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ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

EM MULTAS ADUANEIRAS E SUA POSSÍVEL CORRELAÇÃO COM


MULTAS VINCULADAS A DIMOB.

A prescrição intercorrente é um tema relevante no direito tributário


brasileiro, pois trata da possibilidade de extinção do crédito tributário em
decorrência da inércia do Estado em promover a cobrança do tributo. Nesse
sentido, é importante compreender o conceito de prescrição intercorrente, sua
aplicação em processos administrativos e a jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) sobre o tema. Essa pesquisa tem como objetivo analisar a
aplicação da prescrição intercorrente em processos administrativos para casos
de multas relacionadas a DIMOB, fazendo um paralelo com a prescrição
reconhecida pelo STJ em processo administrativo de multa aduaneira.

1. Prescrição intercorrente
A prescrição intercorrente é a perda do direito de ação do Estado em razão da
inércia na cobrança do crédito tributário. Ela ocorre quando o Estado não
promove a cobrança do tributo no prazo de cinco anos, contados a partir do
momento em que o crédito tributário se torna exigível. A prescrição
intercorrente é regulamentada pelo artigo 174 do Código Tributário Nacional
(CTN), que estabelece o prazo de cinco anos para a cobrança do crédito
tributário.

2. Aplicação da prescrição intercorrente em processos administrativos


No processo administrativo, a prescrição intercorrente ocorre quando o
procedimento administrativo instaurado para apurar fato passível de punição
permanece paralisado por mais de três anos, conforme o §1º do artigo 1º da Lei
nº 9.873 de 1999.
Os atos que interrompem a prescrição intercorrente no processo administrativo
de apuração de infração são as decisões, os atos de instrução do processo e os
atos de comunicação ao infrator
A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que incide a prescrição
intercorrente quando o procedimento administrativo paralisado por mais de
três anos, termos do §1º do artigo 1º da Lei nº 9.873 de 1999, prazo que se
interrompe com a prática de qualquer ato para o andamento do processo

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É importante destacar que a prescrição intercorrente pode ser proclamada ex
officio, mas se faz necessário, em atendimento à exigência constitucional de
contraditório prévio e efetivo.
3. Prescrição reconhecida pelo STJ em processo administrativo de multa
aduaneira
No caso de multas aduaneiras, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a
prescrição intercorrente em alguns casos, como pode ser visto nos seguintes
pontos:
I - A 1ª Turma do STJ decidiu por unanimidade que há prescrição intercorrente
de três anos no descumprimento de obrigação acessória aduaneira
II - O Decreto-Lei nº 37/66 dispõe sobre decadência e prescrição de multas
aduaneiras, restando ao § 1º do artigo 140 a previsão de prescrição intercorrente
III- As multas aplicadas às empresas transportadoras por falha de informações
no SISCOMEX não têm o objetivo arrecadatório e sujeitam-se à prescrição
intercorrente
IV: O STJ decidiu que a multa por falta de registro no Siscomex não tem caráter
tributário e, portanto, está sujeita à prescrição intercorrente
V - No Recurso Especial n. 1.999.532 refere-se a multa aplicada pelo registro
fora do prazo, no SISCOMEX, de informações a respeito das mercadorias
embarcadas, cuja responsabilidade é atribuída às empresas de transporte
internacional, conforme art. 37 do Decreto-Lei n. 37/1966 e da Instrução
Normativa SRF nº 28/1994. De acordo com o acórdão proferido em 15/05/2023,
caso o procedimento administrativo fique parado por mais de três anos sem
qualquer movimentação, o mesmo deverá ser arquivado e a penalidade
cancelada, nos termos do art. 1º, § 1º, da Lei n. 9.873/1999.

4. Análise quanto as multas relacionadas a DIMOB


A DIMOB (Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias) é uma
obrigação acessória que deve ser entregue anualmente por pessoas físicas e
jurídicas que exerçam atividades imobiliárias, como construção, incorporação,
intermediação de compra, venda e locação de imóveis.
A multa relacionada à DIMOB é aplicada em caso de atraso na entrega da
declaração, conforme determina o artigo 57 da Medida Provisória nº 2.158-35,
de 24 de agosto de 2001. Alguns pontos importantes sobre a DIMOB e a multa
relacionada são:
- A multa por atraso na entrega da DIMOB é chamada de Multa por Atraso na
Entrega de Declaração (MAED).
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- A apresentação da DIMOB é obrigatória mesmo para contratos antigos de
aluguel com renovação automática.
- Incorporadoras que fazem suas vendas através de corretores pessoas físicas
autônomos também devem apresentar a DIMOB.
- Em caso de venda de um imóvel em duas ou mais vezes, o valor total da
comissão deve ser informado na DIMOB.
- Se a DIMOB não for entregue no prazo, será cobrada uma multa de R$ 50,00
por mês de atraso, limitada a 20% do valor da declaração.

4. Conclusão
É importante lembrar que a DIMOB é uma obrigação acessória que deve ser
entregue anualmente por pessoas físicas e jurídicas que exerçam atividades
imobiliárias, como construção, incorporação, intermediação de compra, venda e
locação de imóveis. A multa por atraso na entrega da DIMOB é chamada de
Multa por Atraso na Entrega de Declaração (MAED) e é cobrada em caso de
não cumprimento da obrigação acessória.
De maneira geral, ao longo das pesquisas foi possível encontrar de maneira
taxativa que multas relacionadas à DIMOB possuem natureza tributária,
conforme mencionado pelo CRECI em seu site (link). Tendo em vista que essas
multas são aplicadas em decorrência do descumprimento de obrigações fiscais,
como atraso na entrega da declaração ou apresentação com incorreções ou
omissões.
Deste modo, o paralelo com as multas aduaneiras, por mais que existissem o
mesmo racional, não foi possível identificar nenhum racional que ligasse as
referidas multas para defendermos a aplicação da prescrição intercorrente nos
processos administrativos relacionados a DIMOB.

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