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4 Reportagem descritiva, bloco e fragmento —E— re ee way rie neat tae egos seca explictad, seguido de fundamentarto, o que Ihe da roe seein ert eect ce rat 3 oe ue ce ce iso Kalili sobre os mineiros de Cricidma, no sul de Santa Catarina ) Na eportagem dissertativa. Um dos procestos de deseavol- vimento do pardgrafo dissertative, como observamos quando estu- ‘damos a reportagem disortativa, & 0 da descrigao de detales, 0 processo que ocorre, sobretudo, apés um tépico frasl incl. A propria denominaggo deste tipo de desenvolvimento jf deixa claro ‘ue, erabora sea parte do pardgrafo dissertativo ele tem as caracte- Fistieas do texto derritivo, quer dizer, seus verbos indieam ocortén- clas simultdneas, a ordem de suas frases pode ser mozificada sem fe alterar a relagéo eronoldgica das oeorréncias, 0 momento apreen- ida ¢ pormenerizado em detalhes. © desenvolvimento do parderalo ‘ilzado por nds para exemplificar 0 que € um tépico frasal inci no item sobre tépica frasal — € por descriclo de detalhes. Ver na pagina 30 0 parderafo com seu (pico frasal "Certo, o Pantae nal {ado ele um show” e o bloco descritivo que the segue 32) Reportagem deseritiva ‘Se, como acabamos de constatar, tanto 0 texto narrative ‘come o dssertativo podem incorporartrechos descritives, por seu Indo, o texto descritivo pode, também, ter (e, em geral, tem) tre- ‘chos narratives e trechos dissertativos. Afirmam Sodré ¢ Ferraris Una raportagem ttsimente descrtva core o iso de tomar ais- ‘ureva ou extamamente ia (977, 9.15, CConforme os autores citados, com raras exoepbes, a report gens inteiramente deseritves tornam-se pouco comunicativas, quando ho dessgradives. £ o que ocorte freqUentemente nas reportagens com descrigdesténieas, de algumas editocas especializadas. ‘A reportagem descrtiva pode tornar-se bastante interessante se nla forem introduzios recursos narratives. [A desergho & dinamizada por pequenss situages sem importincla funcamental me que eriguecom 0 toro, ssegurandoxe io p= pio Goure Fara 1977, p11, ‘Mesmo um tipo de reportagem que, eralmente,tende para 0 Aescrtvismo, como a de turismo, pode se tornar mals fluent se Wier agregar em seu texto trechos narratives ¢ dissertativos A evista Quetro Rodes, por excmplo, publicow na sua edicto de jlo de 1990, & paging 92, matéria turistca sobre a regito francesa de Provenga. Vejamos como, num de seus trechos, misturam-se 08 08s tipos de textos. O trecho inicia com 0 t6pico frasal contend lum ato decorrente de dois fatos motivadores, apresentedos logo fem seguida, no desenvolvimento, dentro de uma relagdo efeito ¢ ‘causes. Eneerrado o pardgrafe disseratvo, iniciase outro narrativo, Pontilhado de fragmentos deseitivos ‘Que niaguém estrane esta mistura de treme cultural com atocto ‘mos. Pimelro, oraue o automobiles & tremendemente pops 1a Franga, Sagundo poraue os guerre a antiga Roma usevam ® regido de Provengafontgo Pronncia Gala Narbonnonsi) pte les: tar suas Olga. AD sairmos do aulécromo, epenes 8 qulmetios Asiana, encontramos um Belo vetigio romana: a Pont du Sas de 278 metros de comprimento.e 50 de altura, conduzingo um sauodute ‘uma plsta sobre oro Gard — pista mute eae para nosecs cas los mogeros (ra verdade, 24 ov cada um). Sequimos eno pare sudesie, rumo a Montpelier Sete — onde a Dela paisagem dos lates vlan no porto contebia com 8 piste Ge provas da Gooayes,constuda em melo ooe canals. Depo, Algues Merle, cldacennhe medieval excada de muelhas fom meio alagoas pantanes A divisiio do que se descreve Nest item, vamos anal sara dvisio do texto des crt verifier o qu podemos encore desert em textos. Come- cemos observando a descrgdo de uma cois: um sistema de irrigasao simples na matéria “O espaguete faz chover”, publicada na Globo Rural, de janeiro de 1987, & pégina 24 © conjunto intro comage com uma bos fonte de Sgua — nascent, ‘bei ou pogo — eapar de suptra rea seo ngaga.€ nessa tonic {uo 9 inssiam os canos de PVG, pain de uns otobembe coro {a com @tamanho da plantagda A asbeecanos lignes un repata 2o egisteligeee uma fubulagso secundaria de cond do YU8 de dameto. E dessa tubulaedo do cordute que vo part, iterates 4 mals ou menos 1 mete 8 conduits praaioe, de la plegesa, qs recebero 0 asersoreso que devon tar, lgicamata extents os canietos ov lees ue seas rolnacos De nisi, podemos pereber qe a otlidade do sistema de ie givto fl diviida em parts. O “conunto Into” ft veparido fm fonte de agua; motobomba; canes; regseo;tubulaso; condu tes aspesores, Obseramos, depot, que cada parte da dvsto do ‘Stem fl considerada oladamen Esser dols aspects da desredo do sistema de ingasdo esto presenes na deseigto de todo objeto, Entencomes objeto — jt Irie far aneiormente — como tao o que €pereepUvel por qualquer dos sentids, Toda Gece iniia com um ttalidade —o tema rat, em Segids,dividla em pares — nos subtemas —, como tnowtra Magalhies (4, p. 102) Abreu explice como um ambiente, por exemplo, que na vida real compde uma totalidade, a ser desr- {o,aparee em peaos: cuando algunos, preamp, "Hea una grande saaretange ‘Sr 'geainente agus una sua vaso Se ene meno slave ‘ce dno crv densa sala haa plo nego cabo ep nar la coun nico move Um ro em, ‘Else nano, varce meando teala, aoe povcon,emporlments {23 Encontados os subtemas — as partes, 05 pedapos df to dade — hs entdo, 0 que Magalhes chama de predcaro e que, de fato, Go detabamento, como veremes adit. Cada sublewa ¢carae~ terizado, raves de qualdades que the sf aibudss, das agBes gue execu das comparagoes gue se lhe fazem?, Por exemple, 0 sub- tea foate de gua, do toma sistema e igas, recebe rs preica- oes (Geta boay capa de spre en Sr liga; ela) s fnualam os canos de PY. (Os doe aspects que observaos nesta descrip de wma coisa co sistema de iigagdo —, 0 da divsto de sua totaidade em par tesco da preticaeto (do dealbamento) d cada ma de suas partes, poder amie ser encontrado ns deserigbs de ser, palsepem, situa fo. mundo psicligeo e mindo imaginaio, is &, em tudo que Eoniem um texo deertvo, como veremos @sepuir. Os subtemas foram separados por barra nas exerplificactes. Ser Gatnhaseigamtes: ox glo de una seas ats ater, 8 mares gl {Ecos ws mento, cravam aS a dear 8 lca Ao gues ai sié0on de sfrae qloa/enguante ura eaipra climes be lobo Fara ene Paisagem Atha de Fernando de Noronha: {:Jenormes sures ena nei ttn lo mar aes ue You 490 umso) fore ecavemassubmarnascoberas do aeponjes coral olds ha das Seeas cnguistao wastante com su lea nl "aI, Foiha go S. Poua, espa do Cadama de Torso, 26 de fo de ‘8 Situagto ‘A de um astronauta em viagem espacial 1s pes0/a slic! #0 snc eosmico/# sean. feck a custa de esiamoe aliments (ack suporarat Rescate, fovea ae 1987p. 2). Mundo pscotégico (Crise de angst: como se uma grande mao eathaese 0 tap todo te aperando o tod As vezoacomago a chrar de rpente feo uma bola Chota lum motivo toa, que em ei gual 6-0 homem ests angus ew Iisa, agosto de "607, 9. 6, ‘Mundo imeginério © sonho da vtdria da selegzo brasileira, na Copa do Mundo de 1966: ‘Quando o esto de Webley ow o apo ta do sz, Abe, o mae Jovem dos jogaores da selsgao aslo desmsleu sin campo! Os ‘utes 10 no pacceberam nada, Saltaran © gavary como locos 298 brags ebeis/ Cam os bragos apantando eu, os puntos cx fades, Glimar Bera, chorendoRaportagem cee “Brea rear ado (lol asim que ganhamos a copay" Realise, aide 958, p. 23. Elementos articuladores de imagem Comparagio © detalhamenta A Realidade de maio de 1967, & pagina 16, publicow um texto sssinado por Narciso Kalli, em que o narrador em 1? pessoa des- reve o que assistin acompanhando 0 momento m0 qual um jovem vciado injeta drogas em sua vei. Titulo do texto: “Ele & um vicia- 0". O cenirio da experiéacia — 0 apartamento de um professor, ambém viciado, que concordou em cedE-o para s experiéncia — bre 0 texto: © apartamento do protester é igual a cantenas de outos existent fm sera Yegize da Vila Buaraue, bai wasielonal de marginals Iminosos, quo crbnica polit paula, com rezso, mas em orga liad, apssou do "esbmunao do crm". situado no qunto andar td um ail de dex 0 eparamento tom oma talsiving grande © fscura, qu © professor digs em dias, transformando parte da ‘tent om ester, Por um corer que al co centre da parte a ‘al chega-e & coznhs, a0 bane ® 20 quarto de dormir. Meso fella a nica para clara ca casa © echo transit, consid de quate trae, didese perce m dans pases. Nn pring ong se EiGat sacrador far une comparaeto do apartamente do profes: sor com outros apartameton de ura ceo de Sto aslo" € iguel a”) ene segunda pt desreve 0s tro. "compara, como tf no to atnad poe Kal, ¢ om cos sent sue no nuda 8 aca om mage 8 sbjeo sue petendeses dren © our clemento a ere tho fren so ial oem anterior ¢ ealameto, So es Slonenos que vamos eta neste tm Compara, Corn no explo da mats tasers, a conperato are cm mun tas de un net coeds Sur seme come ponte de refers © por is 60 gol aor Fri nods o Conese wo esconheio, sim como desc Mieco no conde, confor oberon Seveito Bato em edo’ erever ¢ desvendar 0 mn (99, #7, Det mod, anise sapaldade Gen st comic a ecepese ate Sh de seus fevton, A compuragto ea por ur autor # parce Um clement conic plo tor, 68 conio met de apreener ttt otragor do ob dest, O er pode ner a fos no sev ives de condiment, Ao Tomes elemenon see Ihntsacomparsto ora acess {cores ere onan cata de rls pr oie Sei foc ensks tes ns Stesane Schjnon cunts Goon, oe 9) Um exemplo deste procedimeno: 0 eatudante de Floste desconeco, hum tea pabizace pen Fes, om 16d mao de 1950, psn 1 com oo “Replicas, nei um apo com 9 aul osteo cern eatavam faiazas, 0 os estudantes que trabalham. A inseroio fornece um “contexte de referéncias” ao leitor: Gomo muitos unversitrosbrasievos, etudante de ilosofia Paulo fawn, de 29 anos, svi o seu tempo ante a aules@ 6 tebalho 4a contador num eoiticace shopsing onnter de Gut, Parens Detathamento. A capacidade de caracterizago de um objeto, manifestada ou nfo por um autor em determinado texto, est rela. ) Heterocaractrizagdo: quando feta pelo autor, pelo narrador (4 por outre personagem. E a que favorece 0 aperecimento de apreciaglo mais extica, Indiveta, mais dindmica, mas aparece de forma dispersa nas palavras que a personagem pronuncia, nos seus aos nas suas Tet 686s perante o8 outros, A fala como eleniento caracterizador de uma personagers serd objeto de nossa atenglo mals adiante. 4 o fato de os atos es ree- es de uma personagem deixarem iransparecer, ainda que de ‘maneira fide, as suas earacterstcas, tem enorme importéncla na ssiruturagio do texto da reportagem descritva. E a possbilidade 4e descrever uma personagem contando 0 que ela faz —- no perfil ‘de Marcos Lazaro, o boicote a Recife, por exemplo — que permite 4 Incorporaséo num texto deseritivo de treshos narratives, como Vintos em capitulo anterior, Parece mais convincente o texto onde me _o1es70 pa seme rion ren una cracteriticn rad, 2 nds tibet uma arin 2 pongo dno ae puis — co faa et tet, con eps tpenensem eel ‘vida e no qual tal caracteristica se ress te Por Cae ae oof de Maro Lins, oft cao, ue ‘pint arparce nse eho, li dade pcos: doo que 6 ast deve sr bam aco ns ese in io. Ta 9 ue uo eve: en ttc soa venes fot, ace moon cre te ‘re ant. ant na a cat po ea scr oul sls Seo. edu omit Soo Livro, para pone gusndo pudese € 0 bteve 182) Aono Cae, em psoas de fe, afi se uw eqs een =n coo wba comer {in fag ou une informaglo — 0 "agen de" Ew tapos onerat como pre de 080 Pam fa ao itn deur Gong psn Na evant, aproximadvae desontiaua porgue 0: mano or sun narra sto mise inane Ahem nin un lems abun ue fo de ean pst, 2 fim Se podemos ae [tito onsen odor desu ety nabs 0 a Sowo, mens vanva, que gle 6a personage Cf. Candido, 17 Boo, portant, satin detent cunts, con dais qua penoaeen rela spires ge betray o ni de ei, Inocoldss Alf do, como salam Lopes Rel, feat ene redness ais 9a pean feo ncn amp por dee ere lo 80 {Sno eo pane sual Geet, no al eines ene fem e sox comportament 985, p. 87) Aspacto fico earn eee ee eens eae ee 6) Gari define mesmo desi coo repeats veal oo Sera ant ae oe cae ie ioe ieanee eresinc PORTO DECHIVA Reco RFAGMEITO Ww Descrever, como jd assinalamos de svordo com Garcia, no é felacionar © maior nimero possivel de detalhes que compor 9 objeto, mas, 20 contdro, & selecionat os aspectos que mais pres, sionam os sentidos. Se Garcia chama a atengao para a necesidade e selesto de pormenores, Abreu (1989, p, 37) sustenta que a des, crigdo deve ser breve restingindo-se ao essencal, Estes dos aspen, {08 — o da selesdo de pormenores salinies¢ singulares ¢ 0 da bre, vidade —, em gerl, estio presents nas descrigdes de aspects fs 0s de personagens de perfis publicados pela imprensa no Brasil, sxpecislmente nos da Realdade. Por exemplo, na materia sobre 2E Arig6 — ““Arig6 €aiitima esperauga”” — assinada por Roberta Freire, na edigdo de junho de 1967 da revista, 4 pégina 70, alo empregadas exatamente quatro palavras para descrever 0 aspecto fisieo do milagreiro: Grandaingo, de bigodes, berigude No perfil do politico Ademar de Barros, na edigdo de Janciro de 1968, & pégina 134, assinado por Luiz Fernando Mercadante , “Ademar continua vivo” — é gasto um mimero de palavras tum poueo malar {um homem st, forte @ meio nriguco com eeu 118 qullos re visce ade) [Nas duas descrigdes foram resstados como pormenores carac- teristeas do aspecto fisco das personagens a altura 0 peso, Ne Aescrigio de Zé Arigé assinalov-se ainda o bigode e na de Ademar ¢ Bartos, o tamanho do nariz. Qutros perfis, embora sempre de ‘modo concis, ressaltam ainda pormenores diverson dester, O ds Dom Hélder, jé citado, deu destaque também is maos ¢ & idade, ‘como pudemos nota, antes. Franaino smo pequenas, como 38 de um mating de 1 ou 12 anos, ‘om poute mala de um mairoe meiode ates? anes oe losse [No de Cassius Clay, iguaimentejé citado, a énfase no porme- ‘or de urna forma é dada através da repetieto da mesma palarre utliznda para designé- Ee alesimoe redondo, os bragas redondoe, as nddegssredondas, rose redonco, corde cate-comiete cat, ‘Assim, nos dois primeiros perfis mensionados foram acentua: os, em poueas palavess, os pormenores: altura, peso, bigode, nati, enquanto que nos dois sitimos, frsarantse ainda os pormenores tndos,idade, bragos, nidegas,rosto e cor da pee. "A coneisdo dos perfs de Realidadeficaré ainda mais evidente se, como Branca Granatic em Técnicas bisias de redacdo (1989, P. 44), considerarmos a extensa relacio dos detalhesfiscos externos dos seres humanos: altura, peso, pele, idade, olhos, mBos, pelo, Dartige, permas, pés entre outros. Além disso, cada detalhe pode apresentar variages de uma pessoa para outra. Sé 0 eabelo, por fxemplo, varia quanto A cor, forma (ondulado, liso, erespo, et.) fo comprimento, brilho, corte e penteado. Algumas destas vari 8es aparecem no perfil do médico sanitarista Noet Nutels — “0. brasileiro Noel Nutele”, na Realidade de agosto de 1968, & pégina ‘90, asinado por Carlos Azevedo: Parecia ina figura do olgane {.} com seus eabelosvasts © bran- ot, ue sobcancelhaeapessa e pel, seu bigode imenso © giaiho, ‘esta ale, © nara maw. gusto anguiles (1. ‘A caracterizacdo pola fl A caracterzasio de uma personagem, de acordo com 0 que cestudamos em item anterior, ndo se reduz és qualidades atsibuidas Gicetamente a ela pelo narrador. A forma de agir da personagem também revelacaracteraticas suas, assim como, © que nos interessa, aqui, ax palavras promunciadas por ela. 'As palavras emprepadss por uma personagem ni cransmitem somente aguilo que sigaifleam literalmente, Servem também para ‘atacterizé-la porque além de um significado literal, de um sentido de base, como o chama Pierre Guiraud em A semantic, tm ainda valores s6eio-contextuais™, Valores sécio-contestuais so, segundo © autor, imagens subsidirias (daqueles que as empregam costume ramente ou das situagdet nas quais tas falantes estio implicados) {que se superpdem ao sentido de base das palavres. As situapdes fem que as petsonagens podem estar implicadas ¢ cujas imagens se fuperpdem a0 sentido de base das palavras empregadas por elas, fde uma forma geral, so as de sua existéncia. Sdo situagOes que iem respito & regio de onde procedem as personagens ou emt ‘que vivem, & sua idade, profisio e posieao socal, 20 seu grav de Geolaidade. Tas situag¥es criam o que Dino Pret, em A gihia © duiros temas, chama de variates de linguagen. Vejamos tis vaiagbes, provocadas: Pela regio das personagens. No livro de Leandro Konder sobre o jornaisia e humorista Aparicio Torelli, Bardo de hararé (0983, p, 33-5), slo transcrtos alguns dos poemas assinados por personagens criados pelo “*bardo" e publicados no jornal A Manhd. Cada poema era escrito com a variapso do modo de felar a lingua Portuguesa do imigrante de um pais. Os textos embora nao senda Jomnalistices lustram bem as variagdes de linguagem provocadas Deas reves de origem das personagens. O do imigrante portugués Jilio D'Antas tinha por titulo ““Amoire Ingratu’”e foj publicado no dia 3 de janeiro de 1946. Sua primeira estrofe: Hote puguel a quoneta au cispos puguel nu papele pia inscradore este sureto Sain quo me rupee A primeira estrofe do poems do alemo Augusto Fretertika ‘Schmidt, publieado em 5 de janeiro de 1947: ‘Game? — mas onde # que dang bas enence Bode gompra? 2 ehende val numa ae0ugie bute gatne rong ha Ea do potma do italiano Fiorello La Guardia: to sono au, asia, In nome deg alia, per agradecer 2 tut! ‘owt aussie vost ait apenas o pais de origem de uma personagem deixa a marca de sua influtncia na maneira de ela falar uma lingua. De mode malt eit, também redo de onde ela provén, Nama ‘eportagem sobre os jovens do interior, assinada por Luiz Fernando Mercadante, “Eu entrei na turma”, ta Realidade de setembro de 1967, & paging 93, hi 0 seguinte dislogo entre um jovem eo joma- Tista-narrador-personagem: =e tas 28? To — respond no falar da toe. Senta que au 26. 41éem outra matéia do mesmo cepérter, sobre freiras que di gem paréquias no Nerdeste, aa Reolidade de janciro de 1967, & pega $2, a manera de falar da regio estava até no titulo — “A bénglo, si viedsa”. E ainda no que dizem persouagens como Romildo, um garoto de 10 anos: = onde # a casa des frlas, Roméo? = oxanta, mas quem @ que nao sabe? (come una da ras ~ an tenga ~ a Vins pera — 1c tar wa iroer que ett mule spaessa ple owes eeu wrado wo mai Sansome! Pela proto, Por meio os mati do Jrelismo especial ado famente se ycebe at naras 8 profs ds pe ens impimem en sts fs Tae, po sto Maro Exbolto Su neni incite Seu iro Joraiomo expected (981) Fs de elas qu fo poopie Ge cane de iad pots Soni ates par cic respecivas,Algmes dees pal fren du ten da elo oe espore(p. 1) acum, aro, iad i i 2 ans, cai ors io da coin de economia (159) open marke, veri nbio. Nunn edo Joral ada ole de 8. Paulo de 28 eevee de 990 —-as arses de Hnguogen nas vere eas Se vides proisonae orm se vite ne passage das a ‘hs do ume edoia pare are otra. Na atea "Ctescem 35 ennias contrat ayio de saree, oa pga 6 co Calero de Econom une peronase, Joo Maa se esr esis ue etender ue defo de mercado ees Sateen em ovarian sia on ee de tino dos Jovadoress pina 3 Caderno de Boor, oa persongen, um actor do Novorzontn fala este mod: on cles aura a5 nt co Psi sua conapare # aot Finalmente, na maria “Bano cisto de produto na Bova aura poduror te Mena pagina 2d eadoo AsTfali, © tome Oxiio de Marchi dir rept da Boia {eo tll et ees 04 cai © se eas ela de. As pbs las a adolescents cosumam sorta shaada sta joer. A i segando Dino Prete A aiva € outros temas, & uma linguagem expecial que ndo atende apenas go desejo de originalidade. Por seu cardter hermiético, serve também como elemento de auio-aliemacdo do grupo no qual ¢ com Dreendida. Ele € um signo de grupo’. Ao falar de modo diferente, ‘stropiando a linguagem usual, um grupo de individues agride © convencional, opdese a0 uso acelto pela maiotia e deixa mascado ‘seu conflito com a sociedade. Entre os jovens esta linguagem espe. ‘ha com fidelidade o conflto de geragdes (ef. Pret, 1984, p. 2-8). Numa entrevista & revista Trip, edgso n! 5, de 1987, 0 sufista ‘Teco de Camboriié conta como ficou sua vida depois que mudou pata a California, nos Estados Unidos: No Brasil, au aa um cara muito progugoeo, acomodedo. Casa de mmamée... tal. Agu totalmente dteete, Tenhe desesces shot, moro em Ocean Beach a cues quacac ca pai, num apartament alugadow avai com autos cinco braietyow otenaventay. Tom © lado 30 suite que &chocarta, Sempre nem “batess™ pro Mica 0u pare pots famosas como rele, Oceanside, Cadi 2 the Sea uma porrad de outros, tam slucinantes, Ov eno serps teat ‘una oninha aul na frente da cass mesmo, como em Cambor, ‘Ago tem aquels hora do tango que ame no, @ tenho quo me \iarseznho, No 6 fall poraue eu camo, w nfo Pouce, Wad, Loto bom, serecto que suo nosas cleus simples ue se agree ul ‘cho que aes 6 dacenvlvendo a minha personalidad, ‘Assim como hé palavras préprias da linguagem dos jovens, ‘hg outras que conotam espisito antiquado. Algumas destas palavras «stfo entre as vetadas nos textos de responsabilidad da Redacao de O Estado de S. Paulo, por serem consideradas fora de uso, ¢ 56 slo admitidas em declaragtes, isto &, em falas de personagens ‘ou em artigos de pessoas estranhas ao jornal — conforme o seu ‘Manual de redagdo estilo (1990, p. 56). Sao palavras como: aleade, bburgomestre,causidico, ei, jaez, neeropole ¢ nosacomio, Pela posieio social. Preti chama de disletos socials as varia- 8es de linguagem que correspondem a diferengas socials ¢ cult sais dos usutrios ou de grupos dos falantes. Assim, afirme: Dentro desta perspective, Laviamos um dialeto culto @ um dlate Dopuls. Ente ees, um Npotatce dalete amu, constiice dos ontibulgoes de ambos (14, 9.7, Nesta escalalingistcs, associa-se a classe de maior prestigio ‘social e econdmico ao dialeto clto, ea classe opera, assim ome {oda @ populace de condijao econéimica inferior, ao daleto popular. Sequndo 0 autor, 05 jargBes ténieos representam uma varis~ so do dialeto eulto, enquanto a gira e a linguagem obscene corres- pondem & varagdes do dialeto popula. Ele lembra que a gira, por $a ligapio, no passado, com a vida desonesia e marginal, i teve conotagao de “linguagem baixa’, “linguagem de malandro”, © franscreve um echo do depoimento de um malandro, publieado pelo jomal Correo da Manha, do Rio de Jancro, no dia 5/4/1959, ‘om a respectiva “tradugio”. ‘Seu davon, © patus 4 seguine: depos de um gelo de cotacnna eso! esquiar eapar um outa eabrocna quo roparasse arate Fite amatrotaese 6 meu lane no sabdo. Quando bordeva peas Viassbastect a eevet, © toxue| por centavos um embruhador {Sou doutor,«convera és segvine depts que ful abandonado por ‘nine companhelra, rob precurar uma outa que preparasse minha Comide laisse mou taro. Enquanto passeava pelas 108s, Debt lima eachaga e compel um Joma epud Pre, 198, 7 elo grau de escolaridade. Assim como as diferengas socials econtmieas, as culturais também determinam a insereao de um falante ou de um grupo de falantes na escala linglisica: disleto culto, ialto comam, dialeto popular. AS pessoas mais insruidas falam o dialeto culto, as menos instruidas, 0 popular. No entanto, ‘como mostra José Hamilton Ribeito, na reportagem “Coronel nfo, morre”, na Realidade de novembro de 1966, a pégina 28, sobre Chico Herdelio, um dos maiares coronéls nordestinos, nem sempre fs pessoas menos insruidas esto na classe economicemente infe ot. O coronel no texto fala assi ‘Toa, yoo® etd outa vtz so enleando com rabo de sala, num i? {a andl sabeno cles Deies de molec, tj 6 home de ter ‘ergoona. A oumade Matia vio quaia que voo® td botando casa pre tutta mal fo num se fle. Val pra casa convorsar mate com ormace Mara, ce pra sa que to vl larga a outa depois ovals oie vam saul pra rd ne inne frente que tu val ¥vé come hom (rt, de ura eae, Caracterizagio paco Quando estudamos caracerizagto indirta — no item sobre ‘caracterzagio dire e indieta —, acentuamos que as caracersti- ‘Gs, 8 tagos, a8 qualidades de uma personagem sio manifestados fambem pela sua forma de agir. 14 quando estudamos a ambients- ‘fo dissimulada — no item sobre espaco —, destacamos que entre ' acto de certa personagem ¢ 0 espago onde ela se insere hé uma fusto, uma harmonizagio, uma colaboreelo reciproca. Podemos, fentdo, agora, compreender por que as csraceristicas, 08 18508, a3 ‘gualdades de uma personagem podem estar projetados, impressos, ‘ho seu expago. Lopes e Reis afirmam que o expago, em primeira instncia, ¢integrado pelos componente isicos gue server de cena: Flo ao desenrolar da acto ¢ & movimentagéo das personagens, como vimos antes. Entre estes components fisicos, os dois autores incluem ‘0s ambientesinteriores — as decoragies 05 objtos (1988, p, 204). No processo de caracerizagto de uma personagem — também jd notamos — ha freqientemente redundncia entre um componente € outro, o que tora o texto leivel e coerente. Neste item, vamos ‘observer como foram captadas as projepdes de caracteristicas de personagens em ambientes interiores (como os de casas ¢locais de trabalho) de um modo geral e, especialmente, em eertos objets, ros perfs de oito edigdes diferentes de Realdade. Vamos, desta forma, abservar a redundinclae a coerEneia entre espaga ecaracte risticas de personagem nestes textos. Casa, Em alguns pels, hd uma relaglo evidente entre 0 ambiente da casa da personagem e a sua atividade profissional, como se 0 oficlo de cada uma delas tvesse eriado 0 cendrio onde la veio a se instlar. ‘A casa da maede-santo Olga de Ala-Kétu (Olga Francisca ‘Résis), no perfil assinado por Roberto Freire, na Realdade de Janeiro de 1967, & pégina $8, confunde-se com 0 tereiro em que la atua: ‘roa de Olga um grande dace no sentico do poente que vai da fa Li Anselmo até lundo do vale onde core peevera no, cas fica uns com metros oa rua, & quel se chega por um eaminno de pdr, descendo sempre fu] A casa do candonbls fom na fate o teva, ato 6, um grande sal80 ee oto metros por sei No fondo Ao sao costurnarm fear, dou lage, o: gue tocam atabaque durante 5 festa: o, de cute, a mdedesemo s seus convidados ou par. antes de oars, Cenos de fro marcam oe limites em que o fertra awa, na forma ce un quadrado dents de oto. O eental bu cane no dr ica asta, ens Ge ue ‘mulheres de out. Por ume pots, 20 funda, pac qua {Be doe saris. Asem 980 arogu a een de Gigs ranioss Rane 9 tera da Fumi, © rancho do sertanista Claudio Vilas Boas, no texto “A boa alma dos Vilas Boas”, assinado por Carlos Azevedo, na elicdo de aio de 1967 da revista Reoldade, & pagina 72, rflete 0 despoje- mento proprio de quem se afastou da civilizagdo para se dedicar & salvagao dos indi © rancho de Clause ¢ modesto. Una mess, um banco, ua ea fe Tos, 8 moringa, um sspelho ® oma pia. Num canto su fede branca no posto um motor geredar de eleteeGe as go 940 tom isa, Claudio noo pe para funcionar. "E multe baruhento™ Polar uz aa lemparina Bem diferente & 0 ambien da casa do escrtor Jorge Amado, no texto “O homem amado”, assinado por Alessandro Porto, na ‘igo de agosto de 1966 de Realidade, pagina 50 — um ambiente dde quem vive eeread de artist Ls po bao do Rio Verma, na ua Alagolan, $3, uma escadinna ‘onwia sontrar. porta também 6 pequera eta prestupor um Ite foe modesto ede una humisde rantscara. Mas, quando ports ‘Sa aba, vor a aurprasa ~ todos os grande Fara na decoragdo da cass, Oar desenhou as potas que debam passa, num Jogo mistafose, o ar, mao nunca o vero; a uz, mas Funea 9 ol Nas paecesha ua iulsima colegio de bas de ate Local de trabalho. Se 2 atividade profssional da personayem transparece, as vezes, no ambiente de sua ease, manifestase com mais forga ainda no espapo onde ela, freqlentemente, exereia: ‘ eseritério, como se verd a seguir em ts exemplos. ‘A-sala onde o milagreizo 22 Arigé atende, segundo o texto a Reelidade de junho de 1967, & pigina 73: a sala de consults & pesuens, apenas ums jancia ea porta Sobre a meainha de gd, né um Casto eolodo, o lace slgune rare for: siln Kardeo, Cleo Naver, Sezer ge Menezes — fecicos © ‘méclunsespintae: Ma cantare a, tambéne "Concentrege, 06 «0 ‘resto atangdo na consulta dos outros © gabinete do joralista, editor e politico Carlos Lacerda — no texto “Este homem é um anjo?”, assinado por Luiz Fernando Mercadante, na edicdo de abril de 1968 de Reelidade, & pigina 20: >a una colo da Tibuna da impronsa, 0 poaueno Jal que cee. ‘a.com suas sampanhas. Do ota Indo ame colegao eA Ceres, ‘esta policn do passado, nae nas barberiaa, €twoo, vba & Tals os, de art, de tear, de uso, Sto 6 mil os que fazer & Volta om tod o ee gabnete, varias encicapedias om fente 2 meee fe trebalno, uma aster de economia, ota e rligio, outa ce ‘noi soci, tela aau, pottiea ai Por fim, 0 exeritrio do emprestio de artistas de televiséo Mar- 0s Liza, ctado em Realdade de margo de 1967, na pagina 147: (ute Maicos Lazaro} existe mesmo & enre as qualio parades de Seu esrto, onde eso os sino de eeu poder: « maauing alcular, 0 alte com as chase conta de arstas, ol vd ‘os ales, 3tloveuo poral =o taao de sheaves, Objetos. Como é possvel notar, a redundincia entre as carae- ‘eriteas da personagem e seu espago, nos trechos de perfis trans fosse ola prea vee. Bastava que rolafo spresentaste © ‘menor sutpense, pra que anegalsse os olhos @ abies ger Imantsalbocs@ asim fasse ae 0 ceslocha, , ainde: Enquanto o outro flav, Roberto fl deizando de faze o quo Faia €| ‘abou sentado lane ele, do oles aroyaads, boca abet. nt tesesdlesimo. Caractersticas psicol6gicas — 0 othar A narradora, nos textos assinados por Oriana Fallai,€ sem- pre muito atenta também Aguilo que os olhos das personagens trans- mitem. Vejamos 0 que a narradora percebe nos olhos (¢ nos olha- tes) de algumas personagens, em textos de perfs jf citados: NNo de Ana Magnani: ‘ano flava cobra a face com amigo aregalev para im aque Tes inas temendos (Fala, sc, . 174) No de Baby Doc, na pigina $4, apés um tumulto eriado na sala por Fall Votioe para o® ministos um olnarineréduo, ntrogatve, pred, (ue pec sno Tous fl que ea cise? Que sconteceu? Que foi? Mais adiante, depois de Jer as resposias preparadas por seus assessors, as perguntasentrepues previamente: Erque 08 athos pers min, como que dren: Aeabel, ui no tem rais nasa (p88) E, no Final da entrevis ‘Me angou um otha (sab oolhar de um esononno preso& coon: le que mo escapou ua ovslamagace ‘oa sorte Bonne chancel) 5) No de Porfirio Rubirosa, cujos olbos ela chama de “moren- ‘guinhos svestres”: ‘Quanto 08 morangunhos svestes fava o nada, psrléos, come 15 tendo arastado pets slcoraElabeth Tayo, Rub ves oncom. ‘tago em sous bregos, eel Nita Kruschev. [No do jovem assasino norte-americano, em Realidade de abril {de 1972, na pagina 138, no instante em que o Juiz 0 condena & morte: (© resto pareola imével © 08 ainee asda expimiem. Nem aurpces, nem medo, muito manos vontade de hora a No de Fellini: {sous olhos estavam graves, vase 1ogo que ou Jé ngo podetia ‘cham Boinno ou Bold (ala, sa, p42, , por fim, no de Gianni Rivera: ‘Gianni, endo, langavatne [a sua mae] um ear eopete, como a ize "Sonsegue, ev seo que estou fazendo ® 0 que estou clzenco” (Fl ‘eel 8p 108. Vemos, portanto, que, entre outros sentimentos, a narradora petesbe nos olhos das personagens incredulldade, desnorteamento, Indiferenca, esperteza. Ela consegue observar tudo isto porque of hos, assegura Steinberg, com seus movimentos ¢direeZo comuni- ‘cam sempre algo, de forma deliberada ou indeliberada?. A autora indaga: ‘Quam [a nao usow a ase: “0 seu omar dase todo (1885, . 20, Davis atime que uma pessoa pode expressar multes coisas stravés do olhar e que 0 comportamento ocular ¢, talver, a forma sais sutil da linguagem fsiea,assegurando: ‘A cultura nos programa desde pequenos, ensirando.nes 0 que fazer ‘omar olhos @ 0 que espera da peoxie (1979.7). Para a autora, os movimentos dos olhos de uma pessoa sto {nfluenciadost 4) pela personalidade desta pessoa. Por exemplo, quem é mais car Inhoso torna-se eapaz de olhar muito, assim come quem sente mais necessidade de afeto; by pela situapio em que esta pessoa se encontra, Segundo Steinberg, as pessoas obrigadss, cifcunstancialmente, a compartilnar um ‘expago restrito nao s6 se encolhem para preservar sua privaci= dade, mas também desviam os oltos umas das ovtrss. Elembra ‘© que aeontece em elevadores © em transportes coletivos, Davis Tembra ainda outras stuacSes, nas quals se exige uma intimidade ‘minima: quando um mordomd atende a um convidedo ou quendo lum oficial repreende um soldado. Nessa situacdes, 0 subord nado deverd evitar © contato visual, mantendo seu ofhar sempre para frente™; pela atitude ou sentimento que tl pessoa tem em relagdo a quem Ihe acompanha. Ressalta Davi ‘Quando duas pessoas se etrecnam, partinam ofate de que sentem pacer om esta unas, ou de que esta tesa ou sasuaimente exo fae (1978, p 70), «pela sua importineia dentro de seu grupo. Ene 06 homens, asim come entre 9 animale, © medo ae einer fellee tegbostemonteo sets. £m perl, 9 animal dominant coe ‘uta de mais espage sual Daws 1870, 9.73. Alguns desses fatores que, segundo Davis, influenciam os ‘movimentos dos olhos de uma pessoa, eoincidem com as Tuagdes o olhar, em interagio socal, estabelecidos por Michael Argyle, ‘em The different function af gate — conforme Steinberg. Observe. ‘mos eisas fungQes nos textos assinados por Roberto Fisire e por (Oriana Falla 18) Busea de informasio. Olhar para o interlocutor garante infor= ‘ago extra através de expresses facais e movimentos dos olhos, NNo texto do perfil de Roberto Carles, assinado por Roberto Freire, em Reale de novembre de 1968, & pagina 89, 0 cantor, ‘80 ouvir fitas com misicasinéditas de divertos eompostores descor hecides, na tentativa de selecionar alguma para seu disco novo: Procuradescobrit as itengtes ¢0 valor de cad criagdo, Frequent ‘mente, oh para seu Evancro funciona de evs gravador) ave Ianiéin uma expressto noire, cancenraca fambdim. E videns = confanga gue Roberto tm na gosto eno diecsibanto do out, 22) Indico. O olhar,sliado a expressBes facials, pode ser indi de: 8) simpatia ou antpata, A jomalista-narradora-personagem Oriana Fallaci fala sobre © ier guerstheiro do Al Fatah, com quem se encontra, no texto ‘de Realidade de abril de 1970, na pigina 35: re um repse de quasetnta anos.) ona pofundo. Cleves som Sinpata »)atitde positva ou negatva, ‘Atitude positiva estd expressa no olhar do intelectual frances [Régis Debray, preso no interior da Botvis, no texto assinado por Fallaci, em Realidade de dezembro de 1970, na pégina 112: 'Seus ohas multe exis Htavame com intros Jé no texto sabre o acampamento do movimento guetiheiro do Al Fatah, também citado, hi diversos ofhares que exprimem at tude negativa: ‘Abu Abed ¢ Abu George tocaram um citar de descontentament: ‘fo gostavam de ouvnnes flare tion ‘Abu George, un rapaz do 2 ano, eabsiogesstanios»olhoscheios 5 regu o kage, 32) Controle de sineronizagio. Através do olhar, 0 tnterlocator sabe quando deve fazer uso da fala. 42) Revelar intimidade, dursgo do olhar é tanto mais cute ‘quanto menor fora distancia fisea ene 0s intelocutores. A manu tengto do olhar 2 curtadistincia impliceintimidade. 5®) Evitar intimidade. O desvio do olhar funciona pars evitar inti midade e serve a quem fala para se concentrar mais no que diz. ‘firma a jornalista-narradore-personagem Oriana Fallai sobre 0 dizetor de cinema Alfred Hitchcock, no texto “O seahor eastda- ‘de, dazado como de maio de 1963 ¢ publicado na Europeo: [1 diaia 8 cole como ae these sido 0 primero a descobras: 435 maos unldas no palo, os oifos ro to, o Jello de garoto que Fepete uma igso decorase (Falla 2.6. p 188) Caractoristicas psicoligicas ~ 0 riso O sorriso do miliondtio Baby Pignatari, durante uma conversa wangila, € escrito com detalhes no texto assinado por Oriane Fellais eu soeo aa stil, nem muito garcimenioe, nem mult acer ‘ads bastava para descobir na fasta medida os seus Gentes, que ‘sho lngos (Fallacy, 8,79 Numa situagdo bem diferente, em que a jomalista-narradore- personagem tents, no interior da Bolivia, convencer um oficial bebado a entregarthe a chave da prisio onde estava o intelectual francis Régis Debray, como vimos no texto de Realidade de devem- bro de 1970, a pagina 112, ela regisra: [ut dois auardas eaguravam ots E evidente que 0s rsos das personageas nos dots textos tém significados muito diferentes. As diferentes sgnificapSes do riso foi © ue logo Ray Birdwhistell percebeu no inicio de suas pesqulsas sobre # comunicardo néo-verbal, segundo relata em Kineses and context — essays on body — motion communication, conforme Steinberg. Essas diferengas decorrem, em primero lugar, da cul tua a que pertence cada individuo: EEnquinto em ums sociedade 0 io pode retrtaramizsde, em outa pode ‘adit constrangiment, ¢ sada em oulia pace conte Um Sera de nostiicade e ataque (Steinberg, 1988.2) [Em segundo lugar, as diferentes significagaes do iso decorrem do contexto onde ele mostra. Variando o cantento,o riso pode indicar humor, divida, subordinagio ou pode ser apenas reacko & uma fala. Pode ter, ainda, outros significades, como vamos ver em textos assinados pot Oriana Fallac e Raberto Freire, Em textos assinados por Fallaci — todos eitados anteviormente 105 sos expressam: £) Prazer. Como o sortiso de Debray, no texto sabre ele, em Rea lidade de dezembro de 1970, na pagina 112, quaade encontra Fal Jaci na pris: [Lee abeusse num grande soso, 22) Ridfeulo, O de Ana Magnani, diante da gravastio de sua pré pra entrevista: ‘Com gests habe fee volta fits, ealeou os bots (o gravador ‘ onquanto cua vor oncha aca, exploai numa gorgsinaca desde: ‘nos. Fu, dascennosa, durante todo o tempo que ev vr Iau (Fa 32) Auto-satisfapio, Os risos dos guersilheiros palestines, diante de uma provocardo feita por Fallaci a um dos comandantes do Al Fatah, quando fez meneo ao chefe militar dos seus inimigas — ‘Moshe Dayan — que usava uma venda sobre um dos olhos, em Realidade de abril de 1970, a pagina 35: = Mosne Dayan siz quo voesa nto sto dignos de serem comparados| 0s solcados vilcangs. Diz que voots nao valan eda as os soldados date no peraam assim: tim paver dé as. Sard ‘no? Se cada um dos us textos mostra uma significasto diferente do «iso, um Gnico texto — 0 com o perfil do ditetor de cinema Allred Hitchcock — mostra a mudanca de sigificago do riso, & ‘medida que muda, também, a forma de rir. ‘A colrevista, de tat, comegou com gargalhadas ents gargatnadae prossogulu Por uma boa meia ora. Mae depos ne gargaihaces 2 lransformaram em risadinhs, 20 sedinhes em eoreaos, 08 sores em ers pelos tantas descobr que eu Jando consepua i, nao ‘onsoguira rr nam que ele me aes ecesaas nea Dantas doe p, Fol quanda me de! conta ca coisa mals toradora que ha ele & ‘grande aldade (Falla, 8.9.59). [No texto assinado por Roberto Freire, sobre o cantor Roberto Carlos, ctado antes, 0 soriso, em momentos diversos, significa, espectvamente: 18) Aceitagio, Quando o jornalista-narrador-personagem comesa ‘a ganhar sua confianga, em Realidade de novembro de 1968, ma gina 86: uit ova brincandoe indo com o= amigo #colages. Tem umn lio Iroloqve de sr mostrando bastante ox dente e avraglanaa os he. [Ko despecirae.soriuene sasim, pela primeira vez. Depos, deseo 2 elgntieade dessa coisa: cunpiidade 25) Boas mancras, Em or trecha do texto, em que 0 cantor est tovamente odeado de seus amigos e seus mcr vi is, de posuere ncaa, mas guano noe dese- Simov oe srs contnuna contd com a shares Samat ein 8 Freie reir, snds, uma terse significado num rs da sun personage, prénitna da qe Stsinber cascade forsado, auando rvelacorstranginento, mesmo tentando esconder Ertoa ina tt sais No argo Foran, ane mt ‘io de joven 0 eaparansO sorico 9 0 acen0 ue cgi bs pessoas fe tava oeu nome fo tno, inser, guase afi (8) Caracter as psicolégicas — o silencio © cuidado com o que dizer faz personagens de dois textos die: rentes — 0 sabre o cantor Roberto Carlos ¢ 9 outro sobre 2 air Ingrid Bergman — assinados por Roberto Freire e por Oriana Fal- Jaci, manterem-se em silncio por alguns segundos. No texto sobre 0 cantor, dia 0 joraliste-narador-personage: vo carnacin, nos despedimos do Roberto Cals, Nao seba © que the

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