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AUGUSTO PASSAMANI BUFULIN Coordenador Preficio Fabio Caldas de Araujo QUESTOES ATUAIS DE DIREITO PRIVADO Belo Horizonte FCRUM CONHECIMENTO JURIDICO 2022 estas] Scanned with CamScanner (© 22 EditoraFérum Lida & proibida a reprodugto total ou parcial desta obra, por qualquer meio eetinico, “Inclusive por processos xerogrifcos, sem autorizagio expressa do Editor. Conselho Editorial ‘Adilson Abreu Dalla! Floriana de Azevedo Marques Neto AlciaPaolucel Noguetra Bleatho Gustavo Justine de Olivlra ‘Alexandre Coutinho Paglarial Inés Virginia Prado Soares ‘André Ramos Tavares Jorge Ulises Jacoby Femandes Carlos Ayres Britto Juarez reitas Carlos Mério daSilva Velloso Luciano Ferraz (Cérmen Liiin Antunes Rocha Lio Delfino (Cesar Augusto Guimaries Perera Marcia Carla Pereira Ribeiro ‘Clovis Beznos Mércio Cammarosano CCistiana Fortin Marcos Erhardt J. Dinoré Adelaide MusetiGrott Maria Sylvia Zanella Di Petro Diogo de Figueiredo Morcira Neto (in memorian) Ney Jot de Freitas "Egon Bockmann Moreira Osvralde Othon de Fontes Saraiva Filho ‘Emerson Gabardo Paulo Modesto Fabric Motta Romeu Felipe Bcellar Filho Femando Rossi Strgio Guerra livio Henrique Unes Perera Walberde Moura Agra FCRUM (CONHECIMENTO JURIDICO ‘Las Cliudlio Rodrigues Ferreira Presidente e Bator ‘Coordenagio editorial: Leonardo Eustiquo Siquelra Aratjo ‘Aline Sbreira de Olivera ‘Ay, Afonso Pana, 2770 15" andar ~ Savas -CEP 20130-012 ‘Belo Horizonte ~ Minas Gerais ~ Tel: (31) 2121.4900 /2121.4949 -wow.editoraforum.com br - edtoraforum@editoraforum.com br ‘Técnica. Empenho, Zlo. Eses foram alguns dos cuidades aplicados na edicto desta ‘bra. No entanto, podem ocorrer errs de impressio,digitagio ou mesmo restar ‘lguma divida coneeltsal. Caso se constate algo assim, slictamos s gentile ‘de nos comunicar através do e-mail editorialOeditoraforum.com-br para que [possamas esclarecer, no que couber. A sua contibuigfo & muito importante para {nantermos 2 exceléncia editorial A Editora Fénum agradece a sua contibuisio. Dados Intemacionais de Catalogagio na Publicagio (CIP) de acordo com ISED Se ‘Quests atuais de DireitoPrivado /coordenado por Augusto Passamani Buln. -Belo Horiznte: Forum, 2022. 255 p.14,5em x215em. Incl bibliogralia IN: 978-65-8518-901-6 1. Direit.2.Direito Empresarial 3 Dreto Tabelhist. 4 Temologia. 5 Interet 6. Inovagé. I Bufulin, Augusto Passamani, I. Titulo. 2ozi- cop 3i6.07 a7 cous77 Elaborado por Oailio Hilario Moreira Junior - CRB-8/949 Informagio bibliogrifica deste livro, conforme a NBR 602322018 da Associa Brasileira dde Normas Técnicas (ABNT): BUFULIN, Augusto Passamani (Coord). Quests atueis de DiritoPricad, Belo Horizonte: Forum, 2022. 225 p. ISBN 976-65-5518-301-6. Scanned with CamScanner OS DESAFIOS DO DIREITO AO ESQUECIMENTO EA RAPIDA VELOCIDADE DE TRANSMISSAO DE INFORMAGOES NO AMBITO DA INTERNET JAIME FERREIRA ABREU IGOR GAVA MARETO CALIL LARA ABREU ASSEF 1 Introducao A Revolug&o Técnico-Cientifica-Informacional, terceira das tnés faces da Revolucao Industrial, foi responsdvel por importantes avancos no cendrio mundial, pautando-se em um olhar voltado as ciéncias e A tecnologia, as quais passam a dialogar em prol de um desenvolvimento mercadolégico e produtivo. O desenvolvimento da internet e das tecnologias de informagao trouxe consigo nao apenas benesses, mas também prejudicialidades, as quais coexistem e se apresentam em constante tensao. Dessa maneira, percebe-se que conceitos tradicionais, como a autonomia ea privacidade, sao relativizados ante a tendéncia contemporanea de hipervalorizacao da liberdade de imprensa e do amplo acesso a informacao. E assim que o chamado direito ao esquecimento surge como verdadeira reacao aos efeitos destrutivos e predatérios do sistema de comunicagao de massa, cuja expansao desenfreada importa, muitas vezes, na eternizagao de informagées pretéritas, despidas de valia e desconexas a realidade atual. Acontece que a salvaguarda da dignidade, personalidade e do substrato biopsiquico das pessoas encontra, no meio virtual, uma série de desafios, aptos a inviabilizarem sua operabilidade, como o superinformacionismo, 0 anonimato, a perenidade virtual e a difusdo irrestrita de fake news, os quais seréo minuciosamente abordados ao longo deste capitulo. Scanned with CamScanner 64 | a ‘AUGUSTO PASSAMANI BUFULIN ‘QUESTOES ATUAIS DE DIREITO PRIVADO Destarte, em um primeiro momento, debrucar-se.4 sob, os conceitos cunhados pela literatura juridica acerca do direity esquecimento, apurando os alicerces sobre 0s quais se funda €o5 efeitos advindos de sua concretiza¢ao. A partir de uma andlise dg método de ponderagao, pretende-se ainda apontar os caminho, que devem ser percorridos pelo intérprete constitucional na busc por uma solugao adequada para o caso concreto, tendo em vista g conflito travado entre os direitos fundamentais da personalidadee 0 direito a liberdade de imprensa e 4 informacao jornalistica. Em sequéncia, pdem-se em xeque os desafios enfrentados pelo direito ao esquecimento no ambiente virtual hodierno, caracterizado pelo superinformacionismo e pela rdpida velocidade de transmissao de tais informacées. Sao aspectos que, somados } ilimitada capacidade de armazenamento disponivel, importam em uma perda de controle de dados pessoais pelos seus reais titulares, reféns de um “capitalismo de vigilancia’, em que a violagao da privacidade se torna um modelo negocial. Por fim, 0 terceiro enfoque deste estudo recai sobre a existéncia de fundamentagio juridica suficiente para a efetivacao do direito ao esquecimento no Brasil, tendo em vista o solo fértil inaugurado pela introdugio da Lei Geral de Protecéo de Dados Pessoais (Lei n® 13.709/18). Com isso, torna-se palpvel ao leitor que a legislacao ordindria nacional ja prové, a contento, alicerce juridico para se assentar 0 direito ao esquecimento, permitindo sua aplicagao em plena harmonia com os ditames e balizas da Constituicao da Republica - razao pela qual resta incoerente qualquer alegacio em contrario. Nesse sentido, a presente pesquisa utiliza-se do método dedutivo, partindo de premissas maiores, submetendo-as a premissas menores, para que, em um curso légico descendente, se alcancem as conclusées desejadas. Portanto, a partir de uma revisdo bibliografica acerca das particularidades inerentes 4 um contexto superinformacionista, analisa-se 0 modo como ° advento de novas tecnologias propiciou uma releitura de conceitos tradicionais, como as nogoes de privacidade e intimidade. Parte-s® nao obstante, de metodologia qualitativa, que toma por sustentaculo © aprofundamento teérico, sistematico e categorizado do direit ao esquecimento enquanto espécie dos direitos da personalidad® | Scanned with CamScanner JAIME FERREIRA ABREU, IGOR GAVA MARETOCALIL LARA ABREUASSE | 65 (08 DESAFIOS DO DIREITO AO ESQUECIMENTO & A RAPIDA VELOCIDADE DE TRANSMISSAO.. apurando, assim, os desafios por ele enfrentados ante a rapida yelocidade de transmissao de informagées no ambito da internet. 2 Conceito e definicdes gerais do direito ao esquecimento A Constituigao da Reptiblica Federativa do Brasil de 1988, como amplamente cedico, consagrou logo em seu artigo 1°, inciso IIL, o principio da dignidade da pessoa humana enquanto postulado de legitimacao politica do Estado Democratico de Direito e verdadeiro baluarte da ordem constitucional, termos em que a operacionalizagio do sistema juridico - e também jurisdicional - deve, obrigatoriamente, visar 4 maxima efetivacado desse mandado. Muito embora nfo haja uma definicio juridica da dignidade humana no direito positivo, elucida-nos Ingo Sarlet que tamanha preocupacio conceitual seria dispensdvel, haja vista que, em Ultima andlise, a expresso traduz um valor proprio da natureza do ser humano como tal. Trocando em mitides, a dignidade pode ser entendida como uma qualidade no apenas intrinseca, mas também irrenunciavel e inaliendvel do ser humano, constituindo elemento inerente a cada um dos individuos, e que, por via de mera consequéncia, nao Ihes pode ser retirado ou destacado.! Sob essa ética, amparado pela “clausula geral” de protecdo © promogio da personalidade em suas miiltiplas dimensées, surge © chamado direito ao esquecimento, enquanto espécime de direito fundamental implicito, isto é, fruto de uma derivacao hodierna dos direitos fundamentais a vida privada, intimidade, honra e imagem da pessoa? todos estes sedimentados no Texto Constitucional por meio do inciso X do art. 5° da Lei Maior de 1988. Com efeito, em Sua nogao mais embriondria, 0 direito ao esquecimento traduz a SARLET, Ingo Wolfgang. A eficicia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. rev, atual, Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2012. p,77. SARLET, Ingo Wolfgang. Tema da moda, direito ao esquecimento ¢ anterior & internet. Consullor Juridico, 2015, p. 1. Disponivel em: httpi//www.conjur.com.br/2015-mai-22/ Gers fundamentasteme-moda ireito-esquecimento-anterior-internet. Acesso em: 25 Scanned with CamScanner 66 | os custo PAseaMANTUFULIN ussrocoruats DE DIREITO FRIVADO faculdade que o individuo tem de pleiteara retirada de: informacg, pretéritas da exposicao atual nos meios de comunicacao sempre gue tais lembrancas ostentarem potencial denegritorio, Com 0 objetivs de possibilitar ao sujeito o prosseguimento de uma vida dign, sem as sombras do passado e livre dos estigmas causados por tais informacées reavivadas na atualidade? No mesmo sentido, afirma Mayer-Schénberger, em liyre tradugao nossa, que atualmente se percebe e se combate 0 fim do esquecimento — “the demise of forgetting” — e, consequentemente, uma virada fundamental no padréo de meméria. Sem ignorar os indiscutiveis beneficios propiciados pela lembranga, 0 autor reforca que, quando em excesso, esse fendmeno conduz.a terriveis consequéncias. Isso porque, segundo ele, esquecer nao é apenas um comportamento individual, mas precipuamente um comportamento social, que tem 0 condao de proporcionar segundas chances aos individuos que uma vez falharam ou fracassaram.! A ideia hodierna de privacidade parece, pois, inscrever-se numa trajetéria reaciondria ou de “legitima defesa” dos direitos fundamentais da personalidade em face de certas praticas tecnocréticas escravizadoras da liberdade humana,’ que sofrem constante evolucao e multiplicagao no ambito da comunicacio social. Ora, téo multiplas foram as diferenciagdes percebidas no discurso da privacidade que a doutrina e a jurisprudéncia internacional inauguraram a densificacao de um direito especifico ao esquecimento como verdadeira reaco aos efeitos destrutivos do sistema de comunicagio de massa, cuja expansao estaria avangando desenfreadamente, a ponto de causar graves danos de ordem material e imaterial a8 pessoas, especialmente no que diz respeito A sua dignidade, personalidade e seu substrato biopsiquico.s ° SILVA, Lucas Goncalves da; CARVALHO, Mariana Kener de d2 informasio: andlise dos direitos fundamentais no melo satiene digital Revista Brasileira de Direitos e Garantias Fundamentais, v, 3, n. 2, Maranhio, 2017, p. 67. ¥ MAYER-SCHONBERGER, Viktor, Delete: the virtue of ‘Amaral. Direito ao esquecimento na : : forgetting i igital age. Princeton: Princeton University Press, 2009. p13. cenit * DOTTL René Ariel Proto da vida privudne liberdade dein ossibilic trates. Sto Paulo: Revista dos Tibunais, 1980, p84 Mr mae: possiblidades im CARVALHO, Igor Chagas de. Direito ao esquecis i ‘pansa i M , - Dit "quecimento: Reagao & expansio sistémica 40s Dinas scomunicacio de massa? Universidade de Brasilia’ Dissertagio de Mestrado e Scanned with CamScanner osorsanorbootenomstacnnniSes SAMAR CHLLLaRAaMRUASEY | 67 Justamente a esse entendimento é que se filiou 0 Conselho da Justiga Federal (CJF) ao aprovar, na VI Jornada de Direito Civil, o Enunciado de n° 531, cujo teor ex que “a tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informagao inclui 0 direito ao esquecimento”. Como justificativa, apontou-se que os danos provocados pelas novas tecnologias de informagao, desenvolvidas nos dias atuais, fazem emergir 0 direito ao esquecimento, que nao atribui a ninguém o direito de apagar fatos ou reescrever a propria histéria, mas tio somente a possibilidade de discutir 0 uso que é dado aos fatos pretéritos e, em especial, 0 modo e a finalidade com que sao lembrados” Com efeito, néo raras vezes os sujeitos sociais veem-se condenados a constantemente revisitar alguns fatos incdmodos do passado, cujos desdobramentos insistem em produzir efeitos negativos até 0 momento presente, muito embora tais individuos ja tenham cumprido com todas as eventuais sangoes civeis, administrativas ou mesmo penais que hes foram imputadas em razao da referida conduta tortuosa. O direito ao esquecimento, assim, configura um mecanismo destinado por exceléncia a protegao dos aspectos mais intimos e psiquicos da pessoa humana, assegurando-Ihe umespaco comunicativo dotado de autonomia perante a coletividade e possibilitando 0 exercicio efetivo da pretensao de questionamento do (re)uso de suas informacdes privadas, de maneiraa evitar a ocorréncia de eventuais instrumentalizagoes da pessoa pelo sistema’ No ponto, é de grande relevancia pontuar a atecnia da terminologia “direito ao esquecimento”, eis que sugere um controle absoluto dos fatos ou um apagar da historia, fenémenos impossiveis eaté indesejveis, que nao se coadunam com o significado técnico Por tras do instituto, qual seja, a tutela da identidade pessoal e © direito de toda pessoa humana de ser corretamente retratada em suas projecées publicas.’ Portanto, o direito fundamental ao ‘pressamente consigna BRASIL. VI Jornada de Direito Civil. Brasilia: Consetho da Justica Federal, Centro de Estudos Judiciérios, 11-12 mar. 2013. CARVALHO, Igor Chagas de. Direito ao esquecimento: Reagio & expansio sistémica dos ‘meios de comunicagio de massa? Universidade de Brasilia. Dissertagdo de Mestrado em Diteito, Orientador: Prof, Dr. Marcelo da Costa Pinto Neves. Brasilia, 2016, p.5. SCHREIBER, Anderson. As trés correntes do direito ao esquecimento. Revista JOTA, 2017, . 3. Disponivel em: https,//www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/as-tres-correntes-do- direito-ao-esquecimento-18062017. Acesso em: 28 dez, 2020, Scanned with CamScanner rut ro rAssaMant > 68 | UES Unis DE DIREITO PRIVAD se definido com corre¢ao, traduz também 9 ite; 5 ao nfo processamento ou a remogio de de ae das midias, quando estes se TeVelaren | mh ade atual e/ou intiteis aos Prop ésitg, 8 esquecimento, dos individuo: e informes pretéritos desconexos com a realide legitimos de memoria social. : Embora, em um primeiro momento, a salvaguarda di inviolabilidade da vida privada e da intimidade das pessoas Pater, constituir verdadeiro dbice aos mandamentos de livre comunicagig emanifestacao do pensamento, cumpre evidenciar que aformulagig aparentemente negativa do artigo 220, §1°, da CREB, que veda qualquer restricao a liberdade de informagao jornalistica, constityi em verdade uma autorizacéo para o sopesamento dos Ptincipios conflitantes, eis que o constituinte menciona expressamente os diretos individuais da personalidade como baliza para o exercicio da liberdade de imprensa - fenémeno que se pode denominar de reseron legal qualificada.” De toda forma, como intuitivamente se constata, a aplicacao do direito ao esquecimento deflagra um conflito entre direitos fundamentais: de um lado, a liberdade de expressao e de informacio; de outro, os denominados direitos da personalidade, dentre os quais a imagem e a privacidade. Por outro enfoque, 0 direito ao esquecimento protagoniza duro embate com os direitos a memoria e a verdade histérica.” Por ébvio e em razao de sua propria ontologia, tal conflito no se pode resolver de maneira aprioristica, isso porque os direitos fundamentais sao normas da modalidade deéntica de principio; isto é, pela definigao classica de Robert Alexy, mandados de otimizacao, caracterizados pot poderem ser cumpridos em diferentes graus, sendo que a medida ® FLORENCIO, J. Abnisio. Dizeito ao ion ; 0. fenjiacinento ng Inari de MESA THEOPHILO NETO, N,, THEOPHILO JUNIOR, R. (Org.). Sustentabilidade ambiental ¢ novos desis na era digital. Sao Paulo: Saraiva, 2011, p. 216, MENDES, Gilmar Ferreira. Colisdo de direitos fundamentais: iberdade de xP rie 2 comunicasao e direito A honra e & ima is ation, a. 3h Brasilia, maiojul. 1994p. 296, s8°™ Revista de Informando Legislation, ® | ® CORDEIRO, Carlos José; PAULA NETO, ae OR ; , Joaquim José de. A concretizacio de dit depron 9 dco wy tgints Const P. 17. Disponivel “hetpe//eivitia it vi Pertolidade. Acesso em: 28 don aoa on orM es coneretzacae dem 10" 6 Scanned with CamScanner JAIME FERREIRA ABREU, IGOR CAVA MARETO.CALIL,LARA ABREUASSEF_ | 69 (08 DESAFIOS DO DIREITO AO ESQUECIMENTO E A RAPIDA VELOCIDADE DE TRANSMIS de sua satisfagao nao s6 depende das possibilidades juridicas, mas também das possibilidades faticas."* Nesse toar, é de facil percepcfo que nao hé qualquer hierarquia abstrata entre principios, de modo que uma eventual oposic¢ao interna néo se resolveré suprimindo um em favor do outro. Com efeito, se ambos os direitos fundamentais protegem a dignidade da ‘ssoa humana, ¢ fato que merecem ser preservados em maximo grau possivel, levando-se em conta o peso ou a importancia relativa de cada principio no caso concreto."* Alids, como é sabido, é também por forga do principio da unidade da Constituigao que inexiste qualquer hierarquia juridica entre normas constitucionais."* Portanto, em hipétese de conflito entre principios, na qual um deles restringe as possibilidades juridicas de realizagao do outro, o intérprete constitucional precisaré socorrer-se da chamada lei de colisio, segundo a qual a medida permitida de nao satisfacao ou de afetacao de um princfpio seré exatamente a mesma medida do grau de importancia da satisfagao do outro. Noutras palavras, significa que a solugdo para esse embate consiste no sopesamento dos princfpios - que abstratamente esto no mesmonivel de hierarquia— mediante o estabelecimento de uma relaciio de precedéncia condicionada pelas circunstincias do caso concreto, fixando-se as condigées sob as quais um princfpio terd maior peso relativo ou precedéncia em face do outro, devendo o julgador fundamentar racionalmente a adequag&o constitucional de sua decisao."6 Em se tratando da colisao entre os direitos fundamentais da personalidade e os direitos a liberdade de expressao e informagao, tem-se que o direito ao esquecimento tende a ceder espaco ou, ao menos, ser modulado por solucdes mais brandas quando verificados os seguintes elementos constitucionais de ponderagao: 1 ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechts, 5. ed. 2006. Tradugio de Virgilio Afonso da Silva, Sio Paulo: Malheiros Editores, 2008. p. 90. ™ FARIAS, Edilsom Pereira de. Coli de direitos. A honra, a intimidade, a vida privada e a imagem versus a liberdade de expresso ede informagio. Porto Alegre: 1996. p. 96. * BARROSO, Luis Roberto; BARCELLOS, Ana Paula de. Colisio entre liberdade de expressio € direitos da personalidade, Critérios de ponderagio. Interpretagio constitucionalmente adequada do cédigo civil e da lei de imprensa. Revista de Dirito Administratoo, n. 235, Rio de Janeiro, 2004, p. 5. ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechtes. . ed, 2006, TradugSo de Virgilio Afonso da Silva. Sio Paulo: Malheiros Editores, 2008. p. 167 Scanned with CamScanner SsaMANLBUFULIN, Aer AUAIS DE DIREITOPRIVADO QuesvoEs ATU ; ivulgado; (ii) licitude do meio de ob, (i) veracidade se pescontlal ptiblica da pessoa objeto g da i dade do local do fato; (v) natureza aciden ¥ noticia; (wv) fe a5 fato; (vi) existéncia de interesse publicg ye Svan ica, estatistica ou cientifica na divulgacso d focal ses eapatialinente quando decorrem da atuagao de 6, anentidades publics; e (vi) possibilidade de cominacio desanyse aposteriori, sem. proibigao da divulgacao, como 0 direito de Tesposty 40.7 rb "No! ambito da jurisdigao brasileira, destacam-se como Patadig. miticos os recursos especiais REsp n° 1.334.097/RJ"* e REsp 1. 335.153 BJ, em cujosjulgamentos 0 Superior Tribunal de Justica, pela primeira ‘vez, reconheceu expressamente a existéncia do direito ao esquecimenty, fundamentando-o na dignidade da pessoa humana e nas “multiplices facetas do direito ao respeito da vida privada” e sopesando-o em face do direito & liberdade de imprensa. Justamente a importincia dese sopesamento foi reforcada pelo Supremo Tribunal Federal em recente julgamento do Recurso Extraordindrio n? 1.010,606/RJ (Tema n°786,2 oportunidade em que se fixou a tese de repercussao geral de que o direito ao esquecimento seria incompativel com a Constituigdo Federal, devendo eventuais excessos ou abusos no exercicio da liberdade de expressio e de informagio ser analisados caso a caso. Embora,em tais oportunidades, a discussio tenha se limitado ao ambiente televisivo, é notério que os precedentes do ST] terminaram ¥ BARROSO, Luis Roberto; BARCELLOS, Ana! lisa BARROSO) Lol Bobet AC Paula de. Colisdo entre iberdade de expres. ios de ponderacéo. Interpretagao constitucionalment® adequada do cédigo civil e da lei de i it inistrativo, n. 235, Rio ana aes le imprensa, Revista de Direito Administrativo,n- ™ BRASIL. Superior Tribunal de Justi ie ee : ica. Recurso Especial n? 1.334,097/R]. Caso Chacina »» Gandléra vs. Rede Globo de Televisdo: Ministo Ls Felipe Salome 28 maio 2013. eae suPetior Tribunal de Justia. Recurso Especial n* 1,335.153/R), caso Alda Cus > Teo juris atlevsio: Ministro Luis Felipe Salomao, 28 maio 2013. eaquecccnag tz: “E incompativel com a Constituigdo Federal a ideia de um direito © a divulgacio de fats onid© como o poder de obstar, em razio da passagem do! ire comunicagio social 12408 Veridicos e licitamente obtidos e publicados em meios “pecialmente os relatives & protegio da honra, ttap 24 " eral, erates Jalgaon Beal © ciel” (STE. RE ne LOL SogRy eae are Dal nunal Pleno, Data de PublicagSo: 20.05.2021), Scanned with CamScanner TAIME FERREIRA ABREU.ICORG IGOR GAVA MARETO CALI LARA ABREU A Os DESAFIOS DODIREITO AO ESQUECIMENTOEA AMIDA ELOciDADE DE TRanemnsene., | 72 por catalisar no pais a ampliacao da discussao do direito ao esque- cimento no meio juridico, sendo o debate ainda mais aquecido com o advento dos novos meios de comunicacao social: a rede mundial de computadores ou internet. 3 Desafios do direito ao esquecimento em um contexto de tecnologia e superinformacionismo Como enunciado, o direito ao esquecimento sugere, em abstrato, a remocao integral e definitiva de todas as informagdes pretéritas que, embora sejam falsas ou tenham se tornado desconexas a realidade presente, continuam sendo disponibilizadas erevisitadas constantemente na atualidade por meio dos canais de comunicagao de massa, ostentando elevado potencial danoso aos individuos. No entanto, infelizmente, essa ideia nao é totalmente fética: a negativa de autorizacdo de compartilhamento da informago nao é suficiente para a sua retirada dos meios midiaticos. Noutras palavras, a simples revogacao do consentimento do titular para 0 processamento de seus dados pessoais nao necessariamente permite a remocio retroativa desses dados, especialmente quando se trata do ambiente digital. Ora, com raz4o, os provedores de contetido digital apresentam uma tendéncia crescente de retroalimentagao, indexacdo e armazenamento ilimitado, salvando até mesmo os dados ja descartados pelos usuarios.” Historicamente, a tentativa humana de significagao da realidade e o consequente acesso ao conhecimento foram processos permeados, em regra, por andlises linguisticas, as quais algam a linguagem a um patamar de centralidade e absolutism. O protagonismo é tamanho que se pode afirmar que o desenvolvimento de diversas sociedades, conhecidas como civilizaces orais, 86 foi Possivel apés o surgimento da habilidade comunicativa. Assim, marcadas pelo apego ao discurso, tais comunidades utilizavam-se do verbalismo como meio transmissor de testemunhos de geracio em geracio, reconhecendo a fala “nao apenas como um meio de 3 TMA, Enk Noleta Kirk Palma, Direito ao esquecimento: discussao européia e sua repercussdo ‘no Bras. Revista de Informagio Legislatic, a 50, n. 199, Bras, jul/set. 2013, p.275. Scanned with CamScanner ae y1 BUFULIN ssT0 PASSAMA Nr¥A00 auaus DE DIREITO 72 | GuesrorsaTuas cacso didria, Mas também como um meio de Preservacs. qf 2 ~ i strais” da sabedoria dos ances : s ‘Ha, nesse sentido, uma estrita relagdo entre a linguagem e, memoria que acaba pot evidenciar certos riscos e perigos inerentes, 450 oral. Afinal, € custosa a transmissao verbal da memérig entre geracbes, visto que, além de demandar tempo e esforco, requer repeticao e atengao dos contadores ouvintes, 0 que consubstancia uma alta probabilidade de nao assimilacao ou esquecimento® De igual maneira, te previvéncia da tradigao oral a partir da meméria é restrita a determinado espaso fisico, condicionando sua difusao & coincidéncia geografica dos interlocutores.* O advento da escrita, ‘mais tarde, € responsdvel por dilatar os mecanismos de armazenamento € Jembrancas sociais, ampliandoa quantidade de distingdes simbolicas de que uma comunidade pode usufruire, por consequéncia, possibilitando ““am aumento das coisas ouaspectos do mundo que podem ser jndicados”. Noutras palavras, tem-se um salto no que tange a capacidade de armazenamento de informagées, funcionando a escrita como “apoio externo da memoria humana”, adquirindo o passado um poder sobre o presente outrora desconhecido.® Talvez. por isso seja correto — nos parametros aqui delimitados — 0 provérbio chinés segundo 0 qual “a tinta mais fraca 6 preferivel & palavra mais forte”. ‘A despeito da evolugao supra, 0 majoritério analfabetismo da populacao ¢ 0 alto custo enredado na produgao (manual dos materiais escritos tornavam-nos acessiveis exclusivament® As camadas sociais mais altas, cendrio este que somente seti@ 2 VANSINA, Jan. A tradigdo oral e sua metodolo; -ZERBO, Joseph (editor), slit |, eal ia Aften: Metodologia epré-histéria da ‘Aficnv. 1.2.04. eee UNESCO, 2oie.p 1 CARVALHO, tor Chagas de. Dreto wo esquecimento: Reacio & expansio sstmich 2 wasn de omunicado de massa? Universidade de Brasilia. Dissertagio de ‘Mestrado eo ae Deiplader: of, Dr Marcelo da Costa Pinto Neves. Brass, 2016.P-4Y ys PRIMO, Ale Fases do desenvolvimento tecalégico ¢ suas ‘implicacbes nas 7, arc erga en oe q las redes de colaboracao: iversidade we lconolopias de poder Salvador EDUFBA, 2008. 2 s ee se UFIMANN, Nils Loci ee LAN Lasociedad de ia sociedad. México: Herder/Universidad Iberoame % CARVALHO, Igor Chagas de. Direi ¢ , Igo . Direto ao esquecimento: Reagao & expansto sti os as etiricard te taea! Orrecdaca Be Bras isnt de Ment 6, P Direito, Orientador: Prof. Dr. Marcelo da Costa Pinto Neves. Brasilia, 201 Scanned with CamScanner JAIME FER (0S DESAFIOS DO DIREITO AO Esk 1A ABREU IGOR CAVA MARETO.CALL:LARA ABREU ASSEP QUECIMENTOE A RAPIou veLocioDE be eansueano.. | 78 alterado com o surgimento das tecnologias de impressao por tipos méveis. Com efeito, os mecanismos de democratizagao desses materiais contribuiram para uma maior difusao da informagio e uma consequente ampliacao da meméria social mediante a leitura em massa de livros, jornais e periédicos, e, posteriormente, com 0 surgimento do radio e da televisio.” Contudo, o esquecimento permanece como regra, visto que subsistia certa dificuldade quanto ao resgate de informagées pretéritas: além de estarem sujeitas ao desgaste facilitado do seu suporte fisico, perdendo-se as edicdes no tempo,* os livros, jornais e periddicos possuem limitagdes quantitativas, sendo restrito 0 numero de informagées neles contidas. Os materiais escritos sao, dessa forma, marcados por certa obsolescéncia, no sentido de que, além de se deteriorarem facilmente, sao periodicamente substituidos por novas edicGes, atualizadas e de maior valia informacional. Estes sao aspectos que, em conjunto, caracterizam a propensao ao “esquecimento”, obstaculizando 0 acesso as informagées e dados pretéritos. apenas com o advento da rede mundial de computadores - a internet — e mormente com sua popularizagao na década de 1990 que 0 esquecimento se revela como, ao revés, uma excegao. Assim, conceitos antes tidos como tradicionais e indeléveis, a exemplo da autonomia e da privacidade, sdo postos em xeque pela agilidade na recuperasio de informagoes e pela facilidade de transmissao e armazenamento destas, aspectos estes insitos ao ambiente virtual, cuja ascensao permite a ultrapassagem de barreiras geogréficas e temporais.” Com efeito, a internet néo possui quaisquer limitacdes de ordem fisica, de modo que as informagdes podem ser infindavelmente lancadas e armazenadas no ambiente virtual, a ® CARVALHO, Igor Chagas de. Direito ao esquecimento: Reagdo & expansio sistémica dos meios de comanieake de massa? Universidade de Brasilia. Dissertagdo de Mestrado em Direito. Orientador: Prof. Dr. Marcelo da Costa Pinto Neves. Brasilia, 2016, p. 44. ° SCHREIBER, Anderson, Direitos da personalidade, 3. ed. S40 Paulo: Atlas, 2014. p. 172. ® PRIMO, Alex. Fases do desenvolvimento tecnolégico e suas implicagdes nas formas de ser, ‘conhecer e comunicar e produzir em sociedade. In: PRETTO, Nelson de Luca; SILVEIRA, ‘Sérgio Amadeu, Além das redes de colaboragio: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder. Salvador: EDUFBA, 2008. p. 59. Scanned with CamScanner 7a | Auer eA sear rnA0 ento ou local. Assim é que sa0 suprimidas tog,, cimento ou substituigao de dados, tendo em y, as cem conservados e disponiveis para pronto a, te da introducao ou nao de novos contetidos rede, Tem-se, pois, um fenémeno de superinformacionismo, a confere ao sujeito a possibilidade de consumir informagdes fet presentes quanto pretéritas, ainda que estas ja se afigurem antigas obsoletas ou ultrapassadas. Recorrendo-se a metaforas, pode-se dizer que, em uma “gue, ra” contra a internet, em busca de uma hegemonia comunicacional, os meios escritos— como jornais, livros e periddicos~ guerreiam com arcos e flechas, enquanto o ambiente virtual dispe de um sofist.. cado arsenal bélico. E, pois, uma competicao injusta, que evidencia a obsolescéncia dos meios de comunicag&o escrita — aqui restritos ao papel - frente ao desenvolvimento e refinamento inaugurados pela internet. qualquer mom formas de esque’ que estes permane’ independentemen' Em uma, percebe-se uma relacao inversa de proporcionalidade ao longo da historia: 4 medida que os meios de comunicagéo de massa foram se desenvolvendo, a capacidade de esquecimento percorreu caminho contrario, minguando-se a propor¢ao quenovas tecnologias surgiam. Tanto é assim que, considerando a facilidade de acesso, a comodidade, os baixos custos e a quase que infinite capacidade de armazenamento e recuperagao de dados no ambiente virtual, Mayer-Schnberger reconhece 0 j4 mencionado demise of forgetting, elencando quatro avancos tecnol6gicos motivadores dess* mudanga paradigmatica: digitization, cheap storage, easy retrieunl €0 global reach” De inicio, o autor ressalta ser cedigo que 0 ptocessamento, io armazenamento e a transmissao de uma informagao por meio digi sio envoltos por uma agregacio de variagées aleatérias (“ruidos yi apta a desnaturar e modificar a fidelidade do dado original." Aes* processo, dé-se o nome de digitization ou digitizagao, a parti 2 ® MAVERSCHONBERGER, Viktor. Delete: the virtue of forgetting in the igi ,, Princeton: Princeton University Press, 2008, Capitulo I ca CARVALHO, Igor Chagas de. Direito ao esquecimento: Reagéo & expansiO 7 ado et meloe de comuniagio de massa? Universidade de Brasilia. Dissertagio de Mes ireito. Orientador: Prof. Dr. Marcelo da Costa Pinto Neves. Brasilia, 2016, P- a Scanned with CamScanner JAIME FERREIRA ABREU, IGOR GAVA MARE 2 rOCALIL,LARA ABREU ASSEE os DEEAPI0s DODIREITO AGESGUECIMENOFARARDAYeLocoNDEOETRANeMSSIO.. | 75 al dados sao “convertidos em sequéncias numéricas ou de digitos [...] interpretados por um processador capaz de realizar célculos de extrema complexidade em fragdes de segundo”. A medida que a tecnologia evoluiu — neste caso, do analdgico para o digital -, as deturpagées de dados digitizados foram diminuindo, de modo que hoje, como resultado desse processo, tem-se uma réplica fidedigna do original, sem qualquer perda qualitativa. Ha, dessa forma, uma extrema facilidade em se resgatarem informagoes pretéritas, agora copiadas perfeitamente por meio da digitization. E um processo que promove, portanto, uma facilidade na distribuigaéo de dados, permitindo um acesso irrestrito e veraz a dados que se encontravam “esquecidos”. Como bem pontua Anderson Schreiber, na internet, ambiente que nao esquece, “dados pretéritos vém a tona com a mesma clareza dos dados mais recentes, criando um delicado conflito no campo do direito”.* O segundo tépico abordado por Mayer-Schénberger diz respeito ao armazenamento dos dados, sobre o qual tece uma andllise quantitativa e qualitativa. Isto é, além de verificar 0 modo como 0 barateamento deste facilita a transmissao e resgate de dados, apura também a capacidade de armazenamento dos mecanismos atuais, que permitem 0 acesso irrestrito e atemporal a uma infinitude de dados e informacoes que nela esto contidos - em um verdadeiro processo de superinformacionismo. Nessa senda, o desenvolvimento tecnolégico contribuiu para uma reducio dos custos de armazenamento de informacao, a ponto que “guardar informagao - mesmo full screen videos - em meméria digital [tornou-se] mais barato do quenos correspondentes analégicos de armazenamento de informagao (papel, pelicula, fita)”.* Somado ao barateamento, denota-se uma ampliagéo em massa da capacidade de armazenamento dos dispositivos. A titulo de exemplo, enquanto um RAMAC 250 ~ primeiro computador com sistema de armazenamento em disco rigido, surgido em 1956 — ® MARTINO, Luis Mauro Sé. Teoria das midias digitais: linguagens, ambientes, redes. 2. ed. Petrépolis: Vozes, 2015. p. 11. ® SCHREIBER, Anderson. Direitos da personalidade, 3. ed. Sao Paulo: Atlas, 2014. p. 172. % MAYER-SCHONBERGER, Viktor. Delete: the virtue of forgetting in the digital age. Princeton: Princeton University Press, 2009. p. 67-68. Scanned with CamScanner RN | auoustorsshae pero PRIVADO my 76 | quesrors*" 1 para armazenar trés megabytes, ence, ; Neon, hoje no mercado modelos de pen en Capacidade ge vabytes.*°A discrepancia se toma ainda mais evidente q, ate 6 einai ntimeros & mesa: 1 gigabyte é composto por 1,094 meg do armazenamento tradicional, cumpre aby ‘Alem : surgimento de novas formas de conservagao de dado to pen drive, 0 HD externo e a nuvern ~ mecanismos que a a informagoes em ambiente extrinseco, ampliando a capacig, de armazenamento dos computadores e, por consequénca informagées disponiveis aos seus tisudrios. as ‘Assim, diante dos custos minimos ou, até mesmo, inexis; de memorizagao de dados, torna-se cémodo e conveniente internauta recorrer a0; armazenamento virtual, “nao havendo. meee, incentivo, economicamente falando, para ter de decidir entre king ouesquecer”.** Reitera- , pois, o paradigma contemporaneo sepundy o qual o esquecimento seria a excecdo, enquanto a Jembrang i. oriunda do armazenamento ilimitado — a regra. Por tais motivos,a introdugio de novos instrumentos tecnolégicos de armazenamenty externo também figura como um desafioa ser enfrentado pelo deity ao esquecimento, na medida em que potencializa a influéncia do passado sobre o presente. No ponto, releva mencionar, ainda que brevemente, apolémica difusdo das fake news no contexto do superinformacionismo virtual Linhas gerais, afiguram-se como tendéncias contemporaneas a recepséo acritica e o subsequente compartilhamento em cadeia af infinitum, de informagées falsas, fruto de distorgdes da realidade fatica, com 0 objetivo precipuo de (i) provocar confusao mental; @ desviar para si apoio politico; (iii) denegrir ou exaltar personalidade publica; e, até mesmo, (iv) por puro divertimento. Para tanto, ® disseminadores de tais noticias costumam se valer de um exager sensacionalismo — recurso linguistico que funciona como stil tinha capacidade % COSTA, Tsrael Reis. A evolugto dos dispositivas de armazenamento de dados 8 Ion da hist6ria, Universidade Federal do Maranhao. Trabalho de Conclusio mp ‘em Informatica, Orientador:Profa, Dra Liliane Faria Coma Pino" Massie p20, a eg ae CARVALHO, Igor Chagas de, Diet a equeimento: Regio 8 expanse Msp @ meios de comunicagio de massa? Universidade de Brasilia, Dissertagio de Mi iteito. Orientador: Prof. Dr. Marcelo da Costa Pinto Neves. Brasilia, 2016 P- ] a Scanned with CamScanner At osotSAFIS DODIITO NO HBGUECIENTOEA RArOn WELOIONDEDE TRANSMIS de meméria nos seus receptores. Dessa forma, pode-se facilmente concluir que 0 reavivamento fervoroso de situagdes inverossimeis, absolutamente desconexas a realidade, no imaginario popular enas grandes redes de comunicaco acarreta irreversiveis prejuizos a0 sujeito noticiado, porquanto dificultam em muito a efetivagao deseus direitos da personalidade, em especial, o direito ao esquecimento. Em sequéncia, Mayer-Schénberger traz a baila o conceito de easy retrieval para descrever um fenémeno moderno de facilitacao do resgate das informagSes pessoais jé disponibilizadas no ambiente virtual, 0 que decorre justamente de um processo de superacao gradual do modelo analégico pelo digital, bem como de um barateamento expressivo dos custos de armazenamento.” Com efeito, se a recuperacio de informagées contidas nos materiais impressos (v.g. livros, jornais e periddicos) dependia invariavelmente de uma localizacio sequencial dos dados, a partir de pesquisas dentro dos préprios documentos, a saber, nos indices dos escritos; por outro lado, o desenvolvimento dos meios de armazenamento digital permitiu a utilizagao de critérios de busca inteligentes, muito mais rapidos e até exteriores ao documento especifico, seguindo parametros nao sequenciais e absolutamente flexiveis de localizacao da informagao desejada.* Portanto, verifica- se uma completa superacéo do modelo lento, custoso e complexo que consubstanciava o resgate de informagées no ambito dos suportes fisicos, valendo especial destaque para as refinadas ferramentas de busca existentes no contexto hodierno, como é 0 caso dos termos indexados e das palavras-chave, que possibilitam a instantanea remiss4o do leitor, em um “clique”, a0 local exato onde foi disponibilizado 0 contetido. Por fim, cumpre salientar que o desenvolvimento de redes digitais mundiais de computadores propiciou um alcance global (global reach, na terminologia original de Mayer-Schénberger) as bases de dados disponiveis no ambiente virtual, uma vez que tais bases MAYERSCHONBERGER, Viktor. Delete: the virtue of forgetting in the digital age. Princeton: Princeton University Press, 2009, pp. 72. ss. ® CARVALHO, Igor Chagas de. Direito ao esquecimento: Reagio & expansio sistémica dos ios de comusicagio de massa? Universidade de Brasilia. Dissertagso de Mestrado em Direito, Orientador: Prof, Dr. Marcelo da Costa Pinto Neves. Brasilia, 2016, p. 47. FERREIRA ABREU, IGOR GAVA MARETO CALIL LARA ABREUASSEF | 7 | Scanned with CamScanner run avcusro PASSAMASIAUFULIN, 78 | ese ats DE DIREITOFRIVADO localizadas pot usuarios aoe em qual is ando-se a presenga fisica do interes, Part do ep terioial da informagfo desejada.* Em ve, vrontexto digital, €0 bastante que se verifiquem a8 respect, eorex (a) do sujeito & rede de comunicagao; € (b) desta iltima 3 base de dados que se pretende acessar. : Por via de mera consequéncia, aponta-nos Nicklas Luhmany .s redes de interconexao de operabilidade mundial Permitem, as seus usuarios, globalmente dispersos, a liberdade de compile, avaliar e tornar novamente disponiveis os dados que um dia foram disponibilizados no sistema de comunicasao de massa.e Nesse diapasdo, com as mudancas havidas no ambiente virtual, os individuos testemunham uma progressiva erosao ou perda de controle sobre suas proprias informagées pessoais, o que corresponde ao correlato ganho de poder informacional por parte de outros agentes mididticos.* Destarte, é imperioso salientar que os fendmenos de easy retrieval e global reach traduzem uma grave ameaga ao direito a0 esquecimento, considerando que, no mundo digital, deixar 0 passado para trés ficou muito mais dificil: “A pessoa pode até ter esquecido, mas 0s outros ndo esqueceram o passado dela -e podem “acessa-lo’ e‘usé-lo’ das formas mais variadas, inclusive mediantea compilagao de ocorréncias e dados de diferentes fontes”.* Em sintese apertada, o simples ato de requisitar a exclusio de informacées pessoais da rede mundial de computadores (inteme!) jamais seré uma garantia de sua definitiva exclusao.* Inclusive, é curioso notar que os sistemas atuais de backup ou “restauracio” podem ser facilmente | que ai ® CARVALHO, Igor Chagas de. Dirito ao esquecimento: Reagio & expansio sistémica dos meios de comunicagéo de massa? Universidade de Brasilia. Dissertagdo de Mestrado em «¢ Diteito. Orientador: Prof, Dr. Marcelo da Costa Pinto Neves. Brasilia, 2016, p48. aaa Niklas La sociedad dea sociedad. México: Herder/Universidad Iberoamerion MAYER-SCHONBERGER, Viktor. Delete: the virtus in the digital 46% Princeton: Princeton University Press, 2008. p.97. oo ae © CARVALHO, Igor Chagas de. Dircto ao esqueci ai emia y , Igo ; squecimento: Reagio & expansio sistem aioe de ‘comunicagio de massa? Universidade de Brasilia, Dissertagio ‘de Mestrado em" 2 Greens Dr. Marcelo da Costa Pinto Neves. Brasilia, 2016, p-50- LIMA, Erik Nol Palma. Direito ao esquecimento: discusséo européia esua no Brasil. Revista de Informagéo Legislativ, a 50, n. 199, Brasilia, jul/set. 2013, p-280- ud Scanned with CamScanner JAIME FERREIRA A OS DESAFIOS DO DINE Ne FERREIRA ABREU, IGOR GAVA MARETO CALIL, LARA ABREU ASSEF 7, AOESQUECIENTOEARAMDAWHLOCIDADEDE Taanewisaho.. | 79 sao capazes de resgatar, em poucos instantes, até mesmo os dados que foram deletados por iniciativa positiva do usuario, tendo em vista a impossibilidade pratica de se afirmar, com taser) que os provedores de contetido virtual (por exemplo, o Google) também apagaram aquela informagao, tampouco se pode garantir que estas nao foram copiadas, replicadas e disponibilizadas por terceiros. Inobstante a todo o exposto, identifica-se ainda o anonimato como verdadeiro Sbice 4 concretizagao do direito ao esquecimento no ambito da internet. Isso porque a tela do computador serve, nao raras vezes, como espécie de “mascara” ou invélucro. opaco para os usuarios da rede, incitando o cometimento de crimes virtuais e atos danosos a terceiros. No que diz respeito & salvaguarda dos direitos fundamentais 4 honra e a intimidade (direitos da personalidade), percebe-se que um eventual reavivamento de situagdes pretéritas, com propésito manifestamente doloso, quando habil a causar prejuizos irreversiveis aos sujeitos noticiados, pode ser acobertado pelo véu da impunidade, uma vez que é de grande magnitude o desafio de se descobrir o responsdvel pelo dano, furtando-se o agente ofensor do cumprimento das sangGes legais devidas. 4 ALeiGeral de Protecao de Dados Pessoais (Lei n® 13.709/18) e suas contribuicdes para o direito ao esquecimento Aprovada em 2018, a Lei n® 13.709 representa um paradigma no que diz respeito a protecdo de dados pessoais, contribuindo para uma ampla tutela de direitos fundamentais que outrora se encontravam desamparados. A Lei Geral de Protegao de Dados Pessoais é, em verdade, uma lapidacéo do Marco Civil da Internet, partindo de suas balizas e premissas para adentrar a um campo mais amplo e abrangente. Afinal, apesar de inovador, o Marco Civil da Internet dispde unicamente acerca das relagoes estabelecidas em ambiente virtual (online), bem como alija-se do modo como os dados fornecidos pelos usuarios poderiam ser ‘empregados pelas empresas. De maneira inovadora, a Lei Geral de Protegao de Dados Pessoais transcende o campooniline, sendo sua operabilidade ampliada a qualquer operacao de tratamento realizada por pessoa natural ow Scanned with CamScanner | |Avousro PASSAMANIBUFULIN 80 | Quseroes aruals De DIREITOFRIVADO suridica de direito publico ou privado, independentemeny ae ejo, do pais de sua sede ou do pats onde estejam localizadose dados (art. 3°). E uma busca por conferir ‘uma ampla protecig is cidadao eas situagées existenciais mais importantes que sao afetada, pelo tratamento de dados”, 0 que permite vislumbrar a protecag destes como um verdadeiro direito fundamental auténomo, capaz de expressar a liberdade e a dignidade humana a ele inerentes. Nesce sentido, a Lei n® 13.709 desempenha um papel de suma importanca no que tange ao reequilibrio de forgas ea atribuicao de protagonismo ao titular de dados pessoais, visto que suscita um olhar voltado ag “capitalismo de vigilfncia” — em que a violagéo da privacidade se torna um modelo negocial -, estabelecendo limites as iniquidades aos abusos de tal sistema. Dentre os alicerces em que se funda, os quais sao taxativamente elencados pelo art. 2° da Lei Geral de Protegao de Dados, tem-se 9 respeito privacidade - lembre-se disto-e 0 livre desenvolvimento da personalidade, bem como a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem do cidadao. De igual maneira, 0 art. 6? elenca os principios a serem observados durante as atividades de tratamento de dados, dentre os quais esto o livre acesso, a transparéncia, a seguranga e a nao discriminagio. Tais dispositivos traduzem um permanente didlogo entre a LGPD e a Constituigéo da Republica, bem como para com as balizas que a envolvem, “concretizando diversos principios que anteriormente estavam pulverizados no sistema, mas que agora encontram uma matriz unitdria e coerente na nova lei, que tem relevante papel estrutural” 46 A partir de uma perfunctéria leitura da Lei n® 13.709, percebe- seo patamar de centralidade ao qual a “privacidade” fora algada pelo « FRAZIO Aes Bites e alcance da Lei Geral de Protegio de Dados. In: Lei Geral le Proteeio de Dados Pessoais ¢ suas repercussdes no direito brasileiro, Sio Paulo: Thomson fone op. reperci ‘no direito brasileiro, Sio “ MEDON, Filipe. Resenha & obra Lei Geral de Protegdo de Dados Pessoais e suas Tepercussdes no direito brasileiro, de TEPEDINO, Gustavo; FRAZAO, Ana; OLIVA Milena Donato (Coord.). Séo Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, Revista Brasileira de Direito Civil, v.23, Belo Horizonte, 2020, p. 196-198. MEDON, Filipe. Resenha & obra Lei Geral de Protegi ge e le sso de Dados Pessoais € repercusses ia ee brasleiro, de TEPEDINO, Gustavo; FRAZAO, Ana; OLA, lena Dona rd), So Paulo: Thor Sr ista Brasilia Dirt Ci v.23, Belo Horizonte, 2020, pr 196, Sas 2019. Reva Bat 4 Scanned with CamScanner JAIME FERREIRA ABREU, IGOR GAVA MARETO: (08 DESAFIOS Do DintITO AO Esau CALILLARA ABREU Asse | gy {CIMENTO E A RAPIDA VELOCIDADE DE TRANSMISSAO.. legislador, reiterando ~ a todo momento - seu carater fundamental (art. 17). De igual maneira, verifica-se ao longo do dispositivo uma tendéncia corrente de ressignificacao desse conceito, considerando as particularidades de um contexto superinformacionista e tecnolégico, de sorte que passa a ser concebida como “o direito de manter 0 controle sobre as préprias informagées”” Nao hA como tratar de tal tematica sem que se remeta ao direito ao esquecimento, na medida em que este é compreendido, muitas vezes, como um reflexo do direito & privacidade, adquirindo concretude ante as disposig6es inauguradas pela legislagao em tela. Dentre as problematicas que pairam sobré o direito ao esquecimento, tem-se 0 argumento de auséncia de fundamento normativo especifico, motim de questionamentos quanto a sua aplicabilidade na esfera civil.* Tanto é assim que. em parecer apresentado pela Procuradoria-Geral de Republica em 2016, Rodrigo Janot defendeu que - a época - um “suposto direito a esquecimento [...] ndo encontra na jurisprudéncia nem na doutrina parametros seguros de definicfo, sem atuacao do legislador”, sendo “desprovidas de suficiente densidade normativa as conceituagdes oferecidas nos casos mencionados e na doutrina brasileira”.” Contudo, percebe-se que tal alegacdo de insuficiéncia normativa nao mais prospera no ordenamento juridico brasileiro. Ao instituir um microssistema de protecio, a Lei de Protecao de Dados concedeu ao direito ao esquecimento suficientes subsidios normativos para a sua aplicagao e reconhecimento como um bem juridico auténomo. Assentou-lhe, assim, sobre uma base juridica s6lida, garantidora de certa concretude e notada facilmente a partir de uma atuagio hermenéutica do operador. Inobstante a auséncia de referéncia expressa ao termo “direito ao esquecimento”, é evidente que este é corporificado a Partir de diversos dispositivos ao longo da Lei n® 13.709, os quais © RODOTA, Stefano. A vida na sociedade da vigiléncia: a privacidade hoje. Organizagio, selegio e apresentagio de Maria Celina Bodin de Moraes. Tradugao de Danilo Doneda e Luciana Cabral Doneda, Rio de Janeiro: Renovar, 2008. p. 92. en “ BERGSTEIN, Lafs; MARTINI, Sandra Regina. Aproximagdes entre 0 dircito 20 esquecimento e a Lei Geral de Protecio de Dados Pessoas (LGPD). Revisia Cientficn Disruptioa, v. 1, n. 1, 2019, p. 164. © BARROS, Rodrigo Janot Maree de. Parecer n 156.104/2016, PGR-RJMB. Brasilia, 2016. p. 37 Scanned with CamScanner 82 | secomaestseaoreo? AN rtilham de um olhar voltado a tutela da Ptivacidag compa) volvimento da personalidade humana, Ain, ide ety. ; " aiistainb a expressao, parece que 0 legislado, Meng, cite explo termo “eliminacao”, compreendido com nf iy te de conjunto de dados armazenados em 4, % de dace dependentemente do procedimento empregad aa esar de nao haver uma telacéo de equivaléncia entte ies isto é, nao sendo estas sindnimas, Subsiste uma rela > de causa € consequéncia; afinal, a eliminacao é instrument meio do qual perpassa @ efetivacao do direito 80 esquecimen Parece, portanto, que a intengao do legislador foi permitiy maior operabilidade de eliminasao | dos onde conferindo-the: aplicagao extensiva, nao restrita unicamente as demandas atinentes ao direito ao esquecimento. Destarte, a relevancia da Lei Geral de Protecao de Dados ara © tema recai mormente sobre a possibilidade do titular obter do controlador, a qualquer momento, a eliminagio de dados pessoss porele tratados com o seu consentimento, mediante requisicio (at 18). Parece, assim, que a premissa adotada acima é verdadeira, visto que 0 dispositivo em questo reitera a ideia de que a eliminagioé meio a partir do qual se concretiza a vontade consciente do titular de nao ter reavivadas situagdes passadas prejudiciais. Desse maneira, ao condicionar a legitimidade da coleta e difusio de dados ao consentimento do titular, a Lei n® 13.709 reserva-lhe certo protagonismo, conferindo-lhe poder de controle e, por consequénda, alijando-o de uma posigo de mero “fornecedor de dados’.* E uma maneira encontrada pelo legislador de suscitar e conservat# autodeterminacao informativa, estritamente associada ao direito% esquecimento e apta a tolher as iniquidades inerentes ao sistem Cabe pontuar que 0 consentimento para o tratamento aa Pessoais adquire roupagem distinta da concep¢ao tradicon? lo direito contratual, nas ara do recorte metodolégi meio 4° qual os individuos ex; to, nao sendo mais representado - ico em tela — como elemento “por i primem a sua vontade de contratat, pase 3 * RopoT! ” sla SANG. A oda a saccade de viii. a privacidad hoe. Luciana Cabral Dusiee 4 Maria Celina Bodin de Moraes. Tradugao de Darl? oneda. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. p. 76 >I Scanned with CamScanner IAIME FERREIRA ABREU,IGOR AW ,IGOR GAVA MARETOCALIL LARA ABREU ASSEF os sarios Do pitiTo AD sguLchuENror Faron eLoctonpE Oe aansueho. | 83 ciéncia uma a outra da sua intengao negocial”.®' Destarte, passa a ser compreendido como uma “manifestacao livre, informada e inequivoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada” - ex. inciso XI do art. 5° da Lei n® 13.709. B, assim, estudado por parte da literatura juridica como um ato unilateral, cujo efeito “é o de autorizar um determinado tratamento para os dados pessoas, sem estar diretamente vinculado a uma estrutura contratual”.” Portanto, a nogao contemporanea de consentimento, em sede de tratamento de dados pessoais, traduz a cara ideia de autodeterminacao informacional do usuario, bem como 0 consolida como um essencial instrumento de legitimagao.* Ademais, nao obstante a auséncia de referéncia explicita, percebe-se que a Lei Geral de Protecao de Dados suscita 0 exercicio ponderativo nos casos em que ha colisao entre direitos fundamentais, exercicio este inerente & apuragio de concretude do direito ao esquecimento. O inciso IX, art. 7", condiciona o tratamento de dados as hipéteses em que este seja meio necessario para atender aos interesses legitimos do controlador ou de terceiro, elencando como excecao 0 caso de prevaléncia de direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a protegio dos dados pessoais. Traduz, portanto, um olhar as particularidades do caso concreto, em que se ponderem direitos e garantias fundamentais, conferindo ao seu resultado aptidao de inviabilizar a transmissao, reproducao, distribuicdo e difusdo de dados pessoais, que figuram como operagées abrangidas pelo tratamento (art. 5%, X). Outra contribuigéo relevante inaugurada pela Lei Geral de Protecéo de Dados consiste no direito do titular de peticionar, perante a Autoridade Nacional de Protegao de Dados, quanto aos seus dados contra o controlador, opondo-se ao tratamento realizado com base nas hipéteses de dispensa de consentimento, alegando ® SANTOS, Orlando Gomes dos. Contratos. 26. ed. So Paulo: Forense, 2008. p. 55. € ENED ‘Danilo. Da privacidade a protect de dados pessoais. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p.378. ® KRIEGER, Maria Victoria Antunes, A anélise do insttuto do consentimento frente a Lei Geral de Protegio de Dados do Brasil (Lei n® 13.709/18). Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalho de Conclusio de Curso. Orientador: Prof. Dr. Mikhail Vieira de Lorenzi ‘Cancelier. Florianépolis, 2019, p. 38. Scanned with CamScanner IN nuruut {AUGUSTO FASSAMANIBUTULIN, 84 | dyssrorsaruatsDEDIREITO 6 descumprimento ao disposto na lei Ma ae §§1° e 28), g tendéncia contréria ao movimento de judicializacio que o direito brasileiro, tendo por finalidade viebilizar a concrecig direitos dos titulares de dados - dentre 0s te tem-se 0 direito Ps esquecimento-, esquivando-os da morosida nd lo Poder Judicigtig, Apesar dessa tendéncia, a lei também dispée quant, as demandas judiciais provenientes de danos causados Pelos operadores e controladores. O art. 2 determina qe estes gy responsabilizados em razao do exercicio de atividade de tratamenty de dados pessoais que causem a outrem dano patrimonial, Moral, individual ou coletivo, em violacao a legislacéo de protegig de dados pessoais. Ha, nesse sentido, uma clara aproximacao do direity ao esquecimento, de sorte que, caso o reavivamento de Situacdes pretéritas cause prejuizos ao titular dos dados, este passa a ter resguardado seu direito ao ressarcimento dos danos causados, Domesmo modo, prevé 0 dispositivo sancdes administrativas aplicadas pela autoridade nacional aos agentes de tratamento de dados. Assim, 0 art. 52 estabelece que 0 cometimento de infrages asnormas previstas pode ensejar desde uma simples adverténcia até multas que compreendem o montante de cinquenta milhGes de reais, Dentre tais sanges, importa destacar a elencada no inciso VI, qual seja, “eliminacao dos dados pessoais a que se refere a infracao”, de modo que, mais uma vez, evidencia-se o amparo juridico fornecido pela Lei Geral de Protecio de Dados ao direito ao esquecimento - demonstrando ser errénea qualquer alegacao em contrario. Estabelecidas tais premissas, verifica-se que a Lei Geral de Protegao de Dados desempenha um papel fundamental no que tange ao tratamento dessas informagées pessoais, contribuindo com um olhar voltado ao protagonismo do titular e & efetivagao de seus direitos. Alias, é justamente a centralidade atribuida a privacidade eao consentimento que demonstra que a legislagao perpassa, em diversos momentos, pela tematica do direito ao esquecimento, meena que no o trate de maneira explicita. Nesse sentido, torna-s¢ Palpavel o alicerce juridico sobre o qual este se assenta, razao pela gual se afiguraria inveridica uma eventual alegacao de auséncia de fundamento normativo especifico para o direito ao esquecimenton? ordenamento brasileiro. Ora, ao suscitar um respeito & privacidad © a0 livre desenvolvimento da personalidade humana, a Lei Get 4 Scanned with CamScanner JAIME FERREIRA ABREU, IGOR GAVA MARETO CALIL,LARA ABREU ASSEF__| (05 DESAFIOS DO DIREITO AO ESQUECIMENTO E A RAPIDA VELOCIDADE DE TRANSMISSAO. de Protegao de Dados constitui uma base concreta o bastante para a recepsa0 € amparo ao direito ao esquecimento, permitindo sua aplicagao e efetivacao em plena harmonia com os ditames e balizas que permeiam a Constituicao da Republica. 5 Notas conclusivas Através do presente estudo, constatou-se que 0 direito a evolugao da tecnologia e as novas relagées sociais travadas nos meios de comunicagao de massa exigem-nos uma releitura dos valores juridicos mais tradicionais, como os direitos a privacidade, a honra ea boa imagem, no sentido de preservar integralmente a previsao constitucional de salvaguarda da dignidade da pessoa humana. Em especial, o ambiente virtual demanda um olhar cauteloso ao denominado direito ao esquecimento, uma vez que o novo formato da rede mundial tem prejudicado a possibilidade de as pessoas gradualmente abandonarem o passado, reabrindo com facilidade dores, estigmas e feridas ja anteriormente superados. ‘A tematica do direito ao esquecimento reveste-se de ainda maior delicadeza quando a noticia pretérita se encontra divulgada na internet, em razao da facilidade com que contetidos podem ser transmitidos, armazenados e acessados por terceiros. Assim, nos casos em que a informacao estiver desatualizada, equivocada ou fora de contexto, a identidade do sujeito e sua imagem poderao ser transmitidas de forma falsa ou mesmo deformada, por incompatibilidade com suas atuais ou verdadeiras caracteristicas, podendo causar danos irreparaveis a0 individuo. Pretendeu-se, logo de inicio, tornar cristalino ao leitor que © direito ao esquecimento jamais poderia ser utilizado como pretexto para a defesa de uma censura velada. Com efeito, nao ha qualquer hierarquia abstrata entre os direitos fundamentais da personalidade e da liberdade de imprensa, razao pela qual a retirada de dados pretéritos da midia virtual sé tem lugar quando um juizo de ponderacao entre os principios conflitantes concluir pela necessidade de tutela das legitimas expectativas do individuo no sentido de viver em estado de pleno sossego e de nao ser lembrado Por seus (mal)feitos do passado. 85 cotul Scanned with CamScanner tw AUGUSTO PASSAMANI BUFULIN, 86 | Socsrors aunts be DIREITOWPRIVADO Em suma, afirma-se 0 direito ao esquecimenty 0 legitima requisicao do sujeito para retomar o dominig es Un, de manipulacao sobre as suas préprias informagge, pee num contexto de superinformacionismo, isto 6, cendrig eH Soaiy autodeterminacao do titular no tratamento de seus dadog ue a ser mitigada pela capacidade infinita de armazenament, le dispositivos eletrénicos, dos provedores de contetido digi inclusive, de terceiros, também usudrios da rede m, computadores. Preocupou-se, ainda, em mencionar que representam os fendmenos de digitizacao (Aigitizationy z anonimato, da facil recuperagio de dados (easy retricoal) eg a1) global das informagées disponibilizadas na rede (global reach), Inobstante os desafios que enfrenta, aptos a desestabilizar, sua concretizacao, 0 direito ao esquecimento tem suas balizag reafirmadas e sua operabilidade consumada no ordenaments juridico brasileiro com a promulgagao da Lei Geral de Protecio de Dados Pessoais. A teor do exposto, resta nitido que 0 microssistema de protecdo individual inaugurado pela LGPD institui um, arcabougo juridico farto para amparar o direito ao esquecimento, concedendy. Ihe suficientes subsidios normativos para a sua aplicagao no Brasi, Apesar de uma auséncia de referéncia explicita, uma simples atuagio hermenéutica do operador do direito permite inferir a presenca do direito em tela ao longo de toda a Lei n° 13.709/2018, cujas disposigdes partilham de um olhar voltado & tutela da privacidade © ao livre desenvolvimento da personalidade humana. Dessa maneira, ao inaugurar a possibilidade do titular obter do controladora eliminagéo de dados pessoais por ele tratados com © seu consentimento (art. 18), bem como ao recorrer ao método de Ponderacao (art. 7%, IX) e estabelecer sancdes a0 descumprimento legal (art. 52), a Lei Geral de Protecao de Dados Pessoais garante concretude juridica ao direito ao esquecimento, amparando-0 if amenizando os desafios por ele enfrentados no contexto virtu hodierno. Nesse sentido, nao ha quese falar que ojulgamento do Rea Extraordindrio n® 1.010,606/RJ negou aplicabilidade ao direito 4 esquecimento, mas, em verdade, concluiu pela necessidade d° ° intérprete constitucional atuar no caso concreto de maneira ine 7 Para salvaguardé-lo, garantindo, assim, tanto a plena eficé Scanned with CamScanner JAIME FERREIRA ABREU.160 IGOR GAYA MARETO Catt LA Os DESAFIOS DODIREITO AOESQUECIMENTOEA AMIDA vELOCIONDE OE TeaNsuIseRO.. | 87 cléusula geral de tutela da pessoa humana constante da Constituigéo da Republica quanto a aplicagao de previsdes especificas dispostas em leis especiais ordinarias, como a Lei Geral de Protegao de Dados Pessoais (Lei n° 13.709/2018) — tudo isso a partir de provimento jurisdicional devidamente fundamentado, valendo-se da Lei de Ponderaco para dirimir os eventuais conflitos entre, de um lado, a liberdade de imprensa ¢ o direito a informacao jornalistica ¢, de outro, 0s direitos fundamentais & privacidade e & promocao da personalidade. 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