RE P O R T

Assine o DeepL Pro para traduzir arquivos maiores. A S

Mais informações em www.DeepL.com/pro.

A América do Norte e Central contém mais

LRSs (88 no total) do que qualquer outro

Fragmentação e regulação do continente, mas, em média, esses sistemas

contribuem com menos água e têm áreas de
captação menores do que os da Ásia, África
fluxo dos grandes sistemas e América do Sul. Dos 10 LRSs com maior
descarga, 6 estão na Ásia, 2 na América do
fluviais do mundo Sul, 1 na África e 1 na América do Norte e
Central.
Christer Nilsson,1 *. Catherine A. Reidy,1 * Mats As bacias hidrográficas dos LRSs abrangem
pelo menos parte de todos os 16 biomas não
Dynesius,1 Carmen Revenga2
marinhos do mundo, conforme classificação
Uma visão geral global dos impactos causados por barragens em grandes de Olson et al. (27), e 950% de 11 desses
sistemas fluviais mostra que mais da metade (172 de 292) é afetada por biomas, incluindo 87% de todas as florestas
barragens, incluindo as oito com maior diversidade biogeográfica. As bacias boreais e 83% de todos os campos e savanas
hidrográficas afetadas por barragens sofrem maior pressão de irrigação e cerca inundados. Os biomas com menor proporção
de 25 vezes mais atividade econômica por unidade de água do que as bacias de sua área de superfície em LRSs são rocha
não afetadas. Em vista das mudanças projetadas no clima e no uso de recursos e gelo (1%); manguezais (17%); e florestas

Baixado de http://science.sciencemag.org/ em 3 de janeiro de 2019

hídricos, essas descobertas podem ser usadas para identificar os riscos
ecológicos associados a outros impactos em grandes sistemas fluviais.
Os seres humanos alteraram amplamente os
sistemas fluviais por meio de represamentos e
desvios para atender às suas necessidades de
água, energia e transporte. Atualmente,
existem 945.000 represas com mais de 15 m
de altura, capazes de reter 96500 km3 de água
(1), ou cerca de 15% do total do escoamento
anual dos rios em todo o mundo (2). Mais de
300 barragens são definidas como barragens
gigantes, que atendem a um dos três critérios
de altura (9150 m), volume da barragem
(915 milhões de m3 ) ou armazenamento do
reservatório (925 km3 ) (3). A recém-
construída Barragem das Três Gargantas, no
rio Chang Jiang (Yangtze), na China, é a
maior, com 181 m de altura e um
reservatório que armazena 939 km3 (4, 5).
Embora existam estatísticas que resumem as
grandes barragens do mundo (3, 4, 6, 7),
dados detalhados em várias escalas não
foram sintetizados globalmente.
Os impactos das barragens nos
ecossistemas em escala de captação são
geralmente bem conhecidos, com efeitos a
montante e a jusante decorrentes de
inundação, manipulação de fluxo e
fragmentação (8-10). A inundação destrói
ecossistemas terrestres e elimina trechos
turbulentos, desfavorecendo a biota lótica.
Pode causar anóxia, emissão de gases de
efeito estufa, sedimentação e um aumento da
liberação de nutrientes em novos
reservatórios (6, 11, 12). O reassentamento
associado à inundação pode resultar em
efeitos adversos à saúde humana e mudanças
substanciais nos padrões de uso da terra (13,
14). As manipulações de fluxo impedem o
desenvolvimento do canal, drenam as áreas
úmidas da planície de inundação, reduzem a
produtividade da planície de inundação,
diminuem o dinamismo dos deltas e podem
w w w . s c i e n c e m a g . o r g SCIENCE VOL
DE 2005
mediterrâneas, bosques e arbustos (19%). No
total, 72 LRSs abrangem apenas um bioma,
enquanto o sistema Ganges-Brahmaputra
causar modificações extensas nas peixes (19-21). A Comissão Mundial de
comunidades aquáticas (15-18). As Barragens produziu a visão mais abrangente
barragens obstruem a dispersão e a migração dos impactos das barragens até o momento
de organismos, e esses e outros efeitos têm (22), com estudos de caso ilustrativos em
sido diretamente relacionados à perda de escala de captação. No entanto, não havia
populações e espécies inteiras de água doce. dados disponíveis para uma análise global
baseada na resolução em escala de sub-bacias,
1Landscape Ecology Group, Department of Ecology
integrando dados hidrológicos, ecológicos e
and Environmental Science, Umea˚ University, SE-901 socioeconômicos. Essa síntese é necessária
87 Umea˚, Suécia. 2Global Priorities Group, Nature
Conservancy, 4245 North Fairfax Drive, Arlington, VA para entender os múltiplos impactos espaciais,
22203, EUA. temporais e interativos das barragens.
*Esses autores contribuíram igualmente para este Aqui, apresentamos uma visão global da
trabalho. regulação do fluxo e da fragmentação de canais
A quem a correspondência deve ser endereçada. E- nos maiores sistemas fluviais do mundo, que
mail: christer.nilsson@emg.umu.se
compreendem uma descarga anual média
virgem total (VMAD, a descarga antes de
qualquer manipulação humana substancial) de
cerca de 790.000 m3 sj1, ou 60% do escoamento
fluvial mundial. Prosseguimos (i) identificando
153 grandes sistemas fluviais (LRSs) na
América Latina, África, Ásia e Australásia que
não haviam sido avaliados anteriormente (23), (ii)
localizando e coletando dados sobre a
capacidade de armazenamento de suas represas,
(iii) quantificando a fragmentação de canais por
represas, (iv) e quantificando a regulação do
fluxo relacionando a capacidade de
armazenamento à descarga. Também
atualizamos esses mesmos dados para 139
sistemas que havíamos avaliado anteriormente
no Hemisfério Norte (23), combinamos os dois
conjuntos de dados para um total de 292
sistemas fluviais e, com base nesses dados,
classificamos os sistemas fluviais como não
afetados, moderadamente afetados ou
fortemente afetados (24). Não foi possível
avaliar os rios na maior parte da Indonésia e
em uma pequena parte da Malásia (devido à
falta de dados confiáveis de descarga).
Incluímos dados de irrigação para todos os 292
LRSs e analisamos a distribuição global do
405
30815 ABRIL
 RE PO R T
A S
impacto em relação aos biomas terrestres e à
atividade econômica.
Definimos um LRS como um sistema que
tem, em qualquer parte de sua bacia
hidrográfica, uma seção de canal de rio com
um VMAD de Q350 m3 sj1 (23, 25). Por
sistema fluvial, entendemos redes inteiras de
canais de córregos e rios interconectados por
água doce de superfície, desde as cabeceiras
até o mar (26). Os 292 LRSs (tabela S1 e
Fig. 1) drenam 54% da área terrestre mundial.
Norte e
LRSs (9 na Europa e 3 nos Estados Unidos)
regulação de fluxo (29) foi para o sistema do
406 15 DE ABRIL DE 2005 VOL 308 SCIENCE www.sciencemag.org
(AS-65) engloba a maior diversidade (10
biomas), seguido pelos sistemas
Amazonas-Orinoco (SA-11; esses rios têm
um canal cruzado natural), Amur (AS-20),
Ienissei (AS-5), Zambeze (AF-6) e Indo
(AS-73), cada um com oito.
Quase metade (139) de todos os LRSs
(48%) permanece não fragmentada (28)
por barragens no canal principal, 119
sistemas (41%) têm afluentes não
fragmentados e 102 sistemas (35%) são
completamente não fragmentados. A
Europa contém o menor número de LRSs
completamente não fragmentados (apenas
três rios no noroeste da Rússia). O
continente com o maior número
(35) das LRSs não fragmentadas é a
América do Norte e Central, e a maior
proporção está na Australásia (74%). Doze
têm G25% do comprimento do canal
principal não fragmentado. A maior
rio Volta na África (AF-19, 428%). Na
América do Norte e Central, os sistemas
Manicougan (NA-35) e Colorado (NA-70)
são regulados em 9250%, e na América do
Sul o sistema mais regulado é o Rio Negro,
na Argentina (SA-22, 140%). Os sistemas
mais altamente regulados na Ásia são o
Shatt Al Arab (ou Euphrates-Tigris) no
Oriente Médio (AS-74, 124%) e o Mae
Khlong na Tailândia (AS-58, 130%). A
regulação do fluxo não excede 100% em
nenhum LRS na Europa ou na Australásia.
Uma regulação de fluxo de 100% indica
que toda a descarga de um ano poderia ser
retida e liberada por
as represas no sistema fluvial.
Os números de LRSs não afetados e
fortemente afetados são praticamente iguais
(120 e 104, respectivamente), enquanto os
sistemas moderadamente afetados
representam apenas 23%, ou 68 dos 292
LRSs (Fig. 1). Dos 10 LRSs com maior
descarga, 6 são moderadamente afetados e
4 são fortemente afetados. As duas
maiores descargas do mundo, Amazonas-
Orinoco e Congo, são moderadamente
afetadas, e a terceira maior descarga, Chang
Jiang, é fortemente afetada (tabela S1). O
maior LRS não afetado é o
 RE P O R T
A S

Baixado de http://science.sciencemag.org/ em 3 de janeiro de 2019

Fig. 1. Classificação do impacto com base na fragmentação do canal do
rio e na regulação do fluxo de água por barragens em 292 dos grandes
sistemas fluviais do mundo. Os sistemas fluviais são tratados como
unidades e são representados no mapa por suas bacias hidrográficas. Os
números referem-se à lista de LRSs na tabela S1. As cores verde, amarela
e vermelha indicam que não houve impacto, houve impacto moderado e
houve forte impacto.
bacias hidrográficas impactadas, respectivamente. As áreas brancas
indicam terras não cobertas por LRSs. Os sistemas excluídos do estudo
por falta de dados são mostrados em cinza. Os diagramas à esquerda
mostram A, número total de LRSs; B, VMAD total de LRSs; e C, área de
superfície total de LRSs. NA, América do Norte e Central; SA, América do
Sul; AF, África; EU, Europa; AS, Ásia; AU, Australásia.

Yukon (22º maior VMAD). Os sistemas
fortemente afetados constituem a maioria
(52% ou 41,2 × 106 km2) (Fig. 1) da área
total de captação do LRS, apesar de
contribuírem com menos água por sistema
(2326 m3 sj1) e por área de captação do
sistema (396 × 103 km2) do que os LRSs
moderadamente afetados. Entre os
continentes, o maior número (40) de LRSs
não afetados está na América do Norte e
Central, enquanto a Ásia Austral contém a
maior proporção (74%) de sistemas não
afetados. A Europa tem o menor número
(cinco) e a menor proporção (12%) de LRSs
não afetados (Fig. 2).
Quatorze LRSs não afetadas ou
moderadamente afetadas quase atendem aos
critérios de fragmentação e regulamentação
para classificação de maior impacto (NA-14,
47, 48, 54 e 80; SA-28
e 32; EU-18, 29 e 33; e AS-1, 24,
35 e 36). Pequenos aumentos na regulação
de vazão causados pela irrigação podem
alterar essas classificações. Embora muitas
represas forneçam água para irrigação, a
retirada sem retorno do fluxo de um rio para
irrigação é uma forma separada e adicional
de regulação de fluxo àquela causada pela
retenção e liberação de água pelas represas.
Para avaliar isso, construímos um índice de
irrigação que representa a área equipada para
ou sob irrigação (30) dentro de cada LRS por
w w w . s c i e n c e m a g . o r g SCIENCE VOL
DE 2005
unidade de água no sistema (tabela S1).
Os sistemas fortemente afetados
representam os 25 valores mais altos do
índice de irrigação, 15 dos quais estão na
Ásia, com o Haihe na China (AS-30)
com a maior pontuação (2194 km2 por km3 anual
de descarga) (tabela S1). Dos cinco sistemas
limítrofes não afetados, os valores do índice
sugerem apenas a reclassificação (para
moderadamente afetado) do Adour na França
(UE-29). Dos nove sistemas limítrofes
moderadamente afetados, os valores do índice
foram altos o suficiente para sugerir a
reclassificação (para fortemente afetado) de
cinco sistemas: B<o-B<o no Chile (SA-32),
Kuban no oeste da Rússia (EU-18), Agano-
Gawa no Japão (AS-24) e Min Jiang e Han
Jiang na China (AS-35 e 36, respectivamente).
A maioria dos LRSs não afetados está
situada em apenas quatro biomas (tundra;
407
30815 ABRIL
 RE PO R T
A S
florestas boreais; florestas tropicais e Fig. 2. Número total
subtropicais de folhas largas úmidas; e de sistemas,
gramíneas tropicais e subtropicais). descarga total de
água e área total de
pecado fortemente
afetada,
moderadamente
afetada ou não
afetada dentro dos
LRSs de cada
continente. As
porcentagens
podem não totalizar
100% devido a
arredondamentos
independentes.

terras, savanas e arbustos) (Fig. 3),

constituindo pequenas proporções de cada
bioma. A tundra, que é pouco povoada,
relativamente plana e, portanto,
desfavorável à construção de barragens, é o
único bioma em que a área de captação do
SRL (29% da área total do bioma) não é
predominantemente afetada (73%). Mesmo
que se presuma que os sistemas fluviais
não avaliados não sejam afetados (o melhor
cenário), a proporção máxima da área do
bioma não afetada ainda é de G40% para
cada uma das florestas boreais; florestas
tropicais e subtropicais úmidas de folhas
largas; e campos, savanas e arbustos
tropicais e subtropicais.
A área de captação das LRSs
fortemente afetadas constitui 950% de três
biomas (temperado

408 15 DE ABRIL DE 2005 VOL 308 SCIENCE www.sciencemag.org

 RE P O R T
A S
Fig. 3. Distribuição da 280
Área não-LRS Não 10 25
área de superfície em

km2 (x 10 )5
afetada
Moderadamente
cada um dos 16 biomas 240 afetada Fortemente
5

não marinhos do afetada 0 20

mundo entre a s

M
RI
L

TSCF
MFWS

F G
200

BUSD por km3 anual

S
bacias hidrográficas de
LRSs não afetadas, 15
160
moderadamente

km2 (x 105)
afetadas ou
fortemente afetadas; o 120
10
cinza representa uma
área não-LRS, incluindo 80
LRSs potenciais na 5
Indonésia e na 40
Malásia. Os biomas
estão listados em 0 0
ordem decrescente, da

T
M
Moderada Forteme

BT
RI
Não

TCF
esquerda para a
afetado mente nte
direita, pela proporção
afetado afetado
da área fortemente
afetada dentro da área
coberta pelo LRS.
(Detalhe) Aumento da
resolução da
L
DXS
MFWS

FGS

TSGSS

TSDBF

TSMBF
MGS
TBMF

TGSS

TSCF
distribuição das classes
de impacto.

Baixado de http://science.sciencemag.org/ em 3 de janeiro de 2019

para seis biomas com Fig. 4. Distribuição de GLP [em bilhões de
pequena área coberta por LRS. MFWS, florestas, bosques e arbustos mediterrâneos; DXS, arbustos dólares dos EUA (BUSD)] em LRSs não afetados
xéricos do deserto; L, lagos; TBMF, florestas mistas de folhas largas temperadas; TGSS, pradarias, (n 0 120), moderadamente afetados (n 0 68) e
savanas e arbustos temperados; FGS, pradarias e savanas inundadas; MGS, pradarias e arbustos fortemente afetados (n 0 104). As divisões de
montanhosos; TSGSS, pradarias, savanas e arbustos tropicais e subtropicais; TCF, florestas temperadas percentil são 10 (não visível), 25, 50, 75 e 90;
de coníferas; TSDBF, florestas tropicais e subtropicais de folhas largas secas; TSCF, florestas tropicais e as médias são mostradas como linhas
subtropicais de coníferas; RI, rocha e gelo; BT, florestas boreais/taiga; TSMBF, florestas tropicais e pontilhadas.
subtropicais de folhas largas úmidas; M, manguezais; e T, tundra.

Malásia. Isso é lamentável, pois a região é

florestas de folhas largas e mistas; pastagens
temperadas, savanas e arbustos; e pastagens e
savanas inundadas). Dentro da área de
captação de LRSs, 82% são fortemente
afetados em desertos e arbustos xéricos, e
99% em florestas mediterrâneas, bosques e
arbustos. A regulação do fluxo, que implica
redução das inundações e planícies aluviais
menos produtivas, pode ser especialmente
prejudicial nos biomas secos e frios, onde as
espécies são particularmente dependentes
dos recursos ribeirinhos (31, 32).
As oito LRSs que abrangem sete ou mais
biomas estão todas moderada ou fortemente
impactadas (SA-11; AS-1, 5, 20, 62, 65 e 73; e
AF-6)
(tabela S1). Dos 37 LRSs que abrangem
cinco ou mais biomas, apenas cinco não
foram afetados (Catatumbo, SA-4; Salween,
AS-61; Rufiji, AF-2; Mangoky AF-5; e
Chari, AF-24) (tabela S1). Nesses LRSs
biogeograficamente diversos, os impactos das
represas são mais amplos do que em sistemas
menos diversos, porque mais ecótonos são
afetados pela fragmentação.
Os LRSs moderadamente e fortemente
afetados já dominam vários biomas, e esses
biomas podem se tornar totalmente
desprovidos de sistemas fluviais não afetados
se esse padrão persistir nas bacias e sub-
bacias menores. De fato, resultados anteriores
dos países nórdicos mostram que a distribuição
regional das classes de impacto é semelhante
w w w . s c i e n c e m a g . o r g SCIENCE VOL
DE 2005
um dos três principais pontos de acesso do
mundo
entre os LRSs e as bacias hidrográficas de O GLP médio das LRSs não afetadas é 25
pequeno e médio porte (23). vezes menor do que o das LRSs moderada e
No século passado, a construção de fortemente afetadas (Fig. 4). Há cinco LRSs
barragens coincidiu com o desenvolvimento fortemente afetados com GLPs insignificantes
econômico nas escalas nacional e regional de EG$ 1 milhão (EUA) kmj3^ (tabela S1), todos
(22). Para examinar o estado atual dessa no norte do Canadá. Esses sistemas estão
relação em escala de bacia, calculamos um localizados em regiões pouco povoadas (o que
produto LRS bruto (GLP) por descarga, causa os baixos GLPs), e os benefícios das
levando em conta a população da bacia, as represas (energia hidrelétrica) são exportados
economias nacionais associadas e o VMAD para outras bacias (34).
(33). Os resultados mostram que o impacto Há 46 LRSs para as quais grandes
da bacia aumenta com a atividade econômica barragens estão planejadas ou em construção,
e com 1 a 49 novas barragens por bacia
(35). Quarenta desses LRSs estão em países
que não são membros da OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), indicando que o desenvolvimento
futuro de barragens não depende de economias
nacionais fortes. Quase metade das novas
barragens está localizada em apenas quatro
rios, ou seja, 49 no Chang Jiang (AS-32), 29 no
Rio de la Plata (SA-22), 26 no Shatt Al Arab
(AS-74) e 25 no Ganges-Brahmaputra (AS-65)
(35). Novas barragens também estão
planejadas para vários LRSs não afetados,
incluindo Jequitinhonha (SA-16), Cá (AS-40),
Agusan (AS-46) e Rajang (AS-51),
e Salween (AS-61). Para cada classe de
impacto, os LRSs com economias fracas (36)
sofrem maior pressão populacional por
descarga
(37) do que os LRSs economicamente fortes,
contribuindo para uma maior demanda por
409
30815 ABRIL
 RE PO R T
A S
construção de barragens nas bacias mais
pobres. Como no norte do Canadá, a troca de
benefícios de barragens entre bacias
continuará a influenciar as decisões sobre a
construção de barragens. Por exemplo, mais de
13 barragens estão planejadas ou propostas
para o Salween atualmente não afetado,
sendo que a mais iminente delas (a Tasang no
tronco principal) visa proporcionar
benefícios internacionais e entre bacias (38).
Conforme observado, excluímos de nossa
análise a maioria dos sistemas na Indonésia e
vários em
410 15 DE ABRIL DE 2005 VOL 308 SCIENCE www.sciencemag.org
para a biodiversidade (39). Além disso,
nossa definição de LRS depende apenas da
descarga, negligenciando sistemas fluviais
espacialmente grandes em regiões áridas
que transportam pouca água anualmente (por
exemplo, o Rio Grande na América do
Norte). Nossa classificação apresenta duas
limitações. Primeiro, ela não aborda as
variações dos impactos dentro da bacia,
que podem ser substanciais em grandes
bacias. Por exemplo, os sistemas
Mackenzie e Amazonas-Orinoco,
moderadamente afetados, incluem áreas
extensas e praticamente intocadas, bem
como áreas fortemente afetadas. Em
segundo lugar, nossos dados geralmente
representam mínimos. Paramos de coletar
dados de reservatórios quando um sistema
alcançou a classificação de fortemente
afetado (embora as barragens pendentes
provavelmente sejam poucas e pequenas).
À medida que as demandas por
recursos hídricos aumentam, nossos dados
podem ajudar a lidar com os riscos
ecológicos associados a outros impactos
nas LRSs. Por exemplo, em rios de fluxo
livre, a biodiversidade pode persistir
porque a dispersão de organismos pode ser
eficaz nas direções a montante e a jusante
(40, 41) e porque muitos organismos
provavelmente se adaptarão às mudanças
climáticas por meio de mudanças
concomitantes nas distribuições. Porém,
em rios fragmentados e regulados, essa
dispersão pode ser fortemente limitada
(10). Esses fatos precisam ser levados em
conta no planejamento global para a gestão
sustentável dos rios.
Referências e notas
1. A. B. Avakyan, V. B. Iakovleva, Lakes Reserv. Res.
Manag. 3, 45 (1998).
2. V. Gornitz, em Sea Level Rise: History and Consequences
(Aumento do nível do mar: história e consequências),
B. C. Douglas et al., Eds. (Academic Press, San
Diego, CA, 2000), pp. 97-119.
3. P. McCully, Silenced Rivers (Zed Books, Londres, 1996).
4. World Register of Dams 2003 (C o m i s s ã o
Internacional de Grandes Barragens, Paris, 2003).
5. D. Qing, Ed., The River Dragon Has Come! The
Three Gorges Dam and the Fate of China's
Yangtze River and Its People (M. E. Sharpe,
Armonk, NY, 1998).

6. V. L. St. Louis, C. A. Kelly, E. Duchemin, J. W. M.
Rudd,
D. M. Rosenberg, Bioscience 50, 766 (2000).
7. A. Shiklomanov, ''Comprehensive assessment of the
freshwater resources of the world: Assessment of
water resources and water availability in the world"
(Organização Meteorológica Mundial e Instituto
Ambiental de Estocolmo, Estocolmo, 1997).
8. C. Humborg, V. Ittekkot, A. Cociasu, B. VonBodungen,
Nature 386, 385 (1997).
9. C. Nilsson, K. Berggren, Bioscience 50, 783 (2000).
10. R. Jansson, C. Nilsson, B. Reno¨fa¨lt, Ecology 81, 899 (2000).
11. S. P. Chang, C. G. Wen, Water Sci. Technol. 37, 325 (1998).
12. L. P. Rosa, M. A. dos Santos, B. Matvienko, E. O. dos
Santos, E. Sikar, Clim. Change 66, 9 (2004).
13. R. M. Gillett, P. V. Tobias, Am. J. Hum. Biol. 14, 50
(2002).
14. H. Indrabudi, A. De Gier, L. O. Fresco, Land Degrad.
Dev. 9, 311 (1998).
15. K. Tockner, J. A. Stanford, Environ. Conserv. 29, 308
(2002).
16. T. D. Prowse et al., Water Int. 27, 58 (2002).
17. N. L. Poff et al., Bioscience 47, 769 (1997).
18. A. D. Lemly, R. T. Kingsford, J. R. Thompson, Environ.
Manag. 25, 485 (2000).
19. A. H. Arthington, R. L. Welcomme, em Condition of
the World's Aquatic Habitats, N. B. Armantrout, R. J.
Wolotira Jr., Eds. (Science Publishers, Lebanon, NH,
1995).
32. B. J. Pusey, A. H. Arthington, Mar. Freshw. Res. 54, 1
(2003).
33. O GLP foi calculado em uma primeira etapa como a
soma da bacia de
Dólares americanos atribuídos a cada habitante do
sistema fluvial de acordo com sua nacionalidade (44)
e correspondente ao produto interno bruto (PIB) per
capita de 2003 (45). Em seguida, dividimos essa
soma pelo VMAD (expresso em km anuais3 ),
resultando em um GLP por descarga, chamado
simplesmente de GLP.
34. ''Canadian electricity exports and imports: an energy
market assessment'' (Conselho Nacional de Energia,
Calgary, Canadá, janeiro de 2003); disponível on-line
em www.neb-one.gc.ca/energy/EnergyReports/EMA-
ElectricityExportsImportsCanada2003_e.pdf.
35. ''Rivers at Risk: Dams and the future of freshwater
ecosystems'' (World Wide Fund for Nature,
Godalming, Reino Unido, 2004); disponível on-line
em www.panda.org/
downloads/freshwater/riversatriskfullreport.pdf.
36. Consideramos o PIB per capita mínimo de 2003 dos
países membros da OCDE (46) como um ponto de
corte entre economias fracas e fortes. A economia
de um LRS foi considerada forte se seu GLP
(calculado per capita neste caso, em vez de por
descarga) fosse maior ou igual ao ponto de corte. Os
LRSs com GLPs inferiores ao ponto de corte foram
considerados como tendo economias fracas. (O PIB
RE P O R T
A S
40. J. M. Levine, Ecology 84, 1215 (2003).
41. D. H. Bubb, T. J. Thom, M. C. Lucas, Freshw. Biol. 49,
357 (2004).
42. B. Fekete, C. J. Vo¨ro¨smarty, W. Grabs, "Campos
globais de escoamento superficial composto com
base na descarga fluvial observada e no balanço
hídrico simulado" (Relatório nº 22 do Centro de
Dados de Escoamento Global da Organização
Meteorológica Mundial, Koblenz, Alemanha, 1999).
43. ''Operational navigation charts 1:1.000.000'' (Defense
Mapping Agency, Aerospace Center, St. Louis Air Force
Station, MO, eds. 2 a 19).
44. ''Population LandScan 2000 global population data-
base'' (Oak Ridge National Laboratory, Oak Ridge,
TN, 2000); uma versão atualizada está disponível on-
line em
http://sedac.ciesin.columbia.edu/plue/gpw/landscan.
45. The World Factbook (U. S. Central Intelligence Agency,
2003); a versão atual está disponível on-line em
www.cia.gov/cia/publications/factbook/index.html.
46. Mais informações estão disponíveis on-line em
www.OECD.org.
47. Agradecemos a K. Berggren, E. Carlborg, P. Hansson,
M. Svedmark e S. Xiong pela assistência na coleta de
dados; a J. M. Helfield pela valiosa contribuição
neste manuscrito; e a S. L. Pimm pelo apoio. Este
trabalho recebeu apoio econômico do WWF sueco, da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura/Programa Mundial de Avaliação

Baixado de http://science.sciencemag.org/ em 3 de janeiro de 2019

20. P. C. Gehrke, D. M. Gilligan, M. Barwick, River Res.
Appl. 18, 265 (2002).
21. T. Penczak, A. Kruk, Ecol. Freshw. Fish 9, 109 (2000).
22. ''Dams and development. A new framework for
decision-making", Relatório da Comissão Mundial de
Barragens (Earthscan Publishing, Londres, 2000).
23. M. Dynesius, C. Nilsson, Science 266, 753 (1994).
24. Seguindo (23, 25), sintetizamos nossos dados sobre
fragmentação de canais e regulação de vazão para
classificar os sistemas fluviais como fortemente
afetados, moderadamente afetados ou
não afetados (tabela S2). Ao reclassificar os
No norte de 139 LRSs, atualizamos os dados sobre
barragens e excluímos os dados relatados
anteriormente sobre o c o n s u m o de irrigação.
Excluímos os dados de irrigação avaliados
anteriormente porque um conjunto de dados global
per capita do México de US$ 9.300, o segundo mais da Água, d o Programa das Nações Unidas para o
baixo entre todos os países membros da OECD, foi Meio Ambiente e d o World Resources Institute.
selecionado como ponto de corte. A Turquia
representava o mínimo real, mas os dados usados Material on-line de apoio
para calcular o PIB per capita da Turquia eram www.sciencemag.org/cgi/content/full/308/5720/405/
inconsistentes com os usados para os outros países DC1
membros da OCDE; portanto, a Turquia foi excluída da Materiais e métodos Tabelas
seleção). S1 e S2
37. A pressão populacional foi calculada como a população
da bacia 24 de novembro de 2004; aceito em 28 de janeiro de
(44) dividido pelo VMAD (expresso em km3 anual). 2005 10.1126/science.1107887
38. Mais informações estão disponíveis on-line em
www. salweenwatch.org.
39. N. Myers, R. A. Mittermeier, C. G. Mittermeier, G. A. B.
da Fonseca, J. Kent, Nature 403, 853 (2000).
Estrutura cristalina do vírus da
malária

Candidato a vacina
e mais consistente ficou disponível, o qual
analisamos para todos os 292 LRSs. No entanto,
continuamos a considerar os dados sobre desvios

Antígeno de membrana
entre bacias ao reclassificar as LRSs do norte, porque
não havia dados globais e consistentes disponíveis
para análise. Os dados sobre desvios entre bacias para

os 153 SRLs não setentrionais não estavam disponíveis
em grande parte e, portanto, não foram considerados
durante a classificação de impacto para esses
sistemas.
25. As informações sobre materiais e métodos estão
disponíveis no Science Online.
26. Os limites das bacias hidrográficas foram extraídos
de (42) e modificados em vários casos para
acomodar nossa definição de um sistema fluvial. As
cartas de navegação operacional do mundo (43)
foram consultadas para modificações nos limites.
27. D. M. Olson et al., Bioscience 51, 933 (2001).
28. Consideramos que todas as represas, exceto as
represas baixas, fragmentam os rios [consulte (25)
para obter as fontes de dados]. Medimos o
segmento mais longo do canal principal que não tinha
represas (mas que frequentemente incluía lençóis
freáticos de reservatórios) e informamos se as
represas estavam ausentes em todos os tributários,
presentes apenas em tributários menores ou presentes
no tributário maior (23) (tabela S1).
29. Calculamos a regulação do fluxo como a soma da
capacidade d o reservatório em um
sistema fluvial [consulte (25) para obter as fontes de
dados] e expressamos essa medida como a
porcentagem da descarga anual volumétrica do SRL
que pode ser contida e liberada pelos reservatórios
(armazenamento ativo). Metade da capacidade
bruta foi
usado como substituto do armazenamento real para
w w w . s c i e n c e m a g . o r g SCIENCE VOL
DE 2005
apical 1
Juan Carlos Pizarro,1 Brigitte Vulliez-Le Normand,1
Marie-Laure Chesne-Seck,1 Christine R. Collins,2
Chrislaine Withers-Martinez,2 Fiona Hackett,2
Michael J. Blackman,2 Bart W. Faber,3 Edmond J. Remarque,3
Clemens H. M. Kocken,3 Alan W. Thomas,3 Graham A. Bentley *1
O antígeno de membrana apical 1 do Plasmodium é um dos principais
candidatos à vacina contra a malária. A proteína é essencial para a invasão da
célula hospedeira, mas sua função molecular é desconhecida. A estrutura
cristalina dos três domínios que compreendem a região ectoplasmática do
antígeno do P. vivax, resolvida com resolução de 1,8 angstrom, mostra que os
domínios I e II pertencem ao motivo PAN, que define uma superfamília de
dobras de proteínas implicadas na ligação ao receptor. Também mapeamos o
epítopo de um anticorpo monoclonal inibidor de invasão específico para o
ortólogo de P. falciparum e o modelamos para a estrutura. A localização do
epítopo e o conhecimento atual sobre as correlações estrutura-função dos
domínios PAN sugerem, em conjunto, uma função de ligação ao receptor
durante a invasão, na qual o domínio II desempenha um papel fundamental.
Esses resultados provavelmente ajudarão no projeto de vacinas e
medicamentos.
reservatórios que não dispunham de dados de armazenamento real. A capacidade bruta é o volume
411
30815 ABRIL
 RE PO R T
A Stotal de água que pode ser retido por uma barragem,
incluindo a água de fundo que não pode ser liberada
pela saída mais baixa. O armazenamento real é a
capacidade bruta excluindo essa água de fundo.
30. S. Siebert, P. Do¨ll, J. Hoogeveen, Global Map of
Irrigated Areas Version 2.0 (Centro de Pesquisa de
Sistemas Ambientais, Universidade de Kassel, Kassel,
Alemanha, e Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação, Roma, 2001).
31. M. St. Georges, S. Nadeau, D. Lambert, R. D'ecarie,
Can. J. Zool. 73, 755 (1995).
412 15 DE ABRIL DE 2005 VOL 308 SCIENCE www.sciencemag.org
O antígeno de membrana apical 1 (AMA1)
está atualmente em testes clínicos como uma
vacina contra
P. falciparum, a espécie que causa as formas
mais graves de malária em humanos. A
AMA1 está presente em todas as espécies de
Plasmodium examinadas (1), e existem
ortólogos em outros Apicomplexa, incluindo
Toxoplasma (2) e Babesia (3). Embora
pouco se saiba sobre sua função molecular,
as evidências genéticas indicam um papel na
manutenção do crescimento do parasita
durante o ciclo do estágio sanguíneo (4). Os
anticorpos criados contra o AMA1 podem
inibir a invasão de eritrócitos e proteger
contra a doença em sistemas de modelos
animais de malária (5-9). Além disso,
anticorpos inibidores de invasão contra o
AMA1 foram purificados por afinidade a
partir de soros humanos de doadores de
regiões endêmicas de malária (10). O AMA1
é armazenado nas organelas do micronema
após a síntese e é transferido para a
superfície do parasita imediatamente antes
ou após a síntese.
Fragmentação e regulação do fluxo dos grandes sistemas fluviais do mundo
Christer Nilsson, Catherine A. Reidy, Mats Dynesius e Carmen Revenga

Science 308 (5720), 405-408.

DOI: 10.1126/science.1107887

Baixado de http://science.sciencemag.org/ em 3 de janeiro de 2019

FERRAMENTAS DE ARTIGOS http://science.sciencemag.org/content/308/5720/405

SUPLEMENTAR http://science.sciencemag.org/content/suppl/2005/04/19/308.5720.405.DC1
MATERIAIS

REFERÊNCIAS Esse artigo cita 22 artigos, dois dos quais você pode acessar
gratuitamente
http://science.sciencemag.org/content/308/5720/405#BIBL

PERMISSÕES http://www.sciencemag.org/help/reprints-and-permissions

O uso deste artigo está sujeito aos Termos de Serviço

A Science (ISSN 0036-8075 impresso; ISSN 1095-9203 on-line) é publicada pela American Association for the
Advancement of Science, 1200 New York Avenue NW, Washington, DC 20005. 2017 © The Authors, alguns direitos
reservados; licenciado exclusivo American Association for the Advancement of Science. Nenhuma reivindicação de obras
originais do governo dos EUA. O título Science é uma marca registrada da AAAS.