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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Curso de Licenciatura Em Ciência Política e Relações Internacionais

O Sistema Eleitoral Moçambicano

Nome do aluno: Amândio João Vicente Código do estudante: 41220412

Março, 2023
UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Curso de Licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais

O Sistema Eleitoral Moçambicano

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em Ciência Política e Relações
Internacionais do ISCED.
Tutor: Lilamo de Matos Pereira

Nome do aluno: Amândio João Vicente Código do estudante: 41220412

Março, 2023
Índice
Introdução...................................................................................................................................4

1. O SISTEMA ELEITORAL MOÇAMBICANO.................................................................5

1.1. Sistema eleitoral...............................................................................................................5

1.1.1. Principais tipos de sistema eleitoral contemporâneo....................................................6

1.1.1.1. O Sistema maioritário...............................................................................................6

1.1.1.2. Sistemas de representação proporcional...................................................................6

1.1.1.3. Sistemas mistos.........................................................................................................7

1.2. Sistema eleitoral moçambicano.......................................................................................7

1.2.1. O Papel das Eleições em Moçambique........................................................................8

Conclusão....................................................................................................................................9

Bibliografia...............................................................................................................................10
4

Introdução

O presente trabalho surge no âmbito dos estudos feitos na cadeira de sistemas e


comportamentos eleitorais, e tem como foco principal o sistema eleitoral moçambicano, um
pais africano cujo o processo eleitoral é, quase sempre, acompanhado por tenções, conflitos e
crises pré e pós-eleitorais. Com tudo, constitui objetivo geral da presente pesquisa,
compreender o sistema eleitoral moçambicano baseado na legislação eleitoral. Em termos
específicos, busca analisar o sistema eleitoral moçambicano, refletir sobre os principais tipos
de sistema eleitoral, e refletir sobre o papel ou importância das eleições em Moçambique.
Portanto, a pertinência do tema, reflete-se pelo facto dos sistemas eleitorais serem
mecanismos dos Estados modernos que visam garantir o acesso ao poder por parte de
indivíduos e organizações políticas por meio da votação e eleição. Importa referir que para a o
alcance dos objetivos supracitados, recorreu-se ao método de pesquisa bibliográfica, que
consiste na leitura e interpretação de varias obras de diversos autores que abordam sobre o
tema acima citado.
5

1. O SISTEMA ELEITORAL MOÇAMBICANO

Tal como referido na introdução, o principal foco da presente pesquisa é o Sistema Eleitoral
Moçambicano, porém, para a melhor percepção do tema acima citado, torna-se relevante
primeiro, fazer uma breve reflexão sobre os conceitos de democracia, eleição e sistema
eleitoral.

Democracia é na perspectiva de BOBBIO (2015) um conjunto de regras de procedimento para


a formação de decisões coletivas, em que está prevista e facilitada a participação mais ampla
possível dos interessados.

Segundo o dicionário eletrônico FERREIRA (2004) democracia é a doutrina ou regime


político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder, ou
seja, regime de governo que se caracteriza, em essência, pela liberdade do ato eleitoral, pela
divisão dos poderes e pelo controle da autoridade, e dos poderes de decisão e de execução.

Portanto, partindo das definições acima citadas é certo afirmar que a liberdade, direito de
voto, a eleição e sistema eleitoral são próprios da democracia.

Eleicao é o mecanismo através do qual o povo soberano legitima, através do sufrágio


universal1, o exercício do poder legislativo, e direta ou indiretamente do poder executivo para
um tempo determinado (HEYWOOD, 2002).

Contudo, o sistema eleitoral é um conjunto de regras que define como uma determinada
eleição, o eleitor pode fazer suas escolhas e, como os votos são contabilizados. Portanto,
segundo BOBBIO (2015) o sistema e o processo eleitorais fazem parte das regras do jogo
através das quais os conflitos políticos e económicos são canalizados, tratados e superados.

1.1. Sistema eleitoral

Tal como explicito no parágrafo acima, um sistema eleitoral refere-se a um conjunto de regras
formais através das quais os eleitores expressam as suas preferências numa eleição e cujos
votos são convertidos em assentos parlamentares ou cargos executivos.

1
Na ciência política, sufrágio universal, é o acto de escolher mediante o voto, a pessoa para ocupar um cargo ou
desempenhar certas funções num estado democrático. E a pessoa que esclhe é eleitor.
6

1.1.1. Principais tipos de sistema eleitoral contemporâneo

As democracias contemporâneas adoptam fundamentalmente as seguintes tipologias de


sistemas eleitorais: sistemas de representação maioritários (majoritário), sistemas de
representação proporcional, e sistemas mistos (CORREIA, 2002).

Porém, a escolha de um sistema eleitoral não levanta apenas problemas técnicos, trata-se de
saber de acordo com que modalidades serão repartidas os lugares no parlamento, tendo em
conta os sufrágios exprimidos pelos eleitores. A adopção de um sistema eleitoral é, portanto,
feita em razão de considerações políticas, dado os diferentes modos de escrutínio terem
consequências muito diferentes (idem).
1.1.1.1. O Sistema maioritário

CORREIA, (2002) o escrutínio maioritário é o mais simples e o mais antigo dos sistemas
eleitorais, podendo ser de uma volta, onde o candidato que obtenha o maior número de votos
é eleito, sendo os demais candidatos excluídos; e maioritário de uma volta, quando o eleito é
designado por maioria relativa sobre qualquer outro candidato, mesmo que esta maioria seja
inferior à maioria absoluta (metade mais um) dos sufrágios exprimidos.

A escolha entre a volta única e as duas voltas depende, na prática, do número de partidos
existentes no país. Se há dois grandes partidos a concorrer ás eleições, a volta única basta; se
há mais de dois partidos com probabilidade de ganharem as eleições a segunda volta é
indispensável.

1.1.1.2. Sistemas de representação proporcional

O princípio de base da representação proporcional consiste em assegurar uma representação


das minorias em cada circunscrição eleitoral, na proporção exata do número de votos obtidos
(idem).

É um sistema que permite a inclusão de todas as forças políticas, enfatizando a necessidade de


negociação e compromisso no parlamento, governo e formulação de leis. Os sistemas
eleitorais de representação proporcional incluem o sistema de lista partidária e o sistema de
voto simples transferível.
7

1.1.1.3. Sistemas mistos

Os sistemas eleitorais mistos combinam as características dos sistemas maioritários e os


sistemas de representação proporcional. Esses sistemas incluem sistemas dependentes e
independentes (idem).

1.2. Sistema eleitoral moçambicano

O sistema eleitoral moçambicano, tem como sustentáculo o Acordo Geral de Paz de 1992.
Este, sobretudo o protocolo III, traça os princípios que norteiam o processo eleitoral. O
protocolo advogava que a lei eleitoral estabelecerá um sistema eleitoral que consagra os
princípios de voto direto, igual, secreto e pessoal. As eleições da Assembleia da República e
do Presidente da República serão realizadas concomitantemente, onde as primeiras eleições
teriam lugar em 1993.

Segundo BRITO et al. (2010), as comissões mistas previstas naquele texto foram formadas
tardiamente, trabalharam com dificuldades, e as eleições previstas para o ano seguinte (1993)
só viriam a acontecer um ano depois, em outubro de 1994.

O direito a voto ficou reservado aos cidadãos moçambicanos maiores de 18 anos excepto os
incapacitados mentalmente ou dementes, bem como os detidos e condenados à prisão por
crimes dolosos. Este direito ficou condicionado à inscrição nas listas eleitorais.

Contudo, Moçambique elege os seus representantes políticos a três níveis2:

 a nível nacional elege o chefe de estado, o Presidente da República, e o parlamento,


a Assembleia da República. O presidente é eleito para um mandato de cinco anos
por sufrágio direto, desde 1994. O parlamento tem 250 membros, eleitos para um
período de cinco anos por representação proporcional.
 a nível provincial são eleitas Assembleias Provinciais, por um período de cinco anos e
cuja função é monitorizar o governo provincial.
 a nível local, são eleitos o Presidente do Conselho Municipal e os partidos que
integram as Assembleias Municipais, em cidades e vilas consideradas municípios.

Tal como explicito nas páginas anteriores, o sistema eleitoral é um conjunto de regras que
define como uma determinada eleição, o eleitor pode fazer suas escolhas e, como os votos são

2
Conteúdo capturado na internet, disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Eleições_em_Moçambique
8

contabilizados, sendo assim, surge a seguinte questão: qual é o órgão responsável pelas
eleições ou processo eleitoral. Segundo o artigo 2 e 3 da lei da CNE ambos da constituição, a
Comissão Nacional de Eleições é um órgão do Estado, independente de todos os poderes
públicos, e imparcial, responsável pela supervisão dos recenseamentos e dos atos eleitorais.

1.2.1. O Papel das Eleições em Moçambique

Na sua essência, as eleições servem para selecionar boas políticas ou políticos que sustentam
determinadas políticas, portanto, os partidos ou os candidatos fazem propostas políticas
durante a campanha e explicam como essas propostas poderiam afetar o bem-estar dos
cidadãos, os quais escolhem as propostas que gostariam de vê-las implementadas, bem como
das pessoas que se encarregarão de as implementá-las.

Em suma, um sistema eleitoral deve garantir uma justa representação dos diferentes grupos
sociais, incluindo indivíduos dos diferentes sexos, classes sociais, religiões e grupos étnicos.

O primeiro postulado segundo o qual as eleições servem para selecionar boas políticas ou
políticos que sustentam determinadas políticas, é problemático em Moçambique, primeiro
porque neste, está subjacente a ideia de que os eleitores recebem os manifestos eleitorais dos
diversos candidatos ou partidos políticos, analisam-nos e finalmente escolhem o candidato ou
partido político que apresenta o melhor manifesto, este que posteriormente seria transformado
num programa de governação3.

Este postulado é problemático primeiro, porque no sentido radical, os partidos moçambicanos


não são programáticos, segundo, porque a maioria dos moçambicanos não se interessa em
analisar os programas políticos. No caso específico da campanha para as eleições de 2014,
nos distritos de Chibuto, Macia, Chókwè e Xai-Xai em Gaza, as comitivas da Renamo foram
fortemente dificultadas de fazer a sua campanha, o que significa que a população local está
tão formatada que nem tão pouco quer saber de um outro partido, muito mais do seu programa
de governação4. Os governantes governam em nome dos eleitores, ou seja, estes dão àqueles o
direito de agirem em seu nome, o direito de os representarem.

3
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/politica/o-papel-das-eleicoes-mocambique.htm
4
Idem
9

Conclusão

Finda a elaboração do presente trabalho, esperamos ter apresentado de forma clara e objetiva
a questão do processo eleitoral macambicano. O sistema eleitoral moçambicano parece estar
adequado aos interesses das máquinas partidárias e dos profissionais da política, mas sofre ao
mesmo tempo de um défice de confiança por parte dos cidadãos, que não sentem que os seus
interesses e reivindicações sejam tomados em consideração pelos políticos. Destarte, o
sistema eleitoral moçambicano assim como africano está em processo de construção, portanto,
acreditamos que num futuro próximo irá adquirir sua forma original, segura e funcional capaz
de evitar e reduzir conflitos eleitorais e pós-eleitorais.

.
10

Bibliografia

BOBBIO, N. O futuro da democracia. São Paulo. Paz e Terra, 2015

CORREIA, Adérito. Sistemas e processos eleitorais. Angola, 2002.

FERREIRA, A.B. Aurélio. Novo dicionário eletrônico aurélio. Editora Positivo, 2004

HEYWOOD, Andrew. Politics. Nova York, 2002.

https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/politica/o-papel-das-eleicoes-mocambique.htm

http://pt.wikipedia.org/w/indexx.hel.title=Norberto_Bobbio&oldid=63275483

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