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e https://doi.org/10.11 606/issn.2316-9095.v23-1 98908 Geologia ee eee Série Cientiica OT] GP (Geol USA, Si Gant, Sdo Paulo, v.23, .1,p. 43-68, Margo 2023 Petrocronologia de rochas metapeliticas: uma revisao de conceitos-chave Petrocronology of metapelitic rocks: a review of key concepts Paulo Augusto de Paiva-Silva' ©, Gtéucia Queiroga’ ©, Renato de Moraes "Universidad Federal do Ouro Proto, Escola de Minas, Programa de Pbs-Graduacao om Evolueao Crustal « Recursos Naturale, Morro do Cruzsio, Camous Morro do Cruzao, s/n, Bauxita, CEP: 35400-000, Ouro Preto, MG, BA (autopaivasivae@gmal. com; clauciaqueirogn@ufop edu) Universidade de Sao Paulo, Insitute de Geociéncias, S20 Palo, SP, BR (moraessuspibq FRecebido em 18 dejurho de 2022; acito em 31 de jansio de 2028. Resumo Rochas metapelitcas so importantes marcadores petrocrondlogicos, nao apenas pelas variadas esensiveis paragénezes minerais cepresenga de fasesdatves, mas também por sta ample continua distribuio ao longo de terreno, pemitindo, assim, estudos {ntegrados edetalhados do metamorfsmo e eventos em diferentes regis, O presente trabalho visou sintesizar aspectosrelevantes a caracterizagso petokdgica e geoeranoldgica de metapelitos para regimes de pressio média, Considerando o sistema quimico ‘KFMAGH (K,0, FeO, MgO, ALO, SiO, LO), minerais como elonta, mustovita, clostoide,biotta estaurolita, anada corde rita, andaluzt, cinta sillinsanitae feldspatopotissico So tpicos da paragénese de metapelitos para babcas ou médias presses, ecce que tj disponibilidade quimica e condigdes P-T para sua formasao. De forma ger, tem-se como distntivas, com o atumento das condigdes P-T eo aparecimento dos respctivos mineras-indice, as zonas metamérficas da cotta, botita, granada, esturolita,cianita,slimanitae silimanita + oroeisio. Para a determinagto petrogenética e das condigdes do metarnrtismo esses litotipos, estudos macro-e microestraturas,assocados com analises de quimica mineral ¢ de rocha total, propiciam a apli- capo de métodos temobaroméuicos diverss, desde os convencionais, passando pelos otmizados e diagramas isoquimicos de ‘ses echegando nos termémetos monoelementares, cada qual com suas expecificidades e aplicages. De modo a promover mt estudo petrocronolégico dos Iitotipos, fuses minerais como zrcdo, granada, monazitaertilo, em seus respectvos sistemas ist picos, possbilitam atrbuiridades a esses eventos metamérficos e, com a integracao e iterpretagao dos dados obtidos, constr a tajtéria P-T--d de formagao dessasrochas e dos eventovestigis dos processor envolvidos. Uma abordagem sistemstca, de corde com as partcularidades da rocha, deve ser empregada, garantindo, assim, a acurdcia dos resultados obtidos. Palavras-chave: Metamorfismo; Pettologia; Metapelitos; Modelagem metamérfica; Geocronologia, Abstract Metpeitic rocks are key petochrenoogica makers, not only or ter vared an snsve mineral paregness nd presence of at able phases bur alo due to their bread and coainous dsrbution along eas, thus supporting icesated and detailed studies of the msamompism and events that tok place in diffeeategions. Therefore, the present work emed to syuesz relevant aspect to the percogica and geochronslogial turacriztion of mepeiesformeium pressure regimes. Cansiaringthe KFMASH (KO, FeO, MeO, ALO, SiO, 1.0) sytem, minerals such as chloe, mseovi, chloro, bitte, stole, gamet, condi ands, ‘ani, ilar and poassium feldpar re disinve of hese rocks parageness in ow to mem prese regimes as long as ‘there is chemical avalabiity and suicieot PT condions fortes fermion, With he increas in P-T conden: andthe appearance ofthe espectve index nines the indicative metamorphic anes ae 2 follow: clone, biotite, gamet,stalit, kyanite, iliman it, and slmanite otholae. For the petrognetic and metamorphic contitions of characterization of such itotypes, macro- and nicrosrocual suis, asocnted wih mineral chemisty and bak ok rock aml, favor the aplication of affeentthermebaro ‘metic methods, fom Conventional ones tush optinzed and isocenscal phace aera, to snl clementthernoeoetes, ach coe with is particularities and application poses. To promete a petrocrcnologcal std mineral pases sch 5 zon, gmt ‘movazit, and ruil using the respective soopic systems, allow asining ages these metamewphic events and, wih the tear. tin and interpretation ofthe data obtained, constraining the PT. d waectory of rocks formation. systematic approach rst be employed, in sccoréance with he pails of th sci rock, hance guaran the accuracyof theres obtained Keywords: Metamorphism; Petrology; Metapelites: Metamorphic modelling: Geochronology. Disponivalon-Ine no enderago wwnige.use br/gaologiusp Paiva-Siva, PA. a. INTRODUGAO Rochas metapeliticas sio formadas pelo metamorfismo — processo geol6gico de modificagao da mineralogia, texture, estrutura¢, por vezes, composigdo das rochas, como resposta a alteracdes de suas condigdes de temperatura e pressio, associadas frequentemente aos diferentes processos geodi- namicos atuantes na crosta ¢ no manto— de sedimentos ou rochas sedimentares ricas em argila, on mesmo de sedimentos ‘ou rochas siltosas, especialmente de sedimentos clésticos de ¢grannlago muito fina (<2 pm), resultantes do intemperismo ¢ da erosao da crosta continental (Winter, 2010; Bucher ¢ Grapes, 2011). Yardley (2004) pontua que o termo “rochas ‘metapeliticas” 6, por vezes, ntilizado de maneira irrestrita tia definicdo de litotipos xistosos portadores de minerais micaceos em grande proporgo, sugerindo autlizagio desse termo apenas para rochas de origem sedimentar que, de fato, possum alto teor de Al e sejam empobrecidas em Ca, (0s sedimentos originais se apresentam com mineralogia ajoritariamente composta por argilomineraisricos em alu- ino e potissio, apresentando ainda quartzo,feldspato, clo- rita e, em alguns casos, éxidos e hidréxidos de fer e tténio (hematita, imenita, goethita etc), zedlitas,carbonatos, sulfe- tos e matéria organica. Desse modo, os (meta)pelites podem ser representados, de forma geal pelo sistema KFMASH (K0-FeO-MgO-Al,0,-SiO,-1,0), Essa ampla presenca de elementos quimicos possibilita 0 desenvolvimento de ass0- ciagdes minerais diversas, a depender da disponibilidade qui- mica do protélito c das condigées de pressio ¢ temperatura, por exemplo, com a formacao de clorita, nscovita,clori- toide, biotita, etaurolita, granada, cordierita, polimorfos de ALSIO, (andaluzita, cianitae sillimanita) e feldspato potis- sico, como os seus principais minerais (Mason, 1990; Spear, 1995; Yardley, 2004; Winter, 2010; Bucher e Grapes, 2011), ‘Do ponto de vista petrogenstico, metapelitos apresentam. crucial importancia para o entendimento do metamorfismo regional em cinturdes orogénicos —oriundos da formagio ¢ deformacio, em larga escala, da crosta e manto superior —, haja vista a sensibilidade das paragéneses minerais (associngSes minerais formadas em um mesmo processo genético, estando, assim, em equilibrio geoquimico e ter- modinamico) em fungio das variagdes de pressto ¢ tem- peratura, constituindo, desse modo, potenciais marcadores «do metamorfismo progressivo (Spear, 1995; Winter, 2010; Frost ¢ Frost, 2014). A ampla e regular distribuigdo desses litotipos propicia nao apenas o estudo aprofundado da evolu- «lo metamérfica de diversos terrenos geol6gicos em escala local e regional, mas também sua utilizacao no desenvolvi- ‘mento €na construgdo de geotermOmetros e geobardmettos diversos, permitindo, assim, a quantificacio das condigaes de pressio e temperatura de sua formacio e, consequente- ‘mente, do metamorfismo que afetow alitosfera durante sua ‘ransformagio (Bucher e Grapes, 2011). “Mesmo que esse topos sejam extensivamenteestudadas « destrinchados em publicagdes e materais de referencia de ccunho intemacional, ainda sioescassas fontes que abordam as particularidades e metadologias existentes para sua aplicaga0 escritas em lingua portuguesa a quai so de grande relevan- Cie interesse para a divulgacio cientifica ea difusio no meio academico. De encontro a isso, o presente trabalho visa sintet- “zat aspects relevantes &caracterizacio petrolégica¢ grocto- nolégica de metapelitos em condigies de média press4o, aqui compreendendo 0 metamorfismo do tipo barroviano, impor- tants para aqueles que necessitam de um aprofundamento quanto as possiveis aplicagdes desses conceitos em pettologia rmetamérfica, Nese trabalho, as abreviagdes mineras seguem as recomendacdes de Whitney e Evans (2010), FACIES METAMORFICAS E ASSOCIAGOES MINERAIS A inttodugao do conceito de ficies metamérficas —conjunto ou associaetio de minerais no tempo e espaco estiveis em certa faixa de pressio e temperatura, com base na compo- sigdio quimica © mineralogica original de seu prot6lito —, com fundamento cm Eskola (1915, 1920, 1939) c inicial- mente em rochas de protélito bisico, ¢ importante pega xno desenvolvimento da petrologia metamérfica, servindo de ignigdo para diferentes estudiosos e consequentemente para a definigao de outras ficies metamérficas (Figura 1), Pressao (kBar) o 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000 ‘Temperatura (°C) Foro: adapiada do Bucher 9 Grapes 011) Figura 1. Campos P-T para as seis facies metamérficas do metamorfismoregional. As Facies de baixa pressio, relacionadas ‘20 metamorfismo de contato, no sd0 especticadas. 44 Geo), USP, Se. Gent, S80 Patio, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 Petrocronologia de metapettos ~conceitos-chave de modo a totalizar as onze existentes atualmente (Bucher e Frey, 1994; Spear, 1995). Termos similares e subdivisdes apareceram com o tempo, come grau metamérfico — intensidade ou estado do metamorfismo —, descrevendo as condigdes particulares (especialmente sua temperatura) & formagao dos litotipos e sendo dividido em muito baixo, baixo, médio e alto (Tilley, 1925; Winkler, 1979), zonas metamérficas ¢ zonas de minerais indices (Barrow, 1893, 1912; Tilley, 1925). ‘No contexto de cinturdes orogénicos, 0 metamorfismo denominado barroviano é 0 mais caracterstico, por envolver sum regime médio de pressao e temperaturas baixas aaltas, englobando, assim, progressivamente, as facies Zeélitas — Prehnita-Pumpellyita (ou a unido das duas na facies Subxisto verde de Bucher e Frey, 1994) — Xisto verde = Anfibolito — Granulito, cada qual com sua associagao mineral caracteristica e marcada pelo aparecimento/con- sumo de minerais a medida que se alteram as condigdes de pressio e temperatura (P-T) (Bucher e Grapes, 2011). 0 ‘metamorfismo barroviano é equivalente a “Série de facies de média pressdo ou pressiio intermedia” proposta por ‘Miyashiro (1961). ZONAS METAMORFICAS E MINERAIS-INDICE Exemplo c grand referencia emestudos para associagSes mine- rais em metapelitos &a caracterizagdo da poreao sudeste dos altiplanes escoceses regio em que oreconhecimento do meta- morfismo progressivo foi feito por Barow (1893, 1912)e Tilley (1925), para a qual foi deserito o surgimento gradual de novos ‘minerais no terreno, marcando, assim, o aumento da pressio.¢ da temperatura tuantese,consequentemente do metamorfismo, Tem-se eno 0 conceito de 2onas metamiérficas,definidas pelo surgimento de minerais especificos (minerais-indice) antes iio observados na paragénese das rochas, englobando sete 2onas distinras: clorta,biotita, granada, estanrolita, cian, sillimanita e sillimanita + ortocsio (Figura 2), uma vez consideracos os Imetapelitos com baixos teores de Al,O,, O term isoerada, cunhado por Tilley (1925), designs a linha mapeada em.campo do primeiro aparecimento do mineral indice. Para o sistema KFMASH, € proposta por Spear e Cheney (1989) uma grade petrogenética esquemitica para metape- litos (Figura 3), calculada com base no banco de dados ter- ‘modindmicos de Berman (1988) ¢ assumindo muscovita, quarizo e gua em excesso, para a qual sfo expressas as “ot | eae | Bae | Zo. | Get | ae | eee Graoda a a Plagioclisio SS EEO ————__ Aumento do grau metamérfico Fert: adapta de Bucharo Grapes 2002) Figura 2. Relagio entre as zonas metamérlicas de Barrow e os principais minerais encontrados em cada uma dessas, Geol, USP, Sé cient, S80 Paulo, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 45- Paiva-Stva, PA. reagBes (como as expressas abaixo e identificadas na Figura 3 de acotdo com os respectivos mimeros ent parénteses) € condigaes P-7 de consumo ¢ formagio dos minerais comu- ‘mente observados em metapelits. Proposto por Thompson (1987), com base na projegio de muscovita ou do felds- pato potissico e da presenca de fases em excesso (quartz0 1,0), 0 diagrama AFM é também amplamente wtlizado para representar associaées mincrais ¢ dados composicio- nais de metapelitos (Figura 4), especialmente como intuito de quantificar pressdes ¢ temperaturas quando associado a confecco de diagramas isoquimicos para composigbes espe- cifcas, uma vez que esse permite uma representacao satis- {atria no sistema SiO,-Al,0,-MgO-FeO-K,0-,0 ao utili- zar as,azBes ‘MgO"/"Mg0 + FeO" entre as fases minerais, 16 14 12 Pressao (kBar) ‘Tendo por base essas zonas e as consideracBes presentes em Spear (1995), Yardley (2004), Bucher e Grapes (2011) € Frost ¢ Frost (2014), so aqui estabelecidas possiveis evo- ugdes metamérficas para rochas metapeliticas, com base em diferentes reagdes metamérficas — consideradas varia- das as disponibilidades de elementos quimicos nos proté- litos —, minerais-indice e paragéneses mineras existentes, m diversos intervalos de temperatura ¢ pressio, a saber: + Zona da clorita: caracterizada pela associacio clorita + muscovita + quartzo + albita, possivel a partir do apare- cimento da clorta (Figura 4A), ainda em ficies subxisto verde, por exemplo, com a quebra da montmorilonita, ssa Zona é mareada ainda pelo aparecimento de clori- toide (Figura 4B)— no caso dos pelitos ricos em ALO, — KFASH — KMASH — KFMASH 450 475 500 525 550 575 Forte: adapta de Spear @ Chaney (1969 600 625 650 675 700 ‘Temperatura (°C) Figura 3. Grade petrogenética esquematica para o sistema KFMASH (em verde), a partir das grades para os sistemas KFASH (em llés) ¢ KMASH (laranja). Pontos representa pontos invariantes em cada sistema, enquanto as linhas em preto so referentes aos limites de estabilidade dos polimorfos de AL.SiO,.. Nimeros entre parénteses referem-se as reagoes apresentadas para algumas das zonas metamérficas descritas, mantendo-se a numeragdo apresentada no texto. 46 Geo), USP, Se. Gent, S80 Patio, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 Petrocronologia de metapettos ~conceitos-chave —como marcador da transigo para ficies xisto verde ‘em tomo de 300°C, fruto do consumo de clorita e piro- filita segundo a reagio (Equacao 1): CClorta + Piroflita —> Cloritoide + Quartzo +10 (1) + Zona da biotita: com a progressio do metamorfismo ‘c aumento das condiedes P-T, ocorre a formagao de biotita por volta de 420°C (Figura 4C). possibilitada em consequéncia de duas reagGes (Equagdes 2 ¢ 3), de acordo com o teor de aluminio nos litotipos, ten- do-se, entdo, a associagao biotita + clorita + mus~ covita + quartzo + albita como caracteristica dessa zona metamérfica. ito gaa ~Cloria + Biota ~ Macon + Qurto +110 (2) Feng + Clcta — Biotin + M0088 perenne + Quee0 +0 (3) Facies sub.xisto verde ‘ Facies anfibolito inferior ( 660°C ( ~ 6700 K _——— eS Facies anfibotito Fore: adapta do Buchar 0 Gaps 2011) Facies xisto verde ais ats ais als ~ 520°C af 550 af se0e yf ~s80rc « og or or cn OF ory 7 % % = = et G H Frost e Frost (2014) pontuam a dificuldade em balan- cear essasreagdes diante da grande variago composicional encontrada nas clortas, bem coms o fato da reacao (Equacao 2) marcar o desaparecimento de feldspato potissico detrtico em metapelites na ficies xisto verde, o qual é formado nova- mente apenas em condicdes de fécies anfibolito superior: + (©) Zona da granada: wina vez atingidas temperatures em tome de 450°C (Figura 4D) pelo consume de clo- rita e mnscovita, hao primeiro aparecimento de granada (Equacao 4): Clota+ Muscovita + Granada *Biotita~ Quarzo=H,0 (4) Inicialmente com maiores teores de Mn (rica no mem bro final espessarita) a granada se torna mais rica em Fe (tmembro final almandina) com o aumento da temperatura, estando essa variacio composicional marcada até mesmo em cristaisindividuais 2onados, com um nticleo rico em Mn “Transigao facies iste verde-anfibolito. 640 Facies anfibotito 8750) New Facles anfibolito superior Figura 4. Sequéncia de diagramas AFM (A = Na,O + K,O, F = FeO + Fe,0,, M = MgO) para o sistema KFMASH, sendo exibidas as respectivas associagSes minerais (mais muscovita, quartzo e agua para todos os casos) ante © aumento das condigdes do metamorfismo progressivo para as facies subxisto verde, xisto verde e anfibolto. Observa-se, ent, © primeiro aparecimento de minerais como: (A) clorita, (B) cloritoide, (C) biotita, (0) granada e (E) estaurolita, sendo ainda apresentada a evolugao das associagdes metamérficas [F - N] até condigdes de facies anfibolito superior. Uma. ‘abordagem mais detalhada da figura 6 apresentada pelos autores. Geol, USP, Sé cient, S80 Paulo, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 -47- Paiva-Stva, PA. bordas ricas em Fe, considerando.se graus metamérficos bbaixos a intemedirios, Nessas reagBes,acloita envolWvida 6 sempre rica em Mg e, mesmo que as grades petrogencticas calculadas no sistema KFMASH normalmente s6 envolvam. silicatos, para crescimento da granada rica em Fe na natu- reza, 6 mito provivel a presenca de algum éxido de ferro no sistema. Considerando 0 aumento do grau metaméirfico, © empobrecimento em Ma ¢ o enriquecimento em Mg do smicleo para a borda dos crstais zonados € abservado, sendo a variagio de Ca e Fe dependent da variagio das condigdes -T, da reatividade dos minerais presentes e das mudanas nas associagdes minerais (Caddick e Kohn, 2013) ‘De maneira geral, a zona da granada apresenta a asso- ciagto granada + biotita + clorita + muscovita + quartzo + albita, sendo a albita ainda estavel em condigdes de facies xisto verde. Para rochas comaltesteores de aluminio,a zona da granada pode incluir ainda cianita (produto da desidea- tacio da pirofilita), nto apresentando, nesse caso, biotita; + Zona de estawrolita: marcando a transicio da fies xisto verde para anfiblito, com remperaturas entre 500 € 600°C, ‘oaparccimento de estaurolita (Figura 4E)é tino doconsumo total decloritode (no caso das rochas cam alto tear de ALO.) associado as reagdes cinta (Equagdo 5); quarto (Equagao (6; granada ~ clecta com muscovita (Equacdo 7) on clorita (Eaquagao 8), para litotipos com baixos teores de Al A associacao mineral estaurolita + granada + biotita + smuscovita + plagioclisio + quartzo + clorita é caracteris- tica dessa zona, Cloritoide + Cianita — Estawolita + Quartza +10 (5) Clortoide + Quarto ~ Estarolita+Almandian +0 (6) Cinnita + Granada + Clorita — Estauolita +30 (7) Mcoven+ Gann + Cort Eomcien = Bins ua 140 (8) + Zona da ciemita: a partic do consumo de estaurolita (Equagdes 9 ¢ 10) ¢cloritoide (Equagao 11, para rochas com alto A1,O,) em temperaturas préximas a 690°C & ‘comumente terido mais altas press6es (Equacao 11, por ‘exemplo, ocorte em torno de 14 kBar), a zona da cia- nita & caracterizada pelo aparecimento desse mineral em associagao com biotita, plagioclésio, muscovita, granada, cstaurolita e quartzo. Nessas condigdes, clorita ¢clori- tide ja nao mais sao estaveis, tendo-se condigdes P-T condizentes com ficies anflbolito média a superior. Estaurolita + Quartzo— Almandina + Cianita+H,O (9) ‘etme + Mascon + Clrta— Cain + Bina + Quarto +740 (10) Cloritoide + Quartzo > Almandina + Cianita+HO (11) + Zona da sillimanita: fruto da transig2o polimérfica a partir da cianita, ou ainda pelo consumo de estaurolita, (Equacao 12), © aparecimento de sillimanita — entao em associacdo estavel com biotita + muscovita + pla- siockisio + quartzo + granada + estaurolita + cianita — se da em condigdes de facies anfibolito superior. ‘Saaalia ~ussoia~Quame + Gana ~Bii~sitizmsia 280 (12) + Zona da silimanita + ortoctésio (segunda zona da sil- limanita): como aumento da temperatura ejé atingindo condides de facies anfibolito superior, tem-se 0 consumo de muscovita na presena de quartzo, Equacdo 13 essa que dé origem a sillimanita e K-feldspato (ortoclésio) A formacio de sillimanita pode ocorrer também pelo consumo de biotita — o qual pode ocosrer em asso- ciacio com mmscovita e quartzo —., sendo, nesse caso, esse mineral apenas um, 7 que © proprio sistema pro- ‘move uma nova formagao de biotita em outras porgbes da rocha, como detalhado em Foster (1991). Quartzo + Muscavita > Silimanita + Oxtoclisio+H,0 (13) ESTUDOS PETROCRONOLOGICOS. dentificar e quantificar as condigdes de pressio-tempera- tura-deformacao (P-F-d), bem como o tempo‘idade (1) € os processes dc formasao de rochas metamérficas — ten- do-se, assim, estabelecida sua trajetéria P-T-t-d— &, sem dividas, um dos temas centrais da petrologia metamérfica nos dias atuais. Para uma abordagem petrocronolégica sistematica, Engi etal. (2017) propoem uma metodologia em cinco etapas: + distinguir, com base em critrios texturais, um (ou mais) estéigio(s) da evolucio metamérfica e(ou) estrutural do litotipo em estudo, sempre buscando respeitara orienta- 80 dos afioramentos na confeccdo de léminas para que sejam mantidas/visualizadas em microscépio relagbes estruturais condizentes com as observadas em meso e megaescala; + documentar, com base em imageamento e(ou) anélises composicionais (por microscépio eletonico de varredura — MEV, microssonda eletrnica — EPMA; espectrd- metro de massa com plasma indutivamente acoplado —LA-ICP-MS; espectrometro de massa de fons secun- dries — SIMS; Sincrotron etc.) as relagdes texturais entre fases minerais de interesse: + correlacionar zonas de creseimento paragenético com cronémetros robustos disponiveis (urdnio-chumbo, tério-chumbo, hutécio-héfnio, samério-neodimio etc.) muitas vezes utilizando o controle de elementos trago para verificar/atestar a coexisténcia desses minerais 48 Geo), USP, Se. Gent, S80 Patio, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 Petrocronologia de metanettos -conceitos-chave + restringir, com base em téenicas termobaromeétricas (dia- gramas de fases isoquimicas, ermobaromietria conven- ‘ional ¢ otimizada, entre outras), as condigdes de pres- so e temperatura para equilibrios locas; + promover a datagio pontual de cada estégio/parage- nese caracterizada, com base em analises in stu (SIMS, LA-ICP-MS, EPMA) ou microdrilling para ID-TIMS (espectrometria de massa de ionizagéo térmica por diligéo isotépica) A petrocronologia, pois, compreende as idades das rochas ‘como resultadovtegistro da duracao de um determinado pro- cesso petrogenético, amparado por evidéncias petroldgicas geoquimicas (Engi et al., 2017). Logo, para a aplicacao dessa metodologia, a revisto de alguns conceitos — abor- dados a seguir — se faz primordial. Termobarometria em metapelitos ‘Com base na caracterizacao da paragénese mineral ¢ da composi quimica do litotipo e(ou) das fases minerais dessa paragénese, diferentes téenicas podem ser utilizadas para determinar em que condigdes de pressdo e tempera- tura o pico metamérfico foi atingido. Para tal, utliza-se 0 balanceamento de reagdes entre os membros das fases da paragénese descrita, eacdes essas que acarretam modifica. ces na energia live de Gibbs do sistema (Powell e Holland, 1994, 2008; Bucher ¢ Grapes, 2011). ‘Como expresso cm Frost ¢ Frost (2014), a energia livre de Gibbs (AG) é uma medida de energia quimica despren- dida pela mudanga das condigdes termodindmicas de wm dleterminado sistema, em virtude de variages de suas con- digdes de entalpia (AH —referente a0 calor gerado ou con- sumido durante a quebra e formacto de ligacdes) ¢ entro- pia (AS — calor ‘aprisionado’ nas ligacdes das varias fases enolvidas a reagao), perante wma determinada tempera- ‘ura (7). variacao da energia livre de Gibbs também leva em consideracao as condicdes de pressio (P) e da cons- tante de equilibrio (K,) de determinada reacio ocasionada no sistema em questo. ‘Quanto as metodologias empregadas, estudos termoba- rométticos podem ser realizados com base em termobard- ‘metros convencionais, timizados e monoelementares, bem ‘como por diagramas de fases isoquimicos. ‘Métodos de termobarometria convencionais (Os métodos de termobarometria convencionais tém como base reagdes de troca catidnica (exchange reactions = intercdmbio de étomos de dois elementos similares em termos de raio e carga iénica em sitios cristalinos entre dois minerais) e reagSes de transferéncia de massa de rea- gentes para produtos (net-iransfer reactions = consumo de fases para a geracio de novas fases minerais) (Frost © Frost, 2014). Para os casos de troca cationica, tem-se uma variago expressiva nos valores de entropia (AS) ou entalpia (A) ¢ uma variag#o pequena no volume molar (AV ~0), formando reacdes fortemente dependentes da temperatura e repre- sentadas, portanto em curvas de grande inclinagao em dia- gramas P-T, constituindo bons geotermémetros (Philpotts, 1990; Spear, 1995; Frost e Frost, 2014). par granada-biotita ¢ exemplo amplamente tilizado para rochas metapeliticas, dado pelo intercambio Fe-Mg, (Bauacio 14), parao qual as calibragdes usuais de Thompson, (1976), Holdaway e Lee (1977), Fery ¢ Spear (1978), Hodges e Spear (1982), Dasgupta etal. (1991), Bhattacharya eta (1992) podem ser uilizadas. FeAlSi0,+KMeAIS.0 (OH, —MaAlS.0, + KFeAI8,0, 08 (14) Aimaadiaa —Flogopia Propo ‘Amaia Ja nas reagdes de transferéncia de massa, para as quais a variagdo de volume molar (AV) € significativa, originando curvas (sub)horizontais em diagramas P-7 fortemente dependentes da pressio, sendo, assim, potenciais geoba- rometros (Carswell ¢ Harley, 1990; Frost © Frost, 2014; Bucher e Grapes, 2011). Exemplo dessa aplicagao ¢ a reagao granada — AL,SiO,— quartzo — plagioelisio (GASP), utili zada como base para as calibracdes de Newton e Haselton (1981), Koziol ¢ Newton (1988) ¢ Koziol (1989), que pode ser expressa pela reagdo (Equagio 15): 3CAALSI,O, > Ca,Alsi Anortiia Grossulisia + 2ALSIO, + SiO, (15) Aluminossilicato Quartzo Quanto a aplicabilidade desses métodos, Bucher ¢ Grapes (2011) pontuam o par granada-biotita como geotermémmetro ideal para litotipos de facies xisto verde superior e anfibo- lito, ao passo que 0 geobardmetzo GASP ¢ indicado para rochas de ficiesanfibolitae granulto Independentemente do termémetro ou barémetro esco- Ihido eda cies metamsrfica envolvida, alguns ftoresfun- damentais devem ser respeitados (Bucher ¢ Grapes, 2011; Spear, 1995): + as fases presentes na rocha investigada devem estar nos limites composicionais da calibragao a ser empregada; + arocha estudada deve estar na janela P-T em que o te mometro ou barémetro foi calibrado; * aquimica dos minerais a serem usados nos céleulos deve ser muito bem caracterizada, bem como as fr- mulas estruturais calculadas seguindo a recomenda- a0 do artigo da calibracao, respeitando o mesmo rnimezo de cétions e de oxigenios, caso contritio 08 resultados podem ser bastante diferentes do que 0 previsto/esperado. Geol, USP, Sé cient, S80 Paulo, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 Paiva-Stva, PA. Métodos otimizados ‘Uma vez determinados ¢ disponiveis dados termodinmicos para as diferentes fases que constituem os litotipos, tomou-se possivel determinar as condigdes de presstio ¢ temperatura cde metamorfismo esses, sendo necessério apenas encontrar © grupo de reagdes linearmente independentes que repre- sente todas as fases em equilibrio para o sistema quimico escolhido (Powell e Holland, 1994) Surgem entio bancos de dados termodinamicos inter- namente consistentes — como, por exemplo, o Tweequ (Berman, 1991) ¢ 0 Thermo-Cale (Powell ¢ Holland, 1988, 1994; Powell etal, 1998) os quais visam utilizar os mes- ‘mos dados termodinamicos e modelos de atividade para todas as fases (Spear, 1992; Powell etal, 1998). ‘Associando os dados obtidos nas anilises quimicas para os constituntes da associag&o mineral com as equacBes defi- nidas pelos programas — que comportam esses bancos de ddados termodinmicos intemamente consistentes —,obtém- -se valores de pressao e temperatura médios (Thermo-Cale, por exemplo, apresenta os métodos cverage-T, average-P e cmverage-P-T) condizentes com a paragénese mineral da rocha analisada, ‘Modelagem termodinémica por diagramas de fases isoquimicas Amplanente uilizados na obtengao de grades petrogenéti- cas para uma dada composicio especifica, os diagramas de fases isoquimicas — também conhecidos como psendosse- ‘ees — tem por base a composiglo quimica total da rocha em estudo (bulk-rock composition), essa entio aplicada em programas como Thetiak- Domino (De Capitan ePetrakakis, 2010), Perple_X (Connolly, 1990, 2009), GeoPS (Xiang € Connolly, 2022) e Thermo.Cale (Powell e Holland, 1988, 1994; Powell et a., 1998), de acordo com as especificida- des de cada um. ‘Com base na composicio quimica da rocha, ou de volume de equilibrio, ¢ uma vez escolhido o sistema quimico per- tinente com base no respectivo protdlito e(on) paragénese ‘mineral, é caleulada a distibuigao modal das fases no espago desejado (em geral P-7), obtendo-se, assim. inhas que repre- sentam a moda zero—marcando, dessa forma, a formacao ‘ou consumo — das fases presentes. Além da relacto P-T, ssa janela pode correlacionar "T versus X" (P constante) ot “P versus X° (T constante), sendo Xuma variével compo- sicional, por exemplo, X,., (variagio H,0-CO, do fuido), 1 depender do intuito do estudo em questio (Yakymehuk et al, 2017; Gengo etal, 2022). ‘Desse mode, tas diagramas funcionam como wn mapa de todas as associacdes minerais possiveis em uma janela para ‘a composi da rocha em estudo (Figura 5). Assim, deter- ‘minadas as faixas de estabilidade das diferentes associagbes iminerais posstveis e delimitados os intervalos P-T de cada uma dessas, pode-se inferir suas condigdes de presso e temperatura de metamorfismo, uma vez considerada sua pparagenese mineral em equilibrio (com base em deserigdes petrosréficas, microestrururas, bem como de imageamento e andlises quimicas de minerais-chave). Visando restringir ainda mais esses campos de estabili- dade, ¢, assim, estabclecer-se uma trajetéria P-T da rocha, ¢ possivel a confeecao de isopletas— linhas de mesmo valor de um cétion/membro ou da razio cationica entre determi- nnados elementos de um mineral (Powell e Holland, 2008) « de tal forma que a interse¢ao entre e5sasisolinhas for- rece a (faixa de) temperatura ¢ a pressto de estabilidade desse mineral e, consequentemente, da rocha. No caso de minerais com zonanento quitico, € possivel ter ideia da trajetéria P-T da rocha quando sua variagio composicio- nal é comparada com a variacao das isopletas referentes 3 esses minerais (como demonstrado na Figura 5, com base em variagdo dos membros inais de granada). £ fundamental, pois, um entendimento da histiria da evolugto ¢ das caracteristicas e especificidades do litotipo em anilise (identificacao dos minerais pré-, sin- e pés-ci- nneméticos, processos secundérios, presenca/auséncia de fases mincrais, entre outros fatores), de modo a se obter assim resultados acurados e fidedignos ao litotipo e regido de estudo (Bucher ¢ Grapes, 2011; Yakymechuk etal, 2017), ‘Uma abordagem mais detalhada ¢ englobando os principios « particularidades dos diagramas de fases em equilibrio em lingua portuguesa foi realizada por Gengo ct al. (2022). Termobarémetros monoelementares Hija vista a existéncia de litotipos para os quais no se observa de forma expressiva a presena de minerais indices (ot) uma paragénese diagnostca, ou ainda pela sua maior acurdcia nas determinagdes para determinados litotipos & condigdes de metamorfismo, tem sido cada vez maior a utilizacao dos chamados termémetros nao convencionais de elementos traco (termémetros monoelementares), para 0 quais a anélise em uma ‘nica fase mineral se faz possi- vel pela presenca de uma associagao mineral tamponante (Cru2-Utibe etal, 2018). Exemplos de termobarémetros monoelementares so as determinacies de “Ti em quartzo” (Wark e Watson, 2006; Thomas ct al, 2010, 2015), “Ti em zircio’ (Watson ct al. 2006; Ferry e Watson, 2007), ‘Zr em nutilo” Zack et al, 2004a; Watson et al., 2006; Tomkins etal, 2007) e “Zr em titanita’ (Hayden et al., 2008), Para 0 uso desses, & funda mental a presenga da associagao mineral tamponante, que ird garantir que 6 mincral analisado estara saturado no cle mento em questao (Zr em rutilo, por exemplo, requer a coe- xisténcia do rutilo com quartzo ziredo, Zack et al., 2004; Watson et al, 2006; Tomkins eta, 2007). -50- Geo), USP, Se. Gent, S80 Patio, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 Petrocronologia de metapettos - conceit have Cronologia de metapelitos ‘Uma vez entendidas as condigdes de pressio, temperatura ¢ deformacao experienciadas pelos litotipos metapeliticos durante sua formagio, faz-se necesséria ¢ fundamental a determinacao do tempo(duracio em que se deram o(s) evento(s) metamérfico(s) que propiciou(aram) sua evolugao, tanto para seu cntendimento no contexto local quanto em escala regional/global Em estudos petrologicos, tem-se como premissa basica o equilibrio entre as fases constituintes da para- génese mineral. Dessa forma, busca-se estabelecer diferentes geracdes de subassociagdes minerais (por exemplo, com base em relacdes microestruturais entre cristais), as quais permitem inferir presses © tempe- raturas para miltiplos estigios da evolugao da rocha ¢ reconstruir assim sua trajetéria P-T-t (Bucher ¢ Frey, 2002), Para que e3sas determinagées sejam acuradas, ¢ fundamental entdo determinar que as fases dataveis — nas quais se concentram os elementos radiogéni- cos das rochas — se encontram em equilibrio com as associagdes minerais utilizadas para determinagdes P-T' (Vernon e Clark, 2008) Mn-CNKFMASH (+ Qz & H,0) Presséo [kBer] Temperatura (°C) Forte: earaido do PaaS 2018, Para tal, a utilizacdo de geocronémetros é necesséria, tendo como principio o comportamento de ions ou is6to- pos de um mineral (on grupo desses) ¢ como critérios suas propriedades de transporte (difusividade) e a qualidade analitica, bem como fatores como deformagto, presenga de fluido, direcdes cristalograticas, entre outros (Jager © ‘Hunziker, 1979; Attendom ¢ Bowen, 1997; Dickin, 2005; Engi ct al, 2017). Em petrocronologia, é frequente e necesséria a jun- dio de dados de idade espacialmente resolvidos, de um ou mais cronémetros, com aqueles de composigao de fases especificas (sejam elas principais ov acessérias), de modo a garantir uma interpretacdo sistémica. Por exemplo, em minerais zonados, para a caracterizacao acurada de estégios e caminhos especiticos da trajetria P-T-t, deve-se relacionar as idades obtidas com outros indicadores petrogenéticos (associagBes minerais, carac- teristicas texturais, varingdes e padrdes de composigges quimicas, estimativas das condigdes P-7, entre outros) (Engi et al. 2017). A necessidade de exatidao e precisio nos resultados propicia o desenvolvimento, aperfeigoamento e utili- zagio de diferentes técnicas analiticas, sempre tendo a Mn-CNKFMASH (+ Qz & H.0) Pressao [kBar] Temperatura [°C] Figura 5. Diagrama isoquimico de fase, exibindo a trajetéria P-T para estaurolita-granada-quartzo-mica xisto com clorita, dda ragizo de Capalinha (Ordgeno Aracua. ‘A esquarda, s20 exibidas as associagdes minerais para a composicao © sistema quimico definides (campo em verde marca a paragénese determinada). A direta, 6 fa a progressao do ‘metamorfismo (seta vermelha), a partir das isopletas de nucleo e borda dos membros finals de granada (almandina, cespessartita @ grossularia). Campos ‘numerados no diagrama & esquerda: (1) Grt Pl Chi Wm Lws; (2) Grt PI Bt Chl Wm; (@) Grt PI St Bt Ch Wm And; (4) Grt PI St Bt Win Sil (6) Grt PI Kfs Bt Sil. Geol, USP, Sc cient, $80 Paulo, v.23, 1.1, p. 43-68, Margo 2028 -51- Paiva-Siva, PA. a. problematica da resolueao espacial e a conexio entre dados cronolégicos e andlises geoquimicas ¢ de estru- tura cristalina como pontes centrais, especialmente na busca pela obtencdo desses dados em um mesmo apare- tho. Nesse contexto, instrumentos/técnicas como EPMA, LA-ICP-MS, SIMS e TIMS, entre outros, so ampla- ‘mente utilizados, cada qual apresentando suas especif cidades, vantagens ¢ desvantagens (Tabela 1) (Lanari ¢ Engi, 2017; Yakymchuk et al., 2017). ‘A determinagdo de idades e duragdo de eventos rela- cionados ao metamorfismo pode ser obtids por diferen- tes técnicas/isétopos/minerais, entre elas, as expostas a seguir. Cronologia em zireao Fase acesséria comum em variados tipos de rochas — incluindo metapelitos — o ziteto (ZrSiO,) é amplamente utilizado em estudos sobre a evolueto da crosta e manto (Bowring e Housh, 1995; Scherer et al., 2007; lizuka et al., 2010; entre outros) de datagéo da formacao e deformagio de litotipos eventos relacionados (Paquette et al, 1985; Roddick e Bevier, 1995: Liati et al., 2002; Zhao et al., 2008; Yang et al., 2011; por exemplo), haja vista sua natureza de incorporar uma série de elementos menores e traco e, assim, registrar informagdes quimicas ¢ isotdpicas. Tabela 1. Visio geral da utiizagdo, vantagens e desvantagens das diferentes técnicas de datagdio utlizadas. Técnica Utiizagxo Pontos positives Pontos de ressalva Referincias ‘Quaniicar a O mite de detooga0 distibuiczo, Schulz etal, 2007; Willams composgao cvaragio xelnteesclugo varia como demento, “St Son Koy eta, EPMA uinica das fs eae ecece,” 2008; Spear, 2010; Spear (Rierocsonc minora PREPAC (1 wn baixo custo callracdo (até dezenas © FO 2010) Vins, 2010 "Great dacos en “lathe;Possbidade oe ppm) ede kades Born etal 2016 sts cronémetros 4° dalagdes in situ s6topos ndo podem —schuie, 2021; entre ouvos. (oraz, weno) secetbontes “ Excelente resolugao ‘composiciona (oub-ppm} andioos LAtceMs ps base Naograca soso eta, 200 Kol ta OP chee ovat resolugao otal, 2000; Kosier et al, (espectrémetro Determiner idacese HES: Poss para idades (pouces 2013; Kylandor-Clrk etal, ‘once teores de comentos 2° UHZaGIO of "Stent eeapanal 2012 Schaenge ta, com plasma trago ou ates jomaisdeum — Geraimento > 1Oum, 2018; Viete ef al, 2015, indutamente Ieot6picas aces _femocto/destuicso —_Kylander- Clark, 2017; acoplado) see ees sgncatva da amostra Lana et al, 2017, 2022 ir outro. tempo (split stream); on ppossiidade do datagdes n stu Espectr de massa Deteminridades, AMAISE SPECS roy, varbade Shiau e Hart, 1082 ews Ghanticarscopes 227080 “Seetrtoda mate land 0062015 lespocvometio elvan oradogicos tapes ences “Sea ormacao do Wars © McKbbon, 1008 Gemassadefons esuasrazdes, bem (PSOUC.SSEICA! ons secundios, tend e Willams, 2003; secundaios) como teores de Oe odendo comprometer Schmit e Vazquez, 2017; somentos trago eidade dea acuricia caso entre outros, data no considerade: custo elevado Baixa rosolugao espacial determinagao Wasserburg eta 1661: TMS poder Secor a en oe (especromstia Pesaluedode PreBTES as ata prcsaoe tetris dos graos Stak 2007: Schmitz 2 Gemassade PAaprocessosttegides sOracia deklades datados pode ser teste OE Cots ‘mulieformadas 2019; Carlson, 2014; ionizagao téice) rruito complexa ou impossive; destragio _, Schosne, 2014 Schosne ‘da amosira Bente 21: eons. 52 {Geo USP, Ss ent, S80 Pau, v.23, n. 1, . 48-68, Margo 2028, Petrocronologia de metanettos -conceitos-chave CCistais metamérficos de zircdo sto formados em con- digdes P-T médias a elevadas, porém sendo gerados mais facilmente em rochas de alto grau, na forma de super- crescimentos em miicleos magméticos ou detrticos her- dados. Resumidamente, essa formagiio pode ocorrer por ts processos: + alteragao, que sobreimprime parcialmente e perturba ‘um grio reliquiar, porém ainda prescrvando vestigios texturais e quimicos; + substituigio/recristalizagio, processo in situ de alte- ago da composigio quimica de um dominio exis- tente, em condigdes subsolidus e comumente auxi- liado por fluidos: + novo crescimento, em que um novo dominio de cristal mostra limites nitidos com qualquer nicleo remanescente cexistente ¢ texturas de crescimento regulares (forma ‘ou zonamento interno), tendo tais dominios composi- ‘Ges quimicas e isotépicas distintas, porém geralmente ‘homogéneas em um tnico dominio (Rubatt etal, 2001, Williams, 2001; Rubatto, 2002, 2017) ‘Ainda que uma grande parcela de zircdes em rochas ‘metamérficas se forme por uin desses trés processos, c4S03 individuais que, por ventura, nao se encaixem claramente ‘em uma tinica categoria nao devem ser descartados, uma ‘vez que vétios processos podem afetar a mesma populacio de zircdo e a distingSo entre um e outro pode ser dificultads (Spandler etal, 2004; Tichomirowa, etal.,2005; Zheng etal, 2005; Chen et al., 2011; Gao et al., 2015; Rubatto, 2017). ara condicées P-T mais baixas/médias, a alteracio por fluidos e substituigdes no estado s6lido atuam como meca- nismos dominantes, ao passo que, nos casos de fusio parcial, ‘o zitcdo é particularmente reativo e com alta solubilidade na presenca de liquido, podendo, assim, apés o resfiiamento, serar cristalizacio de sobrecrescimentos. Para situacdes P-Textremas, apesar do mineral se manter estavel,diferen- tes elementos e sistemas isot6picos podem ser afctados de riltiplas maneiras, sendo a mais proeminente a perda de Pb incompativel que ocorre em cristais alterados, deforma- dos ou metamiticos. De forma geral,a quimica de elemen- tos terras raras (REE) elementos de alta intensidade de campo (HFSE) ea sistemtica de Hf sto geralmente preser- ‘vadas, enquanto 0 comportamento dos isdtopos de oxigénio sob condigdes extremas necessita de maiores caracteriza- «es (Hoskin ¢ Black, 2000; Rubatto et al., 2001; Rubatto Hermann, 2007: Vonlanthen et al., 2012; Rubatto, 2017). ‘Com o desenvolvimento de técnicas analiticas (como, por exemplo, LA-ICP-MS e microssonda iénica de alts resolugdo) que permitem mensurar as razGes isotépicas U-Pb na escala de 10 ~ 50 jum e resolvem a problemitica da resolucao espacial para zonas de crescimento interno em cristais de ziredo metamérfico, o crondmetro U-Pb tém ampla utilizagio em estudos de carster metamérfico, baja visto sua temperatura de fechamento em tomo de 800°C (Heaman e Parrish, 1991; Kylander-Clatk, 2017; Rubatto, 2017; Schmitt e Vazquez, 2017). Relacionar idades U-Pb as condigdes metamérficas — promovendo, assim, a interpretagio correta da idade e seu entendimento enquanto dado petrocronolégico — requer a combinagao de vrias informagdes, como zonamento intemn0, caractersticas de deformagGo, inclusbes, termometria Ti-cm- ircdo, composigBes quimicas, padrBes de elementos tragos, de Lu-Hf e(ou)is6topos de oxigénio, Esses diferentes sis- temas, por terem retentividades (ou seja,afinidades quimi- cas) diferentes, nem sempre podem ser acoplados, porém, ainda assim, formecem informaedes adicionais quando com- parados (Watson e Harrison, 2008; Ferry e Watson, 2007; Taylor-fones e Powell, 2015; Taylor et al., 2016; Rubatto, 2017; Yakymebuk et al, 2017). Para rochas metapeliticas que apresentam zircio e gra- nada, tem-se como importante aspecto o fato de ambos “sequestrarem” elementos terras raras médios a pesados (M-HREE — ow seja, Sm-Lu), de tal forma que a particao desses elementos entre as duas fases vem sendo ampla- mente aplicada para vincular a0 metamorfismo as idades U-Pb (exemplos podem ser encontrados em Rubatto, 2002: Hermann c Rubatto, 2003; Buick et al, 2006; Harley ct al. 2007; Rubatto ¢ Hermann, 2007: Taylor etal, 2015, 2017), ‘De forma generalizada, zirebes que crescem em asso- ciagdes ricas em granada sto caracterizados por padres de REE relativamente planos em comparagao com o enri- quecimento observado em zircées magmticos, uma vez que esses elementos slo preferencialmente sequestrados em granada (Schaltegger et al, 1999; Hermann e Rubatto, 2003; Whitehouse e Platt, 2003: Rubatto, 2017; Taylor etal, 2017; Schannor et al,, 2019; entre outros). Entretanto dife- ‘entesfatores, como o maior enriqueeimento da rocha como uum todo em HREE, a presenca/auséncia de plagioclésio, ortopiroxénio outras fases minerais que influenciam na distribuigdo dos elementos terrasraras, entre outros, podem influenciar na particfo desses elementos entre os minerais (como pontuam Hermann etal, 2001; Fomelli et al., 2014; Gauthiez-Putallaz et al., 2016; Rubatto, 2017; entre outros). zireao, além de ser um geocronometro robust, étam- bémm um mineral relevante para a petrocronologia de rochas metamérficas, uma vez que pode fornecer detalhes no s6 sobre protélitos, mas também sobre a evolugao de tempe- ratura, deformacao, fluidos,fusio parcial ecristalizagdo do fandido silicético, auxiliando consideravelmente na recons- trugtio de processos crustas, Cronologia em granada Mineral amplamente encontrado em litotipos metamérficos, a granada, de formula mineral geal expressa por (Fe, Mn, Mg, Ca),(Al, Fe", CP,Si,0,,, potencialmente o melhor Geol, USP, Sé cient, S80 Paulo, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 53- Paiva-Stva, PA. petrocronémetro: seu zonamento — quimico e textural — pode ser visto comio registro semicontinuo das condigies tectono-metamérficas atuantes durante seu crescimento; sua ampla solucto sélida possibilita a caracterizacto de contextos petrolégicos diets ¢ quantitativos, sendo ainda peca central de diversos geotermometros e geobarémetros; suas relagdes texturais formadas entre suas inclusdes (foliagao interna) ¢ a foliago da rocha (foliagdo externa) indicam os momentos de crescimento e as fases de deformacio: podendo, ainda, fomecer idades diretas com precisto e acurécia substanciais (Zwart, 1962; Hodges e Spear, 1982; Spear e Rumble, 1986 Bohlen, 1987; Rubatto, 2002: et al, 2013, 2017) ‘Desde as primeiras tentativas de tilizara granada como zeocronometro (como em van Breemen € Hawkesworth, 1980; Mezger et al., 1989), diversos fatores foram levan- tados como limitantes, entre eles a sua contaminacio pelas inclus6es de outros minerais, as limitagées analiticas do tamanho das amostras, a necessidade de correlacionar as anilises de idades a partir da granada com outro ponto em uma isécrona ¢ a problemética do tempo ¢ esforgos reque- ridos para a datacio (Baxter et al.,2017) Estudos mais recentes trabalharam em avangos para suplantar e contomar esses problemas, ¢trouxeram avan- {905 importantes, tais como: + aadigdo dos sistemas Lu-Hfe Sm-Nd como vidveis para a datagio do mineral (e.g. Duchene eta, 1997; Scherer etal, 2000), +o desenvolvimento de métodos robustes para climi- nar efeitos das inclusdes contaminantes, como 0s pro- ‘postos por Amato etal. (1999), Baxter et al. (2002) ¢ Anczkiewiez e Thirlwall (2003): + aperfeigoamento de técnicas analiticas para minimiza- ‘lo das limitacdes de tamanho da amostra, como em Harvey e Baxter (2009) e Bast etal. (2015): + métodos de microamostragem para que as diferentes ‘zonas possam ser analisadas com resolugdes espaciais ‘levadas (exemplos em Stowell etal, 2001: Ducea etal, 2003; Pollington ¢ Baxter, 2010, 2011). Auutilizagao de ambos os sistemas Lu-Hf e Sm-Né para a datagdo de granada possibilita a correlacto/comparacto centre a idades obtidas, sendo geralmente as idades obtidas or Lu-Hf mais antigas que as por Sm-Nd para uma mesma amostra (Baxter ct al, 2017), o que pode ser explicado pelos diferentes zonamentos dos is6topos parentais para esses sis- temas (Skora et a., 2009): e(ou) pelas diferentes tempera- turas de fechamento dos dois sistemas (Yakymehuk et al, 2015); e(ou) ainda por um possivel erro nas idades obtidas (Bubatto, 2017). (0 método Lu-Hf é aplicével em diferentes sistemas ‘geol6gicos, sendo utilizado em erondmetros de granada, ‘uma vez que esse mineral é potencial reservatério de Lu, propiciando, assim, razdes Lu/Hf expressivas (exemplosem Duchene etal., 1997; Bird etl, 2013; Ibanez-Mejia et al, 2018). £ importante pontuar, porém, que as constantes de decaimemto do sistema Lu-Hf ainda sto motivo de deba- tes, de forma que a maioria dos trabaliios ainda nio wiliza as idades em si, trabalhando com as razdes Lu-Hf para dis- cutir petrogenese (como em Patchett ¢ Tatsumoto, 1980; Tatsumoto et al, 1981; Scherer et al., 2001; entre outros). De modo a minimizar possiveis efeitos da interferén- cia isobériea — fruto da similaridade na relagdo massa/ carga entre "Yb, "Lu e “Hf —e assegurar assim idades precisas e acuradas, faz-se necesséria a separagao quimica desses isbtopos, o que torna 0 processo lento e de elevado custo (Anczkiewicz et al., 2004; Zack e Hogmalm, 2015; ‘Woods, 2017: Johnson etal, 2018). Findando essa problematica, é apresentada por Simpson et al. (2021) ¢ tendo como amparo os estudos de Woods (2017), uma metodologia para LA-ICP-MS/MS que con- siste na utilizago de uma collision cel! — na qual, como parte do TQ-ICP-MS, é acoplado um gés com 10% de NH, © 90% de He — de modo a gerar produtos mais complexos de Hf e permitir, assim, a quantificacdo desses is6topos sem nenhiumna interferéncia ‘Toma-se, desse modo, possivel a datagdo in sits de gra- nada, tendo os resultados de Simpson et a. (2021) —com base em estudos em gnaisses metapelitices, eclogitos e peg- matitos — acuricia de ~97-100% em relacao ao sistema Lu-tif baseado em solugdes, sendo obtidas idades isocrd- nicas para amostras com concentragaes variaveis de HE commm com precisio entre ~3-4,8%. Os autores ressaltam a facilidade e rapidez de obtencdo de datagdes com reso- Ingo espacial expressiva pelo método, indicando, ainda, a possibilidade de corregao do Hf comum para a aplicacao em estudos detriticos, jé que, para concentractes desses superiores a 2%, 0 método se baseia no célculo de idades isdcronas e apresenta assim maiores incertezas Ji o sistema U-Pb em granada é utilizado para solucdo sélida dominada pelos membros finais grossuléria-andra- dita (temperatura de fechamento da andradita é em torno de 750°C, DeWolf et al., 1996) — visto que piropo, espes- saritae almandina apresentam, de forma geral,teores mais baixos desses elementos. na ordem de ~100 ppb de U ou Th (Haack e Gramse, 1972; Guo et al, 2016). Granadas da série grossuléria-andradita so mais conn em escamitos, frutos do metamorfismo de contato ou em algumas rochas calcissilicéticas, em metamortismo regional, e a datacdo U-Pb por LA-ICP-MS, conforme descrita por Seman etal (2017), se faz possivel para granada com concentragdes na cordem de ppm para esses is6topos. ‘Deteminagdes em cristais de granada ricos nas molé- cules piropo e almandina, sendo essa iltima dominante em imetapelitos, foram inicialmente obtidas por ID-TIMS em estudos de Mezger etal. (1989, 1991), porém DeWolf eta -54- Geo), USP, Se. Gent, S80 Patio, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 Petrocronologia de metanettos -conceitos-chave (1996) pontuam que teores mensuréveis de U e Them gra- nada ferro-magnesianas so provavelmente advindos de suas inclusoes. Schannor etal. (2021), em associagdo coma modelagem de fases em equilfbrio, dataram granadas ricas na variedade almandina in situ por LA-ICP-MS, utlizando o sistema U-Pb, «em amostras de xistos peliticos e paragnaisses com baixas concentragées de U (<1 g/g), obtendo idades condizentes com aquelas obtidas em ontras investigacdes usando outros ‘métodos geocronolégicos (Gradim etal, 2014; Richter et al, 2016; Melo etal, 2017). Isso abre a possibilidade de utiliza. «0 desse sistema para o crondmetro em metapelitos, desde que baja um trabalho detalhado de descricdo e caracteriza- 0 do mineral e existam outras idades de modo a verificar, assim, a acurécia dos resultados obtidos. ‘A datago em granada, como aperfeigoamento ¢ desen- volvimento de técnicas, tem se tornado cada vez mais uma importante ferramenta na caracterizacao do metamorfismo, ‘© que muito possivelmente tem tudo para se expandir em futuro proximo. Cronologia em monazita Ortofosfato constituido por elementos terras raras leves (LREE), a monazita pode apresentar ainda 0s cétions Th”, US, Si”, Ca, devido a sua estruturacristalogrifica ampla pouco regular (Niet al., 1995; Bea, 1996; Boatner, 2005; Engi, 2017; Schulz, 2021). A substituigao de parte dos clementos terras-raras por Th ¢ U propicia a utilizasio da série de decaimento 2*U—**Pb, 2U—2"Pb e 22 Th—*Pb para estudos geocronol6gicos, sendo a monazita o mineral radioativo mais comum e hospedeiro principal desses cétions na maioria dos litotipos (Overstreet, 1967; Heaman Parrish, 1991; Montel etal, 1996; Schulz et a, 2007). A temperatura de fechamento para sistema U-Pb & estimada em 725-£25°C (Parish, 1990), porém atingindo valores na faixa de 900°C para rochas de T'clevadas (Spear ¢ Parrish, 1996; Bingen e van Breemen, 1998: Kamber et al, 1998: (Chemiak et al, 2004; Gardés et al., 2006), Em rochas metapeliticas, a monazita é formada em ccondigoes proximas as iségradas da granada e estaurolita —ficies xisto verde a anfibolito—., em litotipos que pre- ‘viamente continham allanita, ocorrendo também em graus ‘metamérficos mais baixos nos peitos verdadeitos (com Ca muito baixo) mesmo que ausente a allanita (Smith e Bareiro, 1990; Kingsbury et a, 1993; Catlos et a.. 2001; Spear ¢ Pyle, 2002; Wing etal. 2003; Corrie e Kohn, 2008; Fanots et al, 2008; entre outros) ‘Na ficies anfibolito, a monazita € formada para diferen- tes tipos de rochas ¢ regimes de pressdo, podendo refictir um ‘inico on miltiplos estigios de erescimento (e.g., Rubatto et al, 2001; Pyle e Spear, 2003; Foster etal, 2004; Kohn Malloy, 2008; Kohn et al., 2005; Finger e Krenn, 2007) De maneira geral, gros formados nos estigios iniciais do tmetamorfismo tendem a possuir teores mais elevados de The, o quenem sempre acontece devido as variagSes de protélito e dos mecanismos de reacto. Nos casos em que iio hd interferéncia de outros minerais acessbrios, crstais dde monazita podem refletr, a partir dos padrdes de Y e ele- mentos terras raras, pasticdo com minerais da paragenese principal, especialmente granada ¢ feldspato,fator impor- {ante ao se escolher os métodos a serem empregados e na interpretagdo dos resultados obtidos (Engi, 2017). A iinfima incorporagao de Pb comum (geralmente em niveis de ppm) na estratura da monazita permite sua wi lizagdo como crondmetro, mas ¢ indicada a uilizacto de correedes isot6picas para determinagdes precisas (Parrish, 1990). A corre¢do nao € possfvel para datagdes U-Th-Pb quimicas, estando os possiveis eftites incluidos nas incer- tezas analiticas da microssonda (como expresso na Tabela 1), jf que no se trata de um método isot6pico (Engi, 2017: Williams et al, 2017; Schulz, 2021) Analises i situ de monazita por microssonda eletrd- nica tém elevada importancia em estudos petrocronolégi- cos, podendo o mineral registrar diferentes eventos tecto- nno-fermais (Vlach, 2009, 2010), uma vez que sua recrista- lizagao pode ocorrer durante eventos hidrotermais (Harlov ¢ Hetherington, 2010; Harlov et al., 2011) e tectono-defor- ‘macionais (Just etal, 2011). Além disso, o aumento das condicdes de temperatura durante a progressio do meta- morfismo pode acarretar o sobrecrescimento de bordas composicionais no mincral, mantendo-se niicleos antigos reservados da reativacdo térmica e permitindo a datacio de diferentes fases e(ou) eventos (Finger e Krenn, 2007. Harlov et al., 2007; Schulz e Sehussler, 2013). A partir do trabalho de Montel etal. (1996) foi possivel datar quimi- camente a monazita, ou seja, sem a determinacto de razbes isotépicas, e apenas pela determinacdo das concentragdes quimicas precisas de U, Th e Pb. Ja anilises por LA-ICP-MS devem levar em conta, além das usuais problematicas envolvidas (corregao das interfe- réncias isobitricas, controle do fracionamento ¢ disponibi- lidade de materiais de referéncia), o restrito intervalo de detecgio dos multiplicadores de elétrons secundérios usados para quadrupolo (ICP-Q-MS) (Koiler et al., 2007). Dessa forma, fazem-se necessérins tScnicas, corregdes e condi- 68s de andlise otimizadas (como as propostas em Chenery © Cook, 1993; Hirata e Nesbitt, 1995; Jackson etal, 1996; Jeffries et al., 1996: Campbell e Humayun, 1999; Parrish etal, 1999; Hom et al., 2000; Poitrasson eta, 2000; Kosler etal, 2007; Goudie et a, 2014) Sclaulz etal. (2007) ressaltam que determinnagdes crono- légicas em monazita via LA-ICP-MS possuem melhor acu- récia que as obtidas por microssonda eletrénica, especial- mente no caso de variedades metamérfieas que possuam ~6% em peso de ThO, (para uma mesma amostra sio estimadas Geol, USP, Sé cient, S80 Paulo, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 55- Paiva-Stva, PA. certezas de ~20 Ma para LA-ICP-MS— porém com perda de resoluedo — e de ~50 Ma para microssonda eletronica) Entretanto fatores como custo operacional inferior ¢ spot de anilise consideravelmente inferior (cerca de 5 Hm) s40 pontos favoriveis a utilizagdo da microssonda, De modo ‘a minimizar essas incertezas, os autores pontuam ainda 8 datacao de miltiplos pontos em win tinico cristal, obtendo, assim, um grupo de idades mais confidvel. Cronologia em rutilo CCaracteristico em metapelitos de médias a altas pressdes, 0 rutilo (TiO. é uma fase acesséria que pode fornecer impor- tantes informacées sobre esses litotipos, especialmente por conter quantidades significativas de diferentes elementos {ago ¢ por sua uilizagao cm determinagSes de idades por U-Pb, sendo a presenga do mineral dependente da propria estabilidade em relacdo a outras fases com Ti (titanita, imenita,biotta e, em menor escala, anfibslio). Para grande parte das rochas metapeliticas especialmente em condigdes de temperatura elevadas, a auséncia, baixa abundancia ou uebra da biotita é fator central na ocorréncia do mineral, sendo, de forma geral,nevesséria uma concentragao de TiO, alta © suficiente na roca para saturagio das fases em tal <6xido e conseguinte formacao de ratilo (Frost, 1991; Zack et al., 2004a; Zack e Kooijman, 2017). Para um entendimento da evolucio termal e temporal de rochas contendo nutlo,é fundamental uma detalhada carac- terizacdo das modificagdes quimicas ¢ texturais sofridas pelo mineral, tanto no metamorfismo progressivo quanto rettogrado, Para o aumento das condigdes P-T, 0 cresci- ‘mento de rutilo€ atribuido & quebra de ilmenita, que ocorre juntamente com a formagao de clorita; ou de titanita e bio- tita, essas ocorrendo como agregados de gros pequeuos €, posteriormente, como cristais maiores nas bordas de gra- nada e(ou) na matriz (Luvizotto e Zack, 2009; Luvizotto ct al, 2009). 4 em granulitos de temperatura ultra-alt, no caminho retrégrado, seu crescimento ¢ observado junta- ‘mente com granada ou ortopiroxénio euédricos, nos quais pode estar incluso, sendo tal associacio com ortopiroxénio ‘menos conmum. Tanto granada quanto ortopiroxénio podem ser formados periteticamente — pela quebra da biotita — na progressio do metamorfismo ou nos estigios iniciais da ‘exumacdo. Com o restriamento, onitilo se forma por exso- Ingo de fases que contém titinio— incluindo quartzo, bio- tita, proxénios e granada (Luvizotto e Zack, 2009; Zack ¢ Kooijman, 2017). ‘O sistema U-Pb em rutilo tem larga aplicagio para res- tringir historias metamsrficas e datar processos de altera- ‘40 hidrotcrmal, como nos traballios pionciros de Ludwig e Cooper (1984), Sehirer etal. (1986), Richards etal. (1988), Corfe Muir(1989) ¢ Mezger etal, (1989) inicialmente por ID-TIMS, que apesar da alta preciso tem a complicagio potencial de gros zonados (com mais de uma idade) e(ou) com inclusdes de outros minerais com teores significativos de U-Pb. A temperatura de fechamento para esse é sistema calculada em 500~ 540°C por Vry ¢ Baker (2006). ‘Atualmente, a datacto U-Pb de rutilojé ¢ também rea- lizada por técnicas de mais alta esoluco espacial, seja por LA-ICP-MS (Viry e Baker, 2006; Kooiiman etal, 2010; Zack etal, 2011; Kylander-Clark, 2017; entre outros) ou SIMS (por exemplo, Clark et al., 2000; Li et al, 2011; Schmitt e Zack, 2012; Taylor etal, 2012; Ewing etal, 2015; Schmitt e Vasquez, 2017). Essas téenicas in sifu permitem a datacio precisa de ratilos heterogéneos, sendo amplamente comple- ‘mentares: enquanto LA-ICP-MS permite a andlise rpida de grandes populacdes em estudos de provenigncia detitca, © SIMS tem maior resolugao espacial e € menos destrutivo, amias tendo suas patticularidades e problematicas associades (como apresentado nos trabalhos de Liet al.,2011; Schmitt © Zack, 2012; Taylor etal, 2012; Smye e Stockli, 2014). Para sistemas metamérficos, orutilo registrar, em mi- tos casos, apenas idades de resfriamento, jé que ele nao estivel sob a maioria das coudieBes metamorticas de baixo amédio grau e tende a se quebrar ou recristalizar completa- mente, ainda assim fornecendo una riqueza de informagies litcis sobre uma parte diferente da historia da rocha sendo, pois, complementares as idades de zircao e de monazita da ‘mesma rocha (Zack etal, 2004a: Zack e Koojiman, 2017) CONSIDERAGOES FINAIS Coma constante evolugio ¢ desenvolvimento de aparatos © metodologias para estudos petrocronologicos, tem-se cada ‘vez mais buscado entender 05 processos genéticos para diferentes litotipos ¢ estabelecer seu real posicionamento no tempo geol6gico. Rochas metapeliticas, com sua ampla distribuigdo espacial, variada esensivel paragénese mineral e disponibilidade de fases datéveis, sio pecas centrais em tais caracterizacdes, possibilitando, assim, 0 entendimento de eventos metamirficos eestabelecimento de trajetirias P-Tt-d para regides ao redor do globo. Para isso, faz-se necesséria ‘uma detalhada descricao petrogrifica, bem como estudos robustos de quimica mineral e geotermobarométrices, além de uma acurada determinacio das diferentes fases/eventos © suas respectivas idades. O presente trabalho buscou sintetizar informages ¢ referencias para a condugao de estudos nesse sentido, ndo se aprofundando, entretanto, nas problemti- cas e ressalvas para as diferentes metodologias trazidas. Aconselha-se, ento, maior aprofundamento de acordo com cada caso enecessidade. Além disso, discusses ainda vem sendo levantadas ¢ novos traballios podem porventuratrazer informagdes cruciais até entdo desconhecidas, de tal forma que uma revisdo atualizada dos contetidos relevantes a0 trabalho a ser desenvolvido é recomentiada e encorajada. -56- Geo), USP, Se. Gent, S80 Patio, v.23, n. 1, p. 43-68, Margo 2023 Petrocronologia de metanettos -conceitos-chave AGRADECIMENTOS. (Os autores agradecem & Coordenagio de Aperfeigoamento de Pessoal de Nivel Superior (Capes), pela bolsa de mes- trado de Paulo Paiva-Silva (1/3014/63611-8), ae Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecaolégico (CNP9), pelas bolsas de produtividade de Gkéucia Queiroga (314810/2020-0) ¢ Renato de Moraes (305720/2020-1), 0 Projeto Demanda Universal da Fundacdo de Amparo & Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pela bolsa concedida @ Glitucia Queiroga, APQ-02811-2, bem como {4s instituicdes Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Universidade de Sto Paulo (USP) e érgiios associados, REFERENCIAS Amato, J. M., Johnson, C. M., Baumgartner, L, P, Beard, B. L. (1999). Rapid exhumation of the Zermatt-Saas ophiolite deduced from high-precision Sm-Nd and Rb-Sr ‘geochronology. Earth and Planetary Science Letters, 171(3), 425-438. bitps:/(doi.org/10.1016/S0012-821X(99)00161-2 Anczkiewicz, R., Platt J.P, Thirlwall, M.F,, Wakabayashi, J. 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