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ECONOMIA C

12º ANO

1. Crescimento e Desenvolvimento
2. A Globalização e a Regionalização Económica do Mundo
3. O desenvolvimento e a utilização de recursos
4. O desenvolvimento e os Direitos Humanos
1.CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
1.1. Crescimento económico e desenvolvimento - conceitos e indicadores
Crescimento económico: corresponde a aumentos regulares e quantitativos do produto nacional, do
rendimento, do investimento e do emprego durante um determinado período de tempo.

Desenvolvimento económico: refere-se a melhorias das condições de vida das populações em geral,
associada a aumentos da produção, à melhoria das condições de saúde, de educação e de habitação.

Nota:
É bastante improvável que haja desenvolvimento económico sem crescimento económico.

Países desenvolvidos: países que têm alto nível de desenvolvimento económico, tomando como base
alguns critérios de natureza económica e social.

Países em desenvolvimento: países com um produto o rendimento per capita baixo ou muito baixo,
cujas populações vivem sem condições consideradas aceitáveis. Este conceito tem evoluído desde a
designação inicial de Terceiro Mundo, passando pela designação de países subdesenvolvidos, até
à designação dada pelo Banco Mundial de países em vias de desenvolvimento, que, entretanto,
passou a países em desenvolvimento.

Países emergentes: países que não são considerados ainda como desenvolvidos, no entanto, têm
apresentado taxas de crescimento económico muito elevadas, como por exemplo Angola.

CRESCIMENTO ECONÓMICO E DESENVOLVIMENTO-INDICADORES SIMPLES E COMPOSTOS

Indicadores de desenvolvimento: instrumentos estatísticos utilizados na medição do desenvolvimento.


Para medir o desenvolvimento torna-se necessário o recurso a um conjunto diversificado de
indicadores quantitativos e qualitativos. Estes podem ser de natureza simples ou composta.

Indicadores simples
• RNB per capita;
Económicos • Repartição setorial da população ativa;
• Etc.
• Esperança Média de vida à nascença;
• Taxa de natalidade;
Demográficos • Taxa de mortalidade;
• Taxa de mortalidade infantil;
• Etc.
• Taxa de analfabetismo;
• Nº de anos de escolaridade obrigatória;
Socioculturais
• Nº de habitantes/médico;
• Etc.
• Estabilidade das instituições;
• Democracia política;
Político-sociais • Respeito pelos Direitos Humanos;
• Equidade entre géneros;
• Etc.

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Nota:
Não nos devemos esquecer, no entanto, que o desenvolvimento é um fenómeno complexo,
que se estende a diferentes áreas sociais, pelo que, qualquer indicador, por si só, é insuficiente para
classificar um país em estudo.

Indicadores compostos: indicadores que nos dão uma noção mais concreta e completa do
desenvolvimento de um país. Exemplos: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); Índice de
Desigualdade de Género (IDG); Índice de Pobreza Multidimensional (IPM).

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): Indicador composto que nos dá uma ideia mais precisa da
situação económica, social e cultural de um país. Este indicador inclui outros indicadores como a
Esperança Média de Vida, o nº médio de anos de escolarização, o RNB per capita real. Os valores
variam entre 0 e 1 sendo que os países desenvolvidos apresentam valores mais próximos de 1,
enquanto que os países em desenvolvimento apresentam valores mais próximos de 0. Neste
momento, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Noruega é o
país mais desenvolvido e Níger o país menos desenvolvido.

Limitações do índice de desenvolvimento humano:


• O rendimento per capita é uma média;
• O setor informal da economia escapa à contabilidade nacional;
• As externalidades não são contabilizadas;
• O desenvolvimento humano ultrapassa a dimensão económica.

IDHAD (Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade): Indicador composto que mede
o desenvolvimento humano ajustado às diferentes situações de desigualdade que podem ser
verificadas, como por exemplo, a desigualdade na distribuição dos rendimentos.

IDG (Índice de Desigualdade de Género): Indicador composto que mede a diferença na participação
e tomada de decisões do género feminino nos domínios político, económico e dos rendimentos.

IPM (Índice de Pobreza Multidimensional): Indicador composto que revela o nível de pobreza de uma
população por tipos e graus de privações.

Quem classifica os países quanto ao seu desenvolvimento? Normalmente, a classificação dos


países quanto ao seu nível de desenvolvimento é do encargo de 3 organizações internacionais: o
PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o Banco Mundial e o FMI (Fundo
Monetário Internacional).

1.2. Crescimento económico moderno


FONTES DE CRESCIMENTO ECONÓMICO

• Aumento da dimensão dos mercados (interno e externo);

• Investimento em capital físico e humano;

• Progresso técnico.

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Aumento dos mercados interno e externo

A influência da dimensão dos mercados sobre o crescimento económico deve-se às economias


de escala, que se podem obter conseguindo-se custos de produção mais baixos e, portanto, preços
de venda mais competitivos, além, naturalmente, das maiores quantidades que se podem produzir e
do respetivo rendimento proporcionado, isto é, diminuição dos custos médios de produção em
contraste com o aumento da própria produção, criando maiores rendimentos às empresas.

A dimensão do mercado como fonte de crescimento económico está igualmente patente nas
estratégias de integração económica que tiveram um início no pós-II Guerra Mundial. Com a
integração económica, os mercados alargaram-se e as economias progrediram. Hoje, a União
Europeia, por exemplo, é um projeto de integração concretizado, com benefícios incalculáveis, em
termos de crescimento económico, para os países membros.

Além disso, a globalização e a liberalização do comércio também estão relacionadas com o


aumento da dimensão dos mercados. Como há uma maior fluidez nas trocas, e ao mesmo tempo
maior volume das mesmas, a dimensão dos mercados aumenta.

O investimento em capital físico e humano

O investimento é uma das operações económicas indispensáveis, tanto para a manutenção da


capacidade produtiva de uma economia como para a sua expansão.

A importância do investimento físico na atividade económica reside no facto que, para que a
atividade produtiva possa continuar, é necessário substituir ou aumentar os bens de equipamento e
as matérias-primas que se vão desgastando durante todo o processo produtivo. Havendo um maior
investimento em capital fixo, a capacidade produtiva de uma empresa aumentará. Se a capacidade
produtiva de uma empresa aumenta, haverá um aumento da produção, do emprego, dos rendimentos,
do consumo e, consequentemente, de bem-estar geral da população.

O investimento em capital fixo com objetivo de crescimento é a materialização da investigação


científica e tecnológica. No entanto, para termos novas tecnologias, teremos de ter alguém que as
idealize e conceba, isto é, ter-se-á então de investir primeiro em capital humano. Face à crescente
necessidade de vencer a concorrência num mercado cada vez mais global, o investimento na
educação e formação dos trabalhadores é essencial, dado que proporcionará capacidade de
investigação científica e tecnológica e possível aplicação em novos bens e serviços ou até mesmo na
criação dos mesmos. Por outro lado, é necessário que as empresas sejam organizadas e geridas de
forma mais eficiente.

Nota:

Economia do Conhecimento: economia em que a produção se baseia no conhecimento sustentado


por elevados valores em investigação e desenvolvimento, em inovação e em empreendedorismo, isto
é, uma economia em que o capital intelectual é a principal fonte de riqueza e rendimento e que
apresenta valores altos em desenvolvimento humano. O Banco Mundial classifica as economias dos
diferentes países membros segundo o indicador nó Knowledge Economy index (KEI) que representa
a capacidade de um país ou região para competir na economia do conhecimento.

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Progresso técnico

Com uma nova tecnologia poderemos ter bens e serviços com outras características e mais
qualidade, no entanto, esta nova situação só foi possível porque houve conhecimento. Assim, a nova
tecnologia ou os progressos tecnológicos só se concretizam com base no esforço, empenho e
investimento em conhecimento. Por outro lado, o progresso técnico não se faz de uma forma linear, o
progresso técnico tem o seu tempo próprio. Como fator de crescimento económico, o progresso
técnico tem implicações na produtividade do trabalho e do capital, e na racionalização do trabalho,
podendo afirmar-se que o resultado final do progresso técnico e da inovação e potencial dados os
inúmeros benefícios para toda a sociedade.

O progresso técnico abre portas para que haja mais produção, mais produtividade e,
consequentemente, mais rendimento e bem-estar.

CARACTERÍSTICAS DO CRESCIMENTO ECONÓMICO MODERNO

As economias dos países desenvolvidos apresentam um conjunto de características comuns que são:

• Alteração da estrutura da atividade económica, relativamente a períodos anteriores;

• Inovação tecnológica;

• Aumento da produção e da produtividade;

• Diversificação da produção;

• Modificação do modo de organização económica;

• Melhoria do nível de vida da população.

Alteração da estrutura da atividade económica relativamente aos períodos anteriores:

A evolução das economias tem-se processado com a perda de peso do setor primário para o
secundário e deste para o terciário. Tal não significa que a agricultura e outros ramos de atividade
primária não tenham importância para a sobrevivência e bem-estar das populações. O que tem
acontecido é que têm sido criadas outras atividades geradoras de mais riqueza, como a indústria e os
serviços. Os bens dos setores secundário e terciário, pela importância que têm atualmente na
produção e no quotidiano das populações, possuem um valor económico significativo que ultrapassa
em grande percentagem o valor dos bens criados no setor primário.

Por isso, é possível classificar um país como desenvolvido ou em desenvolvimento pelo tipo
de estrutura setorial da sua atividade económica.

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Inovação tecnológica

A inovação tecnológica é outra das características das economias modernas desenvolvidas. A


riqueza de uma economia moderna assenta na sua capacidade de inovar; esta, por sua vez, é
alicerçada em descobertas científicas e tecnológicas. Uma forte aposta em formação e educação são
condições para uma Economia do Conhecimento, proporcionadora de inovação e riqueza. Novas
tecnologias e novos métodos de produção de novos bens e serviços são características das novas
economias.

Portugal tem avançado muito neste domínio, tendo já as empresas ultrapassado o Estado no
domínio da investigação e do seu aproveitamento económico. Em consequência, as exportações de
bens de média e alta tecnologia e o registo das patentes portuguesas têm evoluído muito
significativamente.

Aumento da produção e produtividade

Um dos grandes objetivos de qualquer economia é o aumento da sua produção e, em particular,


da sua produtividade. De facto, quanto mais se produzir, mais se venderá e maior será o rendimento
que, distribuído entre trabalhadores e capitalistas, proporcionará mais bem-estar, finalidade de
qualquer projeto económico.

Atualmente, com um aumento da escolaridade e preparação académica e profissional dos


trabalhadores, novas formas de participação e colaboração têm sido preconizadas. Questões
relacionadas com a motivação e o empenho dos trabalhadores têm sido consideradas e aplicadas
como bons resultados produtivos.

Diversificação da produção

Em consequência do progresso tecnológico, do aumento da produtividade e da produção, as


economias modernas criaram uma grande profusão de bens, necessitando de os escoar. Vender
tornou-se mais importante do que produzir. Novas estratégias de escoamento dos bens produzidos
vão, então, ser implementadas – nasce assim a sociedade de consumo.

Os bens da sociedade de consumo são bens homogéneos, produzidos em série, baratos e de


pouca qualidade e duração. Estas características alimentam novas produções e reproduzem as
condições de funcionamento das economias desenvolvidas. A sociedade de consumo e o
consumismo são, assim, a solução económica para o escoamento da diversidade de bens e serviços
produzidos nas economias desenvolvidas atuais.

Modificação do modo de organização económica

A globalização económica e as necessidades acrescidas que a concorrência mundial tem


trazido têm impulsionado a procura de novas soluções organizativas. Nesse sentido, as empresas têm
procurado dominar o mercado conquistando o máximo de consumidores possível, através da
concentração empresarial. Por outro lado, a intervenção do Estado na atividade económica, através
de políticas e instrumentos diversos completam um quadro de estabilidade que as economias
desenvolvidas atuais apresentam. A concentração empresarial consiste no agrupamento de empresas
motivado por razões técnicas e económicas, nomeadamente:

• obtenção de economias de escala;

• maior eficiência na gestão;

• controlo do circuito de produção e distribuição;

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• maior domínio do mercado;

A Concentração empresarial pode constituir-se através de:

• Fusões: consistem no agrupamento de empresas por associação ou incorporação.

• Aquisições: consistem na compra de empresas, total ou parcialmente por outras, na Bolsa,


através de ofertas públicas de aquisição (OPA).

As fusões podem ocorrer da seguinte forma:

• Concentração horizontal: quando duas ou mais empresas do mesmo ramo de atividade se


associam a uma mais forte.

• Concentração vertical: quando as empresas agrupadas contribuem para a produção de um


certo bem ou serviço, controlando uma grande parte das etapas da cadeia de produção

• Concentração diagonal: quando a empresa «mãe» incorpora outras que lhe servem de suporte
para a sua atividade principal.

Estado liberal: Defende que o peso do Estado na atividade económica é mínimo, apenas em
atividades como, por exemplo, a defesa;

Estado intervencionista: Defende a intervenção do Estado na atividade económica, embora com


moderação, para que o sector público não assuma um peso relativamente elevado na economia;

Melhoria do nível de vida da população

Fruto do progresso técnico, dos aumentos de produção e produtividade, da diversidade da


produção, dos novos modos de organização económica e da terciarização das economias, assiste-se
a um aumento do bem-estar das populações. No entanto, como se sabe, o crescimento das
economias é apenas um meio. Para que as populações possam beneficiar de um verdadeiro
desenvolvimento humano, outras condições terão de ser garantidas, como o respeito pelos seus
direitos civis, políticos, económicos, sociais, ambientais e de equidade.
Uma das maneiras de avaliar a melhoria de nível de vida das populações é através da evolução
da estrutura de consumo das famílias através da Lei de Engel. Pela Lei de Engel, pode-se avaliar o
nível de desenvolvimento de um país, de acordo com a percentagem/peso das despesas de consumo
em bens essenciais como os bens referentes à alimentação. Quanto maior for a percentagem das
despesas de consumo com a alimentação, menores são os rendimentos da família em causa.

CICLOS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO

A atividade económica evolui com desequilíbrios


em torno de uma linha de crescimento. As
economias tendem a crescer ao longo do tempo,
mas de uma maneira irregular fiz lá oscilando em
torno das suas tendências de longo prazo.

Ciclo económico: composto por um conjunto de


flutuações de produto, rendimento e emprego
com reflexos na expansão e contração da
atividade económica. Um ciclo completo tem uma
fase ascendente e outra descendente.

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A períodos de grande crescimento, seguem-se outros de menor crescimento ou mesmo de retração
de economia. A regularidade constatada demonstra que a economia cresce por ciclos, segundo uma
linha de tendência. Surge então o ciclo económico.

Quando o ciclo se encontra na fase de expansão, os valores das principais variáveis


económicas acompanham essa evolução positiva. Produto, rendimento, emprego, investimento,
comércio e consumo refletem favoravelmente o colima de confiança que a economia vive, atingindo
um ponto máximo a que se dá o nome de pico ou teto da expansão. Uma vez alcançado o pico, a
economia pode retrair-se, iniciando uma fase de contração ou recessão até ao ponto mais baixo a que
se dá o nome de baixa ou vale. A partir daí, novo ciclo terá início. A duração dos ciclos depende do
nível de análise utilizado pelo observador. Podemos ter ciclos de meses ou de anos. O início da fase
descendente corresponde ao início de um período de crise económica.

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Crise económica: Período específico dentro de um ciclo económico em que há uma inversão da
conjuntura económica, geralmente grave e brutal, correspondendo à fase descendente do ciclo.

Depressão: é uma recessão prolongada e grave ponto corresponde a um prolongamento de um


período de crise.

Recessão técnica verifica-se quando o PIB real se reduz em, pelo menos, 2 trimestres consecutivos.

Quando uma economia se encontra em recessão, verificam-se as seguintes características típicas:

• O consumo diminui, os consumidores com receio da crise que se avizinha, cortam nas suas
despesas com som;

• A produção cai, não conseguindo escoar o produto as empresas acumulam stocks, pelo que
irão diminuir a sua produção;

• O investimento cai, dadas as expectativas de crise o risco do investimento aumenta e este retrai
se imediatamente;

• O emprego diminui, a procura de trabalhadores diminui podendo mesmo aumentar o


desemprego;

• A inflação diminui, com a redução do consumo e o abrandamento da atividade económica, a


inflação apresenta valores mais baixos podendo transformar-se em deflação;

• As ações caem, com os lucros a diminuir o valor das ações entre em queda.

A grande depressão (a crise da década de 1930)

A crise que marcou os anos 30 teve as suas origens no colapso da Bolsa de Nova Iorque, a 29
de outubro de 1929, dia conhecido por “terça-feira negra” devido aos seus efeitos que se alastraram
por todo o mundo. Toda a economia americana foi afetada, com elevadas quedas do produto e do
emprego que começaram a verificar-se logo depois nas economias europeias que ainda estavam a
recuperar dos efeitos da I Guerra Mundial.

Para amenizar os efeitos da crise, em 1933, foi implementada nos EUA uma política de
recuperação económica, de inspiração keynesiana – New Deal.

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Keynes reconheceu que o Estado a tomar o papel de reanimador da atividade económica,
através dos estímulos apropriados, dado que o mecanismo de mercado não conseguia ultrapassar os
desequilíbrios provocados pelo mesmo.

Segundo os clássicos, a solução passaria por baixar os salários, algo que Keynes rejeitava
tanto que defendia exatamente o oposto. Keynes defendia que a procura deve gerar a oferta, ou seja,
mais rendimento e consequentemente mais consumo. O Estado deveria baixar as taxas de juro e
aumentar o investimento público e a despesa pública.

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Nota:

Nas economias pré-industriais, as crises eram de subprodução, resultantes de acontecimentos como


guerras ou maus anos agrícolas. Nas economias da era industrial, as crises são de superprodução,
resultantes do excesso de oferta.

A crise económica e financeira de 2008

Teve as suas origens num segmento do mercado de crédito imobiliário norte-americano, mas
tornou-se um furacão financeiro que se alastrou para o resto do mundo. A sua profundidade deve-se
ao facto de uma bolha especulativa no mercado imobiliário que era alimentada por taxas de juro
bastante baixas durante um largo período de tempo.

Embora as instituições financeiras soubessem que um determinado ativo estava


sobrevalorizado, consideravam que iria ficar ainda mais e, por isso, seria um bom investimento no
momento. Esse ativo é considerado um ativo tóxico, um instrumento financeiro de alto risco.

Quando uma economia se encontra em expansão, verificam-se as seguintes características típicas:

• O consumo aumenta – os consumidores, confiantes no desempenho da sua economia e


esperando aumentos de salários, aumentam as suas despesas de consumo;

• A produção aumenta – devido ao clima de confiança e respondendo às solicitações dos


consumidores, as empresas aumentam a sua produção;

• O investimento aumenta – dadas as expectativas de expansão, o risco do investimento diminui


e este aumenta imediatamente;

• O emprego aumenta – a procura de trabalhadores aumenta;

• A inflação pode aumentar – com o aumento do consumo e o dinamismo da atividade


económica, a inflação pode apresentar valores mais altos, se a produtividade não acompanhar
os aumentos salariais;

• As ações sobem – com os lucros a aumentar, o valor das ações tende a subir.

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Economista Duração dos ciclos económicos

Nikolai Kondratiev 40 a 60 anos

Simon Kuznets 20 a 25 anos

Clement Juglar 6 a 10 anos

Joseph Kitchin 3 a 5 anos

Joseph Schumpeter Duração das inovações que lhes dão origem

O ciclo de Schumpeter em 4 fases

Prosperidade Difusão das inovações

Recessão Saturação do mercado com a difusão em massa


dessas mesmas inovações

Depressão Envelhecimento das inovações

Retoma Surgimento de novas inovações

Combate às crises

O Estado poderá intervir para corrigir os desequilíbrios decorrentes do funcionamento da


economia através de diferentes tipos de políticas. Pode recorrer a políticas conjunturais (de curto
prazo) ou a politicas estruturais (médio e longo prazo). Quanto à natureza, as medidas adotadas
podem influenciar as políticas fiscal, monetária e/ou orçamental.

• Política orçamental: o uso deste despesas e receitas públicas (orçamento de Estado) para
influenciar a evolução da economia podendo assim ser restritiva (atuando numa situação
expansionista) ou expansionista (atuando numa situação restritiva).

• Política fiscal: decisões relativas aos gastos e à obtenção de receitas do Estado. A política fiscal
pode ser expansionista (expansão/dinamização da economia através da diminuição de
impostos) ou restritiva (contração da economia através do aumento de impostos).

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• Política monetária: assegurar a estabilidade monetária e regular a liquidez, potenciando o
crescimento económico, gerando emprego e uma inflação controlada.

1.3. Desigualdades atuais de Desenvolvimento

Desigualdades/Diferenças: As desigualdades podem ser definidas, de forma simplificada, como


sistemas de diferenças que se traduzem em desvantagens duradouras e penalizadoras de indivíduos
e grupos que são geradas, mantidas e reproduzidas, através de diversos mecanismos sociais.

A diferença é proporcionadora de enriquecimento, de avanços e do progresso, apesar de não


ter sido claro o seu aproveitamento para benefício das populações. Pelo contrário, em muitas
situações verifica-se que as diferenças se têm tornado desigualdades.

Toda a problemática do desenvolvimento não pode esquecer os fatores determinantes do


progresso, a edução e a cultura. A economia do conhecimento assenta num saber cada vez mais
especializado. Logo, a educação, investigação e inovação contribuem para a competitividade das
economias. Ou seja, para além das questões de natureza económica, os indicadores socioculturais
constituem informação indispensável para análise da problemática do desenvolvimento.

Por força de fatores diversos, como a globalização, o crescimento económico tem sido
evidente. No entanto, persistem grandes desigualdades entre continentes, países e regiões. Outro
aspeto a considerar diz respeito à distribuição da riqueza criada. Em 2014, 87% da riqueza mundial
era detida por 10% da população mais rica. Se considerarmos, para além das disparidades na
distribuição da riqueza mundial, o facto de em algumas regiões a taxa de crescimento da população
não acompanha a taxa de crescimento da riqueza.

As graves assimetrias encontradas a nível mundial também se verificam a nível interno. No


caso português, encontramos desigualdades não só no domínio económico, como no demográfico,
social e cultural.

2.GLOBALIZAÇÃO E A REGIONALIZAÇÃO ECONÓMICA DO MUNDO


2.1.A Mundialização económica
Noção e evolução

No que toca ao conceito de mundialização, este é, essencialmente, de natureza económica,


estando associado à circulação de capitais pelo mundo, à deslocalização de empresas, à transferência
do poder regulador dos Estados para instâncias supranacionais (como por exemplo a União Europeia)
e às trocas comerciais que são realizadas à escala mundial, consequência direta da liberalização das
trocas comerciais.
Já a globalização ocorre quando as transações de bens, serviços e capitais entre países
influenciam os domínios sociais e culturais dos países. Quando os padrões de consumo, os produtos
relacionados com uma cultura específica e os estilos de vida universalizam-se, atingindo uma
dimensão global.
Por vezes, a globalização, é entendida como um processo que, de maneira metafórica e quase
utópica, suprimiu as barreiras entre diferentes territórios e criou um espaço global unificado, dando
origem ao conceito de aldeia global.
Tanto a mundialização como a globalização, estão ligadas à evolução dos meios de transporte
e de comunicação, nomeadamente das TIC.

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As origens do fenómeno da mundialização não são dos dias de hoje, remontando à Idade
Média, mais concretamente ao século XVI e ao período dos Descobrimentos, período esse em que
se verificou um grande desenvolvimento das trocas comerciais e um aumento da dimensão dos
movimentos migratórios que atingiram várias zonas do globo. O processo de mundialização
económica do mundo teve as seguintes fases:

• A 1.ª “Europeização” do mundo;


• A 1.ª Revolução Industrial;
• A 2.ª Revolução Industrial;
• A 1.ª Metade do século XX- o recuo;
• A 3ª Revolução Industrial.

A 1ª “Europeização” do mundo

É no final do século XVI e inícios do século XVII que surge a 1ª “Europeização” do mundo, ou seja,
o centro do comércio mundial é a Europa. É a partir do continente europeu que se faz o controlo do
comércio. A procura europeia de produtos e matérias-primas oriundas de outros continentes (África,
Ásia, América e Oceânia) é a principal razão para que o comércio entre as diferentes regiões do
mundo tenha sido impulsionado.

A 1ª Revolução Industrial

No final do século XVIII, surge na Inglaterra a 1ª Revolução Industrial. Esta tem como base um
conjunto de transformações a nível produtivo que causaram um aumento da produção, do
investimento e da população, surgimento de novas fontes de energia (o vapor), novos métodos de
produção e de transporte. Originou-se uma mecanização dos fatores produtivos e uma nova
organização do trabalho (a produção deixou de ser feita em oficinas, mas sim em fábricas). As
manufaturas foram substituídas pela produção industrial.
A procura internacional estimulou a produção industrial, provocando a modernização da
atividade produtiva e dos transportes, em especial o ferroviário e o marítimo, contribuindo para uma
maior produtividade e uma diminuição de preços. No espaço económico internacional, o triângulo Grã-
Bretanha, França e EUA constitui a estrutura dominante do sistema mundial de trocas.

A 2ª Revolução Industrial

No fim do século XIX, verifica-se uma revolução nos transportes e comunicações, marcando
assim o início da 2ª Revolução Industrial. Ocorreu ainda a integração de novos espaços no comércio
internacional (ex: Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, etc.) e um reforço do domínio europeu no
comércio mundial.

A 1ª metade do século XX – O recuo

Na primeira metade do século XX, verificou-se um fim de um ciclo que já durava há séculos.
Durante este período, o comércio mundial esteve bastante condicionado pela I Guerra Mundial (1914-
1918), pela Grande Depressão (1929-1933) e pela II Guerra Mundial (1939-1945).
A retração do comércio mundial verificou-se juntamente com a crise económica mundial,
interrompendo o processo de mundialização registado no período anterior.

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A 3ª Revolução Industrial

Após a II Guerra Mundial, as inovações realizadas de âmbito militar começaram a ser aplicadas
em todos os setores da atividade económica, intensificando, assim, o crescimento do comércio
internacional, para o qual a liberalização das trocas constitui um fator determinante. Surge assim a 3ª
Revolução Industrial que perdura nos dias de hoje.

A aceleração da mundialização económica a partir de 1945

Com a II Guerra Mundial, o mundo foi obrigado a se desenvolver para poder estar a par dos
acontecimentos, algo que acabou por incentivar a inovação, como a tecnologia informática e a
tecnologia nuclear, além das telecomunicações. Exemplo disso, é a criação, por parte dos Estados
Unidos, do primeiro computador e da primeira bomba atómica. Este desenvolvimento tecnológico
arrastou-se rapidamente para as atividades industriais e serviços, como os transportes, banca,
educação, telecomunicações, entre outros, o que facilitou o comércio mundial e o fluxo de
informações.
Após o fim da II Guerra Mundial muitos países precisaram de reconstruir as suas economias,
pois, estas, encontravam-se devastadas pela guerra. A reconstrução da Europa constituiu uma
oportunidade para as empresas, maioritariamente norte-americanas, fornecerem os bens e serviços
necessários aumentando as condições para a prática do comércio internacional através de uma maior
abertura das economias ao exterior.
No âmbito da liberalização do comércio mundial e visando a reconstrução dos países afetados
pela guerra, foram criadas vários organismos de âmbito internacional, em que se destacam: o Acordo
Geral de Tarifas e Comércio (GATT - General Agreement on Trade and Tariffs), que se tratava de um
acordo criado em 1947, visando a redução das tarifas aduaneiras, substituído pela OMC em 1995, o
Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), criado em 1945 com a finalidade
de conceder empréstimos para financiar a reconstrução das economias, acabando por ser aplicado
em conjunto com o Plano Marshall, o Fundo Monetário Internacional (FMI), entre outros.
Além disso, foram criadas organizações de âmbito regional. Nestes, destacam-se as
organizações: Comunidade Económica Europeia (CEE), atual UE, criada em 1957, em que se
estabelece um mercado e impostos alfandegários com o exterior comuns, além de outras políticas de
desenvolvimento, e a Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA - European Free Trade
Association), criada em 1960, onde se criou uma área de comércio livre onde o produtos importados
entre estados-membros estavam isentos de impostos aduaneiros, o que, contribui para o aumento
das trocas entre os estados-membros.
Estes fatores ajudaram a impulsionar a mundialização económica e a aumentar a
interdependência global das economias e das empresas. A partir da década de 1990, a globalização
acelerou ainda mais com a revolução digital, permitindo a conectividade global em tempo real e o
comércio eletrónico.

2.2.A Globalização do Mundo atual

Mundialização

O processo de mundialização está, atualmente, muito associado ao desenvolvimento dos


meios e vias de comunicação, bem como das novas tecnologias de informação e comunicação, na
medida em que todos estes meios vieram contribuir para uma maior facilidade e rapidez de circulação
de bens, serviços e capitais pelo mundo.
A integração das economias constitui outro fator de mundialização, uma vez que a eliminação
das barreiras alfandegárias e das fronteiras físicas entre os vários espaços nacionais conduz à sua
integração num único espaço: o mundo.

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Globalização

A livre circulação da informação, fruto da evolução das comunicações via eletrónica, possibilitou
a difusão à escala global de valores, produtos culturais e modos de vida. O fenómeno da
mundialização alarga-se do domínio económico aos domínios social, político e cultural, atingindo toda
a vida social.

Mundialização das trocas e integração: as sociedades atuais assentam na internacionalização e


liberalização das trocas e na integração das economias. Os vários espaços nacionais integram-se no
mundo.
Integração económica: reunião de várias economias no espaço económico mais vasto em que não há
barreiras à livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos.

Investimento direto estrangeiro

Traduz-se na aquisição de empresas e abertura de filiais fora dos territórios nacionais.


Empresas de países como Japão, a Alemanha, a Grã-Bretanha, os Estados Unidos e, mais
recentemente, a China e o Brasil, procuram expandir a sua atividade para outros espaços geográficos,
conquistando novos mercados, através da aquisição de empresas ou de participações no capital de
outras.
As empresas multinacionais constituem um exemplo da localização dos investimentos diretos
internacionais em países e regiões onde os recursos naturais do trabalho são baratos, através das
filiais, com a finalidade de produzir produtos para exportação.
No período mais recente da mundialização, as multinacionais foram dando lugar às
transnacionais, que se caracterizam pela produção de um produto a nível mundial, atribuindo a cada
uma das suas filiais a produção de uma componente do produto final.

Movimentos migratórios

Mais recentemente, em resultado da crise económica, tem se verificado um fluxo migratório de


trabalhadores mais qualificados, provenientes de países desenvolvidos, onde a criação de emprego
não tem sido suficiente para compensar o aumento do desemprego, para países cujas economias têm
registado maiores taxas de crescimento, e que oferecem remunerações elevadas e boas condições
de vida.

Os fluxos de informação

O desenvolvimento tecnológico operado na área da electrónica permitiu o surgimento de


inovações, como a televisão, o computador e a internet, que vieram modificar radicalmente o processo
de transmissão e de acesso à informação, na medida em que criaram a possibilidade de aceder a
uma enorme diversidade de informação e de comunicar de forma instantânea com as regiões mais
longínquas.
A Internet é o exemplo mais significativo da globalização da informação, na medida em que
veio contribuir para a criação de uma rede mundial de comunicações. A massificação da informática
e da internet, a par da rede de telecomunicações, permitiu o processamento e a comunicação de
dados em tempo real, dando origem a novas áreas de negócio.

Economia informacional: caracteriza-se pela influência das tecnologias de informação e comunicação


nas actividades económicas. A competitividade das empresas depende da sua capacidade de gerar,
processar e aplicar a informação baseada no conhecimento. As atividades económicas, os fatores
produtivos e os mercados estão organizados à escala global, através de uma rede global de ligações
entre os vários agentes económicos.

ECONOMIA C | 12º ANO 13


O mercado global

Os desenvolvimentos dos sistemas de informação, a par da facilidade de circulação dos fluxos


financeiros, contribuíram também para uma maior globalização da economia e para a criação de um
mercado global. Este caracteriza-se por:

• Homogeneização dos mercados: Os mercados tendem a ser iguais entre si; em termos de
necessidades, desejos e expectativas.

• Consumos massificados: Em todos os países são consumidos o mesmo tipo de bens e


serviços, que apresentam as mesmas características. Sendo a produção padronizada, os
consumos também o são.

Globalização financeira

Consiste na interligação dos mercados financeiros nacionais e internacionais que dá origem a


um mercado financeiro à escala global ponto a redução das barreiras entre os mercados financeiros
nacionais e os centros financeiros internacionais origina, assim uma maior interdependência entre as
atividades financeiras transnacionais e as atividades financeiras nacionais.
A liberalização dos movimentos de capitais e a globalização financeira associada é facilitada
pela introdução e desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, que
possibilitam transações financeiras de elevados montantes em qualquer parte do mundo, em tempo
real, bastando, para o efeito, um computador. Comprar e vender ações nas várias bolsas mundiais,
através da comunicação electrónica, é um exemplo da importância da Internet na globalização
financeira.

Aldeia global: fenómeno derivado do progresso das tecnologias nas áreas da informação e da
comunicação, que permitiu reduzir as distâncias entres países e povos.

Aculturação

A cultura, enquanto sistema de valores e códigos de conduta, é uma realidade em constante


transformação, evoluindo em resultado de processos de inovação ou em virtude do contato com outros
povos portadores de outras culturas. Os modernos meios de comunicação eletrónicos, as viagens e
os movimentos migratórios intensificaram a difusão mundial de valores e modos de vida, pondo em
contato povos e culturas.
A aproximação dos povos e das suas culturas conduz à aquisição de elementos materiais e
espirituais de uma cultura por outra, processo designado por aculturação.

________________________________________________________________________________

A mundialização das trocas e é inerente a eliminação dos entraves à livre circulação originaram
um crescimento da riqueza no mundo que se tem refletido no aumento do consumo. O aumento da
produção, em resultado do desenvolvimento tecnológico e do alargamento dos mercados, associado
ao aumento dos rendimentos, foi acompanhado pelo aumento do consumo, quer em termos de
satisfação das necessidades básicas, quer em termos de melhoria da qualidade de vida.
No entanto subsistem grandes disparidades de consumo a nível global, tanto ao nível da
satisfação das necessidades primárias, nos países menos desenvolvidos, como em termos do
consumo de bens não essenciais, entre os quais os bens culturais.

ECONOMIA C | 12º ANO 14


Consumo global: consumo de milhares de bens idênticos diariamente, no mundo; fruto das tecnologias
de informação e comunicação e da modernização dos transportes, o mesmo bem pode ser consumido
em simultâneo por milhões de consumidores no mundo inteiro.

2.3.A Globalização nos países em desenvolvimento

NPI (Novos Países Industrializados): países da Ásia oriental e do sudeste asiático que registaram
rápido crescimento económico, no período inicial muito associado ao processo de desenvolvimento
do Japão, e crescente participação no comércio mundial. Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong,
Singapura, Tailândia, Malásia, Indonésia, Vietname, Laos e Camboja.

Tríade: constituída pelas maiores economias mundiais, inicialmente os Estados Unidos da América, a
União Europeia e o Japão. Atualmente a posição do Japão foi substituída pela China.

Economias emergentes: economias não desenvolvidas que, fruto das mudanças estruturais e
institucionais que atravessaram, desenvolveram processos de industrialização e alcançaram
melhorias significativas em relação ao bem-estar, caminhando para as condições de economias
desenvolvidas. Os BRICS constituem o principal grupo de economias emergentes.

________________________________________________________________________________

Existem países e sociedades que têm recolhido maiores benefícios do que outros, em termos do seu
crescimento e desenvolvimento. A difusão das novas tecnologias, o investimento direto estrangeiro e
o crescimento do comércio, por exemplo, não tem o mesmo efeito em todas as economias.
Os países em desenvolvimento, mesmo integrados na economia mundo e registando algum
crescimento económico, podem não beneficiar da globalização, se esse crescimento não for
duradouro e não produzir efeitos na melhoria das condições de vida da população em geral.

A crise económica internacional e o crescimento das economias

A crise financeira de 2007 e a crise económica que lhe seguiu, afetou toda a economia mundial,
atingindo particularmente os países desenvolvidos, que registaram uma forte desaceleração do seu
crescimento, em resultado da estagnação e até quebra da atividade económica.
A maior resistência das economias em desenvolvimento a crise demonstra o maior dinamismo
da região da Ásia, muito associada às exportações e à crescente procura interna. É de destacar o
crescimento Da China e o seu lugar de liderança em termos de crescimento económico mundial.
A recuperação do crescimento no período posterior à crise, particularmente em 2012, foi
também mais acentuada nas economias em desenvolvimento, destacando-se novamente a região da
Ásia e, dentro desta, a China.

A crise económica Internacional e o comércio mundial

O abrandamento do crescimento económico global em resultado da crise repercutiu se,


necessariamente, no comércio mundial tendo as trocas internacionais registado um abrandamento no
seu crescimento dado à queda da procura global.
Embora todas as regiões tenham registado um menor crescimento nas exportações
importações, a maior quebra verificou-se nas economias desenvolvidas.
Para a recuperação do crescimento do comércio Internacional, seria essencial que houvesse
um aumento da procura global, na medida em que o aumento das importações por um número
considerável de países estimularia as exportações de todos eles.

ECONOMIA C | 12º ANO 15


2.4.Regionalização económica

Regionalização: Constituição de espaços económicos regionais, através de acordos de integração


económica.

Integração económica: reunião de vários mercados nacionais num só mercado de maior dimensão.
No processo de integração vão-se eliminando os impedimentos à livre troca estabelecendo elementos
de cooperação entre os países que integram essas regiões.

Formas de integração económica

1. Sistema de preferências aduaneiras: países que, fazendo parte do sistema, conseguem


vantagens aduaneiras entre si. Exemplo: Commonwealth.

2. Zona de comércio livre: zona em que a livre circulação de mercadorias entre os países
pertencentes e em que cada um define a sua pauta aduaneira com países terceiros. exemplo: EFTA

3. União aduaneira: zona em que, além da livre circulação de mercadorias, é aplicada uma pauta
aduaneira comum relativamente ao comércio com países terceiros. Exemplo: União aduaneira da
África Austral (SACU)

4. Mercado comum/único: a livre circulação de mercadorias estende-se à livre circulação de


pessoas, capitais e serviços. Exemplo: Mercosul.

5. União Económica: tipo de integração em que além de conter um mercado comum também tem
poder para adotar políticas económicas e sociais comuns a todos os Estados membros. Exemplo:
União Europeia.

6. União política: as políticas comuns vão substituindo as políticas nacionais dos Estados
membros, verificando-se a progressiva transferência dos poderes soberanos para órgãos
supranacionais que exercem na soberania comum.

Soberania comum/partilhada: coexistência dos poderes soberanos dos Estados nacionais com os
poderes transferidos pela vontade dos Estados para órgãos supranacionais.

3. DESENVOLVIMENTO E UTILIZAÇÃO DE RECURSOS


A população de um país, de uma região, ou do mundo, encontra-se quotidianamente em
mudança. Em 1950, estima-se que a população mundial era de 2,5 mil milhões de pessoas.
Atualmente, em 2023, somos 8 mil milhões. Segundo vários organismos internacionais, como é o caso
da Organização das Nações Unidas, estima-se que em 2050 a população mundial atinja os 8,8 mil
milhões de pessoas, entrando nos anos seguintes em declínio.

O crescimento da população é fruto de diversos fatores que a influenciaram, direta ou


indiretamente. No caso europeu, assistiu-se a inúmeras mudanças em campos, como a agricultura e
a indústria através da inserção de novas técnicas agrícolas, como é o caso da rotação de quatro
culturas em vez da rotação bienal ou trienal, a introdução de novas culturas, como é o caso do milho,
da batata e de plantas forrageiras, o aperfeiçoamento das ferramentas agrícolas já existentes e a
introdução de outras. Todas estas mudanças tiveram como consequências diretas o aumento da
produção e como consequências indiretas o aumento da população uma vez que começou a existir
uma maior oferta de bens alimentares e assim uma garantia de que as populações, no geral, tinham
sustento. Além disso, os avanços na medicina também contribuíram para que a população

ECONOMIA C | 12º ANO 16


aumentasse, através da introdução de novos medicamentos, criando uma quebra da taxa de
mortalidade e um aumento da taxa de natalidade.

No entanto, nos dias de hoje assistimos a um fenómeno de crescimento demográfico com a


quebra simultânea das taxas de natalidade e mortalidade, resultando esse crescimento da
intensificação da redução das taxas de mortalidade. Verificamos um conjunto de países considerados
desenvolvidos cuja população cresce pouco, não como resultado do aumento de óbitos, mas antes
pela diminuição de nados-vivos. No entanto, em alguns países, como Portugal, tem se verificado um
crescimento demográfico devido aos movimentos migratórios oriundos de outros países com destino
ao nosso país.

O crescimento demográfico motivado pelo crescimento económico implica o aumento da


utilização de recursos que pode pôr o bem-estar ambiental em perigo.

Movimentos migratórios
Todos os movimentos de deslocação de pessoas de um sítio para outro com a intenção de lá
permanecerem, são considerados movimentos migratórios. Quando ocorre uma entrada de
indivíduos, nacionais ou estrangeiros, que residiam no estrangeiro durante pelo menos um ano no
país, está-se na presença de um movimento de imigração. Quando ocorre uma saída de indivíduos
de um país, nacionais ou estrangeiros, onde permaneceram pelo menos um ano, para outro país,
está-se na presença de um movimento de emigração.
Os movimentos migratórios não são recentes. Desde sempre que pessoas de ambos os sexos,
diferentes culturas e etnias deslocam-se de uma região para a outra, algo que permanece atual.
Atualmente, as migrações ocorrem por diversos motivos, porém, os motivos económicos são
os mais apontados. Como já acontece há séculos, inúmeras pessoas deslocam-se em busca de
melhor qualidade de vida. Grande parte das populações que vivem em países sem qualidade e
condições de vida e de trabalho, acabam por ser atraídas para países onde lhes é garantido uma
melhor qualidade de vida. A Europa e os Estados Unidos são palcos de atração para milhares de
indivíduos, principalmente africanos, asiáticos e latino-americanos. A pobreza, o desemprego ou a
falta de perspetivas económicas num determinado local podem impulsionar as pessoas a migrar para
lugares onde acreditam que encontrarão melhores condições de vida. Então, migram em busca de
empregos com melhores salários, condições de trabalho ou perspetivas de crescimento profissional.
A instabilidade política, a violência, a falta de segurança, a discriminação étnica ou religiosa
são, também, fatores que podem levar pessoas a migrar em busca de um ambiente mais seguro e
pacifico. Guerras, conflitos armados, opressão governamental e violações dos direitos humanos são
exemplos de situações que podem levar à migração forçada.

Que consequências económicas e demográficas as migrações trazem para o país de origem e


para o país de chegada?

Qualquer que seja a sua origem, é evidente que os movimentos migratórios se refletem, pelo
volume de pessoas envolvidas, nos países de origem e de chegada. A migração pode causar
inúmeras consequências a níveis económicos, sociais, políticos e demográficos, tanto para os países
de origem, quanto para os países acolhedores.

Efeitos positivos para o país de origem:


A emigração pode contribuir para a diminuição da tensão social em que o país de origem se
encontra. Os países que apresentam um grande desequilíbrio na distribuição da riqueza, e visto que
a maioria dos emigrantes são considerados população pobre, a diminuição do número de pobres no
país, irá reduzir e prevenir tensões e problemas sociais. Também provocará um maior equilíbrio da
distribuição da riqueza, porque a quantidade de pessoas em situação de pobreza no país diminui além
de que podem ser enviadas para o país de origem remessas dos emigrantes. Desta forma, alguma

ECONOMIA C | 12º ANO 17


parte da população, assiste a um aumento do seu poder de compra. O aumento deste poder de
compra leva a um aumento do consumo no país, o que desencadeia a dinamização da economia.
Assim a tensão social existente nos países de forte emigração pode diminuir devido à diminuição do
número de pobres, porque estes migram ou porque ficam mais ricos.
No âmbito cultural, social e económico, serão importados, dos países ricos, novos padrões de
consumo, por exemplo, que irão aproximar os países de origem com os países de chegada. A
aproximação de culturas e tecnologias influenciará a adoção de novas políticas de nascimento o que
irá provocar um envelhecimento da população que é bem-vindo para um país de emigração onde uma
das características da população é ser jovem.
A redução da população ativa, devido à emigração, pode levar a um maior equilíbrio entre a
oferta de mão de obra e a sua procura. O que pode levar a um equilíbrio na economia, levando à
possibilidade de criação de novas políticas salariais, de emprego, de segurança social, entre outras.

Efeitos negativos para o país de origem:


A maioria da população que emigra, é considerada população ativa (que corresponde à
verdadeira riqueza de um país). A sua emigração, em termos demográficos, pode levar à diminuição
das taxas de natalidade e ao envelhecimento excessivo da população. Em termos económicos, poderá
levar a uma diminuição do crescimento da economia desse país, uma vez que se irá gerar menos
riqueza, produtividade, impostos (principal fonte de receitas para o Estado) e consumo com a
emigração de habitantes.
Em alguns casos, as emigrações de profissionais altamente qualificados, como médicos,
engenheiros e cientistas, pode criar uma escassez de talentos em setores essenciais e dificultar o
desenvolvimento económico e social do país. Com isso, a mão de obra também envelhece, ocorre
uma mudança nos padrões de consumo, o que pode levar a alterações estruturais da economia. Em
muitos casos, os emigrantes enviam remessas de dinheiro para suas famílias nos países de origem,
o que pode criar uma dependência económica para estas famílias.

Efeitos positivos para o país de chegada:


O imigrante irá contribuir para a economia do país, trabalhando, gerando riqueza, pagando
impostos e consumindo, fomentando o crescimento económico. Irá também ajudar a reduzir os postos
de trabalho que a população natural não consegue, ou não quer, ocupar (muitas vezes trabalho ligado
a atividades económicas como, por exemplo, a agricultura ou construção civil) ajudando, por um lado,
a reduzir as taxas de desemprego. Além disso, no caso de o país de chegada ser um país
demograficamente envelhecido, a pressão sob o sistema de segurança social irá ser aliviada. Este
sistema gere os descontos mensais realizados pelos trabalhadores e patrões, com base no valor dos
seus salários de modo que mais tarde os trabalhadores possam ter acesso a um subsídio de
desemprego, doença, rendimentos mínimos de inserção ou até mesmo uma reforma. O que, com o
aumento da população ativa, irá aumentar, consequentemente, as suas receitas.
O rejuvenescimento da população, o que contribui para o aumento da população ativa/mão de
obra e das taxas de natalidade, algo que se tem verificado em Portugal.
Verifica-se ainda um aumento da diversidade cultural. Com a vinda de uma nova cultura, uma
nova culinária, música, arte, costumes e tradições trazidos pelos imigrantes, começa a haver um
enriquecimento da cultura do país acolhedor que o torna multicultural.
Contudo, a população imigrante não é somente constituída por mão de obra com baixos níveis
de qualificações, há também muitos imigrantes qualificados que imigram na busca de melhores
condições de trabalho algo que irá contribuir para o enriquecimento do país de chegada, aumentando
o seu número de profissionais qualificados, que podem impulsionar a inovação e o progresso em
determinados setores. O que, curiosamente, é a situação contraditória de Portugal. A chamada «fuga
de cérebros» tem vindo a afetar Portugal. É contraditória porque Portugal, enquanto país
desenvolvido, tem vindo a perder a sua mão de obra qualificada para a emigração. Muitos profissionais
portugueses saem do país em busca de condições justas e dignas de trabalho noutros países,
curiosamente muitos deles desenvolvidos.

ECONOMIA C | 12º ANO 18


Efeitos negativos para o país de chegada:
O principal problema na imigração para o país que acolhe os imigrantes, é, justamente, o
choque cultural entre os imigrantes e a população natural. As culturas e tradições que se confrontam
nos países acolhedores são bastante diferentes, algo que pode gerar alguns conflitos sociais que
podem levar ao surgimento de preconceitos e situações de discriminação (ex: xenofobia). As mesmas
diferenças entre os imigrantes e a população natural, pode levar a uma questão de insegurança, uma
vez que a entrada de imigrantes pode facilitar a entrada de pessoas com intenções criminosas ou
terroristas.
O impacto no mercado de trabalho é uma outra consequência negativa, isto é, a perda de
postos de trabalho disponíveis para a população natural do país.
A sobrelotação e dos serviços e transportes públicos dado que a chegada de um grande
número de imigrantes pode exercer pressão sobre os serviços públicos, como saúde e a educação,
levando a uma possível deterioração da qualidade e acesso para a população local.

Crescimento económico e utilização dos recursos


Desde sempre, a produção é realizada utilizando os recursos que a natureza dispõe. Sem os
recursos naturais, dificilmente haveria produção. Assim, o crescimento económico implica uma maior
tensão sobre a natureza, na procura de matérias-primas para utilizar (ex: minérios). Além disso, dado
que existe uma relação estreita entre natureza e Homem, pode-se dizer que os limites ao crescimento
económico são os limites da natureza para nos disponibilizar os recursos que necessitamos.
Perante a forte e inevitável dependência que o Ser humano tem em relação à natureza, torna-
se imperativo refletir sobre o facto de muitos dos bens que utilizamos no dia-a-dia serem dispensáveis,
no facto da natureza não se renovar em tempo útil e sobre o modo de agir sobre a natureza.

Pegada Ecológica e o défice ecológico


Já aqui foi referido que a população mundial tem aumentado quase explosivamente nos últimos
séculos. Uma das implicações que o crescimento demográfico mundial traz é a questão de que a
quantidade de recursos provenientes da natureza e que são gastos pela população é superior à
quantidade de recursos que a natureza consegue repor em tempo útil. Para medir a quantidade de
bens que o Homem necessita para manter o seu estilo de vida, foi criado o conceito de pegada
ecológica.
A pegada ecológica representa a marca que o ser humano deixa no planeta em função dos
seus gastos. Com o consumo excessivo de países cujo crescimento económico é elevado,
naturalmente que maior será a pegada ecológica. Assim, contabiliza a área que uma população
precisa para produzir e repor os recursos naturais consumidos e absorver os resíduos que foram
criados. É avaliada em hectares globais.

Princípio do Poluidor-Pagador e o Imposto Verde


O princípio poluidor-pagador é um conceito que estabelece que aqueles que causam danos ao
meio ambiente devem ser responsáveis por arcar com externalidades causadas, no caso, sobre o
meio ambiente. Ou seja, se um indivíduo provocar a degradação de recursos naturais, a contaminação
do ar, da água e do solo, e outros impactos negativos no meio ambiente, deve responsabilizar-se e
pagar por eles. O princípio tem como objetivo principal, a defesa do meio ambiente, incentivando a
prevenção e diminuição da poluição e a promoção de um desenvolvimento sustentável. Ou seja, em
situações em que o Homem abusa da natureza, é condenado ao pagamento de uma multa. E assim,
introduz-se o conceito poluidor-pagador.
Porém, na maioria das situações, a sanção aplicada resume-se apenas a uma multa a pagar
por aquela violação da natureza, ficando, muitas vezes, mais barato ao poluidor pagar o montante da
multa (e continuar a atividade poluidora) do que reestruturar a sua atividade, com uma visão mais
ecológica e sustentável. Por tanto, a multa aplicada, pouco diz, ou significa para o poluidor. De igual
forma acontece com os países considerados poluidores. Seria necessária uma organização
internacional com a capacidade de aplicar sanções sobre estes países.

ECONOMIA C | 12º ANO 19


Para além das sanções, e visto que não são tão eficientes quanto deveriam ser, outras medidas
podem ser tomadas, como por exemplo o caso do imposto verde, que já está a ser aplicado na
Dinamarca. O imposto verde, no caso dinamarquês, corresponde a um imposto que seria pago por
todos os indivíduos e empresas de um país, cujas receitas obtidas pelo Estado, seriam utilizadas
exclusivamente para a proteção do ambiente. Utilizado não só para despoluir, mas também para
investigar novas formas de produção industrial mais ecológicas e menos poluentes, salvaguardando
o meio ambiente.

4. O DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS HUMANOS


4.1. Direitos Humanos – Noção, características e evolução
Direitos Humanos: Conjuntos de direitos civis e políticos, económicos e sociais, e coletivos,
consubstanciados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Surgem no final do século XVIII, os Direitos Humanos – conjunto de direitos, liberdades e
garantias individuais, saídos da independência dos EUA e das revoluções burguesas europeias contra
as monarquias absolutistas e contra a nobreza detentora de privilégios (Ex: Revolução Francesa).

Geração Definição

Tem como base a liberdade e o bem-estar do individuo. Nesta geração


1ª encontram-se os direitos mais básico que o Ser humano tem, tais como:
liberdade de expressão, vida digna e direito à propriedade.

Está ligada ao conceito de igualdade e mais preocupada com o poder de exigir


do Estado a garantia dos direitos sociais, económicos e culturais, todos
2ª imprescindíveis à possibilidade de uma vida digna. Aqui encontra-se o direito,
por exemplo, à não discriminação em função do sexo, orientação sexual, raça,
etc.

Conjunto de direitos de âmbito coletivo, ou seja, salvaguarda o bem-estar de


3ª um grupo e/ou sociedade. Incluem-se aqui os direitos à paz, ao
desenvolvimento, ao património, etc.

Características dos Direitos Humanos

Dizem respeito a todos os seres humanos, independentemente de qualquer


Universalidade
característica que tenham.

Não podem ser separados uns dos outros, não se devendo garantir um direito
Indivisibilidade
em detrimento de outro.

Todos estão interligados, ou seja, a violação de um põe em causa o respeito


Interdependência
pelos restantes.

Não são objeto de negócio, ou seja, é algo automaticamente adquirido


Inalienabilidade
quando um individuo nasce.

ECONOMIA C | 12º ANO 20


4.2. Direito ao Desenvolvimento

Justiça social: Implica que todos os seres humanos tenham as necessidades básicas satisfeitas,
desfrutem de igualdade de oportunidades, não sofram discriminações e tenham acesso aos bens
públicos.

Direito ao desenvolvimento
O direito ao desenvolvimento faz parte da 3ª geração de Direitos Humanos. Implica que todos
os seres humanos do mundo tenham acesso à satisfação das necessidades básicas e que haja
igualdade de oportunidades.
Este só se constrói com a participação das populações na vida democrática. Contudo,
encontramo-nos muito aquém do respeito por esse direito, independentemente da escala de análise
ser global, regional ou local.

Com a necessidade de fazer face à situação de subdesenvolvimento dos países em


desenvolvimento, que apresentavam elevadas taxas de mortalidade infantil, baixa esperança média
de vida, reduzidas taxas de alfabetização de adultos e baixa escolaridade, escassez de capital e
dependência económica e financeira, surgiu a necessidade de uma ajuda ao desenvolvimento.

• Ajuda de emergência: destinada a vítimas de desastres ambientais ou humanos;

• Ajuda humanitária: destinada a populações estruturalmente pobres;

• Alívio e reestruturação da dívida externa: destinada a reduzir a dívida externa de países em


desenvolvimento.

• Ajuda pública ao desenvolvimento: fornecida por um Estado ou órgão internacional. Pode ser
uma doação ou empréstimo a juros inferiores aos praticados no mercado.

o Ajuda bilateral: entre dois Estados,

o Ajuda multilateral: entre uma organização e um Estado;

• Cooperação técnica: destinada à transferência de conhecimentos e de tecnologia e à formação


de quadros técnicos nos países em desenvolvimento.

Obstáculos internos Obstáculos externos

• Desvio de fundos; • Não ser suficiente;


• Corrupção; • Desvio para projetos do interesse dos
• Burocracia excessiva; doadores;
• Má gestão; • Interferência dos doadores na política;
• Possibilidade de provocar uma tensão • Muitas vezes os fundos vão para
inflacionista; quem menos precisa;
• Dependência externa • Falta de coordenação entre doadores.

Diálogo Norte-Sul: Foi para alterar as relações desiguais entre os países do Norte (desenvolvidos) e
os países do Sul (em desenvolvimento) que, sob pressão destes últimos se criou a CNUCED com a

ECONOMIA C | 12º ANO 21


finalidade de promover o comércio e o desenvolvimento segundo a perspetiva Fair Trade, Not Aid! O
fosso entre os dois hemisférios ainda existe apesar do hemisfério sul ter crescido economicamente
bastante.

Objetivos do milénio: 8 objetivos estabelecidos pela ONU em 2000, e que deverão ser atingidos até
2015.

Objetivos de desenvolvimento sustentável: São 17 e foram definidos em 2015 para promover o


desenvolvimento global até 2030. Baseiam-se nos objetivos do milénio, procurando concretizá-los e
responder a novos desafios.

Sustentabilidade: Defende a conjugação das vertentes ecológica, económica, social e política para o
bem das futuras gerações.

Exclusão social
O conceito de exclusão social baseia-se nos conceitos de solidariedade, laços sociais e
cidadania, que fomentam a coesão social. Apesar de muitos estudos sobre a pobreza já se centrarem
nas várias dimensões do fenómeno, a nova noção de exclusão social vem acentuar as características
associadas aos laços e solidariedades sociais.
Pobreza e exclusão social são fenómenos distintos, embora a pobreza possa conduzir à
exclusão social. Desta forma, as pessoas sem abrigo são consideradas excluídas socialmente porque
existe uma rutura dos laços sociais com a família, amigos, vizinhança e colegas de emprego,
associada a uma situação de penúria que põe em causa a subsistência. A exclusão social impulsiona
um círculo vicioso de ruturas, quebra de relações sociais, privações e de sofrimentos.

Pobreza Absoluta
A pobreza absoluta pode ser definida como uma situação em que não existem bens essenciais
necessários à subsistência dos indivíduos, ou seja, estes não atingiram os limites da sobrevivência,
não podendo satisfazer as suas necessidades básicas. No entanto, este conceito apresenta algumas
limitações, pois não tem em conta as diferenças de nível de vida entre regiões e os diferentes
contextos sociais.

Pobreza relativa
A pobreza relativa refere-se à situação das famílias, ou dos indivíduos, que vivem em condições
mais precárias do que o conjunto da sociedade, isto é, abaixo dos níveis e da participação social
considerados aceitáveis. Aqui, a referência já não é a subsistência, mas sim a desigualdade.

4.3. Economia e Cidadania – O direito à não discriminação e a um completo


desenvolvimento humano
Discriminação: Todo o tipo de distinção, exclusão, restrição ou preferência cujo fim, ou efeito, seja a
abolição do reconhecimento, o gozo e o exercício em igualdade dos Direitos Humanos e das
liberdades fundamentais.

Discriminação negativa: Quando o ato discriminatório só servirá para acentuar a desigualdade entre
indivíduos que a praticam e os indivíduos que a sofrem. Esta pode ser em função do género (sexismo),
económica, étnica (xenofobia), religiosa, em função da orientação sexual (homofobia, bifobia, etc.) ou
em função de uma deficiência ou doença.

ECONOMIA C | 12º ANO 22


Discriminação positiva: Quando o ato discriminatório tem como objetivo fomentar a coesão social e a
diminuição das desigualdades. A discriminação positiva defende medidas diferentes para situações
diferentes, muitas vezes para mitigar os efeitos da discriminação negativa.

4.4. Economia e Ecologia – O direito a um ambiente saudável e a um


desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento Sustentável: Modelo de desenvolvimento que se baseia na satisfação das


necessidades atuais sem colocar em risco a sobrevivência das gerações futuras. O direito ao
desenvolvimento, é um direito de 3ª geração. Para pôr em prática tal modelo, foram definidos 12
objetivos:

1. Prevenção: Atuar sobre a poluição no fim do processo produtivo é insuficiente.

2. Precaução: Ter cuidado com atividades cujo impacto se desconheça.

3. Poluidor-pagador: A entidade poluidora deve suportar os encargos com a correção ou


recuperação do ambiente que degradou, devendo, igualmente, suspender a ação poluente.

4. Cooperação: Definir politicas ambientais que deverão ser feitas e implementadas em conjunto
por todos os intervenientes.

5. Integridade ecológica: Criar limites às ações potencialmente poluidoras.

6. Melhoria contínua: Corrigir e melhorar processos que garantam a sustentabilidade.

7. Equidade: Deve orientar para a satisfação das necessidades das gerações

8. Integração: Deve intervir nas esferas ambiental, política, económica e social.

9. Democracia: Deve conter uma dimensão humana através da democracia participativa.

10. Subsidiariedade: tomar decisões através dos órgãos mais próximos dos cidadãos.

11. Envolvimento: As pessoas devem contribuir na procura de soluções.

12. Responsabilização: Responsabilizar o poluidor.

Conciliar crescimento
económico com
tecnologias amigas do
ambiente

Conciliar crescimento
económico com
Conciliar crescimento
desenvolvimento
económico com
responsabilidade social

ECONOMIA C | 12º ANO 23


Medidas económicas e ecológicas para um desenvolvimento sustentável:
• Energias alternativas;
• Reciclagem, redução e reutilização;
• Ecoprodutos;
• Eco indústrias;
• Agriculturas biológica.

4.5. Economia, Desenvolvimento e Direitos Humanos

Desenvolvimento humano sustentável


O desenvolvimento, democracia e liberdade são interdependentes. Deste modo, a promoção de um
desenvolvimento humano sustentável e solidário implica o respeito por todos os direitos humanos,
como também o reconhecimento de que existem deveres e responsabilidades dos indivíduos e dos
grupos sociais.

Desenvolvimento como liberdade


Sem respeito pelos direitos humanos e, consequentemente, pela liberdade, não pode haver
desenvolvimento, mesmo que haja crescimento económico e melhor distribuição do rendimento. O
crescimento sem limites traz riscos ambientais e sociais graves, comprometendo os direitos humanos
das 3 gerações, pois acentua as desigualdades sociais e as múltiplas discriminações que alimentam
os conflitos sociais dentro dos Estados, além de que compromete o direito ao desenvolvimento das
gerações futuras, pois põe em causa a vida no planeta e a solidariedade intergeracional.

O desenvolvimento sustentável, humano e solidário implica:

• Eliminação da: pobreza, privação social, incompetência dos serviços públicos, intolerância e
terrorismo de Estado.

• Inclui: Crescimento do PIB per capita, redução das desigualdades, igualdade de oportunidades,
respeito pelos direitos civis e políticos, dispositivos sociais e económicos, exercício de uma
cidadania plena.

• Respeito pelas três gerações dos Direitos Humanos e sua interdependência.

ECONOMIA C | 12º ANO 24

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