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O documentário "Limpam com Fogo", apresenta a história das epidemias de incêndio

no Brasil. O filme explora a negligência que permeia a sociedade brasileira e como isso
se manifesta na forma como o Estado lida com as comunidades negras e periféricas.

A obra se relaciona diretamente com o texto "Necropolítica" de Chille Mbembe, que


discute a noção de "necropolítica", que é a utilização do poder político para determinar
quem vive e quem morre. Mbembe argumenta que, em muitos países, incluindo o
Brasil, o Estado exerce o poder de decidir quais grupos de pessoas são mais ou menos
dignos de viver, com base em critérios de raça, classe social e gênero.

No documentário, vemos exemplos concretos dessa necropolítica em ação, à medida


que os entrevistados relatam suas experiências com os incêndios. Muitos dos casos
apresentados envolvem jovens negros que foram mortos ou feridos causados pelas
queimas em circunstâncias questionáveis. O filme mostra como os incêndios não são
controlados e muito menos lidados em decorrência da localização das comunidades, e
como essas negligências são perpetuadas pelos próprios órgãos de segurança pública.

Mbembe argumenta que a necropolítica é uma forma de exercício do poder que é


especialmente perigosa para grupos marginalizados, como os negros e os pobres. Essas
pessoas são vistas como descartáveis ou indesejáveis pela sociedade, o que justifica o
uso da discriminação contra elas. O documentário ilustra essa dinâmica com clareza.

Em resumo, o documentário "Limpam com Fogo " e o texto "Necropolítica" são obras
que se complementam e se enriquecem mutuamente. Ambos fornecem uma análise
crítica dos incêndios epidêmicos e da negligência estatal no Brasil, oferecendo uma
visão clara e incisiva dos problemas enfrentados por muitas comunidades negras e
periféricas no país. Juntos, eles ajudam a lançar luz sobre uma questão fundamental da
sociedade brasileira, que é a luta pelo destaque dos moradores na comunidade.

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