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Sustentabilidade (Educação Ambiental)

Discente: Vilson Franco de Oliveira


Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária

Atividade 6 - Consulte a lista anexa, identifique seu nome e qual


ambientalista correspondente a ele. Após uma pesquisa sobre
essa personagem, elabore um pequeno texto, com suas
palavras, apresentando essa personagem. Fique à vontade para
pesquisar mais de uma personagem.

Marcos Antonio dos Santos Reigota

Figura 1 - Conversa sobre Educação Ambiental na Hora de


Trabalho Pedagógico Coletivo, por Marcos Reigota

Marcos Reigota é biólogo, mestre em Filosofia da Educação e


Doutor em Pedagogia da Biologia pela Universidade de Louvain.
No período de 1990 a 1994, foi docente na UNICAMP, USP e na
Academia Internacional do Meio Ambiente de Genebra.
Autor de diversos livros sobre Educação Ambiental, entre eles “O
que é educação ambiental”, publicado há mais de 20 anos pela
Editora Brasiliense, em sua prestigiada coleção “Primeiros
Passos”, em seus escritos, Marcos Reigota defende uma
Educação Ambiental política, fundamentada em princípios
como a ética e a cidadania.

Sua jornada acadêmica é recheada de façanhas. Ele realizou


estágio de Pós-doutorado e de pesquisa na London School of
Economics and Political Science (1994); no Institute for Social
Research of Frankfurt (1997) com bolsa do DAAD/CAPES e com
bolsa da Fundação Japão, na Josai International University em
Chiba (2000) e na Sophia University de Tóquio (2005).

Foi coordenador do GE Educação Ambiental da Anped, bem


como organizador do "Simpósio: Fundamentos da Educacão
Ambiental," no Consejo Europeo de Investigaciones Sociales de
América Latina (Bruxelas e Salamanca) e co-coordenador do GT
"Ecologias outras" da Abrapso.

Ele recebeu da OAB — São Carlos (SP), em 1998, o prêmio de


"Personalidade do Meio Ambiente". Em 2005 foi homenageado
pela Universidade Pedagógica Veracruzana do México e em
2006 pela Associação Promissense Olho d’água de Proteção
Ambiental de Promissão — SP. Não obstante, foi incluído no
Alper-Doger Scientific Index de 2021, como um dos 10 mil mais
influentes pesquisadores da América Latina (Em 8.243 lugar).

Com isso dito, não há nada que realmente possa medir seu
alcance e influência. Suas conquistas são notórias, mas os textos
de seus alunos evidenciam como sua importância vai muito
além, tocando o coração de quem o conhece e ouve para a
causa ambiental, para ética, para o conhecimento e
aprendizado, entre outros. Como exemplo, Rodrigo Barchi da
Universidade de Sorocaba, aluno e pesquisador-auxiliar de
Marcos, coloca:

É preciso ter vivido a experiência de encontrar- se com


ele, através de seus textos, suas aulas, sua fala, sua militância e,
para os privilegiados pelas forças cósmicas que insistem em
acreditar na velha máxima “No creo en brujas, pero que las
hay, hay...”, sua inebriante amizade. Explicando de outra forma,
aproveito a sugestão de Deleuze, que, ao escrever sobre
Nietzsche, o fazia com um Nietzsche deleuzeano que estava
exposto no texto, e não o Nietzsche que a História da Filosofia
havia enclausurado em uma cristalizada e sedentária
narrativa. Ao escrever sobre Foucault, Bergson, Hume, Francis
Bacon, entre outros, sua perspectiva era a mesma.

Além de enaltecer toda a imensa contribuição dada por


Marcos Reigota à ecologia política, às perspectivas ecologistas
em educação, e às propostas marginais de ação social,
econômica, cultural e científica, é necessário reforçar o
compromisso político e a competência técnica com a qual ele
se dedicou nas últimas três décadas a formar professoras,
professores e outros profissionais a também lutar pelas
mudanças coletivas e individuais. Somado a isso tudo, ainda
temos a honestidade intelectual, o desprendimento humano e
a fidelidade para com os amigos, para os quais, Marcos é fonte
de inspiração, admiração, orgulho e alegria.

Tentei contato com ele para fazer breves perguntas, mas sem
sucesso. Ainda assim, podemos abstrair diversas coisas de
entrevistas, presenças e comentários prévios durante sua vida.

Marcos teve o privilégio de ter sido aluno de Paulo Freire (o qual


o influenciaria eternamente em sua visão e ideal) na PUCSP em
1983. Ele foi para a educação e para a PUCSP porque ele estava
lá. Para isso, também abandonou o curso de Geografia que fazia
na USP. Todos os conceitos presentes em seus trabalhos nessa
época e enquanto jovem estão ligados à participação política,
autonomia dos movimentos sociais, além de marcados pelo
contexto que tinha na PUCSP, um dos centros principais de
produção e difusão dessas perspectivas que tiveram enorme
impacto na sociedade brasileira nas décadas seguintes.

Há anos está envolvido com pesquisas da influência de Paulo


Freire, essencial e mais recentemente nos Estados Unidos
principalmente a partir do ano 2000. Ele reflete como que uma
nova geração de intelectuais e pesquisadores acatam e/ou
criticam a pedagogia freiriana. Como se sabe, houve a partir do
final dos anos 1960 um grupo de estudiosos que difundiram o
pensamento de Freire nos EUA e vários deles se tornaram
conhecidos no mundo todo. Há muitas publicações em várias
línguas, mas particularmente em inglês, e em muitas situações
esses estudiosos tiveram contato direto com Freire. Mas o que
ficou desse legado para, digamos, as gerações seguintes? Como
que essa geração ressignifica a pedagogia freiriana? Com essas
questões básicas, tem vasculhado bibliotecas das principais
universidades americanas, livrarias e sebos nas cidades em que
esteve e revistas acadêmicas de livre acesso. O que pode dizer,
de breves conclusões, pode ser enunciado em uma de suas
entrevistas:

A quantidade de trabalhos freireanos ou críticos dele nos


EUA é impressionante. Estive algumas ocasiões nos EUA, em
Berkeley, Chicago, New Orleans e mais recentemente, em abril
de 2016, nas universidades na região de Boston, me
concentrando em Harvard. Nessa última, estive em vários
seminários e embora em nenhum deles tenha ouvido o nome
de Paulo Freire, todo o seu pensamento se fazia presente de
uma forma ou de outra, principalmente nos seminários e
conferências de professores negros e ou de origem
latino-americana.
Engana-se aqui, contudo, quem acredita que as centenas de
viagens, conferências, palestras, orientações acadêmicas, livros e
artigos fizeram dele um brasileiro enaltecido por todos os seus
pares no mundo acadêmico, ou que seja uma unanimidade
entre os educadores ambientais brasileiros. Como evidencia
Rodrigo Barchi, em sua homenagem, novamente:

Marcos sofreu, especialmente durante os anos


“dourados” – pelo menos para os empresários das grandes
corporações nacionais, e que hoje estão em maioria na cadeia
devido aos escândalos de corrupção – do governo Lula
(2003-2010), um massacre brutal por parte dos educadores
ambientais e ecologistas que faziam parte do governo federal
naquele momento, e de seus apoiadores.

Isso porque não aceitavam as críticas feitas por ele, que


evidenciava o silêncio desses educadores e ecologistas perante
as tragédias da expansão da destruição da floresta amazônica
pelo agronegócio e pela indústria da carne, da construção da
Usina Hidrelétrica de Belo Monte e a consequente expulsão de
populações indígenas e ribeirinhas da Volta do Rio Xingu, da
catastrófica obra da transposição do Rio São Francisco, e
também perante os escândalos de corrupção que assolaram o
governo do Partido dos Trabalhadores, a partir de 2005.

Os mesmos que enalteceram as críticas de Marcos ao


modelo neoliberal proposto pelo governo de Fernando
Henrique Cardoso9, promovendo a banalização da Educação
Ambiental nos Programas Curriculares Nacionais (PCNs) nos
anos 1990, agora o tratavam como a um pária, acusando-o
absurdamente, muitas vezes, de pertencer às alas da oposição
conservadora promovida pelos sociais-democratas.
Os escândalos recentes na política brasileira – que
ajudaram o Brasil a afundar em um mar de caos político,
social, econômico e ambiental – vem expondo cada vez mais a
face neoliberal de cunho nacionalista que o governo de
“esquerda” possuía, e cujos bastidores nefastos escancararam
o fato de não se diferenciarem em praticamente nada dos
governos ditatoriais dos anos 1960 aos 1980, ou dos governos
neoliberais dos anos 1990.

Mas Marcos não se intimidou, rompeu com diversos


colegas antigos de militância ecológica – e estabeleceu
melhores amizades - manteve suas críticas e deslocou ainda
mais para as margens as possibilidades de transformação da
sociedade e de suas relações com o ambiente. Nesse sentido,
afastou-se do conceito da Educação Ambiental e do seu status
de garantidora de salvação das almas e do planeta – o que a
transforma em um novo messianismo pastoral, travestido de
ciência, carregado de todas as normatividades e imposições de
qualquer prática coercitiva –, para criar outras formas de
pensar as relações entre educação e meio ambiente como
múltiplas, heterogêneas e insubmissas às doutrinações
doentias presentes em noções conservadoras ou
crítico-dialéticas.

Evidencia-se aqui, com venustidade e boniteza, a jornada de um


ambientalista. Um lutador, da resistência e de um homem
fidedigno aos seus ideais. É impressionante ver como ele
colaborou para a formação das pessoas ao seu arredor, como se
manteve fiel às suas crenças, seu anseio por aprendizado, e suas
mudanças sutis, mas claras, ao longo de seu tempo enquanto
pesquisador. Espera-se que ele possa obter ainda mais
reconhecimento nesses próximos momentos. Como o próprio
diz, “Seguimos, sem temer jamais”.

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