resultados produtivos satisfatórios, pois em conjunto com
o nitrogênio aumentou o número de cachos e frutos por planta, à produção e teor de óleo na primeira
colheita, sendo na segunda colheita observado efeito negativo do efeito residual de boro sobre a
produção e teor de óleo.

Quando isolados o nitrogênio e boro não apresentaram efeitos significativos sobre os


componentes de produção, apresentando resultados satisfatórios quando em interação. A combinação
que promoveu uma maior produção foi a de 100 e 0,75 kg ha -1 de N e B respectivamente, e foi
equivalente a uma produtividade de 2330 kg ha-1.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. M.; ARAÚJO, A. E.; AMARAL, J. A B.; SEVERINO, L. S.; G. D.; PEREIRA, J. R.
Zoneamento e época de plantio da mamoneira para o Nordeste brasileiro: Municípios com
aptidão sem restrições. Campina Grande, Paraíba: Embrapa Algodão, 2003, sp.

BLEVINS, D. G.; LUKASZEWSKI, K. M. Boron plant structure and function. Annual review of plant
physiology and plant molecular biology. Palo Alto, v. 49, p. 481-500. 1998.

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LANGE, A.; MARTINES, A. M.; SILVA, M.A.C.; SORREANO, M.C.M.; CABRAL, C.P.; MALAVOLTA, E.
Efeito de deficiência de micronutrientes no estado nutricional da mamoneira cultivar Íris. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v. 40, p. 61 – 67. 2005.

PACHECO, D. D.; GONÇALVES, N. P.; SATURNINO, H. M.; SANTOS, D. A.; LOPES, H. F.;
ANTUNES, P. D.; MENDES, L. D.; ALMEIDA JÚNIOR, A. B. Produção de mamoneira adubada com
NPK em solo de chapada da bacia do rio Jequitinhonha. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
MAMONA, 2. CD-ROM. 2006

RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e
calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 1997.
285p.

SILVA, D. H. Boro em mamoneira: Aspectos morfológicos e fisiológicos relacionados à


deficiência e toxicidade. Piracicaba. 2007, 103 f. Dissertação (mestrado em ciências). Centro
de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade São Paulo.

SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da


mamoneira. 2008. 36f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia). DSER,
UFPB, Areia, 2008.

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Tabela 1. Características químicas do solo coletado, na profundidade de 0 a 20 cm


pH P K Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ + Al3+ C M.O.
1:2,5 (H2O) --------mg dm-3------- -------------------------cmolcdm-3----------------------- ---------g kg-1----------
4,58 4,2 51,0 2,7 1,1 0,7 13,2 31,1 53,6
S – SO4- B Cu Fe Zn Mn
-----------------------------------------------------------------mg dm-3-----------------------------------------------------------------
0,2 0,06 0,0 41,1 0,1 0,7

Tabela 2. Características físicas do solo coletado, na profundidade de 0 a 20 cm.


Areia Argila Grau de Densidade Densidade de Porosidade
Silte Argila
Grossa Fina dispersa floculação do solo partícula total
-----------------------g kg-1------------------------ -kg dm-3- ------------g cm-3------------- ---m3 m-3---
144 481 43 332 28 916 1,03 2,60 0,60

Tabela 3. Equação de regressão e R2 das varíaveis avaliadas em função dos tratamentos.


Variável Equação de regressão R2
Número de cachos (ud/planta) Y = 3,69 + 0,01N + 0,66B – 0,01NB 0,71**
Número de frutos (ud/planta) Y = 81,83 + 0,13N + 9,58B - 0,17NB 0,92**
Produtividade (kg ha-1) Y = 1486,29 + 13,21N - 0,09N2 0,71**
Teor de óleo (%) Y = 50,03 + 4,33B – 1,71B2 0,92**
Número de frutos 2ª safra
Y = 268,43 – 61,83B 0,93**
(ud/parcela)
Produtividade 2ª safra (kg ha-1) Y = 313,52 – 55,19B 0,93**
Teor de óleo 2ª safra (%) Y = 49,03 + 4,33B – 1,71B2 0,96**
*, **, ns: significativo a 5%, 1% e não significativo respectivamente.

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PROPORÇÕES DE AMÔNIO E NITRATO E SEUS EFEITOS NO CRESCIMENTO INICIAL DO


GIRASSOL EM SOLUÇÃO NUTRITIVA

Petterson Costa Conceição Silva1; Joctã Lima do Couto1; Anacleto Ranulfo dos Santos1.
1 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB, pitt2mil@gmail.com, jocta@hotmail.com, anacleto@ufrb.edu.br

RESUMO – Este estudo teve como objetivo avaliar a dinâmica de N sob o efeito da influência de
diferentes proporções de NH4+ e NO3- no crescimento inicial da cultura do girassol. O experimento foi
conduzido em casa de vegetação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, sob sistema de
cultivo hidropônico. Os tratamentos foram distribuídos nas seguintes proporções: 100% de NH 4+ ; 75%
de NH4+ e 25% e NO3- ; 50% de NH4+ e 50% de NO3- ; 25% de NH4+ e 75% de NO3- ; 100% NO3-,
seguindo a solução sugerida por Hoagland & Arnon com uma concentração única (210 mg.L -1 de N). No
final do experimento foram avaliados o crescimento e massa seca das plantas. Verificou-se que a
aplicação de amônio proporciona menores produções de masa seca na planta de girassol. A forma
nítrica promoveu maiores produções de massa seca da planta.
Palavras-chave – Interação iônica, Crescimento, Dinâmica de absorção, Helianthus annuus.

INTRODUÇÃO

O nitrogênio (N) é considerado um dos mais importantes fatores, após a deficiência de água,
que limita a produção de biomassa em ecossistemas naturais. Alguns trabalhos utilizando a cultura do
girassol, desenvolvidos no Cerrado Brasileiro sob adubação nitrogenada mostram que os tratamentos
sem N provocaram uma redução de até 60 % na produtividade, trabalhos com desordens nutricionais
mostram também que a omissão de N reduz significativamente o desenvolvimento das plantas,
afetando o número de folhas, a altura, o diâmetro do caule e a área foliar das plantas, comprovando a
importância do nutriente como limitante no crescimento e na produção do girassol.

A exigência nutricional do girassol é superior à de outras culturas como trigo, sorgo e


milho, requerendo quantidade maior de nitrogênio e outros macronutrientes (VIGIL, 2000).

Os íons NH4+ e NO3- são as formas predominantes de N mineral disponível às plantas. Nos
solos a concentração de NH4+ é baixa, devido sua rápida oxidação para NO3- (SCHLOERRING et al.,
2002). Na planta, as formas, amoniacal (NH4+) e nítrica (NO3-) possuem diferentes efeitos no

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crescimento, na qualidade vegetal, na produção de biomassa e na reprodução (LANE & BASSIRIRAD,


2002). Algumas espécies de plantas têm preferência pela absorção de N na forma amoniacal
(MALAGOLI et al., 2000).

Em algumas culturas, existe efeito negativo do íon NH4+ sobre o crescimento, isso atribui-se à
necessidade de utilização dos carboidratos produzidos, prioritariamente, para a rápida assimilação do
amônio absorvido, com vistas a evitar-se sua acumulação e conseqüentes problemas de toxicidade
relacionados a alterações no pH celular e desbalanços iônico e hormonal, entre outros (BRITTO &
KRONZUCKER, 2002).

Este estudo teve como objetivo avaliar a dinâmica de N sob o efeito da influência de diferentes
proporções de NH4+ e NO3- no crescimento da cultura do girassol.

METODOLOGIA

O Experimento foi realizado em casa de vegetação na Universidade Federal do Recôncavo da


Bahia durante o período de outubro a dezembro.

A espécie utilizada foi o girassol (Helianthus annuus L.), hibrido Hélio 360. As plantas foram
semeadas em bandejas de plástico, utilizando areia lavada (com água de torneira e posteriormente
com água destilada para a retirada da matéria orgânica, argilas e minerais) como substrato de
semeadura. As mudas foram transplantadas quando atingiram 7 cm de altura na parte aérea para
vasos de isopor contendo 3,0 L de solução nutritiva com aeração constante. Diariamente, em cada
vaso, foi realizada a reposição da água evapotranspirada com água destilada.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 3 repetições, cada


parcela experimental foi constituída de 2 plantas. Os tratamentos seguiram a concentração de N
sugerida pela solução de Hoagland & Arnon (1938), concentração única de (210 mg.L -1 de N) e foram
fornecidas em 5 proporções de N (NH4+ : NO3-): 100:0 ; 75:25 ; 50:50 ; 25;75 ; 0:100.

A solução nutritiva foi composta por macronutrientes e micronutrientes na concentração


conforme sugerido por Hoagland & Arnon (1938), com pH = 5,6 (±1), ajustado com HCl 0,01 ou NaOH
0,01.

O crescimento foi analisado a partir das seguintes variáveis: comprimento da parte aérea,
raízes e volume de raiz.

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No final do experimento as plantas foram coletadas e particionadas em folha, haste e raiz,


colocadas separadamente para secar a 65º C em estufa de circulação de ar forçada até obterem
massa constante para que seja calculado o rendimento de massa seca nos diferentes componentes da
planta.

Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância com significância (P< 0,05) e foi
realizado o teste de médias (Tukey 5%) para fatores qualitativos, empregando o programa estatístico
SISVAR® 5.3 (Universidade Federal de Lavras).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O comprimento da parte aérea da planta não apresentou variação significativa para os


tratamentos aplicados (P>0,05), porém os tratamentos apresentaram efeito significativo (P<0,01) para
as demais variáveis: comprimento de raiz e volume de raiz (Tabela 1). Para essas variáveis a
proporção somente com a aplicação amonio (100:0) proporcionou um crescimento reduzido em relação
a proporção com aplicação somente com nitrato, indicando possivelmente preferência de absorção
pela forma de nitrato, assim como foi visto por Vale (1998) em experimento com feijão.

Também pode-se associar o menor crescimento das plantas cultivadas exclusivamente com
amônio com fatores ligados à menor atividade fotossintética dessas plantas, em virtude da ação
negativa desse íon (NH4+) sobre a condutância estomática na planta em experimento com mandioca
Cruz (2007). A condutância estomática pode ter afetedo diretamente a abertura e fechamento
estomático para as plantas cultivadas apenas com amônio interferindo na transpiração e fotossíntese e
assim comprometendo o crescimento da planta.

A produção de massa seca da planta foi significativa (P<0,01) aos tratamentos aplicados
(Tabela 2). O tratamento com a proporção 100:0 (NH4+: NO3-) foi o que apresentou menor incremento
na massa seca nas folhas, haste e raiz das plantas. O aumento do amonio demonstra efeitos
negativos, seguindo a mesma tendência observada nas variáveis de comprimento e volume de raiz.
Este resultado se difere do daquele obtido por Silveira (1981), em trabalhos com Panicum maximum
Jacq, no qual se verifica aumento de massa seca com aumento da proporção de amônio, ao se utilizar
condições diferentes do presente estudo.

Andrade (1994), em trabalhos com capim colonião cultivar Vencedor verificou reduções na
produção de raízes com a utilização de amônio como única fonte de N.

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CONCLUSÕES

As variáveis de desenvolvimento foram eficientes em caractezirar as variações no suprimento


do íons NH4+: NO3- e seus efeito na absorção de N na cultura do girassol.

A aplicação de N somente na forma do íon NH4+ proporciona menores produções de masa


seca da planta.

A forma nítrica promoveu maiores produções de massa seca da planta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, S.R.M. Efeito da proporção de NH4+/NO3- na, composição da fração nitrogenada, na


atividade de enzimas de redução e assimilação de nitrogênio em plantas de capim colonião (Panicum
maximum Jacq.). 1994. 49p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

BRITTO, D.T.; KRONZUCKER, H.J. NH4 + toxicity in higher plants: a critical review. Journal of Plant
Physiology, 159:567– 584, 2002.

CRUZ, J.L.; PELACANI, C.R.; ARAÚJO, W. L. Influência do íon amônio e nitrato sobre a atividade
fotossintética da mandioca. Cruz das Almas: EMBRAPA, 2007.

Disponível em: <www.akron.ars.usda.gov> Acesso em: 23 set. 2009.

HOAGLAND, D.R.; ARNON, D.I. The water-culture method for growing plants without soil. California
Agricultural Experimental Station. Circ. n.347, 1938.

LANE, D. R.; BASSIRIRAD, H. Differential responses of tallgrass prairie species to nitrogen loading and
varying ratios of NO3 - to NH4 +. Functional Plant Biology, Victoria, v.29, p.1227- 1235, 2002.

MALAGOLI, M.; DAL CANAL, A. et al. Differences in nitrate and ammonium uptake between Scots pine
and European larch. Plant and Soil. Dordrecht, v.221, n.1, p.1-3, 2000.

SCHLOERRING, J. K.; HUSTED, S. et al. The Regulation of ammonium translocation in plants. Journal
of Experimental Botany, Oxford, V.53, n 370, p.883-890, 2002.

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SILVEIRA J.S.M. Crescimento, composição da fração nitrogenada solúvel e transporte de nitrogênio


em plantas de capim colonião (Panicum maximum Jacq.) em função de varias proporções de nitrato e
amônio. 1981. 36p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

VALE, F.R.; GUAZELLI, E.M.F.; FURTINI NETO, A.E.; FERNANDES, L.A. Cultivo do feijoeiro em
solução nutritiva sob proporções variáveis de amônio e nitrato. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
Campinas, v.22, p.35-42, 1998.

VIGIL, M. F. Fertilization in Dryland Cropping Systems: a brief overview. Central Great Plains Research
Station - USDA-ARS, 2000.

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Tabela 1: Médias de valores de comprimento de raiz e volume de raiz do girassol em função dos tratamentos com as
diferentes proporções de NH4+: NO3-.
Proporção de Comprimento de raiz (cm) Volume de raiz (ml)

NH4+: NO3-

100:0 16,91 a 4,78 a


75:25 19,08 ab 5,78 ab
50:50 19,41 ab 7,74 ab
25:75 20,61 ab 6,88 ab
100:0 21,75 b 7,83 b

CV(%) 20,89 45,45


*Médias seguidas da mesma letra não se diferem entre si pelo teste de TUKEY a 5% de significância.
*DMS para valores médios de comprimento de raiz e volume de raiz, respectivamente: 3,80 e 2,77.

Tabela 2: Médias de valores de massa seca de folha, haste e raiz do girassol em função dos tratamentos com as diferentes
proporções de NH4+: NO3-.
Proporção de Massa seca da folha Massa seca da haste Massa seca de raiz
(g.planta-1) (g.planta-1)
NH4+: NO3- (g.planta-1)

100:0 0,19 a 0,12 a 0,10 a


75:25 0,35 ab 0,24 ab 0,19 ab
50:50 0,39 bc 0,28 bc 0,24 ab
25:75 0,57 cd 0,37 bc 0,32 bc
100:0 0,67 d 0,41 c 0,41 c

CV(%) 26,50 26,94 33,68


*Médias seguidas da mesma letra não se diferem entre si pelo teste de TUKEY a 5% de significância.
*DMS para valores médios de massa seca de folha; haste e raiz, respectivamente: 0,19; e 0,13 e 0,14.

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QUALIDADE DA FIBRA DO ALGODÃO COLORIDO EM FUNÇÃO DA


APLICAÇÃO FOLIAR DE N E B

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araujo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O algodoeiro é uma planta que evoluiu sobre solos ricos em nutrientes, tendo necessidade
de solos férteis para produzir adequadamente e, assim, extrai grandes quantidades de nutrientes do
solo durante o seu ciclo. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de aplicações foliares de nitrato de
amônio e ácido bórico a partir do florescimento sobre a qualidade de fibra do algodão colorido. O
experimento foi instalado em ambiente protegido pertencente ao DSER/CCA/UFPB, o delineamento
experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 13 tratamentos e quatro repetições. Os
tratamentos constituíram-se de uma testemunha, de quatro freqüências de aplicação e três tipos de
adubação foliar. As fontes utilizadas foram o nitrato de amônio – 35% de N (sol. 10%), e o ácido bórico
– 17% de B (sol. 0,5%), aplicando-se um volume de calda equivalente a 250 L ha-1. Analisaram-se o
comprimento de fibras, uniformidade de fibras, índice de fibras curtas, resistência, alongamento à
ruptura, índice micronaire, maturidade, reflectância, grau de amarelo, índice de fiabilidade. Os
resultados permitiram concluir que a adubação foliar nitrogenada, boratada, a freqüência de aplicação
e suas interações interferem na qualidade da fibra do algodão colorido. O aumento da freqüência das
adubações provocou retardamento na maturação em comparação a testemunha.
Palavras-chave – Gossypium hirsutum L.; Adubação foliar; Interação N-B; Nutrição mineral

INTRODUÇÃO

A indústria têxtil brasileira tende a consumir, anualmente, perto de 1 milhão de toneladas de


fibra de algodão, que, se não foram aqui produzidas, implicarão dispêndio de divisas em torno de um
bilhão de dólares anuais (BARBOSA, 2000).

Nos últimos anos, a produtividade média de algodão no Brasil tem crescido, em função da
utilização de cultivares mais produtivas e com maior rendimento de beneficiamento. Entretanto, ainda a
espaço para que se obtenham, nas condições brasileiras, produtividades médias acima das que se

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vem obtendo (ROSOLEM, 2001). Além de elevada produtividade, outro fator relevante é a qualidade
intrínseca da fibra, que deve atender aos avanços da industria têxtil.

O algodoeiro é uma planta que evoluiu sobre solos ricos em nutrientes, tendo necessidade de
solos férteis para produzir adequadamente e, assim, extrai grandes quantidades de nutrientes do solo
durante o seu ciclo (FUNDAÇÃO MT, 2001). Tendo em vista a obrigatoriedade do uso, na cultura, de
um esquema definido para o controle de pragas, que inclui várias pulverizações durante o ciclo, tem-se
a oportunidade de conjugar as duas práticas – adubação e controle de pragas e doenças – em uma só
aplicação.

A aplicação de N via solo, geralmente, não é recomendada após as primeiras semanas do


florescimento, pois aumenta o ciclo vegetativo, o consumo de luxo, retarda o processo de maturação e
produz fibras de baixa qualidade (CARVALHO et al., 2001). Quanto ao boro, embora seja exigido em
pequenas quantidades, este diminui drasticamente a produção de algodão quando em baixa
disponibilidade. Pode, no entanto, provocar distúrbios ao ser adicionado em doses inadequadas (SILVA
et al., 1995). A adubação foliar, portanto seria a opção viável, para corrigir e complementar a adubação
via solo, visando ao aumento da eficiência de uso de nutrientes, da produtividade e do lucro.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de aplicações foliares de nitrato de amônio e ácido
bórico a partir do florescimento sobre a qualidade da fibra do algodão colorido BRS Rubi.

METODOLOGIA

O experimento foi instalado em ambiente protegido no período de Abril de 2008 a Março de


2009, localizado no Departamento de Solos e Engenharia Rural (DSER), do Centro de Ciências
Agrárias (CCA), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições e uma planta por
unidade experimental (composta por vasos plásticos de 8,0 dm 3 de capacidade). Os fatores avaliados
foram quatro freqüências de aplicação de adubo foliar a partir do florescimento (início do florescimento,
3, 5 e 7 semanas após o florescimento) e três tipos de adubação foliar (Nitrogenada, Boratada e
Nitrogenada-Boratada) distribuídos em esquema fatorial 4x3 +1, mais um adicional que foi a
testemunha totalizando 13 tratamentos.

Os tratamentos foram aplicados no início do florescimento da cultura onde foi realizada as


seguintes aplicações: testemunha (sem adubação foliar); N1 = aplicação de N na primeira semana após

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o florescimento fornecendo 25 kg ha-1 de N; N2 = aplicação de N na 1°, 2° e 3° semana após o


florescimento fornecendo 25 kg ha-1 de N, totalizando 75 kg ha-1 de N; N3 = aplicação de N na 1°, 2°,
3°, 4° e 5° semana após o florescimento fornecendo 125 kg ha -1 de N; N4 = aplicação de N na 1°, 2°,
3°, 4°, 5°, 6° e 7° semana após o florescimento fornecendo 175 kg ha -1 de N; B1 = aplicação de B na
1° semana após o florescimento fornecendo 1,25 kg ha -1 de B; B2 = aplicação de B na 1°, 2° e 3°
semana após o florescimento fornecendo 3,75 kg ha -1 de B; B3 = aplicação de B na 1°, 2°, 3°, 4° e 5°
semana após o florescimento fornecendo 6,25 kg ha -1 de B; B4 = aplicação de B na 1°, 2°, 3°, 4°, 5°,
6° e 7° semana após o florescimento fornecendo 8,75 kg ha -1 de B. NB1 = aplicação de N e B na 1°
semana após o florescimento fornecendo 25 e 1,25 kg ha -1 de N e B, respectivamente; NB2 = aplicação
de N e B na 1°, 2° e 3° semana após o florescimento fornecendo 75 e 3,75 kg ha -1 de N e B,
respectivamente; NB3 = aplicação de N e B na 1°, 2°, 3°, 4° e 5° semana após o florescimento
fornecendo 125 e 6,25 kg ha-1 de N e B, respectivamente; NB4 = aplicação de N e B na 1°, 2°, 3°, 4°,
5°, 6° e 7° semana após o florescimento fornecendo 175 e 8,75 kg ha -1 de N e B, respectivamente.

As aplicações foliares foram realizadas com atomizadores individualizados por tratamento,


tendo como fonte o nitrato de amônio – 35% de N (sol. 10%), e o ácido bórico – 17% de B (sol. 0,5%),
aplicando-se um volume de calda equivalente a 250 L ha-1 no início do dia.

As variáveis estudadas foram: comprimento de fibras, uniformidade de fibras, índice de fibras


curtas, resistência, alongamento à ruptura, índice micronaire, maturidade, reflectância, grau de
amarelo, índice de fiabilidade.

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância sendo o nível de significância


determinado pelo teste F.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de comprimento de fibra, uniformidade de fibras, índice de fibras curtas,


resistência, alongamento à ruptura, índice micronaire, maturidade, reflectância, grau de amarelo, índice
de fiabilidade, valor de F e coeficiente de variação estão descritos na tabela 1. Através do exposto
observa-se que para todas as variáveis exceto o índice de micronaire e o grau de amarelo, houve efeito
dos tratamentos aplicados na qualidade de fibra do algodão colorido.

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Durante a condução do experimento foi observado que conforme o aumento das freqüências
de aplicação de nitrogênio ocorreu acamamento das plantas, maturidade atrasada em comparação ao
tratamento testemunha. Carvalho et al., (2001) citam que o nitrogênio é um elemento exigido em
grandes quantidades pelo algodoeiro, contudo quando aplicado em quantidades excessivas ou em
épocas inadequadas, pode ser prejudiciais a produção e melhoria da qualidade de fibra.

Com relação às aplicações de boro foi verificado que com o aumento das pulverizações,
ocorria também elevado índice de abortamento de capulhos. Souza (2008) avaliando o comportamento
da mamoneira em função do fornecimento de boro no solo observou que com o aumento das doses de
boro ocorreu aumento do número de frutos e redução do abortamento, o que sugere que a aplicação
de boro provocou distúrbios na cultura do algodão, mesmo esse elemento sendo exigido em pequenas
quantidades (SILVA et al., 1995).

Ao se avaliar os fatores de variação separadamente, percebe-se que os adubos foliares, a


freqüência de aplicação e a interação não apresentaram efeito significativo sobre o comprimento de
fibras, o índice de micronaire e grau de amarelo. A testemunha por sua vez diferiu estatisticamente dos
tratamentos aplicados na resistência de fibras, alongamento à ruptura, grau de amarelo e índice de
fiabilidade.

CONCLUSÃO

A adubação foliar nitrogenada, boratada, a freqüência de aplicação e suas interações


interferem na qualidade da fibra do algodão colorido.

O aumento da freqüência das adubações provocou retardamento na maturação em


comparação a testemunha.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, M. Z. Algodão: aspectos da cultura no Estado de São Paulo em 2000/2001. Informações


Econômicas, v.30, n.12, p. 59-63, 2000.

FUNDAÇÃO MT. Boletim de pesquisa do Algodão. Rondonópolis, 2001. 283p. (Fundação MT.
Boletim, 4).

ROSOLEM, C. A. Ecofisiologia e manejo da cultura do algodoeiro. Botucatu: POTAFOS, 2001. 9p.


(INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS, N° 95).

SILVA, N. M.; CARVALHO, L. H.; KONDO, J. I.; BATAGLIA, O. C.; ABREU, C. A. Dez anos de
sucessivas adubações com boro no algodoeiro. Bragantia, Campinas, v. 54, n. 1, p. 177-185, 1995.

SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.


Areia, 2008, 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia), Centro de Ciências Agrárias,
Universidade Federal da Paraíba.

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Tabela 1. Médias de qualidade de fibra do algodoeiro em função da adubação foliar com N e B


Trat. Apl UHM UNF SFI STR ELG MIC MAT Rd +b- CSP
Adubo
ic.
1 24,1 76,9 34,3 25,9 4,4 2,4 82,7 27,6 24,5 1946,9
N 1
2 24,9 78,7 17,7 20,8 5,3 2,9 83,7 28,5 24,5 1704,9
N 2
3 24,9 77,9 28,8 26,7 3,9 2,5 83,7 23,5 25,4 2078,4
N 3
4 25,7 77,8 15,3 19,9 6,6 2,7 81,7 23,7 24,9 1667,1
N 4
5 26,5 77,5 15,3 18,5 6,3 2,6 81,7 23,5 25,4 1592,1
B 1
6 24,7 77,7 26,9 30,9 5,7 3,5 84,7 28,5 24,5 2057,1
B 2
7 24,9 78,4 22,6 24,7 5,3 2,7 83,7 29,4 24,5 1923,9
B 3
8 B 4 25,0 78,7 16,5 21,9 5,7 2,9 83,7 26,7 24,9 1769,2

9 NB 1 25,7 82,5 6,7 27,4 5,5 2,5 82,7 25,8 24,7 2615,8

10 NB 2 25,6 80,6 4,7 23,4 5,7 2,5 82,7 25,7 23,9 2170,1

11 NB 3 25,7 79,5 18,9 27,7 5,9 3,5 84,7 23,9 24,8 2114,0

12 NB 4 23,9 75,9 30,3 18,5 6,7 2,3 80,7 25,3 24,7 1404,1

13 Testemunha 24,8 78,5 20,4 27,5 6,7 2,8 82,7 25,9 23,9 2069,9

Trat. 3,2** 22,8** 780,8** 130,7** 7,0** 1,4NS 12,5** 40,3** 1,7NS 292408**

Adubo 1,1NS 30,1** 770,2** 7,4** 8,7** 1,2NS 5,3** 33,7** 1,2NS 222065**

Valor de 0,9NS 12,6** 256,9** 173,9** 8,7** 1,8NS 26,0** 33,5** 2,3NS 391863**
Aplic.
F
Adubo x
1,5NS 27,8** 1102,7** 144,6** 5,1** 1,7NS 10,3** 57,4** 1,3NS 306370**
Aplic.

Test x 0,6NS 0,3NS 2,8NS 101,1** 12,1** 0,1NS 0,9NS 0,2NS 4,8* 62685**
Fatorial
2,7 0,7 2,7 2,4 9,6 19,5 0,7 2,1 2,4 0,1
C.V (%)
ns:
não significativo; **,* significativos a 1 e 5%, respectivamente.UHM = comprimento de fibras (mm), UNF = uniformidade
de fibras (%), SFI = índice de fibras curtas, STR = resistência (g/tex), ELG = alongamento à ruptura (%), MIC = índice
micronaire, MAT = maturidade, Rd = reflectância (%), +b- = grau de amarelo, CSP = índice de fiabilidade.

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QUALIDADE DE SEMENTES DE GERGELIM (Sesamum indicum L.) PROVENIENTES DE


PLANTAS ADUBADAS COM ESTERCO BOVINO

Ivomberg Dourado Magalhães (1); Francisco Edinaldo Costa (1); Gerckson Maciel Rodrigues Alves (3);
Antonio Ewerton da Silva Almeida (1); Silvo Dantas da Silva (1); Cláudio Silva Soares (2)
1Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB, CEP: 58884-000. Catolé do

Rocha-PB, Bolsistas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq/UEPB. ivomberg@hotmail.com ; 2Prof. Dr. do Departamento de


Ciências Agrárias e Ambientais, Campus II da UEPB. CEP: 58117-000. Lagoa Seca-PB. E-mail:
claudio.uepb@yahoo.com.br ; 3Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB.
CEP: 58884-000, Catolé do Rocha-PB.

RESUMO - O gergelim é uma das oleaginosas mais antigas utilizadas pela humanidade, com registro
há mais de 4.300 anos aC. No entanto, seu desenvolvimento é satisfatório quando existe uma boa
demanda de nutrientes no solo, sendo imprescindível o fornecimento de uma correta adubação para
cada situação de plantio. Dessa forma, um dos insumos promissores que pode aumentar a
produtividade desta cultura é a adubação orgânica. Neste contexto, o objetivo foi avaliar o
desenvolvimento do gergelim, cultivar Seda, em função de doses de esterco bovino como fonte de
adubação orgânica. O experimento foi implantado no Centro de Ciências Agrárias e Humanas do
Campus IV, em Catolé do Rocha-PB. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso,
sendo os tratamentos representados por cinco doses de esterco bovino (00- 10-20-30 e 40 t ha-1), e
quatro repetições, ou seja, 20 parcelas representadas por vasos de 60L contendo 40 kg de solo
peneirado e duas plantas. Foi avaliado o peso de 100 sementes, o percentual de germinação e o índice
de velocidade de emergência em areia. As doses de esterco bovino influenciaram a germinação e o
índice de velocidade de emergência das sementes de gergelim cultivadas nas condições
edafoclimáticas de Catolé do Rocha-PB.
Palavras-chave: cultivar Seda, orgânicos, doses.

INTRODUÇÃO

O gergelim apresenta grande adaptação às condições edafoclimáticas da região Nordeste,


além de ser uma cultura com grande demanda de mercado interno e externo, apresentando também,
preços compensadores para seu cultivo. Possui 16 gêneros e 60 espécies, mencionando-se 49
espécie do gênero Sesamum, podendo suas cultivares serem diferenciadas por vários atributos, como
altura, ciclo, coloração do caule, das folhas e das sementes, tipo de ramificação e resistência a pragas
e doenças. O local de sua origem é incerto podendo situar-se entre a Ásia e África, principais centros

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de difusão são a Etiópia (Centro Básico) e a Ásia (Afeganistão, Índia, Irã e China), segundo Beltrão et
al. (2001). O gergelim apresenta grande adaptação às condições edafoclimáticas da região Nordeste,
além de ser uma cultura com grande demanda de mercado interno e externo, apresentando também,
preços compensadores para seu cultivo. Mundialmente, a área cultivada é de 6 milhões de hectares,
com produção estimada em 2,4 milhões de toneladas anuais, e com uma produtividade de 390 kg ha-1,
sendo que a Ásia e África detêm cerca de 90% da área plantada. O Brasil participa com 13 mil
toneladas em 22 mil hectares plantados, com rendimentos em torno de 591 kg ha-1 sendo o cultivo
comercial principalmente no Estado de São Paulo (FAO, 2004). Neste assunto torna-se de fundamental
importância o conhecimento e domínio de práticas de adubação para o desenvolvimento desta cultura.
A adubação orgânica com base em esterco bovino mostra-se bastante promissora, pois a incorporação
dessa matéria orgânica no solo promove mudanças nas suas características físicas, químicas e
biológicas, por melhorar sua estrutura, reduz a plasticidade e a coesão, aumenta a capacidade de
retenção de água e aeração, permitindo maior penetração e distribuição das raízes (MALAVOLTA et
al., 1975). O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento do gergelim em função de doses de
esterco bovino.

METODOLOGIA

O trabalho foi instalado e conduzido na área experimental do Campus IV da Universidade


Estadual da Paraíba, no município de Catolé do Rocha-PB, em parceria com a Embrapa Algodão. O
município apresenta-se a 272 m de altitude, sob as coordenadas geográficas de 6°20‘38‖S e
37°44‘48‖O. A região se localiza no Sertão Paraibano, apresentando um clima, de acordo com a
classificação de Kóppen, do tipo BSWh‘, portanto, um clima quente e seco, cuja temperatura média
anual é de 27 °C.O experimento foi conduzido no período compreendido entre os meses de outubro de
2008 e janeiro de 2009. Foi utilizada a cultivar CNPA G3, produzida pela Embrapa Algodão. Seu plantio
foi feito em vasos plásticos de 60L, tendo como medidas 57 cm de altura, 40 cm de diâmetro superior e
26,5 cm de diâmetro inferior. Em cada vaso foram plantadas quatro sementes para posterior desbaste,
ficando apenas uma planta por vaso. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso,
sendo os tratamentos representados por cinco (5) doses de esterco bovino (00 - 10 - 20 - 30 e 40 t ha -
1), com 4 repetições, totalizando 20 parcelas representadas pelos vasos. O esterco foi coletado no
setor pecuário do Campus IV da Universidade Estadual da Paraiba. Na fase inicial, além da irrigação
diária, para deixar o solo em capacidade de campo, também foram feitas limpezas manuais nos baldes
para evitar o acúmulo das plantas invasoras. Após a colheita, as sementes foram analisadas, conforme

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metodologia de Brasil (1992), para determinação do peso de 100 sementes, da germinação e do vigor
(primeira contagem de germinação, índice de velocidade de germinação). Para o teste de germinação
utilizaram-se bandejas com 40 cm de comprimento com 25 cm de largura e 6,5 cm de profundidade,
cada dosagem foi colocada em uma bandeja com quatro repetições, tendo uma irrigação dividida em
dois turnos de rega com 250 mm cada. O índice de velocidade emergência (IVE) foi calculado de
acordo com a fórmula proposta por Carvalho & Nakagawa (2000), de acordo com o número de
plântulas emergidas, diariamente, em cada parcela.

Os dados das variáveis foram submetidos à análise de variância pelo teste F e comparadas
através de análise de regressão a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como pode ser acompanhado no resumo da análise de variância (Tabela 3), não foram
encontradas diferenças entre os tratamentos quando se avaliou o peso de 100 sementes.

O peso de 100 sementes (Tabela 3) apresentou um rendimento satisfatório quando os


resultados foram comparados aqueles obtidos com Drumond (2006) que verificou valor inferior, mesmo
o autor tendo uma baixa produtividade de 61g resultado da baixa precipitação pluviométrica que
ocorreu durante o período de cultivo.

Quanto à germinação e índice de velocidade de emergência do gergelim, foi observado um


efeito quadrático com um decréscimo dos valores dessas variáveis até a dose de 20 t ha -1, sendo,
posteriormente, apresentado um crescimento até a dose de 40 t ha -1 (Figuras 1 e 2).

Com relação à germinação das sementes de gergelim em função das doses de esterco bovino,
os resultados corroboram com àqueles encontrados por Dornelas et al. (2005), quando avaliaram a
produção e qualidade de sementes de feijão-fava em função do uso de esterco bovino na presença e
ausência de NPK, pois os mesmos autores encontraram respostas da germinação às doses de esterco
bovino. Os autores verificaram os maiores índices de germinação de sementes na dose de 40 t ha -1, na
presença e ausência de NPK, com elevados percentuais de germinação de 93 e 95%,
respectivamente.

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CONCLUSÃO

As doses de esterco bovino influenciaram a germinação e o índice de velocidade de


emergência das sementes de gergelim cultivadas nas condições edafoclimáticas de Catolé do Rocha-
PB.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M.; SOUZA, J.G.de.; PEREIRA,J.R. Fitologia.In: BELTRÃO,N.E.de M.;VIEIRA,


D.J.eds. O agronegócio do Gergelim no Brasil. Brasília:Embrapa Comunicações para transferência
de Tecnologia, 2001.cap.3.p.37 57.

BRASIL, Ministério da Agricultura. Regras para Análise de Sementes. Brasília: DNDV/CLAD, 1992.
365 p.

CARNEIRO, P.W.J; PIRES,C.J, Influência da temperatura e do substrato na germinação de

sementes de mamona. Revista Brasileira de Sementes, v. 5 n. 3, p.127-131. 1983.

DORNELAS, M. S. C; OLIVEIRA, de. P.A; ALVES. U. A; ALVES. U. A; ALVES. U. E; CARDOSO. A. E;


OLIVEIRA, de. P. N. A; CRUS, S. de.I. Avaliando a produção e qualidade de sementes de feijão-
fava, em função do uso de esterco bovino e presença e ausência de NPK. Disponivel em:
http://www.abhorticultura.com.br/biblioteca/arquivos/Download/Biblioteca/45_0129.pdf. 2005.
Consultado: em maio de 2010.

DRUMOND, M. A.; ANJOS, J. B. dos; MILANI, M.; COUTINHO, J. L. B.; MORGADO, L. B. Competição
de diferentes genótipos de mamoneira no Agreste pernambucano. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 3., 2006, Varginha, MG. Biodiesel:
evolução tecnológica e qualidade: Anais. Lavras: UFLA, 2006.

FAO, Dados Agrícolas de FAOSTAT. Disponível em: http://apps.fos.org/. Consultado: em maio de


2004.

LYRA, J. R. M, ARAÚJO. E. Qualidade de Sementes de Gergelim (Sesamum indicum L.) produzido sob
condições de estresse salino. Revista Brasileira de Sementes, v 14, n 2, p. 201-206, Set. 1992.

MALAVOLTA, E.; ROMERO, J. P.(Coods). Manual de Adubação. 2 ed. SãoPaulo:ANDA,1975.338p.il.

CARVALHO, M. A. C; ATHAYDE, M. L. F; ALVES, M. C; ARF, O.; SA, M. E. Cultivo do milho em


semeadura direta e convencional, sob adubos verdes. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E

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CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA, 13., 2000, Ilhéus, BA. Anais... Ilhéus: SBCS, 2000, 1 CD
ROOM.

VIANA, S, J. Emergência e crescimento de plântulas de milho procedentes de sementes produzidas em


sistemas de manejo de solo com e sem adubação mineral. Revista Ciência Agronômica, v.36, n.3, p.
316-321, 2005.

TABELA 1. Características químicas do solo utilizado no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2009.
pH V Al+3 MO P
H2O Complexo Sortivo (mmolc dm -3) % g/kg mg dm -3
(1:2,5) Ca+2 Mg+2 Na+ K+ S H+Al T
8,4 78,3 22,2 5,2 9,5 115,2 0,00 115,2 100 0,0 14,1 100,2
Laboratório de Solo e nutrição de plantas na Embrapa Algodão. Campina Grande, PB. 2007.
MO = Matéria Orgânica; S = Soma de bases trocáveis do solo, mais a acidez hidrolítica (H+ Al); T = S+ H + Al; CO =
Carbono Orgânico

TABELA 2. Caracterização químicas do esterco utilizado no experimento. Catolé do Rocha-PB, 2009.


B N P K Ca Mg S Fe Cu Mn Zn Na
mg kg-1 gkg-1 mg kg-1
23,29 8,9 1,8 1,9 4,4 2,5 13,3 4213,1 5,94 698,04 203,04 262,6
Laboratório de Análise de solo e tecido de planta. Universidade Federal da Paraíba. Areia-PB, 2009.
C: Walkley-Black; N,P,Ca e Mg: digestão com H2O2 e H2SO4; S,Fe,Cu,Mn,Zn E Na: Digestão com HNO3 e HCLO4.

Tabela 3. Resumo da análise de variância e médias do peso de 100 sementes (PS), percentual germinação (PG) e índice
de velocidade de germinação (IVG) de sementes de gergelim. Catolé do Rocha-PB, 2009.

Fontes de Variação GL Quadrados Médios


PS PG IVG
Tratamento 4 134.600NS 4467.800 71666.80
Bloco 3 98.48317 397.7500 93.60000
CV (%) 20.61 7.962 4.353
Doses de Esterco Médias Observadas
0 t ha- 49.4250 75.0000 213.2500

10 t ha-1 37.6000 72.0000 154.2500

20 t ha-1 37.5000 60.0000 93.5000

30 t ha-1 36.2000 50.7500 85.7500

40 t ha-1 35.250 34.0000 41.2500

ns : não significativo pelo teste F

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100
percentual de plantas emergidas (%)

80 y = 0,0811x2 - 3,3679x + 77,614


R² = 0,8651

60

40

20

0
0 10 20 30 40
Doses de esterco bovino t.ha-1

Figura 1. Germinação de sementes de gergelim oriundas de plantas submetidas a diferentes doses de esterco bovino.
Catolé do Rocha-PB, 2009.

250
Indice de velocidade de emergência

200 IVEy = 0,338x2 - 14,78x + 210,3**


R² = 0,980

150

100

50

0
0 10 20 30 40
Doses de esterco bovino (t há-1)

Figura 2. Índice de velocidade de emergência de plântulas de gergelim oriundas de plantas submetidas a diferentes doses
de esterco bovino. Catolé do Rocha-PB, 2009.

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RESPOSTA DE PLANTAS DE PINHÃO MANSO A DOSES CRESCENTES DE ESTERCO BOVINO E


COMPOSTO ORGÂNICO

Dário C. Primo (1), Kennedy N. de Jesus(1), Tiago D. Althoff (1), Júlio C. R. Martins(1),
Karla M. M. Pedrosa(2)
1 UFPE, darioprimo@gmail.com, 2 UFRPE

RESUMO - Objetivou-se avaliar a influência da adubação com esterco bovino e composto orgânico no
crescimento inicial de plantas de pinhão manso. O experimento foi conduzido em casa de vegetação no
Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco. O substrato utilizado
constitui-se de dois quilos de areia lavada e doses de composto orgânico e esterco bovino, formando
os seguintes tratamentos: T1 - testemunha; T2 - 15 t/ha-1, T3 - 30 t/ha-1 e T4 – 60 t/ha-1. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos e seis repetições. Os tratamentos
foram irrigados com 100 ml de água a cada dois dias e, as avaliações quanto aos efeitos das doses
foram realizadas aos quarenta dias após semeadura. As fontes de adubação utilizadas apresentaram
valores bem próximos em 60 t/ha-1 para a altura e número de folhas. Quanto ao diâmetro de caule o
composto orgânico proporcionou maiores médias para a dose de 60 t/ha-1. O maior rendimento em
matéria seca da parte aérea ocorreu na adubação com esterco bovino para todas as doses
respectivamente. Contudo, as plantas de pinhão manso adubadas com esterco bovino, apresentaram
maiores médias para as variáveis estudadas em relação as do substrato com composto orgânico.

Palavras-Chave: Jatropha curcas, adubação, parâmetros vegetativos

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) pertence à família das euforbiáceas, a mesma da
mamona. No Brasil, sua introdução tem por finalidade produção de biocombustível e geração de renda
para populações de pequenas áreas rurais. O pinhão manso é bastante resistente à seca e pouco
susceptível a pragas e doenças. É considerada uma cultura rústica, adaptada às mais diversas
condições edafoclimáticas do Brasil, podendo sobreviver bem em condições de solos marginais de

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baixa fertilidade natural (Arruda et al., 2004 ; Saturnino et al., 2005; Dias et al., 2007). É um arbusto
que pode atingir mais de 3 metros de altura em condições especiais. Uma das principais vantagens do
pinhão manso é o seu longo ciclo produtivo que pode chegar a 40 anos e manter a média de
produtividade de 2 t/ha-1 (Azevedo, 2006).

Segundo Saturnino (2005), é uma planta oleaginosa viável para a obtenção do biodiesel, pois
produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare, levando de três a quatro anos para atingir a
idade produtiva, que pode se estender por 40 anos. Dado o exposto, essa cultura é considerada uma
opção agrícola para a região do semi-árido nordestino. Diversas fontes orgânicas e inorgânicas têm
sido utilizadas na composição de substratos para a produção de mudas de pinhão manso, havendo
necessidade de se determinar as mais apropriadas para cada espécie, de forma a atender sua
demanda quanto ao fornecimento de nutrientes e propriedades físicas como retenção de água, aeração
e facilidade para penetração das raízes. O substrato precisa também ser um material abundante na
região e ter baixo custo (Lima, 206). Objetivou-se com o presente estudo avaliar a influência de fontes
de adubação orgânica e mineral na produção e crescimento inicial de plantas de pinhão manso.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no Departamento de Energia Nuclear da


Universidade Federal de Pernambuco. Foram utilizadas duas fontes de adubos orgânicos, esterco
bovino, e composto orgânico, peneirados em malhas de 2 mm. O substrato utilizado foi constituído por
dois quilos de areia lavada e doses crescentes de esterco e de composto orgânico formando os
seguintes tratamentos: T1 - testemunha sem adubação orgânica T2 - 15 t/ha-1, T3 - 30 t/ha-1 e T4 – 60
t/ha-1.

Para caracterização química, foram realizadas análises da areia lavada, do esterco e do


composto orgânico (Tabela 1) material utilizado na composição do substrato. Sendo o pH determinado
em água por potenciometria em suspensão na proporção 1: 25 de acordo com o método descrito pela
Embrapa 1997. O teor de nitrogênio total pelo método de Kjeldahl, o de fósforo por colorimetria e o de
K foi por fotometria de chama (Embrapa 1997). O carbono orgânico total do solo (COT) foi quantificado
por oxidação da matéria orgânica via úmida, empregando solução de dicromato de potássio em meio
ácido (Yeomans & Bremner, 1988).

Foram utilizados sacos plásticos de polietileno (15 x 28) sendo em cada unidade experimental
semeadas três sementes e aos quinze dias após germinação, foi realizado o desbaste, deixando

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apenas uma planta por saco, considerando o vigor e a uniformidade das plantas. O delineamento
experimental adotado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e seis repetições. Os
tratamentos foram irrigados com 100 ml de água a cada dois dias e, as avaliações quanto ao efeito das
diferentes doses foram realizadas aos quarenta dias após a semeadura.

Aos quarenta dias após semeadura, as plantas foram separadas em parte aérea e raiz. A parte
aérea foi secada em estufa a 60º C até alcançar massa constante. A matéria seca de cada planta foi
obtida em balança semi-analítica e os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e ao
teste F e análise de regressão pelo software Sisvar (Ferreira 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que as plantas de pinhão manso adubadas com composto orgânico e esterco
bovino apresentaram crescimento progressivo de acordo com o aumento das doses (Figura 1),
ocorrendo desempenho bastante semelhante para a variável altura da planta. A dose 60/ha-1 indicou
maior valor médio em altura da planta respectivamente. Em relação ao número de folhas observado, a
fonte de adubação a base de esterco bovino (Figura 2) favoreceu maior valor médio em todas as doses
utilizadas, quando comparado com as plantas cultivadas no substrato com doses de composto
orgânico.

Valores médios maiores, em relação ao diâmetro do caule da planta foram obtidos nas plantas
adubadas com o esterco bovino, isso para as doses de 15 e 30 t/ha -1. Para a dose de 60 t/ha-1 o
composto orgânico apresentou resultado superior ao esterco bovino (Figura 3). Esses resultados
indicam que plantas de pinhão manso, podem responder de forma significativa a doses até 60 t/ha-1 de
adubação orgânica adicionadas ao substrato, corroborando resultados de outros estudos (Lima et
al.,2006).

Na produção de matéria seca da parte (Figura 4) para as duas fontes de adubação aplicadas,
podem-se observar que as doses de esterco apresentou valores médios superiores em relação ao
composto orgânico. Todas as doses com esterco tiveram desempenho superior quanto ao rendimento
em fitomassa das plantas estudadas em relação à adubação com composto orgânico. Esses resultados
evidenciam que o uso de esterco bovino parece ser uma fonte de adubação orgânica viável para a
cultura do pinhão manso, provavelmente devido ao alto teor de nitrogênio em sua composição.

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CONCLUSÕES

A adubação com esterco bovino apresentou maiores valores médios para os parâmetros
vegetais analisados. Os resultados demonstram que plantas de pinhão manso apresentam bom
crescimento quando adubadas com esterco bovino e/ou composto orgânico.

AGRADECIMENTOS

A FACEPE, ao CNPq e à Capes pela concessão de bolsas e ao Laboratório de Fertilidade de


Solos, do Deprtamento de Energia Nuclear da UFPE.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, H. 2006. ―Pinhão manso é lançado pelo presidente Lula como opção para biodiesel –
vegetal é de fácil cultivo‖. Hoje em Dia, 8 a 14/01/2006, Brasília-DF.

ARRUDA, F. P.; BELTRÃO, N. E. M.; ANDRADE, A.P.; PEREIRA, W. E. & SEVERINO, L. S. Cultivo
de pinhão manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o semiárido nordestino. Revista
Brasileira Oleaginosas Fibrosas. 8:789-799. 2004.

DIAS, L. A. S.; LEME, L. P.; LAVIOLA, B. G.; PALLINI FILHO, A.; PEREIRA, O. L.; CARVALHO, M.;
MANFIO, C.E.; SANTOS, A. S.; SOUSA, L. C. A.; OLIVEIRA, T. S. & DIAS, D. C. F. S. Cultivo de
pinhão-manso (Jatropha curcas L.) para produção de óleo combustível. Viçosa, 2007. 40p.

EMBRAPA. Embrapa solos, Embrapa Informática Agropecuária. Manual de análises químicas de


solos, plantas e fertilizantes. Brasília: Embrapa Comunicação para transferência de tecnologia, 1997.
370p.

FERREIRA, D. F. SISVAR: versão 4.6. Lavras: DEX/UFLA, 2003. Software.

SATURNINO, H. M.; PACHECO, D. D.; AKIDA, J.; TOMINAGA, N. & GONÇALVES, N. P. Cultura do
pinhão manso (Jatropha curcas L.). Informativo Agropecuário. 26:44-78. 2005.

LIMA, R. de L. S. de. Substratos para produção de mudas de mamoneira compostas por misturas de
cinco fontes de matéria orgânica. Ciência Agrotécnica, Lavras, 30:474-479. 2006.

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Tabela 1. Caracterização química do material utilizado na composição do substrato

Substrato e Fontes de Adubos pH N P K COT


......................................g/kg...........................................
Areia Lavada 6,8 0,46 0,32 0,56 1,40

Esterco Bovino 7,8 26,20 5,44 4,58 38,20

Composto Orgânico 8,2 14,80 2,55 3,68 17,16

30,00

25,00

20,00
Altura cm

15,00

Composto y = -0,0031x2 + 0,3756x + 13,133


10,00 R2 = 0,9014

5,00
Esterco y = -7E-05x2 + 0,1637x + 15,298
R2 = 0,9901
0,00
0 15 30 45 60 75
Doses t/ha

Composto Esterco

Figura 1. Medias da altura da planta.

9,00
8,00
7,00
Nº de folhas

6,00
5,00
4,00
3,00 Composto y = -0,0008x2 + 0,0935x + 4,0764
R2 = 0,9829
2,00
Esterco y = -0,001x2 + 0,1124x + 4,5082
1,00 R2 = 0,9999
0,00
0 15 30 45 60 75
Doses t/ha

Composto Esterco

Figura 2. Médias do número de folhas.

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1,60

1,40

1,20
Diam.caule cm
1,00

0,80

0,60 Composto y = 7E-05x2 + 0,0012x + 0,995


R2 = 0,8861
0,40

0,20 Esterco y = -0,0004x2 + 0,0325x + 0,756


R2 = 0,9162
0,00
0 15 30 45 60 75

Doses t/ha

Composto Esterco

Figura 3. Médias do diâmetro do caule.

6,000

5,000
M S A gramas

4,000

3,000

2,000
Coposto y = 0,0001x2 + 0,0208x + 1,6183
R2 = 0,9031

1,000
Esterco y = -0,0006x2 + 0,0858x + 1,8895
R2 = 0,8422
0,000
0 10 20 30 40 50 60 70

Doses t/ha

Composto Esterco

Figura 4. Médias em gramas de matéria seca da parte aérea das plantas.

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RESPOSTA INICIAL DO PINHÃO-MANSO À SALINIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO, EM SOLO


COM ESTERCO BOVINO FERMENTADO

Alex Matheus Rebequi1; Lourival Ferreira Cavalcante2; Joab Josemar Vitor Ribeiro do Nascimento1;
José Lucínio de Oliveira Freire3; Gibran da Silva Alves4; Adriana Araujo Diniz4
1 Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Manejo do Solo, CCA/UFPB, Areia-PB. Email: alexrebequi@hotmail.com;
2 Professor adjunto do Departamento de Solos e Engenharia Rural, CCA/UFPB, Areia-PB, e pesquisador do INCTsal;
3Doutorando do PPGA, CCA/UFPB, Areia-PB; 4 Doutores em Agronomia CCA/UFPB, Areia-PB.

RESUMO – Com objetivo de avaliar os efeitos da salinidade da água de irrigação e do biofertilizante


líquido de bovino no solo sobre o crescimento inicial do pinhão-manso, foi conduzido um experimento
no período de março a maio de 2008, em ambiente telado do Departamento de Solos e Engenharia
Rural da Universidade Federal da Paraíba, Areia/PB. As unidades experimentais foram compostas por
substrato oriundo dos primeiros 20 cm de um Argissolo Amarelo Distrófico não salino. Os tratamentos,
com seis repetições, foram dispostos em delineamento inteiramente casualizado usando um esquema
fatorial 5 x 2 referentes a condutividade elétrica da água de irrigação (0,4; 1,0; 2,0; 3,0 e 4,0 dS m-1),
em solo sem e com biofertilizante comum, diluído em água na proporção de 1:1 aplicado ao nível de
10% do volume do substrato, um dia antes da semeadura. Pelas variáveis estudadas (altura de planta,
diâmetro do caule e área foliar) os resultados demonstraram que os tratamentos com o insumo bovino
no solo proporcionaram um maior crescimento inicial das plantas de pinhão-manso.
Palavras-chave – Jatropha curcas; qualidade da água, biofertilizante.

INTRODUÇÃO

O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) é uma planta originária da América central (ABA, 2007) e
é pertencente à família das Euforbiaceae. Nos últimos anos foi considerada como uma alternativa para
fornecimento de matéria prima à fabricação de biodiesel. Adicionalmente à capacidade de produzir óleo
vegetal, é uma planta tida como tolerante ao déficit hídrico, podendo ser utilizada como espécie teste
na recuperação de áreas degradadas em função de suas raízes profundas. O uso do pinhão-manso foi
bem sucedido com aplicações na conservação do solo, controle de erosão, adubação verde, produção
de combustível, uso medicinal e inseticida (BRANDENBURG et al., 2007).

Diante da situação mundial com o efeito estufa, o aquecimento global e a escassez das
reservas mundiais de combustível fóssil, o pinhão-manso devido suas características agronômicas tem

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despertado interesse dos produtores, do governo e das instituições de pesquisa (NERY et al., 2009).
Desta forma, com a possibilidade do uso do óleo de pinhão-manso para a produção de biodiesel,
abrem-se amplas perspectivas para o aumento das áreas de plantio com esta cultura no semi-árido
nordestino (ARRUDA et al., 2004).

A região semi-árida do Brasil é caracterizada por apresentar insuficiência hídrica e


irregularidade de distribuição das chuvas e, dessa forma o sistema de produção depende da irrigação.
Entretanto, o uso pouco eficiente dessa técnica (AYERS & WESTCOT, 1999) associada ao manejo
inadequado da adubação são as principais causas do aumento da salinização dos solos agrícolas.
Uma das possibilidades de minimizar os problemas de salinização do solo e propiciar o uso de águas
salinas na agricultura é a utilização de técnicas e de substâncias que atenuem os efeitos depressivos
dos sais às plantas. Resultados mitigadores da salinidade foram comprovados por Campos et al.
(2009), Nunes et al. (2009) e Sousa et al. (2008), no crescimento inicial da mamoneira, do noni
(Morinda citrifólia) e do maracujazeiro amarelo em solo com biofertilizante sob irrigação com águas
salinas. Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento inicial do
pinhão-manso em solo sem e com biofertilizante bovino irrigado com águas salinas.

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido em ambiente telado do Departamento de Solos e Engenharia


Rural da Universidade Federal da Paraíba no período de março a maio de 2008, o substrato foi um
Argissolo Amarelo Distrófico não salino (CEes= 0,27 dS m-1; PST= 6,5%; e RAS= 0,33), contendo na
faixa de 0 - 20 cm, 557, 63 e 380 g kg-1 de areia, silte e argila, respectivamente, pH= 6,3; P e K= 21,0
e 24,6 mg dm-3; Na+=0,07; Ca2+=0,35; Mg2+=0,60; Al3+=0,85; H++Al3+=9,98 cmolc dm-3 e MO=20,79 g
kg-1.

Os tratamentos foram dispostos em delineamento inteiramente casualizado com seis


repetições, em esquema fatorial 5 x 2, referente à salinidades da água de irrigação (0,4; 1,0; 2,0; 3,0 e
4,0 dS m-1), obtidos pela diluição de uma água fortemente salina (12,8 dS m-1) com água não salina
(0,4 dS m-1); no substrato sem e com biofertilizante comum, aplicado ao nível de 10% do volume do
substrato um dia antes da semeadura na proporção de 1:1, com as características: pH= 6,77; CE= 3,11
dS m-1; K= 10,48; Na+= 9,21; Ca2+= 21,25; Mg2+= 26,25; HCO3-= 1,8; Cl- = 0,50; SO4-2= 36,53 mmolc L-1
e RAS= 1,89.

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O substrato foi acondicionado em bolsas de polietileno com capacidade para 3,0 L,


sendo utilizados 2,5 L de substrato. A semeadura com quatro sementes de pinhão manso por repetição
foi feita 24 horas após aplicação do biofertilizante líquido. A irrigação constituiu-se pelo processo de
pesagem, fornecendo a cada planta o volume de água evapotranspirada a cada 48 horas.

As avaliações foram realizadas aos 30 dias após a semeadura. Avaliou-se altura, diâmetro do
caule e a área foliar do pinhão-manso. Após obtenção dos dados, os mesmos foram submetidos à
análise de variância pelo Teste ―F‖ e as médias referentes à salinidade da água por regressão
polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelo quadro da análise de variância (Tabela 1), verifica-se que houve efeito significativo da
interação salinidade da água x biofertilizante bovino para todas as variáveis estudadas.

Observa-se na Figura 1, que para todas as variáveis avaliadas (altura de plantas, diâmetro
caulinar e área foliar), o biofertilizante bovino proporcionou maior crescimento, com exceção da altura
de plantas na água com 4,0 dS m-1. Verifica-se pela Figura 1A, um ajuste quadrático de regressão para
a altura de planta em função da condutividade elétrica da água de irrigação, com e sem biofertilizante.
Para os tratamentos com o insumo bovino o crescimento máximo estimado em altura foi 21,98 cm
quando irrigado com uma água estimada de 1,26 dS m -1; já sem o biofertilizante bovino, irrigado com
uma água salina máxima estimada de 1,93 dS m-1 obteve-se uma altura máxima estimada de 18,91
cm. Percentualmente, o biofertilizante bovino no solo incrementou o crescimento em altura em 16,24%.
Efeito semelhante foi obtido por Vale et al. (2006), ao avaliarem a cultura do pinhão manso irrigado
com águas salinas de até 4,2 dS m-1.

Com relação ao diâmetro do caule (Figura 1B), os tratamentos com biofertilizante bovino
apesar de superior a ausência do insumo, expressaram uma redução linear de 0,210 mm com o
aumento unitário da condutividade elétrica da água de irrigação. Para ausência do insumo bovino no
solo houve decréscimo do diâmetro do caule, com valores médios da menor (0,4 dS m -1) para maior
(4,0 dS m-1) condutividade elétrica da água de irrigação de 9,98 a 9,15 mm, respectivamente.
Superioridade do biofertilizante bovino versus água salina também foi evidenciada durante a avaliação
do crescimento inicial da mamoneira (CAMPOS et al., 2009), do noni (NUNES et al., 2009) e do
maracujazeiro amarelo (SOUSA et al., 2008).

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A área foliar do pinhão-manso (Figura 1C) nos tratamentos com biofertilizante expressa uma
redução linear com o aumento unitário do conteúdo salino da água de irrigação de 17,82 cm 2. Para
ausência do insumo no solo, verificou-se uma área foliar máxima estimada de 284,40 cm2, quando
irrigada a cultura com uma água salina com até 1,96 dS m -1. Os resultados encontrados são superiores
aos 200 cm2 obtidos em plantas de pinhão-manso por Guimarães (2008), avaliando os efeitos de fontes
e doses de fertilizantes, aos 60 dias após emergência. Em relação à ação depressiva dos sais as
plantas, foi constatado por Nery et al. (2009), sobre o crescimento inicial do pinhão-manso irrigado com
águas salinas em ambiente protegido, que registraram uma redução da área foliar de 33,69, 36,16,
42,79, 44,59 e 42,58% entre as concentrações de 0,60 dS m-1 e 3,00 dS m-1 aos 79, 100, 121, 142 e
163 dias após a semeadura, respectivamente.

CONCLUSÃO

A água salina afetou negativamente o crescimento inicial do pinhão manso.

O biofertilizante bovino aumentou a altura, o diâmetro caulinar e a área foliar de plantas de


pinhão manso em condições salinas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABA – Anuário Brasileiro de Agroenergia. Pinhão manso. Santa Cruz do Sul: Gazeta, 2007. 520p.

ARRUDA, F. P.; BELTRÃO, N. E. M.; ANDRADE, A. P.; PEREIRA, W. E.; SEVERINO, L. S. Cultivo de
pinhão-manso (Jatropha curcas) como alternativa para o semi-árido nordestino. Revista Brasileira de
Oleaginosas e Fibrosas, Campina Grande, v. 8, n. 1, p. 789-799, 2004.

AYERS, R.S.; WESTCOT, D.W. A qualidade da água para irrigação. Campina Grande: Universidade
Federal da Paraíba (UFPB). 1999. 153p (Estudos FAO: Irrigação e Drenagem, 29).

BRANDENBURG. W. A; BINDRABAN, P. S; CORRÉ, W.J. Claims na facts on Jatropha curcas L.. Plant
Research International, 2007. 66p.

CAMPOS, V. B.; CAVALCANTE, L. F.; RODOLFO JÚNIOR, F.; SOUSA, G. G. DE; MOTA, J. K. DE M.
Crescimento inicial da mamoneira em resposta à salinidade e biofertilizante bovino. Cruz das Almas,
Magistra, v. 21, n. 1, p. 041-047, 2009.

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GUIMARÃES, A. S.. Crescimento inicial do pinhão-manso (Jatropha curcas L 1753.) em função de


fontes e quantidades de fertilizantes. 2008. 92 p. Tese (Doutorado em Ecologia Vegetal e Meio
Ambiente). Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2008.

NERY, APARECIDA R. RODRIGUES, L. N.; SILVA, M. B. R.; FERNANDES, P. D.; CHAVES, L. H. G.;
NETO, J. D.; GHEYI, H. R. Crescimento do pinhão-manso irrigado com águas salinas em ambiente
protegido. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.13, n.5, pp. 551-558, 2009.

NUNES, J. C.; CAVALCANTE, L. F.; REBEQUI, A. M.; LIMA NETO, A. J. DE; DINIZ, A. A.; SILVA, J. J.
M.; BREHM, M. A. DA S. Formação de mudas de noni sob irrigação com águas salinas e biofertilizante
bovino no solo. Espírito Santo do Pinhal, Engenharia Ambiental v. 6, n. 2, p. 451-463, 2009.

SOUSA, G. B.; CAVALCANTE, L. F.; CAVALCANTE, I. H. L.; BEKMANN-CAVALCANTE, M. Z.;


NASCIMENTO, J. A. Salinidade do substrato contendo biofertilizante para formação de mudas de
maracujazeiro amarelo irrigado com água salina. Revista Caatinga, Mossoró, v. 21, n. 2, p.172-180,
2008.

VALE, L.S.; SEVERINO, L.S.; BELTRÃO, N.E. de M. Efeito da salinidade da água sobre o pinhão-
manso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 1., 2006, Brasília, DF.
Anais... Brasília, DF, 2006. p. 87-90.

Tabela 1 - Resumo da análise de variância da altura das plantas, diâmetro caulinar e área foliar do pinhão manso, cultivado
sob irrigação com água salina e biofertilizante bovino.
QUADRADOS MÉDIOS
Fontes de variação
GL AP DC AF
Água salina (A) 4 26,07 ** 0,78 ** 5200,99 **
Biofertilizante (B) 1 56,92 ** 3,23 ** 68517,34 **
AxB 4 10,76 ** 1,07 ** 2481,88 **
Resíduo 50 1,20 0,14 623,90
CV (%) 5,71 3,86 8,43
ns = não significativo; * e ** respectivamente significativos para p<0,05 e p<0,01; CV = Coeficiente de variação.

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25 A

Altura de planta (cm)


20

AP (- - -) = 17,44 + 1,527x - 0,396x2


15 R² = 0,859*

AP (_____) = 20,78 + 1,908x - 0,758x2


R² = 0,976**
10
0,4 1,4 2,4 3,4 4,4
Salinidade da água (dS m-1)

10,4 B
DC (_____) = 10,39 - 0,210x
10,2 R² = 0,840*
Diâmetro do caule (mm)

10,0

9,8

9,6

9,4
DC (- - -) = 9,962 - 0,192x
9,2 R² = 0,887*

9,0
0,4 1,4 2,4 3,4 4,4
Salinidade da água (dS m-1)

400 C
AF (_____ ) =
367,0 - 17,82x
R² = 0,863**
350
Área foliar (cm 2 )

300

250
AF (- - -) = 235,1 + 50,28x - 12,82x 2
R² = 0,868**
200
0,4 1,4 2,4 3,4 4,4
Salinidade da água (dS m -1 )

Figura 23 – Crescimento em altura (A), diâmetro do caule (B) e área foliar (C) do pinhão manso em função de crescentes
níveis de salinidade da água de irrigação fornecida ao solo sem (- - -) e com ( ) biofertilizante líquido de bovino.

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RESPOSTAS AGRONÔMICAS DO ALGODOEIRO COLORIDO BRS RUBI


SOB CULTIVO ORGÂNICO

Kátia Otília Gomes Dutra1; Raimundo Andrade2; Rennan Fernandes Pereira3; José Carlos Aranha3;
Wendel Barbosa de Melo3; Rita Anilda de Lima3; Fábio Itano dos Santos Alves3; Ricardo Medeiros3
1 Alunado curso de Licenciatura em Ciências Agrárias - universidade estadual da Paraíba - Campus-IV; email: ; 2 Professor
Doutor da UEPB, Campus IV, 58884-000 Catolé do Rocha-PB; ; 3 Alunos do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias -
Universidade Estadual da Paraíba - Campus-IV;

RESUMO – Foram estudados os efeitos de seis dosagens de biofertilizantes (D 1 = 0; D2 = 40; D3 = 80;


D4 = 120; D5 = 160; D6 = 200 ml/planta/vez) e de sete concentrações de biofertilizante (C1= 0; C2= 20;
C3= 40; C4=60; C5= 80; C6=100 e C7= 120 ml L-1) na produção orgânica do algodoeiro colorido BRS
Rubi. O ensaio foi conduzido em condições de campo, no Centro de Ciências Humanas e Agrárias, no
Campus-IV da Universidade Estadual da Paraíba. A pesquisa teve como objetivo avaliar o
comportamento agronômico do algodoeiro colorido BRS Rubi em sistemas agroecológicos. À medida
que se aumentava as dosagens de biofertilizante nas plantas, o número de capulhos foi reduzido,
contabilizando aproximadamente 12 capulhos por planta. O efeito das dosagens de biofertilizante sobre
o peso de capulhos por planta do algodoeiro colorido BRS Rubi não apresentou significância
estatística, porém, observou-se que a dosagem de 40 ml/planta/vez se sobressaiu em relação às
demais dosagens aplicadas, foi constatado que a concentração de 80 ml/L foi a que apresentou melhor
resultado, proporcionando um acréscimo de 4,1%, 8,1%, 1,6%, 2,8%, 0,3% e 0,8%, em relação as
concentrações de 0, 20, 40, 60, 100 e 120 ml/L respectivamente.
Palavras-chave – Biofertilizante, concentração, produção orgânica, esterco bovino

INTRODUÇÃO

O interesse recente por uma tendência de redução do impacto ambiental na produção e


processamento de têxteis de algodão está impulsionando o resgate de fibras naturalmente coloridas,
assim como o cultivo da fibra com técnicas da agricultura orgânica.

O algodoeiro (Gossypium sp.) é uma das plantas mais cultivadas pelo homem, tendo em vista
a exploração da fibra, seu principal produto de consumo generalizado em todo o mundo, o óleo bruto, a
torta que é quase metade da semente, o línter, além da casca e do resíduo. É considerada a mais
importante fibra têxtil natural, quer pela multiplicidade dos produtos dela originados, quer pela posição
de destaque no setor sócio-econômico constitui-se em uma das principais opções agrícolas para o

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Brasil, chegando a envolver, direta ou indiretamente nos diversos segmentos da sociedade, cerca de
15% da economia nacional (BELTRÃO et al.,1993).

Na agricultura orgânica, a produção de alimentos mais saudáveis não se refere unicamente à


substituição de insumos como pesticidas e fertilizantes minerais por outros de natureza orgânica
também conhecidos como biológicos e/ou ecológicos. Essa atividade requer um cumprimento do setor
produtivo com o holístico da produção agrícola, onde o uso eficiente dos recursos naturais, a
manutenção da biodiversidade, a proteção do meio ambiente, o desenvolvimento econômico, bem
como, a qualidade de vida do homem estejam igualmente contemplados (PINHEIRO e BARRETO,
1996; NEVES et al, 2000; SOUZA e RESENDE, 2003).

Os adubos orgânicos são os resíduos de origem animal (tais como esterco e urina proveniente
de estábulos, pocilgas e aviários) ou vegetal (palhas e outros), que podem ser usados na forma líquida
ou sólida. Os adubos orgânicos contêm nutrientes, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio
e micronutrientes, especialmente cobre e zinco. Os resíduos orgânicos, além de fertilizarem o solo, são
ativadores da microvida, melhoram a estrutura e aeração do solo, aumentam a matéria orgânica e a
infiltração da água das chuvas. (PAULUS et al, 2000).

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido, durante o período de setembro de 2008 a janeiro de 2009, numa
área 0,01972 hectare, localizada na Estação Experimental Agroecológica, situado no Centro de
Ciências Humanas e Agrárias-CCHA, pertencente à Universidade Estadual da Paraíba, Campus-IV,
distando 2 km da sede do município de Catolé do Rocha-PB. As coordenadas geográficas do local são
6º20‘38‖ de latitude sul e 37º44‘48‘‘ de longitude a oeste do meridiano de Greenwich e altitude de 275
metros em relação ao nível do mar. O clima do município, de acordo com a classificação de Köppen, é
do tipo BSwh‘, ou seja, seco, muito quente do tipo estepe, com estação chuvosa no verão e com
temperatura do mês mais frio superior a 18º C . De acordo com a FIPLAN (1980).

O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com 42 tratamentos, no


esquema fatorial 6x7, com 4 blocos, totalizando 168 plantas experimentais. Foram estudados os efeitos
de 6 dosagens de biofertilizantes (D1 = 0; D2 = 40; D3 = 80; D4 = 120; D5 = 160; D6 = 200 ml/planta/vez) e
de 7 concentrações de biofertilizante (C1= 0; C2= 20; C3= 40; C4=60; C5= 80; C6=100 e C7= 120 ml L-1)
na produção do algodoeiro colorido BRS Rubi.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O comportamento da produção do número de capulhos por planta do algodoeiro colorido BRS


Rubi, com relação a aplicação das dosagens de biofertilizante não apresentou relevância estatística,
observa-se que a testemunha se sobressaiu em relação as demais dosagens aplicadas, com um
aumento de 2,4%, 7,2%, 12%, 11,9% e 13,8%, para as dosagens 40, 80, 120, 160 e 200 ml/planta/vez,
respectivamente. No entanto, a medida que se aumentava as dosagens de biofertilizante nas plantas, o
número de capulhos foram reduzidos, contabilizando aproximadamente 12 capulhos por planta.
Resultados semelhantes foram obtidos por Silva (2002), que estudando diferentes populações de
plantas de algodoeiro BRS 200 em cultivo de sequeiro sob manejo orgânico, concluiu que o número de
capulhos por planta decresceu nas maiores densidades de cultivo respectivamente. Porém, observa-se
que a mesma tendência, segue para as plantas submetidas as diferentes concentrações.

O efeito das dosagens de biofertilizante sobre o peso de capulhos por planta do algodoeiro
colorido BRS Rubi não apresentou significância estatística, observa-se que a dosagem de 40
ml/planta/vez se sobressaiu em relação às demais dosagens aplicadas. Resultados semelhantes foram
obtidos por Andrade (2007), estudando o uso racional de água e fracionamento de nitrogênio via
fertirrigação do algodoeiro BRS Rubi. Observando-se o comportamento das plantas submetidas às
concentrações de biofertilizante, verificou-se melhor desempenho quando foi submetido aplicação de
40 ml/L.

O comportamento das plantas de algodoeiro colorido BRS Rubi submetidas a aplicação de


diferentes dosagens de biofertilizante sobre o peso médio do capulho por planta não apresentou efeito
significativo, observando-se que a dosagem de 120 ml/planta/vez superou as demais dosagens
utilizadas. Penna e Resende (2007), estudando o melhoramento do algodoeiro de fibra de cor marrom
concluíram que populações enriquecidas com retrocruzamentos a espécie G. hirsutum apresentaram
melhoria para o peso de capulho, o que difere dos resultados obtidos neste trabalho. Ao observar o
efeito das diferentes concentrações de biofertilizante sobre a referida variável, constatamos que a
concentração de 80 ml/L foi a que apresentou melhor resultado

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CONCLUSÃO

Observando-se o comportamento das plantas submetidas às concentrações de biofertilizante,


verificou-se melhor desempenho quando foi submetido aplicação de 40 ml/L

Embora não apresentando significância estatística a dosagem de 40 ml/planta/vez e a


concentração de 40 ml/L proporcionaram os maiores rendimentos no peso de capulhos por planta do
algodoeiro BRS Rubi;

A dosagem de 120 ml/planta/vez propiciou melhor resultado sobre o peso médio do capulho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, R. Uso racional de água e fracionamento de nitrogênio via fertirrigação do algodoeiro BRS
Rubi. Tese de doutorado. Campina Grande: 2007.

BELTRÃO, N.E. de M. et al. Recomendações técnicas para o cultivo do algodoeiro herbáceo de


sequeiro e irrigado nas regiões Nordeste e Norte do Brasil. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA,
1993. 72p. (Circular Técnica, 17).

FIPLAN: Potencial de irrigação e oportunidades agroindustriais no Estado da Paraíba, v.1, João


Pessoa: 1980, 302p.

NEVES, M. C. P. et al. Agricultura Orgânica: Instrumento para a sustentabilidade dos sistemas de


produção e valorização de produtos agropecuários. EMBRAPA, n. 122, Documentos. 21 p. 2000.

PAULUS, G. et al. Agroecologia aplicada: Praticas e métodos para uma agricultura de base
ecológica. Porto Alegre: EMATER/RS, 2000. p. 86

PENNA, J. C. V; RESENDE, P. A. Melhoramento do algodoeiro anual de fibras de cor marrom.


Uberlândia: 2007.

PINHEIRO, S.; BARRETO, S. B. ‗MB-4‟: Agricultura sustentável, trofobiose e biofertilizantes. Canoas:


Gráfica La Solle, 273p. 1996.

SILVA, M. N. B. População de plantas em algodão colorido BRS-200 em cultivo de sequeiro no seridó


paraibano, sob manejo orgânico. Patos: 2002.

SOUZA, J. L.; RESENDE, P. Manual de horticultura orgânica. Viçosa: Aprenda fácil, 564p. 2003.

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D os a ge ns de B i of e r t i l i z a nt e s obr e o N úme r o de C a pul hos por C oncent rações de B iof ert ilizant e sobre o N úmero de C apulhos
pl a nt a do A l godoe i r o B R S R ubi
por Plant a de A lgodoeiro B R S R ubi

200
120

160 100
80
120
60

80
40

20
40 13,91 13,75 12,83 12,45 11,75 10,58
0 11,08
0 13,28 12,96 12,39 11,85 11,86 11,67

1 2 3 4 5 6 7
1 2 3 4 5 6

D os a ge ns de B i of e r t i l i z a nt e ( ml / pl a nt a / v e z )
C oncent rações de B iof ert ilizant e ( ml/ L)

Figura 24 - Efeito das dosagens e concentrações de biofertilizante sobre o número de capulhos por planta.

Dosagens de Biofertilizante sobre o Peso de Capulhos por Planta de Concentrações de biofertilizante sobre o Peso de Capulhos por
Algodoeiro BRS Rubi Planta de Algodoeiro BRS Rubi

120
200
100
160
80
120
60
80
40
33,5 34,5 30,08 30,95
31,89 40 32,82 29,62 26,12 25,54
30,28 29,75 29,32 26,21
0 20
0

1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 7
Dosagens de Biofertilizante (ml/planta/vez) Concentrações de Biofertilizante (ml/L)

Figura 25 - Efeito das dosagens e concentrações de biofertilizante sobre o peso de capulhos por planta.

Dosagens de Biofertilizante sobre o Peso Médio de capulhos de Concentrações de Biofertilizante sobre o Peso Médio de Capulhos
Algodoeiro BRS Rubi de Algodoeiro BRS Rubi

120
200
100
160
80
120
60
80
40
40
20
0 2,37 2,58 2,47 2,63 2,47 2,34 0 2,44 2,35 2,5 2,47 2,54 2,53 2,52

1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 7
Dosagens de Biofertilizante (ml/planta/vez) Concentrações de Biofertilizante (ml/L)

Figura 3 - Efeito das dosagens e concentrações de biofertilizante sobre o peso médio do capulho por planta.

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SISTEMAS DE CULTIVOS: MAMONA, ALGODÃO COLORIDO E FEIJÃO-CAUPI, SUBMETIDOS À


ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MINERAL

Andréa Fernandes Rodrigues1; Patrícia Venâncio da Silva2; Francisco Assis de Oliveira3; Nivaldo
Timóteo de Arruda Filho4; Ênio Freitas Meneses5
1 Discente do PPGA- CCA-UFPB; 2 Discente do PPGA- CCA-UFPB; 3 Prof. Dr. do DSER-CCA-UFPB; 4 Discente do
PPGEAg-CTRN-UFCG; 5 Mestre do PPGMSA-CCA-UFPB ; 1 deafr@hotmail.com

RESUMO – Com o objetivo de se estabelecer um sistema de cultivos para o Brejo paraibano, conduziu-
se, em campo, um experimento para avaliar o efeito da adubação orgânica e mineral sobre as
características produtivas da cultura da mamona, cv BRS 149 Nordestina, algodão colorido, cv BRS
rubi e feijão caupi, BR 17-Gurgéia, em sistema de cultivos. Em delineamento experimental de blocos ao
acaso, distribuídos em esquema fatorial, em parcelas subdivididas, foram testados cinco níveis de
matéria orgânica (0, 10, 20, 30 e 40 t/ha-1 de esterco de curral) e um de adubação mineral (100-150-60)
kg/ha-1 de N-P205-K2O, em dois sistemas de cultivos (mamona com feijão e mamona com algodão),
com três repetições. As parcelas principais foram representadas pelas dosagens de matéria orgânica e
da adubação NPK e as subparcelas pelos sistemas de cultivos (mamona com algodão e mamona com
feijão). A análise de variância revelou que não houve efeito dos tratamentos sobre os resultados dos
sistemas de cultivos, mas houve efeito significativo (p ≤ 0,01) sobre os resultados de altura de plantas,
número de cacho por planta e rendimento da mamona.
Palavras-chave: Ricinus communis, consórcio, rendimento, fertilidade do solo.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta oleaginosa, tropical, resistente à seca,
cultivada em quase todo o mundo. No Brasil, é cultivada em quase todas as regiões, principalmente no
Nordeste, onde é explorada por pequenos e médios produtores rurais, em consórcio com feijão, milho e
algodão, principalmente (MOREIRA et al., 1996). O algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.r.
latifolium Hutch), especialmente o algodão colorido possui excelente potencial de cultivo para as
condições edafoclimáticas do Nordeste brasileiro (SANTANA et al., 1999). O feijão caupi (Vigna
unguiculata L) é uma das leguminosas mais importantes para as regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Normalmente é cultivado em consórcio com outras culturas tradicionais da região, como milho,
mandioca, mamona, em sistemas de cultivos, tecnicamente não caracterizados, o que têm levado a

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níveis baixos de produtividade dos sistemas (OLIVEIRA et al., 2001). Porém, os baixos rendimentos
das culturas da mamona, feijão e algodão, no Nordeste dependem dos sistemas de produção
empregados: cultivos solteiros ou consorciados, tipo de variedades, condições edafoclimáticas
adequadas e fertilidade dos solos compatíveis com as exigências das culturas.

O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de diferentes dosagens de adubos orgânico e mineral
sobre a cultura da mamoneira em sistemas de cultivos com o algodão colorido e o feijão caupi.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada na fazenda Chã de Jardim, no município de Areia, estado da Paraíba.
O ensaio foi conduzido em um Latossolo Amarelo (EMBRAPA, 2006). O clima da região é classificado
segundo Köppen como sendo do tipo As‘, correspondente ao clima tropical quente e úmido, com
estação chuvosa no período outono-inverno, apresentando temperatura média anual em torno de 24º C
e altitude média de 640 m. A precipitação pluviométrica anual média é de 1400 mm, sendo que mais de
75% das chuvas caem nos meses de março a agosto (HARGREAVES, 1974).

Os tratamentos foram definidos por cinco dosagens de adubo orgânico: 0, 10, 20, 30 e 40 t ha-1
de esterco bovino, humificado (com teor de umidade corrigido para 5%) e um tratamento com NPK
(100-150-60 kg ha-1), estimado com base na análise dos solos e nas exigências nutricionais das
culturas. Foi adotado o delineamento experimental em blocos ao acaso, com arranjo fatorial em
parcelas subdivididas: 6 x 2 (cinco dosagens de matéria orgânica + uma de NPK versus dois sistemas
de cultivos ), com três repetições. Para testar o efeito dos tratamentos do adubo orgânico e mineral, em
sistema de cultivo, foram utilizadas as culturas da mamoneira (Ricinus communis L.), cultivar BRS 149
Nordestina, o algodão colorido (Gossypium hirsuntum L.) cultivar, BRS Rubi e o feijão-caupi (Vigna
unguiculata L) cultivar, BR 17- Gurgéia. Como fonte da adubação química foi usado o sulfato de
amônio, superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente, para N, P2O5 e K2O.

Para tomada de dados foram identificadas aleatoriamente três (3) plantas de mamona por
subparcela, registrando a altura de planta (determinado com o uso de régua no início e posteriormente
com uma trena de costureira fixada em uma haste de madeira), rendimento de matéria seca para o
algodão e rendimento de matéria seca e de grãos secos para o feijão por parcela, extrapolando-se os
resultados para kg ha-1.

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Foram processadas três (3) colheitas da cultura da mamona, em seguida a do feijão e do


algodão. Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e comparados a nível de
significância pelo teste ―F‖. As médias foram comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 registra os resultados dos quadrados médios das análises de variância referente às
variáveis da altura de plantas (AP), número de cachos por planta (NC), da mamona, rendimento das
culturas mamona + feijão + algodão (Rend.I) e rendimento da mamona (Rend.II) da cultura da
mamona, cv BRS-149 Nordestina. Observa-se que houve efeito significativo (p ≤ 0,01) dos tratamentos
para todas as variáveis analisadas, mas não houve efeito (p > 0,05) para sistemas de plantio e nem
para interação tratamentos versus sistemas. O desdobramento através da análise de regressão
polinomial evidenciou efeito para a componente do 2º grau para todas as variáveis.

Na Tabela 2 são apresentados os resultados das variáveis avaliadas, onde através da


comparação entre as médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade é possível afirmar que a maior
altura das plantas (283,0 cm) de mamona foi proveniente do tratamento que recebeu 40 t ha-1 de
esterco bovino, cujo resultado não foi significativamente (p ≤ 0,05) diferente das doses de 20 e 30 t ha-1
de esterco, mas superou os demais tratamentos. A dose de 10 t ha -1 de esterco não diferiu do
tratamento NPK, porém estes tratamentos superaram a testemunha. O maior número de cachos por
planta (15,7) foi proveniente do tratamento que recebeu 40 t ha-1 de esterco, cujo resultado não foi
diferente (p ≥ 0,05) dos demais tratamentos com esterco e com NPK, mas estes superaram
significativamente (p ≤ 0,05) a testemunha, em média, em 207%. Ainda na Tabela 2 constata-se que a
maior rendimento médio das culturas da mamona + feijão + algodão (2989,3 kg ha -1) foi proveniente da
aplicação de 30 t ha-1 de esterco, cujo resultado não foi diferente (p > 0,05) dos tratamentos de 20 e 40
t ha-1, mas superou os demais tratamentos. Não houve diferença entres os resultados dos tratamentos
10, 20 30 t ha-1 e NPK, mas esses tratamentos superaram de forma significativa (p ≤ 0,05) a
testemunha. O maior resultado do rendimento das culturas superou a testemunha em 441%. O maior
rendimento da mamona (2648,3 kg ha-1) foi obtido com o tratamento que recebeu 30 t ha -1 de esterco,
cujo resultado não foi diferente do rendimento obtido com os demais tratamentos com esterco e com
NPK, porém em média superaram (p ≤ 0,05) a testemunha em 384%. Segundo Severino et al.,
constatou-se em uma pesquisa, que o fornecimento de adubação química ou orgânica aumentou
significativamente a produtividade e características de crescimento da mamoneira.

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CONCLUSÃO

Após análise e discussão dos resultados e considerando as condições em que o trabalho foi
desenvolvido, é possível concluir que: Os tratamentos com esterco bovino e com NPK causaram efeito
nos resultados da altura de plantas, número de cachos por planta, rendimento da mamona e causaram
efeito no rendimento das culturas da mamona + feijão e algodão. Não foi registrado efeito dos sistemas
de plantio (mamona + feijão e mamona + algodão) para os resultados das variáveis analisadas,

Para o produtor há um melhor aproveitamento da área, pois possibilita a consorciação da


mamona com outras culturas e uma melhoria na renda familiar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de
Janeiro – RJ: Embrapa, 2006.

HARGREAVES, G.B. Precipitation depen dability na potencial for agricultural prodution in North East
Brasil. Logabi Utah State Univer City, 123, 1974.

KOPPEN, W.; Das geographi cs system der Klimate, In: KOEPPEN, W., Handbuch der Klimatologia.
Berlim: Gerdrulier Borntrager. V. 1, porte c, 1936.

MOREIRA, J. de; A.N.; LIMA, E.F,; FARIAS, F.J.C.;AZEVEDO, D.M.P. de.; Melhoramento da
mamoneira (Ricinus communis L.). Campina Grande: Embrapa-CNPA, 29p. 1996.

OLIVEIRA, a.P.; ARAÚJO, J.S.; ALVES, E.U.;MORANHA, M.A.S.; CASSIMIRO, C.M.; MENDONÇA,
F.G. Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovino e adubo mineral. Horticultura brasileira,
Brasília, v.19, n.1, p.81-84. 2001.

SANTANA, J.C.F.; FREIRE, E.C.; VANDERLEY, M.J.R.; SANTANA, J.C.S.; ANDRADE, F.P.;
ANDRADE, J.E. Qualidade e tecnologia da fibra do fio de linhagens de algodão de fibra colorida.
Revista de Oleaginosas e Fibrosas. Campina Grande, v.3, n.3, p.195-200. 1999.

SEVERINO, L.S.; MORAES, C.R.A.; GONDIM, T.M.S.; CARDOSO, G.D.; SANTOS. J.W.; BELTRÃO,
N. E. M. Produtividade e crescimento da mamoneira em resposta à adubação orgânica e mineral.
Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, v.41, n.5, p. 881. 2006.

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Tabela 1. Resultados da análise de variância (quadrados médios) das variáveis altura de plantas (AP), número de
cachospor planta (NC), rendimento das culturas da mamona + feijão + algodão (Rend.I) e rendimento da mamona (Rend.II),
submetidas a diferentes tratamentos de matéria orgânica e adubação mineral, NPK, em sistemas de plantio

Causa da variação GL Quadrado médio


AP NC Rend.I Rend.II
Bloco 2 3918,9** 14,1 ns 59489,5 ns 128087,9 ns
Tratamento 5 31105,6** 120,2** 4608860,0** 3864524,0 **
Sistema 1 20,2 ns 0,1 ns 135178,8 ns 1877,8 ns
Trat. x Sist. 5 814,2 ns 6,1 ns 78295,6 ns 103154,5 ns
Resíduo a) 10 372,8 9,2 195154,4 319676,9
Resíduo b) 12 489,0 5,9 130636,8 177028,1
Esterco bov
Elinear 1 ** ** ** **
Equadrático 1 ** ** ** **
ns, * e **: na significativo e significativo a 55 e 1% de probabilidade pelo teste ―F‖

Tabela 2. Resultados médio referentes as variáveis altura de plantas (AP), índice, número de cachos por planta (NC),
rendimento das culturas da mamona + feijão + algodão (Rend.I) e rendimento da mamona (Rend.II), submetidas a
diferentes tratamentos de matéria orgânica e adubação mineral, NPK, em sistemas de plantio

Tratamento AP NC Rend.I Rend.II


(cm) (No) (kg/ha) (kg/ha)
Esterco bov.
00 86,0c 4,0b 552,0c 401,2b
10 202,4b 11,5ª 2217,7b 2123,8ª
20 256,7a 13,7ª 2706,3ab 2405,7ª
30 268,3a 15,3ª 2989,3a 2648,3ª
40 283,0a 15,7ª 2764,9ab 2401,7ª
NPK 216,0b 14,7ª 2225,3b 1825,6ª
Sistema
S1 219,5a 12,4ª 2185,9a 2989,3ª
S2 218,1a 12,3ª 2063,3a 2681,0a
Média 218,8 12,3 2124,6 1939,8
CV1% 8,82 24,5 20,79 29,15
CV2% 10,11 19,54 17,01 21,69
dms 38,72 6,08 642,71 748,22
S1: rendimento das culturas mamona + feijão + algodão; S2: rendimento da mamona; CV1%: coeficiente de variação par
tratamentos: CV2%: coeficiente de variação para sistemas; dms: diferença mínima significativa entre as médias dos
tratamentos. Médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente, entre si, pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade

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UTILIZAÇÃO DE CASCA, TORTA DE MAMONA E FOSFATO NATURAL NA FERTILIZAÇÃO DE


PLANTAS DE MAMONEIRA

1Walciria Alves da Silva; 2Napoleão Esberard de Macedo Beltrão; 2José Wellinghton dos Santos;
3Rosiane de Lourdes Silva de Lima; 4Flávio Bezerra Costa; 1Hélia Thaiane Ribeiro Pereira; 1Genelicio
Souza Carvalho Júnior
1UEPB, alveswalciria@yahoo.com.br, 2Embrapa Algodão, napoleão@cnpa.embrapa.br, 3FAPESQ,
limarosiane@yahoo.com.br, 4UFCG, flabc01@yahoo.com.br

RESUMO – Objetivou-se neste trabalho avaliar o crescimento da mamoneira em função da adubação


com a torta e a casca de mamona, em conjunto com o fosfato natural. Foram avaliados dez
tratamentos e quatro repetições em delineamento de blocos casualizados. Os tratamentos foram
compostos por misturas de terra com volume variando de 80 a 100%, torta e casca de mamona a 5 e
10%. Apenas cinco tratamentos foram enriquecidos com o fosfato natural na dose de 100 kg ha-1. As
plantas dos tratamentos compostos por casca e torta de mamona apresentaram melhor desempenho
no crescimento.
Palavras-chaves: Ricinus communis L; adubação orgânica; fosfato natural.

INTRODUÇÃO

A adubação orgânica é bastante eficaz no fornecimento de nutrientes necessários às plantas,


sendo sua ação mais lenta que a dos adubos minerais, permitindo que as plantas assimilem os
nutrientes de acordo com suas necessidades. Além disso, a adubação orgânica promove melhorias
nas propriedades químicas e físicas do solo. A torta e a casca de mamona vêm sendo bastante
utilizados na adubação orgânica de plantas como alternativa à adubação mineral, pois apresentam
quantidades elevadas de alguns nutrientes, a exemplo do nitrogênio (LIMA et al., 2008).

De acordo com Lima et AL., (2006), a torta de mamona utilizada como adubo na planta de
mamona da linhagem CSRN 393, propiciou aumento em todas as características de crescimento, de
forma proporcional à dose fornecida. Guimarães et al., (2006) concluíram que o crescimento e o
desenvolvimento inicial da mamoneira respondeu mais efetivamente a torta de mamona que a
adubação mineral. Segundo lima et al.,(2008), a torta de mamona apresenta boas características para

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o uso como adubo orgânico. Por outro lado, a casca de mamona é inadequada para o uso como adubo
orgânico devido à alta relação C/N que induz a deficiência de nitrogênio.

Para aumentar a eficiência da adubação com a casca e a torta de mamona, pode-se misturar
outros materiais ricos em minerais, a exemplo do fosfato natural, que apresenta como vantagem um
maior efeito residual devido à sua lenta solubilização no solo (SMYTH & SANCHEZ, 1982; COUTINHO
et al, 1991). Dessa forma, objetivou-se neste trabalho avaliar o crescimento da mamoneira em função
da adubação com a torta e a casca de mamona, em conjunto com o fosfato natural.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casa de vegetação pertencente a Embrapa Algodão, Campina


Grande, PB (Coordenadas geográficas 7º13'S e 35º54'SW), no qual foram utilizados 40 vasos plásticos
com capacidade para 20l. Como substrato, utilizou-se terra de subsolo com conteúdo desprezível de
nutrientes, além de casca e torta de mamona. A composição química dos materiais orgânicos está
apresentada na Tabela 1.

No experimento foram avaliados 10 tratamentos (T1, T2,..., T10), cada um com quatro
repetições em delineamento de blocos casualizados. Os tratamentos foram compostos por misturas de
terra com volume variando de 80 a 100%, torta e casca de mamona a 5 e 10%. Cinco tratamentos
foram enriquecidos com o fosfato natural na dose de 100 kg ha -1, enquanto que os demais não
receberam o fosfato, conforme a Tabela 2.

A partir dos 20 dias após a emergência (DAE) das plântulas, a altura, a área foliar (SEVERINO
et al., 2005) e o diâmetro do caule foram avaliados semanalmente. Os dados obtidos foram submetidos
à análise de regressão para se identificar as curvas que representam o crescimento das plantas em
função do tempo (ROFFMANN et al. 1988; CALBO et al., 1989).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas Figuras 1, 2 e 3 apresentam-se as curvas de altura da planta, diâmetro do caule e área


foliar, respectivamente, sob os diferentes tratamentos em função dos dias após a emergência das
plântulas. As equações obtidas via analise de regressão estão sumarizadas na Tabela 3.

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As plantas dos tratamentos compostos por terra (T1 e T2) e terra e casca (T9 e T10)
apresentaram um baixo desempenho no crescimento (altura, diâmetro do caule e área foliar), com
relação aos demais tratamentos (Figuras 1, 2 e 3), pois o solo utilizado apresentava baixo teor de
nutriente e leve acidez. As analises foram feitas até o quinquagésimo terceiro DAE. No entanto, já foi
possível perceber que as misturas de terra com a torta e a casca de mamona proporcionam
incrementos no crescimento das plantas (T3, T4, T5, T6, T7 e T8 nas Figuras 1, 2 e 3). Porém, os
dados coletados até o momento não foram suficientes para identificar a melhor combinação dessas
misturas, com e sem o fosfato. Ao término do experimento, o método de otimização de misturas
simplex será utilizado para a identificação da mistura que maximize a produção. Além da altura,
diâmetro caulinar e área foliar, serão avaliados o teor de nutriente foliar e a matéria seca total das
plantas no final do ciclo.

CONCLUSÃO

A adubação orgânica com misturas de torta e casca de mamona propiciaram um crescimento


satisfatório das plantas de mamoneira.

A casca de mamona utilizada de forma isolada não apresentou resultados satisfatórios, pois as
plantas tiveram crescimento similar ao das plantas dos tratamentos com terra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALBO, A. G.; SILVA, W. L. C.; TORRES, A. C. Comparação de modelos e estratégias para análise de
crescimento. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v.1, n.1, p. 1-7, 1989.

CALBO, A. G.; SILVA, W. L. C.; TORRES, A. C. Ajuste de funções não lineares de crescimento.
Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v.1, n.1, p. 9-18, 1989.

COUTINHO, E. L. M.; NATALE, W.; STUPIELLO, J. J.; CARNIER, P. E. Avaliação da eficiência


agronômica de fertilizantes fosfatados para a cultura do milho. Científica, v.19, 1991, p.93-104.

GUIMARÃES, M. M. B.; ALBUQUERQUE, R. C.; LUCENA, A. M. A.; COSTA, F. X.; FREIRE, M. A. O.;
BELTRÃO, N. E. M.; SEVERINO, L. S. Fontes orgânicas de nutrientes e seus efeitos no
crescimento e desenvolvimento da mamoneira. In: II Congresso Brasileiro de Mamona. Cenário
Atual e Perspectivas, Aracaju, SE, 2006.

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LIMA, R. L. S. de; SEVERINO, L. S.; SAMPAIO, L. R.; FREIRE, M. A. O.; SOFIATTI, V.; BELTRÃO, N.
E. M. Combinação de casca e torta de mamona como adubo orgânico para a Mamoneira. In III
congresso Brasileiro de mamona. Energia e ricinoquimica, Salvador, 2008.

LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L. S.; ALBUQUERQUE, R. C.; BELTRÃO, N. E. M. Avaliação da casca e


da torta de mamona como fertilizante orgânico. In: II Congresso Brasileiro de Mamona. Cenário
Atual e Perspectivas, Aracaju, SE, 2006.

ROFFIMANN, R.; VIEIRA, S. Análise de regressão: uma introdução à econometria. 3 a ed, São Paulo:
HUCITEC, 1998. 379 p.

SEVERINO, L. S.; CARDOSO, G. D.; VALE, L. S.; SANTOS, J. W. Método para determinação da
área foliar da mamoneira. 1.ed. Campina Grande: EMBRAPA Algodão, 2005. p. 21. (Boletim de
Pesquisa e Desenvolvimento 55).

SMYTH, T.J.; SANCHEZ, P.A. Phosphate Rock and Superphosphate Combinations for Soybeans
in a Cerrado Oxisol. Agronomy Journal, v.74, p.730-735, 1982.

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100 100 100 100

T1 T3 T7 T9
90 90 90 90

80 T2 80
T4 80
T8 80 T10
70 70
T5 70 70
T6

Altura (cm)
Altura (cm)

Altura (cm)
Altura (cm)
60 60 60 60

50 50 50 50

40 40 40 40

30 30 30 30

20 20 20 20

10 10 10 10

0 0 0 0
10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60
Dia após a emergência Dia após a emergência Dia após a emergência Dia após a emergência
(a) (b) (c) (d)
Figura 1: Medidas da altura das plantas de mamoneira em função dos dias após a emergência das plântulas, para
tratamentos com: (a) terra; (b) terra, torta e casca de mamona; (c) terra e torta de mamona; (d) terra e casca de mamonas.
Campina Grande, PB, 2010.
20 20 20 20

18 18 18 18
T1 T7 T9
16 16 16 16
T2 T8 T10
Diâmetro do caule (cm)

Diâmetro do caule (cm)

Diâmetro do caule (cm)

Diâmetro do caule (cm)


14 14 14 14

12 12 12 12

10 10 10 10

8 8 T3 8 8

6 6 T4 6 6

4 4 T5 4 4

2 2
T6 2 2

0 0 0 0
10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60
Dia após a emergência Dia após a emergência Dia após a emergência Dia após a emergência
(a) (b) (c) (d)
Figura 2: Medidas do diâmetro do caule das plantas de mamoneira em função dos dias após a emergência das plântulas,
para tratamentos com: (a) terra; (b) terra, torta e casca de mamona; (c) terra e torta de mamona; (d) terra e casca de
mamonas. Campina Grande, PB, 2010.
5000 5000 5000 5000

4500 4500 4500 4500


T1 T7 T9
4000 4000 4000 4000
T2 T8 T10
3500 3500 3500 3500
Área foliar (cm2)

Área foliar (cm2)

Área foliar (cm2)

Área foliar (cm2)

3000 3000 3000 3000

2500 2500 2500 2500

2000 2000 T3 2000 2000

1500 1500 T4 1500 1500

1000 1000 T5 1000 1000

500 500 T6 500 500

0 0 0 0
10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60
Dia após a emergência Dia após a emergência Dia após a emergência Dia após a emergência
(a) (b) (c) (d)
Figura 3: Medidas da área foliar das plantas de mamoneira em função dos dias após a emergência das plântulas, para
tratamentos com: (a) terra; (b) terra, torta e casca de mamona; (c) terra e torta de mamona; (d) terra e casca de mamonas.
Campina Grande, PB, 2010.

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Tabela 1. Teor de Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio e Magnésio na casca do fruto e na torta de mamona. Campina
Grande, PB, 2010.
Substrato Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio Magnésio
Casca de mamona 1,86% 0,26% 4,50% 0,67% 0,38%
Torta de mamona 7,54% 3,11% 0,66% 0,75% 0,51%

Tabela 2. Tratamentos compostos por combinações de terra, torta e casca de mamona, sendo contemplados ou não com o
fosfato natural. Campina Grande, PB, 2010.
Tratamento Terra Torta de mamona Casca de mamona Fosfato natural
T1 e T2 100,00% 0,00% 0,00% Presença/ausência
T3 e T4 90,00% 5,00% 5,00% Presença/ausência
T5 e T6 80,00% 10,00% 10,00% Presença/ausência
T7 e T8 90,00% 10,00% 0,00% Presença/ausência
T9 e T10 90,00% 0,00% 10,00% Presença/ausência

Tabela 3. Equações estimadas para altura da planta, diâmetro do caule e área foliar da mamoneira em função do dia após a
emergência das plântulas.
Altura Diâmetro Área foliar
Trat. Equação Equação
R2 R2 Equação (regressão) R2
(regressão) (regressão)
206,3 38,61 -6,718 + 3,755x-0,1697x2+
T1 0,9964 0,9696 0,9992
1 + e4,145−0,0317x 1 + e2,503−0,01172 x 0,003083x3
11,88 4,591 -137,2 + 16,59x -0,4829x2 +
T2 0,9948 0,8407 0,8106
1 + e1,311−0,0617x 1 + e2,503−0,01172 x 0,004602x3
76,56 18.54 -2291 + 153,6x + 0,3826x2 -
T3 0,9997 0,9931 0,9923
1 + e3,36−0,1144x 1 + e2,031−0,0833x 0,01813x3
84,88 18,79
T4 0,9985 0,9912 667,5 -153,1x + 10,12x2 -0,112x3 0,9988
1 + e3,887−0,1293x 1 + e2,239−0,0976x
96,92 19,02 -8024 + 712,5x -14,82x2 +
T5 0,9974 0,9939 0,9969
1 + e2,969−0,1017x 1+ e2,071−0,1047x 0,1138x3
85,8 17,72 -5074 + 429,6x -6,47x2 +
T6 0,9993 0,9968 0,9974
1 + e3,003−0,1071x 1 + e1.679−0.0834x 0,03365x3
81.05 19,69 258,3 -115,3x + 7,765x2 -
T7 0,9997 0,9966 0,9981
1 + e4,186−0,13x 1 + e2,131−0,08133 x 0,07394x3
92,84 19,02 872,6 -164,1x + 9,105x2 -
T8 0,9962 0,9997 0,9982
1 + e3,691−0,106x 1 + e2,207−0,08482 x 0,09174x3
408,7 241,3 1201 -100,7x + 2,483x2 -
T9 0,992 0,9629 0,9986
1 + e4,767−0,0472x 1 + e4,545−0,02573 x 0,008615x3
143.5 135,2 -1119 + 88,61x -1,91x2 +
T10 0,9972 0,9843 0,8768
1 + e3,870−0,0546x 1 + e4,018−0,02552 x 0,01908x3

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UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE AGROINDÚSTRIA DE CARNES NA CULTURA DO GIRASSOL1

João Paulo Gonsiorkiewicz Rigon1; Moacir Tuzzin de Moraes1; Fernando Arnuti1; Maurício Roberto
Cherubin1; Mairo Trentin Piovesan¹; Silvia Capuani¹ & Vanderlei Rodrigues da Silva1
1 Universidade Federal de Santa Maria campus de Frederico Westphalen – RS; E_mail: jpaulorigon@hotmail.com

RESUMO – O uso de resíduos industriais na agricultura, como fonte de nutrientes para as plantas, tem
resultado em economia de fertilizantes químicos e na recuperação físico-química do solo. Neste
contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da utilização de resíduo de agroindústria de
carnes, no fornecimento de nutrientes para a cultura do girassol, em substituição a adubação mineral.
O experimento foi conduzido na UFSM campus de Frederico Westphalen - RS, na safra 2008/2009.
Adotou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, constituído por seis tratamentos e
três repetições, utilizando o híbrido HLA-360. Os tratamentos consistiram na utilização de adubação
mineral e doses de resíduo de agroindústria de carnes (0; 25; 50; 75; 100 m³.ha -1). Foram avaliadas as
variáveis: Altura de planta (AP); Diâmetro do capítulo (DC); Peso de mil aquênios (PMA); e
Produtividade. As variáveis AP, DC e PMA, não apresentaram diferença significativa entre os
tratamentos; a produtividade apresentou comportamento linear em função das doses de resíduo,
produzindo 1.159,81 kg.ha-1 (0 m3.ha-1) e 1.875,53 kg.ha-1 (100 m3.ha-1). Desta forma, o resíduo de
agroindústria de carnes pode ser utilizado como fonte alternativa para a substituição da adubação
tradicional, sem causar prejuízos no potencial produtivo da cultura do girassol.
Palavras-chave – Adubação orgânica; Helianthus annuus; Potencial produtivo; Nutrição de plantas.

INTRODUÇÃO

Atualmente, o girassol é cultivado em nível mundial com o objetivo principal de obtenção de


óleo, sendo importante não só pelo seu alto teor de óleo nos aquênios, mas principalmente, pela baixa
concentração em ácidos graxos em sua constituição. A cultura do girassol apresenta perspectivas
promissoras para a produção agrícola, demonstrando possibilidades de ser cultivada amplamente pelo
território brasileiro (SANTOS et al., 2003).

No que diz respeito, às respostas das culturas à adição de resíduos orgânicos, têm sido
verificados incrementos de produtividade. Segundo Leslie (1970) & Mays et al., (1973) citado por
Gadioli & Neto, (2004) o crescimento vegetativo e a produção de grãos de várias culturas agrícolas, em

1 Financiamento CNPq; Apoio: Agroindústria Mabella Carnes.

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solos tratados com lodo de esgoto, foram iguais ou superiores aos das mesmas plantas desenvolvidas
em solos adubados com fertilizantes minerais.

Deschamps & Favaretto (1997), avaliando a aplicação de lodo de esgoto, complementado com
fertilizante mineral nas culturas do girassol e de feijão, demonstraram que o lodo de esgoto pode ser
utilizado como fonte de nitrogênio, sem prejuízo na produtividade, quando comparado à adubação
mineral, na cultura do girassol. O uso de resíduos industriais na agricultura, como fonte de nutrientes
para as plantas, tem resultado em maior incremento na produtividade destas, em economia de
fertilizantes químicos e na recuperação físico-química do solo (SILVA, 1995).

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da utilização de resíduo de
agroindústria de carnes, no fornecimento de nutrientes para a cultura do girassol, em substituição a
adubação mineral.

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido na área experimental do Curso de Agronomia, da Universidade


Federal de Santa Maria campus de Frederico Westphalen, latitude 27039‘26‖ S; longitude 53042‘94‖ W
e altitude 490 m., localizado na região do Médio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul, Brasil. O estudo foi
conduzido no ano agrícola 2008/2009, em área de plantio direto cultivada com sucessão de milho e
aveia, que apresentava na camada de 0-10 cm de solo: pH em água de 5,9; fósforo disponível de 6,0
mg.dm-3; saturação por bases de 87% e 2,9% de matéria orgânica. O solo é classificado como
Latossolo Vermelho aluminoférrico típico (EMBRAPA, 1999), com textura argilosa. E o clima dessa
região, segundo a classificação de Koppen (1948), é subtropical úmido, tipo Cfa. O resíduo de
agroindústria de carnes apresentou 90% de umidade e os teores totais de nutrientes (g.kg-1)
determinados pela técnica de Espectrometria de Fluorescência de Raios-X por Energia Dispersiva
(EDXFR), foram os seguintes: SiO2 (53,00); SO3 (47,13); P2O5 (32,88); Fe2O3 (28,11); CaO (27,88);
Al2O3 (27,34); ZnO (3,81); TiO2 (2,27); CuO (2,15); K2O (2,00); MnO (1,01).

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), com três repetições
e seis tratamentos. O experimento foi composto com e sem a utilização de resíduo de agroindústria de
carnes, formando os seguintes tratamentos: T1 - Adubação mineral (NPK) recomendada pela SBCS,
(2004); T2 – Testemunha, sem adubação (0 m3.ha-1); T3; T4; T5 e T6 respectivamente doses de 25;
50; 75; e 100 m3.ha-1 de resíduo de agroindústria de carnes. As parcelas apresentavam área de 20 m²
(5 m x 4 m), o espaçamento entre linha foi de 80 cm visando o estabelecimento da população de 40 mil
plantas.ha-1. A semeadura realizou-se no dia primeiro de setembro de 2008, utilizando-se o híbrido

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triplo, cultivar HLA–360. A adubação para o tratamento com adubação mineral (T1) foi realizada com
uma expectativa de rendimento de 2 t.ha-1 (SBCS, 2004).

A colheita realizou-se quando o girassol estava na fase (R9), onde os capítulos estavam todos
voltados para baixo. Em cada parcela, foram amostradas 16 plantas na área útil, realizando as
seguintes avaliações: a) Altura de planta (m): correspondeu à distância entre o nível do solo até a
inserção do capítulo, considerando a curvatura do caule; b) Diâmetro do capítulo (cm): medida por uma
linha central imaginária no centro do capítulo; c) Produtividade (kg.ha-1): obtida através da trilha dos
capítulos existentes na área útil, e extrapolada para kg.ha-1, ajustando a 13% de umidade; e d) Peso de
mil aquênios (g): obtido através da pesagem de oito repetições de 100 aquênios e extrapolado para
peso de mil aquênios.

Os resultados obtidos foram submetidos a análise de variância, e as médias foram comparadas


por contrastes ortogonais e realizado análise de regressão para os fatores quantitativos, todos a 5% de
probabilidade de erro. Para realização das análises utilizou-se o software estatístico Statistical Analysis
System – SAS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A precipitação durante o período pode ser observada na Figura 1, onde verifica-se que a
precipitação pluviométrica não foi uniforme em todo o ciclo da cultura, totalizando 675 mm. Segundo
Castro & Farias, (2005), a cultura necessita de 400 a 500 mm, bem distribuídos ao longo do ciclo, para
que a planta expresse o seu máximo de produtividade. Na safra 2008/09, o mês de outubro,
apresentou a maior precipitação durante o ciclo do girassol, porém, quando a cultura iniciou a fase de
enchimento de grãos, ocorreu um déficit hídrico, comprometendo os componentes de rendimento do
girassol, tais como: diâmetro do capítulo, peso de mil aquênios e produtividade.

As variáveis, altura de planta, diâmetro de capítulo e peso de mil aquênios estão apresentados
na Tabela 1. Quanto à altura de planta, os resultados demonstraram que não ocorreu diferença
significativa entre os tratamentos, não sendo influenciada pelas doses de resíduo de agroindústria de
carnes, ocorrendo somente uma tendência de maior altura (1,84 m) no tratamento com adubação
mineral. Para a variável, diâmetro de capítulo, pode se observar que as doses de resíduo de
agroindústria de carnes, não apresentou diferença estatística significativa entre os tratamentos, apenas
uma tendência de maior diâmetro na maior dose de resíduo. O peso de mil aquênios não apresentou

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diferença significativa entre os tratamentos, observando que esta variável não foi influenciada pela
adubação.

Conforme os resultados de produtividade, observados na Figura 2, verifica-se que estes


apresentaram comportamento linear em função das doses de resíduo de agroindústria utilizadas,
obtendo produtividades de 1159,81; 1139,56; 1326,97; 1538,56 e 1875,53 kg.ha-1, respectivamente
para as doses 0; 25; 50; 75 e 100 m³.ha -1, porém somente a dose de 100 m³.ha-1 diferiu
significativamente da testemunha. O tratamento com a utilização da adubação mineral recomendada,
obteve 1334,61 kg.ha-1 a qual não se diferiu de nenhum dos tratamentos, demonstrando que a
utilização de resíduo de agroindústria de carnes não apresentou perdas de produtividade em relação a
adubação mineral.

CONCLUSÃO

O resíduo de agroindústria de carnes pode ser utilizado como fonte alternativa de nutrientes em
substituição a adubação mineral, sem causar prejuízos no potencial produtivo da cultura do girassol.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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na produtividade e desenvolvimento da cultura do feijoeiro e do girassol. Sanare – Revista Técnica
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e água residuária tratada sobre a cultura do girassol (Helianthus annuus L.). In: 22º Congresso
Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Anais..., Joinville, SC, ABES, p.1-15 Ilus. 2003.

SBCS - Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Manual de adubação e de calagem RS e SC.


Comissão de Química e Fertilidade do Solo – ROLAS – 10ª. Ed. – Porto Alegre, 2004. p.101.

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cana de açúcar. 1995. 170 f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura Luis de
Queiroz - Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1995.

Figura 1. Precipitação pluvial ocorrida durante a condução do experimento, expressa em períodos de dez dias. (Frederico
Westphalen - RS, Brasil, 2010).

Figura 2. Produtividade do girassol em função de doses de lodo de agroindústria e adubação mineral. (Frederico
Westphalen - RS, Brasil, 2010). * Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente entre si pelo teste de
contrastes ortogonais a 5%.

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Tabela 1. Valores médios de diâmetro do capítulo (DC), peso de mil aquênios (PMA), altura de planta (AP) em diferentes
doses de lodo de agroindústria de carnes e adubação mineral. (Frederico Westphalen - RS, Brasil, 2010).
DC PMA AP
Tratamentos(1)
-------cm------ -------g------- -------m-------

0 15,73 a* 43,65 a 1,71 a

25 16,39 a 46,24 a 1,73 a

50 16,23 a 45,55 a 1,79 a

75 17,03 a 47,82 a 1,82 a

100 17,65 a 49,12 a 1,82 a

Adubação mineral 16,00 a 46,00 a 1,84 a


(1)Doses de lodo de agroindústria de carnes (m³.ha-1) e adubação mineral recomendada de acordo com a SBCS, (2004).
* Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente entre si pelo teste de contraste ortogonal a 5%.

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ADAPTAÇÕES ANATÔMICAS DE CÁRTAMO (Carthamus tinctorius L.) CONTRA DESSECAÇÃO1

Juliana Espada Lichston1; Victor Hugo Moura de Souza² ;Marina de Siqueira³; Marília Negreiros
Fernandes de Medeiros³; Émile Rocha de Lima³; João Paulo Matos Santos Lima4; Marta Costa5.
1Profª.Drª/Orientadora – Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia - UFRN, lichston@cb.ufrn.br; ²Graduando de
Ciências Biológicas (Bolsista CNPQ - PIBIC) – UFRN; ³Graduanda de Ciências Biológicas – UFRN; 4Prof. Dr –
Departamento de bioquímica – UFRN; 5Profª. Drª – Departamento de Química - UFRN

RESUMO - O bioma Caatinga apresenta uma alta biodiversidade, com inúmeras espécies de valor
econômico, entretanto, além de estar muito degradado e com evidências de desertificação é um dos
biomas brasileiro com menor disponibilidade em água. A seca é um dos principais fatores ambientais
que limita a produção agrícola em todo o mundo. Uma oleaginosa promissora para cultivo no semi-
árido brasileiro é o Carthamus tinctorius L. (cártamo), uma asterácea de cultivo anual, medindo até 150
cm de altura. Por ser uma espécie que apresenta elevada resistência à falta de água, às altas
temperaturas e à baixa umidade relativa do ar e tolerante a solos salinos, C. tinctorius L. poderá ser
uma excelente alternativa para a agricultura em regiões semi-áridas do Brasil. Para análise anatômica
da espécie, foram feitas lâminas histológicas semipermanentes com secções transversais de raiz,
caule, folha e sementes e coradas com Sudan Black, Azul de alcianl, Safranina e Azul de toluidina. Os
estudos anatômicos de Carthamus tinctorius L, evidenciaram a presença dos parênquimas
indiferenciado, lacunoso e paliçádico; floema e estrias de Caspary no caule. Na raiz, verificou-se
presença de ductos de mucilagem, e uma grande quantidade de pêlos absorventes. Quanto à folha,
constatou-se uma baixa densidade de tricomas e de estômatos, cutícula espessa e parênquima
aqüífero. Na semente foi observada grande quantidade de óleo nas células perenquimáticas.
Palavras-chave: Asteraceae, Morfologia, Biocombustível, Caatinga.

INTRODUÇÃO
Entre todos os estresses ambientais que uma produção agrícola pode sofrer, a seca é a
restrição que induz um efeito extremamente negativo. Quando submetidas a esta limitação, as plantas
podem manifestar diversos comportamentos, variando desde a grande sensibilidade à alta tolerância.
Sobre esses comportamentos, Belhassen (1995) relatou três estratégias adaptativas utilizados pelas
plantas em resposta à seca que podem variar desde a manutenção de um alto potencial hídrico,
evitando a desidratação e da redução do seu ciclo de vida para um curto período até as alterações

1
Financiado pelo CNPQ

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fisiológicas e bioquímicas que permitam à planta uma alta tolerância à desidratação, quando em um
baixo potencial hídrico.

Entre as plantas adaptadas ao estresse hídrico, temos o cártamo (Carthamus tinctorius L.),
espécie de cultivo antigo, que se domesticou, primeiramente, pela cor de suas flores e, mais tarde, pela
produção de óleo (Knowles, 1989), tem despertado interesse em diversos países, entre outros fatores,
por sua adaptabilidade às diferentes condições ambientais (GIAYETTO et. al, 1998). Além disso, o
cártamo é apreciado pelo seu uso como óleos vegetais e industriais, especiarias e alimentação de
pássaros (WEISS, 2000; JOHNSTON et al., 2002).

Este projeto tem como objetivo analisar a anatomia das partes vegetativas do cártamo,
Carthamus tinctorius L., uma oleaginosa de ciclo, cotada como matéria-prima para a produção de
biodiesel com viabilidade de cultivo na caatinga. Este trabalho visa ainda contribuir com a elucidação
das características botânicas da espécie frente a condições adversas do semiárido.

METODOLOGIA

Foi analisada a anatomia de raiz, caule, folha e semente de plântula e planta adulta de
Carthamus tinctorius L. Para análise anatômica dos órgãos analisados, foram feitas secções
transversais à mão livre, para preparo de lâminas histológicas semipermanentes. Os tecidos foram
corados com Sudan Black, Azul de alcian 1% e Safranina 1% e Azul de toluidina para diferenciação
de tecidos. Para coloração com azul de alcian e safranina, os cortes foram imersos em solução de
hipoclorito de sódio 50% para retirada dos pigmentos naturais da planta. O preparo das lâminas seguiu
a metodologia recomendada por Kraus & Arduim (1997).

Os cortes foram analisados em microscópio óptico e fotografados com auxílio de câmera digital
no Laboratório de Anatomia Vegetal da UFRN.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se nos cortes transversais, que a semente possui células jovens em crescimento e
por isso não possui estruturas lignificadas, característica de paredes secundárias (TAIZ & ZEIGER,
2006). Observou-se quantidade significante de feixes (xilema e floema) e oleossomos, plastos com
monocamada lipídica. As gotículas de óleo são abundantes, sendo encontrada em todas as partes da

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semente, incluindo epiderme, porém, o tegumento e a casca não possuem nenhum vestígio de óleo.
Estudos demonstraram que a composição química do óleo da semente de cártamo possui grande
concentração de ácidos graxos insaturados. Apresenta altos teores de ácidos linoléicos (70 a 75%) e
oléicos (20%) (VIVAS, 2002), tornando a oleaginosa muito indicada para a produção de biodiesel. A
raiz da plântula apresentou poucos pêlos radiculares e notou-se a presença de mucilagem no floema. A
raiz apresentou endoderme bem pronunciada, com estrias de Caspary. O caule da plântula apresentou
cutícula bem espessa com epiderme bem marcada. Abaixo da endoderme observada no caule
encontram-se o floema, xilema e parênquima cortical. A folha da plântula apresenta várias camadas de
células paliçádicas. Os cortes paradérmicos apontaram estômatos do tipo anisocítico, com três células
subsidiárias circundando o estômato, sendo uma delas maior (METCALFE E CHALK, 1950). A cutícula
na folha é relativamente espessa e de natureza lipídica. O caule da planta adulta difere da plântula por
apresentar os tecidos vasculares em cordões isolados, separados por faixas de tecido fundamental. A
presença forte de esclerênquima indica o investimento vegetal em sustentação. A cutícula é mais
espessa, quando comparada com a plântula. Nota-se ainda, próximo ao tecido esclerenquimático,
ductos para condução de mucilagem.

Como na plântula, a folha da planta adulta apresenta mucilagem e gotículas de óleo. Notou-se
presença de espaços intercelulares para reserva de água.

Observou-se ainda no caule a presença de tricomas glandulares e tectores com projeções


bastante lignificadas nas extremidades foliares. A presença de oleossomos, plastos com monocamada
lipídica, encontrada no parênquima paliçádico, indica o armazenamento de gorduras que servem para
nutrir o embrião até a sua autonomia (TAIZ & ZEIGER, 2006).

Na raiz, a baixa presença de pêlos radiculares, pode ser explicada pela baixa tolerância hídrica
do cártamo, corroborando a informação observada por Kafka (2001). Tal observação indica uma
grande adaptação da espécie as condições de estresse hídrico do semi-árido nordestino.

A mucilagem encontrada na raiz foi confirmada pela coloração com azul de metileno
(OLIVEIRA; SAITO, 1991) e pode estar ligada com a retenção hídrica (RAVEN, 2001), visto que o
cártamo é uma espécie adaptada a seca. As estrias de Caspary impermeabilizam o córtex, evitando
translocação de água por via apoplástica (TAIZ & ZEIGER, 2006), mantendo ainda mais a água dentro
da planta.

Os estômatos anisocíticos, de acordo com Mott (1982), permitem, à planta, uma maior
captação de carbono e altos níveis de fotossíntese. Os estômatos numerosos também permitem alta

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taxa respiratória durante os períodos quentes do dia (RAVEN, 2001). A cutícula relativamente espessa
da folha constitui uma adaptação à dissecação (LEITE & SCATENA 2001). Tal característica torna a
planta ainda mais adaptada ao clima do semi-árido nordestino.

A presença de mucilagem no floema foliar é marcante e sugere que a mesma é fabricada


através da fotossíntese e estocada na raiz, porém sabe-se que sua natureza não é lipídica, pois não
apresentou diferença na coloração com a presença de corante Sudan Black, que apresenta alta
afinidade lipídica (KRAUS, 1997).

As várias camadas paliçádicas verificadas nas folhas das plântulas indicam a alta capacidade
do cártamo em formar macromoléculas elaboradas, tais como mucilagem e carboidratos, pela
fotossíntese (LEHNINGER, 2002). As células paliçádicas encontradas na semente do cártamo
assumirão a atividade fotossintética quando os cotilédones imergirem e se estabelecerem (Raven,
2001).

Forte presença de lipídios e ausência de amido demonstram que esta planta utiliza lipídios
como reserva energética. Como as sementes e folhas contêm lipases que catalisam hidrólise dos
triacilglicerois, liberando ácidos graxos que podem ser transportados a sítios onde serão necessários
como combustível. A vantagem nessa troca é a utilização de água: para armazena-se amido é
necessário uma boa quantidade de água para manter essa reserva. Por ser hidrofóbico os lipídios
podem ser estocados sem grande mobilização hídrica, pois não exigem hidratação,além de fornecer o
dobro de energia que um carboidrato geraria ( LEHNINGER, 2002).

O parênquima lacunoso armazena água e algumas plantas xerófitas armazenam corpos


hídricos para os utilizarem quando o recurso estiver pouco disponível (RAVEN, 2001), outra adaptação
da planta ao semi-árido nordestino.

CONCLUSÃO

O cártamo (Carthamus tinctorius L), planta resistente a dessecação e a alta salinidade, possui
adaptações anatômicas contra a perda de água, como cutícula espessa e presença de mucilagem,
sendo, portanto, apta ao cultivo de lavoura xerófila.Além disso, confirmação da presença de gotículas
de óleo em grande quantidade na semente, fazem do cártamo uma planta de interesse ao estudo para
a produção de biodiesel.

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ALTERAÇÕES EM INDICADORES DE AJUSTAMENTO OSMÓTICO EM GIRASSOL SUBMETIDO


AO ESTRESSE SALINO1

Lisiane Lucena Bezerra1; Yuri Lima Melo1; Cibelley Vanúcia Santana Dantas2; Eduardo Luiz Voigt2;
Marcelo Abdon Lira3; Josemir Moura Maia2; Cristiane Elizabeth Costa de Macêdo2
1.Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA; 2.Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN;
3.Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN; lisianeuepb@hotmail.com

RESUMO – O girassol é uma espécie oleaginosa explorada em áreas onde a seca e salinidade limitam
a produção agrícola. Assim, objetivou-se avaliar o efeito da salinidade durante o seu cultivo hidropônico
usando indicadores de ajustamento osmótico como proteínas solúveis totais, aminoácidos livres totais,
prolina e açúcares solúveis totais. Plantas de girassol, com 20 (vinte) dias de idade, foram submetidas
a diferentes concentrações de NaCl (Controle - 0; 50; 100 e 150 mM) durante o cultivo hidropônico para
análise, nas folhas, de possíveis osmorreguladores. Durante o período de exposição as concentrações
de proteínas solúveis totais, aumentaram com a elevação da concentração salina no meio nutritivo,
com exceção de 150 mM, onde houve uma redução. Quando avaliado a concentração de aminoácidos
livres totais, foi observado um aumento dessa variável em altas concentrações salinas. A prolina
apresentou a mesma tendência anteriormente descrita, aumentando seus níveis consideravelmente em
altas concentrações salinas. Os açúcares solúveis totais apresentaram tendências de aumento na
concentração de 150 mM de NaCl. Desta feita, o aumento nas concentrações de proteínas,
aminoácidos, prolina e carboidratos em folhas de girassol, possivelmente podem caracterizar um
processo de ajustamento osmótico.
Palavras-chave – Helianthus annuus L., estresse salino, osmorreguladores, hidroponia.

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma espécie de semente oleaginosa de grande importância
mundial explorada em áreas onde a seca e salinidade ocorrem com freqüência. Sendo considerada,
com base em indicadores de estresse hídrico, uma espécie de tolerância moderada a salinidade
(Katerji et al., 2000; Caterina et al., 2007).

Em regiões áridas e semi-áridas, como o Nordeste Brasileiro, o excesso de sais no solo exerce
efeitos adversos em plantas, incluindo distúrbios osmóticos, que dificulta a absorção de água pelas
raízes, toxicidade por íons e desequilíbrio nutritivo (Torres et. al., 2004). Altos níveis de salinidade têm

UFERSA – UFRN – EMPARN – CAPES

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limitado a produção agrícola, sendo fator determinante para o crescimento e a produção de culturas,
induzindo a modificações morfológicas, estruturais e metabólicas nas plantas superiores (Ashraf &
Harris, 2004; Munns, 2005; Conus, 2009). Para garantir a sua sobrevivência a condições ambientais
desfavoráveis, as plantas acumulam solutos compatíveis que aumentam a habilidade das células em
reter a água sem afetar o metabolismo normal (Hamilton & Heckathorn, 2001).

Dessa forma, o gerenciamento de técnicas adequadas para a criação de plantas


geneticamente modificadas são ferramentas que aperfeiçoam a eficiência do uso de recursos por parte
das plantas, principalmente em combate a salinidade (Chaves et. al., 2009).

Assim, o presente trabalho objetivou avaliar o efeito da salinidade no girassol durante o seu
cultivo hidropônico, usando, como indicadores de estresse, parâmetros fisiológicos representados por
variáveis de ajustamento osmótico (proteínas solúveis totais, aminoácidos livres totais, prolina, e
açúcares solúveis totais).

METODOLOGIA

Plantas de girassol da cultivar Catissol ‗01‘, com 20 (vinte) dias de idade, sob condições
hidropônicas, foram cultivadas em solução nutritiva de Hoagland com ¼ de força e pH 6,0, na presença
de diferentes concentrações de NaCl (Controle - 0; 50; 100 e 150 mM), compondo 4 (quatro)
tratamentos. As plantas permaneceram durante 2 (dois) dias em casa de vegetação sob temperatura
média de 30±2oC e umidade relativa do ar de 40±10%. Bombas de aeração de aquariofilia foram
utilizadas para manter a oxigenação do meio de cultura.

Após 2 (dois) dias de exposição ao sal, as partes aéreas das plantas foram coletadas e
analisadas quanto a indicadores de ajustamento osmótico, representado pelas concentrações de
proteínas solúveis totais (PST), aminoácidos livres totais (AALT), prolina (PRO) e açúcares solúveis
totais (AST), de acordo com metodologia descrita na literatura.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, usando esquema fatorial 4x1, 4


(quatro) tratamentos salinos (controle + três tratamentos com NaCl) e 1 (uma) cultivar da espécie,
perfazendo um total de 4 (quatro) tratamentos com 4 (quatro) repetições cada, sendo inoculada uma
planta por frasco plástico.

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância comparando-se as médias dos


tratamentos pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presença de NaCl induziu um aumento na concentração de proteínas solúveis totais. Tal


aumento, em folhas de plantas de girassol, à medida que aumentou-se a concentração de NaCl, em
todos os tratamentos salinos, com exceção da concentração de 150 mM (Figura 01 - A), pode estar
relacionado a reutilização de aminoácidos, que altera o conteúdo protéico durante o desenvolvimento
da planta, afim de se adaptar a novas condições ambientais (Piza et. al., 2003). Em altas
concentrações salinas (150 mM) nas folhas, houve uma redução no conteúdo de proteínas
provavelmente devido ao retardo na síntese protéica e/ou aceleração na sua degradação por hidrólise,
sendo a segunda considerada efeito primário do sal, levando ao aumento na quantidade de
aminoácidos livres (Figura 1 - B) ou à inibição da incorporação destes aminoácidos nas proteínas (Piza
et. al., 2003; Camargo et. al., 2008).

Durante a análise de aminoácidos livres totais, pode-se perceber um aumento em suas


concentrações à medida que aumentou-se a concentração de NaCl na solução nutritiva (Figura 1 - B).
A diminuição da assimilação de nitrogênio e biossíntese de aminoácidos é outra forma de resposta das
plantas às condições de estresse salino (Popova et al. 2002). O acúmulo de compostos nitrogenados
em plantas é comumente relacionado à tolerância a salinidade, podendo estar os AALT envolvidos no
processo de ajustamento osmótico (Viegas, 2004).

Seguindo a mesma tendência observada nos aminoácidos livres totais, a prolina aumentou em
concentrações consideráveis em altos teores salinos (Figura 1 - C). Muitas plantas acumulam prolina
como um osmólito atóxico e protetor sob condições salinas (Muthukumarasamy et al., 2000). Além do
seu papel como agente osmorregulador, a prolina contribui para a estabilização de membranas e
proteínas e na remoção de radicais livres (Ashraf e Foolad, 2007).

Quando avaliada as concentrações de açúcares solúveis totais foi observada uma tendência de
aumento na concentração desses osmólitos principalmente na concentração de 150 mM de NaCl
(Figura 1 - D). Tal aumento está relacionado à finalidade de se manter o nível de água da folha e
induzir um ajustamento osmótico através da redução desse potencial na planta, visando o equilíbrio
osmótico da célula (Oliveira et. al., 2002). Mesmo assim, o papel dos açúcares, na adaptação de
plantas às condições salinas, é insuficiente para a definição de espécies que apresentam tolerância ao
sal devido a variações interespecíficas e intra-específicas consideras por Asharf & Harris (2004).

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CONCLUSÃO

As elevadas concentrações de NaCl na solução nutritiva induziu a um aumento nas


concentrações de proteínas, aminoácidos, prolina e carboidratos em folhas, e este aumento
possivelmente pode caracterizar um processo de ajustamento osmótico da cultivar de girassol Catissol
‗01‘. Nas plantas submetidas a 150 mM de NaCl a síntese e/ou acúmulo desses osmólitos foram mais
evidentes, com exceção das proteínas solúveis totais.

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Figura 1 – Análises de proteínas solúveis totais (A), aminoácidos livres totais (B), prolina (C) e açúcares solúveis totais (D),
em folhas de girassol da cultivar Catissol ‗01‘, submetidas a diferentes concentrações de NaCl (Controle – 0; 50; 100 e 150
mM), durante 2 (dois) dias.

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ÁREA FOLIAR E ALOCAÇÃO DE FITOMASSA DE CULTIVARES DE MAMONEIRA NAS


CONDIÇÕES DO RECÔNCAVO SUL BAIANO

Clovis Pereira Peixoto1; Juliana Firmino de Lima2; Vladimir Silva3; Maria de Fátima da Silva Pinto
Peixoto1
1Professor Dr. do CCAAB da UFRB email: cppeixot@ufrb.edu.br;2Doutoranda em Ciências Agrárias do CCAAB da UFRB e
Subgerente Regional da EBDA email: Juliana_firmino@hotmail.com; 3Eng. Agrônomo, MS da EBDA

RESUMO – Objetivou-se avaliar a área foliar e partição de assimilados de cultivares de mamoneira nas
condições de baixa altitude no Recôncavo Sul Baiano em dois períodos agrícolas consecutivos, através
da técnica de análise de crescimento. O trabalho foi realizado no Centro de Ciências Agrárias,
Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e os cultivares avaliados
foram 149 Nordestinas, BRS 188 Paraguaçu, EBDA MPA 17, Mirante 10 e Sipeal 28 no primeiro
período. Por motivo de alta suscetibilidade ao mofo cinzento o cultivar Mirante 10 foi substituído no
segundo período, pelo cultivar EBDA MPA 18. O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados com cinco repetições. As avaliações iniciaram 30 dias após emergência, com intervalos
mensais, até o final do ciclo. As massas secas das plantas, em suas diversas frações (folhas, caule e
cachos), foram obtidas após permanecerem em estufa de ventilação forçada na temperatura de 65ºC +
5ºC, até atingir massa constante. As médias dos cultivares foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott a
1% de probabilidade. As curvas da matéria seca apresentaram uma tendência sigmoidal esperada e
nas condições de maiores índices pluviométricos e alta temperatura, os cultivares obtiveram maiores
taxas de crescimento e/ou desenvolvimento.
Palavras-chave – condições climáticas, crescimento, massa seca, mamona, culturas oleaginosas.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa de valor socioeconômico elevado para
as regiões produtoras e fonte de divisas para o país. Seus produtos e subprodutos são utilizados na
indústria ou na agricultura, além de apresentar perspectivas de uso como fonte energética sob a forma
de biodiesel (COSTA et al., 2006). Trata-se de uma das melhores opções para viabilizar o
desenvolvimento sustentável, ao proporcionar emprego e renda principalmente para os pequenos
produtores em tempos de instabilidade climática (CARVALHO, 2005).

O Recôncavo Baiano surge como uma alternativa para ampliação da área cultivável da
mamoneira devido há alguns aspectos importantes desta Região como período chuvoso em meses

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distintos ao da atual região produtora do estado da Bahia (regiões zoneadas), portanto, a região do
Recôncavo tem a capacidade de abastecer o mercado no período de entressafra; esta região fica
próxima às fábricas para processamento dos grãos, facilitando assim as funções logísticas, diminuição
de custos de produção e a capacidade de poder consorciar esta cultura com outras oleaginosas.

As respostas fisiológicas da planta estão diretamente relacionadas à radiação solar e,


fundamentalmente, à intensidade luminosa, ambas ligadas ao processo fotossintético, que absorvidas
pelas folhas e transformadas em energia química, irão mediar à incorporação e fixação do CO 2,
responsável pelo acúmulo de matéria seca nas plantas e que pode ser quantificada por meio da análise
de crescimento (BENICASA, 2003; PEIXOTO e PEIXOTO, 2009). O fundamento dessa análise baseia-
se no fato de que, praticamente toda a matéria orgânica acumulada ao longo do crescimento da planta,
resulta da atividade fotossintética.

Dessa forma, destaca-se essa técnica, como uma ferramenta eficaz de avaliação à adaptação
vegetal a diferentes condições de cultivo, uma vez que possibilita identificar diferenças entre os
cultivares e permite estabelecer relações entre a planta e o ambiente, através dos parâmetros
fisiológicos, elementos climáticos, edáficos e fitotécnicos (PEIXOTO et al., 2002 e CRUZ, 2007). O
crescimento vegetativo pode ser mensurado através de diferentes métodos ou técnicas onde estas
informações são as quantidades de materiais alocadas nas suas diversas partes (raízes, hastes, folhas
e frutos) e consequentemente na planta como um todo (JAUER et al. 2004).

Assim, a capacidade do sistema assimilatório (fonte) das plantas em sintetizar e alocar a


matéria orgânica nos diversos órgãos (drenos) que dependem da fotossíntese, respiração e
translocação de fotoassimilados dos sítios de fixação aos locais de utilização ou de armazenamento
(FONTES et al., 2005), podem explicar as baixas produtividades encontradas na mamoneira, haja vista
que a planta apresenta bom crescimento, emite um número considerável de grandes folhas, acumula
grande quantidade de matéria seca e não consegue converter em altos rendimentos.

Portanto, baseado neste questionamento, e com o interesse de investigar ou determinar em


quais frações da planta de mamoneira vão sendo alocados os fotoassimilados em função do tempo,
realizou-se este trabalho com o objetivo de avaliar em duas épocas agrícolas a área foliar e a alocação
fracionária de massa seca em cinco cultivares de mamoneira nas condições de baixa altitude do
Recôncavo Sul do Estado da Bahia.

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METODOLOGIA

O trabalho foi realizado no campo Experimental do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e


Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, no município de Cruz das Almas-BA,
localizado a 12º 40‘ 19‖ latitude sul, 39º 06‘ 23‖ de longitude oeste de Greenwich, com altitude variando
de 117 a 225,7 m. O clima é do tipo subúmido, com pluviosidade média anual de 1.170 mm, com
variações entre 900 mm e 1300 mm, sendo os meses de março a agosto os mais chuvosos e de
setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura média anual é de 24,1ºC (ALMEIDA, 1999). O solo
é classificado como Latossolo Amarelo Álico Coeso, de textura argilosa e relevo plano (RIBEIRO et al.,
1995).

O experimento foi realizado em dois anos agrícolas consecutivos, sendo o primeiro ano
referente ao período entre os meses de abril de 2006 a fevereiro de 2007, e o segundo ano entre os
meses de maio de 2007 a fevereiro de 2008, onde a condução da cultura foi realizada em regime de
sequeiro.

O material vegetal utilizado para o plantio foi composto por sementes provenientes do Banco
Ativo de Germoplasma de mamoneira da EBDA. No primeiro ano de cultivo, foram utilizados os
cultivares BRS 149 Nordestina, BRS 188 Paraguaçu, EBDA MPA 17, Mirante 10 e Sipeal 28, já no
segundo ano, a cultivar Mirante 10 foi substituída pela EBDA MPA 18, devido a sua alta
susceptibilidade ao mofo cinzento (Amphobtrys ricini), considerada hoje, a principal doença que afeta a
mamoneira, reduzindo drasticamente o desenvolvimento da planta e consequentemente, sua
produtividade, uma vez que a região de Cruz das Almas apresenta alta umidade relativa do ar (média
de 80% ao ano), proporciona as condições favoráveis para alta incidência da enfermidade.

Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com cinco cultivares e cinco


repetições. Para realização da análise de variância considerou-se o modelo estatístico do delineamento
em blocos casualizados no esquema de parcelas subdivididas no tempo. As médias dos cultivares
foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott a 1% de probabilidade e para as médias das amostragens
foram ajustadas modelos de equações polinomiais.

As coletas de dados foram mensais de três plantas aleatórias por parcela, a partir dos trinta
dias após a emergência (DAE) até a maturação plena, para a determinação da matéria seca (g planta -¹)
e área foliar. A matéria seca total resultou da soma da massa seca nas diversas frações (folhas, caule
e cachos), após secarem em estufa de ventilação forçada (65° ± 5°C), até atingirem massa constante.

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A área foliar foi determinada mediante a relação da massa seca das folhas e a massa seca de
dez discos foliares obtidos com o auxilio de um perfurador de área conhecida (CAMARGO 1992;
PEIXOTO, 1998; LIMA, 2006 e CRUZ, 2007). A produtividade biológica corresponde a toda massa
seca produzida pela planta por área ocupada.

Optou-se por funções exponenciais, para ajustar a variação da matéria seca de folhas (MSF),
matéria seca do caule (MSC), matéria seca de cachos (MSCH), matéria seca total (MST) e área foliar
(AF), em função destas por homogeneizarem as variâncias dos dados, proporcionais à média das
plantas e órgãos em crescimento (CAUSTON e VENUS, 1981 e PEREIRA e MACHADO, 1987) e
atender às necessidades estatísticas do estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como pode ser observada, a temperatura média mensal foi de 24ºC para o período agrícola
2006-2007 e 23ºC para o período agrícola 2007-2008, valores estes, compreendidos na faixa entre
20ºC a 30ºC, preconizados por vários autores para que haja produção com valor comercial (WEISS,
1983 e AMORIM NETO et al. 2001). Observa-se que as temperaturas nas épocas estudadas estiveram
próximas da média histórica do Município (24,4ºC), portanto, próximo do ideal para a cultura da
mamoneira (23ºC), segundo Beltrão et al (2007), na qual o ponto de compensação térmico é mais
equilibrado, com maior saldo fotossintético devido à redução da taxa respiratória e, consequentemente,
da fotorrespiração.

No segundo período de cultivo (2007-2008) foi observada uma redução no índice pluviométrico,
sendo um ano atípico para a região, onde a pluviosidade acumulada dos meses de abril a dezembro foi
de 594,5 mm, sendo os meses de julho a novembro os que apresentaram os menores índices
pluviométricos, coincidindo período em que a planta se encontrava em pleno estádio vegetativo,
afetando seu crescimento, como foi observado na redução do acúmulo de massa da matéria seca,
neste período. Segundo Weiss (1983), o ideal é baixa umidade relativa do ar durante a fase de
crescimento para obter máxima produtividade; dias longos e ensolarados são os mais desejados. Os
dias úmidos e nublados, a despeito da temperatura, reduzem a produtividade.

Na Tabela 1, observam-se valores médios de massa seca de folha (g planta -1) ao longo dos
dois ciclos da cultura estudados. Constata-se que não houve diferenças significativas em nenhum dos
períodos estudados nos primeiros 60 dias após emergência (DAE) para os diversos cultivares.
Contudo, aos 90 DAE para o segundo período agrícola o cultivar 149 Nordestina se mostrou superior

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aos demais (p<0,01), assim como no primeiro período (2006-2007), onde se mantém entre os melhores
durante todo o ciclo da cultura. Os demais cultivares tiveram as suas massa seca de folha aumentada
ate os 150 DAE (1° período agrícola / 2006-2007) e 120 DAE (2° período agrícola / 2007-2008).

Os valores médios de área foliar (Tabela 2), para os cultivares avaliados, não diferiram
estatisticamente (p>0,01) nos dois períodos avaliados ate os 60 DAE, passando os cultivares 149
Nordestina e EBDA MPA 17 a se destacarem aos 90 DAE, nos dois períodos agrícolas. No final do
ciclo da cultura, observa-se um mesmo comportamento a partir dos 210 DAE para o primeiro período
agrícola e aos 150 DAE para o segundo período agrícola.

Os valores médios de massa seca de caule podem ser observados na Tabela 3 para as duas
épocas agrícolas (2006-2007 e 2007-2008). O máximo da matéria seca do caule e os respectivos dias
da emergência em que ocorreram (DAE) variaram de acordo com o cultivar, sendo de 875,93 g planta -1
(BRS 149 Nordestina, aos 172 DAE), 1171,11 (BRS 188 Paraguaçu, 180), 743,53 (EBDA MPA 17,166),
601,06 (Mirante 10,196) e 756 g planta -1 (Sipeal 28,188). Os cultivares BRS 149 Nordestina e BRS 188
Paraguaçu foram estatisticamente superiores aos demais. Os dados encontrados corroboram com os
de Beltrão et al. (2005), que encontraram 840 g planta -1 para BRS 149 Nordestina e 490 g planta-1 para
BRS 188 Paraguaçu.

Os valores máximos da massa seca de cachos (Tabela 4) e os respectivos dias da emergência


em que ocorreram (DAE) variaram de acordo com o cultivar, sendo de 911 g planta -1 (BRS 149
Nordestina, aos 240 DAE no primeiro período agrícola) e 320 g planta -1 (segundo período agrícola),
702 (BRS 188 Paraguaçu, 240 DAE no primeiro período agrícola) e 341 (120 DAE no segundo período
agrícola), 893 (EBDA MPA 17,150 no primeiro período agrícola) e 220 (120 DAE, no segundo período
agrícola), 396 (Mirante 10,180), 408 (EBDA MPA 18, 120 DAE) e 748 g planta -1 (Sipeal 28,210 DAE no
primeiro período agrícola) e 319 (120 DAE no segundo período agrícola). O cultivar Mirante 10 diferiu
significativamente (P< 0,01), sendo inferior aos demais cultivares a partir dos 120 DAE. Os dados
encontrados condizem com os de Beltrão et al. (2005), quando avaliaram a produtividade primária e
partição de assimilados em dois cultivares de mamoneira em Missão Velha-CE.

A produtividade biológica por hectare variou de 5437 kg ha -1 (149 Nordestina) a 1736


kg ha-1 (Mirante 10) no primeiro período agrícola aos 240 DAE e 6932 kg ha -1 (149 Nordestina) a 4228
kg ha-1 (EBDA MPA 17) aos 180 DAE no segundo período. Esses valores são superiores aos
encontrados por Beltrão et al. (2005) estudando dois cultivares de mamoneira (149 Nordestina e BRS
188 Paraguaçú), indicando a aptidão da região do Recôncavo Sul Baiano para o crescimento e
desenvolvimento desta cultura com uma pluviosidade superior as das regiões zoneadas para a cultura

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e elevada temperatura o que favoreceu o crescimento e desenvolvimento. Porém, cultivares com maior
suscetibilidade ao mofo cinzento tem seu crescimento prejudicado devido à umidade relativa do ar
favorecer o desenvolvimento da enfermidade (Tabela 5).

CONCLUSÃO

A mamoneira aloca seus assimilados primeiramente nas folhas e caule e, posteriormente, os


transfere para os cachos, por ocasião dos máximos acúmulos de matéria seca na planta.

Os acúmulos de matéria seca (produtividade biológica) alocados pelos cultivares estudados


indicam possibilidades de que a Região do Recôncavo Sul Baiano em baixas altitudes, apresentam
características propícias para o crescimento e desenvolvimento desta cultura.

O maior índice pluviométrico favoreceu o crescimento e/ou desenvolvimento de plantas de


mamoneira.

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CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010,


João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 844-853.
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TABELA 1. Média dos valores de massa seca de folha (g planta-1), dias após emergência (DAE) dos cultivares de
mamoneira avaliados nos períodos agrícolas 2006-2007 e 2007-2008 no Recôncavo Sul Baiano.
1°Período agrícola (2006-2007)
DAE
Cultivares
30 60 90 120 150 180 210 240
149 Nordestina 7,51a 16,88a 197,41a 290,51a 366,94a 314,64a 66,42a 8,35a
BRS 188 Paraguaçú 5,85a 39,74a 168,81a 253,66a 274,13b 268,80a 30,52a 3,79a
EBDA MPA 17 5,04a 32,47a 171,60a 217,23a 241,24c 182,10b 24,28a 8,59a
Mirante 10 4,46a 24,56a 118,38a 137,20b 171,48d 112,86c 17,23a 5,80a
Sipeal 28 6,46a 38,02a 157,74a 237,38a 165,71d 96,93c 21,31a 4,85a
2° Período agrícola (2007-2008)
DAE
Cultivares
30 60 90 120 150 180
149 Nordestina 2,84a 43,70a 208,94a 319,85b 71,38b 1,036a
BRS 188 Paraguaçú 2,14a 32,62a 140,43b 341,05b 80,65b 1,42a
EBDA MPA 17 1,70a 40,81a 153,63b 220,05c 60,05b -
EBDA MPA 18 2,27a 43,98a 116,24b 408,05 a 140,49 a 5,06a
Sipeal 28 2,64a 34,83a 107,74b 319,05b 54,84b 3,56a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade.

TABELA 2. Média dos valores de área foliar (dm2), dias após emergência (DAE) dos cultivares de mamoneira avaliados nos
períodos agrícolas 2006-2007 e 2007-2008 no Recôncavo Sul Baiano.
1°Período Agrícola (2006-2007)
Cultivares DAE
30 60 90 120 150 180 210 240
149 Nordestina 23,27a 31,70a 485,21a 526,54a 665,85a 478,56a 81,18a 11,97a
BRS 188 11,56a 75,63a 361,48b 505,81a 476,60b 401,89a 40,77 a 5,49a
Paraguaçú
EBDA MPA 17 16,78a 75,43a 423,54a 469,70a 434,48b 293,71b 34,01a 12,81a
Mirante 10 15,30a 57,87a 259,97b 272,13b 299,88c 179,78c 24,61a 9,00a
Sipeal 28 19,73a 76,66a 352,73b 467,61a 283,15c 137,37c 27,70a 7,19a
2° Período Agrícola (2007-2008)
Cultivares DAE
30 60 90 120 150 180
149 Nordestina 44,20a 67,00a 421,69a 609,21a 140,86a 16,554a
BRS 188 60,92a 567,67a 574,01a 649,81a 132,73a 22,65a
Paraguaçú
EBDA MPA 17 54,24a 78,80a 464,40a 441,15c 125,00a -
EBDA MPA 18 65,43a 94,13a 320,76b 801,74a 272,96a 8,31a
Sipeal 28 74,39a 68,96a 159,13c 681,98b 100,68a 5,68a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade.

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TABELA 3. Média dos valores de massa seca de caule (g planta-1), dias após emergência (DAE) dos cultivares de
mamoneira avaliados nos períodos agrícolas 2006-2007 e 2007-2008 no Recôncavo Sul Baiano.
1°Período agrícola (2006-2007)
Cultivares DAE
30 60 90 120 150 180 210 240
149 Nordestina 3,79a 4,60a 230,72a 458,52a 861,67a 875,93b 695,00a 507,68a
BRS 188 1,87a 2,79a 234,80a 602,95a 953,65a 1171,11a 733,50a 541,92a
Paraguaçú
EBDA MPA 17 2,41a 38,22a 233,42a 432,79a 743,53b 611,82c 478,50b 350,08b
Mirante 10 1,75a 21,57a 137,15a 253,47b 432,82d 460,50d 601,06b 344,16b
Sipeal 28 2,81a 34,18a 185,02a 333,16b 658,25c 756,00c 704,20a 520,51a
2° Período agrícola (2007-2008)
Cultivares DAE
30 60 90 120 150 180
149 Nordestina 1,55a 26,17a 165,40a 383,72b 452,44b 370,00a
BRS 188 1,36a 20,20a 124,40a 512,38a 706,12a 415,00a
Paraguaçú
EBDA MPA 17 1,09a 27,09a 105,20a 247,60a 339,32b 217,00a
EBDA MPA 18 1,30a 31,26a 98,20a 498,40a 770,97a 438,00a
Sipeal 28 1,66a 24,37a 136,00a 504,42a 771,99a 343,00a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade.

TABELA 4. Média dos valores de massa seca de cacho (g.planta-1), dias após emergência (DAE) dos cultivares de
mamoneira avaliados nos períodos agrícolas 2006-2007 e 2007-2008 no Recôncavo Sul Baiano.
1°Período agrícola (2006-2007)
Cultivares DAE
30 60 90 120 150 180 210 240
149 Nordestina - 1,45a 25,14a 185,94b 472,36c 656,50a 764,72a 911,25a
BRS 188
- 2,17a 39,08a 249,27b 576,34c 693,50a 590,69 a 702,10b
Paraguaçú
EBDA MPA 17 - 1,20a 56,06a 256,78b 982,83a 596,20a 395,30b 470,57c
Mirante 10 - 4,42a 22,82a 78.54b 168,20d 395,95b 138,82c 105,70d
Sipeal 28 - 2,31a 26,07a 406,09a 709,16b 638,00a 747,73a 706,13b
2° Período agrícola (2007-2008)
DAE
Cultivares
30 60 90 120 150 180
149 Nordestina 2,84a 43,70a 208,94a 319,85b 71,38b 1,04a
BRS 188
2,14a 32,62a 140,43b 341,05b 80,65b 1,42a
Paraguaçú
EBDA MPA 17 1,70a 40,81a 153,63b 220,05c 60,05b -
EBDA MPA 18 2,27a 43,98a 116,24b 408,05a 140,49a 5,06a
Sipeal 28 2,64a 34,83a 107,74b 319,05b 54,84b 3,56a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade.

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TABELA 5. Média dos valores de massa seca total (g planta-1), dias após emergência (DAE) dos cultivares de mamoneira
avaliados nos períodos agrícolas 2006-2007 e 2007-2008 no Recôncavo Sul Baiano.
1°Período agrícola (2006-2007)
DAE
Cultivares
30 60 90 120 150 180 210 240
149 Nordestina 11,30a 22,92a 453,26a 934,96a 1700,96b 1847,06a 1526,14a 1427,28a
BRS 188
7,72a 42,31a 442,68a 1105,88a 1804,12a 2133,41a 1354,71a 1247,81a
Paraguaçu
EBDA MPA 17 7,45a 71,88a 461,08a 906,80a 1967,59a 1390,12b 898,08b 829,24b
Mirante 10 6,21a 50,55a 278,35a 469,20b 772,50c 969,30c 699,85b 455,66b
Sipeal 28 9,28a 74,52a 368,83a 976,63a 1533,11b 1548,86b 1415,31a 1231,49a
2° Período agrícola (2007-2008)
DAE
Cultivares
30 60 90 120 150 180
149 Nordestina 7,23 a 113,58a 596,69a 1427,98a 2277,38c 1819,67a
BRS 188
5,64a 85,44a 408,06a 1588,04a 2834,48b 1517,05a
Paraguaçú
EBDA MPA 17 4,49a 103,28a 414,27a 1010,25a 1477,09d 1109,80b
EBDA MPA 18 5,83a 119,20a 330,67a 1532,50a 2607,04b 1785,29a
Sipeal 28 6,95a 94,02a 365,47a 1681,15a 3445,34a 1702,29a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade.

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AVALIAÇÃO DO TEOR DE CLOROFILA EM FOLHAS DE MAMONEIRA ORIUNDAS DE SEMENTES


SUBMETIDAS À RADIAÇÃO GAMA 1

Ariosto Teles Marques 1; Carlos Vinícius Carvalho do Nascimento 2; Allan de Jesus dos Reis
Albuquerque 2; Cosme Rafael Martínez 2; Waldeciro Colaço 1; Patrik Melo 1
1 Universidade Federal de Pernambuco / Departamento de Energia Nuclear, ariosto_1976@yahoo.com.br; 2 Universidade
Federal da Paraíba / Departamento de Biologia Molecular

RESUMO – O presente trabalho teve como objetivo avaliar o teor de clorofila em folhas de mamoneira
provenientes de sementes submetidas a diferentes doses de radiação gama. O experimento foi
conduzido em casa de vegetação na Universidade Federal da Paraíba, as sementes foram irradiadas
no Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco. Utilizou-se sementes
de mamona, cultivar BRS Energia, provenientes da Embrapa Algodão. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado com seis tratamentos e cinco repetições, sendo os tratamentos representados
por não irradiado e cinco doses de radiação (50, 150, 300, 450 e 600 Gy). As sementes foram
germinadas em recipientes contendo solo, os recipientes foram irrigados diariamente, visando manter o
substrato próximo à capacidade de campo. Avaliou-se o teor de clorofila, no 21º dia após a semeadura,
utilizando a primeira folha expandida da planta. Os níveis de clorofila foliar nos tratamentos irradiados
foi inferior à testemunha. A dose de 600 GY apresentou uma redução mais significativa que as demais
doses de radiação.
Palavras-chave – Mamona; Radiação gama; Clorofila; Mutação.

INTRODUÇÃO

A mamona ou mamoneira (Ricinus communis L.), também reconhecida por nomes como
carrapateira ou rícino, é uma euforbiácea de origem tropical que cresce naturalmente transcendendo
toda a faixa tropical para a subtropical. Índia, China e Brasil são os maiores dentre produtores 15
países citados pela FAO, e o óleo extraído de suas sementes apresenta grande versatilidade, indo do
consumo humano a aplicações industriais (CRUZ, 1982; CHIERICE; CLARO-NETO, 2001).

A radiação gama é um tipo de radiação ionizante que assim como as demais, transmite elevada
energia e, por interação com a matéria viva, provocam desordem molecular e celular (COELHO, 1977).
No entanto, os efeitos destas radiações no DNA dependem de fatores variados que vão tipo de radiação,

1 Apoio financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Capes

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pH do meio, temperatura, teor de oxigênio, presença de aceptores de radicais livres, características do


próprio DNA e até a possibilidade de reparação dos produtos induzidos pela radiação (SCHABERLE;
SILVA, 2004).

Considerando que a radiação gama é um dos principais indutores de mutação e de aberrações


cromossômicas estruturais (PIMENTEL, 1990), altas exposições a raios gama podem causar danos nas
sementes (MEHETRE et al., 1994) apresentando geralmente efeitos inibitórios sobre estas (THAPA,
1999). Dentre os efeitos possíveis podemos considerar prováveis efeitos estimulantes a ativação da
síntese do RNA (KUZIN et al., 1975) ou sobre a síntese protéica (KUZIN et al., 1976), ou mesmo
efeitos indesejáveis como o aumento da concentração de íons no embrião, podendo ocasionar fito
toxidez nas sementes (MASUDA et al., 1998).

A clorofila é um pigmento clorínico com quatro anéis pirrolo ligados por metinas, e um quinto anel
ausente em outras porfirinas, grupo de compostos ao qual pertence e que inclui compostos como o grupo
heme. No centro do anel há um íon de magnésio (Mg2+) coordenado por quatro átomos de azoto. As
clorofilas dão a cor verde às plantas devido à baixa absorção de luz na região do espectro
electromagnético correspondente a esta cor. A clorofila a apresenta picos máximos de absorção aos 665
e 465 nm, com uma absortividade molar superior a 105 M−1 cm−1, uma das mais altas em compostos
orgânicos. São essencias ao desenvolvimento do vegetal e com uma rota biossintética característica que
envolve a necessidade de mais de um gene (THIMM et al, 2004).

Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos cumulativos de diferentes
doses de radiação gama na produção de clorofila, em mudas produzidas a partir de sementes submetidas
a tal procedimento.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Departamento de Sistemática e


Ecologia na Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa – PB. Foram utilizadas sementes de
mamona (Ricinus communis L.), cultivar BRS Energia, safra 2009, provenientes da Embrapa Algodão.
As sementes foram irradiadas no Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de
Pernambuco.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos e cinco


repetições, sendo os tratamentos representados pelas doses de radiação 0, 50, 150, 300, 450 e 600

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Gy. As sementes foram colocadas para germinar em recipientes plásticos contendo solo. Os
recipientes foram irrigados diariamente, visando manter o substrato próximo à capacidade de campo.
Avaliou-se o teor de clorofila pelo método de Arnon (1949), no 21º dia após a semeadura, utilizando
sempre a primeira folha expandida da planta.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de


Scott-Knott ao nível de probabilidade de 5% pelo programa estatístico SISVAR.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os tratamentos irradiados apresentaram teor de clorofila em folha estatisticamente inferior ao


tratamento não irradiado (tabela 1), sendo que as doses de radiação 50, 150, 300 e 450 Gy não
diferiram estatisticamente. O tratamento referente à dose de radiação de 600 Gy apresentou teor de
clorofila foliar estatisticamente inferior a todos os demais.

Podemos sugerir que haja uma relação direta entre o número de ploidia da variedade em
estudo, e a dose necessária para afetar um número maior de alelos responsáveis pela síntese de
clorofila. Assim, somente doses maiores ou por período mais prolongado poderiam afetar de tal forma
os cromossomos do embrião da semente, que todos os alelos seriam afetados, cessando de vez a
síntese do pigmento fotossintético clorofila (MASUDA, 1998).

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos permitem-nos concluir que a radiação gama diminui o teor de clorofila
em folhas de mamoneira procedentes de sementes irradiadas quando comparadas a procedentes de
sementes não irradiadas nas condições deste experimento. A redução do teor de clorofila em folhas foi
mais significativa na dose de 600 GY.

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L.A., RHEE, S.Y.; STITT, M. MAPMAN: a user-driven tool to display genomics data sets onto diagrams
of metabolic pathways and other biological processes. Plant Journal, v.37, p.914–939, 2004.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 854-858.
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AVALIAÇÃO DO VIGOR DE DOIS LOTES DE SEMENTES DE Moringa oleifera L. 1

Raphaela Miamoto1; Rebeca Rivas1, Marcelo Francisco Pompelli1; Mauro Guida Santos 1
1 Laboratório de Ecofisiologia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco.
(rapha.miamoto@hotmail.com)

RESUMO – A Moringa oleifera L. é uma espécie exótica da caatinga que atualmente vem sendo
difundida em todo o semi-árido nordestino. Apresenta importância alimentícia, farmacêutica e óleo em
suas sementes com características para produção de biodiesel. Assim, as sementes desta espécie
assumem um papel relevante e sua qualidade se torna fundamental no processo de produção e
manejo. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o vigor de dois diferentes lotes (2009 e 2010)
de sementes de M. oleifera. Para tanto, foram utilizados testes de envelhecimento acelerado (com
água deionizada e solução salina saturada) e deterioração controlada, seguido por teste de
germinação. Para o lote de 2009 foram utilizados quatro repetições de 25 sementes e para o lote de
2010 foram utilizados quatro repetições de 50 sementes. Foi observado que as sementes de Moringa
oleifera L. mesmo armazenadas por um ano (lote 2009) apresentam qualidade fisiológica na
germinação.
Palavras-chave – degradação controlada, envelhecimento acelerado, germinação.

INTRODUÇÃO

A caatinga é um dos ecossistemas brasileiros mais modificados por ações antrópicas, devido
às condições de vida inadequadas acarretando o uso dos recursos naturais de forma não sustentável.
Apresenta características extremas como alta taxa de radiação solar, baixa nebulosidade, alta
temperatura, baixa taxa de umidade relativa, sobretudo, precipitações mais baixas e irregulares (Reis,
1976).

A capacidade que algumas espécies apresentam de colonizar outros ambientes além do seu
ambiente de ocorrência natural, não é um fenômeno novo e sempre exerceu um papel fundamental na
dinâmica da biodiversidade (HURKA et al., 2003). A invasão em comunidades naturais por espécies
introduzidas constitui uma grande ameaça à diversidade do planeta (LODGE, 1993; ADAIR &
GROVES, 1998). Provocando alterações significativas dentro dos processos ecossistêmicos existentes

1
[FACEPE/CNPq]

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em uma comunidade. Mudanças em propriedades ecológicas essenciais como a extinção de espécies,


declínio populacional, alterações nas relações bióticas (VITOUSEK, 1990; MACK et al., 2000;
TRAVESET A. & RICHARDSON, 2006), ciclagem de nutrientes, produtividade e interações
mutualísticas são exemplos de alterações resultantes da invasão de espécies exóticas.

A M. oleifera L., é uma espécie exótica que foi introduzida no Brasil por volta de 1950, é
bastante encontrada na região Nordeste, principalmente nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão
(LORENZI & Matos, 2002). É uma planta perene, tolerante a seca, pouco exigente quanto ao solo e
adubação e resistente as pragas e doenças, além disso, apresenta importância alimentícia,
farmacêutica, e óleo em suas sementes com características para produção de biodiesel (SILVA et al.,
2010).

Assim, as sementes desta espécie assumem um papel relevante e sua qualidade se torna
fundamental no processo de manejo e produção. Sendo a qualidade da semente um fator de extrema
importância, classificado como um fenômeno dinâmico e complexo, intrinsecamente relacionado ao
potencial genético da semente e que pode ser reduzida por diversos fatores, entre os quais as
condições climáticas durante o seu desenvolvimento, secagem, beneficiamento e condições de
armazenamento (HEYDECKER, 1972).

A qualidade fisiológica das sementes proporciona uma estimativa do potencial de germinação


do lote de sementes sob condições ideais. Tem-se utilizado testes de vigor para diferenciar o potencial
fisiológicos de lotes de sementes. Esses testes se baseiam no fato de que a taxa de deterioração das
sementes é aumentada pela exposição a níveis adversos de temperatura e umidade relativa (MARCOS
FILHO et al., 1987). Nessas condições, sementes de menor qualidade deterioram-se mais rapidamente
do que as mais vigorosas, com reflexos na germinação após o período de envelhecimento acelerado
(TORRES & MARCOS FILHO, 2001).

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de vigor de dois lotes de sementes
de Moringa oleifera L., sendo um de 2009 e outro de 2010.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado no Laboratório de Ecofisiologia Vegetal (LEV) do Departamento de


Botânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). As sementes de Moringa oleifera L. foram
coletadas em março de 2009 e fevereiro de 2010 no campus da UFPE.

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Para diferenciar o potencial fisiológico dos lotes foram realizados os testes de envelhecimento
acelerado e degradação controlada seguidos de teste de germinação para cada experimento. Para o
lote de 2009 foi utilizado quatro repetições de 25 sementes e para o lote de 2010 foi utilizado quatro
repetições de 50 sementes.

Para o teste de envelhecimento acelerado foi realizado tanto com água deionizada quanto com
solução salina (NaCl) saturada. As sementes foram colocadas sobre uma tela de alumínio de forma
uniforme, fixada no interior de uma caixa plástica do tipo gerbox, funcionando como um compartimento
individual (mine-câmara). No interior das caixas foi adicionado 40 ml de água deionizada ou 40 ml de
solução salina (NaCl) saturada mantida em incubadora do tipo BOD a 41°C com fotoperíodo de 12h
por 72h. Para a condução do teste de deterioração controlada as sementes foram separadas em sacos
de alumínio devidamente vedadas e foram mantidas em banho-maria a 45°C por 24 horas.

Após o período de envelhecimento acelerado e deterioração controlada, as sementes foram


submetidas ao teste de germinação em caixas tipo gerbox, distribuídas sob duas folhas de papel filtro
umedecidas com água deionizada autoclavada na proporção de 2,5 vezes o peso seco do papel.

Os dados de porcentagem de germinação foram transformados previamente em arco seno da


raiz quadrada de x/100 (SANTANA & RANAL, 2000). Foi realizada a análise de variância (ANOVA)
seguido pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÂO

Com base nos dados da Tabela 1 é possível verificar que na maioria dos tratamentos não
apresentaram diferença significativa para a porcentagem de germinação (G%), porém é observado
uma tendência, para a maioria dos tratamentos, menor na porcentagem de germinação no lote de
2009. Estes resultados sugerem que mesmo a semente estando armazenada por um ano não interfere
na sua germinabilidade significativamente.

Para o tempo médio de germinação (TMG) foi observado que para todos os tratamentos não
houve diferença significativa entre os lotes de 2009 e 2010. Indicando que mesmo após um ano de
armazenamento as sementes de M. oleifera L. apresentam tempo semelhante para a germinação.

O índice de sincronização (E) indica quão sincronizada está a germinação, independente do


número total de sementes que germinem (SANTANA & RANAL, 2000). Quanto menor o valor de E
mais sincronizada é a germinação (SANTANA & RANAL, 2000). Entre os teste de vigor, o

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envelhecimento acelerado salino apresentou maior valor de E, indicando a heterogeneidade fisiológica


da semente mantida sob temperatura estressante, mostrada pela perda de sincronia.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que as sementes de Moringa oleifera L. mesmo armazenadas por um ano
(lote 2009) apresentam qualidade fisiológica na germinação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAIR, R.J. & GROVES, R.H. Impact of environmental weeds on biodiversity: a review and
development of a methodology. National Weeds Program, Environment Australia Special
Publication, 51 pp, 2003

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252, 1972
HURKA, H., BLEEKER, W. & NEUFFER, B. Evolutionary processes associated with biological invasions
in the Brassicaceae. Biological Invasions, 5, 281-292., 2003.

LODGE, D.M. Biological invasions: lessons for ecology. Trends in Ecology and Evolution 8:133-137,
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LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. 2002. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova
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MACK, R.N., SIMBERLOFF, D., LONSDALE, W. M.: EVANS, H., CLOUT, M., BAZZAZ, F.A. Biotic
Invasions: Causes, Epidemiology, Global Consequences, and Control Ecological Applications, Vol. 10
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MARCOS FILHO, J., CICERO, S.M. & SILVA, W.R. Testes de vigor. Piracicaba: ESALQ/USP, 53p,
1987.
REIS, A. C. S. Clima da Caatinga. Anais da Academia Brasileira de Ciências 48: 325-335, 1976.
SANTANA, D. G.; RANAL, M., A. Análise estatística na germinação. Revista brasileira de Fisiologia
Vegetal, v. 12, p. 205-237, 2000.
SILVIA, J. P. V.; SERRA, T. M.; GOSSMANN, M.; WOLF, C. R.; MENEGHETTI, M. R.; MENEGHETTI,
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Bioenergy, 2010, doi: 10.1016/j.biombioe.2010.04.002
TORRES, S.B.; MARCOS FILHO, J. Teste de envelhecimento acelerado em sementes de maxixe
(Cucumis anguria L.). Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v.23, n.2, p.108-112, 2001.
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Tabela 1 – Porcentagem de germinação (G%), tempo médio de germinação (TMG - dias), índice de sincronização (E - bits)
das sementes germinadas pelos teste de envelhecimento acelerado com água (EAA), envelhecimento acelerado salino
(EAS) e degradação controlada (DC).

Tratamento
Lote
Controle EAA EAS DC
(Ano)
G% TMG E G% TMG E G% TMG E G% TMG E

2009 98Aa 4,5Aa 2,3 63Bb1 3,1Ab 1,9 53Ab 3,7Aab 2,0 32Ab 3,4Aab 1,8

2010 90Aa 4,7Aa 2,3 94Aa 3,5Aa 2,1 70Ab 6,7Aa 2,9 4Ac 6,4Aa 2,0

1 Médias seguidas pela mesma letras maiúsculas na coluna ou pela mesma letra minúscula na linha não difere entre si pelo
teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade.

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CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DOS ÓRGÃOS VEGETATIVOS DE CNIDOSCOLUS


QUERCIFOLIUS POHL.*

Taffarel Melo Torres1; Emanuel Araújo Sousa1; Gabrielle Macedo Pereira1; Gabriela Salvador Ourique1;
Ricardo Victor Machado de Almeida1; Juliana Espada Lichston2
1Graduando - Departamento de Botânica Ecologia e Zoologia – UFRN, torres_tm@yahoo.com.br ; 2Profa. Dra./Orientadora -
Departamento de Botânica Ecologia e Zoologia – UFRN

RESUMO - O presente estudo visa elucidar as características anatômicas internas que permitem a
sobrevivência dessa espécie às condições adversas do semiárido nordestino. Mudas de Cnidoscolus
quercifolius Pohl., foram aclimatadas em casa de vegetação da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte para análise da anatomia interna de seus órgãos vegetativos. Foram feitas secções transversais
das raízes, caules e folhas, preparados em lâminas histológicas semipermanentes e os tecidos
vegetais foram analisados e fotografados em microscópio óptico binocular. Os cortes histológicos
receberam o tratamento com diversos corantes para evidenciar os tecidos, segundo a metodologia
recomendada por Kraus e Arduim (1997). Verificou-se a presença de óleo em todos os tecidos
estudados e amido na raiz e folha, o que, provavelmente, indica reserva energética da planta para as
condições adversas do ambiente em que vive.
Palavras-chave – Caatinga, Biodiesel, Anatomia, Nordeste.

INTRODUÇÃO

A caatinga é um bioma brasileiro típico da região Nordeste do Brasil. Sua flora é composta de
uma vegetação arbórea, arbustiva e herbácea (FILHO, 2007). Esse bioma apresenta uma grande
biodiversidade, mas também alto grau de desconhecimento. Esse fato vem gerando um descaso, em
especial às espécies vegetais, muitas destas, com grande potencial econômico.

As guerras ocorridas no Golfo Pérsico envolvendo os países membros da OPEP, ocorridas


entre as décadas de 60 e 80, geraram altas no preço do petróleo e diversas crises. Tal fato, aliado a
crescente poluição ambiental dada pela emissão de gases tóxicos na atmosfera, motivou as pesquisas
em busca de energias renováveis. Neste cenário o Brasil se destaca pelo seu clima favorável, tradição
agrícola e a disponibilidade de, aproximadamente, 100 milhões de hectares de áreas não florestais e

* Petrobras CENPES

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improdutivas (GIRARDI, 2008). Esse potencial pode permitir a liderança na produção mundial de
biocombustíveis.

Cnidoscolus quercifolius Pohl., conhecida como faveleira sem espinhos ou favela, é uma árvore
xerófila, nativa, sucessão primária e muito comum na caatinga brasileira. Distribui-se por todos os
estados do nordeste brasileiro. Suas principais potencialidades são a produção de óleo, amido e
forragem (MORS & RIZZINI, 1966). O presente estudo visa elucidar as características anatômicas
internas que permitem a sobrevivência dessa espécie às condições adversas do semiárido nordestino.

MATERIAIS E MÉTODOS

Mudas de Cnidoscolus quercifolius Pohl., foram aclimatadas em casa de vegetação da


Universidade Federal do Rio Grande do Norte para análise da anatomia interna de seus órgãos
vegetativos. Realizaram-se coletas periódicas mensais, durante 3 meses, de raízes, caules e folhas de
15 mudas.

Foram feitas secções transversais dos órgãos vegetativos alvejados com Hipoclorito de Sódio
50%, essas foram posteriormente coradas com Azul de Alcian 1%, Safranina 1%, Sudan Black 1% e/ou
Lugol. Os tecidos vegetais foram analisados e fotografados em microscópio óptico binocular (KRAUS &
ARDUIN, 1997)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A raiz dos espécimes apresentou-se em crescimento secundário. O parênquima cortical


apresenta células com formato oval, com pequenos espaços intercelulares nos quais provavelmente
fica armazenado o látex, já que a planta produz tal substância e não apresenta estruturas próprias para
a produção da mesma. Foi evidenciada a presença de óleo, em gotículas, e amido, em amiloplastos,
no parênquima cortical, esse armazenamento pode auxiliar a planta em situações críticas no ambiente
e ambientas sazonais (APPEZZATO-DA-GLÓRIA & CAMELO-GUERREIRO, 2006).

O pecíolo apresentava-se em crescimento secundário com cutícula mediana, fato esse


influenciado pelo ambiente (ESAU, 1976), já que as plantas foram mantidas em casa de vegetação sob
constantes regas. A epiderme é uniestratificada, apresenta estômatos ligeiramente abaixo do nível
desta. Foram evidenciadas a presença de gotículas de óleo no colênquima e amiloplastos nas células-

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guarda, essa presença de amido tem relação com o mecanismo de abertura e fechamento dos
estômatos.

Tanto a epiderme quanto o colênquima possui células contendo drusas, que apresentam
função de defesa física (SUGIMURA et al, 1999; LUCAS et al, 2000; XIANG & CHEN, 2004),
armazenamento e regulação da concentração de substâncias (SUGIMURA et al, 1999; VOLK et al,
2002). A epiderme da folha é semelhante a do pecíolo. O mesofilo é do tipo assimétrico. A folha é
anfiestomática e os estômatos tetracíticos com ampla câmara estomática para facilitar as trocas
gasosas (PASSOS & MENDONÇA, 2006). A presença de cutícula de espessura mediana, observada
nas folhas da espécie, auxilia estas plantas a evitarem a perda de água durante por transpiração e
durante o processo de respiração, sendo uma adaptação à dissecação (LEITE & SCATENA, 2001). Tal
característica torna a planta ainda mais adaptada ao clima do semiárido nordestino.

Foram encontradas muitas gotículas de óleo e amiloplastos em todo o mesofilo, isso pode estar
associado a deposição de metabólitos fotossintetizados (TAIZ & ZEIGER, 2002).

CONCLUSÃO

A presença de substâncias de reserva, cristais, lignificação, ampla câmara estomática, látex e


cutícula de espessura mediana, conferem à faveleira, uma oleaginosa do semiárido nordestino,
resistência a ambientes adversos e com grande sazonalidade, permitindo assim a sua sobrevivência no
bioma Caatinga.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APPEZZATO-DA-GLÓRIA B. ; CAMELO-GUERREIRO S. M. Anatomia Vegetal. 2ª ed. Viçosa. Editora UFV,


2006.

ESAU, K. Anatomy of seed plants. 2nd ed. John Willey & Sons, New York, 1976.

FILHO, N. M. R.; CALDEIRA, V. P. S.; FLORENCIO, I. M.; AZEVEDO, D. O.; DANTAS, J. P. D. Avaliação
comparada dos índices químicos nitrogênio e fósforo nas porções morfológicas das espécimes de faveleira com
espinhos e sem espinhos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v. 9, n. 2, p.
149-160, 2007.

GIRARDI, E. P. Proposição teórico-metodológica de uma cartografia geográfica crítica e sua aplicação no


desenvolvimento do atlas da questão agrária brasileira. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências e Tecnologia : Presidente Prudente, 2008 .

KRAUS, J. E., & ARDUIN, M. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Rio de Janeiro:
Editora da Universidade Rural Rio de Janeiro, 1997.

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LEITE, K. R.; SCATENA, V. L. Anatomia do segmento foliar de espécies de Syagrus Mart. (Arecaceae) da
Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Sitientibus. Série Ciências Biológicas, v. 1, n. 1, p 3-14, 2001.

LUCAS, P. W.; TURNER, I. M.; DOMINY, N. J. & YAMASHITA, N. 2000. Mechanical defenses to herbivory.
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MORS, W. B.; RIZZINI, C. T. Useful Plants of Brazil. London, Amsterdam, Holden-Day Inc, 1966.

SUGIMURA, Y.; MORI T.; NITTA, I.; KOTANI E.; FURUSAWA T.; TATSUMI M.; KUSAKARI S.; WADA M.;
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TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant Physiology. 3rd ed. Sinauer Associates, Inc., Sunderland, 2002.

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4ª ed. Porto Alegre/Florianópolis, Editora UFRGS/ UFSC, 2002.

XIANG, H. & CHEN, J. Interspecific variation of plant traits associated with resistance to herbivory among four
species of Ficus (Moraceae). Annals of Botany vol. 94, n. 3, p. 377-384, 2004.

A B

2
C D
Figura 1 – A-E: Secções de Cnidoscolus quercifolius Pohl., A - padrão anatômico da folha
(aumento de 40X); B - padrão anatômico da raiz; C - padrão estrutural do pecíolo (aumento
de 100X); D: Coloração da folha evidenciando amido, D1 - Secção transversal da folha
(aumento de 100X); D2 - Secção paradérmica da folha (aumento de 400X).

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CONVERSÃO DE ENERGIA SOLAR EM FITOMASSA AÉREA NA CULTURA DO PINHÃO MANSO

Andre Luis Vian1; Braulio Otomar Caron2; Denise Schmidt2; Bianca Pinto Della Flora3; Alexandre
Belhing4
1Centro de Educação Superior Norte do RS (CESNORS/UFSM), Campus da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM;
andreufsm@yahoo.com.br. 2Professores do Centro de Educação Superior Norte do RS (CESNORS/UFSM), Campus da
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM; 3Centro de Educação Superior Norte do RS (CESNORS/UFSM), Campus da
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, curso de Agronomia; 4Centro de Educação Superior Norte do RS
(CESNORS/UFSM), Campus da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, curso de Engenharia Florestal.

RESUMO – O total de energia existente na cobertura vegetal da Terra, incluindo as florestas tropicais e
temperadas, as savanas e campos, é estimado cerca de 100 vezes o consumo atual de energia ao
longo de um ano na terra. No entanto, apenas parte dessa energia pode ser utilizada para satisfação
das necessidades humanas. Dessa forma, a humanidade parte em busca de tecnologias para
solucionar a demanda energética existente.O experimento foi conduzido sob casa de vegetação. Foi
estudada a espécie (Jatropha curcas L.) produzida com substrato comerciais: Mecplante®, as mudas
foram produzidas em março de 2008. Foram realizadas avaliações quinzenais de diâmetro de colo (D),
a altura da parte aérea (APA), comprimento da raiz (CO), número de folhas (NF), massa seca das
folhas (MSF), massa seca do caule (MSC), massa seca do sistema radicular (MSR), e foram utilizadas
duas mudas retiradas ao acaso, para cada repetição.
Palavras-chave – pinhão manso, biodiesel, energia solar, conversão energética.

INTRODUÇÃO

O total de energia existente na cobertura vegetal da Terra, incluindo as florestas tropicais e


temperadas, as savanas e campos, é estimado cerca de 100 vezes o consumo atual de energia ao
longo de um ano na terra. No entanto, apenas parte dessa energia pode ser utilizada para satisfação
das necessidades humanas. Dessa forma, a humanidade parte em busca de tecnologias para
solucionar a demanda energética existente.

Diante do cenário mundial de energia renovável, o Brasil tem se destacado como ator principal
no setor de agroenergia. Produzido a partir de fontes naturais renováveis como óleos vegetais e
gordura animal, o biodiesel vem, cada vez mais, sento utilizado como fonte alternativa de combustível.
Dentre as espécies exploradas para esse fim, Jatropha curcas L.(pinhão-manso), Mamona, girassol,
amendoim etc., têm despontado como grande alternativa para produção de biodiesel.

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A produção dessas em viveiros constitui uma das fases mais importantes do processo de
implantação da cultura, pois mudas de baixa qualidade podem comprometer todas as operações
seguintes (GALLO et al., 1978). Segundo Santos et al. (2000), o êxito de um plantio depende
diretamente das potencialidades genéticas das sementes e da qualidade das mudas. Mudas com
padrão adequado de qualidade apresentam melhores condições de crescimento e de competição por
fatores como água, luz e nutrientes. Segundo Paiva & Gomes (1995) tais mudas devem apresentar, no
momento de serem plantadas a campo, entre outras características, sistema radicular bem formado,
com raiz principal reta sem enovelamento e raízes secundárias bem distribuídas, propiciando uma
maior resistência das mesmas a fatores adversos.

Entre os principais fatores que influenciam na produção de mudas de espécies florestais,


destacam-se os substratos e os recipientes utilizados, os quais refletirão diretamente na qualidade do
produto final (SANTOS et al.,2000). Portanto, é necessário testar substratos de fácil aquisição e que
atendam às necessidades do viveirista. Tal fato proporcionou a proposta desse estudo, visando definir
e obter as melhores características de mudas através do emprego de diferentes substratos e tamanhos
de tubetes na produção de mudas de Jatropha curcas L.

Conhecida popularmente por pinhão-manso, pinhão-de-cerca, turba, dentre outros, Jatropha


curcas L. (Euphorbiaceae) é provavelmente nativo do Brasil. A espécie é encontrada em quase todas
as regiões do planeta, sendo a maior ocorrência nas regiões tropicais e temperadas e, em menor nas
regiões frias (ARRUDA et al. 2004).

Tendo formato de arbusto grande, de crescimento rápido, a planta varia de 3 a 5 metros de


altura. O caule e os ramos são leitosos, as folhas são largas e os frutos são produzidos em cachos. A
espécie não exige muitos cuidados com o solo, apresentando boa produtividade em diferentes tipos de
solo e em terras pouco férteis, em clima árido ou úmido, podendo ser cultivada em altitudes de 0 a
1000m. O pinhão-manso pode ser cultivado em cerca de 90% do território nacional (ALMEIDA, 2006).
Segundo Carnieli (2003) a espécie produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare, levando de
três a quatro anos para atingir a idade produtiva, a qual estende por até 40 anos.

O objetivo do estudo foi avaliar os parâmetros morfológicos como altura, diâmetro de colo,
comprimento da raiz, número de folhas, massa seca do sistema radicular e massa seca do sistema
aéreo de Jatropha curcas L.

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METODOLOGIA

O experimento foi conduzido sob casa de vegetação, do Departamento do curso de agronomia


do Centro de Educação Superior Norte do Rio Grande do Sul, situado na BR 386, linha Sete de
Setembro, sob coordenadas geográficas de latitude 27°23‘; longitude 53°25‘ a 641,3 m de altitude, no
município de Frederico Westphalen – RS, localizado na região do Médio-Alto Uruguai.

Foi estudada a espécie considerada florestal (Jatropha curcas L.) e matéria prima para a
produção de biodiesel, onde foram produzidas mudas com substrato comerciais: Mecplante®, as mudas
foram produzidas em março de 2008.

Durante a condução do experimento foram realizadas regas diárias visando atender a


demanda hídrica da planta e tratamentos fitossanitários quando houvesse necessidade.

Foram realizadas avaliações quinzenais de diâmetro de colo (D), a altura da parte aérea (APA),
comprimento da raiz (CO), número de folhas (NF), massa seca das folhas (MSF), massa seca do caule
(MSC), massa seca do sistema radicular (MSR), massa seca da parte aérea (MSPA), que foi obtida
pela soma da MSF e MSC; massa seca total (MST).

Para a determinação dos parâmetros morfológicos e das relações, foram utilizadas duas
mudas retiradas ao acaso, para cada repetição. A componente folha, o caule e a raiz foram secos
separadamente em estufa de circulação forçada a 60°C até atingir o peso constante.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os valores coletados no processo de produção de mudas em casa de vegetação, em 105


dias de experimento observou-se que para a quantidade de fitomassa produzida pela parte aérea foi
maior.

Observou-se que para a produção de fitomassa na parte aérea da planta de pinhão manso,
com uma quantidade acima de 15MJ/m² de RAFac, já começa a ocorrência de estagnação de
produção de fitomassa, o que certamente irá resultar em prejuízos para a parte radicular do genótipo.

O período ideal para o transplante destas mudas seria no momento em que as mudas estão
competindo por espaçamento, luz, recipiente e principalmente nutrientes.

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CONCLUSÃO

A quantidade de radiação fotossintéticamente ativa acumulada (RFAac) na parte aérea e na


parte radicular, favorecem a antecipação da duração do período de cultivo da cultura antes de ir para o
campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, S. Pinhão-manso, a opção para o biodiesel. Disponível em


http://www.pinhaomanso.com.br/noticias/jatropha/pinhao_manso_opcao_biodiesel_18_04_07.html.
Acessado em 20 de Abril de 2010.
CARNIELLI, F. O combustível do futuro. 2003. Disponível em: <www.ufmg.br/boletim/bol1413>.
Acesso 2010.

GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BATISTA, G. C.; BERTI FILHO,
E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B. Manual de entomologia agrícola. São Paulo:
Agronômica Ceres, 1978. 531 p.

PAIVA, H. N.; GOMES, J. M. Viveiros florestais. Viçosa: UFV, Imprensa Universitária, 1995. 56 p.

SANTOS, C.B. et al. Efeito do volume de tubetes e tipos de substratos na qualidade de mudas de
Cryptomeria japonica(L.F.) D. Don. Ciência Florestal, Santa Maria, v.10, n.2,p.1-15, 2000.

TABELA 1: Resultados da análise de variância nos três meses iniciais de cultivo a campo de pinhão manso e tungue na
região norte do Rio Grande do Sul. Frederico Westphalen, 2009.
PAR ac incremento de fitomassa MST-R (g)
3,06952
6,24001 0,0693 0,2849
11,56128 27,9433 25,8566
16,52583 12,8436 11,2882
18,75635 22,1144 18,711
20,75444 29,4602 26,6189
21,22489 18,2336 11,5962
Fonte: Laboratório de Agroclimatologia – LAGRO/CESNORS

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Incremento de fitomassa
35 29,4602
30
FITOMASSA (g)

25 22,1144
20 18,2336 incremento de
12,8436 fitomassa
15
10 Potência
5 (incremento de
0,0693 fitomassa)
0
y = 9E-06x4,9183
0,00000 10,00000 20,00000 30,00000
R² = 0,9812
PAR acúmulado (MJ/m²)

Figura 26 – Gráfico de incremento de fitomassa em parte aérea.

INCREMENTO DE FITOMASSA
EM RAÍZ DE PM
30 26,6189

25
FITOMASSA (g)

18,711
20
Série1
15 11,2882 11,5962
Potência (Série1)
10

5
0,2849
0
0,000 10,000 20,000 y = 0,0277x2,25
30,000
R² = 0,924
PAR acúmulado (MJ/m²)

Figura 27 – Gráfico de incremento de fitomassa em sistema radicular.

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CULTIVO DE GIRASSOL (Helianthus annuus L.) EM PRESENÇA DE DIFERENTES NÍVEIS DE


SALINIDADE 1

Lisiane Lucena Bezerra1; Yuri Lima Melo1; Cibelley Vanúcia Santana Dantas2; Eduardo Luiz Voigt2;
Marcelo Abdon Lira3; Josemir Moura Maia2; Cristiane Elizabeth Costa de Macêdo2
1Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA; 2Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN; 3Empresa
de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN; lisianeuepb@hotmail.com

RESUMO – O presente trabalho teve como objetivo avaliar o cultivo de girassol em presença de
diferentes níveis de NaCl. Para tanto, plântulas de girassol, variedade Catissol-01, com 20 dias de
idade foram submetidas a cinco concentrações de NaCl (Controle - 0; 50; 100; 150 e 200mM) em
cultivo hidropônico. O experimento foi conduzido na casa de vegetação com delineamento
experimental inteiramente casualizado e um esquema fatorial de 5x1 (cinco níveis de salinidade e uma
variedade de girassol) com 4 repetições, totalizando 20 plântulas. Após dois dias de tratamento,
avaliou-se a taxa de crescimento relativo, vazamento de eletrólitos e teor de umidade de parte aérea e
raiz. O tratamento salino causou uma diminuição na taxa de crescimento relativo total que foi
proporcional ao aumento da dose de sal. Inversamente, o vazamento de eletrólitos da parte área e raiz
aumentaram proporcionalmente à dose de sal, sendo mais expressivo nas raízes, o que provavelmente
ocorreu devido a um contato direto com a solução salina.
Palavras-chave – girassol; salinidade; crescimento; cultivo hidropônico.

INTRODUÇÃO

O girassol (Hellianthus annus L.) é uma oleaginosa que apresenta maior resistência à seca e a
baixas temperaturas, além de seu cultivo ser minimamente influenciado pela latitude, altitude e
fotoperíodo (Castro et al., 1997), apresentando-se como uma opção nos sistemas de rotação e
sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos.

Atualmente no Brasil, o interesse de produtores pelo plantio de girassol vem crescendo devido
à busca por novas opções de cultivo e ao aumento da demanda das indústrias por óleo comestível de
melhor qualidade e, principalmente, para produção de biocombustíveis. Este fato é devido ao girassol
apresentar um alto teor de óleo em suas sementes, chegando a conter, em alguns materiais,
quantidades superiores a 50% (Lira et al., 2009). Além disso, o óleo de girassol é considerado como o

1
UFERSA-UFRN-EMPARN-CNPq

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de melhores características nutricionais e organolépticas, em relação aos outros óleos vegetais


comestíveis, principalmente por causa de seu elevado conteúdo de ácido linoléico, superior a 68%, e
um menor percentual do ácido oléico (Castro et al., 1997).

O semi-árido nordestino é caracterizado por apresentar zonas de alta salinidade que pode
provocar diminuição na produtividade das culturas. Isto é diretamente relacionado ao decréscimo do
potencial hídrico do solo causado pelo sal, que conseqüentemente dificulta a absorção de água pela
planta além de causar toxicidade iônica. Devido a esses efeitos, as plantas podem desenvolver
mecanismos para manter o seu ciclo biológico normal. Contudo, as concentrações de sais que
restringem o crescimento da planta variam amplamente entre espécies, e dependem não apenas do
tipo de sal, mas do tempo de exposição e do estádio de desenvolvimento da planta (Levitt, 1980;
Munns, 2002). Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o cultivo de girassol em condições
de estresse salino induzido em plantas sob cultivo hidropônico, caracterizando parâmetros de
crescimento sob diferentes concentrações de NaCl.

METODOLOGIA

Planta de girassol da variedade Catissol-01, com 20 dias de idade, foram cultivadas em


sistema hidropônico com solução nutritiva Hoagland & Arnon (1950) com ¼ de força e pH 6,0. As
plantas foram submetidas a diferentes concentrações de NaCl (Controle - 0; 50; 100; 150 e 200 mM),
compondo 5 (cinco) tratamentos. Os tratamentos foram impostos durante 2 (dois) dias em casa de
vegetação sob temperatura média de 30±2oC, umidade relativa do ar de 40±10% e aeração constante.

Ao término do experimento, as plantas foram coletadas e analisou-se a taxa de crescimento


relativo (TCR) a partir da equação: TCR(%)=((MFf-MF0)/∆T)x100, onde MFf=massa fresca final;
MF0=massa fresca inicial; ∆T=tempo de observação (Brito, 2005). Adicionalmente, avaliou-se o
vazamento de eletrólitos (%VE) (Blum & Ebercon, 1991) e teor de umidade (%U) (Slavick, 1974). O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, usando esquema fatorial 5x1, 5 (cinco)
tratamentos salinos (controle + quatro tratamentos com NaCl) e 1 (uma) variedade, perfazendo um total
de 5 (cinco) tratamentos com 4 (quatro) repetições cada. Para análise de significância realizou-se o
teste de ANOVA, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A taxa de crescimento relativo (TCR) diminuiu com o aumento da concentração de sal,


proporcionalmente à produção de biomassa (Figura 1). Observou-se ainda que a partir do tratamento
com NaCl 150mM a TCR apresentou uma razão negativa, que pode representar a severidade dos
tratamentos.

Os danos de membranas, estimado pelo %VE, aumentou proporcionalmente ao aumento da


dose de NaCl, tanto na parte aérea como em raízes (Figura 2). Contudo, observou-se que, nas raízes,
o aumento foi mais expressivo, o que provavelmente ocorreu devido a um contato direto com a solução
salina. Além disso, não houve efeito significativo dos tratamentos salinos sob o %U, já que as folhas e
as raízes se manteram com percentual de umidade de 85 e 96%, respectivamente. Assim, o aumento
no %VE pôde contribuir, pelo menos em parte, para a diminuição na TCR, o que não foi relacionado
com o estado hídrico da planta.

CONCLUSÃO

O NaCl causou redução na taxa de crescimento relativo, proporcional ao aumento da dose de


sal. Esse fenômeno pode ser causado, pelo menos em parte aos danos de membrana em folhas e
raízes, causado pelo estresse salino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLUM, A.; EBERCON, A. Cell membrane stability as a measure of drought and heat tolerance in wheat.
Crop Science, Madison, v.21, n.1, p.43-47, 1981.
BRITO, L.K.F.L. Estabelecimento da seleção in vitro de genótipos de cana-de-açúcar
(Saccharium sp.) mais resistente ao estresse salino. Dissertação (Mestrado) UFRN, Natal, 2005.
CASTRO, C. de; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE, R.M.V.B. de C.; KARAM, D.; MELLO, H.C.;
GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R.B. A cultura do girassol. Londrina: Embrapa-CNPSo, 1997. 36p.
(Embrapa-CNPSo. Circular Técnica, 13).
HOAGLAND, D.; ARNOR, D.I. The water culture method for growing plants without soil. California
Agriculture Experimental Station Circular. p.347, 1950.
LEVITT, J. 1980. Responses of plants to environmental stress, vol. 2, 2nd edn. Academic Press, New
York, pp. 606.

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LIRA, M.A. Oleaginosas como fonte de matéria-prima para a produção de biodiesel. Natal:
EMPARN, 2009, 64p.
MUNNS, R.; Comparative physiology.of salt and water stress. Plant, Cell and Environment. v.25.
p.239-250, 2002.
SLAVICK, B. Methods of studying plant water relations. New York. Springet Verlong. 1974. 449p.

150
TCR
a
- Massa Fresca
100
a
Total
50
ab
(%)

0
Controle 50 100 150 200
-50 b

-100
c
-150 NaCl (mM)

Figura 28 – Taxa de Crescimento Relativo (TCR%) nas plantas de girassol variedade Catissol-01, submetida a
diferentes concentrações de NaCl (Controle - 0; 50; 100; 150 e 200 mM).

100 a a B
A
90 VE - Folha 100 VE - Raiz
a a a
80 90
70 80
60 70 b
60
(%)

50
(%)

50
40 b c
40
30 b 30
b
20 20
10 10
0 0
Controle 50 NaCl
100
(mM) 150 200 Controle 50 NaCl
100
(mM) 150 200

Figura 29 – Vazamento de eletrólitos (VE%) das folhas (A) e vazamento de eletrólitos nas raízes (B) das plantas de
girassol variedade Catissol-01, submetida a diferentes concentrações de NaCl (Controle-0; 50; 100; 150 e 200 mM).

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120
100 a
a Umidade
a
a a a a
a a a

80

(%)
60
40 Folha

20 Raiz
0

NaCl (mM)

Figura 3 – Umidade (U%) das folhas e raízes das plantas de girassol variedade Catissol-01, submetida a diferentes
concentrações de NaCl (Controle; 50; 100; 150 e 200 mM).

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CURSO DIÁRIO DAS PERDAS DE VAPOR D‟ ÁGUA EM PLANTAS JOVENS DE PINHÃO MANSO
SUBMETIDAS AO DÉFICIT HÍDRICO

Adenilda Ribeiro de Moura1, Clarissa Soares Freire2, Marcelo Alves Mauricio da Silva3, Stela Maria
Caetano de Oliveira Gomes4; Rafaela Pereira de Souza 5, Rejane J. Mansur C. Nogueira6
1Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE, adenildamoura@gmail.com; 2 Universidade Federal Rural de

Pernambuco-UFRPE, 3Faculdade Frassinetti do Recife- FAFIRE; 4Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE;


5Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE; 6Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE.

RESUMO – O objetivo da presente pesquisa foi avaliar o comportamento estomático de plantas de


pinhão manso submetidos ao déficit hídrico. A pesquisa foi conduzida em casa de vegetação, no
Laboratório de Fisiologia Vegetal, do Departamento de Biologia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco. As sementes foram posta para germinar em bandejas com areia lavada com capacidade
para 17 kg de solo. Após 30 dias de aclimatação, as plantas foram transferidas para vasos com 11 kg
de solo sendo avaliadas por 120 dias. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com
quatro tratamentos hídricos e seis repetições. Para avaliar o comportamento estomático foi realizado
um curso diário (8, 10, 12, 14, e 16h), da transpiração (E) e resistência difusiva (Rs). Aos 60 dias após
a diferenciação dos tratamentos hídricos as plantas jovens de Jatropha curcas L. apresentaram valores
médios na transpiração (E) no horário das 12:00h às 14:00h de 11,61 a 15,5 mmol.m-2.s-1, enquanto a
resistência difusiva apresentava valores médios de 0,49 s.cm-1 a 0,62 s.cm-1.. O pinhão manso
demonstrou muito sensível nos horários mais quentes do dia. No entanto as plantas com 60 % CP não
reduziram a transpiração nos horários de maior demanda evaporativa.
Palavras-chave – Abertura estomática, resistência difusiva, Jatropha curcas.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso é uma espécie vegetal pertencente à família das Euforbiáceas, também
conhecida com pinhão-de-purga, grão-de-maluco, pinhão-de-cerca, pinhão-de-inferno e pinhão-bravo
(OPENSHAW, 2000; ARRUDA et al., 2004). A Jatropha é espécie rústica pouco se conhece sobre o
seu comportamento fisiológico uma vez que a literatura dispõe de poucos trabalhos dessa natureza
(MENDES, 1997).

Além disso, a presente espécie vem se destacando no cenário mundial pela produção de óleo
na fabricação de biodiesel. As sementes de J. curcas em alguns países, principalmente os da África, já

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estão sendo utilizadas na extração do óleo para a produção de biocombustível, apresentando um


potencial de produção satisfatório, além de ser lucrativo quando comparado à produção da mamona e
de outras plantas oleaginosas (SATURNINO et al., 2005).

Isto despertou o interesse de empresários brasileiros que passaram a cultivar e produzir as


sementes em suas lavouras. Dessa forma, a extração do óleo da semente do pinhão manso apresenta
grande potencial econômico além de surgir como uma das possíveis alternativas para os países
neotrópicos (GUBITZ et al.,1999, OPENSHAW, 2000).

Neste contexto o pinhão manso, pode ser uma alternativa viável para a produção de
biocombustível, pois apresenta grande interesse comercial, econômico e ambiental, devido a sua
diversidade de utilização, destacando-se seu rápido crescimento vegetativo e sua facilidade de
regeneração, além de ser uma espécie resistente à seca (KIILL; DRUMOND, 2001). O objetivo deste
trabalho foi avaliar o comportamento estomático no horário de maior demanda evaporativa para a
espécie.

METODOLOGIA

A pesquisa foi conduzida em casa de vegetação do Laboratório de Fisiologia Vegetal do


Departamento de Biologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, no período de
dezembro de 2008 a junho de 2009. As sementes foram postas em bandejas para germinar, após a
germinação as plantas fora selecionadas quanto ao tamanho e sanidade. As mesmas foram colocadas
em vaso de polietileno com capacidade para 11 kg de solo por um período de aclimatação 30 dias.
Após esse período foi feita a diferenciação dos tratamentos hídricos: 100%, 80%, 60% e 40% da
capacidade de pote (CP), segundo a metodologia proposta por (SOUSA, 2000). O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado com 4 tratamentos hídricos e 6 repetições.

Para avaliar o comportamento estomático foi realizado um curso diário (8, 10, 12, 14, e 16h),
da transpiração (E) e resistência difusiva (Rs), (Figura 1), utilizando-se o porômetro de equilíbrio
dinâmico, modelo LI-1600 (Licor Inc.®), com intuito de se identificar o horário de maior abertura
estomática, em folhas completamente expandidas e devidamente marcadas, localizadas no terço
médio das plantas. A temperatura da folha foi mensurada por um termopar acoplado ao porômetro,
enquanto que a radiação fotossinteticamente ativa (PAR) e a umidade da câmera foram detectadas por
um sensor quântico e sensor de umidade, respectivamente, também acoplados ao equipamento.

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Durante todo período experimental as variáveis climáticas, Tar e UR do interior da casa de


vegetação foram monitoradas com o termohigrômetro (Incoterm). Os dados foram submetidos à análise
de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-
se o software ASSITAT 7.5. (1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período experimental, a temperatura do ar, na casa de vegetação variou de 26 o C a


39,9 o C sendo os menores valores as 8 e às 18 horas e os maiores às 12 e 14horas coincidindo com
os horários de maior radiação solar e maior demanda evaporativa para a espécie estudada.

Aos 60 dias após a diferenciação dos tratamentos hídricos as plantas jovens de


Jatropha curcas L. apresentaram valores médios na transpiração (E) no horário das 12 horas (meio dia)
às 14 horas de 11,61 a 15,5 mmol.m-2.s-1, enquanto a resistência difusiva apresentava valores médios
de 0,49 s.cm-1 a 0,62 s.cm-1.. (Figura 1). Quanto aos valores obtidos para o PAR observa-se que os
resultados apresentam uma tendência inversa aos vistos na umidade relativa (UR). O DPV foi
calculado segundo Vianello; Alves (1991), variou de 1,21kPa a 3,41kPa.

Silva (2004) estudando o comportamento fisiológico de nove espécies da caatinga observou


variações no comportamento estomático entre elas, sendo que a maioria das espécies elevou a Rs nos
horários mais quentes do dia.

Nogueira; Silva (2001) avaliando a taxa de transpiração (E) em dois genótipos de gravioleira
(Morada e Comum), verificou no mês de dezembro uma redução na taxa transpiracional dos dois
genótipos Morada e Comum da ordem de 1% e 49% respectivamente, essa redução apresentou
valores (8,03 e 7,95 mmol.m-2.s-1), para o genótipo Morada quando comparadas àquelas registradas no
genótipo Comum (6,43e 3,27 mmol.m-2. s-1).

Nogueira et al., (1998) avaliando as trocas gasosa em três espécies de leguminosas (Senna
martiana (Benth) Irwin e Barneby e Parkinsonia aculeata L.) e uma herbácea (Senna occidentalis (L.)
Link), observou que as médias da transpiração das espécies herbácea diferiu significativamente das
médias das arbustivas, para as plantas submetidas às condições de boa disponibilidade hídrica no solo
a transpiração variou de 4, 03 a 6,48 mmol.m-2.s-1 .

Nogueira et al. (1998) estudando as trocas gasosas em amendoim e Silva et al., (2002)
estudando o comportamento estomático em três espécies lenhosas da caatinga, reportam que a

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elevação da temperatura foliar em resposta ao déficit hídrico, podendo ser explicado pela redução na
perda de calor através da transpiração que normalmente reduz nestas condições.

CONCLUSÃO

O pinhão manso mesmo nos horários de maior demanda evaporativa não restringiu a trocas
gasosas de vapor d‘ água no tratamento com 60% CP. Considerando os tratamentos hídricos
estudados o pinhão manso não apresentou fechamento estomático, mesmo com baixas taxas
transpiracional o que representa um fator positivo para a espécie.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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38 38

36 36

34 34

T foliar (ºC)
TºC

32 32

30 100%CC 30
80 % CC
60 % CC
28 28
40 % CC
2000
80

PAR ( mol m -2 s -1)


1500
70
UR (%)

1000
60

500
50

39 16

12
E (mmol. m-2. s-1)

36
Rs (s cm.-1)

33 8

30 4

27 0
8h 10h 12h 14h 16h 8h 10h 12h 14h 16h
Horários Horários

Figura 1. Curso diário da temperatura do ar (Tº C), temperatura foliar (T foliar ºC), umidade relativa do ar (UR), radiação
fotossinteticamente ativa (PAR), transpiração (E) e resistência difusiva em plantas jovens de Jatropha curcas L. submetida
ao déficit hídrico.

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EFEITO DE DIFERENTES SOLUÇÕES SALINAS SOBRE O CULTIVO DE PINHÃO-MANSO


(Jatropha curcas L.) EM CONDIÇÃO DE CASA DE VEGETAÇÃO

Bety Shiue de Hsie1, Mariana Lins de Oliveira Campos1, Bárbara Cavalcante Félix da Silva1, Jonathan
Mancaleano Escadon1, Jarcilene S. Almeida-Cortez2, Marcelo Francisco Pompelli1
1 Laboratório de Ecofisiologia Vegetal (LEV), Departamento de Botânica, Centro de Ciências Biológicas, Universidade

Federal de Pernambuco, PE; 2 Laboratório de Interação Planta-animal, Departamento de Botânica, Centro de Ciências
Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. bety.bio@gmail.com.

RESUMO – A irrigação é prática comum em cultivos comerciais em ambientes semi-áridos, entretanto,


esta técnica, quando mal empregada (i.e. utilização de águas salinas, comum na região), tem gerado
vários problemas ambientais, principalmente a salinização do solo que pode provocar diminuição
acentuada do crescimento e a produtividade das culturas. Jatropha curcas vem sendo considerada
uma espécie promissora para a produção de biodiesel no Brasil, visto suas características indicadoras
de um balanço energético/econômico favorável. Este trabalho objetivou avaliar o comportamento de
Jatropha curcas L. quando submetido a níveis crescentes de salinidade (0, 0,7, 1,4, 2,1, 2,8 e 3,5 dS.m-
1; 25ºC) da água na fase inicial de crescimento. Foi avaliada a condutância estomática, teor relativo de

água foliar e parâmetros morfológicos biométricos. As plantas de pinhão manso apresentaram maiores
sinais de estresse quando submetidos a soluções com condutividade superiores a 1,4 dS.m -1,
mostrando diminuição do diâmetro do colo, diminuição na altura e aumento do sistema radicular da
parte subterrânea, bem como queda na condutância estomática e teor relativo de água. Pôde ser
observados, a partir dos parâmetros analisados, que a planta de J. curcas apresenta sensibilidade a
salinidade e esses efeitos são sentidos a partir de mecanismos de compensação.
Palavras-chave – pinhão manso, estresse salino, condutância estomática, conteúdo hídrico,
crescimento.

INTRODUÇÃO

O gênero Jatropha (família Euforbiaceae), possui mais de 70 espécies, tais como as J. curcas,
J. molissima, J. pohliana, J. gossipifolia, que produzem sementes com conteúdos elevados de óleo
(SHAH, 2005). Diversas propriedades destas espécies, incluindo a resistência, crescimento rápido,
facilidade de propagação em larga escala resultaram no seu desenvolvimento e fixação em regiões
longínquas do bioma original (OPENSHAW, 2000). O pinhão-manso é considerado uma boa opção
agrícola principalmente para as regiões semi-áridas do globo, embora seja exigente em insolação,
apresenta forte tolerância à seca. Entretanto, estudos mostram que a utilização comercial da espécie

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seria dependente de precipitações nunca menores que 600 mm ano -1 (ARRUDA et al., 2004; KHEIRA
& ATTA, 2009; POMPELLI et al., 2010).

A alta concentração de sais é um fator de estresse para as plantas, pois reduz o potencial
osmótico e proporciona a ação dos íons sobre o protoplasma. A água é osmoticamente retida na
solução salina, de forma que o aumento da concentração de sais torna cada vez mais indisponível para
as plantas (RIBEIRO et al., 2001). Assim, com o aumento da salinidade, ocorre a diminuição do
potencia osmótico do solo, dificultando a absorção de água pelas raízes e dificuldades de alocação de
biomassa (NERY et al., 2009).

Deste modo, pesquisas em fisiologia vegetal têm grande importância, uma vez que podem
estabelecer ferramentas que auxiliem no melhor entendimento das relações planta-solo-atmosfera, com
impactos positivos nos futuros programas de fixação dessa cultura como fornecedora de matéria-prima
para a produção de óleos destinados aos programas de biocombustíveis.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Departamento de Botânica da


Universidade Federal de Pernambuco. Plântulas de aproximadamente 15 dias foram crescidas em
recipientes plásticos de 400 mL preenchidos com substrato constituído de terra preta : terra vermelha :
areia lavada na proporção de 3:1:1 respectivamente. O desenho experimental foi com utilizando-se de
seis concentrações salinas, perfazendo diferentes condutividades elétricas (0, 0,7, 1,4, 2,1, 2,8 e 3,5
dS.m-1) a 25ºC. As soluções salinas foram preparadas a partir de soluções de 1 M de NaCl,
CaCl2.2H2O e MgCl2.6H2O, considerando-se a proporção equivalente 7:2:1 para Na:Ca:Mg descrito em
Gurgel et al. (2003).

Medidas de condutância estomática (gs) foram tomadas com o auxílio de um porometro LI -


1600 (LI-COR, Inc., Lincoln, NE, USA). A concentração de CO2 dentro da câmara, a irradiância, a
umidade do ar e a temperatura da folha e do ambiente oscilaram conforme as condições do ambiente.
Os dados foram coletados as 9 h, durante um período de 30 dias.

Para estimação do teor relativo de água discos foliares foram coletados na antemanhã,
prontamente pesados em balança analítica e os cálculos realizados segundo recomendações de Barrs
e Weatherley (1962), de acordo com a fórmula [(Pf – Ps)/(Pt – Ps)] x 100, onde Pf, Ps e Pt,
representam peso fresco, peso seco e peso túrgido, respectivamente.

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Medidas biométricas de crescimento foram também realizadas ao final do experimento, onde


se avaliou as características de diâmetro do caule a 1 cm do solo, área foliar total, altura e massa seca
da parte aérea (PA) e subterrânea (SR), bem como a razão entre o peso seco da PA e SR (PA:SR).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A condutância estomática (gs) apresentou um comportamento semelhante em todos os


tratamentos (Fig. 1). Na Fig. 1 são verificados diversos picos de condutância máxima e mínima, fato
que pode ser explicado em partes pelos maiores e menores déficits de pressão de vapor entre a folha e
atmosfera, dados normais em condições de casa de vegetação ou campo. Não obstante, claramente
percebe-se que as plantas submetidas à condutividade de 0 dS.m -1 mostraram valores de gs sempre
superiores aos tratamentos submetidos ao estresse salino.

O teor relativo de água apresentou uma tendência geral de redução com os níveis crescentes
de sal e com o prolongamento do tempo de estresse (Fig. 2). Observou-se que no controle e no
tratamento submetido 0,7 dS.m-1 de solução salina, apresentou valores mais altos de teor de água,
porém não houve diferenças significativas sobre os outros tratamentos, indicando que as plantas
apresentam mecanismo de adaptação ao estresse, assim como discutido previamente por Meloni et al,
2004.

De forma geral, qualquer planta tem seu crescimento e produção prejudicada pela presença de
sais em alta concentração no solo ou na água de irrigação. O que diferencia é que algumas espécies
têm tolerância a níveis mais elevados de salinidade, enquanto outras são mais sensíveis. A
mamoneira, que pertence à mesma família do pinhão manso também é uma espécie sensível à
presença de sais na água de irrigação, conforme resultados de Silva (2004) que avaliou condutividades
elétricas na faixa de 0,7 e 8,7 dS.m-1 e observou redução no crescimento e na produção até mesmo
nos nível mais baixos de salinidade como 2,7 dS.m-1. Segundo Vale et al, o pinhão manso na fase
inicial de crescimento mostra-se sensível à salinidade da água de irrigação na faixa de zero a 4,2 dS.m-
1.

Parâmetros de biomassa e crescimento mostraram que as plantas submetidas a maiores


concentrações de sal (> 1,4 dS.m-1) foram mais afetadas. O diâmetro do colo apresentou menores
diâmetros quando as plantas foram submetidas às maiores concentrações de sal, comportamento
similar ocorreu também na biomassa da parte aérea (Tab. 1). Estes dados são corroborados pelos
apresentados por Vale et al (2006) que constataram que o pinhão-manso, quando submetido a

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salinidade na fase inicial de crescimento reduz o diâmetro caulinar de forma linear com o aumento da
condutividade elétrica e que essa redução era da ordem de 7,68% por unidade de CEa.

Quando analisado a razão PA:SR, identificou-se um decréscimo dessa razão ligado ao


aumento da salinidade. Estes dados nos fazem inferir que as plantas submetidas às soluções salinas
alocaram boa parte da biomassa total produzida no desenvolvimento das raízes, fato que permite a
planta explorar solos mais profundos e possivelmente sem o efeito do sal.

CONCLUSÕES

O pinhão-manso, se mostrou uma espécie fortemente susceptível a salinidade, fato mostrado


por uma sensível queda dos valores avaliados nas plantas submetidas a condutividades elétrica
superiores a 1,4 dS.m-1. Tais constatações são seguidas por outros autores que estudaram a espécie
em condições semelhantes a este estudo (Detalhes ver em Nery et al., 2009). É possível que os efeitos
verificados neste estudo tenham sido mitigados pelo tempo de cultivo, pois foram utilizadas plântulas
jovens, sendo assim, acredita-se que estes efeitos seriam ainda mais evidentes caso a duração do
experimento fosse superior a 30 dias ou se o solo utilizado para o cultivo das plântulas fosse
previamente salinizado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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0,45
0,4
0,35
gs (mol m s )
-1

0,3
-2

0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
1 3 7 10 12 16 18 20 22 24 26 30
Tempo (dias)

Figura 30 – Condutância estomática (gs) de plântulas jovens de Jatropha curcas submetidas a 0 (■), 0,7 (□), 1,4 (♦), 2,1
(◊), 2,8 (●) e 3,5 (○) dS.m-1).
120

100

80
TRA (%)

60

40

20

0
1 3 7 10 24 32
Tempo (dias)

Figura 31 – Teor relativo de água (TRA) de plântulas jovens de Jatropha curcas submetidas a diferentes concentrações
salinas. Detalhes na figura 1

Tabela 13 – Parâmetros biométricos de plântulas de Jatropha curcas submetidas a diferentes concentrações salinas
0 dS m-1 0,7 dS m-1 1,4 dS m-1 2,1 dS m-1 2,8 dS m-1 3,5 dS m-1
Diâmetro do caule 11,41 ± 0,29 11,38 ± 0,44 9,18 ± 0,20 9,57 ± 0,43 9,51 ± 0,26 9,74 ± 0,35
(mm)
Altura da PA (cm) 11,23 ± 0,11 11,83 ± 0,32 9,50 ± 0,32 10,22 ± 0,86 12,17 ± 0,48 10,88 ± 0,89
Comprimento PS 13,22 ± 0,71 14,10 ± 0,84 14,25 ± 0,43 13,20 ± 0,68 15,38 ± 0,21 15,38 ± 0,84
(cm)
Nº de folhas 5,00 ± 0,0 4,40 ± 0,40 4,40 ± 0,24 5,00 ± 0,45 4,40 ± 0,24 4,25 ± 0,22
Biomassa da PA 2,54 ± 0,21 2,85 ± 0,27 1,96 ± 0,12 2,20± 0,10 2,62 ± 0,21 2,02 ± 0,23
(g)
Biomassa PS (g) 1,05 ± 0,09 1,19 ± 0,21 1,07 ± 0,08 0,99 ± 0,07 1,12 ± 0,09 1,14 ± 0,09
PA:SR 2,82 ± 0,14 2,54 ± 0,29 1,94 ± 0,20 2,13 ± 0,18 2,18 ± 0,06 1,92 ± 0,04

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EFEITOS DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DE INDÚSTRIAS DE CAMPINA GRANDE NA PRODUÇÃO DE


FITOMASSA DA MAMONEIRA, CULTIVAR BRS NORDESTINA

Josilda de F. Xavier1*. Carlos A. V. Azevedo1*, Napoleão E. M. Beltrão 2* Renato S. de Albuquerque3*


1* Centro de Ciências e Tecnologia Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola UFCG. Av. Aprígio Veloso,
882 Bodocongó Campina Grande/PB josildaxavier@yahoo.com.br. 2* Centro Nacional de Pesquisa de Algodão
(CNPA/EMBRAPA). 3* Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Campus II – Lagoa Seca

RESUMO - O reuso e reciclo de águas servidas em indústrias vem ganhando espaço nos dias atuais,
face a necessidade de redução dos custos finais de produção, numa época em que a economia
globalizada condiciona as empresas a uma maior competitividade, sendo, portanto, de extrema
necessidade, o aumento de produtividade com a conseqüente redução de custos. Objetivou-se neste
trabalho avaliar o efeito do uso da água residuária de indústrias de Campina Grande na produção de
fitomassa da cultivar de mamoneira BRS Nordestina. De acordo com os resultados obtidos observou-se
que na interação A2 x N1 (COTEMINAS 100%), ocorreu o melhor resultado em que as plantas
apresentaram maior número de frutos, maior peso seco das folhas e maior peso seco do caule. A água
residuária da COTEMINAS promoveu o maior crescimento e desenvolvimento das plantas além da
produção de frutos, quando comparada às demais águas residuárias testadas, devido à maior
concentração de nutrientes.

Palavras-chaves: Reuso; Coteminas; Ipelsa; Lebom

INTRODUÇÃO

O reuso das águas residuárias tratadas é considerado um excelente instrumento para


otimização dos recursos hídricos, cada vez mais ameaçados de escassez. Mais que isso, é uma forma
de desenvolvimento sustentável, podendo os recursos hídricos serem aproveitados de forma
permanente. Nas regiões áridas e semi-áridas do planeta, o reuso de efluentes de estação de
tratamento de esgotos vem crescendo a cada dia, melhorando a qualidade de vida e as condições
sócio-econômicas das populações do meio rural, com o aumento da produtividade agrícola,

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recuperação de áreas degradadas ou improdutivas, e, ainda, no que diz respeito ao meio ambiente,
contribuindo para a conservação e preservação dos recursos hídricos, evitando a descarga de esgoto
bruto nos mananciais. (MANCUSO, 2003). Um fator importante levado em consideração na reutilização
das águas residuárias das indústrias, é a conscientização ambiental, que vem se destacando dia a dia,
nos diversos setores da sociedade moderna.

O uso do efluente de esgoto tratado como fonte de água para irrigação pode, resumidamente,
diferir da água convencional, segundo Bouwer e Chaney (1974) e Feigin et al. (1991), em cinco
aspectos básicos: apresentam uma variedade de compostos orgânicos naturais e sintéticos,
geralmente não identificados individualmente.

A cultura da mamona (Ricinus communis L) é de elevada importância para o semi-árido


brasileiro por ser de fácil cultivo, resistente à seca, além de proporcionar ocupação e renda no meio
rural, sendo bastante cultivada por pequenos produtores. No Brasil sua introdução se deu durante a
colonização portuguesa, por ocasião da vinda dos escravos africanos, associada às condições
favoráveis ao seu crescimento, que possibilitou tornar-se uma planta de grande dispersão no território
nacional. (BELTRÃO et al., 2001). Objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito do uso da água
residuária de indústrias de Campina Grande na produção de fitomassa da cultivar de mamoneira BRS
Nordestina.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido, com a planta da mamoneira (Ricinus communis L.), cultivar BRS
Nordestina, em condições de casa de vegetação do Centro Nacional de Pesquisa de Algodão
(CNPA/EMBRAPA), localizado na cidade de Campina Grande, PB. O ambiente protegido apresentou
elevadas temperaturas do ar na casa de vegetação, quando comparadas com valores de temperatura
do ar fora do ambiente protegido, durante o ciclo da cultura da mamona chegando até 26,8 e 24,4 ºC
durante o dia na casa de vegetação e fora dela, respectivamente (Figura 1). A amplitude da variação
da temperatura do ar na casa de vegetação foi de 2,7 ºC, enquanto fora da casa de vegetação foi de
2,8 ºC

O delineamento experimental foi em blocos inteiramente casualizados com esquema de análise


fatorial adicional [(4 x 3) + 3] com três repetições, tendo os seguintes fatores: três tipos de águas
residuárias tratadas e água de abastecimento (A1 = IPELSA; A2 = COTEMINAS; A3 = LEBOM; A4 =
Água da rede de abastecimento público da cidade de Campina Grande-PB) três níveis de água

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disponível no solo (AD) (N1 = 100, N2 = 80 e N3 = 70% da água disponível) para as três testemunhas
com água de abastecimento com fertilizante inorgânico na fundação (AF4), utilizando NPK onde as
fontes de nutrientes foram, sulfato de amônio (20% N), superfosfato triplo (43% P2O5) e cloreto de
potássio (60% K2O). Durante a pesquisa não foi realizada adubação quando se usou água de
abastecimento.

A principal atividade da indústria IPELSA é a fabricação de papel higiênico utilizando a


reciclagem de jornais, revistas etc., enquanto que da indústria COTEMINAS é a fiação de algodão, que
neste processo não utiliza água, tornando assim a característica do seu efluente como doméstico; já a
indústria LEBOM tem como principal atividade a produção de Laticínios, onde pode se encontrar
bastante matéria orgânica.

Foram utilizadas sementes da cultivar BRS Nordestina, seu ciclo tem uma duração média de
150 dias, sua altura média é de 1,70 a 2,00 m de altura, apresenta uma semente de bom calibre, que
varia entre 68 g por 100 sementes, dando uma produtividade entre 1.200 a 1.500 kg ha-1 em regime de
sequeiro e de 3.500 a 4.000 kg ha-1 em regime de irrigação, com o teor de óleo na semente acima de
47% (Beltrão et al., 2001). O estudo estatístico das variáveis determinadas foi processado pelo
programa SISVAR 4.3 (2003).

As variáveis de produção e fitomassa analisadas foram: Número de frutos por planta, peso
seco das folhas e do caule. As folhas, frutos e os caules foram secos em estufa (marca FABBE, modelo
119-A 50-CA 200-C FMBM-P-027) a uma temperatura de 50 ºC durante 72 horas, enquanto que a
balança utilizada para pesar as folhas, frutos e caule foi a de marca Marte, modelo A 5000.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta as características químicas relativas aos macronutrientes das águas


residuárias das indústrias utilizadas na pesquisa.

Ao comparar os fatores tipos de águas (A) dentro dos níveis de água disponível no solo (N)
para as variáveis, número de frutos por planta (NF), peso seco das folhas (PSF) e peso seco do caule
(PSC), observou-se que na interação A2 x N1 (COTEMINAS 100%), ocorreu o melhor resultado em que
as plantas apresentaram maior número de frutos, maior peso seco das folhas e maior peso seco do
caule. (Tabela 2).

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CONCLUSÕES

A água residuária da COTEMINAS promoveu o maior crescimento e desenvolvimento das


plantas além da produção de frutos, quando comparada às demais águas residuárias testadas, devido
a maior concentração de nutrientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. DE M.; SILVA, L. C.; VASCONCELOS, O. L.; AZEVEDO, D. M. P.; VIEIRA, D. J.


Fitologia. O agronegócio da Mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência
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Janeiro: IBGE, 1991.

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Residuárias. – Campina Grande, Paraíba. 2001. 266p.

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Figura 1. Temperatura e evaporação do Tanque Classe A média, dentro e fora do ambiente protegido durante o ciclo da
cultura

Tabela 1. Análises dos macronutrientes das águas residuárias tratadas das indústrias: IPELSA, COTEMINAS e LEBOM
K Ca Mg P N
Indústrias Datas
(mg L-1) (mg L-1) (mg L-1) (mg L-1) (mg L-1)
IPELSA 12/06/006 24,99 93,25 95,25 2,67 15,95
IPELSA 12/07/2006 24,27 168,25 46,65 1,73 10,30
IPELSA 11/08/2006 24,96 234,60 21,84 1,52 6,01
IPELSA 10/09/2006 26,13 196,60 56,52 * 7,71
COTEMINAS 12/06/2006 28,58 19,00 21,45 8,58 48,47
COTEMINAS 12/07/2006 25,71 20,00 21,6 8,90 37,29
COTEMINAS 11/08/2006 28,47 22,00 26,04 9,33 32,55
COTEMINAS 10/09/2006 31,98 18,20 29,40 * 40,22
LEBOM 12/06/2006 26,43 46,50 37,65 8,14 28,26
LEBOM 12/07/2006 14,23 27,25 33,75 9,05 27,92
LEBOM 11/08/2006 20,67 30,60 14,64 7,69 13,13
LEBOM 10/09/2006 12,48 31,00 25,20 8,20 30,69
As analisadas foram realizadas no laboratório da EXTRABES (Estação Experimental de Tratamento Biológica de Esgoto
Sanitário) UFPB/UEPB. Metodologia (SILVA, 2001) Campina Grande, PB, 2006; DBO1 - Demanda Bioquímica de Oxigênio
e DQO2 - Demanda Química de Oxigênio. *não houve leitura

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Tabela 2. Valores médios das interações significativas da análise de variância referente ao número de frutos por planta
(NF), peso seco das folhas (PSF) e peso seco do caule (PSC) da mamoneira, submetido diferentes tipos de água (A) e
níveis de água disponível no solo (N) ao final do cultivo
Níveis de água disponível no solo
Tipos de águas N1 = 100% N2 = 80% N3 = 70%
Número de frutos por planta (NF)
A1 IPELSA 4,00 a A 0,0 a A 0,0 a A
A2 COTEMINAS 49,33 c C 34,33 c B 19,0 b A
A3 LEBOM 26,67 b C 18,00 b B 0,0 a A
A4 Água Abastecimento 0,0 a A 0,0 a A 0,0 a A
AF4 Água Abastecimento com NPK na fundação 0,0 a A 0,0 a A 0,0 a A
Peso seco das folhas (PSF) – g
A1 IPELSA 16,52 b B 8,70 a AB 4,49 a A
A2 COTEMINAS 83,57 d C 46,01 c B 30,05 c A
A3 LEBOM 43,26 c C 31,80 b B 19,16 b A
A4 Água Abastecimento 3,12 a A 2,17 a A 2,24 a A
AF4 Água Abastecimento com NPK na fundação 7,78 a 8,51 a A 6,66 a A
Peso seco do caule (PSC) – g
A1 IPELSA 5,79 a A 2,55 a A 1,30 a A
A2 COTEMINAS 24,73 b B 21,25 b AB 15,75 b A
A3 LEBOM 19,22 b B 15,18 b B 6,50 a A
A4 Água Abastecimento 0,67 a A 0,57 a A 0,59 a A
AF4 Água Abastecimento com NPK na fundação 3,01 a A 4,049 a A 4,42 a A
AF4= Água de Abastecimento com NPK na fundação médias seguidas da mesma letra, minúscula na linha (dentro dos
diferentes tipos de água) e maiúscula na coluna (dentro dos percentuais de umidade), não diferem estatisticamente entre si,
pelo teste de Tukey a 1 e 5% de probabilidade.

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GERMINAÇÃO DE FAVELEIRA SOB CONDIÇÕES DE ESTRESSE HÍDRICO 1

Juliana Ribeiro da Cunha1; Diego de Lima Freire1; Maraísa Costa Ferreira1; Priscila Daniele Fernandes
Bezerra1; Yugo Lima Melo1; Cristiane Elizabeth Costa de Macêdo1; Josemir Moura Maia1.
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte. ju.lianaribeiro@hotmail.com

RESUMO – A faveleira é uma espécie da família Euphorbiaceae, endêmica do semi-árido do nordeste


do Brasil e cotada para produção de biodiesel. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a germinação
de faveleira sob estresse hídrico. Após a seleção e escarificação das sementes de faveleira, elas foram
desinfestadas e semeadas em sistema de rolo sob dois tratamentos de polietilenoglicol (PEG 6000),
simulando os estresses hídricos: moderado e severo. Após dez dias sob condições de escuro e
umidade aproximada de 80% na câmara de germinação (B.O.D.), realizaram-se avaliações diárias de
modo a determinar a taxa e o índice de velocidade de germinação (IVG) das sementes. Após essas
análises, as plântulas foram divididas em hipocótilo, raiz e endosperma + cotilédones visando aferir as
massas seca, fresca e túrgida para as determinações das percentagens de umidade e conteúdo
relativo de água. Pelas análises de comparação realizadas pelo teste de Tukey, apenas o IVG, a
porcentagem de germinação e as taxas de umidade dos cotilédones + endosperma apresentaram
variações diferentes significativas no tratamento com PEG, simulando o estresse severo. Assim,
conclui-se que o estresse hídrico reduzido pela alta concentração de PEG, retarda e reduz a
germinação de sementes de faveleira.
Palavras-chave – Cnidoscolus phyllacanthus; Faveleira; germinação; PEG 6000.

INTRODUÇÃO

Cnidoscolus phyllacanthus (M. Arg.) Pax & Hoffm. (faveleira) é uma planta xerófila endêmica do
semi-árido do nordeste do Brasil (BATISTA et al., 2007) estando bem adaptada às condições edafo-
climáticas do ambiente. Dotada de grande resistência à seca, a faveleira é uma planta rústica e de
rápido crescimento, podendo ser usada para recomposição de florestas e para a recuperação de áreas
degradadas (EMBRAPA, 2007). Além disso, o óleo desta espécie pode servir como matéria-prima para
a obtenção de biodiesel conforme discutido por Silva et al. (2007) e Conceição et al. (2007). De acordo
com Silva et al. (2007), o uso do biocombustível derivado do óleo da faveleira fará com que a produção
ajude aos agricultores obter renda, principalmente na região Nordeste do Brasil.

1
Petróleo Brasileiro SA. – Petrobrás.

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Para aperfeiçoar os processos de produção do biodiesel a partir do óleo de faveleira, é


necessário um estudo aprofundado sob a germinação simulando as condições ambientais onde esta
espécie esta espécie se encontra. Segundo Jamaux et al. (1997), a seca é a restrição ambiental mais
importante na produção agrícola, pois esta causa efeitos fisiológicos e bioquímicos nas plantas. Neste
contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a germinação de faveleira sob estresse hídrico,
utilizando o PEG como agente estressor. O polietilenoglicol (PEG 6000) tem sido utilizado com sucesso
em trabalhos de pesquisa para simular os efeitos da deficiência hídrica nas plântulas (SILVA et al.,
2005), pois, de acordo com Hasegawa et al. (1984), este não penetra nas células, não é degradado e
não causa toxidez, devido ao seu alto peso molecular.

METODOLOGIA

As sementes de Cnidoscolus phyllacanthus (M. Arg.) Pax & Hoffm. foram obtidas no município
de Patos, na Paraíba. Após a seleção de 60 sementes de faveleira, a região lateral da carúncula foi
escarificada com o objetivo de quebrar a dormência da semente. A desinfestação dessas sementes foi
realizada com hipoclorito de sódio 0,5% (m/v), durante aproximadamente dois minutos, seguida de 3
lavagens com água destilada de um minuto cada, para retirar o excesso do hipoclorito.

Após esse procedimento, duas soluções de polietilenoglicol (PEG 6000) foram realizadas sob
duas concentrações para simular o estresse moderado (- 0,22 MPa) e o estresse severo (- 0,450 MPa).
Além desses, realizou-se também o tratamento controle, sendo composto apenas por água. Após a
separação e pesagem dos papéis toalha do tipo germitest para a realização do sistema de rolo,
umedeceu-se esses papéis com as soluções de diferentes potenciais hídricos, dividindo um cartucho
para cada tratamento. As proporções das soluções foram determinadas a partir do cálculo de 1,5 vezes
a massa do papel seco.

Cada cartucho foi composto por três repetições formados por rolos e cada rolo contendo 10
sementes cada. Os cartuchos foram colocados em câmara de germinação (B.O.D.) à 25ºC no escuro
durante dez dias. No decorrer do experimento foram realizadas avaliações diárias visando à análise da
taxa de germinação bem como o dia de germinação após o semeio (IVG). Ao final do experimento, as
plântulas foram divididas em hipocótilo, cotilédone + endosperma e raiz para a obtenção das massas
seca, fresca e túrgida. A partir dessas massas, foram determinados o percentual de umidade (% U) e o
conteúdo relativo de água (C.R.A.).

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Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, comparando as médias dos


tratamentos pelo teste de Tukey com 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente trabalho avaliou o efeito do PEG na germinação de sementes de faveleira. O PEG


foi utilizado para simular o estresse hídrico. Os tratamentos com PEG diminuíram a capacidade de
germinação em comparação ao controle (Tabela 1), tal efeito foi proporcional ao aumento da
concentração de PEG. Contudo, apenas o tratamento severo que diferiu significativamente em relação
ao controle. Estes resultados demonstram o efeito negativo na germinação das sementes de faveleira
em menores potenciais osmóticos.

O estresse osmótico induzido pelo PEG causou um retardo na germinação das sementes de
acordo com a Tabela 1, apenas o tratamento severo (PEG) apresentou diferenças significativas em
relação ao controle. Este resultado indica que, sob menores potenciais osmóticos, a semente da
faveleira apresenta um período maior para dar início a germinação. De acordo com Bewley & Black
(1994), o estresse hídrico provoca um atraso na germinação das sementes. Tais resultados reforçam
os resultados obtidos.

Com relação à taxa de umidade do hipocótilo e da raiz, bem como as análises do conteúdo
relativo de água (Tabelas 2 e 3), os resultados obtidos não apresentaram diferenças significativas em
relação aos respectivos controles. Contudo a taxa de umidade dos cotilédones + endosperma diminui
com o aumento da concentração de PEG e a diferença foi significativa quando comparada ao controle
(Tabela 3). Tal resultado pode indicar que a diminuição da umidade nos tecidos de reserva da plântula
interferiu na mobilização e reservas necessárias para a germinação, explicando possivelmente a
diminuição no IVG e na TG (%) na maior concentração de PEG.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos, conclui-se que o estresse hídrico induzido pelo PEG em
concentração maior retarda e reduz a taxa de germinação possivelmente devido a diminuição nos
percentuais de umidade nos tecidos de reserva da faveleira.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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EMBRAPA. Oleaginosas Potenciais do Nordeste para a Produção de Biodiesel. 2007. Disponível


em: < http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/CNPA/21063/1/DOC177.pdf>. Acesso em: 6
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óleo de faveleira (Cnidosculus quercifolius) uma espécie forrageira. 2007. Disponível em: <
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SILVA, L.M.M.; AGUIAR, I.B.; MORAIS, D.L.; VIÉGAS, R.A. Estresse hídrico e condicionamento
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Tabela 14 – Taxa e índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes de faveleira na ausência (controle) e em
presença de 2 concentrações de polietilenoglicol (PEG): - 0,22 MPa (estresse moderado) e - 0,45 MPa (estresse severo).

Taxa de Germinação IVG


TRATAMENTOS Média Média
Controle 65 A 2,976 A
PEG Moderado 50 A 2,179 A
PEG Severo 30 A 4,917 B

Tabela 2 – Conteúdo Relativo de água de plântulas de faveleira na ausência (controle) e em presença de 2 concentrações
de polietilenoglicol (PEG): - 0,22 MPa (estresse moderado) e - 0,45 MPa (estresse severo).
Conteúdo Relativo de Água
COTILÉDONES
HIPOCÓTILO RAIZ + ENDOSPERMA
TRATAMENTOS Média Média Média
Controle 85,263 A 98,617 A 63,309 A
PEG Moderado 81,384 A 90,534 A 62,121 A
PEG Severo 71,305 A 87,384 A 55,096 A

Tabela 3 – Taxa de Umidade de plântulas de faveleira na ausência (controle) e em presença de 2 concentrações de


polietilenoglicol (PEG): - 0,22 MPa (estresse moderado) e - 0,45 MPa (estresse severo).
Taxa de Umidade
COTILÉDONES
HIPOCÓTILO RAIZ + ENDOSPERMA
TRATAMENTOS Média Média Média
Controle 89,900 A 93,183 A 62,249 A
PEG Moderado 87,901 A 92,287 A 57,302 A
PEG Severo 88,217 A 90,544 A 44,232 B

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Página | 899

GERMINAÇÃO DE GIRASSOL SOB ESTRESSE HÍDRICO INDUZIDO POR PEG 6000 1

Juliana Ribeiro da Cunha1; Larissa Maria de Paiva Ribeiro1; Kalinne Cris Silva de Asevedo1; Cristiane
Elizabeth Costa de Macêdo1; Josemir Moura Maia1; Eduardo Luiz Voigt1
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte. ju.lianaribeiro@hotmail.com

RESUMO – O girassol é uma semente oleaginosa que está sujeita a condições climáticas
desfavoráveis para a sua semeadura e emergência. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a
germinação de dois cultivares de girassol sob estresse hídrico induzido pelo Polietilenoglicol. Sementes
das cultivares Helio 253 e Catissol – 01 foram semeadas em papéis toalha do tipo germitest, e
submetidas a duas concentrações de PEG 6000 com potenciais osmóticos equivalentes a -0,22 e -
0.45, MPa e ao grupo controle. Os experimentos foram mantidos em câmara de germinação durante 5
dias. Diariamente foram determinados a taxa e o índice de velocidade de germinação (I.V.G.) e ao final
do experimento as massas fresca e seca e o percentual de umidade. O déficit hídrico reduziu a
porcentagem e aumentou o numero de dias para dar início a germinação. Para a umidade, apenas os
cotilédones apresentaram variações significativas, diminuindo com o aumento da intensidade do
estresse hídrico. Quanto as massas fresca e seca houve um decréscimo no eixo de ambas cultivares,
os cotilédones da cultivar Helio 253 não apresentaram diferenças significativas, contudo a Catissol – 01
apresentou uma pequena redução dessas variáveis. Pela análise dos dados obtidos, conclui-se que a
resposta ao estresse hídrico das sementes de girassol é cultivar e dose dependente.
Palavras-chave – Helianthus annus L., girassol, germinação, estresse hídrico.

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annus L.) é uma cultura que apresenta características desejáveis sob o
ponto de vista agronômico, como ciclo curto, elevada qualidade e bom rendimento em óleo (SILVA &
SANGOI, 1985). Sua importância econômica mundial deve-se à excelente qualidade do óleo
comestível e ao aproveitamento dos subprodutos de extração, tais como: tortas e/ou farinhas para
ração balanceada de animais (DICKMANN et al., 2005). Segundo Ferrari & Souza (2009), o biodiesel
desenvolvido a partir do óleo da semente do girassol apresenta características apropriadas para ser
utilizado em motores a diesel.

1
Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte - EMPARN

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Página | 900

De acordo com Stone et al. (2001), a água disponível para as plantas é o fator que
mais limita o potencial de produção agrícola em regiões semi-áridas. Por ser cultivada em segunda
época ou safrinha, a cultura do girassol está sujeita a condições climáticas menos favoráveis para a
semeadura e emergência (OLIVEIRA et al., 2009). Para tal, estudos de germinação dessa espécie sob
condições induzidas de estresse hídrico são de fundamental importância pois permitem avaliar a
resposta das sementes a ambientes adversos à germinação. O objetivo do presente trabalho foi
verificar o comportamento do girassol sob diferentes concentrações de estresse hídrico.

METODOLOGIA

As sementes de Helianthus annus L. foram obtidas da EMPARN. A germinação foi conduzida


em sistema de rolo, seguindo o procedimento descrito por Vieira & Carvalho (1994). Sementes das
cultivares Helio 253 e Catissol foram semeadas em papéis toalha do tipo germitest, e submetidas a
duas concentrações de PEG 6000 com potenciais osmóticos equivalentes a -0,22 (estresse moderado)
e -0,45 MPa (estresse severo) além da testemunha umedecida com água destilada que corresponde
ao controle. Os papéis foram pesados previamente de modo que a quantidade de solução de PEG (ou
água destilada) foi determinada a partir de 2,5 vezes a massa do papel seco. Os experimentos foram
mantidos em câmara de germinação do tipo B.O.D., com temperatura média de 25 ºC no escuro
durante 5 dias. Diariamente foram determinados a taxa e o índice de velocidade de germinação
(I.V.G.). De acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009), foram consideradas
germinadas as sementes com radícula maior ou igual a 2 mm. Ao final do experimento as plântulas
foram coletadas e os cotilédones e eixo separados para a aferição das suas massas fresca e seca, e
posterior análise do percentual de umidade.

Neste trabalho foram utilizadas 270 sementes, sendo 90 por tratamento, o qual foi subdividido
igualmente em três cartuchos com três rolos e cada rolo contendo 10 sementes.

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, comparando as médias dos


tratamentos pelo teste de Tukey com 5% de probabilidade.as massas fresca e seca e o percentual de
umidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 estão representadas os valores médios da taxa (%TG) e do índice de velocidade


de germinação (IVG) das sementes de girassol das duas cultivares sob estresse hídrico. O estresse

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hídrico induzido pelo PEG (tratamento severo) afetou a germinação em ambas as cultivares, sendo que
o efeito foi mais evidente na cultivar Catissol – 01, cuja taxa de germinação foi de 66,67%. Resultados
semelhantes foram obtidos por Bewley & Black (1994), reforçando que o estresse hídrico pode reduzir
tanto a porcentagem quanto o índice de velocidade de germinação, e que tais respostas variam de
acordo com as espécies, e dentro das espécies entre as cultivares sensíveis ou resistentes a seca. Na
cultivar Helio 253, o aumento do déficit hídrico foi acompanhado de um aumento gradativo de dias para
dar início a germinação, diferente da cultivar Catissol - 01, que não apresentou variações significativas
quando comparado ao controle. Entretanto, esta ultima cultivar apresentou uma menor taxa de
germinação quando comparada a Helio 253.

Com relação à porcentagem de umidade do eixo e dos cotilédones, ambas as cultivares


apresentaram um comportamento semelhante, como demonstra a Figura 1. Para o eixo, não houve
diferenças significativas, diferentemente dos cotilédones, que apresentaram uma diminuição gradual de
acordo com o aumento da intensidade do estresse hídrico, embora na cultivar Catissol -01 o efeito foi
mais pronunciado.

Quanto as massas fresca e seca houve um decréscimo no eixo de ambas cultivares quando
comparados aos controles, contudo os cotilédones da cultivar Helio 253 não apresentaram diferenças
significativas, mas a Catissol – 01 apresentou uma redução dessas variáveis (Figuras 2 e 3).

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que o estresse hídrico induzido pelo PEG
afeta a germinação de sementes de girassol e que com base nas variáveis estudadas, a resposta das
sementes é cultivar e dose dependente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEWLEY, J.D.; BLACK, M. Seeds: Physiology of development and germination. 2ª ed. New York:
Plenum Press, 445 p., 1994.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes.


Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília : Mapa/ACS, 2009. 2009. 399p.

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Girassol (Helianthus annuus L.) Submetidas a Estresse Salino. Revista de Ciências Agro
Ambientais, Alta Floresta, v.3, p.64-75, 2005.

FERRARI, R.A.; SOUZA, W.L. Avaliação da estabilidade oxidativa de biodiesel de óleo de girassol com
antioxidantes. Quím. Nova vol.32 no.1 São Paulo, 2009.

OLIVEIRA, P. V.; CARNEIRO, M. M. L. C.; DEUNER, S.; SILVA, F. S. P.; TEIXEIRA, S. B.;
MARTINAZZO, E. Indução de Estresse na Germinação de Sementes de Girassol Pelo Uso de
Agentes Osmóticos. Disponível em < http://www.ufpel.edu.br/cic/2009/cd/pdf/CA/CA_01018.pdf>
Acesso em 27 abril 2010.

SANGOI, P.R.F.; SILVA, L. Época de semeadura em girassol: II. Efeitos no índice de área foliar,
incidência de moléstias, rendimento biológico e índice de colheita. Lavoura Arrozeira, v.38, n.362,
p.6-13, 1985.

STONE, L.R.; GOODRUM, D.E.; JAAFAR, M.N.; KHAN, A.K. Rooting Front and Water Depletion
Depths in Grain Sorghum and Sunflower. Agronomy Journal 93:1105-1110, 2001.

VIEIRA, R.D.; CARVALHO, N.M. Testes de vigor de sementes. Jaboticabal: FUNEP, 1994.

Tabela 1 – IVG e Taxa de Germinação de sementes de Helio 253 e Catissol - 01 sob efeito de estresse hídrico.
HELIO 253 CATISSOL-01
IVG %G IVG %G
Tratamentos Média Média Média Média
Controle 2,23 A 78,33 AB 2,04 A 88,33 A
PEG Moderado 2,41 A 93,33 A 2,12 A 92,22 A
PEG Severo 3,14 B 73,33 B 2,11 A 66,67 B

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H e lio 2 5 3 C a tis s o l - 0 1
C o tilé d o n e
E ix o
100

80

60
U (% )

40

20

0
C o n tro le P E G M o d e ra d o P E G S e v e ro C o n tro le P E G M o d e ra d o P E G S e v e ro

Figura 1 T ra ta m e n to s

– Umidade (%) de sementes de Helio 253 e Catissol – 01 sob efeito de estresse hídrico.

H e lio 2 5 3 C a tis s o l - 0 1
C o tilé d o n e
E ix o

100

80
C o n tro le (% )

60

40

20

0
P E G M o d e ra d o P E G S e v e ro P E G M o d e ra d o P E G S e v e ro

T ra ta m e n to s

Figura 2 – Massa Fresca de sementes de Helio 253 e Catissol – 01 sob efeito do estresse hídrico.

Helio - 253 Cotilédone Catissol - 01


Eixo

100

80
Controle (%)

60

40

20

0
PEG Moderado PEG Severo PEG Moderado PEG Severo

Tratamentos

Figura 3 – Massa Seca de sementes de Helio 253 e Catissol – 01 sob efeito de estresse hídrico.

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ÍNDICES FISIOLÓGICOS DE CULTIVARES DE MAMONEIRA EM DOIS PERÍODOS DE CULTIVO


EM BAIXA ALTITUDE NO RECÔNCAVO SUL BAIANO

Juliana Firmino de Lima1; Clovis Pereira Peixoto2; Maria de Fátima da Silva Pinto Peixoto2; André Luiz
Lordelo da Silva3; Viviane Peixoto Borges4; Gisele Machado4
1Doutoranda em Ciências Agrárias do CCAAB da UFRB e Subgerente Regional da EBDA e-mail:
Juliana_firmino@hotmail.com; 2Professor Dr. do CCAAB da UFRB; 3Eng. Agrônomo; 4Doutoranda da UFRB

RESUMO – A cultura da mamoneira esta em fase de expansão e novos cultivares estão cada vez mais
disponíveis. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de cinco cultivares de
mamoneira, em dois períodos agrícolas nas condições do Recôncavo Sul Baiano. O trabalho foi
realizado no Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia e os cultivares avaliados foram 149 Nordestina, BRS 188 Paraguaçu, EBDA MPA
17, Mirante 10 e Sipeal 28 no primeiro período. Por motivo de alta suscetibilidade ao mofo cinzento o
cultivar Mirante 10 foi substituído no segundo período, pelo cultivar EBDA MPA 18. O delineamento
experimental utilizado foi em blocos casualizados com cinco repetições. As avaliações iniciaram 30 dias
após emergência, com intervalos mensais, até o final do ciclo. Foi determinada a massa da matéria
seca, a área foliar e os índices fisiológicos: taxa de crescimento absoluto, índice de área foliar, taxa de
crescimento da cultura, taxa de crescimento relativo, taxa assimilatória líquida e razão de área foliar. O
desempenho apresentado pelos cultivares Sipeal 28, 149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçu, os
indicam como melhores adaptados às condições de baixa altitude do Recôncavo Sul Baiano, pois
apresentam maior plasticidade fenotípica aos efeitos do período estudado.
Palavras-chave – Ricinus communis L., Oleaginosas, área foliar, análise crescimento ou
desenvolvimento

INTRODUÇÃO

A mamoneira é uma oleaginosa que desponta como uma alternativa promissora para a
produção de biocombustíveis. Por esse motivo tem atraído os estudos para conhecer melhor o
crescimento e/ou desenvolvimento da planta. Seu crescimento é indeterminado (WEISS, 1983) e lento
na fase inicial, o que dificulta a sua capacidade de competição interespecífica, o que leva os produtores
a terem um maior critério na escolha dos arranjos produtivos.

De acordo com Freire et al. (2001), a mamoneira possui um metabolismo especial e por isso
produzem diversas substancias de natureza protéica como a ricina (presente no endosperma das

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sementes), o complexo CB-1 A e o alcalóide ricina (existente em toda a planta). Por todas essas
características também é que seu óleo singular pode ser eventual substituto do petróleo em suas
aplicações na fabricação de couro sintético, fios para confecção de tecidos, vidros a prova de bala e
inúmeros produtos (BELTRÃO e AZEVEDO, 2007).

Em fase de expansão da cultura, novos cultivares estão cada vez mais disponíveis, e por esse
motivo, torna-se necessário estudá-los quanto ao seu desempenho vegetativo e produtivo quando
submetidos a diferentes condições de cultivo. Assim, cada vez mais, têm-se buscado soluções para os
diversos problemas agronômicos relacionados à sua produção. Estes problemas têm merecido a
atenção de pesquisadores através do melhoramento genético, além de outras práticas culturais,
visando à elevação da produtividade, da qualidade do produto e a estabilidade da produção.

Nos diversos estudos ecofisiológicos, a partir dos dados de crescimento, pode-se estimar de
forma precisa às causas de variação entre plantas diferentes ou geneticamente iguais crescendo em
ambientes diferentes (BENICASA, 2003; LIMA 2006), de forma que se possam obter informações mais
detalhadas que apenas a produtividade final.

Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de cinco cultivares de
mamoneira, em dois períodos agrícolas nas condições do Recôncavo Sul Baiano.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado no campo Experimental do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e


Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, no município de Cruz das Almas-BA,
localizado a 12º 40‘ 19‖ latitude sul, 39º 06‘ 23‖ de longitude oeste de Greenwich, com altitude variando
de 117 a 225,7 m. O clima é do tipo subúmido, com pluviosidade média anual de 1.170 mm, com
variações entre 900 mm e 1300 mm, sendo os meses de março a agosto os mais chuvosos e de
setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura média anual é de 24,1ºC (ALMEIDA, 1999). O solo
é classificado como Latossolo Amarelo Álico Coeso, de textura argilosa e relevo plano (RIBEIRO et al.,
1995).

Os experimentos foram realizados em dois anos agrícolas consecutivos, sendo o primeiro ano
referente ao período entre os meses de abril de 2006 a fevereiro de 2007, e o segundo ano entre os
meses de maio de 2007 a fevereiro de 2008, onde a condução da cultura foi realizada em regime de
sequeiro.

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No primeiro ano de cultivo, foram utilizados os cultivares BRS 149 Nordestina, BRS 188
Paraguaçu, EBDA MPA 17, Mirante 10 e Sipeal 28, já no segundo ano, a cultivar Mirante 10 foi
substituída pela EBDA MPA 18, devido a sua alta susceptibilidade ao mofo cinzento (Amphobtrys
ricini), considerada hoje, a principal doença que afeta a mamoneira, reduzindo drasticamente o
desenvolvimento da planta e consequentemente, sua produtividade, uma vez que a região de Cruz das
Almas apresenta alta umidade relativa do ar (média de 80% ao ano), e proporciona as condições
favoráveis para alta incidência da enfermidade.

Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com cinco cultivares e cinco


repetições. Para realização da análise de variância considerou-se o modelo estatístico do delineamento
em blocos casualizados no esquema de parcelas subdivididas no tempo. As médias dos cultivares
foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade e para as médias das amostragens
foram ajustadas modelos de equações polinomiais.

As coletas de dados foram mensais de três plantas aleatórias por parcela, a partir dos trinta
dias após a emergência (DAE) até a maturação plena, para a determinação da matéria seca (g planta -¹)
e da área foliar (dm2). A matéria seca total resultou da soma da massa seca nas diversas frações
(folhas, caule e cachos), após secarem em estufa de ventilação forçada (65° ± 5°C), até atingirem
massa constante. A área foliar foi determinada mediante a relação da massa seca das folhas e a
massa seca de dez discos foliares obtidos com o auxilio de um perfurador de área conhecida
(CAMARGO 1992; PEIXOTO, 1998; LIMA, 2006 e CRUZ, 2007).

Escolheu-se a função polinomial exponencial, Ln (y) = a + bx1,5 + cx0,5, utilizada por Peixoto
(1998) e Brandelero (2002), para ajustar a variação da matéria seca e da área foliar, como base para
calcular os diversos índices fisiológicos: taxa de crescimento absoluta (TCA), índice de área foliar (IAF),
taxa de crescimento da cultura (TCC), taxa de crescimento relativo (TCR), taxa assimilatória líquida
(TAL) e razão de área foliar (RAF), com suas respectivas fórmulas matemáticas, de acordo a
recomendação de vários textos dedicados à análise quantitativa do crescimento (PEIXOTO 1998;
BENICASA, 2003; LESSA, 2007 e LIMA et.al., 2007).

O índice de colheita (IC) foi determinado pela relação entre a massa seca acumulada ou
produtividade biológico (PB) da ultima coleta e da produtividade de grãos ou produtividade econômica
(PE), dando a relação IC = PE / PB. A produtividade de cada repetição foi pesada, corrigido o grau da
umidade para 13% e o valor obtido (kg planta-1).

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Tais índices foram apresentados sem serem submetidos à ANAVA, devido ao fato desses
dados não obedecerem às pressuposições da análise de variância (BANZATTO e KRONKA, 1989).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A taxa de crescimento absoluto (TCA) é utilizada para se obter uma medida precisa entre duas
amostras sucessivas, comparando diferentes materiais, podendo ser um indicador da velocidade média
de crescimento (g dia-1) ao longo do período avaliado (BENICASA, 2003; PEIXOTO e PEIXOTO, 2009).
Os valores médios da TCA para os dois períodos agrícolas estão apresentados na Tabela 1 onde se
constata que o cultivar 149 Nordestina apresentou valores superiores aos demais nos dois períodos até
os 90 DAE (14,35 e 16,10 g dia-1, respectivamente), apresentando uma velocidade de crescimento no
período de 45% em relação ao Mirante 10 no primeiro ano e de 44% em relação à EBDA MPA 18, no
segundo ano.

As máximas velocidades de crescimento ocorreram no intervalo de 120 a 150 DAE no primeiro


período agrícola e dos 90 a 120 DAE para o segundo período, caracterizando que o maior incremento
de massa seca foi antecipado em decorrência do encurtamento do ciclo provavelmente, devido à
deficiência hídrica ocorrida nesse ano. Observa-se valores negativos a partir dos 180 DAE nos dois
períodos estudados com exceção do cultivar Sipeal 28 no primeiro período, onde apresentou
crescimento negativo a partir dos 150 DAE. Essa redução na velocidade de crescimento ocorreu em
função da senescência das folhas com diminuição da área fotossintética.

Na Figura 1 pode ser visto a variação da TCA durante o ciclo da cultura dias após emergência
(DAE) nos dois períodos estudados, onde se observa um crescimento inicial semelhante entre os
cultivares, no intervalo entre 30 e 60 DAE. A partir dos 90 DAE as diferenças passam a serem
acentuadas e crescentes ate atingir os máximos valores aos 150 DAE no primeiro período com
exceção do cultivar Sipeal 28 (120 DAE) e aos 120 DAE, no segundo período com exceção dos
cultivares 149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçú (150 DAE).

Na Figura 2, observa-se a variação da TCR em função dos dias após emergência (DAE) dos
cultivares de mamoneira, avaliados em dois períodos agrícolas nas condições do Recôncavo Sul
Baiano. Ficou evidenciada a tendência de queda da TCR para todos cultivares avaliados.
Primeiramente, observaram-se valores iniciais altos (30 DAE) e, posteriormente, decrescendo
exponencialmente até a fase final do ciclo das plantas.

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Todos os cultivares mostraram padrão definido de curvas, inclusive, com valores negativos,
evidenciando um balanço negativo entre os processos fotossíntese/respiração, com predominância
deste ultimo, no final do ciclo, devido principalmente a senescência da folhas. Esta tendência está de
acordo com Alvarez et al. (2005) estudando cultivares de amendoim; Lima et al., (2007) com mamoeiro,
Lessa (2007) com bananeira e Cruz (2007) trabalhando com a cultura da soja.

Na Figura 3, encontra-se a variação da TCC em função dos dias após emergência (DAE) dos
cultivares de mamoneira, avaliados nas condições do Recôncavo Sul Baiano, em baixa altitude. De
modo geral, a TCC assumiu valores iniciais baixos, passando por uma fase de crescimento contínuo
até chegar ao máximo em torno dos 150 DAE no primeiro período agrícola (com exceção do cultivar
Sipeal 28 aos 120 DAE) e 120 DAE no segundo período (com exceção do cultivar 149 Nordestina, aos
90 DAE), decrescendo posteriormente, até a fase final do ciclo. Tendências semelhantes foram
encontradas por Brandelero et al., (2002) quando estudou nove cultivares de soja em Cruz das Almas –
BA, Cruz (2007) em cultivares de soja no Oeste da Bahia e Silva (2008) em cultivares de mamoneira no
Recôncavo Baiano.

Constata-se ainda que dentre os cultivares avaliados nos dois períodos, o cultivar EBDA MPA
17 foi o mais precoce no segundo período agrícola e apresentou maior TCC negativa no primeiro
período. Por outro lado o cultivar Sipeal 28 foi o que apresentou a maior velocidade de crescimento
inicial, com maior TCA aos 60 DAE (2,175 g dia-1). Tendo este, um crescimento inicial mais rápido, leva
vantagens adaptativas, possibilitando uma melhor e mais rápida exploração dos recursos naturais
disponíveis, podendo assim converter em maior produtividade. Os valores negativos para TCC
apareceram a partir dos 180 DAE nos dois períodos agrícolas para todos os cultivares avaliados
indicando uma redução da taxa fotossintética por aumento da respiração devido a senescência foliar.

Na Figura 4, estão apresentados os índices de área foliar dos cultivares de mamoneira


avaliados em função os dias após emergência (DAE) nas condições do Recôncavo Sul Baiano em
baixa altitude. O crescimento do IAF nos cultivares de mamoneira foi lento entre os 30 e 60 DAE, até
atingir o máximo aos 120 DAE (com exceção do 149 Nordestina e Mirante 10 no primeiro período
agrícola), decrescendo até a fase final do ciclo da cultura. Os valores máximos do IAF variaram entre
0,999 (Mirante 10) e 2,219 (149 Nordestina) para o primeiro período agrícola e 2,031 (149 Nordestina)
a 2,672 (EBDA MPA 18) no segundo período agrícola (Figura 4), concordando com valores
encontrados por Silva (2007), variando de 1,6 a 2,1 em estudo com a mamoneira no Recôncavo
Baiano.

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O cultivar 149 Nordestina apresentou valor máximo (2,219 aos 120 DAE), ou seja, 45%
superior ao valor máximo encontrado para o cultivar Mirante 10 no primeiro período agrícola.
Entretanto, no segundo período, o seu IAF foi inferior em 76% ao cultivar EBDA MPA 18 (2,672 aos
120 DAE). Por outro lado, pode se observar que o cultivar BRS 188 Paraguaçu, em que pese
apresentar um IAF máximo (1,686 aos 120 DAE) 75% menor que o cultivar 149 Nordestina (2,219 aos
120 DAE) no primeiro período, apresentou uma inversão no segundo período agrícola, sendo 93%
superior à aquele (2,031), com IAF máximo de 2,166. Dessa forma torna-se bastante difícil indicar um
cultivar ideotipo baseando-se em apenas um índice fisiológico, devido à grande variação dos fatores do
meio.

Na Figura 5, encontra-se variação da TAL em função dos dias após emergência (DAE) de
cultivares de mamoneira, avaliados nas condições do Recôncavo Sul Baiano em baixa altitude.

Pode se observar que os cultivares BRS 149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçú apresentaram
os maiores valores na fase inicial (30 DAE) no primeiro período e os cultivares BRS 149 Nordestina e
Sipeal 28 no segundo período, decrescendo posteriormente até a fase final. As tendências observadas
nestes cultivares concordam com as encontradas por Brandelero et al. (2002) e Alvarez et al. (2005),
quando estudaram cultivares de soja e amendoim, respectivamente. Todavia, para os cultivares EBDA
MPA 17, Mirante 10, EBDA MPA 18 e Sipeal 28, houve uma tendência crescente até os 150 DAE nos
dois períodos (com exceção do EBDA MPA 18, 120 DAE), passando por um período posterior
decrescente até a fase final do ciclo. Tendências semelhantes foram encontradas por Lima (2006),
quando estudou o crescimento de mamoeiro e Silva (2008) em cultivares de mamoneira.

A variação da RAF em função dos dias após emergência (DAE) dos cultivares de mamoneira,
avaliados nas condições do Recôncavo Sul Baiano, está indicada na Figura 6 e evidencia uma
tendência contínua de queda exponencial a partir dos 30 DAE, até atingir valores próximos de zero na
fase final do ciclo das plantas. Estas tendências concordam com as encontradas por Alvarez et al.
(2005) quando estudou o crescimento de dois cultivares de amendoim em Botucatu/SP e com
resultados encontrados por Peixoto (1998) e Brandelero et al. (2002), trabalhando com cultivares de
soja no estado de São Paulo e no recôncavo Baiano, respectivamente.

Em trabalhos que se vise à adaptação de cultivares, o índice de colheita (IC) é extremamente


importante. Este índice reflete na íntegra, a capacidade genética que um cultivar tem em converter
parte do que foi assimilado em produtos economicamente comercializados. Na Tabela 1 encontram-se
os valores médios do Índice de colheita (IC), em cultivares de mamoneira, avaliados no Recôncavo Sul
Baiano e dois períodos agrícolas consecutivos.

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Verifica-se que o cultivar Sipeal 28 apresentou os melhores valores de IC para os dois períodos
54% e 34% seguido do cultivar 149 Nordestina com 52% no primeiro período e 27%, no segundo
período agrícola. Isso indica uma melhor adaptação do cultivar as condições do ambiente, além é claro
de uma maior eficiência.

CONCLUSÃO

O desempenho apresentado pelos cultivares Sipeal 28, 149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçú
os indicam como melhores adaptados às condições de baixa altitude do Recôncavo Sul Baiano, pois
apresentam maior plasticidade fenotípica aos efeitos do período.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TABELA 1. Índice de colheita (IC - %) de cultivares de mamoneira avaliados nos períodos agrícolas 2006-2007 e 2007-
2008 no Recôncavo Sul Baiano.
Cultivares Períodos Agrícolas

1° Período (2006 – 2007) 2° Período (2007 – 2008)


149 Nordestina 52% 28%
BRS 188 Paraguaçu 52% 27%
EBDA MPA 17 51% 25%
Sipeal 28 54% 37%

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Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu)
Polinômio (EBDA MPA 17) Polinômio (Mirante 10) Polinômio (EBDA MPA 17) Polinômio (EBDA MPA 18)
Polinômio (Sipeal 28)
Polinômio (Sipeal 28)

30 30
15
15
0
30 60 90 120 150 180 210 240 0
-15
-15 30 60 90 120 150 180
-30
-45 -30
-60
-75
A -45 B
-60
-90
-75
-90

Dias após emergência


FIGURA 1. Variação da taxa de crescimento absoluto (TCA) dias após emergência de cinco cultivares de mamoneira,
submetidas em dois períodos consecutivos de plantio 2006-2007 (A) e 2007-2008 (B).

Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu)
Polinômio (EBDA MPA 17) Polinômio (Mirante 10) Polinômio (EBDA MPA 17) Polinômio (EBDA MPA 18)
Polinômio (Sipeal 28) Polinômio (Sipeal 28)
0,200
0,200
0,100
0,100
0,000
0,000
-0,100 30 60 90 120 150 180 210 240
-0,100 30 60 90 120 150 180
-0,200
-0,200
-0,300
-0,300
-0,400
-0,500 A -0,400
-0,500
B
-0,600
-0,600
-0,700
-0,700
-0,800
-0,800

Dias após emergência


FIGURA 2. Variação da taxa de crescimento relativo (TCR) dias após emergência de cinco cultivares de mamoneira,
submetidas a duas épocas consecutivas de plantio 2006-2007 (A) e 2007-2008 (B).

Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (EBDA MPA 17) Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (EBDA MPA 17)
Polinômio (Mirante 10) Polinômio (Sipeal 28) Polinômio (EBDA MPA 18) Polinômio (Sipeal 28)

7,6 7,6

6,6 6,6

5,6 5,6

4,6 4,6

3,6 3,6
2,6 2,6
1,6
1,6
0,6

-0,4
A 0,6 B
30 60 90 120 150 180 210 240 -0,4 30 60 90 120 150 180

Dias após emergência


FIGURA 3. Variação da taxa de crescimento da cultura (TCC) dias após emergência de cinco cultivares de mamoneira,
submetidas a dois períodos consecutivos de plantio 2006-2007 (A) e 2007-2008 (B).

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Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (EBDA MPA 17) Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (EBDA MPA 17)
Polinômio (Mirante 10) Polinômio (Sipeal 28) Polinômio (EBDA MPA 18) Polinômio (Sipeal 28)
3
3,0
2,8 2,8
2,6 2,6
2,4 2,4
2,2 2,2
2,0 2
1,8
1,6 1,8
1,4 1,6
1,2 1,4
1,0 1,2
0,8 1
0,6
0,4
0,2
A 0,8
0,6
B
0,0 0,4
30 60 90 120 150 180 210 240 0,2
0
30 60 90 120 150 180

Dias após emergência


FIGURA 4. Variação do índice de área foliar (IAF) dias após emergência de cinco cultivares de mamoneira, submetidas a
dois períodos consecutivos de plantio 2006-2007 (A) e 2007-2008 (B).

Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (EBDA MPA 17)
Polinômio (Mirante 10) Polinômio (Sipeal 28)
Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (EBDA MPA 17)
Polinômio (EBDA MPA 18) Polinômio (Sipeal 28)
0,6
0,4
0,2
0,0 0,6
-0,2 30 60 90 120 150 180 210 240 0,4
-0,4 0,2
-0,6 0,0
-0,8 -0,2
-1,0 30 60 90 120 150 180
-0,4
-1,2
-0,6
-1,4
-1,6
-0,8
-1,8
-2,0
A -1,0
-1,2
B
-1,4
-1,6
-1,8
-2,0

Dias após emergência


FIGURA 5. Variação da taxa assimilatória líquida (TAL) dias após emergência de cinco cultivares de mamoneira,
submetidas a dois períodos consecutivos de plantio 2006-2007 (A) e 2007-2008 (B).

Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (EBDA MPA 17) Polinômio (149 Nordestina) Polinômio (BRS 188 Paraguaçu) Polinômio (EBDA MPA 17)
Polinômio (Mirante 10) Polinômio (Sipeal 28) Polinômio (EBDA MPA 18) Polinômio (Sipeal 28)
1,0
0,8 0,20
0,6 0,10
0,00
0,4
-0,10 30 60 90 120 150 180
0,2 -0,20
0,0 -0,30
-0,2 30 60 90 120 150 180 210 240 -0,40
-0,50
-0,4
-0,60
-0,6 -0,70
-0,8 A -0,80
-0,90 B

Dias após emergência

FIGURA 6. Variação da razão de área foliar (RAF) dias após emergência de cinco cultivares de mamoneira, submetidas a
dois períodos consecutivos de plantio 2006-2007 (A) e 2007-2008 (B).

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INFLUÊNCIA DO NaCl NA GERMINAÇÃO DE FAVELEIRA 1

Yugo Lima Melo1; Diego de Lima Freire1; Priscila Daniele Fernandes Bezerra1; Juliana Ribeiro da
Cunha1; Josemir Moura Maia1; Cristiane Elizabeth Costa de Macêdo1
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, yugo_lima@yahoo.com.br

RESUMO – Diversos trabalhos vêm apontando a significativa importância ambiental, social e


econômica da utilização dos biocombustíveis no Brasil. Uma oleaginosa que parece ter grande
potencial para a produção desse tipo de combustível é Cnidoscolus phyllacanthus (M. Arg.) Pax &
Hoffm, popularmente conhecida como faveleira. Além disso, essa oleaginosa apresenta completa
adaptação às condições hídricas e salinas do solo e ao clima do Semiárido Nordestino. O objetivo
deste trabalho foi avaliar a germinação e o desenvolvimento inicial da faveleira sob estresse salino.
Sementes selvagens de faveleira foram selecionadas e escarificadas para a quebra de dormência. O
semeio foi realizado em rolos de papel toalha umedecidos com água destilada, NaCl moderado ou
severo. As avaliações foram realizadas diariamente para determinar a taxa de germinação e o
comprimento do eixo hipocótilo-raiz. Adicionalmente foram determinadas a velocidade de germinação e
o conteúdo relativo de água de hipocótilo, raiz e cotilédones + endosperma. Os resultados
apresentados são indicam que o NaCl não causou alterações significativas sobre o comprimento de
eixo hipocótilo-raiz, a massa fresca, a massa seca e o conteúdo relativo de água após 8 dias de
tratamento. Entretanto houve influência negativa sobre a velocidade e, aparentemente, sobre a taxa de
germinação das sementes de faveleira.
Palavras-chave – Cnidoscolus phyllacanthus; Germinação; Escarificação; Sistema de rolo.

INTRODUÇÃO

Diversos trabalhos vêm apontando a significativa importância ambiental, social e econômica da


utilização dos biocombustíveis como matrizes energéticas no Brasil. Este cenário vem ao encontro do
fato de o território brasileiro possuir vocação natural para cultivo de grande variedade de oleaginosas,
devido a suas condições climáticas e de solo. Uma das oleaginosas que parecem ter grande potencial
para a produção de biodiesel em grande escala é Cnidoscolus phyllacanthus (M. Arg.) Pax & Hoffm.
Popularmente conhecida como favela, faveleiro ou faveleira e pertencente a família Euphorbiaceae,
essa espécie arbórea produz sementes que chegam a fornecer 35% de óleo (PINTO, 1963). Conceição
et al. (2007) obtiveram bons resultados em testes de utilização do óleo desse vegetal como

1
Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobrás

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combustível. A Faveleira é endêmica do Nordeste brasileiro (BATISTA et al., 2007), ocorrendo com
elevada frequência e dispersão irregular nessa região (LORENZI, 1998). Segundo Fabricante (2007) e
Arriel (2004), tal espécie apresenta alta disseminação e completa adaptação às condições do
Semiárido Nordestino. Estima-se que mais de 800 milhões de hectares, correspondente a 6% da área
composta por solo da Terra, são afetadas por sais (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF
THE UNITED NATIONS, 2010), incluindo o Semiárido Nordestino. Segundo Munns & Tester (2008), a
alta concentração de sais no solo afeta negativamente as plantas, dificultando a absorção de água
pelas raízes e sendo tóxica quando apresentada no interior do vegetal. Sendo assim, percebe-se a
importância de se conhecer o comportamento de vegetais sob essas condições para a grande
produção de biomassa para variados fins, incluindo os que envolvem questões energéticas. Então, o
objetivo deste trabalho foi avaliar a germinação e o desenvolvimento inicial da faveleira sob estresse
salino.

METODOLOGIA

Sementes selvagens de Cnidoscolus phyllacanthus (M. Arg.) Pax & Hoffm, coletadas no
município de Patos – PB, foram selecionadas e todas passaram por processo de escarificação na
região lateral da carúncula para a quebra de dormência. Em seguida, as sementes foram desinfetadas
em hipoclorito de sódio (NaClO) 0,5% (m/v) durante aproximadamente 2 min e em seguida lavadas
com água destilada durante 1 min por três vezes. O semeio foi realizado em rolos de papel toalha do
tipo germitest umedecidos com água destilada (controle), NaCl moderado (50 mM) ou NaCl severo
(100 mM) em volume correspondente a 1,5 vezes a massa do papel seco. As sementes foram
dispostas no terço superior das folhas de papel, as quais foram enroladas e mantidas em sacos
plásticos desinfetados. As sementes foram incubadas em câmara de germinação (B.O.D.) a 25 °C no
escuro por 8 dias.

As avaliações foram realizadas diariamente para determinar a taxa de germinação (G) e o


comprimento do eixo hipocótilo-raiz (CE). Para o cálculo de velocidade de germinação (VG), foram
considerados os valores diários de taxa de germinação. Após cinco dias, as plântulas de cada
repetição foram divididas em hipocótilo, raiz e cotilédones + endosperma para pesagem das massas
frescas (MF). Essas diferentes partes foram colocadas em frascos com água destilada durante 6 h para
posterior pesagem das massas túrgidas (MT). Após esta pesagem, o material foi mantido a 60 °C por
72 h, determinando-se, em seguida, as massas secas (MS). A partir desses resultados foi calculado o
conteúdo relativo de água (CRA) pela equação CRA = (MF – MS) / (MT – MS) x 100%. Os

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experimentos foram realizados em delineamento inteiramente casualizado, com três repetições por
tratamento. Cada unidade experimental consistia em um grupo de 10 sementes. Os resultados foram
submetidos a análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5%
de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve diferença significativa entre os tratamentos apenas quanto à velocidade de germinação,


ocorrendo retardo de germinação de acordo com o aumento da concentração do NaCl (Tabela 1). A
taxa de germinação do tratamento controle foi de 66,7%, reduzindo para 60% em sal moderado e para
43% em sal severo, não havendo diferença significativa entre os tratamentos. Entretanto percebe-se,
através da Figura 1, uma tendência de diminuição desses valores com o aumento da concentração do
sal. Resultados semelhantes foram obtidos por Santos et al. (1992) e Dickmann et al. (2005), em
sementes de soja e girassol, respectivamente. Essa tendência de diminuição é percebida também nos
valores médios de massa fresca e seca por planta, não havendo, entretanto, uma discriminação
estatística (Figuras 2 e 3). No parâmetro comprimento de eixo plúmula-raiz, não houve diferença
significativa, apesar de também haver diminuição no comprimento médio do NaCl severo (19 mm) em
relação ao tratamento controle (44,3 mm) e NaCl moderado (46,2 mm). Já os valores médios do
conteúdo relativo de água mostraram-se iguais entre os tratamentos. Tal igualdade mostrou-se válida
também nas comparações individuais entre hipocótilo, raiz e cotilédones + endospermas (Tabela 2).

CONCLUSÃO

O NaCl não causou alterações significativas sobre o comprimento de eixo hipocótilo-raiz, a


massa fresca, a massa seca e o conteúdo relativo de água após 8 dias de tratamento. Entretanto
houve influência negativa sobre a velocidade e, aparentemente, sobre a taxa de germinação das
sementes de faveleira.

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Página | 919

Figura 1 – Taxa de Germinação (%) de sementes de Cnidoscolus phyllacanthus (M. Arg.) Pax & Hoffm sob influência de
tratamentos salino.

Figura 2 – Massas fresca (A) e seca (B) de Cnidoscolus phyllacanthus (M. Arg.) Pax & Hoffm sob influência de tratamentos
salino.

Tabela 15 - Médias de taxa de germinação (G), comprimento de eixo hipocótilo-raiz (CE), velocidade de germinação (VG),
massa fresca (MF) e massa seca (MS) em função dos tratamentos. Medidas seguidas da mesma letra, na vertical, não
diferem entre si.
Tratamento G (%) CE (mm) VG (dias) MF (mg) MS (mg)
Controle 66,7 A 44,3 A 3,0 A 47,2 A 4,5 A
NaCl moderado 60,0 A 46,2 A 4,5 AB 36,5 A 2,7 A
NaCl severo 43,3 A 19,0 A 5,4 B 19,4 A 1,9 A

Tabela 2 – Médias de conteúdo relativo de água (CRA) do hipocótilo, da raiz, dos cotilédones + endospermas e do
hipocótilo + raiz + cotilédones + endospermas (Total) em função dos tratamentos. Medidas seguidas da mesma letra, na
vertical, não diferem entre si.
Tratamento Hipocótilo Raiz Cotilédones + Endospermas Total
Controle 85,3 A 87,4 A 62,1 A 74,0 A
NaCl moderado 86,2 A 90,5 A 69,6 A 82,6 A
NaCl severo 82,6 A 95,1 A 64,0 A 69,2 A

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 915-919.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
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INTERVALO DE ALTURA NA EMISSÃO DO PRIMEIRO GALHO DO PINHÃO MANSO (Jatropha


curcas L.)
Vanuze Costa de Oliveira1 Prof. Dr. Suenildo Jósemo Costa Oliveira¹; Prof. Msc. Messias Firmino de
Queiroz¹; Gilmara Lima Pereira¹; Luciana dos Santos Almeida¹; Meiry Cristina Vital do O Cruz¹;

1 Universidade Estadual da Paraíba/UEPB; Campus II - Caixa Posta: Escola Agrícola Assis Chateaubriand – CEP: 58117-
000 – Lagoa Seca PB (vanuze.costa@gmail.com)

RESUMO – O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta que apresenta viabilidade quanto à
produção de biodiesel, e adapta-se a diferentes regiões e reúne características importantes como
rusticidade, persistência à seca, alta produtividade de óleo. O objetivo deste trabalho foi verificar a
altura da primeira emissão de galhos ocorrida naturalmente em plantas de pinhão manso (Jatropha
curcas L.) submetidas à irrigação com água salina e em sequeiro Este trabalho foi conduzido no Centro
de Ciências Agrárias e Ambientais pertencente à Universidade Estadual da Paraíba/UEPB, localizado
no município de Lagoa Seca - PB. Cada parcela foi constituída por 18 plantas e o delineamento
experimental foi em blocos casualizados com 4 repetições, tendo-se o tratamento 1 composto por
plantas irrigadas com água salina e o tratamento 2 com plantas conduzidas em sistema de sequeiro a
variável estudada foi a altura da primeira emissão dos primeiros galhos por plantas, em cinco intervalos
de altura de 0-5; 5-10;10-15;15-20 e de 20-25 centímetros. A inferência estatística utilizada foi
porcentagem de número de galhos por planta em cada intervalo de altura estudada. Conclui-se que a
altura da emissão dos primeiros galhos do pinhão manso estudado foi no intervalo de cinco a dez
centímetros.
Palavras - chave – Jatropha,emissão de galhos, biodiesel.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta arbustiva, nativa da América do Sul, mas
amplamente distribuído ao longo da América Central, África e Ásia (FRANCIS et al., 2005; KOCHHAR
et al., 2005; ABREU et al., 2003).

Apesar de existirem várias espécies de pinhão no mundo, no Brasil as mais conhecidas são o
pinhão bravo e o roxo. Dentre essas espécies, o pinhão-manso, também conhecido como pinhão
branco, é o mais estudado devido os baixos custos de produção e ao grande número de galhas que
está diretamente relacionado à produção dos frutos. O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), que

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 920-923.
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pertence a família Euphorbiaceae, é uma planta perene, rústica e adaptada a diferentes condições
edafoclimáticas (HELLER, 1996).

Segundo SALEME (2005), a planta de pinhão-manso cresce de forma espontânea em solos


secos, pedregosos e pouco férteis, em clima desfavorável à maioria das culturas alimentares
tradicionais. Apresenta raízes profundas, melhora o microclima, diminui a erosão, fertiliza o solo com a
queda de suas folhas, além de poder ser plantado em consorciação com outras oleaginosas ou
culturas de subsistência como o milho, o feijão, o algodão e o amendoim.

No Brasil, os plantios não têm dimensão suficiente para avaliar adequadamente a


produtividade e custos de produção (SATURNINO et al., 2005). Essa cultura apresenta prematuridade
quanto o aparecimento de gemas, o que favorece o aumento na quantidade de ramos e,
conseqüentemente na produção de frutos (OLIVEIRA, 2009). Parte que interessa para a produção de
óleo. Diante da ligação entre produção e quantidade de ramos, o pinhão manso mostra-se como uma
cultura que necessita de poda. A poda é um trato cultural bastante utilizado em espécies perenes,
principalmente frutíferas (FACHINELLO, 1995).

O objetivo deste trabalho foi verificar a altura da primeira emissão de galhos ocorrida
naturalmente em plantas de pinhão manso (J. curcas L.) submetidas à irrigação com água salina e em
sequeiro.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi conduzido no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais pertencente a


Universidade Estadual da Paraíba/UEPB, localizado no município de Lagoa Seca - PB, numa área
experimental em um solo classificado como Neossolo Regolítico. A espécie estudada foi o pinhão
manso (Jatropha curcas L.), com um ano de idade. O plantio foi feito com a umidade em capacidade de
campo, em covas de 50 cm de altura, 40 cm de largura e 40 cm de comprimento com espaçamento de
1,5 m entre plantas na mesma linha e 2,5 m entre filas de plantas. A adubação de fundação (matéria
orgânica) foi na base de 10 quilos de esterco bovino por planta e a adubação química na cova foi na
base de 30 kg de fósforo (P) e 30 kg de potássio (K) por hectare. Cada parcela foi constituída por 18
plantas e o delineamento experimental foi em blocos casualizados com 4 repetições, tendo-se o
tratamento 1 composto por plantas irrigadas com água salina e o tratamento 2 com plantas conduzidas
em sistema de sequeiro. A variável estudada foi a altura da primeira emissão dos primeiros galhos por

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plantas, em cinco intervalos de altura de 0-5; 5-10;10-15;15-20 e de 20-25 centímetros. A inferência


estatística utilizada foi porcentagem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como se pode observar na figura 1, em relação à variação de altura de zero a cinco


centímetros a testemunha apresentou um percentual de 26%, enquanto que a cultura irrigada com
água salina totalizou 10%. A altura de cinco a dez centímetros foi a que abrangeu o maior número de
percentual de plantas, sendo a testemunha com 50% e as plantas que passaram por irrigação com
água salina obteve 54%. De dez a quinze centímetros entre os tratamentos, a testemunha obteve 19%
e a salina com 31% e a medida de quinze a vinte centímetros os dois tratamentos apresentaram o
mesmo percentual de 5% e na altura de vinte a vinte cinco centímetros a testemunha apresentou 2%
enquanto a salina não apresentou nenhuma planta com essa variação de altura.

CONCLUSÃO
Conclui-se que a altura da emissão dos primeiros galhos do pinhão manso estudado foi no
intervalo de cinco a dez centímetros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, I. C.; MARINHO, A. S. S.; PAES, A. M. A.; FREIRE, S. M. F.; OLEA, R. S. G.; BORGES, M. O.
R.; BORGES, A. C. R. Hypotensive and vasorelaxant effects of ethanolic extract from Jatropha
gossypiifolia L. in rats. Fitoterapia. v. 74, n. 7-8, p. 650-657, 2003.

FACHINELLO, J. C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J. C. et al. Propagação de plantas frutíferas de


clima temperado. Pelotas: UFPEL, 1995. 178 p.
FRANCIS, G.; EDINGER, R.; BECKER, K. A concept for simultaneous wasteland reclamation, fuel
production, and socio-economic development in degraded areas in India: Need, potencial and
perspectives of Jatropha plantations. Natural Resources Forum. v. 29, p. 12-24, 2005.

HELLER, J. Physic nut. Jatropha curcas L. Promoting the conservation and use of
underutilized and neglected crops. Rome: International Plant Genetic Resources Institute, 1996. 66 p.

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KOCHHAR, S.; KOCHHAR, V. K.; SINGH, S. P.; KATIYAR, R. S.; PUSHPANGADAN, P. Differential
rooting and sprouting behaviour of two Jatropha species and associated physiological and biochemical
changes. Current Science, v. 89, n. 6, p.936-939, 2005.

SALEME, W.J.L. Potencial do Pinhão-Manso para o Programa Nacional de Biodiesel. Instituto Fênix de
Pesquisa e Desenvolvimento Sustentável, Brasília, 2005. 11p. In: Potencial do Pinhão-Manso para o
Programa Nacional de Biodiesel. Fundação de Estudos e Pesquisa em Administração e
Desenvolvimento- FEPAD.
SATURNINO, H. M.; PACHECO, D. D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES,
N. P. Cultura do pinhão-manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Belo
Horizonte. v. 26, n. 229; p. 44-78, 2005.
OLIVEIRA, S. J. C. Componentes do pinhão manso (Jatropha curcas L.) em função da poda e
adubação mineral. Areia-PB, 2009. 110p tese (Doutorado em Agronomia: Agricultura vegetal).
Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal da Paraíba, 2009.

60,00
Porcentagem (%)

50,00
40,00
Testemunha
30,00
20,00 Salino
10,00
0,00
0a5 5 a 10 10 a 15 15 a 20 20 a 25
Altura das gemas (cm)

FIGURA 1: Porcentagem de número de plantas de pinhão manso com um ano de idade, irrigadas com água salina e no
sistema de sequeiro em função da altura da emissão dos primeiros galhos.

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NÚMEROS DE GALHOS EM PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) CONDUZIDO EM SISTEMA


AGROECOLÓGICO.
Isadora Thalita Filgueira Bezerra1; Jéssica Karina da Silva Pachú¹; Allan Félix Mourão¹; Elaine Caroline
Lopes de Araújo¹; Suenildo Jósemo Costa Oliveira2
1 Aluno do Curso de Bacharelado em Agroecologia - Universidade Estadual da Paraíba/UEPB; 2 Prof. Dr. Centro de
Ciências Agrárias e Ambientais da UEPB. (Isadora.f.ilgueira@hotmail.com)

RESUMO – O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta que vem se destacando por sua
viabilidade quanto à produção de biodiesel, sendo que sua produção esta limitada ao número de
galhos, já que na produção desta planta, o número de frutos está diretamente ligado ao número de
galhos. O objetivo deste trabalho foi verificar o número de galhos emitidos naturalmente em plantas de
pinhão manso (Jatropha curcas L.). Este trabalho foi realizado em um plantio de pinhão manso
conduzido agroecologicamente, no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais pertencente à
Universidade Estadual da Paraíba/UEPB, localizado no município de Lagoa Seca – PB. Foi feita uma
contagem simples do número de galhos emitidos pela planta. A maior emissão de galhos em pinhão
manso conduzido agroecologicamente com o uso da urina de vaca e/ou manipueira deu-se quando
utilizou-se destes dois tratamento: 0 mL de urina de vaca + 125 mL de manipueira; e 112,5 mL de urina
de vaca + 0 mL de manipueira, tendo-se 4 galhos por planta.
Palavras - chave – biodiesel, Jatropha, oleaginosa, manipueira.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha Curcas L.) é uma euforbiácea produtora de sementes ricas em óleo,
(média de 37%), e que de acordo com Jones & Miller (1992) é uma cultura de multiuso, valioso para
diminuir o efeito da degradação ambiental, a desertificação e o desmatamento do solo, e que pode ser
usados para a bioenergia substituindo o óleo diesel; para a produção do sabão e a proteção climática
(seqüestro de carbono), e daqui merecem a atenção específica o pinhão manso pode contribuir para
aumentar rendas tanto da agricultura familiar como das agroindústrias.

A planta é cultivada extensamente nos trópicos como cerca viva nos campos e nas vilas
urbana (BUDOWSKI, 1987). Isto é feito devido ao fato do pinhão manso ser facilmente propagado
assexuadamente (estacas), sendo plantados em espaçamento denso para esta finalidade, e porque a
espécie não serve de pasto para o gado (LUTZ, 1992; HENNING, 1999)

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França e Felicíssimo (2009) relatam que a total ausência de dados científicos sobre o
comportamento do pinhão manso em diversos ambientes ou sob condições de clima, solo ou de
plantios consorciados específicos, principalmente os que dizem respeito à produtividade, nutrição,
adubação orgânica ou inorgânica, controle de pragas e de doenças, são sob o ponto de vista da equipe
da EPAMIG o principal argumento e entrave ao endosso desta equipe científica na liberação do plantio
comercial do Jatropha Curcas.

Para que ocorra maior emissão de galhos nesta oleaginosa, existem recomendações para
efetuar-se a poda, seja ela feita com base em altura (MELO et al., 2008) ou na emissão de inserções
foliares (OLIVEIRA, 2009).

De acordo com Melo et. al. (2008) a poda tem grande importância no cultivo do pinhão manso,
já que na produção desta planta o número de frutos está diretamente ligado ao número de ramos, este
fato é corroborado por Cortesão (1956) o qual relata que as estruturas produtivas do pinhão manso
encontram-se na extremidade apical dos seus ramos, o que torna a poda um trato cultura importante
para o aumento da produção desta oleaginosa.

Essa cultura apresenta prematuridade quanto o aparecimento natural de galhos, desde sua
fase inicial. O objetivo deste trabalho foi quantificar a altura de brotações de galhos ocorridas
naturalmente em plantas de pinhão manso (J. curcas L.) conduzidas em sistema agroecológico.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi conduzido no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais pertencente a


Universidade Estadual da Paraíba/UEPB, localizado no município de Lagoa Seca - PB, numa área
experimental em um solo classificado como Neossolo Regolítico.

A espécie estudada foi o pinhão manso (Jatropha curcas L.), com quatro meses de idade. O
experimento foi conduzido em delineamento em blocos casualizados, com 25 tratamentos, e 04
repetições. Foram utilizadas doses de manipueira à 50% e urina de vaca à 10%, em diferentes
quantidades (vide tabela 1-anexo).

A urina foi recolhida de vacas em lactação pertencentes a criadores da região, os quais


possuem suas propriedades nas proximidades do Campus, a manipueira foi coletada em casas de
farinha localizadas também nas proximidades do Campus, tanto a urina quanto a manipueira foram
armazenadas em recipientes plásticos hermeticamente fechados.

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A urina de vaca e a manipueira foram aplicadas via foliar no período da manhã com
pulverizador manual previamente calibrado com capacidade para 2 litros, tendo-se a primeira aplicação
feita dois meses após o plantio das mudas; durante o período do experimento foram feitas 02
aplicações, em intervalos de 15 dias, alternadamente.

O plantio foi feito com a umidade em capacidade de campo, em covas de 50 cm de altura, 40


cm de largura e 40 cm de comprimento com espaçamento de 1,5 m entre plantas na mesma linha e 2,5
m entre filas de plantas. A adubação de fundação (matéria orgânica) foi na base de 10 quilos de
esterco bovino por planta. A variável estudada foi o número de galhos emitidos naturalmente nas
plantas. Foi feita uma contagem simples do número de galho (s) presente (s) em cada planta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se na Figura 1 que em relação ao número de galhos que todas as plantas já


apresentaram emissão natural de galhos aos quatro meses de idade. O maior número de galhos foi
obtido com a aplicação de 0 mL de urina de vaca + 125 mL de manipueira e 112,5 mL de urina de vaca
+ 0 mL de manipueira, tendo-se 4 galhos em cada planta. Quando da aplicação de 0 mL de urina de
vaca + 0 mL de manipueira; 112,5 mL de urina de vaca + 125 mL de manipueira; 112,5 mL de urina de
vaca + 375 mL de manipueira; 112,5 mL de urina de vaca + 500 mL de manipueira; 225 mL de urina
de vaca +0 mL de manipueira; 225 mL de urina de vaca + 125 mL de manipueira; 225 mL de urina de
vaca + 250 mL de manipueira; 225 mL de urina de vaca + 375 mL de manipueira; 225 mL de urina de
vaca + 500 mL de manipueira; 337,5 mL de urina de vaca + 0 mL de manipueira; 337,5 mL de urina de
vaca + 125 mL de manipueira; 337,5 mL de urina de vaca + 250 mL de manipueira; 337,5 mL de urina
de vaca + 500 mL de manipueira; 450 mL de urina de vaca + 125 mL de manipueira; 450 mL de urina
de vaca + 250 mL de manipueira; 450 mL de urina de vaca + 375 mL de manipueira; 450 mL de urina
de vaca + 500 mL de manipueira, houve apenas a emissão de 3 galhos. Já na aplicação de 0 mL de
urina de vaca + 250 mL de manipueira; 0 mL de urina de vaca + 375 mL de manipueira; 0 mL de urina
de vaca + 500 mL de manipueira; 112,5 mL de urina de vaca + 250 mL de manipueira; 337,5 mL de
urina de vaca + 375 mL de manipueira; 450 mL de urina de vaca + 0 mL de manipueira, só foram
encontrados 2 galhos. Não existiu nenhuma planta com apenas 1 galho ou sem nenhum galho.

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CONCLUSÃO

Conclui-se que a maior emissão de galhos em pinhão manso conduzido agroecologicamente


com o uso da urina de vaca e/ou manipueira deu-se quando utilizou-se destes dois tratamento: 0 mL de
urina de vaca + 125 mL de manipueira; e 112,5 mL de urina de vaca + 0 mL de manipueira, tendo-se 4
galhos por planta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUDOWSKI, G.. Living fences in tropical America, a widespread agroforestry practice. Pp. 169-178 In
Agroforestry Realities, Possibilities and Potentials (H.L. Gholz, ed.). Martinus Nijhoff, Dordrecht. 1987.

CORTESÃO, M. Culturas tropicais: plantas oleaginosas. Lisboa: Clássica, 1956. 231p.

FRANÇA, F. de A. de S.; FELICÍSSIMO, P. P. S. Desmitificando o Pinhão Manso. 2009. Disponível


em: http://biodieselenzimatico.blogspot.com/2009/03/desmistificando-o-pinhao-manso.html. Acessado
em 30 de mai. de 2010.

HENNING, R. K. The Jatropha System in Zambia – Evaluation of the existing Jatropha activities and
proposals for an implementation strategy in Southern Province of Zambia, 1999. Disponível em:
<http://www.jatropha.de/zimbabwe>. Acesso em: 29 de mai. 2010.

JONES N.; MILLER J. H. Jatropha curcas: A multipurpose Species for Problematic Sites,. The
World Bank, Washington DC USA. 1992.

MELO, R. D.; LEE, G. T. S.; MASSARO, R. I. Influência da Poda na Produção de Pinhão Manso
(Jatropha Curcas L.). In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 16., 2008, São Carlos. Anais ...
UFSCar, v. 4, p. 381, 2008.

OLIVEIRA, S. J. C. Componentes do pinhão manso (Jatropha curcas L.) em função da poda e


adubação mineral. Areia-PB, 2009. 110p tese (Doutorado em Agronomia: Agricultura vegetal).
Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal da Paraíba, 2009.

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Tabela 1 – Tratamentos utilizados no experimento do pinhão manso conduzido agroecologicamente. Lagoa Seca, PB. 2010.

Urina Manipueira Urina Manipueira


Tratamentos (ml) (ml) Tratamentos (ml) (ml)

T1 0 0 T13 225 250


T2 0 125 T14 225 375
T3 0 250 T15 225 500
T4 0 375 T16 337,5 0
T5 0 500 T17 337,5 125
T6 112,5 0 T18 337,5 250
T7 112,5 125 T19 337,5 375
T8 112,5 250 T20 337,5 500
T9 112,5 375 T21 450 0
T10 112,5 500 T22 450 125
T11 225 0 T23 450 250
T12 225 125 T24 450 375
T25 450 500

3
Nº de Galhos

0
0

T11
T12
T1
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10

T13
T14
T15
T16
T17
T18
T19
T20
T21
T22
T23
T24
T25

Tratamentos

FIGURA 1: Número de galhos em plantas de pinhão manso aos quatro meses de idade, conduzidas em sistema
agroecológico. Lagoa Seca, PB. 2010.

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RELAÇÕES HÍDRICAS E AJUSTAMENTO OSMÓTICO DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM


SUBMETIDOS AO DÉFICIT HÍDRICO

Jacqueline W. de Lima Pereira1; Manoel Bandeira de Albuquerque2; Rejane J. Mansur C. Nogueira3;


Roseane Cavalcanti dos Santos4 e Péricles de Albuquerque Melo Filho5.
1- Bióloga, Mestranda do Curso de Melhoramento Genético de Plantas, Departamento de Agronomia/UFRPE, Recife-PE (e-
mail: jacquelinewlp@gmail.com); 2- Professor Adjunto do Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais/UFPB, Areias-
PB; 3- Professora do Departamento de Biologia/UFRPE, Recife-PE; 4- Pesquisadora da Embrapa Algodão, Campina
Grande-PB; 5- Professor Associado do Departamento de Agronomia/UFRPE, Recife-PE.

RESUMO – Quatro genótipos de amendoim de diferentes hábitos de crescimento, um ereto, um moita


e dois rasteiros, foram submetidos 21 dias de estresse hídrico, em condições de casa de vegetação. O
plantio foi feito em vasos de 15 L com solo de textura franco-arenosa, previamente corrigido e
adubado. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com esquema bi-fatorial 4x2 (4
genótipos x 2 tratamentos hídricos), com 10 repetições. As variáveis analisadas foram: potencial hídrico
foliar, teor relativo de água e teor de prolina. Sob as condições de déficit, todos os genótipos reduziram
significativamente o seu potencial hídrico, destacando as linhagens LBM e LBR que atigiram valores
mais negativos. Quanto ao teor relativo de água, apenas a cv. BR 1 manteve o mesmo comportamento,
independente do tratamento, as demais linhagens reduziram significativamente a disponibilidade de
água na folha na condição de estresse. Em relação ao teor de prolina, todos os genótipos aumentaram
significativamente suas concentrações, porém a linhagem LBR apresentou menor acúmulo. De maneira
geral, a cv. BR 1 e as linhagens LBM e LVIPE-06 apresentaram mecanismos fisiológicos que melhor se
ajustam a condição de baixa disponibilidade hídrica, nas condições desse estudo.
Palavras chave - Potencial hídrico, teor relativo de água, prolina, Arachis.

INTRODUÇÃO

O cultivo do amendoim no Nordeste é uma atividade realizada por agricultores que vivem da
agricultura familiar, sendo o manejo conduzido freqüentemente em regime de sequeiro, o que,
dependendo da disponibilidade hídrica do período, pode levar a frustração de safra da lavoura.

Um dos fatores climáticos característicos da região é a irregular e mal distribuída precipitação


pluvial, o que, vez por outra, levam a veranicos que podem durar entre 15 até mais de 30 dias sem
chuva, dependendo do local (NOGUEIRA e SANTOS, 2000, GRACIANO, 2009). Tal fato compromete a
produção agrícola especialmente a dos pequenos agricultores que não dispõe de um sistema de
irrigação.

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A adoção, por partes dos agricultores, de cultivares tolerantes ao estresse hídrico é


imprescindível para assegurar uma produtividade mínima. A Embrapa Algodão desenvolve programas
de melhoramento do amendoim desde meados da década de 80, onde um dos principais objetivos é
desenvolver materiais precoces que apresentem boa resposta adaptativa e tolerância ao estresse
hídrico. Para tanto, o conhecimento das expressões fisiológicas, como as relações hídricas e
ajustamento osmótico, são estratégias adotadas pelos melhoristas como forma de identificar genótipos
promissores.

Neste trabalho reporta-se sobre as respostas fisiológicas de genótipos de amendoim


submetidos ao estresse hídrico, durante 21 dias em condições de casa de vegetação.

MATERIAL E MÉTODOS

Sementes de quatro genótipos de amendoim de porte ereto (BR 1), rasteiro (LVIPE-06 e LBR),
e moita (LBM) foram cultivadas em bandejas com areia lavada e cinco dias após a emergência foram
transplantadas para em vasos de 15 L contendo solo de textura franco-arenosa, previamente corrigido
e adubado de acordo com as necessidades da cultura. As regas foram mantidas diariamente, no início
da manhã, mantendo-se a umidade próxima à capacidade de campo.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com esquema bi-fatorial 4x2, com
10 repetições. A unidade experimental foi representada por uma planta/vaso. A diferenciação dos
tratamentos hídricos [C – Controle (rega diária) e E – Estresse (suspensão da rega)] para cada
genótipo foi realizada quando 50% das plantas apresentaram a primeira flor. Aos 21 dias de estresse
hídrico foram avaliadas as seguintes variaveis: potencial hídrico foliar, teor relativo de água e teor de
prolina.

O potencial hídrico foi determinado ao meio-dia, a partir de folhas totalmente expandidas


localizadas no terço superior da planta. O registro desta variável foi feito com auxílio da câmara de
pressão de Scholander, segundo a metodologia descrita por Scholander et al. (1965).

O teor relativo de água (TRA) foi mensurado ao meio-dia, a partir de folhas totalmente
expandidas localizadas no terço superior da planta. A determinação do TRA foi feita com base no peso
de seis discos foliares (Matéria Fresca - MF, Túrgida - MT e Seca - MS), de acordo com a metodologia
de Weatherley (1950), utilizando-se a seguinte fórmula: TRA= [(MF – MS)/(MT – MS)]x100.

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Para determinação da prolina, primeiramente, preparou-se o extrato bruto das folhas a partir da
maceração de 1 g de tecido fresco em 4 mL de tampão fosfato monobásico (100 mM) e EDTA (0,1 mM)
(pH 7,0). Para a determinação, seguiu-se metodologia de Bates et al. (1973). As leituras foram feitas
em espectrofotômetro a 520 nm e os dados expressos em g.g-1 de matéria fresca.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aos 21 dias de estresse hídrico, as relações hídricas, potencial hídrico foliar e teor relativo de
água das plantas submetidas ao estresse apresentaram reduções significativas. O potencial hídrico das
linhagens avançadas LBM e LBR foi superior aos seus progenitores, ou seja, atingiram os valores mais
negativos, -2,93 e -1,88 MPa, respectivamente. Isso significa que ambas linhagens possuem maior
capacidade para absorver água em uma condição de déficit. A cultivar BR 1 e a linhagem LVIPE-06,
atingiram -1,78 e -1,04 MPa, respectivamente (Figura 1 a). Esse resultado é interessante no aspecto de
aquisição de genes de tolerância herdado nas linhagens por meio do cruzamento com a cv. BR 1.
Segundo Nogueira e Santos (2000), a cv. BR 1 é um material tolerante a seca e a redução do potencial
hídrico é uma característica destacada como forma adaptativa. Por outro lado, embora o progenitor
LVIPE-06 seja de hábito ramador, e portanto menos tolerante as condições de estresse, apresentou
respostas fisiológicas semelhantes aos tolerantes. Isso pode ser justificado a sua adaptação ao
Agreste Pernambucano, onde o mesmo vem sendo cultivado a quase uma década.

Quando se considera o teor relativo de água (TRA), que estima a quantidade de água
armazenada nas folhas, verificou-se redução significativa de aproximadamente 46%, 44% e 26% nas
plantas LVIPE-06, LBM e LBR, quando no tratamento estressado, respectivamente. Na cv. BR 1,
contudo, verificou-se o mesmo teor relativo de água em ambos tratamentos (Figura 1 b). Isso mostra
que mesmo em uma condição de déficit hídrico, a cv. BR 1 mantém o nível de água ideal para
realização das suas atividades metabólicas. Esse mesmo comportamento foi observado por Graciano
et al (2009), ao submeter a cv. BR 1 a 43 dias de suspensão hídrica em condições de casa de
vegetação.

O ajustamento osmótico realizado pelas plantas é um meio de manter o potencial hídrico e a


turgescência de suas células próxima ao nível adequado. Isso é realizado através da produção em
altas concentrações de componentes que funcionam como osmorreguladores, entre os mais estudados
destaca-se a prolina. No presente trabalho, o acúmulo de prolina foi expressivo nas plantas submetidas
à suspensão de rega, com aumento de 47,4, 27,5 e 25,3 vezes para LVIPE-06, BR 1 e LBM,

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respectivamente; apenas o genótipo rasteiro LBR apresentou menor acúmulo, de 7,2 vezes,
comparando com os demais tratamentos, sob estresse. Em termos de concentração, nota-se o
destaque das linhagens LBM e LVIPE-06, que na condição de estresse apresentou acúmulo de prolina
de 55,7 e 47,4 g.g-1.MF, respectivamente, comparando-se com os controles que tiveram 2,2 e 1,0
g.g-1.MF (Figura 1 c). A linhagem LBM foi conseguida por meio de hibridação entre BR 1 e LVIPE-06,
o que justifica a sua habilidade em tolerar a condição de estresse.

CONCLUSÕES

A cv. BR 1 confirma sua habilidade adaptativa para manejo em ambientes com contenção
hídrica, sendo um genótipo indicado como progenitor em programas de melhoramento que visem
obtenção de linhagens com tolerância a seca.

A linhagem LBM, descendente direta da BR 1, apresentou mecanismos de adaptação as


condições de baixa disponibilidade hídrica.

A linhagem LVIPE-06, mesmo sendo de hábito rasteiro, apresentou respostas fisiológicas que
a condicionam a conviver em condições de déficit hídrico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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studies. Plant and Soil, v.39, p.205-207, 1973.

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Hídrico, Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.4, n.1, p.41-45, 2000.

SCHOLANDER, P.F.; HAMMEL, H.T.; HEMMINGSEN, E.A.; BRADSTREET, E.D. Sap pressure in
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WEATHERLEY, P.E. Studies in the water relations of the colton plant. I. The field measurement of water
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0,0
cA cA aB aA bA aB cA
cA aB
aA cA aB cA bA bcA aA cA aB

Potencial Hídrico (MPa)


aA aB bA aB aA
aA
-0,7 aB
a)

f (MPa)
bA
bA -1,4 bA
bA abA
-2,1
aA aA

-2,8 Controle
C
Estresse
E aA
1ª Semana 2ª Semana 1ª Semana
3ª Semana 2
-3,5
RT AN BR MT RT AN BR1
BR MT
LBM LBRRT AN
LVIPE-06 BR MT RT

120
C
Teor Relativo de Água (%)
Teor relativo de água (%)

100 E
aA aA aA
b) 80
aA aA

bB
60
bB bB
40

20

0
BRBR
1 LBM
MT LBRRT LVIPE-06
AN

70
C
E aA
56
Prolina (g.g MF)

aA
Prolina (g.g-1.MF)

c) bA
-1

42

28

14 cA
aB aB aB
aA aB
0
BR
BR1 LBM
MT LBRRT LVIPE-06
AN

Figura 1. Valores médios do potencial hídrico (a), do teor relativo de água (b) e teor de prolina (c) nos genótipos de
amendoim submetidos à suspensão de rega. Letras iguais, maiúsculas entre tratamento hídrico e minúsculas entre
genótipos, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

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RENDIMENTO DE CULTIVARES DE MAMONEIRA NAS CONDIÇÕES DE BAIXA ALTITUDE DO


RECÔNCAVO SUL BAIANO

Juliana Firmino de Lima1; Clovis Pereira Peixoto2; Maria de Fátima da Silva Pinto Peixoto2
1 Doutoranda em Ciências Agrárias do CCAAB da UFRB e Subgerente Regional da EBDA email:
Juliana_firmino@hotmail.com; 2 Professor Dr. do CCAAB da UFRB

RESUMO – Embora apresente importância socioeconômica, a mamoneira conta com poucos cultivares
melhorados para o Nordeste. Dessa forma, torna-se necessário o estudo de técnicas que visem
incrementar um aumento de produtividade, assim como, inserir novas áreas e novos produtores no
contexto produtivo desta cultura. Assim, neste trabalho, objetivou-se avaliar por meio dos componentes
de produção e do rendimento, quatro cultivares de mamoneira em dois períodos agrícolas consecutivos
nas condições de baixa altitude do Recôncavo Sul da Bahia. O trabalho foi realizado no Centro de
Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e os
cultivares avaliados foram 149 Nordestina, BRS 188 Paraguaçu, EBDA MPA 17 e Sipeal 28. Foram
avaliados em cada período agrícola as variáveis com o intuito de obter o máximo de informações
possíveis a respeito do desempenho da cultura quanto aos componentes de produção da planta. Todas
as características avaliadas das foram analisadas através do teste de Tukey a 5% de probabilidade. O
cultivar Sipeal 28 apresenta maior plasticidade fenotípica, mantendo sua produtividade nos dois
períodos estudados, podendo ser uma opção para o cultivo da mamoneira nas condições de baixa
altitude do Recôncavo Sul Baiano.
Palavras-chave – Ricinus communis L., componentes de produção, produtividade

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta rústica, heliófila, resistente à seca,
pertencente à família das Euforbiáceas, disseminada por diversas regiões do globo terrestre e cultivada
comercialmente entre os paralelos 52º N e 40º S (Lima et al., 2008). É encontrada de forma
espontânea em várias regiões do Brasil, desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul (COSTA et al.,
2006). Apresenta inúmeras sinonímias, a exemplo de rícino, palma-christi, palma-decristo, carrapateira,
bafureira, figueira do inferno, enxerida, regateira, entre outras (BELTRÃO et al., 2001; RODRIGUES et
al., 2002).

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Embora tenha importância socioeconômica, a espécie conta com poucos cultivares melhorados
para o Nordeste, mesmo com sua ampla variabilidade genética e que seu melhoramento na Região
ocorra desde a década de 1960 (BAHIA et al., 2008).

De acordo com Freire et al. (2001), a baixa produtividade média observada no Brasil deve-se,
em parte, ao uso de sementes de baixa qualidade, multiplicadas pelos próprios agricultores, o que
conduz a um alto grau de heterogeneidade e à grande diversidade de tipos locais, em sua grande
parte, pouco produtivos.

Existem perspectivas para obtenção de cultivares que possam aumentar a produtividade do


fruto (BAHIA et. al., 2008), e o teor de óleo dos grãos (CERQUEIRA, 2008) e permitir a identificação de
fontes de resistência às principais pragas e doenças da cultura, já que sua diversidade é ainda pouco
explorada (CARVALHO, 2005).

Apesar de existirem cultivos em altitudes que variam desde o nível do mar até 2300m,
recomenda-se cultivos em áreas com altitudes na faixa de 300 a 1500m acima do nível médio do mar.
Silva et al., 2004 estudando cinco cultivares de mamoneira no município de Pelotas, onde a altitude
média está em torno de 7m acima do nível do mar, obtiveram rendimentos médios de 2800 kg ha-1 para
o cultiva Al Guarany 2002. Esses são quase quatro vezes maiores que a média Nordestina, e com isto,
contradiz muitos autores que afirmam que a mamoneira é uma planta altamente adaptável a altitudes
acima de 300m.

Segundo Beltrão e Silva (1999), a expansão do cultivo da mamoneira ocorreu


principalmente devido à sua capacidade de adaptação a diferentes condições ambientais e às diversas
possibilidades de uso de seu principal produto, o óleo extraído das sementes. No entanto, os
rendimentos por unidade de área são muito baixos e, esta baixa produtividade, poderá comprometer a
oferta da mamona para o Programa Nacional de Produção do Biodiesel (PNPB).

Dessa forma, torna-se necessário o estudo de técnicas que visem incrementar um aumento de
produtividade, assim como, inserir novas áreas e novos produtores no contexto produtivo desta cultura.
Assim, neste trabalho, objetivou-se avaliar por meio dos componentes de produção e do rendimento de
quatro cultivares de mamoneira em dois períodos agrícolas consecutivos nas condições de baixa
altitude do Recôncavo Sul da Bahia.

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METODOLOGIA

O trabalho foi realizado no campo Experimental do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e


Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, no município de Cruz das Almas-BA,
localizado a 12º 40‘ 19‖ latitude sul, 39º 06‘ 23‖ de longitude oeste de Greenwich, com altitude variando
de 117 a 225,7 m. O clima é do tipo subsumido, com pluviosidade média anual de 1.170 mm, com
variações entre 900 mm e 1300 mm, sendo os meses de março a agosto os mais chuvosos e de
setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura média anual é de 24,1ºC (ALMEIDA, 1999). O solo
é classificado como Latossolo Amarelo Álico Coeso, de textura argilosa e relevo plano (RIBEIRO et al.,
1995).

Os experimentos foram realizados em dois períodos agrícolas consecutivos, sendo o primeiro


ano referente ao período entre os meses de abril de 2006 a fevereiro de 2007, e o segundo ano entre
os meses de maio de 2007 a fevereiro de 2008, onde a condução da cultura foi realizada em regime de
sequeiro.

O material vegetal utilizado para o plantio foi composto por sementes provenientes do Banco
Ativo de Germoplasma de mamoneira da EBDA, Estação Experimental de Iraquara (BA). Os materiais
selecionados já são cultivados em alguns locais do Estado e fazem parte dos projetos de pesquisa da
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA) e EMBRAPA Algodão. Foram utilizados os
cultivares BRS 149 Nordestina, BRS 188 Paraguaçú, EBDA MPA 17 e Sipeal 28.

A correção do solo foi efetuada seguindo recomendações da análise de fertilidade química para
o estado da Bahia, sendo aplicados 1000 kg ha -1 de calcário dolomítico, 60 kg ha-1 de N (20 kg ha-1
plantio e 40 kg ha-1 em cobertura), 80 kg ha-1 de P2O5 e 40 kg ha-1 de K2O. O controle de plantas
daninhas foi realizado mensalmente através de capinas manuais. A semeadura foi realizada em regime
de sequeiro e o delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com cinco repetições e quatro
tratamentos. Cada parcela teve as dimensões 12,0m x 15,0m, com as linhas laterais constituindo as
bordaduras, e a área útil abrangendo as dimensões de 9,0m x 10,0m.

O espaçamento entre fileiras foi de 3,0m e entre covas de 1,0m, resultando em cinco fileiras
com 12 covas e 30 covas na área útil do experimento. Foram semeadas três sementes por cova e o
desbaste foi realizado aos 10 dias após a emergência, deixando uma planta por cova.

Foram avaliados em cada período agrícola as variáveis com o intuito de obter o máximo de
informações possíveis a respeito do desempenho da cultura quanto aos componentes de produção da

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planta. As características diâmetro de caule (DC), altura de planta (AP) e o rendimento (REND) foram
aferidos de acordo com descritores utilizados pela Embrapa Algodão, descritos por Freire et al. (2001).

Para avaliar número de cachos colhidos por planta (NCHPL) foram realizadas contagens
periódicas durante todo o ciclo da cultura. Para os caracteres massa seca de cacho (MSCH), massa
seca de frutos por cacho (MSFCH), massa seca de sementes por cacho (MSSCH), e número de
sementes por cacho (NSCH) foram realizados nos três primeiros cachos (racemos) de cada planta e
em 10 plantas ao acaso, utilizando régua e balança digital de precisão.

A massa seca de frutos por planta (MSFPL) foi determinada pela pesagem dos frutos em cada
planta. Após secagem ao sol em terreiro, as sementes que não foram removidas dos frutos por
deiscência, foram retiradas através de batidas em sacos de aniagem e as que ainda apresentavam
casca aderida, extraídas com alicate de poda manualmente. As sementes foram pesadas para
determinação do rendimento (REND). A massa seca de sementes por planta (MSPL) foi determinada
pela pesagem das sementes de cada planta.

Todas as características avaliadas das foram analisadas através do teste de Tukey a 5% de


probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, observam-se valores médios de diâmetro de caule (DC– mm), altura de planta
(AP – cm planta-1), número de cachos por planta (NCHPL), número de sementes por cacho (NSCH) e
número de frutos por cacho (NFCH) dos dois ciclos da cultura estudados. Constata-se que não houve
diferenças significativas em nenhum dos períodos estudados entre os cultivares para as características
diâmetro de caule e altura de planta. Contudo, para as características número de cachos (racemos) por
planta, número de sementes por cacho e número de frutos por cacho houve diferença entre os
cultivares no primeiro período de cultivo. Tendência essa que não se repetiu no segundo período.

Essas características são de extrema importância para o estudo de cultivares em diferentes


locais de cultivo, pois podem ser identificadas características desejáveis a depender do manejo cultural
a ser adotado, como a colheita mecanizada para os cultivares de porte reduzido, grande número de
cachos (racemos) por planta, com maior quantidade de frutos por cacho e maior quantidade de
sementes por cacho, o que leva a uma maior produtividade. Características desejáveis para cada
região devem ser buscadas em trabalhos de melhoramento e avaliação de cultivares de mamoneira.

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No primeiro período agrícola não houve diferença significativa para os parâmetros avaliados
massa seca de caule, massa seca de frutos por caule, massa seca de sementes por planta e para o
rendimento. Apenas para a massa seca de sementes por cacho encontrou-se inferioridade no cultivar
149 Nordestina, mas não influenciou no rendimento (Tabela 2).

No segundo período de cultivo, percebe-se que o cultivar Sipeal 28 se apresenta em todos os


parâmetros avaliados entre os cultivares mais produtivos, seguido do 149 Nordestina e BRS 188
Paraguaçu. Ficando o EBDA MPA 17, inferior aos demais.

Contudo, observa-se que no primeiro período agrícola encontrou-se uma produtividade


superior a média nordestina que é de 623 kg ha -1 (IBGE, 2010) em todos os cultivares avaliados. Neste
mesmo período o cultivar Sipeal 28 produziu mais que o dobro da média nordestina e, mesmo com a
forte estiagem no segundo período agrícola, apresentou superioridade, o que comprova ainda mais a
sua grande plasticidade, adaptando-se a condições adversas.

Beltrão et al. (2004), estudando dois cultivares de mamoneira BRS 149 Nordestina e BRS 188
Paraguaçu no Ceará com uma pluviosidade nos primeiros quatro meses de 761,7mm obtiveram em
média 437 kg ha-1 de bagas para o cultiva Nordestina e 276 kg ha-1 para o cultivar Paraguaçu. Em um
experimento montado no Norte de Minas Gerais, onde se avaliaram 16 linhagens de mamoneira, a
pluviosidade foi 682 mm nos cinco primeiros meses de cultivo e os rendimentos variaram de 714,7 kg
ha-1 a 296,7 kg ha-1 (GONÇALVES et al., 2004).

No segundo período agrícola estudado, a pluviosidade acumulada dos meses de abril a


dezembro foi de 594,5 mm e a produtividade variando de 282,29 kg ha-1 para o cultivar ebda mpa 17 a
636,42 kg ha-1 para o sipeal 28, indicando que nas condições dos períodos agrícolas estudados, foram
semelhantes às encontradas por Gonçalves et al. (2004). entretanto, superior as encontradas por
Beltrão et al. (2004), o que sugere viabilidade para o cultivo da mamoneira nas condições de baixa
altitude do recôncavo sul baiano.

CONCLUSÃO

O cultivar Sipeal 28 se apresenta maior plasticidade fenotípica, mantendo sua produtividade


satisfatória nos dois períodos estudados, podendo ser uma opção para o cultivo da mamoneira nas
condições de baixa altitude do Recôncavo Sul Baiano.

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BELTRÃO, N. E. M.; SILVA, L. C. Os múltiplos usos do óleo da mamoneira (Ricinus communis L.) e a
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TABELA 1. Média dos valores de diâmetro de caule (DC– mm), altura de planta (AP – cm planta-1), número de cachos por
planta (NCHPL), número de sementes por cacho (NSCH) e número de frutos por cacho (NFCH) dos cultivares de
mamoneira avaliados nos períodos agrícolas 2006-2007 e 2007-2008 no Recôncavo Sul Baiano.
1° período agrícola (2006-2007)
Cultivares DC AP NCHPL NSCH NFCH
149 Nordestina 52,036a 58,758a 16,100ab 71,940b 25,480b
BRS 188 Paraguaçú 49,478a 57,420a 18,800a 67,580b 24,580b
EBDA MPA 17 49,860a 66,646a 11,36b 97,040a 36,020a
Sipeal 28 50,628a 59,808a 17,440ab 79,140b 28,980b
2° período agrícola (2007-2008)
Cultivares DC AP NCHPL NSCH NFCH
149 Nordestina 39,118a 58,080a 5,240a 99,200a 33,066a
BRS 188 Paraguaçú 31,370a 44,590a 5,640a 79,256a 26,418a
EBDA MPA 17 30,834a 58,900a 3,820a 90,610a 30,206a
Sipeal 28 34,442a 61,000a 5,800a 88,214a 29,402a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

TABELA 2. Média dos valores de massa seca de caule (MSC - g planta-1), massa seca de fruto por cacho (MSFCH – g
planta-1), massa seca de sementes por cacho (MSSCH – g planta-1), massa seca de sementes por planta (MSSPL – g
planta-1) e rendimento (REND - Kg ha-1) dos cultivares de mamoneira avaliados nos períodos agrícolas 2006-2007 e 2007-
2008 no Recôncavo Sul Baiano.
1° período agrícola (2006-2007)
Cultivares MSC MSFCH MSSCH MSSPL REND
149 Nordestina 96,16a 82,804a 49,520b 0,622a 968,890a
BRS 188 Paraguaçú 92,77a 82,060a 52,374ab 0,564a 1123,332a
EBDA MPA 17 97,50a 84,730a 54,436ab 0,476a 1086,446a
Sipeal 28 107,44a 99,112a 63,656a 0,652a 1347,334a
2° período agrícola (2007-2008)
Cultivares MSC MSFCH MSSCH MSSPL REND
149 Nordestina 99,304a 54,612a 54,612a 0,200ab 516,730ab
BRS 188 Paraguaçú 76,642ab 43,610ab 43,610ab 0,170ab 419,338ab
EBDA MPA 17 66,628b 35,032b 35,032b 0,114b 282,228b
Sipeal 28 102,840a 57,480a 57,480a 0,258a 636,420a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 1% de
probabilidade.

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RESPOSTA À SECA EM MUDAS DE PINHÃO MANSO NA FASE INICIAL DE DESENVOLVIMENTO1

Clarissa Soares Freire1; Adenilda Ribeiro de Moura2; Rafaela Pereira de Souza3; Laís dos Santos
Maciel4; Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira5
1 - Aluna de graduação do Curso de Engenharia Florestal, monitora, estagiária e bolsista ITI-A/CNPq do Laboratório de
Fisiologia Vegetal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife,
PE, CEP 52.171-030. E-mail: clarissa.sfreire@gmail.com; 2 - Mestre em Ciências Florestais pelo programa de Pós-
graduação em Ciências Florestais pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bolsista de Desenvolvimento
Tecnológico Industrial 2 do Laboratório de Fisiologia Vegetal, Universidade Federal Rural de Pernambuco; 3 - Aluna de
graduação do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, estagiária e bolsista ITI-A/CNPq do Laboratório de
Fisiologia Vegetal, Universidade Federal Rural de Pernambuco; 4Aluna do Curso de Licenciatura Plena em Ciências
Biológicas, estagiária e bolsista de Apoio Técnico 2ª do Laboratório de Fisiologia Vegetal, Universidade Federal Rural de
Pernambuco; 5Professora Associada II do Departamento de Biologia, Laboratório de Fisiologia Vegetal, Universidade
Federal Rural de Pernambuco.

RESUMO – O pinhão-manso (Jatropha Curcas L.) é uma espécie rústica, perene e adaptável a
distintas condições edafoclimáticas. Pode ser amplamente cultivada no semi-árido nordestino para fins
de produção de biodiesel. Sendo assim, a presente pesquisa teve por objetivo avaliar à resposta a
seca em mudas de pinhão manso na fase inicial de desenvolvimento. Para tanto, adotou-se um
delineamento experimental inteiramente casualizado com três tratamentos hídricos (80%, 50% e 20%
da CP – capacidade de pote) e 4 repetições. De forma geral, aos 130 dias após a exposição ao
estresse, constataram-se reduções significativas entre o tratamento 20% da CP para a fitomassa seca
das folhas e total, alocação de fotossintatos para o caule, área foliar total e específica, havendo
reduções na ordem de 351,71%, 502,39%, 35,20%, 320,57% e 209,49% respectivamente, se
comparadas ao tratamento 80% da CP. Observou-se também um incremento de 233,87% para as
plantas submetidas ao tratamento 20% da CP para a alocação de fitomassa das folhas e para a área
foliar total (92,96%) para o tratamento 50% da CP. Para as demais variáveis fisiológicas não foram
constatadas diferenças estatísticas. Diante dos resultados encontrados verifica-se que o pinhão manso,
mesmo quando cultivado a 50% da CP, não reduz drasticamente seu crescimento.

Palavras-chave – Oleaginosas – Jatropha Curcas L. - Relações alométricas - Deficiência hídrica.

1 Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Universidade Federal Rural de Alagoas (UFAL)

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INTRODUÇÃO

A crescente preocupação mundial com o meio ambiente e a seguridade no fornecimento


energético, colocam o biodiesel no centro das atenções e interesses. Diversos países têm buscado em
diferentes níveis (agronômico e industrial) o caminho do domínio tecnológico para a produção de
biocombustível, (ABBDALA, et al., 2008).

No Brasil, diversas espécies de oleaginosas podem ser utilizadas para esse fim e, dentre elas,
desataca-se o pinhão-manso (Jatropha Curcas L.) que tem características rústicas, é uma espécie
perene e adaptável a distintas condições edafoclimáticas, despertando assim o interesse dos
produtores, do governo e das instituições de pesquisa (SATURNINO et al., 2005). Desta forma, com a
possibilidade do uso do óleo de pinhão-manso para a produção de biodiesel, abrem-se amplas
perspectivas para o aumento das áreas de plantio com esta cultura no semi-árido nordestino (Arruda et
al., 2004).

No entanto, essa região do nosso País também tem, dentre outras características, a deficiência
hídrica no solo durante a maior parte do ano (FERNANDES, 2002), cujas respostas das plantas a essa
condição ambiental podem ser verificadas pela redução na produção de folhas, na área foliar e
acentuação da senescência e abscição foliar. Mediante a diminuição do crescimento da parte aérea,
ocorre conseqüentemente uma diminuição na demanda de fotossintatos, que podem estimular a
expansão do sistema radicular para zonas mais profundas do solo, aumentando assim a razão
raiz/parte aérea (SANTOS; CARLESSO, 1998; TAIZ; ZEIGER, 2004), podem ser verificadas também
reduções na produção de fitomassa que se refletem na produtividade da cultura.

Face ao exposto, o objetivo da presente pesquisa foi avaliar à resposta a seca em mudas de
pinhão manso (Jatropha curcas L.) na fase inicial de desenvolvimento.

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação do Laboratório de Fisiologia Vegetal


pertencente à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no período de janeiro a maio de
2009. Para tanto, foram utilizadas mudas com aproximadamente um mês de idade, provenientes de
sementes coletadas no campo experimental, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal
de Alagoas – UFAL, no Município de Rio Largo, (AL), (09º 27‘57,3‘‘S e 35º 49‘57,4‘‘W). As plântulas

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foram selecionadas de acordo com a uniformidade de tamanho e sanidade, apresentando em média


quatro folhas totalmente expandidas.

O solo experimental foi caracterizado como Neossolo Regolítico, coletado nas profundidades
de 0-20 e 20-40 cm, colocados em camadas sobrepostas, procedente da Estação Experimental do IPA
(Instituto Agronômico de Pernambuco), no município de Caruaru/PE. Optou-se, nessa pesquisa, por
não adubar o solo para reproduzir as condições naturais da Caatinga. Após o transplantio as mudas
foram regadas sob condições hídricas favoráveis (100% da CP) permanecendo assim durante um
período de aclimatação de aproximadamente um mês.

Para a determinação dos tratamentos hídricos, realizou-se a capacidade de pote (CP)


mediante o método gravimétrico, proposto por Sousa et al. (2000). O delineamento experimental
adotado foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos hídricos: 80%, 50% e 20% da CP e
quatro repetições. A manutenção dos diferentes níveis de água foi feita através da pesagem diária dos
vasos, utilizando-se uma balança de precisão da marca Filizola com capacidade para 15 kg,
procedendo-se a complementação do volume da água transpirada por evapotranspiração.

Aos 130 dias após a diferenciação dos tratamentos hídricos (DAD), as plantas foram separadas
em folhas, caule e raízes e levadas a estufa de aeração forçada a 65°C (+ ou - 5°C) até atingirem peso
constante. Com o peso da fitomassa seca (folhas - FSF, caule – FSC, raízes – FSR e total - FST) pode-
se calcular a partição de fotossintatos (alocação de fitomassa) para os diversos órgãos das plantas
(folhas - AFF, caule - AFC e raízes - AFR), da razão raiz/parte aérea (R/Pa), da área foliar total (AFT),
da área foliar específica (AFE) e da razão de área foliar (RAF), feito por meio do método da réplica,
segundo Benincasa (1988).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas


entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade com o auxílio do software Assistat versão
7.5 beta (2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aos 130 dias de exposição ao estresse hídrico, com os dados de fitomassa seca (Tabela 1)
pode-se observar que houve diferença significativa (P<0,05) entre os distintos tratamentos hídricos
apenas para a fitomassa seca das folhas (FSF) e total (FST) havendo reduções na ordem de 351,71%

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e 502,39% se comparadas ao tratamento controle (80% da CP). Verificou-se também que o estresse
moderado (50% da CP) favoreceu uma maior produção de fitomassa para o caule e raízes.

Pesquisa feita por Graciano et al. (2009) avaliando a influência da deficiência hídrica no
acúmulo de solutos orgânicos osmoticamente ativos, nas relações hídricas e no crescimento de duas
cultivares de amendoim (Arachis hypogaea L.) observaram que no tratamento mais severo (suspensão
de rega) verificou-se maiores reduções na produção de fitomassa seca da folha (94,8%), haste
(95,2%), raiz (68,9%) e total (92,7%), respectivamente, diferindo significativamente dos demais
tratamentos hídricos (rega diária e rega a cada 5 dias), exceto para a variável FSR. Maiores reduções
foram verificadas para os valores das biomassas secas da folha e da haste indicando a sensibilidade
desses órgãos à deficiência hídrica.

Quanto à alocação de fitomassa para os diversos órgãos das plantas (Tabela 1), ao final do
período experimental (130 DAD) observou-se um incremento na ordem de 233,87% nas plantas
submetidas ao estresse severo (20% da CP) para a AFF, diferentemente do ocorrido para a AFC onde
o tratamento mais estressado alocou menos fotossintatos (35,20%) se comparadas ao tratamento
controle. Para demais variáveis (AFR e R/Pa) não foram constatadas diferenças estatísticas. Com
relação às variáveis de crescimento (AFT, AFE e RAF) (Tabela 2) foram verificadas reduções
significativas para AFT e AFE. Com relação à AFT aumento significativo foi observado na ordem de
92,96% para o tratamento 50% da CP e redução na ordem de 320,57% para o tratamento de 20% se
comparados ao tratamento controle (80% da CP). A deficiência hídrica causou reduções significativas
de 209,49% para a variável AFE para o tratamento 20% da CP em relação ao tratamento 80% da CP.

Pinto et al. (2008) avaliando o crescimento, distribuição do sistema radicular em amendoim,


gergelim e mamona submetidos a ciclos de deficiência hídrica (controle – rega diária e estressado –
sem rega), verificaram que a mesma causou aumentos significativos na razão raiz/parte aérea nas
culturas de amendoim (46,4%) e gergelim (20,8%), não sendo contatado o mesmo para a mamona.
Para variável área foliar (AF), os autores relataram que a mesma teve reduções na ordem de 37,77%;
40,48% e 67,51%, respectivamente, para as culturas de amendoim, gergelim e mamona em condições
de estresse se comparadas às plantas submetidas ao tratamento controle, sendo mais acentuadas
para as culturas gergelim e mamona do que para o amendoim. Para a área foliar específica (AFE)
verificou-se que a mamona teve incremento na ordem de 19,39% nas plantas estressadas quando
confrontadas as plantas túrgidas. Já para a razão de área foliar (RAF) o déficit hídrico ocasionou
reduções de 9,55% para o gergelim, no entanto, para a mamona houve um aumento de 23,88%
enquanto que no amendoim permaneceu estável.

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CONCLUSÃO

Diante dos resultados encontrados verifica-se que o pinhão manso, mesmo quando cultivada
com a metade do suprimento hídrico necessário (50% da CP), não reduz drasticamente seu
crescimento, evidenciando que a referida espécie pode ser capaz de suportar curtos períodos de seca
na fase de muda.

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Tabela 1. Produção de fitomassa seca para as folhas (FSF), caule (FSC), raízes (FSR) e total (FST), partição de
fotossintatos nas folhas (AFF), no caule (AFC), nas raízes (AFR) e razão raiz/parte aérea em mudas de pinhão manso
submetidas por 130 dias a três tratamentos hídricos.

Tratamentos
FSF (g) FSC (g) FSR (g) FST (g) AFF (%) AFC (%) AFR (%) R/Pa
Hídricos

80% da CP 1,96 a 4,31 ab 3,90 ab 13,63 a 12,79 b 48,53 a 37,11 a 0,5938 a


50% da CP 1,32 ab 6,43 a 4,68 a 12,95 a 13,96 b 49,47 a 37,65 a 0,5662 a
20% da CP 0,56 b 1,62 b 0,98 b 2,71 b 29,91 a 35,90 b 32,18 a 0,4756 a
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0.05).

Tabela 2. Área foliar total (AFT), área foliar específica (AFE) e razão de área foliar (RAF) em mudas de pinhão manso
cultivadas em casa de vegetação submetidas por 130 dias a três tratamentos hídricos.
Tratamentos Hídricos AFT (cm²) AFE (cm²/g MSF) RAF (cm²/g MST)
80% da CP 12738,95 b 3,9001 a 0,4663 a
50% da CP 24581,96 a 4,7388 a 0,3962 a
20% da CP 3973,84 c 1,8617 b 0,2061 a
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0.05).

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SOBREVIVÊNCIA DE Jatropha curcas E Aleurites fordii AOS 120 DIAS APÓS O TRANSPLANTE
NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Andre Luis Vian1; Braulio Otomar Caron2; Velci Queiróz de Souza2; Carlos Busanello3; Elder Eloy4;
Rogério Bamberg4.
1Centro de Educação Superior Norte do RS (CESNORS/UFSM), Campus da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM;
andreufsm@yahoo.com.br. 2Professores do Centro de Educação Superior Norte do RS (CESNORS/UFSM), Campus da
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM; 3Centro de Educação Superior Norte do RS (CESNORS/UFSM), Campus da
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, curso de Agronomia; 4Centro de Educação Superior Norte do RS
(CESNORS/UFSM), Campus da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, curso de Engenharia Florestal.

RESUMO – No início deste novo século novos problemas estão aparecendo para a humanidade. A Era
Petróleo que revolucionou a indústria e o transporte ao se transformar em combustível líquido prático,
abundante e eficiente através do diesel, querosene e gasolina, parece estar chegando ao seu fim. Este
trabalho objetivou verificar os efeitos do clima sobre o pinhão manso e no tungue nas fases iniciais de
desenvolvimento realizando avaliações biométricas de crescimento na região sul do Brasil. O
experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de agronomia, do campus do Centro
de Ensino Superior Norte do RS (CESNORS/UFSM) em Frederico Westphalen, RS. O delineamento
experimental foi blocos ao acaso no esquema bifatorial. Perante a análise estatística realizada, a
cultivar que apresentou melhor índice de sobrevivência no campo foi o pinhão manso obtendo todas as
suas médias acima das médias do tungue.
Palavras-chave – biodiesel; óleo, plantas oleaginosas, pinhão manso, tungue

INTRODUÇÃO

As condições edáfo-climáticas da região do Médio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul,


apresentam potencialidades para a produção das espécies Jatropha curcas L. e Aleurites fordii H.,
porém suas produções não são conhecidas ainda.

A compactação do solo, estiagem, e demais elementos do clima, são responsáveis por


significativas perdas de produtividade em lavouras do Brasil. Por não se aprofundarem, as raízes
exploram menor área do solo para absorção de água e nutrientes e em alguns casos a sustentação da
planta também é prejudicada. A falta de água no solo está diretamente relacionada com a
produtividade. O pinhão manso (Jatropha curcas) é uma planta oleaginosa de alto potencial produtivo e
bem adaptado ao semi-árido que está sendo apontado como uma importante alternativa para

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fornecimento de óleo para fabricação de biodiesel (Arruda et al., 2004). Este trabalho objetivou verificar
os efeitos do clima sobre o pinhão manso (Jatrophas curcas L.) nas fases iniciais de desenvolvimento
na região sul do Brasil.

O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) espécie originária da América do Sul (CORTESÃO,


1956), que pertencente à família das Euforbiáceas, tem se mostrado adaptável a uma vasta gama de
ambientes e condições edafoclimáticas (SATURNINO et al., 2005). O tungue, Aleurites fordii H. é nativo
da Ásia, muito cultivado na China. Das sementes é extraído o óleo (óleo de tungue),
internacionalmente conhecido como ―tung oil‖ ou ―wood oil‖, utilizado nas indústrias de tintas e resinas.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de agronomia, do campus


do Centro de Ensino Superior Norte do RS (CESNORS/UFSM) em Frederico Westphalen, RS. O clima
da região, segundo a classificação de Koeppen (Cfb), corresponde a um clima subtropical úmido, a
temperatura média anual é de 19,1 ºC, com máxima de 38 ºC e mínima de 0º C, com umidade relativa
de 65%. O delineamento experimental foi blocos ao acaso no esquema bifatorial de 2x3, ou seja, 2
espécies (pinhão manso e tungue) e 3 repetições.

As avaliações foram realizadas a cada 30 dias, com a identificação das seguintes variáveis:
Altura da planta e diâmetro de colo. Os dados metereológicos coletados durante os 120 dias do
trabalho foram adquiridos através da estação metereológica localizada no Centro de Educação
Superior Norte do RS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os dados obtidos no dia do transplante das mudas até a conclusão do experimento,
observa-se que em altura de plantas o Pinhão Manso teve rendimento superior ao Tungue quanto a
produção de mudas na saída da casa de vegetação, até os 120 dias avaliados, demonstrando desta
forma que possui crescimento superior a campo também, conforme apresentada a Tabela 2.

Observa-se na Figura 1, o gráfico que mostra o desenvolvimento das plantas nos 120 dias a
campo e nota-se que ocorre um decréscimo na altura das plantas nas duas espécies, observando que
na cultura do pinhão manso a diminuição ocorre a partir dos 30 dias, e na cultura do tungue a partir dos

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60 dias. Este fenômeno pode ser explicado pela Tabela 1, que mostra as médias diárias e as médias
mensais de temperatura e precipitação pluviométrica.

Para os dados obtidos no dia do transplante das mudas até os 120 dias, observa-se que em
diâmetro de colo de plantas o Pinhão manso teve rendimento superior ao Tungue quanto a produção
de mudas na saída da casa de vegetação, até os 120 dias avaliados, demonstrando desta forma que
possui crescimento superior à campo também, conforme mostra a Tabela 2.

Observa-se na Figura 2, o gráfico que mostra o desenvolvimento das plantas de 0 a 120 dias a
campo, nota-se que o incremento no diâmetro de colo das plantas no PM. Para a cultura do tungue
observa-se que a partir dos 90 dias, ocorre uma pequena diminuição do diâmetro. Este fenômeno pode
ser explicado pela Tabela 1, que mostra as médias diárias e as médias mensais de temperatura e
precipitação pluviométrica.

CONCLUSÃO

Perante a análise estatística realizada, a cultivar que apresentou melhor índice de


sobrevivência no campo foi o pinhão manso obtendo todas as suas médias acima das médias do
tungue.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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STUMPF, W, Jr. Unidade é destaque no balanço social 2007. Embrapa Clima Temperado, Pelotas
,n. 624,2008. Linha Aberta.

Figura 1Figura
– Gráfico 1
de – Gráficoentre
comparação de altura
comparação entre
de pinhão manso altura
e tungue. de pinhão manso e tungue.

Figura 2 – Gráfico de comparação entre diâmetro de colo de pinhão manso e tungue.

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Tabela 16 – Valores médios de temperatura do ar e precipitação, acumulados durante cada mês.


Fevereiro Março Abril Maio
Temp Precip Temp Precip Temp Precip Temp Precip
Dias Médio Soma Médio Soma Médio Soma Médio Soma
1 23,71 0 25,74 0 24,46 0 19,39 0,00
2 24,39 0 25,71 3 21,66 0 19,39 0,00
3 23,03 0,8 24,84 0 24,49 0 17,68 2,20
4 23,48 2 28,2 0 25,27 0 18,25 0,00
5 24,54 0 24,18 0,2 21,6 5,6 18,05 0,00
6 23 11,8 22,02 0 21,98 0,2 18,38 0,00
7 22,45 0,2 23,43 0 24,32 0 15,65 0,00
8 25,75 0 24,24 0 24,03 0 15,90 0,00
9 25,64 0 21,85 0 22,77 0 17,82 0,00
10 25,24 0,6 22,67 0 20,15 0 19,27 0,00
11 23,2 51,6 23,89 0 18,52 0 22,04 0,00
12 21,55 0 22,51 7,2 21,26 0 21,25 4,40
13 22,08 0 22,05 0,2 23,4 0 20,34 16,60
14 23,57 0 20,83 0 23,1 0 16,97 113,40
15 23,47 0 20,79 0 21,84 0 10,51 0,20
16 24,46 0,8 21,24 0 21,17 0 9,77 0,00
17 24,6 0 22,23 0 22,48 0 13,61 0,00
18 24,86 11,2 21,8 0 21,87 0 17,32 0,00
19 25,38 0,4 23,48 0 20,13 0 19,54 2,40
20 26,1 0,6 24,14 0 18,82 0,6 20,85 0,00
21 25,14 17,2 23,35 0 18,63 0 21,30 0,00
22 23,63 1,8 23,58 3,8 18,18 1 19,83 0,00
23 24,03 9,2 23,39 0 17,49 3,6 19,91 0,00
24 21,65 9,8 23,15 0 18,61 0 17,94 5,40
25 21,3 0 23,28 0 20,48 0 19,13 2,80
26 21,58 2 24,35 0 20,28 0 20,30 17,40
27 22,26 0,4 22,88 0 21,55 0 18,55 0,40
28 23,56 1 22,83 0 21,02 0 15,40 0,00
29 0 0 19,85 0 11,85 8,20
30 0 0 20,66 0 14,93 113,60
31 0 0 10,30 17,20
Médias 23,7 121,4 21,05 14,4 21,34 11 17,46 304,20
Fonte: Laboratório de Agroclimatologia – LAGRO/CESNORS

Tabela 2 – Valores médios de altura e diâmetro de colo.


periodo espécie h dc espécie h dc
0 PM 25,00 23,13 T 17,00 10,07
30 PM 27,50 23,86 T 17,92 10,41
60 PM 26,33 23,81 T 18,17 10,79
90 PM 25,93 24,17 T 16,52 10,97
120 PM 26,13 24,64 T 15,25 9,04
Fonte: Laboratório de Agroclimatologia – LAGRO/CESNORS

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CERAS CUTICULARES DE Jatropha curcas L. E SEU PAPEL NA PROTEÇÃO CONTRA


FITOPATÓGENOS

Karla Viviane de Figueiredo1; Tatianne Leite do Nascimento2, Antonio Fernando Morais de Oliveira1,
Cristina Maria de Souza Motta2
Universidade Federal de Pernambuco, 1Departamento de Botânica, Recife, PE, Brasil, (81) 2126-7813, e-mail:
karla.vfigueiredo@gmail.com; 2Departamento de Micologia, Recife, PE, Brasil, (81) 2126-8948

RESUMO – Jatropha curcas L. (Euphorbiaceae), conhecido como pinhão-manso, é uma espécie


oleaginosa cujo óleo de suas sementes tem sido empregado como biocombustível. A utilização do óleo
como biodiesel, no entanto, depende da qualidade das sementes, as quais, muitas vezes, estão
associadas à patógenos. Experimentos prévios demonstraram que a remoção dos lipídios cuticulares
dos frutos favorece a contaminação dos mesmos por fungos. O objetivo do presente trabalho foi isolar
e identificar fungos de frutos de J. curcas após a remoção da cera epicuticular. Os frutos de J. curcas
foram coletados em Garanhuns (PE), imersos por 30 segundos em diclorometano para remoção da
cera epicuticular. Em seguida, os frutos foram mantidos em casa de vegetação e acompanhados
diariamente por 10 dias. Os fungos desenvolvidos após esse período foram repicados em ágar
Sabouraund para purificação e em seguida para Batata dextrose ágar (BDA) ou ágar Extrato de Malte
conforme necessidade para identificação, que foi realizada com base nas características morfológicas
macroscópicas e microscópicas, utilizando bibliografia especializada. Após a retirada da cera foram
isoladas cinco espécies: Aspergillus aculeatus, Cladosporium cladosporioides, Colletotrichum
gloeosporioides, Fusarium lateritium, Gilbertella persicaria. e Penicillium commune. Na cera epicuticular
dos frutos de J. curcas há predominância de n-alcanos com C25, C27 e C29 átomos de carbono, além
dos triterpenos α e β-amirina, este último em maior proporção. As respostas observadas com a
remoção da cera epicuticular evidenciam a importância desta para o desenvolvimento do órgão e
proteção contra a ação de patógenos.
Palavras-chave – cutícula, antifúngico, fungos filamentosos

INTRODUÇÃO

As ceras epicuticulares representam a real interface da planta com o meio externo


(BUSCHHAUS ET AL., 2007; GUHLING ET AL., 2005). Nos frutos as propriedades mecânicas da cera
epicuticular mantêm a integridade estrutural dos tecidos. A manutenção do balanço hídrico nos frutos
evita formação de fissuras na superfície, que acarretando na perda de valor econômico e nutricional do
fruto (MATAS ET AL., 2004; SALA, 2000; BUKOVAC ET AL., 1999). A presença da epicutícula e suas
características químicas pode ainda retardar ou até mesmo inibir a proliferação de fungos durante o

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desenvolvimento e após colheita dos frutos, bem como protegê-lo dos danos causados pelo frio
(CHARLES ET AL., 2008; PESIS ET AL., 2000; PRUSKY ET AL., 1991).

Jatropha curcas L. (Euphorbiaceae), também conhecida como pinhão-manso, é um arbusto


encontrado em áreas tropicais e bastante utilizado para fins terapêuticos (diurético, anti-séptico,
anticonvulsivante e tratamento de queimaduras), apesar de seus efeitos tóxicos (OSONIYI & ONAJOBI,
2003; OPENSHAW, 2000). Contudo, o que mais tem chamado a atenção para estudos com a J. curcas
é a riqueza do óleo obtido de suas sementes, fazendo desta uma fonte de matéria-prima para produção
de biodiesel (SHARMA ET AL., 2009; LU ET AL., 2009; ACHTEN ET AL., 2008). Além disso, esta
planta é bem adaptada a solos pouco férteis e com baixa disponibilidade hídrica e também é resistente
a pragas e doenças (JONGSCHAAP ET AL., 2007; ARRUDA ET AL., 2004).

Em virtude da grande importância que as ceras epicuticulares apresentam para o bom


desenvolvimento e manutenção dos frutos de Jatropha curcas L. este trabalho teve como objetivo
verificar a ocorrência e isolar os fungos presentes nos frutos de J. curcas após remoção da cera
epicuticular.

METODOLOGIA

Os frutos foram coletados na Fazenda Estivas localizada no município de Castanhinho


(Garanhuns – PE), a 228 km de Recife (08º53'25 latitude Sul e a 36º29'34" longitude Oeste).

Foram coletados aleatoriamente 30 frutos verdes e separados em 2 grupos com15 frutos cada
(um grupo controle com a cera epicutiicular mantida e um tratamento com 100% da cera epicuticular
removida). A cera epicuticular foi extraída e analisada segundo Oliveira & Salatino (2000). Para isso, os
frutos forma submetidos a 3 extrações sucessivas em diclorometano. O extrato obtido foi concentrado
sob pressão reduzida, e mantido em dessecador até peso constante.

Um perfil cromatográfico da cera dos frutos foi realizado por cromatografia em camada delgada
(CCD) e as frações separadas foram analisadas por cromatografia gasosa e quando necessário as
amostras foram analisadas por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM).

Após 10 dias em casa de vegetação os fungos desenvolvidos nos frutos foram repicados em
meio de cultura contendo Agar, Sabouraund e cloranfenicol para purificação. Em seguida os fungos
foram repicados em meio contendo batata, dextrose e ágar (BDA) ou ágar e extrato de malte, conforme
necessidade para identificação. Esta foi realizada com base nas características morfológicas

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macroscópicas e microscópicas, utilizando bibliografia especializada (DOMSCH ET AL., 1993; PITT,


1991; RAPER E FENNELL,1977).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a remoção da cera epicuticular dos frutos de Jatropha curcas L. foram isoladas cinco
espécies de fungos: Aspergillus aculeatus, Cladosporium cladosporioides, Colletotrichum
gloeosporioides, Fusarium lateritium, Gilbertella persicaria e Penicillium commune.

Umas das principais doenças no cultivo de J. curcas é a Antracnose, causada por


Colletotrichum gloeosporioides. Esses fungos causam manchas foliares que podem evoluir para a
queima completa das folhas. Os frutos podem ser também infectados, com lesões de coloração
marrom-escura (TOMINAGA ET AL., 2007). A formação de apressório e germinação do esporo de C.
gloesporioides depende de sinais químicos emitidos pela superfície do órgão. Esse fungo não
consegue penetrar na superfície foliar de arroz, mas em abacate encontra facilidade para seu
estabelecimento (PODILA ET AL., 1993; PRUSKY ET AL., 1991). Essa característica tem sido
correlacionada a presença de triterpenos polares na cera epicuticular do abacate (KOLATTUKUDY ET
AL., 1995)

Na cera epicuticular dos frutos de J. curcas há predominância de n-alcanos com C25, C27 e
C29 átomos de carbono, além dos triterpenos α e β-amirina. Estes triterpenos estão associados à
resistência a ataques de insetos (EIGENBRODE & ESPELIE, 1995; EIGENBRODE ET AL., 1991) e
microrganismos patogênicos (BELDING ET AL., 2000). As respostas observadas com a remoção da
cera epicuticular evidenciam a importância desta para o desenvolvimento do órgão e proteção contra a
ação de patógenos.

CONCLUSÃO

A importância ecofisiológica da cera epicuticular dos frutos do pinhão-manso possivelmente


está relacionada a presença de β-amirina. Este triterpeno é responsável pela proteção contra
patógenos em várias espécies, e em J. curcas, atua como um fungistático natural.

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COMPONENTES MONOCÍCLICOS DO MOFO CINZENTO (Amphobotrys ricini) EM FRUTOS DE


DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA1

Dartanhã José Soares1; Jacilane Fernandes do Nascimento1; Alderi Emídio de Araújo1


1 Embrapa Algodão; dartanha@cnpa.embrapa.br

RESUMO – O mofo cinzento da mamoneira é uma das doenças economicamente mais importantes
desta cultura. Existem vários trabalhos desenvolvidos visando à seleção de genótipos resistentes a
esta doença, mas a maioria foi realizada sob condições de campo e sem uma metodologia bem
estabelecida para a avaliação dos níveis da doença e sujeita a uma série de variáveis não controláveis.
Os componentes monocíclicos são determinantes para o desenvolvimento das epidemias e estes
podem variar em função dos diferentes níveis de resistência do hospedeiro e serem utilizados para
seleção de genótipos. No presente trabalho procurou-se avaliar a possibilidade do período de
incubação, período latente e a produção de esporos serem utilizados como variáveis para a
diferenciação de genótipos de mamoneira com relação à resistência ao mofo cinzento. O PI e PL não
foram úteis na diferenciação de genótipos, no entanto por meio da variável produção de esporos foi
possível diferenciar os genótipos testados, semelhantemente a estudos conduzidos em condições de
campo.
Palavras-chave – Amphobotrys ricini; Epidemiologia; Mofo cinzento; Ricinus communis

INTRODUÇÃO

O mofo cinzento da mamoneira, causado por Botryotinia ricini (Godfrey) Whetzel (anamorfo:
Amphobotrys ricini (N.F. Buchw.) Hennebert), é uma das doenças economicamente mais importantes
desta cultura em virtude da rápida e completa destruição dos cachos. Esta doença está presente em
praticamente todos os países produtores de mamona (KOLTE 1995).

Sabe-se que o mofo cinzento é uma doença policíclica, ou seja, o patógeno completa vários
ciclos de vida em um mesmo ciclo do hospedeiro, e que condições climáticas de alta umidade e
temperaturas amenas são favoráveis ao desenvolvimento da doença. No entanto, não existem estudos
para determinar o papel das variáveis do ambiente, principalmente temperatura e umidade, sobre os
componentes monocíclicos deste patógeno. O conhecimento destes componentes pode auxiliar os

1
CNPq

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programas de melhoramento no sentido de selecionar materiais que apresentem diferentes níveis de


resistência à A. ricini.

Recentemente, em um trabalho desenvolvido por Silva et al. (2008), concluiu-se que a


esporulação em frutos, sob condições controladas, poderia ser utilizada como variável para avaliação
da resistência ao mofo cinzento. Apesar de terem sido obtidos resultados animadores, a metodologia
utilizada não permitiu a diferenciação do período de incubação e período latente do fungo em função
do genótipo do hospedeiro, bem como permitia que o patógeno fosse capaz de esporular mesmo no
caso deste não ter sido capaz de colonizar os frutos do hospedeiro.

Assim, no presente trabalho, pretendeu-se adaptar e revalidar a metodologia previamente


utilizada de forma a simular condições mais próximas ao natural e que consequentemente permitisse
uma melhor diferenciação dos genótipos do hospedeiro quanto aos componentes monocíclicos
previamente mencionados.

METODOLOGIA

Foram realizados dois ensaios seguindo-se a metodologia adaptada de Silva et al. (2008). No
primeiro ensaio foram utilizados os genótipos de mamoneira BRA 3182, BRA 3271, BRA 4987, BRA
5916, enquanto que no segundo ensaio foram utilizados os genótipos BRA 4387, BRA 6548, BRA
8745, BRS Energia, BRS Nordestina e CNPAM 93-168. Os frutos foram obtidos a partir de plantas
cultivadas no campo experimental da Embrapa Algodão em Campina Grande, e que apresentavam
aproximadamente a mesma idade fenológica. Os frutos foram lavados em água corrente e em seguida
mergulhados por 30 segundos em álcool 70% e posteriormente em hipoclorito de sódio 0,5% por mais
30 segundos. O excesso de hipoclorito de sódio foi removido em água destilada esterilizada e os frutos
foram então dispostos sobre papel de filtro esterilizado e deixados secar sob condições de ambiente
por aproximadamente duas horas. Após secos, os frutos foram pulverizados, com auxílio de um
atomizador tipo DeVilbis, com uma suspensão de esporos obtida de uma mistura de isolados de
Amphobotrys ricini e ajustada para 2 x 105 esporos.ml-1, com auxílio de uma câmara de Neubauer. As
caixas gerbox foram previamente esterilizadas com hipoclorito de sódio 0,5%, e posteriormente
forradas com duas folhas de papel de filtro esterilizado e umedecido. Os frutos foram dispostos
equidistantes nas caixas gerbox e estas foram tampadas e lacradas com filme plástico e então
acondicionadas em uma câmara de crescimento tipo B.O.D. com temperatura ajustada para 25 + 1ºC e
fotoperíodo de 12 horas. A aferição da temperatura e da umidade relativa dentro das caixas gerbox foi

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feita com o auxílio de um datalogger tipo Hobo®. Para as avaliações do período de incubação (PI) e do
período latente (PL) foram realizadas inspeções visuais a cada oito horas. Ambos PI e PL foram
determinados com base no número de horas necessários para que 50% dos frutos inoculados
apresentassem os primeiros sintomas (PI) e os primeiros sinais de esporulação do fungo (PL). A
determinação da produção de esporos (ESP) foi realizada no sétimo dia após a inoculação. Para tal os
quatro frutos de cada repetição foram lavados, em 100 mL de álcool 50% e a contagem do número de
esporos por mL foi realizada em câmara de Neubauer por meio de quatro contagens individuais, as
quais foram utilizadas para determinar a média de esporos por mL de cada repetição. Foram utilizadas
quatro repetições, totalizando 16 frutos por genótipo. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso
sendo que cada prateleira da câmara de crescimento foi considerado um bloco. Para a realização das
análises estatísticas os dados de esporulação foram transformados para base logarítmica para melhor
atender as pressuposições da análise de variância e as médias foram comparadas entre si pelo teste
de Tukey utilizando-se o pacote estatístico SAS® 9.1.9.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve diferença quanto ao PI, PL e ESP em função do genótipo. No primeiro ensaio o PI


variou de 64 a 88 horas, enquanto o PL variou de 80 a 144 horas. Já a esporulação variou de 7,031 x
104 a 5,820 x 105 esporos.mL-1 (Tabela 1). No segundo ensaio o PI variou de 48 a 56 horas, enquanto
o PL variou de 72 a 96 horas. Neste ensaio a esporulação variou de 1,273 x 10 7 a 3,339 x 107
esporos.ml-1 (Tabela 2).

No primeiro ensaio houve 100% de correlação entre a duração do PI e PL com a esporulação.


Quanto maior o PI e PL, menor foi a esporulação (Tabela 1). No segundo ensaio essa correlação não
foi evidente (Tabela 2).

No presente trabalho, apesar de haver diferenças quanto ao PI e PL em função do genótipo, a


utilização destes como variáveis para a determinação da resistência ao mofo cinzento parece não ser
possível uma vez que no segundo ensaio onde foram utilizados genótipos considerados contrastantes
(BRS Energia – suscetível e CNPAM 93-168 – resistente) quanto à resistência ao mofo cinzento em
condições de campo, estas variáveis não permitiram a diferenciação destes. Ambos os genótipos
contrastantes apresentaram o mesmo PI (56 horas) e PL com apenas oito horas de diferença sendo
que o genótipo suscetível apresentou maior PL do que o genótipo tido como resistente (Tabela 2).

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Por outro lado, a variável produção de esporos permitiu a diferenciação dos genótipos testados
em ambos os ensaios (Tabelas 1 e 2) (Figura 1). Esta variável corroborou estudos de campo realizados
anteriormente onde a linhagem CNPAM 93-168 foi considerada resistente, enquanto a cultivar BRS
Nordestina apresentou um comportamento intermediário (COSTA et al. 2004). A cultivar BRS Energia
apresentou a maior produção de esporos e foi considerada a mais suscetível entre os genótipos
testados (Tabela 2).

CONCLUSÕES

A metodologia utilizada foi satisfatória para a diferenciação de genótipos de mamoneira quanto


à resistência ao mofo cinzento.

O período de incubação e o período latente não foram úteis para a diferenciação de genótipos
de mamoneira quanto à resistência ao mofo cinzento.

Foi possível diferenciar os genótipos testados quanto à resistência ao mofo cinzento por meio
da variável esporulação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KOLTE, S. J. Castor: Disease and Crop Improvement. Shakarpur, Delhi: Shipra Publications,
1995. 119 p.

COSTA, R. S.; SUASSUNA, T. M. F.; MILANI, M.; COSTA, M. N.; SUASSUNA, N. D. Avaliação
de resistência de genótipos de mamoneira ao mofo cinzento (Amphobotrys ricini). In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Energia e Sustentabilidade. Anais...Campina
Grande: Embrapa Algodão, 2004. 1 CD-ROM.

SILVA, J. A.; SUASSUNA, N. D.; COUTINHO, W. M.; MILANI, M. Esporulação de Amphobotrys


ricini em frutos de mamoneira como componente de resistência ao mofo cinzento. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA, 3., 2008, Campina Grande. Energia e Sustentabilidade. Anais...Campina
Grande: Embrapa Algodão, 2008. 3 CD-ROM.

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Tabela 1 - Período de Incubação, Período Latente e Esporulação de Amphobotrys ricini em frutos de diferentes genótipos
de mamoneira (primeiro ensaio).
Genótipo PI * PL ** ESP (no. de esporos.ml-1 x 104) ***
BRA 5916 64 80 58,203 a
BRA 4987 72 88 34,765 b
BRA 3271 80 96 20,703 c
BRA 3182 88 144 7,031 d
*PI = período de incubação em horas após a inoculação.
**PL = período latente em horas após a inoculação.
*** Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. CV = 1,56.

Tabela 2 - Período de Incubação, Período Latente e Esporulação de Amphobotrys ricini em frutos de diferentes genótipos
de mamoneira (segundo ensaio).
Genótipo PI * PL ** ESP (no. de esporos.ml-1 x 107) ***
BRS Energia 56 80 3,339 a
BRA 4387 48 72 2,292 ab
BRS Nordestina 48 72 2,292 ab
BRA 6548 56 80 1,359 bc
CNPAM 93-168 56 72 1,355 bc
BRA 8745 48 96 1,273 c
*PI = período de incubação em horas após a inoculação.
**PL = período latente em horas após a inoculação.
*** Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. CV = 1,89.

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Figura 1 – Reação de diferentes genótipos de mamoneira quanto à esporulação no segundo ensaio realizado sob condições
controladas. Nas colunas: BRS Energia; BRA 4387; BRS Nordestina; BRA 6548; CNPAM 93-168; BRA 8745,
respectivamente. Nas linhas: Arquitetura do cacho; 48; 56; 64; 72; 88; 96; 104; 128 e 152 horas após inoculação,
respectivamente.

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CONTROLE AGROECOLÓGICO DO ÁCARO BRANCO (Polyphagotarsonemus latus, BANKS), NA


FASE INICIAL DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)

José Thyago Aires Souza1; Alexandra Leite de Farias¹; Suenildo Jósemo Costa Oliveira2; Fábio Agra de
Medeiros Nápoles2; Carlos Alberto Vieira de Azevedo3
1 Alunos do Curso Bacharelado em Agroecologia, CCAA/UEPB; 2 Professor Dr. do Centro de Ciências Agrárias e
Ambientais da UEPB; 3 Professor Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da UFCG

RESUMO – O pinhão manso (J. curcas L.) vem despertando grande interesse por parte das Instituições
de pesquisa e governamentais, por sua viabilidade na produção do biodiesel. Este trabalho teve como
objetivo avaliar a intensidade do ataque de ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus Banks) em
folhas de pinhão manso aos dois meses de idade submetidas à aplicação da urina de vaca e
manipueira. O experimento foi conduzido em condições de campo, composto por 25 tratamentos e 4
repetições. A aplicação de urina de vaca foi feita a uma concentração de 10% e a manipueira a 50%,
ambas em diferentes dosagens. Após a aplicação destes bioinseticidas, foram feitas observações
durante 45 dias e realizadas contagens simples das folhas com sintomas do ataque do ácaro,
avaliando-se o percentual de plantas atacadas. A aplicação de 37,5 ml/planta de urina de vaca e 125 e
375 ml/planta de manipueira foram as menos eficientes no controle do ácaro branco. Já a aplicação de
25 e 125 ml/planta/ de urina de vaca e 0; 25 e 50 ml/planta de manipueira foram as mais eficientes no
controle do ácaro branco.
Palavras-chave – Biodiesel; fitófagos; manipueira; urina de vaca

INTRODUÇÃO

A procura por fontes de energia ecologicamente corretas passa por um cenário em destaque,
devido às mudanças climáticas existindo uma grande tendência emergente para o uso dos produtos
agrícolas como substitutos dos combustíveis fósseis. O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma
planta de multiuso, produtora de óleo (média de 37%) com todas as qualidades necessárias para ser
transformado em biodiesel, baseando-se na expectativa de que a planta tenha alta produtividade de
óleo, baixo custo de produção, ser perene e ser persistente a seca (OLIVEIRA, 2009).

De acordo com Heller (1996) e Arruda (2004) o pinhão manso é tido como uma planta
resistente a pragas e doenças, devido ao seu látex cáustico, que flui quando ocorre um ferimento em
seus tecidos, no entanto Vedana (2006) relata que pequenas plantações existentes estão começando a

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sofrer ataques de pragas, como o mofo branco, o ácaro branco e vermelho e de alguns percevejos,
além da cigarrinha.

A urina de vaca é um substituto natural aos agrotóxicos e adubos químicos utilizados na


agricultura, pois é composta por substâncias que, reunidas, melhoram a saúde das plantas, tornando-
as mais resistentes às pragas e doenças (PESAGRO-RIO, 2001).

A manipueira é um líquido de aspecto leitoso e cor amarelo–claro, possuindo um odor ácido


forte, proveniente do processamento de raízes de mandioca podendo ser utilizada como fertilizante,
herbicida (FIORETTO, 2002), inseticida (PONTE et. al., 1992), nematicida (PONTE e FRANCO, 1981)
e biosurfactantes (SANTOS et. al., 2000).

O ácaro branco, Polyphagotarsonemus latus (Banks 1904) (Acarina: Tarsonemidae), é um


ácaro polífago (que se alimenta de várias plantas) e que eventualmente pode causar danos ao pinhão
manso. Ele incide nas folhas novas tornando-as coriáceas (rijas e resistentes, mais espessas, com
pequenos cristais espalhados que dificultam curvaturas do limbo e o funcionamento dos estômatos) e
quebradiças. (ALBUQUERQUE et. al., 2007).

Este trabalho teve como objetivo avaliar a intensidade do ataque do ácaro branco
(Polyphagotarsonemus latus, Banks) em folhas de pinhão manso aos dois meses de idade submetidas
à aplicação dos bioinseticidas: urina de vaca e manipueira.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado, em condições de campo, no Centro de Ciências Agrárias e


Ambientais, pertencente á Universidade Estadual da Paraíba - UEPB, Campus-II, Lagoa Seca/PB. No
período compreendido entre os meses de Janeiro e Abril, para este trabalho foram observadas 100
plantas de Jatropha curcas L.

O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com 25 tratamentos, e 4


repetições, para a execução do trabalho foram utilizadas doses de manipueira à 50% e urina de vaca à
10%, em diferentes quantidades (vide tabela 1-anexo).

A urina foi coletada de vacas em lactação pertencentes á criadores da região, os quais


possuem suas propriedades nas proximidades do Campus; e passou por um período de repouso de
aproximadamente 10 dias, já a manipueira foi coletada em casas de farinha localizadas também nas

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proximidades do Campus, passando por um período de repouso de aproximadamente 8 dias, tanto a


urina quanto a manipueira foram armazenadas em recipientes plásticos hermeticamente fechados.

A urina de vaca e a manipueira foram aplicadas via foliar no período da manhã com
pulverizador manual previamente calibrado com capacidade para 2 litros, tendo-se a primeira aplicação
feita dois meses após o plantio das mudas; durante o período do experimento foram feitas 2
aplicações, em intervalos de 15 dias, alternadamente.

Após a primeira aplicação as plantas foram avaliadas durante um período de um mês e meio,
através de observação simples, verificando-se as injúrias provocadas pelo ataque do ácaro branco nas
folhas. Os dados coletados foram avaliados com base em percentual de plantas atacadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O controle do ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus, Banks), utilizando manipueira e urina


de vaca foi satisfatório tendo-se em vista que apenas 12% das plantas foram atacadas pelo ácaro, o
pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta muito susceptível ao ataque do ácaro branco,
podendo este causar danos no desenvolvimento fisiológico da planta, dentre as plantas atacadas, as
que receberam as quantidades de 125 e 250 ml via foliar numa concentração de 10% de urina de vaca
apresentaram menor incidência do ataque do ácaro, já a manipueira apresentou um percentual mais
baixo dentre as plantas atacadas nas quantidades de 0; 500 e 1000 ml via foliar na concentração de

As plantas que receberam a quantidade de 375 ml da mistura via foliar com urina de vaca à
uma concentração de 10% obtiveram maior incidência do ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus,
Banks), entre elas algumas foram severamente atacadas, a quantidade de manipueira que
proporcionou maior incidência do ácaro foram as que receberam a quantidade de 250 e 750 ml da
mistura via foliar numa concentração de manipueira á 10%.

CONCLUSÃO

O controle do ácaro branco na fase inicial da cultura do pinhão manso (Jatropha curcas L.) foi
mais eficiente quando utilizou-se a urina de vaca nas quantidades de 25 e 125 ml/planta/aplicação, já a
manipueira tornou-se mais eficiente quando foi utilizada nas quantidades de 125 e 375
ml/planta/aplicação.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, W. G. ; OLIVEIRA, S. J. C.; SEVERINO, Liv Soares ; FREIRE, M. A. O. ; BELTRÃO,
N. E. de M. . Intensidade do ataque de ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus, Banks) em folhas de
pinhão manso (Jatropha curcas L.) em função da adubação nitrogenada. In: II CONGRESSO DA REDE
BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE BIODIESEL, 2007, Brasília. Livro de Resumos. Brasília : ABIPTI,
2007. v. 1. p. 46-47.
ARRUDA, F. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; ANDRADE, A. P.de; PEREIRA, W. E. ; SEVERINO, L. S..
―Cultivo do Pinhão Manso (Jatrofa curcas L.) como Alternativa para o Semi-Árido Nordestino‖. Revista
Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas, v. 8 , n. 1 , p. 789-799, Campina Grande, PB. 2004..
FIORETTO, R. A. Uso direto da manipueira em fertirrigação. Manejo, Uso e Tratamento de
Subprodutos da Industrialização da Mandioca. São Paulo: Fundação Cargill, 2002.
HELLER, J. Physic nut. Jatropha curcas L. Promoting the conservation and use of underutilized
and neglected crops. 1. Institute of Plant Genetics and Crop Plant Research, Gatersleben/
International Plant Genetic Resources Institute, Rome. 1996. 66p.
OLIVEIRA, S. J. C. Componentes do crescimento do pinhão manso (Jatropha curcas L.) em função
da poda e adubação mineral. Areia – PB, 2009. 110p. Tese (Doutorado em Agronomia: Agricultura
Vegetal). Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal da Paraíba. 2009.
PESAGRO-RIO - EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Urina de vaca: alternativa eficiente e barata. Niterói, 2001. 8p. (PESAGRO-RIO. Documento, 68)
PONTE, J. J. da; FRANCO, A. Manipueira, um nematicida não convencional de comprovada
potencialidade. Publicação da Sociedade Brasileira de Nematologia, v. 5, p.25-33, 1981.
PONTE, J. J. da; FRANCO, A.; SANTOS, J.H.R. Eficiência da manipueira no controle de duas pragas
da citricultura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MANDIOCA, 7, 1992, Recife. Anais...Recife:
Sociedade Brasileira de Mandioca, p. 59, 1992.
SANTOS, C. F. C.; PASTORE, G. M.; DAMASCENO, S.; CEREDA, M. P. Produção de biosurfactantes
por linhagens de Bacillus subtilis utilizando manipueira como substrato. Revista Ciência e Tecnologia
de Alimentos, v. 33, p. 157- 161, 2000.
VEDANA, U. O futuro do Pinhão Manso (Jatropha curcas), 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível
em <http://www.biodieselbr.com/blog/2006/10/o-futuro-do-pinhao-manso-jatropha -curcas/>. Acessado
em 20/4/2010.

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Tabela 1 – Tratamentos utilizados no experimento do pinhão manso conduzido agroecologicamente. Lagoa Seca, PB. 2010.

Tratamentos Urina (ml) Manipueira (ml)

T1 0 0
T2 0 125
T3 0 250
T4 0 375
T5 0 500
T6 112,5 0
T7 112,5 125
T8 112,5 250
T9 112,5 375
T10 112,5 500
T11 225 0
T12 225 125
T13 225 250
T14 225 375
T15 225 500
T16 337,5 0
T17 337,5 125
T18 337,5 250
T19 337,5 375
T20 337,5 500
T21 450 0
T22 450 125
T23 450 250
T24 450 375
T25 450 500

50
45
40
35
30
25
% 20
15
10
5
0
0 T2 T4 T6 T8 T10 T12 T14 T16 T18 T20 T22 T24
Tratamentos

Figura 1 – Percentual de plantas do pinhão manso (J. curcas L.) atacadas pelo ácaro branco (P. latus). Lagoa Seca, PB.
2010.

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DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE AFLATOXINAS EM GRÃOS DE AMENDOIM INOCULADOS


ARTIFICIALMENTE COM Aspergillus parasiticus EM FUNÇÃO DE DIFERENTES PERÍODOS DE
INCUBAÇÃO1

Pollyne Borborema Alves de Almeida1; Tatiana Silva Santos2; Wirton Macedo Coutinho3
1Bolsista CNPq, graduada em Ciências Bilógicas - pollynecaroca@hotmail.com; 2 Doutoranda na UFCG –
tatysilvasantos@hotmail.com; 3 Pesquisador da Embrapa Algodão -wirton@cnpa.embrapa.br

RESUMO –. Objetivou-se neste trabalho avaliar o nível de contaminação de aflatoxinas em grãos de


amendoim inoculados artificialmente com uma cepa toxicogênica de Aspergillus parasiticus em função
de diferentes períodos de incubação. Os grãos de amendoim foram previamente irradiados com
irradiação gama (60CO) na dose de 25 kGy (Kilograys) e inoculados artificialmente com inóculo em pó
de A. parasiticus na concentração de 30 x 105 esporos/g de caolim em pó. Para simular as condições
ideais de umidade e temperatura à produção de micotoxinas por fungos toxicogênicos, 800 g de grãos
de amendoim foram fracionados em porções de 200 g e acondicionados em dessecadores contendo
solução salina saturada de nitrato de potássio - KNO3 (93,58% UR) no interior de câmaras BOD
ajustadas à temperatura de 30°C e fotoperíodo de 12 horas, durante 28 dias. A cada sete dias de
incubação foi realizado o teste de sanidade dos grãos, extração, identificação e quantificação das
aflatoxinas associadas. O isolado testado não produziu aflatoxinas aos 7 dias de incubação; aos 14
dias, A. parasiticus produziu apenas as aflatoxinas B1 (6,0 µg.kg-1) e G1 (5,1µg.kg-1). A partir de 21 dias
de incubação, o isolado de A. parasiticus sintetizou elevadas concentrações das aflatoxinas B1 – 21
dias (86,7 µg.kg-1), 28 dias (960,0 µg.kg-1); G1 – 21 dias (89,1 µg.kg-1), 28 dias (505,6 µg.kg-1); e G2 –
21 dias (27 µg.kg-1), 28 dias (713,3 µg.kg-1). A aflatoxina B2 não foi detectada nos grãos de amendoim
utilizados neste estudo.
Palavras-chave – Arachis hypogaea, Micotoxinas B1, G1 e G2.

INTRODUÇÃO

As aflatoxinas são as principais micotoxinas e representam o maior perigo associado à cadeia


produtiva do amendoim. São produzidas principalmente pelos fungos Aspergillus flavus Link e A.
parasiticus Speare em condições favoráveis de umidade e temperatura (CAST, 2003).

A contaminação por aflatoxinas em amendoim é decorrente principalmente de falhas no


controle da umidade e temperatura, tanto na produção quanto no armazenamento, que favorecem o
desenvolvimento de fungos toxicogênicos. No campo de produção, as micotoxinas podem ser

1 Embrapa Algodão / PIBIC

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produzidas quando ocorrem elevadas temperaturas e estresse hídrico prolongado durante as últimas
três a seis semanas do ciclo da cultura, enquanto no armazenamento a produção desses metabólitos
secundários é favorecido pelo alto teor de umidade dos grãos (FONSECA, 2009).

Apesar do avanço em relação ao conhecimento dos fatores que favorecem a produção de


aflatoxinas, pouco se sabe a partir de quanto tempo após a infecção por fungos toxicogênicos são
produzidas as micotoxinas. Essa informação é importante para que se possam definir estratégias de
controle de micotoxinas, desde o manejo da cultura no campo de produção até a seleção de genótipos
resistentes aos fungos toxicogênicos. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi estudar o nível
decontaminação de aflatoxinas em grãos de amendoim inoculados artificialmente com A. parasiticus
em função de diferentes períodos de incubação.

METODOLOGIA

O estudo foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Algodão. Foram utilizados


grãos de amendoim da cultivar BRS Havana (safra 2006/2007) irradiados com radiação gama, na dose
de 25 kGy (Kilogray), para eliminar todos os microrganismos associados.

Os grãos foram previamente analisados quanto à contaminação por micotoxinas, não sendo
detectadas aflatoxinas associadas e, em seguida inoculados com uma cepa toxicogênica de A.
parasiticus (#IMI242625), produtora das aflatoxinas B1, B2, G1 e G2, na forma de pó. O inóculo foi
preparado utilizando esporos desidratados do fungo misturado à caolim em pó, conforme metodologia
descrita por Andrade (2008). Utilizou-se 1 g do inóculo em pó de A. parasiticus, ajustado para 30 x 105
esporos/g de caolim para cada 1 kg de grãos de amendoim.

Os grãos de amendoim foram incubados em condições de umidade e temperatura ótimas para


produção de micotoxinas, ou seja, umidades relativas do ambiente superiores a 85% e temperaturas de
30 oC ± 2 ºC. Para simular essas condições, 800 g de grãos foram fracionados em porções de 200 g e
acondicionados em dessecadores contendo solução salina saturada de nitrato de potássio - KNO3
(93,58% UR) no interior de câmaras BOD ajustadas à temperatura de 30°C e fotoperíodo de 12 horas,
durante 28 dias. Aos 7, 14, 21 e 28 dias foram realizados testes para avaliação da sanidade e detecção
e quantificação das aflatoxinas associadas aos grãos

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Teste de sanidade

Para avaliação da sanidade, 100 grãos de cada tratamento foram distribuídos em placas de
Petri esterilizadas de 9,0 cm de diâmetro (10 grãos/placa de Petri), contendo 20 mL de meio Czapeck
Ágar previamente esterilizado. As placas contendo os grãos foram incubadas em câmara de
crescimento com temperatura de 20 oC ± 2 oC e fotoperíodo de 12 horas, durante sete dias. Após esse
período, foi realizada a identificação e a contagem dos grãos contaminados com A. parasiticus e outros
fungos associados, examinando individualmente as sementes ao microscópio estereoscópico

Extração, identificação e quantificação das aflatoxinas

Para cada tratamento empregado (dias de incubação) foram utilizados 200 g de grãos de
amendoim, os quais foram moídos e peneirados em malha de 20 Mesh. Depois de peneirado, cada
tratamento foi acondicionado em embalagem hermeticamente fechada e mantidas em freezer (-20 oC)
até a realização da extração.

Para as extrações das aflatoxinas foi adotada a metodologia descrita em Brasil (2000)
modificado (IN nº. 09, de 24 de março de 2000, DOU Seção 1, p. 35-41, 30 mar. 2000).

A análise das aflatoxinas nos grãos foi realizada por meio de cromatografia em camada
delgada (CCD), utilizando-se cromatofolhas de alumínio da marca Merck (KIESEL GEL-60 / 1.05553),
com comprimento e largura de 10 cm e espessura de 0,2 mm.

Nas cromatofolhas foram aplicados 6 µL das amostras e 3, 4 e 6 µL dos padrões B1 e G1 (15


µg.mL-1) e B2 e G2 (10 µg.mL-1), distribuídos em pontos previamente marcados nas cromatoplacas.
Após a aplicação dos padrões e das amostras foi realizada a eluição bidirecional, utilizando-se para
isso uma cuba de vidro com clorofórmio:acetona (9:1) e, em seguida, outra cuba contendo o eluente
tolueno:acetato de etila:ácido fórmico (5:4:1). Após a eluição, a cromatofolha foi retirada da cuba e,
após a evaporação da solução, a mesma foi colocada em câmara com luz ultravioleta de 366 nm para
a observação da presença de manchas fluorescentes indicativas de aflatoxinas.

A concentração de cada aflatoxina detectada foi calculada de acordo com a fórmula:

(Y
*S*
V)
(
Concentraç
ão
g/kg
)=
(
X*W
)

Em que: Y = concentração do padrão de aflatoxina (µg/mL); S = volume em µL do padrão da


toxina com fluorescência equivalente à amostra; V = volume final do extrato da amostra em µL; X =
volume aplicado do extrato (amostra) em µL; W = massa da amostra em gramas no extrato final.

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Análise estatística

Utilizou o delineamento em blocos ao acaso com quatro tratamentos (períodos de


armazenamento – 7, 14, 21 e 28 dias) e cinco repetições, sendo cada unidade amostral composta por
200 g de grãos de amendoim moído. Em razão de não se ter verificado homogeneidade de variâncias,
as análises estatísticas foram realizadas utilizando-se modelos lineares generalizados, por meio da
rotina GENMOD do sistema estatístico SAS® versão 9.1.3 (SAS Institute, Inc. Care, NC, USA). As
análises de deviance (testes de razão de verossimilhanças para as fontes de variação controladas no
modelo) foram realizadas de forma sequencial (tipo I).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A inoculação artificial de A. parasiticus foi eficaz na contaminação e/ou infecção de 100% dos
grãos (Tabela 1). Apenas três das quatro aflatoxinas analisadas foram detectadas - B1, G1 E G2 (Figura
1). A aflatoxina B2 não foi constatada nos grãos analisados.

Na avaliação da contaminação por aflatoxinas, verificaram-se diferenças estatísticas


significativas (P < 0,001) entre os tratamentos estudados (períodos de incubação de 7, 14, 21 e 28
dias), tanto na detecção quanto na quantificação das aflatoxinas B 1, G1 e G2 associadas aos grãos. A
concentração (µg.kg-1) das aflatoxinas detectadas variou em função do período de incubação.

Não se constatou contaminação por aflatoxinas nos grãos com 7 dias de incubação. Aos 14
dias de incubação, constatou-se contaminação dos grãos apenas com as aflatoxinas B1 (6,0 µg.kg-1) e
G1 (5,1 µg.kg-1). Com esses níveis de contaminação, o lote não seria descartado para o consumo
humano, uma vez que o Ministério da Saúde determina o limite máximo de contaminação de 20 µg.kg-1
para o somatório das aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 (BRASIL, 2002).

Aos 21 dias de incubação dos grãos, houve um aumento significativo no nível de contaminação
das aflatoxinas B1 (86,7,0 µg.kg-1) e G1 (89,1 µg.kg-1), assim como a detecção da aflatoxina G2 (27,0
µg.kg-1), o que implicaria no descarte do lote para o consumo, segundo os padrões de contaminação
estipulados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2002). Aos 28 dias de incubação, houve um incremento
da contaminação dos grãos de forma exponencial, com níveis elevados – B1 (960,0 µg.kg-1), G1 (505,6
µg.kg-1) e G2 (713,3 µg.kg-1). Nesse período de incubação verificou-se abundante crescimento do
fungo A. parasiticus sobre os grãos de amendoim.

A produção de micotoxinas por espécies de Aspergillus tem sido extensivamente estudada em


diferentes condições de umidade e temperaturas; entretanto, poucos estudos têm sido realizados para

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se determinar o tempo que fungos toxicogênicos demandam para produzir micotoxinas em condições
ótimas de umidade e temperatura para o seu desenvolvimento. A maioria dos estudos tratam da
produção de micotoxinas em meios de cultura sintéticos ou semi sintéticos e não sobre grãos.

Dentre os trabalhos realizados com grãos, destaca-se o de Winn e Lane (1978), que
inocularam grãos de milho e sorgo com uma cepa toxicogênica de A. flavus, incubaram à 25 oC e 30 oC
em ambiente com umidade relativa de 90%, durante 48 e 72 horas, e constataram a produção das
aflatoxinas B1 e B2 nesse curto período de incubação.

Em um outro estudo, Diener e Davis (1968) detectaram elevados índices de aflatoxinas em


grãos de amendoim inoculados com A. parasiticus e incubados durante 7 e 15 dias em temperaturas
de 25 oC e 30 oC. Os resultados obtidos por esses autores diferem dos resultados obtidos neste
estudo, quando não foram detectadas aflatoxinas associadas aos grãos de amendoim inoculados com
um isolado de A. parasiticus incubados por um período de 7 dias. Esse resultado contrastante pode
está relacionado à fatores genéticos, como a capacidade em produzir micotoxinas de cada isolado
fúngico.

Em vários outros estudos tem se constatado considerável variação na capacidade para


produzir aflatoxinas pelas diversas linhagens do grupo A. flavus, mesmo quando são isoladas da
mesma fonte (LEAICH; PAPA, 1974; MOREAU, 1979; TANIWAKI et al.,1993). A produção de
aflatoxinas também varia quantitativamente de cultura para cultura, e isolados toxigênicos crescidos no
mesmo substrato, e sob as mesmas condições, podem produzir aflatoxinas variando de 100 a 2000
mg.g-1 de substrato (MURAKAMY et al., 1966).

Baseado nos resultados obtidos neste estudo e comparando com os vários outros que também
estudaram a influência do período de incubação na produção de aflatoxinas por fungos toxicogênicos
(DIENER; DAVIS, 1966; WINN; LANE, 1978), constata-se que o tempo demandado por fungos
toxicogênicos para produção de micotoxinas é bastante variável. Vários fatores, dentre os quais a
susceptibilidade do substrato à colonização do fungo produtor e fatores biológicos, como capacidade
genética do fungo em produzir micotoxinas e quantidade de esporos viáveis, podem interferir no tempo
demandado para produção destas micotoxinas.

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CONCLUSÕES

- O isolado testado não produziu aflatoxinas aos 7 dias de incubação;

- Aos 14 dias de incubação, o isolado de A. parasiticus utilizado sintetizou apenas as


aflatoxinas B1 e G1 em níveis de contaminação abaixo dos padrões estipulados pelo Ministério da
Saúde para descarte do consumo humano,

- Nos períodos de incubação de 21 e 28 dias, grandes quantidades das aflatoxinas B 1, G1 e G2


foram produzidas pelo isolado de A. parasiticus testado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Daniele D. Inoculação de grãos de amendoim com esporos de fungos toxicogênicos


veiculados por caolim em pó. 2008. 35p. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas -
Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande.

BRASIL. Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 274 de 15 de out. de 2002.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, out. 2002.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária.


Instrução Normativa nº 9, de 24 de março de 2000. Aprova os métodos analíticos de referência para
análise de micotoxinas em produtos, subprodutos e derivados de origem vegetal. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 30 mar. 2000.

CAST. Mycotoxins: Risks in plant, animal, and human systems. RICHARD, J. L.; PAYNE, G. A.
(Ed.), CAST, 2003. 199 p. (Task Force Report, No. 139).

DIENER, U. L.; DAVIES, N. D. Effect of environment on aflatoxin production in freshly dug peanuts.
Tropical Science, v.10, p 22-25. 1968.

FONSECA, H. Preservação e controle de micotoxina em produtos agrícolas. (Boletim Técnico, 7).


Disponível em: < www.micotoxinas.com.br>. Acesso em: 10 jun. 2009.

LEAICH, L. L.; PAPA, K. E. Aflatoxins in mutants of Aspergillus flavus. Mycopathologia et Mycologia


Applicata, v. 52, p. 223-229, 1974.

MOREAU, C. Moulds, Toxins & Food. Chichester: John Wiley, 1979. 477 p.

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MURAKAMY, H.; OUWAKI, K.; TAKASE, S. Aflatoxin strain, ATCC 15517. Journal of Generaland
Applied Microbiology, v. 12, p. 195-206, 1966.

TANIWAKI, M. H.; FONSECA, H.; PIZZIRANI-KLEINER, A. A. Variabilidade de produção de aflatoxinas


por linhagens de Aspergillus flavus em diferentes tempos de manutenção. Scientia Agrícola, v. 1,
p.140-150, 1993.

WINN, R. T.; LANE, G. T. Aflatoxin production on high moisture corn and sorghum with a limited
incubation. Journal of Diary Science, v. 61, n. 6, p. 762-764, 1978.

Tabela 1 – Micoflora associada aos grãos de amendoim inoculados artificialmente com A. parasiticus em diferentes
períodos de incubação submetidos ao teste de sanidade em meio Czapeck Ágar.
Micoflora (%)
Incubação (dias) A. parasiticus A. niger Penicillium spp.
7 100,0 9,0 32,0
14 100,0 29,0 41,0
21 100,0 0,0 0,0
28 100,0 24,0 9,0

1000 960,0 1000 1000

800 B1 800 G1 800 G2


Concentração (µg/kg)

Concentração (µg/kg)

Concentração (µg/kg)

713,0

600 600 600


505,6

400 400 400

200 200 200


86,7 89,1
5,1 27,0
6,0
0 0 0
7 14 21 28 7 14 21 28 7 14 21 28
Período de armazenamento (dias) Período de armazenamento (dias) Período de armazenamento (dias)

Figura 1 – Concentração das aflatoxinas B1, G1 e G2 em grãos de amendoim inoculados artificialmente com A. parasiticus
em diferentes períodos de incubação.

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DIVERSIDADE FÚNGICA EM SEMENTES DE MAMONEIRA ORIUNDAS DE


PINDAMONHANGABA-SP

Dartanhã José Soares1; Camila Marques Queiroz2; Antonio Carlos Pries Devide3;
Cristina Maria de Castro³
1 Embrapa Algodão; 2 CCBS-UEPB; 3 APTA-Pólo Vale do Paraíba/SP; dartanha@cnpa.embrapa.br

RESUMO – O conhecimento da diversidade fúngica associada às sementes de mamoneira é um


importante fator que pode tanto permitir fazer inferências sobre a qualidade fisiológica das mesmas e
das condições de armazenamento quanto ajudar a definir níveis de aceitabilidade e/ou tolerância de
fungos patogênicos a esta cultura e que possam vir a ser veiculados ou transmitidos pelas sementes.
Objetivou-se neste trabalho caracterizar a diversidade fúngica associada a lotes de sementes de seis
diferentes cultivares de mamoneira, oriundas do Vale do Paraíba, Pindamonhangaba-SP, cultivadas
entre 2007 e 2008. Realizou-se teste de blotter sem desinfestação superficial das sementes. A
diversidade fúngica variou de cultivar para cultivar. Os gêneros mais frequentemente encontrados
associados às sementes analisadas foram Aspergillus e Penicillium. Foram encontrados também
Alternaria alternata, Alternaria ricini, Amphobotrys ricini, Cladosporium cladosporioides, Cladosporium
sphaerospermum, Curvularia eragrostidis, Curvularia lunata, Fusarium cf. acuminatum, Fusarium
semitectum, Mucor hiemalis e Rhizopus stolonifer. A menor diversidade fúngica foi encontrada em
associação com sementes das cultivares Energia e AL Guarani. A menor frequência de fungos foi
encontrada em associação com as sementes da cultivar AL Guarani.
Palavras-chave – patologia de sementes; Ricinus communis

INTRODUÇÃO

A diversidade fúngica presente em sementes pode afetar diretamente a qualidade fisiológica


destas. Sementes colhidas, beneficiadas e armazenadas sob condições inadequadas podem
apresentar perda do poder germinativo e vigor e também servirem de veículo para a disseminação e/ou
transmissão de patógenos.

Dependendo das condições em que foram colhidas e armazenadas pode haver a prevalência
de diferentes grupos de fungos nas sementes. Normalmente, fungos fitopatogênicos que ocorrem ainda
em condição de campo perdem sua viabilidade em decorrência do tempo de armazenamento. Aliado
ao decréscimo destes ocorre, normalmente, o acréscimo daqueles fungos tipicamente considerados

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―fungos de armazenamento‖. Neste grupo de fungos usualmente prevalecem os gêneros Aspergillus e


Penicillium que são fungos cosmopolitas e generalistas.

Recentemente vários trabalhos têm sido publicados relatando a diversidade fúngica associada
a sementes de mamoneira e os resultados têm sido muito semelhantes: predominância de Aspergilus,
Penicillium e Fusarium spp., além da baixa frequência de alguns fungos de importância fitopatológica
para a cultura da mamoneira, como por exemplo, Alternaria ricini e Amphobotrys ricini (LIMA et al.
1997; VECHIATO et al. 2007; ZARELA et al. 2004).

No presente trabalho objetivou-se determinar a diversidade fúngica associada a sementes de


diferentes cultivares de mamoneira oriundas do Pólo Regional Vale do Paraíba em Pindamonhangaba-
SP, e obtidas durantes as safras de 2007 e 2008.

METODOLOGIA

As amostras de sementes utilizadas no presente trabalho foram colhidas durante os anos


agrícolas de 2007 e 2008, beneficiadas manualmente, acondicionadas em sacos plásticos
transparentes e armazenadas em câmara fria até a realização do presente ensaio. Foram utilizadas
amostras das cultivares IAC 80, AL Guarany 2002, Lyra, BRS Energia, BRS Nordestina e BRS
Paraguaçu. O ensaio para determinação da diversidade fúngica associadas às amostras de sementes
foi realizado no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Algodão. Como o objetivo do presente ensaio
não era realizar um laudo da qualidade sanitária das amostras analisadas, foram utilizadas apenas 100
sementes de cada amostra, as quais foram dispostas em caixas tipo gerbox contendo três folhas de
papel de filtro esterilizado umedecido com água destilada esterilizada. As caixas gerbox, contendo 20
sementes sem desinfestação superficial, foram mantidas a temperatura de 22 + 2ºC, com 12 horas de
luz, por sete dias. Decorrido este período foi realizada a inspeção visual das sementes, sob lupa, para
a contagem e isolamento dos fungos presentes. Foi realizado o isolamento direto dos fungos em meios
de cultura específicos que posteriormente permitissem sua identificação. Para identificação das
espécies de Aspergillus utilizou-se a metodologia proposta por Klich (2002) e para as espécies de
Fusarium foi utilizada a metodologia de Leslie e Summerell (2006). As demais espécies fúngicas foram
identificadas utilizando-se literatura especializada (ELLIS, 1971; Von ARX, 1974; CARMICHAEL et al.
1980; DOMSCH et al. 2007).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A diversidade fúngica encontrada associada a sementes das amostras analisadas, bem como a
frequência de cada espécie, encontra-se sumarizada na Tabela 1. Ao todo foram identificadas 22
espécies distintas de fungos nas sementes analisadas. Usualmente uma semente apresentava mais de
uma espécie distinta de fungo associada à mesma.

O gênero Aspergillus foi o que apresentou à maior frequência e diversidade nas amostras
analisadas (Figura 1). Foram identificadas sete espécies, incluindo duas do gênero Eurotium
(teleomorfo de Aspergillus). Além dessas, outras três espécies, consideradas distintas das demais, não
foram passíveis de identificação até o presente momento. O gênero Penicillum também apresentou alta
frequência. Em uma primeira análise cinco espécies distintas deste gênero foram observadas, mas até
o momento não foram realizadas as identificações das prováveis espécies e os resultados foram
apresentados de forma integrada (Tabela 1).

A maior frequência e diversidade de fungos foi observada na amostra da cultivar IAC 80. A
espécie mais frequentemente identificada foi Eurotium chevalieri (anamorfo: Aspergillus chevalieri) e
estava presente em todas as amostras exceto na cultivar BRS Energia.

Dentre os fungos de importância fitopatológica para a mamoneira foram encontradas apenas


as espécies Alternaria ricini, presente em baixa frequência nas cultivares AL Guarany e Lyra, e
Amphobotrys ricini presente em todas as cultivares exceto AL Guarany. A cultivar BRS Energia foi a
que apresentou a maior frequência de sementes com Amphobotrys ricini (Tabela 1).

CONCLUSÕES

O gênero Apergillus foi o mais frequentemente encontrado nas amostras analisadas.

A espécie mais frequentemente encontrada foi Eurotium chevalieri.

Dentre os fungos encontrados apenas Alternaria ricini e Amphobotrys ricini são de importância
fitopatológica para a mamoneira.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARMICHAEL, J. W.; KENDRICK, W. B. CONNERS, I. L.; SINGLER, L. Genera of Hyphomycetes.


Edmonton, Alberta: The University of Alberta Press. 1980.
DOMSCH, K. H.; GAMS, W.; ANDERSON, T. H. Compendium of Soil Fungi. Eching, The Netherlands:
IHW-Verlag. 2007.
ELLIS M. B. Dematiaceous Hyphomycetes. Kew, Surrey: Commonwealth Mycological Institute. 1971.
KLICH, M. A. Indetification of common Aspergillus species. Utrecht, The Netherlands:
CEntraalbeureau voor Schimmelcultures. 2002.
LESLIE, J. F.; SUMMERELL, B. A. The Fusarium Laboratory Manual. Ames, Iowa. Blackwell Publishing
Ltd. 2006.
LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S.; SANTOS, J. W. Fungos causadores de tombamento transportados e
transmitidos pela semente de mamoneira. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.32, n.9, p. 915-918,
1997.

VECHIATO, M.; TAKADA, H. M.; DEVIDE, A. C. P.; CASTRO C. M.; RACHMAN, M. A. L. Ocorrência
de fungos em sementes de mamona cultivadas no Vale do Paraíba/SP (2006/2007). In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 4., 2007, Varginha.
Disponível em: http://oleo.ufla.br/anais_04/

Von ARX, J. A. The Genera of Fungi Sporulating in Pure Culture. 2nd. Vaduz, Germany: J. Cramer.
1974.
ZARELA, G. C. N. Z.; UENO, B.; SILVA, S. D. A.; GOMES, A. C. Fungos associados a sementes de
seis cultivares de mamoneira (Ricinus communis) cultivadas na região de Pelotas, RS, safra
2003/2004. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Energia e
Sustentabilidade. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. 1 CD-ROM.

Figura 1 – Fungos associados a sementes de mamoneira. Da esquerda para a direita: Aspergillus chevalieri na cv. BRS
Nordestina, Aspergillus oryzae na cv. Lyra, Aspergillus ostianus na cv. IAC 80, Aspergillus sp 5 na cv. IAC 80, Amphobotrys
ricini na cv. BRS Energia, Fusarium semitectum na cv. BRS Paraguaçu.

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Tabela 17 – Frequência de fungos em sementes de diferentes cultivares de mamoneira, provenientes de


Pindamonhangaba-SP.
Cultivares
Fungos
AL Guarany Paraguaçu Energia IAC 80 Lyra Nordestina
Aspergillus flavus - - 1 - - -
Aspergillus cf. niveus - - 12 3 1 -
Aspergillus oryzae - 3 - 2 2 -
Aspergillus ostianus - 1 - 2 - -
Aspergillus parasiticus - - - - - 1
Aspergillus sp3 - - - 3 - -
Aspergillus sp5 - - - 6 - -
Aspergillus sp8 - - - 1 - -
Eurotium amstelodami - - - - - 2
Eurotium chevalieri 4 67 - 62 21 83
Alternaria alternata - - - - 1 -
Alternaria ricini 1 - - - 3 -
Amphobotrys ricini - 1 20 2 1 6
Cladosporium
8 4 23 21 8 45
cladosporioides
Cladosporium
- - 1 - - -
sphaerospermum
Curvularia eragrostidis 2 - - - - -
Curvularia lunata - - - 1 - -
Fusarium cf. acuminatum 1 - - 2 - -
Fusarium semitectum 3 12 9 15 1 -
Mucor hiemalis - 6 2 3 - -
Penicillium spp. 19 10 2 52 19 3
Rhizopus stolonifer - - - - - 1

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EFEITO DA DIETA SOBRE DESENVOLVIMENTO DE Nezara viridula (LINNAEUS 1758)


(HEMIPTERA: PENTATOMIDAE)

Jose Janduí Soares¹; Antonio Rogério Bezerra do Nascimento²; Moises Vitorio da Silva³; Lúcia Helena
Avelino Araújo1.
¹ Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, Cx. Postal 174, CEP: 58107-720, Campina Grande-PB. e-mail:
janduy@cnpa.embrapa.br; ² Universidade Estadual da Paraíba, Av. das Baraúnas, 351 - Campus Universitário, Bodocongó,
CEP 58109-753, Campina Grande-PB; ³ Universidade Federal da Paraíba, Campus II, Rodovia BR 079 - Km 12, CEP:
58.397-000, Areia-PB.

RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de dietas naturais sobre o desenvolvimento de N.
viridula em laboratório. O ensaio foi desenvolvido no laboratório da Embrapa Algodão, localizado em
Campina Grande,PB. Ninfas recém eclodidas de N. viridula foram acondicionadas em recipientes, onde
foram oferecidas três dietas naturais a base de feijão guandu (Cajanus cajan L.) , feijão macassar
(Vigna unguiculata L.) e mamona (Ricinus communis L. Foram coletados diariamente dados de
mortalidade e fase ninfal. Para esse bioensaio adotou-se delineamento experimental inteiramente ao
acaso, dividido em três tratamentos, com treze repetições cada uma contendo dez insetos. De acordo
com os resultados obtidos pode-se observar que em todas as dietas avaliadas o número de ínstares
permaneceu constante,sendo a maior sobrevivência em feijão guandu e feijão macassar.
Palavras-chave: Percevejo verde; Ricinus communis; dieta.

INTRODUÇÃO

Biodiesel é um combustível alternativo ao diesel proveniente de fontes renováveis tais como


óleos vegetais e gordura animal e com grande apelo ambiental, especialmente por diminuir as
emissões de gases (PIRES et al. 2004; ABREU et al, 2004). Neste contexto, a ricinocutura tem-se
caracterizado com importante ferramenta para a produção de bioconbustiveis.

Contudo o impacto causado por insetos-praga na produção de sementes e frutos é


amplamente discutido na literatura de entomologia econômica, e é de grande importância para a
agricultura mundial. Entre as espécies de importância econômica que são encontradas na família
Pentatomidae, destacando-se o percevejo verde Nezara viridula, como praga de diversas culturas e,
em particular, de leguminosas (DEWITT & GODFREY, 1972 e PANIZZI & SLANSKY 1985).

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O percevejo, N. viridula é um inseto fitófago cosmopolita, presente na Ásia, Europa, América e


Oceania (RIZZO et al, 1979). No continente americano se encontra desde os Estados Unidos até
aproximadamente o Rio Colorado na Argentina (RIZZO et al, 1979). Este inseto eventualmente pode se
alimentar por meio das nervuras das folhas, porém há uma preferência pelo fruto em função da planta
direcionar a maior parte de seus nutrientes para formação do fruto. N. viridula ao se alimentar introduz
seu aparelho bucal (estilete) no fruto injetando agentes histolíticos que liquefazem as porções sólidas e
semi-sólidas das células, com isto o inseto obtém os lipídios, carboidratos e demais nutrientes, em
especial os aminoácidos necessários para formação de proteínas, devido ao ataque, há um
apodrecimento do fruto atacado, causando a degeneração da parede celular, devido à inoculação de
saliva do inseto como pela abertura de uma lesão no fruto que serve de entrada para fungos.

A exemplo do que ocorre na cultura da soja onde o controle de N. viridula pode ser feito pela
liberação de inimigos naturais em campo. Contudo, para que isso ocorra a necessidade d criações
deste pentantomideo em laboratório, com a finalidade de dar suporte a criação de inimigos naturais
assim como novas pesquisas relacionadas ao controle dessa praga.

Deste modo, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito de dietas naturais
sobre o desenvolvimento de N. viridula em laboratório.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no laboratório de entomologia da Embrapa Algodão localizado na


cidade de Campina Grande – PB. Foram utilizados insetos oriundos de criação massal em laboratório
alimentados com mamona, feijão macassa e feijão guandu provenientes de cultuvos realizados na
própria unidade da Embrapa Algodão.

Ninfas recém eclodidas de N. viridula foram acondicionadas em recipientes de plástico de 500


ml, onde foram oferecidas três dietas naturais a base de feijão macassa, mamona e feijão gandu
(tratamentos). Foram coletados diariamente dados de mortalidade e fase ninfal. Para esse bioensaio
adotou-se delineamento experimental inteiramente ao acaso, dividido em três tratamentos (mamona,
feijão guandu e feijão macassa), com treze repetições cada uma contendo dez insetos recém
eclodidos. Sobre os dados se procedeu analise de variância e as medias foram comparadas pelo teste
de Tukey (P< 0,05).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo os resultados obtidos pode-se observar que em todas as dietas avaliadas o numero
de íntares permaneceu constante. Contudo, observa-se que o a mamona proporcionou o alongamento
do desenvolvimento do inseto diferindo estatísticamente dos demais tratamentos. Alem disso, houve
uma menor sobrevivência em insetos alimentados com o fruto da mamoneira em relação as demais
leguminosas (TABELA 1).

Verificou-se que a biologia de N. viridula criado separadamente com frutos de mamona


diferiram muito do que foi descrito por Panizzi et al. (1989) quando este realizou experimentos com
vagem verde de feijão macassa, mostra um período de desenvolvimento sempre em torno de trinta
dias. Este trabalho constatou que N. viridula tem uma eficiência fisiológica superior no feijão macassa
como hospedeiro diferindo em 16,7 dias no desenvolvimento do inseto quando criado com mamona,
além da sobrevivência dos insetos que chegaram à fase adulta ser maior quando comparados o melhor
e o pior resultado de 13% e 37,7% com mamona e feijão macassa respectivamente. Outro ponto a se
considerar foi à ocorrência muito superior de machos quando criados com mamona (76,9%) quando
comparados com feijão guandu e feijão macassa (57,6% e 44,9% respectivamente) de acordo com a
Tabela 1.

CONCLUSÃO

A mamona, como hospedeiro, permite o desenvolvimento do inseto, porém apresenta-se


inferior em comparação com as referidas leguminosas estudadas, tendo o desenvolvimento de Nezara
viridula, em torno de trinta dias.

REFERÊNCIAS

ABREU, F. R.; LIMA, D. G.; HAMÚ, E. H.; WOLF, C.; SUAREZ, P. A. Z. Utilization of metal complexes
as catalysts in the transesterification of Brazilian vegetable oils with different alcohols. Journal of
Molecular Catalysis A: Chemical, v.209, p.29-33, 2004.

PANIZZI, A. R.; MENEGUIN, A. M.; ROSSINI, M. C. Impacto da troca de alimento da fase ninfal para a
fase adulta e do estresse nutricional na fase adulta na biologia de Nezara viridula (Hemiptera:
Pentatomidae). Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 24, n. 8, p. 945-954, 1989.

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PANIZZI, A. R.; SLANSKY, J. F. Review of phytophagous pentatomids (Hemiptera: Pentatomidae)


associated with soybean in the Americas. Fla. Ent. v. 68, p. 184-214, 1985.

PIRES, M. M.; ALVES, J. M.; ALMEIDA NETO, J. A.; ALMEIDA, C. M.; SOUSA, G. S.; CRUZ, R. S.;
MONTEIRO, R.; LOPES, B. S.; ROBRA, S. Biodiesel de mamona: Uma avaliação econômico. I
CONGRESSO BRASILEIRO DA MAMONA. 2004, Campina Grande. Anais... Campina Grande:
Embrapa Algodão, 2004. 1 CD-ROM.

RIZZO, H. F. Hemípteros de interés agrícola, Chinches perjudiciales y chiches benéficas para los
cultivos. Buenos Aires: Hemisferio Sur, 1979. 70 p.

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Tabela 1: Desenvolvimento de insetos de Nezara viridula (dias) alimentados com três dietas.
Fase Mamona Feijão guandú Feijão macassa

1° instar 4,8 a 4,3 b 4,5 ab

2° instar 10,4 a 7,8 b 7b

3° instar 9,3 a 6,1 b 5,5 b

4° instar 10 a 7,1 b 6,2 b

5° instar 15,2 a 11,8 b 10,3 b

Total de desenvolvimento ninfa 49,7 a 37,1b 33,5b

Porcentagem de sobrevivência 13 % 25,40 % 37,70 %

Médias seguidas de mesmo letra na coluna não difere entre si pelo Teste Tukey a nível P< 0,05.

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EFEITO DE INSETICIDAS SINTETICOS SOBRE Nezara viridula (LINNAEUS 1758) (HEMIPTERA:


PENTATOMIDAE) NA CULTURA DA MAMONA

Jose Janduí Soares¹; Antonio Rogério Bezerra do Nascimento²; Moises Vitorio da Silva³,
Lúcia Helena Avelino Araújo¹
¹ Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, Cx. Postal 174, CEP: 58107-720, Campina Grande-PB. e-mail:
janduy@cnpa.embrapa.br; ² Universidade Estadual da Paraíba, Av. das Baraúnas, 351 - Campus Universitário, Bodocongó,
CEP 58109-753, Campina Grande-PB; ³ Universidade Federal da Paraíba, Campus II, Rodovia BR 079 - Km 12, CEP:
58.397-000, Areia-PB.

RESUMO: Devido à escassez de informações a respeito da eficiência de inseticidas sintéticos para o


controle de Nezara viridula (Linnaeus 1758) (Hemiptera: Pentatomidae) na cultura da mamona, este
trabalho objetivou-se a avaliar a eficiência de inseticidas para o controle de N. viridula. Utilizou-se
delineamento estatística inteiramente casualizado, composto por quatro tratamentos (Testemunha
(água destilada), Deltametrina 25 EC 300ml, Endolsulfan AG 350 g.i.a./ha e Lambda-cialotrina +
tiametoxam 150 ml.i.a./ha) com sete repetições contendo dez insetos adultos de percevejo verde
(Nezara viridula) com idades conhecidas. Os frutos foram tratados com os referidos produtos pelo
método de imersão em um período de cinco segundos e posteriormentes ofertados por um período de
24h aos insetos. Os recipientes foram mantidos em B.O.D. ajustada para 25±1°C, fotofase 12 horas e
70%UR. As avaliações foram realizadas as 24, 48, 72 e 96 horas após aplicação. Os dados de
mortalidade foram transformados em y = (x + 0,5)½ foram submetidos a analise de variância e as
médias de mortalidade foram comparadas pelo Teste Tukey (P<0,05). As eficiências dos inseticidas
foram calculas segundo Abbott. A partir dos resultados pode-se observar que o Lambda-cialotrina +
tiametoxam apresentou maior efeito de choque sobre N. viiridula, uma vez que, que após 24h se
mostrou o mais eficnete quanto a mortalidade do inseto, contudo, com o decorrer das avaliações o
Endossulfan demosntrou maior eficiência na mortalidade de N. viridula.
Palavras-chave: Percevejo verde; Ricinus communis; inseticidas sintéticos.

INTRODUÇÃO

O Percevejo verde Nezara viridula (Linnaeus 1758) (Hemiptera: Pentatomidae) é a


principal praga da mamona, Ricinus communis, nas regiões produtoras do Oeste da Bahia e Ceará
(BATISTA et al.,1996). O uso de inseticidas para o controle deste inseto, é baseado nas informações
obtidas para o controle do mesmo na cultura da soja (SOARES et al.,2007). Não há informações
especificas do comportamento deste inseto em relação a eficiência de inseticidas em plantações de
mamona, seja em sistemas monoculturais ou em sistemas consorciados com outras culturas como:

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arroz, feijão, algodão, gergelim e amendoim. Alguns altores como (CORSO, 2001; SOARES et
al,.2001) verificaram que Endossulfan, Deltametrina, Lambda-cialotrina + tiametoxam, entre outros, são
eficientes para os percevejos verdes na cultura da soja.

Há necessidade de se avaliar a eficiência de vários inseticidas para o controle de N.


viridula na cultura da mamoneira. Deste modo, o objetivo deste experimento foi verificar a eficiência de
inseticidas para o controle de N. viridula.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no laboratório de entomologia da Embrapa Algodão, no


município de Campina Grande -PB. O delineamento estatística utilizado foi o inteiramente casualizado,
composto por quatro tratamentos (Testemunha (água destilada), Deltametrina 25 EC 300ml,
Endolsulfan AG 350 g.i.a./ha e Lambda-cialotrina + tiametoxam 150 ml.i.a./ha) com sete repetições
contendo dez insetos adultos de percevejo verde (Nezara viridula) com idades conhecidas. Para avaliar
o feito destes produtos sobre N. viridula, frutos de mamoneira foram coletados e lavados em solução a
base de água e hipoclorito de sódio a 5%, posteriormente lavados em água corrente. Os frutos foram
tratados com os referidos produtos pelo método de imersão em um período de cinco segundos. Os
percevejos foram colocados em recipientes plásticos transparentes de 1000ml 3 de volume e fechados
com plástico parafilme, em cada recipiente foi oferecidos aos percevejos dois frutos de mamona
tratados, após 24h, esses frutos foram retirados e posteriormente substituídos por frutos sem
tratamento algum. Os recipientes foram mantidos em B.O.D. ajustada para 25±1°C, fotofase 12 horas
e 70%UR. As avaliações foram realizadas as 24, 48, 72 e 96 horas após aplicação.

Os dados de mortalidade foram transformados em 𝑥 + 0,5 e foram submetidos a


analise de variância e as médias de mortalidade foram comparadas pelo Teste Tukey (P<0,05). As
eficiências dos inseticidas foram calculas segundo Abbott (1925).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste estudo pode-se observar que o Lambda-cialotrina + tiametoxam apresentou


maior efeito de choque sobre N. vidirula, uma vez que, 24h após estes entrarem em contato com o
produto, já se verificava uma mortalidade de 63,9% dos individuos. Todos os produtos avaliados
apresetaram diferença significativas em relação a testemunha. No entanto, o tratamento em que foi

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aplicado o inseticida Lambda-cialotrina + tiametoxam apresentou maior impacto inicial, com uma
eficiência de aproximadamente 64%, diferindo-se dos demais tratamentos. As 48 horas após a
aplicação dos produtos, o Endosulfam mostrou-se mais eficiente, com uma mortalidade superior a 65%
de N.viridula em relação aos demais produtos testados. Ao final do bioensaio, o produto que
demonstrou maior eficiência sobre N. viridula foi endossulfan, com uma mortalidade superior a 76%
(Tabela 1).

Estes resultados, corroboram com os de Ramiro et al (2005), quando avaliaram a eficiência de


alguns produtos para o controle de N. viridula na cultura da soja, eles notaram que Endosulfam
provocou uma mortalidade superior a 70% do percevejo verde. FARIAS et al. (2006), testaram vários
produtos químicos para o controle de pentatomideos na cultura da soja, observaram que Lambda-
cialotrina + tiametoxam foram para Piezodorus guildinii. Embora FARIAS et al. (2006), tenha trabalho
com outra espécie, ainda assim, obtiveram resultados similar aos nossos.

CONCLUSÃO

Concluí-se que, nas doses utilizados, o Endolsulfam, na avaliação efetuada às 96h, foi
o mais eficiente para Nezara viridula na cultura da mamoneira.

REFERÊNCIAS

ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic


Entomology, College Park, v. 18, p. 265-266, 1925.

BATISTA, F.A.S.; LIMA, E.F.; SOARES, J.J.; AZEVEDO, D.M.P. de. Doenças e pragas da
mamoneira Ricinus communes L. e seu controle. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1996. 53p.
(EMBRAPA, CNPA. Circular Técnica, 21).

CORSO, I.C. Controle químico de percevejos que atacam a soja. In: EMBRAPA , CENTRO NACIONAL
DE PESQUISA DE SOJA. Resultados de pesquisa de soja 1990/91. Londrina: Embrapa, 1991. v.2,
p.434-448 (Documentos EMBRAPA-CNPSo, 99).

FARIAS, J.R, JORGE ANTÔNIO SILVEIRA FRANÇA, J.A.S.; SULZBACH, F.; BIGOLIN, M.; FIORIN,
R.A.; MAZIERO, H.; GUEDES, J.V.C. Eficiência de tiametoxam + lambda-cialotrina no controle do
percevejo-verde-pequeno, PiezodorusGuildinii (westwood, 1837) (hemiptera: Pentatomidae) e

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I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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seletividade para predadores na cultura da soja. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.13, n.2, p. 10-19.
2006.

RAMIRO, Z. A.; BATISTA FILHO , A.; CINTRA, E. R. R. Eficiência do inseticida actara mix 110 + 220
CE (thiamethoxam + cipermetrina) no controle de percevejos-pragas da soja. Arq. Inst. Biol., v. 72,
n.2, p.235-243, 2005.

SOARES, J. J. ; ARAUJO, L. H. A. ; BATISTA, F. A. S. . Pragas e seu Controle. In: AZEVEDO, D. M.P.


de (Org.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2001,
v. 1, p. 213-227.

SOARES, J. J. ; Nascimento, A. R. B do ; SILVA, M. V. ; ALMEIDA, M. G. M. . Percevejo verde


(Nezara viridula (Linnaeus, 1758) (Hemiptera: Pentatomidae) como praga potencial para
ricinocultira e metodologia de criação deste inseto para experimentos com mamona. Campina
Grande: Embrapa-CNPA, 2007 (Dcumentos, 172).

Tabela1. Mortalidade de N.viridula, submetidos a diferentes inseticidas. B.O.D. 25±1°C, fotofase 12 horas e 70%UR.
Campina Grande, PB, 2008.
Mortalidade

24hs¹ E (%) 48hs¹ E (%) 72hs¹ E(%) 96hs¹ E (%)

Testemunha 0.78 d - 0.83 b - 1.07 b - 1.37 b -

Deltametrina 1.43 c 15,9 1.37 b 14,7 1.40 b 10,9 1.43 b 3,4

Endosulfam 2.29 b 37,9 2.74 a 65,5 2.79 a 68,4 2.93 a 76,8

Lambda-cialotrina + tiametoxam 2.93 a 63,9 2.98 a 45,0 3.00 a 44,4 3.03 a 30,8

C.V.(%) 16.2 18.3 20.9 21.7

F 68.8 ** 58.3 ** 35.3** 25.8**

¹ Dados transformados por 𝑥 + 0,5. Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey
(P≤0,05).
**Significativo a (P<0,01).

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ESTUDO ESPAÇO-TEMPORAL DE DOENÇA DE ETIOLOGIA DESCONHECIDA EM MAMONEIRA*

Angelo Aparecido Barbosa Sussel1; Ana Beatriz Zacaroni2; Hilário Antônio de Castro2
1 Embrapa Cerrados; 2 Departamento de Fitopatologia – UFLA; angelo.sussel@cpac.embrapa.br

RESUMO – Foi avaliado o progresso temporal e espacial de doença de etiologia desconhecida da


mamoneira em experimento no campo, objetivando dar suporte na identificação do agente causal. Ao
final das avaliações, a incidência de plantas sintomáticas variou de 12 a 70%, sendo o modelo
monomolecular melhor ajustado ao progresso da incidência nas parcelas com menor incidência,
enquanto que o modelo logístico foi ajustado na parcela com incidência de 70%. As plantas
sintomáticas apresentaram padrão de agregação nas linhas de cultivo a partir da incidência de 12% na
análise de ―ordinary runs‖. Foi confirmada a relação entre índice de dispersão e a incidência de plantas
doentes, o que permite inferir que a agregação de plantas sintomáticas está relacionada ao aumento
da incidência das mesmas.
Palavras-chave – epidemiologia; progresso temporal; analise espacial

INTRODUÇÃO

Atualmente, a mamona vem apresentando-se como cultura alternativa para produção de óleos
e biocombustíveis, o que impulsionou seu cultivo para diversas regiões do Brasil. Devido à diversidade
de condições edafoclimáticas, que nosso país apresenta, doenças secundárias ou até de etiologia
desconhecida surgem com expressiva incidência e severidade, chegando a causar danos econômicos
ao produtor.

A região do sul de Minas Gerais vem se destacando na produção de mamona para


produção de biodiesel, e conseqüentemente a ocorrência de enfermidades como cercosporiose e
mofo-cinzento-da-mamoneira é praticamente inevitável. Com inicial objetivo de se avaliar o progresso
do mofo-cinzento, um experimento composto por 4 parcelas de 200 plantas foi instalado na região de
Lavras/MG. Contudo, ao dar-se início ás avaliações das inflorescências, notou-se em três parcelas a
ocorrência de plantas com encarquilhamento das folhas, encurtamento dos entrenós, deformação do
pecíolo e compactação do racemo com subdesenvolvimento e abortamento de flores. Aliados a estes
sintomas, as inflorescências compactadas foram também afetadas pelo mofo-cinzento, promovendo

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sua total necrose. Os sintomas observados não se assemelhavam a nenhuma descrição de doença
fúngica em mamoneira, nem em qualquer outra euforbiácea, levantando a possibilidade de ser uma
doença de etiologia viral. A ocorrência de cucurbitáceas nas proximidades da área experimental
apresentando sintomas de mosaico nas folhas reforça a hipótese de etiologia viral.

O estudo do padrão espacial de plantas doentes em fitopatologia pode conduzir a


inferências sobre as características da epidemia e permite construir hipóteses sobre fatores ambientais
e biológicos para a associação entre patógenos e plantas doentes, sobre a influência de fatores do
ambiente na disseminação de patógenos (Agostini et al., 1993) ou, ainda, sobre a natureza infecciosa
do agente etiológico de uma doença. A premissa básica, neste último caso, é a de que doenças
bióticas de causa desconhecida apresentam padrão espacial de plantas doentes semelhante ao padrão
espacial encontrado em doenças de causa biótica, já caracterizadas na literatura (Laranjeira et al.,
1998).

Considerando-se a escassez de informações sobre doenças com sintomatologia


semelhante à descrita em mamoneira, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de analisar o
progresso temporal e espacial da epidemia visando dar suporte na identificação do agente causal.

METODOLOGIA

Os estudos foram realizados na fazenda experimental da Fundação de Apoio ao Ensino,


Pesquisa e Extensão (Faepe), em Lavras, Minas Gerais, entre dezembro de 2005 e abril de 2006. Os
experimentos foram avaliados em dias alternados, a partir da emissão da inflorescência, buscando-se
observar o surgimento dos sintomas. A partir da primeira planta encontrada com sintomas, realizou-se
avaliação semanal da incidência da doença. A incidência foi determinada pela porcentagem de plantas
com sintomas. A curva de progresso para incidência foi plotada utilizando-se valores médios obtidos
nas avaliações em relação ao tempo. Os dados foram analisados por meio de análise de regressão
linear simples, em que foram ajustados quatro modelos empíricos: exponencial, logístico,
monomolecular e de Gompertz (Campbell & Madden, 1990). Para a escolha do melhor modelo, foram
levados em consideração o coeficiente de determinação ajustado da análise de regressão (R 2), o valor
do quadrado médio dos desvios e o gráfico dos resíduos (Vale et al., 2004).

Foram realizadas a análise de seqüências ordinárias para a distinção dos padrões


espaciais nas linhas de plantio. A análise de seqüências ordinárias (Madden et al., 1982) foi realizada
para verificar o agrupamento de plantas doentes dentro das linhas de plantio ou entre elas, levando em

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consideração o número de vezes que plantas doentes se intercalam com plantas sadias. Em cada
avaliação foi calculado o índice ZR, para testar a significância da agregação das plantas. As plantas
doentes foram consideradas agrupadas a 5% de significância, quando o valor de ZR foi igual ou inferior
a -1,64 (Laranjeira et al., 2004).

Foram confeccionados mapas de distribuição de plantas afetadas e, feita a classificação das


áreas em dados binários definidos pela presença ou ausência de sintomas. Sobre os mapas foram
estabelecidos quadrats retangulares de 2x2, 2x3, 3x3, 3x4 e 4x4. Para cada quadrat, foi determinada a
quantidade de plantas afetadas e calculada a incidência da doença (p) no bloco. O índice de dispersão
(D) foi estimado para cada bloco com base na equação: D = Vobs/Vbin (Gottwald et al., 1996), em que
Vobs=Σ -np)2/n2(N-1)] e Vbin = p(1-p)/n (HUGHES et al., 1996). O afastamento da aleatoriedade foi
determinado pelo teste de chi-quadrado (X2), considerando N-1 graus de liberdade, a 5% de
probabilidade (Laranjeira et al., 1998). Realizou-se uma análise de regressão considerando como
variável independente o logaritmo das variâncias binomiais estimadas para cada bloco avaliado e,
como variável dependente, o logaritmo das variâncias observadas. Determinou-se a significância entre
log(Vobs) e log(Vbin) pelo teste F e o ajuste do modelo pelo coeficiente de determinação (R2). Para
definir se o parâmetro b era igual a 1, empregou-se o teste t, utilizando-se a estimativa do parâmetro e
o desvio padrão. Considerou-se como hipótese alternativa b=1. Portanto, para b=1 e a=0, ter-se-ia
distribuição ao acaso e para b≠1 ou a≠0, ter-se-ia distribuição agregada. As hipóteses foram testadas
a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os sintomas tiveram início antes do florescimento das plantas, com incidência variando de 12 a
70% ao final do experimento. A parcela 3 apresentou maior percentual de plantas doentes durante
todas avaliações, inferindo ser fonte de inoculo secundário para demais parcelas.

O modelo monomolecular apresentou melhor ajuste para o progresso da incidência nas


parcelas de menor incidência de plantas sintomáticas, enquanto que o modelo logístico apresentou
melhor ajuste para o progresso da incidência na parcela 3 (Tabela 1). Nota-se uma repentina elevação
da taxa de progresso da incidência em todas parcelas entre as avaliações entre 18 e 25 de março, a
qual coincide com um breve período sem ocorrência de chuvas e elevação da temperatura, condições
favoráveis para a disseminação por meio de um inseto vetor.

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Foi constatada agregação nas linhas de plantio na análise de seqüências ordinárias, quando as
incidências nas parcelas superaram 12% (Tabela 2). No entanto, não foi constatada agregação de
plantas sintomáticas nas entrelinhas.A predominância do padrão de distribuição aleatório de plantas no
início da epidemia, evoluindo para o padrão de distribuição agregado com o progresso da doença,
pode indicar que as primeiras plantas sintomáticas receberam inóculo externo à área de cultivo e,
posteriormente, por meio da disseminação secundária da doença, as plantas vizinhas são infectadas,
aumentando a incidência e a agregação. Silva et al. (2001), em análise de seqüências ordinárias para
descrição do arranjo espacial do vira-cabeça-do-fumo (Groundnut ringspot vírus, GRSV), constataram
predominância do arranjo aleatório de plantas doentes e baixo percentual de agregação nas linhas de
plantios. Segundo esses autores, a predominância do arranjo aleatório de plantas doentes indica que a
infecção das plantas de fumo com GRSV pode ter sido originária de uma fonte exógena à área de
plantio ou decorrente de mudas infectadas.

Constataram-se em todas as análises onde a incidência é superior a 11,5% valores de índice


de dispersão (D) estatisticamente diferentes de 1 (Tabela 2). De acordo com Campbell & Madden
(1990), o índice de dispersão oferece uma medida do grau de agregação espacial em uma população.
Assim sendo, valores de D estatisticamente diferente 1 indicam agregação de plantas sintomáticas em
um determinado bloco. A partir da regressão do logaritmo da variância observada pelo logaritmo da
variância binomial estimada, podem-se determinar os valores dos parâmetros b e A da Lei de Taylor
Modificada. Foram encontrados valores de b diferentes de 1, e valores de A maiores que 0, a 5% de
probabilidade (Tabela 3). Neste estudo, tanto A quanto b diferem estatisticamente de 1 e zero,
respectivamente, confirmando a relação entre índice de dispersão e a incidência de plantas doentes. A
partir da análise destes dados, podemos inferir que a agregação de plantas sintomáticas está
relacionada com o percentual de incidência das mesmas, padrão este observado em grande número
de enfermidades de etiologia biótica, já relacionados em literatura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1. Comparação entre os modelos linearizados para descrever as taxas estimadas de progresso da incidencia (r),
incidencia inicial (y0) e incidencia final (yf) das plantas de mamoneira sintomáticas.
Parcela Modelos r y0 yf R² QMR
1 Exponencial -0,079 3,251 0,044 0,521 10,116
Logístico -0,075 0,744 0,048 0,634 10,376
Monomolecular 0,004 -0,118 0,118 0,758 0,004
Gompertz -0,028 0,524 0,052 0,716 1,073
2 Exponencial 0,131 0,000 0,496 0,685 2,130
Logístico 0,149 0,000 0,457 0,757 2,945
Monomolecular 0,018 -0,588 0,411 0,708 0,076
Gompertz 0,058 0,000 0,426 0,842 0,564
3 Exponencial 0,049 0,059 0,851 0,848 0,106
Logístico 0,084 0,031 0,750 0,935 0,332
Monomolecular 0,035 -0,888 0,716 0,891 0,117
Gompertz 0,055 0,002 0,731 0,934 0,191
4 Exponencial 0,101 0,001 0,172 0,690 2,872
Logístico 0,107 0,001 0,173 0,709 3,259
Monomolecular 0,007 -0,172 0,178 0,769 0,012
Gompertz 0,034 0,000 0,175 0,698 0,336

Tabela 2. Incidência, índice de dispersão (D) para nos diferentes quadrats, e índice Z R, ao longo das linhas (all.) e nas
entrelinhas (el.), de plantas de mamona sintomáticas.
Data Da Run (ZR)b
Parcela Inc.(%)
Avaliação 2x2 2x3 3x3 3x4 4x4 all. el.
1 01/03/06 0,0 - - - - - - -
10/03/06 0,0 - - - - - - -
18/03/06 1,0 2,2* 1,1 1,1 2,2* 2,3* 12,36 10,47
25/03/06 11,5 1,7* 2,2* 2,6* 3,1* 4,7* -1,39 4,49
03/04/06 12,0 1,2 1,4 1,3 1,4 2,5* -1,88* 4,48
2 01/03/06 1,0 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 4,17 6,35
10/03/06 1,0 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 4,17 6,35
18/03/06 3,0 1,4* 1,4 1,1 1,5 1,5 3,94 7,43
25/03/06 39,5 4,0* 4,9* 7,9* 8,0* 10,7* -9,74* 1,26
03/04/06 42,5 4,7* 3,9* 6,3* 7,2* 9,4* -9,79* 1,27
3 01/03/06 14,5 1,9* 2,6* 2,8* 3,7* 4,6* 3,88 4,57
10/03/06 25,5 2,8* 4,1* 5,5* 7,1* 8,7* -8,33* 2,15
96

18/03/06 39,5 4,2* 6,4* 9,2* 11,1* 14,1* -13,53* 0,88


25/03/06 69,5 10,4* 17,9* 26,2* 30,7* 47,2* -20,00* 1,87
03/04/06 70,0 7,6* 13,3* 19,3* 21,9* 34,3* -20,30* 2,45
4 01/03/06 1,0 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 12,36 6,35
10/03/06 1,0 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 12,36 6,35
18/03/06 1,0 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 12,36 6,35
25/03/06 18,0 2,8* 4,0* 4,5* 4,8* 8,2* -8,80* -1,06
03/04/06 18,0 2,0* 2,7* 2,4* 2,2* 4,2* -8,80* 0,35
aValores marcados com * indicam D estatisticamente diferente de 1 pelo Teste X2, a 5% de significância;
bValores marcados com * indicam ZR estatisticamente < que -1,64 pelo Teste X2, a 5% de significância;

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Tabela 3. Valores dos parâmetros b e log(A) da equação da Lei de Taylor modificada, seus respectivos erros padrões (SE)
e coeficiente de determinação para plantas sintomáticas de mamoneira.
Quadrat Parcela log (A) SE B SE R²
2x2 1 -0,27 0,70 0,83 0,12 0,98
2 2,20* 0,23 1,37 0,15 1,00
3 7,48* 0,08 2,97 2,57 0,69
4 1,85* 0,25 1,30* 0,05 1,00
2x3 1 1,44 0,55 1,22 0,18 0,98
2 2,94* 0,13 1,47* 0,10 1,00
3 8,96* 0,13 3,05 1,37 0,46
4 2,71* 0,26 1,42* 0,05 1,00
3x3 1 1,75 0,81 1,26 0,27 0,96
2 4,20* 0,10 1,65* 0,11 0,99
3 11,18* 0,12 3,33 1,52 0,49
4 2,56* 0,42 1,34* 0,07 0,99
3x4 1 0,64 1,36 0,98 0,29 0,92
2 4,48* 0,05 1,64* 0,05 1,00
3 12,81* 0,08 3,51 2,85 0,71
4 2,59* 0,59 1,33* 0,09 0,99
4x4 1 2,18 0,88 1,19 0,27 0,95
2 5,37* 0,06 1,75* 0,06 0,99
3 13,37* 0,08 3,38 2,00 0,60
4 4,59* 0,38 1,62* 0,09 0,99
Valores marcados com * indicam b estatisticamente diferente de 1, ou Log(A) estatisticamente diferente de 0 (zero) pelo
Teste t, à 5 % de significância.

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FUNGOS ASSOCIADOS ÀS OLEAGINOSAS MAMONA, GIRASSOL, AMENDOIM E GERGELIM NA


REGIÃO DO CARIRI, NO ESTADO DO CEARÁ.

Francisco José Carvalho Moreira 1


1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFCE, Campus de Sobral-CE, e-mail: franze.moreira@ifce.edu.br

RESUMO – O isolamento e a identificação dos fungos associados às sementes de qualquer espécie de


interesse agrícola é fator de extrema importância, visto sua possibilidade de introdução e/ou
disseminação dos mesmos em áreas indemes e/ou pouco afetadas, respectivamente. Em vista disso,
este trabalho se propôs a avaliar a associação fungos/sementes de oleaginosas colhidas e utilizadas
para o plantio. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Fitossanidade do CENTEC, no período
de junho a julho de 2009. A incubação para detectar os fungos foi realizada em placas de Petri, com 10
sementes cada. Estas foram mantidas em germinador tipo BOD, a temperatura de 25ºC±2ºC, com
UR=80% e luminosidade constante por dez dias. Em seguida, as sementes foram analisadas em
microscópio estereoscópico, para visualização de colônias e identificação dos fungos. De acordo com
os resultados, observou-se a associação constante nas sementes das quatro oleaginosas dos fungos
Aspergillus niger, Fusarium sp., Penicillium sp.. Rhyzoctonia solani, Rhyzopus stolonifer e Sclerotium
sp,.sendo, esta associação mantida em todos os municípios avaliados, independente da oleaginosa.
Em função disso, ratifica-se a necessidade de conscientização dos produtores para a não utilização
das próprias sementes para o plantio.
Palavras-chave – Qualidade fisiológica, deterioração fúngica, vigor, estabelecimento de estande.

INTRODUÇÃO

O Biodiesel é hoje uma das alternativas mais viáveis para a substituição aos combustíveis
fósseis. O mesmo já está inserido na composição do diesel comum a fração de 5% (P5) e a tendência
é aumentar o mais rápido possível, pois o governo acena com a ideia de alcançarmos o P20 (20%) já
em 2014, o qual está previsto apenas para 2020. Em função disso, precisamos melhorar o nível de
produção para alcançarmos uma produção condizente com a demanda do mercado.

A mamona (Ricinus communis L.), pertence à família Euphorbiaceae, é uma planta de hábito
arbustivo, com diversas colorações de caule, folhas e cachos (racemos), podendo ou não possuir cera
no caule e no pecíolo. Os frutos, em geral, possuem espinhos e, em alguns casos, são inermes. As
sementes apresentam-se com diferentes tamanhos, formatos e grande variabilidade de coloração, e

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delas se extrai industrialmente um óleo de excelentes propriedades, de largo uso como insumo
industrial (Rodrigues Filho, 2000).

O girassol (Helianthus annus L.) família Asteraceae, é uma oleaginosa que tem se
desenvolvido nas diversas regiões brasileiras, e devido às particularidades agronômicas, ou seja, sua
resistência a fatores abióticos, adaptação, ciclo reprodutivo, época de semeadura e a crescente
demanda do setor industrial e comercial, a cultura do girassol tem se constituído em uma importante
alternativa econômica em sucessão a outras culturas produtoras de grãos, uma vez que os atuais
sistemas agrícolas, que utiliza rotação restrita de cultura, são caracterizados pelos altos custos de
produção e problemas fitossanitários.

O amendoim (Arachis hypogaea L.), Família Leguminoseae, é uma das cinco culturas
oleaginosas do mundo e importante fonte de proteína vegetal comestível. Sendo, hoje, também ma
alternativa à produção de biodiesel.

O gergelim (Sesamum indicum L.) é, entre as plantas cultivadas, uma das mais antigas, e vem
sendo cultivado na Índia há muitos séculos (Barros et al., 2000). Trata-se de uma planta adaptada às
condições semiáridas de diversas partes do mundo com sementes que possuem cerca de 50% de
óleo. Requer precipitação pluvial entre 300 e 800 mm anual e altitude abaixo de 500 m.

Estas quatro culturas constituem-se um considerável potencial para a economia do país,


notadamente no Nordeste, tanto como cultura alternativa com reconhecida resistência à seca, como
fator fixador de mão-de-obra, gerador de empregos e matéria prima para a indústria nacional. Sendo
estas espécies estimuladas o plantio pelo Governo do Estado do Ceará para o Programa Biodiesel.

As qualidades intrínsecas das sementes são os fatores determinantes ao estabelecimento da


cultura em campo, como a vigorosidade inicial as e a capacidade de resposta às adversidades de clima
e solo (GOULART, 2005). Contudo, elas representam uma das vias mais eficientes de transporte de
fitopatógenos e transmissão de doenças, em virtude da facilidade de transporte, tornando-se assim,
uma poderosa ferramenta de disseminação de doenças. Atrelado a isso, conforme Machado (1988), a
concentração de reservas e a presença de camadas protetoras nas sementes prolongam a viabilidade
dos patógenos a elas vinculados. Diversos fungos podem causar deformação nas plântulas, redução
na germinação, destruição das sementes e doenças em plantas. Os testes de sanidade possibilitam a
identificação de problemas ocorridos durante as fases de colheita e armazenamento, permitindo
estabelecer métodos de controle para esses patógenos, contudo, ainda há carência de informações
disponíveis sobre o assunto.

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De acordo com Casa et al. (2005), a maioria dos patógenos serve-se das sementes como
veículo de transporte e em alguns casos também como abrigo à sobrevivência. A semente, portanto,
está diretamente envolvida na continuidade do ciclo biológico dos patógenos. Entre os agentes
patogênicos associados às sementes, os fungos são os mais importantes, por terem elevada
habilidade de penetrar e colonizar os tecidos vegetais (MACHADO, 2000).

O trabalho em apreço teve como objetivo identificar as espécies fúngicas associadas as


sementes de mamona, pinhão manso, girassol, gergelim e amendoim, que são distribuídas pelo
Governo do Estado do Ceará, através do Programa Hora de Plantar, para os agricultores de Base
Familiar, que fazem parte do Programa Biodiesel, do estado..

METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Fitossanidade da Fundação Instituto


Tecnológico do Ceará - CENTEC, em Juazeiro do Norte – CE, no período de junho a julho de 2009.

As sementes, para estes ensaios, foram obtidas de produtores rurais assistidos pela Empresa
de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará – EMATERCE, nos meses de maio de junho de
2009, época da colheita destas oleaginosas. Coletou-se de cada produtor a quantidade de 1,0 Kg de
cada espécie.

As sementes fora, coletadas nos seguintes municípios, da forma que segue. Sementes de
mamona: Jardim e Missão Velha; Girassol: Crato e Farias Brito; Amendoim: Farias Brito e Missão
Velha; Gergelim: Caririaçu e Farias Brito. Escolheu-se estes municípios, pois são os mais
representativos em área plantada e produtividade na Região do Cariri. As sementes foram colhidas e
logo em seguida limpas para a retidas de partes inertes (resto de solo, folhas, galhas, etc.). Estas
sementes foram mantidas em sacos de papel folha dupla e armazenadas em geladeira comum, a
temperatura média de 16ºC, do referido Laboratório, até o início dos ensaios.

No início de junho deu-se os ensaios. Uma parte de cada amostra das quatro espécies foram
desinfetadas superficialmente em hipoclorito de sódio a 0,4% durante 2 minutos, lavadas em água
destilada esterilizada, colocadas para secar sobre jornal. A incubação para detectar os fungos
associados às sementes das espécies em estudo foi realizada em placas de Petri (ø = 9,0 cm).
Colocou-se de cada amostra, 100 sementes, plaqueadas em grupos de dez, representando assim a
unidade experimental. Cada placa continha duas folha de papel de filtro esterilizado, embebido em
água destilada esterilizada, na proporção de 2,5 vezes seu peso. As placas, com as sementes, foram

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mantidas em germinador tipo BOD, a temperatura de 25 ºC ± 2 °C, com umidade relativa de 80% e
luminosidade constante pelo período do ensaio, dez dias consecutivos.

Após o período de incubação de dez dias, as sementes foram analisadas, com o auxílio de um
microscópio estereoscópico, para visualização de colônias, identificação e contagem dos fungos. A
identificação dos fungos foi baseada na comparação das estruturas fúngicas observadas com aquelas
descritas na literatura científica especializada (BARNETT e HUNTER, 1972).

O arranjo estatístico utilizado foi o delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC),


em esquema fatorial 4x2, sendo quatro espécies (mamona, girassol, amendoim e gergelim) e duas
localidades, dependendo da espécie com dez repetições por amostra, sendo cada repetição
representada por uma placa de Petri contendo dez sementes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pela análise dos dados tabulados (Tabela 1), verifica-se que todas as amostras de sementes
das quatro espécies de oleaginosas estão contaminadas com fungos.

Isto pode ser elucidado pelo fato de constante produção das mesmas espécies durante muito
tempo. Pois esta região do estado do Ceará é uma das maiores produtoras de amendoim e gergelim.
Quanto à presença dos fungos associados às sementes de mamona e girassol pode ser explicado pelo
fato destas culturas já estarem sendo plantadas nestas mesmas áreas há cerca de três ciclos, tempo
suficiente para o acúmulo e sobrevivência dos patógenos no solo ou em restos de culturas.

MORAES, (1987) comenta que as sementes e plântulas geralmente são mais suscetíveis a
Fusarium spp quando plantadas em solos úmidos e frios, elas geralmente deterioram, tornam-se
encharcadas e apodrecem. Estas condições são bastante comuns nas áreas que ficam próximas as
baixadas, que é onde se encontra as maiores áreas produtores, principalmente amendoim e gergelim.

Alguns fungos não foram identificados em nível de espécie, por causa da dificuldade no exame
mais minucioso ao microscópio estereoscópico e em função também da própria associação com outras
espécies fúngicas, sendo esta ocorrência de mais de um fungo em cada amostra de sementes muito
comum.

O fato das culturas de amendoim e gergelim serem utilizadas na complementação da


alimentação faz com que estas duas culturas sejam plantadas de forma indiscriminada dentro das
outras lavouras, o que pode contribuir para a disseminação destes patógenos.

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Na Tabela 2, constata-se que em todas as áreas, dos cinco municípios, que se colheu as
sementes apresentaram os mesmos fungos. Mais uma vez este fato deve-se provavelmente ao uso
continuo da terra, a qual não passa por nenhum tipo de manejo cultura como pousio ou rotação de
cultura. Desta forma, há um ambiente sempre favorável a multiplicação destes fungos, pois os mesmos
são comumente encontrados associados às outras culturas tradicionais.

Em função disso, ratifica-se a necessidade de conscientização dos produtores para a não


utilização das próprias sementes para o plantio como também uma ação efetiva do Governo do Estado
no sentido de distribuir as sementes do Programa Hora de Plantar na época correta, desestimulando,
desta forma, esta prática que só traz prejuízos aos produtores.

CONCLUSÃO

Os fungos associados às sementes das oleaginosas foram Aspergillus niger, Fusarium sp.,
Penicillium sp.. Rhyzoctonia solani, Rhyzopus stolonifer e Sclerotium sp,;

Em todas as amostras de todos os municípios observou-se contaminação com os fungos supra


citados;

O atraso na distribuição das sementes, pelo Programa Hora de Plantar é um dos fatores que
mais afeta a época de plantio pelos agricultores;

A descontinuidade da Assistência Técnica oficial é outro grave entrave a produção de matéria


prima para o Programa Biodiesel no Estado do Ceará.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARNETT, H. L. e HUNTER, B. B. lustrated genera of imperfect fungi, 3ª edição. Burgess


publishing Company, Minesota, 1972. 209 p.

CASA, R.T, REIS, E. M, MOREIRA, E.N. Transmissão de fungos em sementes de cereais de


inverno e milho: implicações epidemiológicas. In: ZAMBOLIM, L. Sementes: qualidade fitossanitária.
Viçosa: UFV / DFP, 2005. p. 55-71.

GOULART, A.C.P. Doenças iniciais do algodoeiro: Identificação e controle. In: ZAMBOLIM, L.


Sementes: qualidade fitossanitária. Viçosa: UFV / DFP, 2005, 502p.

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MACHADO, J.C. Tratamento de sementes no controle de doenças. Lavras: PS / UFLA /


FAEPE, 2000. 138p.

Tabela 1. Percentagem de fungos associados às sementes de mamona, girassol, amendoim e gergelim. Sobral-CE, IFCE,
2010.
Espécies testadas
Municípios
Mamona Girassol Amendoim Gergelim
Caririaçu 100 100 100 100
Crato 100 100 100 100
Farias Brito 100 100 100 100
Jardim 100 100 100 100
Missão Velha 100 100 100 100

Tabela 2. Espécies de fungos associados às sementes de mamona, girassol, amendoim e gergelim. Sobral-CE, IFCE,
2010.
Mamona Girassol Amendoim Gergelim
Fungos
Jardim M. Velha Caririaçu F. Brito F. Brito M. Velha Caririaçu F. Brito
Aspergillus niger X X X X X X X X
Fusarium sp X X X X X X X X
Penicillium sp X X X X X X X X
Rhyzoctonia solani X X X X X X X X
Rhyzopus stolonifer X X X X X X X X
Sclerotium sp X X X X X X X X

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LEVANTAMENTO DA MACROFAUNA EDÁFICA NA CULTURA DA MAMONEIRA (Ricinus


communis L.) NO MUNICÍPIO DE LAGOA SECA-PB

Filipe Travassos Montenegro¹; Giliane Aparecida Vicente da Silva Souza¹;


Suenildo Jósemo Costa Oliveira¹
1 Universidade Estadual da Paraíba/UEPB – Campus II – Caixa Postal: Escola Agrícola Assis Chateaubriand – CEP –
58117-000 – Lagoa Seca PB (ft_montenegro@hotmail.com)

RESUMO – Uma das oleaginosas mais importantes para produção de biodiesel é a mamoneira
(Ricinus communis L.), em seu cultivo é possível encontrar elementos da macrofauna do solo em pleno
desenvolvimento biológico. Esse trabalho teve como objetivo identificar a população da macrofauna
presente na cultura da mamoneira. Para a determinação da macrofauna do solo foram selecionados
cinco pontos de coletas fixos. Foram utilizadas armadilhas do tipo Provid. A partir dos dados obtidos
foram calculadas a riqueza da fauna (nº de grupos identificados) e a diversidade e uniformidade através
dos índices de Shannon (H) e de Pielou (e). Os grupos taxonômicos mais abundantes foram:
Hymenoptera, Coleoptera e Araneae e os grupos que apresentaram menores índices de Shannon e de
Pielou foram: Hymenoptera e Coleoptera, respectivamente.
Palavras-chave – Indíce de Shannon, oleaginosas, Pielou.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.), também conhecida como carrapateira ou rícino, pertence
à família das Euphorbiaceae, é originaria da Ásia Meridional de onde se espalhou em quase todo
mundo, principalmente, nas regiões tropicais e subtropicais. É largamente difundida por todo Brasil,
desenvolvendo-se em quase todo tipo de terreno (GAILARD & PEPIN, 1999; SAVY FILHO, 2001;
SCAVONE & PANIZZA, 1990).

Conforme GILLER et al., (1997), o solo é um ambiente ―pouco‖ conhecido em nosso planeta
que abriga grande diversidade de organismos, capazes de modificar suas características químicas,
físicas e biológicas.

A fauna edáfica é utilizada, dentre os diversos integrantes da biologia do solo, como importante
indicador biológico de qualidade do solo, podendo ser útil na avaliação de agrossistemas degradados,

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(WINK et al., 2005). Se faz necessário conhecer o comportamento desses organismos para que se
tornem mais uma ferramenta de avaliação dos agroecossistemas (FORNAZIER et al., 2007).

A macrofauna é constituída por uma complexidade de organismos que diferem no tamanho,


metabolismo, atividades e mobilidade (PASINI e BENITO, 2004), com comprimento maior que 2 mm
(SWIFT et al., 1979). Conforme BAYER e MIELNICZUK (1999), a macrofauna tem papel fundamental
na fragmentação e incorporação dos resíduos ao solo, criando assim, condições favoráveis à ação
decompositora dos microorganismos. Entretanto os benefícios da fauna edáfica são poucos
conhecidos em solos brasileiros (ALVES et al., 2006).

ARAÚJO et al. (2009) citam que no estudo da comunidade do solo é necessário utilizar a
medida de abundância e diversidade de espécies ou grupos presentes. Para MERLIM (2005),
abundância entende-se qualquer medida de tamanho de uma determinada espécie ou grupo presente.

Esse trabalho teve como objetivo identificar a população da macrofauna presente na cultura da
mamoneira (Ricinus communis L.) no município de Lagoa Seca – PB.

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido entre os meses de Agosto e Setembro de 2009, no Centro de


Ciências Agrárias e Ambientais do Campus II da Universidade Estadual da Paraíba, localizado no
município de Lagoa Seca – PB, na mesorregião do Agreste paraibano e na microrregião de Campina
Grande – PB. O tipo climático da região é tropical úmido, com precipitação média anual de 990 mm/ano
e com umidade relativa do ar de 60%.

Foram utilizadas armadilhas do tipo Provid (FORNAZIER et al., 2007) compostas por uma
garrafa PET com capacidade para 2 litros (L), contendo quatro orifícios com dimensões de 2X2 cm na
altura de 20 cm de sua base, contendo 200 mL de água a uma concentração de 10 mL de uma solução
de detergente com aroma de limão.

As armadilhas foram introduzidas no solo de modo que os orifícios ficassem no nível


da superfície do solo, e mantidas no mesmo local para cinco coletas e permaneceram no campo por
um período de quatro dias (96 horas) (DRESCHER et al., 2007).

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Em seguida, as armadilhas foram levadas ao Laboratório de microbiologia da


Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e todo o material coletado foi lavado em peneira de 0,25 mm
e com o auxílio de pinças, foi feita a contagem e identificação da macrofauna.

A partir dos dados obtidos foram calculadas a riqueza da fauna (nº de grupos identificados) e a
diversidade e uniformidade através dos índices de Shannon (H) e de Pielou (e), respectivamente,
utilizando-se as fórmulas (1) e (2), segundo FREITAS et al. (2003).

H= -∑ pi . log pi (1)

e= H/log S (2)

Onde, pi = ni/N; ni= número de indivíduos do grupo amostrado; N= número total de indivíduos
amostrados; H= índice de Shannon; S= riqueza das espécies, segundo MENDONÇA (2002).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A comparação da densidade e composição dos indivíduos da macrofauna do solo presente na


cultura da mamona (Ricinus communis L.) demonstrou uma grande variação de grupos faunísticos,
onde foram coletados 318 indivíduos, pertencentes aos seguintes grupos taxonômicos: Araneae com
36 indivíduos, Blattodeae com 2 indivíduos , Coleoptera com 87 indivíduos, Diptera com 2 indivíduos,
Hymenoptera com 157 indivíduos, Lepidoptera com 6 indivíduos e Orthoptera com 28 indivíduos.

Na Tabela 1, observa-se que os indivíduos mais abundantes foram os pertencentes às classes


Hymenoptera com 49,37% do total dos indivíduos e Coleoptera com 27,36% do total dos indivíduos.

Resultados semelhantes foram identificados por ARAÚJO et al., (2009) e RODRIGUES


et al., (2007) em estudo realizado em área de caatinga, no semi-árido da Paraíba, onde constataram
dez grupos taxonômicos.

A diversidade biológica foi avaliada através da aplicação dos índices de Shannon (H) e
de Pielou (e), que mostram o domínio dos grupos faunísticos nas áreas estudadas (ARAÚJO et al.,
2009). Conforme JACOBS et al. (2007), o índice de Shannon mede o grau de incerteza em prever a
que espécie pertencerá um individuo escolhido ao acaso. Quanto menor o valor do índice de Shannon,
menor o grau de incerteza e, portanto a diversidade da amostra é baixa. A diversidade tende a ser mais
alta quanto maior o valor do índice.

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Na Tabela 2, analisa-se que o grupo Hymenoptera, o índice de Shannon adquirido foi o


menor (0,31) indicando que esse grupo é o mais significativo dentre os demais grupos analisados,
sendo confirmado pelo índice de Pielou (0,12).

Percebe-se através da análise de dados, que se necessita de pesquisas relacionadas ao


estudo da macrofauna do solo no cultivo da mamoneira, pois a diversidade desses organismos
conserva todo o bioma.

CONCLUSÃO

Os grupos taxonômicos mais abundantes no cultivo da mamoneira foram: Hymenoptera,


Coleoptera e Araneae. Os grupos que apresentaram menores índices de Shannon e de Pielou foram:
Hymenoptera e Coleoptera, respectivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, M. V.; BARETTA, D.; CARDOSO, E. J. B. N. Fauna edáfica em diferentes sistemas de cultivo
no estado de São Paulo. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.5, n.1, p.34, 2006;
ARAÚJO, K. D.; DANTAS, R. T.; ANDRADE, A. P. de; PARENTE, H. N.; CORREIA, K. G.; PAZERA Jr.,
E. Levantamento da macrofauna invertebrada do solo em área de caatinga no semiárido da Paraíba.
Geoambiente On-line, v.13, p.19-31, 2009;
BARETTA, D.; SANTOS, J. C. P.; BERTOL, I.; ALVES, M. V.; MANFOI, A. F.; BARETTA, C. R. D. M.
Efeito do cultivo do solo sobre a diversidade da fauna edáfica no planalto sul catarinense. Revista de
Ciências Agroveterinárias, Lages, v.5, n.2, p.108-117, 2006;
BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Dinâmica e função da matéria orgânica. In: SANTOS, G. A.; CAMARGO,
F. A. O. Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais e subtropicais. Porto Alegre:
Gênesis, Cap.2, p.9-26. 1999;
DRESCHER, M. S.; ELTZ, F. L. F.; ROVEDDER, A. P. M.; DORNELES, F. O. Mesofauna como
bioindicador para avaliar a eficiência da revegetação com Lupinus albescens em solo arenizado do
sudoeste do Rio Grande do Sul. In: XXXI CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO,
Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD-ROM;
FILSER, J. et al. Effects of previous intensive agricultural management on microorganisms and the
biodiversity of soil fauna. Plant and Soil, v.170, p.123-129, 1995.
FORNAZIER, R.; GATIBONI, L. C.; WILDNER, L. do P.; BIANZI, D.; TODERO, C. Modificações da
fauna edáfica durante a decomposição da fitomassa de Crotalaria juncea L. In: XXXI CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, Gramado. Anais... Gramado, SBCS, 2007. CD-ROM;

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FREITAS, A. V.; FRANCINI, R. B. & BROWM Jr. K, S. Insetos como indicadores ambientais. 2003 In:
CULLEM JR. L.; RUDRAN, R. & PÁDUA, C. V. Métodos de estudos em biologia da conservação e
manejo da vida silvestre. Curitiba, UFPR, p. 125-151 e 474-475. (Fundação Boticário de Proteção á
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GAILLARD, Y.; PEPIN, G. Poisoning by plant material: review of human cases and analytical
determination of main toxins by higher performance liquid chromatography- (tandem) mass
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GILLER, K.E.; BEARE, M.H; LAVELLE, P. et al. Agricultural intensification, soil biodiversity and
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JACOBS, L. E.; GUTH, P. L.; LOVATO, T.; HICKMAN, C.; ROCHA, M. R. Diversidade da fauna edáfica
em campo nativo e solo descoberto. In: XVI REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO
DO SOLO E DA ÁGUA. Aracaju, Anais... Aracaju: SBCS, 2006. CD-ROM.
MENDONÇA, M. Um estudo sobre valorização da biodiversidade. Rio de Janeiro: IPEA, 2002;
MERLIM, A. de O. Macrofauna edáfica em ecossistemas preservados e degradados de araucária no
Parque Estadual de Campus de Jordão. 89f. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura
―Luiz de Queiroz‖, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2005;
PASINI, A.; BENTO, N. P. Macrofauna do Solo em Agroecossistemas. In: FERTBIO, Lages, Anais…
Lages, SBCS, 2004.CD-ROM;
SAVY FILHO, A. Mamoneira: técnicas de cultivo. O Agronômico, Campinas, v.53, n.1, p.1, 2001.
SCAVONE, O.; PANIZZA, S. Plantas tóxicas. São Paulo: CODAC-USP, 1980. p.230.
SWIFT, M. J.; HEAL, O. W.; ANDERSON, J. M. Decomposition in terrestrial ecosystems. Berkeley:
University of California Press, p. 66-117. 1979.
WINK, C.; GUEDES, J. V. C.; FAGUNDES, C. K.; ROVEDDER, A. P. Insetos edáficos como
indicadores da qualidade ambiental. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.4, n.1, p.60-71,
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Tabela 1: Número total de freqüência de indivíduos coletados em cultivo da mamoneira


(Ricinus communis L.) no município de Lagoa Seca – PB

Classe/Ordem Nº de Indivíduos
taxonômica coletados % do total
ARACHNIDA
Araneae 36 11,32
INSECTA
Blattodeae 2 0,63
Coleoptera 87 27,36
Diptera 2 0,63
Hymenoptera 157 49,37
Lepidoptera 6 1,89
Orthoptera 28 8,8
Total 318 100

Tabela 2: Índice de Diversidade de Shannon (H) e Índice de Uniformidade de Pielou (e), da macrofauna no cultivo da
mamona em Lagoa Seca – PB.
Grupos
faunísticos H e
Araneae 0,95 0,38
Blattodeae 2,2 0,88
Coleoptera 0,56 0,22
Diptera 2,2 0,88
Hymenoptera 0,31 0,12
Lepidoptera 1,72 0,69
Orthoptera 1,06 0,42
Total 9 3,59

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MACROFAUNA EDÁFICA SOB DIFERENTES AMBIENTES EM LATOSSOLO DA


REGIÃO DO AGRESTE

Lúcia Helena Avelino Araujo1,Cícero de Souza 2,Suenildo Josemo da Costa Oliveira3,


Jacob Silva Souto4 e José Jandui Soares1
1 EMBRAPA ALGODÃO,lucia@cnpa.embrapa.br,soares@cnpa.embrapa.br, 2UFPB,cicerosolos@hotmail.com,3
UEPB,odlineus@oi.com.br, 4UFPB,jacob_souto@yahoo.com.br

RESUMO – O objetivo deste trabalho foi quantificar a densidade e diversidade de grupos de


comunidade de macrofauna edáfica sob diferentes ambientes do agreste paraibano. O trabalho foi
conduzido no município de Areia,PB,em Latossolo Vermelho Amarelo. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, com três tratamentos (Brachiaria decumbens Stapf., Ricinus communis L. e
mata ) e sete repetições. As armadilhas utilizadas foram do tipo ―pit fall‖, com quatro janelas com área
de 5 cm2 para a entrada da macrofauna, sendo as mesmas localizadas a 15 cm de altura, instaladas na
superfície do solo com uma permanência de quatro dias, coletando organismos da macrofauna. Os
grupos taxonômicos mais abundantes,em ordem decrescente de densidade relativa,foram:
Hymenoptera, Diptera, Coleoptera, Arachnida, Orthoptera, Dermaptera, Hemiptera, Diplopoda,
Isoptera, Homoptera, Lepidoptera, Chilopoda e Neuroptera. O baixo valor no índice de Shannon com
consequente redução da uniformidade representada pelo índice de Pielou,evidenciou o predomínio do
grupo Hymenoptera.

Palavras-chave – Invertebrados do solo,qualidade do solo,densidade,diversidade.

INTRODUÇÃO

A macrofauna invertebrada do solo desempenha um papel chave de funcionamento do


ecossistema, pois ocupa diversos níveis tróficos dentro da cadeia alimentar do solo e afeta a produção
primária de maneira direta e indireta. Altera, por exemplo,as populações e atividade de microrganismos
responsáveis pelos processos de mineralização e humificação e, em consequência,exerce influência

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sobre o ciclo de matéria orgânica e a disponibilidade de nutrientes assimiláveis pelas plantas (Decäens
et al.,2003).

Os organismos da macrofauna respondem às diversas intervenções antrópicas realizadas no


meio ambiente (Lavelle & Spain,2001). Portanto, a densidade e diversidade desses organismos,assim
como a presença de determinados grupos específicos em um sistema, podem ser usadas como
indicadores da qualidade dos solos (Paoletti,1999; Barros et al.,2003).

O presente trabalho teve como objetivo quantificar a densidade e diversidade de grupos da


comunidade de macrofauna edáfica sob diferentes ambientes no agreste paraibano.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido no período de julho à agosto de 2007, na Fazenda Experimental ―Chã
de Jardim‖, pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, no
município de Areia, situado na microrregião do Brejo a uma latitude de 6° 58 ‘ 12‘‘ S e longitude de 35°
42‘ 15‘‘ WE, com altitude de aproximadamente 534m. O solo da área experimental foi classificado como
LATOSSOLO VERMELHO AMARELO (EMBRAPA, 1999).

Na área experimental foi realizada uma caracterização físico-química do solo, com


amostras do solo retiradas na profundidade de 0-20 cm (Tabelas 1 e 2).

As três áreas estudadas foram: pastagem (Brachiaria decumbens Stapf.), mata nativa e
mamona (Ricinus communis L.).

O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado com três tratamentos e sete
repetições.

As armadilhas utilizadas foram do tipo ―pit fall‖, com quatro janelas com área de 5 cm 2 para a
entrada da macrofauna, sendo as mesmas localizadas a 15 cm de altura, instaladas na superfície do
solo com uma permanência de quatro dias, coletando organismos da macrofauna. Após cada coleta os
organismos contidos em cada armadilha com mais 10mm de comprimento ou com corporal superior a
2mm forma extraídos e armazenados numa solução de álcool etílico a 70%. Em seguida procedeu-se a
contagem e identificação dos organismos dos grandes grupos taxonômicos em laboratório. As análises
estatísticas dos dados foram realizadas através do programa PROC MEANS (SAS Institute,1998) e

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médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%.Os dados de macrofauna obtidos (x),dada a sua
heterogeneidade, foram transformados em ln(x+1)e, depois submetidos à análise de variância.

Na avaliação do comportamento ecológico da macrofauna, mensurou-se o número


total de indivíduos (abundância) e foram feitas comparações das comunidades no período
estudado,utilizando: o índice de diversidade de Shannon (H) e o índice de eqüitabilidade de Pielou (e).

O índice de diversidade de Shannon (H) foi definido como: H 


pilog
pi

de Uniformidade de Pielou (e) é um índice de eqüitabilidade, sendo definido como:

eHlog
S onde H= índice de Shannon; S = Número de espécies ou grupos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A composição relativa da comunidade de macrofauna do solo pode ser vista na Figura 1,


apresentando os principais grupos encontrados. Em todas áreas de estudo houve uma forte
dominância de Hymenoptera. Isto se deve provavelmente pela proximidade das áreas,principalmente
para este grupo,que possuem elevada mobilidade, transitando de uma área para outra. Como também
considerados esses organismos deste grupo de fundamental importância para os processos de
decomposição (Lavelle & Spain,2001).Alguns autores observaram que o grupo de maior densidade foi
o Hymenoptera em diversos sistemas estudados (Correia et al. ,2009; Silva et al., 2006; Cordeiro et al.,
2004). Para os grupos Coleoptera, Hymenoptera, Diplopoda, Lepidoptera, Neuroptera e Chilopoda não
houve diferença significativa para mata,pastagem e mamona. Na área cultivada com mamona, pode-se
observar maior diversidade dos diferentes grupos de macrofauna edáfica estudados. Nesse ambiente a
densidade tende a ser baixa e a diversidade tende a aumentar(Odum,1989).

Os indices de Shannon(H) e Pielou(e) observados na Tabela 3 evidenciam o domínio dos


grupos faunísticos nas áreas estudadas. Com relação a ordem Hymenoptera verificou-se nas áreas
estudadas os menores índices de Shannon,indicando que a alta densidade de indivíduos do grupo
pode ter reduzido a diversidade no ecossistema. Essa maior abundância desses insetos contribui para
reduzir a uniformidade(e) confirmando a acentuada dominância desses organismos nas amostras
realizadas. Os outros grupos que apresentam maior densidade e, consequentemente reduzido índice
de Shannon(H) e menor uniformidade (e) foram Diptera e Coleoptera.

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CONCLUSÕES

1. Os grupos taxonômicos mais abundantes,em ordem decrescente de densidade


relativa,são:Hymenoptera, Diptera, Coleoptera, Arachnida, Orthoptera, Dermaptera, Hemiptera,
Diplopoda, Isoptera, Homoptera, Lepidoptera, Chilopoda e Neuroptera.

2. O baixo valor no índice de Shannon com consequente redução da uniformidade


representada pelo índice de Pielou,evidenciou o predomínio do grupo Hymenoptera.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, E., PASHANASI, B., CONSTANTINO, R., LAVELLE, P. Effects of land-use system on the soil
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três diferentes ambientes na região agreste paraibana,Brasil. Engenharia Ambiental,Espirito Santo do
Pinhal,v.6, p.206-213, 2009.

CORDEIRO,F.C;DIAS,F.C;MERLIM.A.O;CORREIA,M.E.F.,AQUINO,A.M.;BROWN,G. Diversidade da
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produção. Revista Universidade Rural,Série Ciência Vida,Seropédica,RJ,v.24,n.2,p.29-34,2004.

DECÄENS,T;LAVELLE,P,JIMENEZ,J.J;ESCOBAR,G.;RIPPSTEIN,G; SANZ,J.I;HOYOS,P.;THOMAS,R.J.
Impacto del uso de la tierra en la macrofauna del suleo de los llanos Orientales de Colombia. In:JIMENEZ,J.J.;
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ODUM,E.P. Ecologia. 3.ed.La Habana,Cuba:Edición revolucionaria,1989.639p.

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Tabela 1. Atributos físicos do horizonte superficial (0-20cm) do LATOSSOLO VERMELHO AMARELO. Areia,PB*
Área Experimental Densidade Porosidade Granulometria Classificação
Textural
Solo Partículas Total Areia Silte Argila

------g cm-3------ -----m3m-3----- ---------g Kg-1---------


Mata 1,08 2,61 0,59 507 41 452 Argila arenosa
Pastagem 1,05 2,65 0,60 561 52 387 Argila arenosa
Mamona 1,00 2,67 0,62 525 64 411 Argila arenosa
*Análise realizada no laboratório de física do solo do DSER-CCA/UFPB.

Tabela 2. Atributos químicos do horizonte superficial (0-20cm) do LATOSSOLO VERMELHO AMARELO. Areia,PB*.
Valores
Atributos químicos
Mata Pastagem Mamona
pH(H2O – 1: 2,5) 4,34 5,57 5,20
P (mg dm-3) 5,40 2,47 2,84
K+ (mg dm-3) 33,71 22,05 35,94
Ca2+ (cmolc dm-3) 0,70 3,50 2,43
Mg2+ (cmolc dm-3) 1,35 1,30 3,20
Na+ (cmolc dm-3) 0,08 0,06 0,03
Al3+ (cmolc dm-3) 2,20 0,15 0,45
H+ + Al3+ (cmolc dm-3) 13,20 12,37 8,04
SB (cmolc dm-3) 35,76 26,85 41,57
CTC (cmolc dm-3) 48,96 39,22 49,61
V (%) 73,04 68,46 83,79
MO (g dm-3) 36,69 33,57 28,55
*Análises realizadas no laboratório de química e fertilidade do solo do DSER-CCA/UFPB.

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Tabela 3. Valores obtidos pelo Índice de Shannon (H) e Índice de Pielou (e) para os grupos da macrofauna
encontrados nas áreas de estudo.

Mata Pastagem Mamona


Grupo Faunístico H e H e H e

Coleoptera 0,94 0,94 0,68 0,71 0,75 0,70


Dermaptera 1,48 1,48 2,63 2,76 1,81 1,67
Orthoptera 1,25 1,25 1,73 1,81 1,81 1,67

Hymenoptera 0,31 0,31 0,26 0,28 0,32 0,30


Diplopoda 1,96 1,96 1,96 2,05 2,11 1,95
Diptera 0,64 0,64 0,89 0,94 0,62 0,58
Arachnida 1,63 1,63 1,06 1,12 1,46 1,35
Lepidoptera 3,21 3,21 3,11 3,26 2,53 2,34
Hemiptera 1,61 1,61 2,51 2,62 2,23 2,06
Isoptera 1,76 1,76 - - - -
Homoptera - - - - 1,57 1,46
Neuroptera - - - - 3,01 2,78
Chilopoda - - - - 2,71 2,51

12 M a ta Pa s ta g e m Mamona
N ú m e ro d e in d iv íd u o s

a
10 a

a
8
a

a
6 b
a b
a
a
4 a

a b a
b
b a a
2 b b a a a
b a a a b b b b b b a a a a a a

0
CO L D ER O RT HY M D IPL D IPT A RA C L EP H EM IS O HO M N EU C H IL

G r u p o ta x o n ô m i c o

Figura 1. Distribuição do número de indivíduos de acordo com o grupo taxonômico sob diferentes ambientes 1. Areia,2007.

1Médias seguidas por letras iguais,na coluna,não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade;os valores para
número de indivíduos foram transformados em ln(x+1);Col: Coleoptera; Der:Dermaptera; Ort:Orthoptera; Hym:Hymenoptera;
Dipl:Diplopoda; Dipt:Diptera; Arac:Arachnida; Lep:Lepidoptera; Hem:Hemiptera; Iso:Isoptera; Hom:Homoptera;
Neu:Neuroptera; Chil:Chilopoda

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MANEJO DE PRAGAS DO AMENDOINZEIRO COM PRODUTOS ALTENATIVOS E


CONVENCIONAIS

Raul Porfirio de Almeida1; Aderdilânia Iane Barbosa de Azevedo2;


1Embrapa Algodão, C.P. 174, 58.428-095, Campina Grande - PB, Brasil, E-mail: raul@cnpa.embrapa.br; 2Instituto Federal
da Paraíba, CEP: 58.107-000, Campina Grande-PB

RESUMO – Este trabalho objetivou avaliar o efeito de produtos alternativo a base de Cal+Nim (Pró-
agrim) e de convencionais sobre insetos-praga (tripes, lagarta-do-pescoço-vermelho e cigarrinha verde)
e doenças (cercosporioses) da cultura do amendoim. O experimento foi realizado em Mogeiro-PB, safra
2008. O delineamento estatístico utilizado foi em blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro
repetições. As aplicações foram realizadas utilizando-se 1,0 e 2,0 kg do Cal+Nim para 20L de água por
pulverizador, a cada 10 e 15 dias (Tratamentos: T1, T2, T3 e T4); T5 – metamidofós (0,5L ha-1) e
azoxistrobina (100g ha-1); e T6 – Testemunha. As amostragens foram realizadas semanalmente. A
primeira avaliação foi realizada aos 19 dias após a germinação (dag) das plantas. A utilização de
produtos convencionais proporcionou maior controle e produtividade da cultura do amendoim.
Palavras-chave – Amendoinzeiro; manejo de pragas; controle alternativo

INTRODUÇÃO

A cultura do amendoim pode ser afetada por insetos e doenças que comprometem várias
partes da planta, como folhas, raízes, vagens e sementes (NOBREGA e SUASSUNA, 2004).

Dentre os principais insetos-praga que atacam a parte aérea da planta, destacam-se o tripes,
Enneotripes flavens (Moulton, 1941), a lagarta-do-pescoço-vermelho, Stegasta bosquella (Chambers,
1975) e a cigarrinha-verde, Empoasca kraemeri (Ross & Moore, 1957) (ALMEIDA, 2005). Entre as
doenças foliares, as cercosporioses Cercospora arachidicola Hori e Cercosporidium personatum (Berk.
& Curstis) Deighton, são amplamente disseminadas em todas as regiões de cultivo do Brasil (PIO-
RIBEIRO et al., 2005; BARRETO, 2007).

O uso de produtos alternativos para o controle das pragas da cultura do amendoim,


incorporados a programas de manejo de pragas, é de extrema importância para redução do risco e
impacto sobre a saúde humana e o meio ambiente. Segundo Menezes (2005), a identificação e a

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avaliação de compostos químicos vegetais com propriedade inseticida são importantes, pois a
utilização incorreta dos agrotóxicos pode causar sérios problemas.

Entretanto, apesar da ênfase que se tem sido feita para desenvolvimento de produtos
alternativos para o controle de pragas, o controle químico ainda é, de forma geral, o principal método
utilizado. Este trabalho objetivou avaliar os efeitos do Cal+Nim em comparação a produtos
convencionais, sobre insetos e doenças da cultura do amendoim, como possível ferramenta a ser
utilizada em áreas de Produção Integrada de Amendoim.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado em área de produtor rural, em Mogeiro-PB, safra 2008. A área total
do experimento foi 2.184m2 e a cultivar utilizada foi BRS Havana, plantada no espaçamento de 0,5m x
0,2m, com 10 plantas por metro linear. A unidade experimental foi de 45,1 m2 (5,5 m x 8,2 m) e a área
útil de 21,7 m2 (3,5 x 6,2). O espaçamento entre blocos e tratamentos foi de 3,5 e 3,6 m,
respectivamente. Os tratamentos com Cal+Nim foram: T1 e T2 – 1,0 kg (intervalo de aplicação de 10 e
15 dias); T3 e T4 – 2,0 kg (intervalo de aplicação de 10 e 15 dias). Para aplicação utilizou-se 20L de
água por pulverizador; T5 – metamidofós (0,5L ha-1) e azoxistrobina (100g ha-1). Neste tratamento, as
aplicações foram realizadas em função da detecção do Nível de Controle (NC) dos insetos-praga:
Tripes – 50% de folíolos atacados; Lagarta-do-pescoço-vermelho – 80% de folíolos com perfurações
simétricas; cigarrinha-verde – média de duas cigarrinhas/folha; Para cercosporiose, foram feitas três
aplicações de azoxistrobina, iniciando-se ao se verificar 20% de plantas com pelo menos um folíolo
com presença de mancha; e T6 – Testemunha (sem controle).

As amostragens foram realizadas semanalmente, avaliando-se 10 plantas por unidade


experimental. Para o tripes, avaliou-se o primeiro folíolo expandido do ápice da planta da haste
principal com injúrias, contando-se todos os folíolos que apresentaram pelo menos 50% de injúrias
(ALMEIDA et al., 2007); para avaliação da lagarta-do-pescoço-vermelho, observou-se a presença ou
ausência de perfurações simétricas para cada folíolo da primeira folha do ramo principal; e para
cigarrinha verde, avaliou-se o número de ninfas das três primeiras folhas (12 folíolos) do ramo principal.
Para avaliação das cercosporioses, avaliou-se o número de folíolos na haste principal da planta,
constatando-se presença/ausência de manchas foliares. A primeira avaliação se iniciou aos 19 dias
após a germinação (dag) das plantas. Foram avaliadas também: (1) a produtividade de amendoim em
casca (kg ha-1); (2) as perdas de produção (BERTELS, 1950), o percentual de desfolha/planta e a
diferença percentual de desfolha entre tratamentos. Esta última foi calculada pela diferença entre o

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tratamento em que houve menor desfolha com os demais. O delineamento estatístico utilizado foi em
blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro repetições. Os dados do experimento foram
submetidos à análise de variância pelo teste de F (P≤0,05) e as médias comparadas pelo teste de
Tukey (P≤0,05 e 0,01), quando necessárias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As médias dos folíolos com injúrias causadas por tripes, durante o ciclo da cultura, para cada
tratamento, está representada na tabela 1. Verificou-se que tanto no tratamento sem controle como nos
tratamentos com Cal+Nim, houve aumento do número de folíolos atacados ao longo das avaliações
realizadas. Para o tratamento com metamidofós (T5), detectou-se diferença estatística na 7ª avaliação,
não diferindo este da testemunha e do tratamento 3. A redução dos percentuais de injúria para tripes
da 5ª para 6ª avaliação foi devido à aplicação de metamidofós para o controle de S. bosquella no T5,
aos 51 dag, ao se detectar 80% de folíolos com perfurações simétricas. Por outro lado, o nim pode não
apresentar eficiência no controle de algumas pragas como demonstrado por Mendes et al. (2007), ao
utilizarem o produto sobre E. flavens na cultura do amendoim.

Para as avaliações da lagarta-do-pescoço-vermelho, não se verificaram diferenças estatísticas


entre os tratamentos (Tabela 2). Observou-se aumento de dano até a 7ª avaliação no tratamento sem
controle (T6) como nos tratamentos com Cal+Nim. Na 6ª avaliação, após a aplicação do produto
químico no Tratamento 5, pode-se verificar redução do percentual de folíolos com injúrias.

Nas avaliações para cigarrinha verde, detectaram-se baixos níveis populacionais do inseto, não
atingindo em nenhuma delas o nível estabelecido para controle (Tabela 3), apesar de serem verificadas
diferenças estatísticas na 3ª e 5ª avaliação.

Para cercosporiose, a média de folíolos com manchas foi crescente durante o desenvolvimento
da cultura do amendoim (Tabela 4). O nível estabelecido para controle foi atingido a partir da 2ª.
avaliação, sendo realizadas aplicações com fungicida (T5) aos 29, 44 e 57 dag. Aos 49 e 56 dag (5ª e
6ª avaliação), após duas aplicações do fungicida, detectou-se diferença estatística significativa entre o
tratamento 5 e os demais tratamentos. Na 7ª avaliação o tratamento com fungicida não diferiu do
tratamento 4 (Cal + Nim - 2,0 kg/20L H20).

As respostas da cultura do amendoim aos tratamentos utilizados são apresentadas na tabela 5,


através dos dados de produtividade e desfolha. O T5 (aplicações com inseticida e fungicida)

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apresentou a maior produtividade (2.268,29 kg ha-1), diferindo estatisticamente de todos os outros


tratamentos. As perdas de produtividade foram bastante significativas, variando de 38,54 a 47,78%. O
menor percentual de desfolha por planta foi obtido no T5. A desfolha na cultura do amendoim foi
atribuída, principalmente, a incidência de cercosporiose.

O possível não efeito do Cal+Nim, sobre insetos e os patógenos, foi devido, possivelmente, a
reduzida aderência do produto aos folíolos, em função do produto facilmente deslizar sobre a superfície
lisa do limbo de tamanho reduzido, facilitando o escoamento do produto. Novos experimentos devem
visar à utilização de produtos que confiram maior aderência ao pró-agrim sobre as folhas do amendoim.

CONCLUSÃO

Os tratamentos a base de Cal+Nim não controlaram os insetos e doenças na cultura do


amendoim; Os tratamentos com metamidofós e azoxistrobina foram os mais adequados para o manejo
das pragas na cultura do amendoim.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MENEZES, E. de L. A. Inseticidas botânicos: seus princípios ativos, modo de ação e uso
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Tabela 1. Percentuais médios1 de folíolos com injúrias por tripes durante o ciclo da cultura do amendoim, cultivar BRS
Havana. Mogeiro-PB, 2008.
Avaliação
Tratamento 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
T1 0,00 4,38 10,63 20,63 32,50 60,63 78,13 a 71,25
T2 0,00 5,00 18,75 13,13 32,50 56,25 76,25 a 66,25
T3 0,00 2,50 21,88 19,38 38,13 63,13 68,13 ab 75,00
T4 0,00 2,50 14,38 27,50 29,38 57,50 75,00 a 83,75
T5 0,00 3,13 12,50 28,13 38,75 33,13 41,25 b 56,25
T6 0,00 3,75 18,75 18,75 26,25 50,63 70,00 ab 65,63
F - 0,297ns 0,962 ns 2,358 ns 0,582 ns 2,332 ns 3,807* 2,096 ns
1Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,01)
* Teste de F significativo (P≤0,05); ns Teste de F Não significativo

Tabela 2. Percentuais médios1 de folíolos com injúrias por S. bosquella durante o ciclo da cultura do amendoim, cultivar BRS
Havana. Mogeiro-PB, 2008.
Avaliação
Tratamento 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
T1 10,00 11,25 27,50 56,25 66,88 68,75 78,13 71,25
T2 1,25 6,88 24,38 45,63 76,25 63,75 70,63 56,88
T3 5,63 15,00 34,38 48,75 75,00 65,63 71,25 65,63
T4 7,50 17,50 23,13 56,88 70,63 55,00 66,25 71,88
T5 7,50 12,50 24,38 62,50 80,63 70,63 65,63 71,25
T6 9,38 13,13 23,13 45,00 62,50 65,63 73,75 75,63
F 1,46 ns 0,73 ns 0,78 ns 2,10 ns 1,29 ns 1,59 ns 0,78 ns 1,14 ns
ns Teste de F Não significativo

Tabela 3. Número médio1 de E. kraemeri / folha durante o ciclo da cultura do amendoim, cultivar BRS Havana, Mogeiro-PB,
2008.
Avaliação
Tratamento 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
T1 0,05 0,05 0,18 ab 0,14 0,12 ab 0,04 0,02 0,02
T2 0,03 0,05 0,23 a 0,18 0,10 ab 0,06 0,01 0,01
T3 0,07 0,07 0,26 a 0,15 0,18 a 0,07 0,01 0,01
T4 0,04 0,05 0,24 a 0,18 0,08 ab 0,05 0,00 0,03
T5 0,02 0,14 0,07 b 0,19 0,00 b 0,00 0,02 0,00
T6 0,02 0,08 0,27 a 0,16 0,05 ab 0,03 0,03 0,01
F 0,77 ns 0,95ns 6,54** 0,18 ns 2,63* 1,11 ns 0,84 ns 0,66 ns
1Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05).
** Teste de F significativo (P≤0,01); * Teste de F significativo (P≤0,05); ns Teste de F Não significativo

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1014-1019.
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Tabela 4. Percentuais médios1 de folíolos com manchas de cercosporiose, durante o ciclo da cultura do amendoim, cultivar
BRS Havana, Mogeiro-PB, 2008.
Avaliação
Tratamento 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
T1 0,50 0,93 3,03 6,90 a 23,00 a 18,48 a 23,38 a 23,23
T2 0,28 0,45 2,60 4,25 ab 20,03 a 18,68 a 22,60 a 21,98
T3 0,35 0,93 2,55 5,60 ab 22,45 a 17,58 a 22,80 a 24,23
T4 0,30 0,85 2,38 4,70 ab 19,20 a 17,48 a 20,65 ab 23,10
T5 0,45 1,10 3,08 3,28 b 8,35 b 12,25 b 16,83 b 20,48
T6 0,40 1,55 3,05 6,48 ab 20,13 a 19,65 a 22,55 a 23,68
F 0,74 ns 1,48 ns 0,33 ns 3,65* 24,80** 9,96** 4,66** 0,93 ns
1Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05).
** Teste de F significativo (P≤0,01); * Teste de F significativo (P≤0,05); ns Teste de F Não significativo

Tabela 5. Médias1 de produtividade, perdas e percentual de desfolha/planta, causada por cercosporiose e diferença
percentual de desfolha na cultura do amendoim, cultivar BRS Havana, Mogeiro-PB, 2008.
Produtividade Perdas de Produção Diferença percentual de
Tratamento Desfolha (%)
(Kg/ha) (%) desfolha (%)

T1 1276,06 b 43,74 68,90 a 27,50


T2 1244,46 b 45,14 61,15 a 19,75
T3 1394,13 b 38,54 67,85 a 26,45
T4 1184,59 b 47,78 66,53 a 25,13
T5 2268,29 a - 41,40 b -
T6 1284,37 b 43,38 70,78 a 29,38
F 18,20** - 13,74** -
1Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,01)
** Teste de F significativo (P≤0,01)

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OCORRÊNCIA DA MURCHA BACTERIANA EM MAMONEIRA NA MICROREGIÃO DE AREIA-PB

Dartanhã José Soares1; Geisenilma Maria Gonçalves da Rocha2; Márcia Barreto de Medeiros
Nóbrega1; Mauro Nóbrega da Costa3
1 Embrapa Algodão; 2 CCBS-UEPB; 3 CCA-UFPB; dartanha@cnpa.embrapa.br

RESUMO – Durante o ano de 2009 foram encontradas plantas de mamoneira apresentando sintomas
de murcha seguido de seca e posterior morte em uma área experimental destinada a multiplicação de
sementes de linhagens femininas descendentes da cultivar BRS Energia, na fazenda experimental Chã
de Jardim, pertencente a UFPB, em Areia/PB. Plantas apresentando sintomas foram coletadas e testes
rotineiros para diagnose de doenças vasculares foram realizados para determinar a etiologia dos
sintomas observados. Nos testes realizados observou-se a exsudação de pus bacteriano, levando
então a conclusão de que o agente causal da sintomatologia observada era de etiologia bacteriana. O
provável agente causal foi isolado em meio de cultura e culturas típicas de Ralstonia solanacearum
foram obtidas. Foram realizados testes de patogenicidade com diferentes metodologias para
comprovação da patogenicidade do isolado obtido. Não foram observados sintomas típicos de murcha
aos 15 dias após inoculação, mas observou-se necrose da região inoculada, em relação à testemunha
não inoculada. A bactéria foi re-isolada a partir das lesões obtidas no teste de patogenicidade,
comprovando assim a etiologia do agente causal.
Palavras chave: Ralstonia solanacearum; Ricinus communis

INTRODUÇÃO

Durante o ano de 2009, em uma área cedida pelo setor de horticultura, na fazenda
experimental Chã de Jardim da Universidade Federal da Paraíba, no campus de Areia (UFPB -
Campus II), e utilizada pelo programa de melhoramento da mamoneira da Embrapa Algodão para
multiplicação de sementes de linhagens femininas da cultivar BRS Energia foram observadas plantas
com sintomas típicos de murcha, seguido de seca e morte das mesmas. Numa inspeção da área
afetada observou-se que as plantas sintomáticas apresentavam um padrão de distribuição relacionado
ao declive da área e escorrimento da água de chuva (Figuras 1-4) o que levou a suspeita de se tratar
de uma doença vascular veiculada pela água da chuva e com origem externa a área de plantio.

De posse de tais informações objetivou-se no presente trabalho elucidar a etiologia do agente


causal de tal sintomatologia e comprovar sua patogenicidade.

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METODOLOGIA

Amostras das plantas afetadas foram coletadas e conduzidas ao Laboratório de Fitopatologia


da Embrapa Algodão. Devido à natureza da doença e da distribuição no campo, foram realizados
testes de exsudação para determinar a possível origem bacteriana da sintomatologia inicialmente
observada. A partir da constatação de exsudação bacteriana foi realizado o isolamento direto a partir
de tecidos internos por meio da transferência do pus bacteriano para placas de Petri contendo o meio
523 de Kado & Heskett (MAFIA et al. 2007). Posteriormente realizou-se o teste de Ryce (FERREIRA e
SALGADO 1995) para determinar se o isolado bacteriano obtido era Gram negativo ou Gram positivo.

Para a realização dos testes de patogenicidade o isolado bacteriano foi multiplicado em meio
de cultura 523, a temperatura de 30 ºC por 36 h. Foram utilizadas duas metodologias de inoculação: 1)
a partir das colônias obtidas foi ajustada uma suspensão de células bacterianas em solução salina,
com auxílio de um espectrofotômetro, contendo aproximadamente 10 6 UFC.ml-1. Dez mililitros desta
suspensão bacteriana foram despejados junto ao colo de plantas de mamoneira com 40 dias de idade;
2) a partir das colônias obtidas foram coletadas células bacterianas com o auxílio de um palito de
madeira, previamente esterilizado, o qual foi inserido junto ao colo das plantas inoculadas. Como
testemunhas utilizaram-se plantas onde foi despejada apenas solução salina e plantas onde foram
inseridos os palitos sem o inóculo bacteriano.

As plantas foram então mantidas em condição ambiente e diariamente era feita a observação
visual das mesmas para constatação dos sintomas. Decorridos 15 dias as plantas foram arrancadas e
foi realizado corte longitudinal da região do colo das mesmas para observação de uma possível
colonização dos tecidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se profusa exsudação de pus bacteriano nos testes realizados em laboratório


(Figuras 5 e 6). O isolado bacteriano obtido apresentava características típicas do gênero Ralstonia
(Figura 7). Por meio do teste de Ryce foi possível comprovar que o isolado obtido era Gram negativo.

Não foram observados sintomas típicos de murcha decorridos os 15 dias do período de


avaliação. No teste de patogenicidade por meio da suspensão bacteriana não foi observado necrose

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dos tecidos vasculares das plantas inoculadas e a bactéria não foi recuperada quando da realização do
re-isolamento a partir de amostras de tecido vegetal oriundos das plantas inoculadas por este método.

No teste de patogenicidade por meio da inserção do palito de dente observou-se necrose da


região de inoculação em relação à testemunha (Figuras 8-10) e no re-isolamento a partir destes tecidos
necrosados foram obtidas culturas bacterianas com as mesmas características daquelas inicialmente
isoladas e consideradas como o agente causal da doença observada no campo.

Considerando-se a natureza da doença e os testes realizados o agente causal da murcha


inicialmente observada em condições de campo foi considerado como sendo a bactéria Ralstonia
solanacearum.

A murcha bacteriana da mamoneira, causada por R. solanacearum, já foi relatada em vários


países onde essa planta é cultivada (KOLTE 1995), e inclusive na região nordeste do Brasil (MARIANO
et al. 1998), no entanto este é o primeiro relatado de ocorrência desta doença na microrregião de
Areia/PB. Este patógeno afeta mais de 200 espécies de plantas, mas na cultura da mamoneira é tida
como de importância secundária, pois sua ocorrência é esporádica (KIMATI et al. 1997).

Como esta é uma doença de difícil controle, a constatação da mesma em campos de


multiplicação de sementes deve ser considerada um alerta, pois pode vir a inviabilizar áreas destinadas
a este fim.

Uma vez que não se tem conhecimento sob possíveis níveis de resistência das cultivares de
mamoneira em relação a esta bactéria, a melhor medida de controle é o plantio em áreas sem o
histórico da ocorrência da doença. No caso de áreas com histórico da doença recomenda-se a rotação
de cultura com gramíneas por 2 a 4 anos (KIMATI et al. 1997).

CONCLUSÃO

O agente causal da murcha da mamoneira, observada no presente trabalho, foi identificado


como sendo a bactéria Ralstonia solanacearum.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, L. P.; SALGADO, C. L. Bácterias. In: BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L.
(Eds.) Manual de Fitopatologia: Princípios e Conceitos. Vol.1, São Paulo, SP: Editora Agronômica
Ceres, 1995. p. 97-131.

KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A.; REZENDE, J. A. M. (Eds.)
Manual de Fitopatologia: Doenças das Plantas Cultivadas. Vol.2, São Paulo, SP: Editora
Agronômica Ceres, 1997. 774 p.

KOLTE, S. J. Castor: Disease and Crop Improvement. Shakarpur, Delhi: Shipra Publications, 1995.
119 p.

MAFIA, R. G.; ALFENAS, A. C.; GONÇALVES, R. C. Detecção, Isolamento e Inoculação de Bactérias


Fitopatogênicas. In: ALFENAS, A. C.; MAFIA, R. G. (Eds.) Métodos em Fitopatologia. Viçosa, MG:
Editora UFV. 2007. p. 139-160.

MARIANO, R. L. R.; SILVEIRA, N. S. S.; MICHEREFF, S. J. Bacterial Wilt in Brazil: Current Status and
Control Methods. In: PRIOR, P.; ALLEN, C.; ELPHINSTONE, J. G. (Eds.). Bacterial Wilt Disease:
Molecular and Ecological Aspects. Berlin: Springer-Verlag, 1998. p. 386-393.

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Figuras 1-4 - Vista parcial da área onde foram constados os sintomas de murcha bacteriana em mamoneira, evidenciando a
ocorrência da doença nas plantas próximas a linha de escorrimento de água da chuva (1); Plantas de mamona em
diferentes estágios de infecção: planta murcha, mas ainda verde (2), em avançado estágio de murcha (3) e morta (4).

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Figuras 5-6 - Teste de exsudação em copo (5) e corte longitudinal da região do colo de uma planta de mamoneira infectada
com Ralstonia solanacearum (6), evidenciado o pus bacteriano (setas).

Figura 7 - Crescimento típico de Ralstonia solanacearum em meio 523 de Kado & Heskett.

Figuras 8-10 - Detalhe do teste de patogenicidade com inserção de palito na região do colo das plantas (8). Resultado do
teste de patogenicidade com palito onde é possível observar com nitidez (setas) a necrose do tecido vegetal na região de
inoculação (9) comparado com ausência de sintomas na testemunha (10).

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ALTERAÇÃO NA DISPONIBILIDADE HÍDRICA E SEU EFEITO SOBRE O ACÚMULO DE


BIOMASSA DE PLANTAS DE MAMONA EM ESTÁDIO VEGETATIVO

Ronaldo do Nascimento1; Janivan Fernandes Suassuna2; Diego Anderson M. do Nascimento3


1ProfessorAssociado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, CTRN, UFCG, ronaldo@deag.ufcg.edu.br; 2Aluno de
Mestrado em Engenharia Agrícola da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, CTRN, UFCG, 3Aluno de Graduação em
Agronomia do Centro de Ciências Agrárias, UFPB

RESUMO – A mamona tem se destacado devido ao fato que seu cultivo tem sido incentivado como a
principal oleaginosa na região semi-árida do Nordeste a integrar o Programa Brasileiro de Biodiesel.
Este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da alteração na disponibilidade de água no solo
sobre o acúmulo de biomassa fresca e seca das cultivares de mamona Paraguaçú e Nordestina em
estádio vegetativo. Os tratamentos consistiram de quatro níveis de água no solo: capacidade de campo
(100% cc), 80% da capacidade de campo (80% cc), 60% da capacidade de campo (60% cc) e 40% da
capacidade de campo (40% cc). Sementes foram semeadas em vasos com capacidade para 10 Kg de
solo, os quais eram pesados diariamente e a água adicionada conforme a necessidade para a
manutenção dos tratamentos. O experimento foi mantido até 30 dias após a emergência (30 DAE),
quando as plantas foram coletadas e levadas ao laboratório. Para a determinação da massa fresca, as
partes da plantas foram separadas em parte aérea, raízes e total, pesadas em balança de precisão.
Em seguida foram acondicionadas adequadamente e colocadas em estufa a 75 oC, por 48 horas,
quando foi então determinado os pesos da massas secas da parte aérea, das raízes e total. Os
resultados foram submetidos a análise de variância e regressão. Observou-se que, em geral, todos os
parâmetros de crescimento avaliados, mostrou um comportamento linear em resposta ao aumento da
disponibilidade de água no solo para ambas as cultivares de mamona avaliadas.

Palavras-chave – Crescimento; Ricinus communis L.; estresse hídrico; massa seca.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.), também conhecida como carrapateira, é uma planta
pertencente à família Euphorbiaceae, e engloba vasto número de plantas nativas da região tropical

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(WEISS, 2000). É originária do Leste da África e vegeta naturalmente desde longitude 52º Oeste até
40º Sul, sendo cultivada comercialmente em mais de 15 países, os principais sendo a Índia, a China e o
Brasil. É atualmente considerada uma das mais importantes oleaginosas do mundo, pois apresenta
características importantes como o seu óleo (FREIRE, 2001) e a tolerância à baixas
disponibilidades de água no solo.

No Brasil, a mamona tem se destacado devido ao fato que seu cultivo tem sido incentivado
como a principal oleaginosa na região semi-árida para integrar o Programa Brasileiro de Biodiesel. Na
maioria dos municípios do semi-árido, onde é cultivada, a mamoneira é considerada, pelos agricultores,
como um seguro em anos de seca. Pois ao contrário de outras lavouras, também comuns no Nordeste,
como o milho e o feijão que não suportam secas prolongadas, a mamoneira supera períodos de
estiagem de 20 até 30 dias, com redução do rendimento, a depender da fase fenológica da cultura,
mas dificilmente com perda total de lavoura (CARVALHO, 2005). No Nordeste, estudos a respeito da
tolerância à seca de plantas, como a mamona, são extremamente necessários. De acordo com
GOMIDE et al., (1998), as respostas das culturas à variação de níveis hídricos tem sido propósito de
pesquisas científicas, buscando o aumento na eficiência do uso de água pelas plantas, com vista à
otimização das práticas de manejo, bem como ao maior entendimento dos efeitos do estresse hídrico
no crescimento e na produção de matéria seca. O desenvolvimento de cultivares tolerantes à seca tem
sido um dos objetivos primordiais nos programas de melhoramento genético.

Este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da alteração na disponibilidade de água no
solo sobre o acúmulo de biomassa fresca e seca das cultivares de mamona Paraguaçú e Nordestina
em estádio vegetativo.

METODOLOGIA

O presente trabalho foi conduzido em ambiente de casa de vegetação nas dependências da


Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) da Universidade Federal Rural de Pernambuco, cidade
de Serra Talhada, localizada no sertão do estado de Pernambuco.

Foram utilizadas sementes de mamona, previamente selecionadas, das cultivares Paraguaçu e


Nordestina, cedidas pela Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), as quais foram
semeadas em vasos de polietileno com capacidade para 10 Kg. Utilizou-se 5 (cinco) sementes por
vaso. Cinco dias após a emergência, foi feito um desbaste, deixando-se apenas uma planta por vaso.

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Utilizou-se como substrato uma mistura na proporção 1:1 de areia lavada e solo de floresta. Pesou-se e
distribuiu-se cuidadosamente a mesma quantidade de substrato para todos os solos.

Em seguida foram distribuídos os tratamentos, os quais consistiram de quatro níveis de água


no solo: capacidade de campo (100% cc), 80% da capacidade de campo (80% cc), 60% da capacidade
de campo (60% cc) e 40% da capacidade de campo (40% cc).

A capacidade de campo é um parâmetro do solo que mede a sua capacidade para reter água
a qual pode ser influenciada pela textura e quantidade de matéria orgânica entre outros parâmetros.
Uma forma de estimar no laboratório a capacidade de campo de um solo consiste em saturar uma
quantidade de solo seco conhecida e deixar drenar livremente o excesso de água durante um período
determinado. A umidade retida pelo solo nessas condições corresponderá à sua capacidade de campo.
Para isto adicionou-se ao solo seco água destilada e deixando-se em repouso por um período de 24
horas ao abrigo da evaporação natural. Em seguida este foi pesado e os outros tratamentos foram
determinados tomando-se por base o tratamento de 100% cc. Os vasos eram pesados diariamente e a
água adicionada conforme a necessidade para a manutenção dos tratamentos. Até a emergência das
plântulas todos os tratamentos foram mantidos em 100% cc.

Os tratamentos foram mantidos até 30 dias após a emergência (30 DAE), quando foram
coletados os seguintes dados: massa fresca da parte aérea, das raízes e total. Em seguida foram
acondicionadas adequadamente e colocadas em estufa a 75oC por 48 horas, quando foi então
determinado os pesos da massas secas da parte aérea, das raízes e total.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso com 5 (cinco) repetições,


onde cada vaso contendo uma planta foi considerado uma unidade experimental. Os resultados foram
submetidos a análise de variância e regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na figura 1 são apresentados os resultados das variáveis estudadas, massa fresca da parte
aérea, raiz e total e massa seca da parte aérea, raiz e total.

Observou-se que, em geral, todos os parâmetros de crescimento avaliados, mostraram um


comportamento linear em resposta ao aumento da disponibilidade de água no solo para ambas as
cultivares de mamona avaliadas (Figura 1). A equação de regressão que melhor se ajustou aos dados
de massa fresca da parte aérea, da raiz e total e massa seca da parte aérea, da raiz e total em função

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do aumento da disponibilidade de água no solo, foi a linear, com acréscimos relativos na massa seca
total comparados os tratamentos de 40 e 100% da capacidade de campo da ordem de 50 e 90% para
as cultivares Paraguaçú e Nordestina, respectivamente. Isso demonstra que, apesar do comportamento
ser semelhante para ambas as cultivares, ao que indica o parâmetro de acúmulo de biomassa seca
total, a cultivar Nordestina teve um maior decréscimo no acúmulo de biomassa em relação à
cultivar Paraguaçú, em cerca de 40% (Figura 1).

O estresse hídrico por deficiência, alterou para menos o acúmulo de biomassa fresca e seca
das duas cultivares avaliadas. Segundo vários autores, a falta de água no solo pode acarretar
diminuição na taxa de fotossíntese líquida e por conseqüência, na produção de carboidratos, o que
pode ter acarretado diminuição no acúmulo de biomassa das plantas avaliadas quando submetidas a
baixos níveis de água disponível no solo. Fato também verificado em outras culturas como gergelim e
algodão herbáceo (SOUZA et al., 1997; SOUZA et al., 2000; BELTRÃO et al.,2000).

ROSA (2007) avaliando as respostas fisiológicas de Ricinus communis à redução na


disponibilidade de água no solo, relatam que a deficiência hídrica afeta a performance vegetal através
de efeitos sobre o crescimento e a fotossíntese. Em condições de estresse hídrico, observou-se
redução do crescimento e da área foliar total nas plantas de mamona.

CONCLUSÃO

Todos os parâmetros de crescimento avaliados, mostraram-se sensíveis à diminuição da


disponibilidade de água no solo para ambas as cultivares de mamona avaliadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N.E. de M.; SOUZA, J.G. de; SANTOS, J.W. dos. Consequências da anoxia temporária
radicular no metabolismo do gergelim. Revista de oleaginosas e fibrosas. 4(3):153-161, 2000.

CARVALHO, B. C. L. Manual do cultivo da mamona. Salvador: EBDA, 2005.

FREIRE, R.M.M. Ricinoquímica. In; AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F. O agronegócio da mamona no
Brasil. Brasília. Embrapa Comunicação para Transferência Tecnológica, 2001. 530 p.

GOMIDE, R.L.; MAGALHÃES, P.C.; WAQUIL, J.M.; FERREIRA, W.P. Avaliação do estresse hídrico em
cultivares de milho e sorgo por meio de um gradiente contínuo de irrigação. In: CONGRESSO

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BRASILEIRO DE MILHO E SORGO, 22., 1998, Recife. Anais. Recife: Empresa Pernambucana de
Pesquisa Agropecuária/Embrapa-CNPMS, 1998.

ROSA, L.M.G. Respostas fisiológicas de Ricinus communis à redução na disponibilidade de água no


solo. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007. 87p.

SOUZA, J.G. de; BELTRÃO, N.E. de M.; SANTOS, J.W. dos. Influência da saturação hídrica do solo
na fisiologia do algodão em casa-de-vegetação. Revista de oleaginosas e fibrosas. 1(1):63-71, 1997.

SOUZA, J.G. de; BELTRÃO, N.E. de M.; SANTOS, J.W. Fisiologia e produtividade do gergelim em solo
com deficiência hídrica. Revista de oleaginosas e fibrosas. 4(3):163-168, 2000.

WEISS, E.A. Oilseed crops. London: Longman, 2000. 660p.

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A) B)

Massa fresca da parte aérea (g)


9,0 y = 0,0802x + 0,1706 6,0 y = 0,0525x + 0,3113
7,5 R2 = 0,9644 5,0 2
R = 0,9614
Massa fresca total (g)

Paraguaçu
6,0 4,0
Norderstina 3,0 Paraguaçu
4,5
Nordestina
3,0 y = 0,0789x + 0,1894 Linear 2,0 y = 0,0532x + 0,2012
R2 = 0,9974 (Paraguaçu) 1,0 R2 = 0,9907
1,5 Linear
(Norderstina) 0,0
0,0
40 60 80 100
40 60 80 100
Níveis de reposição de água (% da CC) Níveis de reposição de água (% da CC)

C) D)

3,0 1,2
y = 0,025x + 0,0848 y = 0,0134x - 0,2476
Massa fresca da raiz (g)

2,5 1,0
2 R2 = 0,9943
Massa seca total (g)

R = 0,9196
2,0 0,8
Paraguaçu Paraguaçu
1,5 Norderstina 0,6
Norderstina
1,0 0,4
y = 0,0311x - 0,4628 y = 0,0072x + 0,0963
0,5 0,2
R2 = 0,9951 R2 = 0,9955
0,0 0,0
40 60 80 100 40 60 80 100
Níveis de reposição de água (% da CC) Níveis de reposição de água (% da CC)

E) F)

0,4
1,0 y = 0,0038x - 0,0866
Massa seca da parte aérea (g)

y = 0,0093x - 0,1376
Massa seca da raiz (g)

2
2
0,3 R = 0,966
0,8 R = 0,997
Paraguaçu 0,2 Paraguaçu
0,6
Norderstina
Norderstina 0,1
0,4
y = 0,0062x + 0,0237 Linear 0,1 y = 0,0011x + 0,0622
0,2
R2 = 0,9986 (Paraguaçu) R2 = 0,9129
0,0 Linear 0,0
(Norderstina) 40 60 80 100
40 60 80 100
Níveis de reposição de água (% da CC) Níveis de reposição de água (% da CC)

FIGURA 1. Massa fresca total (A), massa fresca da parte aérea (B), massa fresca da raiz (C), massa seca total (D), massa seca
da parte aérea (E) e massa seca da raiz (F) das cultivares de mamona Paraguaçu e Nordestina cultivadas sob diferentes
disponibilidades de água no solo.

CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010,


João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1026-1031.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES DO BALANÇO HÍDRICO EM MAMONA NA MICRORREGIÃO


DE GARANHUNS-PE1

José Romualdo de Sousa Lima1; Clarissa de Albuquerque Gomes2; Karoline de Melo Padilha2; Antonio
Celso Dantas Antonino3; Roberto Carlos Orlando1
1 Prof. Adjunto UAG/UFRPE, romualdo@uag.ufrpe.br; 2 Graduando em Agronomia UAG/UFRPE; 3 Prof. Associado
DEN/UFPE

RESUMO – Com a criação do projeto Biodiesel ocorreu uma grande demanda por culturas
oleaginosas, com destaque para a mamona. No entanto, pesquisas relacionadas com a
evapotranspiração dessa cultura ainda são incipientes. Dentre os vários métodos de estimativa da
evapotranspiração, um dos mais utilizados é o balanço hídrico do solo. Em face ao exposto, o presente
trabalho teve como objetivo avaliar os componentes do balanço hídrico em solo cultivado com
mamona. O experimento foi conduzido em uma área de aproximadamente 09 ha, na Fazenda Estivas
no município de Garanhuns-PE (8°53‘S, 36°29‘O, 842 m altitude). Para a determinação do balanço
hídrico foram instalados sensores automatizados para a medição da umidade volumétrica do solo nas
profundidades de 20, 40, 60, 80 e 100 cm, além de um pluviógrafo para medir a precipitação pluvial. A
drenagem profunda e/ou a ascensão capilar bem como escoamento superficial foram considerados
nulos. A variação do armazenamento de água no solo seguiu as variações da precipitação pluvial. A
evapotranspiração da mamona foi mais elevada nos períodos de maior disponibilidade hídrica, com
valores total e médio de 260,1 mm e 3,72 mm d-1, respectivamente.
Palavras-chave – evapotranspiração, umidade do solo, Ricinus communis.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o Governo Federal, por meio do PROBIODIESEL, vem incentivando o cultivo
de plantas oleaginosas, de acordo com o potencial de cada região, para a produção do biodiesel. No
Nordeste brasileiro, devido às condições edafoclimáticas, a cultura escolhida para a produção de
biodiesel foi a mamona. Além da sua adaptabilidade a essas condições, a cultura da mamona
apresenta elevada potencialidade para gerar empregos e fixar o homem no campo, diminuindo o êxodo
rural (Oliveira et al., 2009).

1 Trabalho financiado pela PRPPG/PROAD/REUNI/UFRPE

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Para se obter bons lucros com a cultura da mamona, além de fatores importantes como o
mercado e comercialização, é necessário que esta produza em níveis satisfatórios. Para tanto, se faz
necessário a realização de pesquisas em torno de fatores que influenciam a sua produção, tais como:
genética, nutrição, técnicas de cultivo, o uso de água pela cultura, entre outros. Destes, a questão do
uso de água (evapotranspiração) pela mamona é um tema pouco estudado e escasso na literatura
(Silva et al., 2007).

A evapotranspiração é definida como a perda de água por meio da transpiração das plantas e
da evaporação do solo. Existem vários métodos de se medir ou estimar a evapotranspiração das
culturas, desde os mais simples aos mais complexos. Dentre estes, o método do balanço hídrico do
solo vem sendo utilizado por muitos pesquisadores (Lima et al., 2006; Silva et al., 2007) devido a sua
simplicidade e precisão quando comparado com os métodos micrometeorológicos.

Em face ao exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os componentes do


balanço hídrico (variação do armazenamento de água no solo, precipitação pluvial e
evapotranspiração) num solo cultivado com a cultura da mamona na região de Garanhuns-PE.

METODOLOGIA

As medidas para a realização do balanço hídrico foram efetuadas numa área de


aproximadamente 9 ha cultivada com mamona, localizada na Fazenda Estivas situada no município de
Garanhuns-PE (8o 53‘ S, 36o 29‘ O, 842 m). O clima na microrregião de Garanhuns é mesotérmico, com
temperatura média anual de 20°C e precipitação pluviométrica de 1333,1 mm, sendo os meses mais
chuvosos de maio e junho.

No dia 04 de agosto de 2009, sementes de mamona da cultivar BRS 149 Nordestina foram
plantadas manualmente no espaçamento de 4,0 m x 1,0 m, com uma planta por cova. Os dados
utilizados nesse trabalho correspondem ao período de 09/08/2009 a 18/10/2009 (05-75 DAP, dias após
o plantio).

Para a determinação do balanço hídrico foram instalados sensores automatizados para


medição da umidade volumétrica do solo (modelo CS 615 da Campbell Scientific) nas profundidades de
20, 40, 60, 80 e 100 cm. As leituras de cada sensor foram realizadas a cada minuto com o valor de
cada trinta minutos armazenado num sistema de aquisição de dados CR 1000 (Campbell Scientific).

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O balanço hídrico em determinado volume de solo, num certo período de tempo é descrito pela
equação:

A  P  I  AC  D  R  ET (1)

sendo, A a variação de armazenamento de água no perfil de solo; P a precipitação pluvial; I a


irrigação; AC a ascensão capilar; D a drenagem profunda e R o escoamento superficial. Todos os
termos dessa equação estão em mm.

A precipitação pluvial foi monitorada por meio de um pluviógrafo automatizado instalado numa
torre no centro da área. O termo irrigação (I) foi nulo, pois o trabalho se realizou em condições de
sequeiro. Considerou-se que não ocorreu escoamento superficial de água (R), devido o solo apresentar
topografia plana. Também se considerou os termos drenagem profunda (D) e ascensão capilar (AC)
como nulos.

Desse modo, a ET foi obtida por:

ET  P  A (2)

A variação no armazenamento de água no perfil de solo (A) foi determinada pela diferença
dos valores do armazenamento de água do perfil nos tempos inicial e final de cada período
considerado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 1 é apresentada a evolução diária da precipitação pluvial e da umidade volumétrica


do solo nas profundidades de 20, 40, 60, 80 e 100 cm, durante o período de 09/08/2009 a 18/10/2009.

Observa-se para o período estudado que a umidade volumétrica do solo seguiu as variações
da precipitação pluvial. A quantidade de água precipitada na área experimental, durante o período
citado acima, foi de 200,9 mm. Vê-se que as profundidades mais superficiais (20 e 40 cm), possuem
maiores variações nos valores de umidade volumétrica, quando comparadas às camadas mais
profundas (60, 80 e 100 cm). A maior oscilação na umidade volumétrica nas profundidades de 20 e 40
cm deve-se a sua posição em relação às demais; pois, por ser superficial, sofre maior influência de
fatores como precipitação, vento, umidade relativa do ar, exploração pelas raízes dos vegetais e a
radiação solar, entre outros, que contribuem para a entrada e saída da água neste ambiente.

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Na Figura 2 são apresentados os componentes do balanço hídrico do solo durante os 10


subperíodos de avaliação, ou seja, de 09/08/2009 a 18/10/2009. Cada subperíodo correspondeu a 07
dias. O balanço hídrico foi realizado até a profundidade de 60 cm, uma vez que essa profundidade
engloba a quase totalidade do sistema radicular da mamona. Pela análise da Figura 2, observa-se que
os subperíodos 1 e 3 apresentaram os maiores volumes de precipitação pluvial. Observa-se, também,
que a variação do armazenamento (A) de água no solo seguiu as variações da precipitação, com os
subperíodos 1 e 3 sendo os únicos a apresentar valores positivos de A.

Durante o período de avaliação a evapotranspiração (ET), teve seus valores mais elevados nos
subperíodos 1 e 3, em virtude dos maiores valores de precipitação pluvial. Cruz et al. (2005) avaliando
a quantidade de água consumida na cultura de citros, afirmam que o fato da ocorrência de maiores
taxas de evapotranspiração, quando ocorrem as maiores taxas de precipitação pluvial, é devido a
maior evaporação e transpiração nas camadas superficiais até os 40 cm de profundidade. O valor total
de ET foi de 260,1 mm e o valor médio foi de 3,72 mm d -1. Esses resultados estão de acordo com os
obtidos por Silva et al. (2007), os quais estimaram a evapotranspiração da mamona pelo método do
balanço hídrico em Areia-PB, e encontraram que a ET média, para todo ciclo da mamona, foi de 4,1
mm d-1.

CONCLUSÃO

As variações do armazenamento de água no perfil de solo seguiram as variações da


precipitação pluvial. A evapotranspiração da mamona foi mais elevada nos períodos de maior
disponibilidade hídrica, com valores total e médio de 260,1 mm e 3,72 mm d -1, respectivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIMA, J.R.S.; ANTONINO, A.C.D.; SOARES, W.A.; SOUZA, E.S.; LIRA, C.A.B.O. Balanço hídrico no
solo cultivado com feijão caupi. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, Recife, v.1, n.único, p.89-95,
2006.
OLIVEIRA, I.A.; LIMA, J.R.S.; SILVA, I.F.; ANTONINO, A.C.D.; GOUVEIA NETO, G.C.; LIRA, C.A.B.O.
Balanço de energia em mamona cultivada em condições de sequeiro no Brejo Paraibano. Revista
Brasileira de Ciências Agrárias, v.4, n.2, p.185-191, 2009.
SILVA, J.M.; LIMA, J.R.S.; GOUVEIA NETO, G.C.; SOUZA, C.; SILVA, I.F.; ANTONINO, A.C.D.;
NÓBREGA, J.A. Balanço hídrico na cultura da mamona, sob condições de sequeiro no Brejo
Paraibano. Revista Educação Agrícola Superior, Brasília, v.22, n.1, p.57-59, 2007.

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Precipitação
14 20 cm 0.3
40 cm
60 cm
80 cm
12 100 cm 0.25

Umidade volumétrica, m 3 m-3


10

Precipitação pluvial, mm
0.2

8
0.15
6

0.1
4

0.05
2

0 0
9/8/2009 29/8/2009 18/9/2009 8/10/2009
Tempo, dias

Figura 32 - Precipitação pluvial e umidade volumétrica do solo durante o período de 09/08/2009 a 18/10/2009 em
Garanhuns-PE
120 PRECIPITAÇÃO
A
100 ET
Componentes do balanço hídrico, mm

80

60

40

20

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-20

-40 Subperíodos

Figura 2 - Componentes do balanço hídrico em mamona durante o período de 09/08/2009 a 18/10/2009 em Garanhuns-PE

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BALANÇO DE ENERGIA E EVAPOTRANSPIRACAO EM MAMONA CULTIVADA EM


GARANHUNS-PE1

José Romualdo de Sousa Lima1; Karoline de Melo Padilha2; Clarissa de Albuquerque Gomes2; Antonio
Celso Dantas Antonino3; Roberto Carlos Orlando1
1 Prof. Adjunto UAG/UFRPE, romualdo@uag.ufrpe.br; 2 Graduando em Agronomia UAG/UFRPE, bolsista
PIBIC/CNPq/UFRPE; 3 Prof. Associado DEN/UFPE

RESUMO – Objetivou-se determinar os componentes do balanço de energia (saldo de radiação, fluxo


de calor latente, fluxo de calor sensível e fluxo de calor no solo) e a evapotranspiração (ET) em
mamona, pelo método da razão de Bowen. Para tal, instalou-se numa área de 9 ha da fazenda Estivas,
Garanhuns – PE (8°53‘S, 36°29‘O, 842 m altitude), uma torre micrometeorológica contendo um
pluviógrafo, um saldo radiômetro e sensores para medida da temperatura e da umidade relativa do ar,
em dois níveis acima do dossel da cultura. Além disso, dois locais no solo foram instrumentados, cada
um com duas sondas térmicas instaladas horizontalmente, nas profundidades de z1 = 2,0 cm e z2 =
8,0 cm, além de um sensor destinado à medida do fluxo de calor no solo, a 5,0 cm. Essas medidas
foram armazenadas, a cada 30 minutos, em um sistema de aquisição de dados. A Rn foi utilizada, em
média, como 43% no fluxo de calor latente (LE), 50% como fluxo de calor sensível (H) e 7% como fluxo
de calor no solo (G). A ET seguiu as variações da precipitação pluvial, com valores total e médio de
146,1 mm e 2,1 mm d-1, respectivamente.
Palavras-chave – evapotranspiração, razão de Bowen, fluxo de calor sensível, saldo de radiação.

INTRODUÇÃO

A mamona apresenta-se como uma cultura com enorme potencial para gerar empregos e fixar
o homem no campo devido à utilização do óleo de suas sementes para a produção de biodiesel. Desse
modo, várias pesquisas foram e estão sendo realizadas com essa cultura, no entanto, até o momento,
existem poucas pesquisas que estudaram os componentes do balanço de energia, bem como a
evapotranspiração dessa cultura.

A quantificação dos componentes do balanço de energia (saldo de radiação, fluxo de calor no


solo, fluxo de calor sensível e fluxo de calor latente) é importante para propósitos meteorológicos,
agronômicos e hidrológicos, bem como para o planejamento da irrigação das culturas e para uma

1 Trabalho financiado pela PRPPG/PROAD/REUNI/UFRPE

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melhor compreensão e modelagem dos processos de troca de massa e de energia que ocorrem na
superfície da terra.

O método do balanço de energia razão de Bowen é considerado um método padrão nas


estimativas dos fluxos de calor latente e calor sensível, o qual vem sendo usado por diversos
pesquisadores (Lima et al., 2005; Azevedo et al., 2007; Oliveira et al., 2009). Assim sendo, o objetivo
desse estudo foi estimar a evapotranspiração da mamona (ET), bem como os componentes do balanço
de energia, por meio do método do balanço de energia razão de Bowen.

METODOLOGIA

As medidas para a realização do balanço hídrico foram efetuadas numa área de


aproximadamente 9 ha cultivada com mamona, localizada na Fazenda Estivas situada no município de
Garanhuns-PE (8o 53‘ S, 36o 29‘ O, 842 m). O clima na microrregião de Garanhuns é mesotérmico, com
temperatura média anual de 20°C e precipitação pluviométrica de 1333,1 mm, sendo os meses mais
chuvosos de maio e junho.

No dia 04 de agosto de 2009, sementes de mamona da cultivar BRS 149 Nordestina foram
plantadas manualmente no espaçamento de 4,0 m x 1,0 m, com uma planta por cova. Os dados
utilizados nesse trabalho correspondem ao período de 09/08/2009 a 18/10/2009 (05-75 DAP, dias após
o plantio).

Para a realização do balanço de energia foi instalada uma torre micrometeorológica no centro
da área contendo dois sensores de medidas da temperatura e da umidade relativa do ar em dois níveis
(z1 = 40,0 cm, e z2 = 110,0 cm) acima do dossel da cultura. Além desses sensores, foi instalado um
saldo radiômetro para as medições do saldo de radiação e um pluviógrafo, para a medida da
precipitação pluvial, sendo estes sensores instalados na mesma torre, numa altura de 2,0 m da
superfície do solo. Para a medida do fluxo de calor no solo, foi instalado um fluxímetro numa
profundidade z = 5,0 cm, juntamente com um sensor de umidade do solo na mesma profundidade,
além de duas sondas térmicas instaladas horizontalmente nas profundidades de z1 = 2,0 cm e z2 = 8,0
cm. Todas as medidas citadas acima foram armazenadas como médias a cada 30 minutos, a exceção
da pluviometria onde foi calculado seu valor total, em um sistema de aquisição de dados CR 1000 da
Campbell Scientific.

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O balanço de energia na superfície do solo pode ser calculado por meio da seguinte
expressão:

Rn  G  H  LE (1)

Em que: Rn – saldo de radiação; G - fluxo de calor no solo; H - fluxo de calor sensível e LE -


fluxo de calor latente. Todos os termos estão W m-2.

A partição da energia disponível (Rn-G) entre fluxo de calor latente e fluxo de calor sensível
pode ser obtida pelo método do balanço de energia – razão de Bowen:

H T
 
LE e (2)

Em que:  - constante psicrométrica (0,066 kPa oC-1); T - diferença de temperatura do ar


(oC); e e - diferença de pressão de vapor (kPa).

A partir da equação do balanço de energia, utilizando-se a razão de Bowen (), procedeu-se o


cálculo dos fluxos de calor latente (LE) e calor sensível (H):

Rn  G
LE 
1  (3)


H Rn  G 
1  (4)

A taxa de evapotranspiração da cultura (ET) foi obtida dividindo-se o fluxo de calor latente pelo
calor latente de vaporização, considerado como constante (2,45 MJ kg -1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura1 é apresentada a evolução diária da precipitação pluvial e da evapotranspiração


(ET) da cultura da mamona. Observa-se para o período estudado que a quantidade total de água
precipitada foi 62,5 mm, sendo que a precipitação mais significativa (13,0 mm) ocorreu no dia
25/08/2009. Observa-se que a ET seguiu as variações da precipitação pluvial, com os valores mais
elevados, ocorrendo logo após um evento de precipitação, sendo seu valor total de 146,1 mm e seu
valor médio de 2,1 mm d-1.

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A evolução diária dos componentes do balanço de energia (saldo de radiação, fluxos de calor
no solo, latente e sensível) na cultura da mamona é apresentada na Figura 2. Observa-se que o fluxo
de calor no solo (G) manteve-se quase que regular durante todo o período de estudo. Os fluxos de
calor sensível (H) e calor latente (LE) seguiram a distribuição da precipitação pluvial, pois, nos períodos
de maior disponibilidade hídrica do solo, o principal consumidor da energia disponível (Rn-G) foi o LE, e
quando existiu restrição hídrica no solo, o principal consumidor foi o H, ou seja, quando não existiu
restrição hídrica no solo a maior parte da energia disponível foi utilizada no processo de
evapotranspiração. Observou-se, ainda, que o saldo de radiação (Rn) foi utilizado em média como
43%, 50% e 7% para os fluxos de calor latente (LE), sensível (H) e no solo (G), respectivamente.

Oliveira et al. (2009) avaliando os componentes do balanço de energia em mamona cultivada


nas condições do Brejo Paraibano (Areia-PB), encontraram que o saldo de radiação foi utilizado, em
média, como 52% no fluxo de calor latente, 38% como fluxo de calor sensível e 10% como fluxo de
calor no solo. Uma possível explicação para essa diferença entre os resultados dessa pesquisa e os de
Oliveira et al. (2009), se deve a menor precipitação pluvial ocorrida nesta pesquisa.

CONCLUSÃO

A Rn foi utilizada, em média, como 43% no fluxo de calor latente (LE), 50% como fluxo de calor
sensível (H) e 7% como fluxo de calor no solo (G). A ET seguiu as variações da precipitação pluvial,
com valores total e médio de 146,1 mm e 2,1 mm d-1, respectivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, P.V.; SOUZA, C.B.; SILVA, B.B.; SILVA, V.P.R. Water requirements of pineapple crop
grown in a tropical environment, Brazil. Agricultural Water Management, Amsterdam, v.88, n.1-3,
p.201-208, 2007.

LIMA, J.R.S.; ANTONINO, A.C.D.; SOARES, W.A.; BORGES, E.; SILVA, I.F.; LIRA, C.A.B.O. Balanço
de energia em um solo cultivado com feijão caupi no brejo paraibano. Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.9, n.4, p. 527-534, 2005.

OLIVEIRA, I.A.; LIMA, J.R.S.; SILVA, I.F.; ANTONINO, A.C.D.; GOUVEIA NETO, G.C.; LIRA, C.A.B.O.
Balanço de energia em mamona cultivada em condições de sequeiro no Brejo Paraibano. Revista
Brasileira de Ciências Agrárias, v.4, n.2, p.185-191, 2009.

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14 3

12 2.5
Precipitação pluvial, mm
10

Evapotranspiração, mm
2
8
1.5
6 Precipitação
ET 1
4

2 0.5

0 0

Tempo, dias
Figura 33 - Precipitação pluvial e evapotranspiracao da mamona durante o período de 11/08/2009 a 18/10/2009 em
Garanhuns-PE
18 Rn
G
16 LE
H
Energia diária acumulada, MJ m-2

14

12

10

0
11/08/2009 31/08/2009 20/09/2009 10/10/2009
Tempo, dias

Figura 2 - Evolução diária dos componentes do balanço de energia sobre a cultura da mamona durante o período de
11/08/2009 a 18/10/2009 em Garanhuns-PE

CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010,


João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1037-1041.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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CARACTERÍSTICAS DA FIBRA DO ALGODÃO HERBÁCEO SUBMETIDO A DIFERENTES NÍVEIS


DE UMIDADE NO SOLO

Simone Raquel Mendes de Oliveira (1); Aderson Soares de Andrade Júnior (2) ;
Valdenir Queiroz Ribeiro (3)

1 Mestra em Agronomia, Universidade Federal do Piauí, Bolsista da Embrapa Meio-Norte, Av. Duque de Caxias, 5650,

Bairro Buenos Aires, CEP: 64006-220. Teresina, PI. e-mail: simoneraquel@cpamn.embrapa.br; (2) Pesquisador Embrapa
Meio Norte, Av. Duque de Caxias, 5650, Bairro Buenos Aires, CEP: 64006-220, Teresina-PI; (3) Pesquisador Embrapa
Meio-Norte, Av. Duque de Caxias, 5650, Bairro Buenos Aires, Teresina, PI, CEP 64006-220.

RESUMO – A diminuição no conteúdo de água no solo afeta acentuadamente os processos


morfofisiológicos das plantas. O objetivo deste trabalho foi avaliar as características da fibra do algodão
herbáceo submetido a diferentes níveis de umidade no solo. O experimento foi conduzido na área
experimental da Embrapa Meio-Norte, em Teresina, PI. Os níveis de umidade no solo foram obtidos por
meio da aplicação de quatro lâminas de irrigação calculadas com base na evapotranspiração de
referência (ETo) local, aplicadas através de um sistema de irrigação por aspersão convencional. O
monitoramento do conteúdo de água no perfil do solo foi realizado por meio de uma sonda de
capacitância. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com quatro repetições
e as lâminas dispostas em faixas. O comprimento de fibra em mm (UHM), índice de uniformidade do
comprimento da fibra em % (UNF) e o índice de fiabilidade (SCI) apresentaram comportamento linear
crescente em função dos níveis de umidade no solo. O índice de fibras curtas (SFI), o índice micronaire
(MIC) e a maturidade em % (MAT) decresceram linearmente com o acréscimo nos níveis de umidade
no solo. A resistência em gf/tex (STR) não foi influenciada de maneira significativa pelos níveis de
umidade no solo.
Palavras-chave – Gossypium hirsutum L., conteúdo de água no solo, déficit hídrico, estresse anoxítico.

INTRODUÇÃO

A diminuição no conteúdo de água no solo afeta acentuadamente os processos


morfofisiológicos das plantas. No caso do algodoeiro herbáceo, as alterações no seu metabolismo são
mais profundas em situações de excesso de umidade no solo, em que se constata a ocorrência de
estresse anoxítico, respondendo via raízes às variações no conteúdo de água no solo (BELTRÃO et
al., 2008). Por outro lado, embora seja uma cultura tolerante à seca, um déficit severo de umidade no
solo, comprometerá seu crescimento e desenvolvimento, afetando inclusive a qualidade das fibras.

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Ao avaliar três níveis de umidade (25%, 50% e 75% da água do solo consumida pela planta);
três cultivares de algodoeiro (CNPA 76-6873, BR-1 e CNPA 77-149) e três densidades de plantio
(57.000, 80.000 e 133.000 plantas/ha), Silva et al. (1985) verificaram que a resistência, a finura e a
uniformidade sofreram influência dos níveis de umidade do solo, sendo que o nível de umidade
intermediário (50% da água disponível do solo) foi o responsável pelos maiores valores de resistência e
finura e pelo menor valor de uniformidade de comprimento.

Dentro desse contexto, a manutenção dos níveis de água no solo em condições de


atendimento as necessidade hídricas do algodão herbáceo em todos os seus estádios fenológicos é
extremamente importante para obtenção de produtividades satisfatórias e, principalmente, de fibras
com qualidade dentro dos padrões exigidos pelo mercado global.

Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito de diferentes níveis de umidade no solo sobre
as características da fibra do algodão herbáceo nas condições edafoclimáticas de Teresina, PI.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa Meio-Norte, município de


Teresina, PI (05° 05‘ S e 42° 48‘ W e altitude de 74,4 m), durante o período de agosto a novembro de
2008. O solo da área experimental é um Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico, cujas características
físico-hídricas e químicas encontram-se nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. O clima local, segundo
Thornthwaite e Mather (1955), é sub-úmido seco (C1) (ANDRADE JÚNIOR et al., 2005).

Foram aplicados na adubação de fundação: 30 kg de N ha-1, 50 kg de P2O5 ha-1 e 40 kg de


K2O ha-1 e 50 kg de N ha-1 e 30 kg de K2O ha-1, nas adubações de cobertura, realizadas aos 35 e 55
dias após a semeadura do algodoeiro. A semeadura do algodoeiro herbáceo, c.v. BRS Camaçari, foi
realizada manualmente em um espaçamento de 1,20 m x 0,20 m. Os tratamentos consistiram de níveis
de umidade no solo (%, em volume) resultantes da aplicação de quatro lâminas de irrigação (sistema
de aspersão convencional fixo) obtidas com base na reposição de evapotranspiração de referência
local (ETo) (125%, 100%, 75% e 50%), estimadas pelo método Penman-Monteith, as quais foram
aplicadas durante o período de início de floração até a formação do capulho. O delineamento
experimental utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições e as lâminas de irrigação
arranjadas em faixas.

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O monitoramento do conteúdo de água no perfil do solo foi realizado por meio de uma sonda
de capacitância (FDR) modelo Diviner 2000®. Para tanto, foram instalados três tubos de acesso de
PVC, com 1,5 m de comprimento, dispostos em linhas paralelas ao sistema de irrigação convencional e
distantes 2,0 m entre si. As leituras de freqüência relativa (FR) foram realizadas diariamente. O
conteúdo médio de água no solo em cada camada (0,1 m a 0,5 m) foi calculado pela média dos valores
de umidade medidos nos três tubos de acesso.

Coletou-se 20 capulhos (amostras), 10 em cada fileira e no terço médio de cada planta. As


amostras foram embaladas em sacos de papel devidamente identificados e enviados para o laboratório
de análise de fibra da Embrapa Algodão em Campina Grande – PB. Foi utilizado o instrumento HVI
(High Volume Instrument), Zellweger Uster/Spinlab, série 900, para a determinação das seguintes
características: comprimento de fibra em mm (UHM), índice de uniformidade do comprimento da fibra
em % (UNF), índice de fibras curtas (SFI), resistência em gf/tex (STR), índice micronaire (MIC),
maturidade em % (MAT) e índice de fiabilidade (SCI). Os dados foram submetidos à análise de
variância pelo teste F a nível de 5% de probabilidade e regressão processadas usando-se o programa
SAS (SAS INSTITUTE, 1989).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se que o UHM, UNF e SCI apresentaram comportamento linear crescente em função
dos níveis de umidade no solo, enquanto o SFI, MIC e MAT decresceram com o acréscimo de umidade
no solo. Com relação à STR a análise de variância não mostrou diferenças significativas, a nível de 5%
de probabilidade, em função dos níveis de umidade no solo (Figura 1).

O acréscimo nos valores do comprimento da fibra com a elevação dos níveis de umidade no
solo concorda com Beltrão et al. (2008), estes afirmam que a ocorrência de déficit hídrico no período de
alongamento da fibra ocasiona a redução no seu comprimento. O comportamento decrescente do SFI
e MIC com o acréscimo nos níveis de umidade no solo pode estar associado à existência de um
microclima causado pelo enfolhamento, este microclima reduziu as temperaturas do ar, principalmente
as noturnas.

Em relação à MAT, além da existência do microclima, o comportamento decrescente com o


acréscimo nos níveis de umidade no solo provavelmente esteja também relacionado à redução na
luminosidade. Segundo Araújo (2006), a temperatura do ar e a luminosidade influem decisivamente na
quantidade de celulose depositada, que se associa ao grau de maturação da fibra de algodão.

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CONCLUSÃO

Os níveis de umidade no solo influenciam a maioria das características tecnológicas da fibra:


comprimento, uniformidade de comprimento, índice de fiabilidade, índice de fibras curtas, micronaire e
maturidade.

A resistência da fibra não é influenciada pelos níveis de umidade no solo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE JÚNIOR, A. S.; BASTOS, E. A.; BARROS, A. H. C.; SILVA, C. O.; GOMES, A. A. N.
Classificação climática e regionalização do Semi-Árido do Estado do Piauí sob cenários pluviométricos
distintos. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 36, n. 2, maio/ago., p. 143-151, 2005.

ARAÚJO, L. R. de. Resposta do algodão herbáceo herbáceo cultivar BRS Rubi a adubação
nitrogenada e alteração do regime hídrico no solo. 2006. 70f. Tese (Doutorado em Agronomia).
Areia, PB. Universidade Federal da Paraíba.

BELTRÃO, N. E. de M. AZEVEDO, D. M. P. de; CARDOSO, G. D.; VALE, L. S. do.; ALBUQUERQUE,


W. G. de. Ecofisiologia do algodoeiro. In: BELTRÃO, N. E. de M. AZEVEDO, D. M. P. de. O
agronegócio do algodão no Brasil. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica. 2 v. 2008. 1.309p.
SAS INTITUTE. SAS/STAT. User‟s guide version 6. 4 ed. 1989, 2v.
SILVA, M. J. da; HOLANDA, A. F. de; SAUNDERS, L. C. U.; CAVALCANTE, F. B. Fatores que afetam
a produtividade do algodoeiro sob regime de irrigação por sulcos. Ciência Agronômica, Fortaleza. 16
(I): 002.1-8 – Junho, 1985.

THORNTHWAITE, C.W.; MATHER, J.R. The water balance. Publications in Climatology. New Jersey:
Drexel Institute of Technology, 1955. 104 p.

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Tabela 1. Características físico-hídricas do solo da área experimental. Teresina, PI, 2008.


Granulometria (g/kg) Ds CC* PMP
Prof. Classificação
(m) Areia Areia Textural
Silte Argila (Mg/m3) (% em volume)
Grossa Fina
0,0 – 0,2 296,2 437,0 105,7 161,1 1,65 22,03 9,86 Franco Arenoso
0,2 – 0,4 232,5 424,7 116,7 226,1 1,70 21,58 13,45 F. Argilo-arenoso
Fonte: Laboratório de Solos - Embrapa Meio-Norte. Parnaíba - PI, 2007. * CC: capacidade de campo definida a – 10 kPa.
PMP: ponto de murcha permanente; Ds: densidade

Tabela 2. Características químicas do solo da área experimental. Teresina, PI, 2008.


Resultados
Prof
(m) MO pH P K Ca Mg Na Al H + Al S CTC V m
g/kg H20 mg/dm3 cmolc/dm3 %
0,0-0,2 2,90 5,81 18,40 0,22 1,56 0,74 0,04 0,00 2,31 2,56 4,87 52,57 0,0
0,2-0,4 3,97 4,86 2,60 0,08 0,89 0,49 0,03 0,54 4,11 1,49 5,60 26,61 26,6
Fonte: Laboratório de Solos, Embrapa Meio-Norte, Parnaíba - PI, 2008.

31 87
UHM (mm)

29 85
UNF (%)

27 Y = 0,2884X + 23,7016 83 Y = 0,1347X + 82,2043


R2 = 0,89 R2 = 0,82
25 81
10 20 30 10 15 20 25 30
Umidade no solo (%) Umidade no solo (%)

6,0 Y = -0,0953X + 6,9255 93 Y = -0,2356X + 94,4564


5,5 R2 = 0,97 R2 = 0,98
91
MAT (%)
MIC

5,0
4,5 89
4,0 87
10 15 20 25 30 10 15 20 25 30
Umidade no solo (%) Umidade no solo (%)

7 Y = -0,1036X + 5,9224 158


R2 = 0,81 148
5
SCI
SFI

138
3 Y = 2,6246X + 95,0680
128 R2 = 0,93
1 118
10 15 20 25 30 10 15 20 25 30
Umidade no solo (%) Umidade no solo (%)

Figura 1. Comprimento (UHM), uniformidade de comprimento (UNF), índice micronaire (MIC), maturidade (MAT), índice de
fibras curtas (SFI) e índice de fiabilidade (SCI) do algodão herbáceo em função dos níveis de umidade no solo.

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COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA MAMONEIRA BRS ENERGIA EM DIFERENTES LÂMINAS DE


IRRIGAÇÃO E POPULAÇÕES DE PLANTAS

Sérvulo Mercier Siqueira e Silva1, Napoleão Esberard de Macedo Beltrão2, Hans Raj Gheyi3, Tarcísio
Marcos de Souza Gondim2, Ivan Souto de Oliveira Júnior1, Farnésio de Sousa Cavalcante1,
1IPA– servulo.siqueira@ipa.br; 2Embrapa Algodão–chgeral@embrapa.cnpa.br; 3UFCG – hans@ufcg.edu.br

Resumo: O objetivo do presente trabalho foi estudar alguns dos principais componentes de produção
da mamoneira (Ricinus communis L.) cv. BRS Energia sob diferentes lâminas de irrigação e
populações de plantas. O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Embrapa Algodão,
localizado no município de Barbalha-CE em delineamento de blocos ao acaso com parcelas dispostas
em faixas. Utilizaram-se dezesseis tratamentos resultantes da combinação fatorial de quatro lâminas de
água L1=311,74; L2=460,40; L3=668,53 e L4=850,54 mm aplicadas a quatro populações de plantas
P1=27.777; P2=33.333; P3=41.666 e P4=55.555 plantas ha -1 em quatro repetições. Com base nos
resultados do estudo para a mamoneira cv. BRS Energia verifica-se que o peso dos frutos não variou
quanto à lâmina de irrigação e população de plantas; o teor de óleo do 1º cacho foi sempre maior que o
2º cacho nas lâminas de irrigação e populações de plantas, além de se verificar na lâmina de irrigação
311,74 mm, maiores teores de óleo para o 1º e 2º cacho, considerando as características
edafoclimáticas para a Microrregião do Cariri no Estado do Ceará.
Palavras chaves: Ricinus communis L., irrigado, densidade de plantio, teor de óleo

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa com bastante representatividade no


cenário econômico e social. O óleo da mamona possui inúmeras aplicações na área industrial, bem
como pode ser utilizado como fonte energética na produção de biocombustíveis (Severino et al., 2005).
A cultura também apresenta importância social com incentivo à fixação de populações e geração de
renda no campo principalmente no semiárido brasileiro, porém depara-se com um grande problema
que é o baixo rendimento. O Ceará (2º maior produtor), por exemplo, obteve produtividade de
aproximadamente 878 kg ha-1 (CONAB, 2009). Como na prática a cultura fica exposta às intempéries
climáticas, a irrigação é uma medida importante para garantir o suprimento hídrico à cultura nos
momentos de demanda. Alguns autores têm verificado que a irrigação é eficiente no aumento da

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produtividade, pelo efeito benéfico nos números de cachos por planta e de frutos por cachos e no peso
de sementes (KOUTROUBAS et al., 1999). Outro fator importante de manejo é o espaçamento entre
linhas e a distância entre plantas nas linhas, práticas simples e sem custo para o produtor, mas com
grande impacto sobre a produtividade.

Na busca de fatores capazes de influenciar positivamente no desempenho da cultura, o


presente trabalho teve como objetivo obter melhores respostas em diferentes lâminas de água de
irrigação e populações de plantas para importantes componentes de produção da mamoneira cv. BRS
Energia na Microrregião do Cariri no Estado do Ceará.

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido com a mamoneira (Ricinus communis L.) cv. BRS Energia entre
julho de 2006 a janeiro de 2007 na Fazenda Experimental da Embrapa Algodão, no município de
Barbalha-CE, cujas coordenadas geográficas são; latitude 7º 17‘ 36,32‖ S e longitude 39º 16‘ 14,19‖ W.
O delineamento estatístico utilizado no estudo foi em blocos ao acaso com parcelas dispostas em
faixas, as quais ficaram fixas submetidas às condições de estudo. Utilizaram-se dezesseis tratamentos
resultantes da combinação fatorial de quatro lâminas de água L1=311,74; L2=460,40; L3=668,53 e
L4=850,54 mm, aplicadas a quatro populações de plantas P1=27.777; P2=33.333; P3=41.666 e
P4=55.555 plantas ha-1 em quatro repetições. Utilizou-se o método de irrigação por aspersão através
do sistema ‗line source sprinkler irrigation‘, onde o controle da lâmina de água de irrigação foi obtido em
testes no campo a partir dos resultados da precipitação dos aspersores representativos nas faixas em
estudo. As variáveis avaliadas foram Peso dos Frutos (PFr), Peso das Sementes (PS) e Teor de Óleo
(TO) do 1º e 2º cacho. Procedeu-se análise de variância para as todas as variáveis e nos fatores
lâminas de irrigação e população de plantas, por serem de natureza quantitativa, quando identificado
efeito significativo efetuou-se a análise de regressão polinomial (FERREIRA, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através das informações na Tabela 1, verifica-se efeito significativo apenas no fator lâmina de
irrigação na variável PS (1) a 5% de probabilidade, não observando efeito em nenhuma das demais
variáveis tanto para o fator população de plantas (P) como para a interação dos fatores (L x P).

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Os resultados encontrados para as variáveis PFr (1) e PFr (2) não diferiram estatisticamente,
implicando que as variações das lâmina de irrigação e das populações de plantas utilizadas não foram
suficientes para que alguns dos tratamentos sobressaíssem em relação aos demais. Fato semelhante
fora determinado por Silva et al. (2009).

Já na variável peso de sementes (PS) para o 1º cacho, os valores foram estimados a partir da
regressão polinomial (Figura 1). Verificou-se que a L1 obteve o menor peso (43,96 g), inferior 6,54%
em relação a L3 cuja avaliação foi de 47,04 g, muito próximo de L2 e L4. O peso máximo determinado
foi de 47,15 g com uma lâmina de irrigação de 601,25 mm, este resultado não é muito interessante de
se utilizar, pois na L2 se consegue valor aproximado para o PS (1) com diminuição significativa da
aplicação de lâmina de água. Estes resultados, no entanto, são superiores aos encontrados por
MILANI et al. (2006) para os genótipos de porte baixo CSRN 379 e CSRN 393, com 37,1 e 34,6g,
respectivamente.

Analisando as variáveis TO (1) e TO (2), não foi identificado nenhum efeito significativo nos
fatores estudados, o que permite inferir que as plantas da mamoneira BRS Energia se comportaram de
maneira semelhante nas diferentes lâminas de irrigação e populações de plantas. Devido à importância
desta variável, segue algumas informações dos resultados aqui determinados.

Verifica-se que o fator lâmina de irrigação para TO (1) e o TO (2) tiveram em média leituras de
51,17 e 44,65%, respectivamente (Tabela 2). Outros estudos como os resultados obtidos por BARROS
JÚNIOR (2007), também não detectou diferença significativa, mas sem estresse hídrico, neste caso,
para as cultivares BRS Paraguaçu e BRS Nordestina os teores médios de óleo nas sementes das
plantas daqueles cultivares foram de 47,83 % para o 1º cacho e 47,16 % para o 2º cacho.

Por outro lado, Rodrigues (2008) verificou que houve diferença significativa entre estes dois
cultivares estudados, em que a BRS Nordestina (54,18 % de óleo) foi significativamente maior que a
BRS Paraguaçu (49,92 % de óleo). O referido autor ressalta que as plantas irrigadas com as maiores
lâminas de reposição produziram maior biomassa de bagas, o que permite afirmar que tais plantas
também produziram maior quantidade de óleo.

Em relação à população de plantas os resultados encontrados foram 51,11; 51,92; 52,06 e


49,59 % para o TO (1) e 44,88; 43,58; 44,24 e 45,91%, para o TO (2) nas populações 27.777; 33.333;
41.666 e 55.555 (plantas ha-1), respectivamente (Tabela 2). Estes valores são acima dos determinados
por Moraes et al. (2006) que trabalhando com o cultivar BRS Nordestina em diferentes espaçamento
entre linhas de plantas (1,5; 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 m) não identificou diferença significativa, muito embora

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verificou ligeiro aumento no teor de óleo em média 44,6 % quando foi diminuído a população de
plantas.

CONCLUSÕES

- A lâmina de irrigação de 460,40 mm bem distribuída favorece ao peso de sementes.

- Quanto menor a lâmina de irrigação maior o teor de óleo na semente.

- O teor de óleo da semente do 1º cacho é maior que o 2º cacho para a lâmina de irrigação e
população de plantas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS JUNIOR, G. Efeito do conteúdo de água do solo, monitorado com tdr, sobre o desenvolvimento
e produção de duas cultivares de mamona. Campina Grande, UFCG 2007. 180 fl.: il. (Tese de Doutorado).

CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em: <


http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/MamonaSerieHist.xls>. Acesso em: 23 abril 2009.

FERREIRA, P. V. Estatística experimental aplicada à agronomia. 2. ed. Maceió: EDUFAL, 2000. 421p.

KOUTROUBAS, S. D.; PAPAKOSTA, D. K.; DOITSINIS, A. Adaptation and yilding ability of castor plant (Ricinus
communis L.) genotypes in a Mediterranean climate. European journal of agronomy, v. 11, p. 227-237, 1999.
Disponível em: <http://www.elsevier.com/locate/eja>. Acesso em: 27 de fev. 2007.

MILANI, M.; ANDRADE, F. P. de; NÓBREGA, M. B. de M.; SILVA, G. A.; MOTA, J. R.; MIGUEL JÚNIOR, S. R.;
DANTAS, F. V.; SOUSA, R de L.; Avaliação de genótipos de porte baixo de mamona na região de Irecê/BA. In: II
Congresso Brasileiro da Mamona. Aracaju-SE. Anais..., CD-ROM. 2006.

MORAES, S. do V.; SEVERINO, L. S.; VALE, L. S. do; COELHO, D. K.; GONDIM, T. M. de S.; BELTRÃO, N. E.
de M.; Produção e teor de óleo da mamoneira de porte médio plantada em diferentes espaçamentos. In: II
Congresso Brasileiro de Mamona, 2006, Campina Grande. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006.
CD – ROM.

RODRIGUES, L. N. Níveis de reposição da evapotranspiração da mamoneira irrigada com água


residuária. Campina Grande, UFCG 2008. 161p.; il. (Tese de Doutorado).

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1047-1052.
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plantasna cultura da mamoneira cv. BRS Energia. Revista Brasileira de Ciências Agrárias. Recife. v. 4, n. 3,
p.338-348, jul-set 2009.

Tabela 1. Resumos das análises de variância referente às variáveis peso dos frutos (PFr), peso das sementes (PS) e teor
de óleo (TO) do 1º e 2 º cacho da mamona irrigada com diferentes lâminas em diferentes populações em Barbalha-CE,
2006
Causa de Variância GL Quadrados Médios
PFr (1) PFr (2) PS (1) PS (2) TO (1) TO (2)
Blocos 3 22,2033 69,2501 6,3004 33,4038 11,3894 24,5889
Lâmina (L) 3 57,7075ns 52,7656ns 55,8696* 38,2247ns 7,2676ns 12,4546ns
Resíduo 1 9 43,3617 49,3881 12,5194 36,7102 9,6492 11,1802
População (P) 3 27,5588 ns 20,7577 ns 24,8580 ns 16,0150 ns 20,4626 ns 15,7034ns
Resíduo 2 9 25,3382 76,4316 14,0731 27,6814 8,1259 6,6081
Interação L x P 9 19,4555ns 18,8276ns 15,3973ns 28,1296ns 5,9588ns 34,0449ns
Resíduo 3 27 23,9731 33,1099 22,9308 36,7588 15,2315 36,9330
Total 63
CV (1)% 10,53 11,23 7,65 13,83 6,07 7,49
CV (2)% 8,05 13,97 8,11 12,01 5,57 5,76
CV (3) % 7,83 9,19 10,35 13,84 7,63 13,61
Significativo a 0,05 (*) e a 0,01 (**) de probabilidade; ns não significativo

Tabela 2. Médias do teor de óleo para o 1º e 2 º cacho da mamona, irrigadas com diferentes lâminas em diferentes
populações em Barbalha-CE, 2006
T.O. (1) T.O. (2)
Lâminas (L) (mm)
L1 = 311,74 51,8925 L1 = 311,74 45,4706
L2 = 460,40 51,2987 L2 = 460,40 44,0993
L3 = 668,53 51,2418 L3 = 668,53 43,7118
L4 = 850,54 50,2650 L4 = 850,54 45,3418
Populações (P) (plantas ha–1)
P1 = 27.777 51,1162 P1 = 27.777 44,8856
P2 = 33.333 51,9243 P2 = 33.333 43,5837
P3 = 41.666 52,0600 P3 = 41.666 44,2443
P4 = 55.555 49,5975 P4 = 55.555 45,9100

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A 50

48

Peso das sementes (g)


46

44 1º Cacho = -3,8E-05x2 + 0,0481x + 32,668


R2 = 0,9227
42

40
150 300 450 600 750 900
Lâmina (mm)
1º Cacho

Figura 1. Peso das sementes do 1º cacho da mamona em função da lâmina de irrigação. Barbalha-CE, 2006

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COMPORTAMENTO DA MAMONEIRA BRS ENERGIA EM DIFERENTES LÂMINAS DE


IRRIGAÇÃO.

Genelicio Souza Carvalho Júnior1; José Rodrigues Pereira2; Francisco das Chagas Quesado3; Maria
Aparecida do Nascimento Castro3; Demontier Félix de Souza3; Célio Santos Abdala2; Whellyson
Pereira Araújo4; Franciezer Vicente de Lima4.
1UEPB, geneliciojunior@hotmail.com; 2 Embrapa Algodão; 3 CENTEC; 4 UFPB.

RESUMO – A mamoneira é uma oleaginosa altamente responsiva a irrigação. Para produzir


satisfatoriamente exige cerca de 600 a 700 mm de chuva para uma produção de 1500 kg.ha-1. Neste
contexto conduziu-se experimento no Campo Experimental da Embrapa Algodão de Barbalha, CE, no
período de 01 de agosto a 07 de dezembro de 2008. Adotou-se delineamento de blocos casualizados
com quatro repetições. Os tratamentos se constituíram de quatro lãminas de irrigação (607, 678, 750 e
821 mm). Para o ensaio utilizou-se a cultivar BRS Energia e aos 95 dias após a emergência avaliaram-
se a altura da planta, o diâmetro caulinar, o número de cachos e a produtividade. Concluiu-se que: a
altura de planta, o número de cachos por planta e produtividade da mamoneira BRS Energia
responderam as diferentes lâminas de água aplicadas, sendo a lâmina de 678 mm de água (75 % da
ET0) aplicada, a mais satisfatória para crescimento e desenvolvimento da mamoneira BRS Energia nas
condições edafoclimáticas locais do estudo.
Palavras-chave – Rícinus communis L, necessidade hídrica, desenvolvimento.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L.) apesar de ser uma planta tolerante a seca (CARTAXO et al.,
2004), é exigente em umidade necessitando de precipitação entre 600 e 700 mm para obter uma
produção acima de 1500 kg há-1 (BELTRÃO E SILVA, 1999).

O Brasil plantará uma área equivalente a 147,4 mil hectares, na safra 2009/2010, 6,4% inferior
a safra 2008/2009, mas com produtividade superior, em torno de 750 kg ha -1 e, uma produção em torno
de 110,6 mil toneladas (CONAB, 2010). Esta cultura está incluída no programa nacional de biodiesel,
por ser uma fonte de energia renovável, em substituição ao petróleo (BELTRÃO et al., 2009).

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A definição de lâminas de irrigação para a mamoneira é ainda pouco explorada. Contudo há


relatos na literatura de que a mamoneira necessita de grandes quantidades de água para produzir
satisfatoriamente.

Objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos de quatro lâminas de irrigação na altura, no
diâmetro caulinar, no número de cachos e na produtividade da mamoneira BRS Energia.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Embrapa Algodão, Barbalha, CE, localizada nas coordenadas
geográficas de 7°19' S, 39°18' O e 409,03 m de altitude (DNMET, 1992), no período de 01 de agosto a
07 de dezembro de 2008.

O solo é do tipo Neossolo Flúvico e sua caracterização química, conforme Boletim No. 121/06
do Laboratório de Solos da Embrapa Algodão foi à seguinte: pH de 7,4; 121,7, 74,1, 5,4, 10,8 e 0,0
mmolc dm-3 de cálcio, magnésio, sódio, potássio e alumínio, respectivamente; 17,4 mg dm-3 de fósforo
e 18,3 g kg-1 de matéria orgânica.

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, sendo os tratamentos (1. 50 % da


evapotranspiração de referência _ ET0; 2. 75 % da ET0; 3. 100 % da ET0; 4. 125 % da ET0,
distribuídos em quatro repetições, totalizando laminas de 607, 678, 750 e 821 mm de água aplicada por
tratamento estudado em todo o ciclo, respectivamente. A diferenciação dos tratamentos ocorreu
somente no período crítico de necessidade hídrica da mamoneira, aproximadamente dos 65 a 85 dias
após a germinação. A área total da parcela media 12 x 20 m (240 m2), com área útil de 40 m2 (4 x 10
m). A cultivar BRS Energia de mamona foi plantada no espaçamento de 1,20 m entre fileiras, deixando-
se cinco plantas por metros de fileira após o desbaste definitivo.

O preparo do solo constou de uma aração e três gradagens, tratorizadas. A adubação foi
aplicada na seguinte fórmula 55-55-40, sendo o nitrogênio parcelado em duas vezes (10 % da dose na
fundação, 90 % após desbaste definitivo), o fósforo e o potássio foram aplicados de uma só vez, por
ocasião do plantio. Não apareceram pragas ou doenças. Para controle de plantas daninhas, foram
feitas três capinas manuais à enxada.

Utilizou-se irrigação por aspersão convencional, com linhas de aspersores espaçadas 12 m


uma da outra, sendo irrigadas duas linhas por vez, estando dentro de cada linha os aspersores
espaçados entre si também por 12 m. Imediatamente antes do plantio foi efetuada uma irrigação em

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toda a área de modo a levar o solo à capacidade de campo, e após o plantio, a cada quatro dias uma
irrigação com pequena lâmina, de modo a assegurar a boa germinação das sementes. A partir do
estabelecimento da cultura, as irrigações foram efetuadas uma vez por semana. A quantidade de
reposição de água (mm) para cada tratamento e evento de irrigação foi determinada de acordo com a
evapotranspiração de referência (ET0) calculada pelo método de Penman-Monteith (ALLEN et al.,
2006).

Os dados climáticos para uso no cálculo da ET0 foram obtidos, diariamente e de hora em hora,
via internet (www.inmet.gov.br), diretamente da Estação Meteorológica Automática do Instituto Nacional
de Meteorologia - INMET de Barbalha, CE, localizada a 500 metros da área experimental irrigada da
Embrapa Algodão de Barbalha, CE.

Foram avaliados, um pouco antes da colheita (mais precisamente aos 95 dias após a
germinação) em cinco plantas por parcela, a altura da planta, o diâmetro caulinar, o número de cachos
e a produtividade.

A altura total da planta foi medida com uma trena, colocada a partir do ponteiro e indo até o
colo da planta ao nível do solo; o diâmetro, com o auxílio de um paquímetro digital, foi medido sempre
ao nível do colo da planta; por fim, fez-se a contagem do número de cachos/planta e realizada a
colheita, o beneficiamento e determinada a respectiva produção e produtividade de mamona em grãos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto aos valores dos quadrados médios (teste F), somente altura de planta e produtividade
apresentaram valores significativos estatisticamente para as lâminas estudadas (Tabela 1), mas a
regressão polinomial aplicada aos dados mostrou significância estatística para a variável altura, número
de cachos e produtividade da mamoneira BRS Energia (Figura 1).

Para as variáveis altura e número de cachos por planta, a lâmina de 678 mm (correspondente
a uma reposição de água no nível de 75 % da ET0), proporcionou maiores valores nas plantas de
mamona BRS Energia, enquanto que a produtividade foi inversamente proporcional as lâminas de
água aplicada, com rendimento médio de 960 e 734 kg ha -1 nas lâminas de 607 e 678 mm (Figura 1),
que ultrapassam e se aproximam, respectivamente, da produtividade média nacional, segundo CONAB
(2010). No entanto, essa produção é considerada baixa, posicionando-se na metade do esperado para
cultivar BRS Energia em condições de sequeiro, ou seja, em 1.800 kg ha-1 (EMBRAPA, 2007).

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Sintetizando, houve tendência, principalmente relacionada à variável altura de plantas e


produtividade, os maiores níveis de água aplicada, notadamente as lâminas de 750 e 821 mm,
reduzirem os valores médios. Isso resulta de que, nas condições edafoclimáticas estudadas, a partir de
678 mm os quantitativos de água aplicados foram excessivos para crescimento e desenvolvimento da
mamoneira BRS Energia. Segundo Pires et al. (2002) O excesso de água tem, como principal
conseqüência, a diminuição da concentração do oxigênio, o que dificulta a respiração radicular, parada
do processo ativo de absorção de nutrientes e a ocorrência de respiração anaeróbica pela planta e
microorganismo do solo.

Segundo Embrapa (2007) a mamoneira BRS Energia nos menores espaçamentos produz em
média dois a três cachos, enquanto nos maiores chegam a oito cachos por planta. Também para a
variável número de cachos, Sofiatti et al. (2008), utilizando doses de 53 e 49 kg.ha -1 de N e P na
mamoneira BRS Energia, produziu em média 9,7 e 8,5 cachos por planta, respectivamente.
Contrastando os valores observados nesse trabalho, Dias (2008), estudando lãminas de 403,19;
512,74; 562,36; 627,59 e 679,94 mm constataram que a melhor lâmina foi a de 679,94 mm de água
que proporcionou uma produção de 3.361,00 kg.ha -1 para cultivar BRS Energia, enquanto que Silva et
al. (2009), estudando laminas de 294,22; 382,50; 479,75 e 679,75 mm, verificaram que a mamoneira
BRS Energia obteve melhor desempenho em altura de planta na lâmina de 479,75 mm de água, aos
100 DAG.

CONCLUSÃO

A altura de planta, o número de cachos por planta e produtividade da mamoneira BRS Energia
responderam as diferentes lâminas de água aplicadas, sendo a lâmina de 678 mm de água (75 % da
ET0) aplicada, a mais satisfatória para crescimento e desenvolvimento da mamoneira BRS Energia nas
condições edafoclimáticas locais do estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2008. 3. CD-ROM.

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140 y = 0,000063x3 - 0,137x2+ 98,62x - 23300


120 R² = 1

100
Altura (cm)

80
60
40
20
0
600 650 700 750 800 850
Lâminas (mm)
10
9 y = 0,00001x3 - 0,020x2 + 14,71x - 3448
8 R² = 1
7
N. cachos

6
5
4
3
2
1
0
600 650 700 750 800 850
Lâminas (mm)
1200 y = 0,0239x2 - 36,622x + 14447
R² = 0,8219
1000
Produtividade (Kg/há)

800
600
400
200
0
600 650 700 750 800 850
Lâminas (mm)
Figura 1. Regressão da altura, do número de cachos e da produtividade de plantas de mamoneira BRS Energia em
diferentes lâminas de irrigação (P< 0,01; P< 0,05; P< 0,01), Barbalha, CE, 2008.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância da altura (AP), do diametro caulinar (DC), do número de cachos (NC) e da
produtividade (P) de plantas de mamoneira BRS Energia cultivadas em diferentes lâminas de irrigação, Barbalha, CE, 2008.
F.V. G.L. AP (cm) DM (cm) NC P (kg/ha)

Blocos 3 283,42 ns 998,53 1,07ns 15,93ns

Lâminas 3 2152,08* 1043,56 1,13ns 363420,7**

Resíduos 9 227,92 1072,59 0,56 16,57

CV(%) - 15,83 129,22 32,1 0,66


** Significativo a 1% e * Significativo a 5% de probabilidade (teste F); ns Não significativo (teste F)

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COMPORTAMENTO DO AMENDOIM BR1 EM DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Francisco Figueiredo de Alexandria Junior1; José Rodrigues Pereira2; Genelício Souza de Carvalho
Júnior3; Francisco das Chagas Quesado4; Maria Aparecida do Nascimento Castro4;
Amonikele Gomes Leite1
1UFCG, ffajunior@yahoo.com.br; 2Embrapa Algodão; 3UEPB; 4CENTEC, CE

RESUMO - Com o objetivo de se definir a lâmina de irrigação para a cultura do amendoim BR1, um
experimento foi conduzido em Barbalha, Ceará, no ano de 2008. O solo na área experimental foi
classificado como Neossolo flúvico. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, sendo
os tratamentos (1. 50% da evapotranspiração de referencia _ ET0; 2. 75% da ET0; 3. 100% da ET0; 4.
125% da ET0,) distribuídos em 4 repetições, totalizando laminas de 607, 678, 750 e 821 mm de água
aplicada por tratamento estudado em todo o ciclo, respectivamente. A diferenciação dos tratamentos
ocorreu somente no período crítico de necessidade hídrica da mamoneira, aproximadamente dos 70 a
90 dias após a germinação. Verificou-se que para as variáveis altura da planta e número de folhas
ocorreram resultados similares, onde a maior lâmina (821 mm) proporcionou maiores ganhos e
consequentemente a menor lâmina (607 mm) proporcionou menores ganhos; constratando com a
variável sombreamento, onde a lâmina de 821 mm acarretou em menores ganhos e a lâmina de 607
mm proporcionou maiores ganhos.

Palavras-chave: Arachis hypogaea L., altura, sombreamento.

INTRODUÇÂO

O amendoim é a semente comestível da planta Arachis hypogaea L. da família Fabaceae e o


seu fruto é do tipo vagem. A planta do amendoim é uma erva, com um caule pequeno e folhas tri-
folioladas, com raiz aprumada, medindo entre 30–50 cm de altura. As flores são pequenas, amareladas
e, depois de fecundadas (ginóforos), inclinam-se para o solo e a noz desenvolve-se subterraneamente.
O amendoim é uma planta originária da América do Sul (Brasil e países fronteiriços: Paraguai, Bolívia e
norte da Argentina), na região compreendida entre as latitudes de 10º e 30º sul, com provável centro de
origem na região do Chaco, incluindo os vales do Rio Paraná e Paraguai (WIKIPEDIA, 2010).

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No desenvolvimento de projetos de irrigação e exploração racional das culturas e recursos


hídricos, é necessário responder-se, basicamente, a duas perguntas: quanto e quando irrigar. A oferta
de água para as plantas deve ser feita nas quantidades requeridas e na época certa, de modo a não
comprometer seu rendimento nem a qualidade do produto, por deficiência ou excesso de água
(HEWITT et al., 1980). Em amendoim, a ocorrência de déficit hídrico nas fases de crescimento e
desenvolvimento dos ginóforos e das vagens, acarreta decréscimo na produção, pela redução do
número de vagens antes mesmo que pelo peso das vagens, e semente (BOOTE et al., 1976).

Nageswara Rao et al. (1988) aplicando lâminas de água de 725, 630, 580 e 550 mm, obtiveram
produtividades de amendoim em casca de 4.615, 5.480, 5.040 e 3.687 kg.ha-1, respectivamente,
evidenciando que água, em demasia quanto em deficiência, reflete negativamente na produção.
Também, Távora e Melo (1991) verificaram que a deficiência hídrica determinou redução média na
produção de vagens de amendoim, da ordem de 62% em relação ao tratamento sem deficiência
hídrica.

Objetivou-se com este trabalho definir a lâmina de irrigação para a cultura do amendoim BR1,
avaliando-se os efeitos de quatro lâminas de irrigação sobre a altura, o diâmetro caulinar, o número de
folhas e o sombreamento da cultura aos 80 dias após a germinação.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Embrapa Algodão, Barbalha, CE, localizada nas coordenadas
geográficas de 7°19' S, 39°18' O e 409,03 m de altitude (DNMET, 1992), no período de 01 de agosto a
07 de dezembro de 2008.

O solo é do tipo Neossolo Flúvico e sua caracterização química, conforme Boletim No. 121/06
do Laboratório de Solos da Embrapa Algodão foi à seguinte: pH de 7,4; 121,7, 74,1, 5,4, 10,8 e 0,0
mmolc.dm-3 de cálcio, magnésio, sódio, potássio e alumínio, respectivamente; 17,4 mg.dm-3 de fósforo e
18,3 g.kg-1 de matéria orgânica.

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, sendo os tratamentos (1. 50


% da evapotranspiração de referencia _ ET0; 2. 75% da ET0; 3. 100% da ET0; 4. 125% da ET0,
distribuídos em 4 repetições, totalizando laminas de 607, 678, 750 e 821 mm de água aplicada por
tratamento estudado em todo o ciclo, respectivamente. A diferenciação dos tratamentos ocorreu
somente no período crítico de necessidade hídrica da mamoneira, aproximadamente dos 70 a 90 dias

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após a germinação. A área total da parcela media 12 x 20 m (240 m2), com área útil de 40 m2 (4 x 10
m). A cultivar BR1 de amendoim foi plantada no espaçamento de 0,60 m x 0,20 m, deixando-se 10
plantas por metro de fileira após o desbaste definitivo.

O preparo do solo constou de uma aração e três gradagens, tratorizadas. A adubação foi
aplicada na seguinte fórmula 11-55-40, sendo o nitrogênio, o fósforo e o potássio aplicados de uma só
vez, por ocasião do plantio.

Utilizou-se irrigação por aspersão convencional, com linhas de aspersores espaçadas 12 m


uma da outra, sendo irrigadas duas linhas por vez, estando dentro de cada linha os aspersores
espaçados entre si também por 12 m. Imediatamente antes do plantio foi efetuada uma irrigação em
toda a área de modo a levar o solo à capacidade de campo, e após o plantio, a cada quatro dias uma
irrigação com pequena lâmina, de modo a assegurar a boa germinação das sementes. A partir do
estabelecimento da cultura, as irrigações foram efetuadas uma vez por semana. A quantidade de
reposição de água (mm) para cada tratamento e evento de irrigação foi determinada de acordo com a
evapotranspiração de referência (ET0) calculada pelo método de Penman-Monteith (ALLEN et al.,
2006).

Foram avaliados, aos 80 dias após a germinação, em 5 plantas por parcela, a altura da planta,
o diâmetro caulinar, o número de folhas e o percentual de sombreamento/recobrimento do espaço
entre as linhas da cultura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se efeito significativo das lâminas de água aplicadas sobre o crescimento das plantas
em altura. Com o incremento das lâminas de água, observou-se crescimento das plantas, sendo os
maiores valores obtidos para esta variável com a lâmina de 821 mm (Figura 1). No entanto, não se
observou efeito significativo das lâminas aplicadas sobre o crescimento das plantas em diâmetro do
caule.

De acordo com a figura 2, houve efeito cúbico do número de folhas em função da aplicação
das lâminas de água. No entanto, com a aplicação da lâmina de 678 mm, observou-se decréscimo no
número de folhas, voltando a ter um acréscimo com a aplicação da lâmina de 750 mm, atingindo seu
máximo com a lâmina de 821 mm. Com relação ao sombreamento das plantas de amendoim verificou-
se efeito linear em função das lâminas de água aplicadas. Observou-se que com a menor lâmina de

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água o sombreamento foi maior e à medida que se obteve um acréscimo na lâmina o sombreamento
se reduzia de forma significativa (Figura 3). Doorenbos e Kassam (1979) afirmam que o consumo
hídrico do amendoim situa-se entre 500 e 700 mm, enquanto Nageswara Rao et al. (1988) confirmam
esses resultados, visto que obtiveram menores ganhos em altura de amendoim com a aplicação de
menores lâminas de irrigação, evidenciando que água em deficiência reflete negativamente na
produtividade, fato confirmado por Ferreira et al. (1992) e Metochis (1993) que observaram queda na
altura das plantas de amendoim, provocada pela deficiência de umidade.

CONCLUSÃO

Para as variáveis altura de planta e número de folhas do amendoim BR1 a lâmina que
proporcionou melhores incrementos nas condições edafoclimáticas do estudo foi a correspondente a
821 mm, enquanto para o sombreamento das plantas a lâmina de melhor resultado foi a 607 mm.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEN, R. G.; PRUIT, W. O.; WRIGHT, J. L.; HOWELL, T. A.; VENTURA, F.; SNYDER, R.; ITENFISU, D.;
STEDUTO, P.; BERENGENA, J. YRISARRY, J. B.; SMITH, M.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; PERRIER, A.;
ALVES, I.; WALTER, I.; ELLIOTT, R. A recommendation on standardized surface resistance for hourly calculation
of reference ETo by the FAO56 Penman-Monteith method. Agricultural Water Management, Amsterdam, v, 81,
p. 1-22, 2006.

BOOTE, K. J.; VARNELL, R. J.; DUNCAN, W. G. Relationships of size, osmotic concentration, and sugar
concentration of peanut pods to soil water. Proceedings Soil and Crop Science Society of Florida, v.35, p.47-
50, 1976.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE METEOROLOGIA - DNMET. Normas climatológicas: 1961 - 1990. Brasília:


DNMET, p.6, 1992.

DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Efectos del agua sobre El redimiento de los cultivos. Roma: FAO, 1979.
212 p. (Riego e Drenaje, 33)

HEWITT, T. D.; GORBET, D. W.; WESTBERRY, G. O. Economics of irrigating peanuts. Proceedings Soil and
Crop Science of Florida, v.39, p.135-140, 1980.

METOCHIS, C. Irrigation of groundnut (Arachis hypogaea L.) grown in a Mediterranean environment. Journalof
Agricultural Science, Cambridge, v.121, p.343-6, 1993.

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NAGESWARA RAO, R. C.; WILLIAMS, J. H.; SIVAKUMAR,M. V. K.; WADIA, K. D. R. Effect of water deficit at
different growth phases of peanut. ll. Response to drought during preflowering phase. Agronomy Journal, v.80,
p.431-438,1988.

TÁVORA, F. J. A. F.; MELO, F. I. O. Resposta de cultivares de amendoim a ciclos de deficiência hídrica:


crescimento vegetativo, reprodutivo e relações hídricas. Ciência Agronômica, Fortaleza, v.22, n.1/2, p.47-60,
1991.

WIKIPEDIA. Amendoim. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Amendoim. Acesso em 10/05/2010 as 20: 32


hs

45 y = 0,0008x 2 - 1,1994x + 453,84


R2 = 0,9889
40
Altura (cm)

35

30

25

20
600 650 700 750 800 850

Lâmina (mm)

FIGURA 1: Altura das plantas (cm) em função das lâminas de água aplicadas (P<
0,05).

240 y = 0,0001x 3 - 0,2387x 2 + 169,65x - 39789


R2 = 1
220

200
Nº de folhas

180

160

140

120

100
600 650 700 750 800 850

Lâmina
FIGURA 2: Número de folhas das plantas (mm)das lâminas de água aplicadas. (P< 0,05).
em função

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120
y = -0,1645x + 216,6
R2 = 0,9933

Sombreamento (%)
110

100

90

80

70

60
600 650 700 750 800 850

Lâmina (mm)

FIGURA 3: Sombreamento (%) das plantas em função das lâminas de água aplicadas. (P< 0,05).

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CONSUMO HÍDRICO DE PLANTAS DE MAMONA EM DIFERENTES NÍVEIS DE UMIDADE NO


SOLO E SUA RELAÇÃO COM A RADIAÇÃO SOLAR

Marília Alves Brito Pinto1; Gabriel Franke Brixner2, Carlos Reisser Júnior2, Luis Carlos Timm3, Laurício
Martini Madaloz2, Sérgio Delmar dos Anjos e Silva2
1UFPEL – RS, ma.agro@gmail.com; 2Embrapa Clima Temperado; 3UFPEL –RS;

RESUMO – No processo fotossintético a radiação é de fundamental importância, parte da radiação


solar absorvida pelas plantas vai ser utilizada na síntese de ligações químicas altamente energéticas e
compostos de carbono reduzido, assim a radiação é responsável pelo processo da fotossíntese e,
consequentemente, pela produção das plantas cultivadas. O processo de fotossíntese está relacionado
à absorção e perda de água, a maioria da água perdida pela planta evapora à medida que o CO 2
necessário à fotossíntese é absorvido da atmosfera. Este trabalho desenvolvido em ambiente protegido
teve por objetivo avaliar a relação entre o consumo de água de plantas de mamona da variedade Al
Guarany 2002 e a radiação solar, em duas condições de umidade do solo. O delineamento
experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos
por dois níveis de tensões de água no solo: 10 (T1) e 30 kPa (T2), monitorados pelo Irrigas Pro,
sistema de manejo de irrigação, baseado na tensiometria a gás. O consumo de água das plantas
apresentou alta correlação com os valores de radiação, sendo que o consumo das plantas do T1 foi
superior, podendo a diminuição do consumo no T2 está associado a um mecanismo da planta para
diminuir o consumo em condições de menor oferta hídrica.
Palavras-chave – Ricinus communis,Tensão de água no solo, Evapotranspiração, Radiação Solar

INTRODUÇÃO

A área de plantio da mamona no estado do Rio Grande do Sul tem crescido nos últimos anos,
impulsionado pelo programa nacional de biodiesel, que estimulou a instalação de várias indústrias de
óleo e biodiesel no Estado, as quais, dentre outras vantagens garantem o preço de compra do grão e
oferecem assistência técnica aos produtores. Este cenário gerou uma grande demanda por
informações técnicas a respeito desta cultura (SILVA, 2007).

A mamoneira é uma espécie heliófila, de morfologia e fisiologia complexas, de crescimento


dicotômico, polimórfica, e de metabolismo fotossintético C3, ineficiente, com elevada taxa de
fotorrespiração, (BELTRÃO et al., 2001).

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A radiação solar atua diretamente sobre o desenvolvimento e o crescimento das plantas, e


indiretamente pelos efeitos no regime térmico de qualquer sistema terrestre, assim como sobre a
evaporação de água pelas superfícies naturais. A transferência da água da superfície terrestre para a
atmosfera, passando do estado líquido ao estado gasoso, processa-se através da evaporação direta,
por transpiração das plantas e dos animais e por sublimação (PEREIRA et al., 2000)

No processo fotossintético a radiação é de fundamental importância, parte da radiação solar


absorvida pelas plantas vai ser utilizada na síntese de ligações químicas altamente energéticas e
compostos de carbono reduzido, assim a radiação é responsável pelo processo da fotossíntese e,
consequentemente, pela produção das plantas cultivadas ( JONES, 1992).

O processo de fotossíntese está relacionado à absorção e perda de água, a maioria da água


perdida pela planta evapora à medida que o CO2 necessário à fotossíntese é absorvido da atmosfera.
Em um dia ensolarado, quente e seco, uma folha renovará até 100% de sua água em apenas uma hora
(TAIZ & ZEIGER, 2004).

O potencial de água no qual a fotossíntese torna-se nula depende das características


adaptativas da espécie, do tempo de exposição, da severidade do déficit de água, do estádio de
desenvolvimento da planta e da possibilidade de aclimatação ao estresse (LIU e DICKMANN, 1993).

A mamona é considerada como uma espécie tolerante à seca, no entanto sua produtividade
pode ser maior que 1.500 Kg ha-1 nas regiões com índice pluviométrico maior que 700 mm, está em
torno de 500 Kg ha-1 na região semi-árida do Nordeste sem uso de irrigação e pode chegar a 5.000 Kg
ha-1 quando irrigada (TAVORA, 1982; CARVALHO, 2005).

Este trabalho teve por objetivo verificar o consumo de água de plantas de mamona, em duas
condições de umidade do solo, e sua resposta a radiação solar.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na Embrapa Clima Temperado, situada em Pelotas – RS. As


plantas de mamona da variedade Al Guarany 2002, foram cultivadas em estufa. A semeadura foi
realizada em 8/02/2010, utilizaram-se vasos com capacidade de 30L, e o substrato constituiu-se da
mistura de 40 % solo, 40% areia e 20 % de esterco bovino, sendo sua granulometria de 81,7 % areia,
10,3 % argila e 7,9 % silte. A adubação foi realizada de acordo com as indicações técnicas para o

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cultivo da mamona no Rio Grande do Sul (SILVA et al., 2007). Os vasos foram colocados sobre uma
bandeja para que fosse quantificado a drenagem.

O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os


tratamentos foram constituídos por dois níveis de tensões de água no solo: 10 e 30 kPa, monitorados
pelo Irrigas Pro, sistema de manejo de irrigação, baseado na tensiometria a gás. Os sensores do
equipamento foram instalados em cada vaso, a uma profundidade de 0,15 m, sendo os valores de
tensão obtidos pelo aparelho, a média dos quatro vasos de cada tratamento. Quando a tensão de água
no solo fosse superior a 10 kPa nos vasos do tratamento 1 ou igual a 30 kPa para os vasos do
tratamento 2, colocava-se água para que a tensão chegasse a capacidade de campo (CC)
estabelecida como 10 kPa. Devido a seu funcionamento estar condicionado a energia elétrica, quedas
de energia resultam em erros de leitura, então os dados identificados como erros, foram excluídos.
Para evitar a evaporação da água do solo os vasos foram fechados com papel alumínio.

Os dados de radiação foram coletados pela estação meteorológica da marca Davis Instruments
instalada na Embrapa Clima Temperado, sendo que os valores obtidos foram diminuídos em 30%
devido às perdas ocasionadas pelo material de cobertura da estufa.

Os valores de armazenagem de água no solo foram obtidos com base na curva de retenção,
pela seguinte equação:

 ARM    i  dz     i  dz 
z z

 0  dia x   0  dia x 1

em que: ∆ ARM = variação do armazenamento de água no solo (mm);

θi = umidade volumétrica média na camada (m3 m-3);

dz = camada (mm);

z = profundidade em estudo.

Os valores de consumo de água pela planta foram calculados com base na equação de
balanço hídrico.

P + I ± ∆ ARM – DP – ET = 0

em que: P = precipitação (mm);

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I = irrigação (mm);

∆ ARM = variação do armazenamento de água no solo (mm);

DP = drenagem profunda (mm);

ET = evapo(transpi)ração (mm).

A variável precipitação foi desconsiderada por conta do ambiente protegido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados apresentados na figura 1 referem-se ao período entre 23/02/2010 e 20/03/2010,


observa-se uma alta correlação entre a radiação e o consumo de água das plantas em ambos os
tratamentos, este fato deve-se ao equilíbrio entre os potenciais de água na planta e no solo, o aumento
de radiação eleva a atividade fotossintética e com isso a perda de água da planta por evaporação e
consequentemente o consumo de água do solo para que se mantenha o equilíbrio. A medida que as
plantas absorvem água elas esgotam o solo de água junto às superfície das raízes. Esse esgotamento
reduz o potencial da água próximo à superfície radicular e estabelece um gradiente de pressão com as
regiões vizinhas do solo que possuem valores maiores de potencial (TAIZ & ZEIGER, 2004) .

Na figura 2, tem-se os dados do dia 23/02/2010, 5 dias após emergência, pode-se observar
que durante o dia o consumo de água pela planta comporta-se conforme a radiação, estando o pico do
consumo nas horas de maior emissão de radiação entre 11 e 15 h, em ambos os tratamentos. No
tratamento 1 onde existe maior oferta de água o consumo é maior, no entanto pelo tamanho das
plantas, nesta data, esse deve-se provavelmente em sua maior parte a evaporação da água do solo
pois os vasos ainda não estavam cobertos.

Em 20/03/2010, 30 dias após a germinação, observa-se (Figura 3) o mesmo comportamento do


consumo quanto à radiação estando seus maiores valores associados aos horários de maior radiação,
no entanto para os mesmos horários de alta radiação os valores do consumo do T1 são maiores que
os valores de consumo do T2. Sendo nesta época o IAF médio das plantas do T1 é de 139 cm 2 e das
plantas do T2 de 211 cm2, o fato do T2 apresentar um consumo menor mesmo com um IAF maior,
pode está associado a um mecanismo da planta para diminuir o consumo em condições de menor
oferta hídrica.

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CONCLUSÃO

O consumo de água das plantas de mamona variou, igualmente, com as mudanças da


radiação solar, nas condições de umidade referentes aos potenciais de 10 e 30 kPa.

A condição de umidade de 30 kPa pode proporcionar um maior período diário de estresse as


plantas, mostrado pela redução da transpiração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. M.; et al. Fitologia. In: AZEVEDO, D. M. P. e LIMA, E. F (Eds.) O Agronegócio da


Mamona no Brasil, Embrapa, Brasília. 2001

CARVALHO, B. C. L. Manual do cultivo da mamona. Salvador: EBDA, 2005. 65p. il.

JONES, H.G. Plants and microclimate: a quantitative approach to environmental plant


physiology. 2 ed. 1992. 428 p.

LIU, C.H.; DICKMANN, D.I. Responses of two hybrid clones to flooding, drought, and nitrogen
availability. II. Gas exchange and water relations. Canadian Journal of Botany 71:927-938. 1993.

PEREIRA, A.R.; ANGELOCCI, L.R.; SENTELHAS, P.C. Meteorologia Agrícola. 3 ed. Piracicaba, 2000.

SILVA, S. D. dos A.; et al. A cultura da mamona no Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2007. 115p. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 11).

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 722p.

TÁVORA, F.J.A. A cultura da mamona. Fortaleza: EPACE, 1982. 111p.

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a) b)

Figura 34 – Variação do consumo de água pela planta em relação a radiação solar nos tratamentos 1 (a) e 2 (b).

a) b)

Figura 35 – Variação do consumo de água pela planta e da radiação solar no dia 23/02/2010, para os tratamentos 1 (a) e 2
(b)

a) b)

Figura 3 - Variação do consumo de água pela planta e da radiação solar no dia 20/03/2010, para os tratamentos 1 (a) e 2
(b).

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CRESCIMENTO DE CULTIVARES DE MAMONA SOB DÉFICIT HÍDRICO CRESCENTE

Ronaldo do Nascimento1; Janivan Fernandes Suassuna2; Diego Anderson M. do Nascimento3


1ProfessorAssociado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, CTRN, UFCG, ronaldo@deag.ufcg.edu.br; 2Aluno de
Mestrado em Engenharia Agrícola da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, CTRN, UFCG, 3Aluno de Graduação em
Agronomia do Centro de Ciências Agrárias, UFPB

RESUMO – A mamoneira é a cultura com melhores perspectivas para produção de biodiesel.


Entretanto, seu cultivo sob irrigação ainda é limitado devido à escassez de informações específicas
sobre seu requerimento hídrico. Objetivou-se com este trabalho avaliar o crescimento de duas
cultivares de mamona sob diferentes conteúdos hídricos do solo. Para isso, conduziu-se este
experimento em ambiente protegido avaliando-se o efeito de 4 níveis de conteúdo hídrico do solo (40,
60, 80 e 100% da capacidade de campo) sobre o crescimento de duas cultivares de mamona
(Paraguaçu e Nordestina) em 5 repetições, num delineamento experimental inteiramente casualizado.
Os dados foram submetidos à análise de variância (teste F p<0,05). Aos 30 dias após a emergência
(DAE), avaliaram-se a altura de plantas, número de folhas, diâmetro de caule e volume de raízes.
Houve efeito significativo dos níveis de irrigação sobre todas as variáveis. Nas duas cultivares
avaliadas, a altura de plantas, o número de folhas e o diâmetro de caule aumentaram
significativamente (30,07 e 30,02; 18,75 e 23,23; 39,00 e 36,00%), para estas variáveis
respectivamente, entre o menor e o maior nível de água no solo. O aumento da disponibilidade hídrica
no solo acarretou incremento no crescimento das duas cultivares de mamona. A irrigação constitui-se
uma prática cultural viável para a otimização do crescimento desta cultura.
Palavras-chave – Ricinus communis L.; tolerância à seca; desenvolvimento vegetativo; irrigação.

INTRODUÇÃO

Planta de origem tropical, a mamoneira (Ricinus communis L.) ocorre espontaneamente em


todo o mundo e é cultivada comercialmente em mais de 15 países (EMBRAPA Algodão, 2007). Com
teor de óleo de aproximadamente 48%, é a espécie vegetal com melhores perspectivas para utilização
na obtenção do biodiesel. No Nordeste semi-árido, constitui-se em motivação na manutenção do
homem no campo e erradicação da miséria (PARENTE, 2004).

No Brasil, o cultivo da mamoneira sob irrigação, ainda é limitado a pequenas áreas, em poucos
estados da Federação, onde já foram registradas produtividades superiores a seis toneladas por
hectare. Razão pela qual se deve investir em pesquisas nesta área, a fim de se obter informações

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sobre o manejo da irrigação, com vistas ao ganho de produtividade, pelo aumento na eficiência
produtiva dessa cultura (BELTRÃO et al., 2006).

Assim, estudos que venham aprofundar o conhecimento das exigências hídricas desta cultura
podem ser de extrema relevância, e assim pode-se identificar por meio de variáveis de crescimento ou
de produção, as cultivares mais adequadas à cada condição específica de cultivo, sobretudo àquelas
tolerantes à deficiência hídrica, haja visto a limitação deste insumo na região. Portanto, objetivou-se
com este trabalho avaliar o crescimento de duas cultivares de mamona (Paraguaçu e Nordestina),
submetidas a diferentes níveis de água no solo.

METODOLOGIA

Conduziu-se o presente trabalho em ambiente protegido pertencente à Unidade Acadêmica de


Serra Talhada (UAST) da Universidade Federal Rural de Pernambuco, cidade de Serra Talhada,
localizada no sertão do estado de Pernambuco.

Utilizaram-se sementes das cultivares Paraguaçu e Nordestina, as quais foram colocadas a


germinar em vasos de polietileno com capacidade para 10 quilos. Utilizou-se como substrato uma
mistura na proporção 1:1 de areia lavada e solo de floresta. Os tratamentos consistiram de quatro
níveis de água no solo: capacidade de campo (100% cc); 80% da cc; 60% da cc e 40% da cc. Para
obtenção da umidade correspondente à capacidade de campo do solo, adicionou-se ao solo seco água
destilada, deixando-se em repouso por um período de 24 horas ao abrigo da evaporação natural. Em
seguida este foi pesado e os outros tratamentos foram determinados tomando-se por base o
tratamento de 100% cc. Os vasos eram pesados diariamente e a água adicionada conforme a
necessidade para a manutenção dos tratamentos. Até a emergência das plantas todos os tratamentos
foram mantidos em 100% cc.

Aos 30 dias após a emergência (DAE), foram avaliados a altura de plantas, diâmetro de caule,
número de folhas e volume radicular. A altura das plantas foi determinada com o auxílio de uma régua
graduada; e na determinação do diâmetro de caule, utilizou-se um paquímetro digital. A determinação
do volume radicular foi realizada colocando-se as raízes em proveta graduada, contendo um volume
conhecido de água. Pela diferença, obteve-se a resposta direta do volume de raízes, pela equivalência
de unidades (1 ml = 1 cm3), segundo metodologia descrita por BASSO (1999).

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O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado num fatorial 2 x 4


(2 cultivares de mamona e 4 níveis de água no solo) em 5 repetições. Os dados obtidos foram
analisados mediante análise de variância (teste ‗F‘ a 5%) e em casos de significância realizou-se
regressão polinomial para o fator manejo hídrico e teste de Tukey a 5% para o fator cultivar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Obteve-se efeito significativo (p<0,05) dos níveis de conteúdo hídrico do solo sobre todas as
variáveis estudadas neste trabalho. A altura das plantas foi influenciada positivamente pelo aumento na
disponibilidade hídrica do solo nas duas cultivares de mamona, onde notou-se efeito linear crescente
desta variável em função dos níveis de água no solo (Figuras 1A e 2A). Notou-se ainda incremento em
altura de 30,07% na cv. Paraguaçu, comparando-se o menor e o maior nível hídrico. Para a cv.
Nordestina, esse incremento foi um inferior, da ordem de 30,02%. A redução do crescimento em
plantas sob déficit hídrico pode ser decorrente das alterações morfológicas e redução na área foliar,
ocasionadas pela diminuição na disponibilidade de água (TAIZ & ZEIGER, 2004).

Comportamento semelhante ocorreu em relação ao número médio de folhas por planta, onde
também se constatou efeito linear crescente dos níveis de conteúdo hídrico do solo sobre esta variável
(Figura 1B). Houve aumento em torno de 24% no número médio de folhas da cv. Nordestina em função
do aumento dos níveis hídricos do solo, considerando esse incremento obtido entre o menor (40% da
cc) e o maior (100% da cc) nível de água disponível. Para a cv. Paraguaçu, neste mesmo intervalo de
tratamentos constatou-se aumento de aproximadamente 19%. BENINCASA (2003) ressalta a
importância de se medir o número de folhas, como indicativo do rendimento dos vegetais por serem
estes órgãos, o local principal para a ocorrência do processo fotossintético.

À semelhança do que ocorreu com o número de folhas, também se observou para a variável
diâmetro do caule, aumentos de 39 (Paraguaçú) e 36% Nordestina), considerando-se o intervalo entre
os níveis de água de 40 e 100% da cc. Os maiores valores para essa variável (4,16 e 4,02 mm) foram
encontrados com a maior disponibilidade hídrica do solo nas duas cultivares de mamona avaliadas,
Paraguaçu e Nordestina, respectivamente (Figura 1 C). LACERDA et al. (2009) também observaram
crescimento linear em plantas de mamona à medida que se elevou a disponibilidade hídrica do solo.

Analisando-se o comportamento do sistema radicular através da quantificação do volume de


raízes (cm3) das plantas, também se notou que este foi afetado significativamente nas duas cultivares
de mamona (Figura 1 D). A cv. Nordestina teve crescimento linear desta variável conforme se

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aumentou a disponibilidade hídrica do solo. Notou-se, para esta cultivar, um incremento da ordem de
52,11% no volume de raízes, quando se analisaram os valores encontrados para o menor e o maior
nível de disponibilidade hídrica. Já a cv. Paraguaçu demonstrou um comportamento quadrático do
sistema radicular em função da variação crescente dos níveis de reposição hídrica. O volume máximo
de raízes (3,51 cm3) foi alcançado com o nível hídrico estimado de 86% da capacidade de campo.
Após esse nível, constatou-se redução no volume radicular de 4,8% até o maior conteúdo de água no
solo que foi de 100% da cc. Esse comportamento, provavelmente, pode ter sido devido a redução na
aeração, o que pode ter afetado negativamente a respiração das raízes.

CONCLUSÕES

O aumento da disponibilidade hídrica no solo beneficiou o crescimento de ambas as cultivares


de mamona avaliadas, assim, pode-se dizer que a irrigação constitui-se em uma prática cultural viável
para a otimização da produção da mamona.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASSO, S.M.S. Caracterização morfológica e fixação biológica de nitrogênio de espécies de Adesmia


DC. e Lótus L. Porto Alegre: UFRGS, 1999. 268 p. (Tese doutorado).

BELTRÃO, N.E. de M. Sistema de produção de mamona em condições irrigadas: Considerações


gerais. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006, 14 p. (Documentos, 132).

BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal: FUNEP, 2003. 41p.

EMBRAPA-ALGODÃO. Mamona. Campina Grande, PB, 2007. Disponível em:


<http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/>. Acesso em 03 maio 2010.

LACERDA, R.D.; GUERRA, H.O.C.; BARROS JÚNIOR, G. Influência do déficit hídrico e da matéria
orgânica do solo no crescimento e desenvolvimento da mamoneira BRS 188 – Paraguaçu. Revista
Brasileira de Ciências Agrárias. 4(4):440-448, 2009.

PARENTE, E. Pai do Biodiesel afirma que o Brasil acerta em priorizar investimento no setor. Sapiência:
FAPEPI. Teresina. n.2, Ano I. 2004. Disponível em:<http://www.fapepi.pi.gov.br/sapiencia2/ entrevista-
completa.php>. Acesso em: 10 fev. 2007.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p.

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A) B)

30,0 y = 0,139x + 13,83 6,0 y = 0,0197x + 3,1232


Paraguaçu
2
R2 = 0,9322 Paraguaçu
Altura de plantas (cm)

25,0 R = 0,962 Norderstina 5,0

Número de folhas
Norderstina
20,0 4,0
15,0 3,0
y = 0,0144x + 3,2126
y = 0,1304x + 13,042 2,0
10,0 2
2
R = 0,9603
R = 0,9721 1,0
5,0
0,0 0,0
40 60 80 100 40 60 80 100
Níveis de reposição de água (% da CC)
Níveis de reposição de água (% da CC)

C) D)

6,0
y = 0,027x + 1,46
Diâmetro do caule (mm)

6,0
5,0 y = 0,037x + 0,56
Volume radicular (cm 3)
2
R = 0,9406 Paraguaçu 5,0 2
4,0 R = 0,9956
4,0 Paraguaçu
Norderstina
3,0 Norderstina
3,0
2,0 y = 0,024x + 1,62 2,0
1,0 2 y = -0,0009x2 + 0,1555x - 3,21
R = 0,8727 1,0
0,0 R2 = 0,9993
0,0
40 60 80 100
40 60 80 100
Níveis de reposição de água (% da CC) Níveis de reposição de água (% da CC)

FIGURA 1. Altura de planta (A), número de folhas (B), diâmetro do caule (C) e volume de raízes (D) de duas cultivares
de mamona cultivadas sob diferentes níveis de água no solo.

A) B)

100% cc 80% cc 60% cc 40% cc 100% cc 80% cc 60% cc 40% cc


FIGURA 2. Plantas de mamona em estádio vegetativo das cultivares Nordestina (A) e Paraguaçu (B),
cultivadas sob diferentes níveis de água no solo (100, 80, 60 e 40% da capacidade de campo).

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CRESCIMENTO DE PINHÃO MANSO SOB IRRIGAÇÃO COM ÁGUA SUPERFICIAL POLUIDA 1

Ricardo Pereira Veras1; Pedro Dantas Fernandes2; Eduardo Maciel Oliveira Laime3;
Janivan Fernandes Suassuna4
1Doutorando em recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB, e-mail: rp-

veras@hotmail.com; 2Instituto do Semi árido –INSA, Campina Grande, PB; 3 e 4Mestrandos em Eng. Agrícola, Universidade
Federal de Campina Grande, PB.

RESUMO – A limitação do uso da água para irrigação tem aumentado a demanda por alternativas
viáveis de aproveitamento deste insumo. Nesse aspecto, o pinhão-manso é ainda pouco estudado no
tocante ao manejo hídrico, especificamente com água residuária. Assim, objetivou-se avaliar o
crescimento do pinhão manso sob diferentes níveis de irrigação com água superficial poluída.
Sementes de pinhão manso foram semeadas em tubetes, e após 30 dias foram transplantadas para
lisímetros de fibra de vidro, com paredes de 1 cm de espessura e dimensões de 1,60 m de
comprimento, 0,90 m de largura e profundidade de 0,70 m, totalizando 1,01 m 3. Foram testadas 5
lâminas de irrigação (L1 = 25%; L2 = 50%; L3 =75%; L4 =100% e L5 =125%), da evaporação do
tanque Classe A.), com 4 repetições, utilizando água poluída do Riacho Bodocongó da cidade de
Campina Grande. A altura das plantas foi medida mensalmente, de 210 a 480 DAS, na distância entre
o colo da planta e o ramo mais alto. Houve evolução no crescimento das plantas de acordo com as
épocas de avaliação e com o incremento dos níveis de reposição de água. A água residuária
influenciou positivamente na altura das plantas de pinhão manso em todas as épocas avaliadas.
Palavras-chave – Jatropha curcas; reuso de água; evapotranspiração; desenvolvimento vegetativo.

INTRODUÇÃO

Planta arbustiva da família das Euforbiáceas, o pinhão manso (Jatropha curcas), possivelmente
tem sua origem na América, e ocorre de forma espontânea em diversos estados do Brasil. No passado,
essa planta foi cultivada em pequena escala em alguns países, inclusive no Brasil, mas atualmente é
uma cultura de pequena expressão mundial (ARRUDA et al., 2004).

As perspectivas favoráveis da implantação racional dessa cultura decorrem, não somente dos
baixos custos de sua produção agrícola, mas, sobretudo, porque poderá ocupar solos pouco férteis e
arenosos, de modo geral inaptos à agricultura de subsistência, proporcionando, dessa maneira, uma

1 Parte do trabalho de dissertação de mestrado do primeiro autor.

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nova opção econômica as regiões carentes do país, principalmente na agricultura familiar (MAKKAR et
al., 1997).

No tocante à água, Sitton (2003) relata que a falta deste recurso natural, sempre limitou a
sobrevivência e o desenvolvimento econômico-social da população mundial ao longo da nossa história.
Dessa forma, o reuso de águas de qualidade inferior pode vir a viabilizar o aumento de áreas cultivada
e áreas irrigadas, podendo ser uma altenativa viável para a agricultura. Por outro lado, pouco se
conhece a cerca do manejo hídrico para a cultura do pinhão-manso além de outras características
agronômicas (BELTRÃO, 2006). Assim, com este trabalho, objetivou-se avaliar o comportamento
vegetativo do pinhão-manso, cultivado sob níveis de irrigação com água superficial poluída, baseado
em porcentagens da evapotranspiração da cultura.

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido em instalações do Departamento de Engenharia/UFCG, Centro


de Tecnologia e Recursos Naturais, em Campina Grande - PB, com as coordenadas geográficas
7°15‘18‘‘ de latitude Sul, 35°52‘28‘‘ de longitude Oeste do meridiano de Greenwich e altitude de 550m.

Foram construídos 20 lisímetros de drenagem, em fibra de vidro, com paredes de 1 cm de


espessura e dimensões de 1,60 m de comprimento, 0,90 m de largura e profundidade de 0,70 m,
totalizando 1,01 m3. Depois, os lisímetros foram preenchidos com material de solo, obedecendo aos
perfis originais do local. Na parte inferior do lisímetro, foi inserido um dreno de PVC, com diâmetro de
25 mm conectado a uma sala de coleta de todos os lisímetros, através de registros, para avaliação da
evapotranspiração. O material de solo representativo da região de ocorrência do pinhão manso,
processando-se, previamente e ao inicio do experimento, as análises físico-hídricas e químicas de
acordo com metodologia da EMBRAPA (1997).

A semeadura foi realizada em tubetes, e após 30 dias foram transplantadas diretamente nos
lisímetros, providenciando-se, previamente, a eliminação das carúnculas para facilitar a germinação. A
área experimental total utilizada (área dos lisímetros e áreas vizinhas) é de 120 m 2 e as plantas foram
espaçadas em 3 x 2m. As águas residuárias utilizadas na irrigação são provenientes do Riacho
Bodocongó, poluído com esgotos da cidade de Campina Grande, passando ao longo da área
experimental. Foram testadas 5 lâminas de irrigação ( L1 = 0,25 - 25%; L2 = 0,5 - 50%; L3 = 0,75 -
75%; L4 = 1,0 - 100% e L5 = 1,25 - 125%, da evaporação do tanque Classe A.), com 4 repetições. Os

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dados encontrados foram submetidos à análise de variância (teste ‗F‘) e regressão polinomial até o
quarto grau para os casos de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ocorreu efeito significativo dos níveis de reposição da evapotranspiração (Nr), na altura de


plantas (AP), em todos os períodos estudados. Com base nesses dados, constata-se ser sensível ao
estresse hídrico a espécie Jatropha curcas à condições de estresse hídrico. SILVA (2009) estudando
essa cultura em ambiente protegido verificou que a altura das plantas foi afetada em todos os períodos
estudados nas laminas 0,25; 0,50; 0,75; 1,00; 1,25 da evapotranspiração no período de 10 meses.

Na Figura 1, são apresentados os valores médios da altura de plantas em diferentes


estágios de desenvolvimento. Portanto foi observado que o modelo que melhor se ajustou aos dados
da variável altura de planta, foi o linear dos 210 dias após transplantio até o último período estudado
(480 DAT). A melhor resposta na altura das plantas de pinhão manso ocorreu nos tratamentos de maior
nível de reposição da ETc, indicando que o pinhão manso é uma cultura sensível ao estresse hídrico.
Pires et al. (2001) relataram que a falta ou o excesso de água afeta o crescimento da planta. Em
pesquisas com a cultura do Pinhão, Silva (2008), verificou que a altura média das plantas cultivadas
sem estresse (100 % de água disponível) aos 396 dias após semeadura – DAS, foi de 2,79 m.

No final das observações, aos 480 DAT havia plantas com altura média de 2,1 (Nr4) a
2,5 (Nr5) metros. Tais resultados corroboram as informações citadas por Arruda et al. (2004), em que
relatam que o pinhão manso é uma cultura característica de crescimento rápido e atinge altura de dois
a três metros quando adulta, podendo alcançar até cinco metros em condições especiais. Ratre (2004),
avaliando o crescimento do pinhão manso na Tailândia, observou que mudas dessa espécie atingiram
altura média entre 83 e 110 cm com 14 meses de idade. Silva (2008) avaliando o crescimento do
pinhão em seu experimento, observou que no final de 12 meses de idade a espécie atingiu 2,5 (Nr4) a
2,8 (Nr5) no final do período de 480 dias.

Na Figura 2. Observa-se as médias de altura das plantas de pinhão manso obtidas de acordo
com os períodos e níveis de reposição da evapotranspiração do experimento. Nota-se que ocorreu
efeito significativo a 1% dos níveis de reposição da evapotranspiração (Nr), sobre a altura das plantas
do pinhão manso, ao longo do ciclo, em todos os tratamentos (0,25, 0,50, 0,75, 1,00 e 1,25 da ETc).
Analisando-se a altura atingida pelas plantas aos 210 DAT, nos tratamentos de menor nível de
evapotranspiração (0,25 da ETc) e maior (1,25 da ETc) nível de reposição da evapotranspiração,

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ocorreu em média crescimento de 16,63 e 19,45 cm, respectivamente. No entanto, ao final do ciclo
(480 DAT), esses valores alcançaram 177,50 e 202,00 cm de altura, respectivamente, para 0,25 e 1,25
da ETc.

CONCLUSÕES

O crescimento das plantas de pinhão-manso evolui de acordo com as épocas de avaliação e


com o incremento dos níveis de reposição de água; e a água residuária influencia positivamente na
altura das plantas de pinhão-manso em todas as épocas avaliadas.

O pinhão-manso é sensível ao estresse hídrico, considerando-se a redução na altura das


plantas se comparados os menores e os maiores níveis de reposição da evapotranspiração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, F. P.; BELTRÃO, N. E. M.; Andrade, A. P.; Pereira, W. E.; Severino, L. S. Cultivo de
pinhãomanso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o semi-árido nordestino. Revista de
oleaginosas e fibrosas, v. 8, p. 789-799, 2004.
MAKKAR H. P. S. BECKER K. SPORER F, AND WINK M. Studies on Nutritive Potential and Toxic
Constituents of Different Provenances of Jatropha curcas:
PIRES, R. C. M.; SAKAI, E.; ARRUDA, F. B.; FOLEGATTI, M. V. Necessidades hídricas das culturas e
manejo da irrigação. In: MIRANDA, J. H.; PIRES, R. C. M. Irrigação. v.1. Piracicaba: FUNEP, 2001.
p.121-194.

RATREE, S. A. Preliminary study on physic nut Jatropha curcas in thailand. Journal of Biogical
Sciences, v. 7, n. 9, p. 1620-1623, 2004.
SILVA, M.B. RODRIGUES. Crescimento, desenvolvimento e produção do pinhão manso irrigado
com água residuária em função da evapotranspiração. Campina Grande, 2009. Tese (Doutorado)
UFCG.
SILVA, N. D. Cultivo do pinhão-manso para produção de biodiesel. Viçosa-MG, Centro de
Produções Técnicas - CPT, 2008. 220p
SITTON, D. Desarrollo de recursos hídricos limitados: Aspectos históricos, 2000. Disponivel em <
HTTP://WWW.israel-mfa.gov.il/mfa/go.asp?MFAHOj1j0> Acesso em 23 jan., 2009.

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190
Y240 DAT = 23,4x + 153,25 R2 = 0,9317**

Altura de plantas (cm)


180

A) 170

160
Y210 DAT = 23,8x + 150,4 R2 = 0,9347**

150
0,25 0,50 0,75 1,00 1,25
Nivel de reposição da evapotranspiração

210 DAT 240 DAT

190
Altura de plantas (cm)

180

B)
170

Y300DAT = 24,4x + 157,3 R2 = 0,9404**


160
Y270 DAT = 23,3x + 155,88 R2 = 0,9391**

150
0,25 0,50 0,75 1,00 1,25
Nivel de reposição da evapotranspiração

270 DAT 300 DAT

200
Y360 DAT = 24,5x + 162,13 R2 = 0,9358**
Altura de plantas (cm)

190

C) 180

170

Y330 DAT = 24,7x + 159,23 R2 = 0,9275**


160
0,25 0,50 0,75 1,00 1,25
Nivel de reposição da Evapotranspiração
330 DAT 360 DAT

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210

200

Altura de plantas (cm)


190
D)
180

170 Y420 DAT= 26,3x + 165,5 R2 = 0,9241**


Y390 DAT = 25,3x + 164,13 R2 = 0,9307**

160
0,25 0,50 0,75 1,00 1,25
Nivel de reposição da evapotranspiração

390 DAT 420 DAT

210

200
Altura de plantas (cm)

190
E)
180

Y480 DAT= 26,9x + 169,78 R2 = 0,9305**


170
Y450 DAT = 26,4x + 167,65 R2 = 0,9332**

160
0,25 0,50 0,75 1,00 1,25
Nivel de reposição da evapotranspiração
450 DAT 480 DAT

Figura 1. Valores médios da altura de plantas do pinhão manso dos 210 aos 480 dias após transplantio (A, B, C,D,e E) em
função de diferentes níveis de reposição da evapotranspiração da cultura. Campina Grande 2010

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210

190
Altura (cm)

170
Y1,25ETc = 0,0848x + 161,18 R2 = 0,9969**
150 Y0,50 ETc = 0,0621x + 153,21 R2 = 0,9958** Y1,00 ETc= 0,094x + 156,15 R2 = 0,9987**
Y0,25ETc = 0,084x + 137,31 R2 = 0,9958** Y0,75 ETc= 0,0759x + 149,89 R2 = 0,9938**

130
210 240 270 300 330 360 390 420 450 480
Período (DAT)

0,25 da ETc 0,50 da ETc 0,75 da ETc 1,00 da ETc 1,25 da ETc

Figura 2. Curvas de evolução da altura de plantas do pinhão manso em várias épocas de avaliação, em função de
diferentes níveis de reposição da evapotranspiração. Campina Grande, 2009

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1077-1083.
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CRESCIMENTO DO AMENDOIM BR1 EM DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO.

Francisco Figueiredo de Alexandria Junior1; José Rodrigues Pereira2; Genelício Souza de Carvalho
Júnior3; Maria Aparecida do Nascimento Castro4; Francisco das Chagas Quesado4;
Amonikele Gomes Leite1.
1UFCG, ffajunior@yahoo.com.br; 2Embrapa Algodão; 3UEPB; 4CENTEC, CE.

RESUMO - Com o objetivo de se definir a lâmina de irrigação para a cultura do amendoim BR1, um
experimento foi conduzido em Barbalha, Ceará, no ano de 2008. O solo na área experimental foi
classificado como Neossolo flúvico. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, sendo
os tratamentos (1. 50% da evapotranspiração de referencia _ ET0; 2. 75% da ET0; 3. 100% da ET0; 4.
125% da ET0,) distribuídos em 4 repetições, totalizando laminas de 607, 678, 750 e 821 mm de água
aplicada por tratamento estudado em todo o ciclo, respectivamente. A diferenciação dos tratamentos
ocorreu somente no período crítico de necessidade hídrica da mamoneira, aproximadamente dos 70 a
90 dias após a germinação. Verificou-se que a lâmina de água aplicada que proporcionou melhor
crescimento em diâmetro em todo ciclo de crescimento do amendoim BR1 foi a de 750 mm, enquanto
que as lâminas de 821 e 607 mm possibilitaram melhor crescimento em altura, a primeira por todo o
ciclo e, a segunda a partir dos 68 dias após a germinação das plantas da cultura.
Palavras chave: Arachis hypogaea L., altura, diâmetro.

INTRODUÇÂO

O amendoim é uma planta originária da América do Sul (Brasil e países fronteiriços: Paraguai,
Bolívia e norte da Argentina), na região compreendida entre as latitudes de 10º e 30º sul, com provável
centro de origem na região do Chaco, incluindo os vales do Rio Paraná e Paraguai (WIKIPEDIA, 2010).
O sétimo Levantamento da safra brasileira de grãos 2009/2010 estima redução da área plantada (-
17%), da produtividade(-5,9%) e da produção (-21,9%) do amendoim (Arachis hypogaea L.), mas para
os Estados do Norte-Nordeste, a previsão é de aumento da ordem de 7,5, 7,9 e 16%, respectivamente
(CONAB, 2010).

O amendoim é a semente comestível da planta da família Fabaceae e o seu fruto é do tipo


vagem. A planta do amendoim é uma erva, com um caule pequeno e folhas tri-folioladas, com raiz
aprumada, medindo entre 30–50 cm de altura. As flores são pequenas, amareladas e, depois de

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fecundadas (ginóforos), inclinam-se para o solo e a noz desenvolve-se subterraneamente (WIKIPEDIA,


2010).

No desenvolvimento de projetos de irrigação e exploração racional das culturas e recursos


hídricos, é necessário responder-se, basicamente, a duas perguntas: quanto e quando irrigar. A oferta
de água para as plantas deve ser feita nas quantidades requeridas e na época certa, de modo a não
comprometer seu rendimento nem a qualidade do produto, por deficiência ou excesso de água
(HEWITT et al., 1980). Em amendoim, a ocorrência de déficit hídrico nas fases de crescimento e
desenvolvimento dos ginóforos e das vagens, acarreta decréscimo na produção, pela redução do
número de vagens antes mesmo que pelo peso das vagens, e semente (BOOTE et al., 1976).

Nageswara Rao et al. (1988) aplicando lâminas de água de725, 630, 580 e 550 mm, obtiveram
produtividades de amendoim em casca de 4.615, 5.480, 5.040 e 3.687 kg.ha-1, respectivamente,
evidenciando que água, em demasia quanto em deficiência, reflete negativamente na produção.
Também, Távora e Melo (1991) verificaram que a deficiência hídrica determinou redução média na
produção de vagens de amendoim, da ordem de 62% em relação ao tratamento sem deficiência
hídrica.

Objetivou-se com este trabalho definir a lâmina de irrigação para a cultura do amendoim BR1,
avaliando-se os efeitos de quatro lâminas de irrigação sobre o crescimento em altura e em diâmetro
caulinar.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Embrapa Algodão, Barbalha, CE, localizada nas coordenadas
geográficas de 7°19' S, 39°18' O e 409,03 m de altitude (DNMET, 1992), no período de 01 de agosto a
07 de dezembro de 2008.

O solo é do tipo Neossolo Flúvico e sua caracterização química, conforme Boletim No. 121/06
do Laboratório de Solos da Embrapa Algodão foi à seguinte: pH de 7,4; 121,7, 74,1, 5,4, 10,8 e 0,0
mmolc.dm-3 de cálcio, magnésio, sódio, potássio e alumínio, respectivamente; 17,4 mg/dm3 de fósforo e
18,3 g.kg-1de matéria orgânica.

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, sendo os tratamentos (1. 50


% da evapotranspiração de referencia _ ET0; 2. 75% da ET0; 3. 100% da ET0; 4. 125% da ET0,
distribuídos em 4 repetições, totalizando laminas de 607, 678, 750 e 821 mm de água aplicada por

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tratamento estudado em todo o ciclo, respectivamente. A diferenciação dos tratamentos ocorreu


somente no período crítico de necessidade hídrica da mamoneira, aproximadamente dos 70 a 90 dias
após a germinação. A área total da parcela media 12 x 20 m (240 m2), com área útil de 40 m2 (4 x 10
m). A cultivar BR1 de amendoim foi plantada no espaçamento de 0,60 m x 0,20 m, deixando-se 10
plantas por metro de fileira após o desbaste definitivo.

O preparo do solo constou de uma aração e três gradagens, tratorizadas. A adubação foi
aplicada na seguinte fórmula 11-55-40, sendo o nitrogênio, o fósforo e o potássio aplicados de uma só
vez, por ocasião do plantio.

Utilizou-se irrigação por aspersão convencional, com linhas de aspersores espaçadas


12 m uma da outra, sendo irrigadas duas linhas por vez, estando dentro de cada linha os aspersores
espaçados entre si também por 12 m. Imediatamente antes do plantio foi efetuada uma irrigação em
toda a área de modo a levar o solo à capacidade de campo, e após o plantio, a cada quatro dias uma
irrigação com pequena lâmina, de modo a assegurar a boa germinação das sementes. A partir do
estabelecimento da cultura, as irrigações foram efetuadas uma vez por semana. A quantidade de
reposição de água (mm) para cada tratamento e evento de irrigação foi determinada de acordo com a
evapotranspiração de referência (ET0) calculada pelo método de Penman-Monteith (ALLEN et al.,
2006).

Foram feitas quatro amostragens (Épocas) da altura e diâmetro caulinar do amendoim BR1,
amostrando-se 5 plantas marcadas por parcela, por vez.

Através do programa estatístico Statistical Analysis System, os resultados foram submetidos a


métodos numéricos para ajuste dos dados primários a funções não lineares de crescimento (CALBO et
al., 1989).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para as variáveis altura de planta e diâmetro do caule as equações que melhor se adaptaram
ao comportamento apresentado pelas plantas são do modelo sigmóide ou modelo logístico.

Verifica-se que dos 40 aos 45 dias após a emergência das plantas de amendoim BR1, a lâmina
de 679 mm possibilitou crescimento em diâmetro do amendoim um pouco menor que a lâmina de 750
mm e menor que a de 821 mm, mas superior a lâmina de 607 mm. A partir dos 45 dias após a
emergência, a lâmina de 750 mm obteve um crescimento mais acentuado do que as demais lâminas,

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no entanto as lâminas de 607 mm e 679 mm possibilitaram um crescimento mais acentuado do que a


lâmina de 821 mm. Após 68 dias da germinação não ocorreu incremento médio no diâmetro,
mantendo-se constante até o final do ciclo da cultura. A lâmina que ocasionou maiores incremento no
diâmetro foi a de 750 mm, contrastando com a lâmina de 821 mm que possibilitou menores ganhos
(Fig. 1).

Quanto ao crescimento em altura, observa-se que aos 40 dias após a emergência das plantas
de amendoim BR1, as lâminas de 679 mm e 750 mm acarretaram crescimento similares, sendo
inferiores a lâmina de 821 mm e superiores a lâmina de 607 mm. Aos 45 dias, a lâmina de 821 mm foi
superior as demais, no qual possibilitaram crescimento similar. Dos 45 aos 68 dias a lâmina de 607 mm
acarretou crescimento superior as lâminas de 679 mm e 750 mm, aproximando-se da lâmina de 821
mm. A partir dos 68 dias as lâminas de 607 mm e 821 mm possibilitaram incrementos médios em altura
superiores as lâminas de 679 mm e 750 mm, sendo que as lâminas de 607 mm e 821 mm ocasionaram
maiores ganhos em altura ao final do ciclo do amendoim (Fig. 2).

Ferreira et al. (1992) constataram reduções de até 75,5% na altura das plantas de amendoim,
sob condições de severo estresse hídrico, quando comparado ao tratamento sem estresse.

CONCLUSÃO

A lâmina de água aplicada que proporcionou melhor crescimento em diâmetro em todo ciclo de
crescimento do amendoim BR1 foi a de 750 mm, enquanto que as lâminas de 821 e 607 mm
possibilitaram melhor crescimento em altura, a primeira por todo o ciclo e, a segunda a partir dos 68
dias após a germinação das plantas da cultura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEN, R. G.; PRUIT, W. O.; WRIGHT, J. L.; HOWELL, T. A.; VENTURA, F.; SNYDER, R.; ITENFISU,
D.; STEDUTO, P.; BERENGENA, J. YRISARRY, J. B.; SMITH, M.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.;
PERRIER, A.; ALVES, I.; WALTER, I.; ELLIOTT, R. A recommendation on standardized surface
resistance for hourly calculation of reference ETo by the FAO56 Penman-Monteith method.
Agricultural Water Management, Amsterdam, v, 81, p. 1-22, 2006.

BOOTE, K. J.; VARNELL, R. J.; DUNCAN, W. G. Relationships of size, osmotic concentration, and
sugar concentration of peanut pods to soil water. Proceedings Soil and Crop Science Society of
Florida, v.35, p.47-50, 1976.

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Página | 1088

CALBO, A. G.; SILVA, W. L. C.; TORRES, A. C. Ajuste de funções não lineares de crescimento.
Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v.1, n.1, p.9-17, 1989.

COMPANHIA BRASILEIRA DE ABASTECIMENTO – CONAB. Acompanhamento de safra brasileira:


grãos - sétimo levantamento, abril 2010. Brasília: CONAB, 2010. 39p.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE METEOROLOGIA - DNMET. Normas climatológicas: 1961 - 1990.


Brasília: DNMET, p.6, 1992.

DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Efectos del agua sobre El redimiento de los cultivos. Roma:
FAO, 1979. 212 p. (Riego e Drenaje, 33)

HEWITT, T. D.; GORBET, D. W.; WESTBERRY, G. O. Economics of irrigating peanuts. Proceedings


Soil and Crop Science of Florida, v.39, p.135-140, 1980.

METOCHIS, C. Irrigation of groundnut (Arachis hypogaea L.) grown in a Mediterranean environment.


Journalof Agricultural Science, Cambridge, v.121, p.343-6, 1993.

NAGESWARA RAO, R. C.; WILLIAMS, J. H.; SIVAKUMAR,M. V. K.; WADIA, K. D. R. Effect of water
deficit at different growth phases of peanut. ll. Response to drought during preflowering phase.
Agronomy Journal, v.80, p.431-438,1988.

TÁVORA, F. J. A. F.; MELO, F. I. O. Resposta de cultivares de amendoim a ciclos de deficiência


hídrica: crescimento vegetativo, reprodutivo e relações hídricas. Ciência Agronômica, Fortaleza, v.22,
n.1/2, p.47-60, 1991.

WIKIPEDIA. Amendoim. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Amendoim. Acesso em 10/05/2010 as 20: 32


hs

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10
9
8
Diâmetro(cm)

7
6
5
4
3
2
1
0
40 45 68 80
Época (dias)
607 679 750 821

Y(607 mm) =5,4/(1+EXP(-(x-35,15)/6,82)) Y(750 mm)==5,63/(1+EXP(-(x-35,32)/3,08))


r2=0,99 r2=0,99

Y(678 mm)=5,44/(1+EXP(-(x-29,51)/8,49)) Y(821 mm) =31,95/(1+EXP(-(x -492,98)/253,8))


r2=0,98 r2=0,98

Figura 1. Curvas, equações de regressão e coeficientes de determinação ajustados da altura média de plantas do
amendoim BR1, submetido a diferentes lâminas de água. Barbalha, CE. 2008.

45
40
35
Altura (cm)

30
25
20
15
10
5
0
40 45 68 80
Época (dias)

607 679 750 821

Y(607 mm) =44,4/(1+EXP(-(x-52,25)/13,9)) Y(750 mm) =45,58/(1+EXP(-(x-76,59)/59,89))


r2=0,97 r2=0,99
Y(678 mm) =363,71*EXP(-0,5*((x-431,2)/156,47)^2) Y(821 mm) =1203,3/(1+EXP(-(x-270,24)/56,61))
r2=0,99 r2=0,98

Figura 2. Curvas, equações de regressão e coeficientes de determinação ajustados do diâmetro de plantas do amendoim
BR1, submetido a diferentes lâminas de água. Barbalha, CE. 2008.

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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA MAMONA BRS ENERGIA EM


DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO.

Genelicio Souza Carvalho Júnior1; José Rodrigues Pereira2; Maria Aparecida do Nascimento Castro3;
Francisco das Chagas Quesado3; Célio Santos Abdala2; Franciezer Vicente de Lima4;
Whellyson Pereira Araújo4.
1UEPB, geneliciojunior@hotmail.com; 2 Embrapa Algodão; 3 CENTEC; 4 UFPB.

RESUMO – A mamoneira é uma oleaginosa cultivada em quase todos os municípios do sertão Baiano.
O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão Barbalha, CE, no período
de 1 de agosto a 7 de dezembro de 2008. Adotou-se o delineamento de blocos casualizados com
quatro repetições. Os tratamentos constituíram-se de quatro laminas de irrigação (607, 678, 750 e 821
mm). Para o ensaio utilizou-se a cultivar BRS Energia e aos 77 dias após a emergência avaliaram-se a
altura de planta, o diâmetro caulinar, área foliar. O crescimento e desenvolvimento em altura de planta,
diâmetro caulinar e área foliar da mamoneira BRS Energia nas condições edafoclimáticas estudadas e
nas diferentes épocas de amostragens realizadas, foram mais expressivos nas condições de
fornecimento hídrico proporcionadas pela lamina de 678 mm de água aplicada em todo seu ciclo.
Palavras-chaves - Altura, diâmetro e área foliar.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa de relevante importância econômica e


social, de cujas sementes extrai-se o óleo, principal produto, e a torta como produto secundário de
excelente propriedade como insumo industrial (SANTOS et al., 2007). A mamona está entre as
oleaginosas cultivadas no Brasil, que destacam-se pela adaptabilidade às condições adversas de clima
e solo (LIMA et al., 2004).

A mamona é uma oleaginosa cultivada em quase todos os municípios do semi-árido baiano


(Cafarnaum e Ourolândia são os maiores produtores), sendo cultivada principalmente por agricultores
familiares que detém mais de 80% da área plantada e garante o sustento de milhares de famílias
(SEAGRI, 2009).

Na literatura brasileira, há poucos relatos de trabalhos envolvendo a cultura da mamoneira em


sistema de irrigação. Existem varias demandas de pesquisas relacionadas ao cultivo da mamoneira

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irrigada, sendo uma delas a quantificação de água necessária para crescimento e desenvolvimento
dessa euforbiácea.

Objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos de quatro lâminas de irrigação no crescimento
e desenvolvimento da mamoneira BRS Energia.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Embrapa Algodão, Barbalha, CE, localizada nas coordenadas
geográficas de 7°19' S, 39°18' O e 409,03 m de altitude (DNMET, 1992), no período de 01 de agosto a
07 de dezembro de 2008.

O solo é do tipo Neossolo Flúvico e sua caracterização química, conforme Boletim No. 121/06
do Laboratório de Solos da Embrapa Algodão foi à seguinte: pH de 7,4; 121,7, 74,1, 5,4, 10,8 e 0,0
mmolc dm-3 de cálcio, magnésio, sódio, potássio e alumínio, respectivamente; 17,4 mg dm-3 de fósforo
e 18,3 g kg-1 de matéria orgânica.

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, sendo os tratamentos (1. 50


% da evapotranspiração de referência _ ET0; 2. 75 % da ET0; 3. 100 % da ET0; 4. 125 % da ET0,
distribuídos em quatro repetições, totalizando laminas de 607, 678, 750 e 821 mm de água aplicada por
tratamento estudado em todo o ciclo, respectivamente. A diferenciação dos tratamentos ocorreu
somente no período crítico de necessidade hídrica da mamoneira, aproximadamente dos 65 a 85 dias
após a germinação. A área total da parcela media 12 x 20 m (240 m2), com área útil de 40 m2 (4 x 10
m). A cultivar BRS Energia de mamona foi plantada no espaçamento de 1,20 m entre fileiras, deixando-
se cinco plantas por metros de fileira após o desbaste definitivo.

O preparo do solo constou de uma aração e três gradagens, tratorizadas. A adubação foi
aplicada na seguinte fórmula 55-55-40, sendo o nitrogênio parcelado em duas vezes (10 % da dose na
fundação, 90 % após desbaste definitivo), o fósforo e o potássio foram aplicados de uma só vez, por
ocasião do plantio. Não apareceram pragas ou doenças. Para controle de plantas daninhas, foram
feitas três capinas manuais à enxada.

Utilizou-se irrigação por aspersão convencional, com linhas de aspersores espaçadas 12 m


uma da outra, sendo irrigadas duas linhas por vez, estando dentro de cada linha os aspersores
espaçados entre si também por 12 m. Imediatamente antes do plantio foi efetuada uma irrigação em
toda a área de modo a levar o solo à capacidade de campo, e após o plantio, a cada quatro dias uma

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irrigação com pequena lâmina, de modo a assegurar a boa germinação das sementes. A partir do
estabelecimento da cultura, as irrigações foram efetuadas uma vez por semana. A quantidade de
reposição de água (mm) para cada tratamento e evento de irrigação foi determinada de acordo com a
evapotranspiração de referência (ET0) calculada pelo método de Penman-Monteith (ALLEN et al.,
2006).

Os dados climáticos para uso no cálculo da ET0 foram obtidos, diariamente e de hora
em hora, via internet (www.inmet.gov.br), diretamente da Estação Meteorológica Automática do
Instituto Nacional de Meteorologia - INMET de Barbalha, CE, localizada a 500 metros da área
experimental irrigada da Embrapa Algodão de Barbalha, CE.

A partir os 37 DAE, foram feitas avaliações em cinco plantas marcadas por parcela. A
distância, em centímetros, do colo da planta, ao nível da superfície do solo, até o seu ápice, constituiu-
se na altura da planta; o diâmetro caulinar, em centímetros, foi medido, com um paquímetro, no colo da
planta, a um centímetro do solo. A área foliar foi determinada com auxilio de uma régua milimetrada,
medindo-se seis folhas por planta, procurando distribuir bem essa amostragem por planta, seguindo-se
da contagem do número total de folhas, de cada planta, calculando-se a área foliar/folha através da
equação S= 0, 1515 x (C + L)2 (SEVERINO et al., 2004), onde S representa a área foliar (cm2.planta-1),
C o comprimento longitudinal da folha (cm) e L o comprimento em largura da folha (cm), Com a área
foliar média das folhas calculadas pela referida equação, multiplicou-se esta pelo número total de
folhas da planta para se determinar a área foliar média total por planta.

Através do programa estatístico Statistical Analysis System, os resultados foram


submetidos a métodos numéricos para ajuste dos dados primários a funções não lineares de
crescimento (CALBO et al., 1989).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto aos valores dos quadrados médios (teste F), somente altura e diâmetro das plantas da
mamoneira BRS Energia apresentaram valores significativos a 1% de probabilidade nas épocas
avaliadas. Por outro lado, não houve diferenciação estatística para as lâminas de irrigação testadas,
nem para interação lâminas x épocas (Tabela 1)

Na variável altura de plantas, a partir de 47 DAG as lâminas de 750 e 678 mm, apresentaram
os maiores valores, com a lâmina de 678 mm superando as demais após os 65 DAG. Para diâmetro,

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ate os 65 DAG as lâminas de 750 e 821 mm, proporcionaram maiores valores médios, mas a partir daí
a lâmina de 678 superou todas as demais lâminas estudadas. Para a variável área foliar, a lâmina 678
mm, proporcionaram os maiores valores em todas as épocas estudadas.

Silva et al. (2009), estudando lãminas de 294,22; 382,50; 479,75 e 679,75 mm, observaram
para as variáveis altura e diâmetro caulinar que a lãmina de 479,75 mm apresentou os maiores valores
em todas as épocas, enquanto que a área foliar passou a decrescer a partir dos 50 DAG, sendo que a
partir dos 62 DAG a lâmina 679,75 superou as demais.

Resumindo, a lâmina de 678 mm, correspondente a 75% da ET 0, foi a mais satisfatória para o
crescimento em altura, diâmetro e área foliar para a cultivar BRS Energia nas condições
edafoclimáticas do estudo, possivelmente por suprir adequadamente, sem provocar déficits nem
excesso, as necessidades hídricas em todo o ciclo de crescimento e desenvolvimento da cultivar de
mamoneira estudada. A quantidade normal de água fornecida as plantas, favorecem a assimilação do
CO2, abertura dos estômatos, a atividade fisiológica, principalmente a divisão celular e o crescimento
das células (TAIZ E ZEIGER, 2004).

CONCLUSÃO

O crescimento e desenvolvimento em altura de planta, diâmetro caulinar e área foliar da


mamoneira BRS Energia nas condições edafoclimáticas estudadas e nas diferentes épocas de
amostragens realizadas, foram mais expressivos nas condições de fornecimento hídrico
proporcionadas pela lãmina de 678 mm de água aplicada em todo seu ciclo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Y(607, mm)= 82,26/(1+EXP(-(x-47, 83)/11,72)) Y(607, mm)= 16,84/(1+EXP(-(x-40,02)/16,76))


R2=0,97 R2=0,99
Y(678, mm)= 162,03/(1+EXP(-(x-69, 62)/19,76)) Y(678, mm)= 439,83/(1+EXP(-(x-205, 61)/40,95))
R2=0,99 R2=0,67
Y(750, mm)= 101,31/(1+EXP(-(x-53, 31)/16,49)) Y(750, mm)= 23,04/(1+EXP(-(x-51, 98)/24,45))
R2=0,82 R2=0,72
Y(821, mm)= 90,28/(1+EXP(-(x-48, 60)/48,60)) Y(821, mm)=17,80/(1+EXP(-(x-40, 11)/16,50))
R2=0,89 R2=0,67

Y607= ((-58,90*X)+(2,12*X))^2
R2= 0,73
Y678= ((-74,58*X)+(2,46*X))^2
R2= 0,70
y750= ((-30,89*X)+(1,61*X))^2
R2=0,58
Y821= ((-25,97*X)+(1,58*X))^2
R2=0,61

Figura 1. Regressão da altura, diâmetro caulinar e área foliar de plantas de mamoneira BRS Energia em diferentes épocas
de irrigação, Barbalha, CE, 2008.

Tabela 1. Resumo da análise de variância da altura (AP), do diametro caulinar (DC) e da area foliar (AF) de plantas de
mamoneira BRS Energia cultivadas em diferentes épocas de irrigação, Barbalha, CE, 2008.
FV GL ALTURA DIÂMETRO AREA FOLIAR
Blocos 3 110,18ns 4,7ns 14240327,03ns
Lâminas (L) 3 192,43ns 5,91ns 11842395,94ns
Resíduos (a) 9 627,53 23,82 24763983,67
Épocas (E) 3 10923,68** 263,17** 153988189,9ns
Resíduos (b) 9 383,83 14,54 18629468,35ns
L*E 9 182,80ns 30,98ns 22797238,59ns
Resíduos (c) 27 255,42 14,49 109232333,97

CV% - 48,22 41,05 126,61


CV% - 37,71 32,08 109,81
CV% - 30,76 32,01 84,09

** Significativo a 1% e * Significativo a 5% de probabilidade (teste F); ns Não significativo (teste F).

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EFEITO DA SALINIDADE NA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO SOBRE O ESTABELECIMENTO DE TRÊS


CULTIVARES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO

Allan Radax Freitas Campos1; Francisco Assis de Oliveira; Marlene Alexandrino Ferreira1; Rafaela
Campos de Oliveira3; Ênio de Freitas Meneses4
1 Graduandos em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias , Universidade Federal da Paraíba, Campus II, Areia-PB. E-mail:
allanradax@hotmail.com; 2 Professor Associado II do Departamento de Solos e Engenharia Rural, Centro de Ciências
Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Campus II, Areia-PB, CEP 58.397-000. E-mail: oliveira@cca.ufpb.br; 3
Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA, julierafa@oi.com.br.; 4 Mestre em Manejo de Solo e Água, Universidade
Federal da Paraíba, Campus II, Areia-PB.

RESUMO – Em casa-de-vegetação do DSER/CCA/UFPB, Areia-PB, o trabalho foi desenvolvido de


setembro a novembro de 2006, com o objetivo de avaliar o comportamento de três cultivares de
algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.r. latifolium Hutch), CNPA-7H, Precoce 1 e CNPA ITA 96,
submetidas a cinco níveis de salinidade na água de irrigação, 0,0; 1,5; 3,0; 4,5 e 6,0 dS m -1,
determinados a partir da água de chuva (nível 0), e da mistura de 50% de NaCl + 20% de MgCl 2 + 10%
de Na2SO4 + 20% de CaCl2. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, distribuídos
em esquema fatorial, 3 x 5, com três repetições. A unidade experimental foi um saco de polietileno,
contendo dois litros de areia lavada. Houve efeito (p ≤ 0,01) dos tratamentos e da interação, sobre os
resultados do índice de velocidade de emergência (IVE) e produção de fitomassa seca (FS). Os
resultados permitem afirmar que os níveis de sais na água de irrigação afetaram, em grau diferenciado,
o estádio de desenvolvimento inicial da cultura. A tolerância varietal ao ambiente salino, em ordem
decrescente, foi: CNPA-7H > Precoce 1 > CNPA ITA 96.
Palavras-chave – Gossypium hirsutum, NaCl, crescimento, tolerância.

INTRODUÇÃO

O algodoeiro (Gossypium hirsutum L.r. latifolium Hutch), espécie vegetal de ciclo curto anual, é
cultivado em vários países do mundo e em diversos Estados do Brasil. É uma das dez principais
culturas produtoras de fibra, óleo e proteínas ocupando, no Brasil, uma área anual superior a 33
milhões de hectares (LIMA et al., 2006). É considerada uma cultura de grande importância
socioeconômica para o País, especialmente para as regiões Nordeste, Centro Oeste e Sudeste. O
controle da umidade do solo, através da irrigação, pode contribuir substancialmente para a melhoria de
rendimento do algodão no Nordeste, inclusive com possibilidade de mais de uma colheita por ano, em

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face da pequena variação das condições energéticas ao longo do ano, explorando principalmente as
áreas semi-áridas da região, através do uso da irrigação (AZEVEDO et al., 1993).

Sob as condições climáticas presentes nas regiões áridas e semi-áridas do Nordeste, o


aumento do teor de sais solúveis no solo é um processo natural, pois o déficit de precipitação em
relação a evapotranspiração aumenta a concentração de sais nas camadas superficiais do solo; neste
processo, o uso da irrigação implica necessariamente na incorporação gradativa de sais no solo,
sobretudo nas camadas de atividade radicular, com reflexos depressivos sobre o crescimento e
desenvolvimento das culturas (YEO, 1999). Estudos têm comprovado, em especial para o Nordeste
brasileiro, que as águas normalmente utilizadas na irrigação se apresentam, na maioria das vezes, com
problemas relacionados à salinidade e/ou sodicidade dos solos, reduzindo sobremaneira a produção
agrícola nas áreas irrigadas (COSTA et al., 1982; LARAQUE, 1989; MEDEIROS, 1996).

Dentre as condições ambientais que afetam o processamento germinativo e o desenvolvimento


pleno das culturas, pode-se destacar a salinidade do meio. De acordo com Sivritepe et al. (2003), a
salinidade afeta a porcentagem de germinação e o índice de velocidade de germinação das sementes.
Nas regiões áridas e semi-áridas, a combinação da intensa evaporação, reduzida precipitação
pluviométrica, a deficiência em drenagem e o próprio uso de fertilizantes, têm aumentado os problemas
com a salinidade, prejudicando o rendimento das culturas (MEDEIROS, 2001).

Diante da importância da cotonicultura irrigada para a região do nordeste brasileiro, este


trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito da salinidade da água de irrigação na
geminação e vigor de três cultivares de algodoeiro herbáceo.

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido em casa de vegetação do Departamento de Solo e Engenharia


Rural, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (DSER/CCA/UFPB),
localizado no município Areia,PB no período de setembro a novembro de 2006. Foram testadas três
cultivares de algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L.r. latifolium Hutch), CNPA-7H, Precoce 1 e
CNPA ITA 96 e cinco níveis de sais na água de irrigação, 0,0 1,5, 3,0, 4,5 e 6,0 dS m -1, preparados a
partir da água de chuva (nível 0), e da mistura de 50% de NaCl + 20% de MgCl2 + 10% de Na2SO4 +
20% de CaCl2. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, distribuídos em esquema
fatorial, 3 x 5, com três repetições. Como unidade experimental utilizou-se um saco de polietileno preto,
contento como substrato dois litros de areia lavada, passada em peneira com malha de 4mm.

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No plantio utilizou-se 50 sementes por parcela, com o substrato devidamente umedecido com
as soluções específicas de cada tratamento. As irrigações das parcelas foram realizadas quase
diariamente, sempre procurando manter a umidade do substrato em torno de 60% da sua capacidade
de retenção, como especifica a Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992). Para análise e
interpretação dos resultados, foram computados os dados referentes ao índice de velocidade de
emergência e rendimento biológico da fitomassa seca, durante o período inicial de estabilização da
cultura. Os resultados foram submetidos à análise de variância, teste F, e as médias comparadas entre
si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (GOMES, 1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 estão os resultados da análise de variância referentes ao índice de velocidade de


emergência (IVE) e produção de fitomassa seca (FS) do algodoeiro. Observa-se que houve efeito
significativo (p  0,01) dos níveis de salinidade na água de irrigação sobre todas as variáveis
analisadas. Para as cultivares, foi verificado efeito significativo (p  0,01) para a FS e não houve efeito
para IVE. Também houve, efeito significativo da interação níveis de sais versus cultivar sobre todas as
variáveis analisadas.

Para a interação níveis de sais X cultivar, para o IVE, Tabela 2, ao se estudar cultivar dentro de
níveis (linha), verifica-se que as cultivares CNPA-7H e Precoce 1 apresentaram idêntico grau de
tolerância aos níveis salinos e, não revelaram efeito significativo (p > 0,05) dos níveis de salinidade na
água de irrigação. Para a CNPA ITA 96 o melhor resultado do IVE (13,1 plântulas dia-1) foi decorrente do
tratamento de 1,5 dS m-1, cujo resultado não se diferenciou da testemunha mas superou de forma
significativa (p ≤ 0,05) os demais tratamentos . Porém, ao se estudar o comportamento de cultivar
dentro de cada nível (coluna) pode-se afirmar que a CNPA-7H e Precoce 1 apresentaram os melhores
resultados de IVE, mesmo não se diferenciando entre si em todos os níveis de sais, superaram a
CNPA ITA 96 apenas no nível 6,0 dS m-1.

Ainda na Tabela 2 estão os resultados do desdobramento do efeito da interação níveis de sais


X cultivar para a variável fitomassa seca (FS). Ao se estudar cultivar dentro de níveis (linha), observa-
se que a cultivar CNPA-7H não sofreu com os níveis de salinidade da água de irrigação, enquanto que
a Precoce 1, no nível de 1,5 dS m-1, obteve o melhor resultado (1,36 g planta-1), apresentando declínio
na acumulação de fitomassa a partir de 4,5 dS m-1. Já para a CNPA ITA 96, o nível de 3,0 dS m-1,
proporcionou o melhor resultado (1,44 g planta -1), cujo resultado se diferenciou (p ≤ 0,05) dos demais

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tratamentos de sais. Porém, para o comportamento dos níveis de sais dentro de cultivar (coluna),
constata-se que apenas a testemunha (0,0 dS m-1) revelou diferença significativas (p ≤ 0,05) na
acumulação de FS, tendo a CNPA ITA 96 apresentado o menor resultado e não houve diferença entre
a CNPA-7H e a Precoce 1. Ribeiro (1982) afirma que a salinidade do solo pode reduzir o crescimento
do algodoeiro, a taxa fotossintética da cultura, devido ao fechamento dos estômatos e causar
modificações na estrutura dos frutos e que a magnitude do efeito varia com o tipo de cultivar utilizada,
mostrando assim que a cultura do algodão herbáceo apresenta diferença intravarietal com relação à
salinidade.

CONCLUSÃO

Os níveis crescentes de salinidade na água de irrigação afetaram o IVE e a FS no estádio de


desenvolvimento inicial da cultura do algodoeiro herbáceo, em grau diferenciado. Foi registrado
diferença intervarietal quanto a tolerância ao ambiente salino em ordem decrescente: CNPA-7H >
Precoce 1 > CNPA ITA 96.

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Tabela 1. Resultados da análise de variância referente ao índice de velocidade de emergência (IVE) e a produção de
fitomassa seca (FS)
Quadrado médio
Causa da variação G.L.
IVE FS
Níveis de sais 4 20,5** 0,11**
Cultivar 2 4,7ns 0,06**
Níveis x cultivar 8 9,2** 0,03*
(Tratamento) (14) (11,8) (0,08**)
Bloco 2 13,8** 0,02ns
Resíduo 28 2,5 0,010
CV 16,92 8,60
**, *,ns: significativo a 1 e 5% de probabilidade e não significativo pelo teste "F".

Tabela 2. Resultados médios da interação níveis de sais versus cultivar, para o índice de velocidade de emergência (IVE) e
produção de fitomassa seca (FS) de plântulas de três cultivares de algodoeiro herbáceo
Nível de sais (dS m-1)
Cultivar
0,0 1,5 3,0 4,5 6,0
...................................................... IVE – plântulas dia-1 .........................................
CNPA-7H 9,68 a A 10,07 a A 9,69 a A 7,33 a A 10,17 a A
Precoce 1 10,42 a A 10,52 a A 10,91 a A 8,51 a A 8,70 a A
CNPA ITA 96 9,53 a AB 13,10 a A 9,00 a B 7,66 a BC 4,21 b C
.................................................... FS – g planta-1 .........................................
CNPA-7H 1,26 a A 1,29 a A 1,30 a A 1,25 a A 1,14 a A
Precoce 1 1,25 a AB 1,36 a A 1,26 a AB 1,07 a B 1,06 a B
CNPA ITA 96 1,00 b B 1,16 a B 1,44 a A 1,15 a B 0,96 a B

dms (linha/coluna): 3,74/3,18 (IVE); 0,24/0,21 (FS)


dms: diferença mínima significativa pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade;
Médias seguidas de mesma letra, minúsculas (coluna) e maiúsculas (linha), não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

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EFEITO DE LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO SOBRE COMPONENTES DE PRODUÇÃO DO GERGELIM


EM AMBIENTE PROTEGIDO

Joab Josemar Vitor Ribeiro do Nascimento1; José Sebastião Costa de Sousa1; Alex Matheus Rebequi2;
Carlos Alberto Vieira de Azevedo1; Gibran da Silva Alves2
1UFCG, joabjosemar@gmail.com; 2UFPB

RESUMO: Objetivou-se estudar o efeito de lâminas de irrigação sobre os componentes de produção do


gergelim, em ambiente protegido. A pesquisa foi desenvolvida entre janeiro e março de 2007, no
Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da UFCG, em Campina Grande-PB em vasos com 24,1 kg
de solo. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos
(807, 624, 504 e 325 mm) e cinco repetições. Avaliou-se a produção de massa de sementes, número
de capulhos e massa de capulhos até 90 dias após a emergência. Houve diminuição em todos os
componentes, à medida que as lâminas aplicadas foram sendo elevadas. O gergelim mostrou-se
altamente tolerante à falta d‘água.

Palavras-chave: déficit hídrico, Sesamun indicum L., manejo de água, água disponível.

INTRODUÇÃO

O gergelim (Sesamun indicum L.) é uma planta adaptada às condições semi-áridas e é uma da
oleaginosas mais plantada no mundo. Requer precipitação pluvial entre 300 e 800 mm anual e altitude
abaixo de 500 m (PEREIRA et al, 2002). Nas condições edafoclimáticas do semi-árido nordestino, o
gergelim é de fácil cultivo e obtém ótima produção a baixo custo. A demanda pelo produto é muito alta
e ele alcança preços compensadores nos mercados nacional e internacional (BARROS et al., 2001).

O déficit hídrico, comum no semi-árido da região nordeste, tem comprometido o bom


desenvolvimento da cultura sob o regime de sequeiro (PINTO, 2006). Com o uso da irrigação pode-se
minimizar a incerteza climática do cultivo de sequeiro, obtendo-se aumentos significativos no
rendimento (SOUZA et al., 2000). Isto significa definir quando e quanto irrigar com base no
desenvolvimento da cultura visando atender as necessidades hídricas de maneira racional.

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O uso racional da água deve, então, ser imperativo para maximização da produtividade e a
qualidade do produto e para tornar mínimos os custos de produção e danos ambientais. Na literatura
há poucos relatos sobre o comportamento da produtividade do gergelim em diferentes manejos de
irrigação na região nordestina, destacando-se os trabalhos de Souza et al., (2000) e o de Pinto (2006).
Logo, observa-se que mais informações são necessárias sobre o assunto, sobretudo devido às
diferenças entre as condições edafoclimáticas de cada localidade, as metodologias empregadas, as
cultivares utilizadas, entre outros fatores.

Dessa forma, buscou-se com o presente trabalho avaliar os componentes de produção


do gergelim irrigado com diferentes lâminas de água, em ambiente protegido, em Campina Grande,
Paraíba.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de casa de vegetação na Unidade Acadêmica de


Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, no período de janeiro a março de
2007, utilizando-se vasos plásticos com 25 L de capacidade, os quais foram preenchidos com 24,1 kg
de material de solo franco-arenoso, destorroado, seco e peneirado, coletado na camada de 0-0,20 m
de um Neossolo Regolítico, tendo como características químicas: pH (H2O) = 6,21; Ca = 24,4 mmolc
dm-3; Mg = 35,4 mmolc dm-3; Na = 3,05 mmolc dm-3; K = 1,3 mmolc dm-3; MO = 5,18 g kg-1; P = 26 mg
dm-3; e físicas: areia = 775,0 g kg-1; silte: 80,6 g kg-1; argila: 144,4 g kg-1; Densidade = 1,55 g cm-3;
Capacidade de Campo (%, em peso) = 16,00; Ponto de Murcha (%, em peso) = 6,00.

Foi feita adubação de fundação, constituída de doses de NPK recomendadas por Raij
et al. (1997), nas quantidades de 40, 40 e 125 kg ha-1, respectivamente.

O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado com 4 lâminas de água


(807, 624, 504 e 325 mm) e cinco repetições, sendo cada parcela composta por dois vasos, com uma
planta cada.

As sementes foram postas para germinar e durante o período compreendido entre a


semeadura e a germinação das sementes, manteve-se o solo na capacidade de campo. Após 15 dias
da emergência, efetuou-se o desbaste deixando-se uma planta por vaso e foram iniciados os
tratamentos. As irrigações foram realizadas toda vez que o conteúdo de água no solo atingia os níveis

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predeterminados nos tratamentos (100, 80, 60 e 40% da água disponível), pela pesagem diária dos
vasos, repondo-se a água imediatamente após cada pesagem, utilizando-se água de abastecimento.

Os capulhos foram colhidos à medida que atingiam a maturação, secos ao sol e pesados. Em
seguida, foram descascados para medições nas sementes. Registraram-se os valores de número e
massa de capulhos e massa de sementes. As pesagens foram efetuadas em balança de precisão.

Os dados foram submetidos às análises de variância com decomposição dos graus de


liberdade dos tratamentos em componentes de regressão polinomial. A escolha dos modelos baseou-
se na significância dos coeficientes, utilizando-se o teste ―t‖, ao nível de até 5% de probabilidade. As
análises estatísticas foram realizadas no SAEG 9.1 (SAEG, 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a decomposição dos graus de liberdade das doses de potássio, todas as variáveis foram
afetadas linearmente (Tabela 1). Pela Figura 1, observa-se que houve redução de todas as variáveis
estudadas, como aumento da lâmina de irrigação. Esse resultado concorda com o obtido por Beltrão &
Vieira (2001), que observaram diminuição na produção do gergelim em solos com muita água. Já
Souza et al. (2000), estudando déficit hídrico no gergelim, em condições de casa de vegtação, não
observaram diferenças significativas na produção de capulhos por plantas de gergelim sob déficit
hídrico.

Com base na Figura 1A, o incremento de 100 mm de água proporcionou uma


diminuição de 0,4 g/planta de sementes. A equação ajustada explicou 84,9% da variação dos dados.

Observa-se na Figura 1B que o número de capulhos, reduziu consideravelmente. O


decréscimo nesta variável, entre a lâmina de 325 e 807 mm foi de 56,1%. Pela equação ajustada, que
explicou 69,0% da variação nos dados, verifica-se ainda que para cada incremento de 100 mm de
água, houve uma redução de 2,8 capulhos/planta, a partir da lâmina de 325 mm.

Na Figura 1C estão as médias da massa de capulhos em função das lâminas de irrigação


aplicadas. Nota-se que as plantas cultivadas na maior lâmina de irrigação apresentaram uma redução
nesta variável, em relação à menor lâmina; com base na equação apresentada, constataram-se
decréscimo 0,7 g/planta na massa de capulhos, a cada 100 mm de lâmina e irrigação, a partir da
lâmina de 325 mm.

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O gergelim se mostrou tolerante à seca, porém estes resultados foram obtidos em


condições de casa-de-vegetação e a cultura conduzida em vaso. Pinto (2006), já havia constatado que
o gergelim é tolerante ao déficit hídrico, desenvolvendo-se, nesta condição, melhor inclusive que a
mamoneira.

CONCLUSÕES

Para as condições em que foi realizado este experimento, conclui-se que: os componentes de
produção do gergelim são afetados pelas lâminas de irrigação; há uma diminuição em todos os
componentes, quando as lâminas de irrigação aplicadas são altas e; o gergelim é uma planta altamente
tolerante à seca.

REFERÊNCIAS

BARROS, M.A.L.; SANTOS, R.F. dos; BENATI,T.; FIRMINO, P. de T. Importância econômica e social.
In: BELTRÃO, N.E. de M.; VIEIRA, D.J. O agronegócio do gergelim no Brasil. Brasília: Embrapa
Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2001. cap. 2, p. 21-35. 2001.

BELTRÃO, N. E. M.; VIEIRA, D. J. O Agronegócio do Gergelim no Brasil. Brasília: Embrapa


Informação Tecnológica, 2001. 348p.

PEREIRA, J. R.; BELTRÃO, N. E. M.; ARRIEL, N. H. C.; SILVA, E. S. B. Adubação orgânica do


gergelim, no Seridó paraibano. Rev. bras. ol. fibros., Campina Grande, v.6, n.2, p.515-523, 2002

PINTO, C. M. Respostas morfológicas do amendoim, gergelim e mamona a ciclos de deficiência


hídrica. Fortaleza, 2006. 80f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal do Ceará,
UFC.
RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendações de adubação e
calagem para o Estado de São Paulo, 2 ed. Campinas, Instituto Agronômico/Fundação IAC, 1997.
285p.

SAEG Sistema para Análises Estatísticas, Versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes - UFV - Viçosa,
2007.

SOUZA, J. G.; BELTRÃO, N. E. M.; SANTOS, J. W. Fisiologia e produtividade do gergelim em solo com
deficiência hídrica. Rev. Ol. Fibros., C. Grande, v.4, n.3, p.163-168. 2000.

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5,00

Massa de sementes (g/planta)


4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
ŷ = - 0,0043,92% x + 5,646
1,50
R² = 0,849
1,00
0,50
0,00
200 400 600 800 1000
Lâmina de irrigação (mm)

30,00
Nº de capulhos/planta

25,00

20,00

15,00

ŷ = - 0,0288,44% x + 33,60
10,00
R² = 0,690
5,00

0,00
200 400 600 800 1000
Lâmina de irrigação (mm)

14,00
Massa de capulhos (g/planta)

12,00
10,00
8,00
6,00 ŷ = - 0,0077,86% x + 14,66
4,00 R² = 0,710

2,00
0,00
200 400 600 800 1000
Lâmina de irrigação (mm)

Figura 1 – Massa de sementes, número de capulhos e massa de capulhos de plantas de gergelim, sob diferentes lâminas
de irrigação.

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Tabela 1 – Resumo das análises de variância para massa de sementes, número de capulhos e massa de capulhos das
plantas de gergelim, submetido a diferentes lâminas de irrigação.
Quadrado Médio
Fonte de Variação G.L.
Massa de sementes Número de capulhos Massa de capulhos
(Lâmina de irrigação) (3) 4,05 248,68 16, 90
Linear 1 10,32** 515,36* 36,00**
Quadrático 1 0,85ns 74,44ns 2,13ns
Desvios da Regressão 1 0,98ns 156,23ns 12,56ns
Resíduo 16 1,13 91,76 3,83
C. V (%) - 31,91 55,45 18,91
(**) Efeito significativo a 1 % e (*) a 5 % de probabilidade; (ns) não significativo ao nível de 5 % de probabilidade pelo teste F.

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ÍNDICES FISIOLÓGICOS DE CRESCIMENTO DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA SOB


DIFERENTES REGIMES HÍDRICOS

Ronaldo do Nascimento1; Janivan Fernandes Suassuna2; Diego Anderson M. do Nascimento3


1ProfessorAssociado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, CTRN, UFCG, ronaldo@deag.ufcg.edu.br; 2Aluno de
Mestrado em Engenharia Agrícola da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, CTRN, UFCG, 3Aluno de Graduação em
Agronomia do Centro de Ciências Agrárias, UFPB

RESUMO – A irrigação promove melhor desenvolvimento da mamoneira, entretanto, as informações


disponíveis sobre o manejo hídrico desta cultura e seus efeitos no crescimento ainda são escassas.
Objetivou-se, portanto, com esse trabalho, averiguar os efeitos de níveis de reposição de água sobre
índices fisiológicos de crescimento de duas cultivares de mamona. Conduziu-se este experimento em
ambiente protegido, avaliando-se 4 níveis de conteúdo hídrico do solo (40, 60, 80 e 100% da
capacidade de campo) sobre índices fisiológicos de crescimento de duas cultivares de mamona
(Paraguaçu e Nordestina). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com
cinco repetições. Foram avaliadas as variáveis de matéria seca da parte aérea e raízes e a partir
desses dados, obteve-se os índices de razão de peso de folha (RPF) e relação raiz/parte aérea. A RPF
aumentou linearmente e a relação raiz/parte aérea foi reduzida para a cultivar Paraguaçu com o
aumento na disponibilidade de água no solo. Para a cultivar Nordestina a RPF mostrou uma resposta
quadrática e a relação raiz/parte aérea teve resposta linear com o aumento do teor de umidade do solo.
Os índices de crescimento em plantas de mamona são afetados pelas condições de umidade do solo.
Palavras-chave – Ricinus communis L.; irrigação; matéria seca; índices de crescimento.

INTRODUÇÃO

De origem tropical, a mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta uma rústica, considerada
resistente à seca e ocorre em diversas regiões do País. Tem potencial considerável na produção de
biomassa (20 t ha-1) (CAVALCANTI et. al., 2005). Atualmente, uma das principais aplicações da
mamona diz respeito à obtenção do biodiesel, produto da reação do óleo de mamona com um álcool
reagente, na presença de um agente catalisador.

Em relação aos tratos culturais, BELTRÃO (2004) relata que quanto à irrigação, a cultura da
mamoneira poderá ocupar espaços em sistemas de rotação da cultura em áreas irrigadas, com a
possibilidade de se obter elevadas produtividades. Acrescenta ainda, que o uso da irrigação na

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ricinocultura só se justifica utilizando-se elevada tecnologia para se tirar o máximo possível de


produtividade com alto teor de óleo de boa qualidade. Nesse sentido, há a necessidade de seleção de
cultivares de mamoneira mais produtivas, além, de informações relativas ao comportamento das
plantas sob irrigação.

A análise do rendimento dos vegetais está associada ao fato de que o fundamento da análise
de crescimento, baseia-se no fato de que, em média, 90% do material orgânico acumulado ao longo do
crescimento da planta resulta da atividade fotossintética e o restante da absorção mineral pelo solo.
Portanto, faz-se necessário na análise do crescimento vegetal, avaliar o destino do carbono fixado e
sua partição entre as partes aéreas e raízes (FLOSS, 2004).

A área foliar útil para o crescimento é expressa como razão de área foliar (RAF) e é um
componente morfofisiológico, pois é a razão entre a área foliar (área responsável pela interceptação da
energia luminosa e CO2) e a matéria seca total (resultado da fotossíntese). A RAF apresenta dois
componentes, a área foliar específica (AFE) e a razão de peso de folha (RPF). A AFE é a parte da RAF
morfológica, pois relaciona a superfície com o peso de matéria seca da própria folha, enquanto a RPF
é um componente, basicamente, fisiológico, já que é a razão entre o peso de matéria seca retida nas
folhas e o peso de matéria seca acumulada na planta inteira. Considerando-se que as folhas são os
centros de produção de matéria seca através do processo fotossintético, e que o resto da planta
depende da exportação de material da folha, a RPF expressa a fração de matéria seca não exportada
das folhas para o resto da planta. A maior ou menor exportação de material da folha pode ser uma
característica genética a qual está sob a influência de variáveis ambientais, como a disponibilidade de
água no solo (BENINCASA, 2003).

Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar a influência de níveis de conteúdo hídrico do solo
sobre a partição de biomassa entre parte aérea e raízes e relação de peso de folha (RPF) de plantas
de mamona cultivadas com diferentes disponibilidades de água no solo.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em ambiente protegido pertencente da Unidade Acadêmica de


Serra Talhada (UAST) da Universidade Federal Rural de Pernambuco, cidade de Serra Talhada,
localizada no sertão do estado de Pernambuco.

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Foram utilizadas sementes das cultivares Paraguaçu e Nordestina, colocando-se uma semente
por vaso, cada um com capacidade para 10 quilos. Utilizou-se como substrato uma mistura na
proporção 1:1 de areia lavada e solo de floresta. Os tratamentos utilizados consistiram de quatro níveis
de água no solo: capacidade de campo (100% cc); 80% da cc; 60% da cc e 40% da cc. Para obtenção
da umidade correspondente à capacidade de campo do solo, adicionou-se ao solo seco, água destilada
deixando-se em repouso por um período de 24 horas ao abrigo da evaporação natural. Em seguida
este foi pesado e os outros tratamentos foram determinados tomando-se por base o tratamento de
100% cc. Para controle gravimétrico da umidade, os vasos eram pesados diariamente e a água
adicionada conforme a necessidade para a manutenção dos tratamentos. Até a emergência das
plantas todos os tratamentos foram mantidos em 100% cc.

Aos 30 dias após a emergência (DAE), na coleta final do experimento, foi quantificada a
matéria seca da parte aérea, raízes e total das plantas, após secagem em estufa de circulação forçada
durante período de 48 horas. Com os dados de massa seca das folhas, raízes e massa seca total,
obteve-se a razão de peso de folhas (RPF) (Equação 01), e pela razão entre a massa seca da raiz e a
massa seca da parte aérea, obtida a relação raiz/parte aérea (R/Pa) (Equação 02).

MSF MSR
RPF  (Equação 01) R / Pa  (Equação 02)
MST MSPA

Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente ao acaso num fatorial 2 x 4 (2 cultivares e


4 níveis de água), com 5 repetições. Os dados obtidos foram analisados mediante análise de variância
(teste ‗F‘ a 5%) e em casos de significância, realizou-se análise de regressão polinomial para o fator
manejo hídrico e teste de Tukey a 5% para o fator cultivar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A figura 1 mostra que houve influência dos níveis de reposição de água sobre a razão de peso
de folha (RPF) e relação raiz/parte aérea, e que essas variáveis apresentaram comportamento
diferente para as duas cultivares de mamona avaliadas. Para a RPF (Figura 1A), observa-se que a cv.
Paraguaçu aumentou linearmente essa relação, conforme foi aumentada a disponibilidade hídrica para
as plantas. Identificou-se portanto, um incremento em torno de 66% desses valores entre as plantas
mantidas em 40% e 100% da capacidade de campo, intervalo no qual os valores oscilaram de 0,092
para 0,272 nos respectivos níveis de água. Esse aumento indica maior alocação de fitomassa para as
folhas, em detrimento das outras partes das plantas.

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Os resultados para a RPF da cv. Nordestina, deram origem a um modelo quadrático em função
dos tratamentos, podendo se observar os valores de massa seca foliar e total na tabela 1. Houve
inicialmente um incremento nessa relação, até atingir o máximo valor estimado (0,38), o qual obteve-se
com uma umidade do solo estimada de 87,5% da cc, e apartir desse nível, constatou-se decréscimo
(40,34%) da RPF, ao se considerar o maior nível de umidade do solo (100% da cc). A produção de
biomassa seca e as relações entre a parte aérea e raízes, bem como a RPF, são parâmetros utilizados
na avaliação do crescimento das plantas em relação à eficiência fotossintética (FARIAS et al., 1997).

A relação raiz/parte aérea (Figura 1B), apresentou uma diferença de resultado para ambas as
cultivares analisadas, de acordo com os níveis de umidade do solo. A relação aumentou linearmente à
medida que se elevou a umidade do solo, na cv. Nordestina, ao passo que o oposto ocorreu para a cv.
Paraguaçu, notando-se decréscimo linear desta relação, podendo se explicar pelos menores valores de
matéria seca radicular nessa cultivar (Tabela 1). Notou-se acréscimo em 21% na relação para a cv.
Paraguaçu e um decréscimo da ordem de 29,72% para a cv. Nordestina, quando se variou os níveis de
umidade do solo de 40 a 100% da cc. Esse decréscimo se explica pelo aumento da massa seca
radicular que conseqüentemente reduziu a relação raiz/parte aérea (Tabela 1).

TAIZ & ZEIGER (2004) relata que este parâmetro expressa um balanço funcional entre a taxa
fotossintética e a absorção de água pelas raízes, que em condições normais, apresenta certo
equilíbrio. PINTO et al. (2008) não observaram alterações na relação raiz/parte aérea de plantas de
mamona em conseqüência do estresse hídrico. Entretanto, esses autores observaram maior relação
raiz/parte aérea na mamoneira, quando comparada a outras oleaginosas como o gergelim e amendoim,
quando submetidas a déficit hídrico.

CONCLUSÃO

Os índices de crescimento avaliados, razão de peso de folhas e relação raiz/parte aérea, nas
plantas de mamona, foram afetados de forma diferenciada pelas condições de umidade do solo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N.E. de M. A cadeia da mamona no Brasil, com ênfase para o segmento P&D: estado da
arte, demandas de pesquisa e ações necessárias para o desenvolvimento. Campina Grande: Embrapa
Algodão, 2004. 19p.
BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal: FUNEP, 2003. 41p.

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CAVALCANTI, M. L. F.; FERNANDES, P. D. ; GHEYI, H. R.; BARROS JÚNIOR, G.; SOARES, F.A.L.
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FARIAS, V.C.C.; COSTA, S.S.; BATALHA, L.F.P. Análise de crescimento de mudas de cedrorana
(Cedrelinga catenaeformis (Ducke) Ducke) cultivadas em condições de viveiro. Revista Brasileira de
Sementes. 19(2):193-200, 1997.
FLOSS, E. L. Fisiologia das plantas cultivadas. Passo Fundo: UPF, 2004.PINTO, C DE M; TÁVORA,
F.J.F.A; BEZERRA, M.A; CORRÊA, M.C DE M. Crescimento, distribuição do sistema radicular em
amendoim, gergelim e mamona a ciclos de deficiência hídrica. Revista Ciência Agronômica. 39(3):429-
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SCALON, S de P.Q; ROSILDA, R.M; SCALON FILHO, H; FRANCELINO, C.S.F.. Desenvolvimento de


mudas de Aroeira (Schinus terebinthifolius) e sombreiro (Clitoria fairchildiana) sob condições de
sombreamento. Ciência agrotecnica. 30(1):32-37, 2006.

A) B)

0,4
y = -2e-05x2 + 0,0035x + 0,0794 0,40
R2 = 0,8354
Relação raiz/parte aérea

0,3
Razão de peso foliar

0,30
Paraguaçu Paraguaçu
0,2 Norderstina 0,20 Norderstina

0,1 y = 0,003x - 0,0289 0,10 y = -0,0018x + 0,4429 y = 0,0013x + 0,24


2
2
R = 0,9847 R2 = 0,997 R = 0,9124
0,0 0,00
40 60 80 100 40 60 80 100
Níveis de reposição de água (% da CC) Níveis de reposição de água (% da CC)

FIGURA 1. Razão de peso de folhas (A) e relação raiz/ parte aérea (B) em duas cultivares de mamona (cv. Paraguaçu e cv.
Nordestina) submetidas a diferentes conteúdos hídrico do solo.

Tabela 1. Valores médios de matéria seca total, de folhas, da parte aérea e raízes, expressos em gramas, de duas
cultivares de mamona (cv.1: Paraguaçu e cv2.: Nordestina) submetidas a diferentes níveis de água no solo

Níveis de reposição de água (% da cc)


Variáveis 40% 60% 80% 100%
cv.1 cv.2 cv.1 cv.2 cv.1 cv.2 cv.1 cv.2
MST 0,373 0,312 0,538 0,526 0,682 0,808 0,804 1,11
MSF
0,028 0,058 0,082 0,116 0,152 0,166 0,216 0,216
MSPA
0,267 0,246 0,402 0,404 0,526 0,598 0,64 0,8
MSR
0,098 0,084 0,136 0,122 0,156 0,21 0,164 0,31

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INFLUÊNCIA DE DIFERENTES NÍVEIS DE ÁGUA DISPONÍVEL E MATÉRIA ORGÂNICA NO SOLO


NA PRODUTIVIDADE DA MAMONEIRA BRS 1881

Rogério Dantas de Lacerda1; Hugo Orlando Carvallo Guerra1; Larissa Cavalcante Almeida1; Mayra
Gislayne dos Santos Melo1 José Everardo Barbosa da Silva1; Adilson David de Barros2
1 Universidade Federal de Campina Grande -UFCG, Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola; E-mail:
rogerio_dl@yahoo.com.br ; 2 Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Campus de Bananeiras.

RESUMO – A mamoneira se reveste de grande importância em razão das várias aplicações de seu
óleo, constitui-se em uma das melhores matérias-primas para fabricação do biodiesel. O experimento
foi desenvolvido no período de outubro de 2008 a Março de 2009, sob condições de campo, o
delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, num esquema fatorial 2 x 4, constituído de dois
níveis de matéria orgânica (5,0 g.kg-1 e 25,0 g.kg-1) e quatro de água disponível para as plantas, 100,
90, 80 e 70%, com 3 blocos. Cada parcela experimental foi constituída por uma área útil de 100,0 m2,
onde foram cultivadas 50 plantas, espaçadas em 2 m x 1 m, com 24 plantas úteis e 26 de bordadura.
Realizou-se a análise de variância através do teste de Tukey para os tratamentos de matéria orgânica
e analises de regressões para o fator quantitativo água disponível. Observou-se que houve influencia
significativa da matéria orgânica e da água disponível do solo na produtividade media de frutos da
mamoneira BRS 188 – Paraguaçu.
Palavras-chave – baga, manejo de água, biodiesel.

INTRODUÇÃO

A mamoneira é uma planta de clima tropical e subtropical (GRANER & GODOY JÚNIOR,
1967), têm nos elementos climáticos (precipitação pluvial, temperatura e umidade do ar, associados à
altitude) os principais fatores que contribuem para externar o seu potencial genético em termos de
produtividade. A temperatura ideal para crescimento e maturação dessa oleaginosa varia de 20 a 30ºC
(SILVA, 1981), sendo a faixa ótima em torno de 28ºC; entretanto, seu cultivo é possível em
temperaturas de até 33ºC.

A identificação de regiões com condições edafoclimáticas que permitam as culturas externarem


o seu potencial genético em termos de produtividade e qualidade dos produtos é prática imprescindível
para o sucesso da agricultura. Através de estudos que relacionam a interação solo – planta - clima, é

1 Parte do trabalho de Tese do primeiro autor

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possível definir áreas que apresentem aptidão para a exploração agrícola das plantas, viabilizando
agronômica e economicamente esta atividade (AMORIM NETO et al., 1997).

Em condições experimentais no semi-árido brasileiro, sob o regime de sequeiro, tem-se obtido


produtividade de até 1,5 toneladas por hectare com as cultivares BRS Paraguaçu e Nordestina. Em
condições comerciais, foram obtidas produtividades de 0,6 a 0,9 toneladas por hectare. Essa baixa
produtividade tem sido explicada como imposição da falta de água, além de outros problemas
(SANTOS et al., 2004).

Segundo DOORENBOS E PRUITT (1997), a mamona cultivada em áreas de clima semiárido


ou árido, apresenta ciclo vegetativo de aproximadamente 180 dias, dividido em quatro fases
fenológicas do plantio a colheita dos frutos, sendo elas assim definidas: inicial (0 a 25 dias), de
desenvolvimento (26 a 40 dias), intermediária (41 a 65 dias) e final (65 a 115 dias). Segundo ainda
estes autores, o coeficiente de cultivo (kc) para a fase intermediária pode variar de 1,05 a 1,20 em
função da umidade relativa do ar e da velocidade do vento, tornando-se constante (0,5) na fase final do
cultivo.

A faixa ideal de precipitação para produção da mamona varia entre 750 e 1500 mm, com um
mínimo de 600 a 750 mm durante todo o ciclo da cultura, com o plantio ajustado de forma que a planta
receba de 400 a 500 mm até o início da floração (TÁVORA, 1982). A falta de pesquisas e informações
a respeito da resposta da mamoneira a diferentes níveis de água e os efeitos da quantidade de matéria
orgânica no solo, sob condições de campo, justifica o presente estudo.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em condições de campo no Centro de Ciências Agrárias e


Ambientais – CCAA, Campus II da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, localizado no Sítio
Imbaúba, Zona Rural, Município de Lagoa Seca - PB. Agreste Paraibano. Tem altitude média de 634
m., no período compreendido entre outubro de 2008 e Março de 2009. Utilizou-se um solo franco-
argilo-arenoso de baixo teor de matéria orgânica. Adubou-se o solo com superfosfato triplo em
fundação na proporção de 120 kg/ha de P2O5 e 100 kg/ha de K2O e N nas formas de cloreto de
potássio e Uréia divididos em intervalos de 10 dias aplicados via fertirrigação, com a primeira aplicação,
20 dias após o semeio, conforme NOVAIS et al. (1991).

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Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, no esquema fatorial 2 x 4,


constituído pelos dois níveis de matéria orgânica e quatro de água disponível, com 3 blocos. Os dados
foram analisados estatisticamente através da análise de variância (ANOVA), e do teste de Tukey; para
comparação das médias dos tratamentos e análise de regressão para o fator quantitativo água
disponível, FERREIRA (2000). Os fatores estudados constituem-se de dois níveis de matéria orgânica
no solo (5,0 g.kg-1 e 25,0 g.kg-1), submetidas a quatro níveis de água disponível no solo (70, 80, 90 e
100 %), formando 08 tratamentos, constituindo vinte e quatro parcelas. A escolha das lâminas foram
baseadas nos estudos realizados anteriormente em ambiente protegido nas dependências da UFCG
com estas mesmas cultivares (LACERDA, 2006; BARROS JÚNIOR, 2007). Cada parcela experimental
foi constituída por uma área útil de 100,0 m2, onde foram cultivadas 50 plantas, espaçadas em 2m x
1m, com 24 plantas úteis e 26 de bordadura.

As irrigações foram realizadas quando o conteúdo de água do solo atingiu valores abaixo dos
níveis preestabelecidos pelos respectivos tratamentos (70, 80, 90 e 100 % da água disponível),
monitorado a cada dois dias, utilizando-se uma sonda de TDR HH2 segmentada de marca DELTA-T
DEVICES, através de um tubo de acesso instalado em cada parcela, repondo-se o volume consumido,
com água proveniente de açude da área experimental. Foram computados todos os frutos produzidos
pela parcela até os 180 DAS, no qual se permitiu calcular a produtividade média da mamoneira através
da área útil de cada parcela.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 são apresentados os resultados das análises de variância para a produtividade


media de frutos da mamoneira BRS 188 – Paraguaçu na qual se constata que houve diferença
significativa entre os níveis de matéria orgânica testados. O nível de 25,0 g kg-1 foi superior em 17,38%
ao tratamento submetido a 5,0 g kg-1 aos 180 DAS.

O fator água disponível do solo influenciou significativamente (p<0,01) a produtividade média


mamona. Observa-se que esta produtividade de cujas plantas o solo foi mantido a capacidade de
campo (100% AD), para a condição de 5,0 g kg -1 de matéria orgânica as diferenças foram de 44,01,
23,68 e 15,48 %, superiores às produtividades obtidas pelas plantas cujo solo foi mantido a 70; 80 e
90% AD, respectivamente. Estas diferenças mantiveram a mesma tendência para a condição de 25,0 g
kg-1, onde o tratamento mantido a capacidade de campo foi superior em 45,14, 33,27 e 24,33%, às
produtividades obtidas pelas plantas cujo solo foi mantido a 70; 80 e 90% AD, respectivamente.

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A análise de regressão para o fator quantitativo água disponível referente a produtividade


média da mamoneira são apresentados na Figura 1, Verifica-se que a medida que se elevou o
conteúdo de água disponível no solo para ambos os solos a cultivar de mamona BRS 188 - Paraguaçu
apresentou tendência linear crescente, resultados estes que podem ser vistos de forma gráfica, através
da Figura 1; Observa-se diferença acentuada entre os tratamentos submetidos a diferentes níveis de
água disponível, com acréscimos de 91,47kg de frutos para a condição de 25,0 g kg -1 e de 68,88 kg de
frutos para a condição de 5,0 g kg-1, para cada aumento unitário de água disponível.

Quedas de 10,5 e 15,8 % nas produtividades da cultivar de mamona ―Pronto‖ foram detectadas
por KOUTROUBAS et al. (2000), ao reduzirem as lâminas de irrigação para respectivamente em 0,75 e
0,50 da Evapotranspiração Máxima da cultura (ETm). LAURETI (2002), por sua vez, obteve queda de
8,7 % na produção do híbrido de mamona ISCIOR 101 ao reduzir em um terço a lâmina de irrigação,
também com base na ETm. LACERDA (2006) submetendo plantas de Paraguaçu a estes mesmos
níveis de conteúdo de água no solo (100 e 80 % de AD) observou redução de 58 % até os 120 dias
após semeadura na produção de frutos e de sementes para o segundo tratamento.

Os rendimentos obtidos de 6.336,11 kg ha-1 neste ensaio, foram superiores aos obtidos
em experimentos irrigados por GONDIM et al. (2004), que utilizando dois genótipos importados da
Costa Rica, irrigados por aspersão no Estado do Ceará, obtiveram produtividade de 3.494,0 kg.ha -1 na
CSRN-142, também de porte médio. As produções obtidas no presente estudo também superam os
2.345,50 kg.ha-1 obtidos por CURI e CAMPELO JÚNIOR (2004) com a cultivar IRIS irrigada no Estado
do Mato Grosso, entretanto, ainda e dos 5.400,00 kg.ha -1 conseguidos em pivô central, com Nordestina
e Paraguaçu, no município baiano por Santana (CARVALHO, 2005).

CONCLUSÃO

A adição de matéria orgânica solo apresentou efeito significativo positivo sobre a produtividade
média de frutos da mamona. A produtividade foi aumentada a medida que elevou-se o conteúdo de
água disponível no solo, foi possível a obtenção de 6.336,11 kg de frutos por hectare de frutos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(Doutorado). Universidade Federal de Campina Grande.
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2004, Campina Grande. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. CD –ROM
DOORENBOS, J.; PRUITT, W.O; tradução de GHEYI, H.R.; METRI, J.E.C.; DAMASCENO, F.A.V.
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GONDIM, T. M. de S.; NOBREGA, M. B. de M.; SEVERINO, L. S.; VASCONCELOS, R. A. de.
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GRANER, E. A.; GODOY JÚNIOR, C. Culturas da fazenda brasileira. 4. ed. São Paulo:
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6500,0

6000,0
y = - 3067.2**+91.479**x
5500,0 R² = 0.94

5000,0
kg ha-1

4500,0

4000,0
y = - 1965.2** + 68.882**x
R² = 0.97
3500,0

3000,0

2500,0
70 80 90 100
Água disponível - % vol

5,0 g kg-1 25,0 g kg-1

Figura 1. Produtividade média da mamoneira BRS 188 – Paraguaçu em função de diferentes níveis de matéria orgânica e
água disponível do solo.

Tabela 1. Resumo das análises de variância referente à produtividade média de frutos da cultivar BRS 188 – Paraguaçu aos
180 DAS.
FV GL Quadrado médio
MO 1 3523472,95*
AD 3 6725698,79**
Interação 3 348336,47ns
Blocos 2 93106,01ns
Resíduo 14 603282,92
Tratamentos Produtividade de frutos - kg ha-1
5,0 g kg-1 MO 3889,75 a
25,0 g kg-1 MO 4656,07a
DMS 680,09
CV % 18,18
GL - grau de liberdade; CV - coeficiente de variação; DMS – diferença mínima significativa; AD – água disponível;
Significativo a 0,05 (*) e a 0,01(**) de probabilidade; (ns) não significativ0,

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INFLUÊNCIA DO CONTEÚDO DE ÁGUA NO SOLO SOBRE A EMISSÃO DE INFLORESCNÊNCIAS


NA MAMONEIRA

Genival Barros Júnior1; Mário Luiz Farias Cavalcanti2; Rogério Dantas de Lacerda3; Adilson David de
Barros2; Hugo Orlando Carvallo Guerra3.
1 Universidade Federal Rural de Pernambuco; 2 Universidade Federal da Paraíba; 3 Universidade Federal de Campina
Grande. barrosjnior@yahoo.com.br, mariolfcavalcanti@yahoo.com.br, mario@cca.ufpb.br.

RESUMO – A mamona (Ricinus communis L.), apresenta uma ampla gama de utilização industrial.
Espécie de fácil propagação, poucos são os cuidados dispensados ao manejo de água na mesma. O
presente estudo objetivou analisar a sensibilidade da cultura a diferentes níveis de água armazenados
no solo e suas implicações sobre a altura de emissão da primeira inflorescência. O experimento foi
conduzido sob condições de estufa, localizada no Departamento de Engenharia Agrícola da UFCG, no
período de Fevereiro a Agosto de 2004; disposta em esquema fatorial 2 x 4, constituído por duas
cultivares de mamona (BRS 149 – Nordestina e BRS 188 – Paraguaçu) e quatro níveis de umidade do
solo (40, 60, 80 e 100% de água disponível) com três repetições. A partir da análise estatística,
aplicando-se o teste de Tukey e a análise de regressão, conclui-se que a cultivar Paraguaçu emitiu sua
primeira inflorescência em média a 32,88 cm de altura, enquanto que na Nordestina esta emissão
ocorreu a 38,55 cm. No que se refere ao fator ―água disponível‖, percebe-se que as plantas de
Nordestina conduzidas na capacidade de campo apresentam uma diferença 35 % superior na altura de
emissão de sua 1ª inflorescência em relação ao mesmo tratamento na cultivar Paraguaçu.
Palavras-chave – Ricinus communis L., déficit hídrico, órgão reprodutivo.

INTRODUÇÃO

Espécie essencialmente tropical, a mamona (Ricinus communis L) é cultivada comercialmente


em mais de 15 países, destacando-se a Índia, China e o Brasil (AZEVEDO et al., 1997). O óleo de
mamona ou de rícino, extraído pela prensagem das sementes, contém 90% de ácido ricinoléico, o que
possibilita uma ampla gama de utilização industrial.

Por ser uma planta com capacidade de produzir satisfatoriamente bem sob condições de baixa
precipitação pluviométrica, apresenta-se como uma alternativa de grande importância para o semi-árido
(CARVALHO, 2005).

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A ausência de resultados de pesquisa a respeito dos efeitos de diferentes conteúdos de


umidade existente no solo sobre o desenvolvimento da cultura e o agravamento da crise de
abastecimento de água, principalmente nas áreas semi-áridas, torna imprescindível estabelecer
fronteiras entre os limites mínimos de produtividade e a disponibilidade de água para culturas
economicamente reconhecidas como adaptadas/viáveis à região.

Monitorar com precisão o conteúdo de água no solo, principalmente em áreas do semi-árido,


constitui-se numa ação de extrema importância para a sustentabilidade da atividade agrícola. O
método ideal para esta quantificação deve envolver uma propriedade física do solo ou uma
característica altamente correlacionada ao seu teor de água, que permita uma determinação sem
alterações das características físicas originais do mesmo (SILVA e GERVÁSIO, 1999). Das
metodologias disponíveis para quantificação do teor de água no solo, destaca-se ultimamente a técnica
da reflectometria no domínio do tempo (TDR), por ser dotada de uma boa precisão, não destruir a
estrutura física do solo e permitir a realização de múltiplas leituras, bem como um número infinito de
repetições (COELHO et al., 2001).

O presente trabalho teve como objetivo principal estudar o efeito de diferentes regimes de água
no solo sobre a altura de emissão da primeira inflorescência da mamoneira.

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido em ambiente protegido coberto com plástico transparente de


0,5 mm, localizado na Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola do Centro Tecnologia e Recursos
Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, Campina Grande–PB, no período de
Fevereiro a Agosto de 2004.

Na preparação do substrato utilizou-se uma camada (0 - 60 cm) de um solo classificado como


franco argilo arenoso, não salino, com baixo teor de matéria orgânica. Após corrigido, o substrato
recebeu uma adubação a base de fósforo e de potássio, que foram aplicados e homogeneizados ao
longo de todo o perfil formado pelos 125 kg de solo contidos em cada vaso, conforme recomendações
de Novais et al. (1991) para adubações de vasos em ambientes protegidos.

Foram estudadas duas cultivares de mamona, a cultivar BRS 149 (Nordestina) que apresenta
um teor de óleo na semente de 48,90% e produtividade média de 1.500 kg.ha -1 e a cultivar BRS 188

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(Paraguaçu) que apresenta teor médio de óleo na semente de 47,72% e produtividade média
vegetativo similar a Nordestina.

O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso num esquema fatorial 2 x 4,


constituído por duas cultivares de mamona e quatro níveis de umidade do solo (L1 = 40 %; L2 = 60
%; L3 = 80 % e L4 = 100 % de água disponível) com três repetições. Os dados foram analisados
estatisticamente utilizando-se o programa estatístico SISVAR – ESAL/LAVRAS, através do qual foram
realizadas as análises de variâncias, aplicando o teste de Tukey a 5 % de probabilidade e análise de
regressão para o fator quantitativo, de acordo com Ferreira (2000).

A parcela experimental foi composta por um vaso plástico (50 cm de diâmetro e 70 cm de


altura). O espaçamento entre parcelas foi de 2 metros entre blocos e de 1,5 metros entre plantas
dentro da linha do bloco. O cálculo da água utilizável pelas plantas em cada tratamento, o qual serviu
de base para determinação das lâminas a serem aplicadas ao longo das irrigações, baseou-se na
Equação 01 proposta por Guerra (2000), onde:

AD = ((CC – PMP ) / 100) x D y Z (Equação 01)

sendo: AD – água disponível em cm; CC – umidade à capacidade de campo (base peso seco); PMP – umidade
correspondente ao ponto de murcha permanente (base peso seco); D – densidade do solo; y – déficit hídrico estipulado (0 –
1) e Z – profundidade efetiva das raízes de mamona, em cm.

Após a adubação de fundação o solo foi irrigado até que a umidade atingiu a capacidade de
campo (CC), de forma a garantir a efetivação do processo de germinação e de desenvolvimento das
plântulas, realizando-se em seguida a semeadura, colocando-se 07 sementes de forma eqüidistante
por vaso a uma profundidade de 2,0 cm. As irrigações subseqüentes foram realizadas quando a
umidade do solo atingia níveis abaixo dos pré - determinados, correspondendo aos tratamentos
estudados (100, 80, 60 e 40 % da água disponível), por meio de duas medições diárias do conteúdo de
água do solo (volume em %) determinado pelo uso de um TDR (reflectometria no domínio do tempo)
em seis profundidades diferentes dentro do vaso, repondo-se as laminas para os níveis pré-
estabelecidos diariamente às 08 e às 16 horas, utilizando água de abastecimento fornecida pela
Companhia de Água do Estado.

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Após a germinação, quando as plantas atingiram de 10 a 12 cm, foi realizado o primeiro


desbaste, por volta dos 24 dias após semeadura (24 DAS), deixando-se apenas as duas plantas mais
vigorosas por vaso e, aos 40 DAS, efetuou-se o segundo desbaste, quando eliminou-se mais uma
planta, permanecendo uma planta por vaso até os 180 DAS. As adubações nitrogenadas de cobertura
foram realizadas em intervalos de 15 dias, aplicando-se o adubo diluído via água de irrigação.

Para medição da variável ―altura da emissão da 1ª inflorescência‖ (AEI), foram consideradas


todas as inflorescências que exteriorizaram-se totalmente e apresentavam comprimento mínimo de 3,0
cm. A partir dos 60 dias após a semeadura (DAS), mediu-se a altura desta sua emissão levando em
consideração a distância do colo da planta até a base da inflorescência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A variável ―altura da emissão da 1ª inflorescência‖ (AEI) apresentou diferença estatística


significativa ao nível de 1% de probabilidade (p ≤ 0,01) tanto para ―cultivares‖, quanto para
―disponibilidade de água‖ no solo e para interação C x AD, cujo resumo da análise de variância
(ANAVA) pode ser encontrada na Tabela 1. A cultivar Paraguaçu emitiu sua primeira inflorescência em
média a 32,88 cm de altura, enquanto que na Nordestina esta emissão ocorreu a 38,55 cm.

No que se refere ao fator ―água disponível‖, na Tabela 1 são apresentados os dados de


desdobramento da interação Cultivar x Água disponível aonde as plantas de Nordestina conduzidas na
capacidade de campo (100% AD) apresentam uma diferença 35 % superior na altura de emissão de
sua 1ª inflorescência (55,33 cm) em relação ao mesmo tratamento na cultivar Paraguaçu (36,33cm),
distanciando-se ainda mais dos tratamentos cujo conteúdo de água do solo permaneceu entre 80 e 60
% de água disponível. Diferentemente disto, verifica-se que as plantas de Paraguaçu, conduzidas sem
estresse hídrico, não apresentaram diferença estatística significativa para os demais tratamentos, ou
seja, a quantidade de água disponível para este cultivar não influenciou na altura da emissão de sua 1ª
inflorescência.

Azevedo et al. (1997), estudando diversas linhagens e cultivares avançadas de mamona no


nordeste brasileiro, chegaram a encontrar resultados quatro vezes superiores para altura da 1ª
inflorescência comparando-se com os dados encontrados para Nordestina no presente ensaio e até
quatro vezes e meia para Paraguaçu. Lacerda (2006), em condições semelhantes de disponibilidade
de água no solo, independente ou não da adição de matéria orgânica, registrou uma altura média de
emissão da 1ª inflorescência 50 cm acima da encontrada neste ensaio com plantas da cultivar

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Paraguaçu. Os resultados confirmam a precocidade já registrada para esta cultivar quando da


apresentação dos dados referentes ao tempo para emissão da 1ª inflorescência.

CONCLUSÃO

A cultivar Paraguaçu emitiu sua primeira inflorescência em média a 32,88 cm de altura,


enquanto que na Nordestina esta emissão ocorreu a 38,55 cm. No que se refere ao fator ―água
disponível‖, concluiu-se que as plantas de Nordestina conduzidas na capacidade de campo (100% AD)
apresentam uma diferença 35 % superior na altura de emissão de sua 1ª inflorescência (55,33 cm) em
relação ao mesmo tratamento na cultivar Paraguaçu (36,33cm), distanciando-se ainda mais dos
tratamentos cujo conteúdo de água do solo permaneceu entre 80 e 60 % de água disponível no solo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P. de.; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N. E. de M.; SOARES, J. J.; VIEIRA,
R. de M.; MOREIRA, J. de A. N. Recomendações técnicas para o cultivo da mamoneira (Ricinus
communis L.) no nordeste do Brasil. Campina Grande, PB: EMBRAPA - CNPA, 1997. 52p.
(EMBRAPA - CNPA. Circular Técnica, 25).

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físico - hídricas do solo em um pomar de lima ácida Tahiti, irrigado por microaspersão. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.5, n.2, MAI-AGO. 2001. pg 239-
246.UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA.

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GUERRA, H. O. C. Física dos Solos. Campina Grande: UFCG, 2000. 173p.

LACERDA, Rogério. Dantas de. Resposta da mamoneira BRS 188-Paraguaçu a diferentes níveis
de água e matéria orgânica no solo. Campina Grande. 2006. 82p. (Dissertação de mestrado)
Universidade Federal de Campina Grande

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pesquisa em fertilidade de solo. Brasília: EMBRAPA. 1991. 392 p. (EMBRAPA – SEA. Documentos,
3).

SILVA, E. L. da; GERVÁSIO, E. S. Uso do instrumento TDR para determinação do teor de água em
diferentes camadas de um Latossolo Roxo distrófico. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental. Campina Grande,PB, v3, n3, p.417-420, 1999.

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Altura de emissão da 1ª inflorescência


- Nordestina

60,0 y = - 12,778 + 0,6417**x


2
R = 0,7792
45,0
cm

30,0

15,0

0,0
40 60 80 100 120
Água disponível (% de volume)

Figura 1 - Altura da emissão da 1ª inflorescência (AEI) da cultivar de mamona Nordestina em cm em função de diferentes
níveis de água no solo.

Tabela 1 - Tabela 11 -. Resumo da análise de variância referente ao desdobramento da variável altura de emissão da 1ª
inflorescência (AEI) pelas cultivares de mamona Nordestina (BRS 149) e Paraguaçu (BRS 188) – Campina Grande – PB,
2007.

Quadrado médio
Fonte de variação GL
Nordestina Paraguaçu
Água Disponível 2 634,11 ** 30,77 ns
Regressão Polinomial Linear 988,16 ** -
Reg. Pol. Quadrática 280,05 ** -
Reg. Pol. Cúbica 0,00 ns -
Blocos 2 4,77 ns 1,58 ns
Resíduo 6 8,11 2,11
CV % 7,39 9,01
Médias das alturas em cm
Tratamentos
para emissão da 1ª inflorescência
60 % de água disponível 29,66 30,00
80 % de água disponível 30,66 32,33
100 % de água disponível 55,33 36,33
GL - grau de liberdade; Significativo a 0,05 (*) e a 0,01 (**) de probabilidade; (ns) não significativo; CV - coeficiente de
variação.

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INFLUENCIA DO ESTRESSE HIDRICO NA TAXA DE CRESCIMENTO ABSOLUTO


DA MAMONEIRA

Genival Barros Júnior1; Mário Luiz Farias Cavalcanti2;


Rogério Dantas de Lacerda3; Adilson David de Barros2; Hugo Orlando Carvallo Guerra3.
1 Universidade Federal Rural de Pernambuco; 2 Universidade Federal da Paraíba; 3 Universidade Federal de Campina
Grande. barrosjnior@yahoo.com.br, mariolfcavalcanti@yahoo.com.br, mario@cca.ufpb.br.

RESUMO – A mamona (Ricinus communis L.), apresenta uma ampla gama de utilização industrial.
Espécie de fácil propagação, poucos são os cuidados dispensados ao manejo de água na mesma. O
presente estudo objetivou analisar a sensibilidade da cultura a diferentes níveis de água armazenados
no solo e suas implicações sobre a taxa de crescimento absoluto da altura da planta. O experimento foi
conduzido sob condições de estufa, localizada no Departamento de Engenharia Agrícola da UFCG, no
período de Fevereiro a Agosto de 2004; disposta em esquema fatorial 2 x 4, constituído por duas
cultivares de mamona (BRS 149 – Nordestina e BRS 188 – Paraguaçu) e quatro níveis de umidade do
solo (40, 60, 80 e 100% de água disponível) com três repetições. A partir da análise estatística,
aplicando-se o teste de Tukey e a análise de regressão, conclui-se que as plantas submetidas aos
tratamentos de 40 e 60 % de água disponível no solo, praticamente paralisaram o seu desenvolvimento
aos 60 dias após semeadura.
Palavras-chave – Ricinus communis L., déficit hídrico, fisiologia da planta.

INTRODUÇÃO

Espécie essencialmente tropical, a mamona (Ricinus communis L) é cultivada comercialmente


em mais de 15 países, destacando-se a Índia, China e o Brasil (AZEVEDO et al., 1997). O óleo de
mamona ou de rícino, extraído pela prensagem das sementes, contém 90% de ácido ricinoléico, o que
possibilita uma ampla gama de utilização industrial.

Por ser uma planta com capacidade de produzir satisfatoriamente bem sob condições de baixa
precipitação pluviométrica, apresenta-se como uma alternativa de grande importância para o semi-árido
(CARVALHO, 2005).

A ausência de resultados de pesquisa a respeito dos efeitos de diferentes conteúdos de


umidade existente no solo sobre o desenvolvimento e rendimento da cultura e o agravamento da crise

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de abastecimento de água, principalmente nas áreas semi-áridas, torna imprescindível estabelecer


fronteiras entre os limites mínimos de produtividade e a disponibilidade de água para culturas
economicamente reconhecidas como adaptadas/viáveis à região.

Monitorar com precisão o conteúdo de água no solo, principalmente em áreas do semi-árido,


constitui-se numa ação de extrema importância para a sustentabilidade da atividade agrícola. O
método ideal para esta quantificação deve envolver uma propriedade física do solo ou uma
característica altamente correlacionada ao seu teor de água, que permita uma determinação sem
alterações das características físicas originais do mesmo (SILVA e GERVÁSIO, 1999). Das
metodologias disponíveis para quantificação do teor de água no solo, destaca-se ultimamente a técnica
da reflectometria no domínio do tempo (TDR), por ser dotada de uma boa precisão, não destruir a
estrutura física do solo e permitir a realização de múltiplas leituras, bem como um número infinito de
repetições (COELHO et al., 2001).

O presente trabalho teve como objetivo principal estudar o efeito de diferentes regimes de água
no solo na taxa de crescimento absoluto da altura de planta.

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido em ambiente protegido coberto com plástico transparente de


0,5 mm, localizado na Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola do Centro Tecnologia e Recursos
Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, Campina Grande–PB, no período de
Fevereiro a Agosto de 2004.

Na preparação do substrato utilizou-se uma camada (0 - 60 cm) de um solo classificado como


franco argilo arenoso, não salino, com baixo teor de matéria orgânica. Após corrigido, o substrato
recebeu uma adubação a base de fósforo e de potássio, que foram aplicados e homogeneizados ao
longo de todo o perfil formado pelos 125 kg de solo contidos em cada vaso, conforme recomendações
de Novais et al. (1991) para adubações de vasos em ambientes protegidos.

Foram estudadas duas cultivares de mamona, a cultivar BRS 149 (Nordestina) que apresenta
um teor de óleo na semente de 48,90% e produtividade média de 1.500 kg.ha-1 e a cultivar BRS 188
(Paraguaçu) que apresenta teor médio de óleo na semente de 47,72% e produtividade média
vegetativo similar a Nordestina.

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O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso num esquema fatorial 2 x 4,


constituído por duas cultivares de mamona e quatro níveis de umidade do solo (L1 = 40 %; L2 = 60
%; L3 = 80 % e L4 = 100 % de água disponível) com três repetições. Os dados foram analisados
estatisticamente utilizando-se o programa estatístico SISVAR – ESAL/LAVRAS, através do qual foram
realizadas as análises de variâncias, aplicando o teste de Tukey a 5 % de probabilidade e análise de
regressão para o fator quantitativo, de acordo com Ferreira (2000).

A parcela experimental foi composta por um vaso plástico (50 cm de diâmetro e 70 cm de


altura). O espaçamento entre parcelas foi de 2 metros entre blocos e de 1,5 metros entre plantas
dentro da linha do bloco. O cálculo da água utilizável pelas plantas em cada tratamento, o qual serviu
de base para determinação das lâminas a serem aplicadas ao longo das irrigações, baseou-se na
Equação 01 proposta por Guerra (2000), onde:

AD = ((CC – PMP ) / 100) x D y Z (Equação 01)

sendo: AD – água disponível em cm; CC – umidade à capacidade de campo (base peso seco); PMP – umidade
correspondente ao ponto de murcha permanente (base peso seco); D – densidade do solo; y – déficit hídrico estipulado (0 –
1) e Z – profundidade efetiva das raízes de mamona, em cm.

Após a adubação de fundação o solo foi irrigado até que a umidade atingiu a capacidade de
campo (CC), de forma a garantir a efetivação do processo de germinação e de desenvolvimento das
plântulas, realizando-se em seguida a semeadura, colocando-se 07 sementes de forma eqüidistante
por vaso a uma profundidade de 2,0 cm. As irrigações subseqüentes foram realizadas quando a
umidade do solo atingia níveis abaixo dos pré - determinados, correspondendo aos tratamentos
estudados (100, 80, 60 e 40 % da água disponível), por meio de duas medições diárias do conteúdo de
água do solo (volume em %) determinado pelo uso de um TDR (reflectometria no domínio do tempo)
em seis profundidades diferentes dentro do vaso, repondo-se as laminas para os níveis pré-
estabelecidos diariamente às 08 e às 16 horas, utilizando água de abastecimento fornecida pela
Companhia de Água do Estado.

Após a germinação, quando as plantas atingiram de 10 a 12 cm, foi realizado o primeiro


desbaste, por volta dos 24 dias após semeadura (24 DAS), deixando-se apenas as duas plantas mais
vigorosas por vaso e, aos 40 DAS, efetuou-se o segundo desbaste, quando eliminou-se mais uma
planta, permanecendo uma planta por vaso até os 180 DAS. As adubações nitrogenadas de cobertura
foram realizadas em intervalos de 15 dias, aplicando-se o adubo diluído via água de irrigação.

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A variável analisada foi a taxa de crescimento absoluto da altura da planta (TCAP), que foi
calculada nas seguintes épocas: 40-60 DAS, 80-100 DAS, 120-140 DAS, 160-180 DAS, de acordo com
a seguinte equação:

A2  A1
TCAP  (cm/dia) (Equação 02)
t2  t1

em que:

A1 – altura da planta no tempo t1 (cm)

A2 – altura da planta no tempo t2 (cm)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 01 encontra-se a análise de variância da taxa de crescimento absoluto da altura de


planta (TCAP) referente às 04 medições feitas durante o ciclo de cultivo da mamona; com base nos
dados primários obtidos em cada um destes períodos foi possível avaliar com maior precisão as
características do crescimento das plantas em termos de ganho de altura ao longo de todo
experimento.

A análise da evolução dos dados ao longo das etapas de avaliação permite constatar um
crescimento linear até os 80 DAS, principalmente para as plantas cultivadas a 100 % de água
disponível, com redução significativa na taxa de crescimento para os três períodos seguintes, com uma
retomada significativa aos 140 DAS. Este comportamento (Figura 1) pode estar relacionado
diretamente com a formação, desenvolvimento e enchimento dos frutos, uma vez que as primeiras
inflorescências apareceram por volta dos 40 dias para Paraguaçu e 50 dias para Nordestina, com
colheita das primeiras bagas iniciando exatamente no período de 80 a 90 DAS e pico de safra entre
100 e 130 DAS, conforme dados a serem apresentados e discutidos mais adiante para as variáveis
produção de frutos e de sementes.

Geralmente uma queda na taxa de crescimento tem relações com fatores complexos,
principalmente na natureza, onde flutuações irregulares na curva de crescimento são superpostas por
flutuações ambientais, que além do suprimento de água, encontram-se ligadas ainda à disponibilidade
de luz, temperatura, entre outros (FELIPPE, 1979). Para Larcher (2000), paralisações no crescimento
vegetativo em função da aceleração do crescimento produtivo ocorrem pela canalização da energia e
de materiais destinados a floração e frutificação, que por sua vez originam-se no processo

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fotossintético, na incorporação de substâncias minerais e na mobilização de reservas para formação e


enchimento dos frutos.

Os tratamentos com lâminas de 40 e 60 % de AD apresentaram taxas de crescimento muito


reduzidas, praticamente paralisadas a partir dos 60 DAS com variações de 0,06 a 0,00 cm dia -1. A
análise de variância, tanto para altura de planta quanto para a TCAP, permitem constatar que não
houve diferenças estatísticas para interação Cultivares x Água disponível, significando que os fatores
estudados foram independentes entre si.

As equações geradas a partir das regressões para a taxa de crescimento de altura de planta
(Figura 1) indicam um comportamento linear para todos os períodos analisados com exceção do
período de 80 – 100 DAS, onde este se mostrou quadrático.

CONCLUSÃO

A diminuição no conteúdo de água influenciou significativamente na taxa de crescimento da


altura da mamona; plantas submetidas aos tratamentos de 40 e 60 % de água disponível no solo,
praticamente paralisaram o seu desenvolvimento aos 60 dias após semeadura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P. de.; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N. E. de M.; SOARES, J. J.; VIEIRA,
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Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.5, n.2, MAI-AGO. 2001. pg 239-
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FELIPPE, G. M. Desenvolvimento. In: FERRI, M.G (coord.). Fisiologia Vegetal. São Paulo: EPU /
EDUSP, 1979. p. 1 – 38.

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LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. Tradução: Prado, C. H B. A. São Carlos. RIMA. 2000. 531p.

NOVAIS, R.F.; NEVES, J.C.L.; BARROS, N.F. Ensaios em ambiente controlado. In: Métodos de pesquisa em
fertilidade de solo. Brasília: EMBRAPA. 1991. 392 p. (EMBRAPA – SEA. Documentos, 3).

SILVA, E. L. da; GERVÁSIO, E. S. Uso do instrumento TDR para determinação do teor de água em
diferentes camadas de um Latossolo Roxo distrófico. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental. Campina Grande,PB, v3, n3, p.417-420, 1999.

TCAP no período de 40 a 60 DAS TCAP no período de 80 a 100 DAS

2 2
(cm.dia -1)

(cm.dia-1)

1 1
y = 0,8134 + 0,0051**x y = 1,3106 - 0,0119**x + 0,0001**x2
R2 = 0,9216 R2 = 0,9967
0 0
20 40 60 80 100 120 20 40 60 80 100 120
Água disponível (% de volum e) Água disponível (% de volume)

TCAP no período de 120 a 140 DAS TCAP no período de 160 a 180 DAS

2 2 y = 0,9686 + 0,0008**x
(cm.dia- R2 = 0,8196
(cm.dia -1)

1)
1 1
y = 0,8566 + 0,0031**x
R2 = 0,929
0 0
20 40 60 80 100 120 20 40 60 80 100 120
Água disponível (% de volum e) Água disponível (% de volume)

Figura 1 - Taxa de crescimento da altura da planta (TCAP) de mamona em cm dia -1 dos 40 aos 180 dias após semeadura
(DAS) em função de diferentes níveis de água no solo

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Tabela 1 - Resumo da análise de variância referente a taxa de crescimento absoluto da altura da planta (TCAP) até os 180
dias após a semeadura (DAS) das cultivares de mamona Nordestina (BRS 149) e Paraguaçu (BRS 188) – Campina Grande
– PB, 2007.
Taxa de crescimento absoluto da altura da planta
Fonte de variação GL Quadrado médio
40 – 60 DAS 80 – 100 DAS 120 – 140 DAS 160 – 180 DAS
Cultivares 1 0,00 ns 0,01 ns 0,00 ns 0,000 ns
Água Disponível 3 0,11** 0,07 ** 0,04 ** 0,003 **
Regressão Polinomial Linear 0,315218 ** 0,179259 ** 0,114877 ** 0,007917 **
Reg. Pol. Quadrática 0,014623 * 0,048497 ** 0,005601 ns 0,000935 **
Reg. Pol. Cúbica 0,012210 * 0,000763 ns 0,003182 ns 0,000807 *
Interação 3 0,00 ns 0,01 ns 0,00 ns 0,00 ns
Blocos 2 0,00 ns 0,00 ns 0,00 ns 0,00 ns
Resíduo 14 0,00 0,00 0,00 0,00
CV % 4,24 5,74 6,66 0,99
Tratamentos Médias das taxas de crescimento da altura das plantas em cm dia-1
Nordestina 1,17 (0,39) a 1,11 (0,26) a 1,07 (0,15) a 1,17 (0,05) a
Paraguaçu 1,17 (0,38) a 1,05 (0,12) a 1,07 (0,16) a 1,13 (0,04) a
DMS 0,04 0,054 0,06 12,54
40 % de água disponível 1,03 (0,06) 1,01 (0,02) 1,00 (0,00) 1,00 (0,00)
60 % de água disponível 1,12 (0,27) 1,01 (0,02) 1,01 (0,02) 1,00 (0,02)
80 % de água disponível 1,16 (0,36) 1,07 (0,15) 1,10 (0,22) 1,03 (0,07)
100 % de água disponível 1,36 (0,85) 1,25 (0,58) 1,17 (0,38) 1,05 (0,11)

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TEORES DE NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO NA FOLHA DA MAMONEIRA BRS 188


SUBMETIDA A DIFERENTES NÍVEIS DE ÁGUA DISPONÍVEL E MATÉRIA ORGÂNICA NO SOLO 1

Rogério Dantas de Lacerda1; Hugo Orlando Carvallo Guerra1; Larissa Cavalcante Almeida1; Lucia
Helena Garofalo Chaves1; Genival Barros Junior2; Evandro Franklin de Mesquita3
1 Universidade Federal de Campina Grande -UFCG, Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola; E-mail:
rogerio_dl@yahoo.com.br ; 2 Universidade Federal Rural do Pernambuco – UFRPE, Serra Talhada - PE.; 3 Universidade
Estadual da Paraíba – UEPB, Catolé do Rocha - PB.

RESUMO – O óleo da mamona é o único glicerídeo que a natureza concebeu em mais de 320.000
espécies de espermatófitos, solúvel em álcool. Cerca de 90% do óleo é composto por triglicerídio,
principalmente da ricinoleína, que é o componente do ácido ricinoléico. O experimento foi desenvolvido
no período de outubro de 2008 a Março de 2009, sob condições de campo, o delineamento
experimental foi o de blocos ao acaso, num esquema fatorial 2 x 4, constituído de dois níveis de
matéria orgânica (5,0 g.kg-1 e 25,0 g.kg-1) e quatro de água disponível para as plantas, 100, 90, 80 e
70%, com 3 blocos. Cada parcela experimental foi constituída por uma área útil de 100,0 m 2, onde
foram cultivadas 50 plantas, espaçadas em 2m x 1m, com 24 plantas úteis e 26 de bordadura.
Realizou-se a análise de variância através do teste de Tukey para os tratamentos de matéria orgânica
e analises de regressões para o fator quantitativo água disponível. Observou-se que não houve
influencia significativa pela matéria orgânica nos teores de nitrogênio, fósforo e potássio. A água
disponível do solo influenciou os níveis de potássio, tendo sua concentração aumentada a medida que
se reduziu a disponibilidade de água no solo.
Palavras-chave – Macronutrientes, Biodiesel, manejo de água.

INTRODUÇÃO

A mamoneira é uma espécie vegetal oleaginosa, cientificamente conhecida como Ricinus


communis L, pertencendo a família das Euforbiáceas e a subfamília Crotonoideae (AZEVEDO et al.,
1997), sendo classificada como uma planta monóica, com inflorescência do tipo panicular, comumente
denominada de racemo, com as flores femininas dispostas na parte superior e as masculinas surgindo
logo abaixo das mesmas na parte inferior da panícula.

Em regiões que apresentam totais de precipitação inferiores ao limite mínimo de 500 mm no


período chuvoso, necessários para atender a demanda da cultura, a mamoneira perde grande parte da

1
Parte do trabalho de Tese do primeiro autor

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sua produção econômica, acentuando-se os riscos de perdas totais de safras e/ou a obtenção de
rendimentos muito baixos. A faixa ideal de precipitação para produção da mamona varia entre 750 e
1500 mm, com um mínimo de 600 a 750 mm durante todo o ciclo da cultura, com o plantio ajustado de
forma que a planta receba de 400 a 500 mm até o início da floração (TÁVORA, 1982).

Um outro fator importante para o crescimento da cultura diz respeito à altitude, de forma que,
áreas abaixo de 300 m induzem a planta a emitir folhas em excesso e ao abortamento de flores; por
outro lado, altitudes superiores a 1500 m, com predominância de temperaturas abaixo de 10 o C,
inviabilizam a produção de pólen e conseqüentemente, de frutos e sementes (CARVALHO, 2005).A
carência de pesquisas e informações a respeito da sensibilidade da mamoneira a diferentes níveis de
água e os efeitos da quantidade de matéria orgânica no solo, sob condições de campo, justifica o
presente estudo.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em condições de campo no Centro de Ciências Agrárias e


Ambientais – CCAA, Campus II da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, localizado no Sítio
Imbaúba, Zona Rural, Município de Lagoa Seca - PB. Agreste Paraibano. Tem altitude média de 634
m., no período compreendido entre outubro de 2008 e Março de 2009. Utilizou-se um solo franco-
argilo-arenoso de baixo teor de matéria orgânica. Adubou-se o solo com superfosfato triplo em
fundação na proporção de 120 kg/ha de P2O5 e 100 kg/ha de K2O e N nas formas de cloreto de
potássio e Uréia divididos em intervalos de 10 dias aplicados via fertirrigação, com a primeira aplicação,
20 dias após o semeio, conforme NOVAIS et al. (1991).

Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, no esquema fatorial 2 x 4,


constituído pelos dois níveis de matéria orgânica e quatro de água disponível, com 3 blocos. Os dados
foram analisados estatisticamente através da análise de variância (ANOVA), e do teste de Tukey; para
comparação das médias dos tratamentos e análise de regressão para o fator quantitativo água
disponível, FERREIRA (2000). Os fatores estudados constituem-se de dois níveis de matéria orgânica
no solo (5,0 g.kg-1 e 25,0 g.kg-1), submetidas a quatro níveis de água disponível no solo (70, 80, 90 e
100 %), formando 08 tratamentos, constituindo vinte e quatro parcelas. A escolha das lâminas foram
baseadas nos estudos realizados anteriormente em ambiente protegido nas dependências da UFCG
com estas mesmas cultivares (LACERDA, 2006; BARROS JÚNIOR, 2007). Cada parcela experimental

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foi constituída por uma área útil de 100,0 m2, onde foram cultivadas 50 plantas, espaçadas em 2m x
1m, com 24 plantas úteis e 26 de bordadura.

As irrigações foram realizadas quando o conteúdo de água do solo atingiu valores abaixo dos
níveis preestabelecidos pelos respectivos tratamentos (70, 80, 90 e 100 % da água disponível),
monitorado a cada dois dias, utilizando-se uma sonda de TDR HH2 segmentada de marca DELTA-T
DEVICES, através de um tubo de acesso instalado em cada parcela, repondo-se o volume consumido,
com água proveniente de açude da área experimental. Os teores macronutrientes nitrogênio, fósforo e
potássio foram determinados em folhas colhidas aos 180 DAS. Utilizando-se de metodologia descrita
por MALAVOLTA et al. (1997) e da UFV, (1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apresentam-se, na Tabela 1, os resultados das análises de variância (ANOVA) dos dados


referentes aos teores de nitrogênio, fósforo e potássio das folhas da mamoneira obtidos no final do
ciclo de 180 DAS. Verifica-se que não ocorreu diferença significativa entre tratamentos referentes aos
níveis de matéria orgânica do solo para os nutrientes analisados. Para os diferentes níveis de água
disponível no solo notaram-se diferenças significativas a (p < 0,01) apenas para o elemento potássio.

A análise de regressão para o fator quantitativo água disponível referente aos teores de
nitrogênio, fósforo e potássio são apresentados na Figura 1, Verifica-se que os teores dos elementos
presentes nas folhas das plantas da cultivar de mamona BRS 188 - Paraguaçu apresentaram
tendências lineares decrescente a medida que se elevou o conteúdo de água disponível no solo,
resultados estes podem ser vistos de forma gráfica, através da Figura 1; verifica-se diferenças
acentuadas entre os tratamentos submetidos a diferentes níveis de água disponível, com decréscimos
de 0,28 g kg-1 para o nitrogênio, 0,021 g kg-1 para o fósforo e de 0,178 g kg-1 para o potássio para cada
aumento unitário de água disponível.

Os teores encontrados para N, P e K foram abaixo dos limites esperados para os elementos,
nos tratamentos conduzidos sem estresse hídrico, confirmam que, na presença da água em condições
satisfatórias, estes nutrientes foram provavelmente translocados para os frutos, de acordo com
MALAVOLTA (1976), segundo o qual, a maior utilização de nutrientes pelas plantas ocorre quando o
conteúdo de água do solo é mantido tão alto quanto possível, sem, entretanto, causar problemas de
aeração e temperatura. Isto pode ser comprovado, comparando-se os resultados também obtidos por
LAVRES et al. (2005) para este mesmo elemento (K) nas folhas (30,1 g.kg -1) com a cultivar Iris,

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PACHECO et al.(2006 ) em folhas (26,5 g.kg-1) da cultivar IAC 226 e NAKAGAWA e NEPTUNE (apud
FERREIRA et al., 2004 ), que obtiveram 46,1 g.kg-1 deste elemento em determinações feitas em folhas
de plantas de mamona 64 dias após germinação.

CONCLUSÃO

Os níveis de matéria orgânica no solo não influenciaram nas concentrações de nitrogênio,


fósforo e potássio presentes nas folhas da mamoneira. O déficit hídrico provocado pela escassez de
água no solo provocou maiores acúmulos nos macronutrientes, porem apresentando apenas
significância para o elemento potássio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P. de.; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N. E. de M.; SOARES, J. J.; VIEIRA,
R. de M.; MOREIRA, J. de A. N. Recomendações técnicas para o cultivo da mamoneira (Ricinus
communis L.) no nordeste do Brasil. Campina Grande, PB: EMBRAPA - CNPA, 1997. 52p.
(EMBRAPA - CNPA. Circular Técnica, 25).

BARROS JÚNIOR, GENIVAL. Efeito do conteúdo de água do solo, monitorado com TDR, sobre
desenvolvimento e produção de duas cultivares de mamona. Campina Grande, 2007. 173p. Tese
(Doutorado). Universidade Federal de Campina Grande.

CARVALHO, B. C. L. Manual do cultivo da mamona. Salvador: EBDA, 2005. 65 p. il.

FEREIRA, G. B.; SANTOS, A. C. M.; XAVIER, R. M.; FERREIRA, M. M. M.; SEVERINO, L. S.;
BELTRÃO, N. E. de M.; DANTAS, J. P.; MORAES, C. R. de A. Deficiência de fósforo e potássio na
mamona (Ricinus communis L.): descrição e efeito sobre o crescimento e a produção da cultura. In:
Congresso Brasileiro de Mamona, 1., 2004, Campina Grande. Anais...Campína Grande: Embrapa
Algodão, 2004. CD –ROM.

FERREIRA, P. V. Estatística aplicada a agronomia. 3 ed. Maceió: EDUFAL, 2000. 422 p.: il.

LACERDA, R. D. de. Resposta da mamoneira BRS 188-Paraguaçu a diferentes níveis de água e


matéria orgânica no solo. Campina Grande. 2006. 82p. (Dissertação de mestrado) Universidade
Federal de Campina Grande.

LAVRES JÚNIOR, J.; BOARETTO, R. C.; SILVA, M. G. de S.; CORREIA, D.; CABRAL, C. P.;
MALAVOLTA, E. Deficiências de macronutrientes no estado nutricional da mamoneira cultivar Iris.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.40, n.2, p.145-151, fev. 2005.

MALAVOLTA, E. Manual de Química Agrícola. São Paulo – CERES, 1976. 528p.

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Página | 1137

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
Princípios e aplicações. 2ed. Piracicaba: Potafos, 1997. 201p.

NOVAIS, R.F.; NEVES, J.C.L.; BARROS, N.F. Ensaios em ambiente controlado. In: Métodos de
pesquisa em fertilidade de solo. Brasília: EMBRAPA. 1991. 392 p. (EMBRAPA – SEA. Documentos,
3).

PACHECO, D. D.; SATURNINO, H. M.; GONÇALVES, N. P.; SANTOS , D. A.; LOPES, H. F.; ALMEIDA
JÚNIOR, A. B. de; PINHO, D. B.; MENDES, L. D. e SOUZA, R. P. D. de. Diagnóstico nutricional para
macronutrientes em mamoneiras adubadas com NPK em solo de chapada da Bacia do Rio do
Jequitinhonha. In: Congresso Brasileiro de Mamona, 2., 2006, Aracajú. Anais...Campina Grande:
Embrapa Algodão, 2006. CD –ROM.

TÁVORA, F. J. A. F. A cultura da mamona. Fortaleza: EPACE, 1982. 111p.

Tabela 1. Resumo das análises de variância referente aos teores de nitrogênio, fósforo e potássio presentes nas folhas da
cultivar BRS 188 – Paraguaçu aos 180 DAS.

Teor de macronutrientes

FV GL Quadrado médio

Nitrogênio Fósforo Potássio

MO 1 41,31 ns 0,549 ns 0,012 ns

AD 3 82,79 ns 0,496 ns 33,534 **

Interação 3 17,93ns 0,025 ns 1,949ns

Blocos 2 3,75ns 0,024ns 4,69ns

Resíduo 14 32,41 0,243 6,010

Tratamentos g kg-1

5,0 g kg-1 MO 38,68 a 2,692 a 21,61 a

25,0 g kg-1 MO 41,30 a 2,99 a 21,61a

DMS 4,98 0,431 2,14

CV % 14,23 17,34 11,33

GL - grau de liberdade; CV - coeficiente de variação; DMS – diferença mínima significativa; AD – água disponível;
Significativo a 0,05 (*) e a 0,01(**) de probabilidade; (ns) não significativ0,

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46,0
Nitrogênio

44,0

42,0

40,0
g kg-1

38,0

36,0
y = 64.16**-0.2843*x
34,0
R² = 0.97
32,0

30,0
70 80 90 100
Água disponível - % vol

4,0 Fosforo

3,5
3,0
2,5
g kg-1

2,0
y = 4.65**-0.021*x
1,5 R² = 0.91

1,0
0,5
0,0
70 80 90 100
Água disponível - % vol

30,0 Potássio
25,0

20,0
g kg-1

15,0 y = 36.84**- 0.178**x


R² = 0.95
10,0

5,0

0,0
70 80 90 100
Água disponível - % vol

Figura 1. Teores de nitrogênio, fósforo e potássio presentes nas folhas da cultivar BRS 188 – Paraguaçu em função da água
disponível do solo.

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VARIAÇÃO DO NUMERO DE FOLHAS DE MAMONEIRA SOB INFLUÊNCIA DE ESTRESSE


HÍDRICO POR ESCASSEZ DE ÁGUA NO SOLO

Genival Barros Júnior1; Mário Luiz Farias Cavalcanti2; Rogério Dantas de Lacerda3; Adilson David de
Barros2; Hugo Orlando Carvallo Guerra3.
1 Universidade Federal Rural de Pernambuco; 2 Universidade Federal da Paraíba; 3 Universidade Federal de Campina
Grande. barrosjnior@yahoo.com.br, mariolfcavalcanti@yahoo.com.br, mario@cca.ufpb.br.

RESUMO – A mamona (Ricinus communis L.), apresenta uma ampla gama de utilização industrial.
Espécie de fácil propagação, poucos são os cuidados dispensados ao manejo de água na mesma. O
presente estudo objetivou analisar a sensibilidade da cultura a diferentes níveis de água armazenados
no solo e suas implicações sobre o número de folhas. O experimento foi conduzido sob condições de
estufa, localizada no Departamento de Engenharia Agrícola da UFCG, no período de Fevereiro a
Agosto de 2004; disposta em esquema fatorial 2 x 4, constituído por duas cultivares de mamona (BRS
149 – Nordestina e BRS 188 – Paraguaçu) e quatro níveis de umidade do solo (40, 60, 80 e 100% de
água disponível) com três repetições. A partir da análise estatística, aplicando-se o teste de Tukey e a
análise de regressão, conclui-se que o estresse hídrico provocado pela escassez de água no solo
influenciou significativamente na produção de folhas da mamona em todas as épocas de avaliação com
as plantas mantidas à capacidade de campo superando em mais de 100% a quantidade de folhas
produzidas no tratamento de 80 % de água disponível até os 140 dias após semeadura.
Palavras-chave – Ricinus communis L., déficit hídrico, crescimento.

INTRODUÇÃO

Espécie essencialmente tropical, a mamona (Ricinus communis L) é cultivada comercialmente


em mais de 15 países, destacando-se a Índia, China e o Brasil (AZEVEDO et al., 1997). O óleo de
mamona ou de rícino, extraído pela prensagem das sementes, contém 90% de ácido ricinoléico, o que
possibilita uma ampla gama de utilização industrial.

Por ser uma planta com capacidade de produzir satisfatoriamente bem sob condições de baixa
precipitação pluviométrica, apresenta-se como uma alternativa de grande importância para o semi-árido
(CARVALHO, 2005).

A ausência de resultados de pesquisa a respeito dos efeitos de diferentes conteúdos de


umidade existente no solo sobre o desenvolvimento da cultura e o agravamento da crise de

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abastecimento de água, principalmente nas áreas semi-áridas, torna imprescindível estabelecer


fronteiras entre os limites mínimos de produtividade e a disponibilidade de água para culturas
economicamente reconhecidas como adaptadas/viáveis à região.

Monitorar com precisão o conteúdo de água no solo, principalmente em áreas do semi-árido,


constitui-se numa ação de extrema importância para a sustentabilidade da atividade agrícola. O
método ideal para esta quantificação deve envolver uma propriedade física do solo ou uma
característica altamente correlacionada ao seu teor de água, que permita uma determinação sem
alterações das características físicas originais do mesmo (SILVA e GERVÁSIO, 1999). Das
metodologias disponíveis para quantificação do teor de água no solo, destaca-se ultimamente a técnica
da reflectometria no domínio do tempo (TDR), por ser dotada de uma boa precisão, não destruir a
estrutura física do solo e permitir a realização de múltiplas leituras, bem como um número infinito de
repetições (COELHO et al., 2001).

O presente trabalho teve como objetivo principal estudar o efeito de diferentes regimes de água
no solo sobre o número de folhas da mamoneira.

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido em ambiente protegido coberto com plástico transparente de


0,5 mm, localizado na Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola do Centro Tecnologia e Recursos
Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, Campina Grande–PB, no período de
Fevereiro a Agosto de 2004.

Na preparação do substrato utilizou-se uma camada (0 - 60 cm) de um solo classificado como


franco argilo arenoso, não salino, com baixo teor de matéria orgânica. Após corrigido, o substrato
recebeu uma adubação a base de fósforo e de potássio, que foram aplicados e homogeneizados ao
longo de todo o perfil formado pelos 125 kg de solo contidos em cada vaso, conforme recomendações
de Novais et al. (1991) para adubações de vasos em ambientes protegidos.

Foram estudadas duas cultivares de mamona, a cultivar BRS 149 (Nordestina) que apresenta
um teor de óleo na semente de 48,90% e produtividade média de 1.500 kg.ha -1 e a cultivar BRS 188
(Paraguaçu) que apresenta teor médio de óleo na semente de 47,72% e produtividade média
vegetativo similar a Nordestina.

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O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso num esquema fatorial 2 x 4,


constituído por duas cultivares de mamona e quatro níveis de umidade do solo (L1 = 40 %; L2 = 60
%; L3 = 80 % e L4 = 100 % de água disponível) com três repetições. Os dados foram analisados
estatisticamente utilizando-se o programa estatístico SISVAR – ESAL/LAVRAS, através do qual foram
realizadas as análises de variâncias, aplicando o teste de Tukey a 5 % de probabilidade e análise de
regressão para o fator quantitativo, de acordo com Ferreira (2000).

A parcela experimental foi composta por um vaso plástico (50 cm de diâmetro e 70 cm de


altura). O espaçamento entre parcelas foi de 2 metros entre blocos e de 1,5 metros entre plantas
dentro da linha do bloco. O cálculo da água utilizável pelas plantas em cada tratamento, o qual serviu
de base para determinação das lâminas a serem aplicadas ao longo das irrigações, baseou-se na
Equação 01 proposta por Guerra (2000), onde:

AD = ((CC – PMP ) / 100) x D y Z (Equação 01)

sendo: AD – água disponível em cm; CC – umidade à capacidade de campo (base peso seco); PMP – umidade
correspondente ao ponto de murcha permanente (base peso seco); D – densidade do solo; y – déficit hídrico estipulado (0 –
1) e Z – profundidade efetiva das raízes de mamona, em cm.

Após a adubação de fundação o solo foi irrigado até que a umidade atingiu a capacidade de
campo (CC), de forma a garantir a efetivação do processo de germinação e de desenvolvimento das
plântulas, realizando-se em seguida a semeadura, colocando-se 07 sementes de forma eqüidistante
por vaso a uma profundidade de 2,0 cm. As irrigações subseqüentes foram realizadas quando a
umidade do solo atingia níveis abaixo dos pré - determinados, correspondendo aos tratamentos
estudados (100, 80, 60 e 40 % da água disponível), por meio de duas medições diárias do conteúdo de
água do solo (volume em %) determinado pelo uso de um TDR (reflectometria no domínio do tempo)
em seis profundidades diferentes dentro do vaso, repondo-se as laminas para os níveis pré-
estabelecidos diariamente às 08 e às 16 horas, utilizando água de abastecimento fornecida pela
Companhia de Água do Estado.

Após a germinação, quando as plantas atingiram de 10 a 12 cm, foi realizado o primeiro


desbaste, por volta dos 24 dias após semeadura (24 DAS), deixando-se apenas as duas plantas mais
vigorosas por vaso e, aos 40 DAS, efetuou-se o segundo desbaste, quando eliminou-se mais uma
planta, permanecendo uma planta por vaso até os 180 DAS. As adubações nitrogenadas de cobertura
foram realizadas em intervalos de 15 dias, aplicando-se o adubo diluído via água de irrigação.

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A variável analisada foi número de folhas (NF), na contagem foram consideradas as aquelas
que apresentavam comprimento mínimo de 3,0 cm, com leituras sendo realizadas aos 60, 100, 140 e
180 dias após a semeadura (DAS)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 2 apresenta o número de folhas (NF) das cultivares de mamona aos 60, 100, 140 e
180 DAS em função dos diferentes níveis de água no solo. A análise desta figura permite ainda
identificar, através das curvas relacionadas aos tratamentos de 80 e 100 % de água disponível, um
decréscimo acentuado na quantidade de folhas de ambas cultivares no período 100 DAS, o que
coincide com a fase do ciclo onde 18 das 24 parcelas estavam com suas plantas em formação de
inflorescência ou enchimento dos frutos dos primeiros racemos. Por outro lado, as plantas mantidas em
solo com 100 % de água disponível, neste primeiro pique de produção de folhas, por volta dos 80 DAS,
superaram em 7,46 vezes o número médio de folhas computadas por Cavalcanti (2003) em plantas de
Nordestina irrigadas com água similar a utilizada neste experimento e conduzidas sem estresse hídrico.
Situação ainda mais favorável ocorreu com relação aos dados obtidos por Silva (2004), que por sua
vez, conduzindo plantas da cultivar Paraguaçu nas mesmas condições de Cavalcanti (2003), obteve
um índice de número de folhas 11,43 vezes menor que os resultados obtidos no presente ensaio.

As análises de regressão para o numero de folhas (NF), suas equações e respectivas


representações gráficas para o fator quantitativo água disponível, encontram-se na Tabela 01 e na
Figura 2. Verifica-se nestes gráficos que a mamona apresentou comportamento linear com relação à
emissão de folhas nos períodos de 60, 140 e 180 DAS, caracterizando bem o comportamento flutuante
visualizado através da Figura 1, onde em determinadas épocas do ciclo, sob condições ideais de
fertilidade e disponibilidade de água, a cultura aumenta ou diminui a sua produção de folhas em função
de suas demandas fisiológicas.

CONCLUSÃO

A mamona apresentou comportamento linear com relação à emissão de folhas nos períodos de
60, 140 e 180 DAS, com o estresse hídrico provocado pela escassez de água no solo influenciando
significativamente na produção de folhas da mamona em todas as épocas de avaliação com as plantas

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mantidas à capacidade de campo superando em mais de 100% a quantidade de folhas produzidas no


tratamento conduzido à 80 % de água disponível no solo até os 140 dias após semeadura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P. de.; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N. E. de M.; SOARES, J. J.; VIEIRA,
R. de M.; MOREIRA, J. de A. N. Recomendações técnicas para o cultivo da mamoneira (Ricinus
communis L.) no nordeste do Brasil. Campina Grande, PB: EMBRAPA - CNPA, 1997. 52p.
(EMBRAPA - CNPA. Circular Técnica, 25).

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NORDESTINA PARAGUAÇU
70 80

70
60
60
50
50

Nº de folhas
Nº de folhas

40
40
30
30
20
20

10 10

0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Dias após semeadura Dias após semeadura
40 % AD 60 % AD 80 % AD 100 % AD 40 % AD 60 % AD 80 % AD 100 % AD

Figura 1 - Representação gráfica da distribuição do número de folhas por tratamento e por cultivar em diferentes períodos
de determinação

Número de folhas aos 60 DAS Número de folhas aos 100 DAS

40 y = - 19,467 + 0,5192**x 80 y = 38,933 - 1,6175x + 0,0181**x2


2
R = 0,8855 R2 = 0,9939
30 60
(nº)

(nº)

20 40

10 20

0 0
20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120
Água disponível (% de volume) Água disponível (% de volume)

Número de folhas aos 140 DAS Número de folhas aos 180

10,0 y = - 3,5978 + 0,1119**x 8,0


2
R = 0,8924 y = -1,1382 + 0,0627**x
2
8,0 R = 0,8879
6,0
6,0
(nº)
(nº)

4,0
4,0
2,0
2,0

0,0 0,0
0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120

Água disponível (% de volume) Água disponível (% de volume)

Figura 2 - Número de Folhas (NF) aos 60, 100, 140 e 180 dias após a semeadura (DAS) em função de diferentes níveis de
água no solo

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Tabela 1 - Resumo da análise de variância referente ao Número de Folhas (NF) aos 60, 100, 140 e 180 dias após a
semeadura (DAS) das cultivares de mamona Nordestina (BRS 149) e Paraguaçu (BRS 188) – Campina Grande – PB, 2007.
Número de Folhas
Fonte de variação GL Quadrado médio
60 DAS 100 DAS 140 DAS 180 DAS
* ns ns ns
Cultivares 1 155,04 20,16 0,09 0,12
** ** ** **
Água Disponível 3 1217,48 3829,61 56,11 17,73
** ** ** **
Regressão Polinomial Linear 3234,40 10156,80 150,22 47,23
** ** ** **
Reg. Pol. Quadrática 376,04 1261,50 17,12 4,18
ns ns ns *
Reg. Pol. Cúbica 42,00 70,53 0,98 1,78
ns ns ns ns
Interação 3 19,70 22,72 0,53 0,46
ns ns ns ns
Blocos 2 1,62 80,79 0,86 0,00
Resíduo 14 22,76 34,64 0,49 0,37
CV % 28,28 24,96 16,60 18,75
Tratamentos Médias do Número de Folhas
Nordestina 14,33 b 22,66 a 4,17 (23,83) a 3,18 (12,08) a
Paraguaçu 19,41 a 24,50 a 4,29 (26,91) a 3,32 (14,08) a
DMS 4,17 5,15 0,61 0,53
40 % de água disponível 4,66 4,00 1,81 (3,33) 1,91 (3,66)
60 % de água disponível 9,50 4,83 1,99 (4,16) 1,84 (3,50)
80 % de água disponível 16,33 27,83 4,78 (23,66) 3,82 (15,00)
100 % de água disponível 37,00 57,66 8,34 (70,33) 5,43 (30,16)

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AÇÃO DO DIURON NO CRESCIMENTO INICIAL DO PINHÃO MANSO (Jantropha curcas L.)


EM CONDIÇÕES DE CASA DE VEGETAÇÃO

Maria de Fátima da Silva Pinto Peixoto¹ Adailton Conceição dos Santos²; Ariosvaldo Novais Santiago³;
Clóvis Pereira Peixoto4; José Carlos de Cerqueira Moraes5
1 Professsora adjunta IV da UFRB, fatima@ufrb.edu.br; 2Mestrando em Ciências Agrárias da

UFRB,ágape_323@yahoo.com.br; ³ Pesquisador da EBDA, arisan@sendnet.com.br; 4 Professor Associado II da UFRB,


cppeixot@ufrb.edu.br; 5 Doutorando em Fitotecnia da UFRB, zemoraes42@hotmail.com

RESUMO – Poucas são as informações técnicas sobre o pinhão manso (Jantropha curcas L.), sendo
parte delas advinda de outros locais, ambientalmente diferentes. Assim, o presente trabalho objetivou
avaliar os efeitos de diferentes doses do herbicida diuron no crescimento inicial de plantas de pinhão
manso, nas condições de casa de vegetação. O experimento foi conduzido na Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, utilizando-se em vasos de 5 kg aproximadamente. Utilizou-se como substrato o
Latossolo Amarelo coeso, de textura média e baixo teor de matéria orgânica O delineamento
experimnetal foi o inteiramente causalizado, com cinco tratamentos: T1, 0,0 L/ha de diuron
(testemunha); T2, 1,2 L/ha de diuron; T3, 2,4L/ha de diuron; T4, 3,6L/ha de diuron; e T5, 4,0 L/ha de
diuron e quatro repetições. Analisaram-se as variáveis: altura da planta (cm), diâmetro do colo (cm),
massa seca da folha e do caule (g planta-1) e massa seca das raizes (g planta-1). O material vegetal foi
seco em estufa de circulação forçada, a 65ºC, durante 72 horas. A análise da variância da regressão,
foi feita de acordo com o modelo do experimento, utilizando-se o progrma SISVAR. Concluiu-se que,
nas condições do experimento, o herbicida diuron prejudica o crescimento inicial das plantas de pinhão
manso.
Palavras-chave: Crescimento; oleaginosa; herbicida; toxidez

INTRODUÇÃO

O pinhão manso é uma planta da família das Euforbiáceas, a mesma da mamona e da


mandioca Guimarães (2008) apud Cortesão (1956). Apesar dos diversos estudos em andamento no
Brasil e no mundo sobre o pinhão manso (Jatropha curcas L.), ainda existem poucas informações
disponíveis sobre suas características agronômicas e de produção. Informações como espaçamento
adequado, período de rebrota, crescimento e desenvolvimento de raízes, produção de biomassa,
consorciação, adubação, colheita e formas de manejo, ainda não são suficientes para que se possa
investir em plantios produtivos e com rentabilidade assegurada, ou seja, ainda não são conhecidos os

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componentes de produção do pinhão manso e como manejá-los para se obter produtividade


satisfatória.

Com a recente demanda por combustíveis de fontes naturais renováveis, o pinhão


manso vem sendo utilizado para a extração de óleo adicionado ao diesel, gerando um novo produto
denominado biodiesel, apresentando-se hoje como fonte de energia alternativa para substituição dos
atuais combustíveis fósseis. (SANTOS, 2008). Atualmente, vem crescendo a produção de biodiesel no
mundo todo, com destaque para a União Européia, que lidera a produção mundial, com uma produção
de mais de 4,5 bilhões de litros em 2006, seguida pelos Estados Unidos e pelo Brasil (ARAÚJO et al.,
2007).

No Brasil, a principal matéria-prima para produção de biodiesel se encontra entre plantas


oleaginosas como a mamona, girassol, algodão, dendê, amendoim, canola, babaçu entre outras
(BILICH & SILVA, 2006). O diuron, herbicida do grupo químico das uréias substituídas, é indicado para
as mono e dicotiledôneas em pré-emergência, sendo absorvido preferencialmente pelas raízes das
plantas. Seu mecanismo de ação está baseado no bloqueio da fotossíntese, em plantas sensíveis ao
seu princípio ativo (RODRIGUES & ALMEIDA, 1998).

MORAES et al. (2009), trabalhando em condições de campo com o genótipo de mamoneira


EBDA MPB 01, concluiu após avaliação da análise de crescimento durante todo o ciclo da cultura, que
o diuron, até a dose de 2,4 Lha-1 , em Latossolo Amarelo coeso com 1,0 % de matéria orgânica, não
interferiu na altura final da planta e nem no acúmulo de matéria seca total, foliar e de hastes.

Considerando-se a inexistência de informações sobre o efeito de herbicidas em plantas de


pinhão manso, no solo em questão, este trabalho teve como objetivo, avaliar o efeito da aplicação de
diferentes doses de diuron, no crescimento inicial do pinhão manso (Jantropha curcas L.), em
condições de casa de vegetação.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação, na Universidade Federal do Recôncavo


da Bahia/UFRB, Campus de de Cruz das Almas, no período de 10 de abril a 15 de maio de 2009,
utilizando-se vasos plásticos (parcelas experimentais) com capacidade para aproximadamente 5 kg.
Como substrato, utilizou-se o solo Latossolo Amarelo coeso de textura média, extraído de uma área
previamente amostrada. O delineamento experimenetal foi o inteiramente causalizado, com cinco

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tratamentos: T1, 0,0 L/ha de diuron (testemunha); T2, 1,2 L/ha de diuron; T3, 2,4L/ha de diuron; T4,
3,6L/ha de diuron; e T5, 4,0 L/ha de diuron (RODRIGUES & ALMEIDA, 1998) e Beltrão et al. (2004), e
quatro repetições.

A aplicação do herbicida, foi efetuada com um pulverizdor costal, procedendo-se a semeadura


em seguida, utilizando-se três sementes por vaso.Após oito dias da germinação foi feito o desbaste,
deixando-se uma planta por vaso. Para avaliar o crescimento inicial utilizou-se os seguintes
parâmetros: altura da planta (cm), diâmetro do colo (cm), massa seca da folha e do caule (g planta -1) e
massa seca das raizes (g planta-1). Para a obtenção da massa seca, utilizou-se uma estufa de
circulação forçada a 65ºC durante 72 horas. A análise estatítica foi feita de acordo com o modelo do
experimento, utilizando-se o progrma SISVAR.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância da regressão foi significativa (Pr < 0,05) para as doses do herbicida
testado.

Na Figura 1, são apresentadas as curvas de regressão para os parâmetros avaliados, em


função das diferentes doses do herbicida diuron. Verifica-se que à medida que se aumentou a dose do
herbicida, houve uma redução na altura da planta, diâmetro do colo, massa seca das folhas e caule, e
massa seca das raízes. Possivelmente, este resultado está relacionado com o mecanismo de ação do
herbicida. De acordo com Rodrigues & Almeida (1998), em plantas sensíveis ao princípio ativo do
diuron, o sistema fotossintético é afetado negativamente. Desta forma, verificou-se que para o tipo de
solo em questão, as plantas de pinhão manso tiveram seu crescimento prejudicado em todas as doses
testadas, sendo que este efeito foi crescente à medida que a concentração do princípio ativo foi
aumentando.

Outro fator que deve ter contribuído para este resultado, está relacionado com o fato do solo
utilizado como substrato (Latossolo Amarelo coeso), possuir baixo teor de matéria orgânica, fazendo
com que a maior parte do herbicida permanecesse na solução do solo, intensificando seu efeito na
planta. No caso específico da massa seca das raízes, além dos fatores citados, sendo o diuron
absorvido predominantemente pelas raízes (Severino et al., S. d.)., este fato também pode ter
contribuído para prejudicar o seu crescimento

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Por outro lado, BELTRÃO et al.,(2004) trabalhando com dois cultivares de mamona, não
encontraram problemas de toxidez com o diuron até à dose de 2,4 L/ha. O solo utilizado naquele
trabalho, tinha altos teores de argila e matéria orgânica, possivelmente favorecendo à adsorção do
herbicida. Resultado semelhante foi encontrado por Moraes et al (2009), com doses do diuron até 2,4
L/há,em condições de campo, quando realizou a análise de crescimento de plantas de mamoneira do
genótipo EBDA MPB 01, em Latossolo Amarelo coeso do Recôncavo Baiano

CONCLUSÃO

Concluiu-se que nas condições do experimento, o herbicida diuron prejudica o crescimento


inicial das plantas de pinhão manso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, M. M. Melhoramento de plantas visando à produção de biodiesel, 2007. Disponível em:


<http://www.genetica.esalq.usp.br/pub/seminar/2007/Resumo.pdf>. Acesso em: 15 fevereiro 2008.
BELTRÃO, N.E. de M. et al. Herbicidas diuron e pendimenthalin na cultura da mamona, cultivo solteiro
no sudoeste da Bahia. In: I Congresso Brasileiro de Mamona – energia e sustentabilidade. 2004.
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MORAES, J.C.C.; TRINDADE, A.; SILVA, M.R.da; CONCEIÇÃO, A.; BORGES, S.; SANTIAGO, A.N.;
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1 em baixa altitude. ANAIS. XII Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal – desafios para a produção
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RODRIGUES, B.N.; ALMEIDA, F.S. de. Guia de Herbicidas, 4ª Ed, 1998, 630 p.
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Herbicida Diuron aplicado em pré-emergência e sobre as folhas da mamoneira. 2º Congresso
Brasileiro de Mamona. Disponível em: <http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/mamona/publicacoes/
trabalhos_cbm2/075.pdf>. Acesso em: 22 maio 2009.

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1,2
2
y = -0,0258x - 0,1444x + 1,077 y = -0,3218x2 - 0,7059x + 18,084
20 2
R2 = 0,9404 R = 0,9357
Diâmetro (cm)

0,8

Altura (cm)
15
10
0,4
5
0
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

Doses (L.ha-1) Doses (L.ha-1)

A B

3 Massa seca da folha


0,45
Massa seca do caule
0,4 2,5
Massa Seca (g)

0,35
y = -0,1111x + 0,4128
Massa Seca (g)
0,3 2
0,25 R2 = 0,9198
1,5
0,2 y = -0,636x + 2,5382
0,15 R2 = 0,9448
1
0,1 y = -0,6699x + 2,5205
R2 = 0,9185
0,05 0,5
0
0
0 1 2 3 4 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
Doses (L.ha-1) Doses (L.ha-1)

C D
Figura 1 - Altura da planta em cm (A), diâmetro do colo em cm (B), massa seca da folha e do caule em g planta -1 (C) e
massa seca das raízes em g planta -1 (D), de plantas de pinhão manso, em função da aplicação de diferentes doses (T1-
0,0 L/ha (testemunha); T2, -1,2 L/; T3- 2,4L/ha; T4- 3,6L/ha e T5, 4,0 L/ha) do herbicida diuron.

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ANÁLISE DO CULTIVO DA MAMONEIRA NA MICRORREGIÃO DE IRECÊ – BA

Jalmi Guedes Freitas1, Fábio Aquino de albuquerque¹, Márcia Barreto Medeiros da Nóbrega¹,
Máira Milani¹
1 Embrapa Algodão: Rua Oswaldo Cruz, 1142, Centenário, Campina Grande-PB jalmi@cnpa.embrapa.br,
fabio@cnpa.embrapa.br, marcia@cnpa.embrapa.br, maira@cnpa.embrapa.br

RESUMO – A produção de mamona concentra-se no estado da Bahia, onde é cultivada em condições


de sequeiro por agricultores familiares assumindo um papel socioeconômico relevante por assegurar
uma fonte de renda na época de escassez de chuvas. O objetivo desse trabalho foi analisar as
condições de cultivo da mamoneira na região de Irecê – BA para verificar como os agricultores realizam
o manejo dessa cultura. O levantamento das informações foi realizado através de uma conversa
informal com agricultores durante a visita aos campos de produção, na qual se registrou em fotografias
o estado das áreas de produção de mamona. Essa região apresenta condições satisfatórias de clima e
solo para o cultivo dessa oleaginosa. Constatou-se que o cultivo da mamona na região de Irecê pouco
evoluiu nos últimos anos, sendo que os agricultores continuam produzindo no mesmo sistema
tradicional de seus antepassados, apesar dos grandes avanços nas pesquisas com essa cultura; o
cultivo sustentável da mamona necessita da adoção, por parte dos produtores, de novas formas de
manejo e uso de tecnologias simples como uso de sementes certificadas e adaptadas a região, uso e
manejo dos consórcios de acordo com o recomendado pela pesquisa, etc. e; devido à importância da
região e a tradição no plantio da mamoneira, faz-se necessário a intensificação de ações de difusão de
tecnologias para que possa haver um incremento na produção e na renda dos agricultores. A adoção
de novas práticas culturais no cultivo da mamoneira na microrregião de Irecê implicará em ganhos
significativos na produção.
Palavras-chave - Ricinus communis, sementes e manejo.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L.) assume um papel socioeconômico relevante para o


semiárido nordestino que é caracterizado por pequenos agricultores familiares. Assegura uma contínua
fonte de renda, e fixa o homem no campo no período de escassez de chuvas (SANTOS et al., 2007).

A mamoneira tem sido cultivada em condições de sequeiro, sendo o estado da Bahia o maior
produtor nacional, concentrando-se a produção nos municípios que compõem a microrregião de Irecê
que são responsáveis por aproximadamente 80% de toda a produção brasileira (IBGE, 2009).

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Geralmente, seu cultivo é realizado em consorciação com o milho ou feijão, mas sempre cultivada em
segundo plano no consórcio e para o segundo ciclo.

Segundo Azevedo e Lima (2001) as leguminosas como feijão, feijão caupi e soja, além do
algodoeiro herbáceo (anual) são boas opções de consórcio com a mamoneira; já as culturas do milho e
do sorgo não são recomendadas, por serem muito competitivas e tendem a causar grande redução no
rendimento da mamona. Observam-se diferentes tipos de manejos no cultivo da mamoneira na região
de Irecê - BA que não estão de acordo com o recomendado pela pesquisa, acarretando consequências
na produção e na sustentabilidade da cultura.

O objetivo desse trabalho foi analisar as condições de cultivo da mamoneira na região de Irecê
– BA para verificar como os agricultores realizam o manejo dessa cultura.

MATERIAL E MÉTODOS

O levantamento das informações foi realizado através de uma conversa informal com
agricultores durante a visita aos campos de produção, na qual se registrou em fotografias o estado das
áreas de produção de mamona. As áreas visitadas foram dos municípios zoneados para a cultura da
mamona na microrregião de Irecê – BA

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A compactação dos solos foi um dos problemas mais relatados pelos agricultores por levar a
diminuição da capacidade produtiva. Entre as principais causas estão o uso inadequado e intensivo de
implementos agrícolas por longos anos associados ao monocultivo de culturas que não fornece
proteção aos solos contra erosão como o feijão e a mamona. Dentre os implementos agrícolas, o uso
contínuo da grade aradora ou gradão empregada no preparo do solo em toda região, é possivelmente
a causa mais provável de compactação e erosão dos solos (Figura 1). Observa-se visivelmente em
várias propriedades erosão com formação de voçorocas provocadas pelo escoamento superficial das
águas das chuvas (Figura 2). Maria et al., (2007) relataram que a degradação das terras agrícolas tem
sido um dos principais problemas enfrentados por agricultores das regiões tropicais e subtropicais, por
levar a degradação gradativa da qualidade do solo e de sua capacidade produtiva. Destacaram ainda a
erosão hídrica e o cultivo da mamoneira de forma inadequada, como as mais importantes.

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A qualidade da semente é essencial para o sucesso de qualquer cultura. Constatou-se que os


agricultores guardam e utilizam suas próprias sementes em plantios subsequentes ou as adquirem no
mercado local, ambas impróprias para novos plantios. Isso gerou uma miscigenação de variedades
locais (Figura 3) que tem acarretado baixa produtividade, baixa qualidade do produto e aumento da
susceptibilidade a pragas e doenças. Em resumo, observa-se grande variabilidade nos cultivos nessa
região, onde cada localidade se destaca por cultivar uma ―variedade local‖ de mamona.

Crisóstomo et al., (1975) destacaram o alto grau de heterogeneidade nos plantios da


mamoneira na Bahia, sendo encontrados mais de 90 variedades locais de ―sementes‖ em um
levantamento realizado, o que comprovaram a grande variabilidade existente nos plantios.

Azevedo e Lima (2001) relataram a utilização de ―sementes‖ de variedades locais, pouco


produtivas, de porte alto e ciclo tardio, deiscentes e susceptíveis a pragas e doenças. Destacaram
ainda a indisponibilidade de sementes melhoradas e cultivares comerciais no comércio local. Beltrão et
al., (2004) relataram que um dos grandes problemas na microrregião de Irecê é o fato dos agricultores
não utilizarem sementes certificadas de mamona no plantio, reduzindo a produtividade e qualidade do
produto.

Albuquerque e Freitas (2007) diagnosticaram a ausência de sementes de mamona certificadas


no mercado local e uma diversidade de sistemas produtivos, com sistemas consorciados variados e
não validados pela pesquisa. Destacaram ainda a heterogeneidade dos plantios, tanto em variabilidade
genética quanto na densidade de plantio.

Verificou-se que o consórcio praticado na microrregião de Irecê é feito de forma incorreta


(Figura 4). Entre as principais práticas inadequadas nesse sistema são: uso de espaçamento
inadequado, semeadura fora da época de plantio, sementes de baixa qualidade e plantios feitos sem
respeitar a declividade do terreno. O manejo correto é importante para o sucesso nesse sistema e deve
ser feito de acordo com as recomendações, observando especialmente as datas de plantios e a
distância mínima entre as fileiras. Constatou-se que cada produtor adota o seu próprio sistema de
consorciação, que foi adquirido através da experiência de seus familiares de geração a geração.

O cultivo simultâneo de diferentes espécies em uma mesma área pode contribuir para o
balanceamento da dieta e a economia do produtor (Corrêa et al., 2006). Dentre outros benefícios, o
consórcio pode aumentar a eficiência no uso da terra, aproveitar melhor os fatores abióticos e reduzir o
risco de redução na produção (BEZERRA NETO & ROBICHAUX, 1996).

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1151-1156.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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Em geral, nessa região os produtores permanecem com o mesmo cultivo por períodos de
dois/três anos (Figura 5). Esse sistema aumenta a incidência de pragas e doenças e compromete a
produtividade (Figura 6). Dessa forma, o retorno econômico com esse tipo de manejo é reduzido. A
perda da competitividade do Brasil no mercado mundial de mamona pode ser explicada por diversos
fatores, destacando-se a deficiência do agricultor familiar nordestino em aumentar o nível tecnológico,
que inclui uso de insumos industriais (como fertilizantes) e sementes melhoradas, ou melhorar os
sistemas de preparo do solo, plantio, colheita, beneficiamento dos frutos e armazenamento das
sementes, o que pode ser sanado com o uso de tecnologias e recomendações geradas pela pesquisa
(AZEVEDO e LIMA, 2001).

CONCLUSÕES

O cultivo da mamona na região de Irecê pouco evoluiu nos últimos anos, sendo que os
agricultores continuam produzindo no mesmo sistema tradicional de seus antepassados, apesar dos
grandes avanços nas pesquisas com essa cultura;

O cultivo sustentável da mamona necessita da adoção, por parte dos produtores, de novas
formas de manejo e uso de tecnologias simples como uso de sementes certificadas e adaptadas a
região, uso e manejo dos consórcios de acordo com o recomendado pela pesquisa, etc. Essa região
apresenta condições satisfatórias de clima e solo para o cultivo dessa oleaginosa.

Devido à importância da região e a tradição no plantio da mamoneira, faz-se necessário a


intensificação de ações de difusão de tecnologias para que possa haver um incremento na produção e
na renda dos agricultores. A adoção de novas práticas culturais no cultivo da mamoneira na
microrregião de Irecê - BA implicará em ganhos significativos na produção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, F. A. de e FREITAS, J. G. Cultivo da Mamona: Diagnóstico sobre a Tecnologia de


Cultivo de Mamona na Região de Irecê, BA. Campina Grande - PB, 2007, 17p. (Embrapa Algodão,
Documentos, 185)

AZEVEDO, D. M. P. de e LIMA, E. F. (Ed.) O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília, DF:


Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 350p.

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BELTRÃO, N. E. de M.; ROCHA, P.; MOTA, J. R.; SEVERINO, L. S.; CARDOSO, G. D.; SILVA, G. A.
da; QUEIROZ, U. C. de. Segmentos do agronegócio da mamona. I. Diagnóstico da ricinocultura da
região de Irecê, estado da Bahia. In: I Congresso Brasileiro de Mamona: energia e sustentabilidade, I,
Campina Grande - PB: Anais, CD-Rom, 2004.

BEZERRA NETO, F. e ROBICHAUX, R. H. Spatial arrange ment and density effects on na annual
cotton/cowpea/maize intercrop. I. Agronomic efficiency. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.31, n.10,
p.729-741, 1996.

CORRÊA, M. L. P.; TÁVORA, F. J. A. F. e PITOMBEIRA, J. B. Comportamento de cultivares de


mamona em sistemas de cultivo isolados e consorciados com caupi e sorgo granífero. Revista Ciência
Agronômica, v.37, n.2, p.200-207, 2006.

CRISÓSTOMO, J. R. e SAMPAIO, H. S. de V. Mamona: aspectos importantes para a produção de


sementes selecionadas no Estado da Bahia. Salvador: EMBRAPA - Representação no Estado da
Bahia, 1975. 10 p. (EMBRAPA - Representação do Estado da Bahia, Comunicado Técnico, 13).

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>


Acesso em: 02 dezembro 2009.

MARIA, I. C. de; RAMOS, N. P. Conservação e manejo do solo. In: BELTRÃO, N. E. de M. e


AZEVEDO, D. M. P. de (eds). O agronegócio da mamona no Brasil. Campina Grande, PB – 2. ed.
Revisada e ampliada – Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2007, p. 119-137.

SANTOS, R. F. dos; Kouri, J.; BARROS, M. A. L.; MARQUES, F. M.; FIRMINO, P. de T.; REQUIÃO, L.
E. G. Aspectos econômicos do agronegócio da mamona. In: BELTRÃO, N. E. de M. e AZEVEDO, D. M.
P. de (eds). O agronegócio da mamona no Brasil. Campina Grande, PB – 2. ed. Revisada e
ampliada – Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2007, p. 119-137.

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Figura 1 Figura 2

Figura 3 Figura 4

Figura 5 Figura 6

Fig. 1: Detalhe do terreno preparado com a grade aradora.


Fig. 2: Detalhe da formação de voçorocas provocado pelo manejo inadequado do solo.
Fig. 3: Detalhe da comercialização de ―sementes‖ no mercado local.
Fig. 4: Detalhe do consórcio não recomendado pela pesquisa.
Fig. 5 e 6: Detalhe da baixa produtividade provocado pelo uso de sementes de má qualidade e cultivo por mais de um ano.

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ATRIBUTOS BIOMÉTRICOS DA MAMONA CONDUZIDA EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO E


POPULAÇÃO DE PLANTAS ADENSADA 1

Letícia Trindade Ataíde 1; José Salvador Simoneti Foloni 2; Paulo Henrique Caramori 3
1 Doutoranda em Agronomia/Produção Vegetal, UEL, Londrina-PR, bolsista CAPES; 2 Pesquisador Científico/Fitotecnia,
IAPAR, Londrina-PR, bolsista CNPq; 3 Pesquisador Científico/Agrometeorologia, IAPAR, Londrina-PR, bolsista CNPq. E-
mail: leticia_trindade@yahoo.com.br.

RESUMO – O objetivo do trabalho foi avaliar atributos biométricos da cultivar IAC 2028 conduzida em
espaçamentos de 0,90 e 0,45 m entrelinhas em interação com diferentes populações de plantas. O experimento
foi conduzido na fazenda experimental do Iapar, em Londrina–PR, de dezembro de 2009 a março de 2010, em
Latossolo vermelho distroférrico argiloso. Foi utilizada a cultivar IAC 2028, e os tratos culturais, adubação e
manejo fitossanitário seguiram padrões técnicos vigentes. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso,
com quatro repetições, no esquema de parcelas sub-divididas, com os seguintes tratamentos: espaçamentos
entrelinhas de semeadura de 0,90 e 0,45 m nas parcelas, e quatro densidades populacionais de plantas nas
sub-parcelas de 15.801 ( 435), 27.956 ( 966), 38.713 ( 1338) e 49.679 ( 1034) plantas ha-1. Aos 57 e 85
dias após a emergência das plântulas (DAE), foram realizadas medições de altura do caule, número de nós no
caule e área foliar. O porte das plantas de mamona aumenta em resposta ao adensamento da lavoura, porém,
varia em função do espaçamento entrelinhas e do estádio da cultura. A área foliar por unidade de planta sofre
forte redução com o adensamento da cultura, contudo, o aumento da população de plantas incrementa
expressivamente a quantidade de área foliar por unidade de terreno, independentemente do espaçamento
entrelinhas adotado.

Palavras-chave – Adensamento de plantas, altura de plantas, área foliar, Ricinus communis L.

INTRODUÇÃO

Na instalação de culturas agrícolas, o arranjo espacial e a densidade populacional de plantas


dependem de fatores edafoclimáticos, da cultivar, do manejo fitossanitário, do propósito da lavoura e
do nível tecnológico empregado (Sangoi, 2000). Maria e Ramos (2007) argumentam que a mamona é
classificada entre as espécies que mais expõem o solo à erosão, pois são comuns os espaçamentos
entrelinhas relativamente largos e baixas quantidades de plantas por unidade de área, acarretando em
reduzidos índices de área foliar. Nesse contexto, considera-se fundamental que os avanços

1IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná. Rodovia Celso Garcia Cid, km 375, Caixa Postal 481, Cep 86001-970, Londrina-
PR.

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tecnológicos na cultura da mamona permitam o uso de espaçamentos mais estreitos e o adensamento


na população de plantas.

O objetivo do trabalho foi avaliar atributos biométricos da cultivar IAC 2028 conduzida em
espaçamentos de 0,90 e 0,45 m entrelinhas em interação com diferentes populações de plantas.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na fazenda experimental do Instituto Agronômico do Paraná,


município de Londrina – PR (51o 13' 10" oeste, 23o 17' 08" sul e 560 m de altitude), de dezembro de
2009 a março de 2010, em Latossolo vermelho distroférrico argiloso em área de lavoura consolidada.

Foi utilizada a cultivar IAC 2028, e os tratos culturais, adubação e manejo fitossanitário
empregados na condução das unidades experimentais seguiram as recomendações de Savy Filho
(2005) e Azevedo e Beltrão (2007).

O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com quatro repetições, no


esquema de parcelas sub-divididas, com os seguintes tratamentos: espaçamentos entrelinhas de
semeadura de 0,90 e 0,45 m nas parcelas, e quatro densidades populacionais de plantas nas sub-
parcelas de 15.801 ( 435), 27.956 ( 966), 38.713 ( 1338) e 49.679 ( 1034) plantas ha-1. As
unidades experimentais foram constituídas por 8 linhas de semeadura de 6 m de comprimento para os
tratamentos com espaçamento entrelinhas de 0,90 m, e 12 linhas de semeadura com 6 m de
comprimento para os tratamentos com espaçamento entrelinhas de 0,45 m.

Aos 57 e 85 dias após a emergência das plântulas (DAE), foram realizadas medições
não destrutivas de altura do caule a partir da superfície do solo até a inserção da última folha, número
de nós no caule e área foliar (Severino et al., 2005). Aos 85 DAE fez-se a contagem do número total de
plantas na área útil das unidades experimentais, permitindo calcular o índice de área foliar.

Os resultados foram submetidos à análise de regressão e foram ajustadas equações


significativas pelo teste F (P0,05), que apresentaram os maiores coeficientes de determinação (R2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aos 57 DAE, a altura de plantas e o comprimento de internódios do caule somente


responderam ao aumento da população de plantas na lavoura instalada com espaçamento entrelinhas

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de 0,90 m (Figuras 1-a e 1-b). No espaçamento relativamente mais largo, houve aumento do porte das
plantas e do comprimento dos internódios à medida que a lavoura foi adensada, caracterizando o
estiolamento da cultura. Por outro lado, no espaçamento reduzido de 0,45 m, a melhor distribuição
espacial entre plantas neutralizou o efeito de estiolamento dos caules.

Aos 85 DAE, a altura de plantas não sofreu variação em resposta ao aumento da população de
plantas, para ambos os espaçamentos avaliados de 0,90 e 0,45 m (Figura 1-c). Em contrapartida, o
comprimento de internódios aumentou expressivamente em razão do adensamento da lavoura, tanto
para o espaçamento de 0,90 m como para o reduzido de 0,45 m (Figura 1-d). O aumento do
comprimento de internódios do caule é um indicativo de estiolamento das plantas como resultado do
adensamento da cultura, condizente com a literatura agronômica, contudo, não houve relação com o
tamanho das plantas, caracterizando um contra-senso.

A área foliar por unidade de planta (AF) aos 57 DAE sofreu prejuízo somente no espaçamento
de 0,90 m, em resposta ao aumento da população de plantas (Figura 2-a). Ao contrário do
espaçamento de 0,45 m, em que o adensamento da lavoura não surtiu efeito sobre a AF. A melhor
distribuição espacial de plantas proporcionada pela redução do espaçamento entrelinhas favoreceu o
desenvolvimento foliar da cultura, neutralizando o efeito negativo do adensamento (Figura 2-a).

Por outro lado, aos 85 DAE o adensamento da cultura causou forte declínio na AF, para ambos
os espaçamentos de 0,90 e 0,45 m (Figura 2-c), porém, a partir de 25.000 plantas ha-1 houve
considerável estabilidade na AF até a máxima população estudada da ordem de 50.000 plantas ha-1.
Portanto, a AF variou intensamente em intervalos de populações relativamente mais baixas, e nas
condições de adensamentos relativamente mais elevados a AF manteve-se mais estável,
independentemente dos espaçamentos entrelinhas estudados (Figura 2-c).

Nas figuras 2-b e 2-d observa-se que as quantidades de área foliar por unidade de terreno aos
57 e 85 DAE, respectivamente, denominado de índice de área foliar (IAF), apresentaram expressivos
incrementos em resposta ao aumento da população de plantas, independentemente do espaçamento.
Portanto, corroborando a argumentação de Maria e Ramos (2007), o adensamento de plantas foi eficaz
para elevar o IAF da lavoura de mamona, podendo ser uma estratégia viável para reduzir a erosão do
solo, favorecer o manejo cultural de plantas daninhas, entre outras vantagens.

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CONCLUSÃO

O porte das plantas de mamona aumenta em resposta ao adensamento da lavoura, porém,


varia em função do espaçamento entrelinhas e do estádio da cultura.

A área foliar por unidade de planta sofre forte redução com o adensamento da cultura, contudo,
o aumento da população de plantas incrementa expressivamente a quantidade de área foliar por
unidade de terreno, independentemente do espaçamento entrelinhas adotado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P.de; BELTRÃO, N.E.de M. (Eds.). O agronegócio da mamona no Brasil. (2 Ed.).


Campina Grande: Embrapa Algodão. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2007. 506 p.

MARIA, I.C.de; RAMOS, N.P. Conservação e manejo do solo. In: AZEVEDO, D.M.P.de; BELTRÃO,
N.E.de M. (Eds.). O agronegócio da mamona no Brasil. (2 Ed.). Campina Grande: Embrapa Algodão.
Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2007. p. 97-115.

SANGOI, L.; ENDER, M.; GUIDOLIN, A.F.; BOGO, A.; KOTHE, D.M. Incidência e severidade de
doenças em quatro híbridos de milho cultivados com diferentes densidades de plantas. Ciência Rural,
v. 30, p.17-21, 2000.

SAVY FILHO, A. Mamona: tecnologia agrícola. Campinas, EMOPI, 2005. 105 p.

SEVERINO, L.S.; CARDOSO, G.D.; VALE, L.S.de; SANTOS, J.W.dos. Método para determinação da
área foliar da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 20 p. (Embrapa Algodão. Boletim
de Pesquisa e Desenvolvimento, 55).

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100 8

90
7
80
0,90 m entrelinhas ( □):

Comprimento de internódios (cm)


70 ŷ = 4E-05x + 3,10
6 (R2 = 0,94**)
Altura de plantas (cm)

60
0,90 m entrelinhas ( □):
50 ŷ = 0,0001x + 28,91 5
(R2 = 0,80*)
40

4
30
0,45 m entrelinhas ( ∆):
20 ŷ = 3,90 (ns)
0,45 m entrelinhas ( ∆): 3
ŷ = y = 27,23 (ns)
10

0 2
15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000
(a)
Densidade populacional (plantas ha-1) (b) Densidade populacional (plantas ha-1)

100 8
0,90 m entrelinhas ( □):
ŷ =-8E-10x 2 + 0,0001x + 3,19
90
(R2 = 0,89**)
7
80
Comprimento de internódios (cm)

70 0,90 m entrelinhas ( □):


ŷ = y = 54,25 (ns) 6
Altura de plantas (cm)

60

50 5
0,45 m entrelinhas ( ∆):
40 ŷ =3E-05x + 3,93
0,45 m entrelinhas ( ∆): (R2 = 0,96**)
ŷ = y = 45,81 (ns) 4
30

20
3
10

0 2
15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000
(c) -1
Densidade populacional (plantas ha ) (d) Densidade populacional (plantas ha-1)

Figura 1. Altura de plantas (a) e comprimento de internódios (b) aos 57 DAE, e altura de plantas (c) e comprimento de
internódios (d) aos 85 DAE, da cultivar de mamona IAC 2028 conduzida com espaçamentos entrelinhas de 0,45 e 0,90 m e
diferentes densidades populacionais de plantas. * e ** significativos a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente. ns: não
significativo.

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120 300

110
270
100
240
90

Índice de área foliar (dm2 m-2)


210 0,90 m entrelinhas ( □):
Área foliar (dm 2 planta-1)

80
ŷ = 0,0021x + 42,57
70 180 (R2 = 0,94**)

60 150
0,90 m entrelinhas ( □):
50
ŷ = -0,0005x + 53,51 120
(R2 = 0,81**)
40
90
30
60
20 0,45 m entrelinhas ( ∆):
0,45 m entrelinhas ( ∆): 30 ŷ = 0,0017x + 22,45
10 (R2 = 0,95*)
ŷ = y = 24,80 (ns)
0 0
15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000
(a) Densidade populacional (plantas ha )-1
(b) Densidade populacional (plantas ha-1)

120 300 0,45 m entrelinhas ( ∆):


ŷ = 0,0047x + 57,62
110 (R2 = 0,99**)
270
100
240
90
Índice de área foliar (dm2 m-2)

0,90 m entrelinhas ( □): 210 0,90 m entrelinhas ( □):


Área foliar (dm 2 planta-1)

80
ŷ = 6E-08x 2 - 0,0057x + 188,85 ŷ = 0,0031x + 116,41
70 (R2 = 0,98**) 180 (R2 = 0,97**)

60 150

50
0,45 m entrelinhas ( ∆): 120

40 ŷ = 57,15 * exp (2078,86/(x-12090,43))


(R2 = 0,99**) 90
30
60
20

10 30

0 0
15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000
(c) Densidade populacional (plantas ha-1) (d) Densidade populacional (plantas ha-1)

Figura 2. Área foliar de plantas (a) e índice de área foliar (b) aos 57 DAE, área foliar de plantas (c) e índice de área foliar
(d) aos 85 DAE, da cultivar de mamona IAC 2028 conduzida com espaçamentos entrelinhas de 0,45 e 0,90 m e diferentes
densidades populacionais de plantas. * e ** significativos a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente. ns: não
significativo.

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AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE GIRASSOL NA REGIÃO DO MÉDIO ALTO URUGUAI DO RIO


GRANDE DO SUL, BRASIL

João Paulo Gonsiorkiewicz Rigon1; Maurício Roberto Cherubin1; Silvia Capuani1; Moacir Tuzzin de
Moraes1; Fernando Arnuti1; Arci Dirceu Wastowski1 & Genesio Mário da Rosa1
1Universidade Federal de Santa Maria, campus de Frederico Westphalen – RS; E_mail: jpaulorigon@hotmail.com

RESUMO – A partir da expansão da cultura do girassol no território brasileiro, impulsionada pela


excelente qualidade do óleo produzido, para o consumo humano e produção de biodiesel, busca-se
constantemente cultivares mais produtivas e adaptadas às regiões produtoras. Desta forma, o objetivo
do trabalho foi avaliar o desempenho produtivo de cultivares de girassol em ensaio conduzido na
Região do Médio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul, Brasil. As cultivares utilizadas no ensaio foram:
Olisun 3, Olisun 5, Igrassol Rajado, Igrassol Preto, Charrua, Aguará 3, Aguará 4 e Aguará 6. Sendo
avaliadas às seguintes características agronômicas: altura de inserção do capítulo; diâmetro do colo;
diâmetro do capítulo; número de aquênios por capítulo; peso de aquênios por capítulos; peso de mil
aquênios e produtividade. Utilizou-se o DBC, com quatro repetições. A partir dos resultados, conclui-se
que, a Região do Médio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul, Brasil proporcionou condições
edafoclimáticas favoráveis ao desempenho produtivo das cultivares de girassol, avaliadas na safra
2009/2010. E as cultivares Aguará 4 e Aguará 3 se destacaram das demais, apresentando as melhores
características agronômicas, enfatizando as maiores produtividades, de 2883,8 e 2823,3 kg.ha-1,
respectivamente.
Palavras-chave – Ensaio Regional; Helianthus annuus; Características Agronômicas; Produtividade

INTRODUÇÃO

O cultivo de girassol (Helianthus annuus) torna-se ano a ano, mais atraente para investimentos
dos agricultores, se consolidando como uma realidade promissora em boa parte do território brasileiro
(OLIVEIRA et al., 2008). De acordo com Trzeciak et al., (2007), a ampla distribuição da cultura no Brasil
deve-se às suas características peculiares de rusticidade, tolerância a estresses hídricos e baixas
temperaturas, teor e qualidade de óleo.

A produtividade obtida pelo girassol depende basicamente da interação de dois fatores, a


cultivar e as condições ambientais que o mesmo for submetido (EMBRAPA, 1999a). De acordo com
Castiglione, (1997) esta dependência pode ser minimizada através de estudos locais. Oliveira, (2007),

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1163-1168.
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afirma que é primordial para que se obtenha retornos econômicos a partir da cultura do girassol, a
realização de ensaios e avaliações constantes de genótipos em diferentes locais e ambientes. Dando
subsídios para a escolha de cultivares mais produtivas e adaptadas as condições edafoclimáticas das
distintas regiões produtoras no Brasil.

Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho produtivo de cultivares de


girassol em ensaio conduzido na Região do Médio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul, Brasil.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em área adjacente a Universidade Federal de Santa Maria,


campus de Frederico Westphalen, localizado na Região do Médio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul,
Brasil, na safra 2009/2010. O tipo de solo predominante na região é classificado como Latossolo
Vermelho aluminoférrico típico (EMBRAPA, 1999b) e clima classificado por Koppen, (1948) como
mesotérmico úmido, tipo Cfa. As recomendações de adubação e calagem seguiram os resultados da
análise de solo de acordo com a SBCS, (2004), para expectativa de rendimento de 3 ton.ha-1. Foram
realizadas duas aplicações de 50 kg.ha-1 de nitrogênio em cobertura, aos 30 e 45 dias após
emergência.

No ensaio foram comparadas oito cultivares, sendo estas: Olisun 3, Olisun 5, Igrassol Rajado,
Igrassol Preto, Charrua, Aguará 3, Aguará 4 e Aguará 6. O delineamento experimental utilizado foi o de
blocos ao acaso, com quatro repetições. A semeadura foi realizada no dia primeiro de outubro, em
parcelas (5 x 4,9 m) com oito linhas de cultivo espaçadas a 70 cm, visando a população final de 45 mil
plantas.ha-1. Os dados meteorológicos foram obtidos através da Estação Meteorológica de Frederico
Westphalen – RS, localizada adjacente ao experimento, cuja localização é latitude 27°39‘56‖ S,
longitude: 53°42‘94‖ W.

As características agronômicas avaliados foram: a) Altura de inserção do capítulo (ICAP):


foram mensuradas 20% das plantas da área útil da parcela, medidas na floração plena (R5)
(CASTIGLIONI, 1997); b) Diâmetro do capítulo (DCAP): obtido através da mensuração de 20% das
plantas na área útil da parcela, avaliadas no ponto de maturação fisiológica, seguindo qualquer
ondulação do capítulo (CASTIGLIONI, 1997); c) Diâmetro do colo (DCOL): foram medidos em 20% das
plantas na área útil da parcela, quando as plantas apresentavam-se em estádio R5, a 5 cm do nível do
solo (CASTIGLIONI, 1997); d) Número de aquênios por capítulo (NAQUE): média da contagem dos
aquênios presentes em cinco capítulos por repetição; e) Peso de aquênios por capítulo (PAQUE):

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média da pesagem dos aquênios presentes em cinco capítulos por repetição; f) Peso de mil aquênios
(P1000): obtido através da pesagem de oito repetições de 100 aquênios e extrapolado para peso de mil
aquênios; g) Produtividade (PROD): foi obtida através da trilha dos capítulos existentes na área útil, e
extrapolada para kg.ha-1, ajustando a 13% de umidade. Os dados foram submetidos à análise da
variância e as médias comparadas pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro, utilizando o
software estatístico Statistical Analysis System (SAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 são apresentados os resultados referentes às características agronômicas


avaliadas nas oito cultivares de girassol conduzidas em ensaio na Região do Médio Alto Uruguai do Rio
Grande do Sul, Brasil. Quanto a característica ICAP, a cultivar Aguará 6 apresentou o maior valor (1,49
m) não diferindo das cultivares Olisun 5 (1,34 m), Igrassol Rajado (1,28 m) e Aguará 4 (1,28 m). Por
outro lado, a cultivar Igrassol Preto (1,17 m) apresentou a ICAP mais baixa, diferindo apenas da cultivar
Aguará 6. Na característica de DCOL, verificou-se que a cultivar Igrassol Preto, com 31,57 mm,
apresentou o maior DCOL, diferindo estatisticamente das demais cultivares avaliadas.

Para DCAP, não houve diferença significativa entre as cultivares, obtendo DCAP médio de
20,05 cm. Valentini et al., (2008), em ensaio de 22 genótipos no Oeste de Santa Catarina, também não
verificou diferença no DCAP, obtendo média semelhante, 19,8 cm. Os resultados referentes ao NAQUE
demonstraram a provável correlação existente entre DCAP e NAQUE, onde semelhante ao anterior, as
cultivares também não apresentaram diferença significativa, obtendo o NAQUE médio de 1347
unidades. Quanto ao P1000, a média das cultivares foi de 60,78 g, não havendo diferença significativa
entre as cultivares.

Quanto à PROD, a média obtida no ensaio das oito cultivares foi de 2408 kg.ha-1, superando a
previsão da produtividade nacional para a safra 2010, que se configura em 1427 kg.ha -1 (CONAB,
2010). Dentre as cultivares houve diferença estatística significativa, evidenciando as cultivares Aguará
4 e Aguará 3 como as mais produtivas, com 2883,8 e 2823,3 kg.ha-1, respectivamente. Estes dados
demonstram provável correlação direta entre PROD e PAQUE, uma vez que estas cultivares
apresentaram também os maiores valores de PAQUE, 101,1 g e 94,45 g, respectivamente. Os
resultados de PROD destas duas cultivares, concordam com os obtidos por Neves et al., (2008) e
Balbinot Jr. et al., (2009) em ensaios realizados em Pelotas e no Planalto Norte Catarinense.

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As cultivares Igrassol Preto com 2511,6 kg.ha-1, Igrassol Rajado com 2469,1 kg.ha-1 e Aguará
6 com 2456,4 kg.ha-1 apresentaram produtividades intermediárias, não diferindo das duas mais
produtivas. Por outro lado, a cultivar Olisun 5, apresentou à menor PROD (1755 kg.ha-1) seguida pela
Charrua e Olisun 3, respectivamente. Dentre os fatores responsáveis pelas PROD satisfatórias das
cultivares avaliadas no ensaio regional, destaca-se a distribuição da precipitação (aproximadamente
800 mm) no decorrer do ciclo, atendendo adequadamente as exigências da cultura, especialmente nos
períodos críticos de florescimento e enchimento de grão.

CONCLUSÃO

A Região do Médio Alto Uruguai do Rio Grande do Sul, Brasil proporcionou condições
edafoclimáticas favoráveis ao desempenho produtivo das cultivares de girassol, avaliadas na safra
2009/2010.

As cultivares Aguará 4 e Aguará 3 se destacaram das demais, apresentando em geral, as


melhores características agronômicas, enfatizando as maiores produtividades, de 2883,8 kg.ha-1 e
2823,3 kg.ha-1, respectivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1. Características agronômicas de cultivares de girassol conduzidas em ensaio na Região do Médio Alto Uruguai do
Rio Grande do Sul, Brasil na safra 2009/2010 (Frederico Westphalen - RS, Brasil, 2010).

Cultivares ICAP DCOL DCAP NAQUE PAQUE P1000 PROD


--- m --- --- mm --- --- cm --- --- unid --- -------- g ------- --- kg.ha-1 ---
Olisun 3 1,21 b* 26,99 b 20,75 a 1295,3 a 76,80 bcd 60,28 a 2295,6 b
Olisun 5 1,34 ab 23,02 b 19,50 a 1108,5 a 58,71 d 56,57 a 1755,0 c
Igrassol Rajado 1,28 ab 23,96 b 20,53 a 1386,0 a 82,60 abc 59,50 a 2469,1 ab
Aguará 3 1,21 b 27,02 b 19,93 a 1464,9 a 94,45 ab 64,69 a 2823,2 a
Aguará 4 1,28 ab 23,83 b 18,94 a 1511,3 a 101,10 a 66,73 a 2883,8 a
Charrua 1,21 b 26,95 b 20,72 a 1170,7 a 69,23 cd 61,01 a 2070,0 bc
Igrassol Preto 1,17 b 31,57 a 20,20 a 1507,8 a 84,07 abc 55,81 a 2511,6 ab
Aguará 6 1,49 a 25,35 b 19,81 a 1331,5 a 82,12 abc 61,69 a 2456,4 ab
MG 1,27 26,08 20,05 1347,0 81,14 60,78 2408,10
CV% 11,31 9,38 8,79 16,37 12,39 15,93 10,44
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste Duncan (p < 0,05). Onde:
ICAP: altura de inserção do capítulo; DCOL: diâmetro do colo da planta; DCAP: diâmetro do capítulo; NAQUE: número de
aquênios por capítulo; PAQUE: peso dos aquênios por capítulo; P1000: peso de mil aquênios; e PROD: produtividade.

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AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DA CULTIVAR BRS ENERGIA NA REGIÃO DE IRECÊ-BA

Jalmi Guedes Freitas1, José Carlos Aguiar da Silva1 Jocelmo Ribeiro Mota¹, Gilvando Almeida da Silva¹
1 Embrapa Algodão: Rua Oswaldo Cruz, 1142, Centenário, Campina Grande-PB jalmi@cnpa.embrapa.br,
aguiar@cnpa.embrapa.br

RESUMO - A mamoneira é uma planta morfofisiologicamente complexa, com grandes variações em


seu porte e em outros caracteres. Apresenta crescimento indeterminado e bastante influenciado pelo
ambiente. Objetivou-se com este trabalho acompanhar e avaliar o crescimento da altura de plantas de
mamona da cultivar de porte baixo ―BRS Energia‖ em uma Unidade de Teste e Demonstração instalada
no Centro Territorial de Educação Profissional de Irecê (CTEP) em maio de 2008. A Unidade
Demonstrativa constou de 100 linhas de 25 plantas totalizando uma área de 2500m², na densidade de
plantio de 1,0m x 1,0m, sob irrigação por aspersão. Durante o desenvolvimento da mamona, foi
realizado um acompanhamento com duas coletas de dados semanais da altura das plantas até os 100
dias após a germinação. Foram escolhidas aleatoriamente três fileiras e em cada linha realizada a
leitura da altura de planta em sete plantas centrais durante 100 dias, com o auxílio de uma régua.
Observou-se que a cultivar BRS Energia apresentou maior crescimento vegetativo em detrimento ao
produtivo e; existe a necessidade de outras pesquisas relacionadas a arranjos produtivos sob irrigação
para as condições edafoclimáticas da microrregião de Irecê.

Palavras-chave - Ricinus communis, crescimento e desenvolvimento.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) apresenta crescimento do tipo indeterminado e é bastante


influenciada pelo ambiente, principalmente quando existe disponibilidade de água, nutrientes e
luminosidade. A haste principal cresce verticalmente, sem ramificação, até o surgimento da primeira
inflorescência (Beltrão et al., 2009 e 2007). A semelhança da haste principal, todos os racemos de 2ª,
3ª e 4ª ordens apresentam crescimento limitado, terminando sempre em um racemo, formando uma
estrutura simpodial (MAZZANI, 1983).

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O porte dessa espécie apresenta grande variação, sendo uma planta perene quando as
condições do ambiente permitem (Weiss, 1983). Gonçalves et al., (1981) classificaram a mamoneira
com relação ao porte em anão (altura da planta inferior a 1,80m); médio (altura de 1,80m a 2,50m) e
alto (altura de 2,5m a 5,00m).

O crescimento da planta como um todo, em termos de aumento de volume, de peso, de


dimensões lineares e de unidades estruturais, é função do que a planta armazena e do que a planta
produz em termos de material estrutural (NÓBREGA et al., 2001).

Este trabalho teve como objetivo acompanhar e avaliar o crescimento da altura de plantas de
mamona da cultivar de porte baixo ―BRS Energia‖ em uma Unidade Demonstrativa instalada no Centro
Territorial de Educação Profissional de Irecê (CTEP) em 2008.

METODOLOGIA

Foi instalada no Centro Territorial de Educação Profissional de Irecê (CTEP), em maio de 2008,
uma Unidade de Teste e Demonstração (UTD) com a Cultivar de porte baixo ―BRS Energia‖ na
densidade de plantio de 1,0m x 1,0m, sob irrigação por aspersão.

A Unidade Demonstrativa constou de 100 linhas de 25 plantas totalizando uma área de


2500m². Durante o desenvolvimento da mamona, foi realizado um acompanhamento com duas coletas
de dados semanais da altura das plantas até os 100 dias após a germinação. Considerou-se a altura
da planta a distância compreendida entre a superfície do solo e a extremidade apical mais alta da haste
principal (Amorim Neto et al., 2001). Para isso, foram escolhidas aleatoriamente três fileiras e em cada
linha realizada a leitura da altura de planta em sete plantas centrais durante 100 dias com o auxílio de
uma régua. No Gráfico 1, consta o crescimento médio da cultivar BRS Energia ao longo de 100 dias.

A coleta dos dados referentes aos caracteres altura de planta (cm), altura do 1º racemo (cm),
tamanho do racemo principal (cm), diâmetro do caule (mm) e número de racemos/planta foi realizada
no final do ciclo da cultura antes da colheita e constou da análise de 5 fileiras escolhidas ao acaso e
coletados os dados de 10 plantas sequenciais na parte central da fileira. Para a produtividade
considerou-se a produção de toda área da Unidade Demonstrativa.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que a cultivar BRS Energia apresentou um crescimento constante e lento nos 50
dias iniciais após a germinação. Aos 52 dias após a emergência, as plantas apresentaram uma altura
média de 59,61cm que equivale ao um crescimento médio diário de 1,15cm. Esse crescimento lento
está de acordo com o observado por outros autores como Cartaxo et al., 2004, Beltrão et al., 2007 e
205.

Verificou-se que a altura final das plantas foi superior a 2,0m de altura. Apesar da cultivar BRS
Energia ser de porte baixo seu comportamento nesse cultivo é classificado como sendo de porte médio
a alto.

Segundo Weiss (1983), sabe-se que variedades de qualquer espécie vegetal podem responder
de forma diferente em crescimento e produção a determinado nível de nutrição, de forma que plantas
selecionadas para crescer em determinado nível de nutriente foram adaptadas para produzir o máximo
naquele nível. É por isso que raramente a mamoneira é cultivada em solos muito férteis, pois nessas
condições ela tende a produzir grande massa vegetativa em detrimento da produção de sementes.

Solos com fertilidade elevada favorecem o crescimento vegetativo excessivo, prolongando o


período de maturidade e expandindo consideravelmente o período de floração (AZEVEDO et al., 1997;
HEMERLY, 1981).

Segundo Ferreira et al., (2004) solos muito férteis ou fortemente adubados tendem a provocar
crescimento exuberante nas plantas, retardam o florescimento, provocam o acamamento das plantas,
reduzem a eficiência ou impedem a mecanização da lavoura, podendo reduzir a produtividade final.

Constatou-se que as plantas apresentaram grande crescimento vegetativo que não refletiu em
aumento de produção (Tabela 1). Estes resultados estão de acordo com os encontrados pelos autores
acima.

CONCLUSÕES

Observou-se que a cultivar BRS Energia apresentou maior crescimento vegetativo em


detrimento ao produtivo, e;

Existe a necessidade de outras pesquisas relacionadas a arranjos produtivos sob irrigação


paras as condições edafoclimáticas da microrregião de Irecê.

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Gráfico 1: Avaliação do crescimento da cultivar BRS Energia cultivada no espaçamento 1,0m x 1,0m em Irecê -
BA em 2008, sob irrigação por aspersão.
250

200
Altura das plantas (cm)

150

Crescimento Bloco 1
100
Crescimento Bloco 2

Crescimento Bloco 3
50
Crescimento Médio

0
Dias após a emergência
0 3 7 10 14 17 21 24 28 31 35 38 42 45 49 52 56 59 63 66 71 74 80 84 87 90 93 96

Gráfico 1 – Avaliação do crescimento da cultivar BRS Energia cultivada no espaçamento 1,0m x 1,0m em Irecê-BA, em 2008, sob irrigação por aspersão

Tabela 1 – Médias de 50 plantas referentes aos caracteres altura de planta (cm), altura do 1º racemo (cm), tamanho do 1º racemo (cm), diâmetro do caule (mm), número de
racemos/planta e produtividade (kg/ha) referentes a cultivar BRS Energia cultivada no espaçamento 1,0m x 1,0m em Irecê - BA em 2008, sob irrigação por aspersão.

Altura de Altura do 1º Tamanho do Diâmetro do Número de


Variável Produtividade
planta Racemo Racemo Caule Racemos

Média 246,70 105,00 77,80 35,29 7,84 1.304,25

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AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DE ACESSOS DE MUDAS DE PINHÃO MANSO1

Rosiane de Lourdes Silva de Lima1; Genelicio Souza Carvalho Júnior 2; Dalva Maria Almeida Silva3;
Valdinei Sofiatti4; Ricardo Gadelha3; Hans Raj Gheyi5; Nair Helena Castro Arriel4; Napoleão Esberard
de Macêdo Beltrão4
1Pesquisadora, Bolsista DCR pelo CNPq-FAPESQ/PB. Endereço: Rua Treze de Maio, 21, AP-202, Centro Campina Grande,
PB. E-mail: limarosiane@yahoo.com.br; 2Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba
(UEPB). Bolsista do CNPq e Estagiário da Embrapa Algodão, Campina Grande, PB. E-mail: geneliciojunior@hotmail.com;
3Graduando em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba, CCA, Areia – PB. Bolsista da Embrapa Algodão. E-mail:

ricardogadelha@hotmail.com; 4Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa Algodão. E-mail: nair@cnpa.embrpa.br;


napoleão@cnpa.embrapa.br; 5Professor Visitante, UFRB. E-mail: hans@deag.ufcg.edu.br

RESUMO – O pinhão manso é uma oleaginosa perene, resistente a seca e exigente em fertilidade do
solo. Sua exploração racional depende da domesticação dos diferentes acessos utilizados nas
diferentes regiões do país e do mundo. Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o crescimento
inicial de mudas de dois acessos de pinhão manso (El Salvador e Itaporanga), empregando a técnica
da análise de crescimento. O ensaio foi conduzido em condições de casa-de-vegetação da Embrapa
Algodão por um período de 90 dias. Adotou-se delineamento inteiramente casualizado com 8
repetições e 1 planta por parcela. Os tratamentos se constituíram de uma combinação fatorial formada
por dois acessos de pinhão manso (El Salvador e Itaporanga) e seis épocas de avaliação das mudas
(15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias após a emergência). Foram feitas medições de altura de planta, número
de folhas, área foliar e massa seca da parte aérea e do sistema radicular a partir de 15 dias após a
emergência, com intervalos quinzenais, por um período de 90 dias. Os resultados indicaram que o
crescimento de mudas de pinhão manso dos acessos Itaporanga e El Salvador é bastante uniforme. O
transplantio de mudas de pinhão manso deve ser efetuado entre 50 e 60 dias após a emergência, pois
após este período o crescimento é diminuído em sacolas de polietileno.
Palavras-chave: Jatropha curcas, propagação, análise de crescimento.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas) é uma espécie oleaginosa originária provavelmente da


América Central ou do Sul (HELLER, 1996) que tem despertado o interesse de pesquisadores e
produtores por concentrar em suas sementes 30 a 50% de óleo (NOOR CAMELLIA et al., 2009). Sua
propagação pode ser feita por sementes ou mudas, sendo a segunda opção adotada com maior
freqüência (SEVERINO et al., 2007). Sua rusticidade e tolerância às condições adversas de clima e

1Trabalho financiado pelo convênio Fapesq/PB/CNPq

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solo fazem desta oleaginosa uma excelente opção para a região semi-árida (ARRUDA et al., 2004).
Contudo, de acordo com Maes et al. (2009), esta oleaginosa requer suprimento hídrico adequado e
solos livres de sais para a obtenção de alta produtividade.

Apesar da inexistência de cultivares definidas, diversos acessos de pinhão manso têm sido
cultivados no Brasil e no mundo. Contudo, há poucos estudos sobre o crescimento e desenvolvimento
de plantas dos diferentes acessos. Assim, trabalhos de pesquisa que visem à caracterização das
diferentes fases de crescimento da planta poderão contribuir para o melhor conhecimento desta
oleaginosa.

De acordo com Sharma et al. (1993) a análise de crescimento é uma ferramenta que produz
conhecimentos de valor prático e informações exatas, referentes ao crescimento e comportamento dos
genótipos, que podem ser utilizadas pelos produtores, de modo que, os permitam escolher a cultivar
que melhor se adapte a cada região.

Neste contexto, este trabalho objetivou avaliar o crescimento inicial de mudas de dois acessos
de pinhão manso, empregando a técnica da análise de crescimento.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em ambiente protegido (casa de vegetação), na Embrapa Algodão,


no período de abril a setembro de 2009, Campina Grande, PB. Adotou-se delineamento inteiramente
casualizado com 4 repetições e 12 tratamentos distribuídos em esquema fatorial 6 x 2, sendo os
fatores seis épocas de avaliação (15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias após a emergência.) e 2 acessos de
pinhão manso (Itaporanga e El Salvador). A unidade experimental foi composta por 5 plantas.

Utilizou-se como substrato uma mistura de terra e esterco bovino na proporção de 2:1. O
esterco utilizado continha em sua composição química 7,8 g de N, 8,7 g de P, 3,3 g de K, 3,1 g de Ca e
1,8 g de Mg, respectivamente. O substrato foi homogeneizado uniformemente e acondicionado em
sacolas de polietileno medindo 17 cm de largura x 28 cm de comprimento, onde se semearam três
sementes dos acessos Itaporanga e El Salvador, fazendo-se desbaste logo após a emergência. As
mudas foram irrigadas diariamente com 150 mL de água e mantidas livres da competição de plantas
daninhas. Não houve ataque de pragas ou doenças que exigissem controle químico. Aos 15, 30, 45,
60, 75 e 90 dias após a emergência (DAP), determinou-se a altura da planta, área foliar, número de
folhas, sendo que na última avaliação determinaram-se também a massa seca da parte aérea e massa

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seca das raízes. A área foliar foi estimada pela equação Área = L 1,87 sugerida por Severino et al. (2007
b) na qual L = largura da nervura principal da folha. Para a obtenção da massa seca, o material vegetal
foi secado em estufa com circulação de ar a temperatura 65° C, até o material atingir massa
constante.

Os dados foram submetidos a análise descritiva sendo apresentados em gráficos com as


médias dos tratamentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a Figura 1A, observa-se grandes variações no crescimento em altura entre os
acessos Itaporanga e El Savador em função da época de avaliação. Embora em plantas adultas o
crescimento do acesso Itaporanga, foi maior do que o aceso El Salvador, quando as plantas se
encontravam no estádio de mudas (até 30 DAE) o crescimento em altura dos dois acessos foi
semelhante. Observa-se que a altura das mudas começou a se estabilizar a partir dos 60 dias após a
emergência. Isso sugere que para o plantio no campo é necessário que a muda permaneça no viveiro
por pelo menos 50 dias. Resultados similares foram constatados por Cardoso et al. (2006) para
genótipos de mamoneira, os quais verificaram que o crescimento se torna mais lento a partir deste
período. Para o pinhão manso, em plantas cultivadas em condições de campo, Albuquerque et al.
(2009) constataram que o crescimento em altura é muito intenso até os 90 dias, se tornando mais lento
posteriormente. Além disso, os autores constataram que dentro de uma mesma população de pinhão
manso existe uma grande variabilidade encontrando-se indivíduos bastantes desuniformes, fato este
que não foi observado para as mudas.

Quanto ao número de folhas (Figura 1B) observa-se que ambos os acessos apresentaram a
mesma tendência, nas diferentes épocas de avaliação. Para o acesso El Salvador, o maior número de
folhas foi constatado entre 25 e 30 dias após a emergência das mudas. Por outro lado, para o acesso
Itaporanga, o maior número de folhas ocorreu aproximadamente aos 80 dias após a emergência. Este
fato demonstra a existência de diferenças marcantes entre os acessos de pinhão manso que para a
produção de mudas é importante identificar em que período as mudas encontram-se aptas para serem
levadas ao campo.

Para a variável área foliar (Figura 1C) observam-se comportamento similar ao longo das
épocas de avaliação para ambos os acessos. De forma geral, detectou-se que o maior índice de área
foliar ocorre entre os 70 e 80 dias após a emergência e que após este período, para ambos os

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acessos, ocorreu uma pequena redução da área foliar, devido provavelmente a senescência de
algumas folhas. Conforme constatado para a variável número de folhas, o crescimento de mudas de
pinhão manso em área foliar é pleno aos 80 dias após a emergência. Resultados similares foram
constatados por Cardoso et al. (2006) os quais comentam que para a mamoneira o crescimento inicial
é muito rápido e que posteriormente ocorre uma diminuição tendendo a estabilidade. Segundo Souza &
Silva (1992) a área foliar da planta segue um comportamento semelhante ao da altura da planta,
concordando com os dados aqui obtidos. Para Severino et al. (2005) a área foliar se relaciona
diretamente com a capacidade fotossintética de interceptação da luz, interfere na cobertura do solo, na
competição com outras plantas e em várias outras características.

A massa seca de caule, Figura 1D, apresentou crescimento linear, acompanhando a massa
seca da parte aérea e das raízes. Para ambos os acessos de pinhão manso, o crescimento foi intenso
em todas as épocas de avaliação, embora para o acesso El Salvador tenha-se observado uma
pequena diminuição aos 80 dias após a emergência.

A massa seca da parte aérea e do sistema radicular das mudas de ambos os acessos de
pinhão manso (Figura 2 A e B) apresentaram comportamento similar, com maior acúmulo registrado
aos 100 dias após a emergência.

CONCLUSÕES

O crescimento de mudas de pinhão manso dos acessos Itaporanga e El Salvador é


semelhante.

O transplantio de mudas de pinhão manso deve ser efetuado entre 50 e 60 dias após a
emergência, pois após este período o crescimento é diminuído em sacolas de polietileno.

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A B

25 10

8
20

Número de folhas
6
Altura (cm)

15

4
10

2 ELS
Itaporanga
5 ELS
Itaporanga
0
0 20 40 60 80 100
0
Dias
0 20 40 60 80 100

Dias

C D

800 12

10
Massa seca de caule (g)

600
Área foliar (cm /planta)

8
2

6
400

200
2 ELS
ELS Itaporanga
Itaporanga
0
0 0 20 40 60 80 100
0 20 40 60 80 100
Dias
Dias

Figura 1. Evolução do Crescimento de acessos em altura (cm), número de folhas, área foliar (cm 2) e massa seca de caule
(g) de mudas de pinhão manso (Itaporanga e El Salvador) cultivadas em sacolas de polietileno.

A B

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16 4

14
Massa seca da Parte aérea

12 3

Massa seca de raíz (g)


10

8 2

4 1
ELS ELS
2 Itaporanga Itaporanga

0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100

Dias Dias

Figura 2. Evolução do Crescimento de acessos de pinhão manso massa seca da parte aérea e do sistema radicular (g) de
mudas de pinhão manso (Itaporanga e El Salvador) cultivadas em sacolas de polietileno.

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AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DE GIRASSOL NO SEMIÁRIDO SOB DIFERENTES


DENSIDADES DE PLANTAS

Gerckson Maciel Rodrigues Alves1; Ivomberg Dourado Magalhães2; Francisco Edinaldo da Costa2;
Silvio Dantas da Silva2; Antonio Ewerton da Silva Almeida2; Cláudio Silva Soares3
1 Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. CEP: 58884-000, Catolé do

Rocha-PB. gekson_pb@hotmail.com ; 2 Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da


UEPB, CEP: 58884-000. Catolé do Rocha-PB, Bolsistas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq/UEPB. ; 3 Prof. Dr.
Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Campus II da UEPB. Lagoa Seca-PB. E-mail:
claudio.uepb@yahoo.com.br

RESUMO – O girassol apresenta características importantes como maior resistência à seca, ao frio e
ao calor, em relação à maioria das espécies normalmente cultivadas no Brasil. É a quinta oleaginosa
em produção de grãos e a quarta em produção de óleo no mundo, ficando atrás apenas do dendê,
soja, e canola. O objetivo foi avaliar o crescimento do girassol cultivado sob diferentes densidades de
plantio nas condições de semiárido paraibano. O experimento foi realizado no período de outubro de
2009 a janeiro de 2010, com o genótipo Agrobel 960. O delineamento experimental adotado foi de
blocos casualizados, com os tratamentos representados por cinco densidades de plantio, sendo
T1=66.666 (0,5x0,3m), T2=55.555 (0,6x0,3m), T3=47.619 (0,7x0,3m), T4=41.666 (0,8x0,3m),
T5=37.037 (0,9x0,3m), e quatro (4) repetições.As variáveis estudas foram altura da planta,numero de
folhas, diâmetro do caule. Concluiu-se que os tratamentos não influenciaram a altura da planta e
numero de folhas, o diâmetro do caule apresentou os melhores resultados quando foi usada a
densidade de 66.666 plantas ha-1.

Palavras-chave – Helianthus annuus, espaçamentos, Agrobel 960

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) apresenta características importantes, como maior


resistência à seca, ao frio e ao calor, em relação à maioria das espécies normalmente cultivadas no
Brasil (Leite, 2005) e se adapta a diferentes condições de solos e climas, podendo ser cultivado
durante todo o ano, desde que haja disponibilidade hídrica. A planta de girassol apresenta porte alto,

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raízes de sistema radicular pivotante e bastante ramificado, mas com baixa capacidade de penetração
profunda e uma grande diversificação de características fenotípicas. Quanto à altura, são observadas
variações de 0,5 a 4,0 m (Castiglioni et al.,1994). A grande importância da cultura do girassol no mundo
se deve à excelente qualidade do óleo comestível que se extrai de seus aquênios e o aproveitamento
dos subprodutos da extração como tortas e/ou farinhas para rações animais. Devido a essas
particularidades e à crescente demanda do setor industrial e comercial, a cultura do girassol está se
tornando importante alternativa econômica no sistema de rotação, consórcio e sucessão de culturas
nas regiões produtoras de grãos (Backes, 2008). Girassol é uma das oleaginosas que compõe o
programa do biodiesel brasileiro, além de apresentar-se como produtora de óleo de excelente
qualidade, vem sendo utilizada na formação de silagem, para alimentação animal com elevado teor
protéico, superando inclusive a do milho e a do sorgo, sendo uma boa alternativa para o sistema de
rotação de culturas (Oliveira et al., 2004). Dessa forma, torna-se de fundamental importância a
experimentação dessa cultura em suas diferentes formas de cultivo, principalmente nas diversas
regiões desse país. Assim teve-se como objetivo, avaliar o desenvolvimento do Genótipo do girassol
AGROBEL 960 sob diferentes densidades nas condições de Catolé do Rocha-PB.

METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido no setor de oleaginosas do Campus IV da Universidade


Estadual da Paraíba - UEPB, localizado Município de Catolé do Rocha - PB. Este município está
inserido no alto sertão paraibano, sob as coordenadas de 6º20`38``S e 37º44`48``O, com altitude de
272 m do nível do mar. O clima, de acordo com a classificação de koppen, é do tipo BSWh`, ou seja,
quente e seco do tipo estepe, com temperatura média mensal a 18 ºC durante todo ano. O experimento
foi realizado no período de outubro de 2009 a janeiro de 2010, utilizado na semeadura o genótipo de
girassol ―AGROBEL 960‖. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com os
tratamentos representados por cinco densidades de plantio de acordo com os espaçamentos
propostos, sendo o número de plantas adotados como T1=66.666 (0,5x0,3m), T2=55.555 (0,6x0,3m),
T3=47.619 (0,7x0,3m), T4=41.666 (0,8x0,3m), T5=37.037 (0,9x0,3m), com quatro (4) repetições. Após
a emergência das plântulas foram efetuados os desbastes para permanência das densidades
anteriormente propostas. Para se evitar o efeito de plantas daninhas sobre o desenvolvimento da
cultura do girassol, foram realizadas duas capinas manual, aos 20 e 40 dias após a emergência das
plântulas. A irrigação foi realizada de forma a suprir as necessidades hídricas da cultura por meio de
aspersão, levando-se em conta a observações de evaporação registradas no tanque classe A. Não foi

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realizada nenhuma aplicação de fungicida, bem como uso da adubação química ou orgânica, pois se
optou isolar o efeito das densidades de plantio da cultura. As características avaliadas foram realizadas
com a utilização de dez plantas selecionadas na área útil de cada parcela para determinação da altura
de plantas (AP), diâmetro do caule (DC), número de folhas (NF) e área foliar (AF). Para determinação
do diâmetro do caule foi utilizado um paquímetro, e para a variável altura da planta e área foliar foi
utilizada uma régua de 50 cm de comprimento, para cada variável foram feitas coletas aos 80 dias
após a emergência da plântula. Para se obter a área foliar utilizou-se a fórmula: comprimento x largura
da folha X 0,7.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com análise de variância (Tabela 1) verifica-se que as diferentes densidades de


plantio do girassol não exerceram diferenças sobre a altura da planta, número de folhas e área foliar.

Na altura da planta foram encontrados resultados superiores aos observados por Silva (2009),
quando estudou os efeitos do espaçamento entre linhas nos caracteres agronômicos de três híbridos
de girassol cultivados na safrinha, pois o mesmo autor obteve o maior porte de plantas com os híbridos
BRHS 5 (95 cm) e o Hélio 251 (96 cm) no espaçamento de 40 cm entre linhas, ou seja, população
estável de 45.000 plantas ha-1. O autor obteve o menor porte da planta com o hibrido Agrobel 960 (86
cm), o qual associa tal fato devido ao ciclo mais precoce deste híbrido, conferindo menor período de
desenvolvimento das plantas.

Com relação ao número de folhas, foram encontrados resultados inferiores àqueles observados
por Bruginski et al. (2002), quando avaliaram a cobertura nitrogenada em girassol sob plantio direto na
palha, pois os autores obtiveram uma média de 39,3 folhas por planta de girassol.

Quanto ao diâmetro do caule (Figura 1), observou-se um efeito quadrático das diferentes
densidades de plantio, porém com poucas diferenças entre esses tratamentos (Figura 1). Apesar deste
fato, os resultados encontrados foram superiores aos de Biscaro (2008) que obteve uma média de 18,4
mm ao estudar a adubação nitrogenada em cobertura no girassol irrigado nas condições de
Cassilândia-MS. Por outro lado, Silva et al. (2009) não verificou diferenças no diâmetro do girassol
quando o mesmo foi submetido ao plantio em diferentes espaçamentos.

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O diâmetro do caule é uma característica muito importante no girassol, pois seu bom
desenvolvimento permite que ocorra menos acamamento da cultura, facilitando seu manejo, tratos e
colheita.

CONCLUSÃO

As diferentes densidades de plantio do girassol influenciaram seu diâmetro caulinar, mas não o
número de folhas e altura das plantas nas condições de cultivo a que foram submetidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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integral e desengordurardo de quatro cultivares de girassol Helianthus annuus L. ensilados com
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safrinha. Pesquisa Agropecuária Tropical v. 39, n. 2, p. 105-110, abr./jun. 2009.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância para a altura da planta (AP), número de folhas (NF) e área foliar (AF) de plantas
de girassol cultivadas em diferentes densidades. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Quadrados Médios
Fontes de Variação GL AP NF AF
Tratamento 4 319,618000NS 20,723750 NS 1526927,8 NS
Bloco 15 1466,076500 37,410000 4733656.67
CV (%) 26,06 19,50 26,66
Tratamentos Medias observada
66.666 147, 75000 24,45 4490.54
55.555 147, 40000 28,30 4559.87
47.619 149, 22500 30,75 5723.03
41.666 167, 05000 28,12 4940.95
37.037 160, 05000 27.12 5771.06
Ns : não significativo pelo teste F a 5% de probabilidade.

30
Diâmetro do caule (mm)

25
20
15
10
5 y = 0,2193x2 - 1,3287x + 24,71
0 R² = 0,05
66666 55555 47619 41666 37037

Densidade de plantio (plantas/ha)

Figura 1. Diâmetro do caule das plantas de girassol cultivadas sob diferentes densidades de plantio. Catolé do Rocha-
PB, 2010.

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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO PRODUTIVO DE CULTIVARES DE GIRASSOL NA REGIÃO DAS


MISSÕES DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL, NA SAFRA 2009/2010

João Paulo Gonsiorkiewicz Rigon1; Maurício Roberto Cherubin1; Silvia Capuani1; Moacir Tuzzin de
Moraes1; Arci Dirceu Wastowski1 e Genesio Mário da Rosa1
1Universidade Federal de Santa Maria, campus de Frederico Westphalen – RS; E_mail: jpaulorigon@hotmail.com

RESUMO – O aumento do interesse pelo cultivo de girassol no Brasil, impulsionado pela consolidação
do biodiesel mercado, intensifica a busca por cultivares mais produtivas e adaptadas às regiões
produtoras. Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho produtivo de oito cultivares
de girassol na Região das Missões do Rio Grande do Sul, Brasil, na safra 2009/2010. As cultivares
foram: Olisun 3, Olisun 5, Igrassol Rajado, Igrassol Preto, Charrua, Aguará 3, Aguará 4 e Aguará 6.
Sendo avaliadas as seguintes características agronômicas: altura de inserção do capítulo; diâmetro do
capítulo; peso de mil aquênios; diâmetro do colo; área foliar; produtividade de grãos; e rendimento de
óleo. A produtividade média obtida pelas cultivares foi de 2750,22 kg.ha-1. Quanto à altura de inserção
do capítulo, peso de mil aquênios, e rendimento de óleo, não houve diferença significativa. No entanto,
a cultivar Aguará 3 apresentou o menor diâmetro de capítulo, área foliar e produtividade de grãos.
Desta forma, a Região das Missões do Rio Grande do Sul, Brasil proporcionou condições
edafoclimáticas favoráveis ao desempenho produtivo das cultivares de girassol, na safra 2009/2010.
Dentre as cultivares, a Aguará 3 foi a que apresentou as características agronômicas menos
desejadas.
Palavras-chave – Características agronômicas; Helianthus annuus; Produtividade, Desempenho
Regional

INTRODUÇÃO

O cultivo do girassol (Helianthus annuus) tem se mostrado uma opção econômica em sistema
de rotação com outras culturas de grãos, e vem despertando o interesse de agricultores, técnicos e
empresas brasileiras, devido à possibilidade de utilizar seu óleo como matéria prima para fabricação de
biodiesel (BACKES et al., 2008).

Para assegurar a rentabilidade da cultura, a escolha ideal do material genético é fator decisivo,
levando as condições edafoclimáticas da localidade produtoras (PAES, et al., 2009). Porém, há
dificuldade na escolha de genótipos adaptados a certas regiões, decorre das diferentes interações

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entre genótipos x ambientes e da ampla diversidade genética (CRUZ & REGAZZI, 1994). Neste
contexto, é proeminente a realizações de avaliações constantes de genótipos em diferentes ambientes
(OLIVEIRA, et al., 2007). Dando subsídios para a escolha de cultivares mais produtivas e adaptadas as
condições edafoclimáticas das distintas regiões produtoras no Brasil.

Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho produtivo de cultivares de girassol
na Região das Missões do Rio Grande do Sul, Brasil, na safra 2009/2010.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na safra 2009/2010, no município de Guarani das Missões,


localizado na Região das Missões do Rio Grande do Sul, Brasil. O tipo de solo predominante é
classificado como Latossolo Vermelho distrófico típico (EMBRAPA, 1999). Segundo Koppen (1948), o
clima da região é mesotérmico úmido (Cfa). As oito cultivares avaliadas foram: Olisun 3, Olisun 5,
Igrassol Rajado, Igrassol Preto, Charrua, Aguará 3, Aguará 4 e Aguará 6. As parcelas (5m x 4,9m)
foram instaladas em área conduzida com sistema de semeadura direta, sob palhada de nabo
forrageiro. O espaçamento entre linhas foi de 70 cm e população utilizada foi de 45 mil plantas/hectare.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. As
recomendações de adubação e calagem foram de acordo com a análise de solo (SBCS, 2004) e em
cobertura foram aplicadas duas doses de 50 kg.ha -1 de nitrogênio, aos 30 e 45 dias após emergência.
Os dados climáticos foram obtidos a partir da Estação Meteorológica de Santa Rosa – RS, localizada à
25 km da área experimental.

As características agronômicas avaliadas foram: a) Altura de inserção do capítulo (ICAP):


foram mensuradas 20% das plantas da área útil da parcela, medidas na floração plena - R5
(CASTIGLIONI, 1997); b) Diâmetro do capítulo (DCAP): obtido através da mensuração de 20% das
plantas na área útil da parcela, avaliadas no ponto de maturação fisiológica, seguindo qualquer
ondulação do capítulo (CASTIGLIONI, 1997); c) Peso de mil aquênios (P1000): obtido através da
pesagem de oito repetições de 100 aquênios e extrapolado para peso de mil aquênios; d) Diâmetro do
colo (DCOL): foram medidos em 20% das plantas na área útil da parcela, em estádio R5, a 5 cm do
nível do solo (CASTIGLIONI, 1997); e) Área foliar: foram avaliadas as seis primeiras folhas adjacentes
ao capítulo folhas de 20 plantas por repetição, pela fórmula proposta por Maldaner, (2009), AF =
0,5961 (C*L)1,0322, onde: (C) corresponde ao comprimento da folha ao longo da nervura central, e (L) a
maior largura da folha; f) Produtividade (PROD): foi obtida através da trilha dos capítulos existentes na

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área útil, e extrapolada para kg.ha-1, ajustando a 13% de umidade; e g) Rendimento de óleo: foi obtido
através da produtividade e teor de óleo determinando por análises laboratoriais, com extrator solhex.
Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias comparadas pelo Teste de Duncan a
5% de probabilidade de erro, utilizando o software estatístico Statistical Analysis System (SAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 são apresentados os resultados referentes às características agronômicas das


oito cultivares de girassol avaliadas na safra 2009/2010. Quanto à altura de inserção do capítulo
(ICAP), as cultivares apresentaram média de 1,48 m, com baixo coeficiente de variações (CV% 4,28),
não diferindo estatisticamente entre si. Na característica diâmetro de capítulo (DCAP), a média das
cultivares foi de 19,61 cm. Valentini et al., (2008), obteve resultado semelhante (19,8 cm), em ensaio
conduzido no Oeste Catarinense. Dentre as cultivares, a Igrassol Rajado (21,13 cm) apresentou o
maior DCAP, no entanto, não diferiu do Olisun 3 (20,86 cm), Olisun 5 (20,83 cm), Aguará 6 (20,12 cm),
Aguará 4 (20,02 cm) e Charrua (19,12 cm). Por outro lado, a cultivar Aguará 3 (16,65 cm) apresentou o
menor DCAP, não diferindo da Igrassol Preto (18,10 cm) e da Charrua. Quanto ao peso de mil grãos
(P1000), a média foi de 58,59 g, não havendo diferença dentre as cultivares avaliadas.

Para a característica diâmetro de colo (DCOL), verificou-se que os valores variaram de 36,22
mm a 30,11 mm, sendo que a cultivar Charrua apresentou o maior DCOL diferindo estatisticamente das
cultivares Aguará 4 e Igrassol Preto, que apresentaram os menores valores de DCOL,
respectivamente. Na avaliação área foliar (AF), a cultivar Charrua apresentou a maior AF (458,66 cm2),
no entanto, diferiu estatisticamente apenas das cultivares Aguará 6 (345,06 cm 2) e Aguará 3 (261,06
cm2), que apresentaram respectivamente os menores valores AF. A partir destes resultados, presumi-
se que exista uma correlação positiva, entre a AF, a produtividade e rendimento de óleo.

Quanto à produtividade (PROD), a média obtida foi de 2750,22 kg.ha-1, superando a


expectativa da produtividade média nacional (1427 kg.ha-1) para safra 2010 (CONAB, 2010). Entre as
cultivares, a amplitude foi de 2998,35 kg.ha-1 (Igrassol Rajado) a 2015,20 kg.ha-1 (Aguará 3), no
entanto, apenas a cultivar Aguará 3, que apresentou a menor produtividade, diferiu estatisticamente
das demais cultivares. O desempenho da cultivar Aguará 3 no experimento, concordam com o obtido
por Backes (2008), onde esta também apresentou a menor produtividade, em ensaio de safrinha no
norte de Santa Catarina. No entanto, de acordo com Rossi et al., (1998), produtividades da cultura do
girassol superiores a 1800 kg.ha-1 podem ser consideradas satisfatórias. Dentre os fatores

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responsáveis pelos satisfatórios valores de produtividades obtidos, destaca-se a precipitação, que foi
de aproximadamente 900 mm durante o ciclo da cultura, onde mesmo acima do normal proposto por
Castro & Farias (2005), distribuindo-se conforme as exigências da cultura, principalmente nos períodos
críticos da cultura (florescimento e enchimento de grãos). Desta forma, os resultados demonstraram
que a Região das Missões do Rio Grande do Sul, propicia condições edafoclimáticas favoráveis para
que as cultivares pudessem expressar seus potenciais produtivos.

Em relação ao rendimento de óleo, caractere determinado indiretamente a partir da


produtividade e teor óleo, os valores obtidos dentre as cultivares, variaram de 769,76 kg.ha-1 (Aguará 3)
a 1325,77 kg.ha-1 (Charrua), não diferindo estatisticamente. Estes resultados foram superiores aos
encontrados por Carvalho et al., (2007) em ensaios realizados nos municípios gaúchos de Três de
Maio (828 kg.ha-1), Passo Fundo (850,3 kg.ha-1), Ijuí (748 kg.ha-1) e Cruz Alta (491 kg.ha-1), e
semelhantes ao rendimento (1009,43 Kg.ha-1) obtido por Oliveira (2007) em Pelotas - RS.

CONCLUSÃO

A Região das Missões do Rio Grande do Sul, Brasil proporcionou condições edafoclimáticas
favoráveis ao desempenho produtivo das cultivares de girassol, na safra 2009/2010.

Dentre as oito cultivares de girassol avaliadas no ensaio, a cultivar Aguará 3 foi a que
apresentou as características agronômicas menos desejáveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1. Características agronômicas de cultivares de girassol conduzidas em ensaio na Região das Missões do Rio
Grande do Sul, Brasil, safra 2009/2010 (Frederico Westphalen – RS, Brasil, 2010).
ICAP1 DCAP2 P10003 DCOL4 AF5 PROD6 REOL7
Cultivar
(m) (cm) (g) (mm) (cm2) (kg.ha-1) (kg.ha-1)

Olisun 3 1,46 a* 20,86 ab 57,31 a 33,42 ab 420,67 ab 2915,92 a 1318,62 a

Olisun 5 1,56 a 20,83 ab 56,32 a 32,35 ab 359,01 abc 2728,67 a 1301,84 a

Igrassol Rajado 1,41 a 21,13 a 66,37 a 32,10 ab 384,84 ab 2998,35 a 1193,45 a

Aguará 3 1,47 a 16,65 c 57,49 a 30,52 ab 261,06 c 2015,20 b 769,76 a

Aguará 4 1,47 a 20,02 ab 52,87 a 30,10 b 391,02 ab 2718,70 a 986,07 a

Charrua 1,49 a 19,12 abc 58,13 a 36,22 a 458,66 a 2975,72 a 1325,77 a

Igrassol Preto 1,46 a 18,10 bc 55,01 a 35,64 ab 402,96 ab 2724,65 a 1077,92 a

Aguará 6 1,52 a 20,12 ab 65,27 a 30,12 b 345,06 bc 2924,55 a 1272,11 a

MG 1,48 19,61 58,59 32,55 377,51 2750,22 1155,69

CV% 4,28 6,22 7,98 7,48 18,93 10,82 15,84


* Médias seguidas por mesma letra, não diferem entre si pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro.
1Altura de Inserção do Capítulo; 2Diâmetro do Capítulo; 3Peso de mil aquênios; 4Diametro do Colo; 5Área Foliar;
6Produtividade de grãos; 7Rendimento de Óleo.

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CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE OITO GENÓTIPOS E UM CULTIVAR DE MAMONEIRA


EM JUSSARA E LAPÃO NO ESTADO DA BAHIA

Vlademir Silva1; Ariosvaldo Novais Santiago2 ; Valfredo Vilela Dourado3 ; 4Edson Alva Sousa Oliveira
5Carlos
Alberto da Silva Ledo; 6Juliana Firmino de Lima 6Clovis Pereira Peixoto, 7Daniel Macedo Rios.
1MSc em Ciências Agrárias Estação Experimental de Itaberaba/EBDA; 2MSc em Genética Departamento de Educação

Campus XIII/UNEB; 3Engº Agrº Assessor do Biodiesel da EBDA; 4Drº em Sementes Assessor do Biodiesel da EBDA; 5Drº
em Estatística EMBRAPA/CNPMF 6Drº em Fisiologia da Produção UFRB, 7 Aluno do curso de agronomia do DCH Campus
IX, UNEB Barreiras, dalvsi@gmail.com

RESUMO – o presente estudo teve como objetivo avaliar o desempenho produtivo de oito genótipos e
um cultivar de mamoneira, todos com ciclo de maturação semelhantes, nas condições edafoclimáticas
de Jussara e Lapão na região de Irecê Bahia. A implantação ocorreu no dia 27/12/2008 no município
de Jussara e no dia 09/01/2009 na fazenda Bom Prazer no município de Lapão estado da Bahia, esses
municípios são zoneados agroecologicamente para a cultura da mamona. Os tratamentos consistiram
dos genótipos: EBDA-34; EBDA-26; EBDA-17; EBDA-31; EBDA-40; EBDA-35; EBDA-42; EBDA-41 e
do cultivar EBDA-MPA-11. Nos resultados obtidos, observa-se que os dias para a floração variaram de
85,6 a 132 após emergência (DAE) para os genótipos EBDA-17 e EBDA-40, respectivamente, no
município de Jussara e 83,2 a 132 DAE para o EBDA-17 e EBDA-42 no município de Lapão. Os
valores da produtividade variaram entre 417,2 a 248,0 kg.ha -1 para o genótipo EBDA-34 e EBDA-31 em
Jussara, no entanto todos os genótipos estudados não diferiram entre si. Quando a análise é feita em
Lapão, os valores variaram entre 664,0 a 128,0 kg.ha -1 para o genótipo EBDA-34 e EBDA-40,
respectivamente. Os genótipos EBDA-34 e o EBDA-17 foram os mais produtivos entre aqueles
estudados, suas produtividades médias foram 66% e 31%, respectivamente, superiores à média da
região estudada.
Palavras-chave – Castor bean, ricinoquimica, biodiesel e mamona.

INTRODUÇÃO

A mamona é uma oleaginosa de elevado valor socioeconômica e fonte de divisas para o país.
Seu principal produto é o óleo, é o único lubrificante de turbinas por não congelar a baixas
temperaturas e não perder a viscosidade quando submetido a temperaturas elevadas. É muito utilizado
na ricinoquímica na produção medicamentos, óleos vernizes plásticos e próteses humanas por não
apresentar rejeição. A torta, seu principal subproduto, é utilizada para melhorar a textura e estrutura do
solo na citricultura e produção fumageira no recôncavo baiano, além de apresentar perspectivas de uso

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como fonte energética sob a forma de biodiesel (SANTIAGO, 1985), (COSTA et al., 2006). A
mamoneira é de grande importância econômica e social, principalmente para o semi-árido nordestino
por sua adaptabilidade às condiçoes semi-áridas desta região, sendo uma das melhores opções para
viabilizar seu desenvolvimento sustentável, ao proporcionar emprego e renda principalmente para os
agricultores familiares. Na região de Irecê na Bahia, depois do advento do biodiesel, há uma retomada
do plantio dessa oleaginosa, justificando justificando a implementação de trabalhos que visem a busca
por genótipos cada vez mais adaptados e produtivos, buscando assim, aumentar considrevavelmente a
produtividade dessa cultura, nessa região, que é baixa, e atualmente encontra-se em torno de 400
kg.ha-1.

Diante do exposto, instalaram-se dois experimentos com objetivo de avaliar o desempenho


produtivo de oito genótipos e um cultivar de mamoneira, todos com ciclo de maturação semelhantes,
nas condições edafoclimáticas de Jussara e Lapão na região de Irecê no estado da Bahia.

METODOLOGIA

Estes experimentos foram implantados sendo um no dia 27/12/2008 no município de Jussara e


outro no dia 09/01/2009 na fazenda Bom Prazer no município de Lapão na Bahia, esses municípios
são zoneados agro ecologicamente para a cultura da mamona. No preparo do solo, foi efetuada uma
aração e uma gradagem. O plantio foi efetuado em covas utilizando três sementes de cada genótipo e
espaçamento de três metros entre linhas e um metro e meio entre plantas, totalizando 2222 plantas por
hectare. Não foi feita adubação, haja vista, que se procurava aproximar ao máximo as condições dos
produtores de mamona dessas regiões. Foi feita duas capinas manualmente aos 30 e aos 60 dias após
emergência (DAE). Não se utilizou produtos agro fitossanitários, por não haver necessidade, pois, a
mamoneira é resistente a pragas e algumas doenças.

Os tratamentos utilizados foram os genótipos: EBDA-34; EBDA-26; EBDA-17; EBDA-31;


EBDA-40; EBDA-35; EBDA-42; EBDA-41 e o cultivar EBDA-MPA-11. O delineamento experimental
utilizado foi o de blocos completos casualizados com nove tratamentos e quatro repetições. Os
resultados obtidos nos tratamentos foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação
de médias de Scott e Knott a 5% de probabilidade. Foram avaliadas as características pertinentes ao
inicio do ciclo e características em plena maturação da cultura. Foram avaliadas as seguintes
características: floração (FL), peso de 100 sementes (P100s) e produtividade em kg/ha (Prod.).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 estão apresentados os valores do período de floração dos nove tratamentos dos
experimentos conduzidos em Jussara (1) e Lapão (2) na safra de 2009/2010. Observa-se que os
valores variaram de 85,6 a 132 dias após emergência (DAE) para os genótipos EBDA-17 e EBDA-40
respectivamente no município de Jussara e 83,2 a 132 DAE para o EBDA-17 e EBDA-42
respectivamente no município de Lapão. Segundo o teste de Scott Knott, formaram-se quatro grupos
distintos no município de Jussara e dois grupos no município de Lapão, os genótipos superiores foram:
o EBDA-40 e EBDA-35 em Jussara e o EBDA-26, EBDA-31, EBDA-40, EBDA-35 e EBDA-42 em
Lapão. Entretanto, genótipos com o período de floração mais longos nem sempre são os mais
propícios para o semi árido nordestino.

O peso de 100 sementes variou de 49,5 para o EBDA-17 a 69,5 EBDA-26 em Jussara e 46,8 a
65,4 para os genótipos EBDA-17 e EBDA-34, respectivamente, em Lapão. Segundo o teste de Scott
Knott, três grupos foram formados no município de Jussara, sendo o EBDA-26 e o EBDA-31 superiores
aos demais genótipos, no entanto, quando a comparação é no município de Lapão, foram formados
apenas dois grupos, sendo os genótipos EBDA-17, EBDA-40 e EBDA-42 inferiores aos demais
genótipos estudados (ver tabela 1).

A produtividade da mamoneira na Bahia é muito baixa e está em torno de 777 kg/ha na safra
de 2008/209 (CONAB). Os valores médios para a produtividade dos nove genótipos de mamoneira
testados em Jussara e Lapão estão dispostos na tabela 1. Os valores variaram entre 417,2 a 248,0
kg.ha-1 para o genótipo EBDA-34 e EBDA-31 respectivamente, em Jussara, no entanto, todos os
genótipos estudados não diferiram significativamente. Quanto ao experimento de Lapão, os valores
variaram entre 664,0 a 128,0 kg.ha-1 para o genótipo EBDA-34 e EBDA-40, respectivamente.
Formaram-se três grupos segundo o teste de Scott Knott, sendo, os genótipos EBDA-34 e EBDA-17 e
o cultivar EBDA-MPA-11 superiores aos demais genótipos. Esses dados corroboram os encontrados
por Beltrão et al (2005) que encontraram valores variando entre (437,9 kg/ha) contra 276,7 kg/ha na
BRS 188 Paraguaçu e Nordestina respectivamente. É importante salientar que não foi feita adubação
para este experimento, portanto, os valores encontrados poderão ser ampliados com a aplicação da
adubação. Liv et al (2006), trabalhando com a cultivar BRS Nordestina, com fertilizantes químicos,
obteve considerável aumento da produtividade, eles afirmam que a produtividade alcançada foi cerca
de 124% maior que a da testemunha absoluta.

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CONCLUSÃO

Os genótipos EBDA-34 e EBDA-17 são os mais precoces dos genótipos avaliados, portanto,
são mais indicados para a região de semi árido, podendo aproveitar melhor o fator índice pluviométrico
que nessa região é curto e escasso.

Os genótipos EBDA-34 e o EBDA-17 foram os mais produtivos dos genótipos estudados, suas
produtividades médias foram 66% e 31%, respectivamente, superiores a média da região estudada.

AGRADECIMENTOS

A equipe que desenvolveu os trabalho dedica os mais sinceros agradecimentos ao técnico


agrícola Arnou da Silva Dourado pela dedicação e apreço aos trabalhos de campo por ele conduzido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. DE M. Crescimento e desenvolvimento da mamoneira (Ricinus communis L.).


Campina Grande: Embrapa – CNPA. 4 p., 2003 (Embrapa – CNPA. Comunicado Técnico, 146).

BELTRÃO, N. E. DE M.; SILVA, L. C. Os múltiplos usos do óleo da mamoneira (Ricinus communis L.) e
a importância do seu cultivo no Brasil. Fibras e óleos, n. 31, p. 7 1999.

BELTRÃO, N. E. DE M; GONDIM, T. M. DE S.; PEREIRA, J. R.; SEVERINO, L. S.; CARDOSO, G. D.


Estimativa da produtividade primária e partição de assimilados na cultura da mamona no semi-árido
brasileiro. Revista brasileira de oleaginosas e fibrosas. Campina Grande, v.9, n.1/3, p.925-930,
2005

CONAB em http://www.conab.gov.br/conabweb/MamonaJanerio2009.pdf

COSTA, M. DA N.; PEREIRA, E. W.; BRUNO, R. DE L. A.; FREIRA, C. E.; NÓBREGA M. B. DE M.;
MILANE, M.; OLIVEIRA, A. P. Divergência genética entre acessos e cultivares de mamoneira por meio
de estatística multivariada. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v. 41, n.11, p. 1617-1622,
2006.

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SANTIAGO, A.N. Caracterização, avaliação e conservação da coleção ativa de germoplasma de


mamona. Relatório do Banco de Dados do Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia,
Brasília, DF. 1985.

SANTOS, J. B; AZEVEDO, C.A.V.; RIOS, D. M.; SANTOS, C.A.A.; SANTIAGO, A.N.; BELTRÃO, N.E.
DE M.; ALVES, G.S. Desenvolvimento produtivo de cultivares de mamona em regime de sequeiro no
município de angical – BA. Anais do III Congresso Brasileiro de Mamona, Salvador. 2008.

SCOTT, A.J.; KNOTT, M.A Cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance.
Biometrics, v.30, p.507-512, 1974.

SEVERINO, L. S.; FERREIRA, G. B.; MORAES, C. R. DE A.; GONDIM, T. M. DE S.; FREIRE, W. S.


DE A.; CASTRO, D. A.; CARDOSO, G. G.; BELTRÃO, N. E. DE M. Crescimento e produtividade da
mamoneira adubada com macronutrientes e micronutrientes. Pesquisa. agropecuária brasileira.,
Brasília, v.41, n.4, p.563-568, abr. 2006.

Tabela 1. Características agronômicas: floração (FL); peso de cem sementes em gramas (P100s) e
produtividade em kg.ha-1 (prod.) de 8 genótipos e um cultivar de mamona no município de Jussara (1)
e Lapão (2) na Bahia safra 2008/2009.

Genótipos
Variável Local

EBDA-34 EBDA-26 EBDA-17 EBDA-31 EBDA-40 EBDA-35 EBDA-11 EBDA-42 EBDA-41 CV %

1 89,1d 108,8b 85,6d 114,0b 132,0a 122,0a 97,1c 118,0b 98,3c


FL 10,4
2 91,2b 123,2a 83,2b 131,5a 131,0a 129,0a 100,2b 132,0a 101,5b

1 58,17b 69,5a 44,5c 63,3a 55,8b 57,1b 54,7b 56,6b 56,4b


P100S 9,35
2 65,4a 62,5a 46,8b 57,1a 50,6b 61,4a 57,4ª 54,9b 60,2a

1 417,2a 297,2a 373,7a 248,0a 285,5a 309,7a 339,7a 292,7a 262,2a


Prod. 30,8
2 664,0a 385,0b 527,0a 282,0b 128,0c 358,0b 517,0a 363,7b 365,7b

Médias seguidas pela mesma letra na linha não difere entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Scott Knott.

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CARACTERIZAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR ACUMULADA NO CRESCIMENTO VEGETATIVO DO


ALGODOEIRO COLORIDO BRS RUBI SUBMETIDAS A DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Raimundo Andrade1; Antonio Suassuna de Lima2; Salatiel Nunes Cavalcante2; José Geraldo Rodrigues
dos Santos1; Maria de Fátima Dantas da Silva2; Samia Valesca de Lima2; Rita de Cássia de Paiva
Gomes2; Petrônio Ferreira Diniz2
1 Professores Doutores da UEPB, Campus IV, 58884-000 Catolé do Rocha-PB; 2 Alunos do curso de Licenciatura em
Ciências Agrárias - universidade estadual da paraíba - Campus-IV; email: antoniolima_agro@hotmail.com

RESUMO – Foram estudados os efeitos da radiação solar acumulada sobre o crescimento vegetativo
do algodoeiro colorido BRS Rubi em Neossolo Flúvico de textura franco arenosa. A pesquisa foi
conduzida em condições de campo, no Centro de Ciências Humanas e Agrárias-CCHA, no Campus-IV
da Universidade Estadual da Paraíba-UEPB. A pesquisa teve como objetivo avaliar o comportamento
do algodoeiro colorido BRS Rubi em função da radiação solar acumulada e de diferentes lâminas de
irrigação. Observa-se que, para as lâminas L2, L3 e L4, o crescimento da planta em altura foi mais
acentuado até uma radiação solar acumulada em torno de 200 MJ m -2 . No entanto, para todas as
lâminas de água aplicadas, a evolução do diâmetro do caule foi menos acentuada nos intervalos de
radiação de 50 a 160 MJ m-2 e de 200 a 260 MJ m-2. Os efeitos da radiação solar no número de folhas
dependeram da disponibilidade de água no solo, sendo evidente que maiores absorções de água pelas
plantas provocaram maior crescimento e, consequentemente, maior evolução do número de folhas. É
necessário monitorar os dados de radiação solar para prever efeitos resultantes no crescimento do
algodoeiro colorido BRS Rubi em condições edafoclimáticas no município de Catolé do Rocha/PB.
Palavras-chave – Gossypium hirsutum L., lâminas de água, algodão colorido, adubação

INTRODUÇÃO

O cultivo do algodão (Gossypium hirsutum L.) é de grande importância para a economia


nordestina, podendo gerar emprego e renda, além de abastecer a indústria têxtil desta região. A cultura
algodoeira tem um dos menores custos de produção do mundo, tanto em sequeiro, quanto irrigado
(FREIRE e BELTRÃO, 1997). Atualmente, cerca de 80 países cultivam o algodoeiro economicamente,
liderados pela China, EUA e Índia, dentre outros. Por sua grande resistência à seca, o algodoeiro
constitue-se em uma das poucas opções para cultivo em regiões semi-áridas, podendo fixar o homem
ao campo, gerar emprego e renda no meio rural e urbano.

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O crescimento e desenvolvimento de plantas levam em conta o fato de que 90% em média da


matéria seca acumulada pelas plantas durante o seu crescimento originam-se da atividade
fotossintética, a qual pode ser afetada pela disponibilidade da irradiação solar, sendo que as demais
atividades estão relacionadas com a absorção de nutrientes do solo.

O estabelecimento de dossel apropriado para interceptar a radiação solar incidente é um dos


componentes de produção que mais influencia a produtividade da cultura (OOSTERHUIS,1999). Entre
os vários fatores que influenciam na formação do dossel, encontram-se a cultivar, o clima, a fertilidade
do solo e os sistemas de cultivo e de colheita (LACA-BUENDIA e FARIA, 1982).

O Nordeste brasileiro apresenta clima bastante favorável à exploração de várias culturas,


principalmente pela disponibilidade de energia, embora haja restrições pluviométricas, contudo, o
desenvolvimento da cultura pode ser assegurado suprindo-se as necessidades hídricas da planta
através da irrigação, no entanto, é preciso a adoção de técnicas de manejo e controle de água,
garantindo, assim, a sustentabilidade agrícola.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado durante o período de setembro de 2005 a janeiro de 2006, numa
área 0,11 hectare, ao lado da estação meteorológica, no Centro de Ciências Humanas e Agrárias-
CCHA, pertencente à Universidade Estadual da Paraíba, Campus-IV, distando 2 km da sede do
município de Catolé do Rocha-PB As coordenadas geográficas do local são 6º20‘38‖ de latitude sul,
37º44‘48‘‘ de longitude a oeste do meridiano de Greenwich e 275 metros de altitude.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, sendo os tratamentos


arranjados em esquema fatorial 4x4,com 16 tratamentos e 4 repetições. A parcela experimental tinha
um comprimento de 10 m contendo 70 plantas experimentais, sendo 50 delas consideradas úteis.
Foram estudados os efeitos de 4 lâminas de água (L1 = 50%, L2 = 75%, L3 = 100% e L4 = 125% da
Necessidade de Irrigação Bruta - NIB) e de 4 formas de fracionamento (F1, F2, F3 e F4) de adubação
nitrogenada via fertirrigação no crescimento do algodoeiro colorido RBS Rubi.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se que, para as lâminas L2, L3 e L4, o crescimento da planta em altura foi mais
acentuado até uma radiação solar acumulada em torno de 200 MJ m -2, quando as plantas tinham idade
de 55 dias e, em média, 65 cm de altura. No entanto, a lâmina L 1 teve um comportamento diferenciado

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a partir da radiação solar de 160 MJ m-2, apresentando uma evolução menos acentuada. No intervalo
de radiação entre 200 e 260 MJ m-2, o crescimento se estabilizou em todas as lâminas. Para Diniz Neto
(2009) aplicando dosagens de biofertilizante na cultura do algodoeiro colorido BRS Rubi cultivado em
sistemas agroecológico, obteve resultados linearmente decrescentes no crescimento da planta em
altura, contrastando com resultados apresentados na presente pesquisa.

Para todas as lâminas de água aplicadas, a evolução do diâmetro do caule foi menos
acentuada nos intervalos de radiação de 50 a 160 MJ m-2 e de 200 a 260 MJ m-2. A intensidade do
efeito da radiação solar sobre o crescimento do diâmetro dependeu da disponibilidade de água no solo,
pois os menores valores de diâmetro do caule foram observados na lâmina L1.

Para todas as lâminas de água aplicadas, os efeitos da radiação solar na evolução do número
de folhas do algodoeiro colorido BRS Rubi foram menos acentuados até 40 dias após a germinação,
coincidindo com o intervalo de radiação solar acumulada de 50 a 160 MJ m-2.

CONCLUSÃO

O crescimento da planta em altura foi mais acentuado até uma radiação solar acumulada em
torno de 200 MJ m-2;

A evolução do diâmetro do caule foi menos acentuada nos intervalos de radiação de 50 a 160
MJ m-2 e de 200 a 260 MJ m-2, porém no intervalo de radiação solar acumulada compreendido entre
160 e 200 MJ m-2, a evolução foi mais acentuada;

A intensidade de radiação solar acumulada proporcionou maior evolução do número de folhas


em plantas de algodoeiro colorido BRS Rubi.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DINIZ NETO, P. COMPORTAMENTO VEGETATIVO E PRODUTIVO DO ALGODOEIRO COLORIDO


BRS RUBI SOB CULTIVO ORGÂNICO, Universidade Estadual da Paraíba-UEPB, Monografia
(Trabalho Acadêmico Orientado), junho de 2009, 43p.

FREIRE, E. C.; BELTRÃO, N. E. de M. Custos de produção e rentabilidade do algodão no Brasil:


safra 1996/97, 1997, 6p. (EMBRAPA-CNPA, Comunicado Técnico, 69).

LACA-BUENDIA, J. P.; FARIA, E. A. Manejo e tratos culturais do algodoeiro. Informe Agropecuário,


Belo Horizonte, v. 8, n. 92, p.50-61, agosto. 1982.

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OOSTERHUIS, H.J.W. Growth and development of cotton plant In: CIA, E.; FREIRE, E.C.; SANTOS,
W.J. (ed.). Cultura do algodoeiro. Piracicaba: Potafos, 1999. p.35-56.

Figura 36 - Evolução da altura de planta em função da radiação solar acumulada, nas diferentes lâminas de água
aplicadas.

11
10
9
Diâmetro do Caule (mm)

8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275
Radiação Solar Acum ulada (MJ/m 2)

Lâmina 1 Lâmina 2 Lâmina 3 Lâmina 4

Figura 2 – Evolução do diâmetro do caule em função da radiação solar acumulada, nas diferentes lâminas de água
aplicadas.

90
80

70
Número de Folhas

60

50
40
30
20

10
0
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275
Radiação Solar Acum ulada (MJ/m 2)

Lâmina 1 Lâmina 2 Lâmina 3 Lâmina 4

Figura 3 - Evolução do número de folhas em função da radiação solar acumulada, nas diferentes lâminas aplicadas.

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CLORETO DE MEPIQUAT NO TRATAMENTO DE SEMENTES DE CULTIVARES DE MAMONA 1

Leandro Toshio Sudo 1; José Salvador Simoneti Foloni 2; Jeferson Tozzo 3; Leandro Michalovicz 4
1 Graduando em Agronomia, UEL, Londrina-PR, bolsista Pibic-CNPq; 2 Pesquisador Científico/Fitotecnia, IAPAR, Londrina-
PR, bolsista CNPq; 3 Graduando em Agronomia, UEL, Londrina-PR, bolsista Fundação Araucária; 4 Mestrando em
Agronomia/Produção Vegetal, UNICENTRO, Guarapuava-PR, bolsista Capes. E-mail: leandro.toshio@gmail.com

RESUMO – O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes doses
de cloreto de mepiquat aplicadas via tratamento de sementes de quatro cultivares de mamona. O
experimento foi conduzido em casa de vegetação do IAPAR, em Londrina-PR, de setembro a
dezembro de 2009. O delineamento experimental foi em blocos completos ao acaso, no esquema
fatorial 4 x 4, com quatro repetições, constituindo os seguintes tratamentos: BRS Energia, IAC 2028,
IAC Guarani e IAC 226 submetidas a doses equivalentes a 0 (controle), 25, 50 e 100 g ha -1 de cloreto
de mepiquat. As doses de cloreto de mepiquat (CM) foram aplicadas nas sementes, considerando-se
20.000 sementes.ha-1, e a partir da determinação da massa de 100 sementes de cada cultivar, foram
calculadas as doses de CM. Aos 5, 14, 23 e 32 dias após a emergência das plântulas (DAE), foram
realizadas medições de altura do caule, número de nós no caule e área foliar. Aos 32 DAE fez-se o
corte da parte aérea das plantas para determinação de fitomassa. Doses de até 100 g ha -1 de cloreto
de mepiquat aplicadas via tratamento de sementes são inviáveis para a redução de porte das cultivares
de mamona BRS Energia, IAC 2028, IAC Guarani e IAC 226.
Palavras-chave – Regulador de crescimento, Ricinus communis, fito-regulador, altura de plantas.

INTRODUÇÃO

Reddy et. al. (1996) relata que o cloreto de mepiquat pode ser translocado de forma
ascendente e descendente na planta, através do xilema e floema, o que permite a aplicação via
tratamentos de sementes. O cloreto de mepiquat pode ser incluído no grupo dos inibidores de ácido
giberélico, o que o torna um inibidor do alongamento celular (Lamas, 2001).

Azevedo et al. (2007), os principais fatores que influenciam a definição do espaçamento entrelinhas e a
população de plantas na lavoura de mamona são o porte da cultivar, a disponibilidade hídrica, a fertilidade do
solo, o manejo fitossanitário e adequação para as operações de tratos culturais e colheita, e buscam-se, para

1IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná. Rodovia Celso Garcia Cid, km 375, Caixa Postal 481, Cep 86001-970, Londrina-
PR. E-mail: sfoloni@iapar.br

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determinados sistemas de produção, plantas de porte mais baixo que permitam o adensamento da cultura e a
mecanização.

O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes doses de
cloreto de mepiquat aplicadas via tratamento de sementes de quatro cultivares de mamona.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Iapar, em Londrina-PR, de setembro a


dezembro de 2009. Utilizou-se uma porção de Latossolo vermelho distroférrico argiloso que foi
corrigida para elevar a saturação por bases a 70%, adubada com N, P, K e S nas doses de 150, 150,
120 e 50 mg dm-3, respectivamente, e com 2, 6, 1,5, 2 e 1 mg dm-3 de Mn, Zn, Cu, B e Mo,
respectivamente. Foram utilizadas as cultivares BRS Energia, IAC 2028, IAC Guarani e IAC 226, com 5
sementes por vaso e desbaste no 5o dia após a emergência deixando-se uma planta. Os vasos
continham 12 dm3 de solo cuja umidade foi monitorada e fizeram-se regas diárias para repor a água
evapotranspirada. O delineamento experimental foi em blocos completos ao acaso, no esquema fatorial
4 x 4, com quatro repetições, constituindo os seguintes tratamentos: BRS Energia, IAC 2028, IAC
Guarani e IAC 226 submetidas a doses equivalentes a 0 (controle), 25, 50 e 100 g ha-1 de cloreto de
mepiquat, a partir do produto comercial Pix HC®. As doses de cloreto de mepiquat (CM) foram
aplicadas nas sementes, considerando-se 20.000 sementes ha-1, e a partir da determinação da massa
de 100 sementes de cada cultivar, foram calculadas as doses de CM. Aos 5, 14, 23 e 32 dias após a
emergência das plântulas (DAE), foram realizadas medições não destrutivas de altura do caule a partir
da superfície do solo até a inserção da última folha, número de nós no caule e área foliar (Severino et
al., 2005). Aos 32 DAE fez-se o corte da parte aérea das plantas rente à superfície do solo, sendo o
caule e as folhas separados e submetidos à secagem em estufa a 60 oC até atingirem massa
constante. Os resultados foram submetidos à análise de variância e quando houve diferença entre
tratamentos pelo teste F a 5% de probabilidade, fez-se a aplicação do teste tukey também a 5% de
probabilidade.

Resultados e discussão

Não houve redução de altura de plantas aos 5, 14, 23 e 32 DAE em resposta à aplicação de
doses de cloreto de mepiquat (CM) no tratamento de sementes das cultivares de mamona BRS
Energia, IAC 2028, IAC Guarani e IAC 226 (Figura 1). Foram utilizados até 100 g ha-1 de CM, dose

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considerada relativamente elevada para culturas como o algodão, por exemplo, contudo, não surtiu
efeito sobre o porte das plantas, nem mesmo no estádio de 5 DAE.

O comprimento de internódios foi determinado aos 23 e 32 DAE, e não foi alterado com a
aplicação de CM via tratamento de sementes (Figura 3). Assim como foi constatado para o porte das
plantas de mamona, a área foliar também não respondeu ao CM aplicado nas sementes.

Da forma como foi executado o presente estudo, é inviável aplicar o CM no tratamento de


sementes, o que evidencia a importância de aprimorar e associar o uso deste fito-regulador com outros
tipos de tratamento, como por exemplo, elevar a permeabilidade do tegumento das sementes de
mamona a substâncias exógenas.

CONCLUSÃO

Doses de até 100 g ha-1 de cloreto de mepiquat aplicadas via tratamento de sementes são
inviáveis para a redução de porte das cultivares de mamona BRS Energia, IAC 2028, IAC Guarani e
IAC 226.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P.de; BELTRÃO, N.E.de M.; SEVERINO, L.S. Manejo cultural. In: AZEVEDO,
D.M.P.de; BELTRÃO, N.E.de M. (Eds.). O agronegócio da mamona no Brasil. (2 Ed.). Campina
Grande: Embrapa Algodão. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2007. p. 223-254.

CARVALHO, L.H.; CHIAVEGATO, E.J.; CIA, E.; KONDO, J.I.; SABINO, J.C.; PETTINELLI JÚNIOR, A.;
BORTOLETTO, N.; GALLO, P.B. Fitorreguladores de crescimento e capação na cultura do algodão.
Bragantia, v. 53, p. 247-254, 1994.

LAMAS, F.M. Estudo comparativo entre cloreto de mepiquat e cloreto de chlormequat aplicados no
algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 36, p. 265-272, 2001.

REDDY, A.R.; REDDY, K.R.; HODGES, H.F. Mepiquat chloride (PIX) induced changes in
photosynthesis and growth of cotton. Plant Growth Regulation, v.20, p.179-183, 1996.

SEVERINO, L.S.; CARDOSO, G.D.; VALE, L.S.de; SANTOS, J.W.dos. Método para determinação da
área foliar da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 20 p. (Embrapa Algodão. Boletim
de Pesquisa e Desenvolvimento, 55).

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50 50
0 g/ha Cloreto mepiquat a 0 g/ha Cloreto mepiquat
25 g/ha Cloreto mepiquat 25 g/ha Cloreto mepiquat
45 a a 45
50 g/ha Cloreto mepiquat a 50 g/ha Cloreto mepiquat
100 g/ha Cloreto mepiquat 100 g/ha Cloreto mepiquat
40 40

a
35 35
a
Altura de plantas (cm)

a a
30 30

25 25

20 20
a
a a a a a
a a
15 15
a a
a
a a a a
10 10 a
a a
a a a a a a
5 5

0 0
5 14 23 32 5 14 23 32
(a) (b)

50 50
0 g/ha Cloreto mepiquat a 0 g/ha Cloreto mepiquat
a
25 g/ha Cloreto mepiquat 25 g/ha Cloreto mepiquat
45 45
50 g/ha Cloreto mepiquat 50 g/ha Cloreto mepiquat
100 g/ha Cloreto mepiquat a 100 g/ha Cloreto mepiquat
40 40
a
a
35 35 a
a a
Altura de plantas (cm)

30 30

25 25

20 a 20
a a
a a
15 15 a a a
a a a a a a a
10 a 10
a a a
a a a a a
5 5

0 0
5 14 23 32 5 14 23 32
(c) (d)
Dias após a emergência Dias após a emergência

Figura 1. Altura de plantas aos 5, 14, 23 e 32 dias após a emergência das cultivares BRS Energia (a), IAC 2028 (b), IAC
226 (c) e IAC Guarani (d), em razão do tratamento de sementes com doses equivalentes a 0, 25, 50 e 100 g ha -1 de cloreto
de mepiquat, considerando-se 20.000 sementes ha-1. Médias, representadas por colunas, seguidas pelas mesmas letras
não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Coeficiente de variação de 22,74%.

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30 30 0 g/ha Cloreto mepiquat 25 g/ha Cloreto mepiquat


0 g/ha Cloreto mepiquat 25 g/ha Cloreto mepiquat
50 g/ha Cloreto mepiquat 100 g/ha Cloreto mepiquat
50 g/ha Cloreto mepiquat 100 g/ha Cloreto mepiquat
a
25 25
a
a
a
a a a a
20 20 a a
a a
a a
a
Área foliar (dm 2)

15 15

10 10
a
a a a a a a
a a a a a
a a a a
5 5

0 0
BRS Energia IAC 2028 IAC 226 IAC Guarani BRS Energia IAC 2028 IAC 226 IAC Guarani
(a) (b)

Figura 2. Área foliar aos 23 (a) e 32 (b) dias após a emergência das cultivares BRS Energia, IAC 2028, IAC 226 e IAC
Guarani, em razão do tratamento de sementes com doses equivalentes a 0, 25, 50 e 100 g ha -1 de cloreto de mepiquat,
considerando-se 20.000 sementes ha-1. Médias, representadas por colunas, seguidas pelas mesmas letras não diferem
entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Coeficiente de variação de 23,70%.

10 10 0 g/ha Cloreto mepiquat 25 g/ha Cloreto mepiquat


0 g/ha Cloreto mepiquat 25 g/ha Cloreto mepiquat
50 g/ha Cloreto mepiquat 100 g/ha Cloreto mepiquat
9 50 g/ha Cloreto mepiquat 100 g/ha Cloreto mepiquat 9 a
a
a a
8 8
a
a
Comprimento de internódios (cm)

7 7

a
6 6 a
a
a
5
a a
a a a
5
a a a a a
a a
a
a a a
4 a a 4
a a a a
3 3

2 2

1 1

0 0
BRS Energia IAC 2028 IAC 226 IAC Guarani BRS Energia IAC 2028 IAC 226 IAC Guarani
(a) (b)

Figura 3. Comprimento de internódios do caule aos 23 (a) e 32 (b) dias após a emergência das cultivares BRS Energia, IAC
2028, IAC 226 e IAC Guarani, em razão do tratamento de sementes com doses equivalentes a 0, 25, 50 e 100 g ha -1 de
cloreto de mepiquat, considerando-se 20.000 sementes ha-1. Médias, representadas por colunas, seguidas pelas mesmas
letras não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Coeficiente de variação de 16,35%.

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COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA MAMONEIRA CULTIVADA EM DIFERENTES


ESPAÇAMENTOS E ÉPOCAS DE PLANTIO

Anielson dos Santos Souza1; Francisco José Alves Fernandes Távora2; Napoleão Esberad de Macedo
Beltrão3; Rosa Maria Mendes Freire3
1Universidade Federal de Campina Grande, e-mail: anielson@ccta.ufcg.edu.br, 2Universidade Federal do Ceará, 3Embrapa
Algodão.

RESUMO — Objetivou-se com o presente trabalho avaliar os componentes de produção de cultivares


de mamona sob diferentes espaçamentos e regimes hídricos na Fazenda Experimental Vale do Curu,
Pentecoste - Ceará. O solo foi preparado e adubado convencionalmente. O delineamento experimental
foi o de blocos ao acaso com doze tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram arranjados
em esquema fatorial, sendo 2 cultivares (BRS Nordestina e Mirante 10); 3 espaçamentos (1,5 m x 1,5
m; 2,0 m x 2,0 m e 2,5 m x 2,5 m) e 2 épocas de plantio (sob irrigação e sequeiro). O espaçamento e o
regime hídrico afetaram a produção e o número de racemos por planta. O número de frutos por racemo
reduziu com o plantio de sequeiro. A produção de grãos por planta é altamente correlacionada com o
número de racemos por planta.
Palavras-chave: Ricinus communis L., racemos, produção por planta.

INTRODUÇÃO

A produtividade da mamoneira (Ricinus communis L.) depende de componentes de produção


como o número de racemos por planta e o número de frutos por racemo. Sob condições naturais, a
mamoneira pode produzir muitos racemos dependendo do número de ramificações laterais que se
desenvolvem com o ciclo fenológico. Fatores como as irregularidades das chuvas aliadas ao manejo
inadequado afetam a produtividade da cultura e a maior evidência disso são as baixas produtividades
obtidas. Na conjuntura atual em que a mamoneira desponta como uma opção para a produção de
biodiesel, a irrigação pode contribuir com o aumento da produtividade. Além da irrigação o
espaçamento e a densidade de plantio também podem afetar os componentes de produção da
mamoneira.

São poucos os trabalhos testando diferentes espaçamentos para a cultura da mamona,


ocorrendo informações generalizadas para determinado local, cultivar e classe de solo. Azevedo et al.

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(1997) encontraram maiores valores de número de fruto por racemo e número de racemos por planta,
em espaçamentos mais largos. Gondim et al. (2004) avaliaram três espaçamentos e três densidades
de plantio, de dois genótipos de mamoneira em regime de irrigação e verificaram que o adensamento
de plantio não afetou os componentes de produção. Com tendência de redução no número de racemos
por planta com o aumento da população, o que foi compensada pelo maior número de plantas por
área.

Pelo exposto, objetivou-se com o presente estudo avaliar os efeitos de diferentes


espaçamentos e da época de plantio associada ou não a irrigação, sobre os componentes de produção
da mamoneira.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental do Vale do Curu - FEVC, do CCA da


Universidade Federal do Ceará, em Pentecoste - CE. Antes do plantio coletou-se uma amostra
composta de solo na profundidade de 0-30 cm para com os resultados realizar recomendação. As
quantidades de nutrientes aplicadas foram as seguintes: 60 kg ha-1 de N, 30 kg ha-1 de P e 10 kg ha-1
de K. O nitrogênio foi parcelado: 1/3 no plantio e 2/3 em cobertura aos 30 e 60 dias após o plantio.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com 12 tratamentos em esquema


fatorial 2 x 3 x 2 com 4 repetições, sendo os fatores 2 cultivares de mamona (BRS Nordestina e Mirante
10); 3 espaçamentos (1,5 m x 1,5 m; 2,0 m x 2,0 m; 2,5 m x 2,5 m) e 2 épocas de plantio (19 de
fevereiro em regime de irrigação e 04 abril de 2005 sob sequeiro). Para a aplicação dos tratamentos
irrigados utilizou-se um sistema de irrigação por microaspersão com turno de rega de dois dias. O
tempo de irrigação foi calculado com base na lâmina de água necessária, na área da parcela, no
número de microaspersores por parcela e na vazão média dos emissores.

O plantio foi feito semeando-se três sementes por cova seguindo-se os espaçamentos pré-
estabelecidos. Aos 20 dias após a emergência procedeu-se ao desbaste permanecendo uma planta
por cova. Cada parcela possuía três fileiras de plantas com 15 metros de comprimento e a coleta dos
dados foi realizada em quatro plantas da fileira central. Os racemos foram colhidos quando 2/3 dos
frutos estavam maduros. Foram avaliadas as características: número médio de racemos por planta,
número de frutos por racemos e produção de grãos por planta. Os dados obtidos foram submetidos ao
teste de Barttlet e em seguida procedeu-se à análise da variância pelo teste F a 1% e 5% de
probabilidade. As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey (p≤ 5%). Fez-se

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também o estudo das correlações entre as características agronômicas cuja significância foi verificada
pelo Teste t, em nível de 1% e 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o número de racemos por planta, houve efeito significativo às interações cultivar x época
de plantio e espaçamento x época de plantio a 5% e 1% de probabilidade respectivamente, pelo teste
F. O desdobramento em teste de médias das interações pode ser visto na Tabela 1. Nas épocas 1 e 2
a semeadura no espaçamento de 2,5 m favoreceu a emissão de um maior número de racemos. Logo,
pode-se inferir que uma menor população de plantas por área é compensada por uma maior produção
de racemos por planta. Isto pode ser explicado levando-se em conta a menor competição intra-
específica pelos fatores de produção. Corroborando com Azevedo et al. (1997) ao registrarem maior
quantidade de racemos por planta em condições de baixa densidade populacional. Em todos os
espaçamentos o uso da irrigação na época 1, conferiu o maior número de racemos por planta em
comparação com a época 2 em regime de sequeiro. Koutroubas et al. (2000) também verificaram que o
efeito benéfico da irrigação se manifestou no aumento do número de racemos por planta.

Com relação à interação cultivar x época de plantio, constatou-se que a época 1 concorreu
para a produção de mais racemos por planta nas duas cultivares (Tabela 1). É importante ressaltar que
as condições ambientais na primeira época de semeadura, aliadas ao uso da irrigação, bem como a
maior estação de crescimento que as plantas foram submetidas, agiram de forma decisiva no aumento
do número de racemos por planta. Na Época 1 a cultivar Mirante 10, produziu mais racemos, devido
possivelmente à irrigação que conferiu um maior período reprodutivo e também por ela ser mais
precoce do que a BRS Nordestina.

O número de frutos por racemo variou significativamente com os efeitos de cultivar,


espaçamento e época de plantio, e com a interação cultivar x época de plantio, pelo teste F (p 0,01).
O desdobramento da interação cultivar x época de plantio é apresentado na Tabela 2. Nas épocas 1 e
2, a cultivar Mirante 10 produziu racemos com maior número de frutos. Estes resultados são
consistentes, haja vista que a cultivar Mirante 10 possui frutos menores, com pedúnculos curtos e
racemos mais densos. Adicionalmente Koutroubas et al. (1999) reportaram que o número de frutos
depende do número de flores femininas, levando-se a crer que a cultivar Mirante 10 possui racemos
com maior número de flores femininas.

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Na primeira época de plantio, obteve-se um elevado número de frutos por racemo nas duas
cultivares. Tal fato, pode indicar que a irrigação associada à antecipação do plantio propiciam
benefícios a este componente de produção. A maior produção de frutos por racemo ocorreu com o
plantio no espaçamento de 2,5 m e o valor diferiu estatisticamente do obtido com o plantio em 1,5 m,
que por sua vez não divergiu do valor médio verificado no espaçamento intermediário de 2,0 m (Figura
1). Tal fato pode acontecer em virtude da reduzida competição intra-específica, e possivelmente intra-
planta, conforme salienta Azevedo et al. (1997).

Para a característica produção de grãos por planta, houve efeito significativo da interação
espaçamento x época de plantio, pelo teste F a 1% de probabilidade. Os valores médios da produção
de grãos por planta podem ser observados na Tabela 3. Nas épocas 1 e 2 a maior produção foi obtida
com o plantio no espaçamento de 2,5 metros. Por outro lado, a menor média foi verificada com o
plantio no espaçamento de 1,5 m. Isto se deve, provavelmente, a acentuada competição pelo substrato
ecológico com o aumento do número de plantas por área. O que é condizente com resultados obtidos
por Azevedo et al. (1997), ao relatarem que sob baixas populações a mamoneira apresenta uma maior
produção de grãos por planta. Todavia, isto não significa que haverá uma maior produtividade por
unidade de área, uma vez que o maior número de plantas por área pode compensar a redução nos
componentes. Com relação ao efeito das épocas dentro de cada espaçamento, constatou-se maiores
produções na época 1 em todos os espaçamentos utilizados. Corroborando com Vijaya Kumar et al.
(1997) que obtiveram melhores resultados com a antecipação do plantio.

No estudo de correlação para a cultivar Mirante 10 teve-se elevada correlação positiva entre a
produção por planta e as características número de racemos por planta (r= 0,97**) e número de frutos
por racemo (r= 0,75**). Kittock e Williams (1968) também verificaram elevada correlação entre o
número de racemos e a produtividade da mamoneira. Para a cultivar BRS Nordestina, observou-se
elevada correlação positiva e significativa entre o número de racemos por planta e a produção de grãos
por planta (r= 0,99**). Desse modo, fica evidente a importância do número de racemos para a obtenção
de elevadas produtividades. Lima e Santos (1998) também constataram elevada correlação positiva
entre o número de racemos e a produção de grãos por planta.

CONCLUSÕES

O espaçamento e a época de plantio associada à irrigação afetam a produção de grãos por


planta e o número de racemos por planta;

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A produção de grãos e o número de racemos por planta, bem como, o número de frutos por
racemo, são maiores em maiores espaçamentos. A antecipação do plantio e a irrigação (Época 1)
promovem aumentos em todos os componentes de produção;

A cultivar Mirante 10 possuiu racemos com maior número de frutos do que a BRS Nordestina e
a produção de grãos por planta é altamente correlacionada com o número de racemos por planta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S. Efeito da população de


plantas no rendimento da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1997, 5p. (Comunicado Técnico,
54).

GONDIM, T. M. S.; NÓBREGA, M. B. M.; SEVERINO, L. S.; VASCONCELOS, R. A. de. Adensamento de


mamoneira sob irrigação em Barbalha, CE. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina
Grande. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. 1 CD-ROM.

KITTOCK, D. L.; WILLIAMS, J. H. Influence of planting date on certain morphological characteristics of castor
beans. Agro. Journal, Oxford, v. 60, p. 401-403, jul-aug., 1968.

KOUTROUBAS, S. D.; PAPAKOSTA, D. K.; DOITSINIS, A. Adaptation and yielding ability of castor plant (Ricinus
communis L.) genotypes in a Mediterranean climate. European journal of agronomy, Amsterdam, v. 11, p. 227-
237, 1999. Disponível em: <http://www.elsevier.com/locate/eja>. Acesso em: 21 de Jan. 2006.

KOUTROUBAS, S. D.; PAPAKOSTA, D. K.; DOITSINIS, A. Water requirements for castor oil crop (Ricinus
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<http://www.sciencedirect.com/science>. Acesso em: 21 de jan. 2006.

LIMA, E. F.; SANTOS, J. W. dos. Correlações genotípicas, fenotípicas e ambientais entre características
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VIJAYA KUMAR, P. et al. Influence of moisture, thermal and photoperiodic regimes on the productivity of castor
beans (Ricinus communis L.). Agricultural and Forest Meteorology, Hyderabad, v. 88, p. 279-289, 1997.
Disponível em: <http://www.scirus.com>. Acesso em: 23 de abr. 2006.

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Tabela 1. Número de racemos por planta das cultivares de mamona BRS Nordestina e Mirante 10 em diferentes épocas e
espaçamentos. Pentecoste - CE, 2005.

Espaçamentos (m) Cultivar

Tratamentos 1,5 2,0 2,5 Nordestina Mirante 10

--------------------------------N° de racemo por planta----------------------------

Época 1 19,44 Ca 30,90 Ba 47,56 Aa 28,35 Ba 36,91 Aa

Época 2 7,06 Bb 11,31 ABb 14,72 Ab 10,12 Ab 11,94 Ab

DMS Linha 7,04 4,78

DMS Coluna 5,85 4,78

Médias seguidas por letras iguais maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey (p= 0,05).

Tabela 2. Número de frutos por racemo da mamoneira cultivada em diferentes épocas. Pentecoste - CE, 2005.

Cultivar
Médias
Tratamentos Nordestina Mirante 10

----------------------------N° de frutos por racemo-------------------------

Época 1 42,77 Ba 67,32 Aa 55,04 a

Época 2 37,37 Bb 44,46 Ab 40,91 b

DMS Linha 4,46 -

DMS Coluna 4,46 3,15

Médias seguidas por letras iguais maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey (p= 0,05).

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60
a
ab
N° de frutos racemo -1

50 b

40

30

20

10

0
1,5 x 1,5 2,0 x 2,0 2,5 x 2,5

Espaçamentos (m)

Figura 1. Número médio de frutos por racemo para o efeito principal espaçamento (dms= 4,65). Letras diferentes nas
colunas indicam que as médias diferem entre si pelo teste de Tukey (p= 0,05). Pentecoste – CE, 2005.

Tabela 3. Produção de grãos por planta das cultivares de mamona BRS Nordestina e Mirante 10 cultivadas em diferentes
épocas e espaçamentos. Pentecoste - CE, 2005.

Espaçamento
Médias
Tratamentos 1,5 m 2,0 m 2,5 m

----------------------------Produção por planta (g)-------------------------

Época 1 654,87 Ca 1.130,75 Ba 1.631,75 Aa 1.139,12 a

Época 2 282,69 Bb 428,15 ABb 569,40 Ab 426,75 b

DMS Linha 209,60 -

DMS Coluna 174,14 100,54

Médias seguidas por letras iguais maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey (p= 0,05).

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COMPORTAMENTO DA CULTIVAR DE MAMONA BRS ENERGIA CULTIVADA SOB DUAS


DENSIDADES DE PLANTIO EM IRECÊ, BA

Jalmi Guedes Freitas1, José Carlos Aguiar da Silva1, Jocelmo Ribeiro Mota1 Gilvando Almeida da Silva¹
1 Embrapa Algodão: Rua Oswaldo Cruz, 1142, Centenário, Campina Grande-PB jalmi@cnpa.embrapa.br,
aguiar@cnpa.embrapa.br, jocelmo@cnpa.embrapa.br

RESUMO - A cultura da mamona é uma boa alternativa para o semiárido baiano por apresentar boa
adaptação às condições de clima e de solo desta região, além de assumir um papel socioeconômico
relevante. Esse trabalho objetivou avaliar, em processo de transferência de tecnologia, o
comportamento da cultivar de mamona BRS Energia na região de Irecê, BA em duas densidades de
cultivo. O trabalho foi conduzido no Centro Territorial de Educação Profissional, CTEP, de Irecê,
localizado nas coordenadas de latitude sul a 11º 18‘ 52,24‖ e longitude Oeste a 41º 49‘ 48,65‖ e altitude
de 750m; em uma Unidade de Teste e Demonstração (UTD) da Cultivar BRS Energia em duas
densidades de plantio (1m x 1m e 2m x 1m), sob irrigação por aspersão. Os caracteres avaliados
foram: diâmetro do caule (mm), altura do 1º racemo (cm), tamanho do racemo principal (cm), altura de
planta (cm), número de racemo/planta e produção. Para a avaliação, coleta e análise dos dados,
escolheram-se cinco linhas aleatoriamente, na qual cada uma serviu de repetição, sendo avaliadas dez
plantas em seqüência dentro e na parte central de cada linha, onde cada planta correspondeu a um
tratamento. Assim, formulamos um delineamento de blocos ao acaso com cinco repetições e 10
tratamentos. Isso foi feito para as duas densidades de cultivo. A densidade de plantio influenciou
diretamente nas características das variáveis analisadas e na produtividade da cultivar BRS Energia
cultivada na região de Irecê – BA e; é importante maiores pesquisas relacionados à densidade de
plantio para a cultivar BRS Energia sob irrigação, para determinar o espaçamento mais apropriado
dessa cultivar nesse local.
Palavras-chave - Ricinus communis, População de plantas, Crescimento

INTRODUÇÃO

O estado da Bahia destaca-se como maior produtor nacional de mamona (Ricinus communis
L.), sendo responsável por aproximadamente 80% de toda a produção brasileira (IBGE, 2009). A
cultura da mamona é uma boa alternativa para o semiárido baiano por apresentar boa adaptação às
condições de clima e de solo. Essa cultura assume um papel sócio - econômico relevante em toda
microrregião de Irecê, BA, que é caracterizada por uma agricultura familiar. Assegura uma contínua

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fonte de renda, principalmente, no segundo semestre, e fixa o homem no campo no período de


escassez de chuvas.

A microrregião de Irecê reúne condições satisfatórias de clima e de solo para o cultivo


sustentável da mamona em regime de sequeiro e em condições de irrigação (Beltrão et al., 2004). Essa
região, além das condições edafoclimáticas satisfatórias ao desenvolvimento dessa oleaginosa,
apresenta também uma cadeia de comercialização pronta para escoamento de toda a produção, e
agricultores tradicionais em seu cultivo. Apesar de ser a região que mais produz mamona no Brasil e
os centros de pesquisa terem lançado diversas cultivares adaptadas ao semiárido nordestino, muitos
agricultores não têm feito uso dessa tecnologia, o que contribui para a baixa produtividade. Com a
utilização de variedades melhoradas e o emprego de um sistema de cultivo de acordo com as
recomendações técnicas, a produtividade nacional vem aumentando desde 2001.

Milani et al. (2006) têm reportado a existência de genótipos experimentais superiores, com
produtividade acima de 3.000 kg/ha no semiárido da Bahia. Para que se possa aperfeiçoar o sistema
de produção da mamoneira, é preciso determinar o espaçamento entre linhas mais adequado para
diferentes situações, levando em consideração características do clima e solo da região de plantio e as
características da cultivar a ser plantada (SEVERINO et al., 2006).

A Embrapa Algodão dispõe de um programa de melhoramento da mamoneira e de sistemas de


produção direcionados para o semiárido nordestino. No final de 2007, lançou uma nova cultivar de
porte baixo e precoce: BRS Energia. O objetivo deste trabalho foi avaliar, em processo de transferência
de tecnologia, o comportamento da cultivar de mamona BRS Energia da Embrapa Algodão na região
de Irecê-BA em duas densidades de cultivo.

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido durante o período de maio a setembro de 2008 no Centro Territorial
de Educação Profissional, CTEP, de Irecê, BA, localizado nas coordenadas de latitude sul a 11º 18‘
52,24‖ e longitude Oeste a 41º 49‘ 48,65‖ e altitude de 750m; utilizando-se a tecnologia de uma
Unidade de Teste e Demonstração (UTD) com a mamona Ricinus communis cultivar BRS Energia em
duas densidades de plantio (1m x 1m e 2m x 1m), sob irrigação por aspersão. Os tratos culturais foram
realizados de acordo com as recomendações técnicas da Embrapa algodão.

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Para a avaliação, coleta e análise dos dados, escolheram-se cinco linhas aleatoriamente, na
qual cada uma serviu de repetição, sendo avaliadas dez plantas em seqüência dentro e na parte
central de cada linha, onde cada planta correspondeu a um tratamento. Assim, formulamos um
delineamento de blocos ao acaso com cinco repetições e 10 tratamentos. Isso foi feito para as duas
densidades de cultivo. A análise estatística foi realizada pelo programa Sisvar e as médias comparadas
pelo teste de Tukey.

Os caracteres avaliados foram: diâmetro do caule (mm), altura do 1º racemo (cm), tamanho do
racemo principal (cm), altura de planta (cm), número de racemo/planta e produção. Os dados coletados
de produção referem-se à colheita de toda área da UTD de cada espaçamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 constam as médias referentes aos caracteres diâmetro do caule (mm), altura do
primeiro racemo (cm), tamanho do racemo principal (cm), altura de planta (cm), número de racemo por
planta e produção referente a cultivar BRS Energia cultivada em duas densidades na região de Irecê -
BA em 2008.

Verificou-se que não houve diferença estatística para as variáveis analisadas em nenhum dos
espaçamentos (Tabela 1). Isso era de se esperar porque se trata de uma cultivar já definida. Porém,
quando se comparou os dois espaçamentos observou-se que todos os caracteres avaliados
apresentaram-se estatisticamente diferentes, demonstrando que existem diferenças quando se muda a
densidade de plantio.

Quanto à altura da planta, a BRS Energia apresentou altura média de 246,70cm no


espaçamento 1,0m x 1,0m e 192,20cm no espaçamento 2,0m x 1,0m com coeficiente de variação de
9,24%. Apesar de ser uma cultivar de porte baixo, percebeu-se que quando cultivada em solo de alta
fertilidade e com disponibilidade de água satisfatória, a BRS Energia apresenta crescimento
semelhante às cultivares de porte alto.

A altura média de inserção do racemo primário foi de 82,20cm e 105,00cm, respectivamente


para os espaçamentos 2,0m x 1,0m e 1,0m x 1,0m, com coeficiente de variação de 24,56%. O tamanho
do racemo primário para a densidade de 1,0m x 1,0m foi de 77,80cm com um número médio de
racemos de 7,84 racemos/planta, enquanto na densidade de 2,0m x 1,0m a média do tamanho dos

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cachos foi menor (69,00 cm), porém, com um maior número de racemos/planta (12,12). O coeficiente
de variação foi de 19,61% para o tamanho do racemo e 40,36% para o número de racemo/planta.

Não se observou diferença estatística entre as médias da característica diâmetro do caule nas
duas densidades de plantio.

A produtividade do espaçamento 1m x 1m foi de 1.304,25 kg/ha e para o espaçamento 2m x


1m foi de 1.727,27 kg/ha diferindo estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Severino et al. (2006) avaliando o crescimento e produtividade na cultivar Nordestina verificou que a
altura das plantas não foi influenciada pelo espaçamento entre linhas, mas a altura de inserção do
primeiro racemo sofreu influência e foi maior no espaçamento mais estreito (2m), possivelmente devido
a um leve estiolamento provocado pela competição por luz. O diâmetro do caule foi maior nas plantas
espaçadas de 3,50m, as quais possuíam maior espaço para crescimento vegetativo.

CONCLUSÕES

A densidade de plantio influenciou diretamente nas características das variáveis analisadas e


na produtividade da cultivar BRS Energia cultivada na região de Irecê - BA;

É importante maiores pesquisas relacionados à densidade de plantio para a cultivar BRS


Energia sob irrigação, para determinar o espaçamento mais apropriado dessa cultivar nesse local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M.; ROCHA, P.; MOTA, J. R.; SEVERINO, L. S.; CARDOSO, G. D.; SILVA, G. A.
DA e QUEIROZ, U. C. de. Segmentos do agronegócio da mamona. I. Diagnóstico da ricinocultura da
região de Irecê, estado da Bahia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA: Energia e
Sustentabilidade, 1., 2004, Aracaju, SE. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. 1 CD-
ROM.
IBGE. SIDRA. Banco de Dados Agregado. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br. Acesso em 22
de dezembro de 2009.
MILANI, M.; ADRADE, F. P. de; NÓBREGA, M. B. de M.; SILVA, G.A da; MOTA, J. R.; MIGUEL
JÚNIOR, S.R.; DANTAS, F. V.; SOUSA, L. de L. Avaliação de genótipos de porte baixo na região de
Irecê. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2, 2006. Campina Grande, PB. Anais... Campina
Grande: Embrapa Algodão, 2006. 1 CD-ROM.
SEVERINO, L. S.; MORAES, C. R. de A.; GONDIM, T. M. de S.; CARDOSO, G. D. e BELTRÃO, N. E.
de M. Crescimento e produtividade da mamoneira influenciada por plantio em diferentes espaçamentos
entre linhas. Revista Ciência Agronômica, v.37, n.1, p.50-54, 2006.

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Tabela 1: Médias dos caracteres diâmetro do caule (mm), altura do 1º racemo (cm), tamanho do racemo principal (cm),
altura de planta (cm), número de racemos/planta e produção (kg/ha) referentes à mamona cultivar BRS Energia cultivada
em dois espaçamentos na região de Irecê-BA em 2008.

Planta / Diâmetro do Altura do 1º Tamanho do Altura de Número de Produção


Variável Caule Racemo Racemo planta cápsulas (kg/ha)

1 33,42 a 98,00 a 73,30 a 212,50 a 10,10 a -

2 34,73 a 90,50 a 75,50 a 215,00 a 9,30 a -

3 32,89 a 86,00 a 71,50 a 208,50 a 8,90 a -

4 33,32 a 86,50 a 68,50 a 212,00 a 8,80 a -

5 34,73 a 98,50 a 69,50 a 217,00 a 9,70 a -

6 35,60 a 102,00 a 72,00 a 226,00 a 9,40 a -

7 37,23 a 95,50 a 81,00 a 227,00 a 10,50 a -

8 36,76 a 89,50 a 71,50 a 222,50 a 10,70 a -

9 36,35 a 88,50 a 75,50 a 223,00 a 11,20 a -

10 36,35 a 101,00 a 75,50 a 230,00 a 11,20 a -

Espaçamentos

1m x 1m 35,29 a 105,00 a 77,80 a 246,70 a 7,84 a 1304,25 b

2m x 1m 34,98 b 82,20 b 69,00 b 192,20 b 12,12 b 1727,27 a

Média 35,14 93,60 73,40 219,45 9,98 1515,76

C.V. (%) 11,76 24,56 19,61 9,24 40,36 -

*médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si

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COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE MAMONEIRA EM DIFERENTES ALTITUDES

Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão1, Maria Isaura P. de Oliveira2, José Félix de Brito Neto1, Marlon
Leal Cabral Menezes de Amorim3, Maria do Socorro Rocha2, Walciria Alves da Silva3, Fabíola Vanessa
de França Silva2, Franklin Magnun de Oliveira Silva3
1Embrapa Algodão, napoleao@cnpa.embrapa.br, 2CCA/UFPB, 3UEPB

RESUMO: Avaliaram-se cinco genótipos de mamoneira quanto à produtividade de sementes e outras


características agronômicas em duas condições de altitude. O plantio da mamona foi realizado em Abril
de 2009, em um espaçamento de 1,0 m x 1,0 m, para cultivares de porte baixo, e de 1,0 x 1,5 para
cultivares de porte médio. Utilizou-se delineamento experimental de blocos casualizados com quatro
repetições. Para as condições climáticas de Campina Grande, não se observou diferença significativa
entre as cultivares para a variável altura de plantas, teor de clorofila e número de folhas. Para o
diâmetro do caule, verificou-se diferença significativa entre os tratamentos, sendo a linhagem CNPAN -
93168 (Pioneira) e a cultivar BRS – Energia, as que apresentaram maior e menor crescimento em
diâmetro respectivamente, isso para o município de Campina Grande. De forma geral, as
características de crescimento foram comprometidas quando as plantas foram cultivas em baixa
altitude. Não houve diferença significativa no teor de óleo entre as cultivares, porém não diferiram
quando se comparou entre as duas altitudes. Não se observou efeito significativo para a produtividade.
Palavras chave: Manejo cultural, temperatura, Ricinus communis.

INTRODUÇÃO

O clima tem forte influência na distribuição das espécies no planeta. Seus elementos primários
como temperatura, densidade de fluxo radiante, luminosidade e umidade relativa do ar interferem na
produção biológica de ecossistemas e agroecossistemas (LARCHER, 2000).

A mamoneira (Ricinus communis), de ampla distribuição geográfica, tem possível origem


tropical (MAZZANI, 1983). Durante a fase vegetativa, requer precipitações pluviais abundantes e bem
distribuídas, enquanto que na fase reprodutiva prefere ausência de chuvas. Não suporta ventos fortes,
particularmente ventos frios, que geralmente vem do sul (RIBEIRO FILHO, 1966). Consiste numa
espécie sensível ao excesso de água no ambiente edáfico e atmosférico, alterando o padrão de
floração e causando atrofia radicular (MAZZANI, 1983). O ambiente, inclusive a altitude, também
interfere na expressão sexual da mamona, apesar da base genética (BELTRÃO, 2001). Temperaturas

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infra e supra-ótimas intervêm na produtividade da cultura: ambientes com temperatura noturna em


torno de 30ºC aumentam a respiração celular e diminuem a taxa fotossintética, reduzindo o
crescimento e o número de frutos por cacho (BELTRÃO et al, 2008).

Diante de tamanha influencia na fisiologia da mamoneira, a altitude tem sido critério de forte
consideração ao se delinear o zoneamento da cultura. Para a região Nordeste do Brasil, o zoneamento
da mamona requer altitude mínima de 400m, precipitação pluvial mínima de 500mm/ano, com pelo
menos quatro meses de chuva, e temperatura média do ar entre 20 a 30ºC. Entretanto estudos quanto
aos efeitos da temperatura noturna e umidade relativa do ar à noite no metabolismo da mamona ainda
são preliminares, especialmente para as novas cultivares recomendadas pela Embrapa (BELTRÃO et
al, 2008). Dessa maneira, objetivou-se com esta pesquisa avaliar o comportamento de R. communis
nas altitudes do Planalto da Borborema e litoral da Paraíba, nas cidades de Campina Grande e João
Pessoa, respectivamente.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido entre os meses de abril e outubro de 2009, em campo


experimental da Embrapa Algodão, situado em Campina Grande – PB, cidade localizada no agreste
paraibano, de altitude aproximada de 550 m, 7°13'11" latitude Sul e 35°52'31" longitude Oeste de
Greenwich. Experimento paralelo foi conduzido em campo experimental da EMEPA, situado na cidade
de João Pessoa – PB, localizada no litoral paraibano a aproximadamente 37m de altitude, longitude
oeste de 34º47'30" e latitude sul de 7º09'28.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco repetições, utilizando as


seguintes cultivares de Ricinnus communis: BRS – 149 – Nordestina, de porte médio e plantio no
espaçamento 1 m X 1,5 m; BRS - Paraguaçu, cultivar de porte médio e plantio no espaçamento de 1 m
X 1 m; BRS – Energia, cultivar de porte baixo e espaçamento de 1 m X 1 m; e as linhagens CNPA – 42
e CNPAN 93168 de porte baixo e médio, respectivamente. A adubação foi baseada na fórmula 30-60-
30 kg ha-1, sendo um terço do nitrogênio colocado por ocasião do plantio e o restante no início da
floração. Não foram registradas pragas ou doenças durante a condução do ensaio.

O estudo fenológico de coleta não destrutiva teve intervalo de medição de 30 dias a partir do
plantio, com avaliação dos seguintes descritores: altura, diâmetro do caule, número de folhas e área
foliar, finalizando aos 180 dias. Para determinação da área foliar, foi utilizada a fórmula S = 0,2622 x
P2,4248 , onde S é a área foliar da planta e P o comprimento da nervura principal (Severino et al.,2005).

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Foram avaliados os seguintes parâmetros: altura e diâmetro da planta (cm), número de folhas e cachos
por planta, rendimento de bagas kg ha-1 e massa de 100 sementes e teor de óleo (%). Os dados
obtidos foram submetidos à análise estatística. O teor de óleo foi determinado por ressonância
magnética. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferença significativa entre as cultivares para a variável altura de plantas, teor de
clorofila e número de folhas, para as condições edafoclimáticas do município de Campina Grande
(altitude elevada). Também não se observou diferença significativa entre as cultivares para a altura de
plantas em João Pessoa (baixa altitude) (Tabela 1). No entanto, quando se comparou os valores de
crescimento das plantas em altura entre os dois municípios, observou-se que estes foram maiores em
todas as cultivares trabalhadas no município de Campina Grande, sendo a linhagem CNPA 42 a que
apresentou maior crescimento das plantas em altura 2,69 m, no município de Campina Grande, valor
duas vezes maior que o encontrado no município de João Pessoa para essa variável (Figura 1). A
altitude tem sido um dos importantes critérios utilizados para a realização do Zoneamento da
Mamoneira, o qual prevê que o ótimo ecológico em que a planta pode expressar seu potencial
produtivo está na faixa de 300 a 1.500m de altitude (BELTRÃO et al., 2003).

A literatura recomenda o plantio entre 300 e 1.500 m acima do nível do mar, devendo-se evitar
as maiores em razão das baixas temperaturas, pois abaixo de 10 graus não há produção de sementes,
por causa da perda de viabilidade do pólen; abaixo, a mamoneira tem a tendência de ficar mais
vegetativa e apresentar, às vezes, abortamento de flores e até reversão de sexo (TÁVORA, 1982). Já
para o diâmetro do caule, verificou-se diferença significativa entre as cultivares, sendo a linhagem
CNPAN – 93168 (Pioneira) e a cultivar BRS - Energia as que apresentaram maior e menor crescimento
em diâmetro, respectivamente, no município de Campina Grande. O mesmo foi observado para as
plantas cultivadas no município de João Pessoa (Tabela 1). Porém, o crescimento das plantas em
diâmetro foi maior em plantas cultivadas no município de Campina Grande, quando comparado ao
município de João Pessoa, isso para todos os tratamentos avaliados (Figura 2).

Não houve diferença significativa no teor de óleo entre as cultivares, porém não diferiram
quando se comparou entre as duas altitudes. Não se observou diferença significativa entre as
cultivares para a produtividade nos dois municípios. Porém, Melo et al. (2004), avaliando genótipos de

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mamona em baixa altitude, município de Teresina – PI, altitude de 74 m, obtiveram produtividades,


variando de 654 a 1.210 kg ha-1, apresentando, também uma correlação positiva entre o número de
racemos por planta e a produtividade de sementes de mamona. Segundo Cartaxo et al. (2004),
produtividades superiores a 1.500 kg ha-1 são valores considerados adequados para cultivos realizados
no semi-árido nordestino.

CONCLUSÃO

Os tratamentos estudados apresentaram, de forma geral, maior crescimento em altura e


diâmetro para as condições edafoclimáticas do município de Campina Grande – PB, havendo uma
relação direta entre o efeito da altitude e o desenvolvimento de plantas de mamoneira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. de M. ALVES, G. da S. LUCENA, A. M. A. de. OLIVEIRA, M. I. P. de. Mudanças
morfofisiológicas na mamoneira cultivar BRS Nordestina em função do ambiente e do seu ciclo
de vida. III Congresso da Mamona, 2008. Anais.

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Tabela 1. Médias das variáveis altura, diâmetro, número de folhas e teor de clorofila de plantas de diferentes variedades de
mamoneira (Ricinus communis L.) em diferentes altitudes.
Campina Grande João Pessoa
Variedade Altura Diâmetro Número Teor de Altura Diâmetro Número Teor de
de folhas
de folhas clorofila clorofila
Nordestina 229,36 a 38,82 a 32,35 a 30,28 a 82,77 a 22,15 ab 15,63 ab 59,17 ab
Pioneira 252,03 a 41,34 a 40,44 a 44,44 a 110,69 a 26,45 a 19,40 ab 62,77 a
Paraguaçu 226,50 a 34,46 ab 34,13 a 42,32 a 80,95 a 19,14 ab 14,69 b 60,85 ab
Energia 168,15 a 24,17 b 29,75 a 40,56 a 59,19 a 13,41 b 14,41 b 54,13 b
CNPA 42 269,89 a 35,82 ab 19,78 a 20,55 a 133,76 a 25,01 ab 30,70 a 53,53 b
Média 229,18 34,93 31,28 35,63 93,46 21,23 18,97 58,09
C.V. 27,82 18,30 47,33 42,65 36,06 26,86 36,25 5,82
Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 2. Médias da variáveis produtividade, massa de cem sementes, número de cachos e teor de óleo (%) em plantas de
diferentes variedades de mamoneira (Ricinus communis L.) em diferentes altitudes.
Campina Grande João Pessoa
Variedade Massa de Número de Teor de Massa de Número de Teor de
sementes cachos sementes cachos
óleo óleo
Nordestina 72,61 a 42,00 a 55,55 a 60,47 a 17,50 b 55,82 a
Pioneira 76,96 a 32,27 a 5,12 b 65,99 a 25,25 b 52,38 a
Paraguaçu 69,29 a 33,50 a 54,15 ab 63,14 ab 25,50 b 53,57 ab
Energia 55,04 a 46,00 a 40,56 a 37,92 b 37,25 b 54,26 ab
CNPA 42 50,84 a 73,20 a 20,55 a 49,33 ab 66,75 a 56,10 a
Média 64,94 45,5 53,92 55,34 34,45 54,43
C.V. 24,48 31,8 2,61 16,38 42,53 2,70
Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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COMPORTAMENTO ESTOMÁTICO EM PLANTAS MAMONEIRA E ALGODOEIRO SOB


DEFICIÊNCIA HÍDRICA EM DIFERENTES TEMPERATURAS

Maria Isaura P. de Oliveira1, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão2, Fabíola Vanessa de França
Silva1, José Félix de Brito Neto2, Valdinei Sofiatti2, Karoliny Cruz Silva3, Viviany Nayse Belo3, Franklin
Magno de Oliveira Silva3
1CCA/UFPB, oliveira_mip@yahoo.com.br, 2EMBRAPA Algodão, 3UEPB

RESUMO: Avaliou-se o efeito da temperatura e do déficit hídrico sobre a condutância estomática de


plantas de mamoneira e algodoeiro. O experimento foi conduzido no Laboratório de Fisiologia Vegetal
da Embrapa Algodão, localizada em Campina Grande – PB, em câmara controlada, denominada
Fitotron, cuja fonte luminosa consistiu em lâmpadas fluorescentes (40W) e incandescentes (100W), em
uma proporção de 4:1, que forneciam um total de 400,68 W m-2 , com fotoperíodo de 16 horas de luz e
8 horas de escuro. A temperatura do ar foi controlada para 30º e 35ºC através de condicionador de ar
de 10.000 BTUs e termohigrógrafo, instalados no interior das câmaras. Ocular de 15x e objetiva de 40x
proporcionaram um aumento de 600 vezes e campo real visível de 0,1197 mm 2 para visualização dos
estômatos. Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados, sendo três folhas, duas faces da folha,
duas temperaturas e três pontos de leitura, com quatro repetições, totalizando 148 unidades
experimentais. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste
de Tukey, a 5% de probabilidade. Na temperatura de 35 ºC, o número de estômatos abertos em folhas
de algodoeiro foi ligeiramente maior, quando comparado à temperatura de 30 ºC. As plantas de
mamoneira conduzidas sob temperatura de 35 ºC apresentaram maior número de estômatos fechados.
Para o algodoeiro, observou-se que a face adaxial apresentou significativo maior número de
estômatos, tanto aberto quanto fechado.
Palavras chave: Estômatos, folhas, temperatura.

INTRODUÇÃO

Os fatores climáticos constituem-se em uma das variáveis não controláveis de forte influência
na produção agrícola, afetando o crescimento e o desenvolvimento das plantas de diferentes formas e
em diversas fases do ciclo da cultura (BELTRÃO e OLIVEIRA, 2008), além de determinar a definição
de áreas onde se podem explorar cada cultura. A temperatura e o déficit de saturação do ar influem
diretamente nos principais processos fisiológicos vegetais, tais como fotossíntese, transpiração e
respiração. Dessa maneira, estes aspectos ambientais acabam interferindo no mecanismo estomático,

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um importante mecanismo de defesa vegetal contra perdas exageradas de água e eventual morte por
dessecação (TAIZ e ZEIGER, 2009).

O algodão herbáceo (Gossypium hirsutum) depende diretamente da disponibilidade hídrica


durante as diferentes fases fenológicas de seu desenvolvimento para quantidade e qualidade na
produção de fibra (ARAÚJO et al, 2003). A mamoneira (Ricinus communis) é uma planta rústica,
heliófila, resistente à seca e, por isto, bem adaptada às regiões áridas e semi-áridas; entretanto requer
temperaturas entre 25º e 30 °C para seu ótimo ecológico, sendo muito sensível à água, nutrientes, CO 2
e luz, por apresentar metabolismo fotossintético C3 (BELTRÃO et al., 2003).

Estudos ambientais têm previsto aumento na temperatura global (IPCC, 2007), fator que
certamente trará efeitos fisiológicos nas culturas mundiais. Um incremento de CO2 na atmosfera pode
ser inicialmente benéfico para o processo fotossintético, entretanto trará efeitos diretos no processo de
transpiração, que utiliza o mesmo caminho de difusão desde o mesófilo da folha até o ambiente: o
estômato. Dessa maneira, é importante avaliar o comportamento do mecanismo estomático nas
condições ambientais previstas, a fim de antever mudanças fisiológicas, e mesmo produtivas, que
culturas importantes como a do algodão e da mamona podem apresentar.

METODOLOGIA
O experimento foi conduzido no Laboratório de Fisiologia Vegetal da Embrapa Algodão,
localizada em Campina Grande – PB, em câmara controlada, denominada Fitotron, cuja fonte luminosa
consistiu em lâmpadas fluorescentes (40W) e incandescentes (100W), em uma proporção de 4:1, que
forneciam um total de 400,68 W m-2 , com fotoperíodo de 16 horas de luz e 8 horas de escuro. A
temperatura do ar foi controlada para 30º e 35ºC através de condicionador de ar de 10.000 BTUs e
termohigrógrafo, instalados no interior das câmaras.

Plantas de algodão herbáceo cv. CNPA - 8H (figura 7 A) e mamona cv BRS - Energia (figura 7
B) cultivadas em vaso plástico com capacidade para 30 L, contendo substrato massame: argila:material
orgânico, na proporção de 1:1:1 (v/v/v) e dispostas em bancada de 70cm de altura. Até o estádio de
pré-florescimento, as plantas foram irrigadas periodicamente, mantendo-se o potencial hídrico em
capacidade de campo. Após este período, foi imposta deficiência hídrica com a suspensão da irrigação.

Em plantas não irrigadas (quatro), de algodoeiro e mamoneira, foram selecionadas três folhas,
cada uma oriunda de três regiões distintas da planta: basal, mediana e apical. Em cada folha foi
aplicada uma fina camada de acetato de celulose (esmalte incolor) em três pontos – apical, mediano e

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basal – das superfícies adaxial e abaxial, respectivamente. Após aproximadamente dez minutos de
secagem, secções da película de acetato foram retiradas com auxílio de fita adesiva e montadas em
lâminas de microscópio óptico. Ocular de 15x e objetiva de 40x proporcionaram um aumento de 600
vezes e campo real visível de 0,1197 mm2 para visualização dos estômatos. Em cada lâmina foram
realizadas quatro observações quanto à proporção de estômatos abertos e fechados, nas condições já
descritas, em cada uma das cultivares, no horário das 14:00 h (horário de coleta). Utilizou-se o
delineamento de blocos casualizados, sendo três folhas, duas faces da folha, duas temperaturas e três
pontos de leitura, com quatro repetições, totalizando 148 unidades experimentais. Os dados foram
submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando a tabela 1, pode-se observar que não houve diferença significativa para o número
total de estômatos de folhas de algodoeiro entre as duas temperaturas. No entanto, houve diferença
para essa variável quanto à face da folha, sendo maior o número total de estômatos na face adaxial.
Para a mamoneira, observou-se comportamento semelhante ao do algodoeiro, não havendo diferença
significativa para o número total de estômatos entre as duas temperaturas, bem como maior número de
estômatos na face adaxial da folha (Tabela 2). Não houve diferença significativa para o número de
estômatos abertos em folhas de algodoeiro nas diferentes temperaturas, bem como para as duas faces
da folha, adaxial e abaxial (Tabela 1). Comportamento semelhante foi observado para a mamoneira,
com exceção da face abaxial da folha, que apresentou menor número de estômatos abertos, quando
comparada com a face adaxial (Tabela 2).

De acordo com a figura 1, é possível verificar que às 14:00 h, à temperatura de 35ºC, o número
de estômatos abertos em folhas de algodoeiro foi ligeiramente maior, quando comparado à
temperatura de 30ºC. O mesmo comportamento estomático pode ser verificado para a mamoneira na
figura 2. Houve diferença significativa para o número de estômatos fechados em folhas de algodoeiro
em função das temperaturas, bem como na face adaxial da folha (Tabela 1). Verificou-se também
efeito significativo para o número de estômatos fechados para folhas de mamoneira em função da
temperatura, e também da face abaxial da folha (Tabela 2). O número de estômatos fechados em
folhas de algodoeiro (figura 6) foi superior na temperatura de 35ºC (Figura 1) o que, possivelmente, foi
resultado da interação de fatores, como a temperatura e o déficit interno de água afetando, assim, os
processos bioquímicos e ou fotoquímicos na planta, como foi constatado por Quick et al. (1992).

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O fechamento estomático é um importante mecanismo de defesa que as plantas apresentam


contra perdas exageradas de água e eventual morte por dessecação. Dessa forma, o estresse hídrico
imposto às plantas possivelmente contribuiu para o fechamento dos estômatos nas duas culturas. De
acordo com a figura 2, as plantas de mamoneira conduzidas sob temperatura de 35ºC apresentaram
maior número de estômatos fechados (Figura 5). Segundo Mansfiels e Davie,(1985), esse
comportamento estomático pode ser resultado de um sinal das raízes às folhas, de modo a reduzir a
perda de água (transpiração) antes mesmo da planta apresentar sintomas de deficiência hídrica. Esse
fechamento bloqueia o fluxo de CO2 para as folhas, afetando o acúmulo de fotoassimilados, o que pode
reduzir a produtividade (GHOLZ et al. 1990).

Para o algodoeiro, observou-se que a face adaxial apresentou significativo maior número de
estômatos, tanto aberto quanto fechado (figura 3) com relação à face abaxial. Já para a mamoneira,
pode-se observar uma melhor distribuição dos estômatos nas duas faces, porém, de forma semelhante
ao algodoeiro, a face adaxial apresentou o maior número de estômatos, abertos ou fechados.

CONCLUSÃO

O aumento da temperatura e o estresse hídrico imposto às plantas de algodoeiro e mamoneira


proporcionam diminuição da condutância estomática, e conseqüentemente aumento na temperatura
foliar, apresentando sensibilidades diferentes.

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TAIZ, L. ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

Tabela 1. Médias para as variáveis número total de estômatos, número de estômatos abertos e fechados para o algodoeiro.
Variáveis
Tratamento No total de estômatos Estômatos abertos Estômatos fechados
35o C 1041,3 a 117,63 a 923,6 a
30o C 698,4 a 73,75 a 624,6 b
Face adaxial 1176,9 a 136,75 a 1040,1 a
Face abaxial 562,8 b 54,63 a 508,1 b
Médias para fatores, seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.

Tabela 2. Médias para as variáveis quantidade de estômatos e (%) de estômatos abertos para a mamoneira.
Variáveis
Tratamento No total de estômatos Estômatos abertos Estômatos fechados
35o C 1627,0 a 411,9 a 1258,7 a
30o C 1049,0 a 368,3 a 637,1 b
Face adaxial 1541,4 a 523,8 a 1017,6 a
Face abaxial 1062,4 b 261,9 b 800,5 b
Médias para fatores, seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.

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COMPORTAMENTO FENOLÓGICO DE GENÓTIPOS DE CANOLA NO BREJO PARAIBANO

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araújo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – A canola se constitui numa excelente opção de cultivo para o período chuvoso, alem de se
tornar mais uma alternativa para a produção de biodiesel para o agronegócio regional. O objetivo do
trabalho foi avaliar o comportamento fenológico de diferentes genótipos de canola cultivados em área
úmida do nordeste de Paraíba. Para tanto foram avaliados a altura de plantas o início e duração da
floração, duração da emergência até a maturação. O experimento foi conduzido em área experimental
da UFPB, situada no município de Areia - PB. Foram utilizados nove genótipos de canola: Brassica
napus (Hyola 401, 4722, 4816 K9209, K 9111), Brassica campestris (Q6501) e Brassica sylvestris
(Hyola 61, 432, I4403). Os resultados permitiram concluir que o município de Areia (PB) é uma região
promissora para o cultivo de canola. Sendo considerado para região como genótipos de ciclo precoce
os que têm uma duração da emergência a colheita entre 90 e 110 dias, de ciclo longo acima de 110
dias, e ainda podemos classificar como super-precoce os que possuem ciclo inferior a 90 dias a
exemplo do genótipo Q6501.
Palavras-chave – Brassica napus L.; Fenologia; Estabelecimento; Crescimento

INTRODUÇÃO

A canola (Brassica napus L.) é uma oleaginosa pertencente à família das crucíferas. Os grãos
de canola atualmente produzidos no Brasil possuem em torno de 24 a 27% de proteínas e, em média,
38% de óleo (TOMM, 2007). O termo canola é um acrônimo de Canada Oil Low Acid e foi adotado
como padrão para indicar baixos teores de ácido erúcico (menos de 2% do total de ácidos graxos) e
glucosinolatos (menos de 30 µmol/g de farelo seco e desengordurado) (ICI SEMILAS, 1991).

O Nordeste tem como principal cultura para a produção de biodiesel a mamoneira (Ricinus
communis L.), cultura esta de reconhecida resistência a seca e que produz sementes com cerca de
55% de óleo (AZEVEDO et al., 1997), contudo sabe-se que o cultivo de canola se encaixa bem nos

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sistemas de produção além de apresentar diversos benefícios subseqüentes, constituindo excelente


opção de cultivo no período de inverno (AVILLA, 2007).

Desta forma torna-se imprescindível a avaliação do comportamento de diferentes genótipos de


canola nesta região. Souza et al. (2008) avaliando o despenho de dez diferentes genótipos (Hyola 43,
60, 61, 401, 432, I4403, P432, H4722, 4815 e 4816) no município de Areia (PB) obtiveram
produtividades superiores a 2000 kg ha-1 para genótipos de menor ciclo (Hyola 61, 401, 4722, 4815 e
4816) e 1500 kg ha-1 para genótipos de maior ciclo, valores estes próximos à média nacional, contudo
necessita-se de mais informações sobre esta cultura para região, notadamente sobre o comportamento
fenológico da mesma, haja vista, a duração do ciclo ter influenciado na produção da cultura.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento fenológico de diferentes genótipos de


canola cultivados em área úmida do nordeste de Paraíba.

METODOLOGIA

O experimento foi instalado em condições de campo no período de Maio até Setembro de


2008, em área experimental pertencente ao Centro de Ciências Agrárias – UFPB, Campus II, localizada
no município de Areia (PB). As características químicas do solo utilizado foram determinadas antes da
instalação do experimento (Quadro 1).

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. Os


tratamentos foram constituídos por nove genótipos de Canola (Brassica napus: Hyola 401, 4722, 4816
K9209, K 9111; Brassica campestris: Q6501 e Brassica sylvestris: Hyola 61, 432, I4403).

A calagem foi realizada três meses antes do plantio, conforme recomendações de Raij et al.,
(1997). A adubação de semeadura constou da aplicação, em todos os tratamentos, de 300 kg ha -1 do
fertilizante misto de fórmula 06-24-12 nas parcelas. Utilizou-se espaçamento entre linhas de 0,34 m, a
unidade experimental foi composta de 4 linhas de 5m de comprimento, totalizando como área útil 6,8
m2. Nas adubações de cobertura foi aplicado 20 kg ha-1 de N + 22 kg ha-1 de S na forma de sulfato de
amônio, 90 kg ha-1 de N na forma de uréia e 30 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio aos 30
dias após a emergência (DAE).

Foram feitas as seguintes avaliações, Início de Floração - foram consideradas as áreas úteis
que possuíam mais de 50% das plantas com pelo menos uma flor; Duração de Floração - foi
considerada a data em que se iniciou a floração ate quando todas as flores já tinham caído, ou seja, as

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síliquas já estavam entrando no processo de formação dos grãos; Emergência a colheita - foi
considerado o período compreendido entre a emergência até quando pelo menos 50 % das síliquas
apresentavam as sementes com a coloração marrom-escura; Altura de plantas - utilizou-se uma régua
de madeira de 3m medindo as plantas no final da floração do solo até o ápice.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, e em função do nível de significância


no teste F. A comparação das médias foi efetuada pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para as variáveis estudadas observa-se que houve diferença significativa através do teste F,
para todas. As condições climáticas do período de condução do experimento permitiram
desenvolvimento de todos os genótipos, pois segundo Tomm (2007) condições adversas como
estresse hídrico e altas temperaturas desfavorecem o desenvolvimento da cultura, notadamente para
genótipos de ciclo tardio e no início do desenvolvimento das plantas, ou seja, no período compreendido
entre emergência e o estádio de roseta.

Conforme os dados climáticos da região apresentados na Figura 1, pode-se perceber que


conforme ocorreu o desenvolvimento da cultura, as temperaturas aumentaram, ao passo que a
precipitação diminuiu a umidade por sua vez não sofreu alteração significativa. Diferentemente de
dados obtidos por Souza et al. (2008) que obtiveram abortamento de flores e menor uniformidade no
enchimento de síliquas para os genótipos de ciclo longo, não foi observado mesmo fenômeno durante
o florescimento, fator este devido à semeadura dos experimentos ter ocorrido em épocas diferentes.

Dentre os genótipos utilizados no experimento Souza et al. (2008) considera como sendo de
ciclo precoce o H401, H4816 e H4722, de ciclo tardio o H432 e I4403, Tomm (2007) classifica o H61
como sendo de ciclo médio, contudo nas condições de cultivo em que foram avaliados, apresentaram-
se como sendo de ciclo curto ou precoce. De forma geral para maior esclarecimento para as condições
climáticas do município de Areia (PB) pode-se considerar como genótipos de ciclo precoce os que têm
uma duração da emergência a colheita entre 90 e 110 dias, de ciclo longo acima de 110 dias, e ainda
podemos classificar como super-precoce os que possuem ciclo inferior a 90 dias a exemplo do
genótipo Q6501.

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O período de florescimento é fundamental para se obter altas produtividades, pois a partir do


conhecimento da sua duração pode-se recomendar o melhor momento de semeadura, percebe-se que
os genótipos que apresentaram período inferior a 30 dias apresentaram-se menos produtivos do que
os de florescimento mais prolongado, o que sugere que após o florescimento, quando a planta entra na
fase de enchimento a maturação de grãos, o período chuvoso não é mais desejável.

CONCLUSÃO

O município de Areia (PB) mostra-se como uma potencial produtora de canola. Os genótipos
apresentaram crescimento satisfatório, dentre os quais podemos classificar como genótipos de ciclo
precoce os que têm uma duração da emergência a colheita entre 90 e 110 dias, de ciclo longo acima
de 110 dias, e ainda podemos classificar como super-precoce os que possuem ciclo inferior a 90 dias a
exemplo do genótipo Q6501

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVILA, M.R.; BRACCINI, A.L.; SCAPIM, C.A.; FAGUARI, J.R.; SANTOS, J.L. Influênçia do estresse
hídrico simulado com manitol na germinação de sementes e crescimento de plântulas de canola.
Revista Brasileira de Sementes, v.29, n.1, p. 98-106, 2007.
AZEVEDO, D. M. P. de; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S.; LIMA, E. F. V. Recomendações técnicas
para o cultivo da mamona (Ricinus communis L.) no Brasil. Campina Grande: EMBRAPA – CNPA,
1997. 52 p. (EMBRAPA – CNPA. Circular Técnica, 25).
ICI SEMILAS. Iciola 41: Canola híbrida. Buenos Aires, 1991. 6p. (Apostila).
RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e
calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 1997.
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SOUZA, T. A. F.; RAPOSO, R. W. C.; TOMM, G. O.; OLIVEIRA, J. T. L.; SILVA NETO, C. P.
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Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 5. Lavras: EMBRAPA
AGROENERGIA: CNPq: TECBIO: BIOMINAS: SEBRAE, 2008.
TOMM, G. O. Canola. IN: CUNHA, G. R. (Ed.). Agroenergia – O futuro que chegou. Passo Fundo: O
Nacional, 2007. 36-37p.

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Quadro 1. Características químicas do solo cultivado, Areia (PB), na profundidade de 0-0, 20 cm


Ph M.O. P K+ Ca2+ Mg+2 H + Al V
H2O (1:2,5) --g kg-1-- -------mg dm-3------- ---------------cmolc dm-3--------------- ----%----
5,96 29,70 3,64 42,13 4,10 1,20 8,42 39,59

Figura 1. Temperaturas máxima e mínima, precipitação e umidade relativa do município de Areia (PB) durante a condução
do experimento

300 30

250 25

200 20 PRECIP. (mm)


U.R. (%)
150 15
T. MAX (°C)
100 10 T. MIN (°C)

50 5

0 0
MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, estação: 82696/Areia – Paraíba.

Tabela 1: Comportamento dos genótipos de canola no Nordeste da Paraíba


DF EC
Genótipos EF (dias) AP (cm)
(dias) (dias)
Hyola 61 50 b 40 a 117 ab 127,00 b
Hyola 401 48 b 21 b 101 de 98,50 d
Hyola 432 55 ab 33 ab 112 bc 142,50 a
I 4403 59 a 39 a 124 a 143,50 a
Hyola 4722 49 b 26 ab 110 bc 123,00 bc
Hyola 4816 49 b 26 ab 107 cd 100,00 d
Q 6501 36 c 26 ab 88 e 119,25 c
K 9209 49 b 28 ab 104 cde 125,50 bc
K 9111 53 ab 21 b 124 a 142,50 a
Valor de F 13,43** 4,45** 24,69** 113,0**
C.V. (%) 5,91 21,62 3,01 2,20
EF= Dias da emergência a floração, DF= Duração da floração, EC= Dias da emergência a colheita, AP= Altura de plantas.
Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ns, *, **: não-
significativo e significativo a 5 e 1%, respectivamente.

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COMPORTAMENTO PRODUTIVO DA MAMONEIRA SOB DIFERENTES POPULAÇÕES DE


PLANTAS EM REGIME DE IRRIGAÇÃO 1

Gibran da Silva Alves1, Napoleão Esberald de Macedo Beltrão2, Alex Matheus Rebequi3, Lígia
Rodrigues Sampaio4, José Félix de Brito Neto5
1 Doutor em Agronomia, gbralves@yahoo.com.br; 2CNPA/EMBRAPA; 3CCA/UFPB/Areia-PB; 4UFCG, 5 CNPA/EMBRAPA

RESUMO – A mamoneira é uma planta oleaginosa arbustiva, e o óleo de suas sementes possui
inúmeras aplicações industriais. A escolha do espaçamento e da época de plantio adequados são
passos tecnológicos básicos, que podem favorecer uma maior produção de grãos pelo surgimento de
mais racemos por planta com maior tamanho e número de frutos. O objetivo do presente trabalho foi
estudar os efeitos de diferentes populações de plantas na produtividade da mamoneira (Ricinus
communis L.) cv. BRS Energia. O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Embrapa
Algodão, localizado no município de Barbalha-CE, onde se trabalhou em delineamento de blocos ao
acaso com cinco populações de plantas (10.000; 16.666; 25.000; 50.000 e 100.000 plantas ha-1) com
quatro blocos. Utilizou-se o método de irrigação por aspersão, onde as lâminas foram estimadas de
acordo com a distância da linha central de aspersores em relação às faixas irrigadas. Com base nos
resultados do estudo, verificou-se que o crescimento das plantas reduziu em função do incremento da
população de 10.000 até 100.000 plantas ha -1. Os componentes de produção estudados decresceram
com o aumento da população de plantas.
Palavras-chave – Ricinus communis, espaçamento, consumo hídrico.

INTRODUÇÃO

A mamoneira é cultivada comercialmente em mais de 15 países, sendo os principais


produtores a Índia, a China e o Brasil. A cultura se apresenta como uma alternativa de relevante
importância econômica e social para o País, particularmente para a região Nordeste, onde se concentra
mais de 90% da produção. A Bahia é o principal estado produtor e produz cerca de 85% da safra no
Brasil (VIEIRA e LIMA, 2008). A produtividade alcançada na Bahia, que em média de série histórica
dos últimos trinta anos foi de 588 kg/ha (CONAB, 2009), interfere significativamente na produtividade
média nacional, mas em plantios realizados no Paraná e em São Paulo, os valores médios alcançados
são superiores a 1.000 kg/ha (BANZATTO, 1993).

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A definição do espaçamento e da densidade de plantio é um passo tecnológico simples, mas,


de grande importância no planejamento de uma lavoura em determinada região. O uso de
espaçamentos e densidades de plantios indevidos poderá reduzir as produções ou acarretar problemas
de manejo da própria lavoura (AZEVEDO et al., 1997). A densidade populacional e sua configuração
no campo em relação a incidência de luz também são importantes fatores para se alcançar um patamar
com taxa de retorno ideal na curva de rendimento, além de permitir um bom aproveitamento do terreno,
proteger o solo contra erosão e resultar na melhoria substancial de produtividade e qualidade do
produto e renda líquida para o agricultor (PEREIRA et al., 1999).

Diante de informações limitadas ao espaçamento de mamoneira de ciclo precoce,


especialmente a cultivar BRS Energia, na qual pode contribuir de forma significativa para os produtores
da região Nordeste, por se tratar de um genótipo naturalmente vigoroso, de fácil propagação, com
características e precocidade e porte baixo, adequada tanto para colheita manual, como para
mecânica; assim nesta pesquisa, objetivou-se avaliar a produtividade e o teor de óleo da mamoneira
influenciados por diferentes espaçamentos entre plantas, mantendo-se constantes a distância entre
linhas, utilizando-se a cultivar de porte baixo BRS Energia nas condições edafoclimáticas do Município
de Barbalha, CE, em regime de irrigação.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido sob condições irrigadas na Estação Experimental da Embrapa


Algodão localizada no município de Barbalha-CE entre os meses de julho e novembro de 2008.

O solo da área experimental é um Neossolo flúvico, que foi antes do plantio amostrado nas
profundidades de 0-20 e de 20-40 cm a fim de caracterizar seus atributos químicos e físicos. O
delineamento experimental foi em blocos ao acaso com cinco tratamentos e quatro repetições,
totalizando 20 unidades experimentais com área de 24 m 2. Cada parcela continha quatro fileiras de
plantas espaçadas em 1,0 m. A área total do experimento foi de 640 m2 e a área útil, considerando
apenas as parcelas foi de 480 m2. Os tratamentos envolveram cinco populações de plantas (10.000;
16.666; 25.000; 50.000 e 100.000 Plantas ha -1), onde se manteve constantes a distância entre linhas.
As leituras para o estudo do crescimento e desenvolvimento das plantas foram realizadas a cada 15
dias, em cinco épocas. Buscando a idoneidade dos resultados, foram escolhidas seis plantas na área
útil de cada parcela, em condições plenas de interações cooperativas e competitivas, permanecendo-
as devidamente identificadas do início ao fim do experimento.

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A necessidade hídrica da mamoneira foi determinada através de Dias (2006). A irrigação foi por
aspersão, através do sistema de linha central de aspersores, respeitando as condições de
dimensionamento e idade dos equipamentos na época do experimento. A tubulação da linha central
era composta por 14 tubos de 6 metros, diâmetro de 148 mm do fabricante MIZU, contendo 8
aspersores FABRIMAR com diâmetro de bocal (5,6 x 3,2 mm) tubo de subida de 0,70 m e
espaçamento entre aspersores de 12 m.

As recomendações para adubação com NPK - Nitrogênio (N), Fósforo (P2O5) e Potássio (K2O)
– foram sugeridas de acordo com as análises químicas dos solos (55-40-20 kg ha-1). Utilizou-se como
fontes de nutrientes o sulfato de amônio, o superfosfato triplo e o cloreto de potássio. No momento do
plantio (fundação) foi aplicada a dose total de fósforo, um terço (1/3) do nitrogênio e metade do
potássio. A adubação de cobertura foi efetuada aos 15 e 30 dias após a emergência, aplicando-se o
restante da dose recomendada sob a forma de uréia e cloreto de potássio.

Para o controle de plantas daninhas foram efetuadas três capinas manuais mantendo-se a
lavoura livre de plantas daninhas durante os primeiros sessenta dias após a emergência. A colheita foi
manual e realizada em duas etapas, a primeira quando o primeiro cacho estava completamente seco e
a segunda quando os demais cachos atingiram o mesmo ponto.

As variáveis referentes à produção analisadas ao final do experimento foi o número de


racemos por planta, número de frutos por racemo, número de frutos por planta e peso de frutos por
planta. Os valores das variáveis foram submetidos à análise de variância e análise de regressão
polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos valores médios do número de racemos por planta (Figura 1A), se percebe uma
redução de 3,00; 2,75; 2,50; 1,75; 1,75 racemos por planta para as populações de 10.000; 16.666;
25.000; 50.000 e 100.000 plantas ha-1, respectivamente. A população de 10.000 plantas ha -1 deteve
uma superioridade de 9,09%, 20,0%, 71,4% e 71,4% em relação à população de 16.666, 25.000,
50.000 e 100.000 plantas ha-1. Dessa maneira, pode-se inferir que o número de racemos aumenta à
medida que se amplia o espaçamento entre as plantas e linhas de plantio, de modo que, uma menor
população de plantas por unidade de área é compensada por uma maior produção de racemos por
planta. Tal comportamento pode ser explicado devido à menor competição pelos fatores de produção
entre as plantas da mamoneira.

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Com relação ao número de frutos por racemos figura 1B, pode se observar valores médios
decrescentes em relação às populações de 10.000; 16.666; 25.000; 50.000 e 100.000 plantas ha -1 com
valores médios de 96,19; 66,15; 30,25; 9,66; 4,38 frutos por racemo, respectivamente. Esses
resultados divergem de Azevedo et al. (1997c), que constataram maiores valores para o número de
racemos, número de fruto por racemo e o número de frutos por planta, em espaçamentos mais abertos.

O número de fruto por planta (Figura 2A), se ajustou a um modelo quadrático de regressão
apresentando valores médios de 151,02; 100,32; 70,93; 26,20 e 13,14 frutos planta -1 para as
populações de 10.000; 16.666; 25.000; 50.000 e 100.000 plantas ha-1. Percentualmente, houve um
incremento de 33,57; 53,03; 82,64 e 91,30% da menor (10.000 plantas ha -1) em relação às demais
populações. Comportamento semelhante pode ser observado para o peso de frutos por planta (Figura
2B), que originou valores médios de 149,05; 96,05; 83,87; 28,29 e 14,12 g planta -1, da menor (10.000
plantas ha-1) para as maiores população de plantas ha-1 (16.666; 25.000; 50.000 e 100.000 plantas
ha-1), respectivamente. Os incrementos percentuais para o peso de frutos planta -1 foram de 35,55;
43,13; 81,02 e 90,52% da menor em relação às maiores população de plantas.

Para Melo et al. (2006), conduzindo um trabalho com nove genótipo de mamoneira, verificou
em média 60,14 de frutos, com maiores leituras de 77,3; 64,6 e 71,2 de frutos, realizadas no genótipo
Pernambucana SM e cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu, respectivamente. Já nos genótipos
de porte baixo CSRN 393 e CSRD 2 foi determinado os seguintes números de cápsulas 64,16 e 44,32;
respectivamente, além de precocidade de produção, onde mais de 33% da produção foi colhida aos
120 dias após plantio (GONDIM et al., 2006).

CONCLUSÃO

A menor população de plantas (10.000 Planta ha -1) por hectare obteve um maior número de
racemos por planta, número de frutos por racemo e por planta e peso de frutos por planta.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S. Efeito da população


de plantas no rendimento da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1997c, 5 p.
(Comunicado Técnico, 54).

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Central de Informações Agropecuárias. Série


histórica: mamona. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>. Acesso em: 03 set. 2009.

DIAS, J. M.; SILVA, S. M. S.; GONDIM, T. M. de S.; SEVERINO, L. S.; BELTRÃO, N. E. de M.;
BEZERRA, J. R. C.; VASCONCELOS, R. A. de. Efeitos de diferentes quantidades de água de irrigação
e de densidades populacionais na cultura da mamona. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA,
2., 2006, Aracaju. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. 1 CD-ROM.

GONDIM, T. M. de S.; MILANI, M.; VASCONCELOS, R. A.; FREITAS, H. E. C. D. S. de; NÓBREGA, M.


B. de; PEREIRA, J. R. Produção de genótipos de mamoneira (Ricinus communis L.) no cariri cearense,
sob irrigação. In: Congresso Brasileiro da Mamona. Aracajú-SE. Anais..., Campina Grande:
EMBRAPA, CNPA, CD – ROM. 2006.

MELO, F. DE B.; BELTRÃO, N. E. de M.; MILANI, M.; RIBEIRO, V. Q. Comportamento produtivo de


genótipos de mamoneira em baixas altitudes para produção de biodiesel. II Congresso Brasileiro de
mamona, 2006, Campina Grande. Anais... Campina Grande: EMBRAPA, CNPA, CD – ROM. 2006.

VIEIRA, R. M.; LIMA, E. F. Importância socio-econômica e melhoramento genético da mamoneira no


Brasil. In QUEIRÓZ, M. A. de; GOEDERT, C. O.; RAMOS, S. R. R. (Ed.). Recursos genéticos e
melhoramento de plantas para o nordeste brasileiro. Disponível em:
<http://www.cpatsa.embrapa.br>. Acesso em: 19 abr. 2008.

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Figura 1. Número de racemos por planta (A) e número de frutos por racemo (B) da mamona BRS energia em função das
diferentes populações.

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Figura 2 - Número de frutos (A) e peso de frutos (B) da mamoneira BRS energia em função das diferentes populações de
plantas por hectare.

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CONFIGURAÇÕES DE PLANTIO PARA O GERGELIM IRRIGADO DE ALTA TECNOLOGIA.

José Rodrigues Pereira1; Carlos Alberto da Silva1; Ramon Araujo de Vasconcelos1; Whellyson Pereira
Araujo2; Franciezer Vicente de Lima2; Nair Helena Castro Arriel1; Gildo Pereira Araujo1; Genelício
Souza de Carvalho Júnior3.
1Embrapa Algodão, rodrigue@cnpa.embrapa.br; 2UFPB; 3UEPB.

RESUMO – Uma cultivar de gergelim indeiscente efetivamente tornará mecanizada esta exploração e,
sob irrigação e adubação, o nível populacional deve ser o maior possível. Objetivando estudar
configurações adaptáveis ao cultivo irrigado, conduziu-se experimento na Embrapa Algodão, Barbalha,
CE, em 2009, delineado em blocos casualizados, com os tratamentos 1. 0,40 m x 0,05 m; 2. 0,40 m x
0,10 m; 3. 0,40 m x 0,15 m ; 4. 0,40 m x 0,20 m; 5. 0,50 m x 0,05 m; 6. 0,50 m x 0,10 m; 7. 0,50 m x
0,15 m; 8. 0,50 m x 0,20 m; 9. 0,60 m x 0,05 m; 10. 0,60 m x 0,10 m; 11. 0,60 m x 0,15 m; 12. 0,60 m x
0,20 m; 13. 0,75 m x 0,05 m; 14. 0,75 m x 0,10 m; 15. 0,75 m x 0,15 m; 16. 0,75 m x 0,20 m, em três
repetições, e a linhagem LSGI-5, irrigada por aspersão convencional, concluindo-se que os
espaçamentos de 0,60 m e 0,40 m entre fileiras, respectivamente nas densidades de 20 e 5 plantas por
metro linear de fileira, são as configurações de plantio preliminarmente indicadas para o sistema de
cultivo do genótipo de gergelim avaliado nas condições edafoclimáticas estudadas.
Palavras-chave – Sesamum indicum L., espaçamento, densidade, caracteres agronômicos.

INTRODUÇÃO

O gergelim (Sesamum indicum L.) é cultivado em mais de 71 países, em especial da África e


Ásia, sendo o Brasil um pequeno produtor (BELTRÃO et al., 2008). A elevada qualidade de seu óleo
como sua alta concentração favorece a aplicação do gergelim na indústria química de óleos e
farmacêutica (ARRIEL et al., 2007).

Dentre os principais fatores que influenciam a baixa produtividade do gergelim, estão as perdas
de sementes que podem chegar até 70% devido à deiscência dos frutos após a maturação fisiológica
(MONTILLA et al., 1990). A seleção de genótipos altamente produtivos de frutos indeiscentes poderá
subsidiar ao melhoramento da espécie e ainda possibilitará promover o aumento da área cultivada
devido ao interesse do cultivo mecanizado do gergelim em larga escala. Para tanto, a partir dos
trabalhos desenvolvidos pelo Programa de melhoramento do gergelim tem sido avaliado genótipos com

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características de indeiscência e semi-indeiscência de frutos e, com o possível lançamento de uma


cultivar de gergelim de frutos indeiscentes pela Embrapa Algodão, a exploração agrícola do gergelim
poderá efetivamente se tornar mecanizada.

Para semeadura mecânica pode-se usar máquinas de plantio destinadas a culturas de


sementes pequenas, como as de cenoura (Daucus carota L.), trigo (Triticum aestivum L.) e sorgo
(Sorghum spp.) (WEISS, 1983), enquanto que a colheitadeira combinada de soja adapta-se muito bem
ao gergelim.

Em áreas com condições pluviométricas limitadas e mal distribuídas, a cultura deverá ter a
menor densidade populacional possível (AGUIAR FILHO e OLIVEIRA, 1989), mas sob irrigação
associada à adubação o nível populacional deve ser o maior possível. Nas variedades não ramificadas,
utilizam-se populações entre 250.000 e 350.000 plantas/ha (30 a 40 cm entre fileiras e 7,5 cm entre
plantas); nas variedades ramificadoras, a população pode ficar entre 150.000 e 200.000 plantas/ha (50
a 60 cm entre fileiras e 10 a 15 cm entre plantas) (MAZZANI, 1999).

Existem bastantes estudos, envolvendo espaçamentos e densidades (configurações) de plantio


(a exemplo de AMABILE et al., 2002), inclusive para cultivo mecanizado com elevadas densidades de
plantio (DELGADO e YERMANOS, 1975; WEISS, 1983; MAZZANI, 1999) para esta cultura, mas não
feitos para condições de irrigação. Daí a necessidade de se estudar diferentes configurações de plantio
adaptável ao sistema de produção irrigado de alta tecnologia desta oleaginosa.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Embrapa Algodão, Barbalha, CE, coordenadas geográficas de


7°19' S, 39°18' O e 409,03 m de altitude (DNMET, 1992), no período de setembro a dezembro de
2009. O solo é do tipo Neossolo Flúvico e sua caracterização química, conforme Boletim No. 094/2005
do Laboratório de Solos da Embrapa Algodão foi pH de 7,3; 76, 53, 4,5, 8,0 e 0,0 mmol c/dm3 de cálcio,
magnésio, sódio, potássio e alumínio, respectivamente; 21,1 mg/dm3 de fósforo e 16,5 g/kg de matéria
orgânica.

O preparo do solo constou de uma aração e uma gradagem, tratorizadas. A adubação foi
baseada na fórmula 90-90-40, sendo o nitrogênio (na forma de Fosfato Monoamônico – MAP e Sulfato
de Amônio) parcelado em 3 vezes (10 % da dose na fundação, 45 % após desbaste definitivo e 45 %
na floração), o fósforo (na forma de MAP) aplicado de uma só vez, por ocasião do plantio, e o potássio

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(na forma de Cloreto de Potássio) em duas vezes, metade da dose após desbaste definitivo e metade
na floração. A linhagem de gergelim utilizada foi a LSGI-5, de hábito de crescimento pouco ramificado,
bastante promissora em termos de alta retenção de frutos (indeiscência) pelas suas cápsulas ou frutos
(PINTO, 2007). Não apareceram pragas ou doenças. Para controle de plantas daninhas, foram feitas
duas capinas manuais à enxada.

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, tendo como tratamentos 1. 0,40 m x


0,05 m; 2. 0,40 m x 0,10 m; 3. 0,40 m x 0,15 m ; 4. 0,40 m x 0,20 m; 5. 0,50 m x 0,05 m; 6. 0,50 m x
0,10 m; 7. 0,50 m x 0,15 m; 8. 0,50 m x 0,20 m; 9. 0,60 m x 0,05 m; 10. 0,60 m x 0,10 m; 11. 0,60 m x
0,15 m; 12. 0,60 m x 0,20 m; 13. 0,75 m x 0,05 m; 14. 0,75 m x 0,10 m; 15. 0,75 m x 0,15 m; 16. 0,75 m
x 0,20 m, distribuídos em três repetições. A área total da parcela media 3 x 5 m (15 m2), com área útil
variando de 4 a 7,5 m2 de acordo com o espaçamento entre linhas (0,40 a 0,75 m), respectivamente.
No desbaste definitivo, foi feita a diferenciação das densidades (5 a 20 plantas/m de fileira, conforme o
tratamento).

Utilizou-se irrigação por aspersão convencional, com linhas de aspersores espaçadas 12 m


uma da outra, sendo irrigada cada linha por vez, estando dentro de cada linha os aspersores
espaçados entre si também por 12 m. Imediatamente antes do plantio foi efetuada uma irrigação em
toda a área de modo a levar o solo à capacidade de campo, e após o plantio, a cada quatro dias uma
irrigação com pequena lâmina, de modo a assegurar a boa germinação das sementes. A partir do
estabelecimento da cultura, as irrigações foram efetuadas uma vez por semana. A quantidade de
reposição de água (mm) para cada evento de irrigação foi determinada de acordo com 100% da
evapotranspiração de referência (ET0) calculada pela equação de Penman-Monteith (ALLEN et al.,
2006).

Os dados climáticos para uso no cálculo da ET0 foram obtidos, diariamente e de hora em hora,
via internet (www.inmet.gov.br), diretamente da Estação Meteorológica Automática do Instituto Nacional
de Meteorologia - INMET de Barbalha, CE, localizada a 700 metros da área experimental irrigada da
Embrapa Algodão de Barbalha, CE. Aplicou-se 441,25 mm de água em todo ciclo.

Foram avaliados, um pouco antes da colheita (mais precisamente aos 90 dias após a
germinação) em 5 plantas por parcela, a altura da planta e a altura de inserção do 1º. fruto, o diâmetro
caulinar, o número de ramos e de frutos por planta, além do número de frutos/axila.

A altura total da planta foi medida com uma trena, colocada a partir do colo da planta ao nível
do solo até o ápice, enquanto que a altura de inserção do 1º. fruto foi medida do colo da planta até

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este; o diâmetro, com o auxílio de um paquímetro digital, foi medido sempre à 10 cm do colo da planta;
por fim, fez-se a contagem do número de ramos e de frutos/planta e do número médio de frutos/axila
de folhas da plantas, bem como a colheita e amarração em feixes das plantas constantes na área útil
da parcela, sendo postas as secar por 15 dias, após o que foram batidas, ventiladas e pesadas para se
determinar a respectiva produção e produtividade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todas as variáveis mensuradas foram afetadas pelos diferentes configurações de plantio


estudadas para o cultivo irrigado do gergelim LSGI-5 (Tabela 1). Na comparação das médias dos
tratamentos estudados: não houve diferenciação estatística para a variável altura de plantas; os
tratamentos 10, 11, 12, 13, 14 e 15 apresentaram os maiores diâmetros médios; 12 dos 16 tratamentos
(75 %) apresentaram valor médio de inserção do 1º. fruto semelhante ao do tratamento 15, o menor
valor médio de todos; os tratamentos 6, 8, 9, 10, 12, 13, 14, 15 e 16 apresentaram o maior número de
frutos/planta; excetuando os tratamentos 10 e 16, todos os demais apresentaram número médio de 1
fruto/axila, comum nas cultivares atuais; apenas os tratamentos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10 e 11
apresentaram número médio de 1 a 2 ramos secundários por planta, e; apenas os tratamentos 2, 3, 4 ,
5, 7, 9 e 12 superaram ou igualaram a média de produtividade de gergelim do experimento (Tabela 2).

Expressivamente, observou-se apenas a tendência de aumento do diâmetro caulinar e do


número de ramos por planta de gergelim LSGI-5 com aumento do espaçamento entre fileiras. A
configuração de plantio 0,60 m x 0,05 m (Tratamento 9) foi a melhor para as condições edafoclimáticas
locais do experimento, seguida da 0,40 m x 0,20 m (Tratamento 4), por englobarem de forma bem
balanceada excelente produtividade, ideal número de ramos/planta e de frutos por axila, altura de 1º.
fruto adaptável à colheita mecânica, além de apresentarem valores compatíveis de altura, diâmetro
caulinar e de número de frutos/planta (Tabela 2).

Com uma cultivar ramificada, Delgado e Yermanos (1975), no Estado da Califórnia, EUA,
verificaram que os maiores rendimentos foram obtidos com a densidade de 1 planta a cada 7,5 cm na
fileira, com fileiras espaçadas de 0,60 m. Segundo Weiss (1983), o grau de ramificação, apesar de ser
uma característica genética, também é diretamente modificado pelo ambiente (precipitação pluvial,
fotoperiodismo, densidade de plantio, etc.), enquanto que a produtividade está diretamente relacionada
ao número de ramos e ao número total de frutos.

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CONCLUSÃO

Os espaçamentos de 0,60 m e 0,40 m entre fileiras, respectivamente nas densidades de 20 e 5


plantas por metro linear de fileira, são as configurações de plantio preliminarmente indicadas para o
sistema de cultivo do genótipo de gergelim avaliado nas condições edafoclimáticas estudadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR FILHO, S. P. de; OLIVEIRA, C. A V. Resposta de cultivares de gergelim em diferentes
densidades populacionais, espaçamento e manejo de solo. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 1989.
13p. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 63).
ALLEN, R. G.; PRUIT, W. O.; WRIGHT, J. L.; HOWELL, T. A.; VENTURA, F.; SNYDER, R.; ITENFISU,
D.; STEDUTO, P.; BERENGENA, J. YRISARRY, J. B.; SMITH, M.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.;
PERRIER, A.; ALVES, I.; WALTER, I.; ELLIOTT, R. A recommendation on standardized surface
resistance for hourly calculation of reference ETo by the FAO56 Penman-Monteith method.
Agricultural Water Management, Amsterdam, v, 81, p. 1-22, 2006.
AMABILE, R. F.; COSTA, T. M. C.; FERNANDES, F. D. Efeito do espaçamento e da densidade de
semeadura do gergelim no cerrado do Distrito Federal. Revista Ceres,v.49, n.285, p.547-554, 2002.
ARRIEL, N. H. C.; FIRMINO, P. de T.; BELTRÃO, N. E. de M.; SOARES, J. J.; ARAÚJO, A E.; SILVA,
A C.; FERREIRA, G. B. A cultura do gergelim. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2007. 72p.
(Cartilha Plantar, 50).
BELTRÃO, N. E. de M.; VALE, L.; SILVA, O R. F. de. Grãos Oleaginosos. In: ALBUQUERQUE, A C. S.;
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institucionais e políticas (Parte 8. Agroenergia). Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, cap. 4,
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DELGADO, M.; YERMANOS, D. M. Yield components of sesame (Sesamum indicum L.) under different
population densities. Economic Botany, v.29, p.68-78, 1975.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE METEOROLOGIA - DNMET. Normais climatológicas (1961-1990).
Brasília: DNMET, p.6, 1992.
MAZZANI, B. Investigación y tecnologia de cultivo del ajonjoli em Venezuela. Caracas: Conicit,
1999. 115p.
MONTILLA, D.; MAZZANI, B.; CEDEÑO, T. Mejoramiento genético del ajonjoli (Sesamum indicum L)
reseña y logros en Venezuela. In: IICA. VI Curso corto tecnología de la producción de ajonjolí.
Acarigua, Venezuela: [s.n.], 1990. p.1-67.
PINTO, S. M. Caracterização morfológica e agronômica de progênies de gergelim de frutos
indeiscentes. Campina Grande: UEPB/Embrapa Algodão, 2007.33p. (Trabalho Acadêmico Orientado).
WEISS, E. A Sesame. In: WEISS, E. A Oilseed crops. London: Longman, 1983. p. 282-340.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância da altura (cm) e diâmetro caulinar (mm) da planta, altura de inserção do 1º. fruto
(cm), número de frutos/planta, número de frutos/axila, número de ramos/planta e rendimento (kg/ha) do gergelim LSGI-5
sob diferentes configurações de plantio. Barbalha, CE. 2009.
Fontes de G.L. Altura Diâmetro Altura 1º. (1)No fr./pl. (1)No (1)No Rendimento(2)
Variação fruto fr./axila ramos

Blocos 2 342,25ns 0,06ns 122,10ns 0,03* 0,001ns 0,01ns 11513,56ns

Tratamentos 15 597,20** 5,48** 522,72** 8,55** 0,034** 0,13** 1314978,17**

Resíduo 30 202,55 0,46 112,18 1,35 0,008 0,03 146381,72

C.V. (%) - 6,74 5,09 10,43 11,99 6,08 9,76 21,80

ns = não significativo (teste F); * significativo a 0,05 de probabilidade (teste F); ** significativo a 0,01 de probabilidade (teste
F); (1)Dados transformados em SQRT (X+1); SQRT = Raiz quadrada.

Tabela 2. Valores médios da altura (cm) e diâmetro caulinar (mm) da planta, altura de inserção do 1º. fruto (cm), número de
frutos/planta, número de frutos/axila, número de ramos/planta e rendimento (kg/ha) do gergelim LSGI-5 sob diferentes
configurações de plantio. Barbalha, CE. 2009.
Configurações de Altura Diâmetro Altura 1º. No. fr./pl. No. No. Rendimento
plantio Fruto fr./axila ramos
1. 0,40 x 0,05 196,60 10,47f 105,20abcd 48,67d 1,33ab 1,00b 1686,28bcde
2. 0,40 x 0,10 219,70 11,90ef 123,20ab 64,00d 1,00b 2,00ab 2706,02abc
3. 0,40 x 0,15 204,00 12,83cde 93,40bcd 74,67bcd 1,00b 2,00ab 1826,67abcde
4. 0,40 x 0,20 210,90 12,42def 99,00abcd 81,67bcd 1,00b 1,33ab 2790,37ab
5. 0,50 x 0,05 195,70 12,51def 101,30abcd 70,00cd 1,00b 2,00ab 2929,34a
6. 0,50 x 0,10 230,50 13,48bcde 118,80abc 87,33abcd 1,00b 1,67ab 1165,87de
7. 0,50 x 0,15 231,20 12,05ef 128,00a 56,00d 1,00b 1,00b 2207,84abcd
8. 0,50 x 0,20 213,70 12,71de 92,10bcd 97,67abcd 1,00b 2,00ab 1463,71de
9. 0,60 x 0,05 214,80 13,09cde 98,00abcd 99,33abcd 1,00b 1,33ab 2297,23abcd
10.0,60 x 0,10 207,50 14,36abcd 92,90bcd 140,67abc 2,00a 2,33ab 1468,01de
11.0,60 x 0,15 207,30 13,74abcde 95,10bcd 71,67bcd 1,00b 1,00b 1581,60cde
12.0,60 x 0,20 232,10 15,73a 106,20abcd 140,67abc 1,00b 2,67ab 1754,69bcde
13.0,75 x 0,05 205,00 13,73abcde 104,50abcd 94,00abcd 1,00b 2,67ab 1234,32de
14.0,75 x 0,10 228,80 15,30ab 101,40abcd 163,00a 1,00b 2,67ab 1300,14de
15.0,75 x 0,15 190,00 14,85abc 75,90d 143,67ab 1,00b 3,00a 791,25e
16.0,75 x 0,20 192,40 13,22cde 89,00cd 109,00abcd 2,00a 3,00a 883,63e
Média 211,26 13,27 101,52 96,37 1,15 1,98 1164,57
DMS 43,32 2,05 32,24 (3,54) (0,27) (0,51) 1755,44
Em cada coluna, médias (valores originais) seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey aplicado a
0,05 de probabilidade; Valores de DMS entre parênteses = teste de Tukey aplicado às médias transformadas; DMS =
Diferença mínima significativa (teste de Tukey).

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CONSÓRCIO MAMONA-GERGELIM NAS CONDIÇÕES DO SEMIÁRIDO PARAIBANO

Cláudio Silva Soares1; Francisco Edinaldo Costa2; Antonio Ewerton da Silva Almeida2; Ivomberg
Dourado Magalhães2; Silvio Dantas da Silva2 & Gerckson Maciel Rodrigues Alves3
1Prof. Dr. do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Campus II da UEPB. CEP: 58117-000. Lagoa Seca-PB. E-
mail: claudio.uepb@yahoo.com.br; 2 Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da
UEPB. Catolé do Rocha-PB. Bolsistas de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ/UEPB. E-mail: ednaldo.edinho@hotmail.com ; 3
Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. Catolé do Rocha-PB.

RESUMO – Uma forma de se expandir a safra dos pequenos e médios produtores rurais da região
Nordeste é através do plantio das culturas em consórcio. No entanto ainda são poucas as informações
deste sistema de cultivo para a mamoneira. Dessa forma objetivou-se avaliar a produção da
mamoneira consorciada com o gergelim. O experimento foi realizado no Campus IV da Universidade
Estadual da Paraíba em Catolé do Rocha-PB. Foi utilizada a cultivar BRS Energia (mamona) e seda
(gergelim). O plantio foi realizado no dia 19 de Março de 2009. Utilizou-se o delineamento experimental
de blocos ao acaso com 4 tratamentos (mamona isolada, mamona+gergelim plantado aos 15 - 30 e 45
dias respectivamente após plantio da mamona e cinco repetições . As avaliações nas plantas de
mamoneira foram realizadas aos 85 dias após o plantio através das seguintes variáveis: Altura do 1º
racemo; Comprimento do 1º racemo e Número de racemos. Os dados das variáveis foram submetidos
à análise de variância pelo teste F e as médias comparadas através da análise de regressão a 5% de
probabilidade. O sistema isolado proporcionou melhor rendimento de cachos. Já para a altura do
primeiro racemo e seu comprimento, verificam-se tendências de aumentos até o plantio do gergelim em
consórcio aos 25 e 22 dias após o semeio da mamona, respectivamente.
Palavras-chave – Cultivar BRS Energia; Produção; Sequeiro

INTRODUÇÃO

O plantio consorciado é uma prática agrícola muito utilizada em regiões tropicais. Consiste no
cultivo simultâneo de diferentes espécies na mesma área no mesmo tempo. Por apresentar maior
estabilidade de produção este sistema de plantio é muito usado por pequenos produtores para
reduzirem os riscos causados pela freqüente irregularidade climática das regiões semi-áridas (ALTIERI;
LIEBMAN, 1986).

A região Nordeste do Brasil, em especial o semi-árido, caracteriza-se por um ecossistema com


reconhecidas limitações efadoclimáticas que afetam a produtividade da maioria das espécies
cultivadas. A convivência dos agricultores com este ambiente em bases sustentáveis requer a

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promoção de inovações tecnológicas com potencial para incrementar a produção de grãos de culturas
importantes para a melhoria da renda dos produtores rurais, principalmente daqueles que têm como
base a exploração agrícola familiar.

Neste contexto, uma forma de se expandir a safra dos pequenos e médios produtores rurais
desta região é através do plantio das culturas em consórcio. Esse sistema de cultivo, embora constitua
o principal sistema de plantio em todas as regiões tropicais do mundo, só recentemente vem
recebendo maior atenção por parte dos pesquisadores. Dentre outros benefícios, o consórcio pode
aumentar a eficiência no uso da terra, aproveitar melhor os fatores abióticos e reduzir o risco de
redução na produção (BEZERRA NETO & ROBICHAUX, 1996).

Apesar dessas informações, os produtores e pesquisadores ainda necessitam de um número


maior de dados sobre tecnologias de consorciação entre a mamona e o gergelim, pois há poucos
relatos na literatura sobre o comportamento dessa cultura em diferentes condições, sejam elas: de
cultivares, níveis de fertilidade do solo, clima, disponibilidade de água, etc.

Dessa forma, objetivou-se avaliar o desenvolvimento produtivo da mamoneira, cultivar BRS


Energia, cultivada em mono cultivo e consorciada com o gergelim.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em condições de campo no CCHA - UEPB, no município de Catolé do


Rocha-PB, cujas coordenadas geográficas são 6º20‘38‖de latitude sul, 37o44‘48‖ de longitude a oeste
e 272 metros de altitude. A região se localiza no alto Sertão Paraibano, apresentando um clima, de
acordo com a classificação do Koppen, do tipo BSWh, portanto, um clima quente e seco, cuja
temperatura média anual é de 27 ºC. No período de Março a Maio ocorreu, na área do experimento,
uma precipitação de 621,7mm (Figura1). Para a implantação das culturas realizou-se o preparo do
solo, constando de uma aração com posterior gradagem. Antes do preparo foi realizada a análise do
solo para determinação das características químicas (tabela 1) e física (tabela 2). O delineamento
experimental adotado foi de blocos ao acaso, com 4 tratamentos (mamona isolada, mamona+gergelim
plantado 15 dias após plantio da mamona, mamona+gergelim com 30 dias após plantio da mamona e
mamona+gergelim com 45 dias após plantio da mamona) e cinco repetições. Para o primeiro
tratamento adotou-se um espaçamento para a mamona de 1,0m x 1,0m; já para o cultivo consorciado
adotou-se um espaçamento de 0,5 m entre plantas e 2,0 m entre linhas, onde foi cultivado o gergelim
obedecendo a um espaçamento de 0,5 m entre plantas. Utilizou-se as cultivares BRS Energia

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(mamona) e Seda (gergelim). O plantio foi realizado no dia 19 de Março de 2009, colocando-se três
sementes por cova, com posterior desbaste aos 8 dias após emergência, deixando-se uma planta por
cova. A adubação foi realizada segundo recomendações da análise da análise química do solo. As
avaliações nas plantas de mamoneira foram realizadas aos 85 dias após o plantio através das
seguintes variáveis: Altura do 1º racemo (m) – foram efetuadas medições do comprimento do caule
principal, até o início a emissão da 1ª inflorescência, com auxílio de uma trena graduada em
centímetros; Comprimento do 1º racemo (cm) - efetuaram-se medições com o auxílio de um
paquímetro manual graduado em milímetros; Número de racemos - feito através da contagem dos
cachos de cada planta e expressa em unidade por planta. A análise estatística foi realizada com o
programa SISVAR 5.0, sendo os dados das variáveis submetidos à análise de variância pelo teste F e
as médias comparadas através de analise de regressão a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 3 encontram-se os valores dos quadrados médios das análises de variância, os


coeficientes de variação e as respectivas médias obtidas em cada tratamento. Observa-se, portanto,
que houve diferença significativa, com aplicação dos tratamentos, quando foi avaliado a altura do
primeiro racemo, o comprimento do primeiro racemo e o número de cachos.

Após determinação do ponto de máximo da função exponencial, verificada para a altura do


primeiro racemo da mamoneira, observa-se que sua maior altura seria obtida com o gergelim plantado
aos 25 dias após o semeio da mamona (Figura 2).

Com relação ao comprimento do primeiro racemo (Figura 3), também foi verificado uma função
exponencial, onde se observa que o ponto de máximo desta função (22 dias de plantio do gergelim)
apresenta os maiores racemos de mamona.

Na figura 4 encontram-se as médias referentes ao número de cachos da mamoneira, onde se


observa que à medida que foram aumentando os intervalos de semeio no consórcio do gergelim após a
mamona, o número de cachos dessa cultura foi diminuindo. Dessa forma, o tratamento que
apresentava a mamona cultivada isolada apresentou o maior número de cachos por planta. Resultados
semelhantes foram encontrados por Araújo Filho et al. (2004), quando verificaram que o número de
cachos da mamoneira também apresentou melhor rendimento quando a mesma foi cultivada em
sistema isolado. Esse resultado indica que o cultivo da mamona é afetado pelo consórcio com o
gergelim.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1248-1254.
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Segundo Pontes (1996), a competição por água, nutrientes e luz afeta o rendimento das
culturas consorciadas, sendo a luz um dos principais, senão o principal fator limitante e que constitui
importante empecilho à utilização de consórcios.

CONCLUSÃO

O sistema isolado proporcionou melhor rendimento de cachos. Já para a altura do primeiro


racemo e seu comprimento, verificam-se tendências de aumentos até o plantio do gergelim em
consórcio aos 25 e 22 dias após o semeio da mamona, respectivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO FILHO, J.O.T.; BELTRÃO, N.E.M.; MOURA, M.F.; VIANA, J.S.; BRUNO, G.B.; BRUNO,
R.L.A. Épocas de plantio do gergelim em consórcio com a mamona. In: I CONGRESSO BRASILEIRO
DE MAMONA, 1. Campina Grande. Anais... Campina Grande; EMBRAPA ALGODÃO, 2004. CD ROM.

ALTIERI, M.; LIEBMAN, M. Insect, weed and plant disease management in multiple cropping systems.
In: FRANCIS, C. A. Multiple cropping systems. New York: McMillan, 1986. p. 183-218.

BEZERRA NETO, F.; ROBICHAUX, R. H. Spatial arrange ment and density effects on na annual
cotton/cowpea/maize intercrop. I. Agronomic efficiency. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.31, n.10,
p.729-741, 1996

PORTES, T. de A. Produção de feijão nos sistemas consorciados. Goiânia: Embrapa - CNPAF,


1996. 50 p.

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Tabela 1. Características físicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.
Identif. Granulometria (%) Tipo de solo

Prof. cm Areia grossa Areia fina Silte Argila

0-20 43 29 22 6 Franco Arenoso


20-40 46 24 22 8 Franco Arenoso

Identificação Umidade-% Densidade %

Prof. cm Cap. de Campo Ponto de Murcha Global Real PorosidadeTotal


0-20 9,62 5,33 1,58 2,38 33,84
20-40 10,51 5,73 1,53 2,46 37,84

Tabela 2. Características químicas do solo usado como substrato no experimento. Catolé do Rocha – PB, 2010.
Ident. Ph Complexo Sortivo (mmolc/dm3) % mmolc/dm3 mg/ dm3 g/kg g/kg

Prof. 1:2,5 Ca Mg Na K S H+Al T V Al P N M.O.

0-20 7,6 48,8 10,2 2,0 4,5 65,5 0,0 65,5 100 0,0 117,4 8,2
20-40 7,9 47 6,4 2,0 4,0 59,6 0,0 59,6 100 0,0 87,2 5,7

Tabela 3. Resumo da análise de variância para altura do 1º racemo (APR), comprimento do 1º racemo (CPR) e número de
racemos (NR) em função do consorcio com o gergelim. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Fontes de variação
G. L. Quadrados Médios
variação
APR CPR NR
Tratamento 3 193,47** 51,37* 2,7*
Bloco 4 3,85 9,53 0,25
CV % 4,84 7,19 18,54
* *Significativo a 1% de probabilidade * Significativo a 5% de probabilidade. ns não significativo pelo teste F.

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Precipitação pluviométrica em (mm) precipitação

300

262,5
260
234,2

220

180

140 132,6
125

100
mar/09 abr/09 mai/09 jun/09

Meses

FIGURA1 – Precipitação pluviométrica na área do experimento. Catolé do Rocha-PB 2010.


Altura do primeiro racemo (cm)

120

115

110

105 y = -0,0201x2 + 1,0037x + 99,231


R2 = 0,79

100
0 15 30 45

Plantio do gergelim (Dias)

FIGURA2 – Altura do primeiro racemo da mamoneira em função dos tratamentos, Catolé do Rocha-PB 2010.

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Comprimento do primeiro racemo (cm)

48

46

44

42

y = -0,0122x2 + 0,5295x + 40,483


40 R2 = 0,99

38
0 15 30 45

Plantio do gergelim (Dias)

FIGURA3 – Comprimento do primeiro racemo da mamoneira em função dos tratamentos, Catolé do Rocha-PB 2010.
Número de cachos (ud)

y = -0,0379x + 5,722
R² = 0,96

2
0 15 30 45

Plantio do gergelim (Dias)

FIGURA 4 – Número de cachos em função dos tratamentos. Catolé do Rocha-PB, 2009.

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CONTROLE QUÍMICO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA MAMONEIRA1

Franklin Magnum de Oliveira Silva1, Valdinei Sofiatti2, Vivianny Nayse Belo Silva1, Giovani Greigh de
Brito2; Karoliny Cruz Silva1, José Renato Cortez Bezerra2, José da Cunha Medeiros2
1UEPB,franklin_magnum@hotamil.com, vivianny_nayse16@hotmail.com, karoliny.cruz@hotmail.com, 2Embrapa Algodão,
vsofiatti@cnpa.embrapa.br, giovani@cnpa.embrapa.br, renato@cnpa.embrapa.br, medeiros@cnpa.embrapa.br

RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência de controle de plantas daninhas dos
herbicidas clomazone, trifluralin, pendimethalin e chlorimuron-ethyl aplicados isoladamente ou
combinados. O experimento foi realizado em condições de campo pertencente à ENPARN/Embrapa
Algodão em Apodi-RN. O experimento foi constituído por dez tratamentos em delineamento de blocos
ao acaso com cinco repetições. Os tratamentos foram duas testemunhas sendo uma capinada
(controle mecânico) e outra sem controle e os herbicidas Trifluralin (1800 g i.a./ha), pendimethalin
(1500 g i.a./ha), clomazone (750 g i.a./ha) e trifluralin + clomazone (1200 + 500 g i.a./ha) aplicados em
pré-emergência, além desses mesmos herbicidas aplicados em pré-emergência acrescidos da
aplicação do herbicida chlorimuron-ethyl (15 g i.a/ha) em pós-emergência precoce (20 DAS). Foram
avaliados a percentagem de controle de plantas daninhas e fitotoxidez aos 20, 40 e 60 dias após a
semeadura. Por ocasião da colheita foram determinados a altura das plantas, número de cachos por
planta, massa de cem sementes, número de sementes por cacho e a produtividade. Os resultados
indicaram que a aplicação do herbicida pós-emergente chlorimuron-ethyl associado a herbicidas pré-
emergentes aumenta a eficiência de controle das plantas daninhas em relação ao controle feito apenas
com herbicidas pré-emergentes. Os herbicidas testados não ocasionaram fitotoxidez a cultura e
também não reduziram a altura das plantas.
Palavras Chave: Ricinus communis L., herbicidas, plantas daninhas

INTRODUÇÃO

Um dos fatores que possibilitam o cultivo em larga escala da maioria das espécies agrícolas é
a disponibilidade de herbicidas seletivos para o controle químico das plantas invasoras, visto que as
demais formas de controle são extremamente onerosas por necessitarem de grande quantidade de
mão-de-obra. O uso de herbicidas somente é possível se há seletividade para a cultura de interesse
econômico, caso contrário é necessária a aplicação dirigida, o que aumenta o custo da aplicação, além
de reduzir a eficiência de controle das plantas daninhas junto à linha de plantio. Apesar destas

1 Trabalho realizado com bolsa do PIBIC/CNPq concedida ao primeiro autor.

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vantagens, para que esta prática possa ser utilizada é necessária a identificação de herbicidas que
sejam seletivos à cultura e que controlem eficientemente as plantas daninhas infestantes da área.

A cultura da mamoneira, por ser cultivada em espaçamentos de 3,0 x 1,0 m em cultivares de


porte alto e 1,0 x 1,0 e 1,0 x 0,5 metros nas cultivares de porte baixo, apresenta baixa eficiência na
interceptação da radiação solar incidente, especialmente na fase de estabelecimento da cultura e, em
conseqüência, baixa capacidade de supressão das plantas daninhas. Além disso, apresenta
crescimento lento o que a torna pouco competitiva com as plantas invasoras (SILVA, 2005).

O uso de herbicidas na cultura da mamona, apesar de não ser o mais difundido entre os
produtores, é o método mais prático e econômico de manejo das plantas daninhas, principalmente para
cultivos em grandes áreas, que adotam alta tecnologia (MACIEL et al., 2008). Para o controle de
plantas daninhas na cultura da mamoneira, apenas o herbicida trifluralin está registrado no Ministério
da Agricultura Pecuária e Abastecimento, sendo o mesmo recomendado para o controle de invasoras
gramíneas anuais em pré-emergência das plantas daninhas e da cultura (MAPA, 2009).

Maciel et al. (2007) identificaram a seletividade à mamoneira dos herbicidas residuais


pendimethalin, alachlor+pendimethalin e alachlor+trifluralin em aplicações de pré-plantio incorporado e
de clomazone e clomazone+trifluralin aplicados em pré-emergência. Entretanto, neste trabalho não foi
avaliado o controle de plantas daninhas, uma vez que o objetivo do trabalho foi avaliar a seletividade
dos herbicidas sendo a cultura mantida na ausência de competição com as plantas daninhas por meio
do controle mecânico. Os herbicidas que apresentaram seletividade à mamoneira são utilizados em
várias culturas anuais e nestas culturas proporcionam um bom controle de plantas daninhas gramíneas
anuais, mas o controle de plantas daninhas dicotiledôneas é pouco eficiente.

A família botânica, a qual pertence a mamoneira (Euphorbiaceae), engloba diversas espécies


invasoras de cultivos anuais. Os herbicidas utilizados para o controle de plantas daninhas
dicotiledôneas em cultivos anuais também são utilizados no controle da mamoneira selvagem ou
―carrapateira‖ que é tida como invasora nesses cultivos. Assim, há dificuldade de em encontrar
herbicidas que controlem plantas daninhas dicotiledôneas e ao mesmo tempo sejam seletivos a cultura
da mamoneira.

Trabalhos realizados recentemente em condições de casa de vegetação, verificaram a


seletividade do hebicida Chlorimuron à cultura da mamoneira (SOFIATTI et al., 2008). O herbicida
chlorimuron pertence ao grupo químico das sulfoniluréias é um inibidor da enzima acetolactato sintase
(ALS), sendo utilizado no controle químico de plantas daninhas dicotiledôneas na cultura da soja em

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aplicações de pós-emergência inicial das plantas daninhas e da cultura (MAPA, 2009). No entanto, a
seletividade e controle de plantas daninhas deste herbicida na cultura da mamoneira não foram
testados em condições de campo.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência de controle de plantas daninhas dos
herbicidas clomazone, trifluralin, pendimethalin e chlorimuron-ethyl aplicados isoladamente ou
combinados.

METODOLOGIA

O experimento foi instalado no Campo Experimental pertencente à EMPARN/Embrapa Algodão


localizada no município de Apodi - RN, a 5º37‘ de latitude sul e 37º49‘ de longitude oeste de
Greenwich, com solo classificado como Cambissolo Eutrófico.

No experimento foi utilizada a cultivar BRS Energia, que é baixo porte e apresenta frutos
indeiscentes (MILANI et al., 2007). Após o preparo do solo com aração e gradagem foi feita a
semeadura com matraca com duas a três sementes por cova, utilizando espaçamento entre covas de
1,0 x 0,9 m. Após a emergência das plantas foi efetuado o desbaste deixando-se uma planta por cova.
Por ocasião da semeadura foi feita a adubação de base de acordo com os resultados da análise do
solo e aos 30 dias após a emergência foi feita a adubação de cobertura (SEVERINO et al., 2007).

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições.


Cada unidade experimental foi composta por seis linhas com sete metros de comprimento, sendo que
para a área útil foram consideradas apenas as quatro linhas centrais, totalizando uma área útil de 25,2
m2.

Os tratamentos aplicados no experimento são apresentados na Tabela 1. Os herbicidas


aplicados em pré-emergência foram aplicados imediatamente após o plantio. O herbicida chlorimuron
foi aplicado em pós-emergência em área total visando complementar o controle de plantas daninhas
dicotiledôneas não controladas pelos herbicidas aplicados em pré-emergência, aos 20 dias após a
semeadura, quando as plantas daninhas dicotiledôneas apresentavam entre 2 e 6 folhas.

A aplicação dos herbicidas foi feita com um pulverizador costal de precisão, pressurizado a
CO2, operando à pressão constante de 2,0 kgf cm-2. Este equipamento é equipado com barra
possuindo quatro bicos tipo leque 110-02 espaçados em 0,5 metros, operando a uma altura de 40 cm
do alvo, pulverizando o equivalente a 200 L ha -1 de calda. No tratamento testemunha capinada as

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plantas daninhas foram eliminadas mecanicamente por meio de 3 capinas manuais até os 60 dias após
a semeadura.

A avaliação de fitotoxidez foi realizada aos 20, 40 e 60 dias após a aplicação (DAA) dos
herbicidas pré-emergentes, através de observação visual com base na escala do European Weed
Research Council (1964), a qual é representada por notas de 1 a 9, correspondendo a nenhum dano a
cultura até morte total das plantas, respectivamente. A percentagem de controle das plantas daninhas
foi obtida por estimativas visuais, comparando-se o controle nos tratamentos com herbicidas e a
testemunha sem capina, onde ―0%‖ corresponde a ―sem controle‖ e ―100%‖ ao ―controle total‖ das
plantas daninhas (GAZZIERO et al., 1995). Aos 20 DAA após aplicação dos herbicidas pré-emergentes
não haviam sido feita a aplicação do herbicida pós-emergente, assim nesta avaliação somente foram
avaliados os efeitos dos herbicidas pré-emergentes.

Antes da colheita foi determinada a altura das plantas e o número de cacho por planta nas
duas linhas centrais da parcela. Por ocasião da colheita, foram coletados todos os cachos de uma
planta representativa da unidade experimental, para a determinação do número de sementes por cacho
e massa de cem sementes. Os cachos das demais plantas da área útil da unidade experimental foram
colhidos, feito o descasamento e pesagem para a obtenção da produtividade de sementes em kg ha -1.

Os dados obtidos de cada experimento serão submetidos à análise de variância. Na ocorrência


de diferenças significativas os tratamentos foram comparados pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foram verificados sintomas de fitotoxidez nos tratamentos com herbicidas pré-emergentes
aos 20 dias após a semeadura e aplicação dos herbicidas, por isso esses dados não foram
apresentados. Aos 40 dias após a semeadura e aos 20 dias após a aplicação do herbicida pós-
emergente chlorimuron-ethyl também não foram verificados sintomas de fitotoxidez dos herbicidas.
Assim, verificou-se que os herbicidas utilizados no experimento e suas respectivas dosagens não
ocasionam sintomas de fitotoxidez à cultura da mamoneira, sendo tecnicamente possível o seu registro
para utilização em um programa de controle químico de plantas daninhas nesta cultura.

O controle de plantas daninhas pelos herbicidas aplicados em pré-emergência da cultura e das


plantas daninhas aos 20 dias após a semeadura foi semelhante entre os herbicidas testados, exceto

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para o herbicida trifluralin, o qual apresentou controle inferior aos demais herbicidas (Tabela 2). Os
herbicidas clomazone e pendimethalin e a mistura de clomazone e trifluralin proporcionaram controle
de plantas daninhas superior a 75%, sendo considerado um controle satisfatório.

Aos 40 dias após a semeadura o controle de plantas daninhas dos tratamentos com o herbicida
chlorimuron-ethyl aplicado em pós-emergência apresentaram controle semelhante ao tratamento
testemunha capinada, exceto para o tratamento pendimethalin + chlorimuron. Assim, verifica-se que o
herbicida pós-emergente chlorimuron-ethyl proporcionou aumento considerável no controle de plantas
daninhas, pois mesmo no tratamento com o herbicida trifluralin que apresentou controle de plantas
daninhas inferior aos demais herbicidas pré-emergentes na avaliação realizada aos 20 dias após a
semeadura o controle no tratamento trifluralin + chlorimuron foi semelhante ao tratamento testemunha
capinada. Como o herbicida chlorimuron-ethyl é um herbicida latifolicida, o aumento no controle de
plantas daninhas ocasionado pela aplicação deste herbicida em pós-emergência provavelmente foi
decorrente do controle das plantas daninhas dicotiledôneas não controladas pelos herbicidas de pré-
emergência. Desta forma, verifica-se que a utilização do herbicida chlorimuron-ethyl em pós-
emergência proporciona aumento no controle de plantas daninhas dicotiledôneas, as quais não são
eficientemente controladas pelos herbicidas pré-emergentes trifluralin, pendimethalin e clomazone.

Aos 60 dias após a semeadura houve redução considerável do controle de plantas daninhas
em relação à percentagem de controle verificada aos 40 dias após a semeadura em todos os
tratamentos com herbicida. Essa redução na percentagem de controle provavelmente é devido a
emergência das plantas daninhas que ocorre com a redução na atividade dos herbicidas residuais.
Nesta fase os herbicidas aplicados em pré-emergência têm sua atividade no solo reduzida favorecendo
a emergência das plantas daninhas. Mesmo o herbicida pós-emergente chlorimuron-ethyl que foi
aplicado aos 20 dias após a semeadura, possui pouca atividade residual o que não impede a
germinação das plantas daninhas. Mesmo que aos 60 dias após a semeadura a percentagem de
controle de plantas daninhas seja menor do que aquela verificada aos 40 dias após a semeadura, vale
ressaltar que nesta fase a cultura da mamoneira está no final do período crítico de competição com as
plantas daninhas ou até mesmo não sofre mais os efeitos da competição, principalmente tratando-se
de uma cultivar precoce como é o caso da BRS Energia.

As espécies de maior ocorrência na área do experimento foram Cenchrus echinatus L.


(CCHEC) e Waltheria indica L. (WALAM) (observação visual). Dessa forma, a ocorrência destas
espécies aos 60 dias após a semeadura foi avaliada. Para a espécie Cenchrus echinatus L. não se
verificou diferenças significativas da percentagem de controle entre os diferentes herbicidas e o

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controle do tratamento testemunha capinada. Apenas o tratamento sem controle apresentou alta
incidência de Waltheria indica L.. Esses resultados confirmam o elevado poder graminicida dos
herbicidas pendimethalin, trifluralin e clomazone utilizados em pré-emergência das plantas daninhas e
da cultura, uma vez que esta espécie é uma gramínea. Para a espécie Waltheria indica L. o tratamento
com o herbicida trifluralin e a testemunha sem controle proporcionaram controle significativamente
inferior aos demais tratamentos (Tabela 1). Dos herbicidas utilizados o herbicida trifluralin aplicado
isoladamente foi o único tratamento que não proporcionou controle desta espécie. Ressalta-se que no
tratamento em que o herbicida trifluralin foi utilizado em pré-emergência seguido pela aplicação do
herbicida chlorimuron-ethyl em pós-emergência o controle desta espécie foi elevado sendo semelhante
aos demais herbicidas e a testemunha capinada. Verificou-se, que nos tratamentos em que foi aplicado
o herbicida chlorimuron-ethyl em pós-emergência o controle da espécie malva foi elevado, confirmando
a sua elevada eficiência no controle de plantas daninhas dicotiledôneas. Outro fator importante a ser
destacado é a maior eficiência no controle da espécie Waltheria indica L. do herbicida pendimethalin
em relação ao herbicida trifluralin, mesmo sendo os dois pertencentes ao mesmo grupo químico e
mecanismo de ação (inibidores da mitose).

Na Tabela 3 são apresentados os efeitos dos tratamentos sobre o crescimento das plantas, os
componentes do rendimento e a produtividade de sementes. Verificou-se que os herbicidas aplicados
não influenciaram o crescimento das plantas de mamoneira de mamoneira da cultivar BRS Energia,
pois a altura das plantas não diferiu entre os tratamentos. Maciel et al. (2007) verificaram que os
herbicidas trifluralin e clomazone apresentam seletividade a cultura o que também foi verificado no
presente estudo. O herbicida pendimethalin que pertence ao mesmo grupo químico do trifluralin
também não ocasionou redução do crescimento das plantas. Por sua vez o herbicida pós-emergente
Chlorimuron-ethyl também não afetou a altura das plantas, confirmando a sua seletividade conforme
verificado por Sofiatti et al (2008).

Dos componentes do rendimento, somente o número de sementes por cacho foi afetado pelos
tratamentos, sendo que a massa de cem sementes e o número de cachos por planta não teve
diferenças significativas entre os tratamentos. Dessa forma verifica-se que a competição das plantas
daninhas com a cultura da mamoneira ocasionou redução no tamanho do cacho e conseqüentemente
no número de sementes por cacho.

A produtividade diferiu entre os tratamentos. O tratamento testemunha capinada apresentou


produtividade superior aos tratamentos sem capina, trifluralin e clomazone + trifluralin. Provavelmente,
o controle mais eficiente das plantas daninhas no tratamento com capina manual em relação aos

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tratamentos com esses herbicidas tenha proporcionado maior produtividade de sementes a esse
tratamento. O herbicida trifluralin aplicado isolado em pré-emergência não teve controle satisfatório da
espécie Waltheria indica L. (Tabela 2) o que favoreceu a competição e a redução da produtividade. O
tratamento trifluralin + clomazone, por ter utilizado subdoses dos dois herbicidas, provavelmente
favoreceu a competição das plantas daninhas com a cultura, embora não tenham sido verificadas
diferenças na percentagem de controle de plantas daninhas.

CONCLUSÕES

A aplicação do herbicida pós-emergente chlorimuron-ethyl associado a herbicidas pré-


emergentes aumenta a eficiência de controle das plantas daninhas em relação ao controle feito apenas
com herbicidas pré-emergentes;

Os herbicidas não ocasionaram fitotoxidez a cultura e também não reduziram a altura das
plantas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EUROPEAN WEED RESEARCH COUNCIL –EWRC. Committee of Methods in Weed Research.


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Tabela 1 – Tratamentos herbicidas utilizados nos experimentos e suas respectivas dosagens.


Tratamentos Dose (g i.a./ha)
Clomazone (PRE1) 750
Trifluralin (PRE) 1800
Pendimethalin (PRE) + Chlorimuron (POS2) 1500 + 15
Clomazone (PRE) + Trifluralin (PRE) + Chlorimuron (POS) 500 + 1200 + 15
Clomazone (PRE) + Chlorimuron (POS) 750 + 15
Trifluralin (PRE) + Chlorimuron (POS) 1800 + 15
Pendimethalin (PRE) 1500
Clomazone (PRE) + Trifluralin (PRE) 500 + 1200
Testemunha capinada -
Testemunha sem aplicação e sem capina -
1Aplicados em Pré-emergência da cultura e das plantas daninhas; 2 Aplicado em Pós-emergência da cultura e das plantas
daninhas.

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Tabela 2 - Efeito da aplicação de herbicidas pré-emergentes e do herbicida pós-emergente chlorimuron-ethyl sobre a


percentagem de controle de plantas daninhas aos 20 (CONT 20), 40 (CONT 40) e 60 (CONT 60) dias após a semeadura e
controle de Cenchus echinatus (CONT C. echinatus) e Waltheria indica (CONT W. indica) aos 60 dias após a semeadura.
Tratamentos CONT CONT 40 CONT 60 CONT C. CONT
20 DAS DAS DAS echinatus W. indica
Clomazone 82 b 75 b 54 b 96 a 98 a
Trifluralin 57 c 57,5 c 47 b 90 a 12 b
Pendimethalin + chlorimuron - 81 b 58 b 73 a 98 a
Clomazone + trifluralin + chlorimuron - 88 ab 68 b 88 a 90 a
Clomazone + chlorimuron - 91 ab 66 b 96 a 100 a
Trifluralin + chlorimuron - 83 ab 62 b 96 a 88 a
Pendimethalin 75 b 77 b 62 b 86 a 89 a
Clomazone + trifluralin 82 b 78 b 58 b 87 a 90 a
Testemunha capinada 100 a 100 a 100 a 100 a 100 a
Sem controle 0 0d 0 c 0b 0b
* Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tuckey a 5% de probabilidade.

Tabela 3 – Efeito dos diferentes tratamentos de controle de plantas daninhas na cultura da mamoneira cultivar BRS Energia
sobre a Altura das plantas (AP), número médio de cachos por planta (NC), massa de cem sementes (MCS), número médio
de sementes por cacho (NSC) e produtividade (PROD).
Tratamentos AP NC MCS NSC PROD
Clomazone 1,61 a 6,8 a 28,2 a 97,4 a 1395 ac
Trifluralin 1,66 a 5,6 a 28,6 a 67,3 ab 953 bc
Pendimethalin+ chlorimuron 1388
1,53 a 8,1 a 31,6 a 68,2 ab abc
Clomazone + Trifluralin + Chlorimuron 1492
1,59 a 6,5 a 30,1 a 93,8 ab abc
Clomazone + Chlorimuron 1385
1,56 a 7,1 a 27,6 a 94,3 ab abc
Trifluralin + Chlorimuron 101,0
1,54 a 8,0 a 31,0 a ab 1601 ab
Pendimethalin 1281
1,56 a 6,9 a 30,1 a 93,2 ab abc
Clomazone + trifluralin 1197
1,56 a 6,5 a 31,9 a 68,4 ab bc
Testemunha capinada 111,5
1,60 a 6,8 a 31,8 a ab 1971 a
Sem controle 1,34 a 6,2 a 30,2 a 57,0 b 760 bc
* Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tuckey a 5% de probabilidade.

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CRESCIMENTO APÓS PODA DE PLANTAS DE MAMONEIRA „BRS ENERGIA‟ CULTIVADA EM


DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

Tarcísio Marcos de Souza Gondim1; Nádia Samáryan Lucena Duarte2, Napoleão Esberad de Macedo
Beltrao3; Ramon Araujo de Vasconcelos4; José Rodrigues Pereira3; Vicente de Paula Queiroga3
1 Agrônomo, Pesquisador Embrapa Algodão e Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia(PPGA),
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)/Centro de Ciências Agrárias (CCA), Campus II, Areia, PB, E-mail:
tarcisio@cnpa.embrapa.br; 2Discente do Curso de Graduação de Ciências Biológicas da Universidade Regional do
Cariri (Urca), Crato, CE; 3 Pesquisador da Embrapa Algodão; 4 Assistente da Embrapa Algodão

RESUMO – No cultivo de mamona Ricinus communis, algumas práticas culturais, tal como definição de
espaçamento, manejo de poda, entre outras buscam otimização da produtividade dessa importante
oleaginosa para o semiárido nordestino. Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito do
espaçamento entre linhas (El) e entre plantas na linha (Ep), no crescimento da mamoneira cultivar BRS
Energia, após a poda. O experimento foi realizado no Campo Experimental da Embrapa Algodão, em
Missão Velha, CE. Aos 105 dias da semeadura, fez-se uma poda drástica da mamoneira. O
delineamento experimental foi blocos casualizados, com oito repetições, em esquema fatorial 2 x 2
(Fatores: El=1,5 m e 1,0 m e Ep=0,5 m e 1,0 m). Aos 90 dias da poda, avaliou-se a percentagem de
plantas vivas (%PV) e as características diâmetro do caule (DC), comprimento médio de ramos
(CMRa), número de ramos por planta (NRa/P), de nós por ramo (NN/Ra), de folhas (NF/Ra) e de
racemos por ramo (NRc/Ra) e de frutos por racemo (NFr/Rc). Verificou-se que, após a poda, PV%,
NRa/P e NN/Ra não foram afetados pelo El = 1,5 m ou 1,0 m; a menor densidade de plantio
(Ep = 1,0 m) influenciou o crescimento vegetativo e de produção da mamoneira BRS Energia‘ sobre
todas as variáveis, proporcionando 31,4 frutos/racemo, quantidade cerca de 40% a mais do que os
obtidos das plantas do Ep = 0,5 m; o CMRa não cresce com o NN/Ra, mas sim pelo comprimento do
entrenó do ramo.
Palavras-chave – Ricinus communis, População de plantas, Arranjo espacial, Densidade.

INTRODUÇÃO

A expectativa do uso da mamoneira como fonte de energia alternativa, ou fornecedora de


grãos como matéria-prima para indústria ricinoquímica vem demandando eficácia e eficiência no
sistema de produção. Com alto teor de óleo no grão (cerca de 50%), as novas cultivares de mamona
demandam um pacote tecnológico, incluindo-se nesse, o espaçamento e o manejo adequado para
condução da lavoura e poda. O espaçamento entre linhas e a distância entre plantas na linha são dois

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fatores que definem a população de plantas de uma lavoura de mamona (SEVERINO et al., 2006), que
também é dependente da altura da cultivar (SAVY FILHO, 2005). A correta escolha da população de
plantas é uma prática cultural extremamente simples, mas que tem grande impacto sobre a
produtividade e sobre diversos aspectos do cultivo, como controle de plantas daninhas, uso de
implementos agrícolas, colheita etc. (SEVERINO et al., 2006).

A poda é uma prática muito utilizada na fruticultura, mas também tem seu emprego na
arquitetura paisagista, visando a estética em gramados, cercas vivas etc. Visando a redução dos
custos de implantação da lavoura, a poda da mamoneira já é muito utilizada no Brasil e se constitui
num importante manejo para exploração da ricinocultura em segundo ciclo (AZEVEDO et al., 2007).
Denominada de poda seca, sua indicação é após a última colheita do primeiro ciclo, quando a
mamoneira começa a diminuir a sua atividade fisiológica; coincide com a formação de racemos com
poucos frutos e em altura elevada que dificulta a colheita.

A lavoura deve ser podada no máximo uma vez, em pequenas áreas de cultivo onde
predomina o emprego de mão de obra familiar e cultivo de mamoneira de portes médio e alto,
consorciada com culturas alimentares, como o caupi, e que não sejam favoráveis à ocorrência de
podridão de Macrophomina e de Botryodliplodia (áreas de solos pouco férteis, temperaturas altas e
clima muito seco) (AZEVEDO et al., 2007). Durante o período seco, grande parte das plantas pode
morrer por essas doenças, ocasionando baixo estande e, consequentemente, baixo rendimento
econômico.

Cultivares de mamoneira de porte baixo ou anãs e híbridos não são apropriadas para cultivo
com poda (WEISS, 1983; AZEVEDO et al., 2007). No entanto, para cultivares de porte médio e ciclo
precoce, a exemplo da cultivar BRS Energia (MILANI et al., 2007), a sua realização pode ser de muita
importância do ponto de vista do rejuvenescimento das plantas e aproveitamento do ciclo de chuvas,
ou como alternativa ao controle de pragas, a exemplo do mofo cinzento (Amphobrotys ricini), cuja
incidência pode ocorrer após o crescimento dos primeiros cachos. Assim, colhem-se estes racemos e
procede-se com a poda. Ocorre a brotação e crescimento da ramificação com a formação de nova
frutificação ainda no atual período das águas.

Neste sentido, objetivou-se com este trabalho avaliar o crescimento, após realização da poda,
de plantas de mamoneira ‗BRS Energia‘ cultivadas sob diferentes espaçamentos.

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METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Estação Experimental da Embrapa Algodão, localizada no


município de Missão Velha, CE, de coordenadas geográficas 7°13‘ latitude S, 39°10‘ longitude W e
altitude de aproximadamente 400 m. O experimento ocupou uma área de 3.696 m2, em um solo de
textura franco arenosa. A área foi preparada com uma aração e duas gradagens. A adubação (55-40-
40 kg ha-1) seguiu as recomendações técnicas baseadas na análise de solo. No ensaio, utilizou-se a
mamoneira (Ricinus communis) cultivar BRS Energia. Esta é uma cultivar precoce, com ciclo médio de
120 dias, podendo chegar a 150 dias (MILANI et al., 2007), que se adapta a diferentes ecossistemas
com precipitação pluvial de pelo menos 500 mm ano-1, sendo pouco tolerante ao mofo cinzento
(MILANI, 2008). Após a análise do consórcio Mamona x Feijão Caupi (Vigna unguiculata) cultivar BRS
Guariba, realizou-se a poda drástica, com auxilio de um facão, efetuando-se com golpe único o corte
do caule em bisel, a 40 cm  5 cm de altura da superfície do solo. A colheita do feijão ocorreu sete dias
antes da poda, tendo sido retirada a massa vegetal do caupi das linhas do consórcio.

A poda foi feita em 18 de maio de 2009, aos 105 dias da semeadura, nas mamoneiras
cultivadas em quatro diferentes arranjos espaciais (tratamentos), sob condições de sequeiro. O material
vegetal podado foi retirado da área experimental para facilitar a circulação do pessoal nas operações
de avaliação da regeneração da copa e do crescimento da mamoneira. A pouca ocorrência de chuvas
no período pós-poda, apenas 47 mm de precipitação pluviométrica no dia 22.07.2009, aos 64 dias,
favoreceu a manutenção da área experimental livre de plantas daninhas, apenas com uma capina
manual realizada imediatamente após a poda.

Utilizou-se delineamento em blocos casualizados com oito repetições, em esquema fatorial


2 x 2, num total de 4 tratamentos. Os fatores envolveram dois espaçamentos entre linhas (El = 1,5 m e
1,0 m) e dois entre plantas na linha de plantio (Densidade, Ep = 0,5 m e 1,0 m), correspondendo aos
tratamentos: 1) 1,5 m x 0,5 m; 2) 1,5 m x 1,0 m, 3) 1,0 m x 0,5 m e 4) 1,0 m x 1,0 m, com populações
variando de 6.666 pl ha-1 a 20.000 pl ha-1. Cada unidade experimental teve uma área de 45 m2 (9 m x 5
m) com área útil correspondente às duas fileiras centrais.

Aos 90 dias da poda, foram coletados dados para avaliações da percentagem de plantas vivas
(%PV) e do crescimento da mamoneira por meio das características diâmetro do caule (DC),
comprimento médio de ramos (CMRa), número de ramos por planta (NRa/P), de nós por ramo (NN/Ra),
de folhas (NF/Ra) e de racemos por ramo (NRc/Ra) e de frutos por racemo (NFr/Rc). Após a coleta, os
dados foram submetidos à análise de variância.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se nas Tabelas 1 e 2, que para o fator espaçamento entre linhas (El =1, 5 m e 1,0 m)
do arranjo espacial estudado houve efeito significativo para as características de diâmetro do caule
(DC) (P  0,05), comprimento médio de ramos (CMRa), número de folhas (NF/Ra), de racemos por
ramo (NRc/Ra) e de frutos por racemo (NFr/Rc). A percentagem de plantas vivas (%PV), o número de
ramos por planta (NRa/P) e de nós por ramo (NN/Ra) foram de efeito não significativos.

Para o fator espaçamento entre plantas (Ep = 0,5 m e 1,0 m) houve efeito significativo para as
variáveis DC, CMRa, NRa/P, NF/Ra, NRa/Ra e NFr/Rc (P  0,01) e para %PV e NN/Ra (P  0,05).
Entretanto, verifica-se independência entre os fatores (Interação El x Ep, P  0,05) sobre as
características avaliadas.

Na Tabela 3, verifica-se que no crescimento da mamoneira ‗BRS Energia‘ o DC, CMRa, NF/Ra,
NRc/Ra e NFr/Rc foram maiores (Teste F) quando o cultivo também acompanhou os maiores
espaçamentos, entre linhas (El =1, 5 m), superando o das plantas no Ep = 1,0 m. A PV%, o NRa/P e o
NN/Ra têm comportamento semelhante, em qualquer El (1,5 m ou 1,0 m), possivelmente pela
tolerância da mamoneira às condições de baixa precipitação. Considerando a distância entre plantas
na linha (Ep = 0,5 m e 1,0 m), todas as características estudas (%PV, DC, CMRa, NRa/P, NN/Ra,
NF/Ra, NRc/Ra e NFr/Rc) foram maiores quando as plantas podadas cresceram no Ep = 1,0 m. Neste
Ep, o crescimento dos ramos apresentou maior diferença (32%) entre ramos de plantas cultivadas em
Ep=1,0 m (40 cm) e de plantas em Ep = 0,5 m (27 cm). Por outro lado, com apenas 7% de diferença, o
NN/Ra não acompanhou o crescimento dos referidos ramos. Isso ocorre pelo maior comprimento dos
entrenós, favorecidos, provavelmente pelas melhores condições de menor competição por água e
nutrientes das plantas, sabendo-se que no período após a poda houve única precipitação de 47 mm
aos 64 dias da poda.

Considerando a precocidade da mamoneira BRS Energia, também mantida após a poda, outra
importante vantagem da menor densidade de plantio da mamona (Ep = 1,0 m), observada está
relacionada ao maior número de frutos por racemo. Foi cerca de 40% a mais de frutos obtidos das
plantas do Ep = 1,0 m (31,4 frutos/racemo). Em relação à produtividade, esse valor pode ser ainda
mais vantajoso, considerando que houve maior quantidade de racemos por ramo das mamoneiras
nessa condição de cultivo. Embora a produtividade da mamoneira não esteja condicionada apenas ao

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número de racemos, de frutos e de sementes por cacho e peso de sementes, a densidade também é
componente importante da produção.

CONCLUSÃO

Nas condições em que o trabalho foi conduzido conclui-se que: 1- A percentagem de plantas
vivas (PV%), o número de ramos por planta (NRa/P) e o de nós por ramo (NN/Ra), após a poda, não
são afetados pelo espaçamento entre linhas (El = 1,5 m ou 1,0 m) do cultivo de mamona Ricinus
communis ‗BRS Energia‘; 2- O comprimento do ramo (CMRa) não aumenta com o NN/Ra, mas sim
pelo maior espaço entrenó; 3- A densidade (Ep) influenciou o crescimento vegetativo e de produção da
mamoneira BRS Energia‘.

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TABELA 1. Resumo da análise de variância da percentagem de plantas vivas (%PV), diâmetro de caule (DC), comprimento
médio de ramos (CMRa), número de ramos por planta (NRa/P) e de nós por ramo (NN/Ra) de mamoneira Ricinus comunis
‗BRS Energia‘, aos 90 dias da poda, cultivada sob diferentes espaçamentos entre linhas (El) e entre plantas (Ep), em
condições de sequeiro no Cariri cearense. Missão Velha, CE, 2009.

Fonte de Quadrados Médios


GL
Variação %PV DC CMRa (cm) NRa/P NN/Ra
Bloco 7 94,6594* 29,2911ns 224,6571ns 0,1724ns 0,8562ns
El1/ 1 8,6806ns 98,035* 1622,2841** 1,8528ns 0,4767ns
Ep2/ 1 163,0015* 205,1224** 1351,7111** 2,4753* 5,5880*
El * Ep 1 24,1126ns 28,4672ns 1,4735ns 0,0078ns 0,0794ns
Resíduo 21 28,5218 17,8442 167,9968 0,5139 1,1940
CV (%) 5,54 15,49 38,28 15,32 8,97
Média 96,35 27,27 33,85 4,68 12,18
1/ El -Espaçamento entre linhas de plantio (1.5 m e 1.0 m); Ep - Espaçamento entre plantas na linha de plantio
2/

(Densidade = 0.5 m e 1.0 m);


*, ** e ns. correspondem respectivamente a significativo a 5%, 1% e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F da
análise de variância.

TABELA 2. Resumo da análise de variância do número de folhas por ramo (NF/Ra), de racemos por ramo (NRc/Ra) e de
frutos por racemo (NFr/Rc) de mamoneira Ricinus comunis ‗BRS Energia‘, aos 90 dias da poda, cultivada sob diferentes
espaçamentos entre linhas (El) e entre plantas (Ep), em condições de sequeiro no Cariri cearense. Missão Velha, CE, 2009.
Fonte de Quadrados Médios
GL
Variação NF/Ra NRc/Ra NFr/Rc
Bloco 7 16,5258ns 0,1860ns 137,4067ns
El1/ 1 66,70125** 1,1916** 866,1179*
Ep2/ 1 115,5622** 1,6287** 1298,2697**
El * Ep 1 0,1543ns 0,2797ns 48,5044ns
Resíduo 21 7,1734 0,1221 129,571
CV (%) 24,33 24,32 45,54
Média 11,01 1,44 24,99
1/ El - Espaçamento entre linhas de plantio; 2/ Ep - Espaçamento entre plantas na linha de plantio;
*, ** e ns. correspondem respectivamente a significativo a 5%, 1% e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F da
análise de variância.

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IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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TABELA 3. Médias da percentagem de plantas vivas (%PV), diâmetro de caule (DC), comprimento médio de ramos
(CMRa), número de ramos por planta (NRa/P), de nós por ramo (NN/Ra), de folhas por ramo (NF/Ra), de racemos por ramo
(NRc/Ra) e de frutos por racemo (NFr/Rc) de mamoneira Ricinus comunis ‗BRS Energia‘, aos 90 dias da poda, cultivada
sob diferentes espaçamentos entre linhas (El) e entre plantas (Ep), em condições de sequeiro no Cariri cearense. Missão
Velha, CE, 2009.

FATORES Espaçamento entre planta (Ep)


Espaçamento entre %PV DC (mm)
linha (El) 0,5 1,0 Média 0,5 1,0 Média
1,5 m 93,75 100,0 96,875 A 27,43 30,60 29,02 A
1,0 m 94,44 97,22 95,83 A 22,04 28,99 25,52 B
Média* 94,095 b 98,61 a 24,74 b 29,80 a

CMRa (cm) NRa/P


1,5 m 34,69 47,26 40,98 A 4,62 5,21 4,92 A
1,0 m 20,02 33,45 26,74 B 4,18 4,70 4,44 A
Média* 27,36 b 40,36 a 4,40 b 4,96 a

NN/Ra NF/Ra
1,5 m 11,93 12,67 12,30 A 10,48 14,42 12,45 A
1,0 m 11,59 12,52 12,06 A 7,73 11,39 9,56 B
Média* 11,76 b 12,60 a 9,11 b 12,91 a

NRc/Ra NFr/Rc
1,5 m 1,31 1,95 1,63 A 22,60 37,80 30,20 A
1,0 m 1,11 1,38 1,25 B 14,65 24,93 19,79 B
Média* 1,21 b 1,67 a 18,63 b 31,37 a
* Médias seguidas da mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste F.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1264-1270.
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CRESCIMENTO DE MAMONEIRA BRS ENERGIA SUBMETIDA À DOSES DE NITROGÊNIO E


PERÍODOS DE COMPETIÇÃO

Gibran da Silva Alves1, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão2, José Félix de Brito Neto2, Lígia
Rodrigues Sampaio3, Francisco Figueiredo de Alexandria Junior3, Fabíola Vanessa de França Silva1
Maria Aline de Oliveira Freire4

1CCA/UFPB, gbralves@yahoo.com.br, 2Embrapa Algodão, , 3UFCG, 4UVA

RESUMO – A determinação do período de competição entre plantas de mamoneira e ervas daninha, é


imprescindível no tocante ao seu manejo e controle, em face da cultura explorada economicamente.
Tal período pode variar em função de algumas características como o tipo de solo, manejo cultural e
cultivar utilizada. Face ao exposto, o trabalho teve como objetivo analisar o crescimento e produção da
mamoneira BRS – Energia submetida às doses de nitrogênio e níveis de competição. O experimento foi
desenvolvido no campo experimental da Embrapa Algodão, no município de Barbalha – CE. Utilizou-se
o delineamento de blocos casualizados, em esquema fatorial de 5 x 3, sendo cinco faixas de
competição (C1, C2, C3, C4, C5), três níveis de adubação nitrogenada (0,0, 30 e 60 kg de N ha-1) com
quatro repetições, totalizando 60 unidades experimentais, sendo cada unidade formada por seis metros
de largura e quatro de comprimento. Os níveis de competição influenciaram as variáveis diâmetro
caulinar e área foliar. O número de folhas e o número de flores femininas foram influenciados pelos
níveis de competição. As plantas apresentaram menor diâmetro caulinar, menor área foliar e menor
número de folhas, quando submetidas à competição durante todo o ciclo.
Palavras-Chave: Adubação, competição, mamona.

INTRODUÇÃO

O processo de germinação da semente e desenvolvimento inicial de plantas de mamoneira


apresenta-se de forma lenta, enquanto que a maioria das plantas invasoras apresenta germinação e
desenvolvimento acelerado, algumas podendo concluir seu ciclo em até 30 dias. Tais características
fazem da mamoneira uma planta muito sensível a competição com plantas invasoras por água, luz e
nutrientes, principalmente na fase inicial (WEISS, 1983). No entanto, o período de competição
considerado crítico pela mamoneira, varia em função de fatores como o clima, fertilidade do solo,
características da cultivar e o manejo adotado.

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De acordo com Azevedo et al., (1994), nem todas as plantas que surgem nas áreas cultivadas
podem ser denominadas daninhas, por isso, alguns autores recomendam denominá-las de plantas
espontâneas ou companheiras. Essas plantas melhoram a estrutura do solo, previnem o efeito da
compactação e erosão, atuam na ciclagem dos nutrientes e aumentam a biodiversidade de inimigos
naturais. Porém, um controle ineficiente de plantas daninhas no cultivo da mamona, pode reduzir a
produtividade e comprometer a qualidade do óleo. Para tanto, os métodos empregados ou as suas
combinações deverão reduzir as populações de plantas daninhas a níveis que não interfiram na
produtividade econômica das Culturas.

Dessa forma, a permanência da comunidade infestante entre as linhas das culturas, além de
promover melhorias nas características químicas, físicas e biológicas, reduz o custo de produção,
através da redução de capinas ou uso de produtos químicos no controle às invasoras. Dessa forma,
objetivou-se com esse trabalho analisar o crescimento e produção da mamoneira BRS Energia
submetida a doses de nitrogênio e períodos de competição.

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido no campo experimental da Embrapa Algodão município de


Barbalha-CE, a 387 m de altitude, latitude 7o17‘36,32‖S, longitude 39o16‘14,19‖W, no período
compreendido entre o mês de Julho e Novembro de 2008. O solo foi preparado com uma aração e uma
gradagem 15 dias antes do plantio.

O experimento foi conduzido em regime de sequeiro, utilizando-se a cultivar BRS


Energia em espaçamento de 1 m x 1 m. Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados, em
esquema fatorial de 5 x 3, sendo cinco faixas de competição C1: Sem competição até a colheita; C2:
Com competição apenas dentro da fileira numa faixa de 20 cm de largura; C3: Com competição entre
as fileiras, numa faixa de 80 cm de largura; C4: Com competição total até a colheita; C5: Sem
competição até os primeiros 70 dias da cultura. Os níveis de adubação nitrogenada foram 0, 30 e 60 kg
de N ha-1, totalizando 60 unidades experimentais, sendo cada unidade formada por seis metros de
largura e quatro de comprimento. O fornecimento de fósforo e potássio foi feito com base no resultado
da análise do solo, aplicando-se 40 Kg de P2O5 e 20 Kg de K2O respectivamente.

Durante o desenvolvimento do trabalho, foram feitas avaliações das características de


crescimento com base na altura, diâmetro caulinar e área foliar, realizadas em seis plantas na área útil
da parcela, sendo a área foliar determinada conforme a metodologia descrita por Severino et al. (2005).

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As características de produção avaliadas foram massa de cem sementes, produtividade e teor de óleo.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o resumo da análise de variância, não se observou efeito significativo dos
períodos de competição sobre a altura das plantas, porém observou-se efeito significativo dos níveis de
competição sobre as variáveis diâmetro caulinar e aumento da área foliar, sendo as mesmas também
influenciadas pelo efeito da adubação nitrogenada. No entanto, não se verificou efeito sobre o
crescimento das plantas em altura. Já para a interação entre os períodos de competição e doses de
nitrogênio, observou-se efeito significativo apenas para o diâmetro caulinar das plantas (Tabela 1).

Pode-se observar através do resumo da análise de variância, que os períodos de competição


influenciaram significativamente o número de folhas, bem como o número de flores femininas, o mesmo
foi observado quando se utilizou a adubação nitrogenada. Porém, quando se realizou a interação do
fator competição com adubação nitrogenada, verificou-se efeito significativo apenas para o número de
flores femininas, no entanto, o número de flores masculinas não foi influenciado pelos fatores (Tabela
2).

Observando-se a tabela 3, pode-se verificar que o menor diâmetro caulinar foi obtido quando
as plantas foram submetidas à competição durante todo o ciclo da cultura, fenômeno observado
também para a área foliar, número de folhas e massa de cem sementes. Porém, os maiores valores
para o diâmetro caulinar, área foliar, número de folhas e massa de cem sementes, foram atingidos
quando as plantas estiveram livres de competição nos primeiros 70 dias. Este resultado corrobora com
o encontrado por Azevedo et al., (1997), que constataram que a fase mais crítica de competição ocorre
nos primeiros 70 dias após o plantio da mamoneira, após este período, as plantas já estão bem
desenvolvidas e estabelecidas em campo, sendo desnecessário a realização de capinas. Já para as
faixas de competição, as plantas apresentaram maiores valores para as variáveis estudadas, quando
da utilização da faixa de 20 cm. Quanto às doses de nitrogênio, as plantas apresentaram maior
crescimento em diâmetro do caule, área foliar e número de folhas, quando se utilizou a dose de 30 Kg
ha-1. Porém, não se verificou influência da adubação nitrogenada sobre o crescimento em altura.
Resultado semelhante foi obtido por Alves et. al., (2008) trabalhando com doses de N em duas
variedades de mamona.

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CONCLUSÕES

As variáveis diâmetro caulinar e área foliar foram influenciadas pelos períodos de competição;

A fase mais crítica de competição da mamoneira com as plantas invasoras ocorre nos
primeiros 70 dias após o plantio;

Para o solo utilizado no plantio da cultura, a dose de 30 Kg de N ha -1, foi a que promoveu maior
crescimento das plantas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P. de; LIMA, E. F.; Batista, F. A. S.; LIMA, E. F. V. Recomendações técnicas para o
cultivo (Ricinus communis L.) no Brasil. Campina Grande: EMBRAPA - CNPA, 1997. 52 p. (EMBRAPA
- CNPA. Circular Técnica, 25).

AZEVÊDO, D.M.P. de. et al. Período crítico de competição entre plantas daninhas e o algodoeiro anual
irrigado. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v.29, n.9, p.1417-1425, 1994.

SEVERINO, L. S.; VALE, L. S.; CARDOSO, G. D.; BELTRÃO, N. E de. M.; SANTOS, J.W.dos.
Método para determinação da área foliar da mamoneira. Campina Grande: Embrapa-CNPA, 2005. 20
p. (Boletim de Pesquisa e desenvolvimento, 55).

WEISS, E. A. Oil seed crops. London: Longman,1983. 660 p.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância das variáveis, altura de planta, diâmetro caulinar e área foliar (cm 2) de
mamoneiras aos 45 dias após a germinação, em função de competições e doses de N.
Quadrados Médios
Fonte de Variação GL
Altura da planta Diâmetro caulinar Área foliar
Competição 4 82,53 ns 24,34** 2225429,41**
Adubação Nitrogenada 2 110,84 ns 11,21** 1440905,34**
Competição X Adubação 8 22,79 ns 1,63** 325342,07ns
Tratamentos 14 52,44 9,49 1027590,35
Blocos 3 499,30** 12,30* 1424086,13**
Resíduo 42 38,63 4,02 257761,59

C.V. % 20,55 19,78 52,98


*, ** e ns Corresponde a significativo a 5%, 1% e não significativo a 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste de
Tukey.

Tabela 2. Resumo da análise de variância das variáveis, número de folhas, número de flores masculinas e número de flores
femininas de mamoneira aos 45 dias após a germinação, em função de competições e doses de N.
Quadrados Médios
Fonte de Variação GL Número de folhas Número de Flores Número de Flores
Masculinas Femininas
Competição 4 21,55** 4903,47ns 1555,15**
Adubação Nitrogenada 2 9,05 * 552,65 ns 1095,46**
Competição X Adubação 8 1,94ns 626,83ns 297,05**
Tratamentos 14 8,56 1838,13 770,56
Blocos 3 25,46 7307,92** 839,88**
Resíduo 42 2,19 1375,04 180,34
C.V. % 19,48 65,80 54,18
*, ** e ns Corresponde a significativo a 5%, 1% e não significativo a 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste de
Tukey.

Tabela 3. Médias das variáveis diâmetro caulinar, área foliar, número de folhas e massa de cem sementes.
Tratamentos Diâmetro Área Número de Massa de cem
caulinar Foliar folhas sementes
Sem competição até a colheita 11,00a 1149,71ab 8,41ab 30,51ab
Faixa de 20 cm com competição 11,16a 1273,74a 8,08ab 29,53ab
Faixa de 80 cm com competição 9,44a 587,57 bc 6,38 bc 25,87 b
Competindo o tempo todo 7,94 410,8 c 5,66 c 25,87 b
b
Sem competição nos primeiros 70 11,13a 1368,75a 9,00 a 32,31a
dias
Doses de N (Kg ha-1)
0 10,00a 875,51ab 7,40ab 30,30a
30 10,94a 1257,33a 8,35a 27,54a
60 9,46a 738,51 b 7,05 b 28,63a
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DE DOIS CULTIVARES DE MAMONA CULTIVADA EM


DIFERENTES ÉPOCAS E ESPAÇAMENTOS

Anielson dos Santos Souza1; Francisco José Alves Fernandes Távora2;


Napoleão Esberad de Macedo Beltrão3
1Universidade Federal de Campina Grande, e-mail: anielson@ccta.ufcg.edu.br, 2Universidade Federal do Ceará,
3Embrapa Algodão.

RESUMO - A mamoneira é uma das oleaginosas tropicais de maior importância sócio-econômica, e a


escolha do espaçamento e da época de plantio adequada pode promover ganhos de produtividade.
Objetivou-se com o presente estudo avaliar a influência de diferentes espaçamentos e de duas épocas
de plantio no crescimento e na produtividade de duas cultivares de mamona. O experimento foi
realizado no município de Pentecoste - Ceará. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso
com 12 tratamentos e 4 repetições, arranjados em esquema fatorial 2 x 3 x 2, sendo 2 cultivares (BRS
Nordestina e Mirante 10); 3 espaçamentos (1,5 m x 1,5 m; 2,0 m x 2,0 m e 2,5 m x 2,5 m) e 2 épocas
de plantio. A época de plantio associada à irrigação promoveu aumentos da altura da planta e do
número de ramos laterais, além de aumentar a produtividade de grãos.
Palavras-chave: Ricinus communis L., características morfológicas, densidade de plantio.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L.) é uma planta oleaginosa arbustiva pertencente à família
Euphorbiaceae. Para se conseguir elevadas produtividades com tal cultura deve-se ter uma atenção
especial com a época de semeadura, notadamente, quando se trata se cultivos de sequeiro. Logo, para
que a cultura externe o seu potencial produtivo máximo, deve-se ajustar a época de plantio ao ciclo da
cultura, para que a floração e frutificação ocorram nos meses de maior disponibilidade hídrica e a
maturação e a secagem dos frutos no final do período chuvoso (SILVA et al., 2000) o que na prática é
muito difícil de conseguir, em virtude, da distribuição pluvial irregular, o que torna a irrigação uma
prática muito importante para a mamoneira.

Em todo o mundo são poucos os trabalhos com irrigação na mamoneira, razão pela qual se
deve investir em pesquisas nesta área, a fim de se obter detalhes sobre o manejo da irrigação com
vistas ao ganho de produtividade. No Brasil as áreas irrigadas ainda são pequenas e restritas a poucos

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Estados, onde já foram registradas produtividades superiores a 6.000 kg ha -1 (BELTRÃO, 2006). Além
da irrigação, a definição do espaçamento e densidade de plantio, é um passo tecnológico simples, mas
de grande importância no planejamento de uma lavoura. O uso de espaçamentos e densidades de
plantios indevidos poderá reduzir as produções ou acarretar problemas de manejo da própria lavoura.

Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivos, avaliar a influência de diferentes
espaçamentos e de duas épocas de plantio nos componentes de crescimento e na produtividade de
duas cultivares de mamona.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido entre os meses de fevereiro e dezembro de 2005 em área


pertencente à Fazenda Experimental Vale do Curu - FEVC, do Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Ceará, no município de Pentecoste - CE. A precipitação acumulada no
período de condução do ensaio foi de 504 mm, com distribuição irregular e 91,88% do total ocorreu
entre os meses de fevereiro e maio. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso
com 12 tratamentos em esquema fatorial 2 x 3 x 2 e quatro repetições, sendo os fatores duas cultivares
de mamona (BRS Nordestina e Mirante 10); três espaçamentos (1,5 m x 1,5 m; 2,0 m x 2,0 m; 2,5 m x
2,5 m) e duas épocas de plantio (19 de fevereiro de 2005 em regime de irrigação e 04 de abril 2005,
sob sequeiro).

As quantidades de nutrientes minerais aplicadas foram definidas com base em seus teores no
solo, com exceção do nitrogênio, cujo teor é pré-estabelecido, os valores foram os seguintes: 60 kg ha-1
de N, 30 kg ha-1 de P205 e 10 kg ha-1 de K2O. O tempo de irrigação foi calculado com base na lâmina de
água necessária, na área da parcela, no número de microaspersores por parcela e na vazão média dos
emissores.

O plantio foi feito semeando-se de três a quatro sementes por cova seguindo-se os
espaçamentos pré-estabelecidos. Aos 20 dias após a germinação procedeu-se ao desbaste cortando-
se as plantas rente ao solo, permanecendo apenas uma planta por cova. Cada parcela possuía três
fileiras de plantas com 15 metros de comprimento e a coleta dos dados foi realizada em quatro plantas
na fileira central de cada parcela. Foram feitas várias colheitas ao longo do ciclo. Após a secagem os
racemos foram contados e pesados separadamente para cada tratamento, repetição e ordem.
Avaliaram-se as seguintes características: altura de inserção do racemo primário; diâmetro caulinar;
Altura de plantas; número de ramos no final do ciclo e a produtividade de grãos em kg ha-1.

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Os dados obtidos foram submetidos ao teste de Barttlet para verificação da homogeneidade


das variâncias e em seguida procedeu-se à análise da variância pelo teste F a 1% e 5% de
probabilidade. Quando verificado efeito significativo na análise da variância, as médias obtidas nos
tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a característica altura de inserção do primeiro racemo verificou-se significância


estatísticas para os efeitos principais de cultivar e época de plantio (p 0,01) pelo teste F. Entre as
cultivares o maior valor obtido foi de 141 cm na cv. BRS Nordestina, que diferiu significativamente
daquele verificado na cv. Mirante 10 de 87 cm (Figura 1A). O que é coerente, uma vez que a cultivar
BRS Nordestina possui porte superior a Mirante 10. Entre as épocas a maior de altura de inserção do
racemo primário (119 cm) foi registrada na época 1 com a antecipação do plantio associada à irrigação.
Koutroubas et al., (2000) também verificaram que a altura da inserção do racemo primário variou com a
cultivar utilizada e sofreu incremento com o uso da irrigação.

Com relação ao diâmetro caulinar os efeitos principais (cultivar, espaçamento e época de


plantio), afetaram significativamente esta característica, de acordo com o teste F (p 0,01) e foi na
época 1 onde se obteve o maior valor (Figura 1B). Estes resultados são condizentes com relatos de
Kittock e Williams (1968). Entre as cultivares a BRS Nordestina possui maior diâmetro. O maior porte
desta cultivar justifica, ao menos parcialmente, o seu maior diâmetro caulinar. Nos espaçamentos o
diâmetro do caule reduziu com o adensamento do plantio (Figura 1B). Isto pode indicar, que em
condições de altas densidades populacionais a competição entre as plantas resulta em vegetais com
crescimento reduzido, com menor altura e diâmetro do caule. Corroborando com Azevedo et al. (1998).

Para a característica altura de planta verificou-se significância estatística das interações cultivar
x espaçamento e cultivar x época de plantio a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste
F. Analisando a interação cultivar x espaçamento, não se verificou diferença estatística nas alturas das
plantas, para as cultivares com a mudança no espaçamento (Tabela 01). Logo o nível populacional que
variou de 4.444 a 1.600 plantas por hectare, não interferiu na altura das plantas. Tal constatação,
corrobora com informações de Gondim et al. (2004). Contudo, comparando os valores médios das
alturas das duas cultivares dentro de cada espaçamento individualmente, verificou-se maior altura na
cultivar BRS Nordestina, nos espaçamentos de 1,5 e 2,0 m.

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Considerando a interação de segunda ordem cultivar x época de plantio, observou-se que


dentro da época 1 a cultivar BRS Nordestina teve uma maior altura, porém na época 2 não se verificou
diferença estatística entre as cultivares. Tal fato suscita a hipótese de que em condições de restrição
hídrica a cv. BRS Nordestina de porte médio tem seu crescimento afetado, e se iguala a cultivar
Mirante 10 (Tabela 1). Quanto ao efeito das épocas de plantio dentro de cada cultivar, observou-se que
o uso da irrigação na época 1, promoveu as maiores alturas de plantas em ambas cultivares. Supõe-se
que em condições irrigadas as duas cultivares, crescem e se desenvolvem de forma mais exuberante,
o que corrobora com informações de Koutroubas et al., (2000).

Para a característica número de ramos laterais ao final do ciclo de cultivo, foi verificado efeito
significativo para a interação cultivar x espaçamento e espaçamento x época, pelo teste F em nível de
5% de probabilidade. Na interação cultivar x espaçamento o número de ramos laterais aumentou com o
aumento do espaçamento, nas duas cultivares (Tabela 2). É possível que o espaçamento de 2,5 m
tenha concorrido para uma menor competição intra-específica que favoreceu o surgimento de mais
ramos laterais. Estes resultados, são consistentes e confirmam informações de Azevedo et al. (1997)
ao afirmarem que em maiores espaçamentos existe uma maior disponibilidade de recursos naturais
para cada planta que permitem o desenvolvimento de indivíduos grandes e exuberantes.

Estudando-se o efeito individual de cada espaçamento dentro das duas cultivares, observou-se
maior número de ramos laterais na cv. BRS Nordestina em todos os espaçamentos utilizados (Tabela
2). Cumpre ressaltar que o elevado número de ramos laterais é uma característica indesejável, caso a
colheita seja realizada mecanicamente. Ao contrário, para o caso da colheita manual, muitos ramos
podem significar elevado número de racemos por planta. Em se tratando da interação espaçamento x
época de plantio, observou-se tanto na época 1 como na época 2 que o espaçamento mais aberto
conferiu o maior número de ramificações laterais (Tabela 2). Resta saber se este maior número de
ramos laterais que resulta em maior número de racemos por planta, compensa a menor população de
plantas por unidade de área em termos de produtividade.

Para os dados de produtividade de grãos, houve diferença estatística apenas para o efeito de
época de plantio, que variou independentemente dos demais fatores testados em nível de 1% de
probabilidade pelo teste F. Na Figura 2 estão contidas as médias da produtividade de grãos nos
diferentes tratamentos estudados. Constatou-se maiores produtividades com a antecipação do plantio
para fevereiro de 2005 com o uso da irrigação (época 1) e a cultivar BRS Nordestina semeada no
espaçamento intermediário de 2,0 m x 2,0 m alcançando produtividades superiores a 3.000 kg ha-1.
Supostamente, dois fatores contribuíram para estas diferenças, as condições ambientais em cada

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época de semeadura, e o uso da irrigação. Koutroubas, et al. (2000) também verificaram que a
irrigação promoveu ganhos de produtividade e Beltrão (2006) relata que sob regime de irrigação a
mamoneira pode atingir produtividades superiores a 6.000 kg ha -1.

CONCLUSÕES

A antecipação do plantio associada à irrigação promove aumentos significativos na altura de


inserção do racemo primário, na altura da planta e no número de ramos laterais;

Quando associada à antecipação do plantio a irrigação contribui para o aumento da


produtividade de grãos em mais de 100%;

Alterações no espaçamento da mamoneira não promovem diferenças significativas na


produtividade, das cultivares BRS Nordestina e Mirante 10;

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S. Efeito da população de


plantas no rendimento da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1997, 5p. (Comunicado
Técnico, 54).
AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; SANTOS, J. W.; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S.;
NÓBREGA, L. B. da; VIEIRA, D. S.; PEREIRA, J. R. Efeito da população e plantas no consórcio
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gerais. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006, 14 p. (Documentos, 132).
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castor beans. Agro. Journal, Oxford, v. 60, p. 401-403, jul-aug., 1968.
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Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science>. Acesso em: 21 de jan. 2006.
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época de plantio de mamona cv. BRS 149 (Nordestina) na micro-região de Irecê, Bahia. Campina
Grande: Embrapa Algodão, 2000. 6p (Comunicado Técnico, 112).

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Tabela 1. Altura de plantas (m) de duas cultivares de mamona ao final do ciclo de cultivo.Pentecoste - CE, 2005.
Espaçamento Cultivar

Tratamentos 1,5 m 2,0 m 2,5 m Nordestina Mirante 10

-----------------------------------Altura de plantas (m)-----------------------------------

Época 1 2,99 3,11 2,89 3,31 Aa 2,69 Ba

Época 2 1,78 1,87 1,98 1,94 Ab 1,82 Ab

Nordestina 2,67 Aa 2,70 Aa 2,50 Aa - -

Mirante 10 2,10 Ab 2,28 Ab 2,37 Aa - -

DMS Linha 0,29 0,20

DMS Coluna 0,24 0,20

Médias seguidas por letras iguais maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.

Tabela 2. Número de ramificações laterais ao final do ciclo de cultivo das cultivares de mamona Pentecoste - CE, 2005.
Espaçamentos
Médias
Tratamentos 1,5 m 2,0 m 2,5 m

----------------------------Número de ramos (unid.)----------------------------

Nordestina 4,65 Ca 7,85 Ba 9,58 Aa 7,36 a

Mirante 10 3,28 Bb 4,90 Ab 5,94 Ab 4,70 b

Época 1 4,65 Ca 7,28 Ba 9,43 Aa 7,12 a

Época 2 3,28 Bb 5,47 Ab 6,09 Ab 4,95 b

DMS Linha 1,25 -

DMS Coluna 1,03 0,59

Médias seguidas por letras iguais maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey (p= 0,05).

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160 (A)
a
140
a

Altura do caule (cm)


120 b
100 b
80
60
40
20
0
Nordestina Mirante 10 Época 1 Época 2
Tratamentos

7
(B)
a
6 a a
a
Diâmetro do caule (cm)

5
b b
b
4

0
Época 1 Época 2 Nordestina Mirante 10 1,5 x 1,5 2,0 x 2,0 2,5 x 2,5

Tratamentos

Figura 1. Altura da inserção do racemo primário (A). As colunas seguidas por letras diferentes em cada fator (cultivar ou
época) indicam diferença estatística pelo teste F (p 0,01). Diâmetro do caule (B). As médias seguidas por letras diferentes
para os fatores época de plantio (Dms= 0,34), cultivar (Dms= 0,34) e espaçamento (Dms= 0,50) diferem estatisticamente
entre si pelo teste de Tukey (p 0,05). Pentecoste - CE, 2005.

Nordestina Mirante 10
3.500 Época 1 Época 2
(Média = 2.782 kg ha-¹)** (Média = 1.079 kg ha-¹)**
Produtividade de grãos (kg ha-¹)

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0
1,5 x 1,5 2,0 x 2,0 2,5 x 2,5 1,5 x 1,5 2,0 x 2,0 2,5 x 2,5

Espaçamentos (m)

Figura 4. Produtividade de grãos da mamoneira cultivada em diferentes épocas e espaçamentos. **As médias do efeito
época diferem estatisticamente pelo teste F (p 0,01). Pentecoste - CE, 2005.

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CRESCIMENTO INICIAL DE PINHÃO BRAVO CULTIVADOS EM CONDIÇÃO PROTEGIDA

César Ferreira da Silva1; Saulo Ferreira Leite1; Messias Firmino de Queiroz1; Leandro Oliveira de
Andrade1; Josué Luis Ferreira 1; Washington Damião da Silva 1
1 Universidade Estadual da Paraíba – CCAA, saulo_fleite@yahoo.com.br

RESUMO – O pinhão bravo (Jatropha mollissima Muell. Arg.) é uma planta da família euforbiácea,
nativa do semi-árido brasileiro, que vegeta com muita freqüência, em alta densidade, em áreas
degradadas da caatinga, possuindo frutos deiscentes e folhagem caduca no período de seca. As
sementes de pinhão podem conter em média 33% de óleo inodoro, fácil de ser extraído por pressão,
empregado na fabricação de tintas, sabões e lubrificantes, sendo utilizado, também, na iluminação
doméstica, pois sua chama não produz fumaça ou odor. O pinhão tem como uma de suas
características a boa qualidade de seu óleo que pode ser usado como biodiesel. Baseado na sua
importância em potencial para o Brasil, este trabalho teve o objetivo de avaliar o crescimento inicial de
pinhão bravo cultivadas em condição protegida. Foram avaliadas as variáveis altura de planta (AP),
diâmetro de caule (DC) e número de folhas (NF), apenas por suas médias, concluindo a possibilidade
da produção de mudas desta cultura em ambiente protegido.
Palavras-chave – Jatropha mollissima, biodiesel, mudas.

INTRODUÇÃO

Os pinhões são plantas arbustivas, pertencentes à família das Euforbiáceas, nativas na


América do Sul, mas que também ocorrem em outros países da América Central, África e Ásia
(FRANCIS et al., 2005).

Essas espécies se revestem de elevada importância para o Semi-Árido brasileiro, pelas


possibilidades de fácil cultivo, adaptação a solos pouco férteis, degradados, resistência à seca e por
estarem despontando como novas opções de ocupação de mão-de-obra e geração de renda, por sua
utilização como fonte de óleo para a produção de biodiesel (FRANCIS et al., 2005; ORHAN et al., 2004;
SHAH et al., 2004; SHAH et al., 2005).

O pinhão bravo (Jatropha mollissima Muell. Arg.) é uma planta da família euforbiácea, nativo do
semi-árido brasileiro, que vegeta com muita freqüência, em alta densidade, em áreas degradadas da
Caatinga, possuindo frutos deiscentes e folhagem caduca no período de seca. As sementes de pinhão

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podem conter em média 33% de óleo inodoro, fácil de ser extraído por pressão, empregado na
fabricação de tintas, sabões e lubrificantes, sendo utilizado, também, na iluminação doméstica, pois
sua chama não produz fumaça ou odor. O pinhão tem como uma de suas características a boa
qualidade de seu óleo que pode ser usado como biodiesel.

Baseado nos fatos supracitados este experimento teve como o objetivo avaliar o crescimento
inicial de pinhão bravo cultivadas em condição protegida.

METODOLOGIA

Os estudos foram conduzidos em ambiente protegido (abrigo telado) pertencente à Escola


Agrícola Assis Chateaubriand, localizada no município de Lagoa Seca, Paraíba (Latitude 7 º 09 S,
Longitude 35 º 52 W e altitude 634 m) na região do Brejo Paraibano. De acordo com os dados
coletados na estação de Meteorológica da EMEPA, as características climáticas do local da pesquisa
são as seguintes: temperatura média máxima 26,0 ºC, temperatura média mínima 18,20 ºC, umidade
relativa média anual 66%, precipitação média anual 950 mm, evapotranspiração média anual de
1100mm e insolação média diária de 7, 7, 7, 6, 6, 5, 5, 7, 7, 8, 9, 8 horas nos meses de janeiro,
fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro,
respectivamente. Durante os primeiros seis meses do experimento foram realizadas as coletas de
sementes, sua seleção e a conseqüente implantação do experimento. A coleta de sementes foi feita no
município de Riachão de Bacamarte e no município de Fagundes. A semeadura do pinhão bravo foi em
20 vasos de polietileno preto de 8 litros, adotando o número de 3 sementes por vaso, acrescentados
11Kg de substrato (solo da EAAC e o esterco bovino curtido, ambos peneirados numa proporção de
4x1). Foram feitas irrigações baseadas na metodologia de uso de lisímetros de volume. Tais lisímetros,
no início do experimento, foram colocados para atingir a capacidade de campo, baseado na análise
física, prévia, do solo utilizado, sendo usados para manter a irrigação dos outros vasos, num turno de
rega de 72 horas. Nenhum tratamento diferenciado foi adotado, não havendo assim a necessidade
execução de análise estatística neste trabalho.

Foram avaliadas durante 20 semanas as variáveis de altura de plantas (AP); número de folhas
(NF) e diâmetro de caule (DC) apresentando apenas as médias das 20 leituras, sem qualquer tipo de
tratamento estatístico ou utilização de software desta mesma natureza.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Abaixo se encontram as Figuras 01, 02 e 03 e suas respectivas médias para as variáveis AP,
DC, e NF.

CONCLUSÃO

É possível cultivar plantas de pinhão bravo em regime de cultivo em ambiente protegido, tendo
em vista os resultados homogêneos e satisfatórios obtidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FRANCIS, G.; EDINGER, R.; BECKER, K. A concept for simultaneous wasteland reclamation, fuel
production, and sócio-economic development in degraded areas in Índia: need, potential and
perspective of Jatropha plantations. Nature and Resources, Paris, Fórum 29, p.12-24, 2005.

ORHAN, I.; SENER, B.; CHOUDHARY, N.I.; KHALID, A. Acetylcholinesterase and butyrylcholinesterase
inhibitory activity of some Turkish medicinal plants. Journal of Ethnopharmacology, vol.91, p.57-60,
2004.

SHAH, S., SHARMA, S., GUPTA, M. N. Extraction of oil from Jatropha curcas L. seed kernels by
combination of ultrasonication and aqueous enzymatic oil extraction. Bioresource Technology. v.96,
p.121-123, 2005.

SHAH, S., SHARMA, S., GUPTA, M. N. Biodiesel preparation by lipase-catalyzed transesterification of


Jatropha oil. Energy & Fuels. v. 18, p. 154-159, 2004.

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Altura da Planta

Altura 60
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920
Número das Plantas

Figura 01. Altura de plantas de pinhão bravo cultivado em condição protegida

Diametro do caule

30
Diametro medio da planta

25

20

15

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
N° da planta

Figura 02. Diâmetro de caule de pinhão bravo cultivado em condição protegida

Número de Folhas

20
Quantidades

15
10
5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11121314151617181920
Número das Plantas

Figura 03. Número de folhas de pinhão bravo cultivado em condição protegida

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CRESCIMENTO INICIAL DO PINHÃO MANSO SUBMETIDO A DIFERENTES PERÍODOS DE


ANOXIA1

Rosiane de Lourdes Silva de Lima1, Valdinei Sofiatti2, Maria Aline de Oliveira Freire3, Lígia Rodrigues
Sampaio4, Nair Helena Castro Arriel2, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão2
1.Pesquisadora, Bolsista DCR pelo CNPq-FAPESQ/PB. Endereço: Rua Treze de Maio, 21, AP-202, Centro Campina
Grande, PB. E-mail: limarosiane@yahoo.com.br; 2.Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa Algodão. E-mail:
sofiatti@cnpa.embrapa.br; nair@cnpa.embrapa.br; napoleao@cnpa.embrapa.br; 3. Técnica Agrícola, Graduanda em Biologia pela
Universidade Vale do Acaraú (UVA). E-mail: alineuepb@hotmail.com; 4. Mestre em Engenharia Química, Doutoranda em
Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG/PB). E-mail: liggiasampaio@yahoo.com.br;

RESUMO: O excesso de umidade do solo interfere negativamente na disponibilidade de oxigênio para


as raízes das plantas, resultando em baixa disponibilidade de trifosfato de adenosina (ATP), na
redução do potencial de oxi-redução do solo e no aumento da concentração de substâncias fitotóxicas
como dióxido de carbono, Objetivando-se avaliar os efeitos do encharcamento do solo sobre o
crescimento inicial de plantas de pinhão manso, conduziu-se um experimento em delineamento
inteiramente casualizado, com 4 repetições. Os tratamentos corresponderam a cinco tempos de
estresse por anoxia (0, 5, 10, 15 e 20 dias) e cinco épocas de avaliação do crescimento (10, 20, 30, 40
e 50 dias após a suspensão do encharcamento). Foram mensurados a altura, o número de folhas e
área foliar das plantas. Os resultados indicaram que o pinhão manso apresenta elevada tolerância ao
encharcamento do solo. Com o encharcamento as plantas reduzem o crescimento, entretanto após a
suspensão do encharcamento as plantas de pinhão manso retomam seu crescimento.
Palavras-chave: Jatropha curcas, encharcamento do solo, análise de crescimento.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas) é uma espécie oleaginosa originária provavelmente da


América Central e do Sul que tem despertado o interesse de pesquisadores e produtores por
concentrar em suas sementes 30 a 50% de óleo (NOOR CAMELLIA et al., 2009). Sua propagação
pode ser feita por sementes ou mudas, sendo a segunda opção adotada com maior frequência
(KATHIRAVAN et al., 2009). Sua rusticidade e tolerância às condições adversas de clima e solo fazem
desta oleaginosa uma excelente opção para a região semi-árida (LUÍZ et al., 2009). Contudo, de

1 Apoio Financeiro: convênio Fapesq/PB/CNPq

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acordo com MAES et al. (2009) e SILVA et al. (2009), esta oleaginosa requer suprimento hídrico
adequado e solos livres de sais para a obtenção de alta produtividade.

O excesso de umidade do solo interfere negativamente na disponibilidade de oxigênio para as


plantas, resultando em baixa disponibilidade de trifosfato de adenosina (ATP), na redução do potencial
de oxi-redução do solo e no aumento da concentração de substâncias fitotóxicas como dióxido de
carbono, etileno, ferro reduzido, metano, sulfetos e outros compostos.

Em resposta as modificações que ocorrem em decorrência da deficiência de oxigênio e do


aumento da concentração de gases tóxicos no solo, a planta apresenta uma série de sintomas que
afetam severamente o crescimento e a produtividade. Em plantas de pinhão manso os principais
sintomas provocados pelo excesso de umidade do solo são: murchamento da planta, queda severa de
folhas, alargamento do colo do caule, escurecimento e apodrecimento do sistema radicular (SAMPAIO
et al., 2008).

Objetivou-se, com este trabalho, avaliar o crescimento inicial de plantas de pinhão manso
submetidos a diferentes períodos de estresse por anoxia.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Embrapa Algodão, em Campina


Grande, no período compreendido entre maio e julho de 2007. Adotou-se o delineamento inteiramente
casualizado com 4 repetições e 1 planta por unidade experimental. Os tratamentos foram constituídos
por cinco períodos de estresse por anoxia, os quais foram de 0, 5, 10, 15 e 20 dias de alagamento e
por 5 épocas de avaliação de crescimento . Para o experimento, sementes de pinhão manso foram
semeadas em vasos com capacidade de 15 L de solo, contendo como substrato uma mistura de solo e
esterco bovino na proporção de 9:1 (v./v.). Após a emergência das plântulas realizou-se o desbaste
permanecendo apenas 1 planta por vaso. Dez dias após a emergência, fez se adubações de cobertura
com nitrogênio (80 kg/ha) e potássica (60 kg/ha). Dez, vinte, trinta, quarenta e cinqüenta dias após a
suspensão do encharcamento determinaram-se a altura das plantas, o diâmetro caulinar, o número de
folhas e a área foliar. Para a determinação da área foliar utilizou-se a fórmula proposta por Severino et
al. (2007) para a cultura do pinhão manso. O estresse foi aplicado 60 dias após a emergência das
plântulas, obstruindo-se os furos de drenagem dos vasos e adicionando-se água até formar uma
lâmina de 2 cm acima da superfície do solo. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância
(Teste F) e regressão polinomial.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observaram-se efeitos significativos na maioria das características avaliadas. Entre as


características de crescimento, somente a altura da planta não apresentou efeitos significativos para o
estresse por anoxia (Tabela 1). Por outro lado, observam-se efeitos interativos para as variáveis de
crescimento diâmetro caulinar e número de folhas. A massa seca de folhas, caule, massa seca da
parte aérea e das raízes não sofreram grandes influências dos períodos de anoxia (Tabela 2),
apresentando valores médios de 32,1 g para a massa seca de folhas, 65,3 g para a massa seca de
caule, 95,92 g para a massa seca total da parte aérea e 30,8 g. para a massa seca do sistema
radicular.

A altura da planta (Figura 1A) aumentou seguindo o modelo quadrático, independente do


tempo de estresse a que as plantas foram submetidas, observando-se uma altura máxima de 80 cm. O
ponto de máximo para esta variável ocorreu aos 23 dias. Observa-se que à medida que se incrementa
os períodos de avaliações, ocorre um aumento lento sobre a altura das plantas, que se acentua a partir
dos 30 dias após a suspensão da anoxia.

Quanto as variáveis de crescimento número de folhas e área foliar de plantas de pinhão manso
(Figura 1B e 1C) observa-se comportamento similar, constatando-se que após a suspensão do
encharcamento do solo as plantas retomaram seu crescimento de forma quadrática em todos os
tratamentos. Contrastando-se os resultados obtidos no tratamento controle com aqueles observados
nos tratamentos correspondentes a 15 e 20 dias de anoxia, constata-se que a recuperação foi pouco
expressiva, notadamente pela redução no número de folhas e sobre a área foliar das plantas.

De forma geral o crescimento em número de folhas e área foliar nas plantas de pinhão manso
foi reduzida a menos da metade da taxa média obtida nas plantas-controle. A partir do décimo ao
vigésimo dia após a suspensão do encharcamento, o crescimento em número de folhas praticamente
estagnou, sugerindo que nessa espécie a emissão de folhas é muito reduzida sob condições de
alagamento do solo. Por outro lado, a área foliar declinou significativamente ente o décimo até o
vigéssimo dia após a suspensão do estresse, aumentando substancialmente a partir desta avaliação,
independente do tratamento de estresse aplicado. É possível que o aumento na área foliar esteja
associado ao estímulo à elongação promovido pela síntese de etileno que, nesses casos,
freqüentemente aumenta (Kozlowsky, 1997).

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É possível que a partir dos 30 dias da suspensão do estresse tenha ocorrido melhores
condições de aeração no solo e assim melhor oxigenação para o sistema radicular das plantas, os
quais permitiu sua recuperação e a retomada de seu crescimento. Resultados similares foram
observados por Sá et al. (2005) para a cultura da soja.

CONCLUSÕES

O pinhão manso apresentou tolerância ao encharcamento do solo.

Após a suspensão do encharcamento, independente do tempo, o pinhão manso retoma seu


crescimento que inicialmente é muito lento, mas que se acelera a partir de 30 dias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1. Resumo da análise de variância da altura da planta (AP - cm), diâmetro caulinar (DC – mm), número de folhas
(NF) e área foliar (AF - cm2) de plantas de pinhão manso em função de diferentes períodos de encharcamento e épocas de
avaliação do crescimento.
Quadrado Médio

F.V. G.L. AP DC NF AF

Períodos de 4 45,72ns 1401,3** 625,5** 1.083624E007**


Encharcamento

Épocas de Avaliação 4 3815,3** 782,2** 1648,0** 2.954811E007**

Períodos x Épocas 16 1033,0ns 209,8* 176,1* 642717,6ns

Resíduo 70 66,66 125,0 69,8 935762,1

CV (%) - 14 35 22 37

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F. ns – Não significativo.

Tabela 2. Resumo da análise de variância da massa seca de folhas (MSF - g), Massa seca de caule (MSC – g), massa
seca da parte aérea total (MSPAT – g) e massa seca do sistema radicular (MSSR – g) de plantas de pinhão manso em
função de diferentes períodos de encharcamento.

Quadrado Médio

F.V. G.L. MSF MSC MSPAT MSSRAF

Períodos de 4 117,04* 392,01* 906,78* 44,61ns


Encharcamento

Resíduo 14 63,22 207,54 458,74 93,62

CV (%) - 26,12 22,32 22,55 31,56

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F. ns – Não significativo.

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A B

100 100 Yˆ0 = 44,03 - 1,77 X + 0,05 X 2 R2 = 0,92


Yˆ5 = 34,76 - 0,65 X + 0,02 X 2 R2 = 0,96
Yˆ10 = 25,6 + 0,16X + 0,0009X 2 R2 = 0,97
80 80

Número de folhas (nº/planta)


Yˆ15 = 27,6 + 0,0005X + 0,006X 2 R2 = 0,96
Yˆ20 = 35,4 - 0,81X + 0,02 X 2 R2 = 0,98
60
Altura (cm)

60

40 40

Yˆ = 47,85 - 0,55 X + 0,024 X 2 R2 = 0,98


20 20

0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40 50
Dias após o encharcamento Dias após o encharcamento

7000
Yˆ0 = 2845 - 45,1X + 1,99 X 2 R2 = 0,96
Yˆ5 = 2886 - 108,3 X + 3,2 X 2 R2 = 0,99
6000 Yˆ10 = 2034 - 80,8 X + 2,2 X 2 R2 = 0,99
Yˆ15 = 2180 - 163 X + 4,1X 2 R2 = 0,99
Yˆ20 = 2500 - 169 X + 4,2 X 2
Área foliar (cm /planta)

5000 R2 = 0,99

4000
2

3000
Figura 1. Influência dos períodos de anoxia e épocas de
avaliação no crescimento de plantas de pinhão manso.
2000

1000

0
0 10 20 30 40 50
Dias após o encharcamento

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CULTIVAR BRS NORDESTINA EM SISTEMA DE POLICULTIVO NA AGRICULTURA FAMILIAR DO


MUNICÍPIO DE ESPERANÇA-PB - SAFRA 2009

1Waltemilton Vieira Cartaxo- Analista Embrapa Algodão, 2. José Aderaldo Trajano dos Santos –
Mestrando UFPB, 3 Leandro Silva do Vale, doutorando UFPB 4 Hugo Cássio Lima de Souza, Técnico
agrícola 5 Vandeilson Lemos Araújo/Graduando de agronomia UFPB 6 Juracir Gomes da Rocha -
produtor
1 Embrapa Algodão, cartaxo@cnpa.embrapa.br

RESUMO - Objetivou-se com este trabalho, consolidar o modelo do policultivo, onde a mamona é a
cultivada em uma mesma área com diferentes culturas. Para melhorar o rendimento do sistema e
facilitar a integração desta oleaginosas na rotina produtiva da agricultura familiar do Nordeste e permitir
a ampliação da área cultivada, com vistas ao atendimento da demanda do mercado de biodiesel.
Tendo em vista que, no pós lançamento do programa de biodiesel brasileiro, a cultura da mamona foi
priorizada como a mais adequada para a região, com o zoneamento agrícola definindo como apta, uma
área de aproximadamente cinco milhões de hectares localizada em mais de setecentos municípios.
Com este cenário promissor, a maioria dos estados nordestinos passou a incentivar e apoiar o cultivo
desta oleaginosa, desenvolvendo vários programas e parcerias com vistas para ampliar as áreas
cultivadas e a quantidade de agricultores beneficiários. No entanto os programas não obtiveram o êxito
esperado, até mesmo no estado da Bahia, pois, ocorreram várias falhas estruturais que
comprometeram o fechamento da cadeia produtiva. Fatores negativos como ausência de sementes de
qualidade, deficiência de ATER, desorganização dos agricultores, falta de preço justo, quebra de
contratos e os baixos resultados econômicos, provocaram a descrença dos agricultores que apostaram
nos programas da maioria dos estados. Neste sentido os dados aqui referenciados evidenciam a
importância de se cultivar a mamona, em policultivo como um sistema integrado ao perfil do produtor
familiar, tornando-a atrativa para este público, funcionando como um especie de poupança adicional a
produção de alimentos.
Palavras chaves: Ricinus communis, policultivo, mão de obra, emprego e renda

INTRODUÇÃO

O cultivo da mamona Ricinus communis no semiárido brasileiro, até a criação oficial do


Programa Nacional de Biocombustíveis do governo federal, ocorrido no ano de 2004, destinava-se
quase que exclusivamente ao mercado da indústria rícinoquímica dos estados da Bahia e de São
Paulo. As condições edafoclimáticas predominantes no estado da Bahia, combinado com a lógica
produtiva dos territórios de produção a partir do município de Irecê, bem como, pela fácil

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comercialização de mamona nos próprios municípios onde ocorre a produção, transformaram o estado
da Bahia no maior produtor do Brasil, responsável por mais de 90% da produção nacional. No pós
lançamento do programa de biodiesel brasileiro, a cultura da mamona foi priorizada como a mais
adequada para a região, com um zoneamento agrícola definindo como apta, uma área de
aproximadamente cinco milhões de hectares localizada em mais de setecentos municípios. Com este
cenário promissor, a maioria dos estados nordestinos passou a incentivar e apoiar o cultivo desta
oleaginosa, desenvolvendo vários programas e parcerias visando principalmente ampliar as áreas
cultivadas e a quantidade de agricultores beneficiários. No entanto os programas não obtiveram o êxito
esperado, até mesmo no estado da Bahia, pois, ocorreram várias falhas estruturais que
comprometeram o fechamento da cadeia produtiva. Fatores negativos como ausência de sementes de
qualidade, deficiência de ATER, desorganização dos agricultores, falta de preço justo, quebra de
contratos e os baixos resultados econômicos, provocaram a descrença dos agricultores que apostaram
nos programas da maioria dos estados. A Embrapa algodão detentora da excelência tecnológica no
cultivo da mamona no Brasil, ao longo dos seus trinta e cinco anos de trabalho, disponibilizou para o
mercado, as cultivares de mamona, BRS NORDESTINA, BRS PARAGUAÇÚ E BRS ENERGIA, com os
seus respectivos sistemas de cultivo, desenvolvidos, aplicados e validados aos perfis dos pequenos,
médios e grandes produtores, com especial atenção aos agricultores familiares, que plantam, cuidam e
colhem com a força da mão de obra da própria família, em harmonia com a realidade ambiental
predominante, marcada pelas condições edafoclimáticas que restringem a expressão produtiva das
cultivares, pois em alguns anos de seca, as chuvas são erráticas na maioria das regiões produtoras, e
neste particular, o policultivo ou o cultivo em sistema de consórcio, desponta como uma alternativa
tecnológica capaz de tornar a mamona uma cultura atraente para a maioria dos agricultores familiares
do Nordeste brasileiro, podendo ser comparada a uma poupança, que se inicia após o término da
colheita das culturas consorciadas, o que proporciona ao pequeno agricultor uma renda em um período
no qual não há mais o que colher. As principais culturas exploradas no sistema de consórcio são
aquelas voltadas a segurança alimentar tais como: feijão, fava, milho, abóbora, batata, entre outras. De
acordo com Freire et al. (2001), em virtude da pouca utilização de sementes selecionadas, ocorrem na
maioria das grandes regiões produtoras de mamona, baixa produtividade, alto nível de suscetibilidade
às principais doenças e pragas, e várias características agronômicas indesejáveis. Esta afirmativa tem
grande importância, no entanto, dada a realidade ambiental e de perfil do agricultor familiar plantador
de mamona no Nordeste, deve-se buscar também, desenvolver sistemas de cultivo e arranjos
produtivos à campo que permitam parte da renda e da segurança alimentar da família dos produtores.
Portanto, objetivou-se neste trabalho, avaliar a resposta econômica do policultivo ou cultivo

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consorciado, onde a cultura da mamona foi plantada em sistema de consórcio com batatinha, feijão,
fava, milho, erva doce, abóbora e limão.

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido em uma área de 1,2 hectare na propriedade do agricultor familiar
Sr. Juracir Gomes da Rocha, localizada na comunidade Timbaúba, município de Esperança – PB,
conduzido sob acompanhamento técnico da empresa Brasil Ecodiesel e supervisão da Embrapa
algodão. A cultivar utilizada foi a BRS Nordestina a qual foi plantada no início do período chuvoso, no
espaçamento de 3m x 1m o que proporcionou a exploração das culturas inseridas no sistema de
consórcio. A área já contava com um plantio anterior de novecentos pés de limão Thaity de segundo
ano, sendo a mamona plantada nas entre linhas do limão, em 18/04/2009 e de forma sistemáticas vinte
dias após a germinação, foram também plantados batatinha em cinquenta por cento da área e na outra
metade foi implantado milho, feijão, fava. Erva doce e abóbora. A mamona foi adubada com um litro de
esterco bovino curtido, colocado no fundo de cada cova no dia do plantio e das demais culturas,
apenas o limão recebeu adubação química com uso da ureia. As avaliação visuais do crescimento e
desenvolvimento do sistema foram feitas, através de visitas semanais pela equipe técnica da Brasil
Ecodiesel e três visitas de supervisão pela equipe da Embrapa Algodão. As capinas foram realizadas
de forma manual com uso da enxada e não houve uso de produtos químicos para controle de pragas.
Os dados pluviométricos foram colhidos através de um pluviômetro de leitura direta, instalado na área,
e totalizaram 635mm ocorridos desde a data do plantio à colheita da mamona. Para efeito de avaliação
de viabilidade econômica do modelo, adotou-se o levantamento dos custos de produção de todo o
sistema, a quantidade produção das lavouras e o resultado da comercialização da produção da
mamona, que foi trabalhada sob contrato de preço justo com a empresa Brasil Ecodiesel, sendo
comercializada a R$1,20 por quilo, as demais culturas foram comercializadas no mercado local com
base nos preços vigentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os tratos culturais adequados e a regular distribuição das chuvas, permitiram um bom


desenvolvimento e crescimento da mamona e das culturas consortes, resultando em uma excelente
resposta produtiva para as condições de clima e solos observadas no município de esperança-PB, e,
por conseguinte, um bom resultado econômico e satisfatório para o produtor, que conseguiu uma

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produção de700kg de mamona, 300kg de feijão, 720kg de fava, 40 caixas de batatinha, 04 caixas de
limão, 20kg de erva doce e 720kg de milho, além de 05 de carroças de palha fenada para alimentação
de bovinos. O custo de produção do sistema foi de R$ 2.026,00; a receita bruta foi R$ 3.304,00 que
resultou em uma receita líquida de R$ 1.278,00 e uma relação beneficio custo de 61,31 %.( Tabela

CONCLUSÃO

O sistema de policultivo ou de consórcio de diferentes culturas, tendo a mamona como uma


das cultura âncora, mostrou-se como uma ótima opção capaz de contribuir para consolidar o seu
cultivo na maioria dos estados do Nordeste, (tabela .1). Principalmente, para os agricultores familiares,
que adotam no manejo produtivo das suas propriedades, a mão de obra da própria família e,que
conseguem estabelecer uma relação de venda da produção da mamona, através de pré contrato com
venda garantida a preço justo, que desta forma valoriza o seu capital humano como fonte geradora de
emprego e renda nas propriedades familiares do Nordeste.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CARTAXO,W.V.; e outros circular técnica 77, Campina Grande, junho 2004 - O cultivo da
mamona no semi árido brasileiro

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Tabela 1. Resultados auferidos pelo produtor no sistema de policultivo ou consórcios, mamona com outras culturas.
Esperança,PB 2009

Culturas Produção *Insumos RBS **M Obra *** % RL RCB TR %

Mamona 700kg 135,00 840,00 26 - -

Limão 04 cx 200,00 100,00 - 3 - -

Feijão 300kg 12,00 300,00 - 9 - -

Batatinha 40 cx 200,00 1.000,00 - 30 - -

Milho 720kg 30,00 264,00 - 8 - -

Erva doce 20kg 25,00 200,00 - 6 - -

Fava 720kg 24,00 600,00 - 18 - -

Resultados - 626 3304 1400 100 1278 1,63 63,00%

RBS. Receita Bruta do Sistema = Somatório da venda da produção de cada cultura = 3.304,00 ;
RL. Receita Líquida = RB – CP = 1.278,00;
CP. Custo de Produção do Sistema = Insumos + M Obra = 2.026,00;
RCB. Relação Custo Beneficio = RB/CP = 1,63
TR. Taxa de Retorno = RL/CP = 63,00%
* Insumos: Sementes, esterco bovino e ureia ;
** Mão de Obra familiar: 70 dias a R$ 20,00 ;
*** Contribuição % das culturas na receita.

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Fotos: 1,2,3,4

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DESEMPENHO AGRONÔMICO DE QUATRO VARIEDADES DE GIRASSOL NO SERTÃO


PERNAMBUCANO

Farnésio de Sousa Cavalcante1, Sérvulo Mercier Siqueira e Silva1, Ivan Souto de Oliveira Júnior1,
José Nunes Filho1
1Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) – farnesio.cavalcante@ipa.br

Resumo: A cultura do girassol no Sertão Pernambucano surge como alternativa para geração de
emprego e renda na agricultura familiar. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a interação
genótipo x ambiente no sistema de cultivo do girassol. O experimento foi conduzido na Estação
Experimental do Instituto Agronômico de Pernambuco-IPA, localizado no município de Serra Talhada-
PE em delineamento de blocos ao acaso. Utilizaram-se quatro tratamentos com três repetições, os
quais foram representados por genótipos de Girassol (M 734, AGROBEL 960, HELIO 358, EMBRAPA
122), durante dois anos (2008 e 2009). Foram avaliadas as seguintes variáveis: altura da planta,
curvatura do caule, tamanho do capítulo, peso de mil aquênios e produtividade. Com base nos
resultados do estudo verificou-se que os genótipos detiveram resultados aproximados, prevalecendo a
variedade M 734, cuja produtividade foi de 1.523,21 kg/ha no ano de 2009 em razão de uma melhor
distribuição das chuvas durante o ciclo da cultura.
Palavras chaves: Helianthus annus, L., sequeiro, produtividade

INTRODUÇÃO

A cultura do girassol representa o elo inicial de uma extensa cadeia agroindustrial na qual o
Brasil possui inegáveis vantagens comparativas no cenário mundial. Essa cultura apresenta uma ampla
capacidade de se adaptar às diferentes situações de latitude, longitude e fotoperíodo (GIRASSOL...,
2008). Trata-se de uma cultura de ciclo curto, em torno de 90-110 dias, que reduz em grande parte os
riscos causados pela falta de chuva, possuindo, conseqüentemente, grande potencial para produção
de óleos vegetais e co-produtos na região tropical, a exemplo do Semiárido.

O principal produto da cultura do girassol é o seu óleo, o qual é altamente valorizado por
apresentar propriedades nutricionais e organolépticas (PAES, 2005), bem como, proporcionar a
redução do nível do colesterol que traz risco à saúde humana, quando em excesso nos vasos
sanguíneos (LASCA, 2008).

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Outro importante co-produto do girassol é a silagem, que apresenta alto valor energético e um
teor de proteína média de 35%, o qual é superior àqueles encontrados nas silagens de milho (CATI-
DSSM, 2008). Além disso, a torta resultante do processo da extração do óleo apresenta elevado teor
protéico e pode ser utilizada como ração para alimentar rebanho leiteiro (TRAVASSOS, 2008).

Vale ressaltar, também, que as flores do girassol exercem um grande poder de atração sobre
as abelhas, podendo assim contribuir para o desenvolvimento da apicultura em associação com o seu
cultivo (GIRASSOL..., 2008).

A partir do exposto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a interação genótipo
x ambiente no sistema de produção do girassol como nova opção de cultivo àquelas tradicionalmente
utilizadas e que venham possibilitar incremento de renda dos agricultores familiares no Sertão
Pernambucano.

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido com o girassol (Helianthus annus L.) em dois anos, entre os meses
de março a junho de 2008 e fevereiro a maio 2009 na Estação Experimental do IPA, município de Serra
Talhada-PE, cujas coordenadas geográficas são: latitude 7º 56‘ 58,59‖ S, longitude 38º 11‘ 41,30‖ W e
altitude de 506 m.

O clima predominante é BSw‘h‘, segundo classificação de Köppen. O solo da área


experimental é um Cambissolo (EMBRAPA, 1999), com declividade de 4%. Os experimentos foram
conduzidos em regime de sequeiro, cujas precipitações foram 568,1 no ano de 2008 (março = 313,6;
abril = 95,8; maio = 124,7 e junho = 34,0 mm) e 582,2 mm no ano 2009 (fevereiro = 76,2; março =
140,2; abril = 157,8; maio = 208,6 mm) para todo o ciclo.

O delineamento estatístico utilizado no estudo foi de blocos casualizados, com três repetições
e quatro tratamentos, os quais foram representados por genótipos de Girassol (M 734, AGROBEL 960,
HELIO 358, EMBRAPA 122), durante dois anos (2008 e 2009).

Cada parcela experimental foi constituída por quatro fileiras medindo 0,7 m de largura por 6 m
de comprimento totalizando 21 plantas/fileiras. Para fins de computação de dados, consideraram-se
como área útil as linhas centrais.

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Foi realizada adubação de fundação NPK 20-10-20 na área, além de ter sido aplicado 2 kg de
boro/ha, devido a exigência da cultura. Não foram feitas aplicações de herbicidas, inseticidas e
fungicidas em nenhuma época, pois não foi necessário.

Foram avaliadas as seguintes variáveis: altura da planta (AP), curvatura do caule (CC),
tamanho do capítulo (TC), peso de mil aquênios (PMA) e produtividade (PROD).

Para todas as variáveis supracitadas foram realizadas análises de variância por meio software
SISVAR.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através das análises de variância apresentadas na (Tabela 1), verifica-se efeito significativo (p
< 0,05) para Curvatura do Caule (CC), Peso de mil aquênios (PMA) e Produtividade (PROD) no fator
variedade (V), enquanto para o fator ano (A) não houve efeitos significativos em nenhuma das
variáveis. De maneira semelhante segue na interação dos fatores (V x A), exceto Tamanho de Capítulo
(TC), significância estatística (p < 0,05). Quando comparado os anos, estes se comportaram de
maneira semelhante. Para a variável AP verifica-se comportamento equiparado entre as variedades de
girassol, com altura média ligeiramente abaixo de 1,0 m (Figura 1A). Este porte baixo da planta permite
um adensamento da cultura o que pode favorecer a um aumento na produtividade. Analisando a CC,
tem-se que a variedade M 734 foi superior 36,05; 21,45; 41,50% em relação às demais; Agrobel 960,
Helio 358, Embrapa 122, respectivamente (Figura 1B). Dada a importância desta variável, pois
minimizam as perdas principalmente contra o ataque de pássaros, bem como as perdas quando a flor
toca ao chão, verifica-se que tais diferenças percentuais são extremamente importantes para identificar
uma variedade com potencialidade em se obter maior produtividade. Já o TC ficou em média com 11,0
cm de diâmetro para todas as variedades, muito embora houvesse efeito na interação onde se verifica
que a variedade AGROBEL 960 deteve TC aproximadamente 14,0 cm no ano de 2009, favorecido
provavelmente pela chuva que caiu no estádio de floração da cultura. No peso de mil aquênios
contabilizou-se em média 62,0 g, não diferenciando significativamente entra as plantas de girassol
(Figura 2B). Na produtividade novamente destaca-se a variedade M 734, cujo valor encontrado foi
1.523,21 kg/ha, bem maior que os 1.194,96 kg/ha da Agrobel 960, 992,45 kg/ha da Helio 358 e
Embrapa 122 com 875,68 kg/ha. Provavelmente sua maior produção (M 734) esteja diretamente
relacionada com as variáveis estudadas anteriormente, onde se obteve as maiores leituras para (CC) e
(PMA), por exemplo. Inferindo, desta forma, em sua maior produtividade em relação às outras

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variedades de girassol. Outro fator importante a ser observado, diz respeito à precipitação no ano de
2009, a qual foi mais bem distribuída do que o ano anterior. No ano de 2008 houve uma diminuição
acentuada das chuvas na época da floração e enchimento dos grãos, enquanto no ano de 2009,
ocorreu de forma contrária e isto favoreceu ao aumento da produtividade em todas as variedades.

CONCLUSÕES

- O girassol variedade M 734 destacou-se em quase todas as variáveis e obteve produtividade


de 1.523,21 kg/ha em condições de sequeiro;

- A pluviometria em torno de 600,0 mm e bem distribuída atende a cultura do girassol para o


Sertão Pernambucano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Belo Horizonte: Epamig, v. 26, n. 229, p. 34-41, 2005.
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<www.niderasementes.com.br/biblioteca/Artigo_Reginaldo.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2007.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância para quatro variedades (genótipos) de girassol durante dois anos (2008/2009).
Serra Talhada, PE

Quadrados Médios
Fontes de Variação GL
AP CC TC PMA PROD
Bloco 2 197,96NS 0,37NS 0,43NS 44,54NS 190.448,69NS
Variedade (V) 3 126,71NS 3,37* 3,04NS 235,15* 482.663,24*
Resíduo (V) 6 79,19 0,37 3,93 47,32 58.726,37
Ano (A) 1 1.293,60NS 7,04NS 17,68NS 5,04NS 566.332,42NS
Resíduo (A) 2 228,60 0,80 8,67 177,04 199.220,04
Var. x Ano 3 39,41NS 2,15NS 8,01* 107,93NS 157.853,86NS
Resíduo (V x A) 6 111,8 0,57 1,60 40,93 61.900,58
DMS 13,65 0,94 3,04 10,55 371,63
Média Geral 93,97 4,62 11,21 62,96 1.146,58
Médias
C.V. (Var.) (%) 16,09 19,24 26,30 21,13 39,93
C.V. (Ano) (%) 11,25 16,32 11,27 10,16 21,70
2008 86,63a 4,08a 10,35a 63,41a 992,96a
2009 101,31a 5,16a 12,06a 62,50a 1300,19a
Significativo p<0,05 (*), p<0,01 (**) e Não significativo p>0,05 (NS).
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey.
AP = Altura de Planta (cm); CC = Curvatura do Caule (nota); TC = Tamanho de Capítulo (cm); PMA = Peso de Mil Aquênio (g); PROD = Produtividade
(kg/ha).

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B.
A.
120 7
a a a
a 6
100 a ab

CLASSIFICAÇÃO (Nota)
ALTURA DE PLANTA (cm)

5 b b
80
4

60 3

2
40
1
20
0

0 M 734 AGROBEL 960 HELIO 358 EMBRAPA 122

M 734 AGROBEL 960 HELIO 358 EMBRAPA 122 VARIEDADES


CC
AP VARIEDADES

Figura 1. Altura de Plantas (A) e Curvatura do caule (B) de quatro variedades girassol cultivadas em dois anos. Serra
Talhada-PE, 2009

A. B.
14 a 80 a
a a
a a 70
TAMANHO DE CAPÍTULO (cm)

12 a
a
Peso de Mil Aquênios (g)

60
10
50
8
40
6
30
4
20
2 10
0 0
M 734 AGROBEL 960 HELIO 358 EMBRAPA 122 M 734 AGROBEL 960 HELIO 358 EMBRAPA 122

TC VARIEDADES VARIEDADES
PMA

Figura 2. Tamanho de Capítulo (A) e Peso de mil aquênios (B) de quatro variedades girassol cultivadas em dois anos.
Serra Talhada-PE, 2009

1800
a
1600
PRODUTIVIDADE (Kg/ha)

1400 ab
1200 b
b
1000
800
600
400
200
0
M 734 AGROBEL 960 HELIO 358 EMBRAPA 122

VARIEDADES
PROD

Figura 3. Produtividade de quatro variedades girassol cultivadas em dois anos. Serra Talhada-PE, 2009

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DESENVOLVIMENTO DA MAMONEIRA EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO, SUBMETIDOS A


ADUBAÇÃO ORGÂNICA 1

Ênio Freitas Meneses1; Francisco Assis de Oliveira2; Allan Radax Freitas Campos3;
Nivaldo Timóteo de Arruda Filho4
1 Mestre em Manejo de Solo e Água, Universidade Federal da Paraíba, Campus II, Areia-PB.enioagronomia@hotmail.com ;
2 Professor Associado II do Departamento de Solos e Engenharia Rural, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal
da Paraíba, Campus II, Areia-PB, CEP 58.397-000. E-mail: oliveira@cca.ufpb.br ; 3 Graduandos em Agronomia, Centro de
Ciências, Universidade Federal da Paraíba, Campus II, Areia-PB. E-mail: allanradax@hotmailcom ; 4 Mestrando em
Construções Rurais e Ambiência, Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, Campina Grande-PB

RESUMO – O experimento foi conduzido na Estação Experimental Chã de Jardim, município de Areia,
PB, microrregião do Brejo Paraibano, para avaliar os efeitos de sistemas de produção: mamona,
algodão colorido e feijão-caupi, submetidos a adubação orgânical, em um Latossolo Amarelo, no
desenvolvimento das plantas, no período de abril a dezembro de 2008. Os tratamentos foram definidos
por cinco dosagens de adubo orgânico: 0, 10, 20, 30, 40 t ha -1 de esterco bovino com 5% de umidade,
delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com os tratamentos distribuídos em
esquema fatorial, em parcelas subdivididas: 6 x 2 [5 dosagens de matéria orgânica, versus dois
sistemas de produção (mamona + algodão colorido e mamona + feijão-caupi)], com três repetições.
Foram avaliadas as variáveis, altura de plantas, área foliar e diâmetro caulinar. A análise dos
resultados revelou que não houve efeito (p>0,05) para os tratamentos com adubo orgânico, onde as
variáveis analisadas se ajustaram de forma significativa ao modelo de 2° grau.
Palavras-chave – Ricinus communis, fertilidade do solo, manejo cultural.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) também conhecida popularmente como carrapateira,


rícino, palma christi e castor bean, pertence à família Euforbiaceae. De origem tropical, a planta é
proveniente da região leste da África, provavelmente da Etiópia, tendo ocorrência natural desde a
latitude 40° Norte até 40° Sul, sendo cultivada comercialmente em mais de 15 países, principalmente
nas regiões tropicais e subtropicais (SILVA et al., 2001). É arbusto de cujo fruto se extrai um óleo de
excelentes propriedades, de largo uso como insumo industrial.

1 CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

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Por suas características, a cultura da mamona é capaz de produzir satisfatoriamente bem até
sob condições de baixa precipitação pluvial. Mesmo tendo sua produtividade afetada, tem-se mostrado
resistente ao clima adverso, quando se verificam perdas totais em outras culturas, e serve, desta
forma, como alternativa de trabalho e de renda principalmente para o pequeno agricultor (Beltrão et al.,
2003). A adubação orgânica com utilização de resíduos gerados na própria unidade rural, ou nas
proximidades, é uma prática muito comum na condução de lavouras de pequenos agricultores. Para
que o material orgânico adicionado ao solo possa fornecer nutrientes às plantas, é preciso que ele seja
decomposto pelos microrganismos do solo, e que os nutrientes retidos em suas estruturas orgânicas
sejam liberados (mineralizados) (SEVERINO et al., 2006).

Um dos graves problemas na exploração do algodoeiro perene em regime de consórcio, é a


redução de população de plantas. Há evidências de que o uso de populações ótimas de plantas é um
aspecto básico quando se pretende obter vantagens de rendimento do sistema consorciado em relação
ao monocultivo (AZEVEDO et al., 2000). A consorciação da mamona com o feijão-caupi proporcionou a
maior vantagem em rendimento, com aumento de 45 % em relação ao plantio solteiro (CORRÊA et al.,
2006)

No Brasil, a mamoneira é cultivada em quase todas as regiões, principalmente no Nordeste,


onde é explorada por pequenos e médios produtores rurais, em consorcio com feijão, milho e algodão,
principalmente. Porém, os baixos rendimentos das culturas da mamona, feijão e algodão, no Nordeste
dependem, dentre outros fatores, do referencial tecnológico do produtor rural da região, dos sistemas
de produção empregados: cultivos solteiros ou consorciados, tipo de variedades, condições
edafoclimáticas adequadas e fertilidade do solo compatível com as exigências das culturas.

O trabalho objetivou estudar o comportamento produtivo e econômico da mamoneira, em


sistemas de produção com algodão colorido e o feijão-caupi, submetido à adubação orgânica e
mineral.

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido na Estação Experimental Chã de Jardim, pertencente ao Centro de


Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no município de Areia – PB,
microrregião do Brejo Paraibano, no ano de 2008. Foi classificado por Brasil (1972), enquadrando-se
na nova classificação proposta pela Embrapa (2006) como Latossolo Amarelo. O clima da região é
classificado segundo Kooppen, como sendo do tipo As‘, correspondente ao clima tropical quente e

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úmido A temperatura média mensal varia entre 25 oC , a umidade relativa do ar permaneceu entre 75%
em novembro e 87% nos meses de junho/julho, com a precipitação pluvial anual média 1400 mm,
sendo que mais de 75% das chuvas estão concentradas nos meses de março e agosto (GONDIM e
FERNANDES, 1980). Os tratamentos foram definidos por cinco dosagens de adubo orgânico: 0, 10, 20,
30, 40 t ha-1 de esterco bovino, com 5% de umidade. O delineamento experimental adotado foi o de
blocos ao acaso, com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial, em parcelas subdivididas: 5 x 2
[5 dosagens de matéria orgânica, versus dois sistemas de cultivo (mamona + algodão colorido e
mamona + feijão - caupi)], com três repetições. Em quatro épocas aos 30, 80, 130 e 160 dias do ciclo
da cultura, foram avaliadas as variáveis diâmetro de caule, altura de planta, área foliar da cultura da
mamoneira. A altura de plantas foi medida a partir do colo até a extremidade final de planta, utilizando-
se uma trena milimetrada. As medições de diâmetro caulinar foram medidas a 4,0 cm do solo com o
auxílio de paquímetro digital. A área foliar foi calculada com base no diâmetro médio de seis (6)
folhas/planta em seguida foi efetuada a contagem de todas as folhas da planta em três (3) plantas por
subparcela útil. Para estimativa da área foliar da planta procedeu-se conforme relação a seguir:

AF = π x (Dm2/4) x NF x f onde:

AF = Área foliar da planta em cm2;


π = 3,14
Dm = diâmetro médio de 6 folhas – cm
NF = n° de folhas na planta
f = fator de correção adimensional

O fator de correção (f) foi determinado pela correlação entre a área foliar estimada pelo
diâmetro da folha [π . (D/4)2] e o formato da área foliar da mesma folha reproduzido em uma folha de
papel de massa conhecida, e por uma simples regra de três estimou-se a área da folha pelo
procedimento do peso. A correlação entre a área foliar com base no peso (AF peso) e a área foliar com a
base no diâmetro da folha (AFᴓ) permitiu estimar o fator de correção f = 0,692

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 1 estão os resultados da análise de regressão polinomial, onde se observa que não
houve efeito significativo de esterco bovino para altura de plantas aos 30 dias do cultura (Y AP1 = 23,4
cm). Para a altura de plantas aos 68 dias (AP2) houve efeito (p ≤ 0,01) linear, cujo modelo estimado
permite afirmar que dentro do intervalo do EB a altura plantas cresceu numa taxa de 2,29 cm para cada
t ha-1 de EB aplicada ao solo, de forma que 40 t ha -1 de EB proporcionaria uma altura de plantas de

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121,2 cm. Ainda na Figura 1 de acordo com os modelos do 2° grau estimados para AP3 e AP4, as
alturas máximas de plantas (YAP = 238,9 cm e Y AP4= 286,4 cm) foram, teoricamente, obtidas com
aplicação de 32,8 e 33,0 t ha-1 de EB, respectivamente. De acordo com a análise de regressão os
resultados foram explicados teoricamente, em 94 % para AP2 e em 98% para AP3 e AP4, pela
presença dos tratamentos com esterco bovino. Na Figura 3 têm-se os resultados de analise da
regressão polinomial referente ao diâmetro caulinar da mamoneira em função das doses de esterco
bovino. Na referida figura, observa-se que houve efeito significativo (p ≤ 0,01) linear crescente sobre os
resultados do diâmetro do caule aos 30 dias (D1), onde segundo o modelo obtido o caule cresceria a
taxa de 0,19 mm por tonelada de EB aplicada ao solo, de forma que para 40 t ha-1 de EB aplicada ao
solo, proporcionaria um diâmetro de 15,3 mm. Para os D2, D3 e D4 houve efeito da componente do
2°grau, onde de acordo com os modelos obtidos, os diâmetros máximos estimados seriam de 36,6
mm; 55,8 mm e 60,7 mm para aplicação ao solo de 36,4; 32,9 e 31,2 t ha -1 de esterco bovino,
respectivamente. Ainda na Figura 3, segundo os coeficientes de determinação, em média, os
resultados dos diâmetros caulinares foram explicadas em 97 % pela aplicação dos tratamentos com
esterco bovino. Diniz Neto et al. (2008), nas cidades de Limoeiro do Norte e Pentecoste – CE,
obtiveram resultados de altura de plantas e diâmetro, acima dos obtidos no presente estudo aos 166
dias. Na Figura 2, onde de acordo com os modelos estimados as áreas foliares máximas (2.890,4;
40.1903 e 109.732,3 cm2) seriam atingidas, teoricamente com aplicação de 51,3; 46,5 e 32,3 t ha -1 de
esterco bovino, respectivamente. Para a AF4 o efeito foi linear, onde segundo o modelo estimado, no
intervalo pesquisado a área foliar cresceria numa taxa de 2244 cm2 por tonelada de esterco bovino
aplicada ao solo. Os resultados da área foliar, em média, foram explicados com 95 % pela presença
dos tratamentos com esterco bovino. Sendo esses valores semelhantes aos encontrados por Araújo et
al (2009).

CONCLUSÃO

Os níveis crescentes de adubação com esterco bovino na adubação afetaram a mamoneira


BRS 149-Nordestina no estádio de desenvolvimento da cultura, em grau diferenciado. Foi registrado
teoricamente a máxima altura de planta, obtida com aplicação de 33,0 t ha-1 de esterco bovino. Para o
diâmetro máximo do caule foi obtido o resultado de 31,2 t ha -1 de esterco bovino. Para a máxima área
foliar foi obtido o melhor desempenho teórico com 32,3 t ha-1.

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BELTRÃO, N.E. de M.; MELO, F. de B.; CARDOSO, G.D.; SEVERINO, L.S. Mamona: árvore do
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CORRÊA, M.L.P.; TÁVORA, F.J.A.F.; PITOMBEIRA, J.B.Comportamento de cultivares de mamona


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DINIZ NETO, M.A.;TAVORA, F.J.A.; CRISOSTOMO, L.A.; DINIZ,B.L.M.T. Crescimento e produtividade


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DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DA MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA SALINIDADE DA ÁGUA


DE IRRIGAÇÃO 1

João Batista dos Santos1; Carlos Alberto Viera Azevedo2; Lourival Ferreira Cavalcante3; Napoleão
Esberard de Macedo Beltrão4, Delfran Batista dos Santos5, Cruz Ramón Marenco Centeno6
1UFCG. agrosantos@hotmail.com; 2UFCG; 3UFPB; 4Embrapa Algodão; 5INFET Senhor de Bonfim; 6UFCG

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo a avaliação do desenvolvimento vegetativo da


cultura da mamona, cultivar BRS Energia, em função de níveis de salinidade da água de irrigação em
sistema de lisimetria. O trabalho foi desenvolvido em 21 lisímetros de drenagem instalados na área
experimental de Irrigação e Drenagem pertencente à Escola Agrotécnica Federal de Senhor do Bonfim
– BA, durante o período de setembro de 2008 a janeiro de 2009. Utilizou-se um delineamento
experimental inteiramente casualizado, com três repetições. Os tratamentos foram correspondentes a
sete níveis de salinidade da água de irrigação com as seguintes condutividades elétricas: 0,12 (água
da embasa); 0,8; 1,6; 2,4; 3,2; 4,0 e 4,8 dS m -1 (25oC). Conclui-se que o aumento dos níveis de
salinidade da água de irrigação reduz o crescimento vegetativo da mamoneira
Palavras-chave – Ricinus communis, Níveis de salinidade, Sistema de lisimetria

INTRODUÇÃO

A cultura da mamona tem adquirido grande espaço nas discussões sobre o meio rural. Tal fato
se deve ao seu uso promissor no Programa Biodiesel do Governo Federal, como um de seus
programas prioritários. Acredita-se que a referida cultura possa dar importante contribuição para
aumentar a geração de emprego e renda no semi-árido nordestino, tendo massiva participação na
agricultura familiar nesse processo. Embora a produção dos grãos de mamona seja a atividade que
gera maior número de postos de trabalho, a extração do óleo também é de grande relevância para o
setor, principalmente porque na semente, seu teor varia de 35% a 55%, sendo o padrão comercial 44%
(Freire et al., 2006).

A mamona, espécie da família Euphorbiaceae, tem potencial de exploração econômica no


Nordeste brasileiro em virtude das suas características de xerofilismo e heliofilismo; sua importância

1 Trabalho financiado com recursos do CNPq.

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para a região se baseia também no fato de ser fixadora de mão-de-obra e geradora de emprego,
importante alternativa para a condução da agricultura em regiões semi-áridas (Azevedo & Lima, 2001).
Apesar de ser uma xerófita, as maiores produções são obtidas em locais com pluviosidade entre 600 e
700 mm, com maior exigência no início da fase vegetativa (Beltrão et al., 2002).

O uso da água salina na irrigação deve ser considerado uma alternativa importante na
utilização dos recursos naturais escassos, como a água. (Rhoades et al., 2000). Neste sentido, deve-se
garantir o uso racional, através de um manejo adequado da água principalmente nas regiões áridas e
semi-áridas onde a salinização decorre da natureza física e química dos solos, do regime pluvial e da
alta evaporação. Naturalmente, o uso da irrigação acarreta a incorporação de sais ao perfil do solo haja
vista que a água contém sais solúveis e seu uso constante na ausência de lixiviação faz com que o sal
se deposite na zona do sistema radicular, devido às elevadas taxas de evaporação. Este trabalho teve
como objetivo avaliar do desenvolvimento vegetativo da cultura da mamona, cultivar BRS Energia, em
função de níveis de salinidade da água de irrigação em sistema de lisimetria

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido em 21 lisímetros de drenagem instalados na área experimental de


Irrigação e Drenagem da Escola Agrotecnica Federal de Senhor do Bonfim (EAF-SB), BA, localizado
nas seguintes coordenadas: latitude: 10º 22‘ S, longitude: 40º 08‘ W e altitude: 530 m. O delineamento
experimental utilizado foi inteiramente casualizado com três repetições, e os tratamentos foram
constituídos de sete níveis de salinidade da água de irrigação correspondentes as seguintes
condutividades elétricas: 0,12 (Testemunha, água da EMBASA); 0,8; 1,6; 2,4; 3,2; 4,0 e 4,8 dS m -1
(25oC). A cultura utilizada foi a mamona BRS-energia com espaçamento entre fileiras de 0,7 m e entre
plantas de 0,5 m, conforme recomendações técnicas. Foram instalados 21 lisímetros de drenagem e
cada unidade foi composta por 4 plantas, totalizando 84 unidades experimentais. Dimensões da área
experimental: largura de 7,0 m e comprimento de 17,8 m, totalizando 124,6 m2. Cada lisímetro é
constituído por uma caixa de fibra de vidro com capacidade de 1.120 litros, cujas dimensões são: 1,0 m
de largura por 1,4 m de comprimento e 0,80 m de profundidade, espaçados de 1 m. O sistema de
drenagem de cada lisímetro foi ligado a um dispositivo para coleta do efluente; neste efluente se
mediram o volume de água drenado e a condutividade elétrica. O plantio da cultura foi realizado
manualmente, a 2 cm de profundidade do solo e 4 (quatro) sementes por cova, no dia 13 de setembro
de 2008. Os tratos culturais como capinas, desbastes e adubação foram também feitos manualmente,
ao longo do ciclo da cultura. As adubações foram feitas com base na análise do solo, com aplicação de

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fósforo durante o plantio e após 20 dias de emergência das plantas aplicou-se o Nitrogênio e o
Potássio. O crescimento das plantas foi acompanhado realizando medição da altura em centímetro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, estão apresentados os valores de altura de plantas em centímetro, aos 5; 20; 35;
50; 65; 80 e 95 dias após a emergência. Conforme resultados apresentados na Tabela 1 observam-se
que a altura das plantas aos 5 (cinco) dias após a emergência não diferenciaram estatisticamente em
função dos tratamentos utilizados. Aos 20 dias após a emergência observa-se que os valores de
crescimento em altura das plantas de mamoneira não diferenciaram estatisticamente em função dos
tratamentos: 0,12 (água da embasa) até 4,0 dS m-1, já o nível de salinidade da água de irrigação de 4,8
dS m-1 influenciou na redução do crescimento das plantas, quando comparado com os demais
tratamentos, deixando entender que a partir dos 20DAE o crescimento da planta de mamoneira é
afetado quando irrigada com água de irrigação com níveis de salinidade a partir de 4,8 dS m-1.

Aos 35 dias após a emergência das plantas os tratamentos 0,12 (água da embasa), 0,8, 1,6 e
2,4 dS m-1 não influenciaram significativamente na altura das plantas, porém os valores de crescimento
em altura diferenciaram significativamente entre os demais, mostrando que a partir dos 35 dias após a
emergência os níveis de salinidade da água de irrigação a partir 3,2 dS m -1 causa redução no
crescimento das plantas em altura. Observou-se também que dos 50 até os 90 dias após a emergência
os níveis de salinidade da água de irrigação: 0,12 (água da embasa), 0,8, 1,6 e 2,4 dS m -1 não
influenciaram estatisticamente no crescimento das plantas, porém a altura da plantas foram
significativamente reduzida quando irrigada com níveis de salinidade na água de irrigação a partir de
3,2 dS m-1.

Aos 95 dias após a emergência, observou-se praticamente de forma geral redução do


crescimento das plantas em altura quando comparado com os valores da medição aos 80 dias após a
emergência, ou seja, as plantas reduziram o crescimento em altura ao invés de aumentar. O motivo da
redução do crescimento das plantas pode está diretamente ligado a perda de turgescência das células
em função da proximidade do final do ciclo vegetativo da planta.

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CONCLUSÕES

Os níveis de salinidade da água de irrigação estudados não afetaram o crescimento em altura


da plantas de mamoneira até os primeiros 5 dias após emergência; A partir dos 20 dias após a
emergência o crescimento da mamoneira em altura foi afetado apenas pelo nível de salinidade da água
de irrigação de 4,8 dS m-1; A parir dos 50 dias após a emergência os níveis de salinidade da água de
irrigação a partir de 3,2 dS m-1 começaram afetar o crescimento das plantas em altura; O crescimento
das plantas em altura aos 95 dias após a emergência diminuiu quando comparado com crescimento
em altura aos 80 dias após a emergência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P.; LIMA, E. F. O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília, DF: Embrapa


Informação Tecnológica, 2001. 350 p.

BELTRÃO, N. E. de M; SILVA, L. C.; MELO, F. B. Cultivo da mamona (Ricinus communis L.)


consorciada com feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) para o semi-árido nordestino, em
especial do Piauí. Campina Grande: EMBRAPA Algodão, 44p. 2002.

FREIRE, R. M. M.; SOUSA, R. de L.; SALDANHA, L.; MILANI, M. Avaliação da qualidade do óleo de
mamona de diferentes genótipos. IN: II Congresso Brasileiro de Mamona. Aracaju-SE. CD ROM, 2006.

RHOADES, J. D.; KANDIAH, A.; MASHALI, A. M. O uso de águas salinas para produção agrícola.
Tradução: H. R. Gheyi, J. R. de Souza, J.E. Queiroz. Campina Grande: UFPB. 117p. 2000.

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Tabela 1 Altura de plantas de mamoneira, cultivar BRS Energia, aos 05, 20, 35, 50, 65, 80 e 95 dias após a emergência, em
função da salinidade da água de Irrigação.
Níveis de Altura de Plantas de Mamoneira, cm
salinidade 5 DAE 20 DAE 35 DAE 50 DAE 65DAE 80 DAE 95 DAE
H2O Embasa 7,73 ab 31,20 ab 58,60 ab 128,20 a 160,00 a 165,27 a 160.83 ab
0,8 dS m-1 8,13 a 30,03 ab 60,43 ab 120,03 ab 144,33 ab 152,93 ab 147.50 ab
1,6 dS m-1 8,70 a 38,20 a 69,13 a 127,63 a 160,93 a 170,33 a 167.93 a
2,4 dS m-1 7,60 ab 29,93 ab 55,20 ab 108,70 bc 141,70abc 147,77 abc 148.33 abc
3,2 dS m-1 7,53 ab 26,93 ab 49,03 b 99,27 cd 124,36 bc 132,93 bc 130.87 bc
4,0 dS m-1 7,03 ab 26,93 ab 49,70 b 94,60 cd 112,93 c 123,50 bc 121.17 c
4,8 dS m-1 6,27 ab 26,10 b 47,87 b 92,93 d 115,03 c 119,17 c 118.26 c
Média 7,57 29,90 55,71 110,19 137,04 144.55 142.13
CV % 8,51 13,75 11,67 5,11 7,65 7.89 8.08
DMS 1,79 11,46 18,13 15,69 29,24 31.80 32.02

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DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DO GIRASSOL SOB DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

Silvio Dantas da Silva2; Cláudio Silva Soares3; Ivomberg Dourado Magalhães2; Francisco Edinaldo da
Costa2; Gerckson Maciel Rodrigues Alves1; Antonio Ewerton da Silva Almeida2.
1Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. CEP: 58884-000, Catolé do

Rocha-PB.gekson_pb@hotmail.com ; 2Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da


UEPB, CEP: 58884-000. Catolé do Rocha-PB, Bolsistas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq/UEPB.
Silvio_agrarias@hotmail.com ; 3Prof. Dr. do Departamento de Ciências Agrárias e Exatas, Campus IV da UEPB. CEP:
58884-000. Catolé do Rocha-PB. E-mail: claudio.uepb@yahoo.com.br

RESUMO - O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Compositae,
originária do continente Norte Americano. Apresenta ampla adaptabilidade às diferentes condições
edafoclimáticas e seu rendimento é pouco influenciado pela latitude, pela altitude e pelo fotoperíodo.
Neste contexto, objetivou analisar o desenvolvimento vegetativo do genótipo HLS 07 do girassol
(Helianthus annuus) sob diferentes espaçamentos. O experimento foi implantado no setor experimental
de oleaginosa do Centro de Ciências Humanas e Agrárias - Campus IV, em Catolé do Rocha-PB.
Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, sendo os tratamentos representados
por cinco (5) espaçamentos distintos (T1=0,5 x 0,5; T2=0,6 x 0,417; T3=0,7 x 0,358; T4=0,8 x 0,313;
T5=0,9 x 0,278), com 4 repetições, totalizando 20 parcelas. Foi avaliada a altura da planta, o diâmetro
do caule, o numero de folhas e área foliar. Os dados das variáveis foram submetidos á análise de
variância pelo teste F e as médias comparadas através do teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Nestas condições de plantio, o produtor pode escolher o espaçamento que lhe trará mais facilidade de
manejo do girassol, pois as variáveis analisadas não foram afetadas pelos diferentes espaçamentos de
plantio.
PALAVRAS-CHAVE: Helianthus annuus, crescimento, semiárido

INTRODUÇÃO

O girassol ocupa um dos primeiros lugares na hierarquia mundial, a cultura que apresenta
maior índice de crescimento, destacando-se como a quarta em produção de grãos e a quinta em área
cultivada no mundo (EMBRAPA, 2000; AGUIAR et al., 2001; RIBEIRO; MARQUES; AMARO FILHO,
2001). O girassol pertence ao gênero Helianthus compreende 49 espécies e 19 subespécies, com 12
espécies anuais e 37 perenes, todas nativas das Américas (UNGARO,1990); por sua vez, o girassol
comum (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual sendo da ordem Asterales e família
Asteraceae. Apresenta polinização cruzada, feita basicamente por entomofilia, pela ação de abelhas e

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outros insetos (KAKIDA et al., 1981). De acordo com Castiglioni et al. (1994), são observadas plantas
com alturas que variam de 50 a 400cm, caules de 15 a 90mm de diâmetro, folhas de 8 a 50cm de
comprimento e de 8 a 70 folhas por caule, capítulos com diâmetros de 6 a 50cm, que contêm de 100 a
8.000 flores.

Para a escolha do arranjo de plantas ideal para a cultura do girassol é necessário levar em
consideração o potencial genético dos cultivares, as condições edafoclimáticas da região e as práticas
de manejo empregadas na condução da cultura (LONG; FEIL; DIEPENBROCK, 2001; SILVEIRA et al.,
2005). O uso de espaçamentos reduz a mato competição, proporcionando efeito supressor no
desenvolvimento das ervas daninhas (SILVA; NEPOMUCENO, 1991; SILVA et al.,1995). Assim
objetivou-se com o presente trabalho analisar o desenvolvimento vegetativo do genótipo HLS 07 do
girassol (Helianthus annuus) sob diferentes espaçamentos.

METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido no setor de oleaginosas do Campus IV da Universidade


Estadual da Paraíba - UEPB, localizado no Município de Catolé do Rocha - PB. Este município está
inserido no alto sertão paraibano, sob as coordenadas de 6º20`38``S e 37º44`48``O, com altitude de
272m do nível do mar. O clima do município, de acordo com a classificação de koppen é do tipo
BSWh`, ou seja, quente e seco do tipo estepe, com temperatura média mensal a 18ºC durante todo
ano. O período da experimentação ocorreu de novembro de 2009 a fevereiro de 2010. O delineamento
experimental adotado foi de blocos casualizados, sendo representado por cinco tratamentos (T1=
0,5x0,5m, T2= 0,6x0,417m, T3= 0,7x0,358m, T4= 0,8x0,313m, T5= 0,9x0,278m) com quatro (4)
repetições. As parcelas constaram de quatro fileiras de plantas com os respectivos espaçamentos
descritos. Para semeadura do girassol foi utilizado o genótipo HLS 07, sendo as avaliações de
medições realizadas aos 80 dias após a emergência das plântulas. As variáveis analisadas foram:
diâmetro do caule (DC), altura da planta (AP), número de folhas (NF) e área foliar (AF). Para
determinação do diâmetro do caule foi utilizado um paquímetro graduado em milímetros (mm), e para a
variável altura da planta foi utilizada uma régua de 50 cm de comprimento. A contagem do número de
folhas era realizada manualmente e, para calcular a área foliar foram realizadas medições com uma
régua de 50 cm, para se obter a área foliar media- se o comprimento e largura da folha X 0,7. A análise
estatística foi realizada com o programa SISVAR 5.0, sendo os dados das variáveis submetidos á
análise de variância pelo teste F e as médias comparadas através do teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme resultados apresentados na tabela 1, a qual demonstra o resumo da análise de


variância, observa-se que não houve diferença significativa com a aplicação dos tratamentos, quando
foram avaliadas a altura da planta, o diâmetro do caule e o número de folhas.

Apesar de ser considerada uma espécie de grande adaptabilidade às diversas situações do


ambiente, o rendimento do girassol é altamente dependente de fatores do meio, como temperatura do
ar, disponibilidade hídrica e de nutrientes. Embora não tenha sido encontrada diferença entre a altura
da planta nos diferentes espaçamentos, os valores encontrados foram superiores aos observados por
Silva (2009), quando avaliou o desempenho de híbridos em espaçamentos reduzidos. O autor utilizou
as cultivares BRHS5, Hélio 251 e Agrobel 960, obtendo alturas médias de 98,4 cm, 97,1 cm e 82,2 cm,
respectivamente.

Por outro lado, Azevedo (2008) avaliou genótipos de girassol no nordeste do Estado do Pará e
encontrou valores semelhantes aos encontrados neste trabalho quando utilizou o genótipo NEON e
obteve uma altura média de 1,66 m, já para o genótipo HLS 07, o valor inferior com altura de 1,32m.
Para um mesmo cultivar, a altura está relacionada à qualidade do solo (Kakida, 1981).

Com relação ao diâmetro do caule, os valores também foram superiores àqueles encontrados
por Tomich (2003), quando avaliou o potencial forrageiro de cultivares de girassol, produzidos na
safrinha, e obteve médias de 26,0 mm para o hibrido M737. Diâmetros inferiores também foram
observados por Bruginsk & Pissaia (2002), quando avaliou a cobertura nitrogenada em girassol sob
plantio direto na palha, obtendo a maior média (23,2 mm) com a dose de 100 kg ha -1.

O número de folhas apresentou resultados inferiores aos encontrados por Bruginski & Pissaia
(2002), quando avaliaram a cobertura nitrogenada em girassol sob plantio direto na palha, pois os
autores obtiveram a maior média com 39,3 folhas por planta.

A área foliar resultados superiores foi encontrado por Bruginski & Pissaia (2002), quando
avaliaram a cobertura nitrogenada em girassol sob plantio direto na palha. Segundo Barni et al. (1995)
as plantas de girassol deficientes em minerais têm o rendimento reduzido devido, em grande parte, à
redução da área foliar e, conseqüentemente, redução da taxa de fotossíntese.

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CONCLUSÃO

Nestas condições de plantio, o produtor pode escolher o espaçamento que lhe trará mais
facilidade de manejo do girassol, pois as variáveis analisadas não foram afetadas pelos diferentes
espaçamentos de plantio.

AGRADECIMENTOS

Ao programa de institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/ CNPq- UEPB, pela


concessão de bolsas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AGUIAR, R. H. et al. Qualidade física, fisiológica e sanitária de sementes de girassol de diferentes


tamanhos. Revista Brasileira de Sementes, v. 23, n. 1, p. 134-139, 2001.

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Nordeste do Estado do Pará. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROENEGIA- SIAGRE, 2008.

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resposta a cultivares,níveis de adubação e épocas de semeadura. Pesquisa Agropecuária Guaúcha,
Porto Alegre, v.1, n.2, p.167-184, 1995.

BRUGINSKI, D.H.; PISSAIA, A.; Cobertura nitrogenada em girassol sob plantio direto na palha: II –
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EMBRAPA.EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA. Embrapa Soja. n.1, 2000. Disponível em:


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KAKIDA, J.;GONÇALVES, N.P.; MARCIANI-BENDEZÚ, J. et al. Cultivares de girassol. Informe


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KAKIDA, J.; GONÇALVES, N.P.; MARCIANI-BENDEZÚ, J.; ARANTES, N.E. Cultivares de girassol.
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LONG, M.; FEIL, B.; DIEPENBROCK, W. Effects of plant density, row spacing and row orientation on
yield and achene quality in rainfed sunflower. Acta Agronomica Hungarica, Budapest, v. 49, n. 4, p.
397-407, 2001.

RIBEIRO, M. C. C.; MARQUES, M. B.; AMARO FILHO, J. Efeito da sanilidade na germinação de


sementes de quatro cultivares de girassol (Helianthus annuus L.). Revista Brasileira de Sementes, v.
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SILVA, A.G. da., PIRES, R., MORAES, E.B. de., OLIVEIRA, A.C.B, de., CARVALHO, C.G.P. de.
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Londrina, v. 30, nº 1, p.31-38, jan./ mar.2009.

SILVEIRA, J. M.; CASTRO, C.; MESQUITA, C. M.; PORTUGAL, F. A. F. Semeadura e manejo da


cultura do girassol. In: LEITE; R. M. V. B. C.; BRIGHENTI, A. M.; CASTRO, C. (Ed.). Girassol no
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SILVA, P. R. F.; NEPOMUCENO, A. L. Efeito do arranjo de plantas no rendimento de grãos,


componentes do rendimento, teor de óleo e no controle de plantas daninhas em girassol. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 26, n. 9, p. 1503-1508, 1991.

SILVA, P. R. F.; RIZZARD, M. A.; TREZZI, M. M.; ALMEIDA, M. L. Densidade e arranjo de plantas em
girassol. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 30, n. 6, p. 797-810, 1995.

TOMICH, T.R.; RODRIGUES, J.A.S.;GONÇALVES, L.C.; TOMICH, R.G.P.; CARVALHO A.U.;


Potencial forrageiro de cultivares de girassol produzidos na safrinha para ensilagem. Arquivo
Brasileiro de Medicina Veterinária Zootecnia, v.55, n.6, p.756-762, 2003.

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Tabela 1- Resumo da análise de variância para a altura da planta (AP) diâmetro do caule (DC) e número de folhas (NF) de
girassol cultivado em diferentes espaçamentos. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Quadrados Médios

GL AP DC NF AF
Fontes de Variação
Tratamento 4 0.003193NS 18.343000NS 4.027375NS 2611141.468NS

Bloco 3 0.229218 80.736667 6.253125


60905599.204
CV (%) 8.38 18.37 7.36 36.45

Espaçamentos Médias Observadas

0,5x0,5m 1.59 26.20 27.50 122.465

0,6x0,417m 1.60 32.22 29.32 201.785

0,7x0,358m 1.61 29.62 29.40 144.230

0,8x0,313m 1.66 29.02 30.17 197.720

0,9x0,278m 1.62 29.27 28.63 130.920

ns : não significativo pelo teste F a 5% de probabilidade.

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EFEITO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA SOBRE O CRESCIMENTO INICIAL DO PINHÃO MANSO


(Jatropha curcas L.)

Gibran da Silva Alves1, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão2, José Félix de Brito Neto2, Lígia
Rodrigues Sampaio4, José Adriano Marçal2, Marlon Leal Cabral Menezes de Amorim3,
Fabíola Vanessa de França Silva1
1CCA/UFPB, gbralves@yahoo.com.br, 2Embrapa Algodão, 3UEPB, 4UFCG,

RESUMO – Um experimento foi conduzido em nível de campo na Embrapa Algodão em Campina


Grande-PB, com o objetivo de avaliar o efeito da adubação orgânica no crescimento inicial do Pinhão
Manso (Jatropha Curcas L.). Foi utilizado o delineamento de blocos ao acaso, sendo cinco níveis de
água salina com e sem adubação orgânica com quatro repetições, totalizando-se 60 unidades
experimentais (lisímetros de 200 L), para tanto analisou-se apenas o efeito da adubação orgânica no
tratamento sem aplicação de água salina. Foram feitas análises de crescimento a cada 15 dias,
tomando-se medidas de altura, diâmetro do caule, número de folhas e área foliar. A adição de matéria
orgânica promoveu incremento na altura das plantas de Pinhão Manso; O número de folhas, área foliar
e diâmetro do caule aumentaram significativamente quando se utilizou a matéria orgânica como fonte
de nutrientes.

Palavras chave: Condicionador de solo; nutrição; plantas; fenologia.

INTRODUÇÃO

A adubação orgânica com utilização de resíduos gerados na própria unidade rural, ou nas
proximidades, é uma prática muito comum na condução de lavouras de pequenos agricultores. De
acordo com Bayer & Mielniczuk (1999), em solos tropicais e subtropicais altamente intemperizados, a
matéria orgânica tem grande importância no fornecimento de nutrientes às culturas, retenção de
cátions, complexação de elementos tóxicos e de micronutrientes, estabilidade da estrutura, infiltração e
retenção de água, aeração e atividade microbiana, constituindo-se em componente fundamental da sua
capacidade produtiva.

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A matéria orgânica adicionada ao solo favorece inúmeros processos microbiológicos


relacionados com mineralização e liberação de nutrientes para as plantas, fixação de nitrogênio
(simbiótica a não simbiótica) a decomposição de resíduos orgânicos e a melhoria das qualidades
físicas do solo, tais como desenvolvimento da estrutura e estabilidade dos agregados, o que vem a
causar benefícios no crescimento e desenvolvimento das plantas (BENTO, 1997).

Além dos fatores físicos, o aumento do teor de matéria orgânica promove melhorias nos
atributos químicos como, o aumento do pH e da saturação por bases, assim como a complexação e a
precipitação do alumínio da solução do solo (FRANCHINI et al., 1999, MELLO & VITTI, 2002). Para que
o material orgânico adicionado ao solo possa fornecer nutrientes às plantas, é preciso que ele seja
decomposto pelos microrganismos do solo, e que os nutriente retidos em suas estruturas orgânicas
sejam liberados (mineralizados). Esse processo de mineralização é influenciado por características do
material orgânico e pelas condições ambientais de temperatura, umidade, aeração e acidez (Correia &
Andrade, 1999). Objetivou-se com esse trabalho, avaliar o efeito da adubação orgânica sobre o
crescimento inicial do pinhão manso.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na sede da Embrapa Algodão em Campina Grande-PB no


período de Março a Maio de 2009. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso, em esquema fatorial
de 5 x 2 sendo cinco níveis de água salina, na presença e ausência da adubação orgânica com seis
repetições, totalizando-se 60 unidades experimentais (lisímetros de 200 L). Para tanto, analisou-se
apenas o efeito da adubação orgânica no tratamento sem aplicação de água salina. Foi adicionado 20
L de esterco bovino como fonte de matéria orgânica ao solo, com o objetivo de manter o teor de
matéria orgânica em torno de 4%, sendo essa aplicação realizada 60 dias antes do transplante das
mudas. A cada 15 dias após o transplante das mudas, foram realizadas análises de crescimento
tomando-se medidas de altura, diâmetro do caule, número de folhas e área foliar. A área foliar foi
determinada conforme a metodologia descrita por Severino et al. (2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a tabela 1, é possível verificar que houve efeito significativo da adubação
orgânica sobre o crescimento das plantas de pinhão manso (Jatropha curcas L.) em altura. É possível

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observar ainda, que a adubação orgânica promoveu o crescimento das plantas em diâmetro. Trindade
et al. (2000) obtiveram aumentos no crescimento, em altura e peso de matéria seca de mamoeiro, à
medida que se aumentou a participação em até 30% de esterco no substrato, confirmando informações
obtidas em estudos feitos com outras culturas perenes e semi-perenes.

A adição da matéria orgânica resultou em maior número de folhas e área foliar, com
incrementos sobre crescimento desses componentes de crescimento. Visualmente pode-se observar
que a planta cultivada em solo sem aplicação de esterco bovino, apresentou porte menor, copa
reduzida com baixo número de ramos e conseqüentemente menor densidade foliar, o que resulta em
menor taxa fotossintética da planta (Figura 2). Borges et al. (2002) verificaram que a adubação da
bananeira da terra com 20 L de esterco bovino em cobertura aumentou o número de frutos por cacho e
o comprimento médio do fruto.

É possível ainda observar que, a planta cultivada em solo que recebeu adubação orgânica,
apresentou-se mais vigorosa, com bom enfolhamento e coloração verde escura (Figura 1),
diferentemente da planta que não recebeu esterco, apresentando-se menos vigorosa, com coloração
verde claro, típico de deficiência nutricional, principalmente de nitrogênio (Figura 2).

CONCLUSÕES

A adição de matéria orgânica promoveu incremento na altura das plantas de Pinhão Manso;

O número de folhas, área foliar e diâmetro do caule aumentaram significativamente quando se


utilizou a matéria orgânica como fonte de nutrientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Dinâmica e função da matéria orgânica. In: SANTOS, G. de A.;
CAMARGO, F.A. de O. (Ed.). Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais e
subtropicais. Porto Alegre: Gênesis, 1999. p.9-26.

BENTO, M. M. Fontes de matéria orgânica na composição de substratos para a produção de


mudas micorrizadas de maracujazeiro. 1997. 59p. (Dissertação de Mestrado) – ESALQ, Piracicaba,
1997.

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CORREIA, M.E.F.; ANDRADE, A.G. Formação de serapilheira e ciclagem de nutrientes. In: SANTOS,
G. de A.; CAMARGO, F.A. de O. (Ed.). Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistemas
tropicais e subtropicais. Porto Alegre: Gênesis, 1999. p.197-225

FRANCHINI, J.C. et al. Alterações químicas em solos ácidos após a aplicação de resíduos vegetais.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.23, p.533-542, 1999.

MELLO, S.C.; VITTI, G.C. Influência de materiais orgânicos no desenvolvimento do tomateiro e nas
propriedades químicas do solo em ambiente protegido. Horticultura Brasileira, Brasília, v.20, p.452-
458, 2002.

TRINDADE, A.V.; FARIA, N.G.; ALMEIDA, F.P. de. Uso de esterco no desenvolvimento de mudas de
mamoeiro colonizadas com fungos micorrízicos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v.35,
n.7, p.1389-1394, 2000.

Tabela 1. Médias das variáveis altura, diâmetro caulinar, número de folhas e área foliar.

Tratamentos Altura Diâmetro Número Área foliar


do caule de folhas

Com esterco 48,61a 27,43a 40,26a 712,63a


Sem esterco 45,60 b 25,97 25,97 560,84 b
b b

Figura 1. Planta de pinhão manso Figura 2. Planta de pinhão manso sem


adubada com esterco bovino. aplicação de esterco bovino.

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EFEITO DE CULTURAS DE COBERTURA E DA PODA NA PRODUTIVIDADE DO PINHÃO MANSO¹

Antonio Carlos Pries Devide²; Cristina Maria de Castro²; Caio Rodrigues Júnior³
²APTA/Pólo do Vale do Paraíba; antoniodevide@apta.sp.gov.br ; ³1Bolsista de Apoio Técnico CNPq.

RESUMO – Conhecer o comportamento do pinhão manso nas distintas regiões brasileiras é uma das
demandas tecnológicas por novas culturas bioenergéticas que substituam o óleo diesel derivado do
petróleo, fonte não renovável de energia e principal causa do efeito estufa. Objetivou-se nesse trabalho
caracterizar a produtividade do pinhão manso no Vale do Paraíba paulista em função de consórcios
com culturas de cobertura e de podas na parte aérea. A poda foi realizada para reduzir o porte do
pinhão manso e estimular a emissão de um maior número de ramos produtivos. O cultivo de fabáceas
perenes como culturas de cobertura em consórcio com o pinhão manso teve a finalidade de conservar
o solo, ciclar nutrientes e aportar nitrogênio via fixação biológica. O experimento foi instalado em
Agosto/2008 em uma lavoura de pinhão manso com 21 meses de idade (833 plantas/ha), implantada
sob a pastagem no município de Taubaté. Oito plantas formaram a parcela que percebeu o efeito das
culturas de cobertura - amendoim; calopogônio; cunhã e a testemunha Brachiaria brizantha -
implantadas nas entrelinhas do pinhão manso. As quatro plantas centrais foram podadas em
Setembro/2008 e formaram a subparcela. A produtividade do pinhão manso foi muito baixa (64 kg/ha) e
significativamente inferior nas plantas podadas (12 kg/ha). As fabáceas não proporcionaram aumento
de produtividade. Entretanto, cunhã aportou 139 kg N/ha; e a brachiaria 12,0 t/ha de matéria seca
reciclando 139 kg/ha de P, e 16 kg/ha de K, 64 kg/ha de Ca e 42 kg/ha de Mg. A adaptação do pinhão
manso às condições edafoclimáticas da região Centro Sul do Brasil deve ser analisada com cautela. A
baixa produtividade pode ser explicada devido o intenso ataque de pragas e doenças e às condições
ambientais, destacando a elevada precipitação pluvial com ausência de período seco definido entre os
anos 2007 e 2010, e a queda de granizo na floração/frutificação do pinhão manso no ano de 2009-
2010.
Palavras-chave – Jatropha curcas, manejo, conservação do solo.

INTRODUÇÃO

Uma nova fonte sustentável de energia, sob os aspectos ambiental, econômico e social está
sendo almejada com os biocombustíveis; também, chamado ―combustível verde‖. Provêm de biomassa
renovável, como óleos vegetais e gorduras animais, em substituição total ou parcial ao óleo diesel; ou o
etanol de cana-de-açúcar, substituindo integralmente a gasolina em diversos estados brasileiros, sem a

¹Projeto financiado com apoio do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Parceiros do
projeto: AABR – Associação de Amigos de Bairros Rurais de Taubaté; IAC – Instituto agronômico de Campinas; IB -
Instituto Biológico e IEA - Instituto de Economia Agrícola.

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necessidade de subsídios. Apesar da FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação (2008) relacionar a competitividade dos biocombustíveis com a elevação dos preços do
petróleo e do gás natural, é sob o ponto de vista ambiental, com a massificação do uso, que
significativas reduções nas emissões de gases nocivo, causadores do efeito estufa, serão alcançadas.

O Pinhão Manso (Jatropha curcas L.) é uma Euforbiaceae nativa da América do Sul,
promissora para o biodiesel porque seus grãos têm elevado teor de óleo e contém toxinas que o torna
imprestável ao consumo humano e animal. Adaptado a diferentes regiões tropicais, seu zoneamento
agroecológico ainda é incerto. Pouco exigente em nutrição, também, tolera a seca. Perene, produz por
até 40 anos em colheita parcelada. Essas características fazem do pinhão manso uma cultura em
potencial para a região do semi-árido nordestino e adequado à agricultura familiar - um meio de
inclusão social na cadeia dos biocombustíveis. Entretanto, já revelou suscetibilidade às pragas e
doenças, sendo a variabilidade genética apontada como um dos fatores mais limitantes ao plantio em
larga escala (BELTRÃO et al., 2006; CASTRO et al., 2008).

O aporte tecnológico para o pinhão manso; por meio da elaboração e validação de sistemas de
produção mais eficientes e sustentáveis; visa compensar os prováveis problemas advindos da
ausência de domesticação dessa espécie. A poda; utilizada nos países que cultivam Pinhão Manso,
como a Índia, é realizada desde o transplante até o quarto ano (SEVERINO et al., 2006); proporciona
redução da altura das plantas, facilitando a colheita e estimulando a emissão de um maior número de
ramos secundários produtivos, uma vez que as inflorescências se localizam nas extremidades apicais
desses ramos. Já as culturas de cobertura; além da conservação do solo evitando processos erosivos;
podem reduzir a demanda por fontes externas não renováveis de nutrientes, por meio da ciclagem e da
fixação biológica do nitrogênio, evitando, também, perdas por lixiviação, imobilização e volatilização.

Esse trabalho contém informações sobre a produtividade do pinhão manso na região do Vale
do Paraíba paulista, em função da poda da parte aérea e da consorciação com fabáceas utilizadas
como culturas de cobertura perenes.

METODOLOGIA

Em Novembro/2006, um empreendedor rural do município paulista de Taubaté, situado na


região do Vale do Rio Paraíba, implantou uma lavoura de pinhão manso (4,0 x 3,0 m) em 2,0 ha de um
Latossolo vermelho amarelo (Tabela 1), situado em relevo ondulado e cultivado com pastagem.
Intuitivamente, realizou a poda da parte aérea no primeiro ano cortando todos os ramos a 20 cm de

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altura acima do nível do solo, para obter um máximo de ramificações tendo em vista que muitas plantas
se destacavam pela altura, dominância apical e ausência de ramos secundários.

Com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico


(CNPq, 2008), pesquisadores do Pólo Regional do Vale do Paraíba, da APTA – Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios instalaram em Agosto/2008 uma unidade de pesquisa participativa no
local. Adotou-se o delineamento blocos ao acaso em parcelas subdivididas. Nas parcelas (oito plantas
úteis = 96 m ²) cultivou-se as seguintes fabáceas para a cobertura do solo nas entrelinhas do pinhão
manso: amendoim (Arachis pintoi); calopogônio (Calopogonio muconoides); cunhã (Clitorea ternatea) e
como testemunha, representando a vegetação espontânea, manteve-se Brachiaria brizantha. O aporte
de massa seca e de nutrientes das culturas de cobertura para o pinhão manso foi determinado em
Outubro/2009, por meio da amostragem dos tecidos vegetais em 1,0 m² de área. As plantas foram
cortadas ao nível do solo e os tecidos secos em estufa ventilada regulada a 65°C até massa constante.
Os métodos utilizados para a determinação da composição química dos metais foram: US-EPA, SW-
846, método 3051, por fotômetro de chama para Na e K; para os demais, por ICP-AES; para o
Nitrogênio total: Kjeldahl (COSCIONE, 2006). A composição dos resíduos consta na Tabela 2.

Nas subparcelas (quatro plantas úteis = 48m ²), avaliou-se o efeito da poda do pinhão manso,
realizada novamente no ano de 2008 a pedido do produtor, cortando-se todos os ramos 50 cm acima
do nível do solo. Os tratos culturais consistiram de coroamento a enxada e aplicações de produtos
fitossanitários para o controle de ácaro branco, antracnose, percevejo e formiga saúva. A colheita do
pinhão manso foi realizada de Janeiro a Março/2010. Os frutos foram secos ao sol em terreiro de
alvenaria, descascados manualmente, estimando-se a produtividade por parcela convertida para
hectare (kg/ha). A análise de variância foi realizada com o programa Sisvar e a comparação de médias
por meio do teste de Tukey (p<0,05).

O clima da região caracteriza-se pelo inverno seco e verão chuvoso com temperatura e
precipitação pluvial médias na primavera – verão, respectivamente de 25oC e 165 mm mensal e no
outono – inverno, com valores de 21oC e 54 mm. Os dados climáticos estão representados na Figura 1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O valor obtido com o aporte de massa seca da Brachiaria brizantha superou duas vezes e meia
as demais culturas de cobertura (Tabela 2). Isto se deve, provavelmente, à dominância da espontânea
já estabelecida e aclimatada ao local e à matocompetição da gramínea com as fabáceas, que

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necessitaram de capinas até a cobertura do solo. Com isso, maiores quantidades de todos os
nutrientes, também, foram reciclados pela gramínea; com exceção do nitrogênio, onde a espécie cunhã
aportou 40 % mais desse nutriente que a testemunha. Segundo Laviola (2008), para uma produtividade
de grãos de 2,0 t/ha com 1.250 plantas/ha, o pinhão manso extrai respectivamente de N - P - K - Ca -
Mg: 48,7; 9,5; 34,5; 19,3 e 8,9 kg/ha. Assim, apenas o K teria que ser suplementado independente do
aporte obtido por meio da ciclagem de nutrientes.

Significativa redução de produtividade foi observada nas plantas podadas neste primeiro ano
após o manejo (Tabela 3). Ungaro et al (2008), também, descrevem reduções de produtividade do
pinhão manso podado no município de Tatuí, SP. Os autores avaliaram o pinhão manso sob diferentes
espaçamentos até o quarto ano após a poda, indicando não haver vantagens produtivas para o manejo
até esse período. A baixa produtividade, também, pode ser explicada pelo estímulo ao
desenvolvimento da parte basal das plantas, fisiologicamente mais juvenil. Segundo Hartmann et al.
(2002), removendo-se a porção apical da copa, também, suprime-se os sítios de produção de auxinas,
responsáveis pela dominância apical, proporcionando condições ótimas para a emissão de brotações
laterais resultando em um maior número de ramos imaturos fisiologicamente. Isto leva a crer que a
recuperação da capacidade reprodutiva do pinhão manso após a poda pode estar relacionada à
intensidade da poda e a altura das brotações adventícias, devendo ser alvo de outros estudos.

Segundo Larcher (2004), a energia que a planta requer para o desenvolvimento dos brotos e
dos primórdios florais provém da atividade fotossintética, adubações e imobilização de minerais de
reserva da planta. Dickson (1991), citado por Trevisan et al (2003), relata que a desfolha de plantas
lenhosas pode causar fatores de stress, os quais levam a níveis baixos de reserva de carboidratos na
planta, aumentando a suscetibilidade à temperaturas baixas e doenças e, também, diminui a área foliar
total da planta e o crescimento das raízes no ciclo seguinte. Essas informações corroboram com a tese
de que a poda associada ao hábito caducifólio do pinhão manso pode torná-lo mais vulnerável ao
ataque de pragas e doenças. Ávila et al. (2008) descrevem um atraso na floração das plantas que
foram podadas no Rio Grande do Sul, o que pode reduzir o rendimento de frutos na primeira safra após
a poda. Esses autores destacam que os resultados não são conclusivos, pois se baseiam em dados de
floração de apenas um ano após a poda. Mas como o número de ramos nas plantas podadas foram
maiores e mais vigorosos, os autores supõem as produções sejam superiores na segunda safra.

As mais altas taxas de precipitação pluvial em Taubaté, SP nos anos 2009-2010, inclusive com
a queda de granizo em duas ocasiões, coincidiram com a época de enfolhamento, floração e
frutificação do pinhão manso, sendo determinante para baixa produtividade associada à suscetibilidade

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e intenso ataque de pragas e doenças. Martins et al. (2009) definiram como restrita para a cultura do
pinhão manso no Estado do Mato Grosso, regiões com precipitação média anual acima de 1.500 mm.

CONCLUSÕES

As culturas de cobertura não proporcionaram melhores rendimentos do pinhão manso, porém,


aportaram quantidades suficientes de nutrientes para manter uma produtividade de 2,0 t/ha.

A poda proporcionou significativa redução de produtividade do pinhão manso no primeiro ano


após o manejo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ÁVILA, T. T. DE; LOY, F.; CASAGRANDE JR, J. G.; ANJOS E SILVA, S. D. DOS; ÁVILA, T. DE. Efeito
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COSCIONE, A. R.; ANDRADE, C. A. de. Protocolos para a avaliação dinâmica de resíduos orgânicos
no solo. In: ANDRADE, J. C. de;
ABREU, M. F. de. Análise Química de Resíduos Sólidos para Monitoramento e Estudos
Agroambientais, Campinas: IAC, 2006, p.159-177.

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HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E.; DAVIES JUNIOR, F. T.; GENEVE, R. L. Plant propagation:
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LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. PRADO, C. H. B. A. (trad.). São Carlos: Rimas, 2004, 531 p.

LAVIOLA, B. G.; DIAS, L. A. DOS S. Teor e acúmulo de nutrientes em folhas e frutos de pinhão manso.
Rev. Bras. Ciência do Solo, v. 32, n. 5. Viçosa, 2008. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-06832008000500018&script=sci_arttext. Acessado em:
03/05/2010.

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Tabela 1. Caracterização química de um Latossolo vermelho amarelo cultivado com pinhão manso, Taubaté, SP (2010).
Prof. MO pH P K Ca Mg H+Al SB CTC V
cm g/dm³ CaCl2 mg/dm³ ----------------------- mmolc/dm³ ------------------------ -------- % --------
0-20 27 5,0 12 1,3 24 13 30 38,0 67,5 56
20-40 20 4,5 5,3 0,9 12 5 30 17,6 47,8 37

Tabela 2. Aporte de massa seca e de nutrientes das culturas de cobertura para o pinhão manso, Taubaté, SP (2009).
N P K Ca Mg MS
Culturas de cobertura
-------------------------------------- kg/ha -------------------------------------- t/ha
Brachiaria brizantha 99,24 139,56 15,60 63,96 42,36 12,00
Cunha 138,98 65,66 13,77 27,59 17,39 4,70
Calopogônio 110,78 71,14 9,59 35,25 11,86 3,79
Amendoim 78,22 46,80 7,27 45,55 21,12 3,12

Tabela 3. Produtividade do pinhão manso em função de podas na parte aérea, Taubaté, SP (2010).
Tratamento Número de frutos / ha Produtividade (kg/ha)
Com poda 7.288,76 B 15,865 B
Sem poda 27.307,65 A 63,594 A
DMS 8.377,00 45,702
CV 1 21,39 35,45
CV 2 20,01 26,35
Dados transformados por meio da fórmula: Log 10 (Y).

400 35

350 30
Evapotranspiração, mm

300
Precipitação pluvial e

25

Temperatura, ºC
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50 5

0 0
ago set out nov dez jan f ev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan f ev mar

2008 2009 2010

PPT EVPT
Anos/Meses Tmax Tmin

Figura 1. Médias de precipitação pluvial e evapotranspiração (mm), temperaturas mínima e máxima (ºC) no período de
Agosto/2008 a Março/2010. Fonte: CIIAGRO-INFOSECA (IAC, 2010).

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1326-1332.
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EFEITO DE DOSES DE ENXOFRE E PARCELAMENTO DO NITROGÊNIO EM COBERTURA NA


CULTURA DA CANOLA

João Paulo Gonsiorkiewicz Rigon1; Maurício Roberto Cherubin1; Silvia Capuani1; Moacir Tuzzin de
Moraes1; Rafael Bonfanti Conterato1; Arci Dirceu Wastowski1 & Genesio Mário da Rosa1
1Universidade Federal de Santa Maria, campus de Frederico Westphalen – RS; E_mail: jpaulorigon@hotmail.com

RESUMO – A cultura da canola (Brassica napus) destaca-se como uma excelente alternativa
econômica para cultivo de inverno na região Sul do Brasil. Entretanto, é uma cultura muito exigente em
nutrientes, principalmente nitrogênio e enxofre. Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito
de doses de enxofre e parcelamento de nitrogênio em cobertura na cultura da canola. Utilizou-se o
DBC, com três repetições, distribuídos em esquema fatorial 4x2, sendo quatro doses de enxofre (0; 16;
24; e 32 kg.ha-1) e duas épocas de aplicação de nitrogênio em cobertura (única: 15 dias após
semeadura; e parcelada: 50% aos 15 dias e 50% aos 30 dias após semeadura). As características
agronômicas avaliadas foram: altura de plantas, número de sílicas e de ramos por planta, peso de mil
grãos, produtividade, teor e rendimento de óleo. A partir dos resultados afirmar-se que, a dose de
enxofre de 16 kg.ha-1 incrementou a altura de planta, número de sílicas e de ramos. No entanto, as
doses de enxofre não afetaram: peso de mil grãos, produtividade, teor e rendimento de óleo. E não
houve interação significativa entre as doses de enxofre e as aplicações de nitrogênio em cobertura, nas
características agronômicas avaliadas na cultura da canola.
Palavras-chave – Brassica napus; Macronutrientes; Produtividade; Adubação de enxofre.

INTRODUÇÃO

A cultura da canola (Brassica napus) vem se destacando como uma excelente alternativa
econômica para cultivo de inverno na região Sul do Brasil. Esta expansão decorreu da introdução de
genótipos resistentes e mais produtivos e também pela qualidade do óleo produzido, excelente para o
consumo humano e produção de biodiesel (TOMM et al., 2004).

Para expressar seu potencial produtivo, a cultura da canola é muito exigente em aporte de
nutrientes. Dentre estes, os macronutrientes exigidos em maior quantidade são: nitrogênio, potássio e
fósforo, onde são absorvidos pelas plantas de canola na proporção de 5 N, 4 K2O, 2,2 P2O5,
respectivamente. A exportação por tonelada de grãos produzidos é de 40 kg de N, 15 kg de P 2O5, 9 kg
de K2O (EMBRAPA, 2007). O nitrogênio por se tratar de um elemento bastante móvel no solo, é

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recomendado que seja aplicado de forma parcelada, sendo no mínimo 15 kg.ha-1 na semeadura e o
restante da dose recomendada em cobertura (SBCS, 2004).

Além da adubação de nitrogênio, fósforo e potássio, a canola por se tratar de uma cultura de
alta produção de óleo e proteína, tem grande exigência de enxofre. De acordo com Grant & Bailey,
(1991), a canola exporta do solo aproximadamente 45 kg.ha-1 de enxofre durante seu desenvolvimento.
Neste sentido, a deficiência deste nutriente promove altas taxas de abortamento de flores, síliquas
pequenas e mal formadas (EMBRAPA, 2007). Segundo Malavolta (1984), as plantas de canola
respondem em produtividade conforme a adubação sulfatada, aplicada desde os estádios iniciais até o
final do ciclo da cultura. Diante disso, quando a análise de solo indicar concentração de enxofre inferior
a 10 mg/dm3, é indicado a adição de no mínimo 20 kg.ha-1 na semeadura, , independente da fonte
utilizada (SBCS, 2004).

Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de doses de enxofre e parcelamento
de nitrogênio em cobertura na cultura de canola.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Universidade Federal de Santa Maria, campus de Frederico


Westphalen – RS, na safra de 2009. Segundo Köppen (1948) o clima é subtropical úmido, tipo Cfa, e o
solo predominante na região é classificado como Latossolo Vermelho aluminoférrico típico (EMBRAPA,
1999). De acordo com os resultados da análise de solo da área, o teor de fósforo enquadra-se na faixa
do muito baixo (2,9 mg/dm3), necessitando a aplicação de 130 kg.ha-1 de fósforo. As fontes utilizadas
foram superfosfato simples e superfosfato triplo, adequando a proporção dos mesmos, em função das
doses de enxofre, delineadas para cada tratamento. Quanto ao nitrogênio a necessidade foi de 60
kg.ha-1, para expectativa de produtividade de grãos de 2,5 ton. ha-1. Conforme recomendação (SBCS,
2004), na semeadura foi aplicada apenas 1/3 da dose necessária. Para enxofre, o teor verificado no
solo foi de 8,3 mg/dm3, estado abaixo do recomendado, justificando assim, a aplicação do mesmo.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com três repetições,


distribuídos em esquema fatorial 4x2, sendo quatro doses de enxofre: 0; 16; 24; e 32 kg.ha-1 aplicado
na semeadura; e duas adubações de nitrogênio (N) em cobertura: Dose única, aos 15 dias após
semeadura; e Dose parcelada, 50% da dose aos 15 e 50% da dose aos 30 dias após semeadura.
totalizando 24 parcelas (4 x 4 metros). A cultivar utilizada foi a Hyola 61, com espaçamento de entre
linha de 40 cm, dispondo após raleamento de 40 plantas/m2.

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As características agronômicas avaliadas foram: a) Altura de plantas (AP): extensão desde o


colo até sua extremidade em 100 plantas na parcela; b) Número de Sílicas/planta (NSIL) e Número de
Ramos/planta (NRAM): média da contagem das sílicas e ramos existentes em 40 plantas/repetição; c)
Peso de mil grãos (P1000): obtido através da pesagem de oito repetições de 100 grãos e extrapolado
para peso de mil grãos; d) Produtividade (PROD): foi obtida através da colheita e trilha das quatro
linhas centrais da parcela, e extrapolada para kg.ha-1, ajustando a 13% de umidade; e) Teor de óleo
(TEOL): foi obtido por análises laboratoriais, de acordo com metodologia de extração de lipídeos
utilizando com extrator solhex; e f) Rendimento de Óleo (REOL): calculado de acordo com o teor de
óleo e produtividade obtida. Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias
comparadas pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade de erro, utilizando o software estatístico
Statistical Analysis System (SAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 são apresentados os resultados obtidos referentes às características agronômicas


avaliadas na cultura da canola. A partir dos resultados verificou-se que não houve interação
significativa (p <0,05) entre as doses de enxofre e as aplicações de N em cobertura para nenhuma das
características agronômicas avaliada na cultura da canola. Para os caracteres AP, NSIL e NRAM,
verificou-se que, tanto na aplicação de dose única quanto no parcelamento do N em cobertura, a dose
de 16 kg.ha-1 de S, apresentou os melhores resultados. Estes resultados demonstram que
vegetativamente a canola, foi responsiva a aplicação da dose de 16 kg.ha -1 de S, sendo esta, próxima
a indicada (20 Kg.ha-1) pela SBCS, (2004), quando o teor de S no solo estiver abaixo de 10 mg/dm3.
Quanto aos valores de P1000 obtidos, verificou-se que não houve diferença significativa entre os
tratamentos, variando de 3,96 g (16 kg.ha-1 de S) a 3,32 g (24 kg.ha-1 de S), na dose única de N em
cobertura e de 3,73 g (24 kg.ha-1 de S) a 3,08 g (0 kg.ha-1) de S na dose parcelada do N. Os resultados
referentes ao TEOL variaram de 26,4% a 35,8% na dose única de N e de 25,2 % a 41,85 % na dose
parcelada de N, no entanto, não houve diferença significativa entre os tratamentos. Os resultados
encontrados, discordam com Cordeiro et al., (1993), que verificou decréscimo linear no teor de óleo
conforme o parcelamento e aumento da adubação de N. Segundo Milléo & Doni Filho (2001), isto
decorre pela formação de sementes com conteúdos crescentes de proteína e consecutivamente
decrescentes de lipídeos.

Diante dos resultados de PROD obtidos, verificou-se que a cultura da canola, não foi
responsiva a aplicação de enxofre e nem a forma de aplicação de N em cobertura. Estes resultado

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corroboram com os encontrados por Alvarez (2004), Osório (2006) e Farahbakhsh et al., (2006)
contrariando as indicações de aplicação de enxofre em brassicáceas (MALAVOLTA, 1984). Em média,
com dose única de N, a canola teve produtividade de 2210,2 kg.ha-1 e com dose parcelada de N,
2409,17 kg.ha-1. Quanto ao REOL, variável depende da PROD e TEOL, na dose única de N, não
houve diferença significativa dentre as doses de enxofre, variando de 766,9 kg.ha-1 a 626,4 kg.ha-1. Por
outro lado, com dose parcelada de N, houve um incremento significativo no REOL nas doses de
enxofre de 16 kg.ha-1 (930,1 kg.ha-1), 0 kg.ha-1 (902,2 kg.ha-1) e 24 kg.ha-1 (793,4 kg.ha-1) quando
comparado ao REOL obtido com a dose de enxofre de 32 kg.ha -1 (553,8 kg.ha-1). No entanto, com
comentado acima, esta diferença não representou significância na interação entre os dois fatores
avaliados (doses de enxofre e aplicação de nitrogênio em cobertura).

CONCLUSÃO

Não houve interação significativa entre as doses de enxofre e as aplicações de nitrogênio em


cobertura, nas características agronômicas avaliadas na cultura da canola.

A dose de enxofre de 16 kg.ha-1 proporcionou incremento na altura de planta, número de


sílicas e número de ramos. No entanto, as doses de enxofre não promoveram incrementos no peso de
mil grãos, produtividade, teor de óleo e o rendimento de óleo na cultura da canola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVAREZ, J.W R. Disponibilidade e resposta de culturas ao enxofre em solos do Rio Grande do


Sul. 2004. 84 p. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria - RS, 2004.

CORDEIRO, D. S.; SILVEIRA, E. P.; KICHEL, A. N.. Resposta da Brassica napus a doses e épocas de
aplicação de nitrogênio. Pesquisa Agropecuária Brasileira. (28)10: 1137-1142. 1993.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.


Rio de Janeiro, 1999. 412p.

EMBRAPA, Sistemas de Produção: Cultivo da Canola. Embrapa Trigo ISSN 1809-2985 Versão
Eletrônica. Nov/2007. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML
/Canola/CultivodeCanola/autores.htm>. Acessado em: 10 de abril de 2009.

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FARAHBAKHSH, H. N.; N. PAKGOHAR and A. KARINI. Effects of Nitrogen and Sulphur Fertilizers on
Yield, Yield Components and Oil Content of Oilseed Rape (Brassica napus L.). Asian Network for
Scientific Information Plant Sciences 5 (I): 11 2-1 15, 2006.

GRANT, C.A.; BAILEY, L.D. Fertility management in canola production. In: International Canola
Conference, 1990. Atlanta. Summary... Atlanta: Potash and Phosphate Institute, 303 p. 1991.

KOPPEN, W. Climatologia: con un Estudio de los Climas de la Tierra. Fondo de Cultura Economica,
México, 466p, 1948.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; FORNASIERI FILHO, D.; CARVALHO, J. G.; MALAVOLTA, M. L.;
ZAMBELLO, F. C. Efeitos de doses e fontes de enxofre em culturas de interesse econômico. II
colza (Brassica napus L. var. oleifera). São Paulo: Centro Nacional de Pesquisa e Promoção do
Sulfato de Amônio, 1984. 60 p. (Boletim Técnico n. 3).

MILLÉO, M.V.R; DONI FILHO, L. Marcha de absorção de enxofre por plantas de canola. Scientia
Agrária, Brasília, v.2 p.25-30, 2001.

OSÓRIO, B.D.F. Dinâmica do Enxofre no Sistema Solo e Resposta das Culturas à adubação
Sulfatada. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria – RS, 2006.

SBCS - Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Manual de Adubação e Calagem RS/SC. Comissão
de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC. Núcleo Regional Sul. 10ª ed. - Porto Alegre, 2004.

TOMM, G. O.; GARRAFA, M.; BENETTI, V.; WOLBOLT, A. A.; FIGER, E. Efeito de épocas de
semeadura sobre o desempenho de genótipos de canola em Três de Maio, RS. Passo Fundo:
Embrapa Trigo, 2004. 11 p. (Circular Técnica, 17).

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Tabela 1. Características agronômicas de canola, submetida a diferentes doses de enxofre e parcelamento do nitrogênio em
cobertura (Frederico Westphalen – RS, Brasil, 2010).

Doses de Altura N° Sílicas N° Ramos P. mil grãos Teor Óleo Produtividade Rend. de Óleo
Enxofre --- cm --- --------- planta ---------- --- g --- ---%--- -------------kg.ha-1-------------
--kg.ha-1-- Dose Única do Nitrogênio em Cobertura
0 104,87 c* 72,21 b 2,87 b 3,95 a 35,80 a 2223,5 a 766,90 a
16 123,31 a 108,46 a 3,83 a 3,96 a 34,80 a 2196,2 a 764,28 a
24 109,10 bc 79,75 ab 2,87 b 3,32 a 32,60 a 2079,9 a 680,50 a
32 114,20 b 88,02 ab 2,18 b 3,58 a 26,40 a 2341,2 a 626,40 a
CV (%) 3,86 16,58 15,81 12,32 24,90 20,20 23,73

Doses de Altura N° Sílicas N° Ramos P. mil grãos Teor Óleo Produtividade Rend. de Óleo
Enxofre --- cm --- --------- planta ---------- --- g --- ---%--- -------------kg.ha-1-------------
--kg.ha-1-- Dose Parcelada do Nitrogênio em Cobertura
0 98,23 b 61,73 b 2,83 ab 3,08 a 31,00 a 2954,6 a 902,20 a
16 112,93 a 94,86 a 3,50 a 3,25 a 41,85 a 2214,2 a 930,10 a
24 106,87 ab 72,67 ab 2,49 b 3,73 a 35,20 a 2204,7 a 793,40 ab
32 100,53 b 66,86 b 3,12 ab 3,24 a 25,20 a 2263,2 a 553,80 b
CV (%) 4,30 16,56 11,80 9,76 24,32 12,24 19,98
* As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste Duncan (p <0,05).

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EFEITO DO ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE PLANTIO SOBRE A PRODUTIVIDADE DO


CRAMBE CV. FMS BRILHANTE

Carlos Pitol1; Dirceu Luiz Broch1; Renato Roscoe1


1 Fundação MS, fundacaoms@fundacams.org.br

RESUMO – O crambe (Crambe abyssinica) é uma oleaginosa promissora para safrinha no Centro
Oestes do Brasil. Possui alto teor de óleo, ciclo curto e boa tolerância a déficit hídrico e baixas
temperaturas. Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes espaçamentos e densidades de plantio,
na produtividade de crambe cv. FMS Brilhante, na região de Maracaju, MS, foram implantados
experimentos nos anos de 2008 e 2009. Foram testados os espaçamentos de 21 e 45 cm entre linhas
e as densidades de plantio de 8, 12 e 16 kg ha-1 de sementes. Os experimentos foram conduzidos em
blocos ao acaso com 5 repetições. Não houve efeito significativo dos espaçamentos e diferentes
densidades de plantio em 2008. Em 2009, também não houve efeito da densidade, mas a produção de
crambe no espaçamento de 45 cm foi significativamente superior ao espaçamento de 21 cm. Este
comportamento foi atribuído ao excesso de chuvas após o florescimento pleno do crambe em 2009, o
que provocou estiolamento e acamamento no espaçamento de 21 cm e maior incidência de doenças.
Concluiu-se que o plantio de 45 cm é mais recomendado para a cultura em solos corrigidos e livres de
plantas invasoras, nas condições de Maracaju, MS.
Palavras-chave – crambe; espaçamento; densidade de plantio; biodiesel

INTRODUÇÃO

Originário da Etiópia e domesticado no Mediterrâneo, o crambe (Crambe abyssinica Hochst)


vem sendo produzido desde a Primeira Guerra Mundial em Países da Europa e a partir da década de
70 nos Estados Unidos (Knights, 2002). Ainda pouco conhecido e cultivado no Brasil, vem expandindo
sua área desde o lançamento da primeira variedade de crambe no Brasil em 2007 (Roscoe &
Delmontes, 2008). Com custos baixos, ciclo curto e tolerância à secas e às baixas temperaturas,
apresenta-se como alternativa interessante de safrinha para Mato Gorsso do Sul e outras partes do
Centro Oestes, Sul e Sudeste do Brasil (Pitol et al., 2010).

O óleo de crambe é amplamente utilizado na indústria química, em função dos elevados teores
de ácido erúcico (em média 55%), sendo utilizado para a fabricação de lubrificantes, adjuvantes para

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aplicação de pesticidas e como agente deslizante em ligas plásticas (AIR, 1997). Com custos
relativamente baixos no Brasil (Roscoe & Delmontes, 2008), o óleo de crambe tem sido considerado
também para a produção de biodeisel, com boas vantagens em função de seu baixo ponto de fusão (-
12OC) e alta estabilidade oxidativa (Pitol et al., 2010).

O plantio do crambe pode ser feito de forma mecanizada utilizando semeadoras e plantadoras
comumente disponíveis na maioria das unidades de produção de grãos como soja, milho, arroz e trigo
(Pitol et al., 2010). A colheita também pode ser feita com colhedoras de soja, sem necessidades de
adaptações.

A melhor época de plantio para o crambe no Brasil está compreendida durante o outono e
inverno, na chamada segunda safra ou safrinha. Sua boa tolerância à seca e ao frio, aliados ao ciclo de
90 dias, permite que o crambe seja plantado mais tardiamente, quando o risco climático para a cultura
do milho safrinha já está bastante alto (Roscoe & Delmontes, 2008). Uma área agrícola significativa
tem ficado ociosa na safrinha em todo o Centro Oeste, exatamente pela falta de opção de culturas
viáveis para plantios mais tardios. Isso ocorre porque o milho safrinha, cultura mais difundida neste
período, tem sérias limitações climáticas em plantios fora do mês de fevereiro ou no máximo março, na
maior parte da região (FUNDAÇÃO MS, 2009). Em Mato Grosso do Sul, onde são plantados cerca de
1.700 ha de soja no verão, somando-se toda a área de milho safrinha, girassol e trigo, chega-se a
menos de 800 mil ha. Isso significa que cerca de 900 mil ha estariam disponíveis para culturas
alternativas de safrinha no Estado (Roscoe & Delmontes, 2008).

O espaçamento entre fileiras de plantio e a densidade de semeadura podem afetar diretamente


a produtividade das culturas, pois interferem no stand final, arquitetura das plantas e microclima na
lavoura. Espaçamentos entre 17 e 45 cm têm sido sugeridos para a cultura do crambe em cultivos no
Brasil, entretanto ainda com pouca informação sobre as implicações.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes espaçamentos e densidades de


plantio, na produtividade de crambe cv. FMS Brilhante, na região de Maracaju, MS, durante as
safrinhas de 2008 e 2009.

METODOLOGIA

O experimento foi implantado na Unidade Experimental da FUNDAÇÃO MS em Maracaju, MS,


em um Latossolo Vermelho Distroférrico, com 58% de argila, a 365 m de altitude. As características

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químicas do solo, nas camadas de 0-20 cm e de 20-40 cm (Tabela 1). O experimento foi implantado em
esquema fatorial (3x2) em um arranjo de blocos ao acaso, com 5 repetições. Os tratamentos
combinaram em esquema fatorial 3 densidades de plantio (8, 12 e 16 kg ha-1 de sementes) e 2
espaçamentos entre linhas: 21 e 45 cm. As parcelas experimentais foram implantadas com as
dimensões de 4 x 12 m, sendo a parcela útil de 2 x 6 m. O plantio foi feito com profundidade de 2 a 4
cm, em 17 de abril de 2008 e 29 de abril de 2009. Foi feita adubação de plantio com 200 kg da
formulação 00-20-20 e cobertura com 95 kg ha-1 de nitrato de amônio, sete dias após a emergência.
Foi feito tratamento das sementes com 60 mL de ProTrit® para cada 15 kg de semente, dissolvidos em
200mL de águas para homogeneização da aplicação. A colheita foi realizada manualmente, nas
parcelas úteis, em 4 de agosto de 2008 e 14 de agosto de 2009. As sementes foram debulhadas
manualmente e seus pesos corrigidos para uma umidade padrão de 9%. Foram coletados os dados de
precipitação durante os anos de 2008 e 2009 (Figura 1 e 2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve efeito significativo dos espaçamentos e densidades de semeadura na produtividade


de crambe, no ano de 2008 (Tabela 1). O crambe desenvolveu-se muito bem em ambos os
espaçamentos e densidades, mas o fechamento da lavoura ocorreu plenamente somente no
espaçamento de 0,21 m. Boas produtividades foram alcançadas para todos os tratamentos, sendo
produzidos em média 1.742 kg ha-1. A precipitação durante o ciclo da cultura foi de 152,3 mm (Figura
1), sendo que nos últimos 45 dias, choveu somente 37,1 mm.

Em 2009, não houve efeito significativo das diferentes densidades de plantio, para ambos os
espaçamentos (Figura 2). Entretanto, a produtividade do crambe foi significativamente superior no
espaçamento de 45 cm (1.619 kg ha-1), comparativamente a 21 cm (1.017 kg ha-1). O ano de 2009 foi
atipicamente mais chuvoso, sendo a precipitação total ao longo do ciclo do crambe de 245,0 mm.
Verificou-se, ainda, que a quantidade de chuva na metade final do ciclo da cultura (últimos 45 dias) foi
de 131,7 mm.

As produtividades elevadas observadas em 2008 podem ser explicadas pelas ótimas


condições de solo, que estava corrigido e sem presença de alumínio trocável (Tabela 1). Além da boa
nutrição da planta, não houve déficit na fase inicial em ambos os anos (Figura 1) e foi feito um bom
controle de ervas daninhas. Um dos maiores riscos do espaçamento de 45 cm é a maior demora em
fechar a entrelinha, o que pode causar competição por plantas invasoras. Entretanto, esse risco é

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minimizado quando há boas condições para o desenvolvimento da planta, como boa disponibilidade
hídrica na fase inicial e bom estado nutricional. Como essas condições foram observadas em 2008, o
crambe apresentou bom engalhamento, compensando o espaçamento de 45 cm e a menor população
nos tratamentos com menor densidade de plantio.

Em 2009, as plantas de crambe também tiveram boas condições iniciais de desenvolvimento,


mas foi observado um excesso de chuvas na segunda metade do ciclo da cultura (Figura 1). A menor
produtividade no espaçamento de 21 cm pode ser explicada pelo acamamento causado pelo
estiolamento das plantas crescendo em condições de excesso de umidade. Além disso, as
precipitações abundantes na segunda metade do ciclo da cultura provavelmente aumentaram o risco
de doenças fúngicas. No espaçamento de 45 cm, com um melhor arejamento, a incidência de doenças
foi menor.

CONCLUSÃO

Conclui-se que as plantas de crambe possuem uma boa capacidade de compensação da


densidade de plantio e do espaçamento, sendo que para as condições de Maracaju, MS, não se deve
esperar alterações das produtividades em anos normais, quando as densidades de plantio variam entre
8 e 15 kg ha-1 de semente e o espaçamento entre 21 e 45 cm.

Em anos atípicos como 2009, o excesso de chuvas na segunda metade do ciclo da cultura
pode interferir significativamente nas produtividades, quando o espaçamento entre linhas de 21 cm é
utilizado, o que pode estar relacionado à maior possibilidade de acamamento e ao microclima favorável
a doenças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AIR Crambe abyssinica, a comprehensive program – Workshop – Part 4 – Utilization. Summary


information. AIR3-CT94-2480, 1997 (http://www.biomatnet.org/secure/Air/F709.htm).
KNIGHTS, E.G. Crambe: A North Dakota case study. A Report for the Rural Industries Research and
Development Corporation, RIRDC Publication No. W02/005, Kingston, 2002. 25p.
(http://www.rirdc.gov.au).
PITOL, C.; BROCH, D. L.; ROSCOE, R. Tecnologia e Produção: Crambe 2010. Maracaju: Fundação
MS, 2010. 60p.
ROSCOE, R.; DELMONTES, A.M.A. Crambe é nova apção para biodiesel. Agrianual 2009. São Paulo:
Instituto FNP, 2008. p. 40-41.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1339-1344.
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Tabela 18 – Características químicas de um Latossolo Vermelho Distroférrico da Unidade Experimental da FUNDAÇÃO


MS, Marcaju MS, em 2008.
Prof. pH MO P P cmolc dm-3

(cm) CaCl2 H2O (%) Mehlich Resina K Ca Mg Al H+Al SB T V%

0-20 5,79 6,40 3,6 4,5 8,5 0,66 8,00 1,15 0,0 3,68 9,81 13,5 73

20-40 5,55 6,17 2,6 0,13 3,3 0,27 5,50 1,10 0,0 1,98 6,87 8,85 78

Tabela 2 – Produtividade (kg ha-1) de crambe, cv FMS Brilhante, em função do espaçamento entre fileiras (m) e a
densidade de plantio (kg semente ha-1), em área experimental da Faz Alegria, Maracaju, MS. FUNDAÇÃO MS, 2008.
Espaçamento Densidade (kg ha-1)
Médias
(m) 8,0 12,0 16,0

0,21 1.760 1.732 1.592 1.695

0,45 1.816 1.886 1.661 1.788

Médias 1.788 1.809 1.627 1.742

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Precipitação Pluviométrica (mm) Página | 1344

160,0 2008
140,0 Período Desenvolvimento
120,0 do Crambe (152,3 mm)
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
1o. Dec 36,0 7,6 10,0 19,1 7,2 8,0 0,0 54,6 0,0 77,3 36,9 1,7
2o. Dec 13,4 61,9 39,1 56,3 10,3 17,3 0,0 5,6 30,5 11,1 0,0 0,0
3o. Dec 99,5 151,5 30,4 12,6 27,3 2,4 9,7 0,8 6,3 0,0 0,0 0,0
Precipitação Pluviométrica (mm)

120,0
Período Desenvolvimento 2009
100,0
do Crambe (245,0 mm)
80,0

60,0
40,0

20,0

0,0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
1o. Dec 52,5 55,5 33,9 34,4 9,2 2,9 30,7 29,6 30,2 16,3 66,9 39,5
2o. Dec 108,4 28,6 45,9 0,0 4,8 17,7 26,8 84,2 3,8 97,6 14,8 54,6
3o. Dec 3,2 50,3 16,8 0,0 39,4 39,5 44,6 99,5 14,0 55,3 39,5 27,7

Figura 1. Precipitação por decênio nos anos de 2008 e 2009, na Unidade de Pesquisa da FUNDAÇÃO MS, Maracaju, MS.

Figura 2. Produtividade (kg ha-1) de crambe FMS Brilhante, em função do espaçamento entre fileiras (cm) e a densidade de
plantio (kg semente ha-1), em área experimental da Faz Alegria, Maracaju, MS. Médias seguidas de mesmas letras
minúsculas, para densidade de plantio, e letras maiúsculas, para o espaçamento, não diferem entre si pelo teste de Scott-
Knott, ao nível de 5% de probabilidade.

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EFEITO RESIDUAL DE COMPOSTOS ORGÂNICOS PARA O CULTIVO DE MUDAS


DE PINHÃO MANSO

Katty Anne Amador de Lucena Medeiros1, Humberto Silva1, Valdinei Sofiatti2, Otonilson Medeiros1,
Amanda Micheline Amador de Lucena3, Maria Aline de Oliveira Freire3, Nair Helena Castro Arriel2
1 UniversidadeEstadual da Paraíba; katty_annee@hotmail.com ; 2 Pesquisador da Embrapa Algodão; Bolsista
Funarbe/CNPq

RESUMO – Objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito residual da adubação orgânica com
biossólido, esterco bovino e cama de frango sobre o crescimento inicial de mudas de pinhão
manso.Para isso, um experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação. Os tratamentos
consistiram de uma combinação fatorial de três fontes de matéria orgânica (esterco bovino, cama de
galinha e biossólido) em mistura ao solo em quatro proporções (0, 20, 40 e 60% do volume do
recipiente) aplicado no cultivo anterior, em delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro
repetições. No primeiro cultivo, as plantas de pinhão manso permaneceram nos substratos por 60 dias,
sendo estas irrigadas duas vezes ao dia através de um sistema de aspersão. Após a retirada das
plantas, o solo foi novamente homogenizado, colocado em sacos de polietileno e procedeu-se então a
semeadura do plantio em sucessão sucessivo. Aos 30 dias após a semeadura avaliou-se a altura da
planta, diâmetro do caule, número de folhas e área foliar das plantas. Os resultados indicaram que o
efeito residual dos substratos contendo 60% de lodo de esgoto e esterco bovino proporcionou maior
crescimento das plantas de pinhão manso em altura da planta, diâmetro do caule, numero de folhas e
área foliar. Para o substrato contendo cama de frango a proporção de aproximadamente 30% foi a que
a proporcionou o maior crescimento das plantas.
Palavras-chave – Jatropha curcas L., proporção, fontes, matéria orgânica.

INTRODUÇÃO

A propagação do pinhão manso pode ser feita por meio de estacas, sementes ou mudas. No
Brasil, a multiplicação dessa espécie é feita basicamente por meio de sementeiras, porém, ainda há
controvérsias quanto aos melhores substratos utilizados e ao melhor sistema de produção de mudas
(HEIFFIG et al., 2008),

A disponibilidade de mudas em adiantado estádio de desenvolvimento no início das chuvas


pode ser uma grande vantagem pois, permite o estabelecimento das plantas no campo em pouco

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tempo, minimizando a competição com as plantas daninhas e aproveitando melhor o curto período em
que há umidade disponível no solo nas regiões semi-áridas(Lima et al., 2006).

O substrato para a produção de mudas deve garantir o desenvolvimento de uma planta com
qualidade, em curto período de tempo, e com baixo custo. Assim, deve apresentar características
físicas e químicas que promovam, a retenção de umidade e disponibilidade de nutrientes, de modo que
atenda às necessidades da planta (CUNHA et al., 2006).

Nos sistemas de cultivos sucessivos, quando as culturas precedentes são adubadas, os efeitos
residuais dos fertilizantes podem persistir até a próxima cultura (SILVA et al., 2001). Portanto objetivou-
se com esse trabalho avaliar o efeito residual da adubação orgânica com biossólido, esterco bovino e
cama de frango sobre o crescimento inicial de mudas de pinhão manso.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação do Centro Nacional de


Pesquisa do Algodão (CNPA-EMBRAPA), na cidade de Campina Grande-PB. O município possui
coordenadas geográficas 7º13'S e 35º54'S e altitude de 575 m, e apresenta temperatura máxima de
28ºC, mínima de 19ºC com umidade relativa do ar em torno de 80%.

Os tratamentos consistiram de uma combinação fatorial de três fontes de matéria orgânica


(esterco bovino, cama de galinha e biossólido) em mistura ao solo em quatro proporções (0, 20, 40 e
60% do volume do recipiente) aplicado no cultivo anterior, em delineamento experimental de blocos ao
acaso com quatro repetições.

No primeiro cultivo, as plantas de pinhão manso permaneceram nos substratos por 60 dias,
sendo estas irrigadas duas vezes ao dia através de um sistema de aspersão. Após a retirada das
plantas, o substrato foi novamente homogeneizado, e colocado em sacos de polietileno, sendo então
feita a semeadura do plantio sucessivo.

As sementes de pinhão manso utilizadas nos dois cultivos foram colhidas em 2009 e
procedentes de um campo experimental pertencente a Embrapa Algodão, que fica localizado na
Fazenda Veludo, município de Itaporanga-PB. As plantas que originaram as sementes foram cultivadas
em sequeiro e encontravam-se com idade de dois anos.

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Aos 30 dias após a semeadura avaliou-se: altura da planta, diâmetro do caule, número de
folhas e área foliar das plantas. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e para as
variáveis que apresentaram valores de F significativos em nível de 5% de probabilidade foi aplicado o
teste de Tukey para os dados qualitativos e regressão polinomial para os dados quantitativos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os diferentes tipos de compostos orgânicos e a proporção aplicada no cultivo anteriro


apresentaram interação significativa conforme apresentado na Tabela 1. A altura (Figura 1), o diâmetro
caulinar (Figura 2), o numero de folhas (Figura 3) e a área foliar (Figura 4) das plantas apresentaram
comportamento diferenciado dependendo do composto orgânico utilizado, indicando que cada
composto tem um efeito residual diferenciado e a proporção do composto que proporciona a máxima
resposta é diferenciada em cada composto. Conforme SANTOS et al. (2001) as maiores produções
obtidas com as doses crescentes de composto orgânico podem ser atribuídas à melhoria das
características químicas e físico-químicas do solo e a matéria orgânica incorporada ao solo na forma
de adubo orgânico, de acordo com o grau de decomposição dos resíduos, pode ter efeito imediato no
solo, ou efeito residual, por meio de um processo mais lento de decomposição.

As proporções de lodo de esgoto (biossólido) e esterco bovino adicionadas no substrato no


cultivo anterior que proporcionaram o maior crescimento das plantas em altura, diâmetro caulinar,
número de folhas e área foliar foram as de 60% (v/v), sendo que o aumento da proporção destes
compostos orgânicos no substrato ocasionaram incremento linear das variáveis de crescimento.

Quando foi utilizado como material orgânico no cultivo anterior, a cama de frango, a proporção
deste composto que proporcionou o máximo crescimento das plantas não foi a de 60% como nos
demais compostos. Para este composto orgânico o diâmetro caulinar obteve melhor desempenho
quando se utilizou a proporção de aproximadamente 16,42% de cama de frango (Figura 2). A altura da
planta, o número de folhas e área foliar obtiveram seu ponto de máxima nas proporções de 35,5%,
31,67% e 31,37% de cama de frango, respectivamente. No entanto, proporções acima destas
propiciaram reduções nestas significativas no crescimento das plantas, provavelmente por este
composto possuir elevadas quantidades de nutrientes em sua composição, causando efeito tóxico às
plantas. Resultados semelhantes foram obtidos por Asmus et al. (2002) ao adicionar as quantidades de
0, 15 e 30% (v/v) de cama de frango curtida a uma mistura solo + areia (1:1), sendo verificado que aos
60 dias após o plantio nos tratamentos contendo 30% deste material, o crescimento das plantas de

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tomateiro foi menor do que quando se utilizou a proporção de 15%, sugerindo um efeito fitotóxico da
cama de frango quando adicionada em altas concentrações.

A utilização da matéria orgânica é de grande importância para o desenvolvimento das mudas.


De maneira geral, mudas de boa qualidade são obtidas com diferentes formulações de substratos,
contanto que sejam fornecidas água e nutrientes em quantidades adequadas e que as propriedades do
substrato não sejam limitantes. Em geral, verificou-se neste trabalho que o esterco bovino e o
biossólido (lodo de esgoto) podem ser utilizados como componentes do substrato para produção de
mudas de pinhão nas proporções de até 60% sem prejudicar o crescimento das plantas. Quando se
utiliza cama de frango como um dos compostos do substrato, sua proporção não deve ser superior a
30% (v/v) para que não ocorram reduções no crescimento das plantas.

CONCLUSÃO

O efeito residual dos substratos contendo 60% de lodo de esgoto e esterco bovino
proporcionou maior crescimento das plantas de pinhão manso em altura da planta, diâmetro do caule,
numero de folhas e área foliar.

Para o substrato contendo cama de frango a proporção de aproximadamente 30% foi a que a
proporcionou o maior crescimento das plantas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASMUS, G.L.; INOWE, T.S.; ANDRADE, P.J.M.; Efeito da cama de frango de corte sobre a reprodução
de Meloidogyne jananica e o crescimento de plantas de tomateiro. Nematologia Brasileira, v.26, 1,
2002. 21-25p.

CUNHA, A.M. ; CUNHA, G.M.; SARMENTO, R.A.; CUNHA, G.M.; AMARAL, J.F.T. Efeito de diferentes
substratos sobre o desenvolvimento de mudas de Acácia sp. Revista Árvore, v. 30, n. 2 p. 207-214,
2006.

HEIFFIG, L.S.; CÂMARA, G.M.S.; DEL AGUILA, J.S.; SEGATELLI, C.B.; SALOMÃO, K.; PIEDADE,
S.D.S. Diferentes substratos na produção de mudas de pinhão manso. In: Congresso Brasileiro de
Plantas Oleaginosas, óleos, Gorduras e Biodiesel, 5, 2008, Lavras-MG. Anais... Lavras-MG, UFLA,
2008. (CD ROOM).

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Página | 1349

LIMA, R. L.S.; SEVERINO, L.S.; SILVA, M.I.L.; JERÔNIMO, J.F.; VALE, L.S.; BELTRÃO, N.E.M.
Substratos para produção de mudas de mamoneira compostos por misturas de cinco fontes de matéria
orgânica, Ciência e Agrotecnologia, v. 30, n. 3, p. 474-479. 2006.

SILVA, E. C.; SILVA FILHO, A. V. ALVARENGA, M. A. R. Efeito residual da adubação efetuada no


cultivo da batata sobre a produção do feijão-de-vagem. Hortic. Bras. [online], v. 19, n. 3, pp. 312-315.
2001.

SANTOS, R. H. S.; SILVA, F. da; CASALI, V. W. D.; CONDE, A. R. Efeito residual da adubação com
composto orgânico sobre o crescimento e produção de alface. Pesquisa Agropecuária Brasileira
[online], v. 36, n.11, p. 1395-1398, 2001.

Tabela 1. Resumo da análise de variância para altura da planta, diâmetro do caule, número de folhas e área foliar das
plantas de pinhão manso aos 30 dias após a emergência. Campina Grande, PB 2010.
F.V. GL Altura da planta Diâmetro do Número de Área foliar
caule folhas

Fonte (F) 2 57,68** 20,06** 9,24** 152668,4**

Dose (D) 3 41,25** 5,23* 19,50** 210602,7**

FxD 6 15,61** 6,12** 4,80** 42184,8**

Resíduo 39 2,19 1,73 0,41 4063,2

CV% 10,33 11,55 14,06 23,61

Média 14,35 11,40 4,56 269,902

**, * significativo em nível de 1% e 5% de probabilidade;

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Figura 1: Altura da planta do pinhão manso em função dos Figura 2. Diâmetro do caule do pinhão manso em função
tratamentos dos tratamentos.

Figura 3: Número de folhas do pinhão manso em função Figura 4: Área foliar do pinhão manso em função dos
dos tratamentos tratamentos

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EFEITOS DE DOSES DE FARELO DE MAMONA NA INTENSIDADE DE PRAGAS E DOENÇAS, EM


PLANTAS DE PINHÃO MANSO

Uilma Cardoso de Queiroz Ferreira1, Napoleão Esberard de Macedo Beltrao2, Vera Lúcia Antunes de
Lima3, Rogerio Dantas de Larceda4 e Cris Lainy Maciel Santos5
1 Doutoranda em Engenharia Agrícola, UFCG, E-mail:uilmaqueiroz@hotmail.com; 2 Pós-doctor, Pesquisador da Embrapa
Algodão; 3 Prof. Dra. em Engenharia Agrícola, UFCG:4 Doutorando em Engenharia Agrícola, UFCG; 5 Graduanda em
Engenharia Agrícola, UFCG

RESUMO: O pinhão manso oleaginosa pertencente a família da Euforbiáceas, é uma cultura


importante a partir do momento que produz óleo vegetal, necessário para produção de biocombustível.
Objetivando verificar o índice de ataque de pragas nessa cultura, no mês de junho de 2009. O
experimento foi conduzido em condições ambiente. O delineamento experimental utilizado foi o de
blocos inteiramente ao acaso, com nove tratamentos, em distribuição fatorial 2 x 4 + 1, com dois tipos
de água, residuária e de abastecimento, em quatro dosagens de farelo de mamona, distribuídas em 50,
100, 150 e 200 Kg N ha-1, além da testemunha absoluta, com água de abastecimento e sem farelo em
quatro repetições. Observou-se que plantas mais nutridas atraem uma quantidade maior de pragas.
Palavras chave: Jatropha curcas L., óleo vegetal, biodiesel, água residuária

INTRODUÇÃO

Informações sobre o impacto de agentes biológicos (plantas daninhas, fungos, insetos etc...) na
cultura são escassos, embora se espere que o plantio do pinhão manso em grandes extensões tenha
presença desses agentes biológicos, como se tem observado em outros países onde essa cultura é
cultivada em áreas maiores como China, Índia, Filipinas, Malásia, Nicarágua e Honduras. O pinhão
manso é praticamente desconhecido como cultura no Brasil, apesar de se encontrar disseminado por
vários estados brasileiros como cerca viva, e como matéria prima para produção de sabão e iluminação
de lamparinas.

O pinhão manso é tido como uma planta pouco atacada por pragas e doenças, entretanto, de
acordo com SATURNINO (2005), ataques severos do ácaro branco Polyphagotarsonemus latus Banks
foram observados no mês de março de 2006 em Eldorado-MS e Nova Porteirinha-MG. Segundo este
mesmo autor, o pinhão manso ainda pode seratacado por ácaro vermelho, tripes, percevejos fitófagos

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(Pachicoris torridus), cigarrinha verde (Empoasca sp.) e cupins. Segundo Úngaro e Reginato Neto o
pinhão manso vem apresentando maiores problemas com pragas que com doenças e que há
necessidade de desenvolvimento de formas de controle de insetos, principalmente alternativos.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido a céu aberto, pertencente ao Programa de Pesquisas em


Saneamento Básico (PROSAB), em Campina Grande, Pb, em 2009. A espécie utilizada foi o Pinhão
Manso (Jatropha curcas L.). O genótipo de pinhão manso foi o de Garanhuns – Pe. O delineamento
experimental utilizado foi o de blocos inteiramente ao acaso, com nove tratamentos, em distribuição
fatorial 2 x 4 + 1, com dois tipos de água, residuária e de abastecimento, em quatro dosagens de torta
de mamona, distribuídas em 50, 100, 150 e 200 Kg de N ha -1, além da testemunha absoluta composta
irrigada com água de abastecimento e sem torta em quatro repetições. Inicialmente as sementes foram
plantadas em tubetes, e após dez dias após germinação essas plântulas foram transplantadas para um
tambor com capacidade de 200 litros, contendo um dreno na parte inferior, no total de 36 unidades
experimentais. No interior da cada vaso foi colocada uma tela e uma camada de brita para facilitar a
drenagem e lixiviação.

Foi adicionado ao material do solo 10% de esterco bovino, e em seguida foi feito o enchimento
dos vasos com este material, aplicou-se uma irrigação em todas as unidades, na função de deixar as
unidades com a umidade do solo na capacidade de campo. Logo após o transplante foi realizado a
primeira adubação nitrogenada, de acordo com cada tratamento pré – estabelecido. A fonte de
nitrogênio foi o farelo de mamona, doado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa). Onde foi analisada na mesma a porcentagem de nitrogênio (N) nela contida, que chegou
4% de nitrogênio aproximadamente, após secagem da mesma em estufa. Inicialmente foi feita a
análise de solo, como pode ser observado na Tabela 1 e 2. Logo, foi verificado segundo Yorinori (1997)
a intensidade de ataque à pragas seguindo as seguintes notas: 1- sem ataque de pragas, 2-traços de
10 a 25% de planta infestada, 3- 25 a 50% de planta infestada, 4- 50 a 75 % de planta infestada, 5- 75
a 100% de planta infestada infestada por pragas e doenças.

Resultados e Discussão

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Observa-se na Tabela 3, os resumos da análise de variância em função do tipo de água e da


quantidade de dose do farelo da mamona, onde houve significância estatística para os fatores com exceção dos
188 e 314 DAT. E que a interação entre eles não foi significativa, indicando independência entre os fatores
estudados. Na tabela 3, pode ser visualizado a significância obtida, bem como o modelo ajustado para o primeiro
grau, com elevado coeficiente de determinação, indicando baixa alienação entre as variáveis relacionadas.
Observou-se que apenas a testemunha não apresentou nenhuma espécie de praga, logo recebeu a nota
mínima, nas avaliações realizadas. Já as plantas com uma maior nutrição apresentaram um maior índice de
pragas, onde entre elas foram encontradas: tripés, joaninhas, percevejo, ácaro vermelho, ácaro branco,
cochonilha, cigarrinhas, além das abelhas que sugam o látex no caule do pinhão manso. Foi observado em
campo que quanto mais nutridas as plantas, havia um maior índice de pragas.

Na Figura 1 (A) observa-se em melhor detalhe, umas das pragas que segundo Dias (2007) tem
coloração em geral preta ou marrom, onde estas succionam o conteúdo das células foliares e atacam em geral
folhas completamente formadas. Na Figura 1 (B) observamos um melhor detalhamento de um percevejo que
ainda segundo Dias (2007), sugam frutos imaturos, causando prematuro aborto deles e má formação das
sementes e redução de pesos de ambos. Silva (2009) também observou ataques de algumas pragas, entre elas,
cigarrinha e ácaros, ao qual, foram controladas com aplicação de acaricida.

CONCLUSÃO

Independente das doses de nitrogênio aplicada houve ataque de pragas, sendo maior a ataque
das pragas onde houve maior nutrição da planta.

REFERÊNCIAS

DIAS, L.A.S. Cultivo de pinhão manso (Jatropha curcas L.): para produção de óleo combustível. Viçosa,
MG: 2007.40p.

SATURNINO, H.M.; PACHECO, D.D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N.P. Cultura do
pinhão-manso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, v. 26, p.44-78, 2005.

SILVA, M.B.R. Crescimento, desenvolvimento e produção do pinhão manso irrigado com água
residuária em função da evapotranspiração. 2009. 151p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de
Campina Grande, Campina Grande, Pb.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1351-1355.
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ÚNGARO, M.R.G.; REGINATO NETO, A. Considerações sobre pragas e doenças de pinhão-manso no


estado de São Paulo. In: 4º ―Biodiesel: Combustível Ecológico‖, Varginha, 03 de julho de 2007 / Eds.
Pedro Castro Neto, Antônio Carlos Fraga – Lavras: UFLA, 2007. 272p. (p. 98)

YORINORI, J.T. Oídio da Soja. Londrina: Embrapa Soja. 1997,13P.

Tabela1: Características físicas do solo proveniente do Mutirão de Campina Grande, Pb.


Areia Silte Argila
Grossa fina Argila dispersa Grau de floculação Dens. do solo Dens. da partícula Porosidade Total
2-0,2 0,2-0,05 0,05-0,002 <0,002
mm mm
g/Kg g/Kg g/Kg g/cm3 g/cm4 m3/m3
589 297 68 46 25 456 1,37 2,64 0,48

Análises realizadas no laboratório de solos na UFPB/CCA

Tabela2: Características químicas do solo proveniente do Mutirão de Campina Grande, Pb.


pH P K+ Na+ H++ AL+3 Al+3 Ca+2 Mg+2 SB CTC V m M.O.
3 3
H2O(1:2,5) mg/dm cmolc/dm % g/Kg
6,33 3,59 72,36 0,17 1,4 0,00 1,35 0,45 2,16 3,56 60,67 0,00 3,98
Análises realizadas no laboratório de solos na UFPB/CCA

Tabela 3. Resumo da análise de variância e coeficiente de variação dos dados de índice de pragas do pinhão manso,
escala utilizada por YORINORI (1 a 5), em função do tipo de água e da quantidade de dose do farelo da mamona, no mês
de junho de 2009. Campina Grande, Pb.

Quadrado Médio
FV GL Epocas de Avaliação
188(DAT)1 230(DAT) 272(DAT) 314(DAT)

Agua 1 0,45* 0,78* 2,00** 9,03**


Dose 3 0,012ns 10,74** 1,91** 0,28ns
Bloco 3 0,51ns 0,36ns 1,91** 0,61ns
Agua*Dose 3 1,48ns 0,11ns 0,08ns 0,28ns
Fat vs Test 1 0,003ns 1,531** 8,00** 1,83**
Resíduo 24 0,087 0,15 0,29 0,21
Total 35 2,83 10,22 20,00 16,97
CV(%) 21,34 17,98 19,84 23,27

1: Dados transformados em √x
ns: Não significativo pelo teste F a nível de 1% de probabilidade;
* Significativo pelo teste F a nível de 5% de probabilidade;
** Significativo pelo teste F a nível de 1% de probabilidade.

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Tabela 4. Análise de regressão para as doses de farelo de mamona 50,100,150 e 200 Kg ha-1, na variável índice de pragas,
após aplicação da adubação, na cultura do pinhão manso. Campina Grande, Pb.

Quadrado médio
Regressão
230(DAT) 272(DAT)
Linear 4,55** 5,63**
Modelo de regressão de melhor ajuste
Dose Equação R2
230(DAT) Y=1,31 + 0,33X 94,06
272(DAT) Y= 1,81 + 0,37X 97,83

Figura1. Pragas no pinhão manso: Fig.1A, Tripes; Fig. 1B, percevejo. (Fotos: Uilma Ferreira)

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ESTUDO DE CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DA MAMONEIRA

Rodolfo Rodrigo de Almeida Lacerda¹; Anielson dos Santos Souza¹; Francisco José Alves Fernades
Távora²; Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão³; Guilherme de Feitas Furtado¹; Jônatas Raulino
Marques de Sousa¹; José Raimundo de Sousa Júnior¹.
¹Universidade Federal de Campina Grande, e-mail: rodolfo-lacerda@hotmail.com; ²Universidade Federal do Ceará;
³Embrapa Algodão

RESUMO - A mamoneira é uma das oleaginosas tropicais de maior importância sócio-econômica, e a


escolha do espaçamento e da época de plantio adequada pode promover ganhos de produtividade.
Objetivou-se com o presente estudo avaliar o grau de relacionamento entre características
agronômicas da mamoneira pelo cálculo do coeficiente de correlação. O experimento foi realizado na
Fazenda Experimental Vale do Curu, no município de Pentecoste - Ceará - Brasil. O solo foi preparado
e adubado convencionalmente. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com doze
tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 2 x 3 x 2, sendo
2 cultivares (BRS Nordestina e Mirante 10); 3 espaçamentos (1,5 m x 1,5 m; 2,0 m x 2,0 m e 2,5 m x
2,5 m) e 2 épocas de plantio. A produtividade de grãos foi positivamente correlacionada com a altura
das plantas e com o rendimento de óleo. Altura de plantas, número de internódios e precocidade
mantêm estreita relação entre si, e o número de internódios é um bom indicativo da precocidade da
cultura.
Palavras-chave: Ricinus communis L., características morfológicas, densidade de plantio, índice de
produtividade.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a mamoneira (Ricinus communis L.) é encontrada em estado espontâneo em todas


as regiões, e seu cultivo ainda é feito em bases bastante rudimentares (VIEIRA et al., 1998), havendo a
necessidade da melhoria do sistema de produção dessa notável oleaginosa, pois, apesar de sua
importância a situação da mamonocultura brasileira é precária, devido aos escassos investimentos na
lavoura e a pouca utilização de sistemas racionais de cultivo, especialmente, para as condições do
semi-árido nordestino (AZEVEDO et al., 1997).

Em todo o mundo são poucos os trabalhos com irrigação na mamoneira, razão pela qual se
deve investir em pesquisas nesta área, a fim de se obter detalhes sobre o manejo da irrigação com
vistas ao ganho de produtividade, pelo aumento na eficiência produtiva da lavoura. No Brasil as áreas

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irrigadas ainda são pequenas e restritas a poucos Estados, onde já foram registradas produtividades
superiores a 6.000 kg ha-1 (BELTRÃO, 2006).

Além da irrigação, a definição do espaçamento e densidade de plantio, é um passo tecnológico


simples, mas de grande importância no planejamento de uma lavoura em determinada região. O uso
de espaçamentos e densidades de plantios indevidos poderá reduzir as produções ou acarretar
problemas de manejo da própria lavoura (AZEVEDO et al., 1997). Para a cultivar BRS Nordestina de
porte médio os espaçamentos mais recomendados são os seguintes: 2,0 m x 1,0 m; 3,0 m x 1,0 m e
4,0 m x 1,0 m, com uma planta por cova em solos de baixa, média e alta fertilidade respectivamente
(EMBRAPA ALGODÃO, 2002). Moraes et al. (2006) informam que o espaçamento de 3 m entre linhas
tem sido normalmente recomendado para a cultivar ―BRS Nordestina‖, mas há indícios de que o
adensamento da população propicie aumento de produtividade. Para a cultivar Mirante 10 as
informações sobre o espaçamento adequado são bastante escassas.

De um modo geral, quanto maior o espaçamento entre fileiras e plantas, maior será a
disponibilidade dos recursos naturais para cada planta. Estas circunstâncias permitem o
desenvolvimento de plantas mais exuberantes. Por outro lado à medida que se diminui o espaçamento
a população aumenta, e com ela a competição pelo substrato ecológico (AZEVEDO et al., 1997).
Cumpre salientar que diferentes cultivares podem responder de modo diferenciado aos espaçamentos
utilizados e ao uso da irrigação.

Neste sentido, objetivou-se com o presente trabalho, avaliar o grau de relação entre
características agronômicas da mamoneira.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido entre os meses de fevereiro e dezembro de 2005 em área


pertencente à Fazenda Experimental Vale do Curu - FEVC, do Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Ceará, localizada no município de Pentecoste - CE. O solo predominante na
área do experimento pertence à classe dos NEOSSOLOS FLÚVICOS (EMBRAPA SOLOS, 1999). O
município de Pentecoste está localizado geograficamente na Microrregião do Médio Curu do Estado do
Ceará, com coordenadas de 6º47‘34‘‘ de latitude sul e a 39º16‘13‘‘ de longitude oeste do Meridiano de
Greenwich, a uma altitude média de 60 metros (BRASIL, 1973).

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A classificação climática da região segundo Köppen é do tipo Aw‘: tropical chuvoso com cinco a
oito meses secos. As temperaturas médias anuais variam de 22ºC a 28ºC. Apresenta em média,
umidade relativa do ar em torno de 74% ao longo do ano. A precipitação média anual varia de 600 mm
a 1.100 mm com estação chuvosa concentrada entre os meses de janeiro e abril (BRASIL, 1973).

A cultura utilizada foi a mamoneira das cultivares BRS Nordestina e Mirante 10. O
delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com 12 tratamentos em esquema fatorial
2 x 3 x 2 e quatro repetições, sendo os fatores duas cultivares de mamona (BRS Nordestina e Mirante
10); três espaçamentos (1,5 m x 1,5 m; 2,0 m x 2,0 m; 2,5 m x 2,5 m) e duas épocas de plantio (19 de
fevereiro de 2005 em regime de irrigação e 04 de abril 2005, sob sequeiro).

Desse modo, o experimento foi composto por 48 unidades experimentais espaçadas em 2


metros. A área de cada parcela variou com o espaçamento utilizado e a área total do experimento foi
de 5.848 m². Cada parcela continha três fileiras de plantas. Foram instalados seis tratamentos em 19
de fevereiro de 2005 em regime de irrigação, visto que a estação chuvosa ainda não havia se
estabelecido e mais seis tratamentos em 04 de abril de 2005 sob condições dependentes de chuvas
(sequeiro).

O estudo das correlações entre as características agronômicas de cada cultivar de mamona,


com o intuito de se determinar o grau de relação entre as variáveis dependentes através do cálculo dos
coeficientes de correlação, cuja significância foi verificada pelo Teste t, em nível de 1% e 5% de
probabilidade. Os cálculos foram feitos com o programa computacional para análises estatísticas SAEG
v. 5.0 da Universidade Federal de Viçosa (1993).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo de correlação entre as características agronômicas da mamoneira foi realizado


separadamente em cada cultivar, visto que as cultivares BRS Nordestina e Mirante 10 apresentam
diferenças quanto ao porte, ciclo, tamanho das sementes e precocidade.

Na Tabela 1, são apresentados os coeficientes de correlação entre as características em


estudo, para a cultivar Mirante 10. Pelos resultados, verificou-se correlação positiva e altamente
significativa entre a altura das plantas (ALT) mensurada ao final do ciclo de cultivo e produtividade total
de grãos (PTG) r= 0,91**. Indicando que estas características variaram em um mesmo sentido, e que
existe uma tendência de aumento da produtividade de grãos com o aumento na altura das plantas.

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Lima e Santos (1998) também verificaram correlação positiva e significativa entre produtividade e altura
de plantas da mamoneira.

Houve correlação positiva entre a produtividade de grãos e o rendimento de óleo, em nível de


5% de probabilidade pelo Teste t. O número de internódios até a emissão do racemo primário (NINT)
foi positivo e significativamente correlacionado com a altura das plantas e com a precocidade da
cultura. Desse modo, pode-se inferir que plantas mais altas e com maior número de internódios, são
também mais tardias. Todavia, não há redução de produtividade com o atraso da iniciação floral, pois,
a altura das plantas e o número de internódios, foram positivamente correlacionados com a
produtividade de grãos da cultivar Mirante 10 (Tabela 1).

Para a cultivar ―BRS Nordestina‖, observou-se correlação positiva e significativa entre a


produtividade de grãos e as características altura de plantas (r= 0,93**), precocidade (r=0,51*), número
de internódios até a emissão do racemo primário (0,79**) e rendimento de óleo (0,48*). A característica
altura das plantas, também foi correlacionada positivamente com o número de internódios e
precocidade da mamoneira, constatando-se que o número de dias para a iniciação floral aumentou
com o número de internódios no caule e com a altura das plantas (Tabela 2).

CONCLUSÕES

A produtividade de grãos é positivamente correlacionada com a altura das plantas e com o


rendimento de óleo;

Altura de plantas, número de internódios e precocidade mantêm estreita relação entre si, e o
número de internódios é um bom indicativo da precocidade da cultura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S. Efeito da população


de plantas no rendimento da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1997, 5p.
(Comunicado Técnico, 54).

BELTRÃO, N. E. de M. Sistema de produção de mamona em condições irrigadas: Considerações


gerais. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006, 14 p. (Documentos, 132).

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BRASIL. Ministério da Agricultura. Levantamento Exploratório – Reconhecimento de Solos do Estado


do Ceará. Rio de Janeiro: MAPA/SUDENE, 1973. v. 1, p.301 (Boletim Técnico, 28).

EMBRAPA ALGODÃO. BRS – 149 Nordestina. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2002. 1 folder.

EMBRAPA SOLOS. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro). Sistema brasileiro de
classificação de solos. Brasília: Sistema de Produção de Informação - SPI, 1999. 412p.

LIMA, E. F.; SANTOS, J. W. dos. Correlações genotípicas, fenotípicas e ambientais entre


características agronômicas da mamoneira (Ricinus communis L.). Rev. bras. ol. Fibros., Campina
Grande, v. 2, n. 2, p. 147-150, maio-ago., 1998.

MORAES, C. R. de A.; SEVERINO, L. S.; VALE, L. S.; COELHO, D. K.; GONDIM, T. M. S.; BELTRÃO,
N. E. de M. Produção e teor de óleo da mamoneira de porte médio plantada em diferentes
espaçamentos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2., 2006, Aracaju. Anais...Campina
Grande: Embrapa Algodão, 2006. 1 CD-ROM.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Sistema para análises estatísticas, SAEG V- 5.0.


Fundação Arthur Bernardes, Viçosa, MG: UFV, 1993.

VIEIRA, R. de M. et al. Competição e cultivares de linhagens de mamoneira no Nordeste do Brasil


– 1993/96. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1998, 14p. (Comunicado Técnico, 71).

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Tabela 1. Coeficientes de correlação entre algumas características agronômicas da cultivar de mamona Mirante 10.
Pentecoste – CE, 2005.
Característica PTG ROIL NINT PRE NRAM ALT

ALT 0,91** 0,29ns 0,71** 0,34ns 0,73** 1,00

NRAM 0,56** -0,12ns 0,29ns -0,02ns 1,00

PRE 0,35ns 0,24ns 0,75** 1,00

NINT 0,73** 0,41* 1,00

ROIL 0,45* 1,00

PTG 1,00

**; *; ns, significativo a 1% e 5% de probabilidade e não significativo, respectivamente pelo Teste t. ALT, altura da planta no
final do ciclo; NRAM, número de ramos laterais; PRE, precocidade; NINT, número de internódios; ROIL, rendimento de óleo;
PTG, produtividade de grãos.

Tabela 2. Coeficientes de correlação entre algumas características agronômicas da cultivar de mamona BRS Nordestina.
Pentecoste – CE, 2005.
Característica PTG ROIL NINT PRE NRAM ALT

ALT 0,93** 0,33ns 0,83** 0,58** 0,33ns 1,00

NRAM 0,30ns 0,41ns 0,59** 0,32ns 1,00

PRE 0,51* 0,00ns 0,54** 1,00

NINT 0,79** 0,17ns 1,00

ROIL 0,48* 1,00

PTG 1,00

**; *; ns, significativo a 1% e 5% de probabilidade e não significativo, respectivamente pelo Teste t. ALT, altura da planta no
final do ciclo; NRAM, número de ramos laterais; PRE, precocidade; NINT, número de internódios; ROIL, rendimento de óleo;
PTG, produtividade de grãos.

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ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) E SEU


POTENCIAL DE FIXAÇÃO DO CO2 EM CULTIVO IRRIGADO

José Ronilmar de Andrade1; Natássya Nyuska Cabral de Lima1; Fábio Aquino de Albuquerque2
1 Universidade Estadual da Paraíba/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Departamento de Biologia; 2 EMBRAPA
Algodão/Departamento de Manejo Cultural; ronilmar_andrade@hotmail.com

RESUMO – O pinhão manso, Jatropha curcas L., espécie nativa do Brasil, da família das Euforbiáceas
é uma cultura viável para pequenas propriedades rurais, constituindo-se como uma alternativa viável na
composição de uma matriz energética ecologicamente correta. Hoje, o pinhão manso vem se
destacando como uma das alternativas a mamoneira em todo o Brasil por apresentar sinais
agronômicos e ambientais mais vantajosos e grande parte do semi-árido do Brasil, apresenta
condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento. As principais vantagens do cultivo racional
do pinhão manso são o baixo custo de produção e sua capacidade de produzir em solos pouco férteis
e arenosos, além da alta produtividade, da facilidade de cultivo e de colheita das sementes. Outro
aspecto positivo é a fácil conservação da semente após a colheita, podendo ser armazenada por
longos períodos sem os inconvenientes da deterioração do óleo como acontece com as sementes de
outras oleaginosas. O presente trabalho avaliou o crescimento e desenvolvimento de plantas de pinhão
manso (Jatropha curcas L.) e sua relação com a fixação do CO2. Os resultados mostraram que a
determinação do diâmetro caulinar associado a altura da plantas, são medidas consistentes para
estimativa da fixação de CO2 pela planta.
Palavras-chave – Jatropha curcas L.; pinhão manso; biocombustíveis; fixação de CO2.

INTRODUÇÃO

O biocombustível assume hoje em dia um papel importante na economia mundial devido à


diminuição das reservas de petróleo e à crescente crise ambiental decorrente da emissão de gases do
efeito de estufa (Trzeciak et al, 2009). Neste contexto surge o pinhão manso (Jatropha curcas L.),
como uma alternativa viável para a produção de biodiesel, pois para além de ser uma cultura que não
entra em competição com o mercado alimentar apresenta uma elevada resistência às condições de
sequeiro (Luís, 2009). Dentre os benefícios ambientais agregados ao cultivo do pinhão manso está a
fixação do CO2 e o reflorestamento de áreas de vegetação de caatinga (Fazenda, 2006). Segundo
Ackon e Ertel (2005), o óleo de pinhão reduz as emissões de CO2, não emite gases de efeito estufa e
contém enxofre em valores inexpressivos (não formando dióxido de enxofre que causa a chuva ácida),

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sendo, portanto, uma alternativa que atende aos fatores ambientais. O cultivo e a colheita do pinhão
manso, realizados de forma responsável, agregam valor socioeconômico para as comunidades locais e
não competem com a produção de alimentos ou fontes de água potável (Goothuzem, 2010).

O pinhão manso, por ser uma planta asselvajada, apresenta significativa desuniformidade
quanto a crescimento, arquitetura e desenvolvimento (Albuquerque et al., 2008). A análise de
crescimento é uma técnica válida para estudar as bases fisiológicas da produção. Esta técnica
descreve as condições morfo-fisiológicas das plantas em diferentes intervalos de tempo sendo utilizada
para a investigação do efeito de fenômenos ecológicos sobre o crescimento de espécies vegetais (Siva
et al., 2000). Conhecer os aspectos de crescimento e desenvolvimento da planta é primordial para o
desenvolvimento de um programa consistente de melhoramento para esta oleaginosa. Buscando dar
continuidade às pesquisas desenvolvidas na Embrapa Algodão com foco no desenvolvimento de
tecnologias de energia limpa, estudou-se a redução de gases do efeito estufa via fixação do CO 2 pelas
plantas do pinhão manso.

Metodologia

O estudo foi conduzido na fazenda Veludo, pertencente à EMEPA (Empresa Estadual de


Pesquisa da Paraíba), município de Itaporanga-PB (7º 18' 16" S e 38º 09' 16" W Gr e altitude de 291 m
acima do nível no mar), com clima Aw (quente e úmido). O plantio foi realizado no espaçamento 3x2 m,
colocando-se três sementes por cova com profundidade de 3 cm. Foi realizada adubação com NPK (55
- 50 - 30), de acordo com análise de solo, sendo o nitrogênio distribuído em duas aplicações, 20% na
fundação e o restante, aos 45 dias após a emergência das plântulas.

Por ocasião da primeira avaliação, foi realizado o desbaste, deixando-se uma planta por cova.
Foram coletadas as seguintes variáveis: altura de planta, diâmetro caulinar a 2,5 cm do colo e área
foliar – através da formula A.F.  0,84N .P.  L  0,99 , sugerido por Severino et al. (2005), onde
N.P. = Nervura principal; L=largura do limbo foliar. Foi também determinada a fitomassa seca de cada
estrutura da planta, através de método destrutivo. Os dados coletados foram submetidos à análise
regressão para confecção das curvas de crescimento da planta. Para as variáveis altura de planta e
diâmetro caulinar, os dados foram ajustados ao modelo sigmóide (Calbo et al., 1989a,b), devido à
coerência com a fenologia de crescimento das plantas. Para a área foliar, ajustaram-se os dados a
equações polinomiais. A estimativa de produção foi realizada, coletando-se os frutos de todas as

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plantas da área experimental. A estimativa de sequestro de CO2 foi determinada pela fórmula da
biomassa, considerando 1g de M.S = 1,5 g de CO2 = 0,42 g de C. (Evans, 1972).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A emergência das plântulas ocorreu aos 15 dias após a semeadura e aos 20 dias após a
emergência foi realizada a primeira análise do material; nessa ocasião, as plantas apresentavam altura
média de 49 cm. Observou-se que o pinhão manso apresentou um crescimento rápido até os 60 dias
após a emergência, período em que as plantas apresentaram altura média de 103 cm.

Drumond et al. (2010) afirma que apesar de a espécie ser considerada perene, a característica
altura de plantas pode ser considerada de importância secundária, quando comparado com espécies
de importância madeireira, em que a altura de plantas e o diâmetro exercem influência direta. No
presente estudo, a maior expressão na altura de planta (130,20 cm) foi detectada aos 100 dias.

Dentre as medidas não destrutivas, a altura (Figura 1A) foi a que cresceu mais uniformemente
(R2=0,9988), demonstrando acúmulo constante da fitomassa ao longo do tempo. A fitomassa
acumulada para o período do estudo foi de 3153,73 kg/ha. Em termos de partição de assimilados, 59%
da fitomassa acumulada estavam presentes no caule, 25% nas folhas e 16% nas raízes. A fitomassa
seca da planta é um importante parâmetro na avaliação do crescimento, pois sua determinação no
ciclo da cultura possibilita estimar o crescimento e o desenvolvimento das plantas (Lopes et al., 2005).
O acúmulo de fitomassa em folhas, caule e raízes são informações imprescindíveis para conhecerem-
se o crescimento e o desenvolvimento de uma planta e essas informações podem servir como subsídio
para compreender suas fenofases. A idade da planta, representada pelo fator época, exerceu forte
influência nas características agronômicas do pinhão manso (Albuquerque, 2008).

A expansão da área foliar (Figura 1C) culminou aos 40 DAE com média de 133,18 cm 2 e esse
valor foi reduzido para 117 cm2 aos 100 dias após a emergência. A área foliar das plantas é de suma
importância para seu desenvolvimento e Severino et al. (2005) relatam que esta variável se relaciona
diretamente com a capacidade fotossintética de interceptação da luz, interfere na cobertura do solo, na
competição com outras plantas e em várias outras características.

A análise de variância (ANOVA) mostrou que as medidas de diâmetro caulinar e área foliar
mostraram-se como as medidas mais consistentes do ponto de vista de determinação do acúmulo de
fitomassa e consequente fixação de carbono (p < 0,05).

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O estudo realizado apresentou uma fixação de CO2 de 4,37 toneladas CO2/ha. Ferreira &
Batista (2009) afirmam que o poder de absorção/fixação do CO2 d

o pinhão manso é de 8 kg/planta/ha; para o espaçamento analisado (3 x 2m) com uma


população de 1600 plantas tem-se uma absorção de 12,8 toneladas CO2/ha. De acordo com Andrade
et al (2009) estas diferenças, provavelmente, estão relacionadas com as condições edafoclimáticas das
regiões estudadas, dado que a fixação de CO2 é dependente da produção de grãos e do
desenvolvimento vegetativo da planta. A produtividade média estimada para o período foi de 333,5
kg/ha. Em cultivos comerciais, a produtividade média é de 5 t ha -1, com a cultura estabelecida e em
condições favoráveis de água e nutrientes (Teixeira, 2005).

CONCLUSÃO

O estudo da fixação do CO2 via quantificação da fitomassa foi realizado com sucesso. A
análise estatística revelou que as medidas de diâmetro caulinar e área foliar foram as medidas mais
consistentes do ponto de vista de determinação do acúmulo de fitomassa e consequente fixação de
carbono, alcançando uma produtividade de 333,5 kg/ha, um acúmulo de fitomassa de 3153,73 kg/ha e
uma fixação de 4,37 toneladas de CO2/ha.

A despeito de ser cultivada há séculos em várias partes do mundo, e particularmente em


países da Ásia e da África, informações quanto ao manejo de plantios comercias de pinhão manso são
ainda escassas na literatura. Verifica-se que os trabalhos que avaliam a produtividade do pinhão
manso normalmente estão pautados em estimativas que nem sempre correspondem à realidade do
campo. No caso do pinhão manso, um número reduzido de amostras poderá expressar resultados não
condizentes, pois se trata de uma planta com variadas expressões agronômicas e seu comportamento
nas diversas condições edafoclimáticas merecem mais estudos.

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140
120
100
Altura (cm)

80
y = 50.022Ln(x) - 99.747
60
40 R2 = 0.9988
20
0
20 40 60 80 100 120
DAE

Valores Observados Valores estimados

Figura 1A - Comportamento da evolução da altura do pinhão manso

7
6
Diâmetro (cm)

5
4
y = 1.9841Ln(x) - 3.2237
3 R2 = 0.9946
2
20 40 60 80 100 120
DAE

Valores Observados Valores estimados

Figura 1B - Comportamento da evolução do diâmetro caulinar do pinhão manso

140
Área Foliar (cm 2 )

120

100

80 y = 0.0004x3 - 0.0892x2 + 5.9597x + 5.1755


R2 = 0.8503
60
20 40 60 80 100 120
DAE

Valores Observados Valores estimados

Figura 1C - Comportamento da evolução dá área foliar do pinhão manso

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ESTUDO SÓCIO FLORÍSTICO DA VEGETAÇÃO ESPONTÂNEA ASSOCIADA À CULTURA DE


Jatropha curcas L. IRRIGADA COM ÁGUA RESIDUÁRIA

Filipe Fernandes de Sousa1; Luciana dos Santos Almeida1; Gilmara Lima Pereira1; Leandro Oliveira de
Andrade1; Messias Firmino de Queiroz1; Vanuze Costa de Oliveira1; Tayama Rodrigues Uchoa1
1 Universidade Estadual da Paraíba – CCAA, filipe_fernandes08@yahoo.com.br

RESUMO – A vegetação espontânea é caracterizada pelo seu alto poder de disseminação, e pode
surgir em locais indesejados, dentre eles nas culturas de interesse econômico. Este trabalho teve como
objetivo de estabelecer um estudo sócio florístico da vegetação espontânea associada à cultura de
Jatropha curcas irrigada com água residuária. Em levantadas 18 espécies, distribuídas em 11 famílias,
sendo que a família Poaceae registrou o maior número de espécies infestantes no valor de cinco,
representando 28% da comunidade infestante, seguida da Asteraceae, Faboideae e Malvaceae com
duas espécies cada, representando 33% do total, enquanto que Amaranthaceae, Commelinaceae,
Boraginaceae, Euphorbiaceae, Molluginaceae, Oxalidaceae e Rubiaceae tiveram baixa representação
com apenas uma espécie cada. Representando 6% cada. Poaceae, a mais representativa família na
área de estudo, está entre as com maior número de espécies de plantas daninhas no Brasil,
compartilhando diversas características que favorecem o seu desenvolvimento. A partir do
levantamento feito é possível se planejar um manejo racional da vegetação espontânea.
Palavras-chave – levantamento, Asteraceae, erva daninha, pinhão manso

INTRODUÇÃO

As plantas ―daninhas‖ são consideradas plantas invasoras que crescem em lugares


indesejáveis (LORENZI, 2000). Essas plantas conseguem se desenvolver rapidamente em diversos
locais onde causam prejuízos por competirem com as plantas que são do interesse humano (LORENZI,
1990; LORENZI, 2000; HOLM et al., 1991), entretanto a permanência da comunidade infestante entre
as linhas das culturas é desejável como pratica auxiliar no controle da erosão , o que se justifica em
razão de a cobertura vegetal reduzir a energia do impacto das gotas de chuva sobre o solo (VIEIRA,
1989). Pesquisas têm esboçado a possibilidade do emprego dessa técnica, largamente utilizada em
culturas perenes, em culturas anuais, como a do milho (BLANCO et al., 1973).

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Diversos estudos abordaram a relação entre as plantas daninhas e outras plantas


economicamente importantes (PAES e REZENDE, 2001; CARDINA et al., 2002; DUARTE et al., 2007).
Esses estudos tiveram como objetivo central avaliar estratégias potenciais para interromper ou
amenizar os impactos causados pelas plantas daninhas em ambientes de utilização humana,
principalmente em áreas de culturas agrícolas e em áreas onde as plantas são utilizadas com fins
ornamentais.

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta promissora para a produção de biodiesel.
Desta planta, obtém-se biocombustível que libera poucos poluentes, e o CO2 liberado pode ser
reciclado através da própria lavoura; contudo, existem poucas informações sobre seu cultivo
(CASTELLANOS, 2006). Então com o aumento das lavouras de pinhão manso, torna-se de suma
importância o controle das plantas daninhas no sistema.

A alta densidade da vegetação espontânea pode causar graves prejuízos para o pinhão
manso; no Brasil, estudos realizados sobre a interferência dessa vegetação em hortaliças mostram
que, além de prevalecente ela é danosa entre 20% e 50% do ciclo de vida da cultura. Portanto, é
indispensável conhecer o período crítico da competição das plantas daninhas com as plantas
cultivadas, para estabelecer um manejo adequado evitando maiores prejuízos (MACIEL, 2003). Com
isso objetivou-se fazer o estudo sócio florístico da vegetação espontânea associada à cultura de
Jatropha curcas irrigada com água residuária.

METODOLOGIA

O levantamento da vegetação espontânea foi feito no município de Lagoa-Seca, no estado da


Paraíba, em área experimental pertencente ao Centro de Ciências Agrárias e Ambientais (CCAA),
Campus II, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado nas coordenadas geográficas de
latitude 7º 09‘ S; longitude 35º 52‘ W e altitude 634 m. Especificamente, de Fevereiro à Abril de 2010,
escolheu-se a área experimental de 250 m2, ocupada pela cultura do pinhão manso, Jatropha curcas
L., plantada desde Janeiro de 2009, irrigada com diferentes lâminas de água residuária, com
espaçamento entre as plantas de 1,5m na mesma linha e 2,5m entre filas em sistema de manejo da
vegetação espontânea do tipo mecânico, com capina manual, sendo a última realizada no mês de
setembro de 2009, 6 meses antes da avaliação.

Durante o levantamento foram realizadas visitas semanais à área para identificação visual das
espécies, in loco, com o auxílio do manual de identificação (LORENZI, 2006). Foi feito o planejamento

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da área através do método do quadrado inventário, e as visitas permaneceram até que nenhuma nova
espécie fosse identificada.

A nomenclatura usual e a autoria das espécies foi baseado em LORENZI (2005). e a


classificação das espécies dentro das famílias foi feita usando como base o sistema APG II, de acordo
com o referido SOUZA E LORENZI (2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em toda a área foram identificadas 18 espécies, distribuídas em 11 famílias, sendo que a


Poaceae registrou o maior número de espécies infestantes com cinco espécies, representando 28% da
comunidade infestante, seguida da Asteraceae, Faboideae e Malvaceae com duas espécies cada,
representando 33% do total, enquanto que Amaranthaceae, Commelinaceae, Boraginaceae,
Euphorbiaceae, Molluginaceae, Oxalidaceae e Rubiaceae tiveram pouca representação com apenas
uma espécie cada. Representando 6% cada.

As Poaceae estão entre as famílias de plantas mais importantes economicamente no mundo e


é, freqüentemente, bastante representativa em termos de espécies de plantas daninhas em vários
ambientes (HOLM et al., 1991; LORENZI, 2000; ERASMO et al., 2004). Um estudo desenvolvido por
SOUZA et al. (2003) identificou uma alta interferência de plantas daninhas em agrossistemas de
cupuaçuzeiro e pupunheira, sendo que as espécies da família Poaceae foram as mais representativas,
assim como o que foi observado no presente estudo.

De acordo com LORENZI (2000) as Asteraceae estão entre as primeiras plantas daninhas que
surgem após o preparo do solo, devido a sua grande adaptação em locais desbravados, possui uma
grande produção de sementes, onde uma única planta chega a produzir de 3000 a 6000 sementes,
apresenta um fácil processo de dispersão e também um mecanismo de dormência, onde as sementes
enterradas no solo em estado de dormência podem germinar após três a cinco anos (LORENZI, 1990).

Segundo HOLM et al. (1991), grande parte das espécies da família Poaceae é perene e produz
grande quantidade de sementes, o que aumenta consideravelmente o seu poder de disseminação e a
colonização de diversos tipos de ambientes, mesmo que suas condições sejam inóspitas.

As características referentes ao desenvolvimento da vegetação espontânea, encontradas na


área, fazem com que os procedimentos de erradicação adotados para controlar as populações dessas
espécies sejam altamente específicos, dependendo de diversos conhecimentos da biologia da cada

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uma. Já que, para algumas espécies até o presente momento não existem herbicidas com poder eficaz
de erradicação, devido ao fato de suas propriedades biológicas ainda serem desconhecidas
(RODRIGUES E ALMEIDA, 2005).

CONCLUSÃO

A família espontânea mais representativa foi a Poaceae seguida por Asteraceae e


Euphorbiaceae e Malvaceae representando 51% da comunidade infestante.

A correta identificação dessas espécies sempre é fundamental para o manejo fitossanitário


adequado do pinhão manso, assim como em qualquer espécie cultivada.

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Figura 1: Número de espécies de plantas espontâneas por família registradas na área cultivada, Lagoa-Seca, Paraíba.

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Tabela 1: Vegetação espontânea registrada na área cultivada, Lagoa-Seca, Paraíba.

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME COMUM

Amaranthaceae
Bredo
Amaranthus hybridus var. patulus ( Betol) Thell

Asteraceae
Carrapicho de carneiro
Acanthospermum hispidum DC
Botão de ouro
Galinsoga quadriratia Ruiz & Pav.
Boraginaceae
Crista de galo
Heliotropium indicum L.
Commelinaceae
Trapoeraba
Commelina benglalensis L
Euphorbiaceae
Erva de santa Luzia
Chamaesyce hirta L. Millsp
Faboideae
Angiquinho
Aeschynomene dendiculata Rudd
Angiquinho
Aeschynomene rudis Benth
Malvaceae
Vassourinha
Anoda cristata (L.) Schltdl.
Guanxuma
Malvastrum coromandelianum (L.) Garcke
Molluginaceae
Capim tapete
Mollugo Verticillata L.
Oxalidaceae
Azedinha
Oxalis corniculata L
Poaceae
Grama seda
Cynodon dactylon (L.) Pers
Capim quicuio
Pennisetum clandestinum Hochst. Ex Chiov.
Capim dandá
Cyperus rotundus L
Azevém
Leptochloa filiformis (Pers) P. Beauv.
Capim marmelada
Brachiaria plantaginea (Link) Hitchc
Rubiaceae
Poaia branca
Richardia brasilienses Gomes

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ETHEPHON NA FASE INICIAL DE CRESCIMENTO DA MAMONA PARA REDUÇÃO DE PORTE: 1.


CULTIVAR IAC 2028 1

José Salvador Simoneti Foloni 1; Renato Bartels Paulo 2; Rodolpho Koga Takaki 3;
Tiago Aranda Catuchi 4
1 Pesquisador Científico/Fitotecnia, IAPAR, Londrina-PR, bolsista CNPq; 2 Graduando em Agronomia, UEL, Londrina-PR,
bolsista Fundação Araucária; 3 Graduando em Agronomia, UEL, Londrina-PR, bolsista Pibic-CNPq; 4 Mestrando em
Agronomia/Produção Vegetal, UNOESTE, Presidente Prudente-SP, bolsista Fapesp. E-mail: sfoloni@iapar.br

RESUMO – Relata-se que o etileno é um inibidor da divisão celular, da expansão celular e do transporte de
auxinas, e apresenta efeito expressivo na redução do crescimento do caule em comprimento. Objetivou-se com
este trabalho avaliar o crescimento inicial da cultivar de mamona IAC 2028 submetida à pulverização foliar com
doses de ethephon. O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Iapar, em Londrina-PR, de setembro
a dezembro de 2009. O delineamento experimental foi em blocos, com quatro repetições, com os seguintes
tratamentos: IAC 2028 submetida a doses equivalentes a 0 (controle), 50, 100, 200, 400 e 800 g ha -1 de
ethephon. As pulverizações foram realizadas com equipamento manual de precisão pressurizado a CO2. Aos 40
e 120 dias após a emergência das plântulas (DAE), mediu-se a altura do caule, número de nós do caule e área
foliar. Aos 120 DAE fez-se o corte das plantas para determinação de fitomassa. A cultivar IAC 2028 apresenta
elevada sensibilidade ao ethephon pulverizado na fase inicial de desenvolvimento das plantas, com expressiva
redução no porte das plantas e no comprimento dos internódios do caule a partir de doses relativamente baixas
do fito-regulador. A ausência de variação para a área foliar e a resposta pouco expressiva de redução de
fitomassa de folhas em função da pulverização com ethephon, reforçam a perspectiva de uso deste fito-
regulador em lavouras de mamona, sem comprometer a capacidade fotossintética das plantas. O ethephon
proporciona forte redução na fitomassa de caule da cultivar IAC 2028, evidenciando o potencial para manejo de
dossel em lavouras de manona.

Palavras-chave – Regulador de crescimento, Ricinus communis, fito-regulador, altura de plantas.

INTRODUÇÃO

Os reguladores de crescimento são substâncias sintéticas que alteram o balanço hormonal das plantas,
podendo ser utilizados para o manejo do dossel das culturas (Taiz e Zeiger, 2004). Entre os reguladores
vegetais, tem-se o etileno é um inibidor da divisão celular, da expansão celular e do transporte de auxinas, e
apresenta efeito expressivo na redução do crescimento do caule em comprimento (Coll et al., 2001). De acordo
com Azevedo et al. (2007), os principais fatores que influenciam a definição do espaçamento entrelinhas e a
população de plantas na lavoura de mamona são o porte da cultivar, a disponibilidade hídrica, a fertilidade do

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PR.

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solo, o manejo fitossanitário e adequação para as operações de tratos culturais e colheita, e buscam-se, para
determinados sistemas de produção, plantas de porte mais baixo que permitam o adensamento da cultura e a
mecanização.

Objetivou-se com este trabalho avaliar o crescimento inicial da cultivar de mamona IAC 2028
submetida à pulverização foliar com doses equivalentes a 0, 50, 100, 400 e 800 g ha-1 de ethephon.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Iapar, em Londrina-PR, de setembro a


dezembro de 2009. Utilizou-se uma porção de Latossolo vermelho distroférrico argiloso que foi
corrigida para elevar a saturação por bases a 70%, adubada com N, P, K e S nas doses de 150, 150,
120 e 50 mg dm-3, respectivamente, e com 2, 6, 1,5, 2 e 1 mg dm-3 de Mn, Zn, Cu, B e Mo,
respectivamente. Foi utilizada a cultivar IAC 2028, com desbaste para deixar uma planta por vaso, que
continham 12 dm3 de solo cuja umidade foi monitorada, e fizeram-se regas diárias controladas para
repor a água evapotranspirada. O delineamento experimental foi em blocos completos ao acaso, com
quatro repetições, com os seguintes tratamentos: IAC 2028 submetida a doses equivalentes a 0
(controle), 50, 100, 200, 400 e 800 g ha-1 de ethephon, a partir do produto comercial Ethrel®. As doses
de ethephon foram divididas para três aplicações foliares seqüenciais, realizadas nos estádios de 1a, 3a
e 5a folha alternada totalmente desdobrada na haste principal. As aplicações de ethephon foram
realizadas com pulverizador manual de precisão, pressurizado a CO2, munido de barra com duas
ponteiras modelo TT-110.02 espaçadas a 0,50 m, posicionadas a aproximadamente 0,50 m acima do
dossel vegetal, com pressão de serviço da ordem de 40 PSI e consumo de calda de 210 L ha -1. Aos 40
e 120 dias após a emergência das plântulas (DAE), foram realizadas medições não destrutivas de
altura do caule a partir da superfície do solo até a inserção da última folha, número de nós no caule e
área foliar (Severino et al., 2005). Aos 120 DAE fez-se o corte da parte aérea das plantas rente à
superfície do solo, sendo o caule e as folhas separados e submetidos à secagem em estufa a 60 oC até
atingirem massa constante. Os resultados foram submetidos à análise de regressão e foram ajustadas
equações significativas pelo teste F (P0,05), que apresentaram os maiores coeficientes de
determinação (R2).

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Resultados e discussão

A cultivar IAC 2028 apresentou expressiva resposta à pulverização foliar com ethephon (ET) na fase
inicial de crescimento das plantas (Figura 1). Aos 40 DAE, de acordo com ajuste de regressão, houve forte
redução na altura de plantas a partir das menores doses de ET, ou seja, a mamona no tratamento controle
(ausência de regulador) apresentou porte da ordem de 39 cm, e com apenas 50 g ha -1 de ET houve redução
para aproximadamente 28 cm (Figura 1-a). Ressalta-se que aos 40 DAE, as respostas de altura de plantas e de
comprimento de internódios à pulverização com ET foram expressivas com doses relativamente baixas, e
mantiveram estabilidade considerável até a dose máxima estudada de 800 g ha-1 de ET (Figuras 1-a e 1-b). Ou
seja, a cultivar IAC 2028 apresentou elevada sensibilidade ao ET, e ao mesmo tempo forte estabilidade ao
excesso do fito-regulador.

É preciso ressaltar que a cultivar IAC 2028 não floresceu no presente trabalho, nem mesmo no
tratamento com ausência de ET (controle), com as plantas sendo conduzidas em condições controladas até os
120 DAE, com temperaturas médias no decorrer da condução do trabalho variando entre 20 e 30 oC.

Aos 120 DAE, a altura de plantas apresentou resposta linear negativa ao aumento das doses de ET,
partindo de aproximadamente 98 cm no tratamento controle para cerca de 76 cm com 800 g ha-1 de ET (Figura
1-a). Por outro lado, o comprimento de internódios aos 120 DAE apresentou forte redução com as menores
doses de ET e manteve-se expressivamente estável à medida que as doses do fito-regulador foram
aumentadas, comportamento bastante semelhante ao observado aos 40 DAE (Figura 1-b).

Não houve resposta de área foliar das plantas de mamona em função da pulverização com doses de
ET, tanto aos 40 DAE como aos 120 DAE (Figura 1-c), evidenciando que o ET tem potencial para manejo de
porte da cultivar IAC 2028, sem comprometer a capacidade fotossintética da cultura. Por outro lado, a fitomassa
de folhas aos 120 DAE foi reduzida com o uso de ET (Figura 1-d). Contudo, da mesma maneira que ocorreu com
a altura de plantas aos 40 DAE e com o comprimento de internódios aos 40 e 120 DAE, a fitomassa de folhas foi
bastante sensível a baixas doses de ET, e manteve-se consideravelmente estável com o aumento excessivo até
800 g ha-1 (Figura 1-d).

A ausência de variação para a área foliar e a resposta pouco expressiva de redução de fitomassa de
folhas em função da pulverização com ET, reforçam a perspectiva de uso deste fito-regulador em lavouras de
mamona, visando a redução de altura de plantas, menor comprimento de internódios e menor fitomassa de
caules (Figuras 1-a, 1-b e 1-d).

No que diz respeito à fitomassa de caule aos 120 DAE, observa-se na figura 1-d que houve expressiva
redução de acúmulo de matéria vegetal na estrutura vegetativa com a aplicação do fito-regulador, sendo a
máxima redução alcançada com doses entre 500 e 600 g ha-1 de ET. Portanto, partindo do princípio de que a
mamona imobiliza expressivas quantidades de matéria vegetal na formação de caules e ramos, o uso de ET
pode vir a ser uma ferramenta importante para manejo do dossel de plantas, no sentido de elevar o índice de

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colheita da lavoura, ou seja, aumentar a fitomassa de grãos em detrimento da fitomassa de estruturas


vegetativas.

CONCLUSÃO

A cultivar IAC 2028 apresenta elevada sensibilidade ao ethephon pulverizado na fase inicial de
desenvolvimento das plantas, com expressiva redução no porte das plantas e no comprimento dos
internódios do caule a partir de doses relativamente baixas do fito-regulador.

A ausência de variação para a área foliar e a resposta pouco expressiva de redução de


fitomassa de folhas em função da pulverização com ethephon, reforçam a perspectiva de uso deste
fito-regulador em lavouras de mamona sem comprometer a capacidade fotossintética das plantas.

O ethephon proporciona forte redução na fitomassa de caule da cultivar IAC 2028,


evidenciando o potencial para manejo de dossel de lavouras de manona.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P.de; BELTRÃO, N.E.de M.; SEVERINO, L.S. Manejo cultural. In: AZEVEDO,
D.M.P.de; BELTRÃO, N.E.de M. (Eds.). O agronegócio da mamona no Brasil. (2 Ed.). Campina
Grande: Embrapa Algodão. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2007. p. 223-254.

COLL, J.B.; RODRIGO, G.N.; GARCIA, B.S.; TAMÉS, R.S. Fisiologia vegetal. Madrid: Piramide, 2001.
566 p.

SEVERINO, L.S.; CARDOSO, G.D.; VALE, L.S.de; SANTOS, J.W.dos. Método para determinação da
área foliar da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 20 p. (Embrapa Algodão.
Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 55).

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. (3 Ed.). Porto Alegre: Artmed, 2004. 719 p.

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120 6

110
120 DAE ( □):
5
100 ŷ = -0,027x + 97,98
(R2 = 0,48**)

Comprimento de internódios (cm)


90
4
Altura de plantas (cm)

80 120 DAE ( □):


ŷ = 2,20 * exp (16,94/(x+37,76))
70 3 (R2 = 0,91*)

60
2
50 40 DAE ( ∆):
ŷ = 24,92 * exp (18,58/(x+41,28))
40 (R2 = 0,92*)
1 40 DAE ( ∆):
ŷ = 1,88 * exp (100,80/(x+102,72))
30
(R2 = 0,99**)

20 0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
(a) (b)
Ethephon (g ha-1) Ethephon (g ha-1)

60 50

55
45
50 120 DAE ( □):
y = ŷ = 40,51 (ns) 40
45
35 Fitomassa de caule ( □):
Massa da matéria seca (g)

40 ŷ = 5E-05x 2 - 0,07x + 45,07


(R2 = 0,82*)
Área foliar (dm 2)

35 30

30 25

25 20
20 40 DAE ( ∆):
y = ŷ = 30,72 (ns) 15
15
10 Fitomassa de folhas ( ∆):
10 ŷ = 17,25 * exp (16,50/(x+38,20))
(R2 = 0,86*)
5 5

0 0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
(c) (d)
Ethephon (g ha-1) Ethephon (g ha-1)

Figura 1. Altura de plantas (a), comprimento de internódios do caule (b), área foliar total (c) e fitomassa de folhas e caule
(d) da cultivar de mamona IAC 2028, com medidas realizadas aos 40 e 120 dias após a emergência das plântulas (DAE),
em razão da pulverização foliar com doses equivalentes a 0, 50, 100, 200 e 800 g ha -1 de ethephon. * e ** significativos a
5% e 1% de probabilidade, respectivamente. ns: não significativo.

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ETHEPHON NA FASE INICIAL DE CRESCIMENTO DA MAMONA PARA REDUÇÃO DE PORTE: 2.


CULTIVAR BRS ENERGIA 1

José Salvador Simoneti Foloni 1; Renato Bartels Paulo 2; Rodolpho Koga Takaki 3;
Tiago Aranda Catuchi 4
1 Pesquisador Científico/Fitotecnia, IAPAR, Londrina-PR, bolsista CNPq; 2 Graduando em Agronomia, UEL, Londrina-PR,
bolsista Fundação Araucária; 3 Graduando em Agronomia, UEL, Londrina-PR, bolsista Pibic-CNPq; 4 Mestrando em
Agronomia/Produção Vegetal, UNOESTE, Presidente Prudente-SP, bolsista Fapesp. E-mail: sfoloni@iapar.br

RESUMO – Relata-se que o etileno é um inibidor da divisão celular, da expansão celular e do transporte de
auxinas, e apresenta efeito expressivo na redução do crescimento do caule em comprimento. Objetivou-se com
este trabalho avaliar o crescimento inicial da cultivar de mamona BRS Energia submetida à pulverização foliar
com doses de ethephon. O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Iapar, em Londrina-PR, de
setembro a dezembro de 2009. O delineamento experimental foi em blocos, com quatro repetições, com os
seguintes tratamentos: BRS Energia submetida a doses equivalentes a 0 (controle), 50, 100, 200, 400 e 800 g
ha-1 de ethephon. As pulverizações foram realizadas com equipamento manual de precisão pressurizado a CO2.
Aos 40 dias após a emergência das plântulas e no surgimento do racemo de 1a ordem, mediu-se a altura do
caule, número de nós do caule e área foliar. Na emissão do racemo primário fez-se o corte das plantas para
determinação de fitomassa. O ethephon apresenta forte potencial para a redução de porte da cultivar BRS
Energia, podendo constituir uma estratégia para manejo de lavouras de mamona, porém, este fito-regulador
também proporciona expressivo prejuízo para a área foliar e para o acúmulo de matéria vegetal, o que pode
comprometer o rendimento por unidade de planta. Dose equivalente a 800 g ha-1 de ethephon retarda
expressivamente o florescimento da cultivar BRS Energia.

Palavras-chave – Regulador de crescimento, Ricinus communis, fito-regulador, altura de plantas.

INTRODUÇÃO

Os reguladores de crescimento são substâncias sintéticas que alteram o balanço hormonal das
plantas, podendo ser utilizados para o manejo do dossel das culturas (Taiz e Zeiger, 2004). Entre os
reguladores vegetais, tem-se o etileno é um inibidor da divisão celular, da expansão celular e do
transporte de auxinas, e apresenta efeito expressivo na redução do crescimento do caule em
comprimento (Coll et al., 2001). De acordo com Azevedo et al. (2007), os principais fatores que
influenciam a definição do espaçamento entrelinhas e a população de plantas na lavoura de mamona
são o porte da cultivar, a disponibilidade hídrica, a fertilidade do solo, o manejo fitossanitário e
1IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná. Rodovia Celso Garcia Cid, km 375, Caixa Postal 481, Cep 86001-970, Londrina-
PR.

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Página | 1380

adequação para as operações de tratos culturais e colheita, e buscam-se, para determinados sistemas
de produção, plantas de porte mais baixo que permitam o adensamento da cultura e a mecanização.

Objetivou-se com este trabalho avaliar o crescimento inicial da cultivar de mamona BRS
Energia submetida à pulverização foliar com doses equivalentes a 0, 50, 100, 400 e 800 g ha -1 de
ethephon.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Iapar, em Londrina-PR, de setembro a


dezembro de 2009. Utilizou-se uma porção de Latossolo vermelho distroférrico argiloso que foi
corrigida para elevar a saturação por bases a 70%, adubada com N, P, K e S nas doses de 150, 150,
120 e 50 mg dm-3, respectivamente, e com 2, 6, 1,5, 2 e 1 mg dm-3 de Mn, Zn, Cu, B e Mo,
respectivamente. Foi utilizada a cultivar BRS Energia, com desbaste para deixar uma planta por vaso,
que continham 12 dm3 de solo cuja umidade foi monitorada, e fizeram-se regas diárias controladas
para repor a água evapotranspirada. A temperatura dentro da casa de vegetação foi monitorada,
permitindo calcular a soma térmica até o surgimento do racemo de 1a ordem (avaliação visual),
considerando-se as temperaturas-base de 40 oC e 16 oC (Beltrão et al., 2007). O delineamento
experimental foi em blocos completos ao acaso, com quatro repetições, com os seguintes tratamentos:
BRS Energia submetida a doses equivalentes a 0 (controle), 50, 100, 200, 400 e 800 g ha -1 de
ethephon, a partir do produto comercial Ethrel®. As doses de ethephon foram divididas para três
aplicações foliares seqüenciais, realizadas nos estádios de 1a, 3a e 5a folha alternada totalmente
desdobrada na haste principal. As aplicações de ethephon foram realizadas com pulverizador manual
de precisão, pressurizado a CO2, munido de barra com duas ponteiras modelo TT-110.02 espaçadas a
0,50 m, posicionadas a aproximadamente 0,50 m acima do dossel vegetal, com pressão de serviço da
ordem de 40 PSI e consumo de calda de 210 L ha -1. Aos 40 dias após a emergência das plântulas (40
DAE) e no surgimento da inflorescência (racemo) de 1 a ordem, foram realizadas medições não
destrutivas de altura do caule a partir da superfície do solo até a inserção da última folha, número de
nós no caule e área foliar (Severino et al., 2005). No estádio de emissão do racemo de 1 a ordem, fez-se
o corte da parte aérea das plantas rente à superfície do solo, sendo o caule e as folhas separados e
submetidos à secagem em estufa a 60 oC até atingirem massa constante. Os resultados foram
submetidos à análise de regressão e foram ajustadas equações significativas pelo teste F (P0,05),
que apresentaram os maiores coeficientes de determinação (R2).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pulverização foliar com ethephon (ET) na fase inicial de crescimento da cultivar BRS Energia
proporcionou expressiva redução de porte das plantas (Figura 2-a). Aos 40 DAE, de acordo com a
equação de regressão, o máximo efeito redutor foi alcançado com 625 g ha -1 de ET, que gerou plantas
com 29,43 cm de altura, contra 64,32 cm do tratamento controle (ausência de ET). Portanto, o ET
apresentou potencial para ajustar o porte da BRS Energia para menos da metade, quando aplicado na
fase inicial de crescimento (Figura 2-a). No surgimento do racemo de 1a ordem (estádio denominado de
florescimento), a BRS Energia também respondeu fortemente ao fito-regulador, sendo a máxima
redução de porte para 60,75 cm, alcançada com 383 g ha -1 de ET, contra 104,76 cm na ausência do
regulador, ou seja, o potencial de redução de altura da mamona foi de mais de 40% em relação ao
tratamento controle (Figura 2-a). Contudo, os efeitos do fito-regulador sobre a BRS Energia foram
intensamente minimizados com 800 g ha-1 de ET.

Observa-se na figura 1 que o surgimento do racemo de 1a ordem nas mamonas que receberam
doses de 0 a 400 g ha-1 de ET ocorreu com somas térmicas variando de 700 a 800 graus-dia (55 a 65
DAE), ao contrário das plantas pulverizadas com 800 g ha -1 de ET que floresceram tardiamente com
mais de 1.100 graus-dia (96 DAE). Portanto, a dose de 800 g ha -1 de ET retardou fortemente o
florescimento da BRS Energia, de tal forma que praticamente neutralizou o efeito redutor de
crescimento do ET (Figura 2).

A área foliar aos 40 DAE não foi alterada em razão das doses de ET aplicadas no início da fase
vegetativa da BRS Energia (Figura 2-c). Em contrapartida, no florescimento houve expressiva redução
na área foliar, passando de 38,67 dm2 planta-1 na ausência de ET para 26,07 dm2 planta-1 com a dose
de 355 g ha-1 de ET, comportamento semelhante ao observado para as massas de folhas, caule e total
da parte aérea (Figura 2-d). Portanto, o ET apresentou forte potencial para a redução de porte de
plantas sinalizando para uma possível estratégia para manejo de dossel de lavouras, porém, houve
forte prejuízo para a área foliar e para o acúmulo de matéria vegetal da parte aérea, o que muito
provavelmente pode comprometer o rendimento por unidade de planta em uma possível lavoura
manejada com ET.

Para a área foliar e fitomassa, os efeitos do regulador sobre a BRS Energia também foram
intensamente minimizados com a dose de 800 g ha-1 de ET, ou seja, as plantas submetidas ao excesso
de ET puderam retomar o crescimento, devido ao retardamento para a emissão do racemo de 1 a

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ordem, da mesma forma que ocorreu com a altura de plantas (Figura 1). O comprimento de internódios
foi fortemente reduzido aos 40 DAE e no florescimento em resposta ao ET, porém, no tratamento que
recebeu 800 g ha-1 do regulador observa-se tendência de retomada de expansão dos internódios,
evidenciando que houve comprometimento do efeito do ET devido ao aumento do período de condução
das plantas até a emissão do racemo primário (Figura 2).

CONCLUSÃO

O ethephon apresenta forte potencial para a redução de porte da BRS Energia, sinalizando
como uma possível estratégia para manejo de lavouras de mamona, porém, este fito-regulador também
proporciona expressivo prejuízo para a área foliar e para o acúmulo de matéria vegetal, o que pode
comprometer o rendimento por unidade de planta.

Doses excessivas de ethephon a partir de 800 g ha -1 de ia, retardam expressivamente o


florescimento da cultivar BRS Energia em condições controladas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D.M.P.de; BELTRÃO, N.E.de M.; SEVERINO, L.S. Manejo cultural. In: AZEVEDO,
D.M.P.de; BELTRÃO, N.E.de M. (Eds.). O agronegócio da mamona no Brasil. (2 Ed.). Campina
Grande: Embrapa Algodão. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2007. p. 223-254.

BELTRÃO, N.E.de M.; BRANDÃO, Z.N.; AMORIM NETO, M.da S.; AMARAL, J.A.B.do; ARAÚJO, A.E.
de. Clima e solo. In: AZEVEDO, D.M.P. de; BELTRÃO, N.E.de M. (Eds.). O agronegócio da mamona
no Brasil. (2 Ed.). Campina Grande: Embrapa Algodão. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas,
2007. p. 43-72.

COLL, J.B.; RODRIGO, G.N.; GARCIA, B.S.; TAMÉS, R.S. Fisiologia vegetal. Madrid: Piramide, 2001.
566 p.

SEVERINO, L.S.; CARDOSO, G.D.; VALE, L.S.de; SANTOS, J.W.dos. Método para determinação da
área foliar da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 20 p. (Embrapa Algodão.
Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 55).

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. (3 Ed.). Porto Alegre: Artmed, 2004. 719 p.

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120 1200

110 1100

Período vegetativo até o surgimento do Soma térmica até o surgimento do


100
Dias após a emergência das plântulas

racemo de 1a ordem ( ∆): 1000 racemo de 1a ordem ( ∆):


ŷ = 1E-04x 2 - 0,04x + 62,95 (R2 = 0,97*) ŷ = 0,0011x 2 - 0,48x + 771,48
90 (R2 = 0,98*)
900

Graus-dia
80
800
70

700
60

600
50

40 500

30 400
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
(a) (b)
Ethephon (g ha-1) Ethephon (g ha-1)

Figura 1. Período vegetativo em dias da emergência da plântula até o surgimento do racemo de 1 a ordem (a) e soma
térmica até o surgimento do racemo de 1a ordem (b) da cultivar de mamona BRS Energia, em razão da pulverização foliar
com doses equivalentes a 0, 50, 100, 200, 400 e 800 g ha-1 de ethephon. * e ** significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente. ns: não significativo.
120 10

110 9

100 8
Comprimento de internódios (cm)

Florescimento ( □):
90 7
ŷ = 0,0003x 2 - 0,23x + 104,76
Altura de plantas (cm)

(R2 = 0,83**)
80 6 Florescimento ( □):
ŷ = 1E-05x 2 - 0,013x + 6,80
70 5 (R2 = 0,87**)

60 4
40 DAE ( ∆):
50 ŷ = 8E-05x 2 - 0,10x + 64,32 3
(R2 = 0,91*)
40 2
40 DAE ( ∆):
ŷ = 1E-05x 2 - 0,016x + 7,80
30 1
(R2 = 0,93**)

20 0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
(a) (b)
Ethephon (g ha-1) Ethephon (g ha-1)

60 50
Florescimento ( □):
55 ŷ = 1E-05x 2 - 0,071x + 38,67
45
(R2 = 0,94**)
50
40
45
35
Massa da matéria seca (g)

40
Fitomassa total de plantas ( □):
Área foliar (dm 2)

30
35 ŷ = 0,0001x 2 - 0,095x + 37,04
(R2 = 0,90**)
30 25

25 20

20 40 DAE ( ∆):
y = ŷ = 29,75 (ns) 15
15
10
10
Fitomassa de folhas ( ∆): Fitomassa de caule ( □):
5 5 ŷ = 5E-05x 2 - 0,035x + 16,75 ŷ = 8E-05x 2 - 0,06x + 20,09
(R2 = 0,94**) (R2 = 0,86**)
0 0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
(c) (e)
Ethephon (g ha-1) Ethephon (g ha-1)

Figura 2. Altura de plantas (a), comprimento de internódios do caule (b), área foliar total (c) e massa de matéria seca de
folhas, caule e total das plantas (d) da cultivar de mamona BRS Energia, com medidas realizadas aos 40 dias após a
emergência das plântulas (DAE) e no surgimento do racemo de 1 a ordem, em razão da pulverização foliar com doses
equivalentes a 0, 50, 100, 200 e 800 g ha-1 de ethephon. * e ** significativos a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente.
ns: não significativo.

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FITOSSOCIOLOGIA DE PLANTAS ESPONTÂNEAS EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO COM


Jatropha gossypiifolia L.

Filipe Fernandes de Sousa1; Luciana dos Santos Almeida1; Gilmara Lima Pereira1; Leandro Oliveira de
Andrade1; Messias Firmino de Queiroz1; Tayama Rodrigues Uchoa1
1 Universidade Estadual da Paraíba – CCAA, filipe_fernandes08@yahoo.com.br

RESUMO – A vegetação espontânea é caracterizada pelo seu alto poder de disseminação, e pode
surgir em locais indesejados, dentre eles nas culturas de interesse econômico. Este trabalho teve como
objetivo de estabelecer um estudo sócio florístico da vegetação espontânea associada à cultura de
Jatropha gossypiifolia irrigada com água residuária. Em levantadas 23 espécies, distribuídas em 12
famílias, sendo que a família Poaceae registrou o maior número de espécies infestantes no valor de
sete, representando 30% da comunidade infestante, seguida da Asteraceae com quatro, representando
17%, Euphorbiaceae e Malvaceae com duas espécies cada, representando 18% do total, enquanto que
Amaranthaceae, Commelinaceae, Boraginaceae, Faboideae, Lamiaceae Molluginaceae, Portulacaceae
e Rubiaceae tiveram baixa representação com apenas uma espécie cada. Representando 4% cada.
Poaceae, a mais representativa família na área de estudo, está entre as com maior número de
espécies de plantas daninhas no Brasil, compartilhando diversas características que favorecem o seu
desenvolvimento. A partir do levantamento feito é possível se planejar um manejo racional da
vegetação espontânea.
Palavras-chave – levantamento, Asteraceae, erva daninha, pinhão roxo

INTRODUÇÃO

As plantas ―daninhas‖ são consideradas plantas invasoras que crescem em lugares


indesejáveis (LORENZI, 2000). Essas plantas conseguem se desenvolver rapidamente em diversos
locais onde causam prejuízos por competirem com as plantas que são do interesse humano (LORENZI,
1990; LORENZI, 2000; HOLM et al., 1991), entretanto a permanência da comunidade infestante entre
as linhas das culturas é desejável como pratica auxiliar no controle da erosão , o que se justifica em
razão de a cobertura vegetal reduzir a energia do impacto das gotas de chuva sobre o solo (VIEIRA,
1989). Pesquisas têm esboçado a possibilidade do emprego dessa técnica, largamente utilizada em
culturas perenes, em culturas anuais, como a do milho (BLANCO et al., 1973).

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Diversos estudos abordaram a relação entre as plantas daninhas e outras plantas


economicamente importantes (PAES e REZENDE, 2001; CARDINA et al., 2002; DUARTE et al., 2007).
Esses estudos tiveram como objetivo central avaliar estratégias potenciais para interromper ou
amenizar os impactos causados pelas plantas daninhas em ambientes de utilização humana,
principalmente em áreas de culturas agrícolas e em áreas onde as plantas são utilizadas com fins
ornamentais.

O pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia L.) é uma planta promissora para a produção de
biodiesel. Desta planta, obtém-se biocombustível que libera poucos poluentes, e o CO2 liberado pode
ser reciclado através da própria lavoura; contudo, existem poucas informações sobre seu cultivo
(CASTELLANOS, 2006). Então com o aumento das lavouras de pinhão roxo, torna-se de suma
importância o controle das plantas daninhas no sistema.

A alta densidade da vegetação espontânea pode causar graves prejuízos para o pinhão
manso; entretanto, não se encontra estudos sobre a influência dessa vegetação no pião roxo. No
Brasil, estudos realizados sobre a interferência dessa vegetação em hortaliças mostram que, além de
prevalecente ela é danosa entre 20% e 50% do ciclo de vida da cultura. Portanto, é indispensável
conhecer o período crítico da competição das plantas daninhas com as plantas cultivadas, para
estabelecer um manejo adequado evitando maiores prejuízos (MACIEL, 2003). Com isso objetivou-se
fazer o estudo relativo à fitossociologia de plantas espontâneas em sistema de integração com
Jatropha gossypiifolia L.

METODOLOGIA

O levantamento da vegetação espontânea foi feito no município de Lagoa-Seca, no estado da


Paraíba, em área experimental pertencente ao Centro de Ciências Agrárias e Ambientais (CCAA),
Campus II, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado nas coordenadas geográficas de
latitude 7º 09‘ S; longitude 35º 52‘ W e altitude 634 m. Especificamente, de Fevereiro à Abril de 2010,
escolheu-se a área experimental de 250 m2, ocupada pela cultura do pinhão roxo, Jatropha
gossypiifolia L. ., plantada desde Janeiro de 2009, irrigada com diferentes lâminas de água residuária,
com espaçamento entre as plantas de 1,5m na mesma linha e 2,5m entre filas em sistema de manejo
da vegetação espontânea do tipo mecânico, com capina manual, sendo a última realizada no mês de
setembro de 2009, 6 meses antes da avaliação.

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Durante o levantamento foram realizadas visitas semanais à área para identificação visual das
espécies, in loco, com o auxílio do manual de identificação (LORENZI, 2006). Foi feito o planejamento
da área através do método do quadrado inventário, e as visitas permaneceram até que nenhuma nova
espécie fosse identificada.

A nomenclatura usual e a autoria das espécies foi baseado em LORENZI (2005). e a


classificação das espécies dentro das famílias foi feita usando como base o sistema APG II, de acordo
com o referido SOUZA E LORENZI (2005).

Resultados e discussão

Em toda a área foram identificadas 23 espécies, distribuídas em 12 famílias, sendo que a


família Poaceae registrou o maior número de espécies infestantes no valor de sete, representando 30%
da comunidade infestante, seguida da Asteraceae com quatro, representando 17%, Euphorbiaceae e
Malvaceae com duas espécies cada, representando 18% do total, enquanto que Amaranthaceae,
Commelinaceae, Boraginaceae, Faboideae, Lamiaceae Molluginaceae, Portulacaceae e Rubiaceae
tiveram baixa representação com apenas uma espécie cada. Representando 4% cada.

As Poaceae estão entre as famílias de plantas mais importantes economicamente no mundo e


é, freqüentemente, bastante representativa em termos de espécies de plantas daninhas em vários
ambientes (HOLM et al., 1991; LORENZI, 2000; ERASMO et al., 2004). Um estudo desenvolvido por
SOUZA et al. (2003) identificou uma alta interferência de plantas daninhas em agrossistemas de
cupuaçuzeiro e pupunheira, sendo que as espécies da família Poaceae foram as mais representativas,
assim como o que foi observado no presente estudo.

De acordo com LORENZI (2000) as Asteraceae estão entre as primeiras plantas daninhas que
surgem após o preparo do solo, devido a sua grande adaptação em locais desbravados, possui uma
grande produção de sementes, onde uma única planta chega a produzir de 3000 a 6000 sementes,
apresenta um fácil processo de dispersão e também um mecanismo de dormência, onde as sementes
enterradas no solo em estado de dormência podem germinar após três a cinco anos (LORENZI, 1990).

Segundo HOLM et al. (1991), grande parte das espécies da família Poaceae é perene e produz
grande quantidade de sementes, o que aumenta consideravelmente o seu poder de disseminação e a
colonização de diversos tipos de ambientes, mesmo que suas condições sejam inóspitas.

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As características referentes ao desenvolvimento da vegetação espontânea, encontradas na


área, fazem com que os procedimentos de erradicação adotados para controlar as populações dessas
espécies sejam altamente específicos, dependendo de diversos conhecimentos da biologia da cada
uma. Já que, para algumas espécies até o presente momento não existem herbicidas com poder eficaz
de erradicação, devido ao fato de suas propriedades biológicas ainda serem desconhecidas
(RODRIGUES E ALMEIDA, 2005).

CONCLUSÃO

A família espontânea mais representativa foi a Poaceae seguida por Asteraceae,


Euphorbiaceae e Malvaceae representando 65% da comunidade infestante.

A correta identificação dessas espécies sempre é fundamental para o manejo fitossanitário


adequado do pinhão roxo, assim como em qualquer espécie cultivada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLANCO, H. G.; OLIVEIRA, D. A.; ARAUJO, J. B. M. Estudo sobre a competição das plantas daninhas
na cultura do milho (Zea mays L.) I - Experimento para verificar onde realizar o controle do mato.
Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 40, n. 4, p. 309-320, 1973

CARDINA, J.; HERMS, C. P.; DOOHAN, D. J. 2002. Crop rotation and tillage system effects on weed
seedbanks. Weed Science, 50: 448- 460.

CASTELLANOS, J. Biodiesel do óleo de Pinhão Manso. Jornal Periódico Hoy, 2006, República
Dominicana, Novembro, 2006. Disponível em: <http://biodirselbr.com/blog/2006/ 11/biodisel-oleo-
pinhao-manso/-51k>. Acesso em fev. de 2010.

DUARTE, A. P.; SILVA, A. C.; DEUBER, R. 2007. Plantas infestantes em lavouras de milho safrinha,
sob diferentes manejos, no médio Paranapanema. Planta Daninha, 25 (2): 285-297.

ERASMO, E. A. L.; PINHEIRO, L. L. A.; COSTA, N. V. 2004. Levantamento fitossociológico das


comunidades de plantas infestantes em áreas de produção de arroz irrigado cultivado sob diferentes
sistemas de manejo. Planta Daninha, 22 (2): 195-201.

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HOLM, L. G.; PANCHO, J. V.; HERBERGER, J. P.; PLUCKNETT, D. L. 1991. The world‟s worst
weeds – distribution and biology. 2nd ed. Krieger Publishing Company, Malabar, USA, 609pp.

LORENZI, H. 1990. Manual de identificação e controle de plantas daninhas: Plantio direto e


convencional. 3ª ed. Plantarum, Nova Odessa, Brasil, 269pp.

LORENZI, H. 2000. Plantas daninhas do Brasil: Terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3ª ed.
Plantarum, Nova Odessa, Brasil, 620 pp.

LORENZI H. 2006. Manual de identificação e controle de plantas daninhas: plantio direto e


convencional. 6º Ed. Plantarum, Nova Odessa, Brasil 269pp.

MACIEL, C. D. G., POLETINE, J.P.; EDIVALDO, D. V.; DÊNIS, R. S. B.; FABIO, M. M.; LEANDRO,
S.A. Estratégias para o controle do mato na cultura da melancia, Horticultura Brasileira, v. 26, n. 1, p.
107-111, 2003.

PAES, J. M.V.; REZENDE, A. M. 2001. Manejo de plantas daninhas no sistema plantio direto na palha.
Informe Agropecuário, 22: 37- 42.

RODRIGUES, B.N.; ALMEIDA, F.S. 2005. Guia de herbicidas. 5ª ed. UFLA, Londrina, Brasil, 592pp.

Figura 1: Número de espécies de plantas espontâneas por família registradas na área cultivada, Lagoa-Seca, Paraíba.

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Tabela 1: Vegetação espontânea registrada na área cultivada, Lagoa-Seca, Paraíba

FAMÍLIA / ESPÉCIE
NOME COMUM

Asteraceae
carrapicho de carneiro
Acanthospermum hispidum DC
erva de touro
Tridax procumbens L.
picão –preto
Bidens Subalternans DC.
botão de ouro
Vaegeria hirta (log) Less.
Amaranthaceae
Bredo
Amaranthus deflexus L.
Boraginaceae
crista de galo
Heliotropium indicum L.
Commelinaceae
trapoeraba
Commelina benglalensis L.
Euphorbiaceae
erva de santa Luzia
Chamaesyce hirta L. Millsp
flor de poetas
Euphorbia heterophylla L.
Faboideae
angiquinho
Aeschynomene dendiculata rudd.
Lamiaceae
cordão de frade
Leonotis nepetifolia (L.) R. Br.
Malvaceae
guanxuma
Anoda cristata (L.) Schltdl.
malva- branca
Sida cordifolia L.
Molluginaceae
capim tapete
Mollugo Verticillata L.
Poaceae
capim colchão
Digitaria sanguinalis (L.) scop
capim- carrapicho
Cenchrus echinatus L.
capim quicuio
Pennisetum clandestinum Hochst. Exchiov
capim braquiária
Brachiaria decumbens Stapf
grama –seda
Cynodon dactylon (L.)Pers.
azevém
Leptochloa filiformes (Pers) P. Beauv
capim pé de galinha
Eleusine indica (L.) Gaertn.

Portulacaceae
beldroega
Portulaca oleracea L.

Rubiaceae
poaia branca
Richardia brasilienses Gomes

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IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS NO CULTIVO DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas


L.) NO SISTEMA AGROECOLÓGICO DE PRODUÇÃO

Giliane Aparecida Vicente da Silva Souza ¹; Filipe Travassos Montenegro ¹; Suenildo Jósemo Costa
Oliveira ¹; Fábio Agra de Medeiros Nápoles¹
1 Universidade Estadual da Paraíba/UEPB; Campus II – Caixa Postal: Escola Agrícola Assis Chateubriand – CEP: 58117-
000 – Lagoa Seca PB (gilianeagroecologia@hotmail.com)

RESUMO – O trabalho teve como objetivo identificar as plantas daninhas presentes no cultivo do
pinhão manso (Jatropha curcas L.), estabelecido na Universidade Estadual da Paraíba, localizado no
município de Lagoa Seca – PB. A coleta foi realizada em uma área de 0,549 m². As variáveis
analisadas foram: freqüência, freqüência relativa, densidade, densidade relativa, abundancia,
abundancia relativa e o índice de importância relativa. Foram coletados 3670 indivíduos, pertencentes
a 18 espécies, distribuídas em 11 famílias; as espécies mais predominantes foram: Cyperus rotundus
L. (Tiririca) e Acanthospermum hispidum DC. (Espinho-de-carneiro), respectivamente pertencentes as
famílias Cyperaceae e Asteraceae.
Palavras-chave – Levantamento florístico, quadrado inventário, vegetação espontânea.

INTRODUÇÃO

Conforme HELLER (1996) e CASTELLANOS (2006), o pinhão manso (Jatropha curcas L.) é
uma planta promissora para a produção de biodiesel. Desta planta, obtém-se biocombustível que libera
poucos poluentes, e o CO2 liberado pode ser reciclado através da própria lavoura; contudo, existem
poucas informações sobre seu cultivo.

Segundo BELTRÃO E AZEVEDO (1994) é uma planta qualquer, cultivada ou não, que interfere
negativamente nos cultivos, ou seja, prejudica a quantidade ou a qualidade dos produtos agrícolas a
nível de ecossistemas e, assim, é indesejada pelo homem, quando surge fora do lugar.

As plantas daninhas podem comprometer indiretamente certas culturas agrícolas por


hospedarem pragas e doenças antes de infestarem as próprias culturas, LORENZI (2006).

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Com o aumento das lavouras de pinhão manso, o controle das plantas daninhas é fator
importante no sistema, pois as mesmas reduzem a produtividade da cultura, e elevam os custos de
produção LORENZI (2000), MACIEL (2003) e VIDAL et al. (2005).

De acordo com BELTRÃO E AZEVEDO (1994), o período crítico de competição no intervalo de


tempo fonológico de cultura onde a interferência das plantas daninhas causa danos a capacidade
reprodutiva da cultura varia na sua amplitude, em função de diversos fatores, destacando-se espécies
e tipos de plantas daninhas presentes no ambiente, densidade populacional de cada planta daninha
presente no ambiente.

Conforme SAAVEDRA (1994) o manejo sustentável das populações das plantas daninhas é
crítico em todo o mundo, daí a necessidade de se estabelecerem métodos para estudar a dinâmica e o
manejo das populações e comunidades de plantas daninhas em ecossistemas agrários.

O objetivo deste trabalho foi identificar as plantas daninhas, presentes no cultivo do pinhão
manso.

METODOLOGIA

O levantamento das plantas daninhas foi realizado no cultivo de pinhão manso (Jatropha
curcas L.) estabelecido no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB), localizado no município de Lagoa Seca-PB, situado na mesorregião do agreste
paraibano.

A coleta das plantas foram realizadas entre os meses de março e abril de 2010, usando o
método do quadrado inventário, em uma área de 0,549 metros quadrados, com plantio cultivado desde
janeiro de 2010. O espaçamento entre as plantas é de 3x3, e sua capina é controlada pela roçada. A
última roçada foi realizado em janeiro de 2010.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletados e identificados 3.670 indivíduos, correspondentes a 18 espécies, distribuídas


por 11 famílias; as famílias Asteraceae e Poaceae apresentaram maior número de espécies, sendo que
a Cyperus rotundus L. (Tiririca) e a Acanthospermun hispidum L. (Espinho-de-carneiro) foram
identificadas como plantas daninhas mais predominantes no cultivo do pinhão manso (Jatropha curcas

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L.) no município de Lagoa Seca-PB. A Cyperus rotundus L. (Tiririca) aparece cerca de 39,62% e o
Acanthospermum hispidum DC. (Espinho-de-carneiro) representando cerca de 22,78% sendo
identificadas como espécies predominantes no cultivo de pinhão manso no município de Lagoa Seca-
PB.

As Asteraceae estão entre as primeiras plantas daninhas que surgem após o preparo do solo,
devido a sua adaptação em locais desbravados, possui uma grande produção de sementes aonde uma
única planta chega a produzir de 3000 a 6000 sementes, apresenta um fácil processo de dispersão no
solo em estado de dormência podem germinar após três a cinco anos, LORENZI (2000).

De acordo com BELTRÃO (2000) das 250 espécies tidas como problemáticas, dentre as dez
mais agressivas e competitivas, oito são gramíneas ou ciperáceas, possuidoras de metabolismo
fotossintético C4, eficientes, e cinco são perenes, destacando a Cyperus rotundus L. (Tiririca).

CONCLUSÃO

Quanto número de espécies de plantas daninhas presentes no cultivo de pinhão manso


(Jatropha curcas L.) no sistema agroecológico de produção, na região de Lagoa Seca – PB, as famílias
predominantes foram: Asteraceae com 4 espécies e Poaceae também com 4 espécies.

Para o número de indivíduos, as famílias predominantes foram: Cyperaceae com 1454


indivíduos e Asteraceae com 836 indivíduos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M. Herbicidas, competição e combate as plantas daninhas na cultura do algodão.


Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 2000, p.6, (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica, 37).

BELTRÃO, N. E. de M.; AZEVÊDO, D. M. P. de. Controle de plantas daninhas na cultura do algodoeiro.


Campina Grande: EMBRAPA-CNPA/EMBRAPA – SPI, 1994. 154p.

CASTELLANOS, J. Biodiesel do óleo de Pinhão Manso. Jornal Periódico Hoy, 2006, Republica
Dominicana. Novembro, 2006. Disponível em: <http:/biodirselbr.com/blog/2006/11/biodiesel-oleo-
pinhao-manso/-51k>. Acesso em fev. de 2008.

FEITOSA, N.; GARCIA, L. M.; ZONETTI, P. da C.; D‘OLIVEIRA, P. S. Levantamento de espécies de


plantas daninhas na cultura do pinhão manso (Jatropha curcas L., Euphorbiaceae) em Maringá, PR. VI
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Tabela 1. Número de quadrados onde a espécie foi encontrada, números de indivíduos, freqüência, freqüência relativa,
densidade, densidade relativa, abundância, abundância relativa e índice de importância de espécies daninhas. Q. O.-
Quadro ocupado; NI- Número de indivíduos; F- Freqüência; Fr- Freqüência relativa; D- Densidade; Dr- Densidade relativa;
A- Abundância; Ar- Abundância relativa; Ir- Índice de importância relativa, resultados semelhantes foram obtidos por
FEITOSA et al. (2009) no cultivo de pinhão manso na região de Maringá, PR.

ESPÉCIE QO NI F Fr% D M-2 Dr A AR IR


Cyperus rotundus L. 18 1454 0,90 13,33 72,70 39,62 80,78 25,81 78,76
Amaranthus hybridus Thell. 11 54 0,55 8,15 2,70 1,47 4,91 1,57 11,19
Echinochloa colonum (L.) Link. 9 139 0,45 6,67 6,95 3,79 15,44 4,93 15,39
Brachiaria decumbens Stapf. 12 587 0,60 8,89 29,35 15,99 48,92 15,63 40,51
Cenchrus echinatus L. 4 26 0,20 2,96 1,30 0,71 6,50 2,08 5,75
Eleusine indica (L.) Gaertn. 4 180 0,20 2,96 9,00 4,90 45,00 14,38 22,24
Ipomoea triloba L. 2 5 0,10 1,48 0,25 0,14 2,50 0,80 2,42
Tagetes minuta L. 2 13 0,10 1,48 0,65 0,35 6,50 2,08 3,91
Chenopodium ambrosioides L. 6 41 0,30 4,44 2,05 1,12 6,83 2,18 7,74
Acanthospermum hispidum
18 836 0,90 13,33 41,80 22,78 46,44 14,84 50,95
DC.
Partemum hysterophorus L. 8 42 0,40 5,93 2,10 1,14 5,25 1,68 8,75
Mimosa pudica L. 6 22 0,30 4,44 1,10 0,60 3,67 1,17 6,22
Sida cordifolia L. 16 100 0,80 11,85 5,00 2,72 6,25 2,00 16,57
Ricinus communis L. 6 11 0,30 4,44 0,55 0,30 1,83 0,59 5,33
Senna obtusifolia (L.) Irwin &
2 4 0,10 1,48 0,20 0,11 2,00 0,64 2,23
Barneby
Blainvillea rhomboidea Cass. 5 125 0,25 3,70 6,25 3,41 25,00 7,99 15,10
Richardia brasiliensis Gomes 6 31 0,30 4,44 1,55 0,84 5,17 1,65 6,94
TOTAL 3670 6,75 100 183,5 100 312,99 100 300

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INCIDÊNCIA DE PLANTAS ESPONTÂNEAS INTERAGINDO COM O PINHÃO BRAVO


IRRIGADO COM ÁGUA DE REÚSO

Filipe Fernandes de Sousa1; Luciana dos Santos Almeida1; Gilmara Lima Pereira1; Leandro Oliveira de
Andrade1; Messias Firmino de Queiroz1; Vanuze Costa de Oliveira1; Tayama Rodrigues Uchoa1
1 Universidade Estadual da Paraíba – CCAA, filipe_fernandes08@yahoo.com.br

RESUMO – A vegetação espontânea é caracterizada pelo seu alto poder de disseminação, e pode
surgir em locais indesejados, dentre eles nas culturas de interesse econômico. Este trabalho teve como
objetivo de estabelecer um estudo sócio florístico da vegetação espontânea associada à cultura de
Jatropha mollissima Muell. irrigada com água residuária. Em levantadas 16 espécies, distribuídas em
11 famílias, sendo que a família Poaceae registrou o maior número de espécies infestantes no valor de
quatro, representando 25% da comunidade infestante, seguida da Asteraceae, e Euphorbiaceae com
duas espécies cada, representando 26% do total, enquanto que Amaranthaceae, Commelinaceae,
Boraginaceae, Faboideae, , Lamiaceae, Molluginaceae, Portulacaceae e Rubiaceae tiveram baixa
representação com apenas uma espécie cada. Representando 6% cada. Poaceae, a mais
representativa família na área de estudo, está entre as com maior número de espécies de plantas
daninhas no Brasil, compartilhando diversas características que favorecem o seu desenvolvimento. A
partir do levantamento feito é possível se planejar um manejo racional da vegetação espontânea.
Palavras-chave – levantamento, Asteraceae, erva daninha, pinhão bravo

INTRODUÇÃO

As plantas ―daninhas‖ são consideradas plantas invasoras que crescem em lugares


indesejáveis (LORENZI, 2000). Essas plantas conseguem se desenvolver rapidamente em diversos
locais onde causam prejuízos por competirem com as plantas que são do interesse humano (LORENZI,
1990; LORENZI, 2000; HOLM et al., 1991), entretanto a permanência da comunidade infestante entre
as linhas das culturas é desejável como pratica auxiliar no controle da erosão , o que se justifica em
razão de a cobertura vegetal reduzir a energia do impacto das gotas de chuva sobre o solo (VIEIRA,
1989). Pesquisas têm esboçado a possibilidade do emprego dessa técnica, largamente utilizada em
culturas perenes, em culturas anuais, como a do milho (BLANCO et al., 1973).

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Diversos estudos abordaram a relação entre as plantas daninhas e outras plantas


economicamente importantes (PAES e REZENDE, 2001; CARDINA et al., 2002; DUARTE et al., 2007).
Esses estudos tiveram como objetivo central avaliar estratégias potenciais para interromper ou
amenizar os impactos causados pelas plantas daninhas em ambientes de utilização humana,
principalmente em áreas de culturas agrícolas e em áreas onde as plantas são utilizadas com fins
ornamentais.

O pinhão bravo (Jatropha mollissima) é uma planta promissora para a produção de biodiesel.
Desta planta, obtém-se biocombustível que libera poucos poluentes, e o CO2 liberado pode ser
reciclado através da própria lavoura; contudo, existem poucas informações sobre seu cultivo
(CASTELLANOS, 2006). Então com o aumento das lavouras de pinhão bravo, torna-se de suma
importância o controle das plantas daninhas no sistema.

A alta densidade da vegetação espontânea pode causar graves prejuízos para o pinhão
manso; entretanto, não se encontra estudos a respeito da influência dessa vegetação sobre o pinhão
bravo. No Brasil, estudos realizados sobre a interferência dessa vegetação em hortaliças mostram que,
além de prevalecente ela é danosa entre 20% e 50% do ciclo de vida da cultura. Portanto, é
indispensável conhecer o período crítico da competição das plantas daninhas com as plantas
cultivadas, para estabelecer um manejo adequado evitando maiores prejuízos (MACIEL, 2003). Com
isso objetivou-se fazer o estudo da incidência de plantas espontâneas interagindo com o pinhão bravo
irrigado com água de reúso.

METODOLOGIA

O levantamento da vegetação espontânea foi feito no município de Lagoa-Seca, no estado da


Paraíba, em área experimental pertencente ao Centro de Ciências Agrárias e Ambientais (CCAA),
Campus II, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado nas coordenadas geográficas de
latitude 7º 09‘ S; longitude 35º 52‘ W e altitude 634 m. Especificamente, de Fevereiro à Abril de 2010,
escolheu-se a área experimental de 250 m2, ocupada pela cultura do pinhão bravo, Jatropha
mollissima, plantada desde Janeiro de 2009, irrigada com diferentes lâminas de água residuária, com
espaçamento entre as plantas de 1,5m na mesma linha e 2,5m entre filas em sistema de manejo da
vegetação espontânea do tipo mecânico, com capina manual, sendo a última realizada no mês de
setembro de 2009, 6 meses antes da avaliação.

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Durante o levantamento foram realizadas visitas semanais à área para identificação visual das
espécies, in loco, com o auxílio do manual de identificação (LORENZI, 2006). Foi feito o planejamento
da área através do método do quadrado inventário, e as visitas permaneceram até que nenhuma nova
espécie fosse identificada.

A nomenclatura usual e a autoria das espécies foi baseado em LORENZI (2005). e a


classificação das espécies dentro das famílias foi feita usando como base o sistema APG II, de acordo
com o referido SOUZA E LORENZI (2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em toda a área foram identificadas 16 espécies, distribuídas em 11 famílias, sendo que a


família Poaceae registrou o maior número de espécies infestantes no valor de quatro, representando
25% da comunidade infestante, seguida da Asteraceae, e Euphorbiaceae com duas espécies cada,
representando 26% do total, enquanto que Amaranthaceae, Commelinaceae, Boraginaceae,
Faboideae, , Lamiaceae, Molluginaceae, Portulacaceae e Rubiaceae tiveram baixa representação com
apenas uma espécie cada. Representando 6% cada.

As Poaceae estão entre as famílias de plantas mais importantes economicamente no mundo e


é, freqüentemente, bastante representativa em termos de espécies de plantas daninhas em vários
ambientes (HOLM et al., 1991; LORENZI, 2000; ERASMO et al., 2004). Um estudo desenvolvido por
SOUZA et al. (2003) identificou uma alta interferência de plantas daninhas em agrossistemas de
cupuaçuzeiro e pupunheira, sendo que as espécies da família Poaceae foram as mais representativas,
assim como o que foi observado no presente estudo.

De acordo com LORENZI (2000) as Asteraceae estão entre as primeiras plantas daninhas que
surgem após o preparo do solo, devido a sua grande adaptação em locais desbravados, possui uma
grande produção de sementes, onde uma única planta chega a produzir de 3000 a 6000 sementes,
apresenta um fácil processo de dispersão e também um mecanismo de dormência, onde as sementes
enterradas no solo em estado de dormência podem germinar após três a cinco anos (LORENZI, 1990).

Segundo HOLM et al. (1991), grande parte das espécies da família Poaceae é perene e produz
grande quantidade de sementes, o que aumenta consideravelmente o seu poder de disseminação e a
colonização de diversos tipos de ambientes, mesmo que suas condições sejam inóspitas.

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As características referentes ao desenvolvimento da vegetação espontânea, encontradas na


área, fazem com que os procedimentos de erradicação adotados para controlar as populações dessas
espécies sejam altamente específicos, dependendo de diversos conhecimentos da biologia da cada
uma. Já que, para algumas espécies até o presente momento não existem herbicidas com poder eficaz
de erradicação, devido ao fato de suas propriedades biológicas ainda serem desconhecidas
(RODRIGUES E ALMEIDA, 2005).

CONCLUSÃO

A família espontânea mais representativa foi a Poaceae seguida por Asteraceae e


Euphorbiaceae representando 51% da comunidade infestante.

A correta identificação dessas espécies sempre é fundamental para o manejo fitossanitário


adequado do pinhão bravo assim como em qualquer espécie cultivada.

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Figura 1: Número de espécies de plantas espontâneas por família registradas na área cultivada, Lagoa-Seca, Paraíba

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Tabela 1: Vegetação espontânea registrada na área cultivada, Lagoa-Seca, Paraíba.

FAMÍLIA / ESPÉCIE NOME COMUM


Amaranthaceae
Bredo
Amaranthus deflexus L.
Asteraceae
espinho de carneiro
Acanthospermum hispidium Dc
botão de ouro
Vaegeria hirta (log) Less.
Boraginaceae
crista de galo
Heliotropium indicum L
Commelinaceae
trapoeraba
Commelina benglalensis L.
Euphorbiaceae
erva de santa Luzia
Chamaesyce hirta L. Millsp
quebra-pedra
Phyllanthus tenellus roxb.
Faboideae
angiquinho
Aeschynomene dendiculata rudd.
Lamiaceae
cordão de frade
Leonotis nepetifolia (L.) R. Br.
Molluginaceae
capim tapete
Mollugo Verticillata L.
Poaceae
capim- carrapicho
Cenchrus echinatus L.
capim quicuio
Pennisetum clandestinum Hochst. ex chiov
capim colchão
Digitaria sanguinalis (L.) scop
capim pé de galinha
Eleusine indica (L.) Gaert.
Portulacaceae
beldroega
Portulaca oleracea L.
Rubiaceae
poaia branca
Richardia brasilienses Gomes

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INFLUENCIA DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS NA PRODUÇÃO DE SEMENTES E


NO TEOR DE ÓLEO DA MAMONEIRA CV. BRS ENERGIA

Gibran da Silva Alves1, Napoleão Esberard de Macedo Beltrão2, Alex Matheus Rebequi3, Lígia
Rodrigues Sampaio4, José Félix de Brito Neto5, Joab Josemar Vitor Ribeiro do Nacimento3
1 Doutor em Agronomia, gbralves@yahoo.com.br; 2CNPA/EMBRAPA; 3CCA/UFPB/Areia-PB; 4UFCG, 5CNPA/EMBRAPA

RESUMO – O Nordeste do Brasil a mamoneira se destaca como uma alternativa para geração de
emprego e renda na agricultura familiar. Contudo, na atualidade tem-se dado ênfase ao seu emprego
na produção de combustível renovável (biodiesel). A escolha do espaçamento e da época de plantio
adequados são passos tecnológicos básicos, que podem favorecer uma maior produção de grãos por
planta pelo surgimento de mais racemos por planta com maior tamanho e número de frutos. O objetivo
do presente trabalho foi estudar os efeitos de diferentes populações de plantas na produtividade da
mamoneira (Ricinus communis L.) cv. BRS Energia. O experimento foi conduzido na Campo
Experimental da Embrapa Algodão, localizado no município de Barbalha-CE, onde se trabalhou em
delineamento de blocos ao acaso com cinco populações de plantas (10.000; 16.666; 25.000; 50.000 e
100.000 plantas ha-1) com quatro blocos. Utilizou-se o método de irrigação por aspersão, onde as
lâminas foram estimadas de acordo com a distância da linha central de aspersores em relação às
faixas irrigadas. Com base nos resultados, verificou-se que o incremento da população de 10.000 até
100.000 plantas ha-1 nos distintos espaçamentos, reduziu a produção de sementes e o teor de óleo da
mamoneira.
Palavras-chave – Ricinus communis, espaçamento, consumo hídrico.

INTRODUÇÃO

Apesar da grande importância socioeconômica da mamona em todo o País, o uso de sementes


não selecionadas e de baixa qualidade têm resultado em baixas produtividades, elevada ocorrência de
pragas e doenças e várias características agronômicas indesejáveis (FREIRE et al., 2007).

Dos produtos obtidos da mamona, o óleo é o mais importante e principal objetivo para aqueles
que a exploram comercialmente. A importância do óleo de mamona é evidenciada pelo seu amplo uso
industrial na fabricação de tintas, vernizes, detergentes, inseticidas, nylon, resinas de plástico,
lubrificantes, tubos especiais para irrigação, chapas e engrenagens, aditivos para combustível,
bactericidas, fungicidas, produtos sintéticos, fluidos especiais para transmitir pressões hidráulicas,

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graxas para navio e aviões, espumas plásticas e pára-choques em automóveis, próteses humanas
para coluna vertebral, crânio, mandíbula, dentes e mamas (GIBELLI, 2001).

Atualmente, um dos mais comentados assuntos a respeito do óleo de mamona é a sua


aplicação como combustível de origem renovável, o ―biodiesel‖. Com o advento do Programa Nacional
de Biodiesel, autorizando a adição de 2% de biodiesel (B2) ao diesel em 2005, diversos estados do
Nordeste tiveram grande incentivo do governo federal para a expansão da produção de mamona,
embasada principalmente na agricultura familiar (SAVY FILHO, 2005). Em função da isenção fiscal, e
devido ao apelo econômico e social da cultura, muitos trabalhos científicos têm sido conduzidos nesta
região, visando à melhoria das técnicas de manejo e buscando materiais genéticos mais produtivos e
adaptados a cada microrregião. Nesse sentido o presente trabalho tem por objetivo avaliar a produção
de sementes e o teor de óleo da mamoneira em função de diferentes populações de plantas por
hectare.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido sob condições irrigadas na Estação Experimental da Embrapa


Algodão localizada no município de Barbalha-CE entre os meses de julho e novembro de 2008.

O solo da área experimental é um Neossolo flúvico, que foi antes do plantio amostrado nas
profundidades de 0-20 e de 20-40 cm a fim de caracterizar seus atributos químicos e físicos. O
delineamento experimental foi em blocos ao acaso com cinco tratamentos e quatro repetições,
totalizando 20 unidades experimentais com área de 24 m 2. Cada parcela continha quatro fileiras de
plantas espaçadas em 1,0 m. A área total do experimento foi de 640 m 2 e a área útil, considerando
apenas as parcelas foi de 480 m2. Os tratamentos envolveram cinco populações de plantas (10.000;
16.666; 25.000; 50.000 e 100.000 Plantas ha -1), onde se manteve constantes a distância entre linhas.
As leituras para o estudo do crescimento e desenvolvimento das plantas foram realizadas a cada 15
dias, em cinco épocas. Buscando a idoneidade dos resultados, foram escolhidas seis plantas na área
útil de cada parcela, em condições plenas de interações cooperativas e competitivas, permanecendo-
as devidamente identificadas do início ao fim do experimento.

A necessidade hídrica da mamoneira foi determinada através de Dias (2006). A irrigação foi por
aspersão, através do sistema de linha central de aspersores, respeitando as condições de
dimensionamento e idade dos equipamentos na época do experimento. A tubulação da linha central
era composta por 14 tubos de 6 metros, diâmetro de 148 mm do fabricante MIZU, contendo 8

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aspersores FABRIMAR com diâmetro de bocal (5,6 x 3,2 mm) tubo de subida de 0,70 m e
espaçamento entre aspersores de 12 m.

As recomendações para adubação com NPK - Nitrogênio (N), Fósforo (P2O5) e Potássio (K2O)
– foram sugeridas de acordo com as análises químicas dos solos (55-40-20 kg ha-1). Utilizou-se como
fontes de nutrientes o sulfato de amônio, o superfosfato triplo e o cloreto de potássio. No momento do
plantio (fundação) foi aplicada a dose total de fósforo, um terço (1/3) do nitrogênio e metade do
potássio. A adubação de cobertura foi efetuada aos 15 e 30 dias após a emergência, aplicando-se o
restante da dose recomendada sob a forma de uréia e cloreto de potássio.

Para o controle de plantas daninhas foram efetuadas três capinas manuais mantendo-se a
lavoura livre de plantas daninhas durante os primeiros sessenta dias após a emergência. A colheita foi
manual e realizada em duas etapas, a primeira quando o primeiro cacho estava completamente seco e
a segunda quando os demais cachos atingiram o mesmo ponto.

As variáveis analisadas ao final do experimento foram o número e peso de sementes por


planta, e o teor de óleo das sementes. Os valores das variáveis estudadas foram submetidos à análise
de variância e análise de regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o número de sementes (Figura 2A), os valores médios foram de 387,55; 257,07; 174,93;
71,85 e 34,32 sementes por planta para as populações de 10.000; 16.666; 25.000; 50.000 e 100.000
plantas ha-1. A diferença dos valores médios da menor para as maiores população de plantas
correspondem a uma superioridade de 33,67; 54,86; 81,46 e 91,14% para o número de sementes por
planta. Já o peso de sementes por planta (Figura 2B), originou valores médios de 110,69; 78,04; 56,36;
21,25 e 10,67 g planta-1 que correspondem a um incremento de 29,50; 49,08; 80,80 e 90,36% quando
compara-se a população de 10.000 plantas ha-1 contra as populações de 16.666; 25.000; 50.000 e
100.000 plantas ha-1, respectivamente.

Melo et al. (2006), trabalhando com nove genótipo de mamoneira, sendo duas variedades em
condições de campo no município de Teresina-PI com precipitação de 429,00 mm, verificou em média
60,14 frutos, com maiores leituras de 77,3; 64,6 e 71,2 frutos, realizadas no genótipo Pernambucana
SM e cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu, respectivamente. Já Azevedo et al. (1997)

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avaliaram diferentes espaçamentos e densidades de plantio para a mamoneira e concluíram que não
houve efeito significativo dos tratamentos sobre os componentes de produção.

Um dos principais motivos que levam a estas reduções nas variáveis é se as plantas estiverem
muito próximas umas das outras e a folhagem se sobrepuser em grande extensão, a luz, onde na
maioria dos lugares sombreados, não seria mais suficiente para manter positivo o balanço de CO 2 e,
consequentemente, o rendimento da cultura seria reduzido (LARCHER, 1986). Outro fator importante é
quando a densidade de plantas aumenta por unidade de área, pois se atinge um ponto onde as plantas
competem por fatores essenciais de crescimento, como nutrientes, luz e água (JANICK, 1968).

Os resultados para o teor de óleo nas sementes (Figura 2) foram de 52,72; 51,73; 54,45; 51,21;
50,81% para as populações de 10.000; 16.666; 25.000; 50.000; 100.000 plantas ha -1, respectivamente.
Estes valores estão acima dos determinados por Moraes et al. (2006) que trabalhando com a cultivar
BRS Nordestina em diferentes espaçamentos entre linhas de plantas (1,5; 2,0; 2,5; 3,0; 3,5 qual
unidade) não identificou diferença significativa, muito embora verificou ligeiro aumento (44,6%) no teor
de óleo quando foi diminuído a população de plantas.

CONCLUSÃO

A medida que se reduziu o espaçamento entre plantas aumentando a população de plantas por
hectare houve uma redução do número de semente, peso de sementes e o teor de óleo das sementes
da mamoneira cultivar BRS Energia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; BATISTA, F. A. S.; LIMA, E. F.; DOURADO, V.


Definição do espaçamento e da densidade de plantio da mamoneira para a região produtora de
Irecê. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1997, 6 p. (Pesquisa em andamento, 46).

DIAS, J. M.; SILVA, S. M. S.; GONDIM, T. M. de S.; SEVERINO, L. S.; BELTRÃO, N. E. de M.;
BEZERRA, J. R. C.; VASCONCELOS, R. A. de. Efeitos de diferentes quantidades de água de irrigação
e de densidades populacionais na cultura da mamona. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA,
2., 2006, Aracaju. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. 1 CD-ROM.

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genético. In: AZEVÊDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. De M. (Ed.). O agronegócio da mamona no
Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2007. p. 171-
194.

GIBELLI, F. Projeto poliuretano de óleo de mamona e seus subprodutos. In: CÂMARA, G. M. S.,
CHIAVEGATO, E. J. (Coord.). O agronegócio das plantas oleaginosas. Piracicaba: Escola Superior
de Agricultura ―Luiz de Queiroz‖/ Departamento de Produção Vegetal, 2001. cap. 10, p. 181-184.

JANICK, J. A ciência de horticultura. 2. ed. Rio de janeiro: Freitas Bastos, 1968. 485 p.

LARCHER, W. Utilização de carbono e produção de matéria seca. In: LARCHER, W.; LAMBERT, A.
(ed). Ecofisiologia vegetal. São Paulo: EPU. p. 74-160. 1986.

MELO, F. DE B.; BELTRÃO, N. E. de M.; MILANI, M.; RIBEIRO, V. Q. Comportamento produtivo de


genótipos de mamoneira em baixas altitudes para produção de biodiesel. II Congresso Brasileiro de
mamona, 2006, Campina Grande. Anais... Campina Grande: EMBRAPA, CNPA, CD – ROM. 2006.

MORAIS, S. DO V.; SEVERINO, L. S.; VALE, L. S. do; COELHO, D. K.; GONDIM, T. M. de S.;
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Grande: EMBRAPA, CNPA, CD – ROM. 2006.

SAVY FILHO, A. Mamona tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105 p.

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Figura 1 - Número de sementes (A) e peso de sementes (B) da mamoneira BRS energia em função das diferentes
populações de plantas por hectare.

Figura 2 - Teor de óleo nas sementes de mamoneira em função de diferentes populações de plantas.

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MANEJO DE PORTE DE CULTIVARES DE MAMONA COM DOSES DE CLORETO DE MEPIQUAT 1

Jeferson Tozzo 1; José Salvador Simoneti Foloni 2; Leandro Toshio Sudo 3; Leandro Michalovicz 4
1 Graduando em Agronomia, UEL, Londrina-PR, bolsista Pibic-CNPq; 2 Pesquisador Científico/Fitotecnia, IAPAR, Londrina-
PR, bolsista CNPq; 3 Graduando em Agronomia, UEL, Londrina-PR, bolsista Fundação Araucária; 4 Mestrando em
Agronomia/Produção Vegetal, UNICENTRO, Guarapuava-PR, bolsista Capes. E-mail: jefftozzo@hotmail.com

RESUMO – O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes doses
de cloreto de mepiquat sobre o crescimento inicial de duas cultivares de mamona. O experimento foi
conduzido em casa de vegetação do Iapar, em Londrina-PR, de setembro a dezembro de 2009. O
delineamento experimental foi em blocos completos ao acaso, no esquema fatorial 2 x 6, com quatro
repetições, constituindo os seguintes tratamentos: BRS Energia e IAC 2028 submetidas a doses
equivalentes a 0 (controle), 25, 50, 100, 200 e 400 g ha-1 de cloreto de mepiquat. Aos 42 dias após a
emergência das plântulas (DAE) foram realizadas medições de altura do caule, número de nós no
caule e área foliar. Também aos 42 DAE fez-se o corte da parte aérea das plantas para determinação
de fitomassa. O cloreto de mepiquat apresenta potencial para a redução de porte de plantas da cultivar
IAC 2028, ao contrário da BRS Energia. A área foliar e a fitomassa de folhas não sofrem alteração com
o uso de cloreto de mepiquat, para ambas as cultivares, o que pode ser importante do ponto de vista
de capacidade fotossintética. A fitomassa de caule é fortemente reduzida com a pulverização de cloreto
de mepiquat na fase inicial de crescimento das plantas, o que pode favorecer a partição de
fotoassimilados da cultura.
Palavras-chave – Regulador de crescimento, Ricinus communis, fito-regulador, adensamento da lavoura.

INTRODUÇÃO

O cloreto de mepiquat é utilizado para manejo do dossel de lavouras, com redução da altura e
uniformização da parte aérea de plantas, facilitando tratos culturais e a colheita mecanizada (Carvalho
et al., 1994). O cloreto de mepiquat é absorvido principalmente pelas partes verdes da planta e pode
ser incluído no grupo dos inibidores de ácido giberélico, o que o torna um inibidor do alongamento
celular (Lamas, 2001).

De acordo com Azevedo et al. (2007), os principais fatores que influenciam a definição do espaçamento
entrelinhas e a população de plantas na lavoura de mamona são o porte da cultivar, a disponibilidade hídrica, a

1IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná. Rodovia Celso Garcia Cid, km 375, Caixa Postal 481, Cep 86001-970, Londrina-
PR. E-mail: sfoloni@iapar.br

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fertilidade do solo, o manejo fitossanitário e adequação para as operações de tratos culturais e colheita, e
buscam-se, para determinados sistemas de produção, plantas de porte mais baixo que permitam o adensamento
da cultura e a mecanização.

O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes doses de
cloreto de mepiquat sobre o crescimento inicial de duas cultivares de mamona.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Iapar, em Londrina-PR, de setembro a


dezembro de 2009. Utilizou-se uma porção de Latossolo vermelho distroférrico argiloso que foi
corrigida para elevar a saturação por bases a 70%, adubada com N, P, K e S nas doses de 150, 150,
120 e 50 mg dm-3, respectivamente, e com 2, 6, 1,5, 2 e 1 mg dm-3 de Mn, Zn, Cu, B e Mo,
respectivamente. Foram utilizadas as cultivares BRS Energia e IAC 2028, com desbaste para deixar
uma planta por vaso, que continham 12 dm3 de solo cuja umidade foi monitorada, e fizeram-se regas
diárias controladas para repor a água evapotranspirada. O delineamento experimental foi em blocos
completos ao acaso, no esquema fatorial 2 x 6, com quatro repetições, constituindo os seguintes
tratamentos: BRS Energia e IAC 2028 submetidas a doses equivalentes a 0 (controle), 25, 50, 100, 200
e 400 g ha-1 de cloreto de mepiquat, a partir do produto comercial Pix HC®. As doses de cloreto de
mepiquat (CM) foram divididas para três aplicações foliares seqüenciais, realizadas nos estádios de 1a,
3a e 5a folha alternada totalmente desdobrada na haste principal. As aplicações de CM foram
realizadas com pulverizador manual de precisão, pressurizado a CO2, munido de barra com duas
ponteiras modelo TT-110.02 espaçadas a 0,50 m, posicionadas a aproximadamente 0,50 m acima do
dossel vegetal, com pressão de serviço da ordem de 40 PSI e consumo de calda de 210 L ha -1. Aos 42
dias após a emergência das plântulas (42 DAE), foram realizadas medições não destrutivas de altura
do caule a partir da superfície do solo até a inserção da última folha, número de nós no caule e área
foliar (Severino et al., 2005). Também aos 42 DAE, fez-se o corte da parte aérea das plantas rente à
superfície do solo, sendo o caule e as folhas separados e submetidos à secagem em estufa a 60 oC até
atingirem massa constante. Os resultados foram submetidos à análise de regressão e foram ajustadas
equações significativas pelo teste F (P0,05), que apresentaram os maiores coeficientes de
determinação (R2).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A altura de plantas e o comprimento de internódios foram reduzidos em resposta à


pulverização com cloreto de mepiquat (CM), porém, somente para a cultivar IAC 2028 (Figuras 1-a e 1-
b). Ou seja, doses de até 400 g ha -1 de CM, muito superiores às comumente recomendadas para a
cultura do algodão, por exemplo, não surtiram efeito para a redução do porte da BRS Energia.

Ressalta-se também que, para a cultivar IAC 2028, as respostas à pulverização com CM, de altura de
plantas e comprimento de internódios, foram expressivas com doses relativamente baixas e mantiveram-se
consideravelmente estáveis até a dose máxima estudada de 400 g ha-1 (Figuras 1-a e 1-b). Portanto, os
melhores resultados para a IAC 2028 foram alcançados com doses de ordem de 50 a 100 g ha-1 de CM.

A área foliar e a fitomassa de folhas da BRS Energia e da IAC 2028 não foram alteradas com a
pulverização de doses de CM (Figuras 1-c e 2-a), evidenciando que este fito-regulador tem potencial para
manejo de porte da cultivar IAC 2028, sem comprometer a capacidade fotossintética da cultura.

Por outro lado, houve expressiva redução de acúmulo de matéria vegetal no caule da IAC 2028 e da
BRS Energia com a aplicação de CM (Figura 2-b). Portanto, partindo do princípio de que a mamona imobiliza
expressivas quantidades de matéria vegetal na formação de caules e ramos, o uso de CM pode vir a ser uma
ferramenta importante para o manejo do dossel de plantas, no sentido de elevar o índice de colheita da lavoura,
ou seja, aumentar a fitomassa de grãos em detrimento da fitomassa de estruturas vegetativas.

CONCLUSÃO

O cloreto de mepiquat apresenta potencial para a redução de porte de plantas da cultivar IAC
2028, ao contrário da BRS Energia.

A área foliar e a fitomassa de folhas não sofrem alteração com o uso de cloreto de mepiquat,
para ambas as cultivares, o que pode ser importante do ponto de vista de capacidade fotossintética.

A fitomassa de caule é fortemente reduzida com a pulverização de cloreto de mepiquat na fase


inicial de crescimento das plantas, o que pode favorecer a partição de fotoassimilados da cultura.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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D.M.P.de; BELTRÃO, N.E.de M. (Eds.). O agronegócio da mamona no Brasil. (2 Ed.). Campina
Grande: Embrapa Algodão. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2007. p. 223-254.

CARVALHO, L.H.; CHIAVEGATO, E.J.; CIA, E.; KONDO, J.I.; SABINO, J.C.; PETTINELLI JÚNIOR, A.;
BORTOLETTO, N.; GALLO, P.B. Fitorreguladores de crescimento e capação na cultura do algodão.
Bragantia, v. 53, p. 247-254, 1994.

LAMAS, F.M. Estudo comparativo entre cloreto de mepiquat e cloreto de chlormequat aplicados no
algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 36, p. 265-272, 2001.

SEVERINO, L.S.; CARDOSO, G.D.; VALE, L.S.de; SANTOS, J.W.dos. Método para determinação da
área foliar da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 20 p. (Embrapa Algodão.
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120

110

BRS Energia ( ∆):


100 y = ŷ = 94,67 (ns)

Altura de plantas (cm)


90

80

70
IAC 2028 ( □):
ŷ = 50,66 * exp (7,88 / (x + 22,18))
60
(R2 = 0,98**)

50

40
0 50 100 150 200 250 300 350 400
(a)
Cloreto de mepiquat (g ha-1)

12

BRS Energia ( ∆):


11 y = ŷ = 9,89 (ns)

10
Comprimento de internódios (cm)

7
IAC 2028 ( □):
ŷ = 4,78 * exp (12,50/(x+28,66))
6 (R2 = 0,99**)

3
0 50 100 150 200 250 300 350 400
(b)
Cloreto de mepiquat (g ha-1)

50

48

45
IAC 2028 ( □):
43 y = ŷ = 39,30 (ns)
Área foliar (dm 2)

40

38

35
BRS Energia ( ∆):
y = ŷ = 38,46(ns)
33

30

28

25
0 50 100 150 200 250 300 350 400
(c)
Cloreto de mepiquat (g ha-1)

Figura 1. Altura de plantas (a), comprimento de internódios do caule (b) e área foliar total (c) de cultivares de mamona BRS
Energia (∆) e IAC 2028 (□) aos 42 dias após a emergência das plântulas, em razão da pulverização foliar com doses
equivalentes a 0, 25, 50, 100, 200 e 400 g ha-1 de cloreto de mepiquat. * e ** significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente. ns: não significativo.

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20

18

Massa da matéria seca de folhas (g)


BRS Energia ( ∆):
15 y = ŷ = 13,46 (ns)

13

IAC 2028 ( □):


ŷ = y = 12,67 (ns)
10

5
0 50 100 150 200 250 300 350 400
(a)
Cloreto de mepiquat (g ha-1)

16

15

14
Massa da matéria seca de caule (g)

13

12

11 BRS Energia ( ∆):


ŷ = 4E-05x 2 - 0,022x + 11,37
10 (R2 = 0,88*)

6
IAC 2028 ( □):
5 ŷ = -0,007x + 8,30 (R2 = 0,77*)
4
0 50 100 150 200 250 300 350 400
(b)
Cloreto de mepiquat (g ha-1)

30

28

BRS Energia ( ∆):


Massa da matéria seca total de plantas (g)

26
y = ŷ = 23,62 (ns)
24

22

20

IAC 2028 ( □):


18
ŷ = y = 19,96 (ns)

16

14

12

10
0 50 100 150 200 250 300 350 400
(c)
Cloreto de mepiquat (g ha-1)

Figura 2. Massa da matéria seca de folhas (a), de caule (b) e da parte aérea total das plantas (c) de cultivares de mamona
BRS Energia (∆) e IAC 2028 (□) aos 42 dias após a emergência das plântulas, em razão da pulverização foliar com doses
equivalentes a 0, 25, 50, 100, 200 e 400 g ha-1 de cloreto de mepiquat. * e ** significativos a 5% e 1% de probabilidade,
respectivamente. ns: não significativo.

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MUDAS DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) PRODUZIDAS EM DIFERENTES FONTES E


DOSES DE MATÉRIA ORGÂNICA

Katty Anne Amador de Lucena Medeiros¹, Valdinei Sofiatti², Humberto Silva¹, Rosiane Lima², Amanda
Micheline Amador de Lucena³, Gabriella C. Vasconcelos¹, Nair Helena Castro Arriel²;
¹Universidade Estadual da Paraíba; ²Embrapa Algodão; ³Bolsista Funarbe/CNPQ; katty_annee@hotmail.com

RESUMO Objetivando avaliar diferentes substratos e a proporção adequada para formação de mudas
de pinhão manso, um experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação. Cada
tratamento foi composto por uma mistura de solo e fontes de matéria orgânica (esterco bovino, cama
de galinha e biossólido) nas proporções de 0, 20, 40 e 60% do volume do recipiente. Foi observada a
emergência das plântulas até os 40 dias após a semeadura, data em que foram contabilizados os
dados de altura da planta, diâmetro do caule, número de folhas e área foliar das mudas. Não foi
observado efeito significativo do tipo e da proporção do substrato nem da interação entre esses fatores
sobre a emergência das plântulas obtendo-se um percentual de 33,88%. Nos tratamentos contendo o
esterco bovino, as plantas tiveram melhor crescimento quanto à altura das plantas (16,70 cm), número
de folhas (4,17) e área foliar (265,34 cm2) quando comparado aquelas produzidas em substrato
contendo cama de frango. Para a variável área foliar o esterco bovino também proporcionou resultados
superiores ao lodo de esgoto. Concluiu-se que o esterco bovino foi o substrato que proporcionou
melhor crescimento das mudas de pinhão manso e o aumento da dose de fertilizantes orgânicos no
substrato proporcionou incremento do número de folhas e da área foliar das mudas de pinhão manso,
independente da fonte utilizada.
Palavras-Chave: Jatropha curcas L., esterco bovino, biossólido e cama de galinha

INTRODUÇÃO

Dentre as oleaginosas cogitadas para serem utilizadas como matéria-prima para a produção
dos biocombustíveis, destaca-se o pinhão manso (Jatropha curcas L.). Esta planta é de ciclo perene e
dá origem a sementes das quais pode ser extraído um óleo que possui características desejáveis para
compor o biodiesel. Por se tratar de uma cultura perene, pode ser utilizada na conservação do solo,
pois reduz a erosão minimizando o efeito das enxurradas, proporcionando a cobertura do solo e
reduzindo a perda de água por evaporação.

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Com a possibilidade do uso do óleo do pinhão manso para a produção do biodiesel, abrem-se
amplas perspectivas para o crescimento das áreas de plantio com esta cultura no semi-árido nordestino
(Arruda et al., 2004).No Brasil a multiplicação do pinhão-manso é feita principalmente por meio de
sementes ou mudas, porém, ainda há muito desencontro de informações quanto aos melhores
substratos utilizados para a produção de mudas e essa carência de informação pode ocasionar uma
muda mal formada, debilitada e, sobretudo, comprometendo seu potencial de produção.

Dos os fatores que condicionam o sucesso na formação de lavouras, está a qualidade das
mudas, a qual está relacionada a fatores importantes, como a escolha correta do substrato a ser
utilizado (PIRES et al., 2008). O substrato é de grande importância no desenvolvimento inicial da
planta, pois irá proporcionar o suporte nutricional e físico. Se o mesmo não acomodar o vegetal de
maneira adequada, faltando-lhe nutrientes e sustentação, esta não alcançará o seu melhor potencial.

Do ponto de vista físico, o substrato deve permitir adequado crescimento das raízes,
reter água, possibilitar aeração e agregação do sistema radicular, além de não favorecer o
desenvolvimento de doenças e plantas daninhas. Quanto à composição química, deve fornecer todos
os nutrientes necessários ao crescimento da planta em quantidade adequada e no momento que a
planta tem demanda por esses nutrientes (LIMA et al., 2006). O substrato ideal deve ser uniforme em
sua composição, ter baixa densidade, ser poroso, boa capacidade de retenção de água, ser de fácil
manuseio, abundante e economicamente viável (MELO et al., 2003).

Em relação a resposta do pinhão manso aos substratos orgânicos, os trabalhos disponíveis na


literatura são bastante escassos, entretanto alguns autores têm observado que essa cultura responde a
fertilização com efeitos positivos sobre o crescimento inicial das mudas.

Nesse contexto, objetivou-se com esse trabalho avaliar diferentes substratos (esterco
bovino, lodo de esgoto e cama de frango) e a proporção adequada de cada um para formação de
mudas de pinhão manso.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação situada na Embrapa


Algodão, cidade de Campina Grande-PB. O município possui coordenadas geográficas 7º13'S e
35º54'S e altitude de 575 m, e apresenta temperatura máxima de 28ºC, mínima de 19ºC com umidade
relativa do ar em torno de 80%. Adotou-se um delineamento inteiramente casualisado e cada

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tratamento foi composto por uma mistura de solo e fontes de matéria orgânica (esterco bovino, cama
de galinha e biossólido) nas proporções de 0, 20, 40 e 60% do volume do recipiente.

Antes de preparar os substratos, o solo, o esterco bovino e a cama de frango foram


peneirados. Devido a formação de torrões petrificados, o lodo de esgoto (biossólido) teve que ser
esmagado/triturado com um pilão de concreto. Após a preparação dos substratos, os mesmos foram
colocados em sacos de polietileno de cor preta, medindo aproximadamente 25 cm de altura por 20 cm
de diâmetro e perfurados na base para drenagem da água.

A semeadura foi realizada após o substrato atingir a capacidade de campo com três
sementes/saco numa profundidade de 3 cm, sendo estas depositadas com a carúncula voltada para
cima. As sementes utilizadas foram colhidas em 2009 em um campo experimental pertencente a
Embrapa Algodão, que fica localizado na Fazenda Veludo, município de Itaporanga-PB. As plantas que
originaram as sementes foram cultivadas em sequeiro e encontravam-se com idade de dois anos.

Foi observada a emergência das plântulas até os 40 dias após a semeadura, data em que
foram contabilizados os dados de altura da planta, diâmetro do caule, número de folhas e área foliar
das mudas. Calculou-se a área foliar pela fórmula (A = 0,84 (PxL)0,99) sugerida por Severino et al.
(2004), utilizando valores de largura da folha (L) e comprimento da nervura principal (P).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e para as variáveis que


apresentaram valores de F significativos em nível de 5% de probabilidade foi aplicado o teste de Tukey
e análise de regressão para a variável quantitativa.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A germinação rápida e uniforme das sementes, seguida por pronta emergência das plântulas,
são características altamente desejáveis na formação de mudas, pois quanto mais tempo a plântula
demora em emergir do solo e permanecer nos estádios iniciais de desenvolvimento, mais vulnerável
estará às condições adversas do meio (MARTINS et al., 2009). No presente trabalho não foi observado
efeito significativo do tipo e da proporção do substrato nem da interação entre esses fatores sobre a
percentagem de emergência das plântulas. O percentual de emergência das sementes foi de 33,88%
(Tabela 1). Esse percentual de emergência é considerado baixo para a maioria das espécies de
importância agronômica, entretanto, no caso do pinhão manso, ainda não existem cultivares, nem
sementes melhoradas e as sementes disponíveis normalmente apresentam desuniformidade na

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germinação e essa variação pode ser atribuída, dentre outros fatores, à diversidade genética por tratar-
se de espécie não domesticada.

Constata-se na Tabela 1 que não houve efeito significativo da interação entre as fontes e
dosagens de fertilizantes orgânicos, no entanto houve efeito simples dos fatores estudados. Resultados
semelhantes foram obtidos por Pires et al. (2008) ao avaliar a produção de mudas de pinhão em quatro
fontes de matéria orgânica (cama de peru, esterco de curral, cama de frango e húmus de minhoca) em
quatro proporções sendo as mesmas 0, 20, 40 e 60% da composição orgânica do substrato. Até os
noventa dias após a semeadura, esses autores não observaram efeito significativo da interação entre
fontes e doses nas variáveis de crescimento estudadas, entretanto o uso de esterco de curral resultou
num acréscimo na altura das plantas e peso seco de raiz em relação à cama de frango. Melo at al.
(2003) afirmam que independente da espécie, do método de cultivo e do regime de adubação, um
substrato deve satisfazer as exigências físicas e químicas e conter proporções suficientes de
elementos essenciais (ar, água, nutrientes e minerais) ao crescimento e desenvolvimento das plantas.
Dentre os compostos orgânicos os estercos animais são os mais importantes, devido à sua
composição, disponibilidade e benefícios de aplicação (MAIA, 2002).

É observado na Tabela 2 que nos tratamentos contendo o esterco bovino as plantas tiveram
melhor crescimento quanto à altura das plantas (16,70 cm), número de folhas (4,17) e área foliar
(265,34 cm2) quando comparado aquelas produzidas em substrato contendo cama de frango. Para a
variável área foliar o esterco bovino também proporcionou resultados superiores ao lodo de esgoto.

Estudando o crescimento inicial de Jatropha curcas em substratos contendo esterco bovino,


lodo de esgoto, torta de mamona e NPK nas dosagens referentes à 85; 170; 255 e 340 kg ha -1 de N,
Guimarães e Beltrão (2008) concluíram que nos substratos contendo o biossólido e a torta de mamona
houve acréscimo nas variáveis altura da planta e diâmetro caulinar de respectivamente 40,9% e 40,6%
com relação ao controle, sem adubação orgânica.

Ao avaliar diferentes substratos na produção de mudas de mamoneira, Lima et al. (2006)


concluíram que para essa cultura o substrato contendo cama frango mostrou-se uma boa fonte de
nutrientes, necessitando ser combinada com um material que propicie condições físicas adequadas.

O conhecimento do efeito dos tratamentos sobre a área foliar é de grande importância, uma
vez que existe uma estreita relação entre a área foliar e a atividade fotossintética, e
consequentemente, desenvolvimento das plantas (Oliveira et al., 2009) . Para o número de folhas

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(Figura 1) e área foliar (Figura 2) das mudas de pinhão manso foi verificado resposta linear crescente
de acordo com o incremento da dose de matéria orgânica, independente da fonte utilizada.

Os benefícios da fertilização orgânica sobre o desenvolvimento das plantas está diretamente


relacionada a sua qualidade e quantidade. De acordo com Lira et al. (2008), entre as alternativas
existentes para utilização em plantações o lodo de esgoto é uma das mais interessantes. O lodo de
esgoto também chamado de biossólido, vem sendo utilizado como fertilizante e condicionador de solo
por ser rico em nutrientes e matéria orgânica.

Diversos materiais orgânicos têm sido utilizados na formulação de substratos, pois além de
serem ecologicamente corretos podem representar benefícios econômicos. Dentre os fatores que
condicionam o sucesso na formação das mudas, a escolha do substrato e a quantidade ideal assumem
local de destaque; pois cada espécie possui suas exigências quanto as características físicas e
químicas disponibilizadas no solo.

CONCLUSÕES

O esterco bovino foi o substrato que proporcionou melhor crescimento das mudas de pinhão
manso.

O aumento da dose de fertilizantes orgânicos no substrato proporcionou incremento do número


de folhas e da área foliar das mudas de pinhão manso, independente da fonte utilizada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, F.P.; BELTRÃO, N.E.M.; ANDRADE, A.P.; PEREIRA, W.E.; SEVERINO, L.S. Cultivo de
pinhão manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o semi-árido nordestino. Revista Brasileira
de Oleaginosas e Fibrosas, Campina Grande, v.8, n.1, p.789-799, jan-abr., 2004.

GUIMARÃES, A.S.; BELTRÃO, N.E.M. Crescimento inicial de Jatropha curcas em função de fontes e
doses de fertilizantes. In Congresso Brasileiro de Mamona, 3, 2008, Salvador-BA, Anais... Salvador-
BA: Embrapa Algodão, 2008. (CD ROOM)

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LIMA, R. L.S.; SEVERINO, L.S.; SILVA, M.I.L.; JERÔNIMO, J.F.; VALE, L.S.; BELTRÃO, N.E.M.
Substratos para produção de mudas de mamoneira compostos por misturas de cinco fontes de matéria
orgânica, Ciênc. agrotec., v. 30, n. 3, p. 474-479. Lavras, 2006.

LIRA, A. C. S.; GUEDES, M.C.; SCHALCH, V. Reciclagem do lodo de esgoto em plantações de


eucalipto: Carbono e Nitrogênio. Engenharia Sanitária Ambiental, v.13, n 2, p. 207-216, 2008.

MAIA, E. L. Decomposição de estercos em Luvissolo no semi-árido da Paraíba. 2002. 35f.


Monografia (Graduação em Engenharia Florestal), Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade
Federal da Paraíba, Patos-PB, 2002.

MARTINS, C.C.;MACHADO, C.G.;NAKAGAWA, J.;OLIVEIRA, S.S.C. Tamanho e secagem de palmeira


Jussara sobre a germinação e o vigor. Caatinga , v.22, n.2, p.117-120, 2009.

MELO, B.; MENDES A.N.G.; GUIMARÃES, P.T.G. Tipos de fertilizações e diferentes substratos na
produção de mudas de cafeeiro (coffea arábica L.) em tubetes. Biosei. J., v.19, n.1, p.33-42, 2003.

OLIVEIRA. F.A.; OLIVEIRA FILHO. A.F.; MEDEIROS. J.F.; ALMEIDA JÚNIOR. A.B.; LINHARES,
P.C.F. Desenvolvimento inicial da mamoneira sob diferentes fontes e doses de matéria orgânica,
Caatinga, v.22, n.1, p.206-211,2009.

PIRES, S.C.; CAMARGO, R.; COSTA, T.R.; MELO, B.; CARVALHO, H.P. Avaliação de substratos para
a produção de mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.) em sacolas plásticas. In: Congresso
Brasileiro de Plantas Oleaginosas, óleos, Gorduras e Biodiesel, 5, 2008, Lavras-MG. Anais... Lavras-
MG, UFLA, 2008. (CD ROOM).

SEVERINO, L. S. VALE, L. S. BELTRÃO, N. E. M. Método para medição da área foliar do pinhão


manso.Disponívelem: < http://www.biodiesel.gov.br/docs/congressso2006/MetodoMedicaoPinhao.pdf>.
Acesso : 20 mar 2010.

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Nº folhas Área foliar


300
4
Nº de folhas

250
3 200

cm2
2 150
1 y = 0,0208x + 2,846 100 y = 1,9147x + 134,68
R² = 0,7596 50 R² = 0,891
0 0
0 20 40 60 0 20 40 60
Proporção (v/v) Proporção (v/v)

Figura 1. Número de folhas do pinhão manso em Figura 2. Área foliar do pinhão manso em função da dose de
funçãoda dosede matéria orgânica. matéria orgânica.

Tabela 1. Resumo da análise de variância para as variáveis: emergência, altura da planta, diâmetro caulinar, número de
folhas e área foliar das mudas de pinhão manso aos 40 dias após a semeadura. Campina Grande-PB, 2010.
Altura da Diâmetro Nº de
F.V. GL Emergência Área foliar
planta caulinar folhas
Substrato (S) 2 1796,12ns 54,33** 6,09 ns 11,17** 94898,43**
Proporção (P) 3 1450,47ns 14,58 ns 1,001ns 3,24* 17534,12*
SxP 6 339,47 ns 7,61 ns 0,93 ns 0,97 ns 7566,19 ns
Resíduo 48 740,65 7,77 2,34 1,08 6383,84
Total 59 - - - - -
CV% 80,3 19 16,40 30,8 43,4
Média Geral 33,88 14,62 9,32 3,37 183,96
ns= não significativo; ** , * significativo em nível de 1% e 5%, respectivamente.

Tabela 2. Valores médios da altura da planta, número de folhas e área foliar das mudas de pinhão manso aos 40 dias após
a semeadura. Campina Grande-PB, 2010.
Substrato Altura da planta (cm) Nº de folhas Área foliar (cm2)
Esterco bovino 16,70 A 4,17 A 265,34 A
Lodo de esgoto 14,1 AB 3,33 A 162,28 B
Cama de frango 12,14 B 2,18 B 87,76 B
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo método de Tukey a 5%.

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OBSERVAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO INICIAL DE PLANTAS DE PINHÃO


MANSO (Jatropha curcas L.) CULTIVADAS EM AMBIENTE PROTEGIDO

José Carlos de Oliveira Pereira1; Saulo Ferreira Leite1; Messias Firmino de Queiroz1; Leandro Oliveira
de Andrade1; Emanuela Maria da Silva1; Muller Miranda Nascimento dos Santos1
1 Universidade Estadual da Paraíba – CCAA, saulo_fleite@yahoo.com.br

RESUMO – O Pinhão manso está sendo considerado uma boa opção agrícola para a região do
nordeste brasileiro por ser uma espécie nativa, exigente em insolação e com forte resistência à seca. O
pinhão tem como uma de suas características a boa qualidade de seu óleo que pode ser usado como
biodiesel, um combustível alternativo, mais sustentável. Baseado no supracitado este trabalho teve o
objetivo de executar a observação de características de crescimento inicial de plantas de pinhão manso
(Jatropha curcas L.) cultivadas em ambiente protegido. Foram avaliadas as variáveis altura de planta
(AP), diâmetro de caule (DC) e número de folhas (NF), apenas por suas médias, concluindo a
possibilidade da produção de mudas desta cultura em ambiente protegido. Foram avaliadas as altura
de plantas (AP), número de folhas (NF) e diâmetros dos caules (DC). Os resultados obtidos, por terem
sido heterogêneos, quando analisamos as curvas obtidas nas variáveis avaliadas, dando uma idéia de
proporcionalidade e equilíbrio característico, levando a concluir que é possível o crescimento inicial de
plantas de pinhão manso em ambiente protegido.
Palavras-chave – Oleaginosa, produção de mudas, pinhão

INTRODUÇÃO

O pinhão é uma planta arbustiva, nativa da América do Sul, mas que também é amplamente
cultivado ao longo da América Central, África e Ásia (FRANCIS et al., 2005; KOCHHAR et al., 2005;
ABREU et al., 2003).

Segundo Peixoto (1973), sua distribuição geográfica é bastante vasta devido a sua rusticidade,
resistência às longas estiagens, bem como às pragas e doenças, sendo adaptável as condições
edafoclimáticas muito variáveis, como por exemplo, no Brasil, desde o Nordeste até o Estado de São
Paulo e Paraná.

O óleo das sementes de pinhão é viscoso e não comestível que além de ser usado para a
fabricação de biodiesel também pode ser utilizado para a fabricação de velas e cosméticos (KOCHHAR
et al., 2005).

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Baseado nos fatos supracitados este experimento teve como objetivo executar a observação
de características de crescimento inicial de plantas de pinhão manso (Jatropha curcas L.) cultivadas em
ambiente protegido.

METODOLOGIA

A experimentação foi conduzida em ambiente protegido (abrigo telado) pertencente à Escola


Agrícola Assis Chateaubriand, localizada no município de Lagoa Seca, Paraíba (Latitude 7 º 09 S,
Longitude 35 º 52 W e altitude 634 m) na região do Brejo Paraibano. De acordo com os dados
coletados na estação de Meteorológica da EMEPA, as características climáticas do local da pesquisa
são as seguintes: temperatura média máxima 26,0 ºC, temperatura média mínima 18,20 ºC, umidade
relativa média anual 66%, precipitação média anual 950 mm, evapotranspiração média anual de
1100mm e insolação média diária de 7, 7, 7, 6, 6, 5, 5, 7, 7, 8, 9, 8 horas nos meses de janeiro,
fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro,
respectivamente. Durante os primeiros seis meses do experimento foram realizadas as coletas de
sementes, sua seleção e a conseqüente implantação do experimento. A coleta de sementes foi feita no
município de Riachão de Bacamarte e no município de Fagundes. A semeadura do pinhão manso foi
em 20 vasos de polietileno preto de 8 litros, adotando o número de 3 sementes por vaso,
acrescentados 11Kg de substrato (solo da EAAC e o esterco bovino curtido, ambos peneirados numa
proporção de 4x1). Foram feitas irrigações baseadas na metodologia de uso de lisímetros de volume.
Tais lisímetros, no início do experimento, foram colocados para atingir a capacidade de campo,
baseado na análise física, prévia, do solo utilizado, sendo usados para manter a irrigação dos outros
vasos, num turno de rega de 72 horas. Nenhum tratamento diferenciado foi adotado, não havendo
assim a necessidade execução de análise estatística neste trabalho.

Foram avaliadas durante 20 semanas as variáveis de altura de plantas (AP); número de folhas
(NF) e diâmetro de caule (DC) apresentando apenas as médias das 20 leituras, sem qualquer tipo de
tratamento estatístico ou utilização de software desta mesma natureza.

Não houve a necessidade da utilização de software estatístico, estando as médias das


variáveis AP, DC e NF.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir estão apresentados, nas Figuras 01, 02 e 03, os resultados, em forma de média, das
variáveis AO, DC, e NF.

Altura da Planta

60,0

50,0
Altura da Planta

40,0
30,0

20,0
10,0

0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
N° da planta

Figura 01. Altura de plantas de pinhão manso cultivadas em ambiente protegido


Diametro do caule

30
Diametro medio da planta

25

20

15

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
N° da planta

Figura 02. Diâmetro de caule de plantas de pinhão manso cultivadas em ambiente protegido

N° de folhas

40
número medio
de folhas

30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
N° da planta

Figura 03. Número de folhas de plantas de pinhão manso cultivadas em ambiente protegido

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CONCLUSÃO

Existe a possibilidade de se cultivar inicialmente plantas de pinhão manso em regime de


ambiente protegido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, I. C.; MARINHO, A. S. S.; PAES, A. M. A.; FREIRE, S. M. F.; OLEA, R. S. G.; BORGES, M. O.
R.; BORGES, A. C. R. Hypotensive and vasorelaxant effects of ethanolic extract from Jatropha
gossypiifolia L. in rats. Fitoterapia. v. 74, n. 7-8, p. 650-657, 2003.

FRANCIS, G.; EDINGER, R.; BECKER, K. A concept for simultaneous wasteland reclamation, fuel
production, and socio-economic development in degraded areas in India: Need, potencial and
perspectives of Jatropha plantations. Natural Resources. Forum. v. 29, p. 12-24, 2005.

KOCHHAR, S.; KOCHHAR, V. K.; SINGH, S. P.; KATIYAR, R. S.; PUSHPANGADAN, P. Differential
rooting and sprouting behaviour of two Jatropha species and associated physiological and biochemical
changes. Current Science, v. 89, n. 6, p.936-939, 2005.

PEIXOTO, A. R. Plantas oleaginosas arbórias. São Paulo: Nobel, 1973. 284p.

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PARTICIPAÇÃO RELATIVA DA ORDEM DO RACEMO NA PRODUTIVIDADE DA MAMONEIRA


CULTIVADA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS E ÉPOCAS

Anielson dos Santos Souza1; Francisco José Alves Fernandes Távora2; Napoleão Esberad de Macedo
Beltrão3; Rosa Maria Mendes Freire3
1Universidade Federal de Campina Grande, e-mail: anielson@ccta.ufcg.edu.br, 2Universidade Federal do Ceará,
3Embrapa Algodão.

RESUMO - Objetivou-se com o presente estudo avaliar a influência de diferentes espaçamentos e de


épocas de plantio na participação relativa da ordem do racemo na produtividade de duas cultivares de
mamona. O ensaio foi realizado na Fazenda Experimental Vale do Curu, no município de Pentecoste -
Ceará - Brasil. O solo foi preparado e adubado convencionalmente. O delineamento experimental foi o
de blocos ao acaso com doze tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram arranjados em
esquema fatorial 2 x 3 x 2, sendo 2 cultivares (BRS Nordestina e Mirante 10); 3 espaçamentos (1,5 m x
1,5 m; 2,0 m x 2,0 m e 2,5 m x 2,5 m) e 2 épocas de plantio. A época de plantio associada à irrigação
promoveu aumentos na produtividade de grãos a participação dos racemos primários na produtividade
total aumentou, mas em média, os racemos secundários são os que representam o maior percentual
da produtividade.
Palavras-chave: Ricinus communis L., cultivares, irrigação.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a mamoneira é encontrada em estado espontâneo em todas as regiões, e seu cultivo


ainda é feito em bases bastante rudimentares, havendo a necessidade da melhoria do sistema de
produção dessa notável oleaginosa, pois, apesar de sua importância a situação da mamonocultura
brasileira é precária, devido aos escassos investimentos na lavoura e a pouca utilização de sistemas
racionais de cultivo, especialmente, para as condições do semi-árido nordestino (AZEVEDO et al.,
1997). O sucesso de uma lavoura de mamona depende em muito da época de semeadura, em
especial, quando se trata se cultivos de sequeiro, na região Nordeste, desse modo uso da irrigação
poderá elevar os índices de produtividade da mamoneira. Além disso, a definição do espaçamento e
densidade de plantio adequado são passos tecnológicos de grande importância no planejamento da
lavoura.

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No caso da mamoneira vários fatores ligados a planta, podem afetar a produtividade a qual
depende grandemente, dentre outros fatores, do número de racemos produzidos por planta. No geral
são produzidas três principais ordens de racemos: primários, secundários e terciários, cuja participação
de cada uma delas na produtividade total irá depender das condições ambientais, bem como o manejo
cultural reinantes na época de sua emissão. Assim é possível que adoção de espaçamentos distintos,
bem como, de diferentes épocas de plantio possam afetar a participação relativa da ordem do racemo
na produtividade total da cultura, adicionalmente, infere-se que diferentes cultivares também podem
apresentar comportamento diferente quanto a esta característica.

Pelo exposto, objetivou-se com o trabalho avaliar a influência de diferentes espaçamentos e de


duas épocas de plantio na participação relativa da ordem do racemo na produtividade total de duas
cultivares de mamona.

METODOLOGIA

O ensaio foi conduzido entre os meses de fevereiro e dezembro de 2005 em área pertencente
à Fazenda Experimental Vale do Curu - FEVC, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade
Federal do Ceará, localizada no município de Pentecoste - CE. Na área experimental o solo
predominante pertence à classe dos NEOSSOLOS FLÚVICOS. Antes do plantio coletou-se uma
amostra composta de solo na área experimental na profundidade de 0-30 cm para realizar a
recomendação de adubação. As quantidades de nutrientes minerais recomendadas para a adubação
foram definidas com base em seus teores no solo, com exceção do nitrogênio, cujo teor é pré-
estabelecido, os valores foram os seguintes: 60 kg ha-1 de N, 30 kg ha-1 de P205 e 10 kg ha-1 de K2O

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com 12 tratamentos em


esquema fatorial 2 x 3 x 2 e quatro repetições, sendo os fatores duas cultivares de mamona (BRS 149
Nordestina e Mirante 10); três espaçamentos (1,5 m x 1,5 m; 2,0 m x 2,0 m; 2,5 m x 2,5 m) e duas
épocas de plantio (19 de fevereiro de 2005 em regime de irrigação e 04 de abril 2005, sob sequeiro).

Aos 20 dias após a germinação procedeu-se ao desbaste cortando-se as plantas rente ao solo,
permanecendo apenas uma planta por cova. Cada parcela possuía três fileiras de plantas com 15
metros de comprimento e a coleta dos dados foi realizada em quatro plantas na fileira central de cada
parcela. Não houve necessidade de controle fitossanitário durante a condução do experimento. Sempre
que necessário realizou-se o controle das plantas daninhas através de capinas manuais com enxadas.

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Foram feitas várias colheitas ao longo do ciclo da cultura utilizando-se um alicate de poda e
sacos de papel. Os racemos foram colhidos quando aproximadamente 2/3 dos frutos estavam
maduros, em seguida foram identificados, separados por repetição, tratamento e ordem do racemo.
Avaliou-se a produtividade de grãos e a participação percentual de cada ordem de racemo na
produtividade total, conforme a expressão (1).

PTR
Cr  x 100 (1)
PTG

Onde: Cr - Contribuição relativa (%); PTR - Produtividade de grãos dos racemos da ordem considerada (kg ha -1); PTG -
Produtividade total de grãos (kg ha-1).

Os dados de produtividade foram submetidos ao teste de Barttlet para verificação da


homogeneidade das variâncias e em seguida procedeu-se à análise da variância pelo teste F a 1% e
5% de probabilidade. Quando verificado efeito significativo na análise da variância, as médias obtidas
nos diferentes tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os dados de produtividade de grãos, houve diferença estatística apenas para o efeito de
época de plantio, que variou independentemente dos demais fatores testados em nível de 1% de
probabilidade pelo teste F. Na Figura 2 estão contidas as médias da produtividade de grãos nos
diferentes tratamentos estudados. Constatou-se maiores produtividades com a antecipação do plantio
para fevereiro de 2005 com o uso da irrigação (época 1) e a cultivar BRS Nordestina semeada no
espaçamento intermediário de 2,0 m x 2,0 m alcançando produtividades superiores a 3.000 kg ha-1.
Supostamente, dois fatores contribuíram para estas diferenças, as condições ambientais em cada
época de semeadura, e o uso da irrigação. Koutroubas, et al. (2000) também verificaram que a
irrigação promoveu ganhos de produtividade e Beltrão (2006) relata que sob regime de irrigação a
mamoneira pode atingir produtividades superiores a 6.000 kg ha -1.

Pela comparação das médias das produtividades de grãos entre as épocas de plantio,
constatou-se que a época 1 com uma média de 2.782 kg ha -1, superou estatisticamente o valor obtido
com a semeadura na época 2 com cultivo em condições dependentes de chuvas, que foi de apenas
1.079 kg ha-1, independente das cultivares e dos espaçamentos testados.

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Os valores médios da contribuição relativa da ordem do racemo na produtividade total da


mamoneira podem ser observados na Figura 1. Na época 1, com a antecipação do plantio para
fevereiro e sob regime de irrigação, as duas cultivares produziram racemos de ordens mais avançadas
do que na época 2, em condições de sequeiro e com semeio no início da estação chuvosa.

Quando semeada na primeira época, a cultivar BRS Nordestina produziu racemos de até
quarta ordem que contribuíram em média com 13,08% da produção, ao passo que a cv. Mirante 10
produziu racemos até a quinta ordem, os quais tiveram uma participação de 13,09%. Por outro lado, no
plantio sob condições dependentes de chuvas na época 2, a produção de racemos diminuiu e a cultivar
BRS Nordestina atingiu apenas a terceira ordem, e a Mirante 10 até a quarta ordem (Figura 1). Estes
resultados podem ser atribuídos, tanto ao efeito da irrigação como ao plantio precoce em fevereiro que
possibilitou uma maior estação de crescimento para as duas cultivares, uma vez que sendo uma planta
de crescimento indeterminado, se houver disponibilidade adequada de água e nutrientes a mamoneira
amplia o período reprodutivo e passa a florescer de forma quase contínua, fazendo com que os
racemos de ordens mais avançadas representem um percentual significativo da produtividade da
cultura. Vijaya Kumar et al. (1997) também verificaram que a época de plantio afetou a contribuição de
cada ordem de racemo na produtividade total da mamoneira, e acrescentaram que diferentes épocas
de plantio expõem as ordens de racemo a diferentes condições ambientais, o que promove alterações
na participação de cada uma delas no rendimento total. De modo semelhante, Koutroubas, et al. (2000)
verificaram que dependendo das condições ambientais e da cultivar em estudo, o uso da irrigação
pode elevar a participação dos racemos de ordens mais avançadas na produtividade total.

É interessante perceber que com a antecipação do plantio (época 1) a participação dos


racemos primários é reduzida a patamares inferiores a 20%, para as duas cultivares e nos três
espaçamentos testados. Este comportamento pode ser justificado pelo fato de a participação das
demais categorias de racemo aumentar com a utilização da irrigação. Koutroubas, et al. (2000) também
constataram redução na participação dos racemos primários em condições irrigadas. Já na época 2, a
participação dos racemos de primeira ordem aumentou e atingiu valores superiores a 40% para a cv.
BRS Nordestina semeada no espaçamento de 1,5 m (Figura 2).

Foi nos menores espaçamentos onde se verificou as maiores participações dos racemos
primários, o que pode ser atribuído à baixa emissão de racemos terciários, quaternários e quinários em
espaçamentos mais fechados. O que está relacionado com o desenvolvimento de plantas menos
exuberantes em condições de altas densidades populacionais, como salienta Azevedo et al. (1997).
Estes resultados são condizentes com informações de Távora et al. (1974) ao verificarem que quanto

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mais adensado o plantio, maior a participação dos racemos primários na produtividade total da
mamoneira. Em média os racemos que mais contribuíram para a produtividade da mamoneira
independente do tratamento foram os secundários com 40,01%, seguidos dos terciários, primários,
quaternários e quinários com percentuais de 26,10%, 19,88%, 10,70% e 3,31% respectivamente.
Corroborando com informações de Lins (1976).

CONCLUSÕES

A irrigação quando associada a antecipação do plantio contribui para o aumento da


produtividade de grãos em mais de 100%;

Em condições de sequeiro, a participação dos racemos primários na produtividade aumenta,


mas em média os racemos que mais contribuem com a produtividade total são os secundários
seguidos dos terciários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; BATISTA, F. A. S.; LIMA, E. F.; DOURADO, V. Definição do
espaçamento e da densidade de plantio da mamoneira para a região produtora de Irecê. Campina Grande:
Embrapa Algodão, 1997, 6p. (Pesquisa em andamento, 46).

BELTRÃO, N. E. de M. Sistema de produção de mamona em condições irrigadas: Considerações gerais.


Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006, 14 p. (Documentos, 132).

KOUTROUBAS, S. D.; PAPAKOSTA, D. K.; DOITSINIS, A. Water requirements for castor oil crop (Ricinus
communis L.) in a Mediterranean climate. J. Agro. & Crop Science, Berlin, p. 33-41, 2000. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science>. Acesso em: 21 de jan. 2006.

LINS, E. de C. Efeito da ordem de racemo nas características das sementes de mamona, Ricinus
communis L. 1976. 62f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

SILVA, L. C.; AMORIM NETO, M. S.; BELTRÃO, N. E. de M. Recomendações técnicas para o cultivo e época
de plantio de mamona cv. BRS 149 (Nordestina) na micro-região de Irecê, Bahia. Campina Grande:
Embrapa Algodão, 2000. 6p (Comunicado Técnico, 112).

TÁVORA, F. J. A. F. et al. Estudo da densidade de plantio em mamona anã, Ricinus communis L.. Rev. Ciênc.
Agron., Fortaleza, v. 4, n. 1/2, p. 89-93, dez., 1974.

VIJAYA KUMAR, P. et al. Influence of moisture, thermal and photoperiodic regimes on the productivity of castor
beans (Ricinus communis L.). Agricultural and Forest Meteorology, Hyderabad, v. 88, p. 279-289, 1997.
Disponível em: <http://www.scirus.com>. Acesso em: 23 de abr. 2006.

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Nordestina Mirante 10
3.500 Época 1 Época 2
(Média = 2.782 kg ha-¹)** (Média = 1.079 kg ha-¹)**
Produtividade de grãos (kg ha-¹)

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0
1,5 x 1,5 2,0 x 2,0 2,5 x 2,5 1,5 x 1,5 2,0 x 2,0 2,5 x 2,5

Espaçamentos (m)

Figura 1. Produtividade de grãos da mamoneira cultivada em diferentes épocas e espaçamentos. **As médias do efeito
época diferem estatisticamente pelo teste F (p 0,01). Pentecoste - CE, 2005.

Primários Secundários Terciários Quaternários Quinários

Época 1 Época 2
Nordestina Mirante 10 Nordestina Mirante 10
100%
Contribuição relativa (%)

80%

60%

40%

20%

0%
1,5 2,0 2,5 1,5 2,0 2,5 1,5 2,0 2,5 1,5 2,0 2,5
Espaçamentos (m)

Figura 2. Contribuição relativa da ordem do racemo na produtividade total de duas cultivares de mamona cultivada em
diferentes épocas e espaçamentos. Pentecoste - CE, 2005.

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PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS NA BRS ENERGIA EM DUAS


DENSIDADES DE PLANTIO

Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão1, Gibran da Silva Alves2, José Félix de Brito Neto1, Lígia
Rodrigues Sampaio3, Maria Aline de Oliveira Freire4, Marlon Leal Cabral Menezes de Amorim5,
Francisco Figueiredo de Alexandria Junior3
1Embrapa Algodão, napoleao@cnpa.embrapa.br, 2CCA/UFPB, 3UFCG, 4UVA, UEPB5

RESUMO – A identificação de arranjos espaciais de plantas, bem como do período crítico de


competição entre a cultura da mamona e as plantas daninhas, representa uma ferramenta importante
no processo de condução e manejo da cultura explorada economicamente, e também das plantas
daninhas. Nesse sentido, foi conduzido um experimento a nível de campo na estação experimental da
Embrapa Algodão, no município de Barbalha – CE, com o objetivo de avaliar a influência de duas
densidades de plantio e 10 formas de competição entre plantas. Para tanto, foi utilizada a cultivar BRS
Energia em regime de sequeiro. Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados, em esquema
fatorial de 2 x 10, sendo duas densidades de plantio e 10 períodos críticos de competição, com quatro
repetições, totalizando 80 unidades experimentais. Houve efeito significativo dos períodos de
competição sobre o diâmetro do caule e área foliar; verificou-se que o período crítico de competição
para a mamoneira ocorre nos primeiros 60 dias após o plantio; plantas cultivadas sob competição
durante todo o ciclo apresentou menor crescimento.
Palavras chave: Ricinus communis; espaçamentos; concorrência; plantas.

INTRODUÇÃO

O arranjo adequado de plantas é muito importante para o bom aproveitamento dos nutrientes
disponíveis no solo, maior eficiência no consumo de água e controle das plantas invasoras. A
produtividade do cacho principal e laterais é influenciada pela densidade de plantas por área, no
entanto, quando submetida aa grande densidades, a mamoneira apresenta baixa ramificação,
influenciando até no comportamento da planta, em que cultivares de porte médio apresentam
comprtamento de cultivares de porte baixo, apresentando apenas um ou dois racemos por planta.

A competição de plantas daninhas com a cultura da mamoneira é um dos fatores que mais
afeta o desenvolvimento da cultura, principalmente na fase inicial, comprometendo assim, a
produtividade da cultura (WEISS, 1983). Esse grau de interferência, ou competição, normalmente é

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medido com relação à produção da planta cultivada e pode ser definido como a redução percentual da
produção econômica de determinada cultura, provocada pela interferência da comunidade infestante
(Pitelli, 1985). Esse grau de interferência depende de características da cultura, variedade,
espaçamento e densidade de plantio, comunidade infestante, clima, solo e manejo cultural.

De todos os fatores que influenciam o grau de interferência, o mais importante é o período em


que as plantas invasoras e as cultivadas estão disputando os recursos do meio, período denominado
crítico de prevenção da interferência, no qual o controle da vegetação infestante realmente é crítico.
Entretanto, esse período deve ser considerado um estádio de desenvolviimento da cultura em relação
às plantas daninhas e não como um período de tempo determinado.

Nesse sentido, objetivou-se com esse trabalho determinar o período crítico de competição das
plantas daninhas sobre a cultura da mamoneira cultivada em duas densidades de plantio.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido no campo experimental da Embrapa Algodão município de


Barbalha-CE, a 387 m de altitude, latitude 7o17‘36,32‖S, longitude 39o16‘14,19‖W, no período
compreendido entre o mês de Julho e Novembro de 2008. O solo foi preparado com uma aração e
uma gradagem 15 dias antes do plantio.

O experimento foi conduzido em regime de sequeiro, utilizando-se a cultivar BRS


Energia. Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados, em esquema fatorial de 2 x 10, sendo
duas densidades de plantio 1 m x 1 m e 1 m x 0,5 m e dez períodos críticos de competição: P1 - Sem
competição o tempo todo; P2 - Com competição nos primeiros 15 dias; P3 - Com competição nos
primeiros 30 dias; P4 - Com competição nos primeiros 45 dias; P5 - Com competição nos primeiros 60
dias; P6 - Sem competição nos primeiros 15 dias; P7 - Sem competição nos primeiros 30 dias; P8 - Sem
competição nos primeiros 45 dias; P9 - Sem competição nos primeiros 60 dias; P10 - Competindo o
tempo todo, totalizando 80 unidades experimentais. A adubação foi realizada com base no resultado da
análise do solo, fornecendo 90 Kg de Nitrogênio (uréia) e de fósforo (Super simples) e potássio (Cloreto
de potássio), aplicando-se 40 Kg de P2O5 e 20 Kg de K2O respectivamente.

Durante a condução do trabalho, foram feitas avaliações das características de crescimento


com base na altura, diâmetro caulinar e área foliar, realizadas em seis plantas na área útil da parcela,
sendo a área foliar determinada conforme a metodologia descrita por Severino et al. (2005). Os dados

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foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de


probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pela análise de variância, é possível observar que houve efeito significativo dos períodos de
competição sobre o crescimento da planta em diâmetro do caule e área foliar. No entanto, apenas o
diâmetro caulinar foi influenciado pelas densidades de plantas, bem como pela interação dos períodos
de competição e densidades de plantas (Tabela 1). As plantas cultivadas livres de competição com
invasoras apresentaram maior crescimento em diâmetro quando se utilizou a densidade de 1,0 x 1,0 m.
Porém, quando as plantas foram cultivadas na densidade de 1,0 x 0,5 m, estas apresentaram maior
crescimento do caule em diâmetro quando as plantas não foram submetidas á competição durante todo
o ciclo cultural (Tabela 2).

De acordo com a tabela 3, pode-se verificar que não houve diferença significativa dos
períodos de competição sobre o crescimento da planta em altura. Quando as plantas foram submetidas
à competição com plantas invasoras durante todo o ciclo cultural, estas apresentaram redução no
crescimento em diâmetro do caule e massa de cem sementes. Isso demonstra a sensibilidade da
mamoneira com a competição com plantas invasoras. No entanto, as plantas apresentaram maior
crescimento em área foliar quando estiveram livres de competição durante todo o ciclo, bem como
livres de competição nos primeiros 30 dias. Azevedo et al., (1997) em trabalho realizado com
mamoneira, verificaram que a fase mais importante para controlar as plantas invasoras ocorre nos
primeiros 70 dias após o plantio.

Verificou-se relação semelhante para a massa de cem sementes, observando-se maior massa,
quando as plantas estiveram livres de competição nos primeiros 30 dias. Estes resultados corroboram
com as informações encontradas por Paulo (1997), em estudo com faixas na cultura da mamona. Já a
produtividade, foi prejudicada quando as plantas foram submetidas à competição nos primeiros 60 dias,
bem como, quando competiram durante todo o tempo, ou seja, para a mamoneira, o período crítico de
competição ocorre nos primeiros 60 dias após o plantio, período em que a planta se estabelece no
campo. De acordo com Beltrão e Melhorança (1998), esse período compreende o intervalo de tempo
fenológico onde a interferência das plantas daninhas causa danos à capacidade produtiva da cultura.
Não se observou diferença significativa das densidades de plantio sobre as variáveis analisadas em
nenhuma das formas de competição.

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CONCLUSÕES

As formas de competição não interferiram no crescimento das plantas em altura;

O período crítico de competição para a mamoneira ocorre nos primeiros 60 dias;

Plantas cultivadas sob competição com plantas invasoras apresentaram menor crescimento e
massa de sementes;

Não houve diferença estatística para as densidades sobre as variáveis analisadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, P.L.; PITELLI, R.A. Manejo ecológico de plantas daninhas. Informe Agropecuário. Belo
Horizonte, v.22, n.212, p.29-39, 2001.

AZEVEDO, D. M. P. de; LIMA, E. F.; Batista, F. A. S.; LIMA, E. F. V. Recomendações técnicas para o
cultivo (Ricinus communis L.) no Brasil. Campina Grande: EMBRAPA - CNPA, 1997. 52 p.
(EMBRAPA - CNPA. Circular Técnica, 25).

BELTRÃO, N.E. de M.; MELHORANÇA, A.L. Plantas daninhas: importância e controle. In: EMBRAPA
AGROPECUÁRIA OESTE (Dourados,MS). Algodão: informações técnicas. Dourados: Embrapa-
CPAO/Embrapa-CNPA, 1998. 267p. (Embrapa-CPAO. Circular Técnica, 7).

PAULO, E.; KASAI, F. S.; SAVY FILHO, Â. Efeitos da largura da faixa de capina na cultura da mamona.
Bragantia, Campinas, v. 56, n. 1, 1997. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?cript=sci_arttext&pid+S0006-87051997100100015 & Ing=en&nrm=iso.
Acesso em: 15 Abr. 2010.

SEVERINO, L. S.; VALE, L. S.; CARDOSO, G. D.; BELTRÃO, N. E de. M.; SANTOS, J.W.dos. Método
para determinação da área foliar da mamoneira. Campina Grande: Embrapa-CNPA, 2005. 20 p.
(Boletim de Pesquisa e desenvolvimento, 55).

WEISS, E. A. Oil seed crops. London: Longman,1983. 660 p.

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Tabela 1. Resumo da análise de variância das variáveis, altura de planta, diâmetro caulinar e área foliar (cm 2) de
mamoneiras aos 90 dias após a germinação, em função de competições e doses de N.
Quadrados Médios
GL
Fonte de Variação Altura da planta Diâmetro caulinar Área foliar
P.C de Competição 9 229,35ns 72,81** 3789847,59*
Densidades 1 1,71ns 17,02** 12188,71ns
P.C.C X Densidades 9 247,41ns 45,47** 172292,93ns
Tratamentos 19 225,92 56,92 1877444,91
Blocos 3 589,39 18,85 1462541,42
Resíduo 57 184,15 21,43 874156,74
C.V. % 44,15 29,87 78,87
*, ** e ns Corresponde a significativo a 5%, 1% e não significativo a 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste de F.

Tabela 2. Desdobramento da interação períodos críticos de competição (PCC) x densidades de plantio 45 dias após a
germinação. Barbalha – CE.
Diâmetro do caule
Formas de competição Densidades (m)
1,0 x 1,0 1,0 x 0,5
Sem competição 19,73 aA 12,27 Ab
Competindo nos primeiros 15 dias 19,00 aA 15,57 aA
Competindo nos primeiros 30 dias 18,82 aA 17,05 aA
Competindo nos primeiros 45 dias 18,65 aA 14,81 aA
Competindo nos primeiros 60 dias 11,74 abA 14,22 aA
No limpo nos primeiros 15 dias 15,97 aA 17,80 aA
No limpo nos primeiros 30 dias 18,84 aA 16,62 aA
No limpo nos primeiros 45 dias 12,21 abA 16,84 aA
No limpo nos primeiros 60 dias 19,49 aA 11,67 aB
Competindo o tempo todo 5,09 bA 11,46 aA
Desvio mínimo significativo – DMS para colunas = 10,78; DMS para linhas = 6,55; Médias seguidas da mesma letra
minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 3. Médias das variáveis altura de planta, diâmetro caulinar, área foliar, massa de cem sementes e produtividade.
Altura de Diâmetro Área M. de cem
Tratamentos Produtividade
planta caulinar Foliar sementes
Sem competição 40,30 a 16,00 a 2357,31 a 30,94 abc 577,05 abc
Competindo nos primeiros 15 dias 27,98 a 18,28 a 916,06 abc 29,31 abc 708,03 abc
Competindo nos primeiros 30 dias 26,50 a 17,93 a 952,28 abc 31,58 ab 1163,72 a
Competindo nos primeiros 45 dias 35,14 a 16,73 a 515,19 bc 31,94 ab 697,35 abc
Competindo nos primeiros 60 dias 22,77 a 12,98 ab 455,00 bc 28,62 bc 110,70 c
No limpo nos primeiros 15 dias 29,98 a 16,89 a 1724,47 abc 26,51 bc 413,96 bc
No limpo nos primeiros 30 dias 35,69 a 17,73 a 1865,47 ab 38,64 a 474,20 abc
No limpo nos primeiros 45 dias 26,79 a 14,52 ab 1169,65 abc 22,79 bc 341,56 bc
No limpo nos primeiros 60 dias 34,01 a 15,58 ab 1625,37 abc 29,76 abc 943,50 ab
Competindo o tempo todo 28,12 a 8,27 b 272,31 c 21,45 c 121,39 c
Densidades
1,0 x 1,0 30,87 a 15,95 a 1197,65 a 28,51 a 482,33 a
1,0 x 0,5 30,58 a 15,03 a 1172,97 a 29,92 a 627,96 a
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1430-1434.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
Página | 1435

POSSIBILIDADE DE CRESCIMENTO DO PINHÃO ROXO EM AMBIENTE PROTEGIDO

Marcos Aurélio França Souto Maior1; Saulo Ferreira Leite1; Messias Firmino de Queiroz1; Leandro
Oliveira de Andrade1; Gilmara Lima Pereira1; Vanuze Costa de Oliveira1
1 Universidade Estadual da Paraíba – CCAA, saulo_fleite@yahoo.com.br

RESUMO – O pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia L.) é uma planta da família euforbiácea que, após
sua domesticação, tende a se tornar uma forte tendência de opção agrícola para a região Nordeste do
Brasil por ser uma espécie nativa, exigente em insolação e com forte resistência à escassez hídrica. É
uma cultura viável para pequenas propriedades rurais, com mão-de-obra familiar, servindo como mais
uma fonte de renda e emprego para a região do semi-árido. Configura-se uma alternativa atraente para
a produção de óleo para fins energéticos e medicinais. Existem poucos trabalhos sobre a cultura do
pinhão roxo posto que o interesse por essa espécie se iniciou nos últimos anos, com a crise do
petróleo e, ainda, pela possibilidade da utilização de seu óleo vegetal como combustível. Baseado
neste pioneirismo e na importância e o potencial desta cultura para o Brasil, neste trabalho objetivou-se
avaliar a possibilidade de crescimento do pinhão roxo em ambiente protegido. Foram avaliadas as
variáveis altura de mudas (AM), diâmetro dos caules (DC) e número de folhas (NF), apenas por suas
médias, concluindo a possibilidade da produção de mudas desta cultura em ambiente protegido.
Palavras-chave – Jatropha gossypiifolia L., mudas, viveiro.

INTRODUÇÃO

Os pinhões são plantas arbustivas, pertencentes à família das Euforbiáceas, nativas na


América do Sul, mas que também ocorrem em outros países da América Central, África e Ásia
(FRANCIS et al., 2005).

Essas espécies se revestem de elevada importância para o semiárido brasileiro, pelas


possibilidades de fácil cultivo, adaptação a solos pouco férteis, degradados, resistência à seca e por
estarem despontando como novas opções de ocupação de mão-de-obra e geração de renda, por sua
utilização como fonte de óleo para a produção de biodiesel (FRANCIS et al., 2005; ORHAN et al., 2004;
SHAH et al., 2004; SHAH et al., 2005).

O pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia L..) é uma planta da família euforbiácea que apresenta
como uma de suas características a boa qualidade de seu óleo que pode ser usado como biodiesel.

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Página | 1436

Baseado nos fatos supracitados este experimento teve como o objetivo avaliar a possibilidade
de crescimento do pinhão roxo em ambiente protegido.

METODOLOGIA

Os estudos foram conduzidos em ambiente protegido (abrigo telado) pertencente à Escola


Agrícola Assis Chateaubriand, localizada no município de Lagoa Seca, Paraíba (Latitude 7 º 09 S,
Longitude 35 º 52 W e altitude 634 m) na região do Brejo Paraibano. De acordo com os dados
coletados na estação de Meteorológica da EMEPA, as características climáticas do local da pesquisa
são as seguintes: temperatura média máxima 26,0 ºC, temperatura média mínima 18,20 ºC, umidade
relativa média anual 66%, precipitação média anual 950 mm, evapotranspiração média anual de
1100mm e insolação média diária de 7, 7, 7, 6, 6, 5, 5, 7, 7, 8, 9, 8 horas nos meses de janeiro,
fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro,
respectivamente. Durante os primeiros seis meses do experimento foram realizadas as coletas de
sementes, sua seleção e a conseqüente implantação do experimento. A coleta de sementes foi feita no
município de Riachão de Bacamarte e no município de Fagundes. A semeadura do pinhão roxo foi em
20 vasos de polietileno preto de 8 litros, onde foi utilizado 3 sementes por vaso, acrescentados 11
quilos de substrato (solo da EAAC e o esterco de boi curtido ambos peneirados numa proporção de
4x1). As irrigações foram executadas com base em lisímetros. Os lisímetros, no início do experimento
foram colocados para atingir a capacidade de campo, baseado na análise física, prévia, do solo
utilizado, sendo usados para manter a irrigação dos outros vasos, num turno de rega de 72 horas.
Nenhum tratamento diferenciado foi adotado, não havendo assim a necessidade execução de análise
estatística neste trabalho.

Foram avaliadas durante 20 semanas as variáveis de altura de mudas (AM); número de folhas
(NF) e diâmetro de caule (DC), apresentando somente as médias das 20 leituras sem qualquer tipo de
tratamento estatístico ou utilização de software desta natureza.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1435-1438.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir encontram-se as Figuras 01, 02 e 03, com resultados, em forma de média, das
variáveis AM, DC, e NF.

CONCLUSÃO

Baseado nos bons resultados médios obtidos com altura de mudas, diâmetro de caule e
número de folhas, pode ser recomendado a produção inicial de plantas de pinhão roxo em ambiente
protegido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FRANCIS, G.; EDINGER, R.; BECKER, K. A concept for simultaneous wasteland reclamation, fuel
production, and sócio-economic development in degraded areas in Índia: need, potential and
perspective of Jatropha plantations. Nature and Resources, Paris, Fórum 29, p.12-24, 2005.

ORHAN, I.; SENER, B.; CHOUDHARY, N.I.; KHALID, A. Acetylcholinesterase and butyrylcholinesterase
inhibitory activity of some Turkish medicinal plants. Journal of Ethnopharmacology, vol.91, p.57-60,
2004.

SHAH, S., SHARMA, S., GUPTA, M. N. Extraction of oil from Jatropha curcas L. seed kernels by
combination of ultrasonication and aqueous enzymatic oil extraction. Bioresource Technology. v.96,
p.121-123, 2005.

SHAH, S., SHARMA, S., GUPTA, M. N. Biodiesel preparation by lipase-catalyzed transesterification of


Jatropha oil. Energy & Fuels. v. 18, p. 154-159, 2004.

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Figura 01. Altura de mudas de pinhão roxo em ambiente protegido

Figura 02. Diâmetro de caule de pinhão roxo em ambiente protegido

Figura 03. Número de folhas de pinhão roxo em ambiente protegido

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PRODUÇÃO DE CANOLA EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO E UTILIZAÇÃO DA COBERTURA MORTA

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araújo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O fornecimento de elementos móveis em cobertura e a utilização de cobertura morta são


estratégias agronômicas utilizadas no campo para melhorar o desenvolvimento das culturas e o
aproveitamento de água e nutrientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação em
cobertura e utilização de cobertura morta sobre a produção de canola (Brassica napus L.). O
experimento foi realizado em solo classificado como Latossolo Amarelo do município de Areia, PB,
microrregião do Brejo paraibano, entre Julho e Novembro de 2009 em condições de campo. Adotou-se
o delineamento experimental em blocos casualizados, os tratamentos constaram da presença e
ausência da adubação de cobertura aos 30 dias após a emergência, e presença e ausência de
cobertura morta (palha de cana-de-açúcar triturada) nas parcelas. Os fatores avaliados foram o número
de plantas por sulco, metros colhidos, a produção por parcela, produtividade e peso de mil sementes.
O manejo do solo e de nutrientes na forma de utilização de cobertura morta e adubação de cobertura
não promoveram efeito significativo sobre a produção de canola. Em solos com elevado teor de matéria
orgânica a simples utilização de cobertura morta promove resultados produtivos superiores a aplicação
de fertilizantes em cobertura.
Palavras-chave – Brassica napus L.; Adubação mineral; Manejo do solo; Manejo de nutrientes

INTRODUÇÃO

A cultura da canola é uma oleaginosa, bastante utilizada na Europa na produção de


biocombustíveis, no Brasil o seu cultivo se limita aos Estados localizados no Sul do País (TOMM,
2007). Na região Nordeste alguns trabalhos foram desenvolvidos, como os de Tomm et al. (2008) e
Souza et al. (2008) avaliando o comportamento de genótipos de Canola no município de Areia, PB,
obtiveram produtividades de genótipo de ciclo curto e longo superiores a 2000 e 1500 kg ha -1
respectivamente. A média de produção Nacional de grãos de não chega a 1500 kg ha -1, o que mostra
que a região Nordeste, notadamente a microrregião do Brejo paraibano, é uma potencial área
produtora dessa oleaginosa no País.

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Contudo, pouco foi feito sobre o efeito de práticas de manejo do solo e de nutrientes como a
utilização de cobertura morta e a prática da adubação de cobertura nessa cultura na região. Sabe-se
que ambas as práticas propiciam melhores condições para o desenvolvimento da cultura e
conseqüentemente aumento nas produções.

A cobertura morta tem sido utilizada com a finalidade de reduzir a desagregação do solo,
incidência de plantas daninhas, além de contribuir para a manutenção de temperatura e umidade do
solo em níveis adequados para o desenvolvimento das plantas Em função destes requisitos é
recomendada para quase todos os solos e climas e para a grande maioria das culturas (RESENDE et
al., 2005). A adubação de cobertura por sua vez, promove aumento na eficiência de utilização de
nutrientes móveis, que normalmente se aplicados em dose única, podem ser perdidos por lixiviação ou
volatilização.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação em cobertura e utilização de


cobertura morta sobre a produção de canola (Brassica napus L.) cultivada no brejo paraibano.

METODOLOGIA

O experimento foi instalado em condições de campo no período de Julho a Novembro de 2009,


em área experimental pertencente ao Centro de Ciências Agrárias – UFPB, Campus II, localizada no
município de Areia (PB). As características químicas do solo utilizado foram determinadas antes da
instalação do experimento (Quadro 1).

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. Os


tratamentos foram constituídos pela presença e ausência de cobertura morta e adubação de cobertura,
totalizando quatro tratamentos.

A calagem foi realizada três meses antes do plantio, conforme recomendações de Raij et al.,
(1997). A adubação de semeadura constou da aplicação, em todos os tratamentos, de 300 kg ha -1 do
fertilizante misto de fórmula 06-24-12 nas parcelas. Utilizou-se espaçamento entre linhas de 0,34 m, a
unidade experimental foi composta de 4 linhas de 5m de comprimento, totalizando como área útil 6,8
m2. Nas adubações de cobertura foi aplicado 20 kg ha-1 de N + 22 kg ha-1 de S na forma de sulfato de
amônio, 90 kg ha-1 de N na forma de uréia e 30 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio aos 30
dias após a emergência (DAE). A cobertura morta foi colocada logo após a emergência das plântulas,
foi utilizado como material palha de cana-de-açúcar triturada em área total dentro das parcelas

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Foram feitas as seguintes avaliações, Metros colhidos - foi considerada a quantidade


de metros colhidos multiplicado pelo espaçamento entre as linhas, obtendo-se a área colhida; Gramas
colhidas foram registrados o peso dos grãos colhidos; Peso de mil grãos: foi feito utilizando oito
repetições de 100 sementes, obteve-se a média dessas repetições e multiplicou-se por 10 e
Produtividade: foi calculada através da relação entre a quantidade em gramas colhidas na área
plantada e o que seria colhido em 1 ha.

Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F. A comparação das médias
foi efetuada pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A utilização de cobertura morta, adubação de cobertura e sua interação não promoveram efeito
significativo sobre a produção de canola no brejo paraibano (tabela 1). A produtividade obtida variou
entre 1621 e 2652 kg ha-1, resultado muito superior ao obtido por Tomm et al., (2008) e Souza et al.,
(2008).

O elevado teor de matéria orgânica encontrado no solo pode ter influenciado nos resultados,
pois esta tem influencia direta no fornecimento de nutrientes às culturas, retenção de cátions,
complexação de elementos tóxicos e de micronutrientes, estabilidade da estrutura, infiltração e
retenção de água, aeração e atividade microbiana, constituindo-se componente fundamental da sua
atividade produtiva (BAYER e MIELNICZUK, 1999), haja vista a ausência da adubação de cobertura ter
promovido resultados tão satisfatórios. Desta forma percebe-se que em solos de elevado teor de
matéria orgânica recomenda-se não aplicar fertilizantes, gerando uma economia no final do ciclo e
agredindo menos o ambiente.

Uma vez que, quando devidamente mineralizada a matéria orgânica melhora as condições
físicas, químicas e biológicas do solo, alem de apresentarem aspectos positivos na qualidade do
produto colhido, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento das plantas.

Resende et al.,(2005) obtiveram um aumento da umidade do solo de 125,5 g kg -1 (sem


cobertura) para 139,2 g kg-1 (com cobertura), o que favoreceram a maior eficiência do uso da água,
além de verificar que a mesma não interferiu significativamente na produção de cenoura.

Ao se analisar os resultados sem considerar o efeito estatístico pode-se observar que a


utilização de cobertura morta propiciou resultados superiores ao se comparar com os tratamentos em

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que a mesma não foi aplicada. Contudo não teve resultados positivos quando aplicados juntamente
com a adubação de cobertura.

CONCLUSÃO

O manejo do solo e de nutrientes na forma de utilização de cobertura morta e adubação de


cobertura não promoveram efeito significativo sobre a produção de canola.

Em solos com elevado teor de matéria orgânica a simples utilização de cobertura morta
promove resultados produtivos superiores a aplicação de fertilizantes em cobertura.

Mesmo com a ausência das duas práticas de manejo os resultados de produtividade foram
superiores a média nacional de produção de canola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Dinâmica e função da matéria orgânica. In: SANTOS, G. de A.;
CAMARGO, F.A. de O. (Ed.). Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais e
subtropicais. Porto Alegre: Gênesis, 1999. p.9-26.

RESENDE, F. V.; SOUZA, L. S.; OLIVEIRA, P. S. R.; GUALBERTO, R. Uso de cobertura morta vegetal
no controle de umidade e temperatura do solo, na incidência de plantas invasoras e na produção de
cenoura em cultivo de verão. Revista Ciência Agrotecnologia, Lavras, v. 29, n. 1, p. 100-105, 2005.

SOUZA, T. A. F.; RAPOSO, R. W. C.; TOMM, G. O.; OLIVEIRA, J. T. L.; SILVA NETO, C. P.
Desempenho de genótipos de canola (Brassica napus L.) no município de Areia – PB. In: Congresso
Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 5. Lavras: EMBRAPA
AGROENERGIA: CNPq: TECBIO: BIOMINAS: SEBRAE, 2008.

TOMM, G. O. Indicativos tecnológicos para a produção de canola no Rio Grande do Sul. Passo
Fundo: EMBRAPA Trigo, 2007. 68p. (Sistema de Produção n° 4).

TOMM, G. O.; RAPOSO, R. W. C.; SOUZA, T. A. F.; OLIVEIRA, J. T. L.; RAPOSO, E. H. S.; SILVA
NETO, C. P.; BRITO, A. C.; NASCIMENTO, R. S.; RAPOSO, A. W. S.; SOUZA, C. F. Desempenho de
genótipos de canola (Brassica napus L.) no Nordeste do estado da Paraíba, Nordeste do Brasil.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2008. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento,
online, nº 65.

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Quadro 1. Características químicas do solo cultivado, Areia (PB), na profundidade de 0-0, 20 cm


pH M.O. P K+ Ca2+ Mg+2 H + Al V
H2O (1:2,5) --g kg-1-- -------mg dm-3------- ---------------cmolc dm-3--------------- ----%----
5,47 42,12 0,57 42,13 2,95 0,15 7,18 31,62

Tabela 1. Média das variáveis de produção em função da adubação fosfatada


Metros
Produtividade Peso de mil
Cobertura morta Adubação de cobertura colhidos
(kg ha-1) sementes (g)
(m2)

Ausência 2,7 1621,2 1,06


Ausência
Presença 2,7 2287,9 1,09

Ausência 2,7 2652,3 1,08


Presença
Presença 2,8 2417,9 1,13

Cobertura morta 0,06 NS 0,33 NS 1,12 NS

Valor de F Adubação de cobertura 0,10 NS 2,37 NS 1,30 NS

Interação 0,02 NS 0,23 NS 0,08 NS

Coeficiente de variação (%) 32,5 58,1 10,1

NS: não significativo

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PRODUÇÃO DE GENÓTIPOS DE CANOLA NO BREJO PARAIBANO

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araújo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – A canola se constitui numa excelente opção de cultivo para o período chuvoso, alem de se
tornar mais uma alternativa para a produção de biodiesel para o agronegócio regional. O objetivo do
trabalho foi avaliar a produção de diferentes genótipos de canola cultivados em área úmida do nordeste
de Paraíba. Para tanto foram avaliados o número de plantas germinadas, metros e gramas colhidas,
peso de mil sementes e produtividade. O experimento foi conduzido em área experimental da UFPB,
situada no município de Areia - PB. Foram utilizados nove genótipos de canola: Brassica napus (Hyola
401, 4722, 4816 K9209, K 9111), Brassica campestris (Q6501) e Brassica sylvestris (Hyola 61, 432,
I4403). Os resultados permitiram concluir que o município de Areia (PB) é uma região promissora para
o cultivo de canola. A produtividade obtida foi semelhante às produtividades obtidas nos principais
centros produtores do mundo, contudo necessita-se da determinação da época correta de plantio, haja
vista que os dados obtidos foram diferentes dos obtidos anteriormente.
Palavras-chave – Brassica napus L.; Produtividade; Estabelecimento; Área úmida

INTRODUÇÃO

A canola (Brassica napus L.) é uma oleaginosa pertencente à família das crucíferas. Os grãos
de canola atualmente produzidos no Brasil possuem em torno de 24 a 27% de proteínas e, em média,
38% de óleo (TOMM, 2007).

O Nordeste tem como principal cultura para a produção de biodiesel a mamoneira (Ricinus
communis L.), cultura esta de reconhecida resistência a seca e que produz sementes com cerca de
55% de óleo (AZEVEDO et al., 1997), contudo sabe-se que o cultivo de canola se encaixa bem nos
sistemas de produção além de apresentar diversos benefícios subseqüentes, constituindo excelente
opção de cultivo no período de inverno (AVILLA, 2007).

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SOUZA et al. (2008) avaliando o despenho de dez diferentes genótipos no município de Areia
(PB) obtiveram produtividades superiores a 2000 kg ha -1 para genótipos precoces e 1500 kg ha-1 para
genótipos tardios, valores estes próximos à média nacional, contudo necessita-se de mais informações
sobre esta cultura para região, contudo ainda são dados preliminares, necessitando ainda de mais
estudos sobre tal comportamento.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento fenológico de diferentes genótipos de


canola cultivados em área úmida do nordeste de Paraíba.

METODOLOGIA

O experimento foi instalado em condições de campo no período de Maio até Setembro de


2008, em área experimental pertencente ao Centro de Ciências Agrárias – UFPB, Campus II, localizada
no município de Areia (PB). As características químicas do solo utilizado foram determinadas antes da
instalação do experimento (Quadro 1).

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. Os


tratamentos foram constituídos por nove genótipos de Canola (Brassica napus: Hyola 401, 4722, 4816
K9209, K 9111; Brassica campestris: Q6501 e Brassica sylvestris: Hyola 61, 432, I4403).

A calagem foi realizada três meses antes do plantio, conforme recomendações de Raij et al.,
(1997). A adubação de semeadura constou da aplicação, em todos os tratamentos, de 300 kg ha -1 do
fertilizante misto de fórmula 06-24-12 nas parcelas. Utilizou-se espaçamento entre linhas de 0,34 m, a
unidade experimental foi composta de 4 linhas de 5m de comprimento, totalizando como área útil 6,8
m2. Nas adubações de cobertura foi aplicado 20 kg ha-1 de N + 22 kg ha-1 de S na forma de sulfato de
amônio, 90 kg ha-1 de N na forma de uréia e 30 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio aos 30
dias após a emergência (DAE).

Foram feitas as seguintes avaliações, Número de Plantas - A primeira avaliação foi


feita aos 5 DAE, onde foi contado o número de plantas em 4 m lineares, sendo utilizado para isto uma
trena de 4 m para medir a dimensão a ser contada, descontando 0,5 m para as bordaduras, para
facilitar o trabalho e diminuir o erro; Metros colhidos - foi considerada a quantidade de metros colhidos
multiplicado pelo espaçamento entre as linhas, obtendo-se a área colhida; Gramas colhidas foram
registrados o peso dos grãos colhidos; Peso de mil grãos: foi feito utilizando oito repetições de 100
sementes, obteve-se a média dessas repetições e multiplicou-se por 10 e Produtividade: foi calculada

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através da relação entre a quantidade em gramas colhidas na área plantada e o que seria colhido em 1
ha.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, e em função do nível de significância


no teste F. A comparação das médias foi efetuada pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As condições climáticas do período de condução do experimento permitiram desenvolvimento


de todos os genótipos, pois segundo Tomm et al. (2003) condições adversas como estresse hídrico e
altas temperaturas desfavorecem o desenvolvimento da cultura, notadamente para genótipos de ciclo
tardio e no início do desenvolvimento das plantas, ou seja, no período compreendido entre emergência
e o estádio de roseta. O estante inicial não foi influenciado pelas condições climáticas da região, sendo
essa variável mais afetada pelo tamanho reduzido da semente (TOMM, 2007). Para os metros
colhidos, esta segue o estande inicial, pois estas estão intimamente relacionadas.

Conforme os dados climáticos da região apresentados na Figura 1, pode-se perceber que


conforme ocorreu o desenvolvimento da cultura, as temperaturas aumentaram, ao passo que a
precipitação diminuiu a umidade por sua vez não sofreu alteração significativa. Diferentemente de
dados obtidos por Souza et al. (2008) que obtiveram abortamento de flores e menor uniformidade no
enchimento de síliquas para os genótipos de ciclo longo, não foi observado mesmo fenômeno durante
o florescimento, fator este devido à semeadura dos experimentos ter ocorrido em épocas diferentes.

O período de florescimento é fundamental para se obter altas produtividades, pois a partir do


conhecimento da sua duração pode-se recomendar o melhor momento de semeadura, percebe-se que
os genótipos que apresentaram período inferior a 30 dias apresentaram-se menos produtivos do que
os de florescimento mais prolongado, o que sugere que após o florescimento, quando a planta entra na
fase de enchimento a maturação de grãos, o período chuvoso não é mais desejável.

De acordo com dados de produtividade apresentados na tabela 1 observa-se que os genótipos


de ciclo longo ou tardio apresentaram superiores aos demais, devido a o período de semeadura terem
lhes favorecido, pois durante o período de floração não passaram por estresse térmico nem hídrico,
diferentemente do que foi obtido em experimentos anteriores na região. Contudo ainda as

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produtividades ainda se encontram muito superiores ao que se é obtido nos principais centros
produtores, onde as produtividades giram em torno de 1000 kg ha -1 (TOMM et al., 2003).

CONCLUSÃO

A região mostra-se potencialmente promissora para o cultivo de canola, sendo necessários


estudos para indicação da época de semeadura, haja vista que os dados não foram semelhantes aos
obtidos em um ano anterior, mesmo assim as produtividades foram superiores a 1500,0 kg ha-1. O que
demonstra que o cultivo dessa oleaginosa pode ser mais uma alternativa de emprego e geração de
renda para os pequenos produtores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Quadro 1. Características químicas do solo cultivado, Areia (PB), na profundidade de 0-0, 20 cm


pH M.O. P K+ Ca2+ Mg+2 H + Al V
H2O (1:2,5) --g kg-1-- -------mg dm-3------- ---------------cmolc dm-3--------------- ----%----
5,96 29,70 3,64 42,13 4,10 1,20 8,42 39,59

Figura 1. Temperaturas máxima e mínima, precipitação e umidade relativa do município de Areia (PB) durante a condução
do experimento

300 30

250 25

200 20 PRECIP. (mm)


U.R. (%)
150 15
T. MAX (°C)
100 10 T. MIN (°C)

50 5

0 0
MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia, estação: 82696/Areia – Paraíba.

Tabela 1: Comportamento dos genótipos de canola no Nordeste da Paraíba


EI MC GC PMG P
Genótipos
(Plantas) (m )
2 (g) (g) (t/ha)
Hyola 61 56,63 a 6,31 a 1117,1 ab 3,7 a 1775,8 ab
Hyola 401 40,75 a 6,63 a 1245,1 ab 5,15 a 1883,4 ab
Hyola 432 58,94 a 6,38 a 1521,1 ab 4,4 a 2405,8 a
I 4403 59,44 a 6,74 a 1745,5 a 3,18 a 2598,4 a
Hyola 4722 53,25 a 6,8 a 1273,7 ab 2,98 a 1873,1 ab
Hyola 4816 59,56 a 6,53 a 886,4 b 5,43 a 1354,5 b
Q 6501 47,06 a 6,8 a 1292,7 ab 4,45 a 1901,1 ab
K 9209 63,44 a 6,8 a 891,6 b 3,65 a 1311,2 b
K 9111 47,75 a 5,88 a 976,1 ab 4,6 a 1680,8 ab
Valor de F 2,12ns 2,25ns 2,81* 0,95ns 2,72*
C.V. (%) 22,31 6,02 26,83 41,72 26,48
EI= Estande inicial , MC= Metros colhidos, GC= gramas colhidas, PMG= Peso de mil grãos, P= Produtividade. Médias
seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ns, *, **: não-
significativo e significativo a 5 e 1%, respectivamente.

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PRODUÇÃO DE GIRASSOL NO SEMIÁRIDO PARAIBANO SOB DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

Silvio Dantas da Silva2; Cláudio Silva Soares3; Ivomberg Dourado Magalhães2; Francisco Edinaldo da
Costa2; Gerckson Maciel Rodrigues Alves1; Antonio Ewerton da Silva Almeida2
1Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da UEPB. CEP: 58884-000, Catolé do

Rocha-PB.gekson_pb@hotmail.com ; 2Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrárias, Campus IV da


UEPB, CEP: 58884-000. Catolé do Rocha-PB, Bolsistas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq/UEPB.
Silvio_agrarias@hotmail.com ; 3Prof. Dr. do Departamento de Ciências Agrárias e Exatas, Campus IV da UEPB. CEP:
58884-000. Catolé do Rocha-PB. E-mail: Claudio.uepb@yahoo.com.br

RESUMO – O crescimento do cultivo do girassol nos últimos anos vem demonstrando que a cultura é
uma alternativa para composição de sistemas de produção nas diversas regiões produtoras do Brasil.
No Brasil, o girassol se apresenta como mais uma alternativa econômica, plantada após soja ou milho,
no denominado cultivo de safrinha, principalmente pela possibilidade de um melhor aproveitamento da
terra, que normalmente fica ociosa após a colheita dessas culturas. Neste contexto, objetivou analisar
as características fenológicas do genótipo HLS 07 sob diferentes espaçamentos de plantio nas
condições edafoclimáticas de Catolé do Rocha-PB. O experimento foi implantado no setor experimental
de oleaginosa do Campus IV da UEPB, em Catolé do Rocha-PB. Utilizou-se o delineamento
experimental de blocos casualizados, sendo os tratamentos representados por cinco (5) espaçamentos
(T1=0,5 x 0,5; T2=0,6 x 0, 417; T3=0,7 x 0, 358; T4=0,8 x 0, 313; T5=0,9 x 0, 278), com 4 repetições,
totalizando 20 parcelas. Foi avaliado o diâmetro do capítulo, número de aquênio por capítulo e
produção de sementes. As características produtivas avaliadas independeram dos diferentes
espaçamentos de plantio nas condições do semiárido paraibano.
Palavras-chave: Helianthus annuus, arranjo espacial, genótipo.

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) está entre as cinco maiores culturas produtoras de óleo
vegetal comestível (6,5% da produção mundial de oleaginosas na safra 2001/2002), ficando atrás
apenas da soja (56,8% do total), do algodão (11,3% do total), da colza (11,1% do total) e do amendoim
(10,23% do total) (FAGUNDES, 2002). O cultivo do girassol tem se mostrado uma opção econômica
em sistema de rotação com outras culturas de grãos, e vem despertando o interesse de agricultores,
técnicos e empresas devido à possibilidade de utilizar seu óleo como matéria prima para fabricação de
biodiesel (BACKES et al., 2008).

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O girassol é uma cultura que apresenta características desejáveis sob o ponto de vista
agronômico, tais como: ciclo curto, elevada qualidade e bom rendimento em óleo, o que o qualifica
como uma boa opção aos produtores brasileiros, esta possibilidade deverá ser aumentada com a
recente decisão do governo federal em se utilizar o biodiesel na matriz energética, por meio de sua
adição ao óleo diesel comercializado (Silva, et, al, 2007). Ressalta-se ainda que o uso de
espaçamentos reduzidos proporcionam o sombreamento mais rápido nos espaços entre as linhas,
diminuindo a perda de água por evaporação, diminuindo o impacto da gota de chuva na superfície do
solo e melhorando a performance na aplicação de produtos fitossanitários. Além disto, reduz a mato
competição, proporcionando efeito supressor no desenvolvimento das ervas daninhas (SILVA;
NEPOMUCENO, 1991; SILVA et al.,1995). Desta forma, objetivou-se analisar as características
produtivas do girassol, genótipo HLS 07, sob diferentes espaçamentos nas condições do semiárido
paraibano.

METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido em parceria com a Embrapa Algodão e instalado no setor
de oleaginosas do Campus IV da Universidade Estadual da Paraíba- UEPB, localizado no Sítio
Cajueiro, pertencente ao Município de Catolé do Rocha- PB. Este município está inserido no alto sertão
paraibano, sob as coordenadas de 6º20`38``S e 37º44`48``O, com altitude de 272 m do nível do mar. O
clima do município, de acordo com a classificação de Koppen é do tipo BSWh`, ou seja, quente e seco
do tipo estepe, com temperatura média mensal a 18 ºC durante todo ano. O experimento foi realizado
no período de novembro de 2009 a fevereiro de 2010. O delineamento experimental adotado foi o de
blocos casualizados, sendo representado por cinco tratamentos (T1=0,5x0,5m, T2=0,6x0,41m,
T3=0,7x0,358m, T4=0,8x0,313m, T5=0,9x0,278m) com quatro repetições. As parcelas constaram de
5m x 5m. Na semeadura do girassol foi utilizado o genótipo HLS 07, sendo as avaliações realizadas
aos 90 dias após a emergência das plântulas. As variáveis analisadas foram: diâmetro do capítulo
(DCA), número de aquênios por capítulo (NAC) e produção de sementes (PS). Para determinação do
diâmetro do capítulo foram utilizadas 5 (cinco) flores por parcela, para as medições do diâmetro do
capítulo era utilizado um paquímetro graduado em milímetros (mm). Na determinação da produção de
sementes foi realizado através do peso das sementes debulhadas de 10 (dez) flores, a qual era pesada
em uma balança graduada em 0,0001g e seu valor expresso em kg ha-1. O número de aquênios por
capítulo foi determinado através da média de 2 duas flores, sendo realizado a contagem dos aquênios
manualmente. A análise estatística foi realizada no programa SISVAR 5.0, sendo os dados das

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variáveis submetidos á análise de variância pelo teste F e as médias comparadas através do teste de
Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 encontra-se o resumo da análise de variância, onde se observa que não houve
diferença significativa com a aplicação dos tratamentos, quando foi avaliado o diâmetro do capítulo,
produção de sementes, número de aquênio por capítulo.

Quanto ao número de aquênio por capítulo, o resultado foi superior ao encontrado por Silva
(2009b), quando avaliou o desempenho de híbridos de girassol em espaçamentos reduzidos, utilizando
o híbrido Agrobel 960, o qual obteve uma média de 489 aquênios por capítulo. O melhor arranjo de
plantas na área de condução do ensaio também pode ter proporcionado maior disponibilização de
fotoassimilados para a formação dos grãos nos capítulos, contribuindo para o aumento no rendimento
de aquênios, como destacado por Solasi e Mundstock (1992).

No que se refere à produção de sementes, observou-se que o resultado foi superior ao


encontrado por Silva (2009b), quando avaliou o desempenho de híbridos de girassol em espaçamentos
reduzidos, utilizando o espaçamento de 40 cm entre linhas, pois o autor obteve um rendimento de
1.272 kg ha-1. Silva (2009a), trabalhando com efeitos do espaçamento entre linhas nos caracteres
agronômicos de três híbridos de girassol cultivados na safrinha, obteve valores inferiores com uma
produção de sementes de 1.371 Kg ha1 com o híbrido Agrobel 960, 772 Kg ha1 com o híbrido BRHS 5 e
830 Kg ha1 com o híbrido Hélio 251, quando foram utilizados espaçamentos de 40 cm, 50 cm, 70 cm e
80 cm entre linhas.

O maior valor obtido com os híbridos de girassol, quando cultivados em espaçamentos


reduzidos, pode ser atribuído, além de outros fatores, à adequada distribuição de plantas na área de
cultivo, o que permite melhor aproveitamento dos recursos naturais (Zarea et al. 2005).

CONCLUSÃO

As características produtivas avaliadas independeram dos diferentes espaçamentos de plantio


nas condições do semiárido paraibano.

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AGRADECIMENTOS

Ao programa de institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/ CNPq- UEPB, pela


concessão de bolsas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ZAREA, M. J.; GHALAVAND, A.; DANESHIAN, J. Effect of planting patterns of sunflower on yield and
extinction coefficient. Agronomy for Sustainable Development, Avignon, v. 25, n. 4, p. 513-518,2005.

Tabela 1- Resumo da análise de variância para diâmetro do capítulo (DCA), produção de sementes (PS) e número de
aquênio por capítulo (NAC) de girassol cultivado em diferentes espaçamentos. Catolé do Rocha-PB, 2010.
Quadrados Médios
Fontes de Variação GL
DCA PS NAC
Tratamento 4 1,845750NS 154444,8NS 7408,8380NS
Bloco 3 1,170 617367,0 78867,864
CV (%) 9,44 15.19 9,88
Tratamentos Médias Observadas
0,5mx0,5m 15,625 3.003,2 826,050
0,6mx0,41m 15,550 2.854,9 868,350
0,7mx0,358m 17,025 3.289,8 923,100
0,8mx0,313m 16,050 3.215,7 825,650
0,9mx0,278m 15,300 2.879,0 824,950
ns : não significativo pelo teste F a 5% de probabilidade.Para o diâmetro do capítulo o resultado foi superior ao valor
encontrado por Silva (2009), quando avaliou o desempenho de híbridos de girassol em espaçamentos reduzidos. O autor,
utilizando o híbrido Hélio 251, obteve o valor de 12,2 cm e justificou o baixo valor pelo fato do girassol ter sido cultivado na
safrinha, onde há limitação hídrica nos estádios mais avançados de desenvolvimento da cultura. Resultados obtidos por
Nepomuceno e Silva (1992) constatam aumento do diâmetro do capítulo quando variou o espaçamento entre linhas de 1,0
para 0,4 m. Por outro lado, Lira (2007) trabalhando com girassol no Rio Grande do Norte, verificou em dois ensaios
realizados, diâmetros médios do capítulo de 20 e 19 cm.

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PRODUÇÃO DE GRÃOS DE CANOLA EM FUNÇÃO DE ÉPOCAS DE SEMEADURA


EM DOIS ANOS DE CULTIVO

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araújo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O potencial de rendimento de grãos, definido pela interação genótipo-ambiente, pode ser
maximizado por meio da escolha adequada da época de semeadura. O objetivo do trabalho foi avaliar
a produção de canola em função de diferentes épocas de semeadura em dois anos de cultivo no Brejo
paraibano. O experimento foi conduzido no município de Areia - PB. O delineamento experimental
utilizado foi em parcelas sub-divididas, sendo as parcelas principais nove épocas de semeadura e as
sub-parcelas dois diferentes genótipos de canola. Foram avaliados o número de plantas germinadas,
metros e gramas colhidas, peso de mil sementes e produtividade. Os resultados permitiram concluir
que houve efeito das épocas de semeadura, genótipos e interação época-genótipo sobre a
produtividade da cultura nos dois anos de cultivo, sendo obtido desenvolvimento satisfatório entre o
período compreendido entre 07/04 e 02/07 nos dois anos de cultivo, ocorrendo nesse período
condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da planta. A época mais indicada para o
plantio de canola esta compreendida entre 21/05 e11/06. Fora desse período estabelecido o risco de
perdas é elevado haja vista elevação da temperatura e diminuição da disponibilidade de água no solo.
Palavras-chave – Brassica napus L.; Interação genótipo-ambiente; Produção; Temperatura

INTRODUÇÃO

A canola é uma oleaginosa de inverno desenvolvida a partir do melhoramento genético da


colza, pertence à família das crucíferas e ao gênero Brassica, e vem tendo sua área de produção
ampliada pelo interesse na produção de proteínas e de óleo de qualidade (SOUZA et al., 2008) e que
apresenta maior potencial de rendimento quando semeada em meados de abril, nas áreas
relativamente quentes do Noroeste do Rio Grande do Sul (TOMM, 2007).

Na região Nordeste, os fatores ambientais exercem influência direta sobre a época de


semeadura, as variações de temperatura do ar, radiação, e estresse hídrico influenciam a fenologia, o

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crescimento e o desenvolvimento das culturas, principalmente as de ciclo curto. O potencial de


rendimento de grãos, definido pela interação genótipo-ambiente (TOLLENAAR e LEEM, 2002), pode
ser maximizado por meio da escolha adequada da época de semeadura, sem sobrecarregar,
significativamente, o custo de produção.

O objetivo do trabalho foi avaliar a produção de grãos de canola (Brassica napus L. var.
Oleifera) em função de diferentes épocas de semeadura em área úmida do Nordeste da Paraíba em
dois anos de cultivo.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em condições de campo na fazenda experimental Chã-de-Jardim,


pertencente à Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, município de Areia, PB
de Julho até Novembro de 2009.

O solo foi preparado com uma aração e uma gradagem. Foi realizada a calagem 60 dias antes
da semeadura, conforme recomendações de Raij et al., (1997). As parcelas foram constituídas por seis
linhas de 5m de comprimento, espaçadas em 0,45 m, totalizando 13,5 m 2 de área total. Para evitar
interferência entre os genótipos semeados lado a lado, foram deixados espaços equivalentes ao
espaçamento usado entre cada fileira de plantas, entre as parcelas.

O delineamento experimental utilizados foi em parcelas sub-divididas, sendo as parcelas


principais nove épocas de semeadura (20/03; 07/04; 29/04; 21/05; 11/06; 02/07; 22/07; 13/08 e 05/09
dos anos de 2008 e 2009) e as sub-parcelas dois diferentes genótipos de canola (Hyola 61 e Hyola
401).

Na adubação de semeadura utilizou-se 300 kg/ha do fertilizante misto de fórmula 06-24-12,


aplicado em todos os tratamentos, e 30 dias após o plantio (DAP) foi feita à adubação de cobertura,
aplicando 120 kg/ha de nitrogênio na forma de uréia, ao lado dos quatro sulcos de forma uniforme, em
todas as parcelas. A primeira avaliação foi feita aos 5 dias após a emergência (DAE), onde foram
contadas o número de plantas em 4 m lineares, sendo utilizado para isto uma trena de 4 m para medir
a dimensão a ser contada, descontando 0,5 m para as bordaduras, para facilitar o trabalho e diminuir o
erro.

Após a colheita foram avaliados os metros colhidos, gramas colhidas, peso de mil grãos e a
produtividade obtida. Para a avaliação de metros colhidos foi considerado a quantidade de metros

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quadrados colhidos. Gramas colhidas foram registrados o peso dos grãos colhidos. E o peso de mil
grãos foi feito utilizando oito repetições de 100 sementes, obteve-se a média dessas repetições e
multiplicou-se por 10 e a produtividade.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, e em função do nível de significância


no teste F. A comparação das médias foi efetuada pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A produção de sementes foi influenciada diretamente pela época de semeadura como mostra a
tabela 1, sendo o efeito dos genótipos verificado apenas na produtividade. A disponibilidade de água
no solo foi crucial para o processo de emergência de plântulas e conseqüentemente nos metros
colhidos, sendo observados resultados superiores do estante inicial entre a época 02 e 06 nos dois
anos de cultivo (tabela 1), concordando com Tomm et al. (2004). Nas demais épocas (01, 07, 08 e 09)
observaram-se períodos de déficit hídrico superior a 15 dias, notadamente a partir do mês de setembro
onde foram observadas as menores precipitações anuais. Tomm et al. (2004) cita que condições
adversas como estresse hídrico e altas temperaturas desfavorecem o desenvolvimento da cultura.

Estresses térmicos e hídricos provocam aumento do abortamento de flores, redução da


disponibilidade de nutrientes no solo e menor produtividade de grãos, observando que a partir do
enchimento dos grãos, a cultura não mais necessita de água, ou seja, elevadas precipitações nessa
época provocaram redução da produtividade, como pode ser observado na terceira época (29/04) que
apresentou produtividade inferior do que a segunda (07/04) e a quarta (21/05), pois o período de
enchimento de grãos da época 3 foi marcado pelas elevadas precipitações em 2008, já no ano
seguinte a 3 e 4 época tiveram produtividades inferiores em comparação a segunda época.

As gramas colhidas e produtividade foram influenciadas pelas épocas, genótipos e pela


interação época-genótipo, sendo observado que entre os períodos de 07/04 a 02/07 foram obtidos
valores superiores a 1500 kg ha-1, chegando a produzir 2289,5 e 2349,80 kg ha -1 na época 04 (21/05)
em 2008 e na época 5 (11/06) em 2009 respectivamente, devido o período de colheita destas coincidir
com o período de redução da precipitação e aumento da temperatura, o que favoreceu o
beneficiamento das sementes. Souza et al. (2008) avaliando o despenho de dez diferentes genótipos
no município de Areia (PB) obtiveram produtividades superiores a 2000 kg ha-1 para genótipos
precoces e 1500 kg ha-1 para genótipos tardios.

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CONCLUSÃO

A época mais indicada para o plantio de canola em área úmida do Nordeste da Paraíba, esta
compreendida entre a época 4 (21/05) e a época 5 (11/06) correspondente aos maiores rendimentos
de grãos em valores absolutos. A partir de 22/07 a semeadura não é mais recomendada devido o
elevado risco de perdas, pois a partir deste período o aumento da temperatura e diminuição da
precipitação promove redução do desenvolvimento da planta e redução da produção, podendo chegar
até a não se obter êxito na germinação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e
calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 1997.
285p.

SOUZA, T. A. F.; RAPOSO, R. W. C.; TOMM, G. O.; OLIVEIRA, J. T. L.; SILVA NETO, C. P.
Desempenho de genótipos de canola (Brassica napus L.) no município de Areia – PB. In:
Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 5. Lavras: EMBRAPA
AGROENERGIA: CNPq: TECBIO: BIOMINAS: SEBRAE, 2008.

TOLLENAAR, M.; LEEM, E. A. Yield potencial, yield stability and stress tolerance in maize. Field Crops
Recearch, v. 75, p. 161-169, 2002.

TOMM, G. O. Indicativos tecnológicos para a produção de canola no Rio Grande do Sul. Passo
Fundo: EMBRAPA Trigo, 2007. 68p. (Sistema de Produção n° 4).

TOMM, G. O.; SOARES, A. L. S.; MELLO, M. A. B. de; DEPINÉ, D. E.; FIGER, E. Desempenho de
genótipos de canola em Goiás, em 2004. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2004. 11 p.

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Tabela 1: Comportamento dos genótipos de canola no Nordeste da Paraíba em função das épocas de plantio
EI MC GC PMG P

Época (Plantas/m) (m2) (g) (g) (kg/ha)

2008 2009 2008 2009 2008 2009 2008 2009 2008 2009

8,5 334,3 632,2 371,4


01 (20/03) 39 ab 40 ab 9 cd 537,4 e 3,4 ab 3,5 ab
de e e e
10,0 1971,7 1834,2 2022,3 1746,9
02 (07/04) 46 a 48 a 10,5 cd 3,7 a 3,7 a
cd c c abc bc
12,6 2339,9 2129,8 1866,7 1651,0
03 (29/04) 32 bc 30 bc 12,9 a 3,7 a 3,6 ab
a b b bcd c
12,8 2918,7 2518,3 2289,5 1952,2
04 (21/05) 41 ab 48 a 12,9 a 3,5 ab 3,7 a
a a a a b
11,5 2590,6 2349,8 2221,9 2349,8
05 (11/06) 42 ab 46 a 10,0 cd 3,8 a 3,6 ab
ab b a ab a
11,3 2022,3 2019,2 1805,7 1852,5
06 (02/07) 47 a 49 a 10,9 b 3,0 b 3,6 ab
abc c b cd b
1013,8 1001,6 1538,8 1451,6
07 (22/07) 28 c 21 c 7,5 e 6,9 e 2,8 b 2,9 b
d d d cd
08 (13/08) 36 bc 38 ab 9,9 cd 10,0 cd 76,9 f 48,0 f 2,8 b 2,9 b 81,4 f 48,0 f
09 (05/09) 0d 0d 0f 0f 0f 0f 0c 0c 0f 0f
13,1*
Modelo 11,5** 28,8** 29,1** 58,1** 59,1** 12,8** 13,1** 24,5** 26,7**
*
Valor 21,2*
Épocas 20,3** 28,3** 29,9** 25,6** 29,8** 63,1** 58,0** 30,8** 34,8**
de F *
Genótipos 0,1ns 0,2ns 1,9ns 2,1ns 28,0** 28,7** 1,5ns 1,1ns 5,5* 5,4*
Interação 1,9ns 2,0ns 3,3** 2,3ns 1,7ns 1,9ns 3,3** 2,9** 3,2** 3,0**
C.V. A(%) 16,5 17,1 10,2 9,8 12,5 12,2 14,0 15,0 17,0 16,8
D.M.S. 9,5 9,7 1,6 1,8 317,0 319,0 0,6 0,7 396,9 399,1
Genótipos 2008 2009 2008 2009 2008 2009 2008 2009 2008 2009
1614,5 1817,1 1450,0 1817,1
H401 35 a 36 a 9,5 a 10,0 a 3,0 a 2,9 a
a a a a
1379,1 1213,8 1318,6 1190,0
H 61 35 a 35 a 9,2 a 10,2 a 2,9 a 2,8 a
b b b b
D. M. S. 2,7 2,7 0,4 0,5 91,1 101,1 0,2 0,2 114,1 11,6,7
C.V. B(%) 9,2 9,6 8,7 8,9 14,2 14,8 13,8 13,9 16,8 17,1
EI= Estande inicial, MC= Metros colhidos, GC= gramas colhidas, PMG= Peso de mil grãos, P= Produtividade. Médias
seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ns, *, **: não-
significativo e significativo a 5 e 1%, respectivamente.

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PRODUTIVIDADE DA MAMONEIRA EM REGIME DE SEQUEIRO NO MUNICÍPIO DE


BAIANÓPOLIS-BA

João Batista dos Santos1; Daniel Macedo Rios2; Lindoval Rodrigues do Nascimento2; Carlos Augusto
Araújo Santos2; Yulia Tishchenko de Oliveira3
1UFCG. agrosantos@hotmail.com; 2EBDA; 3UNEB

RESUMO: O presente trabalho teve como avaliar o desenvolvimento produtivo de cultivares de


mamona, em regime de sequeiro, no município de Baianópolis, estado da Bahia. O ensaio foi
conduzido em condições de sequeiro na Fazenda Canto do Mato, município de Baianópolis-BA á 75km
do município de Barreiras-BA, safras agrícolas 2008 e 2009. O município de Baianópolis-BA está
localizado nas seguintes coordenadas: 12º 24‘ 13‘‘S, 44º 30' 53'' W e com uma altitude de 680m. O
experimento foi instalado em blocos casualizados com três repetições. Cada parcela experimental, foi
constituída por 2 fileiras de 15m de comprimento, o espaçamento utilizado foi de 3 x 1,5m, sendo 3
metros entre fileira e 1,5 metros entre planta, totalizando 20 plantas por unidade experimental. Foram
semeadas três sementes por cova deixando apenas uma planta após o desbaste. Os tratamentos
corresponderam às seguintes cultivares: EBDA MPA-31, EBDA MPA-17, EBDA MPA-12, EBDA MPA-
32, EBDA MPA-18 e EBDA MPA-34. Após a colheita do primeiro ano produtivo, realizou-se a poda em
05 de dezembro de 2008 serrando o caule da planta a 50 cm do solo encerrando assim o primeiro ano
de condução do ensaio. A colheita do segundo ano produtivo ocorreu no período de março a setembro
de 2009. As Cultivarres EBDA MPA-31 e EBDA MPA-32 apresentaram as maiores produtividades. A
cultivar EBDA MPA-12 apresentou a menor produtividade.
Palavras-chave – Ricinus communis, Cultivares, Poda

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa de destacada importância no Brasil e no


mundo. Seu óleo é uma matéria prima de aplicações únicas na indústria química devido as
características peculiares de sua molécula que lhe fazem o único óleo vegetal naturalmente
hidroxilado, além de uma composição com predominância de ácido graxo, ricinoléico, conferindo
propriedades químicas atípicas. Além da vasta aplicação na indústria química, a mamoneira é
importante devido à sua tolerância à seca, tornando-se uma cultura viável para a região semi-árida do
Brasil, onde há poucas alternativas agrícolas. No entanto, esta cultura não é exclusiva da região semi-
árida, sendo também plantada com excelentes resultados em diversas regiões do país

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A cultura da mamona tem adquirido grande espaço nas discussões sobre o meio rural. Tal fato
se deve ao seu uso promissor no Programa Biodiesel do Governo Federal, como um de seus
programas prioritários. Acredita-se que a referida cultura possa dar importante contribuição para
aumentar a geração de emprego e renda no semi-árido nordestino, tendo massiva participação na
agricultura familiar nesse processo. Embora a produção dos grãos de mamona seja a atividade que
gera maior número de postos de trabalho, a extração do óleo também é de grande relevância para o
setor, principalmente porque na semente, seu teor varia de 35% a 55%, sendo o padrão comercial 44%
(FREIRE et al., 2006).

Apesar de toda a problemática existente com o cultivo da mamona, a sua utilização na


ricinoquímica, seu potencial como matéria prima na produção do Biodiesel, e sua importância para a
manutenção do agricultor do semi-árido no campo, torna-se necessário um maior empenho
governamental para ofertar melhores tecnologias para seu cultivo principalmente pelo pequeno
produtor. Nos trabalhos de melhoramento da mamoneira realizados pela EBDA, verificou-se grande
dificuldade em identificar variedades adaptadas a mais de um ecossistema, chegando-se ao extremo
de em uma localidade termos a necessidade da utilização de mais de um material, pois o processo de
interação genótipo ambiente foi bastante acentuado, (PARENTE, 2003; SANTIAGO, 1985).

O Brasil foi, durante décadas, o maior produtor mundial de bagas de mamona e, ainda, o maior
exportador do seu óleo. Nos últimos anos o país vem apresentando produções declinantes, perdendo a
condição de primeiro produtor mundial para a Índia e a China, respectivamente.

Entre os Estados a Bahia é a maior produtora de mamona, respondendo por 80% da produção
de mamona do país (CONAB, 2006). O maior rendimento obtido nos últimos 14 anos tem se situado
num patamar alto, em função do aumento da procura mundial de óleo dessa lavoura. Além disso, os
produtores estão mais animados com a boa perspectiva de ampliação da demanda interna a partir da
adição do biodiesel ao óleo diesel. A combinação desses fatores motivou o aumento da área plantada
(IBGE, 2004).

Este trabalho objetivou avaliar o desenvolvimento produtivo de cultivares de mamona, em


regime de sequeiro, no município de Baianópolis, estado da Bahia

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METODOLOGIA

O ensaio foi conduzido em condições de sequeiro na Fazenda Canto do Mato, município de


Baianópolis-BA á 75km do município de Barreiras-BA, safras agrícolas 2008 e 2009. O município de
Baianópolis-BA está localizado nas seguintes coordenadas: 12º 24‘ 13‘‘S, 44º 30' 53'' W e com uma
altitude de 680m. O experimento foi instalado em blocos casualizados com três repetições. Cada
parcela experimental, foi constituída por 2 fileiras de 15m de comprimento, o espaçamento utilizado foi
de 3 x 1,5m, sendo 3 metros entre fileira e 1,5 metros entre planta, totalizando 20 plantas por unidade
experimental. Foram semeadas três sementes por cova deixando apenas uma planta após o desbaste.
Os tratamentos corresponderam às seguintes cultivares: EBDA MPA-31, EBDA MPA-17, EBDA MPA-
12, EBDA MPA-32, EBDA MPA-18 e EBDA MPA-34. Após a colheita do primeiro ano produtivo,
realizou-se a poda em 05 de dezembro de 2008 serrando o caule da planta a 50 cm do solo
encerrando assim o primeiro ano de condução do ensaio. A colheita do segundo ano produtivo ocorreu
no período de março a setembro de 2009.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que a cultivar que apresentou maior produtividade no primeiro ano produtivo,
apesar de não ter diferenciados estatisticamente entre as demais foi a cultivar EMDA MPA 32, com
uma produtividade de 821,48 kg por hectare. Com uma produtividade de 1.883,7 kg por hectare a
cultivar EBDA MPA-31 apresentou maior produtividade no segundo ano produtivo, embora não tenha
diferenciado estatisticamente entre as demais cultivares. Observando a produtividade total as cultivares
EBDA MPA-31 e EBDA MPA-32 tendem ser mais produtivas quando comparadas com as demais
cultivares, apresentando valores de produtividades de 2.531,11 e 2.528,51, respectivamente. A cultivar
que apresentou a menor produtividade nos dois anos de cultivo, embora estatisticamente o resultado
da produtividade esteja igual ao das demais cultivares, foi a cultivar EBDA MPA 12, com uma
produtividade total 1.930,88 kg ha-1.

CONCLUSÕES

As Cultivares EBDA MPA-31 e EBDA MPA-32 foram as que apresentaram as maiores


produtividades nos dois anos de cultivo. A cultivar EBDA MPA-12 apresentou a menor produtividade
nos dois de cultivo

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M; SILVA, L. C.; MELO, F. B. Cultivo da mamona (Ricinus communis L.) consorciada
com feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) para o semi-árido nordestino, em especial do Piauí.
Campina Grande: EMBRAPA Algodão, 44p. 2002.

FREIRE, R. M. M.; SOUSA, R. de L.; SALDANHA, L.; MILANI, M. Avaliação da qualidade do óleo de
mamona de diferentes genótipos. IN: II Congresso Brasileiro de Mamona. Aracaju-SE. CD ROM, 2006.
IBGE. Dados estatísticos – 2004. Disponível em: <http:\\www.ibge.gov.br.> Acesso em: 9 set. 2004.
PARENTE, E. J. S. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado. Fortaleza: Tecbio, 2003.
68 p.
SANTIAGO, A. N. Caracterização de cultivares de mamona (Ricinus communis L.) por padrões
isozimáticos. 1998, 86 p. Tese (Mestrado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa – MG.

Tabela 1 Produtividade da mamoneira em dois anos de cultivo no município de Baianópolis-BA.


Produtividade, kg ha-1
Cultivares 2008 2009 Total
EBDA MPA-31 647,41 A 1.883,70 A 2.531,11
EBDA MPA-17 569,26 A 1.605,18 A 2.174,44
EBDA MPA-12 500,74 A 1.430,14 A 1.930,88
EBDA MPA-32 821,48 A 1.707,03 A 2.528,51
EBDA MPA-18 654,44 A 1.628,51 A 2.282,95
EBDA MPA-34 793,34 A 1.589,63 A 2.382,97
Média 664,44 1.640.70 -
CV % 26,64 28.47 -
DMS 501,80 1.324,29 -

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PRODUTIVIDADE DE CANOLA EM SUCESSÃO AO CULTIVO DA MAMONEIRA

Tancredo Augusto Feitosa de Souza 1; Roberto Wagner Cavalcanti Raposo2; Aylson Jackson de Araújo
Dantas2; Carolline Vargas e Silva2; Antonio Dantas Gomes Neto2; Luiz Cláudio Nascimento dos
Santos2; Rodolfo César de Albuquerque Araújo2; Heitor Régis Nascimento Rodrigues2; Diego Alves de
Andrade2; Diego Almeida Medeiros2; Jefferson Alves Dias2; Edgley Soares da Silva2; Glêvia Kamila
Lima2; Eduardo Henrique Lima de Lucena2; Cristine da Silveira Figueiredo Prates2
1 PPGMSA/CCA/UFPB;2 DSER/CCA/UFPB; Email: tancredo_agro@hotmail.com

RESUMO – O comportamento da cultura da canola no Nordeste brasileiro ainda não está bem definido,
notadamente com relação a sua utilização no sistema de rotação de culturas nesta região. O objetivo
deste trabalho foi avaliar o efeito residual de doses de nitrogênio e boro aplicados na cultura da
mamoneira (Ricinus communis L.) sobre a produção de sementes da canola (Brassica napus L.). O
experimento foi conduzido em ambiente protegido localizado no DSER/CCA/UFPB. Os tratamentos
contaram de quatro níveis de efeito residual da adubação com N e de B na mamoneira. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 16 tratamentos, e quatro repetições. Por
ocasião da colheita foram avaliados o número de síliquas e produção por planta. Os resultados
permitiram concluir que dentre os elementos estudados, o efeito residual da adubação mineral
nitrogenada pode ser considerado como nulo, sendo apenas o efeito do boro considerado. O número
de sementes não foi influenciado pelos tratamentos, sendo apenas a produção por planta a variável
que apresentou efeito significativo, o que sugere que boro está relacionado com o aumento da
produção de canola.
Palavras-chave – Brassica napus L.; Ricinus communis L.; Uréia; Ácido bórico

INTRODUÇÃO

A canola é a principal oleaginosa para a produção de combustível renovável e é referencial de


qualidade em biodiesel na Europa. A área disponível para a produção de oleaginosas nesse País
possibilitaria atender menos de um terço de sua necessidade de óleo para a produção de biodiesel,
constituindo uma grande oportunidade para o Brasil (TOMM, 2007).

Com o fortalecimento do Programa Nacional de Biocombustíveis, através do incentivo do


cultivo da mamoneira (Ricinus communis L.) para a produção de biodiesel, oleaginosa de reconhecida
resistência a seca, o Brasil torna-se um país privilegiado por possuir extensas áreas agricultáveis e
uma diversidade de solos e climas para produção. No entanto os campos de produção de canola no

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Brasil se limitam a região Sul e alguns Estados da região Sudeste. Na região Nordeste, o seu cultivo
ainda é desconhecido e pouco disseminado. Tomm et al. (2008) e Souza et al. (2009) avaliando o
comportamento de genótipos de Canola no município de Areia, PB, obtiveram produtividades de
genótipo de ciclo curto e longo superiores a 2000 e 1500 kg ha -1 respectivamente. A média de
produção Nacional de grãos de não chega a 1500 kg ha-1, o que mostra que a região Nordeste,
notadamente a microrregião do Brejo paraibano, é uma potencial área produtora dessa oleaginosa no
País.

Desta forma o sistema de cultivo dessas duas oleaginosas pode ser considerado como uma
alternativa interessante, para o agricultor familiar da microrregião do Brejo paraibano. Possuindo uma
cultura de inverno (época chuvosa) e outra de verão (época seca), agregando valor, reduzindo custos
com fertilizante através da utilização do efeito residual da cultura anterior, exploração de camadas de
solo e nutrientes diferentes e quebra do ciclo de pragas e doenças.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito residual de doses de nitrogênio e boro aplicados na
cultura da mamoneira (Ricinus communis L.) sobre a produção de sementes de canola (Brassica napus
L.) em ambiente protegido.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado em ambiente protegido, do Departamento de Solos e Engenharia


Rural (DSER), do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no
município de Areia – PB, microrregião do Brejo Paraibano, no período de Dezembro de 2007 a Abril de
2008.

Foi utilizado um Latossolo Amarelo de textura franco argilo-arenosa, coletado em mata nativa,
a uma profundidade de 20 cm, este foi corrigido com calcário dolomítico segundo metodologia descrita
por Raij et al., (1997) e acondicionado em vasos plásticos por 60 dias. Após 15 dias da correção foram
aplicadas quatro doses de B (0, 2, 4 e 6 mg dm-3) na forma de ácido bórico.

As doses de N (0, 50, 100 e 200 mg dm-3), além de P, K e os demais micronutrientes foram
aplicadas na semeadura, as doses de N e de K foram parceladas, 50% no plantio e o restante 30 dias
após a semeadura da mamoneira.

Procedeu-se cultivo de mamoneira cv. BRS energia durante 120 dias, logo após a colheita e
retirada das raízes foi semeado quatro sementes de canola cv. Oleífera genótipo H401 (genótipo de

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ciclo curto, porem não é resistente à canela-preta, doença responsável por perdas consideráveis na
produção da cultura) nos vasos. O desbaste foi realizado 5 dias após emergência (DAE) deixando
apenas uma planta por vaso.

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com quatro repetições. Os fatores


avaliados foram quatro efeitos residuais da adubação com N (0 = resido 0; 1 = resido = 50; 2 = resido
100; 3 = resido 200 mg dm-3) e B (0 = resido 0; 1 = resido = 2; 2 = resido 4; 3 = resido 6 mg dm -3) na
mamoneira, distribuídos em 16 tratamentos.Por ocasião da colheita foi determinado o número de
síliquas e produção de sementes por planta.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos foram


comparadas através do teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número de sementes não foi influenciado pelos tratamentos aplicados. O nitrogênio é


considerado como um elemento muito móvel no solo, sendo facilmente perdido por lixiviação,
volatilização, etc (RAIJ et al., 1997). Além desses fatores, é um elemento exigido em grandes
quantidades pela cultura da mamoneira, sugerindo que o seu efeito residual pode ser considerado
como nulo.

O boro já não apresenta a mesma dinâmica no solo, parte do elemento fornecido fica
disponível para a planta e parte fica adsorvido aos colóides do solo, e será liberado lentamente para as
culturas seguintes. Souza (2008) cita que o processo reprodutivo da mamoneira é altamente
influenciado pelo fornecimento deste micronutriente, sendo o boro responsável pelo aumento do
número de frutos por planta, o mesmo, não foi verificado na cultura da canola.

Com relação a produção por planta, o efeito residual da adubação da mamoneira, promoveu
efeito significativo, como o efeito residual do N pode ser considerado como nulo, emprega-se tal fato a
liberação de boro dos colóides para a solução do solo, concordando com Souza (2008) que cita que o
boro em conjunto com nitrogênio promove aumento na produção de mamoneira.

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CONCLUSÃO

O número de sementes não foi influenciado pelos tratamentos, sendo apenas a produção por
planta a variável que apresentou efeito significativo, o que sugere que boro está relacionado com o
aumento da produção de canola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafos. 1997. 319p.

RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e
calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 1997.
285p.

SOUZA, T. A. F. Nitrogênio e boro no crescimento, produção e nutrição mineral da mamoneira.


2008. 36f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia). DSER, UFPB, Areia, 2008.

SOUZA, T. A. F.; RAPOSO, R. W. C.; TOMM, G. O.; OLIVEIRA, J. T. L.; SILVA NETO, C. P.
Desempenho de genótipos de canola (Brassica napus L.) no município de Areia – PB. In: Congresso
Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 5. Lavras: EMBRAPA
AGROENERGIA: CNPq: TECBIO: BIOMINAS: SEBRAE, 2008.

TOMM, G. O. Indicativos tecnológicos para a produção de canola no Rio Grande do Sul. Passo
Fundo: EMBRAPA Trigo, 2007. 68p. (Sistema de Produção n° 4).

TOMM, G. O.; RAPOSO, R. W. C.; SOUZA, T. A. F.; OLIVEIRA, J. T. L.; RAPOSO, E. H. S.; SILVA
NETO, C. P.; BRITO, A. C.; NASCIMENTO, R. S.; RAPOSO, A. W. S.; SOUZA, C. F. Desempenho de
genótipos de canola (Brassica napus L.) no Nordeste do estado da Paraíba, Nordeste do Brasil.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2008. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento,
online, nº 65.

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Tabela 1. Acúmulo de matéria seca da canola aos 90 dias, em função dos tratamentos aplicados.
Efeito residual Número de síliquas Produção

N B Ud/planta g/planta

0 0 55a 2,7a

0 1 82a 3,6a

0 2 61a 2,1a

0 3 59a 2,6a

1 0 88a 4,3a

1 1 90a 4,7a

1 2 67a 3,6a

1 3 77a 4,9a

2 0 91a 4,6a

2 1 76a 3,2a

2 2 67a 4,0a

2 3 81a 4,1a

3 0 72a 2,7a

3 1 74a 2,1a

3 2 128a 4,0a

3 3 63a 2,7a

Valor de F 0,77ns 2,39*

D.M.S. 102,6 3,0

C.V. (%) 52,3 34,4


ns,*: não significativo e significativo a 5% respectivamente. Letras minúsculas iguais na mesma coluna não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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RELAÇÕES ENTRE AMBIENTES E VOLUMES DE RECIPIENTES NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA


SECA DE MUDAS DE Jatropha curcas L.

1Flávia Queiroz de Oliveira; 2Leonaldo Alves de Andradre, 3Lamartine Soares Bezerra de Oliveira;
4José Bruno Malaquias; 5Francisco Thiago Coelho Bezerra; 5Dalva Maria Almeida.

1Estudante de Pós-Graduação em Ciência & Tecnologia Ambiental, Universidade Estadual da Paraiba (UEPB), Brasil. e-

mail: flavinha2010@ibest.com.br; 2Professor Adjunto da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Laboratório de Ecologia
Vegetal. Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias, campus II - Areia- PB.; 3Estudante de Pós-Graduação.
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).; 4Estudante de Pós-Graduação. Universidade de São Paulo (USP),
Piracicaba-SP.; 5Estudante de Graduação. Universidade Federal da Paraíba. Centro de Ciências Agrárias, campus II -
Areia- PB.

RESUMO – O pinhão manso é uma espécie nativa do Brasil, podendo ser considerada uma opção
agrícola para a região do nordeste para a produção do biodiesel. Portanto, o presente trabalho buscou
avaliar a produção de matéria seca de mudas de Jatropha curcas L. produzidas em diferentes
ambientes e utilizando recipientes de diferentes tamanhos. O experimento foi conduzido no Laboratório
de Ecologia Vegetal (LEV) da Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Areia-PB.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, em esquema fatorial de 3 x 2, sendo
três ambientes (sombrite, pleno sol e casa de vegetação) e dois tamanhos de recipientes, sacos de
polietileno de 1800 e de 5000 cm3, com quatro blocos por tratamento e oito repetições por bloco. Foi
avaliada a produção de matéria seca da parte aérea e radicular. Os resultados deste trabalho
revelaram que condição de pleno sol e recipientes com capacidade para 5000cm 3 proporcionaram
maiores valores de matéria seca radicular e aérea de mudas de J. curcas.
Palavras-chave – pinhão manso, produção de mudas, biomassa

INTRODUÇÃO

O Brasil possui uma grande variedade de oleaginosas com potenciais para alta produção de
óleos vegetais e biodiesel em larga escala (Nogueira; Pikman, 2002). Nos últimos anos tem sido
estimulada a expansão do cultivo do pinhão manso no semi-árido do Nordeste do Brasil, visando a
produção de biodiesel por ser uma espécie nativa e poder ser cultivado em áreas de solos pouco
férteis e de clima desfavorável à maioria das culturas alimentares tradicionais. Além disso, a oleaginosa
é bastante resistente à seca e pouco suscetível a pragas e doenças.

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O pinhão manso, por ser perene, contribui para a conservação do solo e reduz o custo de
produção, fator importante para sua viabilidade econômica, especialmente na agricultura familiar
(Arruda et al., 2004). Com a possibilidade do uso do óleo do pinhão manso para a produção do
biodiesel, é de capital importância o desenvolvimento de tecnologias que possam otimizar a cadeira
produtiva desta cultura, pois ainda diversas informações sobre esta cultura ainda são consideradas
incipientes (Severino et al., 2007).

Embora a produção de mudas em tubetes seja teoricamente possível para esta espécie, há
que se considerar que esta é ainda uma tecnologia pouco acessível e que exige substratos, técnicas e
pessoal especializado. Severino et al., (2007), consideram que o crescimento de plantas de pinhão
manso é mais influenciado pelo volume dos recipientes do que pela disponibilidade de nutrientes no
substrato.

Portanto, estudos envolvendo interações entre condições de ambiente e capacidade de


recipientes em parâmetros da produção de mudas de pinhão manso, como a produção de matéria
seca, podem fornecer informações necessárias para o aperfeiçoamento da produção desta oleaginosa.
Desta maneira, o presente trabalho buscou avaliar a produção de matéria seca de mudas de pinhão
manso produzidas em diferentes ambientes e tamanhos de recipientes.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no Laboratório de Ecologia Vegetal (LEV) da Universidade


Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Areia-PB. O delineamento experimental utilizado foi
em blocos ao acaso, em esquema fatorial de 3 x 2, sendo três ambientes (sombrite, pleno sol e casa
de vegetação) e dois tamanhos de recipientes, sacos de polietileno de 1800 e de 5000 cm 3, com oito
repetições por bloco.

As sementes de pinhão manso foram fornecidas pela Embrapa Algodão, Campina Grande–PB.
O substrato utilizado foi: areia e esterco na proporção 2:1 disponibilizado pelo LEV. As sementes foram
plantadas em bandejas contendo apenas areia e quando as plântulas apresentavam três folhas foram
transplantadas para os recipientes contendo o substrato descrito. Foi colocada uma muda em cada
recipiente, os quais foram acondicionados nos diferentes ambientes. As mudas foram irrigadas
diariamente e mantidas livres da competição de plantas daninhas.

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Após setenta e cinco dias do transplantio para os recipientes definitivos, as mudas foram
retiradas dos sacos e, com o auxílio de uma mangueira com água corrente e uma peneira. A parte
aérea e as raízes das plantas foram separadas usando-se um estilete e acondicionadas,
separadamente, em sacos de papel, sendo postas para secar em estufa, a uma temperatura de 65 ºC,
até a obtenção do peso constante. A massa seca foi determinada em balança eletrônica, conforme
procedimentos utilizados Viana et al., (2008).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância com desdobramento da interação


entre os fatores. Quando se detectou efeito significativo a 5% pelo teste F nos fatores principais ou
suas interações, procederam-se a comparação das médias pelo teste de Tukey (P= 0,05) (Santos;
Gheyi, 2003; Lima et al., 2009). Os dados também foram submetidos à análise de regressão. Para
análise dos dados utilizou-se o software SAEG.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os ambientes (GL= 2,10. F= 18.84. p< 0,0010) e recipientes (GL= 1,10. F= 50,32. p< 0,001)
estudados afetaram significativamente na massa foliar de mudas de pinhão manso. Por outro lado não
houve interação significativa entre os efeitos do ambiente e tipo de recipiente (GL: 2, 10. F = 3.366. p =
.07625). Constatou-se que o peso de massa foliar foi significativamente superior em plantas
submetidas a condições de pleno sol e em recipientes com capacidade para 5000cm 3 (Figura 1).

Os ambientes e recipientes estudados afetaram significativamente e massa seca radicular (GL:


2,10. F= 18,84. p< 0,0100) de pinhão manso. A massa seca radicular foi significativamente (p< 0,01)
superior em plantas mantidas em pleno sol, tanto em mudas acondicionadas em recipientes com
capacidade para 5000cm3 quanto naquelas mantidas em recipientes com capacidade para 1800cm3
(Tabela 1).

De acordo com Taiz & Zeiger (1991), mudas crescidas a pleno sol estão sujeitas a maior
restrição hídrica, que pode induzir maior produção de massa seca do sistema radicular em detrimento
do acúmulo de fotoassimilados na parte aérea, enquanto o sombreamento reduz linearmente a massa
seca do sistema radicular; já na parte aérea o sombreamento favorece a produção de maior quantidade
de parênquima lacunoso, aumentando o tamanho da folha e diminuindo a densidade específica. De
fato, superiores valores de matéria seca aérea e radicular (p< 0,01) foram registrados em plantas de
pinhão manso submetidas a condições de pleno sol e recipiente com capacidade para 5000cm 3. Outros

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pesquisadores também relataram relação positiva entre capacidade do recipiente e matéria seca de
mudas de espécies vegetais (Gomes et al. 1980, 1990; Viana et al., 2008).

CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho revelaram que condição de pleno sol e recipientes com
capacidade para 5000cm3 proporcionam superiores valores de matéria seca radicular e aérea de
mudas de J. curcas. Portanto, a produção de matéria seca de plantas de pinhão manso depende de
uma combinação adequada das características de ambiente e capacidade do recipiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, F.P.; MÂCEDO, N.E.; ANDRADE, A.P.; PEREIRA, W.E.; SEVERINO, L.S. Cultivo de pinhão
manso (Jatropha curca L.) como alternativa para o semi-árido nordestino. Revista bras. ol. fibros.,
Campina Grande, v.8, n.1, p.789-799, jan-abr. 2004.

GOMES, J. M.; PEREIRA, A. R.; MORAIS, E. J. Influência do tamanho da embalagem na produção de


mudas de Pinus caribaea var. hondurensis. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 9, n. 1, p. 16-20, 1980.

LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L. S.; SAMPAIO, L. R.; FREIRE, M. A. O.; BELTRÃO, N. E. M.; HELENA,
N.; ARRIEL, C. Crescimento e teor foliar de nutrientes em mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.)
em substratos contendo cinco materiais orgânicos e fertilizante mineral. Rev. bras. ol. fibros., Campina
Grande, v.13, n.1, p.29-36, jan./abr. 2009.

NOGUEIRA, L. A. H.; PIKMAN, B. Biodiesel: Novas Perspectivas de Sustentabilidade.


Agência Nacional do Petróleo, Conjuntura & Informação, n° 19, p. 1-4, 2002.

SANTOS, J. W.; GHEY, H. R. Estatística experimental aplicada. Campina Grande: Universidade


Federal de Campina Grande, 2003. 213 p.

SEVERINO, L.S.; LIMA, R.L.S; BELTRÃO, N.E.M. Avaliação de mudas de pinhão manso em
recipientes de diferentes volumes. Embrapa Algodão. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 81.
Campina Grande, 2007. 14p.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant physiology. Califórnia: The Benjamin/Cummings Publishings Company,
1991. 565p.
VIANA, J.S.; GONÇALVES, E.P.; ANDRADE, L.A.; OLIVEIRA, L.S.B; SILV, E.O. Crescimento de
mudas de Bauhinia forficata Link. em diferentes tamanhos de recipientes. Floresta, Curitiba, PR, v. 38,
n. 4, p. 663-671, out./dez. 2008.

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Figura 1. Peso (g) de matéria seca da massa foliar de mudas de pinhão manso em função de diferentes ambientes (A) e
recipientes (B). Médias (entre as colunas), em relação aos ambientes, e entre os recipientes, diferem entre si pelo teste
Tukey (P=0,05).

Tabela 1. Implicações do tipo de ambiente e volume de recipiente no peso seco de massa radicular (g) de mudas de pinhão
manso.

Peso seco (g)


Ambiente Recipiente 1 Recipiente 2
(capacidade 5000cm3) (capacidade 1800cm3)

Sombrite 15,00±1,07bA 13,33±0,88bA

Sol 41,66±2,74aA 21,33±0,33aB

Casa de vegetação 14,33±1,77bA 9,33±0,88bB


Médias seguidas pela mesma letra maiúscula (dentro das linhas) e minúsculas (dentro das colunas) não diferem entre si
pelo teste de Tukey (P= 0,05).

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RESPOSTA DA MAMONEIRA A APLICAÇÃO DE DOSES DE REGULADOR DE CRESCIMENTO

Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão1, Gibran da Silva Alves2, José Félix de Brito Neto1, Lígia
Rodrigues Sampaio3, Maria Aline de oliveira Freire4, Fabíola Vanessa de França Silva2
1Embrapa Algodão napoleao@cnpa.embrapa.br, 2CCA/UFPB, 3UFCG, 4UVA

RESUMO – Com o objetivo de avaliar o efeito da aplicação de doses de Cloreto de Mepiquat em duas
épocas de aplicação sobre a fenologia de plantas de mamoneira, foi conduzido um experimento a nível
de campo na estação experimental da Embrapa Algodão, no município de Barbalha-CE. Para tanto, foi
utilizada a cultivar BRS Energia em regime de sequeiro. Utilizou-se o delineamento experimental de
blocos casualizados, em esquema fatorial de 2 x 4 + 1, sendo duas épocas de aplicação e quatro
doses de Cloreto de Mepiquat e uma testemunha absoluta, com quatro repetições, totalizando 36
unidades experimentais. Houve efeito significativo das doses de Cloreto de Mepiquat sobre a altura das
plantas; Verificou-se aumento no número de folhas com a aplicação de dose máxima de 150 g/l de
Cloreto de Mepiquat; A aplicação de 200 g/l promoveu maior expansão da área foliar.
Palavras chave: Cloreto de Mepiquat; metabolismo; Ricinus communis.

INTRODUÇÃO

O processo metabólico, crescimento e morfogênese de plantas superiores dependem de sinais


transmitidos de uma parte a outra da planta por mensageiros químicos, e por hormônios endógenos
(TAIZ; ZEIGER, 2004). Para Castro (1998), hormônio vegetal é um composto orgânico não nutriente,
que ocorre naturalmente, produzido na planta, e que em baixas concentrações, promove, inibe ou
modifica processos morfológicos e fisiológicos do vegetal.

Para que ocorra, promoção, inibição ou alteração metabólica do vegetal a um determinado


hormônio, é fundamental que o mesmo esteja na quantidade suficiente nas células adequadas, ser
reconhecido e capturado por receptores específicos localizados na membrana plasmática de células
vegetais e ter seus efeitos amplificados por mensageiros secundários (SLISBURY; ROSS, 1994).

Biorreguladores ou reguladores vegetais são compostos orgânicos, naturais ou sintéticos, que


em pequenas quantidades, inibem ou modificam de alguma forma processos morfológicos e fisiológicos
do vegetal, podendo ser aplicadas diretamente em folhas, frutos e sementes, provocando alterações

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nos processos vitais e estruturais, com a finalidade de incrementar a produção, reduzir o tamanho das
plantas e modular o crescimento vegetal.

Comercialmente conhecido como PIX, o regulador de crescimento Cloreto de N, N-dimetil


perinidium ou simplesmente Cloreto de Mepiquat é amplamente utilizado na redução do porte de
plantas superiores. Ele atua no estabelecimento de culturas mais lucrativas, uma vez que seus
benefícios potenciais são redução do crescimento vegetativo, melhoria da arquitetura das plantas,
abertura precoce dos frutos, melhor eficiência na colheita mecanizada e superior qualidade do produto
final (Barbosa e Castro, 1984). Sendo assim, objetivou-se com esse trabalho, analisar o efeito de doses
de cloreto de Mepiquat sobre o desenvolvimento de plantas de mamoneira.

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido no campo experimental da Embrapa Algodão município de


Barbalha-CE, a 387 m de altitude, latitude 7o17‘36,32‖S, longitude 39o16‘14,19‖W, no período
compreendido entre o mês de Julho e Novembro de 2008. O solo foi preparado com uma aração e uma
gradagem 15 dias antes do plantio.

O experimento foi conduzido em regime de sequeiro, utilizando-se a cultivar BRS Energia.


Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados, em esquema fatorial de 2 x 4 + 1, sendo duas
épocas de aplicação (início da floração e após a floração), quatro doses de Cloreto de Mepiquat (50;
100; 150 e 200 g/l i.a de Cloreto de Mepiquat), e uma testemunha absoluta (sem aplicação). A
adubação foi realizada com base no resultado da análise do solo, fornecendo 90 Kg de Nitrogênio
(uréia) e de fósforo (Super simples) e potássio (Cloreto de potássio), aplicando-se 40 Kg de P2O5 e 20
Kg de K2O respectivamente.

Durante o desenvolvimento do trabalho, foram feitas avaliações das características de


crescimento com base na altura, diâmetro caulinar e área foliar, realizadas em seis plantas na área útil
da parcela, sendo a área foliar determinada conforme a metodologia descrita por Severino et al. (2005).
As características de produção avaliadas foram massa de cem sementes, produtividade e teor de óleo.
Os dados foram submetidos à análise de variância e análise de regressão polinomial.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se efeito significativo das doses de PIX (Cloreto de Mepiquat) sobre o crescimento
das plantas em altura. Com o incremento das doses do Cloreto de Mepiquat, observou-se crescimento
linear da altura das plantas, sendo os maiores valores obtidos para esta variável com a aplicação de
200 g/l, isso demonstra o baixo efeito desse regulador de crescimento na cultura da mamoneira (Figura
1.). No entanto, não se observou efeito significativo das doses de Cloreto de Mepiquat sobre o
crescimento das plantas em diâmetro do caule, bem como não houve efeito das épocas de aplicação
sobre as variáveis analisadas.

De acordo com a figura 2, houve efeito quadrático do número de folhas em função da aplicação
das doses de Cloreto de Mepiquat. No entanto, com a aplicação de doses superiores a 150 g/l,
observou-se decréscimo no número de folhas, verificando-se efeito direto desse regulador sobre a
atividade metabólica e a moforgênese de plantas de mamona. A aplicação do Cloreto de Mepiquat
promoveu crescimento linear da área foliar da mamoneira, sendo a dose de 200 g/l a que promoveu
maior expansão da área foliar (Figura 3). Porém, os valores obtidos para essa variável são muito
menores dos valores obtidos em plantas cultivadas sem aplicação desse regulador de crescimento.
Não se observou efeito significativo das doses de Cloreto de Mepiquat sobre os componentes de
produção e teor de óleo nas sementes.

CONCLUSÕES

As plantas cresceram em altura com incremento das doses de Cloreto de Mepiquat;

Não houve efeito significativo das épocas de aplicação sobre as variáveis analisadas;

Doses de Cloreto de Mepiquat superiores a 150 promove o decréscimo na área foliar da


mamoneira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, L. M.; CASTRO, P. R. C. Alguns efeitos de reguladores de crescimento na morfologia do


algodoeiro (Gossypium hirsutum L. cv. IAC – 17). Hoehnea, São Paulo v. 11, 1984. p. 59-65.
CASTRO, P.R.C. Utilização de reguladores vegetais na fruticultura, na horticultura e em plantas
ornamentais. Piracicaba: ESALQ-DIBD, 1998. 92 p.
SALISBURY, F.B.; ROSS, C. W. Fisiologia vegetal. México: Grupo Editorial Iberoamérica, 1994. 759 p.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1473-1476.
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I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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SEVERINO, L. S.; VALE, L. S.; CARDOSO, G. D.; BELTRÃO, N. E de. M.; SANTOS, J.W.dos. Método
para determinação da área foliar da mamoneira. Campina Grande: Embrapa-CNPA, 2005. 20 p.
(Boletim de Pesquisa e desenvolvimento, 55).
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719 p.

70

60
Altura cm-1

50
y = 47,2+ 3,2x
40 R² = 0,92**

30
1 3 2 4
Doses L ha-1
Figura 1. Altura das plantas em função de doses de Cloreto de Mepiquat. * Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t.

17
Número de folhas planta-1

16
15
14
13
12 y = 5,1+ 7,7x -1,4x2
R² = 0,85*
11
10
1 2 3 4
Doses L-1

Figura 2. Número de folhas em função de doses de Cloreto de Mepiquat. * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste t.

3
2,5
Área foliar m2

2
1,5
1 y = 1,4+50,29x
R² = 0,86*
0,5
0
1 2 3 4
Doses L ha-1

Figura 3. Área foliar em função de doses de Cloreto de Mepiquat. * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste t.

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SELETIVIDADE DE HERBICIDAS PÓS-EMERGENTES EM MUDAS E EM PLANTAS DE PINHÃO-


MANSO 1

Lília Sichmann Heiffig-del Aguila1; Juan Saaveedra del Aguila2; Leandro Cesar Lopes3; Guilherme
Shigueyuki de Assis Sugawara3; Antonio Claret Ferreira1; Ocimara Aparecida Alves Mistro1; Cleber Daniel de
Goes Maciel4

1 APTA/IAC - Instituto Agronômico de Campinas; 2 ESALQ/USP; 3 Faculdade de Ciências Agronômicas - UNESP;


4 Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista/SP - FUNGE/ESAPP. E-mail: lilia@iac.sp.gov.br.

RESUMO – O experimento foi realizado em fases e teve como objetivo avaliar a tolerância de mudas e
plantas de pinhão-manso a diferentes herbicidas pós-emergentes, com a finalidade de se conhecer
princípios ativos passíveis de serem recomendados quando do cultivo a campo. Em condições de
estufa, foram produzidas mudas de pinhão-manso, que aos 2 meses receberam aplicação de herbicida
(Fase 1), na fase 2, as mudas aos 2 meses foram transplantadas para o campo, recebendo, aos 12
meses a aplicação de herbicida. Os tratamentos, correspondentes a aplicação em pós-emergência de
herbicidas de diferentes mecanismos de ação foram: Controle; Chlorimuron-ethyl, 10 g i.a.ha-1 (40 g pc
ha-1); Trifloxusulfuron-sodium, 7,5 g i.a.ha-1 (10 g pc ha-1); Lactofen, 120 g i.a.ha-1 (500 mL pc ha-1);
Carfentrazone-ethyl, 10 g i.a.ha-1 (25 mL pc ha-1); Mesotrione, 144 g i.a.ha-1 (300 mL pc ha-1);
Bentazon, de 0,72 kg i.a.ha-1 (1,2 L pc ha-1); Flazasulfuron, de 50 g i.a.ha-1 (200 g pc ha-1);
Clethodim+fenoxaprop-p-ethyl, de 50 + 50 g i.a.ha-1 (1,0 L pc ha-1); Haloxyfop-methyl, de 60 g i.a.ha-1
(500 mL pc ha-1). Conclui-se preliminarmente, que a tolerância a aplicação em pós-emergência dos
herbicidas da cultura do pinhão-manso é variável, conforme a fase de desenvolvimento em que se
encontra.
Palavras-chave – Jatropha curcas; fitotoxicidade; manejo cultural; fisiologia da produção.

INTRODUÇÃO

A utilização do pinhão-manso, como matéria-prima para a produção de biodiesel, vem sendo


amplamente discutida e avaliada, uma vez que esta é uma promissora cultura a ser implantada em
áreas que não apresentem características edafoclimáticas favoráveis, favorecendo a distribuição do
cultivo por todas as regiões brasileiras de diferentes matérias-primas, permitindo a melhor execução do
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel – PNPB (Heiffig & Câmara, 2006).

1
FAPESP – Projetos n° 2008/04943-9 e 2008/09645-6.

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Pertencente à família Euphorbiacea, o pinhão-manso (Jatropha curcas L.) é uma planta com
muitos atributos, usos múltiplos e potencial considerável, podendo ser usada para prevenir e controlar
a erosão; em reformas de terra; como cerca viva, especialmente na contenção de animais; sua torta
tratada pode ser utilizada na alimentação animal; várias partes da planta têm valor medicinal; suas
flores atraem abelhas, assim apresentando potencial de produção de mel; além disso, contém óleo que
pode ser usado na fabricação de sabão, na indústria de cosméticos e na produção de biodiesel.
Entretanto, o potencial desta cultura ainda não é explorado por falta de pesquisa (Openshaw, 2000).

Apesar de se tratar de uma planta rústica, deve-se manter o terreno sempre livre de plantas
daninhas, principalmente em volta das plantas, pois a concorrência daquelas em água, ar, luz e
nutrientes pode prejudicar e atrasar o desenvolvimento do pinhão, além de abrigar pragas e/ou insetos
transmissores de doenças (Arruda et al, 2004).

Embora os herbicidas visem o controle de plantas daninhas, eles podem afetar certas
propriedades do solo, microrganismos e mesmo a planta cultivada.

Como a seletividade de um tratamento herbicida decorre de complexa interação entre o


herbicida, a planta e o ambiente (Klingman & Ashton, 1975), o conhecimento dos fatores que regulam
essa seletividade pode melhorar a eficiência no uso dessas substâncias, tanto no controle das plantas
daninhas quanto na segurança para as culturas.

É de suma importância o controle de plantas daninhas durante a fase de estabelecimento da


cultura do pinhão-manso, entretanto não se conhece nenhum herbicida de pós-emergência registrado
para aplicação sobre as mudas do pinhão-manso que sejam parcial ou totalmente seletivos para o
mesmo.

Em face às considerações expostas, elaborou-se este trabalho com a finalidade de pesquisar a


cultura do pinhão-manso, como uma cultura estratégica e promissora para a agricultura brasileira e
para a implementação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, gerando informações
baseadas em experimentação científica, ainda escassas no Brasil, sobre a cultura, visando avaliar a
tolerância de mudas e de plantas de pinhão-manso a diferentes herbicidas, com a finalidade de se
conhecer princípios ativos passíveis de serem recomendados quando do cultivo a campo.

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METODOLOGIA

Inicialmente, em condições de estufa, foram produzidas mudas de pinhão-manso em sacolas


plásticas de 1,7 L, usando como substrato solo argiloso + esterco na proporção 1:1, que foram
conduzidas até os 60 dias, quando parte destas receberam, conforme o tratamento, aplicação pós-
emergente de herbicida e parte foi transplantada a campo, sendo conduzida até 1 ano, quando as
plantas receberam, conforme o tratamento, aplicação pós-emergente de herbicida.

O experimento foi conduzido inteiramente ao acaso repetido cinco vezes. Os tratamentos,


correspondentes a aplicação em pós-emergência de herbicidas de diferentes mecanismos de ação
foram constituídos: Controle (ausência de aplicação em pós-emergência de qualquer herbicida pós-
emergente); Chlorimuron-ethyl, 10 g i.a.ha-1 (40 g pc ha-1); Trifloxusulfuron-sodium, 7,5 g i.a.ha-1 (10 g
pc ha-1); Lactofen, 120 g i.a.ha-1 (500 mL pc ha-1); Carfentrazone-ethyl, 10 g i.a.ha-1 (25 mL pc ha-1);
Mesotrione, 144 g i.a.ha-1 (300 mL pc ha-1); Bentazon, de 0,72 kg i.a.ha-1 (1,2 L pc ha-1); Flazasulfuron,
de 50 g i.a.ha-1 (200 g pc ha-1); Clethodim+fenoxaprop-p-ethyl, de 50 + 50 g i.a.ha-1 (1,0 L pc ha-1);
Haloxyfop-methyl, de 60 g i.a.ha-1 (500 mL pc ha-1).

Para a emergência das sementes e a manutenção das mudas e das plantas foi feita irrigação e
conforme necessários foram realizados os tratos culturais do pinhão-manso.

Avaliou-se a intoxicação causada pela aplicação do herbicida, dando especial atenção à


observação dos sintomas de fitotoxicidade causados a cultura do pinhão-manso, pela aplicação do
herbicida pós-emergente. A avaliação da intoxicação foi realizada de forma visual. A intensidade de
danos (proporção de área foliar injuriada) foi avaliada por meio de notas (1 = sem sintomas, 2 = muito
leve, 3 = leve, 4 = sem influência na produção, 5 = média, 6 = quase forte, 7 = forte, 8 = muito forte, 9 =
total – destruição completa), utilizando-se a escala de valores da EWRC (1964).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na figura 1 são apresentadas fotos das plantas de pinhão-manso, conforme tratamentos,


referentes ao estado visual das mudas e das plantas após 5 dias da aplicação pós-emergente dos
herbicidas, respectivamente aos 2 e 12 meses. Observa-se que para alguns tratamentos a
fitotoxicidade causada pela aplicação do herbicida foi mínima com queima e a queda de algumas
folhas, até mesmo, inobservável visualmente, o que é comprovado pela recuperação e pelo
desenvolvimento das mudas de pinhão-manso (bentazon e haloxyfop-methyl). Já, para outros

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tratamentos a fitotoxicidade foi imediata e progressiva alterando o desenvolvimento normal das mudas
de pinhão-manso, em alguns casos levando-as à morte (lactofen, carfentrazone-ethyl, mesotrione e
flazasulfuron). Quando da avaliação das plantas, no campo, já, em estádio de desenvolvimento
avançado, observa-se muito pouca fitotoxidez causada pela aplicação dos herbicidas, a exceção do
lactofen e do flazasulfuron. Ambos causando queimaduras e desfolha, que no caso do flazasulfuron
levaram as plantas à morte.

CONCLUSÃO

Conclui-se preliminarmente, que a tolerância a aplicação em pós-emergência dos herbicidas da


cultura do pinhão-manso é variável, conforme a fase de desenvolvimento em que se encontra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, F.P.; BELTRÃO, N.E.M.; ANDRADE, A.P.; PEREIRA, W.E.; SEVERINO, L.S. Cultivo de
pinhão-manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o semi-árido nordestino. Revista de
Oleaginosas e Fibrosas, v. 8, p. 789-799, 2004.

EUROPEAN WEEDRESEARCH COUNCIL - EWRC. Methods in weeds research. Weed Research,


Oxford, v.4, p.88, 1964.

HEIFFIG, L.S.; CÂMARA, G.M.S. Potencial da cultura do pinhão-manso como fonte de matéria-prima
para o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. In: CÂMARA, G.M.S.; HEIFFIG, L.S.
(Coord.) Agronegócio de Plantas Oleaginosas: matérias-primas para biodiesel. Piracicaba:
ESALQ/USP/LPV, 2006. p. 105-121.

KLINGMAN, G.C.; ASHTON, F.M. Weed Science: principles and practices. New York: JohnWiley,
1975. 431p.

OPENSHAW, K. A review of Jatropha curcas: an oil plant of unfulfilled promise. Biomass and
Bioenergy, n. 19, p. 1-15, 2000.

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1 (Nota 1) 2 (Nota 1) 1 (Nota 7) 2 (Nota 5)


Controle Chlorimuron-ethyl

1 (Nota 4) 2 (Nota 3) 1 (Nota 8) 2 (Nota 7)


Trifloxusulfuron-sodium Lactofen

1 (Nota 7) 2 (Nota 7) 1 (Nota 6) 2 (Nota 5)


Carfentrazone-ethyl Mesotrione

1 (Nota 4) 2 (Nota 1) 1 (Nota 6) 2 (Nota 6)


Bentazon Flazasulfuron

1 (Nota 3) 2 (Nota 2) 1 (Nota 1) 2 (Nota 1)


Clethodim+fenoxaprop-p-ethyl Haloxyfop-methyl

Figura 37 – Estado visual das mudas (1) e das plantas de pinhão-manso após 5 dias da aplicação pós-emergente dos
herbicidas, respectivamente aos 2 e 12 meses. Fotos: Lília Sichmann Heiffig del Aguila.

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SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO APÓS PODA DE MAMONEIRAS „BRS NORDESTINA‟


PLANTADAS POR MUDAS E SEMENTES1

Tarcísio Marcos de Souza Gondim1; Cleomária Gonçalves da Silva2; Joel Martins Braga Júnior3;
Riselane de Lucena Alcântara Bruno3; Nádia Samáryan Lucena Duarte2, Napoleão Esberad de Macedo
Beltrao4; Vicente de Paula Queiroga4; Ramon Araujo de Vasconcelos5
1Agrônomo, Pesquisador Embrapa Algodão e Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia(PPGA),
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)/Centro de Ciências Agrárias (CCA), Campus II, Areia, PB, E-mail:
tarcisio@cnpa.embrapa.br; 2Discente de Ciências Biológicas da Universidade Regional do Cariri (Urca), Crato, CE;
4Pesquisador da Embrapa Algodão; 5 Assistente da Embrapa Algodão

RESUMO – A sobrevivência e o efetivo crescimento são importantes fatores de avaliação da


viabilidade econômica para cultivo de segundo ciclo da mamoneira (Ricinus communis)
‘BRS Nordestina‘, com manejo de poda. Objetivou-se com este trabalho avaliar a sobrevivência e
crescimento após poda de mamoneiras ‗BRS Nordestina‘ plantadas por mudas e sementes, visando à
produção de sementes básicas. O trabalho foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa
Algodão, em Barbalha, CE. Utilizou-se delineamento experimental blocos casualizados com 14
repetições em esquema fatorial 2 x 4 [2 tipos de plantio (mudas e sementes) e 4 épocas de poda (1-
poda drástica 30 dias da colheita do primeiro ciclo (DAC); 2- poda 60 DAC; 3- poda 120 DAC; 4- sem
poda da copa. Aos 150 dias da primeira poda e 60 da última foram avaliados o número de plantas
vivas (NPV), diâmetro do caule (DC), número de ramos por planta (NR/P), de nós por ramo (NN/Ra) e
de folhas (NF) e o comprimento de ramos (CMRa). Plantas de mamoneira ‗BRS Nordestina‘ (muda ou
semeadura direta) podadas logo após a colheita (30 DAC e 60 DAC) têm maior sobrevivência em
relação àquelas podadas aos 120 DAC. Após a poda, a regeneração da copa da mamoneira BRS
Nordestina se apresenta com três ramos, responsáveis pelo crescimento das plantas. Nas mamoneiras
não podadas, os ramos ficam muito compridos (218 cm), que dificultam a colheita da produção de
segundo ciclo.
Palavras-chave – Ricinus communis, Época de poda, Regeneração de copa, Produção de sementes.

INTRODUÇÃO

A cultura da mamona (Ricinus communis L.) constitui-se em importante alternativa para a


agricultura do Nordeste Brasileiro devido ser de fácil cultivo, absorvedora de mão-de-obra e geradora
de renda, sendo bastante utilizada por pequenos produtores, em especial no Estado da Bahia, principal

* Trabalho integrante do projeto ―MULTIPLICAÇÃO DE SEMENTES BÁSICAS DE MAMONA BRS NORDESTINA EM


ÁREAS ZONEADAS DO NORDESTE‖, financiado pelo Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB).

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produtor nacional. A propagação da mamoneira é feita tradicionalmente por sementes em covas


diretamente no campo. No entanto, pensando em melhor aproveitamento do ciclo das águas (irregular
e mal distribuído na região Nordeste do Brasil), a produção de mudas de mamona em saquinhos pode
se constituir alternativa de antecipar o crescimento inicial das plantas (escapar de possíveis ―veranicos‖
no início do período chuvoso), com possíveis reflexos na produção de sementes básicas. Para
produção de grãos de mamona, sabe-se que a utilização de mudas é inviável economicamente, por
suportar pequeno período no viveiro (enovelamento do sistema radicular, estiolamento etc.) e ser de
elevado custo. Para sementes básicas, em condições de sequeiro, muda (possibilita ―rouging‖ na fase
de viveiro) juntamente com o manejo de poda pós-colheita (plantas já de padrão conhecido do primeiro
ciclo) pode ser alternativa viável na produção de sementes básicas em cultivo da mamoneira ‗BRS
Nordestina‘.

Visando a redução dos custos de implantação da lavoura, a poda da mamoneira já é muito


utilizada no Brasil (SAVY FILHO, 2005, AZEVEDO et al., 2007). A mamoneira ‗BRS Nordestina‖ é
considerada de ciclo anual, com cerca de 250 dias (ANDRADE et al., 2006), mas pode ser cultivada por
meio do manejo da sua copa com podas drástica após cada período de produção, por dois ou mais
anos consecutivos dependendo do estande e características físicas e químicas do solo. Denominada
de poda seca, sua indicação é após a última colheita do primeiro ciclo, quando a mamoneira começa a
diminuir a sua atividade fisiológica e há formação de racemos com poucos frutos e em altura elevada
que dificulta a colheita. Para Azevedo et al. (2007), a lavoura deve ser podada no máximo uma vez, em
pequenas áreas de cultivo onde predomina o emprego de mão de obra familiar e cultivo de mamoneira
de portes médio e alto, consorciada com culturas alimentares, como o caupi, e que não sejam
favoráveis à ocorrência de podridão de Macrophomina e de Botryodliplodia (áreas de solos pouco
férteis, temperaturas altas e clima muito seco). Durante o período seco, grande parte das plantas pode
morrer por essas doenças, ocasionando baixo estande e, consequentemente, baixo rendimento
econômico.

Nesse sentido, objetivou-se com este trabalho avaliar a sobrevivência e crescimento após poda
de mamoneiras ‗BRS Nordestina‘ plantadas por mudas e sementes, visando à produção de sementes
básicas.

METODOLOGIA

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O experimento foi realizado no Campo Experimental da Embrapa Algodão, localizado no


município de Barbalha, CE, de coordenadas geográficas 7°17‘ latitude S 39°15‘ longitude W e altitude
de aproximadamente 400 m, aproveitando-se um trabalho integrante do projeto ―MULTIPLICAÇÃO DE
SEMENTES BÁSICAS DE MAMONA (Ricinus communis) ‗BRS NORDESTINA‘ EM ÁREAS
ZONEADAS DO NORDESTE‖, financiado pelo Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB). O experimento
ocupou uma área de 5.500 m2, em um solo de textura franco arenosa. A área foi preparada com uma
aração e duas gradagens. A adubação (55-40-40 kg ha-1) seguiu as recomendações técnicas
baseadas na análise de solo. A mamoneira ‗BRS Nordestina‘ apresenta ciclo médio de 250 dias da
semeadura a maturação dos últimos racemos de um ciclo. Esta cultivar se adapta a diferentes
ecossistemas em que se utilize plantio e colheita manual, com precipitação pluvial de pelo menos
500 mm ano-1 (ANDRADE et al., 2006).

Após a colheita do primeiro ciclo, realizou-se a poda drástica das plantas, com auxilio de um
facão, efetuando-se com golpe único o corte do caule em bisel a 45 cm  5 cm de altura da superfície
do solo, em períodos conforme o tratamento a ser estudado. A área experimental foi mantida livre de
plantas daninhas, com uma após capina logo após a colheita para uniformizar possíveis competições,
seguindo-se com roço do mato nas entrelinhas, nos primeiros 90 dias da poda.

O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso com 14 repetições em esquema


fatorial 2 x 4. Os fatores foram constituídos de 2 tipos de plantio (mudas e sementes), quando da
implantação do experimento (fevereiro de 2009) e quatro épocas de poda (1- poda drástica
realizada em outubro/2009, 30 dias da colheita do primeiro ciclo (DAC); 2- poda 60 DAC/novembro; 3-
poda 120 DAC/fevereiro 2010; e 4- sem poda da copa). As épocas de poda foram definidas em função
do período de repouso pós-colheita e do início do período chuvoso.

Em cada parcela composta por cinco linhas espaçadas de 3,0 m e 10 plantas por linha em
espaçamento de 1,0 m, foram dispostas as subparcelas para avaliação da poda, deixando-se uma
linha externa como bordadura e as demais para cada uma das épocas de poda. No período de
condução do trabalho, ocorreu precipitação total de 282,8 mm distribuídos nos meses de out/2009
(20,6 mm), nov/2009 (45,0 mm), dez/2009 (134,3 mm), jan/2010 (22 mm) e 60,9 mm em fev/2010.

Aos 150 dias da primeira poda (30 DAC) foram avaliados o número de plantas vivas (NPV),
diâmetro do caule (DC), número de ramos por planta (NR/P), de nós por ramo (NN/Ra) e de folhas (NF)
e o comprimento de ramos (CMRa). Após a coleta, os dados foram submetidos à análise de variância e
as médias comparadas pelo teste de Tukey.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, verifica-se que para o tipo de plantio (TP) por muda ou semente, não houve efeito
significativo (P>0,05) em relação à sobrevivência e também para nenhuma outra das variáveis de
crescimento analisadas. Com relação ao período da poda da copa (PC), houve efeito significativo
(P<0,01) para NPV, para número de nós (NN/Ra) e de folhas (NF) e, também para o comprimento
médio de ramos (CMRa). As variáveis diâmetro de caule (DC) e número de ramos por planta (NR/P)
não apresentaram efeito significativo (P>0,05). A interação TP x PC teve efeito significativo apenas
para o NPV.

Observa-se, na Tabela 2, que no desdobramento do NPV das mamoneiras obtidas de semente


foi superior ao NPV daquelas de muda, quando a poda foi feita aos 120 dias após colheita do primeiro
ciclo (DAC). A sobrevivência, após poda, de plantas de semeadura no campo foi de 59,2% e de 49,5%
para aquelas de mudas. Este fato deve-se, provavelmente, a conformação do sistema radicular.
Quando de mudas ocorre algum dano físico ao sistema radicular pivotante da mamoneira tanto no
recipiente (saco plástico) por ―enovelamento‖, como por possível quebra da raiz pivotante no momento
do transplantio. Isso não ocorre em plantas germinadas diretamente no campo, cuja raiz principal se
aprofunda no solo, possibilitando maior tolerância a estresses hídricos e, também, biológicos. Plantas
cultivadas em solo com baixa fertilidade e umidade são responsáveis pela menor sobrevivência de
mamoneiras. Mamoneiras BRS Nordestina‘ (muda e semente) podadas logo após a colheita (30 DAC e
60 DAC) garantem maior sobrevivência em relação àquelas podadas aos 120 DAC. A poda quanto
mais distante da colheita do primeiro ciclo menor a sobrevivência das plantas. A maior sobrevivência da
mamoneira Nordestina ocorreu quando as plantas não foram podadas, provavelmente devido a não
sofrer danos físicos pela efetivação da poda.

O diâmetro do caule (DC) não foi diminuído pela poda em relação ao período de sua execução.
Considerando o número médio de ramos (três aproximadamente), verifica-se que não houve influência
da poda. Este comportamento proporciona a regeneração de uma nova copa com três ramos, sem
necessidade de desbrota para eliminar ramos excessivos.

O número de nós (NN/Ra) e de folhas (NF) da mamoneira ‗BRS Nordestina‘ foi crescente,
acompanhando o comprimento médio dos ramos (CMRa), sendo influenciado pelo período de
realização da poda tanto em plantas de muda como nas de semeadura direta.

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IV Congresso Brasileiro de Mamona e
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CONCLUSÕES

Nas condições em que o trabalho foi conduzido conclui-se que:

A sobrevivência de plantas de mamoneira ‗BRS Nordestina‘ (média de 54%) independe do tipo


de plantio (muda ou semeadura direta);

Poda aos 120 dias da colheita reduz a sobrevivência da mamoneira ‗BRS Nordestina‘;

Após poda, a regeneração da copa da mamoneira BRS Nordestina tem em média três ramos,
dispensando a desbrota;

Plantas não podadas apresentam ramos muito compridos (218 cm) que, associados à altura do
caule, dificultam a colheita da produção de segundo ciclo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P.; BELTRÃO, N. E. M.; SEVERINO, L. S. Manejo cultural. In: AZEVEDO, D. M. P.;
BELTRÃO, N. E. M. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. 2. ed. Campina Grande: Embrapa
Algodão; Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2007, p.223-253.

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TABELA 1. Resumo da análise de variância do número de plantas vivas (NPV), diâmetro de caule (DC), de ramos por
planta (NR/P), de nós por ramo (NN/Ra) e de folhas (NF) e comprimento médio de ramos (CMRa) de mamoneira Ricinus
comunis ‗BRS Nordestina‘, plantadas por mudas e sementes com diferentes épocas de poda drástica da copa, no Cariri
cearense. Barbalha, CE, 2010

Fonte de Variação GL
Quadrado Médio
NPV3/ DC NR/P NN/Ra NF CMRa
Bloco 13 0.5626ns 16.8408** 4.5437 ns 74.8618* 694.3848ns 2923.0001**
Plantio (TP)1/ 1 1.0009ns 0.0089ns 7.5089 ns 0.6151ns 68.2032ns 2079.4889ns
Resíduo a 13 0.2862 9.0320 3.3204 19.9272 404.2988 579.7522
Poda de Copa (PC)2/ 3 2.8348** 7.3534ns 5.0193 ns 889.1346** 14814.7654** 164032.8002**
TP x PC 3 0.5673* 4.5592ns 3.0577 ns 3.0767ns 200.2120ns 2710.4415 ns
Resíduo b 78 0.1799 6.4852 3.4757 21.4080 298.7446 1482.4342
CV a (%) 21.10 61.72 58.71 27.06 47.20 21.37
CV b (%) 16.73 52.30 60.07 28.04 40.58 34.18
Média Geral 2.53 4.86 3.10 16.50 42.60 112.65
1/ TP – Tipo de plantio (por mudas e sementes); 2/ PC– poda de copa (30 dias após colheita de primeiro ciclo, DAC; 60 DAC;

120 DAC e sem poda ); 3/ Dados transformados em ―(x+1)‖


*, ** e ns, correspondem, respectivamente, a significativo a 5% e 1% e não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.

TABELA 2. Médias do número de plantas vivas (NPV), diâmetro de caule (DC), de ramos por planta (NR/P), de nós por
ramo (NN/Ra) e de folhas (NF) e comprimento médio de ramos (CMRa) de mamoneira Ricinus comunis ‗BRS Nordestina‘,
plantadas por mudas e sementes com diferentes épocas de poda drástica da copa, no Cariri cearense. Barbalha, CE, 2010.

FATORES Plantio (TP1/)

Poda de Copa NPV3/ DC (mm)


(PC2/)
Muda Semente Média Muda Semente Média
30 DAC 2.47 aB 2.60 aAB 2.54 4,96 4,04 4,50 A
60 DAC 2.48 aB 2.61 aAB 2.55 4,95 5,90 5,43 A
120 DAC 1.84 bC 2.43 aB 2.14 4,55 4,19 4,37 A
Sem poda 2.96 aA 2.87 aA 2.92 5,05 5,30 5,18 A
Média* 2,44 2,63 4,88 a 4,86 a

NR/P NN/Ra

30 DAC 3,35 2,86 3,11 A 19,69 A 19,03 A 19,36


60 DAC 3,86 2,46 3,16 A 18,26 A 17,56 A 17,92
120 DAC 2,46 2,65 2,56 A 8,14 B 8,24 B 8,20
Sem poda 3,77 3,41 3,59 A 20,18 A 20,87 A 20,52
Média* 3,36 a 2,84 a 16,57 a 16,42 a

NF CMRa (cm)

30 DAC 39,84 B 40,77 B 40,31 98,08 B 94,71 B 96,39


60 DAC 43,47 B 40,78 B 42,13 104,00 B 97,25 B 100,62
120 DAC 13,90 C 17,88 C 15,89 29,56 C 40,88 C 35,22
Sem poda 76,30 A 67,84 A 72,07 236,18 A 200,50 A 218,34
Média* 43,38 a 41,82 a 116,96 a 108,34 a
1/ TP – Tipo de plantio (por mudas e sementes); 2/ PC– poda de copa (30 dias após colheita de primeiro ciclo, DAC; 60 DAC;

120 DAC e sem poda ); 3/ Dados transformados em ―(x+1)‖.


* Médias seguidas da mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, teste de Tukey.

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TEMPERATURA DA PARTE AÉREA E DO SOLO EM DUAS DENSIDADES POPULACIONAIS DO


CULTIVO DE MAMONEIRA CULTIVAR BRS ENERGIA

Tarcísio Marcos de Souza Gondim1; Napoleão Esberad de Macedo Beltrao2; Vicente de Paula
Queiroga2; Joao Luís da Silva Filho2, José Wellingthon dos Santos2; Ademar Pereira de Oliveira3
1 Agrônomo, Pesquisador Embrapa Algodão e Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia(PPGA),
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)/Centro de Ciências Agrárias (CCA), Campus II, Areia, PB, E-mail:
tarcisio@cnpa.embrapa.br; 2 Pesquisador da Embrapa Algodão; 3 Prof. Dr. Departamento de Fitotecnia e do
PPGAgronomia/CCA/UFPB. Areia, PB. CEP 58397-000.

RESUMO – O cultivo da mamoneira é uma atividade econômica de importância socioambiental, com


geração de emprego e renda no semiárido brasileiro. Objetivou-se com este trabalho determinar a
variação da temperatura da parte aérea e do solo sob diferentes espaçamentos do cultivo de
mamoneira Ricinus communis ‗BRS Energia‘. Utilizou-se delineamento em blocos casualizados com
quatro repetições em esquema fatorial 2 x 4, sendo os fatores constituídos por dois espaçamentos
(1,5m x 0,5m e 1,0m x 1,0m, com populações de 13.333 plantas ha-1 e 10.000 plantas ha-1,
respectivamente) e quatro pontos de leitura da temperatura (copa; folha; no solo entre plantas na linha;
e entre linhas de plantio). A avaliação da temperatura foi feita aos 75 dias da emergência da
mamoneira, utilizando-se um termômetro infravermelho portátil modelo MiniTemp TM Raytec®, em 23 de
maio de 2008. Houve efeito significativo para a leitura das temperaturas nos diferentes pontos (P<0,01)
e para espaçamento (P<0,05) do cultivo de mamoneira. Nas condições em que o trabalho foi conduzido
verificou-se que: Há variação da temperatura da parte vegetal em relação à do solo no cultivo de
mamona ‗BRS Energia‘; na densidade populacional de 10.000 plantas ha-1, a temperatura (30,9oC) é
1,1 ºC mais alta, quando comparada a da população de 13.333 plantas ha-1 (29,8 oC), estando esta
enquadrada na faixa do ótimo ecológico (20oC a 30oC); O dossel e a evaporação das folhas da
mamoneira reduzem a temperatura do ambiente. No solo (média de 32,2oC) a temperatura foi 3,7oC
superior à temperatura da parte aérea (28,5oC).
Palavras-chave – Ricinus communis, Cobertura vegetal, Espaçamento, População

INTRODUÇÃO

O cultivo da mamoneira (Ricinus communis L.) é uma atividade econômica de importância


social, com geração de emprego e renda no semiárido brasileiro. Oleaginosa fornecedora de matéria-
prima para indústria, das sementes se extrai o óleo de rícino com excelentes propriedades e de amplas
aplicações na indústria de polímeros, cosméticos e outros inúmeros produtos da ricinoquímica,
inclusive biodiesel.

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O espaçamento entre linhas e a distância entre plantas na linha são dois fatores que definem a
população de plantas de uma lavoura de mamona (SEVERINO et al., 2006) e também a cobertura
vegetal do solo. Esses autores mencionam que a correta escolha da população de plantas é uma
prática cultural extremamente simples, mas que tem grande impacto sobre a produtividade e sobre
diversos aspectos da condução da lavoura, como controle de plantas daninhas, uso de implementos
agrícolas, colheita etc.

O uso da terra para fins agrícolas tem impactos importantes nas mudanças climáticas, pois
manejos inadequados da cultura provocam alterações na conservação do solo que contribuem para o
aquecimento global. A natureza da cobertura do solo e o nível de sombreamento influenciam
diretamente nas flutuações de temperatura e umidade do solo (OLIVEIRA et al., 2005) e,
consequentemente, do ambiente. Com o aumento da temperatura, especialmente acima de 30 oC,
aumenta-se o processo de evapotranspiração e reduz-se a disponibilidade de água no solo e a
umidade relativa do ar, prejudicando a produção agrícola, e/ou fases fundamentais como a
germinação, crescimento e desenvolvimento das culturas. A variação da temperatura no cultivo da
mamoneira deve ser de 20 oC a 30 oC, para que haja produções economicamente viáveis, estando a
temperatura ótima para a cultura em torno de 28 oC (BELTRÃO et al., 2007).

Neste sentido, objetivou-se com este trabalho determinar a variação da temperatura da parte
aérea e do solo sob diferentes densidades populacionais do cultivo de mamoneira cultivar BRS
Energia, em condições de sequeiro no Cariri cearense.

METODOLOGIA

O experimento foi realizado na Estação Experimental da Embrapa Algodão, localizada no


município de Missão Velha, CE, de coordenadas geográficas 7°13‘ S, 39°10‘ W, 400 m de altitude. A
instalação do experimento foi em fevereiro de 2008, realizando-se manualmente a semeadura de
mamona (Ricinus communis) cultivar BRS Energia, em duas densidades populacionais (dois
espaçamentos), sob condições de sequeiro.

A área utilizada, de 3.696 m2, sob um solo do tipo franco arenoso, foi preparada com uma
aração e duas gradagens. A adubação (55-40-40 kg ha-1), baseando-se na análise de solo, seguiu as
recomendações técnicas. A cultura foi mantida livre de competição, por meio de capinas manuais em
toda área experimental.

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Utilizou-se delineamento em blocos casualizados com quatro repetições em esquema fatorial


2x4, com um total de oito tratamentos. Os fatores envolveram dois espaçamentos (1,5 m x 0,5 m e
1,0 m x 1,0 m, com populações de 13.333 plantas ha-1 e 10.000 plantas ha-1, respectivamente) e quatro
pontos de leitura da temperatura [pontos: 1- Copa = leitura feita, a aproximadamente 2m de distância
da copa (direcionado para o terço superior do dossel) das plantas de mamoneira da área útil; 2- Folha=
leitura feita a cerca de 0,30 m do limbo da primeira folha adulta a partir do ápice do ramo principal; 3-
Entre planta (Ep) = leitura feita a cerca de 1,0 m na superfície do solo entre plantas na linha; e 4- Entre
linhas = na superfície do solo entre linhas de plantio]. Cada unidade experimental teve uma área de 45
m2 (9 m x 5 m) com área útil correspondente às duas fileiras centrais.

A avaliação da temperatura foi feita aos 75 dias da emergência da mamoneira, utilizando-se


um termômetro infravermelho portátil modelo MiniTempTM Raytec® de mira a laser, com precisão de 
2%. A leitura da temperatura foi realizada no período de 10h04min às 14h38min. Este horário foi
considerado em virtude da maior incidência vertical de raios solares e, consequentemente, da
penetração de radiação direta e difusa. Em intervalos de aproximadamente uma hora, as temperaturas
do ambiente apresentaram os valores de: 31,5 oC (10h04min), 33,5 oC, 32,5 oC, 33,0 oC e 31,5 oC
(14h38min), com média de 32,4 oC. Na Tabela 1, são apresentados os registros meteorológicos de
precipitação e temperatura, observados no decorrer do experimento.

Após a coleta, os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2, observa-se que houve efeito significativo para a leitura das temperaturas nos
diferentes pontos de leitura (a 1% de probabilidade pelo teste F) e para espaçamento (a 5% de
probabilidade pelo teste F) do cultivo de mamoneira, sugerindo que tanto o ponto de leitura da
temperatura (Local T), quanto o espaçamento influenciam a temperatura no cultivo de mamona. A
interação local de leitura de temperatura (Local T) e espaçamento não foi significativa. Os efeitos do
Local T sobre a temperatura independem do espaçamento, ou vice-versa.

Na Tabela 3, verifica-se que os pontos de leitura de T oC da copa e da folha de mamoneira


‗BRS Energia‘ apresentam menor temperatura, quando comparada com a temperatura da linha e entre
linhas de plantio de mamoneira, seguramente em virtude do processo de transpiração. No solo (média
de 32,2 oC) a temperatura foi 3,7oC superior à temperatura da parte aérea (28,5oC). Este fato é

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favorecido pela resistência da camada limítrofe à transferência de calor da folha para o ar. De acordo
com Taiz e Zeiger (2004), a temperatura das folhas é diminuída pela perda de calor do resfriamento
evaporativo causado pela transpiração. Neste caso, quando há bom suprimento hídrico, as
temperaturas das plantas chegam a até 8oC abaixo da temperatura do ar. As plantas são organismos
poiquilotérmicos, cuja temperatura se aproxima da temperatura do seu habitat e, de acordo com
Larcher (2000), a temperatura das partes das plantas acima do solo podem variar consideravelmente
da do ar, como resultado da troca de energia com o ambiente. Assim, a umidade relativa do ar e a
interceptação da luz pelo dossel da vegetação regulam a temperatura do habitat.

Mesmo sendo considerada uma espécie com menor valor de massa vegetal, com percentagem
de cobertura de 52,5% (MESCHEDE et al., 2007), observa-se que o espaçamento entre linhas (1,0 m)
e plantas (1,0 m), com menor população (10000 plantas ha-1), apresenta-se com temperatura superior
em mais de um grau Celsius (1,1oC) (Tabela 3). Esse resultado pode ser atribuído ao efeito da
incidência direta da radiação solar na superfície do solo, fato também observado por Nóbrega et al
(2000). Com população de plantas 33% maior (arranjo espacial: 1,5 m x 0,5 m), a temperatura pode ter
sido amenizada pelo maior sombreamento das grandes folhas da mamoneira/camada de ar limítrofe,
quando comparado ao arranjo espacial 1,0 m x 1,0 m. Para Taiz e Zeiger (2004), as folhas grandes dos
vegetais têm resistência mais alta da camada limítrofe e dissipam menos energia térmica (por unidade
de área), por transferência direta de calor para o ar, quando comparadas com folhas pequenas. A
heterogeneidade do dossel pode resultar em mudanças significativas na qualidade e intensidade de
luz, na umidade relativa do ar e na temperatura do solo. Neste sentido, Nóbrega et al. (2000) menciona
que a temperatura da superfície foliar tem sido amplamente utilizada como um indicador da
disponibilidade de água nas plantas. Estudos têm evidenciado que o uso da temperatura do dossel
vegetativo é uma ferramenta de grande importância na determinação de estresse hídrico, baseado na
hipótese de que a água transpirada pela folha, ao evaporar-se, produz o seu resfriamento (PAZZETTI
et al.,1993).

CONCLUSÕES

Nas condições em que o trabalho foi conduzido conclui-se que:

Há variação da temperatura da parte vegetal e do solo em cultivo de mamona Ricinus


communis ‗BRS Energia‘;

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A temperatura é mais amena (1,1 oC) no espaçamento 1,5m x 0,5 m, de maior população de
plantas;

O dossel e a evaporação das folhas da mamoneira reduzem a temperatura do ambiente. No


solo (média de 32,2 oC) a temperatura foi 3,7oC superior à temperatura da parte aérea (28,5oC).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. M.; BRANDÃO, Z. N.; AMARAL, J. A. B.; ARAÚJO, A. E. Clima e solo. In: AZEVEDO,
D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. M. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. 2. ed. Campina Grande:
Embrapa Algodão; Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2007, p.73-93.

LARCHER, W. Relações hídricas. In: Larcher, W. Ecofisiologia Vegetal. (Trad.) São Carlos: Rima,
2000. p. 231-294.

MESCHEDE,D.K., FERREIRA, A.B.; RIBEIROJR.,C.C. Avaliação de diferentes coberturas na


supressão de plantas daninhas no cerrado. Planta Daninha, v.25, n. 3, p. 465-471, 2007.

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cbmet.com, p. 319-322, 2000. Disponível em: <http://www.cbmet.com/cbm-files/12-
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OLIVEIRA, Milson L. de; RUIZ, Hugo A.; COSTA, Liovando M. da and SCHAEFER, Carlos E. G. R.. Flutuações
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e Ambiental, v.9, n.4, p.535-539, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbeaa/v9n4/v9n4a15.pdf>.
Acesso em: 15 abr. 2010.

PAZZETTI, G.A.; OLIVA, M.A.; LOPES, N.F. Aplicação da termometria ao infravermelho à


irrigação do feijoeiro: crescimento e produtividade. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 28, n. 12, p.
1371-1377, 1993.

SEVERINO, L. S.; MORAES, C. R. de A.; GONDIM, T. M. de S.; CARDOSO, G. D.; BELTRÃO, N. E.


de M. Crescimento e produtividade da mamoneira influenciada por plantio em diferentes espaçamentos
entre linhas. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v.37, n.1, p. 50-54, 2006.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia do estresse. In: TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Porto Alegre:
Artmed, 2004. p. 613-643.

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TABELA 1. Registros meteorológicos1/ de precipitação e temperatura, observados durante o período da pré-instalação e


condução do experimento para avaliação da temperatura da parte aérea e do solo sob diferentes espaçamentos do cultivo
de mamoneira ‗BRS Energia‘, sob condições de sequeiro no Cariri cearense. Missão Velha, CE, 2008.
Meses/2008
Precipitação (mm) Temperatura Máxima (oC)
Dia
Jan Fev Mar Abr Mai Jan Fev Mar Abr Mai
1 0.0 123.9 0.0 0.0 24.6 34.9 24.6 30.5 29.9 30.6
2 0.0 0.0 4.7 8.0 0.0 33.1 30.7 30.5 29.5 30.2
3 9.6 0.0 0.0 42.6 12.6 33.7 31.7 31.5 27.2 30.2
4 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 32.5 32.1 33.1 31.1 31.2
5 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 34.6 32.1 30.3 31.7 30.9
6 0.0 0.0 0.0 0.0 21.6 35.3 31.5 31.5 30.7 29.3
7 0.0 0.0 19.5 16.5 0.0 34.1 31.9 30.7 29.8 31.2
8 0.0 0.0 0.0 14.2 0.0 34.9 30.5 30.9 29.8 30.9
9 0.0 21.0 5.3 0.0 0.0 35.1 27.5 30.3 30.5 30.3
10 0.0 3.2 0.0 0.0 0.0 34.8 30.2 31.1 30.5 28.1
11 0.0 1.5 6.3 0.0 0.0 34.2 31.1 31.5 31.2 28.8
12 0.0 6.7 18.2 0.0 0.0 33.7 31.4 29.9 29.9 28.3
13 11.7 0.0 0.0 12.0 0.0 33.0 31.2 30.0 29.7 28.0
14 36.9 0.0 0.0 0.0 0.0 33.5 32.1 30.5 29.5 28.2
15 0.0 0.0 6.7 0.0 0.0 30.9 31.3 30.1 29.3 29.7
16 0.0 7.0 0.0 0.0 0.0 32.1 27.7 29.2 30.8 30.1
17 11.1 10.5 60.2 0.0 0.0 32.7 29.7 28.3 30.9 28.9
18 0.0 0.0 7.5 0.0 0.0 31.3 31.3 30.7 30.7 29.2
19 0.0 0.0 6.1 0.0 0.0 33.5 31.5 29.6 30.7 28.7
20 0.0 3.4 10.2 0.0 0.0 31.2 32.6 28.6 32.1 28.9
21 0.0 0.0 40.0 5.2 0.0 29.4 31.5 28.8 30.5 29.9
22 0.0 0.0 92.3 0.0 0.0 29.4 31.7 30.3 30.7 30.3
23 10.7 8.5 0.0 0.0 0.0 30.1 31.2 30.4 30.4 30.2
24 0.0 0.0 39.6 18.6 0.0 32.0 30.7 28.8 30.7 31.0
25 4.3 0.0 8.2 0.0 0.0 31.7 31.4 29.1 31.0 30.7
26 47.8 0.0 22.2 0.0 0.0 29.2 30.5 29.4 30.8 30.9
27 35.7 17.2 15.0 0.0 0.0 28.7 27.1 29.6 31.2 29.9
28 38.2 0.0 0.0 0.0 0.0 31.1 30.3 29.7 30.5 28.7
29 0.0 0.0 19.6 26.0 0.0 32.8 29.8 30.0 30.1 28.9
30 0.0 0.0 13.0 0.0 0.0 32.7 -- 30.5 31.0 29.1
31 53.9 0.0 11.6 0.0 0.0 27.1 -- 28.8 28.9
Total 259.9 202.9 406.2 143.1 58.8 Média 32.4 30.6 30.1 30.4 29.7
1/Dados fornecidos pela estação meteorológica do IMET, Barbalha, CE (parceria Embrapa Algodão / Instituto de
Meteorologia).

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TABELA 2. Resumo da análise de variância para a temperatura da parte aérea e do solo sob diferentes espaçamentos do
cultivo de mamoneira ‗BRS Energia‘, aos 75 dias da emergência, sob condições de sequeiro no Cariri cearense. Missão
Velha, CE, 2008
FONTE DE VARIAÇÃO GL Quadrado Médio

Bloco 3 14,1525**

Ponto de Leitura da Temperatura1/ (ToC) (Local T) 3 40,1391667**

População / Espaçamento2/(ESP) 1 9,9012500*

Interação Local T * ESP 3 0,7670833 ns

CV (%) 4,27

Média geral (ToC) 30,37


1/ Copa = leitura feita no terço superior do dossel das plantas de mamoneira; Folha = limbo da primeira folha adulta a partir
da ponta do maior ramo; Entre plantas = na superfície do solo em meio a duas plantas; e Entre linhas = leitura feita na
superfície do solo no meio das duas linhas centrais da parcela.
2/ Espaçamentos: 1- 1,5 m x 0,5 m e 2 – 1,0 m x 1,0 m.

*, ** - correspondem a significativo a 5%, 1%, pelo teste F, respectivamente.


ns - não significativo a 5% de probabilidade.

TABELA 3. Médias de fatores obtidas para a variável temperatura da parte aérea e do solo sob diferentes espaçamentos do
cultivo de mamoneira ‗BRS Energia‘, aos 75 dias da emergência, sob condições de sequeiro no Cariri cearense. Missão
Velha, CE, 2008
Ponto de Leitura da Temperatura1/ (ToC)
FATORES
Parte Aérea Solo

Espaçamento Copa Folha Entre plantas Entre linhas Média*


(população)
1,5 m x 0,5 m 27,82 28,50 30,48 32,48 29,82 B
(13333 plantas ha-1)

1,0 m x 1,0 m 29,08 28,75 32,20 33,70 30,93 A


(10000 plantas ha-1)

Média* 28,45 b 28,62 b 31,34 a 33,09 a

1/Copa = leitura feita no terço superior do dossel das plantas de mamoneira; Folha = limbo da primeira folha adulta a partir
da ponta do maior ramo; Entre plantas = na superfície do solo em meio a duas plantas; e Entre linhas = leitura feita na
superfície do solo no meio das duas linhas centrais da parcela. Temperatura média do ar era igual a 32,4 oC.
* Médias seguidas da mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem estatisticamente a 5% de
probabilidade, pelo teste de Tukey.

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TEOR DE ÓLEO E MASSA DE MIL SEMENTES DA MAMONEIRA CULTIVADA EM DIFERENTES


ESPAÇAMENTOS E ÉPOCAS DE PLANTIO

Anielson dos Santos Souza1; Francisco José Alves Fernandes Távora2;


Napoleão Esberad de Macedo Beltrão3; Rosa Maria Mendes Freire3
1Universidade Federal de Campina Grande, e-mail: anielson@ccta.ufcg.edu.br, 2Universidade Federal do Ceará,
3Embrapa Algodão.

RESUMO - Com o objetivo de avaliar o teor de óleo e a massa de mil sementes de dois cultivares de
mamona sob diferentes espaçamentos e épocas de plantio, realizou-se um experimento na Fazenda
Experimental Vale do Curu, Pentecoste - Ceará - Brasil. O solo foi preparado e adubado
convencionalmente. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso com doze tratamentos
e quatro repetições. Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 2x3x2, sendo 2 cultivares
(BRS Nordestina e Mirante 10); 3 espaçamentos (1,5 m x 1,5 m; 2,0 m x 2,0 m e 2,5 m x 2,5 m) e 2
épocas de plantio (sob irrigação e sequeiro). A cultivar BRS Nordestina apresentou maior massa e teor
de óleo das sementes. Em média sob condições irrigadas a massa das sementes aumentou
independente do espaçamento ou da cultivar utilizada. A antecipação do plantio associada à irrigação
reduziu o teor de óleo das sementes.
Palavras-chave: Ricinus communis L., manejo cultural, irrigação.

INTRODUÇÃO

Do ponto de vista industrial o óleo de mamona é o seu principal produto sendo um dos mais
versáteis da natureza, de utilidade só comparável a do petróleo, com a vantagem de ser renovável.
Constitui-se em matéria-prima para centenas de produtos (Vijaya Kumar et al., 1997). A singularidade
do óleo dá-se em virtude de sua composição quase exclusiva, cerca de 90%, do ácido graxo
ricinoléico, que lhe confere inúmeras aplicações, inclusive como fonte de combustível na fabricação de
biodiesel (Freire, 2001).

No cultivo da mamoneira as irregularidades das chuvas em várias regiões produtoras, aliada


aos períodos de estiagem durante a época chuvosa, têm prejudicado essa cultura e a maior evidência
disso são as baixas produtividades até então obtidas. Assim, para minimizar problemas decorrentes da
falta de água e garantir produtividades mais elevadas, a adoção da tecnologia de irrigação passa a ser

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uma excelente alternativa, que pode propiciar estabilidade da produção. Apesar disso, Lima et al.
(2004) salientam que ainda não foram realizados até o momento estudos definitivos com relação à
eficiência do uso de água pela cultura. Koutroubas et al. (2000) constaram que quando comparada às
condições de sequeiro a irrigação foi eficiente no aumento da massa e teor de óleo. Laureti et al.
(1998) também verificaram que o teor de óleo das sementes foi afetado positivamente pela irrigação.
Vale ressaltar que na maioria dos trabalhos tem-se verificado que a massa de mil sementes mantém
estreita

relação com o seu teor de óleo. Além da irrigação e da época de semeadura e o espaçamento
de plantio também podem afetar os componentes de produção da mamoneira.

Pelo exposto, objetivou-se com o presente trabalho avaliar os efeitos de diferentes


espaçamentos e épocas de plantio associada ou não a irrigação, sobre a massa de sementes e o teor
de óleo da mamoneira.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido entre os meses de fevereiro e dezembro de 2005 na Fazenda


Experimental do Vale do Curu - FEVC, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do
Ceará, no município de Pentecoste – CE, a uma altitude média de 60 metros acima do nível do mar. A
precipitação pluvial foi de 504 mm, com 91,88 % desse total ocorrendo entre fevereiro e maio.

Na área experimental o solo predominante pertence à classe dos NEOSSOLOS FLÚVICOS


(Embrapa Solos, 1999). Antes do plantio coletou-se uma amostra composta de solo na profundidade de
0-30 cm para proceder à recomendação de adubação conforme Universidade Federal do Ceará (1993).
As quantidades de nutrientes aplicadas foram as seguintes: 60 kg ha -1 de N, 30 kg ha-1 de P e 10 kg ha-
1 de K, nas formas de uréia, superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente, apenas o N
foi parcelado, sendo 1/3 no plantio e 2/3 em cobertura aos 30 e 60 dias após o plantio.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com 12 tratamentos em esquema


fatorial 2 x 3 x 2 com quatro repetições, sendo os fatores duas cultivares de mamona (BRS Nordestina
e Mirante 10); três espaçamentos (1,5 m x 1,5 m; 2,0 m x 2,0 m; 2,5 m x 2,5 m) e duas épocas de
plantio (19 de fevereiro em regime de irrigação e 04 abril de 2005 sob sequeiro). O solo foi preparado
20 dias antes do plantio, em seguida foram semeadas três sementes por cova nos espaçamentos pré-
estabelecidos. Aos 20 dias após a emergência procedeu-se ao desbaste deixando-se uma planta por

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cova. Cada parcela continha três fileiras de plantas e os dados foram coletados na fileira central, após
o descarte da planta existente na primeira cova das extremidades.

Os racemos foram colhidos quando 2/3 dos frutos estavam maduros, em seguida foram
identificados, separados por tratamento e repetição, e expostos ao sol para completar a secagem.
Após secagem e beneficiamento, determinou-se o teor de óleo nas sementes com umidade corrigida
para 10 %, por Ressonância Magnética Nuclear RMN no Laboratório da Embrapa Algodão em
Campina Grande – PB, de acordo com Oxford Instruments (1995) e a massa de mil sementes seguindo
as Regras para Análise de Sementes - RAS (BRASIL, 1992).

Os dados obtidos foram submetidos ao teste de Barttlet para verificação da homogeneidade


das variâncias e em seguida procedeu-se à análise da variância pelo teste F a 1% e 5% de
probabilidade. As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey (p 5%). Também foi
realizado o estudo de correlação entre as características avaliadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com as análises das variâncias verificou-se efeito significativo para os dados de
massa de mil sementes nos fatores cultivar e época de plantio, bem como para a interação cultivar x
época de plantio, o que revela dependência entre estes fatores de acordo com o teste F (p 0,01). O
desdobramento em teste de médias da interação dupla significativa cultivar x época de plantio, pode
ser observado na Tabela 1. Estudando-se o efeito do fator cultivar dento de cada época de semeadura,
constatou-se que nas épocas 1 e 2, a cultivar BRS Nordestina teve maior massa de mil sementes.
Estes resultados são consistentes, tendo em vista que a tal cultivar possui frutos e sementes maiores
do que a cultivar Mirante 10 e, portanto, maior massa, seja em cultivo irrigado ou de sequeiro.

Para o efeito do fator época dentro de cada cultivar, observou-se que a antecipação do plantio
para fevereiro com o auxílio da irrigação, concorreu para que a cv. BRS Nordestina produzisse as
sementes mais pesadas (Tabela 1). Koutroubas et al. (2000) também registraram maior massa de mil
sementes em condições irrigadas. Já com a cultivar Mirante 10 não se verificou diferença significativa
entre as épocas de plantio. É possível, que por apresentar sementes menores, esta cultivar tenha um
menor potencial para produzir sementes mais pesadas em condições de melhor suprimento hídrico, em
comparação com a cultivar BRS Nordestina. O valor médio obtido para a massa de mil sementes da cv.
BRS Nordestina de 592,64 g, registrado na primeira época de plantio, está abaixo do mencionado por
Beltrão et al. (2006) ao afirmarem que a cada semente desta cultivar pesa em média 0,68 gramas.

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Com relação ao teor de óleo observou-se diferença significativa apenas para os efeitos
principais cultivar e época de plantio que variaram independentemente pelo teste F (p 0,01). A cv.
BRS Nordestina produziu as sementes com o maior teor de óleo (47,25 %), superando estatisticamente
o valor médio de 42,93 % de óleo registrado nas sementes da cultivar Mirante 10 (Figura 1). Tais
resultados corroboram com informações de Koutroubas et al. (2000) ao constataram diferenças no teor
de óleo entre duas cultivares de mamona, e especularam que diferentes cultivares respondem de
forma diferente a um mesmo manejo cultural. É importante salientar que o valor médio obtido de 47,25
% de óleo nas sementes da cultivar BRS Nordestina, é inferior aos relatados na literatura para esta
cultivar que é de 49 % (BELTRÃO et al. 2006). Comparando-se as épocas de plantio verificou-se que o
maior teor de óleo nas sementes, 46,02 % foi obtido na época 2 em regime de sequeiro. Tais
resultados são divergentes dos obtidos por Koutroubas et al. (2000) quando verificaram que com o uso
da irrigação houve uma tendência de aumento no teor de óleo das sementes da mamoneira, já em
plantas cultivadas em condições de sequeiro foram observados baixos teores de óleo. Com estes
resultados, os autores concluíram que o teor de óleo na semente dependeu grandemente da
disponibilidade de umidade no solo.

Na correlação entre os dados de massa de mil sementes e teor de óleo da cultivar Mirante 10,
verificou-se correlação positiva e significativa a 1 % pelo Teste t com coeficiente de correlação de 0,52.
O que condiz com informações de Lins et al. (1976) que constataram correlação positiva e significativa
entre o teor de óleo e a massa de sementes da mamoneira. Com relação a cultivar BRS Nordestina
observou-se comportamento oposto e a correlação foi negativa entre o teor de óleo e massa de mil
sementes cujo valor de (r) foi igual -0,76 com significância de 1 % pelo Teste t.

CONCLUSÕES
A cultivar BRS Nordestina possui maior massa de sementes do que a cultivar Mirante 10. Sob
regime de irrigação (época 1) a massa das sementes é maior, independente da cultivar ou
espaçamento utilizado;

A antecipação do plantio em condições de irrigação promove diminuição no teor de óleo das


sementes, independente das cultivares e dos espaçamentos testados. As sementes da cv. BRS
Nordestina possuem maior teor de óleo;

Para a cultivar Mirante 10, o teor de óleo das sementes correlaciona-se positivamente com a
massa das sementes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. de M.; CARTAXO, W. V.; PEREIRA, S. R. de P.; SOARES, J. J.; SILVA, O. R. R. F. O cultivo
sustentável da mamona no semi-árido brasileiro Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006, 22p.
(Comunicado Técnico, 84).

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Regras para Análise de Sementes. Brasília:
1992, 356p.

EMBRAPA SOLOS. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro). Sistema brasileiro de
classificação de solos. Brasília: Sistema de Produção de Informação - SPI, 1999. 412p.

FREIRE, R. M. M. Ricinoquímica. In: AZEVEDO, D. M. P. de; LIMA, E. F. (Eds.). O agronegócio da mamona


no Brasil. Brasília: Embrapa informação tecnológica, 2001. cap. 13, p. 295-336.

KOUTROUBAS, S. D.; PAPAKOSTA, D. K.; DOITSINIS, A. Water requirements for castor oil crop (Ricinus
communis L.) in a Mediterranean climate. J. Agro. & Crop Science, Berlin, p. 33-41, 2000. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science>. Acesso em: 21 de jan. 2006.

LAURETI, D.; FEDELI, A. M.; SCARPA, G. M.; MARRAS, G. F. Performance of castor (Ricinus communis L.)
cultivars in Italy. Industrial Crops and Products, Elsevier, v. 7, p. 91-93, 1998. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science>. Acesso em: 06 de mar. 2006.

LIMA, J. R. S.; ANTONINO, A. C. D.; SILVA, I. de F. da; SOUZA, C. de; LIRA C. A. B. de O. Avaliação dos
componentes do balanço de energia num solo cultivado com mamona no Brejo paraibano. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. 1
CD-ROM.

LINS, E. de C.; TÁVORA, F. J. A. F.; ALVES, J. F. Efeito da ordem de racemo nas características de sementes
de mamona, (Ricinus communis L.). Rev. Ciênc. Agron., Fortaleza, v. 6, n. 1/2, p. 91-98, dez., 1976.

OXFORD INTRUMENTS. Instruction manual. Oxford: 1995. 21p.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Recomendações de adubação e calagem para o Estado do Ceará.


Fortaleza: UFC/CCA, 1993. 248p.

VIJAYA KUMAR, P. et al. Influence of moisture, thermal and photoperiodic regimes on the productivity of castor
beans (Ricinus communis L.). Agricultural and Forest Meteorology, Hyderabad, v. 88, p. 279-289, 1997.
Disponível em: <http://www.scirus.com>. Acesso em: 23 de abr. 2006.

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Tabela 1. Massa de mil sementes da mamoneira das cultivares BRS Nordestina e Mirante 10. Desdobramento da interação
cultivar x época de plantio. Pentecoste - CE, 2005.
Cultivar
Médias
Tratamentos Nordestina Mirante 10
-------------------------------Massa de mil sementes (g)----------------------------
Época 1 592,64 Aa 316,09 Ba 454,37 a

Época 2 557,08 Ab 327,88 Ba 442,48 b

DMS Coluna 12,30 8,69


DMS Linha 12,30 -
Médias seguidas por letras iguais maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.

50 A A
B B
45
40
Teor de óleo (%)

35
30
25
20
15
10
5
0
Nordestina Mirante 10 Época 1 Época 2
Tratamentos

Figura 1. Teor de óleo das sementes de mamona das cultivares BRS Nordestina e Mirante 10, semeadas em diferentes
épocas. Em cada efeito as letras diferentes nas colunas indicam diferença estatística pelo teste F (p 0,01). Pentecoste -
CE, 2005.

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TOLERÂNCIA DA CULTURA DA MAMONEIRA AO HERBICIDA CHLORIMURON-ETHYL EM DOIS


TIPOS DE SOLO

Dalva Maria Almeida Silva1, Valdinei Sofiatti2, Franklin Magnum de Oliveira Silva3;
Vivianny Nayse Belo Silva3; Karoliny Cruz Silva3 ; Flávia Queiroz de OLIVEIRA3; Alexandre Magno
Amador de Sousa4; Djacir Veriato de Sousa Junior1
1Aluna da UFPB, dalvaalmeida@hotmail.com ; 2 Pesquisador da Embrapa Algodão, 3 Alunos da UEPB, 4 Extensionista da
Emater; 5Aluno da UFPB

RESUMO – O objetivo do presente trabalho foi verificar se a tolerância da mamoneira ao herbicida


Chlorimuron-ethyl é alterada quando a acultura é cultivada em solos com diferentes texturas. O
experimento foi realizado sob condições controladas em casa de vegetação pertencente à Embrapa
Algodão em Campina Grande-PB. Consistiu de uma combinação fatorial de seis doses do herbicida
Chlorimuron-ethyl (0; 3,75; 7,5; 15,0; 30,0 e 60 g i.a. ha-1) e dois tipos de solo (solo de textura argilosa
e arenosa) em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Aos 7, 14 e 21 dias após
a aplicação foram realizadas avaliações de fitotoxicidade empregando-se a escala de notas onde a
ausência de injúria correspondeu a nota um e a morte da planta à nota 9. Aos 21 dias após a aplicação
foi feita a colheita das plantas e determinação da massa seca da parte aérea, bem como a análise do
crescimento das plantas por meio da área foliar, diâmetro caulinar, número de folhas e altura das
plantas. Os resultados indicaram que a textura do solo não interferiu na ação do herbicida Chlorimuron-
ethyl aplicado em pós-emergência sobre a cultura da mamoneira, sendo que os sintomas de fitotoxidez
causados pelo herbicida são mais intensos até os 14 dias após a aplicação. Doses do herbicida
Chlorimuron-ethyl de até 15 g i.a./ha não ocasionam reduções significativas no crescimento das
plantas.
Palavras-chave – tolerância, Ricinus communis, fitotoxidez, textura do solo.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta de origem tropical pertencente à família das
Euforbiáceas, disseminada por diversas regiões do globo terrestre e cultivada comercialmente entre os
paralelos 52º N e 40º S. A expansão de seu cultivo se deu principalmente devido a sua capacidade de
adaptação a diferentes condições ambientais e às diversas possibilidades de uso de seu principal
produto, o óleo. Com teor de óleo de aproximadamente 48%, é entre as espécies vegetais, aquela que
apresenta melhores perspectivas para a transformação em biodiesel (Azevêdo et al., 1997; Freire,
2001).

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A cultivar BRS Energia, lançada pela Embrapa Algodão no ano de 2007, apresenta porte baixo,
é plantada em população de plantas elevada (acima de 5.000 plantas por ha-1) e é indeiscente,
favorecendo o plantio e a colheita mecanizada da lavoura, sendo a primeira cultivar de baixo porte
adaptada às condições de solo e clima da Região Nordeste.

Vários são os herbicidas registrados para o controle de plantas daninhas de diversas culturas,
e em contrapartida quase que inexistem registros para a cultura da mamoneira. Na base de dados, do
sistema AGROFIT, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento pode-se constatar o
herbicida trifluralin como o único produto registrado para controle de plantas daninhas na cultura da
mamoneira com aplicação em pré-emergência da cultura e das plantas daninhas (MAPA, 2010).

Trabalhos realizados recentemente em condições de casa de vegetação, indicaram a


seletividade do herbicida chlorimuron-ethyl à cultura da mamoneira na dose de 17,5 g i.a./ha
(SOFIATTI et al., 2008). Assim, comprovando-se a viabilidade técnica deste herbicida o mesmo poderia
ser registrado e recomendado para o controle de plantas daninhas na cultura da mamoneira. Este
herbicida pertence ao grupo químico das sulfoniluréias, sendo utilizado no controle químico de plantas
daninhas dicotiledôneas na cultura da soja em aplicações de pós-emergência inicial das plantas
daninhas e da cultura (RODRIGUES e ALMEIDA, 2005; MAPA, 2010).

O chlorimuron-ethyl é um herbicida inibidor da ALS, a enzima chave na rota de biossíntese dos


aminoácidos valina, leucina e isoleucina. Após a absorção, esse herbicida é rapidamente translocado
para áreas de crescimento ativo (meristemas, ápices), onde o crescimento é inibido em plantas
suscetíveis. As plantas acabam morrendo devido à incapacidade de produzir os aminoácidos
essenciais de que necessitam (TREZZI e VIDAL, 2001). Os herbicidas deste grupo químico podem ser
absorvidos pelas folhas e também pelo sistema radicular das plantas, o que pode tornar a capacidade
de adsorção do herbicida no solo um fator importante para a tolerância da cultura ao herbicida.

O objetivo do presente trabalho foi verificar se a tolerância da mamoneira ao herbicida


Chlorimuron-ethyl é alterada quando a acultura é cultivada em solos com diferentes texturas.

Metodologia

O experimento foi conduzido na Embrapa Algodão localizada na cidade de Campina Grande,


PB (Coordenadas geográficas 7º13'S e 35º54'SW), em condições de casa de vegetação.

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Foram utilizados vasos com capacidade de 20L contendo uma planta por vaso da cultivar BRS
Energia. O substrato para o enchimento dos vasos foi constituído por dois solos diferentes, um com
textura arenosa e outro de textura argilosa conforme a tabela 1.

O experimento consistiu de uma combinação fatorial de cinco doses do herbicida Chlorimuron-


Ethyl (0; 3,75; 7,5; 15,0; 30,0 e 60 g i.a. ha -1) e dois tipos de solo (solo de textura argilosa e arenosa)
em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. O herbicida foi aplicado aos 21 dias
após a semeadura, com um pulverizador costal pressurizado (CO 2), com bicos jato leque 11002,
pressão de 2,1 kgf cm-2 e consumo de calda de 200 L ha-1.

As avaliações da fitotoxidez causada pelo herbicida nas plantas foram realizadas aos 7, 14 e
21 dias após a aplicação (DAA), atribuindo-se notas com escala de 1 (assintomático) a 9 (morte das
plantas) em observações visuais, com base na escala do European Weed Research Council (1964).
Aos 21 dias após a aplicação foram feitas determinações do diâmetro caulinar, altura de plantas,
número de folhas. Também foi feita a determinação da área foliar por método não destrutivo de acordo
com a metodologia proposta por Severino et al., (2004). Aos 21 dias após a aplicação foi feita a
colheita das plantas e determinação da massa seca da parte aérea das plantas.

Os dados foram submetidos à análise de variância e na ocorrência de diferenças significativas


entres os tratamentos foram ajustadas curvas de regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2 são apresentados os sintomas de fitotoxidade das diferentes doses do herbicida


Chlorimuron-Ethyl aos 7, 14 e 21 dias após a aplicação do herbicida. Como não foram verificadas
diferenças significativas entre os diferentes tipos de solo e também não se verificou interação entre as
doses do herbicida e o tipo de solo, são apresentados apenas os efeitos das doses do herbicida na
média dos dois solos. Após sete dias da aplicação do herbicida Chlorimuron-Ethyl verificou-se que
todas as doses do herbicida apresentaram sintomas de fitotoxidez superiores ao tratamento
testemunha sem aplicação do herbicida. Entretanto, os maiores sintomas de fitotoxidez ocorreram na
dose de 60 g i.a./ha a qual apresentou sintomas de fitotoxidez superiores às demais doses do
herbicida. Aos 14 dias após a aplicação do herbicida, os sintomas de fitotoxidez foram menores que
aqueles verificados aos sete dias após a aplicação, sendo que o único tratamento que diferiu da
testemunha foi a dose de 60 g i.a./ha. Aos 21 dias após a aplicação do herbicida não foram verificadas
diferenças significativas entre os tratamentos quanto à fitotoxidez. Resultados semelhantes aos deste

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trabalho foram obtidos por Sofiatti et al., (2008) os quais verificaram que doses de 8,75 e 17,5 g i.a./ha
não ocasionaram sintomas de fitotoxidez na cultura da mamoneira aos 10 e 20 dias após a aplicação
do herbicida.

A área foliar das plantas não apresentou diferenças significativas entre as diferentes doses do
herbicida aos 21 dias após a aplicação (Tabela 3). Esse resultado indica que após 21 dias da aplicação
as plantas recuperaram o seu crescimento e que os efeitos fitotóxicos do herbicida desapareceram aos
21 dias após a aplicação do mesmo. Aos 21 dias após a aplicação do herbicida a única característica
de crescimento que foi afetada negativamente pelo herbicida foi à altura de plantas. Como a área foliar
não apresentou diferenças entre os tratamentos, possivelmente essa redução da altura tenha sido
ocasionada pelo encurtamento dos entrenós da mamoneira. Esse sintoma de encurtamento dos
entrenós é um dos sintomas de fitotoxidez ocasionado pelos herbicidas inibidores da enzima
acetolactato sintase que é o mecanismo de ação do herbicida chlorimuron (TREZZI e VIDAL, 2001). O
mesmo comportamento da área foliar também foi verificado para as variáveis número de folhas e
diâmetro caulinar (Tabela 3).

A altura de plantas aos 21 dias após a aplicação do herbicida apresentou comportamento


quadrático negativo, apresentando redução da altura à medida que a dose do herbicida foi aumentada.
As maiores reduções na altura das plantas ocorreram nas doses acima de 15 g i.a./ha, o que evidencia
que doses de 30 e 60 g i.a./ha podem comprometer o crescimento das plantas de mamoneira (Figura
1A).

A análise de regressão polinomial indicou diferenças significativas para a massa seca da parte
aérea em função da dose do herbicida Chlorimuron- ethyl aplicada (Figura 1B). A massa seca estimada
das plantas de mamoneira foi de 18,81 g/planta na ausência do herbicida Chlorimuron-ethyl e de 17,70
g/planta na dose de 15 g i.a./ha do herbicida ocasionada uma redução de aproximadamente 6% na
massa seca da parte aérea. A aplicação de doses de 30 e 60 g i.a./ha do herbicida proporcionaram a
formação de plantas de mamoneira com massa seca da parte aérea estimada em 16,44 e 13,53 g por
planta proporcionando reduções de 13 e 28% na massa seca da parte aérea em relação à ausência do
herbicida, respectivamente. Sofiatti et al., (2008) verificaram que a massa seca da parte aérea das
plantas de mamoneira submetidas a aplicação de 8,75 e 17,5 g i.a./ha não apresentou diferenças
significativas do tratamento testemunha sem aplicação sendo esses resultados semelhantes aos
observados no presente trabalho onde a dose de 15 g i.a./ha ocasionou redução de apenas 6% na
massa seca da parte aérea.

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CONCLUSÃO

A textura do solo não interferiu na ação do herbicida Chlorimuron- ethyl aplicado em pós-
emergência sobre a cultura da mamoneira.

Os sintomas de fitotoxidez causados pelo herbicida Chlorimuron-Ethyl são mais intensos até os
14 dias após a aplicação, sendo que os mesmos desaparecem até os 21 após a aplicação.

Doses do herbicida Chlorimuron-Ethyl de até 15 g i.a./ha não ocasionam reduções


significativas no crescimento das plantas.

Aos 21 dias após a aplicação do herbicida chlorimuron-ethyl são observados efeitos negativos
do herbicida na altura das plantas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; SEVERINO, L. S.; CARDOSO, G. D. Controle de


plantas daninhas. In: AZEVEDO, D. M. P. ; BELTRÃO, N. E. de M. (Ed.). O agronegócio da mamona
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Internet]. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>.
Acesso em: 05/05/2010.

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SOFIATTI, V.; SEVERINO, L. S.; GONDIN, T.M. S.; FREIRE, M. A. O.; SAMPAIO, L. R; VALE. L. S;
LUCENA, A. M. A; SILVA, D. M. A. Adubação da mamoneira da cultivar BRS Energia. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 3., 2008, Salvador. Energia e ricinoquímica: anais.
Salvador: SEAGRI: Embrapa Algodão, 2008.

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TREZZI, M. M.; VIDAL R. A. Herbicidas inibidores da ALS. In: VIDAL, R. A.; MEROTTO JR., A.
Herbicidologia. Porto Alegre: Edição dos Autores, 2001. 152 p.

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Tabela 1 - substrato para o enchimento dos vasos


Tipo de Ca2+ Mg2+ K+ S Al3+ P MO Argila
pH
solo ---------------------mmolc/dm3-------------- mg/dm 3
%
Arenoso 6,9 18,3 8,2 1,5 28,3 0,0 2,6 0,95 7,0
Argiloso 6,25 18,6 8,9 1,75 30,0 2,0 5,5 3,5 30,0

Tabela 2 - Efeito de diferentes doses do herbicida chlorimuron-ethyl sobre os sintomas de fitotoxidez na cultura da
mamoneira aos 7, 14 e 21 dias após a aplicação do herbicida.
Doses do Herbicida Fitotoxidez (escala EWRC)
(g i.a./ha) 7 DAA 14 DAA 21 DAA
0 1,0 c 1,0 a 1,0 a
3,75 2,1 b 1,4 ab 1,2 a
7,5 2,0 b 1,1 ab 1,2 a
15 2,3 b 1,3 ab 1,3 a
30 2,0 b 1,3 ab 1,3 a
60 3,0 a 1,8 b 1,5 a
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tuckey a 5 % de probabilidade

Tabela 3 - Efeito de diferentes doses do herbicida clorimuron-ethyl em dois tipos de solo sobre as variáveis de crescimento.
Dose do herbicida AF DC AP NF
2
(g i.a/ha) (cm / planta) (mm) (cm) (nº/planta)
0 2265,7 12,1 52,3 7,8
3,75 1679,2 11,8 51,9 7,4
7,5 1725,9 11,7 49,2 8,0
15 1655,7 11,9 47,8 8,0
30 1629,1 11,6 42,0 7,6
60 1642,5 10,9 44,5 7,6
Média 1766,35 11,66 47,95 7,73
Arenoso 1656,7 ns 11,8 ns 46,6 ns 7,8 ns
Argiloso 1876,0 ns 11,5 ns 49,3 ns 7,7 ns
*, ns Significativo e não significativo a 5% de probabilidade, respectivamente.
Área foliar (AF), diâmetro caulinar (DC), Altura de plantas (AP), e número de folhas (NF) aos 21 dias
após a aplicação.

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60 25

50

Massa seca da parte aérea (g/planta)


20
Altura da planta (cm)

40
15
30

10
20

5
10 Yˆ  53,14  0,53 X  0,006 X 2 Yˆ = 18,81 - 0,07 X - 0,0003 X 2
R  0,96
2 R2 = 0,76

0 0
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
Doses do herbicida chlorimuron (g i.a./ha) Doses do herbicida chlorimuron (g i.a./ha)
A B

Figura 1 – Altura de plantas (A) e massa seca da parte aérea (B) de plantas de mamoneira cultivadas em dois tipos de solo,
aos 21 dias após a aplicação de diferentes doses do herbicida chlorimuron-ethyl.

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TOLERÂNCIA DA CULTURA DA MAMONEIRA AO HERBICIDA HALOSULFURON

Vivianny Nayse Belo Silva1; Franklin Magnum de Oliveira Silva1; Valdinei Sofiatti2; Karoliny Cruz Silva1;
Dalva Maria Almeida Silva3;
1UEPB, vivianny_nayse16@hotmail.com, franklin_magnum@hotamil.com, karoliny.cruz@hotmail.com;
2Embrapa Algodão, vsofiatti@cnpa.embrapa.br; 3UFPB, dalvaalmeida@hotmail.com,

RESUMO – O objetivo deste trabalho foi verificar a tolerância da cultura da mamoneira ao herbicida
halosulfuron aplicado em pós-emergência. O experimento foi realizado sob condições controladas em
casa de vegetação pertencente à Embrapa Algodão em Campina Grande-PB. O experimento consistiu
de diferentes doses do herbicida halosulfuron (13,5; 19,5; 25,5; 42; 84; 112,5 g i.a ha -1), além de um
tratamento controle sem herbicida, em delineamento experimental inteiramente casualizado com cinco
repetições. A dose de 112,5 g i.a. ha-1 do herbicida corresponde a dose recomendada para a cultura da
cana-de-açúcar para o controle de Cyperus rotundus L.. Aos 7, 14 e 21 dias após a aplicação foram
realizadas avaliações de fitotoxicidade empregando-se a escala de notas onde a ausência de injúria
correspondeu a nota um e a morte da planta à nota 9. Nessas mesmas datas foram feitas as
determinações de área foliar, diâmetro caulinar, e altura das plantas. Os resultados indicaram que o
herbicida halosulfuron não ocasionou redução no crescimento das plantas até os 21 dias após a
aplicação. Doses do herbicida halosulfuron de até 112,5 g i.a ha -1 aplicadas em pós-emergência não
causam elevados índices de fitotoxicidade à cultura da mamoneira.
Palavras-chave: Ricinus communis L. fitotoxicidade, plantas daninhas.

INTRODUÇÃO

Nas áreas de cultivo da mamoneira o controle de plantas daninhas é realizado


predominantemente, pelo método mecânico, utilizando-se cultivador a tração animal ou mecânica,
associado a retoques com enxada. Para o cultivo de um hectare são necessários dois dias de trabalho
com cultivador e em torno de dez dias de trabalho com enxada (ARAUJO et al., 2006) tornando a
atividade extremamente dispendiosa. Além disso, esta forma de controle não permite que os
agricultores cultivem áreas maiores, pois durante o período crítico de competição das plantas daninhas
com a cultura, podem ocorrer períodos chuvosos desfavoráveis ao controle mecânico.

O uso de herbicidas na cultura da mamona, apesar de não ser o mais difundido entre os
produtores, é o método mais prático e econômico de manejo das plantas daninhas, principalmente para

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cultivos em grandes áreas, que adotam alta tecnologia (MACIEL et al., 2008). Para o controle de
plantas daninhas na cultura da mamoneira, apenas o herbicida trifluralin está registrado no Ministério
da Agricultura Pecuária e Abastecimento, sendo o mesmo recomendado para o controle de invasoras
gramíneas anuais em pré-emergência das plantas daninhas e da cultura (MAPA, 2010).

Dessa forma, há grandes limitações ao cultivo em grande escala devido a carência de produtos
químicos registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento principalmente para o
controle de plantas daninhas dicotiledôneas e ciperáceas. No caso particular das plantas daninhas
ciperáceas uma das principais espécies infestantes é a espécie Cyperus rotundus L. que também é
denominada de tiririca. A tiririca é uma planta daninha herbácea e perene, que se multiplica por
sementes e, vegetativamente, a partir de rizomas, bulbos e tubérculos subterrâneos. É considerada
uma das espécies mais persistentes no mundo, em virtude da ação competitiva e ampla distribuição
geográfica sendo que a mesma ocorre em toda a extensão do território nacional (RICCI et al., 2000).
Um dos poucos herbicidas com elevada eficiência no controle de Cyperus rotundus L. é o halosulfuron,
que é um inibidor da enzima acetolactato sintase (ALS), sendo registrado para uso na cultura da cana-
de-açúcar (MAPA, 2010). Em outros países este herbicida está sendo testado em diversas culturas,
entre elas podem ser citadas a batata (BOYDSTON, 2007), a melancia (SHREFLER et al., 2007;
MACRAE et al., 2008), batata-doce (MACRAE et al., 2007) entre outras. Na cultura da mamoneira, não
há informações de testes de herbicidas, visando o controle de Cyperus rotundus L.

Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a tolerância da cultura da mamoneira ao herbicida
halosulfuron aplicado em pós-emergência.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação pertencente à Embrapa


Algodão localizada na cidade de Campina Grande, PB (Coordenadas geográficas 7º13'S e 35º54'SW).

O experimento consistiu de diferentes doses do herbicida halosulfuron (13,5; 19,5; 25,5; 42; 84;
112,5 g i.a ha-1), além de um tratamento controle sem herbicida em delineamento experimental
inteiramente casualizado com cinco repetições. A dose de 112,5 g i.a. ha-1 do herbicida corresponde a
dose recomendada para a cultura da cana-de-açúcar para o controle de Cyperus rotundus L. (MAPA,
2010). Cada unidade experimental foi constituída por uma planta semeada em um vaso com
capacidade de 20 litros. O substrato para enchimento dos vasos foi constituído por solo e composto
orgânico na proporção de 9:1 (v/v), além de adubação de base com NPK nas dosagens de 20-60-60 kg

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ha-1. Semearam-se cinco sementes por vaso da cultivar BRS Energia na profundidade de 2,0 cm e
após a emergência realizou-se o desbaste deixando-se uma planta por vaso. A irrigação foi feita
diariamente com um sistema de irrigação por microasperação instalado na casa de vegetação.

A aplicação do herbicida ocorreu aos 20 dias após a emergência (DAE) sendo feita com um
pulverizador costal pressurizado (CO2), com bicos jato leque 11002, pressão de 2,1 kgf cm-2 e consumo
de calda de 200 L ha-1.

A avaliação da tolerância da mamoneira ao herbicida foi feita aos 7, 14 e 21 dias após a


aplicação (DAA), atribuindo-se notas com escala de 1 (assintomático) a 9 (morte das plantas) por meio
de observações visuais, com base na escala do European Weed Research Council (1964). Após cada
avaliação de fitotoxidez, determinou-se a altura das plantas (cm), o diâmetro caulinar (mm) e a área
foliar (cm2/planta) a qual foi determinada de acordo com Severino et al., (2004).

Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e quando os valores de F foram


significativos ajustaram-se curvas de regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 é apresentado os resultados da avaliação de crescimento das plantas realizada


aos sete dias após a aplicação de diferentes doses do herbicida halosulfuron. Não foram verificadas
alterações no crescimento das plantas de mamoneira com as diferentes doses do herbicida, não sendo
verificadas alterações em relação ao tratamento testemunha sem aplicação (dose 0). A avaliação de
fitotoxicidade aos sete dias após a aplicação do herbicida indicou que a dose de 112,5 g i.a. ha -1 foi a
que proporcionou maior fitotoxicidade às plantas atingindo nota superior a 2, sendo que as demais
doses do herbicida ocasionaram baixos índices de fitotoxicidade às plantas de mamoneira.

Aos 14 dias após a aplicação não foram verificados sintomas visuais de fitotoxicidade das
diferentes doses do herbicida, por isso os dados da avaliação de fitotoxicidade não foram
apresentados. Esse resultado indica que os sintomas leves de fitotoxicidade verificados aos sete dias
após a aplicação desapareceram devido, provavelmente a recuperação das plantas. Na Tabela 2 são
apresentados os resultados da avaliação de crescimento das plantas nas avaliações realizadas aos 14
dias após a aplicação do herbicida halosulfuron. De maneira semelhante ao verificado aos sete dias
após a aplicação do herbicida não foram constatadas alterações no crescimento das plantas de

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mamoneira com as diferentes doses do herbicida, não sendo verificadas alterações em relação ao
tratamento testemunha sem aplicação.

O crescimento das plantas aos 21 dias após a aplicação do herbicida halosulfuron (Tabela 3)
também não foram influenciados pelas diferentes doses do herbicida halosulfuron a exemplo do que foi
verificado aos sete e 14 dias após a aplicação. O herbicida halosulfuron, tem sido testado em outras
espécies dicotiledôneas de importância econômica como a melancia, em que foram testadas dose de
até 54 g i.a. ha-1 a qual não ocasionou redução na produção e efeitos fitotóxicos (SHREFLER et al.,
2007; MACRAE et al., 2008). Para as culturas da batata-doce e batata as doses do herbicida
halosulfuron toleradas foram de 39 e 26 g i.a. ha -1, respectivamente (BOYDSTON, 2007; MACRAE et
al., 2007). De maneira semelhante ao verificado com outras culturas dicotiledôneas de importância
agrícola a mamoneira também tem apresentado tolerância a este herbicida.

Em geral, não foram verificadas alterações no crescimento das plantas de mamoneira com a
aplicação de até 112,5 g i.a. ha-1 do herbicida halosulfuron em pós-emergência da cultura. Assim,
verifica-se que este herbicida tem potencial para ser utilizado na cultura da mamoneira para o controle
da planta daninha Cyperus rotundus L.. Entretanto, esse é um estudo preliminar e são necessários
estudos conduzidos em condições de campo para confirmar a tolerância da mamoneira a este
herbicida.

CONCLUSÕES

O herbicida halosulfuron não ocasionou redução no crescimento das plantas até os 21 dias
após a aplicação.

Doses do herbicida halosulfuron de até 112,5 g i.a ha-1 aplicadas em pós-emergência não
causam elevados índices de fitotoxicidade à cultura da mamoneira.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mamona /CultivodaMamona_2ed/index.html>.
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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1508-1514.
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Tabela 1 - Efeito da aplicação de diferentes doses do herbicida halosulfuron sobre a altura (ALT) o diâmetro caulinar (DC), a
área foliar (AF) e fitotoxicidade aos sete dias após a aplicação.
Halosulfuron (g i.a. ha-1) ALT (cm) DC (mm) AF (cm2/planta) Fitotoxicidade
(nota)

0 25 7,9 1297 1

13,5 30 9,0 1311 1

19,5 28 8,4 1597 1

25,5 27 8,3 1442 1,2

42 31 8,2 1442 1,2

84 32 8,9 1331 1,4

112,5 26 8,7 1208 2,2

F 1,87ns 1,17ns 0,53ns 7,18*

CV (%) 11,7 9,4 18,2 27,8

*, ns Significativo e não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Tabela 2 - Efeito da aplicação de diferentes doses do herbicida halosulfuron sobre a altura (ALT) o diâmetro caulinar (DC) e
a área foliar (AF) de plantas de mamoneira aos 14 dias após a aplicação.
Halosulfuron (g i.a. ha-1) ALT (cm) DC (mm) AF (cm2/planta)

0 34,1 9,8 1540

13,5 39,4 10,5 1916

19,5 43,0 10,3 1692

25,5 41,9 9,9 1467

42 36,6 10,3 1666

84 38,9 10,1 1782

112,5 34,6 9,7 1652

F 0,91ns 0,63ns 0,73ns

CV (%) 20,8 8,46 19,0

*, ns Significativo e não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

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Tabela 3 - Efeito da aplicação de diferentes doses do herbicida halosulfuron sobre a altura (ALT) o diâmetro caulinar (DC) e
a área foliar (AF) de plantas de mamoneira aos 21 dias após a aplicação.
Halosulfuron (g i.a. ha-1) ALT (cm) DC (mm) AF (cm2/planta)

0 37,5 9,8 2255

13,5 42,2 11,0 2238

19,5 46,8 10,6 2254

25,5 43,3 9,6 1915

42 42,7 10,5 2100

84 43,8 10,1 2092

112,5 36,2 9,8 2047

F 2,33ns 2,15ns 0,54ns

CV (%) 18,5 8,65 18,2

*, ns Significativo e não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

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CONFECÇÃO E AVALIAÇÃO DE UMA MÁQUINA DESCASCADORA DE FRUTOS DE Ricinus


communis L. DA CULTIVAR BRS NORDESTINA 1

Pablo Radamés Cabral de França1; Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva2; Francisco de Assis Cardoso
Almeida3; Jeane Ferreira Jerônimo3.
1 Universidade Federal da Paraíba; 2 Embrapa; 3 Universidade Federal de Campina Grande; pabloradames@hotmail.com.

RESUMO – A mamoneira vem sendo muito cultivada no Nordeste Brasileiro, porém, os pequenos
agricultores se deparam com dois grandes obstáculos, o seu beneficiamento que exige elevada
quantidade de mão-de-obra e a disponibilidade de máquinas mais acessíveis. Diante disso, o trabalho
teve como objetivo desenvolver e avaliar o desempenho de uma máquina descascadora de frutos de
mamona cultivar BRS Nordestina com sistema de acionamento manual. O descascamento é realizado
através de dois discos de ferro, revestidos com borracha tipo lonada e outro com borracha tipo EVA,
que em movimento, promovem o descascamento através do atrito entre os discos e o fruto. A máquina
foi avaliada quanto à sua eficiência, por meio dos percentuais de: sementes descascadas (intactas);
sementes com casca (marinheiros) e; sementes danificadas. Realizou-se a capacidade de
descascamento da máquina, a qual promoveu um descascamento de 89% das sementes de mamona
constatando que ela é eficiente no processo de descascamento dos frutos apresentando valores
satisfatórios exigidos pelas indústrias de extração de óleo. Referente a capacidade de trabalho, obteve
um bom resultado, cerca de 74 kg/hora.

Palavras-chave – Protótipo, Mamona, Agricultura familiar, Oleaginosa.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta de origem africana, presente em quase todo
o mundo, pois apresenta característica de fácil adaptação aos diversos tipos de clima e solo. As
condições edafoclimáticas do Brasil são bastante adequadas ao cultivo da mamona, principalmente o
Nordeste que apresenta a maior parte de sua área em região semi-árida, uma das mais propícias para

1 Embrapa Algodão; Banco do Nordeste.

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a cultura devido à sua simplicidade de cultivo, tolerância à seca, necessidade de calor e luminosidade e
ao potencial produtivo neste ambiente (BELTRÃO et al., 2002).

Para os pequenos agricultores, um dos obstáculos na cultura da mamona é o beneficiamento


que exige elevada quantidade de mão-de-obra e pode limitar a área plantada pelos mesmos.
Atualmente, é possível encontrar um grande número de máquinas movidas a motores elétricos ou
acopladas ao trator que podem fazer o beneficiamento desta espécie, porém são máquinas onerosas,
sendo inacessíveis para a grande maioria dos agricultores da Região Nordeste, havendo assim a
necessidade da elaboração de máquinas que sejam mais facilmente adquiridas pelos agricultores
familiares.

Diante do exposto, o trabalho teve como objetivo desenvolver e avaliar o desempenho de uma
máquina descascadora de frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar BRS Nordestina.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Algodão)


em Campina Grande, PB. A máquina foi confeccionada na Metalúrgica Barros localizada na mesma
cidade e baseada no equipamento de Weiss (1983), um descascador de frutos de mamona utilizado
por agricultores da África, que tem como característica ser de baixo custo e de acionamento manual,
porém, na máquina desenvolvida neste trabalho, foi utilizado como sistema de descascamento, dois
discos recobertos com borracha, assim como proposto por Mialhe et al. (1992).

Para o desenvolvimento do descascador de mamona, foram utilizados os seguintes materiais:


discos de ferro com 37 cm de diâmetro (um dos discos de ½ e o outro de ¼ de espessura); uma chapa
de 1/8; uma chapa 16; uma barra de 1 3/8; barra chata 2 ¼; barra chata 1 ¼; borracha lonada;
borracha EVA (etileno vinil acetato); quatro mancais para rolamento; quatro rolamentos de 1‖; duas
polias (uma de 140 mm, a outra de 80 mm); vergalhão 5/8; eixo 1‖; metalon quadrado ¼ (50 cm por 30
cm); correia trapezoidal e parafusos de 1/5 (10 mm e 6 mm).

Para avaliação da eficiência da máquina foram utilizados frutos de mamona cultivar BRS
Nordestina, previamente secadas ao sol até atingirem grau de umidade em torno de 4%, utilizando
cerca de 6 kg de mamona para o teste. Depois da exposição ao sol, os frutos foram colocados na
máquina, sendo cronometrado o tempo gasto, e determinando-se a capacidade efetiva de
descascamento. A avaliação do descascamento quanto à eficiência da mesma, foi realizada a partir

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dos percentuais de: sementes descascadas (intactas); sementes com casca (marinheiros) e sementes
danificadas.

Após o descascamento todo o material foi separado manualmente em sementes descascadas,


sementes com casca e sementes danificadas, depois pesadas separadamente e comparadas com o
peso inicial, e assim, calculou-se a porcentagem de eficiência da máquina no descascamento de
sementes de mamona da cultivar BRS Nordestina, e a capacidade de trabalho da mesma.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A máquina apresenta os seguintes componentes (Figura 1): Alimentador, sistema de


descascamento (discos), sistema de acionamento (bicicleta) e descarga do material descascado. O
alimentador, como pode ser observado na Figura 1A., é o mecanismo de recepção dos frutos de
mamona a serem submetidos ao processo de descascamento, apresentando um pente para separar o
fruto do pedúnculo. A parte superior do alimentador mede cerca de 40 cm de diâmetro e na parte
inferior 7 cm, o qual direciona os frutos para os discos.

O sistema de descascamento é promovido por meio de dois discos (Figura 1B). O disco
superior é fixo e revestido com borracha tipo lonada de 1 cm de espessura, o que se encontra na parte
inferior é móvel revestido com uma borracha tipo EVA também com 1 cm de espessura (Figura 2A), e
está diretamente fixado ao eixo abaixo da máquina. Quando os frutos passam pela abertura entre os
discos, sob ação de força centrífuga produzida pelo disco inferior e o atrito entre as borrachas e o fruto,
ocorre a separação da casca da semente.

O sistema de acionamento (Figura 1C) é realizado conforme ocorre à rotação dos pedais da
bicicleta, onde a coroa se liga, por meio de uma corrente, a outra que está fixada no eixo principal. No
ponto eqüidistante dos extremos do eixo, está localizada uma polia ligando-se a outra perpendicular a
ela por meio de uma correia trapezoidal cruzada, a qual se encontra no eixo secundário, onde está
localizado o disco inferior (disco móvel).

A descarga (Figura 1D) do material apresenta uma abertura de 7 x 8 cm de comprimento e fica


a 10 cm do chão. O compartimento que o material é armazenado após ser submetido à fricção dos
discos, apresenta uma inclinação de 30º na parte inferior, proporcionando o deslizamento do material
em direção a descarga.

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Observou-se na avaliação que a máquina proporcionou descascamento de 89% (Figura 3B)


das sementes de mamona cultivar BRS Nordestina, apresentando 8% de sementes com a casca
aderida (marinheiros) e, constataram-se danos mecânicos em aproximadamente 3% das sementes. De
acordo com Silva et al. (2007) o limite tolerável pela indústria de extração de óleo, de sementes
danificadas é de 3%, o que é aceitável pela indústria.

No experimento de Anselmo et al. (2008), com a mesma espécie, verificaram que um


descascador, também de acionamento manual, promoveu um descascamento de 86,6±3,6% das
sementes, pouco abaixo do resultado obtido pela máquina desenvolvida neste trabalho. Os autores
constataram ainda um percentual de 7,7±1,1% de danos mecânicos e 5,7±2,4% das sementes ficaram
com a casca.

Referente à capacidade de descascamento, verificou-se que a máquina apresentou 74,33


kg/hora, para a espécie BRS Nordestina. Resultado semelhante com o descascador descrito por Arnold
e Sharp (1944) citados por Mialhe (1971), que apresentando o mesmo sistema de descascamento,
obteve de 70 a 105 L/hora, porém não especificou a variedade utilizada, fato este muito relevante no
processo de descascamento devido ao tamanho da semente.

CONCLUSÃO

A máquina promoveu descascamento de 89% das sementes de R. communis da cultivar BRS


Nordestina, havendo cerca de 8% de sementes com casca (marinheiros) e apresentando 3% de danos
mecânicos.

A máquina é eficiente no processo de descascamento dos frutos de mamona apresentando


valores satisfatórios exigidos pelas indústrias de extração de óleo. Referente à capacidade de trabalho,
obteve um bom resultado, cerca de 74 kg/horas.

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BELTRÃO, N.E.M.; SILVA, L.C.; MELO, F.B. Cultivo da Mamona (Ricinus communis L) consorciada
com feijão caupi (Vigna unguiculata L. walp) para o semi-árido nordestino em especial do Piauí.
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MIALHE, L.G.; RÍPOLI, T.C.; OMETTO, D.A. Estudo de um mecanismo descascador de mamona. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 18. 1989, Recife, Anais... Recife: Sbea,
1992.
SILVA, O.R.R.F.; CARTAXO, W.V.; BELTRÃO, N.E.M.; QUEIROGA, V.P. Colheita e beneficiamento.
In: SEVERINO, L.S.; MILANI, M.; BELTRÃO, N.E. M. Mamona: O produtor pergunta, a Embrapa
responde. 2007. cap. 8, p. 143-154.
WEISS, E.A. Oilseed crops. London: Longman, 1983, 660p.

Figura 1. Componentes do descascador de frutos de R. communis: Alimentador (A); sistema de


descascamento – discos (B); sistema de acionamento - pedal de bicicleta (C); e descarga do
material descascado (D).

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A B
2

1
3

Figura 2. Detalhes do sistema de descascamento (discos com borrachas) (A); Detalhes do sistema de acionamento
da máquina (B): Pedais e coroa da bicicleta (1); Coroa fixada ao eixo principal (2); Polia com correia (3).

A B

Figura 3. Material após o processo de descascamento (A); Sementes de R. communis descascadas (B).

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AVALIAÇÃO DO DISTÂNCIAMENTO ENTRE DISCOS DE UMA MÁQUINA DESCASCADORA DE


FRUTOS DE Ricinus communis L. DA CULTIVAR BRS ENERGIA 1

Pablo Radamés Cabral de França1; Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva2; Francisco de Assis Cardoso
Almeida3; Jeane Ferreira Jerônimo3.
1 Universidade Federal da Paraíba; 2 Embrapa; 3 Universidade Federal de Campina Grande; pabloradames@hotmail.com.

RESUMO – A cultura da mamona tem grande importância para a economia do semi-árido nordestino,
principalmente para a agricultura familiar que exerce papel fundamental na cadeia produtiva, porém as
limitações dos agricultores quanto a adoção de novas tecnologias impede a expansão da cultura. O
objetivo do trabalho foi ajustar um equipamento de descascamento com sistema de discos para a
cultivar BRS Energia. O descascamento foi realizado através de dois discos de ferro, revestidos com
borracha tipo lonada e outro com borracha tipo EVA, que em movimento, promove o descascamento
através do atrito entre os discos e o fruto. Realizou-se, previamente, uma análise das cápsulas dos
frutos e das sementes com intuito de determinar os distanciamentos entre discos, estabelecendo assim
os tratamentos com as regulagens de: 0,5; 1,0; e 1,5 cm de espaçamento entre os discos. A máquina
foi avaliada quanto à sua eficiência, por meio dos percentuais de: sementes descascadas (intactas);
sementes com casca (marinheiros) e; sementes danificadas. A máquina promoveu um descascamento
de 98,9 % das sementes de mamona quando o espaçamento dos discos foi de 0,5 cm, constatando
que ela é eficiente neste processo apresentando valores satisfatórios exigidos pelas indústrias de
extração de óleo. Referente à capacidade de trabalho, obteve um aproximadamente 275 kg de
sementes por hora de trabalho.
Palavras-chave – Mamona, Acionamento manual, Beneficiamento, Agricultura familiar.

INTRODUÇÃO

A cultura da mamona (Ricinus communis L.) tem grande importância para a economia do semi-
árido nordestino, a qual apresenta fácil adaptação aos diversos tipos de clima e solo, aumentando a
geração de empregos e o fornecimento de matérias-primas para a indústria indispensáveis ao
desenvolvimento da região e do País (AZEVEDO et al., 1997; BELTRÃO et al., 2002).

A mamoneira tem o óleo como o produto principal na agroindústria, empregado em uma série
de aplicações industriais, medicinais e cosméticas importantes. O principal derivado é o óleo
hidrogenado, forma pela qual é comercializado no mercado internacional. A maior parte da cadeia

1 Embrapa Algodão; Banco do Nordeste.

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produtiva desta cultura é realizada pelos agricultores familiares do Brasil, o que vem aumentando cada
vez mais as suas participações que antes correspondiam à metade da produção (LIMA, 2005). Porém
falta para essas pessoas o conhecimento e técnicas para facilitar o seu cultivo, como a introdução de
máquinas descascadoras dos frutos mais eficientes.

Diante disso, o trabalho teve como objetivo determinar o distanciamento ideal para um eficiente
desempenho de uma máquina descascadora de frutos de mamona (Ricinus communis L.) da cultivar
BRS Energia.

METODOLOGIA

O trabalho foi realizado na Embrapa Algodão em Campina Grande, PB, onde foi utilizada uma
máquina de acionamento manual (Figura 1.) desenvolvida pela mesma instituição. O processo de
descascamento da mamona por meio do equipamento ocorre através de dois discos de ferro,
revestidos com borracha tipo lonada, provido de um orifício central, e outro com borracha tipo EVA, que
promove o descascamento por atrito.

Esse processo se inicia quando os frutos são colocados em um compartimento localizado na


parte superior (alimentador), os quais são conduzidos para a parte central dos discos, e quando
passam pela abertura entre eles, sob ação de força centrífuga produzida pelo disco inferior e o atrito
entre as borrachas e o fruto, ocorre a separação da casca da semente. A abertura entre os discos é
ajustável por meio de quatro borboletas que aplicam pressão sobre quatro molas o que proporciona
tensão constante sobre o fluxo de frutos na passagem entre os discos. O acionamento do descascador
é manual, por meio de pedal de bicicleta que aciona o eixo principal e simultaneamente o eixo
secundário ligado ao disco inferior.

Para avaliação da eficiência da máquina quanto ao distanciamento, foi necessário fazer uma
análise do tamanho das cápsulas dos frutos e das sementes com intuito de determinar os tratamentos
a serem testados. Para este procedimento utilizou-se um paquímetro, onde foram determinados o
comprimento, largura e espessura de 100 cápsulas e 100 sementes. A partir da média dos dados,
como pode ser observado na Tabela 1., foram estabelecidos os tratamentos com as regulagens entre
os discos de: 0,5; 1,0; e 1,5 cm.

Utilizou-se 1,5 kg de frutos de mamona da cultivar BRS Energia para cada amostra, as quais
foram secadas ao sol até atingirem grau de umidade em torno de 4%. Depois da exposição ao sol, os
frutos foram colocados na máquina, sendo cronometrado o tempo gasto, determinando a capacidade
efetiva do descascamento. A avaliação do descascamento quanto à eficiência da mesma, foi realizada

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a partir dos percentuais de: sementes descascadas (intactas); sementes com casca (marinheiros) e;
sementes danificadas.

Após o descascamento todo o material foi separado manualmente em sementes descascadas,


sementes com casca e sementes danificadas, depois pesadas separadamente e comparadas com o
peso inicial, e assim, calculou-se a porcentagem de eficiência da máquina no descascamento de
sementes de mamona da cultivar BRS Energia, assim como a capacidade de trabalho da mesma.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso com quatro repetições,


sendo os dados obtidos submetidos à análise de variância e comparação das médias por meio do teste
de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2., referente ao percentual de sementes intactas após o processo de


descascamento, observa-se que os valores médios apresentaram diferenças significativas, onde o
distanciamento de 0,5 cm proporcionou um maior percentual, com 98,9 % (Figura 2.), diferindo
estatisticamente do segundo tratamento, cuja abertura correspondia a 1,0 cm, o qual proporcionou
descascamento de 90 % dos frutos. No tratamento em que os frutos de mamona foram submetidos ao
ajuste entre os discos de 1,5 cm, verifica-se um valor baixo (44,1 %), fato este explicado por esta
distância não permitir o atrito necessário entre os discos e conseqüentemente não possibilitar um
descascamento satisfatório.

Referente ao percentual de sementes com casca (marinheiros), constata-se diferença


estatística entre os ajustes (Tabela 2). No distanciamento de 0,5 cm foi obtido o menor valor médio (0,2
%) que é um resultado satisfatório, pois quanto menor for o percentual de sementes com casca após o
descascamento, maior a eficiência da máquina. O tratamento com espaçamento entre os discos de 1,0
cm também apresentou resultados satisfatórios, pois para fins industriais de extração de óleo, este se
enquadra na faixa tolerada pela indústria, que segundo Silva et al. (2007) é de 10 %, sendo o valor
médio apresentado pelo tratamento foi de 9,4 %. Entretanto, quando os frutos foram sujeitos ao
descascamento com distanciamento de 1,5 cm, observa-se um valor elevado no percentual de
marinheiros (55,6 %), o que pode ser observado na Figura 2C. Assim, a partir dos resultados obtidos,
verifica-se que o ajuste na máquina é essencial para um melhor desempenho no processo de
descascamento da mesma, sendo necessário um estudo prévio do tamanho dos frutos da cultivar que
será descascada.

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O percentual de sementes danificadas é outro importante fator nas indústrias que produzem
óleo, cujo limite aceito pelas mesmas corresponde a 3 %, acima disso, torna-se prejudicial e reduz a
qualidade do produto, pois uma quantidade excessiva de sementes danificadas promove um aumento
na acidez do óleo (SILVA et al., 2007; LAGO et al., 1985). Todos os tratamentos em que os frutos de
mamona foram submetidos, não excederam o limite tolerável, os quais apresentaram diferença
significativa, com valores médios de 0,9; 0,6 e 0,3 %, respectivamente para, 0,5; 1,0 e 1,5 cm de
distanciamento entre os discos, evidenciando-se que quanto maior o atrito com os frutos maior será a
quantidade de danos nas sementes de mamona da cultivar BRS Energia.

No experimento de Lima Neto et al. (2008), trabalhando com sementes de mamona cultivar
BRS Energia e com descascador com mecanismo descascador semelhante ao deste trabalho,
observaram que os frutos que foram submetidos a uma maior fricção, isto é um menor distanciamento
entre o cilindro e o côncavo, apresentaram o maior percentual de sementes descascadas e
conseqüentemente o maior de sementes danificadas, com 87,9 e 3,8 %, respectivamente, que neste
caso excedeu o limite tolerável de sementes danificadas.

Referente à capacidade descascamento, verificou-se que a máquina proporcionou


descascamento de 275,33 kg de semente por hora, para a cultivar BRS Energia. Esses resultados são
superiores aos da máquina utilizada por Lima Neto et al. (2008) que foi de 230 kg/h com frutos de BRS
Energia. Arnold e Sharp (1944) citados por Mialhe (1971), que trabalharam com o mesmo sistema de
descascamento do presente trabalho, obtiveram de 70 a 105 kg por hora, porém não especificaram a
variedade utilizada, fato este muito relevante no processo de descascamento devido ao tamanho da
semente.

CONCLUSÃO

A máquina promoveu descascamento eficiente quando os frutos de R. communis cultivar BRS


Energia foram descascados na máquina com os discos distanciados de 0,5 cm entre si, apresentando
98,9 % das sementes descascadas, cerca de 0,2 % de sementes com casca (marinheiros) e 0,9 % de
danos mecânicos.

A máquina é eficiente no processo de descascamento dos frutos de mamona atendendo as


exigências da indústria de extração de óleo.

A capacidade efetiva de descascamento da máquina foi de 275 kg/h para a cultivar BRS
Energia.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Nordeste do Brasil. Campina Grande: Embrapa-CNPA, 1997. 52p. Circular Técnica, 25.
BELTRÃO, N.E.M.; SILVA, L.C.; MELO, F.B. Cultivo da Mamona (Ricinus communis L) consorciada
com feijão caupi (Vigna unguiculata L. walp) para o semi-árido nordestino em especial do Piauí.
Campina Grande: EMBRAPA/CNPA/ CPAMN, 2002. 44 p. (Embrapa Algodão. Documentos, 97).
LAGO, A.A.; ZINKE, E.; SAVY FILHO, A; TEIXEIRA, J.P.F.; BANZATTO, N.V. Deterioração de
sementes de mamona armazenadas com e sem casca. Bragantia, v. 44, n. 1, p. 17-25, 1985.
LIMA NETO, G.R.; SILVA, F.M.O.; SILVA, O.R.R.F.; SOFIATTI, V.; CARTAXO, W.V.; NOTARO, I.A.
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mamoneira da cultivar BRS Energia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4, 2008, Salvador.
Anais... Salvador: Embrapa, 2008.
LIMA, P.C.R. Biodiesel: um novo combustível para o Brasil. Brasília, Distrito Federal, 2005. 31p.
MIALHE, L.G. Método de avaliação do desempenho de máquinas descascadoras de mamona. In:
ENCONTRO NACIONAL DE MAMONA, 1. 1971, Cruz das Almas, Anais... Cruz das Almas: Embrapa
Mandioca e Fruticultura Tropical, 6 p.
SILVA, O.R.R.F.; CARTAXO, W.V.; BELTRÃO, N.E.M.; QUEIROGA, V.P. Colheita e beneficiamento.
In: SEVERINO, L.S.; MILANI, M.; BELTRÃO, N.E. M. Mamona: O produtor pergunta, a Embrapa
responde. 2007. cap. 8, p. 143-154.

Tabela 1. Valores médios da avaliação biométrica das cápsulas dos frutos e de sementes de R. communis cultivar
BRS Energia.
Tamanho (cm)
Comprimento Largura Espessura
Cápsula do fruto 1,5 1,0 0,5
Semente 1,2 0,8 0,3

Tabela 2. Avaliação do distanciamento entre discos sob a porcentagem de eficiência no descascamento de sementes
de R. communis cultivar BRS Energia.
Distanciamento entre Sementes intactas Sementes com casca Sementes
discos (cm) (%) (%) Danificadas (%)
0,5 98,9 a 0,2 c 0,9 a
1,0 90 b 9,4 b 0,6 b
1,5 44,1 c 55,6 a 0,3 c
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

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C
B

D
Figura 1. Componentes do descascador de frutos de R. communis: Alimentador (A); sistema de descascamento –
discos (B); sistema de acionamento - pedal de bicicleta (C); e descarga do material descascado (D).

A 1 B
3 1
3

2 2

C 3
2

Figura 2. - Material separado manualmente após o processo de descascamento de R. communis cultivar BRS Energia com
distanciamento de 0,5 cm (A), 1,0 cm (B) e 1,5 cm (C), cujas numerações representam: 1 - Sementes intactas; 2 - Sementes
com casca; 3 - Sementes danificadas.

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ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DE CUL TIVARES DE GIRASSOL


NO NORDESTE BRASILEIRO NA SAFRA 2009

Ivênio Rubens de Oliveira¹; Hélio Wilson Lemos de Carvalho¹; Cláudio Guilherme Portela de Carvalho 2;
José Nildo Tabosa3; Marcelo Abdon Lira4; Francisco Méricles de Brito Ferreira5; Márcia Leite dos
Santos6; Cinthia Souza Rodrigues7.
¹Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, C.P.44, Jardins, Aracaju, SE. CEP: 49025-040. E-mail:
ivenio@cpatc.embrapa.br. 2Embrapa Soja, Londrina, PR. 3IPA, Recife, PE. 4EMPARN, Natal, RN. 5Secretaria de Agricultura
do Estado de Alagoas. 6Estagiária Embrapa Tabuleiros Costeiros. 7PIBIQ/CNPq/Embrapa Tabuleiros Costeiros.

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi averiguar a adaptabilidade e a estabilidade de cultivares de


girassol em diferentes ambientes no Nordeste brasileiro, na safra 2009, para fins de recomendação.
Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições dos quinze
tratamentos. A significância da interação cultivares x ambientes indicou comportamento não
consistente das cultivares nos ambientes. As cultivares , Agrobel 967 e Aguará 3 devem ser
recomendadas para as condições favoráveis de ambientes, por mostrarem boa adaptação (média
>média geral e b>1) e as cultivares MG 2, M 734 e BRS GIRA 06 evidenciaram adaptabilidade ampla
(média>média geral e b=1), constituindo-se em ótimas alternativas para exploração regional.
Palavras-chave - Helianthus annuus, interação cultivar x ambiente, previsibilidade, genótipos.

INTRODUÇÃO

Dada a ocorrência de distintas condições edafoclimáticas no Nordeste brasileiro, há


necessidade de se conhecer o comportamento de variedades e híbridos de girassol, disponibilizados
no mercado regional por empresas oficiais e particulares, visando assessorar os agricultores na
escolha de materiais de melhor adaptação e portadores de atributos agronômicos desejáveis.

No processo de recomendação é essencial o conhecimento da adaptabilidade e da


estabilidade das cultivares, a fim de amenizar os efeitos da interação cultivares x ambientes. Trabalhos
têm sido realizados com esta cultura com o objetivo de estudar a adaptabilidade e a estabilidade de
produção das cultivares, os quais têm subsidiado o melhoramento e a recomendação de cultivares de
girassol em estados do Nordeste brasileiro. Dessa forma, Oliveira et al., (2009) e Carvalho et al., (2009)
orientaram a recomendação de variedades e híbridos de girassol para exploração em diversos estados

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do Nordeste, após realizarem a avaliação desses materiais nas mais variadas condições ambientais
dessa ampla região, no período de 2005 a 2008.

Realizou-se, então, o presente trabalho, visando avaliar a adaptabilidade e a estabilidade de


diversas variedades e híbridos de girassol em diversos ambientes do Nordeste brasileiro, para fins de
recomendação.

METODOLOGIA

Os dados analisados foram obtidos de uma rede de ensaios realizados no Nordeste brasileiro,
no ano agrícola de 2009, nos municípios de Arapiraca, em Alagoas; Coronel João Sá, na Bahia e
Umbaúba, Carira (dois ambientes), Frei Paulo (três ambientes) e Nossa Senhora da Dores, em
Sergipe. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições de quinze
tratamentos. As parcelas constaram de quatro fileiras de 6,0 m de comprimento, espaçadas de 0,8 m e
com 0,3 m entre covas, dentro das fileiras. Manteve-se uma planta por cova, após o desbaste. As
adubações realizadas nesses ensaios foram de acordo com os resultados das análises de solo de cada
área experimental.

Foram realizadas análises de variância, por ambiente e conjunta, para o caráter peso de grãos.
Nessa última, observou-se a homogeneidade dos quadrados médios residuais (Gomes, 1990),
considerando-se aleatórios os efeitos blocos e ambientes e, fixo, o efeito de genótipos, sendo
realizadas conforme Vencovsky & Barriga (1992). Os parâmetros de adaptabilidade e estabilidade
foram estimados conforme Eberhart & Russeell (1966).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a análise de variância (dados não apresentados) os efeitos de cultivares,


ambientes e da interação cultivares x ambientes foram significativos a 1% de probabilidade, pelo teste
F, evidenciando diferenças entre as cultivares e os ambientes e comportamento não consistente
dessas cultivares nos ambientes avaliados. Oliveira et al., (2009) e Carvalho et al., (2009) também
encontraram resultados semelhantes em trabalhos de avaliação de cultivares realizados no Nordeste
brasileiro.

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Os rendimentos médios de grãos, na média dos ambientes, variaram de 1422 kg/ha, Carira a
2.572 kg/ha, em Coronel João Sá, indicando uma ampla faixa de variação nas condições ambientais
onde foram realizados os ensaios. Destacaram-se como ambientes mais favoráveis ao cultivo do
girassol os municípios de Arapiraca, Coronel João Sá, Umbaúba, Nossa Senhora das Dores e Frei
Paulo com rendimentos acima da média geral (1.990 kg/ha), sendo superior as médias das lavouras
no Brasil, que é de 1500kg/ha, segundo dados da CONAB (2009).

Constatada a presença da interação cultivares x ambientes, procurou-se verificar as respostas


de cada uma delas nos ambientes considerados, pelo método de Eberhart & Russeel (1966). Além do
preconizado pelo método proposto, considerou-se como cultivar de melhor adaptação, aquela com
produtividade de grãos acima da média geral (Vencovsky & Barriga, 1992).

As médias das cultivares nos diferentes ambientes oscilaram de 1.501 kg/ha a 2.483 kg/ha,
destacando-se com melhor adaptação aquelas cultivares com produtividades médias de grãos
superiores à média geral, , entre elas, as MG 2 e MG 52, seguidas das BRS Gira 06 e M 734, com
produtividades médias de grãos superior a 2200 kg/ha (Tabela 1).

As estimativas dos coeficientes de regressão linear variaram de 0,76 à 1,18, respectivamente,


nas cultivares BRHS 01 e Agrobel 960, sendo ambos estatisticamente diferentes da unidade (Tabela
1). Considerando-se as quinze cultivares avaliadas, seis apresentaram estimativas de b
significativamente diferentes da unidade, e nove mostraram estimativas de b não significativas, o que
evidencia comportamento diferenciado dessas cultivares nos ambientes avaliados . Considerando as
cultivares que mostraram melhor adaptação (média >média geral), as MG 52, Agrobel 967 e Aguará 3
mostraram ser muito exigente nas condições desfavoráveis (b>1). Todas as cultivares avaliadas, `a
exceção das Hélio 250, Catissol, Agrobel 960 e Embrapa 122 apresentaram os desvios da regressão
estatisticamente diferentes de zero, o que evidencia comportamento imprevisível nos ambientes
considerados. Apesar disso, Cruz et al., (1989) consideram que aqueles materiais que apresentaram
valores de R2>80% não devem ter os seus graus de previsibilidade comprometidos. Assim, as
cultivares que mostraram valores de R2 >80% apresentaram um bom ajustamento à reta de regressão.

Considerando os resultados apresentados infere-se que as cultivares , Agrobel 967 e Aguará 3


devem ser recomendadas para as condições favoráveis de ambientes, por mostrarem boa adaptação
(média >média geral) e serem exigentes nas condições desfavoráveis (b>1). Por outro lado, as
cultivares MG 2, M 734 e BRS GIRA 6 evidenciaram adaptabilidade ampla (média>média geral e b=1 ),
constituindo-se em ótimas alternativas para exploração regional. A cultivar MG 52 foi a segunda mais
produtiva, mas com baixa previsibilidade de comportamento (R2=66%).

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CONCLUSÃO

As cultivares MG 52, Agrobel 967 e Aguará 3 apresentam adaptabilidade ampla, tornando-se


de grande importância como indicação de cultivo para os diferentes ambientes estudados no Nordeste
brasileiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO H. W. L.de., OLIVEIRA, I.R.; CARVALHO, C. G. P. de., FERREIRA, F. M,. de B., LIRA, M,
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primeiro ano no Nordeste barsileiro. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO GIRASSOL, 18º;
SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE A CULTURA DE GIRASSOL, 6º, 2009, Pelotas. Anais. Pelotas:
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Conab.com.br>, 2009.

CRUZ, C. D.; TORRES, R. A. de.; VENCOVSKY,R. An alternative approach to the stability analisis by
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GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. 8ª Ed. São Paulo. Nobel, 1990. 450p.

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OLIVEIRA, I.R.; CARVALHO H. W. L.de., CARVALHO, C. G. P. de., FERREIRA, F. M,. de B., LIRA, M,
A., RANGEL, J. H. de A. Avaliação de genótipos de girassol do ensaio final de primeiro ano no
Nordeste brasileiro, no ano agrícola de 2008. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO
GIRASSOL, 18º; SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE A CULTURA DE GIRASSOL, 6º, 2009, Pelotas.
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VENCOVSKY. R.; BARRIGA, P. Genética biométrica no fitomelhoramento. Ribeirão Preto:


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Tabela 1. Estimativas dos parâmetros de adaptabilidade e estabilidade de 15 cultivares de girassol em 10 ambientes do


Nordeste brasileiro, segundo o modelo Eberhart & Russel, 1966, no ano agrícola de 2009. Média =1990 kg/ha e C. V. (%)
=13,0.

Cultivares Médias b s2d R2


MG2 2483a 1,16ns 64236,0** 82
MG52 2421a 0,80* 76023,2** 66
M734 2369b 1,16ns 79640,8** 80
Gira06 2274b 0,93ns 42931,7** 80
Agrobel967 2076c 1,18* 51860,5** 85
Aguara3 1992c 1,17* 29860,2** 89
Helio358 1961d 1,05ns 43200,8** 84
BRHS01 1957d 0,76** 41447,8** 73
Charrua 1919d 0,89ns 76122,9** 70
Helio250 1856d 1,15ns 9728,0ns 93
Catissol 1803e 0,99ns 1190,1ns 94
Helio863 1767e 1,30** 32887,6** 90
Agrobel960 1740e 0,91ns -8280,8ns 96
Embrapa122 1735e 0,66** 11648,3ns 80
Gira01 1501f 0,87ns 23282,6* 84
** e * Significativos a 1% e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t de Student, para b. ** e * Significativos a 1% e
5%, respectivamente, pelo teste F para s2d. As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade.

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ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DE CULTIVARES DE GIRASSOL DE ENSAIO FINAL DE


PRIMEIRO ANO NO NORDESTE BRASILEIRO NA SAFRA 2009

Ivênio Rubens de Oliveira¹; Hélio Wilson Lemos de Carvalho¹; Cláudio Guilherme Portela de Carvalho2;
José Nildo Tabosa3; Marcelo Abdon Lira4; Francisco Méricles de Brito Ferreira5; Márcia Leite dos
Santos6; Cinthia Souza Rodrigues7.
¹Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, C.P.44, Jardins, Aracaju, SE. CEP: 49025-040. E-mail:
ivenio@cpatc.embrapa.br. 2Embrapa Soja, Londrina, PR. 3IPA, Recife, PE. 4EPARN, Natal, RN. 5Secretaria de Agricultura
do Estado de Alagoas. 6Estagiária Embrapa Tabuleiros Costeiros. 7PIBIQ/CNPq/Embrapa Tabuleiros Costeiros.

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi verificar a adaptabilidade e a estabilidade de cultivares de


girassol de ensaio final de primeiro ano no Nordeste brasileiro, na safra 2009, para fins de
recomendação. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições de
22 tratamentos. Observaram-se diferenças significativas entre as cultivares, os ambientes e a interação
cultivares x ambientes, indicando mudanças no desempenho das cultivares de girassol nos diversos
ambientes avaliados. As cultivares V 50070, M 735, NTO 2.0 e V 70003 destacaram-se como mais
adaptadas para as condições favoráveis de ambiente, enquanto que a cultivar BRS GIRA 25 mostrou
adaptação para as condições desfavoráveis de ambiente. As cultivares M 734, EXP 146 DM, HLT
5011, HLA 860 HO, BRS GIRA 24, MULTISSOL e ALBISOL 2 expressaram adaptabilidade ampla, o
que as torna de grande interesse para a agricultura regional.
Palavras-chave - Helianthus annuus, interação cultivar x ambiente, previsibilidade.

INTRODUÇÃO

A avaliação de genótipos sob condições ambientais variadas faz com que a classificação
relativa entre eles possa não ser coincidente, o que dificulta a identificação daqueles efetivamente
superiores. Dessa forma, a recomendação de cultivares com base unicamente em suas produtividades
médias nos ensaios finais de rendimento pode contribuir para a indicação de genótipos de adaptação
específica, que acabam se comportando mal na amplitude de condições em que o cultivo se verifica
(Duarte e Zimmermann, 1994). A oscilação no comportamento dos genótipos nas mais variadas
condições ambientais tem demonstrado a significância da interação genótipos x ambientes e
consequentemente, o comportamento diferencial destes genótipos nos ambientes estudados (Ramalho
et al., 1993).

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Métodos estatísticos têm sido propostos para avaliar a adaptabilidade e a estabilidade de


cultivares contornando, em parte, os inconvenientes da interação cultivar x ambiente (Crossa, 1990).
Neste contexto, o componente da interação genótipos x ambientes está altamente relacionado com o
girassol cultivado em ambientes distintos ou com semeadura em épocas distintas.

Portanto, o objetivo deste trabalho foi averiguar a adaptabilidade e a estabilidade de cultivares


de girassol de ensaio final de primeiro ano no Nordeste brasileiro.

METODOLOGIA

Foram utilizados dados de peso de grãos de uma rede de ensaios de avaliação de genótipos
de girassol de ensaio final de primeiro ano realizada no ano de 2009. Os ensaios foram instalados nos
municípios de Arapiraca, em Alagoas; Carira, Umbaúba, Frei Paulo e Nossa Senhora das Dores, em
Sergipe e, Canguaretama e Apodi, no Rio Grande do Norte. Utilizou-se o delineamento experimental
em blocos ao acaso, com quatro repetições. As parcelas constaram de quatro fileiras de 6,0 m de
comprimento, espaçadas de 0,8 m e com 0,3 m entre covas, dentro das fileiras. Manteve-se uma planta
por cova, após o desbaste. As adubações realizadas nesses ensaios foram de acordo com os
resultados das análises de solo de cada área experimental.

Foram realizadas análises de variância, por ambiente e conjunta, para o caráter peso de grãos.
Nessa última, observou-se a homogeneidade dos quadrados médios residuais (Gomes, 1990),
considerando-se aleatórios os efeitos blocos e ambientes e, fixo, o efeito de genótipos, sendo
realizadas conforme Vencovsky & Barriga (1992). Os parâmetros de adaptabilidade e estabilidade
foram estimados conforme Eberhart & Russell (1966).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constatada a ocorrência da interação cultivares x ambientes, procurou-se verificar as respostas


de cada uma delas nos ambientes considerados , pelo método de Eberhart & Russell (1966). A
presença da interação cultivares x ambientes em girassol foi também encontrada por De La Vega &
Chapman (2006) e Oliveira et al (2009). Na média de todos os ambientes, a média das cultivares foi de
1.756 kg/ha, sendo superior á média das lavouras, que é de 1500 kg/ha, segundo dados da CONAB
(2009).

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Os parâmetros de adaptabilidade e estabilidade constam na Tabela 1. Verifica-se que para o


coeficiente de regressão (b), que corresponde à resposta linear da cultivar à variação nos ambientes
desfavoráveis, as estimativas variaram de 0,59 a 1,37 em relação às cultivares ALBISOL 20 CL e M
735, respectivamente, sendo ambos estatisticamente diferentes da unidade (Tabela 1). Considerando
as doze cultivares que expressaram melhor adaptação (média da cultivar >média geral), cinco
mostraram os coeficientes de regressão diferentes da unidade (b>1) e sete apresentaram essas
estimativas semelhantes à unidade (b+1), o que denota comportamento diferenciado destas cultivares
em ambientes desfavoráveis. As cultivares V 50070, M 735, NTO 2.0 e V 70003 mostraram ser muito
exigentes em condições desfavoráveis (b>1) e a cultivar BRS GIRA 25 mostrou-se pouco exigente
nessas condições de ambiente.

No que diz respeito à estabilidade de produção, 14 cultivares mostraram os desvios da


regressão estatisticamente diferentes de zero, o que evidencia comportamento imprevisível nos
ambientes considerados (Tabela 1). No entanto, Cruz et al. (1989) consideram que as cultivares que
apresentam valores de R2>80%, não devem ter os seus graus de previsibilidade comprometidos.

Considerando-se os resultados apresentados, infere-se que as cultivares V 50070, M 735, NTO


2.0 e V 70003, por serem exigentes em condições desfavoráveis (b>1) e mostrarem boa adaptação
(média da cultivar>média geral) devem ser recomendadas para ambientes com as condições
favoráveis. Por outro lado, a cultivar BRS GIRA 25, que mostrou pouca exigência nas condições
desfavoráveis associada à boa adaptação (média da cultivar>média geral), deve ser recomendada para
ambientes com as condições desfavoráveis. De especial interesse para a região foram as cultivares
que expressaram adaptabilidade ampla (média da cultivar>média geral e b=unidade), tais como M 734,
EXP 146 DM, HLT 5011, HLA 860 HO, BRS GIRA 24, MULTISSOL e ALBISOL 2, as quais se
constituem em ótimas opções de cultivo para a agricultura regional.

CONCLUSÃO

As cultivares de girassol que expressam adaptabilidade ampla, a exemplo das M 734, EXP 146
DM, HLT 5011, HLA 860 HO, BRS GIRA 24, MULTISSOL e ALBISOL 2, são de grande interesse para
a agricultura regional e constituem-se em ótimas opções de cultivo

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1532-1536.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
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REFERÊNCIAS

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Tabela 1. Estimativas dos parâmetros de adaptabilidade e estabilidade de 22 cultivares de girassol de ensaio final de
primeiro ano, em 7 ambientes do Nordeste brasileiro, segundo o modelo Eberhart & Russel, 1966, no ano agrícola de 2009.
Média =1756 kg/ha e C. V. (%) =13,9.

Cultivares Médias b s2d R2

M 734 2040a 1,05ns 9965,7ns 95

V50070 1969a 1,26** 21245,8* 95

EXP 1456 DM 1949a 1,00ns 64952,0** 85

M 735 1949a 1,37** 11925,7ns 97

BRS G25 1936a 0,69** 33658,1** 81

HLT 5011 1902a 1,13ns 43373,3** 91

HLA 860 HO 1886a 1,00ns 246659,0** 63

BRS G24 1867a 1,10ns 5380,3ns 96

NTO 2.0 1842b 1,42** 26673,2* 96

MULTISSOL 1816b 1,08ns 8426,3ns 96

ALBISOL 2 1774b 1,05ns 28316,6* 92

V70003 1756b 1,22** 7277,8ns 97

EMBRAPA 01 1729b 1,12ns 87000,1** 84

HELIO 358 1729b 0,94ns 11219,8ns 94

BRS G27 1714b 0,94ns 92477,5** 79

HLA 211 CL 1712b 0,96ns 58614,3** 85

PARAÍSO 22 1640c 0,90ns 12034,2ns 93

AGROBEL 960 1603c 0,61** 58495,3** 69

EMBRAPA 22 1532c 0,79** 72200,7** 76

HLA 887 1457d 1,03ns 84274,0** 83

ALBISOL 20 CL 1451d 0,59** -733,5ns 92

AROMO 10 1378d 0,78** 50972,9** 81

** e * Significativos a 1% e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t de Student, para b. ** e * Significativos a 1%


e 5%, respectivamente, pelo teste F para s2d. As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade.

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ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DE CULTIVARES DE GIRASSOL DE ENSAIO FINAL DE


SEGUNDO ANO NO AGRESTE NORDESTINO NA SAFRA 2009

Ivênio Rubens de Oliveira¹; Hélio Wilson Lemos de Carvalho¹; Cláudio Guilherme Portela de Carvalho 2;
José Nildo Tabosa3; Marcelo Abdon Lira4; Francisco Méricles de Brito Ferreira5; Márcia Leite dos
Santos6; Cinthia Souza Rodrigues7.
¹Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, C.P.44, Jardins, Aracaju, SE. CEP: 49025-040. E-mail:
ivenio@cpatc.embrapa.br. 2Embrapa Soja, Londrina, PR. 3IPA, Recife, PE. 4EMPARN, Natal, RN. 5Secretaria de Agricultura
do Estado de Alagoas. 6Estagiária Embrapa Tabuleiros Costeiros. 7PIBIQ/CNPq/Embrapa Tabuleiros Costeiros.

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi verificar a adaptabilidade e a estabilidade de cultivares de


girassol da rede de Ensaio Final de Segundo Ano, no Agreste Nordestino, no ano agrícola de 2009.
Estas cultivares foram submetidas a diferentes ambientes do Nordeste brasileiro, para fins de
recomendação. Para isso, os ensaios foram instalados nos estados de Sergipe, Alagoas e Rio Grande
do Norte. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições de
dezoito tratamentos. As cultivares V 20041, M 734, BRS GIRA 06, EXP 1452 CL e TRITON MAX
justificaram suas recomendações para as condições de ambientes favoráveis. Por outro lado, a cultivar
NEON se destacou para as condições de ambientes não favoráveis. As cultivares BRS GIRA 26, HLS
07, HLT 5004 e HELIO 358 apresentaram adaptabilidade ampla em todos os ambientes e se
consubstanciam em excelentes alternativas para a agricultura regional.
Palavras-chave - Helianthus annuus, interação cultivar x ambiente, previsibilidade, adaptação.

INTRODUÇÃO

Considerando a diversidade de ambientes existentes no Nordeste brasileiro, o desenvolvimento


de um programa de avaliação de cultivares de girassol torna-se importante e visa subsidiar aos
agricultores com informações para a escolha de materiais de melhor adaptabilidade e estabilidade de
produção e que sejam portadores de atributos agronômicos desejáveis. Diversos trabalhos ressaltam a
importância e a influência da interação cultivares x ambientes em girassol no Nordeste brasileiro
(Oliveira et al., 2009 e Carvalho et al., 2009). Sabe-se que quando um grupo de cultivares é posto a
competir em vários ambientes, a classificação relativa entre eles pode não ser coincidente, o que
dificulta a identificação daqueles efetivamente superiores. Esse efeito é minimizado mediante a seleção
de genótipos com maior estabilidade fenotípica (Ramalho et al.1993).

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Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a adaptabilidade e a estabilidade de cultivares de


girassol de ensaio final de segundo ano quando submetidas a diferentes ambientes do Agreste do
Nordeste brasileiro, para fins de recomendação.

METODOLOGIA

As cultivares de girassol componentes da rede de Ensaio Final de Segundo Ano, coordenada


pela Embrapa, foram plantadas no Agreste Nordestino nos municípios de Carira, Frei Paulo, Nossa
Senhora das Dores e Umbaúba, em Sergipe; Arapiraca, em Alagoas, e Apodi, no Rio Grande do Norte,
no ano agrícola de 2009. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro
repetições de dezoito tratamentos. As parcelas foram formadas por quatro fileiras de 6,0 m de
comprimento, espaçadas de 0,8 m e com 0,3 m entre covas, dentro das fileiras. Manteve-se uma planta
por cova após o desbaste. As adubações desses ensaios foram feitas de acordo com os resultados das
análises de solo de cada área experimental.

Os aquênios foram colhidos e pesados. Foram realizadas as análises de variância, por


ambiente e conjunta, para o caráter peso de grãos. Nessa última, observou-se a homogeneidade dos
quadrados médios residuais, considerando-se aleatórios os efeitos de blocos e ambientes, e fixo o
efeito de genótipos, sendo realizadas conforme Vencovsky & Barriga (1992). Os parâmetros de
adaptabilidade e estabilidade foram feitos conforme Eberhart & Russell (1966).

RESULTADOS E DISCURSÃO

Constataram-se, na análise de variância conjunta, diferenças significativas a 1 % de


probabilidade, para os efeitos de genótipos, ambientes e interação genótipos x ambientes,
evidenciando diferenças entre os genótipos e os ambientes e mudanças no comportamento dos
genótipos na média dos ambientes (Tabela 1), o que já vem sendo observado em outros trabalhos
similares de melhoramento (Carvalho et al., 2009; Oliveira et al, 2009).

A partir dos parâmetros de adaptabilidade e de estabilidade (Tabela 1) verifica-se que as


médias de produtividades das cultivares variaram de 1.538 kg/ha a 2.152 kg/ha, com média de 1.869
kg/ha, superior a média histórica brasileira, que é de 1.393 kg/ha (CONAB, 2009). Fica evidente o alto
potencial para a produtividade de grãos do conjunto avaliado (Tabela 1). Os genótipos com
rendimentos médios de grãos acima da média geral mostraram melhor adaptação (Vencovsky &

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Barriga, 1992). Destacaram-se, entre eles, EXP 1452 CL, BRS GIRA 6, M 734, BRS GIRA 26, V 20041
e NEON.

Os coeficientes de regressão linear (b1) variaram de 0,19 a 1,44 para as cultivares NEON e
TRITON MAX, respectivamente, sendo ambas estatisticamente diferentes da unidade. Oito das
cultivares avaliadas mostraram os coeficientes de regressão diferentes da unidade e as dez restantes
apresentaram esses desvios semelhantes à unidade. Tal fato revela que o conjunto estudado mostrou
comportamento diferenciado nas condições desfavoráveis. As cultivares V 20041, M 734, BRS GIRA
06, EXP 1452 CL, TRITON MAX e Paraíso 33 mostraram-se exigentes nas condições desfavoráveis
(b>1). As cultivares NEON e AGROBEL 960 mostraram-se pouco exigentes nessas condições de
ambiente.

No que se refere à estabilidade, dez cultivares apresentaram os desvios da regressão


estatisticamente diferentes de zero, evidenciando baixa estabilidade nos ambientes estudados.
Entretanto, Cruz te al. (1989) consideram que aqueles matérias que apresentaram estimativas de
R2>80% não devem ter seus graus de previsibilidade prejudicados. Considerando os resultados
apresentados, infere-se que as cultivares que expressaram boa adaptação (b0>média geral) e foram
exigentes nas condições desfavoráveis (b1>1) devem ser recomendadas para as condições favoráveis
de ambiente, tais como as V 20041, M 734, BRS GIRA 06, EXP 1452 CL e TRITON MAX. Por outro
lado, a cultivar NEON, que mostrou ser pouco exigente nas condições desfavoráveis (b 1<1) e com boa
adaptação (b0>média geral), deve ser sugerida para as condições desfavoráveis de ambiente. De
especial interesse para a região foram as cultivares que apresentaram adaptabilidade ampla (b 0>média
e b1=1), a exemplo de BRS GIRA 26, HLS 07, HLT 5004 e HELIO 358. Essas se consubstanciam em
excelentes alternativas para a agricultura regional.

CONCLUSÕES

As cultivares de girassol mostram comportamento diferenciado nas condições de diferentes


ambientes, sendo que aquelas que apresentam adaptabilidade ampla, tais como, BRS GIRA 26, HLS
07, HLT 5004 e HELIO 358 tornam-se de grande interesse para a agricultura regional.

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Página | 1540

REFERÊNCIAS

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ano no Nordeste barsileiro. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO GIRASSOL, 18º; SIMPÓSIO
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Página | 1541

Tabela 1. Estimativas dos parâmetros de adaptabilidade e estabilidade de 18 cultivares de girassol de ensaio final de
segundo ano, em seis ambientes do Nordeste brasileiro, segundo o modelo Eberhart & Russel, 1966, no ano agrícola de
2009. Média:1.869 kg/ha e C.V. (%) :14,6.

Cultivares Médias (b0) b1 S2d R2

NEON 2152a 0,19** 30920,4* 78

V20041 2139a 1,30* 117919,3** 79

BRS G26 2109a 0,99ns 92439,6** 73

M734 2062a 1,34** 6383,1ns 96

BRS G06 2044a 1,27* -2413,4ns 97

EXP 1452 CL 2025a 1,31* 25452,3ns 92

HLS 07 1985b 0,79ns 50991,0** 73

HLT 5004 1953b 1,02ns 495890,2** 38

HELIO 358 1900b 0,99ns 9831,6ns 91

TRITON MAX 1893b 1,44** 20947,2ns 94

NTO 3.0 1836c 1,04ns 112823,6** 71

PARAÍSSO 33 1785c 1,36** 120718,0** 80

SEM 822 1701d 0,94ns 24312,3ns 86

EXP 1450 HO 1661d 0,80ns 10720,0ns 87

AGROBEL 960 1634d 0,61** 10298,9ns 80

ZENIT 1616d 0,81ns 28521,2* 81

PARAISO 20 1614d 0,83ns 142890,0** 57

HLE 15 1538d 0,97ns 43334,9* 82


** e * Significativos a 1% e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t de Student, para b. ** e * Significativos a 1%
e 5%, respectivamente, pelo teste F para s2d. As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade.

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AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL NO MUNICÍPIO DE MATA ROMA,MA:


ANO AGRÍCOLA DE 2007/20081

José Lopes Ribeiro1; Valdenir Queiroz Ribeiro1


1Embrapa Meio-Norte, jlopes@cpamn.embrapa.br

RESUMO – Mata Roma está localizada na microrregião de Chapadinha, com latitude de 03° 41´ S,
longitude de 43° 01´ W e altitude de 96 m e sua importância para a cultura do girassol é devido suas
condições edafoclimátias favorecerem o desenvolvimento dessa cultura. O objetivo deste trabalho foi
identificar genótipos com potencial para produção de grãos nos cerrados do leste maranhense, visando
a produção de óleo para fabricação de biodiesel. Foi conduzido no ano agrícola de 2007/2008, no
município de Mata Roma, no período de fevereiro a maio, um ensaio com 26 genótipos. A
produtividade de aquênios (grãos) variou de 1.796 kg ha-1 (HLE 15) a 3.324 kg ha-1 (Agrobel 960)
ficando a média do ensaio em 2.331 kg ha-1. Os genótipos Embrapa 122 e Triton Max iniciaram a
floração aos 46 dias após a semeadura. Já os genótipos Agrobel 960, HLA 862 e HLA 16 foram os de
floração inicial mais tardia, iniciando a antese aos 61 dias após a semeadura. Em Mata Roma, à
cultura do girassol apresentou produtividades superiores às obtidas em outras regiões produtoras,
tornando essa cultura em uma excelente alternativa para plantio de safrinha em solo de cerrado da
Mesorregião Leste Maranhense visando a produção de biodiesel.
Palavras-chaves – Helianthus annuus L., óleo vegetal, biocombustíveis, cerrado

INTRODUÇÃO

Há aproximadamente duas décadas atrás a agricultura maranhense estava concentrada no


cultivo das culturas de subsistência como a mandioca e o arroz e no extrativismo do coco babaçu para
obter o azeite, até hoje utilizado na alimentação da maioria dos maranhenses. O município de Mata
Roma apresenta condições edafoclimáticas que permitem à cultura do girassol expressar
produtividades superiores às obtidas em outras regiões produtoras, tornando essa cultura em uma
excelente alternativa para plantio de safrinha em solo de cerrado da Mesorregião Leste Maranhense
visando a produção de biodiesel. As condições edafoclimáticas do Estado são também favoráveis ao
desenvolvimento de culturas produtoras de matérias-primas, como a soja, girassol, algodão herbáceo,
milho e gergelim .

1 Trabalho financiado com recursos do convênio Embrapa Meio-Norte/Banco do Nordeste do Brasil

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Segundo Amabile et al., (2007) uma característica do girassol é que ele apresenta resistência
à seca e às baixas temperaturas, além da possibilidade de plantio no período conhecido como safrinha,
sendo uma espécie pouco influenciada pela latitude e altitude, além de ser bem adaptável a diversos
ambientes. O girassol está entre as espécies oleaginosas em estudo para viabilizar a produção de
biodiesel no Brasil. O aumento de área cultivada de girassol no país é limitado por diversos fatores,
dentre os quais a falta de indústrias adaptadas ao processamento (Guerra e Picksius, 2005).

O girassol ainda não é cultivado comercialmente no Maranhão. No entanto, os resultados de


pesquisas realizadas pela Embrapa Meio-Norte apontam esta cultura como uma nova opção para a
agricultura maranhense, especialmente, na região dos cerrados, pois proporcionará um aumento de
matéria-prima para a expansão interna de óleos vegetais comestíveis, produção de biodiesel, alimento
animal na forma de farelo e silagem, além de contribuir para a melhoria da qualidade e aumento da
produção de mel de abelha produzido na região.

O objetivo deste trabalho foi identificar genótipos com potencial para produção de grãos nos
cerrados do leste maranhense, visando a produção de óleo para fabricação de biodiesel.

METODOLOGIA

O ensaio foi conduzido no ano agrícola de 2007/2008, no período de fevereiro a maio, no


município de Mata Roma, MA, que está localizado na mesorregião Leste Maranhense, microrregião de
Chapadinha, com latitude de 03° 37‘ 30‖ S, longitude de 43° 06‘ 39‖ W e altitude 127 m. O clima da
região é quente, com tipos climáticos variando do seco a úmido do tipo Aw, apresentando temperatura
média do ar superior a 18°C e regime pluviométrico com duas estações bem definidas, uma chuvosa e
outra seca, com índices pluviométricos variando de 1200 a 1800 mm (Campelo, 2000). O
delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições e 26 tratamentos (genótipos).
Utilizou-se o espaçamento de 0,70 m entre linhas e 0,30 m entre plantas. A adubação de fundação
constou de 200 kg da fórmula 05- 30-15 ha-1 e 2,0 kg de B ha-1 via solo e cobertura aos 30 dias após a
semeadura usando-se 30 kg de N há-1 e 30 kg de K2O ha-1, tendo como fonte de nutrientes o bórax,
uréia e cloreto de potássio, respectivamente. Foram avaliadas as seguintes características: floração
inicial (dia), altura de planta (cm), tamanho do capítulo (cm), peso de mil aquênios (g) e rendimento de
grãos (kg ha-1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Na Tabela 1 verifica-se que os genótipos Embrapa 122 e Triton Max apresentaram início de
antese (floração) aos 46 dias após a semeadura, caracterizando-se como os mais precoces, diferindo
(p<0,05) dos genótipos Agrobel 960, HLA 862 e HLE 16 que apresentaram floração inicial aos 61 dias,
caracterizados como de ciclo tardio. Entre os demais genótipos o início de floração variou de 51 dias
(EXP 1452 CL, Paraíso 65 e MG 100) a 59 dias (M 734 e HLT 5004) após a semeadura, ficando a
floração média em 54 dias. Para altura de planta, tamanho do capítulo e peso de mil aquênios não
observaram-se diferenças (p>0,05) entre os genótipos. A altura de planta variou entre 145 cm a 183 cm
para os genótipos HLT 5002 e M 734, respectivamente, ficando a média do ensaio em 164 cm. Quanto
ao tamanho do capítulo houve uma variação de 17,5 cm (HLT 5004) a 21,5 cm (Paraíso 65) ficando a
média do ensaio em 19,3 cm. O peso de mil aquênios (grãos) variou de 52,3 g a 56,7 g,
respectivamente, para os genótipos EXP 1450 HO e Embrapa 122, com a média do ensaio em 54,0 g
(Tabela 1).

Sob as condições edafoclimáticas de Mata Roma, MA, pelo teste F para produção de aquênios
(grãos) não houve diferença (p>0,05) entre 15 genótipos, cujas produtividades variaram de 2.268 kg/ha -
1 (V 20041) a 3.324 kg/ha-1 (Agrobel 960). No entanto, observou-se efeito significativo (p<0,05) entre o
genótipo Agrobel 960 (3.324 kg/ha-1) e 11 outros genótipos cujas produtividades variaram de 1.796
kg/ha-1 (HLE 15) a 2.246 Kg/ha-1 (SRM 822). A média geral do ensaio para produtividade de grãos foi
2.331 kg/ha-1. Doze genótipos apresentaram produtividades de grãos acima da média geral para
produtividade de grãos que foi de 2.331 kg/ha -1 significando que esses genótipos apresentaram boa
adaptação ao ambiente, com produtividades de grãos entre 2.389 kg/ha -1 e 2.607 kg/ha-1 ,
respectivamente, para os genótipos HLS 16 e Zênite (Tabela 1).

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CONCLUSÃO

O município de Mata Roma apresenta condições edafoclimáticas que permitem à cultura do


girassol expressar produtividades superiores às obtidas em outras regiões produtoras, tornando essa
cultura em uma excelente alternativa para plantio de safrinha em solo de cerrado da Mesorregião
Leste Maranhense visando a produção de biodiesel.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMABILE, R. F; AQUINO, F.D.V. de; MONTEIRO, V. A; CARVALHO, C. G. P. de; RIBEIRO JUNIOR,


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por Regina Maria Villas Bôas de Campos Leite, Simone Ery Grosskopf, - Londrina: Embrapa Soja,
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Nacional de Pesquisa de Girassol V Simpósio Nacional sobre a Cultura do Girassol, Uberaba, MG, 03 a
05 de outubro de 2007 / organizado por Regina Maria Villas Bôas de Campos Leite, Fábio Álvares de
Oliveira, Odilon Ferreira Saraiva e Simone Ery Grosskopf, - Londrina: Embrapa Soja, 2007. p. 201-203
(Documentos/Embrapa Soja, ISSN 1516-781X; n.292).

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Tabela 1. Médias de floração inicial, altura de planta, tamanho do capítulo, peso de 1000 aquênios, produtividade de grãos,
coeficiente de variação, significância do teste F e diferença mínima significativa (DMS) pelo teste de Tukey, na cultura do
girassol. Mata Roma, MA. 2008.
Peso de
Altura de Tamanho do Produtividade
Floração inicial 1000
Genótipo planta capítulo de grãos
(dia) aquênios
(cm) (cm) (kg/ha-1)
(g)
M 734 59 b 183 18,0 54,5 2.286 ab
Agrobel 960 61 a 171 20,0 55,0 3.324 a
Embrapa 122 46 i 153 20,5 56,7 2.593 ab
Helio 358 53 fg 177 18,5 53,5 1.964 b
V 20041 55 de 181 19,5 54,9 2.268 ab
EXP 1452 CL 51 h 165 18,3 53,4 2.239 b
EXP 1450 HO 53 g 164 20,0 52,3 2.443 ab
Paraíso 20 53 g 179 20,3 54,7 2.432 ab
Paraíso 33 57 c 149 20,3 53,9 2.164 b
Paraíso 65 51 h 168 21,5 53,5 2.550 ab
ZENIT 55 de 171 19,3 52,3 2.607 ab
NEON 56 cd 157 19,3 53,7 2.453 ab
TRITON MAX 46 i 153 19,0 54,0 1.888 b
SRM 822 53 g 176 18,5 53,9 2.246 b
MG 100 51 h 156 19,5 55,0 2.221 b
NTO 3.0 54 ef 160 18,3 54,5 2.207 b
BRS Gira 01 53 g 164 21,0 54,2 2.535 ab
BRS Gira 06 57 c 146 20,0 53,0 2.453 ab
BRS Gira 26 56 cd 156 19,3 54,2 2.518 ab
HLT 5002 52 g 145 18,3 54,3 2.211 b
HLS 06 56 cd 173 18,0 54,9 2.062 b
HLS 07 54 ef 156 19,7 53,5 2.396 ab
HLA 862 61 a 180 20,5 53,6 2.425 ab
HLE 15 55 cd 173 18,5 53,0 1.796 b
HLE 16 61 a 165 19,3 54,3 2.389 ab
HLT 5004 59 b 161 17,5 53,9 1.996 b
Média 54 164 19,3 54,0 2.331
C.V(%) 0,36 13,44 9,38 2,84 16,93
F ** n.s n.s n.s **
DMS 0,0721 n.s n.s n.s 1.066
1Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
** Significativo a 1% de probabilidade, n.s: não significativo

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AVALIAÇÃO DA CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERES AGRONÔMICOS EM GENÓTIPOS DE


GIRASSOL NA REGIÃO DAS MISSÕES DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

João Paulo Gonsiorkiewicz Rigon1; Maurício Roberto Cherubin1; Silvia Capuani1; Moacir Tuzzin de
Moraes1; Fernando Arnuti1; Arci Dirceu Wastowski1 e Genesio Mário da Rosa1
1Universidade Federal de Santa Maria, campus de Frederico Westphalen – RS; E_mail: jpaulorigon@hotmail.com

RESUMO – Diante da necessidade de obter genótipo de girassol, cada vez mais produtivos, o
conhecimento dos coeficientes de correlação existente entre os caracteres contribuir na seleção para o
melhoramento genético, principalmente em diferentes ambientes. Neste contexto, o objetivo do
trabalho foi avaliar a correlação existente entre caracteres agronômicos em genótipos de girassol na
Região das Missões do Rio Grande do Sul, Brasil. Os caracteres correlacionados foram: altura de
inserção do capítulo, diâmetro do capítulo, diâmetro do colo, peso de mil aquênios, área foliar, número
de aquênios por capítulo, peso de aquênios por capítulo, produtividade, teor de óleo e rendimento de
óleo. Os caracteres foram submetidos a análise do coeficiente de correlação de Pearson a 5% de
probabilidade de erro, utilizando o software estatístico Statistical Analysis System (SAS). Diante dos
resultados os caracteres agronômicos área foliar e diâmetro de capítulo apresentaram coeficientes de
correlação significativos com a produtividade, sendo considerados eficientes para seleção de genótipos
de girassol mais produtivos. E a produtividade de grãos foi o caractere explicativo que mais se
correlacionou com o rendimento de óleo na cultura do girassol.
Palavras-chave – Ensaio Regional; características agronômicas; Helianthus annuus; Melhoramento
Genético

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus) é uma cultura amplamente distribuída pelo território brasileiro,
caracterizando-se como uma importante alternativa econômica aos agricultores estabelecidos nas
regiões produtoras. Este interesse pela cultura, despertado mais intensamente nos últimos anos, deve-
se ao advento e consolidação do biodiesel no mercado nacional e internacional.

Diante deste cenário, é imprescindível que o melhoramento genético selecione genótipos mais
produtivos e adaptados as condições edafoclimáticas das regiões produtores. Para tanto, os critérios
para uma seleção eficiente são as informações das variâncias fenotípicas de uma população e as
correlações de caracteres agronômicos com a produtividade (GOMES et al., 2007). Segundo Carvalho

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et al., (2001), este conhecimento, podem transcrever-se nos programas de melhoramento em maior
rapidez pela seleção da característica desejada, ou então, quando houver baixa herdabilidade, para o
descarte do material.

Sendo assim, de acordo com Oliveira, (2005) o foco atual no melhoramento da cultura do
girassol é aliar as características de alto teor de óleo, precocidade, porte baixo, resistência e
produtividade. Entretanto, a produtividade é um caráter complexo, envolvendo inúmeras associações
entre componentes, levados todos em consideração na seleção de genótipos (AMORIM et al., 2008).
Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar a correlação existente entre caracteres agronômicos
em genótipos de girassol na Região das Missões do Rio Grande do Sul, Brasil.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na safra 2009/2010, no município de Guarani das Missões,


localizado na Região das Missões do Rio Grande do Sul, Brasil. O tipo de solo predominante é
classificado como Latossolo Vermelho distrófico típico (EMBRAPA, 1999). Segundo Koppen (1948), o
clima da região é mesotérmico úmido (Cfa). Para avaliação dos caracteres agronômicos foram
utilizadas oito cultivares comerciais. As parcelas (5m x 4,9m) foram instaladas em área conduzida com
sistema de semeadura direta, sob palhada de nabo forrageiro. O delineamento experimental utilizado
foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. Adubação foi realizada conforme resultado da análise
de solo, e a população utilizada foi de 45 mil plantas/hectare.

Os caracteres agronômicos correlacionados foram os seguintes: a) Altura de inserção do


capítulo (ICAP): obtida através da mensuração de 20% das plantas da área útil da parcela, medidas na
floração plena - R5 (CASTIGLIONI, 1997); b) Diâmetro do capítulo (DCAP): obtido através da
mensuração de 20% das plantas na área útil da parcela, avaliadas no ponto de maturação fisiológica,
seguindo qualquer ondulação do capítulo (CASTIGLIONI, 1997); c) Diâmetro do colo (DCOL): foram
medidos em 20% das plantas na área útil da parcela, quando as plantas estavam na floração plena, a 5
cm do nível do solo (CASTIGLIONI, 1997); d) Número de aquênios por capítulo (NAQUE): média da
contagem dos aquênios presentes em cinco capítulos por repetição; e) Peso de aquênios por capítulo
(PAQUE): média da pesagem dos aquênios presentes em cinco capítulos por repetição; f) Peso de mil
aquênios (P1000): obtido através da pesagem de oito repetições de 100 aquênios e extrapolado para
peso de mil aquênios; g) Área foliar (AF): foram avaliadas as seis primeiras folhas adjacentes ao
capítulo folhas de 20 plantas por repetição, pela fórmula proposta por Maldaner, (2009), AF = 0,5961

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(C*L)1,0322, onde: (C) corresponde ao comprimento da folha ao longo da nervura central, e (L) a maior
largura da folha; h) Produtividade (PROD): foi obtida através da trilha dos capítulos existentes na área
útil, e extrapolada para kg.ha-1, ajustando a 13% de umidade. i) Teor de óleo (TEOL): foi obtido por
análises laboratoriais, de acordo com metodologia de extração de lipídeos utilizando com extrator
solhex; e j) Rendimento de Óleo (REOL): calculado de acordo com o teor de óleo e produtividade
obtida. Os dados foram submetidos à análise do coeficiente de correlação de Pearson a 5% de
probabilidade de erro, utilizando o software estatístico Statistical Analysis System (SAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, podem ser observados os coeficientes de correlação existentes entre os


caracteres agronômicos em genótipos de girassol conduzidos na Região das Missões do Rio Grande
do Sul, Brasil. Diante dos resultados, reportando-se a produtividade, um caractere complexo, resultante
da expressão e da associação de diferentes componentes (AMORIM et al., (2008), observamos que a
área foliar (AF) foi o caractere explicativo que apresentou o maior coeficiente de correlação com a
produtividade (0,80), concordando com Favarin (2002), que descreve a área foliar como um importante
parâmetro para determinação de rendimento. Esta correlação pode ser explicada em função da relação
fonte-dreno, onde o aumento da AF, de acordo capacidade metabólica das plantas, se traduz em maior
produção de fotoassimilados, que poderão ser translocados para formação dos aquênios. Outro
caracteres explicativo que correlacionou-se significativamente com a produtividade foi o DCAP,
apresentado coeficiente de 0,78. A correlação existente entre DCAP e PROD, concorda com os
valores encontradas por Castro et al., (2002) e Amorim et al., (2008), de 0,81 e 0,63, respectivamente.
Desta forma, a AF e o DCAP, caracterizaram-se como parâmetros eficientes para seleção de genótipos
produtivos, aliando ao fato de que são facilmente mensurados, agilizado a seleção a nível de campo.

Quando o PROD é considera como caractere explicativo verifica-se que a mesma correlaciona-
se significativa com o REOL, de 0,86. Este resultado deve-se ao fato de que o REOL é um caractere
determinado indiretamente, em função da PROD e do TEOL. No entanto, o TEOL não teve correlação
significativa com o REOL (0,28), confirmando que num programa de seleção voltado ao REOL, deve
buscar genótipos mais produtivos, que aliem alto teor de óleo.

Dentre as correlações existentes entre os demais caracteres agronômicos avaliados,


verificamos que o DCAP apresentou correlação significativa com o REOL (0,74), estando atrelado
como já mencionado, ao fato de que o DCAP correlacionou-se com a PROD, e esta, é determinante no

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REOL. Também se verificou que a AF se correlaciona significativamente com DCOL (0,70) e o DCOL
com NAQUE (0,81), porém o NAQUE não apresentou correlação com produtividade, não se
caracterizando como um bom parâmetro de seleção de genótipos produtivos.

Quanto ao P1000, apesar de apresentar coeficiente de correlação de 0,61 com PAQUE,


também não apresentou correlação significativa com os caracteres analisados. Estes resultados
discordam de Castro & Farias (2005) que verificaram, valores de correlação negativa significativa entre
P1000 e TEOL. O caractere ICAP, apresentou correlação significativa com o TEOR (0,73),
diferentemente dos resultados obtidos por Amorim et al., (2008), em que o teor de óleo em girassol não
foi significativo com nenhuma característica agronômica.

CONCLUSÃO

Os caracteres agronômicos área foliar e diâmetro de capítulo apresentaram coeficientes de


correlação significativos com a produtividade, sendo considerados eficientes para seleção de genótipos
de girassol mais produtivos.

A produtividade de grãos foi o caractere explicativo que mais se correlacionou com o


rendimento de óleo na cultura do girassol.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1. Coeficientes de correlações de Pearson para caracteres agronômicos de genótipos de girassol na Região das
Missões do Rio Grande do Sul, Brasil. (Frederico Westphalen - RS, Brasil, 2010).

Variáveis ICAP DCAP DCOL P1000 AF PROD REOL TEOL NAQUE PAQUE
ICAP 1 0,07 -0,10 -0,19 -0,15 -0,05 0,31 0,73* 0,09 -0,07
DCAP 1 -0,09 0,33 0,46 0,78* 0,74* 0,31 -0,15 0,08
DCOL 1 -0,21 0,70* 0,36 0,42 0,28 0,81* -0,05
P1000 1 -0,12 0,36 0,32 0,19 -0,28 0,61
AF 1 0,80* 0,67 0,13 0,40 0,24
PROD 1 0,86* 0,28 0,07 0,45
REOL 1 0,69 0,37 0,27
TEOL 1 0,44 0,04
NAQUE 1 -0,31
PAQUE 1
*Correlação significativa a 5 % de probabilidade de erro pelo Teste t. Onde: ICAP: altura de inserção do capítulo; DCAP:
diâmetro do capítulo; DCOL: diâmetro do colo; P1000: peso de mil aquênios; AF: área foliar; PROD: produtividade; REOL:
rendimento de óleo; TEOL: teor de óleo; NAQUE: número de aquênios por capítulo; PAQUE: peso de aquênios por capítulo.

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AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE GIRASSOL NO NORDESTE BRASILEIRO NA SAFRA 2009

Ivênio Rubens de Oliveira¹; Hélio Wilson Lemos de Carvalho¹; Cláudio Guilherme Portela de Carvalho 2;
José Nildo Tabosa3; Marcelo Abdon Lira4; Francisco Méricles de Brito Ferreira5; Márcia Leite dos
Santos6; Cinthia Souza Rodrigues7.
¹Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, C.P.44, Jardins, Aracaju, SE. CEP: 49025-040. E-mail:
ivenio@cpatc.embrapa.br. 2Embrapa Soja, Londrina, PR. 3IPA, Recife, PE. 4EPARN, Natal, RN. 5Secretaria de Agricultura
do Estado de Alagoas. 6Estagiária Embrapa Tabuleiros Costeiros. 7PIBIQ/CNPq/Embrapa Tabuleiros Costeiros.

RESUMO - Este trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento produtivo de cultivares de girassol
em diferentes pontos do Nordeste brasileiro, para fins de indicação de cultivares. Utilizou-se o
delineamento experimental em blocos ao acaso com quatro repetições dos 15 tratamentos.
Constataram-se diferenças significativas entre as cultivares evidenciando variações genéticas entre
elas em todos os ambientes. Os ambientes Arapiraca, Coronel João Sá, Umbaúba, Nossa Senhora das
Dores e Frei Paulo foram mais favoráveis ao cultivo do girassol. As cultivares MG 2, MG 52, BRS Gira
06 e M 734, com produtividades médias de grãos superiores a 2200 kg/ha , destacaram-se para
exploração comercial nos ambientes estudados.
Palavras-chave - Helianthus annuus, interação cultivar x ambiente

INTRODUÇÃO

Sabe-se que a melhoria da produtividade de uma lavoura depende, dentre outros fatores, da
utilização de materiais de melhor adaptação ao ambiente e portadores de atributos agronômicos
desejáveis. Portanto, uma cultivar melhorada pode ser considerada um dos principais componentes
tecnológicos do sistema produtivo por contribuir com incrementos de produtividade sem implicar em
custos adicionais, o que facilita sua adoção, especialmente, por parte de produtores de baixa renda.

A demanda por variedades de melhor adaptação, com melhor qualidade de grãos e com
tolerância e, ou, resistência às principais doenças, tem direcionado o programa de melhoramento da
cultura na Embrapa Tabuleiros Costeiros, a qual vem trabalhando em estreita articulação com a
Embrapa Soja, para avaliar e indicar variedades melhoradas e híbridos adaptados às diferentes áreas
do Nordeste brasileiro.

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Diversos trabalhos de avaliação de cultivares de girassol realizados nessa ampla região tem
demonstrado o bom comportamento produtivo de diversos híbridos e variedades em diversos
ambientes do Nordeste brasileiro, com produtividades superiores à média nacional (CONAB, 2009), o
que, certamente, contribuirá para implementação do cultivo do girassol no Nordeste (Carvalho et al.,
2009 e Oliveira et al., 2009).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento produtivo de variedades e híbridos de


girassol quando avaliados em diferentes ambientes do Nordeste brasileiro, para fins de indicação de
cultivares para cultivo.

METODOLOGIA

Os dados analisados foram obtidos de uma rede de ensaios realizados no Nordeste brasileiro,
no ano agrícola de 2009, nos municípios de Arapiraca, em Alagoas; Coronel João Sá, na Bahia e
Umbaúba, Carira (dois ambientes), Frei Paulo (três ambientes) e Nossa Senhora da Dores, em
Sergipe. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições de quinze
tratamentos. As parcelas constaram de quatro fileiras de 6,0 m de comprimento, espaçadas de 0,8 m e
com 0,3 m entre covas, dentro das fileiras. Manteve-se uma planta por cova, após o desbaste. As
adubações realizadas nesses ensaios foram de acordo com os resultados das análises de solo de cada
área experimental.

Foram realizadas análises de variância, por ambiente e conjunta, para o caráter peso de grãos.
Nessa última, observou-se a homogeneidade dos quadrados médios residuais (Gomes, 1990),
considerando-se aleatórios os efeitos blocos e ambientes e, fixo, o efeito de genótipos, sendo
realizadas conforme Vencovsky & Barriga (1992).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelas análises de variância para rendimento de grãos, por local, observa-se que os efeitos de
cultivares foram significativos a 1% de probabilidade pelo teste F, denotando variações genéticas entre
elas, em todos os ambientes (Tabela 1). Os coeficientes de variação encontrados oscilaram de 9% a
16%, conferindo boa precisão aos ensaios, conforme critérios adotados por Lúcio et al. (1999). Na
análise de variância conjunta, observaram-se efeitos significativos para cultivares, ambientes e
interação cultivares x ambientes, evidenciando diferenças entre as cultivares e os ambientes e

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indicando mudança no desempenho das cultivares de girassol nos diversos ambientes avaliados. A
interação cultivares x ambientes em girassol também foi encontrada por Oliveira et al. (2009) e
Carvalho et al. (2009).

Os rendimentos médios de grãos, na média dos ambientes, variaram de 1.422 kg/ha, Carira
(ambiente 3) a 2.572 kg/ha, em Coronel João Sá, destacando-se os ambientes Arapiraca, Coronel João
Sá, Umbaúba, Nossa Senhora das Dores e Frei Paulo (ambientes 1, 2 e 3), com rendimentos acima da
média geral (1.990 kg/ha), sendo superior as médias das lavouras, que é de 1.500 kg/ha, segundo
dados da CONAB (2009).

As médias das cultivares nos diferentes ambientes oscilaram de 1.501 kg/ha a 2.483 kg/ha,
destacando-se com melhor adaptação aquelas cultivares com produtividades médias de grãos
superiores à média geral (Vencovsky & Barriga, 1992), entre elas, MG 2 e MG 52, seguidas das BRS
Gira 06 e M 734, com produtividades médias de grãos entre 2.274 kg/ha e 2.483 kg/ha, constituindo-se
em ótimas opções de cultivo para exploração regional do girassol. O bom comportamento destas
cultivares tem sido ressaltado em trabalhos similares de melhoramento, realizados em anos anteriores,
no Nordeste brasileiro, justificando suas recomendações para esta região.

CONCLUSÃO

As cultivares MG 2, MG 52, M 734 e BRS GIRA 06 apresentam melhor comportamento


produtivo sendo importantes para compor sistemas de produção de girassol no Nordeste brasileiro.

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REFERÊNCIAS

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A., RANGEL, J. H. de A. Adaptabilidade e estabilidade de genótipos de girassol do ensaio final do
primeiro ano no Nordeste barsileiro. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO GIRASSOL, 18º;
SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE A CULTURA DE GIRASSOL, 6º, 2009, Pelotas. Anais. Pelotas:
Embrapa Clima temperado, 2009a p. 99-103.

CONAB, Séries históricas de girassol: 1992/93-2008/2009. Disponível em: <HTTP:// WWW.


Conab.com.br>, 2009.

GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. 8ª Ed. São Paulo. Nobel, 1990. 450p.

LÚCIO, A.D.; STORCK, L.; BANZATTO, D. A. Classificação dos experimentos de competição de


cultivares quanto à sua precisão. Pesquisa Agropecuária Gaúcha. v. 5, p.99-103, 1999.

OLIVEIRA, I.R.; CARVALHO H. W. L.de., CARVALHO, C. G. P. de., FERREIRA, F. M,. de B., LIRA, M,
A., RANGEL, J. H. de A. Avaliação de genótipos de girassol do ensaio final de primeiro ano no
Nordeste brasileiro, no ano agrícola de 2008. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO
GIRASSOL, 18º; SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE A CULTURA DE GIRASSOL, 6º, 2009, Pelotas.
Anais. Pelotas: Embrapa Clima temperado, 2009. p. 119-123.

VENCOVSKY. R.; BARRIGA, P. Genética biométrica no fitomelhoramento. Ribeirão Preto:


Sociedade Brasileira de Genética, 1992. 496p.

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Tabela 1. Médias e resumos das analises de variância, por local e conjunta, para o peso de grãos (kg/ha), obtidas nos ensaios de avaliação de cultivares de girassol. Nordeste brasileiro, 2009.
Carira Carira Carira Frei Paulo Frei Paulo Frei Paulo
Cel. N. Sra. Analise
Cultivares Arapiraca Umbaúba ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente
João Sá Dores conjunta
1a 2b 3c 1a 2b 3c
MG 2 2535ª 3004a 2879a 1460a 1535a 1956a 2950a 3055a 2316a 3146a 2483a
MG 52 2622ª 2712a 2479b 1650a 1820a 2005a 2744a 2379b 2480a 3320a 2421ª
M 734 2671ª 3046a 2449b 1373a 1436a 1756a 2613a 2505b 2535a 3310a 2369b
BRS GIRA 06 2980ª 2492b 2985a 1529a 1524a 1912a 2581a 2341b 2173a 2221c 2274b
AGROBEL 967 3068ª 2405b 2405b 1298a 1056b 1515b 2356b 2323b 1744b 2590b 2076c
ÁGUARA 3 2617ª 3108a 2232c 1154b 1296a 1341b 2231b 2218c 1847b 1880d 1992c
HELIO 358 2570ª 2561b 2457b 1093b 1184b 1335b 2038b 2042c 2414a 1922d 1961d
BRHS 01 1992b 2450b 1893c 1488a 1364a 1412b 2338b 2548b 1777b 2306c 1957d
CHARRUA 2668ª 2474b 2529b 1109b 1554a 1400b 2181b 1731c 1963b 1580d 1919d
HELIO 250 2172b 2838a 2266c 979b 1139b 1245b 2238b 2012c 1595b 2078c 1856d
CATISSOL 2352b 2490b 2001c 1170b 1095b 1209b 2210b 2111c 1725b 1673d 1803e
HELIO 863 2744ª 2636b 1797c 972b 915b 914c 2269b 2075c 1619b 1732d 1767e
AGROBEL 960 2053b 2412b 2030c 1184b 1001b 1192b 2031b 1936c 1775b 1788d 1740e
EMBRAPA 122 1983b 2054c 2053c 1418a 1140b 1358b 2275b 1819c 1665b 1584d 1735e
BRS GIRA 01 1765b 1908c 1726c 1080b 831b 794c 2200b 1806c 1440b 1464d 1501f
Média 2452 2572 2278 1263 1259 1422 2350 2193 1937 2172 1990
CV (%) 15 9 13 16 16 14 9 11 14 15 13
F(Tratamento - T) 4,3** 8,00** 6,1** 4,5** 7,0** 13,5** 6,0** 7,7** 6,2** 15,7** 46,8**
F(Local - L) - - - - - - - - - - 277,2**
F(Interação - T x L) - - - - - - - - - - 3,0**
Ambiente 1 monocultivo; ambiente2 : consorcio (uma fileira de feijão: 1fileira de girassol); ambiente 3: consorcio (duas fileiras de feijão: uma fileira de girassol)
** significativos a 1% de probabilidade pelo teste F. As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste Scott-Knot.

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AVALIAÇÃO DE DIFERENTES GENÓTIPOS QUANTO A INFECÇÃO FÚNGICA NA CULTURA DO


GIRASSOL NO RIO GRANDE DO NORTE

Marcos Antônio Barbosa Moreira1, Marcelo Abdon Lira2, Maria Cléa Santos Alves3, Ernesto Espínola
Sobrinho3 Julimar Souza F. de Oliveira4
1Pesquisador Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2Pesquisador Embrapa/EMPARN, 3Pesquisadores EMPARN,
4 Técnico em Agropecuária -EMPARN

RESUMO - O conhecimento dos microorganismos fitopatogênicos é de grande relevância para a


sustentabilidade dos processos produtivos aliado às estratégias de manejo integrado de doenças. Este
trabalho objetivou diagnosticar a ocorrência de doenças causadas por fungos em diferentes genótipos
de girassol sob condições irrigadas. As avaliações foram efetuadas durante a condução do Ensaio
Final de Avaliação de Genótipos de Girassol, realizado na Base Experimental da Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Rio Grande do Norte, localizada em Canguaretama, durante o período de fevereiro a
abril de 2008. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com 26 tratamentos (genótipos) e
quatro repetições. A diagnose das doenças foi realizada por meio da observação dos sintomas e pelo
isolamento do microorganismo em meio de cultura. Cada doença foi quantificada pela incidência,
determinando-se o percentual de plantas infectadas associadas aos diversos genótipos de girassol. A
septoriose (Septoria sp.) foi a doença prevalecente com 42% de incidência seguida pela mancha de
Alternaria (Alternaria helianthi) com 34% e pela podridão do colo (Sclerotium rolfsii) com 24%.
Constatou-se amplitude de plantas infectadas entre os genótipos avaliados, sendo de 0 a 19% para
podridão do colo, correspondendo aos genótipos HLS 04 e M 734(T), de 0 a 27,75% para septoriose,
em relação aos genótipos Neon e HLS 04, e, de 1 a 14,75% para a mancha de alternaria nos genótipos
HLS 04 e Grizzly. Pela análise dos resultados verifica-se variação da incidência destas doenças entre
os genótipos de girassol dando o indicativo de suscetibilidade a infecções fúngicas de alguns genótipos
em relação à outros, nas condições dos tabuleiros costeiros no Estado do Rio Grande do Norte.
Palavras-chave: girassol, Helianthus annuus Sclerotium rolfsii, Septoria sp., Alternaria helianthi,
melhoramento genético

INTRODUÇÃO

A cultura do girassol além de apresentar resultados satisfatórios como fonte de matéria-prima


para a obtenção de biodiesel pelo seu elevado teor de óleo nas sementes, possui características
desejáveis sob o ponto de vista agronômico, tais como: ciclo curto e resistência à seca, ao calor e ao
frio, o que a qualifica como alternativa para produção de biodiesel também na região Nordeste do Brasil
(UNGARO, 1998).

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No Rio Grande do Norte, as primeiras pesquisas com a cultura foram iniciadas em 2006 e as
altas produtividades obtidas (em torno de 2.800 kg/ha) e o percentual de óleo superior a 45%,
permitem concluir que as condições edafoclimáticas são favoráveis ao cultivo do girassol (Moreira et
al., 2009). Porém, como acontece em outras culturas, quaisquer interferências dos fatores bióticos ou
abióticos refletem na população final de plantas e perdas na produção. Dentre os agentes bióticos, as
pragas e as doenças são os principais fatores que causam redução na produtividade desta cultura em
regiões tradicionais de cultivo.
O conhecimento de organismos fitopatogênicos e sua associação às regiões de expansão de
cultivo do girassol no Brasil são de grande relevância para a garantia da sustentabilidade dos
processos produtivos adicionados às estratégias de manejo integrado de doenças (Leite, 1997). Nas
condições do Rio Grande do Norte, em função da diversidade dos agroecossistemas e, principalmente,
das diferentes formas de manejo fitotécnico da cultura, as informações sobre a amplitude dos danos
destes organismos associado a esta cultura são escassas.
Deste modo, este trabalho teve como objetivo avaliar diferentes genótipos de girassol quanto à
nfecção por fungos fitopatogênicos, sob condições irrigadas na região dos tabuleiros costeiros do
Estado do Rio Grande do Norte.

METODOLOGIA
As avaliações foram efetuadas durante a condução do ensaio final de avaliação de genótipos
de girassol, realizado na Base Experimental da EMPARN (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio
Grande do Norte), localizada em Canguaretama-RN, durante o período de fevereiro a abril de 2008. O
espaçamento utilizado foi de 0,6 m entre plantas e de 0,8 m entre filas, sendo que cada genótipo
apresentou em torno de 40 plantas/parcela. Nas observações para a quantificação das plantas doentes
supostamente por fungos, foram consideradas as duas fileiras centrais, as quais foram tidas como área
útil do experimento. O experimento teve delineamento experimental de blocos ao acaso e constou de
26 genótipos discriminados por: Agrobel; BRS Gira; 01; BRS Gira 9; BRS Gira 11; BRS Gira 24; BRS
Gira 25, EMBRAPA 122; Grizzly; Hélio 358; HLS 01; HLS 02; HLS 03; HLS 04; HLS 05; HLA 05; HLA
06; HLE 11; HLE 12; HLE 13; MG 52; M 734; Neon; SRM 822; T 700, Triton Max e Zenit sendo
consideradas quatro repetições/genótipo. O levantamento de doenças foi realizado na ocasião da
formação do capítulo e por meio do isolamento e identificação dos patógenos envolvidos. Os danos
provocados pelas infecções fúngicas associados aos genótipos foram quantificados em função das
plantas infectadas ocorridas no interior da área útil da parcela, por meio do agente etiológico envolvido
e da porcentagem de plantas doentes.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas condições em que foram efetuadas as avaliações, verificou-se que a septoriose (causada por Septoria
sp.) foi a doença prevalecente, com 42% de ocorrência entre os genótipos infectados, seguida por mancha de
Alternaria (causada por Alternaria helianthi), com 34%, e podridão do colo (causada por Sclerotium rolfsii) com 24%.
Entre os genótipos avaliados, constatou-se amplitude de plantas infectadas de 0 a 19% para podridão do colo,
correspondendo aos genótipos HLS 04 e M 734(T), respectivamente (Figura 1), de 0 a 28 para septoriose (genótipos
Neon e HLS 04 respectivamente) (Figura 2) e de 1 a 14,75 para a mancha de alternaria, para os genótipos HLS 04 e
Grizzly, respectivamente (Figura 3).

CONCLUSÃO

Constatou-se que as doenças fúngicas septoriose, mancha de alternaria e podridão do colo


foram as mais expressivas e que merecem especial atenção quanto a suscetibilidade de alguns
genótipos de girassol a estas doenças nas condições dos tabuleiros costeiros no Estado do Rio Grande
do Norte. Os resultados aqui obtidos também dão o indicativo de que o grau de severidade destas
doenças fúngicas varia de acordo com os genótipos de girassol e que há acessos provavelmente mais
suscetíveis e tolerantes a estas infecções do que outros, sob as condições dos tabuleiros costeiros no
Estado do Rio Grande do Norte.

Fica evidente que há necessidade da execução de mais experimentações para a confirmação


da suscetibilidade, tolerância e ou resistência destes genótipos frente às doenças que acometem a
cultura do girassol em outros agroecossistemas do Estado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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metodologia para levantamento. Londrina, EMBRAPA-CNP de Soja, 1981. 24p. (Circular Técnica 6).

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - Centro Nacional de Pesquisa de Soja -


Indicações técnicas para o cultivo do girassol. Londrina, 1983, 40 p. (Documentos, 3).

LEITE, R.M.V.B.C. Girassol. In: KIMATI et al (ed.) Manual de Fitopatologia. Doenças das plantas
cultivadas. v.2, 3.ed., São Paulo, Ceres, 1997.

MORAES, S.A.; UNGARO, M.R.G. & MENDES, B.M.J. "Alternaria helianti"agente causal de doença em
girassol. Campinas, Fundação Cargill, 1983, 20 p.

MOREIRA, M.A.B.; MATA, S.S; LIRA, M.A.; FERREIRA JÚNIOR, N.L.; ALVES, M.C.S.; SOBRINHO,
E.E. & OLIVEIRA, J.F.S. Avaliação da infestação do besouro amarelo, Ciclocefala melanocefala
associado a diferentes genótipos de girassol no Rio Grande do Norte. Resumos EXPOFRUIT – Feira
Internacional da Fruticultura irrigada, Mossoró-RN, 2009.

UNGARO, M.R.G. Girassol. Campinas, SP, Boletim 200, 6° edição Instituto Agronômico, 396p.1998.

19

11,25
9,25 9,5
7,75 8
7 7 7,5
6,256,75

3 3,25 3,5
2 2,25 2,5
1,251,251,25 1,5 1,75
0 0,5 0,5 0,5

Figura 1- Percentual da infecção da podridão do colo causada por Sclerotium rolfsii em diferentes genótipos de girassol sob
condições dos tabuleiros costeiros do Estado do Rio grande do Norte.

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27,7 28

20,7
19,7

16
14
11,711,7
9,5
7,5
6,75
5,75 6
4,5 5
3,5 3,75 4
2,252,25
1,5
0,750,750,75 1
0

Figura 2- Percentual da infecção da septoriose causada por Septoria sp. em diferentes genótipos de girassol
sob condições dos tabuleiros costeiros do Estado do Rio grande do Norte.

14,75

12,25
11
10,25
9,59,75
9
8,5
8 8,25
7,5 7,57,75
6,25
5,55,755,75
5
4,5
3,753,75
3,25
2,75

1 1,251,25

Figura 3- Percentual da infecção d alternária causada por Alternária helianthi em diferentes genótipos de girassol sob
condições dos tabuleiros costeiros do Estado do Rio grande do Norte.

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AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA DE PORTE MÉDIO EM IRECÊ – BA, SAFRA 2009 1

Máira Milani1, Márcia Barreto de Medeiros Nóbrega1, Francisco Pereira de Andrade1, Jalmi Guedes
Freitas1, Jocelmo Ribeiro Mota1, Gilvando Almeida da Silva1
1 Embrapa Algodão, R. Osvaldo Cruz 1143, Campina Grande, PB, 58107-720, maira@cnpa.embrapa.br,

marcia@cnpa.embrapa.br, jalmi@cnpa.embrapa.br, jocelmo@cnpa.embrapa.br, gilvando@cnpa.embrapa.br

RESUMO – O estado da Bahia é o maior produtor nacional de mamona, com cerca de 76% do total
produzido no país. Objetivou-se com este trabalho realizar uma avaliação preliminar de genótipos de
mamoneira de porte médio na região de Irecê, BA. Foram instalados dois ensaios com genótipos de
porte médio em que se avaliaram as linhagens: CNPAM 2001-70, CNPAM 2001-9, CNPAM 2001-5,
CNPAM 2001-56, CNPAM 93-168, CNPAM 2000-72, CNPAM 2000-9, CNPAM 2001-87, CNPAM 2000-
79 e CNPAM 2001-77. As testemunhas comuns nos experimentos foram a linhagem CNPAM 2001-63,
a quinta geração de seleção massal na cultivar local Pernambucana (SM5 Pernambucana) e as
cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu. Observaram-se diferenças significativas entre
tratamentos para as todas as características avaliadas, indicando que há tanto diferença entre os
genótipos avaliados quanto para a relação genótipos e testemunhas. Os genótipos testados não
diferiram das testemunhas quanto as variáveis analisadas. No entanto, podem ser considerados
promissores, CNPAM 2001-70 e CNPAM 2001-87, porque mostraram produções numericamente
superiores a melhor testemunha.
Palavras-chave – Ricinus communis L., Bahia, produtividade

INTRODUÇÃO

O estado da Bahia é o maior produtor nacional de mamona, com cerca de 76% do total
produzido (IBGE, 2008). No entanto, o plantio da região tem sido feito com variedades locais, pouco
produtivas e desuniformes, do ponto de vista industrial. Além disso, em sua maioria são materiais
tardios que são fortemente prejudicados pelas instabilidades climáticas da região Nordeste.

A tecnificação de uma atividade nem sempre implica em aumento de custos pois pode
significar tão somente alteração ou adoção de novas práticas culturais. No caso da mamona na Bahia,
espera-se que possa ocorrer um ganho significativo na produção se forem cultivados genótipos
superiores adaptados às condições edafoclimáticas da região. O uso de uma cultivar melhorada

1 Pesquisa financiada pelo BNB/Etene/Fundeci

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proporcionará não apenas ganhos de produção, como melhorias na qualidade do produto, como por
exemplo, teor e qualidade do óleo. Essas características podem criar um diferencial para a indústria,
facilitando a venda das bagas.

O aumento da demanda por mamona gerado pela implementação do programa de biodiesel do


Governo Federal tende a fomentar a cultura em regiões não tradicionais de cultivo, como o Centro-
oeste brasileiro, que irá concorrer com o Nordeste na produção nacional e em preço. Com o aumento
da concorrência, a atividade terá que se tecnificar para se manter viável (SAVY FILHO, 2005)..

Objetivou-se com este trabalho realizar uma avaliação preliminar de genótipos de mamoneira
de porte médio na região de Irecê, BA.

METODOLOGIA

Os ensaios foram conduzidos em área de produtor, na Fazenda Mocozeiro 2, em Irecê, BA. Os


ensaios foram semeados em 04/02/09. Foram instalados dois ensaios com genótipos de porte médio
em que se avaliaram as linhagens: CNPAM 2001-70, CNPAM 2001-9, CNPAM 2001-5, CNPAM 2001-
56, CNPAM 93-168, CNPAM 2000-72, CNPAM 2000-9, CNPAM 2001-87, CNPAM 2000-79 e CNPAM
2001-77. As testemunhas comuns nos experimentos foram a linhagem CNPAM 2001-63, a quinta
geração de seleção massal na cultivar local Pernambucana (SM5 Pernambucana) e as cultivares BRS
Nordestina e BRS Paraguaçu. Cada parcela foi constituída por uma linha de 10m, em espaçamento
3x1m, e 5 repetições em blocos casualizados. Os tratamentos comuns foram analisados considerando-
se 10 repetições no total. A análise foi feita em grupos de experimentos com tratamentos comuns,
conforme Cruz & Carneiro (2006), utilizando-se o programa Genes (Cruz, 2006), esquema 3, em que
os genótipos e experimentos são considerados como efeito fixo e blocos somo aleatório. As médias
para o teste de Tukey foram corrigidas segundo Cruz (2006).

Os tratos culturais utilizados foram os recomendados pela Embrapa para a cultura da mamona
na região (MILANI; SEVERINO, 2006). As variáveis avaliadas foram:

1. Altura de caule: medida do solo até o ponto de inserção do primeiro cacho (cm);

2. Altura de planta: medida do solo até o ponto de inserção do cacho mais alto na época da colheita
(cm);

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3. Número de cachos por planta: média da parcela para o número de cachos total na época da
colheita dividido pelo número de plantas da parcela;

4. Número de cápsula por cacho: média do número de cápsulas por cacho por planta na época da
colheita;

5. Comprimento do cacho: comprimento médio dos cachos colhidos por planta (cm). Média da
parcela;

6. Diâmetro do caule: diâmetro do caule medido no terço médio entre o solo e a inserção do primeiro
cacho (mm);

7. Peso de 100 sementes: massa de 100 sementes, em 3 amostras da produção colhida (g);

8. Produtividade: estimativa da produtividade (kg/ha).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resumo da análise de variância encontra-se na Tabela 1. Verificou-se diferenças significativas entre


experimentos para altura de caule, número de cachos, número de cápsulas por cacho, comprimento de cacho,
diâmetro de caule, peso de 100 sementes e produtividade. Observaram-se diferenças significativas entre
tratamentos para as todas as características avaliadas, indicando que há tanto diferença entre os genótipos
avaliados quanto para a relação genótipos e testemunhas.
Os coeficientes de variação podem ser considerados baixos se comparados com os verificados por
Smiderle et al.(2004), Chitarra et al., 2004 e Gagliardi et al., 2004.
Pela tabela 2, observa-se que nenhum genótipo mostrou diferença em relação as testemunhas para
produtividade, apesar do genótipo CNPAM 2001-70 ter apresentado a maior média numérica.

CONCLUSÃO

Os genótipos testados não diferiram das testemunhas quanto as variáveis analisadas. No


entanto, podem ser considerados promissores, CNPAM 2001-70 e CNPAM 2001-87, porque mostraram
produções numericamente superiores a melhor testemunha.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHITARRA, L.G.; MENDES, M.C.; ALMEIDA, V.M.; SILVA, J.S.; MACHADO, F.T.; VIEIRA NETO, J.R.;
BONFANTI, J. Competição de cultivares de mamona em Mato Grosso. n: Congresso Brasileiro de
Mamona, I, Campina Grande: Anais, CD-Rom, 2004

CRUZ, C.D. Programa Genes:estatística experimental e matrizes. Viçosa:Editora UFV, 2006, 285p.

CRUZ, C.D.; CARNEIRO, P.C.S. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético.vol 2, 2


ed.rev. Viçosa: Editora UFV, 2006, 585 p.

GAGLIARDI, B.; MYCZKOWSKI, M.L.; AMARAL, J.G.C.; ZANOTTO, M.D.; JESUS, C.R. Avaliação de
progênies selecionadas da cultivar de mamona (Ricinus communis L.) Al Guarany 2002 nas condições
dos municípios de Ibitinga (SP) e São Manuel (SP). In: Congresso Brasileiro de Mamona, I, Campina
Grande: Anais, CD-Rom, 2004

SMIDERLE, O.J.; MOURÃO JÚNIOR, M.; NASCIMENTO JÚNIOR, A.; DUARTE, O.R. Avaliação de
genótipos de mamona para o estado de Roraima. In: Congresso Brasileiro de Mamona, I, Campina
Grande: Anais, CD-Rom, 2004

MILANI, M; SEVERINO, L. S. (Ed.). Cultivo da mamona. 2. ed. Campina Grande: Embrapa Algodão,
2006. (Sistemas de Produção, 4). Disponível em:
<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mamona/CultivodaMamona_2ed/index.htm
l>. Acesso em: 22 fev. 2010

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Tabela 1: Resumo da análise de variância agrupada, considerando a avaliação de dois ensaios de porte médio de mamona, tendo como testemunhas comuns: CNPAM 2001-63, SM5
Pernambucana, BRS Nordestina e BRS Paraguaçu. Ano agrícola de 2009, Irecê, BA.
Quadrado Médio

Fonte de variação gl Numero de


Altura de caule Altura de Numero de Comprimento de Diâmetro de Peso de 100 Produtividade
cápsulas por
(cm) planta (cm) cachos cacho caule sementes (g) (kg/ha)
cacho

Blocos 8 1792,44 8300,63 16,91 39,48 47,15 118,15 21,78 820674,58

Experimento 1 4535,76** 473,02ns 57,07** 867,88** 255,09** 34,87* 46,94ns 25671,11ns

Tratamento ajustado 13 2077,40** 1883,05** 15,28** 196,31** 197,62** 28,91** 499,16** 1081948,23**

Resíduo 67 175,56 499,14 2,57 19,50 13,10 7,12 13,82 233696,94

Média geral 93,64 152,61 4,59 27,23 26,15 27,06 68,57 1537,00

Média genótipos 88,01 147,88 4,81 27,43 26,11 27,17 66,56 1508,10

Média testemunha 100,68 158,53 4,33 26,99 26,20 26,93 71,08 1573,13

CV (%) 14,15 12,86 34,88 16,21 13,84 9,86 5,42 31,45


ns Não significativo (P<0,05); Significativo (P<0,05) e significativo (P<0,01) pelo teste F

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AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE PINHÃO MANSO EM DIFERENTES SISTEMAS DE CONDUÇÃO

Bruno Galvêas Laviola1; Daniel Medeiros2; Julio Cesar Marana3


1Pesquisador, Embrapa Agroenergia-DF, Email: bruno.laviola@embrapa.br; Bolsista, 2Embrapa Agroenergia-DF;
3Assistente, Embrapa Agroenergia-DF

RESUMO – Objetivou-se com este trabalho avaliar genótipos de pinhão-manso em diferentes sistemas
de cultivo. Para isso foi implantado um ensaio com três genótipos de pinhão-manso submetidos a três
sistemas de condução (livre crescimento, poda no viveiro e poda aos 60 dias após o plantio). No ensaio
foi adotado um esquema fatorial 3 x 3, em delineamento em blocos ao acaso, com 4 repetições. As
parcelas úteis foram constituídas por 4 plantas centrais em linha implantadas no espaçamento de 4 x 2
m. Aos 120 dias após o plantio realizaram-se as avaliações de altura de plantas (m) e número total de
ramos (NTR). Verificou-se pela avaliação da altura de plantas que houve diferença significativa entre os
acessos apenas no tratamento em que se utilizou a poda no viveiro. Em relação à altura de plantas nos
diferentes sistemas de cultivo, verificou-se que a poda aos 60 dias após o plantio conferiu maior altura
inicial de plantas. O NTR aumentou com poda aos 60 dias após o plantio, com exceção para o genótipo
2. Concluí-se que a poda de formação aos 60 dias após o plantio influenciou na altura e o número total
de ramos que formam a copa dos diferentes genótipos.

Palavras-chave – Jatropha curcas L.; poda; características; avaliação agronômica.

INTRODUÇÃO

O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), também conhecido em algumas regiões do país como
purgueira, mamoninha e pinhão branco, é pertencente à família das euforbiáceas, assim como a
mamona, a mandioca e a seringueira. O pinhão-manso caracteriza-se por ser um arbusto perene, de
crescimento rápido, caducifólio e que pode atingir mais de 5 m de altura. O teor de óleo nos grãos varia
entre 33 e 38 % (DIAS et al., 2007; SATURNINO et al,. 2005) e apresenta potencial de rendimento
superior a 1.400 kg de óleo por ha (DRUMOND et al., 2009).

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A oleaginosa é uma das espécies potenciais para produção de óleo para atender ao Programa
Nacional de Produção e Uso de Biodiesel. A cultura vem sendo implantada e difundida em diversas
regiões do Brasil. No entanto, a espécie não está domesticada, sendo necessário o desenvolvimento
de pesquisas para viabilizar o uso desta matéria prima (LAVIOLA et al.,2009). Ações como coleta,
caracterização, seleção e avaliação de genótipos de pinhão manso são necessárias ao
desenvolvimento de cultivares adaptadas ás diferentes condições edafoclimáticas das regiões
potencialmente produtoras. Algumas questões em relação à condução das plantas ainda não estão
definidas, sendo necessário realizar pesquisas para dar melhor orientação ao melhoramento e à
avaliação dos genótipos promissores.

O sistema de condução adotado para cultivo de diversas espécies perenes contribui de forma
significativa para expressar o maior potencial das mesmas. A poda de formação, na maioria dos casos,
aumenta o número de ramos, resulta na uniformização e na melhora da arquitetura das plantas, e, em
consequência, eleva o rendimento de grãos. O pinhão-manso possui desenvolvimento tipo cimeira,
com crescimento exponencial, sendo que cada ramo culmina numa inflorescência que dá origem a dois
a três novos ramos. Dessa forma, quanto maior o número de ramos basais, maior o número de
inflorescências nos módulos de crescimento. (SATURNINO et al., 2005).

O objetivo deste estudo foi avaliar a influencia de sistemas de condução no crescimento


vegetativo de três genótipos de pinhão-manso.

METODOLOGIA

O experimento foi implantado em área experimental da Embrapa Cerrados, Planaltina-DF. Para


o estudo foram usados três genótipos de pinhão-manso submetidos a três sistemas de condução. Os
genótipos foram selecionados no banco de germoplasma de acordo com suas características (Tabela
1). Os sistemas de condução adotados foram: livre crescimento, poda no viveiro e poda aos 60 dias
após o plantio. Ambas as podas foram realizadas com a retirada do meristema apical, prática que teve
como objetivo quebrar a dominância apical e favorecer as ramificações axilares.

As sementes dos genótipos de pinhão-manso foram germinadas diretamente em tubetes de


280 cm3 preenchidos com substrato comercial acrescido de superfosfato simples na dose de 5 kg/m 3.
Decorridos 60 dias após a semeadura, na primeira quinzena de novembro/2009, o experimento foi
implantado em campo no espaçamento de 4 x 2 m.

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Os tratamentos foram distribuídos em um esquema fatorial 3 x 3, em delineamento em blocos


ao acaso e com 4 repetições. As parcelas foram constituídas por 6 plantas dispostas em linha, sendo
as 4 plantas centrais consideradas como parcelas úteis.

Aos 120 dias após o plantio iniciaram-se as avaliações sendo medida a altura de plantas (m) e
número de ramificações basais. Na contagem de ramos foram consideradas as ramificações naturais e
as provocadas pelos tipos de podas. Os dados foram submetidos à análise de variância a 5% de
probabilidade e as médias comparadas pelo teste Tukey, também, a 5 % de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apresentados são informações preliminares e fazem parte do cronograma de


avaliação do ensaio. Verificou-se pela avaliação da altura de plantas que houve diferença significativa
entre os acessos apenas no tratamento em que utilizou a poda no viveiro. Em relação à altura de
plantas nos diferentes sistemas de cultivo, verificou-se que a poda aos 60 dias após o plantio conferiu
maior altura inicial de plantas (Tabela 2).

O número total de ramos (NTR) aumentou com poda aos 60 dias após o plantio, com exceção
do genótipo 2, como pode ser visto na Tabela 3 O NRT é um dos componentes de produção mais
interessantes para aumentar o rendimento. O pinhão-manso produz inflorescências em gemas
terminais de ramos crescidos no ano corrente, sendo a produção de frutos dependente de maior
número de ramos (SATURNINO et al., 2005). De modo geral, é uma característica que sofre uma alta
modulação ambiental, sendo influenciada por vários fatores como o tempo de produção de mudas,
época de plantio, adubação no plantio e de cobertura, compactação do solo, competição com plantas
invasoras, déficit hídrico, ocorrência de doenças, entre outros. Devido a isso, tende a apresentar um
alto coeficiente de variação (CV) experimental, que é uma medida de dispersão dos dados em torno da
média. LAVIOLA et al., (2009) avaliando características vegetativas em 175 acessos de pinhão-manso
verificaram que o número de ramos apresentou CV de 32,78 %, sendo esse o maior valor observados
entre as variáveis de crescimento vegetativo. Neste experimento, verificou-se que a poda de formação
aos 60 dias após o plantio reduziu o CV experimental de 30,2 % (livre crescimento) para 13,3 %
quando se adotou a poda após 60 dias de plantio. Embora estes sejam resultados preliminares,
verifica-se que a poda de formação é uma prática de manejo interessante no sentido de diminuir a
influência ambiental na expressão da característica NTR. Além disso, a prática pode aumentar a
uniformidade em plantios comerciais e conferir maior produtividade de grãos.

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CONCLUSÃO

A poda de formação aos 60 dias após o plantio influenciou na altura de plantas. Comparando
os genótipos, houve diferença entre estes para altura de plantas apenas no tratamento em que utilizou
a poda no viveiro.

Os genótipos G1 e G3 apresentaram aumento no número de ramos quando se adotou a poda


de formação aos 60 dias após o plantio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIAS, L.A.S. LEME, L.P.; LAVIOLA, B.G.; PALLINI FILHO, A.; PEREIRA, O.L.; CARVALHO, M.;
MANFIO, C.E.; SANTOS, A.S.; SOUSA, L.C.A.; OLIVEIRA, T.S.; DIAS, D.C.F.S. Cultivo de Pinhão
Manso (Jatropha curcas L.) para produção de óleo combustível. 1. ed. Viçosa: , 2007. v. 1. 40 p.

DRUMOND, M.A.; SANTOS, C.A.F.; OLIVEIRA, V.R.; ANJOS, J.B.; EVANGELISTA, M.R.V.
Desempenho agronômico de genótipos de pinhão-manso irrigado no Semi-árido pernambucano aos 12
e 24 meses de idade. In: I Congresso Brasileiro de Pesquisa em Pinhão-manso, 2009, Brasília. Anais...
Brasília: F&B Comunicações e Eventos, 2009.

LAVIOLA, B.G.; BHERING, L.L. ; ALBRECHT, J.C.; MARQUES, S.S.; MARANA, J.C. Caracterização
morfoagronômica do banco de germoplasma de pinhão manso: resultados do 1º ano de avaliação. In: I
Congresso Brasileiro de Pesquisas em Pinhão Manso, 2009, Brasília. Anais... Brasília: F&B
Comunicações e Eventos, 2009.

SATURNINO , H . M. ; PACHECO , D. D. ; KAKIDA , J. ; TOMINAGA , N . ; GONÇALVES , N. P.


Cultura do pinhão – manso ( Jatrofa curcas L. ). Informe agropecuário, Belo Horizonte , v. 26 , n. 229 ,
p. 44 – 78 , 2005.

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Tabela 1. Características dos genótipos submetidos aos diferentes sistemas de condução.


Genótipos Produção de grãos Vigor Toxidez Tolerância a Oídio

Genótipo 1 média médio tóxico suscetível

Genótipo 2 baixa baixo não-tóxico suscetível

Genótipo 3 baixa alto tóxico tolerante

Tabela 2. Altura de plantas (metros) de genótipos de pinhão-manso submetidos a diferentes sistemas de condução.
Sistema de Condução G1 G2 G3 CVc

Livre Crescimento 0,87 aB 0,82 aB 0,83 aB 7,1

Poda no viveiro 1,12 aA 0,86 bB 0,85 bB 12,8

Poda aos 60 dias após o plantio 1,15 aA 1,06 aA 1,02 aA 10,5

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na horizontal e maiúscula na vertical não diferem estatisticamente entre si a
5% de probabilidade pelo teste de Duncan.

Tabela 3. Número Total de Ramos (NTR) de genótipos de pinhão-manso submetidos a diferentes sistemas de condução.
Sistema de Condução G1 G2 G3 CVc

Livre Crescimento 1,18 cB 2,12 bA 3,18 aB 30,2

Poda no viveiro 1,94 bB 2,75 abA 3,37 aB 29,7

Poda aos 60 dias após o plantio 3,00 bA 2,56 bA 5,31 aA 13,3

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na horizontal e maiúscula na vertical não diferem estatisticamente entre si a
5% de probabilidade pelo teste de Duncan.

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AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE MAMONEIRA NO MUNICÍPIO DE NOSSA SENHORA DAS


DORES/SE

Francisco Elias Ribeiro1; Samuel Silva da Mata1; Milena Mascarenhas de Jesus Ribeiro2; Máira Milani3
1Pesquisador Embrapa Tabuleiros Costeiros, elias@cpatc.embrapa.br; 2Estagiária Embrapa Tabuleiros Costeiros;
3Pesquisadora Embrapa Algodão

RESUMO – A falta de cultivares adaptadas às diversas condições agroecológicas do Brasil tem


limitado a expansão da cultura da mamona nas diversas regiões. Este trabalho visou avaliar o
comportamento de genótipos de mamona na região do agreste sergipano. Os materiais genéticos
foram avaliados no Campo Experimental ―Jorge do Prado Sobral‖, município de Nossa Senhora das
Dores-SE. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com 11 tratamentos e quatro
repetições. Os materiais são de porte médio e o espaçamento utilizado foi 2 m X 1 m, com parcelas
úteis compostas de dez plantas, em fileira única e uma planta por cova. Avaliaram-se o período de
floração, a porcentagem de cachos com mofo-cinzento, altura do caule, comprimento de racemos e
peso de bagas. Dos cinco caracteres avaliados, floração, porcentagem de cachos com mofo-cinzento,
altura do caule e número de racemos apresentaram diferenças significativas entre os genótipos
(P<0,01). A produtividade média de bagas foi de 984,64 Kg/ha. A linhagem CNPAM 2001-63 foi a mais
precoce e apresentou maior rendimento, embora não diferindo estatisticamente de outros tratamentos.
Palavras-chave – Mamona, Ricinus communis L., linhagens, variedades.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma espécie xerófila e heliófila, com origem provável na
Ásia, explorada comercialmente entre as latitudes 40°N e 40°S, foi introduzida no Brasil pelos
portugueses e é uma oleaginosa de clima tropical bem adaptada às condições do Nordeste
(BIODIESELBR, 2010). A área cultivada com mamona no Brasil era de 163.850 ha no ano de 2007
(IBGE, 2008), porém as projeções de aumento de área plantada não se confirmaram e a área colhida
em 2008 foi de 156.412 ha (FAOSTAT, 2010).

Embora a seja de grande importância econômica para o País, o seu cultivo, na grande maioria
é feito com sementes dos próprios produtores, o que acarreta alta heterogeneidade e grande
diversidade de tipos locais. Em virtude da utilização de sementes não selecionadas, ocorre baixa
produtividade, alta incidência de pragas e características agronômicas indesejáveis (FREIRE et al.,

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2007). Além das dificuldades comerciais, a falta de materiais genéticos mais adaptados às diversas
condições agroecológicas tem dificultado o incremento dessa cultura no Brasil.

O programa de melhoramento genético busca a obtenção de genótipos de mamoneira mais


produtivos, precoces, com características indeiscentes e semideiscentes, de porte médio e baixo,
adaptados à colheita mecânica, com alto teor de óleo e resistente ou tolerante às principais pragas e
doenças para tornar disponível aos produtores (FREIRE et al., 2007).

Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de genótipos de mamona nas
condições do município de Nossa Senhora das Dores, região do agreste sergipano.

METODOLOGIA

O experimento foi instalado no Campo Experimental da Embrapa Tabuleiros Costeiros ―Jorge


do Prado Sobral‖, município de Nossa Senhora das Dores-SE, localizado na região do agreste
sergipano (Latitude: 10°29‘30‖ S, Longitude: 37°11‖36‖ W e Altitude: 204 m). O clima da região é do
tipo As (tropical com estação seca de verão), com precipitação média anual de 1.050 mm e
temperatura média de 24,2°C.

O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com 11 tratamentos: oito linhagens -


CNPAM 2001-77, CNPAM 2001-212, CNPAM 2001-70, CNPAM 2001-9, CNPAM 2001-5, CNPAM
2001-16, CNPAM 2001-63, CNPAM 93-168 e três variedades: BRS Nordestina, BRS Paraguaçu e
SM5-PERNAMBUCANA, com quatro repetições. Os materiais são de porte médio e o espaçamento
utilizado foi 2 m X 1 m, com dez plantas úteis por parcela, dispostas em fileira única e com uma planta
por cova após o desbaste. O experimento foi instalado em junho de 2008, em Latossolo Amarelo
Coeso.

Os caracteres avaliados foram: início da floração (dias), porcentagem de cachos infestados


pelo mofo-cinzento (%), altura do caule (cm), comprimento médio de racemos/parte útil - (cm) e peso
de bagas (kg/ha). A altura do caule corresponde a distância do solo à altura de inserção do primeiro
racemo. A porcentagem de cachos atacados pelo mofo-cinzento corresponde ao percentual de cachos
que apresentava mofo em relação ao número total de cachos. Os dados obtidos foram submetidos à
análise de variância (ANAVA) com base nas médias dos tratamentos (Gomes, 1985), os quais foram
comparados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base no resumo da ANAVA (Tabela 1), observa-se que houve diferença significativa entre
tratamentos para os caracteres floração (dias), altura de caule (cm), porcentagem de mofo-cinzento nos
cachoss (%) e comprimento de racemos (cm), já para peso de bagas (kg/ha), não houve diferença
significativa pelo teste F a 5% de probabilidade.

De acordo com os valores médios (Tabela 2), observa-se que o período de floração foi em
média de 77,4 dias, variando de 71a 81 dias. A linhagem CNPAM 2001-63 (71 dias) foi a mais precoce
e a CNPAM 2001-9 (81 dias) a mais tardia, embora não diferindo estatisticamente de outros
tratamentos. A altura de caule, que corresponde a distância do solo à inserção do primeiro racemo, foi
em média de 67,7 cm, e variou de 54,42 cm a 73,43 cm. A linhagem CNPAM 93-168 foi a de menor
altura (54,42 cm) e diferiu estatisticamente das linhagens CNPAM 2001-9 (75,46 cm) e CNPAM 2001-
77 (73,43 cm), embora não diferindo estatisticamente de outros genótipos. Em relação à porcentagem
de cachos com mofo-cinzento, se destacou a linhagem CNPAM 93-168, com aproximadamente 30% de
cachos infestados e o pior desempenho foi da linhagem CNPAM 2001-212, com cerca de 70% de
mofo-cinzento nos cachos, embora não diferindo estatisticamente de outros genótipos. A média geral
de infestação foi de 56,55%.

Em relação ao comprimento de racemo, que corresponde a parte útil, os valores variaram de


13,70 cm a 22,23 cm, com média geral de 18,19 cm. Os genótipos CNPAM 2001-212 (13,70 cm),
SM5-Pernambucana (14,80 cm) e BRS Paraguaçu (15,80) foram os que apresentaram menores
comprimentos de racemos quando comparados com as linhagens CNPAM 2001-5 (22,23 cm),
CNPAM 2001-16 (22,17 cm), CNPAM 93-168 (16,60 cm), no entanto, não diferiram estatisticamente
de outros tratamentos. A produtividade média de bagas foi de 984,64 Kg/ha, com valores variando
entre 608,50 Kg/ha (CNPAM 93-168) a 1.305,00 Kg/ha (CNPAM 2001-63). Em relação a essa
variável, não houve diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 2).

CONCLUSÃO

Há diferença significativa entre genótipos para os caracteres floração, porcentagem de mofo-


cinzento, altura de caule e comprimento médio de racemos;

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A linhagem CNPAM 2001-63 é a mais precoce e apresenta maior rendimento de bagas


enquanto a CNPAM 2001-9 é a mais tardia e apresenta maior altura de caule, embora não diferindo
estatisticamente de outros tratamentos;

A linhagem CNPAM 93-168 mostra-se como mais tolerante ao mofo-cinzento, pois apresenta a
menor porcentagem de cachos infestados (30%);

Algumas linhagens apresentam-se com potencial para a região, pois atingiu rendimento de
bagas acima de 1.100 Kg/ha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIODIESELBR, 2010. Disponível em: http://www.biodieselbr.com/plantas/mamona/especial.htm.


Acessado em: maio de 2010.

FAOSTAT, 2008. Disponível em:


http://faostat.fao.org/site/567/DesktopDefault.aspx?PageID=567#ancor. Acessado em maio de 2010.

FREIRE, E.C.; LIMA, F.A.C.; ANDRADE, F.P.; MILANI, M.; NÓBREGA, M.B.M. Melhoramento
genético. In: AZEVEDO, D.M.P.;BELTRÃO, N.E.M. (Ed.) O agronegócio da mamona no Brasil. 2ª
Ed.Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2007. 169-194.

GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. Livraria Nobel, 1985. 466p.

IBGE, 2008. Levantamento sistemático da produção. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso


em: agosto de 2008.

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Tabela 19 – Resumo da análise de variância dos caracteres floração (F), porcentagem de mofo-cinzento (PM), altura do
caule (AC), comprimento de racemos (CR) e peso de bagas (PB). Aracaju, SE. 2010.
QM
CARACTERES CV
Bloco Tratamento Resíduo
F (dias) 45,954330 28,158996* 12,288161 4,53

PM (%) 364,686948 574,441299 ** 134,188943 20,49

AC (cm) 229,819836 139,886129** 58,370323 11,28

CR (cm) 11,485455 35,790636** 5,141788 12,47


ns
PB (Kg/ha) 0,001365 0,001569 0,001131 12,07

ns e ** Não significativo e significativo a 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.

Tabela 2 – Valores médios dos caracteres floração (F), porcentagem de mofo-cinzento (PM), altura do caule (AC),
comprimento de racemos (CR) e peso de bagas (PB). Aracaju, SE. 2010.
CULTIVAR FLORAÇÃO PM AC CR PB
(dias) (%) (cm) (cm) (Kg/ha)
ab bc b abc a
CNPAM 2001-77 75,70 64,39 73,43 19,17 1012,75
ab c ab a a
CNPAM 2001-212 78,49 70,37 68,21 13,70 953,75
ab bc ab ab a
CNPAM 2001-70 77,49 60,08 68,03 22,03 1181,00
b bc b abc a
CNPAM 2001-9 81,13 64,89 75,46 17,15 966,50
ab bc ab c a
CNPAM 2001-5 78,29 66,34 67,66 22,23 1138,25
ab abc ab bc a
CNPAM 2001-16 76,61 57,15 70,28 22,17 1165,50
a ab ab abc a
CNPAM 2001-63 71,03 40,61 60,05 17,65 1305,00
ab a a b a
CNPAM 93-168 75,76 29,98 54,42 16,60 608,50
ab abc ab a a
SM5-PERNAMBUCANA 79,38 58,14 68,97 14,80 788,25
ab abc ab abc a
BRS NORDESTINA 78,81 50,64 71,25 18,80 913,00
ab bc ab a a
BRS PARAGUAÇU 78,74 59,41 67,00 15,80 798,50
Média Geral 77,40 56,55 67,70 18,19 984,64
CV (%) 4,53 20,49 11,28 12,47 34,95
DMS 8,62 28,48 18,79 5,58 846,13
Médias seguidas pela mesma letra, na vertical, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

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AVALIAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA PARA BAIXAS ALTITUDES NO


MARANHÃO

Hamilton Jesus Santos Almeida1; Carlos Marcelo da Silva Vasconcelos2; Alan Jorge Rodrigues
Marinho3; Rodrigo Santos Rocha4; Rômulo Diego dos Santos5; Reginaldo José Vieira Oliveira6; Rodrigo
Santos Rocha7; Rafael José Pinto de Carvalho8;
1UEMA - hamilton@cca.uema.br; 2cmvasconcelo@hotmail.com; 3UEMA - alanbrejodeareia@hotmail.com; 4UEMA-
rodrigorocga@hotmail.com; 5UEMA-romulodiego@gamil.com; 6UEMA-reginaldooliveira@yahoo.com.br ; 7UEMA-
rodrigorocha@hotmail.com; 8UEMA-rafaelpinto@hotmail.com

RESUMO: O presente trabalho levou em consideração os principais fatores limitantes à produção da


cultura , dos quais se evidenciou a precipitação anual variando entre 600 a 700 mm, temperatura média
entre 20 e 26 0 C, altitude entre 300 e 1.500 metros acima do nível do mar, declividade máxima de
15%. No entanto, os estudos têm com objetivo, avaliar e caracterizar os genótipos (HC-05-Areal e HC-
06-Lagoa) para baixa altitude no Maranhão, com precipritação na faixa de 1600 a 1.800mm. Os dados
oficiais, indicam que as sementes dos genótipos de mamona, apresentam 40% de óleo, mediante o
Laboratório de Combustíveis (LAC-UFPE/2008), apresentando uma produção média de 1.800 Kg/ha,
com espaçamento de 3,0 x 2,0m em sistema de consócio com feijão e milho.
Palavras Chaves: Genótipos, biodiesel, sementes, mamona. SãoLuisBio

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta pertencente à família das Euforbiáceas, a
mesma da mandioca, da seringueira e do pinhão manso. É originária provavelmente da África ou da
Índia, sendo atualmente cultivada em diversos países do mundo, sendo a Índia, a China e o Brasil,
nesta ordem, os maiores produtores mundiais. O principal produto da mamoneira é seu óleo, o qual
possui propriedades químicas peculiares que lhe fazem único na natureza: trata-se do ácido graxo
ricinoleico que tem larga predominância na composição do óleo o que lhe confere propriedades como
alta viscosidade, estabilidade física e química e solubilidade em álcool a baixa temperatura.

No Estado do Maranhão, embora possuindo áreas com aptidão ao cultivo, ainda não se
registram grandes plantios comerciais (AMORIM NETO et al., 2001). No período de 1990 a 2002 não
se registrou informações quanto à área plantada, produção de bagas e valor da produção da mamoeira
no Estado (IBGE, 2004). Apesar da participação ainda pequena do Estado no agronegócio da mamona

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na Região Nordeste, o governo do Estado do maranhão tem incentivado a cadeia produtiva voltada
para a produção de combustível renovável e ecológico, o biodiesel, extraído da mamoeira.

Em termos fisiológicos, o Estado do Maranhão apresenta duas regiões distintas que incluem a
planície litorânea e o planalto tabular. A planície litorânea é formada por baixas alagadiças, tabuleiros
e extensas praias, destacando-se as grandes formações de dunas e o litoral recortado. As demais
regiões compõem-se de planaltos, que formam as chapadas. A precipitação média anula é de 1.557
mm, apresentando desde cotas pluviométricas de 800 a 1.200 mm, nas regiões centrais e sul do
Estado, a cotas entre 2.400 e 2.800 mm, na região da Amazônia Maranhenses (MARANHÃO, 2002).

Há, portanto, necessidade da obtenção e distribuição de genótipos de mamoneira mais


produtivos, precoces, indeiscentes ou semideiscentes, de porte baixo e anão, adequados para a
colheita manual quando cultivados por pequenos agricultores familiares e para colheita mecânica
quando cultivados por produtores que dispõem de máquinas. Além dessas características, os
genótipos ainda devem apresentar alto teor de óleo e resistência às principais pragas e doenças que
ocorrem nas regiões produtoras do Brasil (FREIRE, LIMA; ANDRADE, 2001).

Desse modo, este trabalho teve como objetivo avaliar e caracterizar o comportamento de
genótipos de mamoneira quanto à produtividade de bagas e outras características agronômicas nas
condições de baixa altitude no Estado do Maranhão, Brasil.

METODOLOGIA

Os estudos foram realizados em áreas de baixas altitudes de maior ocorrência da espécie de


mamona do Estado Maranhão, na Região dos Lençóis/Munim, envolvendo os de Municípios de
Humberto de Campos, Primeira Cruz e Santo Amaro do Maranhão, localizados na Baixada Oriental
Maranhense, em solo classificado como Areias Quartzosas Areias Quartzosas Marinhas e Dunas,
situado a 05º 02‘ de latitude Sul, 42º 47‘ de longitude Oeste e 72 m de altitude. A temperatura máxima
do ar anual é de 33,1°C e mínima anual de 22,1 ºC (BRASIL, 1992).

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com três repetições. O espaçamento foi
de 2x1m, com uma planta por cova, após o desbaste, a parcela foi constituída por uma fileira de 10m.
O experimento foi plantado em 26 de abril de 2005.

A semeadura e demarcação das unidades, constarão de espaçamento de 2 x 1m utilizando 3


fileiras de feijão com 0,5 x 0,25m e girassol com 0,60 x 0,20m Nas áreas escolhidas, serão evitados

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locais com declividade acentuadas e cuidado de não escolher áreas passíveis de alagamento em
épocas chuvosas.

O plantio foi realizado, mediante cronograma abaixo, e após 15 dias do plantio da mamona
realizou-se o plantio do feijão e girassol, visando reduzir-se a competição interespecífica, entre as
plantas. Os tratos culturais basearam-se em capinas e coroamentos e observações com relação ao
aspecto fitossanitário, no cultivo da mamoneira e das espécies consorciadas.

A colheita da mamona foi realizada do primeiro até o terceiro ano, iniciando-se quando 2/3 dos
frutos estavam secos. A colheita será manual e parcelada obtendo-se uma secagem de modo
planejado apresentando um maior rendimento por hectare e evitando perdas na pós-colheita em
relação à secagem e armazenamento de toda cadeia produtiva da mamona.

As amostras de sementes para análise do teor de óleo por extração mecânica foram enviadas
para Recife/PE, mediante as normas de embalagens, para o Laboratório de Combustíveis (LAC-UFPE)
da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, A extração foi feita com n-Hexano, após destilação do
solvente, o teor de óleo das amostras de sementes de mamona in natura foi determinado, obtendo-se
rendimentos que variaram de 33,0% e 47,0% (m/m) nas sementes com casca. A variabilidade do teor
de óleo observada entre os diferentes tipos de amostras foi atribuída à variabilidade genética, aos
graus de maturação variados e aos diferentes estados de conservação dos frutos. Os óleos extraídos
das amostras apresentaram coloração amarelo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No Estado do Maranhão, o cultivo da mamona tem alcançado grande expansão, devido,


principalmente, a sua capacidade de adaptação a diferentes condições de solo e clima e ao uso
múltiplo do óleo extraído de suas sementes, que possui inúmeras aplicações. Dentre elas, destaca-se a
produção de óleo, visando a produção de biodiesel (ANDRADE JÚNIOR et. al., 2004).

Os resultados do teor de óleo apresentaram uma variabilidade substancial, variando entre 33%
e 47,0%, para o cálculo do rendimento em relação à massa das sementes maceradas com casca.
Diversos fatores podem ter contribuído para essa variabilidade, tais como: teor de umidade; teor de
casca, variabilidade genética nas amostras e estado de conservação dos frutos (STRAGEVITCH, et. al.
2008).

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CONCLUSÕES

Pelos critérios utilizados, em todas as regiões do Estado do Maranhão em que foram instaladas
os experimentos, mostraram aptos para o cultivo dos genótipos HC-05-Areal e HC-06-Lagoa, em
condições de sequeiro;

Os genótipos HC-05-Areal e HC-06-Lagoa, apresentam teor de óleo apresentou variabilidade


substancial variando entre 33% e 47,0%, para o cálculo do rendimento em relação à massa das
sementes maceradas com casca. Diversos fatores podem ter contribuído para essa variabilidade, tais
como: teor de umidade; teor de casca, variabilidade genética nas amostras e estado de conservação
dos frutos, considerado excelentes em comparação com os cultivar da Embrapa;

Os genótipos HC-05-Areal e HC-06-Lagoa, tiveram bons resultados, em sistema de consórcio


com feijão e girassol, aplicados para modelos de desenvolvimento sustentável para agricultura familiar
no Maranhão.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALMEIDA, H.J.S. Seminário SãoLuisBio, e a Inclusão Social, UEMABIO/REMABIO. São


Luis, 2008.

AMORIM NETO, M. da S.; ARAÚJO, A.E. de M. Clima e Solo. In:> AZEVEDO, D.M. de;
LIMA, E.F. (Ed). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília. Embrapa Algodão. 2001.
p. 63-73.

ANDRADE JÚNIOR, A.S.; BARROSO, A.H.C.B.; MELO, F. de B.; GOMES, A.A.N.; SILVA,
C.O. Zoneamento de Aptdões de Risco Climático para a Cultura da Mamona no Estado
do Maranhão. Teresina, Embrapa meio-Norte, 2004, 32 p.

AZEVEDO, D.M.P. de LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S. Recomendações técnicas para o


cultivo da mamona (Ricnnus communis, L) no Brasil. Campina Grande: Embrapa/CNPA,
1997. 52p.

BELTÃO, N.E.de M.; SILVA, L.C.; VASCOCELOS, O.L.; AZEVEDO, D.M.P. de LIMA, E.F.
(eds. tec.). O Agronegócio da mamona no Brasil. Brasília; Embrapa Informação
Tecnológica, 2001, p.37-61.
FREIRE, E. C.; LIMA, E. F.; ANDRADE, F. P. Melhoramento Genético. In: AZEVEDO, D. M.
P.; LIMA, E. F. O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica/ Campina Grande: Embrapa Algodão. 2001, P. 17-36.
HOLANDA, A. Biodiesel e Inclusão Social. Brasília, Câmara dos Deputados, 2004, 200p.
MELO, F. de B.; BELTRÃO, N. E. M.; SILVA, P. H. S. Cultivo da mamona (Ricinus
communis L. ) consorciada com feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) no semi-

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árido. Teresina,PI: Embrapa Meio-Norte,2003. 89 p. (Embrapa Meio-Norte. Documentos


74).
MELO, F. de B.; LILANI, M.; RIBEIRO, V.Q. Comportamento Produtivo de Genótipos de
Mamoneira em Baixa Altitude, Embrapa Meio-Norte, Anais do XXV Congresso Brasileiro
de Agronomia, Guaraparí, 2007.

Tabela 1. Teor de óleo das sementes de mamona HC-05-Areal e HC-06-Lagoa, 2008.

Massa das
Massa de Teor de Óleo Teor de Óleo
Tipo de Sementes Desvio
2 Óleo nas Médio nas
Sementes Maceradas Padrão
Extraído (g) Sementes Sementes
(g)

A1 20,03 20,04 7,3 7,7 36,4 38,4 37,4 1,4

A2 20,02 20,03 6,7 6,5 33,5 32,4 33,0 0,8

B1 20,0 20,0 8,5 9,1 42,5 45,5 44,0 2,1

B2 20,0 20,0 9,2 9,6 46,0 48,0 47,0 1,4


2 Massa usada no experimento

Figura 1: Unidade Experimental, observando o consórcio com feijão, produção e colheita na Fazenda Escola do
CCA/UEMA – 2008

Figura 2. Ilustra os óleos obtidos após a destilação. Os óleos extraídos a partir das sementes maceradas possuem
coloração amarelo.

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AVALIAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE GENÓTIPOS SUPERIORES POR MARCADOR


MOLECULAR, PARA OBTENÇÃO DE CULTIVAR DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas, L.)

Hamilton Jesus Santos Almeida1; Carlos Marcelo da Silva Vasconcelos2; Alan Jorge Rodrigues
Marinho3; Rodrigo Santos4; Rômulo Diego dos Santos5; Reginaldo José Vieira Oliveira6; Rodrigo
Santos Rocha7; Rafael José Pinto de Carvalho8
1UEMA – hamilton@cca.uema.br; 2cmvasconcelo@hotmail.com; 3UEMA - alanbrejodeareia@hotmail.com; 4Rocha-UEMA-
rodrigorocga@hotmail.com;– 5UEMA romulodiego@gamil.com;– 6UEMA reginaldooliveira@yahoo.com.br; 7UEMA
rodrigorocha@hotmail.com; 8EMA-rafaelpinto@hotmail.com

RESUMO: O pinhão encontra-se bastante disseminado no país, podendo representar opções


interessantes como fornecedor de grãos oleaginosos para fins energético. A espécie é pouco exigente
de tipo de solos, desenvolvendo-se em condições climáticas diversas, crescendo espontaneamente em
terrenos áridos e pedregosos e suportando longos períodos de estiagem. No Maranhão, a ocorrência
do pinhão aparece apenas de forma esporádica e dispersa, não se verificando a presença de
adensamentos da euforbiácea em nenhum a das áreas pesquisadas. O presente trabalho tem como
objetivo, coletar, avaliar, caracterizar e genótipos de pinhão manso por marcador molecular, para
obtenção da primeira variedade com base na uniformidade da maturação dos frutos, porte da planta,
aspectos fitossanitários e do ponto da colheita. Os acesso selecionados, já permitem indicar para
propagação de mudas clonadas, para formação de plantio organização, para produção de óleo
vegetal, para produção de biodiesel e para os trabalhos de melhoramento genético, através da seleção
dos genótipos superiores, por marcador molecular, para obtenção de cultivar de Pinhão manso.
PALAVRA-CHAVE: jardim clonal, acesso, prospecção e coleta de germoplasma, biodiesel, óleo
vegetal.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas, L.) é uma planta arbustiva, da Família Euforbiaceae;
Subfamília Crotonidae; Tribo Jatropheaea (KARL VON LINNE, 1953), possui mais 3.500 espécies,
agrupadas em 21 gêneros, é uma espécie diplóide com 2n = 22 cromossomos, pode atingir até 5m de
altura, com folha decídua, pecíolo grande e esverdeado, caule liso e cilíndrico, fruto carnudo tipo
cápsula trilocular, possuindo três sementes (SATURNINO, 2005), provavelmente originária da América,
com expansão nas regiões dos trópicos em algumas áreas temperadas. No Brasil é encontrado
vegetando de forma espontânea, em vários estados, sendo utilizado nas mais diferentes formas e

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usos: cercas-vivas ou próximo a residências, onde tem o valor paisagístico e estudado, por suas
propriedades químicas, medicinais e biocidas.

O desenvolvimento dos frutos é, geralmente, desuniforme e, o crescimento dos frutos tardios,


só começa após o a maturação dos frutos temporões. Este é o problema mais urgente para ser
resolvido pelo trabalho, no melhoramento genético do pinhão manso. Isto é importante, pois uma
produção uniforme torna mais viável a utilização para colheita mecanizada.

A caracterização de germoplasma, bem como as similaridades genéticas entre diferentes tipos,


pode auxiliar na identificação de genótipos promissores que podem ser realizados em programas de
melhoramento genético do pinhão manso. Uma ferramenta que tem auxiliado nesta identificação é o
uso de marcadores moleculares de DNA. Desta forma, constituem regiões do genoma possíveis de
serem detectadas um organismo cuja seqüência e função, na maioria das vezes, são desconhecidas
(GOSTIMSKY et al., 1999). Inúmeras técnicas têm usadas na detecção de variabilidade genética ou
polimorfismo genético em organismo.

Marcadores Moleculares têm sido utilizados em diferentes espécies de oleaginosas, inclusive


para o gênero Jatropha. Silva et al. (2007), estudaram a diversidade genética de 103 acessos de
Pinhão manso, sendo que marcadores RAPD permitiu, a caracterização dos indivíduos de diferentes
origens a fim de determinar a diversidade genética disponível, fornecendo assim, subsídios para os
programas de melhoramento genético da espécie. Em um estudo com 15 acessos de Pinhão manso,
a análise de RAPD permite diferenciar acessos de Jatropha cucas L. de acessos do gênero Jatropha
1584e. Com o uso das duas técnicas é possível a caracterização bioquímica e molecular dos acessos
do banco de germoplasma Flaga et al. (2008).

Deste modo, o presente trabalho tem como objetivos, selecionar dos genótipos superiores, por
marcador molecular, para o processo de auto fecundação e dos cruzamentos, nos métodos de
melhoramento genético proposto: seleção recorrente e por hibridação, para obtenção da variedade do
pinhão manso, baseado na uniformidade de maturação dos frutos, porte da planta, ponto da colheita e
dos aspectos fitossanitários, como uma cultura apta para a colheita mecanizada como uma forma de
apoiar e fortalecer os programas de biodiesel do Maranhão e do país.

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METODOLOGIA

Os trabalhos foram conduzidos na Fazenda Escola de São Luis/MA do CCA/UEMA, localizada


nas coordenadas geográficas ao S 02° 35‘ 24,0‖S e ao W 044° 12‘ 32,1‖, com 33m de altitude ao nível
do mar, apresentando temperatura média de 27°C, umidade Relativa do ar de 82% e com precipitação
pluviométrica entre 1600 a 2000 mm, com solos de areais quartzosas (LAGGEO, 2002).

A base dos trabalhos de melhoramento, para pinhão manso, será através de seleção de
genótipos portadores de características de agronômicas superiores de Banco de Germoplasma, de
Jardim Clonal e de em pomares comerciais a partir de avaliações fenotípicas e, posteriormente, a
multiplicação vegetativa e a avaliação desses genótipos em campos experimentais sob delineamentos,
visando obter valores fenotípicos mais próximos dos respectivos valores genotípicos e a diminuição das
variações devido a interações genótipo x ambiente.

Para quantificação do DNA, será utilizada a eletroforese, com o seguinte protocolo: em cada
amostra será distribuída 0,5 uL de DNA estoque + 5 L do corante azul de bromofenol, nas caneletas
previamente preparadas na cuba de eletroforese, com gel de agarose 1%, em TBE 1X. Após a
distribuição das amostras, as mesmas serão cobertas com dois litros de solução de TBE 1X (54 g de
Tris base, 27,5 g de ácido bórico e 20 mL de EDTA 0,5 M pH 8), para um litro de água deionizada,
adicionando-se 0,25 μg/μL de brometo de etídio.

Com base na análise estatística, será utilizado o programa Free Tree (PAVLICEK El.al., 1999),
que baseia na construção de árvore filogenética e em inúmeros softwars para taxonomia molecular,
direcionando aos diversos estágios da análise, incluindo programa para entrada automática,
construção de dendrograma e análise estatística de confiabilidade. O referido programa disponibiliza na
função de análise de Bootstrap ou de Jackknife, que utiliza estudos estatísticos para dar
sustentabilidade às bandas encontradas.

A utilização dos métodos de melhoramento mais adequados a determinada espécie depende


do conhecimento do sistema reprodutivo, pois os métodos de melhoramento são determinados pelo
sistema reprodutivo (natureza alógama, autógama ou mista). Ou seja, a endogamia e a panmixia
resulta em estrutura genéticas populacional muito diferentes. Entretanto, os métodos a serem aplicados
para o melhoramento genético da espécie e para criação da primeira variedade do pinhão mando é
através dos seguintes métodos, de seleção recorrente e hibridação.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dada a importância de coleta e conservação do material, na implantação de Jardim Clonal de


Pinhão manso, para garantir a variabilidade genética, para futuros trabalhos de melhoramento genético
da espécie, considerando que existem mais de 300 espécie do gênero Jatropha, torna necessários
identificar e selecionar os genótipos promissoras através da natureza do polimorfismo do RAPD
dependente dos tipos de iniciadores utilizados e seus produtos de amplificação. Quanto maior for esse
número, maiores serão as chances de se determinar polimorfismo e conseqüentemente os resultados
serão confiáveis.

A seleção de plantas matrizes superiores para produção de mudas, torna necessário, não só
obter boas produtividade, mas acelerar o processo de domesticação da espécie e conservação a
variabilidade genética para trabalhos de melhoramento genético, através de Banco de Germoplasma e
de Jardins Clonais, para atender os Programas do Estadual de Biodiesel-Probioma e São LuisBi.

CONCLUSÕES

A implantação de Jardim Clonal, possibilitou a seleção de 10 genótipos superiores de pinhão


manso, baseado na seleção de plantas matrizes superiores para produção de mudas clonadas, torna
necessário, não só obter boas produtividade, mas acelerar o processo de domesticação da espécie e
conservação da variabilidade genética para trabalhos de melhoramento genético para atender a
demanda dos Programas de Biodiesel do Estado do Maranhão-Probioma e o SãoLuisBio.

A criação da primeira variedade de pinhão manso, além de fortalecer os plantios organizados


de pinhão manso, não só no aspecto de produção/produtividade, mas na questão de colheita
mecânica, como uma forma de atender a produção organizada e planejada dos sistema de cultivo do
pinhão manso no Maranhão e no país.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALMEIDA. H.J.S. Formação de Jardim Clonal de Pinhão manso (Jatropha curcas, L) na Fazenda
Esccola de São Luis do CCA/UEMA. 5º CONGRESSO BRASILEIRO DE Pmatas Oleaginosas, ÓLEOA,
GORDURA E BIODIESEL, Lavras. 2008

BARROS, A.P.B. Vias de Propagação do Pinhão manso (Jatropha curcas L.). Instituto de Ciências
Biológicas, Universidade de Itaúna. Trevo Itaúna/Pará de Minas. II Congresso da Rede Brasileira de
Tecnologia de Biodiesel, Brasília. 2007

BASRA, A. S. Seed Quality Basic Mechanisms and Agricultural Implications. New York: Haworth Press,
1995. 389p.

BELTRÃO, N.E.M. Considerações gerais sobre o Pinhão manso (Jatropha curcas L.) e a necessidade
urgente de pesquisas, desenvolvimento e inovações tecnológicas para esta planta nas condições
brasileiras. Paraíba, 2006.

CRUZ, R. P.; MILACH, S. C. K. Análise de RAPD. In: MILACH, S. C. K. (Ed.). Marcadores moleculares
em plantas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1988. p.107-116.

GRATTAPAGLIA, D.; FERREIRA, M.E. Introdução ao Uso de Marcadores Moleculares em Análise


Genética. 3ª Edição. Brasília. Embrapa-Cernagem, 1998.

Figuras 1 - Jardim clonal de Pinhão manso, mostrando dessuniformidade de maturação de frutos de pinhão manso na
Fazenda Escola do CCA/UEMA em São Luis Maranhão, 2010.

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AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA QUALIDADE TECNOLÓGICA DO AMENDOIM PRODUZIDO EM


RORAIMA 1

Taís de Moraes Falleiro Suassuna2 ; Oscar Smiderle3 ; Rosemar Antoniassi4


2 Embrapa Algodão tais@cnpa.embrapa.br ; 3 Embrapa Roraima; 4 Embrapa Agroindústria de Alimentos

RESUMO – O elevado teor de óleo e o ciclo curto são fatores importantes visando a exploração da
cultura do amendoim para fins energéticos. A composição do óleo obtido a partir de cultivares e
linhagens com bom desempenho agronômico deve ser conhecida, especialmente em relação aos
ácidos oléico e linoléico. Foram avaliados 10 genótipos de amendoim nos anos de 2004 e 2005 no
campo experimental Serra da Prata, em Mucajai, Roraima. Amostras de 100 g de grãos de cada
tratamento foram enviadas ao Laboratório de Ácidos Graxos da Embrapa Agroindústria de Alimentos
para avaliação da composição de ácidos graxos por cromatografia a gás de alta resolução. Foram
detectados os ácidos palmítico (16:0), esteárico (18:0), oléico (18:1), linoléico (18:2), araquídico (20:0),
eicosenóico (20:1), behênico (22:0) e lignocérico (24:0). Houve pouca variação com relação à
composição de ácidos graxos entre os genótipos estudados. O teor de ácido oléico variou entre
41,48% e 45,63%, enquanto que o de ácido linoléico variou entre 30,6% e 36,08. Os ácidos oléico e
linoléico representam praticamente 80% da composição em ácidos graxos do óleo dos genótipos
analisados.
Palavras-chave – Arachis hypogaea L., ácidos graxos, biodiesel

INTRODUÇÃO

Historicamente, o Brasil foi um dos maiores produtores de óleo de amendoim e importante


produtor de amendoim em casca. O óleo, principal produto, e a torta, um subproduto utilizado na
composição da ração animal, eram destinados ao mercado interno e externo. A partir de 1970, a
produção de óleo de soja em grande quantidade e a redução do preço dos óleos de origem vegetal,
somados a contaminação por aflatoxinas na torta, causou a perda de nichos importantes de mercado
(Martins e Perez, 2006). Recentemente, investimentos em tecnologias como cultivares do tipo rasteiro,
mecanização da lavoura e modernização das estruturas de secagem e armazenamento dos grãos
resultaram em maiores produtividades e a retomada das exportações, tanto de grãos quanto de óleo
(MARTINS e PEREZ, 2006, MARTINS, 2010).

1 Embrapa

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O teor de óleo nos grãos de amendoim varia entre 44 a 56% em diferentes genótipos (Ahmed e
Young, 1982), podendo variar ainda mais em relação à composição de ácidos graxos. Considerando as
propriedades combustíveis que o biodiesel deverá apresentar, o óleo de amendoim é um dos mais
indicados para esta finalidade (KNOTHE, 2005), uma vez que os ácidos oléico (O) e linoléico (L)
constituem 80% dos ácidos graxos presentes, conferindo maior estabilidade do biocombustível puro e
de suas misturas, além de melhorar a combustão em motores de ciclo diesel.

O teor de óleo nos grãos e o ciclo relativamente curto da cultura do amendoim favorecem a sua
exploração para fins energéticos. Para viabilizar a produção de biodiesel utilizando, entre outros óleos,
o de amendoim, é necessário conhecer a composição em ácidos graxos das cultivares e linhagens com
bom desempenho agronômico, visando selecionar as que apresentem proporção adequada de ácidos
oléico e linoléico. Outro aspecto importante é quanto à adaptação dos diferentes genótipos aos
sistemas de produção de diferentes regiões, como a região Norte do Brasil.

Este trabalho teve o objetivo de avaliar a composição de ácidos graxos do óleo de amendoim
produzido no estado de Roraima.

METODOLOGIA

Foram avaliados 10 genótipos de amendoim (cultivares: BR- 1; BRS 151 L-7; linhagens:
76AM; 166AM; 179AM; 178AM; 180AM; 184AM; Serrinha e 202AM) nos anos de 2004 e 2005 no
campo experimental Serra da Prata, pertencente à Embrapa Roraima, localizado no município de
Mucajai, Roraima. O espaçamento utilizado foi de 0,5 m x 0,2 m. As parcelas foram constituídas por
quatro linhas de 5 m de comprimento sendo, as duas linhas centrais, a parcela útil e as duas externas a
bordadura. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições.

O solo foi preparado com uma aração e duas gradagens. A adubação constou da aplicação em
sulcos de semeadura de 90 kg ha-1 de P2O5 e 80 kg ha-1 de K2O. O controle de plantas daninhas foi
realizado com a aplicação de herbicida alachlor em pré-emergência 2 kg ha-1 de i.a., e por uma capina
manual quando foi realizado o chegamento de terra junto às plantas, assim que surgiram as primeiras
flores. A colheita foi realizada manual e individualmente por parcela. A seguir, após a secagem a
sombra, foi realizada a separação das vagens, retirando-se as impurezas (torrões, folhas e ramos).

Amostras de 100 g de grãos de cada tratamento foram retiradas e enviadas ao Laboratório de


Ácidos Graxos da Embrapa Agroindústria de Alimentos para avaliação da composição de ácidos

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graxos, onde foi feita a extração do óleo. Os ésteres metílicos foram preparados de acordo com o
método Hartman e Lago, 1973, e analisados por cromatografia a gás de alta resolução, em aparelho
HP 5890, equipado com detector de ionização de chama operado a 280 oC. Utilizou-se coluna capilar
de sílica fundida de filme de cianopropilssiloxano (60 m x 0,32 mm x 0,25 µm), com programação de
temperatura de 150 a 200 oC e 1,3 oC/min. Foi injetado 1 µL de amostra em injetor aquecido a 250oC,
operado no modo de divisão de fluxo de 1:50. Realizou-se a identificação por comparação dos tempos
de retenção com os padrões da NUCHEK Inc. (Elysian, IL) e a quantificação foi realizada por
normalização interna.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A composição em ácidos graxos das amostras analisadas de óleo de amendoim foi


determinada para os ácidos palmítico (16:0), esteárico (18:0), oléico (18:1), linoléico (18:2), araquídico
(20:0), eicosenóico (20:1), behênico (22:0) e lignocérico (24:0), detectados pela análise química.

Conforme pode ser observado na Tabela 1, houve pouca variação com relação à composição
de ácidos graxos entre os genótipos estudados. O teor de ácido oléico variou entre 41,48% e 45,63%,
enquanto que o de ácido linoléico variou entre 30,6% e 36,08. Os ácidos oléico e linoléico em conjunto
correspondem a praticamente 80% da composição em ácidos graxos do óleo dos genótipos
analisados, variando de 75 a 78%.

Os resultados médios de produtividade de amendoim em casca nos anos de 2004 e 2005, para
a maioria destes genótipos, relatados por Smiderle et al. (2006), são superiores à média nacional e das
cultivares lançadas pela Embrapa Algodão. O bom desempenho agronômico e a qualidade tecnológica
das cultivares e linhagens avançadas de amendoim avaliadas em Roraima podem ser úteis ao
planejamento estratégico visando a exploração da cultura do amendoim para fins energéticos nesta
região do Brasil.

CONCLUSÃO

Houve pouca variação entre os genótipos estudados com relação à composição dos ácidos
graxos. O teor de ácido oléico variou entre 41,48% e 45,63%, enquanto que o de ácido linoléico variou
entre 30,6% e 36,08. Os ácidos oléico e linoléico em conjunto correspondem a praticamente 80% da
composição em ácidos graxos do óleo dos genótipos analisados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento. Dados estatísticos.


http://www.conab.gov.br/
HARTMAN, L., LAGO, R.C.A. Rapid preparation of fatty acid methyl esters. Laboratory Practice, v.22,
n.8, p. 175-176, 1973.

KNOTHE, G. Dependence of biodiesel fuel properties on the structure of fatty acid alkyl esters. Fuel
Processing Technology, v. 86, p. 1059-1070. 2005.

MARTINS, R.; PEREZ, L.H. Amendoim: inovação tecnológica e substituição das importações, Brasil,
1996-2005. Informações Econômicas. Instituto de Economia Agrícola, v. 36, p. 7-19, 2006.

MARTINS, R. Amendoim: safra 2008/09 e perspectiva para 2009/10. Instituto de Economia Agrícola.
Análises e Indicadores do Agronegócio, v. 5, n.01, 2010.

SMIDERLE, O.J.; MOURÃO JR. M., SUASSUNA, T.F. Produtividade e características agronômicas de
materiais de amendoim produzidos em Roraima. In: SIMPOSIO DO AGRONEGÓCIO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS: MATÉRIAS PRIMAS PARA BIODIESEL, 2. 2006. Resumos...Piracicaba:
ESALQ/USP/LPV, p.56-58. 2006.

SMIDERLE, O.J.; SUASSUNA, T.M.F.; SILVA, S.R.G. Produtividade de materiais de amendoim de


porte ereto cultivado em cerrado de Roraima. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS
OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 4, 2007, Varginha. Livro de Resumos. Lavras:
UFLA, 2007. p. 501-506.

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Tabela 1 – Composição do óleo de amendoim produzido no cerrado de Roraima

O+L
Tratamento C16:0 C16:1 C18:0 C18:1 C18:2 C20:0 C20:1 C22:0 C24:0
%

BR-1 11,8 3,62 43,13 34,28 1,58 0,9 2,96 1,46


77

BRS 151 L7 12,06 3,72 42,98 34,47 1,57 0,9 2,96 1,34 77

Serrinha 11,14 4,34 44,91 32,77 1,82 0,89 2,66 1,46 78

76 AM 12,14 0,08 4,8 43,61 31,76 1,87 0,77 3,38 1,27 75

166 AM 12,22 4,28 45,31 31,16 1,75 0,79 3,25 1,24 76

178 AM 12,29 3,53 43,56 33,78 1,52 0,88 3,09 1,36 77

179 AM 11,55 5,79 43,42 32,08 2,14 0,62 3,27 1,14 75

180 AM 12,22 3,86 41,48 36,08 1,58 0,8 2,87 1,11 77

184 AM 13,43 3,76 43,36 33,84 1,45 0,74 2,45 0,98 77

202 AM 11,95 4,24 45,63 30,6 1,8 0,82 3,6 1,37 76

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BANCO ATIVO DE GERMOPLASMA DE MAMONA DA EMPRESA BAIANA DE


DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA S/A

Ariosvaldo Novais Santiago2; José dos Prazeres Alcantara1; Vlademir Silva1; Valfredo Vilela Dourado3;
4Edson Alva Sousa Oliveira4; Juliana Firmino de Lima5 Clovis Pereira Peixoto5 Daniel Macedo Rios6

1MSc em Ciências Agrárias Estação Experimental de Itaberaba/EBDA; 2MSc em Genética Departamento de Educação

Campus XIII/UNEB /EBDA; 3Engº Agrº Assessor do Biodiesel da EBDA; 4Drº em Sementes Assessor do Biodiesel da EBDA;
5Drº em Fisiologia da Produção UFRB 6Estudante do curso de graduação em agronomia UNEB Barreiras.

arisan@sendnet.com.br

RESUMO – O Banco Ativo de Germoplasma de Mamona (Ricinus communis, L) da Empresa Baiana de


Desenvolvimento Agrícola S/A – EBDA é conduzido na Unidade de Execução de Pesquisa do
Paraguaçu. Criado em 1981, tem como objetivo a prospecção genética, coleta, introdução,
caracterização e preservação do germoplasma de mamona suprindo os programas de melhoramento
genético e fomento da lavoura da mamoneira com variabilidade genética da espécie. Até a presente
data foram introduzidos 927 acessos dos quais 580 já foram caracterizados e avaliados
morfologicamente e 227 foram incluídas na Coleção de Base do CENARGEN. Nos últimos anos não
foram realizadas novas coletas priorizando-se a reintroduções para renovação do poder germinativo
dos acessos já caracterizados e preservação dos genótipos superiores com fins a suprir as
necessidades de novos materiais genéticos para o sistema produtivo. No período novos descritores
passaram a ser utilizados no processo de caracterização e avaliação dos acessos, visando atender às
exigências do programa Biodiesel com isto fornecendo material genético que permita a identificação de
genótipos melhor adaptados para a agricultura empresarial. Desta forma pode-se viabilizar o uso de
fertilizante e métodos de irrigação no cultivo da mamona, permitindo um maior suprimento de matéria
prima para a produção de Biodiesel e da ricinoquímica.
Palavras-chave – Castor bear, ricinoquimica, biodiesel, recursos genéticos e mamona.

INTRODUÇÃO:

A região nordeste se destaca como maior produtora, de mamona do Brasil, historicamente o


cultivo desta oleaginosa vem sofrendo decréscimos desde já termos sido o maior produtor mundial até
os níveis críticos atuais, a pouco mais de duas décadas, com uma produção média (1987/88 a
1990/91) de 117.900 t, representando 82,25% da produção nacional. Nesta região. O estado da Bahia
é o maior produtor, tendo produzido neste mesmo período 80.025 t, o que representa 55.20% da
produção nacional. No período de 1990 a 1995 ocorreram decréscimos significativos na área colhida e
consequentemente na produção, passando de 204.453 ha para 60.000 ha e de 100.347 t para 33.738 t,

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respectivamente. Na safra 1996/97 ocorreu uma elevação na área colhida graças ao incentivo dado à
cultura pelo governo do Estado, através da SEAGRI/EBDA, Banco do Nordeste e Indústria. Entretanto,
apesar dos esforços, a produtividade obtida no período foi de 756 Kg/ha, considerada baixa, levando-
se em conta o potencial genético da planta e a melhoria das condições climáticas no período. Apesar
de ser uma cultura que apresenta grande importância econômica e social, vinha apresentando grande
decadência nos últimos anos causada por problemas de ordem conjuntural, estrutural, tecnológica e
climática.

Com relação ao problema conjuntural, a manipulação dos preços internacionais do produto


pêlos países industrializados do setor e ainda a concorrência internacional de outros países como a
Índia e a China, fazendo com que haja uma maior oferta do produto no mercado internacional, a um
menor custo, faz com que a mamona brasileira venha perdendo competitividade no mercado
internacional.

Em nível mercadológico nacional notadamente no Nordeste, ocorre forte intermediação na


comercialização do produto, que é produzido, na sua maior parte pêlos pequenos produtores; fazendo
com que estes recebam baixos preços pelo produto o que causa forte desestímulo à produção da
cultura. Com relação aos problemas de ordem tecnológica, vale citar a utilização pêlos produtores,
sementes oriundas de plantio comerciais com alto grau de mistura varietal e a persistência por explorar
o grande potencial da cultura na fase atípica do ano, o que, mesmo não proporcionando um retorno
financeiro adequado, presta-se como agente fixador do homem ao campo.

Com relação ao clima das regiões produtoras, há, no geral, deficiência hídrica. Tal fato
constitui-se em fator limitante para a obtenção de altas produtividades, mesmo em se tratando de
cultivo tolerante a seca.

A EBDA mantém um Banco Ativo de Germoplasma de mamona com 927 acessos, dos quais,
580 encontram-se caracterizados e preservados. Nos trabalhos de melhoramento com a cultura foram
produzidas 39 linhagens que apresentam potencial produtivo para o estado, sendo que 15 já se
encontram difundidas nas áreas de produção do estado.

O cultivo da mamoneira apresenta diversos problemas, destacando-se o elevado porte das


plantas, que dificulta a colheita, culminando com a quebra dos galhos e perda dos cachos
fisiologicamente imaturos; a deiscência dos frutos antes da secagem completa dos cachos com perdas
na colheita e dificuldades na instalação de outras culturas pela germinação dessas sementes nos anos
seguintes; má formação dos frutos, que acarreta um incompleto enchimento de parte das sementes,

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chegando a provocar queda significativa na produtividade, assim como, a inadequação dos genótipos
aos diferentes ambientes de cultivo.

Portanto, justifica os trabalhos voltados para a preservação do patrimônio genético da


mamoneira e prosseguir com as atividades de melhoramento da mamoneira que a EBDA vem
desenvolvendo ao longo do tempo, haja vista, que nesse período foram lançadas variedades
melhoradas com características superiores às citadas acima, e a EBDA mantém uma gama de
variedades em vias de lançamento. Entretanto, temos muito que trabalhar ainda, pois a demanda por
matéria prima para a produção de biodiesel e na ricinoquímica. Os desafios futuros são: lançar
cultivares altamente produtoras de óleo, aumentar consideravelmente a produção por unidade de área,
inserir a agricultura empresarial no programa Biodiesel e proporcionar o desenvolvimento social
sustentável para os produtores familiares de mamoneira do Nordeste.

METODOLOGIA

Os materiais genéticos definidos como acessos, são obtidos dentro do país através da
realização de prospecções e coletas realizadas pela equipe de condução e colaboradores, o
intercâmbio com outros países é realizado através do Centro Nacional de Recursos Genéticos-
CENARGEN. Os materiais assim obtidos obtêm dois registros sendo um de controle local do Banco
Ativo de Germoplasma de mamona recebendo o código BAG seguido do número de ordem da entrada
o outro registro é de controle do CENARGEN, recebendo o código BRA seguido de seis números que
determinam a ordem de entrada no centro. De cada acesso são retiradas uma sub-amostra com 48
sementes que são plantadas em linhas contendo 16 covas. O espaçamento utilizado é de 3,0m entre
linhas e 1,5m entre covas sendo plantadas três sementes por cova e após 20 a 25 dias da germinação
procede-se o desbaste ficando uma planta/cova.

Para uma melhor eficiência no controle local, é utilizada a cultivar Amarela de Irecê, cujas
características já são descritas e tem comportamento bastante estudado. No processo de
caracterização e avaliação, cada acesso é cultivado em uma linha constituindo-se blocos onde cada
dez acessos são situados entre duas linhas do controle local. São utilizadas oito plantas casualizadas,
excluindo-se aquelas das extremidades para evitar o efeito de bordadura, onde são aplicados os
descritores preestabelecidos no Manual de Preenchimento de Formulários do Banco Ativo de
Germoplasma/ EBDA. Os procedimentos que afetam a expressão botânica ou fisiológica das plantas
são realizados nas plantas não sorteadas, no processo não é utilizado o controle químico de pragas e

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doenças, para que não interfiram nos resultados, a determinação do teor de óleo das sementes é feita
por amostragem. No final das aferições são calculadas as médias dos descritores, elaborado o Banco
de Dados de Germoplasma que é encaminhado ao CENARGEN/EMBRAPA para inclusão no Banco de
Dados (COLDADOS) e posteriormente formulação do Catálogo de Germoplasma de Mamona. As
sementes dos acessos caracterizados são multiplicadas e 6000 são encaminhadas ao Centro Nacional
de recursos Genéticos e Biotecnologia/CENARGEN, formando a coleção de base (COLBASE) para
preservação em câmara fria com temperatura de -200C e 75% de germinação, o material preservado é
testado periodicamente e quando é observada a queda da porcentagem de germinação uma amostra é
remetida ao BAG para que seja revigorada e devolvida para a COLBASE. Com objetivo de fomentar as
atividades do Programa de Melhoramento da Mamoneira da EBDA e órgãos coirmãos, os acessos
trabalhados no Banco ativo de Germoplasma são avaliados segundo descritores que os qualificam
para cultivo como: teor de óleo acima de 45%, indeiscente no campo, com alto potencial de rendimento
e que apresentem resistência à praga e doença e os acessos assim qualificados, são mantidos na
Coleção de Trabalho na E.E. De Iraquara, onde são constantemente revigorados em quadras isoladas
com vegetação nativa e polinização aberta. Os principais descritores utilizados no BAG mamona são:
Número de dias para a emergência das plantas; Número de internódios da haste da planta;
Comprimento médio de internódios; Cor do caule; Presença de cera no caule; Diâmetro do caule;
Brotação lateral antes da floração; Tipo de folhas (lisa ou ondulada); Conformação das folhas
(espalmada ou afunilada); Comprimento dos cachos primários; Forma do cacho (esférico, cônico,
cilíndrico); Densidade do cacho (ralo, compacto); Tipo do fruto (com espinho, sem espinho);
Comprimento da parte com flores masculinas e femininas no cacho; presença e distribuição das flores
masculinas na inflorescência (inexistente, basal, distribuída entre as flores femininas); Número médio
de cachos por planta; Dias para o início da maturação dos frutos; Altura da planta; Deiscência dos
frutos no campo; Deiscência dos frutos no terreiro; Produtividade de sementes em Kg/há; Densidade
das sementes em g/l; Ciclo de cultivo em dias; Pigmentação das sementes; Peso de 100 sementes;
Porcentagem de óleo nas sementes; Reação a doenças como: Mofo cinzento, Bacteriose da folha,
Murcha de fusário, Mancha de alternaria, Mancha de cercóspora, Virose; reação a pragas como:
Lagarta rosca, Lagarta das folhas, Percevejo, Ácaro rajado, Cochonilha e Crisonelídeo.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Banco Ativo de Germoplasma de Mamona já introduziu 927 acessos, 580 foram


caracterizados e avaliados morfologicamente e 227 foram incluídos na Coleção de Base do
CENARGEN. Nos dois últimos anos não foram realizadas novas coletas dando prioridade a
reintroduções para renovação do poder germinativo dos acessos já caracterizados e preservação dos
genótipos superiores com fins a suprir as necessidades de novos materiais genéticos para o sistema
produtivo. No período novos descritores passaram a ser utilizados no processo de caracterização e
avaliação dos acessos, visando atender às exigências do programa Biodiesel com isto fornecendo
material genético que permita a identificação de genótipos melhor adaptados para a agricultura
empresarial. Desta forma pode-se viabilizar o uso de fertilizante e métodos de irrigação no cultivo da
mamona, permitindo um maior suprimento de matéria prima para a produção de Biodiesel e da
ricinoquímica.

Amostras de sementes bem como os dados da caracterização e avaliação estão disponíveis no


CENARGEN ou BAG mamona.

CONCLUSÕES

A criação do Banco Ativo de Germoplasma de Mamona e manutenção de suas atividades tem


permitido a preservação do patrimônio genético da mamoneira e o fornecimento de matéria prima para
as atividades de melhoramento e fomento da cadeia produtiva da mamoneira. Com a utilização de
óleos vegetais em adição ao óleo Diesel, o Banco Ativo de Germoplasma assume um papel
fundamental no processo de manutenção dos programas que visem oportunizar o aumento do cultivo
da oleaginosa, possibilitando um maior incremento na renda do pequeno produtor do semi-árido e
possibilitando o ingresso de grandes produtores que demandam por tecnologia mais afinada pela
utilização de insumos modernos no processo produtivo. Os resultados obtidos em anos sucessivos
permitem concluir que ocorre uma forte interação genótipo ambiente no comportamento da mamoneira,
verificando-se que os genótipos selecionados no BAG mamona têm comportamento diferenciado
quando submetido a diferentes condições edafoclimáticas do Estado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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proveniente da Índia. EPABA, Salvador, 6p. (EPABA. Pesquisa em Andamento, 23).

BELTRÃO, N. E. de M., CARDOSO, G. D., SEVERINO, L.S., GONDIM, T. M. de S. e PEREIRA. J. R.


P., Segmentos do agronegócio da mamona. II. a cadeia da mamona no Brasil, em especial a p&d,
considerando o estado da arte, demandas de pesquisa e ações para o desenvolvimento. In I
Congresso Brasileiro de Mamona, Campina Grande, 2004, 7p.

ANDRADE, R.V.; NETTO, D. A. M.; SOUZA, F.R.S.; LEITE, C. E. P. Recursos Genéticos de Milho:
BAG Milho. http://www.cnpms.embrapa.br/milho/ bagmilho.html

RIBEIRO, F.E.; SOARES, A.R.; RAMALHO, M.A.P. Divergência genética entre populações de
coqueiro-gigante-do-Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.34, p.1615-1622, 1999.

RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa: UFV, 2001. 301p.

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CARACTERÍSTICAS VEGETATIVAS E REPRODUTIVAS DE GENÓTIPOS DE GERGELIM NO


CARIRI CEARENSE

Ramon Araujo de Vasconcelos1; Tarcísio Marcos de Souza Gondim1; Nair Helena de Castro Arriel1
1 Embrapa Algodão; ramon@cnpa.embrapa.br

RESUMO – Objetivou-se com o presente trabalho avaliar genótipos de gergelim (Sesamum indicum L.),
no cariri cearense, visando identificar aqueles de melhores características agronômicas. O trabalho foi
conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão em Missão Velha, 2006. O delineamento
experimental foi disposto em blocos casualizados, com treze tratamentos (genótipos de gergelim) e
cinco repetições. Foram analisadas as características: precocidade, altura de planta e de inserção do
primeiro fruto, número de frutos por axila foliar e total e de ramificações por planta, ciclo vegetativo,
produtividade e teor de óleo. A semeadura foi feita em 25.02.2006, em condições de sequeiro,
seguindo-se o manejo e tratos culturais conforme recomendações técnicas. As características altura de
planta, número de frutos por planta e de ramos, influenciaram diretamente na produtividade dos
genótipos. Quanto maior a altura de inserção do primeiro fruto, mais tardio foi o genótipo quanto a sua
colheita. O genótipo EGSG 11 obteve maior quantidade de frutos (165 frutos/planta), que proporcionou
maior produtividade de sementes. Todos os genótipos obtiveram características favoráveis ao cultivo
no Cariri cearense, no entanto devem ser feitas novas avaliações para confirmar a estabilidade dos
materiais, quanto à produtividade e ao teor de óleo.
Palavras-chave: Sesamum indicum, produtividade, teor de óleo, genótipos

INTRODUÇÃO

O gergelim (Sesamum indicum L.), pertencente a família das Pedaliaceae, é uma das mais
antigas oleaginosas utilizadas pelo homem, tendo registro de cultivo há cerca de 4.300 A.C. (Beltrão,
2001a). Por volta do século 16 foi introduzido no Brasil pelos Portugueses.

De acordo com Freire (2001), o gergelim sempre foi visto como uma cultura secundária no
Brasil, porém com a demanda crescente do gergelim por indústrias no ramo alimentar, química e de
cosméticos, observa-se escassez do produto tanto no mercado interno, quanto no internacional.

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O gergelim é bastante produtivo em regiões com precipitações entre 400 a 650 mm, sendo
bastante tolerante a curtos períodos de estiagem o que torna uma cultura bastante indicada para as
regiões semi-áridas do nordeste brasileiro. (MILANI et al., 2005).

Segundo Barros et al. (2001), as sementes dessa oleaginosa, com cerca de 50% de óleo
podem ser utilizadas de formas diferentes, tanto na indústria alimentar como, pode ser utilizado na
fabricação de cosméticos, remédios, perfumes, lubrificantes, sabão, tintas, inseticidas, etc.

Portanto, com a finalidade de obter novas variedades que se adaptem ao semi-árido


nordestino, foram avaliados genótipos de gergelim quanto as suas características vegetativas e
reprodutivas, em sistema de sequeiro no Cariri Cearense.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no Campo Experimental de Missão Velha, pertencente a


Embrapa Algodão (CNPA) em Missão Velha, CE, de coordenadas geográficas de 7º 13‘ latitude S, 39º
10‘ W e altitude em torno de 360 m, O plantio foi feito no dia 25 de fevereiro de 2006 a precipitação
pluviométrica durante a condução do ensaio foi de 663,3 mm.

Foi utilizado delineamento estatístico em blocos casualizados com treze tratamentos


(Genótipos de gergelim pertencentes ao programa de melhoramento genético do gergelim, da Embrapa
Algodão) e cinco repetições, totalizando sessenta e cinco (65) unidades experimentais (parcelas),
medindo cada uma 5 m², sendo a área útil as duas linhas centrais. A semeadura foi realizada no
espaçamento de 1,m x 0,2 m, com duas plantas por cova. Os tratamentos foram: EGSG01, EGSG02,
EGSG03, EGSG04, EGSG05, EGSG06, EGSG07, EGSG08, EGSG09, EGSG10, EGSG11, G4-SBa,
G4-SBb.

Foi feita adubação com N-P-K (60-50-20), baseada em análise de solo. A colheita foi finalizada
no dia 20 de junho de 2006 e o beneficiamento 15 dias após a colheita.

Foram avaliadas, em cinco plantas da área útil, as características: altura de planta (m), de
inserção dos primeiros frutos, número de ramificações, dias até floração, dias até colheita, número de
frutos por planta, número de frutos por axila foliar, produtividade e teor de óleo. Após a coleta, os dados
foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott–Knott.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas Tabelas 1 e 2, observa-se que houve efeito significativo a 1% de probabilidade, pelo teste
F, para as características altura de planta (AP) e de inserção do primeiro fruto (AIPF), número de
ramificações (NR), dias até floração (DAF), dias até colheita (DAC), número de frutos por planta (NFP),
número de frutos por axila foliar (NFAF) e produtividade média (PM).

Observa-se, na Tabela 3, que os genótipos de gergelim se enquadram em dois grupos para


altura de planta, no primeiro grupo (a) as médias variaram de 190 a 201 cm, enquanto que o segundo
grupo (b) apresentou alturas de 163 a 183 cm. O genótipo EGSG11 apresentou média de altura de
planta, superior a 2,0 m que pode favorecer a produtividade. Neste sentido, Beltrão et al. (2001b)
afirmam que uma das principais características que influenciam diretamente na importância produtiva
da variedade é a altura da planta.

Na Tabela 3, observam-se dois grupos distintos em relação a altura de inserção do primeiro


fruto, um primeiro grupo com 10 genótipos teve média variando entre 65 cm (EPSG 9) e 77 cm (EPSG
6). No segundo grupo, representado pelos genótipos EGSG 01, EGSG 04 e EGSG 11, a AIPF foi de
aproximadamente 88,0 cm, 79,0 cm e 87,0 cm, respectivamente. Sugere-se que, quanto mais baixa for
a altura de inserção do primeiro fruto, mais precoce será esse genótipo.

Houve um agrupamento de genótipos gergelim representado pelo genótipos EGSG 05, EGSG
06, EGSG 08 e EGSG 10 que apresentou média de 3,0 ramos por planta. Em outro agrupamento,
representando pelos demais genótipos, verificou-se média 4,0 ramos por planta (Tabela 3). Segundo
Severino et al. (2002), ramos secundários e terciários quando produtivos, são responsáveis por boa
parte da produção da planta.

O genótipo EGSG 01, foi o mais tardio apresentando o início da floração cerca de 53 dias da
emergência até a floração. Os demais apresentaram-se mais precoces com floração iniciada dos 40
aos 46 dias da emergência (Tabela 3).

Em relação à colheita, sete genótipos de gergelim apresentaram-se mais tardios com médias
de 108 a 110 dias, enquanto que seis genótipos mostraram-se mais precoces com médias entre 100 e
106 dias. Os tratamentos obtiveram média de de 131,0 frutos por plantas, sendo o genótipo EGSG 11,
o de maior média (165 frutos por planta) (Tabela 4). O número de frutos está ligado diretamente à
produtividade da planta de gergelim, assim como a emissão de ramos produtivos (SEVERINO et al.,
2002).

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Na Tabela 4, observa-se que a maioria dos genótipos obtive média de 1,0 fruto por axilar foliar,
enquanto os genótipos EGSG 10 e EGSG 08, tiveram média de 1,5 e 1,7 frutos por axila,
respectivamente. De acordo com Arriel et al. (2001) genótipos que tem tendências a mais de um fruto
por axila, são frequentemente mais produtivos.

Para produtividade, os genótipos obtiveram média de aproximadamente 1300 kg ha-1, sendo o


genótipo EGSG 02 de menor média, 1014 kg ha-1 enquanto a maior média foi do genótipo EGSG 11,
com cerca de 1807kg ha-1.

O teor médio de óleo observado nos genótipos de gergelim foi de 52,72%. O menor resultado
foi 49,5% de óleo na semente do genótipo EGSG 02, enquanto o genótipo EGSG 10 obteve 56% de
óleo na semente (Tabela 4), cujo rendimento em óleo dos tratamentos seria em torno de 685 kg ha-1,
superior aos 390 kg ha-1 por ano citado por Sauer et al. (2006).

CONCLUSÃO

As características altura de planta, número de frutos por planta e ramos, influenciaram


diretamente na produtividade dos genótipos de gergelim. Quanto maior a altura de inserção do primeiro
fruto, mais tardio se tornou o ciclo do genótipo de gergelim. O teor médio de óleo dos genótipos de
gergelim foi de 685 kg ha-1. Todos os genótipos mostraram-se adequados às condições edafoclimaticas
da região do Cariri cearense, porém novos ensaios devem ser realizados para confirmação da
potencialidade da cultura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRIEL, Nair Helena Castro; FREIRE, Eleusio Curvelo; ANDRADE, Francisco Pereira de.
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de Tarso. Importância econômica e social. In: BELTRÃO, Napoleão Esberard de Macêdo; VIEIRA,
Dirceu Justiniano. O agronegócio do gergelim no Brasil. Embrapa Informação Tecnológica, 2001, p.
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BELTRÃO, Napoleão Esberard de Macêdo; Origem e história In BELTRÃO, Napoleão Esberard de


Macêdo; VIEIRA, Dirceu Justiniano. O agronegócio do gergelim no Brasil. Embrapa Informação
Tecnológica, 2001a. p. 17-20.

BELTRÃO, Napoleão Esberard de Macedo; SOUZA, José Gomes de; PEREIRA, José Rodrigues;
Fitologia In BELTRÃO, Napoleão Esberard de Macêdo; VIEIRA, Dirceu Justiniano. O agronegócio do
gergelim no Brasil. Embrapa Informação Tecnológica, 2001b, p. 37-57.

FREIRE, Eleusio Curvelo; In: BELTRÃO, Napoleão Esberard de Macêdo; VIEIRA, Dirceu Justiniano. O
agronegócio do gergelim no Brasil. Embrapa Informação Tecnológica, 2001, p.15.

MILANI, Máira; GONDIM, Tarcísio Marcos de Souza; COUTINHO, Dafne. Cultura do gergelim,
Circular Técnica 83. Embrapa Algodão, 2005

SAUER, Ildo Luís; QUEIROZ, Mozart Schmitt; MIRAGAYA, José Carlos Cameiro; MASCARENHAS,
Ricardo Campos; QUINTINO JÚNIOR, Anário Rocha. Energias renováveis: ações de perspectiva na
Petrobrás. Bahia análise & dados. v. 16, n. 1, p. 9-22, Salvador, 2006. Disponível em
<http://www.sei.ba.gov.br/publicacoes/publicacoes_sei/bahia_analise/analise_dados/pdf/energias_alter
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SEVERINO, Liv Soares; BELTRÃO, Napoleão Esberard de Macedo; CARDOSO, Gleibson Dionízio;
FARIAS, Virgíea de Araújo; LIMA, Celma Lidiane Diogo de.Análise do crescimento e fenologia do
gergelim cultivar CNPA G4. Revista Brasileira de oleaginosas e fibrosas, v.6, n.3, p. 599-608, 2002.

Tabela 1. Resumo da análise de variância da altura de planta (AP), altura de inserção do primeiro fruto (AIPF), número de
ramificações (NR), dias até floração (DAF) e dias até colheita (DAC), em função do genótipo de gergelim. Missão Velha, CE,
2006.
Quadrados Médios
Fonte de Variação GL
AP AIPF NR DAF DAC
Tratamento 12 865.9766** 277.8611** 1.4291** 74.2615** 44.7153**
Bloco 4 659.7975 135.6815 1.3492 51.1692 6.9461
Resíduo 48 194.7202 73.1675 0.5498 18.7358 16.1128

CV (%) 7.62 11.49 20.34 9.80 3.77


** - Significativo à 1% de probabilidade, pelo teste F.

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Tabela 2. Resumo da análise de variância do número de frutos por planta (NFP), e por axila foliar (NFAF) e produtividade
média (PM) em função do genótipo de gergelim. Missão Velha, CE, 2006.
Quadrados Médios
Fonte de Variação GL
NFP NFAF PM
Tratamento 12 1319.3647** 0.2317** 242880.1559**
Bloco 4 53.0898 0.0006 10730.0915
Resíduo 48 43.9715 0.0362 12868.8270

CV (%) 5.07 16.91 8.73


** - Significativo à 1% de probabilidade, pelo teste F.

Tabela 3. Médias das variáveis altura de planta (AP), altura de inserção do primeiro fruto (AIPF), número de ramificações
(NR), dias até floração (DAF), Dias até colheita (DAC), em função do genótipo de gergelim. Missão Velha, CE 2006.
Tratamento (Genótipos) Médias1/

N° Identificação Origem AP (cm) AIPF (cm) NR DAF DAC


1 EGSG01 ELAG 2001 90-27 197.00 a 88.16 a 4.20 a 52.80 a 109.40 a
2 EGSG02 ELAG 2001 90-29 175.80 b 67.20 b 3.60 a 38.40 c 104.00 b
3 EGSG03 ELAG 2001 90-53 179.28 b 72.56 b 3.64 a 42.40 c 102.40 b
4 EGSG04 ELAG 2001 90-66 198.44 a 79.48 a 3.64 a 47.00 b 108.80 a
5 EGSG05 ELAG 2001 90-71 183.04 b 71.84 b 2.48 b 46.40 b 110.00 a
6 EGSG06 ELAG 2001 90-82 197.16 a 77.08 b 3.40 b 41.80 c 108.20 a
7 EGSG07 ELAG 2001 90-116 183.64 b 76.64 b 4.44 a 44.40 b 108.20 a
8 EGSG08 ELAG 2001 90-178 177.12 b 64.80 b 3.12 b 47.40 b 108.60 a
9 EGSG09 ELAG 2001 93-19 163.48 b 64.60 b 3.88 a 41.20 c 105.00 b
10 EGSG10 ELAG 2001 93-93 190.44 a 74.96 b 3.08 b 44.60 b 105.40 b
11 EGSG11 ELAG 2001 93-103 201.08 a 87.28 a 4.08 a 46.40 b 109.20 a
12 G4-SB BRS 196-CNPA G4 170.88 b 69.64 b 4.12 a 41.00 c 106.00 b
13 G4-SB BRS 196-CNPA G4 162.20 b 73.56 b 3.72 a 40.40 c 100.40 b

Média 183043 74.44 3.64 44.16 1298.97


1/Médias seguidas da mesma letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de probabilidade, pelo
teste de Scott–Knott.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1599-1605.
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Tabela 4. Médias das variáveis número de frutos por planta (NFP), número de frutos por axila foliar (NFAF) e produtividade
em função do genótipo de gergelim. Missão Velha, CE 2006
Tratamento (Genótipos) Médias1/

Produtividade Teor de Óleo


N° Identificação Origem NFP NFAF
(kg ha-1) (%)2/

1 EGSG01 ELAG 2001 90-27 114.52 e 1.00 b 1183.22 c 54,50

2 EGSG02 ELAG 2001 90-29 143.56 b 1.16 b 1014.38 d 49,50

3 EGSG03 ELAG 2001 90-53 122.12 d 1.04 b 1345.60 c 53,20

4 EGSG04 ELAG 2001 90-66 127.24 d 1.20 b 1345.60 b 54,10

5 EGSG05 ELAG 2001 90-71 99.24 f 1.04 b 1524.78 b 52,50

6 EGSG06 ELAG 2001 90-82 141.40 b 1.00 b 1504.30 b 52,10

7 EGSG07 ELAG 2001 90-116 132.96 c 1.00 b 1186.40 c 52,00

8 EGSG08 ELAG 2001 90-178 145.60 b 1.68 a 1184.82 c 52,70

9 EGSG09 ELAG 2001 93-19 125.40 d 1.00 b 1075.98 d 51,60

10 EGSG10 ELAG 2001 93-93 125.40 d 1.48 a 1302.40 c 56,00

11 EGSG11 ELAG 2001 93-103 164.76 a 1.00 b 1807.22 a 50,60

12 G4-SB BRS 196-CNPA G4 136.72 c 1.04 b 1270.38 c 53,50

13 G4-SB BRS 196-CNPA G4 122.32 d 1.00 b 1081.60 d 53,00

Média 130.86 1.12 1298.97 52,72

1/ Médias seguidas da mesma letra na coluna, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de probabilidade, pelo
teste de Scott–Knott.
2/ Não foi realizada análise estatística para essa característica

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CARACTERIZAÇÃO BOTÂNICA DE ACESSOS DE PINHÃO MANSO DO BANCO DE


GERMOPLASMA DA EMBRAPA ALGODÃO

Gabriella C. L. Vasconcelos1, Nair Helena C. Arriel2; , Katty Anne A. L. Medeiros1, Otonilson S.


Medeiros1, José Iranildo Miranda de Melo1; Amanda Micheline A. Lucena3;
Maria Aline de Oliveira Freire3.
1 Universidade Estadual da Paraíba, vasconcelos.gleite@gmail.com, 2 Pesquisadora da Embrapa Algodão,
3 Bolsista Funarbe/CNPq

RESUMO – Para complementar a caracterização da diversidade do pinhão do banco de germoplasma,


estudos enfocando aspectos botânicos são necessários para que se possam determinar corretamente
aspectos morfológicos das plantas pertencentes a esta espécie. Diante disso, um estudo foi realizado
para caracterizar e analisar morfologicamente 57 plantas dos acessos de pinhão manso pertencentes
ao banco de germoplasma da Embrapa Algodão. Durante a avaliação sistemática as plantas
apresentavam-se com 28 meses pós-plantio e foram adotados descritores morfológicos para folhas,
caule e flores. Os acessos Petrolina e Columbia apresentaram características morfológicas similares e
obedecendo ao padrão característico da Jatropha curcas L. Quanto ao tipo de ramificação caulinar,
houve predominância do caule monopodial, 89,65% em plantas do acesso Columbia e 60,71% em
plantas do acesso Petrolina.
Palavras-chave – Jatropha curcas L., características morfológicas, ramificações, inflorescência.

INTRODUÇÃO

A família Euphorbiaceae compreende aproximadamente 290 gêneros e 7500 espécies


distribuídas por todo o mundo, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais (BARROSO et al.,
1991). Destes, cerca de 70 gêneros e 1000 espécies são encontradas no Brasil (SOUZA e LORENZI
2005), como o gênero Jatropha que apresenta uma das espécies mais conhecidas atualmente, J.
curcas L., é denominada popularmente como pinhão de purga, pinhão de cerca, pinhão manso, pinhão
do Paraguai, entre outros. O pinhão manso é uma planta perene, rústica, ainda não domesticada e que
se encontra em evidência devido ao teor de óleo encontrado em suas sementes, que varia de 33% a
36% (ALBUQUERQUE et al., 2008) podendo ser utilizado como matéria-prima para fabricação do
Biodiesel.

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Os trabalhos recentes da Embrapa algodão com a oleaginosa culminou com a formação do


banco de germoplasma de pinhão manso, banco este composto por materiais de diferentes
procedências, totalizando 191 acessos. Esses acessos vêm sendo estudados com intuito de
caracterizar e avaliar a diversidade do germoplasma disponível. Para complementar a caracterização
da diversidade, os estudos de aspectos botânicos são importantes para a determinação correta dos
aspectos morfológicos das plantas pertencentes a esta espécie. Diante disso, objetivou-se com esse
trabalho caracterizar e analisar morfologicamente 57 plantas dos acessos de pinhão manso
pertencentes ao banco de germoplasma da Embrapa Algodão.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado no banco de germoplasma de pinhão manso da Embrapa algodão


situado no município de Patos – PB. Este município apresenta clima quente e úmido com máxima de
37°C e mínima de 26°C e está localizado sobre as coordenadas 7°0‘37‖S e 37°20‘14‖W.

O banco de germoplasma possui um total de 191 acessos, no entanto, o estudo abrangeu 57


acessos de diferentes procedências (Petrolina e Columbia); o primeiro grupo de acessos possui 28
plantas e o, segundo 29 plantas mantidas sob irrigação por aspersão e espaçadas em 3 x 2m. No
momento da avaliação sistemática as plantas apresentavam-se com 28 meses pós-plantio.

O levantamento deu-se ―in locu‖ e iniciou-se com a coleta de peças foliares que foram
analisadas segundo critérios morfológicos descritos em Vidal e Vidal (2007), determinando-se filotaxia,
características do pecíolo e do limbo como formato da margem, nomenclatura foliar, padrões de
venação e consistência. O caule foi classificado quanto ao habitat, porte, tipo de ramificação,
consistência e quanto à forma e à presença ou não de adaptações.

As peças florais (cálice, corola, androceu e gineceu) foram coletadas e conservadas em álcool
absoluto a 70% e analisadas em laboratório com auxilio de microscópio estereoscópio. As flores foram
classificadas quanto a disposição das peças, inclusive no que se refere ao número de peças do
perianto, à homogeneidade do mesmo, quanto ao sexo onde foi observado o número de estames em
relação ao de pétalas, morfologia e tamanho relativo dos estames, quanto ao grau de soldadura, e
nesse caso, à adelfia, e ramificação do filete e quanto a posição em relação à corola e adnação ou não.
As anteras foram classificadas quanto à inserção do filete e quanto ao número de tecas. A
inflorescência foi caracterizada conforme a posição, número de flores por pedúnculo e quanto a

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prefloração. Os frutos foram submetidos a analise quanto à consistência do pericarpo, deiscência, ao


número de sementes e de tegumentos, além da presença do tegumento suplementar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos dois grupos de acessos avaliados (Petrolina e Columbia) as plantas apresentavam-se na


forma de vida arbustiva, com altura média de 1,64 m nos acessos do primeiro grupo e 1,90 m no
segundo grupo e caule de coloração verde cinéreo. Quanto ao hábitat o caule é do tipo aéreo, com
tronco ereto e cilíndrico, de consistência sublenhosa, não apresentando quaisquer tipos de
modificações caulinares.

Os caules, por meio das suas ramificações, têm o trabalho biológico mais bem executado, uma
vez que é distribuído pelos diferentes ramos. Na época da reprodução os apêndices laterais dos caules
dão origem às flores, que produziram frutos e sementes (Vidal e Vidal, 2007). Quanto à estrutura de
suas ramificações, os acessos Petrolina e Columbia apresentaram caule monopodial, simpodial e
dicasial (Figuras 1, 2 e 3, respectivamente). Houve a predominância do caule tipo monopodial que no
acesso Colúmbia representou 89,65% das plantas e no acesso Petrolina 60,71%. Nas plantas dos dois
acessos, o formato dicasial representou aproximadamente 10% das plantas e o tipo simpodial compôs
28,57% do acesso Petrolina e não foi constatado esse padrão de ramificação caulinar nas plantas do
acesso Columbia.

De forma geral, os acessos analisados apresentaram folhas jovens de limbo cordiforme,


margem discretamente ondulada e ápice lanceolado enquanto as folhas maduras apresentaram-se
palmatilobadas, com margem ondulada, base cordada e ápice agudo, caracterizando heterofilia
(Figuras 4 e 5 ). As folhas estudadas são do tipo simples, opacas de coloração verde e glabras,
contrapondo MELO et al. (2007) que descreve folhas com pilosidade na face adaxial. Quando jovens,
as folhas de pinhão manso dos acessos estudados apresentam coloração vinácea, indicando que
estão fotossinteticamente inativas.

As estipulas não foram verificadas nas folhas analisadas e o tamanho do seu pecíolo variou de
acordo com a disposição destas no caule, denotando-se que as folhas proximais relativas a base do
caule apresentaram pecíolos mais longos, provavelmente devido ao fototropismo positivo.

De acordo com Castro et al. (2003) a luz um dos principais fatores do ambiente físico, age de
forma isolada ou conjunta no controle do desenvolvimento das plantas, interferindo no crescimento por

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meio do processo fotossintético e na diferenciação durante a morfogênese. No presente estudo foi


observado que a filotaxia é alterna espiralada e o limbo apresenta superfície lisa na face adaxial e
áspera na abaxial; com textura subcoriácea. Suas nervuras são peltadas, com saliência esbranquiçada
na face abaxial, semelhante às características apontadas por Avelar et al. (2008), porém distintas da
descrição relatada por Melo et al. (2007) ao caracterizar morfologicamente acessos de Jatropha
curcas do banco ativo de germoplasma da Universidade Federal de Sergipe, os quais verificaram que
dos 15 acessos estudados todos possuíam nervura de coloração verde.

As inflorescências são terminais ratificando Avelar et al. (2008) ao afirmar que o pinhão manso
possui a arquitetura clássica das plantas da família Euphorbiaceae. Na inflorescência há pequenas
brácteas persistentes no fruto. São multifloras, compostas, do tipo cimosa, uníparas, do tipo dicásio
com prefloração valvar reduplicada e centrífuga. As flores são diclinas, com a feminina disposta em
posição central, circundada pelas masculinas de forma cíclica que se apresentam em número maior.
São flores homoclamídeas, pedunculadas, diperiantadas e diplostêmones. O cálice é dialissépalo, suas
pétalas são fundidas, ou seja, possuem corolas gamopétalas, sendo estas pentâmeras e actinomorfas.
O cálice é persistente e sua corola é caduca. O androceu apresenta-se homodínamo, com cinco
estames livres (dialistêmones) e cinco unidos (gamostêmones), estes últimos centrais e monadelfos.
Os estames são epipétalos, de inserção basifixa e excertos, com anteras livres entre si. Quanto ao
número de sementes o fruto é trispérmico, de consistência seca, do tipo cápsula, abrindo-se
parcialmente, tricarpelares, triloculares, bitegumentados, ligado a semente pela carúncula. Quanto à
coloração o fruto inicialmente apresenta-se verde, passando por tonalidades amareladas até se tornar
totalmente seco, quando sua coloração se apresenta marrom escuro.

CONCLUSÃO

Os acessos Petrolina e Columbia apresentaram características morfológicas similares e


obedecendo ao padrão característico da Jatropha curcas L.

Quanto ao tipo de ramificação caulinar, houve predominância do caule monopodial, 89,65% em


plantas do acesso Columbia e 60,71% em plantas do acesso Petrolina.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Algodão- Embrapa Algodão, Campina Grande-Pb, 2008.
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MELO, M.F.V.; SILVA-MANN, R.; SANTOS, H.O.; SOUZA, E.M. Caracterização morfológica de acessos de
Jatropha curcas L. do banco de germoplasma da Universidade Federalde Sergipe. In: Congresso da Rede
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Angiospermas da flora brasileira, baseado em. APG II. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2005. 640 p.

VIDAL, W.N.; VIDAL, M.R.R. Botânica – Organografia: Quadros Sinóticos Ilustrados de Fanerógamos, 4 ,
Ed. UFV, 2007. 124p.

Figura 1. Planta de pinhão Figura 2. Planta de pinhão Figura 3. Planta de pinhão


manso com caule monopodial. manso com caule simpodial. manso com caule dicasial.

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Figura 4 - Formato e dimensões do limbo foliar de pinhão manso do acesso Colúmbia.

Figura 5 - Formato e dimensões do limbo foliar de pinhão manso do acesso Petrolina.

Figura 6 - Venação do limbo foliar na face abaxial (A) e na adaxial (B); Flor masculina aberta (C) ; Flor masculina fechada
(D) e flor masculina com corola caduca (E).

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CARACTERIZAÇÃO DA DIVERSIDADE DO GERMOPLASMA DE MAMONA (Ricinus communis L.)


UTILIZANDO MARCADORES MICROSSATÉLITES

Miklos Maximiliano Bajay1; Maria Imaculada Zucchi2; Márcia Barreto de Medeiros3; Tammy Aparecida
Manabe Kiihl2; Maurício Dutra Zanotto4; José Baldin Pinheiro1
1 Departamento de Genética, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" ESALQ.; 2 Pólo Centro Sul-APTA/SAASP ; 3
Centro Nacional de Pesquisa de Algodão, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; 4 Departamento de Produção
Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu UNESP; miklosbajay@yahoo.com.br

RESUMO – A mamona (Ricinus communis) é uma cultura de clima tropical de importância social e
econômica no Brasil e no mundo. O sucesso dos programas de melhoramento depende do
conhecimento sobre a diversidade genética do banco ativo de germoplasma. Uma biblioteca genômica
foi construída visando a seleção dos fragmentos que contem regiões microssatélites e a partir destas
foram desenvolvidos marcadores SSR, que foram utilizados para estimar a diversidade genética dos
acessos do banco de germoplasma da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), do
Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e da UNESP - Botucatu. A partir dos 41 locos analisados, 26
apresentaram polimorfismo, revelando 111 alelos (4,27 por loco). O valor da riqueza alélica média foi
2,554. A heterozigosidade média esperada (HE=0,473) foi muito maior do que a observada (HO =
0,054), indicando taxa relativamente alta de endogamia nos genótipos estudados, confirmada através
do alto valor médio de GIS (0,845), provenientes da endogamia da espécie e tambem do modo como
são propagados nos bancos de germoplasma. Os resultados de diversidade indicam a formação de
dois grupos geneticamente distintos, um grupo é composto pelos acessos da EMBRAPA e o outro
grupo é composto pelos acessos do IAC e pelos genótipos da UNESP – Botucatu. O conhecimento
gerado nesse estudo sobre a diversidade genética da mamona pode ser utilizado para uma melhor
eficiência na conservação dessa diversidade, no manejo do germoplasma e orientando os programas
de melhoramento genético no desenvolvimento de novos genótipos.
Palavras-chave – Diversidade genética, marcadores microssatélites, germoplasma, mamona

INTRODUÇÃO

A cultura da mamona vem ganhando destaque no cenário agrícola brasileiro, proporcionando


estímulos ao seu plantio e ao desenvolvimento tecnológico. As sementes contêm um óleo com
excelentes propriedades para o uso industrial, sendo de grande importância por ser o único óleo
vegetal solúvel em álcool e por requerer menos calor a produção de combustível (biodiesel), que outros
óleos vegetais.

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O sistema de reprodução da mamoneira é caracterizado pela ocorrência simultânea da


autofecundação e do cruzamento natural. A caracterização molecular de coleções de germoplasma
utilizando marcadores microssatélites é inédita no país e as informações geradas são de suma
importância para a identificação, exploração e conservação da variabilidade genética dessa espécie.

METODOLOGIA

A Embrapa Algodão (CNPA) cedeu genótipos provenientes de 38 acessos representativos de


seu banco de germoplasma de mamona. Também foram utilizados no presente estudo, 76 acessos
provenientes do banco de germoplasma de mamona do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e sete
genótipos cedidos pela UNESP – Botucatu, que são utilizados no desenvolvimento de híbridos no
programa de melhoramento da instituição.

O DNA dos acessos foi extraído a patir de folhas jovens recém-expandidas seguindo o
protocolo CTAB (DOYLE ; DOYLE, 1990) e quantificados comparando–se com o DNA-padrão do fago
lambda.

Para a caracterização da variabilidade genética na espécie foi construída uma biblioteca


genômica para a seleção dos fragmentos contendo microssatélites (SSR). O protocolo utilizado para a
construção da biblioteca foi descrito por Billotte et. al. (1999), com modificações, e otimizado pelo
pesquisador Angie-Marie Risterruci, do CIRAD/França.

A estruturação da variabilidade foi visualizada através de dendrogramas no programa NTSYS,


construídos pela matriz de distâncias genéticas modificada por Roger e pelo critério de agrupamento
UPGMA, e para isto foi utilizado utilizando o programa TFPGA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram obtidos 26 marcadores SSR polimórficos, dos quais, 12 estão disponibilizados em


BAJAY et al. (2009). As análises indicaram um baixo polimorfismo, foi observado um total de 111 alelos
(4,27 alelos/ loco). Desses quais 37 alelos (33,33%), apresentaram uma frequência inferior a 5 %,
sendo considerados alelos raros. Quarenta e um alelos (36,93%) são privados, sendo observados em
somente uma das três populações analisadas. A riqueza alélica média foi de 2,554.

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O conjunto de 38 acessos que representa uma amostra do banco de germoplasma da


Embrapa apresentou maior número de alelos (82) e a maior riqueza alélica (2,256) entre as três
populações.

Os genótipos de Botucatu apresentaram o menor número de alelos (52) e também a menor


riqueza alélica, esses resultados são esperados devido ao pequeno tamanho amostral (n=7).

As heterozigosidades médias esperadas He (0,473) e Hs (0,369) foram muito maiores do que a


heterozigosidade observada Ho (0,054), indicando taxa relativamente alta de endogamia nos três
conjuntos de genótipos estudados.

CONCLUSÃO

Os genótipos avaliados representam grande parte da variabilidade genética de mamona


disponível no Brasil e os marcadores SSR sintetizados nesse trabalho poderão contribuir para o melhor
entendimento da diversidade genética da espécie e também auxiliar nos programas de melhoramento.

A partir dos resultados obtidos neste estudo, é possível afirmar que os programas de
melhoramento de mamona devem utilizar genitores provenientes dos dois bancos de germoplasma
para obter o máximo de variação genética disponível no país para a cultura da mamona. Visto que os
acessos analisados possuem uma quantidade significativa de alelos raros e cada banco tem um pool
genético bem diferenciado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLAN G.; WILLIANS A.; RABINOWICZ P.D.; CHAN A. P.; RAVEL J.; KEIM P. Worldwide genotyping
of castor bean germplasm (Ricinus communis L.) using AFLPs and SSRs. Genetical Research Crop
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BAJAY, M. M.; PINHEIRO J. P.; BATISTA, C. E. A.; NÓBREGA, M. B. M.; ZUCCHI M. I. Development
and characterization of microsatellite markers for castor (Ricinus communis L.), an important oleaginous
species for biodiesel production. Conservation Genetic Resources, Durham, 2009. Disponível em:
<http://www.springerlink.com/content/t6677g608151t1l3/>. Acesso em: 25 nov. 2009.

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BILLOTTE, N.; LAGODA, P.J.L.; RISTERUCCI, A.M.; BAURENS, C. Microsatellite-enriched libraries:


applied methodology for the development of SSR markers in tropical crops. Fruits, Les Ulis, v.54,
p.277-288, 1999.

DOYLE, J.J.; DOYLE, J.L. Isolation of DNA from fresh tissue. Focus, Rockville, v. 12, n. 27, p. 13-15,
1990.

EVANNO, G.; REGNAUT, S.; GOUDET, J. Detecting the number of clusters of individuals using the
software structure: a simulation study. Molecular Ecology, Vancouver, n. 14, p. 2611-2620, 2005.

OTU-1
EMBRAPA

100%
OTU-1 IAC
OTU-2

99,67%

OTU-3
BOTUCATU

0.54 0.49 0.44 0.39 0.34


Coefficient

r = 0,97214

Figura 1 - Dendrograma de todas as amostras agrupada nas três populações, construído pelas distâncias de Rogers-W e
pelo agrupamento UPGMA. Incluindo os valores de bootstrap e o valor cofenético, representado como r

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Tabela 1 - Estimativas por loco de índices relacionados à variabilidade genética dos 121 genótipos analisados distribuídos
em três populações.
Locos PIC He Ho HS DST' HT' GST' GIS R
Rco01 0,048 0,049 0,000 0,052 0,001 0,053 0,019 1,000 1,184
Rco02 0,431 0,5 0,025 0,109 0,577 0,686 0,842 0,798 2,45
Rco03 0,352 0,457 0,000 0,134 0,469 0,604 0,777 1,000 1,97
Rco05 0,463 0,475 0,109 0,452 0,001 0,453 0,001 0,668 2,81
Rco06 0,723 0,758 0,079 0,682 0,227 0,909 0,249 0,815 4,087
Rco08 0,671 0,717 0,033 0,417 0,396 0,813 0,487 0,937 3,601
Rco09 0,667 0,723 0,232 0,353 0,483 0,836 0,578 0,591 3,476
Rco11 0,371 0,494 0,06 0,418 0,135 0,553 0,243 0,448 1,99
Rco12 0,575 0,653 0,085 0,396 0,35 0,746 0,469 0,842 2,841
Rco13 0,532 0,564 0,052 0,573 0,272 0,845 0,322 0,928 3,137
Rco15 0,519 0,602 0,24 0,597 0,006 0,603 0,009 0,57 2,72
Rco18 0,524 0,609 0,000 0,532 0,121 0,654 0,186 1,000 2,737
Rco19 0,091 0,095 0,017 0,096 0,483 0,579 0,834 0,818 1,983
Rco20 0,393 0,412 0,054 0,468 0,084 0,553 0,152 0,928 2,565
Rco22 0,539 0,611 0,066 0,341 0,362 0,704 0,515 0,859 2,766
Rco23 0,506 0,556 0,017 0,547 0,068 0,615 0,11 0,968 2,851
Rco26 0,668 0,705 0,034 0,56 0,395 0,956 0,414 0,953 3,822
Rco29 0,237 0,253 0,000 0,337 0,054 0,391 0,137 1,000 1,883
Rco30 0,527 0,557 0,034 0,496 0,03 0,526 0,057 0,927 3,113
Rco31 0,582 0,66 0,009 0,252 0,531 0,783 0,678 0,978 2,869
Rco33 0,203 0,23 0,017 0,311 0,126 0,437 0,287 0,694 1,684
Rco34 0,298 0,326 0,157 0,237 0,039 0,276 0,142 0,62 2,091
Rco35 0,485 0,561 0,000 0,504 0,024 0,528 0,046 1,000 2,636
Rco36 0,083 0,087 0,008 0,089 0,008 0,096 0,08 0,901 1,323
Rco40 0,124 0,129 0,05 0,175 0,002 0,176 0,009 0,845 1,512
Rco41 0,426 0,524 0,034 0,474 0,25 0,724 0,345 0,953 2,307
Média 0,434 0,473 0,054 0,369 0,211 0,581 0,364 0,845 2,554

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CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE PINHÃO-MANSO QUANTO A TOXIDEZ

Bruno Galvêas Laviola1; Simone Mendonça1; José Antonio de Aquino Ribeiro2


1Pesquisador(a) da Embrapa Agroenergia, Brasília, DF. Email: bruno.laviola@embrapa.br; 2Analista da Embrapa
Agroenergia, Brasília-DF.

RESUMO – A expansão do cultivo de pinhão-manso para produção de biodiesel demanda o


desenvolvimento de genótipos com características que atendam ás necessidades do setor produtivo
nas diferentes regiões do país. Dentre as características de interesse para o melhoramento da
espécie, a ausência de toxidez nos grãos é importante para agregar valor à torta resultante do
processo de extração do óleo. Desta forma, objetivou-se com este trabalho realizar a caracterização de
acessos de pinhão-manso quanto à concentração de ésteres de forbol nos grãos. Para este estudo
foram coletadas amostras de sementes de 11 acessos pertencentes ao banco de germoplasma e
enviadas ao Laboratório de Co-produtos e Resíduos da Embrapa Agroenergia. O teor de ésteres de
forbol nos grãos foi quantificado pelo método descrito por Makkar com modificações no procedimento
de extração. Verificou-se que a concentração de ésteres de forbol nos grãos dos acessos de pinhão-
manso variou de 0 a 5,41mg/g. Dos 11 acessos estudados, em 4 materiais não foram detectados
ésteres de forbol nos grãos, sendo esses classificados como não-tóxicos.
Palavras-chave – Jatropha curcas L.; componentes tóxicos; éster de forbol; melhoramento vegetal.

INTRODUÇÃO

O Pinhão-manso (Jatropha curcas L.) é uma das oleaginosas potenciais para o Programa
Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, com perspectivas de apresentar alta produção de grãos e de
óleo vegetal por unidade de área. Apesar do limitado conhecimento técnico sobre a espécie, o pinhão-
manso vem sendo implantado em diversas regiões do país, principalmente Sudeste, Centro-Oeste e
Nordeste. Acredita-se que já há mais de 15 mil hectares plantados com a cultura, com potencial de
produção de mais de 30 mil toneladas de grãos/ano, considerando-se os plantios no estágio adulto, o
que geraria, como produto da extração do óleo, aproximadamente 19,5 mil tonelada de torta/ano.

A torta resultante da extração do óleo das sementes de pinhão-manso constitui excelente


adubo orgânico, rico em nitrogênio, fósforo e potássio. Além disso, a torta de pinhão-manso é rica em
proteína (46-63%, dependendo do método de extração do óleo), podendo ser usada como suplemento
protéico altamente nutritivo em dietas de ruminantes e monogástricos (MENDONÇA; LAVIOLA, 2009).

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No entanto, atualmente o uso da torta para alimentar animais ainda não é possível devido à presença
de fatores tóxicos, alergênicos e antinutricionais. Os ésteres de forbol são os principaiscomponentes
tóxicos presentes na torta de pinhão-manso e quando ingeridos podem agir no organismo de forma
aguda (resposta inflamatória intensa) ou crônica (indução de tumor). Não é possível destruir os ésteres
de forbol por tratamento térmico, nem tampouco alterar o teor de fitato, mas os componentes protéicos
podem ser desnaturados por tratamentos térmicos adequados (MAKKAR et al., 1997).

Por ser lipossolúvel, grande parte dos ésteres de forbol é extraída juntamente com o óleo. No
entanto, essas substâncias permanecem também na torta devido ao fato da extração mecânica não
retirar totalmente o óleo dos grãos (residual de aproximadamente 6-14%). Considerando que a DL50
do óleo de pinhão-manso em ratos foi de apenas 6 mL/kg de peso do animal (GANDHI et al., 1995).
esse óleo deve ser manipulado com os cuidados recomendados por Gonçalves et al. (2009).

Neste sentido torna-se relevante a busca de variabilidade genética para ausência de toxidez e
a sua exploração por meio do melhoramento genético visando a obtenção de cultivares não-tóxicos. O
objetivo foi realizar a caracterização de acessos de pinhão-manso quanto ao teor de ésteres de forbol
nos grãos.

METODOLOGIA

Para realização do estudo foram coletadas amostras de sementes de 11 acessos pertencentes


ao Banco de Germoplasma que está implantado na Embrapa Cerrados, em Planaltina-DF, sendo as
amostras enviadas ao Laboratório de Análises Químicas da Embrapa Agroenergia. O teor de ésteres
de forbol foi quantificado por meio da metodologia descrita por Makkar et al. (1997), com modificações
no procedimento de extração. As sementes moídas foram colocadas em equipamento de extração
acelerada por solvente ASE 350 (Dionex, USA) utilizando como solvente tetrahidrofurano, e
posteriormente, evaporado sob fluxo de nitrogênio. O resíduo oleoso foi transferido para tubo de
ensaio de 10 mL e extraído quatro vezes com metanol (1 x 2 mL + 3 x 1 mL) e transferido para balão
volumétrico de 5 mL, completado volume. A solução de trabalho foi filtrada para vial (VertiPure PTFE
Syringe, 13 mm, 0.2 μm) e injetada (100 μL) no Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência (CLAE) Varian,
utilizando Coluna C18 250 x 4.6 mm (5 μm) Vertisep UPS, temperatura ambiente (em torno de 25 ºC),
detecção ultravioleta (DAD) na faixa de 200 a 340 nm Para construção da curva padrão foi utilizado
padrão 12-miristato 13-acetado de forbol (Sigma,Cod.8139).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos onze acessos avaliados, verificou-se que os acessos CNPAE-1002, CNPAE-1006,


CNPAE-1008 e CNPAE-1011 não apresentaram teores de ésteres de forbol detectáveis nos grãos
(Tabela 1 e Figura 1). Quanto os acessos tóxicos, observou-se ampla variação na concentração de
ésteres do forbol nos grãos. O acesso CNPAE-1001 foi o menos tóxico, apresentando o teor de 3,09
mg/g de ésteres de forbol nos grãos e o acesso CNPAE-1007 o mais tóxico, com a concentração de
5,41 mg/g de ésteres de forbol nos grãos (Tabela 1). Ferrari et al. (2009) avaliando constituintes tóxicos
em sementes de pinhão-manso provenientes de diferentes regiões do Brasil verificaram que a
concentração de ésteres de forbol variou de 1,41 a 8,97 mg/g. Esses autores constataram que a
variação no teor de ésteres de forbol ocorreu mesmo em sementes colhidas de plantas da mesma
origem e cultivadas sob as mesmas condições edafoclimáticas. Estudos de variabilidade genética da
toxidez poderão contribuir para maior compreensão acerca da influência do ambiente na expressão do
teor de ésteres de forbol nos grãos. Na próxima etapa de avaliação todos os demais acessos do banco
de germoplasma serão caracterizados quanto ao teor de ésteres de forbol nos grãos e resultados mais
conclusivos poderão ser obtidos sobre a variabilidade genética e a influência ambiental na expressão
da característica.

Com a identificação dos quatro acessos não tóxicos, os próximos passos serão: estudar a
herança da característica ―ausência de toxidez‖, identificar marcadores moleculares específicos para
essa característica e incorporar os materiais ao programa de melhoramento. Nas avaliações
agronômicas dos acessos não-tóxicos tem-se verificado que estes materiais apresentam baixa
performance quando comparados a outros matérias do Banco de Germoplasma (LAVIOLA et al., 2009).
Neste sentido, como uma das etapas do programa de melhoramento, os acessos não-tóxicos serão
combinados e retrocruzados com outros acessos que apresentam alto desempenho agronômico. O
desenvolvimento de cultivares comerciais não-tóxicas contribuirá para viabilizar o uso da torta de
pinhão-manso na composição de rações animais, garantindo maior remuneração aos atores da cadeia
produtiva.

CONCLUSÕES

Em quatro acessos dos onze estudados não foram detectados teores de ésteres de forbol nos
grãos, sendo os mesmos classificados como não-tóxicos.

A concentração de ésteres de forbol nos grãos dos acessos de pinhão-manso considerados


tóxicos variou de 3,09 a 5,41 mg/g.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERRARI, R. A.; CASARINI, M. B.; MARQUES, D. A.; SIQUEIRA, W. J. Avaliação da composição


química e de constituintes tóxico em acessos de pinhão-manso de diferentes origens. Brazilian
Journal of Food Technology, Campinas, v. 12, n. 4, p. 309-314, 2009.

GANDHI, V. M.; CHERIAN, K. M.; MULKY, M. J. Toxicological studies on ratanjyot oil. Food and
Chemical Toxicology, Oxford, v. 33, n. 1, p. 39-42, 1995.

GONCALVES, S. B.; MENDONCA, S.; LAVIOLA, B. G. Substâncias tóxicas, alergênicas e


antinutricionais presentes no pinhão-manso e seus derivados e procedimentos adequados ao
manuseio. Brasília, DF: Embrapa Agroenergia, 2009. 5 p. il. (Embrapa Agroenergia. Circular técnica,
001).

LAVIOLA, B. G.; BHERING, L. L.; ALBRECHT, J. C.; MARQUES, S. S.; MARANA, J. C. Caracterização
morfoagronômica do banco de germoplasma de pinhão manso resultados do 1º ano de avaliação. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA EM PINHÃO MANSO, 1., 2009, Brasília, DF. Anais...
Brasília, DF: Embrapa Agroenergia; São Paulo: ABPPM, 2009.

MAKKAR, H. P. S.; BECKER, K. Nutritional studies on rats and fish (carp Cyprinus carpio) fed diets
containing unheated and heated Jatropha curcas meal of non-toxic provenance. Plant Foods for Human
Nutrition, Dordrecht, v. 53, p. 183-192, 1999.

MAKKAR, H. P. S.; BECKER, K; SPORE, F.; WINK, M. Studies on nutritive potential and toxic
constituents of different provenances of Jatropha curcas. Journal of Agriculture and Food Chemistry,
Easton, n. 45, p. 3152-3157, 1997.

MENDONCA, S.; LAVIOLA, B. G. Uso potencial e toxidez da torta de pinhão-manso. Brasília, DF:
Embrapa Agroenergia, 2009. 8 p. (Embrapa Agroenergia. Comunicado técnico, 001).

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Tabela 1. Concentração de ésteres do forbol em grãos de 10 acessos de pinhão-manso


pertencentes ao banco de germoplasma

Nº do Acesso Ésteres de Forbol (mg/g)

CNPAE-1001 3,09

CNPAE-1002 ND*

CNPAE-1003 4,01

CNPAE-1004 3,69

CNPAE-1005 3,53

CNPAE-1006 ND*

CNPAE-1007 5,41

CNPAE-1008 ND*

CNPAE-1009 3,18

CNPAE-1010 4,21

CNPAE-1011 ND*

* Não detectado.

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mAU PINHAO272-I-4.DATA [PS 335 Absorbance Canal Analogico 2]


280

260
A
240
220

200
180

160
140

120
100
80
60
40
TI ON

20
0
-20
RT [min]
18.5 19 19.5 20 20.5 21 21.5 22 22.5 23 23.5 24 24.5 25 25.5 26 26.5 27 27.5 28 28.5 29 29.5 30 30.5 31

mAU PINHAO169-I-5.DATA [PS 335 Absorbance Canal Analogico 2]


300
280 B
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
-20 RT [min]
20 20.5 21 21.5 22 22.5 23 23.5 24 24.5 25 25.5 26 26.5 27 27.5 28 28.5 29 29.5

Figura 1. Cromatogramas de amostras com (A) e sem (B) ésteres de forbol.

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CARACTERIZAÇÃO DE FENÓTIPOS DE MAMONEIRA SELECIONADOS PARA AUSÊNCIA DE


RAMIFICAÇÃO

Jalmi Guedes Freitas1, Márcia Barreto Medeiros da Nóbrega1, Máira Milani1


1 Embrapa Algodão: Rua Oswaldo Cruz, 1142, Centenário, Campina Grande-PB jalmi@cnpa.embrapa.br,
marcia@cnpa.embrapa.br, maira@cnpa.embrapa.br

RESUMO - A mamoneira apresenta hábito de crescimento vegetativo perene e simpodial. Essas


características são obstáculos para a mecanização da colheita. Objetivou-se com esse trabalho
selecionar e caracterizar fenótipos de mamoneira que apresentassem características de porte baixo,
precocidade e ausência de ramificação, promissores ao cultivo adensado e mecanizado. A seleção foi
realizada em uma população segregante de porte baixo cultivada no município de São Gabriel-BA em
maio de 2009. As variáveis analisadas foram: altura da planta, tamanho do racemo, número de
internódios e número de cápsulas no racemo principal. Foram selecionados 24 fenótipos com
características de porte baixo, precoce e ausência de ramificação e; os fenótipos selecionados
apresentaram média de 71,25cm e 32,38cm para altura da planta e tamanho do racemo e 12,87 e
59,42 para os caracteres número de internódios e número de cápsulas no racemo principal.
Palavras-chave - Ricinus communis, seleção e ramificação.

INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Produção de Biodiesel lançado pelo Governo Federal criou


oportunidades para exploração das matérias-primas oleaginosas regionais para uso como biodiesel.
Dessa forma, cada região poderá explorar economicamente uma fonte diferente de matéria-prima
sustentável para o fornecimento de óleo ao programa. Isso contribui para o desenvolvimento e
sustentabilidade do agronegócio regional.

O aumento do percentual de 3% para 5% de biodiesel no diesel desde janeiro de 2010 gerou


uma grande demanda por óleo. Assim, o cultivo da mamona poderá avançará para regiões não
tradicionais de cultivo, porém mais tecnificada. O desenvolvimento de uma cultivar de ciclo
determinado, precoce, não ramificada, produtiva e adaptada a colheita mecanizada viabilizará a
expansão dessa cultura para outras regiões, como o centro-oeste.

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Segundo Ragel et al. (2003) o cultivo mecanizado da mamoneira em ―safrinha‖ é realizado com
híbridos de porte baixo em espaçamento adensado de 0,9m a 1,0m entre linhas e 2,8 plantas/metro
linear. O uso de máquinas adaptadas ao plantio e à colheita garante o aproveitamento de grandes
áreas e o emprego reduzido de mão-de-obra. Esse sistema necessita de reguladores de crescimento
para manter a altura da cultivar para poder viabilizar as operações mecânicas. Além disso, requerem o
uso de dessecantes e desfolhantes.

A mamoneira apresenta hábito de crescimento vegetativo perene e simpodial (Beltrão et al.,


2007). Essas características são obstáculos encontrados para a mecanização da colheita. Visando a
redução do porte, a precocidade e a ausência de ramificação, foi realizado uma seleção de plantas
individuais dentro de uma população segregante de porte baixo para essas características.

O objetivo deste trabalho foi selecionar e caracterizar fenótipos de mamoneira em uma


população segregante que apresentassem características desejáveis como porte baixo, precocidade e
ausência de ramificações promissoras ao cultivo adensado e mecanizado.

METODOLOGIA

Foi realizada uma seleção de plantas individuais em um campo de produção de mamoneira de


polinização aberta para o porte baixo, precocidade e ausência de ramificação no município de São
Gabriel-BA em maio de 2009, sob regime de sequeiro. A seleção das plantas individuais constou da
observação do fenótipo de mamoneira que apresentavam senescência após a maturação total do
racemo primário caracterizando, portanto, fim do ciclo. Os fenótipos selecionados foram caracterizados
quanto às seguintes variáveis: altura da planta, tamanho do racemo, número de internódios e número
de cápsulas no racemo principal. Os dados coletados constam na Tabela 1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A mamoneira apresenta grande variabilidade genética tanto para características qualitativas


quanto quantitativas. Na Tabela 1 constam os dados coletados de uma seleção individual de plantas
realizada em um campo segregante de produção de mamona de porte baixo para precocidade e
ausência de ramificação.

Foram selecionados 24 fenótipos de polinização livre que estavam em senescência aos 80 dias
após o plantio, com altura de planta inferior a 1,0m e que apresentavam ausência de ramificação. As
seguintes variáveis foram coletadas: altura da planta, tamanho do racemo, número de internódios e

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número de cápsulas, conforme Tabela 1. Os fenótipos selecionados apresentaram altura média da


planta de 71,25cm variando de 50cm a 1,05m, tamanho médio de racemo de 32,38cm, número de
internódios de 12,87 e número de cápsulas no racemo de 59,42 (Tabela 1).

Segundo Shifriss (1960) o número de internódios até a inserção do primeiro racemo pode
variar bastante de acordo com o genótipo, variando de seis a mais de noventa. Afirma também que
quanto maior o número de internódios até a primeira inflorescência mais tempo levará para que o
genótipo chegue à maturidade, além de apresentar maior tendência ao hábito de crescimento perene.

A ramificação, característica da mamoneira com crescimento simpodial e indeterminado,


dificulta os tratos culturais mecanizados. A seleção foi realizada no sentido de buscar fenótipos que
apresentassem crescimento determinado com ausência de ramificação.

Segundo Laureti (1995) a ramificação é fortemente influenciada por fatores ambientais e tem
sido demonstrado que esta característica apresenta altos coeficientes de variação fenotípica e
genotípicas que é controlada pela ação gênica aditiva.

CONCLUSÕES
Foram selecionados 24 fenótipos com características de porte baixo, precoce e ausência de
ramificação.
Os fenótipos selecionados apresentaram média de 71,25 cm e 32,38 cm para altura da planta e
tamanho do racemo e; 12,87 e 59,42 para os caracteres número de internódios e número de cápsulas
no racemo principal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. de M.; AZEVEDO, D. M. P. de; LIMA, R. de L. S. de; QUEIROZ, W. N. de e QUEIROZ
W. C. de. Ecofisiologia. In: AZEVEDO, D. M. P. de e BELTRÃO, N. E. de M. (eds). O agronegócio da
mamona no Brasil. Campina Grande, PB – 2. ed. Revisada e ampliada – Brasília, DF: Embrapa
Informação Tecnológica, 2007, p. 44-72.

LAURETI, D. di; BRIGHAM, R. D. Genetica e miglioramento del ricino. In: Ministero dell Agricoltura e
Foreste. 2. ed. Ricino-obiettivi, Strategie e ricerca, 1987. p. 11-22.

RANGEL, L. E. P.; FERREIRA, L. G.; ALMEIDA, V. M. de; MENEZES, V. L. Mamona: situação atual e
perspectivas no Mato Grosso. Campina Grande, 2003.16p. (Embrapa Algodão. Documentos, 106).

SHIFRISS, O. Conventional and unconventional systems controlling sex variations in Ricinus.


The Weizmann Institute of Science, Rehovot, Israel, p. 361-388, 1960.

CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010,


João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1623-1626.
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Tabela 1. Valores de altura de planta (cm), tamanho do racemo (cm), número de internódios e número de cápsulas no
racemo principal dos fenótipososelecionadas para precocidade, porte baixo e ausência de ramificações realizada no
município de São Gabriel-BA em 2009.

Tamanho de Número de Número de


Progênies Altura de planta (cm)
racemo (cm) internódios Cápsulas
CNPA MI 2009 - 1 70 25 --- 50
CNPA MI 2009 - 2 60 28 10 52
CNPA MI 2009 - 3 65 26 11 51
CNPA MI 2009 - 4 70 28 12 41
CNPA MI 2009 - 5 63 30 14 48
CNPA MI 2009 - 6 73 36 14 61
CNPA MI 2009 - 7 62 26 13 46
CNPA MI 2009 - 8 85 33 15 81
CNPA MI 2009 - 9 63 30 12 56
CNPA MI 2009 - 10 72 35 14 46
CNPA MI 2009 - 11 80 39 12 65
CNPA MI 2009 - 12 60 28 10 51
CNPA MI 2009 - 13 65 35 13 75
CNPA MI 2009 - 14 70 30 14 54
CNPA MI 2009 - 15 50 28 13 42
CNPA MI 2009 - 16 80 37 13 61
CNPA MI 2009 - 17 79 34 16 59
CNPA MI 2009 - 18 66 41 14 59
CNPA MI 2009 - 19 61 29 13 58
CNPA MI 2009 - 20 89 40 12 82
CNPA MI 2009 - 21 78 34 11 64
CNPA MI 2009 - 22 72 28 13 53
CNPA MI 2009 - 23 72 32 12 79
CNPA MI 2009 - 24 105 45 15 92
Média 71,25 32,38 12,87 59,42
C.V(%) 16,16 16,42 12,02 22,81

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CARACTERIZAÇÃO DE SEMENTES DE LINHAGENS AVANÇADAS DE MAMONEIRA 1

Juliana Ferreira Carneiro 1, Milena Silva Porto1, Francisco Pereira de Andrade2, Máira Milani2
1 Estagiárias Embrapa Algodão, jhulype_cg@hotmail.com, milenasporto@gmail.com; 2 Pesquisadores Embrapa Algodão,
Caixa Postal 174, Campina Grande/PB, 58428-095

RESUMO – Sementes de mamona de boa qualidade provem de genótipos selecionados pelo


melhoramento e é imprescindível que sejam conhecidas suas características biológicas e físicas,
sabendo que estas características provavelmente irão ter influência sobre aspectos agronômicos, de
transporte e armazenamento da oleaginosa ou mesmo de classificação. Objetivou-se com este trabalho
realizar a caracterização de linhagens avançadas de mamona do programa de melhoramento da
Embrapa. Foram utilizadas sementes de 7 linhagens avançadas de mamona pertencentes ao programa
de melhoramento da Embrapa: CNPAM 2001-42, CNPAM 2001-9, CNPAM 2001-49, CNPAM 2002-
162, CNPAM 2001-48, CNPAM 2002-103 e CNPAM 2001-57. A linhagem com as maiores sementes foi
a CNPAM 2001-48 e com as menores sementes foi a CNPAM 2002-162. Exceto a CNPAM 2002-103
todas as demais tiveram formato de semente arredondada. Todas tem carúncula do tipo não
protuberante e padrão de coloração pintada. As sementes apresentam diferenças significativas
permitindo separa-las pelas características utilizadas.
Palavras-chave – Ricinus communis, caracterização, coloração, peso.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis) é uma oleaginosa de relevante importância econômica e social,


de cujas sementes se extrai um óleo de excelentes propriedades, de largo uso como insumo industrial
(BELTRÃO et al, 2007). É bastante cultivada no semiárido nordestino por ter grande poder de
resistência e adaptação a locais de clima seco. E vem ganhando destaque no setor econômico por sua
precocidade de produção e pelo óleo dela extraído apresentando largo uso, sendo o mesmo utilizado
na produção de biodiesel, verniz, aderentes, próteses ósseas, lentes de contato, entre outros.

Sementes de mamona de boa qualidade provem de genótipos selecionados pelo


melhoramento e é imprescindível que sejam conhecidas suas características biológicas e físicas,
sabendo que estas características provavelmente irão ter influência sobre aspectos agronômicos, de
transporte e armazenamento da oleaginosa ou mesmo de classificação.

1 Trabalho financiado pelo Etene/Fundeci/BNB

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Objetivou-se com este trabalho realizar a caracterização de linhagens avançadas de mamona


do programa de melhoramento da Embrapa.

METODOLOGIA

Foram utilizadas sementes de 7 linhagens avançadas de mamona pertencentes ao programa


de melhoramento da Embrapa, sendo estas linhagens: CNPAM 2001-42, CNPAM 2001-9, CNPAM
2001-49, CNPAM 2002-162, CNPAM 2001-48, CNPAM 2002-103 e CNPAM 2001-57.

As sementes foram caracterizadas quanto:

- Comprimento de semente – Comprimento das sementes medido no sentido da rafe, em 20


sementes ao acaso, em milímetros (Figura 1);

- Largura de semente – medida transversalmente a rafe, nas mesmas 20 sementes usadas


para medir o comprimento, em milímetros (Figura 1);

- Espessura de semente - Efetuada na região mediana entre as faces superior e inferior das
sementes, em milimetros, usando as mesmas sementes em que mediu-se comprimento e largura
(Figura 1);

- Peso de 100 sementes – foram pesadas amostras de 20 sementes (gramas) e o resultado foi
extrapolado para peso de 100 sementes;

- cor primária da semente – cor predominante da semente, segundo Milani (2008);

- cor secundária da semente – cor secundária da semente, segundo Milani (2008);

- padrão de coloração das sementes – classificada em cor única, pintada, rajada ou pontuada,
conforme Milani (2008);

- formato das sementes – classificada em arredondada ou elipsoide;

- tipo de carúncula – classificada em protuberante e não protuberante.

Foram utilizadas 5 amostras de 20 sementes de cada linhagem. As sementes de cada


repetição tiveram sua largura, espessura e comprimento determinados com o auxilio de um
paquímetro; tiveram seu peso determinado com o auxilio de uma balança com precisão de 2 casa
decimais. Os resultados obtidos para as características quantitativas foram submetidos à análise de

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variância considerando-se delineamento inteiramente casualizado com 5 repetições. A comparação das


médias foi feita pelo Teste de Tukey a 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se na Tabela 1, que ocorreram diferenças significativas para as linhagens para todas
as características avaliadas (p<0,01), inferindo-se que é possível separa-las por estas características.
Os coeficientes de variação foram baixos indicando boa precisão do experimento.

A linhagem com as maiores sementes foi a CNPAM 2001-48 e com as menores sementes foi a
CNPAM 2002-162 (Tabela 2). Exceto a CNPAM 2002-103 todas as demais tiveram formato de semente
arredondada (Tabela 3). Todas tem carúncula do tipo não protuberante e padrão de coloração pintada.
A coloração das sementes encontra-se na Tabela 3.

CONCLUSÃO

As sementes apresentam diferenças significativas permitindo separa-las pelas características


utilizadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, D. M. P.; BELTRÃO, N. E. M., O Agronegócio da Mamona no Brasil, Embrapa


Informações Tecnológicas, Brasília-DF, 2007

MILANI, M. Descritores de mamona utilizados pela Embrapa Algodão. 2008. Campina Grande:
Embrapa Algodão. Documentos, 192.

Figura 1: Medidas em sementes de mamona, sendo (A) comprimento, (B) largura e (C) espessura.

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Tabela 1 - Resumo da análise de variância referente às variáveis: comprimento, largura e espessura de sementes e peso
de 100 sementes de linhagens de mamoneira do programa de melhoramento da Embrapa Algodão.
Quadrado médio
Fonte de variação gl
Comprimento Largura Espessura Peso 100 sementes
Repetição 4 2,68 0,05 0,004 7,84
Linhagens 6 8,38** 4,72** 0,562** 507,20**
Resíduo 23 1,19 0,02 0,003 4,35
CV (%) 6,90 1,28 0,90 4,14
**- significativo a 1% , respectivamente, pelo teste F

Tabela 2 - Valores médios de comprimento (mm), largura (mm) e espessura (mm) de sementes e peso de 100 sementes
de linhagens de mamoneira do programa de melhoramento da Embrapa Algodão.
Linhagens Comprimento* Largura* Espessura* Peso 100 sementes*
CNPAM 2001-42 15,87 ab 10,85 d 6,33 c 53,54 d
CNPAM 2001-9 14,44 a 10,29 c 6,25 bc 48,04 b
CNPAM 2001-49 15,66 ab 10,56 c 6,25 bc 52,51 cd
CNPAM 2002-162 13,97 a 9,04 a 5,58 a 32,74 a
CNPAM 2001-48 17,32 b 12,03 e 6,72 d 67,02 e
CNPAM 2002-103 17,39 b 9,54 b 6,20 b 48,80 bc
CNPAM 2001-57 15,88 ab 10,88 d 6,23 bc 50,69 bcd
Média Geral 15,79 10,44 6,22 50,39
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05)

Tabela 3 - Coloração de sementes de linhagens de mamoneira do programa de melhoramento da Embrapa Algodão.

Padrão de Formato das Tipo de carúncula


Linhagens Cor primária Cor secundária
coloração sementes
CNPAM 2001-42 bege marrom avermelhada pintada arredondada não protuberante
CNPAM 2001-9 preta bege pintada arredondada não protuberante
CNPAM 2001-49 bege marrom avermelhada pintada arredondada não protuberante
CNPAM 2002-162 marrom escuro bege pintada arredondada não protuberante
CNPAM 2001-48 bege marrom avermelhada pintada arredondada não protuberante
CNPAM 2002-103 bege marrom pintada elipsóide não protuberante
CNPAM 2001-57 bege marrom avermelhada pintada arredondada não protuberante

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COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE MAMONEIRA NOS TABULEIROS COSTEIROS DE


SERGIPE

Angélica Maria Ramos1; Wilson Menezes Aragão2


1 Universidade Federal de Sergipe – anmaramos@hotmail.com; 2 Embrapa Tabuleiros Costeiros

RESUMO - Nos programas de melhoramento é importante conduzir experimentos multilocais, para se


selecionar as variedades mais produtivas e de múltiplos usos em diferentes ambientes. Este trabalho
objetivou avaliar o comportamento morfológico de cultivares de mamoneira em dois locais distintos
dos tabuleiros costeiros de Sergipe. Os ensaios foram conduzidos em áreas da Embrapa (Nossa
Senhora das Dores - agreste e Umbaúba - litoral), em delineamento de blocos ao acaso, 5 repetições e
9 cultivares de mamoneira (CNPAM 2001-42; CNPAM 2001-48; CNPAM 2001-49; CNPAM 2001-50;
CNPAM 2001-57; CNPAM 2000-79; CSRN 379; CSRN 142 e CSRD 2). Foram avaliados 15 caracteres,
(3 vegetativos e 12 reprodutivos), cuja análise conjunta foi realizada através do genes. O
comportamento das cultivares de mamoneira nos tabuleiros costeiros de Nossa Senhora das Dores e
Umbaúba é igual para altura da planta, florescimento, produtividade de frutos e teor de óleo. As
cultivares apresentam menor porte, florescimento mais precoce e teor de óleo mais elevado nos
tabuleiros costeiros de Nossa Senhora das Dores e maiores produtividades de fruto nos tabuleiros
costeiros de Umbaúba
Palavras-chave - variedade, melhoramento, interação genótipo x ambiente.

INTRODUÇÃO

A interação genótipo x ambiente é definida como sendo a variação entre genótipos em


resposta a diferentes condições ambientais. Do ponto de vista prático, a interação do genótipo x
ambiente significa que a melhor população ou indivíduos num local não são necessariamente os
melhores para outros locais. Para isso faz-se necessário testar os genótipos em vários ambientes
distintos.
Assim, os ensaios conduzidos em vários ambientes (locais, anos, etc.), são de grande
importância para se determinar a adaptação e a estabilidade de produção de diversas cultivares
testadas e assim facilitar e/ou dificultar a indicação desses cultivares nesses ambientes. Isto porque,
segundo Cruz e Regazzi (1997), quando não existe interação cultivar x ambiente, significa que essa
cultivar se adapta bem a esse diferente ambiente de cultivo. Por outro lado, a presença dessa
interação, na maioria das vezes, faz com que as melhores cultivares num determinado local não o
sejam em outros, dificultando a recomendação das mesmas para todos os ambientes controlados pelos
testes.

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Esse trabalho objetivou avaliar o comportamento de cultivares de mamoneira em dois locais


distintos dos tabuleiros costeiros de Sergipe

METODOLOGIA

Foram avaliadas nove cultivares de mamoneira, procedentes da Embrapa Algodão, (CNPAM


2001-42; CNPAM 2001-48; CNPAM 2001-49; CNPAM 2001-50; CNPAM 2001-57; CNPAM 2000-79;
CSRN 379; CSRN 142 e CSRD 2), em dois locais dos tabuleiros costeiros de Sergipe, um na região
Agreste (Campo Experimental Jorge do Prado Sobral, município de Nossa Senhora das Dores) e outro
na região litorânea (Campo experimental de Umbaúba, município de Umbaúba), pertencentes à
Embrapa Tabuleiros Costeiros.

A primeira região possui latitude 10º29'30" sul e a longitude 37º11'36" oeste; com 204 m de
altitude; Clima A‘s, segundo a classificação de Köppen, com temperatura média anual de 27ºC,
umidade relativa de 60% e precipitação média anual: 1.000 mm, distribuída 80% em época de chuvas,
de abril a setembro e 20% na época seca (outubro a março). O solo é do tipo latossolo amarelo
distrófico com baixa fertilidade natural (EMBRAPA, 1999). O segundo está localizado na região sul do
Estado, latitude 11º23'00" sul e longitude 37º39'28" oeste, estando a uma altitude de 130 m. Com
precipitação média anual de 1.533,2 mm, temperatura variando de 19 a 30ºC, solo do tipo argissolo
amarelo.

O experimento foi conduzido de 30 de maio de 2007 até fevereiro de 2008, sendo registradas
durante o período experimental precipitações 370 mm em Nossa Senhora das Dores e 505,4 mm em
Umbaúba.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com nove cultivares de


mamoneira e cinco repetições. Cada parcela foi composta de duas fileiras de 10 m de comprimento,
utilizando normalmente para avaliação 16 plantas úteis por parcela. O espaçamento de plantio foi de 1
m entre plantas e entre linhas.

A adubação de plantio por cova foi de 40 g/planta de superfosfato simples e 7g/planta de


cloreto de potássio, e 3,4g/planta de uréia em cobertura 30 a 45 dias após a germinação da semente.
Foram realizadas capinas manuais sempre que necessário.

As características avaliadas e empregadas para a análise conjunta, foram altura da planta


(AP); florescimento (FLOR); produtividade de frutos (PRODF); e teor de óleo das sementes (TOLEO).

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Com base na média das cultivares para cada característica, foi realizada a análise de variância
individual, para verificar se a relação entre os quadrados médios residuais dos pares de caracteres foi
igual ou menor que 7, para se efetuar a análise conjunta pelo programa genes (CRUZ, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme ANAVA ocorreram diferenças significativas pelo teste F, a p≤0,05 e a p≤0,01 entre
cultivares para as características PRODF e FLOR, respectivamente, não sendo significativas as
diferenças para as demais características. Em relação ao local, ocorreram diferenças significativas a
p≤0,01 para todas as características (Tabela 1).

A interação cultivar x local não foi significativa para nenhuma das características, evidenciando
um comportamento semelhante das cultivares nos dois locais, podendo inferir que as cultivares sendo
superiores para quaisquer das características agronômicas, podem ser indicadas para ambos os locais.

Os coeficientes de variação (CV %), normalmente, variaram de baixos a médios, indicando


uma relativa precisão experimental (Tabela 1). Os coeficientes de variação experimental da análise
conjunta para as características produtividade de frutos foram elevados (56,45; 50,57). Em
características condicionadas por grande quantidade de genes, como é o caso da produção, o efeito
ambiental também é grande.

Apesar de não terem ocorrido diferenças significativas entre as cultivares para altura, todas as
cultivares apresentaram menor porte em Nossa Senhora das Dores, com média de 131 cm, em relação
à Umbaúba, com 209,8 cm. Provavelmente, as menores altitudes e incidência de insolação, típicas de
zonas litorâneas, favoreceram o maior crescimento das plantas em Umbaúba .

Todos os genótipos foram mais precoces em Nossa Senhora das Dores, florescendo em
média, 9,47 dias antes que em Umbaúba.

Apesar de não terem sido observadas diferenças significativas, as cultivares apresentaram


produtividade média de fruto maior em Umbaúba (2031,94 kg/há) do que em Nossa Senhora das Dores
(1304,56), sendo ambos locais superiores a produtividade nacional que segundo o IBGE, (2007),é de
de 803 kg/há.

Já para os teores de óleo, todas as cultivares apresentaram teores de óleo mais elevados em
Nossa Senhora das Dores do que em Umbaúba e a cultivar que mais se destacou nos dois locais foi a
CNPAM 2001-57, com 56,90 e 52,18 %, em Nossa Senhora das Dores Umbaúba, respectivamente. De
acordo com classificação de Veiga (1989), esses teores são considerados altos.

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CONCLUSÕES

Nas condições em que o experimento foi conduzido, conclui-se que:

O comportamento das cultivares de mamoneira nos tabuleiros costeiros de Nossa Senhora


das Dores e Umbaúba é igual para altura da planta, florescimento, produtividade de frutos e teor de
óleo

As cultivares apresentam menor porte, florescimento mais precoce teor de óleo mais elevado
nos tabuleiros costeiros de Nossa Senhora das Dores

As cultivares apresentam maiores produtividades de fruto nos tabuleiros costeiros de Umbaúba

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

biodieselbr.com/plantas/mamona/index.htm, consulta em 10 de maio de 2007.

CRUZ, C. D.; REGAZZI, A. J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Viçosa:


Ed. UFV, 1997.390 p.

CRUZ, C. D. Programa Genes: Estatística experimental e matrizes. Editora UFV. Viçosa (MG). 285p.
2006

VEIGA. R. F. A.; SAVY FILHO, A.; BANZATTO, N. V. Descritores mínimos para a caracterização e
avaliação de mamoneira (Ricinus communis L.) aplicados no Instituto Agronômico. Campinas: Instituto
Agronômico, 1989. 16p.

Tabela 20 – Resumo da análise de variância conjunta para caracteres morfológicos vegetativos e reprodutivos avaliados em
cultivares de mamoneira em Nossa Senhora das Dores (Dores) e Umbaúba. Aracaju/SE, 2010.

ns, *e
** = não-significativo, significativo a 5% e a 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.
Caracteres avaliados: Altura da planta (AP); florescimento (FLOR); produtividade de frutos (PRODF) e teor de óleo (TOLEO).

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COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL DO ENSAIO FINAL DO PRIMEIRO ANO NO


NORDESTE BRASILEIRO - SAFRA 2009

Ivênio Rubens de Oliveira¹; Hélio Wilson Lemos de Carvalho¹; Cláudio Guilherme Portela de Carvalho2;
José Nildo Tabosa3; Marcelo Abdon Lira4; Francisco Méricles de Brito Ferreira5; Márcia Leite dos
Santos6; Cinthia Souza Rodrigues7.
¹Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, C.P.44, Jardins, Aracaju, SE. CEP: 49025-040. E-mail:
ivenio@cpatc.embrapa.br. 2Embrapa Soja, Londrina, PR. 3IPA, Recife, PE. 4EMPARN, Natal, RN. 5Secretaria de Agricultura
do Estado de Alagoas. 6Estagiária Embrapa Tabuleiros Costeiros. 7PIBIQ/CNPq/Embrapa Tabuleiros Costeiros.

RESUMO - Este trabalho teve por objetivo averiguar o comportamento de genótipos de girassol do
ensaio final do primeiro ano no Nordeste brasileiro. Os ensaios foram instalados em ambientes dos
estados Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte, no ano agrícola de 2009. Utilizou-se o delineamento
experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições. Constataram-se efeitos significativos de
genótipos, ambientes e interação ambientes versus genótipos, revelando diferenças entre os
ambientes e os genótipos e, indicando que os genótipos apresentaram respostas diferenciadas quando
submetidos a ambientes distintos. Os genótipos com rendimentos médios de grãos acima da média
geral apresentaram melhor adaptação, destacando-se, entre eles, BRS G24, HLA 860 HO, HLT 5011,
BRS G25, M 735, EXP 1456 DM, V50070 e M 734, os quais se constituem em excelentes opções de
cultivo para a região.
Palavras-chave - Helianthus annuus, interação cultivar x ambiente, adaptação, cultivares.

INTRODUÇÃO

Em razão das distintas condições ambientais existentes no Nordeste brasileiro há necessidade


de se conhecer o comportamento de genótipos de girassol desenvolvidos por empresas oficiais e
particulares. A avaliação é de extrema importância para o conhecimento da adaptação desses
materiais aos diferentes ambientes dessa região. Estudos têm demonstrado a significância da
interação cultivares versus ambientes e, consequentemente, o comportamento diferencial desses
materiais nos anos e locais estudados (Ramalho et al., 1993).

Os ambientes de instalação dos experimentos são importantes no comportamento fenotípico


dos genótipos, dada ás distintas condições ambientais que possibilitam a definição de pontos
estratégicos para a execução dos ensaios com vistas a recomendação de cultivares (Duarte &
Zimmermann, 1994). Fundamentado nesses conceitos de avaliação de cultivares em locais

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estratégicos, foi possível verificar o comportamento de cultivares de girassol em diferentes ambientes


do Nordeste brasileiro, conforme assinalaram Oliveira et al. (2007 e 2009). Esses autores ressaltaram o
alto potencial para a produtividade dos genótipos avaliados, recomendando a utilização daqueles que
expressaram melhor adaptação em plantios comercias da região.

Desenvolveu-se o presente trabalho objetivando conhecer o comportamento produtivo de


novos genótipos de girassol, para posterior utilização em diferentes pontos do Nordeste brasileiro.

METODOLOGIA

Foram utilizados dados de peso de grãos de uma rede de ensaios de avaliação de genótipos
de girassol de primeiro ano realizada no ano de 2009 e coordenada pela Embrapa soja em parceria
com a Embrapa tabuleiros Costeiros. Os ensaios foram instalados nos municípios de Arapiraca, AL;
Carira, Umbaúba, Frei Paulo e Nossa Senhora das Dores, SE; Canguaretama e Apodi, RN. Utilizou-se
o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições. As parcelas constaram de
quatro fileiras de 6,0 m de comprimento, espaçadas de 0,8 m e com 0,3 m entre covas, dentro das
fileiras. Manteve-se uma planta por cova, após o desbaste. As adubações realizadas nesses ensaios
foram de acordo com os resultados das análises de solo de cada área experimental.

Foram realizadas análises de variância, por ambiente e conjunta, para o caráter peso de grãos.
Nessa última, observou-se a homogeneidade dos quadrados médios residuais, considerando-se
aleatórios os efeitos blocos e ambientes e, fixo, o efeito de genótipos, sendo realizadas conforme
Vencovsky e Barriga (1992).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observaram-se, nas análises de variância individuais, comportamento diferenciado entre os


genótipos avaliados, quanto ao peso de grãos (Tabela 1). As produtividades, na média dos ambientes,
oscilaram de 1.128 kg/ha, em Carira, a 2.465 kg/ha, em Nossa Senhora das Dores, destacando-se os
municípios de Nossa Senhora das Dores e Umbaúba, SE e Arapiraca, AL, como mais favoráveis ao
cultivo de girassol. Os coeficientes de variação encontrados oscilaram de 11,7% a 18,1 %, conferindo
boa consistência aos dados experimentais.

Constatada a homogeneidade das variâncias residuais, realizou-se a análise de variância


conjunta dos experimentos. Pelo teste F foi possível verificar efeito significativo de genótipos,

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ambientes e interação ambientes versus genótipos, revelando diferenças entre os ambientes e os


genótipos e indicando que os genótipos apresentaram respostas diferenciadas quando submetidos a
ambientes distintos (Tabela 1). Interações significativas em trabalhos similares de melhoramento têm
sido constatadas por diversos autores (Carvalho et al., 2009 e Oliveira et al., 2009). O coeficiente de
variação encontrado nessa análise também proporcionou confiabilidade aos ensaios.

Os rendimentos médios de grãos dos genótipos, na média dos ambientes, variaram de 1.378
kg/ha a 2.040 kg/ha, com média geral de 1.756 kg/ha, superior a média histórica brasileira, que é de
1.393kg/ha (CONAB, 2009), evidenciando o alto potencial para a produtividade de grãos do conjunto
avaliado (Tabela 1). Os genótipos com rendimentos médios de grãos acima da média geral
apresentaram melhor adaptação (Vencovsky & Barriga (1992), destacando-se, entre eles, BRS Gira 24,
HLA 860 HO, HLT 5011, BRS G25, M 735, EXP 1456 DM, V50070 e M 734, os quais se constituem em
excelentes opções de cultivo para a região.

CONCLUSÃO

As cultivares BRS Gira 24, HLA 860 HO, HLT 5011, BRS G25, M 735, EXP 1456 DM, V50070
e M 734, destacam-se para exploração comercial no Nordeste brasileiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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primeiro ano no Nordeste barsileiro. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO GIRASSOL, 18º;
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Nordeste brasileiro, no ano agrícola de 2008. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO

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Tabela 1 - Médias e resumos das analises de variância, por local e conjunta, para o peso de grãos (kg/ha), obtidas nos ensaios de avaliação de cultivares de girassol de primeiro ano. Nordeste
brasileiro.

Tratamentos Arapiraca Carira Umbaúba Dores Frei Paulo Canguaretama Apodi Analise conjunta
M 734 2834a 1579a 2684ª 2688a 1665a 1468b 1365b 2040a
V50070 3096a 1321b 2529ª 2688a 1683a 1304b 1165c 1969a
EXP 1456 DM 2451a 1735a 2410ª 2938a 1599a 1421b 1090c 1949a
M 735 2803a 1021c 2697ª 2938a 1691a 1021c 1472a 1949a
BRS G25 2086b 1363b 2448ª 2594a 1729a 1837a 1496a 1936a
HLT 5011 2885a 1230c 2395ª 2588a 1585a 1628a 1005c 1902a
HLA 860 HO 2677a 1093c 1279c 2881a 1323b 1135c 1293b 1886a
BRS G24 2446a 1104c 2607ª 2585a 1843a 1135c 1353b 1867a
NTO 2.0 2575a 1161c 2832ª 2803a 1698a 819d 1005c 1842b
MULTISSOL 2526a 985c 2190ª 2741a 1603a 1358b 1310b 1816b
ALBISOL 2 2553a 1095c 2593ª 2178b 1661a 1272b 1064c 1774b
V70003 2713a 1074c 2414ª 2475a 1474b 1233c 908d 1756b
EMBRAPA 01 2032b 1169c 2600ª 2563a 1941a 968c 835d 1729b
HELIO 358 2284b 1301b 2232ª 2372b 1813a 1064c 1036c 1729b
BRS G27 2645a 909c 1962b 2356b 1326b 1114c 1683a 1714b
HLA 211 CL 2604a 871c 2439ª 2013b 1686a 1336b 1309b 1712b
PARAÍSO 22 1958b 968c 2238ª 2360b 1680a 1108c 1168c 1640c
AGROBEL 960 2063b 871c 1720b 2147b 1455b 1702a 1267b 1603c
EMBRAPA 22 1576c 1081c 2257ª 2178b 1696a 927d 1012c 1532c
HLA 887 2315b 963c 2434ª 2166b 1414b 652d 1502a 1457d
ALBISOL 20 CL 2010b 1009c 1675b 1756b 1425b 1084c 1198c 1451d
AROMO 10 1648c 918c 1647b 2247b 1350b 1198c 637e 1378d
Média 2399 1128 2285 2465 1606 1217 1190 1756
CV (%) 11,67 17,30 12,8 13,54 11,91 18,1 11,7 13,9
F(Tratamento - T) 8,2** 5,1** 7,3** 3,5** 3,1** 6,6** 12,6** 15,9**
F(Local – L) - - - - - - - 546,0**
F(Interação T x L) - - - - - - - 4,5**
** significativos a 1% de probabilidade pelo teste F. As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste Scott-Knott.

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COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL DO ENSAIO FINAL DO SEGUNDO ANO NO


NORDESTE BRASILEIRO - SAFRA 2009

Ivênio Rubens de Oliveira¹; Hélio Wilson Lemos de Carvalho¹; Cláudio Guilherme Portela de Carvalho2;
José Nildo Tabosa3; Marcelo Abdon Lira4; Francisco Méricles de Brito Ferreira5; Márcia Leite dos
Santos6; Cinthia Souza Rodrigues7.
¹Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, C.P.44, Jardins, Aracaju, SE. CEP: 49025-040. E-mail:
ivenio@cpatc.embrapa.br. 2Embrapa Soja, Londrina, PR. 3IPA, Recife, PE. 4EMPARN, Natal, RN. 5Secretaria de Agricultura
do Estado de Alagoas. 6Estagiária Embrapa Tabuleiros Costeiros. 7PIBIQ/CNPq/Embrapa Tabuleiros Costeiros.

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi averiguar o comportamento de cultivares de girassol, de


ensaio de final de segundo ano, quando avaliados em diversas áreas do Nordeste brasileiro, para fins
de recomendação. Os ensaios foram realizados nos estados de Sergipe, Alagoas e Rio Grande do
Norte. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições de dezoito
tratamentos. Constataram-se, na análise de variância conjunta, diferenças significativas para os efeitos
de genótipos, ambientes e interação genótipos x ambientes, evidenciando diferenças entre os
genótipos e os ambientes e comportamento não consistente destes genótipos nos ambientes
avaliados. Os genótipos com rendimentos médios de grãos acima da média geral mostraram melhor
adaptação, destacando-se, entre eles, os EXP 1452 CL, BRS G6, M 734, BRS G26, V20041 e NEON,
os quais se constituem em ótimas alternativas para exploração comercial na região.
Palavras-chave - Helianthus annuus, interação cultivar x ambiente, adaptação, Nordeste brasileiro

INTRODUÇÃO

A obtenção de informações por meio de pesquisa tem importância decisiva para dar suporte
tecnológico ao desenvolvimento da cultura do girassol no Nordeste brasileiro, proporcionando a
obtenção melhores produtividades e retornos econômicos competitivos. Entre as várias tecnologias
desenvolvidas para a produção do girassol, a seleção de cultivares de melhor adaptação e portadoras
de atributos agronômicos desejáveis constitui um dos principais componentes do sistema de produção
da cultura.

Atualmente, nessa região, a avaliação e a seleção de variedades e híbridos de girassol


provenientes de empresas oficiais e particulares, estão sendo realizadas por meio de Rede de Ensaios
de Avaliação de Cultivares, coordenada pela Embrapa Soja e Embrapa Tabuleiros Costeiros, sendo os
ensaios realizados em diferentes pontos dos estados do Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe.

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Adotando esse procedimento, Oliveira et al., (2007, 2009a e 2009b) têm indicado diversos híbridos e
variedades de girassol, de diferentes portes e ciclos e de alto potencial para a produtividade para
exploração nos estados da Bahia, Alagoas e Rio Grande do Norte.

Assim, o objetivo deste trabalho foi averiguar o comportamento de variedades e híbridos de


girassol, de ensaio de final de segundo ano, quando avaliados em diversas áreas dos estados de
Sergipe, Alagoas e Rio Grande do Norte, para fins de recomendação.

METODOLOGIA

Foi realizada a rede de Ensaio Final de Segundo Ano, no Agreste Nordestino, no ano agrícola
de 2009. Os ensaios foram realizados nos municípios de Carira, Frei Paulo, Nossa Senhora das Dores
e Umbaúba, em Sergipe; Arapiraca, em Alagoas, e Apodi, no Rio Grande do Norte. Utilizou-se o
delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições de dezoito tratamentos
componentes da rede de Ensaio Final de Segundo Ano coordenada pela Embrapa Soja. As parcelas
foram formadas por quatro fileiras de 6,0 m de comprimento, espaçadas de 0,8 m e com 0,3 m entre
covas, dentro das fileiras. Manteve-se uma planta por cova após o desbaste. As adubações foram
feitas de acordo com os resultados das análises de solo das áreas experimentais.

Foram realizadas as análises de variância, por ambiente e conjunta, para o caráter peso de
grãos. Nessa última, observou-se a homogeneidade dos quadrados médios residuais (Gomes, 1990),
considerando-se aleatórios os efeitos de blocos e ambientes, e fixo o efeito de genótipos, sendo
realizadas conforme Vencovsky e Barriga (1992).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelos resultados das análises de variância individual houve diferenças significativas, a 1% de


probabilidade, pelo teste F, para o efeito de genótipos, revelando variação genética entre eles, quanto
ao peso de grãos (Tabela 1). Os coeficientes de variação encontrados oscilaram de 10% a 20,1%,
conferindo confiabilidade aos dados experimentais, conforme critérios adotados por Lúcio et al., (1999).
Os municípios de Arapiraca, AL, Nossa Senhora das Dores e Umbaúba, SE, mostraram os maiores
rendimentos médios de grãos, configurando-se como ambientes mais favoráveis ao desenvolvimento
do cultivo do girassol.

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Constataram-se, na análise de variância conjunta, diferenças significativas a 1 % de


probabilidade, para os efeitos de genótipos, ambientes e interação genótipos x ambientes,
evidenciando diferenças entre os genótipos e os ambientes e mudanças no comportamento dos
genótipos na média dos ambientes (Tabela 1). Interações significativas em trabalhos similares de
melhoramento têm sido detectadas por Oliveira et al. (2007 e 2009b) e Carvalho et al. (2009).

Os rendimentos médios dos genótipos na média dos ambientes variaram de 1.538 kg/ha a
2.152 kg/ha, com média de 1.869 kg/ha, superior a média histórica brasileira em 2008, que foi de
1.393kg/ha (CONAB, 2009),evidenciando o alto potencial para a produtividade de grãos do conjunto
avaliado (Tabela 1). Os genótipos com rendimentos médios de grãos acima da média geral mostram
melhor adaptação segundo Vencovsky & Barriga (1992), destacando-se, entre eles, EXP 1452 CL,
BRS G6, M 734, BRS G26, V20041 e NEON, os quais se constituem em ótimas alternativas para
exploração comercial na região.

CONCLUSÃO

Os genótipo EXP 1452 CL, BRS G6, M 734, BRS G26, V20041 e NEON expressam melhor
adaptação e se constituem em ótimas alternativas para exploração comercial no Agreste de Alagoas,
Rio Grande do Norte e Sergipe.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LÚCIO, A.D.; STORCK, L.; BANZATTO, D. A. Classificação dos experimentos de competição de


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Tabela 1 - Médias e resumos das analises de variância, por local e conjunta, para o peso de grãos (kg/ha), obtidas nos
ensaios de avaliação de cultivares de girassol de Ensaio Final de Segundo Ano. Nordeste brasileiro, 2009.

Analise
Cultivares Arapiraca Carira N. Sra. Dores Frei Paulo Umbaúba Apodi
conjunta
NEON 1977b 2066a 2453b 1915a 2112a 2391b 2152a
V20041 2942a 1044c 2400b 1478c 2546a 2422b 2139a
BRS G26 2889a 1153c 2281b 1910a 2337a 2085c 2109a
M734 2746a 1049c 2775a 1623b 2285a 1897c 2062a
BRS G06 2494a 1153c 2763a 1626b 2514a 1715c 2044a
EXP 1452 CL 2501a 1273c 2994a 1356c 2204a 1822c 2025a
HLS 07 2510a 1650b 2375b 1516c 2293a 1568d 1985b
HLT 5004 1952b 812c 2338b 1335c 2118a 3163a 1953b
HELIO 358 2092b 1168c 2644a 1497c 2023b 1978c 1900b
TRITON MAX 2474a 1010c 2700a 1266c 2457a 1451d 1893b
NTO 3.0 1653c 821c 2528a 1696b 2350a 1969c 1836c
PARAÍSSO 33 2645a 951c 2606a 1371c 2038b 1097e 1785c
SEM 822 2043b 921c 2088b 1551b 2202a 1404d 1701d
EXP 1450 HO 1784c 1115c 2206b 1185c 1845b 1831c 1661d
AGROBEL 960 2007b 1363c 2038b 1228c 1706b 1462d 1634d
ZENIT 2155b 1138c 2063b 1327c 1783b 1233e 1616d
PARAISO 20 1367c 1131c 2444b 1405c 2148a 1190e 1614d
HLE 15 1535c 732c 2050b 1260c 2173a 1478d 1538d
Média 2209 1142 2430 1475 2174 1786 1869
C.V.(%) 15,3 20,1 14,2 12,5 10,3 12,6 14,7
F (Cultivares - C) 7,6** 4,8** 2,7** 5,5** 4,4** 20,7** 13,1**
F ( Local - L) - - - - - - 213,3**
F (C x L) - - - - - - 5,5**
** significativos a 1% de probabilidade pelo teste F. As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott.

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COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA EM CONSÓRCIO COM O FEIJOEIRO


COMUM NA ZONA AGRESTE DO ESTADO DE SERGIPE

Ivênio Rubens de Oliveira¹; Hélio Wilson Lemos de Carvalho¹; Máira Milani2; Márcia Leite dos Santos3;
Cinthia Souza Rodrigues4; Vanessa Marisa Miranda Menezes4
¹Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, C.P.44, Jardins, Aracaju, SE. CEP: 49025-040. E-mail:
ivenio@cpatc.embrapa.br. 2Embrapa algodão, Campina Grande, PB. 3Estagiária Embrapa Tabuleiros Costeiros.
4PIBIQ/CNPq/Embrapa Tabuleiros Costeiros

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi verificar o comportamento de cultivares de mamoneira, de


diferentes portes, em consórcio com o feijoeiro comum, no agreste sergipano. Foram avaliadas, em um
ensaio, onze genótipos de mamoneira de porte médio e em outro ensaio, seis genótipos de porte baixo;
nesses ensaios utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições. A
cultivar de feijoeiro comum BRS Agreste foi utilizada como cultura consorte. Observaram-se, em ambos
os ensaios, diferenças significativas entre os materiais de mamoneira evidenciando variações genéticas
entre elas quanto ao peso de bagas. Os genótipos CNPAM 2001-16, CNPAM 2001-70, CNPAM 2001-
63, Nordestina e Paraguaçu, de porte médio e CNPAM 2001-48 e CNPAM 2001-42 de porte baixo,
mostraram os melhores rendimentos de bagas, consubstanciando-se em alternativas importantes para
a agricultura regional.
Palavras-chave – Phaseolus vulgaris L.; Ricinus communis L.; porte; agricultura familiar

INTRODUÇÃO

Sabe-se que a melhoria da produtividade de uma lavoura depende, entre outros fatores, da
utilização de materiais de melhor adaptação ao ambiente e portadores de atributos agronômicos
desejáveis. Portanto, uma variedade melhorada pode ser considerada um dos principais componentes
tecnológicos do sistema produtivo por contribuir com incrementos de produtividade sem implicar em
custos adicionais, o que facilita sua adoção, especialmente, por parte de produtores de baixa renda.
Grande parte das propriedades agrícolas que exploram a mamoneira no Nordeste brasileiro tem
pequenas dimensões, o que a caracteriza como uma cultura explorada basicamente por pequenos
agricultores, que utilizam, com freqüência, a mão de obra familiar.

No Nordeste brasileiro há uma carência expressiva de sementes melhoradas de variedades


recomendadas, o que vem causando baixa produtividade, susceptibilidade a pragas e doenças e várias

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outras características indesejáveis (FREIRE et al., 2001). Com o uso de variedades melhoradas e com
o uso de um sistema de produção adequado pode-se melhorar sensivelmente o rendimento da
mamoneira na região.

Nesse cenário, desenvolveu-se o presente trabalho visando avaliar o comportamento produtivo


de diferentes cultivares de mamoneira, de porte médio e de porte baixo, em consórcio com o feijoeiro
comum, na zona agreste do estado de Sergipe.

METODOLOGIA

Foram avaliadas, em um ensaio, onze genótipos de mamoneira de porte médio (três


variedades testemunhas e oito genótipos) em consórcio com a variedade de feijoeiro comum BRS
Agreste, utilizando-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições. As
parcelas constaram de quatro fileiras de 10 m de comprimento, distanciadas de 2 m, com 1 m entre
covas dentro das fileiras, deixando-se uma planta por cova, após o desbaste. Entre as fileiras de
mamoneira foram colocadas 3 fileiras de feijoeiro, distanciadas de 0,5 m, deixando-se 3 plantas por
cova, totalizando 15 plantas por metro linear. No outro ensaio, formado por seis genótipos de
mamoneira de porte baixo (uma variedade testemunha e cinco genótipos), utilizou-se também o
delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições. O espaçamento usado foi de
1,0 m entre fileiras, com 1,0 m entre covas, dentro das fileiras, deixando-se uma planta por cova, após
o desbaste. Foi utilizada uma fileira de feijoeiro dentro de cada fileira de mamoneira, com densidade
semelhante ao ensaio anterior. A adubação realizada nesses ensaios foi de acordo com o resultado da
análise de solo da área experimental.

Os pesos de bagas das cultivares de mamoneira e de grãos, do feijoeiro comum, foram


submetidos a análise de variância obedecendo ao modelo em blocos ao acaso.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observaram-se, em ambos os ensaios, diferenças significativas entre os materiais de


mamoneira, a 1% de probabilidade, pelo teste F, evidenciando variações genéticas entre elas quanto
ao peso de bagas (Tabelas 1 e 2). Também, nota-se, nos dois ensaios, que a cultivar de feijoeiro
comum BRS Agreste mostrou o mesmo comportamento quando avaliada com qualquer cultivar de
mamoneira, tanto de porte médio (Tabela1), quanto de porte baixo (Tabela 2).

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Com relação aos genótipos de mamoneira de porte médio, a média geral de rendimento de
bagas foi de 1.301 kg/ha, com variação de 893 kg/ha a 1.828 kg/ha, destacando-se com melhor
adaptação aqueles materiais com rendimentos médios de bagas acima da média geral (Vencovsky &
Barriga, 1992). Mostraram melhores rendimentos os genótipos CNPAM 2001-16, CNPAM 2001-70,
CNPAM 2001-63 e as variedades testemunhas Nordestina e Paraguaçu, as quais se sobressaem para
exploração comercial na zona agreste do estado de Sergipe. A alta performance produtiva das
variedades Nordestina e Paraguaçu tem sido destacada em trabalhos de avaliação de cultivares no
Nordeste brasileiro, conforme relatam Alves et al. (2004) e Severino et al. (2006). O rendimento médio
da cultivar de feijoeiro comum BRS Agreste foi de 1.399 kg/ha, evidenciando um alto potencial
produtivo quando consorciada com a mamoneira, constituindo-se em uma alternativa importante para
esse tipo de exploração agrícola na região. O bom potencial para a produtividade de grãos dessa
cultivar de feijoeiro tem sido destacada em trabalhos de avaliação de cultivares de feijoeiro, em
monocultivo, no agreste nordestino (CARVALHO et al., 2009).

Quanto ao ensaio envolvendo a avaliação de cultivares de mamoneira de porte baixo (Tabela


2), a média detectada foi de 2.029 kg/ha de bagas, com variação de 918 kg/ha, com a cultivar BRS
Energia a 2.732 kg/ha, com o genótipo CNPAM 2001-48. Este último genótipo e o CNPAM 2001-42
mostraram os melhores rendimentos de bagas, seguidas dos CNPAM 2001-57 e CNPAM 2001-50.
Esses genótipos de melhores rendimentos de bagas tornam-se bastante promissores para exploração
comercial na região. O rendimento médio da cultivar de feijoeiro foi de 1.185 kg/ha, sendo inferior
quando consorciada com cultivares de mamoneira de porte médio, em razão, provavelmente, da maior
competição exercida pelas cultivares de porte baixo.

CONCLUSÕES

A variedade Nordestina, de porte médio, mostra bom comportamento produtivo em áreas do


agreste do estado de Sergipe e, permite a obtenção de alto rendimento de grãos de feijoeiro comum,
quando em consorciação.

Os genótipos de porte baixo CNPAM 2001-48 e CNPAM -42 são altamente promissores para
exploração comercial no agreste sergipano.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, A. N.; EILVA, S. M. S.; GHEYI, H. R.; BELTÃO, N. E.M .; SEVERINO, L.S.; SOARES, F. A.L.; SANTOS,
I. S. Comportamento de três cultivares de mamoneira irrigadas em águas salinas. In: Congresso Brasileiro de
Mamona, 1, 2004, Campina Grande. Energia e Sustentabilidade. Anais... CD-ROM, 2004.

FREIRE, E. C., LIMA, E. F., ANDRADE, F. A. Melhoramento genético. In: AZEVEDO, D. M. P. de., LIMA, E. F.
(Eds.) O Agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p. 228-256.

SANTOS, R. F.; BARROS, M. A. L.; MARQUES, F. M.; FIRMINO, P. T., REQUIÃO, L. E G. Análise econômica.
IN: AZEVEDO, D. M. P. de; LIMA, E. F. (Eds) O Agronegócio da mamona no Brasil: Brasília: Embrapa
Informação Tecnológica, 2001. p. 17-35.

SEVERINO, L. S.; MILANI, M.; MORAES, C. R. A.; GONDIM, T. M. S.; CARDOSO, G. D. Produtividade e teor de
óleo da mamoneira cultivada variando de 60 a 280m. Revista Ciência Agronômica, 2006.

VENCOVSKY. R.; BARRIGA, P. Genética biométrica no fitomelhoramento. Ribeirão Preto: Sociedade


Brasileira de Genética, 1992. 496p.

Tabela 1 - Médias e resumos das analises de variância obtidas no ensaio de avaliação de cultivares de mamona de porte
médio em consorcio com o feijoeiro comum. Frei Paulo, Sergipe, 2008.

Cultivares Mamona Feijoeiro comum


Peso de bagas (kg/ha) Peso de grãos (kg/ha)
Nordestina 1828a 1269
CNPAM 2001 – 63 1654a 1396
CNPAM 2001 – 70 1542a 1185
Paraguaçu 1516a 1375
CNPAM 2001 – 16 1464a 1313
CNPAM 2001 – 212 1210b 1472
CNPAM 2001 – 9 1127b 1357
SM5 – Pernanbucana 1076b 1390
CNPAM 2001 – 77 1012b 1344
CNPAM 2001 – 5 1000b 1261
CNPAM 93 - 168 893b 2029
Média Geral 1301 1399
C.V(%) 15,8 22,9
F (Cultivares) 9,07** 0,93ns
1Variedade de feijoeiro BRS Agreste. ** significativo a 1% pelo teste F. As médias seguidas pelas mesmas letras não
diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

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Tabela 2 - Médias e resumos das analises de variância obtidas no ensaio de avaliação de cultivares de mamona de porte
baixo em consorcio com o feijoeiro comum. Frei Paulo, Sergipe, 2008.

Cultivares Mamona Feijoeiro Comum


Peso de bagas (kg/ha) Peso de grãos (Kg/ha)
CNPAM 2001 - 48 2732a 1195
CNPAM 2001 - 42 2508a 1220
CNPAM 2001 - 57 2129b 1330
CNPAM 2001 - 50 2108b 1222
CNPAM 200 - 49 1785b 1043
BRS Energia 918c 1104
Média 2029 1185
C.V(%) 13,5 16,2
F (Cultivares) 21,54** 1,08ns
1Variedade de feijoeiro BRS Agreste.** significativo a 1% pelo teste F. As médias seguidas pelas mesmas letras não
diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

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COMPORTAMENTO DE LINHAGENS DE MAMONA (Ricinus communis L.), EM BAIXA ALTITUDE


NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 1

Marcelo Abdon Lira1; Máira Milani2; Hélio Wilson Lemos de Carvalho3; João Maria Pinheiro de Lima1
1Pesquisador,Embrapa/Emparn, Rua Jaguarari, 2192, CEP: 59061-500, Natal-RN, marcelo-emparn@rn.gov.br;
jmariaplima@gmail.com; 2Pesquisadora Embrapa Algodão, Rua Oswaldo Cruz, 1143, CEP 58107-720, Campina Grande
PB, maira@cnpa.embprapa.br; 3Pesquisador, Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal 44, CEP: 49025-040, Aracaju-
SE, helio@cpatc.embrapa.br

RESUMO: Com o objetivo de avaliar o comportamento da mamona quanto ao rendimento de bagas e


teor de oléo, foram avaliadas dez linhagens em Ipanguaçu/RN e Canguaretama/RN em 2006. O
Município de Ipanguaçu/RN encontra-se a uma latitude de 05º37‘S, longitude de 36º50‘W e altitude de
70 m, apresentando uma temperatura média anual de 27,4 ºC e temperaturas mínima e máxima de
20,1ºC a 35,0 ºC, respectivamente. Apresenta solo do tipo neossolo (aluvional) de alta fertilidade. O
segundo município encontra-se a uma latitude de 06º22‘S, longitude de 35º 07‘W e altitude de 5 m,
temperatura média anual de 25,0 ºC e temperaturas mínima e máxima de 21ºC e 35,0ºC,
respectivamente. O solo é classificado como latossolo amarelo de textura arenosa. O delineamento
utilizado foi blocos casualizados com cinco repetições. As análises conjuntas para produção de bagas
e teor de óleo evidenciaram as linhagens CNPAM 2001-49, CNPAM 2000-47, CNPAM 2001-48 e
CNPAM 2001-57, com rendimentos superiores a 1.500 kg/ha e teor de óleo de 54%.
Palavras-chave: mamona, melhoramento genético, avaliação, Ricinus communis

INTRODUÇÃO
O BrasiI plantou na safra 2007/2008 uma área de 162,7 mil hectares, com produção de 123,3
mil toneladas e com uma produtividade média de 758 kg/ha. Quanto às regiões produtoras, destaque
para o Nordeste brasileiro com percentuais de 95,82% e 91,97%, respectivamente para área explorada
e produção de grãos, destacando-se os estados da Bahia e do Ceará que juntos contribuem com mais
de 89% da produção nacional ( CONAB,2009).
O Rio Grande do Norte teve uma participação relativamente grande nas décadas de 1960 e
1970. Problemas de desorganização do mercado regional (preço e comercialização) e outros fatores
contribuíram para esta drástica redução. Devido a sua múltipla aplicação industrial, a mamona vem
despertando, também, interesse na exploração comercial com a finalidade de atender uma demanda
existente para sua utilização como matéria prima para a produção de biodiesel.

1 Apoio financeiro Banco do Nordeste/ Fundeci; Apoio técnico Embrapa Algodão

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Para tanto, visando observar o comportamento de novos tipos de plantas de mamona,


principalmente quanto ao rendimento de bagas e teor de óleo por unidade de área, a EMPARN vem
avaliando em ambientes de baixa altitude, linhagens dessa cultura provenientes do Banco de
Germoplasma da Embrapa Algodão

METODOLOGIA

Dois ensaios foram instalados nos municípios de Ipanguaçu/RN e Canguaretama/RN em abril


de 2006. O primeiro município encontra-se a uma latitude de 05º37‘S, longitude de 36º50‘W e altitude
de 70 m, apresentando uma temperatura média anual de 27,4 ºC e temperaturas mínima e máxima de
20,1 ºC a 35,0 ºC, respectivamente. Apresenta solo do tipo neossolo (aluvional) de alta fertilidade. O
segundo município encontra-se a uma latitude de 6º22‘S, longitude de 35º07‘W e altitude de 5 m,
temperatura média anual de 25 ºC e temperaturas mínima e máxima de 21,0 ºC e 35,0 ºC,
respectivamente. O solo é classificado como latossolo amarelo de textura arenosa. A adubação foi
baseada na análise do solo de cada município onde foi conduzido o ensaio. No Município de
Ipanguaçu/RN a precipitação ocorrida no período foi de 401,0 mm, enquanto em Canguaretama/RN
foram 801,2 mm.

Foram avaliadas dez linhagens provenientes do Banco de Germoplasma da Embrapa Algodão,


situada em Campina Grande PB. Usou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com
cinco repetições. Cada parcela experimental foi composta por duas fileiras de 10 m, sem bordadura
entre si, com espaçamento entre fileiras de 1,0 m e entre plantas dentro das fileiras, também de 1,0 m.
Os pesos de baga e teor de óleo foram submetidos à análise de variância obedecendo ao modelo em
blocos ao acaso, em nível de local, e a uma análise de variância conjunta, considerando-se aleatórios
os efeitos de blocos e locais, e fixo o efeito de cultivares, conforme Vencovsky e Barriga (1992).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variância por local e conjunta para as características avaliadas nos ensaios
instalados em Ipanguaçu e Canguaretama/RN em 2006, encontram-se nas Tabela 1 a 2. No ensaio
instalado em Ipanguaçu/RN ( Tabela 1), as produtividades de bagas variaram de 982 kg/ha (CSRN
393) a 1929 kg/ha (CNPAM 2001-49). Em Canguaretama/RN as produtividades de bagas variaram de
970 kg/ha (CNPAM 2000-79) a 1742 kg/ha (CNPAM 2000-47). A análise conjunta revelou diferença
(P< 0,01) para cultivar, local e não significativa para a interação cultivar x local, mostrando
comportamento não diferenciado dos materiais avaliados, em relação aos ambientes trabalhados. A

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média geral foi de 1425 kg/ha, variando de 1180 kg/ha (CNPAM2000-79) a 1795 kg/ha (CNPAM 2001-
49). Quanto ao teor de óleo (Tabela 2), observaram-se também diferenças estatísticas entre os
materiais avaliados em ambos os locais. A média obtida em Ipanguaçu/RN foi de 52%, variando de
49% (CRSN 142) a 54% (CNPAM 2001-49, CNPAM 2000-79, CNPAM 2001-57 e CNPAM 2001-42).
Em Canguaretama/RN a média ficou em 54% sendo que a amplitude de variação foi de 51% (CSRN
393) a 57% (CNPAM 2001-50). A análise conjunta revelou diferença (P< 0,01) para cultivar, local e
não significativa para a interação cultivar x local, mostrando comportamento não diferenciado dos
materiais avaliados, em relação aos ambientes trabalhados para esta característica. A média geral foi
de 53%, variando de 50%(CSRN 393) a 54% (CNPAM 2001-49,CNPAM 2000-79, CNPAM 2001-
50,CNPAM 2001-57, CNPAM 2001-48 e CNPAM 2000-47). Severino et al. (2006) analisando o teor de
óleo em dez genótipos, encontrou valores variando de 40,2% (CSRN 393 em Carnaubais no RN) a
48,6% (Nordestina em Quixeramobim no Ceará). O rendimento médio neste trabalho, ficou em 45,8%.
Lira et al. (2008) analisando, também, o desempenho em dez genótipos de mamona no Rio grande do
Norte( Ipanguaçu) em 2005, verificou percentuais superiores a 43%, mostrando, portanto resultados
favoráveis em ambientes de baixa altitude.

CONCLUSÕES

As linhagens CNPAM 2001-49, CNPAM 2000-47, CNPAM 2001-48 e CNPAM 2001-57,


expressaram boa adaptação em ambientes de baixa altitude para produção de bagas e teor de óleo;

Os resultados alcançados demonstram boas perspectivas para o cultivo, não somente nos
municípios zoneados, mas também naqueles ainda não incluídos no zoneamento agrícola, localizados
em baixas altitudes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira: décimo


segundo levantamento, Set../2009. Brasília: Conab,2009.

LIRA, A.L.; MILANI, M.; CARVALHO, H.W. L. de; SANTOS F. C.; Desempenho de linhagens de
mamona em baixa altitude no estado do Rio Grande do Norte In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
MAMONA, 3, Salvador, 2008. Anais... Salvador: Embrapa Algodão, 2008 (CD ROOM).

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SEVERINO, L.S; MILANI, MORAES, C.R.A.; GONDIM,T.M.S.; CARDOSO, G.D.; Avaliação da


produtividade e teor de óleo de dez genótipos de mamoneira cultivados em altitude inferior a 300
metros. Revista Ciência Agronômica, v.37,n.2, p. 188-194,2006.

VENCOVSKY. R.; BARRIGA, P. Genética biométrica no fitomelhoramento. Ribeirão Preto:


Sociedade Brasileira de Genética, 1992. 496p.

Tabela 1 - Médias e resumos das análises de variâncias por local e conjunta referente ao rendimento de bagas, obtidas em
ensaios de cultivares de mamoneira. Rio Grande do Norte, 2006.

LOCAL

CULTIVARES IPANGUAÇU CANGUARETAMA CONJUNTA

CNPAM 2001-49 1929a 1660a 1795a

CNPAM 2000-47 1734a 1742a 1738a

CNPAM 2001-48 1630a 1704a 1660a

CNPAM 2001-57 1632a 1530a 1551a

CNPAM 2001-50 1384b 1297a 1341b

CSRD 2 1019c 1542a 1281b

CRSN 142 1099c 1401a 1250b

CSRN393 982c 1444a 1213b

CNPAM 2001-42 1319b 1103a 1211b

CNPAM 2000-79 1390b 970a 1180b

Média 1412 1439 1425

C.V. (%) 18,3 32,1 31,7

Cultivar (C) 7,6** 1,5ns 2,9**

Local (L) - - 0,0**

Interação (L x C) - - 1,2ns
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F. As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott, a 5%.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1650-1654.
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I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010
Página | 1654

Tabela 2 - Médias e resumos das análises de variâncias por local e conjunta referente ao teor de óleo (%), obtidas em
ensaios de cultivares de mamoneira. Rio Grande do Norte, 2006.

LOCAL

CULTIVARES IPANGUAÇU CANGUARETAMA CONJUNTA

CNPAM 2001-49 54a 55a 54a

CNPAM 2000-79 54a 55a 54a

CNPAM 2001-50 52a 57a 54a

CNPAM 2001-57 54a 54a 54a

CNPAM 2001-48 53a 55a 54a

CNPAM 2000-47 52a 55a 54a

CNPAM 2001-42 54a 55a 53b

CRSN 142 49b 53b 51b

CSRD 2 50b 52b 51b

CSRN 393 50b 51b 50b

Média 52 54 53

C.V. (%) 3,9 4,4 4,5

Cultivar (C) 4,4** 2,7* 4,5**

Local (L) - - 21,2**

Interação (L x C) - - 1,3ns
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F. As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott, a 5%

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1650-1654.
IV Congresso Brasileiro de Mamona e
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COMPORTAMENTO DE TRÊS CULTIVARES E DE UMA LINHAGEM DE MAMONEIRA NO


MUNICÍPIO DE REMÍGIO-PB

Mauro Nóbrega da Costa1; Walter Esfrain Pereira1; Hudsonkléio da Costa Silva2; Riselane de Lucena
Alcântara Bruno1; Máira Milani3 ; Márcia Barreto de Medeiros Nóbrega3; Américo Perazzo Neto1
1CCA-UFPB: costamn@terra.com.br,, walterufpb@yahoo.com.br, lane@cca.ufpb.br , perazzo@cca.ufpb.br ; 2Pós-
Graduando-UFRPE; 3Embrapa Algodão: maira@cnpa.embrapa.br, marcia@cnpa.embrapa.br

RESUMO – Este trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho dos cultivares BRS Energia, BRS
149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçu e da linhagem CNPAM 93 -168 em área do Assentamento Rural
―Irmã Dorothy Stang‖ no município de Remígio-PB para fins de recomendação de plantio em regime de
Agricultura Familiar/Sequeiro. As avaliações foram realizadas no ano de 2008 a partir de experimento
em blocos casualizados com cinco repetições e parcelas representadas por dez plantas. As variáveis
analisadas foram: Altura de Planta (AP), Número de Racemos por Planta (NRP), Peso de 1000
Sementes (P1000), Teor de óleo (TO) e Produtividade (PD). Diferenças significativas entre tratamentos
foram detectadas apenas para Peso de 1000 sementes e Produtividade. O cultivar BRS Energia
apresentou o menor peso médio de 1000 sementes enquanto a Linhagem CNPAM 93 – 168 e o cultivar
BRS 188 Paraguaçu apresentaram valores equivalentes, sendo estes os de maior peso. O cultivar BRS
149 Nordestina apresentou tendência para maior peso. O cultivar BRS Energia apresentou baixo
desempenho produtivo, 657,20 Kg/ha comparado aos outros tratamentos: linhagem CNPAM 93 – 168,
2465,00 Kg/ha, BRS 149 Nordestina, 2389,60 Kg/ha e BRS 188 Paraguaçu, 2083,20 Kg/ha sendo
estes os de melhor desempenho produtivo.
Palavras chave: Ricinus communis, melhoramento genético, introdução.

INTRODUÇÃO

A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa de elevado potencial energético,


possuidora de energia renovável e não poluidora, de destaque entre as culturas destinadas à produção
de Biodiesel.

No Brasil, o cultivo da mamona se processa de forma tradicional por pequenos e médios


produtores. Cultivada em regime de consórcio com outras culturas constitui-se em importante
alternativa agrícola para o Nordeste brasileiro (SAVY FILHO et al. 1999). De acordo com Parente
(2003) em determinadas áreas do semi-árido nordestino, a mamona representa a cultura de sequeiro
mais rentável devido às condições favoráveis ao seu desenvolvimento.

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O semi-árido nordestino é responsável por 80% da produção nacional de mamona (ALMEIDA


et al. 2002), sendo a Bahia o estado de maior produção (AMORIM NETO et al. 2001).

Este trabalho teve por objetivo avaliar três cultivares e uma linhagem de mamoneira,
promissores ao cultivo em Remígio-PB considerando que a utilização de populações melhoradas
geneticamente, resulta em melhor rendimento da cultura estimulando os agricultores ao plantio de
mamona.

METODOLOGIA
Foram avaliados três cultivares e uma linhagem, provenientes da Embrapa Algodão: BRS
Energia, BRS 149 Nordestina, BRS 188 Paraguaçu e CNPAM 93 – 168.

O experimento foi conduzido no período compreendido entre os meses de abril e novembro de


2008, no Lote pertencente ao Sr. João Miranda Filho, no assentamento rural ―Irmã Dorothy Stang‖ no
município de Remígio, estado da Paraíba, de coordenadas geográficas 6º 53‘ 29‖ S e 35º 49‘ 51‖ w e
altitude 593 m, localizado na Microrregião do curimatau ocidental/Mesorregião do agreste paraibano,
de clima semi-árido. A precipitação pluviométrica registrada no ano foi de 1147, 20 mm, com 842,30
mm distribuídos de abril a novembro, conforme dados fornecidos pela Unidade Regional da EMATER –
PB/AREIA.

O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com cinco repetições e


quatro tratamentos, distribuídos em duas fileiras de cinco metros de comprimento em espaçamento de
2m entre fileiras e 1m entre plantas para a linhagem e os cultivares BRS 149 Nordestina e BRS 188
Paraguaçu. O espaçamento destinado ao plantio do cultivar BRS Energia foi de 1m x 1m. Aos 20 dias
do semeio procedeu-se ao desbaste deixando uma planta por cova. Cada parcela ficou então
constituída por 10 plantas. As variáveis Altura de Planta (AP), Número de Racemos por Planta (NRP) e
Produtividade (PD) foram avaliadas de acordo com Veiga et al. (1989) e Nóbrega et al. (2001). Para
determinação de peso de 1000 sementes foram utilizadas as (RAS) Regras para Análises de Sementes
(BRASIL, 1992). A determinação do teor de óleo foi realizada através da técnica de espectroscopia por
RMN – Ressonância Magnética Nuclear na Embrapa Algodão. Os dados foram submetidos à análise
de variância e as diferenças entre médias comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diferenças significativas entre tratamentos foram detectadas apenas para Peso de 1000
sementes e Produtividade (Tabela 1.). O cultivar BRS Energia apresentou o menor peso médio de 1000
sementes enquanto a Linhagem CNPAM 93 – 168 e o cultivar BRS 188 Paraguaçu apresentaram
valores equivalentes, sendo estes os de maior peso. O cultivar BRS 149 Nordestina apresentou
tendência para maior peso (Tabela 2.). Valores semelhantes foram obtidos por Milani et al. (2009) e
Santos et al. (2009) para pesos de 1000 sementes dos cultivares Nordestina e Paraguaçu. Costa et al.
(2009) obtiveram valores de pesos de 1000 sementes mais elevados e equivalentes para os dois
cultivares. O cultivar BRS Energia apresentou baixo desempenho produtivo, 657,20 Kg/ha comparado
aos outros tratamentos: linhagem CNPAM 93 – 168, 2465,00 Kg/ha, BRS 149 Nordestina, 2389,60
Kg/ha e BRS 188 Paraguaçu, 2083,20 Kg/ha sendo estes os de melhor desempenho produtivo nestas
condições. Isto provavelmente se deva, em parte, ao fato da incidência do mofo cinzento (Amphobotrys
ricini) em determinado período de cultivo provocando reação diferenciada entre os materiais. A
linhagem apresentou melhor comportamento quanto ao ataque do fungo tendo o cultivar BRS Energia
esboçado forte reação negativa com perda total de seus racemos primários. Os cultivares BRS 149
Nordestina e BRS 188 Paraguaçu iniciaram um processo de reação ao ataque do fungo com posterior
recuperação o que possibilitou parte da colheita de seus racemos primários. De acordo com Costa et
al. (2004) a linhagem CNPAM 93 – 168 representa uma fonte de resistência ao ataque do fungo
enquanto os cultivares BRS 149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçu são possuidores de resistência
intermediária.

CONCLUSÕES

1. A Linhagem 93 – 168 e os cultivares BRS Nordestina e BRS 188 Paraguaçu são


promissores para o cultivo.

2. O cultivar BRS Energia apresentou o pior desempenho produtivo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Criopreservação de sementes de mamona das variedades nordestina e pernambucana. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v. 6, n. 2,p. 295-302. 2002.

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Regras para análises de sementes. Brasília – DF:


DNDV/CLAV, 1992, 365p.

COSTA, R. da S.; SUASSUNA, T. de M. F.; MILANI, M.; COSTA, M.N. da; SUASSUNA, N. D.
Avaliação da resistência de genótipos de mamoneira ao mofo cinzento (Amphobotrys ricini). In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Energia e sustentabilidade:
anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004, 1 CD – ROM.

NÓBREGA, M. B. de M.; ANDRADE, F. P. de; SANTOS, J. W. dos; LEITE, E. J. Germoplasma. In:


AZEVÊDO, D. M. P. de; LIMA, E. F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa-
Algodão, 2001. Cap. 11, p. 257-281.

PARENTE, E. J. de S. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado. Fortaleza: Tecbio,
2003. 68 p.

SAVY FILHO, A. Melhoramento da mamona. In: BORÉM, A. (Ed.). Melhoramento de espécies


cultivadas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1999. p. 385-407.

VEIGA, R. F. A.; SAVY FILHO, A.; BANZATTO, N.V. Descritores mínimos para a caracterização e
avaliação de mamoneira (Ricinus communis L.) aplicados no Instituto Agronômico. Campinas:
Instituto Agronômico, 1989. 16p.

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Tabela 1 - Resumo das análises de variâncias de cinco caracteres (1) de mamona. Remígio-PB, 2008

Fontes de G.L Quadrados Médios


variação
AP NRP P1000 TO PD
(cm) (unid.) (g) (%) (Kg/ha)
Bloco 4 0,09ns 5199,08ns 1607,43ns 6,50ns 370817,88ns
Tratamento 3 0,15ns 1107,07ns 209664,73** 4,58ns 3561734,98**
Resíduo 12 0,06 3530,78 1112,86 2,17 337548,94
Média 2,49 204,60 644,70 49,75 1898,75
CV (%) 9,64 29,04 5,17 2,96 30,60
AP: altura de planta; NRP: número de racemos por planta; P100: peso de 1000 sementes; TO: teor de óleo das sementes;
PP: potencial produtivo;
** significativo pelo teste F (P  0,01); *significativo pelo teste F (P  0,05);

Tabela 2. Médias dos cultivares e da linhagem (Tratamentos) de mamona, relativas aos cinco caracteres (1). Remígio-PB,
2008

AP NRP P1000 TO PD
Tratamentos
(m) (unid.) (g) (%) (kg/ha)

1. BRS Energia 2,26 a 198,40 a 341,00 c 49,00 a 657,20 b

2. BRS 149 Nordestina 2,65 a 226,40 a 702,60 b 50,00 a 2389,60 a

3. BRS 188 Paraguaçu 2,61 a 200,60 a 766,20 a 49,00 a 2083,20 a

4. CNPAM 93-168 2,45 a 193,00 a 769,00 a 51,00 a 2465,00 a


(1)AP:
altura de planta; NRP: número de racemos por planta; P1000: peso de 1000 sementes; TO: teor de óleo das
sementes; PD: produtividade;
Médias com a mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

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COMPORTAMENTO PRODUTIVO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA EM BAIXA ALTITUDE EM


MONOCULTIVO E CONSORCIADOS COM FEIJÃO-CAUPI1

Francisco de Brito Melo1; Milton José Cardoso2; Aderson Soares de Andrade Júnior2;
Valdenir Queiroz Ribeiro2
1Embrapa Meio-Norte. Av. Duque de Caxias, 5.650. Teresina, PI. CEP: 64.006-220 brito@cpamn.embrapa.br; 2Embrapa
Meio-Norte

RESUMO – Entre as demandas atuais para o melhoramento genético da mamona, inclui-se a


adaptação de genótipos à baixa altitude. O plantio da mamona foi realizado no dia 02/03/2008, em um
espaçamento de 3,0 m x 1,0 m, em ambos os sistemas de cultivo (solteiro e consorciado). A
semeadura do feijão-caupi ocorreu em um espaçamento de 0,50 m x 0,25 m, no sistema de cultivo
consorciado, 15 dias após a semeadura da mamoneira. No sistema consorciado, foram semeadas três
fileiras de feijão-caupi, variedade BRS-Guariba, entre duas fileiras de mamona, deixando-se 1,0 m de
distância da primeira fileira de feijão-caupi para a fileira da mamona. O delineamento experimental
utilizado foi o de blocos ao acaso, com três repetições. Foram utilizados como tratamentos nove
genótipos de mamona, sendo duas variedades (BRS-149 Nordestina e SM5-Pernambucana) e oito
linhagens (CNPAM 2000-9, CNPAM 2000-48, CNPAM 2000-72, CNPAM 2000-87, CNPAM 2000-73,
CNPAM 2000-79, CNPAM 2001-63 e CNPAM 2001-77). O trabalho teve como objetivo avaliar o
comportamento de genótipos de mamoneira quanto à produtividade de sementes em sistemas solteiro
e consorciado com feijão-caupi na condição de baixa altitude no Município de Parnaíba, PI. Os
genótipos CNPAM 2000-48, CNPAM 2001-63 e CNPAM 2000-79 apresentaram melhor adaptação à
condição de baixa altitude com produtividades de sementes, nos dois sistemas de cultivo, superiores a
2.500 kg ha-1. A produtividade equivalente de mamona, obtida no sistema de consórcio, foi superior
em 83 %, considerando-se a média geral dos genótipos, indicando que o consórcio foi mais vantajoso
em relação ao cultivo solteiro, devendo ser estimulado, principalmente, junto aos agricultores familiares.
Palavras-chave – melhoramento de planta, manejo cultural, Ricinus communis L., Vigna
unguiculata (L.) Walp.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L.) é um arbusto de cujo fruto se extrai um óleo de


excelentes propriedades, de largo uso como insumo industrial. Da industrialização da mamona, obtém-
se, como produto principal, o óleo, como subproduto, a torta de mamona, que possui a capacidade de
recuperar áreas com a fertilidade degradada, sendo usada também para o controle de nematóides do
solo (MELO et al., 2003).

1 Trabalho extraído de projeto financiado pelo convênio entre a Embrapa Meio-Norte/Banco do Nordeste.

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O feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) é uma excelente fonte de proteína vegetal e
possui todos os aminoácidos essenciais, carboidratos, vitaminas e minerais (CARDOSO et al.,1994).

O melhoramento genético da mamoneira no Brasil já permitiu melhorias na tecnologia de


produção dessa oleaginosa, destacando-se o desenvolvimento de cultivares mais produtivas,
adaptadas a diversas regiões do país, apropriadas para diferentes tecnologias de colheita, resistentes
a algumas doenças e com alto teor de óleo na semente (FREIRE et al., 2001).

A altitude tem sido um dos importantes critérios utilizados para a realização do Zoneamento da
mamoneira, o qual prevê que o ótimo ecológico em que a planta pode expressar seu potencial
produtivo está na faixa de 300 a 1.500m de altitude (BELTRÃO et al., 2003).

A altitude pode influenciar a planta da mamoneira por diversos fatores, principalmente pela
temperatura, a qual tende a decrescer à medida que a altitude aumenta. A temperatura tem grande
impacto sobre a fotossíntese e a respiração da planta, pois influencia diversas reações bioquímicas
ligadas a estes dois processos fisiológicos (TAIZ e ZEIGER, 1998). Altas temperaturas noturnas fazem
com que a planta tenha intenso metabolismo respiratório durante a noite, o que provoca consumo das
reservas acumuladas durante o dia através da fotossíntese. Por essa razão, é desejável que as plantas
estejam sob temperatura mais alta durante o dia, favorecendo a fotossíntese e temperaturas mais
baixas durante a noite o que inibe a respiração (SEVERINO et al., 2006).

A mamoneira requer temperaturas médias entre 20 e 30 ºC, com baixa umidade relativa do ar
durante as fases de crescimento e de produção, para obter máxima produtividade (WEISS, 1983).

No Piauí, cinqüenta por cento de seu território apresenta altitude inferior a 300 m, condição
restritiva para o cultivo das variedades atualmente lançadas e recomendadas pelo zoneamento da
mamona para o estado (ANDRADE JÚNIOR et al., 2004).

Com este trabalho objetivou-se avaliar o comportamento de genótipos de mamoneira quanto à


produtividade de sementes em sistemas solteiro e consorciado com feijão-caupi na condição de baixa
altitude no Município de Parnaíba, PI.

METODOLOGIA

Um experimento foi conduzido na base física da Embrapa Meio-Norte em Parnaíba, PI


(03°05'S, 41°46'W e 46,8 m). O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo Distrófico textura
média (MELO et al., 2004a).

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De acordo com as análises química e granulométrica, realizadas em solo coletado na


profundidade de 0 a 20 cm, o solo apresentou o pH em água (1:2,5)= 5,75; fósforo (mg dm -3)= 12,10;
potássio (mg dm-3)= 42,90; cálcio (cmolc dm -3) = 1,65; magnésio (cmolc dm-3)= 0,78; matéria orgânica (g
kg-1)=12,73; saturação de bases (%)= 61,66; teor de areia (g kg -1)= 88,85; teor de silte (g kg-1)= 1,55 e
teor de argila (g kg-1)= 9,60.

A precipitação pluvial no período de condução do experimento foi de 398,7 mm. Com base nos
resultados da análise química e na exigência da cultura mamona, realizou-se uma adubação química
com 40 kg de N ha-1,70 kg de P2O5 ha-1 e 50 kg de K2O ha-1, sendo 1/3 do nitrogênio, juntamente com o
fósforo e o potássio, distribuídos em sulcos paralelos às linhas no ato do plantio, e os 2/3 restantes do
nitrogênio aplicados em cobertura, a lanço, no início da floração.

O plantio da mamona foi realizado no dia 02/03/2008, em um espaçamento de 3,0 m x 1,0 m,


em ambos os sistemas de cultivo (solteiro e consorciado). A semeadura do feijão-caupi ocorreu em um
espaçamento de 0,50 m x 0,25 m, no sistema de cultivo consorciado, 15 dias após a semeadura da
mamoneira, de modo a minimizar o efeito da competição do feijão-caupi sobre a mamona.

No sistema consorciado, foram semeadas três fileiras de feijão-caupi entre duas fileiras de
mamona, deixando-se 1,0 m de distância da primeira fileira de feijão-caupi para a fileira da mamona.

Cada parcela foi constituída por uma fileira de 10 m, com uma planta por cova após o
desbaste, para a mamona nos dois sistemas.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com três repetições, para cada
sistema de cultivo. Nos dois sistemas, a área da parcela foi igual à área útil e de 30 m 2. Foram
utilizados como tratamentos nove genótipos de mamona, sendo duas variedades (BRS-149 Nordestina
e SM5-Pernambucana) e oito linhagens (CNPAM 2000-9, CNPAM 2000-48, CNPAM 2000-72, CNPAM
2000-87, CNPAM 2000-73, CNPAM 2000-79, CNPAM 2001-63 e CNPAM 2001-77), todas provenientes
do programa de melhoramento da Embrapa Algodão.

Utilizou-se, no sistema de produção de mamona consorciada com o feijão-caupi, a produção


equivalente à mamona, através da expressão: Yeq = Ym + RYf onde, Yeq = produção equivalente a
mamona (kg ha-1), Ym = produção da mamona (kg ha-1) , R = relação de preço do feijão-caupi em
relação ao da mamona (1,0635) e Yf = produção do feijão-caupi (kg ha-1).

Os dados foram submetidos à análise de variância. As médias das variáveis avaliadas, foram
comparadas pelo teste de Tukey.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve influência do sistema de cultivo (p>0,01) na produtividade média de sementes de


mamona. Portanto, considerando-se a média dos dois sistemas de cultivo, a maior produtividade de
sementes de mamona (2.711 kg ha-1), foi obtida com o genótipo CNPAM 2000-48, seguida do CNPAM
2001-63 (2.642 kg ha-1), CNPAM 2000-79 (2.555 kg ha-1), CNPAM 2000-87 (2.073 kg ha-1), CNPAM
2000-9 (1.999 kg ha-1) e da variedade BRS-149 Nordestina (1.967 kg ha-1), mas não diferindo (p> 0,01)
entre si. Os demais genótipos apresentaram produtividades de sementes inferiores à média geral do
ensaio, que foi de 1.896 kg ha-1 (Tabela 1).

O genótipo (CNPAM 2000-73) com produtividade de sementes de 1.555 kg ha -1 ficou acima do


valor médio de produtividade de sementes, considerado adequado para o cultivo de mamona no semi-
árido do Nordeste, ou seja, acima dos 1.500 kg ha -1, valor estabelecido como referência para as duas
cultivares BRS-149 Nordestina e BRS-188 Paraguaçu (CARTAXO et al., 2004).

Comparando-se a média geral da produtividade de sementes dos genótipos de mamona


obtidas nos dois sistemas de cultivo com a média geral da produtividade equivalente de mamona
obtida no sistema de consórcio, houve um acréscimo de 83 %, indicando que o consórcio foi mais
vantajoso em relação ao cultivo solteiro, devendo ser estimulado, principalmente, junto aos agricultores
familiares.

A média geral de produtividade de sementes do feijão-caupi foi de 701 kg ha-1.

MELO et al. (2004b), avaliando vários genótipos de mamona em baixa altitude (74 m), no
município de Teresina, PI, obtiveram produtividades inferiores às obtidas no presente trabalho,
variando de 654 a 1.210 kg ha-1.

CONCLUSÕES

Os genótipos CNPAM 2000-48, CNPAM 2001-63 e CNPAM 2000-79 apresentaram melhor


adaptação à condição de baixa altitude por conseguirem produtividades de sementes, nos dois
sistemas de cultivo, superiores a 2.500 kg ha-1.

A produtividade equivalente de mamona, obtida no sistema de consórcio, foi superior em 83 %,


considerando-se a média geral dos genótipos, indicando que o consórcio foi mais vantajoso em relação
ao cultivo solteiro, devendo ser estimulado, principalmente, junto aos agricultores familiares.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE JÚNIOR, A. S.; MELO, F. de B.; BARROS, A. H. C.; SILVA, C. O.; GOMES, A. A. N.
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Tabela 1 - Produtividade de sementes de genótipos de mamoneira cultivados em sistema solteiro e consorciados com
feijão-caupi. Parnaíba, PI, 2008.

Genótipos Produtividade de Produtividade de Produtividade


sementes de mamona sementes de feijão- equivalente de mamona
(kg ha-1) caupi (kg ha-1) (kg ha-1)

3.071a
CNPAM 2000-48 2.711a 678a
CNPAM 2001-63 2.642a 724a 3.027a
CNPAM 2000-79 2.555a 711a 2.933a
CNPAM 2000-87 2.073ab 751a 2.472ab
CNPAM 2000-9 1.999abc 706a 2.374abc
BRS-149 Nordestina 1.967abcd 687a 2.332abcd
CNPAM 2000-73 1.555bcde 747a 1.953bcde
CNPAM 2000-72 1.243cde 700a 1.615cde
CNPAM 2001-77 1.156de 676a 1.516de
SM5-Pernambucana 1.055e 687a 1.426e
Média Geral 1.896 701 2.272
CV % 15,88 10,60 13,38

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COMPORTAMENTO PRODUTIVO DE GENÓTIPOS DE PORTE MÉDIO DE MAMONA NA REGIÃO


DE RIO BRANCO - AC NO ANO DE 2008

João Batista Martiniano Pereira1, Luiz Cláudio de Oliveira1, Máira Milani2


1Centro de Pesquisa Agroflorestal do Acre – Embrapa Acre, batista@cpafac.embrapa.br; lclaudio@cpafac.embrapa.br;
2Centro Nacional de Pesquisa de Algodão – Embrapa Algodão, Maira@cpafac.embrapa.br

RESUMO – Este trabalho teve o objetivo de avaliar o desempenho agronômico de genótipos de porte
médio de mamoneira na região de Rio Branco/AC. O ensaio foi implantado na Estação Experimental da
Embrapa Acre, na primeira quinzena de abril de 2008 e fez parte da rede do programa de
Melhoramento da Mamona da Embrapa Algodão. A colheita foi realizada em outubro de 2008, quando
foram avaliados os seguintes parâmetros: altura de caule (cm), altura de planta (cm), comprimento do
racemo (cm), diâmetro do caule (cm), número de racemos e produtividade (kg/ha). Durante todo o ciclo
de produção, foi monitorada a reação da cultura ao mofo cinzento e a Macrophomina. Os genótipos
CNPAM 93-168, CNPAM 2001-63 e CNPAM 2001-16 apresentaram características de planta de porte
médio.
Palavras-chave – Mamona; Acre; melhoramento; porte médio.

INTRODUÇÃO

A mamona é uma das mais antigas plantas domesticadas pelo homem. Possui um forte
componente social, já que é cultivada principalmente por pequenos produtores familiares.

Principal produto da cultura, o óleo pode ser processado na indústria química nacional ou
exportado. As exportações brasileiras de óleo de mamona dirigem-se principalmente para os Estados
Unidos, Japão e Comunidade Européia. O Brasil é o terceiro maior exportador de óleo de mamona,
participando com cerca de 12% do mercado mundial.
A mamoneira possui grande capacidade de adaptação a vários ambientes, ajustando-se ao
cultivo em várias regiões do Brasil. Com a perspectiva de produção de óleo diesel, a partir do óleo de
suas sementes, há uma tendência de expansão da área de cultivo para diversas regiões, nos diversos
estados (MILANI et all., 2005).
Apesar de não possuir zoneamento agroecológico ou climático para o plantio da mamona, além
do fato de estar localizado em um bioma não recomendado ao plantio dessa cultura, faz-se necessário
a realização de estudos que avaliem o comportamento de genótipos promissores no Estado do Acre,
dado ao grande interesse de produtores familiares que estão propensos a cultivá-la.

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Em ensaio conduzido em Rio Branco/AC no ano agrícola de 2007, Pereira e Miranda (2008),
obtiveram resultados com significância estatística para variável altura de caule em três genótipos
testados, o que lhes conferia característica de planta de porte médio. Segundo os mesmos autores,
esta característica é importante para a cultura da mamoneira, principalmente no sentido de facilitar o
processo de colheita, bem como ampliar a produtividade, por meio do aumento da densidade de
plantio.

Este trabalho teve o objetivo de avaliar o comportamento produtivo de genótipos de porte


médio de mamoneira na região de Rio Branco/AC no ano agrícola de 2008.

METODOLOGIA

O ensaio foi implantado na Estação Experimental da Embrapa Acre, na primeira quinzena de


abril de 2008. O mesmo faz parte da rede do programa de Melhoramento da Mamona, coordenado
pela Embrapa Algodão.

Usou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, com 11 tratamentos e quatro


repetições. Cada parcela constituiu-se de uma linha de 10m. A bordadura constituiu-se de duas linhas
da variedade Nordestina, plantadas nas laterais de cada bloco. Foi utilizado o espaçamento de 3m
entre linhas e 1m entre plantas, aplicando-se durante todo o ciclo, as práticas culturais comuns à
cultura, sem adubação.

A colheita do experimento foi finalizada em outubro/2008. Foram avaliados os seguintes


parâmetros: altura de caule (cm), altura de planta (cm), comprimento do racemo (cm), diâmetro do
caule (cm), número de racemos e produtividade (kg/ha). Durante todo o ciclo de produção, foi
monitorada a reação da cultura ao mofo cinzento e a Macrophomina.

A normalidade dos parâmetros foi testada pela estatística de Anderson-Darling (PROC


UNIVARIATE NORMAL PLOT), os contrastes entre as variedades foram testados através de análise de
variância, a homogeneidade da variância foi testada pelo teste de Bartllet e as médias comparadas por
Tukey (p <0,05), por meio do PROC GLM do SAS 9.1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados médios do ensaio de Competição Nacional de Mamona de Porte Médio,


conduzido em Rio Branco/AC, no ano de 2008, estão descritos na Tabela 1.

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As variáveis altura de caule (cm), altura de planta (cm), comprimento do racemo (cm), número
de racemos e produtividade (kg/ha) não apresentaram distribuição normal (P > A-Sq < 0.05) e foram
transformadas para log10. A variável diâmetro do caule (cm) apresentou distribuição normal (P > A-Sq >
0.05).

O material testado com maior rendimento foi a SM5 PERNAMBUCANA, com 984,80 kg/ha. O
pior tratamento foi a CNPAM 2001-77. Provavelmente, a variável número de racemos pode ter
influenciado a produtividade, uma vez que a SM5 PERNAMBUCANA apresentou uma produção média
de 43 racemos, enquanto que a CNPAM 2001-77 gerou em média 24 racemos. Em ensaio conduzido
para avaliação de genótipos de mamona na região norte do Paraná, MILANI & FONSECA JUNIOR
(2006), também evidenciaram baixa produtividade para a CNPAM 2001-77, que produziu em média
490 kg/ha.

Apenas a variável altura de caule apresentou diferença significativa entre variedades, sendo
que as CNPAM 2001-77 e CNPAM 2001-9 diferem das demais. Os genótipos CNPAM 93-168, CNPAM
2001-63 e CNPAM 2001-16 e a variedade NORDESTINA foram os materiais que apresentaram os
menores valores em termos de altura de caule. Estes resultados estão de acordo com aqueles obtidos
por Pereira & Miranda (2008), em ensaio conduzido em Rio Branco/AC no ano agrícola de 2007, que
obtiveram resultados semelhantes na variável altura de caule para os genótipos CNPAM 2001-63,
CNPAM 2001-16, além do genótipo CNPAM 2001-70.

Não foi observada a incidência de mofo cinzento nem tampouco de Macrophomina. Isto se
constitui em fator bastante favorável ao plantio da mamona no Acre, uma vez que estes dois
acontecimentos fitossanitários são os que causam maiores perdas à lavoura de mamona. Segundo
Milani et all. (2005), o mofo cinzento da mamoneira é uma das doenças mais importantes da cultura,
em função da rápida e completa destruição dos cachos.

CONCLUSÕES

Os genótipos CNPAM 93-168, CNPAM 2001-63 e CNPAM 2001-16 apresentaram


características de planta de porte médio.

A cultura da mamona é viável para a região em estudo, sendo necessária a aplicação de


insumos que permitam ampliar a capacidade de nutrição e de produção das plantas.

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Rio Branco/AC. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 3, Salvador, 2008. ANAIS...CD ROM.

Tabela 1. Resultados médios do ensaio de Competição Nacional de Mamona de Porte Médio, conduzido em Rio
Branco/AC, no ano de 2008.

Tratamentos Altura de caule Altura Diâmetro Comprimento Número Produtividade


(gl=10; F=4,21; de de caule de racemo de (gl=10;
p = 0,0008) planta (gl=10; (gl=10; racemos F=1,00; p
(gl=10; F=1,68; F=1,38; p (gl=10; = 0,4657)
F=2,04; p= = 0,2317) F=0,91;
p= 0,1276) p=
0,06) 0,5316)
----------------------------------------------------cm------------------- -----Kg/ha-----
CNPAM 2001-77 130,00 a 184,75 3,38 18,95 24 242,00
CNPAM 2001-212 115,00 ab 182,25 3.36 15,30 40 624,90
CNPAM 2001-70 109,50 abc 153,50 3,32 17,36 22 372,00
CNPAM 2001-9 124,50 a 154,25 3,59 18,68 22 378,70
CNPAM 2001-5 100,50 abc 141,50 3,30 17,74 22 570,10
CNPAM 2001-16 99,75 abc 141,25 3,11 18,28 24 395,50
CNPAM 2001-63 85,75 bc 134,00 2,93 16,31 29 567,60
CNPAM 93-168 79,00 c 153,50 3,36 16,19 34 510,90
SM5 PERNAMBUCANA 103,75 abc 178,00 3,74 14,08 43 984,80
NORDESTINA 98,00 abc 141,50 3,45 20,07 16 470,00
PARAGUAÇU 100,75 ab 180,75 3,83 15,78 29 897,50
Média Geral 104,23 158,66 3,40 17,16 28
CV (%) 3,03 3,22 11,69 6,25 18,37 12,76
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (p<0,05)

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CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS DE INTERESSE ECONÔMICO EM MAMONEIRA 1

Máira Milani1, Márcia Barreto de Medeiros Nóbrega1, Francisco Pereira de Andrade1


1 Embrapa Algodão, R. Osvaldo Cruz 1143, Campina Grande, PB, 58107-720, maira@cnpa.embrapa.br,
marcia@cnpa.embrapa.br

RESUMO – O estudo da natureza e magnitude das relações existentes entre caracteres é,


evidentemente, importante, pois, no melhoramento preocupamo-nos em aprimorar o material genético
não para caracteres isolados, mas para um conjunto destes, simultaneamente. Objetivou-se verificar a
correlação fenotípica entre caracteres de importância em genótipos de porte médio de mamona. Os
dados utilizados para análise de correlação foram obtidos de ensaios de porte médio da safra 2009
conduzidos em Irecê, BA. Ocorreram correlações positivas e significativas pelo teste t (P<0,01) para os
pares: altura de planta x altura de caule; altura de caule x cápsulas/cacho, altura de caule x
comprimento de cacho; altura de planta e comprimento de cacho; capsulas/cacho e comprimento de
cacho; altura de caule e diâmetro de caule; altura de planta e diâmetro de caule; comprimento de cacho
e diâmetro de caule; altura de caule e produtividade; altura de planta e produtividade; diâmetro de
caule e produtividade. E correlações significativas e negativas para altura de caule e número de cachos
e comprimento de cacho e peso de 100 sementes. Há possibilidade de identificar características com
alta correlação com produtividade que possam auxiliar na tomada de decisões na avaliação de
genótipos do programa de melhoramento.
Palavras-chave – Ricinus communis L., produtividade, altura de planta.

INTRODUÇÃO

O estudo da natureza e magnitude das relações existentes entre caracteres é, evidentemente,


importante, pois, no melhoramento em geral, preocupamo-nos em aprimorar o material genético nãop
para caracteres isolados, mas para um conjunto destes, simultaneamente. Além disso, é sempre
importante saber como o melhoramento de uma característica pode causar alterações em outras
(VENCOVSKY e BARRIGA, 1992). O conhecimento da associação entre caracteres é de grande
importância nos trabalhos de melhoramento, principalmente se a seleção em um deles apresenta
dificuldades (CRUZ, REGAZZI e CARNEIRO,2004).

Em mamona, os coeficientes de variação para produtividade costumam ser muito altos


(SMIDERLE et al.,2004; CHITARRA et al., 2004; GAGLIARDI et al., 2004; LAKSHMAMMA et al.,
2005; BAHIA et al., 2008; FANAN et al., 2009), sendo necessário identificar características que se

1 Pesquisa financiada pelo BNB/Etene/Fundeci

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sejam correlacionadas a produtividade, porém com menor variação, de maneira a melhor avaliar os
genótipos. Esta variação é maior em genótipos de porte médio a alto, em virtude do tamanho das
parcelas utilizadas, do espaçamento, da área do experimento, e da própria morfologia da planta, que
emite racemos em épocas distintas.

Lakshmamma et al. (2005) verificaram correlações positivas e significativas entre produtividade


e circunferência do caule, e matéria seca total e número de capsulas por racemo. Milani et al. (2006)
observaram correlações genotípicas altas e negativas entre comprimento do cacho e peso de 100
sementes (-0,8789) e entre dias para primeira colheita e produtividade (-0,8727) e alta e positiva entre
peso de 100 sementes e produtividade (0,8904). Esta última também foi alta e positiva no cálculo de
correlação fenotípica (0,8594)

Objetivou-se com este trabalho,verificar a correlação fenotípica entre caracteres de importância


em genótipos de porte médio de mamona.

METODOLOGIA

Os dados utilizados para análise de correlação foram obtidos de ds ensaios de porte médio da
safra 2009 conduzidos em área de produtor, na Fazenda Mocozeiro 2, em Irecê, BA. Os ensaios foram
semeados em 04/02/09. Foram instalados dois ensaios com genótipos de porte médio em que se
avaliaram as linhagens: CNPAM 2001-70, CNPAM 2001-9, CNPAM 2001-5, CNPAM 2001-56, CNPAM
93-168, CNPAM 2000-72, CNPAM 2000-9, CNPAM 2001-87, CNPAM 2000-79 e CNPAM 2001-77. As
testemunhas comuns nos experimentos foram a linhagem CNPAM 2001-63, SM5 Pernambucana e as
cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu. Cada parcela foi constituída por uma linha de 10m, em
espaçamento 3x1m, e 5 repetições em blocos casualizados. A análise de correlação foi feita conforme
Cruz & Carneiro (2006), utilizando-se o programa Genes (Cruz, 2006).

As variáveis avaliadas foram:

1) Altura de caule: medida do solo até o ponto de inserção do primeiro cacho (cm);

2) Altura de planta: medida do solo até o ponto de inserção do cacho mais alto na época da
colheita (cm);

3) Número de cachos por planta: média da parcela para o número de cachos total na época
da colheita dividido pelo número de plantas da parcela;

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4) Número de cápsula por cacho: média do número de cápsulas por cacho por planta na
época da colheita;

5) Comprimento do cacho: comprimento médio dos cachos colhidos por planta (cm). Média da
parcela;

6) Diâmetro do caule: diâmetro do caule medido no terço médio entre o solo e a inserção do
primeiro cacho (mm);

7) Peso de 100 sementes: massa de 100 sementes, em 3 amostras da produção colhida (g);

8) Produtividade: estimativa da produtividade (kg/ha).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A matriz de correlação fenotípica encontra-se na Tabela 1. Observou-se que ocorreram


correlações positivas e significativas pelo teste t (P<0,01) para os pares: altura de planta x altura de
caule; altura de caule x cápsulas/cacho, altura de caule x comprimento de cacho; altura de planta e
comprimento de cacho; capsulas/cacho e comprimento de cacho; altura de caule e diâmetro de caule;
altura de planta e diâmetro de caule; comprimento de cacho e diâmetro de caule; altura de caule e
produtividade; altura de planta e produtividade; diâmetro de caule e produtividade. E correlações
significativas e negativas para altura de caule e número de cachos e comprimento de cacho e peso de
100 sementes.

Assim como para Laksmamma et al. (2005) ocorreram correlações positivas e significativas
para produtividade e diâmetro de caule. Moskhin (1986) também descreve correlação positiva e
significativa entre produtividade e altura de planta.

CONCLUSÃO

Há possibilidade de identificar características com alta correlação com produtividade que


possam auxiliar na tomada de decisões na avaliação de genótipos do programa de melhoramento.

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Quadro 1 - Matriz de correlação fenotípica para características de interesse econômico em mamoneira.

Altura de Número de Cápsulas por Comprimento do Peso 100


Diâmetro do caule Produtividade
planta cachos cacho cacho sementes
Altura de caule 0,71** -0,69** 0,65** 0,67** 0,66** 0,27ns 0,67**
Altura de planta 1,00 -0,20ns 0,35ns 0,52** 0,85** 0,12ns 0,68**
Numero de cachos 1,00 -0,29ns -0,47ns -0,03ns -0,24ns -0,01ns
Cápsulas por cacho 1,00 0,72** 0,51ns -0,32ns 0,47ns
Comprimento de cacho 1,00 0,70** -0,61* 0,51ns
Diâmetro do caule 1,00 0,13ns 0,88**
Peso de 100 sementes 1,00 0,46ns
Produtividade 1,00
*, **, ns – significativo a 5%, 1% e não significativo pelo teste t.

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CORRELAÇÕES GENÉTICAS ENTRE CARACTERES MORFOLÓGICOS EM CULTIVARES DE


MAMONEIRA NOS TABULEIROS COSTEIROS DE SERGIPE

Angélica Maria Ramos1; Wilson Menezes Aragão2


1 Universidade Federal de Sergipe – anmaramos@hotmail.com; 2 Embrapa Tabuleiros Costeiros

RESUMO - A estimativa de parâmetros como a correlação genética, constitui estratégia básica para o
melhoramento da mamoneira. Este trabalho objetivou estimar essa correlação no sentido restrito entre
caracteres morfológicos da mamoneira nos tabuleiros costeiros de Sergipe. Foram conduzidos dois
ensaios em áreas da Embrapa (Nossa Senhora das Dores e Umbaúba), em delineamento de blocos
cazualizados, 5 repetições e 9 cultivares (CNPAM 2001-42; CNPAM 2001-48; CNPAM 2001-49;
CNPAM 2001-50; CNPAM 2001-57; CNPAM 2000-79; CSRN 379; CSRN 142 e CSRD 2). Foram
avaliados 15 caracteres morfológicos e estimadas as correlações entre os seus pares através do
genes. Ocorreram correlações genéticas significativas entre caracteres de interesse agronômico e
econômico, tanto positiva, indicando nesse caso que selecionando-se para uma delas, indiretamente
estará selecionando para outra, tornado o melhoramento mais rápido, quanto negativa. Neste caso, o
melhoramento tem que ser realizado com cuidado, para, ao se selecionar para uma delas, não o fazer
em detrimento da outra característica, dificultando e até atrasando o melhoramento da espécie.
Palavras-chaves - variedade, melhoramento.

INTRODUÇÃO
A estimativa de parâmetros genéticos como correlações genéticas, entre outros parâmetros,
constitui estratégia básica para estabelecer diretrizes que possam orientar o melhoramento da cultura
da mamoneira.
Essa estimativa da correlação entre características é de fundamental importância em
programas de melhoramento genético, principalmente se a seleção em uma delas apresenta
dificuldades, em razão da baixa herdabilidade e, ou, tenha problemas de mensuração (CRUZ et al.,
2004). A correlação genética permite efetuar seleção indireta das características com base em outras
mais facilmente avaliadas e de alta herdabilidade, proporcionando maiores progressos genéticos com
economia de tempo, mão-de-obra e recursos (FERRÃO, et al., 2002).
A correlação que pode ser diretamente mensurada entre duas características, em determinado
número de indivíduos que representa a população, é denominada correlação fenotípica, sendo
portanto, necessário a distinção de duas causas nessa correlação: genética e ambiental. Somente a
correlação genética envolve associações de natureza herdável, sendo esta de real interesse em
programas de melhoramento (FALCONER, 1987).

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Entretanto, em culturas com importância recente, como a mamoneira, os estudos de


correlações praticamente inexistem e faltam referências para dar subsídios ao planejamento e
avaliação das populações conduzidas nos programas de melhoramento com a espécie (MILANI, 2006).

Nesse sentido, o presente trabalho objetivou estimar correlações genéticas entre caracteres
morfológicos vegetativos e reprodutivos avaliados em cultivares de mamoneira, cultivadas em
condições dos tabuleiros costeiros de Sergipe.

METODOLOGIA

Foram avaliadas nove cultivares de mamoneira, procedentes da Embrapa Algodão, (CNPAM


2001-42; CNPAM 2001-48; CNPAM 2001-49; CNPAM 2001-50; CNPAM 2001-57; CNPAM 2000-79;
CSRN 379; CSRN 142 e CSRD 2), em dois locais dos tabuleiros costeiros de Sergipe, um na região
Agreste (Campo Experimental Jorge do Prado Sobral, município de Nossa Senhora das Dores) e outro
na região litorânea (Campo experimental de Umbaúba, município de Umbaúba), pertencentes à
Embrapa Tabuleiros Costeiros.

A primeira região possui latitude 10º29'30" sul e a longitude 37º11'36" oeste; com 204 m de
altitude; Clima A‘s, segundo a classificação de Köppen, com temperatura média anual de 27ºC,
umidade relativa de 60% e precipitação média anual: 1.000 mm, distribuída 80% em época de chuvas,
de abril a setembro e 20% na época seca (outubro a março). O solo é do tipo latossolo amarelo
distrófico com baixa fertilidade natural (EMBRAPA, 1999). O segundo está localizado na região sul do
Estado, latitude 11º23'00" sul e longitude 37º39'28" oeste, estando a uma altitude de 130 m. Com
precipitação média anual de 1.533,2 mm, temperatura variando de 19 a 30ºC, solo do tipo argissolo
amarelo.

O experimento foi conduzido de 30 de maio de 2007 até fevereiro de 2008, sendo registradas
durante o período experimental precipitações 370 mm em Nossa Senhora das Dores e 505,4 mm em
Umbaúba.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com nove cultivares de


mamoneira e cinco repetições. Cada parcela foi composta de duas fileiras de 10m de comprimento,
com 16 plantas úteis por parcela. O espaçamento de plantio foi de 1 m entre plantas e entre linhas.

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A adubação de plantio por cova foi de 40 g/planta de superfosfato simples e 7g/planta de


cloreto de potássio, e 3,4g/planta de uréia em cobertura 30 a 45 dias após a germinação da semente.
Foram realizadas capinas manuais sempre que necessário.

Como características avaliadas, foram utilizados alguns dos descritores preconizados por
Veiga et al., (1989), com algumas modificações: altura da planta (AP); altura do caule (AC); diâmetro do
caule (DC); florescimento (FLOR); comprimento dos racemos (CR; comprimento do pedúnculo (CP);
peso total de frutos (PTF); comprimento dos frutos (CF); peso total de sementes (PTS); comprimento
das sementes (CS); largura das sementes (LS); produtividade de frutos (PRODF); produtividade de
sementes (PRODS); teor de óleo das sementes (TOLEO). As estimativas de correlações genéticas
entre os pares de caracteres foram estimadas através do programa genes (CRUZ, 2006)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As correlações genéticas foram altas, positivas e significativas (Tabela 1) entre os pares de


características FLOR X AC (rge 0,902*), AP X CF (rge 0,937*), NF X PRODF (rge 0,931*), FLOR X CP
(rge 0,960**), AC X CP (rge 0,960**), PTF X PRODS (rge 0,996**) e PRODF X PRODS (rge 1,00**), em
Nossa senhora das Dores e AP X NF (rge 0,945*), NF X PRODS (rge 0,977*), FLOR X AC (rge 1,00*),
FLOR X TOLEO (rge 1,00*), NF X PTF (rge 1,00**), NF X PRODF (rge 1,00**), PTF X PRODF (rge
1,00**), PTS X PRODF (rge 0,982**) PTS X PRODS (rge 0,996**) e PRODF X PRODS (rge 0,978**),
em Umbaúba. Esses resultados possibilitam obter ganhos para um dos variáveis por meio da seleção
do outro associado, tornado o processo do melhoramento mais rápido.

De acordo com os resultados do parágrafo anterior, a seleção de plantas, por exemplo, com
maiores produtividades de frutos e de sementes, características de grande interesse agronômico e
econômico, mas governadas por muitos genes, com um conseqüente grande efeito ambiental, pode ser
realizada indiretamente através das características número de frutos, peso total de frutos e de
sementes e produtividade de frutos.

Ocorreram correlações genotípicas negativas e significativas entre FLOR X PTF (rge – 0,897*),
FLOR X CS (rge – 0,838*), CP X CS (rge – 0,927*), FLOR X CF (rge – 0,962**), FLOR X PRODS (rge –
0,975**), AC X CS (rge – 0,984**) e CP X LS (rge -0,937**), em Nossa Senhora das Dores e entre
FLOR X DC (rge – 1,00*), FLOR X PRODF (rge – 0,804*), FLOR X PTF (rge – 0,945**) CR X CF (rge –
1,00**), CR X LS (rge – 0,955**), CP X LS (rge – 0,995**), em Umbaúba. Esses resultados indicam que
o melhoramento para essas características têm que ser realizado com grande cuidado, para, ao se
proceder a seleção para uma característica, não fazer em detrimento da outra característica,
dificultando e até atrasando o programa de melhoramento da espécie.

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Para ao demais pares de caracteres, as correlações genéticas foram positivas ou negativas,


mas não significativas.
Alguns dados de correlação (Tabela 1) extrapolaram o valor estimado por Cruz e Regazzi
(2004) para as correlações de 1 a -1, como pode ser observado nas correlações FLOR X AP (rge -
1,28**; rge -1,66**), em Nossa Senhora das Dores e Umbaúba, respectivamente. Segundo esses
autores o fato se deve a erros de amostragem e/ou erro experimental. Entretanto, de acordo com Moro
et al. (1992), esses resultados se devem a valores superestimados, quando próximos da unidade
evidenciam as verdadeiras associações entre variáveis, podendo ser utilizadas nas atividades de
melhoramento.

CONCLUSÕES
Nas condições em que os experimentos foram conduzidos, conclui-se que:
As correlações genéticas são altas, positivas e significativas entre florescimento e altura do
caule, altura da planta e comprimento do fruto, número de frutos e produtividade de frutos,
florescimento e comprimento do pedúnculo, altura do caule e comprimento do pedúnculo, peso total do
fruto e produtividade de sementes e produtividade do fruto e produtividade de sementes, em Nossa
senhora das Dores e altura da planta e número de fruto, número de fruto e produtividade de sementes,
florescimento e altura do caule, florescimento e teor de óleo, número de frutos e peso total do fruto,
número de frutos e produtividade de frutos, peso total de frutos e produtividade de frutos, peso total de
sementes e produtividade de frutos, peso total de sementes e produtividade de sementes e
produtividade de frutos e produtividade de sementes, em Umbaúba, indicando que selecionando uma
das características, indiretamente estará selecionando a outra, tornado o processo do melhoramento
mais rápido;
As correlações são altas, negativas e significativas entre florescimento e peso total do fruto,
florescimento e comprimento da semente, comprimento do pedúnculo e comprimento da semente,
florescimento e comprimento do fruto, florescimento e produtividade de sementes, altura do caule e
comprimento da semente e comprimento do pedúnculo e largura da semente, em Nossa Senhora das
Dores e entre florescimento e diâmetro do caule, florescimento e produtividade de frutos, florescimento
e peso total do fruto, comprimento do racemo e comprimento do fruto, comprimento do racemo e
largura da semente, comprimento do pedúnculo e largura da semente, em Umbaúba, indicando que
aumentando-se uma dessas características, indiretamente estará reduzindo a outra, exigindo cuidado
no processo de melhoramento dessas características.

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FALCONER, D. S. Introdução à genética quantitativa. Viçosa: UFV, 1987. 279 p.

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Agronômico, 1989. 16p.

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Tabela 1 – Coeficientes de correlações genéticas entre variáveis morfológicos vegetativos e reprodutivos de mamoneira em
Nossa Senhora das Dores e Umbaúba. Aracaju/SE, 2010.

DORES UMBAÚBA DORES UMBAÚBA


CARACTERES rge rge CARACTERES rge rge
FLOR X AP -1,28 ** -1,66** CR X CS - -0,678 ns
FLOR X AC 0,902* 1,00** CR X LS - -0,955**
FLOR X DC - -1,00* CP X PTF -0,805 ns -
FLOR X CP 0,960** - CP X CS -0,927* 0,798 ns
FLOR X CF -0,962** - CP X LS -0,937** -0,995**
FLOR X PTF -0,897* -0,945** CP X PRODF -0,643 ns -
FLOR X CS -0,838* - CP X PRODS -0,855 ns -
FLOR X LS -0,954** - CF X PTF 0,590 ns -
FLOR X PTS -0,947 ns -0,647 ns CF X PRODF 0,459 ns -
FLOR X PRODF -0,717 ns -0,804* CF X PRODS 0,604 ns --
FLOR X PRODS -0,975** 0,820 ns PTF X CS 0,884 ns -
FLOR X TOLEO - 1,00** PTF X LS 0,878 ns -
AP X NF 0,665 ns 0,9451* PTF X PTS - 0,837 ns
AP X CF 0,937* - PTF X PRODF - 1,00**
AC X CP 0,960** - PTF X PRODS 0,996** 0,82 ns
AC X PTF -0,750 ns -0,819 ns PTF X TOLEO - 0,761 ns
AC X PTS - -0,509 ns CS X PRODF 0,7114 ns -
AC X CS -0,984** - CS X LS - -0,651 ns
AC X PRODF -0,612 ns -0,652 ns CS X PRODS 0,848 ns -
AC X PRODS -0,845 ns -0,6318 ns LS X PRODF 0,689 ns
DC X NF -0,575 ns 0,506 LS X PRODS 0,884 ns
NF X PTF 0,874 ns 1,00** PTS X PRODF - 0,982**
NF X PRODF 0,931* 1,00** PTS X PRODS - 0,996**
NF X PRODS 0,827 ns 0,977* PTS X TOLEO -0,694 ns 0,435 ns
NF X TOLEO - 0,601 ns PRODF X PRODS 1,00** 0,978**
CR X CF - -1,00**
Caracteres avaliados: Florescimento (FLOR); altura do caule (AC); comprimento do pedúnculo (CP); largura da semente
(LS); comprimento da semente (CS); comprimento do fruto (CF); altura da planta (AP); produtividade de frutos (PRODF)
número de frutos (NF); produtividade de sementes (PRODS); peso total do fruto (PTF); diâmetro do caule (DC);
comprimento do racemo (CR); peso total da semente (PTS) e teor de óleo (TOLEO).
(-): significa que os valores extrapolaram os limites de herdabilidade e de Coeficiente de Variação Genética.

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DESCRIÇÃO DO PADRÃO DE FLORAÇÃO DO PINHÃO MANSO

Amanda Micheline Amador de Lucena1, Nair Helena Castro Arriel2, Maria Aline de Oliveira Freire1,
Fabio Aquino de Albuquerque2, José Ronilmar de Andrade1, Napoleão Esberar de Macêdo Beltrão2
1 Bolsista CNPq: amandamicheline@hotmail.com ; 2 Pesquisador da Embrapa Algodão: nair@cnpa.embrapa.br ;
nbeltrao@cnpa.br ; fabio@cnpa.embapa.br

RESUMO – objetivando descrever os padrões de floração e frutificação de plantas de pinhão, um


estudo foi desenvolvido com na Embrapa Algodão, município de Campina Grande-PB, entre as
coordenadas geográficas 7º13'S e 35º53'S e altitude de 547,56 m. O plantio das mudas foi realizado
em fevereiro de 2009 e o período de observação foi até julho do mesmo ano, sendo realizadas
observações diárias quanto a data de emissão da inflorescência (1ª., 2ª. e 3ª. ordem), quantidade de
botões florais/inflorescência, número de flores masculinas e femininas/inflorescência, padrão de
floração e frutificação. A emissão das inflorescências se deu de forma seqüenciada a partir dos 60 dias
após o plantio das mudas e se concentrou nos mês de abril à junho de 2009. O número de flores de
flores masculinas foi sempre maior que o número de flores femininas e essa diferença foi decrescendo
com a ordem das inflorescências. Concluiu-se que num período de seis meses de avaliação as plantas
lançaram 47 inflorescências que totalizou 2488 botões florais, sendo 2386 de flores masculinas para
104 floras femininas e as plantas apresentaram eficiência de frutificação na ordem de 89%, no entanto
os padrões de floração e frutificação apresentaram divergência entre 20 plantas analisadas.
Palavras-chave – Jatropha curcas L., inflorescências, flores, frutos.

INTRODUÇÃO

A avaliação da diversidade do pinhão manso (Jatropha curcas L.) é importante, pois a partir
dela, podem-se selecionar aqueles genótipos de maior interesse. Para tanto, estes materiais
necessitam estar caracterizados e avaliados para permitir um melhor aproveitamento da variabilidade
genética de acordo com a sua finalidade (SILVA et al. 2008).

O conhecimento da fenologia de uma planta possibilita prever a época de reprodução,


deciduidade, ciclos de crescimento vegetativo e sua relação com os fatores climáticos, os quais são
fundamentais para a execução de diversas operações agrícolas como poda e colheita dos frutos
(ARAÚJO e RIBEIRO, 2008).

A inflorescência do pinhão manso constitui os órgãos reprodutivos da planta e originarão os


componentes vegetais que darão origem ao cacho e conseqüentemente as sementes. O florescimento

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é um dos principais estágios fenológicos para a produção de óleo de., uma vez que o número de flores
femininas e sua fecundação determinam quantos frutos e sementes serão desenvolvidos. O
florescimento inicia-se,normalmente, após um período de dormência da planta e no Brasil, isso ocorre
após o inverno, quando a temperatura e a precipitação são reduzidas. Após a indução do
florescimento, este se torna contínuo por períodos prolongados, de acordo com a disponibilidade de
água no solo (JUHÁSZ et al., 2009).

O estudo descritivo dos padrões de florescimento e frutificação do pinhão manso é


indispensável para compreender o processo de formação e maturação das sementes e sendo bem
caracterizados, podem auxiliar na previsão da época adequada para realização da colheita dos frutos,
que é um processo dispendioso devido à maturação dos frutos ocorrerem de forma desuniforme.
Diante disso objetivou-se descrever os padrões de floração e frutificação de plantas de pinhão
cultivadas no município de Campina Grande-PB.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado em plantas de pinhão-manso (Jatropha curcas L.) espaçadas em 3,00 m
x 2,00 m em uma área de 0,5 ha. A área de estudo situa-se na Embrapa Algodão, município de
Campina Grande-PB, entre as coordenadas geográficas 7º13'S e 35º53'S e altitude de 547,56 m.

O plantio das mudas no campo de estudo foi realizado em fevereiro de 2009 e durante este
mês as mudas foram irrigadas.Depois que o suprimento hídrico foi interrompido e a área foi mantida em
regime de sequeiro. O período de observação foi de fevereiro a julho sendo realizadas observações
diárias. Durante o estudo os dados de precipitação e Evaporação (Figura 1), Temperatura e Umidade
Relativa do Ar (Figura 2) foram registrados na Estação Meteorológica da Embrapa Algodão.

Numa população de 60 plantas, foi marcado aleatoriamente 20 indivíduos que foram obervados
quanto aos seguintes descritores: data de emissão da inflorescência (1ª., 2ª. e 3ª. ordem), quantidade
de botões florais/inflorescência, número de flores masculinas e femininas/inflorescência, padrão de
floração e frutificação. Considerou-se inflorescências de 1ª. ordem aquelas que surgiu primeiro,
inflorescência de 2ª. ordem, aquela que sugiu depois da primeira e de 3ª. aquela que surgiu após a
segunda. Os dados obtidos foram submetidos a análise descritiva pelo programa Winstat onde foi
determinado a Variância, Desvio padrão e Amplitude dos dados.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Num período de seis meses de avaliação em uma população de 20 plantas, constatou-se que
duas plantas não emitiram sua inflorescência primária, cinco plantas não emitiram as inflorescência de
2ª. ordem e seis não lançaram suas inflorescências de 3ª. ordem. Leal et al. (2007) afirmam que o
período de floração inclui desde a formação de botões florais até o final do período de antese das
flores, e o de frutificação, desde a formação visível dos frutos até a sua queda (Leal et al., 2007).A
emissão das inflorescências se deu de forma seqüenciada a partir dos 60 dias após o plantio das
mudas e se concentrou nos mês de abril à junho de 2009. Esse resultado difere dos obtidos por Araújo
e Ribeiro (2008) ao avaliar a fenológia do pinhão manso no município de Teresina-PI verificaram que a
emissão de flores ocorreu praticamente durante todo o ano, sendo que a intensidade aumenta
gradualmente durante o primeiro semestre, atingindo picos no segundo semestre, quando os
percentuais chegam a valores entre 60 e 100% de julho a novembro. No presente estudo, Constatou-
se que no mês março apenas uma inflorescência foi lançada, no entanto o mês de maio favoreceu o
lançamento de 18 inflorescências, distribuídas da seguinte forma: 6 de 1ª. ordem, 7 de 2ª. ordem e 5 de
3ª. ordem. Nessa época já se passavam mais de 100 dias do plantio das mudas e estas já de
apresentavam adaptadas as condições locais que apresentava temperatura média de 23,6ºC, Umidade
Relativa do Ar em torno de 87% com Evaporação de 67,9 mm e acumulo de 110,9 mm de chuva.
Embora o pinhão manso seja uma planta rústica e resistente a seca, sabe-se que as condições
edafoclimáticas agem diretamente sobre o metabolismo da plantas e em condições idéias ou propicias,
as plantas apresentam melhor desempenho.

Esse lançamento desuniforme de inflorescências é uma característica marcante do pinhão


manso e implica que suas flores serão fecundadas em dias alternados e conseqüentemente a
maturação e colheita desses frutos se darão em épocas diferentes o que torna a colheita escalonada e
poderá onerá o sistema de produção dessa oleaginosa. A quantidade de inflorescências que a planta
poderá emitir durante o ciclo depende de condições edafoclimáticas adequadas a cada espécie como
também as caracteristicas inerentes da própria planta. De acordo com Juhasz et al. (2009), o
florescimento é um dos principais estágios fenológicos para a produção de óleo de Jatropha curcas,
uma vez que o número de flores femininas e sua fecundação determinam quantos frutos e sementes
serão desenvolvidos.

Constata-se na Tabela 2 que 17 plantas emitiram inflorescências de 1ª. ordem o que


representa 90% das plantas avaliadas num período de seis meses. Com relação as inflorescências de
2ª. e 3ª. ordens esse percentual representou 75% e 70% , respectivamente. Observa-se na Tabela 3

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que o número de flores de flores masculinas foi sempre maior que o número de flores femininas e essa
diferença foi decrescendo com a ordem das inflorescências. Para Saturnino et al. (2005) as
inflorescências apresentam uma razão média de 29 flores masculinas para cada flor feminina. No
presente trabalho a proporção de flores masculinas para flores femininas foi de 30 para as
inflorescências de 1ª. ordem. Nas inflorescências de 2ª. e 3ª. ordens essa diferença representou 18 e
20 flores masculinas, para uma flores feminina. Verificou-se que a eficiente de frutificação do pinhão
manso foi boa, com 89% de frutos gerados.

A abertura das flores não teve padrão definido, não houve uma ordem predeterminada se as
primeiras flores a se abrir são as femininas ou as masculinas, abram se abriram sequenciadamente.
Por estarem em maior número, as flores masculinas se abriram ao longo de vários dias para a
liberação do pólen. No presente trabalho não foi associada a antese com o número de flores,
entretanto, JUHASZ et al., 2009 verificaram que o intervalo de abertura floral do pinhão manso variou
com o número de flores femininas por inflorescência. O pico de abertura de flores femininas, em
inflorescências com quatro a dez flores, foi no primeiro dia e em inflorescências com 11 a 12 flores
masculinas, a maior percentagem de abertura de flores se concentrou no segundo dia.

O pinhão manso é uma espécie monóicas, seus botões florais são verdes e as flores são
amarelo-esverdeadas, unissexuais e produzidas em uma mesma inflorescência. A relação de floras
masculinas:femininas, é muito variável e foi constatado que o número de flores por inflorescência
variou de uma (Figura 3D) a 235 flores e que há inflorescências que possuem apenas flores masculinas
(Fig 3C). O número de frutos que o pinhão manso poderá produzir ao longo do período produtivo vai
depender de fatores inerentes à planta, a própria inflorescência como: número de flores
femininas/masculinas e polinização das flores como também pode estar relacionado a fatores
edafoclimáticos. O fruto é do tipo cápsula tricoca loculicida, de deiscência explosiva, inicialmente de
coloração verde e adquirindo, com a maturação, coloração amarelada e passando a marrom.
Normalmente após a fecundação, o fruto cresce alcançando sua maior medida de altura e diâmetro
quando o pericarpo encontra-se ainda verde e depois essas medidas são reduzidas devido ao avanço
no processo de maturação e conseqüente perda de água. Foi observado que alguns frutos entram em
processo de maturação antes do completo crescimento.

A fase de crescimento é uma etapa de desenvolvimento do fruto onde ocorrem as alterações


quantitativas que resultam no aumento de peso e volume desse órgão. Tal fase é influenciada por
fatores do ambiente, como temperatura, radiação solar e precipitação, além de fatores genéticos
intrínsecos de cada material vegetal (BERILLI et al., 2007). A planta de pinhão manso segue a

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arquitetura clássica das euforbiáceas, onde a primeira inflorescência é apical e, assim que surge a
inflorescência de 1ª ordem,o novos ramos são emitidos e passam a serem axilares até o surgimento de
novas inflorescências.

Normalmente, As inflorescências do pinhão manso surgem junto com as folhas novas sendo
que a 1ª. surge no ápice do caule e as demais surgem dos ramos secundários, terciários, quaternário
etc. Contudo, numa população de 60 plantas foi observado um íon individuo com diferente padrão de
floração, onde do ápice do caule principal surge cinco ramificações contendo cada uma dessas
ramificações, uma inflorescência e estas continham apenas flores masculinas (Figura 5) e devido a
ausência das flores femininas, não produziram frutos.

Esta planta apresentou diferenciado padrão quanto a sua coloração e floração e isso vem
retificar que o pinhão manso é uma planta não domesticada e sua expressão da sexualidade é
complexa necessitando de estudos aprofundados para subsidiar os programas de melhoramento desta
oleaginosa.

CONCLUSÃO

Os padrões de floração e frutificação apresentou divergência entre 20 plantas analisadas

Num período de seis meses de avaliação as plantas lançaram 47 inflorescências que totalizou
2488 botões florais, sendo 2386 de floras masculinas para 104 floras femininas.

As plantas apresentaram eficiência de frutificação na ordem de 89%.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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município de Teresina-PI. In: Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, óleos, Gorduras e
Biodiesel, 5, 2088, Lavras-MG. Anais... Lavras-MG, UFLA, 2008. (CD ROOM).

JUHÁSZ, A.C.P.; PIMENTA, S.; SOARES, B.L.; MORAIS, D.L.B.; RABELLO, H.O. Biologia floral e
polinização artificial de pinhão manso no norte de Minas Gerais, Pesq. agropec. bras., v.44, n.9,
p.1073-1077, 2009.

BERILLI, S. da S.; OLIVEIRA, J. G. de.; MARINHO, A. B.; LYRA, G. B.; SOUSA, E. F.; VIANA, A. P.;
BERNARDO, S.; PEREIRA, M. G. Avaliação da taxa de crescimento de frutos de mamão (Carica
papaya L.) em função das épocas do ano e graus-dias acumulados, Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal - SP, v. 29, n. 1, p. 011-014, 2007.

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SATURNINO, H. M.; PACHECO, D. D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N. P. Cultura do
pinhão manso. Informe Agropecuário. EPAMIG: Belo Horizonte. v. 26, n 229. 44-78p. 2005.

SILVA, S. G. A.; ARRIEL, N.H.C.; SILVA, F.K.G.; DINIZ, A.L.. Caracterização de acessos de
Germoplasma de pinhão manso da Embrapa Algodão, PB. In : Congresso Brasileiro de Plantas
Oleaginosas, óleos, Gorduras e Biodiesel, 5, 2008, Lavras-MG. Anais... Lavras-MG, UFLA, 2008. (CD
ROOM).

LEAL, I.R.; PERINI, M.A.; CASTRO, C.C. Estudo fenológico de espécies de Euphorbiaceae em uma
área de caatinga. In: Congresso de Ecologia, 8, 2007. Caxambu – MG, Anais...Caxambu – MG, 2007
(CD ROOM).

Figura 1 - Quantidade de chuva acumulada entre os meses de janeira e agosto de 2009 em Campina Grande-PB.

Figura 2 - Média de temperatura e Umidade Relativa do ar entre os meses de janeira e agosto de 2009 em Campina
Grande-PB.

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Figura 3 - Inflorescências antes da antese (A), com flores masculinas e femininas abertas (B), inflorescência apenas com
flores masculinas (C) e contendo apenas uma flor (D).

Figura 4 - Frutos de pinhão manso que entrou no processo de maturação antes do crescimento.

Tabela 1 - Quantidade de inflorescência emitidas por plantas de pinhão manso entre os meses de fevereiro e julho de 2009.
Campina Grande-PB, 2009.
Mês/2009
Inflorescência Fevereiro Março Abril Maio Jun Jul
1a. ordem 0 1 9 6 2 0
2a. ordem 0 0 3 7 5 0
3a. ordem 0 0 2 5 6 1

Tabela 2 - Plantas que emitiram inflorescências, nº total e média de botões florais gerados em inflorescências de 1ª. a 3ª.
ordem em plantas de pinhão manso. Campina Grande-PB, 2009.

Plantas que emitiram Quantidade de botões


Nº de botões florais
Inflorescência inflorescências (%) florais/planta ( )
1a. ordem 90 1237 72,76
2a. ordem 75 779 51,93
3a. ordem 70 472 33,71
Variância 108,33 148206,3 381,79
Desvio padrão 10,40 384,97 19,53
Amplitude 20 765 39.05

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Tabela 3 - Número de flores masculinas e femininas, proporção e número de frutos gerados em inflorescências de 1ª. a 3ª.
ordem em plantas de pinhão manso. Campina Grande-PB, 2009.
Ordem da Nº total de flores Nº total de flores Proporção de flores Nº total de frutos
inflorescência masculinas femininas ♂:♀ gerados
1a. ordem 1197 40 30 38
2a. ordem 740 41 18 41
3a. ordem 449 23 20 14
Variância 142172,3 102,33 41,33 219
Desvio padrão 377,05 10,11 6,42 14,79
Amplitude 748 18 27 27

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DESCRITORES AGRONÔMICOS E NUTRICIONAIS DE LINHAGENS DE ELITE DE AMENDOIM


BRANCO

Rafael Monteiro C. A. Melo1; Jacqueline W. L. Pereira1; Lucas Nunes Luz1; Péricles de A. Melo Filho1;
Rosa M. M. Freire2; Roseane C. Santos2
1Departamento de Agronomia, UFRPE. E-mail: rafael.mca.melo@gmail.com;
2Embrapa Algodão, CP 174, Campina Grande, PB

RESUMO - Nove linhagens de elite de amendoim dos tipos moita e rasteiro foram avaliadas quanto aos
descritores agronômicos e nutricionais. O plantio das linhagens foi feito em Goiânia (PE), no período
das aguas, em 2009. As parcelas foram constituídas por uma fileira de 5 m onde as plantas foram
cultivadas no espaçamento de 0,70 x 0,20 deixando-se duas plantas/cova. O delineamento
experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com cinco repetições. A cultivar BR 1 foi utilizada como
testemunha. Para as análises nutricionais, foram analisados os teores de óleo, proteína, cinzas e
fosforo nas sementes. Observou-se que as linhagens rasteiras foram de maior produção de vagens e
sementes, com valores médios de 3.066 Kg/ha e 2.126 Kg/ha, respectivamente, além de
apresentarem elevado teor de óleo, superior a 50%. Entre as linhagens do tipo moita, a LB1/08 é a
mais indicada para o mercado de alimento devido ao elevado teor de proteína e teor de óleo abaixo de
48% nas sementes.
Palavras-chave: Arachis hypogaea, proteína, óleo, morfologia

INTRODUÇÃO

A produção de amendoim no Brasil tem crescido a cada ano motivada pela forte demanda por
novos produtos para fins alimentares e para o segmento oleoquímico. Este ultimo tem sido fortemente
impulsionado pelo crescimento do mercado de óleos de origem vegetal que possam ser usados como
biodiesel.

Desde a década de 80 a Embrapa tem investido em tecnologias para o Nordeste brasileiro,


desenvolvendo cultivares de amendoim precoces e adaptadas ao ambiente semi-árido (SANTOS et al,
2005). Estas cultivares apresentam teor de óleo entre 43 e 46% sendo mais indicadas para os
mercados de consumo in natura e confeitaria. Para o segmento de agroenergia, encontra-se em
desenvolvimento pesquisas com amendoim de elevado teor de óleo, de hábitos moita e rasteiro, que
possam atender a uma futura demanda para produção de biodiesel.

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No Brasil, as variedades rasteiras comerciais com elevado teor de óleo tem sido desenvolvidas
pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), adaptadas ao manejo na região Sudeste (FREITAS et al,
2005). Tais variedades tem ciclo muito longo, em torno de 120-140 dias, o que exige maior custo de
produção devido às várias praticas de manejo.

Para a região Nordeste torna-se necessário o desenvolvimento de linhagens que tenham o


ciclo mais curto e que apresentem teor de oleo acima de 48%. A equipe de melhoramento do
amendoim da Embrapa vem, desde 2005, desenvolvendo cruzamentos entre cultivares divergentes e
de alto potencial agronômico e nutricional, visando disponibilizar aos agricultores uma nova cultivar que
atenda suas demandas nos aspectos agroindustriais. Atualmente a equipe dispõe de linhagens de
elite, gerada a partir de uma população de amendoim branco, com teores diferenciados de óleo nas
sementes, podendo ser indicadas para o mercado de alimento ou oleoquimico.

No presente trabalho descreve-se sobre os descritores agronômicos e nutricionais destas


linhagens, baseando-se em ensaios conduzidos na Mata Norte de Pernambuco.

METODOLOGIA

Nove linhagens de elite de amendoim dos tipos moita e rasteiro foram plantadas em Goiana
(PE), no período das águas em 2009, em solo previamente corrigido e adubado de acordo com as
necessidades da cultura. As parcelas foram constituídas por uma fileira de 5 m onde as plantas foram
cultivadas no espaçamento de 0,70 x 0,20 deixando-se duas plantas/cova. Foram registrados
descritores agronômicos e nutricionais. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao
acaso, com cinco repetições. Os tratos culturais e fitossanitários foram realizados segundo a
recomendação de Santos et al. (2006). A colheita foi efetuada entre 85 e 100 dias após o plantio. A
cultivar BR 1 foi utilizada como testemunha.

Para as análises nutricionais, seguiu-se metodologia descrita em Freire et al, 1998. O teor de
proteína bruta (PB) foi determinado pelo método semi-micro de Kjeldahl de nitrogênio, por
espectrometria UV-VIS. Para a obtenção da PB, multiplicou-se o resultado do nitrogênio pelo fator de
transformação 6,25. O teor de óleo foi procedido por método não destrutivo, por meio de Ressonância
Magnética Nuclear. O teor de fósforo foi determinado por espectrometria com azul de molibdênio e as
cinzas foram obtidas por queima a 600 C. Após tabulação dos dados, procedeu-se a análise de
variância pelo teste F e análise de comparação de médias (Tukey, p<0.05) utilizando-se o programa
GENES versão 2006.4.1 (CRUZ, 2006).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados relativos aos descritores agronômicos e nutricionais encontram-se


respectivamente nas Tabelas 1 e 2. Verifica-se que os genótipos mais produtivos foram os rasteiros,
com média de 3.066 Kg/ha de amendoim em vagens e de 2.126 Kg/ha, em sementes (Tabela 1). Entre
os genótipos do tipo moita, o de maior destaque foi LB8/08 que teve, praticamente, a mesma produção
em vagens da BR 1. A produtividade em sementes, contudo,, foi menor em função do alto rendimento
da BR 1, que situou-se em 73%.

O ciclo entre as linhagens variou entre 87 a 118 dias, sendo mais longo para os genótipos
rasteiros. Ainda assim, esse valor encontrado é muito menor do que o encontrado entre as cultivares
comerciais, que situa-se em 130 dias (SANTOS et al, 2005).

Quanto aos caracteres nutricionais, verifica-se que (Tabela 2) as linhagens rasteiras


apresentaram teor de óleo acima de 50% sendo as mais indicadas para o segmento oleoquímico. Os
genótipos do tipo moita LB3/08 e LB6/08 também são indicados para este segmento pois apresentaram
teores acima de 48%. Para o mercado de alimentos, o material mais indicado é LB1/08 que apresentou
baixo teor de óleo e alto de proteína.

CONCLUSÂO

As linhagens rasteiras foram de maior pordução de vagens e sementes além de


apresentarem elevado teor de oleo, Entre as do tipo moita, a LB1/08 é a mais indicada para o
mercado de alimento devido ao elevado teor de proteína nas sementes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRUZ, C.D. Programa Genes: Análise multivariada e simulação. Editora UFV. Viçosa (MG). 175p.
2006.

FREIRE, R.M.M.; FIRMINO, P. de T.; SANTOS, R.C. Importância e utilização do amendoim na dieta
alimentar. Óleos e Grãos, São Paulo, set/out. 1998.

FREITAS, S.M. de; MARTINS, S.S.; NOMI, A.K.; CAMPOS, A.F. Evolução do mercado brasileiro de
amendoim. In: SANTOS, R.C. dos. (Ed.) O Agronegócio do Amendoim no Brasil. Ed. Campina
Grande-PB: EMBRAPA, 2005, p.16-44.

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SANTOS, R.C.; GODOY, J.I.; FÁVERO, A.P. Melhoramento do amendoim. In: SANTOS, R.C. O
Agronegócio do Amendoim no Brasil., Ed. Campina Grande-PB: EMBRAPA, 2005, p.123-192.

SANTOS, R. C. et al. Recomendações Técnicas para o Cultivo do Amendoim em Pequenas


Propriedades Agrícolas do Nordeste Brasileiro. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. 7p.
(Embrapa. Circular Técnica, 102).

Tabela 1 – Descritores agronômicos em linhagens de amendoim branco

Genótipo HC TS IF(dae) Ciclo (dae) PV (Kg/ha) PS (Kg/ha) RV (%)


BR 1 ereto M 23 87 bc 1965 b 1434 b 73 a
LB1/08 rasteiro G 29 115 a 3026 a 2118 a 70 ab
LB2/08 moita M 25 90 b 1780 bc 1210 bc 68 b
LB3/08 moita M 25 90 b 1586 c 1110 c 65 b
LB4/08 moita M 25 90 b 1584 c 1109 c 70 ab
LB5/08 rasteiro G 29 115 a 2935 a 2084 a 71 ab
LB6/08 moita M 24 90 b 1560 c 1092 c 70 ab
LB7/08 moita M 25 97 ab 1890 bc 1361 bc 72 a
LB8/08 moita M 24 90 b 1954 b 1368 bc 70 ab
LB9/08 rasteiro G 30 118 a 3236 a 2265 a 70 ab
Média - - 26 98 2152 1515 70
CV (%) - - 8,21 16,2 12,26 15,47 7,56
HC- habito de crescimento, TS- tamanho da semente, IF- inicio de floração, dae- dias após a emergência, PV- produtividade
em vagens, PS- produtividade em sementes, RS- rendimento em sementes. Medias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 2 – Descritores nutricionais de linhagens de amendoim branco.

Genótipo Óleo (%) Proteína (%) Cinzas (%) P2O5 (%)


BR 1 45,3 29,5 3,3 1,1
LB1/08 46,3 31,2 3,3 1,1
LB2/08 51,2 29,8 3,3 1,1
LB3/08 49,5 28,2 2,2 1,4
LB4/08 48,1 27,7 2,2 1,1
LB5/08 51,2 27,6 1,1 1,1
LB6/08 49,4 28,5 3,3 1,1
LB7/08 48,4 26,3 2,2 1,1
LB8/08 48 27,5 3,3 1,1
LB9/08 54,5 25,3 3,3 1
Média 49,7 28,1 2,7 1,1
Desvi padrão 2,2 1,7 0,8 0,05

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DESEMPENHO AGRONÔMICO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA NA CHAPADA DO ARARIPE,


PERNAMBUCO

Marcos Antonio Drumond1; José Alves Tavares2; Anderson Ramos de Oliveira1; Maira Milani3; José
Barbosa dos Anjos1; Luiz Balbino Morgado1; Alineaurea Florentino Silva1
1Embrapa Semiárido, drumond@cpatsa.embrapa.br; 2Instituto Agronômico de Pernambuco, tavares@ipa.br;
3Embrapa Algodão, maira@cnpa.embrapa.br

RESUMO - O óleo extraído das sementes de mamona (Ricinus communis L.) serve como matéria
prima de alto valor na indústria ricinoquímica. Contudo, o cultivo dessa espécie demanda por
tecnologias que possibilitem a expressão de todo o seu potencial produtivo e agroindustrial,
principalmente em condições adversas, tais como as que ocorrem no semiárido brasileiro. Com o
objetivo de avaliar o desempenho agronômico de genótipos de mamona, um experimento foi instalado
na Chapada do Araripe, município de Araripina-PE. O plantio foi feito em espaçamento de 3,0 x 1,0m.
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com onze tratamentos, sendo oito linhagens
(CNPAM-2001-77, CNPAM-2001-212, CNPAM-2001-70, CNPAM-2001-9, CNPAM-2001-5, CNPAM-
2001-16, CNPAM-2001-63 e CNPAM-93-168) e três variedades (SM-5/Pernambucana, BRS-
Nordestina e BRS-Paraguaçu), com quatro repetições. Foram avaliados a sobrevivência inicial e final
do estande de plantas, a altura de planta, a altura de inserção do primeiro cacho, o número de cachos
por planta, o peso de 100 sementes e a produtividade de sementes. A sobrevivência média na época
da colheita foi de 99% para todos os genótipos testados. As linhagens CNPAM-2001-16 e CNPAM-
2001-77 destacaram-se pela produção final de sementes, com 1.299 e 1.107 Kg.ha -1, respectivamente,
enquanto que a produtividade média de sementes dos demais genótipos foi 824 Kg.ha -1.
Palavras-chave - mamona, sementes oleaginosas, agricultura dependente de chuva, agroenergia.

INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel introduziu o biodiesel na matriz


energética brasileira e estabeleceu percentual mínimo de adição do biodiesel ao óleo diesel. Para o
cumprimento das metas previstas neste programa buscam-se alternativas para a produção de óleo e,
dentre elas, a cultura da mamona, notadamente na região nordeste, apresenta-se com grande
potencial (MAPA, 2006). Segundo dados da Conab (2010), a produção na safra de 2009/2010
alcançará 110,6 mil toneladas, sendo que deste total 89,3% serão produzidos nas regiões nordeste e
norte.

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A importância econômica da cultura da mamona baseia-se na utilização do óleo, especialmente


para a indústria ricinoquímica, e da torta (subproduto originado da extração do óleo), como adubo
orgânico e ainda para alimentação animal depois de destoxificada. O óleo pode ser usado na
fabricação de tintas, vernizes, cosméticos, esmaltes, sabões (CASCHEM, 1982), detergente para
combate de doenças de plantas (TAKANO et al., 2007), plásticos e de fibras sintéticas (WANG et al.,
2008), fluido para motores de alta rotação como foguetes espaciais e em sistemas de freios dos
automóveis.

Sua maior importância, no momento, está relacionada à produção de biodiesel, pois o óleo de
mamona ao ser extraído das sementes pode ser submetido a processo de transesterificação, dando
origem ao biodiesel e à glicerina (OLIVEIRA, et al., 2005).

De acordo com Santos et al. (2007), sua grande vantagem competitiva está relacionada ao
custo de produção baixo, facilidade de manejo e geração de renda para agricultores familiares, além de
sua tolerância ao estresse hídrico. No entanto, apesar da rusticidade, o plantio comercial desta espécie
deve ser conduzido conforme as recomendações oriundas de resultados de pesquisa. Assim, um dos
principais critérios para que se tenha boa produtividade refere-se à escolha da região Nordeste, vários
estudos já foram desenvolvidos e algumas cultivares tornaram-se de domínio público após resultados
promissores, como é o caso das cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu que apresentam
produtividade média em condições semiáridas de 1500 kg/ha e ciclo vegetativo médio de 250 dias
(EMBRAPA, 2004). Em 2007, foi lançada pela Embrapa, em parceria com a EBDA e a EMPARN, a
cultivar BRS-Energia, que tem produtividade semelhante às anteriores, porém com ciclo de até 150
dias (EMBRAPA, 2010).

Freire et al. (2007) relataram que os plantios são feitos com sementes dos próprios produtores,
o que acarreta elevado grau de heterogeneidade no estande de plantas. A grande divergência genética
entre acessos de mamona influencia a produtividade e o teor de óleo das sementes (CAVALCANTE,
2008). Assim, a seleção de genótipos e ou acessos deve ser realizada a fim de se identificar aqueles
mais promissores que possam ser utilizados em programas de melhoramento, a fim de se obter
cultivares mais produtivos, tolerantes a ambientes inóspitos, tolerantes ou resistentes a pragas e
doenças e que sejam mais produtivos. Este trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho
agronômico de genótipos de mamona para as condições edafoclimáticas da Chapada do Araripe, no
Estado de Pernambuco.

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METODOLOGIA

O experimento foi instalado em solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico
no Campo Experimental do Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA, em Araripina-PE (Latitude:
7°27‗50‘‘S, Longitude: 40°24‗38‘‘W, Altitude: 828 m). A precipitação média anual da região é 752,5 mm,
concentrada nos meses de fevereiro, março e abril, com temperatura média de 24ºC, evaporação de
1.127 mm/ano e umidade relativa do ar média anual de 55,2%.

A área experimental foi submetida previamente à aração e gradagem, sendo incorporadas ao solo 2,0
t ha-1 de calcário dolomítico. Foi feita uma adubação de fundação de 100 g cova-1 com NPK, de acordo com o
formulado 10:80:30 e, 30 dias após, uma adubação de cobertura com 20:00:00. O plantio foi feito em covas de
15 x 15 x 15 cm em espaçamento de 3,0 x 1,0m, sendo colocadas duas sementes por cova. Procedeu-se o
desbaste após a germinação, deixando-se uma plântula por cova. Cada parcela experimental constituiu-se de
uma área de 30 m2. A precipitação pluviométrica durante o ciclo vegetativo da mamoneira foi de 871,4
mm. O ensaio foi implantado em fevereiro de 2009.

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com onze tratamentos, sendo oito
linhagens (CNPAM-2001-77, CNPAM-2001-212, CNPAM-2001-70, CNPAM-2001-9, CNPAM-2001-5,
CNPAM-2001-16, CNPAM-2001-63 e CNPAM-93-168) e três variedades (SM-5/Pernambucana, BRS-
Nordestina e BRS-Paraguaçu), com quatro repetições.

As avaliações foram feitas durante o ciclo da cultura e na colheita. As características avaliadas


foram: a sobrevivência inicial e final do estande de plantas (%), a altura das plantas (m), a altura de
inserção do primeiro cacho (m), o número de cachos por planta, o peso de 100 sementes (g) e a
produtividade de sementes (kg ha-1).

A avaliação de sobrevivência inicial foi realizada aos 30 dias após o plantio e a final, na época
da colheita. O número de plantas que sobreviveram em cada avaliação foi transformado em
percentagem. As alturas de plantas e de inserção do primeiro cacho foram feitas com uma trena
graduada em centímetros. Os parâmetros de produção foram mensurados durante a colheita.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A sobrevivência final foi igual ou superior a 98% para todos os genótipos avaliados, não
havendo diferenças estatísticas (Tabela 1).

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O alto percentual de sobrevivência final dos genótipos testados justifica-se pelo fato de que a
mamoneira possui sistema radicular robusto e denso, o que possibilita explorar camada profunda do
solo, e por ser considerada tolerante à seca (SAVY FILHO et al., 1999).

A altura média das plantas foi de 1,99m, sendo que o genótipo CNPAM 2001-77 foi superior
aos genótipos CNPAM 93-168, CNPAM 2001-212 e CNPAM 2001-5 e às cultivares
SM5/Pernambucana e BRS Paraguaçu. Milani et al. (2006) observaram alturas superiores (2,66 a
2,82m) em diferentes genótipos (CNPAM 2001-42, CNPAM 2001-48, CNPAM 2001-49, CNPAM 2001-
50, CNPAM 2001-55 e CNPAM 2001-57) avaliados na região de Irecê-BA.

A menor altura de inserção do primeiro cacho foi observada no genótipo CNPAM 93-168, onde
o cacho se desenvolveu à altura de 0,62m, contudo não houve diferenças estatísticas em relação aos
genótipos CNPAM 2001-212 (1,00 m) e CNPAM 2001-63 (0,65m) e às cultivares BRS Paraguaçu
(1,10m) e SM5/Pernambucana (0,89m). De acordo com Severino et al. (2006) a altura de inserção do
primeiro cacho está relacionada com o espaçamento entre plantas, pois espaçamentos menores
podem provocar estiolamento do caule, observando que a inserção do primeiro cacho em mamoneira
cultivada em espaçamento, 3,0 x 1,0m ocorreu, em média, a 0,94m, assemelhando-se ao obtido neste
experimento.

O tamanho do cacho do genótipo CNPAM 2001-16 foi superior aos demais genótipos e
cultivares, alcançando quase 30 cm de comprimento. Por outro lado, observa-se que o genótipo
CNPAM 2001-212 atingiu apenas a metade do comprimento deste, com apenas 15,85 cm, refletindo
diretamente na produtividade.

Quanto aos parâmetros de produção, verificou-se que o número médio de cachos por planta do
genótipo CNPAM-2001-16 (13 cachos), BRS Paraguaçu (10,5 cachos) e CNPAM 93-168 (10,7 cachos)
foram estatisticamente iguais (Tabela 1). Os genótipos CNPAM-2001-9, CNPAM 2001-212 e a cultivar
SM5/Pernambucana apresentaram os menores número de cachos por planta, mas não diferiram
estatisticamente dos genótipos CNPAM-2001-70 e da cultivar BRS-Nordestina. De acordo com Beltrão
et al. (2004), o número de cachos por planta é um componente de produção importante para se estimar
a produtividade.

Quanto ao peso de cem sementes, verifica-se que o genótipo CNPAM 2001-212 alcançou o
maior valor (78,2g), contudo não diferiu das cultivares BRS Paraguaçu, BRS Nordestina,
SM5/Pernambucana e das linhagens CNPAM 2001-16, CNPAM 2001-5 e CNPAM 2001-70. Os
genótipos CNPAM 2001-9 (56,80 g) e CNPAM 2001-77 (43,80 g) tiveram os menores pesos de
sementes em relação à média geral dos genótipos que foi de 65 g.

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A produtividade média de sementes entre os genótipos foi 824 kg ha-1, destacando-se CNPAM
2001-16 e CNPAM-2001-77 com 1.299 e 1.107 kg ha-1, respectivamente, os quais foram
estatisticamente superiores a CNPAM 2001-212, CNPAM 2001-70, CNPAM 93-168 e SM5-
Pernambucana. Estas produtividades superaram àquelas obtidas por Drumond et al. (2004) em
condições de sequeiro, em Petrolina-PE.

CONCLUSÃO

Os genótipos CNPAM-2001-16, CNPAM-2001-77, CNPAM-2001-63, BRS Paraguaçu, CNPAM-


2001-5, CNPAM-2001-9 e BRS-Nordestina apresentam grande potencial produtivo para as condições
edafoclimáticas da Chapada do Araripe, no Estado de Pernambuco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1 - Variáveis de crescimento e produção de diferentes linhagens/cultivares de mamoneira cultivados em Latossolo


Vermelho Amarelo Distrófico no Campo Experimental do Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA em Araripina-PE, 2009.

Sobrev. Altura Altura 1º Tamanho 1º Cachos/ Peso 100 Sementes


Genótipos
(%) (m) cacho (m) cacho (cm) planta sementes (g) (Kg ha-1)

CNPAM 2001-16 100 2,20 ab 1,33 a 29,9 a 13,0 a 69,7 abc 1.299 a
CNPAM 2001-77 98 2,47 a 1,16 ab 18,1 bcde 8,5 bc 43,8 d 1.107 ab
CNPAM 2001-63 100 1,97 ab 0,65 bc 18,4 bcde 9,5 b 60,5 bc 982 ab
BRS Paraguaçu 100 1,96 b 1,10 abc 16,9 ed 10,5 ab 70,0 ab 889 ab
CNPAM 2001-5 98 1,87 b 1,17 ab 22,9 bcd 7,7 bcd 66,8 abc 817 ab
CNPAM 2001-9 98 2,00 ab 1,39 a 22,0 bcd 4,2 e 56,8 dc 799 ab
BRS Nordestina 100 2,04 ab 1,24 a 23,3 bc 5,5 cde 69,6 abc 719 ab
CNPAM 2001-212 100 1,77 b 1,00 abc 15,8 e 4,5 e 78,2 a 638 b
CNPAM 2001-70 100 2,05 ab 1,23 a 23,3 b 5,2 de 68,3 abc 627 b
CNPAM 93-168 100 1,75 b 0,62 c 18,6 bcde 10,7 ab 62,7 bc 601 b
SM5-Pernambucana 98 1,86 b 0,89 abc 17,3 cde 4,0 e 68,6 abc 586 b

Média 99 1,99 1,07 20,6 7,6 65.0 824


Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade

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DESEMPENHO DE CULTIVARES DE GIRASSOL (Helianthus annuus. L.) NO ESTADO DO RIO


GRANDE DO NORTE 1

Marcelo Abdon Lira,1 Hélio Wilson Lemos de Carvalho2, Cláudio Guilherme Portela de Carvalho3, João
Maria Pinheiro de Lima1
1 Pesquisadores,
Embrapa/EMPARN, Rua Jaguarari, 2192, CEP 59062-500 Natal, RN, E-mail: marcelo-emparn@rn.gov.br
jmariaplima@bol.com.br ; 2 Pesquisador, Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal 44, CEP: 49025-040, Aracaju-SE
Email: helio@cpatc.embrapa.br ; 3 Pesquisador, Embrapa Soja, Caixa Postal 231, CEP:86001-970 Londrina –PR. E-mail:
sac@cnpso.embrapa.br

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento produtivo de diversas cultivares
de girassol. O ensaio foi instalado no Município de Canguaretama/RN no ano agrícola de 2007( 6º22 ‘
S, 35º 07‘ W, altitude de 5m, temperatura média anual de 25 ºC O solo é classificado como latossolo
amarelo de textura arenosa. A precipitação ocorrida durante a condução do ensaio foi de 904,6 mm. O
delineamento experimental foi blocos ao acaso, com quatro repetições. Fez-se uma adubação
utilizando-se a fórmula: 60-80-60 kg/ha mais 2 kg/ha de boro.Os materiais avaliados mostraram-se
precoces, com uma média de 39 dias para atingir o florescimento inicial. Os rendimentos médios de
grãos das cultivares ficaram entre 1.356 kg/ha e 2.581 kg/ha, com média geral de 1.829 kg/ha.Três
cultivares apresentaram rendimentos médios de grãos acima de 2.200 kg/ha, sobressaindo-se os
materiais M 734, HLA 863 e GIRA 19 e com o teor de óleo superior a 42 %.
Palavras-chave: girassol, cultivares, melhoramento, avaliação, Helianthus annuus.

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annus L.) é uma planta com características muito especiais,
principalmente no que diz respeito ao seu potencial para aproveitamento econômico. Seus principais
produtos são o óleo produzido de suas sementes e ração animal, além de ser amplamente utilizado na
alimentação humana na forma de farinhas, concentrados e isolados protéicos (Carrão- Panizzi &
Mandarino,2005)

O Brasil é ainda um pequeno produtor de girassol com uma área cultivada de 111,3 mil
hectares, produção de 147,1 mil toneladas e produtividade média de 1.323 kg/ha. O Nordeste
brasileiro, nos últimos dois anos, aparece como região produtora, contribuindo com 4,22% do total

1 Apoio financeiro Banco do Nordeste/Fundeci; Apoio técnico Embrapa Soja/Tabuleiros Costeiros

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plantado no país, destacando-se apenas os estados do Rio Grande do Norte e o Ceará


(CONAB,2009). Portanto, o Brasil possui potencial enorme para a expansão dessa oleaginosa dentre
outras, para que possa atender a demanda crescente também por óleo vegetal para a produção de
biodiesel.

Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento produtivo de cultivares de girassol

METODOLOGIA

O ensaio foi conduzido em 2007 no município de Canguaretama/RN (Tabuleiros Costeiros).


Este município encontra-se a uma latitude de 6º22‘ S, longitude de 35º 07‘ W e altitude de 5m,
temperatura média anual de 25ºC e temperaturas mínima e máxima de 21ºC e 35,0 ºC,
respectivamente. O solo é classificado como latossolo de textura arenosa. A precipitação ocorrida
durante a condução do ensaio foi de 904,6 mm.

O delineamento experimental foi blocos ao acaso, com quatro repetições. Fez-se uma
adubação, utilizando-se a fórmula: 60-80-60 kg/ha mais 2 kg/ha de boro. Um terço do nitrogênio foi
colocado em fundação e restante em cobertura, aos vinte e cinco dias após a germinação. Não foram
registradas pragas ou doenças durante a condução do ensaio. Foram avaliados os seguintes
parâmetros: florescimento, estande, altura da planta, diâmetro do capítulo, rendimento de grãos e teor
de óleo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 01 estão os dados de altura de planta, floração inicial, diâmetro do capítulo,


rendimento de grãos e teor de óleo do ensaio conduzido em 2007 no Município de Canguaretama/RN
(Ensaio Final de 1° ano).

Foram observadas diferenças significativas (p < 0,05) pelo teste F para altura da planta e
rendimento de grãos (kg/ha) e diferença significativa a (p< 0,01), somente para diâmetro do capítulo, o
que evidencia desempenho diferenciado entre as cultivares para estes parâmetros. A média geral para
florescimento inicial foi de 39 dias, destacando-se como mais precoces as cultivares BRS GIRA 17,
BRS GIRA 13 e BRS GIRA 14. As médias detectadas para estande final, altura da planta e diâmetro do
capítulo foram de 39 plantas, 95 cm e 16 cm, respectivamente ( Tabela 01).

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Os rendimentos médios de grãos das cultivares ficaram entre 1.356 kg/ha (BRS GIRA 17) e
2.581 kg/ha (M 734), com média geral de 1.829 kg/ha, evidenciando o alto potencial para a
produtividade entre algumas cultivares avaliadas. Destacaram-se, além do M 734, os híbridos HLA 863
e o BRS GIRA 19, com rendimentos médios superiores a 2.200 kg /ha (Tabela 1). As cultivares com
rendimentos médios de grãos acima da média geral expressaram melhor adaptação (Vencovsky &
Barriga, 1992)

Com relação à característica teor de óleo (%) entre as três melhores para rendimento de grãos,
destacou-se o híbrido HLA 863, cujo teor ultrapassou a 49%. A média foi em 45,44%, sendo que o
menor teor de óleo foi obtido com híbrido BRS GIRA 18 ( Tabela 1).

CONCLUSÕES

Os híbridos M 734, HLA 863 e BRS-GIRA 19 foram os mais produtivos, com rendimentos
superiores a 2.200 kg/ha e com teor de óleo superior a 42 %.,

Diante dos resultados obtidos, o girassol pode constituir-se em uma nova alternativa agrícola
para o agronegócio estadual, principalmente como matéria prima para a obtenção do biodiesel.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Sociedade Brasileira de Genética, 1992. 496p.

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João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1700-1703.
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Tabela 1 - Parâmetros analisados e resumos das análises de variância, por local, obtidos na rede de Ensaio Final 1º ano
de girassol, Canguaretama, Rio Grande do Norte, 2007.

Cultivares Altura de Floração Diâmetro do Rendimento grãos Teor de óleo (%)


Planta inicial capítulo (kg/ha)

M 734 109 a 42 a 19 a 2581 a 42,20 a


HLA 863 104 a 44 a 20 a 2281 a 49,55 a
BRS GIRA 19 100 a 40 b 17 b 2237 a 42,98 a
Agrobel 960 99 a 41 b 16 b 1983 b 44,2 a
BRS GIRA 18 92 b 40 b 15 b 1953 b 40,82 a
BRS GIRA 21 85 b 40 b 15 b 1906 b 46,33 a
BRS GIRA 07 85 b 39 c 15 b 1865 b 43,86 a
BRS GIRA 20 93 b 41 b 15 b 1840 b 46,56 a
BRS GIRA 14 85 b 36 d 16 b 1838 b 45,15 a
V 50386 105a 43 a 18 a 1809 b 46,50 a
EMBRAPA 122 101a 39 c 15 b 1797 b 44,43 a
BRS GIRA 12 91 b 37 c 15 b 1776 b 46,78 a
BRS GIRA 23 93 40 b 15 b 1756 b 46,92 a
HELIO 358 97 40 b 16 b 1737 b 47,56 a
BRS GIRA 16 92 38 c 15 b 1609 c 46,81 a
BRS GIRA 22 100 40 b 15 b 1490 c 47,47 a
BRS GIRA 13 87 36 d 14 b 1478 c 45,54 a

BRS GIRA 04 90 38 c 16 a 1453 c 43,39 a


BRS GIRA 17 89 36 d 14 b 1356 c 46,35 a
Média 95 39 16 1829 45,44
C.V (%) 8 3 10 12 7,19
F(Cultivares-C) 2,8* 0,5 ns 3,6** 0,9* 0,38 ns
** e * Significativos, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade, pelo teste F. As médias seguidas pela mesma letra não
diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

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DESEMPENHO DE LINHAGENS DE MAMONA EM BAIXA ALTITUDE NO ESTADO DA PARAÍBA -


PRIMEIRA AVALIAÇÃO

Rolando Enrique Rivas Castellón1 ; Felix Queiroga de Sousa1 ; Márcia Barreto de Medeiros Nóbrega2 ;
Máira Milani2 ; Everaldo Mariano Gomes3; Sanderley Oliveira de Andrade1
1 UFCG-Campus Pombal - rivasroland@yahoo.com.br ; 2 Embrapa Algodão marcia@cnpa.embrapa.br e
maira@cnpa.embrapa.br; 3 IFET-PB campus Sousa; 4

RESUMO – Estudou-se o comportamento de genótipos de mamoneira em baixa altitude. O


experimento foi conduzido no perímetro irrigado de São Gonçalo, em Sousa – PB, no Instituto Federal
de Educação Tecnológica da Paraíba. Os genótipos avaliados foram CNPAM 2001-42, CNPAM 2001-
48, CNPAM 2001-49, CNPAM 2009-7, CNPAM 2009-8 e BRS Energia. O delineamento foi de blocos
ao acaso com quatro repetições com parcelas de dez plantas em espaçamento de 1m x 1m, e a
bordadura composta por uma fileira de BRS Energia. Houve diferença significativa, a 1% de
probabilidade pelo teste F para os caracteres analisados. A média de dias para o florescimento (DF) foi
de 51,9. A linhagem CNPAM 2009-8 foi mais tardia (92 dias) e diferiu das demais que variaram de
41,50 a 43 dias. Para número de nós (NN) a linhagem, CNPAM 2009-8 diferiu das demais. O maiores
racemos foram dos genótipos BRS Energia e CNPAM 2009-8 e os menores das linhagens CNPAM
2001-42, CNPAM 2001-48 e CNPAM 2001-49. O número de racemos (NR) variou de 2,19 na linhagem
CNPAM 2009-8, a 20,57 na CNPAM 2001-49. O rendimento variou de 242,38 a 2264,28 kg/ha. As
linhagens, CNPAM 2001-42, CNPAM 2001-48 e CNPAM 2001-49 apresentam potencial para cultivo em
Sousa-PB.
Palavras-chave – Ricinus communis, melhoramento, genótipos, produtividade.

INTRODUÇÃO

O zoneamento de risco climático para a cultura da mamona do Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento é realizado em vinte e um Estados desde a safra 2005/2006 e apenas em
três deles (Pará, Paraná e Santa Catarina), a altitude não é usada como critério de exclusão. Este
zoneamento serve de orientação para o crédito de custeio agrícola oficial, bem como para o
enquadramento no seguro rural quer seja público ou privado (PROAGRO)
(http://www.agricultura.gov.br/portal/page?_pageid=33,3211491&_dad=portal&_schema=PORTAL), de
forma que vários municípios em diversos estados brasileiros são considerados não aptos ao plantio,
sendo excluídos por este critério.

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Segundo Weiss (1983) a mamoneira floresce em uma variedade de condições climáticas de


forma que, sendo uma cultura de pequenos agricultores pode ser plantada em grande diversidade de
solos, ambientes e climas onde haja terra disponível, sendo esta uma de suas maiores vantagens, pois
é uma cultura cujo produto é de fácil comercialização e pode ser produzida com baixo nível
tecnológico. Ela tem sido cultivada comercialmente em latitudes desde 40ºS até 52ºN, desde o nível do
mar até 2.000 m, embora possa crescer em altitudes de até 3.000 m, mas com um ótimo entre 300 e
1.500 m, sendo o fator limitante a ocorrência de geadas durante o crescimento (Weiss, 1983).

A altitude tem sido um dos critérios utilizados para a realização do Zoneamento da Mamoneira,
no qual se considera que o ótimo ecológico em que a planta pode expressar seu potencial produtivo
está na faixa de 300 a 1.500 m de altitude (BELTRÃO et al., 2008)

As atividades de pesquisa com o melhoramento da mamoneira na Embrapa tiveram início em


1987, e tem sido desenvolvidas por parceiros públicos e privados resultando na geração de cultivares
mais produtivas, adaptadas a diversas regiões do País, resistentes às principais doenças e com alto
teor de óleo (Freire et al. 2007). O programa de melhoramento da mamoneira tem como pressuposto
fundamental o atendimento das demandas nacional e regional e o fortalecimento das ações de
pesquisa em nível local, bem como a consolidação de grupos de pesquisa que atuam no atendimento
das demandas regionais a fim de oferecer o máximo de capilaridade às ações de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação no âmbito do programa a fim de que os resultados obtidos possam ser
prontamente transferidos aos produtores e resultem na elevação do patamar tecnológico destas
regiões de interesse pela cultura da mamona. Vários problemas inerentes à cultura foram solucionados
pelo melhoramento, podendo-se destacar o grau de deiscência dos frutos, o aumento de produtividade,
o aumento do teor de óleo nas sementes, a redução do porte da planta e o aumento do nível de
resistência a algumas das principais doenças que ocorrem no país. Entre as demandas atuais para o
melhoramento genético da mamona, inclui-se a adaptação de genótipos à baixa altitude, o que
permitirá a inclusão sustentável de muitos municípios onde o cultivo não é recomendado em função da
altitude.

Produtores e técnicos de diversas regiões do país têm buscado cultivares de mamoneira


adaptadas às suas condições ecológicas, quer seja como cultura principal quer como cultura de
sucessão, buscando atender a demanda por óleo gerada pelo PNPB. Assim, novos materiais genéticos
precisam ser desenvolvidos visando atender às áreas de expansão da cultura, tanto nas regiões
tradicionais como naquelas onde a mamona está sendo introduzida, incluindo características
específicas para os diferentes sistemas de produção e adaptação às condições agro ecológicas de
áreas de baixa altitude.

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O melhoramento da mamoneira da Embrapa Algodão conta atualmente com a participação de


24 instituições parceiras entre empresas privadas, institutos de pesquisa, universidades, unidades da
Embrapa, e empresas estaduais de pesquisa, que avaliam cultivares e linhagens avançadas em 75
pontos de pesquisa, com altitudes que variam de 0m em Pau D‘Arco no Pará a 940m em Vacaria no
Rio Grande do Sul (Milani et al. 2010). O município de Sousa é um dos locais de pesquisa na Paraíba,
que tem altitude média de 220m, e está zoneada como apta ao plantio de mamona pelo ministério da
Agricultura, segundo a nota técnica anexa a portaria vigente. http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-
consulta/servlet/VisualizarAnexo?id=16156

No presente trabalho objetivou-se realizar uma avaliação preliminar do comportamento de


genótipos de mamoneira em baixa altitude no município de Sousa, PB.

METODOLOGIA

O ensaio foi conduzido no perímetro irrigado de São Gonçalo, distrito de Sousa – PB, na área
experimental do Instituto Federal de Educação Tecnológica da Paraíba, Campus de Sousa, PI
06º50´454‖S, 38º17´905‖W e altitude de 233m. Segundo a classificação de Koppen, o clima é semi-
árido quente (tipo BSh). A temperatura média anual é de 27,8° C, com precipitação média anual de 894
mm, concentrada nos meses de janeiro a maio. A umidade relativa média do ar é de 58 % e a
velocidade média do vento é de 2,5 ms-1.

Foram avaliados seis genótipos do Programa de Melhoramento Genético da Embrapa Algodão:


CNPAM 2001-42, CNPAM 2001-48, CNPAM 2001-49, CNPAM 2009-7, CNPAM 2009-8 e a cultivar
BRS Energia. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repetições e parcelas
constituídas de dez plantas em espaçamento de 1m entre plantas e 1m entre os tratamentos. A
bordadura foi feita externamente aos blocos sendo formada por uma fileira de BRS Energia.

Foram analisados os caracteres: DF-dias para a floração do primeiro cacho (dias); TT-
comprimento total do racemo primário (cm); TU - comprimento útil do racemo primário (cm); NR –
Número de racemos por planta; NN - número de nós do caule; e RD - rendimento (kg/ha).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para todos os caracteres analisados, houve diferença significativa, a 1% de probabilidade pelo


teste F. Desta forma houve diferença entre pelo menos dois genótipos estudados. Avaliando o
resultado do teste de Scott-Knott, apresentado na Tabela 2, observou-se a formação de pelo menos
dois grupos em todos os caracteres.

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A média de dias para o florescimento (DF) foi de 51,9 dias. Apenas a linhagem CNPAM 2009-
8, que foi mais tardia (92 dias), diferiu das demais que variaram de 41,50 a 43 dias. De fato, esta
linhagem foi muito tardia, e seu período de floração teve início aos 68 dias e se prolongou até mais de
120 dias. Os mesmos dois grupos foram formados para número de nós (NN), e somente a linhagem,
CNPAM 2009-8 diferiu das demais. Segundo MOSHKIN e DVORYADKINA (1983), o número de nós
está relacionado com o início do florescimento do racemo primário sendo que quanto menor for o
número de nós, mais precoce será o genótipo. Isto foi confirmado para estes genótipos estudados onde
apenas a linhagem CNPAM 2009-8 foi considerada de florescimento tardio com número de nós de
25,99.

O comprimento total (TT) e útil (TU) do racemo formaram os mesmos grupos, segundo o teste
de Skott-Knott, sendo o de maior racemo formado pelos genótipos BRS Energia e CNPAM 2009-8 e o
grupo dos menores racemos formado pelas linhagens CNPAM 2001-42, CNPAM 2001-48 e CNPAM
2001-49.

A média do número de racemos por planta (NR) variou de 2,19 na linhagem CNPAM 2009-8, a
20,57 na linhagem CNPAM 2001-49. O teste de Scott-Knott separou os genótipos em quatro grupos,
sendo que o de menor número de racemos foi constituído pela linhagem CNPAM 2009-8, todavia, por
ter sido muito tardia, nesta linhagem só foram colhidos os racemos até segunda ordem, e, portanto não
teve todo seu ciclo avaliado, uma vez que o ensaio foi encerrado, quando apenas os racemos de
segunda ordem haviam amadurecido nesta linhagem. As demais já haviam encerrado o ciclo e
apresentavam sinais de senescência.

O rendimento variou de 242,38 a 2264,28 kg/ha, indicando que vários dos genótipos
analisados apresentam potencial produtivo suficiente para um rendimento satisfatório, a depender do
ajuste de um sistema de produção adequado. Embora no zoneamento de risco climático para a região
Nordeste seja empregado como critério de exclusão a altitude, tanto neste com em outros ensaios
realizados em diversos municípios do país, com altitudes inferiores a 300m, verificou-se que existem
genótipos de mamoneira capazes de produzir com médias superiores a média nacional e regional, a
depender de um ajuste no sistema de produção, combinando épocas de semeadura, densidades de
plantio, adubação, irrigação, e, sobretudo cultivares adaptadas, de forma que é possível locais de baixa
altitude serem inseridos no zoneamento da mamoneira (ZUCHI et al. 2010; BELTRÃO et al. 2008;).

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CONCLUSÃO

As linhagens, CNPAM 2001-42, CNPAM 2001-48 e CNPAM 2001-49 apresentam potencial


para cultivo em Sousa-PB, pois apresentaram produtividade superior à média nacional e também às
cultivares de porte alto da Embrapa algodão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MILANI, M.; NÓBREGA, M. B. M.; ANDRADE, F. P. Andamento e perspectivas do programa de


melhoramento de mamona da Embrapa. . (Embrapa Algodão. Documentos, 226) Embrapa Algodão,
Campina Grande, 2009. 26p.

ZUCHI, J; BEVILAQUA, G. A. P.; ZANUNCIO, J. C.; PESKE, S. T.; SILVA, S. D. A.; SEDIYAMA, C. S.
Características agronômicas de cultivares de mamona em função do local de cultivo e da época de
semeadura no Rio Grande do Sul. Ciência Rural, v.40, n.3, p.501-506, Santa Maria, mar, 2010

FANAN, S.; MEDINA, P. F.; CAMARGO, M. B. P.; GALBIERI, R. Descrição de características


agronômicas e avaliação de épocas de colheita na produtividade da mamoneira cultivar IAC 2028.
Bragantia, v.68, n.2, p.415-422, Campinas, 2009

BELTRÃO, N. E. M.; OLIVEIRA, M. I. P.; FIDELIS FILHO, J.; BRITO, G. G. Enfoque Agrometeorológico
para Cultura da Mamoneira. Embrapa Algodão, Circular técnica 120. Campina Grande, Junho de
2008.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portarias de Zoneamento agrícola vigentes -


http://www.agricultura.gov.br/portal/page?_pageid=33,3211491&_dad=portal&_schema-=PORTAL

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento- Portaria Nº 398, de 15 de dezembro de 2009.


Nota Técnica. http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/servlet/Visualizar-Anexo?id=16156

WEISS, E. Oil Seeds Crops, Longman, Eds. London, 1983.

FREIRE, E.C.; LIMA, E.F.; ANDRADE, F.P. de. Melhoramento genético. In: AZEVÊDO, D.M.P. de;
LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Algodão, 2007 .

MOSHKIN, V. A.; DVORYADKINA, A. G. Castor Genetics. In: MOSHKIN, V. A. Castor. New Delhi:
Oxonian Press, 1986. p. 93-102.

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Tabela 1 - Resumo da análise de variância referente às variáveis DF-dias para a floração do primeiro cacho (dias); TT-
comprimento total do racemo primário (cm); TU - comprimento útil do racemo primário (cm); NR – Número de racemos por
planta; NN - número de nós do caule; e RD - rendimento (kg/ha).
Quadrado médio
2 gl
DF TT TU NRAC NN RD
Blocos 3 106,37 42,59 52,34 13,05 7,28 78814,56
Genótipos 5 1561,04** 472,59** 247,24** 179,24** 124,67** 1810962,30**
Resíduo 15 133,31 8,85 7,64 8,34 6,13 48381,91
CV (%) 22,29 14,47 17,05 24,43 16,92 16,92
média 51,79 20,55 16,21 11,82 14,64 1299,54
ns,*,**- não significativo, significativo a 5% e 1% , respectivamente, pelo teste F

Tabela 2 - Valores médios caracteres DF-dias para a floração do primeiro cacho (dias); TT- comprimento total do racemo
primário (cm); TU - comprimento útil do racemo primário (cm); NR – Número de racemos por planta; NN - número de nós do
caule; e RD - rendimento (kg/ha).
Genótipos DF NN TT TU NR RD
BRS Energia 41,50 a 11,67 a 34,20 c 26,18 c 8,83 b 1284,70 b
CNPAM 2001-42 43,75 a 13,00 a 1,59 a 9,80 a 13,32 c 2264,28 a
CNPAM 2001-48 44,50 a 12,28 a 9,86 a 8,37 a 17,52 d 2019,96 a
CNPAM 2001-49 46,00 a 12,20 a 11,95 a 10,56 a 20,57 d 1581,50 b
CNPAM 2009-7 43,00 a 12,67 a 24,06 b 17,58 b 8,50 b 873,97 c
CNPAM 2009-8 92,00 b 25,99 b 31,67 c 24,77 c 2,19 a 242,38 d
Média Geral 51,79 14,64 20,55 16,21 11,82 1299,54
Medias seguidas de mesma letra não diferem entre si, a nível se 1% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott.

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DESEMPENHO PRODUTIVO DE CULTIVARES DE GIRASSOL (Helianthus annuus. L.) SOB


CONDIÇÕES IRRIGADAS NO RIO GRANDE DO NORTE 1

Marcelo Abdon Lira1; Florisvaldo Xavier Guedes2; Hélio Wilson Lemos de Carvalho3, Cláudio Guilherme
Portela de Carvalho4
1Embrapa/Emparn,marcelo-emparn@rn.gov.br, 2Emparn, fxguedes-emparn@rn.gov.br; 3Embrapa Tabuleiros Costeiros,
helio@cpatc.embrapa.br; 4Embrapa Soja, sac@cnpso.embrapa.br.

RESUMO – Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho produtivo de cultivares de girassol
em regime de irrigação. O ensaio foi conduzido na Estação Experimental da EMPARN, (Ipanguaçu,RN,
05º37‘ S 36º50‘ W , 70 m). O solo foi é um Neossolo de alta fertilidade, com adubação de 50-20-20
kg/ha + 2kg de Boro.. Utilizou-se irrigaçãoi por sulco e durante o ciclo da cultura foram aplicados 510
mm de água.. Foram avaliadas 26 cultivares, sendo 24 híbridos e 02 variedades em foi blocos ao
acaso, com 04 repetições. As médias de rendimentos de grãos (aquênios) variaram de 2.110 kg/ha a
4.120 kg/ha, com média de 3.218 kg/ha. Sobressaíram-se os híbridos GRIZZLY, T 700, MG 52, NEON,
HLS 03 e o HÉLIO 358, com respectivamente, 4.120 kg/ha, 4.097kg/ha, 3.705kg/ha, 3.638 kg/ha, 3.633
kg/ha e 3.610 kg/ha. Os maiores rendimentos de óleo foram obtidos com os genótipos MG 52, HÉLIO
358, HLS 03 e BRS-Gira 11, acima de 1.500kg/ha.
Palavras-chave - cultivares, melhoramento, irrigação, Helianthus annuus.

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annus L.) é uma planta com características muito especiais,
principalmente no que diz respeito ao seu potencial para aproveitamento econômico. Seus principais
produtos são o óleo produzido de suas sementes, ração animal, além de ser amplamente utilizado na
alimentação humana na forma de farinhas, concentrados e isolados proteicos (Carrão-Panizzi &
Mandarino,2005). Também desempenha funções importantes no organismo humano como um produto
farmacêutico, atuando como anti-inflamatório e redutor de colesterol, contribuindo, assim, para a
prevenção da aterosclerose e dos problemas cardiovasculares (CASTRO et al.,1997; OLIVEIRA e
VIEIRA, 2004).

O óleo dessa oleaginosa também pode ser usado como combustível. Testes realizados pela
CATI, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mostraram que é
possível usar até 100% do chamado ―biodiesel‖ de girassol em seus motores. As máquinas
1 Apoio financeiro Banco do Nordeste/Fundeci; Apoio técnico Embrapa Soja

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apresentam um rendimento 10% maior por litro consumido em relação ao diesel convencional e não há
sinais de desgaste além do normal, (NEVES, 2007). Este trabalho teve como objetivo avaliar o
desempenho produtivo de cultivares de girassol em regime de irrigação.

METODOLOGIA

O ensaio foi conduzido na Estação Experimental da EMPARN, localizada no Município de


Ipanguaçu-RN, situado a 05º37‘ latitude sul, 36º 50‘, longitude e altitude de 70 m. O solo foi classificado
como NEOSSOLO (ALUVIONAL) de alta fertilidade. O método de irrigação empregado foi por sulco,
utilizando tubos janelados, espaçados de 0,90m em 0,90m. Foram feitas irrigações durante 80 dias,
distribuídas obedecendo as fases fenólogicas da cultura. Fase I (inicial – 15 dias), fase II (de
desenvolvimento vegetativo – 25 dias), fase III (floração – 20 dias) e fase IV (maturação fisiológica – 20
dias), com irrigação de 510 mm de água. O plantio foi realizado em 13 de dezembro de 2007 e colhido
em 14 de março de 2008. Fez-se uma adubação utilizando-se a fórmula: 50-20-20 kg/ha, mais 2 kg de
boro por hectare. Não foram observadas doenças e pragas durante a condução do ensaio. Avaliou-se
26 cultivares, sendo 24 híbridos e 02 variedades. O delineamento estatístico utilizado foi blocos ao
acaso, com 04 repetições. A comparação de médias dos resultados obtidos foi utilizando o teste de
Duncan, a 5% de probabilidade. Características avaliadas: rendimento de grãos (kg/ha), teor de óleo
(%), rendimento de óleo (kg/ha), altura de planta (cm) e diâmetro do capítulo (cm).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, encontram-se os resultados de rendimento de grãos (kg/ha), teor de óleo (%),


rendimento de óleo (kg/ha), altura de planta (cm) e diâmetro do capítulo (cm). Na análise comparativa
dos materiais avaliados constatou-se que houve diferenças estatísticas (p<0,05) para as características
mencionadas. As produtividades dos híbridos GRIZZY (4.120kg/ha) e T700 (4.097kg/ha) foram
praticamente o dobro para as menores produtividades obtidas com a variedade Embrapa 122
(testemunha) e o híbrido HLE 11. Sobressaindo-se, além dos dois híbridos mencionados os híbridos:
MG 52, NEON, HLS 03, HÉLIO 358, TRITON MAX, HLS 05, BRS-Gira 11, HLA 05, BRS-Gira-24, com
respectivamente, 3.705kg/ha, 3.637 kg/ha, 3.632 kg/ha, 3.610 kg/ha, 3.585 kg/ha,3.540kg/ha,
3.518kg/ha, 3.400kg/ha e 3.385kg/ha. A média obtida foi de 3.210kg/ha. Amabile et al. (2007),
analisando o comportamento de genótipos de girassol sob irrigação no cerrado de Planaltina-
DF,encontram valores também superiores a 4.000 kg/ha.

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Apesar das altas produtividades obtidas com os híbridos GRIZZY e T700, os mesmos
apresentaram baixos percentuais de óleo, bem abaixo da média geral do ensaio (40%). Dentre os
materiais mais produtivos e que não deferiram estatisticamente entre si, destacaram-se com maior
rendimento de óleo os híbridos MG 52, Hélio 358, HLS 03 e BRS-Gira 11, todos produzindo acima de
1.500kg/ha.
Em relação às características altura de planta (cm) e diâmetro do capítulo (cm), houve
diferenças estatísticas entre as cultivares avaliadas, com valores entre 156 e 212 cm e 18 e 22 cm,
respectivamente.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos evidenciaram alto potencial produtivo dos híbridos em condições mais
tecnificadas.
Os híbridos GRIZZLY, T 700, MG 52, NEON, HLS 03 e o HÉLIO 358, TRITON MAX, HLS 05,
BRS-Gira 11, HLA 05 e BRS-Gira 24 apresentaram alto rendimento de grãos (aquênios)
(kg/ha),superiores a 3.380 kg/ha.
Os maiores rendimentos de óleo foram obtidos com os genótipos MG 52, HÉLIO 358, HLS 03 e
BRS-Gira 11, acima de 1.500kg/ha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMABILE, R.F; AQUINO,F.D.V. de; MONTEIRO,V. A; CARVALHO,C.G.P. de; JÚNIOR, W.Q.R;
FERNANDES, F.D; SANTORO, V. de L.; Comportamento de genótipos de girassol sob irrigação no
Cerrado. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DO GIRASSOL, 17.; SIMPÓSIO NACIONAL
SOBRE A CULTURA DO GIRASSOL, 5., 2007, Uberaba. Anais. Londrina: Embrapa Soja, 2007. p.
201-204. (Embrapa Soja. Documentos, 292).
CASTRO, C.de; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE,R.M.V.B.deC.; KARAM, D.; MELLO H.C.;
GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J. R. B. A cultura do girassol. Londrina, EMBRAPA- CNPSo. 1997. 36p
(EMBRAPA-CNPSo. Circular Técnica, 13).
CARRÃO-PANIZZI, M. C.; MANDARINO, J. M. G. Produtos Protéicos do girassol In: Girassol no Brasil.
Editores, Regina Maria Villas Bôas de Campo Leite, Alexandre Magno Brighenti, César de Castro.
Londrina: Embrapa Soja, 2005. Cap. 4 p. 51-68.
NEVES, I. P. Dossiê técnico: cultivo de girassol.[ Bahia]: Rede de Tecnologia da Bahia – RETEC/BA,
2007. Disponível em http://www.respostatecnica.org.br. Acesso em: set. 2009.
OLIVEIRA, M. F.; VIEIRA, O.V. Extração de óleo de girassol utilizando miniprensa. Londrina;
Embrapa-CNPSo, 2004.

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Tabela 1 - Avaliação de características agronômicas de genótipos de girassol do Ensaio Final de Primeiro Ano - safra
2007/2008, conduzido pela EMPARN, em Ipanguaçu – RN em condições irrigadas.

Rendimento de Rendimento de Altura de planta Diâmetro do


Genótipo Teor de Óleo (%)
grãos (kg/ha) Óleo (kg/ha) (cm) capítulo (cm)

GRIZZLY (H) 1/ 4120 a 2/ 23 f 968 cde 177 cdef 21 ab


T700 (H) 4097 a 31 e 1334 abc 187 bcd 21 ab
MG 52 (H) 3705 ab 43 abcd 1604 a 185 cde 19 ab
NEON (H) 3637 ab 37 de 1341 abc 212 a 19 ab
HLS 03 (H) 3632 ab 42 abcd 1557 a 172 cdef 20 ab
HELIO 358 (H) 3610 ab 44 abc 1596 a 194 abc 19 ab
TRITON MAX (H) 3585 ab 41 abcd 1479 a 177 cdef 19 ab
HLS 05 (H) 3540 abc 38 bcde 1364 abc 207 ab 20 ab
BRS- Gira 11 (H) 3518 abcd 43 abcd 1514 a 156 f 21 ab
HLA 05 (H) 3400 abcde 41 abcd 1422 ab 173 cdef 19 ab
BRS- Gira 24 (H) 3385 abcde 37 cde 1280 abcd 184 cde 19 ab
ZENIT (H) 3342 bcde 45 ab 1515 a 169 def 20 ab
HLS 01 (H) 3315 bcde 43 abcd 1537 a 180 cde 22 a
BRS- Gira 25 (H) 3292 bcde 41 abcd 1366 abc 183 cde 19 ab
BRS-Gira 09 (H) 3285 bcde 40 abcd 1348 abc 173 cdef 20 ab
HLE 13 (H) 3240 bcde 42 abcd 1374 abc 185 cde 19 ab
HLS 04 (H) 3090 bcdef 48 a 1490 a 172 cdef 19 ab
SEM 822 (H) 3007 bcdef 46 a 1391 ab 175 cdef 20 ab
HLA 06 (H) 3000 bcdef 43 abcd 1297 abcd 191 bc 20 ab
M 734 (H) 2800 cdefg 33 e 917 de 172 cdef 20 ab
HLE 12 (H) 2775 defg 43 abcd 1188 abcde 163 ef 19 ab
AGROBEL 960 (H) 2725 efg 43 abcd 1197 abcde 175 cdef 20 ab
BRS-Gira 01 (V) 2660 efg 46 a 1245 abcd 167 def 20 ab
HLS 02 (H) 2402 fg 42 abcd 1025 bcde 183 cde 21 ab
Embrapa 122 (V) 2187 g 36 de 803 e 166 cde 18 b
HLE 11 (H) 2110 g 42 abcd 902 de 186 cde 20 ab
Média Geral 3210 40 1306 179 20
C.V. (%) 13,7 10,2 18,2 7,3 9,1
1/ H: híbrido e V: variedade.
2/ Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativamente pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade.

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DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE PROGÊNIES DE MAMONA DO PROGRAMA DE


MELHORAMENTO DO IAC

Tammy Aparecida Manabe Kiihl1; Amadeu Regitano Neto1; Angelo Savy Filho1; Edson Perito Amorim2;
Nilza Patrícia Ramos3.
1 Instituto Agronômico (IAC), Campinas, SP; 2 Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cruz das Almas, BA; 3 Embrapa
Meio Ambiente, Jaguariúna, SP; tammy@iac.sp.gov.br.

RESUMO – A cultura da mamona é uma espécie oleaginosa de grande importância na área química
industrial e tem despertado grande interesse no setor produtivo por seu potencial uso na produção de
biodiesel. O objetivo do trabalho foi avaliar a diversidade genética entre 73 progênies de mamona do
programa de melhoramento do IAC, por meio de técnicas multivariadas baseadas em 17 caracteres
morfoagronômicos. Pelo método UPGMA, adotando-se uma dissimilaridade de 50%, foram constituídos
5 grandes grupos e 25 classes. A maior divergência foi observada entre as progênies do grupo I, em
especial a progênie TS 38, que se apresentou mais divergente em relação às demais. Portanto, para
compor programas de hibridação as progênies TS 38 e PB 59 II seriam as mais recomendadas.
Palavras-chave – Divergência genética, técnicas de agrupamento, distância de Mahalanobis.

INTRODUÇÃO
O estudo de características agronômicas de plantas cultivadas é importante para se conhecer a
divergência genética do germoplasma disponível para fins de utilização em programas de
melhoramento genético. Existem duas maneiras de inferir sobre a diversidade genética, de forma
preditiva e de forma quantitativa. As análises dialélicas, onde são necessários os cruzamentos entre
genitores e sua posterior avaliação, são de natureza quantitativa. As preditivas têm por base as
diferenças morfológicas, fisiológicas ou moleculares, quantificadas em alguma medida de
dissimilaridade que possa expressar o grau de diversidade genética entre os genitores (CRUZ e
CARNEIRO, 2003).
Quando diversos caracteres morfológicos de diferentes genótipos são medidos
simultaneamente, aos pares, as distâncias de Mahalanobis (D2) podem ser tomadas como estimativa
da diversidade genética entre eles. Um método que tem sido muito utilizado para análise de
agrupamento (conglomeração) é o UPGMA. Neste método o critério utilizado para a formação de
grupos é a média das distâncias entre todos os pares de itens que formam cada grupo (ELIAS et al.,
2007).

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O objetivo deste trabalho foi caracterizar a divergência genética entre 73 progênies de


mamona, do Programa de Melhoramento de Mamona do IAC, por meio de técnicas multivariadas
baseadas em caracteres morfoagronômicos.

METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido na Fazenda Santa Elisa, Instituto Agronômico, na cidade de


Campinas, SP, em fevereiro de 2007 em terreno preparado e adubado com 250 kg ha -1 da fórmula 4-
14-08, acrescida de micronutrientes FTA, com aplicação de trifluralina em PPI e tratamento de
sementes com fungicida Thiram. Foram utilizadas 73 progênies experimentais obtidas pelo Programa
de Melhoramento Genético de Mamona do IAC. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso
com três repetições, de forma intercalar, foram plantadas sete cultivares comerciais: as variedades IAC
2028, Guarani, IAC 80, IAC 226, e os híbridos Sara, Mara e Lara, utilizados como testemunhas. As
parcelas foram constituídas de 10 plantas espaçadas de 1,00 metro entre plantas e de 1,80 metro entre
linhas, resultando numa área de 18m2.

Foram avaliadas cinco plantas por parcela para: altura da planta (AP, cm), altura do racemo
primário (ARP, cm), altura do racemo secundário (ARS, cm), diâmetro do caule (DC, cm), número de
entrenós (NEN), comprimento do racemo primário (CRP, cm) e secundário (CRS, cm), número de
frutos do racemo primário (NFP) e do secundário (NFS), tamanho de entrenós (TEN, cm), além da
produção de grãos no racemo primário (PRP, g) e no secundário (PRS, g), conduzida em todos os
racemos colhidos, e produção de grãos por parcela (PROD, g/parcela).

Para cada caráter, foi conduzida uma análise de variância. A distância genética entre todos os
pares de acessos foi estimada por meio da distância genética de Mahalanobis (D2) a partir de médias
padronizadas utilizando-se o aplicativo estatístico-computacional Genes (CRUZ, 1997). Com base na
matriz de dissimilaridade genética gerada, foi construído um dendograma utilizando-se o método de
agrupamento da distância aritmética média (UPGMA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado da análise de variância mostrou que foram encontradas diferenças significativas


entre progênies em relação a todos os caracteres, especialmente os caracteres relativos à produção de
grãos, altura de plantas, tamanho de entrenós, diâmetro de caule e número de entrenós (Tabela 1). Os
coeficientes de variação experimental apresentaram estimativas entre os valores de 12,78% para NEN e 60,42%
para PROD.

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Pelo método de Singh (1981) foi possível verificar que o tamanho de entrenós foi a característica que
mais contribuiu para a divergência entre as progênies (Tabela 2). O agrupamento das progênies pelo método de
UPGMA foi realizado utilizando-se as distâncias genéticas entre os pares de progênies. Pelo resultado do
agrupamento hierárquico utilizando-se o método do UPGMA a partir da matriz contendo os valores da distância
generalizada de Mahalanobis decidiu-se considerar o valor limite de 50% para a caracterização dos grupos
(Figura 1). As progênies foram separadas em 25 classes e em 5 grandes grupos, dentre os quais se
verifica maior similaridade entre os caracteres dos grupos IV e V.

A proximidade genética entre diversas progênies avaliadas nos grupamentos IV e V era


esperada, visto que muitos dos materiais genéticos testados são progênies oriundas de parentais
comuns. O grupamento I merece destaque por ser o grupamento que mais se distancia do restante,
sendo encontrada a maior divergência entre as progênies. Destacam-se as progênies TS 38 e PB 59 II
que se apresentaram mais divergentes em relação às demais, sendo genótipos interessantes para
futuras combinações híbridas.

CONCLUSÃO

Neste primeiro estudo de diversidade genética foi possível observar o agrupamento de 5


grandes grupos tendo destaque as progênies TS 38 e PB 59 II.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRUZ, C. D.; CARNEIRO, P. C. S. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Viçosa: UFV,
2003. 585 p.

CRUZ, C. D. GENES: aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa: UFV, 1997. 442p.

ELIAS, H. T.; VIDIGAL, M. C. G.; GONELA, A.; VOGT, G. A. Variabilidade genética em germoplasma
tradicional de feijão-preto em Santa Catarina. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 42, n. 10,
p. 1443 – 1449, out. 2007.

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36 PB29II
40 PB56II
43 TS02
57 TS30
26 PB69II
47 TS07
38 PB32II
55 TS23
52 TS15
73 PB23
37 PB30II
46 TS06
32 PB76II
70 PB32
49 TS10
54 TS17
59 PB56
31 PB75II
25 PB68II
50 TS12
45 TS04
27 PB70II
71 PB29
21 PB46II
60 PB53
51 TS13
66 PB44
20 PB45II
64 PB38
68 PB36
67 PB43
63 PB39
72 PB28
23 PB49II
29 PB73II
28 PB72II
34 PB65II
35 PB28II
62 PB48
42 PB55II
48 TS09
44 TS03
53 TS16
24 PB67II
56 TS27
41 PB52II
Grupo V
69 PB35
61 PB52
2 PB05II
16 PB77II
12 PB22II
3 PB06II
Grupo IV
30 PB74II
5 PB08II
7 PB10II
14 PB33II
19 PB44II
1 PB04II
Grupo III
8 PB12II
18 PB43II
15 PB34II
9 PB15II
6 PB09II
11 PB20II
Grupo II
10 PB19II
17 PB42II
4 PB07II
13 PB26II
22 PB47II Grupo I
33 PB66II
65 PB46
39 PB59II
58 TS38

Figura 38 – Dendograma representativo da dissimilaridade genética entre 73 progênies de mamona, obtida pelo método
hierárquico aglomerativo da distância média entre progênies, utilizando Mahalanobis como medidas de dissimilaridade,
Campinas, SP, 2010.

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Tabela 21 - Resumo da análise de variância; em blocos ao acaso; das características altura de plantas, tamanho de
entrenós, produção de grãos, diâmetro de caule e número de entrenós, avaliadas em 73 progênies, Campinas, 2010.
F. V. GL AP TEN PROD DC NEN

Tratamentos 72 798.6292** 14.0278** 27631495 ** 56.7228** 27.4647**

Resíduo 144 311.3576 1.3885 1542.8520 16.2062 2.9752

Média 80.60 5.63 65.01 22.13 13.49

CV(%) 21.89 20.93 60.42 18.19 12.78

** significativo a 1% pelo teste F; * significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.

Tabela 2 - Contribuição relativa dos caracteres para a divergência, Método Singh (1981).

Característica Valor (%) Característica Valor (%)


AP 0,44 PPCC 2,15
ARP 3,98 PPSC 4,25
ARS 6,33 CRS 4,43
DC 6,54 NFRS 3,93
NEN 9,71 PSCC 4,90
TEN 25,94 PSSC 0,64
CRP 8,06 REN1 3,69
NFRP 8,93 REN2 3,47
PROD 2,58

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EFEITOS DA AUTOFECUNDAÇÃO EM MAMONA 1

Milena Silva Porto 1, Máira Milani2, Francisco Pereira de Andrade2,


Márcia Barreto de Medeiros Nóbrega2

1 Estagiária da Embrapa Algodão, Bolsista do CNPq, milenasporto@gmail.com; Pesquisadores da Embrapa Algodão, Caixa
Postal 147, Campina Grande, PB, 58428-095, maira@cnpa.embrapa.br, marcia@cnpa.embrapa.br

RESUMO – A mamona (Ricinus communis L.) é uma planta considerada do tipo misto quanto ao
sistema reprodutivo, ocorrendo tanto a polinização livre quanto a autofecundação. A autofecundação
repetida aumenta a homozigose média das plantas e pode acarretar um efeito conhecido como
―depressão endogâmica‖, diminuição na expressão de caracteres quantitativos. Objetivou-se com este
trabalho avaliar os efeitos da autofecundação em mamona com duas gerações de autofecundação em
relação à população original. Foi utilizado o acesso do Banco de Germoplasma BRA 2551 com duas
gerações de autofecundação. As características avaliadas foram: comprimento do primeiro cacho,
produção do primeiro cacho, número de cachos por planta, altura do caule e teor de óleo das
sementes. Observaram-se diferenças significativas entre as gerações para comprimento do primeiro
cacho e produção do primeiro cacho, com redução dos valores. Conclui-se que para o genótipo BRA
2551, há depressão por endogamia para produtividade e comprimento do primeiro cacho.
Palavras-chave – Ricinus communis L.; endogamia; homozigose.

INTRODUÇÃO

A mamona (Ricinus communis L.) é uma planta considerada do tipo misto quanto ao sistema
reprodutivo, ocorrendo tanto a autofecundação como o cruzamento natural, onde esta pode ocorrer
através do vento ou de insetos. É monóica, o que possibilita a obtenção de plantas homozigotas
através da polinização controlada (SAVY FILHO, 1999).

A autofecundação é o processo que leva ao grau mais intenso de endogamia, sendo este
evento observado, comumente, nas plantas que possuem flores completas, apresentando
simultaneamente órgãos masculinos e femininos, como é o caso da mamoneira. A endogamia em
plantas é o efeito do cruzamento natural ou artificial entre indivíduos relacionados por ascendência, ou
seja, que possuem certo grau de parentesco entre si (MAIA et. al., 2008).

1Trabalho financiado pelo Etene/Fundeci/BNB; Bolsa de Iniciação científica do CNPq da primeira autora do programa PIBIC
Embrapa

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Então, a autofecundação aumenta a homozigose média das plantas e pode acarretar um efeito
conhecido como ―depressão endogâmica‖. A depressão, propriamente dita, é uma diminuição na
expressão de caracteres quantitativos, em decorrência do aumento da homozigose causada pela
endogamia (MIRANDA, 2001).

Em mamoneira há poucos estudos sobre o assunto com opiniões contraditórias. De acordo


com Gurgel (1945), a autofecundação em plantas de mamoneira favorece a homozigose, aumentando
a homogeneidade, sem perda de vigor. Segundo Moreira et al. (1996), em virtude do sistema
reprodutivo da mamoneira ser caracterizado pela ocorrência simultânea de autofecundação e de
cruzamento natural em condições naturais, a autofecundação contínua não acarreta perda de vigor da
mamoneira.

No entanto, Krieger et al., (2006) verificaram redução da produtividade em 10% com uma
geração de autofecundação em uma população de polinização livre. Costa (2006) verificou efeitos
gênicos aditivos para características altura de planta, potencial produtivo, comprimento efetivo do
racemo primário, teor de óleo, número de racemos por planta e precocidade em análise dialélica de
cruzamentos interpopulacionais.

Objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos da autofecundação em mamona com duas
gerações de autofecundação em relação à população original.

METODOLOGIA

Foi utilizado o acesso do Banco de Germoplasma BRA 2551 com duas gerações de
autofecundação realizadas conforme descrito por Savy Filho (1999).

A geração original e as duas gerações de autofecundação foram semeadas em campo


experimental da Embrapa Algodão, em Campina Grande/PB. As parcelas foram compostas por linhas
de 5 m, espaçadas de 2 m x 1m, com 3 repetições e 5 plantas por tratamento, em delineamento em
blocos casualizados.

As características avaliadas em campo foram:

Comprimento do primeiro cacho: medido na parte útil do primeiro cacho (cm);

produção do primeiro cacho: peso dos grãos do primeiro cacho após maturação dos frutos, na
média da parcela (g/parcela);

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número de cachos por planta: na média da parcela;

altura do caule: medida em centímetros, a partir do solo até o início do racemo primário;

teor de óleo das sementes: feita por análise não destrutiva pelo método de espectrometria de
onda contínua, no equipamento de Ressonância Magnética Nuclear –RMN (OXFORD, 1995).para
determinação do teor de óleo.

As análises estatísticas foram realizadas conforme Ramalho et al. (2000) e Cruz e Regazzi
(2004).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 encontram-se os resultados da análise estatística e na Tabela 2, o teste de


médias para as características avaliadas no experimento.

Observa-se que ocorreram diferenças significativas entre as gerações para comprimento de


cacho e produtividade (Tabela 1), com redução dos valores observados (Tabela 2). Como a correlação
entre comprimento do cacho e produção é alta e significativa, conforme Lakshmamma et al. (2005).
Assim, podia-se esperar redução da produção do primeiro cacho com a redução do tamanho deste.

A redução observada na produção e comprimento do primeiro cacho foi de cerca de 40%, para
as duas gerações de autofecundação. Esta redução é significativa considerando-se que para
manutenção de genótipos do banco de germoplasma são feitas autofecundações sucessivas dos
acessos de modo a tentar manter a base genética inicial. No entanto, segundo Vencovsky et. al (2001),
há desuniformidade no grau de endogamia em populações mistas e é um importante fator a ser
considerado em suas avaliações, já que poderá não ocorrer elevada depressão por endogamia nos
descentes autofecundados. Em cucurbitáceas, também plantas de polinização mista este efeito é bem
mais estudado. Em melancia, Ferreira (2000) avaliou a depressão endogâmica em progênies maternas
e autofecundadas oriundas de 64 plantas-mãe, e verificou que os efeitos depressivos não foram tão
drásticos como em populações tipicamente alógamas.

CONCLUSÃO

Ocorreram efeitos de endogamia para o genótipo BRA 2551 sob autofecundação, para
produtividade.

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Tabela 1 - Resumo da análise de variância referente às variáveis comprimento do primeiro cacho (cm), produção do
primeiro cacho (g), altura do caule (cm), número de cachos por planta e teor de óleo (%) no genótipo BRA 2551, para
gerações S0, S1 e S2.
Quadrado médio
Fonte de variação gl número de teor de
comprimento produção 1º altura
cachos por óleo
1º cacho cacho do caule
planta
Repetição 2 1,20 0,29 0,22 81,42 3,32
Gerações 2 29,40** 279,40* 67,22ns 5,09ns 1,59ns
Resíduo 4 0,20 9,75 9,10 7,05 0,94
CV (%) 3,59 8,04 6,70 23,72 1,71
não significativo, significativo a 5% e 1% , respectivamente, pelo teste F
ns,*,**-

Tabela 2 - Valores médios comprimento do primeiro cacho (cm), produção do primeiro cacho (g), altura do caule (cm),
número de cachos por planta e teor de óleo (%) no genótipo BRA 2551, para gerações S0, S1 e S2.

comprimento 1º produção 1º número de teor de óleo


Linhagens altura do caule
cacho cacho cachos por planta
S0 15,33 a 48,57 a 39,83 a 10,00 a 56,13 a
S1 12,53 b 38,73 ab 46,08 a 12,58 a 56,63 a
S2 9,08 c 29,27 b 39,83 a 11,00 a 57,57 a
Média Geral 12,32 38,86 45,01 11,19 56,78
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,01)

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FORMAÇÃO DE JARDIM CLONAL DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) NA FAZENDA


ESCOLA DE SÃO LUIS - MA

1HamiltonJesus Santos Almeida, hamilton@cca.uema.br; 2Carlos Marcelo da Silva Vasconcelos,


cmvasconcelo@hotmail.com; 3Alan Jorge Rodrigues Marinho, alanbrejodeareia@hotmail.com; 4Rodrigo
Santos Rocha, rodrigorocga@hotmail.com; 5Rômulo Diego dos Santos, romulodiego@gamil.com;
6Reginaldo José Vieira Oliveira, reginaldooliveira@yahoo.com.br; 7Rodrigo Santos Rocha,

rodrigorocha@hotmail.com; 8Rafael José Pinto de Carvalho, rafaelpinto@hotmail.com


1,2,3,4,5,6,7,8UEMA

RESUMO: O pinhão manso encontra-se bastante disseminado no país, podendo representar opções
interessantes como fornecedor de grãos oleaginosos para fins energético. A espécie é pouco exigente
de tipo de solos, desenvolvendo-se em condições climáticas diversas, crescendo espontaneamente em
terrenos áridos e pedregosos e suportando longos períodos de estiagem. Os trabalhos estão sendo
conduzidos, na Fazenda Escola de São Luis - MA do CCA/UEMA, através de prospecção e coleta de
germoplasma no Estado do Maranhão. Estão sendo coletadas 6 estacas de cada planta matriz
selecionada, baseado nas características agronômicas (porte, número de fruto por planta, número de
fruto por cacho, peso do fruto, coloração, número de semente por fruto, coloração, período de
maturação, uniformidade de maturação, ponto de colheita, teor de óleo e aspecto sanitário), com
dimensões de 40 a 50 com de comprimento. Os acesso selecionados, já permitem indicar para
propagação de mudas clonadas, para formação de plantio organização, para produção de óleo
vegetal, para produção de biodiesel
Palavras-chave - jardim clonal, acesso, prospecção e coleta de germoplasma, biodiesel, óleo vegetal.

INTRODUÇÃO

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta pertencente da família Euforbiácea, e
popularmente como pinhão, purgueira, pinhão de purga, pinhão do Paraguai, pinhão de cerca e outros
citado por Bondar, (1813) As sementes do pinhão manso são oblongas, elipsóides, apresentando
coloração escura e, contidas em frutos tipo cápsula tricoca.

A concepção do jardim clonal são pomares formados por um ou vários grupos de plantas
clonadas cuja finalidade é a produção de propágulo para formação de mudas de qualidade, destinadas
à implantação de pomares e viveiros comercial. Portanto, são pomares de matrizes selecionadas e
clonadas com o objetivo específico de produção de mudas, Cavalcante Júnior (2000). Os jardins

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Clonais, possibilitam a manutenção dos genótipos através da clonagem, preservando as suas


características desejáveis, pois, teoricamente, um clone é infinito. Em decorrência, exercem um papel
fundamental nos sistemas produtivos que incorporam tecnologia em busca da auto-sustentabilidade.

A inexistência de variedades definidas, em plantio de mudas por sementes, sem nenhum


critério de seleção, leva aos produtores a dessuniformidade na produção anual, por planta, e
conseqüentemente à perda no que diz respeito à produtividade e à qualidade dos frutos (ALMEIDA,
2008).

Trata-se de uma planta ainda não domesticada, correndo risco de erosão genética devido à
fragmentação das áreas do pinhão manso, em conseqüência da perda da variabilidade genética provocada por
desmatamento e queimadas pelo intenso uso da terra para implantação de projetos agropecuárias, em suas
áreas de ocorrência espontâneas no Estado do Maranhão (ALMEIDA, 2008).

Por fim, pode-se afirmar que um planejamento bem feito para cada coleta, deve considerar todas as
situações que poderão ser enfrentadas no campo. O sucesso de uma expedição de coleta depende de um bom
planejamento prévio.

Deste modo, o presente trabalho tem como objetivos, coletar, avaliar, caracterizar e conservar o
material de pinhão manso, para trabalhos de melhoramento genético da espécie, para atender o Programa de
Biodiesel do Estado do Maranhão.

METODOLOGIA

Os trabalhos foram conduzidos na Fazenda Escola de São Luis/MA do CCA/UEMA, localizada


nas coordenadas geográficas ao S 02° 35‘ 24,0‖S e ao W 044° 12‘ 32,1‖ com 33m de altitude ao nível
do mar, apresentando temperatura média de 27 °C, umidade Relativa do ar de 82% e com
precipitação pluviométrica entre 1600 a 2000 mm, com solos de areais quartzosas (LAGGEO, 2002)

A metodologia constou dos seguintes parâmetros: através de prospecção e coleta de


germoplasma no Estado do Maranhão, sendo coletada 6 estacas de cada planta matriz selecionada,
baseado nas características agronômicas (porte, número de fruto por planta, número de fruto por
cacho, peso do fruto, coloração, número de semente por fruto, coloração, teor de óleo e aspecto
sanitário), com dimensões de 40 a 50 com de comprimento, deixando duas folhas das extremidades
apicais da planta. O preparo das mudas está sendo realizado na estufa da Fazenda Escola de São
Luis do CCA/UEMA e plantadas com espaçamento de 4,0 x 4,0m no sentido de disponibilizar material
vegetativo, para produção de mudas clonadas de qualidade e de menor custos, para atender os
Programa Estadual de Biodiesel do Estado do Maranhão: PROBIOMA e SãoLuisBio e empresas
privadas instaladas no Maranhão, para produção de biodiesel.

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Os tratos culturais compreendem capinas mecanizadas, podas de formação e condução da


planta, coroamento, avaliação e controle de pragas e doenças, biologia floral e controle do teor de óleo
entre os acessos definido no Jardim Clonal.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Dada a importância de coleta e conservação do material, na implantação de Jardim Clonal de


Pinhão manso, para garantir a variabilidade genética, para futuros trabalhos de melhoramento genético
da espécie, considerando que existem mais de 300 espécie do gênero Jatropha, torna necessários
identificar e selecionar as espécies promissoras e do valor econômico através de prospecção e coleta
de germoplasma no Estado do Maranhão, para conservar o material no Jardim Clonal (ALMEIDA,
2008).

A pouca disponibilidade de material genético e o alto custo de sementes, foram responsáveis, em


passado recente, pela formação de plantio organizado de pinhão manso com mudas de sementes, os quais
apresentam grande dessuniformidade e baixa produtividade. Entre as graves conseqüências desses plantios,
Almeida, (2008) destaca a heterogeneidade das plantas, dos frutos e das sementes, com reflexos na
dessuniformidade do ponto de maturação e colheita do pinhão manso e como conseqüência com reflexos no
rendimento e na economicidade da espécie.

O Zoneamento para Pinhão manso, através da Instrução Normativa nº. 4 de 14 de janeiro de


2008, pelo MAPA, recomendando o plantio para o Pinhão manso em qualquer tipo de solo, desde que
não seja raso ou sujeito a encharcamento. Altitude de 0 a 1.500m, com pluviosidade média de
1.500mm anuais, com período seco de quatro meses, no máximo e com temperatura de ótima de 20 a
28°C. Portanto, o Estado do Maranhão, está incluído todos municípios para o plantio do Pinhão
manso.

Observar as Figuras 1 e 2, o desempenho e vigor do desenvolvimento das plantas do pinhão


manso da parte aérea, das mudas produzidas por estaquia, com dimensões de 40 a 50cm de
comprimento e com espaçamento de 4 x 4m, com a performance, brotação de folhas e surgimento do
sistema radicular das plantas. Podemos observar também os diferentes estágios de crescimento das
plantas em função do manejo, capinas, podas, coroamento, controle de pragas e doenças. Sendo que
a formação da parte aérea, determinante para o desenvolvimento da planta, com vantagem da
precocidade na produção, porte das plantas e da conservação, preservação do material genético para
produção de mudas de qualidade e de menor custos.

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CONCLUSÕES

A inexistência de variedades definidas, em plantio de mudas por sementes, sem nenhum


critério de seleção, leva aos produtores a dessuniformidade na produção anual, por planta, e
conseqüentemente à perda no que diz respeito à produtividade, à qualidade dos frutos e a
dessuniformidade no ponto de colheita e na maturação dos frutos;

A implantação de Jardim Clonal, através de seleção de plantas matrizes superiores para


produção de mudas clonadas, torna necessário, não só obter boas produtividade, mas acelerar o
processo de domesticação da espécie e conservação a variabilidade genética para trabalhos de
melhoramento genético para atender a demanda dos Programas de Biodiesel do Estado do Maranhão-
Probioma e o SãoLuisBio.

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Figura 1 - Jardim clonal de Pinhão manso na Fazenda Figura 2 - Jardim clonal de Pinhão manso na Escola do
Escola do CCA/UEMA - 2008 CCA/UEMA - 2008

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HERDABILIDADE ENTRE CARACTERES VEGETATIVOS E REPRODUTIVOS EM CULTIVARES DE


MAMONEIRA NOS TABULEIROS COSTEIROS DE SERGIPE

Angélica Maria Ramos1; Wilson Meneses Aragão2


1 Universidade Federal de Sergipe – anmaramos@hotmail.com; 2 Embrapa Tabuleiros Costeiros – aragaowm@hotmail.com

RESUMO - A estimativa de parâmetros genéticos como a herdabilidade, constitui estratégia básica


para orientar o melhoramento da mamoneira. Este trabalho objetivou estimar a herdabilidade no
sentido restrito para caracteres morfológicos avaliados em cultivares de mamoneira, nos tabuleiros
costeiros de Sergipe. Foram conduzidos dois ensaios em áreas da Embrapa, (Nossa Senhora das
Dores e Umbaúba), em delineamento de blocos ao acaso, 5 repetições e 9 cultivares de mamoneira
(CNPAM 2001-42; CNPAM 2001-48; CNPAM 2001-49; CNPAM 2001-50; CNPAM 2001-57; CNPAM
2000-79; CSRN 379; CSRN 142 e CSRD 2). Foram avaliados 15 caracteres, (3 vegetativos e 12
reprodutivos) para os quais, foram estimadas as herdabilidades através do genes. As herdabilidades no
sentido restrito foram altas para florescimento e altura do caule nos dois locais; altura da planta,
comprimentos do pedúnculo, semente e fruto, e largura da semente em Nossa Senhora das Dores e
diâmetro do caule, número e produtividade de frutos, em Umbaúba, indicando a existência de
variabilidade nas cultivares de mamoneira para essas características.
Palavras-chave - mamona, parâmetros genéticos, tabuleiros costeiros.

INTRODUÇÃO

A cultura da mamona (Ricinus communis L) tem se expandido amplamente, devido aos


atributos peculiares de seu principal produto, o óleo. Entretanto, mesmo com o desenvolvimento de
cultivares adaptadas, grande parte dos plantios comerciais utiliza variedades locais pouco estáveis ou
mesmo por uma mistura delas, acarretando alto grau de heterogeneidade e grande diversidade de
tipos locais, levando a uma certa instabilidade no cultivo e oscilação na produtividade de um ano para o
outro (BELTRÃO e SILVA, 1999).

Para evitar o inconveniente retro descrito é importante conduzir experimentos multilocais dentro
e entre regiões, para se selecionar as variedades mais produtivas e de múltiplos usos em diferentes
ambientes.

Dessa forma, a avaliação de parâmetros genéticos como herdabilidade constitui estratégia


básica para estabelecer diretrizes que possam orientar o melhoramento da cultura da mamoneira.

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A estimativa da herdabilidade (h2) indica a confiabilidade com que o valor fenotípico representa
o valor genotípico, determinando a proporção do ganho obtido com a seleção (FALCONER, 1989).
Pode variar de 0,0 a 1,00 ou de 0 a 100%, sendo considerada baixa, se for de 0,0 a 0,20; média, de
0,20 a 0,40; e alta, acima de 0,40. Valores baixos significam que grande parte da variação da
característica é devida às diferenças ambientais entre os indivíduos, e valores altos significam que
diferenças genéticas entre indivíduos são responsáveis pela variação da característica avaliada (CRUZ,
2005).
De acordo com Ramalho e Vencovsky (1978), características que apresentam baixa
herdabilidade exigem métodos de seleção mais rigorosos que aquelas com herdabilidade alta, para se
obterem ganhos genéticos satisfatórios.
Entretanto, em culturas com importância recente, como a mamoneira, os estudos de
correlações e herdabilidades praticamente inexistem e faltam referências para dar subsídios ao
planejamento e avaliação das populações conduzidas nos programas de melhoramento com a espécie
(MILANI, 2006).
Nesse sentido, o presente trabalho objetivou avaliar a herdabilidade caracteres morfológicos
vegetativos e reprodutivos de cultivares de mamoneira, cultivadas em condições dos tabuleiros
costeiros de Sergipe.

METODOLOGIA
Foram avaliadas nove cultivares de mamoneira, procedentes da Embrapa Algodão, (CNPAM
2001-42; CNPAM 2001-48; CNPAM 2001-49; CNPAM 2001-50; CNPAM 2001-57; CNPAM 2000-79;
CSRN 379; CSRN 142 e CSRD 2), em dois locais dos tabuleiros costeiros Sergipano, um na região
Agreste (Campo Experimental Jorge do Prado Sobral, município de Nossa Senhora das Dores) e outro
na região litorânea (Campo experimental de Umbaúba, município de Umbaúba), pertencentes à
Embrapa Tabuleiros Costeiros.
A primeira região possui latitude 10º29'30" sul e a longitude 37º11'36" oeste; com 204 m de
altitude; Clima A‘s, segundo a classificação de Köppen, com temperatura média anual de 27ºC,
umidade relativa de 60% e precipitação média anual: 1.000 mm, distribuída 80% em época de chuvas,
de abril a setembro e 20% na época seca (outubro a março). O solo é do tipo latossolo amarelo
distrófico com baixa fertilidade natural (EMBRAPA, 1999). O segundo está localizado na região sul do
Estado, latitude 11º23'00" sul e longitude 37º39'28" oeste, estando a uma altitude de 130 m. Com
precipitação média anual de 1.533,2 mm, temperatura variando de 19 a 30ºC, solo do tipo argissolo
amarelo.

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O experimento foi conduzido de 30 de maio de 2007 até fevereiro de 2008, sendo registradas
durante o período experimental precipitações 370 mm em Nossa Senhora das Dores e 505,4 mm em
Umbaúba.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com nove cultivares de


mamoneira e cinco repetições. Cada parcela foi composta de duas fileiras de 10 m de comprimento,
utilizando normalmente para avaliação 16 plantas úteis por parcela. O espaçamento de plantio foi de 1
m entre plantas e entre linhas. A adubação de plantio por cova foi de 40 g/planta de supersimples e
7g/planta de cloreto de potássio, e 3,4g/planta de uréia em cobertura 30 a 45 dias após a germinação
da semente. Foram realizadas capinas sempre que necessário.

Como características avaliadas, foram utilizados alguns dos descritores preconizados por
Veiga et al., (1989), com algumas modificações: altura da planta (AP); altura do caule (AC); diâmetro do
caule (DC); florescimento (FLOR); comprimento dos racemos (CR; comprimento do pedúnculo (CP);
peso total de frutos (PTF); comprimento dos frutos (CF); peso total de sementes (PTS); comprimento
das sementes (CS); largura das sementes (LS); produtividade de frutos (PRODF); produtividade de
sementes (PRODS); teor de óleo das sementes (TOLEO).

Com base na média das cultivares para cada característica, foi realizada a análise de variância
(ANAVA), sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (p< 0,05). Além da
análise de variância conjunta envolvendo os dois locais, observando que a relação dos quadrados
médios residuais entre locais não foi superior a 7. A partir das esperanças dos quadrados médios foi
calculada a herdabilidade no sentido restrito e o coeficiente de variação genético (CVg).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No tocante as estimativas de herdabilidade (h2), observa-se que foram altas, de acordo com a
classificação de Cruz (2005), para as características FLOR (96,61%; 88,75%) e AC (91,61%; 88,75%),
em Nossa Senhora das Dores e Umbaúba, respectivamente; CP (89,26%), LS (71,05%), CS (70,22%)
e AP (44,51%), em Nossa Senhora das Dores e DC (61,76%), PRODF (41,99%) e NF (41,64%), em
Umbaúba. Foram médias para as características PRODS (30,40% e 31,66%); PTF (26,95% e 33,10%),
respectivamente, em Nossa Senhora das Dores e Umbaúba; PRODF (38,22%), em Nossa Senhora
das Dores e PTS (30,20%) e TOLEO (25,87%), em Umbaúba. E baixas para DC (2,82%) e AP
(17,94%), em Nossa Senhora das Dores e Umbaúba, respectivamente (Tabela 1).

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Valores elevados de herdabilidade indicam alto controle genético dessas características,


apresentando possibilidade de ter grande êxito na seleção empregando-se métodos de melhoramento
mais simples. Já os valores baixos, que de acordo com Cruz (2005), significam que grande parte da
variação da característica é devida às diferenças ambientais entre os indivíduos, exigindo métodos de
seleção mais rigorosos para se obterem ganhos genéticos satisfatórios (RAMALHO e VENCOVSK,
1978).

Vale ainda ressaltar que a herdabilidade não é uma característica fixa de um caráter, pois
depende da população na qual é estimada e do conjunto de ambientes na qual a população se
envolve, podendo variar de um local para o outro de acordo com a variância genética do caráter na
população e o efeito do ambiente (PINTO, 1995).

Dessa forma, os coeficientes de variação genética foram estimados para distinguir os efeitos
genéticos, dos ambientais, obtendo-se de modo geral valores altos para a maioria das características,
variando de (4,74% - CS a 35,24% - CP) e (6,61%- DC a 18,69% - PRODF), em Nossa Senhora das
Dores e Umbaúba, respectivamente, indicando a existência de variabilidade entre as características em
questão (Tabela 1).

CONCLUSÕES

Nas condições em que o experimento foi conduzido, pode-se concluir que:

 As estimativas de herdabilidade e em geral os coeficientes de variação genética são altos para


as características florescimento e altura do caule, nos dois locais; altura da planta, comprimento do pedúnculo,
comprimento da semente, largura da semente e comprimento do fruto, em Nossa Senhora das dores e diâmetro
do caule, número de frutos e produtividade de frutos, em Umbaúba, indicando a existência de variabilidade nas
cultivares para essas características;

 As estimativas de herdabilidade são médias para peso total de frutos e produtividade de


sementes nos dois locais; número de frutos e produtividade de frutos, em Nossa Senhora das Dores e peso total
de sementes e teor de óleo, em Umbaúba e baixas para diâmetro do caule e altura da planta, respectivamente em
Nossa Senhora das Dores e Umbaúba, indicando que para o melhoramento das cultivares para essas
características, provavelmente, sejam utilizados métodos de seleção mais rigorosos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N. E. M.; SILVA, L. C. Os múltiplos usos do óleo da mamoneira (Ricinus communis L.) e a
importância do seu cultivo no Brasil. Fibras e Óleos, n.31, p.7, 1999.

CRUZ, C. D. Princípios da genética quantitativa. Viçosa, MG: UFV, 2005. 394 p.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema brasileiro de
classificação de solos. Brasília, DF:Embrapa Solos, 1999. 412 p.

FALCONER, D. S. Introduction to quantitative genetics. 3rd ed. New York: Longman Scientific and
Technical, 1989. 438 p.

MILANI, M.; DANTAS, F.V; SOUSA, R. de L . Correlação fenotípica entre características de interesse
econômico da mamona). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2. Aracaju, SE.
Anais...Aracaju: 2006. 1 CD-ROM.

PINTO, R. J. B. Introdução ao melhoramento genético de plantas. Maringá: EDUEM, 1995. 275 p.

RAMALHO, M. A. P., VENCOVSKY, R.. Estimação dos componentes da variância genética em plantas
autógamas. Ciência e Prática, Lavras, v. 2, n. 2, p. 117-140, jul./dez. 1978.

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Tabela 1 – Estimativa de herdabilidade (h2), coeficiente de variação genética (CVg) para caracteres morfológicos
vegetativos e reprodutivos avaliados em cultivares de mamoneira em Nossa Senhora das Dores (Dores) e Umbaúba.
Aracaju/SE, 2008.

CARACTERES h2 (%) CVg (%)


DORES UMBAÚBA DORES UMBAÚBA
FLOR 96,61 88,75 7,16 7,63
AC 91,65 89,42 11,72 17,07
CP 89,26 - 35,24 -
LS 71,05 - 6,85 -
CS 70,22 - 4,74 -
CF 56,47 - 2,99 -
AP 44,51 17,94 6,01 3,87
PRODF 38,22 41,99 17,62 18,69
NF 31,41 41,64 10,92 15,43
PRODS 30,40 31,66 15,75 16,14
PTF 26,95 33,10 13,87 14,26
DC 2,82 61,76 0,58 6,61
PTS - 30,20 - 15,58
TÓLEO - 25,87 - 1,77
Caracteres avaliados: Florescimento (FLOR); altura do caule (AC); comprimento do pedúnculo (CP); largura da semente
(LS); comprimento da semente (CS); comprimento do fruto (CF); altura da planta (AP); produtividade de frutos (PRODf)
número médio de frutos (NF); produtividade de sementes(PRODS); peso total do fruto (PTF); diâmetro do caule (DC);
comprimento do racemo (CR); peso total da semente (PTS) e teor de óleo (TOLEO).

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HERDABILIDADE PARA CARACTERES VEGETATIVOS E REPRODUTIVOS EM CULTIVARES DE


MAMONEIRA NOS TABULEIROS COSTEIROS DE SERGIPE

Angélica Maria Ramos1; Wilson Meneses Aragão2


1 Universidade Federal de Sergipe – anmaramos@hotmail.com; 2 Embrapa Tabuleiros Costeiros – aragaowm@hotmail.com

RESUMO - A estimativa de parâmetros genéticos como a herdabilidade, constitui estratégia básica


para orientar o melhoramento da mamoneira. Este trabalho objetivou estimar a herdabilidade no
sentido restrito para caracteres morfológicos avaliados em cultivares de mamoneira, nos tabuleiros
costeiros de Sergipe. Foram conduzidos dois ensaios em áreas da Embrapa, (Nossa Senhora das
Dores e Umbaúba), em delineamento de blocos ao acaso, 5 repetições e 9 cultivares de mamoneira
(CNPAM 2001-42; CNPAM 2001-48; CNPAM 2001-49; CNPAM 2001-50; CNPAM 2001-57; CNPAM
2000-79; CSRN 379; CSRN 142 e CSRD 2). Foram avaliados 15 caracteres, (3 vegetativos e 12
reprodutivos) para os quais, foram estimadas as herdabilidades através do genes. As herdabilidades no
sentido restrito foram altas para florescimento e altura do caule nos dois locais; altura da planta,
comprimentos do pedúnculo, semente e fruto, e largura da semente em Nossa Senhora das Dores e
diâmetro do caule, número e produtividade de frutos, em Umbaúba, indicando a existência de
variabilidade nas cultivares de mamoneira para essas características.
Palavras-chave - mamona, herdabilidade, tabuleiros costeiros.

INTRODUÇÃO

A cultura da mamona (Ricinus communis L) tem se expandido amplamente, devido aos


atributos peculiares de seu principal produto, o óleo. Entretanto, mesmo com o desenvolvimento de
cultivares adaptadas, grande parte dos plantios comerciais utiliza variedades locais pouco estáveis ou
mesmo por uma mistura delas, acarretando alto grau de heterogeneidade e grande diversidade de
tipos locais, levando a uma certa instabilidade no cultivo e oscilação na produtividade de um ano para o
outro (BELTRÃO e SILVA, 1999).

Para evitar o inconveniente retro descrito é importante conduzir experimentos multilocais dentro
e entre regiões, para se selecionar as variedades mais produtivas e de múltiplos usos em diferentes
ambientes.

Dessa forma, a avaliação de parâmetros genéticos como herdabilidade constitui estratégia


básica para estabelecer diretrizes que possam orientar o melhoramento da cultura da mamoneira.

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A estimativa da herdabilidade (h2) indica a confiabilidade com que o valor fenotípico representa
o valor genotípico, determinando a proporção do ganho obtido com a seleção (FALCONER, 1989).
Pode variar de 0,0 a 1,00 ou de 0 a 100%, sendo considerada baixa, se for de 0,0 a 0,20; média, de
0,20 a 0,40; e alta, acima de 0,40. Valores baixos significam que grande parte da variação da
característica é devida às diferenças ambientais entre os indivíduos, e valores altos significam que
diferenças genéticas entre indivíduos são responsáveis pela variação da característica avaliada (CRUZ,
2005).
De acordo com Ramalho e Vencovsky (1978), características que apresentam baixa
herdabilidade exigem métodos de seleção mais rigorosos que aquelas com herdabilidade alta, para se
obterem ganhos genéticos satisfatórios.
Entretanto, em culturas com importância recente, como a mamoneira, os estudos de
correlações e herdabilidades praticamente inexistem e faltam referências para dar subsídios ao
planejamento e avaliação das populações conduzidas nos programas de melhoramento com a espécie
(MILANI, 2006).
Nesse sentido, o presente trabalho objetivou avaliar a herdabilidade caracteres morfológicos
vegetativos e reprodutivos de cultivares de mamoneira, cultivadas em condições dos tabuleiros
costeiros de Sergipe.

METODOLOGIA
Foram avaliadas nove cultivares de mamoneira, procedentes da Embrapa Algodão, (CNPAM
2001-42; CNPAM 2001-48; CNPAM 2001-49; CNPAM 2001-50; CNPAM 2001-57; CNPAM 2000-79;
CSRN 379; CSRN 142 e CSRD 2), em dois locais dos tabuleiros costeiros Sergipano, um na região
Agreste (Campo Experimental Jorge do Prado Sobral, município de Nossa Senhora das Dores) e outro
na região litorânea (Campo experimental de Umbaúba, município de Umbaúba), pertencentes à
Embrapa Tabuleiros Costeiros.
A primeira região possui latitude 10º29'30" sul e a longitude 37º11'36" oeste; com 204 m de
altitude; Clima A‘s, segundo a classificação de Köppen, com temperatura média anual de 27ºC,
umidade relativa de 60% e precipitação média anual: 1.000 mm, distribuída 80% em época de chuvas,
de abril a setembro e 20% na época seca (outubro a março). O solo é do tipo latossolo amarelo
distrófico com baixa fertilidade natural (EMBRAPA, 1999). O segundo está localizado na região sul do
Estado, latitude 11º23'00" sul e longitude 37º39'28" oeste, estando a uma altitude de 130 m. Com
precipitação média anual de 1.533,2 mm, temperatura variando de 19 a 30ºC, solo do tipo argissolo
amarelo.

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O experimento foi conduzido de 30 de maio de 2007 até fevereiro de 2008, sendo registradas
durante o período experimental precipitações 370 mm em Nossa Senhora das Dores e 505,4 mm em
Umbaúba.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com nove cultivares de


mamoneira e cinco repetições. Cada parcela foi composta de duas fileiras de 10 m de comprimento,
utilizando normalmente para avaliação 16 plantas úteis por parcela. O espaçamento de plantio foi de 1
m entre plantas e entre linhas. A adubação de plantio por cova foi de 40 g/planta de supersimples e
7g/planta de cloreto de potássio, e 3,4g/planta de uréia em cobertura 30 a 45 dias após a germinação
da semente. Foram realizadas capinas sempre que necessário.

Como características avaliadas, foram utilizados alguns dos descritores preconizados por
Veiga et al., (1989), com algumas modificações: altura da planta (AP); altura do caule (AC); diâmetro do
caule (DC); florescimento (FLOR); comprimento dos racemos (CR; comprimento do pedúnculo (CP);
peso total de frutos (PTF); comprimento dos frutos (CF); peso total de sementes (PTS); comprimento
das sementes (CS); largura das sementes (LS); produtividade de frutos (PRODF); produtividade de
sementes (PRODS); teor de óleo das sementes (TOLEO).

Com base na média das cultivares para cada característica, foi realizada a análise de variância
(ANAVA), sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (p< 0,05). Além da
análise de variância conjunta envolvendo os dois locais, observando que a relação dos quadrados
médios residuais entre locais não foi superior a 7. A partir das esperanças dos quadrados médios foi
calculada a herdabilidade no sentido restrito e o coeficiente de variação genético (CVg).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No tocante as estimativas de herdabilidade (h2), observa-se que foram altas, de acordo com a
classificação de Cruz (2005), para as características FLOR (96,61%; 88,75%) e AC (91,61%; 88,75%),
em Nossa Senhora das Dores e Umbaúba, respectivamente; CP (89,26%), LS (71,05%), CS (70,22%)
e AP (44,51%), em Nossa Senhora das Dores e DC (61,76%), PRODF (41,99%) e NF (41,64%), em
Umbaúba. Foram médias para as características PRODS (30,40% e 31,66%); PTF (26,95% e 33,10%),
respectivamente, em Nossa Senhora das Dores e Umbaúba; PRODF (38,22%), em Nossa Senhora
das Dores e PTS (30,20%) e TOLEO (25,87%), em Umbaúba. E baixas para DC (2,82%) e AP
(17,94%), em Nossa Senhora das Dores e Umbaúba, respectivamente (Tabela 1).

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Valores elevados de herdabilidade indicam alto controle genético dessas características,


apresentando possibilidade de ter grande êxito na seleção empregando-se métodos de melhoramento
mais simples. Já os valores baixos, que de acordo com Cruz (2005), significam que grande parte da
variação da característica é devida às diferenças ambientais entre os indivíduos, exigindo métodos de
seleção mais rigorosos para se obterem ganhos genéticos satisfatórios (RAMALHO e VENCOVSK,
1978).

Vale ainda ressaltar que a herdabilidade não é uma característica fixa de um caráter, pois
depende da população na qual é estimada e do conjunto de ambientes na qual a população se
envolve, podendo variar de um local para o outro de acordo com a variância genética do caráter na
população e o efeito do ambiente (PINTO, 1995).

Dessa forma, os coeficientes de variação genética foram estimados para distinguir os efeitos
genéticos, dos ambientais, obtendo-se de modo geral valores altos para a maioria das características,
variando de (4,74% - CS a 35,24% - CP) e (6,61%- DC a 18,69% - PRODF), em Nossa Senhora das
Dores e Umbaúba, respectivamente, indicando a existência de variabilidade entre as características em
questão (Tabela 1).

CONCLUSÕES

Nas condições em que o experimento foi conduzido, pode-se concluir que:

As estimativas de herdabilidade e em geral os coeficientes de variação genética são altos para


as características florescimento e altura do caule, nos dois locais; altura da planta, comprimento do
pedúnculo, comprimento da semente, largura da semente e comprimento do fruto, em Nossa Senhora
das dores e diâmetro do caule, número de frutos e produtividade de frutos, em Umbaúba, indicando a
existência de variabilidade nas cultivares para essas características.

As estimativas de herdabilidade são médias para peso total de frutos e produtividade de


sementes nos dois locais; número de frutos e produtividade de frutos, em Nossa Senhora das Dores e
peso total de sementes e teor de óleo, em Umbaúba e baixas para diâmetro do caule e altura da
planta, respectivamente em Nossa Senhora das Dores e Umbaúba, indicando que para o
melhoramento das cultivares para essas características, provavelmente, sejam utilizados métodos de
seleção mais rigorosos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICOS

BELTRÃO, N. E. M.; SILVA, L. C. Os múltiplos usos do óleo da mamoneira (Ricinus communis L.) e a
importância do seu cultivo no Brasil. Fibras e Óleos, n.31, p.7, 1999.

CRUZ, C. D. Princípios da genética quantitativa. Viçosa, MG: UFV, 2005. 394 p.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema brasileiro de
classificação de solos. Brasília, DF:Embrapa Solos, 1999. 412 p.

FALCONER, D. S. Introduction to quantitative genetics. 3rd ed. New York: Longman Scientific and
Technical, 1989. 438 p.

MILANI, M.; DANTAS, F.V; SOUSA, R. de L . Correlação fenotípica entre características de interesse
econômico da mamona). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2. Aracaju, SE.
Anais...Aracaju: 2006. 1 CD-ROM.

PINTO, R. J. B. Introdução ao melhoramento genético de plantas. Maringá: EDUEM, 1995. 275 p.

RAMALHO, M. A. P., VENCOVSKY, R.. Estimação dos componentes da variância genética em plantas
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Tabela 1 – Estimativa de herdabilidade (h2), coeficiente de variação genética (CVg) para caracteres morfológicos
vegetativos e reprodutivos avaliados em cultivares de mamoneira em Nossa Senhora das Dores (Dores) e Umbaúba.
Aracaju/SE, 2008.

CARACTERES h2 (%) CVg (%)


DORES UMBAÚBA DORES UMBAÚBA
FLOR 96,61 88,75 7,16 7,63
AC 91,65 89,42 11,72 17,07
CP 89,26 - 35,24 -
LS 71,05 - 6,85 -
CS 70,22 - 4,74 -
CF 56,47 - 2,99 -
AP 44,51 17,94 6,01 3,87
PRODF 38,22 41,99 17,62 18,69
NF 31,41 41,64 10,92 15,43
PRODS 30,40 31,66 15,75 16,14
PTF 26,95 33,10 13,87 14,26
DC 2,82 61,76 0,58 6,61
PTS - 30,20 - 15,58
TÓLEO - 25,87 - 1,77
Caracteres avaliados: Florescimento (FLOR); altura do caule (AC); comprimento do pedúnculo (CP); largura da semente
(LS); comprimento da semente (CS); comprimento do fruto (CF); altura da planta (AP); produtividade de frutos (PRODf)
número médio de frutos (NF); produtividade de sementes(PRODS); peso total do fruto (PTF); diâmetro do caule (DC);
comprimento do racemo (CR); peso total da semente (PTS) e teor de óleo (TOLEO).

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OCORRÊNCIA DO BESOURO AMARELO ASSOCIADO A DIFERENTES GENÓTIPOS DE


GIRASSOL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Marcos Antônio Barbosa Moreira1, Marcelo Abdon Lira2, Maria Cléa Santos Alves3, Ernesto Espínola
Sobrinho3 Julimar Souza F. de Oliveira4
1Pesquisador Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2Pesquisador Embrapa/EMPARN, 3Pesquisadores EMPARN, 4 Técnico em
Agropecuária -EMPARN

RESUMO - O besouro amarelo é considerado praga-chave da cultura do girassol e seus danos


refletem sobremaneira na produção de grãos e na rentabilidade da cultura. Este trabalho objetivou
avaliar a infestação o besouro amarelo Ciclocephala melanocephala associado a diferentes genótipos
de girassol em áreas experimentais pertencentes à Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande
do Norte (EMPARN). As avaliações foram conduzidas no Ensaio Final de Avaliação de Genótipos de
Girassol, EMPARN/Canguaretama-RN. O experimento teve delineamento em blocos ao acaso com 26
tratamentos (genótipos) e quatro repetições. O levantamento da infestação da praga ocorreu durante a
maturação fisiológica dos grãos e foi realizado por meio da coleta manual dos insetos adultos
associados aos diferentes genótipos de girassol. Os acessos HLS 1 e 04, BRS GIRA 24 e 09, e, Zenit
foram considerados ―não preferidos‖ pela praga, apresentando médias abaixo de 1% de infestação. Os
maiores percentuais de infestações foram conferidos aos genótipos SRM (45,2), T700 (39,7), Agrobel e
Grizzly (22), Triton Max (19,5), HLS 03 e HLS 05 (16,75), BRSGIRA 25 (12), M 734 (12,25) e HELIO
358 (10,5). Os menores percentuais estavam associados aos genótipos HLE 13 (1,75), MG 52 (3,5),
HLS (4,25), BRSGIRA 9 (4,5) HLE 11 (5,25), HLA 06 (5,45), BRSGIRA 01 (5,5), NEON (6,0),
EMBRAPA 122 (7,75), HLA 05 ( 8,75). Constataram-se diferenças quanto à infestação do besouro
amarelo nos diferentes genótipos de girassol nas condições edafoclimáticas da região dos tabuleiros
costeiros.
Palavras-chave: Helianthus annus, praga do girassol; variedades resistentes; manejo integrado.

INTRODUÇÃO
O melhoramento genético do girassol tem contribuído para a expansão da cultura e a sua
adaptação em diferentes regiões agroclimáticas. No Brasil, são cultivados em algumas regiões,
especialmente, os cerrados do Centro-Oeste, sendo o estado de Goiás o de maior área plantada sendo
seguido por Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais (LEITE, 1997).
No Rio Grande do Norte, as primeiras pesquisas com a cultura foram iniciadas no ano de 2006
em diferentes mesorregiões. Produtividade em torno de 2.800 kg/ha e percentual de óleo superior 45%,
permitem concluir que as condições edafoclimáticas são favoráveis ao cultivo do girassol (MOREIRA,
et al., 2009).

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Em função da diversidade dos agroecossitemas onde é cultivado o girassol em condições do


Rio Grande do Norte, principalmente nas diferentes formas de manejo fitotécnico da cultura, carecem
as informações sobre a associação e a amplitude dos danos das pragas e das doenças uma vez que
estes organismos refletem na população final de plantas e perdas na produção. Dentre os agentes
bióticos as pragas e as doenças são os principais fatores que causam redução na produtividade desta
cultura em regiões tradicionais de cultivo.

Em observações em campo, constatou-se a presença do besouro amarelo, C. melanocephala


associado ao girassol causando danos significativos na produção de grãos. O adulto ataca o girassol
na ocasião da fase de enchimento dos grãos, perfurando-os e formando galerias no capítulo, o que,
além de diminuir a produção pela perfuração dos grãos, favorece a entrada de patógenos 9Ungaro,
1998).

Este trabalho teve como objetivo avaliar a associação do besouro amarelo em relação a
diferentes genótipos de girassol bem como a descrição dos seus danos em condições do
agroecossistema dos tabuleiros costeiros no estado do Rio Grande do Norte.

METODOLOGIA

As avaliações foram conduzidas durante a instalação de Ensaio Final de Avaliação de


Genótipos de Girassol, realizado na Base Experimental da EMPARN, em Canguaretama-RN, no
período de fevereiro a abril de 2008. O espaçamento utilizado foi de 0,60 m entre plantas e de 0,80
entre filas, sendo cada genótipo apresentando em torno de 40 plantas/parcela. O experimento teve
delineamento experimental de blocos ao acaso e constou de 26 genótipos discriminados por: M 734;
Agrobel 960; Hélio 358; BRS GIRA 01; ;BRS GIRA 9; BRS GIRA 11; BRS GIRA 24; BRS GIRA 25; HLS
01; HLS 02; HLS 03; HLS 04; HLS 05; HLA 05; HLA 06; HLE 11; HLE 12;HLE 13; EMBRAPA 122;
ZENIT; TRITON MAX; NEON; SRM 822; GRIZZLY; T 700 e MG 22, sendo consideradas quatro
repetições\genótipos.

O levantamento da infestação do besouro amarelo ocorreu durante a maturação fisiológica dos


grãos e foi realizado por meio da coleta manual dos insetos adultos presentes no capítulo associados
aos diferentes genótipos. As avaliações foram efetuadas por meio das médias obtidas a partir da
quantificação dos espécimes em cada genótipo.

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Para a descrição dos danos a cultura, observações visuais e registros fotográficos foram
efetuados a fim de evidenciar os danos diretos e indiretos provocados pela praga sob o capítulo na
ocasião da fase do enchimento e maturação fisiológica dos grãos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constataram-se diferenças quanto à infestação do besouro amarelo associada aos diferentes


genótipos do girassol em condições da região dos tabuleiros costeiros no Rio Grande do Norte (Figura
1). Os genótipos HLS 1, HLS 04, BRS GIRA 24, BRS GIRA 09 e, Zenit foram considerados ―não
preferidos‖ pela praga sob condições experimentais, apresentando média abaixo de 1% de infestação.
Os menores percentuais estavam associados aos genótipos HLE 13 (1,75%), MG 52 (3,5%), HLS
(4,25%), BRSGIRA 9 (4,5%) HLE 11 (5,25%), HLA 06 (5,45%), BRSGIRA 01 (5,5%), NEON (6,0%),
EMBRAPA 122 (7,75%), HLA 05 ( 8,75%). As maiores infestações foram conferidos aos genótipos
SRM (45,2%), T700 (39,7%), Agrobel e Grizzly (22%), Triton Max (19,5%), HLS 03 e HLS 05 (16,75%),
BRSGIRA 25 (12%), M 734 (12,25%) e HELIO 358 (10,5%). Constataram-se diferenças quanto ao
percentual de infestação do besouro amarelo nos diferentes genótipos de girassol avaliados nas
condições edafoclimáticas da região dos tabuleiros costeiros, inferindo-se em termos do melhoramento
genético que dentre os genótipos avaliados existem acessos resistentes, tolerantes e suscetíveis ao
besouro amarelo do girassol.

Quanto à associação dos danos do besouro amarelo em relação à cultura do girassol, pode-se
afirmar que existem os danos diretos e os indiretos provocados pela alimentação dos insetos adultos.
Como dano direto, provoca a destruição dos tecidos do capítulo e dos grãos, interferindo na produção e
na rentabilidade da cultura. Como dano indireto, pode-se afirmar que são provocados pelas lesões
devido ao alimentar-se da parte anterior e posterior do capítulo, permitindo a entrada e a proliferação
de organismos oportunistas que podem comprometer a sustentação do mesmo na planta, interferindo
na qualidade e na sanidade dos grãos e provocar o declínio na produção/produtividade da cultura.
Constatou-se que os insetos se alimentam dos grãos e também dos tecidos vegetais do lado posterior
dos capítulos dependendo da densidade populacional dos insetos sob a planta em áreas não tratadas
quimicamente.

Os resultados aqui apresentados são preliminares e sem pretensão de esgotar o assunto


quanto à infestação do besouro amarelo na cultura do girassol em condições da região dos tabuleiros
costeiros no estado do Rio Grande do Norte. Fazem-se necessários estudos mais aprofundados para

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elucidar o entendimento da relação planta hospedeira-inseto-ambiente e a repetição de outras


avaliações similares a este estudo, envolvendo outros agroecossistemas potenciais para a implantação
da cultura no estado. Sendo necessárias mais pesquisas a fim de corroborar com os dados aqui
apresentados e melhorar o entendimento quanto a resistência, suscetibilidade e ou tolerância do
besouro amarelo em relação aos diferentes genótipos implantados em diversos agroecossistemas do
RN.

CONCLUSÃO

Existem diferenças quanto à suscetibilidade de híbridos de girassol ao ataque do besouro


amarelo em condições da região dos tabuleiros costeiros no Rio Grande do Norte;

Há indícios de preferência e não-preferência por genótipos de girassol em função das médias


das infestações obtidas neste estudo;

Os danos causados pelo besouro amarelo associados a cultura do girassol podem ser
traduzidos por afetar a produção diretamente ou indiretamente na rentabilidade da cultura, seja
danificando e ou comprometendo a qualidade/sanidade dos grãos e provocando a destruição dos
tecidos do capítulo que podem comprometer a estrutura de sustentação deste e ou permitir ou
possibilitar a entrada/disseminação de organismos oportunistas, como fungos e bactérias, junto a
planta do girassol.

Há necessidade de maiores aprofundamentos visando à melhor compreensão da relação


inseto/planta hospedeira e ambiente nos diversos agroecossistemas do RN.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEITE, R. M. V. B. C. Girassol. In: Kimati et al (ed.) Manual de Fitopatologia. Doenças das plantas cultivadas.
V.2, 3. ed., São Paulo, Ceres, 1997.

UNGARO, M. R. G. Girassol. Boletim 200, 6. ed. Campinas, Instituto Agronômico, 396p., 1998.

MOREIRA, M. A. B; MATA, S. S; LIRA, M. A; FERREIRA JÚNIOR, N. L; ALVES, M. C. S; SOBRINHO, E. E;


OLIVEIRA, J. F. S. Avaliação da infestação do besouro amarelo, ciclocefala melanocefala associado a diferentes
genótipos de girassol no Rio Grande do Norte. Resumos EXPOFRUIT – Feira Internacional da Fruticultura
irrigada, Mossoró-RN, 2009.

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Infestação média do besouro amarelo em diferentes


genótipos de girassol no RN
45,2
39,7

22 22 19,5
16,7 16,75
12,25 12
8,7510,57,75
3,55,45 6 5,254,25 1 1,75
0,75
5,5
0,5 0,5
4,5
1
0,25
T700
GRIZZLY
HLA 06
NEON

HLS 02
HLS 03

HLS 1

HLS 05

HLA 05

HLS 04

HLE 12
M 734
MG 52

HLE1 1

HELIO 358
EMBRAPA 122

BRSGIRA 25
HLE13
SEM 822

BRSGIRA 24

BRSGIRA 01

BRSGIRA 9

BRSGIRA 11
AGROBEL

ZENIT

TRITON MAX
Figura 1 - Percentual médio da infestação do besouro amarelo sob diferentes genótipos de girassol sob as condições da
região dos tabuleiros costeiros no Rio Grande do Norte.

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POTENCIALIDADES DO ÓLEO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL


NO ESTADO DO MARANHÃO

José Lopes Ribeiro1; Valdenir Queiroz Ribeiro1


1Embrapa Meio-Norte, Av. Duque de Caxias, 5650, Cx. Postal 01, CEP: 64.006-220, Teresina, PI. E-mail:
jlopes@cpamn.embrapa.br

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi informar aos produtores sobre os resultados de pesquisa
obtidos na cultura do algodão herbáceo na mesorregião leste maranhense, com vistas à produção de
fibra para a indústria têxtil, produção de óleo para produção de biodiesel e aproveitamento da ―torta ou
farelo‖ para alimentação animal. Foram conduzidos na mesorregião leste maranhense, no período de
2000 a 2009, 13 ensaios de avaliação de genótipos de algodoeiro herbáceo nos municípios de Brejo,
Anapurus, Chapadinha e Mata Roma. A produção variou entre 78,9 @/ha a 94,2 @/ha. A variação da
produção em caroço variou de 1.763 kg/ha a 2.120 kg/ha, proporcionando uma produção de óleo de
353 kg/ha a 424 kg/ha e uma produção de torta de 1.410 kg/ha a 1.696 kg/ha. A mesoregião leste-
maranhense possui potencial para se tornar grande produtora de óleo vegetal para fins energéticos no
nordeste brasileiro.
Palavras-chaves - Gossypium hirsutum L., produção de óleo vegetal, biocombustível, cerrado.

INTRODUÇÃO

Há aproximadamente duas décadas a agricultura maranhense concentrava-se no extrativismo


do coco babaçu para extração do azeite e no cultivo das culturas de subsistência como a mandioca e
o arroz cultivados no ―toco‖ (áreas sem destocamento) embora as condições edafoclimáticas do Estado
nos cerrados maranhenses sejam também favoráveis ao desenvolvimento de culturas produtoras de
matérias-primas, como o algodão, soja, girassol, milho e gergelim para a produção de biocombustíveis.
No século passado o Maranhão foi grande produtor e exportador de fibra de algodão para a Europa,
por causa da existência dos tipos de algodão crioulo e rim-de-boi (Gossypium barbadense var.
brasiliense), atualmente em extinção. Em 2009, o Maranhão colheu 12.841 hectares de algodão
herbáceo, com produção de 42.416 toneladas de algodão em caroço e produtividade média de 3.303
kg ha-1 (IBGE, 2010).

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Com a exploração dos cerrados do leste maranhense por produtores das regiões Sul e Centro-
Oeste do país com o objetivo de cultivar grandes áreas para produção de grãos, em função dos
resultados de pesquisa obtidos por Ribeiro et al. (2006) a cultura do algodão herbáceo apresenta-se
como uma alternativa para rotação com as culturas de arroz de terras altas, soja e milho. As
principaiais cultivares de algodão recomendadas para os cerrados maranhenses são: BRS Camaçari e
BRS Araçá (Ribeiro et al. 2006), BRS 269 Burití (Ribeiro, et al., 2007) e BRS 286 (Ribeiro, et al., 2009),
Uma das vantagens do algodão em relação às demais oleaginosas é que o algodão não é plantado por
causa do caroço, mas para obter a fibra, ficando o caroço como um subproduto que agregará valor
para o produtor e criará uma demanda perto da região em que é produzido (PESSA, 2008).

Segundo Dall‘Agnol (2007) cerca de 80% das usinas produtoras de biodiesel em todo o Brasil
utilizam o óleo de soja como matéria-prima No entanto, a semente do algodão também produz cerca
de 20% de óleo, de baixo custo, alem do ―farelo ou torta‖ que é utilizado na alimentação animal,
principalmente em vacas leiteiras.

O objetivo deste trabalho foi informar aos produtores sobre os resultados de pesquisa obtidos
na cultura do algodão herbáceo na mesorregião leste maranhense, com vistas à produção de fibra para
a indústria têxtil, produção de óleo para produção de biodiesel e aproveitamento da ―torta ou farelo‖
para alimentação animal.

METODOLOGIA

Conduziu-se na mesorregião leste maranhense, no período de 2000 a 2009, 13 experimentos


de avaliação de genótipos de algodoeiro herbáceo, constituídos pelos ensaios regionais, ensaios
nacionais, ensaios de linhagens avançadas e os de valor cultural e uso (VCU) nos municípios de
Anapurus, Brejo, Chapadinha e Mata Roma.

O delineamento adotado nos ensaios nacionais foi o quadrado latino e, nos demais ensaios os
de blocos acaso e fatorial. As parcelas eram formadas por quatro linhas de 5,0 m de comprimento no
espaçamento de 0,80 m entre linhas, com sete plantas por metro linear, sendo a área útil formada por
duas linhas centrais (8,0 m2). A adubação de fundação, em função da análise de solo, contou de 20
kg de N ha-1, 120 kg de P2O5 ha-1, 60 kg de K2O ha-1 e 30 kg de FTE – BR 12 ha-1, complementados
por duas adubações de cobertura 50 kg de N ha-1 e 30 kg de K2O ha-1, aos 30 e 50 dias após a
semeadura.

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Foram avaliadas as características floração inicial, aparecimento dos primeiros capulhos, peso
médio de capulho, altura de planta e produtividade de algodão em caroço em kg ha-1. As médias para
os parâmetros avaliados em todos os ensaios foram comparadas pelo teste F .

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No município de Anapurus a amplitude de variação média para produção de algodão em


caroço variou de 2.109 kg ha-1 a 2.764 kg ha-1 o que corresponde a 140,6 @ha-1 a 184,3 @ha-1
proporcionando uma produção de fibra de 843,6 a kg ha-1 a 1.105 kg ha-1 , o que corresponde a 56,2
@ ha-1 a 73,7 @ ha-1. Estes foram os primeiros resultados de pesquisa com a cultura do algodão
herbáceo obtidos na mesorregião leste maranhense no ano 2000. Nos anos subseqüentes os trabalhos
de pesquisa foram realizados em outros municípios da região. No município de Brejo, os resultados
obtidos foram superiores aos de Anapurus, com produtividades de algodão em caroço variando de
2.797 kg ha-1 a 3.553 kg ha-1. Em Chapadinha, obtiveram-se produtividades de algodão em caroço
com amplitude de 3.050 kg ha-1 a 3.597 kg ha-1 e em Mata Roma as produtividades variaram de
3.790 kg ha-1 a 4.216 kg ha-1. A amplitude de variação média de algodão em caroço na mesorregião
leste maranhense variou de 2.958 kg ha-1 a 3.533 kg ha-1, o que corresponde a 197,2 @ ha-1 a 235,5
@ ha-1 , proporcionando uma produção de fibra de 1.183 kg ha-1 a 1.413 kg ha-1, ou 78,9 @ ha-1 a
94,2 @ ha-1. (Tabela 1). Essa elevação de produtividade de algodão em caroço nos cerrados da região
leste maranhense, está correlacionada com as condições favoráveis da planta-solo-atmosfera, além da
correção da acidez do solo, adubações adequadas, sistema de produção utilizado e genótipos de
elevado potencial genético com boa estabilidade produtiva.

Com relação à produção de caroço para extração do óleo, a amplitude de variação foi de
1.763 kg ha-1 a 2.120 kg ha-1, proporciomando uma produção de óleo de 353 kg ha-1 a 424 kg ha-1
e, uma produção de torta cuja variação foi de 1.410 kg ha-1 a 1.696 kg ha-1, e a relação óleo/torta
variando de 1:3,9 a 1:4,0. Isto é, para cada tonelada de óleo obtida do caroço de algodão são
produzidas 3,9 a 4,0 toneladas de torta, destinadas à alimentação animal ou para adubação orgânica
(Tabela 2)..

Com a perspectiva de aumentar a produção de biodiesel é preciso que no mais breve espaço
de tempo a mesorregião leste maranhense tenha uma produção significativa de óleo vegetal por meio
da introdução de culturas promissoras, como o algodão herbáceo, soja e girassol (Tabela 3).

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CONCLUSÃO

A mesorregião leste maranhense possui potencial para se tornar grande produtora de óleo
vegetal para fins energéticos do Nordeste brasileiro, tendo em vista que possui clima e solo
apropriados ao cultivo das mais variadas culturas produtoras de óleo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DALL‘AGNOL, A. Por que fazemos biodiesel de soja.

http://www.criareplantar.com.br/noticia/ler?idNoticia=10343. Acessado em 19/04/2010.

IBGE. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. 1-79, Jan. 2010.

RIBEIRO, J. L.; FREIRE, E. C.; CARVALHO, L. P. de; FARIAS, F. J. C.; MORELLO, C. de L.;
SUINAGA,F. A.; VIDAL NETO, F. das C.; COSTA, J. N. da; SANTANA, J. C. F. de; ANDRADE, F. P.
de. Cultivares de Algodoeiro herbáceo recomendadas para a região Meio-Norte do Brasil. Teresina:
Embrapa Meio-Norte, 2006. 33 p. (Documentos/Embrapa Meio-Norte, 141).

RIBEIRO, J. L.; MORELLO, C. de L.; FREIRE, E. C ; SUSSUNA, N. D; SUINAGA, F. A.; SILVA, J. L.


da; LAMAS, F. M.; ANDRADE, F. P.; FERREIRA, A. C. de B.; FARIAS, F. J. C ; VIDAL NETO, F. das
C.. BRS 269 Buriti: cultivar de algodoeiro herbáceo para a região Meio-Norte do Brasil. Teresina:
Embrapa Meio-Norte, 2007. Folder.

RIBEIRO, J. L.; MORELLO, C. de L.; SUASSUNA, N. D.; FARIAS, F. J. C. ; LAMAS, F. M.; SILVA
FILHO, J. L. da; PEDROSA, M. B.;.GODINHO, V. de P.; FERREIRA, A. C. de B.; FREIRE, E. C.;
ASMUS, G. L..; LANZA, M. de A. BRS 293: cultivar de algodoeiro herbáceo de ciclo e porte médios
para a região Meio-Norte do Brasil. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2009. Folder.

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Tabela 1 - Amplitude de variação (média) de características da produtividade da cultura do algodoeiro herbáceo na


mesorregião leste maranhense. 2000 a 2009.

Município Algodão em caroço Fibra (40%)

(kg ha-1) (@ ha-1) (kg ha-1) (@ ha-1)


Anapurus 2.109 a 2.764 140,6 a 184,3 843,6 a 1.105 56,2 a 73,7
Brejo 2.797 a 3.553 186,5 a 236,8 1.119 a 1.421 74,6 a 94,7
Chapadinha 3.055 a 3.597 203,6 a 239,8 1.222 a 1.439 81,5 a 95,9
Mata Roma

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