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HEBRAICO I

ÍNDICE
• A história do Hebraico
• Os sinais massoréticos
• O alfabeto hebraico
• Como formar sílabas
• Shva
• Daguesh
• Classificação dos sinais massoréticos
• Letras finais
• Classificação das consoantes
• Pronomes pessoais
• Sufixos pronominais
• O artigo
• Gênero e número dos adjetivos e dos substantivos
• Pronomes
• Construto e absoluto
• Preposições
• Numerais hebraicos
• O alfabeto hebraico na forma cursiva
• Textos para leitura
• Bibliografia

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A HISTÓRIA DO HEBRAICO

Considerada pelos judeus como língua sagrada - ‫הקודש‬ ‫ לשון‬- (por ser a língua na
qual a Torá foi escrita), o Hebraico tem origem semita, assim como o aramaico, o árabe
e o siríaco, e é a língua oficial do Estado de Israel. Sua história é tão antiga quanto as
primeiras civilizações. O Hebraico sofreu grandes influências ao longo dos séculos.

- Hebraico antigo:

Usado desde os tempos dos patriarcas do Judaísmo até o período do cativeiro


babilônico. Teve influência do idioma egípcio. Foi passada para as próximas gerações
através de Abraão, o patriarca. O calendário de Gezer, com data do século X a.C, é a
evidência mais antiga do Hebraico antigo. Esse era o período dos reinados de Davi e de
Salomão. O calendário de Gezer relata detalhes de trabalhos agrícolas e foi escrito sem
vogais – uma das características do Hebraico. Outro exemplo do Hebraico antigo pode
ser observado na Pedra moabita, encontrada próximo de Jerusalém.

Durante o império Persa, os judeus passaram a usar o Aramaico, fazendo com que o
Hebraico deixasse de ser usado. Essa mudança durou em torno de 700 anos, e neste
longo período o Aramaico foi a língua usada em obras de grande valor religioso e
histórico, como o Talmud, o Targum, além de livros de Flávio Josefo.

Com a destruição do Segundo Templo e da cidade de Jerusalém, em 70 d.C, a


dispersão de judeus foi inevitável, fazendo com que o Aramaico continuasse sendo a
língua oficial dos judeus que estavam na Mesopotâmia. O Hebraico passou a empregar
palavras aramaicas em seu vocabulário.

Eruditos conhecidos como “Massoretas” (“massorá” significa tradição) criaram um


conjunto de sinais que equivaliam às vogais que conhecemos nas línguas latinas. Esses
sinais foram criados com o objetivo de auxiliar na leitura de textos originais hebraicos
escritos apenas com consoantes. Tais sinais foram colocados ao redor das letras, com o
objetivo de não alterar o texto original, considerado como sagrado.

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- Hebraico moderno:
Eliezer Ben Yehuda foi a figura responsável pelo renascimento do Hebraico, que a
partir de então passa a ser classificado como Hebraico moderno. Ben Yehuda, sendo
participante ativo do Movimento Nacional Judaico, dedicou-se a construir uma língua
que fosse usada no cotidiano pelo povo hebreu. Seu trabalho no Comitê da Língua
Hebraica e na Academia da Língua Hebraica resultaram na publicação do Dicionário
Completo de Hebraico Antigo e Moderno. Nesta obra, o Hebraico moderno está
amparado nas bases do Hebraico antigo.

Na reestruturação do Hebraico, palavras de origem estrangeira (europeias


principalmente) passaram a fazer parte do vocabulário da língua que estava
renascendo. Além desse acréscimo, a gramática foi sistematizada, para auxiliar no
entendimento do Hebraico bíblico, que era ambíguo, e as pontuações ocidentais
(ponto, vírgula etc) também passaram a ser adicionadas nesse profundo trabalho.

Outras línguas também influenciaram e contribuíram com sufixos, diminutivos e


palavras: árabe, inglês, russo e ídiche.

Criados pelos massoretas, são símbolos que representam as vogais, e também são
chamados de sons vocálicos ou de sinais vocálicos. São eles:

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Os sinais massoréticos não fazem parte do alfabeto hebraico; eles possuem a apenas
função de auxiliar a leitura das palavras.

O ALFABETO HEBRAICO

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- Características do alfabeto Hebraico:

a) É formado por 22 consoantes;

b) Não possui vogais;

c) É escrito e lido da direita para a esquerda;

d) Possui duas formas de escrita: cursiva e quadrática;

e) É a língua oficial de Israel.

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COMO FORMAR SÍLABAS

Para formar sílabas e realizar a leitura das mesmas, primeiramente escreve-se a


consoante, e depois a vogal. A pronúncia é a soma do som da consoante com o som da
vogal.

Por exemplo, se a consoante tem som de “R” e a vogal tem som de “U”, lê-se “RU”.

Se a consoante for Álef ou Ayn, pronuncia-se apenas o som da vogal, pois essas
consoantes não possuem som próprio.

Se em uma sílaba estiver a consoante Álef ou Ayn sem vogal, a pronúncia não ocorre,
visto que são consoantes sem som.

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Consoante Beit com vogais:

Consoante Gímel (pronuncia-se “guímel) com vogais:

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Consoante Dálet com vogais:

Consoante Hei (pronuncia-se “hêi) com vogais:

Consoante Vav com vogais:

Consoante Zayn com vogais:

Consoante Chet (pronuncia-se Rrêt, som de “R” do fundo da garganta) com vogais:

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Consoante Tet (pronuncia-se Têt) com vogais:

Consoante Yod (pronuncia-se Yôd ou Yúd) com vogais:

Consoante Kaf com vogais:

Consoante Lamed (pronuncia-se Lâmed) com vogais:

Consoante Mem com vogais:

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Consoante Nun com vogais:

Consoante Samech (pronuncia-se Sâmerr) com vogais:

Consoante Ayn com vogais:

Consoante Pei (pronuncia-se Pêi) com vogais:

Consoante Tzadi com vogais:

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Consoante Qof (pronuncia-se Qôf ou Quf) com vogais:

Consoante Resh (pronuncia-se Rêsh) com vogais:

Consoante Shin com vogais:

Consoante Tav com vogais:

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SHVA

O Shva é um sinal criado para auxiliar na correta pronúncia das palavras, e é


classificado em:

a) Shva simples: aparece sozinho na sílaba; exemplo:

b) Shva composto: aparece na sílaba acompanhado de um dos seguintes sinais


vocálicos: Patah, Qamets gadol e Segol. A união de Shva com um desses sinais é
denominado “semi-vogal”; exemplo:

c) Shva mudo: aparece na sílaba, mas não é pronunciado; exemplo:

d) Shva sonoro: aparece na sílaba e é pronunciado; exemplo:

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DAGUESH

O Daguesh (pronuncia-se daguésh) é um ponto que pode alterar o som de algumas


letras do alfabeto.

Vamos ver agora alguns exemplos do uso do Daguesh:

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CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS VOCÁLICOS

Os sinais massoréticos (também chamados de sinais vocálicos ou de sons vocálicos)


representam as vogais e são classificados em vogais breves e vogais longas. A vogal “o”
é classificada como longa em ambas as formas de escrita.

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LETRAS FINAIS

Algumas letras do alfabeto passam a ter sua grafia alterada quando estão no final de
uma palavra, e passam a se chamar letras finais (sofiot – pronuncia-se “sofiôt”). São
elas: Kaf, Mem, Nun, Pei e Tzadi, e passam a se chamar Kaf sofit, Mem sofit, Nun
sofit,Pei sofit e Tzadi sofit. * Sof: fim. Sofit: final. Sofiot: finais.

Apesar da mudança na grafia, essas letras continuam possuindo o mesmo som.

Veremos agora algumas palavras com letras finais, sempre lembrando que o som da
letra é o mesmo, o que muda é apenas a forma de escrever a letra.

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- Fontes / grafias:

Assim como na língua portuguesa temos inúmeras fontes, ou seja, várias grafias, no
Hebraico o mesmo ocorre, no entanto, a grafia não altera o som das letras. Vejamos
abaixo um exemplo do Salmo 23.1 em duas grafias.

Salmo 23.1: O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.

Primeiro exemplo de grafia:

Segundo exemplo de grafia:

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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES
As letras do alfabeto hebraico são classificadas de acordo com características vocais
empregadas na pronúncia dessas letras.

Guturais: pronunciadas na garganta;

Linguais: pronunciadas com auxílio da língua;

Palatais: pronunciadas com auxílio do palato;

Labiais: pronunciadas com auxílio dos lábios;

Dentais (ou sibilantes): pronunciadas com auxílio dos dentes.

Quais são as guturais?

Quais são as linguais?

Quais são as palatais?

Quais são as labiais?

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Quais são as dentais?

* A consoante Resh é classificada tanto como gutural quanto como lingual.

Abaixo está uma pequena lista de palavras aleatórias para você treinar a leitura, a
pronúncia e a escrita.

PRONOMES PESSOAIS

Assim como na língua portuguesa, o Hebraico também possui pronomes pessoais.


Alguns deles são classificados de acordo com os gêneros (masculino e feminino) e de
acordo com o número (plural e singular).

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SUFIXOS PRONOMINAIS

Parte dos pronomes pessoais são anexados ao final de uma palavra, para definir a
quem pertence algo, que pode ser um substantivo, um verbo ou um adjetivo.
Portanto, a função de um sufixo pronominal é dar posse.

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Logo abaixo veremos um exemplo de sufixo pronominal:

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O ARTIGO

O artigo é o elemento textual que aponta, que indica algo, que pode ser um
pronome, um substantivo...

No Hebraico não existe artigo indefinido. Ele pode ser usado apenas na tradução
para a nossa língua portuguesa, caso a oração necessite.

O artigo aparece unido à palavra seguinte, ou seja, não há espaço entre o artigo e a
próxima palavra, como escrevemos na nossa língua portuguesa. Exemplo:

1ª regra: É a forma comum, empregada para palavras que começam com qualquer
consoante, exceto as consoantes guturais (Álef, Hei, Chet, Ayn e Resh).

2ª regra: O artigo aqui é a união da letra Hei com o sinal vocálico Qamets gadol, e
essa combinação é usada quando a palavra começa com Álef, Ayn ou Resh, ou
quando a palavra começa com Hei e patah, ou com Ayn e patah tônicos (sílaba
forte). Exemplo:

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3ª regra: O artigo nesta regra é a união do Hei com a vogal Segol, e esta
combinação é usada em palavras que começam com Hei e qamets gadol, Ayn e
gamets gadol átonos (sílaba fraca), Chet com Qamets gadol ou Chet com patah e
shva. Exemplo:

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GÊNERO E NÚMERO DE ADJETIVOS E SUBSTANTIVOS

Com relação ao gênero, adjetivos e substantivos são classificados em masculino e


feminino. E com relação ao número, adjetivos e substantivos são classificados em
plural, singular e dual.

Substantivo dual é aquele que existe na natureza aos pares. Exemplos: mãos, pés,
olhos, orelhas, narinas.

Exemplo de substantivo masculino singular:

Exemplo de substantivo masculino plural:

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Exemplo de substantivo feminino singular:

Exemplo de substantivo feminino plural:

Exemplo de adjetivo masculino singular:

Exemplo de adjetivo masculino plural:

Exemplo de adjetivo feminino singular:

Exemplo de adjetivo feminino plural:

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Exemplos de substantivos duais:

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PRONOMES

- Possessivos:

Como o nome sugere, os pronomes possessivos indicam posse.

- Demonstrativos:

São classificados em feminino, masculino, plural e singular, e são empregados para


situar os personagens e os demais elementos de uma oração no tempo e no
espaço.

a) Pronome demonstrativo masculino singular:

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b) Pronome demonstrativo feminino singular:

c) Pronome demonstrativo comum plural: pode ser usado para feminino e


masculino.

d) Outros pronomes demonstrativos:

- Interrogativos:

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- Relativo:

CONSTRUTO E ABSOLUTO

No Hebraico, quando dois substantivos apresentam relação de dependência um do


outro em uma oração, temos um caso denominado Construto e Absoluto. Nesta
situação, o primeiro substantivo é classificado como Construto, e é dependente do
segundo substantivo, que é classificado como Absoluto.

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PREPOSIÇÕES

A preposição é um elemento textual que conecta dois elementos em uma oração,


dando sentido e proporcionando dependência entre os elementos. No Hebraico
existem as preposições inseparáveis e as preposições autônomas.

- Preposições inseparáveis:

Estão sempre conectadas à palavra seguinte, ou seja, não há espaço entre


preposição e a palavra que vem a seguir, como fazemos na nossa língua
portuguesa. As preposições inseparáveis são três e são empregadas de acordo com
algumas regras que veremos a seguir.

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1ª regra: a palavra que começa com Shva simples recebe a preposição com Hiriq
qaton, conforme o exemplo a seguir.

2ª regra: quando a palavra tem Yod e Shva simples em sua primeira sílaba, na
preposição se usa o Hiriq qaton, e o Shva da palavra não é mais usado.

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3ª regra: se a palavra que vai receber a preposição começar com uma consoante
gutural (Álef, Ayn, Hei e Chet) + Shva composto, a preposição usa a mesma vogal
que está na primeira sílaba da palavra.

4ª regra: se a palavra começar com sílaba tônica, a preposição usará Qamets gadol.

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- Preposições autônomas:

As preposições autônomas podem ou não estar conectadas à palavra seguinte, por


isso se chamam autônomas

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OS NUMERAIS

Os numerais hebraicos são divididos em ordinais e em cardinais.

Ordinais: mostram a posição do número.

a) Ordinais femininos:

b) Ordinais masculinos:

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Cardinais: mostram a quantidade dos elementos de uma oração. São divididos em
masculino construto, feminino construto, masculino absoluto e feminino absoluto.

a) Numerais cardinais – feminino absoluto e construto:

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b) Numerais cardinais – masculino construto e absoluto:

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O ALFABETO HEBRAICO NA FORMA CURSIVA

Até o momento vimos a forma quadrática, e neste momento vamos observar a


grafia do alfabeto na forma cursiva. É importante destacar que apesar de ser uma
grafia diferente, o som de cada consoante permanece o mesmo.

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TEXTOS PARA LEITURA

Nos assuntos acima tratados, vimos diversas palavras utilizadas para elucidar os
conceitos apresentados. Muitas destas palavras podem ser encontradas em
qualquer literatura hebraica, especialmente no Tanach. Por este motivo, abaixo
temos alguns textos especialmente escolhidos para que você treine sua leitura, sua
pronúncia e os conceitos anteriormente abordados. Caso ache interessante, anote
os artigos, as preposições e tudo que você aprendeu, desta forma seu
conhecimento da língua hebraica será ampliado e aprofundado.

Boa leitura!

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BIBLIOGRAFIA

MORAES, Reginaldo Pereira de. Hebraico instrumental: uma introdução ao hebraico


bíblico. Curitiba: InterSaberes, 2017.

MENDES, Paulo. Noções de Hebraico bíblico. São Paulo: Vida Nova, 1983.

KELLEY, Page H. Hebraico bíblico: uma gramática introdutória. São Leopoldo: Sinodal,
2002

AUVRAY, Paul. Iniciação ao Hebraico Bíblico. Petrópolis: Vozes, 1997.


KERR, Guilherme. Gramática elementar da língua hebraica. 2ª edição. Rio de Janeiro:
JUERP, 1979.

GUSSO, Antonio R. Gramática Instrumental do Hebraico. 1ª edição. São Paulo: VIDA


NOVA, 2005.

FREITAS, Humberto G. Gramática para o Hebraico: Uma abordagem pragmática. 4ª


edição. Petrópolis, RJ: VOZES, 2014.
MITCHEL, Larry A. Pequeno dicionário de línguas bíblicas: hebraico e grego. 1ª edição.
São Paulo: VIDA NOVA, 2002.

BACON, Betty. Estudos na Bíblia hebraica. 1ª edição. São Paulo: VIDA NOVA, 2005.

ROSS, Allen. Gramática do hebraico bíblico para iniciantes. 2ª edição. São Paulo: VIDA,
2005.

HATZAMRI, Abraham. Dicionário Português – Hebraico/Hebraico – Português. 2ª


edição. Tel Aviv, IL: AURORA, 1995.

BEREZIN, Rifka. Iniciação ao hebraico. 5ª edição. São Paulo: HUMANITAS/FFLCH/USP,


2004.

TORÁ, A LEI DE MOISÉS. São Paulo, Editora Sêfer, 2001.

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