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SIMPLIFICANDO A JURISPRUDÊNCIA

Com Nelma Fontana e Herbert Almeida


Alerta de prova!

Demarcação de terra indígena


Constituição Federal, art. 231 e art. 232
q Teoria do Indigenato

q Teoria do Fato Indígena


Constituição Federal, art. 231 e art. 232
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-
estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos,
costumes e tradições.
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e
dos lagos nelas existentes.
Constituição Federal, art. 231 e art. 232
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a
pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser
efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades
afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma
da lei.
§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos
sobre elas, imprescritíveis.
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad
referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que
ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após
deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno
imediato logo que cesse o risco.
Constituição Federal, art. 231 e art. 232
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por
objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a
exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a
ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da
ocupação de boa fé.
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para
ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério
Público em todos os atos do processo.
Posicionamento no STF – ARE 803.462 AgR
1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Pet 3.388, Rel. Min.
Carlos Britto, DJe de 1º/7/2010, estabeleceu como marco temporal de ocupação
da terra pelos índios, para efeito de reconhecimento como terra indígena, a data
da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

2. Conforme entendimento consubstanciado na Súmula 650/STF, o conceito de


'terras tradicionalmente ocupadas pelos índios' não abrange aquelas que eram
possuídas pelos nativos no passado remoto. Precedente: RMS 29.087, Rel. p/
acórdão Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe de 14/10/2014.
Posicionamento no STF – ARE 803.462 AgR
3. Renitente esbulho não pode ser confundido com ocupação passada ou com
desocupação forçada, ocorrida no passado. Há de haver, para configuração de
esbulho, situação de efetivo conflito possessório que, mesmo iniciado no passado,
ainda persista até o marco demarcatório temporal atual (vale dizer, a data da
promulgação da Constituição de 1988), conflito que se materializa por
circunstâncias de fato ou, pelo menos, por uma controvérsia possessória
judicializada.

4. Agravo regimental a que se dá provimento.


[ARE 803.462 AgR, rel. min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 9-12-2014, DJE 29 de 12-2-2015.]
RE 1017365, repercussão geral (Tema 1.031)
Tese: “I - A demarcação consiste em procedimento declaratório do direito
originário territorial à posse das terras ocupadas tradicionalmente por
comunidade indígena;
II - A posse tradicional indígena é distinta da posse civil, consistindo na ocupação
das terras habitadas em caráter permanente pelos indígenas, nas utilizadas para
suas atividades produtivas, nas imprescindíveis à preservação dos recursos
ambientais necessários a seu bem-estar e nas necessárias a sua reprodução física e
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições, nos termos do § 1º do artigo
231 do texto constitucional;
III - A proteção constitucional aos direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam independe da existência de um marco temporal em 05
de outubro de 1988 ou da configuração do renitente esbulho, como conflito físico
ou controvérsia judicial persistente à data da promulgação da Constituição;
RE 1017365, repercussão geral (Tema 1.031)
IV – Existindo ocupação tradicional indígena ou renitente esbulho contemporâneo
à promulgação da Constituição Federal, aplica-se o regime indenizatório relativo às
benfeitorias úteis e necessárias, previsto no § 6º do art. 231 da CF/88;
V – Ausente ocupação tradicional indígena ao tempo da promulgação da
Constituição Federal ou renitente esbulho na data da promulgação da
Constituição, são válidos e eficazes, produzindo todos os seus efeitos, os atos e
negócios jurídicos perfeitos e a coisa julgada relativos a justo título ou posse de
boa-fé das terras de ocupação tradicional indígena, assistindo ao particular direito
à justa e prévia indenização das benfeitorias necessárias e úteis, pela União; e,
quando inviável o reassentamento dos particulares, caberá a eles indenização pela
União (com direito de regresso em face do ente federativo que titulou a área)
correspondente ao valor da terra nua, paga em dinheiro ou em títulos da dívida
agrária, se for do interesse do beneficiário, e processada em autos apartados do
RE 1017365, repercussão geral (Tema 1.031)
procedimento de demarcação, com pagamento imediato da parte incontroversa,
garantido o direito de retenção até o pagamento do valor incontroverso,
permitidos a autocomposição e o regime do § 6º do art. 37 da CF;
VI – Descabe indenização em casos já pacificados, decorrentes de terras indígenas
já reconhecidas e declaradas em procedimento demarcatório, ressalvados os casos
judicializados e em andamento;
VII – É dever da União efetivar o procedimento demarcatório das terras indígenas,
sendo admitida a formação de áreas reservadas somente diante da absoluta
impossibilidade de concretização da ordem constitucional de demarcação,
devendo ser ouvida, em todo caso, a comunidade indígena, buscando-se, se
necessário, a autocomposição entre os respectivos entes federativos para a
identificação das terras necessárias à formação das áreas reservadas, tendo
sempre em vista a busca do interesse público e a paz social, bem como a
RE 1017365, repercussão geral (Tema 1.031)
proporcional compensação às comunidades indígenas (art. 16.4 da Convenção 169
OIT);
VIII – A instauração de procedimento de redimensionamento de terra indígena não
é vedada em caso de descumprimento dos elementos contidos no artigo 231 da
Constituição da República, por meio de pedido de revisão do procedimento
demarcatório apresentado até o prazo de cinco anos da demarcação anterior,
sendo necessário comprovar grave e insanável erro na condução do procedimento
administrativo ou na definição dos limites da terra indígena, ressalvadas as ações
judiciais em curso e os pedidos de revisão já instaurados até a data de conclusão
deste julgamento;
IX - O laudo antropológico realizado nos termos do Decreto nº 1.775/1996 é um
dos elementos fundamentais para a demonstração da tradicionalidade da
ocupação de comunidade indígena determinada, de acordo com seus usos,
costumes e tradições, na forma do instrumento normativo citado;
RE 1017365, repercussão geral (Tema 1.031)
X - As terras de ocupação tradicional indígena são de posse permanente da
comunidade, cabendo aos indígenas o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos
rios e lagos nelas existentes;
XI - As terras de ocupação tradicional indígena, na qualidade de terras públicas,
são inalienáveis, indisponíveis e os direitos sobre elas imprescritíveis;
XII – A ocupação tradicional das terras indígenas é compatível com a tutela
constitucional do meio ambiente, sendo assegurado o exercício das atividades
tradicionais dos povos indígenas;
XIII – Os povos indígenas possuem capacidade civil e postulatória, sendo partes
legítimas nos processos em que discutidos seus interesses, sem prejuízo, nos
termos da lei, da legitimidade concorrente da FUNAI e da intervenção do
Ministério Público como fiscal da lei”. Presidência da Ministra Rosa Weber.
Plenário, 27.9.2023.
(2023/CESPE/CEBRASPE/AGU/Procurador Federal)
No que se refere ao imóvel cuja área esteja inserida em terras tradicionalmente
ocupadas por indígenas e ao título de propriedade desse imóvel em nome de
particular devidamente registrado no respectivo· cartório de registro de imóveis,
assinale a opção correta segundo os preceitos da Constituição Federal de 1988
(CF) e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF).
A) A existência do registro imobiliário em nome de ·particular, a despeito do que
prescreve o Código Civil, consolida a propriedade do imóvel ao particular, sendo
esta insuscetível de oposição pela União.
B) A CF exclui do comércio jurídico as terras indígenas res extra commercium,
proclamando a nulidade e declarando a extinção de atos que tenham por objeto a
ocupação, o domínio e a posse de tais áreas.
(2023/CESPE/CEBRASPE/AGU/Procurador Federal)
C) A eficácia dos títulos de propriedade tem apenas o condão de comprovar a boa-
fé -do particular, outorgando-lhe o direito à indenização pela terra nua e pelas
benfeitorias nela implementadas.
D) Consideram-se válidas as pactuações negociais que incidam - sobre as referidas
terras, gerando, entre outros efeitos jurídicos; o direito à indenização ou o direito
de acesso a ações judiciais, contra a União para ressarcimento da terra nua.
E) As terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas incluem-se no domínio
constitucional da União e podem ser objeto de alienação quando devidamente
demonstrado o interesse público pela disponibilidade da área.
(2023/FGV/TRF 1ª/Juiz Substituto)
Considere uma ação em que comunidades indígenas reivindicam o acesso ao
ensino fundamental como direito básico.
Tendo em vista o que determina a Constituição da República de 1988, é correto
afirmar que:
A) aos juízes federais não compete processar e julgar a disputa sobre direitos
indígenas;
B) os indígenas formam povos autóctones, não sendo dever do Estado assegurar a
eles o ensino fundamental;
C) as comunidades indígenas têm direito ao ensino fundamental, seja em
português, seja em suas línguas maternas;
D) as comunidades indígenas têm direito ao ensino fundamental, porém, no
idioma pátrio, que é a língua portuguesa;
E) o ensino fundamental de indígenas é um direito restrito à disponibilidade de
vagas em escolas especializadas na cultura indígena.
(2023/CESPE/CEBRASPE/AGU/Procurador Federal)
(2017/CESPE/CEBRASPE/TRF - 5ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto) Segundo o STF,
para efeitos de demarcação de terras indígenas, deve ser considerado o marco
temporal de promulgação da Constituição Federal de 1988, perdendo-se a
tradicionalidade da posse nativa no caso de renitente esbulho possessório de
terceiros à época da promulgação da Carta Magna.
Alerta de prova!

Impeachment do Presidente da República


Constituição Federal, art. 52.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos
com aqueles;
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente
o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com
inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das
demais sanções judiciais cabíveis.
MS 34.378; MS 34.379; MS 34.384; MS 34.394
O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou quatro Mandados de contra a decisão
do Senado Federal, em 2016, no processo de impeachment da ex-presidente Dilma
Roussef, de aplicar apenas a sanção de perda do cargo, sem que ela perca os
direitos políticos, dada a inviabilidade da repetição das votações e de substituir
judicialmente o mérito da decisão política tomada pelo Senado Federal.
Alerta de prova!

Permuta entre membros do MP


Constituição Federal, art. 127.
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade
e a independência funcional.
ADI 6780

Súmula Vinculante 43:


É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
Alerta de prova!

Federalização de crimes com grave


violação a direitos humanos
Constituição Federal, art. 109.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja
parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do
inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
ADI 3486 e ADI 3493
A federalização leva em conta o fato de que a responsabilidade internacional do
Brasil recai sobre a União, e não sobre os estados. Por isso, a EC 45/2004 transferiu
à esfera federal também a responsabilidade para investigar, processar e punir os
casos de grave violação de direitos humanos em que haja risco de
descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais.
A mera modificação das regras de competência não ofende o pacto federativo
nem a autonomia dos órgãos judiciários locais, porque o Poder Judiciário, apesar
da diversidade de sua organização administrativa, tem caráter único e nacional.

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