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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO

DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL


DEPARTAMENTO DE ENSINO
CURSO LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

JOALISSON RÊGO PAVÃO

UM OLHAR DA GEOMETRIA NO FUTEBOL


Uma proposta de Modelagem Matemática

ZÉ DOCA
2023
JOALISSON RÊGO PAVÃO

UM OLHAR DA GEOMETRIA NO FUTEBOL


Uma proposta de Modelagem Matemática

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de


Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Maranhão, Campus Zé Doca, como
requisito para a conclusão e obtenção do título de Licenciado em
Matemática.
Orientador: Me. Raimundo Nonato Barbosa Cavalcante

ZÉ DOCA
2023
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, quero agradecer a Deus, pela minha vida, e me ajudar a enfrentar todos
os obstáculos ao longo do curso.
Á minha mãe, Leny, a minha namorada, Luana, que me incentivaram e apoiaram durante
esses anos da minha vida acadêmica e aos meus irmãos, Daniele e Denílson, aos quais sempre
me motivaram.
Aos meus queridos avós, Antônia e Antônio, por serem meu combustível.
Às minhas amigas, Leoniza Gomes, Aline Vitória e ao meu amigo Sisnande Costa, pelas
contribuições que foram fundamentais para a elaboração desse trabalho.
Aos meus amigos de universidade e professores que através de suas contribuições e
ensinamentos permitiram que eu pudesse estar hoje concluindo esse trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Me. Raimundo Nonato, pelo empenho dedicado à minha
pesquisa e por todo apoio e paciência durante o processo de elaboração.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação.
Muito obrigado!
“A vida é como um jogo de futebol, cada lance pode
definir sua trajetória”.
Mikael Johnathan
RESUMO

A Matemática ao longo da história tem demonstrado a necessidade de diferentes alternativas


para o ensino e aprendizagem de seus conteúdos, visando um melhor aproveitamento. No
entanto, na maioria das vezes, essa disciplina é ensinada de forma automatizada, apenas pela
aplicação de algoritmos sem uma breve contextualização. Nesse sentindo, esta pesquisa teve
como objetivo analisar e descrever como as triangulações de jogadores de futebol podem
contribuir para o estudo de área de triângulos através da Modelagem Matemática. Essa
metodologia visa principalmente contextualizar assuntos matemáticos com a realidade dos
alunos, para tornar a educação Matemática um processo mais dinâmico e interativo. O futebol,
esporte mais popular do Brasil, e paixão da grande maioria dos brasileiros, quando relacionado
com a Matemática é uma ferramenta que contribui para essa atividade. Assim, a presente
pesquisa é classificada em básica, de caráter exploratório e descritivo, guiada por uma
abordagem qualitativa, do ponto de vista dos procedimentos técnicos, é uma pesquisa
bibliográfica. Como base para levantar as situações, foram pesquisados nos bancos de Teses e
Dissertações, no Google Acadêmico, periódicos da Capes, nos bancos de dados Scielo e
Youtube, trabalhos e vídeos que apresentassem discussões e problemas sobre triângulos e
Modelagem Matemática. Com isso, foram selecionadas quatro situações de triangulações em
partidas de futebol para encontrar a área de triângulos seguindo as cinco etapas de Modelagem:
1) escolha de um tema, 2) pesquisa exploratória, 3) levantamento do(s) problema(s), 4)
resolução (ões) do(s) problema(s) e 5) análise(s) crítica da(s) solução (ões) propostas por Burak.
Para a realização da pesquisa, foram utilizadas as ferramentas do Google Earth e GeoGebra
para deduzir as distâncias entre os jogadores e encontrar as alturas e, posteriormente, calcular
as áreas dos triângulos. Com isso, os resultados obtidos demostram que a temática aqui
apresentada contribui para o estudo sobre a área de triângulos, uma vez que os alunos participam
diretamente de cada etapa, despertando ainda mais interesse nas aulas. Assim, concluímos que
o futebol, por meio de suas diversas situações de triangulação, possibilita elaborar metodologias
para facilitar o estudo sobre área de triângulos. Além disso, é uma forma de apresentar aos
alunos que aprender Matemática pode ser um processo mais atraente e dinâmico.

Palavras-chave: Modelagem Matemática. Futebol. Triangulações. Áreas de Triângulos.


ABSTRACT

Throughout history, mathematics has demonstrated the need for different alternatives for
teaching and learning its contents, in order to make better use of them. However, most of the
time, this subject is taught in an automated way, just by applying algorithms without a brief
contextualization. In this sense, this research aimed to analyze and describe how the
triangulations of soccer players can contribute to the study of the area of triangles through
Mathematical Modeling. This methodology mainly aims to contextualize mathematical subjects
with the students' reality, in order to make mathematics education a more dynamic and
interactive process. Soccer, the most popular sport in Brazil and a passion of the vast majority
of Brazilians, when related to mathematics is a tool that contributes to this activity. Thus, this
research is classified as basic, exploratory and descriptive, guided by a qualitative approach,
from the point of view of technical procedures, it is bibliographical research. To find the
situations, we searched the Theses and Dissertations databases, Google Scholar, Capes journals,
Scielo and YouTube databases for papers and videos that presented discussions and problems
about triangles and mathematical modeling. As a result, four triangulation situations in soccer
matches were selected to find the area of triangles following the five stages of modeling: 1)
choosing a topic, 2) exploratory research, 3) raising the problem(s), 4) solving the problem(s)
and 5) critical analysis(s) of the solution(s) proposed by Burak. To carry out the research,
Google Earth and GeoGebra tools were used to deduce the distances between the players and
find the heights and, subsequently, calculate the areas of the triangles. The results obtained
show that the theme presented here contributes to the study of the area of triangles, since the
students participate directly in each stage, arousing even more interest in the lessons. We
therefore conclude that soccer, through its various triangulation situations, makes it possible to
develop methodologies to facilitate the study of the area of triangles. It is also a way of showing
students that learning mathematics can be a more attractive and dynamic process.

Keywords: Mathematical Modeling. Soccer. Triangulations. Areas of triangles.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Campo de futebol com seus elementos e suas dimensões ....................................... 17


Figura 2 - Triangulação da Itália .............................................................................................. 18
Figura 3 - Triângulo ABC ........................................................................................................ 19
Figura 4 - Elementos do triângulo ............................................................................................ 20
Figura 5 - Desigualdade triangular ........................................................................................... 21
Figura 6 – Congruência de triângulos....................................................................................... 22
Figura 7 - Caso LAL da congruência de triângulos.................................................................. 23
Figura 8 - Caso ALA da congruência de triângulos ................................................................. 23
Figura 9 - Caso LLL da congruência de triângulos .................................................................. 23
Figura 10 - Caso LLAo da congruência de triângulos ............................................................. 24
Figura 11 - Semelhança de triângulos ...................................................................................... 24
Figura 12 - Caso AA da semelhança de triângulos .................................................................. 25
Figura 13 - Caso LAL da semelhança de triângulos ................................................................ 25
Figura 14 - Caso LLL da semelhança de triângulos ................................................................. 26
Figura 15 - Alturas do triângulo ............................................................................................... 27
Figura 16 - Paralelogramo ABCD ............................................................................................ 27
Figura 17 - Triangulação do River Plate .................................................................................. 31
Figura 18 - Triangulação do Flamengo .................................................................................... 32
Figura 19 - Triangulação do Barcelona .................................................................................... 33
Figura 20 - Triangulação do Manchester City .......................................................................... 33
Figura 21 - Medidas dos lados AB, AC e BC .......................................................................... 35
Figura 22 - Triângulo ∆ENZO-NACHO-BORRÉ ................................................................... 36
Figura 23 - Medidas dos lados DE, EF e DF ............................................................................ 36
Figura 24 - Triângulo ∆BH-ARRASCA-GABI ....................................................................... 37
Figura 25 - Medidas dos lados GH, GI e HI............................................................................. 38
Figura 26 - Triângulo ∆MESSI-SOARES-DANIEL ............................................................... 39
Figura 27 - Medidas dos lados JK, JL e KL ............................................................................. 39
Figura 28 - Triângulo ∆RODRI-KEVIN-BERNADO ............................................................. 40
Figura 29 - Paralelogramo ENZO-NACHO-BORRÉ-D .......................................................... 41
Figura 30 - Paralelogramo BH-ARRASCA-GABI-Y .............................................................. 42
Figura 31 - Paralelogramo MESSI-SOARES-G-DANIEL ...................................................... 43
Figura 32 - Paralelogramo RODRI-KEVIN-BERNADO-X .................................................... 44
SUMÁRIO

1 INTRODUCÃO .......................................................................................................... 9
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 11
2.1 UM POUCO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA .................................................. 11
2.1.1 Apontamentos históricos sobre a geometria .......................................................... 11
2.2 MODELAGEM MATEMÁTICA .............................................................................. 13
2.2.1 As Tecnologias Digitais no processo de Modelagem ............................................. 16
2.3 ALGUMAS FIGURAS PLANAS NO FUTEBOL .................................................... 17
2.4 ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE TRIÂNGULOS .......................................... 19
2.4.1 Desigualdade triangular........................................................................................... 20
2.4.2 Congruência de triângulos....................................................................................... 21
2.4.2.1 Casos de congruência de triângulos ........................................................................... 22
2.4.3 Semelhança de triângulos ........................................................................................ 24
2.4.3.1 Casos de semelhança de triângulos ............................................................................ 25
2.4.4 Área de triângulos .................................................................................................... 26
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 28
4 SITUAÇÕES DE MODELAGEM .......................................................................... 30
4.1 ESCOLHA DO TEMA .............................................................................................. 30
4.2 PESQUISA EXPLORATÓRIA ................................................................................. 30
4.2.1 Triangulação do River Plate.................................................................................... 30
4.2.2 Triangulação do Flamengo ...................................................................................... 31
4.2.3 Triangulação do Barcelona ..................................................................................... 32
4.2.4 Triangulação do Manchester City .......................................................................... 33
4.3 LEVANTAMENTO DO(S) PROBLEMA(S)............................................................ 34
4.4 RESOLUÇÃO(ÕES) DO(S) PROBLEMA(S) .......................................................... 34
4.4.1 Momento 1: encontrar as medidas dos lados e altura dos triângulos.................. 34
4.4.1.1 Medidas dos lados e altura do triângulo ∆ENZO-NACHO-BORRÉ......................... 34
4.4.1.2 Medidas dos lados e altura do triângulo ∆BH-ARRASCA-GABI ............................ 36
4.4.1.3 Medidas dos lados e altura do triângulo ∆MESSI-SOARES-DANIEL ..................... 37
4.4.1.4 Medidas dos lados e altura do triângulo ∆RODRI-KEVIN-BERNADO................... 39
4.4.2 Momento 2: calcular a área dos triângulos ............................................................ 40
4.4.2.1 Área do triângulo ∆ENZO-NACHO-BORRÉ ........................................................... 40
4.4.2.2 Área do triângulo ∆BH-ARRASCA-GABI ............................................................... 42
4.4.2.3 Área do triângulo ∆MESSI-SOARES-DANIEL ........................................................ 43
4.4.2.4 Área do triângulo ∆RODRI-KEVIN-BERNADO ..................................................... 44
4.5 ANÁLISE CRÍTICA DAS SOLUÇÕES ................................................................... 45
5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 47
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 49
9

1 INTRODUCÃO

O ensino e aprendizagem de Matemática surge de um extenso processo de evolução.


Desde o início, é possível identificar historicamente a necessidade de ter diferentes alternativas
para a transmissão dos conteúdos. Entretanto, atualmente, muitas vezes a Matemática é
ensinada de forma mecanizada, através da aplicação de fórmulas. Para Burak (2016), o ensino
da Matemática, baseado unicamente nos seus componentes de lógica, tem mantido ao longo da
história os desafios que prejudicam a sua aprendizagem, dado que os estudantes não enxergam
sentido e nem reconhecem utilidade em um conhecimento com essas características.
Em relação à geometria, campo que estuda formas geométricas, bem como planas e
espaciais, não é diferente, pois Barbosa (2003), cita que os conteúdos são geralmente abordados
de forma automatizada.
À vista disso, esta pesquisa é focada em uma abordagem de Modelagem Matemática.
Essa temática visa problematizar matematicamente problemas do ambiente do aluno para
facilitar a aprendizagem de Matemática (Barbosa, 2004). Diante a isso, adotou-se a triangulação
de jogadores de futebol como forma de facilitar o ensino e aprendizagem de área de triângulo,
pois esse esporte é considerado como o mais popular entre os brasileiros. Segundo Guterman
(2013, p. 2), “o futebol é o maior fenômeno social do Brasil. Representa a identidade nacional
e consegue dar significado aos desejos da potência da maioria absoluta dos brasileiros”. Ou
seja, por ser um esporte popular, o futebol, quando relacionado com a Matemática pode
despertar ainda mais a curiosidade dos alunos nas aulas.
Desse modo, o questionamento científico que surge a partir dessas reflexões é: como as
triangulações de jogadores de futebol podem contribuir para o estudo sobre área de triângulos
com utilização da Modelagem Matemática?
Nesse sentido, as hipóteses iniciais apontam que:
a) O futebol, esporte mais popular do Brasil, é repleto de esquemas táticos que resultam
em figuras geométricas;
b) O esquema tático de triangulação no futebol, por meio da Modelagem Matemática,
contribui para o estudo sobre áreas de triângulos;
c) A utilização da triangulação de jogadores de futebol no processo de Modelagem
Matemática torna o estudo de área de triângulos mais dinâmico e significativo;
Assim, esta pesquisa objetiva analisar e descrever como as triangulações de jogadores
de futebol podem contribuir para o estudo sobre área de triângulos através da Modelagem
10

Matemática. Com o propósito de atingir o objetivo proposto. Os objetivos específicos


delimitados foram:
• Investigar as principais noções conceituais sobre área de triângulos e
Modelagem Matemática;
• Apresentar os triângulos desenvolvidos pelas triangulações de jogadores de
futebol;
• Descrever o processo de encontrar a área de triângulos, através da Modelagem
Matemática
Portanto, utilizar esse esporte pode ser uma de forma de dar clareza aos alunos quanto
à importância do estudo sobre triângulos, pois é sabido que durante as aulas de certa forma
muitos sempre se indagam: Por que estudar isso? Onde aplicar esse conhecimento? Deixando
assim, explicito que é fundamental relacionar os conteúdos com a realidade para uma
aprendizagem significativa.
Conseguir usar essa visibilidade, essa paixão nacional, como uma ferramenta de auxílio
para o ensino e aprendizagem de área de triângulos surgiu com observações feitas pelo
pesquisador durante o ensino fundamental e médio, quanto ao seguinte fato: alunos se
ausentavam das turmas no decorrer das aulas para jogar e/ou assistir futebol nas próprias
quadras das instituições. Isso ocorria com grande frequência nas escolas de Zé Doca que o
pesquisador frequentava. Além disso, os eventos esportivos, intercalasse e intercolegial são
complementos dessas observações.
Essa pesquisa conta com uma introdução trazendo uma breve contextualização,
contendo justificativa e assuntos de cada seção. Dessa maneira, o segundo capítulo é organizado
em seções e subseções que trazem: um pouco da história da matemática, apontamentos
históricos sobre a geometria; Modelagem Matemática, as Tecnologias Digitais no processo de
Modelagem, algumas figuras presentes no campo de futebol, alguns apontamentos sobre
triângulos, desigualdade triangular, congruência, semelhança e área de triângulos. Na terceira
seção, é descrito o processo metodológico adotado para elaboração de cada etapa da atividade.
No quarto capítulo, são apresentadas 4 situações de triangulação que serviram como base para
aplicação da Modelagem Matemática com área de triângulos. Em seguida, são apresentadas as
conclusões, mostrando as vantagens, desvantagens e possíveis lacunas da pesquisa.
11

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 UM POUCO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Para D’Ambrósio (1996), a história da Matemática é de suma importância para que se


possa entender como sugiram as teorias e práticas. D’Ambrósio ressalta que:

Uma percepção da história da matemática é essencial em qualquer discussão sobre a


matemática e o seu ensino. Ter uma idéia, embora imprecisa e incompleta, sobre por
que e quando se resolveu levar o ensino da matemática à importância que tem hoje
são elementos fundamentais para se fazer qualquer proposta de inovação em educação
matemática e educação geral (D’Ambrósio, 1996, p.29)

A Matemática, como um campo de conhecimento, é resultado de um longo processo de


desenvolvimento. As necessidades que as antigas civilizações encontravam com a medição de
propriedades, a construção de abrigos e em contar em grandes quantidades tiveram papel
fundamental para o desencadeamento de um pensamento matemático concreto e abstrato, pois
para Boyer e Merzbach (2019), grande parte do que chamamos Matemática decorre de ideias
originalmente focadas em conceitos, principalmente de grandeza, forma e número.
Ainda segundo Boyer e Merzbach (2019), quando buscamos entender a evolução da
Matemática, podemos notar que a descoberta dessa área é improvável a um único indivíduo ou
a um pequeno grupo. O mais provável é que tenha ocorrida gradualmente, em outros termos,
resultado do desenvolvimento do conhecimento matemático que provavelmente os povos
antigos obtiveram. Podemos destacar que, no caso da geometria, muitos pesquisadores afirmam
ter o seu surgimento ligado a necessidades de medidas de terras.

2.1.1 Apontamentos históricos sobre a geometria

A geometria é uma parte da Matemática que envolve muitas discussões, principalmente


acerca do seu surgimento, pois não existem muitos registros históricos sobre tal situação.
Porém, muitos estudiosos sugerem que suas primeiras propriedades apareceram às margens do
rio Nilo, devido à necessidade de medir a área das propriedades a serem redistribuídas. No
período chuvoso, aconteciam enchentes e grande parte das terras ficava alagada, desfazendo as
demarcações. Assim, quando as águas voltavam ao leito do rio, faziam-se novas medições,
realizadas com o esticamento de cordas que formavam triângulos e retângulos. Essa hipótese é
levantada principalmente por meio dos escritos de Heródoto (Paiva, 2010, Roque, 2012).
12

Acredita-se que povos antigos, principalmente os da Mesopotâmia e Egito, possuíam


conhecimentos geométricos, sendo essencialmente voltados para uma geometria métrica, ou
seja, com foco para o cálculo de comprimento, área e volume (Roque; De Carvalho, 2012).
Entretanto, é considerável que muito do que se tem hoje sobre geometria seja oriundo
das civilizações gregas, onde muitos matemáticos contribuíram com os seus estudos, como
Tales de Mileto e Pitágoras, considerados por muitos historiadores como uns dos primeiros
matemáticos gregos, além de outros citados nos livros que tratam de história da matemática.
Todavia, vale ressaltar que Euclides de Alexandria foi um dos principais responsáveis pela
sistematização desse setor. Devido a isso, esse matemático muitas vezes é descrito como pai da
geometria e é responsável pela elaboração da obra intitulada “Os Elementos”, que tem papel
fundamental para a compreensão dos principais conceitos geométricos. Os seis primeiros
capítulos da obra são centrados na geometria plana e os três últimos na espacial (Boyer,
Merzbach, 2019).
Segundo Roque e De Carvalho (2012), Os Elementos são formados por treze livros
escritos por volta do ano 300 a.E.C., que expõem resultados de tipos diversos, organizados
sistematicamente.
Para Boyer e Merzbach (2019), Os Elementos, além de ser uma das obras mais antigas
e importante da matemática que chegaram até nós, é também um dos textos mais influentes,
copiado e recopiado várias vezes, tendo a sua primeira versão impressa em Veneza em 1482.
Ao falamos da história da geometria e relacionamos com as civilizações antigas, é
importante salientar que esses povos antigos possuíam conhecimentos sobre algumas formas
geométricas. No caso dos egípcios, temos alguns papiros, como o de Ahmes, que trazem
problemas voltados para algumas figuras. No problema 51 do papiro de Ahmes, é retratado uma
forma de calcular área de um triângulo isósceles.

O Problema 51 mostra que a área de um triângulo isósceles era achada tomando a


metade do que chamaríamos base e multiplicando isso pela altura. Ahmes justifica seu
método para achar a área sugerindo que o triângulo isósceles pode ser pensado como
dois triângulos retângulos, um dos quais pode ser deslocado de modo que os dois
juntos formam um retângulo. Boyer e Merzbach (2019, p. 33)

As informações que chegaram até nós demostram que as civilizações antigas, como os
egípcios, desenvolveram formas de encontrar a área de figuras, como os triângulos, devido às
necessidades na demarcação de territórios e na construção de monumentos. Isso é evidenciado
pelo problema 51. O conhecimento adquirido por esses povos era passado de geração a geração,
caracterizando um processo de etnomatemática, que é prática da Matemática por grupos
culturais, como comunidades urbanas e rurais, coletivos de trabalhadores, categorias
13

profissionais, crianças de uma determinada faixa etária, povos indígenas e tantos outros
coletivos que compartilham objetivos e tradições comuns (D’Ambrósio, 2016).
Dessa forma, a prática e a transmissão dos conteúdos matemáticos por meio do
conhecimento cultural é um dos principais pontos citados quanto ao desenvolvimento da
educação Matemática. Segundo D’Ambrósio (1996, p.8), a “educação é como uma estratégia
de estímulos ao desenvolvimento individual e coletivo […]”.
Burak (2010) relata que, nos últimos anos, a educação Matemática tem ganhado bastante
relevância. Nesse contexto, uma das vertentes da educação Matemática que podemos destacar
é a Modelagem Matemática, cuja conceitualização está focada em aspectos da realidade.

2.2 MODELAGEM MATEMÁTICA

A Modelagem Matemática vem sendo praticada ao longo da história, entretanto, em


relação à sua aplicação como uma prática pedagógica na educação, é algo relativamente recente
novo em nosso país (Burak, 2016).
Dessa maneira, Barbosa, (2004); Barbosa e Sousa (2014); Burak (1992) definem a
Modelagem Matemática como um conjunto de procedimentos cujo objetivo é a investigação
Matemática de situações do cotidiano, ou seja, a utilização de obstáculos no ambiente em que
um indivíduo está inserido oferece diversos subsídios para investigação Matemática. Como
exemplo, uma a abordagem voltada aos pequenos agricultores, onde a problematização e
investigação dos aspectos matemáticos perpassam desde o cálculo da área de plantio até
armazenamento dos alimentos.
Burak (2016) afirma que a Modelagem Matemática se apresenta como uma opção
metodológica que traz para a sala de aula os desafios da vida real e da cultura dos estudantes
para interagirem com conhecimento universal, lógico e válido em todas as épocas e locais desse
campo de conhecimento.
Desse modo, Barbosa (2004) destaca que essa metodologia pode ampliar a participação
das pessoas nos debates e nas decisões sociais relacionadas à utilização da Matemática. Com
isso, percebe-se que essa perspectiva engloba uma grande variedade de prerrogativas e fins que
visam o desenvolvimento intelectual. Além disso, conforme Veleda e De Almeida (2010), a
Modelagem Matemática por meio da educação Matemática tem como uma das finalidades
buscar meios para a formação dos alunos, evidenciando as interações desse campo com as
outras áreas de conhecimento e com a realidade.
14

Ainda nessa linha de raciocino, Bassanezi (1999) afirma que a Modelagem Matemática,
utilizada como uma abordagem de ensino, pode ser um meio para tornar o processo de ensino
e aprendizagem mais atraente e agradável.
Portanto, podemos destacar que as metodologias desenvolvidas visando relacionar os
conteúdos matemáticos com o dia a dia podem resultar em uma melhor compreensão dos alunos
nas aulas, pois,

[…] os processos pedagógicos voltados para as aplicações, em oposição aos


procedimentos de cunho formalista, freqentemente podem levar o educando a
compreender melhor os argumentos matemáticos, encorporar conceitos e resultados
de modo mais significativo e, se podemos assim afirmar, criar predisposição para
aprender matemática porque passou, de algum modo, a compreendê-la e valorizá-la.
(Bassanezi, 1999, p. 15)

Complementando esse pensamento, Bertone, Bassanezi e Jafelice (2019, p. 9)


destacam que “A utilização da modelagem na educação matemática valoriza o “saber fazer” do
aluno, desenvolvendo sua capacidade de avaliar o processo de construção de modelos
matemáticos nos diferentes contextos de aplicação, a partir da realidade de seu ambiente.”.
É de grande relevância apontar que introduzir a Modelagem Matemática na educação
não é tarefa fácil, pois existem muitos impedimentos e, de certa forma alguns riscos, dentre os
quais podemos destacar: a precariedade na formação adequada dos professores para utilizar a
Modelagem como metodologia de ensino, a falta de tempo na grade curricular para abordar a
Modelagem de forma mais aprofundada e a resistência dos alunos que já estão acostumados
com a forma tradicional de ensino (Bassanezi, 1999)
Como aprendido da fala de Bassanezi (1999), assim como qualquer processo de ensino
e aprendizagem desenvolvido de forma divergente da tradicional, a implementação na sala de
aula e na grade curricular enfrenta muitas contrapartidas. No entanto, podemos afirmar que é
fundamental buscar novas metodologias de ensino. No caso específico da Modelagem
Matemática, as justificativas visam principalmente sanar algumas das dificuldades de ensino e
aprendizagem.
Dessa forma, como apresentado em Burak (1998, 2004) e Burak, Klüber (2013), existem
5 etapas a serem seguidas que podem favorecer os encaminhamentos da modelagem matemática
em sala de aula:
1 - Escola de um tema.
Para Burak e Klüber (2013), a seleção de um tema para ser desenvolvido em Modelagem
Matemática, na perspectiva assumida, parte principalmente do interesse do grupo ou dos grupos
de estudantes envolvidos. Muitas as vezes, os temas que são escolhidos podem incialmente não
serem focados em aspectos da Matemática. Com isso, pode envolver brincadeiras,
15

esportes, atividades industriais, econômicas, comerciais, serviços e outros relacionados ao


grupo ou grupos em questão.

2 - Pesquisa exploratória.
Essa etapa é a que acontece de forma natural, pois dependendo do grau de ensino, os
temas são geralmente escolhidos pela curiosidade dos alunos em conhecer melhor um
determinado assunto. Além disso, se configura como importante para o desenvolvimento da
experiência de campo, ajudando a formar um comportamento mais atento, sensível e crítico,
que são atributos importantes na composição de uma postura investigativa Burak e Klüber
(2013).

3 – Levantamento do(s) problema(s).


De acordo com Burak (2004) e Burak e Klüber (2013), o que constitui essa etapa são os
dados coletados na pesquisa exploratória, onde o papel de mediador do professor é peça
fundamental para a abordagem de Modelagem, evidenciando a contribuição para autonomia do
aluno, além de seu pensamento crítico.

4 - Resolução do(s) problema(s) e o desenvolvimento do conteúdo matemático no contexto do


tema.
A resolução dos problemas é a parte da Modelagem Matemática em que se usam todas
as ferramentas matemáticas disponíveis. A aplicação dos conteúdos matemáticos, ganham
ainda mais importância e significado, além de permitir a construção dos modelos matemáticos
(Burak, 2004, Burak; Klüber, 2013).

5 - Análise crítica da(s) solução(ões)


Favorece o desenvolvimento do pensamento crítico e da argumentação lógica,
discutindo, também, a coerência da solução do(s) problema(s) às situações da realidade
estudada, (Burak; Klüber ,2013).
Desse modo, além das etapas citadas, para facilitar o processo de Modelagem
Matemática é importante salientar a importância de buscar outras ferramentas para auxiliar e
tornar a atividade mais dinâmica e atraente para o aluno, como as Tecnologias Digitais e de
Comunicação que atualmente são de fácil acesso.
16

2.2.1 As Tecnologias Digitais no processo de Modelagem

O avanço das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), traz algumas


contribuições para a educação Matemática, pois disponibilizam ferramentas que tantos os
alunos como os professores podem, usufruir. De acordo com Gravina e Contiero (2011), com
os recursos tecnológicos disponíveis, o processo de aprendizagem da Matemática poderia ser
diferente, pois teria, de certa forma, um impacto tanto na provocação das habilidades cognitivas
dos alunos quanto na integração de assuntos que são geralmente estudados separadamente.
Podemos citar como exemplos de tecnologias que podem contribuir para o processo de
ensino e aprendizagem de Matemática o GeoGebra (software de matemática dinâmica), o
Google Earth (plataforma de análise geoespacial) e o Canva (plataforma online de designer e
comunicação visual), que foram as TDIC’s utilizadas nesta pesquisa.
O GeoGebra, segundo Abar e De Almeida (2017), surgiu em 2001 através da ideia
inicial de Markus Hohenwarter. Voltado para a Matemática, reúne principalmente álgebra,
geometria, planilhas, cálculo e gráficos. Além disso, pode ser utilizado em todos os níveis de
ensino. Esse software traz como uma das ideias principais aprender e ensinar Matemática de
forma dinâmica. Para Abar e De Almeida (2017, p. 139), “a utilização do GeoGebra não é
apenas mais um recurso tecnológico, mas também um recurso que colabora no desenvolvimento
de conceitos matemáticos, visto que, por si só, o software não faz matemática”.
Outra TDIC que pode ser uma ferramenta de grande valia nas salas de aula é o Google
Earth, plataforma lançada em 2001, cujo objetivo é apresentar um modelo tridimensional do
nosso planeta, construído de imagens obtidas por satélites. Nessa plataforma, é possível buscar
imagens de diversos lugares do planeta. Além disso, pode-se conhecer cidades, paisagens e
monumentos sem sair de casa (Bairral; Maia, 2013)
Ainda segundo Bairral e Maia (2013), o Google Earth pode ser um grande contribuinte
para ensinar e aprender Matemática, enriquecendo as aulas ao nos ajudar na problematização e
na vivência, mesmo que simuladas, de experiências variadas nesses espaços.
É visível que atualmente são várias plataformas que, embora o foco a princípio não seja
o ensino e aprendizagem, podem ser utilizadas com esse propósito, como o Canva. Fundado em
2012, é uma plataforma online cujo propósito é permitir ao usuário a criação de material de
design e edição de imagens. Por meio das suas ferramentas, é possível a criação e edição de
figuras geométricas, como círculos, triângulos e retângulos, que são figuras muito presentes no
futebol.
Assim, ao se conceitualizar a Modelagem Matemática relacionada ao ambiente em que
17

o estudante está inserido, e salientar a importância das Tecnologias Digitais e de Comunicação


para a metodologia citada, vale ressaltar que o futebol, segundo Guterman (2013), foi
implementado no país no final do século XIX e faz parte da realidade do povo brasileiro. Ao
estudar a história do futebol, percebe-se que esse esporte tem uma forte conexão com a
geometria. Historicamente, sempre foi possível observar formas geométricas no esporte.
Embora os primeiros campos fossem precários, construídos em terrenos sem a modernidade
atual dos estádios, tinham formas retangulares. As bolas construídas de bexiga de boi, também
já possuíam forma geométrica, lembrando uma esfera. Portanto, percebe-se que são várias as
figuras geométricas no futebol.

2.3 ALGUMAS FIGURAS PLANAS NO FUTEBOL

De modo a explicar cada parte que compõe o palco do futebol, a figura 1 ilustra o campo
com suas dimensões e especificações de cada setor, como: pequena e grande área de penalidade,
marca de grande penalidade, linha de baliza, área de baliza, círculo de meio-campo, linha lateral
e dimensões tanto do campo como das traves.

Figura 1 - Campo de futebol com seus elementos e suas dimensões

Fonte: Mendes (2015), adaptado.

Como visto, o campo de futebol é composto de figuras planas. Podemos destacar


principalmente o retângulo, a circunferência e o triângulo. Este último não encontrado na
observação direta do campo, mas sim na distribuição dos jogadores. Além disso, os estádios,
são repletos de outras figuras, já que são construídos de formas variadas (MATEMÁTICA...,
2015).
18

Assim, o retângulo é uma figura geométrica formada por quatro lados (quadrilátero) que
possui todos os ângulos internos congruentes e retos. Segundo Dolce e Pompeo (2013), um
quadrilátero plano é um retângulo se, e somente se, possui os quatro ângulos congruentes.
É de grande relevância realçar que o retângulo é uma das figuras mais encontrada no
campo de futebol, pois tanto o campo, como a pequena área, a grande área de penalidade e as
traves são construídas em formas retangulares, como mostra a figura 1.
Dando seguimento, temos a circunferência, que é uma figura geométrica caracterizada
pela junção de pontos equidistantes de um ponto central. Nessa linha de pensamento, Dolce e
Pompeo (2013) apontam que a circunferência é um conjunto dos pontos de um plano cuja
distância a um ponto dado desse plano é igual a uma distância (não nula) dada. O ponto dado é
o centro, e a distância dada é o raio da circunferência. Essa figura pode ser observada no meio
do campo como ilustra a imagem 1. Portanto, a circunferência é a linha que representa o entono
do círculo, e o círculo seria o interior da mesma (Dolce; Pompeo, 2013).
Outra figura muito comum no meio futebolístico e que tem papel fundamental para o
desempenho dos jogos é o triângulo, que terá, nessa pesquisa, uma ênfase maior em relação às
suas propriedades. Essa figura plana é utilizada principalmente como uma ferramenta no
futebol. Todo espectador, de certa forma, já ouviu a frase “que triangulação perfeita”,
principalmente nas transmissões de rádio e televisão. Essa frase caracteriza uma das principais
táticas utilizada durante uma partida, denominada triangulação, que consiste na troca de passes
entre jogadores posicionados de forma triangular. Como ilustrado na figura 2, temos um
triângulo formado pela troca de passes dos jogadores da Itália: Jorginho, Insigne e Verratti.

Figura 2 - Triangulação da Itália

Fonte: Miranda (2021)


19

Para Cavalcante e Trindade (2015), a triangulação é uma tática caracterizada pela forma
de organização dos jogadores em campo e é uma peça fundamental para a bom desempenho
nos jogos. Ou seja, é a centralidade da eficácia do jogo, pois essa tática é entendida como uma
mente coletiva que influencia formas específicas de orquestrar os movimentos dos atletas
visando gerar espaço. Portanto, assim como em várias outras áreas, no futebol os triângulos
também podem ser fundamentais, pois é o que geralmente caracteriza o bom desempenho. A
prática da triangulação sempre foi associada os chamados “jogar pra frente” e “jogar
sincronizado”, o que desencadeia, consequentemente, o “jogar bonito”, o que todo amante do
futebol deseja.

2.4 ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE TRIÂNGULOS

Podemos afirmar que um triângulo é uma figura plana fechada por todos os lados. Nesse
capítulo, iremos estudar algumas noções básicas sobre essa figura. De acordo com Dolce e
Pompeo (2013), dados três pontos, A, B e C, não colineares, a união dos segmentos AB, AC e
BC, cujas medidas são a, b e c, chama-se triângulo ABC. Em outras palavras, o triangulo ABC
é junção dos segmentos AB, AC e BC, como mostra a figura 3.

Figura 3 - Triângulo ABC

Fonte: Dolce: Pompeo (2013, p. 35)

Como elucidado na figura 4, o triângulo é constituído por alguns elementos, sendo eles
o vértice (o ponto de encontro dos lados), os lados (segmentos de reta que limitam o triângulo),
ângulos internos (abertura interna entre dois lados) e ângulos externos (suplementos dos
ângulos internos).
20

Figura 4 - Elementos do triângulo

Fonte: Própria (2023)

De acordo com Batista (2014), existem duas formas de classificar um triângulo: pelos
lados e pelos ângulos. Quanto aos lados, os triângulos são classificados em equilátero (possui
os três lados com medidas iguais), isósceles (possui pelo menos duas medidas dos lados iguais)
e escaleno (tem todos os lados com medidas diferentes). Quanto aos ângulos, os triângulos são
classificados em retângulos se, e somente se, têm um ângulo reto; acutângulos se, e somente se,
têm os três ângulos agudos e obtusângulos se, e somente se, têm um ângulo obtuso. (Dolce;
Pompeo, 2013).
Como visto, os triângulos são figuras caracterizadas pela união de três pontos. No
entanto, existe uma propriedade denominada desigualdade triangular, que afirma que nem
sempre três pontos formam um triângulo, pois isso depende da posição deles.

2.4.1 Desigualdade triangular

De acordo com Batista (2014) e Dolce e Pompeo (2013), a desigualdade triangular


afirma que: em qualquer triângulo, cada lado tem comprimento menor que a soma dos
comprimentos dos outros. Como ilustrada na figura 5. É fundamental ressaltar que essa
desigualdade é considerada também como a condição de existência.
Então sejam a, b e c os lados de um triângulo, logo:
a<b+c
21

Figura 5 - Desigualdade triangular

Fonte: Dolce Pompeo (2013, p. 55)

Demonstração encontrada em Dolce e Pompeo (2013, p. 55):


Consideremos um ponto D na semirreta oposta à semirreta a AC, tal que AD = AB (1)
DC = AC + AD ⇒ DC = AC + AB (2)
̂ B é congruente (≡) AB
(1) ⇒ o triângulo (∆) ABD é isósceles de base BD ⇒ AD ̂D
̂ D ⇒ CB
A é interno ao ângulo CB ̂ D > AB
̂D ⇒
̂ D > AD
⇒ CB ̂ B ≡ CD
̂ B (3)
No triângulo ∆BCD, com (3) e o teorema anterior, vem:
BC < DC e com (2) BC < AC + AB, ou ainda:
a < b + c.
Ainda segundo esses autores, a desigualdade triangular também pode ser enunciada
como “Em todo triângulo, cada lado é maior que a diferença dos outros dois”. Então, se a, b e
c, são os lados de um triângulo temos três condições:
a < b + c, b < a + c, c < a+ b
Para Jesus (2016, p. 14), “No estudo da geometria plana muitas vezes deparamos com
situações nas quais comparamos dois ou mais triângulos, algumas vezes eles podem ser
semelhantes e outras parecem iguais.” Com isso, percebe-se que existe uma relação em que
podemos observar quando dois triângulos são congruentes e semelhantes.

2.4.2 Congruência de triângulos

De acordo com Paiva (2010), dois triângulos são congruentes (iguais) se, e somente se,
houver uma correspondência biunívoca que associe os três vértices de um triângulo aos três
22

vértices do outro, de modo que:


• os ângulos com vértices correspondentes sejam iguais;
•os lados opostos aos vértices correspondentes sejam iguais.

Como mostrado na figura 6, temos a congruência entre o triângulo ∆ABC e triângulo


̂≡D
∆DEF. Isso ocorre porque o ângulo A ̂, B
̂≡E
̂, e o Ĉ ≡ F̂. Além disso, o lado AB ≡ DE, AC
≡ DF e BC ≡ EF. Dito isso, é importante lembrar que existem mais de um caso em que podemos
observar se dois triângulos são congruentes.

Figura 6 – Congruência de triângulos

Fonte: (Paiva, 2010, p.327)

2.4.2.1 Casos de congruência de triângulos

“A definição de congruência de triângulos exige que sejam obedecidas seis condições:


três congruências entre lados e três entre ângulos.” (PAIVA, 2010, p.327). Assim, serão
apresentados os principais casos conhecidos como: Caso LAL (lado-ângulo-lado), Caso ALA
(ângulo-lado-ângulo), Caso LLL (lado-lado-lado) e Caso 𝐿𝐴𝐴𝑂 (lado-ângulo-ângulo oposto).

• Caso LAL (lado-ângulo-lado).

Dois triângulos são congruentes se possuem dois lados e o ângulo compreendido por
eles, respectivamente, congruentes. Como mostra a figura 7, temos que o triângulo ∆ABC ≡
̂≡E
∆DEF, onde o lado AB ≡ DE e o ângulo B ̂, assim como o lado BC ≡ EF.
23

Figura 7 - Caso LAL da congruência de triângulos

Fonte: Paiva (2010, p. 327)

• Caso ALA (ângulo-lado-ângulo)

Dois triângulos são congruentes se, e somente se, têm um lado e os ângulos adjacentes
a ele, respectivamente, congruentes. De acordo com a imagem 8, observa-se que, o triângulo
̂≡E
∆ABC ≡ ∆DEF, pois o ângulo B ̂, o lado AB ≡ DE e o ângulo Ĉ ≡ F̂.

Figura 8 - Caso ALA da congruência de triângulos

Fonte: Paiva (2010, p. 327)

• Caso LLL (lado-lado-lado)

Dois triângulos são congruentes quando têm os três lados, respectivamente,


congruentes, como ilustrado na figura 9, o triângulo ∆ABC ≡ ∆DEF, pois tem os lados AB ≡
DE, AC ≡ DF e BC ≡ EF.

Figura 9 - Caso LLL da congruência de triângulos

Fonte: Paiva (2010, p. 328)

• Caso 𝐿𝐴𝐴𝑂 (lado-ângulo-ângulo oposto)


24

Dois triângulos são congruentes se, e somente se, têm um lado, um ângulo adjacente a
ele e o ângulo oposto a esse lado, respectivamente, congruentes. Considerando dois triângulos,
̂≡D
ABC e DEF, temos que o triângulo ∆ABC ≡ ∆DEF, pois o lado BC ≡ EF, e os ângulos A ̂,
̂≡E
B ̂ como demonstrado na figura 10.

Figura 10 - Caso LLAo da congruência de triângulos

Fonte: Paiva (2010, p. 328)

2.4.3 Semelhança de triângulos

De acordo com Jesus (2016), a noção de semelhança equivale à conceito de variação de


dimensão, ou seja, diminuição ou aumento de uma forma, alterando dessa assim sua magnitude
sem alterar suas relações de proporção.
Com isto, Jesus (2016) e Paiva (2010) afirmam que dois triângulos são semelhantes se, e
somente se, existe uma correspondência biunívoca que associa os seus vértices de modo que,
ângulos correspondentes sejam iguais e lados correspondentes sejam proporcionais, como
mostra a figura 11. Representamos semelhança por (~), onde o triangulo ∆ABC ~ ∆DEF, pois
AB BC AC
̂≡D
o ângulo A ̂, B
̂≡E
̂ e o Ĉ ≡ F̂, assim = = DF.
DE EF

Figura 11 - Semelhança de triângulos

Fonte: Paiva (2010)

𝐴𝐵 𝐵𝐶 𝐴𝐶
Ainda segundo Paiva (2010), o número k, tal que = 𝐸𝐹 = 𝐷𝐹 = k, é razão de
𝐷𝐸
25

semelhança do triângulo ∆ABC para o triângulo ∆DEF.


Assim, como na congruência, na semelhança entre triângulos também temos casos em
que podemos observar se duas figuras são semelhantes. Desse modo, serão destacados três
desses casos: Caso AA (ângulo-ângulo), Caso LAL (lado-ângulo-lado) e Caso LLL (lado-lado-
lado.

2.4.3.1 Casos de semelhança de triângulos

• Caso AA (ângulo-ângulo)

Dizemos que, dois triângulos são semelhantes se, e somente se, têm dois ângulos
respectivamente congruentes. Como pode-se observar na imagem 12, o triângulo ∆ABC ~
̂≡E
∆DEF, pois ângulo B ̂ e o Ĉ ≡ F̂.

Figura 12 - Caso AA da semelhança de triângulos

Fonte: Paiva (2010, p. 340)

• Caso LAL (lado-ângulo-lado)

Afirmamos que dois triângulos são semelhantes se têm dois lados, respectivamente,
proporcionais e os ângulos formados por esses lados são congruentes. Veja que na figura 13
AB BC
temos que o triângulo ∆ABC ~ ∆DEF, pois = ̂≡E
e o ângulo B ̂.
DE EF

Figura 13 - Caso LAL da semelhança de triângulos

Fonte: Paiva (2010, p. 340)


26

• Caso LLL (lado-lado-lado).

Como ilustrado na figura 14, dizemos que dois triângulos são semelhantes se, e somente
se, têm os três lados, respectivamente, proporcionais, ou seja, o triângulo ∆ABC ~ ∆DEF se
AB BC AC
= = DF .
DE EF

Figura 14 - Caso LLL da semelhança de triângulos

Fonte: Paiva (2010, p. 340)

Desse modo, para o estudo dos triângulos, é necessário conhecer alguns elementos.
Batista (2014) afirma o que mais chama atenção nos triângulos é que, nesta figura geométrica
tão especial, dependendo dos elementos conhecidos, sua área pode ser determinada de várias
formas. A demonstração de todas elas sempre se baseia na fórmula mais básica, em que a área
de um triângulo é igual à metade do produto da base pela altura relativa a esta base.

2.4.4 Área de triângulos

“Consideramos área de um triângulo como a porção do plano delimitado por este


triângulo. Assim, a área de um triângulo é um número real sempre positivo associado ao
triângulo dado” (Jesus, 2016, p. 39). Dessa maneira, sabemos que existem diferentes formas de
encontrar a área de um triângulo, porém iremos focar apenas na forma básica, uma vez que será
utilizada na resolução dos problemas propostos nessa pesquisa.
Área do triângulo em função dos lados e respectivas alturas.
A área de um triângulo ABC qualquer é igual a metade do produto do comprimento de
qualquer um de seus lados pela altura relativa a este lado.
Então, seja ABC um triângulo de medidas BC = a, AC = b, AB = c e alturas ℎ𝑎, ℎ𝑏 ℎ𝑐 ,
relativas aos lados a, b e c, como mostra a imagem 15. A área do triângulo ∆ABC é dada por
a.ha b.hb c.hc
ABC = = = .
2 2 2
27

Figura 15 - Alturas do triângulo

Fonte: Batista (2014, p. 31)

Demonstração encontrada em Batista (2014).


Portanto, vamos provar apenas a primeira igualdade, pois as outras são análogas.
Conforme a figura 16, traçando pelo vértice C, uma reta paralela ao lado AB, e pelo vértice B
uma reta paralela ao lado AC, então às duas retas se interceptam em um ponto D. O polígono
ABCD é um paralelogramo, e os dois triângulos ∆ABC e ∆CBD são congruentes.

Figura 16 - Paralelogramo ABCD

Fonte: Batista (2014, p. 31)

Sabemos que a área de um paralelogramo é igual ao produto do comprimento de um de


seus lados pelo comprimento da altura relativa a este lado. Como o paralelogramo ABDC =
(∆ABC) + (∆CDB) e (∆ABC) = (∆CDB), logo
1
Área do triângulo ∆ABC = do paralelogramo ABDC.
2
Assim, nota-se que a altura relativa ao vértice C do triângulo ABC é exatamente a altura
do paralelogramo ABDC relativa ao lado AB.
28

3 METODOLOGIA

Método científico é um agrupamento de procedimentos e técnicas com a finalidade de


obter o conhecimento. Para alcançar o conhecimento científico, é necessário determinar o
método utilizado, ou seja, os passos que serão adotados (Prodanov; Freitas, 2013).
Dessa forma, este trabalho é uma pesquisa de natureza básica, de caráter descritivo,
exploratório, com abordagem qualitativa, do ponto de vista dos procedimentos técnicos, trata-
se de uma pesquisa bibliográfica, conforme Gil (2002) e Prodanov; Freitas (2013). A coleta de
dados foi realizada nos bancos de Teses e Dissertações, no Google Acadêmico, periódicos da
Capes, nos bancos de dados Scielo e Youtube. Foram encontrados 12 artigos, 12 livros, 3
dissertações, 1 (uma) tese e 4 vídeos. Dos trabalhos pesquisados, buscou-se formar uma base
de conhecimento e coletar material para a pesquisa.
Para apresentar história da Matemática, bem como para os apontamentos sobre a
geometria, foram utilizadas as referências de Barbosa (2003), Boyer e Merzbach (2019), Burak
(2010), D’Ambrósio (1996), D’Ambrósio (2016), Roque (2012) e Roque e De Carvalho (2012).
Tendo como principais referências Boyer e Merzbach (2019) e Roque (2012). Para a
Modelagem Matemática, foram utilizadas as referências de Barbosa (2004), Barbosa e Sousa
(2014), Bassanezi (1999), Bertone; Bassanezi e Jafelice (2019), Burak (1992, 1998, 2004, 2010,
2016), Burak e Klüber (2013) e Veleda e De Almeida (2010). Quanto ao estudo sobre triângulos
foram adotados os conceitos de Batista (2014), Dolce Pompeo (2013), Jesus (2016), Trindade
(2015) e Paiva (2010). Assim, a partir do estudo desses trabalhos, buscou-se fundamentar quatro
cenários sobre como as triangulações de jogadores de futebol por meio da Modelagem
Matemática podem contribuir para o estudo sobre área de triângulos.
Portanto, para a execução da atividade, primeiramente foram assistidas várias partidas
com o intuito de observar situações de triangulação que possibilitassem jogadas empolgantes,
resultando em gols ou defesas importantes. Os jogos escolhidos foram dois da Liga dos
Campeões da UEFA: Manchester City vs Real Madrid, correspondente à semifinal da Liga dos
Campeões da UEFA 2022/2023, e Barcelona vs Juventus, na final da Liga dos Campeões da
UEFA de 2014/2015. Além disso, foram selecionadas duas situações da Copa Libertadores da
América 2019, retiradas da partida entre River Plate e Flamengo. Desse modo, os lances
escolhidos foram das equipes: Barcelona (Espanha), River Plate (Argentina), Flamengo (Brasil)
e Manchester City (Inglaterra).
Em seguida, adotando o processo metodológico da aplicação da Modelagem
Matemática proposto por Burak (1998, 2004). Foram utilizados os Softwares do Canva para
29

desenhar os triângulos nas imagens que foram retiradas das partidas, o Google Earth para
encontrar as dimensões dos lados e Geogebra para dimensionar as alturas dos triângulos e
posteriormente deduzir que área do triângulo é igual o produto da base pela altura divido por
dois.
30

4 SITUAÇÕES DE MODELAGEM

Com o intuito de usar a Modelagem para determinar áreas de triângulos a partir de


situação reais, foram selecionadas quatro triangulações que ocorreram durante partidas de
futebol. O desenvolvimento aqui apresentado se baseou no processo metodológico da aplicação
da Modelagem Matemática, proposto por Burak (1998, 2004): 1- Escolha do tema, 2- Pesquisa
Exploratória, 3- Levantamento do(s) problema(s), 4- Resolução(ões) do(s) Problema(s) e 5-
Análise Crítica das Soluções.

4.1 ESCOLHA DO TEMA

Levando em consideração que o futebol faz parte do cotidiano da grande maioria dos
brasileiros, pois é uma paixão nacional, e muitos alunos gostam e acompanham, o tema
escolhido foi: a tática da triangulação no futebol.
Com isso, notou-se que existem várias possibilidades de escolhas de lances que
caracterizam a triangulação em campo, mas nesta pesquisa buscou-se alguns que ocorreram em
jogos considerados “marcantes”, principalmente pelo que representavam os embates para as
equipes, que era ou ser campeão ou conseguir a classificação para a final.

4.2 PESQUISA EXPLORATÓRIA

Para a realização da presente pesquisa, foram assistidos alguns jogos, pois o foco era
achar lances de triangulações que desempenharam papel fundamental no placar dos jogos. Os
jogos escolhidos foram River Plate vs Flamengo, ocorrido na final da Libertadores da América
de 2019, Manchester City vs Real Madrid equivalente ao segundo embate da semifinal da Liga
dos Campeões da UEFA 2022/2023 e Barcelona vs Juventus na final da Liga dos Campeões da
UEFA de 2014/2015. Feito isso, as situações selecionadas foram nomeadas e ordenadas da
seguinte forma: Triangulação do River Plate, Triangulação do Flamengo, Triangulação do
Barcelona e Triangulação do Manchester City.

4.2.1 Triangulação do River Plate

No decorrer da etapa 2 da Modelagem, foi encontrada a triangulação dos jogadores do


Ríver Plate durante uma partida realizada no dia 23 de novembro, de 2019. Essa partida foi
31

válida pela final da Copa libertadores da América, que ocorreu no estádio Monumental de U
em Lima, no Peru. Na ocasião, o time argentino, sob a direção do professor Marcelo Gallardo,
enfrentou o Flamengo, clube carioca comandado pelo técnico português Jorge Jesus. Ambas as
equipes eram caracterizadas pela intensidade, marcação alta, troca de passes e, claro pela
variedade e disposição tática dos jogadores em campo. Com isso, a expectativa era de assistir a
uma das grandes finais da competição. A citada triangulação, conforme ilustra a figura 17,
ocorreu entre os minutos 13 e 14 da partida, quando o jogador da equipe argentina Enzo Pérez
lançou a bola para seu companheiro Nacho Fernandes, que a enfiou na área. Em seguida, o
jogador Borré atacou o espaço e conseguiu finalizar, abrindo assim o placar do jogo
(AMÉRICA..., 2019).

Figura 17 - Triangulação do River Plate

Fonte: (AMÉRICA..., 2019), adaptado.

4.2.2 Triangulação do Flamengo

A equipe do então técnico Jorge Jesus, o Clube de Regatas do Flamengo, durante a


partida contra o River Plate na final da Copa libertadores da América de 2019, ocorrida no dia
23 de novembro no estádio Monumental de U em Lima, no Peru, tomou um gol logo no início.
No entanto, demonstrou que o comportamento tático é fundamental para um bom desempenho,
equilibrando o jogo com trocas de passe e posse de bola.
No minuto 88, ocorreu uma triangulação que, sem dúvida, foi fundamental para a equipe
rubro-negra equilibrar o placar. Conforme mostra a figura 18, o jogador rubro-negro Bruno
Henrique (BH) driblou o defensor da equipe rival e lançou a bola para o seu colega Jorge de
Arrrascaeta (ARRASCA), que se esticou e conseguiu tocar para o atacante Gabriel Batista
(GABI), resultando no gol da equipe.
32

Figura 18 - Triangulação do Flamengo

Fonte: (AMÉRICA..., 2019), adaptado.

4.2.3 Triangulação do Barcelona

Quando nos referimos aos times que jogavam na tática da triangulação, logo lembramos
do time espanhol Barcelona, que na temporada 2014/2015 disputou, no dia 6 de junho, a final
da competição mais famosa entre clubes, chamada Liga dos Campeões da UEFA, (UEFA-
União das Associações Europeias de Futebol), contra a equipe italiana Juventus. A partida foi
realizada no estádio Olímpico de Berlim, na Alemanha, e a equipe vencedora foi a espanhola
pelo placar de 3 X 1.
Durante a partida, exatamente no minuto 13, como representado na figura 19, acontece
um lance que demonstra o quão envolvente era a equipe espanhola, repletos de atletas
considerados como de alto nível. No referido lance, temos a troca de passes e a movimentação
entre jogadores, que caracteriza uma triangulação, onde o jogador Leonel Messi passa a bola
na direita para Luiz Soares, que toca para Daniel Alves, que está posicionado sobre a linha da
grande área para finalizar.
33

Figura 19 - Triangulação do Barcelona

Fonte: (JUVENTUS..., 2022), adaptado.

4.2.4 Triangulação do Manchester City

Na história do futebol, há vários times que se destacaram pela sincronia na troca de


passes. Recentemente, temos um grande exemplo disso: o Manchester City, equipe inglesa
comandada pelo técnico Josep Guardiola, que foi campeão da última Liga dos Campeões da
UEFA.

Durante a partida da semifinal contra o Real Madrid, que ocorreu no dia 17 de maio, de
2023 no estádio Etihad, na Inglaterra, foi possível perceber logo nos primeiros minutos do jogo
o domínio da equipe inglesa. No minuto 22, como mostra a figura 20, aconteceu uma troca de
passes entre os jogadores Rodri, Kevin De Bruyne e Bernado Silva, onde foi possível identificar
uma triangulação que acarretou o primeiro gol do jogo (CITY..., 2023).

Figura 20 - Triangulação do Manchester City

Figura 20 - Triangulação do Manchester City

Fonte: (CITY..., 2023), adaptado.


34

4.3 LEVANTAMENTO DO(S) PROBLEMA(S)

Esse momento é fundamental para o desenvolvimento da atividade de Modelagem


Matemática, dado que após a pesquisa exploratória, o aluno pode ter um olhar mais atento e
mais crítico em relação à realidade. A partir de uma ação investigativa os alunos devem ser
capazes de formular problemas e desenvolver um pensamento crítico, lógico e coerente. Após
encontrar e apresentar as situações de triangulação e os traçar triângulos, foi possível analisar
cada situação e fazer as seguintes indagações:
a) Por meio dos triângulos, traçados observando as imagens dos lances, é possível
deduzir a distância aproximada entres dois jogadores?

b) Sendo possível encontrar as medidas entres os jogadores, como calcular a altura dos
triângulos?

c) Após dimensionar os lados e altura, como calcular e deduzir que a área do triângulo
é dada pelo produto da base e altura dividido por dois?

4.4 RESOLUÇÃO(ÕES) DO(S) PROBLEMA(S)

Essa etapa foi dívida em dois momentos. O primeiro é encontrar as medidas


aproximadas dos lados (distância entre os jogadores) e altura do triângulo. Para isso, foram
usadas as ferramentas do Google Earth e GeoGebra. O segundo momento foi calcular área das
figuras por meio da forma básica. Para isso também se utilizou o GeoGebra.

4.4.1 Momento 1: encontrar as medidas dos lados e altura dos triângulos

4.4.1.1 Medidas dos lados e altura do triângulo ∆ENZO-NACHO-BORRÉ

Com o auxílio do Google Earth, fizemos uma procura pelo estádio Monumental de U,
palco onde ocorreu a primeira situação. Com isso, observando a imagem da triangulação,
deduzimos o posicionamento de cada jogador no campo, onde cada atleta foi representado por
um ponto. O jogador Enzo foi representado por A, Nacho por B e Borré por C.
A fim de dimensionar as distâncias dos lados, foi utilizada a ferramenta “medir
35

distância e área”. Assim, encontramos as medidas dos lados. Como mostra a figura 21, foram
encontradas as seguintes medições: lado AB = 16,78 m, BC = 22,26 m e AC = 8, 68 m. Como
visto, o triângulo possui todos os lados com medidas diferentes, portanto, quanto a classificação
referente aos lados, pôde-se concluir que o triângulo ABC é escaleno.

Figura 21 - Medidas dos lados AB, AC e BC

Fonte: Própria (2023)

Para descobrir a medida da altura, foi necessário utilizar o GeoGebra. Esse processo
ocorreu da seguinte forma: para a representação no Geogebra, primeiramente assumimos a
escala de 1:10, onde cada unidade de medida graduada nos eixos do GeoGebra equivale a 1 cm
correspondente a 10 cm na realidade. Feito isso, desenhou-se três segmentos de reta
proporcionais: BC = 222,6 cm, AB = 167,8 cm e AC = 86, 8 cm. Em seguida, a partir de um
ponto qualquer da malha, construímos um círculo de centro C (BORRÉ). Logo depois,
marcamos um ponto B (NACHO) na circunferência e traçamos o seu raio, cuja medida é igual
ao segmento BC. A partir desse mesmo centro, construímos outro círculo de raio de medida
AC. Com centro no ponto B marcado na primeira circunferência e raio medindo AB traçamos
uma terceira circunferência. Posteriormente, marcamos o ponto de interseção A (ENZO) entre
a segunda e a terceira circunferências. Com isso, construímos o triângulo formado pelo centro
C (BORRÉ), ponto B (NACHO) marcado na primeira circunferência e a interseção A (ENZO)
entre a segunda e terceira circunferências. Assim, obtivemos um triângulo semelhante ao
original determinado a partir do Google Earth. Conforme a figura 22, para encontrar a altura h
≅ 57, 5 cm, bastou-se selecionar a ferramenta “reta perpendicular” e, em seguida, marcar um
ponto e o segmento oposto a ele. A altura foi dada traçando um segmento do lado BORRÉ-
NACHO até o vértice ENZO.
36

Figura 22 - Triângulo ∆ENZO-NACHO-BORRÉ

Fonte: Própria (2023)

4.4.1.2 Medidas dos lados e altura do triângulo ∆BH-ARRASCA-GABI

Para encontrar os lados do triângulo, foi necessário pesquisar pelo estádio Monumental
de U. Depois disso, foram adicionados 3 pontos: D, E e F, referente a posição de cada jogador.
D representa a posição do Bruno Henrique (BH), E é o local que o Arrrascaeta (ARRASCA)
toca na bola, e F é a posição que o Gabriel (GABI) chuta no gol. Dando continuidade utilizou-
se a opção “medir distâncias e área”. Os valores encontrados para lados do triângulo DEF
foram: DE = 9,43 m, lado EF = 9,22 m e DF = 11, 62 m, como mostra a figura 23.

Figura 23 - Medidas dos lados DE, EF e DF

Fonte: Própria (2023)

Com a finalidade de encontrar altura do triângulo, foram seguidos alguns passos


descritos na situação 1. Além disso, para a representação no Geogebra, também assumimos a
37

escala de 1:10. Primeiramente, delineou-se três segmentos proporcionais: DE = 116, 2 cm, EF


= 92,2 cm e DF = 94,3 cm. Em seguida, a partir de um ponto qualquer da malha, construímos
um círculo com centro E (ARRASCA). Após isso, marcamos um ponto D (BH) na
circunferência e traçamos o seu raio, de medida equivalente DF. A partir desse mesmo centro,
construímos outro círculo com raio, de medida EF. Com centro no ponto D marcado na primeira
circunferência com raio medindo DE traçamos o terceiro círculo. Em seguida, marcamos o
ponto de interseção F (GABI) entre a segunda e a terceira circunferência. Finalmente criamos
o triângulo formado pelo centro ARRASCA, ponto BH e a interseção GABI. Assim, obtivemos
um triângulo semelhante ao triângulo do Google Earth.
Desse modo, após construir o triângulo ∆BH-ARRASCAGABI, foi possível
dimensionar a altura. Para isso, foi inserida uma reta perpendicular ao lado BH-ARRASCA,
passando pelo vértice GABI. Assim, adicionamos um segmento h que vai do vértice GABI até
o ponto de interseção L. Como mostra a imagem 24, foi encontrado o seguinte valor: h ≅ 89,8
cm.

Figura 24 - Triângulo ∆BH-ARRASCA-GABI

Fonte: Própria (2023)

4.4.1.3 Medidas dos lados e altura do triângulo ∆MESSI-SOARES-DANIEL

O triângulo foi retirado da partida Barcelona vs Juventus. Para medimos os lados, foi
necessário procurar no Google Earth pelo estádio Olímpico de Berlim. Através da imagem no
exato momento da triangulação, deduzimos e nomeamos o posicionamento dos três jogadores,
onde o jogador Messi foi representado pelo ponto G, Soares por H e Daniel por I. Após medir
o distanciamento entre os jogadores encontramos: GI = 13 m, GH = 7,2 m e HI = 14, 94 m.
38

Como representado na figura 25.

Figura 25 - Medidas dos lados GH, GI e HI

Fonte: Própria (2023)

Posteriormente à adoção da escala de 1:10, construiu-se no GeoGebra três segmentos


com medidas equivalentes: GI = 130 cm, GH = 72 cm e HI = 149,4 cm. Logo depois,
selecionou-se um ponto qualquer na malha e construiu-se um círculo de centro G (MESSI) com
raio equivalente ao segmento GI. Em seguida, marcou-se na circunferência um ponto I
(DANIEL) e traçou-se um segmento com medida igual GI. Com esse mesmo centro, construiu-
se outro círculo de raio GH. Feito isso, com o centro no ponto I marcado na primeira
circunferência, criou-se o terceiro círculo de raio HI. Então, para construir o triângulo,
marcamos o ponto de interseção H (SOARES) entre a segunda e terceira circunferência. Com
isso obtivemos o triângulo semelhante ao do Google Earth.
Para encontramos a altura do triângulo ∆MESSI-SOARES-DANIEL, traçamos uma reta
perpendicular ao lado DANIEL-SOARES que passou pelo vértice MESSI. Mais adiante,
traçamos um segmento do vértice MESSI ao ponto de interseção K. Como ilustrado na figura
26 a altura do triângulo é aproximadamente 62,6 cm.
39

Figura 26 - Triângulo ∆MESSI-SOARES-DANIEL

Fonte: Própria (2023)

4.4.1.4 Medidas dos lados e altura do triângulo ∆RODRI-KEVIN-BERNADO

Como descrito nos exemplos anteriores, foram utilizadas as ferramentas do Google


Earth. Desse modo, realizamos uma procura pelo estádio Etihad, onde ocorreu a partida. Em
seguida, deduziu-se a posição dos jogadores Rodri, Kevin e Bernado. Além disso, cada jogador
foi representado por pontos, sendo J, L e K. Como forma de encontrar as medidas dos lados,
selecionou-se a opção “medir distância e área”. Foram selecionados dois pontos e calculada a
distância entres eles. Com isso, obtivemos os comprimentos de cada lado. Conforme a figura
27, o lado JK = 15,05 m, KL = 9,15 m e JL = 18, 89 m.

Figura 27 - Medidas dos lados JK, JL e KL

Fonte: Própria (2023)

Após encontrar as distâncias entre os jogadores e utilizar a escala de 1:10, criamos no


GeoGebra três segmentos equivalentes: JK = 150,5 cm, JL = 188,9 cm e LK = 91,5 cm.
Seguindo o processo de construção do triângulo, selecionamos um ponto na malha e
construímos um círculo de centro K (KEVIN) e raio LK. Consequentemente, situamos um
ponto L (BERNADO) na circunferência e traçamos o raio de medida igual a LK.
40

Posteriormente, foi selecionado esse mesmo centro para criar um segundo círculo de raio igual
a JK. Após escolher como centro o ponto L marcado na primeira circunferência, criou-se um
terceiro círculo de raio igual a JL. Para finalizar a construção do triângulo, marcamos um ponto
J (RODRI) na interseção entre a segunda e a terceira circunferência. Com isso, obtivemos um
triângulo semelhante ao triângulo ∆JLK formado pelo centro KEVIN, ponto BERNADO e
interseção RODRI.
De acordo com a figura 28, para dimensionar a altura, traçamos uma reta perpendicular
ao segmento RODRI-BERNADO, passando pelo vértice KEVIN. Desse modo, após criar um
segmento desse mesmo vértice até a interseção Z encontrou-se h ≅ 71,8 cm

Figura 28 - Triângulo ∆RODRI-KEVIN-BERNADO

Fonte: Própria (2023)

Desse modo, após realizar e descrever como encontrar as medidas dos lados e altura de
cada triângulo, foi possível calcular os valores das áreas e deduzir por meio do GeoGebra que
área do triângulo é dada pela base multiplicada pela altura relativa a essa base divido por dois.

4.4.2 Momento 2: calcular a área dos triângulos

4.4.2.1 Área do triângulo ∆ENZO-NACHO-BORRÉ

Vamos verificar intuitivamente qual a área do triângulo ∆ENZO-NACHO-BORRÉ,


que resultou da triangulação dos jogadores Nacho, Borré e Enzo, jogadores do River Plate, na
primeira partida observada.
41

Com o Geogebra, como mostra a figura 29, traçamos uma reta paralela ao lado NACHO-
BORRÉ, passando pelo vértice ENZO, e depois traçamos a reta paralela ao lado ENZO-
BORRÉ, passando pelo vértice NACHO. Assim, obtivemos o paralelogramo ENZO-BORRÉ-
NACHO-D (interseção entre as retas paralelas traçadas), com altura igual a do triângulo já
citado.

Figura 29 - Paralelogramo ENZO-BORRÉ-NACHO-D

Fonte: Própria (2023)

Sendo a base NACHO-BORRÉ, com medida igual a 22,26 m, e altura ENZO-M


aproximadamente 5,75 m, obtemos a área do paralelogramo.
AP = (NACHO-BORRÉ) ∙ (ENZO-M)
Logo,
AP = (22,26 ) ∙ (5,75) ≅ 128 m2

Podemos observar que o paralelogramo ENZO-BORRÉ-NACHO-D é formado pelos


triângulos ∆ENZO-NACHO-BORRÉ e ∆ENZO-NACHO-D, com a reta suporte do segmento
ENZO-D paralela ao lado NACHO-BORRÉ e a reta suporte do segmento NACHO-D paralela
ao lado ENZO-BORRÉ. Temos que o lado NACHO-D ≡ ENZO-BORRÉ. Além disso, ENZO-
D ≡ NACHO-BORRÉ e o segmento ENZO-NACHO é um lado comum aos dois triângulos.
Portanto, ∆ENZO-NACHO-BORRÉ ≡ ∆ENZO-NACHO-D, logo eles possuem áreas iguais.
42

Sendo o paralelogramo formado pelos dois triângulos, a área (A) do triângulo ∆ENZO-
NACHO-BORRÉ é igual a área do paralelogramo dividido por dois. Conforme apresentado por
Batista (2014), a área do triângulo é dada por,

(NACHO − BORRÉ) ∙ (ENZO − M) (22,26) ∙ (5,75)


A= = ≅ 64 m2
2 2

4.4.2.2 Área do triângulo ∆BH-ARRASCA-GABI

Seguindo os primeiros passos da situação 01, vamos descobrir a área do triângulo ∆BH-
ARRASCA-GABI. Para isso, como mostra a figura 30, traçou-se uma reta paralela ao segmento
BH-ARRASCA, passando pelo vértice GABI, e outra paralela ao lado ARRASCA-GABI,
tocando o vértice BH. Feito isso, desenvolvemos um paralelogramo formado pelos vértices
ARRASCA, GABI, BH e Y (ponto de interseção das duas retas).

Figura 30 - Paralelogramo BH-ARRASCA-GABI-Y

Fonte: Própria (2023)

Assumimos o lado BH-ARRASCA como base e, sabendo que a altura GABI-L do


paralelogramo BH-ARRASCA-GABI-Y é aproximadamente 8,97 m, podemos afirmar que sua
área é:
AP2 = (BH-ARRASCA) ∙ (GABI- L)
Então,
AP2 = (9,43) ∙ (8,97) ≅ 84,6 m2

O paralelogramo BH-ARRASCA-GABI-Y = ∆BH-ARRASCA-GABI + ∆BH-GABI-Y


com a reta suporte do segmento GABI-Y paralela ao lado BH-ARRASCA e a reta suporte do
segmento BH-Y paralela ao lado ARRASCA-GABI. Notamos que o lado BH-GABI é comum
43

aos dois triângulos e BH-Y ≡ ARRASCA-GABI e BH-ARRASCA ≡ GABI-Y. Logo, os dois


triângulos são congruentes. Dito isso, podemos assumir que a área do triângulo ∆BH-
ARRASCA-GABI é igual a metade da área do paralelogramo.
Para encontramos a área do triângulo ∆BH-ARRASCA-GABI, seguimos a linha de
raciocino de Batista (2014).

(BH − ARRASCA) ∙ (GABI − L) (9,43) ∙ (8,97)


AT2 = = ≅ 42,3m2
2 2

4.4.2.3 Área do triângulo ∆MESSI-SOARES-DANIEL

Para encontrar a área do triângulo formado pela triangulação dos jogadores Messi,
Soares e Daniel, apresentado na terceira situação da pesquisa exploratória, utilizamos, assim
como nos outros exemplos o Geogebra para traçar duas retas paralelas. Uma ao lado MESSI-
SOARES, tocando no vértice DANIEL, e outra ao lado MESSI-DANIEL, passando no vértice
SOARES. Isso cria o paralelogramo MESSI-SOARES-G-DANIEL (G é encontro das duas
retas traçadas). De acordo com a figura 31, o paralelogramo é formado pelos triângulos
∆MESSI-SOARES-DANIEL e ∆SOARES-DANIEL-G. Como o lado SOARES-DANIEL é
comum aos dois triângulos e o lado MESSI-DANIEL ≡ SOARES-G e MESSI-SOARES ≡
DANIEL-G, temos que ∆MESSI-SOARES-DANIEL ≡ ∆SOARES-DANIEL-G, ou seja, suas
áreas são exatamente iguais

Figura 31 - Paralelogramo MESSI-SOARES-G-DANIEL

Fonte: Própria (2023)

Dessa maneira, assumindo a altura traçada no triângulo no “momento 1” notamos que a


área do paralelogramo é dada pela sua diagonal (d) SOARES- DANIEL = 14,94 m, multiplicada
44

pela altura MESSI-K ≅ 6,26 m, relativa a essa diagonal.


𝐴𝑃3 = (SOARES-DANIEL) ∙ (MESSI-K)
Portanto,
AP3 = (14,94) ∙ (6,26) ≅ 93,5 m2

1
Por consequência, a área do triângulo ∆MESSI-SOARES-DANIEL é do
2

paralelogramo.
Logo,
(SOARES − DANIEL) ∙ (MESSI − K) (14,94) ∙ (6,26)
AT3 = = ≅ 46,75m2
2 2

4.4.2.4 Área do triângulo ∆RODRI-KEVIN-BERNADO

A fim de dimensionar a área do triângulo ∆RODRI-KEVIN-BERNADO, seguiu-se


todos os passos descritos na situação 3. Após traçar uma reta paralela ao lado KEVIN-
BERNADO tocando no vértice RODRI e outra paralela o segmento RODRI-KEVIN passando
no vértice BERNADO, obtivemos um paralelogramo RODRI-KEVIN-BERNADO-X. Como
mostra a figura 32, o paralelogramo é a junção dos triângulos ∆RODRI-KEVIN-BERNADO e
∆RODRI- BERNADO-X. Com o lado KEVIN-BERNADO ≡ RODRI-X e RODRI-KEVIN ≡
BERNADO-X. Temos que ∆RODRI-KEVIN-BERNADO ≡ ∆RODRI- BERNADO-X, ou seja,
são triângulos de mesma área.

Figura 32 - Paralelogramo RODRI-KEVIN-BERNADO-X

Fonte: Própria (2023)


45

Dando continuidade para calcular a área desse polígono pegamos sua diagonal RODRI-
BERNADO = 18,89 m e multiplicamos pela altura KEVIN-Z ≅ 7,18 m, relativa à essa diagonal.

𝐴𝑃4 = (RODRI-BERNADO) ∙ (KEVIN-Z)


Então,
AP4 = (18,89) ∙ (7,18) ≅ 135,6m2

Consequentemente, a área do triângulo ∆RODRI-KEVIN-BERNADO é igual a metade


do paralelogramo.

(RODRI − BERNADO) ∙ (KEVIN − Z)


A∆4 =
2

Assim,
(18, 89) ∙ (7,18)
𝐴∆4 = = 67,8 𝑚2
2

4.5 ANÁLISE CRÍTICA DAS SOLUÇÕES

Para Burak (2013, p. 24), “Esta etapa da Modelagem é um momento muito rico e
especial para analisar e discutir a solução ou as soluções encontradas. É um momento em que
se fazem as considerações e análise das hipóteses consideradas na etapa de levantamento dos
problemas”.
Em relação as triangulações dos jogadores, percebemos que são várias as possibilidades
de escolhas, uma vez que se trata de situações reais. Mesmo que distantes entre si, o
posicionamento de três jogadores sempre irá resultar em um triângulo, ficando a critério dos
alunos a escolha dos lances.
Quanto a utilização do Geogebra e do Google Earth para encontrar as distâncias entre
os jogadores e, posteriormente, a altura dos triângulos, desencadeou vários outros assuntos,
hipóteses e questões. Dentre as quais, podemos destacar o quão importante é tecnologia para o
processo de ensino e aprendizagem atualmente. Durante todo processo, as TDIC’s foram
ferramentas essenciais para realizar a atividade, pois facilitaram várias etapas da Modelagem.
Com relação ao problema de encontrar as áreas dos triângulos formados pela
46

triangulação de jogadores de futebol, os alunos podem ter a curiosidade de relacionar problemas


matemáticos com realidade. Uma vez que os problemas aqui apresentados foram introduzidos
por meio do futebol, esporte que a maioria dos brasileiros gosta. Historicamente, o Brasil, além
de ser o maior campeão mundial, é conhecido como pais do futebol, justamente por fazer parte
da cultura e realidade dos brasileiros.
As soluções encontradas para as situações 1, 2, 3 e 4 demostraram que a prática da
Modelagem Matemática para calcular a área de triângulos é um processo que tende a ser mais
dinâmico. Isso pode ocorrer por fugir da prática de ensinar apenas por meio da aplicação das
fórmulas sem uma contextualização. Diferentemente, do que acontece nas aulas tradicionais,
os alunos podem ver que são os responsáveis pela grande maioria das etapas, desafiados em
vários momentos. Primeiramente, eles precisavam buscar meios para encontrar a distância dos
lados, para isso, precisariam pesquisar no Google Earth pelos estádios onde ocorreram as
partidas. Após dimensionarem cada lado, em um segundo momento seriam desafiados a
b ∙h
encontrarem a altura, pois a atividade era focada na dedução da fórmula, onde a A∆ = .
2

Após cada solução, os alunos podem perceber que área de um triângulo qualquer é dada
𝑏 ∙ℎ
por , pois a construção dos paralelogramos no Geogebra mostra que eles são formados por
2

dois triângulos que possuem áreas iguais. Sabendo que a área do paralelogramo é o produto do
comprimento de um de seus lados pelo comprimento da altura relativa a este lado, logo a metade
dessa área é igual à de cada triângulo.
47

5 CONCLUSÃO

Esta pesquisa monográfica buscou investigar e apresentar as contribuições que a


Modelagem Matemática pode oferecer para o ensino e aprendizagem de Matemática. Diante de
tudo que foi levantado e desenvolvido na pesquisa, a problemática foi respondida, pois
concluiu-se que o futebol, através das suas diversas situações de triangulação, possibilita
elaborar metodologias para facilitar a aprendizagem de área de triângulos.
Durante o processo de elaboração da pesquisa, as hipóteses foram comprovadas, pois
notou-se que a construção da Modelagem Matemática tendo futebol como uma ferramenta
mostrou-se ser uma prática dinâmica. No decorrer da atividade, os alunos participariam
diretamente, pesquisando, levantando e buscando soluções para os problemas. Assim, veriam a
importância da contextualização para uma aprendizagem significativa de Matemática.
Quanto aos objetivos, foi possível alcançá-los, pois com a utilização das ferramentas do
GeoGebra e Google Earth, construímos e descrevemos cada etapa de como as triangulações de
jogadores de futebol podem ser de grande valia nas aulas de Matemática. Contribuindo para
uma aprendizagem mais interativa.
Com isso, abordar a área de triângulos por meio da Modelagem Matemática é uma forma
de apresentar aos alunos que aprender e ensinar Matemática nem sempre se baseia apenas na
aplicação de fórmulas sem uma contextualização e significado. Pode ser um processo dinâmico
e interativo. Além disso, essa temática permite ao aluno buscar um pensamento mais crítico,
sendo capaz de pesquisar, problematizar e resolver problemas de áreas de triângulos com uma
contextualização em aspectos de sua realidade
Dessa forma, percebeu-se que a Modelagem Matemática desenvolvida com base em
temas voltados ao futebol possibilita abordar, além da geometria, questões de probabilidade e
estatística que estão presente em vários contextos desse esporte e são de grande importância.
No entanto, vale salientar que a pesquisa apresentou algumas limitações, pois não foi
possível encontrar medidas exatas e todos os valores foram aproximados, devido à medição
entre os jogadores ter sido realizada no Google Earth. Portanto, ao realizar a dedução da posição
dos jogadores no campo, podem ocorrer pequenos erros, o que pode interferir nos resultados
encontrados. Notamos ainda que todos os triângulos encontrados foram escalenos. Isso se
justifica devido os lances de triangulações se tratar de situações reais, pois não foram
encontradas situações de triangulações que resultassem em triângulos com medidas dos lados
(distâncias jogadores) iguais. Além disso, durante a pesquisa dos estádios no Google Earth,
percebemos que alguns estádios não estão com imagens atualizadas. Com isso, é improvável
48

deduzir o posicionamento de cada jogador, uma vez que, para que a dedução esteja mais
próxima da realidade, é necessário levar em consideração alguns elementos do campo.
Assim, devido às lacunas percebidas, surgiram outras indagações quanto à utilização do
futebol como temática para a Modelagem Matemática, suscitando assim, pesquisas futuras, tais
como: como abordar a área de outras figuras geométricas por meio do futebol, se é possível o
estudo de área de triângulos que não seja pela triangulação de jogadores ou se é possível
encontrar triângulos com medidas dos lados iguais no futebol, dentre outras possibilidades.
49

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