You are on page 1of 25

Presidente da República

Luiz Inácio Lula da Silva

Ministro da Educação
Fernando Haddad

Secretário da Educação a Distância


Carlos Eduardo Bielschowky

Diretor de Educação a Distância da UAB


Celso José da Costa

Diretor Geral do CEFET-RJ


Miguel Badenes Prades Filho

Diretor de Ensino
Maurício Machado Motta

Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação


Pedro Manuel Calas Lopes Pacheco

Coordenação UAB no CEFET-RJ


Maria Esther Provenzano
Mônica de Cássia Vieira Waldhelm

Professor-pesquisador
Alvaro Chrispino

Conteudista-colaborador
Glennan Cunha Rabelo

Revisão
Marcelo Bastos

Design Instrucional
Fabiana C. Gonçalves Ribeiro

Diagramação
Priscila Freire

Projeto Gráfico da capa


Fernando Bracet
Módulo 2 – Ciência, Tecnologia e Sociedade

­­Carga Horária
50 horas

Considerando-se os diversos contextos de uma sociedade globalizada, em


expansão e em busca de maior inclusão social, espera-se que o(a) cursista
desenvolva as seguintes competências:
▪▪ reconhecer a existência de diferentes concepções de Ciência,
de Tecnologia e de Sociedade (CTS);
▪▪ refletir acerca das relações CTS com a política, a educação, a
cultura, o trabalho e os valores em geral;
▪▪ perceber que a Ciência e a Tecnologia, em qualquer uma de
suas concepções, não são neutras, visto que são resultado de
uma construção social;
▪▪ perceber que a produção da Ciência e da Tecnologia impactam
a Sociedade assim como a maneira de pensar, de agir e de se
organizar dos cidadãos produz diferentes "tipos" de Ciência e
de Tecnologia;
▪▪ conhecer alguns dos principais autores ligados ao Enfoque
CTS, especialmente na aplicação dos conceitos na atividade
educacional;
▪▪ aplicar os conceitos de CTS nas atividades de ensino,
especialmente por meio da técnica de controvérsia
controlada.
Algumas palavras iniciais...
Olá!

Tenho a tarefa de apresentar o Módulo CTS - Ciência, Tecnologia e


Sociedade, que será desdobrado em nove aulas.

Certamente, esta apresentação deve ser cativante e, para cumprir


este item, devo lembrar que a Ciência e a Tecnologia estão intimamente
ligadas a Sociedade da qual fazemos parte. Quanto a isso, não há
dúvidas! A questão é: quanto dependemos da Ciência e da Tecnologia e
o quanto o cidadão pode – ou deve – participar das decisões em torno
deste binômio? Isso nós discutiremos ao longo do Módulo.

Outro aspecto que não pode deixar de ser citado em uma apresentação é
o quanto o tema em estudo é contemporâneo. Quanto a isso, devo lembrar
que CTS estuda os impactos das descobertas científicas e tecnológicas
para o homem, para a comunidade em que vive e para a Sociedade em
geral. Eis aí algo bem contemporâneo: Ciência atual e Tecnologia recém
lançada... tudo isso é matéria prima de nossas discussões!

Também não podemos deixar de falar de sustentabilidade. Afinal,


sustentabilidade é a palavra de ordem do mundo de hoje. Isso também
não será difícil visto que o Movimento CTS surgiu da preocupação de
cidadãos e cientistas com os impactos da tecnociência no planeta.

Por fim, é indispensável realçar o espírito democrático do movimento


CTS. E isto se confirma no fato dele se basear na importância da
organização social acompanhar e interagir com eventos tecnocientíficos,
assim como com os cientistas e formuladores de política.

Eis aí nossa apresentação do Módulo CTS. Ele foi elaborado com


linguagem objetiva e direta, buscando ser cativante, contemporâneo, de
apoio a sustentabilidade e de valorização do espírito democrático.

Vamos ver se conseguimos cumprir o desafio de fazer da abordagem


CTS uma cultura, uma maneira de ler o mundo que nos rodeia.

Boa leitura e bom debate !


Alvaro Chrispino
Organizador

Alvaro Chrispino
Sou professor de Química desde 1980 e iniciei minhas atividades em
escolas estaduais e particulares de Niterói. Em 1992, ingressei no CEFET-RJ
e, hoje, além das de química, trabalho no mestrado com as disciplinas

Políticas Públicas (em Educação e em Ciência e Tecnologia) e também


na disciplina de CTS - Ciência, Tecnologia e Sociedade.

Meu mestrado em educação (UFRJ/1991) tratou da formação de


professores a partir do binômio Química e Sociedade. Meu doutorado em
educação (2001) voltou-se para a área de Política Pública, Planejamento
e Gestão da Educação e pesquisei a escola do futuro.

Além de trabalhar com CTS desde o inicio da década de 90, hoje


coordeno um Grupo de Pesquisa com financiamento do CNPq que busca
conhecer as atitudes/opiniões de alunos e professores sobre Ciência,
Tecnologia e Sociedade. Esta é uma pesquisa colaborativa internacional
intitulada de PIEARCTS e envolve outros 7 países.

Minhas áreas de trabalho são: CTS, Política Pública, gestão da


educação e mediação do conflito escolar.
Sumário

aula 01 CTS como campo de estudo

aula 02 Sobre a ciência

aula 03 Sobre a tecnologia

aula 04 Sobre a sociedade

aula 05 Sobre a relação ciência, tecnologia e sociedade

aula 06 Repercussão social do desenvolvimento científico e tecnológico

aula 07 CTS e a educação tecnológica

aula 08 CTS e o ensino

aula 09 CTS e a técnica da controvérsia controlada


CTS como campo de estudo
Alvaro Chrispino Aula

01
DURAÇÃO
5 HORAS

OBJETIVOS
Apresentar o campo de estudo denominado CTS
- Ciência, Tecnologia e Sociedade, desde o seu
surgimento até as manifestações contemporâneas por
meio do debate social em torno das questões em torno
da Ciência e da Tecnologia.
2 Educação Tecnológica – Ciência, Tecnologia e Sociedade

"(...) é importante que a educação tecnocientífica esteja


orientada para propiciar uma formação da cidadania
que a capacite para compreender, para ser manejada
e para participar de um mundo no qual a ciência e a
tecnologia estão, a miúdo, mais presentes. Sem dúvida,
o enfoque da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) é
especialmente apropriado para fomentar uma educação
tecnocientífica dirigida à aprendizagem da partici-
pação, trazendo um novo significado para conceitos tão
aceitos como alfabetização tecnocientífica, ciência para
todos ou difusão da cultura científica."
Martin Gordillo e Osório M., 2003

A concepção clássica das relações entre a Ciência e a


Tecnologia com a Sociedade é uma concepção eminentemente
otimista e que reflete uma postura linear de progresso, simboli-
zada pela expressão encontrada no Guia da Exposição Universal
de Chicago de 1933, segundo Sanmartín (1990, p. 168):
A ciência descobre, o gênio inventa, a indústria aplica
e homem se adapta, ou é moldado pelas coisas novas.
O espírito contido nessa frase é mais facilmente identifi-
cado por uma equação simples: + ciência = + tecnologia = +
riqueza = + bem-estar social (BAZZO et ali, 2003; López-Cerezo,
1997, 1998). Este é o chamado “modelo linear de desenvolvi-
mento”. Essa concepção, segundo Sarewitz (1996, p.17), foi
apresentada originalmente por Vannevar Bush (1945):
Os avanços na ciência, quando colocados no uso
prático, significam: mais trabalho, salários mais altos,
horas mais curtas, colheita mais abundante, tempo mais
livre para a recreação, para o estudo, para aprender a
viver sem o trabalho fatigoso e enfraquecedor que tem
sido a carga do homem comum do período passado.
Mas, para alcançar estes objetivos... o fluxo do conheci-
mento científico novo deve ser contínuo e significativo.
Aula 01 – CTS como campo de estudo 3

Vannevar Bush nasceu em Chelsea,


Massachusetts, em 11 de Março de 1890
e faleceu em 30 de Junho de 1974. Foi um
engenheiro, inventor e político estado-
unidense, conhecido pelo seu papel político
no desenvolvimento da bomba atômica e pela
idéia do memex — visto como um conceito
pioneiro, percursor da world wide web.

Figura 1: Vannevar Bush


Fonte: http://pt.wikipedia.org

Leia mais em:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Vannevar_Bush

Obs: Como estamos em curso de Educação


Tecnológica, propomos que o aprofundamento
sobre alguns assunto possa contar com a
contribuição da Wikipédia. No entanto, desde
já, lembramos sobre a importância de ler
com critério, considerando-se o processo de
construção de informações da Wikipedia.
4 Educação Tecnológica – Ciência, Tecnologia e Sociedade

O Relatório Bush solicitou uma liberdade plena para a


pesquisa científica e tecnológica que, conforme tentou justificar
seu autor, traria benefícios e vantagens, tal qual fez ao encerrar a
Segunda Grande Guerra com um artefato tecnológico produzido
pela ciência mais avançada da época: a bomba atômica.
Por mais que a tradição tenha contemplado essa relação
direta, ela não se sustenta quando buscamos algumas informa-
ções históricas que sintetizamos de Acevedo-Dias, Vasquez-
Alonso e Manassero-Mas:
6 de agosto de 1945
O Enola Gay, um avião B-29, sobrevoou a ilha de
Hondo, e despejou sobre a cidade de Hiroshima a
Little Boy, a primeira bomba atômica de urânio.
Em 9 de agosto é lançada outra sobre Nagasaki,
uma importante cidade situada a noroeste da ilha
japonesa de Kyushu. O sucesso dos artefatos tecnoló-
gicos põe fim à Segunda Guerra Mundial. Menos de
um mês antes, em 16 de julho, a bomba atômica de
urânio havia sido testada com êxito em um deserto
próximo a Alamogordo, no estado norteamericano
de Novo México. Era a culminância do Projeto
Manhattan, iniciado em 1942, que reuniu diversos
cientistas que, trabalhando em grupos distintos,
contribuíram para que o conhecimento científico
se transformasse em tecnologia. O resultado dessa
união foi a vitória política dos Estados Unidos sobre
seu inimigo e, mais tarde, demonstrou as conseqüên-
cias sociais para os sobreviventes civis dos episódios
nucleares. Este é um dos casos que ilustra perfei-
tamente as complexas e dramáticas relações entre
ciência, tecnologia e poder militar.
Aula 01 – CTS como campo de estudo 5

4 de outubro de 1957
Um acontecimento surpreende todo o mundo e,
em especial, os Estados Unidos: A URSS havia
posto em órbita terrestre seu primeiro Sputnik,
um satélite artificial pouco maior que ma bola de
futebol. As repercussões sociais desse acontecimento
foram enormes. Atualmente, as telecomunicações
dependem de numerosos satélites artificiais para
dar manutenção a grande rede de comunicação em
tempo real que envolve o planeta.

Contemporaneamente
Contemporaneamente temos o efeito estufa,
que acelera o aquecimento global do planeta, a
diminuição das camadas polares, a chuva ácida, a
diminuição da camada de ozônio, a utilização de
bombas de napalm nas guerras da Coréia e Vietnam,
os submarinos que utilizam energia nuclear para
sua propulsão, os acidentes industriais como os de
Bhopal (India, 1984) e Chernobil (Ucrania, 1986), os
vazamentos de navios petroleiros (Exxon Valdez,
Alaska, 1989 e Jessica, Ilhas Galápagos, 2001).
Por outro lado, também já possuímos a penicilina
e as vacinas, as novas técnicas de diagnóstico
clínico, os transplantes e órgãos artificiais, a
eletricidade, a maior produção de grãos de toda
classe para alimentar uma humanidade crescente,
as novas formas de comunicação, as tecnologias
de informação, e muitos outros pequenos objetos
tecnológicos de uso cotidiano que trazem conforto e
facilitam nossas vidas.
6 Educação Tecnológica – Ciência, Tecnologia e Sociedade

Esses exemplos deixam claro que a relação direta apresen-


tada pela tradição não é absolutamente verdadeira. Há vantagens e
benefícios, mas há também efeitos secundários que podem surgir
a curto, médio e longo prazos. Há grupos sociais que, além de
não serem beneficiados com o resultado tecnológico, podem sofrer
perdas e restrições com a disseminação do aparato tecnológico.
Considerando esse conjunto extremo de conseqüências,
grupos de ativistas iniciaram manifestações questionando e, logo
depois, algumas vozes ligadas a Ciência e Tecnologia, também
apresentavam a necessidade de se discutir os riscos que surgiam
da chamada prosperidade tecnológica.
Dentre os nomes e feitos mais citados estavam:
Rachel Carson, que escreveu Primavera Silenciosa
(1962), onde apresentava diversas questões em
torno do uso de inseticidas químicos como o DDT
(Dicloro-Difenil-Tricloroetano), tido à época como
grande alternativa, pois era barato e eficiente contra
os mosquitos da malária e do tifo. O problema era a
capacidade do DDT de ser absorvido pelos animais
e por toda a cadeia alimentar, em outras palavras,
o seu efeito não cessava. O nome do livro quer
insinuar que não haverá pássaros na primavera, pois
Figura 2: Rachel Carson
Fonte: www.newtonmarascofoundation.org todos terão morrido vitimas dos inseticidas. Esse
movimento permitiu o fortalecimento dos chamados
movimentos ecológicos. Hoje o DDT é um produto
proibido em diversos países (CUTCLIFFE, 2003, p.8).

Quer saber mais sobre a história de Raquel


Carson? Acesse o link abaixo e boa pesquisa!

http://www.geocities.com/~esabio/cientistas/
raquel_carson.htm
Aula 01 – CTS como campo de estudo 7

Ralph Nader, ativista dos direitos do consumidor,


promoveu um grande movimento contra o que
chamou de arrogância da indústria automobilística em
torno da segurança e dos perigos dos modelos Corvair,
fabricados pela Chevrolet entre 1960 e 1969. Escreveu
Unsafe at Any Speed: The Designed-In Dangers of the
American Automobile (CUTCLIFFE, 2003, p.8). Figura 3: Ralph Nader
Fonte: www.thewashingtonnote.com

Ralph Nader (Winsted, Connecticut, 27 de


Fevereiro de 1934) é um advogado e político
estadunidense de origem libanesa.

Diplomado pelas universidades de Harvard e


Princeton (respectivamente em 1955 e 1958)
tornou-se célebre pelas suas campanhas a favor
dos direitos dos consumidores nos anos 60
desenvolvidas em conjunto com a associação
Public Citizen. Promoveu a discussão de
temas como os direitos dos consumidores,
o feminismo, o humanismo, a ecologia e a
governação democrática. Nader criticou
duramente a politica internacional exercida
pelos Estados Unidos nas últimas décadas,
que vê como corporativista, imperialista,
contrária aos valores fundamentais da
democracia e dos direitos humanos. O seu
ativismo foi de grande importância na criação
de grandes organizações governamentais e não
governamentais estadunidenses.

Em 1965, Ralph Nader provocou polêmica


nos Estados Unidos com a publicação de seu
livro Unsafe at Any Speed, onde questionava
8 Educação Tecnológica – Ciência, Tecnologia e Sociedade

a poderosa industria automobilística americana


sobre as razões das mortes de milhares de
cidadãos em acidentes automobilísticos, onde
o resultado fatal poderia ter sido evitado se
os veículos dispusessem de equipamentos de
segurança já existentes naquela época, e que,
por razões de economia de custos, não eram
instalados nos veículos.

Ralph Nader candidatou-se quatro vezes a presidente


dos Estados Unidos da América (nas eleições de
1996, de 2000, de 2004 e de 2008). Em 1996 e 2000
candidatou-se com as cores do Partido Verde, sendo
o candidato a vice-presidente Winona LaDuke. Em
2004 candidatou-se como independente, sendo o
candidato a vice-presidente Pedro Miguel Camejo.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ralph_Nader

Derek J. de Solla Price, em 1963, escreveu Little


Science, Big Science, onde debatia o crescimento do
financiamento da tecnologia por parte do Estado e que
resultou na necessidade de se discutir uma “ciência
da ciência”, produzindo a Fundação para a Ciência da
Ciência, em 1965, e diversas sociedades voltadas para a
“responsabilidade social da ciência”, na Inglaterra e em
outros lugares (CUTCLIFFE, 2003, p.11).

Conheça mais em http://en.wikipedia.org/


wiki/Derek_J._de_Solla_Price (em inglês)
Aula 01 – CTS como campo de estudo 9

Além destes grupos sociais, que se organizaram e produ-


ziram efeitos importantes para a reflexão em torno dos riscos
que envolviam as tecnologias, esse período da história presen-
ciou o surgimento de inúmeros grupos chamados ativistas que,
cada uma sua maneira, buscavam chamar atenção para os riscos
a que estavam expostos os cidadãos. Durante a década de 1970,
os mais significativos movimentos giravam em torno da energia
nuclear e seus riscos, dos mísseis balísticos, do transporte super-
sônico, dos CFC usados em aerossóis, as primeiras discussões
sobre o impacto de pesquisas genéticas, dentre outros. A década
de 1980, presenciou uma importante discussão levantada por um
sindicato de operários que solicitava uma
“Declaração de Direitos sobre a Nova Tecnologia”
que exigia algum tipo de controle sobre o processo
de trabalho, refletia a problemática laboral surgida
do impacto das novas tecnologias de automação
sobre a estabilidade no trabalho, a segurança dos
trabalhadores e a redução de habilidades necessárias
(CUTCLIFFE, 2003, p.9).
Há, certamente, uma grande semelhança com as questões
que marcam o mundo moderno. Foram essas antecipações que
permitiram que o tema impacto da ciência e tecnologia sobre a
sociedade fosse ocupando espaços importantes no debate social
e político, fosse ganhando espaço nas mídias e fazendo com que
os cidadãos participassem um pouco mais sobre o conjunto de
políticas públicas de Ciência e Tecnologia. Isto é, passassem a
influenciar mais sobre os recursos públicos dirigidos para esses
setores, sobre as escolhas de prioridades a serem financiadas com
recursos públicos, sobre as análises de impactos desses aparatos
sobre as pessoas, sobre a sociedade e sobre o meio ambiente.
O crescimento do movimento CTS foi de tal ordem que
levou os governos e os organismos multilaterais a abrirem
espaços nas agendas políticas para eventos/documentos inter-
nacionais que acolhessem essas preocupações e a criação de
associações votadas para essa temática.
10 Educação Tecnológica – Ciência, Tecnologia e Sociedade

Dentre os eventos/documentos, podemos enumerar: Nosso


Futuro em Comum, que discutia padrões para o desenvolvimento
sustentável, e que foi organizado pela Comissão Mundial para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento e, também, a Rio-92.
Dentre as comissões surgidas para atender a essa demanda,
podemos citar como exemplos:
Em 1966, a Associação Nacional de Segurança Viária (EUA);
Em 1969, a Agência de Proteção do Meio Ambiente (EUA);
Em 1970, a Administração de Segurança e Saúde do
Trabalho (EUA);
Em 1972, a Oficina de Avaliação da Tecnologia (EUA);
Em 1975, a Comissão de Energia Nuclear (EUA);
Em 1982, o Conselho de Investigações Sociais da Dinamarca
criou uma Subcomissão de Tecnologia e Sociedade e, depois,
o Conselho de Tecnologia;
Figura 3: Banner da Rio 92
Fonte: www.meioambiente.pr.gov.br Em 1976, o Centro para a Vida laboral, em Estocolmo, Suécia.
A comunidade científica também apresentou suas preocu-
pações por meio de organizações dirigidas às questões derivadas
das relações CTS e os impactos da Ciência e da Tecnologia para a
pessoa, a sociedade e o meio ambiente. São inúmeras as organi-
zações ou grupos profissionais que criaram instituições voltadas
para esse campo de estudo. Segundo Clutcliffe (2003), ressalta-se:
A Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos criou
o Programa de Ética e Valores em Ciência e Tecnologia,
depois Programa de Dimensões sociais da Engenharia, da
Ciência e da Tecnologia;
A Fundação Nacional de Humanidades criou o Programa de
Ciência, Tecnologia e Valores, agora Humanidades, Ciência e
Tecnologia;
A Associação Americana para o Avanço da Ciência criou o
Programa de Ciências e Políticas de Atuação e a Comissão
para as Liberdades e Responsabilidades Científicas;
Os engenheiros e cientistas criaram a União dos Cientistas
Comprometidos (1969), inspirando-se na Federação dos
Aula 01 – CTS como campo de estudo 11

Cientistas Americanos (1945), surgida das preocupações


com as implicações do Projeto Manhattan, que resultou na
Bomba Atômica;
Os cientistas e tecnólogos criaram, mais recentemente
(1983), a Organização para a Responsabilidade Social dos
Informáticos, dedicada a examinar as implicações sociais
relacionadas com a informática em âmbito militar, nos locais
de trabalho etc.
A preocupação social, por meios organizados, com os
impactos econômicos, sociais, ambientais, políticos, éticos e
culturais da Ciência e Tecnologia e a busca de maior participação
da Sociedade nas decisões envolvendo Ciência e Tecnologia
são as marcas do que definiremos como Movimento CTS.
Certamente, essa definição e a trajetória histórica que culmina
numa definição é resultado da formação do autor. A tríade
CTS envolve três grandes áreas com história e fundamentos
distintos e, quando analisados por profissionais de diferentes
áreas e formações, oferecem outras tantas visões e ângulos, todos
pertinentes e merecedores de nossa atenção. Deixamos claro e
explícito que a visão de CTS que apresentamos aqui é construída
a partir dos aspectos educacionais de CTS. Outros aspectos
possíveis – e que ofereciam visões e fundamentos distintos
e inter-complementares – são os aspectos sociais de CTS, os
aspectos históricos de CTS, os aspectos políticos de CTS e os
aspectos econômicos de CTS.
Mas, se por um lado, a história registrou um grande
número de ações organizadas por segmentos sociais preocu-
padas com os impactos da Ciência e da Tecnologia, por outro,
também podemos e devemos enumerar os acontecimentos que
transformaram essa relação triádica em Campo CTS, que se
caracteriza pelos estudos acadêmicos que buscam explicar a
natureza da Ciência, da Tecnologia e da Sociedade e como o
entendimento diferente sobre esses campos do saber resulta em
relações distintas entre esses três campos. Fica claro para os
12 Educação Tecnológica – Ciência, Tecnologia e Sociedade

estudiosos que marcam o Campo CTS – filósofos, historiadores e


sociólogos da Ciência e da Tecnologia, educadores em CTS, cien-
tistas políticos etc – que não há um único, exclusivo e “correto”
conceito para Ciência, assim como não o há para Tecnologia e,
muito menos, para Sociedade. Há, sim, muitas maneiras de inter-
pretar cada um desses campos/conceitos e, por conseqüência,
interferir na maneira pela qual os três se relacionam. Sobre isso,
escrevem Vázquez-Alonso et al (2008, p.34):
O conceito de Natureza da Ciência engloba uma
variedade de aspectos sobre o que é a ciência, seu
funcionamento interno e externo, como constrói e
desenvolve o conhecimento que produz, os métodos
que usa para validar esse conhecimento, os valores
envolvidos nas atividades científicas, a natureza da
comunidade científica, os vínculos com a tecnologia,
as relações da sociedade com o sistema tecnocien-
tífico e vice-versa, as contribuições desta para a
cultura e o progresso da sociedade.
Na verdade, alguns autores não fazem diferença entre
os termos Movimento CTS e Campo CTS, utilizando as duas
expressões indistintamente. A nosso ver, as expressões
querem representar movimentos diferentes: o Movimento CTS
representa melhor as conseqüências sociais da Ciência e da
Tecnologia, e a expressão Campo CTS identifica um campo de
estudo que busca melhor entender CTS, o que dá idéia de ante-
cedência. Vacarezza (2002, p.67) escreve que
Reservamos o conceito de campo às funções estri-
tamente cognitivas que levam a cabo os distintos
cultores da reflexão sobre as relações entre ciência,
tecnologia e o social. O conceito de movimento faz
referência à conformação de um sujeito político (ou
a um conjunto mais ou menos integrado ou contra-
ditório de sujeitos políticos) que pretende intervir
em situações de poder social global sobre a base de
Aula 01 – CTS como campo de estudo 13

reivindicações ou objetivos de mudanças específicas


(sejam setoriais ou globais).
Há, entre os estudiosos da Abordagem CTS, uma outra
importante distinção entre a tradição americana (preocupada
com as conseqüências) e a tradição européia (preocupada com a
antecedência). Assim escrevem Cachapuz et al (2008, p.29) sobre
as distintas facetas da perspectiva CTS:
a norte-americana, que coloca maior ênfase na
abordagem das conseqüências sociais das inovações
tecnológicas e nas influências sobre a forma de vida
dos cidadãos e das instituições e a européia que
coloca a ênfase na dimensão social antecedente aos
desenvolvimentos científicos e tecnológicos, eviden-
ciando a diversidade de fatores econômicos, políticos
e culturais que participam na gênese e aceitação
das teorias científicas. Contudo, para além destas
facetas apontadas não poderem ser disjuntas, o que
muitos autores têm vindo a sobrepor é a importância
social do conhecimento proporcionado pela ciência
e tecnologia que, ao mesmo tempo que proporciona
melhor compreensão do mundo natural, representa
um instrumento essencial para o transformar.
A história da relação CTS teve, como primeira característica,
uma reação àquela visão acrítica e neutra que se deu à Ciência e à
Tecnologia ao longo do tempo. Com o amadurecimento dos estudos
CTS, este se transformou efetivamente numa área inter/transdisci-
plinar que atraia estudantes e profissionais da área das chamadas
ciências exatas e da natureza, mas que também recrutou alunos e
pesquisadores das chamadas ciências humanas e sociais. Essa é uma
importante oportunidade de “aproximar duas célebres culturas, a
humanística e a científico-tecnológica, separadas tradicionalmente
por um abismo de incompreensão e desprezo” (SNOW apud LOPES
CEREZO, 2002, p. 10-11).
14 Educação Tecnológica – Ciência, Tecnologia e Sociedade

O segundo momento dos Estudos CTS foi marcado pela


superação do processo reativo, criando ações planejadas e meca-
nismos de multiplicação das idéias defendidas e organizadas até
então. O segundo momento é marcado pelo surgimento de cursos
e programas de estudos CTS voltados, principalmente, para a
alfabetização sobre tecnologia, o que transcende a alfabetização
em tecnologia e que não deve permitir a visão ingênua de achar
que “se nos entendesse melhor (a tecnologia), nos quereria mais”
(CUTCLIFFE, 2003, p.16).
De acordo com Cutcliffe (2003, p.18), atualmente CTS
concebe a Ciência e a Tecnologia como projetos complexos que
ocorrem em contextos históricos e culturais específicos.
Segundo Osório M. (s/d), CTS corresponde a um nome que
se dá a uma linha de trabalho acadêmico e investigativo, que tem
por objeto perguntar-se pela natureza social do conhecimento
científico-tecnológico e suas incidências nos diferentes âmbitos
econômicos, sociais, ambientais e culturais das sociedades.
Ainda segundo Osório M.(s/d), os estudos CTS estão
dirigidos principalmente:
No plano da investigação, promovendo uma visão
socialmente contextualizada da Ciência e da
Tecnologia;
No âmbito das políticas públicas de Ciência e
Tecnologia, defendendo a participação pública na
tomada de decisão em questões de política e de
gestão científico-tecnológica e;
No plano educativo, tanto o ensino médio quanto o
ensino superior, contribuindo com uma nova e mais
ampla percepção da Ciência e da Tecnologia com o
propósito de formar um cidadão alfabetizado cientí-
fica e tecnologicamente.
Bazzo et al. (2003, p.125) afirma:
Os estudos CTS definem hoje um campo de trabalho
recente e heterogêneo, ainda que bem consolidado,
Aula 01 – CTS como campo de estudo 15

de caráter crítico a respeito da tradicional imagem


essencialista da ciência e da tecnologia, e de caráter
interdisciplinar por convergirem nele disciplinas
como a filosofia e a história da ciência e da tecnologia,
a sociologia do conhecimento científico, a teoria da
educação e a economia da mudança técnica. Os estudos
CTS buscam compreender a dimensão social da ciência
e da tecnologia, tanto desde o ponto de vista dos seus
antecedentes sociais como de suas conseqüências
sociais e ambientais, ou seja, tanto no que diz respeito
aos fatores de natureza social, política ou econômica
que modulam a mudança científico-tecnológica, como
pelo que concerne às repercussões éticas, ambientais ou
culturais dessa mudança.
O aspecto mais inovador deste novo enfoque se
encontra na caracterização social dos fatores respon-
sáveis pela mudança científica. Propõe-se em geral
entender a ciência-tecnologia não como um processo
ou atividade autônoma que segue uma lógica interna
de desenvolvimento em seu funcionamento ótimo
(resultante da aplicação de um método cognitivo e
um código de conduta), mas sim como um processo
ou produto inerentemente social onde os elementos
não-epistêmicos ou técnicos (por exemplo: valores
morais, convicções religiosas, interesses profissio-
nais, pressões econômicas, etc.) desempenham um
papel decisivo na gênese e na consolidação das idéias
científicas e dos artefatos tecnológicos.
Em síntese, temos que as relações CTS buscam oferecer
aos cidadãos a alfabetização tecnocientífica, ferramenta indis-
pensável para entenderem como os conhecimentos científicos
e os artefatos variados da Tecnologia impactam a sociedade de
modo geral e os grupos sociais, em especial. No sentido inverso,
busca-se que os especialistas em Ciência e em Tecnologia
16 Educação Tecnológica – Ciência, Tecnologia e Sociedade

percebam que a interlocução com os cidadãos é indispensável e


necessária, permitindo que se acolha maior participação social
nos processo de decisão social, envolvendo temas e aspectos que
povoam o universo da Ciência e da Tecnologia.

UMA BOA IMAGEM DAS RELAÇÕES CTS

As relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade têm um caráter muito mais complexo
e dinâmico (...). mais do que as ligações de uma corrente ou as linhas que são trançadas
dar forma a um tecido acabado e definitivo, as relações entre a Ciência, Tecnologia e a
Sociedade podem ser vistas como um processo da construção e de reconstrução recíproco
e dinâmico. Talvez a imagem das redes de estrada, dos veículos que viajam por elas e das
pessoas que lhes conduzem ou que viajam neles seria uma metáfora mais adequada para
compreender aquelas relações. A extensa rede de estradas que tem e que se ramifica na
superfície do território vai tornando acessíveis novos lugares de uma maneira similar
à maneira em que o desenvolvimento dos diversos campos científicos vai permitindo
conhecer novos âmbitos da realidade. Mas, apesar disso, o próprio desenvolvimento das
redes de comunicação vai dando forma ao território, em um processo construtivo não muito
distante do que caracteriza as relações entre os campos do conhecimento e as realidades
tratadas por eles. De outra forma, não é possível compreender a construção das rotas
no território, sem considerar o tipo de veículos que vai passar por eles. Estes, além dos
artefatos tecnológicos, são uma boa metáfora da própria tecnologia ao mostrar que suas
relações com ciência são assim estreitas e interdependentes, como aquelas dos carros com
as estradas, das estradas de ferro com as rotas e dos automóveis com as estradas. De fato,
a história da Ciência e da Tecnologia, assim como das rotas do transporte e dos aparatos
tecnológicos que por eles viajam, é a historia das interações contínuas e de transformações
mútuas. Mas o interesse principal dessa imagem está no papel que atribui aos assuntos,
aos condutores e passageiros, e à sociedade. Nenhum sentido tenderia imaginar caminhões
e veículos sem as pessoas que os utilizam. As estradas e os automóveis permitem que os
povos sejam transportados e vivam em lugares diferentes, mas também é certo que são as
disposições das estradas e o uso dos automóveis os que, por sua vez, vão determinando os
hábitos, os territórios e as cenas em que está passando a vida humana.

Fonte: Gordillo, Mariano M. y Osorio M., Carlos. Educar para participar en ciencia y tecnología. Un proyecto para la
difusión de la cultura científica. http://www.rieoei.org/rie32a08.pdf

Tradução livre
Aula 01 – CTS como campo de estudo 17

Atividade Final
Recentemente o STF (Supremo Tribunal Federal)
organizou uma Audiência Pública em torno do tema da Ação
Direta de Inconstitucionalidade da Lei de Biossegurança. Com
essa ação, o STF buscou ouvir os diferentes setores da sociedade
organizada sobre o tema. Após isso, encaminhará a decisão sobre
a possibilidade de utilização de células humanas embrionárias
em pesquisas científicas.
Em entrevista à Revista VEJA (Nº 2059, de 07/maio/2008,
p. 11-15), o sociólogo Simon Schwartzman diz:
Eu nunca vi um estudo sério e competente sobre a
transposição do Rio São Francisco.
A partir dessas informações, pesquise como o STF
organizou a audiência pública sobre células embrionárias.,
identificando as instituições convidadas para o debate e suas
posições. Desenvolva um esquema geral das posições, classifi-
cando-as como “contra” ou “favorável” e o argumento utilizado.
A seguir, proponha um esquema semelhante para o debate
tecnocientífico e social sobre o tema “Transposição do Rio São
Francisco”. Imagine que você seja chamado para organizar um
grande debate e depois terá que decidir se a transposição do Rio
São Francisco deve ou não ser efetivada.
ATENÇÃO: O trabalho não deve ultrapassar o limite de 2
páginas, com espaço 1 e margens de 3 cm.
Se precisarem de ajuda, nossos tutores terão o prazer em
ajudá-los.
Vamos lá, mãos à obra!
18 Educação Tecnológica – Ciência, Tecnologia e Sociedade

Referências Bibliográficas

ACEVEDO-DÍAZ, J.A., , Vasquez-Alonso, A.. y


2EFERÐNCIAS
"IBLIOGRÉFICAS Manassero-Mas, Ma A.. El Movimiento Ciencia-Tecnología-
Sociedad y la Enseñanza de las Ciencias. http://www.oei.es/
salactsi/acevedo13.htm, obtido em 05/05/2008.

Bazzo, Walter; Lisingen, Irlan von e Pereira, Luiz T. do V..


Introdução aos Estudos CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade).
Cadernos de Ibero América. OEI-Organização dos estados Ibero-
americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura. Espanha:
Madrid, 2003.

Bush, Vannevar. Science: The Endless Frontier - A Report to


the President by Director of the Office of Scientific Research and
Development, Washington, July, 1945.

Cachapuz, António; Paixão, Fátima; Lopes, Bernardino


e Guerra, Cecília. Pesquisa em Educação em Ciências e o
Caso CTS. ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e
Tecnologia, v.1, n.1, p. 27-49, mar.2008. http://www.ppgect.
ufsc.br/alexandriarevista/numero_1/artigos/CACHAPUZ.pdf,
obtido em 05/05/2008.

Cerezo, José.A.L. Ciencia, Tecnología y Sociedad. Crítica


académica y enseñanza crítica. Signos, 20, 74-81. 1997.

Cerezo, José.A.L. Ciencia, Tecnología y Sociedad: el estado de


la cuestión en Europa y Estados Unidos. Revista Iberoamericana
de Educación, 18, 41-68. 1998.

Cerezo, José.A.L.. CTS na Europa e EUA. in Ciência, tecnologia


e Sociedade: O estado da arte na Europa e nos Estados Unidos in
Santos, Lucy W. et al.(orgs.) Ciência, tecnologia e sociedade: O
desafio da interação. Londrina: IAPAR, 2002. Texto disponível
em espanhol: http://www.rieoei.org/oeivirt/rie18a02.pdf

Cutcliffe, Stephen H. Ideas, Máquinas y valores. Los Estudios


Aula 01 – CTS como campo de estudo 19

de Ciencia, Tecnología y Sociedad. Barcelona: Anthropos;


México: UNAM, 2003. cap.1 - La emergencia histórica de CTS
como campo acadêmico.

Gordillo, Mariano M. y Osorio M., Carlos. Educar para


participar en ciencia y tecnología. Un proyecto para la difusión
de la cultura científica. http://www.rieoei.org/rie32a08.pdf

Osorio M., Carlos. La Educación Científica y Tecnológica desde


el enfoque en Ciencia, Tecnología y Sociedad Aproximaciones y
Experiencias para la Educación Secundaria. http://www.oei.es/
salactsi/osorio3.htm obtido em 05/05/2008.

Price, Derek J. de Solla. Little Science, Big Science. New York:


Columbia University Press. 1963.

Vacarezza, L. S. CTS na America Latina: Ciência, Tecnologia


e Sociedade: O estado da arte na America Latina in Santos,
Lucy W. et al.(orgs.) Ciência, tecnologia e sociedade: O desafio
da interação. Londrina: IAPAR, 2002. Texto disponível em
espanhol: http://www.rieoei.org/oeivirt/rie18a01.pdf

Vázquez-Alonso, Á., Manassero-Mas, M.A. Acevedo-


Díaz, J.A. e Acevedo-Romero, P. Consensos sobre a Natureza
da Ciência: A Ciência e a Tecnologia na Sociedade http://qnesc.
sbq.org.br/online/qnesc27/07-ibero-6.pdf

Sanmartín, J..La ciencia descubre. La industria aplica. El


hombre se conforma. Imperativo tecnológico y diseño social.
En M. Medina y J. Sanmartín (Eds.): Ciencia, Tecnología y
Sociedad, pp. 168-180. Barcelona: Anthropos, 1990.

Sarewitz, Daniel. Frontiers of Illusion: Science, Technology


and Problems of Progress. Philadelphia: Temple University
Press, USA, 1996.

You might also like