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Thaís Ribeiro Molina

Leishmaniose Visceral Canina


Doença zoonótica de distribuição mundial, não 2. Leishmania infantum ou chagasi: Desencadeia
sendo descrita apenas em áreas endêmicas, mas leishmaniose visceral canina ou humana na
também em áreas não endêmicas, como nos EUA região mediterrânea e nas Américas, a L.
e no norte da Europa, mostrando um descontrole donovani causam a LVC principalmente na
da doença, mostrando que as medidas de Ásia.
controle estão sendo falhas.
Quando diagnosticamos leishmaniose através da
Regiões Endêmicas citologia pelo exame direto, diagnosticamos o
parasita, e não o agente etiológico, precisando
Brasil, parte da África, Índia e Europa. No Brasil fazer um PCR para poder identificar a espécie.
se tem relatos de casos na região Sul, mostrando
que essa doença se redistribuiu no nosso país, já Vetor
que antigamente não possuíam casos nessas
Insetos da subfamília Phlebotominae, que são
regiões, como em Foz de Iguaçu, Santa Catarina,
vetores que se reproduzem em matéria
Florianópolis etc.
orgânica, possuindo diversas espécies de
Os casos caninos sempre precedem os casos flebotomíneos, onde a espécie Lutzomia
humanos, sendo um alerta para monitorar e longipalpis é a mais comum no Brasil, mas se tem
diagnosticar mais precocemente os seres outros vetores que também podem realizar essa
humanos. transmissão. Esses insetos gostam de ambiente
protegido de luz, onde em árvores frondosas e
Agentes Etiológicos frugívoras possuem um ambiente favorável para
Parasita intracelular obrigatório, sendo um a sua reprodução.
protozoário Tripanosomatidae que possui Esse vetor é biologicamente dependente das
diversas espécies no nosso país, a espécie de oscilações e condições climáticas, possuem
maior importância no nosso dia a dia é a atividade crepusculares a noturna, apenas as
Leishmania Infantum (que foi referida por muito fêmeas fazem repasto sanguíneo para realizar
tempo como Leishmania chagasi, sendo ambas as a ovoposição.
mesmas espécies).
Transmissão
1. Leishmania amazonenseis, L. brasiliensis, L.
guyanensis: As 3 espécies que possuem uma A forma de transmissão a partir da fêmea do
maior distribuição geográfica e com mais flebotomíneo (hematófago) é a principal forma
casos registrados de leishmaniose de disseminação dessa doença. Quando o vetor
tegumentar americana (LTA). Todas essas se contamina com algum animal infectado, dentro
espécies acometem tanto os animais quanto desse flebotomíneo a leishmania muda de forma,
o homem. saindo da forma amastigota para a forma
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promastigota, e apenas quando se diferencia na Patogenia
forma promastigota metacíclica que passa a ser
infectante novamente dentro do vetor. A fêmea faz o repasto sanguíneo ao mesmo
tempo em que inocula as promastigotas, na pele
Existem outras formas de transmissão, sendo a essas promastigotas passam por todo o sistema
partir da forma vertical (da cadela para os seus imune inato (onde há o início das apresentações
filhotes), através da forma transfusional antigênicas e a formação das respostas imunes).
(devendo triar melhor os doadores) e através da
forma venérea (através da cópula), por isso Esses parasitas são intracelulares obrigatórios e
recomenda-se que os animais infectados não se possuem receptores específicos que se
reproduzam, tanto para evitar a disseminação encaixam nos macrófagos, sendo fagocitado pelo
entre os animais quanto para evitar a macrófago através do flagelo, dentro do
transmissão vertical. Existem ainda relados de macrófago forma um vacúolo que faz com que o
transmissão através das brigas, onde a principal parasita perca o flagelo (entrando na forma
suspeita é que a infecção ocorre através da amastigota) e ao mesmo tempo o protege das
troca de sangue do animal infectado para o ações lisossômicas e endossômicas do
saudável. macrófago, se multiplicando por divisão binária de
forma intensa, gerando a destruição celular, com
Fatores que Influenciam a Dinâmica da Infecção a apoptose da célula se tem a liberação das
1. Durabilidade no Ano da Presença do amastigotas pelo organismo, sempre parasitando
Flebotomíneo: Não está disponível o ano outras células.
inteiro em muitas regiões, no Nordeste se Os órgãos mais afetados são: linfonodo, baço,
tem, mas no Sul por exemplo, não. fígado, medula óssea e pele.
2. Preferências Alimentares: O gato
supostamente não é uma preferência Variabilidade Clínica
alimentar do flebotomíneo, os cães e as
galinhas são, mas as galinhas não adoecem. Muitos animais respondem bem à infecção, mas
3. Densidade Vetorial: Quanto maior o número outros sucumbem à doença, tendo grande
de vetores em uma região, maiores são as variação nas manifestações clínicas, os fatores
chances de infecção. que influenciam a resposta imune do hospedeiro
4. Susceptibilidade da População Canina: O responsáveis por essas variabilidades são:
quanto da população canina não usa 1. Perfil Genético do Hospedeiro: Primeiro fator
repelente, qual o controle da natalidade. e um dos mais importantes, onde as raças
5. Estilo de Vida do Animal: Animais que dormem mais suscetíveis à infecção com uma doença
fora de casa, que tem contato com o mato, mais intensa são: Rottweiler, Pastor Alemão,
galinheiros, sem uso de preventivos etc. Boxer e o Cocker, possuindo uma grande
6. Presença de Outros Reservatórios: carga parasitária. Os cães que possuem uma
Reservatórios urbanos e silvestres. reposta favorável frente a presença de

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infecção são os Ibizan Hound, possuindo o uma infecção subclínica frente aos tratamentos
predomínio de uma resposta celular efetora. e acompanhamentos. A infecção subclínica pode
2. Idade e Sexo: Animais jovens, com até 3 anos evoluir para a doença clínica devido a fatores
de idade (por predisposição genética com como imunossupressão e infecções
desenvolvimento maior de uma resposta intercorrentes, que podem alterar a resposta
humoral) ou animais com faixa etária acima imune.
de 8 anos com tendência a fazer doença
Logo, a resposta imune pode ser diferente de
clínica por outros fatores que não genéticos,
acordo com a infecção, tendo pacientes com
como por neoplasias, doenças autoimunes
predomínio de resposta Th1 e Th2, onde a partir
etc. Machos são um pouco mais predispostos
do momento que a leishmania foi inoculado ela é
do que as fêmeas em fazerem doença
apresentada para os linfócitos, onde nos
clínica.
linfonodos se tem a produção da resposta Th1 e
3. Espécie de Leishmania Envolvida
Th2 através da comunicação das citocinas. Essas
4. Quantidade e Via de Inoculação do
respostas sofrem uma variação de acordo com
Protozoário: Trazendo mais ou menos
a espécie da leishmania, com a saliva do
patogenicidade para o hospedeiro.
flebotomíneo, com a carga infectante, entre
5. Componentes da Saliva do Flebotomíneo
outros fatores, a resposta imune para uma
Resposta Imune infecção com a Leishmania infantum pode-se
apresentar da seguinte forma:
A partir do momento que se tem o repasto
sanguíneo se tem uma resposta imune local Resposta Th1
ativada, assim como se tem uma resposta imune Clinicamente saudáveis, mas infectados, são os
sistêmica a partir dos linfócitos. animais que possuem uma infecção subclínica
Localmente pode acontecer uma efetividade e autolimitante. Possuem baixo título sorológico, pois
uma eliminação parasitária completa, esse animal possuem de forma predominante a alta resposta
infectado é eficiente para eliminar o parasita, ou celular, tendo então uma baixa carga parasitária,
pode-se montar um infecção subclínica de acordo pois essa resposta celular é efetora frente ao
com a resposta local que ativa a resposta imune parasita. O macrófago é capaz de eliminar as
sistêmica, tendo um alto predomínio celular, amastigotas, tendo um controle da disseminação
sendo assintomáticos ou com alterações muito dos parasitas.
leves, onde se forem diagnosticados nesse Resposta Th2
momento possuem uma resposta positiva ao
Animais com a doença severa e não autolimitante.
tratamento. Ou então podem montar uma
Possuem um alto título sorológico, pois possuem
resposta imune de forma direta (ou depois de
uma baixa resposta celular devido à alta produção
gerar uma infecção subclínica), tendo uma
sorológica, ou seja, possuem de forma
manifestação grave frente a infecção, assim
predominante a resposta imune humoral (muito
como o animal com a doença grave pode vir a ter
anticorpo produzido) por uma alta carga
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parasitária, com uma disseminação da infecção, pode ter ainda atrofia de musculaturas
deixando o animal com manifestações clínicas em (particularmente atrofia de musculatura
muitos órgãos. Como os anticorpos não possuem temporal), infecções cutâneas, alterações nas
ação protetora (pois se trata de um parasito unhas e/ou aumento de linfonodos, além de sinais
intracelular, como o anticorpo não entra dentro que indicam doenças crônicas ou sistêmicas,
da célula para ter uma atividade efetora, esse como emagrecimento progressivo ou caquexia,
anticorpo não tem ação), são responsáveis pela apatia, febre, vômito, diarreia, prostração,
disseminação da doença, permitindo a inapetência ou anorexia, mucosas pálidas,
disseminação da doença, os anticorpos ainda epistaxe, e/ou úlceras e nódulos nas mucosas.
podem ser responsáveis por manifestações
No exame físico a linfoadenomegalia seguida das
clínicas, como pela deposição de imunocomplexos
infecções cutâneas são as principais, mas eles
em pequenos vasos do organismo, causando
também podem apresentar outras alterações,
inflamações, como vasculite, glomerulonefrite,
não sendo raro, como:
uveíte etc.
Quadro Locomotor
A resposta imune é muito maior que apenas Th1
e Th2, existe envolvimento dos linfócitos que traz Claudicação ou impotência funcional de membro
uma respostas Th17 que faz a ativação dos por osteoartrite, osteomielite, sinovite, doença
neutrófilos, podendo ter um caminho bom articular degenerativa.
(patogênico) capaz de efetuar a resposta imune Quadro Oftálmico
celular mantendo o controle parasitário, ou um
caminho clássico, podendo haver a produção de Blefarite, que pode ou não estar associada a
citocinas que inibem a resposta celular efetora, dermatite facial, mas também
tanto de neutrófilos quanto de macrófagos, ceratoconjuntivite, uveíte e glaucoma.
levando a uma disseminação da doença. Quadro Neurológico
Manifestações Clínicas Qualquer parte do sistema nervoso pode ser
acometida, e a convulsão pode ser sinal clínico da
Pode-se ter manifestações comuns que nos
LVC.
direcionam para a doença rapidamente, mas
pode haver diversas manifestações, Quadro Respiratório
prejudicando o diagnóstico. Os animais podem ser Rinite, pneumonia.
assintomáticos, oligossintomáticos, com
apresentação de alguns sinais clínicos apenas, ou Quadro Hepático
sintomáticos, com a presença de todos ou alguns Icterícia, ascite, ou até atrofia de musculatura
sinais mais comuns da doença. temporal.
Por ser uma LVC ocorrem alterações clínicas
viscerais, com aumento do volume abdominal por
hepato e/ou esplenomegalia, presença de ascite,
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Quadro Renal normalmente relacionado com o local de
inoculação do parasito pelo vetor, que prefere
Halitose (hálito urêmico), úlceras orais, ou sinais
ficar em locais com menor cobertura pilosa.
de doença renal.
3. Aspecto Esfoliativo da Pele
As alterações renais são indicadas para
classificar o quadro clínico do animal e avaliar o
prognóstico dele.
Quadro Dermatológico
1. Quadro Clássico
Pensando em um envolvimento cutâneo, o
aspecto esfoliativo da pele é o mais comum, com
escamas micáceas aderidas, com a pele prateada
extremamente ressecada e vasculite em borda
de orelha.
4. Ulcerativo
Um caso clínico clássico é um animal com
descamação bem aderida do tipo furfurácea,
pelo opaco e quebradiço, pele prateada,
emagrecimento visível, visualização das costelas
e com atrofia da musculatura facial. Pode-se ter processos ulcerativos descamativos
graves, úlceras em planos nasais com ou sem
2. Dermatite Papular perda da arquitetura nasal, ulcerações com
vasculite em borda de orelha, sendo possível
encontrar a leishmania nessas lesões, mas nem
sempre encontraremos, pois é possível que os
animais tenham esse aspecto clínico
correlacionados com os imunocomplexos.
Alguns pacientes podem apresentar uma 5. Blefarite e Vasculite
manifestação clínica mais benigna, como com
uma dermatite papular, sendo comum que esses
cães possuam uma alta carga parasitária nessa
pápula, mas que essa alta carga não se dissemine
para o organismo, não tendo uma alta titulação
Vasculite em borda de orelha e blefarite marcada
ou outras manifestações clínicas.
com ou sem ceratoconjuntivite seca associada.
Pode ocorrer pápulas em região da orelha,
abdominal, área periocular e perilabial, estando
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6. Formações Nodulares Coinfecções
Pode estar acompanhada com outras doenças,
como por outras hemoparitoses como por
erliquiose ou babesiose, em filhotes é comum
encontrar cinomose, parvovirose e verminoses,
Formações nodulares com nódulos em língua, em animais adultos e idosos pode-se encontrar
nódulos em cabeça e face. endocrinopatias, neoplasias (animais em
quimioterapia), animais com doenças autoimunes
7. Formações Pustulares Graves
recebendo imunomodulador, entre outras.
Doenças Secundárias ou
Complicações
Demodicose, piodermite, malasseziose, ou
A primeira suspeita nesse caso foi de Pênfigo,
distúrbios de queratinização, doenças renais
na histopatologia tem um padrão cicatricial do
e/ou hepáticas.
Pênfigo, mas na derme se tem uma alteração de
infiltrado nodular difuso clássico de leishmaniose. Diagnóstico
8. Hiperqueratose Se trata de uma doença de notificação
obrigatória, quando o resultado é reagente deve
ser notificado aos órgãos competentes.
Os testes realizados no Brasil são os mesmos
testes realizados na Europa, pois se trata do
Podendo ser nasal ou nos coxins. mesmo principal agente causador da doença em
ambos os locais.
9. Onicogrifose
O diagnóstico é necessariamente laboratorial,
pois o diagnóstico clínico é diverso, tendo
manifestações clínicas que se confundem com
outras patologias, além disso existem muitas
infecções subclínicas, sendo uma característica
da doença animais infectados e assintomáticos,
sendo mais comum a infecção subclínica do que a
Unhas grandes com áreas de rarefação pilosa, leishmaniose clínica.
presença de descamação, e áreas de eritema,
evidenciando um quadro de infecção crônica pela O organismo direciona os macrófagos com
doença. amastigotas para o sistema hematopoiético
(medula, linfonodos, baço e fígado), por isso não
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é comum encontrar a amastigota na circulação realizar o tratamento pode-se solicitar um PCR
sanguínea, e sim principalmente na medula e no Real Time.
baco.
4. Cão Infectado Doente
Conceitos
Todo cão sintomático com sorologia reagente em
1. Cão Não Infectado Sadio nível alto (3 a 4 vezes o ponto de corte, onde no
RIFI por exemplo, significa um título de 1:160,
Sem sinais clínicos ou alterações laboratoriais,
1:320, 1:640 ou mais) e PCR/parasitológico
não reagente na sorologia e negativo na citologia,
positivos em algum município com transmissão
imuno-histoquímica (IHQ) e no PCR. Vive ou não em
confirmada ou em área endêmica.
área endêmica.
O diagnóstico precoce como forma preventiva é
2. Cão Exposto
muito importante para o posterior sucesso
Cão que vive em área endêmica ou onde está terapêutico.
ocorrendo surto, não possui manifestações
Diagnóstico Epidemiológico
clínicas compatíveis com LVC, é reagente na
sorologia com titulação baixa (1:40 ou 1:80), e é Verificar se o animal é proveniente de área
negativo na citologia, no PCR e na IHQ. Após uma endêmica, se visitou locais endêmicos, e se o caso
sorologia com titulação baixa não devemos alertar é autóctone, ou seja, se a infecção ocorreu na
muito o tutor, e sim solicitar um novo teste região em que o paciente habita.
diagnóstico após 30 a 60 dias (ELISA + RIFI) ou
Diagnóstico Clínico
diretamente o PCR Real Time.
Através do exame físico, histórico clínico, onde
Não vacinar o animal nesses casos, mandar para
torna-se sugestivo em animais com alopecia em
casa com a utilização de coleira como método de
ponta e cauda, descamação ao redor dos olhos e
prevenção e aguardar os 30 a 60 dias para
outros sinais que apontam para leishmaniose em
realizar o exame sorológico ou já fazer o PCR
áreas geográficas com risco de exposição. Os
Real Time quase não queira esperar.
desafios desse diagnóstico são as similaridades
3. Cão Infectado Sadio clínicas com:
Cão portador assintomático com sorologia em 1. Dermatopatias: Dermatite seborreica, sarna,
níveis médios ou altos, e/ou PCR/parasitológico micoses sistêmicas.
positivo em algum município com transmissão 2. Endocrinopatias: Hiperadrenocorticismo e
confirmada ou em área endêmica. É importante hipotireoidismo canino em fases iniciais.
ressaltar que cerca de 50-60% dos cães com 3. Hemoparasitoses: Babesiose, erlichiose,
LVC são assintomáticos, portanto, pode-se ter anaplasmose etc.
pacientes com titulações médias a altas sem 4. Outros: Linfossarcoma, mieloma etc.
sinais clínicos. Para se ter certeza antes de
Sendo importante o diagnóstico diferencial.

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Diagnóstico Laboratorial Não Específico Diagnóstico Sorológico
1. Anemia: Mais comum a não regenerativa → Identificação dos anticorpos contra
ligeira, moderada ou grave. Leishmania sp.
2. Anemia hemolítica imunomediada:
Independente da região do Brasil, na maioria dos
Normalmente quando se tem uma anemia
casos o primeiro exame que deve ser realizado
grave se trata dessa anemia.
em suspeita de LVC é o sorológico, tendo apenas
3. Leucocitose ou leucopenia: Monocitose,
algumas exceções.
linfopenia, neutrofilia e neutropenia.
4. Trombocitopatias: Trombocitose ou Para investigação em saúde pública o Ministério
trombocitopenia. da Saúde usa o protocolo de primeiro realizar o
5. Proteína Total e Frações: Aumento de teste rápido (DPP ou Biomanguinhos) e depois
globulinas - hiperglobulinemia e perda de como teste confirmatório quando positivo o teste
albumina - hipoalbuminemia, onde a relação rápido se utiliza o ELISA.
entre ambas pode ficar menos que 6, porém Como diagnóstico do indivíduo na medicina
outras parasitoses como erliquiose, também veterinária realizamos outro protocolo para se
podem causar essas alterações, alguns ter certeza do diagnóstico, não podendo ter
autores referem que quando a relação é dúvidas, já que não se trata de um inquérito. O
menor que 0,8 ou 0,6 é altamente sugestivo protocolo utilizado na rotina clínica veterinária são
de LVC. os exames de ELISA como teste rápido e a RIFI
6. Alterações de hemostasia e fibrinólise: Por como teste confirmatório, a positividade só pode
distúrbio de coagulação, podendo ter ser confirmada com duas técnicas sorológicas
petéquias em cavidade oral, epistaxe podem distintas reagentes, não tendo interferência com
ocorrer por LVC, mas também pode ser por títulos vacinais.
doenças concomitantes como babesiose e
erliquiose. Os desafios do diagnostico sorológico são animais
7. Função Renal: Diminuição da densidade em inicio de soroconversão (em média de 5
urinária, proteinúria, aumento do SDMA, meses ou mais para animais que evoluem para a
aumento de creatinina e ureia. Essas doença clínica), reações cruzadas com outras
alterações ocorrem pela lesão dos hemoparasitoses como as famílias dos
glomérulos, caracterizando uma DRC tripanossomas (a reação cruzada com erlichia
progressiva. varia muito, porém em títulos baixos é possível),
8. Função Hepática: Pode estar alterada, com animais imunodeprimidos como animais com
aumento das enzimas renais. dermatopatias com imunoterapia ou uso de
corticoides (cessar esses tratamentos por no
Diagnóstico Laboratorial Específico mínimo 15 dias para então realizar o exame
Os principais tipos de diagnóstico são: sorológico), reações inespecíficas por booster
imunológico (sendo menos comum) e em casos de
pacientes com sintomas com cerca de 3 a 4
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meses de idade, deixando como suspeita uma Quando se tem um forte reagente se tem uma
transmissão vertical, sendo adequado encontrar titulação no mínimo 3 vezes o ponto de corte.
a mãe e realizar um exame diretamente com PCR
3. Testes Imunocromatográficos – Testes
do sangue desse animal.
Rápidos
Os filhotes com até 3 meses de idade podem
→ Apresenta sensibilidade de 93 a 100% e
fazer um falso sorológico, tendo ainda a
especificidade de 92 a 100% em animais
possibilidade de reação cruzada por outros
sintomáticos, em animais assintomáticos a
hemoparasitos, por isso os métodos sorológicos
sensibilidade em alguns artigos publicados variou
devem ser interpretados de uma maneira
de 12 a 47%.
equivalente ao tipo de metodologia empregada,
tendo os métodos quantitativos e qualitativos, não Resumo da Abordagem Diagnóstica Sorológica
podemos nunca esquecer de realizar Na suspeita, controle ou prevenção de LVC se
principalmente o método quantitativo. realiza a sorologia quantitativa (diluição total),
1. Reação de Imunofluorescência Indireta – RIFI dando negativo não se tem nenhuma
preocupação a não ser adotar medidas de
→ Apresenta sensibilidade de 90 a 100% e
prevenção, se ainda assim houver suspeitas que
especificidade entre 80 a 100%.
o animal possui LVC, pode-se considerar outros
Sorologia com titulação baixa é com títulos com diagnósticos ou partir direto para PCR Real Time
cerca de 1:40 ou 1:80 na imunofluorescência ou realizar uma citologia com imuno-histoquímica
indireta; títulos altos são títulos de 1:320 para de punção de linfonodos reativos ou medula
cima. óssea, caso esses exames deem negativos pode-
se repetir o exame após 30 a 60 dias ou já pode
É um diagnóstico muito criterioso pois não se vê
partir diretamente para considerar outros
na lâmina a fluorescência e amastigotas de
diagnósticos.
forma tão evidentes, precisando ter um bom
treinamento para poder identificar. Também Quando a sorologia quantitativa dá positiva com
fornece títulos, onde 1:40 ou 1:80 pode-se ter título alto e presença de sinais clínicos já se faz
reações cruzadas. O ideal é pedir diluição total, o diagnóstico de LVC, se não há sinal clínico algum
até a diluição máxima (tem laboratórios que pode ser que se trate de um animal infectado de
fazem aos poucos para economizar material). forma subclínica, podendo partir para o PCR para
confirmar que ele realmente está infectado.
2. Ensaio Imunoenzimático – ELISA
Tem animais que vão realizar exames pré-
Método automatizado com leitura ótica, o ponto
vacinais e apresentam resultados não reagentes
de corte é o ponto no qual acima daquela
mesmo sendo infectados, pois a janela
coloração está reagente e abaixo é não
imunológica nessa doença é muito variável, sendo
reagente, quando se tem um título muito próximo
de 3 a 5 meses em média, mas pode persistir
do ponto de corte (10% acima ou abaixo) o
por anos assintomático e soronegativo.
laboratório libera como resultado indeterminado.
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Diagnóstico Parasitológico 1. PCR Convencional
→ Detecção do parasito, apresenta 100% de Está em desuso, pois embora seja mais barato
especificidade, porém a sensibilidade é variável possui uma série de falhas, como contaminação
de acordo com material colhido, o grau de de bancada, já que ele é realizado de forma
parasitemia e com o treinamento do técnico que aberta com muita manipulação – com essa
realiza a leitura. contaminação de bancada pode-se ter um falso
positivo.
Foi muito utilizado, era o padrão ouro do
diagnóstico, porém a sensibilidade desse teste 2. PCR Real Time
não é tão alta quando comparada com o PCR Real
Realizado em sistema fechado, sem manipulação
Time.
humana, impossibilitando praticamente a
1. Citologia contaminação. Permite a quantificação do
número de amastigotas. Possui maior
Leitura de uma lâmina como por uma punção de
sensibilidade, especificidade e possibilidade de
linfonodo, por exemplo.
quantificação do material genético do patógeno,
2. Histologia – Imuno-histoquímica conseguindo pegar quantidades pequenas, dando
Coloração especial com imune marcador positivo em pacientes com pouca parasitemia.
aumentando muito a sensibilidade do teste. Pode Além de ser altamente sensível e específico se
ser realizada através da punção de linfonodos tem um valor de custo próximo ao da imuno-
reativos ou através da punção de medula, histoquímica, por isso a imuno-histoquímica foi
podendo também ser realizado punch de pele de caindo em desuso.
ponta de orelha.
→ Quando Utilizar o Diagnóstico Molecular
É considerado por alguns especialistas o melhor
Primeiro exame utilizado em pacientes menores
método parasitológico, porém hoje em dia não se
de 4 meses, ou em pacientes que ainda não
tem muita vantagem em realizar um
tiveram uma soroconversão. É utilizado também
parasitológico.
para confirmação de diagnósticos com baixa
3. Cultura titulação na RIFI, em pacientes assintomáticos
Raramente utilizado hoje em dia. com baixa titulação na sorologia ou ainda como
diferencial de outras hemoparasitoses.
Diagnóstico Molecular
Potenciais Biomarcadores
→ Amplificação do DNA do parasito.
Proteína C-reativa
Em animais assintomáticos se coleta material da
medula óssea, em animais sintomáticos pode-se Proteína de fase aguda, sua evolução permite a
coletar através da medula óssea e do sangue. avaliação de curto prazo da evolução da resposta
inflamatória associada a LVC, mesmo antes de
ser detectada alteração na resposta humoral,
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sendo considerada um marcador de grande valor E como método aconselhável temos:
diagnóstico.
1. Imunofenotipagem de Linfócitos:
Monitoria de Tratamento Aconselhável ser realizada mensalmente nos
três primeiros meses.
O PCR Real Time é muito utilizado, pois é uma das
ferramentas mais importantes para Periodicidade da realização dos exames
acompanhar o tratamento para saber se está obrigatórios:
sendo efetivo. Não há um tratamento que zere 1. Primeiro Ano de Tratamento: De 3 em 3
a parasitemia, o que se busca é a cura clínica, meses.
como a sorologia não baixa de uma forma muito 2. 2º ao 4º Ano de Tratamento: De 2 em 2
repentina com o tratamento (podendo até meses.
mesmo ter um aumento momentâneo) o PCR Real 3. Á partir do 4º Ano de Tratamento: De 6 em
Time é muito indicado para poder quantificar a 6 meses, desde que o animal esteja
quantidade de amastigotas no paciente antes e clinicamente bem, caso haja uma piora clínica
depois do tratamento. é necessária uma avaliação emergencial
Portanto, a quantificação é aconselhável para o desses parâmetros.
diagnóstico inicial para monitorar a eficácia do Imunofenotipagem de Linfócitos
tratamento leishmanicida como controle
parasitário, sendo o ideal realizar um novo exame Exame com uma tecnologia muito avançada,
30 dias após o início do tratamento. O resultado sendo bom para dar o prognóstico, pois muitos
do PCR deve ser sempre analisado com os outros tutores querem saber se o tratamento será
exames laboratoriais que possuíam alteração e eficaz em animais que possuem sinais clínicos
com a evolução ou regressão dos sinais clínicos. evidentes.
O paciente pode viver ainda por muitos anos com Quanto menor for a quantidade de linfócitos T
o acompanhamento e o tratamento correto, o CD4 e CD8, quando se vai iniciar o tratamento,
sucesso do tratamento está diretamente pior o prognóstico, pois se indica a presença de
relacionado à correta monitoria laboratorial, uma doença muito avançada, onde o animal tem
tendo como parâmetros obrigatórios: chances de sucumbir ao próprio tratamento.
Quando os níveis desses linfócitos estão altos se
1. Função Renal e Hepática
espera uma boa resposta ao tratamento.
2. Sorologia com Diluição Total
3. PCR Real Time Quantitativo: O melhor caso é Quando se faz um tratamento pode-se ainda
com material da medula, mas para acompanhar com a imunofenotipagem de
acompanhamento pode ser com o sangue. linfócitos, onde manter os linfócitos CD4 e CD8
altos indica que se está em um caminho correto
do tratamento, pois se trata de um tratamento
crônico para o resto da vida (tratamento clínico

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e não parasitológico), sendo por isso importante Allopurinol
ter ferramentas que possam garantir para o
13% de 320 cães com uso de uma dose média
tutor que se está no caminho certo, já que as
de 14,2 mg/kg BID por cerca de um ano
manifestações clínicas podem enganar.
apresentaram xantinúria, mineralização renal
Tratamento com xantinúria, urolitíase com xantinúria ou todas
as alterações citadas em uma estudo publicado
Não se esquecer das comorbidades, como no Journal of Small Animal Practice, 45% dos
babesiose, erliquiose, anaplasmose. A nutrição, animais que apresentaram urolitíase tiveram
genética, infectividade, vetor e a presença de obstrução urinária ou disúria.
ectoparasitas pode influenciar na resposta do
tratamento. Muitas vezes perdemos os pacientes devido ao
uso em excesso do Allopurinol, sendo importante
Resistência parasitária e nefropatias acabam fazer uma redução da dose, ou até mesmo
levando a maior incidência de perda desses retirar em algumas situações, fazendo
animais. acompanhamento com ultrassonografia e um
Nefropatia manejo dietético pobre em purinas.

Uma das complicações da LVC é a enfermidade Fármacos Disponíveis


renal devido a glomerulonefrite intersticial, sendo Se tem três grupos importantes que precisamos
uma doença renal crônica com lesão estrutural e abordar, sendo as drogas leishmanicidas,
funcional com redução do número de néfrons, da leishmaniostáticas e os imunomoduladores.
taxa de filtração e perda da homeostasia. A
presença do parasito e o depósito de É importante saber o que esperar do
imunocomplexos causa essas lesões. tratamento, precisando ficar bem claro para o
tutor, pois o tratamento visa reduzir a carga
O monitoramento é importante para se ter um parasitária, reduzindo a capacidade de
diagnóstico precoce, medindo a creatinina, a transmissão, e restaurar a resposta imune
relação de proteína e creatinina urinária e a adequada, modulando a resposta imune para ele
proteína urinária; o SDMA e outros ter uma resposta Th1 – resposta celular mais
biomarcadores podem ajudar nesse diagnóstico evidente, causando a remissão das
precoce. A ultrassonografia pode ser útil pois manifestações clínicas e prevenindo recidivas,
urólitos de xantina podem ser formados nesses além de monitorar e prevenir a enfermidade
casos. renal.
Devemos nos atentar para os tratamentos Fármaco Leishmanicida – Miltefosina
nefrotóxicos, analisando o tempo de uso e a
medicação de forma criteriosa. Único permitido de uso no Brasil, tendo alguns
efeitos importantes na membrana do parasita,
inibindo a biossíntese de receptores importantes
para a sobrevivência intracelular da leishmania,
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entre outros, além de possuir propriedades variável de pelo menos 3 vezes por ano. Em
imunomoduladoras, estimulando a produção de alguns locais da Europa é utilizado como
interferon gama, que interfere na resposta Th1 prevenção da doença.
e na eliminação do parasita.
Possui como vantagem o baixo custo, a
Um estudo de lançamento da miltefosina no Brasil administração oral e possuir uma boa resposta
mostrou uma redução da pontuação e evidente imunológica, como desvantagem temos a
melhora clínica em 94,2% dos pacientes até a galactorréia por cauda da produção de galactina.
14ª semana de observação, redução
Fármaco Imunomodulador – Domperidona
estatisticamente significativa da carga
parasitária de fragmento de pele da orelha, A marbofloxacina ainda está em estudo, não
linfonodo e medula óssea dos pacientes, redução sabendo se trata-se de apenas uma droga
da infectividade dos animais aos flebotomíneos imunomoduladora ou se ela também é
demonstrada através do xenodiagnóstico, onde leishmanicida. Porém se tem muitos estudos que
74,2% dos animais tratados eram negativos ao mostram sua eficácia no tratamento da
término do momento de observação, além disso, leishmaniose.
não houve alteração do perfil hepático, renal ou Fármaco Imunoterápico – Saponina + Antígeno
do hemograma.
A2
A miltefosina é administrada por 28 dias, mas
A saponina estimula principalmente a imunidade
continua agindo mesmo com o fim da celular, sendo associada com o antígeno A2
administração.
(vacina leishtec), com dose dupla a cada 21 dias
Fármaco Leishmaniostático – Alopurinol durante 3 aplicações e revacinação a cada 6
meses, tendo diversos estudos que mostram que
Análogo da purina, bloqueando a replicação
cães tratados com essa imunoterapia adoecem e
parasitária, estimulando a síntese de proteínas
morrem menos quando comparados com os não
anormais que acaba inibindo a sua multiplicação.
tratados, tendo ainda uma redução da carga
Dose de 10 mg/kg BID, no mínimo de 12 a 18 parasitária cutânea.
meses, sendo um remédio de baixo custo, com
Fármaco Imunoterápico – Nucleotídeos
administração oral e uma evidente melhora
clínica, porém tem como desvantagem a Muito utilizado na Europa.
formação de cálculos de xantina (produto de
Fitoterapia – Atermisia annua
degradação das purinas).
Utilizado como imunomodulador, tendo trabalhos
Fármaco Imunomodulador – Domperidona
que comprovam a estimulação da resposta Th1 e
O mais utilizado, possui um efeito a inibição da resposta Th2.
leishmaniostático e imunomodulador, aumentando
a produção de Th1, utilizado na dose 0,5-1,0
mg/kg SID por 30 dias, tendo uma duração
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Estadiamento Estágio 3

Realizado pelo Brasileish, ajudando a escolher o 1. Sinais Clínicos: Sinais do Estádio II, além de
melhor fármaco, que é dependendo das outros como lesões cutâneas difusas ou
manifestações clínicas e dos resultados simétricas, onicogrifose, dermatite
laboratoriais. esfoliativa, onicogrifose/ulcerações,
anorexia, epistaxes, febre, emagrecimento.
Estágio 1 2. Exames Laboratoriais Específicos: Animal
1. Sinais Clínicos: Paciente sem sinais clínicos. com doença moderada, se tem titulação
2. Exames Laboratoriais Específicos: Com reagente com níveis de anticorpo de baixo a
títulos de anticorpos baixos a médios e com alto com parasitológico positivo.
parasitológico negativo. 3. Exames Laboratoriais Inespecíficos: Nos
3. Exames Laboratoriais Inespecíficos: Não resultados laboratoriais pode-se encontrar
possuem alterações nos outros resultados anemia arregenerativa leve,
laboratoriais. hipergamaglobulinemia, hipoalbuminemia,
4. Terapia: Recomenda-se uma terapia com síndrome da hiperviscosidade do soro e
imunoterapia e imunomoduladores, pipetas e proteínas totais > 12 g/dL, oriundos da
coleiras são importantes nesses animais. formação de imunocomplexos, tais como
5. Prognóstico: Um bom prognóstico. uveíte e glomerulonefrite.

Estágio 2 - Estágio 3A: Perfil renal normal, creatinina


< 1,4 mg/dL e RCP < 0,5.
1. Sinais Clínicos: Possuem sinais clínicos
ausentes a leves, como linfadenopatia - Estágio 3B: Creatinina < 1,4 mg/dL e RCP
periférica, dermatite papular e entre 0,5 e 1.
emagrecimento discreto. 4. Terapia: O tratamento consiste em
2. Exames Laboratoriais Específicos: Animais imunoterpia com imunomodulador associado a
com titulação negativa, ou positiva com níveis miltefosina e alopurinol, seguir as diretrizes
de anticorpos baixa a média, e com da IRIS para o manejo da nefropatia e
parasitológico positivo. controle PSS.
3. Exames Laboratoriais Inespecíficos: Os 5. Prognóstico: De bom a reservado.
outros resultados laboratoriais normalmente Estágio 4
são sem alterações, e não possui alteração
renal. 1. Sinais Clínicos: Sinais do Estádio III, sinais
4. Terapia: O tratamento consiste em originários de lesões por imunocomplexos:
imunoterapia com imunomodulador associado vasculite, artrite, uveíte e glomerulonefrite.
a miltefosina e alopurinol. 2. Exames Laboratoriais Específicos: Doença
5. Prognóstico: Um bom prognóstico. grave com níveis de anticorpos médios a
altos e parasitológico positivo.

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3. Exames Laboratoriais Inespecíficos: Se tem piretróides), e o tratamento e a redução do risco
alterações do Estádio III, além de DRC no de infecções em humanos.
Estádio 1 (RPC >1) ou 2 (creatinina 1,4-2
Apesar da indicação da eutanásia dos cães
mg/dl) da IRIS.
soropositivos, é mostrado que muitas vezes esse
4. Terapia: O tratamento consiste em
controle não é efetivo como medida de saúde
imunoterpia com imunomodulador associado a
pública, pois a reposição de cães em área
miltefosina e alopurinol, seguir as diretrizes
endêmica para a doença geralmente é alta, onde
da IRIS para o manejo da nefropatia e
em um trabalho se verificou uma reposição
controle PSS.
44,5% dos animais sacrificados.
5. Prognóstico: Prognóstico reservado a ruim.
Quanto ao combate ao vetor com o manejo
Estágio 5
ambiental temos que manter o saneamento
1. Sinais Clínicos: Sinais dos Estádio IV, além de básico, realizar a educação da população
tromboembolismo pulmonar ou síndrome (orientado para reduzir a quantidade de lixo
nefrótica e doença renal em estádio final. orgânico no ambiente), a borrifação e o manejo
2. Exames Laboratoriais Específicos: Doença ambiental (com a remoção da matéria orgânica
muito grave com níveis de anticorpos médios em quintais e terrenos – como as fezes dos
a altos e parasitológico positivo. cães).
3. Exames Laboratoriais Inespecíficos:
Proteção Individual Humana
Alterações do Estádio IV, além de DRC no
estádio III (creatinina 2,1-5 mg/dl) e IV Repelentes Naturais
(creatinina > 5 mg/dl) da IRIS, ou síndrome Repelentes a base de neen ou citronela, que são
nefrótica (marcada proteinúria com RPC >5) repelentes naturais, possuem uma ação efetiva,
4. Terapia: O tratamento consiste em porém tem um tempo de ação curto, sendo
imunoterpia com imunomodulador associado a necessário utilizar outras medidas junto.
miltefosina e alopurinol, seguir as diretrizes
da IRIS para o manejo da nefropatia e Outras Medidas
controle PSS. Repelentes, mosquiteiro com malha fina (vetor
5. Prognóstico: Ruim. tem de 1 a 3mm), tela em portas e janelas.
Medidas de Controle e Prevenção Proteção do Cão
As estratégias de controle indicadas pela Exames de Rotina
secretaria de vigilância em saúde no Brasil são: a É importante realizar uma avaliação clínica com
eliminação do reservatório (cão doméstico exames complementares, sendo importante
soropositivo), combate ao vetor (com manejo também realizar exames pré-vacinação.
ambiental ou borrifação com repelentes e
inseticidas, como organofosforados e

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Tratamento dos Animais Enfermos 2. Leevre
Tratar animais positivos, ou dependendo o estado 6 meses de ação com proteção de até 89,93%
clínico dele ou por decisão do tutor, realizar a contra picadas de flebotomíneos Lutzomia
eutanásia de animais doentes. longipalpis, não se tem estudos o suficiente mas
acredita-se que o efeito demora de 2 a 3
Telar Canis
semanas para ter uma ação efetiva, utilizar em
As telas devem ser muito finas, mas se tem filhotes a partir de 3 meses, não pode ser
muita dificuldade pois a tela deve ser muito fina, utilizada em gestantes ou lactantes.
sendo complicado telar canis em regiões muito
3. Seresto
quentes pois diminui a circulação de ar, além disso
os animais costumam arranhar e morder as 8 meses de ação contra pulgas e carrapatos,
telas. mas não se tem estudos com ação
especificamente contra o vetor Lutzomia
Métodos Preventivos
longipalpis, mas na Eurásia e na África se tem
Proteção química individual com uso de repelentes 93,4% de proteção contra os flebotomíneos da
e inseticidas, e a vacinação dos animais região. Não se menciona se o efeito se inicia após
suscetíveis. As coleiras e as soluções tópicas são um ou dois dias assim como com pulgas e
os meios de repelentes, todos os cães carrapatos, mas se supõe que sim. Pode ser
suscetíveis, tratados ou sob tratamento devem utilizada em filhotes a partir de 7 semanas e em
fazer o uso de um dos dois produtos para gatos a partir de 10 semanas. E não pode ser
diminuir o risco de transmissão da LVC. utilizada em fêmeas lactantes e gestantes. Se
Coleiras tem necessidade de estudos na realidade nacional
e em gatos.
1. Scalibor - Deltametrina 4%
4. Frontmax
Se tem 4 meses de ação com proteção de até
96% contra picadas de flebotomíneos Lutzomia Ainda em estudo, com 8 meses de ação, mas sem
longipalpis, o efeito demora de 2 a 3 semanas estudos para flebotomíneos Lutzomia longipaldps,
para ter uma ação efetiva, utilizar em filhotes a possui proteção de até 99%, não se menciona
partir de 3 meses, não há menção em gestantes quando o efeito começa, pode ser utilizado em
ou lactantes. Se tem estudos que mostram a filhotes a partir de 10 meses, e não pode ser
redução de 53% dos casos de LVC com o uso da utilizada em gatos ou fêmeas gestantes ou
coleira, onde consequentemente se tem a lactantes.
diminuição da casuística em humanos, já que o cão Soluções Tópicas
é um importante reservatório, e uma fonte de
1. Pulvex
infecção para o vetor em áreas endêmicas.
Duração de 4 semanas. Não se tem estudos
divulgados para ação ou proteção contra picada

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de flebotomíneos Lutzomia longipalpis, pode ser → Coleiras X Solução Tópica
utilizada a partir de 4 semanas, em fêmeas
A coleira possui um tempo de ação superior,
gestantes até 4 dias antes do parto e em
porém a solução tópica possui uma rápida ação
lactantes a partir de 14 dias, e não pode ser
em cerca de um a dois dias, menos efeitos
utilizada em gatos.
colaterais, baixo risco de intoxicação pois a
2. Advantage Max dispersão ocorre em até 48h (evitando contato
com felinos, ingestão, passar a mão), odor (tem
Duração de 4 semanas. Ação repelente e
coleiras com odores mais fortes), redistribuição
inseticida, mas não se tem estudos divulgados
pós banho (se tem estudos com pipetas que
para ação ou proteção contra picada de
mantem a efetividade do produto com banhos
flebotomíneos Lutzomia longipalpis. Efeito
semanais, enquanto com as coleiras se tem uma
repelente e inseticida depois de um a dois dias,
necessidade de esperar a redistribuição da
não se menciona a partir de qual idade se pode
camada de gordura por pelo menos dois dias,
utilizar em fêmeas e lactantes ou em gatos.
diminuindo a eficácia do produto, produtos
3. Frontline Tri-Act terapêuticos acabam diminuindo mais ainda a
3 semanas de ação com estudos que mostram a efetividade), sem risco de enroscar (cães que se
eficácia contra picadas de flebotomíneos enroscam em galhos de arvore, cerca etc.),
Lutzomia longipalpis. Possui proteção de até pelame longo (a coleira pode embolar), idade de
95,7% contra picadas de flebotomíneos, com uso (as coleiras possuem um uso mais tardio
efeito repelente e inseticida depois de um a dois geralmente).
dias, pode ser utilizado em filhotes a partir de 8 Hoje se comenta a possibilidade de associar os
semanas de vida e com mais de 2kg, não pode dois produtos, porém não se tem estudos que
ser utilizado em gatos ou em fêmeas gestantes mostrem a eficácia.
e lactantes.
Vacinação
4. Vectra 3D
A vacina de leishmaniose passou a ser
4 semanas de ação com estudos que mostram a recomendada como vacina não essencial em
eficácia contra picadas de flebotomíneos 2020 pela WSAVA, ou seja, elas devem ser
Lutzomia longipalpis. Possui proteção de até restritas aos cães em risco ou que vivem ou
97,6% contra picadas de flebotomíneos, com frequentam áreas endêmicas, devendo ser
efeito repelente e inseticida depois de um a dois considerada como uma ferramenta na
dias, pode ser utilizado em filhotes a partir de 7 prevenção da LVC, que deve ser associada com
semanas de vida ou com mais de 1,5kg, em o repelente.
fêmeas lactantes e em fêmeas gestantes após
1. Leish-Tec
7 semanas de gestação, não pode ser utilizado
em gatos. Vacina recombinante, fragmento de DNA da
leishmania, o antígeno A2, que está presente na

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L. donovani, L. chagasi e na L. amazonenses. Quem 92,6% a 96,4%. No mesmo trabalho mostrou
tem a ação no sistema imune para estímulo é o que a eficácia (não se comprovou a presença de
adjuvante saponina. anticorpo ou parasito) ficou entre 71,4%, sendo
uma eficácia considerada importante quando se
Se tem relatos de animais que não formaram
pensa em uma doença que não se tem cura
uma resposta satisfatória, dependendo da
parasitológica.
resposta individual, e tem animais que ainda
tiveram efeitos adversos (segundo um estudo, Resumo do Melhor Protocolo de Prevenção
cerca de 3,09%, onde alguns outros estudos segundo o CFMV:
chegam a 8 ou 10%), como dor local, formação
1. Consultas regulares com o médico
de pápula/nódulo, alopecia, apatia/prostração,
veterinário.
febre, êmese/diarreia e anafilaxia – por
2. Manter o animal saudável e bem alimentado,
resposta individual, sendo importante alertar o
e o local onde ele fica sempre limpo.
tutor dessas possíveis causas. Tratar todos os
3. Usar telas de malha fina nos canis.
efeitos adversos!
4. Colocar coleiras com piretróides ou aplicar
→ Protocolo Vacinal repelentes à base de piretróides no corpo
do animal. Caso não seja possível evitar a
Via Subcutânea a partir dos 4 meses com
exposição deste ao ambiente externo após
sorologia negativa, 3 doses com intervalo de 21
às 17 horas.
dias com revacinação anual a partir da 1ª dose. A
5. Vacinar o cão com vacina anti-LVC após o
resposta imunológica esperada é de 21 dias após
exame sorológico.
a 3ª dose.
Educação da População
Primovacinação: Pode-se antecipar ou atrasar
em até 7 dias uma das doses. Quando se tem 1. Manejo ambiental: Remoção de matéria
atrasos entre 1 a 4 semanas recomenda-se orgânica.
administrar uma 4ª dose, quando passa de 4 2. Posse responsável: Realizar prevenção.
semanas de atraso recomenda-se refazer o 3. Não reproduzir animais infectados
protocolo. 4. Castrar animais infectados
5. Reposição consciente: Realizar prevenção
Revacinação: Pode-se ter o atraso de até um
desde o início.
mês, mantendo-se a indicação de dose única,
devemos refazer todo o protocolo quando
houver atraso de mais de 4 semanas, devendo
realizar inclusive a sorologia pré-vacinação.
Eficácia e Efetividade: Um trabalho mostrou que
a efetividade (proteção individual em animais que
não tiveram diagnóstico positivo ou que tiveram,
mas não evoluiu para doença clínica) variou de

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Fonte: 4. Andrade MA, Queiroz LH, Nunes GR; Perri
SHV, Nunes CM. Reposição de cães em área
Palestras 2º Congresso VETScience Academy e endêmica para leishmaniose visceral. Rev.
Workshop SPORO & LEISH Soc. Bras. Med. Trop. vol.40 no.5 Uberaba
1. Leishmaniose Visceral - Drª Romeika Karla Oct. 2007.
dos Reis Lima 5. Kazimoto TA et al. Impact of 4%
2. Diagnóstico e Monitoria laboratorial - Drº Deltamethrin-Impregnated Dog Collars on
Afonso Alvarez Perez / Drº Rodolfo the Prevalence and Incidence of Canine
Giunchetti Visceral Leishmaniasis. Vector-Borne and
3. Tratamento da LVC e das Doenças Zoonotic DiseasesVol. 18, No. 7, Original
concomitantes - Drº Fábio dos Santos Articles.
Nogueira 6. Toepp A et al. Safety Analysis of Leishmania
4. Medidas de controle e Prevenção da LVC - Vaccine Used in a Randomized Canine Vaccine
Drº Claudio Nazaretian Rossi /Immunotherapy Trial. The American Society
of Tropical Medicine and Hygiene, 2018.
Palestras VetSmart 7. Silva SR et al. Field randomized trial to
1. Leishmaniose Visceral Canina na prática – evaluate the efficacy of the Leish-Tec®
Drº Claudio Rossi vaccine against canine visceral leishmaniasis
2. Leishmaniose: uma abordagem prática e in an endemic area of Brazil. Vaccine, Volume
atual – Drº Aldair Junio Woyames Pinto 34, Issue 19, 27 April 2016, Pages 2233-
2239
Artigos
Manuais e Diretrizes
1. Torres M, Pastor J, Roura X, Tabar MD,
Espada Y, Font A, et al. Adverse urinary 1. Manual Técnico: Leishmanioses Caninas.
effects of allopurinol in dogs with CRMV-PR
leishmaniasis. J Small Anim Pract. 2016; 576: 2. Diretrizes para o diagnóstico, estadiamento,
299–304. tratamento e prevenção da leishmaniose
2. dos Santos Nogueira, F., Avino, VC, Galvis- canina. Brasileish, 2018.
Ovallos, F. et al. Uso da miltefosina no 3. Recomendações sobre a vacinação para
tratamento da leishmaniose visceral canina médicos veterinários de pequenos animais da
causada por Leishmania infantum no Brasil. América Latina: um relatório do Grupo de
Parasites Vectors 12, 79 (2019). Diretrizes de Vacinação da WSAVA, 2020.
3. González AD. Estudio de la enfermedad renal Estudos sobre imunoterapia com vacina leish-
y la respuesta al tratamiento (antimoniales tec® na leishmaniose visceral canina:
"versus" miltefosina) en perros con infección
natural por "Leishmania infantum". 1. Link para acesso:
Universidad Complutense de Madrid (España) http://www.sanimvet.com.br/documentos
en 2016. /imunoterapia_leish_tec.pdf

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