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O maior inimigo da Redemption Harbor Consulting, Alexei Kuznetsov,

está na mira deles. Para o cofundador do RHC, Leighton, derrubar o


império do criminoso traiçoeiro é mais um pequeno passo para compensar
seu próprio passado. Para destruir Kuznetsov, ele passará pela sobrinha do
russo, uma mulher que Leighton suspeita que também pode ser culpada de
atos sujos. Uma mulher que ele não espera querer... que ferve seu sangue
e faz Leighton querer coisas que ele não merece com alguém que ele não
pode ter.

Apesar de outras perspectivas, a lealdade familiar fez com que Lucy


Carreras administrasse um dos prósperos hotéis de seu tio. Mas quanto
mais ela observa suas operações, mais ela acredita que o elegante
estabelecimento é palco de algumas façanhas obscuras. Quando suas
suspeitas são confirmadas por Leighton - um homem perigoso saído de
suas fantasias - o mundo inteiro de Lucy explode quando ela descobre o
quão malignos são os pecados de seu tio. Agora ela não pode ficar parada
e deixar isso continuar. Ela e Leighton vão derrubar Alexei juntos... se eles
conseguirem sobreviver à tempestade mortal que se aproxima deles.
É sempre um bom momento para fazer a coisa certa.

— Ei, obrigada por me receber — disse Hazel a Leighton ao entrar no


saguão da Redemption Harbor Consulting. Em vez de seu ‘uniforme’ normal
do FBI de terninho, hoje ela usava jeans, um suéter e tênis.

— Claro. — Leighton assentiu enquanto se movia para trancar a porta


da frente. Ninguém mais estava no escritório tão tarde.

Inferno, ninguém, exceto alguns poucos selecionados sabia que este


edifício existia. Gage, um hacker extraordinário, havia feito sua mágica e,
embora pagassem impostos sobre a construção, este armazém em
particular estava listado como algo totalmente diferente. A Redemption
Harbor Consulting era um prédio do outro lado da cidade. Tinha mesas e
escritórios e tudo o que se espera de uma empresa de consultoria. Mas eles
realmente não faziam nenhum trabalho lá. Em vez disso, eles operavam com
câmeras de segurança e o monitoravam remotamente. Era a sua fachada,
caso algum dia precisassem.

Mas a Agente Especial do FBI Hazel Blake não era qualquer uma. Ela
era uma agente federal que havia feito mais de um favor a eles. Claro, eles
fizeram favores para ela também.

Mais do que isso, ela era amiga de Leighton. Eles estiveram no exterior
ao mesmo tempo juntos de vez em quando e, além de sua equipe aqui, ela
era uma das poucas pessoas que ele realmente amava e confiava com sua
vida.

— Você parecia urgente — disse ele, referindo-se à mensagem


dela. — E aí? — Como ela era um Federal, parecia estranho que ela
estivesse aqui pedindo ajuda para um trabalho, mas talvez ela precisasse
sair dos livros por alguma coisa.
Com a expressão tensa, ela puxou uma pasta de papel manilha de
uma bolsa do tamanho de uma mochila. Ela havia cortado o cabelo preto
desde a última vez que ele a tinha visto. Estava agora em uma curva
acentuada em torno de seu rosto. — Podemos fazer isso em uma das salas
de conferência ou aqui mesmo.

— A sala de conferências está bem. Ninguém mais está aqui esta


noite. Este é um caso que você quer que assumamos? — ele perguntou
enquanto se dirigiam para o corredor mais próximo.

Recentemente, Skye, uma das fundadoras, havia adicionado uma


pintura a óleo gigante de um sapateado de caranguejo dançando em uma
das paredes. Ele não tinha ideia do por que, mas o fazia sorrir cada vez que
passava por ele. Inferno, talvez fosse por isso. Por todo o seu exterior duro,
Skye amava essa equipe.

— Legal — disse Hazel, bufando baixinho enquanto caminhavam por


ele.

— Skye.

— Ah.

Em outras palavras, nenhuma explicação é necessária.

— Isso tudo está fora dos livros — disse Hazel enquanto se sentavam
em uma das extremidades da longa mesa de conferência.

Ele deu a ela um olhar seco.

— Eu sei eu sei. Tudo o que você faz está fora dos livros. Eu só quero
isso claro desde o início, para que não haja mal-entendidos. Isso é pessoal
para mim. Não tem nada a ver com os federais. De qualquer maneira, não
mesmo.

— Tudo bem — disse ele.


Suspirando, ela abriu a pasta. — Todos os detalhes estão aqui. Mas
basicamente, o vizinho da minha avó contraiu uma dívida com a pessoa
errada. Um agiota que trabalha para Alexei Kuznetsov.

Ok, agora ela tinha a atenção de Leighton. — Achei que vocês


estivessem construindo um caso contra ele. — Ela nunca disse que o FBI
estava, mas ela insinuou isso uma vez durante as cervejas, algumas
semanas atrás.

Ela ergueu um ombro, não confirmando de uma forma ou de outra. —


Você sabe que não posso falar sobre isso. Mas... hipoteticamente, digamos
que estamos construindo um caso contra ele. Esse seria outro motivo pelo
qual não posso me envolver com isso. Odeio dizer isso, mas isso que estou
lhe dando é muito pequeno para meu pessoal. Eu tenho que olhar para o
quadro geral. Precisamos encerrar toda a operação. Cortar a cabeça da
cobra. Não anular uma pequena parte de sua operação. Porque isso não
faria nada, e ele simplesmente continuará e machucará as pessoas. — Ela
apontou para o arquivo, embora ele não tivesse certeza do que estava nele
ainda.

Leighton achava que sabia o que ela estava tentando dizer. Porque em
um nível intelectual, ele entendia o bem maior. Mesmo que às vezes lutasse
moralmente com isso, ele entendia perfeitamente que às vezes as
necessidades da maioria contavam mais do que alguns peixes
pequenos. Era muito difícil digerir quando você estava olhando diretamente
para um dos ‘peixinhos’ bem na sua frente e incapaz de salvar sua vida.

Ele fechou os olhos uma vez e uma imagem antiga surgiu em sua
mente. Uma fotografia de um ursinho de pelúcia carbonizado com um olho
e um pé faltando.

Não.

Ele abriu os olhos, empurrando aquela imagem de volta para onde


pertencia. Longe do presente. — Estamos construindo um arquivo sobre ele
— disse Leighton. Era um segredo, mas não um que ele precisava esconder
de Hazel. Inferno, ela deveria saber que eles estavam. Kuznetsov estava em
seu radar agora.

— Eu esperava que vocês estivessem. Também nem é preciso dizer,


é melhor vocês ficarem fora do radar dos Federais.

— Não se preocupe. — Eles sabiam ser fantasmas, ser invisíveis. Dois


de sua equipe, Skye e Colt, eram espiões de verdade. E Savage esteve muito
perto de ser um, com todo o trabalho secreto que ele fez.

— Então o vizinho da minha avó se envolveu com esse


bookmaker. Para saldar a dívida... — ela balançou a cabeça, sua mandíbula
apertando enquanto ela parecia se recompor — O bookmaker fez uma
oferta. Essa família perderia tudo e ele mataria o pai - Rico, o perdedor que
os endividou em primeiro lugar - ou uma das filhas de Rico poderia pagar a
dívida.

Leighton cerrou os punhos. — Quantos anos tem essa garota?

— Em seus vinte anos de idade. Mas não faz disso ser correto.

Hazel tirou um dos papéis do caminho e Leighton deu uma boa olhada
na garota. Seu nome era Maria Lopez. Ela era jovem, em idade universitária,
com longos cabelos castanhos, lindos olhos castanhos e um sorriso
bonito. Inferno. — Então, o que você precisa que eu faça?

— Esse cara, Marco Broussard, faz parte da organização de


Kuznetsov. Ele e sua equipe dirigem mulheres em três de seus hotéis -
supostamente. Eles estão todos em New Orleans. Um é um hotel e um
cassino. Não sei onde ela está exatamente, mas prometi à minha avó que
traria a menina para casa. A mãe descobriu a situação tarde demais. Ela já
deixou seu marido de merda e está desesperada para ter sua filha mais velha
de volta. Mas ela não consegue encontrá-la e não tem ninguém a quem
recorrer.

— Você tem que ter uma ideia de onde ela está presa se você sabe
que ele dirige mulheres em três hotéis. Vocês, sério, não podem ir atrás
dela?
— Nós poderíamos, mas daria a Kuznetsov uma dica de que estamos
atrás dele. Os federais não vão arriscar o pescoço por uma garota. Ou até
mesmo um monte de garotas. E ele sabe disso. Então ele saberia que
estávamos olhando para ele. Ele poderia encerrar todas as suas operações
em New Orleans. E já estamos trabalhando em outros ângulos - estamos
muito perto de derrubá-lo.

Leighton franziu a testa, entendendo, mas não gostando. Era por isso
que ele nunca poderia trabalhar para o governo. Nunca mais. — Como é
que a família soube que deveria vir até você?

— A vizinha viu uma foto minha com o uniforme da Força Aérea na


lareira da minha avó. Ela tem minha foto militar e uma foto minha no dia em
que me formei em Quântico.

Leighton acenou com a cabeça. — OK. Então você quer que


extraiamos a garota e depois o quê?

— Se você a tirar de lá, vou levar a menina e sua mãe para um lugar
seguro. Eu não dou a mínima para o que acontece com Rico. Aquela
desculpa esfarrapada para um humano basicamente que prejudicou sua
própria filha, fazendo-a se sentir culpada o suficiente para sair por vontade
própria quando sua mãe estava fora de casa. Ele pode apodrecer no inferno.

Leighton acenou com a cabeça novamente. — E quanto ao resto da


operação de Kuznetsov?

— Estamos trabalhando para derrubar tudo. Antes que isso aconteça,


preciso fazer isso por minha avó. Para essa garota. Eu não posso salvar
todas, mas se eu puder salvar apenas uma... — Ela balançou a cabeça. —
Jesus, eu só preciso fazer isso.

Leighton entendeu o que ela não estava dizendo, podia ler em sua
expressão e ouvir em seu tom. Havia tanta merda no mundo todos os dias
que era como uma avalanche de lixo em que todos estavam se afogando.
Ela queria fazer isso para ajudar a equilibrar a balança, e ele definitivamente
a ajudaria. — Se eu conseguir tirar mais garotas, eu vou. Eu vou atrás desta
para você. Mas eu conheço minha equipe. Você também. Se pudermos
ajudar mais do que apenas ela, com certeza iremos. Não vamos parar em
uma.

Hazel deu a ele um pequeno sorriso como se ela esperasse por isso. —
Por que você acha que eu vim até você? Estou focada no que preciso estar
focada. Mas já que você disse isso... — Ela puxou outro pedaço de papel e
o colocou no topo da pilha. — Isso deve ser interessante para você. E é
melhor você queimar essa merda depois de memorizá-la.

Seus olhos se arregalaram ligeiramente enquanto ele examinava os


detalhes. Assim que ela se foi, ele precisava entrar em contato com o resto
da equipe.

Era hora de uma reunião de empresa.

Ele endireitou os papéis e fechou a pequena pasta de papel manilha


antes de olhar novamente para Hazel. — Você saiu tarde esta noite.

— Sim — ela disse. — E vou para casa depois disso. Melissa disse
que eu teria o jantar esperando. — Hazel balançou a cabeça uma vez. —
Sério, não sei o que fiz para merecê-la.

Ele quase riu. Hazel era uma das pessoas mais generosas que ele já
conheceu. Ela merecia felicidade, se alguém merecesse. — Vocês já
marcaram uma data?

Sua amiga sorriu. — Sim. Se dependesse de mim, faríamos apenas


um casamento no tribunal.

— Diga-me que você não sugeriu isso.

Hazel estremeceu ligeiramente. — Posso ter feito.

Ele riu, balançando a cabeça. — Droga, mulher. Até eu sei que isso
não é legal.

Hazel deu de ombros. — Bem, agora eu também sei. Melissa olhou


para mim como se eu tivesse dito que deveríamos sacrificar gatinhos, então
achei melhor fazermos isso direito. E você definitivamente vai ser meu
padrinho.

— Parece bom — ele disse, se levantando. — Vá para casa, para sua


noiva. Vou convocar uma reunião com todos amanhã. Vou mantê-la
atualizada quando possível.

— Obrigado por isso. — Ela o puxou para um abraço apertado antes


de recuar. — Eu sei a saída. Falo com você em breve.

***

Leighton sentou-se com os outros na manhã seguinte enquanto Gage


trabalhava sua magia em seu computador, seus dedos se movendo em alta
velocidade. Todos haviam chegado esta manhã prontos para revisar o
arquivo que Hazel havia lhe dado. Felizmente, Skye trouxe uma caixa de
doces - embora ela já tivesse comido metade deles.

— Ok, então peguei o que Hazel nos deu — disse Gage, inclinando-
se ligeiramente para a frente em sua cadeira enquanto puxava um
documento em uma de suas muitas telas grandes. — Eu tenho os esquemas
de cada hotel e consegui invadir dois de seus sistemas de segurança usando
pontos fracos. Não tenho acesso total, mas agora tenho o suficiente para ver
suas câmeras externas e algumas internas. Mas... eu não consegui entrar
neste. The Sapphire. Aquele que a sobrinha de Kuznetsov gerencia.

— Por que não? — Leighton perguntou. De acordo com os arquivos,


eles estavam todos em New Orleans e bem próximos uns dos outros. Um
ficava no distrito comercial e dois no French Quarter.

— Eu hackeei os outros usando vulnerabilidades não corrigidas - e


potencialmente desconhecidas. Um usando uma webcam velha e o outro...
— Ele parou, franzindo a testa quando pareceu bater em outra parede. —
Não quero dizer que este lugar seja inquebrável, mas preciso estar dentro
dele para ver se encontro algum ponto fraco. Este é um cassino e também
um hotel, enquanto os dois primeiros são apenas hotéis. A segurança é mais
rígida aqui. E dado o quão bom é, se eu entrar lá e for marcado por uma
câmera de segurança - se ele souber quem eu sou - há uma boa chance de
negar a paz entre Brooks e Kuznetsov — acrescentou Gage, dizendo o que
todos sabiam.

Eles haviam se envolvido com Alexei Kuznetsov em um trabalho


anterior. Mais especificamente, Brooks. Era muito provável que o criminoso
não soubesse exatamente o que a Redemption Harbor Consulting realmente
fazia ou o quanto eles estavam desenterrando sobre ele. Mas também era
lógico que, se Brooks estava de olho em Kuznetsov, o outro homem estava
fazendo o mesmo, e ele poderia saber mais sobre a equipe do que eles
gostariam. Portanto, eles tinham que ser espertos sobre como o
perseguiam. Kuznetsov sabia que Brooks tinha material de chantagem
contra o filho do cara e que Brooks sabia da existência de uma filha que ele
trabalhou arduamente para manter em segredo da maioria das pessoas.

Apesar de tudo isso, claramente alguém precisava estar dentro do The


Sapphire. Se aquela mulher estava sendo traficada através de um dos
lugares de Kuznetsov, eles precisavam saber onde. Seja hackeando os
sistemas da câmera ou com os olhos no chão.

— Serei eu quem vai para o hotel dele — disse Leighton, olhando para
o resto da equipe: Skye, Colt, Savage, Olivia, Brooks e Nova. Darcy podia
ser casada com Brooks, mas ela tinha seu próprio negócio para administrar
e não estava aqui para isso.

— Nah, podemos descobrir mais tarde — disse Colt, balançando a


cabeça. — Você não tem que assumir isso.

— Eu estive fora da cidade para os últimos trabalhos. Inferno, a maioria


dos meus trabalhos foi longe do sul. E... eu sou o único sem um outro
significativo. Sei que somos todos capazes, mas essa merda será perigosa
se Kuznetsov descobrir o que estou fazendo. — Por alguma razão, seus
amigos pareciam pensar que ele estava frágil ultimamente. Talvez não
ultimamente, mesmo. Ele foi retirado desde que fez a mudança para a vida
civil - tão civil quanto isso jamais seria - mas ele poderia cuidar de seus
negócios.

— Se ele fizer isso, todos seremos alvos de qualquer maneira. — O


tom de Skye era neutro.

— Eu sei, mas ainda acho que devo entrar. Não tenho ninguém com
quem me preocupar em casa. Ou se preocupar comigo. — O que
significava que ele estaria completamente livre de toda a bagagem que
alguém poderia carregar durante o trabalho. — E se precisarmos direcionar
sua sobrinha para obter informações... — Ele parou, não precisando
terminar o pensamento. Eles não estavam no negócio de usar sexo para
obter informações. Nunca. Mas ele era solteiro e nenhum dos outros caras
era. Esse pequeno fato importava, já que a sobrinha de Kuznetsov
basicamente administrava o hotel e o cassino. E Hazel veio até ele com
isso. Ele queria ser o líder desta operação. Inferno, ele precisava - talvez isso
limparia sua alma. Ou pelo menos até a escala cármica um pouco.

— Estou com Leighton nisso — disse Gage, pouco antes de sorrir


como um vilão de desenho animado do mal - que normalmente era como ele
agia quando já tinha um plano por conta própria. — Eu sabia que estaríamos
nos infiltrando neste lugar, então já criei uma persona para você — ele
continuou. — Na verdade, é uma das identidades de capa em que venho
trabalhando há algum tempo, então é sólido e estabelecido - e você vai
assumi-lo. Seu nome é Spencer Johnson. Você é um grande jogador que
não se importa em gastar seu dinheiro. Você é um idiota de fundo fiduciário
que não é exatamente como a multidão normal de fundos fiduciários. Você
iniciou seus próprios negócios que são bem-sucedidos e entrou no mercado
de incorporação imobiliária na periferia. Uma espécie de investidor
silencioso em alguns projetos. Você gosta de se divertir, não é espalhafatoso
e não se veste de maneira extravagante. E você não tem muitos vícios...
exceto prostitutas. Acompanhantes de alto valor, para ser mais
específico. Isso e, ocasionalmente, jogos de azar. Blackjack
principalmente. Já que esta é sua primeira vez em New Orleans, você vai
querer se divertir.

— Que classe — Nova murmurou.


— De qualquer forma — Gage continuou depois de sorrir para sua
noiva — Assim que você entrar, posso fazer o resto remotamente e ver se
consigo invadir o sistema deles. Depois que isso acontecer, devo ser capaz
de colocar os olhos em todos os lugares e ver se podemos localizar a
garota. Obviamente, eu não a vi nos outros dois hotéis ou isso seria um
ponto discutível. Mas isso não significa que ela também não esteja lá, então
monitorarei as câmeras com um software de reconhecimento facial. Mais do
que tudo, precisamos de pés e olhos no chão em New Orleans.

Uma nova imagem apareceu na tela, desta vez de uma bela mulher na
casa dos vinte anos. Luciana Carreras. Sobrinha de Kuznetsov. A filha de
seu irmão morto. Por alguma razão, ela não tinha o mesmo sobrenome de
seu tio, mas havia escolhido o nome de solteira de sua mãe. Cabelo escuro
comprido, lábios carnudos, pequena e curvilínea. Leighton reconheceu a
mulher do arquivo que Hazel lhe dera. Ela era deslumbrante e ele não dava
a mínima. Porque ela era parente de um monstro e estava bem em dirigir o
negócio que poderia vender mulheres como escravas sexuais.

— Um lindo monstro — ele murmurou.

Gage se virou em sua cadeira, franzindo a testa. — Não sabemos se


ela está envolvida ainda. — Ele se virou e começou a clicar no teclado. —
Na verdade, suas finanças indicam que ela vive uma vida bastante
normal. Bem, normal. Quando seus pais morreram, seu tio ficou
encarregado de seu dinheiro. Ele usou parte dele para a educação dela, mas
principalmente ele pagou pela faculdade e outras despesas diretamente. O
dinheiro lhe deixado está basicamente intacto, e ela começou a trabalhar
para ele assim que se formou - embora ela tivesse muitas ofertas sobre a
mesa. Melhores ofertas. Se eu tivesse que adivinhar, ela poderia ter aceitado
o trabalho porque eles são parentes. Não que isso importe. Mas pela
superfície, ela parece limpa. Seu único crime é estar relacionada com o
homem. A maioria de seus negócios está localizada diretamente na Costa
Leste, com algumas exceções - os três hotéis em New Orleans sendo
algumas dessas exceções. Com o que Hazel nos contou e a presença dos
federais lá agora, é provável que ele esteja começando a espalhar a merda
pela Costa do Golfo.
Leighton grunhiu uma vez. — Ela poderia ter aceitado a oferta de
trabalho dele porque eles estão ganhando dinheiro com a dor dos outros.

Gage ergueu um ombro. — Pode ser. Se for assim, vamos derrubá-la


também. Mas... deixe-me continuar procurando. Eu encontrei algumas
coisas interessantes sobre ela.

— Interessantes como? — Skye perguntou, endireitando-se


ligeiramente ao lado de Colt. Foi um milagre que ela ainda estivesse
sentada. Normalmente ela estava andando de um lado para o outro.

Os ombros de Gage enrijeceram levemente, como sempre acontecia


quando alguém tentava apressá-lo. Ele alegou que seu gênio não podia ser
apressado. — Eu vou deixar você saber o que eu encontrar quando eu
encontrar. Por enquanto, tenho tudo de que precisamos para nos
infiltrarmos furtivamente no hotel e no cassino.

— Tudo bem. Então, o que mais você tem para nós? — Skye
perguntou.

— Paciência. Eu não sou seu macaco dançarino. — Gage murmurou,


seus lábios se contraindo.

— Exatamente. Macacos dançarinos ouvem melhor.

Gage riu levemente enquanto puxava outra tela. — Aquela informação


extra que Hazel nos deu estava certa.

Leighton olhou para as fileiras de informações rolando pela tela. —


Aquele bastardo realmente tem seus dedos sujos em tudo, não é?—
Leighton murmurou. A lista foi escrita em uma espécie de código, mas
alguns dos códigos eram claros o suficiente para que um dos negócios de
fachada de Kuznetsov contrabandeasse pessoas e armas.

— Vienna já me respondeu — disse Skye, referindo-se a um


contrabandista com quem ela e Colt haviam trabalhado no passado.

Leighton havia conhecido a mulher antes e ela era boa. Seu trabalho
não era convencional, também conhecido como sombrio pra caralho, mas
quem era ele para julgar? Porque ela com certeza não estava
contrabandeando pessoas ou qualquer coisa que pudesse machucar outras
pessoas. — Já?

―Sim. — Skye disse. — Ela odeia Kuznetsov, disse que alguns de


seus caras bagunçaram alguns de seus transportes. Disse que são todos
um bando de bandidos violentos sem sentido em suas grandes cabeças
idiotas. E essa é uma citação direta.

— Ela sabe o quão perigoso ele é?

Skye acenou com a cabeça. — Eu marquei outra reunião com ela hoje
à noite apenas para reiterar as coisas e repassar alguns detalhes. Ela
conhece o negócio. Ela não está fazendo nada que possa se machucar ou
ser pega. Ela está apenas fazendo um reconhecimento de longe e usando
alguns de seus bens para controlar algumas de suas remessas. Se aquela
informação extra que Hazel lhe deu estiver certa, então Kuznetsov vai trazer
um monte de pessoas e armas nos próximos nove dias, e ele está usando
um dos portos em New Orleans - então ele estará na cidade.

Leighton não tinha motivos para duvidar da informação. Ele ficou


surpreso que Hazel tinha dado a ele, mas ele aprendeu que ela não era a
flecha mais reta. O que, em um mundo cheio de cinza, não era
necessariamente uma coisa ruim. Eles não planejavam fazer nada a respeito
das remessas que chegavam - esse era o trabalho dos federais. Mas se por
algum motivo o FBI deixasse cair a bola, eles se certificariam de que essa
informação caísse nas mãos certas. Sempre havia a DEA ou mesmo a CIA.

— Certifique-se de que ela mantenha a cabeça baixa. — Ele não


gostava da ideia de que algo acontecesse com a contrabandista
espertinha. E parecia que a maioria das pessoas que se envolveram com
Kuznetsov morriam rápido.

— Tenho alguns lugares em New Orleans que podemos usar — disse


Brooks, falando pela primeira vez enquanto digitava algo em seu telefone. —
Algumas casas no Garden District que não estão listadas em meu
nome. Elas são propriedade de uma das empresas do meu pai. E a menos
que Kuznetsov tenha um arquivo muito profundo sobre mim, ele não saberá
sobre essas casas.

— Nós? — Leighton perguntou, carrancudo.

Brooks ergueu a cabeça, prendendo-o com seus olhos escuros. —


Sim, nós. Mesmo que você seja o único a trabalhar no cassino, todos nós
faremos esse trabalho. Ninguém está trabalhando em outra coisa agora e
precisamos ajudar a derrubar Kuznetsov da maneira que pudermos. Se
pudermos salvar uma garota, podemos salvar todas elas. Os federais podem
fazer o que quiserem, mas não estou sentada agora que temos essa
informação.

— Acho que posso usar o reforço — disse ele, com um meio sorriso. A
verdade era que esse era o tipo de trabalho para o qual todos eles
precisavam estar lá. Não poderia haver espaço para erros.

— Por favor. Você precisa de todo o apoio que puder, meu velho.

Ele bufou. Ele era menos de seis meses mais velho do que Brooks. Em
vez de responder, Leighton olhou para a tela novamente e franziu a testa
para a imagem de Luciana Carreras, a bela mulher sorrindo para algo fora
da câmera. Seu sorriso era amplo e convidativo. E seus olhos... o azul
brilhante estava marcando sua pele bronzeada.

Se ela estava envolvida na organização de seu tio, parecia ainda pior,


de alguma forma, porque ela era uma mulher. Claro, Gage disse que ela
poderia não estar enraizada nas besteiras de Kuznetsov, mas Leighton não
conseguia acreditar. Não havia como ela não estar envolvida. Ela
basicamente foi criada por ele, tinha educação universitária, trabalhava em
um de seus hotéis e, se mulheres estivessem sendo transferidas para lá, ela
teria que saber. Ela era a gerente executiva do hotel.

E ela estava afundando assim como seu tio estava.


Intuição não mente.

Lucy pisou no andar principal do The Sapphire, o hotel que ela


admistrava. Eram apenas dez da manhã, mas as coisas já estavam
agitadas. Essa era apenas a natureza deste trabalho. Na verdade, essa era
a natureza da cidade em geral. Ela se mudou para New Orleans quando
assumiu o gerenciamento aqui e descobriu que a hora do dia basicamente
não importava. Sempre havia algo acontecendo.

Alguns dias ela pensou em procurar outro cargo de gerência, algum


lugar onde ela não trabalhasse para a família. Ela recebeu vários trabalhos
diferentes depois que se formou como a primeira da classe em
administração de hotéis e negócios - e conseguiu um cobiçado cargo de
estagiária - mas família era família, e seu tio tinha lhe oferecido esse
trabalho. O pagamento e os benefícios eram bons, e uma pequena parte
dela, a garotinha que fora acolhida por seu tio depois que seus pais
morreram, sentia-se leal a ele.

Ele era certamente um enigma. Ela o viu violentamente zangado com


algumas das pessoas que trabalhavam para ele, a tal ponto que ele
empurrou um cara contra a parede, mas ele nunca mostrou a ela esse
lado. Com ela, ele sempre foi gentil e amoroso. Mas agora ela tinha visto o
outro lado dele e era difícil conciliar os dois. Quase como Jekyll e Hyde.

Mentalmente, ela se sacudiu. Ela não tinha certeza do que havia de


errado com ela esta manhã. Ok, isso era uma grande mentira. O aniversário
da morte de seus pais estava chegando esta semana e ela estava se
sentindo taciturna. Mas não havia tempo para isso no setor de
hospitalidade. Então ela escondeu sua dor particular e colou um sorriso
brilhante enquanto caminhava pelo chão brilhante, seus Louboutins
estalando enquanto ela caminhava para a área do concierge.
Antes de alcançá-lo, Anna Williams se aproximou dela, aparecendo do
nada. Na realidade, ela tinha vindo de uma das portas próximas que se
misturavam com a parede. Este hotel era assim, com portas de painéis em
todos os lugares. Ela já esteve em outros cassinos com a mesma
configuração e gostou. Facilitava a movimentação pelo hotel usando
corredores nos fundos.

Vestindo a calça branca padrão e a blusa combinando que parecia


semelhante ao uniforme de hospital, Anna sorriu quando alcançou
Lucy. Mesmo de salto, Lucy era da mesma altura que ela. Porque seus saltos
de dez centímetros a elevavam a colossais 1.60. O aumento na altura
parecia ajudar porque alguns dos homens com quem ela trabalhava
gostavam de tratá-la como uma boneca frágil. Era irritante como o inferno -
mas não inesperado. Ela lidou com isso a vida inteira.

— Recebi o vale-presente e o champanhe — disse Anna, com um


sorriso largo. — Foi desnecessário, mas apreciado. Muito apreciado!
— Seu sorriso cresceu ainda mais. — Meu marido e eu já bebemos. Era
como ouro líquido.

— Você mereceu depois da semana passada — disse ela. — E nós


apreciamos todo o trabalho árduo que você faz aqui.

Anna administrava seu spa exclusivo com eficiência, garantindo que


todos os hóspedes tivessem uma experiência perfeita. Na semana passada,
uma das esposas dos grandes apostadores, que era conhecida por ser difícil
de lidar, havia prejudicado o time. Razão pela qual Lucy se certificou de que
Anna e todas as suas meninas fossem bem cuidadas. Elas eram bem pagas
- mais do que o padrão da indústria - mas ela ainda gostava de fazer algo
extra quando solicitada. Felizmente, aquele grande apostador em particular
geralmente vinha para a cidade sozinho. Lucy não entendia o porque de
tratar ninguém como lixo simplesmente porque você podia. Mas aquela
mulher não tinha esse problema.

Portanto, a parte pequena e realmente mesquinha de Lucy não se


sentiu mal por ter ouvido boatos que o marido da mulher a estava deixando.
— Sei que você está ocupada, só queria agradecer pessoalmente —
disse Anna.

— A qualquer momento. Temos alguns grandes apostadores


chegando na próxima semana. Vou entrar em contato com você sobre
alguns serviços especiais que vamos oferecer até mesmo para pessoas que
não estão hospedadas aqui. — Lucy disse enquanto continuava em direção
ao balcão do concierge. Quando ela deu um passo atrás dele, pronta para
verificar um de seus convidados, com o canto do olho, ela viu Marco emergir
de uma das portas de painéis para o saguão.

Instantaneamente, suas costas se endireitaram, mesmo quando


propositalmente não olhou em sua direção. Ele não trabalhava no hotel, mas
sim para o tio dela. O tio dela não ficava em New Orleans a maior parte do
ano, mas Marco ficava, e parecia ter rédea solta no hotel, com um cartão-
chave mestre e tudo.

Quando ela questionou seu tio sobre qual era exatamente a posição
de Marco, o tio Alexei foi vago e disse que o homem ajudava a supervisionar
alguns de seus negócios. Mas Marco parecia ter uma relação de trabalho
com alguns dos homens da segurança aqui também, o que a irritou. Eles
estavam sempre tendo conversas abafadas que terminavam quando ela se
aproximava. Besteira sexista.

Ela tinha certeza de que era porque era mulher e todos presumiram
que ela havia conseguido o trabalho por causa do nepotismo. Que de certa
forma ela tinha, mas ela era mais do que qualificada e poderia sair a qualquer
momento que quisesse pegar outro trabalho. No final das contas, ela
conheceu caras assim durante toda a sua vida, que pensavam que ela
deveria estar em casa cozinhando para seu homem, descalça e grávida. Ela
realmente tinha ouvido Marco dizer muito sobre ela - que ela não deveria
estar trabalhando tanto, que deveria estar em casa fazendo bebês. Bruto.

Sua própria mãe era uma dona de casa - e ela respeitava o direito de
qualquer mulher de fazer isso - mas o relacionamento de sua mãe com seu
pai tinha sido especial. Sua mão escolheu isso. Ela queria ficar em casa, e
as coisas estavam bem entre seus pais.
Até que aparentemente não estavam.

Não. Não vou lá agora. Seu coração não aguentaria.

Com o canto do olho, ela viu Marco caminhando em sua direção, mas
se desligou dele. O cara era um Neandertal, e quando ele olhava para ela,
ela queria ir tomar um banho. Ou três. Ela nunca expressou suas
preocupações ao tio porque ela não gostava de causar confusão, mas ver
Marco a deixava nervosa automaticamente. E ela nunca poderia descobrir o
que havia nele que a incomodava. Ela o tinha visto com mulheres
antes. Mulheres verdadeiramente deslumbrantes. E todas elas pareciam
miseráveis. Ou talvez apenas com fome. Ela não tinha certeza. Talvez fosse
isso. Ugh, quem se importava. O cara era um idiota, e ela não iria deixá-lo
ocupar mais espaço em seu cérebro.

Ela rapidamente se conectou ao computador do concierge, acenando


com a cabeça para Nathan, que estava ajudando um convidado, enquanto
ela o fazia. A Sra. Fisk ainda não tinha saído. Bom. A mulher mais velha era
uma das grandes gastadoras e uma das convidadas favoritas de Lucy. Ela
sempre dava pequenos doces a Lucy e isso a lembrava de sua mãe. Lucy
tinha um pequeno presente que queria dar à mulher antes de partir.

— Lucy. — O som da voz de Marco irritou seus sentidos. Ao redor


deles, o ding-ding das máquinas no cassino, as pessoas conversando no
saguão e além, e a voz dele, a fez querer colocar tampões de ouvido.

Olhando para cima, ela colou aquele sorriso falso que ela sabia conter
um toque de gelo. Havia tanta coisa de fingimento que uma garota poderia
fazer. — Olá.

— Você está linda esta manhã, princesa.

Nogento. Bruto. — Hm — ela murmurou evasivamente enquanto


olhava para seu telefone, lendo uma mensagem de um dos concierges a
poucos metros de distância.

Quer que eu salve você com uma emergência falsa?


Ela sufocou uma risadinha. Nathan sabia o quanto ela não suportava
Marco.

— Um membro da equipe de segurança me disse que você teve um


problema com um convidado — continuou Marco.

Ela franziu a testa, colocando o telefone de volta no bolso da saia. —


O que? — E o mais importante, quem havia contado a ele? Certamente não
era da sua conta.

— Ontem à noite, um dos convidados estava assediando você.

Ela fez uma pausa, tentando pensar a quem ele poderia estar se
referindo. — Ah, um dos grandes apostadores tentou ser um pouco
prático. Mas eu lidei com isso. — O cara estava um pouco bêbado - ou mais
provavelmente com algum tipo de remédio, porque eles pararam de servi-lo
- e ele ficou um pouco fresco. Se havia uma coisa que seu tio se certificou
de que ela soubesse, foi legítima defesa. Não que ela precisasse disso para
se defender. Não com aquele idiota bêbado.

— Você é sobrinha de Alexei. Se isso acontecer novamente, você


deveria...

— Vou fazer o que fiz ontem à noite. Lidar com isso. Sua preocupação
é observada, mas não necessária. Eu não trabalho para você. Agora, se me
dá licença, tenho coisas para cuidar. — Ela se afastou dele, ignorando seu
som de protesto. O cassino tinha uma tonelada de segurança e no momento
em que dois dos caras entraram, ela já tinha o cara de volta em seu assento
e se desculpando por seu comportamento rude.

— Lucy...

Seu telefone começou a tocar, fazendo-a sorrir por dentro enquanto


ela lançava a Marco um olhar decididamente não se desculpando e o
segurava perto do ouvido. — Você é um salva-vidas — ela murmurou
enquanto abria a porta mais próxima que levava ao labirinto de corredores
neste lugar. Mais tarde, ela teria uma conversa com a segurança sobre o
que eles podiam e não podiam divulgar a Marco sobre ela, mas por enquanto
ela engavetou todos os pensamentos sobre o homem chato.

— Então está tudo bem, eu ligar tão cedo?

O som da voz de sua jovem prima a fez sorrir. Liliana era filha do tio
Alexei - e ela estava no mesmo colégio interno inglês para onde Lucy fora
enviada tantos anos atrás. O meio-irmão de Liliana foi autorizado a estudar
nos Estados Unidos. Algo que nunca agradou Lucy. Não que ela fosse
próxima de seu outro primo de qualquer maneira. Ela não falava com ele há
anos, embora recebesse o cartão de Natal obrigatório todos os anos.

— Não é cedo. E você pode ligar a qualquer hora do dia. — Algo que
a jovem já sabia. — O que está acontecendo?

— Nada... apenas... eu sinto sua falta. Eu quero voltar para casa.

Lucy esfregou a têmpora ao contornar um trabalhador da


manutenção. Ela continuou para o leste, precisando parar em uma das
cozinhas para falar sobre uma reclamação que recebera. Então ela iria subir
para o andar de segurança. Ela podia ouvir vagamente a batida da música
em um dos andares acima, mas esses corredores dos fundos eram bem
isolados. — Eu sei. Você só está aí mais alguns anos. E nos vemos no Natal.
— Depois de várias tentativas de sequestro de Liliana, tio Alexei nem mesmo
deixou Liliana voltar para casa nas férias. Eles sempre iam até ela,
geralmente encontrando-a em outro local como a Suíça. Ele sempre disse
que era mais fácil mantê-la segura no exterior. O meio-irmão de Liliana
nunca se encontrou com eles. E Lucy sabia que ele também raramente
ligava para a irmã. Ele se distanciou completamente e ela não tinha certeza
do porquê.

Liliana bufou baixinho. — A última vez que conversei com papai, ele
fez parecer que eu nunca poderia voltar para casa, como se eu devesse
começar a universidade aqui em vez disso. Sinto que ele me odeia alguns
dias.

— Oh, querida, isso não é verdade. Ele só se preocupa com a sua


segurança. Especialmente depois do que aconteceu há alguns anos.
— Lucy achava que ele era um pouco superprotetor, mas Liliana havia sido
alvo mais de uma vez por causa de sua riqueza. Idiotas queriam pedir
resgate e machucar uma criança inocente no processo. Mesmo que ela
pudesse entender o protecionismo de seu tio, no fundo, ela o julgava por
quão distante ele mantinha Liliana. A menina nunca tinha conhecido sua
mãe. Lucy também não. Ela só sabia que a mulher havia abandonado
Liliana.

— Eu acho. É que… sou a única criança que nunca vai para


casa. Assim, nunca. Isso não parece normal para mim. E não é como se eu
fosse a única aqui que foi alvo de um sequestro.

Já que estava se aproximando da porta da cozinha, Lucy parou e


encostou-se em uma das paredes. Ela podia sentir uma dor de cabeça
chegando. Ela sabia que Liliana estudava com as filhas de outras pessoas
muito ricas, então a tentativa de sequestro, embora perturbadora, não era
exatamente surpreendente. — Eu sinto muito. Você quer que eu fale com
ele? Porque você está certa. Você deve poder voltar para casa quando
quiser. Ele será capaz de mantê-la segura. Diabos, podemos manter sua
viagem em segredo. E se ele disser não, você pode ficar comigo. — Lucy
sabia exatamente como isso iria acabar. Ela sempre tolerou as regras de seu
tio enquanto crescia porque ele a acolheu e a criou. Seu filho já havia saído
de casa. Não que isso importasse, ele mandou Lucy para a escola
também. Mas quando Liliana apareceu, Lucy imediatamente se ligou a sua
prima. Infelizmente, a maior parte da comunicação delas hoje em dia
consistia em ligações, mensagens de texto ou chats de vídeo.

— Você não se importa?

— Claro que não. Teremos apenas que usar um pouco de sua


segurança. — Ou, mais provavelmente, muito disso. Lucy não se importou,
no entanto. Valeria totalmente a pena.

— Ele vai ficar puto se você disser que posso ficar com você.

— Então? Ele vai superar isso.

— Não sei, Lucy... — Liliana suspirou. — Você já pensou que papai...


— Pensei o que?

Houve uma pausa de silêncio. Então nada. — Estou com raiva dele
agora. Não se preocupe em perguntar a ele. Não quero colocá-la em uma
posição estranha.

Deus, ela parecia tão adulta para um adolescente de quatorze anos. —


Vou falar com ele. Mas chega de falar nisso. Como está a escola? E como
foi aquele show?

Liliana riu levemente, música para os ouvidos de Lucy. Pelos próximos


minutos, ela empurrou para fora todos os pensamentos desta semana sendo
o aniversário da morte de seus pais, da horripilância de Marco e de sua
própria solidão crescente.

Sua prima era um ponto brilhante em sua vida, e ela não ia deixar sua
própria merda arrastar ninguém para baixo.
O casamento com ele é a maior aventura de todas.

Leighton abriu a porta do indefinível sedan de quatro portas que ele e


Savage estavam usando esta noite e deslizou para o banco da frente. A luz
do teto não acendeu porque Savage já a tinha desligado.

Todos eles chegaram a New Orleans algumas horas atrás e


começaram a correr. Essa era a grande vantagem de ter um jato particular
à sua disposição. Tornou a viagem muito mais fácil. Eles também adquiriram
vários veículos que usariam enquanto estivessem aqui.

— O condomínio dela estava praticamente vazio. — disse Leighton


antes que Savage pudesse perguntar a ele. Ele havia se esgueirado para o
condomínio de Luciana. A segurança era mais do que decente, mas não boa
o suficiente para resistir às habilidades de Gage e Leighton. Ela precisava
substituir seus bloqueios de qualquer maneira. Gage havia desativado o
sistema de segurança real, mas ele pegou suas fechaduras com facilidade
surpreendente.

— Nada? — Savage perguntou.

— Não. Sem laptop, mas vi o cabo de um em sua mesa. Ela


provavelmente o leva para o trabalho. — Havia alguns outros aparelhos
eletrônicos, como MP3 player e e-reader, mas nada que ele pudesse usar
para seus propósitos. E ele não havia encontrado nenhuma outra fraqueza
que pudesse permitir que Gage se infiltrasse na segurança do cassino. Havia
outros funcionários que eles pensaram em definir como alvo, mas ela era
potencialmente a melhor opção, já que Kuznetsov era seu tio e ela era
gerente executiva do The Sapphire. Era lógico que ela teria acesso a tudo
de que precisariam.

— Estou surpreso que ele não tenha mais segurança com ela,
considerando que a maior parte do mundo nem sabe da existência de sua
filha.— Kuznetsov manteve a existência da filha em segredo, mas deixou
Luciana trabalhar com ele para o mundo todo ver. Claro, eles tinham
sobrenomes diferentes, mas não demorou muito para descobrir que eram
parentes. E não era como se Kuznetsov mantivesse o fato de sua ligação
familiar em segredo.

— Ela é sobrinha dele — disse Savage distraidamente enquanto saia


do estacionamento. Eles estacionaram do outro lado da rua de seu
condomínio. — Isso é diferente de uma filha.

— Ele ainda deve aumentar sua segurança. Ela pode ser um alvo.
— Por alguma razão, Leighton se incomodou que sua segurança não fosse
tão rígida quanto deveria ser para alguém relacionado a um homem como
ele. Ele não deveria se importar, mas isso o irritou. Principalmente porque
Kuznetsov a criou. O homem deve cuidar melhor de sua família.

— É bom para nós de qualquer maneira — disse Savage. — Ela tem


algum cofre ou algo assim?

— Um em seu armário. Estava aberto. — Ele quase bufou com


isso. Era como se ela o tivesse aberto para algo, então o fechou pela
metade. Não tinha se encaixado exatamente no lugar, então ele foi capaz de
espiar dentro. — Apenas papéis pessoais e o que parece ser uma joia do
tipo relíquia de família. Tirei fotos de tudo, caso Gage possa usar. — Eles
teriam sido capazes de invadir mais tarde e ver o que havia dentro, mas isso
o economizou tempo.

— Oh, ele ligou enquanto você estava lá. Ele disse que ela está
deixando sua posição de voluntária agora e vai trabalhar, de acordo com a
localização de seu telefone.

Gage descobriu que ela era voluntária em uma linha direta de


suicídio. Seu próprio pai matou sua mãe, em seguida, suicidou-se. Então
esse era provavelmente o motivo. Seu trabalho voluntário fez Leighton
questionar se ela era tão má quanto seu tio, mas às vezes não havia como
explicar por que as pessoas faziam o que faziam. A psicologia do porquê ela
estava se voluntariando era bastante óbvia. Isso não significava que ela não
pudesse ter um lado mais sombrio, não poderia estar afundada até o
pescoço em tudo o que seu tio estava.

— Você está pronto para esta noite? — Savage perguntou.

— Claro. — Ele ignorou o olhar de soslaio que seu amigo de longa


data atirou nele. Ele estava ficando cansado da maneira como todos
olhavam para ele. Como se ele estivesse quebrado. Só porque ele não ria
ou brincava como costumava fazer, não significava que estava
quebrado. Ele era apenas diferente. A vida mudou. Pessoas
mudavam. Cada um de seu grupo deve saberia disso. Ele não era mais um
garoto que se achava invencível.

— Ei, obrigado pela nova mochila de Valencia. — Savage disse


enquanto virava à esquerda no próximo semáforo.

A construção nesta parte da cidade era ridícula. Inferno, a maioria das


estradas dentro e ao redor do French Quarter eram insanas.

Ele ergueu um ombro. — Sem problemas. Eu vi o unicórnio nele e


pensei nela. — Ele não sabia muito sobre crianças, mas sabia que a filha de
Savage adorava unicórnios, arco-íris e praticamente tudo relacionado a
princesas ou tiaras. Embora ultimamente ela estivesse muito interessada em
ser uma carteirista, graças à tutela de Skye. — Então, como vai tudo, pós-
casamento?

— Mais ou menos o mesmo. Na verdade, está melhor — disse


Savage. — Há algo a ser dito para tornar tudo oficial.

Leighton percebeu que importava para Savage, já que ele oficialmente


adotou Valencia. Ele podia entender e respeitar isso. Ele tinha certeza de
que casamento e filhos e todas essas coisas não estavam nas cartas para
ele, mas ele estava feliz por seu amigo. Todos os seus amigos.

Às vezes, no entanto, era difícil não se sentir um estranho. Todos eram


sua família, mas agora que todos estavam se acomodando, às vezes ele
podia admitir que estava mais ciente de sua solidão. Mas ele afastou esse
pensamento. No momento, ele tinha um trabalho a fazer: interpretar o papel
de Spencer Johnson.

Ele poderia passar por ser um idiota de fundo fiduciário pseudo-


charmoso, sem problemas.

***

— Tudo bem, vamos jogar dez seguidos. — Skye disse, levantando a


uva verde em sua mão.

Colt abriu a boca e esperou que ela mirasse - e acertasse. Sorrindo,


ele mastigou e disse: — Qual é o recorde?

— Eu acho, tipo, vinte, daquele trabalho em Idaho. Mas aposto que


podemos vencê-lo hoje. — Ela colocou uma uva na boca antes de voltar
sua atenção para o veículo do outro lado da rua. Ou, mais precisamente, o
homem no veículo. — Que tipo de nome é Marco, afinal? Parece muito
simples para este... monstro. — Ou suposto monstro, mas, por favor, o cara
trabalhava para Kuznetsov e tinha uma ficha criminal bastante
longa. Principalmente coisas mesquinhas quando ele era mais
jovem. Claramente ele ficou mais esperto. Embora ele tivesse mais do que
um punhado de acusações de agressão. Ataque com arma mortal. Ataque
com intenção de matar. E simplesmente continuou. Mas todas essas
acusações foram retiradas. Porque as pessoas ‘mudaram de ideia’. Okay,
certo.

Colt simplesmente emitiu um som evasivo enquanto observava Marco


Broussard, um dos homens de Kuznetsov, falar com um homem que eles
tinham certeza de que era um contrabandista. O papel exato de Broussard
na organização de Kuznetsov não era certo, mas ele parecia zelar por seus
interesses comerciais em New Orleans.

— Abra — Skye disse novamente, jogando outra uva em seu marido.


— Isso é onze.

―Então... Leighton parece que está pronto para esta operação. —


Skye disse no silêncio. Silêncios com Colt nunca eram
desconfortáveis. Nunca seriam. Nem mesmo desde o início, quando eles
ainda estavam se conhecendo.

— Eu também acho — disse o marido.

Colt conhecia Leighton muito melhor do que Skye. — Eu sei que vocês
estão preocupados com ele, mas honestamente, ele parece meio solitário.
— Algo que a maioria da equipe parecia não entender.

Ele lançou-lhe um olhar surpreso antes de olhar para o outro lado da


rua, esperando que seu alvo fizesse um movimento. Até agora, Marco estava
sentado conversando com John Leroux, um homem que havia sido trazido
pelo Departamento de Polícia de New Orleans mais de uma vez por suspeita
de transportar mercadorias roubadas. Ele nunca foi acusado, no entanto.

— O que? — Skye perguntou, tirando uma foto dos dois homens


juntos para seus registros. — Como se isso fosse tão louco? Todos nós
basicamente formamos pares. E agora Gage e Nova estão noivos.

Colt soltou uma espécie de grunhido. — Sim. Eu realmente nunca


pensei sobre isso. E acho que meio que pensei que ele acabaria com Hazel.

Skye bufou. — Aqueles dois? Eu sei que ela é bissexual, mas de jeito
nenhum. Eles são muito parecidos. Leighton precisa de alguém diferente,
talvez um pouco mais suave. De certa forma, ele me lembra Axel. Posso
imaginar Leighton terminando com alguém como Hadley. — Uma vez, Skye
nunca teria imaginado ter uma conversa como essa. Uma que dissecava os
relacionamentos de seus amigos. Era tudo muito... complicado e
estranho. Mas ela finalmente aceitou que tinha amigos. E esses amigos
eram mais como sua família agora. Isso significava que ela se importava e
tinha opiniões.
Colt acabou por emitir aquele grunhido. Eles estavam juntos há tempo
suficiente para que ela soubesse o que seus grunhidos significavam. Agora,
ele discordava dela.

— Você verá que estou certa. Porque estou sempre certa —


acrescentou ela.

— É assim mesmo?

— Sim. Pelo menos você teve o bom senso de se casar com alguém
tão inteligente quanto eu.

Colt riu alto então e alcançou o console central, pegando uma de suas
mãos. Eles raramente eram afetuosos durante as operações, querendo
manter a cabeça exclusivamente focada no trabalho em que estavam
atuando. Então eles transavam como maníacos, uma vez que tinham um
tempo de inatividade. Mas ela aprendeu que seu marido precisava daquela
afeição extra às vezes. E ela estava aprendendo a dar livremente.

Porque ela daria a Colt tudo o que ele quisesse. O homem a fez se
sentir viva desde o momento em que se conheceram. Ele nunca a fez duvidar
de quem ela era, nunca a fez se sentir diferente - mesmo quando ela sabia
que não respondia a muitas situações como a maioria das pessoas. Ela
também sabia que a maioria dos homens não estaria seguro o suficiente para
estar com uma mulher como ela. Ela entendia isso. Mas Colt... ele era
realmente sua estrela do norte. E isso era tão poético quanto ela poderia ser.

— Oh, ele está se movendo — ela disse, embora ele pudesse ver a
mesma coisa que ela. Skye deslizou seu fone de ouvido e o ligou. — Gage,
você está aí?

Houve uma pequena pausa. — E aí, como vai?

— Você descobriu alguma coisa nova sobre aquele cara o Leroux?

— Há quanto tempo trabalhamos juntos, Skye?

— Anos... mais ou menos.


— E você ainda sente a necessidade de me fazer perguntas como
essa? Você me deve uma pizza.

— Tudo bem. Vou me certificar de que tenha abacaxi extra.

— Você tem problemas se acha que fruta pertence à pizza... E sim, eu


compilei uma lista de associados conhecidos que Leroux e Broussard têm
em comum. Leroux não trabalha para Kuznetsov, pelo que posso dizer, mas
contrabandeia para ele. Basicamente, trabalho por contrato, mas ele não é
leal ao russo. Só... não sei dizer se ele move as pessoas ou não. — A
frustração estava clara na voz de Gage. — Até agora, parece que ele move
coisas roubadas. Para idiotas ricos.

Portanto, ele pode ser inútil para seus propósitos. Eles precisavam
descobrir quem Kuznetsov usava para traficar pessoas em New Orleans e
arredores. Essa pessoa os levaria até a garota. Claro, isso se eles não
conseguissem encontrá-la em um dos hotéis de Kuznetsov. Eles estavam
cobrindo todas as suas bases agora, tentando encontrá-la - e quaisquer
outras que pudessem. — Obrigado, Gage.

Ele fez um som evasivo, então — Vocês conseguiram etiquetar o carro


dele?

— Não. Não conseguimos chegar perto o suficiente — disse Colt. —


Além disso, pelo que eu posso dizer, ele contratou um motorista. Talvez o
cara trabalhe para a organização de Kuznetsov ou talvez seja apenas um
serviço contratado. A empresa parece legítima. — Eles já haviam enviado a
Gage todos os detalhes do nome da empresa que Broussard
contratou. Colocar um rastreador no carro não faria nada porque o veículo
acabaria no mesmo lugar onde havia começado.

— Tudo bem. Avise-me se precisar de mais alguma coisa. Vou


monitorar Leighton por enquanto.

— Obrigado. — Skye estreitou o olhar para o veículo de Marco


enquanto eles o seguiam, e se imaginou sufocando a merda fora
dele. Parecia demais que ele os levaria diretamente a um bando de mulheres
traficadas, mas ela podia ter esperança.
Por enquanto, eles iriam seguir suas pistas e fazer o possível para
encontrar a amiga da família de Hazel.
Lembre-se, a vida não é um conto de fadas.

— Diga-me o que você tem — Lucy disse baixinho para Nathan. Ele
era seu par extra de olhos e ouvidos e não era amigável com Marco, o que
era uma grande vantagem. Ela realmente confiava em Nathan.

— O nome dele é Spencer Johnson. Vem do dinheiro da família, mas


parece ter se saído bem com o dinheiro sozinho. Por meio de investimentos
e imóveis. Não tenho certeza, mas ele pode estar na cidade a negócios. Esta
é a primeira vez dele aqui. Normalmente, quando ele joga, é em Las Vegas
ou Atlantic City. Mas ele esteve em Biloxi pelo menos uma vez. Nunca New
Orleans. Ou, mais precisamente, ele não esteve no The Sapphire.

Lucy olhou ao redor do andar, absorvendo as imagens e os


sons. Algumas pessoas estavam vestidas com esmero, como se fossem à
ópera, enquanto outras usavam ternos de veludo. Claro, haveria pelo menos
duas despedidas de solteira se divertindo esta noite. Era fim de semana,
então eles geralmente tinham uma - ou meia dúzia - despedidas de solteiro
ou solteira passando por aqui. O cassino tinha um código de vestimenta,
mas era New Orleans, então ocasionalmente eles deixavam algumas coisas
passarem.

— Às vezes me assusta o quão bem você desenterra coisas sobre as


pessoas.

Nathan riu uma vez. — Isso é tudo apenas superficial. Eu quase não
descobri nada sobre esse cara. Acredite em mim, qualquer um aqui poderia
ter descoberto essas coisas.

Nathan era autodepreciativo, mas na verdade parecia estar falando a


verdade dessa vez. Ainda assim, ela não saia por aí desenterrando coisas
sobre as pessoas, então era tudo impressionante para ela. Não, ela nem
tinha contas nas redes sociais. Naturalmente, o cassino sim, e ela fazia
check-in pelo menos uma vez por semana para ter certeza de que estava
funcionando corretamente, porque ela entendia como as coisas que se
tornavam virais podiam sair do controle rapidamente. Mas seu tio tinha sido
tão inflexível quando ela era mais jovem sobre ela não ter nenhuma mídia
social, e ele era da mesma forma com sua filha. Sua influência havia ficado
com ela. Sempre que ela pensava em abrir uma conta no Instagram, ela
podia ouvir a voz dele em sua cabeça dizendo que era estúpido e que sua
vida pessoal era apenas isso, pessoal. Que quanto mais ela compartilhava,
mais isso dava às pessoas munição para machucá-la. Considerando que
alguém havia tentado sequestrar sua filha mais de uma vez, ela podia
entender sua preocupação.

— Que tipo de dinheiro ele está gastando? — ela perguntou,


guardando pensamentos sobre a influência de seu tio em sua vida.

— Nível médio agora, mas ele está apenas começando, eu


acredito. Ele está perdendo e sério não parece se importar. Uma rápida
verificação de suas finanças - que, sim, levou mais do que uma olhada
superficial - me diz que ele pode se dar ao luxo de se divertir aqui.

— Algum outro vício que eu deva saber? — Havia apenas algumas


coisas que ela não toleraria no hotel. Algo que Nathan sabia muito bem.

— Não que eu conseguisse encontrar — disse ele.

Ela acenou com a cabeça uma vez. Bom. — Por que você não sai
daqui? É muito tarde e você trabalhou mais de um dia inteiro. — Ela sabia
que ele deveria ter saído há uma hora, mas ele ficou por perto porque ela
pediu a ele para procurar um novo cara jogando uma quantia decente de
dinheiro por aí. Nathan receberia as horas extras, mas ainda assim, ela
queria respeitar o tempo dele. — Você pode chegar tarde amanhã também.

— Você não precisa me dizer duas vezes. Eu tenho um encontro


quente agendado.

Ela bufou. Quando não tinha? — Kyle?

Ele sorriu. — Kyle e Marta.


Ela piscou uma vez, mas sabia que não deveria se
surpreender. Nathan era um jogador tão forte que ela nunca soube com
quem ele estava entrando e saindo. — Divirta-se então.

— Oh, eu vou — disse ele, saindo com um aceno.

Lucy olhou para seu iPad e examinou mais as informações que Nathan
havia dado a ela sobre este Spencer Johnson. Ela sempre prestou atenção
às novas pessoas que pareciam ser grandes gastadoras.

Lucy sorriu para o carteador de blackjack ao se aproximar da mesa


que o carteador estava fechando.

— Senhor Johnson — disse ela, sorrindo para Spencer Johnson. —


Eu acredito que esta é sua primeira vez no The Sapphire. Sou Lucy Carreras,
a gerente executiva aqui.

O homem se virou para olhar para ela e ela captou todo o efeito
dele. Quando Nathan disse que ele que vinha do dinheiro da família, ela
presumiu que ele era algum garoto de fundo fiduciário - e o imaginou de
alguma forma mais jovem. E mais suave. Ela só o tinha visto de costas, e
olhando para ele agora, ele era definitivamente todo homem. Com cabelo
escuro, um queixo estruturado e olhos escuros e assustadores, ele a
prendeu no lugar por um sólido momento antes que ela conseguisse se livrar
do que quer que estivesse acontecendo com ela.

Ele deixou suas fichas na mesa quando o carteador disse: — Você


gostaria que eu movesse suas fichas para a mesa vinte?

O Sr. Johnson acenou com a cabeça e deu ao cara uma ficha de cem
dólares como gorjeta, mas manteve todo o seu foco intenso em
Lucy. Quando ele se levantou, ela percebeu o quão alto ele era. Pelo menos
um metro e oitenta. Dar ou pegar. Era difícil dizer, já que ela estava usando
seus saltos Valentino favoritos de cinco polegadas esta noite.

— Esta é a minha primeira vez no cassino, embora não seja a minha


primeira vez em New Orleans. E eu definitivamente teria me lembrado de ter
conhecido você. — Ele não falava daquele jeito charmoso e brincalhão com
que ela estava acostumada. Ele disse isso com naturalidade enquanto
estendia a mão. E ele tinha um corte de cabelo que a lembrava dos
militares. O corte definitivamente se encaixava em seu rosto forte.

Ela apertou sua mão uma vez, mantendo o sorriso no lugar enquanto
registrava os calos em suas palmas. Metade do tempo ela tinha que fingir
sorrisos no trabalho para os clientes. Embora adorasse seu trabalho, lidar
com alguns homens e mulheres ricos era exaustivo por causa da maneira
como tratavam as pessoas. Mas até agora, nenhum sorriso falso para o Sr.
Johnson. — Obrigado por ser tão complacente conosco e mudar para outra
mesa.

Ele ergueu um ombro. — Posso perder ou ganhar em outra mesa tão


bem quanto esta. — Ele acompanhou o passo dela quando começaram a
andar pelo cassino.

Lucy percebeu que ele diminuiu a velocidade, combinando seus


passos com os dela. — Por quanto tempo você estará na cidade?

— Uma semana pelo menos, mas meu tempo está em aberto agora,
então talvez mais.

— Vejo que você está em uma de nossas suítes executivas. Nossa


suíte presidencial acaba de ser inaugurada, e eu gostaria de oferecê-la como
uma cortesia durante a sua estadia, se você quiser. — Claro que ele não
diria não.

Ele não pareceu surpreso com a oferta dela, apenas acenou com a
cabeça e sorriu. — Isso parece ótimo, obrigado. Há quanto tempo você
trabalha aqui?

Esta pergunta a pegou desprevenida. Os clientes raramente faziam


perguntas pessoais. O que estava bem para ela. Ela estava aqui para fazer
um trabalho. — Dois anos.

— Bem, é um ótimo hotel. Já ouvi coisas muito positivas sobre a


gestão.
Apesar de si mesma, ela encontrou suas bochechas corando
levemente. Ela melhorou os negócios desde que assumiu. Seu tio colocou
um idiota total no comando durante o primeiro ano em que o cassino foi
aberto, mas assim que ela assumiu, ela fez muitas mudanças. Era um
cassino - era fácil ganhar dinheiro. Mas, a menos que você tenha as pessoas
certas comandando as coisas, você também pode perder uma
tonelada. Porque os próprios hotéis eram muito caros para administrar.

— Obrigada — ela disse quando eles alcançaram a nova mesa. — Se


você precisar de alguma coisa, é só me avisar. — Ela entregou a ele seu
cartão de visita, que incluía seu número de telefone celular. Bem, o número
do celular usado para clientes, não o celular normal dela. Isso estava
reservado para amigos.

— Seria totalmente inapropriado se eu te convidasse para jantar?


— ele perguntou, abruptamente.

Porque realmente não havia uma maneira de fazer a transição para


isso.

— Eu geralmente não misturo negócios e prazer, então se você está


me convidando para sair, infelizmente a resposta é não.

— Justo. E se eu quisesse levar você para almoçar e aprender um


pouco mais sobre a cidade com um conhecedor? Estou pensando em
comprar um imóvel aqui. É por isso que estou na cidade. E embora eu confie
no meu agente imobiliário, estou curioso para saber o que um local pensa.

Lucy tinha certeza de que ele ainda estava convidando-a para um


encontro, mas... ele parecia sincero. Embora a verdade fosse, ela ficou
intrigada com aqueles olhos escuros e assustadores. Sua aparência externa
era forte, construída e muito musculosa - havia algumas coisas que um
paletó não conseguia esconder. Mas seus olhos foram o que a atraiu. Ele
parecia quase triste. — Acho que consigo um almoço. Desde que não seja
no cassino e desde que compreenda que se trata apenas de uma reunião
profissional. Vou levá-lo a um lugar local no bairro.
Ele acenou com a cabeça uma vez, algo muito parecido com o
interesse despertando naqueles olhos escuros. — Que tal amanhã?

Gah, o que diabos ela estava fazendo? Não era que fosse contra a
política do hotel envolver-se com os clientes. Bem, não tecnicamente. Ela
acenou com a cabeça uma vez. — Basta ligar para o meu celular. Vamos
definir algo. E para ser clara, definitivamente não é um encontro. — Ela não
sorriu ao dizer isso, mantendo a voz firme.

Ele sorriu para ela, e ela viu apenas uma pequena sugestão de
sensualidade aparecendo.

Só quando ela se afastou dele, ela foi capaz de respirar novamente. Ela
começou a cruzar o andar do cassino e jurou que podia sentir os olhos dele
queimando suas costas.

À sua esquerda, ela ouviu alguém gritando enquanto ganhava um dos


pagamentos do caça-níqueis. Ela olhou naquela direção e, contra seu
melhor julgamento, se virou.

Para sua surpresa, ele a estava observando se afastar com um olhar


muito acalorado.

Ela rapidamente desviou o olhar, não querendo ser atraída por aqueles
olhos novamente. Sério, o que diabos estava acontecendo com ela? Ela era
convidada para sair o tempo todo. Diariariamente. Normalmente por idiotas
aqui ou em sua vida não profissional. Ela foi capaz de ignorar os pedidos de
encontros, sem problemas, capaz de ignorar os homens em geral sem
nenhum problema.

Ela também sabia por quê. Deus, ela pensava que seus pais tinham o
casamento perfeito, que eram felizes como contos de fadas. Mas ela tinha
sido apenas uma criança estúpida que aparentemente não foi capaz de ver
o lado mais sombrio do relacionamento deles. Alguns dias, ela se perguntava
como não tinha percebido que algo estava errado. Mesmo quando ela
vasculhou seu cérebro, tentando pensar em algo que ela perdeu... não havia
nada. Seu pai adorava completamente sua mãe. E ele tinha sido um pai
amoroso que não tinha problema em estragar tanto ela quanto sua mãe.
Então ele matou a mãe dela e depois a si mesmo.

Toda a sua infância tinha sido uma mentira. Ela apenas construiu seu
relacionamento em sua cabeça, imaginado o quão felizes todos eles foram.

Ela jurou que nunca faria isso a si mesma. Nunca deixaria um homem
mentir para ela, puxar o véu sobre seus olhos. Namorar era bom, embora
ela raramente fizesse isso com o quão ocupada estava. Casamento e
relacionamentos, entretanto? Não, obrigada. Não que ela tivesse qualquer
razão para pensar nisso de qualquer maneira.

Afastando os pensamentos do homem rico e sexy com mãos calejadas


e olhos tristes, ela pegou seu telefone celular de trabalho e se registrou com
a segurança. Ela teve uma noite agitada de trabalho e definitivamente não
precisava de uma distração da variedade masculina.

***

— Como você está? — Leighton perguntou a Gage pelo fone de


ouvido, mantendo o tom baixo. Não que isso importasse. O cassino estava
barulhento e parecia ficar mais barulhento a cada minuto que passava. Ele
estava bem estando aqui para uma operação, mas puta merda isso iria
desgastá-lo dia após dia.

Felizmente, o lugar não tinha permissão para fumantes, mas a


tagarelice constante, gritos de alegria, gemidos de angústia e
o som interminável ding, ding, ding das máquinas caça-níqueis eram
enlouquecedores. Sem mencionar que mais de uma mulher se esfregou nele
enquanto ele jogava vinte-e-um.

Ele gostava de seu espaço e não gostava que as pessoas o tocassem


sem permissão. Mas ele ignorou, agindo como se não se importasse.

— Mais do que bem. Consegui clonar o telefone da gerente. Um deles


de qualquer maneira.
— Um deles?

— Sim. A sobrinha dele está com dois telefones. Clonei um porque a


segurança é uma merda. Também consegui invadir os telefones de alguns
funcionários e usá-los a meu favor. Consegui me infiltrar em parte de seu
sistema de segurança.

— Viu alguma coisa boa? — Casualmente, ele se dirigiu à gaiola dos


caixas, pronto para devolver as fichas que sobraram. Ele tinha perdido muito
esta noite, o que era bom para seu disfarce.

— Pode ser. Não tenho acesso a todas as câmeras. Apenas algumas


partes do exterior do hotel e nenhuma no piso do cassino. Eles têm o hotel
e o cassino configurados em sistemas diferentes. É interessante.

Interessante pode ser bom ou ruim.

— Tenho quase certeza de que é um descuido de segurança que


alguém perdeu durante uma atualização e estou aproveitando ao máximo.
— Gage começou a murmurar para si mesmo então, e Leighton percebeu
que ele havia perdido seu amigo por um tempo, pelo menos enquanto
trabalhava.

Depois de entregar as fichas e receber o dinheiro de volta, ele se dirigiu


a um dos bares de coquetéis. Havia alguns lugares vazios, mas ele não
queria ter que lidar com conversa fiada com ninguém, então ele escolheu
um único lugar entre dois casais separados. Ninguém iria incomodá-lo dessa
maneira.

— O que Nova está tramando? — ele murmurou enquanto gesticulava


para o barman. O lugar estava tão barulhento que ninguém seria capaz de
ouvi-lo falando com Gage. No mínimo, eles presumiriam que ele estava
falando em um Bluetooth. E, em sua experiência, as pessoas eram tão
autocentradas que nem mesmo prestariam atenção.

— O que... Oh, ela está dormindo. Ela está insistindo em ajudar com
uma das missões de reconhecimento amanhã. — Havia frustração na voz
de Gage.
Leighton entendia, porque não tinha certeza de como lidaria com a
existência de uma pessoa importante que fazia parte do mundo deles. Ele
provavelmente se preocuparia o tempo todo. A menos, claro, que seu outro
significativo fosse alguém como Skye. Então ele apenas se preocuparia com
o resto do mundo. Mas... ela não era nem remotamente seu tipo. Inferno, ele
não sabia qual era o seu tipo.

E ele estava chateado pra caralho por se achar seriamente atraído por
Luciana Carreras. Ela tinha curvas em todos os lugares certos, seios fartos
que deveriam ser muito grandes para seu corpo pequeno, mas
simplesmente parecia perfeita sob aquele vestido preto e branco sexy que
ela estava usando antes. Droga, ele só a tinha visto vestida. Imaginar como
ela ficaria nua era... Droga. Não era algo que ele precisava fazer. Ele tinha
acabado de convidá-la para sair como parte de seu plano infalível de se
aproximar dela se necessário. Se Gage não pudesse fazer sua mágica.

Por alguma razão, ele não conseguia parar de pensar em como a mão
dela era macia na dele quando ele a segurou com a sua muito maior. Ou
como seu lábio inferior era maior do que o superior, dando-lhe um olhar
perpetuamente amuado - ou como seus olhos azuis brilhantes pareciam ver
diretamente a alma dele.

Foda-se ela. Ele levantou o cardápio do bar e apontou para a cerveja


que queria enquanto o barman se aproximava. O cara simplesmente
balançou a cabeça e pegou uma para ele.

Leighton pigarreou, pegando a cerveja que o barman colocou na sua


frente enquanto dizia: — Ela é mais do que capaz.

— Sim, eu sei. Ainda não tenho que gostar dela nesta operação.

— Você prefere que ela esteja em casa, a centenas de quilômetros de


distância?

Houve uma pausa, então, — Não.

— Tudo bem, então — disse ele, tomando um gole de sua cerveja. —


Fique feliz que sua garota esteja aqui com você.
Gage apenas fez um murmúrio irritado, o som do teclado estalando ao
fundo. — Ei, eu acho que posso ter algo. Fiz um reconhecimento facial...
Quer saber, não importa. Mas um dos homens de Kuznetsov está
definitivamente no cassino agora. E estou falando de um de seus caras reais,
não das pessoas aleatórias que ele tem trabalhando para ele em várias
cidades.

— Onde ele está? — Leighton jogou uma nota no bar e se levantou,


seu corpo praticamente vibrando com o baque da música nos alto-falantes.

— Segundo andar, entrando em uma escada. Ah... lado oeste do


hotel.

Então, oposto de onde Leighton estava. Ele não iria correr para lá sem
motivo. — O que ele está fazendo? — ele perguntou, indo em direção aos
elevadores. Ele teria que parar de falar assim que entrasse no elevador, caso
estivesse sendo monitorado. Definitivamente estava sendo monitorado no
sentido geral, mas também havia uma chance de que os seguranças não
estivessem ouvindo, a menos que tivessem um bom motivo. Sua principal
preocupação era garantir que as pessoas não roubassem ou fizessem outras
coisas ilegais. Mas, principalmente, eles estavam preocupados com o
aspecto de segurança do cassino.

— Dê-me um segundo — Gage murmurou.

— Tudo bem. Entrando no elevador.

— Ok... o nome do cara é Misha Popov. Ele está no topo da


organização de Kuznetsov. Seja qual for o motivo pelo qual ele está aqui, não
pode ser bom. Provavelmente por que os federais estão na cidade. Ele está
saindo por uma saída lateral. Vou segui-lo usando circuitos de câmeras de
trânsito, se possível. Vou checar com Skye e Colt. Aguente firme.

Enquanto ele subia para seu quarto, Leighton esperou enquanto Gage
os colocava na linha de comunicação. Ele queria sair e se juntar aos outros,
mas na chance de estar sendo vigiado, ele não queria fazer nada suspeito.
Às vezes, essa era a parte difícil dessas operações, ter que se ater a
uma parte da operação quando queria se envolver com tudo.
Você conhece a verdade pela maneira como ela se sente.

Lucy esfregou a têmpora enquanto caminhava pelo piso do


cassino. Eram duas da manhã e hora de ela sair daqui. Não era de se
admirar que ela não tivesse vida social, dadas as horas malucas. Enquanto
ela se dirigia para o conjunto de elevadores oeste, ela franziu a testa quando
viu um homem local que ela reconheceu bem o suficiente deixando o andar,
seu braço ligado a uma mulher alta e bonita com pele morena e pernas
longas como modelo. Ela nunca tinha visto a mulher antes, mas ela conhecia
o homem, Darius alguma coisa. Ele morava em New Orleans e normalmente
ia ao cassino nas noites de sexta ou sábado para jogar nas mesas de
dados. Ele nunca tinha ficado neste hotel. Não precisaria.

Franzindo a testa, ela observou enquanto o casal se afastava,


claramente muito apaixonado um pelo outro. Ou pelo menos ele estava
apaixonado por ela. Lucy não gostava de julgar com base nas aparências,
mas a mulher estava anos-luz fora do alcance de Darius, e esta foi a terceira
vez que ela o viu ficando com uma mulher que parecia a mulher em seus
braços. Não exatamente fisicamente, mas o mesmo tipo de mulher - alta e
bonita.

Sim, definitivamente havia uma chance de que ele simplesmente


estivesse tendo sorte com visitantes de fora da cidade, mas ela fez cursos
sobre o que procurar quando se tratava de tráfico ... e algo não estava bem
para ela.

Em vez de marcar a segurança em seu telefone, ela se dirigiu ao outro


conjunto de elevadores e foi direto para o andar de segurança, usando seu
cartão-chave para permitir o acesso total. Ela deveria ter investigado isso
antes, mas agora que ela estava fora do trabalho, ela tinha todo o tempo de
que precisava.
No andar de segurança, ela passou o cartão-chave contra as portas
de vidro e acenou com a cabeça uma vez para Nick, o gerente de segurança
de serviço neste fim de semana. Ela gostava bastante do homem mais
velho. Ele tinha muita experiência e fazia bem o seu trabalho. Ele esteve com
um cassino em Vegas por uma década e foi altamente recomendado.

— Lucy, estou surpreso em vê-la aqui. Tudo certo?

— Sim. Estou apenas verificando algo. Você tem um computador


livre?

Ele fez uma pausa e acenou com a cabeça. Ela não era sua chefe no
sentido técnico, mas no que diz respeito à hierarquia, ela estava
definitivamente acima dele. Não que ele tivesse qualquer razão para
questionar sua presença neste andar. Era um pouco fora do comum, mas
ela tinha todo o direito de estar aqui.

— O escritório do Jorge está vazio agora. Você pode usar o


computador dele se precisar. Posso ajudá-la em alguma
coisa? Provavelmente posso encontrar muito mais rápido.

Ela deu um meio sorriso porque era verdade. Mas ela sabia como fazer
pesquisas de reconhecimento facial usando os parâmetros do sistema de
segurança e se sentia confortável para fazer a pesquisa sozinha. E ela não
tinha certeza do que dizer a ele ainda, então ela simplesmente balançou a
cabeça. — Obrigado pela oferta. Tenho certeza que você tem as mãos
ocupadas e isso definitivamente não é uma prioridade. Eu estava saindo do
trabalho e pensei em fazer algo antes de ir para casa.

Ele acenou com a cabeça uma vez. — Coisa certa. Avise-me se mudar
de ideia. E se você está com fome, eles apenas estocaram nossa cozinha
para que haja bastante comida ou algo assim.

— Obrigada — disse ela, afundando-se na cadeira de Jorge. Ela


digitou rapidamente suas próprias credenciais e, em seguida, abriu um dos
programas que sabia que precisaria.
Fazer uma busca pelo período de tempo que ela viu Darius foi fácil, já
que ele tinha acabado de deixar o andar principal. Ela puxou uma imagem
de seu rosto, então fez outra pesquisa cobrindo as últimas três semanas,
querendo ser minuciosa. Enquanto o computador rodava o programa, ela
capturou o rosto da mulher com quem ele estivera e fez uma busca por ela
também.

Ping. Ping. O computador rapidamente a alimentou com as


informações que ela havia solicitado sobre Darius. Ela puxou os vários
videoclipes de datas diferentes - e viu que em várias noites das últimas
semanas, ele foi visto saindo com mulheres diferentes, indo para seus
quartos de hotel. Ou ela presumiu que sim. Ela iria verificar quem alugou os
quartos também.

De lá, ela capturou imagens de cada mulher com quem o viu saindo e
também fez pesquisas sobre elas. A tecnologia biométrica era bastante nova
e definitivamente não capturaria tudo o que ela queria - era melhor trabalhar
com expressões neutras e rostos cheios, mas ela veria o que poderia
encontrar. Como ela podia ver em que andar eles saíam - sempre o mesmo
- isso tornava suas buscas um pouco mais fáceis.

Demorou para reunir as informações, mas ela não iria a lugar nenhum
até que conseguisse o que precisava.

Depois de obter os números dos quartos, ela fez mais pesquisas e


descobriu que... os quartos que eles estavam usando não estavam
ocupados no momento do uso. Bem, tecnicamente estavam, mas estavam
listados como quartos livres.

Seu estômago se revirou com o conhecimento. Se Darius e essas


mulheres estavam usando quartos que estavam livres, isso significava que
alguém que trabalhava aqui havia dito a eles. Oh, isso não estava parecendo
bom.

Quando ela não viu nenhuma das mulheres em suas buscas além
daquela vez, ela expandiu o parâmetro e voltou seis meses.

Mais espera.
Poucos minutos depois, ela recebeu outro ping: desta vez, três das
mulheres apareceram em rotações diferentes, saindo com homens
diferentes perto da marca das duas da manhã em dias diferentes. Depois de
uma verificação dupla dos quartos que eles usaram, ela descobriu que todos
eles foram listados como livres.

Ela bateu o dedo contra a mesa, franzindo a testa sobre o que ela faria
com a informação. Enquanto ela pensava sobre as ramificações de tudo
isso, ela franziu a testa ligeiramente ao ver um rosto familiar em uma das
telas. Michael Atkins.

Ele frequentemente trabalhava na segurança.

Ele estava no andar, observando uma das mulheres sair com um


patrono do cassino. Ela rolou de volta para as diferentes alimentações com
Darius e as diferentes mulheres. E Michael estava em cada uma delas,
observando, saindo sutilmente no fundo.

O que ele era, como um cafetão ou algo assim? Ela não queria tirar
conclusões precipitadas, mas isso era muito suspeito. E ela não iria ignorar
isso.

Agora ela estava realmente feliz por não ter pedido ajuda, porque
Michael fazia parte da equipe de segurança. Embora ela não o tivesse
contratado. Ele estava aqui quando ela subiu a bordo. Ela não tinha nenhum
sentimento particular por ele. Ele fazia seu trabalho, mas muitas vezes
trabalhavam em turnos diferentes e ela não interagia com ele mais do que o
necessário. Mas ela tinha certeza de que seu tio o conhecia. E se seu tio
descobrisse o que Lucy suspeitava que Michael estava tramando, ele não
iria gostar disso.

Ok, esqueça de ser cautelosa, ela iria ligar para o tio e contar a ele o
que estava acontecendo. De jeito nenhum ela iria tolerar essa merda no
cassino. Esse era o tipo de coisa que poderia fazer com que fossem
invadidos ou encerrados. Sem falar que se essas mulheres não estivessem
engajadas em sua profissão de forma consensual, isso era uma outra lata de
vermes. Se os adultos queriam trocar sexo por dinheiro, isso era problema
deles. Contanto que fosse consensual e não interferisse
em seus negócios. Mas ela também sabia que mulheres vulneráveis podiam
ser exploradas, então ela com certeza não iria deixar isso continuar por mais
tempo.

Correndo na fumaça neste momento, ela salvou todas as informações


em um pen drive e enfiou-o no bolso da saia. Assim que voltasse para casa,
tomaria um gole de café e revisaria as informações novamente, só para ter
certeza, antes de ligar para o tio. Ela não conseguiria dormir até que falasse
com ele.

***

Lucy bateu o dedo contra a bancada da cozinha enquanto sua ligação


era realizada. Quando ela percebeu a hora, ela estremeceu. Eram quase
quatro da manhã. Droga. Ela deveria apenas desligar.

Mas então outra onda de adrenalina a golpeou enquanto pensava em


tudo que havia descoberto. Ela não tinha dúvidas de que Mike estava de
alguma forma envolvido com alguma coisa - talvez não com tráfico de
mulheres, mas ele estava pelo menos envolvido com prostituição. E ele
estava colocando todo o cassino em risco. Sem mencionar se ela
descobrisse...

— Lucy. — A voz de seu tio era intensa. — Você está bem?

— Sim. Eu sinto muito. Percebi o tempo depois de apertar o botão de


chamada e...

— Isso não é um problema. Estou acordado há meia hora. Você me


conhece. O pássaro madrugador pega o verme e tudo mais.

Ela riu levemente, apesar de seu humor sombrio. Seu tio costumava
errar as expressões, então isso a fez sorrir quando ele acertou nessa. —
Tenho uma coisa para te dizer e sei o que vou fazer. Mas… não tenho
certeza de até que ponto devo me envolver com isso e quais etapas devo
tomar para corrigi-lo. Tenho certeza de que um de nossos funcionários está
envolvido na prostituição por meio do The Sapphire.

Falando rapidamente, ela expôs o que descobrira sobre Mike, os


pequenos detalhes com os quartos não sendo usados e suas suspeitas em
geral.

— É mais do que uma suspeita. Eu vou com meu instinto nisso. Eu


tenho cem por cento de prova? Não. Mas eu não preciso de tantas
provas. Já enviei um e-mail para sua supervisora avisando-a para cancelar
todos os turnos de Mike. E eu vou despedi-lo. — Uma vez que este era um
estado de livre arbítrio, ela não precisava se preocupar em dar um motivo. —
E eu sei que precisamos fazer uma investigação interna porque claramente
outra pessoa está envolvida. Ou presumo que alguém esteja, porque eles
têm acesso às vagas de nossos quartos e outros enfeites. Envolvemos a
polícia ou o quê?

Seu tio ficou em silêncio por um longo momento. Então ele disse: —
Que bom que você veio até mim. Não acho que devemos envolver a
polícia. Porque embora eu não goste de prostituição em um de nossos
cassinos, também não quero que essas mulheres sejam presas ou
envolvidas inadvertidamente.

Esse também foi o processo de pensamento de Lucy. Ela não tinha


certeza da legalidade disso, mas ela sabia que as mulheres poderiam ser
presas, e sua opinião sobre isso era besteira. Se alguém estava explorando
ou forçando as mulheres, eram eles que deveriam ser presos. — OK.

— Não se preocupe em despedi-lo. Vou cuidar disso pessoalmente.

— Você não tem que fazer isso! — Lucy sabia o quão ocupado ele
estava. Mesmo se ele não fosse seu tio, ela ainda o teria chamado porque
ele era o dono do cassino. — Isso é algo que posso cuidar sozinha.

— Não tenho dúvidas de que você pode, mas se Atkins está fazendo
isso em um dos meus cassinos, não há como dizer em que mais ele está
envolvido. Vou cuidar disso e armar a investigação sozinho. Não está em
discussão.

Ela sabia que não devia discutir quando seu tio usava aquele tom. E a
verdade era que ela estava feliz por não ter que lidar com Mike. —
Obrigada. E quanto às mulheres? Quero ajudá-las se precisarem. — Se elas
estivessem em sua profissão voluntariamente, Lucy deixaria isso de lado,
mas elas poderiam precisar de ajuda, e ela não conseguiria dormir se não
tentasse ajudar.

Seu tio ficou em silêncio por um longo momento. Finalmente, ele disse:
— Eu conheço um investigador particular na cidade. Vou trazê-lo para nossa
investigação interna e ver se ele consegue descobrir quem são as mulheres
e quaisquer outros detalhes que as envolvam. Porém, isso é algo em que
não quero que você se envolva. Você foi inteligente em vir até mim, mas não
quero ouvir que você está fazendo um trabalho investigativo por conta
própria.

— Ok, não vou. — Bem, talvez. Mas ela não disse isso a ele. Ela
esperaria para ver o que aconteceria com a investigação.

— Você conseguiu dormir?

Ela soltou uma risada curta. — Não. Vim direto para casa e revi tudo
de novo, então liguei para você.

— Você está fazendo um bom trabalho no cassino. Estou orgulhoso


de você.

— Ah obrigada. — Apesar de si mesma, ela ligeiramente se


envaideceu com seu elogio, embora soubesse que era ridículo. Mas ele tinha
sido uma figura paterna para ela, substituindo seu próprio pai. Ele pode não
ter sido excessivamente afetuoso ou carinhoso, mas deu a ela todas as
oportunidades de que ela precisava na vida para ter sucesso. Ele cuidou de
seu dinheiro e cuidou dela. Claro, ele não era muito elogioso e às vezes era
como se ele estivesse jogando pedaços de elogio para acalmá-la. E ela tinha
vergonha de admitir que os comeu. Talvez ela tivesse
problemas. Pigarreando, ela disse: — Escute, falei com Liliana ontem.
— Ah, minha menina maravilhosa. Como ela está?

Incomodou Lucy que ele tivesse que perguntar. Ele deveria saber. Ele
deveria falar com sua filha todas as semanas. Mais de uma vez. — Bem o
bastante. A escola está indo bem. E ela tem bons amigos. Ela está evitando
problemas, o que tenho certeza de que você sabe. — Porque não havia
dúvida de que seu tio tinha guardas em sua filha. A escola era segura, mas
ela conhecia seu tio bem o suficiente para que ele desse segurança extra
para Liliana. As tentativas de sequestro dela realmente o abalaram. — Ela
quer voltar para casa nas férias.

Ele fez um som de estalo. — Já planejei férias para todos nós. Vamos
esquiar na Suíça.

— Ela não quer ir para a Suíça.

— Tudo bem. Faremos algo novo este ano. Talvez a gente vá para
algum lugar quente, para a Austrália. Onde ela quiser.

Lucy suspirou, enquanto esfregava a têmpora. Ela estava exausta e


sabia que não era hora de ter essa conversa em particular com o tio. Talvez
fosse o cansaço empurrando-a para abrir a boca, no entanto. — Ela quer
voltar para casa — disse Lucy. — Ela precisa saber que tem um lugar de
verdade para onde voltar. Ela não vem aos Estados Unidos há anos. Não é
bom. Não é bom para ninguém sentir que não tem raízes. — Jesus, Lucy
deveria saber. Alguns dias - na maioria dos dias - ela se sentia
completamente livre de tudo ao seu redor.

Seu tio suspirou, o som longo e pesado. — Você sabe o quanto eu


preciso protegê-la.

— Eu sei. Mas a última tentativa com ela foi há cinco anos. Ela está
mais ciente do perigo agora, de seu entorno. Ela é uma garota
inteligente. Ela pode vir aqui e ficar comigo nas férias. Há muito o que fazer
aqui que ela adoraria. Podemos assistir a uma peça, ver alguns shows, as
fogueiras da véspera de Natal... Liliana adoraria. — Ela mordeu o lábio
inferior enquanto esperava que ele respondesse. Ele nunca ficou realmente
zangado com ela, mas ela também nunca recuou muito.
Ele suspirou novamente. — Vamos discutir isso mais tarde. Tenho
muito trabalho a fazer hoje. Vou ligar para Liliana mais tarde e vamos pensar
em algo. Obrigado novamente por trazer este problema à minha atenção. Eu
prometo lidar com isso imediatamente. Na verdade, estarei na cidade em
alguns dias, então vou atualizá-la.

— Isso é ótimo. Presumo que seja para negócios? — Porque ele não
viria apenas para vê-la.

— Sim. Sempre tenho algo para fazer — Ele riu, embora parecesse
quase tenso.

Ou talvez ela só estivesse sem paciência neste momento e pronta para


adormecer em pé. E ela sabia que ele não discutiria nada com ela mais tarde
sobre Liliana. Se ela tivesse que adivinhar, ele ligaria para a filha e a
convenceria de que ela não queria voltar para casa nas férias.

Mesmo que Lucy quisesse empurrar o assunto, agora definitivamente


não era o momento. Ela precisava falar com ele novamente quando
estivesse equilibrada e não estivesse lidando com uma crise de trabalho.

— Vejo você em alguns dias, então. Obrigado por lidar com isso.
— Ela sabia que ele ia iniciar uma investigação, mas ia olhar o resto dos
feeds de segurança e ver se conseguia encontrar mais alguma
coisa. Principalmente se Mike estivesse trabalhando com alguém. Ela iria se
certificar de que, se mais alguém estivesse envolvido, eles também seriam
demitidos.

— Bom. — Então ele desligou sem dizer outra palavra, o que


definitivamente era o seu jeito.

Suspirando, ela largou o telefone e se levantou. Ela precisava de um


banho e dormir.
Eu nunca esperei por ela.

— Você está limpo — disse Gage no fone de ouvido de Leighton.

Leighton não diminuiu o ritmo enquanto caminhava pela rua tranquila


do Garden District. Ele deixou o hotel uma hora atrás e fez um falso tour pela
cidade sozinho, apenas indo para sua casa segura - uma delas - quando
soube que não estava sendo seguido.

Gage montou um perímetro de segurança em toda a rua. Era sutil e


ninguém mais notaria, e eles removeriam a maioria das câmeras quando
saíssem da cidade, mas adicionava uma camada extra de segurança para
todos eles.

Ele abriu o portão de ferro forjado e, em vez de ir até a porta da frente


da casa vitoriana de três andares, caminhou ao longo da lateral e contornou
os fundos conforme as instruções. Então ele pulou na varanda elevada dos
fundos e abriu a porta dos fundos da enorme cozinha para encontrar todos
comendo e conversando.

Gage convocou uma reunião e, uma vez que Lucy mandou uma
mensagem para ele mudar o almoço deles para um pouco mais tarde, ele
agarrou a chance de ver todos pessoalmente e descobrir qual era o próximo
plano de ação. Além dele, esperando encontrar a amiga da família de
Hazel. Ele sabia que Gage havia clonado o telefone de Lucy, então cruzou
os dedos para que o hacker tivesse encontrado algo interessante porque
parecia animado quando ligou para Leighton.

— Você está agindo como uma criança. — Skye disse enquanto


jogava um mirtilo na cabeça de Axel.

— Não é infantil sentir falta de sua esposa. — O ex-assassino parecia


perto de ficar de mau humor, no entanto, quando pegou o mirtilo e colocou-
o na boca.
Colt franziu a testa para Skye. — Espere um minuto, pensei que você
disse que Hadley... — Colt foi interrompido quando Skye o beijou
rapidamente.

— O que você disse sobre Hadley? — Axel perguntou.

— Não é da sua conta — disse Skye, voltando ao seu prato. — Além


disso, você sabe que ela está segura e se divertindo. Ela e Darcy estão tendo
festas de pijamas todas as noites. Elas provavelmente estão arrumando o
cabelo uma da outra e brigando de travesseiros. Isso deve dar a você
material para uma punheta, tipo sempre.

Axel bufou. — As mulheres não fazem guerra de travesseiros.

Skye ergueu uma sobrancelha e pegou um punhado de framboesas e


jogou-as no prato. — Só mostra o quanto você sabe sobre as mulheres.

Axel parou por um longo momento e então disse: — Espere um minuto,


você está falando sério sobre isso? As mulheres realmente fazem isso?

Skye deu uma gargalhada. — Meu Deus. Acho que você tem o nome
de 'idiota' agora em vez de Gage.

— Ei! — Nova disse do outro lado da mesa, franzindo a testa por cima
do copo de suco de laranja. — Só eu posso chamá-lo assim.

Gage lançou um olhar para Leighton quando ele entrou na sala e


simplesmente balançou a cabeça como se estivesse exasperado
com todos eles. — Agora que Leighton está aqui, podemos finalmente
começar a trabalhar. Você comeu? — Perguntou Gage.

Ele acenou com a cabeça, já que tinha tomado café da manhã no


hotel, mas ele se dirigiu para a cafeteira de qualquer maneira. Ele deu um
tapinha no ombro de Savage uma vez e murmurou uma saudação ao outro
homem, que estava bastante quieto. Olivia optou por não vir nesta missão
porque não queria ficar longe de sua filha.
— Como vocês sabem, eu clonei o telefone de Lucy. E o que
pensamos sobre ela está definitivamente errado. Ela não está envolvida nas
operações de seu tio. Ou parecia que não, de acordo com isso.

Ele apertou alguns botões em seu laptop e, em seguida, um feed de


áudio foi transmitido pelo alto-falante do computador. Todos ficaram calados
enquanto ouviam a conversa que ela tivera com o tio. De acordo com Gage,
ela ligou para o tio por volta das quatro da manhã. Não admira que ela
mudou seu almoço.

―Maldição. — Skye disse quando a conversa terminou. — Ela não


parece ter nenhuma ideia do monstro que seu tio é. Não é como se ele fosse
fazer uma investigação real. Na verdade, aquele tal de Atkins provavelmente
estava trabalhando para ele. Ou por Broussard.

— Sim, sem brincadeira — murmurou Leighton. — Você sabe quem é


esse cara? — ele perguntou, olhando para Gage.

— Sim. Fiz uma pesquisa por seu nome e comecei um arquivo sobre
ele. Kuznetsov pode simplesmente transferi-lo para outro hotel ou
cidade. Pelo que eu posso dizer, o estilo de vida do cara é um pouco mais
luxuoso do que deveria ser com o que ele faz como segurança. Mas não é
obsceno. Ele não faz parte do círculo íntimo de Kuznetsov. Nem mesmo
perto. E ele não tem um link direto com Kuznetsov. Ele parece ser apenas
um local, viveu aqui toda a sua vida, então, novamente, apenas supondo
aqui, ele provavelmente foi recrutado para fazer algum trabalho extra e
ignorar essas mulheres. Provavelmente nem mesmo recrutado por
Kuznetsov. Não consigo imaginá-lo puxando alguém tão insignificante.

— Ainda devemos colocar os olhos e os ouvidos nele — disse Colt,


afastando o prato.

— Concordo — disse Savage. — Parece que ele está sendo demitido,


então posso segui-lo hoje, talvez plantar um grampo na sua casa ou em seu
telefone.

Colt acenou com a cabeça e os outros começaram a trabalhar na


logística do dia, enquanto Leighton tentava colocar a cabeça no lugar.
Lucy não era quem ele presumia que fosse. E se ela não soubesse
quem era seu tio, se ela descobrisse, isso iria chocá-la e perturbá-la. Mas...
ele se perguntou se eles poderiam usar isso a seu favor.

Mesmo enquanto ele tinha esse pensamento, ele se sentiu mal. Ele
não gostava de usar pessoas inocentes.

Mas no final, eles tinham que salvar Maria, tinham que salvar tantas
mulheres quanto pudessem. Porque apesar do que Lucy parecia ter
pensado durante a conversa por telefone com Kuznetsov, as mulheres
definitivamente não eram voluntárias para nada.

***

O tempo de novembro estava perfeito enquanto Lucy passeava pela


calçada com Spencer Johnson. Felizmente ele não se importou quando ela
adiou o almoço.

Ela o levou a um de seus lugares locais favoritos e ficou satisfeita por


ele ter gostado, e ele foi incrivelmente educado com a equipe. Não era que
ela esperasse o contrário, mas às vezes você nunca sabia com as pessoas
eram. E eles geralmente mostravam seu verdadeiro eu ao interagir com os
garçons. Ela encurtou mais de um encontro porque um homem tinha sido
rude com seu garçom ou garçonete.

— Eu nunca comi frango com waffles antes. Eu nunca teria pensado


em colocá-los juntos. — disse Spencer.

— É um dos meus favoritos — ela murmurou, olhando para uma casa


de estilo revival de dois andares no Garden District. Ele queria andar por aqui
e ela podia admitir que estava gostando do tempo livre. Sem mencionar que
sua companhia era sexy e inteligente. E tinha olhos tristes. Deus, seus olhos
escuros eram como este farol, chamando por ela. — Então, esta compra de
imóveis é para negócios ou apenas para você?
Ele ergueu um ombro, sua boca muito sexy curvando-se apenas um
pouco. — Estou indeciso. Originalmente, deveria ser apenas uma compra
comercial. Mas seria bom ter uma casa aqui.

Ela quase bufou porque, sim, seria incrível ter uma casa aqui,
especialmente no Quarter ou Garden District. — Eu amo isso aqui. — Mas
as casas eram tão caras. A verdade era que, se ela perguntasse ao tio, ele
provavelmente compraria uma casa para ela no Garden District. Ou se ela
quisesse, ela poderia realmente comprar uma com o dinheiro de sua
herança, mas ela quase não tocou nela desde que atingiu a maioridade.

Havia muitos motivos pelos quais ela não tinha tocado nela, nenhum
dos quais faria sentido para ninguém além de si mesma. Mas ela gostava de
pagar as coisas com seu próprio dinheiro. Bem, dinheiro que ela ganhou,
porque o dinheiro do fundo também era dela. Ela afastou esses
pensamentos porque eles tinham a capacidade de levá-la por um caminho
escuro. E esse era o último lugar que ela queria estar mentalmente agora.

— Onde você vive? — ele perguntou. — Quero dizer, não é


obviamente o seu endereço, mas em que parte da cidade?

— Estou no distrito comercial. Eu adoraria ter um lugar aqui. Ou talvez


até no coração do bairro. Mas temo que literalmente nunca dormiria se
morasse lá.

Ele riu baixinho e segurou-a pelo cotovelo com delicadeza enquanto


pisavam em uma seção irregular da calçada. Um carvalho havia crescido
embaixo dele e estava empurrando os pedaços de concreto para cima,
pequenas rachaduras se projetando em todas as direções.

Assim que passaram por cima, ele não a soltou e ela descobriu que
gostava. Sua mão era quente, forte e gentil ao mesmo tempo.

— É certamente uma festa aqui embaixo, não é?

— É durante certas épocas do ano. E a maior parte do bairro está


sempre agitada e animada. Mas não é assim em todos os
lugares. Sinceramente, é como em qualquer outro lugar. As pessoas têm
suas vidas, levam seus filhos para a escola, vão para o trabalho... você sabe,
assim como em qualquer lugar.

— Talvez, mas certamente há muita história aqui.

— Isto é uma grande verdade. É uma das razões pelas quais eu não
me importaria de me mudar aqui para o meu trabalho.

— Como você conseguiu um trabalho aqui, se não se importa que eu


pergunte? Eu sei que o hotel é muito novo.

Ela não gostava de dizer às pessoas que seu tio era o proprietário,
principalmente porque eles faziam suposições sobre como ela conseguiu
seu trabalho. — Depois da faculdade, tive algumas ofertas e acabei
escolhendo esta. Houve muitos motivos. A cidade é definitivamente uma
delas. Eu gosto da área e gosto que não haja invernos realmente rigorosos
aqui. — Talvez se eles se conhecessem, ela contaria a ele sobre seu
relacionamento familiar com o proprietário, mas muito provavelmente este
era apenas um almoço casual. Por alguma razão, pensar nisso a deixou um
pouco triste. E ela não tinha certeza do porquê. Ela mal conhecia Spencer.

— Bem, está claro que você está fazendo algo certo. Pelo menos é o
que eu ouvi. — Sua voz era suave como a manteiga, profunda e sexy e
fazendo coisas estranhas em seu interior.

Ela poderia ouvi-lo falar a tarde toda. Ela estava tendo dificuldade em
lembrar por que decidiu que aquele não deveria ser um encontro de
verdade. — Mesmo?

Ele acenou com a cabeça uma vez. — Eu não fico em um hotel a


menos que conheça o estilo de gestão.

Isso foi um pouco surpreendente, mas também disse a ela muito sobre
seu próprio estilo de negócios. Era inteligente, especialmente para um
homem que parecia ser muito rico.
— Eu provavelmente deveria ter perguntado isso antes. — ele
continuou. — E eu sei que você disse que isso absolutamente não é um
encontro. Mas eu queria perguntar se você está namorando alguém?

A pergunta a pegou de surpresa quando chegaram ao fim da rua. —


Você está certo, isso não é um encontro.

Ele sorriu levemente. — Bem, só para constar, estou solteiro. E


definitivamente não estou namorando ninguém. — Suas palavras eram
pragmáticas.

Ela não deveria responder. Não, ela deveria apenas mudar de assunto
porque isso estava definitivamente entrando em um território pessoal.

— Eu também não estou namorando ninguém. Não que isso importe,


— ela acrescentou. Parte dela gostou que ele realmente perguntasse. E se
ele estava ou não dizendo a verdade sobre ser solteiro, ela não podia saber
com certeza. Mas o arquivo que Nathan havia dado a ela sobre Spencer
Johnson indicava que ele era solteiro. E ele era tão direto sobre tudo, ela
descobriu que gostava de seu comportamento. — Eu posso mudar de ideia
sobre ir a um encontro com você. — ela disse, se surpreendendo.

Ficou claro que ela o surpreendeu também, mas ele disfarçou


rapidamente com um sorriso. Não um sorriso presunçoso e detestável, mas
um sorriso muito sutil e sexy. Ele acenou com a cabeça uma vez para a
esquerda e perguntou se essa era a direção certa.

Assentindo, ela acertou o passo com ele e ficou satisfeita quando ele
a pegou pelo braço novamente. A calçada também era irregular nesta
rua. As contas do Mardi Gras ainda estavam penduradas nas árvores,
embora o Mardi Gras fosse no início do ano. Não parecia importar. Eles eram
jogados em todos os lugares, o ano todo. Ela descobriu que amava a visão
das contas brilhando à luz do sol.

— Então, o que mudou sua opinião? — ele perguntou, sua voz caindo
apenas uma oitava.

Ela encolheu os ombros, sorrindo. — Você.


— Tudo bem então. Eu vou aceitar. Que tal eu te levar para sair
amanhã à noite?

Ela se perguntou por que ele não perguntou sobre esta noite, mas
então ela se lembrou de que disse a ele que estava trabalhando. Claramente
ele ouviu quando ela falou. — Perfeito. Eu posso te encontrar em algum
lugar. E como é um encontro, você pode escolher o lugar. A menos que você
queira?

— Eu sei que você é local, mas tenho algumas ideias.

— Parece bom. — Deus, o homem era sexy, e ela gostava que ele
estivesse no comando.

Eles pararam em frente a uma das casas que ele queria ver. Ele disse
a ela que no final da semana, ele tinha um dia planejado com seu corretor
de imóveis para ver os lugares, mas havia uma casa aberta em um lugar que
ele queria visitar hoje.

O portão de mais de um metro de altura estava aberto e, quando eles


passaram juntos, ela tropeçou nos calcanhares. Isso foi o que ela ganhou
por escolher o calçado sexy.

Spencer a firmou, suas grandes mãos movendo-se para a cintura dela


enquanto a puxava para perto. Ela inalou, notando pela décima vez o quão
bem ele cheirava. E quando ela olhou em seus olhos escuros e
atormentados, ela teve o desejo mais forte de beijá-lo. Apenas se inclinar e
pressionar seus lábios nos dele e enxuguar aquela tristeza que parecia
persistir.

— Eu realmente quero beijar você agora. — ele murmurou como se


tivesse lido sua mente.

— Sim, bem, o sentimento é mútuo. — ela sussurrou,


instantaneamente estremecendo. Normalmente ela mantinha as coisas
trancadas, mas era impossível fazer isso agora. Ou se importar que isso não
era para ser um encontro enquanto seus dedos pressionavam levemente
contra seu peito duro como pedra. Ele estava segurando seus quadris
possessivamente, e ela descobriu que gostava um pouco demais.

Pegando-a de surpresa, ele se inclinou e roçou suavemente seus


lábios nos dela, seus lábios suaves e perfeitos. Ele tinha gosto de café depois
do almoço que eles tomaram, com apenas um toque de chocolate.

Antes que ela pudesse realmente apreciá-lo, inclinar-se para ele, ele
puxou a cabeça para trás e soltou um gemido abafado. — Eu deveria ter
esperado até o nosso encontro, mas agora vou ficar obcecado com o seu
gosto.

Havia algo sobre a maneira como ele disse provar que enviou uma
onda de calor direto para seu núcleo. Ela não era virgem, mas sentiu suas
bochechas corarem e seus mamilos apertarem contra o bojo do sutiã
enquanto eles ficavam ali olhando um para o outro. O que este homem
estava fazendo com ela?

Ela deslizou as mãos por seu peito, querendo outro gosto dele.

— Vocês dois estão aqui para a visitação pública? — Uma voz feminina
a trouxe de volta à realidade, e ela rapidamente se afastou de Spencer.

Ela não era uma adolescente se agarrando em público com um cara


que ela mal conhecia. Não que ela já tivesse feito isso de qualquer maneira.

Existem consequências para suas ações. Ela praticamente podia ouvir


as palavras de seu tio de sua adolescência ecoando em sua cabeça
enquanto ele lhe dava um sermão sobre ficar longe dos meninos.

Sorrindo para a corretora de imóveis que os interrompeu, ela deixou


Spencer assumir a liderança, já que era ele quem estava olhando para o
lugar. Enquanto ele falava com a mulher, isso deu a ela um momento para
se recompor e colocar a cabeça no lugar.

Talvez... ela pudesse se entregar a algo com ele. Ele não morava aqui,
então seria apenas uma aventura. O que seria melhor para ela no final. Ela
sabia que não devia ter ligações emocionais estúpidas.
Porque as pessoas sempre decepcionam você.
Droga.

— Tenho quase certeza de que vi alguém me seguindo no caminho de


volta — disse Leighton baixinho ao telefone. Ele estava no banheiro da suíte
presidencial com o chuveiro ligado. Ele havia feito uma varredura em busca
de escutas e outros componentes eletrônicos e tinha certeza de que não
estava sendo ouvido, mas ainda estava tomando precauções extras. Agora,
mais do que nunca, eles tinham que ser cuidadosos.

— Você deu uma boa olhada? — Perguntou Colt.

— Não. Apenas uma sensação que já tive antes. Pode ser nada, mas
meu instinto me diz o contrário. E não tive essa sensação até chegar perto
do cassino real.

— Bem, você saiu com a sobrinha de Kuznetsov. Ele ou alguém que


trabalha para ele pode estar de olho em você. Mas... você precisa sair?
— Colt perguntou, seu tom mortalmente sério.

— Acho que se meu disfarce fosse descoberto, eu saberia. — Ele já


tinha pensado nisso e queria ficar parado. — Eu não quero desistir
ainda. Quero explorar o andar do cassino novamente pelo menos mais uma
noite, ver o que podemos captar pelas câmeras. Gage ainda não se infiltrou
completamente no sistema deles. — E Leighton não achava que Kuznetsov
pararia de perseguir mulheres simplesmente porque sua sobrinha havia
tropeçado em uma pequena parte de sua operação. Não, o idiota ficaria
mais esperto com isso. Kuznetsov gostava muito de dinheiro.

— Tudo bem. Todos nós protegemos você de qualquer maneira. E se


algo acontecer, não tenho dúvidas de que você será capaz de lutar para sair.

Leighton deu uma meia risada. — Que bom que você tem tanta fé em
mim.
— Então, como foi o almoço com ela? Você sentiu simpatia por ela?

Leighton não tinha certeza de como responder a isso. Ele decidiu ir


com a verdade, no entanto. — Eu realmente gosto dela.

Colt ficou em silêncio por um longo momento. — Como ela, como


ela? Ou…

— Como ela, como ela.

— Você está falando sério. — O tom de Colt era neutro.

— Sim. Eu a beijei. E posso dizer a mim mesmo que tudo fazia parte
do trabalho, mas eu estaria mentindo. Você tem o direito de saber. Não vou
estragar as coisas, mas estou seriamente atraído por essa mulher. Isso me
pegou de surpresa. Eu... não esperava nada disso. De cara, eu
simplesmente gosto dela. Depois de ouvir a gravação hoje, parece bastante
claro que ela não está envolvida na operação de seu tio. E ela é voluntária
em uma linha direta de suicídio. — Ele se sentia um idiota por permitir que
suas emoções se confundissem, mas ele não era um maldito robô, e Lucy
Carreras o irritava.

Colt soltou um suspiro áspero. — Este não é o fim do mundo. Talvez


seja uma coisa boa. Porque podemos precisar usá-la como um recurso.

A mandíbula de Leighton apertou. Ele não gostava de pensar em usar


Lucy ou mesmo pensar nela como uma vantagem. Ele entendeu que esta
operação era mais do que ele e seus desejos e necessidades, mas isso não
significava que ele tinha que gostar. Lucy era mais do que um trunfo.

— Você vai ser capaz de se controlar? — Perguntou Colt,


continuando.

— Sim. Ela estará trabalhando esta noite e ocupada. Vou evitá-la tanto
quanto possível enquanto examino o lugar.

— Tudo bem. Mas tenha cuidado. Vou pedir a Gage para ver se ele
consegue descobrir quem estava te seguindo. Talvez ele pegue algo em
algumas câmeras de rua.
— Parece bom.

Assim que desligaram, ele desligou a água do chuveiro e esfregou o


rosto com a mão. Ele precisava se recompor. Esta noite ele tinha que estar
em seu jogo, ser Spencer Johnson, não Leighton Cannon.

Porque Leighton tinha bagagem demais.

***

— Estou me questionando e me perguntando se deveríamos tê-lo


retirado de lá. — disse Colt para Skye quando eles entraram na cozinha mal
iluminada da casa de Michael Atkins.

Nesse ponto, eles sabiam que o cara provavelmente estava


desaparecido - por vontade própria ou não. Ele e Skye ficaram sentados na
casa do cara nas últimas horas e não viram nenhum movimento dentro ou
fora. Ninguém mais se aproximou do local. Eles checaram sua caixa de
correio, e ele não checou seu e-mail nas últimas dezoito horas. O que pode
não significar absolutamente nada. Ele poderia ser preguiçoso, mas depois
que ele foi despedido todos os seus cartões de crédito e seu telefone celular
pararam de ser usados. E ele não checou seu e-mail ou mídia social.

Foi o celular que deixou a equipe desconfiada. Porque o cara pode


apenas estar escondido em algum lugar e pagando em dinheiro. Mas, para
não usar seu celular ou de mídia social em tudo? Nah. Indo no registro do
celular anterior do cara, a coisa estava colada nele. Ele mandava mensagens
praticamente o dia todo e a noite.

Então, eles iam ver se conseguiam encontrar o cara. Porque uma das
duas coisas aconteceu. Ele fugiu porque temia que um dos homens de
Kuznetsov o matasse por ter sido descoberto por sua sobrinha - ou ele já
estava morto.
— Eu acho que Leighton está bem — disse Skye, abrindo a geladeira
de Atkins. Nova, de aço inoxidável, enorme e cheia de… cerveja. E nada
mais.

— Por que você tem tanta certeza? — Colt confiava que ela seria mais
objetiva do que ele, porque ela não conhecia Leighton desde sempre como
ele. E ela geralmente era pragmática sobre as coisas de qualquer
maneira. Sua esposa não tolerava besteiras.

— Ele foi honesto sobre seus sentimentos. Ele não tentou esconder
nada de nós. Ele foi franco sobre se sentir atraído por ela - e não havia razão
para ele nos ter contado, a não ser para ser simples e direto. Eu confio nesse
tipo de honestidade. E eu confio nele. Ele pode ter bagagem, mas vamos ser
realistas, todos nós temos. Acho que ele tem as coisas sob controle.

— Sempre tão sábia. — murmurou Colt.

— Isto é verdade. Eu não deveria ter que ficar lembrando você.


— Embora ela estivesse de costas para ele e ela usasse uma máscara de
esqui, ele praticamente podia ouvi-la sorrindo.

Balançando a cabeça, Colt subiu em uma cadeira da cozinha e


começou a abrir os armários superiores. Atkins morava em uma casa estilo
espingarda, comprida e estreita, em um bairro mais do que decente. Eles
tiveram que ter cuidado para não arrombar e tomar cuidado para não serem
vistos pelos vizinhos. O que sempre exigia algum refinamento. Vizinhos
intrometidos e cachorros costumavam ser melhores sistemas de segurança
do que câmeras.

Todas as cortinas estavam fechadas, mas havia algumas luzes acesas


lá dentro. Então eles não tocaram em nada. Gage não foi capaz de encontrar
um registro de um sistema de segurança e eles não viram um, mas no caso
de haver câmeras de vídeo, eles decidiram se cobrir completamente da
cabeça aos pés. Máscaras de esqui, luvas, todo o trabalho. Eles até
colocaram lentes de contato para mudar a cor dos olhos. Este
definitivamente não era seu primeiro rodeio.
— Todas essas coisas são novas. — Skye murmurou mais para si
mesma do que para ele.

Ele notou a mesma coisa. Eletrodomésticos e móveis de cozinha


novos, e uma grande tela plana montada na parede da sala de estar acima
de uma lareira que não era usada há muito tempo. Tudo estava brilhante,
embora o lugar parecesse quase todo sem uso. Ou talvez fosse apenas
porque o cara era solteiro. Não estava sujo, mas também não era limpo e
arrumado.

Se havia uma coisa que o Corpo de Fuzileiros Navais havia incutido na


Colt, era para manter sua merda junta e organizada. Ele bufou quando puxou
uma caixa de Frosted Flakes e encontrou um maço de dinheiro enrolado no
fundo. Tirando-o, ele o embolsou.

— Roubando agora? — O tom de Skye era provocador.

— Um dos meus pecados menores — disse Colt. — Podemos


adicionar ao fundo para Maria. — Porque eles estavam indo para resgatá-
la. Ou pelo menos ele realmente esperava que sim. E não havia dúvida de
que ela precisaria de dinheiro para se mudar com sua mãe e família - e
provavelmente precisaria de aconselhamento. Considerando que a família
dela não era rica e tinha pouco ou nenhum seguro saúde, ele percebeu que
também precisariam de ajuda monetária.

Quando a equipe fazia trabalhos, eles não faziam só o mínimo


necessário. Agora não seria diferente.

— Gosto da maneira como você pensa — disse ela, vasculhando o


freezer de Atkins. Então ela bufou enquanto tirava uma sacola de joias. —
Cara, esse cara não é mesmo criativo. Ele esconde sua merda nos lugares
mais óbvios. Sério, por que não conseguir um cofre? Amador. — ela
murmurou, fechando a porta do freezer e empurrando a bolsa em seu bolso
traseiro.

Quando ela fechou, os dois ouviram uma batida forte na porta da


frente, seguida por: — Polícia de New Orleans, abra.
Oh inferno. Atkins não foi dado como desaparecido. Ou Colt não sabia
disso. Ele tinha acabado de ser despedido de seu trabalho nas primeiras
horas da manhã de ontem. Tecnicamente, ele não seria considerado
desaparecido de qualquer maneira. Então, por que diabos os policiais
estavam aqui à uma da manhã? Gage estava se comunicando com Leighton
- que estava no cassino agora - em vez deles. Skye e Colt decidiram fazer
esse trabalho sozinhos, pois parecia fácil.

Eles trabalharam juntos por muito tempo, mesmo antes de se casarem,


então não precisaram dizer uma palavra enquanto caminhavam juntos. Era
hora de correr.

Movendo-se silenciosamente, eles se dirigiram para a porta dos


fundos, mesmo quando houve outra batida na porta da frente. Colt mal
deslizou uma das persianas que cobriam a janela da sala dos fundos e espiou
pela fenda. Havia um cara uniformizado, um policial de patrulha, encostado
em um dos postes da cerca, falando no rádio - sem olhar na direção deles.

Os policiais estavam preparados... para alguma coisa.

Ele olhou para Skye. Havia praticamente uma escolha neste


ponto. Correr. Ainda bem que estavam sempre preparados.

Ela acenou com a cabeça uma vez quando ele colocou a mão na porta
dos fundos.

— Abra ou entraremos, Atkins — gritou a voz da frente. — Agora!

Sim, eles precisavam se mover. Colt abriu a porta dos fundos


silenciosamente, olhando para o pátio dos fundos.

Por mais relaxado que o policial estivesse, ele percebeu o movimento


assim que Colt chegou à beira da varanda.

Colt se moveu como se fossem cães do inferno atrás dele, pulando da


varanda e atacando o cara. Ele se sentiu um idiota por fazer isso, mas não
havia maneira de contornar isso. Punho levantado, ele socou o cara mesmo
quando o homem começou a pegar sua arma.
Skye estava com ele, agarrando o Taser, em seguida, puxando a arma
do homem e desarmando-o completamente. Tudo aconteceu tão rápido -
embora o cara tenha dado um soco sólido nas costelas de Colt enquanto
gritava: — Volte aqui!

Respirando fundo, Colt sentiu a dor quando bateu com o punho contra
a mandíbula do cara.

O homem caiu ao ouvir gritos de alarme.

Nem ele nem Skye responderam. Eles simplesmente correram pelo


quintal, colocando distância entre eles e o homem caído.

— Pare e coloque suas mãos para cima! Polícia de New Orleans!

Eles não pararam enquanto pulavam a cerca dos fundos, correndo


pelo quintal dos vizinhos.

Ele duvidava que os policiais fossem estúpidos o suficiente para atirar


neles em um bairro residencial, mas eles precisavam desaparecer. Rápido.

A chave para fugir em uma situação como essa era desaparecer nos
primeiros cinco minutos. Dez, no máximo. Porque se a polícia decidisse
colocar barreiras na estrada, seria muito mais difícil escapar. Não impossível,
e eles escaparam de situações piores em países estrangeiros. Mas não foi
divertido.

Com o coração batendo forte enquanto corriam ao lado da casa dos


vizinhos nos fundos, ele e Skye fizeram uma curva fechada à direita quando
chegaram ao próximo bloco.

Eles já tinham um plano de fuga adaptável em vigor, então sabiam


exatamente o que iriam fazer.

O tempo era simplesmente fundamental. Eles precisavam chegar ao


carro de fuga antes de serem vistos.

Seus sapatos batiam na calçada enquanto corriam pela rua


iluminada. Um casal que passeava com o cachorro gritou em alarme
enquanto passava correndo. Duas pessoas usando máscaras de esqui e
correndo definitivamente não eram uma boa aparência. Dois carros
passaram zunindo, um SUV e um Jeep. Nem diminuíram a velocidade.

Quando chegaram ao fim da rua, ele olhou para trás e viu um homem
de terno perseguindo-os. O cara tinha que ser um detetive e não um policial
de patrulha. Ele digeriu todas as informações em milissegundos enquanto
ele e Skye viravam a esquina, desviando de um grupo de garotas em idade
universitária usando tiaras, jibóias e contas no meio da calçada.

— Grosseiro! — uma das meninas gritou atrás deles.

Sim! O carro deles estava esperando onde deveria estar. Skye


espalmou as chaves e saltou para o banco da frente, ligando o motor antes
mesmo que ele chegasse ao lado do passageiro. Ela disparou, fugindo de
seu lugar no momento em que o policial dobrou a esquina e Colt bateu a
porta atrás de si.

— Ele está no rádio — disse Colt enquanto eles se afastavam,


colocando cada vez mais distância entre eles e o detetive. — Ele vai pegar
a placa.

— Uma pena que eles estarão procurando o veículo errado. — ela


disse, com alegria em sua voz.

Ele bufou baixinho quando ela virou à direita na próxima placa de


pare. Movendo-se rapidamente, eles saltaram do muscle car carmesim e
entraram em seu outro veículo reserva. O verdadeiro carro de fuga.

Um sedan cinza de quatro portas que era chato pra caralho. A


tonalidade da janela estava escura o suficiente para que as pessoas
pudessem ver o movimento lá dentro, mas nada importante. Rostos
semelhantes.

— É assim que você faz uma fuga certa. — Skye arrancou sua
máscara de esqui enquanto se afastava do meio-fio.
Ele fez o mesmo, olhando para trás automaticamente, mas ninguém
estava atrás. Ele podia ouvir sirenes à distância, e talvez fossem para ele e
Skye. Mas talvez não. New Orleans era uma cidade movimentada.

Eles passaram por uma igreja católica quando ela disse: — Você deu
uma boa olhada em nosso perseguidor?

— Não. Mas ele era um detetive, se eu tivesse que adivinhar, apenas


porque estava de terno. E, até onde ele sabia, os patrulheiros usavam
uniformes.

Colt estava apenas irritado por não ter sido capaz de dar uma olhada
melhor no cara. Mas ele tinha certeza de que Gage poderia descobrir quem
esteve na casa de Atkins.

E o mais importante, por quê.


O murro deve ser um esporte.

Leighton resistiu ao impulso de olhar para o relógio novamente


enquanto se sentava em um dos bancos do bar. Ele sabia exatamente que
horas eram.

Depois da uma da manhã - e ele estava prestes a encerrar a noite. Ele


apostou e realmente empatou esta noite. Surpreendentemente. Ele odiava
tudo neste lugar, especialmente porque ele não estava bebendo. Pelo
menos um zumbido pode tornar o barulho e os cheiros do cassino toleráveis.

Ele estava agindo como se estivesse bebendo, mas estava deixando


suas bebidas ficarem diluídas e depois trocando-as por outras antes de
terminar. Ele precisava desempenhar seu papel de idiota de fundo fiduciário
que não se importava em gastar dinheiro e se divertir, mas com certeza não
ficaria bêbado em um trabalho.

Seria o cúmulo da estupidez entorpecer seus sentidos. Mas estava


ficando tarde, e até agora ele não tinha visto nada nem ninguém que
parecesse fora do comum. Toda a equipe estava vasculhando a cidade,
seguindo pistas. Skye e Colt já haviam tido um desentendimento com os
policiais há apenas meia hora, então agora eles estavam sentados do lado
de fora do hotel. Brooks e Nova estavam seguindo um contrabandista para
o caso de acontecer algo interessante. E Savage e Axel estavam em alerta
para o caso de serem necessários enquanto Gage fazia varreduras na
segurança do hotel.

— Consegui um acerto. — Gage disse abruptamente, sua voz clara


na linha de comunicação.

— Em que?

— Maria Lopez.
Tudo dentro dele se acalmou. — Você tem certeza? — Ele mal moveu
os lábios, manteve a voz baixa para que ninguém ao seu redor pudesse
ouvir. O lugar estava tão barulhento de qualquer maneira, o som das
máquinas caça-níqueis tocando incessantemente.

— Sim. Cerca de dez metros de você. Atrás da segunda fileira de


caça-níqueis mais próxima do saguão. Vestido vermelho. Ela parece
diferente das fotos, mas o reconhecimento facial diz que é ela. Oitenta e oito
por cento.

Era isso. Tudo ao seu redor afunilou enquanto ele afastava sua vodca
e tônica diluída no balcão e se afastava. Ao fazer isso, quase colidiu com um
segurança de aparência corpulenta que vira no hotel.

O cara mal olhou para ele quando ele se aproximou do bar e começou
a falar com o barman sobre um problema.

— Onde está Lucy? — ele murmurou, atravessando o andar do


cassino.

— Ah... não tenho nada sobre ela. Ela sumiu do radar cerca de quinze
minutos atrás. Passou por uma porta marcada 'Somente funcionários' em
uma das câmeras.

Bom. Leighton não queria topar com ela enquanto isso estava
acontecendo. Porque se aquela era realmente Maria Lopez - e ele duvidava
que Gage estivesse errado - ele a tiraria daqui, não importava quem ficasse
em seu caminho.

Ao chegar às máquinas caça-níqueis, quase parou no meio do


caminho quando a viu. De perfil, ela estava encostada em uma das máquinas
caça-níqueis, vestida com esmero em um vestido vermelho colante com
joias de ouro brilhantes e grandes aros de ouro. Seu cabelo estava enrolado
e sua maquiagem feita para fazê-la parecer mais velha do que ele sabia que
era. Mas era definitivamente Maria Lopez.

Sua frequência cardíaca acelerou. — Eu estou tirando ela agora. Eu


não voltarei.
— Skye já está em movimento — disse Gage. — E o carro de fuga
está pronto.

Bom. Ele tinha limpado seu quarto assim como toda vez que o deixava,
mas Skye precisaria pegar suas coisas. Mesmo que fosse tudo basicamente
descartável, ele não queria deixar rastros. Ao se aproximar de Maria, ele
pesou suas opções enquanto secretamente escutava enquanto ela
conversava com um homem com idade suficiente para ser seu pai. O cara
não parecia interessado, entretanto.

Sim, ele nem mesmo seria sutil. Não quando tirá-la rapidamente era a
chave. Leighton se aproximou e sorriu para ela enquanto colocava dinheiro
na máquina caça-níqueis ao lado dela.

— Posso pagar uma bebida para você? — ele perguntou.

Ela sorriu para ele, mas não atingiu seus olhos. Assentindo, ela se
afastou do outro homem e se aproximou dele. — Rum e Coca seriam
perfeitos. — ela disse, sua voz ligeiramente embargada.

Ele mudou seus corpos ligeiramente para que eles estivessem se


afastando do homem com quem ela estava falando. A cacofonia de barulho
neste lugar nunca diminuiu, então ele duvidava que o cara pudesse ouvi-los,
mas ele estava tomando todas as precauções para a segurança dela.

— Maria Lopez, sua mãe me contratou para te encontrar e te tirar


daqui. Você está sendo vigiada?

Seus olhos se arregalaram ligeiramente, a esperança oscilando por um


momento antes que a luz diminuísse. Sua mãe não o contratou
tecnicamente, mas era perto o suficiente da verdade. E ele precisava tirá-la
daqui agora.

— Qual é o nome da minha mãe?

Ele recitou os nomes da mãe e do pai e, em seguida, deu o nome da


avó de Hazel, deixando-a saber exatamente como ele foi contratado, sem
revelar o nome de Hazel.
Essa esperança estava de volta. — Minha mãe está segura? — ela
sussurrou. — Você jura?

— Sim. Eu prometo. Ela deixou seu pai. Sua irmã também está segura.

— Pelo que sei, há dois homens me vigiando. Um trabalha para a


segurança aqui e o outro está vestido como um convidado. Ele é mau. — ela
sussurrou. — E eles estão armados e são perigosos. — Seus ombros
cederam. — Apenas vá embora agora.

— Eu também estou armado e perigoso. E eu não estou sozinho. Você


precisa fazer exatamente o que eu digo, quando digo, e não me
questione. Se você fizer isso, você sairá desta viva e estará de volta com sua
família em algum momento.

— OK. — Seus olhos brilharam com lágrimas, mas ela rapidamente


as afastou, sua mandíbula apertando com determinação.

***

Lucy assistiu no feed de segurança enquanto o homem que ela beijou


esta tarde saiu de braços dados com uma mulher que Lucy tinha quase
certeza de que era uma acompanhante. Ela estava observando a mulher no
feed de segurança pela última meia hora enquanto ela se aproximava de
vários homens solteiros com o que parecia ser um propósito claro.

Lucy estava tentando descobrir se a mulher estava com alguém - ou


mais precisamente, se alguém a estava forçando a fazer isso. Ou se ela
apenas estivesse trabalhando sozinha. Mas ela não foi capaz de
dizer. Nenhum homem realmente se aproximou dela, e ninguém que
trabalhava no cassino parecia estar prestando atenção nela.

Então, de repente, Spencer se aproximou da mulher como se


estivesse em uma missão. Lucy não tinha certeza se estava se sentindo
destruída porque ele a beijou apenas hoje - bem, ontem, tecnicamente - e a
convidou para um encontro e agora estava claramente saindo com outra
mulher, ou se era porque ele estava saindo com uma mulher potencialmente
mulher explorada.

— O que está errado?— Nick perguntou quando ela saiu da sala de


segurança.

Ela tinha acabado de parar para verificar com a equipe antes de sair à
noite e decidiu verificar as câmeras. Foi um acidente estranho ela até mesmo
ter visto Spencer porque ela não estava procurando por ele. Embora ela
confiasse em seu tio para investigar as coisas - ela sabia que Michael Atkins
tinha sido demitido, então isso era bom - ela ainda não iria deixar tudo isso
cair.

— Nada — disse ela, sorrindo enquanto se dirigia para o painel de


vidro das portas. Ela nem tinha certeza do que faria neste
momento. Confrontar Spencer? Talvez ela estivesse errada e a mulher não
fosse uma acompanhante. Lucy não tinha certeza se estava exagerando
porque estava atraída por Spencer. Ela nunca tinha sentido ciúme
antes. Não em uma capacidade romântica de qualquer maneira. Mas seu
radar interno estava pingando, e ela não iria ignorá-lo.

Não demorou muito para chegar ao primeiro andar usando o elevador


executivo. Passando pelas pessoas, ela atravessou o saguão lotado, mas
franziu a testa quando viu Marco se aproximando de Spencer e da mulher.

Porcaria. O que Marco estava fazendo aqui? Espere... ele conhecia


Spencer Johnson? Ou a mulher, talvez?

Ignorando um dos homens que estava apontando para ela, ela foi
direto para os dois homens e a mulher.

Marco se endireitou quando a notou. Spencer fez o mesmo, olhando


para ela com uma expressão ilegível. Quase... em branco. A garota estava
simplesmente olhando para seus sapatos de salto alto, sua tez oliva
parecendo excessivamente pálida sob as luzes.
Ignorando os dois homens, Lucy se concentrou na garota. — Senhora,
você está bem? — A garota olhou para ela e embora sua maquiagem fosse
profissionalmente feita, ela parecia jovem e com medo. Foi o medo em seus
olhos que esfaqueou Lucy. Era tão cru e real. Algo estava definitivamente
errado.

— Estou bem. — a garota sussurrou.

Lucy olhou entre Marco e Spencer, sem saber o que estava


acontecendo. As mãos de Spencer estavam cerradas em punhos, sua
mandíbula cerrada com força. Marco parecia chateado também.

— Você gostaria de vir comigo? — Lucy perguntou à garota, mais


uma vez ignorando os dois homens. Ela tinha feito algumas aulas na
faculdade e sabia como falar diretamente com vítimas em potencial. Para
que saibam que você estava lá para ajudá-las.

— Não, eu não quero ir a lugar nenhum com você. — a mulher


retrucou antes de dar o braço a Spencer. Marco deu um passo em direção
a eles como se quisesse detê-los, embora Lucy não soubesse por quê.

Sem dizer uma palavra, Spencer se dirigiu para a saída, os saltos da


mulher estalando enquanto se afastavam.

Marco começou a ir atrás deles, mas Lucy entrou na frente dele. — O


que você está fazendo? Como você conhece aquela garota? Como você
conhece Spencer?

— Você conhece aquele homem? — ele perguntou, ignorando suas


outras perguntas.

— Ele é um grande apostador no cassino. Demos a ele algumas


cortesias.

— Eu quero o número do quarto dele. — Marco nem estava olhando


para ela, mas por cima do ombro para o casal que se retirava.
Ela bufou. — Isso seria um não. Valorizamos a privacidade dos nossos
hóspedes. O que está acontecendo? Você conhece aquela garota? — Mais
importante, ela estava bem?

Ignorando-a, ele murmurou algo baixinho enquanto olhava para a


saída novamente. Spencer e a mulher foram embora.

— Falo com você mais tarde. — ele grunhiu, dispensando-a


completamente enquanto cruzava o saguão.

Sentindo-se sem saber o que fazer, Lucy atravessou o saguão


também. Quando saiu, sorriu para Reggie, um dos manobristas.

Ele deixou seu cabelo escuro crescer. Esta noite estava em um


topete. — Ei Lucy, como vai?

— Ótimo — disse ela, procurando por Spencer e a mulher na fila de


carros. — Você viu um homem - branco, com cerca de um metro e oitenta
de altura e cabelo escuro - sair com uma linda mulher hispânica em um
vestido vermelho brilhante?

Reggie acenou com a cabeça, sorrindo. — É meio difícil sentir falta


dela. Ela era simplesmente... ah, atraente. — Suas bochechas coraram
ligeiramente. — Eles entraram em um carro que estava esperando.

— O carro já estava esperando por eles?

— Sim. Um Altima azul.

Ela se concentrou em Reggie agora, já que ele realmente notou a


mulher e se lembrou do carro - o que não era incomum para ele. — Você se
lembra de tê-la visto antes?

— Não... e eu teria.

— Ok, obrigada. — Sentindo-se desanimada, ela voltou para


dentro. Ela não tinha visto Marco novamente e ela realmente não dava a
mínima para ele agora.
Mas ela queria saber mais sobre aquela garota. Se esse Spencer
Johnson estivesse envolvido em tráfico ou prostituição, ela iria derrubá-lo. Lá
dentro, ela ligou para a segurança e disse a Nick para encontrá-la na suíte
presidencial. Ela não se importava com privacidade neste momento.

***

Lucy batia o pé com impaciência perto dos elevadores privados


enquanto esperava Nick se juntar a ela. Ela deveria ter subido para a suíte
presidencial sozinha, mas depois que ela comunicou-lhe o rádio, ele quis ir
com ela. O que ela entendeu. Talvez nada de errado estivesse acontecendo,
mas seus alarmes estavam tocando agora e ela não tinha certeza do que
fazer consigo mesma.

Foi o medo que ela viu nos olhos da mulher. Tão potente.

Marco se recusou a atender seus telefonemas, e tudo sobre o que


havia acontecido com Spencer a estava incomodando. O jeito que ele olhou
através dela, o jeito que ele saiu com aquela mulher, que parecia
absolutamente apavorada, e havia um carro já esperando por eles. Sem
mencionar que a mulher claramente tinha como alvo os homens no cassino
antes que ele a abordasse. Lucy não pode deixar de pensar que ele estava
envolvido na prostituição.

Pelo menos eles deveriam ter suas informações em arquivo, porque


ela definitivamente estava indo para a polícia. Bem... se ela tivesse algo
sólido, ela faria, porque a partir de agora, não havia nada que eles pudessem
fazer. Ela sabia disso. Suas suspeitas sozinhas não deixariam os policiais
fazerem nada.

— Desculpe — Nick disse enquanto se aproximava para se juntar a


ela no elevador. — Seu tio me contou um pouco sobre o que você encontrou
na noite passada. Eu gostaria que você tivesse me contado sobre isso.

— Você conseguiu falar com Marco? — ela perguntou, ignorando o


que ele disse.
Nick balançou a cabeça. — Eu não trabalho para ele e ele não tem
razão para atender minhas ligações.

Ela deu um meio sorriso para isso. — Eu sei. Mas algo estranho estava
acontecendo com ele e o Sr. Johnson — disse ela. Isso era uma coisa que
ela não conseguia descobrir.

As portas do elevador se abriram na frente deles, então os dois


entraram. Ela usou sua senha mestra para levá-los ao andar correto. Havia
apenas algumas suítes neste andar. Quando as portas se abriram, havia
uma mulher carregando uma pequena bolsa e olhando para o celular,
claramente absorta em um jogo barulhento de Candy Crush. Ela mal olhou
para Lucy e Nick quando entrou no elevador.

Lucy murmurou: — Com licença — Ao passar pela mulher.

Ela ouviu a porta se fechar atrás dela enquanto ela e Nick se moviam
em direção às portas da suíte presidencial.

— O que você espera encontrar? — ele perguntou.

— Eu honestamente não sei. Tudo sobre a situação estava errada, e


eu não posso deixar de me perguntar se ele está envolvido com o que quer
que Atkins esteja envolvido.

— Vamos descobrir — disse Nick.

Lucy deu de ombros. — A investigação revelará que ele não estava


trabalhando com ninguém que trabalha aqui — disse ela quando chegaram
à porta.

Entrando na suíte, ela ficou surpresa ao encontrar as luzes acesas. A


sala parecia perfeitamente arrumada quando ela entrou, indo direto para o
quarto, porque era provavelmente onde todas as coisas pessoais
estariam. Mas ela não encontrou nada lá. Sem bolsas, roupas ou itens
pessoais. Sem eletrônicos ou qualquer coisa no cofre também. Nada. Todos
os produtos de higiene fornecidos pelo hotel estavam cuidadosamente
empilhados no banheiro, como se o quarto nunca tivesse sido usado. Todo
o lugar estava impecável. A única coisa que ela podia ver faltando eram
algumas maçãs da cesta de frutas de cortesia.

Quando ela encontrou Nick na sala de estar, ele franziu a testa. —


Temos certeza de que esse cara estava mesmo ficando aqui? Parece que o
lugar não foi usado. Pelo menos onde eu olhei.

— O quarto é o mesmo.

— Posso mandar alguém varrer a sala, mas nem sei o que você está
procurando — disse ele.

Ela mordeu o lábio inferior, sentindo-se um pouco tola. Deus, e se isso


não fosse sobre nada? E se Marco e Spencer simplesmente estivessem
dando em cima da mulher...

Não. Lucy não iria questionar seu instinto. Não quando o medo nos
olhos da mulher era real. É em quem ela deveria se concentrar de qualquer
maneira. Talvez ela pudesse descobrir quem era a mulher fazendo uma
pesquisa em sua imagem. Ela pelo menos seria capaz de descobrir se ela
era uma convidada, ou se tinha sido no passado.

— Não acho que seja necessário — disse ela. — Só espero que,


quando falarmos com Marco, talvez ele possa lançar alguma luz sobre o que
está acontecendo.

— O convidado provavelmente não vai voltar.

— Sim, eu sei — disse ela ao mesmo tempo que recebia uma chamada
de rádio do concierge informando-a de que Johnson havia feito check-out
por meio de um aplicativo online. Claro que sim.

Esta noite ficou cada vez mais estranha. — Vamos — ela disse. — Eu
vou voltar com você para o andar de segurança. — Porque ela ia pelo
menos tentar ver se ela conseguia descobrir quem era a mulher.

— Tudo bem... — Nick pegou seu próprio telefone ao receber uma


ligação.
Ela meio que ouviu a conversa enquanto eles voltavam para os
elevadores. — Está tudo bem? — ela perguntou quando ele encerrou a
ligação.

— Não. Alguns de nossos feeds de segurança foram corrompidos.

Isso chamou sua atenção. — O que você quer dizer?

— Quero dizer, os feeds de segurança do hotel e alguns do andar do


cassino na última hora foram basicamente apagados. Existem outros
remendos de tempo que também parecem estar faltando. É como se um
vírus fosse injetado neles. Os feeds são enviados para fora do site, mas eu
não gosto disso.

Ela também não gostou. Nem um pouco.

Agora ela se perguntava se isso tinha algo a ver com Spencer. Desde
que ela trabalhou aqui, eles nunca tiveram um problema com feeds de
segurança ou filmagens. E esta noite, de todas as noites, a última hora foi
repentinamente apagada?

Ela iria descobrir por que Spencer Johnson estava aqui. A irritou que
ela realmente saiu com ele, deixou que ele a beijasse. Pior, ela
gostou. Muito.

Talvez não fosse prostituição, mas alguém estava tentando roubá-


los. Não seria a primeira vez que alguém tentaria, e ela sabia que não seria
a última.
Você sabe o que rima com sexta-feira? Vinho.

— Como estão as coisas? — Leighton perguntou a Skye pelo telefone


enquanto olhava para Maria, que estava chorando silenciosamente. Deus,
ele queria matar o próprio Kuznetsov por quanta dor que ele causou às
pessoas. Savage era o motorista da fuga, mas ele tinha ficado em silêncio
desde que os pegou.

— Bem — disse Skye. — Encontrei Lucy e um segurança na saída,


mas eles nem prestaram atenção em mim. Você acha que ela será um
problema para nós?

— Acho que não. Acho que ela pode ser uma vantagem. — Leighton
odiava seriamente usar essa palavra em relação a Lucy, mas era
apropriado. — E eu acho que sei como trazê-la para essa coisa toda
conosco. Maria me disse que há muito mais meninas. Ela está hospedada
em uma casa bem perto do hotel. Ela disse que a conduziriam por um tempo
antes de ir para o hotel, mas parecia que eles estavam dirigindo em
círculos. Ela se lembra de como é a casa, pelo menos, e de alguns
marcadores próximos.

— OK. Colt e eu estamos voltando para a casa segura.

— Bom. Preciso ligar para Hazel.

— Gage já cuidou disso. Ele queria que ela soubesse para que ela
pudesse entrar em contato com a mãe de Maria.

— Bom. — Pelo que Leighton sabia, sua mãe e irmã haviam se


mudado para além dos limites do estado em uma cidade costeira do
Mississippi depois que a mãe deixou o marido. Não era longe, mas Hazel
tinha certeza de que estariam seguras onde estavam. — Acho que
precisamos trazer Lucy para isso mais cedo ou mais tarde. Como hoje.
— Leighton rapidamente descreveu seu plano para Skye, que ficou em
silêncio por alguns momentos depois que ele terminou.

— Eu acho que é uma boa ideia. — ela finalmente disse. — Embora o


tiro possa sair pela culatra para nós se ela estiver envolvida com a
organização de seu tio.

— Eu sei. — Lucy poderia colocar alvos em suas costas se ele


estivesse errado sobre ela. — Mas eu não acho que ela seja, e você também
não. Quando ela se aproximou de Maria e de mim esta noite, ela olhou
diretamente para Maria e perguntou se ela precisava de ajuda. — A
expressão dela tinha sido tão feroz, e quando ela olhou para ele, tudo o que
ele viu foi confusão e mais do que uma pitada de raiva.

— Então eu digo para irmos em frente. O que aconteceu com


Broussard?

— Ele tentou nos impedir na saída. Começando a ameaçar Maria


enquanto nos dirigíamos para a saída.

— Ele tirou uma foto sua?

— Não.

— Está bem então. A sala foi esvaziada sem nenhuma evidência


deixada para trás de que você esteve lá. E Gage corrompeu os feeds de
segurança, visando todos os feeds que tinham você neles. Portanto, você
deve estar livre. Ah, e Axel está atualmente no lugar para onde vão os feeds
de backup - ele está entrando esta noite. Ou esta manhã, na verdade.

Eles eram definitivamente uma máquina bem oleada. — Tudo isso é


bom, mas não dá para fazer. Precisamos salvar todas essas meninas.

— Concordo. Faça o que você precisa fazer com Lucy e depois volte
para a casa segura. Você quer que eu pegue a Maria?
Ele começou a dizer não, mas mudou de ideia. — Sim. Na verdade,
por que você não nos encontra? Mas não o Colt. Muitas pessoas podem
assustar Lucy quando contamos a ela sobre ... tudo isso.

Ele desligou e olhou para Maria, que felizmente havia parado de


chorar. Ele tinha dado a ela uma jaqueta mais cedo e ela estava enrolada
firmemente em torno dela. Logo ele queria dar a ela roupas diferentes. Não
apagaria nada do que foi feito a ela, mas ele queria fazer o que pudesse para
deixá-la confortável.

— Como você se sente sobre o que eu coloquei para fora? — ele


perguntou, porque ela ouviu toda a conversa entre ele e Skye.

Ela cheirou uma vez. — Eu quero salvar aquelas meninas


também. Nenhuma de nós estava lá por escolha própria. Foi a única razão
pela qual eles foram capazes de nos manter na linha - quase todas nós
temíamos por nossas famílias. Esses homens eram horríveis. Toda essa
situação é horrível. Isso não deveria estar acontecendo, aqui de todos os
lugares. Bem debaixo do nariz de todos.

— Eu sei. Você realmente não se importa em fazer uma parada antes


de levá-la para sua mãe?

— Não. Eu ouvi tudo que você disse.

— OK. — Ele olhou para Savage pelo espelho retrovisor. — Você


sabe para onde ir. — disse ele ao amigo.

Savage simplesmente acenou com a cabeça uma vez, sua expressão


sombria. Ele estava tão zangado com tudo isso quanto todos eles. Eles
definitivamente não iriam parar apenas em ajudar uma mulher. Leighton
queria queimar toda a organização.

***
Lucy abriu a porta de sua casa, em seguida, fechou e trancou-a atrás
dela antes de desarmar seu sistema de segurança. Ela estava exausta e mal-
humorada. Isso sendo um eufemismo.

Ela tentou ligar para o tio e ele não atendeu, então ela tentou Marco
novamente, mas aquele idiota não atendeu. A equipe de segurança estava
em um estado de frenesi porque alguém havia corrompido seus arquivos, e
ela entendeu perfeitamente por quê. Mas essa não era sua área de
especialização, então ela os deixou fazer suas coisas. Pelo que eles sabiam,
nenhum crime havia sido cometido, o cassino não havia sido roubado e seus
dados pareciam seguros. Bem, seguro, considerando que seus feeds foram
hackeados. E Spencer Johnson não tinha feito nada ilegal. Isso eles sabiam
de qualquer maneira.

Então ela finalmente foi para casa - e ela nunca se sentiu mais inútil em
toda a sua vida. Se ela achasse que isso faria algum bem, ela chamaria a
polícia. Mas ela não tinha ideia do que dizer a eles neste momento. Que ela
suspeitava de prostituição em potencial no cassino... E daí? Eles precisariam
de provas.

Porra. Ela precisava dormir para limpar sua mente, e talvez uma vez
que estivesse com a cabeça lúcida, ela descobriria o que fazer. Caramba,
talvez seu tio já a tivesse ligado de volta e ele soubesse o que fazer.

Ela tirou os saltos e a jaqueta, pendurando-a no gancho perto da porta


antes de caminhar pelo corredor escuro. Uma de suas luzes noturnas com
sensor de movimento acendeu quando ela passou, iluminando seu
caminho. Ao entrar na cozinha, percebeu que as luzes estavam acesas - e
não se lembrava de tê-las deixado acesas.

Menos de um segundo depois, ela quase soltou um grito quando viu


Spencer sentado na bancada de sua ilha com a mulher de vestido
vermelho. A mulher estava usando uma jaqueta grande agora e parecia que
ela havia lavado o rosto de toda a maquiagem.

— Como você chegou aqui? — Oh meu Deus, quem se importa? O


que eles estavam fazendo aqui? Preparando-se para fazer uma pausa, ela
automaticamente ficou tensa quando Spencer ergueu as mãos, com as
palmas para fora.

— Eu hackeei seu sistema de segurança e então abri a fechadura. Se


eu quisesse machucar você, já poderia ter feito isso. Então, espero que você
ouça o que temos a dizer antes de chamar a polícia.

Ela quase bufou. Porque ela tinha a sensação de que se ele quisesse
impedi-la, ele poderia facilmente impedi-la de ligar para qualquer pessoa. —
Acho que seu nome não é Spencer. — Não é uma pergunta.

Ele balançou sua cabeça. — Não, não é. Eu trabalho com um grupo


de pessoas que ajudam pessoas necessitadas.

Bem, isso não foi vago nem nada.

A garota deu um passo à frente ligeiramente, seus braços em volta de


seu corpo magro. — Meu nome é Maria. Fui mantida cativa com muitas
outras mulheres. Fomos traficadas por vários lugares em New Orleans,
incluindo The Sapphire. — Ela estendeu o braço e apontou para Spencer -
ou quem quer que ele fosse. Por enquanto, Lucy iria pensar nele como
Spencer. — Este homem me salvou.

— Como vou saber que você não está sendo refém dele agora?

Pegando-a de surpresa, Spencer puxou uma arma e colocou-a na


bancada da ilha.

Lucy já tinha visto armas antes, mas não gostava nada delas. Dedos
gelados percorreram sua espinha, todos os músculos de seu corpo
tensos. Ele poderia matá-la aqui mesmo, agora. Não havia nada que ela
pudesse fazer para detê-lo.

Movendo-se com eficiência, ele tirou o pente, que ela viu que estava
cheio, então a colocou de volta e a entregou à mulher. — Segurança ativada.
— Então ele se afastou alguns metros, colocando distância entre ele e a
mulher. — Se eu a mantivesse cativa, eu daria a ela uma maneira de me
matar?
A mulher colocou a mão sobre a arma, mas não fez mais nada com
ela. — Ele não está me mantendo cativa. Como eu disse a você, ele salvou
minha vida.

Lucy esfregou a têmpora uma vez. — Por que não ir à polícia?

Ela bufou. — Eles não vão fazer nada. O homem que nos trafica é
muito poderoso. E tenho quase certeza de que ele tem polícia no bolso
porque... — Engolindo em seco, ela parou.

Lucy poderia preencher as lacunas, no entanto. Seu estômago


embrulhou. — Então você a libertou esta noite? — ela perguntou, voltando-
se para Spencer.

— Eu fiz. Foi um favor para um amigo. Recebemos uma dica de que


The Sapphire estava sendo usado para tráfico. E eu vou parar com
isso. Tudo isso.

— OK. Digamos que eu acredite em você. Se você não pode ir à


polícia, por que não outra pessoa? Tipo... o FBI, eu acho?

— É complicado.

Lucy quase pulou fora de si quando uma mulher com cabelo ruivo saiu
de trás dela como um fantasma. Demorou um pouco, mas Lucy reconheceu
sua mandíbula. O cabelo era de uma cor diferente, mas ela reconheceu a
mulher que entrou no elevador jogando Candy Crush. — Quem é você?
— ela exigiu.

A mulher a ignorou enquanto acenava para a mulher de vestido. —


Sua mãe está esperando.

— Vou responder a todas as perguntas que você quiser saber — disse


a mulher chamada Maria, já se afastando da bancada da ilha e aquela
grande arma ainda lá. — Mas eu preciso ir para minha família. Minha mãe
está preocupada comigo. E, honestamente, estou exausta. Queria te dizer
pessoalmente que este homem e seus amigos me salvaram, que sou grata
e que há um problema sério em seu hotel.
— E o outro homem que estava no saguão? — Porque Marco tinha
que estar envolvido de alguma forma. Agora Lucy não tinha dúvidas. E isso
mudou tudo que ela pensava que sabia.

O rosto da mulher empalideceu. — Ele não é um bom homem. Ele


ajuda a conduzir todos nós pelos diferentes hotéis. E ele não para por aí. Ele
usa todas nós. Ele nos estupra. Ele é um homem muito mau. Quando ele me
viu saindo com ele... — ela disse, apontando para Spencer — Ele tentou
nos parar. Ele ameaçou minha família, minha irmãzinha. — ela sussurrou,
sua voz falhando.

— Estou feliz que você esteja segura agora. — disse Lucy, sem saber
o que mais dizer.

Uma vez que as duas mulheres foram embora, e somente quando ela
ouviu a porta se fechar atrás delas, ela se virou para Spencer. — Qual o seu
nome?

Ele se sentou na ilha, pegando sua arma e colocando-a em um


coldre. Por um longo momento ela pensou que ele poderia não
responder. Finalmente, ele disse: — Sou Leighton. Sinto muito ter que mentir
para você. Mas a missão era resgatar Maria.

Ela não se aproximou dele. Em vez disso, ela permaneceu na


entrada. — Sua missão?

Ele acenou com a cabeça uma vez. — Isso mesmo. Salvá-la era o
objetivo final.

Palavras como missão e objetivo soavam como aplicação da lei. —


Você trabalha para a aplicação da lei ou trabalha para o governo?

— Não. Vou ser muito direto. As pessoas com quem trabalho


definitivamente trabalham fora da lei. E eu não sinto muito. Não precisamos
nos preocupar com mandados ou outras besteiras quando as pessoas estão
em perigo. Estou aqui esta noite porque acho você uma boa pessoa. E tenho
noventa e nove por cento de certeza de que você não está envolvida com o
tráfico dessas mulheres.
Ela sentiu seu temperamento aumentar. — Vamos com cem por cento
de merda. Não estou envolvida em nada disso.

— Bem, alguém em seu hotel está. Mais do que uma pessoa. E pode
ser mais gente do que você imaginou. E há uma coisa certa - seu tio está
por trás de tudo isso. Ele dirige um império gigante de atividades criminosas.

Ela soltou uma risada curta e aguda com a audácia desse homem. —
Você está cheio de merda. Eu disse a ele o que eu suspeitava e ele está
abrindo uma investigação.

O homem à sua frente, supostamente chamado Leighton, foi quem riu


agora, embora o som fosse seco. — Ele não está abrindo uma
investigação. Mas ele matou Michael Atkins. Suponho que não
pessoalmente, mas o cara agora está morto. Provavelmente sob suas
ordens.

Ela piscou uma vez. — O cara da segurança?

— Sim. Você pode descobrir isso sozinha, fazendo alguns


telefonemas. Seu corpo foi encontrado há menos de uma hora.

Lucy balançou a cabeça. — Por que ele o mataria?

— Um palpite? Bem, você descobriu que havia tráfico potencial no The


Sapphire. E Atkins foi estúpido o suficiente para ser pego por você. Já que
agora está bem claro que seu tio teve muitos problemas para se certificar de
que você não estava ciente de suas operações, suponho que ele está
chateado com Atkins entrando em seu radar. Não tenho certeza, mas ele
está claramente amarrando as pontas soltas. Mas isso não significa que essa
operação vai parar. Obviamente, não depois desta noite.

Ele pegou uma pasta de uma das cadeiras atrás da ilha e colocou-a
na bancada.

— Aqui estão algumas informações que acho que você achará


interessantes. É um arquivo do seu tio. Ou você acredita ou não. Se você
quiser nos ajudar a impedir o tráfico de mulheres através do The Sapphire,
minhas informações de contato estão aqui. Ou se você não quiser fazer
nada, então não faça nada e seja cúmplice. — Ele puxou um pequeno
gravador do bolso e o colocou na bancada. — Isso é um pouco mais para
você. É uma gravação do seu tio. Nada que vá colocá-lo na prisão, mas é
bastante condenatório. — Ele se levantou e começou a sair.

— Espere... — Sua cabeça parecia que ia explodir agora com toda


essa sobrecarga de informações. — Por que...— Gah, o que ela queria
perguntar? Ela deveria estar empurrando esse estranho porta afora e
chamando a polícia. — Por que você me escolheu? — Porque obviamente
era isso que ele estava fazendo quando a convidou para sair.

— Porque você é parente de um monstro. Mas está bem claro que


você não é nada como ele. Para que fique registrado, no entanto, eu beijei
você porque eu queria. — Ele fez uma pausa, aqueles olhos assombrados
olhando diretamente para ela, prendendo-a no lugar. — E eu não sinto muito
por isso.
Siga sua própria bússola interna.

Lucy acordou de repente ao som de seu telefone tocando. Ela


finalmente cochilou depois de examinar os arquivos que Leighton havia
deixado para ela. Ela não tinha certeza do quanto disso era verdade, mas
certamente soava verdadeiro. Alguns dos arquivos foram marcados como
classificados. E a gravação que ela ouviu? Seu tio estava conversando com
alguém sobre ‘comprar mercadorias’ e, embora a conversa tivesse sido
vaga o suficiente para que ela entendesse que não se sustentaria no tribunal,
parecia duvidosa. Como se ele tivesse falado sobre comprar... armas,
talvez. Ou drogas.

Embora Leighton possa não trabalhar para o governo, ele deve


conhecer alguém que o fez para ter acesso a tantas informações.

Ao ver o nome do tio na tela, ficou tensa, tentada a não responder. Mas
ela tinha que fazer, especialmente depois da noite passada. Tentando
manter a voz o mais normal possível, ela disse: — Olá.

— Lucy. Como você está?

— OK. Tivemos uma noite difícil ontem à noite. Parte da segurança foi
comprometida, o que tenho certeza de que você já sabe.

— Eu sei. Já fui informado da situação. Estamos tomando medidas


para corrigi-lo.

Ela se perguntou sobre o que mais ele foi informado.

— Ouvi dizer que você teve um desentendimento com Marco.

Ela se sentou contra a cabeceira da cama e puxou os joelhos contra o


peito. A luz do sol se filtrou pela janela de seu quarto, banhando seu edredom
azul e branco. — Eu tive. E estou um pouco confusa com o comportamento
dele.

— Ele conhecia o homem da noite passada. Eles tiveram problemas


no passado. Ele não pode voltar a se hospedar em nosso hotel. Já alertei a
recepção que ele deve ser adicionado à nossa lista de pessoas a serem
expulsas.

Isso soou estranho. — OK. Mas por que? Eu não entendo nada sobre
a noite passada. — O que estava bem perto da verdade.

— São apenas coisas pessoais. Marco costumava sair com a mulher


com quem ele estava. É tudo besteira. — ele disse levemente. — Mas eu
não quero o homem no meu hotel ou cassino.

Sim, isso definitivamente parecia estranho. E falso. Seu tio não se


importaria se Marco e algum cara qualquer tivesse namorado a mesma
mulher. Isso ela sabia. Ele estava definitivamente mentindo. — OK. Tudo
bem por mim.

— Você disse que o conhecia? — Perguntou seu tio.

— Tão bem quanto qualquer outro convidado. Saí para almoçar com
ele e lhe mostrei um pouco da cidade. Ele disse que queria comprar um
imóvel. — Ela percebeu que era melhor não mentir sobre isso. Porque não
seria tão difícil para seu tio descobrir que ela tinha saído com o
‘Sr. Johnson’. Ela certamente não manteve isso em segredo. E agora, ela
não tinha certeza de que nada em sua vida era verdade, então ela seria o
mais honesta possível sobre tudo o que pudesse. Mas ela não iria contar a
ele que Leighton e a mulher estiveram em seu apartamento na noite
anterior. Ou sobre as informações que Leighton havia deixado para ela.

— OK, bom. Se ele entrar em contato com você novamente, me avise.

Ela bufou. — Duvido seriamente que ele se incomode em entrar em


contato comigo. Você acha que ele pode estar envolvido com a violação de
segurança da noite passada?
— Isso definitivamente passou pela minha cabeça. Estamos
investigando.

— Você ouviu alguma coisa nova sobre Atkins, o cara que


demitimos? Ele tem trabalhado com alguém?

— Eu não acredito nisso. A segurança ainda não encerrou a


investigação, mas até agora temos apenas evidências de que ele trabalha
sozinho. Parece que ele recebeu alguns códigos de segurança de alguns
funcionários que pediram demissão e foi capaz de descobrir quais quartos
não estavam sendo usados.

Lucy não acreditou nisso por um minuto. Eles mudavam seus códigos
com frequência e, quando alguém era demitido ou dispensado, eles
mudavam todos os códigos novamente. Eles se preocupavam com a
privacidade de seus convidados. Mas ela não queria pressioná-lo agora - ela
não queria que seu tio suspeitasse que ela sabia que ele estava mentindo. —
OK. Apenas me mantenha informada.

— Eu vou. Estarei na cidade esta noite. Se você estiver livre para o


jantar, gostaria de ver você.

— Apenas me diga quando e eu estarei lá. — Se ela dissesse mais


alguma coisa, definitivamente ficaria estranho.

Assim que desligaram, ela se recostou no travesseiro, embora não


tivesse como dormir. Ela mal conseguiu dormir. Sua mente estava
trabalhando além do tempo.

Um estranho entrou em sua vida e jogou uma bomba nela. E ela não
achava que ele estava mentindo. Mais do que isso, ela não achava que a
mulher da noite anterior estava mentindo. O medo e a dor que Lucy tinha
visto em seus olhos eram tão reais. Ela não achava que alguém pudesse agir
tão bem. E por que fariam isso? Eles também não haviam pedido nada a
Lucy. Na verdade. Leighton disse que queria sua ajuda para parar o tráfico
e isso... era muito nobre.
Ela esfregou o rosto com a mão e pegou o celular pessoal em vez do
do trabalho. Em seguida, ligou para o número que Leighton lhe dera.

Ele atendeu ao primeiro toque. — Sim?

— Eu quero te encontrar pessoalmente. Mas eu não acho que você


deveria voltar para o meu condomínio.

— Eu tenho um lugar onde podemos nos encontrar.

— OK. — Ela ouviu quando ele disse a ela onde encontrá-lo. Lucy não
tinha certeza se confiava nele, mas neste momento ela tinha que falar com
ele, tinha que obter mais detalhes.

Porque algo muito errado estava acontecendo no hotel de seu tio. E


depois do que ela viu e leu nesses arquivos... ela não tinha certeza se sabia
que tipo de homem seu tio era.

***

— O que você acha? — Leighton perguntou a Gage, que estava


sentado em frente a ele na bancada da ilha. Eles eram os únicos dois
acordados neste momento. Leighton não conseguiu dormir bem depois da
interação com Lucy, e Gage era uma máquina que parecia nunca descansar
independentemente.

— Bem, ela não mencionou nada sobre você ou Maria para o tio.
— Gage tinha ouvido todo o telefonema desde que grampiaram o telefone
dela.

— Sim, ela foi honesta sobre sair comigo, mas ela não ofereceu
nenhuma outra informação. E tenho a sensação de que ele estava
pescando.

Gage balançou a cabeça. — Ele deve pensar que ela é estúpida.


— Eu não acho que seja isso. Ele provavelmente não espera que ela o
questione. E ele a dispensou com uma história fácil. Uma estúpida, que ela
poderia perfurar se quisesse, mas fácil de explicar.

Nova tropeçou na cozinha, seu cabelo escuro preso em um coque. Ela


meio que grunhiu para ele, mas deu um beijo estalado no rosto de Gage
antes de tropeçar na cafeteira. — Vocês acordam cedo.

— Não há descanso para os perversos — murmurou Gage.

— Eu nem entendo o que isso significa. — ela murmurou. Então ela


suspirou de felicidade ao tomar seu primeiro gole de café.

— Pelo menos ela concordou em se encontrar comigo — disse


Leighton. E Lucy não o pressionou sobre o local. Algo que o incomodou. Ele
não estava armando uma armadilha, mas ela não sabia disso.

Ele esperava que ela ligasse na noite anterior. Depois que ele deixou a
casa dela, Leighton e os outros tentaram descobrir onde Maria estava presa
com base nas descrições que ela havia dado a eles. Eles não tiveram sorte,
mas iriam tentar novamente hoje. A cidade e as estradas aqui eram confusas
- e muitas estavam em construção. Seu GPS nem estava totalmente correto
aqui. Era uma confusão em todos os lugares, e mesmo com as habilidades
de hacker de Gage, eles não foram capazes de refazer os passos de Maria.

— Sim, mas não sei se isso é bom — disse Gage. — Ela pode estar
tentando armar para você.

— Você vai se encontrar com Lucy hoje? — Nova perguntou


enquanto se sentava ao lado do noivo, com a caneca na mão.

— Sim. Ela acabou de ligar.

— Eu posso ir com você, e eu acho que uma mulher deveria estar


lá. Eu sou uma presença mais calmante do que Skye. Ela pode ser meio
intensa. E essa mulher acaba de aprender que muito sobre sua vida é
mentira. Provavelmente não faria mal ter outra mulher presente.

Leighton olhou para Gage.


— Juro por Deus que é melhor você não perguntar a Gage se está
tudo bem para eu ir. — Nova murmurou.

Leighton pegou seu próprio café e manteve a boca fechada.

— Estou indo — disse ela, tomando a decisão.

— Funciona para mim — disse Leighton.

Gage apenas franziu a testa, mas não respondeu de uma forma ou de


outra.

— Estou indo tomar um banho. — Nova se levantou, bocejando


enquanto pegava sua caneca. — Apenas me diga qual é o plano.

— Vou subir em alguns minutos — disse Gage. Depois que ela se foi,
ele continuou. — Eu preciso te mostrar uma coisa. Não incluí no arquivo
ontem à noite para Lucy porque não sei se devemos contar a ela ou não.

— O que é? — Leighton perguntou, surpreso por Gage não ter


contado a ele sobre isso antes - o que quer que fosse. Ele sempre
compartilhava informações com a equipe.

— É... — Em vez de virar o laptop, Gage saiu de seu banquinho e


caminhou até a copa perto de um painel de janelas salientes. Ele colocou um
monte de arquivos na mesa antes. Ele pegou uma pasta de papel manilha e
voltou para a ilha e colocou-a na frente de Leighton. — Leia-o. Para o
registro, Hazel sabia sobre isso. E ela não nos contou. Ela não disse
a você. E não posso deixar de me perguntar por que não.

Leighton o abriu e começou a ler, seu estômago embrulhando


enquanto o fazia. — Puta merda — disse ele. Enquanto ele examinava tudo,
incluindo um arquivo que era definitivamente classificado, ele olhou para
Gage. — Como você conseguiu isso?

— Eu também tenho amigos.

Se isso fosse verdade... — Então o tio dela matou os pais dela e fez
com que parecesse um assassinato/suicídio?
— Parece que sim. Não havia evidências suficientes para fazer algo
sobre isso anos atrás e ele não estava no radar do FBI como está agora. Ele
era alguém que eles estavam de olho e queriam derrubar, mas seu império
não era como é agora.

— Seu próprio irmão — murmurou Leighton, ainda


lendo. Aparentemente, o irmão de Kuznetsov estava planejando
testemunhar contra ele por assassinar o dono de uma loja local que não
pagava proteção. O pai de Lucy não era completamente limpo, mas também
não era um canalha. A partir desse arquivo, parecia que ele não se importava
de pegar coisas que ‘caíram de um caminhão’, mas ele não era um
assassino. O homem assassinado era pai de duas meninas. Foi isso que o
empurrou para ir para os federais. E isso o matou.

— Sim. Seu pai iria virar as provas contra ele. Kuznetsov deve ter tido
seu próprio contato dentro do FBI porque matou seu irmão antes que
pudesse fazer qualquer coisa.

— Jesus. Isso vai machucá-la. — Isso sendo um eufemismo.

— Honestamente, não sei se devemos contar a ela. Acho que você


deve tomar a decisão porque foi você quem interagiu com ela.

Inferno. Leighton não queria tomar esse tipo de decisão. Mesmo que
isso a trouxesse totalmente para o lado deles, ele não sabia se era
necessário. Por alguma razão, ele descobriu que se importava muito com os
sentimentos de Lucy. Ele não queria machucá-la de jeito nenhum. — Esse
cara é aposentado? Aquele que te deu tudo isso?

— Sim. Isso também nunca caiu bem para ele. Ele considera
Kuznetsov seu caso de 'baleia branca'.

— Você tem certeza de que Hazel sabia disso? — Leighton não


conseguia entender por que ela não teria contado a ele.

— Eu honestamente não sei como ela não poderia saber.


Leighton guardou as informações, planejando ligar para Hazel depois
de se encontrar com Lucy. Agora ele precisava tomar um banho e ir até o
ponto de encontro. Ele ignorou a maneira como seu coração disparou com
a ideia de ver a doce, curvilínea e sensual Lucy.
Nós temos suas costas.

Lucy se questionou pela centésima vez. Então, talvez ela não tivesse
certeza se deveria estar aqui se encontrando com um homem que era um
estranho - um homem que claramente de alguma forma contornou o sistema
de segurança do cassino. E o sistema de segurança de seu condomínio, que
definitivamente não a ajudou a dormir na noite passada.

Ou ele contornou o sistema para roubar o cassino, o que até agora


não parecia ser o caso, ou fez isso para apagar todas as suas imagens
ali. Porque aparentemente todas as imagens dele haviam desaparecido, de
acordo com a segurança.

Ela descobriu aquele pequeno pedaço de informação de Nathan - que


tinha ouvido os seguranças conversando - algumas horas atrás.

O que tornava tudo isso muito mais estranho. Mas se Leighton queria
machucá-la, ele poderia facilmente. Mais de uma vez.

Inferno, talvez ele ainda tentasse, mas ela estava pelo menos vindo
preparada. Ela optou por usar jeans, um suéter e tênis hoje em vez de seus
saltos normais. Ela enfiou o spray de pimenta no bolso de trás e amarrou
uma faca no tornozelo.

A faca na verdade tinha sido um presente de seu tio, de todas as


pessoas. Bem como a tira de tornozelo. Ela nunca a carregou para qualquer
lugar, mas hoje ela estava abrindo uma exceção.

Obviamente, ela esperava que não chegasse a esse ponto. Ela


esperava... Ela não tinha certeza do que esperava neste momento. Talvez
apenas para obter respostas.

Quando ela alcançou o último degrau da casa de galeria dupla, a porta


se abriu e uma mulher bonita com longos cabelos castanhos sorriu para
ela. Ela estava esperando Leighton e, por algum motivo, isso a deixou
desprevenida.

— Eu sou Nova. Eu trabalho com Leighton. E eu sei que você é


Lucy. Por favor entre.

Franzindo a testa, ela entrou com a mulher bonita. Leighton e outro


homem estavam à direita, sentados em uma mesa longa e formal em uma
sala de jantar ricamente decorada. Ela se perguntou se eles eram as únicas
três pessoas nesta casa. E ela se perguntou quem eram os outros dois.

— Como eu disse, eu trabalho com Leighton, e este é Gage, meu


noivo. — Nova acenou para o outro homem que parecia tão sério quanto
Leighton.

Os dois homens acenaram com a cabeça para ela e permaneceram


encostados na mesa da sala de jantar.

Ela não tinha certeza do que fazer agora. Não tinha certeza de
nada. Era ela quem queria se encontrar com ele e agora se sentia como se
estivesse se afogando.

— Antes de prosseguirmos, vamos ter que escanear você — disse


aquele chamado Gage.

Ela piscou. — Espere o que?

— Precisamos fazer uma varredura em busca de eletrônicos.

Ela podia realmente entender por que eles estavam fazendo isso, mas
não negava que a fazia se sentir vulnerável enquanto estendia os braços. Ela
ficou grata quando Nova começou a examiná-la com uma varinha e se sentiu
mais à vontade quando a mulher lhe lançou um olhar de desculpas.

A mulher pode estar mentindo, apenas agindo em benefício de Lucy,


mas ainda assim a fez se sentir melhor. Nova encontrou sua faca e spray de
pimenta, mas não tentou pegá-los.

— Inteligente — foi tudo o que ela disse.


Quando Nova terminou, Lucy enfiou as mãos nos bolsos da
frente. Sem os saltos, ela se sentia mais vulnerável, como se estivesse
perdendo parte de sua armadura. — Eu li os arquivos que você me
deu. Você poderia tê-los alterado.

— Nós poderíamos. — disse Leighton. — Mas você deve saber que


não. Caso contrário, você não estaria aqui. Você é muito inteligente.

— Eu não sei o quão inteligente eu sou. Porque se o que está nesses


arquivos for verdade, fui criada por um monstro e não percebi. — A
gravação em si não tinha sido monstruosa, mas os arquivos indicavam que
ele vendia pessoas, drogas e armas, usava instituições de caridade como
disfarces para seus esquemas, pessoas fortemente armadas de seus
próprios negócios porque ele queria comprá-los para si mesmo. E a lista
continuou. Talvez tenha sido por isso que Liliana foi alvo de sequestro no
passado.

— Ele teve muito esforço para criar uma personalidade pública para si
mesmo. — disse Gage enquanto Nova se sentava à mesa.

Os homens seguiram o exemplo, então Lucy entrou totalmente na sala


e se sentou do outro lado da mesa. Do lado mais próximo da porta. Ela pode
não ser capaz de enfrentá-los, mas ela pode correr rápido se necessário.

— A mulher da noite passada está segura?

— Sim — disse Leighton, seus olhos assombrados ainda tristes,


mesmo enquanto a observava como um predador letal. Droga, ela não
deveria estar percebendo nada sobre ele. — Mas há mais mulheres
detidas. Pretendemos salvá-las.

— Como?

Os três se entreolharam, mas não responderam. Tudo bem.

— O que você quer de mim? — ela tentou.

— Nada — disse Leighton. — Exceto para você não contar ao seu tio
sobre nós.
Ela esfregou a têmpora uma vez. Nesse ponto, ela não estava
contando nada ao tio. Ela não confiava nele. — Marco Broussard está
realmente envolvido com o tráfico de mulheres

— Oh, não há dúvida disso — disse Gage.

— Acho que ainda não entendo por que vocês não foram à
polícia. Porque está claro que você tem acesso a documentos secretos.
— Ela iria supor que os papéis que ele lhe dera eram reais. Eles certamente
pareciam reais. Algumas das coisas... Pareciam tão verdadeiras que ela
tinha que acreditar. Especialmente a gravação em que ele falou sobre
transferir ‘produto’ por meio de uma instituição de caridade. Suas palavras
foram tão vagas e não legalmente condenatórias, mas uma criança maluca
seria capaz de entender o duplo significado.

— As coisas com a aplicação da lei estão complicadas


agora. Resgatar algumas mulheres traficadas não é uma prioridade. — O
tom de Nova deixou claro que ela estava frustrada. — Os federais estão
tentando derrubar seu tio — disse ela. — Ele é a prioridade deles, não
salvando algumas mulheres aleatórias.

Gage praguejou ao lado dela, e a mandíbula de Leighton simplesmente


apertou.

Nova ergueu um ombro, claramente não preocupada. — O que? Se


vamos trazê-la para isso, precisamos ser honestos. Como eu estava
dizendo... — Nova continuou, olhando para ela. — Eles querem derrubá-
lo. Para o bem. Mas eles querem derrubá-lo por algo muito maior. Eles
querem ter certeza de que ele nunca saia da prisão. E não há o suficiente
para amarrá-lo às mulheres traficadas. É batata pequena para os federais e,
embora eu odeie dizer isso, eles podem ser idiotas.

— Então você tem contatos com o FBI?

— Sim — disse Nova. — Foi assim que descobrimos sobre as garotas.

— Você disse que Maria era sua operação. Seu... objetivo? — Lucy
olhou para Leighton.
Ele simplesmente acenou com a cabeça, mas não ofereceu mais
informações, o que era frustrante como o inferno.

— Ok, então você não vai me dizer por quê. Tudo bem. Agora que
seu objetivo acabou, você quer resgatar o resto dessas mulheres? Essas
supostas mulheres?

— Você sabe que não há 'alegação' nisso.

Depois dos vídeos que ela viu no cassino, e depois do telefonema que
ela fez para um amigo detetive - um homem com quem ela tinha saído alguns
encontros - ela descobriu que Mike Atkins estava realmente morto. Não
apenas morto, mas assassinado. Então, sim, algo muito estranho estava
acontecendo.

— Então, por que você não pode resgatá-las?

— Porque não sabemos onde elas estão. — A frustração envolvia a


voz de Leighton e se refletia nos rostos de Nova e Gage.

— Por que não colocar um rastreador ou como um GPS ou... qualquer


coisa no Marco? Porque tenho quase certeza de que foi você quem invadiu
nosso cassino...

O chamado Gage pigarreou. — Fui eu, muito obrigado. Eu hackeei os


feeds do cassino e desativei o sistema de segurança do seu apartamento.

Leighton simplesmente bufou, embora seus lábios se curvassem em


um meio-sorriso que a fez pensar em coisas nas quais não devia pensar
agora.

— Então... você invadiu a segurança do cassino. O que requer muita


habilidade. — Ela sabia quantas medidas de segurança eles
implementaram. — Sem realmente saber mais sobre o que vocês fazem, eu
ainda tenho que assumir que você poderia de alguma forma rastreá-lo,
certo? Tipo com o telefone dele ou algo assim? Você sabia onde eu
morava. E você invadiu. — Que era algo que ela não iria pensar.
— Ele é cuidadoso. Todo mundo é cuidadoso. Posso rastrear os
telefones de praticamente qualquer funcionário do seu tio, mas meu palpite
é que eles devem desligar quando transportam as mulheres. Eles devem
deixar todos os componentes eletrônicos ao movê-las. Ou eles usam
descartáveis. Meu palpite é que Broussard usa um telefone portátil porque o
telefone registrado em seu nome fica em sua casa praticamente 24 horas
por dia, 7 dias por semana.

— Como posso ajudar? — ela perguntou, embora ela não devesse se


envolver com essas pessoas. Mas como ela não poderia? Como ela poderia
se sentar e não fazer nada?

— Não precisamos de ajuda — disse Leighton, mesmo quando Gage


se endireitou ligeiramente.

— O que precisamos é descobrir a localização de onde Broussard


passa a maior parte de seus dias — disse Gage. — Porque eu acho que ele
vai nos levar de volta para aquelas mulheres. — Gage olhou uma vez para
Nova antes de continuar. — Falamos com Maria ontem à noite e ele quase
sempre está na casa onde estão detidas. Ele sai por curtos períodos de
tempo, mas sempre volta. E sem um motorista. Nós só o vimos com um
motorista, então ele deve ter um veículo que está usando.

— Ele dirige um Audi.

Todos eles se entreolharam.

— O que? — Lucy perguntou.

Gage franziu a testa. — Você tem certeza?

— Com certeza. Ele sempre dirige um quando está na casa do meu


tio. Eu não sei o que ele dirige por aí. Acabei de vê-lo em um Audi mais de
uma vez. É preto. Talvez eu pudesse plantar algo em seu carro.

Gage começou a responder quando Leighton lhe lançou um olhar


penetrante, com a mandíbula apertada. — Ela não vai plantar um rastreador
em ninguém. Isso é treta. É muito perigoso para ela chegar tão perto dele.
— Se o que você está me dizendo é verdade, então vou ajudar. — E
ela não estava perguntando.

Agora Leighton se virou e franziu a testa para ela. Para ela! Ele foi o
único que inadvertidamente a arrastou para tudo isso.

— Meu tio chega à cidade esta noite. Devo encontrá-lo para jantar. Há
uma boa chance de Marco estar lá.

— Não gosto disso — disse Leighton, levantando-se da mesa.

— Bem, eu não gosto muito disso — ela retrucou. — Então, acho que
foi bom não ter pedido sua opinião.

Nova deu uma risadinha e disfarçou a risada com uma tosse falsa.

Em outras circunstâncias, Lucy também poderia ter rido. Mas ela


descobriu que toda a sua vida era uma mentira gigante. Ok, talvez não tudo,
mas agora ela estava tentando chegar a um acordo com tudo o que havia
aprendido. E se essas pessoas estivessem mentindo para ela?

— Olha, você não está plantando um rastreador em ninguém — disse


Leighton, mesmo enquanto Gage assentia. — Agora que sabemos o que ele
está dirigindo, vamos apenas rastreá-lo. Não deve ser registrado em seu
nome.

— Tudo bem, mas ainda quero ajudar.

— As informações sobre o carro dele ajudam muito — disse Leighton,


contornando a mesa. Ele respeitava seu espaço pessoal, embora parecesse
que queria se aproximar.

— Seu tio realmente vai estar aqui esta noite? — Gage interrompeu,
chamando sua atenção para ele.

Ela acenou com a cabeça uma vez.

Os três trocaram um olhar, fazendo-a franzir a testa. — O que?


— Os federais querem derrubá-lo — Nova deixou escapar. — E tem
um monte deles aqui. Em New Orleans. Se ele está vindo para cá, há uma
boa chance de tentar prendê-lo aqui, se puderem.

— E se ele ficar sabendo disso... — disse Leighton, lançando um olhar


penetrante para seus amigos — Ele poderia reduzir suas perdas e fugir. Ele
descartaria qualquer evidência que pudesse derrubá-lo.

Ele enfatizou a palavra evidência e levou um longo momento para Lucy


registrar o que ele queria dizer. Embora ela não tivesse certeza de ter
entendido completamente. — Espere... você está dizendo que ele mataria
as mulheres?

— Sim — disse Leighton simplesmente. — Elas não são pessoas para


ele. Ele provavelmente não faria isso sozinho, mas se os federais vierem
atrás dele, seus homens terão ordens para matar tudo o que se liga a ele.

Ela sabia o que tinha lido nesses arquivos, e sabia que havia muitas
suspeitas sobre seu tio de que ele havia cometido muitos crimes, incluindo
tráfico de drogas e pessoas. Armas também, embora ele parecesse não
fazer muito disso. Sem falar na lavagem de dinheiro. Então ela não sabia por
que estava surpresa com o assassinato. Ela não estava surpresa, apenas...
Ela estava tendo dificuldade em envolver sua cabeça em torno de tudo. Ela
não tinha certeza se seria capaz de chegar a um acordo com isso. Mas se
ele era culpado, ele merecia ir para a cadeia. Para pagar por seus crimes.

— Se você vai encontrar seu tio esta noite. — Gage continuou - e ele
estava feliz, porque ele não conseguia encontrar sua voz — Eu acho que
deveríamos colocar algo em você. É duvidoso que seu tio vá machucar você,
mas não faria mal estar preparada. A menos que você seja verificava quando
você se aproxima dele?

— Ele não faz. Vou levar um rastreador. — E ela não iria questionar
sua decisão. Aquela mulher teve medo de Marco na noite passada. Deus,
tinha sido apenas ontem à noite? Parecia que uma eternidade havia se
passado desde então. Lucy podia admitir que estava com medo de seu tio
neste momento. Ela aceitaria o pequeno reforço oferecido.
Seu instinto é seu melhor amigo.

Leighton trancou a porta atrás de Lucy quando ela saiu, resistindo ao


impulso de segui-la. Ele não gostou de nada disso. Ele não a queria envolvida
em nada disso. E era sua culpa que ela estava. Se ela nunca o tivesse visto
saindo do hotel com Maria, ele poderia ter sido capaz de salvar algo entre
eles. Certificando-se de que ela ficasse longe de tudo isso.

— Ela é uma mulher esperta — disse Skye, descendo as


escadas. Toda a equipe estava nesta casa. Não era sua casa segura, mas
outra que eles alugaram como reserva, não muito longe de onde estavam
todos hospedados.

Ele se virou para encará-la. — Eu sei. Mas isso não significa que eu
tenho que gostar dela indo para o perigo.

— Ela está apenas jantando com seu tio. Um jantar que foi
planejado. Além disso, nós a teremos protegida.

Ele acenou com a cabeça uma vez, não exatamente apaziguado, mas
se sentindo um pouco melhor. Em circunstâncias normais, um deles teria
tentado se infiltrar na casa de Kuznetsov em New Orleans ou na casa de
Marco e plantar um rastreador. Mas Kuznetsov conhecia alguns de seus
rostos e, se descobrisse que Brooks estava envolvido nisso, todos corriam
perigo.

O que Leighton sentia por Lucy era muito confuso. — Eu preciso fazer
uma ligação — disse ele abruptamente, subindo as escadas. Ele precisava
de privacidade para fazer esta ligação.

Ele ligou para Hazel usando o FaceTime em vez de um simples


telefonema porque queria ver o rosto de Hazel quando perguntasse o que
precisava. Ele a conhecia há muito tempo e havia algo a ser dito ao
testemunhar uma reação física.
Hazel atendeu no terceiro toque. — Ei — ela disse, meio sorrindo para
ele. Ela parecia exausta, seu cabelo curto puxado para trás em uma
pequena cauda. Ela estava com uma camiseta azul lisa e seu distintivo
estava preso em volta do pescoço por uma corrente.

— Você está trabalhando agora?

— Estou sempre trabalhando. Até fecharmos este caso, basicamente


não estou dormindo. Obrigado novamente por salvar Maria.

— Ela esta bem? — ele perguntou.

— Eu acho que ela vai ficar. Assim que essa merda acabar, vou achar
algumas coisas para eles, mas eles estão bem onde estão agora.

— Avise-me se precisar de ajuda nessa área. — Porque a equipe não


teria nenhum problema em realocá-la. Embora se Kuznetsov fosse
derrubado, isso não importaria. Eles podem ser capazes de voltar para suas
vidas.

Ela sorriu novamente e balançou a cabeça. — Olha, isso é


importante? Porque se não, eu realmente tenho muito trabalho a fazer.

— Vocês estão perto de derrubá-lo? — Ele não precisou especificar


quem.

Ela simplesmente acenou com a cabeça.

— No próximo dia ou dois?

Ela acenou com a cabeça novamente.

— Você sabia que ele matou os pais de Lucy? — ele perguntou sem
rodeios.

A surpresa com a pergunta cintilou nos olhos de Hazel, mesmo quando


um pouquinho de culpa sangrou. — Onde você ouviu isso?
— Isso não é uma resposta. Você está desviando. Então, vou
interpretar isso como um sim. — Aborrecimento faiscou dentro dele.

Ela esfregou a mão no rosto e suspirou. — Você não precisava saber.

— Acho que posso decidir o que preciso e o que não preciso,


especialmente quando estou lhe fazendo um favor.

— O que isso importa? Eu precisava que você salvasse Maria e você


salvou. A formação de sua sobrinha não é importante.

Bem, era importante para Leighton. — Você sabe que ela não é suja,
certo? Ela não é como seu tio. — Nem mesmo perto.

— Eu sei disso. Mas também sei que às vezes pessoas inocentes são
apanhadas no fogo cruzado.

— Que diabos isso significa?

Ela ergueu um ombro e esfregou a mão no rosto novamente. Quando


ela o fez, o telefone moveu-se ligeiramente e ele percebeu que ela devia
estar em um quarto de hotel. Ele sabia que os Federais haviam colocado os
agentes em algum lugar, mas ela não foi capaz de dizer onde por causa dos
protocolos de segurança. Embora se ele quisesse descobrir, ele tinha
certeza de que Gage poderia descobrir.

— Só estou dizendo que, se não conseguirmos tudo de que


precisamos, tem-se falado sobre pressioná-la a derrubar o tio.

E dizer a ela que Kuznetsov foi quem matou seus pais seria a alavanca
que os federais precisavam para usá-la. Sim, Leighton definitivamente não
gostou do som disso. Mas ele não iria mostrar nenhuma de suas cartas
agora. Ele simplesmente acenou com a cabeça. Hazel havia confirmado o
que ele precisava saber sobre os pais de Lucy. — Boa sorte em derrubá-lo.

— Obrigada — ela disse com aquele meio sorriso novamente. — Falo


com você mais tarde.
Quando ele terminou, ele desceu as escadas para encontrar todos
reunidos na sala de jantar. Logo eles partiriam, mas em turnos para se
certificar de que não fossem seguidos. — Acabei de falar ao telefone com
Hazel — disse ele. — Ela confirmou que Kuznetsov matou os pais de
Lucy. Não tenho nenhum detalhe além do que está no arquivo que o amigo
de Gage deu a ele. Ela também disse que se falou em usar Lucy para
derrubar seu tio. Colocando pressão sobre ela, se necessário.

Isso atraiu um monte de carrancas da equipe. Eles sabiam como os


federais trabalhavam e não gostavam disso mais do que ele.

— Se for preciso, quero ter certeza de que estamos todos na mesma


página. Precisamos ser seu reforço. Se ela precisar de um advogado ou de
chantagear alguém para fazê-los recuar, eu vou fazer isso. — E ele
definitivamente não estava pedindo permissão. Eles haviam obtido uma
tonelada de informações dignas de chantagem em um trabalho um tempo
atrás - um que inadvertidamente envolvia o próprio Kuznetsov.

— Concordo — disse Skye antes que alguém pudesse falar. — Eu


gosto dela. Ela poderia ter apenas fingido que toda essa merda não era real
e voltar para sua vida. Em vez disso, ela está ciente e horrorizada com seu
tio.

Todos os outros concordaram com a cabeça.

Não que ele realmente esperasse menos, mas se sentia


estranhamente protetor com Lucy e faria de tudo para garantir que ela saísse
bem dessa situação.

***

Lucy nunca esteve mais nervosa em toda a sua vida do que


agora. Embora ela tivesse jurado que não se questionaria, ao entrar na
garagem para seis carros da casa de seu tio em New Orleans, ela se
perguntou se estava cometendo um erro. E se ela fosse pega?

Não. A vozinha em sua cabeça disse a ela para calar a boca e apenas
fazer isso. Ugh, quando a vida dela ficou tão complicada?

E por que ela não conseguia parar de pensar em Leighton? Ela não
deveria se sentir atraída por ele. Ela não deveria estar pensando nele, a não
ser em termos do que ela estava fazendo aqui. Em vez disso, ela se viu
ridiculamente atraída por ele, fantasiando sobre ele e suas mãos grandes e
calejadas. O que disse a ela que ela estava seriamente confusa da
cabeça. Claramente ela estava maluca.

Marco sempre estacionava seu carro na garagem quando ele estava


aqui, então ela estava espiando dentro para ver se ele estava lá. Deus, ela
odiava o homem. Ela não deveria estar fazendo isso, não deveria nem
mesmo estar contemplando isso. Mas talvez ajudasse Leighton e seu
pessoal a encontrar Marco mais rápido. Então... ela iria plantar o rastreador
que eles colocaram nela, no carro de Marco.

Leighton provavelmente ficaria todo sexy e mal-humorado se


soubesse o que ela estava fazendo.

Pare de pensar nele. Não era como se houvesse câmeras de


segurança dentro da garagem. Do lado de fora, sim, mas não aqui. Ela sabia,
porque já havia estado na pequena sala de segurança antes.

Com certeza, o carro de Marco estava na garagem, o que muito


provavelmente significava que ele estava aqui. Gage e Leighton disseram
que ele levava um motorista para todos os lugares e talvez isso fosse
verdade. Mas ela só o tinha visto dirigir o Audi até a casa de seu tio. Claro,
suas interações com ele eram poucas e distantes entre si,
felizmente. Sempre que seu tio estava na cidade, ele ficava tão ocupado com
ele que ela raramente via Marco, e apenas aqui.

Antes que ela pudesse se questionar novamente, ela tirou o rastreador


de sua bolsa e correu pela garagem.
Com as palmas das mãos úmidas, Lucy o prendeu na parte de baixo
de um dos poços das rodas. Movendo-se rapidamente, ela correu de volta
para a garagem, esperando ficar basicamente invisível até encontrar seu
tio. Seu coração estava batendo forte e ritmado em seu peito, mas ela
conseguiu. Agora ela só precisava contar a Leighton.

Ao abrir a porta, ela reprimiu um suspiro ao quase trombar com


Gervasi, um dos empregados de seu tio. Ele era grande, russo e intimidante.

— O que você está fazendo? — Ele franziu a testa, varrendo-a da


cabeça aos pés em um olhar avaliador.

Ela retribuiu a carranca dele com uma própria, certificando-se de


bancar a sobrinha arrogante com perfeição. — Com licença? Não posso
entrar na garagem do meu tio?

Seus olhos se arregalaram ligeiramente e ele deu um passo para


trás. — Não não. Isso não foi o que eu quis dizer.

Ela sorriu educadamente e passou por ele, dispensando-o com uma


pequena fungada irritada, embora essa não fosse nem remotamente sua
personalidade. Seu coração batia descontroladamente enquanto ela se
afastava dele. Ela correu um risco esta noite e esperava que valesse a pena.

O medo floresceu em seu peito enquanto ela se perguntava o que


aconteceria se Marco encontrasse o rastreador. Ou se seu tio descobrisse
que ela o colocou no veículo de Marco? Todas as perguntas que ela não
conseguia responder. Sem falar que poucas pessoas tinham acesso a essa
garagem e agora havia uma testemunha que a viu saindo dela. Droga, talvez
ela devesse ter pensado mais sobre isso.

Com o coração batendo forte, ela forçou um sorriso ao entrar na


cozinha. Seu tio estava onde ele disse que estaria. Ele não queria comer na
sala de jantar formal, mas na ilha central da cozinha ampla. O que estava
bom para ela.

Ela sorriu brilhantemente e cruzou o azulejo até ele, seus saltos


clicando alto. Ela o beijou nas duas bochechas enquanto ele sorria para ela,
seus olhos azuis claros ilegíveis. Seu cabelo loiro estava cortado curto como
de costume e ele usava um terno feito sob medida. Como de costume. Ele
parecia bastante normal.

— Você está parecendo bem — disse ele, o mais leve indício de um


sotaque em sua voz. Ele trabalhou muito para perder aquele sotaque quando
lhe agradava.

Seu pai era do mesmo jeito, embora nunca tivesse perdido o


controle. Sua mãe, uma imigrante cubana, também nunca havia perdido o
dela. Lucy fechou a tampa sobre os pensamentos de seus pais agora, no
entanto.

— Eu deveria, utilizo o spa do hotel sempre que posso. — ela disse


provocativamente.

Ele olhou para seu chef pessoal. — Você pode nos deixar agora. —
ele disse categoricamente. Seu tom era tão diferente do que ele usava com
ela ou com sua filha. Não havia calor, nem civilidade. Com o filho, ele era
nominalmente mais caloroso, mas não muito.

Na verdade, ela percebeu que ele sempre era gentil com ela ou
Liliana. Ela se perguntou tantas coisas sobre ele agora. Se os arquivos que
ela leu eram verdadeiros. Seu estômago estava revirado por dentro, mas ela
iria se forçar a comer esta noite, não importava o que acontecesse.

— Você gostaria de tomar uma taça de vinho? — Ele se dirigiu ao


étouffée de lagostim com arroz que o chef havia preparado, onde uma
garrafa de Beaujolais o esperava.

— Eu gostaria de um copo, mas já que estou dirigindo, vou passar esta


noite. — Ela já estava nervosa o suficiente, ela não precisava adicionar
álcool ao seu sistema.

Mas ele acenou com a mão uma vez no ar. — Uma não tem problema.
— E foi isso.
Quando ele se decidia sobre algo, sempre era visto como
resolvido. Ela nunca realmente recuou.

— Você ficará feliz em saber que a investigação foi oficialmente


encerrada. — Seu tio puxou duas tigelas de um dos armários e começou a
despejar o étouffée no arroz.

— Sério? — Isso pareceu rápido.

— Sim. Atkins estava trabalhando sozinho. Achando que ele poderia


ganhar algum dinheiro extra. — Seu tio balançou a cabeça como se
estivesse enojado com a ideia. — Ele é um tolo. E ele nunca mais trabalhará
nesta cidade. Não que isso importe. Parece que ele saiu da cidade. —
acrescentou.

Lucy sabia que isso não era verdade e não havia razão para seu tio
mentir para ela - a menos que ele estivesse encobrindo algo. — Bom. Odeio
a ideia de algo assim no nosso hotel. É nojento. — acrescentou ela,
observando para ver se ele reagia.

Mas ele não fez isso. Em vez disso, ele serviu comida nas tigelas e fez
sinal para que ela se sentasse na ilha. — Sente-se, sente-se. Eu sei que você
tem trabalhado muito.

— Não mais do que você — disse ela no que esperava ser uma forma
provocante, mas seus movimentos pareciam rígidos e frágeis. Se ele
percebeu, não deixou transparecer.

Ela se forçou a respirar fundo. Ela poderia fazer isso. Seu tio não iria
machucá-la de qualquer maneira. Certo? Uma semana atrás, ela saberia a
resposta para isso, mas agora ela não tinha certeza de nada.

— Também descobrimos o problema do sistema de segurança. É


apenas uma falha, algo que deveria ter sido corrigido durante a última
atualização de segurança.
— Sério? — Ela pegou a taça de vinho que ele estendeu para
ela. Mesmo que ela não quisesse nenhum álcool em seu sistema, o vinho
tinto era suave como o mel.

— Sim. E já demiti o pessoal de TI que deveria ter resolvido esse


problema antes. Portanto, não deve haver mais problemas.

— Bom.

— Então, Marco parece pensar que você conhece o Sr. Johnson mais
do que deixa transparecer. Há algo que eu deva saber?

— Marco não sabe de nada — ela retrucou. — Eu não entendo por


que você o deixou ficar no The Sapphire. Ele é chato.

Seu tio ergueu uma sobrancelha em verdadeira


surpresa. Provavelmente porque ela nunca revelou o quanto a presença de
Marco a incomodava. — Você não se importa com ele?

Ela ergueu um ombro. — Na verdade. Ele é mandão, arrogante e fica


no meu caminho. Ele fala comigo como se eu não tivesse células cerebrais.
— E o idiota gostava de chamá-la de princesa de vez em quando.

Seu tio estendeu a mão e deu um tapinha em sua mão uma vez. O
gesto pareceu condescendente. — Ele tem boas intenções.

O inferno que ele tem. Em vez de retornar ao tópico de Marco, ela


disse: — Então, você pensou mais sobre o Natal? — Lucy sabia que esse
era o único tópico que certamente tiraria da cabeça de seu tio Marco e
‘Spencer Johnson’.

Sua boca se contraiu em uma linha fina enquanto ele espetava um


pedaço de salmão com o garfo. — Achei que esse tópico estava encerrado.

— Não. Não está. Liliana quer voltar para casa no Natal. Ou para ficar
comigo. E não vou dizer à minha prima que ela não pode estar aqui nas
férias. Uma prima que é mais como uma irmã para mim.

— Veremos, veremos.
Ela sabia exatamente o que seu ‘veremos’ significava, mas neste
ponto ela estava apenas puxando conversa para mantê-lo distraído de
outros tópicos sobre os quais ela definitivamente não queria falar.

Assim que ela saiu, ela precisava ligar para Leighton e dizer a ele que
ela colocou o rastreador. Ele pode ficar bravo no começo, mas o que estava
feito, estava feito. Ela não tinha certeza se isso faria algum bem, mas ver o
veículo de Marco na garagem disse a ela que ele definitivamente estava
aqui. E ele estava ficando fora de vista, claramente. Porque normalmente ele
sempre aparecia quando ela estava com seu tio. Então ele deve estar
evitando ela. Talvez ela estivesse errada, mas seu instinto dizia que ele
provavelmente a estaria evitando depois da outra noite.
Você não deveria ter acontecido.

Lucy encostou-se à porta da frente e respirou fundo. Esta noite tinha


acabado... bem, ela não tinha certeza. As coisas pareciam bastante normais
com seu tio, mas ela estava questionando tudo. Especialmente desde que
ela tomou a decisão de plantar aquele rastreador.

Gemendo para si mesma, ela tirou os Manolos vermelhos brilhantes


antes de pendurar o casaco na porta. Ela mandou uma mensagem para
Leighton, simplesmente dizendo a ele que havia plantado o rastreador no
veículo de Marco. Ele não respondeu e agora ela não tinha certeza se
deveria ligar para ele ou o quê.

Quando ela entrou na cozinha, ela quase gritou ao encontrar Leighton


sentado lá, todo frio como gelo.

— Desculpe — ele murmurou, se levantando. E ele realmente parecia


se desculpar.

— O que você está fazendo? — Ela não hesitou desta vez. Ela não
tinha medo dele. Talvez ela devesse ter, mas... ela estava indo com seu
instinto nisso. Claro, seu instinto não disparou nenhum alarme no que dizia
respeito a seu tio, então talvez ela devesse verificar isso.

— Eu recebi sua mensagem. Eu estava preocupado.

Revirando os olhos, ela foi até a geladeira e pegou uma garrafa de


água. — Bem, não fique. Não vou contar nada ao meu tio.

— Eu quis dizer que estava preocupado com você. — Sua expressão


era tão sincera, aqueles olhos assombrados observando-a com atenção. —
O que você fez foi perigoso.
— Oh. — Ela brincou com a garrafa, sem saber o que dizer. — Achei
que você pudesse estar zangado com isso.

— Eu estou. Eu odeio que você se coloque em perigo assim.

Oh. Ela mordeu o lábio inferior, sem saber como responder à sua
honestidade.

— Como foram as coisas com o seu tio? — ele perguntou e um pouco


da tensão em seus ombros diminuiu.

— Ok, eu acho. Eu... eu reconsiderei minha decisão de plantar o


rastreador no carro de Marco — ela admitiu, se aproximando da ilha. Ela
largou a garrafa enquanto se encostava nela. Os nervos ainda agitavam-se
através dela, deixando-a nervosa.

Leighton soltou uma maldição baixa e se aproximou. Então ele fez uma
pausa e agarrou uma das cadeiras de encosto alto. — Sente.

Por algum motivo, não parecia um pedido, mas sim uma


ordem. Felizmente, ela se sentou e ficou feliz quando ele também se
sentou. O homem era tão alto que era mais fácil falar com ele quando eles
estavam mais no mesmo nível.

— Alguém viu você?

— Não. Talvez.

Seu corpo inteiro ficou tenso quando ele entrou no que ela considerava
um modo predador. — Talvez?

— Sim. — Lucy rapidamente retransmitiu o que havia acontecido e


não recuou quando ele pegou as mãos dela como se fosse a coisa mais
natural do mundo.

— Eu não gosto disso.


— Bem, o que está feito está feito. Meu tio me empurrou um pouco em
'Spencer', mas principalmente o deixou para lá. Nós conversamos
principalmente sobre coisas de família.

— Coisas de familia?

Ela assentiu, mas não mencionou Liliana. Ela nunca faria isso.

— Como a filha dele?

Ela congelou. — Com licença?

— Nós sabemos que ele tem uma filha. E nunca machucamos uma
criança. Nunca. Ele é o monstro, mas isso não significa que sua família deva
pagar por tudo o que ele fez. Ele merece ir para a cadeia pelo que fez.

Ela acenou com a cabeça, pensando em um dos arquivos que leu. —


Ele realmente merece.

— Lamento que você esteja nesta posição. Sinto muito... eu arrastei


você para isso. — Leighton segurou seu rosto e enxugou suavemente sua
bochecha.

E ela percebeu que algumas lágrimas escorreram. Caramba, ela nem


sabia que estava chorando. Tudo isso era demais para lidar, no entanto.

Então, de repente, sua boca estava na dela, doce e provocante.

Ah não. Isso não era bom.

Ela se inclinou para ele, surpresa com o sabor de hortelã enquanto sua
língua brincava com a dela. O calor floresceu dentro dela quando a mão dele
deslizou para trás, segurando sua cabeça agora.

O que ela estava fazendo? O que ele estava fazendo?

Ela recuou de repente e ele a deixou, embora ele estivesse respirando


tão forte quanto ela. — Você não precisa me seduzir. — ela murmurou, com
raiva de si mesma por ter sido pega no momento.
Ele piscou, confuso. — O que?

— Já plantei o rastreador e não vou dizer nada a ninguém.

— Eu beijei você porque eu queria. Mesmo sabendo que não


deveria. Eu beijei você porque é tudo em que pensei desde que te conheci,
mesmo quando pensei que você era uma criminosa como seu tio.

Oh. Bem então. Ela nervosamente mordeu o lábio inferior e ficou


surpresa quando o olhar dele pousou nele.

Ele soltou um gemido baixo. — Eu realmente quero fazer você gozar.

Ela estremeceu com sua ousadia. — Você acabou de dizer isso?

Ele gemeu e rosnou novamente quando seu olhar pousou em sua


boca. Novamente. — Sim. Eu quero provar sua boceta ...

Ela agarrou sua camisa, puxando seu rosto para o dela apenas para
calá-lo. Ok, era beijá-lo sem sentido. Ela nunca tinha estado com ninguém
que tinha uma conversa suja e ela realmente gostou disso. Mesmo que isso
a fizesse se sentir inexperiente e indisposta.

Ele assumiu imediatamente, mudando ligeiramente para que ficasse


entre as pernas dela, mesmo enquanto continuava a beijá-la. Ou dominar
sua boca era mais apropriado.

Ele a envolveu em seus braços, segurando-a perto enquanto brincava


com sua língua, aprendendo do que ela gostava. Ela gemeu em sua boca,
sua respiração ficando mais áspera quando ele deslizou a mão por suas
costas, segurando sua bunda.

Quando ele disse que queria prová-la, ele não quis dizer agora. Ele
quis? Até o pensamento dele caindo sobre ela, de ver sua cabeça escura
entre suas pernas, a deixou mais do que quente e incomodada. O calor
explodiu dentro dela, o calor fluindo entre suas pernas enquanto ela se
contorcia contra ele.
Ele se afastou ligeiramente, beliscando sua mandíbula. Seus mamilos
enrijeceram com força quando ele beliscou novamente.

— Aonde você foi agora? — ele perguntou.

— Hmm? — Ela não estava muito além de falar, mas ela estava
chegando lá. Ela não queria falar agora. E ela definitivamente não queria
pensar. Porque então ela ficaria presa em sua cabeça. Então ela começaria
a duvidar de si mesma e agora ela realmente, realmente queria apenas
sentir. Para experimentar o que quer que fosse acontecer com Leighton.

— Algo deixou você excitada — ele murmurou, mordendo o lóbulo da


orelha dela agora. — Algo mais do que apenas meus beijos.

— Deus, você é um falador — ela murmurou, fazendo-o rir.

Ele se afastou um pouco, observando-a atentamente. Foi seriamente


enervante, especialmente porque ela podia imaginá-lo olhando para ela
assim enquanto ele estava empurrando dentro dela. Oh Deus, esse
pensamento a fez se contorcer também.

— Você acabou de ir para outro lugar novamente. O que você está


pensando?

— Nada.

Ele simplesmente ergueu uma sobrancelha e voltou a mordiscar seu


queixo. Ela cravou os dedos em seus ombros, arqueando-se contra ele
quando ele a ergueu sobre a bancada.

— Se você não vai me contar, terei apenas que adivinhar o que você
quer. — Suas palavras eram tão sensuais quanto o olhar faminto em seus
olhos. Ele começou a puxar a saia dela para cima, mas parou. — Posso?

Ela deveria dizer não, mas ela realmente, realmente queria deixar isso
ir para onde quer que fosse. Ela se arrependeria disso mais tarde? Pode
ser. Mas ela nunca saberia se ela não o deixasse ir. — Sim. — A palavra foi
um sussurro, mas não houve hesitação.
— Paramos se você disser para parar. — Então ele se inclinou para
frente ao mesmo tempo que ela, provocando-a com aquela língua perversa
enquanto empurrava sua saia para cima e sobre seus quadris.

A bancada estava fria contra sua bunda, fazendo-a


estremecer. Quando ele estendeu a mão para o tecido frágil de sua calcinha,
ela estremeceu novamente.

Ele mal tirou a boca da dela enquanto a puxava para baixo e para
longe, jogando-a para o lado. Ainda a beijando, ele segurou seu monte
suavemente, não penetrando.

Tudo neste momento foi emocionante. Era estranho e seriamente


quente estar meio vestida com ele segurando-a assim. Seus mamilos eram
pontos apertados contra os bojos do sutiã, hipersensibilizados mais do que
nunca. Todos os seus músculos estavam tensos enquanto se beijavam,
enquanto ela esperava por ... algo mais.

Algo como ele deslizando aquele dedo grosso e calejado dentro


dela. Quando ele fez exatamente isso, ela gemeu em sua boca. Ele se sentia
tão bem e ela estava tão molhada.

Ela podia admitir que estava nervosa e questionando sua decisão


agora. Mas não o suficiente para parar. Nada poderia detê-la agora.

Sentindo-se ousada, ela deslizou as mãos pelo peito dele, desejando


poder sentir toda aquela extensão de músculos sob as pontas dos
dedos. Que não havia barreira entre eles, que estavam pele a pele. Ela
vagou as mãos sobre ele, ávida por sentir cada centímetro. Com uma mão,
ela continuou mais para baixo, não parando até que ela cobriu sua ereção
muito impressionante.

Nossa. Impressionante era a única palavra para isso.

Ele se sacudiu contra seu aperto, afastando sua boca da dela. Ele
colocou a mão livre sobre a dela, parando-a. — Eu quero que você me toque
em todos os lugares. — ele disse asperamente, como se mal conseguisse
se controlar. — Mas agora eu preciso tocar em você.
— Podemos fazer isso os dois.

— Estou no fio da navalha agora, linda.

Ela se aqueceu com o carinho, sua respiração engatou enquanto ele


começava a se ajoelhar na frente dela. Oh Deus, ele pretendia ... Oh, ele
queria.

Ele olhou para a junção de suas coxas abertas como se quisesse


devorá-la. — Eu amo que você esteja nua. — Ele fez aquela coisa de rosnar
novamente.

Ela não tinha tempo para lidar com a preparação, então era depilada
regularmente. Mas isso não importava. Nada mudou, exceto o jeito que ele
estava olhando para ela como se ele pudesse morrer se não a
provasse. Este deveria ser o momento mais quente de sua vida. Ninguém
nunca tinha olhado para ela assim. Como se ela fosse a única coisa que
importasse.

Mas este homem, este estranho virtual que a assustou e a excitou ao


mesmo tempo, tinha todas as suas terminações nervosas formigando,
pronto para ele...

Ele se inclinou para frente, sacudindo a língua ao longo de suas


dobras, e ela perdeu toda a capacidade de pensar.

Ele rosnou contra suas dobras lisas, provocando-os quando ela caiu
de costas contra o balcão, espalhando-se mais para ele. Seus pés cravaram
em suas costas quando ele deslizou dois dedos dentro dela, comendo-a
enquanto acariciava seu clitóris.

— Sim — ela conseguiu dizer. — Sim Sim. — Era perfeito. Quase. A


pressão estava tão perto que ela não aguentou.

Ela não deveria estar perto do clímax. Até mesmo pensar nisso era
uma loucura. Mas seu corpo estava preparado enquanto ela oscilava à beira
do orgasmo.
Sua língua. Seus dedos. Sua boca sexy e suja. Era demais,
culminando dentro dela.

— Seu gosto — ele rosnou contra ela com aquela voz sexy que a fez
querer despi-lo e prová-lo.

Quando ele começou a mover os dedos mais rápido e aumentou a


pressão em seu clitóris um pouco mais, seus quadris arquearam para fora
da bancada.

Com uma mão firme, ele estendeu a mão, pressionou seu abdômen
para baixo, mantendo-a no lugar enquanto continuava a provocá-la e torturá-
la. Logo era demais. Seu orgasmo bateu forte e rápido, seu corpo inteiro
reagindo com o prazer.

Muito. Muito. Prazer.

Suas paredes internas se apertaram em torno de seus dedos quando


ela gozou. Mesmo se ela quisesse, não havia como se controlar enquanto
ela se contorcia contra seu rosto e dedos. Na bancada da cozinha.

Ela não podia acreditar que estava fazendo isso. E ela gostou. Risca
isso. Amou.

Eventualmente, seu orgasmo começou a retroceder, pequenos pontos


de prazer percorrendo todo o seu corpo quando ele ergueu a cabeça. Ela
estava muito fraca para se mover, simplesmente rindo levemente enquanto
ele a puxava para perto dele.

Ele a beijou enquanto ela ria levemente, tornando este o segundo


momento mais quente de sua vida. Tudo nele era tão cru e sem filtros que
estava fazendo seu cérebro ficar confuso. Onde este homem esteve toda a
sua vida?

Mesmo quando ela começou a alcançar sua ereção novamente, ele


estava puxando sua saia para baixo. — O que você está fazendo? — ela
murmurou.

— Eu disse que queria que você gozasse.


Ele também disse que queria provar sua boceta. Embora devesse ser
impossível, mais calor a inundou enquanto ela repetia aquelas palavras
rosnadas sexualmente em sua cabeça.

— Eu quero que você goze também.

— Eu irei ... mais tarde. Eu queria isso para você.

Ela piscou. — Por que não posso fazer você gozar?

Ele gemeu, encostando sua testa na dela. — Porque eu não quero que
você se arrependa de nada. E sim, eu sei que você é capaz de tomar suas
próprias decisões e sabe o que quer. Mas... eu não suporto a ideia de você
se arrepender de alguma coisa.

Ela sabia que não iria. Ou ela esperava que ela não fizesse. Ela meio
que mergulhou de cabeça nessa coisa com ele, embora não tivesse ideia de
onde as coisas levariam. Mesmo assim, ela não achava que se arrependeria
de nada disso. — Eu não quero que você vá. — ela deixou escapar,
surpresa consigo mesma. Ela parecia tão vulnerável e carente e não era
ela. Normalmente não. Mas algumas de suas paredes haviam rachado e ela
se descobriu sendo brutalmente honesta.

— Eu não vou a lugar nenhum. — ele murmurou, levantando-a da


bancada.

— Você vai ficar?

— A noite toda.

Surpresa, mas satisfeita, ela se aninhou contra ele enquanto ele a


carregava para a sala de estar. Ela não tinha certeza do que ele pretendia
pelo resto da noite e descobriu que não se importava.

Enquanto ele ficasse.


Às vezes, a verdade é uma merda.

Leighton manteve Lucy perto dele - em seu colo - enquanto eles se


sentavam em sua sala de estar. Seu condomínio era luxuoso e em uma
localização privilegiada. Com um painel de janelas voltadas para New
Orleans – as janelas estavam cobertas com cortinas do chão ao teto - uma
lareira falsa, móveis de cores vivas e detalhes ecléticos, o lugar parecia com
ela. Brilhante e cheio de vida.

— Eu acho que você deveria reconsiderar me deixar fazer você gozar.


— ela murmurou, pegando um pequeno controle remoto. Ela apertou alguns
botões e, um momento depois, a lareira acendeu-se e a música jazz suave
fluiu de alto-falantes ocultos.

Ele gemeu com as palavras dela, enterrando o rosto em seu


pescoço. Sim, talvez ele devesse.

Quando ele não respondeu, ela continuou. — Você vai me contar mais
sobre você? O verdadeiro você. Não o arquivo falso que tenho sobre
Spencer Johnson. Ou... estou assumindo que esses detalhes eram falsos.

Ele bufou suavemente. — Sim, essa informação é falsa. — Ela


resistiria ao exame minucioso e ele tinha certeza de que o tio dela estava se
divertindo muito tentando descobrir quem Spencer Johnson realmente
era. Boa sorte na caça, idiota.

— Então vamos.

Ele se sentia estranho falando sobre si mesmo. — Tudo bem. Eu


cresci... na Carolina do Sul. — Ele não ia dar a ela o nome de sua cidade
natal ainda. Isso o ligava a Brooks - e se algo acontecesse e Lucy fosse
questionada por seu tio, ele não queria essa conexão lá fora. — Entrei para
os fuzileiros navais assim que pude. Estive lá por doze anos. Sai há alguns
anos.
— Por quê? — Ela o observou com seus grandes olhos, seu cabelo
escuro enrolado em torno de seu rosto e ombros em ondas suaves.

Eles não deveriam estar falando. Ele deveria estar beijando-a sem
sentido, levando-a bem aqui na frente da lareira. Inferno, até mesmo pensar
nisso o deixava duro de novo. Mas tudo o que ele precisava fazer era pensar
sobre o motivo pelo qual ele saiu dos fuzileiros navais e qualquer desejo
murchar. Ele fechou os olhos, suspirando.

— Você não precisa me dizer. — A voz dela era tão gentil quanto a
mão que segurou sua bochecha.

Ele cobriu a mão dela, segurou-a perto por um longo momento. — Eu


quero. Eu quero que você conheça meu verdadeiro eu. Não aquele disfarce
de idiota do fundo fiduciário.

Ela riu baixinho. — Spencer Johnson não era um idiota.

Leighton ergueu um ombro. — Bem, ele não era eu. Eu… saí dos
fuzileiros navais não por um motivo. Não... especificamente, exatamente.

— Está tudo bem se você não quiser me contar.

Mas ele queria. Ele estava apenas tendo problemas para pronunciar
as palavras. — Depois de um tempo, comecei a me sentir esgotado, eu
acho. Apenas, cansado o tempo todo. Eu amo os caras com quem servi e
sempre pensei que seria um sobrevivente. Acho que depois de tantas
turnês, fiquei exausto. Mas eu não percebi na época.

Depois que ele começou a falar, era como se ele não pudesse parar. E
ela apenas ficou lá, ouvindo pacientemente enquanto se aninhava em seu
colo.

— Havia essa missão. Não posso te dizer onde ou quaisquer detalhes,


mas foi no exterior. Estávamos procurando um alvo de alto valor. Ele tinha
as informações de que precisávamos. Estávamos vigiando esta vila e... sem
entrar em todos os detalhes, a merda foi para o lado. Pessoas morreram.
— Ele pigarreou. — Crianças morreram. — Fechando os olhos, ele se
inclinou para ela, respirando seu perfume de baunilha. — Não foi a primeira
vez que lidei com isso. Por alguma razão, essa operação me atingiu de forma
errada. Após a operação, vi algumas das fotos do rescaldo. Havia uma
imagem de um ursinho de pelúcia carbonizado sem um olho...

Ele respirou fundo e olhou para ela, tentando forçar as palavras a


saírem.

— Até aquele dia, eu sempre fui capaz de compartimentar as


coisas. Ou foi o que eu disse a mim mesmo. Então, tentei dizer a mim mesmo
que a foto era um ursinho de pelúcia. Mas... não era. — Ele não poderia
forçar o resto para fora. Não conseguia expressar em voz alta a mentira que
disse a si mesmo para que ainda pudesse funcionar.

Mas ela não precisava que ele terminasse. — Oh. Oh. — ela repetiu,
puxando-o para um abraço. — Eu sinto muito.

Ele simplesmente se inclinou contra ela, respirando seu perfume


inebriante. Ser segurado por ela o deixou de castigo por algum motivo. —
Eu nunca disse isso a ninguém.

Ela o abraçou com mais força.

Ele encostou a bochecha na dela. — No final, o resultado que


precisávamos dessa missão foi um fracasso. — E mais pessoas inocentes
morreram. Ele deixou essa parte de fora, não querendo sobrecarregá-la com
mais nada. Afastando-se, ele continuou. — É estranho. Aquele dia nem foi a
pior operação em que já estive. Mas algo sobre isso me mudou. — Jesus,
ele era como uma peneira aqui, despejando suas entranhas, mas ele não
conseguia se conter. — Você é uma boa ouvinte. — ele murmurou.

Ela deu a ele um sorriso suave e felizmente não havia piedade em seu
olhar. Apenas compreensão. Ela se inclinou para frente e roçou os lábios nos
dele uma vez. — Tudo o que você passou provavelmente apenas se
acumulou naquele dia. Todas aquelas coisas que você pensou que estava
compartimentando? Se derramaram. Só podemos manter nossos demônios
afastados por um certo tempo.
— Você é muito esperta, Luciana. — Ele gostava de dizer o nome
completo dela.

Ela gostou também, se a forma como suas bochechas ficaram rosadas


fosse qualquer indicação. — Ninguém nunca me chama assim.

— É sexy... Você é sexy. — Esse era o eufemismo do século. Ela era


essa mulher adorável, doce e sexy sobre a qual ele queria saber tudo. Ele
queria descascar todas as suas camadas.

— Então assim como você.

Ele apenas grunhiu, o que a fez sorrir. — Agora é a sua vez de me


contar mais.

— Bem... tenho certeza que você tem um arquivo sobre mim, já que
você e sua equipe, ah... pesquisaram meu tio, eu acho?

Sentindo-se culpado, ele acenou com a cabeça. — Sim. Mas eu quero


o que não posso saber de um arquivo.

— Isso é justo. — Ela pigarreou. — Eu acho que você sabe sobre


meus pais?

— Eu sei. Se doer demais...

— Dói, mas tenho muitas boas lembranças deles sobre as quais nunca
consigo falar. Antes... antes de morrerem, ah, meus pais eram realmente
ótimos pais. Incríveis, na verdade. Tentei meia dúzia de instrumentos
musicais antes de perceber que o piano era a única coisa para a qual eu
tinha um talento real - tudo isso antes dos meus dez anos. E eles nunca me
causaram dor. Fiz a mesma coisa com os esportes, tentando descobrir do
que gostava. Acontece que não sou muito boa nos esportes coletivos. Eles
me deixaram descobrir o que eu queria sem ser agressivos. Posso admitir
que fui um pouco mimada por eles. Meu pai me levava para um 'encontro'
uma vez por semana, apenas ele e sua filha. Ele também saía com minha
mãe uma vez por semana, depois nós todos juntos. E sempre tínhamos jogos
noturnos de sexta à noite. Ele estava dando seu tempo. Ambos estavam.
— Parece que ele amava vocês duas.

— Ele amava. Não... nunca houve qualquer indício de algo


errado. Nunca. Às vezes, meu pai franzia a testa quando outro homem
olhava para minha mãe por muito tempo. Ou flertava com ela. E ela apenas
batia no peito dele e dizia 'Andrei, você acha que todo homem flerta comigo',
e ele respondia com algo como 'Não posso culpá-los, você é a mulher mais
bonita do mundo'. Minha mãe ria e balançava a cabeça, mas eu sabia que
ela gostava. Minha mãe não trabalhava fora de casa, mas ele sempre dizia
que se ela quisesse, ela poderia. Dos dois, minha mãe era muito mais
tradicional. Ela provavelmente ficaria chateada comigo por quanto eu
trabalho. Embora eu ache que meu pai ficaria orgulhoso. — Suspirando, ela
deitou a cabeça em seu ombro. — Faz muito tempo que não falo sobre
eles. Depois que eles morreram, eu simplesmente me fechei completamente
no que dizia respeito a eles.

— Obrigado por me dizer.

— Você também é um bom ouvinte, ao que parece. — Ela suspirou


enquanto os dois assistiam o crepitar do fogo falso na frente deles.

— Que tal crescer com seu tio? Ele foi... bom para você?

— Sabendo o que eu sei agora, parece estranho dizer isso, mas


sim. Ele não estava nem perto de como meus pais eram. Não é amoroso ou
emocional. Mas ele me deu tudo e qualquer coisa que eu poderia ter
desejado. Ele me mandou para um colégio interno, garantiu que eu tivesse
a melhor educação e pudesse tirar férias em qualquer lugar que eu
quisesse. Ele cuidou da minha herança e não abusou dela. Ele realmente
ajudou a crescer. Mas ele não era meus pais. Vou soar como 'pobre menina
rica' aqui, mas ele não me deu o que eu precisava. O que qualquer criança
precisa. Amor e carinho. Sempre me esforcei para ter sua aprovação. — Ela
bufou zombeteiramente. — Agora isso parece ridículo. O que o tio Alexei
pensa não importa. — ela murmurou.

— Você é uma mulher extraordinária.

— Hum.
Ele a puxou para mais perto, descansando sua bochecha no topo de
sua cabeça enquanto os dois se enrolavam no sofá. Depois de um tempo,
ela mudou ligeiramente, se acomodando mais contra ele. Ela não parecia
precisar de mais palavras e ele estava bem com o silêncio. Com Lucy, era
confortável, parecia certo.

Ele não tinha certeza de quanto tempo se passou, mas logo ela
cochilou, aconchegando-se contra ele ainda mais perto. Ela deve saber que
está segura com ele. O que ela estava.

A única coisa que ele sabia, sem dúvida, era que iria mantê-la segura,
não importava o que custasse. Ele só não tinha certeza se deveria contar a
ela tudo o que sabia.

Que seu tio muito provavelmente matou seus pais, deixando-a


órfã. Depois do que ela disse a ele sobre seus pais, combinado com as
informações que Gage tinha obtido, parecia ainda mais provável que seus
pais tivessem sido mortos pelo homem que a criou.
O café não resolverá todos os seus problemas, mas é um bom começo.

Lucy abriu os olhos, surpresa por se encontrar na cama - com seu


vestido amarrotado. A última coisa que ela se lembrava era de se aninhar
em Leighton no sofá depois de desnudar sua alma para ele. Ele deve tê-la
carregado aqui. E ela devia estar cansada até os ossos para não se lembrar
disso. Mais como emocionalmente esgotada e pronta para dormir por uma
semana.

Sentando-se, ela se espreguiçou, olhando ao redor de seu quarto. Não


havia sinais dele. Ele provavelmente tinha ido embora. O que... bom. Ela não
ia ficar taciturna com isso.

Ela não estava.

Porcaria. Balançando as pernas para o lado da cama, ela começou a


se despir. Seu vestido definitivamente precisava ser lavado a seco e ela
precisava de café. Agarrando seu robe favorito de seda rosa e preto nas
costas de sua cadeira estofada perto da janela com vista para o centro da
cidade, ela se dirigiu para a cozinha.

E encontrou Leighton sentado na ilha, olhando para algo em seu


telefone. Ah, e ele estava totalmente sem camisa.

O que era praticamente tudo em que ela conseguia se concentrar


enquanto olhava para ele. Seu peito era largo, musculoso e marcado com
pequenas cicatrizes, algumas desbotadas com o tempo, outras mais
rosadas, indicando que as tinha adquirido mais recentemente. Ela não tinha
certeza do que ele fazia para viver, não realmente, mas claramente era muito
perigoso.

— Achei que você tivesse ido embora — ela murmurou, entrando na


cozinha.
A luz natural era filtrada das janelas altas e retangulares que se
alinhavam na parede leste da sala. Ela estava muito acima para qualquer um
dos prédios vizinhos ver, permitindo que ela desfrutasse de privacidade e
muita luz.

Ele franziu a testa enquanto se afastava da cadeira. — Eu não estou


deixando você.

Havia algo sobre a maneira como ele disse essas palavras que soou
direto em seu coração. Mas ela empurrou esses sentimentos para
longe. Pessoas iam embora. Era simplesmente assim que a vida era. Nada
era permanente. — Hmm. Estou sentindo cheiro de café?

Meio sorrindo, ele contornou a bancada e roçou os lábios nos dela,


seu beijo doce e possessivo ao mesmo tempo. — Vou preparar uma xícara
para você — murmurou ele, recuando. Algo nele parecia quase tenso esta
manhã.

— Tudo certo? — ela perguntou, sentando na ilha. Ela sorriu para sua
camisa cuidadosamente dobrada na bancada. Ele deve ter dormido no sofá
ou no quarto de hóspedes dela.

Ele estava de costas para ela, os ombros tensos enquanto ele soltava
uma espécie de grunhido. O que definitivamente não era uma
resposta. Talvez ele tenha se arrependido do que eles fizeram na noite
anterior.

O pensamento a fez gelar por dentro, porque ela certamente gostou. E


queria mais. Não que ela devesse estar pensando nisso. Quando ela avistou
um pouco da cor de... algo sob a camisa dobrada de Leighton, ela estendeu
a mão e empurrou a camisa dele para fora do caminho. Havia outro arquivo
embaixo dele. Este era diferente dos que ele deu a ela. A pasta em si era
esverdeada, mais velha e desbotada.

— Ah... — Ele colocou uma xícara de café e uma garrafa de creme


na frente dela e gentilmente moveu o arquivo para fora de seu alcance. —
Eu não tinha certeza de quanto creme você queria.
— O que há no arquivo? E de onde veio isso? — ela perguntou
enquanto começava a preparar seu café do jeito que ela gostava. Ela se
encontrou corando quando seu olhar mergulhou para a abertura no topo de
seu robe. O homem tinha feito ela ter um orgasmo na noite passada,
enterrou o rosto entre suas pernas e a provocou até que ela gozasse. Ela
não deveria estar corando com um olhar acalorado.

— Ah. Gage largou isso. — Ele parecia mais do que apenas um pouco
desconfortável quando pegou sua própria caneca e tomou um longo gole de
seu café.

— Bem, isso não responde à minha outra pergunta. — Quando ele


não respondeu, ela suspirou. — Se você não quiser me dizer, tudo bem.
— Ela não iria empurrar. Lucy tinha tantas coisas em seu colo agora, a
maioria das quais ela não queria lidar. Ela não tinha certeza se poderia lidar
com mais.

— Não é isso. Simplesmente não sei se devo lhe contar. — Ele


esfregou a mão no rosto, a tensão irradiando dele de uma forma que não
podia ser fingida.

Seu radar começou a pingar. — Eu deveria ficar assustada? O que


está acontecendo?

— Não com medo. É .. há algo neste arquivo que vai machucar


você. Não fisicamente. Eu só... não sei se você precisa das informações.

Ela franziu o cenho. — Não gosto que tomem decisões por mim.

— E eu não quero fazer isso com você. Depois de ontem à noite, não
quero segredos entre nós. Não mais do que o necessário. — acrescentou.

— É sobre meu tio? Essas meninas?

— Seu tio. E os seus pais.

O medo se estabeleceu dentro dela, suas raízes se espalhando com


pequenas punhaladas raivosas. — Meus pais?
— Sim. — Sua mandíbula estava tensa, seus olhos escuros cheios de
preocupação.

— Meus pais estão mortos. — Algo que ele sabia muito bem antes
mesmo de sua confissão na noite anterior. As palavras saíram afetadas
quando pedaços de gelo se romperam em suas veias. O que ele poderia ter
para dizer a ela?

— Eu sei o que você pensou durante toda a sua vida. E o relatório


oficial da polícia confirma isso.

Ela piscou com suas palavras. — Deixe-me ver o arquivo.

Sua mandíbula cerrou novamente, mas ele o puxou e deslizou para


ela. — Sinto muito — disse ele simplesmente. — Sinto muito.

Essas raízes dentro dela se espalharam, torcendo suas entranhas


enquanto ela o abria. Havia as notas básicas do departamento de polícia
local e o nome do detetive que estava encarregado do caso. Em seguida,
houve um relatório oficial de um agente do FBI chamado Daniel Jones,
relacionado aos pais dela. Seu pai especificamente. E o relatório não teve
nada a ver com seu suicídio. Na verdade. Ela começou a escanear as
pequenas anotações do agente falando sobre uma testemunha. Ela virou a
página e congelou por um momento. A caligrafia de seu pai. Ele tinha sido a
testemunha.

Ela conheceria aquela maneira ousada de escrever em qualquer


lugar. O papel era claramente uma cópia do original, mas mostrava a idade
desbotada da cópia, um pouco marrom nas bordas. Seu pai gostava de
deixar pequenos bilhetes para sua mãe e Lucy, dizendo-lhes para terem um
bom dia. Dizendo que as amava. Dizendo a ela para fazer escolhas
inteligentes e ser gentil com as pessoas. Ela encontrou algumas outras notas
depois de... Bem, depois. Notas para a mãe dela. Elas tinham sido muito
mais íntimas, embora não muito para ela ler. Elas eram doces e cheios de
poesia. Não as palavras de um homem que planejava matar sua esposa e
depois a si mesmo.

E deixar sua filha órfã.


Ela continuou lendo e descobriu que suas mãos estavam ficando
úmidas, um calafrio invadindo todo o seu sistema quando ela assimilou as
palavras de seu pai. Ele fez uma declaração a um agente do FBI. Ele tomou
a difícil decisão de se voltar contra seu próprio irmão, Alexei Kuznetsov. Não
porque ele não amava seu irmão. Mas porque o que seu irmão fez estava
errado. Ele matou um homem que não pagaria por proteção. Sr. Sokolov.

Oh Deus, ela se lembrava do Sr. Sokolov e sua família. Ele teve duas
meninas. Isso foi quando seus pais e tio estavam ganhando dinheiro
decente, mas nada perto do tipo que seu tio ganhava agora. Eles eram da
classe média alta naquela época e administravam algumas lojas no centro.

Seu pai continuou, dizendo em sua declaração que a razão pela qual
ele estava se apresentando foi porque o Sr. Sokolov era um pai que apenas
tentava sustentar sua família. Foi tão eloqüente, muito seu pai. Este era o
homem de que ela se lembrava. O homem que amou e adorou sua mãe. O
homem que a levou para encontros especiais com sorvete e disse que ela
tinha sorte de ser americana, mas que ela nunca poderia esquecer de onde
seus pais tinham vindo, que ela tinha uma história tão rica. Que ela poderia
ser o que quisesse quando crescesse. Uma astronauta, se ela quisesse.

As lágrimas brotaram, mas ela as enxugou enquanto continuava lendo


a próxima página. Ele deu ao FBI tudo o que tinha, mas infelizmente eles
queriam mais. Uma confissão real de seu tio. E seu doce e maravilhoso papai
concordou em usar uma escuta na tentativa de conseguir essa confissão.

Ela passou para a próxima página, depois para a próxima. E assim por
diante. Havia uma página inteira de notas do Agente Jones sobre como ele
suspeitava que seu tio havia encenado o assassinato / suicídio. Algumas das
notas do legista não pareciam certas, então ele foi questionar o legista.

E o legista foi encontrado morto devido a um aparente assalto que deu


errado. E o detetive designado para o caso? Também morto. Por
envenenamento por monóxido de carbono. Um ‘trágico acidente’. O agente
achou que o detetive era sujo. E que seu tio o matou simplesmente para
amarrar pontas soltas. A essa altura, os corpos de seus pais foram
entregues aos cuidados de seu tio e cremados. Mesmo se os federais
quisessem fazer suas próprias autópsias, teria sido impossível.

Oh Deus. Oh Deus. Ele os matou.

Levantando-se, ela empurrou os papéis para longe, correndo para a


pia. Ela vomitou o pouco café que tinha e continuou a vomitar, enquanto uma
mão forte e firme esfregava sua espinha para cima e para baixo em um
movimento reconfortante. Leighton estava murmurando algo em tons
suaves, embora ela não pudesse entender as palavras reais.

— Ele os matou — ela sussurrou, finalmente levantando a cabeça da


pia. Ela se sentiu oca enquanto se levantava.

— Não é cem por cento, mas... — A voz de Leighton era calma,


reconfortante.

— Ele fez. — Ela se levantou totalmente e olhou para cima para


encontrar seu olhar. — Faz mais sentido do que meu pai matando minha
mãe. Eu... apenas aceitei porque tinha treze anos. Mas isso nunca fez
sentido para mim então. Nunca houve qualquer tipo de violência na minha
casa. Apenas amor. Oh Deus, meu papai nunca a teria matado. — ela
soluçou e se viu envolta em braços fortes e reconfortantes.

Lucy não tinha certeza de quanto tempo ela chorou, mas não
conseguiu se conter. Ela chorou por seus pais, pela vida que eles poderiam
ter tido, por todos os anos que ela passou odiando seu pai pelo que ele
fez. Ela chorou até que a luz mudou ligeiramente e ela não teve mais
lágrimas.

Ela não tinha nada a dizer, não conseguiu encontrar nenhuma palavra
enquanto se afastava de Leighton. Ela não queria que ele fosse embora, mas
também não conseguia encontrar nada para dizer agora.

Ela se afastou dele, cambaleando para fora da cozinha, sem ter


certeza de para onde estava indo. Quando ela se viu em seu banheiro, ela
ligou o chuveiro para quente e rapidamente escovou os dentes para se livrar
do gosto em sua boca. Ela entrou antes que tivesse tempo de esquentar. A
água fria a atingiu, mas ela mal sentiu. Quando mudou de frio para quente,
ela o deixou bater contra seus ombros e costas enquanto ela ficava ali, o
vapor ondulando ao seu redor.

— Lucy? — Ela ouviu a voz de Leighton do lado de fora do enorme


chuveiro de azulejos, mas o ignorou.

— Você está bem... quero dizer, obviamente você não está bem.
— Ele disse outra coisa que ela não conseguiu ouvir e então: — Jesus, Lucy,
sinto muito. Eu não deveria ter te contado.

— Não. Estou feliz que você fez. — ela se pegou dizendo. Ela se sentiu
como se tivesse perdido cinco quilos de tanto chorar, como se fosse cair,
mas ao mesmo tempo, ela sabia em seu coração que seu pai nunca matou
sua mãe. Que ele não tinha machucado sua doce mãe. Não tinha deixado
Lucy sozinha. Ela sabia disso, no fundo ela sabia, mesmo quando ela odiava
seu pai.

Ou pensou que ela odiava. Ela fechou os olhos, respirando para se


acalmar. De jeito nenhum seu pai teria machucado sua mãe ou ela. Seu
coração, seu instinto, sabia disso.

— To entrando. — Leighton entrou no enclave do grande box amplo.

O enorme chuveiro foi uma das razões pelas quais ela comprou o
apartamento. Era um luxo comprovado. Ele desviou os olhos e não pareceu
se importar que sua calça jeans estivesse ficando encharcada.

— Eu não sei se você deveria ficar sozinha. Você está


bem? Verdadeiramente? — Tanta preocupação envolvia suas palavras,
seus olhos ainda se desviaram enquanto ele basicamente os cobria.

A visão daquele homem forte e maravilhoso cobrindo os olhos era de


alguma forma absurda. — Você não tem que desviar o olhar. Você pode...
tirar a roupa e se juntar a mim. — As palavras saíram fortes porque ela as
quis dizer.
Seu olhar estalou para o dela, aqueles olhos escuros lançando fogo. —
O que?

— Você já está na metade do caminho. Só... — Ela apontou para as


calças dele. Ele começou a protestar e ela balançou a cabeça. — Se você
disser alguma besteira sobre não querer tirar vantagem de mim, não sou
responsável pelo que posso fazer.

Ele ainda parecia querer protestar, mas ele se moveu rapidamente,


tirando a calça jeans e bem, nada. Porque ele não usava nada por baixo da
calça jeans. Droga, isso era sexy.

Ela olhou com admiração por um longo momento enquanto seu pau
grosso e cheio se curvava para cima contra seu abdômen.

Sagrado. Inferno.

Ela não tinha certeza do que estava pedindo a ele até este
momento. Ela pensou que só queria que alguém a segurasse no
chuveiro. Agora... ela precisava de muito mais. Mas não podia ser porque
ele sentia pena dela.

Lucy olhou em seus olhos escuros enquanto ele se movia mais no


chuveiro. Pequenas gotas de água ricocheteavam naquele peito duro como
pedra que ela queria beijar e lamber. — Eu não quero sua pena. — ela disse
asperamente. — Esteja aqui porque você quer.

Ele piscou surpreso. Então ele soltou uma risada áspera. —


Pena? Não é possível. — ele rosnou. — Eu quero você mais do que qualquer
mulher. Sempre. Eu não quero que você se arrependa de mim.

— Arrependimento... de você? — Ele tinha se olhado no espelho


ultimamente?

Leighton colocou as mãos nos quadris dela enquanto a puxava para


perto. Ele não sabia por que ela estava surpresa. A mulher não era apenas
deslumbrante, mas gentil e autêntica. E ele se sentiu todo fodido e
quebrado. Claro que ele estava preocupado que ela se arrependesse disso.
Mas ele não estava indo embora. Ele não era tão nobre. E Lucy
chamou uma parte dele que ele pensava estar morta. Ele esteve no piloto
automático nos últimos dois anos.

Ele com certeza não estava no piloto automático agora. — Eu deveria


sair daqui. Eu deveria... mas não quero. Eu não vou. A menos que você me
diga para fazer isso.

— Beije-me — ela exigiu suavemente, seus olhos brilhando com calor


e fome. Para ele.

Qualquer controle que ele tinha, qualquer pensamento de ir embora


desapareceu com essas duas palavras. Ele baixou a cabeça, obrigando-se
a ir devagar agora. Ele não queria assustá-la, não queria estragar tudo.

Porque ele queria mais do que apenas hoje, mais do que simplesmente
agora. Mesmo que fosse loucura contemplar um futuro com Luciana, ele não
ligava. Ele simplesmente sabia que a queria em sua vida, queria ser parte
dela.

Sua língua brincou contra a dele, quente e insistente enquanto


pressionava seu corpo nu contra o dele. A mulher era a perfeição absoluta,
uma bomba pequena e curvilínea que estava esfregando os seios contra ele.

Agarrando seus quadris, ele a ergueu e a empurrou contra a parede,


rosnando quando ela gemeu em sua boca. Seus mamilos eram pequenos
pontos duros contra seu peito enquanto ela se arqueava contra ele.

Ela envolveu as pernas com força ao redor dele enquanto ele a


mantinha presa no lugar. Ele poderia beijá-la a manhã toda e nunca se
cansar disso. Inferno, ele poderia beijá-la o dia todo. Seu gosto era viciante.

Ela era viciante.

Apalpando um de seus seios, ele saboreou a plenitude enquanto


rolava o polegar sobre seu mamilo. Ela soltou um suspiro, as pernas
apertando uma fração quando ele fez. Oh, ela gostou disso.
O que ele não daria para simplesmente afundar nela agora, mas
primeiro ele queria que ela se agitasse. Ele estava desesperado por ela e
queria que ela ficasse o mesmo por ele. Seu pau estava pesado entre eles,
pressionando contra seu abdômen enquanto mergulhava a cabeça em seu
outro seio.

Ontem à noite ele conseguiu provar sua boceta, para fazê-la gozar. Ele
não podia acreditar que ele teve qualquer restrição e realmente a impediu
de tocá-lo.

— Toque-me — ele exigiu enquanto chupava seu mamilo em sua


boca.

Ela passou os dedos pelas costas dele, sobre o peito e os braços,


como se não se cansasse dele. A sensação das mãos dela sobre ele estava
causando um curto-circuito em seu cérebro. Seu toque era leve, delicado e
o deixando louco.

Quando ela alcançou entre eles e envolveu seus dedos em torno de


sua ereção, ele ergueu a cabeça para olhar para ela.

Suas costas arquearam, como se ela sentisse falta de seus beijos, mas
ele continuou tocando seu outro mamilo. — Estou limpo — ele disse
asperamente, percebendo que eles nunca tiveram a conversa. Inferno, ele
não tinha pensado que o sexo estava em jogo. E agora ele queria chutar a
própria bunda por não ter camisinha.

— Eu também. E estou tomando pílula. — Sua voz estava rouca,


instável.

— Vamos esperar pelo sexo. Vou correr até a loja e pegar a proteção...

— Eu quero você em mim agora. — Novamente com aquela pequena


exigência em seu tom. — Eu confio em você.

Inferno. Ele acreditava que ela estava tomando pílula, mas o fato de
que ela confiava nele sobre estar limpo? Com tudo entre eles, com tudo que
acontecia em sua vida... isso o humilhava além da conta. Parte dele queria
insistir que ela o deixasse ir pegar alguma coisa, mas foda-se. Ele
realmente não era nobre, aparentemente.

Ele queria reclamá-la, marcá-la como sua agora. O conceito estava


além do ridículo. Sexo era sexo. Sempre foi. Mas isso parecia
diferente. Porque ela era diferente.

Ela era importante para ele.

— Isso é mais do que sexo para mim. — Ele queria as palavras lá fora,
então não havia dúvida de como ele se sentia.

Ela se inclinou e beijou-o com força, pressionando seu corpo


totalmente contra o dele enquanto se contorcia contra ele. Com a boca e as
mãos sobre ele, era impossível pensar em outra coisa.

Alcançando entre suas pernas, ele segurou seu monte e a encontrou


encharcada. Para ele. Ele gemeu quando deslizou um dedo, depois dois
dentro dela. Santo inferno, ela estava tão molhada.

Ela mordeu o lábio inferior, e não suavemente, fazendo-o estremecer


de surpresa. Quando ela sorriu maliciosamente para ele, ele quase gozou
naquele momento.

Mas ele não estava se envergonhando, não importava quanto tempo


havia se passado. Inferno, não, ele iria experimentar tudo dela.

Ela mudou seu corpo contra ele e a parede de azulejos, mesmo


enquanto ele se movia com ela. Então ele estava dentro dela, empurrando,
mais e mais enquanto ela se agarrava a ele.

Ele manteve uma mão contra a parede enquanto a água batia ao redor
deles, mantendo o equilíbrio enquanto ele continuava empurrando dentro
dela. Ela estava tão apertada e escorregadia e tudo o que ele queria era
senti-la se aproximando dele.

— Oh, Deus — ela murmurou contra seu pescoço.


— Diga meu nome. — Ele estava desesperado para ouvir,
especialmente agora que ela sabia seu nome verdadeiro. Não é um nome
inventado de merda.

— Leighton. — Sua voz estava instável enquanto ela gemia. — Estou


perto.

Sim, ele também. Tão perto que ele mal conseguia suportar. Suas
bolas foram puxadas para cima enquanto ele continuava empurrando. Ele
alcançou entre eles novamente e esfregou o polegar sobre seu
clitóris. Depois da noite anterior, ele teve uma boa ideia do tipo de pressão
que ela precisava.

Ela empurrou descontroladamente contra ele, seus dedos cavando em


suas costas, mesmo quando ela beliscou em seu ombro. — Ali!

Mesmo enquanto ele dirigia dentro dela como um homem possuído,


ele continuou a provocá-la. Suas paredes internas se apertaram ao redor
dele cada vez mais forte enquanto ela se aproximava de sua liberação.

Ele estava perto também, mal se segurando enquanto ela se agarrava


a ele para salvar sua vida. Quando ela finalmente encontrou a liberação, seu
clímax bateu forte e rápido, suas costas arqueando contra a parede
enquanto ela gritava seu nome.

Ele a observou gozar, hipnotizado por tudo sobre ela. Seu cabelo longo
e escuro pendurado em torno dela em grossas e molhadas cordas,
emaranhadas em torno de seus ombros e seios.

Quando ela finalmente abriu os olhos azuis brilhantes, ele jurou que
seu coração parou por um segundo. Parou totalmente quando ela olhou para
ele com a expressão mais satisfeita e feliz.

Bom. Ele queria enxugar toda e qualquer tristeza, mesmo que por um
pouco.

Ela estendeu a mão e agarrou sua bunda com força. — Sua vez.
Ele não pôde evitar quando uma risada curta escapou. Deus, ela era
exigente. E provavelmente mandona. E ele adorou isso. Ela poderia mandar
nele o quanto quisesse, contanto que estivesse nua e enrolada nele.

Ele começou a se mover novamente e todas as funções cerebrais


superiores foram interrompidas. Era apenas ele e ela agora neste
chuveiro. Sem mundo exterior, sem mentiras, nada mais.

Não demorou muito para ele encontrar a liberação, para o prazer de


sua envoltura apertada ao redor dele empurrá-lo ao longo da borda. Ele a
pressionou contra a parede, ainda mantendo uma mão contra suas costas
para não machucá-la enquanto gozava longa e forte dentro dela.

Ele sentiu como se gozasse para sempre, como se perdesse células


cerebrais ali mesmo.

— Isso foi... — Ela respirou fundo enquanto afrouxava as pernas em


volta da cintura dele.

Ele a desceu sobre o ladrilho, tomando cuidado para segurá-la no caso


de ela estar tão instável quanto ele. — Espero que essa frase tenha um bom
final.

Ela bufou baixinho e pressionou o rosto contra o peito dele. A água


ainda estava quente e batendo forte ao redor deles, mas ele tinha certeza
que ela nem percebeu. — Incrível. Intenso. E provavelmente um pouco
louco. — ela murmurou, olhando para ele com uma pitada de apreensão em
seu olhar.

Ele segurou sua bochecha. — Foi perfeito. E eu não vou me afastar


disso. De nós. — Deixe que ela faça disso o que ela quiser. Ele não tinha
certeza do que o futuro reservava, do que aconteceria com seu tio, mas ele
não estava se afastando de Lucy.

Ele não achava que poderia.


É fofo que você pense que estou pedindo permissão.

Lucy pausou a gravação em seu computador - um dos arquivos que


Leighton ou sua equipe obtiveram de alguém do FBI - quando seu telefone
tocou. Ela estava cansada de ouvir as gravações monótonas de seu tio
conversando com várias pessoas. Não estava fazendo bem a ela, e ouvir sua
voz apenas a enfurecia agora. Provavelmente era melhor que Leighton não
tivesse contado a ela sobre o que seu tio tinha feito antes dela se encontrar
com ele. Ela não tinha certeza se poderia tê-lo visto e agido
normalmente. Leighton tinha saído há uma hora para fazer uma
incumbência, então ela estava usando a oportunidade para se familiarizar
mais com os arquivos que ele havia lhe dado originalmente.

Quando ela viu o número do celular de Nathan, ela atendeu


imediatamente. — Ei.

— Olá você. Como está o seu dia de folga?

— Muito bom. — Ela manteve o tom leve e tranquilo. O que estava


acontecendo em sua vida não era da conta de ninguém, especialmente de
alguém com quem ela trabalhava.

— Bom. Você merece uma folga.

— Então, como vai? — Porque Nathan não ligaria a menos que


houvesse um problema. Eles eram amigáveis e ela gostava dele, mas eram
colegas de trabalho, não amigos. E ela era sua chefe, então ela sempre
estava ciente dessa linha.

— Seu tio está no hotel hoje e está de mau humor. — Nathan


sussurrou.

— Oh sim? Muito mal? — Nathan era um dos poucos funcionários que


sabia que eram parentes.
— Eh. Ele normalmente é brusco, mas parece furioso hoje. Eu o vi
repreendendo um dos seguranças e ele fez um dos funcionários da limpeza
chorar. Sei que você não pode fazer nada a respeito, mas achei que você
gostaria de saber. Para talvez... suavizar as coisas mais tarde.

Lucy via seu tio sob uma luz totalmente diferente agora, então estava
tomando todo o controle para não expressar sua própria raiva por ele. —
Obrigado por me avisar. Você pode me enviar uma mensagem com os
nomes dos funcionários que ele incomodou?

— Sem problemas.

— Ei, já que estou falando com você... Sabe aquele arquivo que temos
de logins de segurança antigos? Você pode me enviar uma captura de tela
de alguns dos cartões de identificação antigos?

— Ah sim.

— Obrigada. — Ela sabia que ele estava curioso por quê, mas ela
definitivamente não iria contar a ele. — E mantenha isso entre nós.

— Sem problemas. Estou de folga em alguns minutos, então enviarei


as informações.

— Obrigada. — Ela tinha a capacidade de reativar logins de ID antigos


usando as senhas e credenciais de um dos seguranças. Que ela aprendeu
por acidente. Ela se sentiu uma idiota por usar o login de outra pessoa, mas
Miller estava de férias agora, então era o momento perfeito.

Ela raramente trabalhava em casa, mas com essas informações ela


tinha a capacidade de fazer login no painel de segurança - de forma
limitada. Mas ela teria acesso suficiente aos antigos feeds de segurança, que
era o que ela queria. É claro que ela poderia fazer isso usando seu próprio
login, mas não queria que isso rastreasse até ela. E como Miller estava de
férias, ele não teria problemas se alguém descobrisse sobre isso. Não que
eles ficassem indiferente. A única razão pela qual alguém deveria notar isso
era se estivesse observando esse funcionário em particular. Já que ela não
confiava que seu tio ou segurança não estava olhando para ela, era assim
que precisava acontecer.

Depois de inserir as informações corretas, ela começou a fazer várias


pesquisas, incluindo algumas usando o rosto de seu tio. Mas também de seu
tio e Atkins, assim como de outros. Talvez ela não tivesse conseguido nada,
mas talvez tivesse pensado em algo que os federais pudessem usar. Nesse
ponto, ela estava disposta a tentar qualquer coisa. Porque não era como se
ela tivesse acesso às finanças de seu tio ou... qualquer coisa. Este hotel era
a única coisa em que ela podia olhar.

Ao som da porta da frente abrindo, ela fez uma pausa até ouvir: —
Lucy, sou eu.

Seu coração saltou uma batida ao som da voz de Leighton. O que era
ridículo, mas era isso. Depois de ontem à noite, e esta manhã, ela estava
seriamente ligada a este homem.

Se isso era sábio ou não, era outra questão. — Estou no meu quarto.
— Um lugar que ele conhecia muito bem. Depois do banho esta manhã,
eles meio que descansaram antes de pularem um no outro novamente. Em
dobro. Sexo era provavelmente a melhor distração de todas as outras
insanidades em sua cabeça agora. Estava tomando todo o seu controle para
não ir ver seu tio, para confrontá-lo agora.

Mas isso seria estúpido e não levaria a nada. Bem, nada além de se
colocar em perigo. Não, ele iria pagar pelo que fez. Ela tinha alguns
pensamentos sombrios sobre como ela faria isso, mas ela estava
empurrando isso para baixo. Porque matá-lo, machucá-lo fisicamente? Não.
Ele precisava ir para a prisão por todos os seus crimes. Ele precisava ser
trancado em uma gaiola para sempre. Isso seria um castigo melhor para ele
do que uma simples morte.

Leighton entrou carregando uma pequena bolsa branca. O que quer


que estivesse nela cheirava delicioso. — Isso é para mim? — ela perguntou,
movendo seu laptop para o lado. Os programas já estavam em execução e
despejariam os arquivos em uma pasta na nuvem quando terminassem.
Ele se encostou no batente da porta, seu meio sorriso perverso
enquanto parecia absorvê-la com aquele olhar faminto. — Pode ser.

Ela ficou de joelhos. — O que tem dentro?

Ele o abriu e olhou para dentro como se não soubesse exatamente o


que havia lá. O cheiro estava mais forte agora, então deve ser muito
fresco. — Um pedaço de bolo de laranja e amora, uma variedade de mini
muffins - recém-saídos do forno - e algumas coisas de torta de maçã do
tamanho de uma mordida.

Seu estômago roncou com o pensamento de tudo isso. — Não é o


almoço mais saudável, mas aceito.

— Oh, você vai?

Ela estreitou o olhar. — Você acabou de trazer comida aqui para me


provocar?

— Oh, eu pretendo provocar você... — Franzindo a testa para o toque,


ele puxou o celular, em seguida, soltou uma maldição curta. — Eu tenho que
atender isso — ele murmurou, estendendo a bolsa. — Guarde um pouco
para mim.

— Sem promessas. — Ela arrancou a bolsa dele quando ele atendeu


a ligação, deixando-a em seu quarto.

Rumando para a cozinha, decidiu fazer café para acompanhar os


pastéis. Ele manteve a voz baixa enquanto ela se afastava para que ela não
tivesse certeza de com quem ele estava falando.

Mas algo disse a ela que sua conversa tinha a ver com seu tio.

***
— E aí? — Leighton acabara de entrar em contato com a equipe há
menos de dez minutos, quando saíra para pegar comida para Lucy e ele. Ele
teve o cuidado de deixar uma saída lateral e, graças a Gage, conseguiu
evitar as câmeras de segurança.

— O rastreador está finalmente em movimento — disse Gage. — E


Colt e Skye já estão seguindo Leroux.

O contrabandista que eles viram conversando com Broussard. — Para


onde vai?

— Não tenho certeza ainda. Parece que pode ser o Garden District. O
que não fica muito longe de onde Maria pensou que elas poderiam estar
presas. Estamos a caminho.

— Quem somos nós?

— Eu, Axel e Savage. Brooks está recuando, caso a merda vá para o


lado.

Sim, Leighton entendia isso. Eles não precisaram mostrar


acidentalmente a mão e fazer com que Brooks aparecesse no radar de
Kuznetsov. E três caras não eram suficientes, especialmente se isso fosse
uma armadilha. Ele não achava que Lucy iria armar para eles, mas ele queria
estar lá. — Estou dentro.

— Vou enviar as coordenadas para o seu telefone. Você pode


acompanhar o rastreador ao vivo, assim como nós. Você tem seu fone com
você?

— Sim. — Ele olhou para cima quando Lucy entrou em seu quarto,
observando-o de perto. Ele tentou não pensar nela, sobre o que eles fizeram
apenas algumas horas atrás na cama que ele estava parado ao lado. — Eu
estarei a caminho em dois minutos.

Ela franziu a testa quando ele desligou. — Você está indo?


— Sim. — Ele parou por um momento, imaginando o quanto deveria
dizer a ela. Dane-se. — O rastreador que você plantou em Marco está em
movimento.

Seus olhos se arregalaram ligeiramente. — Isso é ótimo.

— Sim, o que significa que tenho que sair.

— O que você vai fazer? — ela perguntou, acompanhando-o


enquanto ele se dirigia para a porta da frente. Sua bolsa de operações
estava esperando no SUV não rastreável que ele estacionou a alguns
quarteirões em um estacionamento pago. Ele tinha fone e armas suficientes
para si - e uma equipe.

— Não tenho certeza ainda. Segui-lo e ver se as mulheres estão sendo


mantidas onde quer que o rastreador pare.

— Eu estou indo com você. — Lucy agarrou seu casaco preto e


começou a abotoá-lo enquanto pegava um par de tênis escuro ao lado de
saltos de cinco polegadas ao lado da porta da frente.

— Não, você não vai. Você não é treinada, você não...

— Não quero dizer que vou me infiltrar ou o que quer que seja com
você, mas estou fodidamente indo. Eu posso esperar no carro. Tente me
impedir. — Calçando os tênis ela se levantou, sua expressão desafiadora.

Porra. Ele não deveria trazê-la. Ele definitivamente, definitivamente


não deveria. Mas ele viu aquele programa que ela estava executando em
seu computador em seu quarto, e estava certo de que ela se tornaria um
alvo maldito se seu tio a estivesse vigiando. Ele não podia deixá-la
sozinha. — Você fica no veículo. — ele disse, seu tom mais forte do que ele
já havia usado com ela. Mas ele não se importou. — Sua segurança está em
primeiro lugar. Você não sai por nada.

Com os olhos arregalados, ela simplesmente assentiu.


— Teremos que fazer algo para cobrir seu cabelo também. Você não
pode se parecer com você. — ele murmurou mais para si mesmo antes de
se inclinar e beijá-la. Difícil.

Ela se inclinou para ele automaticamente, agarrando a gola de sua


camisa enquanto o segurava perto. O beijo acabou muito cedo, mas não
havia tempo para mais nada.

— Você pode dirigir — disse ele enquanto corriam pelo corredor. Ela
estava muito mais familiarizada com a cidade e ele seria capaz de se
preparar no caminho.

— O elevador é por ali — disse ela, franzindo a testa, mesmo enquanto


o acompanhava.

— Estamos descendo as escadas. Há uma saída que podemos usar


onde você não será vista, e não quero um registro de você partindo
comigo. Você não pode ser vista comigo.

Sua expressão solene, ela assentiu. — Eu nem pensei nisso.

Sim, porque este não era o seu mundo. E ele odiava que ela tivesse
sido arrastada para isso. Mas não havia como voltar agora. — Você também
vai me dizer que tipo de programa você está executando no seu
computador.

Seu olhar estreitou novamente enquanto eles corriam escada


abaixo. — Seu tom está terrivelmente mandão agora.

— Desculpe — ele murmurou. — Eu gostaria que você me


contasse. Eu não quero que você pinte um alvo nas suas costas.

— Eu nem me importo mais. Eu quero derrubá-lo. Eu quero ele na


cadeia. Para o resto de sua vida.

Não havia necessidade de dizer seu nome. Leighton sabia exatamente


a quem ela se referia e concordou. Embora ele estivesse bem se o homem
estivesse morto. Inferno, talvez morto fosse melhor. Então ele não seria uma
ameaça para ninguém nunca mais.
Suas decisões.

— Eu não posso acreditar que você a deixou vir. — Gage disse, a


irritação tingindo sua voz pela primeira vez em muito tempo. Pelo menos em
direção a Leighton.

Ele notou que todos os seus amigos quase tomaram cuidado com ele
no último ano ou assim. O que era ridículo. — Eu não poderia deixá-la
sozinha — disse Leighton no fone de ouvido. — Além disso, ela está
estacionada a alguns quarteirões de distância. — Se a merda der errado, ela
está bem. — E fora da linha de qualquer incêndio potencial.

Todos estavam usando fones de ouvido para se comunicar, já que


estavam espalhados pela casa onde o rastreador de Marco havia
parado. Era uma casa vitoriana de três andares, não exatamente no Garden
District como eles haviam pensado originalmente, mas um pouco nos
arredores. A área era boa o suficiente e ele tinha certeza de que a casa seria
vendida por muito, mas havia muita folhagem na frente e no quintal. Todo o
bairro foi configurado dessa forma. A maioria das casas era mais velha,
algumas em mau estado, outras claramente abandonadas, devido às janelas
e portas fechadas com tábuas.

O que era bom e ruim. Eles poderiam usar toda a cobertura natural a
seu favor para se infiltrar, mas toda aquela folhagem poderia esconder
coisas. Como pessoas e armadilhas. Eles não tinham ideia onde estavam
entrando neste momento. Este pode ser o local onde as mulheres estão
detidas ou pode não ser nada. Apenas algum lugar que Marco veio para...
tanto faz. Ou a casa poderia ser manipulada e eles estavam prestes a
explodir. O último era duvidoso, considerando as assinaturas de calor que
eles tinham visto na casa usando seus binóculos FLIR de próxima geração
que Skye tinha ‘liberado’ da CIA quando ela saiu.
Aparentemente, Gage não parou de reclamar porque continuou. — Só
porque sua garota estava executando alguns programas em seu
computador...

— Cale a boca — disse Axel, seu tom neutro. — Ele a trouxe e


pronto. Se todos nós levarmos um tiro, ela pode ser nossa motorista de fuga,
então não é a pior coisa do mundo tê-la aqui. E estou cansado de sua
reclamação. Sério, não sei como Nova aguenta sua bunda. Talvez
devêssemos indicá-la para a santidade.

Leighton sorriu para si mesmo. Axel se integrou naturalmente à sua


equipe com facilidade. Ele se tornou um deles rapidamente e deu o melhor
que conseguiu. Não era de se admirar que ele e Skye fossem melhores
amigos. Nenhum deles tolerava besteira.

— Vejo movimento lá fora — disse Savage calmamente. Ele estava no


lado sul, observando de uma árvore no quintal da casa atrás dela. Essa casa
infelizmente não estava vazia, mas quem morava lá não parecia ter nenhum
cachorro ou holofote, então ele conseguiu escalar a árvore e usá-la como
vigia.

— O que você vê? — Leighton perguntou.

— Só um cara fumando um cigarro na varanda dos fundos. Mas ele


está olhando em volta, parece bastante alerta. E sim, ele está armado. Não
posso dizer exatamente o que é, mas ele tem duas protuberâncias nos
quadris. Provavelmente pistolas. Ou talvez uma pistola e uma lâmina.

— Me pergunto se ele está cuidando de alguém. — Gage murmurou.

Leighton permaneceu parado do outro lado da rua, na extremidade


dianteira. Ele estava em frente à localização de Savage.

A casa-alvo tinha uma cerca de ferro forjado de um metro e meio de


altura em torno dela, então mesmo com toda a folhagem como cobertura,
se infiltrar no lugar seria um pé no saco. Mas ele já descobriu uma maneira
de usar um dos carvalhos gigantes a seu favor. Ele poderia simplesmente
escalá-lo e, em seguida, cair do outro lado da cerca. Ele poderia estar caindo
em uma armadilha, mas esse era o plano.

— As assinaturas de calor não mudaram. Ainda vejo seis na minha


extremidade — disse Axel. — Dois no andar de nível médio e quatro no
andar de baixo. Eles estão agrupados em torno de alguma coisa, a mesa da
sala de jantar, ao que parece. Ou talvez uma TV. Mas não há nenhuma outra
assinatura de calor indicando que é uma televisão, então é como se eles
estivessem comendo ou esperando.

— As mesmas assinaturas aqui também — disse Savage. — Tem um


cara na sala dos fundos. Cozinha, estou supondo. E o cara ainda está
fumando.

— Podemos levar oito caras, se necessário — disse Leighton.

Todos eles murmuraram seu acordo. — Como vamos fazer isso?


— Leighton perguntou depois que outros dez minutos se passaram. Ele
estava acostumado a ser paciente, especialmente depois de estar na
Marinha. Mas eles precisavam tomar uma decisão agora. Ele já havia
entrado em contato com Lucy por mensagem de texto e ela estava bem.

— Eu digo que devemos nos infiltrar — disse Savage. — Se há


mulheres lá dentro, não gosto de ficar apenas sentado aqui.

— Não podemos tomar uma decisão com base nas emoções — disse
Axel.

— Foda-se isso. Eu não vou apenas sentar aqui. — Savage rosnou.

— Só estou dizendo que os números não estão certos. A menos que


haja seis mulheres e dois guardas. Mas isso parece uma quantia muito
pequena, especialmente considerando o que Maria nos contou — disse
Axel.

Ela disse a eles que os guardas se revezavam, mas eles quase sempre
tinham cinco caras armados em casa a qualquer momento para ‘manter as
mulheres na linha’. E ela disse que houve até dez mulheres em um ponto,
mas algumas não tinham voltado.

— A maioria das mulheres poderia estar trabalhando agora — disse


Leighton.

— Droga — Gage murmurou. — É a hora certa para isso. O que


significa que eles podem voltar com as mulheres e mais homens armados.

— Podemos ter baixas se esperarmos — disse Leighton, não gostando


nada disso. O objetivo era salvar as mulheres. Tirá-las todas ilesas.

— Vamos fazer isso agora — disse Savage. — Nós podemos derrubar


quantos homens estiverem lá agora. — Então esperamos para ver se mais
pessoas voltam.

— Estou dentro — disse Leighton enquanto os outros dois


murmuravam em concordância.

— Eu não acho que esta deveria ser uma entrada frontal e


traseira. Precisamos ser furtivos sobre isso — disse Gage. — Primeiro
desligue a energia e, em seguida, infiltre-se imediatamente com nossos
OVNs.

Leighton definitivamente concordou com isso. — Posso pular a cerca


pela frente e, desde que não haja nenhuma luz com sensor de movimento,
devo ser capaz de rodar a casa usando o parapeito inferior da varanda. Eu
posso invadir dessa forma, eliminar os homens no segundo andar.

— Mesmo aqui.

— O cara está fumando de novo — disse Savage. — Eu posso


derrubá-lo antes de desligarmos a energia. E há apenas um cara atualmente
na cozinha. Eu posso tirá-lo também.

— Que tipo de força estamos usando aqui? — Axel perguntou.

— Se estes são os tangos que procuramos... — disse Leighton —


Letais. E eu não posso imaginar que eles não são quem nós procuramos,
considerando que o rastreador de Marco nos trouxe até aqui. — Se esses
caras trabalhavam para Kuznetsov - e de acordo com a corrida que Gage
fez quando o rastreador parou aqui, a casa pertencia a uma das muitas
corporações de fachada de Kuznetsov - eles não eram inocentes.

Quando eles terminaram de acertar o resto do plano, Leighton


atravessou a rua, usando as sombras para cobri-lo. Ele não era um estranho
para se infiltrar em lugares aos quais não pertencia. Especialmente atrás das
linhas inimigas. E era exatamente para onde estavam indo, atrás das linhas
inimigas.

Dane-se Kuznetsov e qualquer um que trabalhasse de bom grado para


ele. Ele ganhou seu dinheiro com a dor e o sofrimento de outras pessoas,
matou seu próprio irmão e sua cunhada, deixando Lucy órfã. Deus, Leighton
queria estrangulá-lo só por isso.

Mas ele tinha que estar focado agora. Sua vida e seus companheiros
dependiam disso.

Entrando no modo hiperfoco, ele se apoiou no carvalho que crescia


próximo à cerca. Eventualmente, cederia o suficiente e derrubaria a
cerca. Ele ouviu os outros conversando enquanto se içava no galho mais
próximo, puxando para cima usando toda a força da parte superior do corpo.

Era por isso que ele se mantinha em forma.

Assim que se agachou no galho, ele parou um momento para examinar


os arredores. A frente da casa parecia tranquila, com dois veículos, incluindo
o Audi de Marco, estacionado na garagem. — Algum movimento novo?
— ele murmurou, mantendo sua voz baixa.

— Não — disse Gage. — Diga-me quando estiver em posição e


cortarei a energia.

— Afirmativo. — Ele pisou no galho, enrijecendo quando ele rangeu


ligeiramente. Faltam apenas meio metro. Dando mais um passo, ele se
lançou, pulando a cerca e atingindo um aglomerado de orelhas de
elefante. As folhas cederam sob seu ataque, mas o farfalhar foi mínimo.
Ainda assim, ele parou, procurando e ouvindo qualquer outro
movimento. Mesmo que Gage não tenha feito a varredura e não havia
nenhuma câmera, havia uma chance de que houvesse algumas no local de
qualquer maneira. Agora mesmo, Leighton estava operando como se eles
estivessem no mesmo lugar. Ele se moveu em direção à varanda da frente,
inclinando-se para o lado, e subiu para a varanda do segundo andar.

— Em posição. — disse Axel calmamente.

— O mesmo — disse Gage.

— Um para baixo. — A voz de Savage era quase imperceptível.

— Estou pronto — disse Leighton, posicionando-se na frente das duas


portas francesas no segundo andar. Todos eles estariam indo rápido e forte
agora.

— Três, dois, desligado.

Com a arma erguida, Leighton colocou seus OVNs no lugar e chutou


o batente da porta. Madeira estilhaçou quando as portas frágeis
cederam. Varrendo a sala, ele não viu ninguém. Correndo por ele.

Pft. Pft. O som suave de uma arma silenciada encheu o ar. — Tango
no segundo andar. Um saiu correndo da sala, mas está armado. — A voz
de Axel estava tensa, controlada.

Leighton saiu para o corredor, todos os músculos tensos enquanto ele


entrava na próxima sala, pronto para limpá-la. Ele podia ouvir o movimento
no andar de baixo e gritos de alarme, mas ele desligou por agora. Quando o
contorno aquecido de um homem apareceu de trás de uma grande cômoda,
ele girou completamente, mal se esquivando para o lado enquanto o homem
atirava.

Pop. Pop. Pop. Pop.

O gesso explodiu atrás dele quando ele mergulhou para o lado, caindo
no colchão próximo. Ele atirou uma, duas vezes, acertando o cara no centro
de massa.
O homem caiu, mas Leighton chutou a arma e atirou mais uma vez na
cabeça dele antes de sair da sala. Ele ficou tenso quando viu outro homem,
mas era Axel.

Axel ergueu o punho, mas sabia que era ele por causa de todo o mento
tático.

— Outro para baixo. — Havia apenas dois homens lá em cima, então


deveria estar limpo.

— Quatro aqui embaixo — Gage murmurou.

Falta um para ir. — Vamos tentar manter este vivo. — Eles precisavam
questionar alguém sobre as mulheres.

Leighton caminhou em silêncio até a escada, descendo. Quando ele


alcançou o próximo patamar, um homem o cercou desde o primeiro
patamar, com a pistola erguida.

Merda. Ele atirou, acertando o homem no centro da massa. O cara


caiu como uma pedra, nem mesmo disparou. Tanto para mantê-lo vivo. —
Último abatido.

— Termine de varrer tudo. — disse Gage. — Estou fazendo uma


pesquisa por eletrônicos.

Caso um vizinho tenha ouvido os tiros dos tangos, talvez eles precisem
correr mais cedo ou mais tarde.

Eles varreram a casa metodicamente, usando seus OVNs para guiá-


los. O lugar estava vazio, com apenas duas camas, e não era nada como
Maria havia descrito. A geladeira também estava vazia, o que não lhe
agradou. Este não era um lugar onde mulheres traficadas seriam
mantidas. Eles podiam explorar as mulheres, mas ela disse que as
mantinham bem alimentadas e permitiam que se exercitassem.

Esta casa parecia... uma armadilha. E nenhum dos homens que ele
checou tinha algo para identificá-los além de alguns TracFones - também
conhecidos como descartáveis. E Marco não estava aqui.
— Vou pegar o rastreador do carro — disse Leighton enquanto todos
se reuniam na cozinha.

— Vamos tirar impressões digitais, ver se conseguimos alguma acerto


nelas.

Leighton assentiu, embora não tivesse dúvidas de que esses homens


eram filiados a Kuznetsov. Ele reconheceu algumas das tatuagens. Alguns
eram de gangues locais de New Orleans, mas outros eram claramente
baseados na Rússia. Então, talvez Kuznetsov tenha alguns de seus caras
trabalhando com os habitantes locais. Quem sabia neste momento. Ele tirou
seus OVNs enquanto saía, tomando cuidado para verificar se alguém estava
observando.

Ele encontrou o rastreador exatamente onde Lucy disse que o havia


colocado. Quando ele o agarrou, um SUV parou bruscamente na frente da
casa.

Leighton se virou quando uma porta lateral se abriu. Através dos


arbustos e da cerca, um homem mascarado saltou com um AR-15 nas
mãos.

Com o coração batendo forte, ele correu pela calçada ao longo da


lateral da casa. — Atirador lá fora! — ele gritou pelo fone de ouvido,
preparando-se para um golpe.

No momento, eles precisavam dar o fora daqui e não ter um confronto


com quantos atiradores houvesse. Porque pode haver mais reforços no
caminho do que apenas um cara.

Pop. Pop. Pop. Pop. Pop. Pop.

As balas ricochetearam na cerca enquanto ele contornava os fundos


da casa. Fora da linha de fogo, mas não fora do quintal.

— Recuando — gritou Savage.


Leighton se juntou aos outros no quintal enquanto todos corriam como
uma unidade coesa em direção à cerca dos fundos. — Isso é mais do que
um atirador. — ele estalou. Ele saberia. Inferno, todos eles saberiam.

Gritos explodiram atrás deles em uma língua estrangeira. Leighton


meio que se virou quando eles alcançaram a linha da cerca para ver três
homens com armas automáticas.

Ele parou, preparou-se enquanto levantava a arma e atirava. O da


extrema esquerda caiu quando uma bala atingiu seu peito. Ele tropeçou para
trás com a força, mas seu colete foi atingido. Quase simultaneamente, os
outros dois homens caíram, mas não antes que um deles conseguisse outra
rodada.

As balas cortaram o ar, atingindo a casa e a cerca em um ritmo


macabro.

— Foda-se. — Axel rangeu enquanto agarrava seu braço. O sangue


derramou sobre suas luvas e desceu pela manga.

— Não podemos deixar um rastro de sangue — disse Gage. — Não


pode haver evidências de que estivemos aqui. — Eles foram cuidadosos ao
usar máscaras e luvas.

Leighton ouviu mais gritos no jardim da frente. O reforço havia


chegado.

Leighton e Savage moveram-se rapidamente, içando Axel para


cima. Então os três pularam, movendo-se com facilidade devido aos anos de
treinamento.

Mesmo através da folhagem, eles puderam ver mais quatro homens


correndo pelo quintal. Puta merda, este era um reforço sério. Eles devem ter
disparado algum tipo de alarme na casa.

— Corre! — Gage puxou uma granada.

Era uma maneira grosseira de fazer isso, mas a explosão cobriria


qualquer respingo de sangue que Axel pudesse ter deixado na cerca.
Todos estavam se movendo antes mesmo de Gage lançar a
granada. Então ele jogou outra.

Enquanto corriam pelo quintal gramado do vizinho, um velho saiu para


a varanda dos fundos. Ele deu uma olhada neles e correu de volta para
dentro, batendo a porta atrás de si.

Eles ficaram em silêncio enquanto se moviam em direção à frente do


quintal. Eles tiveram que abandonar o veículo, presumindo que estava
comprometido neste momento. Não havia impressões digitais e, de qualquer
maneira, não poderia ser relacionado de volta a eles.

Leighton sacou seu telefone queimador e ligou para Lucy. — Onde


você está?

— Mesmo lugar. Mas pensei ter ouvido tiros. Você está...

— Encontre-nos na esquina da Oitava com a Magnólia — ele


disparou. Eles correram pela calçada, vestidos da cabeça aos pés com
roupas táticas e parecendo muito deslocados. Era a hora certa para a
maioria das pessoas entrar, mas viram uma mulher passeando com um
cachorro pequeno. Ela gritou quando os viu, pegando seu cachorro e
correndo pelo quintal de alguém. O cachorro latiu freneticamente.

Eles continuaram pela calçada em fila única. Eles afastaram aqueles


caras por tempo suficiente com as granadas para que eles tivessem uma
vantagem inicial decente, mas eles precisavam dar o fora daqui.

Quando chegaram ao fim da rua, o outro SUV derrapou até parar.

Todos eles mergulharam, com Leighton assumindo a frente.

— Oh meu Deus, você está sangrando! — Os olhos de Lucy estavam


arregalados quando ela olhou no espelho retrovisor para Axel.

— Vire à esquerda aqui — disse Leighton.


— O hospital é o outro lado — disse ela, mesmo enquanto fazia a
curva, olhando pelo espelho retrovisor para Axel novamente. Ele estava
segurando o braço ensanguentado enquanto Savage tentava inspecioná-lo.

— Não vamos para o hospital — disse Leighton, voltando-se.

— Isso é muito sangue. — ela disse hesitantemente. — Talvez nós


devessemos.

— Jogue o rastreador — disse Gage. — Se eles descobriram, eles


podem ter adicionado algo próprio para o caso.

Droga, Leighton deveria ter pensado nisso. Ele abaixou a janela e


jogou no tráfego que se aproximava. Seria destruído em breve.

— Que diabos está acontecendo! — A voz de Lucy tremeu quando


ela olhou para ele.

— Foi uma armação. Marco ou alguém deve ter descoberto o


rastreador e queria descobrir quem o plantou.

— A menos que você armou para nós. — Savage disse baixinho na


parte de trás.

Antes que Lucy pudesse responder, Leighton se virou. — Somos


amigos desde sempre. Mas observe suas palavras agora. Ela não armou
para nós. — Ele sabia disso em seu íntimo.

— Eu não fiz nada. — Lucy estalou, tremendo.

Leighton alcançou o console central e apertou seu braço


levemente. — Vire à direita aqui.

Savage apenas grunhiu atrás.

— É altamente duvidoso que ela tenha feito isso. — disse Gage,


olhando para a tela de um dos telefones descartáveis. — Primeiro, um dos
homens pediu reforços durante o nosso ataque. Em segundo lugar,
considerando que Lucy está atualmente fazendo varreduras de segurança
na imagem de seu tio no cassino, isso limita a probabilidade de que ela esteja
tentando nos matar. Sem mencionar que tenho monitorado todas as suas
comunicações de entrada e saída.

— O que? — ela exigiu enquanto Leighton apontava para ela dar outra
volta. — Tantas perguntas agora. Você tem me monitorado?

— Sim — disse Gage simplesmente.

Ela soltou um rosnado irritado e cheio de raiva. — Como você sabe


sobre as varreduras?

— Leighton me contou o que viu em seu laptop. Falando nisso,


precisamos chegar ao condomínio dela agora. Precisamos pegar o laptop.

— Por que? — ela perguntou, olhando para Leighton para


confirmação. Ele acenou com a cabeça, então ela deu a próxima curva. —
Eu conheço um atalho lá. — ela murmurou para ele.

— Porque se ele suspeitar que foi você quem plantou o rastreador,


você não vai voltar lá — disse Leighton, não precisando que Gage
respondesse por ele.

— Meu tio não... — ela parou, engolindo em seco. — Ele iria me


machucar. — ela sussurrou. — Oh Deus, ele iria me matar. — Era como
se estivesse começando a surgir para ela. Provavelmente ela já tinha
entendido isso, mas saber algo e realmente entender eram duas coisas
diferentes.

O homem matou seus pais. Ele não hesitaria em matá-la.

Seus dedos apertaram o volante enquanto ela continuava dirigindo,


parecendo um pouco como se ela estivesse no piloto automático.

— Bem, vou viver se alguém se importar — murmurou Axel do banco


de trás, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa, Leighton
adivinhou.
Assim que chegaram ao estacionamento coberto, ele entregou a ela
um boné e óculos de sol grandes, embora fosse noite e este fosse o prédio
dela.

— Gage, você pode...

— Já estou trabalhando nisso. — disse Gage, trabalhando em seu


telefone. Ele seria capaz de corromper as câmeras de segurança aqui
facilmente. — Você tem cerca de dez minutos para pegar o que você
precisa. Não deveríamos ficar aqui mais do que isso.

Caso alguém estivesse na garagem e notasse Lucy, ele a queria


irreconhecível. Porque se o tio dela não sabia que ela estava envolvida no
plantio do rastreador, ele não queria que Kuznetsov descobrisse
inadvertidamente.

Embora, depois desta noite, tudo isso possa ser um ponto discutível. O
homem poderia saber e já poderia estar atrás dela.
Nem todo mundo tem que gostar de mim. Eu não posso forçar você a ter bom gosto.

— Ele é cuidadoso. — Skye disse, olhando através de seus binóculos


de longo alcance de sua posição no telhado a alguns quarteirões de
distância do armazém onde eles rastrearam Leroux.

— Ele é contrabandista. — respondeu Colt. E os contrabandistas em


geral eram muito cuidadosos.

— Verdade o suficiente. Então... eu tenho uma ideia — disse ela.

— Por algum motivo, acho que não vou gostar. — Não significava que
ele não participaria disso. Ele examinou a área circundante com seus
próprios binóculos. Eles rastrearam Leroux aqui e ele fez um caminho longo
e tortuoso. Ele fez muitas paradas inúteis, claramente em um esforço para
descobrir se estava sendo seguido.

Uma pena para ele que eram profissionais e ele era um contrabandista
de nível médio. O cara era decente, de acordo com sua reputação, mas não
era campeão. Ainda assim, isso não significava que ele não teria as
informações de que precisavam.

— Eu estava pensando que podemos fazer com ele aquilo que fizemos
na Argentina alguns anos atrás.

Demorou um momento, então ele sorriu. — Isso parece... um pouco


brutal. O cara é apenas um contrabandista.

— Bem, o plano não será o mesmo. Eu apenas quero dizer o mesmo


conceito. Vamos chamar a polícia, não bandidos que irão sequestrá-lo e
torturá-lo. Mas desta forma, ele estará fora de nosso caminho e podemos
invadir seu armazém.
Ele acenou com a cabeça uma vez. — É um bom plano.

Ela bufou daquele jeito que costumava fazer. — Claro que é.

— Quem faz a ligação? — ele perguntou.

— Eu vou. Posso fingir que estou histérica.

Ele bufou. Ele não tinha certeza do que sua esposa diria, mas ela faria
o contrabandista ser preso. Ou se não fosse preso, pelo menos seria detido
por um tempo. Assim, eles estariam livres para invadir seu armazém. Porque
Colt garantiu que o cara tinha um sistema de alarme. Mas Leroux não teria
um sistema de alarme instalado na empresa de segurança. Não, ele teria
ligado em seu próprio telefone. Mas ele não seria capaz de fazer
absolutamente nada sobre isso explodir quando estivesse sob custódia da
polícia.

— Ele está saindo agora — disse Skye, ainda olhando através de seu
binóculo. — Estou fazendo a ligação. — Ela puxou um dos descartáveis e
começou a respirar de forma irregular.

Ele podia ouvir a operadora na outra linha enquanto Skye dizia: — Oh


meu Deus! Meu Deus! Acabei de ver uma mulher sequestrada! Este homem
deu um soco no rosto dela e a jogou na parte de trás de seu SUV. Parece
que ele a amarrou. — Ainda falando naquele tom hiperativo, Skye passou a
dar uma descrição clara do homem até o tipo de sapato que ele estava
usando. — Eu sei o que são sapatos porque meu irmão tem o mesmo par.
— Houve uma pausa e então Skye disse: — Eu vi a placa dele também! Isso
vai ajudar? — ela perguntou, e ele podia ver que ela tentava não rir.

Porque é claro que ajudaria.

Ela recitou a placa do carro que eles haviam memorizado antes e


então, quando a mulher perguntou seu nome e localização, Skye disse: —
Oh meu Deus! Ele está se virando. — Ela rapidamente disse o nome da
rua. — Oh Deus, ele me viu! — Então ela desligou e quebrou o descartável
com o pé.
— Bem, se isso não funcionar, vamos bolar um novo plano. —
murmurou Colt.

— Vai funcionar. Eles definitivamente enviarão alguns policiais em seu


caminho de qualquer maneira. Acho que temos cerca de dez minutos até
que ele pare.

— Tempo suficiente para pegar a van. — Eles ‘pegaram emprestado’


uma van de um estacionamento e trocaram as placas para este trabalho.

Dez minutos depois, eles estavam em frente à porta lateral do


armazém indefinido.

— Há algumas câmeras sem fio. — Skye murmurou.

— Sim, vi isso — disse ele calmamente, mantendo a cabeça baixa e


angulada para longe dos que tinha visto antes de se aproximarem.

— Eu reconheço o tipo. Com certeza vai transferir o vídeo para o


telefone dele.

— Está tudo bem. Ele não será capaz de nos identificar. Ninguém irá.
— Eles usavam disfarces para esta operação por esse motivo. Este era o
tipo de operação em que eles não podiam usar máscaras. Eles tinham saído
em público, então eles tinham que se misturar.

Skye estava com uma peruca loira platinada e estava usando quatro
camadas de acolchoamento por baixo de uma blusa solta que a fazia parecer
cerca de dezoito quilos mais pesada do que realmente era. Ela também
usava leggings e tênis, o que tornaria mais fácil correr, se necessário.

Ele usava um boné e acrescentava algodão às maçãs do rosto para


mudar a forma. E ele usava uma peruca por baixo do chapéu, cobrindo as
orelhas. Os óculos que ele usava também distorceriam seu rosto.

Esteja sempre preparado. A CIA havia incutido isso neles há muito


tempo.
— Ele poderia ter a porta armada com uma armadilha. — Skye fez
uma pausa, olhando para a rua silenciosa e quase vazia. Leroux havia
escolhido bem esse local. Não há muito tráfego de pedestres e à direita havia
água.

Colt acenou com a cabeça. As chances de isso acontecer eram


bastante altas, considerando que o cara era um contrabandista. Ele seria
muito específico sobre suas coisas e não se importaria de matar alguém para
protegê-las. Porque Leroux tinha clientes que valorizavam sua privacidade.

— Eu digo que devemos explodir uma parede em vez de passar pela


porta.

Colt sorriu, acenando com a cabeça. — Você só quer uma desculpa


para explodir essa merda. — ele murmurou, acompanhando o passo dela.

Eles caminharam ao redor do armazém, indo para o lado oeste, que


não batia contra nada. Ficava bem na água, o que era um lugar inteligente
para se estar. Leroux seria capaz de transportar coisas para dentro e para
fora de caminhão ou barco. E isso deu a ele um plano de fuga, se necessário.

— Pode haver pessoas dentro — disse Skye.

Pode ser. Os contrabandistas costumavam operar de uma


determinada maneira e não confiavam em ninguém. Nem mesmo seu
próprio povo. Toda aquela arte e outras coisas caras apenas por aí para
serem pegas? Pode ser muita tentação se um de seus subordinados se
tornar ganancioso. — Vamos descobrir em breve.

Dando de ombros, Skye começou a puxar o que precisariam para fazer


um buraco enorme e irregular na parede. Depois que ela configurou tudo,
eles amarraram o cabo de deteção e correram para a parte de trás do
armazém. Uma vez que eles estavam claros, ela sorriu e disparou.

Em seguida, sua incrível esposa esfregou as mãos alegremente. — É


hora de ir às compras.
***

— Como estamos com o tempo? — Skye perguntou enquanto corria


para a parte de trás da van. Eles o inverteram através do buraco que
explodiram.

Ele agarrou a maioria das coisas, mas ela ficou impaciente por ser a
vigia, então eles trocaram de lugar. Ela deslizou uma pintura de Monet na
parte de trás da van lotada.

— Isso provavelmente vale alguns milhões — disse ela. — Se for real.

Eles estiveram roubando as coisas mais caras que puderam encontrar


nos últimos doze minutos. — Doze minutos. Precisamos terminar em três.

— Feito. Quero pegar uma peça egípcia que vi algumas fileiras atrás.

Ele acenou com a cabeça, espiando pelo buraco e olhando para a


lateral do armazém. Ainda sem companhia, mas eles não deveriam ficar aqui
mais do que o necessário. Era possível que Leroux tivesse contatado alguém
e enviado reforços se estivesse sendo detido pela polícia. Mas quinze
minutos era o máximo que Colt estava disposto a ir.

Quando ele ouviu o som de um motor distante, ele puxou seu SIG e
olhou para fora do buraco. Ninguém. Mas ele ouviu o motor, então o som de
uma porta batendo. Quando ele fez isso, Skye se moveu atrás dele.

— E aí? — ela murmurou.

— Acho que temos companhia.

— Vou para a porta da frente. — A voz dela era tão baixa quanto a
dele. Então ela foi embora, como um fantasma silencioso, apesar do peso
extra que ela carregava. Ele ligou o fone de ouvido.

Ele permaneceu onde estava, de olho na abertura. Eles verificaram e


havia apenas algumas entradas neste lugar. E a porta da frente tinha sido
manipulada como eles suspeitavam. Portanto, se alguém entrasse por ela,
precisava do código.

Quando seu telefone tocou, ele olhou para ele. Era uma mensagem de
Gage.

Foi uma armação. A está ferido. Ele está bem. Estamos voltando para
a base.

— Suba aqui agora. — Skye disse baixinho no fone de ouvido.

Inferno, ele teria que enviar uma mensagem de texto para Gage mais
tarde. Com a arma em punho, ele usou os muitos corredores cheios de bens
roubados para se cobrir. Ele parou quando encontrou Skye, a arma
apontada para uma pequena mulher de cabelo encaracolado.

— Você está morta por invadir aqui. — a mulher rosnou.

Era difícil levá-la muito a sério quando ela estava de bruços, mãos atrás
da cabeça.

— Sim Sim. — Skye revirou os olhos para ele quando ele se


aproximou. — Já ouvi tudo antes. Agora me escute e escute bem.

Colt entrou em ação, segurando as mãos da mulher atrás das costas


e pegando sua identidade e telefone enquanto Skye falava.

— Recebemos muito do homem que presumo ser seu chefe. Posso


garantir que ele vai querer de volta mais cedo ou mais tarde. Diga a ele para
ligar para este número. — Skye jogou um cartão branco liso no chão ao lado
do rosto da mulher. Um número estava rabiscado nele. — Se ele ligar, ele
recebe sua merda de volta. Se ele não ligar, vou colocar fogo em tudo e
mandar um vídeo queimando. Incluindo aquela pintura de Monet.

— Sua vadia estúpida!

— Obrigada — ,disse Skye calmamente. — Acha que consegue se


lembrar desta pequena mensagem? — Ela cutucou a mulher uma vez nas
costelas.
— Sim — disse ela com os dentes cerrados.

Não demorou muito para que eles saíssem. Caso a mulher tivesse
reforços no caminho, eles pegaram apenas mais uma peça cada e se
dirigiram para a van.

— Você realmente não queimaria aquele Monet, não é? — Colt


perguntou enquanto dirigia para a rua. Eles já haviam cortado todos os
pneus da mulher, mas ela não iria a lugar nenhum tão cedo,
independentemente.

Skye olhou para ele com horror. — De jeito nenhum. Vou pendurá-lo
ao lado da pintura do caranguejo se não o devolvermos a Leroux.

Ele não tinha certeza se ela estava brincando.

Enquanto ele dirigia, ela puxou um saco plástico de debaixo de sua


blusa grande. — Esses são todos os rastreadores das várias peças de arte
e artefatos. — Ela o ergueu, os pequenos rastreadores pretos clicando uns
contra os outros enquanto ela o fazia. — E eu tenho uma ideia meio ruim.

Oh, ele sabia exatamente o que ela queria fazer. — Você quer enviá-
los em várias direções, não é? — Para enviar Leroux em uma caça ao ganso
selvagem.

— Sim. Ele não vai nos ligar imediatamente. Ele tentará descobrir
quem somos e pensará que é mais inteligente do que nós e seguirá os
rastreadores. Dou-lhe até amanhã de manhã para fazer contato. Talvez mais
cedo. Depende de quão rápido ele pode se mobilizar, uma vez que a polícia
o solte. — Então ela deu aquela risada de vilão malvado que ele tanto
amava.

A vida com ela definitivamente nunca foi entediante.


A previsão desta noite? Noventa e nove por cento de chance de vinho.

Lucy estava sentada na bancada da ilha de uma casa enorme no


Garden District. Havia muitas pessoas na casa agora, mas a maioria delas
em quartos diferentes. Alguém estava cuidando do homem que havia sido
baleado. Ou ‘acertado’, como o homem havia dito. Ela tinha certeza de que
seu nome era Axel.

Não que isso realmente importasse. Sua vida poderia ter mais ou
menos implodido se seu tio descobrisse que ela estava envolvida esta
noite. Ela realmente desejava que Leighton estivesse com ela, mas ele pediu
que ela ficasse sentada enquanto ele cuidava de algumas coisas. Como se
‘coisas’ não fossem enigmáticas. Porcaria.

— Parece que você precisa de uma bebida — disse um homem mais


velho ao entrar na cozinha, carregando uma caneca. Ele tinha olhos verdes
e cabelos escuros com ruivos e cinza salpicados por ele e parecia estar em
forma. Como se ele tivesse estado no exército em algum momento. Ou
talvez ainda fosse. Quem sabia? — E eu não estou falando sobre café. —
ele continuou.

— É tarde para beber café de qualquer maneira.

Ele encolheu os ombros. — Nunca é tarde para um café. Então, há


algo que eu possa fazer por você? Leighton ainda está amarrado.

— Você não precisa fazer nada por mim. — Se o homem estava aqui,
Leighton devia confiar nele, mas ela não tinha certeza de nada neste
momento.

— Eu sei que não. Mas você acabou de entrar no caos e acho que não
está acostumada com isso.
Ela deu a ele um sorriso irônico. — Bem, eu trabalho em um hotel e
cassino, então isso não é totalmente correto.

— O que você acha de vinho? Ou cerveja?

— Vinho tinto seria bom. — Inferno, neste ponto, ela precisava de algo
para acalmar seus nervos. Leighton e seus amigos tinham se metido em algo
sério esta noite - a maior parte do qual ele realmente não tinha contado a
ela, e o cara que havia levado um tiro era uma grande revelação de que não
era bom - e ela se sentia à deriva agora.

Ele acenou com a cabeça e começou a remexer em um armário. Ela


reconheceu a garrafa que ele puxou e era uma boa.

— Leighton me disse que você teve uma noite bastante agitada.

— Não tão agitada quanto a dele, tenho certeza. — Sua voz estava
seca.

O homem riu disso. — Verdade.

— Qual é o seu nome, afinal?

— Me desculpe, eu esqueci minhas maneiras. Meu nome é Colt. Mas


todo mundo me chama de Sênior. Meu filho não está aqui, mas deve voltar
em breve.

Quase na hora, a porta dos fundos se abriu e um homem e uma mulher


entraram. O homem parecia o mais velho com cabelos escuros e olhos
verdes - embora estivesse segurando um boné e uma peruca nas mãos.

— Ei, pai, não esperava você aqui tão cedo.

A mulher fechou a porta atrás deles, um sorriso no rosto enquanto


acenava para Sênior. Então, para a surpresa de Lucy, ela tirou a blusa,
apenas para revelar um monte de camadas de acolchoamento, que ela
também arrancou para revelar um top preto colante por baixo. Lucy a
reconheceu como a mulher do hotel. Ela então arrancou um bob de platina
e deu um grande abraço no homem mais velho. — É bom te ver. Desculpe,
estou toda suada.

— Vocês dois estão bem? — ele perguntou.

— Sim. Cuidamos do que precisávamos cuidar. — A mulher lançou-


lhe um olhar rápido e acenou com a cabeça uma vez.

Lucy ficou em silêncio, ouvindo atentamente a conversa e esperando


que pudesse aprender alguma coisa. Sua mente pode ser uma bagunça
confusa, mas ela entendeu o valor de ficar quieta porque as pessoas tendem
a se esquecer de você quando você se mistura com o cenário. Ela aprendeu
isso no trabalho.

Um homem que ela conheceu antes - chamado Brooks, ela pensou -


entrou na sala e abraçou a mulher por trás. A mulher de cabelo castanho
avermelhado parecia estar no terceiro nível do inferno enquanto estava lá
aceitando o breve aperto de afeto.

— Obrigado por trazer minha garota. — ele disse. — Ela disse que
você armou tudo pelas nossas costas.

A mulher apenas resmungou e encolheu os ombros fora de seu


abraço.

Brooks simplesmente riu e deu um tapinha no ombro de Colt uma vez


antes de sair.

Foi assim nos dez minutos seguintes, com as pessoas entrando e


saindo, falando sobre coisas aleatórias sobre as quais ela nada sabia,
pegando comida ou bebidas. Era bastante tarde e, embora um homem
tivesse levado um tiro antes e eles claramente tivessem se envolvido em
algum tipo de tiroteio, todas aquelas pessoas estavam apenas cuidando de
seus negócios.

Lucy estava começando a ficar nervosa, perguntando-se onde diabos


Leighton estava. Ela não tinha certeza para onde ir ou como se retirar porque
tecnicamente ela não podia deixar o lugar. Eles nem tinham certeza se seu
tio sabia que ela esteve envolvida na colocação do rastreador. Eles não
tinham certeza de nada . Aparentemente, alguém estava sentado em seu
apartamento, de olho nele, e ninguém se aproximou de sua casa. Pelo
menos isso era bom.

Mas ela odiava ficar sentada por aí.

Finalmente, Leighton entrou na cozinha, parecendo exausto, mas


sorriu ao encontrar o olhar dela. — Você comeu? — ele perguntou,
ignorando os outros dois, Nova e Sênior, na sala.

Ela balançou a cabeça. — O vinho está bom.

Ele franziu a testa e se dirigiu para a geladeira. — Vocês dois, dêem o


fora. — ele ordenou aos outros. — E diga a todos para ficarem fora da
cozinha por um tempo. Precisamos de privacidade.

Nova ergueu as sobrancelhas enquanto Sênior simplesmente se


levantava. Mas os dois foram embora.

E mesmo que eles tenham sido perfeitamente educados, um peso foi


tirado do peito de Lucy. — Você cuidou de tudo que você precisava?

— Na maioria. Tive que fazer algumas ligações. — ele disse enquanto


começava a tirar a comida da geladeira grande. — Temos chinês ou
italiano. É tudo para viagem, mas fresco.

— Italiano parece bom. — Ela não pensou que pudesse comer, mas
agora mesmo percebeu que estava faminta. — Então... você pode me
informar mais? — ela perguntou quando ele começou a preparar dois pratos
de macarrão e salsicha com molho de creme e um monte de vegetais frescos
que pareciam incríveis.

Ele se virou para ela depois de colocar um prato no micro-ondas. —


Procurei um contato meu nos Federais. Uma amiga. Eu confio nela —
acrescentou.
Lucy não gostou da pontada estranha em seu peito quando ele disse
‘ela’. Caramba, ele poderia ter amigas. Ela realmente precisava dormir. Ou
alguma coisa.

— Eles não têm ideia se seu tio sabe que você plantou aquele
rastreador. Eles também dizem que não há nada ligando ele a qualquer um
dos homens mortos desta noite.

— Os federais sabem que vocês estavam envolvidos?

Ele deu a ela um olhar seco. — De jeito nenhum. Quer dizer, minha
amiga sabe, mas não oficialmente, e eu não admiti nada oficialmente. Parece
que seu tio está ocupado movendo certas contas agora. Eles têm alguém lá
dentro que está disposto a testemunhar contra ele, mas pode não ser o
suficiente, então eles estão fazendo essa pessoa tentar conseguir algo
oficial.

— Como uma gravação?

— Sim.

— Oh, tudo bem.

— Eles esperam conseguir o que precisam amanhã à noite. Há algum


negócio acontecendo. Eles não têm os detalhes, mas aparentemente é
grande. E eles estão se preparando para derrubar seu tio.

— Bom. — Ela esperava que ele apodrecesse na prisão para sempre.

— Posso quase garantir que os federais vão querer falar com você.

— Eu? Por quê?

— Você é parente dele e trabalha para ele. — Ele puxou o prato


fumegante e o colocou na frente dela. — Vá em frente e coma — ele
murmurou antes de colocar seu próprio prato.

— Obrigada. E... isso faz sentido. Acho que simplesmente não pensei
nisso.
— Já contatamos um advogado para ser sua representação se e
quando você falar com eles.

— Eu não preciso de um. — Ela soprou o pedaço de macarrão no


garfo. Ela não tinha feito nada de errado, então por que ela precisaria de um
advogado?

— Sim, você precisa. E você não vai falar com ninguém da polícia sem
a presença dela.

— Dela?

Quando ele disse o nome da mulher, Lucy piscou. — Ela é boa. Muito
boa. Até eu já ouvi falar dela.

— Sim, ela é. Prometa-me, não importa o que aconteça, você não vai
falar com ninguém sozinha. — Ele puxou um pedaço de papel do bolso com
o nome e o número da advogada de destaque escrito nele.

— Eu prometo. — Ela estava definitivamente perdida agora. —


Então... pergunta estranha. De muitas. Eu devo trabalhar amanhã. Eu
deveria ligar, certo? — Lucy sabia que não era uma prisioneira. Não
exatamente, mas ela não tinha certeza do que deveria estar fazendo agora.

— Sim. Até sabermos mais sobre o que está acontecendo.

— O que está acontecendo? O que aconteceu hoje à noite?

— O lugar tinha um bando de homens armados prontos para nós.

— Como assim?

— Esses caras eram bandidos locais, não treinados. E o apoio eram


mais membros de gangue. Mas eles estavam esperando por alguém. E o
Audi estava na garagem com o rastreador nele.

— Sua amigo da Federal disse isso a você? Sobre eles serem locais,
quero dizer.
— Não. Pegamos suas impressões digitais e as examinamos. Bem,
Gage fez.

Ela piscou e deu outra mordida. — Alguém sabe onde Marco está?
— Ele era outro que ela tinha certeza de que precisava estar na prisão.

— Não. Minha amiga da Federal disse que ele desapareceu.

— Ótimo — ela murmurou. — E quanto a todos aqueles feeds de


segurança que baixei? Há algo útil neles?

— Alguns caras estão examinando-os agora. Se houver alguma coisa


ligando seu tio a alguém ruim, estamos encaminhando para os federais.

Abaixando o garfo, ela esfregou a têmpora quando ele se sentou ao


lado dela.

— Sinto muito que você esteja perto disso — disse ele, estendendo a
mão e segurando sua bochecha. Ele esfregou o polegar sobre sua pele
suavemente, observando-a com uma expressão intensa que fez os músculos
de seu estômago se contraírem.

— Prefiro estar ciente do que no escuro.

Ele acenou com a cabeça enquanto deixava sua mão cair.

Imediatamente ela perdeu a sensação de seu toque. — Então, eu vou


ficar aqui esta noite, certo?

— É claro. Não vou perder você de vista. Este é o lugar mais seguro
possível para você.

— Vou ficar no seu quarto ou tenho um para mim? — ela perguntou


cuidadosamente. Ele estava sendo afetuoso, mas ela não tinha certeza de
nada.

Ele se acalmou com isso. — O que você quiser. Você está sob nossa
proteção, não importa o que aconteça.
— Eu gostaria de ficar no seu quarto. Eu realmente gostaria disso.

Ele soltou um suspiro. — Bom. Pretendo fazer você gozar pelo menos
duas vezes esta noite.

O calor inundou suas bochechas enquanto ela espetava outro pedaço


de salsicha. Ela não podia acreditar que ele disse isso.

— Eu adoro quando você fica vermelha. — ele continuou, inclinando-


se e roçando sua boca na dela. — Talvez em breve eu faça você falar sujo.

— Talvez — ela murmurou, sorrindo contra sua boca suave e perfeita.

***

— Então, quantas pessoas ainda vão ficar aqui? — Lucy perguntou


enquanto ela e Leighton se esticavam em frente à lareira em uma poltrona
estofada muito confortável em tons de azul e creme. Eles estavam no
terceiro andar da grande casa e seu quarto era enorme. Cama king-size,
banheiro enorme que parecia manter muito do charme original, uma
pequena varanda e uma pequena cozinha que provavelmente tinha sido
adicionada recentemente.

— Ah... eu teria que contar. Recentemente, recebemos alguns


acréscimos.

— Sim, eu deduzi isso de algumas das conversas. Aquela chamada


Skye surpreendeu alguns dos homens ao trazer suas esposas aqui, certo?

— Sim. Ela disse que eles estavam agindo como pandas tristes e
precisavam estar em plena capacidade para este trabalho.

Lucy riu levemente. — Então, todo mundo é casado?


— A maioria. Envolvidos, pelo menos. Exceto o pai de Colt. E eu,
claro. O único cujo outro significativo não está aqui é Savage.

— Aquele que pensa que armei para vocês.

— Ele não pensa mais isso. — Leighton passou o braço em volta dela
e a puxou para mais perto.

— Então... o que está acontecendo no que diz respeito às mulheres


traficadas?

Leighton fez um som frustrado. — Esperávamos encontrá-las esta


noite.

— Em vez disso, você caiu em uma armadilha.

— Não era uma grande armadilha, felizmente. — ele murmurou,


beijando o topo de sua cabeça.

Ela se virou ligeiramente para olhar para ele. — Como você está? Eu
sei que os homens atiraram em você. Estou realmente tentando não fazer
muitas perguntas, mas... você está bem?

Ele rolou a cabeça para trás, olhando para o teto, parando por um
longo momento. — Nós nos infiltramos na casa. Todos os homens estavam
armados. Eles atiraram em nós, nós atiramos neles... eles estão todos
mortos, e eu matei dois deles.

Oh. Uau.

Ele olhou para ela, sua expressão fechada. — Não é a primeira vez e
não será a última.

— Estou feliz que você esteja bem. — ela sussurrou.

Leighton piscou. — Você não está... enojada?

— Não. — Talvez ela devesse estar, mas... o que ela sabia sobre este
homem, ele não parecia que iria matar a menos que fosse em legítima defesa
ou para proteger alguém. — O que acontece com as mulheres agora? Você
disse que os federais podem trazer meu tio para baixo amanhã. Mas também
me lembro do que você disse sobre ele basicamente cortar suas perdas e
se livrar de 'evidências'.

Ele suspirou, olhando para o fogo. A sombra das chamas dançou em


seu rosto bonito. — Ainda estamos trabalhando nisso. Colt e Skye podem
ter uma pista de onde elas estão. Ou eles esperam que isso aconteça em
breve.

— Isso tem alguma coisa a ver com eles entrando usando disfarces?

Ele bufou suavemente. — Sim. Se eles conseguirem saber onde as


mulheres estão detidas, terei de sair. E eu não posso te levar comigo.

— Entendo. Completamente. — E ela entendia. Suspirando, ela


deitou a cabeça em seu ombro. — Eu me sinto tão inútil agora.

— Sim eu também.

— Você acabou de chutar a bunda de alguns bandidos algumas horas


atrás.

Ele soltou uma risada curta. — Eu não gosto de ter que esperar.

Ela também não. — Talvez pudéssemos nos conhecer melhor. Na


verdade, não sei seu sobrenome. Eu entendo se você não puder me dizer...

— Cannon. É o Cannon. E eu provavelmente não deveria te contar.


— Ele beijou o topo de sua cabeça novamente. — Eu simplesmente não
dou a mínima.

Calor se espalhou por ela em seu tom brusco. — Obrigado por confiar
em mim. Agora que sei disso, tenho uma pergunta mais importante. Qual é
o seu sabor favorito de sorvete? — Era uma coisa boba, mas ela queria
saber muito mais sobre ele.

— Morango — ele respondeu sem pausa.


— Interessante.

— Interessante bom?

— Sim. A minha é a Sop do Mississippi.

— Eu nunca exprementei. — ele murmurou.

— Teremos que remediar isso. — ela murmurou, levantando a cabeça


ligeiramente para olhar para ele. Estar com ele parecia certo em um nível
que ela não tinha certeza se entendia ainda. Embora em geral se sentisse à
deriva depois de tudo o que aprendera, estar com Leighton a deixava de pé,
fazia com que se sentisse sã.

Seu olhar caiu para os lábios e parecia que ele queria beijá-la, mas ele
limpou a garganta em vez disso. — Diga-me algo sobre você que não
saberei pelo arquivo.

A decepção a atravessou, mas ela se acomodou contra ele,


apreciando o calor do pequeno fogo. — Eu toco piano muito bem. Eu sei que
te disse que tinha aulas, mas nunca parei de tocar. Há um grande baby
grand no cassino que pratico alguns dias por semana. E você? Conte-me
algo sobre você.

— Não tenho talento musical, mas gosto de acampar. Apenas


desaparecendo no deserto por uma semana ou mais com uma barraca,
suprimentos e eu.

— Isso parece... horrível.

O calor de sua risada a envolveu, infundindo-a. — Então, isso será algo


que não faremos juntos.

Ela adorou que ele estivesse falando sobre eles no tempo futuro. —
Talvez glamping.

— Sim talvez.
Depois de alguns minutos de silêncio, ele disse: — Sei que você não
perguntou, mas meus pais não fazem parte da minha vida. Meu pai faz
perfuração offshore na costa do Golfo. Quando eu era jovem, ele costumava
voltar para casa, mas minha mãe o traiu - algo que eu não percebi até ficar
mais velho - e ele parou de voltar para casa quando eu tinha cerca de 12
anos. Minha mãe ficou por aqui até eu ter dezoito anos, apenas. Então ela
se foi.

— Para onde ela foi?

— Nenhuma idéia. A última vez que soube que ela estava vivendo em
algum tipo de comunidade espiritual ou seja lá o que for na Índia. Mas isso
foi há dois anos.

— Você quer encontrá-la?

— Não. Aprendi cedo que às vezes é melhor não ter família do que
uma família de merda.

— As pessoas nesta casa parecem sua família.

— Eles são. Não pelo sangue, mas eles são definitivamente minha
família.

Lucy não respondeu por um tempo enquanto digeria suas palavras. —


Você me confiou seu nome verdadeiro antes mesmo de meu tio ser preso.
— E ela realmente esperava que ele fosse logo.

— Sim.

Ela se sentou, mudando até que ela montou nele. Ela não iria esperar
que ele fizesse um movimento desta vez. — Se eu estivesse trabalhando
com meu tio, poderia dar a ele essa informação, deixá-lo saber seu nome
verdadeiro, e isso colocaria seus amigos, sua família, em perigo.

— Eu confio em você. — Era como se fosse simples assim. E talvez


fosse.
Ela se sentiu insanamente humilhada por ele confiar nela. Seu mundo
inteiro tinha sido destruído nos últimos dias e ela estava remendando e
costurando de volta, e Leighton estava ameaçando separá-la
novamente. Mas de uma forma muito diferente. Ela tinha visto o mundo de
uma certa maneira por tanto tempo, tinha tanta certeza das coisas. Agora
ela estava reavaliando tudo.

Antes que ela pudesse ficar muito perdida em sua cabeça, Leighton a
beijou, sua língua saqueando e provocando quando ela começou a se
esfregar contra ele.

Com ele, parecia que não demorou muito para deixá-la nervosa. Não
por muito tempo.
Por que lutar contra uma coisa boa?

Leighton deu um meio sorriso para Brooks, que estava trabalhando em


seu laptop na bancada da ilha. — Ei, estou surpreso que você esteja aqui.
— Ou seja, agora que Darcy estava aqui.

Brooks ergueu uma sobrancelha. — Eu poderia dizer a mesma coisa


sobre você.

Não era segredo que Leighton e Lucy estavam dormindo juntos, era
justo. — Sim, não conseguia dormir. — Hazel disse que eles deveriam trazer
Kuznetsov amanhã à noite, mas ele é um bastardo astuto. E Leighton estava
nervoso.

Brooks acenou com a cabeça uma vez. — É por isso que também
estou acordado. Sei que tenho uma trégua com Kuznetsov, mas se ele
descobrir que estou aqui e fomos atrás de seu pessoal, sei o que vai
acontecer.

— Nós apenas o mataremos se ele fizer isso — disse Leighton, porque


não haveria outra opção naquele ponto.

Brooks simplesmente grunhiu uma não resposta.

Se Kuznetsov descobrisse que eles estavam envolvidos, não haveria


literalmente outra escolha a não ser acabar com ele. Leighton achava que o
cara merecia morrer de qualquer maneira, mas ele também merecia pagar
por seus crimes. Suas vítimas mereciam justiça. Mas não correndo o risco
de colocar qualquer um de seus amigos ou familiares em perigo. Porque um
homem como Kuznetsov era vingativo e viria atrás da família de Brooks para
machucá-lo.

— Como está seu pai? — ele perguntou, querendo mudar de assunto.


Brooks deu um sorriso irônico. — Ele está bem. Ele tem Martina com
ele em sua casa - ela está morando lá agora, desde que eles estão
noivos. Além disso, ele convenceu Olivia, Valencia, Mercer, Mary Grace e
obviamente o bebê a ficarem todos juntos. Caso as coisas corram mal, todos
estão seguros.

— Bom. Posso te perguntar uma coisa? — ele perguntou.

Seu amigo de longa data assentiu. — Claro.

— Você se apaixonou por Darcy rápido. Quero dizer, você estragou


tudo, mas eventualmente a conquistou de volta.

— Há uma pergunta aí em algum lugar?

— Me desculpe, cara. Eu só…

— Você se apaixonou por Lucy?

— Sim. Não entendo como sinto tanto por ela. Não nos conhecemos
há muito tempo. Mas ela está sob minha pele. Eu não posso... imaginar me
afastando dela depois desta operação. Eu a quero na minha vida. Eu quero
estar na vida dela.

Brooks deu de ombros com aquele seu jeito estóico. — Quando você
sabe, você sabe. Se ela é para você, não lute contra isso.

Ele simplesmente acenou com a cabeça e parou quando Darcy entrou


na cozinha, meio acordada. — O que você está fazendo? — ela perguntou
ao marido, sonolenta. — São duas da manhã.

— Seu ronco me acordou — brincou Brooks.

Leighton deu uma meia risada e escorregou da


cadeira. Definitivamente era sua deixa para sair.

— Eu não ronco — disse Darcy enquanto ele passava por ela.


Ele esfregou uma mão cansada no rosto enquanto subia as
escadas. Brooks estava certo, algo que ele já sabia. Ele simplesmente não
conseguia se imaginar deixando Lucy ir depois que tudo isso estivesse
resolvido. E ele iria se certificar de que as coisas fossem resolvidas, que ela
saísse o mais ilesa possível.

Quando ele entrou no quarto, para sua surpresa, ela estava sentada
na cama, parecendo meio acordada. O sorriso sonolento e sensual que ela
deu a ele o embalou profundamente. — Eu acordei e você tinha ido embora.
— Decepção atada em suas palavras.

— Não consegui dormir. — ele murmurou, fechando a porta atrás dele.

— Já que nós dois não conseguimos dormir, que tal encontrarmos


uma maneira de passar o tempo? — Sorrindo perversamente, ela empurrou
as cobertas para revelar seu corpo nu e delicioso.

Isso aí. Ele concordou com isso.

***

— É isso — disse Skye, pegando o telefone que tocava. O número


dizia ‘desconhecido’, mas ela não tinha dúvidas de quem era. Porque apenas
uma pessoa tinha o número desse telefone descartável.

John Leroux.

— Você vai pagar por levar minhas coisas — disse uma voz masculina
muito zangada na linha, seu sotaque ligeiramente francês crioulo.

Skye usou um distorcedor de voz para responder. — Yeah,


yeah. Vamos cortar o papo furado. Eu tenho algo que você quer. E você vai
conseguir algo para mim. Preciso saber onde Broussard está mantendo as
mulheres que trafica.
Houve uma longa pausa. — Você sabe para quem ele trabalha?

Ela se esticou no sofá, chutando os pés na poltrona à sua frente


enquanto sorria pela metade para Colt, que a observava atentamente. — Eu
sei.

— Eu não estou no tráfico de pessoas — Leroux cuspiu como se


estivesse enojado.

— Eu sei que não. Mas você faz negócios com alguém que tem. O que
te torna tão nojento quanto.

— Foda-se você. Você sabe quem é o chefe dele. Não tenho escolha
a não ser trabalhar com ele. — Havia uma sugestão de medo entrelaçada
com sua raiva latente.

— Você sempre tem uma escolha, mas isso não é nem aqui nem lá. Eu
quero o endereço.

— Eu queria um pônei para minha festa de aniversário de 12 anos. Mas


nem sempre conseguimos o que queremos.

— Você é um homem inteligente e cheio de recursos. Se você se


esforçar o suficiente para conseguir o que preciso, tenho fé em você. Se
você não fizer isso, todas as belas artes que eu peguei irão pegar fogo. E
vou gravá-lo queimando para que você possa ver. Então, vou enviar o vídeo
para o YouTube. Eu imagino que várias pessoas muito ricas e assustadoras
ficarão chateadas se você perder suas coisas. Não apenas perdeu, mas
também as destruiu. Use isso como sua motivação para encontrar o
endereço.

— Você é louca. — disse ele. — Ele vai me matar se descobrir que


estou envolvido em qualquer coisa contra ele.

— Pode ser assim. Você ainda vai conseguir o que eu quero. E nem
tente nenhuma besteira como tentar um encontro pessoal. Você me dá o
que eu quero e você pega suas coisas de volta. Vou lhe dar um endereço
onde seus pertences estão sendo armazenados. Você não tem espaço para
negociar agora, então, por favor, economize tempo e energia. — Quando
ele tentou interromper, ela continuou. — Você soube de um massacre na
rua Magnolia? — ela perguntou, mudando abruptamente de assunto.

— Sim — disse ele.

— Essa era a minha equipe. Todos nós saímos ilesos e seus rapazes
estão todos mortos. Você sabe para quem eles trabalhavam. Agora
encontre o que eu quero. — Ela desligou.

Colt estava junto à lareira da sala de estar, observando-a com calor


em seu olhar. — Eu adoro quando você fica toda mandona e ameaçadora.
— ele murmurou.

Ela soltou uma risada assustada. — Isso realmente te excitou?

Ele assentiu. — Isso aí.

— Gente, estou bem aqui. — Gage murmurou para os dois enquanto


trabalhava em seu laptop a poucos metros de Skye, no mesmo sofá.

Colt apenas deu de ombros e ergueu uma sobrancelha para ela. Sua
expressão dizia: Temos tempo de subir e nocautear um?

Oh, como ela queria dizer sim. Mas ela tinha noventa e nove por cento
de certeza de que eles não tinham tempo para fazer nada porque Leroux
estava muito motivado agora. — Aposto que ele consegue esse endereço
em uma hora — disse ela.

— Meia hora. — Gage disse, sem olhar para cima.

— Vou com quarenta. — disse Colt. — E se eu ganhar, você pode


fazer aquilo que eu amo...

— Sério, pessoal. — Gage murmurou, diversão em sua voz. — Não é


apropriado para o trabalho.
— Sim, bem, também não é jogar granadas nas pessoas, mas acho
que estamos indo bem. Porém, se você tiver um problema, converse com o
RH.

Ele apenas riu antes de se sentar abruptamente. — Eu posso ter


acertado uma das mulheres sobre as quais Maria nos falou. Seu rosto
apareceu em uma das minhas varreduras de reconhecimento facial em um
circuito de câmeras. Eu a perdi, mas posso restringir sua vizinhança
potencial ainda mais agora. Para um raio de uma milha.

— Bom trabalho. — Colt murmurou ao mesmo tempo que Skye disse


o mesmo.

Ela se levantou do sofá, incapaz de superar a sensação de um relógio


tiquetaqueando. Quanto mais tempo as mulheres não eram localizadas,
maior a chance de serem apanhadas em uma tempestade de merda quando
os federais derrubassem Kuznetsov.

Infelizmente, Skye sabia por experiência própria que muito


provavelmente acabariam causando danos colaterais.
Enquanto a tiver, posso viver com minhas decisões.

Leighton agarrou o edredom, puxando-o sobre Lucy quando a porta


do quarto se abriu.

— Desculpe, deveria ter batido. — Colt desviou o olhar, embora ela


estivesse coberta. — É hora de ir. Agora. Esteja no foyer em cinco minutos.

Inferno. Isso significava que eles haviam encontrado o lugar onde as


mulheres estavam detidas. Eram apenas quatro da manhã, o que era uma
boa hora. As pessoas baixam a guarda nas primeiras horas da manhã,
mesmo que estejam guardando alguma coisa. Era uma simples natureza
humana.

Ele se virou para Lucy. — Eu sinto muito...

— Vá. Apenas fique seguro. — Lucy deu-lhe um beijo rápido,


preocupação em seu olhar.

— Se algo acontecer comigo, você vai ser cuidada. Já falei com Gage,
— ele disse, pegando roupas e seus equipementos de sua bolsa. — Se por
algum motivo os federais deixarem cair a bola e seu tio ficar livre, meu
pessoal vai ajudá-la a desaparecer se eu não voltar.

— Leighton...

Ele balançou a cabeça bruscamente. — Eu não quero falar sobre


isso. Apenas saiba que você vai ficar bem.

Suspirando, ela olhou para ele com muitas emoções confusas


enquanto ele se vestia apressadamente. — Apenas volte para mim.
— Oh, eu pretendo. — Mas ele sabia que os planos nem sempre
funcionavam da maneira que deveriam. Ele deu a ela um beijo forte e
dominador antes de pegar o resto de suas armas e correr para fora da
porta. Ele odiava deixá-la assim, mas não havia escolha.

O tempo era essencial agora que eles tinham uma localização. Eles
precisavam se mover com rapidez e eficiência.

***

— Aqui está o resumo. — Colt se virou do banco do passageiro


enquanto Skye dirigia em silêncio.

Leighton e Savage estavam com eles enquanto os outros estavam em


outro veículo. Eles escolheram minivans indefinidas com adesivos de famílias
nas costas para os dois veículos de fuga. O pai de Colt e Nova estavam
montando veículos de fuga extras nas proximidades da operação para o
caso de as coisas esquentarem.

— Leroux nos respondeu e ele não consegue sua arte a menos que
esteja dizendo a verdade — continuou Colt.

— Ele pode estar armando para nós. — Savage murmurou.

— Eu sei disso. Mas o endereço que ele deu está no mesmo raio de
uma milha que Gage reduziu.

— Força letal? — Leighton perguntou. Ele sabia que era uma


possibilidade distinta. Inferno, probabilidade. Mas havia civis lá dentro, então
eles tinham que ter cuidado. Essa não era a primeira vez deles.

— Força letal se necessário. Mas eu quero deixar o máximo possível


deles amarrados para os federais.
O plano era entrar, desarmar os homens e libertar as mulheres. Mas
se havia crianças lá, Leighton não se importava em desarmá-los, ele mataria
cada um daqueles bastardos. Inferno, ele queria matar todos eles de
qualquer maneira e não tinha certeza do que isso dizia sobre ele.

Mas ele estava cansado de viver em um mundo onde havia tanta


merda. Havia tanto lixo todos os dias, e seus amigos e Lucy se sentiam os
únicos bons nisso. Ele sabia que isso estava errado, é claro. Mas era difícil
não ser pego na merda.

— Eu digo que nós apenas matamos todos eles. — Savage


murmurou.

Leighton simplesmente grunhiu em concordância.

Colt lançou um olhar penetrante para eles. — Não sabemos se os


federais precisarão deles para testemunhar contra Kuznetsov.

— Quem disse que eles vão testemunhar? — Leighton murmurou.

Colt ergueu um ombro. — Eles vão para a cadeia pelo que


fizeram. Vamos nos certificar disso. Mas se os federais precisam desses
caras para construir um caso mais forte contra Kuznetsov, eu digo que
devemos dar a eles.

— Quem estiver lá estará preparado desta vez. — Principalmente


depois do que acontecera na rua Magnolia.

Colt acenou com a cabeça, ficando em silêncio com isso.

Não demorou muito para encontrar a casa, embora eles não


estacionassem em frente a ela, mas a alguns quarteirões de distância, no
estacionamento de uma igreja.

Assim como fizeram na noite anterior, eles cercaram o local e se


prepararam para se infiltrar. Só hoje eles tinham números duplos, então eles
se moviam dentro dos pares. O parceiro de Leighton era Brooks e seu ponto
de entrada era a porta dos fundos. Mesmo que originalmente Brooks não
tivesse planejado participar, ele se recusou a sentar enquanto todos eles
entravam, já que Axel não estava em sua capacidade máxima. Ele ainda
estava aqui, mas fornecendo reforços do lado de fora, avisando-os se
precisassem se espalhar.

Na mesma contagem, todos eles se infiltraram na casa quando Gage


cortou a energia.

Com OVNs ativados, Leighton subiu enquanto Brooks vinha logo atrás.

Um homem sem camisa pegou uma pistola na mesa da cozinha, mas


Leighton atirou em seu braço. Mesmo que ele tivesse preferido atirar nele
bem no rosto.

O cara gritou, mas Leighton foi para cima dele rápido, batendo o punho
contra a mandíbula enquanto o homem sangrava.

O homem caiu no chão, gemendo enquanto Brooks derrubava e


desarmava o outro perto da geladeira.

Ambos os homens estavam sem camisa, armados e vestindo calças


largas de corrida - e cobertos de tatuagens que indicavam o envolvimento
de gangues locais.

— Nós temos um problema. — Gage disse calmamente. — No


corredor do andar de baixo, o homem tem uma faca na garganta de uma
mulher. Ele não vai deixá-la ir. Skye está tentando acalmá-lo. Ele só tem um
visual sobre ela. — A voz de Gage foi baixa através da linha de
comunicação.

— Qual lado da casa? — Leighton perguntou.

— Leste.

Leighton e os outros conheciam o layout da casa graças às habilidades


de hacker de Gage, então ele sabia exatamente onde ficava. — Vou tirá-lo
da janela, se possível. — Ele só esperava chegar a tempo.

— Mova-se rápido. — ele murmurou.


— Abaixe a arma e você vai embora. — A voz baixa de Skye veio da
linha de comunicação naquele momento.

— Eu não sou idiota, porra — o homem cuspiu enquanto Leighton saía


pela porta dos fundos.

Brooks acenou com a cabeça para ele uma vez e sinalizou que ele
estava entrando mais fundo na casa.

Leighton podia ouvir os outros derrubando pessoas no segundo andar


- e as notícias de que meia dúzia de mulheres agora estavam seguras - mas
agora seu foco principal era salvar aquela garota. Eles não vieram aqui esta
noite para perder ninguém. Todas essas mulheres estavam saindo
ilesas. Ele se moveu ao redor da casa enquanto Skye continuava a falar na
voz mais calma que ele já tinha ouvido dela. Ela era quase reconfortante.

— Não vamos matar ninguém aqui hoje — disse ela.

— Vocês não são policiais. E vocês não são federais — disse o


homem, elevando a voz. — Do contrário, você não estaria usando
máscaras! Quem está com você? Os mexicanos?

— Não estamos com cartéis. Ou qualquer gangue rival. Abaixe a arma


e ninguém se machucará. Até agora, apenas restringimos todos.

— Cale a boca! Quem é você?

— Somos da CIA. — Skye disse de repente, seu tom um pouco mais


áspera agora. — E só há uma maneira de sair dessa com vida. Se você for
útil.

Leighton se perguntou aonde diabos ela estava indo com essa linha
de mentiras, mas principalmente se desligou quando começou a contar para
o cara uma história de merda sobre como eles queriam virar esses caras
contra seu chefe. Como eles precisavam de alavancagem agora, blá, blá,
blá.

Leighton chegou à pequena janela do banheiro e começou a se içar


para cima.
Houve um grito de comoção.

— O cara a arrastou para o banheiro e se barricou lá dentro. — Gage


retrucou.

— Estou no lugar. — Leighton se apoiou contra a parede, esperando


por um longo momento.

— Não! — uma mulher gritou e ele ficou tenso. Então tudo ficou em
silêncio.

— Fique fora! — o homem gritou, suas palavras claras através da


janela. — Eu só preciso pensar.

Um segundo depois, alguém chegou à janela. Levantando sua arma,


Leighton sabia que havia apenas uma opção para isso. Ele tinha que atirar
nesse cara antes de machucar a mulher.

Haveria apenas uma chance. A janela era muito alta do chão para
Leighton agarrá-lo e arrastá-lo para fora. Ele não podia arriscar a vida da
mulher. Se ela ainda estivesse viva.

Leighton fechou esse pensamento e se concentrou no momento.

O homem lentamente ergueu a cabeça, olhando para a esquerda


antes de começar a se virar na direção de Leighton.

Ele deu o tiro. — Homem morto.

A porta se abriu quando o corpo do homem caiu sobre o peitoril da


janela.

— Ela está viva. — O alívio encheu a voz de Skye no comunicador. —


Machucada, mas viva.

— Estou me movendo. Todos se registrem — disse Leighton. Ele


estava tão focado em derrubar esse cara que não tinha certeza de onde
todos os outros estavam neste momento.
Todos verificaram se eles estavam vivos e se havia apenas uma outra
vítima - não uma das mulheres - e se todas as mulheres estavam vivas e
contadas.

Demorou alguns minutos conversando com as mulheres, algumas das


quais eles tiveram que traduzir, para descobrir que apenas um homem
estava faltando na equipe de costume que as observava. Marco Broussard.

Idiota.

E que nenhuma delas foi enviada esta noite por causa do que
aconteceu na noite anterior. As mulheres não sabiam muito, apenas que os
chefes dos homens aqui queriam se calar.

Quando Leighton terminou de ajudar a arrastar os homens para a sala


- onde foram jogados de bruços com as mãos e as pernas presas - seu
telefone tocou.

Normalmente para uma operação, eles ficavam no escuro, mas com


tantos de seus membros de volta na casa secreta, todos optaram por
carregar descartáveis em caso de emergência.

— Sim? — ele murmurou, saindo da sala de estar.

— Ei, sou eu — disse Nova agitada. — Lucy está dentro do


Sapphire. Sênior está com ela. O amigo dela está com problemas... e acho
que ela também pode estar.
Você conhece aquela vozinha na sua cabeça que diz ‘Dê um soco no pau dele’? Escute
isso.

Lucy não conseguiu voltar a dormir depois da partida abrupta de


Leighton. De jeito nenhum ela poderia descansar bem - ou mesmo -
enquanto se preocupava com ele, então ela tomou o banho mais rápido do
mundo antes de vestir uma calça jeans e um suéter confortável. Não era sua
roupa normal, mas ela era toda voltada para o conforto agora.

No andar de baixo, ela quase saiu da cozinha quando viu uma mulher
sentada ali, bebendo café, mas sabia que isso seria além de rude. Ela
simplesmente não estava disposta a ter muita conversa.

A mulher, que ela viu, mas não foi apresentada, deu um sorriso. —
Oi. Você é Lucy, certo? Sou Darcy, a esposa de Brooks.

— Sim, é um prazer conhecê-la. — Lucy sorriu ao entrar na


sala. Imediatamente ela se dirigiu para a cafeteira. — Embora pareça
estranho de dizer, considerando as circunstâncias.

A outra mulher riu levemente. — Eu sei certo? Hadley e eu voamos


para surpreender nossos homens e, claro, eles correram direto para o perigo
assim que chegamos aqui.

— Então... você não tem, tipo, treinamento militar ou algo assim?


— Lucy perguntou, sentando-se em frente à linda morena. Porque ela sabia
que Skye tinha, e ela tinha quase certeza de que Nova tinha algum tipo de
treinamento também.
Darcy piscou, em seguida, soltou uma risada alta. — Não apenas não,
mas inferno não. Eu sou uma planejadora de casamentos. Eu tenho
treinamento de combate, se você considerar as noividades com as quais eu
lido, mas isso é tudo.

Lucy sorriu apesar da preocupação que percorria seu sistema. —


Parece uma pergunta óbvia, mas você não se preocupa com seu marido o
tempo todo?

— Oh sim. Quando ele está fazendo o que quer que eles façam,
sim. Tento bloquear isso e ficar ocupada com o trabalho, o que adoro, ajuda.

Lucy baixou os olhos para o café, sem saber se se sentia pior ou


melhor.

Darcy continuou. — Eu gostaria de poder dizer que fica mais fácil,


mas... não fica. Na verdade. Mas eles são muito treinados. Incluindo
Leighton, que tenho certeza que você já conhece.

Ela deu um sorriso agradecido para a outra mulher, que claramente


estava se esforçando para fazer Lucy se sentir melhor. — Ele me contou um
pouco sobre o que fazia antes, mas ajuda saber que está treinando. Ainda
estou com medo por ele. — O medo estava acabando com ela.

Duas outras mulheres entraram na cozinha naquele momento. Ela


conheceu as duas, embora brevemente, e sorriu educadamente.

Nova e Hadley devolveram o sorriso e praticamente correram uma


com a outra pela cafeteira. Nova venceu Hadley por um segundo e deu uma
gargalhada maligna ao ligar a máquina Keurig. — Não fique no caminho de
mim e meu café ou vou derramar sangue.

— Isso é maldade, mulher. Meu homem acabou de levar um tiro. Eu


sinto que você deveria ser um pouco mais legal.

— Ele quase não foi atingido — disse Nova provocativamente,


enquanto colocava um braço em volta dos ombros da outra mulher. — E eu
ouvi que vocês dois estavam fazendo isso algumas horas atrás, então tenho
certeza que ele vai viver.

— Gah! Você nos ouviu?

Agora Nova se desmanchava em gargalhadas. — Não, mas você


acabou de admitir que vocês dois estavam ficando ocupados. O que torna
sua reclamação ainda mais triste. Se o seu homem pode lidar com sexo,
você não recebe tratamento especial. — Ela pegou sua caneca com um
sorriso.

— Você é sorrateira. — Hadley murmurou, um sorriso puxando seus


lábios.

Estava claro que essas mulheres tinham um bom relacionamento, e


Lucy quase sentiu inveja disso. Por causa da maneira como ela foi criada,
ela não tinha muitas amigas. Claro, ela era amigável com a maioria dos
funcionários, mas por causa de sua posição, era impossível ser amiga de
verdade de pessoas que talvez um dia você tivesse de demitir. Ela sempre
sentiu que sentia falta de ter um melhor amigo enquanto crescia, e agora só
deixava claro.

Ela se perguntou se era estranho esperar que um dia ela fosse amiga
dessas mulheres. Amigas de verdade. Então ela empurrou o pensamento
para longe como algo ridículo. Apesar do que Leighton disse a ela, Lucy era
uma realista. Ela não estava pensando no futuro com ele. Doeria muito
imaginar um futuro em que ele não estivesse.

Então ela não ia.

Antes que seus pensamentos pudessem ficar com pena de si mesma,


Sênior entrou na cozinha totalmente vestido e parecendo totalmente
acordado. Droga. Ela se sentia como se mal estivesse funcionando, mas ele
parecia pronto para enfrentar um exército.

— Você não tomou café suficiente antes? — O tom de Sênior era seco
enquanto olhava para Nova.
Ela ergueu um ombro. — Nunca.

Balançando a cabeça, Sênior entrou totalmente na cozinha. — Estou


farto de comida para viagem. Posso preparar omeletes para todos nós, se
vocês estiverem com fome.

Lucy se sentiu muito tímida para responder primeiro, mas todas as


outras mulheres disseram que sim, então ela simplesmente assentiu.

— É isso que eu gosto de ver, um homem trabalhando na cozinha. —


disse Nova, sorrindo para o homem mais velho.

Lucy tinha a sensação de que realmente gostaria de Nova.

Enquanto as outras mulheres conversavam entre si e Sênior começava


a preparar o café da manhã, ela absorveu tudo e tentou não se preocupar
com Leighton. Embora isso fosse uma impossibilidade. Nada poderia
impedir sua mente de funcionar.

Estava indo a um milhão de milhas por minuto. Seus pensamentos


foram consumidos por Leighton e, claro, por seu tio. Seu tio sabia sobre seu
envolvimento com essas pessoas? Os federais realmente iriam prendê-lo? E
as acusações permaneceriam? Isso era o principal. Tanta coisa estava no ar
agora e ela não tinha respostas.

Sacudindo-se para fora de seus pensamentos, ela quase pulou


quando seu telefone zumbiu no bolso da calça jeans, indicando uma
mensagem de texto. Ela só trouxe para baixo no caso de Leighton entrar em
contato com ela.

Ela não reconheceu o número, mas clicou no link.

Seu peito apertou quando viu Nathan amarrado a uma cadeira, um


olho inchado e fechado, a cabeça tombada para o lado. O sangue formava
uma crosta ao lado de sua boca enquanto ele inspirava e expirava.

Havia um carimbo de data / hora no vídeo e ela reconheceu algumas


das caixas etiquetadas. Ele estava detido no cassino.
— Oh meu Deus — disse ela em voz alta antes que pudesse se conter.

Outra mensagem veio quase imediatamente após o vídeo.

Eu tenho uma proposta para você. Encontre-me no cassino na sala


de armazenamento Seis C em vinte minutos ou seu amigo morre. Se você
envolver a polícia, seu amigo morre. Se você trouxer alguém com você,
seu amigo morre.

Com dedos trêmulos, ela tentou ligar para o número, mas foi direto
para uma caixa postal genérica. Provavelmente era um daqueles TracFones.

— O que está errado? — Darcy perguntou.

Foi quando ela percebeu que todos eles estavam olhando para ela.

Ela desceu do banquinho e se levantou. Ela se sentiu quase


entorpecida. — Meu amigo foi sequestrado. E maltratado. Talvez
torturado. Ele está no cassino. — Ela estendeu o telefone e Sênior agarrou-
o antes que alguém pudesse.

Ele franziu a testa, mesmo quando ela já estava tentando alcançá-lo.

— Eu não me importo com o que você diga, estou indo. — ela


retrucou, se preparando para uma discussão.

Seu telefone vibrou novamente. Lembre-se, se você chamar a polícia,


eu coloco uma bala na cabeça dele, princesa.

O gelo a cortou enquanto ela colocava o telefone no bolso de


trás. Apenas uma pessoa a chamava de princesa. Marco. Agora ele tinha
uma ‘proposta’ para ela? Que diabos era isso?

— Você não pode me impedir de ir — ela disse novamente, olhando


para Sênior agora. — Acho que sei quem está com meu amigo.

— Não vou te impedir. Mas você não vai sozinha. — disse Sênior,
contornando a ilha central. — E não vamos desarmados. E você
definitivamente não vai parecer como está agora.
Surpresa com sua reação, ela piscou. — Você não vai brigar comigo?

— Tenho a sensação de que você não vai ficar aqui a menos que eu
te amarre, e não estou interessado nessa ideia.

— Bom, porque eu não vou deixar meu amigo morrer. Mas eu conheço
aquele hotel muito melhor do que ele — disse ela. — Acho que o homem
que o levou é alguém que trabalha para o meu tio. Ele é o único que me
chama de princesa. Ele não trabalha no hotel, mas tem muito acesso lá.

Sênior acenou com a cabeça enquanto pegava seu braço


suavemente. — Vamos, precisamos disfarçar você para que ele não o
reconheça em nenhuma câmera de segurança.

— Oh, é uma boa ideia. — Uma ótima, na verdade. — Olha, eu


reconheço aquela sala onde Nathan está sendo mantido. Não é a sala de
armazenamento que ele me disse para ir. Então, se ele quer que eu vá para
o Seis C, não vamos lá. Devíamos apenas ir para onde Nathan está detido e
chamar a polícia.

Sênior assentiu ao mesmo tempo em que puxava uma arma de uma


das gavetas da cozinha ao sair.

Ela piscou surpresa. Que diabos? Eles guardaram suas armas na


cozinha? Tanto faz - ela contemplaria aquela insanidade mais tarde.

Nova tentou impedi-los de partir, mas acabou decidindo se juntar a


eles quando não conseguiu falar com Gage.

Lucy não queria fazer isso, mas de jeito nenhum ela iria simplesmente
se sentar e não fazer nada enquanto seu amigo era assassinado. E ela não
podia correr o risco de chamar a polícia. Porque Marco veria a polícia se
aproximando a um quilômetro de distância. Eles teriam que seguir um
determinado protocolo. Ou Nathan acabaria morto.

Não. Isso não estaria em sua consciência.


***

— Seu tio também pode estar lá — disse Sênior, enquanto os três se


aproximavam do Sapphire quinze minutos depois.

Lucy tinha trabalhado em seu disfarce no caminho, colocando uma


peruca loira platinada, óculos de leitura falsos e um moletom com um
flamingo de lantejoulas rosa na frente. A coisa era ridícula, mas Nova disse
que era uma boa parte de seu disfarce.

Como Lucy não tinha experiência com esse tipo de coisa, ela estava
seguindo o conselho de Nova.

Seu telefone apitou novamente.

Tick. Tock. O tempo está quase acabando, princesa.

Ela engoliu em seco, lendo o texto. — Ele me mandou uma mensagem


de novo.

— Ele não vai machucar seu amigo. Ainda não. Envie uma mensagem
de volta, diga que você está presa no trânsito. Ele não tem ideia de onde
você está agora — disse Nova calmamente do banco da frente, mesmo
enquanto dava outra ligação.

Sem dúvida para Gage, para quem ela tentava ligar.

Lucy fez o que ela disse, mandando uma mensagem de volta,


esperando que não parecesse uma mensagem absurda. Nathan não
poderia morrer. Ele simplesmente não podia. Ela não se perdoaria se isso
acontecesse.

Tick, tock

Foi a única resposta que ela obteve.


A náusea cresceu dentro dela, mas ela impiedosamente empurrou
para baixo quando Sênior entrou na seção de funcionários do
estacionamento. Sem palavras, ela entregou a ele um cartão-chave mestre.

Sênior passou-o sobre o teclado e a cancela levantou, permitindo que


eles entrassem.

O cartão-chave não estava vinculado a ela especificamente, mas ao


‘gerenciamento’. Ainda assim, ela tinha a sensação de que Marco estaria
procurando ela. Se fosse Marco, e se ele estivesse trabalhando com alguém
da segurança. E neste ponto, ela não podia descartar qualquer
possibilidade, mas ela estava operando com o pensamento de que era
Marco.

— Vá para o segundo andar — ela ordenou. — Vamos usar a entrada


de funcionários lá e, em seguida, pegar o elevador de serviço mais próximo
para o terceiro andar. Na verdade, está no mesmo nível do saguão. Alguns
dos elevadores de serviço têm câmeras - a maioria tem, na verdade - mas
não todos. De qualquer forma, estaremos em um corredor privado que leva
para onde eu devo ir.

— Existem escadas? — Sênior perguntou.

— Sim.

— Vou pelas escadas, para não andarmos juntos.

— Eu só tenho esse cartão-chave. Você não será capaz de se mover


livremente.

O homem mais velho franziu a testa, mas não respondeu quando


estacionou em uma vaga. — Nova, fique quieta. Chame a polícia em cinco
minutos.

— O que? — Lucy exigiu.

— Veja. A polícia definitivamente tem seu propósito. No momento, não


temos outro apoio. Os policiais precisam ser chamados, não importa o
quê. Nova tem o nome e a descrição de Marco. Ela está usando um
gravador e dirá que ele está balançando uma arma no cassino. Então,
mesmo que ele nos mate, ele não vai sair daqui vivo.

Lucy não poderia perder tempo e discutir com eles. E não importaria
de qualquer maneira, porque ela tinha certeza de que eles apenas fariam o
que quisessem de qualquer maneira. — Tudo bem. Vamos.

Tick, tock, tick, tock. Ela podia ouvir o maldito relógio batendo em sua
cabeça.

Com o coração aos pulos, ela atravessou apressada o estacionamento


meio cheio com Sênior.

O homem podia ser mais velho, mas estava em melhor forma do que
ela, movendo-se como um atleta quando chegaram ao elevador. Ele usava
um boné e mantinha a cabeça inclinada para baixo para evitar quaisquer
câmeras em potencial. Felizmente ela sabia onde todas as câmeras
estavam, então eles não deveriam ter um problema. Não até que eles
alcançassem o corredor exclusivo para funcionários. Então... eles apenas
teriam que improvisar. Pelo menos ela estava disfarçada, então era muito
provável que, se Marco estivesse trabalhando com alguém da segurança,
ele não a reconheceria.

Pelo menos não no começo.

Ela passou o cartão contra o leitor, em seguida, enxugou as palmas


das mãos úmidas contra o jeans.

— Respire — murmurou Sênior. — Respirações constantes irão


manter o fluxo de oxigênio uniformemente. Você precisa manter a cabeça
fria. — Ele nem mesmo olhou para ela enquanto falava, apenas pisou
calmamente no elevador.

Deus, ela gostaria de ser tão fria e controlada.

— E lembre-se, ele não vai fazer nada muito estúpido enquanto estiver
aqui.
— Talvez. — ela murmurou. Ele claramente machucou Nathan no
cassino. Ela se sentiu mal de novo e de repente ficou feliz que Nova
chamasse a polícia.

Quando eles alcançaram o nível certo, ela respirou fundo e saiu com
Sênior. Quase imediatamente ela viu Carlos, um dos caras da manutenção,
carregando uma pequena escada, caminhando em sua direção.

Instintivamente, ela quase gritou uma saudação amigável, mas então


se lembrou de seu disfarce. Então ela manteve os olhos fixos e agiu como se
soubesse para onde estava indo.

— Três portas abaixo é onde eu o vi sendo mantido — ela murmurou


para Sênior enquanto eles passavam por uma mulher que ela reconheceu
que trabalhava em um dos restaurantes.

A mulher nem mesmo ergueu os olhos do telefone enquanto passava,


completamente em seu próprio mundo.

— Bem aqui — ela murmurou.

— Quantas câmeras estão em nós? — Ele não olhou para cima


quando perguntou.

— Um casal.

Sênior deixou escapar um som de frustração, mas estendeu a mão


para a arma, que estava enfiada sob a camisa. — Não há maneira de
contornar isso. — ele disse a ela antes de abrir a porta. Ela sabia que ele
não a queria com ele, mas ela não podia enviar este homem, este estranho,
lá sozinho.

Ela parou perto de Sênior, que estava com a pistola na mão e varrendo
a sala quase vazia. Quase vazia, exceto por Nathan.

Que estava encostado em uma das caixas de armazenamento, o


celular na mão.
— Lucy! — Nathan olhou para ela em choque, seu único olho se
arregalando. O outro era vermelho e roxo e o inchaço parecia pior.

— Você se libertou. — ela murmurou, o alívio ameaçando inundar seu


sistema. Ela começou a se mover em direção a ele, mas Sênior disparou sua
mão livre, quase a forrando de roupa quando a parou.

— Sinto muito — disse Nathan, a vergonha enchendo seus olhos


azuis.

Foi quando registrou que ... ele não tinha se libertado. Ele nunca deve
ter sido um prisioneiro em primeiro lugar. Oh Deus. — Mas... seu rosto.

— Tinha que parecer real — ele murmurou. — Não é pessoal.

Não é pessoal? Ele estava brincando?

— Precisamos sair daqui — murmurou Sênior. — Jogue seu telefone


aqui — ele ordenou a Nathan, sua arma ainda apontada para ele.

Ele deu a Lucy uma arma também, mas ela não planejava usá-la - não
queria tocá-la.

Nathan jogou o telefone no chão, mesmo quando Sênior começou a


empurrá-la de volta para a porta.

Lucy congelou quando sentiu o aço frio de uma arma em seu pescoço.

Garras geladas correram por sua espinha, congelando-a no lugar.

— Eu gosto da peruca loira, princesa. — A voz maligna de Marco fez


sua pele arrepiar. — Nem pense nisso — ele retrucou quando Sênior
começou a se virar. — Largue sua arma. Agora, meu velho.

Sênior fez uma pausa, mas deixou a arma cair no chão.

Caixas cheias de várias decorações que eles usavam ao redor do


cassino enchiam a sala, pressionadas contra as paredes em pequenas pilhas
organizadas. Mas não havia para onde correr, nenhum lugar para se
esconder.

Uma mão dura agarrou a frente de seu pescoço enquanto Marco a


puxava de volta para seu peito. Foi quando ela sentiu sua ereção - e quase
o perdeu. Ele deve ter sentido sua arma porque a puxou rapidamente,
deixando-a desarmada.

— Amarre o velho por agora. — Marco disse bruscamente para


Nathan, que saltou quando recebeu uma ordem. — Seu tio nem se deu ao
trabalho de matar você. — Marco murmurou em seu ouvido, suas palavras
como um filme oleoso escorrendo por sua espinha.

Ela suprimiu um estremecimento. — Meu tio mandou você?

— Ele me disse para me livrar de você, para fazer parecer um


acidente. Pela primeira vez, não estou cumprindo ordens. Porque vou curtir
você primeiro. Você sempre pensou que era boa demais para mim. — Ele a
puxou ainda mais perto agora, envolvendo um braço em volta dela por trás
e agarrando seu seio com força.

Ela gritou de dor, incapaz de parar o som.

Nathan olhou de onde estava puxando um zíper em volta dos pulsos


de Sênior, seus olhos se arregalando. — Você... não disse nada sobre
isso. Você disse que ia apenas matá-la. Não machucá-la.

Oh, então estava tudo bem. Idiota. Ela não podia acreditar que
pensava que Nathan era seu amigo. Ele sempre foi inconstante e
egocêntrico, mas isso... era uma loucura.

Marco moveu-se ligeiramente atrás dela. Houve um som de farfalhar,


então ele jogou algo em Nathan. Um grande saco de... ah, cocaína. Nathan
pulou sobre ele como um viciado, agarrando-o e enfiando-o no bolso.

— Saia daqui e diga à segurança que não há problema aqui. Já


teremos ido embora quando eles colocarem as câmeras de volta em
funcionamento.
— Sim, sim. — Nathan murmurou, correndo porta afora sem olhar
para Lucy. Ele manteve os olhos baixos como se estivesse com vergonha.

Bom. Se ela saísse dessa, ela estava... Inferno, ela só esperava que
ela e Sênior saíssem dessa. — Você desativou as câmeras? — ela
perguntou, esperando manter Marco falando por pelo menos um pouco. Se
ele estivesse falando, ele não a estaria machucando. Ou a matando. Ela
esperava.

Ignorando sua pergunta, ele a arrastou até Sênior, que estava


amarrado com zíper a uma das grades da estante, e manteve sua própria
arma erguida. — Para quem você trabalha?

— DEA — disse Sênior sem perder o ritmo.

E se Lucy não soubesse que ele estava mentindo, ela teria acreditado
nele.

Marco a girou tão rápido que ela tropeçou nos próprios pés. Mas ele a
puxou pela garganta, segurando-a no lugar enquanto ela lutava.

— Diga-me a verdade ou eu a dobrarei e a estuprarei bem na sua


frente. — A voz de Marco era fria, implacável, e ela sabia que ele faria isso
se achasse que Sênior estava mentindo.

Não, ele faria isso não importa o quê. Essa verdade foi registrada
quando sua traqueia se fechou. Ela agarrou e chutou Marco, mas ele não
vacilou. Ele era tão forte.

Pontos negros dançaram na frente de sua visão quando Sênior puxou


suas amarras.

— Você está matando ela — Senior gritou.

— Sim. Diga-me para quem você trabalha.

— FBI. Vamos trazer seu chefe para baixo esta noite.


O aperto na garganta de Lucy afrouxou, mas não muito. Respirando
fundo, ela tentou se afastar dele, mas ele a puxou para ele novamente,
envolvendo o braço em volta de sua garganta desta vez enquanto a
segurava perto.

Ela sentiu a umidade nas bochechas e percebeu que estava


chorando. Seu corpo inteiro parecia entorpecido, então ela não tinha certeza
de como isso era possível.

— Nós sabemos sobre os federais. — Marco rosnou. — Mas eu não


acho que você está com eles. Os federais nunca trariam um civil para algo
assim. Isso deixa algumas opções. — De repente, ele a empurrou para
longe dele.

Lucy se virou, exaltação perfurando-a, embora ela não estivesse


livre. Mas ela estava feliz por ele não estar mais a tocando.

— Tire seu suéter. — Marco retrucou, seu olhar sobre ela agora, seus
olhos brilhando com algo que ela não queria pensar.

— O que?

— Suéter. Fora.

Ela queria dizer não, queria lutar com ele, mas sabia que
provavelmente isso a mataria. Oh Deus, agora ela estava realmente feliz por
Nova ter chamado a polícia. Ela só esperava que eles chegassem a tempo.

Com as mãos trêmulas, ela fez o que ele disse, levantando e tirando o
suéter. Ela o agarrou com os dedos, segurando-o firmemente ao seu lado
enquanto Marco a encarava, seu olhar lascivo varrendo-a como se estivesse
imaginando... coisas que ela não queria pensar.

— Você definitivamente não é um Federal — Marco murmurou, mais


para si mesmo. — Porque você não tem nenhum apoio. — Ele fez uma
pausa em um som de zumbido. Então ele puxou o telefone do bolso - mas a
mão da arma não vacilou. Ele leu algo, amaldiçoado.
Quando ele olhou para Lucy, aquele brilho estava de volta. — Vou
viajar com seu tio muito em breve. Sim, ele sabe sobre os federais. E eles
são estúpidos o suficiente para acreditar que alguém em sua organização se
voltou contra ele. Então, enquanto eles estão invadindo sua casa, ele estará
muito longe em seu iate. — Seu telefone tocou novamente, mas ele o
ignorou. — É uma pena que não terei mais tempo com você. Agora tire as
calças.

Ela piscou com a rapidez de sua ordem, com o brilho brutal em seus
olhos. Ele ia estuprá-la e depois matá-la bem aqui. — Não.

— Tire. Elas.

— Não. — Se ele queria tirá-las, ele mesmo teria que tirá-las.

Ele deu um passo em sua direção, então parou e apontou a arma para
Sênior. — Faça isso ou eu o mato agora.

— Deixe ele atirar em mim! — Sênior lutou contra suas amarras,


praguejando e puxando toda a prateleira.

As lágrimas turvaram sua visão quando ela alcançou o botão de sua


calça jeans. Ela queria lutar com ele, mas não podia deixá-lo matar
Sênior. Oh, ela tinha certeza de que ele iria fazer isso, mas se ela pudesse
apenas resistir...

Com o canto do olho, ela viu a porta se abrindo lentamente. Ela não
conseguia ver quem estava entrando, mas eles estavam se movendo
metodicamente.

Era Leighton!

Por pura força de vontade que ela não sabia que tinha, ela não olhou
para ele. E ela rezou para que a esperança não transparecesse em seus
olhos.

Sênior continuou lutando, gritando agora como Marco era um ‘filho da


puta patético’.
Marco não tirou o olhar dela, no entanto.

Mesmo que ela odiasse fazer isso, em vez de empurrar as calças para
baixo, ela fez um movimento para pegar o sutiã. Ela precisava de toda a
atenção de Marco nela. E havia uma maneira infalível de fazer isso.

Quando ela tirou o sutiã, os olhos dele se arregalaram e ele esfregou


a mão na virilha. Quando o fez, todo o resto pareceu se mover em câmera
lenta.

Leighton se lançou como um leão, derrubando-o com um grito


selvagem. O som reverberou pela sala de armazenamento quando os dois
homens atingiram o solo com um baque violento. A arma de Marco voou pela
sala e sob uma das prateleiras.

Agarrando o suéter contra ela, Lucy correu para ela, tentando agarrá-
la, mas não conseguiu alcançá-la.

— Uma faca no bolso de trás — Senior disparou.

Ela o agarrou e o soltou enquanto os dois homens continuavam a se


espancar violentamente.

Sênior a empurrou de volta enquanto eles lutavam. Ela viu sua arma
caída ao mesmo tempo que Marco deve ter visto.

Ele se lançou para a arma, mas Leighton bateu com o punho nas
costas de Marco com um estalo retumbante. Marco gritou de dor, mas
Leighton não terminou.

Ele bateu com os punhos em Marco repetidamente até que ele não
estava mais se movendo.

— Filho, pare! — Sênior finalmente explodiu.

Leighton olhou para eles, seus olhos quase vidrados enquanto ele
olhava entre os dois.

— Leighton? — ela sussurrou.


Naquele momento, a porta se abriu. Dois de sua equipe de segurança
entraram correndo, liderados por Nick, armas em punho. Eles olharam para
todos eles.

Nick apontou sua pistola para Leighton. — No chão, mãos acima da


cabeça. Lucy, você está bem? — ele perguntou enquanto Leighton
obedecia. Até o Sênior ergueu as mãos sobre a cabeça.

— Estou bem. Este homem salvou minha vida. Marco tentou me


matar. Como você sabia que eu estava aqui?

Nick fez uma pausa, mas depois abaixou a arma. Os dois homens com
ele fizeram o mesmo. — Eu não fiz. Nathan se ofereceu para verificar aqui
quando algumas das câmeras falharam, mas quando eu o vi já saindo, todo
estranho e parecendo machucado, tentei fazer com que ele me contasse o
que estava acontecendo, mas ele me dispensou, disse que estava
bem. Então descemos aqui... Merda. — Ele se voltou para um dos
homens. — Envie um rádio para Rick e diga a ele para não deixar Nathan
sair da propriedade. — Ele se virou para ela, mas manteve um olhar
cauteloso em Leighton, que havia se levantado e agora estava se
aproximando dela. — Você tem certeza que está bem? — Seu olhar varreu
sobre ela de forma clínica, e ela amaldiçoou interiormente.

— Sim. Você pode... virar?

Ele e os homens que estavam com ele, e Sênior também,


felizmente. Leighton se moveu rápido como um relâmpago, agarrando o
sutiã do chão. Ela o vestiu com dedos trêmulos, agradecida quando ele a
ajudou a colocar o suéter pela cabeça.

— Estou vestida — disse ela com voz rouca, grata quando Leighton
passou o braço por seus ombros.

Ela colocou o braço em volta dele, segurando-o como apoio, e tão feliz
que ele estava bem. Ela queria saber como ele sabia que ela estava nesta
sala, mas evitou qualquer pergunta.
— O que diabos está acontecendo? — Nick perguntou enquanto se
virava.

Marco começou a gemer no chão, embora ela não tivesse certeza de


como isso era possível.

Antes que ela pudesse responder, Leighton fez um gesto em direção


a Marco. — Ele precisa ser contido. Você vai atirar em mim se eu me mexer
para pegar aquelas braçadeiras zip?

Nick balançou a cabeça quando Leighton entrou em ação. Enquanto


ele se movia, ela o observou furtivamente agarrar o telefone de Marco e
colocá-lo no bolso.

— Eu gostaria de poder contar a você o que está acontecendo.


— Lucy decidiu ir com uma verdade parcial. — Recebi uma mensagem de
um número desconhecido com um vídeo de Nathan contido e espancado,
ameaçando matá-lo se eu não viesse aqui. Quando cheguei aqui, Marco
pulou em mim. Ele... — a voz dela quebrou e ela não estava fingindo. — Ele
ia me estuprar.

A expressão de Nick se tornou assassina quando ele olhou para


Marco, e por um momento ela pensou que ele poderia chutar o homem. Em
vez disso, ele simplesmente disse: — Você precisa de atenção médica?

— Não. Ele não foi tão longe. — Ela estremeceu, pensando no que
teria acontecido se não fosse por Leighton.

— Quem é você? — Nick perguntou de repente, olhando para


Leighton com uma consciência aguda.

— Guarda-costas de Carreras. Ela teve problemas com um


perseguidor e eu a tenho observado fora do trabalho. A ameaça aumentou,
então vim com ela para o trabalho hoje e...

Nick levantou a mão quando alguém o etiquetou em seu rádio. Ele


falou baixinho por alguns momentos, depois disse: — Os policiais estão
aqui. Todos nós vamos ter que falar com eles. Eu preciso ir encontrá-los.
— Seria possível esperar na sala dos funcionários no final do
corredor? Eu não... — Lucy fez sua voz falhar. — Eu não quero ficar perto
dele. — ela sussurrou, tremendo e segurando o choro. O que não foi muito
difícil, considerando que ela se sentia como se estivesse no limite de
qualquer maneira. Mais do que tudo, ela queria falar com Leighton em
particular, e ela não poderia fazer isso aqui.

Nick concordou. — É claro. Todos vocês, vamos. — Ele não


questionou Sênior sobre quem ele era, mas ela percebeu que isso estava
por vir. De Nick ou da polícia. Ou ambos. — Vou manter um cara na porta
aqui, não que eu ache que esse pedaço de lixo vai para algum lugar — ele
cuspiu, dando a Marco um olhar de nojo.

— Posso mostrar o caminho a eles — disse ela a Nick quando ele


começou a caminhar com eles. — Eu sei que você tem muito que lidar. Vá
encontrar a polícia.

Ele parecia querer discutir, mas acenou com a cabeça. — Estou com
meu telefone, mas não vou demorar.

Enquanto eles caminhavam lentamente pelo corredor em direção à


sala de estar, ela se apoiou em Leighton. — Marco disse que meu tio sabe
sobre o ataque dos Federais. Ele disse que está partindo em seu iate. Em
breve também. Ele me contou tudo isso porque ia me matar. Ele estava tão
convencido de saber o que estava acontecendo. — E ele ficou emocionado
com o planejamento de estuprá-la, mas ela não disse isso porque Leighton
já sabia disso.

Sem responder, Leighton puxou o telefone que havia roubado de


Marco e o abriu.

— Como você...

— Usei a impressão digital dele quando o peguei — ele disse baixinho,


examinando as mensagens de Marco. — E... agora tirei a função de
segurança de login.
Quando sua mandíbula se apertou com algo que leu, ela disse: — O
quê?

— Nada.

— Diga-me.

Ele simplesmente apertou o braço ao redor dela, mas ainda não olhava
para ela. Leighton enfiou o telefone no bolso. — Há uma mensagem do seu
tio. Você não precisa ler.

— Ele... realmente ordenou que Marco me matasse?

— Sim. — Ele não olhou para ela enquanto puxava seu próprio
telefone. Ele fez uma ligação e praguejou um momento depois. — Minha
amiga Federal não está respondendo.

— Esta é a sala de estar — disse ela quando chegaram a uma porta


aberta. Ninguém estava dentro, felizmente.

— Não vamos ficar aqui — murmurou Leighton, olhando para o


corredor. Alguns homens estavam juntos conversando, mas ninguém estava
prestando atenção neles. — Vamos resolver tudo com a polícia mais tarde,
mas eu tenho que parar seu tio se o que Marco disse a você for verdade.

— Por aqui — disse Sênior, as primeiras palavras que falara desde que
haviam partido. Seus pulsos estavam em carne viva, mas ele não parecia se
incomodar nem um pouco.

Leighton simplesmente acenou com a cabeça e eles voltaram pelo


caminho que ela e Sênior haviam chegado. Ela se perguntou como diabos
Leighton tinha entrado, mas não perguntou. Havia coisas mais importantes
com que se preocupar. — Eu posso ficar...

— Não. — Leighton finalmente olhou para ela, sua expressão dura. —


Eu não estou deixando você. Eu não dou a mínima para o que os policiais
pensam. Você vem comigo. Eu preciso... — Ele se interrompeu enquanto
eles corriam para o estacionamento.
Nova parou bem na direção deles. — Graças a Deus, vocês estão bem
— ela exclamou enquanto todos entravam no veículo. — Eu ouvi as sirenes
da polícia, então estou assumindo... vocês não estão falando com os
policiais?

— Onde o iate está ancorado? — Leighton perguntou, digitando em


seu telefone e ignorando a pergunta de Nova.

Nova não pareceu se importar. Ela simplesmente saiu correndo da


garagem.

— Ah... — Lucy esperava que eles tivessem um minuto para


conversar ou algo assim, mas sabia que isso era mais importante. Mesmo
que doesse, Leighton parecia tão frio e distante. Ela recitou os nomes de
duas marinas. — Ele tem alguns barcos. Ambos iates, se você quiser ser
técnico. Presumo que ele usaria o maior para sair, mas não sei de nada neste
momento.

A mandíbula de Leighton apertou quando ele olhou para as duas


marinas. — Nova, ligue para Gage e dê a ele esta informação. Estamos indo
para Redwood Wharf. É mais perto. — Mesmo enquanto falava, ele tentou
outro número de telefone. Então amaldiçoou.

— Sua amiga ainda não está respondendo?

— Não. Eles devem estar avançando sobre ele agora.

— Então o que você está planejando fazer? Impedir o meu tio você
mesmo?

— Se for o caso. — Ele não olhou para ela, e ela sentiu algo dentro
de seu estômago apertar de pavor.

Envolvendo os braços em volta de si mesma, ela se recostou no


assento e olhou pela janela para o tráfego e a paisagem que passavam. Não
demorariam muito para chegar à marina.

Ela só esperava que não fosse tarde demais.


A vida é difícil, mas você também.

— Droga — Leighton murmurou para ninguém em particular. Hazel


não estava atendendo o telefone - nem estava tocando. O que significava
que ela definitivamente tinha ficado às escuras e a operação estava em
jogo. Bem, se Marco estava certo, os federais estavam no lugar errado.

Quando seu telefone tocou, ele atendeu imediatamente. — Sim?

— Há uma equipe de federais aqui — Gage disse calmamente. — Eles


devem saber sobre seus iates.

— Saia daí. Vou deixar você saber o que encontrarmos — disse ele
enquanto Nova fazia outra curva. Ele só esperava que houvesse federais em
Redwood Wharf também. Assim, eles não teriam que lidar com Kuznetsov e
ele poderia levar Lucy para um lugar seguro e cuidar dela.

— O que aconteceu com a casa esta manhã? — Lucy perguntou


baixinho.

Foi quando ele percebeu que não tinha contado nada a ela. Ele tinha
estado tão consumido em chegar até ela, então parar Marco. Foi um milagre
ele não o ter matado. Quando ele entrou naquela sala e viu...

Não.

Ele tinha que bloquear isso agora. Deus, ela deve pensar que ele era
um monstro. Ele mal se lembrava do que havia acontecido. Mas ele sabia
que estava pronto para matar Marco com as próprias mãos. Ele flexionou os
dedos com isso. Suas mãos estavam doloridas de antes e pequenas
manchas de sangue haviam secado nos nós dos dedos. Ele arquivou aquela
merda com a qual lidaria mais tarde. — As mulheres estão seguras. Os
homens que as observavam estão contidos. — Ele omitiu a parte sobre dois
deles sendo mortos. — E uma ligação anônima foi feita para o FBI. A última
vez que soube, eles se mexeram e estão fazendo o que fazem.

— Bom — ela sussurrou, afastando-se dele novamente.

Ele queria alcançá-la, confortá-la, mas não tinha certeza se ela


receberia seu toque. E agora não era o momento de pressioná-la. Ela tinha
acabado de passar por muita coisa.

— Este lugar parece deserto — murmurou Nova enquanto os conduzia


até um estacionamento de cascalho.

Ele se inclinou para frente, examinando o estacionamento. Havia um


total de dez veículos e um monte de deslizamentos. Esta não era uma
marina, apenas algumas fileiras de deslizamentos de barco.

E o iate era difícil de perder. Enorme e elegante com janelas


escurecidas. E era rápido. Isso Leighton sabia. Tudo o que Kuznetsov teria
de fazer era entrar em águas internacionais.

— Eles estão quase indo embora — disse Sênior, acenando com a


cabeça para um homem uniformizado que corria para o barco com uma
sacola na mão.

— Nova, diga aos outros que os federais não estão aqui. — Era
provável que Lucy só soubesse desse lugar por causa de seu
relacionamento com o tio.

De jeito nenhum os federais teriam deixado este lugar sem vigilância


se soubessem disso.

Ela já estava em seu telefone quando ele se virou e pegou uma mochila
na parte de trás. — Sênior, você está pronto para alguma ação? — ele
perguntou, abrindo o zíper e tirando algumas pistolas extras. Leighton
esperava que sim, porque ele não iria sozinho. E embora Nova tivesse algum
treinamento, ele não poderia levá-la junto para este. Ele simplesmente não
podia.
— Você nem precisa perguntar — disse o fuzileiro naval aposentado.

— O que você está fazendo? — Lucy perguntou, olhando para


eles. Com os olhos arregalados, ela continuou antes que ele pudesse pensar
em responder. — Ele vai ter homens com ele. E armas! E... espere pelo
FBI. Isso é muito perigoso e ele não vale a pena. — Ela estendeu a mão para
ele, e naquele momento ele soube que não tinha bagunçado as coisas.

Estendendo a mão, ele segurou sua bochecha suavemente. — Eu


tenho que fazer isso. Se ele fugir, ele pode trocar de navio. Ou encontrar
várias maneiras de escapar da aplicação da lei. Você nunca estará segura
se isso acontecer. — Ele se inclinou e beijou-a uma vez, suavemente. —
Fique aqui e fique com isso. — Ele colocou uma pequena pistola no
assento. — Basta desligar a trava de segurança e atirar.

Parecia que ela queria dizer mais, mas ela simplesmente balançou a
cabeça. — Esteja seguro. — ela sussurrou quando ele deslizou para fora do
veículo.

— Vou descer a doca da extrema esquerda e dar uma volta para cima
e ao redor do barco — disse Sênior. — Não há como realmente dar uma
espiada nele. Só teremos que agir como se pertencêssemos a este lugar e,
em seguida, encontrar uma maneira de embarcar.

— Sim. — E Leighton não gostou dessas probabilidades. — Pelo


menos este lugar está bem vazio. — Havia um catamarã de trinta pés
ancorado a alguns pontos do iate e um barco de pesca bem em frente a
ele. — Vou abordar o barco fretado, agir como se quisesse alugá-lo.

Sênior o olhou de cima a baixo, franzindo a testa. — Você parece um


pouco duro, mas é um plano tão bom quanto qualquer outro.

***
— Eu não gosto de sentar aqui — disse Lucy enquanto deslizava para
o banco da frente ao lado de Nova. Ela manteve sua peruca e o suéter
horrível. Principalmente porque ela não tinha mais nada para se trocar.

— Sim, nem eu — murmurou Nova, observando os barcos exatamente


como Lucy estava.

— O que Gage disse? — Lucy franziu a testa quando Leighton saiu


de sua linha de visão por um momento. Então ela o viu conversando com um
homem mais velho usando calças cargo e uma camiseta, apesar do clima
mais frio.

Nova bateu o dedo contra o console central em um padrão


staccato. — Eles estão a caminho e avisaram os Federais sobre este lugar.

Lucy não tinha certeza se isso a fazia se sentir pior ou melhor. Era bom
que os Federais estivessem a caminho, mas e se Leighton se machucasse
antes de eles chegarem? E se Sênior fizesse? E se eles se machucassem
mais do que necessário? Ela entendeu exatamente como a vida pode mudar
rapidamente.

Deus, ela não conseguia imaginar um mundo sem Leighton


nele. Desde que ela o conheceu... seus olhos assombrados mudaram. E
quando ele sorria para ela? Foi como se fogos de artifício literalmente
explodissem dentro dela.

Leighton continuou falando com o cara, acenou com a cabeça,


então... meio que desapareceu. Que diabos? Parecia que ele tinha entrado
no barco do cara, mas agora ela não conseguia vê-lo.

Nova pegou um par de binóculos e franziu a testa.

— O que você vê? — Lucy perguntou.

— Nada. E eu não gosto disso. — Ela manteve os binóculos


levantados, girando-os lentamente.

Cada segundo que passava parecia uma eternidade. Seu coração


batia forte em seus ouvidos, o baque surdo e a deixando nervosa. Os
segundos se transformaram em alguns minutos e isso pareceu uma
eternidade inteira.

Pop. Pop.

Lucy se mexeu ligeiramente no assento ao som de estalo distante. —


Você ouviu isso?

Nova franziu a testa, olhando para trás e de volta para a água. — Sim.

— Aquilo foi um tiro?

Uma pausa. — Pode ser.

Lucy saltou do veículo e enfiou a pequena pistola na parte de trás da


calça jeans. Ela foi agredida e quase estuprada hoje. E Leighton a salvou. Ela
não iria sentar em sua bunda agora. Talvez correr para essa coisa a tenha
tornado estúpida, mas ela deu exatamente zero pensamento a isso.

Leighton havia mudado sua vida. Ele valia isso. E não era como se ela
estivesse desarmada.

— Lucy — Nova sibilou alto atrás dela antes de ouvir a porta fechar.

Ela não se virou, apenas caminhou rapidamente para o cais. Era


interligado, ligando todos os deslizamentos do barco em linhas
diferentes. Enquanto se dirigia para a fileira em que o iate de seu tio estava,
ela quase tropeçou quando o viu pular do barco para o cais.

Sem nenhum lugar para se esconder, ela continuou andando,


mantendo a cabeça baixa enquanto fingia olhar para o telefone. Com a
peruca, ela deve estar disfarçada o suficiente para se aproximar.

Ela viu quando ele puxou seu próprio telefone e se dirigiu em sua
direção.

Oh Deus. Era isso. Agora ou nunca. Ela esperava que Leighton


estivesse bem. E ela realmente esperava que Nova ficasse para trás, mas
não podia se dar ao luxo de se virar e procurar a outra mulher.
Alcançando atrás dela, ela puxou a arma e a chicoteou.

Tio Alexei congelou, de olhos arregalados ao registrar quem ela era. —


Lucy? — Ele começou a mover a mão livre para trás.

Ela desligou a trava de segurança. — Não faça isso. Eu vou atirar em


você.

— Por que você faria isso? — Sua voz estava enganosamente calma,
seus olhos gelados de raiva. Não de medo, ela notou.

Mas raiva.

Bem foda-se ele. — Que tal porque você matou meus pais?

Ele ergueu uma sobrancelha, então simplesmente acenou com a


cabeça em uma espécie de resignação. — Seu pai era fraco. Eu não tive
escolha. E eu te dei uma boa vida. Você tinha tudo que você poderia
desejar. Você deveria me agradecer.

Vermelho turvou sua visão por um momento enquanto ela olhava para
este homem. Este estranho que ela nunca conheceu que falava tão
friamente sobre matar seus pais. — Eu deveria te agradecer por me deixar
crescer sem as duas pessoas que eu amava mais do que tudo? Agradecer
por matar minha mãe, que nunca fez nada para você?

Seu tio balançou a cabeça lentamente, como se estivesse


arrependido. — Eu não queria matá-la. Mas seu pai já havia contado a ela o
que estava fazendo, que tinha procurado os Federais. Ela nunca teria
acreditado que ele se matou. Eu não precisava de toda a atenção que isso
traria. — Suas palavras eram tão pragmáticas, tão desprovidas de emoção.

— Você é um monstro!

Ele ergueu um ombro. — Alguns dirão isso. Então, você se virou


contra mim? Me entregou aos Federais?

— Você não é tão inteligente quanto pensa. — ela cuspiu, não


querendo contar a ele nada sobre as pessoas que lhe contaram a
verdade. Ela queria desesperadamente perguntar sobre os homens dentro
de seu iate, se eles tinham se machucado, mas não queria mostrar nenhuma
fraqueza. Ela só precisava mantê-lo aqui o tempo suficiente para os Federais
aparecerem. — Onde está sua segurança? Porque eu sei que Marco não
vem.

Sua cabeça se inclinou ligeiramente para o lado. — Estou viajando


com pouca bagagem para esta viagem. Você matou Marco?

Ela engoliu em seco.

Ele bufou. — Claro que não. Então ele deve estar na prisão? Ele nunca
vai se voltar contra mim.

— Veremos.

Sirenes soaram ao longe. Eles podem estar a um minuto ou dez. O


som viajava estranhamente pela água e era impossível dizer. O suor escorria
por sua espinha, sua mão trêmula.

Sua mandíbula apertou ligeiramente. — Saia do meu caminho e eu não


vou te matar.

— Sou eu quem está com a arma. — Embora ela pudesse admitir que
estava com medo de usá-la.

Talvez ele tenha visto seu medo ou talvez ele apenas a


conhecesse. Ele deu um passo para trás. Em seguida, outro. Então outro. —
Isso é o que eu pensei. — ele murmurou. — Muito fraca.

Ela foi atrás dele, mas não conseguiu puxar o gatilho. Ele não estava
armado. E... ela não tinha certeza se ela poderia matar outra pessoa mesmo
depois de tudo que ele fez. Seu corpo tremia quando ele deu um passo para
trás novamente, desta vez em direção ao outro barco. Ela percebeu o que
ele queria fazer. Roubar o barco de pesca.

— Abaixe a porra da arma agora! — Uma voz ecoou pelo ar quando


um Leighton sangrando e desgrenhado saltou do iate.
Seu tio se moveu rápido, sacando sua arma, apontando para o homem
que ela tinha certeza de que amava.

Ela não pensou. Ela puxou o gatilho.

E continuou atirando mesmo quando seu tio caiu para trás na doca,
seu corpo estendido em um ângulo estranho.

O sangue se acumulou em todos os lugares enquanto ela olhava para


ele.

Então Leighton estava lá, pegando a arma dela. Ele disse algo, mas
ela não ouviu as palavras. Ela podia ver seus lábios se movendo, mas
realmente não o entendeu.

— Lucy! — Ele sacudiu os ombros dela uma vez.

Ela piscou. — Ele...

— Ele está morto. Você está bem?

Ela acenou com a cabeça. — Eu pensei que você estava... — Ela não
conseguia nem dizer.

— Eu atirei nos controles, tirei o meio de transporte dele. Por que


diabos você saiu do carro?

Antes que ela pudesse responder, o som de sirenes perfurou o ar ainda


mais alto do que antes. Os pneus derraparam no cascalho e então ouviram-
se vozes. Muitas vozes. E pessoas uniformizadas correndo para as docas.

— Fica perto de mim. Nós ficamos juntos e não dizemos uma palavra
sem nosso advogado presente. — Leighton murmurou.

— OK. Onde está Nova?

— Tudo bem. Não mencione ela. Eles vão nos algemar e nos levar sob
custódia até descobrirem as coisas. Apenas mantenha sua boca
fechada. Minha amiga vai se certificar de que sairemos bem dessa
situação. E nossa advogada não deixará nada acontecer com você. Não
importa o que eles digam. Se eles disserem que eu me voltei contra você ou
alguma outra merda, não fale até que sua advogada esteja presente.

Lucy simplesmente assentiu e ergueu as mãos enquanto um agente


armado do FBI avançava para eles. Ela se sentiu entorpecida ao ser
algemada e levada para um veículo.

Eles iriam acusá-la do assassinato de seu tio? Ela não estava


arrependida de tê-lo matado. A única coisa que ela sentia era que sua prima
pensaria que ela matou tio Alexei sem saber os detalhes. A doce Liliana
perderia os dois se as coisas dessem errado do jeito que Lucy tinha,
infelizmente, certeza de que aconteceria.

Leighton parecia tão certo de que tudo ficaria bem. Mas... ela acabou
de matar um homem.
Lute pelo conto de fadas. Isso existe.

— Jesus, Leighton, você está uma merda — disse Hazel ao entrar na


sala de pseudo interrogatório.

Foi configurado como um salão, mas Leighton sabia melhor. Ele saltou
da cadeira. — Onde ela está? — Eles haviam tirado suas algemas um tempo
atrás, depois que alguém entrou e disse a ele para sentar e esperar pelo
Agente Blake. — Juro por Deus, se ela for acusada de alguma coisa ou ficar
ferida, vou queimar todo este lugar. — disparou ele.

Os olhos de Hazel se arregalaram quando ela se sentou à pequena


mesa. — Sente-se antes de ter um ataque cardíaco.

Ele cruzou os braços sobre o peito. Fazia duas horas desde que ele viu
Lucy. Desde que ele a viu puxada na parte de trás de um carro do FBI.

— Sua garota está bem. Sua advogada apareceu em minutos - antes


mesmo que ela tivesse a chance de ligar para alguém ou pedir um.

Oh! Graças a deus. Nova ou alguém deve ter ligado. Talvez Sênior. Ou
apenas um membro da equipe. — Você está acusando ela de alguma
coisa? Porque foi legítima defesa. Eu estava bem aí. Ele estava prestes a
atirar em mim e ela atirou.

Hazel acenou com a cabeça novamente. — Eu sei. Isso é tudo que ela
nos disse. Literalmente, isso é tudo que ela tem a dizer. Sua advogada é
quem mais fala. E não, não acho que vamos acusá-la de nada. Nós temos
um monte de merda que aconteceu hoje, incluindo ela sendo atacada no
cassino, depois deixando a cena do crime.

— Ela é uma vítima.


— Eu sei disso. Mas então ela apareceu na marina - uma em que não
sabíamos que Kuznetsov tinha um barco.

— Sim, porque o homem que a atacou e quase a estuprou contou a


ela sobre isso.

— Inferno — Hazel murmurou, esfregando as duas mãos sobre o


rosto. — Temos muita papelada para preencher. Bastante. E vocês dois
terão que responder a perguntas. Provavelmente as de sempre. Mas... sua
garota está bem. E eu vou deixar você vê-la se você não enlouquecer. Tudo
bem?

— Eu tenho sido o prisioneiro modelo.

— Você não é um prisioneiro — ela murmurou, se levantando. — E


eu vi o que você fez com o rosto de Broussard.

— Ele mereceu. Então vocês estão desmontando a operação de


Kuznetsov para sempre?

— Eu certamente espero que sim.

— Lucy vai correr perigo?

Hazel parou por um longo momento, avaliando-o. — Você realmente


gosta dessa mulher.

— Eu mais do que gosto dela. — Ele a amava. Mas Lucy seria a única
a ouvir isso primeiro, não sua amiga.

Os olhos de Hazel se arregalaram ligeiramente, mas então ela


sorriu. — Bom. Eu gosto dela também. Ela é durona. E não, eu não acho que
ela vai correr perigo. Mas temos um monte de coisas para descobrir. Não
será um encerramento fácil deste caso.

Bem, isso não era problema dele. A única coisa com que se importava
era chegar até Lucy, segurá-la nos braços e certificar-se de que ela estava
bem. Então ele iria contar a verdade, que a amava e não poderia viver sem
ela.
***

Leighton raramente se sentia perdido, mas agora ele estava se


debatendo quando Lucy saiu do chuveiro. Ela parecia... não exatamente
derrotada, mas estava claramente exausta e lutando.

Ela piscou quando o viu esperando lá com um robe fofo que ele
encontrou. Ela tinha alguns sedosos, mas ele percebeu que seria mais
confortável para ela agora. Ele entregou a ela a pequena toalha que ela
usava para enrolar o cabelo molhado e depois a toalha grande.

— Você não tem que fazer isso. — ela murmurou, uma faísca de
diversão iluminando seus lindos olhos azuis pela primeira vez desde que eles
deixaram o escritório dos Federais.

Sênior tinha estado lá para buscá-los e todos eles ficaram em silêncio


na maior parte do tempo no caminho de volta para seu apartamento. Ele e
Nova foram os únicos a chamar a advogada de Lucy. Era bom que eles não
estivessem lá quando os Federais apareceram, precisamente por que os
dois desapareceram. Os policiais locais ainda queriam saber quem era
Sênior, de acordo com Hazel, mas felizmente Hazel estava fechando essa
linha de interrogatório. Eles haviam levado Broussard sob custódia por
tantos crimes que ele nunca mais veria a luz do dia. Ele não era mais
problema deles, a menos que precisassem de Lucy para testemunhar, mas
Hazel não parecia pensar que ela precisava. Broussard concordou em fazer
um acordo - não que isso diminuiria muito seu tempo na prisão. Caso
existam. Mas ele não seria colocado em uma prisão com pessoas que
queriam matá-lo. Algo disse a Leighton que não importava. Hazel também
disse a ele que alguns policiais locais eram procurados pelo assassinato de
Michael Atkins, o que poderia explicar a presença da polícia em sua casa na
noite em que Skye e Colt estiveram lá. Mas, realmente, Leighton não se
importava com isso.
— Eu quero — disse Leighton, segurando o roupão depois que ela
pendurou a toalha.

Ela o vestiu, suspirando enquanto o envolvia. — Eu sinto que poderia


dormir por mil anos.

— Eu aposto. Como você está indo? — Parecia uma pergunta


estúpida.

Ela ergueu um ombro. — Não sei. Preciso falar com Liliana, mas estou
guardando para depois de dormir um pouco. Sua amiga disse que gostaria
de falar comigo novamente amanhã. Bem, mais tarde hoje, eu acho.

Agora era uma da manhã, então sim, tecnicamente era hoje. — Eu


estarei com você e sua advogada também.

— Obrigado novamente pela advogada. Ela era um tubarão. Se eu não


tivesse ficado tão chocada, provavelmente a teria apreciado mais.

— Você não precisa me agradecer por isso.

Ela ergueu um ombro e piscou. — Você já comeu ou algo assim? Eu


acabei de perceber...

Interrompendo-a, ele simplesmente a puxou para um abraço. — Você


não precisa se preocupar com mais nada além de você agora.

— Leighton... — Afastando-se, ela colocou a bochecha contra o peito


dele.

Ela nunca continuou, então ele apenas a abraçou, inalando o perfume


tropical sutil de seu xampu e apreciando a sensação dela contra seu
corpo. — Um dos caras deixou um pouco de comida. Comida italiana,
comida caseira, se você estiver com fome.

— Eu não pensei que teria, mas estou morrendo de fome. — ela disse
enquanto se afastava dele. Então ela franziu a testa, como se o estivesse
vendo pela primeira vez. — Você mudou?
— Eu tomei um banho rápido mais cedo. — O mais rápido do mundo,
porque ele queria estar esperando por ela quando ela saísse. — Por que
você não faz o que precisa fazer e eu prepararei sua comida.

— Obrigada... eu sei que você não quer que eu diga obrigada, mas
estou dizendo mesmo assim. Obrigada por tudo isso. Por estar aqui. — Por
um momento ela pareceu querer dizer mais, mas então ela apenas deu a ele
um meio sorriso.

***

Lucy puxou a toalha do cabelo depois que Leighton saiu, a simples


ação a deixando exausta. Não demorou muito para escovar o cabelo e
prendê-lo em uma trança úmida e solta. Vestir-se, no entanto, foi outra ação
exaustiva. Ela olhou para o armário, odiando a própria ideia de ter que tomar
qualquer decisão.

Ela matou seu tio. Na verdade o matou. Algo que ela estava tentando
entender.

Ela passou de uma sensação de calor a frio. Agora ela não conseguia
parar os arrepios em seu corpo, então ela pegou um suéter e o vestiu por
cima de uma calça de ioga. Ela tinha compartimentado sua tristeza por toda
a vida, então agora ela fazia o mesmo. Ela lidaria com as consequências do
que fez mais tarde.

Quando ela viu Leighton em sua cozinha, um sentimento agridoce


pulsou por ela. O homem era perfeito. Doce e carinhoso - e ela precisava
desistir dele. Mas não hoje.

Mas ela não podia esperar que ele ficasse por perto para todas as
coisas com as quais ela estaria lidando em breve. Ele morava em outro
estado, e ela pegaria sua prima em breve e se tornaria uma guardiã em
tempo integral. Isso era muito para a qualquer um, muito menos a alguém
em um novo relacionamento.

— Não sei como seus amigos sabiam, mas berinjela parma parece
perfeito — disse ela, sentando-se na bancada onde ele colocou dois pratos
com comida empilhada. Ele até serviu uma taça de vinho para ela e de
alguma forma conseguiu cerveja para si mesmo. Outra coisa que seus
amigos devem ter trazido.

— Bom. — Ele deu um beijo no topo de sua cabeça, mas não a


pressionou para conversar enquanto comiam, principalmente em silêncio.

Ele também ligou o Pandora a uma estação apenas instrumental. Ela


não tinha pensado que seria capaz de comer tanto, mas antes que
percebesse, já havia destruído tudo e estava prestes a adormecer na
cozinha.

— Vamos, deixe os pratos. — Leighton a guiou para fora da cozinha


e ela não teve vontade de discutir. Ela se sentia como uma marionete,
apenas deixando que ele a conduzisse.

E ela não se importou. Agora, ela estava bem com ele cuidando
dela. Ela iria deixar isso acontecer.

Horas depois, Lucy abriu os olhos para sentir o corpo grande e sexy
de Leighton envolvendo-a. A respiração dele estava estável, então ela
presumiu que ele estava dormindo, mas quando ela começou a se mover,
ele apertou sua cintura.

— Como você está se sentindo? — ele murmurou contra seu


pescoço, sua voz caiu baixa e sensual.

— Surpreendentemente bem. — Ela provavelmente poderia dormir


por mais algumas horas, mas em vez disso se virou em seus braços,
encontrando instantaneamente sua boca com a dela.

Ela sabia que teria que deixá-lo ir, então agora ela iria agarrar este
momento precioso com ele.
Em um instante ele a teve debaixo dele enquanto a prendia na cama
com seu corpo duro como pedra. Sua boca saqueou e pegou o que ela
ofereceu livremente.

Ela se arqueou contra ele, envolvendo-se em torno dele, mesmo


quando ele de alguma forma a despiu habilmente e completamente. Logo os
dois estavam nus e ele estava empurrando dentro de suas dobras lisas,
profundo e lento.

Ela nunca se sentiu tão valorizada em sua vida como quando ele a
tomou tão completamente. Ela não tinha certeza de quanto tempo eles
ficaram na cama ou quanto tempo ele brincou com seu corpo como se
estivesse fazendo isso desde sempre. Depois de dois orgasmos para ela e
um para ele, ela desabou contra os lençóis, seu corpo saciado, mesmo que
sua mente estivesse trabalhando hora extra.

Ele a puxou para perto dele para que ela ficasse enrolada contra o
longo comprimento dele, as pernas jogadas sobre sua cintura. Se ela
pudesse, ela ficaria assim para sempre.

— Amor? — ele murmurou, traçando sua mão pela espinha dela


preguiçosamente.

— Hmm?

— Eu preciso te contar uma coisa. — Havia quase uma sensação de


urgência subjacente em suas palavras.

O pânico explodiu dentro dela enquanto pensava sobre todas as


coisas que ele poderia estar prestes a dizer. No momento, ela não achava
que era capaz de lidar com nada. — A respeito?

— Nós. Meus sentimentos por você.

Ela se mexeu ligeiramente para olhar para ele. — Podemos não falar
sobre nada agora?

Sua expressão cuidadosamente neutra, ele simplesmente assentiu. —


OK.
Ela se enrolou contra ele, saboreando todo o seu calor e força. Por
enquanto, ela só precisava viver o momento. Mais tarde, ela enfrentaria a
realidade.
Eu nasci para te amar.

Lucy olhou pela janela de seu apartamento, empurrando para trás


aquela vozinha em sua cabeça dizendo que ela estava prestes a cometer um
erro.

Ela não estava cometendo um erro. Ela estava fazendo o que tinha que
ser feito. Mesmo que isso a destroçasse por dentro.

A poeira não tinha baixado exatamente, mas ela não estava


programada para ver o FBI novamente em breve. Depois de ter ‘reuniões’
com eles nos últimos três dias seguidos, ela estava exausta. Agora ela
estava tirando uma folga do trabalho para buscar Liliana e trazê-la de volta
para New Orleans. Embora a verdade fosse, ela não queria mais trabalhar
na Sapphire. Ela nem tinha certeza se queria mais morar aqui. Ela tinha
muitas coisas no ar agora, e Leighton não merecia ser arrastado para a
confusão de sua vida.

— Ei, está tudo bem? — A voz de Leighton soou atrás dela e ela quase
saltou. Ele disse a ela que voltaria, mas ela não o ouviu entrar.

E do jeito que ele perguntou a ela, ela percebeu que ele deve ter dito
o nome dela algumas vezes. — Sim — ela disse automaticamente. — Quero
dizer... — Ela olhou para a pequena bolsa que ele tinha na mão. — O que é
isso?

— Eu comprei para você aqueles doces que você gosta. Eu sei que
você tem um monte de coisas com que lidar hoje e pensei que isso poderia
ajudar.
Ele estava definitivamente tornando isso muito mais difícil do que
deveria ser. E ela nem mesmo disse a ele que iria embora hoje. — Obrigada.
— ela murmurou, pegando a outra mão dele e os levando para o sofá. —
Nós precisamos conversar.

Ele imediatamente se sentou, girando para ficar de frente para ela,


seus joelhos tocando os dela. — Isso não parece bom.

Ela tentou reunir um sorriso, mas não conseguiu porque odiava tudo
sobre isso. — Agora que estamos livres na maior parte do tempo, quando
você vai voltar para Redemption Harbor? — Ele disse a ela muito mais sobre
sua vida, incluindo onde morava, nos últimos três dias, e ela amava tudo
nele. E ela odiava não poder estar com ele. Mas o momento estava
errado. Tudo estava errado.

— Você está tentando se livrar de mim?

— Não. Só sei que você tem uma vida e não pode ficar preso aqui
ajudando a cuidar de mim. Eu tenho controle sobre tudo isso e não quero
que você se sinta obrigado...

— Eu não me sinto obrigado. Eu quero estar aqui. E vou ficar o tempo


que você precisar de mim.

Era disso que ela estava com medo. O homem era honrado e ficaria
aqui com ela muito depois de querer ir. E ela não ia deixar isso acontecer. —
Estou extremamente grata por tudo que você fez por mim. Tudo. Ainda me
sinto uma bagunça gigante, mas estou controlando melhor tudo. Ou eu vou,
uma vez que todas as propriedades do meu tio e outras porcarias estiverem
resolvidas.

Muito estava sendo confiscado pelo governo, mas não


todo. Felizmente, sua herança e a de sua prima eram completamente
separadas e intocáveis, de acordo com sua advogada muito cara. Mas ela
estava deixando os advogados descobrirem toda aquela merda porque ela
não se importava. Ela não queria nenhum de seu dinheiro sujo de qualquer
maneira. E se ela acabasse com algo dele, ela iria doar para a caridade. Ou
acrescenta-lo à herança de Liliana.
— Onde você está indo com isso? — ele perguntou baixinho, sem tirar
o olhar dela.

— Eu reservei um vôo para fora daqui esta noite. — ela disse. — Eu


preciso ir até á minha prima. Ela nunca quis ir para a escola lá e agora ela
precisa de mim. Não vou pedir que você tenha um relacionamento comigo
quando estou literalmente prestes a me tornar uma mãe. Não tecnicamente,
mas sou a tutora dela, então serei mãe solteira nos próximos anos. Tenho
tantas decisões a tomar agora em relação a ela, onde morarmos, meu
trabalho... tudo.

— Por que não posso ficar com você enquanto você descobre as
coisas?

Ela se inclinou e beijou-o suavemente por um longo momento. Deus,


ela iria sentir falta dele. — Eu não quero ser algo com que você se sinta
sobrecarregado. E você é doce e honrado o suficiente para permanecer por
perto, mesmo se estiver cansado de mim. Cansado de todas as
responsabilidades que terei em breve. Pode parecer bom agora, mas
acredite em mim, vai envelhecer rápido.

Sua expressão escureceu. — Você acha que vou me cansar de você?

— Eu honestamente não sei. Só sei que estou enfrentando muita coisa


agora e não posso colocar esse fardo sobre você. Não é justo. E a culpa me
corroeria.

— Soletre, Lucy.

— Não pode haver um nós. Eu sei o que você disse na outra noite...

— Eu nem consegui dizer nada. — ele rosnou. — Você não me


deixaria dizer que te amo.

Ela colocou a mão sobre a boca dele e balançou a cabeça. — Não


diga isso.

Ele gentilmente agarrou seu pulso e o puxou para longe de sua


boca. — Cobrir minha boca não vai mudar nada. Eu te amo. Então vá buscar
sua prima. E quando você voltar, estarei esperando por você. Eu não estou
indo a lugar nenhum.

— Leighton. Não é assim que rompimentos funcionam. Eu estou


terminando com você. Estou terminando as coisas. Você pode ir para casa
sem culpa. Você está oficialmente fora do gancho agora.

Ele se inclinou e a beijou, longa e profundamente.

Ela se inclinou para ele, saboreando seu sabor e perfume masculino


enquanto ela poderia tê-lo. Quando ela se afastou, seu coração estava
batendo fora de controle e sua respiração estava irregular. — Eu acho que
você precisa ir. — Porque se ele a beijasse novamente, ela não o deixaria
ir. Ela não era tão forte.

E ela não queria ser egoísta no que dizia respeito a ele. Ele não merecia
ser selado com toda a bagagem dela.

— Diga que você não me ama. — ele sussurrou.

Ela tentou encontrar as palavras, mas não conseguiu forçá-las a


sair. Não foi possível forçar a mentira. Tinha havido mentiras suficientes em
sua vida. Mas só porque ela o amava não significava que eles poderiam ficar
juntos.

Ele deu a ela um olhar acalorado antes de beijar sua testa e se


levantar. — Estou sempre à distância de um telefonema.

A decepção apunhalou profundamente, cortando através de sua


cavidade torácica, que ele estava desistindo tão facilmente. O que disse a
ela tudo o que ela precisava saber. Ela tinha feito a coisa certa. Cortar o
cordão antes de cair com muita força... Ok, isso era uma mentira total. Ela
já tinha se apaixonado por ele. Doeu agora e doeria ainda mais depois.

Ela deixou as lágrimas caírem ao ouvir a porta se fechar atrás


dele. Mas ela só se permitiu chorar um pouco. Ela tinha que fazer as malas
e tinha que arrumar suas coisas porque ela logo seria a guardiã de Liliana.
Ela tinha que ser forte por Liliana. Porque sua prima tinha acabado de
perder tudo. Por mais terrível que seu pai tivesse sido, Alexei ainda era seu
pai. Suspirando, ela enxugou a última das lágrimas e se levantou.

Era hora de enfrentar a realidade.

***

Lucy rolou sua bagagem de mão atrás dela, sua bolsa dobrada contra
seu ombro. Ela havia esquecido o quanto odiava o aeroporto de
Heathrow. Era o aeroporto mais congestionado do mundo, ela tinha
certeza. Mas ela passou pela alfândega e logo veria sua prima. Todas as
imagens, sons e pessoas eram um borrão quando ela passou por
eles. Apenas fluxos de ruído e cor que ela descobriu que era realmente perita
em desligar.

Mas logo ela estaria cara a cara com Liliana. Quem diria que ela matou
Alexei. Elas conversaram ao telefone e FaceTime e Liliana não ficou com
raiva de Lucy pelo que ela fez. Ela... sabia sobre seu pai. Não tudo isso, mas
ela sabia muito mais do que Lucy. Ela não o odiava, mas aparentemente ela
também não o amava. Algo que ela nunca disse a Lucy. Agora mesmo, Lucy
precisava abraçá-la, vê-la pessoalmente.

E levá-la para casa.

Ao pisar no meio-fio, olhou para a fila de táxis esperando e para o céu


nublado e sombrio e suspirou. Ela sabia como isso funcionava. Os táxis
partiam da frente da fila e você pegava o que estava disponível.

Ela começou a ir naquela direção, mas parou quando um homem muito


familiar e sexy entrou na frente dela. Parecendo descansado e bom o
suficiente para comer. Ela piscou, certa de que estava vendo coisas. — O
que você está…? Como você…?
— Estou ajudando uma amiga em um momento de necessidade —
disse Leighton, dando um sorriso malicioso demais. — Eu voei no jato da
empresa e agora estou levando você para buscar sua prima. E estaremos
voando de volta no jato também.

Ela piscou, olhando para ele enquanto tentava encontrar sua voz. —
Nós terminamos. Isso é uma loucura.

— Não. Você terminou comigo. E decidi rejeitar isso. — Ele disse isso
com tanta naturalidade. Como se tudo isso fosse normal.

— Você não pode rejeitar minha separação.

— Tenho certeza que acabei de fazer. Vamos, tenho um carro


esperando. E tenho quase certeza de que vai chover, então, a menos que
você queira ficar encharcada... — Ele se moveu rápido como um relâmpago
e agarrou sua bagagem de mão antes que ela pudesse protestar. Não que
ela realmente quisesse.

Ela correu para acompanhá-lo, sabendo exatamente o que ele estava


fazendo. Ele estava tentando tornar isso impossível para ela dizer não a ele.

Ela o observou, todas as linhas longas e magras e os músculos rígidos


cobertos por um suéter e jeans. Sua roupa não fez nada para cobrir o
predador por baixo. O homem com quem ela estava tendo sonhos sujos. O
homem que ela sentia falta mais do que respirar. Depois de colocar sua
bagagem de mão no porta-malas de um carro alugado, ele dispensou o
motorista e abriu o banco de trás para ela.

Entorpecida e exausta, ela deslizou para dentro, grata pelos assentos


estarem aquecidos. E tudo bem, ela estava grata por ele estar aqui agora.

— Como foi seu vôo? — ele perguntou casualmente. Como se ele não
a tivesse surpreendido em Londres.

— Honestamente, eu mal me lembro disso. Dormi a maior parte do


tempo. Sério, não posso acreditar que você está aqui.
— Eu não posso acreditar que você pensou que poderia se livrar de
mim. Se você tivesse me dito que não me ama, eu teria ido embora. Mas eu
vi aquele olhar em seus olhos.

O motorista se afastou, sabendo claramente para onde estava


indo. Nesse ponto, nada a surpreendeu em Leighton. Ele sabia onde pegá-
la, então é claro que sabia para onde ela estava indo agora.

— Olha, se você realmente não quer um relacionamento comigo, tudo


bem. Mas isso não significa que não podemos estar na vida um do outro. Eu
te amo, e isso não vai mudar. Mas eu também gosto de você. E não quero
perder sua amizade. Você precisa de um amigo agora. E eu posso ser essa
pessoa, sem amarras. Eu não preciso de nada de você.

— Você não pode dizer coisas assim. — ela sussurrou.

— Mas é verdade. E eu te amo.

— Eu também te amo. — ela disse, sem sussurrar agora. — Eu te


amo muito. Eu só não quero ser um fardo...

— Pare com essa merda.

— Eu só quero que você saiba que você não precisa sentir...

— Sou um menino crescido — disse ele.

— Você não é um menino.

Seus lábios se curvaram. — Tudo bem. Sou um homem adulto. Posso


tomar minhas próprias decisões de relacionamento. E você estava tentando
fazê-las por mim. Por que diabos você pensaria que eu deixaria você lidar
com tudo isso sozinha?

— Não tenho ideia de onde irei morar em breve! Estou literalmente


vivendo um dia de cada vez enquanto descubro as coisas. E trazer minha
prima de volta para casa comigo é o primeiro da minha lista. Depois disso,
tenho que decidir se quero ficar em New Orleans ou me mudar. Então, se eu
me mudar, o que tenho certeza de que vou fazer, encontrar um trabalho. Ah,
e descubrir onde Liliana vai estudar. Então...

Ele a beijou profundamente, e a única razão pela qual ela se afastou


foi porque eles tinham um motorista. Era estranho o suficiente que o cara
pudesse ouvir a conversa. Ela não teria uma sessão de amassos completa
com Leighton.

— Você vai descobrir as coisas. — ele murmurou, inclinando-se perto


de seu ouvido. — E eu vou te dar orgasmos todas as noites. — Ele falou tão
baixo que ela mal podia ouvi-lo, mas suas palavras surgiram direto em seu
núcleo, fazendo o calor florescer entre suas pernas.

— Você tem certeza de que isso vai funcionar. — ela sussurrou, se


afastando levemente.

— Eu tenho — disse ele, olhando nos olhos dela. — Porque fomos


feitos para ser.

Não havia como ela discutir com isso. E ela não queria. Porque ela se
sentia da mesma maneira. Ela se sentia como se tivesse sido feita para este
homem. Este homem maravilhoso que lhe devolveu seus pais de certa
forma. Por causa dele, ela sabia que sua vida com eles não tinha sido uma
mentira.

E agora ele estava se oferecendo para ser sua rocha, e ela iria
aceitar. Ela havia perdido muito e não suportaria perder Leighton.

Não quando ele voou através do oceano por ela. Não, este era um
homem pelo qual valia a pena lutar.
Nunca é tarde para viver feliz para sempre.

— Onde está Leighton? — Liliana perguntou ao entrar na cozinha, seu


cabelo escuro despenteado enquanto ela enxugava o sono dos olhos.

Lucy ergueu os olhos da caneca de café. — O que você quer


dizer? Ele não vai terminar até mais tarde. — Era sábado e ele iria levar as
duas para um brunch mais tarde.

Sua prima bufou. — Eu sei que ele foge todas as manhãs. Eu não sou
idiota.

Lucy estremeceu ao pousar a caneca na mesa. — Você sabe disso?

— Oh meu Deus, eu tenho quatorze anos. Eu não me importo se vocês


estão fazendo sexo.

Lucy estremeceu novamente. — Eu sou nova nessa coisa de guardiã/


mãe. Só espero que você saiba que não é casual nem nada. Que eu não
estaria trazendo caras aleatórios ou qualquer coisa...

— É claro que eu sei disso. Eu também sei que o homem quer se casar
com você o mais rápido possível. — Ela puxou uma caixa de saquinhos de
chá e escolheu seu favorito, Earl Grey, antes de colocá-lo na caneca cheia
de água no fogão.

— O que você está falando?

— Vamos. Eu sei para onde está indo com vocês. A maneira como ele
olha para você é uma loucura.
Ela sabia que Leighton a amava, mas o casamento parecia um passo
muito repentino. Eles tinham acabado de se estabelecer em uma
rotina. Mas... — Como você se sentiria se nos casássemos?

Liliana encolheu os ombros, tendo se adaptado muito facilmente à vida


em Redemption Harbor. Provavelmente porque finalmente estava morando
com a família pela primeira vez na vida. — Eu realmente gosto dele. E ele te
trata bem. Ele é provavelmente um dos homens mais legais que já
conheci. Ele é como um urso de pelúcia gigante perto de você. Se vocês se
casarem, acho que devemos nos mudar para um lugar maior. Talvez em
algum lugar que tenha cavalos. — ela disse, sorrindo. Ela tinha passado
muito tempo no rancho Alexander.

Descobriu-se que Brooks era um cowboy bilionário com um enorme


rancho e dava boas-vindas a qualquer pessoa que considerasse família
lá. Já que ela estava com Leighton, elas agora eram da família
também. Estava... demorando um pouco para se acostumar. Ter tantas
pessoas que se importavam com ela e Liliana sem amarras era incrível,
embora opressor.

— O que você quiser — disse Lucy. — Mas não pense que isso
significa que vamos nos casar. Leighton e eu não conversamos sobre isso.

— Tenho a sensação de que você estará noiva na primavera — disse


sua prima, que era muito jovem para saber sobre essas coisas, enquanto
sorria e pegava sua caneca favorita. Tinha unicórnios dançantes para
combinar com os de sua camisa de dormir.

As coisas correram mais bem do que Lucy esperava quando ela trouxe
sua prima de volta para cá. Liliana odiava o internato. Verdadeiramente,
odiava totalmente de uma forma que ela nunca havia contado a Lucy. Ela
ainda mantinha contato com alguns amigos, mas descobriu que sempre
suspeitou do que seu pai fazia. Não a profundidade disso, é claro, mas ela
teve uma ideia muito mais do que Lucy jamais teve de quem Alexei realmente
tinha sido.
Porque alguns de seus amigos disseram a ela que tinham ouvido
coisas. E uma de suas amigas tinha pai em um dos cartéis. O que era algo
em que Lucy definitivamente não pensaria. Liliana sempre teve medo de
perguntar a Lucy, porque temia que Lucy estivesse envolvida nas mesmas
coisas que seu pai.

Agora tudo estava aberto, e elas construíram uma vida para si


mesmas. Oh, Lucy ainda estava aprendendo e percebeu que toda a coisa
de ser mãe ficaria mais difícil à medida que Liliana crescia. Mas ela adorava
Redemption Harbor.

Morar em New Orleans tinha sido uma impossibilidade para ela. Tinha
havido muitas memórias lá. Marco estava na prisão - Nathan também. Mas
eles eram peixes muito pequenos em comparação com as pessoas que os
Federais haviam derrubado. A Agente Blake aparecia de vez em quando
para dar as atualizações, e Lucy estava muito grata porque sabia que a
mulher não precisava. Lucy tinha quase certeza de que verificou mais por
respeito a Leighton, mas não importava. Ela estava grata pelas atualizações,
independentemente de por que vieram.

Inferno, ela estava grata por toda a sua vida aqui. Leighton pedira a ela
que se mudasse para Redemption Harbor e foi uma escolha
fácil. Recomeçar com o homem que ela amava? Não é uma decisão
difícil. Assim que ele apareceu em Londres, ela soube, sem dúvida, que ele
não estava se afastando dela. Ele estava nisso por um longo tempo. E ela
também.

***

— O que você está fazendo, homem sorrateiro? — Envolta em um


casaco grosso, cachecol, luvas e botas perfeitas para o clima de janeiro,
Lucy olhou para Leighton, que decidira levá-la em um passeio surpresa de
quadriciclo na propriedade de Brooks. E eram apenas os dois.
Embora Liliana fosse mais velha que Valência, a garotinha a convidou
para andar a cavalo no rancho. E como Liliana jamais diria não para ela, Lucy
e Leighton tiveram algum tempo a sós, onde poderiam fazer o que Leighton
havia planejado.

Desde que Liliana disse que sabia o que eles estavam fazendo uma
semana atrás, Lucy se sentia estranha por ter Leighton aqui.

— Você vai ver. — Ele olhou para ela, sua expressão ilegível.

— Está muito frio, então se você está planejando ficar nu...


provavelmente vou deixar a maior parte das minhas roupas.

Ele soltou uma risada assustada e pegou a mão dela enquanto dirigiam
em um declive na estrada de terra. — Eu não estava planejando isso. Mas
se estiver na mesa, estou dentro.

Apertando sua mão na dele, ela respirou fundo o ar fresco do


inverno. Ela adorava ficar aqui e pensava que se um dia ela e Leighton se
casassem, talvez ele quisesse se mudar para cá. Ficava apenas vinte
minutos da cidade e de seu novo trabalho - onde ela agora trabalhava para
Mercer Jackson, administrando um de seus novos restaurantes. E embora
ela adorasse o condomínio em que ela e Liliana moravam, havia algo a ser
dito sobre estar cercada por hectares de verde e árvores.

Isso a fez se sentir em paz de uma maneira que ela nunca tinha
imaginado.

— Você está bem? — ele perguntou baixinho, sentindo o humor dela.

Como sempre. — Eu estou bem. Só pensando no quanto eu amo isso


aqui. E o quanto eu te amo. — Ela nunca se cansava de dizer isso.

Ele simplesmente apertou a mão dela com força e continuou a


dirigir. Quando ele diminuiu a velocidade alguns minutos depois, ela se
mexeu um pouco no assento enquanto eles estacionavam... bem, ela não
tinha certeza do que era. Um aglomerado de árvores foi cortado e uma
grande extensão de terra foi limpa. E a grande estrutura de uma casa foi
iniciada, mas nenhuma laje foi colocada ainda.

— Oh, Brooks está construindo uma casa nova? — Ela sabia que um
bando de trabalhadores do rancho vivia na propriedade real. E seu pai
também.

— Esta não é a terra de Brooks — disse Leighton, puxando-se até as


tábuas de madeira.

— Oh droga. Devemos voltar? — Ela assumiu que Brooks era dono


de toda esta área.

— Está tudo bem. — Ele desligou a ignição e saiu. — Vamos.

— Ah ok. O que é isto? — Ela contornou o quadriciclo e


imediatamente alcançou sua mão estendida. Ela não conseguia se cansar
de tocá-lo, de sentir como se finalmente pertencesse a algum lugar - a
alguém. Ela tinha uma família de verdade agora. Uma que não foi definida
apenas pelo sangue.

Leighton pigarreou, parecendo nervoso pela primeira vez em... desde


sempre. — Espero que seja a nossa casa.

— O que?

— Eu, ah, eu comprei este spread de propriedade da Brooks. Tem


cerca de dez acres e há um acesso direto à estrada principal, então não
teremos que usar uma servidão.

— Hum, está bem. — Ela não tinha certeza do que isso significava,
ou o que significava que ele comprou um lugar aqui. Quando ela se virou
para ele, ele se ajoelhou.

Ela olhou para a caixa em sua mão enquanto ele engolia em seco. Seu
confiante Leighton, que não tinha mais olhos tristes, parecia nervoso.

— Sim! — ela gritou, embora ele não tivesse realmente perguntado


nada a ela.
Ele soltou um longo suspiro e sorriu. — Comprei este imóvel e quero
construir uma casa aqui. Uma que é nova e nossa. Algo que construímos
juntos do zero. Liliana poderá ter um cavalo, ou mais, se quiser. Eu
provavelmente deveria ter perguntado a você primeiro, mas...

— Sim Sim! Eu quero tudo isso. E você, para sempre.

Rindo, ele abriu a caixa e colocou o anel brilhante em seu dedo antes
de beijar sua mão. Então ele a puxou para ele, onde a beijou novamente. E
de novo e de novo.

E apesar do que ela disse sobre não ficar nua, quando ele a beijou sem
sentido depois de oferecer a ela tudo que ela nunca soube que ela queria,
ela jogou fora sua regra de ‘não fazer sexo fora de casa no inverno’. Então
ela reivindicou o homem por quem ela se apaixonou perdidamente. E deixou-
o reivindicá-la de volta.
Prólogo

Muitos Anos Atrás

Afeganistão do Norte

Leighton olhou através da mira de seu Schmidt and Bender,


observando alguns civis saindo de suas casas, começando o dia. Nesta
altitude, suas bolas estavam congelando, mas esta missão deveria ser fácil
o suficiente.

Dentro e fora. Esse era o trabalho. Extrair a meta de alto valor e voltar
à base bem a tempo para o Dia de Ação de Graças. A comida ainda estaria
uma merda, mas em qualquer feriado, era dez por cento menos ruim do que
o normal e ele não ficaria preso comendo um enlatado. O peru estaria seco
e o purê de batatas frio, mas ele aceitaria.

— Sobrou algum teriyaki? — perguntou Hitch, seu membro da equipe


ao lado dele no cume para a sua parte nesta missão.

— Sim. — Ele não se moveu de sua posição, mudando ligeiramente


seu rifle de longo alcance quando um homem usando um boné Peshawari e
outra vestimenta tradicional entrou em um caminho gasto em direção ao
pequeno edifício nos arredores da aldeia. O prédio onde o alvo deveria estar
escondido.

— Então, você vai compartilhar?


— Não. Você pode comer um pouco de carne seca Cajun. — Sua
amiga Mary Grace mandava pacotes de comida com frequência, que
sempre incluíam carne seca, e ele compartilhava com os rapazes.

— Mesquinho — murmurou Hitch, sem calor na voz.

Leighton apenas bufou. — Você é ganancioso.

— Verdadeiro o suficiente. Cara, estou pronto para voltar à base.

Sim, não me diga. Leighton estava pronto para voltar aos Estados
Unidos, não apenas para a base. Ele estava cansado de... tudo aqui. Só
cansado. — Ansioso pela sua cerveja? — ele perguntou secamente, sua
voz baixa o suficiente para que não soasse. Sua respiração enrolou na frente
dele, um fio de fumaça branca mal discernível no ar. Em mais um mês ou
dois, haveria neve no chão, toda a vegetação desta área coberta. Isso foi o
que o surpreendeu mais do que tudo quando ele chegou ao Afeganistão -
como algumas áreas verdes eram viçosas nos vales. Ele superou aquela
surpresa anos atrás, no entanto.

— Porra. — Hitch soltou uma risada abafada. — E inferno sim. Vou


beber a merda da minha.

Leighton não riu, embora quisesse. No Dia de Ação de Graças ou em


qualquer feriado, eles recebiam ‘quase cervejas’, cervejas sem álcool que
eram mórbidas. Mas era melhor do que nada.

— Vocês dois idiotas calariam a boca? — Morris disse através de sua


linha de comunicação, fazendo os dois bufar suavemente. — Estou ficando
duro para pensar na minha quase cerveja.

— Jesus Cristo, estamos aqui há muito tempo — murmurou


Leighton. — E um Rip seria melhor. — Rip Its era tão ruim quanto as
cervejas próximas. Bebidas energéticas com desconto de que ninguém
nunca tinha ouvido falar.

Hitch resmungou. — Tudo bem, você pode me dar o seu.


— Inferno, não - vejo mais movimento. — Leighton disse, parando
enquanto observava mais dois homens que ele nunca tinha visto antes
andando pelo mesmo caminho gasto, saindo da cidade.

O alvo deles era um líder talibã que ajudou a sequestrar uma física e
sua família - forçando-a a trabalhar para eles e usando a vida de sua família
como moeda de troca. Como em um filme ruim, um pequeno grupo de
talibãs desta região conseguiu obter urânio do Irã. Pelo menos essa era a
informação que a CIA havia dado a Leighton e sua equipe.

Então, aqui estavam eles no Dia de Ação de Graças, esperando pela


afirmativa para que a equipe de assalto no solo pudesse entrar e extrair o
cara. Vivo. Leighton e Hitch eram os controladores aéreos de sua equipe
MARSOC e, embora ele não esperasse muito engajamento, eles estavam
prontos para partir, se necessário.

Assim que eles trouxessem o cara de volta à base, a CIA o levaria sob
custódia e faria o que fosse necessário para encontrar a localização da
física. Porque embora eles soubessem que ela havia sido levada e por quem,
ninguém sabia onde ela e sua família estavam. E não importa o quão duro
ou comprometido alguém seja com sua causa, noventa e cinco por cento
das vezes, as pessoas cedem sob tortura. Era simplesmente a natureza
humana. Se a informação obtida era boa ou não, era outra história. Mas não
é problema dele.

— Quantos? — Morris perguntou.

— Dois homens.

— Estamos entrando agora. — A voz de Morris foi cortada.

— Pegamos sua retaguarda. — Leighton observou quando duas


equipes de quatro homens saíram da floresta próxima e se aproximaram do
prédio. O prédio ficava longe o suficiente na periferia da pequena aldeia para
que ninguém pudesse vê-los.

Predadores silenciosos, eles se arrastaram em direção ao prédio,


movendo-se em perfeita formação enquanto se espalhavam. O sol estava
aparecendo sobre a montanha próxima, dando a Leighton e ao resto deles
luz suficiente para ver o movimento da aldeia próxima. A Inteligência disse
que esse cara estava escondido aqui, usando alguns contatos locais para se
comunicar com o mundo exterior, mas ele estava basicamente sozinho.

Enquanto Morris, o líder da equipe, fazia um gesto com a mão, os oito


homens no chão se posicionaram na entrada do prédio.

Morris chutou a porta, correndo com os outros.

Pop. Pop. Pop. Pop. Pop.

Leighton observou enquanto a porta se iluminava com tiros, os flashes


um após o outro. Ele ouviu pelo comunicador enquanto a equipe enfrentava
resistência - e finalmente conseguiu o que queria.

— Alvo adquirido. Cinco vítimas... Há um estoque de armas aqui —


disse Morris pelo comunicador. — Muito mais do que esperávamos.

Cinco baixas significam que o alvo não estava sozinho, como haviam
sido informados. Merda. Leighton mudou novamente quando um movimento
para a direita chamou sua atenção. — Tangos vindo em sua direção. Todos
armados.

As equipes saíram da casa, um homem carregando seu alvo. —


Quantos?

Gritos aumentaram no ar da manhã enquanto ele e Hitch examinavam


o inimigo que se aproximava. — Cinquenta... talvez sessenta. Parece toda a
maldita aldeia. — Este não era apenas um vilarejo aleatório em que Farooqi
estava hospedado. Isso tinha que ser algum tipo de base para esses caras.

— Envolva-se. — Morris ordenou. — Encontre-se no ponto LZ.

Hitch já havia começado a atirar em alvos individuais antes de Morris


terminar de falar,

Pop. Pop. Pop.


Gritando sobre o som do fogo da equipe, Leighton convocou o ataque
aéreo mesmo quando o prédio alvo explodiu - alguém deve ter jogado uma
granada dentro para destruir as armas. Esta operação estava muito longe
da base para o fogo de artilharia alcançar.

Assim que chamou as coordenadas, Leighton mirou em seu primeiro


alvo. Um homem carregando um AK-47. O tiroteio estourou abaixo deles
quando ele se concentrou na massa central do cara e puxou o gatilho. Em
seguida, empunhou sua arma novamente.

Ao lado dele, Hitch fez o mesmo.

Thwump. Um metro à sua esquerda, a sujeira subiu, espalhando-se


por toda parte.

— Peguei ele — disse Hitch.

Leighton observou o atirador segurando o rifle de longo alcance cair,


depois mirou no homem ao lado dele. Pop. Alvo abaixado.

Atirar. Proteger. Repita.

Embora parecesse uma eternidade, talvez dez minutos tenham se


passado quando, à distância, ele pôde ouvir os jatos de caça chegando com
força.

— Estamos limpos! — Morris gritou pelo comunicador. — Afaste-se


agora.

Pop. Pop. Leighton e Hitch atiraram novamente antes de rastejar para


trás, com as armas nas mãos. Assim que estivessem fora do alcance de tiro,
teriam que caminhar oitocentos metros de volta ao ponto de
extração. Mesmo enquanto eles se afastavam, ele viu a explosão antes de
ouvi-la.

Fumaça e escombros foram disparados para o alto, uma onda externa


de destruição como parte da aldeia desapareceu sob a força de quinhentos
libras. Se fossem JDAMs sendo derrubados, a cidade inteira teria sido
arrasada.
BOOM. Outro bateu na lateral da montanha, errando o alvo.

Essa foi a deixa para dar o fora da esquiva. Ninguém estava mais
atirando neles enquanto os homens abaixo deles se espalhavam como
formigas, correndo para se proteger.

Com as armas nas mãos, ele e Hitch correram para o sul, em direção
ao ponto LZ e ao helicóptero que os esperava.

Era hora de dar o fora de lá.

***

— Ei, onde você estava esta manhã? — Hitch correu do nada ao cair
ao lado de Leighton. Eles estavam de volta à base, longe da operação que
haviam feito ontem.

— Acordei cedo, fui correr. — Em vez de se juntar a Hitch para o


treino matinal normal na academia, ele precisava de algum espaço para
clarear a cabeça. Correr foi a única coisa que fez isso.

— O que esta acontecendo com você?

— Nada.

Hitch apenas deu de ombros, mas não disse nada. Em vez disso, ele
continuou andando com ele.

— Você vai ao refeitório também? — Leighton finalmente perguntou.

— Não. Apenas te seguindo até você me dizer o que está errado. Você
foi um fantasma nos últimos dois dias.

Leighton não queria falar sobre isso. Não queria falar sobre nada. —
Só cansado, cara. Pronto para dar o fora daqui. — Aqui como no
Afeganistão. Ele queria estar nos Estados Unidos e, mesmo que não
pudesse expressar isso ainda, ele estava pronto para sair para sempre. Ele
amava os fuzileiros navais, mas estava acabado.

— Você e eu. Então, você ouviu sobre o alvo se suicidando?

Leighton parou por apenas um momento enquanto eles entraram no


refeitório. — Não. Quando isto aconteceu? — Eles tinham acabado de
trazer o cara ontem.

— Não sei. Ouvi boatos de que alguém da CIA errou. Farooqi teve uma
oportunidade e decidiu se matar em vez de falar. E... Professora Evans. —
Hitch sussurrou — Foi encontrada morta também. Assassinada. Ela e toda
a família.

Leighton não respondeu, apenas entrou na fila com o amigo. Ele não
queria comer, seu estômago apertou com a notícia de que sua última
operação havia sido inútil. Bem, não inútil. Tudo fazia parte do acordo. Ele
sabia disso. Mas, caramba, ele estava cansado até os ossos de não fazer a
diferença. Talvez ele estivesse, mas ultimamente não parecia.

— Ouvi dizer que você estava perguntando sobre o BDA. O que eles
encontraram? — Hitch perguntou.

Droga, nada era segredo aqui. Ele pediu ao líder da unidade dos
Fuzileiros Navais que conduziu a avaliação dos danos da bomba na vila-alvo
para ver o que eles encontraram. — Nada inesperado. Armas e munições
destruídas. — E um monte de gente morta. Incluindo crianças.

Uma das fotos que ele viu estava gravada em seu cérebro. Um ursinho
de pelúcia carbonizado com um olho faltando. Ele se desvencilhou e
empurrou a imagem para longe.

Ele tinha dois meses até voltar para casa. Ele precisava de sua cabeça
no lugar se ele quisesse sair daqui vivo. Ele não poderia ficar tão envolvido
em sua própria cabeça a ponto de ser morto. Ou pior, matando alguns de
seus caras.
A única coisa de que tinha certeza agora era que estava quase na hora
de sair, de começar uma vida diferente. Torne-se um civil pela primeira vez
desde os dezoito anos.

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