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Modelo de PCA
Modelo de PCA
INTRODUÇÃO
Os efeitos lesivos do ruído são bem conhecidos e os mecanismos para evitá-los também.
Mesmo assim empregados que trabalham expostos ao ruído ocupacional continuam a perder a
audição. Legislacão que indica o que fazer para evitar perdas auditivas está em vigor desde
1978: são as Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho, relativas à Segurança
e Medicina do Trabalho, estabelecidas pela Portaria no 3.214, sendo que em dezembro de 1995
as NRs 7 e 9 foram aprimoradas Apesar disso, persiste a perda auditiva entre os indivíduos
expostos ao ruído ocupacional.
"O que é que está errado?" é a pergunta que deve ser feita, quando as coisas não estão
dando certo. Isso, pelo menos, é o que manda o bom-senso. Ocorre que como essa questão não é
formulada, as empresas não encontram as razões para o descompasso entre o suposto
investimento em recursos humanos e instrumentais (fonoaudiólogos, audiômetros, cabinas
acústicas, EPIs) e a continuidade da perda auditiva entre os expostos. Assim, continuam sem
muito sucesso a seguir fórmulas ultrapassadas.
Se houvesse um genuíno interesse em resolver esse problema, a pergunta seria feita e
uma grande quantidade de explicações surgiriam. Uma delas, dura e contundente, é que temos
um discurso e uma prática, que não são necessariamente a mesma coisa. É claro que a
conservação da audição de empregados expostos ao ruído ocupacional não é o único objetivo
das ações de saúde e segurança nas empresas, mas esse assunto, assim como outros descasos, é
emblemático de uma postura que vêm se mantendo há muito tempo.
Optamos pelo progresso e pela globalização, pelo neo-liberalismo e pela qualidade total,
pela qualificação das ISO-9000, 9001, 9002 e 14000. Adotamos as novidades, mesmo que não
tenham importância e sejam apenas modismos passageiros mas que proporcionam "status", sem
realmente implementar ações sociais às relações utilitaristas. Estamos dissociados da nossa
realidade social, cultuando uma auto-imagem primeiro-mundista com uma prática egoísta e
autoritária, típica de terceiro-mundo. A convivência com a sonegação da educação, saúde,
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justiça, segurança pessoal e patrimonial revela uma face preconceituosa, repressora e agressiva,
embora queiramos que o nosso espelho nos mostre bons e generosos. Não queremos mais ser
uma sociedade patriarcal mas não assumimos a responsabilidade que envolve uma sociedade que
se pretende complexa e desenvolvimentista.
A prática da cidadania exige uma prática social adequada para os designios que
almejamos para esse país. Os contratos sociais só poderão funcionar se forem cumpridos por
todos os participantes. Segundo Archie B. Carrol (1) a "responsabilidade social das organizações
diz respeito às expectativas econômicas, legais, éticas e sociais que a sociedade espera que as
empresas atendam, num detrminado período de tempo". As ideologias de sucesso necessitam de
análise e comprometimento.
A conservação auditiva só será obtida quando a classe empresarial estiver consciente de
sua responsabilidade, que há muito deixou de ser medida apenas pelos seus resultados
operacionais e contábeis. A unidade econômica de produção que visa o lucro transformou-se no
mundo inteiro numa instituição que debate suas políticas, suas crenças e principalmente, faz
profunda autocrítica. "O que é que está errado?" é a pergunta que deve ser feita e respondida.
e ainda está em tempo, devem ser adotadas medidas como as preconizadas pelos jogadores de
futebol quando explicam um resultado insatisfatório: "Hoje não deu certo, mas vamos trabalhar
durante toda a semana, o professor vai corrigir os defeitos e certamente no domingo
conseguiremos uma vitória para alegrar essa grande torcida".
A grande torcida não é apenas a empresa, pois ela não é a única cliente que deve ser
considerada. Talvez para administradores das empresas que contratam profisionais somente para
realizar testes audiométricos isso seja especialmente verdadeiro, Nesse caso, poderia ser
compreensível que administradores desinformados não soubessem o que é a conservação
auditiva, atribuindo ênfase desproporcional ao teste audiométrico, mas profissionais da área não
podem contentar-se apenas com o fornecimento do "papel audiométrico", que geralmente mais
traz problemas do que benefícios. Como podem não exigir outros aspectos como
acompanhamento sequencial das audiometrias, correlação estatística entre perdas auditivas e
setores críticos, entre perdas e EPIs inadequados? Como podem ignorar a necessidade de um
trabalho profissional voltado para a motivação, treinamento e escolha adequada para o uso do
EPI? Como podem comunicar doenças auditivas profissionais (emitir uma CAT) baseando-se
em testes espúrios, com perdas nem sempre causadas pelo ruído? Que trabalho desenvolvem
voltado para a conservação auditiva se nem sequer tem meios adequados para avaliar os
resultados de suas atividades?
A conservação auditiva vem se realizando nesses anos todos através de "ondas" e agora
estou convencido de que atingimos a terceira onda da conservação auditiva. Isso não significa
que todas as empresas estejam nesse estágio: algumas ainda estão na primeira onda.
Primeira onda.
Essa onda caracteriza-se pelo nada, sendo bem definida pelo Capítulo 1, versículo 2 do
Livro de Genesis: " E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo...".
Mesmo com uma legislação em vigor, nada é feito.
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Segunda onda:
Surgiu numa data variável para cada empresa entre 1978 e 1994, com a realização
errática dos testes audiométricos e a entrega inconsequente de EPIs aos empregados.
Predomina o culto da produção, no qual os encarregados dos setores detem todo o poder,
liberando ou não o empregado para realizar o teste conforme a urgência da entrega do pedido. A
autoridade da comunidade de segurança frequentemente inexiste, assim como tambem do
pessoal da área de recursos humanos. A responsabilidade de todos escalões é dirigida apenas
para a produção e não com segurança no trabalho. Exigências legais são entraves, geralmente
cumpridos parcialmente para "fazer de conta".
A mensuração do ruído foi integrada nas práticas e processos produtivos, mas realizada
de forma precária, apenas como mais um "documento" que é preciso contar; a sofisticação da
instrumentalização necessária para o mapeamento de níveis de ruído foi dispensada, já que o
destino das informações sobre áreas ruidosas é o arquivamento para futura implementação do
controle do ruído, implementação cuja cronologia nunca será esabelecida.
A audiometria, quando realizada, é encarada como se fosse a finalidade última do
processo de conservação auditiva, na suposição de que a execução do teste milagrosamente
protega a audição. O sonho dourado de toda empresa nessa onda é contar com uma cabina
audiométrica, um audiômetro sofisticado e uma fonoaudióloga treinada. "Já temos todo o
equipamento e estamos realizando nosso programa de conservação auditiva" dizem orgulhosos e
desinformados.
Quanto a entrega de EPIs aos empregados, a confiança exagerada no "CA" do
equipamento e a ausência de medidas de controle para o uso adequado ao meio e ao indivíduo
também são características dessa onda. A despeito do custo em recursos humanos e materiais
essa solução nunca se mostrou eficaz, tendo seus "benefícios" sido questionados pelos
empregados em ações trabalhistas e/ou ações cíveis indenizatórias. O término dessa fase deveu-
se a diversos fatores: mudança da NR-7, datada de 24 de dezembro de 1994, que criou a figura
do Médico Coordenador; aumento das reclamatórias cíveis por alegadas perdas auditivas
ocupacionais; estabilização da moeda em que os custos puderam ser bem avaliados;
globalização da economia onde competitividade e produtividade realmente têm consistência.
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Terceira onda:
Essa onda surge pelos mesmos fatores que determinaram o término da anterior mas
também com o advento das Normas Internacionais da Série ISO, quer sejam elas ligadas a
qualidade do produto (ISO 9000), a gestão de meio ambiente (ISO 14000) e recentemente com
a BS 8800 (ISO ?). O fenômeno da globalização dos mercados exige das organizações que a
qualidade dos produtos, a proteção ao meio ambiente ou a preservação da saúde dos empregados
deixem de ser ações realizadas apenas pelo temor da fiscalização ou uma exigência punida com
multas e sanções, passando a inscrever-se em um quadro de incertezas e/ou possibilidades, cujas
consequências podem significar ganhos na posição diante da concorrência, a permanência ou a
saída do mercado.
É nesse quadro que deve firmar-se o conceito de excelência empresarial, que avalia a
indústria não só por seu desempenho produtivo e econômico, mas também pela qualidade de
seus produtos, por sua performance em relação ao meio ambiente e principalmente pela saúde de
seus colaboradores internos.
Esta onda está começando e caracteriza-se pela necessidade de realmente implementar as
ações dirigidas para a conservação auditiva. Sua origem fundamenta-se na retrospectiva do que
foi executado nesses anos todos, onde se observa que não fizemos a coisa certa: empregados
continuaram a perder a audição, apesar do investimento material e pessoal dirigido para que isso
não acontecesse.
Nessa fase pode ser respondida a questão: O que estamos fazendo de errado e como
implementar correções ? A empresa moderna não deve continuar fechada em suas contradições e
prosseguir no culto da eficiência e da qualidade, se esses valores estiverem restritos apenas aos
produtos
2. MÉTODOS.
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3. PLANEJAMENTO.
É importante para o sucesso que a atividade planejada possa ser bem estabelecida. Isso
envolve a identificação das necessidades da AS&ST, definindo claros critérios de desempenho
que devem ser executados, quem são os responsáveis, quando devem ser realizadas as tarefas
propostas e qual o retorno esperado. Enquanto na prática, a organização, planejamento e
implementação funcionam de forma superpostas, a empresa deveria proceder uma completa
avaliação dos riscos, com os seguintes objetivos:.
- Estabelecer as bases aqui expressas de acordo com suas próprias necessidades,
considerando a natureza de seu trabalho e a severidade e complexidade de seus riscos.
4. IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO.
a) responsáveis pela saúde e segurança por eles mesmos e daqueles que comandam;
b) conscientes de suas responsabilidades pela saúde e segurança das pessoas que possam
ser afetados pelas atividades que controlam;
c) conscientes da influência que sua ação ou omissão possa ter na efetividade das
AS&ST.
Quando as deficiências forem observadas, a origem das causas deveria ser identificada e
as ações corretivas tomadas.
da AS&ST ?
b) está toda a organização cumprindo com todas suas obrigações com respeito a
AS&ST ?
c) quais são os pontos fortes e quais as deficiências da AS&ST ?
6. REVISÃO ADMINISTRATIVA
A empresa deveria definir a frequência e o objetivo das revisões periódicas das AS&ST,
conforme suas necessidades. Essas revisões deveriam considerar:
CONCLUSÃO
Bibliografia:
1. Carrol, A.B. In "Gestão ambiental na empresa", de Denis Donaire, pg. 22. Ed. Atlas, 1995.
Agradecimento: O autor agradece ao Eng. Paulo Costa Ebbesen pela valiosa contribuição em
tópicos significativos.
QUADRO 1
trabalhos?
4 - Foram os operários e os supervisores consultados na operação e manutenção das
medidas?
5 - Todas as possíveis medidas administrativas foram tomadas?
6 - Ocorreram alterações nos regulamentos federais? Os procedimentos adotados na
empresa foram modificados para adequar-se à estas alterações?
7 - Existem equipamentos de segurança disponíveis, ou êles podem ser adquiridos em
curto espaço de tempo?
8 - O desempenho do pessoal que executa a conservação auditiva é avaliado
periodicamente? Se êste desempenho é menos que aceitável, são tomadas medidas
corretivas?
3. Quanto as medidas de controle dos testes audiométricos:
1 - Os EPIs estão disponíveis a todos empregados que trabalham em níveis de ruído igual
ou superior à 80 dB, em qualquer escala?
2 - A empresa dispõe de uma variedade de EPIs para que os empregados tenham
possibilidade de escolha?
3 - Os empregados usam o EPI cuidadosamente, atendendo à atenuação e ao confôrto?
- Se os empregados usam EPIs que necessitam de reposição com grande periodicidade,
4 esta substituição se processa com facilidades?
- Algum empregado é incapaz, por razões médicas, de usar algum tipo de EPI?
5 - Algum empregado desenvolve acúmulo de cerumen no conduto auditivo externo ou
refere otite externa? Estas condições são tratadas rapidamente?
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6 - Os empregados que apresentam alteração dos limiares auditivos tem revisados os EPIs
que utilizam?
7 - As pessoas que supervisionam o uso dos EPIs são competentes para administrar os
muitos problemas que podem ocorrer?
8 - Os empregados referem que os EPIs interferem com a capacidade de executar seu
trabalho, dificultando ouvir instruções ou sinais de alerta? Se isto acontece, são tomadas
9 atitudes imediatas para corrigir o problema?
- Os empregados são incentivados à levar seus EPIs para casa, se forem executar
alguma atividade com ruido não-ocupacional?
10 - Novos tipos de EPIs são avaliados?
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5. Quanto as medidas de controle da motivação, treinamento e educação: