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Filosofia Contemporanea Stuart Mil e Tocqueville
Filosofia Contemporanea Stuart Mil e Tocqueville
CONTEMPORÂNEA
Introdução
A teoria liberal surgiu na transição do Renascimento para a Idade Moderna,
justamente pela ascensão da burguesia. Essa teoria se concretizou a partir do
Iluminismo. Vale ressaltar que o que se entende por liberalismo atualmente
é bem distinto daquilo que pregavam as primeiras teorias liberais. A eman-
cipação das mulheres (movimento sufragista) e a harmonia entre burguesia
e interesses do proletariado, por exemplo, são questões liberais modernas.
Neste capítulo, você vai ver como surgiu o liberalismo clássico e como
ele foi aplicado ao longo do século XIX. Como você vai verificar, ao longo
da sua história, a teoria liberal teve de ser reformulada, tornando-se mais
humanista. Além disso, você vai conhecer a relação entre a sociedade brasi-
leira atual e as ideias empregadas a partir do século XIX em torno de ideários
de formação familiar, direitos trabalhistas e emancipação pedagógica.
Você sabia que a primeira exposição de tecnologia aconteceu em 1851 e foi feita
para demonstrar o poder das máquinas? O interessante é que, na mesma época, os
cientistas estavam descobrindo os limites da ciência. Portanto, vários textos literários
surgiram fantasiando a possibilidade de domínio da ciência sobre a vida humana. É o
caso de Frankenstein, de Mary Shelley.
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aos indivíduos, de forma que cada liberdade individual encontra seu limite na
liberdade do outro. Essa liberdade inclui: liberdade de pensamento, expressão e
religião, liberdade de gosto e de cada um escolher como traçar a própria vida e
seus projetos, bem como a possibilidade de livre associação entre os membros da
sociedade. Somente uma sociedade capaz de garantir as liberdades individuais é
capaz de dar a possibilidade de cada indivíduo desenvolver suas individualidades,
iniciativas e projetos, o que é essencial para o desenvolvimento social.
Outro importante teórico do liberalismo clássico foi o francês Alexis de
Tocqueville. Ele nasceu pouco tempo depois da Guerra de Independência dos
Estados Unidos da América (1775–1783), bem como da Revolução Francesa
(1789), fatos que tiveram grande impacto em sua teoria. Tocqueville trabalhou
conceitos como a democracia, o individualismo e o liberalismo, que entraram
em cena de maneira contundente após os referidos acontecimentos históricos.
Tocqueville entende a liberdade basicamente no mesmo sentido que os
demais liberais de seu tempo, como a ausência de interferência nas escolhas
de um indivíduo sobre outro ou do Estado sobre o indivíduo. Por igualdade,
entende igualdade formal, igualdade de oportunidade. Assim, para ele, tanto
liberdade como igualdade são parte de um regime democrático e, para a sua
manutenção, devem ser sempre equilibradas.
Esse pensador aponta para o risco de a democracia impedir o desenvol-
vimento de liberdades, de pensamentos e ações e de minorias na sociedade.
Ela faria isso ao dar ênfase às decisões e escolhas da maioria, formando um
“pensamento único”. Se você quiser materializar esse pensamento, pode
considerar o caso de uma sociedade em que a maioria impõe as suas deci-
sões à minoria, uma vez que sempre sairá vencedora nas deliberações. Isso
poderia criar uma espécie de tirania impositiva da maioria sobre as minorias.
Nesse caso, a liberdade poderia ser sacrificada em prol de uma igualdade não
de oportunidades, mas no sentido de equalizar todos os indivíduos de uma
sociedade, que, sabidamente, não são iguais.
Tocqueville, ao analisar a jovem democracia norte-americana, que possuía
aproximadamente 50 anos à época de seus escritos, vê o tribunal, o Judiciário,
como uma instituição capaz de evitar a tirania da maioria, ou seja, como uma
instituição capaz de salvaguardar os direitos da minoria. Agrupamentos ou
associações da sociedade civil também seriam exemplos de instituições capazes
de dificultar a imposição ou a tirania da maioria.
Em suma, ao comparar Stuart Mill e Tocqueville, você pode constatar que
ambos elaboraram conceitos bastante similares de liberdade, entendida como a
não coação de pensamento ou ações por outros. Por outro lado, enquanto Mill
observa que a iniciativa individual é a única capaz de garantir a felicidade geral
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[...] direito dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social”. Esse artigo estabelece que a duração do
trabalho normal não deve ser superior a 8 horas por dia e 44 horas por semana,
“facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo
ou convenção coletiva de trabalho” (BRASIL, 1988, documento on-line).
Leituras recomendadas
ANDRADE, M. S. et al. A história de educação no século XIX. Cadernos de Graduação - Ciências
Humanas e Sociais, Aracaju, v. 1, n.14, p. 175-181, out. 2012. Disponível em: <https://periodicos.
set.edu.br/index.php/cadernohumanas/article/view/223/151>. Acesso em: 11 dez. 2018.
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