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IMPORTANTE:

"As recomendações apresentadas são embasadas em pesquisas científicas, mas a Jolivi não apoia a automedicação. Converse sempre com o
seu médico e profissional de saúde sobre qualquer dúvida ligada aos seus sintomas e seu bem-estar"
“Não há remédio para minha dor”, escutei certa vez de um paciente.

E o que parecia ser a mais pura tradução de desespero, na verdade, virou uma reflexão que, desde então, me acompanha em toda e qualquer
consulta.

Digo isso porque, na medicina atual, parecem existir apenas 2 formas de cuidar das pessoas:

A primeira delas é dando um diagnóstico para o conjunto de sintomas apresentado;

A segunda é, logo na sequência do batismo, oferecer um remédio para tratar a doençarecém-descoberta.

Mas será que “batizar” uma doença e “remediar” esta mesma patologia são verbos absolutos em um tratamento?

“O resto é tristeza. A tristeza a gente respeita e deita fora. A tristeza a gente respeita e, na primeira oportunidade, deita fora. É como algo
descartável. Precisamos de usar mas não é bom ficar guardada.”

Valter Hugo Mãe

Não há dúvidas de que parte da prática médica concorda que isso é o bastante.

Porém, o acompanhamento destas pessoas – e a forma como elas estão adoecendo, morrendo e perdendo qualidade de vida – grita que é
preciso mudar para outro caminho.

Definitivamente, acredito ser preciso ir muito além do “batizar” e do “medicar”.

E neste sentido, a depressão talvez seja a condição mais representativa sobre a falência do atual modelo de cuidar.

Nunca se diagnosticou tantos pacientes depressivos.

Nunca, na história da nossa profissão, tantos remédios para combater os feitos da depressão foram prescritos.
E depois deste batismo medicalizado, o que vem?

GERAÇÃO MEDICALIZADA

Estamos assistindo à formação da primeira geração que já nasce medicada.

As grávidas tomam remédios para depressão pós-parto.

As crianças são anestesiadas em decorrência do que batizamos de déficit de atenção.

Os adultos precisam de pílula para dormir, pílula para acordar, comprimido para ficarem mais calmos, remedinhos para terem melhor
desempenho no trabalho e na cama.

Em compensação, a oferta do remédio não significa acolhimento e nem significa que esta geração está mais cuidada.

Considerar a prescrição o ponto alto e absoluto da relação com o paciente torna o tratamento isolado, incompleto e, como não poderia deixar
de ser, irreal.

Tudo isso já seria o suficiente para mudarmos de rumo, mas existem questões ainda mais graves que precisam ser revistas com urgência na
área da depressão, da ansiedade e dos transtornos de humor.

“Sou composta por urgências:


minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas.
Entupo-me de ausências, Esvazio-me de excessos.”

Clarice Lispector

Estudos científicos sérios, recentemente publicados, conseguiram mensurar os danos deste uso prolongado de antidepressivos,
tranquilizantes e fármacos para a ansiedade.

As publicações também tentaram mapear os efeitos da decisão de oferecer estas mesmas drogas para pacientes cada vez mais jovens.

As conclusões são estarrecedoras.

Por isso, dedico esta minha participação no Dossiê a você.

Seja porque você já recebeu o batismo depressão ou, então, porque conhece outras pessoas que foram carimbadas com este diagnóstico.

Dedico também ao meu paciente que constatou não ter remédio para a sua dor.

A proposta, hoje, é trilhar os caminhos naturais que podem acolher quem recebe o nome da doença, mas não quer que o batismo
“depressão” substitua sua identidade.
O PANORAMA

Aprendemos na faculdade que a depressão é uma doença caracterizada por sentimentos de tristeza, pessimismo e baixa autoestima.

Ela é provocada por alterações químicas cerebrais dos níveis de neurotransmissores (vamos explorar mais sobre o que é isso),
principalmente a serotonina e a noradrenalina e, em menor proporção, a dopamina.

Acredita-se que exista predisposição genética, mas a influência do meio é extremamente importante.

“Guardo a tristeza comigo


Guarda a tristeza porque
Dela sou maior amigo
Depois que perdi você”

Cartola

Geralmente, a depressão é desencadeada por situações de estresse intenso (estresse pós-traumático, por exemplo, após uma violência
sexual, como vimos na entrevista com a atleta Joanna Maranhão) e agravada por alterações ambientais, especialmente relacionadas aos
hábitos de vida e nutrição.

Além disso, é uma doença que aparece de mãos dadas com outras condições crônicas, entre elas diabetes, doenças cardiovasculares e
câncer.

Os gatilhos de todas, portanto, são semelhantes.

Depois de instalada no organismo, a depressão torna-se uma manifestação sistêmica, pois afeta o funcionamento de todos os órgãos.

Não é simplesmente uma alteração do humor, tristeza ou estado de espírito.

Tudo entra em uma espécie de pane.

TSUNAMI BANALIZADO

A prevalência de depressão (número de casos numa população) é estimada em 19%.

Tal estatística indica que, aproximadamente, 1 em cada 5 pessoas no mundo vai cruzar com este problema em algum momento da vida.

Temos no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 370 milhões de pessoas que já foram afetadas pela depressão.

Tanta gente “batizada” com este diagnóstico deságua em uma oportunidade de negócio.
Sim, o mercado de antidepressivos surfou nesta onda deprimida que cobriu o planeta.

No Brasil, não foi diferente, e o tsunami também impulsionou as vendas.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), explodiu o consumo brasileiro de Fluoxetina.

“Tudo quanto sonhei tenho perdido


Antes de o ter,
Um verso ao menos fique do inobtido,
Música de perder”

Fernando Pessoa

Se mensurarmos as vendas de Clonazepam, nome da substância que foi feita para ser um anticonvulsionante, mas que ganhou fama por
ajudar a dar uma acalmada nos nervos, o crescimento de vendas foi de 4 vezes.

De 2010 para 2014, chegamos a 5,1 milhões de caixas deste remédio comercializadas. O representante mais famoso desta classe é o Rivotril.

Se somarmos todas as classes de drogas usadas como antidepressivos, chegamos em 23 MILHÕES de embalagens vendidas, como divulgou
o relatório da consultoria de mercado farmacêutico IMS Health, veiculado na Revista Carta Capital.

O crescimento significativo em tão pouco tempo desperta as evidências de uso excessivo, desnecessário e banalizado.

Basta olhar como a nossa sociedade se comporta para ter a certeza de que há abuso na prescrição e uso destes fármacos.

As causas para esta banalização, no entanto, são múltiplas.

Minha avaliação é que o mau uso se dá provavelmente devido às condições de atendimento médico.

Hoje, não é o bem-estar do paciente que define uma “boa” consulta, mas sim outros 2 fatores.

Um deles é sua agilidade (10 minutos, em média). O outro é conseguir apresentar uma resolução rápida da queixa que motivou a visita
(exigência também do paciente).

O resultado é que os pacientes, atendidos com rapidez e em busca de uma solução mágica, saem SÓ com o remédio como alternativa.

Com isso, claro, são abertas as possibilidades reais de efeitos colaterais em decorrência deste uso.
VÍCIO E OUTROS EFEITOS COLATERAIS

“Uma parte de mim


é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão”

Ferreira Gullar

É aí que está mais um ponto que precisamos colocar luz.

Os “efeitos colaterais” dos antidepressivos e tranquilizantes, quando apresentados, sempre ressaltam a possibilidade de dependência.

Sim, o vício é mesmo uma das sequelas prováveis do uso, mas não é a única.

Apesar dos avanços em pesquisa, os remédios antidepressivos são ineficazes em 30% dos casos de depressão.

Portanto, 3 em cada 10 pessoas que fizerem o uso não terão melhora alguma em decorrência dos fármacos.

Os 70% que vivenciam alguma vantagem terapêutica, entretanto, não estão imunes às outras tantas sequelas.

De forma consolidada, a literatura médica já apresenta a seguinte “fatura” para os antidepressivos:

Antidepressivos

– Disfunção sexual: retardo na ejaculação;

– Síndrome de privação: assim como a cocaína, antidepressivos também provocam vício;

– Mania/Hipomania: o indivíduo se torna agitado, eufórico, com pensamentos exageradamente positivos, agitação psicomotora, podendo
desenvolver estados delirantes;

– Dificuldade em coagulação;

– Sensação de “boca seca”, devido à redução do fluxo salivar;

– Perda de apetite;

– Constipação intestinal.

MUITO ALÉM DA BULA

Todas estas reações adversas que aparecem quando nós colocamos a lupa na bula dos medicamentos realmente impressionam.
“Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
Aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento
exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.”
Ausência”

Carlos Drummond de Andrade

Mas 3 pontos sobre os efeitos colaterais dos antidepressivos, para mim, são ainda mais graves e agora começam a vir à tona.

1) Risco de suicídio

Eu fico realmente abismado quando as pesquisas trazem conclusões como esta.

Mas, sim, é exatamente isso que concluiu a maior revisão de ensaios científicos sobre antidepressivos, que acaba de ser divulgada.

No total, foram revistos 70 testes clínicos sobre antidepressivos, envolvendo mais de 18 mil indivíduos.

As conclusões foram publicadas no British Medical Journal (BMJ), um dos mais respeitados jornais científicos.

Quem realizou o estudo também merece destaque. A análise foi conduzida pela Fundação Cochrane, entidade formada APENAS por
pesquisadores independentes e sem NENHUM tipo de vínculo com a indústria farmacêutica.

Ou seja, qualquer interesse comercial em divulgar vantagens dos fármacos ficou de fora.

E, com isso, a probabilidade de suicídio entre usuários de antidepressivos que agem na produção de serotonina apareceu.

Entre os menores de 18 anos (público cada vez mais consumidor destas drogas), o risco de suicídio e agressividade dobrou.

O autor do estudo, Peter Gotzche, foi categórico ao dizer que essas mortes sempre foram subnotificadas entre usuários de antidepressivos.

Os achados indicam que o mesmo problema pode estar acontecendo entre os usuários adultos.

2) Síndrome Serotoninérgica

Também está na conta da utilização desta classe terapêutica a síndrome serotoninérgica, o que considero ser o efeito adverso mais grave
para aqueles que sobrevivem.

Esta síndrome consiste em um conjunto de sinais e sintomas originado por aumento abrupto de serotonina, substância ligada ao bem-estar e
impulsionada quimicamente pelos remédios.

Esta ampliação demasiada da serotonina pode causar, de forma simultânea, um quadro formado por:

– Agitação, alterações mentais (confusão ou hipomania);

– Febre, arrepios, náuseas, vômitos, diarreia, espasmos;


– Sudorese intensa;

– Tremores;

– Hipertensão arterial;

– Taquicardia;

– Falta de coordenação motora.

Estão mais suscetíveis a esta sequela pessoas que utilizam mais de um medicamento (quem não?), aqueles que aumentam por conta
própria a dosagem da medicação e também pessoas que usam outras drogas, como álcool e cocaína.

É importante destacar ainda que alguns alimentos naturais são indutores de serotonina, como certos tipos de queijos.

Ao consumir, usuários de antidepressivos podem ter um boom de produção de serotonina e desenvolverem a síndrome.

3) Perda de memória

Por fim, quero destacar uma pesquisa que mostrou os impactos nocivos na memória em razão do uso dos benzodiazepínicos – outro tipo de
antiepilético que ganhou mercado por sua ação “tranquilizante”.

O estudo, veiculado na Revista Científica CNS Drugs, se propôs a analisar as conclusões existentes em todos os ensaios científicos já
realizados sobre o tema.

Onze estudos haviam sido publicados e foram inspecionados. Nove deles concluíram que estes fármacos têm um efeito deletério.

Em linhas gerais, as publicações apontaram que estes remédios acabam por incentivar a concentração de uma proteína chamada Beta-
amiloide no cérebro.

Isso acarreta problemas na conservação da memória, entre outros danos.

Olha que curiosidade dolorosa.

Em parte dos usuários, a utilização do benzodiazepínico provoca os mesmos danos da doença Alzheimer.

A FALSA PAZ

Todas estas conclusões e possibilidades de efeitos colaterais são suficientes para que o critério e rigor no uso de medicamentos sejam
altíssimos.

Veja o meu ponto.

Sou médico e compreendo que a utilização momentânea de algum destes remédios pode ser necessária.
“Vazio agudo
ando meio
cheio de tudo”

Paulo Leminski

Entendo ainda a condição de extremo sofrimento que o paciente deprimido (e seus familiares) chega ao consultório.

Também é verdade que alguns dos meus colegas médicos oferecem essa medicação com as melhores das intenções e querendo proteger as
pessoas que chegam para eles.

A minha crítica é sobre a oferta exclusiva da medicação, sem levar em conta todo o processo que ocorre dentro do corpo e
que poderia ser sanado, revertido e melhorado com as estratégias naturais.

Além disso, as pesquisas científicas que tanto alertam sobre os efeitos colaterais desses remédios também endossam sua má utilização.

No ano passado, um grande estudo veiculado no JAMA (Journal of the American Medical Association) mostrou que metade dos usuários de
antidepressivos sequer tinham o diagnóstico de depressão confirmado.

Os investigadores analisaram dados de registros médicos eletrônicos durante 10 anos. No total, foram mais de 100 mil receitas de
antidepressivos prescritas por cerca de 160 médicos para cerca de 20 mil pessoas.

Segundo os dados, aproximadamente 50% das receitas foram feitas para desordens que não são depressão (angústia, insônia, dor).

Conheço inúmeras pessoas que buscaram essas drogas para “sentir uma paz interna”, conforto, mais disposição, prazer.

Não quero com isso dizer que se tratam de “problemas menores” que não merecem ser acolhidos pelos médicos.

Mas, quando entendemos como estes processos ocorrem dentro do corpo, fica evidente que há muitos outros caminhos além das
medicações.

ALTERNATIVAS NATURAIS

Nos estudos clínicos, já está comprovado que uma grande parcela destes pacientes melhora com incentivo do médico.
Sim, também faz parte do exercício da medicina estimular a psicoterapia, trabalhar a resiliência, a força de vontade, a
aceitação das limitações, as expectativas em relação à realidade, o gerenciamento das reações que temos por causa do
trabalho, família, amigos.

“Tenho certeza de estar ficando louca novamente.”

Virginia Woolf

Também é fato que a alimentação adequada, exercícios físicos e tratamentos moduladores da secreção de neurotransmissores, como
a acupuntura, são tão ou mais importantes que os fármacos no tratamento a longo prazo.

A arte também é um mecanismo ótimo para depressão.

Minha pergunta: estamos disponíveis para encarar esta forma de cuidar da depressão?

Eu estou. E se você chegou até aqui, também está.

Então, vamos primeiro ver como o estado depressivo age dentro do corpo e como a saúde natural pode combatê-lo.
O CÉREBRO E O SEGUNDO CÉREBRO

Ainda que a depressão tenha impactos em tantas áreas do organismo, como vimos na figura acima, normalmente, as pessoas só pensam no
cérebro para falar da doença.

É aí que está parte dos problemas dos antidepressivos.


Eles só agem nas funções cerebrais, que realmente podem estar comprometidas.

Mas negligenciam o “segundo cérebro” existente em todos os seres humanos.

Não sabe onde fica o seu?

“De repente, a gente vê que perdeu


Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás”

Cazuza

Respondo: trata-se do seu intestino.

Cérebro 1

Basicamente, a depressão compromete a comunicação dos neurotransmissores.

Neurotransmissores são substâncias responsáveis pela comunicação entre uma célula nervosa e outra, chamadas de neurônios.

Esta “conversa” entre os neurônios ocorre em um espaço chamado de sinapse ou fenda sináptica.

Pois bem, quando estes neurotransmissores estão em desequilíbrio, o bate papo, tão vital para nós, não ocorre como deveria.

Com isso, o cérebro não sabe como reagir mediante aos estímulos.

As sensações de felicidade, euforia, raiva e tristeza não são mais despertadas com coerência.

Em geral, o que sobra é uma total “apatia”.

Quem comanda estas reações são 3 partes do cérebro muito importantes chamadas hipotálamo, córtex e sistema límbico.
E como eles influenciam no funcionamento de todo o organismo, coração, pulmão, pâncreas e rins também sofrem com os impactos da
depressão.

“Dentro de mim mora um grito.


De noite, ele sai com suas garras, à caça
De algo pra amar.”

Sylvia Plath

O segredo está, portanto, em procurar reestabelecer a boa comunicação entre os neurônios, certo?

E para isso precisamos voltar a produzir neurotransmissores em doses adequadas.

Adivinha quem tem este poder?

Sim, o nosso segundo cérebro.

Cérebro 2

Os intestinos têm uma rede de 100 milhões de neurônios (depois do cérebro, é o órgão que mais possui essas células) que, por sua vez,
liberam os neurotransmissores.

Nada mais nada menos do que 90% da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar, é produzida
pelos intestinos (delgado e grosso).

Além disso, o intestino é riquíssimo em tecido linfoide (responsável pela nossa imunidade).
O órgão responde por 80% do potencial de imunidade do corpo humano, além de ser grande produtor do hormônio do crescimento.

Portanto, agredir diariamente o nosso intestino, por meio da alimentação inadequada, é uma forma de desencadear a depressão.

Não só isso: o excesso de bebida, o fumo e o excesso de açúcar, por exemplo, podem alterar a flora intestinal, modificando o pH e alterando o
sistema neuro-endócrino-imunológico intestinal.

Com base nisso, é possível fazer uma divisão entre os alimentos recomendados e os contraindicados para prevenir e reverter os quadros
depressivos.

OS CONTRAINDICADOS

Álcool

Além de ser uma droga de potente ação depressora do sistema nervoso central, prejudica a absorção de nutrientes como as vitaminas
do complexo B, vitamina D, além de interferir em seu metabolismo, aumentando a excreção de vitamina
C, magnésio, zinco, selênio, podendo até causar danos cerebrais.

Carboidratos simples, como massas, doces, pães industrializados

A depressão também está relacionada com a inflamação e com o desequilíbrio entre glicose e insulina.

Com ingestão de uma quantidade elevada de carboidratos de rápida absorção (açúcar, mel, frutose), há o aumento súbito
do índice glicêmico, que, por sua vez, eleva os níveis do neurotransmissor triptofano e, consequentemente, de serotonina, fornecendo
um bem-estar passageiro.

NÃO SE ENGANE

O consumo destes tipos de produtos aumenta a liberação de citocinas pró-inflamatórias (substâncias que induzem ao estado de inflamação
crônica).

O resultado é a piora da comunicação entre os neurotransmissores e a influência da depressão.

Carnes assadas ou grelhadas

Quando expostas a altas temperaturas e ficando muito tostadas, as carnes formam as aminas heterocíclicas. Estas substâncias indesejadas
prejudicam uma série de funções do organismo, entre eles o bom funcionamento dos neurônios, diminuindo a síntese de serotonina.

A dica aqui é que você aqueça os alimentos a no máximo 160º.

Alimentos industrializados
Além de possuírem conservantes e outros aditivos, muitos são alimentos ricos em gorduras trans.

Elas são tóxicas para os neurônios e comprometem a comunicação entre eles.

Café e chocolate

Ambos são ricos em estimulantes do sistema nervoso central, pois induzem a secreção de serotonina.

Quando ingeridos, seu efeito é semelhante ao do açúcar e do álcool, produzindo um estado de euforia e bem-estar passageiros. Podem ser
usados moderadamente, mas o abuso pode provocar ansiedade, insônia e até palpitações.

OS MUITO BEM-VINDOS

Se existem os alimentos que devem ser evitados, a alimentação também oferece o caminho mais efetivo para fazer com que os
neurotransmissores voltem a funcionar em normalidade.

Inicialmente, a principal função dos alimentos é fazer com que os níveis de cortisol, conhecido como hormônio do estresse, sejam reduzidos.

Neste sentido, é importante priorizar os seguintes nutrientes:

Vitamina C: poderoso antioxidante, que previne o cansaço e combate o estresse.


Fontes: laranja, goji berry, limão, tangerina, kiwi, abacaxi, acerola, agrião, brócolos, coentro, couve, pimentão, salsa.

Selênio: Supõe-se que a sua atividade antioxidante esteja envolvida no combate ao envelhecimento precoce e à depressão.
Fontes: frutos secos (como a castanha do Pará) e peixes.

Vitamina B6 (piridoxina): Participa na produção dos neurotransmissores norepinefrina e serotonina e, consequentemente, melhora o
humor.
Fontes: frango, peru, perdiz, atum, cavala, banana, cereais integrais, arroz integral, alho, grãos integrais, ovos.

Magnésio: está envolvido na regulação dos níveis de serotonina.


Fontes: banana, leguminosas (grão, feijão, ervilha), soja, espinafre, couve, cereais (aveia, trigo, farelo de trigo) frutos secos (nozes,
amêndoas, castanhas), leguminosas (tofu ou “queijo” de soja, lentilhas, feijão, ervilhas).

Ácido fólico: Considerado como antidepressivo. Na forma reduzida, pode regular os níveis cerebrais de serotonina.
Fontes: vegetais de folha verde, feijão, espargos, cogumelos, tomate, salsa, laranja, morango, frutos secos.

A REPOSIÇÃO DE NUTRIENTES

Além da alimentação in natura, alguns quadros depressivos são evitados e combatidos por meio da suplementação e utilização de
fitoterápicos.

Fale sobre isso com o médico que te acompanha, para que as características pessoais sejam levadas em conta na hora da definição da
utilização e das dosagens.

Minhas orientações são:

1) ÔMEGA 3:

Uma revisão de dezenas de ensaios clínicos científicos sobre a depressão que avaliaram a eficácia destes ácidos graxos isolados ou em
combinação com outros antidepressivos apoiaram a sua utilização no tratamento da depressão.

2) S-Adenosilmetionina (conhecido como “SAME”)

Composto envolvido em processos como a produção e quebra de neurotransmissores no cérebro, incluindo serotonina, melatonina e
dopamina.

Estudos científicos mostraram que preparações orais e injetáveis (entre 800 miligramas a 1.600 miligramas) são tão eficazes quanto
antidepressivos.

3) Erva-de-são-joão (Hypericum perforatum)

É uma planta com uma longa história de uso medicinal que tem sido estudada no tratamento da depressão. A principal substância ativa
envolvida é a Hiperforina.

Uma revisão de estudos de 2008 analisou 29 pesquisas envolvendo 5.489 pacientes e comparou o uso desse suplemento com placebo e com
antidepressivos.

A revisão concluiu que as pessoas eram significativamente mais propensas a responder a erva-de-são-joão do que ao placebo.

4) N-acetilcisteína (NAC)

É um aminoácido com fortes propriedades antioxidantes e estudos descobriram que reduz significativamente a depressão no transtorno
bipolar.

5) Vitamina D:

É especialmente eficaz naqueles casos de “depressão sazonal”, que aparece nos meses de inverno, por falta de sol, muito comum.
Recomendamos associá-la ao consumo de melatonina.

A melatonina está naturalmente presente em frutas e legumes como a cebola, a cereja e a banana; em cereais como o milho, a aveia e o arroz;
em plantas aromáticas como a hortelã, a verbena, a salva e o tomilho.

6) “5- Hidroxi-triptofano”

É um aminoácido precursor da serotonina e da melatonina. Não tem efeitos colaterais. Geralmente é usado na dose de 100 mg/dia, em
cápsulas ou comprimidos sublinguais. É interessante usá-lo no Brasil, já que a comercialização de Melatonina AINDA permanece proibida.

7) Vitaminas do complexo B

Principalmente a vitamina B12 e o ácido fólico atuam no metabolismo de transformação do aminoácido triptofano em serotonina.

AGULHAS E PINCÉIS
Já está consolidado que exercício físico, ainda que moderado, contribui de forma efetiva para melhorar todos estes processos protetores
dentro do corpo.

E para isso, bastam 30 minutos ao dia. Você pode escolher caminhada, corrida, dança, musculação.

Antes de me despedir hoje, deixo ainda mais duas sugestões.

Sugiro que você experimente a acupuntura.

“O momento mais solitário da vida de alguém, é quando você assiste seu mundo inteiro desmoronar e tudo o que você pode fazer é olhar
para o nada.”

F. Scott Fitzgerald

A técnica é utilizada com grande sucesso no tratamento dos casos de depressão. É considerada o melhor tratamento em casos depressivos
associados à fibromialgia (dores intensas e generalizadas), por liberar endorfinas que são analgésicos naturais.

Como os sintomas da depressão são variados, eles acometem vários órgãos, e, como cada indivíduo apresenta quadros clínicos particulares
(dependendo de seus órgãos de choque e do seu estado mental e emocional), os pontos selecionados variam, dependendo de um diagnóstico
apurado para uma seleção adequada dos pontos a ser utilizados.

Recomendo, por fim, arte e poesia.

Você precisa se convencer de que a arte pode ser um excelente mecanismo terapêutico para a depressão.

Instrumento este que começa a deixar somente o campo místico e subjetivo para frequentar as pesquisas científicas.

Por meio do cinema, música, poesia ou pintura, o paciente pode encontrar os caminhos que equalizam as sensações e abrem portas para que
as mensagens dadas pelo sintoma depressivo sejam, finalmente, ouvidas.

Sem apatia, sem doutrina e sem efeitos colaterais.

Por isso, os versos de artistas que já escutaram a depressão foram espalhados por este texto.

Não como uma resposta, mas sim como um convite.

E, principalmente, para acolher aquele meu paciente que não via remédio para a sua dor.

Mas para ele, assumi um compromisso de cuidar. E além do diagnóstico e dos remédios, todas estas possibilidades hoje foram apresentadas.
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